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Motor de Stirling

Laboratório de Física Experimental

André Lopes-ist1106518, João Santos-ist1106267, Ricardo Branco-ist1106162

9 de novembro de 2023

Abstract

Esta experiência tinha como objetivo estudar o motor de Stirling, analisando assim a Máquina Térmica (ciclo de Stirling)
e a Bomba de Calor (ciclo de Stirling invertido). Para tal, recolheram-se dados de cada ciclo, representando-se assim os
gráficos PV de cada amostra. Calculou-se o rendimento real, ideal e também os rendimentos corrigidos por perdas de atrito
ou perdas totais. Calcularam-se os coeficientes α dos regeneradores e analisou-se a máquina térmica para diferenças de
potencial aos terminais da resistência para os valores de 14V, 16V e 18V podendo estudar assim como variam os gráficos
PV, os rendimentos daí calculados e como se equiparam com o modelo teórico.

ou seja, a área do ciclo. Podemos calcular, através da lei dos


1 Introdução Teórica
gases ideais P V = nRT os trabalhos de cada fase do ciclo.
O motor de Stirling é um aparelho que converte calor em Para as fases isocóricas
trabalho, ou funcionando ao contrário, que fornecido trabalho
dv = 0 =⇒ W4→1 = W2→3 = 0. (2)
transfere calor de uma fonte fria para uma quente. Este
aparelho funciona de forma cíclica e, como todos os motores, Para as fases isotérmicas, temos
transfere movimento linear em giratório. Z V2  
nRTA V2
O motor de Stirling é composto W3→4 = dv = nRTA ln , (3)
V1 v V1
por uma fonte quente e uma fria.
Entre as duas fontes encontra-se V1
Z  
nRTB V1
W1→2 = dv = nRTB ln , (4)
uma câmara com um fluido, tipi- V2 v V2
camente ar, responsável por trans- logo, o trabalho do ciclo é dado por
portar calor de uma fonte para  
V2
outra. Um pistão sobe e desce, Wciclo = nR(TA − TB ) ln . (5)
V1
comprimindo e expandindo o gás
Figure 1: Diagrama P-V do
ciclo de Stirling. e um regenerador acompanha o
movimento do pistão, aquecendo
1.1 Bomba de Calor
ou arrefecendo o ar na fase isocórica do ciclo. O ciclo de A bomba de calor recebe trabalho de um motor exterior
Stirling é composto por quatro fases. Duas delas são isotér- e transfere calor de uma fonte fria para uma quente. A sua
micas e duas são isocóricas. Na primeira fase do ciclo, o gás eficiência é dada pela quantidade de calor que consegue retirar
é comprimido, e mantém a sua temperatura constante, ce- por trabalho fornecido ao sistema.
dendo calor à fonte quente [Qb ]. Na segunda fase do ciclo,
QF Q
o ar frio aquece ao passar pelo regenerador [Qreg ] a volume ϵreal = (6)
W
constante. Agora em contacto com a fonte quente, o ar recebe
Contudo, como há significativas perdas para o exterior, é
calor [Qa ], mas como está a expandir mantém se a temper-
necessário saber também a eficiência assumindo um regen-
atura constante, exercendo trabalho no pistão. Por último, o
erador não perfeito, cujo calor foi reposto pela fonte quente,
ar cede calor [Qreg ] ao regenerador, logo o ar arrefece a vol-
de forma a calcular um rendimento mais fiável.
ume constante, e o ciclo repete-se. Percorrendo o ciclo neste
sentido obtemos uma máquina térmica que converte calor em ϵregenerador =
TF Q
−α
CV
(7)
trabalho. Percorrendo o ciclo em sentido contrário obtemos TF Q − T F F R ln VV12
uma bomba de calor.
Nesta equação, α representa um coeficiente entre [0,1] que nos
O trabalho do ciclo é dado por diz o quão perfeito é o regenerador, sendo α = 0 um regener-
Z ador perfeito, e as duas equações 6 e 7 tornam-se equivalentes,
W = p dv, (1) e α = 1 a não existência de um regenerador.
1.2 Máquina térmica 3 Bomba de calor
Para a máquina térmica, o rendimento é o quociente entre
o trabalho feito por energia posta no sistema, na fonte quente. 3.1 Procedimento experimental
W Iniciou-se a experiência ligando o sistema de circulação
ηreal = (8)
QF Q da água, que nesta configuração constitui a fonte quente.
Semelhantemente à bomba de calor, o rendimento assumindo Aguardou-se alguns minutos para que bolhas parassem de
um regenerador não perfeito é correr nos tubos, montou-se o motor elétrico e a correia
 −1
à volta do volante e ligou-se o motor, assegurando-se que
 
T
 
TF F  CV 1 − TFF Q F

ηregenerador = 1 − 1+α  . (9) o sistema era percorrido em sentido horário. Esta mon-
TF Q R ln VV21
tagem implica que a resistência atue como fonte fria a água
como fonte quente. Aguardou-se até que a temperatura
2 Formulário da resistência descesse 15ºC abaixo da temperatura ambi-
ente (cerca de 5ºC) e ligou-se o gerador ligado à resistência,
ajustando-se os valores de corrente e voltagem de modo a
Presistência = U I (10) estabilizar a temperatura a cerca de 5ºC abaixo da temper-
δP resistência = U δI + IδU (11) atura ambiente(Tambiente =21ºC)[1]. Verificou-se a existência
dm de muito ruído nos valores de pressão registados no computa-
Págua = CH2 O (T saída − T entrada ) (12)
dt dor e pediu-se auxílio ao professor. Após se verificar que o
dm dm
δP água = C H2 O ( δ∆T + ∆T δ ) (13) sensor de pressão se encontrava bem ligado e que os cabos
dt dt
dm ρágua V ligados ao sistema de aquisição de dados se encontravam em
= (14) bom estado, procedeu-se à recolha dos dados. De seguida,
dt ∆t
W ciclo verificou-se que o problema de ruído já não estava presente e,
P gás = = W ciclo f (15)
∆t por isso, voltou-se a retirar dados.
δP gás = W ciclo δf + f δW ciclo (16)

2.1 Bomba de Calor

P motor = −P gás + P atrito interno (17)


P perdas totais = P resistência + P motor − P água (18)
P água
ϵreal = ϵ1 = (19)
−P gás
Figure 2: Esquema de montagem da Bomba de Calor
P resistência − P gás
ϵcorrigida perdas totais = ϵ2 = (20)
−P gás
Legenda: 1-Resistência de aquecimento; 2-Regenerador;
T água
ϵideal = ϵ3 = (21) 3- Êmbolo; 4-Volante; 5- Correia de borracha.
T água − T resistência

2.2 Máquina Térmica 3.2 Resultados

Table 1: Dados da bomba de calor


P motor = 2πbf F (22)
δP motor = 2π(bf δF + bF δf + f F δb) (23)
U(±0.001V ) 1.013
P atrito interno = P gás − P motor (24) I(±0.001A) 1.051
TF F (±1K) 289.15
P perdas totais = P resistência − P água − P motor (25)
TF Q (±0.01K) 300.22
P motor
η real = η 1 = (26) ∆TF Q (±0.01K) 2.02
P resistência
f(±0.001Hz) 2.215
P motor
η corrigido perdas totais (p.t) = η 2 = (27) Qm (×10−3 kg s−1 ) 1.36 ±0.41
P água + P motor
Wciclo (J) -9.2123
Pgás PF F (W ) 1.065 ±0.002
η corrigido p.t e atrito interno = η 3 = (28)
Pgás + Págua PF Q (W ) 11.51 ±0.15
T água Pgás (W ) -20.41 ±0.15
η ideal = η 4 = 1 − (29)
T resistência ϵ1 0.564 ±0.012
V
1 1 R ln Vmax ϵ2 1.052 ±0.001
α=( − ) min
(30) ϵideal 27.12 ±0.36
η2 ηc Cv
Os valores registados para a bomba de calor encontram-se um valor da potência do motor, é impossível saber os valores
registados na tabela abaixo. das potências dissipadas. Poder-se-ia dizer que a potência
perdida para o atrito era nula, e assim assumir-se-ia que a
3.3 Análise de Dados potência do motor seria igual à do gás, mas essa aproximação
estaria longe de um valor real. Podemos, no entanto, com-
Através dos dados recolhidos pelo sistema de aquisição de parar as potências das fontes. Imediatamente notamos que a
dados, isto é, os sinais obtidos diretamente dos detetores de potência depositada na fonte quente é muito superior à reti-
pressão e de volume, foi realizada a conversão dos valores de rada da fonte fria.
diferença de potencial(V) em valores de deslocamento do êm- Calculamos também o valor de α indicado na equação 7.
bolo, que foi convertido de seguida em valores de variação de Para o calculo consideramos que ϵ
regenerador ≈ ϵ2 . Assim o
volume tendo em conta a área do êmbolo, Rêmbolo = 6.0cm, e valor de α é de 7.153. O valor era previsto estar limitado ao
de variação da pressão. Os diagramas PV de cada ciclo real- intervalo [0,1] no entanto isto era considerando que α era o
izado pelo êmbolo permitem-nos saber, através do cálculo do coeficiente devido a dissipação de calor do regenerador, com
seu integral, o valor do trabalho exercido pelo gás no êmbolo.
α = 0 o regenerador não dissipa energia logo é um regenerador
Os integrais foram realizados através do fitteia e como esta ideal e com α = 1 toda a energia fornecida ao regenerador
plataforma não fornece uma estimativa do erro associado a é dissipada, como existem muitas mais formas de perda de
esse mesmo cálculo, decidiu-se alargar a amostragem de cic- energia em outros momentos do ciclo para além da energia
los, efetuar a média dos integrais de cada ciclo e determinar o
que o regenerador de facto dissipa o valor de α aumenta para
desvio associado a cada um deles, tendo sido o maior desvio compensar todos esses tipos de perdas.
à média escolhido como o erro associado. A determinação do

4 Máquina térmica

4.1 Procedimento experimental

Figure 3: Gráfico PV da bomba de calor

caudal foi feita através da cronometração do tempo necessário


para que o caudal atingisse o valor de 20 mL numa proveta
graduada. Os dados correspondentes encontram-se dispostos
na tabela 2. Na bomba de calor fornece-se trabalho exterior
Figure 4: Esquema de montagem da Máquina Térmica
Table 2: Caudal Bomba de Calor
Legenda: 1-Fonte de alimentação de corrente alternada;
∆t1 (s) ∆t2 (s) ∆t3 (s) ∆tmédio (s) Qm (×10−3 kg s−1 ) 2-Resistência de aquecimento; 3-Regenerador; 4- Êmbolo; 5-
14.49 14.78 14.66 14.64 ± 0.32 1.36 ± 0.38 Volante; 6-Travão de Prony; 7- Suporte do Dinamómetro;
8-fio de suporte.
ao sistema, pelo que o êmbolo exerce trabalho no gás, daí o Começou-se por montar o circuito da resistência com a
seu valor ser negativo. Os valores de eficiência calculados, ϵ1 fonte de tensão alternada, ligada nos 14 Volts. Colocou-se
e ϵ2 , correspondem à eficiência real e à corrigida por perdas um amperímetro à volta de um fio condutor que media a cor-
totais. Verificou-se que estas eficiências estavam, como era de rente alternada do circuito, e ligou-se um voltímetro em par-
esperar, bastante abaixo do valor da eficiência teórica, ϵideal , alelo para verificar o valor da tensão. Com o sistema de dados
da bomba de calor ideal, na qual se considera um sistema e de refrigeração já montados, alinhou-se o dinamómetro com
isolado. Observa-se que, tal como o modelo teórico sugere, o travão de Prony, e notou-se que o dinamómetro já não tinha
ϵ1 < ϵ2 < ϵideal . O valor da maior eficiência constitui ape- pilha. Procedeu-se à sua substituição, e após se voltar a al-
nas 3.88% do valor da eficiência teórica, pelo que existe um inhar tudo, ligou-se a fonte de alimentação da resistência e
perda bastante considerável de energia no sistema, não es- rodou-se o motor à mão em sentido horário de modo a iniciar
tando devidamente isolado das suas vizinhanças. Não tendo o movimento do motor.
Aguardou-se cerca de 10 minutos para que a frequência procedeu-se a fazer um ajuste entre a força aplicada no di-
do volante, registada pelo sistema de aquisição de dados, namómetro e a tensão medida nos seus terminais por um
atingisse um valor relativamente constante. Acoplou-se o voltímetro. Colocou-se um conjunto de massas num cesto
travão de Prony ao volante e ajustou-se o sistema de travagem pendurado no dinamómetro e registou-se a tensão no di-
apertando os parafusos que ligam as duas barras de madeira namómetro (mV). Os dados foram registados no final da ex-
que formam o travão. No sistema de aquisição de dados reg- periência de modo a puder recolher-se um intervalo de da-
istámos a variação de pressão e temperatura, assegurando-nos dos que continham os que foram registados durante a ex-
de que janela de visualização permitia observar pelo menos periência de tal forma que o ajuste seja válido. A partir
3 períodos do ciclo. Os ficheiros foram guardados numa pen do conjunto de massas, calculou-se o seu peso (F=mg), do
em posse do João Santos, e mais tarde partilhados com os qual se obteve a regressão linear (U,F). O ajuste obtido pelo
restantes membros do grupo. O mesmo se sucedeu para o fitteia pode ser observado na figura 5. Considerou-se, por-
ficheiro com as temperaturas da água. tanto, que a força aplicada pelo travão de Prony era dado
Foi medido o caudal usando uma proveta e um cronómetro por F (V ) = −4.15172 × 10−3 V + 9.55337 × 10− 3.
de um telemóvel, e foi registado o tempo de reação [2]. O
procedimento foi repetido para valores de 16 e 18 Volts. 4.3.2 Máquina Térmica
No final realizou-se a calibração do dinamómetro, uti-
lizando massas com valores bem definidos, cuja massa foi es-
colhida de modo a cobrir todos os valores registados durante
os três ensaios.

4.2 Resultados
Os valores calculados podem ser encontrados na tabela
Figure 6: Diagrama P-V 14VFigure 7: Diagrama P-V 16V
abaixo.
U(V) 14.29 15.99 17.44
I(±0.1A) 14.0 15.6 16.9
Udina (±0.01mV) -9.63 -8.66 -27.48
TFQ (±1K) 578.15 589.15 611.15
TFF (±0.01K) 304.70 306.30 307.71
f( ±0.001Hz) 2.953 3.056 3.220
∆T FF (±0.01K) 14.05 16.33 18.21
Qm ( ×10−3 kg s−1 ) 1.36 ±0.38 1.36 ±0.38 1.36 ±0.38
Wciclo (J) 7.64 ±0.31 7.73 ±0.33 7.626 ±0.12
Figure 8: Diagrama P-V 18V
F(×10−2 N ) 4.95 ±0.0001 4.56 ±0.0001 12.4 ±0.0003
PFQ (W) 200.60 ± 1.57 249.44 ± 1.18 294.74 ± 1.92
PFF (W) 80.2 ± 22.0 93.2 ± 25.5 103.9 ± 28.4 Nas figuras 6, 7 e 8 foi atribuída uma cor diferente a
Pgás (W) 22.57 ±0.93 23.61 ±1.06 24.56 ±0.40
cada período de oscilação e o valor de cada um dos inte-
Pmotor (W) 0.2279±0.0010 0.2167 ±0.0010 0.6204 ±0.0030
Patrito (W) 22.34 ±0.94 23.4 ±1.07 23.94 ±0.41 grais encontra-se disposto nas figuras. Para o gráfico corre-
Pperdas totais (W) 119.7 ±23.6 156.1 ±26.7 190.2229 ±30.4
spondente à fonte de alimentação de 14V, apenas foi possível
η 1 (%) 0.11 ±0.001 0.087 ±0.001 0.21 ±0.001
η 2 (%) 0.28 ±0.001 0.23 ±0.001 0.59 ±0.002 registar 2 períodos inteiros, uma vez que os restantes da-
21.97 ±0.06 20.22 ±0.06 19.12 ±0.05
η 3 (%)
dos não constituíam um período completo, tendo, por isso,
η ideal (%) 35.61 ±0.01 41.39 ±0.01 45.82 ±0.01
sido descartados. O valor do trabalho do gás é relativa-
mente constante para as três fontes de alimentação, o que, de
4.3 Análise de Dados
acordo com a equação 5, deveria aumentar com o aumento da
4.3.1 Calibração do Dinamómetro diferença de temperaturas entre as duas fontes. No entanto,
verifica-se que a potência perdida por atrito interno aumenta
com o aumento da tensão da fonte de alimentação, pelo que
se justifica a aparente estabilidade do trabalho exercido pelo
gás. A determinação do caudal fez-se da mesma forma do
que para a bomba de calor, encontrando-se os respetivos da-
dos registados na Tabela 3. Os dados correspondentes ao
cálculo do caudal apenas foram recolhidos uma vez, porque
o valor do caudal é igual para os três valores de tensão de
alimentação.
Figure 5: Regressão Linear (U,F) Os valores da potência da fonte quente e da fonte fria foram
calculados através das equações 10 e 12. A potência do gás,
Para determinar a força aplicada pelo travão de Prony, do atrito e da potência perdida no total foram calculadas
Table 3: Caudal Máquina Térmica ser decomposto em vários processos estáticos intermédios, ou
seja, um processo lento. Como o motor funciona rapidamente
∆t1 (s) ∆t2 (s) ∆t3 (s) ∆tmédio (s) Qm (×10−3 kg s−1 )
(cerca de 3Hz) os processos são rápidos e irreversíveis. Assim
14.96 14.50 14.42 14.63 ± 0.33 1.36 ± 0.38
a variação da energia interna não é nula, ∆U ̸= 0. Quando
comparada com a eficiência do motor de Carnot a funcionar
pelas equações 15, 24 e 25, respetivamente. Verificou-se que às mesmas temperaturas e no modo inverso, a eficiência real
a potência perdida no total aumentava com a diferença das da bomba de calor é cerca de 2% do valor teórico e os rendi-
temperaturas das fontes térmicas, sugerindo um mau isola- mentos da máquina térmica, comparados com os rendimentos
mento do sistema, uma vez que a potência perdida no total de um motor de Carnot às mesmas temperaturas, para os val-
corresponde a 59.67%, 62.58% e a 64.54% da potência total ores de tensão de 14V,16V e 18V são cerca de 0.31%, 0.21% e
para cada valor de tensão de alimentação crescente, respeti- 0.46%, respetivamente. No motor térmico o regenerador re-
vamente. O rendimento η1 corresponde ao rendimento real cebe calor proveniente do gás durante a sua expansão e cede
obtido da máquina térmica, η2 ao rendimento corrigido por calor ao gás durante a sua compressão. O fator de idealidade
perdas totais e η3 ao rendimento corrigido tanto pelas per- do regenerador, α, contido no intervalo [0,1], indica o quão
das da fonte quente diretamente para o exterior como pelo próximo se encontra o regenerador do caso ideal, logo, com
atrito interno. Observa-se que, no que toca aos rendimentos α=0, tem-se que o rendimento do ciclo de Stirling é igual ao
obtidos, η1 < η2 < η3 < ηideal , o que está em concordân- rendimento do ciclo de Carnot. O valor obtido para o α no
cia com o modelo teórico, uma vez que em cada sucessivo caso da bomba de calor foi de α = 7.153, que fica bastante
rendimento é corrigido uma perda de energia adicional no sis- aquém do intervalo previsto. Para a máquina térmica os val-
tema, culminando no rendimento da máquina térmica ideal, ores obtidos segundo as tensões de 14V, 16V, 18V, α é 97.23,
na qual se considera um sistema isolado, e que, portanto, cor- 118.64 e 45.91. Estes valores são assoberbantes, porque são
responde ao valor máximo possível de rendimento. Segundo calculados segundo a equação 30, ou seja, tomam em consid-
a previsão teórica, o rendimento deve aumentar com a difer- eração o rendimento corrigido apenas para o atrito interno,
ença de temperaturas das fontes térmicas, porém, verificou-se pelo que α assume-se como a compensação de todas as per-
que para o valor de tensão de U = 15.99V , os vários rendi- das de energia ao longo do sistema que não se devem a atrito,
mentos obtidos foram consistentemente inferiores aos valores do que se retira que o modelo atual de estudo não é amplo
obtidos para o valor de tensão de U = 14.29V . O único valor o suficiente para tomar em conta as várias perdas de energia
pertinente a esta incongruência é o valor da tensão medida do sistema para além das que se encontram dentro da pos-
no dinamómetro e, consequentemente, a força aplicada pelo sível contribuição do regenerador. Foi possível observar ao
travão de Prony, o que indicia um possível erro na montagem longo da experiência que o gráfico correspondente à pressão
do travão e do dinamómetro para este valor de tensão em apresentava picos aleatórios e relevantes, pelo que se pode sus-
particular, podendo não se ter apertado bem os parafusos peitar e pôr em causa a validade dos dados registados. Dada a
que ligavam as barras de madeira do travão, o que fez com possibilidade da repetição da experiência, ter-se-ia tido mais
que o mesmo não exercesse a devida força no dinamómetro, atenção ao ajuste do travão de Prony, não se mexendo nos
cuja tensão medida é diretamente proporcional à força nele parafusos que ligavam as barras de madeira de forma às três
aplicada, como se verificou na figura 4.3.1. montagens apresentarem condições semelhantes.

References
5 Conclusões
[1] Figueirinhas; João L. Sebastião; Pedro José. Laboratório
Os gráficos PV obtidos encontram-se bastante distintos dos
de Física Experimental (LFE), Guia dos Trabalhos Exper-
previstos pelo modelo teórico. Estas diferenças devem-se ao
imentais. 2023.
facto do modelo teórico não tomar em consideração as várias
perdas de energia ao longo do sistema, das quais a mais signi- [2] “Human Benchmark”. https://humanbenchmark.com/
ficativa é a dissipação de energia térmica. Além disso, dissipa- tests/reactiontime. Accessed: 2023-11-8.
se energia por atrito interno mecânico que advém do contacto
e fricção dos vários constituintes do sistema, bem como por
meio de ondas sonoras. O modelo teórico prevê processos
reversíveis, isto é, processos infinitamente graduais, que as-
seguram que a cada instante do sistema as suas propriedade
macroscópicas, como a pressão e a temperatura, estejam bem
definidas, podendo assim regressar ao estado inicial do sis-
tema. Para isto ser possível é necessário que o processo possa

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