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Acerca dos bens materiais

1 João 3:17-18
17 Quem, pois, tiver bens do mundo, e, vendo o seu irmão necessitado, lhe cerrar as suas
entranhas, como estará nele o amor de Deus?
18 Meus filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obra e em verdade.

A Parábola do Rico Insensato


Certa vez, o Senhor contou para um grupo de fariseus, descritos como pessoas “que amavam
o dinheiro de que “aquilo que tem muito valor entre os homens é detestável aos olhos de
Deus”

Lucas 16.15. “Os fariseus, que amavam o dinheiro, ouviam tudo isso e zombavam de Jesus.
Ele lhes disse: Vocês são os que se justificam a si mesmos aos olhos dos homens, mas Deus
conhece os corações de vocês. Aquilo que tem muito valor entre os homens é detestável aos
olhos de Deus”.

Sem dúvida, nós damos muito valor a uma vida próspera, a uma vida de sucesso. Mas será
que Jesus detesta que nós aspiremos riquezas? Quanto tempo gastamos em um celular, vídeo-
games, televisão, internet? Pra que bens materiais, irmãos, pra tirar a nossa atenção de Deus?

Nessa noite quero fazer uma reflexão acerca dos bens materiais.

Na parábola do rico insensato (Lucas 12.13-21), Jesus força todos nós a enfrentarmos
algumas perguntas a nosso próprio respeito.

Lucas 12.13 Alguém da multidão lhe disse: "Mestre, dize a meu irmão que divida a herança
comigo". 14 Respondeu Jesus: "Homem, quem me designou juiz ou árbitro entre vocês? "
15 Então lhes disse: "Cuidado! Fiquem de sobreaviso contra todo tipo de ganância; a vida de
um homem não consiste na quantidade dos seus bens".
16 Então lhes contou esta parábola: "A terra de certo homem rico produziu muito bem.
17 Ele pensou consigo mesmo: ‘O que vou fazer? Não tenho onde armazenar minha colheita’.
18 Então disse: ‘Já sei o que vou fazer. Vou derrubar os meus celeiros e construir outros
maiores, e ali guardarei toda a minha safra e todos os meus bens.
19 E direi a mim mesmo: Você tem grande quantidade de bens, armazenados para muitos
anos. Descanse, coma, beba e alegre-se’.
20." Contudo, Deus lhe disse: ‘Insensato! Esta mesma noite a sua vida lhe será exigida. Então,
quem ficará com o que você preparou? ’
21 "Assim acontece com quem guarda para si riquezas, mas não é rico para com Deus".

Jesus Prova o Coração

Quando Jesus se dirigia a Jerusalém, grandes multidões o cercavam. Lucas nos fala que era
uma multidão de milhares de pessoas, ao ponto de se atropelarem umas às outras, e Jesus
começou a falar, ao mesmo tempo, os Seus inimigos começaram a “opor-se fortemente a Ele e
a interrogá-lo com muitas perguntas, esperando apanhá-lo em algo que dissesse” (11.53-54).
Lucas 11. 53 Quando Jesus saiu dali, os fariseus e os mestres da lei começaram a opor-se
fortemente a ele e a interrogá-lo com muitas perguntas,
54 esperando apanhá-lo em algo que dissesse.
Nesse contexto de aclamação popular e profunda hostilidade, o Senhor conclamou os Seus
discípulos a um testemunho ousado e intrépido, a Seu favor (12.1-3).

Lucas 12.1 Nesse meio tempo, tendo-se juntado uma multidão de milhares de pessoas, a ponto
de se atropelarem umas às outras, Jesus começou a falar primeiramente aos seus discípulos,
dizendo: "Tenham cuidado com o fermento dos fariseus, que é a hipocrisia.
2. Não há nada escondido que não venha a ser descoberto, ou oculto que não venha a ser
conhecido.
3. O que vocês disseram nas trevas será ouvido à luz do dia, e o que vocês sussurraram aos
ouvidos dentro de casa, será proclamado dos telhados.

Um dos homens na multidão tinha pouco interesse em tais questões. Ele tinha vindo com um
problema familiar que estava relacionado a uma herança. Aparentemente, ele era o menor de
dois irmãos. Segundo a lei judaica, o seu irmão mais velho teria sido ambas as coisas – o
testamenteiro da propriedade e o maior recebedor da herança e normalmente tentaria manter
intacta a propriedade. Mas este não era o plano do irmão mais novo. Ele queria o seu próprio
dinheiro para usá-lo como ele quisesse.

Como era comum trazer casos de contenda da lei a um rabino com credibilidade, ele
desabafou a sua preocupação a Jesus: “Mestre, dize a meu irmão que divida a herança
comigo” (v.13). As suas palavras são reveladoras. Ele não pede para o Senhor julgar a questão
mas colocar-se do seu lado e prover argumentos contra o seu irmão. Assim como muitos
naquela época, ele queria usar a Jesus para conseguir os seus desejos financeiros.

O Senhor se negou a tomar tal posição: “Homem, quem me designou juiz ou árbitro entre
vocês?” (v.14). Jesus não tinha uma posição legal, como um rabino com credenciais, para ser
envolvido em tais casos. Mas acima de tudo, esta tarefa fazia parte da Sua missão divina. “Ele
veio para conduzir os homens a Deus e não a propriedade ao homem”

Muitos homens ensinam que crentes podem e devem esperar que o Senhor providencie o seu
bem-estar físico e sua prosperidade. Pode ser que este homem estivesse sendo tratado
injustamente pelo seu irmão, mas a questão envolve algo mais profundo e perigoso do que ser
injustiçado por causa de uma herança. Esta questão envolvia ganância. Dois gananciosos
disputando posses.

Jesus se dirige às multidões: “Cuidado! Fiquem de sobreaviso contra todo tipo de ganância; a
vida de um homem não consiste na quantidade dos seus bens” (v.15).

Alguns pecados estão claros e possíveis de se reconhecer e os evangélicos são rápidos em


caracterizá-los como maus. Raras vezes, vemos a ganância como um pecado horroroso.

Jesus nunca falou sobre o adultério ou sobre a embriaguez em termos assim dramáticos como
Ele o fez aqui, contra a cobiça. Ele disse “cuidado”. Tem pecado que cometemos e logo nos
apercebemos que pecamos e imediatamente pedimos perdão.Mas existem pecados maliciosos,
cometemos e pensamos está tudo bem.Cuidao com a cobiça, cuidado com a ganância, cuidado
com os bens materiais.
O termo ganância significa simplesmente: “um desejo consumista de ter mais”. Um desejo
incontrolável de aquisição por mais. Nunca está satisfeito. É insaciável.

Entretanto, nós erramos o alvo se vemos a cobiça como uma questão de quantidade e não de
atitude. O mais pobre pode ser cobiçoso; o mais rico pode evitar a ganância. Mas o perigo das
possessões é que elas, muitas vezes, despertam o desejo por mais.

A cobiça não é uma questão de riso. Na verdade, ela é idolatria (Colossenses 3.5). O Senhor
não deixou dúvidas quando Ele disse: “A vida de um homem não consiste na quantidade dos
seus bens” (Lucas 12.15). Somente Deus é a fonte da vida; somente Deus controla a vida;
somente Deus dá a vida.

Jesus Descreve o Problema

O Senhor não se contentou em dar-nos uma admoestação abstrata. Jesus apresentou a


parábola do rico insensato.

Lucas 12.16 E lhes proferiu ainda uma parábola, dizendo: O campo de um homem rico
produziu com abundância. E arrazoava consigo mesmo, dizendo: Que farei, pois não tenho
onde recolher os meus frutos? E disse: Farei isto: destruirei os meus celeiros, reconstruí-los-
ei maiores e aí recolherei todo o meu produto e todos os meus bens. Então, direi à minha
alma: tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe e regala-te. Mas
Deus lhe disse: Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem
será? 21Assim é o que entesoura para si mesmo e não é rico para com Deus

A riqueza, muitas vezes, conduz a mais riqueza e a sua riqueza lhe deu a possibilidade de
possuir uma terra que produziu uma grande safra. Parece não haver nenhuma crítica no fato
daquele homem ser rico, nem na sua forma de alcançá-la ou de produzir mais. O decisivo é o
que ele fez com isso. Mesmo então, o crucial não foram os seus atos mas a sua presunção.
Dando-lhe o devido valor, o fato de construir celeiros maiores foi uma decisão sábia e
pragmática. Todavia aqui está justamente a pergunta: Quais eram os seus valores?

Mas em um só momento, a sua ‘bola de mascar’ estourou. Deus pronunciou a Sua sentença
não somente na vida do rico insensato, mas o faz em toda a vida que está baseada na cobiça:
“Insensato! Esta mesma noite a sua vida lhe será exigida. Então, quem ficará com o que você
preparou?” O diagnóstico do Senhor foi implacável quanto à Sua honestidade e reveladora
quanto ao seu discernimento.

Três coisas se destacam aqui:


1) Ele era um insensato, não um sucesso.

É quase certo que aos olhos da comunidade, era um homem invejado por muitos. Aos olhos
de Deus, ele era um insensato, a ser lamentado. O termo insensato na linguagem bíblica não é
uma descrição de uma habilidade mental mas de discernimento espiritual. Na linguagem dos
Salmos e Provérbios, no Antigo Testamento, um insensato é um indivíduo que faz escolhas
como se Deus não existisse e que vive como se Deus não tivesse falado. Ouvimos onze vezes
“eu” e “meu” nas palavras deste homem. Para todos os efeitos, Deus não existe.

2) Ele era um servo, não um mestre.

O homem rico estava convencido que ele tinha o controle da sua vida e que a riqueza lhe dava
este controle. Mas as palavras que Deus falou a ele deixaram claro que ele não tinha poder
sobre o presente: “Esta mesma noite a sua vida lhe será exigida”. A palavra exigida era um
termo comercial usado para um empréstimo. Neste ponto crucial, ele descobriu uma verdade
que todos aprendem mais cedo ou mais tarde: Deus é o dono da vida e Ele simplesmente
empresta a nossa existência terrena para nós. A qualquer hora, Ele pode exigir o Seu
empréstimo.

O homem insensato também não tinha poder sobre o futuro: “Quem ficará com o que você
preparou?” Como o escritor de Eclesiastes lamentou: “Desprezei todas as coisas pelas quais
eu tanto me esforçava debaixo do sol, pois terei que deixá-las para aquele que me suceder. E
quem pode dizer se ele será sábio ou tolo?” (Eclesiastes 2.18-19).

3) Ele era um homem pobre, não rico.

No momento da verdade, o fazendeiro rico compreendeu que havia trabalhado tanto por tão
pouco. Ele havia investido no que é transitório e não no que é permanente. O que faz com que
a morte seja difícil é a avaliação do que perdemos com a mesma. Este foi um homem que
deixou tudo para trás: os celeiros que havia construído, as pessoas que tinha controlado, o
prestígio que havia conseguido. A morte o despiu totalmente e revelou quem ele era, um
homem que “guarda para si riquezas, mas não é rico para com Deus” (v.21).

Esta última afirmação deveria levar cada um de nós a perguntar a si mesmo(a): “Sou
insensato(a) aos olhos de Deus? O que seria dito da minha vida?” As palavras a seguir, de Jim
Elliot, merecem uma consideração cuidadosa: “Aquele não é um insensato que dá o que não
pode ficar para si, a fim de ganhar o que não pode perder”.

Existe um outro tipo de insensatez que o Senhor quer que reconheçamos. Ele descreveu o
homem insensato da parábola como alguém que diz: “Deus não importa” e “Nunca podemos
ter demais”. O poder das possessões consiste em que elas nos dão um sentimento de controle.
Mas os discípulos enfrentam uma outra loucura, aquela que diz: “Deus não se importa”.
Estamos inclinados a crer que se seguimos a todas as nossas possessões, não teremos o
suficiente.
Jesus Apresenta a Alternativa

Lucas deixou bem claro que as palavras dos versículos 22-34 não foram dirigidas à
multidão, mas aos discípulos. Há uma implicação aqui de que a preocupação é um dos
pecados que assedia os seguidores de Cristo. A razão não é difícil de descobrir. O discipulado
tem suas exigências. Obedecer ao chamado significa confiar totalmente em Cristo, mas quais
são as implicações desta obediência? Perguntas financeiras assomam em grande escala. Se eu
digo adeus à todas as minhas possessões, será que o Senhor realmente suprirá todas as minhas
necessidades? A minha mente me assegura que sim, mas o meu coração não está tão seguro
disto. O escritor de Provérbios, o descreveu desta maneira: “O coração ansioso deprime o
homem” (Provérbios 12.25). Este é um fato que se comprova fisicamente. Como alguém certa
vez observou, as pessoas adquirem úlceras não tanto por causa do que comem, mas pela
preocupação que os consome. A ansiedade também rouba a paz emocional e remove a certeza
espiritual.

Dizer-nos que não devemos nos preocupar, não é de grande ajuda. Pessoas que nos dizem isto
geralmente não são realistas, pouco informadas ou têm espírito de superioridade. O Senhor
nos força a pensar por quê não devemos nos preocupar. Primeiro, ele disse que a
preocupação é imprudente (Lucas 12.22-24). Significa cair na loucura do homem insensato
que acreditou que a sua vida consistia das suas possessões. Mas a vida é mais do que comida e
roupas e Deus nos prometeu que cuidaria de nós, muito mais do que o cuidado que Ele tem
pelas Suas criaturas, os pássaros. Preocupar-se é esquecer que somos os filhos valiosos de
Deus e que Ele é nosso Pai amoroso.

Segundo, a preocupação é fútil (12.25-28). A preocupação pode encurtar a vida – mas não
pode aumentá-la. E Deus, que dá beleza aos campos, não nos abandonará. A ansiedade nega o
cuidado de Deus e sem nenhum efeito. Assim, a alternativa não é ser descuidado(a) – mas
confiante. Um pouco de reflexão nos ajuda a reconhecer que a maioria das preocupações se
referem a coisas que não podem ser mudadas (do passado), coisas que não podemos controlar
(no presente) e coisas que talvez nunca vão acontecer (no futuro). Por isso, é muito melhor
nós confiarmos em Deus!

Terceiro, a preocupação é falta de fé (12.29-31). Se deixar absorver com necessidades


físicas e pessoais é, em última instância, ser capturado(a) pela falta de fé. Se o Evangelho
realmente é verdadeiro, nossas vidas deveriam ser qualitativamente diferentes da vida dos
pagãos.

Em seu livro Run Today’s Race, Oswald Chambers observa que “toda a nossa aflição e
preocupação é causada por fazermos cálculos, sem Deus”. A preocupação é o produto de uma
compreensão inadequada do nosso Pai. Ele é Aquele que sabe, que cuida e que age. A
maneira como olhamos para Deus determina a forma como vamos olhar para a vida, e isto vai
determinar sobre o que nos preocupamos.
A nossa grande necessidade é a de nos preocuparmos a respeito da coisa certa. Do que se
trata? “Busquem, pois, o Reino de Deus”. Não podemos nos abster da preocupação. Mas nós
substituímos aquela preocupação, que deveria ser a principal, pela preocupação com coisas
secundárias. Somente o Seu Reino é digno de preocupação.

O sentimento gêmeo da ansiedade é o medo e o Senhor se referiu ao mesmo nos versículos


32-34. Ele nos admoestou a agir de forma drástica com os nossos recursos financeiros e
nossas possessões pessoais. Não devemos segurá-los, nem confiar neles. Mas devemos dispor
deles, fazendo investimento eternos. Na verdade, a única forma pela qual podemos realmente
proteger os nossos tesouros é investi-los no céu. Os nossos corações seguem nossos tesouros
– e se estes tesouros estão no céu, nossos corações também estarão ali. Como David Gooding
escreve: “O céu raras vezes é uma realidade para um homem que não está preparado para
fazer grandes investimentos nele e nos seus juros; mas se torna mais uma realidade para o
homem que está interessado nisto” (Segundo Lucas, p.241).

A questão crucial na vida não é a quantidade dos nossos tesouros, mas onde estão localizados.
Os tesouros do homem rico estavam na terra. Ele foi um insensato porque construiu a sua vida
ao redor do que não iria durar e realmente não importava. Nosso chamado como um discípulo
é o de sermos ricos para com Deus e ter um tesouro no céu que não se extinguirá. D. L.
Moody disse certa vez: “Não precisamos muito para descobrir onde está o tesouro de um
homem. Numa conversa de 15 minutos com a maioria dos homens, você pode saber se os seus
tesouros estão na terra ou no céu”.

Ninguém quer ser chamado por Deus de insensato. Como podemos nos assegurar de que isto
não vai acontecer? Devemos escolher limites, não luxo, de maneira que podemos investir
nosso tesouro no céu. Podemos cultivar compaixão – não ganância. Mas acima de tudo,
podemos exercitar a confiança em Deus, não no dinheiro.

O slogan: “Nós confiamos em Deus” está impresso no dinheiro americano. Palavras bonitas,
mas será que confiamos em Deus quanto ao nosso dinheiro ou com o nosso dinheiro? Um
amigo, escrevendo sobre os seus precários recursos financeiros numa época de crescentes
necessidades, disse: “Se nós afundarmos, não iremos fritar ‘tio’. Mas nós clamaremos ‘Pai’
para Aquele que conhece todas as nossas necessidades e possui todos os recursos”. Tal pessoa
aprendeu a sabedoria de Deus.

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