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Ler e escrever na universidade:

o gênero discursivo resenha


acadêmica em foco
Marcela Tavares de Mello*
Camila Duarte Souza**

Resumo
Palavras iniciais
A expansão universitária trouxe para
o debate um tema, por vezes, negli- Não podemos negar que há uma
genciado: os letramentos acadêmi- grande ruptura quando da entrada do
cos. Ainda que, ao ingressar na es-
fera acadêmica, os estudantes sejam
estudante no ensino superior, em razão
competentes leitores e produtores de das diferenças inerentes entre as práti-
textos, é comum que se deparem com cas letradas da esfera escolar e a esfera
inúmeros desafios relacionados ao ler
acadêmica. Isso quase sempre gera um
e escrever gêneros discursivos que
circulam na esfera acadêmica. Tais grande desconforto no graduando ini-
desafios são enfrentados em razão da ciante, o qual se vê, muitas vezes, sem
mudança de esfera discursiva e, por
orientação nessa nova fase. A falta de fa-
isso mesmo, das práticas, valores,
identidade, cultura, gêneros próprios miliaridade com as práticas discursivas
da esfera acadêmica. Considerando da universidade pode, inclusive, ser um
esse contexto, o presente este rela-
to de experiência tem como objetivo
descrever uma proposta de ensino de *
Mestre e doutora em educação pela Universidade Cató-
produção do gênero discursivo rese- lica de Petrópolis, tendo feito estágio pós-doutoral em
nha acadêmica com vistas ao desen- 2019 pela Universidade Federal Fluminense (UFF).
volvimento do letramento acadêmicos É professora da Faculdade Santo Antônio de Pádua
(FASAP) e professora substituta da UFF, Pádua, RJ.
dos (as) participantes. Para isso, fo- Pesquisadora do Grupo de Estudos e Pesquisa em
ram contemplados na oficina não só Leitura e Escrita Acadêmica (GEPLEA/UFF).
aspectos linguísticos, mas também **
Doutoranda em Educação pela Universidade Federal
discursivos do gênero selecionado. Fluminense (UFF). Mestre em Língua Portuguesa pela
Universidade Federal do Rio de Janeiro (2014). Atual-
mente, é professora efetiva na Prefeitura de Duque
Palavras-chave: Letramentos acadêmi- de Caxias. Integra o Grupo de Estudos e Pesquisa em
cos; gêneros discursivos; ensino-apren- Leitura e Escrita Acadêmica (GEPLEA/UFF) e o projeto
dizagem; resenha. de extensão Laboratório de Letramentos Acadêmicos
(LabLA).

Data de submissão: abr. 2021 – Data de aceite: jul. 2021


http://dx.doi.org/10.5335/rdes.v17i2.12504

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fator para a retenção ou para a evasão nos cursos de formação docente em Pe-
desses estudantes. dagogia e Letras – a priori – por meio
Quando se trata de discentes em de cursos, rodas de conversa e oficinais,
cursos de licenciatura, essa questão apenas para citar alguns exemplos. O
pode tornar-se ainda mais problemática, projeto envolve docentes do ensino su-
visto que tais estudantes serão os futuros perior e do ensino básico, assim como
professores na escola, ou seja, agentes alunos de graduação, mestrado e douto-
de letramento. No entanto, como cobrar rado de diversas instituições.
um bom engajamento desses docentes da Ao longo do ano de 2019, foram realiza-
educação básica nas práticas de letra- das várias ações pelo LabLa. Destacamos
mentos dos alunos se, em sua formação, aqui o ciclo de oficinas de escrita acadêmi-
diversos problemas com o ensino-apren- ca, cujo objetivo foi abordar alguns gêneros
dizagem de leitura e escrita não foram acadêmicos, como fichamento, resumo,
solucionados, se eles próprios passaram resenha e artigo. As inscrições eram aber-
por todo o curso superior sem introduzir- tas a cada oficina, e os participantes eram,
-se, de fato, nas práticas letradas desse sobretudo, estudantes das referidas licen-
contexto? Estar inserido na universi- ciaturas e professores da educação básica.
dade enquanto instituição não garante O intuito maior dessa e das demais ações
o domínio dos gêneros discursivos que do LabLa é promover a inclusão desses
circulam nessa esfera. Um exemplo disso discentes e docentes nas práticas sociais
é que, por vezes, o sujeito carrega suas letradas da esfera acadêmica.
defasagens com a escrita acadêmica O presente trabalho se debruça sobre
para a pós-graduação, como apontam as a oficina de resenha acadêmica, desen-
pesquisadoras Mello e Rodrigues (2021). volvida por estes autores, em dois en-
Nesse sentido, é essencial que cada contros, realizados no segundo semestre
vez mais pesquisadores se debrucem de 2019, na Faculdade de Educação da
sobre os letramentos acadêmicos. Um UFF (campus Niterói). Trata-se, então,
grande exemplo dessa empreitada é pro- de um relato de experiência que tem
movido pelo Laboratório de Letramentos como objetivo descrever uma proposta de
Acadêmicos (LabLa), da Universidade ensino de produção do gênero discursivo
Federal Fluminense (UFF), que, an- resenha acadêmica com vistas ao desen-
corado nos Estudos do Letramentos e volvimento do letramento acadêmicos
no Dialogismo Bakhtiniano, intenciona dos(as) participantes. Para tanto, foram
impulsionar um trabalho regular e sis- contemplados na oficina não só aspectos
temático das práticas de leitura e escrita linguísticos, mas também discursivos do
dos gêneros acadêmicos mais recorrentes gênero selecionado.

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O relato estrutura-se da seguinte Os estudantes, contudo, se queixam
forma: após esta seção introdutória, da falta de ajuda dos seus professores
contemplamos questões relativas aos da universidade. Então, nesse jogo de
letramentos acadêmicos; em seguida, empurra, os letramentos acadêmicos
o foco recai na teoria bakhtiniana, em apenas recentemente tornaram-se alvo
que discutimos os conceitos e as carac- de pesquisas, fazendo com que essas
terísticas dos gêneros discursivos; na sejam muito incipientes, se comparadas
penúltima seção, tratamos da execução com a literatura existente sobre leitura
da oficina e, por fim, na última seção, e escrita na educação básica.
fazemos as considerações finais. Letramento, segundo Kleiman (1995),
estudiosa do campo do letramento, cujo
Letramentos acadêmicos livro organizado Os significados do letra-
mento foi um dos primeiros a abordá-lo
A expansão universitária trouxe para no Brasil, refere-se a um “conjunto de
o debate um tema, por vezes, negligen- práticas sociais que usam a escrita, como
ciado: os letramentos acadêmicos. Isso sistema simbólico e como tecnologia,
porque, tanto no Brasil como em outros em contextos específicos, para objetivos
países, a exemplo dos Estados Unidos e específicos” (KLEIMAN, 1995, p. 18).
do Reino Unido1, tal expansão gerou um De acordo com Street (2014) (, existem
grande aumento no número de estudan- dois modelos básicos de letramento: o
tes e uma maior heterogeneidade tanto modelo autônomo e o ideológico. O pri-
linguística quanto cultural na esfera meiro entende o letramento de forma
acadêmica (FIAD, 2013; FERREIRA, autônoma, isto é, desligado dos contextos
2013). Sendo assim, os desafios e as di- socioculturais, tendo como foco questões
ficuldades dos graduandos ficaram em linguísticas. Sob esse ponto de vista, o
evidência, o que gerou um discurso de letramento seria uma habilidade que se
crise ou déficit de letramento. adquire e se pode transferir com faci-
Não obstante, a desenvoltura dos lidade para outros contextos nos quais
discentes ter sido colocada em xeque, a escrita é exigida. Por outro lado, o
percebemos que o assunto causa certo modelo ideológico, ainda que não negue
incômodo aos docentes universitários, as habilidades técnicas envolvidas nas
uma vez que esses acreditam que os práticas de letramento, volta seu olhar
estudantes deveriam chegar ao ensino para a natureza contextual e social des-
superior dominando a leitura e a escrita sas práticas, bem como para as relações
de quaisquer gêneros discursivos, posto de poder e autoridade envolvidas em todo
que já finalizaram a educação básica. evento de letramento (STREET, 2009).

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Nesse sentido, tal modelo reconhece uma Cumpre ressaltarmos, baseando-nos
multiplicidade de letramentos, uma vez na teoria bakhtiniana (BAKHTIN, 2011)
que, dado o caráter social das práticas e no modelo ideológico de letramento
de letramento, essas são tão distintas (STREET, 2009; 2014), que um bom
quanto o são as esferas de atividade domínio da gramática da língua não
humana. Assim, existe o letramento significa necessariamente eficiência
religioso, o letramento escolar e, dentre em determinado gênero discursivo. Em
tantos outros, o letramento acadêmico, outras palavras, apesar de o estudante
foco deste trabalho. ser muito competente linguisticamente,
Devido à multiplicidade de letra- pode sentir-se incapaz de escrever um
mentos, a caracterização de um sujeito artigo, por exemplo, porque apenas a
simplesmente como letrado ou iletrado, inserção efetiva em determinada esfe-
fora de um contexto específico, torna-se ra social de conhecimento garante um
problemática, pois, em geral, tais adje- domínio dos textos que nela transitam.
tivos estão relacionados ao letramento Dessa maneira, acreditamos que
dominante, aprendido na escola, e que grande parte das dificuldades enfren-
rechaça, por exemplos, os letramentos tadas pelos estudantes são coletivas, e
que os estudantes já possuem, oriundos não individuais, uma vez que a esfera
de suas comunidades. Algo parecido escolar e a esfera acadêmica são muito
ocorre com as variações linguísticas, na diferentes. Em primeiro lugar, embora a
medida em que, muitas vezes, somente escola tente abarcar vários gêneros dis-
a variedade padrão é aceita e tida como cursivos, nunca dará conta de todos, pois
correta. são heterogêneos e infinitos (BAKHTIN,
No que tange aos letramentos acadê- 2011). Em segundo lugar, não somente os
micos, definidos por Fiad (2011) como as gêneros trabalhados na educação básica
práticas letradas que circulam na esfera são diferentes, como também o modelo
universitária, consideramos que não de ensino, sendo, na escola, mais focado
devemos tachar o estudante ingressante na reprodução de conhecimento e, na
de iletrado por não dominar as práti- universidade, mais voltado para a cons-
cas discursivas da universidade, o que trução de conhecimento (CARVALHO,
levaria ao já citado discurso de déficit 2013). Além disso, como observa Fischer
de letramento. A esse respeito, a autora (2010), o trabalho realizado na educação
afirma que os graduandos são letrados, básica desconsidera as práticas sociais
apenas lhes falta o engajamento nas externas a ela, afastando a leitura e a
práticas letradas esperadas no contexto escrita de suas funções sociais. Em ter-
universitário. ceiro lugar, tomando por base os Estudos

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do Letramento2 e a teoria bakhtiniana, tas sem ao menos explicar seus critérios,
acreditamos que o lugar primordial de ficando a cargo dos graduandos inferi-
ensino-aprendizagem de gêneros discur- -los. Portanto, no que tange a questões
sivos acadêmicos seja a universidade, estruturais, ao enquadramento, à voz do
e não a escola, uma vez que é a esfera autor, à contribuição, ao ponto de vista e
social de circulação desses gêneros. às marcas linguísticas, há uma profunda
Ocorre, então, que os estudantes distância entre a escrita do aluno e às ex-
entram no ensino superior e lhes são pectativas a ela relacionadas (STREET,
solicitados gêneros discursivos desconhe- 2010).
cidos, pois não houve um preparo nesse Como podemos notar, as dificuldades
sentido na esfera escolar, e também não dos graduandos estão além de conheci-
há um ensino sistemático desses gêneros mentos gramaticais e normas linguísti-
na universidade (BEZERRA, 2012). Os cas e textuais. Na tentativa de resolver a
graduandos, então, recorrem prioritaria- problemática, em algumas universidades
mente à ajuda dos amigos e da internet, são criados cursos, oficinas, que, contudo,
porque não sentem segurança de fazê-lo não são totalmente eficazes, pois, em sua
com os seus professores, ainda que esses maioria, tratam somente de aspectos
sejam os agentes de letramento acadê- superficiais da língua e possuem um
mico (COSTA E SILVA, 2011). caráter genérico (CARVALHO, 2013).
Não obstante os desafios com a leitura Acreditamos que a inserção do estudante
e a escrita de textos acadêmicos, outra na esfera acadêmica, para além de ser
questão se coloca como um grande entra- um processo gradual, demanda atenção e
ve ao processo de inserção do discente na dedicação tanto do próprio aluno quanto
esfera acadêmica: as relações hierárqui- da comunidade acadêmica como um todo.
cas, ideológicas e de poder lá existentes.
Um efeito dessas relações é o que Lillis Gêneros discursivos e
(1999) nomeou de prática do mistério, ou ensino-aprendizagem
seja, questões relacionadas aos usos da
linguagem permanecem misteriosas aos De acordo com as postulações de Ba-
estudantes, uma vez que, por considerar khtin (2011), a sociedade se organiza em
que os estudantes já as dominam, os esferas discursivas, que estão ligadas ao
professores não as explicam. uso da linguagem. Os integrantes que
Um segundo efeito dessas relações circulam nessas esferas selecionam e
de poder são as dimensões escondidas. (re)elaboram os textos (enunciados) por
Segundo Street (2010), os professores meio dos quais irão interagir linguistica-
universitários solicitam produções escri- mente. Por esse motivo, ao ingressar em

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uma esfera distinta da qual fazia parte (BEZERRA; LÊDO, 2018, p. 204). Em
anteriormente, para que a inserção do outras palavras, a efetiva inserção dos
indivíduo ocorra de forma efetiva, faz-se universitários depende do desenvolvi-
necessário que ele domine os enunciados mento da leitura e da escrita dos gêneros
que ali circulam. discursivos acadêmicos.
Dito de outra maneira, as interações É fato que o contato com muitos gêne-
de linguagem se materializam por meio ros faz parte da formação, escolar ou não.
dos gêneros discursivos. Os gêneros dis- Aprendemos gêneros desde que esboça-
cursivos, segundo Bakhtin (2016), são mos e ouvimos os primeiros enunciados.
enunciados, concretos e dinâmicos, que, Embora Bakhtin não pontue que temos
embora estejam em movimento perpétuo, de aprender via gêneros discursivos, mas
podem ser caracterizados por três traços sim que falamos por meio de gêneros, há
determinantes, a saber, tema, estrutura inúmeras propostas didáticas e teorias
(relativamente estável) e estilo. Tais ca- que defendem que os gêneros sejam ob-
racterísticas, obviamente, são influencia- jeto de ensino aprendizagem da língua,
das pelo contexto sociocultural, porque se gêneros como megainstrumento de en-
realizam a serviço de uma situação comu- sino-aprendizagem da língua materna
nicativa. Por isso mesmo, são discursivos, e como instrumento de desenvolvimento
porque dependem e são influenciados pelo (MACHADO, 2010; MACHADO; LOU-
contexto em que se materializam. Sendo SADA; TARDELLI, 2010; DOLZ; NO-
assim, pode-se inferir que os gêneros VERRAZ; SCHNEUWLY, 2011) – com
contemplam marcas textuais e enuncia- as quais concordamos e vemos resultados
tivas. Estas dizem respeito ao contexto efetivos em nossos trabalhos.
de produção, tais como intencionalidade Operando com essa perspectiva e
discursiva, endereçamento, etc.; aquelas tendo em vista suas características
tratam da estrutura composicional, sele- relativamente estáveis, bem como sua
ção lexical e outras. condição situada e discursiva, o ensino
Se a interação ocorre por meio de gê- sistematizado dos gêneros discursivos
neros discursivos, pode-se concluir que precisa contemplar suas questões tex-
a socialização dos sujeitos nas esferas tuais e discursivas, levando o estudante
discursivas em que circulam dependem a vivenciar situações reais do uso da
da assimilação de gêneros. Na esfera língua, para que possa compreender
acadêmica, então, “os letramentos aca- suas intencionalidades, os papéis dos
dêmicos se constituirão, por assim dizer, interlocutores, as relações de poder e
como sinônimo de letramentos em gêne- hierárquicas envolvidas, o valor cultural,
ros próprios do ambiente universitário” dentre outros aspectos.

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Assim como Marcuschi (2001), de- Para isso, buscamos criar espaço para a
fendemos a necessidade da realização formação de um leitor/analista crítico e
de um trabalho que contemple os as- um escritor de seu próprio texto, em uma
pectos ideológicos do letramento, mas perspectiva imersiva, não apenas trans-
também consideramos que os aspectos missiva do conhecimento. As atividades
relacionados à organização das formas que compreenderam a oficina tiveram a
linguísticas que estruturam os gêneros duração de 16 horas, que foram divididas
discursivos são essenciais no processo de em dois encontros síncronos, totalizando
desenvolvimento dos letramentos. Por 8 horas cada um, e a produção da rese-
isso, nas oficinas propostas, procuramos nha, revisão, feedback e reescrita, reali-
elaborar um trabalho que dê conta de zadas de forma assíncrona, com duração
abordar questões discursivas e linguís- de, aproximadamente, 8 horas.
ticas que estruturam/compreendem os No decorrer dos encontros, buscamos,
gêneros analisados. ainda, não “gramaticalizar” o gênero
Em outras palavras, buscamos traba- trabalhado e focar apenas no plano da
lhar os gêneros discursivos a partir de estrutura, mas sim mostrar aos alunos
um contexto, sempre de forma prática, quais são as características relativamen-
para que os estudantes consigam com- te estáveis do texto analisado, mostrá-los
preender o porquê de estar aprendendo as diversas formas de sua construção,
determinado gênero e, sobretudo, sejam suas coerções e espaços para inova-
capazes de perceber as inúmeras possi- ções, bem como as questões discursivas
bilidades que os usos daquele gênero os (identidade, relações de poder, etc.) que
proporcionam linguisticamente numa o permeiam. Ou seja, estabelecer uma
determinada esfera discursiva. Trata-se conexão entre análise linguística e dis-
de uma possibilidade de dar sentido às cursiva do gênero discursivo.
práticas de leitura e escrita – é o que Para a realização das oficinas, em
buscamos fazer na oficina proposta, que geral, são selecionados gêneros dis-
será relatada no próximo item. cursivos que os estudantes precisam
vivenciar para interagir nas práticas
Execução da oficina que circulam na esfera acadêmica. Na
oficina aqui relatada, foi selecionado o
A oficina descrita faz parte de uma gênero resenha acadêmica, que tem como
das ações extensionistas do LabLa e objetivo descrever e avaliar – elogiar
tem como objetivo principal oferecer aos ou criticar – uma obra de determinada
participantes subsídios para a escrita do área do conhecimento (MOTTA-ROTH;
gênero discursivo resenha acadêmica. HENDGES, 2010).

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Tal gênero foi selecionado pelos se- aprendizagem ao aluno de maneira mais
guintes motivos: (a) em geral, trata-se natural e intuitiva, propondo um contex-
de um gênero que não é estudadofre- to em que a resenha acadêmica seja real-
quentado pelos estudantes quando no mente utilizada para ser compreendida e
Ensino Médio; (b) trata-se de um gênero fazer sentido para ele. A seleção da obra
massivamente utilizado na esfera aca- analisada/resenhada ficou por conta do
dêmica, sobretudo como instrumento de participante, sendo estabelecidos como
avaliação de aprendizagem de diversas critérios de escolha a atualidade da obra,
disciplinas; (c) sua organização retórica bem como a relação do conteúdo com sua
integra ações de linguagem essenciais área de formação.
para produção de outros gêneros que Depois de apresentar o projeto de
circulam na academia, tais como o posi- socialização do gênero, levantamos al-
cionamento crítico em relação às obras guns apontamentos gerais, mas que nem
analisadas, processo de sumarização e sempre são tratados com transparência
a inserção de vozes de outros autores nos ambientes escolares, sobre o processo
(LOUSADA; DEZUTTER; BLASER, da produção escrita: (a) escrita é processo
2019, 2018). que envolve leitura, escrita e reescritas;
Antes de iniciar a descrição do itine- (b) há inúmeras possibilidades de estru-
rário didático da oficina, faz-se necessá- turar e organizar os textos, e que, por
rio pontuar que a proposta da produção esse motivo, na oficina, apresentaríamos
escrita da resenha acadêmica foi realiza- um “como pode ser feito”, e não “como
da com vistas à socialização no contexto deve ser feito”, considerando as coer-
de periódicos das áreas de conhecimento ções e os espaços para inovação; e (c) há
das quais os participantes da oficina especificidades na composição textual a
fazem parte, tendo em vista que depender da área de conhecimento.
[...] é nos eventos de letramento acadêmico Em seguida, solicitamos aos partici-
que os alunos vão construindo os seus sabe- pantes que escrevessem uma resenha
res acadêmicos/científicos e, para além dis- acadêmica de um texto breve com intuito
so, também os posicionamentos ideológicos,
significados culturais e estruturas de poder de verificar, considerando os pressupos-
que, em conjunto, constituem o modo cultu- tos do modelo ideológico do letramento, a
ral de usar textos. Em consequência, esses
bagagem que eles traziam acerca da com-
eventos são responsáveis por integrarem e
participarem da construção do letramento preensão do gênero resenha acadêmica.
acadêmico (FISCHER; PELANDRÉ, 2010, É preciso pontuar que tais produções
p. 572).
foram analisadas e consideradas para
Com a apresentação do projeto de so- definição dos encaminhamentos peda-
cialização, buscamos proporcionar uma gógicos que sucederam.

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Posteriormente, foram distribuídos versitário, como instrumento de
exemplares da Revista Brasileira de avaliação da aprendizagem;
Educação, publicados na última déca- (b) o objetivo do gênero: resumir e
da, para que os participantes pudessem avaliar, de forma argumentada,
observar as resenhas acadêmicas ali a obra analisada;
disponíveis e analisar como e onde o (c) papéis dos interlocutores e a
gênero em estudo se materializa, para identidade assumida ao utilizar
iniciarmos a explanação acerca das o referido texto: estudante, pes-
características do gênero resenha acadê- quisador;
mica – foram detalhados aspectos discur- (d) objetivo do leitor: encontrar infor-
sivos (situações de produção) e textuais mações importantes e uma ava-
do gênero. Destacamos que, embora es- liação da obra resenhada, no caso
tivéssemos apontando algumas questões de estudantes e pesquisadores. Já
discursivas da resenha acadêmica, tais o leitor-professor busca avaliar a
aspectos seriam, de fato, compreendidos capacidade de compreensão, sín-
principalmente em situações concretas tese, argumentação e avaliação
do uso do gênero. crítica dos estudantes quando
Apresentamos modelos mais canôni- solicitam o gênero como instru-
cos, recorrentes do gênero, ratificando mento avaliativo;
que há coerções no que diz respeito a sua (e) posições hierárquicas que os inte-
escrita, mas também há espaços para grantes da situação comunicativa
inovações. Pontuamos, ainda, sobre as ocupam e a que julgamentos es-
especificidades das diversas áreas de tão sujeitos;
conhecimento em relação à organização (f) a importância de uma aproxima-
dos gêneros discursivos, destacando as ção de humildade e da disposição
diferentes formas com que foram es- para lidar com as críticas, quando
truturados. Pretendemos, dessa forma, estabelecidas, a fim de aprimorar
evitar uma modelização enrijecedora e aprofundar o conhecimento.
(SOBRAL; GIACOMELLI, 2017). Do ponto de vista das características
Sobre os aspectos discursivos, em diá- textuais (formas linguísticas), em con-
logos estabelecidos com os estudantes, junto, concluiu-se que:
foram realçados: (a) predomina o uso da variedade
(a) as formas de socialização da padrão da língua;
resenha no âmbito acadêmico: (b) o posicionamento enunciativo
periódicos e, no cotidiano uni- é marcado pelo uso da terceira
pessoa;

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(c) em geral, são utilizados verbos características discursivas e linguísti-
no presente do indicativo para cas, solicitamos aos participantes que
outorgar as ações do autor da dessem início ao processo de produção
obra, e verbos do pretérito para textual. Sugerimos que, antes de ini-
referenciar os conteúdos desen- ciar a seleção e a análise do texto base,
volvidos na obra; buscassem compreender o contexto da
(d) a formatação é realizada de acor- produção tanto do texto original, como
do com as normas estabelecidas da resenha que seria por eles produzida,
pelo veículo onde a resenha é considerando: a identidade do autor, o
socializada; local de publicação do texto, objetivo da
(e) em geral, sua estrutura apresenta: escrita, endereçabilidade, entre outros.
título, que corresponde à refe- Seguindo a proposta da Machado,
rência bibliográfica da obra rese- Lousada e Abreu-Tardelli (2004), propo-
nhada; parágrafos iniciais, onde mos aos participantes que realizassem a
são apresentados dados sobre o leitura atenta do texto original, buscan-
autor (nome, atuação e formação) do identificar os conteúdos fundamentais
e sobre a obra (temática desen- abordados para que pudessem iniciar o
volvida, objetivo e estrutura); em processo de sumarização. Para escrita do
seguida, são descritas as partes texto, sugerimos, ainda, que selecionas-
que compõem a obra, em algumas sem verbos que melhor pudessem tradu-
resenhas, o autor agrupou a des- zir as ações do autor do texto original,
crição de mais de um capítulo em tais como apresentar, explicar, propor,
um mesmo parágrafo, em outros comparar, avaliar, propor etc.
casos, foi utilizado um parágrafo Além disso, apresentamos duas listas
para descrever cada capítulo; por (em anexo), uma com organizadores tex-
fim, há parágrafos destinados à tuais para auxiliar na conexão das partes
avaliação crítica e à conclusão da do texto, e outra contendo questões a fim
resenha – foi possível perceber de auxiliá-los na construção da crítica da
que há autores que inserem as crí- resenha acadêmica. É preciso pontuar que
ticas apenas no final da resenha, tais atividades de leitura e análise da obra
mas também há resenhas em que original, bem como a produção textual da
as críticas vêm intercaladas com resenha acadêmica foram realizadas de
a parte da descrição da obra. forma assíncrona. Durante o processo de
Concluídas as análises sobre a con- escrita, os estudantes puderam enviar
dição de produção e recepção do gênero e-mails, solicitando revisão e apoio para a
resenha acadêmica, bem como das suas escrita do texto (feedback, revisão).

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No segundo encontro, que ocorreu ros discursivos que circulam na esfera
no intervalo de duas semanas, foi soli- acadêmica. Como pontuado no decorrer
citado aos participantes que levassem a deste estudo, tais desafios são enfrenta-
primeira versão da resenha. Assim que dos justamente em razão da mudança de
chegaram, distribuímos um quadro, de- esfera discursiva e, por isso mesmo, das
nominado “Critérios de Avaliação” (em práticas, valores, identidade, cultura,
anexo), que deveria ser preenchido para gêneros próprios da esfera acadêmica.
a autoavaliação de suas respectivas pro- Posto isso, percebe-se a urgência de
duções. Quando surgiam dúvidas acerca ações que visem à promoção do desen-
da revisão e avaliação do texto, tentáva- volvimento do letramento acadêmico na
mos esclarecê-las de forma conjunta com esfera acadêmica, sobretudo como forma
os demais participantes. de empoderamento dos sujeitos que ali
Quando encerrada a revisão e a circulam. Relatamos, neste texto, uma
reescrita, solicitamos aos participantes das ações desenvolvidas pelo LabLa, que,
que formatassem a resenha acadêmica embora apresente lacunas, revelou-se, se-
de acordo com as normas estabelecidas gundo os próprios participantes, como um
pela revista e realizassem a submis- subsídio prático e efetivo para a escrita
são do texto. Pontuamos que todas as do gênero discursivo resenha acadêmica.
resenhas foram submetidas a revistas Sendo assim, destacamos a importân-
e sites acadêmicos. Isso significa que, cia da didatização dos gêneros, por meio
independentemente da avaliação – não de variados expedientes pedagógicos e
acompanhamos o processo e, por isso, ações diversas na universidade. É pre-
consideramos esse ponto uma lacuna ciso enfatizar ainda, a necessidade de os
deste trabalho – que tiveram em relação gêneros acadêmicos serem considerados
à aprovação ou não dos trabalhos, os par- como processo, e não como produto.
ticipantes desenvolveram a identidade Para isso, destacamos a relevância de
acadêmica e se inseriram em práticas proporcionar aos estudantes um contato
reais de letramento acadêmico. com a língua e com os modos de usá-las,
participando de situações concretas de
Considerações finais uso da língua. Embora haja, às vezes,
alguma dificuldade de realizar uma
Ainda que, ao ingressar na esfera aca- transposição real dos gêneros para a
dêmica, os estudantes sejam competentes sala de aula, acreditamos que só mesmo
leitores e produtores de textos, é comum o contato imersivo e contínuo com os gê-
que eles se deparem com inúmeros desa- neros é capaz de levá-los a desenvolver
fios relacionados a ler e escrever gêne- os letramentos acadêmicos.

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Reading and writing at Referências
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Abstract ______. Os gêneros do discurso. Tradução de


Paulo Bezerra. São Paulo: Editora 34, 2016.
The university expansion brought to
BEZERRA, B. G.; LÊDO, A. C. Gêneros aca-
the debate a theme, sometimes ne-
dêmicos e processos de letramento no ensino
glected: academic literacies. Although, superior. In: PEREIRA, C. R. (Org.). Escrever
when entering the academic sphere, na universidade: panoramas e desafios na
students are competent readers and América Latina. João Pessoa: Editora da
producers of texts, it is common for UFPB, 2018, p. 175-207.
them to face numerous challenges
related to reading and writing dis- BEZERRA, B. G. Letramentos acadêmicos
cursive genres that circulate in the na perspectiva dos gêneros textuais. Forum
academic sphere. Such challenges are linguist., Florianópolis, v. 9, n. 4, p. 247-258,
faced due to the change in the discur- out./dez. 2012.
sive sphere and, therefore, the practi- CARVALHO, J. A. B. Literacia académica: da
ces, values, identity, culture, genres of escola básica ao ensino superior – uma visão
the academic sphere. Considering this integradora. Letras & Letras, Uberlândia,
context, the present this experience v. 29, n. p. 1-17, 2, 2013.
report aims to describe a proposal for
______; LOUSADA, E. A apropriação de
teaching production of the discourse
gêneros pelo professor: em direção ao desen-
genre academic review with a view volvimento pessoal e à evolução do “métier”.
to the development of the academic Linguagem em (Dis)curso, Palhoça, SC, v. 10,
literacy of the participants. For this, n. 3, p. 619-633, set./dez. 2010.
in the workshop, not only linguistic
aspects, but also discursive aspects of COSTA E SILVA, G. P. Identidade e letra-
the selected genre were contemplated. mento acadêmico: a leitura e a escrita na
formação dos professores. X Congresso Na-
Keywords: Academic literacies; discur- cional de Educação – EDUCERE. Pontifícia
sive genres; teaching-learning; review Universidade Católica do Paraná, Curitiba,
7 a 10 de novembro, p. 7882-7893, 2011.

Notas DOLZ, J.; SCHNEUWLY, B. Gêneros orais


e escritos na escola. Campinas: Mercado de
Letras, 2011.
1
Ressaltamos, contudo, que a expansão univer-
sitária não se deu ao mesmo tempo nos três DOLZ, J.; NOVERRAZ, M.; SCHNEUWLY,
países citados, pois ocorreu a partir de 1960 B. Sequências didáticas para o oral e a es-
nos Estados Unidos, a partir de 1980 no Reino crita: apresentação de um procedimento. In:
Unido e a partir de 2000 no Brasil. SCHNEUWLY, B.; DOLZ, J. Gêneros orais e
2
Os Estudos do Letramento (STREET, 1984;
escritos na escola. Campinas: Mercado das
KLEIMAN, 1995) concebem a leitura e a escrita
como práticas situadas histórica, cultural e so-
Letras, 2011.
cialmente e que sofrem influência das relações FERREIRA, M. L. S. Letramentos acadêmi-
de hierarquia, de poder e de ideologia presentes cos em contexto de expansão do ensino supe-
na sociedade, desprezando, portanto, uma con-
rior no Brasil. Tese (Doutorado em Educação)
cepção neutra de linguagem.

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