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9 de novembro de 2023
Abstract
Esta experiência tinha como objetivo estudar o motor de Stirling, analisando assim a Máquina Térmica (ciclo de Stirling)
e a Bomba de Calor (ciclo de Stirling invertido). Para tal, recolheram-se dados de cada ciclo, representando-se assim os
gráficos PV de cada amostra. Calculou-se o rendimento real, ideal e também os rendimentos corrigidos por perdas de atrito
ou perdas totais. Calcularam-se os coeficientes α dos regeneradores e analisou-se a máquina térmica para diferenças de
potencial aos terminais da resistência para os valores de 14V, 16V e 18V podendo estudar assim como variam os gráficos
PV, os rendimentos daí calculados e como se equiparam com o modelo teórico.
ηregenerador = 1 − 1+α . (9) o sistema era percorrido em sentido horário. Esta mon-
TF Q R ln VV21
tagem implica que a resistência atue como fonte fria a água
como fonte quente. Aguardou-se até que a temperatura
2 Formulário da resistência descesse 15ºC abaixo da temperatura ambi-
ente (cerca de 5ºC) e ligou-se o gerador ligado à resistência,
ajustando-se os valores de corrente e voltagem de modo a
Presistência = U I (10) estabilizar a temperatura a cerca de 5ºC abaixo da temper-
δP resistência = U δI + IδU (11) atura ambiente(Tambiente =21ºC)[1]. Verificou-se a existência
dm de muito ruído nos valores de pressão registados no computa-
Págua = CH2 O (T saída − T entrada ) (12)
dt dor e pediu-se auxílio ao professor. Após se verificar que o
dm dm
δP água = C H2 O ( δ∆T + ∆T δ ) (13) sensor de pressão se encontrava bem ligado e que os cabos
dt dt
dm ρágua V ligados ao sistema de aquisição de dados se encontravam em
= (14) bom estado, procedeu-se à recolha dos dados. De seguida,
dt ∆t
W ciclo verificou-se que o problema de ruído já não estava presente e,
P gás = = W ciclo f (15)
∆t por isso, voltou-se a retirar dados.
δP gás = W ciclo δf + f δW ciclo (16)
4 Máquina térmica
4.2 Resultados
Os valores calculados podem ser encontrados na tabela
Figure 6: Diagrama P-V 14VFigure 7: Diagrama P-V 16V
abaixo.
U(V) 14.29 15.99 17.44
I(±0.1A) 14.0 15.6 16.9
Udina (±0.01mV) -9.63 -8.66 -27.48
TFQ (±1K) 578.15 589.15 611.15
TFF (±0.01K) 304.70 306.30 307.71
f( ±0.001Hz) 2.953 3.056 3.220
∆T FF (±0.01K) 14.05 16.33 18.21
Qm ( ×10−3 kg s−1 ) 1.36 ±0.38 1.36 ±0.38 1.36 ±0.38
Wciclo (J) 7.64 ±0.31 7.73 ±0.33 7.626 ±0.12
Figure 8: Diagrama P-V 18V
F(×10−2 N ) 4.95 ±0.0001 4.56 ±0.0001 12.4 ±0.0003
PFQ (W) 200.60 ± 1.57 249.44 ± 1.18 294.74 ± 1.92
PFF (W) 80.2 ± 22.0 93.2 ± 25.5 103.9 ± 28.4 Nas figuras 6, 7 e 8 foi atribuída uma cor diferente a
Pgás (W) 22.57 ±0.93 23.61 ±1.06 24.56 ±0.40
cada período de oscilação e o valor de cada um dos inte-
Pmotor (W) 0.2279±0.0010 0.2167 ±0.0010 0.6204 ±0.0030
Patrito (W) 22.34 ±0.94 23.4 ±1.07 23.94 ±0.41 grais encontra-se disposto nas figuras. Para o gráfico corre-
Pperdas totais (W) 119.7 ±23.6 156.1 ±26.7 190.2229 ±30.4
spondente à fonte de alimentação de 14V, apenas foi possível
η 1 (%) 0.11 ±0.001 0.087 ±0.001 0.21 ±0.001
η 2 (%) 0.28 ±0.001 0.23 ±0.001 0.59 ±0.002 registar 2 períodos inteiros, uma vez que os restantes da-
21.97 ±0.06 20.22 ±0.06 19.12 ±0.05
η 3 (%)
dos não constituíam um período completo, tendo, por isso,
η ideal (%) 35.61 ±0.01 41.39 ±0.01 45.82 ±0.01
sido descartados. O valor do trabalho do gás é relativa-
mente constante para as três fontes de alimentação, o que, de
4.3 Análise de Dados
acordo com a equação 5, deveria aumentar com o aumento da
4.3.1 Calibração do Dinamómetro diferença de temperaturas entre as duas fontes. No entanto,
verifica-se que a potência perdida por atrito interno aumenta
com o aumento da tensão da fonte de alimentação, pelo que
se justifica a aparente estabilidade do trabalho exercido pelo
gás. A determinação do caudal fez-se da mesma forma do
que para a bomba de calor, encontrando-se os respetivos da-
dos registados na Tabela 3. Os dados correspondentes ao
cálculo do caudal apenas foram recolhidos uma vez, porque
o valor do caudal é igual para os três valores de tensão de
alimentação.
Figure 5: Regressão Linear (U,F) Os valores da potência da fonte quente e da fonte fria foram
calculados através das equações 10 e 12. A potência do gás,
Para determinar a força aplicada pelo travão de Prony, do atrito e da potência perdida no total foram calculadas
Table 3: Caudal Máquina Térmica ser decomposto em vários processos estáticos intermédios, ou
seja, um processo lento. Como o motor funciona rapidamente
∆t1 (s) ∆t2 (s) ∆t3 (s) ∆tmédio (s) Qm (×10−3 kg s−1 )
(cerca de 3Hz) os processos são rápidos e irreversíveis. Assim
14.96 14.50 14.42 14.63 ± 0.33 1.36 ± 0.38
a variação da energia interna não é nula, ∆U ̸= 0. Quando
comparada com a eficiência do motor de Carnot a funcionar
pelas equações 15, 24 e 25, respetivamente. Verificou-se que às mesmas temperaturas e no modo inverso, a eficiência real
a potência perdida no total aumentava com a diferença das da bomba de calor é cerca de 2% do valor teórico e os rendi-
temperaturas das fontes térmicas, sugerindo um mau isola- mentos da máquina térmica, comparados com os rendimentos
mento do sistema, uma vez que a potência perdida no total de um motor de Carnot às mesmas temperaturas, para os val-
corresponde a 59.67%, 62.58% e a 64.54% da potência total ores de tensão de 14V,16V e 18V são cerca de 0.31%, 0.21% e
para cada valor de tensão de alimentação crescente, respeti- 0.46%, respetivamente. No motor térmico o regenerador re-
vamente. O rendimento η1 corresponde ao rendimento real cebe calor proveniente do gás durante a sua expansão e cede
obtido da máquina térmica, η2 ao rendimento corrigido por calor ao gás durante a sua compressão. O fator de idealidade
perdas totais e η3 ao rendimento corrigido tanto pelas per- do regenerador, α, contido no intervalo [0,1], indica o quão
das da fonte quente diretamente para o exterior como pelo próximo se encontra o regenerador do caso ideal, logo, com
atrito interno. Observa-se que, no que toca aos rendimentos α=0, tem-se que o rendimento do ciclo de Stirling é igual ao
obtidos, η1 < η2 < η3 < ηideal , o que está em concordân- rendimento do ciclo de Carnot. O valor obtido para o α no
cia com o modelo teórico, uma vez que em cada sucessivo caso da bomba de calor foi de α = 7.153, que fica bastante
rendimento é corrigido uma perda de energia adicional no sis- aquém do intervalo previsto. Para a máquina térmica os val-
tema, culminando no rendimento da máquina térmica ideal, ores obtidos segundo as tensões de 14V, 16V, 18V, α é 97.23,
na qual se considera um sistema isolado, e que, portanto, cor- 118.64 e 45.91. Estes valores são assoberbantes, porque são
responde ao valor máximo possível de rendimento. Segundo calculados segundo a equação 30, ou seja, tomam em consid-
a previsão teórica, o rendimento deve aumentar com a difer- eração o rendimento corrigido apenas para o atrito interno,
ença de temperaturas das fontes térmicas, porém, verificou-se pelo que α assume-se como a compensação de todas as per-
que para o valor de tensão de U = 15.99V , os vários rendi- das de energia ao longo do sistema que não se devem a atrito,
mentos obtidos foram consistentemente inferiores aos valores do que se retira que o modelo atual de estudo não é amplo
obtidos para o valor de tensão de U = 14.29V . O único valor o suficiente para tomar em conta as várias perdas de energia
pertinente a esta incongruência é o valor da tensão medida do sistema para além das que se encontram dentro da pos-
no dinamómetro e, consequentemente, a força aplicada pelo sível contribuição do regenerador. Foi possível observar ao
travão de Prony, o que indicia um possível erro na montagem longo da experiência que o gráfico correspondente à pressão
do travão e do dinamómetro para este valor de tensão em apresentava picos aleatórios e relevantes, pelo que se pode sus-
particular, podendo não se ter apertado bem os parafusos peitar e pôr em causa a validade dos dados registados. Dada a
que ligavam as barras de madeira do travão, o que fez com possibilidade da repetição da experiência, ter-se-ia tido mais
que o mesmo não exercesse a devida força no dinamómetro, atenção ao ajuste do travão de Prony, não se mexendo nos
cuja tensão medida é diretamente proporcional à força nele parafusos que ligavam as barras de madeira de forma às três
aplicada, como se verificou na figura 4.3.1. montagens apresentarem condições semelhantes.
References
5 Conclusões
[1] Figueirinhas; João L. Sebastião; Pedro José. Laboratório
Os gráficos PV obtidos encontram-se bastante distintos dos
de Física Experimental (LFE), Guia dos Trabalhos Exper-
previstos pelo modelo teórico. Estas diferenças devem-se ao
imentais. 2023.
facto do modelo teórico não tomar em consideração as várias
perdas de energia ao longo do sistema, das quais a mais signi- [2] “Human Benchmark”. https://humanbenchmark.com/
ficativa é a dissipação de energia térmica. Além disso, dissipa- tests/reactiontime. Accessed: 2023-11-8.
se energia por atrito interno mecânico que advém do contacto
e fricção dos vários constituintes do sistema, bem como por
meio de ondas sonoras. O modelo teórico prevê processos
reversíveis, isto é, processos infinitamente graduais, que as-
seguram que a cada instante do sistema as suas propriedade
macroscópicas, como a pressão e a temperatura, estejam bem
definidas, podendo assim regressar ao estado inicial do sis-
tema. Para isto ser possível é necessário que o processo possa