Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A IGREJA E A TRIBULAÇÃO
Estamos vivendo num mundo cheio de contradições. Uma delas é o fato que, em
plena era da informática e das telecomunicações, muitas pessoas continuam
desinformadas a respeito daquilo que tem uma importância vital: o fim dos
tempos profetizado pelas Escrituras.
De acordo com os tópicos que abordamos neste livro, fica patente que a Igreja
de Cristo passará por um período de tribulação nunca visto, ao relacionar
diretamente a volta Dele em poder e glória para derrotar o anticristo e o
arrebatamento da Igreja como eventos simultâneos e não separados no tempo,
como acredita a maioria.
Esse tema é importantíssimo, pois verificamos que a maior parte dos cristãos
não está sendo preparada nas áreas espiritual, psicológica e estrutural para
enfrentar esses momentos de futura perseguição institucionalizada contra a
Igreja.
Temos como intuito principal dar aos nossos leitores uma ampla visão a respeito
das questões escatológicas, possibilitando que cada um, buscando o
discernimento que vem do Espírito do Criador, chegue às conclusões
verdadeiras.
Cremos que, da mesma forma que os nossos irmãos primitivos tiveram que
escolher entre viver de acordo com os princípios espirituais e morais do Império
Romano e a reclusão das catacumbas, devido à implacável perseguição oficial
desencadeada a partir do ano 64 d.C., a Igreja nos últimos tempos se verá diante
de igual conjuntura.
1
Aceitar a marca do anticristo ou viver à margem do sistema político, econômico
e religioso que governará o mundo nos próximos anos? Provavelmente, você e
família tenham que responder a essa pergunta num futuro muito próximo...
Já é hora de voltarmos a viver nossa vida em Cristo da mesma forma que aqueles
irmãos viviam, nos despojando de tudo aquilo que foi acrescentado durante a
história ao ensino original do Evangelho, na forma de costumes, dogmas,
hierarquias humanas, sofismas e paradigmas do paganismo.
Apenas uma volta radical ao que um dia foi seguido pelos nossos primeiros
irmãos, poderá fazer com que nós enfrentemos os dias tenebrosos que se
aproximam.
Cristãos maduros, que não sejam dependentes dos rituais e fórmulas oferecidas
por aí, nem dependentes de homens, mas dependentes da direção do Espírito
Santo em suas vidas.
Cristãos que saiam de uma vez por todas do constante estado de superstição,
legalismo, dependência emocional e infantilidade espiritual que são impostos
atualmente em tantos lugares.
2
I] A IGREJA E O ARREBATAMENTO
Talvez essa seja a questão central dentro da proposta deste livro. Em que
momento dos acontecimentos proféticos se dará o nosso encontro nos ares com
o Mestre, tal qual foi revelado em Mateus 24:30-31 e I Tessalonicenses 4:16-
17?
Essa questão assume vital importância, pois observamos que muitos não estão
atentando para essa questão. Muitos sequer cogitam a possibilidade de passar
por esses momentos de tribulação e provação (I Pedro 1:7).
Alguns atualmente estão mais preocupados em estar cada vez mais inseridos na
sociedade, aproveitando tudo o que ela pode oferecer, do que dedicados ao
estudo das profecias escatológicas. Que tipo de postura essas pessoas terão
diante dos últimos acontecimentos?
3
Tentaremos explicar porque o sistema pré-tribulacionista além de ser um ensino
novo no seio da Igreja, não possui suficiente base bíblica. Neste estudo não
estão incluídos todos os pontos referentes à questão abordada.
Na revelação profética proferida pelo Messias poucos dias antes de Sua morte,
a qual encontra-se registrada nos livros de Mateus, Marcos e Lucas, Ele relaciona
diretamente o arrebatamento à vinda em glória, deixando claro que acontecerão
ao mesmo tempo. Em Mateus 24:29-31, diz textualmente:
"E, logo depois da aflição daqueles dias, o sol escurecerá, e a lua não dará
a sua luz, e as estrelas cairão do céu e as potências dos céus serão abaladas.
Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; e todas as tribos da terra se
lamentarão, e verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com
poder e grande glória. E ele enviará os seus anjos com rijo clamor de trombeta,
os quais ajuntarão os seus escolhidos desde os quatro ventos, de uma à outra
extremidade dos céus".
Nesse texto, fica claro que a segunda vinda de Cristo acontecerá logo após a
grande tribulação (Mateus 24:21), será visível a nível mundial e em glória. É
neste momento que os escolhidos serão arrebatados de todas as partes da terra.
Não foi, como sustentam alguns, uma revelação exclusiva para os judeus. O
Salvador estava lidando naquele momento com os discípulos que seriam Suas
testemunhas no começo da Igreja e que iriam apascentar essa Igreja.
Pouco antes de subir aos céus, Cristo instruiu Seus discípulos, os mesmos que
tinham ouvido aquelas importantes revelações proféticas, para que fossem e
fizessem discípulos de todas as nações (não apenas judeus), batizando essas
pessoas em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, ensinando essas
mesmas pessoas a guardarem todas as coisas que Ele lhes tinha mandado
(Mateus 28:19-20).
4
Dentre "todas as coisas" que o Senhor lhes tinha revelado estão, obviamente,
as revelações feitas no Monte das Oliveira pouco antes de ser crucificado. Então,
não há nenhuma base para afirmar que Mateus 24:29-31 se aplique apenas ao
povo judeu e não à Igreja. Quem ensina isso está tentando fazer com que a
revelação se encaixe dentro de seu sistema escatológico em vez de deixar que
sua posição escatológica seja delineada pelo que revela claramente a Palavra de
Jesus Cristo.
Na primeira carta aos tessalonicenses, o apóstolo Paulo explica mais uma vez
como acontecerão os fatos (I Tessalonicenses 4:13-18). No versículo 16 ele
aborda a vinda de Cristo, dando a entender que esta vinda não será oculta para
as pessoas em geral e sim visível.
"Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e
com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro,
depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles
nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o
Senhor"
Fica claro que o apóstolo Paulo está falando sobre a segunda vinda de Jesus em
glória, lembrando aquilo que já havia sido revelado pelo Mestre! É muito mais
coerente crer assim do que afirmar que Paulo estava se referindo a um evento
completamente distinto do que havia sido revelado por Jesus.
5
Como já comentamos, são notórias e impressionantes as semelhanças com a
narrativa do sermão profético de Cristo:
Toda vez que Paulo ensina algo novo para os irmãos, algo que não havia sido
revelado ainda, ele deixa claro que se trata de um mistério até então encoberto.
Em sua primeira carta aos irmãos em Corinto, ele traz uma revelação a respeito
da glorificação corpórea que ocorrerá no momento da gloriosa vinda do Salvador
sobre os vivos e os mortos que fazem parte da Igreja. Em I Coríntios 15:51-52
está escrito:
"Eis aqui vos digo um mistério: Nem todos dormiremos; mas todos seremos
transformados. Num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última
trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e
nós seremos transformados"
Note que o apóstolo menciona "ante a última trombeta". Aqueles que já leram
o livro de Apocalipse sabem que a última trombeta ou a sétima de um total de
sete, será o sinal que desencadeará uma série de acontecimentos que levarão à
derrota final do anticristo e do falso profeta diante da vinda de Jesus em glória
(Apocalipse 11:15).
Por essa razão, alguns tendem a relacionar a última trombeta descrita por Paulo
na carta aos coríntios à sétima trombeta do Apocalipse, o que,
cronologicamente, está correto, pois a sétima trombeta desencadeará os últimos
eventos tribulacionais.
6
Também, não tem sustentação, para encaixar essa última trombeta dentro do
sistema pré-tribulacionista, basear-se na passagem de Números 10:1-10, com
o propósito de afirmar um último toque de trombetas dentro de uma série
específica, pois a afirmação de Paulo é contundente: o arrebatamento será ao
soar da última trombeta.
Portanto, não há razões para negar que Paulo, novamente, se sujeita ao ensino
de Cristo e transmite esse ensino aos irmãos em Corinto.
4] MÁRTIRES NA TRIBULAÇÃO
Em Apocalipse 6:9-11, é narrada uma forte cena. Aparecem irmãos que haviam
sido martirizados por causa da Palavra do Senhor e pelo testemunho que haviam
dado em sua geração, clamando ao Senhor por justiça e sendo consolados por
Ele.
Naquele momento é dito a eles que é preciso que esperem ainda "um pouco de
tempo" até que se completasse o número de seus conservos e seus irmãos que
haveriam de ser mortos, como também eles foram.
7
tribulacional, já que é clara a presença de martirizados durante esse período
(Apocalipse 20:4-6).
5] A PRIMEIRA RESSURREIÇÃO
Por outro lado, se esta é a primeira ressurreição, fica bastante óbvio que não
haverá nenhuma ressurreição em massa anterior a esse momento. Alguns, ao
8
deparar-se com esse claro e objetivo argumento, tentam contra-argumentar
sustentado a divisão da primeira ressurreição em etapas.
Aqueles que ainda estiverem vivos no momento da vinda gloriosa do Filho serão
transformados, como ensina Paulo em I Coríntios 15:50-52.
Paulo sabia que tal vinda não poderia ocorrer sem a concretização dos sinais
previamente profetizados pelo Mestre. Vejamos:
"Ora, irmãos, rogamo-vos, pela vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, e pela nossa
reunião com ele, que não vos movais facilmente do vosso entendimento, nem
vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como de
nós, como se o dia de Cristo estivesse já perto. Ninguém de maneira alguma
vos engane; porque não será assim sem que antes venha a apostasia, e
se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição".
9
Neste texto ficam claras duas verdades:
Por outro lado, fica implícito que Paulo toma o cuidado de não mencionar "aquilo"
e "quem" detém a revelação do anticristo. Se fosse a Igreja ou o Espírito Santo,
haveria razões para Paulo ocultar o sujeito por duas vezes, mesmo considerando
que os tessalonicenses já tinham ouvido isso diretamente de Paulo?
Alguns têm sugerido que o termo "apostasia" deve ser entendido como uma
referência ao próprio arrebatamento ao afirmar que tal termo significa "partida".
Então, de acordo com esse entendimento, a Igreja seria retirada da Terra antes
da manifestação do anticristo.
10
Paulo, para mostrar aos irmãos em Tessalônica que a vinda do Senhor não
ocorreria a qualquer momento, dá dois grandes sinais que antecederão a volta
do Senhor e nossa reunião com Ele: a apostasia e a manifestação do anticristo.
Tal revelação está em plena sincronia com o que já tinha sido revelado por Cristo
no sermão profético. Jesus profetizou como sinais que antecederiam Sua volta
o esfriamento do amor por parte de muitos (Mateus 24:12) e a abominação
desoladora (Mateus 24:15).
7] ALÍVIO NA TRIBULAÇÃO
"E a vós, que sois atribulados, descanso conosco, quando se manifestar o Senhor
Jesus desde o céu com os anjos do seu poder, como labareda de fogo, tomando
vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho
de nosso Senhor Jesus Cristo"
Devemos observar que o apóstolo Paulo se refere aqui ao dia em que os cristãos
seriam finalmente libertos das perseguições e tribulações do mundo. É
importante destacar alguns pontos fundamentais nessa passagem:
a) Quem são as pessoas que estão sendo atacadas e atribuladas de acordo com
essa passagem? Obviamente, trata-se dos cristãos vivos ao tempo do apóstolo
Paulo e que viviam constantemente sob perseguição. Por abrangência, o texto
se refere a todos aqueles que pertencem à Igreja e que estiverem vivos no
tempo da volta de Cristo, sob intensa perseguição e tribulação.
b) Quando eles terão descanso das tribulações? O apóstolo é claro: "... quando
do céu se manifestar o Senhor Jesus...". Uma manifestação, como descreve a
passagem, acompanhada de grande majestade e poder. Paulo descreve a volta
do Senhor Jesus acompanhado dos anjos do Seu poder, como uma labareda de
fogo, tomando vingança dos que não conhecem ao Pai e não obedecem as boas
novas do Senhor Jesus.
Nada disso nos remete a um rapto secreto e sim a um evento visível e glorioso.
O versículo 8 não deixa muita margem de dúvida que a passagem está referindo-
11
se a gloriosa volta do Senhor quando associa essa manifestação poderosa à
destruição dos inimigos de Deus.
"...Graças te damos, Senhor Deus Todo-Poderoso, que és, e que eras, e que hás
de vir, que tomaste o teu grande poder, e reinaste. E iraram-se as nações, e
veio a tua ira, e o tempo dos mortos, para que sejam julgados, e o tempo de
dares o galardão aos profetas, teus servos, e aos santos, e aos que temem o
teu nome, a pequenos e a grandes, e o tempo de destruíres os que destroem a
terra"
12
obras. No versículo seguinte (Mateus 16:28), o Senhor ensina que Ele virá em
Seu reino e que isso será visível.
Em Apocalipse 10:7, está escrito que o mistério do Eterno se cumprirá "nos dias
da voz do sétimo anjo, quando tocar a sua trombeta". Quando, sob o prisma dos
últimos acontecimentos, abordamos os conceitos "mistério" e "trombeta",
observamos um interessante sincronismo entre esta passagem e a revelação
dada a Paulo sobre o mistério que ocorreria ao soar da "última trombeta".
Esse sincronismo entre a revelação dada a Paulo e aquela recebida por João, nos
parece muito mais do que uma mera coincidência. Como já vimos anteriormente,
se formos coerentes com a clareza da revelação, a última trombeta será tocada
no momento da manifestação visível do Senhor nos céus (Mateus 24:31).
Então, quando Paulo fala de "última trombeta", cremos que o apóstolo está
citando o que o Senhor já havia ensinado. Porém, considerando que o escritor
do Apocalipse não faz nenhuma menção explícita ao encontro da Igreja com o
Senhor nos ares, acreditamos que o mistério mencionado em Apocalipse 10:7
esteja relacionado a esse evento maravilhoso, no qual receberemos corpos
glorificados.
13
dúvidas que eles tinham a respeito da localização geográfica e histórica dos
eventos profetizados pelo Mestre.
Jesus respondeu a Seus discípulos com uma declaração enigmática que está
registrada não somente no texto de Lucas 17:37, mas também em Mateus
24:28: "...Onde estiver o corpo, aí se ajuntarão as águias".
Ainda mais: a pergunta dos discípulos foi feita imediatamente depois de Cristo
descrever o arrebatamento (versículos 34 e 36), estando, obviamente, a
resposta dessa pergunta atrelada diretamente à localização desse evento dentro
do contexto dos últimos acontecimentos.
Se na resposta dada pelo Mestre nós vemos uma realidade que só será
concretizada na derrota dos exércitos do anticristo no Armagedom, como
abordaremos posteriormente ao comentar Apocalipse 19:17-18, fica
estabelecida mais uma vez pelo próprio Cristo uma relação direta e única no
tempo entre a Sua vinda gloriosa, o arrebatamento da Igreja e a derrota do
anticristo e os seus exércitos no Armagedom, colocando todos esses eventos
nos momentos finais da grande tribulação!
Esse fato marcante e forte que ocorrerá na volta gloriosa de Cristo para arrebatar
a Igreja, derrotar os exércitos do anticristo e livrar Israel está descrito em
Apocalipse 19: 17-18, envolvendo os mesmos elementos citados por Jesus em
Lucas 17:37 e Mateus 24:28 (aves de rapina e corpo):
"...E vi um anjo que estava no sol, e clamou com grande voz, dizendo a todas
as aves que voavam pelo meio do céu: Vinde e ajuntai-vos à ceia do grande
Deus, para que comais a carne dos reis, e a carne dos tribunos, e a carne dos
fortes, e a carne dos cavalos e dos que sobre eles se assentam; e a carne de
todos os homens, livres de servos, pequenos e grandes"
14
Esse texto descreve os momentos seguintes à volta de Cristo, quando o mesmo
derrotará os exércitos do anticristo no Armagedom e revela a sorte que terão os
corpos dos exércitos derrotados, levando-nos a uma relação lógica com a
declaração enigmática de Jesus em Lucas 17:37 e Mateus 24:28: "...Onde
estiver o corpo, aí se ajuntarão as águias...".
O que fica patente em todos esses textos e em muitos outros que analisaremos
neste site, é que o arrebatamento da Igreja não deve ser separado da volta de
Cristo em glória.
O PRÉ-TRIBULACIONISMO
15
A maioria dos cristãos no século XVIII era pós-milenista e historicista. Ou seja,
eles entendiam que Jesus voltaria depois do Milênio e que os fatos e sinais
profetizados no Apocalipse e noutras passagens bíblicas, já tinham se cumprido
durante a história.
Era comum interpretar os 1.260 dias descritos no Apocalipse como 1.260 anos,
ou os 2.300 dias descritos em Daniel como 2.300 anos. Então, o pré-
tribulacionismo surgiu nessa convergência histórica e baseado nessa
mentalidade.
Essa revelação foi aceita pelo pastor Edward Irving como uma mensagem divina
e, logo após, ele buscou argumentá-la com textos bíblicos no jornal "The Morning
Watch", na edição de junho de 1831. Anos depois, o modelo pré-tribulacionista
foi sistematizado por John Darby, unindo os fundamentos surgidos entre os
irvingistas com as premissas do dispensacionalismo.
Com o passar dos anos, principalmente depois das duas guerras mundiais, a
posição pós-milenista foi perdendo força, diante do inegável fato histórico de
que os poderes mundiais caminham para a destruição e não para uma
restauração espiritual generalizada anterior à vinda do Senhor.
Uma leitura que recomendamos àqueles que quiserem conhecer mais sobre as
verdadeiras origens históricas do pré-tribulacionismo está na obra "The Life of
Edward Irving", de autoria de Mrs Olifant, publicada por Hurst e Blackett em
1865 na cidade de Londres, Inglaterra.
16
Cremos nas manifestações do Espírito de Deus. Também cremos que o Ele age
com quem Ele quer e da forma que Ele quer. O que não pode haver, em hipótese
alguma, é a aceitação de uma revelação que se coloca contra verdades bíblicas.
Tendemos a crer que é bem possível que a revelação recebida por Margaret
McDonald, caso realmente tenha sido algo oriundo do Espírito Santo, estivesse
apontando para uma proteção especial que muitos terão durante o período
tribulacional (Apocalipse 3:10).
Porém, o que fica claro neste ponto é que a interpretação que foi dada a respeito
da revelação pelos líderes dos irvingistas aponta para algo que foge à Verdade
das Escrituras e do que havia sido ensinado pelos apóstolos no primeiro século.
Por outro lado, uma análise imparcial e sem visões pré-concebidas dos textos
bíblicos que tratam dos acontecimentos relacionados à volta do Senhor, não
permitem afirmar que o arrebatamento se dará num momento diferente da
segunda vinda.
17
aqueles que acreditam no arrebatamento como um evento anterior à tribulação
que virá sobre a Terra.
a] GUARDADOS OU TIRADOS?
Fica subentendido que, aqueles que pertencem à igreja fiel (Filadélfia), serão
protegidos pela mão do Altíssimo, que está no controle de tudo. O verbo guardar
aqui está relacionado à ideia de livramento e proteção em meio à tribulação.
Não significa que a Igreja se encontrará nos ares com Cristo com o objetivo de
ficar fora da tribulação e sim que será "guardada" durante a tribulação.
18
Ao orar para que os discípulos fossem guardados do mal, Jesus não estava
dizendo que Satanás não poderia tentá-los ou que eles seriam transladados para
um local onde não pudessem ser tentados. Simplesmente, o Mestre pede para
que o Pai guarde os discípulos em segurança e impeça que o inimigo tenha
vitória sobre eles.
"Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para a aquisição da salvação,
por nosso Senhor Jesus Cristo" (Veja também I Tessalonicenses 1:10)
Esse livramento acontecerá também com a Igreja no fim dos tempos. Contudo,
tal livramento não significa que há necessidade de retirar do planeta quem não
será alcançado pela ira.
Não há nenhum precedente histórico nem ensinamento bíblico que aponte para
isso. Consequentemente, usar o texto citado como sustentáculo da teoria do
arrebatamento anterior à tribulação com o objetivo de livrar a Igreja da ira
divina, não nos parece o mais apropriado.
É preciso notar na passagem a antítese que Paulo faz entre "ira" e "salvação".
Se seguirmos a tortuosa dedução pré-tribulacionista e associarmos o termo
"salvação" a uma preservação física dos filhos do Eterno, com o objetivo de que
não sejam atingidos fisicamente por eventos catastróficos, então deveríamos
excluir dessa "salvação" o próprio Paulo, pois o mesmo sofreu catástrofes
naturais, torturas físicas e por último a morte física em meio a uma perseguição
maligna e a uma tribulação impiedosa!
19
O dano máximo que um verdadeiro cristão pode chegar a sofrer numa tribulação
é a morte física, como aconteceu com o próprio apóstolo Paulo. A salvação
independe totalmente dos danos físicos sofridos sob a perseguição de um
sistema de governo maligno ou de eventos catastróficos.
Por outro lado, sabemos que o Senhor é Poderoso para guardar e preservar
fisicamente aqueles que Ele quiser durante tais eventos, assim como Ele é
poderoso para ressuscitar e glorificar todos Seus discípulos que morreram e
morrerão, sem importar a forma como tenham falecido.
20
c] DIA DO SENHOR INESPERADO?
"Porque vós mesmos sabeis muito bem que o dia do Senhor virá como o ladrão
de noite; pois que, quando disserem: Há paz e segurança! Então lhes sobrevirá
repentina destruição, como as dores de parto àquela que está grávida; e de
modo nenhum escaparão"
Porém, temos que observar alguns tópicos importantes para entender melhor
que foi escrito pelo apóstolo dos gentios.
Entretanto, o apóstolo não diz que haverá paz e segurança, e sim "...quando
disserem...". Quando estudamos a figura e atuação do anticristo, descobrimos
que ele terá um grande poder de convencimento e manipulação através da fala,
e, sem dúvidas, essa promessa de paz e segurança virá dele.
Com esse discurso, ele seduzirá a muitos durante a tribulação até o momento
final em que reunirá todos os exércitos da Terra contra Israel. Acreditamos que
ele usará como argumento para convencer todas as nações a marcharem contra
Israel, a paz e a segurança mundial, afirmando que a nação israelense seria o
único obstáculo para que isso finalmente acontecesse no mundo.
"O sol se converterá em trevas, e a lua em sangue, antes que venha o grande e
terrível dia do Senhor. E há de ser que todo aquele que invocar o nome do
Senhor será salvo; porque no monte Sião e em Jerusalém haverá livramento,
21
assim como disse o Senhor, e entre os sobreviventes, aqueles que o Senhor
chamar"
Logo, o Dia do Senhor surpreenderá que está em trevas. O Dia do Senhor não
surpreenderá a Igreja. O Senhor não virá como um ladrão para a Igreja e sim
para aqueles que estiverem em trevas.
É isso que Paulo ensina. Por outro lado, a revelação apocalíptica deixa claro que,
mesmo em meio à grande tribulação e até mesmo nos momentos finais dela, os
ímpios não atentarão para a proximidade da vinda do Senhor, fazendo com que
todo argumento pré-tribulacionista referente à necessidade de que os eventos
ocorram antes da tribulação para "surpreender" as pessoas, caia por terra.
22
d] O TERMO "APOSTASIA" DESCREVE O ARREBATAMENTO?
Logo depois, Ele revela que haverá a abominação desoladora no lugar santo.
Paulo, na passagem aos tessalonicenses, coloca a apostasia e a manifestação do
anticristo como sinais que antecedem a vinda do Senhor e o nosso encontro com
Ele nos ares, para ensinar que tais sinais deveriam ocorrer antes do regresso do
Senhor.
Então, não há razões para não crer que Paulo estava citando aos tessalonicenses
os mesmos sinais que já haviam sido profetizados pelo Mestre! Em segundo
lugar, devemos considerar a coerência de Paulo no ensino ministrado durante
todo o seu ministério.
A segunda carta aos tessalonicenses foi uma das primeiras escritas pelo
apóstolo. Porém, pouco antes de ser martirizado, ele escreve a Timóteo e ensina
que no final dos tempos muitos apostatariam da fé (I Timóteo 4:1), voltando a
lembrar o ensino original do Senhor.
Por outro lado, caso Paulo estivesse se referindo a um rapto secreto ao escrever
a palavra "apostasia", por que esse importante ensino não foi levado adiante
pelas gerações seguintes?
23
Ou seja, o contexto apontado por Paulo é o da vinda do Senhor para aliviar a
Igreja atribulada e não para evitar que a Igreja ingressasse na tribulação.
Muitos usam esse texto para argumentar que aquilo que detém a manifestação
e revelação do anticristo e seu sistema, é a Igreja. Outros sustentam que se
trata do próprio Espírito Santo ou até mesmo os dois (Espírito Santo e Igreja).
Elas profetizarão por mil duzentos e sessenta dias e serão mortas pelo anticristo,
porém reviverão após três dias e meio de forma sobrenatural. O texto contido
em Daniel 7:21, deixa transparecer que muitos santos serão martirizados na
mesma ocasião da morte das duas testemunhas.
24
Essas pessoas fazem parte do corpo de Cristo que é a Igreja, a menos que se
queira dividir o Corpo em segmentos, o que se opõe a toda revelação bíblica.
25
uma possível "remoção" do Espírito Santo da Terra para que o anticristo possa
se manifestar.
Isso descartaria a hipótese do Império Romano, que ruiu há muito tempo. Note
que Paulo fala de resistência ao mistério em si e não propriamente à revelação
do anticristo. Essa revelação será uma consequência física de causas espirituais.
5. Quem resiste precisa ter uma autoridade ou força maior ou pelo menos
semelhante à força que está sendo resistida. Afinal de contas, estamos falando
de 2.000 anos de resistência...
No livro de Daniel, fica implícita a ideia de que arcanjo Miguel, um dos primeiros
príncipes, cumpre funções de resistência espiritual. Isso fica exposto em
passagens como Daniel 10:12-13, Daniel 10:20-21 e Daniel 12:1.
Você está preparado para essa vinda? Você está preparado para não se prostrar
diante da imagem da beste nem receber seu número, mesmo que isso traga seu
martírio? Não resta muito tempo para pensar nas respostas...
26
II] CONTROLE MUNDIAL
O que torna a Bíblia um livro especial é a sua essência divina. Ela traz verdades
que transcendem o tempo e o espaço. As profecias fazem parte desse contexto,
no qual o que está escrito se cumpre verdadeiramente.
Tudo hoje nos leva a acreditar que este sistema será implantado já nos próximos
anos. Será uma ação conjunta entre as nações num cenário pós-guerra ou pós-
colapso, provavelmente após a queda dos EUA como força hegemônica
internacional ou depois de um conjunto de fatores envolvendo guerras, pestes
e fenômenos na natureza.
Em 2009, o próprio papa da Igreja Católica Romana, Bento XVI, declarou que o
mundo precisa de um líder que gerencie a economia global, para que não se
27
repitam momentos como a crise dos subprime, a qual estourou nos EEUU no
final de 2008...
Chegará o momento em que ele se tornará contra tudo o que se chama "deus"
e destruirá o próprio sistema religioso prostituído que ajudou a colocá-lo no
poder (II Tessalonicenses 2:4, Apocalipse 17:16-18).
Como podemos observar, esse novo sistema será aclamado pela população da
Terra como a solução para suas mazelas. Após um tempo de guerra, desespero,
crise econômica e pavor total, o novo sistema surgirá apresentando e
prometendo um novo tempo de paz, tranquilidade, progresso espiritual da
humanidade e igualdade entre os povos.
Não duvidamos que neste momento haja um "milagre financeiro", ou seja, algo
sobrenatural acontecendo na economia mundial, servindo como pano de fundo
para o surgimento do anticristo como destaque dentro do novo sistema. Não
podemos esquecer das visíveis manifestações espirituais do engano que haverá
no tempo do fim [II Tessalonicenses 2:9-11].
Deixamos claro que tais cogitações são apenas cenários possíveis de como
ocorrerão essas coisas, para que estejamos atentos a essas prováveis
mudanças. Porém aquilo que está profetizado certamente se cumprirá, mesmo
que não seja detalhadamente como nós pensamos.
28
1] UMA INSTALAÇÃO PAULATINA
Esse será, do ponto de vista espiritual, um momento crítico, pois muitos que se
denominam cristãos e dizem seguir o que está escrito na Bíblia, poderão ser
seduzidos pelo sistema, tamanho seu compromisso com o mundo e a vida
secular.
A seguir, abordaremos alguns passos que poderão ser adotados para que o
controle global profetizado no Apocalipse ocorra finalmente. Esses passos podem
acontecer com alguma diferença linear dos acontecimentos, porém o resultado
final será o mesmo: o controle mundial das pessoas na face da Terra, com o
objetivo de serem escravizadas pela besta.
29
Os que não aceitarem essas mudanças serão tratados num primeiro momento
como "retrógrados" e serão vistos com suspeita pela sociedade. Com o decorrer
do tempo começarão a ser marginalizados e perseguidos como criminosos que
se opõem à nova ordem.
O Mestre nos insta de uma forma clara a estarmos vigilantes em todo momento,
para não sermos enganados (Mateus 24:4, Mateus 24:24-25, Mateus 24:32-51,
Mateus 25:1-30).
Isso pode não fazer sentido para um pré-tribulacionista, o qual crê que estará
isento da tribulação, mas faz sentido para quem crê que o encontro com Cristo
se dará após a revelação do anticristo (II Tessalonicenses 2:1-3).
30
Consequentemente, um irmão pré-tribulacionista, em tese, não teria muito
problema em aceitar tais sistemas. Porém, amorosamente, deixamos aqui nosso
alerta: E se o pós-tribulacionismo estiver correto em seus postulados? Como
ficaria um irmão podendo ser identificado, monitorado e rastreado em qualquer
lugar do planeta? Pense nisso...
Mesmo não sendo o sinal da besta, o qual será implantado no começo da grande
tribulação, as modernas tecnologias de identificação poderão ser uma armadilha
mortal para milhões de irmãos, os quais, ao serem facilmente rastreados e
localizados, poderão se tornar vítimas em potencial do sistema maligno que se
aproxima.
Uma sábia escolha é não aceitar nenhum sistema que permita que sejamos
monitorados pelo futuro sistema mundial maligno, mesmo que isso signifique
ficar à margem do contexto social.
Esperamos que você também tome uma decisão a respeito e que essa decisão
seja baseada na bendita esperança que há no coração daqueles que esperam a
volta do Filho.
É claro que a esperança que o cristão tiver a respeito do nosso encontro com
Cristo (arrebatamento), anterior ou posterior à tribulação, pesará muito nessa
decisão. Rogamos ao Eterno que o Seu Espírito guie a cada leitor nosso pelo
caminho da Verdade!
31
2] A MARCA DA BESTA
Embora o texto original de Apocalipse aponte para uma marca colocada sobre a
pele e não dentro dela, os modernos sistemas de controle e rastreamento não
devem ser descartados como instrumentos que poderão ser utilizados
juntamente com uma marca visível.
32
Isso quer dizer que a marca será aceita por aqueles que comungarão com o
sistema religioso ecumênico que imperará na época e também por aqueles que
não vão querer ficar à margem do sistema financeiro e social globalizado.
Acreditamos que, para que estes acontecimentos tenham lugar, deve haver uma
habilitação espiritual da maioria da humanidade, que abraçará a mensagem do
falso profeta sem restrições, dando condições espirituais para que o anticristo
se manifeste plenamente e sele as pessoas com a sua marca.
É lamentável observar que alguns cristãos estão tão inseridos no mundo, que
farão tudo para mantê-lo e melhorá-lo. Vão querer manter sua rotina e seu
status a qualquer preço, mesmo que esse preço seja aceitar as regras da besta...
33
certos países ou blocos de países a seus cidadãos depois de um evento
catastrófico a nível mundial. Não sabemos como se dará isso, em termos
cronológicos e metodológicos.
Então, será imposta a marca da besta. Cremos que essa marca será um sinal
colocado sobre a pele da mão direita ou da testa das pessoas que a aceitarem.
Em determinado momento, para que se cumpra a Palavra, será impossível
comprar ou vender, para quem estiver à margem do sistema mundial.
Bom seria que todos os líderes eclesiásticos pudessem ensinar isso também de
forma periódica. O Rei dos reis nos insta a termos esperança e perseverança em
meio a todos esses acontecimentos.
Nossa missão até lá é fazer a obra do Senhor até a Sua vinda e cumprir uma
grande missão especial até o fim dos tempos: a pregação do Evangelho em todas
as nações (Mateus 24:14).
"Quem é, pois, o servo fiel e prudente, que o seu senhor constituiu sobre a sua
casa, para dar o sustento a seu tempo? Em verdade vos digo que o porá sobre
todos os seus bens" (Mateus 24:45-46).
"E seguiu-os o terceiro anjo, dizendo com grande voz: Se alguém adorar a besta,
e a sua imagem, e receber o sinal na sua testa, ou na sua mão, também este
beberá do vinho da ira de Deus, que se deitou, não misturado, no cálice da sua
ira; e será atormentado com fogo e enxofre diante dos santos anjos e diante do
Cordeiro. E a fumaça do seu tormento sobe para todo o sempre; e não têm
34
repouso nem de dia nem de noite os que adoram a besta e a sua imagem, e
aquele que receber o sinal do seu nome" (Apocalipse 14:9-11).
Qual será a sua posição diante de tudo isso? Você viverá de acordo com o
sistema ou terá coragem de se opor a ele e ser perseguido?
35
III] A IGREJA NA TRIBULAÇÃO
Muitos têm sustentado que essa hipótese nem deve ser levada em consideração,
pois, teoricamente, a Igreja não está destinada a viver esse momento de aflição
máxima que sobrevirá ao mundo.
Como poderia um Pai amoroso deixar o seu povo à mercê de uma realidade tão
caótica e maligna? Isso realmente poderia acontecer? Para responder a essas
perguntas, devemos considerar qual é a posição da Igreja em relação ao mundo
e passear um pouco pela história do corpo de Cristo na Terra através dos séculos.
1] A IGREJA NA HISTÓRIA
A Igreja é um corpo espiritual, criado por Jesus, que tem permanecido na Terra
por séculos, mas que não pertence a esse mundo. Pelo contrário, espera um
novo mundo, com céus e Terra recriados (Apocalipse 21:1-27).
36
Após a morte e ressurreição do Salvador, foi a vez da própria Igreja ser
perseguida. Apóstolos, diáconos e cristãos em geral foram presos, apedrejados,
torturados e brutalmente assassinados.
Desses fatos tiramos uma importante lição: quando a Igreja mantém a sua
posição espiritual e não se prostitui com o sistema nem se conforma com o
mundo, ainda que isso resulte em perseguição, ela cresce e é abençoada.
Pelo contrário, quando ela é "bem vista" e recebida sem reservas pela sociedade,
está entrando num caminho mortal, significando que a Igreja está tão inserida
no sistema e nos costumes sociais, que já não existe diferença nem confronto
espiritual entre ela e o mundo. Essa realidade tem permanecido através dos
séculos e terá seu desfecho nos últimos tempos.
37
Diante de tal perseguição, nós teremos a promessa de vitória feita pelo Senhor.
Ele venceu o mundo e determinou a nossa vitória sobre a morte, nos dando vida
eterna.
Porém, a morte física para o verdadeiro cristão não significa derrota, e sim a
certeza de um novo corpo, incorruptível e glorificado, para reinar com Cristo
após a sua volta (Apocalipse 20:6).
2] O MOMENTO ATUAL
Estamos vivendo um tempo de relativa paz e tolerância para a Igreja cristã. Esse
momento não deve ser usado para justificar uma atitude de acomodação e
apostasia, e sim como uma oportunidade única dada pelo Eterno para a
evangelização e o crescimento espiritual de seu povo.
Dias virão em que muitos desejarão ouvir as boas novas, mas não poderão, pois
os servos do Pai estarão sendo impiedosamente perseguidos e caçados. O
momento oportuno para evangelizar é este.
Uma simples palavra dita a alguém hoje, poderá fazer essa pessoa mudar a sua
atitude num futuro próximo, quando os fatos começarem a acontecer na íntegra
e ela lembrar das verdades proféticas que você lhe falou anos antes...
3] PERSEGUIÇÃO GRADUAL
Neste ponto, convém fazer um aparte para comentar como se dará essa
perseguição religiosa. Em primeiro lugar, não será uma perseguição surgida do
"nada" e sim um movimento que terá uma argumentação "razoável".
38
Da mesma forma que a perseguição contra a Igreja primitiva alcançou seu ápice
após o imperador Nero ter atribuído aos cristãos a culpa pelo incêndio de Roma,
gerado por ele próprio, acreditamos que os cristãos e outros grupos que se
opuserem a adotar o novo sistema, começarão a ser perseguidos por algo
negativo atribuído a eles.
39
deverão ter algum sistema de sobrevivência mínima e armazenamento de
artigos básicos que permitam a sua existência e atividade evangelística nessa
realidade difícil.
Cada cristão perseguido nos últimos tempos o será por opção própria, ao não
aceitar conscientemente a marca da besta. Saberá que poderá ser capturado e
morto a qualquer momento, porém, o fará convicto da ressurreição que o espera
em breve.
É importante salientar que a verdadeira Igreja nos últimos tempos não será uma
Igreja "escondida", ou seja, uma Igreja medrosa, temerosa e com receio de ser
martirizada, e sim uma Igreja subterrânea, ou seja, isolada do convívio social,
porém atuante, valorosa, evangelizadora e com membros que não terão medo
de perder a sua vida e sofrer todo tipo de torturas por causa do evangelho de
Cristo.
Hoje, é relativamente "fácil" ser cristão. Daqui a alguns anos, diante da realidade
que se aproxima, veremos quem realmente tem compromisso espiritual com o
Mestre. Lembremos que o Pai deixa em sua palavra promessas maravilhosas
para esse povo santo.
Em Apocalipse 2:10-11 diz: "...Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida.
Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. O que vencer não
receberá dano da segunda morte". Também Apocalipse 7:14-16 traz promessas
inefáveis para os que forem martirizados naquele tempo:
"... Estes são os que vieram da grande tribulação, e lavaram suas vestes e as
branquearam no sangue do Cordeiro. Por isso estão diante do trono de Deus, e
o servem de dia e de noite no seu templo... Nunca mais terão fome, nunca mais
terão sede, nem sol nem calma alguma cairá sobre eles".
40
5] PRESENÇA DA IGREJA NA TRIBULAÇÃO
Esses "reis" estarão prontos para atacarem Israel, deixando assim implícita a
manutenção de uma logística e infraestrutura mínimas para que um ataque
dessas proporções seja tramado e operacionalizado.
É preciso observar que muitos dos juízos apocalípticos, sobretudo na fase das
trombetas, serão enviados especificamente sobre a besta, seu reino (capital) e
sobre aqueles que estiverem com a marca da besta.
41
Em Gênesis 8:21-22, Deus, após a destruição causada pelo dilúvio, revela: "Não
tornarei mais a amaldiçoar a terra por causa do homem; porque a imaginação
do coração do homem é má desde a sua meninice; nem tornarei mais a ferir
todo o vivente, como fiz. Enquanto a terra durar, sementeira e sega, e frio e
calor, e verão e inverno, e dia e noite, não cessarão".
O profeta Zacarias nos revela que haverá sobreviventes de todas as nações após
a grande tribulação: "E acontecerá que todos os que restarem de todas as
nações que vieram contra Jerusalém, subirão de ano em ano para adorar o Rei,
o Senhor dos exércitos, e para celebrarem a festa dos tabernáculos" [Zacarias
14:16].
B] Quando Jesus relacionou a sua vinda aos dias de Noé, o fez direcionando seu
comentário unicamente ao descaso que houve por parte das pessoas quando o
dilúvio foi anunciado. Esse mesmo descaso será verificado no final dos tempos
(Mateus 24:37-39).
1) O dilúvio ocorreu para exterminar todo ser vivente da Terra, excetuando Noé
e a sua família. A tribulação e a segunda volta do Salvador não visam exterminar
42
todos os seres viventes da Terra, e sim derrotar de uma vez por todas o sistema
político e religioso humano que tem dominado o mundo por séculos (Gênesis
8:21-22 e I João 5:19).
2) Noé e família foram salvos do dilúvio através da arca, pois era necessário que
a linhagem humana proveniente de Eva e seu filho Set permanecesse viva, para
que se cumprisse a profecia divina a respeito do nascimento de Jesus através
da semente da mulher (Gênesis 3:15). Era necessário que Noé e família fossem
salvos fisicamente.
A nossa verdadeira arca é o nosso Salvador. A arca usada por Noé lhe trouxe
livramento da destruição sobre o planeta e salvação física. Jesus nos traz
salvação espiritual da destruição eterna.
Ao associar os dias de Noé aos dias da sua vinda (no contexto do capítulo 24 de
Mateus fica claro que trata-se de sua vinda em glória e majestade), estava
falando do descaso da maioria para ambos os eventos.
Não existe base bíblica alguma para relacionar a arca a um arrebatamento pré-
tribulacional, visando manter a integridade física da Igreja e evitar que ela passe
por um período tribulacional.
Se assim fosse, Pedro, Paulo, Tiago, Estevão, Policarpo e tantos outros irmãos
martirizados em processos tribulacionais, estariam "fora da arca". Eles sabiam
que o dano máximo que um servo do Altíssimo pode sofrer na tribulação e
perseguição é a morte física e que a salvação eterna já estava assegurada. Para
eles, o viver era Cristo e o morrer lucro. Essa deve ser a nossa visão...
Em Lucas 17:26-32, o Mestre torna a comparar os dias da sua volta aos dias de
Noé, citando, como já vimos, o descaso que haveria no final dos tempos. No
caso da comparação com Noé, Jesus utiliza a expressão "nos dias" (versículo
26), dando a entender que a comparação referia-se a um período relativamente
extenso que antecederia a sua vinda.
Porém, a partir do versículo 29, Ele relaciona o dia da sua vinda ao dia em que
Ló foi tirado de Sodoma. Naquele mesmo dia, as cidades de Sodoma e Gomorra
foram destruídas.
43
Essa comparação feita por Cristo, deixa a nítida ideia de um arrebatamento que
antecederá o momento definitivo, tirando a Igreja da destruição final, quando
os exércitos do anticristo serão exterminados, da mesma forma que Sodoma e
Gomorra o foram.
Então, vemos que existe uma diferença crucial entre as duas comparações já
citadas. No caso da comparação aos dias de Noé, Jesus fala de si próprio como
"dias do Filho do homem" (v26), estabelecendo um período mais abrangente,
até mesmo para exemplificar o descaso generalizado da população durante certo
tempo. Sem dúvidas, Noé levou um tempo considerável para a construção da
arca e para ajuntar todos os animais. O dilúvio não ocorreu "de uma hora para
outra".
Não será, como afirmam alguns, uma Igreja composta por "ex-desviados" ou
cristãos "deixados para trás" durante o arrebatamento pré-tribulacional.
Não é isso que observamos nas passagens que serão abordadas. Elas descrevem
uma Igreja cheia do Espírito Santo, atuante, resistente e consciente das palavras
do Mestre: "Qualquer que procurar salvar sua vida, perdê-la-á, e qualquer que
a perder, salvá-la-á” (Lucas 17:33).
Os verdadeiros servos fiéis nos últimos tempos saberão que o servo não é maior
que o seu Senhor. Ou seja, se nosso Salvador foi perseguido religiosamente
pelos líderes espirituais de seu povo e morto por um império político mundial,
eles poderão sofrer essas mesmas consequências a qualquer momento!
Essa realidade não condiz com a atual, na qual é até "bem visto" socialmente
ser cristão, mas se aplica com mais propriedade a uma realidade tribulacional.
44
duas razões: a nação israelita não será atacada pela besta até o momento
culminante da grande tribulação no Armagedom.
Não faria sentido o anticristo fazer guerra e vencer Israel e meses depois reunir
todos os exércitos do mundo para atacar o país anteriormente derrotado. Daniel
7:21-22 aborda o mesmo acontecimento e nos revela outro detalhe importante:
os santos que serão vencidos (martirizados) no versículo 21, possuirão o reino
no versículo 22, após a segunda vinda de Jesus em glória. Possuir o reino é uma
das promessas deixadas à Igreja.
2. Em Apocalipse 12:17, a besta, ao não poder atacar parte dos escolhidos, que
serão protegidos durante três anos e meio (o que abordaremos no tópico IGREJA
PROTEGIDA), ataca aos demais filhos da mulher, os que guardam os
mandamentos do Pai e mantêm o testemunho de Jesus.
Outra vez, não pode tratar-se do povo judeu, já que eles não mantêm o
testemunho de Jesus e apenas serão tocados diante da vinda pessoal e gloriosa
do Mestre (Zacarias 12:10). O verbo manter, nos revela uma conotação de
resistência em meio a perseguição maligna da besta.
5. Em Apocalipse 20:4, fica explícito que servos do Messias que não aceitaram
a marca da besta, participarão da primeira ressurreição. Se é a primeira
ressurreição e se dela participam cristãos que se opuseram ao anticristo e ao
seu sistema e foram mortos por isso, então subentende-se que não haverá
arrebatamento pré-tribulacional, pois não poderia haver uma ressurreição em
massa anterior à primeira ressurreição.
45
causa dos escolhidos. Não cremos que o termo "escolhidos" refere-se
exclusivamente ao povo judeu pois, oito versículos mais adiante, em Mateus
24:31, Jesus revela que esses escolhidos serão arrebatados nos ares por ocasião
da sua vinda em glória.
8. A Igreja primitiva tinha uma consciência muito clara da tribulação que teriam
que enfrentar, pois a mesma havia sido predita pelo próprio Cristo. Ao esperar
a volta gloriosa de Jesus já em seus dias, como fica claro nas abordagens de
Paulo a esse respeito, a Igreja primitiva nem sequer questionava o fato de estar
vivendo uma perseguição cruel e estar atravessando uma tribulação profunda.
Eles não esperavam que Jesus os arrebatasse para evitar a sua entrada no
período tribulacional e sim que Jesus viesse em glória para arrebata-los e
derrotar o sistema que os oprimia.
Isso fica bastante explícito na direção dada por Paulo em II Tessalonicenses 1:7-
8: "E a vós, que sois atribulados, descanso juntamente conosco, quando se
46
manifestar o Senhor Jesus desde o céu com os anjos do seu poder, como
labareda de fogo, tomando vingança dos que não conhecem a Deus e dos que
não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo".
O Mestre profetizou que a grande tribulação antecederia a sua volta e que seria
um período de escuridão nunca antes visto sob a face da Terra, colocando esse
período para o final dos tempos. Portanto, fica demonstrado nos versículos
mencionados acima, que cristãos serão martirizados durante a "grande
tribulação", determinando mais uma vez de forma inquestionável a presença da
Igreja durante esse período.
6] A IGREJA PROTEGIDA
47
para tentar os que habitam na terra". Esse versículo nos revela que parte da
Igreja será guardada durante a tribulação.
Tentar explicar como acontecerá isso é como tentar explicar como o povo hebreu
foi preservado no Egito durante o envio das dez pragas... Note que o povo de
Israel não foi arrancado do Egito durante as pragas, mas foi protegido de forma
sobrenatural.
Nesta passagem vemos três grupos: os que são entendidos e ensinam ao povo,
e por causa desse testemunho são mortos pela espada e pelo fogo, os que são
ajudados com "pequeno socorro" e aqueles que serão ludibriados com as lisonjas
do maligno. Essa é uma descrição clara da Igreja em tempos de tribulação.
Uma parte é martirizada, por causa de seu testemunho e do seu ensino em meio
à perseguição política e religiosa, outra parte dos cristãos é preservada
fisicamente através da proteção do Senhor, e a terceira parte cede aos apelos
sociais e prefere fazer parte do sistema político e religioso, para não abrir mão
de sua inserção social e integridade física.
48
tribulação. Outros sustentam serem esses escolhidos o povo de Israel. Porém,
oito versículos mais adiante, o Messias profetiza que esses escolhidos serão
arrebatados dos quatro cantos dos céus por ocasião da Sua vinda em glória
(Mateus 24: 30-31).
49
Vejamos: o templo será reconstruído em Jerusalém, no final na grande
tribulação o anticristo reunirá todos os seus aliados no Armagedom, ou Monte
Megido, que fica na Terra Santa, com o objetivo de atacar Israel e Jesus, por
ocasião da sua segunda vinda em glória, pousará os seus pés no Monte das
Oliveiras (Zacarias 14:1-9), e, daquele lugar, destruirá os exércitos da besta.
Isso fica comprovado quando o dragão, ao não poder atingir aqueles que estão
em segurança, se volta contra os "demais filhos da mulher", os que guardam os
mandamentos do Pai e mantêm o testemunho de Jesus, ou seja, parte da Igreja
que não será protegida sobrenaturalmente, mas que será martirizada por causa
do seu testemunho.
Serão irmãos que não amarão a suas vidas até a morte, sabendo que o servo
não é maior que o seu senhor. Para eles, o viver sempre será Cristo e o morrer
por causa do evangelho, lucro...
A revelação sobre o que acontecerá nos últimos tempos já não está nos sonhos
de um faraó, mas na Bíblia. Mesmo na mais densa escuridão a Palavra do
Altíssimo iluminará nosso caminho.
"...No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo" (João
16:33)
50
7] O ESPÍRITO SANTO NA TRIBULAÇÃO
Isso não condiz com a parábola das dez virgens, na qual somente aquelas que
tinham azeite (eis aí outra referência ao Espírito Santo na tribulação), puderam
acender suas lâmpadas (vidas espirituais) em meio à escuridão da noite
(tribulação).
Também não condiz com Apocalipse 12:17, onde é mostrado que a besta
perseguirá os que guardam os mandamentos de Deus e mantêm o testemunho
de Jesus. Como manter o testemunho de Jesus sem a presença do Espírito
Santo?
51
foi enviado à Igreja (Atos 2:1-13). A sua atuação é direcionada ao crescimento
espiritual do corpo de Cristo na Terra e Ele habita em cada cristão, que é o
templo do Espírito.
52
IV] AS BODAS DO CORDEIRO
"E digo-vos que, desde agora, não beberei deste fruto da vide, até aquele dia
em que o beba novo convosco no reino de meu Pai" (Mateus 26:29).
Nesse texto, fica claro que o anúncio das bodas ocorrerá no final da tribulação
sem, contudo, fixar um momento ou lugar determinado, não descrevendo as
bodas em si e sim anunciando as mesmas como um acontecimento próximo.
Jesus profetizou que a sua vinda seria mundialmente visível (Mateus 24:30) e
que, por ocasião dessa vinda em glória, os escolhidos seriam arrebatados para
encontrá-lo nos céus (Mateus 24:31).
53
se aos céus ou até mesmo ao Milênio, que será a implantação do reino do Pai na
Terra, tendo Jesus como Rei e Senhor.
Mesmo considerando a hipótese que as bodas sejam celebradas nos céus, entre
o arrebatamento e a descida de Jesus com a sua Igreja para derrotar o anticristo,
colocando teoricamente os três eventos numa sequência vertiginosa, não
podemos cair no erro básico de condicionar a atuação divina às regras e medidas
de tempo humanas.
A Igreja também não estará sujeita a essas leis, pois seus membros possuirão
corpos glorificados, como veremos mais adiante. Para chegar a conclusões mais
apropriadas a respeito da sequência desses acontecimentos, devemos
considerar os fatos concretos que a Bíblia nos revela:
54
4. Jesus, em sua vinda, retornará como Rei e Senhor, com os seus santos
arrebatados (I Tessalonicenses 3:13), para vencer os exércitos do anticristo. Ele
pousará seus pés no Monte das Oliveiras (Zacarias 14:1-8), de onde vencerá ao
anticristo e os seus exércitos reunidos no Armagedom.
Na hipótese das bodas serem celebradas nos céus, entre o arrebatamento logo
após a grande tribulação e a descida de Cristo para vencer o anticristo, e não no
começo do reino milenar na Terra, alguém poderia questionar: mas, como seria
possível celebrar as bodas do Cordeiro numa fração de segundos, para tornar
possível a sequência vertiginosa descrita anteriormente?
Davi escreveu essa grande revelação 3.000 anos antes de Albert Einstein, no
início do século XX, descobrir e comprovar a relatividade do tempo e do espaço.
De acordo com a teoria de Einstein, o tempo torna-se uma medida relativa em
relação à velocidade assumida por um corpo no espaço.
55
1] UM IMPORTANTE DETALHE
De acordo com o próprio Mestre em Lucas 21:31, os seus servos saberiam que
o reino do Pai estaria chegando após o cumprimento de todos os sinais descritos
no sermão profético.
Portanto, ao determinar que não mais beberia do fruto da vide até que viesse o
reino do Pai, Jesus coloca a realização das bodas como um glorioso evento pós-
tribulacional e não anterior à chegada plena do reino, o qual só chegará após o
cumprimento de todos os sinais apocalípticos! (Lucas 21:31).
Por outro lado, um interessante detalhe salta à vista. O Senhor Jesus menciona
que beberá o fruto da vide. Se formos coerentes, devemos relacionar a
existência do fruto da vide à Terra. Essa constatação é mais uma notável
evidencia que aponta para a celebração das bodas na Terra, logo no início do
Reino Milenal.
Muito mais importante do que o local ou o momento no qual se dará esse evento
maravilhoso, é o sentimento que devemos ter no mais profundo dos nossos
corações: desejar a cada segundo de nossa existência estar frente a frente com
o nosso amado Mestre e cear com Ele.
Essa esperança deve ultrapassar todo desejo terreno e toda possível tribulação
que venhamos enfrentar enquanto povo do Altíssimo.
56
utilizados para descrever o maravilhoso encontro entre Jesus (noivo) e a Igreja
(noiva).
57
A chegada do noivo à casa da noiva só se tornava iminente após o grito dado
por um dos integrantes da comitiva do noivo, minutos antes (Universal Jewish
Encyclopedia, páginas VII-372 e 373 – Leia também Mateus 25:6)
No caso da parábola, o noivo chegou às 00:00 horas. Essa é mais uma razão
para descartar toda ideia de iminência na chegada do noivo. (Joachim Jeremias-
Paraboles of Jesus, página 172)
Mais uma vez, toda ideia de aparição repentina e não avisada do noivo fica fora
de cogitação (Alfred Edersheim-Sketches of Jewish Social Life, capítulo IX)
Isso nos remete ao reino milenal, pois estamos falando de ingestão de elementos
materiais produzidos na Terra (vides e vinho).
58
4] BASES BÍBLICAS
Nas Escrituras, há poucos relatos sobre bodas que abordem todos os detalhes
cerimoniais em si. Nesse aspecto, o mais detalhado é o relato da parábola das
dez virgens, pronunciada por Jesus na parte final de seu sermão profético
(Mateus 25:1-10). Porém, podemos chegar a conclusões importantes baseados
nas narrativas bíblicas.
No relato de Juízes, fica evidente que Sansão já tinha contato com sua esposa
nos dias da festa. Se a festa viesse antes das bodas, então essa possibilidade
não existiria.
Como ficou mostrado, não há nenhuma base de sustentação para o modelo pré-
tribulacional quando estudamos os costumes judaicos referentes à celebração
das bodas. Em primeiro lugar, toda ideia de iminência na chegada do noivo é
59
negada pela documentação histórica e pelo relato bíblico da parábola das dez
virgens, colocando a iminência somente a partir do grito proveniente da comitiva
do noivo.
Em segundo lugar, há uma notável direção bíblica que aponta para a celebração
das bodas no começo do reino milenal de Cristo sobre a Terra a partir de
Jerusalém, afastando toda ideia de celebração dessas bodas durante o período
tribulacional.
Por último, fica a clara constatação de que a festa das bodas, que durava sete
dias, seguia a cerimônia de casamento em si e não antecedia a mesma.
Neste contexto, a revelação de Apocalipse 19:1-11 nos remete mais uma vez à
celebração das bodas e à consequente festa, como eventos milenais, já que na
passagem apocalíptica o anúncio e a expectativa das bodas se dá já nos
momentos finais da tribulação, momentos esses que antecedem a volta gloriosa
de Jesus, logo após a tribulação, para encontrar-se com sua noiva, destruir o
anticristo e instaurar seu reino.
60
V] IMINÊNCIA
Para que você tenha uma visão mais abrangente do assunto, analisaremos
detalhadamente as principais passagens em questão, com o objetivo de mostrar
que realmente num determinado momento no futuro a vinda do Senhor será
iminente, porém, a iminência atual dessa vinda, tal qual ensinada pelo pré-
tribulacionismo, não encontra suficiente respaldo bíblico, como veremos a
seguir.
1] BASES PRÉ-TRIBULACIONISTAS
"Mas daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos do céu, mas unicamente
meu Pai...Vigiai, pois, porque não sabeis a que hora há de vir o vosso Senhor.
Mas considerai isto: se o pai de família soubesse a que vigília da noite havia de
vir o ladrão, vigiaria e não deixaria minar a sua casa. Por isso, estai vós
apercebidos também; porque o Filho do homem há de vir à hora em que não
penseis".
61
O problema desse raciocínio pré-tribulacionista, no entanto, é que o contexto
nos mostra que Jesus estava falando da sua vinda em glória e vista por todo o
mundo e não de uma hipotética vinda não mencionada em Seu sermão profético.
No texto acima, Jesus deixa claro que o servo do Eterno deve esperar pelo
cumprimento de todos os sinais profetizados por Ele, os quais ocorrerão antes
da sua volta, quebrando todo argumento a respeito da iminência atual da volta
de Jesus.
Existe apenas um momento fixado por Jesus, a partir do qual poderemos afirmar
que a vinda do Senhor é iminente: após a concretização dos últimos sinais
profetizados no sermão profético do Monte das Oliveiras.
O único momento em que Jesus ensina aos seus discípulos a esperarem uma
vinda iminente está no versículo 33, quando após o cumprimento de todos os
62
sinais, que serão vistos (vividos) pelos fiéis, então somente a partir desse
momento a sua vinda estará "próxima, às portas". Os últimos sinais estão
descritos em Mateus 24:29-31:
"E, logo depois da aflição daqueles dias, o sol escurecerá, e a lua não dará a sua
luz, e as estrelas cairão do céu, e as potências dos céus serão abaladas. Então
aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; e todas as tribos da terra se
lamentarão, e verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com
poder e grande glória".
2] A PARÁBOLA DA FIGUEIRA
1. Para que Israel voltasse à sua terra em 1948, foi necessário que a nação fosse
dispersada da Terra Santa. Isso ocorreu no ano 70 d.C., durante a invasão dos
exércitos romanos. Paulo escreveu todas as suas epístolas antes do ano 70 d.C.,
(ele foi martirizado no ano 66 d.C. no reinado de Nero), as mesmas epístolas
que são citadas pelos pré-tribulacionistas para sustentar sua idéia de iminência.
Então, podemos observar que o uso das epístolas paulinas para sustentar a ideia
de iminência antes do cumprimento de todos os sinais profetizados, perde
completamente toda credibilidade.
63
se concretizassem no primeiro século, para livrá-los da tribulação e perseguição
oficial (que eles relacionavam à grande tribulação profetizada por Cristo).
Isso nos mostra que a Igreja primitiva cumpria aquilo que Jesus tinha ordenado:
ver e observar os sinais. A única diferença é que eles esperavam o cumprimento
total desses sinais já em sua geração.
Eles sabiam, por exemplo, que Pedro teria que morrer primeiro antes da vinda
gloriosa de Jesus, pois o próprio Mestre profetizou como e com que idade ele
morreria (João 21:18-19).
"Mas considerai isto: se o pai de família soubesse a que vigília da noite havia de
vir o ladrão, vigiaria e não deixaria minar a sua casa. Por isso, estai vós
64
apercebidos também; porque o Filho do homem há de vir à hora em que não
penseis".
Mais uma vez, fazemos menção do contexto, sem o qual toda interpretação
torna-se inexata. Lembremos que Jesus tinha dado aos discípulos uma série de
sinais que antecederiam o rapto, que Ele próprio relacionou diretamente à sua
volta em glória, vista por todos (Mateus 24:30-31). Jesus também lhes ensinou
como deveriam esperar esses sinais e a partir de que momento a sua volta seria
realmente iminente (Mateus 24:33).
Então, surge a pergunta: se Jesus forneceu aos discípulos uma série de sinais
que antecederiam a sua gloriosa volta, disse aos discípulos a partir de que
momento essa volta seria iminente (após o cumprimento de todos os sinais),
então, quem são esses que serão surpreendidos pela volta do Senhor, da mesma
forma que alguém é surpreendido pela chegada de um inesperado ladrão à
noite? Para quem a volta de Jesus será como um ladrão na noite? O apóstolo
Paulo responde para nós essas questões:
"Porque vós mesmos sabeis muito bem que o dia do Senhor virá como um ladrão
na noite...Más vós irmãos, já não estais em trevas, para que aquele dia vos
surpreenda como um ladrão" (I Tessalonicenses 5:2-4)
Jesus virá como um ladrão na noite para aqueles que não esperam a sua vinda!
Os mesmos serão destruídos repentinamente, pois, mesmo em meio à grande
tribulação, os homens em geral optarão por seguir os enganos satânicos, sendo
ludibriados pela besta (II Tessalonicenses 2:9-10, Apocalipse 16:9).
Para o cristão, que deve estar atento para os sinais profetizados pelo Mestre, o
arrebatamento não pode ser comparado à chegada abrupta de um ladrão à noite,
até porque essa comparação não condiz com o relacionamento existente entre
a Igreja e o seu noivo (Jesus). Cristo é o Senhor da Igreja e o arrebatamento
será o encontro glorioso entre a Igreja e Jesus.
65
O ladrão sempre chega para tomar aquilo que não é seu. Jesus virá para
arrebatar aquilo que é seu por propriedade eterna. Os verdadeiros servos do
Altíssimo não estão "em trevas" para serem surpreendidos naquele grande dia.
4] OS ÚLTIMOS SINAIS
"Ora, irmãos, rogamo-vos, pela vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, e pela nossa
reunião com ele, que não vos movais facilmente do vosso entendimento, nem
vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como de
nós, como se o dia de Cristo estivesse já perto. Ninguém de maneira alguma
vos engane; porque não será assim sem que antes venha a apostasia, e se
manifeste o homem do pecado, o filho da perdição" (II Tessalonicenses 2:1-3).
Esses versículos nos ensinam verdades fundamentais, que anulam de uma vez
por todas os conceitos de iminência da forma como são colocados no pré-
tribulacionismo:
1. De acordo com o texto, dois fatos devem ocorrer antes da volta de Cristo e a
nossa reunião com Ele (arrebatamento): a apostasia (desvio da verdadeira fé)
e a manifestação do homem do pecado. Ambos sinais tinham sido profetizados
anos antes por Jesus no Monte das Oliveiras na mesma ordem (Mateus 24:9-
15).
Fica claro que Paulo estava citando em sua carta os mesmos sinais profetizados
pelo Senhor 20 anos atrás, mostrando assim que todo ensino que defendesse a
iminência da volta do Senhor antes da concretização desses sinais, deveria ser
frontalmente rejeitado no seio da Igreja.
66
voltará como Rei, para destruir os inimigos do povo do Pai e instaurar o Seu
reino de justiça (Joel 2:1-32, Zacarias 14:1-22, Isaias 13: 9-13).
Ao comparar Mateus 24:29 com Joel 2:31, vemos que os últimos grandes sinais
que antecederão a volta da Jesus e a nossa reunião com Ele no Dia do Senhor,
serão as comoções cósmicas: o sol convertendo-se em trevas, a lua em sangue
(obviamente como consequência direta do fenômeno anterior), estrelas caindo
do céu e elementos celestes sendo abalados.
Da mesma forma, o Senhor Jesus nos fornece em seu sermão profético uma
série de sinais, para que saibamos exatamente quando será o tempo e após que
sinais sua vinda estará "próxima, às portas", ou seja, será iminente.
67
5] O DIA E A HORA
1. Quando Jesus fala do dia e da hora, o faz em relação a sua vinda em glória
após a tribulação e não a uma vinda oculta e anterior à tribulação, como fica
claro nos versículos anteriores. Cremos que Ele não poderia estar referindo-se a
uma vinda oculta e anterior, simplesmente porque ela não é mencionada em
nenhum momento do sermão profético!
Fica muito claro que o dia e a hora mencionados por Cristo se referem ao
momento específico em que todo olho verá a sua volta, logo após a grande
tribulação. Portanto, sugerir que Jesus, ao referir-se ao dia e hora, estava
falando de uma vinda oculta e diferente da mencionada por Ele nos versículos
anteriores, é ir contra a verdade bíblica e cair no terreno das suposições.
68
Quando o Mestre disse que ninguém sabe, não exclui nenhuma possibilidade
futura de conhecimento desse detalhe...
Jesus sabia muito bem que aqueles discípulos que estavam ouvindo com atenção
as suas palavras não viveriam o tempo do fim ou os anos imediatamente
anteriores à sua volta. Muitos sinais foram profetizados e deixados para a Igreja
dos últimos tempos. Outros sinais eram mais próximos e seriam vistos por
aquela geração, como é o caso da destruição de Jerusalém no ano 70 d.C.
Cremos que nada do que está revelado nas Escrituras é em vão. Há um propósito
específico para tudo o que está inserido nas Escrituras, que é a Palavra do
Eterno.
69
da grande tribulação. Vejamos aquilo que Jesus nos insta a ler em Daniel a
respeito da abominação desoladora, para que "entendamos":
70
calendários atualmente existentes sejam unificados pelo sistema da besta,
dificultando mais uma vez possíveis cálculos no período tribulacional.
Cremos que esse momento começará quando o Senhor pousar Seus pés no
Monte das Oliveiras e for Rei sobre toda a Terra (Zacarias 14:4-9). Entre o
arrebatamento da Igreja, que ocorrerá num dia e hora não determinados, depois
do cumprimento dos últimos sinais, logo após a grande tribulação (Mateus
24:29-31), e o pousar dos pés do Ungido sobre o Monte das Oliveiras, poderá
transcorrer horas ou dias.
A Palavra não nos revela quantas horas ou dias levará. Porém, todos esses
eventos ocorrerão a partir do momento em que aparecer o sinal do Senhor nos
céus (Mateus 24:30), logo após a grande tribulação.
Por isso, com respeito à faculdade de saber o dia da volta do Senhor, não nos
parece que deva ser a prioridade do servo do Eterno. A nossa prioridade deve
ser estar preparados para essa volta maravilhosa e cientes de todos os sinais
que antecederão sua volta.
71
VI] DISPENSACIONALISMO PROGRESSIVO
72
Acreditamos na progressão de algumas dispensações dentro de um único plano
divino para redimir sua criação, sustentando que a forma de salvação é a mesma
para todas as eras: a salvação pela graça do Pai através da fé em Jesus.
1. DISPENSACIONALISMO TRADICIONAL
Esse conceito de separação fica nítido quando é usado o termo "noiva de Cristo"
apenas para aqueles que creem em Jesus na "era da Igreja", deixando os outros
santos, a exemplo daqueles do Antigo Testamento e daqueles da Tribulação
(para os pré-tribulacionistas), "fora da noiva".
73
2. DISPENSACIONALISMO PROGRESSIVO
O escritor aos hebreus deixa isso relatado de uma forma claríssima, relacionando
o cumprimento do Novo Pacto a todos aqueles que são salvos através do
sacrifício de Jesus:
"Porque com uma só oblação aperfeiçoou para sempre os que são santificados.
E também o Espírito Santo no-lo testifica, porque depois de haver dito: Esta é a
aliança que farei com eles. Depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei as minhas
leis em seus corações, e as escreverei em seus entendimentos; acrescenta: E
jamais me lembrarei de seus pecados e de suas iniquidades" (Hebreus 10:14-
17, compare com Jeremias 31:31-34)
Quando Ele comissionou pela primeira vez seus discípulos para um trabalho
missionário, Ele determinou que tal mensagem não fosse pregada aos gentios
(Mateus 10:5-6). Anos depois, Paulo confirma isso ao revelar que o evangelho
é poder do Pai para salvação de todo aquele que crê "primeiro do judeu, depois
do grego" (Romanos 1:16, Romanos 2:9-10).
74
Jesus sobre as nações, assentando-se sobre o Trono de Israel em Jerusalém) e
vê os santos de todas as épocas como pertencentes a um mesmo Corpo: O Israel
do Criador.
Cremos que Jesus inaugurou o novo pacto nos dias de seu ministério terrestre.
Não cremos que o Senhor "reteve" o novo pacto diante da rejeição da nação
israelense e abriu um gigantesco parêntese em seu relacionamento com a nação
judia, como afirmam muitos dispensacionalistas tradicionais, nem rejeitou
definitivamente Israel, como sustentam os não-dispensacionalistas, mas
escolheu um remanescente israelense (os discípulos que creram em sua
mensagem), para estabelecer Seu novo pacto. Note as palavras do Mestre,
momentos antes da crucificação:
"Digo, pois: Porventura rejeitou Deus o seu povo? De modo nenhum; porque
também eu sou israelita, da descendência de Abraão, da tribo de Benjamim.
Deus não rejeitou o seu povo, que antes conheceu...Assim, pois, também agora
neste tempo ficou um remanescente, segundo a eleição da graça" (Romanos
11:1-2,5)
A questão central levantada por Paulo é que o programa do Criador com Israel,
como nação, não foi suspenso temporariamente, como afirma o
dispensacionalismo tradicional. Também, Paulo não afirma que Israel foi
definitivamente substituído pela Igreja, como a firma a Teologia da Substituição.
Vejamos:
"Porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo (para que não presumais
de vós mesmos): que o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a
plenitude dos gentios haja entrado" (Romanos 11:25)
75
Logo, parte de Israel não foi endurecida e essa parte é formada pelos discípulos
que se tornaram os primeiros cristãos e com os quais Jesus fez o pacto que
abrange todas as épocas (Romanos 11:16-29).
A Palavra deixa claro que os gentios foram agraciados com as promessas que
pertencem aos crentes judeus. Paulo escreve que os gentios são "participantes
dos bens espirituais dos judeus" (Romanos 15:27).
"E, vindo, ele evangelizou a paz, a vós que estáveis longe, e aos que estavam
perto; Porque por ele ambos temos acesso ao Pai em um mesmo Espírito"
(Efésios 2:16-17)
Note que "vós que estáveis longe" usado por Paulo refere-se aos gentios,
enquanto que "os que estavam perto" se refere à comunidade judaica, como fica
patente ao ler o contexto (Efésios 2:11-17).
Fica bastante claro também na abordagem de Paulo que o critério para ser salvo
e usufruir as promessas divinas, tanto para judeus e gentios, não é o fato de
pertencer a um grupo étnico ou não, mas ser alvo da graça através da fé e a
perseverança pessoal (Romanos 11:17-22).
76
14:1-21) e a profecia referente ao Milênio (Apocalipse 20:1-6), colocando essas
promessas como uma alegoria do reinado da Igreja na presente era e adotando
o a-milenismo como base interpretativa, os dispensacionalismos tradicional e
progressivo utilizam a literalidade para entender tais profecias.
"Fiz uma aliança com o meu escolhido, e jurei ao meu servo Davi, dizendo: A
tua semente estabelecerei para sempre, e edificarei o teu trono de geração em
geração" (Salmos 89:3-4)
"Uma vez jurei pela minha santidade que não mentirei a Davi. A sua semente
durará para sempre, e o seu trono, como o sol diante de mim. Será estabelecido
para sempre como a lua e como uma testemunha fiel no céu" (Salmos 89:35-
37)
"O Senhor jurou com verdade a Davi, e não se apartará dela: Do fruto do teu
ventre porei sobre o teu trono" (Salmos 132:11)
É interessante notar que, alguns dias antes da crucificação de Cristo, quando Ele
entrava em Jerusalém, as multidões clamavam: "Hosana ao Filho de Davi;
bendito o que vem em nome do Senhor. Hosana nas alturas!" (Mateus 21:9).
Sem dúvidas, aquela multidão esperava que Jesus, como descendente de Davi
e como um homem admirado por suas obras, assumisse já naquele momento a
posição de líder da nação israelense, libertando o povo judeu do domínio
romano.
No entanto, Jesus, dias após, deixou claro que a concretização dessa profecia se
daria em sua volta gloriosa. Ao dirigir-se às principais autoridades religiosas
judaicas da época, Ele disse: "Porque eu vos digo que desde agora me não vereis
mais, até que digais: Bendito o que vem em nome do Senhor" (Mateus 23:39).
77
Implicitamente, Jesus deixou estabelecidos dois fatos: que Ele reinaria
literalmente em Jerusalém a partir do momento de sua volta e que haveria uma
futura conversão em massa da nação israelense (Zacarias 12:10, Romanos
11:26).
"Ao que vencer lhe concederei que se assente comigo no meu trono; assim como
eu venci, e me assentei com meu Pai no seu trono"
Note a diferença entre o trono do Pai, no qual Jesus se encontra após sua vitória
na cruz, e o trono de Jesus, o qual será literalmente estabelecido na Terra em
sua volta, como fica claro ao comparar o tempo em que a promessa está contida:
os salvos se assentarão com Jesus após vencerem, assim como Jesus se
assentou no trono do Pai após a sua vitória pessoal.
79
De acordo com os precedentes históricos, não há como afirmar que o Senhor
deixou, provisoriamente, de agir profeticamente com Israel durante a "era da
Igreja".
"E agora estou aqui para ser julgado por causa da esperança da promessa feita
por Deus a nossos pais, a qual as nossas doze tribos, servindo a Deus
fervorosamente noite e dia, esperam alcançar; é por causa dessa esperança, ó
rei, que eu sou acusado pelos judeus" (Atos 26:6-7)
"Pelo que, ó rei Agripa, não fui desobediente à visão celestial, antes anunciei
primeiramente aos que estão em Damasco, e depois em Jerusalém, e por toda
Judéia e também aos gentios, que se arrependessem e se convertessem a Deus,
praticando obras dignas do arrependimento.
Ou seja, o apóstolo deixa claro que seu trabalho evangelístico, inclusive entre
os gentios, parte de uma promessa original dada a Israel e é o cumprimento
cabal da esperança de Israel.
80
futuras para a nação israelense (Zacarias 12:10, Romanos 11:15, Romanos
11:25).
Notamos que na profecia citada não há uma promessa de glorificação, mas sim
de uma conversão de pessoas diante da presença física de Jesus em sua vinda,
as quais serão alvos do Espírito de graça e de súplicas, numa alusão bastante
clara à atuação do Espírito Santo. A promessa é específica para "a casa de Davi",
ou seja, para a nação israelense.
"E eis que veio a palavra do SENHOR a ele dizendo: Este não será o teu herdeiro;
mas aquele que de tuas entranhas sair, este será o teu herdeiro. Então o levou
fora, e disse: Olha agora para os céus, e conta as estrelas, se as podes contar.
E disse-lhe: Assim será a tua descendência" (Gênesis 15:5)
Cremos que há um propósito eterno do Senhor com a raça humana e que esse
propósito será concretizado com a permanência física dos judeus que crerem em
Jesus em Sua gloriosa volta.
81
Consequentemente, o plano de salvação para os judeus é o mesmo e a forma é
a mesma (o sacrifício redentor de Jesus), diferindo apenas em suas
consequências. Usando a literalidade, sustentamos que, para os judeus que
creram na presente dispensação, há uma promessa específica de glorificação
corpórea. Já para aqueles judeus que crerem no momento da volta de Jesus,
existe a promessa física de multiplicação da descendência de Abraão.
E] Israel, como nação, não foi rejeitado pelo Senhor nem substituído pela Igreja.
Parte dos judeus (um remanescente) crê no evangelho e serviu como a base
inicial para pregação das boas novas, pertencendo ao Corpo de Cristo.
Nesse contexto, cremos que aqueles israelitas que crerem logo após a vinda de
Jesus, quando Ele pousar seus pés no Monte das Oliveiras, não serão
glorificados, mas permanecerão em seus corpos físicos, perpetuando a espécie
humana e concretizando literalmente a promessa feita a Abraão em Gênesis
15:5 (Romanos 11:1-7, Romanos 11-26)
82
H] Os santos do Antigo e do Velho Testamento estão em Cristo, através de seu
sacrifício abrangente a todas as épocas (Efésios 1:4-14, Efésios 3:14-15, Efésios
4:4-10)
83
VII] VIGILÂNCIA EM MEIO À CRISE
84
do cansaço espiritual, desânimo, desilusão e engano. O apóstolo Paulo deixa isso
muito claro:
"Mas vós, irmãos, já não estais em trevas, para que aquele dia vos surpreenda
como um ladrão" (I Tessalonicenses 5:4)
O ladrão, como todos sabemos, não leva o que lhe pertence e sim aquilo que
não lhe pertence. Jesus voltará em glória para buscar o que lhe pertence, que é
a Igreja. Neste contexto é interessante destacar o versículo de Mateus 24:44
que diz:
"...Por isso, estai vós apercebidos também; porque o Filho do homem há de vir
à hora em que não penseis".
Neste ponto, logo após relatar todos os sinais que antecederiam sua volta, Jesus
deixa claro aos seus discípulos que a noção certa para saber quando Ele
retornaria não estava em conjeturas ou pensamentos pessoais e sim na
observância vigilante e perseverante dos sinais.
Jesus fez essa afirmação logo após haver pormenorizado dezenas de sinais
específicos e objetivos que antecederiam sua volta. Em nenhum momento, Ele
menciona no sermão profético uma vinda diferente daquela descrita entre
Mateus 24:27 e Mateus 24:31.
Também, é temerário afirmar que o regresso do Filho para a Igreja ocorrerá "a
qualquer momento", apenas tomando como base o fato Dele vir numa hora em
que os discípulos não pensassem. Isso é desmerecer toda a aplicabilidade dos
sinais profetizados por Jesus no sermão profético, com o objetivo de que não
fôssemos enganados!
85
Chegamos à conclusão que o arrebatamento ocorrerá num momento inesperado
para aqueles que não tem compromisso nem conhecimento das verdades
divinas, e impensado por muitos.
Neste contexto, é importante salientar que aqueles que não conhecem ao Pai,
mesmo em plena grande tribulação e até o final dela, em vez de arrepender-se,
vão preferir acreditar nas explicações mentirosas da besta.
A resposta é "não". Jesus afirmou que ninguém, a não ser o Pai, conhece nem o
dia nem a hora de sua volta.
Note que, de acordo com o sermão profético do Senhor, a volta não ocorrerá no
último dia da tribulação e sim "logo após a tribulação daqueles dias" (Mateus
24:29). Ou seja, a volta do Senhor poderá ocorrer a qualquer momento, a partir
da concretização dos últimos sinais (o sol e a lua escurecendo).
Cristo deixa claro que, quando seus servos vissem todos os sinais, sua volta
estaria "próxima, às portas" (Mateus 24:33). Então, só a partir desse momento,
que é a concretização dos últimos sinais, logo após a grande tribulação, é que o
regresso do Messias será repentino ou iminente.
A igreja na tribulação não terá acesso aos últimos acontecimentos através dos
meios de comunicação como nós temos hoje. Com absoluta certeza, esses meios
de comunicação serão seduzidos e controlados, tornando-se uma poderosa arma
de manipulação mundial nas mãos do anticristo.
Por outro lado, não é afirmado que o Senhor pousará seus pés sobre o Monte
das Oliveiras no dia em que aparecer o seu sinal (dia do arrebatamento). Já que
a profecia de Daniel 12:10-13, se refere ao fim das concretizações proféticas, o
fim dos 1335 dias pode referir-se ao dia da chegada do Senhor a Jerusalém,
86
dando início a seu reinado milenal, e não necessariamente ao dia do
arrebatamento.
Portanto, cremos que a vinda do Mestre será como um "ladrão" para aqueles
que não esperam essa vinda nem estão atentos aos sinais deixados nas
Escrituras.
a) Assim como a ascensão de Jesus foi visível para todos os que se encontravam
no lugar, o seu retorno também o será. Ele declarou acerca de sua própria vinda:
b) Note que a promessa foi feita por dois anjos aos nossos irmãos que
acompanhavam Cristo no momento de sua ascensão (Atos 1:8). Momentos
antes, Jesus tinha deixado para eles a promessa do derramamento do Espírito
Santo em Jerusalém. A ascensão ocorreu no monte das Oliveiras, perto de
Jerusalém.
87
discípulos (seguidores de Cristo), então isso aponta claramente que o
arrebatamento da Igreja está diretamente ligado à segunda vinda de Cristo em
glória, descendo dos céus até o monte das Oliveiras!
Portanto, não existe nenhuma base bíblica que nos permita relacionar a vinda
de Jesus como um "ladrão" a uma vinda oculta e também a um arrebatamento
anterior ao final da tribulação.
3] COMO VIGIAR
Naquela ocasião, Ele repreendeu os discípulos por não vigiarem, pois os mesmos
foram vencidos pelo sono e cansaço. Relacionando o ato de vigiar com a noite,
o mais consequente é relacionar também o ato de vigiar, com relação ao
arrebatamento, à noite dos últimos tempos, ou seja a tribulação, um período de
escuridão espiritual nunca antes visto na Terra.
O chamado para vigiar é uma exortação para que o cristão não durma ou
desanime espiritualmente, deixando que o cansaço devido à espera prolongada
traga o sono e a falta de perseverança.
88
A isso devemos somar a triste constatação de que muitos cristãos não estão
familiarizados com todos os detalhes das profecias escatológicas como deveriam
estar, permanecendo num estado de sono profético, podendo ser facilmente
enganados pelo sistema maligno em meio à tribulação. Muitos preferem passar
horas acessando conteúdos manipuladores em redes socais em vez de dedicar-
se ao estudo da Palavra e das profecias.
89
Ou seja, apesar de terem dormido, eram virgens prudentes, que tinham
guardado o combustível necessário para acender suas lâmpadas, mesmo que o
noivo chegasse depois do que era teoricamente esperado. Nesta parábola, a
figura da lâmpada se relaciona à vida espiritual e ao compromisso de cada
cristão com o Eterno.
O azeite que permite que essa vida permaneça acesa é a presença e a atuação
do Espírito Santo. É interessante observar nesta parábola que, mesmo aquelas
virgens que tinham azeite, ou seja, cristãos que tem o Espírito Santo e vivem
em comunhão com o Pai, cochilaram e dormiram (v5).
Será que cochilaram e dormiram por falta de comunhão com o Eterno ou por
não serem cheias do Espírito? De forma alguma, pois elas possuíam azeite para
suas lâmpadas. O próprio Jesus explica por que elas cochilaram e dormiram:
porque o noivo tardou. Ou seja, o noivo não voltou no momento em que elas
esperavam e pensavam.
Aqueles que não tiverem esse azeite, não poderão brilhar em meio à escuridão
espiritual da grande tribulação e serão tragados pelo sistema maligno. Até
mesmo poderão aceitar os termos políticos e espirituais desse sistema, negando
o nome de Cristo, só para manterem sua integridade física.
90
Jesus deixou uma pergunta emblemática para o fim dos tempos: "...Quando
porém vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra?" Provavelmente,
muitos neguem o nome de Jesus ao se depararem frente a frente com a tortura
ou uma sentença de morte.
Para finalizar, o último versículo citado no começo e que aborda o termo "vigiar",
encontra-se em Apocalipse 16:15. Ao ler o contexto desse aviso, vemos que ele
está inserido pouco antes da batalha final do Armagedom, no momento
culminante da sétima trombeta, ou seja, pouco antes da vinda de Jesus, que
retornará ante a última trombeta para derrotar o anticristo na batalha final no
Armagedom, salvar Israel de uma destruição iminente e instaurar o Milênio.
Com que objetivo seria feito à Igreja esse último aviso para vigiar em função da
volta de Cristo como ladrão na noite, se a Igreja já tivesse sido arrebatada da
Terra sete anos antes...?
91
acontecesse, ao incluir-se entre os possíveis sobreviventes por ocasião desse
acontecimento:
Os cristãos primitivos não acreditavam que Jesus viria para evitar que eles
entrassem no período de tribulação e sim que ele voltaria já em seus dias para
tirá-los da tribulação.
Eles não eram "pré-tribulacionistas"! Cremos que essa deve ser a mesma atitude
da Igreja nos últimos tempos. Esperar a vinda de Cristo em glória, mesmo em
meio à mais terrível perseguição.
Em Lucas 21:36 existe uma passagem que poderia ser usada por um pré-
tribulacionista para argumentar sua posição. A passagem em questão diz:
"Vigiai, pois, em todo o tempo, orando, para que sejais havidos por dignos de
evitar todas estas coisas que hão de acontecer, e de estar em pé diante do Filho
do Homem".
Para entender melhor essa passagem, é preciso saber o contexto no qual ela
está inserida. Jesus proferiu essas palavras após o sermão profético, no qual ele
detalhou minuciosamente todos os grandes acontecimentos que teriam lugar
após a sua morte e ressurreição até o final dos tempos.
92
todas as coisas profetizadas desde o começo do sermão, incluindo também
eventos bem próximos a quando foi proferido (aproximadamente 30 d.C.).
Note que o povo de Israel não foi arrebatado ou tirado do Egito durante as
pragas, mas se manteve intacto de uma forma sobrenatural, o que deve
acontecer com muitos escolhidos durante a tribulação do final dos tempos e suas
pragas (selos, trombetas e taças).
"E os entendidos entre o povo ensinarão a muitos; todavia cairão pela espada,
e pelo fogo, e pelo cativeiro, e pelo roubo, por muitos dias. E, caindo eles, serão
ajudados com pequeno socorro; mas muitos se ajuntarão a eles com lisonjas. E
alguns dos entendidos cairão, para serem provados, purificados e
embranquecidos, até o fim do tempo; porque será ainda para o tempo
determinado".
"E, se aqueles dias não fossem abreviados, nenhuma carne se salvaria; mas por
causa dos escolhidos serão abreviados aqueles dias".
93
Quando o versículo menciona "salvação", não se refere à salvação espiritual,
pois ela independe dos danos físicos que uma pessoa possa sofrer num processo
de tribulação, como fica patente no ministério dos apóstolos martirizados.
Não julgaram suas vidas físicas mais preciosas que a necessidade de transmitir
a palavra de salvação, e ao não negarem o nome de Jesus, mesmo sob ameaça
de morte, escolheram morrer por Cristo.
O próprio Jesus explica porque eles escaparam: "Qualquer que procurar salvar
a sua vida, perdê-la-á, e qualquer que a perder, salvá-la-á" (Lucas 17:33).
Eles não foram arrebatados. Antes, sofreram em seus próprios corpos a dor física
da tortura e da morte violenta. Isso ocorreu na vida de Pedro, Paulo, Tiago, João
e os principais líderes da Igreja primitiva.
Será que todos eles não estavam apercebidos para escaparem de todas as coisas
profetizadas no sermão profético, entre as quais a própria prisão e morte? Será
que eles não ouviram o Mestre falar que nenhum de seus cabelos se perderia
diante da perseguição do mundo?
Eles, mais do que ninguém, sabiam o que sucederia, no entanto não julgaram
seus corpos físicos mais importantes que a mensagem que deveria ser
anunciada! Eles poderiam ter desanimado e deixado de vigiar ao perceber que
o arrebatamento e a segunda vinda não tinham acontecido.
94
frustração ao não ver a sua manifestação imediata. Lembremos que o Mestre
havia profetizado que não pereceria um único cabelo de suas cabeças (Lucas
21:18).
Cabe aqui perguntar aos cristãos da Igreja atual: estamos mais preocupados em
não passar pela tribulação com medo de perder nossa integridade física ou em
anunciar o evangelho até mesmo em meio à mais ferrenha perseguição, mesmo
que isso signifique a destruição física de nossos corpos?
Os líderes estão ministrando preparação espiritual para esses dias difíceis, onde
a fé do cristão poderá ser provada até com a própria morte, ou estão mais
interessados em ensinar o povo a reivindicar ou até mesmo "exigir" as bênçãos
materiais, alimentando no povo a cobiça e o interesse exacerbado por coisas
que o próprio Jesus disse que seriam automaticamente acrescentadas na vida
do cristão que buscasse primeiramente o reino de Deus?
A Igreja primitiva foi tão amada pelo Senhor quanto a Igreja atual, não obstante,
ela viveu e cresceu em plena perseguição política, social e espiritual do Império
Romano. Por que a Igreja nos últimos tempos estaria isenta de passar por esses
momentos de provação e perseguição desencadeada pelo Império da besta?
No versículo 14 fica explícito que esses cristãos eram os que haviam passado
pela grande tribulação. De acordo com a palavra profética, a grande tribulação,
de três anos e meio, ocorrerá no final dos tempos, imediatamente antes da
segunda vinda de Jesus em glória.
95
5] VOCÊ ESTÁ PREPARADO PARA ESSA REALIDADE?
Se você ainda não se sente preparado para responder a essa pergunta, é tempo
de entregar sua vida a Jesus. Ele disse: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida;
ninguém vem ao Pai, senão por mim".
96
VIII] A GRANDE BABILÔNIA
Para entender melhor as figuras utilizadas para descrever esse sistema religioso
prostituído, devemos deter-nos um pouco para analisar os termos Babilônia,
mulher e prostituição.
No plano de construir uma torre cujo cume alcançasse os céus, podemos ver o
alvorecer do princípio humanista de alcançar posições de destaque no universo,
baseado no próprio esforço humano.
Esse princípio fará parte dos propósitos da grande Babilônia do final dos tempos,
aliada à besta. Na Babilônia, surgiu o culto à rainha dos céus, uma deusa que
sempre era representada e adorada junto ao seu filho divino, que os babilônios
relacionavam a Semiramis, mulher de Ninrode, e ao filho de ambos, Tamuz.
97
Satanás, desde as épocas remotas, tem planejado a forma de deturpar as
verdades divinas, traçando estratégias de imitação e falsificação, objetivando
enganar o maior número de pessoas possível.
Uma dessas imitações surgiu a partir da promessa feita pelo Criador a Eva, de
que da sua semente nasceria o Cristo. A deturpação desse princípio divino
originou a prática da adoração à mãe e o menino que já mencionamos,
expandindo-se da Babilônia aos diversos centros da antiguidade. Esse culto
manteve-se aceso por séculos, influenciando as mais diversas culturas.
Essa chegou a ser a religião dos segredos ocultos dos fenícios, sendo os mesmos
também responsáveis pela sua proliferação no Oriente Médio. Entre eles, Astarot
e Tamuz, eram mãe e filho adorados.
No Egito, tomou a forma das deidades Isis e o seu filho Hórus. Entre os gregos,
essa prática era direcionada a Afrodite e a seu filho Eros. Quando chegou a ser
conhecida entre os romanos, a adoração para mãe e filho foi destinada a Vênus
e Cupido.
Num período de mil anos, essa prática religiosa que havia surgido na Babilônia,
chegou a ser aceita como religião oficial em quase todas as nações.
Foi nesta cidade que o símbolo da serpente se estabeleceu como emblema dos
segredos e da sabedoria escondida, o que podemos constatar até os dias de hoje
nos meios ocultistas e em alguns brasões sociais.
Por isso, acreditamos haver uma íntima relação entre a apostasia e o surgimento
da grande Babilônia como sistema religioso mundial dos últimos tempos. A
grande Babilônia, esse sistema religioso maligno que tem atuado durante
séculos e que nos últimos tempos alcançará o clímax, está relacionado na Bíblia
à prática da prostituição com os reis da terra.
98
O termo usado no Apocalipse é porne, palavra grega derivada de pernemi, que
significa "vender". A prostituição espiritual ocorre quando o relacionamento com
o Pai é deturpado pelas alianças humanas em torno do dinheiro, do poder e do
engano espiritual.
b) Está assentada sobre sete montes, relacionando a sua sede à cidade de Roma,
que literalmente está construída sobre sete montanhas (Apocalipse 17:9)
99
IX] A SEGUNDA VINDA DE JESUS
A que se referia Jesus quando mencionou "todas estas coisas"? Estava referindo-
se à série de acontecimentos preditos por Ele próprio, momentos antes, no
sermão profético.
100
Sustentar que a segunda vinda do Salvador está subdividida em duas etapas
separadas por alguns anos, como defende os modelos pré-tribulacionista (7
anos) e midi-tribulacionista (3 anos e 6 meses) é, entre outras suposições,
deduzir que os irmãos em Corinto, Tessalônica, Roma, Filipos, Jerusalém, etc,
sabiam perfeitamente que havia essa "subdivisão" implícita nos escritos de Paulo
e dos outros apóstolos, já que os termos usados para o que os modelos pré e
midi-tribulacionista denominam de "vinda para a Igreja" e "vinda para Israel",
são os mesmos!
Nenhum texto bíblico nos permite afirmar que Jesus virá ocultamente antes da
sua vinda em glória logo após a grande tribulação.
Isso deixa claro que Jesus não aparecerá nos céus com uma Igreja arrebatada
anos antes e sim aparecerá nos céus com anjos, grande glória e poder para
arrebatar a sua Igreja e derrotar o sistema maligno. Isso fica bastante claro em
passagens como Mateus 25: 31-32:
"E quando o Filho do homem vier na sua glória, e todos os santos anjos com ele,
então se assentará no trono da sua glória; e todas as nações serão reunidas
diante dele; e apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as
ovelhas".
Outro texto que narra o mesmo instante está em Apocalipse 19:14: "E seguiam-
no os exércitos no céu em cavalos brancos, e vestidos de linho fino, branco e
puro". Em II Tessalonicenses 1:7-8 o apóstolo Paulo não deixa dúvidas a respeito
da ordem dos acontecimentos finais. Vejamos:
101
"E a vós, que sois atribulados, descanso conosco, quando se manifestar o Senhor
Jesus desde o céu com os anjos do seu poder, como labareda de fogo, tomando
vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho
de nosso Senhor Jesus Cristo".
Essa revelação dada a Paulo nos mostra claramente a ordem dos eventos e o
momento em que acontecerão. Em primeiro lugar, Paulo não esperava um
arrebatamento pré-tribulacional, pois o mesmo já estava sendo atribulado e
aguardava, junto com a Igreja primitiva, o alívio definitivo para suas tribulações.
Até mesmo para um leitor menos atento, fica claro que Paulo está referindo-se
à vinda de Jesus como Rei e Senhor para derrotar o anticristo e seu sistema. Se
é neste momento que Paulo esperava alívio, obviamente esse alívio da tribulação
para a Igreja no final dos tempos virá por ocasião da volta de Jesus em glória e
não numa volta oculta anterior à tribulação!
Até o presente momento, o mundo inteiro jaz no maligno (I João 5:19). Nós
aguardamos a volta de Cristo para mudar essa situação de uma vez por todas.
102
X] O MILÊNIO
1] A-MILENISMO
2] PÓS-MILENISMO
De acordo com essa linha de interpretação, o Milênio não será uma consequência
direta da volta de Jesus em glória e sim da atuação da Igreja e seu impacto
evangelístico sobre o planeta, deixando-o apto para a vinda gloriosa de Cristo.
103
3] PRÉ-MILENISMO
A seguir, daremos algumas razões para explicar porque adotamos o modelo pré-
milenista como forma de entender o que realmente é "milênio" e porque ele é,
de acordo com o que cremos, o que mais se encaixa no contexto das profecias
para os últimos tempos.
1] UM REINO EXCLUSIVO
Em João 5:19, o apóstolo nos revela que o mundo jaz inteiramente no maligno.
Por outro lado, o apóstolo Paulo descreve Satanás como "deus deste século",
cegando o entendimento espiritual de muitos (II Coríntios 4:4).
O Altíssimo nos ensina a não amar o mundo (sistema) nem o que nele há (I João
2:15), e a não conformar-nos com o sistema (Romanos 12:2). Nossa esperança
deve ser o encontro com Jesus e sua volta gloriosa (Tito 2:13).
A Bíblia nos revela que, por ocasião da volta gloriosa de Jesus, o anticristo e
seus exércitos serão derrotados (II Tessalonicenses 2:8 e Apocalipse 19:11-21).
104
Se o sistema maligno, no qual o mundo jaz atualmente, será derrotado por Jesus
em sua segunda vinda, então a concretização do reino do Pai na Terra só se
tornará um fato real após esses eventos (vinda em glória e derrota do anticristo
e sistema), colocando o Milênio como uma consequência direta desses eventos.
2] UM REINO LITERAL
São muitas as passagens bíblicas que nos remetem a um reino literal de paz e
comunhão sobre a Terra (Isaias 1:25-31, Isaias 2:1-22, Jeremias 23:5-8,
Miquéias 4:1-4, Ezequiel 34:11-24, Zacarias 14:1-21, João 3:5, Apocalipse
12:10, entre outras).
É obvio que existe o reino espiritual e eterno do Pai, do qual somos embaixadores
(II Coríntios 5:19-20). Também é certo que, a partir do nascimento de Jesus e
a delegação deixada à Igreja de anunciar as boas novas, o reino de Deus, do
ponto de vista espiritual e profético, já existe na Terra, porém isso não nega a
concretização física desse reino.
Quando Paulo nos mostra em I Coríntios 15:50 que, nem carne nem sangue
herdarão o reino dos céus, não está excluindo desse reino aqueles que não
receberão corpos glorificados.
Está apenas revelando que a Igreja receberá o reino como herdeira e co-herdeira
com Jesus (Tiago 2:5, Mateus 5:10, Daniel 7:22), até porque o reino terá como
sede Jerusalém (Zacarias 14:16-17), a nação israelense continuará existindo
fisicamente (sem corpos glorificados) e muitas nações continuarão existindo,
sob o governo do Mestre, mesmo algumas daquelas que subirão contra
Jerusalém no Armagedom (Zacarias 14:16, Ezequiel 36:33-36).
3] UM REINO CONCRETO
O Senhor não negou a restauração literal do Reino de Israel, apenas deixou claro
que a época em que isso ocorreria está sob a soberania do Criador.
Em João 18:36, Jesus diz: "...O meu reino não é deste mundo...". Essa
declaração de Jesus foi dada a Pilatos, pouco antes da crucificação do Mestre.
De acordo com alguns, essa declaração de Jesus descarta um reino visível e
concreto sobre o planeta após sua vinda. Porém, não é isso que o texto revela.
Jesus queria que Pilatos entendesse que o seu interlocutor não era rei de
nenhuma nação naquele momento. Jesus não estava referindo-se ao futuro e
sim ao presente, respondendo a Pilatos uma pergunta que tinha claras
conotações políticas (acusar Jesus como um líder político rebelde a Roma com o
objetivo de justificar sua condenação).
Ou seja, o reino do Pai não é deste mundo (sistema), pois não pertence ao atual
sistema, que é maligno.
Quando esse sistema for aniquilado na volta gloriosa de Cristo, então o reino de
Cristo passará a ser deste mundo e Ele reinará sobre todos com justiça (I
Coríntios 15:25, Apocalipse 19:11-21, Miquéias 4:1-4, Isaías 11:1-12,
Apocalipse 20:1-6).
106
5] UM REINO VISÍVEL
O reino de Jesus sobre a terra será visível e abrangerá todos os povos, trazendo
paz e justiça sobre as nações (Zacarias 14:9-21, Apocalipse 19:15). O a-
milenismo geralmente baseia-se em passagens como a contida em Lucas 17:20-
21, para sustentar a concretização desse reino terrestre apenas a nível
espiritual.
O texto mencionado diz: "...O reino de Deus não vem com aparência exterior.
Nem dirão: Ei-lo aqui, ou: Ei-lo ali; porque eis que o reino de Deus está entre
vós".
Antes de comentar o texto acima, é preciso deixar claro que o reino de Deus
tem um caráter espiritual intrínseco, como tudo o que vem do Senhor. Nós,
como Igreja de Cristo, somos embaixadores desse reino, através do ministério
da reconciliação, como já foi abordado (II Coríntios 5:18-21).
Por isso, o Reino estava "entre" os fariseus. Através da Igreja, o Reino continua
estando "entre" as nações, até o momento em que será colocado "sobre" as
nações.
A respeito do fato do reino de Deus não vir com aparência exterior, dando uma
impressão de invisibilidade, devemos esclarecer o seguinte: Jesus estava
falando da sua vinda em glória (versículo 24).
Quando o Mestre disse que a vinda do reino do Pai seria sem aparência exterior,
não estava referindo-se a uma invisibilidade de sua vinda em glória, para
arrebatar a Igreja e instaurar o seu reino, pois essa vinda será visível, como um
relâmpago (Lucas 17:24, Mateus 24:30).
O próprio Jesus explica porque a chegada do seu reino não será com aparência
exterior: "...E dir-vos-ão: Ei-lo ali!, ou: Ei-lo aqui! Não vades, nem os sigais"
(Lucas 17:23).
107
Ao revelar que seu reino viria sem "aparência exterior", Jesus estava alertando
os discípulos a não serem enganados por aparências de reino. Um reino com
aparência exterior de justiça, poder e divindade, porém sem essência. Esse é
um aviso específico ao reino do anticristo, que, através de sinais e aparências,
enganará a muitos (Mateus 24:23).
6] O JUÍZO PRÉ-MILENAL
Essa diferença entre as duas ressurreições separa mais uma vez a segunda vinda
do juízo final e, consequentemente, o juízo das nações (após a volta de Jesus)
do juízo final (após o Milênio).
108
receberam o sinal em suas testas nem em suas mãos; e viveram, e reinaram
com Cristo durante mil anos. Mas os outros mortos não reviveram, até que os
mil anos se acabaram. Esta é a primeira ressurreição" (Apocalipse 20:4-6).
Neste texto fica bastante clara a existência de um período de mil anos entre uma
ressurreição e a outra, algo que não deve ser alegorizado.
Outra diferença substancial entre o julgamento que ocorrerá logo após a volta
de Jesus e aquele que terá lugar após o Milênio, é o fato de que o diabo, quando
é jogado no lago de fogo, após a rebelião final do milênio, já encontra no lugar
tanto o anticristo quanto o falso profeta, que já tinham sido lançados antes
(Apocalipse 20:10).
7] SATANÁS AMARRADO
Como consequência direta da volta de Jesus, o inimigo será amarrado por mil
anos, o que não condiz com a realidade atual, na qual o mistério da iniquidade
opera (II Tessalonicenses 2:7) e o espírito do anticristo está atuante desde que
o mistério da redenção por Cristo foi revelado (I João 4:3). Paulo esclarece aos
coríntios que satanás é "o deus deste século" (II Coríntios 4:4).
109
De acordo com o a-milenismo, satanás se encontra "parcialmente" inoperante e
só será solto no começo da tribulação. Tal afirmativa parece não encontrar uma
sólida argumentação bíblica.
Diante de toda a atuação satânica descrita na Palavra e vista por nós mesmos
em nossos dias, vemos que a premissa a-milenista se mostra muito frágil neste
ponto. Acreditamos que essa prisão de satanás será drástica e o impossibilitará
totalmente de interagir com as nações.
De acordo com o texto apocalíptico, tal prisão ocorrerá como resultado direto da
vinda de Jesus e não antes (Apocalipse 19:19-20, Apocalipse 20:1-6).
Cremos que o fato do diabo ser amarrado por mil anos ainda acontecerá e será
resultado da vinda gloriosa de Cristo (Apocalipse 19:11-21, Apocalipse 20:1-3).
8] PRIMEIRA RESSURREIÇÃO
110
Cremos que, neste caso, não há razões para não ser literal, até porque o uso de
alegoria para o termo "primeira ressurreição" traz várias incongruências
contextuais. Em primeiro lugar está o termo "mortos". Ele aparece quando é
descrita a ressurreição para o juízo final em Apocalipse 20:13.
De acordo com o a-milenismo tal ressurreição será literal, conceito com o qual
concordamos. Porém, vemos que o a-milenismo usa aqui um duplo padrão.
Da mesma forma, está o termo "viveram". João registra que: "...E viveram, e
reinaram com Cristo durante mil anos. Mas os outros mortos não reviveram, até
que os mil anos se completassem..." (Apocalipse 20:4-5).
9] OS SINAIS
Tanto Jesus, quanto Paulo, nos revelam dois grandes sinais, entre outros, que
antecederiam a volta gloriosa de Jesus: a apostasia ou esfriamento espiritual e
a manifestação do anticristo ou abominação da desolação (II Tessalonicenses
2:3, Mateus 24:12-15).
111
10] TRIBULAÇÃO X REBELIÃO
Não podemos confundir também Gog e anticristo, nem tampouco o Gog pós-
milenal (Apocalipse 20:8) com o Gog de Ezequiel 38 e 39, que está mais
relacionado ao começo da tribulação.
O Gog que vemos surgir no término do Milênio é uma alegoria ao primeiro Gog,
pois sairá dos quatro cantos da terra (de todo o planeta), numa ação repentina
de satanás, após mil anos de inatividade. Já o Gog de Ezequiel 38 e 39, é um
rei que vem "do extremo norte" (Ezequiel 38:15).
Que necessidade haveria de usar essas armas como combustível num cenário
pós-milenal, no qual a Nova Jerusalém descerá do céu, e a cidade não precisará
de sol nem lua, tal a grandeza da glória de Deus e da presença do Cordeiro?
(Apocalipse 21:23).
Entendemos que não se pode confundir a atuação desses dois Gog com a do
anticristo, o qual não atacará Israel até a parte final da tribulação. Ou seja, as
armas do exército do anticristo não poderiam ser queimadas por sete anos.
Também, o anticristo não pode ser relacionado a nenhum rei do extremo norte
e sim do ocidente, de acordo com as profecias de Daniel.
Jesus, pouco antes de ascender, deixou para a Igreja sua principal missão no
mundo: o anúncio das boas novas (Atos 1:8, Marcos 16:14-15).
112
Muitos erram ao imaginar que o atual sistema maligno será derrotado em função
do crescimento da Igreja e de sua atuação evangelística, alcançando todos os
níveis de poder político e social.
O próprio Jesus nos revela esse princípio: "E surgirão muitos falsos profetas, e
enganarão a muitos. E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos
esfriará. Mas aquele que perseverar até o fim será salvo" (Mateus 24:11-13).
É necessário que o sistema humano corrompido pelo mal seja destruído para
que o reino do Altíssimo seja instaurado de forma concreta e visível na Terra e
para que nós reinemos com Jesus. Existe um tempo determinado para que os
santos possuam o reino (Daniel 7:22).
O mundo, que atualmente jaz inteiramente no maligno, passará a ser dos santos
por herança, sob o domínio do Altíssimo (I Coríntios 15:23-26).
Há uma tendência nos escritos primitivos que nos levam à convicção de que os
primeiros líderes da Igreja tinham uma concepção nitidamente pré-milenista,
literalista, futurista e pós-tribulacionista.
113
Eles, em plena tribulação, esperavam a concretização de todos os sinais e a volta
do Mestre já em seus dias, para livrá-los da tribulação, derrotar o iniquo e
instaurar seu reino na Terra.
Não vemos razões para ter uma concepção diferente à de nossos primeiros
irmãos. Eles tiveram contato direto com os apóstolos e/ou seus sucessores
imediatos.
Aquilo que foi escrito por homens como Papias, Irineu, Justino, etc, reconhecidos
como lideranças, deve ser considerado com atenção.
"...Ele diz que haverá um milênio depois da ressurreição dos mortos, com o reino
pessoal de Jesus o qual será estabelecido nesta Terra..." (Papias 70-155 DC,
citado por Eusebio, Hist. Eccl. III, 39)
"...E, além disso, um homem entre nós, de nome João, um dos Apóstolos de
Cristo, profetizou em uma revelação que lhe foi feita, de que aqueles que
confiassem em Cristo passariam mil anos em Jerusalém, e que depois viria a
ressurreição universal e eterna de todos, como também o juízo final..." (Justino
Mártir 110-165 DC, Diálogo com Tripo, Capítulo LXXXI)
114
XI] PÓS-TRIBULACIONISMO
2. As Escrituras não nos revelam em nenhum lugar que a volta do Messias será
dividida em duas etapas: uma oculta, anterior à tribulação, e outra visível, após
a tribulação.
4. A promessa feita aos discípulos pouco após a ascenção de Cristo, aponta para
seu regresso visível como Rei, pousando seus pés sobre o Monte das Oliveiras
para derrotar o anticristo.
115
6. Paulo descarta toda ideia de iminência anterior à concretização dos sinais
profetizados pelo Mestre.
Ele ensinou aos tessalonicenses que a vinda de Jesus e a nossa reunião com Ele,
não ocorreria antes da apostasia generalizada e da manifestação do anticristo,
mantendo a mesma ordem profetizada pelo Salvador no sermão profético (II
Tessalonicenses 2:1-3, Mateus 24:10-15)
7. O regresso do Messias será como "um ladrão na noite" para aqueles que não
a esperam e/ou não estão vigiando e atentos aos sinais (I Tessalonicenses 5:4,
Apocalipse 3:3)
Joel nos revela que esses mesmos sinais antecederão o Dia do Senhor,
relacionando esse dia ao dia do regresso do Messias e não ao período
tribulacional de sete anos (Mateus 24:29, Joel 2:10, Isaias 13:10, Ezequiel 32:7-
10)
11. O chamado para "vigiar" (o termo vigiar vem de vigília = noite) e se manter
atento aos sinais e à santidade, se prolonga até o final da tribulação (Apocalipse
16:15)
12. Jesus, em sua primeira abordagem direta sobre sua volta, relaciona
diretamente o momento do arrebatamento à sua vinda gloriosa e à derrota dos
exércitos do anticristo no Armagedom.
116
13. O objetivo da tribulação não é o extermínio da raça humana nem a
destruição total do planeta. O Mestre compara sua vinda aos dias de Noé no que
concerne ao descaso das pessoas diante das profecias e à malignidade das duas
épocas em questão.
14. Após a grande tribulação haverá sobreviventes, inclusive das nações que
marcharão contra Jerusalém no Armagedom (Zacarias 14:16)
15. Não existe base bíblica para separar a igreja da Israel espiritual. Apesar de
existirem castigos e promessas específicas para a nação israelense, não se
justifica presumir por isso um arrebatamento pré-tribulacional.
O Eterno trata com todos ao mesmo tempo. Um exemplo disso é que Ele
continua atuando profeticamente com Israel em plena "era dos gentios".
17. Não existe base bíblica alguma para sustentar a volta de Jesus a qualquer
momento. O próprio Cristo se deteve para revelar todos os grandes sinais que
antecederiam sua volta.
Não se pode usar as epístolas paulinas para sustentar a volta de Jesus "a
qualquer momento", pois elas foram escritas para diversas igrejas até 66 d.C.,
ano em que Paulo morreu decapitado em Roma.
Naquele ano não havia se cumprido sequer o primeiro grande sinal profetizado
pelo Salvador: a destruição de Jerusalém, que só ocorreu em 70 d.C. Paulo e
nenhum dos apóstolos ensinaram um arrebatamento sem sinais prévios.
18. A salvação nos livra da ira do Altíssimo. Quando falamos em "ira" relacionada
à salvação espiritual, não é correto associar essa "ira" a um processo
tribulacional, onde os danos sofridos pelos filhos do Eterno são físicos.
117
O próprio autor do versículo em questão morreu decapitado dentro de um
processo de perseguição e tribulação.
A salvação que temos é espiritual e eterna, a qual nos torna isentos da ira eterna
do Altíssimo, porém não isentos de passar por tribulações (I Tessalonicenses
1:10, I Tessalonicenses 4:9)
23. Jesus nos insta a estarmos atentos aos sinais e a não sermos enganados em
meio à tribulação pelos sinais malignos dos "anticristos" e "falsos profetas"
(Marcos 24:4, Mateus 24:24, Lucas 12:54-59)
24. Jesus disse que "quem perseverar até o fim será salvo". O "fim" de sua
narrativa profética no sermão do Monte das Oliveiras é sua vinda em glória, logo
após a tribulação (Mateus 24:13, Mateus 24:6)
25. Jesus predisse que os seus servos seriam odiados por todas as nações e que
o evangelho seria pregado em testemunho a todas as nações.
Esses eventos ainda não aconteceram em sua plenitude e devem ocorrer durante
a tribulação com a perseguição institucionalizada contra a Igreja e a diáspora
decorrente dessa perseguição, produzindo um avivamento nunca antes visto e
possibilitando a pregação a todas as nações.
118
Porém, se a posição pós-tribulacionista estiver certa, estaria a Igreja preparada
em todos os aspectos para enfrentar esses momentos de sofrimento físico e
social extremos?
Estão todos sendo ministrados para enfrentarem essa possibilidade? Estão todos
sendo ensinados a vigiarem em virtude do engano generalizado que se
aproxima?
Temos observado que a grande maioria dos cristãos, no tocante aos assuntos
escatológicos, não tem feito aquilo que os bereanos fizeram, ao ouvir a palavra
ministrada por Paulo.
Anterior a esse período (século XIX), não havia distinção entre arrebatamento e
segunda vinda em glória. O maior exemplo dessa posição é a Igreja primitiva.
Ao ler as cartas de Paulo, Pedro e João fica explícito que eles, como toda a Igreja
primitiva, esperavam a volta do Senhor já em seus dias, vivendo em pleno
processo tribulacional.
Essa vinda não seria para "evitar" que a Igreja entrasse num processo de
tribulação e sim para tirá-los da tribulação em que a Igreja vivia (II
Tessalonicenses 1:7-10).
Não entendemos que seja uma salvação a nível espiritual, pois a nossa salvação
espiritual independe dos danos físicos causados num processo tribulacional.
Em Daniel e também no Apocalipse, fica claro que o anticristo fará guerra contra
os santos e matará a muitos, principalmente após a instauração a nível mundial
da marca da besta (sistema de controle político-financeiro).
Outra vez, não devemos confundir esse ataque aos santos, com o povo de Israel,
pois Israel só será atacado frontalmente pelo anticristo no final da tribulação,
quando reunir os exércitos da terra contra a terra santa no Armagedom.
O amor de Cristo pela Igreja não a torna isenta de viver tribulações. Se assim
fosse, então nossos irmãos primitivos, que foram perseguidos, torturados e
120
martirizados, entre os quais líderes do porte de Pedro, Paulo, João, Tiago,
Estevão, Policarpo e tantos outros, não estariam debaixo do amor de Cristo!
O próprio Mestre disse: "O servo não é maior que o seu senhor". Se o Salvador
foi perseguido pelo sistema político e religioso da época, e sofreu dores em seu
próprio corpo, por que nós estaríamos isentos?
A Igreja atual está mais preocupada em não passar pela tribulação para manter
a sua integridade física e social ou em anunciar o evangelho e não negar o nome
do Mestre, mesmo que isso signifique dano físico ou morte em meio à mais
ferrenha perseguição e tribulação?
122
XII] A GRANDE MENTIRA
Porém, para que ocorra o que foi profetizado por Jesus em Mateus 24: 24-25,
algo realmente grande, surpreendente, concreto e assustador deve acontecer
pouco antes da revelação do filho da perdição, para que a grande maioria seja
convencida e aceite a manifestação do anticristo.
"Porque surgirão falsos profetas e falsos messias, e farão tão grandes sinais e
prodígios que, se possível fora, enganariam até os escolhidos. Eis que eu vo-lo
tenho predito" (Mateus 24:24-25).
Também o apóstolo Paulo nos dá subsídios para identificar a grande mentira que
legitimará a manifestação do anticristo:
"... A esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo poder, e sinais
e prodígios de mentira, e com todo o engano da injustiça para os que perecem,
porque não receberam o amor da verdade para se salvarem. E por isso Deus
lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira" (II Tessalonicenses
2:9-11).
123
É interessante constatar nessas passagens e em muitas outras, o intuito divino
de revelar e avisar aos seus servos sobre essa grande onda de engano que
ocorrerá no final dos tempos. Isso nos mostra, mais uma vez, a presença da
Igreja durante esses acontecimentos.
1] UM GRANDE SINAL
Jesus, em seu sermão profético contido em Mateus 24, começa sua revelação
com o seguinte aviso: "Acautelai-vos, que ninguém vos engane" [Mateus 24:4]
Fica patente, tomando como base os veementes avisos deixados pelo Senhor
Jesus, Paulo e outros apóstolos, que algo realmente sobrenatural e impactante
deva ocorrer, para convencer toda a humanidade, com exceção dos escolhidos,
que o anticristo e o falso profeta são realmente seres enviados pela divindade...
124
É indispensável que estejamos alertas. Lembramos mais uma vez as Palavras
do Mestre: "Acautelai-vos, que ninguém vos engane"...
Outra vertente que não podemos desconsiderar está relacionada a alguns filmes.
Grandes produções cinematográficas têm presentado a milhões ou bilhões de
pessoas a possibilidade dessa manifestação extraterrena, gerando um contínuo
processo de condicionamento global.
2] A PROTEÇÃO
Note que, de acordo com o Senhor Jesus, os sinais da besta não serão feitos
para justificar um suposto arrebatamento pré-tribulacional de milhões de
cristãos, e sim para enganar a população mundial, com o objetivo de tornar o
anticristo aceito e adorado como uma deidade.
125
De acordo com II Tessalonicenses 2:9-11, os ímpios acreditarão piamente na
mentira e simulacro satânicos de "redenção" da humanidade:
"...A esse iníquo cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo poder, e
sinais e prodígios de mentira, e com todo o engano da injustiça para os que
perecem, porque não receberam o amor da verdade para se salvarem. Por isso
Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira".
Cabe a nós ficarmos atentos e vigiar, termo constantemente usado pelo Mestre
para Sua Igreja, em especial quando Ele se refere aos eventos dos últimos
tempos.
3] HORA DE VIGIAR
Ao mesmo tempo em que devemos estar preparados para receber curas, bens,
prosperidade e bênçãos do Pai, devemos estar preparados para sofrer
perseguições e tribulações por causa do testemunho de Cristo (Mateus 5:10).
Essa é a nossa visão e esperança para os dias atuais e os que virão. Poderemos
passar por todas as coisas, pois Deus nos fortalecerá em meio a elas, até mesmo
na grande tribulação.
Nossa esperança não deve estar neste mundo nem em seu sistema político.
Nossa esperança deve estar na vinda de Jesus em glória, para arrebatar a Igreja,
destruir o anticristo e o seu sistema, e instaurar o Seu reino.
Chega de seguir falsos líderes que prometem um paraíso imediato para quem
quiser. Não foi esse o ensinamento deixado pelo Mestre (Mateus 28:20).
"Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão
nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias
concupiscências; e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fabulas".
Essa é uma revelação que Paulo teve do futuro, que corresponde a nosso atual
presente. O apóstolo descreve que, num determinado momento do futuro, o
evangelho seria "pesado" demais para ser seguido e não seria suportado em sua
essência, ocasionando o desvio da verdade e a crença em "fábulas".
"Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns
da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios" (I
Timóteo 4:1).
Se você não deseja ser enganado pelo futuro sistema do anticristo nem pela
base religiosa que lhe dará sustentação, é hora de viver os ensinamentos de
Cristo (João 6:68), exercitar a doutrina dos apóstolos (Atos 2:42) e examinar as
Escrituras constantemente (Mateus 22:29). Nossa esperança não deve estar nas
coisas aparentes e sim naquelas que não são aparentes.
127
O mundo jaz inteiramente no maligno (I João 5:19). Portanto, viver procurando
estar cada vez mais inserido nesse sistema, desfrutando de tudo o que ele pode
oferecer e não anelar de todo coração a vinda de Jesus e o seu reino, é um
grande perigo.
É preciso ter muito cuidado com líderes que só ministram um evangelho voltado
para o dia a dia e as necessidades corriqueiras, apresentando apenas promessas
agradáveis aos ouvidos, e se esquecem de ensinar a respeito das perseguições
e tribulações que esperam a Igreja antes de seu encontro com o Senhor.
4] PROGRESSÃO ARITMÉTICA
Alguns duvidam do fato das profecias concernentes aos últimos tempos estarem
prestes a se cumprir. É claro que durante toda a história, muitos se levantaram
para determinar o fim dos tempos já em seus dias, o que obviamente não
ocorreu...
Desta forma, o apóstolo Paulo nos deixa uma chave para poder entender melhor
os eventos dos últimos tempos e poder afirmar se estamos ou não vivendo esses
momentos.
Quando chegarem esses tempos finais, os sábios entenderão. Para aqueles que
duvidam da concretização das profecias para o fim dos tempos em breve,
devemos fazer algumas considerações:
128
Em Daniel 12:4, fica expresso que nos últimos tempos a ciência se multiplicaria.
Se analisarmos matematicamente, multiplicar não expressa somente um
simples crescimento, mas um crescimento aritmético.
129
sistemas tecnológicos, que, provavelmente, poderão ser utilizados pelo sistema
da besta para implementar seu controle sobre a população mundial.
A única forma de não ser enganado pelo futuro sistema maligno é através da
comunhão com o Pai e o direcionamento da Palavra. Jesus disse que o
desconhecimento das Escrituras e do poder de Deus gera o erro e o engano
(Mateus 22:29).
130
XIII] ESCATOLOGIA PRIMITIVA
Lendo os escritos dos primeiros líderes e, até mesmo, as epístolas de Paulo, João
e Pedro, vemos que o sermão profético proferido por Jesus no Monte das
Oliveiras dias antes de Sua crucificação, servia como base fundamental para a
compreensão escatológica dos irmãos primitivos.
Sem dúvidas, nem todos os ensinamentos dos apóstolos estão contidos nos
livros neotestamentários. Um grande exemplo da importância do ensinamento
oral está na segunda carta aos tessalonicenses, onde Paulo escreve aos irmãos
em Tessalônica a respeito da razão que impedia a completa manifestação do
anticristo. Paulo escreveu:
131
"Não vos lembrais de que estas coisas eu vos dizia quando ainda estava
convosco? E agora vós sabeis o que o detém, para que a seu próprio tempo seja
manifestado" (II Tessalonicenses 2:5-6).
Esse exemplo nos mostra a importância dos preciosos ensinamentos orais aos
quais os irmãos primitivos tinham acesso e nos leva a considerar com muita
atenção qual era a postura adotada por eles diante das profecias referentes aos
últimos tempos.
Algumas dessas instruções apostólicas pessoais são refletidas nos escritos dos
primeiros líderes da Igreja, aqueles que tiveram o privilégio de conhecer
pessoalmente os apóstolos ou receberam seus ensinamentos orais através de
pessoas que estiveram fisicamente com eles.
Apesar de não terem valor canônico, tais comentários são fruto do contato direto
com os apóstolos e seus discípulos. O trabalho de Hipólito, que foi discípulo de
Irineu, também é valiosíssimo para perceber qual era a concepção escatológica
daqueles irmãos.
132
Em quantidade, os escritos de Hipólito são mais numerosos que os de Irineu,
porém vemos em todos eles uma linha em comum: são escritos feitos
obedecendo aos princípios bíblicos, contra as heresias que se levantaram desde
o alvorecer da Igreja e todos eles tinham a influência direta das palavras ouvidas
através da convivência com os apóstolos ou pessoas discipuladas por eles.
Ou seja, havia a clara intenção nos escritos de Irineu e de Hipólito, dentre outros,
de preservar a sã doutrina pregada por Jesus e ensinada pelos apóstolos.
Através dos escritos de Irineu, Hipólito e Justino Mártir, entre outros, vemos a
clara constatação de que não havia no seio da Igreja primitiva essa separação
entre "escatologia judaica" e "escatologia eclesiástica".
Isso nunca fora ensinado pelos apóstolos, de forma escrita ou oral. Pelo
contrário, a Igreja primitiva aguardava a concretização dos sinais profetizados
por Cristo já em seus dias (manifestação do anticristo, grande tribulação,
arrebatamento, Dia do Senhor e volta gloriosa de Cristo).
Não há menção, tanto na Bíblia quanto nesses escritos dos líderes primitivos, a
nenhuma esperança de arrebatamento oculto e anterior à tribulação e sim
daquilo que tinha sido ensinado por Jesus: a reunião e arrebatamento dos
escolhidos por ocasião do aparecimento visível de seu sinal nos céus, logo após
a grande tribulação.
É óbvio que a posição escatológica dos primeiros líderes não era uniforme e igual
em todos os detalhes. Havia algumas controvérsias, principalmente no que se
referia à literalidade do Milênio.
A maior parte dos líderes primitivos entendia o Milênio como um período literal
de mil anos, durante os quais Cristo reinaria na Terra juntamente com os Seus
santos, após Sua volta gloriosa. Porém, alguns favoreciam uma interpretação
alegórica, espiritualizando o Milênio.
133
Esses últimos pertenciam basicamente às comunidades cristãs do norte da
África, tais como Clemente de Alexandria, Orígenes e Julius Africanus (todos eles
ligados à "Escola de Alexandria").
Por sua vez, Tertuliano de Cartago, sustentava que a semana setenta de Daniel
já havia sido cumprida. Mesmo assim, ele acreditava numa tribulação futura,
num anticristo pessoal e literal e na literalidade do Milênio.
Não há nenhum relato ou documento anterior ao século quarto que aponte para
algum líder primitivo que tivesse, pelo menos, alguma leve noção de um
hipotético arrebatamento pré-tribulacional.
Todos esses escritos selecionados foram elaborados até o ano de 325 d.C., desde
os dias imediatamente posteriores à morte dos apóstolos até os dias do Concílio
de Nicéia, marco a partir do qual algumas heresias deixaram de ser combatidas,
como tinham sido nos três primeiros séculos, e começaram a ser absorvidas pela
Igreja sediada em Roma.
1] IMINÊNCIA / EXPECTATIVA
134
Não obstante a Igreja primitiva aguardar o cumprimento final das profecias já
em seus dias e, consequentemente, a volta do Mestre, fica claro, através dos
comentários dos primeiros líderes (sem mencionar a direção bíblica a esse
respeito em II Tessalonicenses 2:1-3), que eles aguardavam a concretização de
todos os sinais profetizados e que necessariamente deveriam se cumprir antes
da volta do Messias, pois a Palavra Dele não volta atrás.
Fica evidente que Irineu não esperava que a volta do Mestre fosse "iminente"
para ele naquele momento.
135
Porém, conhecendo o número exato declarado pela Escritura, que é o de 666,
devem esperar, em primeiro lugar, a divisão do reino em dez; logo, no momento
seguinte, quando esses reis estejam governando e começando a colocar seus
assuntos em ordem e a desenvolverem seus reinos (deixem que eles saibam),
para dar a conhecer aquele que virá reclamando o reino para si mesmo e
atemorizará aquelas pessoas de quem temos falado, tendo um nome que
consiste no número mencionado anteriormente, isso é realmente a abominação
da desolação...
Porém, quando este anticristo tenha devastado todas as coisas neste mundo,
ele reinará por 3 anos e 6 meses, e se sentará no templo de Jerusalém; e quando
o Senhor vier nas nuvens dos céus, na glória do Pai, enviará este homem e a
seus seguidores ao lago de fogo; restaurando os tempos de bem-estar e justiça
no reino, que é, o descanso, o sétimo dia sagrado; e restaurando a Abraão a
herança prometida, no reino que o Senhor declarou, no qual muitos virão do
este e do oeste e se sentarão com Abraão, Isaque e Jacó".
Por essa razão, quando começou a perseguição por parte das autoridades
judaicas, logo no início da Igreja, e posteriormente, quando essa perseguição foi
incrementada pela atuação direta e oficial do Império Romano a partir de 64
d.C., nós podemos observar que tudo aquilo não pegou a Igreja de surpresa,
pois já existia a clara consciência de que os santos seriam perseguidos.
136
"Lembrai-vos da palavra que vos disse: Não é o servo maior do que o seu
Senhor. Se a mim me perseguiram, também vos perseguirão a vós; se
guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa" (João 15:20)
"Mas alegrai-vos no fato de serdes participantes das aflições de Cristo, para que
também na revelação da sua glória vos regozijeis e alegreis" (I Pedro 4:13)
Apesar do erro cronológico, fica clara a concepção dos irmãos primitivos no que
se refere à perseguição desencadeada pelo anticristo e a inserção da Igreja
nesse período, mostrando, mais uma vez, a completa inexistência de qualquer
modelo que permitisse a exclusão da Igreja do período tribulacional. Isso fica
constatado nas afirmações de Justino Mártir.
"Dois adventos de Cristo têm sido anunciados: um, no qual Ele veio como
sofredor, despido de sua glória, honra, e foi crucificado; mas a outra, na qual
Ele virá do céu com glória, quando o homem da apostasia, que fala coisas altivas
contra o Altíssimo, se arriscará a fazer leis fora da lei da terra contra nós os
cristãos...
Agora é evidente que ninguém pode atemorizar ou subjugar a nós que temos
crido em Jesus no mundo. Porque esse plano é que através da perseguição,
crucificados, e lançados às feras da terra, às chamas, e fogo, e todas as outras
formas de tortura...porém, enquanto mais essas coisas acontecem, mais outros
em grande número vêm à fé e glorificam o nome de Deus através do nome de
Jesus"
137
3] FUTURISMO / HISTORICISMO
Também, como fica claro nos textos de Irineu, os irmãos primitivos deveriam
esperar a queda do Império Romano e o surgimento de dez reinos. Isso coloca
a concretização dos sinais proféticos para o futuro, como fica evidente no
sustentado por Hipólito.
"Como essas coisas, então, estão no futuro, e como os dez dedos da imagem
são equivalentes (e muito) a democracias, e os dez chifres da quarta besta estão
distribuídos entre dez reinos, olhemos o tema com mais profundidade, e
consideremos estes assuntos à luz clara de uma posição pessoal.
4] EVOLUÇÃO TEOLÓGICA?
138
tribulacional, seria sua "imaturidade teológica", quando comparados às
modernas escolas.
Mas, será que essa é a postura mais correta? Será que a verdade se torna mais
verdade à medida que uma geração vai passando seus conhecimentos a outra?
Não podemos esquecer que foram os apóstolos, líderes da Igreja primitiva, quem
escreveram, sob inspiração do Espírito do Criador, os livros que hoje usamos
como base doutrinária e reconhecemos como Palavra do Eterno.
139
Paulo, inspirado pelo Espírito Santo, nos revela que nos últimos tempos alguns
se levantariam contra a sã doutrina, ensinando coisas aparentemente
agradáveis aos ouvidos e lógicas para o raciocínio humano, mas separadas
completamente das verdades do evangelho, revelado por Jesus e ensinado pelos
apóstolos.
Esperamos de coração que a postura que a Igreja primitiva tinha a respeito das
questões escatológicas, possam levá-lo a uma postura de alinhamento com
aquilo que foi ensinado nos primeiros séculos da Igreja.
Cremos que todo ensinamento que vai além daquilo que foi ensinado por Jesus
e pregado pelos apóstolos deve ser rejeitado como base doutrinária.
140
XIV] O DIA DO SENHOR
O primeiro a citar tal termo foi o profeta Isaias, há aproximadamente 700 anos
A.C. Mas, o que significa "Dia do Senhor"? Diante desse questionamento, se
apresentam duas posições principais:
1. Alegorizar o termo "dia", fazendo com que o Dia do Senhor abranja o espaço
de tempo maior que um dia de 24 horas.
2. Tomar o termo "dia" num sentido literal, no qual o Dia do Senhor será
realmente um dia específico.
Sendo coerentes com a nossa concepção literalista das Escrituras, não vemos
razões suficientes para não considerar o Dia do Senhor como um dia literal de
24 horas ou o glorioso dia da vinda de Jesus.
Alguns tentam alegorizar o termo "Dia do Senhor" tomando como base a relação
feita por Paulo e também por Pedro entre o Dia do Senhor e a chegada abrupta
de um ladrão (I Tessalonicenses 5:2, II Pedro 3:10). Considerando essa
premissa, afirma-se que o Dia do Senhor começará de forma iminente e
inesperada.
Porém, analisando os contextos do que foi escrito pelos apóstolos, vemos que
tanto Paulo como Pedro associam o fato do Dia do Senhor ser comparado à
chegada de um ladrão, ao despreparo e incredulidade daqueles que não esperam
a vinda de Jesus e até mesmo zombam dessa possibilidade, sendo surpreendidos
diante dessa gloriosa vinda (I Tessalonicenses 5:4, II Pedro 3:3-5).
141
"E, logo depois da aflição daqueles dias, escurecerá o sol, e a lua não dará a sua
luz, e as estrelas cairão do céu, e as potências dos céus serão abaladas. Então
aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; e todas as tribos da terra se
lamentarão, e verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com
poder e grande glória" (Mateus 24:29-30).
"Eis que o nome do SENHOR vem de longe, ardendo a sua ira, sendo pesada a
sua carga; os seus lábios estão cheios de indignação, e a sua língua é como um
fogo consumidor.
E a sua respiração como o ribeiro transbordante, que chega até ao pescoço, para
peneirar as nações com peneira de destruição, e um freio de fazer errar nas
queixadas dos povos.
Um cântico haverá entre vós, como na noite em que se celebra uma festa santa;
e alegria de coração, como a daquele que vai com flauta, para entrar no monte
do SENHOR, à Rocha de Israel" (Isaías 30:27-29)
"E a vós, que sois atribulados, descanso conosco, quando se manifestar o Senhor
Jesus desde o céu com os anjos do seu poder, como labareda de fogo, tomando
vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho
de nosso Senhor Jesus Cristo; Os quais, por castigo, padecerão eterna perdição,
ante a face do Senhor e a glória do seu poder, quando vier para ser glorificado
nos seus santos, e para se fazer admirável naquele dia em todos os que
crêem..." (II Tessalonicenses 1:7-10)
A seguir, daremos algumas razões bíblicas que mostram claramente que não se
pode atribuir o Dia do Senhor ao período tribulacional, como é defendido em
alguns modelos escatológicos, e sim a um dia específico e literal, o qual ocorrerá
imediatamente após a grande tribulação:
142
Note que os sinais que iniciam essa reação desesperada das pessoas no final da
tribulação, são os mesmos sinais descritos por Joel como anteriores ao Dia do
Senhor e por Jesus como imediatamente posteriores à tribulação e
imediatamente anteriores a sua gloriosa volta: O sol e a lua escurecendo, além
da grande comoção cósmica (Apocalipse 6:12 compare com Mateus 24:29-31).
Por outro lado, vemos que a maior parte das pessoas durante a tribulação se
maravilhará com a besta, seguindo-a e adorando-a, sendo mundialmente
enganados e manipulados (Apocalipse 13:3-4, 13:15, II Tessalonicenses 2:9-
11).
O desespero daqueles que não estão preparados para a vinda de Jesus se dará
a partir da concretização de sinais que, de acordo com o Mestre, se darão logo
após a grande tribulação (Mateus 24:29, Apocalipse 6:12-17).
O anticristo não poderá ser adorado no Dia do Senhor, pois Isaias nos revela
que somente o Senhor será exaltado nesse dia! Também, todos os ídolos serão
abolidos no Dia do Senhor, o que não condiz com a realidade tribulacional, na
qual a imagem da besta e outros ídolos serão adorados pela população (Isaias
2:18, Apocalipse 9:20-21 e Apocalipse 13:15).
4] Zacarias 14:7 indica que o Dia do Senhor será um dia literal de 24 horas. O
texto hebraico diz literalmente: "esse dia será um" (veja também Isaias 10:17)
143
5] Por três vezes a frase "o Dia do Senhor vem" é usada no Antigo Testamento
(Isaias 13:9, Joel 2:1 e Zacarias 14:1). Nesses três casos, as passagens
começam a descrever imediatamente depois a batalha do Armagedom.
6] Joel 3:9-17 descreve a reunião dos exércitos das nações contra Jerusalém
para a batalha do Armagedom, os sinais cósmicos (o sol e a lua escurecendo),
e a vinda do Senhor. Após a reunião dos exércitos, porém antes dos sinais
cósmicos, Joel escreve que o Dia do Senhor está perto.
Fica claro que "o Dia de Deus" será logo após a tribulação. Pedro mostra
implicitamente que os termos "Dia de Deus" e "Dia do Senhor" são sinônimos
(II Pedro 3:10-12).
8] Em II Tessalonicenses 2:1-3 está escrito que o Dia do Senhor não virá antes
da apostasia e da revelação do filho da perdição.
O versículo 4 indica como ele será revelado, relacionando essa revelação a sua
presença no templo, no meio da tribulação (veja Mateus 24:15). Então, no
mínimo, o dia do Senhor não pode ocorrer antes da metade da tribulação.
9] De acordo com Malaquias 4:5, Elias o profeta virá antes do Dia do Senhor.
Há indícios para acreditar que Elias será uma das duas testemunhas.
Consequentemente, esse fato nos dá indícios para pensar que o Dia do Senhor
não pode começar antes da missão das duas testemunhas em plena tribulação.
144
(Filipenses 1:10 - Dia de Cristo), (Filipenses 1:6 - Dia de Jesus Cristo), (I
Coríntios 1:8 - Dia do Senhor Jesus Cristo), (I Coríntios 5:5 - Dia do Senhor
Jesus), (I Tessalonicenses 5:2 - Dia do Senhor), (II Pedro 3:12 - Dia de Deus),
(Apocalipse 16:14 - Dia de Deus Todo-Poderoso).
Portanto, não há suficiente base bíblica para diferenciar o dia do Senhor usando
como argumento apenas o nome diferenciado dado ao Senhor em diferentes
passagens do Novo Testamento.
De acordo com esses princípios, cremos que o dia do Senhor ocorrerá logo após
a tribulação e será a manifestação poderosa de Cristo, vindo sobre as nuvens
como Rei e Senhor, para arrebatar aqueles que o esperam, derrotar os exércitos
do anticristo reunidos no Armagedom e instaurar o seu reino de paz sobre a
Terra.
145
XV] AS SETENTA SEMANAS
O Senhor, através da revelação dada ao profeta Daniel, nos mostra com detalhes
eventos que fizeram parte da história da humanidade e outros que ainda
ocorrerão.
Esse período de sete anos ficou conhecido como "semana de anos". Portanto,
setenta semanas são 490 anos.
Nas profecias do livro de Daniel, esses 490 anos se subdividem em tres partes:
sete semanas de anos (49 anos), sessenta e duas semanas de anos (434 anos)
e uma semana de anos (7 anos).
O ponto de partida para o cálculo das setenta semanas é o decreto emitido pelo
rei medo-persa Artaxerxes em 14 de março de 445 AC, autorizando a
reconstrução de Jerusalém.
No ano 538 AC, o rei Ciro, após conquistar a Babilônia, expede um decreto a
favor do povo de Israel. Esse decreto de Ciro é destinado ao retorno dos judeus
à terra natal para reconstruir o Templo e restituir os utensílios sagrados
pertencentes a ele (Esdras 1:1-8, Esdras 5:13-14).
146
Por último, em 445 AC, o mesmo Artaxerxes I dá uma ordem a Neemias para a
reedificação da cidade de Jerusalém e de seus muros (Neemias 2:1-9).
É interessante notar que, até essa última ordem dada a Neemias, Jerusalém
ainda não havia sido reedificada e ainda estava em ruínas (Neemias 2:5).
Então, entendemos que o primeiro período vai de 445 AC até 396 AC, tempo
que durou a reconstrução (49 anos). O segundo período perfaz 483, somando-
se os 49 anos das sete primeiras semanas e os 434 das sessenta e duas semanas
que antecederam a morte do Ungido (Jesus).
1] AS SEMANAS JÁ CUMPRIDAS
147
Aqueles que perceberam a proximidade do nascimento do Messias e viajaram
milhares de quilômetros com o objetivo de visitar o Salvador do mundo, eram
estudiosos vindos do Oriente. Como isso pôde acontecer, já que os judeus
tinham um acesso direto e constante às Escrituras e os magos viviam a milhares
de quilômetros da terra prometida?
Após várias décadas, essa interpretação ficou solidificada. Quando Jesus nasceu,
os líderes religiosos judeus não perceberam tão grande acontecimento, que
tinha sido profetizado profusamente nas Escrituras e que, de acordo com as
setenta semanas de Daniel, poderia ser calculado.
Esse cálculo foi feito pelos sábios do Oriente. É preciso lembrar que Daniel foi
considerado no Oriente (tanto na Babilônia, quanto na Pérsia) o maior de todos
os sábios.
Apesar desse enorme respeito, o mais provável é que esses sábios do Oriente
não tenham abandonado suas práticas pagãs e politeístas.
Contudo, a fama de Daniel, como grande sábio, ficou na memória e nos arquivos
do Oriente. Os magos que visitaram Jesus recém-nascido, sem dúvidas, ouviram
falar dos grandes feitos de Daniel na Babilônia e na Pérsia, e possuíam cópias
de suas revelações e profecias, entre elas a profecia das setenta semanas.
Quando a estrela apareceu no céu, eles sabiam que estava na época da profecia
se cumprir, já que possuíam a revelação concernente às setenta semanas e
sabiam aproximadamente o período em que o Messias haveria de nascer.
Todas essas constatações nos deixam uma importante lição: as profecias bíblicas
não podem ser totalmente metaforizadas nem os dados existentes nessas
profecias, principalmente anos, meses, dias e períodos, podem cair no terreno
da espiritualização ou alegorização.
148
Devido a uma visão semelhante, os líderes judeus da época do nascimento do
Messias não perceberam esse glorioso evento e, consequentemente, não
aceitaram Jesus como o Messias prometido.
"... Pois dias virão sobre ti, em que os teus inimigos te cercarão de trincheiras,
e te sitiarão, e te esteitarão de todos os lados; e te derrubarão, a ti e aos teus
filhos que dentro de ti estiverem, e não deixarão em ti pedra sobre pedra, pois
que não conheceste o tempo da tua visitação" (Lucas 19:43-44).
2] A ÚLTIMA SEMANA
"Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa
cidade, para cessar a transgressão, e para dar fim aos pecados, e para expiar a
iniquidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e para ungir o
Santíssimo" (Daniel 9:24)
149
O dispensacionalismo tradicional defende que o foco principal dessa profecia é
Israel (o povo de Daniel, os judeus). Logo, argumentam que a totalidade das
setenta semanas é concernente a Israel e Jerusalém.
Lembremos que Daniel estava falando que a profecia era concernente ao "seu
povo" e à cidade de Jerusalém. Sem dúvidas, a destruição de Jerusalém e do
Templo em 70 d.C, está atrelada a Jerusalém e ao povo de Daniel. Jesus
confirmou essa realidade em Lucas 19:41-44.
Consequentemente, não há base bíblica para afirmar que Deus não está tratando
com Israel no espaço compreendido entre as semanas 69 e 70.
Fica claro, também, que não há suficiente base para colocar a última semana
numa sequência imediata à de número 69, e associar a última semana, numa
visão preterista, ao ministério de Jesus durante sua primeira vinda, pois sua
crucificação ocorreu 5 dias após o término da semana 69 e o fim dos sacrifícios
150
profetizado por Daniel ocorre na metade da semana 70, ou seja, três anos e
meio após o começo da semana 70.
Outro fato interessante é que a profecia de Daniel 9:25 não indica que a atuação
de Deus com Israel está restrita a 70 semanas. Indica apenas que a profecia em
questão está determinada, abrangendo um tempo e acontecimentos específicos.
A palavra hebraica usada para "determinada" é chathak. Essa palavra traz a
ideia de divisão, determinação, decreto e demarcação.
Jesus, logo no começo de seu sermão profético no Monte das Oliveiras, disse
que não ficaria pedra sobre pedra do Templo de Jerusalém (Mateus 24:1-2).
Daniel, no capítulo 9 e versículo 25, revela que "o povo do príncipe que há de
vir" destruiria a cidade e o santuário.
No versículo de Mateus 24:14, o Mestre esclarece que o fim não virá até que
uma condição seja realizada: a pregação do evangelho a nível mundial.
Essa profecia tem se cumprido ao longo da história da Igreja, porém não se pode
determinar em anos ou meses quando todas as nações ouvirão o testemunho
do evangelho ou quando o evangelho atingirá todas as nações e etnias.
Cremos que estamos próximos a isso, porém não há como datar tal
acontecimento. Consequentemente, o "vácuo" existente entre as semanas 69 e
70 centraliza-se nessa questão.
151
A pregação mundial do evangelho é algo que compete à Igreja, é uma
responsabilidade nossa diante de uma ordem de Jesus. Não há como fixar uma
data para determinar quando todas as nações ouvirão as boas novas, já que
essa realidade depende também da ação da Igreja.
Desses princípios, nasceu a ideia de que a Igreja precisaria ser retirada da Terra
para que a profecia se cumprisse exclusivamente em relação à nação israelense
nos últimos tempos.
Fica mais do que notório, de acordo com tudo o que temos visto, que Deus
continua atuando com Israel, mesmo no espaço existente entre as semanas 69
e 70 (pregação do evangelho).
152
crucificação), vão aí algumas das razões pelas quais entendemos que a semana
n° 70 se concretizará num futuro muito próximo:
2. Nosso Redentor não firmou um firme acordo com muitos por um tempo
determinado (uma semana ou 7 anos), e sim eternamente. Consequentemente,
neste aspecto, não há razões suficientes para atrelar o acordo ou aliança de
Daniel 9:27 ao Messias.
Ele mesmo afirma que logo depois a tribulação daqueles dias (originada pela
abominação desoladora), Ele viria (Mateus 24:15-31). Tudo isso nos remete a
coisas futuras.
Sem dúvidas, Daniel era um homem de Deus e a ele foram revelados fatos
marcantes para a humanidade. Conta-se que o famoso gênio Isaac Newton
devotava uma atenção especial ao estudo das setenta semanas de Daniel.
153
Nesse contexto de admiração e estudo, várias pessoas durante a história têm se
esmerado em calcular e definir os períodos aos quais as profecias das setenta
semanas se referem.
b) É preciso adicionar 119 dias referentes aos anos bissextos durante o período
estudado. Basta dividir 476 por 4. Após esse cálculo, ficam 173.883 dias.
154
Quando se multiplica 476 por 1/128, se obtém o resultado de 3. Subtraindo 3
ao valor anterior (173.883), vamos obter 173.880 dias.
PONTO (F): Descida de Jesus no Monte das Oliveiras, derrota dos exércitos do
anticristo e começo do reino eterno de Cristo.
O esquema acima procura definir a ordem dos acontecimentos que terão lugar
na última semana de Daniel, num período de sete anos denominado tribulação,
e as consequências posteriores desses acontecimentos.
Esse esquema foi elaborado com base nas profecias de Daniel e do Apocalipse e
nos dados que elas nos oferecem. No entanto, serve apenas para apresentar-
nos uma noção do período tribulacional, sem chamar para si nenhuma
infalibilidade em seus cálculos.
Em relação ao ponto inicial (A), é lógico supor que o anticristo surgirá num
momento anterior a esse ponto, talvez anos antes.
Do ponto (A) até o ponto (B), transcorrem 250 dias. No ponto (B) começam a
ser oferecidos os sacrifícios no Templo de Jerusalém, devidamente reconstruído
meses ou anos antes (Daniel 8:13).
155
Do ponto (B) até o ponto (C), transcorrem 1010 dias. O ponto (C) marca a
metade exata do período tribulacional e o começo do período denominado
grande tribulação.
Parte da Igreja foge e é preservada nesses três anos e meio e uma outra parte
fica no sistema para testemunhar (Mateus 24:16-20, Apocalipse 12:6-16,
Apocalipse 12:17).
Nesse ponto começa o ministério das duas testemunhas (Apocalipse 11), que se
estende por toda grande tribulação (42 meses ou 1260 dias).
Consequentemente, o período que vai do ponto (C) até o ponto (D) é de 42
meses ou 1260 dias.
O sol e a lua escurecendo, sinais que ocorrem em algum momento logo após a
grande tribulação (Mateus 24:29), são os sinais que anunciam o Dia do Senhor.
Neste momento, o qual não pode ser definido na hora e no dia, ao soar da última
trombeta, ocorrerá o arrebatamento, o momento maravilhoso em que a Igreja
se reunirá com Cristo nas nuvens. Os que estiverem mortos, serão ressuscitados
e glorificados.
156
Os que estiverem vivos, serão transformados e glorificados (I Coríntios 15:51-
52, I Tessalonicenses 4:15-18, Apocalipse 15:13-16, Apocalipse 19: 7-9). Todos
esses eventos gloriosos gerarão a conversão do remanescente de Israel e o
reconhecimento do Messias prometido (Romanos 11:26-27, Zacarias 12:10).
1. De acordo com Daniel 9:27, podemos saber que do ponto (A) até o ponto (C)
transcorrem 1260 dias (três anos e meio ou metade de uma semana).
Consequentemente, a outra metade terá também 1260 dias, o que confirma as
revelações apocalípticas da atuação principal do anticristo.
Então, do ponto (C) até o ponto (D), transcorrem 1260 dias. Somando as duas
metades, nós termos 2520 dias de tribulação (sete anos).
2. De acordo com Daniel 8:13-14, podemos saber que, desde o começo dos
oferecimentos de sacrifícios até a purificação do Templo, transcorrerão 2300
dias. Ou seja, do ponto (B) até o ponto (E) transcorrerão 2300 dias.
3. De acordo com Daniel 12:11, fica claro que entre a profanação do Templo até
a purificação do mesmo, transcorrerão 1290 dias. Ou seja, do ponto (C) até o
ponto (E) transcorrem 1290 dias.
Como membros do corpo de Cristo, devemos estar preparados para viver esses
dias que se aproximam, sejamos protegidos da tribulação ou inseridos nela para
testemunho e martírio. Que em nossos corações haja um crescente anelo pela
volta gloriosa de Jesus, como Rei e Senhor!
157
XVI] A GLORIFICAÇÃO
Paulo, em sua primeira carta aos coríntios, fala sobre uma esperança que deve
morar no coração de cada cristão: a glorificação. No decorrer de todo o capítulo
15, ele descreve como se dará esse estágio, prometido àqueles que nasceram
de novo.
O apóstolo deixa claro que "se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os
mais miseráveis de todos os homens" (I Coríntios 15:19). No versículo 23 fica
explicitado que a glorificação se dará na vinda de Jesus (parousia). Já nos
versículos 50, 51 e 52, Paulo explica como ocorrerá tal processo.
A vinda de Jesus propiciará então sobre a criação divina, entre outros eventos
maravilhosos, a glorificação corpórea daqueles que nasceram de novo e são
novas criaturas (leia I Coríntios 15:50-52).
158
1] O ÚLTIMO DIA E A RESSURREIÇÃO
Ao explicar aos discípulos que Ele é o pão da vida, Jesus revelou a eles algo
crucial:
"Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o
ressuscitarei no último dia" (João 6:54)
O uso da expressão "último dia", repetida por Jesus três vezes na mesma ocasião
(João 6:39, 40 e 54), nos remete mais uma vez a sua vinda em glória. "Último"
significa o derradeiro de uma sequência determinada.
Não faria pleno sentido afirmar que o "último dia" seria um dia anterior ao
começo do período tribulacional, já que os dias continuarão existindo em pleno
período tribulacional e até mesmo durante o reino milenal de Jesus.
Também, parece não referir-se ao último dia da Igreja na face da Terra, pois há
passagens apocalípticas que deixam clara a presença de cristãos, membros da
Igreja, durante a tribulação.
Isso sem considerar que a Igreja, como Noiva de Cristo, continuará existindo
sobre a Terra mesmo após a vinda do Mestre. Consequentemente, a ideia pré-
tribulacionista da ressurreição antes do período tribulacional não parece encaixar
com o fato de que a ressurreição se dará no último dia.
Por outro lado, é ilógico afirmar que esse último dia citado pelo Mestre se refira
a um dia posterior à vinda de Jesus, pois a ressurreição ocorrerá nesta vinda,
como já vimos no começo (I Coríntios 15:23, I Tessalonicenses 4:16-17).
Então, que último dia é esse? Quando ocorrerá a ressurreição daqueles que
esperam em Cristo? A posição mais sensata é relacionar essa expressão ao
último dia do atual sistema maligno no qual o mundo jaz.
O último dia de uma sequência que começou no Éden, logo após a queda
adâmica. Esse dia coincidirá com o Dia do Senhor, no qual Ele virá visivelmente
e em glória, logo após a grande tribulação, para derrotar o anticristo e
estabelecer seu reino (II Tessalonicenses 1:7-10, Apocalipse 19:11-21). Esse
será um dia inesquecível e decisivo para toda a eternidade (Zacarias 14:7-8).
159
2] ISRAEL E A RESSURREIÇÃO
Porém, Paulo deixa claro que o plano e as promessas do Eterno para a nação
israelense se cumprirão cabalmente, num tempo determinado do futuro
(Romanos 11:25-29).
Israel não será admitido antes do período tribulacional e sim no final desse
período. Note que Paulo esclarece que a ressurreição ocorrerá como resultado
dessa admissão e não o contrário. Ou seja, a partir do momento em que os
judeus começarem a clamar pelo verdadeiro Messias, a ressurreição dos mortos
estará prestes a acontecer...
Chegamos, mais uma vez, a uma clara constatação que relaciona diretamente a
vinda de Jesus em glória e a ressurreição de seus servos como eventos
nitidamente pós-tribulacionais.
160
3] A RESSURREIÇÃO DOS JUSTOS
"E serás bem-aventurado; porque eles não têm com que to recompensar; mas
recompensado te será na ressurreição dos justos" (Lucas 14:14)
Jesus deixa claro que a recompensa de nossas boas ações será recebida no
momento imediatamente posterior a essa ressurreição.
"Porque o Filho do homem virá na glória de seu Pai, com os seus anjos; e então
dará a cada um segundo as suas obras" (Mateus 16:27).
161
4] PARÁBOLAS DA VINDA
A] O JOIO E O TRIGO
Jesus deixa claro nesta parábola que tanto o joio quanto o trigo devem crescer
juntos até um acontecimento que os separará: a ceifa, feita pelos anjos (Mateus
13:30, 13:39). No Apocalipse, a ceifa feita pelos anjos está relacionada aos
momentos culminantes da tribulação (Apocalipse 14:14-20), com uma alusão
direta ao Armagedom nos versículos 19 e 20.
162
B] OS PEIXES BONS E MAUS
Essa é outra parábola na qual Jesus usa uma figura muito corriqueira para seus
interlocutores. Muitos daqueles que seguiam a Jesus eram pescadores e
entenderam perfeitamente aquilo que o Mestre lhes ensinou.
Logo após uma boa pescaria, a rotina dos pescadores era a mesma: sentavam
e começavam a separar e jogar fora os peixes que não serviam, deixando apenas
aqueles apropriados para o consumo.
Nesta parábola, Jesus deixa claro mais uma vez que a separação será feita pelos
anjos "no fim do mundo", utilizando-se para "mundo" o termo grego aeon, que
significa "sistema" ou "era" e não se refere ao planeta Terra em si.
O que fica expresso nestas parábolas é a ideia de separação num tempo definido
e único e não de uma separação prévia dos elementos bons, deixando na Terra
aqueles que são maus.
163
XVII] A VIDA APÓS A VINDA
Mas, o que acontecerá depois? Como será o reino de Cristo na Terra? Os seres
humanos não glorificados continuarão existindo e se reproduzindo? Que nações
são aquelas que se rebelarão no final do Milênio? O que ocorrerá após o Milênio?
Vamos morar no céu ou na Terra? Trataremos de responder neste capítulo essas
questões, de acordo com aquilo que entendemos.
164
1] O REINO DE JESUS
A concepção que a igreja primitiva possuía nos leva também a essa conclusão.
Pouco antes da ascensão, os discípulos perguntaram ao Mestre quando seria
restaurado o reino de Israel (Atos 1:6).
Fica claro que havia entre eles uma esperança específica sobre a futura
restauração literal do reino de Israel. Jesus, em Sua resposta, insta aos
discípulos a deixarem os tempos e as épocas nas mãos soberanas do Pai (Atos
1:7), mas em momento algum os questionou a respeito da restauração em si.
Afinal de contas, Jesus lhes havia revelado que em Seu reino muitos viriam de
todos os lados do mundo e se assentariam à mesa (Lucas 13:29) e que os
apóstolos assumiriam a função de juízes no mesmo reino (Lucas 22:30).
Justino o Mártir (100 DC-165 DC), um dos primeiros líderes da igreja primitiva,
em sua obra "Diálogos com Trifo", expressa muito bem essa concepção primitiva
ao afirmar que o Milênio teria início após a revelação do anticristo e a segunda
vinda de Cristo.
Justino foi seguido nessa concepção por Irineu de Lyon (130 DC-200 dC), que
em sua obra apologética "Contra as Heresias", dirigida contra os gnósticos, deixa
claro que a vinda de Jesus propiciaria a instauração de Seu reino sobre a Terra.
165
As promessas do Eterno não voltam atrás. Em Salmos 89:3-4, o Criador revela
a Davi que sua descendência seria estabelecida para sempre e seu trono por
todas as gerações.
Somente Jesus, como Deus e como Homem, descendente legal de Davi, através
da legalidade paternal de José e da descendência sanguínea de Maria, está apto
para cumprir essa profecia, a qual certamente será literalmente concretizada
após a vinda do Mestre.
Até mesmo nos momentos em que o trono davídico permaneceu vazio na Terra,
o Rei dos Reis, como o Verbo divino e eterno, já exercia esse reinado. A sede do
governo de Jesus será Jerusalém, como podemos ver em Zacarias 14:8-11.
Muitos perguntam o porquê desse reino milenal do Messias. Por que é necessário
que Jesus reine sobre o planeta, regendo as nações "com vara de ferro"
(Apocalipse 19:15), se no final do reino milenal Satanás será solto para enganar
as nações? Qual o objetivo desse reino de Jesus após sua vinda? O apóstolo
Paulo responde essas questões:
"...Depois virá o fim, quando tiver entregado o reino a Deus, ao Pai, quando
houver destruído todo o império, e toda a potestade e força. Pois convém que
reine até que haja posto a todos os inimigos debaixo de seus pés. Ora, o último
inimigo que há de ser aniquilado é a morte" (I Coríntios 15:24-26)
Dentro do plano do Eterno, é necessário que Jesus reine até que o último inimigo
(a morte), seja aniquilado. O "até" do versículo 25 não se refere à constituição
de Jesus como Rei dos Reis e Senhor dos Senhores e sim ao propósito de seu
reino milenal.
166
2] O PLANO DO SENHOR PARA ISRAEL
Paulo escreve aos gálatas que, aqueles que pertencem à Igreja, são herdeiros
espirituais das promessas feitas a Abraão e são contados como descendência
dele através da fé, da qual Abraão é um referencial (Gálatas 3:22-29). Porém,
cremos que a concretização espiritual das promessas feitas a Abraão não exclui
sua concretização literal e física.
O Criador prometeu a Abraão que sua descendência seria "como as estrelas dos
céus e como a areia que está na praia do mar" (Gênesis 22:17). Paulo, no
capítulo 11 de Romanos, ao explicar o atual endurecimento de Israel a respeito
da pessoa de Jesus e o propósito desse endurecimento dentro do plano do
Criador, cita o profeta Jeremias em Romanos 11:25. Vejamos com mais detalhes
o que Jeremias profetiza:
"Assim diz o Senhor, que dá o sol para luz do dia, e as ordenanças da lua e das
estrelas para a luz da noite, que agita o mar, bramando as suas ondas; o Senhor
dos exércitos é o seu nome. Se falharem estas ordenanças de diante de mim,
diz o Senhor, deixará também a descendência de Israel de ser uma nação diante
de mim para sempre" (Jeremias 31:35-36)
Outros textos onde você verá de forma clara promessas específicas da futura
restauração espiritual de Israel como nação estão em Ezequiel 36:33-38,
Ezequiel 47:1-12, Isaias 19:22-25, Zacarias 8:22-23 e também nos capítulos 12
e 13 de Zacarias.
Jesus deixou claro que aqueles que fossem glorificados serão "como anjos", sem
a necessidade de reprodução física (Lucas 20:35-36).
167
Por outro lado, vemos que a promessa de glorificação corpórea por ocasião da
vinda do Mestre é dirigida à Igreja e não ao remanescente judeu que será salvo
logo após a grande tribulação. Vemos até mesmo a presença de mulheres e
crianças na face da Terra em pleno período milenal (Isaias 11:6, Zacarias 12:10-
14).
Então vemos que a promessa feita pelo Altíssimo a Abraão, logo após ele ter
oferecido seu próprio filho Isaque num ato de fé grandioso, será literalmente
concretizada a partir do momento da vinda de Jesus, quando a nação israelense
começará a crescer e expandir seus horizontes a níveis inimagináveis.
Ao mesmo tempo, virá Como Rei e Senhor para assentar-se no trono de Davi e
concretizar plenamente na nação israelense as promessas feitas a Abraão.
Diante da grandiosidade e profundidade dos planos do Criador, só nos resta dizer
o que disse Paulo após descrever a relação de Israel e da Igreja no plano de
salvação:
168
3] A IGREJA APÓS A VINDA
Sem entrar na questão do destino da alma após a morte física, que nós cremos
ser o paraíso ou seio de Abraão, que é realmente um paraíso celestial,
gostaríamos apenas de abordar o assunto apenas de uma ótica escatológica.
O que haverá, como veremos no último tópico deste item, é uma transformação
da mesma e do próprio universo, em função da ausência do pecado e suas
consequências sobre o homem e a natureza.
A criação do Senhor nunca fracassará. Toda ideia de que aquilo que é físico não
é parte do plano eterno do Criador vem de uma mentalidade pagã, sobretudo
ligada ao gnosticismo, no qual a matéria e o mundo material no qual vivemos,
faz parte de uma criação corrupta e que tudo o que é material tem origem
maligna.
As Escrituras revelam que tudo o que o Eterno fez é bom, de acordo com os
padrões do próprio Criador (Gênesis 1). Se o universo e a Terra estão sofrendo
desequilíbrios e/ou catástrofes, é em função das consequências sobre a criação
das decisões erradas das criaturas e não um erro intrínseco à matéria criada
pelo Senhor.
Paulo revela que a natureza "geme com dores de parto", deixando implícita
nessa comparação que, em determinado momento, haverá uma renovação da
natureza, o que ocorrerá quando forem criados novos céus e nova terra.
"E vós sois os que tendes permanecido comigo nas minhas tentações. E eu vos
destino o reino assim como o pai mo destinou, para que comais e bebais à minha
mesa no meu reino, e vos assenteis sobre tronos, julgando as doze tribos de
Israel" (Lucas 22:28-30)
Na parábola dos dez servos e das dez minas, Jesus mostra que haverá
recompensas para seus servos fiéis e essa recompensa denota posição de
destaque dentro do reino eterno do Senhor (Lucas 19:11-27).
170
O desejo de Jesus para sua Igreja é que onde Ele estiver, a Igreja esteja também
(João 14:3). É claro que, como filhos do Senhor, nós, como coerdeiros com Jesus
Cristo, teremos acesso às regiões celestiais, ao paraíso e a lugares nunca antes
imaginados.
Não vemos razões para negar veementemente a existência de nações logo após
a vinda de Jesus. Pelo contrário, há claras evidências bíblicas de que as nações
continuarão existindo durante o reinado de Jesus sobre a Terra. Veja algumas
razões:
a) A palavra revela que Jesus, após sua vinda, regerá as nações com "vara de
ferro" (Apocalipse 19:15). Não é lógico supor que o termo "nações" aqui se refira
à Igreja, a Noiva de Cristo, a qual não precisará ser regida com vara de ferro
mas viverá uma eterna relação de amor e submissão ao Noivo.
171
5] A VIDA APÓS O MILÊNIO
Logo após o Milênio ocorrerá a ressurreição de todos aqueles que não pertencem
à Igreja (Apocalipse 20:11-14) e o seu subsequente julgamento (Apocalipse
20:15).
Não é necessário ter um corpo glorificado para não morrer se o fruto da árvore
da vida for consumido. Essa condição fica implícita para as nações e o
remanescente judaico na eternidade que segue ao juízo do trono branco:
172
"No meio da sua praça, e de um e de outro lado do rio, estava a árvore da vida,
que produz doze frutos, dando seu fruto de mês em mês; e as folhas da árvore
são para a saúde das nações" (Apocalipse 22:2)
Em sua infinita sabedoria, poder e onisciência, o Criador faz cumprir seus planos
mesmo em meio às decisões errôneas de suas criaturas, quando as mesmas
usufruem de forma equivocada o seu livre arbítrio.
173
XVIII] O FIM DA ESCURIDÃO
"E esta é a mensagem que dele ouvimos, e vos anunciamos: que Deus é luz, e
não há nele trevas nenhumas" [1 João 1:5]
Apenas após esse cenário de escuridão, o Criador ordena que haja luz e faz
separação entre a luz e as trevas, surgindo o dia e a noite [Gênesis 1:3-5]
Mas, a escuridão não está restrita ao estado da Terra descrito em Gênesis 1:2.
O próprio universo, apesar das incontáveis estrelas existentes, é tomado pela
escuridão. A matéria escura e a energia escura constituem impressionantes
95,1% do conteúdo total de massa-energia do universo.
Talvez, neste ponto, você esteja fazendo a mesma pergunta que muitos se
fazem... Porque o Eterno, o Supremo Criador, fonte de toda luz, permite
tamanha escuridão em sua criação?
O apóstolo Tiago chama o Senhor de "Pai das luzes". João escreve em sua
primeira carta que aquilo que ele tinha ouvido de Cristo e que ele anunciava era
que "Deus é luz, e não há nele trevas nenhumas" [1 João 1:5]
Cremos que, assim como Deus não criou o homem em trevas, mas o fez perfeito,
à sua imagem e semelhança, mas esse homem veio a viver em trevas através
de sua própria decisão, o universo e a Terra não foram criados originalmente em
trevas. Algo aconteceu.
174
1] A REBELIÃO DOS ANJOS
Usando a figura do rei de Tiro, localidade famosa nos tempos de Ezequiel pelo
seu vasto comércio, o Eterno revela ao profeta detalhes sobre o que ocorrera
antes da criação do homem, mostrando a realidade existente naquela distante
era:
"Filho do homem, levanta uma lamentação sobre o rei de Tiro, e dize-lhe: Assim
diz o Senhor DEUS: Tu eras o selo da medida, cheio de sabedoria e perfeito em
formosura.
Estiveste no Éden, jardim de Deus; de toda a pedra preciosa era a tua cobertura:
sardônia, topázio, diamante, turquesa, ônix, jaspe, safira, carbúnculo,
esmeralda e ouro; em ti se faziam os teus tambores e os teus pífaros; no dia
em que foste criado foram preparados.
Pela multidão das tuas iniquidades, pela injustiça do teu comércio profanaste os
teus santuários; eu, pois, fiz sair do meio de ti um fogo, que te consumiu e te
tornei em cinza sobre a terra, aos olhos de todos os que te veem.
Essa passagem, além de outros elementos, deixa a clara conotação que, nesse
reino pré-humano, havia uma intensa atividade na criação de Deus.
175
Além dessa atividade, havia luz. No livro de Isaias, o "querubim ungido" descrito
por Ezequiel, é identificado como "portador da luz". Também é denominado de
"filho da alva":
"Como caíste desde o céu, ó Lúcifer, filho da alva! Como foste cortado por terra,
tu que debilitavas as nações! E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima
das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me
assentarei, aos lados do norte.
Que punha o mundo como o deserto, e assolava as suas cidades? Que não abria
a casa de seus cativos?" [Isaías 14:12-17]
Vemos, então, que essas passagens nos remetem a uma realidade anterior à
criação do homem e anterior ao processo que começa no primeiro dia criacional.
Se formos coerentes com esses textos e outros, temos que partir da premissa
que havia reinos, uma intensa atividade angelical no universo e que um
querubim, ungido pelo Altíssimo, guardava esse reino de luz.
Vejamos a passagem de Jó 38:4-7, que nos traz mais revelações sobre o tema:
Sobre que estão fundadas as suas bases, ou quem assentou a sua pedra de
esquina, quando as estrelas da alva juntas alegremente cantavam, e todos os
filhos de Deus jubilavam?" [Jó 38:4-7]
Nessa passagem, onde o Criador interpela a Jó sobre Sua criação, fica claro que
no princípio havia um cenário de perfeição, harmonia e luminosidade em todo o
Universo.
Certamente, naquele cenário o homem ainda não havia sido criado nem a Terra
era "sem forma e vazia". Mas, fica implícito na passagem que todos os filhos de
Deus, criaturas que já existiam antes do homem, jubilavam, assim como as
estrelas da alva, que juntas alegremente cantavam.
No livro do Apocalipse, capítulo 1, verso 20, lemos que as estrelas são os anjos.
No entanto, esse reino de luz, onde reinava perfeição entre as criaturas do
Altíssimo, se tornou tenebroso, a partir do momento em que iniquidade se achou
no coração do querubim ungido e ele quis tornar-se semelhante ao Altíssimo.
176
" E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o
Espírito de Deus se movia sobre a face das águas" [Gênesis 1:2]
Nenhuma explicação plausível tem sido dada pelos cientistas para a existência
da matéria e da energia escura, o que é surpreendente, já que 95,1% do
conteúdo total de massa-energia do universo são constituídos de energia escura
e matéria escura.
Ao mesmo tempo, a Palavra nos ensina que houve uma rebelião nos céus. O
pecado e a desobediência ao Criador trazem consequências sobre a criação
também. Vejamos as consequências que o pecado de Adão e Eva trouxeram
sobre a natureza:
"E a Adão disse: Porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher, e comeste da
árvore de que te ordenei, dizendo: Não comerás dela, maldita é a terra por causa
de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida. Espinhos, e cardos
também, te produzirá; e comerás a erva do campo" [Gênesis 3:17,18]
177
A revelação do Gênesis é clara. A Terra se tornou maldita como consequência
do pecado humano. Se essa relação pecado x maldição sobre o meio for aplicada
ao pecado dos anjos no universo, é coerente pensar que o pecado e a rebelião
de parte dos anjos trouxeram consequências semelhantes sobre o universo
também. Vejamos o que Paulo ensina aos romanos:
"Porque sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto
até agora" [Romanos 8:22]
O apóstolo dos gentios menciona que toda a criação geme e está juntamente
com dores de parto. Entendemos como "toda a criação" a totalidade da criação
do Altíssimo, englobando também a Terra [amaldiçoada após o pecado humano]
e o Universo [que sofreu consequências do pecado de parte dos anjos].
"E que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele
reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra, como
as que estão nos céus" [Colossenses 1:20]
"E disse Deus: Haja luz; e houve luz. E viu Deus que era boa a luz; e fez Deus
separação entre a luz e as trevas. E Deus chamou à luz Dia; e às trevas chamou
Noite. E foi a tarde e a manhã, o dia primeiro" [Gênesis 1:3-5]
178
Por meio do sacrifício de nosso Salvador Jesus, Deus reconciliou consigo mesmo
todas as coisas, tanto as que estão na terra, como as que estão nos céus.
Depois, dia e noite são estabelecidos e a luz incide sobre a Terra durante a
metade das 24 horas, no período conhecido como "dia".
"E diziam à mulher: Já não é pelo teu dito que nós cremos; porque nós mesmos
o temos ouvido, e sabemos que este é verdadeiramente o Cristo, o Salvador do
mundo" [João 4:42]
Muitas vezes lemos várias vezes uma passagem em nossa vida e não
entendemos toda a sua plenitude. Isso se deve à riqueza eterna da Palavra do
Altíssimo e também a nossas limitações.
A relação do vocábulo grego "kosmos" com o Universo criado é tão visível, que
o Universo também é denominado por nós como "cosmos".
Jesus é o Salvador dos homens e também de toda a criação. Ele reconciliou com
Deus todas as coisas, tanto as que estão na terra, como as que estão nos céus.
Isso se aplica não apenas ao homem e à Terra, mas a todo o Universo e aos
lugares celestiais.
179
"E vi um novo céu, e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra
passaram, e o mar já não existe. E eu, João, vi a santa cidade, a nova Jerusalém,
que de Deus descia do céu, adereçada como uma esposa ataviada para o seu
marido.
E ouvi uma grande voz do céu, que dizia: Eis aqui o tabernáculo de Deus com
os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus
estará com eles, e será o seu Deus" [Apocalipse 21:1-3]
Esse será o momento, após o Milênio, onde o plano do Criador para restaurar
Sua criação alcançará um ponto culminante. Haverá novo céu e nova Terra, pois
os primeiros passarão.
"Eu, Jesus, enviei o meu anjo, para vos testificar estas coisas nas igrejas. Eu
sou a raiz e a geração de Davi, a resplandecente estrela da manhã" [Apocalipse
22:16]
O Verbo se fez carne e tornou-se geração de Davi. E Ele, que é a Luz do mundo,
apresenta-se como a "resplandescente estrela da manhã". Ao revelar-se como
"a resplandecente estrela da manhã", Jesus inaugura um novo patamar
criacional para todo o universo, já não mais influenciado pela escuridão e trevas
geradas pela queda da "estrela da manhã", mas repleta da luz da
resplandescente estrela da manhã, que é Cristo.
Deus não desiste de Sua criação. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele
nada do que foi feito se fez [João 1:3]. No Filho foram criados céus e Terra. O
plano do Pai é que através do Filho, Jesus Cristo, a Luz do mundo, todas as
coisas sejam restauradas.
"Falou-lhes, pois, Jesus outra vez, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me
segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida" [João 8:12]
180
Jesus é a Luz do Cosmos e é a Luz dos homens. A Luz se manifestará plenamente
sobre a criação quando o novo céu e nova Terra forem estabelecidos e quando
o próprio Criador habitar conosco. Esse será o fim da escuridão.
Nunca mais te servirá o sol para luz do dia nem com o seu resplendor a lua te
iluminará; mas o Senhor será a tua luz perpétua, e o teu Deus a tua glória"
[Isaías 60:19]
ÍNDICE
181