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62 Análise de Circuitos

20. Princípio da Sobreposição

Seja um circuito eléctrico com n fontes ideais independentes numeradas de 1 a n. Num componente
desse circuito, a fonte k (1 ≤ k ≤ n) origina uk, ik e pk tais que:

• uk é a tensão existente entre os terminais do componente quando todas as fontes independentes do


circuito estão desactivadas, excepto a fonte k;

• ik é a corrente que passa no componente quando todas as fontes independentes do circuito estão
desactivadas, excepto fonte k;

• pk é a potência em jogo no componente quando todas as fontes independentes do circuito estão


desactivadas, excepto a fonte k.

Então, se o circuito for linear verifica-se que:

• a corrente que atravessa o componente é igual à soma algébrica das n correntes ik.

n
i= i
k =1
k

• a tensão existente entre os terminais do componente é igual à soma algébrica das n tensões uk.

n
u= u
k =1
k

• em geral, a potência em jogo no componente é diferente da soma algébrica das n potências pk.

n
p≠ p
k =1
k

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Análise de Circuitos 63

Quando se recorre ao Princípio da Sobreposição para analisar um circuito verifica-se que:

• o circuito a analisar dá origem a um conjunto de circuitos mais simples, que devem ser
analisados.

• o número de circuitos originados pode chegar a ser igual ao número de fontes ideais
independentes do circuito a analisar (nesse caso, cada um dos circuitos tem a menor
complexidade possível, uma vez que possui apenas uma fonte ideal independente).

• as fontes dependentes do circuito a analisar estão todas presentes (e, em princípio, activas) em
cada um dos circuitos originados pela aplicação deste método.

• a potência em jogo num componente de um circuito pode ser calculada recorrendo à corrente
que atravessa esse componente e à tensão que existe entre os seus terminais.

Exercício: Recorrendo ao Princípio da Sobreposição, determinar as correntes nos ramos do circuito.

3V

2V
4Ω 5Ω

1Ω

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64 Análise de Circuitos

Tópicos de Resolução:

1. Calcular as contribuições da fonte de 2V para as correntes nos ramos do circuito.

I1A I2A

I3A

2V
4Ω 5Ω

1Ω

2. Calcular as contribuições da fonte de 3V para as correntes nos ramos do circuito.

I1B I2B 3V

I3B

4Ω 5Ω

1Ω

3. Calcular as correntes nos ramos do circuito.

I1 I2 3V

I3
I1 = I1A − I1B
2V
4Ω 5Ω I 2 = I 2A − I 2B

I 3 = I 3A + I 3B

1Ω

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Análise de Circuitos 65

Exercício: Recorrendo ao Princípio da Sobreposição, determinar o valor da potência em jogo na fonte


ideal de tensão.
3A

2Ω
8V

2A 5Ω

Resolução:

1. Calcular a contribuição da fonte de 2A para a corrente que passa na fonte de 8V.

2Ω

IA
2A 5Ω

I A = 2A

2. Calcular a contribuição da fonte 3A para a corrente que passa na fonte de 8V.

3A

2Ω

IB
5Ω

I B = 0A

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3. Calcular a contribuição da própria fonte de 8V para a corrente que passa na fonte de 8V.

2Ω

IC 5Ω

8
IC = = 4A
2

4. Calcular a corrente que passa na fonte de 8V.

3A

2Ω

2A I 5Ω

I = −I A − I B + I C

I = −2 − 0 + 4 = 2A

5. Calcular o valor da potência em jogo na fonte de 8V.

P = −8 ⋅ 2 = −16W

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Exercício: Recorrendo ao Princípio da Sobreposição, determinar o valor da potência em jogo na


resistência de 2Ω.
5Ω

3A
6V
2A
2Ω

Tópicos de Resolução:

1. Calcular a contribuição de cada fonte para a corrente que passa na resistência de 2Ω.

5Ω 5Ω 5Ω

3A
6V
2A
2Ω IA 2Ω 2Ω IC
IB

2. Calcular a corrente que passa na resistência de 2Ω.

5Ω

3A
6V
2A
2Ω I

I = −I A + I B − I C

3. Calcular o valor da potência em jogo na resistência de 2Ω.

P = 2 ⋅ I2

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21. Circuitos com Resistências, Bobinas e Condensadores


Resistência Ideal Bobina Ideal Condensador Ideal

R L C

R - Resistência eléctrica L - Coeficiente de auto-indução C - Capacidade


Unidade: ohm (Ω
Ω) Unidade: henry (H) Unidade: farad (F)

uR(t) uL(t) uC(t)


R L C

iR(t) iL(t) iC(t)

Lei de Ohm: u R ( t ) = R ⋅ i R ( t ) d[i L ( t )] d[u C ( t )]


u L (t) = L ⋅ iC (t) = C ⋅
dt dt

d[i L ( t )] Derivada em ordem ao d[u C ( t )] Derivada em ordem ao


[A/s] tempo da corrente que [V/s] tempo da tensão entre os
dt atravessa a bobina dt terminais do condensador

Para um condutor eléctrico: Para um solenóide: Para um condensador de placas paralelas:

l N2 ⋅ A A
R = ρ⋅ L = µ⋅ C = ε⋅
A l d

R[Ω
Ω] – Resistência eléctrica do L [H] – Coeficiente de auto- C [F] – Capacidade do condensador
condutor indução do solenóide
ε [F·m-1] – Permitividade (absoluta, não
Ω ·m] – Resistividade do
ρ [Ω µ [H·m-1] – Permeabilidade (absoluta, relativa) do dieléctrico
material condutor não relativa) do material existente entre as placas (ar,
do núcleo (ar, no exemplo no exemplo da figura)
l [m] – Comprimento do da figura)
condutor A [m2] – Área da sobreposição das
Ν – Número de espiras do placas do condensador (área
A [m2] – Área da secção recta solenóide de cada placa, no caso de as
transversal do condutor placas serem iguais e estarem
A [m2] – Área da secção recta alinhadas uma com a outra)
transversal do solenóide
d [m] – Distância existente entre as
l [m] – Comprimento do placas do condensador
solenóide

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21.1 Condensador Ideal Percorrido por uma Corrente Constante.

iC

I C uC

d[u C ( t )] d[u C ( t )] I ∆u C ( t ) u (t ) − u C (t i )
i C (t) = C ⋅ = I  = = = C f (V/s)
dt dt C ∆t tf − ti

I
 u C (t f ) = ⋅ (t f − t i ) + u C ( t i )
C

uC
uC(tf)
∆uC(t)

uC(ti)

∆t
α

t0 ti tf t

U0

I
ti = 0  u C (t ) = ⋅ t + U0
C

t = t 0  u C (t) = 0

d[u C ( t )] I
tg (α ) = =
dt C

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