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Análise de Circuitos 27

13. Ramos, Nós e Malhas de um Circuito

Um ramo de um circuito é constituído por um componente (que não seja um condutor ideal) ou um
conjunto de componentes ligados em série. Os seus terminais estão ligados aos nós do circuito.

Um nó de um circuito é um ponto (ou um conjunto de pontos com o mesmo potencial eléctrico) onde
estão ligados três ou mais ramos.

Uma malha de um circuito é um conjunto de componentes ligados entre si formando um circuito


electricamente fechado.

Este circuito tem:


• 8 ramos
• 5 nós
• 14 malhas
• 4 malhas independentes
O número de malhas independentes é dado
por R – (N – 1)
R – Número de ramos
N – Número de nós

14. Lei dos Nós e Lei das Malhas

Lei dos Nós (caso particular da Lei de Kirchhoff das Correntes): a soma algébrica das correntes que
convergem para um nó é igual à soma algébrica das correntes que divergem desse nó.

I2
I1 I3
n

I i =0
I4
i =1 I6
I5

Lei das Malhas (caso particular da Lei de Kirchhoff das Tensões): a soma algébrica de todas as
tensões (quedas de potencial) consideradas num mesmo sentido ao longo de uma malha é nula.

U2

U i =0
i =1 U1 U3
U4

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28 Análise de Circuitos

Algoritmo para calcular as correntes nos ramos de um circuito usando as Leis de Kirchhoff:

1. Identificar os R ramos e N nós do circuito;

2. Arbitrar o sentido positivo da corrente em cada ramo;

3. Identificar R – (N – 1) malhas independentes e escrever as respectivas equações, recorrendo à Lei das Malhas;

4. Escrever as equações de N – 1 nós, recorrendo à Lei dos Nós;

5. Resolver um sistema de equações (de ordem R) para obter as correntes nos ramos do circuito.

Exercício: Determinar as correntes nos ramos do circuito.


3V

2V
4Ω 5Ω

7Ω

Resolução:
I1 I2 3V

I3

2V
A 4Ω B 5Ω

7Ω

4 ⋅ I 3 + 7 ⋅ I1 − 2 = 0 (malha A)


Resolver o sistema 3 + 5 ⋅ I 2 − 4 ⋅ I 3 = 0 (malha B)


I1 − I 2 − I 3 = 0 (nó 1)

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Análise de Circuitos 29

15. Componentes Lineares e Circuitos Lineares

Um componente que é atravessado por uma corrente i quando se encontra submetido a uma tensão u
diz-se linear se a multiplicação de i por um valor constante k resultar na multiplicação de u pelo
mesmo valor constante k.

• Uma resistência é um componente linear, uma vez que u(t) = R . i(t). O gráfico de u(t) em
função de i(t) é uma recta.

Um circuito linear é constituído por componentes destes três tipos:

1. Componentes lineares passivos;

• Um componente diz-se passivo se não dispõe de energia própria que possa fornecer ao
circuito. Há componentes passivos capazes de armazenar energia recebida do circuito durante
um intervalo de tempo, podendo devolvê-la ao circuito num intervalo de tempo posterior.

2. Fontes ideais independentes;

3. Fontes ideais dependentes lineares.

A - Fonte ideal de tensão


A - Fonte ideal de tensão
dependente linear. dependente não linear.
+ +
2i − 3ui −

B B
A - Fonte ideal de corrente
A - Fonte ideal de corrente
dependente linear. dependente não linear.

3u + 2i 2u2

B B

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30 Análise de Circuitos

16. Teorema de Thévenin

Um circuito I e um circuito II estão ligados entre si por dois condutores ideais e isolados de outros
circuitos, verificando-se as seguintes condições:

• O circuito I e o circuito II são lineares, podendo conter:

o resistências;

o fontes ideais independentes;

o fontes ideais dependentes lineares.

• Se o circuito I tiver fontes ideais dependentes lineares, as tensões e correntes que controlam
essas fontes pertencem todas ao circuito I.

• Se o circuito II tiver fontes ideais dependentes lineares, as tensões e correntes que controlam
essas fontes pertencem todas ao circuito II.

Circuito I Circuito II

Nestas circunstâncias, todas as tensões e correntes que existem no


circuito II continuam a ser as mesmas se o circuito I for
substituído pelo seu Equivalente de Thévenin.

RTH

ETH
Circuito II

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Análise de Circuitos 31

16.1 Determinação de ETH

Se os dois condutores ideais que ligam o circuito I ao circuito II forem cortados, no circuito I
formam-se dois terminais, A e B.

ETH é a tensão de circuito aberto (Uca) existente entre A e B, ou seja, a tensão que existe entre
A e B se nenhum componente exterior ao circuito I for ligado entre esses terminais.

RTH
A A
ETH
Circuito I Uca Uca

B B

E TH = U ca E TH = U ca

16.2 Determinação de RTH com o circuito desactivado, por análise de associações


de resistências

Este método não se pode aplicar quando o circuito possui fontes ideais dependentes.

RTH
A A
Circuito I
Todas as fontes ideais
independentes desactivadas

Sem fontes ideais


dependentes B B

R TH = R AB R TH = R AB

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16.3 Determinação de RTH sem desactivação do circuito

Icc RTH Icc


A A
ETH
Circuito I
E TH ≠ 0
B B

E TH E TH
R TH = R TH =
I cc I cc

16.4 Determinação de RTH quando ETH é nulo, sem análise de associações de


resistências

Quando ETH = 0, não é possível calcular RTH recorrendo à corrente de curto-circuito, uma vez
que esta também é nula.

Icc = 0 RTH Icc = 0


A A

Circuito I ETH = 0
E TH = 0
B B

I cc = 0 I cc = 0

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Análise de Circuitos 33

16.4.1 Recurso a uma fonte ideal de corrente

RTH
A A

Circuito I I U ETH = 0 I U
E TH = 0
B B

U U
R TH = R TH =
I I

16.4.2 Recurso a uma fonte ideal de tensão

RTH
A I A I
E E
Circuito I ETH = 0
E TH = 0
B B

E E
R TH = R TH =
I I

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34 Análise de Circuitos

Exercício: Recorrendo ao Teorema de Thévenin, determinar o valor da tensão presente nos terminais
da resistência de 2Ω.

5Ω

10V
5Ω 2Ω

Tópicos de Resolução:

1. Retirar a resistência de 2Ω.

5Ω

10V
5Ω 2Ω

5Ω
A

10V
5Ω 2Ω

2. Calcular ETH.

5Ω
A

10V
5Ω ETH = 5V 2Ω

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Análise de Circuitos 35

3. Calcular RTH.

5Ω
A

5Ω RTH = RAB = 2,5Ω 2Ω

4. Ligar a resistência de 2Ω ao circuito equivalente e calcular U.

2,5Ω
A

5V
2Ω

2,5Ω
A

5V
2Ω U = 2,22V

2
U= × 5 = 2,22V
2,5 + 2

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