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PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DA MANUTENÇÃO


A EXPERIÊNCIA DA UFES/ABRAMAN-ES

Márcio P. Nogueira da Gama (1)

(1)
Engenheiro Mecânico formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro em 1967; Professor
Adjunto do Centro Tecnológico da Universidade Federal do Espírito Santo e Coordenador Geral do
2° Curso de Pós-Graduação em Engenharia de Manutenção; Consultor Técnico da MGE Engenharia
e Consultoria; Ex Diretor Regional da ABRAMAN-ES; Ex-Gerente e Ex-Especialista de
Desenvolvimento de Manutenção da Cia Siderúrgica de Tubarão.

RESUMO

A partir de uma visão histórica do ensino da manutenção nos cursos de engenharia


e da aplicabilidade dos cursos de Pós-graduação às necessidades de
especialização dos Engenheiros de Manutenção, o trabalho apresenta o processo
de criação, a evolução e as principais características do curso de Especialização
"Lato-Sensu" em Engenharia de Manutenção, ministrado pela Universidade Federal
do Espírito Santo, em Vitoria, com o patrocínio da regional da Abraman do Espírito
Santo. Detalha a estrutura inicial do curso, o perfil dos alunos, a metodologia de
ensino e as principais conclusões tiradas com a realização do 1° curso.
Finalmente, apresenta as premissas consideradas no curso atual, remodelado a
partir da experiência anterior, com a evolução da sua estrutura, mais flexível e
adaptável ao perfil e às necessidades dos alunos e conclui com as principais
recomendações para a criação de um curso semelhante.
1- INTRODUÇÃO
O ensino da manutenção nunca foi priorizado nos cursos de graduação de
Engenharia, no Brasil, até pouco tempo .
Em nossa opinião, como testemunha ocular do assunto, já que começamos a
trabalhar em manutenção no final da década de 60 e ingressamos no magistério
superior em 1971, atuando desde então simultaneamente como profissional de
indústria na Manutenção e como professor da Universidade Federal do Espírito
Santo, esse desconhecimento tem raízes históricas, de responsabilidade da própria
área de manutenção, como também decorre da estratégia de ensino de Engenharia,
da Universidade. Naquela época, prevalecia na grande maioria da nossa indústria,
na área de manutenção, a experiência e o empirismo e se dizia que "manutenção se
aprendia na prática e não na escola". Em muitas empresas, era vista como "um mal
necessário" e esta visão da manutenção brasileira, se refletia naturalmente na
própria Universidade. Notava-se no entanto, na ocasião, um movimento tímido de
organização de manutenção, concentrado nas grandes empresas, em especial as
que tinham ligações com o 1° mundo, onde a manutenção estava muito à frente da
nossa. De repente, passamos a viver a chamada "época do milagre" na década de
1970, quando investimentos maciços provocaram um grande desenvolvimento no
parque industrial brasileiro e simultaneamente das universidades. A política
governamental foi incentivar a criação de uma engenharia brasileira capaz de
desenvolver projetos próprios, com as universidades engajadas neste processo.
Para tal, houve um grande incentivo à profissionalização integral dos professores e
complementação da sua formação através de cursos de mestrados e doutorados,
para permitir a transformação dos mesmos em pesquisadores - na área da
engenharia, com grande enfoque para o desenvolvimento. Nesta política
educacional, sem dúvida prioritária para o pais, a manutenção acabou sendo
esquecida.
Em meados da década de 1980, no entanto, os grandes investimentos industriais
terminaram. Era necessário priorizar a manutenção, para conservar o parque
industrial. A engenharia de manutenção, tinha se desenvolvido bastante nas
indústrias e continuava a crescer, porém sem maiores reflexos nos cursos de
engenharia, que não contemplavam as necessidades específicas da área de
manutenção . Algumas escolas de engenharia, como a da UFES, que contavam em
seus quadros docentes com pessoal de indústria, já tinham incluídos nos currículos
dos seus cursos, disciplina de "Manutenção", geralmente optativa, mas logicamente
pela limitação de carga horária, insuficiente para abranger toda a gama de assuntos
necessários ao engenheiro de manutenção.
Foi então criada a ABRAMAN que realizou o seu primeiro congresso em 1986 e
verificou-se, que a área de manutenção era um dos maiores mercados de trabalhos
para o profissional de engenharia, em especial engenheiros mecânicos e
eletricistas.
A partir da ABRAMAN e das suas regionais, que desde o início colocaram como
prioridade a melhoria da capacitação do profissional de manutenção, levantando a
necessidade do ensino de manutenção (1) e desenvolvendo cursos e programas
específicos e buscando parcerias com as entidades de ensino profissional em
todos os níveis, a situação começou a mudar. Endossada pelas empresas, a
ABRAMAN passou a procurar as universidades, verificando-se que, para o caso
dos profissionais de nível superior, Engenheiros e Tecnólogos, a melhor solução
para completar a sua formação na área de manutenção, era criar cursos de Pós
Graduação "Lato-Sensu", pela sua enorme flexibilidade curricular o que permite

2
atender às necessidades específicas de cada região e de cada época, como
mostraremos a seguir .

2- APLICABILIDADE DOS CURSOS DE PÓS-GRADUAÇÃO

Analisando o Regulamento de Pós-Graduação da UFES (2) , que define e regula o


assunto, de maneira bastante semelhante ao existente nas demais Universidades
Federais, verificamos :
Existem basicamente dois tipos de Pós-Graduação Universitária . A Pós-Graduação
"Stricto-Sensu" ,que compreende os cursos de Mestrado e de Doutorado, e que
"tem por objetivo a formação de pessoal qualificado para as atividades de pesquisa
e de magistério superior .." e a Pós-Graduação "Lato-Sensu", que compreende os
cursos de Especialização e de Aperfeiçoamento . "Os cursos de Especialização têm
por objetivo preparar especialistas em setores específicos das atividades
acadêmicas e profissionais" e "os cursos de Aperfeiçoamento têm por objetivo
atualizar e aperfeiçoar conhecimentos e técnicas de trabalho nos diversos campos
de conhecimento".
Portanto, o tipo de curso necessário para complementar a formação dos
engenheiros e tecnólogos para a moderna manutenção é a Pós Graduação "Lato-
Sensu" , através de curso(s) de Especialização .
Entre as características de um curso de Especialização "Lato- Sensu", destacam-se:

{ Podem ser previstos cursos eventuais ou permanentes


{ Não há restrições em relação aos currículos dos cursos, que podem ser
elaborados de acordo com as necessidades dos setores específicos a que se
destinam , podendo variar de acordo com a região e a época.
{ Carga horária mínima é de 360 horas, sem considerar o tempo dedicado a
estudos e trabalhos extra sala de aula
{ Exigência de elaboração e aprovação de trabalho final, no final do curso. O
tempo dedicado ao trabalho final também não está computado na carga horária do
curso.
{ Obrigatoriedade de 85% de freqüência
{ Obrigatoriedade de aprovação em todas as disciplinas.
{ O projeto de cada curso, com sua estrutura curricular, orçamento próprio e todas
as suas características, deverá ser aprovado nos diversos níveis da administração
Universitária .

3- O PROCESSO DE CRIAÇÃO DO CURSO DE ENG. DE MANUTENÇÃO


UFES/ABRAMAN-ES

As condições para o desenvolvimento da engenharia de manutenção, na região de


Vitória, capital do Espírito Santo, são privilegiadas devido a uma concentração de
grandes empresas que decidiram investir maciçamente na capacitação dos
profissionais de manutenção de todos os níveis, em especial a Companhia Vale do
Rio Doce, a Cia Siderúrgica de Tubarão, a Aracruz Celulose e a Samarco
Mineração além de outras empresas de menor porte, que incentivaram a criação da
regional da ABRAMAN no Espírito Santo em 1988 que a partir de então passou a
ser o fórum dos profissionais da área, desenvolvendo seminários, encontros
técnicos e cursos rápidos, todos prestigiados pelas empresas citadas.
A idéia da criação de um curso de especialização em Engenharia de Manutenção,
foi levantada de início e levada pela ABRAMAN à Universidade Federal do Espírito

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Santo. Porém esbarrava em dificuldades estruturais, em especial à falta de
professores especializados para atender a extensa gama de assuntos a serem
abordados, além da incerteza orçamentária, pois o curso deveria ser auto-
sustentável. O assunto passou a constituir meta das duas organizações, até que em
1994 finalmente estava amadurecido e o Centro Tecnológico da UFES, através do
seu Departamento de Engenharia Mecânica, criou as condições para a
concretização do projeto, com as seguintes etapas até o funcionamento do curso:

{ 1a etapa - Elaboração da proposta básica pelo Departamento de Engenharia


Mecânica da UFES - Dezembro de 1994

{ 2a etapa -Análise e complementação da proposta por um Grupo de Trabalho de


Engenheiros de Manutenção de uma empresa piloto, com definição de uma
proposta de estrutura curricular - Janeiro a Outubro de 1995

{ 3a etapa - Anteprojeto do Curso, com a proposta de estrutura curricular anterior,


de nossa responsabilidade, aprovada pelo Departamento de Engenharia Mecânica
da UFES - Novembro de 1995 (3 )

{ 4a etapa- Definição da Grade Curricular detalhada, a partir da proposta anterior,


por uma Comissão Mista , composta por representantes da ABRAMAN e
empresas locais, sob coordenação da UFES. Fevereiro a Agosto de 1996.

{ 5a etapa- Elaboração do projeto final, com a grade curricular detalhada pela


comissão mista, pelo Departamento de Engenharia Mecânica, do Centro
Tecnológico, nos padrões da UFES . Outubro de 1996 (4)

{ 6a etapa - Aprovação do projeto pelos diversos níveis administrativos da UFES.


Dezembro de 1996

A empresa piloto escolhida, na 2a etapa, foi a Companhia Siderúrgica de Tubarão,


que pelo seu grande porte, contava com a maior concentração, no mesmo local, de
Engenheiros e Gerentes de Manutenção, entre as empresas locais, além de
incentivar fortemente o desenvolvimento do assunto. Foi criada na mesma, o grupo
de trabalho multidiciplinar, que fechou, sob nossa coordenação, a proposta de
estrutura curricular, levada em seguida à comissão mista das empresas, que
realizou modificações na mesma e detalhou as disciplinas.
As empresas que participaram da comissão mista, em conjunto com a ABRAMAN e
a UFES , foram a Companhia Vale do Rio do Doce - com representantes
específicos para as três áreas de atuação local : Porto, Estrada de Ferro e Usinas
de Pelotização, a Aracruz Celulose, a Samarco Mineração, a Chocolates Garoto e a
Companhia Siderúrgica de Tubarão. Participaram também, como convidados,
representantes da Federação das Indústrias do Espírito Santo e do SEBRAE /ES
A grade curricular proposta pela comissão mista foi incorporada ao projeto
acadêmico realizado pelo Centro Tecnológico, sendo inteiramente aprovado pelos
diversos níveis da Universidade.

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4- O 1° CURSO DE ENGENHARIA DE MANUTENÇÃO

Em Dezembro de 1996, durante o VII Seminário Espírito Santense de Manutenção e


com o projeto inteiramente pronto e fechado com a UFES, realizou-se no mesmo
uma ampla divulgação do curso.
Foram abertas 44 vagas, para as quais se inscreveram 73 candidatos :

Para efeito de seleção, a clientela a atender foi definida, no projeto do curso, por
ordem de prioridade, como se segue:
{ 1° Grupo - Engenheiros Mecânicos e Eletricistas
{ 2° Grupo -Outros profissionais de Engenharia, inclusive Tecnólogos de Nível
Superior
{ 3° Grupo - Administradores, Economistas e outros profissionais de nível superior,
com experiência mínima comprovada em manutenção industrial de 2 anos.

Devido a grande procura, considerou-se na seleção, além das condições acima, os


seguintes ítens de prioridade :
{ Profissionais indicados pelas empresas participantes do projeto (comissão mista).
{ Obrigatoriedade de formação técnico de nível médio, em Escola Técnica
reconhecida, para profissionais do 3° grupo ( Administradores e outros )

Os 44 alunos selecionados, apresentavam ótima formação acadêmica e grande


experiência profissional, conforme mostra a Tabela I , a seguir

Tabela I - PERFIL BÁSICO DOS ALUNOS DO


1° CURSO DE ENG. DE MANUTENÇÃO

1- TIPO DE FORMAÇÃO SUPERIOR % DO


TOTAL

Grupo 1- ENGS. MECÂNICOS E ELETRICISTAS 51,22

Grupo 2 - OUTROS PROFISSIONAIS DE ENGENHARIA ( 1) 36,58

Grupo 3- ADMINISTRADORES E OUTROS 12,20


QUANTID. TEMPO
2- EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL DE MÉDIO
ALUNOS (2) ( Anos )

EXPERIÊNCIA MÉDIA EM MANUTENÇÃO 39,00 9,96

EXPERIÊNCIA MÉDIA EM OUTRAS ÁREAS ( 3 ) 23,00 6,99


Observações :
1- Inclui Tecnólogos Mecânicos, Eng. Operacional, Eng. Civil e Linc. Plena Mecânica
2- Quantidade de Alunos que possuíam experiência na área.
3- Inclui Projeto, Operação,Qualidade, Informática e Outros .

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As aulas foram iniciadas em 03 de Março de 1997 , obedecendo à estrutura básica
mostrada na Tabela II , da página a seguir .

As principais características gerenciais do curso, foram as seguintes:


{ Curso auto-sustentável, sem fins lucrativos, com o total das despesas igual ao
total das receitas.
{ Aulas ministradas no horário noturno, a partir de 19:00h de segunda a quinta-
feira
{ Administração realizada por um coordenador geral e outro adjunto e um
secretário
{ Controle do andamento do curso e de correções necessárias, realizado por um
Colegiado Acadêmico, composto pelos coordenadores do curso, pelo representante
da ABRAMAN-ES, professores das disciplinas e dois representantes dos alunos

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TABELA II - ESTRUTURA CURRICULAR DO 1° CURSO

CT- UFES
1° CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DE MANUTENÇÃO- 1997
ESTRUTURA CURRICULAR

N° DISCIPLINA HORAS PERÍODO

1- MÓDULO GERENCIAL
1,1 GERÊNCIA DA QUALIDADE NA MANUTENÇÃO 60,00 MARÇO
1,2 PLANEJAM. PROGR. E CONTROLE DA MANUT. 45,00 A
1,3 MANUTENÇÃO CENTRADA NA CONFIABILIDADE 45,00
1,4 TÓPICOS AVANÇADOS DE RECURSOS HUMANOS 30,00 JULHO
1,5 TÓPICOS DE GERÊNCIA 45,00
TOTAL DO MÓDULO 1 225,00

2- MÓDULO TECNOLÓGICO AGOSTO


2,1 PROTEÇÃO AMBIENTAL 30,00
2,2 SEGURANÇA DO TRABALHO NA MANUTENÇÃO 30,00 A
2,3 MANUTENÇÃO PREDITIVA 45,00
2,4 TRIBOLOGIA 45,00
2,5 TÓPICOS ESPECIAIS EM MAN. ELÉTRICA/ELETRÔNICA 45,00 DEZEMBRO
TOTAL DO MÓDULO 2 195,00
TOTAL DOS MÓDULOS 1 + 2 = 420,00

3- TRABALHO FINAL 1998

Observações:
1- Tópicos Avançados de Recursos Humanos- compreende Teoria das
Organizações e Relações do Trabalho
2- Tópicos de Gerência- compreende Gestão de Materiais, Contratação e
Terceirização, Custos e Orçamentos de Manutenção .
3- Tribologia - compreende Conceituação e Aplicações, Materiais Resistentes ao
Desgaste, Análise de Falhas e Projeto para a Redução do Desgaste

5 - METODOLOGIA DE ENSINO E AVALIAÇÃO

Considerando o perfil típico do aluno, profissional de manutenção de empresa, que


procura informações especializadas para aplicação imediata, foi adotada a
metodologia de ensino e avaliação, esquematizada na Figura 1 , com as seguintes
características :

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AULAS MESAS REDONDAS
(Professores) (Espec. Convidados)

TRABALHOS PRÁTICOS
(Alunos)

TRABALHO FINAL
(Alunos ) *

*SOB ORIENTAÇÃO DE PROFESSOR

Figura 1 – METODOLOGIA DE ENSINO

5.1- AS AULAS
As aulas sendo o elemento didático bsico do curso são dadas por professores da
Universidade e profissionais selecionados nas indústrias locais, especialistas nos
assuntos ministrados, devidamente preparados para tal. Como norma do curso,
todas as disciplinas possuem seu material didático específico, abordando os
assuntos lecionados, constituído por apostilas preparadas previamente pelos
professores e distribuídas aos alunos, em sala de aula.

5.2- AS MESAS REDONDAS


Os temas de grande relevância e polêmicos do curso , além de abordados nas
aulas, são objetos de "Mesas Redondas", com a participação de especialistas
convidados, de empresas diferentes, que realizam a suas apresentações, seguidas
de debates. As mesas redondas, geralmente são organizadas em conjunto com a
ABRAMAN-ES, sendo abertas ao público interessado através de divulgação
realizada pela entidade. Excepcionalmente, quando se trata de assunto novo, sem
especialistas locais, a mesa redonda é substituída por conferência realizada por
especialista externo.

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5.3- OS TRABALHOS PRÁTICOS
Os Trabalhos Práticos, são o elemento fundamental para a prática dos assuntos
desenvolvidos nas aulas e nas mesas redondas e têm também como objetivo,
realizar a avaliação de aprendizado. Recomenda-se, sempre que possível, que os
trabalhos ministrados, possam abranger assuntos de interesse das empresas dos
alunos, calcados em pesquisa de campo ou estudo de caso. Para efeito de
avaliação das disciplinas, substitui com vantagens, na grande maioria dos casos, a
tradicional "prova", que só é ministrada, como exceção, em algumas disciplinas.

5.4- O TRABALHO FINAL


Finalmente o Trabalho Final, pode ser considerado como o terceiro módulo do curso
onde o aluno deve desenvolver um tema de relevância e demonstrar que está apto
a receber o título de especialista .
O Trabalho final é orientado por um professor do curso, ligado ao tema do mesmo,
sendo documentado, através de relatório técnico a ser apresentado e aprovado,
em defesa pública, por uma banca examinadora do curso.
As principais características do trabalho final do curso de eng. de manutenção, são :
{ ÁREA DE CONHECIMENTO DO TRABALHO FINAL
O trabalho deverá ser realizado dentro de uma ou mais áreas de conhecimento,
abordadas no curso. Em qualquer caso, o trabalho deverá estar voltado
diretamente para a manutenção.
{ TIPOS DE TRABALHO
1-Monografia
Trabalho baseado em pesquisa bibliográfica e (ou) de campo, contendo
informações que visem transformar e/ou introduzir melhorias no meio em que o
aluno atua ou resolver problemas técnicos ou gerenciais que estejam diretamente
relacionados com os assuntos abordados no curso.
2- Estudo de Caso
Trabalho de aplicação de conhecimentos adquiridos no curso, voltado para resolver
problema (s ) estratégico (s) de manutenção de uma ou mais empresas , devendo
todas as fases da solução, serem documentadas no trabalho .
{ CARACTERÍSTICAS DO TEMA
As principais características de um tema a ser selecionado, devem ser as
seguintes:
Aplicabilidade - Aplicável em uma empresa ou mais.
Interesse Geral - De interesse de uma gama mais ampla possível dos especialistas
em engenharia de manutenção.
Ineditismo- Na (s) empresa (s) ou setor considerado , para "Estudo de Caso" e na
bibliografia em português para monografias.
Exemplos de Trabalhos Finais, do 1° Curso de Eng. de Manutenção, podem ser
vistos na Figura 2.

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UFES- CENTRO TECNOLÓGICO/ DEM

1° CURSO DE ENGENHARIA DE MANUTENÇÃO

MONOGRAFIAS APROVADAS

1- Sistema gerencial de manutenção para frota de veículos da ECT-DR/ES

2- Técnica preditiva- análise de vibrações pela técnica de envelope para


equipamentos de baixa rotações

3- Sistema informatizado de mercado para gerenciamento da manutenção:


Seleção, customização e implantação

4- Aplicação da manutenabilidade e confiabilidade na manutenção

5 - Manutenção baseada em confiabilidade : da aeronáutica à indústria em


geral

6- Improdutividade de mão de obra da manutenção

7- Alternativas para o tratamento dos impactos ambientais decorrentes daa


atividades de manutenção mecânica

8- A contratação de serviços na manutenção

9- Sistemas de lubrificação centralizada automatizados

10- Estruturação, dimensionamento e metodologia de trabalho de um


centro de manutenção de redes de distribuição de energia elétrica

11- A função planejamento/ programação e seus relacionamentos com a


inspeção e execução

12- Capacitação e qualificação de recursos humanos na manutenção

13- A estrutura da manutenção e os fatores que a definem

14- Manutenção centrada em confiabilidade

15- Contratação de manutenção

FIGURA 2 - EXEMPLOS DE MONOGRAFIAS APROVADAS DO


CURSO DE ENGENHARIA DE MANUTENÇÃO

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6- A EXPERIÊNCIA E AS CONCLUSÕES DO 1° CURSO

Como apresentado na tabela I, os alunos que participaram do 1° curso, possuiam


uma grande experiência profissional, acima do previsto por ocasião da elaboração
do projeto, com conhecimento de muitos assuntos da grade curricular elaborada
pela comissão mista das empresas, havendo necessidade de realizar diversas
correções na sistemática do curso para adequá-lo ao perfil da turma. Para tal,
realizamos com os alunos, diversas avaliações escritas e orais, cujos resultados
eram analisados pelo "Conselho Acadêmico", determinando-se diversas correções.
Assim, foram introduzidas as "Mesas Redondas", conforme detalhadas no item 5.2,
redimensionadas cargas horárias de assuntos polêmicos, de acordo com as reais
necessidades da turma e orientados os professores para que procurassem dar uma
visão mais prática dos assuntos ministrados, aproveitando-se a experiência dos
alunos, sobre a forma de trabalhos. Os alunos passaram a ter uma participação
maior no curso, trazendo as suas experiências para a sala, o que enriqueceu o
curso.
Um dos resultados principais, das medidas de ajuste ao perfil da turma, foi o baixo
nível de abandono. De 44 alunos inscritos, 43 chegaram ao final do período
didático. As principais conclusões que tiramos foram :
{ As maiores carências dos alunos, profissionais de manutenção, mesmo aqueles
com grande experiência, estão nos assuntos gerenciais, que precisam ter maior
ênfase, para pronta utilização.
{ As tecnologias de manutenção, se desenvolveram muito e se tornaram
complexas, numerosas e portanto especializadas, como é o caso das técnicas de
manutenção preditiva. Não é possível em um curso de especialização abrangente
ter-se a pretensão de ensiná-las, para que possam ser utilizadas. O enfoque deve
ser geral e informativo do ponto de vista de utilização técnica - econômica.
{ Necessidade de uma grade curricular mais flexível, com assuntos optativos, que
possam ser selecionados e adaptados ao perfil da turma.
{ Existe uma grande dificuldade na elaboração do trabalho final, após o período
didático, especialmente pelo afastamento do aluno da escola e dos professores e
perda da rotina de estudo. O ideal é que o planejamento do trabalho esteja
aprovado antes do final das aulas e, se possível, até o seu início seja realizado
ainda no período letivo.

7- O CURSO ATUAL

Durante o ano de 1998, apesar da demanda existente, não iniciamos outra turma ,
para que tivéssemos tempo de avaliar melhor todo o projeto em função dos
resultados e experiências do 1° curso, realizando mudanças para torná-lo mais
eficiente .
Assim, o projeto do curso (5) foi reestruturado, atendendo às seguintes
premissas:
{ Não haver separação de disciplinas em módulos Tecnológicos e Gerenciais
{ Maior carga horária para os assuntos gerenciais
{ Restruturação total das disciplinas tecnológicas, com eliminação de informações
específicas e especializadas, cujo público interessado fosse restrito. Assim foram
eliminadas as disciplinas de "Tópicos Especiais de Manutenção Elétrica e
Eletrônica" e "Tribologia", mantendo-se desta última apenas o assunto "Análise de
Avarias", pela sua abrangência.

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{ Programas das disciplinas mais flexíveis , para permitir adaptações ao perfil da
turma. Em especial, para as disciplinas com assuntos de conhecimento geral como
as de qualidade e de segurança, incluímos alternativas e assuntos optativos, com
os programas detalhados sendo definido após pesquisa com a turma, como
exemplifica a Figura 3
{ Manutenção da Metodologia de Ensino e Avaliação, com maior ênfase em
Trabalhos Práticos, inclusive com a criação de Seminário no final de cada módulo,
exclusivo para apresentação de trabalhos dos alunos
{ Definição de uma Estrutura Didática para o curso como mostra a Figura 4,
dividindo as disciplinas em três áreas:
1.- Gerenciamento Especifico da Manutenção
2.- Tecnologia
3. -Gerenciamento Geral, .

Assim, a estrutura curricular do curso , ficou definida conforme mostra a Tabela III

Para o 2° curso, iniciado em Março de 1999, inscreveram-se 89 candidatos sendo


aproveitados 50 profissionais de 18 empresas e de 2 entidades de ensino ( Escola
Técnica Federal do Espirito Santo e SENAI )
Os critérios de seleção foram os mesmos adotados para o curso anterior, conforme
detalhado no item 4, anterior, aumentado-se no entanto, para os profissionais do 3°
grupo (Administradores e Economistas), o tempo mínimo de experiência em
manutenção, para 5 anos.
O perfil dos alunos selecionados é apresentado na Tabela IV, a seguir, e como
pode ser verificado, é bastante homogêneo

Tabela IV - PERFIL BÁSICO DOS ALUNOS DO


2° CURSO DE ENG. DE MANUTENÇÃO

% DO
1- TIPO DE FORMAÇÃO SUPERIOR TOTAL
(1)

Grupo 1- ENGS. MECÂNICOS E ELETRICISTAS 62,00

Grupo 2 - OUTROS PROFISSIONAIS DE ENGENHARIA ( 2) 32,00

Grupo 3- ADMINISTRADORES E OUTROS 6,00

TEMPO MÉDIO DE FORMADO ( GERAL ) = 6 ANOS


QUANT. TEMPO
3 - EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL DE MÉDIO
ALUNOS(3 ) ( Anos )
EXPERIÊNCIA MÉDIA EM MANUTENÇÃO 47,00 8,48
EXPERIÊNCIA MÉDIA EM OUTRAS ÁREAS ( 4 ) 23,00 4,00
Observações :
1- Total de 50 alunos

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2- Inclui Tecnólogos Mecânicos, Engs. Civis, Eng.Metalúrgico, Eng.Operacional e
Linc. Plena Mecânica ( Professor de Escola Técnica)
3- Quantidade de Alunos que possuíam experiência na área.
4- Inclui Projeto, Operação,Qualidade, Informática e Outros .

2° Curso de Pós Graduação em Engenharia de Manutenção

Disciplina "QUALIDADE E PRODUTIVIDADE" - Carga Horária Total = 45 h

PESQUISA COM OS ALUNOS, PARA ELABORAÇÃO DO PROGRAMA

1° - ÍTENS OBRIGATORIOS DO PROGRAMA


1- Implantação de Sistema de Gerenciamento de Qualidade, na Empresa - 6 h
2- Normas ISO e a Manutenção - 12 h
3- Programa de Qualificação e Certificação de Pessoal da Manutenção
(ABRAMAN) - 3 horas

2° - ÍTENS OPTATIVOS A SEREM ESCOLHIDOS PELOS ALUNOS - 24 horas :

Grau
ÍTENS OPTATIVOS Carga de
Horária interesse:
*(0a5)
1- Controle de Qualidade Total ( TQC ) , na Filosofia Japonesa 6a9h
1.1 Aplicações do TQC na Manutenção 3h
( obs- só pode ser dado, em conjunto com o item 1 )
2- Sistema de Padronização Técnica na Manutenção 3a6h
3- Manutenção Produtiva Total - TPM 6a9h
3.1- Implementação do " 5 S" , na manutenção 3a6h
4- Processos de Melhoria da Produtividade e Qualidade da Manutenção
(Conforme sub-ítens a seguir e sugestões dos alunos nas linhas "em branco" ) -------- ---------
4.1- Análise e Diagnóstico da área de Manutenção 3h
4.2- Planejamento Estratégico da Manutenção - 6a9h
4.3- Processos de Medição de Produtividade na Manutenção 3h
4.4- Apresentação das monografias do 1° curso de Eng de Manutenção 3 h a 6h
sobre assuntos que impactam a produtividade da manutenção
4.5- Mesa redonda "Como melhorar a produtividade da manutenção?" 3h

Instruções :
GRAU DE INTERESSE ( 0, 1, 2, 3, 4 e 5): O aluno deverá dar uma nota para cada
item,variando de "0"(zero)= quando não houver interesse, pelo assunto até "5" = quando o
interesse for máximo.
Proposta de ítens = Poderão ser sugeridos outros ítens, com as respectivas cargas horárias,
nas linhas "em branco". No caso de novos ítens, os autores deverão procurar consensar os
mesmos, com os demais alunos. Usar o verso da folha, se necessário, para outras
sugestões.
FIGURA 3 - PESQUISA PARA DEFINIÇÃO DE PROGRAMA DE DISCIPLINA

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TABELA III- ESTRUTURA BÁSICA DO CURSO ATUAL

UFES - CT/DEM

2 ° CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DE MANUTENÇÃO-1999

ESTRUTURA BÁSICA

N° DISCIPLINA HORAS PERÍODO

MÓDULO 1
1.1 PLANEJAM. PROGR. E CONTROLE DA MANUTENÇÃO 45 MARÇO
1.2 TÓPICOS AVANÇADOS DE RECURSOS HUMANOS 45
1.3 CUSTOS E ORÇAMENTOS DE MANUTENÇÃO 45 A
1.4 TÓPICOS ESPECIAIS DE MANUTENÇÃO PREDITIVA 30
1.5 MANUTENÇÃO CENTRADA EM CONFIABILIDADE 30 JULHO
1.6 MONOGRAFIA 3
TOTAL DE AULAS 198
1.7 SEMINÁRIO 1 15

TOTAL DO MÓDULO 1 213

MÓDULO 2 AGOSTO
2.1 QUALIDADE E PRODUTIVIDADE DA MANUTENÇÃO 45
2.2 GESTÃO DE MATERIAIS E DE SERVIÇOS DE TERCEIROS 30
2.3 SEGURANÇA DO TRABALHO NA MANUTENÇÃO 30 A
2.4 MECANISMOS DE AVARIAS E SUA PREVENÇÃO 45
2.5 PROTEÇÃO AMBIENTAL 30
DEZMBRO
2.6 MONOGRAFIA 3
TOTAL DE AULAS 183
2,7 SEMINÁRIO 2 15

TOTAL DO MÓDULO 2 198

TOTAL DOS MÓDULOS 1 + 2 411

TRABALHO FINAL – 3 ATÉ


31/07/2000
Observações
1- Aulas de "Monográfia", itens 1.6 e 2.6, básicamente são orientações sobre Normalização e
Apresentação de Trabalhos, de acordo com as normas da UFES e ABNT
2- Os "Seminários 1 e 2 ", são constituido por trabalhos dos alunos sobre temas multiciplinares

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Com o curso atual já em andamento, transcorrendo com boa participação e
desempenho dos alunos, verificamos o acerto das mudanças realizadas em relação
ao curso anterior, não havendo, até agora, necessidade de nenhuma correção no
seu planejamento.

8 - CONCLUSÃO

O Curso de Especialização em Engenharia de Manutenção, realizado no Centro


Tecnológico da Universidade Federal do Espírito Santo é uma experiência vitoriosa,
fruto de um longo trabalho conjunto entre a ABRAMAN- ES, e o Departamento de
Engenharia Mecânica, que administra o curso . É portanto um trabalho de equipe,
que foi aperfeiçoado ao longo do tempo, desde a sua concepção inicial e que
mostra o amadurecimento do relacionamento entre a Universidade e o setor de
Manutenção e cuja experiência pode ser extrapolada para outras regiões que
estejam necessitando deste tipo de trabalho.
Como principais recomendações para a elaboração de qualquer curso de
Especialização em Engenharia de Manutenção, sugerimos considerar :
{ O perfil dos alunos em termos de formação superior, tempo de formado e tempo
de experiência profissional. Na nossa experiência o melhor aproveitamento é obtido
com profissionais entre 2 a 10 anos de formado e de experiência.
{ As necessidades específicas das empresas da região.
{ Programa das disciplinas flexíveis, para permitir ajustes em função do perfil e
das necessidades da turma, que devem ser levantados a partir da matrícula.
{ Metodologia de ensino e avaliação com ênfase em trabalhos práticos.

9 - AGRADECIMENTO

Como se trata de um trabalho de equipe, é importante citar e agradecer a


participação decisiva dos três últimos diretores regionais da ABRAMAN - ES, Luiz
Alberto de Carvalho, Wilson Fadel do Nascimento e Paulo Barbosa (atual) , como
aglutinadores das necessidades das empresas e em especial do professor Oswaldo
de Paiva Almeida Filho, ex-Chefe do Departamento de Engenharia Mecânica e atual
Vice-Diretor do Centro Tecnológico, que assumiu conosco o projeto desde o início,
sendo também um dos coordenadores do curso.

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10- BIBLIOGRAFIA

1- Gama, Márcio P. N. Editorial- O Ensino da Manutenção nas Escolas. Revista


"Manutenção ", n° 18 Fev/Março de 1989, pag 5, Rio de Janeiro, ABRAMAM .

2- UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO. Conselho de Ensino,


Pesquisa e Extensão. Resolução n° 25/95-CEPE : Regulamento Geral da Pós-
Graduação . Vitória, 1995

3- Gama, Márcio P. N. - Anteprojeto de Curso de Pós- Graduação Lato Sensu


em Engenharia de Manutenção. Departamento de Eng. Mecânica. Centro
Tecnológico da UFES, Vitória, 1995

4- Gama, Márcio P. N. e Almeida Filho, Oswaldo P. - Projeto de Curso de Pós-


Graduação Lato Sensu em Engenharia de Manutenção. Departamento de Eng.
Mecânica. Centro Tecnológico da UFES, Vitória, 1996

5- Gama, Márcio P. N. da e Almeida Filho, Oswaldo P. - Projeto do 2° Curso de


Pós- Graduação Lato Sensu em Engenharia de Manutenção. Departamento de
Eng. Mecânica. Centro Tecnológico da UFES, Vitória, 1998

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