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Análise de Circuitos 27

15. Componentes Lineares e Circuitos Lineares

Um componente que é atravessado por uma corrente i quando se encontra submetido a uma tensão u
diz-se linear se a multiplicação de i por um valor constante k resultar na multiplicação de u pelo
mesmo valor constante k.

• Uma resistência é um componente linear, uma vez que u(t) = R . i(t). O gráfico de u(t) em
função de i(t) é uma recta.

Um circuito linear é constituído por componentes destes três tipos:

1. Componentes lineares passivos;

• Um componente diz-se passivo se não dispõe de energia própria que possa fornecer ao
circuito. Há componentes passivos capazes de armazenar energia recebida do circuito durante
um intervalo de tempo, podendo devolvê-la ao circuito num intervalo de tempo posterior.

2. Fontes ideais independentes;

3. Fontes ideais dependentes lineares.

A - Fonte ideal de tensão


A - Fonte ideal de tensão
dependente linear. dependente não linear.
+ +
2i − 3ui −

B B
A - Fonte ideal de corrente
A - Fonte ideal de corrente
dependente linear. dependente não linear.

3u + 2i 2u2

B B

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28 Análise de Circuitos

16. Teorema de Thévenin

Um circuito I e um circuito II estão ligados entre si por dois condutores ideais e isolados de outros
circuitos, verificando-se as seguintes condições:

• O circuito I e o circuito II são lineares, podendo conter:

o resistências;

o fontes ideais independentes;

o fontes ideais dependentes lineares.

• Se o circuito I tiver fontes ideais dependentes lineares, as tensões e correntes que controlam
essas fontes pertencem todas ao circuito I.

• Se o circuito II tiver fontes ideais dependentes lineares, as tensões e correntes que controlam
essas fontes pertencem todas ao circuito II.

Circuito I Circuito II

Nestas circunstâncias, todas as tensões e correntes que existem no


circuito II continuam a ser as mesmas se o circuito I for
substituído pelo seu Equivalente de Thévenin.

RTH

ETH
Circuito II

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Análise de Circuitos 29

16.1 Determinação de ETH

Se os dois condutores ideais que ligam o circuito I ao circuito II forem cortados, no circuito I
formam-se dois terminais, A e B.

ETH é a tensão de circuito aberto (Uca) existente entre A e B, ou seja, a tensão que existe entre
A e B se nenhum componente exterior ao circuito I for ligado entre esses terminais.

RTH
A A
ETH
Circuito I Uca Uca

B B

E TH = U ca E TH = U ca

16.2 Determinação de RTH com o circuito desactivado, por análise de associações


de resistências

Este método não se pode aplicar quando o circuito possui fontes ideais dependentes.

RTH
A A
Circuito I
Todas as fontes ideais
independentes desactivadas

Sem fontes ideais


dependentes B B

R TH = R AB R TH = R AB

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30 Análise de Circuitos

16.3 Determinação de RTH sem desactivação do circuito

Icc RTH Icc


A A
ETH
Circuito I
E TH ≠ 0
B B

E TH E TH
R TH = R TH =
I cc I cc

16.4 Determinação de RTH quando ETH é nulo, sem análise de associações de


resistências

Quando ETH = 0, não é possível calcular RTH recorrendo à corrente de curto-circuito, uma vez
que esta também é nula.

Icc = 0 RTH Icc = 0


A A

Circuito I ETH = 0
E TH = 0
B B

I cc = 0 I cc = 0

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Análise de Circuitos 31

16.4.1 Recurso a uma fonte ideal de corrente

RTH
A A

Circuito I I U ETH = 0 I U
E TH = 0
B B

U U
R TH = R TH =
I I

16.4.2 Recurso a uma fonte ideal de tensão

RTH
A I A I
E E
Circuito I ETH = 0
E TH = 0
B B

E E
R TH = R TH =
I I

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32 Análise de Circuitos

Exercício: Recorrendo ao Teorema de Thévenin, determinar o valor da tensão presente nos terminais
da resistência de 2Ω.

5Ω

10V
5Ω 2Ω

Tópicos de Resolução:

1. Retirar a resistência de 2Ω.

5Ω

10V
5Ω 2Ω

5Ω
A

10V
5Ω 2Ω

2. Calcular ETH.

5Ω
A

10V
5Ω ETH = 5V 2Ω

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Análise de Circuitos 33

3. Calcular RTH.

5Ω
A

5Ω RTH = RAB = 2,5Ω 2Ω

4. Ligar a resistência de 2Ω ao circuito equivalente e calcular U.

2,5Ω
A

5V
2Ω

2,5Ω
A

5V
2Ω U = 2,22V

2
U= × 5 = 2,22V
2,5 + 2

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34 Análise de Circuitos

Exercício: Recorrendo ao Teorema de Thévenin, determinar o valor da potência em jogo na fonte


ideal de tensão.

3A 3A

2Ω 2Ω
8V
A B

2A 5Ω 2A 5Ω

8V
A1 B1

3A

2Ω 2Ω
A B A B

RTH = RAB = 2Ω
2A ETH = 4V 5Ω 5Ω

RTH = 2Ω RTH = 2Ω
A A1 A

ETH = 4V 8V ETH = 4V 8V
I

B B1 B

8−4
I= = 2A
2
P = − (8 × 2 ) = − 16 W

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Análise de Circuitos 35

Exercício: Recorrendo ao Teorema de Thévenin, determinar o valor da potência em jogo na fonte


ideal de tensão.

3A 3A

2Ω 2Ω
8V
A B

2A 5Ω 2A 5Ω

8V
A1 B1

3A 3A

2Ω 2Ω
A B A B

2A ETH = 4V 5Ω 2A Icc = 2A 5Ω

RTH = 2Ω RTH = 2Ω
A A1 A

ETH = 4V 8V ETH = 4V 8V
I

B B1 B

E TH 4 8−4
R TH = = = 2Ω I= = 2A
I cc 2 2
P = − (8 × 2 ) = − 16 W

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36 Análise de Circuitos

Exercício: Recorrendo ao Teorema de Thévenin, determinar o valor da potência em jogo na fonte


ideal de tensão.

3A 3A

2Ω 2Ω
8V
A B

2A 5Ω 2A 5Ω

8V
A1 B1

3A

2Ω 2Ω
A B A B

RTH = RAB = 2Ω
2A ETH = 4V 5Ω 5Ω

RTH = 2Ω RTH = 2Ω
A A1 A

ETH = 4V 8V ETH = 4V 8V
I

B B1 B

8+ 4
I= = 6A
2
P = − (8 × 6) = − 48W

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Análise de Circuitos 37

Exercício: Recorrendo ao Teorema de Thévenin, determinar o valor da potência em jogo na fonte


ideal de tensão.

3A 3A

2Ω 2Ω
8V
A B

2A 5Ω 2A 5Ω

8V
A1 B1

3A 3A

2Ω 2Ω
A B A B

2A ETH = 4V 5Ω 2A Icc = 2A 5Ω

RTH = 2Ω RTH = 2Ω
A A1 A

ETH = 4V 8V ETH = 4V 8V
I

B B1 B

E TH 4 8+ 4
R TH = = = 2Ω I= = 6A
I cc 2 2
P = − (8 × 6) = − 48W

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38 Análise de Circuitos

Exercício: Recorrendo ao Teorema de Thévenin, determinar o valor da potência em jogo na


resistência de 2Ω.

5Ω 5Ω

3A 3A
6V 6V
2A 2A
A
2Ω
B

5Ω 5Ω

3A
6V
2A
A A
ETH = - 6V RTH = RAB = 4Ω
B B

E TH = − 4 × 3 + 6 = − 6V

RTH = 4Ω
A

I −6
ETH = - 6V I= = − 1A
4+2
2Ω
P = 2 × 12 = 2 W

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Análise de Circuitos 39

Exercício: Determinar o equivalente de Thévenin do circuito representado, relativamente aos


terminais A e B.

5Ω 5Ω
A
5V
4ux ux 5Ω

Tópicos de Resolução:

1. Calcular ETH.

5Ω 5Ω
A
5V
4ux ux 5Ω ETH

2. Calcular RTH a partir da corrente de curto-circuito Icc.

5Ω 5Ω
A

5V
4ux ux 5Ω Icc

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40 Análise de Circuitos

Exercício: Determinar o equivalente de Thévenin do circuito representado, relativamente aos


terminais A e B.

v 1Ω 3v

Tópicos de Resolução:

1. Calcular ETH.

v 1Ω 3v ETH

2. Calcular RTH recorrendo à fonte de corrente de 1A.

v 1Ω 3v UAB 1A

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Análise de Circuitos 41

17. Teorema de Norton

Um circuito I e um circuito II estão ligados entre si por dois condutores ideais e isolados de outros
circuitos, verificando-se as seguintes condições:

• O circuito I e o circuito II são lineares, podendo conter:

o resistências;

o fontes ideais independentes;

o fontes ideais dependentes lineares.

• Se o circuito I tiver fontes ideais dependentes lineares, as tensões e correntes que controlam
essas fontes pertencem todas ao circuito I.

• Se o circuito II tiver fontes ideais dependentes lineares, as tensões e correntes que controlam
essas fontes pertencem todas ao circuito II.

Circuito I Circuito II

Nestas circunstâncias, todas as tensões e correntes que existem no


circuito II continuam a ser as mesmas se o circuito I for
substituído pelo seu Equivalente de Norton.

IN RN Circuito II

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42 Análise de Circuitos

17.1 Determinação de IN

Se os dois condutores ideais que ligam o circuito I ao circuito II forem cortados, no circuito I
formam-se dois terminais, A e B.

IN é a corrente de curto-circuito (Icc) relativa aos terminais A e B, ou seja, a corrente que passa
num condutor ideal colocado entre esses terminais.

A Icc A Icc

Circuito I IN RN

B B
I N = I cc I N = I cc

17.2 Determinação de RN com o circuito desactivado, por análise de associações de


resistências

Este método não se pode aplicar quando o circuito possui fontes ideais dependentes.

A A
Circuito I
Todas as fontes ideais RN
independentes desactivadas

Sem fontes ideais


dependentes
B B
R N = R AB R N = R AB

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Análise de Circuitos 43

17.3 Determinação de RN sem desactivação do circuito

A A

Circuito I Uca IN RN Uca


IN ≠ 0

B B

U ca U ca
RN = RN =
IN IN

17.4 Determinação de RN quando IN é nulo, sem análise de associações de


resistências

Quando IN = 0, não é possível calcular RN recorrendo à tensão de circuito aberto, uma vez que
esta também é nula.

A A

Circuito I Uca = 0 RN Uca = 0


IN = 0

B B

U ca = 0 U ca = 0

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44 Análise de Circuitos

17.4.1 Recurso a uma fonte ideal de corrente

A A

Circuito I I U RN I U
IN = 0

B B

U U
RN = RN =
I I

17.4.2 Recurso a uma fonte ideal de tensão

A I A I

E E
Circuito I RN
IN = 0

B B

E E
RN = RN =
I I

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Análise de Circuitos 45

Exercício: Recorrendo ao Teorema de Norton, determinar o valor da corrente que atravessa a


resistência de 2Ω.

5Ω

10V
5Ω 2Ω

Tópicos de Resolução:

1. Retirar a resistência de 2Ω.

5Ω

10V
5Ω 2Ω

5Ω
A

10V
5Ω 2Ω

2. Calcular IN.

5Ω
A

10V
5Ω IN = 2A 2Ω

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46 Análise de Circuitos

3. Calcular RN.

5Ω
A

5Ω RN = RAB = 2,5Ω 2Ω

4. Ligar a resistência de 2Ω ao circuito equivalente e calcular I.

2A 2,5Ω 2Ω

A
I
2A 2,5Ω 2Ω

2,5
I= × 2 = 1,11A
2,5 + 2

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Análise de Circuitos 47

Exercício: Recorrendo ao Teorema de Norton, determinar o valor da potência em jogo na fonte ideal
de tensão.

3A 3A

2Ω 2Ω
8V
A B

2A 5Ω 2A 5Ω

8V
A1 B1

3A

2Ω 2Ω
A B A B

RN = RAB = 2Ω
2A IN = 2A 5Ω 5Ω

A A1 A

8V 8V
IN = 2A RN = 2Ω IN = 2A RN = 2Ω I

B B1 B

8
I= − 2 = 2A
2
P = − (8 × 2 ) = − 16 W

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48 Análise de Circuitos

Exercício: Recorrendo ao Teorema de Norton, determinar o valor da potência em jogo na fonte ideal
de tensão.

3A 3A

2Ω 2Ω
8V
A B

2A 5Ω 2A 5Ω

8V
A1 B1

3A 3A

2Ω 2Ω
A B A B

2A IN = 2A 5Ω 2A Uca = 4V 5Ω

A A1 A

8V 8V
IN = 2A RN = 2Ω IN = 2A RN = 2Ω I

B B1 B

U ca 4 8
RN = = = 2Ω I= − 2 = 2A
IN 2 2
P = − (8 × 2 ) = − 16 W

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Análise de Circuitos 49

Exercício: Recorrendo ao Teorema de Norton, determinar o valor da potência em jogo na fonte ideal
de tensão.

3A 3A

2Ω 2Ω
8V
A B

2A 5Ω 2A 5Ω

8V
A1 B1

3A

2Ω 2Ω
A B A B

RN = RAB = 2Ω
2A IN = 2A 5Ω 5Ω

A A1 A

8V 8V
IN = 2A RN = 2Ω IN = 2A RN = 2Ω I

B B1 B

8
I= + 2 = 6A
2
P = − (8 × 6) = − 48W

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50 Análise de Circuitos

Exercício: Recorrendo ao Teorema de Norton, determinar o valor da potência em jogo na fonte ideal
de tensão.

3A 3A

2Ω 2Ω
8V
A B

2A 5Ω 2A 5Ω

8V
A1 B1

3A 3A

2Ω 2Ω
A B A B

2A IN = 2A 5Ω 2A Uca = 4V 5Ω

A A1 A

8V 8V
IN = 2A RN = 2Ω IN = 2A RN = 2Ω I

B B1 B

U ca 4 8
RN = = = 2Ω I= + 2 = 6A
IN 2 2
P = − (8 × 6) = − 48W

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Análise de Circuitos 51

Exercício: Recorrendo ao Teorema de Norton, determinar o valor da potência em jogo na resistência


de 2Ω.

5Ω 5Ω

3A 3A
6V 6V
2A 2A
A
2Ω
B

5Ω 5Ω

3A
6V
2A
A A
IN= - 1,5A RN = RAB = 4Ω
B B

6
IN = − 3 = − 1,5A
4

I 4
I= × (− 1,5) = − 1A
2+4
IN = - 1,5A RN = 4Ω 2Ω

P = 2 × 12 = 2 W

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52 Análise de Circuitos

Exercício: Determinar o equivalente de Norton do circuito representado, relativamente aos terminais


A e B.

4A
A
+ 5Ω i 5Ω
5i − 5Ω

Tópicos de Resolução:

1. Calcular IN.

4A
A

+ 5Ω i 5Ω IN
5i − 5Ω

2. Calcular RN a partir da tensão de circuito aberto Uca.

4A
A
+ 5Ω i 5Ω Uca
5i − 5Ω

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Análise de Circuitos 53

Exercício: Determinar o equivalente de Norton do circuito representado, relativamente aos terminais


A e B.

5Ω
A
+
i
10i −

Tópicos de Resolução:

1. Calcular IN.

5Ω
A

+
i
10i IN

3. Calcular RN recorrendo à fonte ideal de tensão de 1V.

5Ω I
A

+
i 1V
10i −

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54 Análise de Circuitos

18. Relação Existente Entre o Equivalente de Thévenin e o


Equivalente de Norton

RTH A
A
ETH
Uca IN RN Uca

B
B
U ca = E TH U ca = R N ⋅ I N E TH = R N ⋅ I N

A Icc
RTH Icc
A
ETH
IN RN

B
B
E TH E TH
I cc = I cc = I N IN =
R TH R TH

RTH A
A

RN

B
B

R AB = R TH R AB = R N R TH = R N

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