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A ira do Eterno se aplica a nós, como servos Dele? A noiva de Cristo está
sujeita às consequências da ira divina? Questionamentos como estes sempre
são feitos.
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I] A IRA, OS JUÍZOS E O ARREBATAMENTO
Nas passagens de Daniel 9:26, Mateus 24:2, Marcos 13:2, Lucas 19:41-44 e
Lucas 21:20-24, a Palavra é clara em profetizar a destruição de Jerusalém e
tal profecia se concretizou em 70 d.C.
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2] A IRA TRIBULACIONAL
Com esses detalhes, você já tem uma ideia resumida daquilo que essas
correntes defendem. Aqui não vamos deter-nos para contra argumentar uma
por uma, pois não é o propósito deste conteúdo.
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Vamos concentrar-nos aqui em mostrar porque cremos que a ira divina
derramada durante a tribulação não requer que a Igreja seja arrebatada ou
retirada da Terra.
Porém, convém destacar que muitos juízos divinos durante a tribulação serão
específicos e não gerais (Apocalipse 6:8, 9:1-4, 16:2, 16:10). Outros
fenômenos devastadores ocorrerão por causa da própria interferência
humana decaída na natureza.
É óbvio que o Eterno Pai protege aqueles a quem Ele quer proteger e as
profecias nos mostram que haverá sobreviventes que permanecerão vivos
até a gloriosa volta do Messias (I Coríntios 15:51).
É um desejo lícito querer permanecer vivo até o fim. Nós também temos esse
desejo. Porém, como bons soldados, devemos estar preparados para morrer
também.
Como veremos a seguir, o principal texto usado pelos modelos que defendem
o arrebatamento anterior à volta gloriosa de Cristo, aponta para o Dia do
Senhor e não para a tribulação. Cremos firmemente que o Dia do Senhor não
pode ser confundido com o período tribulacional. São coisas distintas, como
já comentamos em nosso livro A IGREJA E A TRIBULAÇÃO.
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3] A IRA NO DIA DO SENHOR
"Mas, irmãos, acerca dos tempos e das estações, não necessitais de que se
vos escreva; Porque vós mesmos sabeis muito bem que o dia do Senhor virá
como o ladrão de noite..." (I Tessalonicenses 5:1-2)
"Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para a aquisição da salvação,
por nosso Senhor Jesus Cristo" (I Tessalonicenses 5:9)
Essa é a razão porque as nações, que entregarão seu poder e domínio à besta
(Apocalipse 17:16-17), ao perceberem o engano de ter adorado ao anticristo
e blasfemado do Senhor durante a tribulação, se lamentarão quando virem o
glorioso sinal de Jesus nos céus (Mateus 24:30).
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Momentos antes seremos arrebatados para presenciar Sua vitória sobre o
anticristo, descer com Cristo à Terra e reinar com Ele para sempre.
Termos como "a mão de YHWH", descrevendo o agir Dele ou "a boca de
YHWH", descrevendo Sua Palavra, procuram trazer esse entendimento eterno
a nossas mentes limitadas.
Nesse contexto devemos entender a ira divina. Ela faz parte dos atributos
perfeitos do Eterno Pai e traz desdobramentos eternos. Faz parte de Sua
justiça. O Criador, em Sua infinita sabedoria e soberania, possui elementos e
capacidades que não possuímos para julgar retamente.
Não fomos destinados à ira, mas à salvação em Cristo Jesus. Já vimos que
não há bases históricas, lógicas e escriturísticas para dizer que "salvação" em
I Tessalonicenses 5:9 não é salvação e sim arrebatamento, nem para afirmar
que "ira" não é ira e sim tribulação. Veja o que Paulo escreve em Romanos
5:9-10 e compare com I Tessalonicenses 5:9:
"Logo muito mais agora, tendo sido justificados pelo seu sangue, seremos
por ele salvos da ira. Porque se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com
Deus pela morte de seu Filho, muito mais, tendo sido já reconciliados,
seremos salvos pela sua vida" (Romanos 5:9-10)
Agora veja o que Paulo ensina aos mesmos tessalonicenses que haviam
recebido a primeira epístola:
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se fazer admirável naquele dia em todos os que creem (porquanto o nosso
testemunho foi crido entre vós)" (II Tessalonicenses 1:7-10)
Neste texto fica claro que o nosso encontro com o Messias se dará em Sua
volta gloriosa (como labareda de fogo), trazendo sobre aqueles que nos
atribulam o castigo eterno (não a grande tribulação!).
Todo aquele que crê e que nasceu de novo estará livre desse juízo e dessa
ira, pois o Pai, pela Sua Graça, nos salvou. E Ele quer salvar a todos. Basta
crer em Jesus, obedecendo a Sua Vontade e Sua Palavra.
Quem crer e for batizado estará isento e livre da ira eterna do Criador. Esta
é a Graça de Altíssimo.
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A certeza que temos é que o Pai estará conosco durante a perseguição e
destruirá aqueles que nos perseguem (Mateus 28:20, II Tessalonicenses 1:7-
10).
Começaram eles a pular de alegria, pelo fato de lhes ser prometido que não
sofreriam danos físicos durante a tribulação? Cremos que não.
Consequentemente, vemos que Paulo não estava prometendo que eles não
sofreriam danos físicos ou até mesmo a morte, pois tais consequências já
eram uma realidade no dia a dia daqueles irmãos.
Paulo nos ensina que haverá irmãos vivos no momento da volta gloriosa do
Senhor (I Coríntios 15:51, I Tessalonicenses 4:15). Isso só será possível com
a poderosa proteção do Senhor durante a grande tribulação, pois cremos que
humanamente não será possível sobreviver a ela, sobretudo na qualidade de
cristão perseguido pelo sistema da besta.
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Ao mesmo tempo em que muitos serão martirizados pela besta (Apocalipse
6:9-11, Apocalipse 7:14, Apocalipse 14:12-13, Apocalipse 20:4), outros
serão protegidos (Apocalipse 3:10, Mateus 24:22).
7] UM SÓ ENCONTRO
Esse dia que será o dia da manifestação gloriosa do Senhor Jesus e ocorrerão
logo após a grande tribulação. Então, esperar o nosso encontro com o Senhor
imediatamente após a maior de todas as aflições que o mundo já viveu parece
ser a postura mais coerente.
Ou seja, a Palavra nos diz que nos encontraremos com o Senhor logo após a
grande tribulação (Mateus 24:29), logo após os sinais que antecedem o Dia
do Senhor (Mateus 24:30-31, Apocalipse 6:12-17, Joel 2:31) e que devemos
vigiar até os momentos da última taça da ira (Apocalipse 16:15).
"Mas cada um por sua ordem: Cristo as primícias, depois os que são de Cristo,
na sua vinda" (I Coríntios 15:23)
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II] IRA ORGE E IRA THUMOS, UMA DIFERENÇA CRUCIAL
Então, vemos que a passagem fala de "dois mundos" diferentes, apesar que
em nossa tradução portuguesa só apareça o termo "mundo" para os dois
casos.
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1] OS DIFERENTES SIGNIFICADOS DE IRA
A] A IRA ORGE
Nos diversos versículos em que aparece esse termo no Novo Testamento, sua
aplicação é quase que exclusivamente dirigida à ira divina.
As únicas vezes em que se aplica ao homem é para mostrar que o ser humano
não pode ou não deve experimentá-la. A ira orge é a ira do Criador, baseada
na perfeita justiça e no perfeito conhecimento que Ele possui. Podemos
encontrar sua aplicação em diversos textos, tais como:
"Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; mas aquele que não crê no Filho
não verá a vida, mas a ira [orge] de Deus sobre ele permanece" [João 3:36]
"...E esperar dos céus a seu Filho, a quem ressuscitou dentre os mortos, a
saber, Jesus, que nos livra da ira [orge] futura" [I Tessalonicenses 1:10]
"Porque Deus não nos destinou para a ira [orge], mas para a aquisição da
salvação, por nosso Senhor Jesus Cristo" [I Tessalonicenses 5:19]
"E iraram-se as nações, e veio a tua ira [orge], e o tempo dos mortos, para
que sejam julgados, e o tempo de dares o galardão aos profetas, teus servos,
e aos santos, e aos que temem o teu nome, a pequenos e a grandes, e o
tempo de destruíres os que destroem a terra" [Apocalipse 11:18]
"E, havendo aberto o sexto selo, olhei, e eis que houve um grande tremor de
terra; e o sol tornou-se negro como saco de cilício, e a lua tornou-se como
sangue; E as estrelas do céu caíram sobre a terra, como quando a figueira
lança de si os seus figos verdes, abalada por um vento forte.
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"E o céu retirou-se como um livro que se enrola; e todos os montes e ilhas
foram removidos dos seus lugares.
Porque é vindo o grande dia da sua ira [orge]; e quem poderá subsistir? "
[Apocalipse 6:12-17]
Vemos, então, que a ira "orge" é uma decisão definitiva. De acordo com a
revelação bíblica, essa ira começará a manifestar-se visivelmente num
determinado momento, relacionado ao toque da sétima trombeta [veja
Apocalipse 11:15-18] e à chegada do Dia do Senhor [veja Apocalipse 6:12-
17].
Fica bastante claro que a ira orge só se manifestará em nosso plano a partir
desse momento específico, que é o toque da sétima trombeta e a chegada do
Dia do Senhor.
Existe a clara promessa de que a Igreja será livre dessa ira [I Tessalonicenses
5:9, I Tessalonicenses 1:10, Romanos 5:9].
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B] A IRA THUMOS
A ira do tipo thumos é uma decisão temporária que, ao contrário da ira orge,
pode ter um final. É uma indignação que pode ser específica e passageira.
Pode surgir e desaparecer. No entanto, pode se transformar também na ira
ORGE, a qual, como já vimos, é uma permanente atitude e determinação de
fazer justiça.
Nas Escrituras, essa ira é relacionada ao Pai Eterno, mas também se relaciona
com atitudes humanas. Vejamos alguns exemplos:
"Pela fé deixou o Egito, não temendo a ira [thumos] do rei; porque ficou
firme, como vendo o invisível" [Hebreus 11:27]
"Por isso alegrai-vos, ó céus, e vós que neles habitais. Ai dos que habitam na
terra e no mar; porque o diabo desceu a vós, e tem grande ira [thumos],
sabendo que já tem pouco tempo" [Apocalipse 12:12]
"E vi outro grande e admirável sinal no céu: sete anjos, que tinham as sete
últimas pragas; porque nelas é consumada a ira [thumos] de Deus"
[Apocalipse 15:1]
"E ouvi, vinda do templo, uma grande voz, que dizia aos sete anjos: Ide, e
derramai sobre a terra as sete taças da ira [thumos] de Deus" [Apocalipse
16:1]
Então, vemos que nessas passagens fala-se de uma ira restrita e passageira.
No aspecto profético, é importante perceber que, enquanto a ira orge vem a
partir da sétima trombeta e o Dia do Senhor, ou seja, no momento
relacionado à gloriosa vinda do Filho para estabelecer o juízo do Eterno Pai,
a ira thumos é "consumada" nas sete últimas pragas [Apocalipse 15:1]
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C] CONCLUSÃO
A principal conclusão do que vimos é que cada vez que aparecer no original
a palavra grega thumos, o texto estará falando de decisões, juízos e emoções
primordiais e passageiras.
Cada vez que aparecer no original a palavra grega orge, o texto estará
falando de uma ira definitiva e de uma justiça estabelecida. Uma ira que vem
necessariamente depois que a ira thumos já passou.
A ira thumos se aplica a toda a história, alcançando seu clímax nas sete taças,
nos momentos finais da grande tribulação, pois até mesmo no momento em
que as sete últimas taças estejam sendo derramadas sobre a Terra, estará
sendo manifestada a ira thumos [Apocalipse 15:1].
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III] OS MÁRTIRES DE APOCALISE 20:4
1] O ENTENDIMENTO PRIMITIVO
Qual era a mentalidade deles, formada em grande parte pelos ensinos orais
recebidos dos próprios apóstolos e do Messias? Sabemos que eram irmãos
que viviam sob constante perseguição e tribulação. O escritor Russel Norman
Champlin, em seu livro comentado de Mateus, Volume I, página 182, diz:
Não foi escrito para os judeus e nem para satisfazer a curiosidade a respeito
do futuro, mas a fim de mostrar a uma igreja que sofria como as coisas
piorarão, e como os crentes devem postar-se firmes em tempos de tribulação.
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Todos os textos dos primeiros 3 séculos que chegaram até nós, ou seja,
textos escritos décadas depois do livro de Apocalipse e do versículo em
questão (Apocalipse 20:4), mostram claramente que nossos primeiros irmãos
acreditavam e esperavam apenas uma vinda ou manifestação gloriosa do
Ungido.
Basta ver os escritos de Irineu, que foi discípulo de Policarpo que, por sua
vez, foi discipulado pelo próprio escritor do Apocalipse, João. Também, é
notável a sujeição que Paulo mostra ao que tinha sido ensinado pelo Salvador
décadas antes.
O Senhor Jesus ensinou que a nossa recompensa seria dada "na ressurreição
dos justos" (Lucas 14:14). Isso aponta para uma única ressurreição. Não para
uma ressurreição em etapas como é defendida por pré e midi tribulacionistas.
Diante disso surgem as perguntas: Será que os martirizados pela besta, por
guardar o testemunho de Jesus e a Palavra do Pai, não se prostrando diante
da besta, não podem ser incluídos entre os justos, apenas porque em
Apocalipse 20:4 não são mencionados aqueles que não foram martirizados
pela besta? Não são eles de Cristo também? Ou seriam eles justos "de
segunda categoria" ou da "série B"?
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Paulo é claro enquanto à ordem da ressurreição:
"Mas cada um por sua ordem: Cristo as primícias, depois os que são de Cristo,
na sua vinda" (I Corintios 15:23).
Que vinda é essa mencionada por Paulo? É aquela ensinada por Jesus em
Mateus 24:29-31 ou é uma não mencionada por Ele e oculta até para os
próprios irmãos em Corinto?
Vemos então que o entendimento que nossos irmãos primitivos tinham era
que haveria uma ressurreição dos justos, da qual participariam os justos de
todas as épocas, inclusive aqueles que seriam degolados pela besta durante
a grande tribulação.
2] A EXPERIÊNCIA DE JOÃO
Em segundo lugar, devemos considerar o teor das experiências que João teve
em Patmos. O questionamento levantado por pré e midi tribulacionistas, de
que apenas os mártires da besta ou os "salvos da tribulação" farão parte da
ressurreição descrita em Apocalipse 20:4 e que a Igreja será arrebatada
antes disso, parte da premissa que João estava vendo um filme nos padrões
hollywoodianos, numa sequência linear de eventos, com atores, resenha,
figurantes, etc, todos estrategicamente colocados para o que espectador
tenha uma visão geral do enredo.
João recebia seguidas revelações, onde ele visualizava aquilo que o Senhor
queria que ele visse naquele momento, nada mais. Um dos principais
objetivos das cartas apocalípticas é trazer conforto espiritual e verdadeira
esperança aos que eram e serão atribulados.
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3] O TEXTO ORIGINAL
É bom destacar que João, em Apocalipse 20:4, relata não uma visão da
ressurreição em si, mas sim de tronos e pessoas assentadas neles, o que nos
remete ao início do período Milenal. Ele escreve "E vi tronos...".
Kai (E) eido (eu vi) thronos (tronos), kai (e) kathizo (eles assentaram-se) epi
(sobre) autos (eles) kai (e) krima (poder de julgar) didomi (foi dado) autos
(a eles). Kai (E) psuche (as almas) pelekizo (dos degolados) dia (pelo)
marturia (testemunho) Iesous (de Jesus) kai (e) dia (pela) logos (palavra)
theos (de Deus) ... zao (viveram) kai (e) basileuo (reinaram) meta (com)
Christos (Cristo) chilioi (por mil) etos (anos).
O verbo "didomi" (foi dado) aponta uma ação que já tinha ocorrido no
passado. Já o verbo "zao" (viveram) é usado no Novo Testamento para indicar
o estado de uma pessoa que já havia sido ressuscitada momentos antes e
que já estava exercendo suas atividades vitais de forma plena (Lucas 15:32,
Apocalipse 2:8, Apocalipse 13:14).
Não vemos razões convincentes para dividir aquilo que é indivisível. O Corpo
de Cristo é um só. Haverá uma ressurreição dos justos (primeira) e outra
ressurreição dos injustos (segunda). É nisso que os irmãos primitivos criam
e é nisso que nós acreditamos.
Cremos que o argumento do silêncio não é válido nesta questão. Por exemplo,
usando o mesmo raciocínio do silêncio utilizado no questionamento levantado
por pré-tribulacionistas e midi-tribulacionistas a respeito de Apocalipse 20:4,
poderíamos afirmar que apenas os martirizados pela besta vencerão a
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segunda morte, ficando de fora todos os cristãos que na história não
perderam suas vidas nas mãos do anticristo. É só usar o mesmo raciocínio da
pergunta no versículo 6 do capítulo 20:
Obviamente, ninguém aceitaria esse raciocínio nosso, pois sabemos que todo
aquele que nasce de novo passou da morte para a vida e reinará eternamente
com Cristo!
Da mesma forma, não vemos razões para crer que, pela simples ausência
dos não martirizados pela besta em Apocalipse 20:4, devamos cogitar que
haverá uma ressurreição anterior à primeira (?!), que não fora ensinada por
Jesus, nem pelos apóstolos e nem sequer mencionada entre os primeiros
irmãos.
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IV] O JULGAMENTO DE MATEUS 25:31-46
Uma das passagens escatológicas mais discutidas é a que foi registrada por
Mateus no final da detalhada exposição profética feita pelo Senhor Jesus no
Monte das Oliveiras, dias antes de Sua crucificação e gloriosa ressurreição.
Nesse entendimento, o qual é seguido pela grande maioria dos que já leram
o texto, as ovelhas são as nações que ajudarão ou ajudam de alguma forma
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os "irmãos pequeninos" (Israel) e os bodes são aqueles que se opõem e
oporão a Israel.
1] AS NAÇÕES
O termo grego usado para "todas as nações" em Mateus 25:32 é pas ethnos.
A palavra ethnos sozinha é muitas vezes usada no Novo Testamento para
descrever as nações gentílicas, excluindo Israel (por exemplo, Mateus 4:14,
Mateus 6:32, Lucas 21:24).
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Considerando como a expressão é utilizada em todos os textos anteriores,
ela parece descrever, no contexto de Mateus 25:31-46, todas as nações,
povos e etnias existentes no momento da gloriosa vinda do Ungido, deixando
transparecer que todas essas nações estarão sendo representadas naquele
momento pessoalmente por grande parte de seus habitantes.
2] O PROPÓSITO DA PARÁBOLA
Jesus revela que todas as nações serão reunidas diante Dele e que haverá
uma separação (Mateus 25:32). Esse é o tema principal do texto sobre o qual
estamos meditando. Dois grupos de pessoas sendo separados e destinados a
realidades distintas.
Ele havia falado sobre o joio e o trigo (Mateus 13:24-43) e dos peixes bons
e estragados (Mateus 13:47-48). Vejamos cada um desses textos:
"Deixai crescer ambos juntos até à ceifa; e, por ocasião da ceifa, direi aos
ceifeiros: Colhei primeiro o joio, e atai-o em molhos para o queimar; mas, o
trigo, ajuntai-o no meu celeiro...
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Assim será na consumação dos séculos: virão os anjos, e separarão os maus
de entre os justos" (Mateus 13:47-49)
Logo, cremos que a narrativa sobre os bodes e as ovelhas deve ser entendida
sob esse contexto maior. O Messias utilizava figuras de fácil compreensão
para que aqueles que O ouviam pudessem entender a mensagem.
Um grupo reunido para entrar no Reino e outro grupo reunido para ser
castigado. Essa separação fica bem patente nas três passagens em foco.
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interprete a passagem de forma desconexa com as outras passagens onde o
Salvador fala da separação que haverá no fim.
Entendemos que todas essas figuras usadas pelo Senhor mostram que
haverá, por ocasião de Sua gloriosa vinda, uma separação entre justos e
injustos.
O que as Escrituras nos mostram sobre reunião de ímpios e justos no fim dos
tempos, quando o Ungido voltar? O que a Palavra nos diz sobre esses dois
grupos de pessoas sendo reunidas com propósitos diferentes na consumação
dos séculos?
O profeta Joel situa esse ajuntamento das nações dentro do Dia do Senhor,
como pode ser visto no contexto (Joel 2:30-32).
"Eis que vem o dia do SENHOR, em que teus despojos se repartirão no meio
de ti. Porque eu ajuntarei todas as nações para a peleja contra Jerusalém; e
a cidade será tomada, e as casas serão saqueadas, e as mulheres forçadas;
e metade da cidade sairá para o cativeiro, mas o restante do povo não será
extirpado da cidade. E o SENHOR sairá, e pelejará contra estas nações, como
pelejou, sim, no dia da batalha" (Zacarias 14:1-3)
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Sabemos que a revelação bíblica é progressiva. Aquilo exposto por Joel e
Zacarias foi aprofundado na revelação recebida por João em Patmos. O que
nos diz a revelação apocalíptica a respeito?
"E o sexto anjo derramou a sua taça sobre o grande rio Eufrates; e a sua
água secou-se, para que se preparasse o caminho dos reis do oriente.
Eis que venho como ladrão. Bem-aventurado aquele que vigia, e guarda as
suas roupas, para que não ande nu, e não se vejam as suas vergonhas. E os
congregaram no lugar que em hebreu se chama Armagedom" (Apocalipse
16:12-16)
Então, é viável pensar que grande parte das pessoas existentes naquela
época, excetuando, é claro, a Igreja e algumas pessoas das nações,
marcharão contra Jerusalém. Ali, essas pessoas ("nações") serão julgadas e
sentenciadas pelo próprio Senhor Jesus.
Não apenas por terem subido contra Jerusalém, mas por terem recebido a
marca da besta e adorado a sua imagem. O resultado da sentença é
claramente exposto e se encaixa perfeitamente com a narrativa da
condenação e sentença sobre os bodes:
"E seguiu-os o terceiro anjo, dizendo com grande voz: Se alguém adorar a
besta, e a sua imagem, e receber o sinal na sua testa, ou na sua mão,
também este beberá do vinho da ira de Deus, que se deitou, não misturado,
no cálice da sua ira; e será atormentado com fogo e enxofre diante dos santos
anjos e diante do Cordeiro.
E a fumaça do seu tormento sobe para todo o sempre; e não têm repouso
nem de dia nem de noite os que adoram a besta e a sua imagem, e aquele
que receber o sinal do seu nome" (Apocalipse 14:9-11)
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"E vi o céu aberto, e eis um cavalo branco; e o que estava assentado sobre
ele chama-se Fiel e Verdadeiro; e julga e peleja com justiça. E os seus olhos
eram como chama de fogo; e sobre a sua cabeça havia muitos diademas; e
tinha um nome escrito, que ninguém sabia senão ele mesmo.
E da sua boca saía uma aguda espada, para ferir com ela as nações; e ele as
regerá com vara de ferro; e ele mesmo é o que pisa o lagar do vinho do furor
e da ira do Deus Todo-Poderoso.
E no manto e na sua coxa tem escrito este nome: Rei dos reis, e Senhor dos
senhores. E vi um anjo que estava no sol, e clamou com grande voz, dizendo
a todas as aves que voavam pelo meio do céu: Vinde, e ajuntai-vos à ceia do
grande Deus; Para que comais a carne dos reis, e a carne dos tribunos, e a
carne dos fortes, e a carne dos cavalos e dos que sobre eles se assentam; e
a carne de todos os homens, livres e servos, pequenos e grandes.
Estes dois foram lançados vivos no lago de fogo que arde com enxofre. E os
demais foram mortos com a espada que saía da boca do que estava
assentado sobre o cavalo, e todas as aves se fartaram das suas carnes"
(Apocalipse 19:11-21).
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4] A REUNIÃO DOS JUSTOS (OVELHAS, TRIGO E PEIXES BONS)
Da mesma forma que a Bíblia mostra a reunião dos ímpios diante da vinda
do Senhor e a separação dos mesmos para o juízo, revela que os justos, os
escolhidos ou Igreja, como se queira denominar, serão reunidos também.
No entanto, esse mistério começou a ser revelado por nosso Salvador. Ele
detalha claramente quando e como se dará essa reunião sublime:
"E, logo depois da aflição daqueles dias, o sol escurecerá, e a lua não dará a
sua luz, e as estrelas cairão do céu, e as potências dos céus serão abaladas.
E ele enviará os seus anjos com rijo clamor de trombeta, os quais ajuntarão
os seus escolhidos desde os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos
céus" (Mateus 24:29-31)
No momento em que Cristo Jesus descer à Terra com todos os Seus anjos e
com a Sua Igreja glorificada, Ele pousará Seus pés no Monte das Oliveiras e
exercerá juízo contra as nações reunidas ali no Armagedom.
Pessoas que estarão ali sob as ordens espirituais malignas da besta, do falso
profeta e de satanás com o intuito de destruir definitivamente Israel e
levantar-se contra o Pai (Apocalipse 16:12-16).
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Pessoas que receberam o sinal da besta e a adoraram. De outro lado, a Igreja
de Cristo, reunida por Ele próprio e por Seus anjos nos ares imediatamente
antes.
"Então, dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim,
malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos" (Mateus
25:41)
"Então, dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu
Pai, possuí por herança o Reino que vos está preparado desde a fundação do
mundo" (Mateus 25:34)
"Eis que vem o dia do SENHOR, em que teus despojos se repartirão no meio
de ti. Porque eu ajuntarei todas as nações para a peleja contra Jerusalém; e
a cidade será tomada, e as casas serão saqueadas, e as mulheres forçadas;
e metade da cidade sairá para o cativeiro, mas o restante do povo não ser á
extirpado da cidade.
E o SENHOR sairá, e pelejará contra estas nações, como pelejou, sim, no dia
da batalha. E naquele dia estarão os seus pés sobre o monte das Oliveiras,
que está defronte de Jerusalém para o oriente; e o monte das Oliveiras será
fendido pelo meio, para o oriente e para o ocidente, e haverá um vale muito
grande; e metade do monte se apartará para o norte, e a outra metade dele
para o sul...
E o SENHOR será rei sobre toda a terra; naquele dia um será o SENHOR, e
um será o seu nome " (Zacarias 14:1-4 e 9)
Por sua vez, o apóstolo Paulo nos mostra que apenas os corporalmente
glorificados herdarão o reino do Altíssimo. Essa é mais uma forte base para
crermos que o convite feito pelo Senhor Jesus para que ovelhas herdem o
Reino, se refere à Igreja:
"E agora digo isto, irmãos: que a carne e o sangue não podem herdar o reino
de Deus, nem a corrupção herdar a incorrupção" (I Coríntios 15:50)
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5] AS NAÇÕES NO MILÊNIO: ISRAEL E OS RESTANTES
Porém, esses dois grandes grupos deixam de lado duas grandes exceções:
os restantes das nações, os quais não subirão contra Jerusalém e o
remanescente da nação de Israel.
Não nos deteremos muito aqui para mostrar que Israel é um elemento à parte
dos bodes e das ovelhas de Mateus 25:31-46, posto que há um tratamento
especial do Senhor em relação à nação israelense no tempo em que ocorrer
a volta de Cristo. Ao estudar o livro de Zacarias, entre outros, o leitor poderá
facilmente discernir esse propósito:
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E acontecerá naquele dia, que procurarei destruir todas as nações que vierem
contra Jerusalém; Mas sobre a casa de Davi, e sobre os habitantes de
Jerusalém, derramarei o Espírito de graça e de súplicas; e olharão para mim,
a quem traspassaram; e pranteá-lo-ão sobre ele, como quem pranteia pelo
filho unigênito; e chorarão amargamente por ele, como se chora
amargamente pelo primogênito"(Zacarias 12:8-10).
"Naquele dia haverá uma fonte aberta para a casa de Davi, e para os
habitantes de Jerusalém, para purificação do pecado e da imundícia...
E farei passar esta terceira parte pelo fogo, e a purificarei, como se purifica
a prata, e a provarei, como se prova o ouro. Ela invocará o meu nome, e eu
a ouvirei; direi: É meu povo; e ela dirá: O SENHOR é o meu Deus" (Zacarias
13:1 e 9).
"E Jesus disse-lhes: Em verdade vos digo que vós, que me seguistes, quando,
na regeneração, o Filho do homem se assentar no trono da sua glória,
também vos assentareis sobre doze tronos, para julgar as doze tribos de
Israel" (Mateus 19:28)
Como já vimos, cremos que as palavras "...vinde benditos do meu Pai, possui
por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo...",
se referem à Igreja.
No entanto, entendemos que esse convite feito à Igreja para que a mesma
herde o Reino, trará consequências indiretas refletidas nas nações (gentios)
que entrarão no Milênio, da mesma forma que Raabe viu refletida sobre si e
sua família o procedimento que teve a respeito do povo escolhido do Eterno,
quando o mesmo estava prestes a entrar na Terra Prometida (Josué 2:1-24).
"E acontecerá que, todos os que restarem de todas as nações que vieram
contra Jerusalém, subirão de ano em ano para adorar o Rei, o SENHOR dos
Exércitos, e para celebrarem a festa dos tabernáculos.
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E acontecerá que, se alguma das famílias da terra não subir a Jerusalém,
para adorar o Rei, o SENHOR dos Exércitos, não virá sobre ela a chuva. E, se
a família dos egípcios não subir, nem vier, não virá sobre ela a chuva; virá
sobre eles a praga com que o SENHOR ferirá os gentios que não subirem a
celebrar a festa dos tabernáculos.
Nesse texto de Zacarias, fica bastante claro que entrarão no Milênio pessoas
pertencentes a nações que oficialmente subirão contra Jerusalém no
Armagedom.
Deixamos claro que há uma enorme diferença entre herdar o Reino e entrar
no Reino. Através da revelação da Palavra sabemos que os que aceitarem o
sinal da besta serão julgados e sentenciados ao fogo eterno, bebendo no
cálice da ira do Altíssimo (Apocalipse 14:9-10).
Logo, essas pessoas citadas por Zacarias, embora pertencendo a nações que
estarão sob o comando da besta e que subirão contra Jerusalém no derradeiro
convite maligno (Apocalipse 16:13-14), são pessoas que não receberão o
sinal da besta e nem farão parte dos exércitos da besta, se formos coerentes
com a revelação bíblica.
O profeta Ezequiel também nos mostra o mesmo cenário, quando Israel for
definitivamente restaurado e livrado:
"Assim diz o Senhor DEUS: No dia em que eu vos purificar de todas as vossas
iniquidades, então farei com que sejam habitadas as cidades e sejam
edificados os lugares devastados.
Então saberão os gentios, que tiverem ficado ao redor de vós, que eu, o
SENHOR, tenho reedificado as cidades destruídas, e plantado o que estava
devastado. Eu, o SENHOR, o disse e o farei" (Ezequiel 36:33-36).
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6] OS CRITÉRIOS DO JULGAMENTO
No entanto, convidamos você a refletir mais uma vez conosco. Para começar,
devemos considerar a quem originalmente Jesus disse aquelas palavras.
Para eles, havia coisas que o Senhor não havia revelado, pois não poderiam
suportar naquele estágio de maturidade (João 16:12). Jesus lhes falou de
acordo com esse contexto.
"... Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos
irmãos, a mim o fizestes" (Mateus 25:40)
Cremos que o Senhor não está aqui falando apenas de boas obras, mas das
verdadeiras obras, aquelas que se originam da fé e são um fruto visível dessa
fé (Tito 3:14, Efésios 2:10).
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de todas as eras que rejeitaram a graça do Pai mediante a fé serão julgados
pelas suas obras (Apocalipse 20:13).
Logo, está em perfeita sincronia com a revelação bíblica afirmar que os bodes
de Mateus 25:31-46 serão julgados e sentenciados tendo como critério as
suas obras, tal qual aponta o Senhor Jesus em Mateus 25:41-46.
Por outro lado, o convite feito às ovelhas não pode ser caracterizado como
salvação no sentido mais amplo da palavra, mas como parte inerente dessa
salvação. O convite para entrar no Reino é uma recompensa, uma
consequência para quem já é salvo.
É uma benção originada pela salvação. Afinal, as ovelhas estarão ali após
terem sido arrebatadas para encontrarem-se com Jesus nos ares e após
terem sido corporalmente glorificadas (Mateus 24:29-31, I Coríntios 15:50-
52).
Então, entendemos que o critério das boas obras, além de ser interpretado
sob o prisma da capacidade de compreensão dos interlocutores de Jesus
naquele momento, deve ser discernido sob os aspectos de condenação para
os ímpios e recompensa para a Igreja.
7] OS PEQUENINOS
Então, cremos que nas passagens de Mateus 25:40 e Mateus 25:45, o termo
não deve ser compreendido de outra forma. Entendemos que os "pequeninos"
citados pelo Senhor retratam as pessoas mais necessitadas do amor do
próximo.
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A verdadeira expressão de nossa fé e o verdadeiro fruto dela se mostra no
amor ao Criador e ao próximo. Tiago escreve nesse contexto:
"A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: Visitar os órfãos e
as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo" (Tiago
1:27)
A verdadeira fé sempre gerará verdadeiras obras e tudo isso ocorre pela graça
do Pai. A verdadeira Igreja do Senhor é conhecida através desses frutos do
Espírito Santo.
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ÍNDICE
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