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17/03/2023

Doenças
■ No sistema produtivo da bananeira, as doenças
constituem a maior preocupação, haja vista o
elevado nível de perdas que tem sido atribuído a
DOENÇAS elas.
■ Diante dessa realidade, saber identificar cada
Prof Luis Aurelio Sanches
doença e conhecer as formas de combatê-las
passam a ser condições fundamentais para o
sucesso de qualquer plantio.

Doenças Fúngicas Sigatoka-amarela


■ Os fungos constituem o principal grupo de ■ Esta é uma das mais importantes doenças da
fitopatógenos da bananeira, tanto pelo número bananeira, sendo também conhecida como
de espécies que afetam a cultura, quanto pelas cercosporiose ou mal-de-Sigatoka. Apresenta
perdas que são causadas, tornando-se, em distribuição endêmica no País, causando perdas
alguns casos, fator limitante para o cultivo de que reduzem, em média, 50% da produção.
algumas variedades.

Sigatoka-amarela Sigatoka-amarela
■ A Sigatoka-amarela é causada por ■ Sintomas:
Mycosphaerella musicola, Leach (forma – Os sintomas iniciais da doença aparecem
teliomórfica)/Pseudocercospora musae (Zimm) como uma leve descoloração em forma de
Deighton (forma anamórfica). ponto entre as nervuras secundárias da
■ O esporo teliomórfico ou sexuado é denominado segunda à quarta folha, a partir da “vela”.
ascósporo, e o anamórfico ou assexuado, como – Essa descoloração aumenta, formando uma
conídio. As diferenças de comportamento, entre estria de tonalidade amarela. Com o tempo,
eles, podem refletir na epidemiologia da doença, as pequenas estrias amarelas passam para
que é fortemente influenciada pelas condições marrom e, posteriormente, para manchas
climáticas. pretas, necróticas, circundadas por um halo
amarelo, adquirindo a forma elíptica-alongada

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Sigatoka-amarela Sigatoka-amarela
■ Os prejuízos causadas pela Sigatoka-amarela são
da ordem de 50% da produção, mas, em
microclimas muito favoráveis, esses prejuízos
podem atingir os 100%, uma vez que os frutos,
quando produzidos sem nenhum controle da
doença, não apresentam valor comercial.
■ A morte precoce das folhas, causada pela
doença, reflete diretamente na produção.

Sigatoka-amarela Sigatoka-amarela
■ Entre os distúrbios observados em plantações ■ Controle:
afetadas podem ser listados: – Variedades resistentes;
– diminuição do número de pencas por cacho. – Eliminação das folhas danificadas;
– redução do tamanho dos frutos. – Quebra de ciclo da doença (rotação de cultura)
– maturação precoce dos frutos no campo, – Quando possível evitar condições que favoreça
podendo provocar também a maturação dos a proliferação, como irrigação por aspersão;
frutos durante o transporte, que, no caso de
– Drenagem
carga destinada ao mercado exportador,
provocaria a perda total. – Sombreamento;
– Controle Químico

Sigatoka-negra Sigatoka-negra
■ A Sigatoka-negra é a mais grave e temida doença ■ O fungo causador da Sigatoka-negra é um
da bananeira no Mundo, sendo constatada no ascomiceto conhecido como Mycosphaerella
Brasil em fevereiro de 1998, no Estado do fijiensis Morelet (fase
Amazonas. teliomórfica)/Paracercospora fijiensis (Morelet)
■ Hoje, está presente nos Estados do Acre, Deighton (fase anamórfica).
Rondônia, Pará, Roraima, Amapá, Mato Grosso, ■ A fase sexuada é considerada mais importante no
São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa aumento da doença, uma vez que grande número
Catarina e Minas Gerais. de ascósporos (esporos sexuados) são
produzidos em estruturas denominadas
pseudotécios

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Sigatoka-negra Sigatoka-negra
■ Os sintomas causados pela evolução das lesões
produzidas pela Sigatoka-negra assemelham-se
aos decorrentes do ataque da Sigatoka-amarela.
■ A infecção ocorre nas folhas mais novas da
planta, seguindo os mesmos requisitos
apontados para a Sigatoka-amarela.
■ Na Sigatoka-negra, entretanto, os primeiros
sintomas aparecem na face inferior da folha,
como estrias de cor marrom, evoluindo para
estrias negras.

Sigatoka-negra Sigatoka-negra
■ Estima-se que as perdas devido à Sigatoka-negra
têm variado de 70% a 100% nas variedades tipo
Prata e Cavendish, onde o controle não é
realizado.
■ Outro efeito imediato provocado pela presença
dessa doença é o aumento do custo de controle,
em função, basicamente, do maior número de
aplicações anuais de fungicidas, requeridas para
o seu controle.

Sigatoka-negra
■ Em relação aos distúrbios provocados pela
doença, estes são similares aqueles causados
pela Sigatoka-amarela, embora em maior
intensidade.

Sigatoka-amarela

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Sigatoka-negra Mal-do-Panamá
■ Controle ■ O mal-do-Panamá é uma doença endêmica por
– Uso de variedades resistentes todas as regiões produtoras de banana do
Mundo. No Brasil, o problema é ainda mais grave,
– Controle cultural
em função das variedades cultivadas que, na
– Drenagem maioria dos casos, são suscetíveis.
– Combate às plantas infestantes
■ O mal-do-Panamá é causado por Fusarium
– Desfolha sanitária oxysporum f. sp. cubense, um fungo de solo,
– Nutrição onde apresenta alta capacidade de sobrevivência
– Sombra na ausência do hospedeiro, fato que,
– Controle químico provavelmente deve-se à formação de estruturas
de resistência denominadas clamidósporos.

Mal-do-Panamá Mal-do-Panamá
■ As principais formas de disseminação da doença ■ As plantas infectadas por F. oxysporum f. sp.
são o contato dos sistemas radiculares de cubense exibem externamente um
plantas sadias com esporos liberados por plantas amarelecimento progressivo das folhas mais
doentes e, em muitas áreas, o uso de material de velhas para as mais novas, começando pelos
plantio contaminado. bordos do limbo foliar e evoluindo no sentido da
■ O fungo também é disseminado por água de nervura principal.
irrigação, de drenagem e de inundação, assim ■ Posteriormente, as folhas murcham, secam e
como pelo homem, por animais, pela quebram junto ao pseudocaule. Em
movimentação de solo por implementos consequência, ficam pendentes, o que dá à
agrícolas, e por ferramentas. planta a aparência de um guarda-chuva fechado

Mal-do-Panamá Mal-do-Panamá

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Mal-do-Panamá Mal-do-Panamá
■ Internamente, por meio de corte transversal ou
longitudinal do pseudocaule, observa-se uma
descoloração pardo avermelhada provocada pela
presença do patógeno nos vasos

Mal-do-Panamá Mal-do-Panamá
■ O mal-do-Panamá, quando ocorre em variedades ■ A melhor via para o controle do mal-do-Panamá é
altamente suscetíveis como a banana “Maça”, a utilização de variedades resistentes, dentre as
provoca perdas de 100% na produção. quais podem ser citadas as variedades Cavendish
■ Já nas variedades tipo Prata, que apresentam um e do tipo Terra, a “Caipira”, “Thap Maeo”,
grau de suscetibilidade bem menor do que a “Pacovan Ken”, “Preciosa” e “Maravilha”.
“Maça”, a incidência do mal-do-Panamá,
geralmente, situa-se num patamar dos 20% de
perdas.

Mal-do-Panamá Antracnose
■ Como medidas preventivas, recomendam-se as ■ É considerada o mais grave problema na pós-
seguintes práticas: colheita dessa fruta, sendo causada por
– evitar as áreas com histórico de incidência do Colletotrichum musae, que pode infectar frutos
mal-do-Panamá com ou sem ferimentos.
– utilizar mudas comprovadamente sadias ■ Embora se manifeste na fase de maturação, pode
– corrigir o pH do solo ter início no campo, ocasião em que os esporos
do agente causal, dispersos no ar, atingem e
– dar preferência a solos com teores mais
infectam os frutos.
elevados de matéria orgânica
– manter as populações de nematoides sob
controle
– manter as plantas bem nutridas

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Antracnose Antracnose
■ O controle deve começar no campo, com boas
práticas culturais, conforme recomendadas para
o controle de patógenos de frutos na pré-colheita.
Na fase de colheita e pós-colheita todos os
cuidados devem ser dispensados, no sentido de
evitar ferimentos nos frutos, que são a principal
via de penetração dos patógenos.

Doenças Bacterianas Moko


■ Moko ou murcha bacteriana ■ A permanência da bactéria em áreas onde a
– A doença é causada pela bactéria Ralstonia doença tenha sido constatada depende da
solanacearum Smith (Pseudomonas capacidade de sobrevivência da estirpe no solo
solanacearum), raça 2. Esta raça apresenta e/ou da presença de plantas invasoras
linhagens com características patogênicas e hospedeiras da bactéria, grande parte das quais
epidemiológicas diferentes, das quais pelo já foi identificada.
menos seis são reconhecidas na bananeira

Moko Moko
■ Os sintomas do moko são observados tanto nas
plantas jovens como nas adultas e podem
confundir-se com os do mal-do-Panamá.
■ As diferenças podem ser percebidas nas
brotações, na parte interna do pseudocaule,
assim como nos frutos e no engaço das plantas
doentes.
■ Nas plantas jovens e em rápido processo de
crescimento, uma das três folhas mais novas
adquire coloração verde-pálida ou amarela e
quebra próximo à junção do limbo com o pecíolo.

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Moko Moko
■ A presença de frutos amarelos em cachos verdes ■ O moko ou murcha-bacteriana da bananeira
é um forte indicativo da incidência de moko. constitui-se em permanente ameaça aos cultivos
■ O corte transversal ou longitudinal dos frutos dessa fruteira, principalmente considerando
expõe os sintomas de podridão seca, firme, de algumas de suas características como
coloração parda disseminação por insetos, morte rápida das
plantas afetadas e ausência de variedades
resistentes

Moko
■ A base principal do controle do moko é a detecção
precoce da doença e a rápida erradicação das plantas
infectadas. Pode ser necessária a erradicação das
plantas adjacentes, as quais, embora aparentemente
sadias, podem ter contraído a doença. Recomenda-se,
em áreas de ocorrência do moko, que seja mantido um
esquema de inspeção semanal do bananal
■ Outras medidas importantes para o controle do moko:
– Desinfestação das ferramentas
– Eliminação do coração
– Plantio de mudas comprovadamente sadias
– Uso de herbicidas ou a roçagem do mato deve
substituir as capinas manuais ou mecânicas

Moko Doenças Viróticas


■ A erradicação é feita mediante a aplicação de ■ Mosaico da bananeira
herbicida como o glifosato a 50%, injetado no – É causado pelo vírus do mosaico do pepino
pseudocaule ou introduzido por meio de palitos (“Cucumber mosaic vírus” - CMV)
embebidos nessa suspensão. O produto deve ser – produz sintomas de mosaico (áreas verde-
aplicado em todas as brotações existentes na
escuras, verde-claras e amareladas) nas
touceira (3 a 30 mL por planta/broto, folhas das plantas infectadas
dependendo da altura)
– Quando ocorrem quedas de temperatura
podem aparecer necroses na folha “vela”

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Mosaico da bananeira Mosaico da bananeira


■ O CMV é transmitido de uma bananeira para ■ Para o seu controle, recomenda-se:
outra pelos pulgões (afídeos), sendo que a – Utilização de mudas livres de vírus.
principal fonte de vírus não é a bananeira, mas
– Não instalar novos plantios de bananeira
outras plantas hospedeiras, como a trapoeraba e próximo a hortaliças.
hortaliças. Ele é disseminado a longas distâncias
por mudas infectadas. – Eliminar as plantas daninhas do campo e de
suas proximidades, antes de realizar um novo
plantio.
– Eliminar periodicamente as bananeiras
infectadas.

Estrias da bananeira Estrias da bananeira


■ É causado pelo vírus das estrias da bananeira ■ O controle do BSV é realizado pela utilização de
(“Banana streak vírus” - BSV). As folhas das mudas livres de vírus. Nos casos de plantas já
plantas infectadas apresentam riscas cloróticas afetadas, recomenda-se a sua erradicação.
que, com o passar do tempo, tornam-se
necróticas
■ O BSV é transmitido pela cochonilha dos citros,
mas esta não é uma forma importante para a
disseminação do vírus no campo, que ocorre
principalmente por meio de mudas infectadas.

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