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DO PALITO AO REALISMO

BRUNA TAYNARA
CONCEITOS

REALISMO
DO
O H N E S E D
R E U Q L A U Q E D S Á R T R O P O D E R G E S O
CONCEITOS DO REALISMO
Conceitos básico do Desenho Realista

LUZ E SOMBRA
Quando iluminado, o modelo produz sombra própria no
lado oposto ao que recebe a luz. Ao mesmo tempo, o corpo
iluminado projeta sombra sobre a superfície em que se
encontra, conforme observamos na figura abaixo.

Pense continuamente que a forma de qualquer coisa é


sempre determinada por manchas, por zonas sombreadas.
O ideal é iniciar o desenho diretamente com manchas, isto é,
com tons e suas graduações, sem linhas de referências.

Assim, você realmente vai estar reproduzindo o que está à


sua frente: LUZ.
O que faço é nada mais, nada menos, que manchar com tons
através de diferentes texturas e suas gradações, ou seja,
apenas VER E DESENHAR LUZ O TEMPO TODO.
Onde houver luz, haverá sombra, porque a sombra é um
efeito de luz com menos intensidade.

É assim que o volume é representado no desenho; depende,


portanto, da intensidade e da variedade das áreas claras e
escuras. Assim, um círculo só se transforma em esfera
aplicarmos luz para representarmos seu volume.

No aspecto físico, a luz que o modelo recebe, nos diz do que


ele é constituído, se por formas planas, curvas, esféricas,
côncavas, etc.; percebemos todas as suas características
físicas, por comparação com outros corpos, suas dimensões
e proporções.

No aspecto psicológico, se a luz for dura, forte, brilhante,


suave, monótona, fria etc., o modelo poderá exprimir, em
combinação com direção, qualidade ou quantidade de luz,
alegria, tristeza, inquietação, medo, paz, horror etc.
VALOR DOS TONS E
CONTRASTE
Desenho é MANCHA, não se faz com linhas ou traços, se
você desenha representando LUZ tem que fazê-lo com tons
e suas graduações, matizes e nuances, manchando o tempo
todo.

Você deve tentar desenhar com o mínimo de linhas, usando-


as apenas para delinear suavemente áreas a serem
manchadas, mas de forma muito leve, de modo que elas
sejam absorvidas pela mancha que virá em seguida.

Antes de começar seu desenho, já existe no seu papel um


valor resolvido, um tom exato “já desenhado” que é: o
BRANCO DO PAPEL.

Dificilmente você não encontrará, em qualquer modelo


usado para desenhar de observação, uma área muito
iluminada, um reflexo, um alto brilho como numa jóia ou
metal polido, uma luz muito intensa, um clarão mesmo.

Só aí é que você encontrará ou deixará o branco do papel,


porque, em TODAS as outras áreas sempre haverá um tom,
por mais indelével que seja aos nossos olhos, ele existe, e se
existe, devemos representá-lo.
Da mesma forma, neste mesmo modelo ou em qualquer
outro, você encontrará, em um algum ponto, por menor que
seja, mesmo bem escondido, um PRETO ABSOLUTO.

Para representar com maior tranquilidade e segurança os


outros tons, o ideal seria que, de início, você começasse já
colocando o PRETO ABSOLUTO no seu desenho e de olho
onde estaria o BRANCO DO PAPEL para preservá-lo.
Pronto!

Com esses dois valores fixos, sabendo que podemos confiar


neles, pois, não há nenhuma possibilidade de erro, fica mais
fácil resolver, ajustar e desenvolver os valores
intermediários.

Não se pode jamais perdê-los de vista, a referência que


fornecem é exata, devem ser sempre comparados com os
valores dos tons que estamos acrescentando ao desenhar.

Algo muito importante acontece quando desenhamos um


tom junto a outro, eles apresentam uma diferença, assim,
podemos dizer que produzem um efeito e isto se chama:
CONTRASTE.

Comparando aqueles dois primeiros valores fixos com


posteriores, nos permitirá ajustar valor e graduação dos
tons.
Bem, agora vou ensinar um pequeno truque, usado por nós
artistas, que vai facilitar muito esta comparação e ajuste dos
tons; que é, o que chamo de: “ver com os olhos fechados”.

Explico: Não é fechá-los por completo, mas semicerrá-los


com uma ligeira contração dos nervos que movem as
pálpebras e também os da parte inferior dos olhos. Desse
modo você ainda verá seu desenho, mas é como se estivesse
usando um óculos de sol muito escuro ou como se alguém o
acordasse, de repente, abrindo janelas e cortinas numa
manhã de sol, sua reação imediata é olhar tudo com os olhos
semicerrados, quase fechados.

Neste instante, acontecem duas coisas muito importantes,


você deixa de ver pequenos detalhes e assim, pode apreciar
melhor o contraste.

Por diminuir um pouco a agudeza da visão, os objetos


perdem sua claridade habitual, escurecem-se ligeiramente e
adquirem maior contraste, você pode perceber melhor o
“peso” dos tons, se é que podemos dizer assim.

Faça isso rápida e alternadamente, olhos abertos e olhos


semicerrados. Notará que com os olhos semicerrados as
zonas escuras se acentuam e as mais claras desaparecem,
resultando numa maior facilidade de comparação de valores
de tons entre o seu desenho e o modelo quando colocados
lado a lado.
Agora, vou mostrar o efeito fantástico que pode causar aos
nossos olhos um contraste quando bem realizado,
primeiramente demonstrações com figuras geométricas:

Olhe com bastante atenção os dois quadrados abaixo. Você


concorda que a cor de fundo de ambos é exatamente a
mesma (branco)?

Agora vamos olhar novamente:

Percebeu o curioso fenômeno que ocorreu?

O quadrado da direita, agora circundado pela borda preta,


parece muito mais branco que o da esquerda.
Observe agora os quadrados da imagem abaixo com fundos
cinza.

Agora vamos olhar novamente:

Constatamos agora outro fenômeno interessante, o


quadrado da direita, ao ser cercado por uma borda preta
parece muito mais claro que o quadrado da esquerda.

O resultado dessas experiências é o seguinte:

Um branco resulta mais branco quanto mais escuro for


o tom que o rodeia.

Um cinza resulta mais intenso quanto mais claro for o


tom que o rodeia.
Fique atento que agora vamos realizar uma experiência
interessante:

Você diria que as três faixas da imagem abaixo são em


degradê?

Agora olha o que acontece se mudarmos as faixa de fora.

E agora? A faixa do meio não era em degradê?

A resposta correta é NÃO, ela não era em degradê.

Viu como um contraste pode nos enganar facilmente?

Sabemos agora, o quanto é importante reproduzir com


fidelidade a infinita gama de tonalidades que modelam
determinada forma porque o volume, a sensação de
profundidade, a semelhança mesmo, o todo na Arte,
dependem do fator luz e sombra
ATMOSFERA
Tão importante quanto Valor dos Tons e Contraste é este
terceiro item, que passa completamente despercebido ou
há até mesmo um completo desconhecimento da sua
existência por muita gente que se aventura a desenhar.

ATMOSFERA é ar, que é espaço, que nos dá a sensação de


profundidade. Sim, entre o lugar que você está agora e a
parede à sua frente, há um espaço, e neste espaço há
atmosfera. Trata-se de representar esta atmosfera nos seus
desenhos, de ter em mente que ela existe apesar de que
nem sempre de maneira visível e palpável.

Solte sua imaginação comigo num exemplo de atmosfera


bem visível.

Num porto, onde às primeiras horas da manhã, num dia um


pouco encoberto, você pode ver o efeito da atmosfera.
Nestas condições costuma haver um pouco de névoa e ela,
como véus de gaze antepostos às formas, nos diz a distância
que há entre uns objetos e outros:

1) Bem aqui, em primeiro plano, estamos ao lado de um


barco perfeitamente delineado, cores vivas e úmidas,
contraste acentuado entre claros e escuros. A água agita-se,
ali mesmo, límpida, de encontro ao seu casco com brilhos de
metal polido.
2) Além, a uns 70 metros, um grupo de veleiros e pequenas
embarcações formam uma massa compacta, unificada por
um cinza azulado. Os mastros e velas distinguem-se ainda,
mas sem sobressair do conjunto, como se os víssemos
através de um vidro esmerilado, leitoso, fosco; ali não há
contornos vivos, mas limites imprecisos, e...

3) ...ao fundo, em último plano, onde a água e o céu quase se


fundem num tom azul cinzento, surge um edifício do cais
que mais parece feito de fumaça, uma grande mancha cinza
azulada, de contornos desvanecidos.

Comparando a intensidade de tons dos três planos e a da


água que se afasta de nós, vemos como as cores
empalidecem à medida que se afastam: primeiro plano vivo,
de tons brilhantes; segundo plano a meio tom e terceiro
plano quase diluído, feito de um cinza ligeiramente mais
forte que o branco do céu.

O exemplo anterior nos permite comprovar dois fatores que


determinam a sensação de atmosfera:

1) Vivo contraste do primeiro plano em relação aos planos


mais afastados.

2) Descoloração e tendência ao cinza, à medida que os


planos se afastam.
Veja esta breve mas completa lição de Leonardo Da Vinci,
escrita no seu Tratado da Pintura, em relação à atmosfera:

Todas as partes da obra que estiverem perto do espectador

devem estar acabadas com grande detalhe, conforme os

diversos planos da mesma. O primeiro plano acabado de uma

forma neta e precisa; o seguinte igualmente acabado mas de

forma mais vaporosa, mais difusa, ou melhor dizendo, menos

precisa; e assim sucessivamente, segundo a distância, os

contornos vão sendo menos duros, vão desaparecendo

membros, formas, cores

LEONARDO DA VINCI

Comprove este efeito da atmosfera, daqui para a frente,


sempre que se deparar com um quadro verá que:

Numa paisagem o horizonte nunca é nítido.


Num quadro de figuras, as figuras do último plano nunca
são nítidas.
Você verá como o artista funde as linhas das
montanhas, no horizonte, com o tom ou cor do céu;
verá que as feições das figuras do segundo plano são
menos precisas, explicam-se menos detalhes nos rostos,
solucionam-se os traços com menos linhas e menos
pinceladas.
E verá que esta falta de precisão comparada com a
nitidez dos corpos do primeiro plano, produz realmente
a ilusão de espaço, de ar, de profundidade.
Tudo bem, até aqui foi fácil entender o que é atmosfera, ela
é visível a grandes distâncias, não é mesmo?

Dá pra perceber, ela está lá, é só copiá-la e pronto! Mas, e


quando se trata de pequenas distâncias como num retrato,
numa natureza morta, onde a atmosfera não é tão visível
num simples olhar e onde o modelo parece estar todo no
primeiro plano?

É claro, esta atmosfera não é tão visível como ao ar livre, no


que diz respeito a tons e contrastes, porque estes,
principalmente os primeiros, somente podem ser
modificados por grandes distâncias, por quantidade enorme
de nitrogênio e oxigênio, de atmosfera.

Ainda assim a terceira dimensão está presente e, portanto, a


profundidade, ou seja, a ATMOSFERA, o ar interposto entre
uns corpos e outros demarcando distâncias.
FOCO
Existe uma maneira de representar esta profundidade:
A NITIDEZ das imagens mais próximas com relação às mais
afastadas, ou seja, o FOCO!

Então, vejamos:
Por menos amante que você seja de fotografia, hoje,
praticamente todos nós temos celular, então sabe muito
bem o que é uma imagem com foco ou fora de foco.

Você pode fotografar, com absoluta nitidez, um objeto


situado em primeiro plano, deixando fora de foco outros ao
fundo ou vice-versa.
E isso, mesmo que entre um e outro haja uma distância
muito curta: quinze, vinte centímetros, por exemplo.

Definida a situação desejada, é só dar o click e, pronto!


Você pode não saber, mas o sistema ótico de uma câmera
fotográfica é, teoricamente, o mesmo do nosso órgão visual;
digo teoricamente porque na prática nossa visão ganha de
longe da máquina fotográfica. E olha que nem precisamos
acionar nenhum dispositivo de auto-foco ou coisa parecida.
Nós o fazemos instintivamente, sem perceber, que você,
talvez, nunca tenha notado.
Vamos fazer uma experiência para melhor ilustrarmos isso?

Pegue dois lápis iguais , um em cada mão, com as inscrições


das marcas voltadas para você, sendo o primeiro a uma
distância de mais ou menos 25cm do seu nariz, o segundo
dez centímetros atrás do primeiro, este, ligeiramente para o
lado, para que possa ver ao mesmo tempo as inscrições dos
dois. Pronto!

Nesta posição, fixe sua visão nas inscrições do primeiro lápis


sem deixar de perceber as inscrições do segundo.

O que acontece? Você vai ler fácil e nitidamente as


inscrições do primeiro enquanto as do segundo estarão
embaçadas, fora de foco , conforme imagem abaixo.

Sem mexer nas posições dos lápis, agora fixe sua visão nas
inscrições do segundo lápis, sem deixar de perceber as do
primeiro. Verá a situação se inverter...
Portanto, a atmosfera está presente em toda parte, diante e
atrás do modelo, por todo lado há atmosfera, existe ar até
mesmo no que está muito próximo.

Nada é brusco, agudo, rígido, contínuo, lambido.

Os corpos têm cor e refletem luz, a luz vibra. E o nosso olhar


não é estático, fixo. Tudo isso enfim, deve levá-lo à
conclusão de que o bom desenho é sempre um pouco
etéreo.

No contorno das formas, por exemplo, jamais deverá cortar


o tom em seco. Pelo contrário, procurará desenhar nele o ar,
a sensação de que atrás e na frente dele há atmosfera,
espaço.

Se você acrescentar a isto o que já conhece sobre Valor dos


Tons e Contraste, acentuando um pouco ambos os efeitos
no que estiver mais próximo e atenuando-os no que se
encontrar imediatamente depois, conseguirá essa ilusão de
profundidade com muita ou pouca atmosfera, e suas obras
serão muito admiradas.

Referência: nelves.com

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