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Deus não se calou, nós é que ficamos

surdos!
Darci Nilton Modes on 20/08/2012 - 20:32

Deus não se calou, nós é que ficamos surdos!

É isso o que as Escrituras Sagradas dizem: “Se hoje vocês ouvirem a voz de Deus, não
sejam teimosos como foram os seus antepassados quando se revoltaram contra ele.”
Hebreus 3.15

Se você pensou que, ao terminar o livro de Apocalipse, Deus decidiu se calar, se


enganou. Deus ainda fala em pleno século 21! Para compreendermos essa verdade e
dela usufruirmos precisamos voltar no tempo. Eu te convido a retornar nesse momento
no ano 27 dC, na região da Palestina, rente aos portões de entrada de Jerusalém.
Observe que, após três anos e meio em que Jesus estivera com os discípulos, sempre e
insistentemente retornava a uma promessa que lhes fizera: enviaria em seu lugar para
habitar neles e com eles o Espírito Santo. O parácletos.

Este seria a sua companhia e conselheiro constante assim que fosse levado aos céus.
Jesus chamou a esse Espírito conselheiro de Espírito da verdade porque desempenharia
neles e em todos os cristãos, à partir de então, uma série de atividades. Veja que Jesus,
em cada uma das exposições que faz do ministério do Espírito Santo em nós, aponta
para características de relacionamento! O Espírito não só nos influencia, mas se
relaciona, se revela, se faz presente e audível! Jesus diz que ele nos “ensinará todas as
coisas” (João 14.26), nos “fará lembrar tudo o que (ele) eu lhes disse” (João 15.26),
“testemunhará a (seu) meu respeito” (João 15.26), nos “guiará a toda a verdade” (João
16.13), nos “anunciará o que está por vir” (João 16.13).

Observe os detalhes que Jesus enfatiza a respeito do tipo de vida cristã que cada um de
nós está habilitado a viver: somos ensinados, lembrados e guiado de maneira
sobrenatural e infinita por Deus por causa do selo do Espírito Santo que habita em nós.
O objetivo final do Espírito é nos revelar os fatos de acordo com a vontade e propósito
de Deus. Reflita sobre isso!

O apóstolo Paulo, quando escreve sua segundo epístola para seu discípulo Timóteo,
disse “Reflita no que estou dizendo: pois o Senhor lhe dará entendimento em tudo” (2.7)
para lembrá-lo de que o Espírito o ajudará a desenvolver seu ministério de maneira
clara, perceptível e racional. Ele, o Espírito lhe “dará entendimento em tudo”, disse
Paulo.

“Pense no que estou dizendo, pois o Senhor fará com que você, pelo Espírito Santo que
age em sua vida, compreenda todas as coisas” (NTLH).

Jesus nos disse que a Sua proposta de Reino estaria acima da pretensão da religiosidade
de sua época vivenciada pelos fariseus, saduceus, sacerdotes e religiosos da época. Na
verdade, sua proposta nos era redimir de uma vida cristã acima da hipocrisia, da teoria e
da experiência intelectual. Ele nos chamou para um relacionamento pessoal, íntimo e
inovador, tudo intermediado e licenciado pessoalmente pelo Espírito Santo.

Assim, Deus deseja despertar em você a realidade de que Ele ainda fala hoje em dia e de
muitas maneiras a cada um de nós, entretanto, é necessário estar preparado para
discernir e ouvir quando ele nos comunica Sua vontade.

Vamos voltar no tempo mais uma vez: no período em que Josué é desafiado por Deus a
conquistar, pela espada e força a Terra Prometida, tratava-se de uma época em que as
pessoas estavam cercadas por um universo de deuses impessoais que habitavam aquela
região. A maioria dos cidadãos daquela terra eram animistas, ou seja, adoravam a
criação, o sol, a lua, as estrelas. Aliado a isso, invocavam deuses imaginários e a
demônios, bem como lhes construíram altares, personificações, sacerdotes, rituais e
templos.

Quando Deus transformou os escravos judeus recém-libertos do cativeiro egípcio, que


durou quatrocentos anos (Gênesis 15.13), numa nação unida em torno de Sua lei,
dando-lhes uma personalidade e uma terra para que habitassem, esperava comunicar-se
com eles. A única referência que eles tinham até então era de um Deus distante,
imaginário e impessoal.

No processo da libertação este povo passa a conhecer a Deus. Ele se revela lentamente
tendo um intermediador: Moisés e Arão. Ele se comunica por meio deles. E não só isso,
com poder e extremo zelo envia e guarda seu povo em meio às pragas e, finalmente, o
inusitado, abre o Mar Vermelho e os conduz sãos e salvos até o Monte Sinai onde, lhes
quer revelar Sua voz!

Imagino a ansiedade de Deus que, num processo lento e paulatino vai se revelando: usa
um mediador, manifesta seu poder e, finalmente, quer lhes falar como um Pai a filhos a
quem ama. Veja que Deus tem a necessidade de falar com seu povo. A fala se torna um
vínculo de relacionamento, ou seja, o tom da voz, o som produzido pelo pai ou mãe é
muito importante na formação de seu filho! É na fala que se gera a intimidade, é quando
a gente se dá a conhecer!

Veja que fato interessante: o bebê ao nascer rompe com sua genitora ao ser cortado o
cordão umbilical, a única coisa que a ligava intrinsecamente com a mãe! A mudança da
existência fetal para a humana faz com que o bebê grite, emita seus primeiros sons e
comece a respirar. Urgentemente esse bebê para “sobreviver” emocionalmente nesse
novo mundo, livre da sua mãe, chora. Agora a mãe substitui o vinculo do sangue
umbilical pelo seu toque suave e pela sua voz. Alguns cientistas afirmam que o corte
umbilical está estritamente ligado à abertura da boca e a emissão da voz; é por esse
canal de comunicação que o bebê vai expressar suas necessidades e emoções e também
ser suprido por ela. Assim, toda expressão relacional e emocional será com a produção
sonora entre o bebe e o choro, o grito, o acesso de raiva e a voz da mãe que acalenta,
comunica uma ação e sua presença.

O bebê conta com a voz da mãe como elemento sonoro quase que constante para
“viver” em segurança. Ela é portadora das primeiras melodias, dos primeiros ritmos e
dos primeiros significados. Ela comunica sua personalidade e seu caráter. Me pergunto:
será que a necessidade urgente que Deus tinha para falar com seus filhos no Monte
Sinai não era exatamente essa? Reconhecimento de paternidade, revelação de sua
personalidade e segurança?

Ele o fez assim para que eles percebessem que este Deus era pessoal, acima da criação e
o único entre as divindades pagãs que os cercavam (Deuteronômio 4.15-35). Ao
ouvirem a voz de Deus, saberiam que eles eram a única nação entre todos os povos da
terra que serviam a um Deus vivo. Quem eram filhos! Que conhecem não somente o seu
poder, mas sua personalidade também. Que ouvem Sua voz!

Imagine a cena: toda a multidão reunida ao pé do Monte Sinai. Uma expectativa


extraordinária espreitava o lugar, os corações estavam agitados assim como o
pensamento: algo extraordinário irá acontecer! Algo único, fantástico, inimaginável.
Lentamente a grande montanha é tomada por uma nuvem espessa, incomum e densa.
Raios passam a cruzar o firmamento. Sons extraordinários agitam os ares. Veja a
grandeza do momento relatado pela Bíblia:

Disse o Senhor a Moisés“Reúna esse povo na minha presença para que escutem o que
vou dizer, a fim de que aprendam a temer-me a vida inteira e assim ensinem os seus
filhos.” Então vocês foram e ficaram ao pé do monte Sinai, que estava completamente
coberto de escuridão e de nuvens negras. Em cima do monte havia um fogo, e as suas
chamas subiam até o céu. Do meio do fogo o Senhor Deus falou com vocês; vocês
ouviram a voz dele, mas não viram ninguém; só escutaram a voz. Deus lhes anunciou a
aliança que estava fazendo com vocês e mandou que obedecessem aos dez
mandamentos, que depois escreveu em duas placas de pedra” (Deuteronômio 4.10-13).

Porém algo estranho aconteceu! Ao invés dessa revelação da presença de Deus conduzi-
los a uma vida de temor e santidade, ocorreu o inverso! Essa experiência se tornou em
algo desagradável e assustador ao povo. Veja o texto de Êxodo 20.18-20

“O povo ouviu os trovões e o som da trombeta e viu os relâmpagos e a fumaça que saía
do monte. Então eles tremeram de medo e ficaram de longe. E disseram a Moisés: Se
você falar, nós ouviremos; mas, se Deus falar conosco, nós seremos mortos. Então
Moisés respondeu: Não tenham medo, pois Deus só quer pôr vocês à prova. Ele quer
que vocês continuem a temê-lo a fim de que não pequem. E o povo ficou em pé de
longe, e somente Moisés chegou perto

da nuvem escura onde Deus estava”.

Para eles se tratava de um Deus ameaçador e desconfortável. Um Deus que levantava


suspeitas, intimidador e pouco confiável. Quem ousaria desobedecer a um Deus vivo?
Com o passar das horas negligenciaram a voz de Deus, voltaram seus olhos ao que lhes
dava segurança e prazer: construíram um bezerro de ouro. Procuraram ouvir uma voz a
que estavam acostumados, a dos deuses egípcios. Levantar suas vozes em cânticos e
invocações em alto e bom tom fez com que a voz de Deus se silenciasse e se
esquecessem dela rapidamente. Com o passar dos anos ela se tornou uma lenda entre o
povo, tanto que cada um seguia seus próprios caminhos que os ensurdeciam ainda mais
para ouvirem a voz de Deus.
Na verdade isso serve de alerta para cada um de nós, pois a única coisa que pode nos
impedir de ouvir a Sua voz é o nosso coração que pode ficar fora de sintonia com Ele,
tal qual um celular que fica sem rede ao se distanciar da torre de emissão do sinal.

Eu creio que Deus, como Pai amoroso, fala comigo todos os dias . Quando não a ouço é
porque posso ter construído um “bezerro de ouro” que tomou furtivamente o seu lugar.
Aí, minha voz encobre a Sua e ela passa desapercebida.

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