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PROJETO ÔMEGA

A IGREJA E A TRIBULAÇÃO

Jesiel Rodrigues [Edição 2023]

Estamos vivendo num mundo cheio de contradições. Uma delas é o fato que, em
plena era da informática e das telecomunicações, muitas pessoas continuam
desinformadas a respeito daquilo que tem uma importância vital: o fim dos
tempos profetizado pelas Escrituras.

Tabu para alguns, simples jogo de analogias ultrapassadas para outros, a


revelação escatológica continua sendo desprezada por muitos.

De acordo com os tópicos que abordamos neste livro, fica patente que a Igreja
de Cristo passará por um período de tribulação nunca visto, ao relacionar
diretamente a volta Dele em poder e glória para derrotar o anticristo e o
arrebatamento da Igreja como eventos simultâneos e não separados no tempo,
como acredita a maioria.

Esse tema é importantíssimo, pois verificamos que a maior parte dos cristãos
não está sendo preparada nas áreas espiritual, psicológica e estrutural para
enfrentar esses momentos de futura perseguição institucionalizada contra a
Igreja.

Não queremos defender uma determinada corrente teológica ou assumir a


perigosa posição de "donos da verdade". Não queremos convencer ninguém nem
obrigar qualquer pessoa a mudar suas convicções.

Temos como intuito principal dar aos nossos leitores uma ampla visão a respeito
das questões escatológicas, possibilitando que cada um, buscando o
discernimento que vem do Espírito do Criador, chegue às conclusões
verdadeiras.

Cremos que, da mesma forma que os nossos irmãos primitivos tiveram que
escolher entre viver de acordo com os princípios espirituais e morais do Império
Romano e a reclusão das catacumbas, devido à implacável perseguição oficial
desencadeada a partir do ano 64 d.C., a Igreja nos últimos tempos se verá diante
de igual conjuntura.

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Aceitar a marca do anticristo ou viver à margem do sistema político, econômico
e religioso que governará o mundo nos próximos anos? Provavelmente, você e
família tenham que responder a essa pergunta num futuro muito próximo...

Sustentamos que a Igreja atual precisa voltar à concepção escatológica e


eclesiástica da Igreja primitiva, rejeitando todo modismo, novidade,
ensinamento, revelação ou costume que não esteja de acordo com "a fé que
uma vez foi dada aos santos" (Judas 1:3)

Já é hora de voltarmos a viver nossa vida em Cristo da mesma forma que aqueles
irmãos viviam, nos despojando de tudo aquilo que foi acrescentado durante a
história ao ensino original do Evangelho, na forma de costumes, dogmas,
hierarquias humanas, sofismas e paradigmas do paganismo.

Que haja comunhão genuína entre os irmãos, no partir do pão, no conhecimento


das necessidades individuais e no desapego a todo valor ou padrão mundano.
Que o importante não seja o local físico onde estivermos, mas que estejamos
em Cristo e Ele em nós.

Apenas uma volta radical ao que um dia foi seguido pelos nossos primeiros
irmãos, poderá fazer com que nós enfrentemos os dias tenebrosos que se
aproximam.

Cristãos maduros, que não sejam dependentes dos rituais e fórmulas oferecidas
por aí, nem dependentes de homens, mas dependentes da direção do Espírito
Santo em suas vidas.

Cristãos que tenham a maturidade espiritual e crescimento que eram


estimulados constantemente por Paulo e pelos outros apóstolos, mas que são
tão negados atualmente.

Cristãos que saiam de uma vez por todas do constante estado de superstição,
legalismo, dependência emocional e infantilidade espiritual que são impostos
atualmente em tantos lugares.

Que exerçam os dons espirituais como sacerdotes de Cristo e que estejam


desprovidos de todo apego às posições hierárquicas, aos títulos eclesiásticos e à
vaidade e orgulho que giram em torno das suntuosas estruturas e impérios que
foram materialmente construídos em torno do que verdadeiramente é a Igreja:
a reunião de pessoas em nome do Messias. Só assim, teremos uma vida cristã
vitoriosa diante da tribulação que se aproxima...

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I] A IGREJA E O ARREBATAMENTO

Talvez essa seja a questão central dentro da proposta deste livro. Em que
momento dos acontecimentos proféticos se dará o nosso encontro nos ares com
o Mestre, tal qual foi revelado em Mateus 24:30-31 e I Tessalonicenses 4:16-
17?

Entendemos, pelas razões que exporemos mais adiante, que o encontro da


Igreja glorificada com Cristo nos ares não pode ser dissociado de Sua gloriosa
vinda.

Abordaremos alguns tópicos que nos direcionam a acreditar que o chamado


arrebatamento ou encontro dos salvos com o Rei dos reis nos ares será um
evento que ocorrerá ao mesmo tempo da segunda vinda Dele, logo após a
grande tribulação.

Essa questão assume vital importância, pois observamos que muitos não estão
atentando para essa questão. Muitos sequer cogitam a possibilidade de passar
por esses momentos de tribulação e provação (I Pedro 1:7).

Não queremos ser conclusivos. Acontecendo o arrebatamento antes, durante ou


após a grande tribulação, o vital é que o cristão esteja preparado para esse
momento maravilhoso em que aqueles que morreram em Cristo serão
ressuscitados e os que estiverem vivos serão transformados recebendo corpos
celestiais para, ato contínuo, encontrar-se com o Salvador nos ares e reinar com
Ele sobre a Terra e toda a criação.

Porém, ocorrendo o arrebatamento logo após a grande tribulação, muitos não


estão realmente preparados para enfrentar esses dias difíceis, pois a maioria
defende o arrebatamento como um evento pré-tribulacional.

Alguns atualmente estão mais preocupados em estar cada vez mais inseridos na
sociedade, aproveitando tudo o que ela pode oferecer, do que dedicados ao
estudo das profecias escatológicas. Que tipo de postura essas pessoas terão
diante dos últimos acontecimentos?

A seguir, abordaremos alguns tópicos que nos mostram claramente que o


chamado "rapto" ou encontro dos salvos com Jesus, será um evento que
acontecerá ao mesmo tempo da segunda vinda de Jesus em glória, ou seja, logo
após a grande tribulação.

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Tentaremos explicar porque o sistema pré-tribulacionista além de ser um ensino
novo no seio da Igreja, não possui suficiente base bíblica. Neste estudo não
estão incluídos todos os pontos referentes à questão abordada.

1] LOGO APÓS A GRANDE TRIBULAÇÃO

Na revelação profética proferida pelo Messias poucos dias antes de Sua morte,
a qual encontra-se registrada nos livros de Mateus, Marcos e Lucas, Ele relaciona
diretamente o arrebatamento à vinda em glória, deixando claro que acontecerão
ao mesmo tempo. Em Mateus 24:29-31, diz textualmente:

"E, logo depois da aflição daqueles dias, o sol escurecerá, e a lua não dará
a sua luz, e as estrelas cairão do céu e as potências dos céus serão abaladas.
Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; e todas as tribos da terra se
lamentarão, e verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com
poder e grande glória. E ele enviará os seus anjos com rijo clamor de trombeta,
os quais ajuntarão os seus escolhidos desde os quatro ventos, de uma à outra
extremidade dos céus".

Nesse texto, fica claro que a segunda vinda de Cristo acontecerá logo após a
grande tribulação (Mateus 24:21), será visível a nível mundial e em glória. É
neste momento que os escolhidos serão arrebatados de todas as partes da terra.

As palavras do Mestre são diretas e reveladoras. Lembremos que naquele dia,


em razão da pergunta de alguns discípulos, os quais tinham ficado chocados
quando lhes foi dito que o Templo de Jerusalém seria destruído, o Mestre se
deteve para explicar-lhes de forma detalhada os principais eventos proféticos e
sinais que antecederiam Sua volta.

Não foi, como sustentam alguns, uma revelação exclusiva para os judeus. O
Salvador estava lidando naquele momento com os discípulos que seriam Suas
testemunhas no começo da Igreja e que iriam apascentar essa Igreja.

Pouco antes de subir aos céus, Cristo instruiu Seus discípulos, os mesmos que
tinham ouvido aquelas importantes revelações proféticas, para que fossem e
fizessem discípulos de todas as nações (não apenas judeus), batizando essas
pessoas em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, ensinando essas
mesmas pessoas a guardarem todas as coisas que Ele lhes tinha mandado
(Mateus 28:19-20).

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Dentre "todas as coisas" que o Senhor lhes tinha revelado estão, obviamente,
as revelações feitas no Monte das Oliveira pouco antes de ser crucificado. Então,
não há nenhuma base para afirmar que Mateus 24:29-31 se aplique apenas ao
povo judeu e não à Igreja. Quem ensina isso está tentando fazer com que a
revelação se encaixe dentro de seu sistema escatológico em vez de deixar que
sua posição escatológica seja delineada pelo que revela claramente a Palavra de
Jesus Cristo.

Por outro lado, as intervenções de Paulo a respeito desses temas obedecem


fielmente ao que já havia sido ensinado pelo Mestre. Não existe uma "escatologia
de Paulo" dedicada à Igreja e distinta da escatologia ensinada por Cristo.

Pelo contrário, Paulo se destaca por seu sincronismo escatológico com os


ensinamentos de Cristo. Ele narra em I Tessalonicenses 4:16-17 um cenário
idêntico ao profetizado por Jesus em Mateus 24:29-31, atribuindo esse momento
ao arrebatamento da Igreja.

Nos parece inapropriado sustentar que ambos os textos se referem a momentos


e situações diferentes e que Mateus 24:29-31 não se refere ao arrebatamento
da Igreja.

2] ENCONTRO NOS ARES

Na primeira carta aos tessalonicenses, o apóstolo Paulo explica mais uma vez
como acontecerão os fatos (I Tessalonicenses 4:13-18). No versículo 16 ele
aborda a vinda de Cristo, dando a entender que esta vinda não será oculta para
as pessoas em geral e sim visível.

A exemplo do que fez Jesus no sermão profético, Paulo relaciona diretamente o


arrebatamento a uma manifestação gloriosa do Senhor. Vejamos:

"Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e
com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro,
depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles
nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o
Senhor"

Fica claro que o apóstolo Paulo está falando sobre a segunda vinda de Jesus em
glória, lembrando aquilo que já havia sido revelado pelo Mestre! É muito mais
coerente crer assim do que afirmar que Paulo estava se referindo a um evento
completamente distinto do que havia sido revelado por Jesus.

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Como já comentamos, são notórias e impressionantes as semelhanças com a
narrativa do sermão profético de Cristo:

a) presença de anjos e arcanjos b) o som das trombetas c) grande alarido, poder


e glória.

Sem dúvidas, Paulo tinha conhecimento da narrativa profética de Jesus no Monte


das Oliveiras, e traça em I Tessalonicenses 4:13-18 um relato desse mesmo
evento. Nos parece temerário sustentar que Paulo estava referindo-se a um
momento diferente àquele ensinado pelo Senhor.

3] AO SOM DA ÚLTIMA TROMBETA

Toda vez que Paulo ensina algo novo para os irmãos, algo que não havia sido
revelado ainda, ele deixa claro que se trata de um mistério até então encoberto.

Em sua primeira carta aos irmãos em Corinto, ele traz uma revelação a respeito
da glorificação corpórea que ocorrerá no momento da gloriosa vinda do Salvador
sobre os vivos e os mortos que fazem parte da Igreja. Em I Coríntios 15:51-52
está escrito:

"Eis aqui vos digo um mistério: Nem todos dormiremos; mas todos seremos
transformados. Num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última
trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e
nós seremos transformados"

Note que o apóstolo menciona "ante a última trombeta". Aqueles que já leram
o livro de Apocalipse sabem que a última trombeta ou a sétima de um total de
sete, será o sinal que desencadeará uma série de acontecimentos que levarão à
derrota final do anticristo e do falso profeta diante da vinda de Jesus em glória
(Apocalipse 11:15).

Por essa razão, alguns tendem a relacionar a última trombeta descrita por Paulo
na carta aos coríntios à sétima trombeta do Apocalipse, o que,
cronologicamente, está correto, pois a sétima trombeta desencadeará os últimos
eventos tribulacionais.

Porém, na prática, não se caracteriza literalmente como a "última trombeta"


mencionada pelo apóstolo dos gentios, já que o Apocalipse não havia sido sequer
escrito quando a carta aos coríntios foi elaborada.

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Também, não tem sustentação, para encaixar essa última trombeta dentro do
sistema pré-tribulacionista, basear-se na passagem de Números 10:1-10, com
o propósito de afirmar um último toque de trombetas dentro de uma série
específica, pois a afirmação de Paulo é contundente: o arrebatamento será ao
soar da última trombeta.

A posição mais correta e equilibrada, ao interpretar o que significa "a última


trombeta", está, mais uma vez, no próprio relato de Jesus. Ele determinou que
a Sua volta seria visível, gloriosa, acompanhada de anjos e ao som de
trombeta (Mateus 24:30-31).

Portanto, não há razões para negar que Paulo, novamente, se sujeita ao ensino
de Cristo e transmite esse ensino aos irmãos em Corinto.

O mistério não é a trombeta, mas a glorificação corpórea dos santos vivos e


mortos, que se dará ao soar a última trombeta. A trombeta é um sinal para que
identifiquemos o momento. A trombeta profética final e definitiva soará no
momento da gloriosa volta do Senhor e isso já havia sido revelado por Ele
mesmo (Mateus 24:31). Essa constatação relaciona, mais uma vez, o
arrebatamento da Igreja à vinda em glória do Mestre.

4] MÁRTIRES NA TRIBULAÇÃO

Em Apocalipse 6:9-11, é narrada uma forte cena. Aparecem irmãos que haviam
sido martirizados por causa da Palavra do Senhor e pelo testemunho que haviam
dado em sua geração, clamando ao Senhor por justiça e sendo consolados por
Ele.

Naquele momento é dito a eles que é preciso que esperem ainda "um pouco de
tempo" até que se completasse o número de seus conservos e seus irmãos que
haveriam de ser mortos, como também eles foram.

Esse texto fala claramente de cristãos pertencentes à Igreja primitiva e aos


posteriores que foram martirizados por seu testemunho e vida cristã. O martírio,
via de regra, está relacionado à oposição oficial e institucional contra o
Evangelho. Durante séculos, muitos morreram por causa da sua fé em Cristo.

Porém, de acordo com as Escrituras, é necessário que esse número de mártires


se complete. Como isso continua acontecendo hoje, ainda que em menor
número, esse número só será completado nos últimos dias, em pleno período

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tribulacional, já que é clara a presença de martirizados durante esse período
(Apocalipse 20:4-6).

Durante o período tribulacional haverá a maior de todas as perseguições e


tribulações institucionais contra a Igreja do Senhor. O texto de Apocalipse 6:9-
11 deixa implícito que a perseguição nos últimos dias será semelhante à
enfrentada pela Igreja primitiva: "...Até que também se completasse o número
de seus conservos e seus irmãos que haviam de ser mortos como eles foram",
ou seja, um grupo de cristãos perseguido por um império político e religioso
como aconteceu com os nossos primeiros irmãos.

5] A PRIMEIRA RESSURREIÇÃO

Em Apocalipse 20:4-6 está revelado:

"E vi tronos; e assentaram-se sobre eles, e foi-lhes dado o poder de julgar; e vi


as almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus, e
pela palavra de Deus, e que não adoraram à besta, nem à sua imagem,
e não receberam o sinal em suas testas nem em suas mãos; e viveram, e
reinaram com Cristo durante mil anos. Mas os outros mortos não reviveram, até
que os mil anos se acabaram. Esta é a primeira ressurreição. Bem-aventurado
e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre estes não tem
poder a segunda morte, mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão
com ele mil anos"

Essa passagem é muito reveladora. Quando a Bíblia fala em primeira


ressurreição, exclui automaticamente outra anterior, exceto os fatos específicos
e reduzidos acontecidos no decorrer da história como é o caso, por exemplo, da
ressurreição de algumas pessoas durante a crucificação de Jesus ou aqueles
ocorridos no ministério do profeta Eliseu, as quais diferem da "primeira
ressurreição" na questão da glorificação.

A glorificação corpórea para a Igreja, como ensina Paulo em I Coríntios 15:50-


52, ocorrerá ao som da última trombeta. Nem antes, nem depois. Se a passagem
que citamos inclui na primeira ressurreição aqueles que não adorarão à besta e
morrerão por isso, então essa primeira ressurreição, obviamente, não pode
acontecer antes da tribulação, pois a manifestação e poderio da besta ocorrerão
em plena grande tribulação.

Por outro lado, se esta é a primeira ressurreição, fica bastante óbvio que não
haverá nenhuma ressurreição em massa anterior a esse momento. Alguns, ao

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deparar-se com esse claro e objetivo argumento, tentam contra-argumentar
sustentado a divisão da primeira ressurreição em etapas.

Porém, o texto apocalíptico é taxativo: "Esta é a primeira ressurreição". A


ressurreição da Igreja por etapas não é revelada nas Escrituras. Pelo contrário,
o apóstolo Paulo ensina que a ressurreição dos que são de Cristo se dará na
volta Dele (I Coríntios 15:23).

Também é interessante observar na passagem de Apocalipse 20:4-6 que,


aqueles que participam dessa primeira ressurreição, não serão tocados pela
segunda morte. Ou seja, a ausência eterna da comunhão com o Pai.

Então, de acordo com o sermão profético de Jesus, as revelações de Paulo e os


textos do Apocalipse que analisamos, participarão desta primeira ressurreição
aqueles que morreram em Cristo (inclusive durante a grande tribulação).

Aqueles que ainda estiverem vivos no momento da vinda gloriosa do Filho serão
transformados, como ensina Paulo em I Coríntios 15:50-52.

6] APOSTASIA E ANTICRISTO PRIMEIRO

A segunda carta de Paulo aos irmãos em Tessalônica é riquíssima em


esclarecimentos proféticos. Em II Tessalonicenses 2:1-3, o apóstolo Paulo
divinamente inspirado, volta a relacionar diretamente o arrebatamento à
segunda vinda de Cristo em glória.

Esse ensinamento do apóstolo foi proferido com o propósito de combater alguns


que pregavam, já em meados do século I, a iminência do regresso de Cristo. De
acordo com esses falsos mestres, o Senhor voltaria a qualquer momento já
naqueles dias.

Paulo sabia que tal vinda não poderia ocorrer sem a concretização dos sinais
previamente profetizados pelo Mestre. Vejamos:

"Ora, irmãos, rogamo-vos, pela vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, e pela nossa
reunião com ele, que não vos movais facilmente do vosso entendimento, nem
vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como de
nós, como se o dia de Cristo estivesse já perto. Ninguém de maneira alguma
vos engane; porque não será assim sem que antes venha a apostasia, e
se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição".

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Neste texto ficam claras duas verdades:

a) Paulo associa nossa reunião com Cristo (arrebatamento) ao momento da


vinda de Jesus. Mais uma vez, entendemos que é temerário supor que Paulo
estava falando de uma hipotética vinda diferente à vinda descrita pelo próprio
Jesus no sermão profético.

b) Esses dois eventos relatados na parte anterior (vinda e arrebatamento), não


acontecerão antes da apostasia e da manifestação do anticristo, colocando
obviamente esses eventos para o final do período tribulacional.

Um fato interessante nesta passagem, é que Paulo não menciona um


arrebatamento pré-tribulacional como um dos precedentes necessários para a
vinda do Dia do Senhor. Paulo usa como precedentes para tal vinda a apostasia
e a manifestação do homem do pecado.

Contudo, o arrebatamento secreto seria o argumento mais forte que Paulo


poderia apresentar aos irmãos de Tessalônica para mostrar que a vinda de Jesus
ainda não havia ocorrido... A omissão desse argumento vital, nos mostra mais
uma vez que Paulo não tinha qualquer ensinamento a respeito de um
arrebatamento pré-tribulacional da Igreja.

É notório também que, ao analisar o resto do texto sem preconceitos, chegamos


à conclusão de que o que detém a revelação do anticristo não é a Igreja nem
mesmo o Espírito Santo, enviado à Igreja, pois a manifestação do filho da
perdição se dá cronologicamente antes do encontro entre Jesus e Sua Igreja, ou
seja, antes do arrebatamento.

Por outro lado, fica implícito que Paulo toma o cuidado de não mencionar "aquilo"
e "quem" detém a revelação do anticristo. Se fosse a Igreja ou o Espírito Santo,
haveria razões para Paulo ocultar o sujeito por duas vezes, mesmo considerando
que os tessalonicenses já tinham ouvido isso diretamente de Paulo?

Alguns têm sugerido que o termo "apostasia" deve ser entendido como uma
referência ao próprio arrebatamento ao afirmar que tal termo significa "partida".
Então, de acordo com esse entendimento, a Igreja seria retirada da Terra antes
da manifestação do anticristo.

Oferecemos uma resposta a esse argumento mais adiante, quando abordaremos


os principais argumentos pré-tribulacionistas. Mais uma vez, é necessário notar
a sujeição de Paulo aos ensinamentos proferidos por Jesus no sermão profético,
registrado em Mateus 24 e também em Marcos e Lucas.

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Paulo, para mostrar aos irmãos em Tessalônica que a vinda do Senhor não
ocorreria a qualquer momento, dá dois grandes sinais que antecederão a volta
do Senhor e nossa reunião com Ele: a apostasia e a manifestação do anticristo.

Tal revelação está em plena sincronia com o que já tinha sido revelado por Cristo
no sermão profético. Jesus profetizou como sinais que antecederiam Sua volta
o esfriamento do amor por parte de muitos (Mateus 24:12) e a abominação
desoladora (Mateus 24:15).

São os mesmos sinais apontados por Paulo em II Tessalonicenses 2:1-3,


deixando claro mais uma vez que o apóstolo considerava o sermão profético de
Jesus a base escatológica que deveria ser seguida por todos os cristãos, sem
exceções!

7] ALÍVIO NA TRIBULAÇÃO

Analisemos ainda a passagem de II Tessalonicenses 1:7-8:

"E a vós, que sois atribulados, descanso conosco, quando se manifestar o Senhor
Jesus desde o céu com os anjos do seu poder, como labareda de fogo, tomando
vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho
de nosso Senhor Jesus Cristo"

Devemos observar que o apóstolo Paulo se refere aqui ao dia em que os cristãos
seriam finalmente libertos das perseguições e tribulações do mundo. É
importante destacar alguns pontos fundamentais nessa passagem:

a) Quem são as pessoas que estão sendo atacadas e atribuladas de acordo com
essa passagem? Obviamente, trata-se dos cristãos vivos ao tempo do apóstolo
Paulo e que viviam constantemente sob perseguição. Por abrangência, o texto
se refere a todos aqueles que pertencem à Igreja e que estiverem vivos no
tempo da volta de Cristo, sob intensa perseguição e tribulação.

b) Quando eles terão descanso das tribulações? O apóstolo é claro: "... quando
do céu se manifestar o Senhor Jesus...". Uma manifestação, como descreve a
passagem, acompanhada de grande majestade e poder. Paulo descreve a volta
do Senhor Jesus acompanhado dos anjos do Seu poder, como uma labareda de
fogo, tomando vingança dos que não conhecem ao Pai e não obedecem as boas
novas do Senhor Jesus.

Nada disso nos remete a um rapto secreto e sim a um evento visível e glorioso.
O versículo 8 não deixa muita margem de dúvida que a passagem está referindo-

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se a gloriosa volta do Senhor quando associa essa manifestação poderosa à
destruição dos inimigos de Deus.

O versículo seguinte (II Tessalonicenses 1:9) esclarece ainda mais a questão ao


revelar que os inimigos do evangelho sofrerão, como castigo, a eterna perdição.
Ou seja, Paulo não está falando de uma vinda que gerará um período
tribulacional, mas de uma vinda que trará juízo definitivo.

É obvio, portanto, que Paulo só pode estar se referindo à vinda do Senhor em


glória, que se dará exatamente logo após a grande tribulação. O que fica
evidente então é que os cristãos terão alivio definitivo de suas tribulações
quando Cristo retornar para buscá-los e, ao mesmo tempo, derrotar o anticristo
e as suas hostes, instaurando Seu reino de amor e justiça sobre a Terra.

8] GALARDÕES APÓS A SÉTIMA TROMBETA

Em Apocalipse 11:17-18, os vinte e quatro anciãos expressam:

"...Graças te damos, Senhor Deus Todo-Poderoso, que és, e que eras, e que hás
de vir, que tomaste o teu grande poder, e reinaste. E iraram-se as nações, e
veio a tua ira, e o tempo dos mortos, para que sejam julgados, e o tempo de
dares o galardão aos profetas, teus servos, e aos santos, e aos que temem o
teu nome, a pequenos e a grandes, e o tempo de destruíres os que destroem a
terra"

Observando o contexto onde se dá essa exclamação dos vinte e quatro anciões,


vemos que ele ocorre logo após o toque da sétima trombeta, deixando evidente
que a entrega de galardões para os santos (recompensa), se dará após o toque
da sétima trombeta e não antes.

O tempo do recebimento da recompensa por parte dos fiéis de todos os tempos


é um evento relacionado neste versículo ao tempo da destruição dos que
destroem a terra, relacionando mais uma vez o encontro da Igreja com Cristo
como um evento inserido no final da tribulação e imediatamente anterior à
derrota do anticristo, quando se concretizará a derrota final daqueles que
destroem a Terra.

Assim como já vimos ao ler II Tessalonicenses 2:7-9. Em Mateus 16:27, o


Senhor já havia revelado que, por ocasião de Sua vinda, na glória de Seu Pai e
acompanhado pelos Seus anjos, Ele recompensaria a cada um conforme a suas

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obras. No versículo seguinte (Mateus 16:28), o Senhor ensina que Ele virá em
Seu reino e que isso será visível.

9] O MISTÉRIO DE DEUS E A SÉTIMA TROMBETA

Em Apocalipse 10:7, está escrito que o mistério do Eterno se cumprirá "nos dias
da voz do sétimo anjo, quando tocar a sua trombeta". Quando, sob o prisma dos
últimos acontecimentos, abordamos os conceitos "mistério" e "trombeta",
observamos um interessante sincronismo entre esta passagem e a revelação
dada a Paulo sobre o mistério que ocorreria ao soar da "última trombeta".

Esse sincronismo entre a revelação dada a Paulo e aquela recebida por João, nos
parece muito mais do que uma mera coincidência. Como já vimos anteriormente,
se formos coerentes com a clareza da revelação, a última trombeta será tocada
no momento da manifestação visível do Senhor nos céus (Mateus 24:31).

Então, quando Paulo fala de "última trombeta", cremos que o apóstolo está
citando o que o Senhor já havia ensinado. Porém, considerando que o escritor
do Apocalipse não faz nenhuma menção explícita ao encontro da Igreja com o
Senhor nos ares, acreditamos que o mistério mencionado em Apocalipse 10:7
esteja relacionado a esse evento maravilhoso, no qual receberemos corpos
glorificados.

Isso se encaixa perfeitamente com o mistério mencionado por Paulo em sua


primeira carta aos coríntios, situando, em ambos os casos, o arrebatamento na
parte final da tribulação, ou seja, ao som da última trombeta ou, como identifica
o escritor do Apocalipse, quando o sétimo anjo tocar a sua trombeta,
desencadeando os eventos finais do período tribulacional, que desembocarão na
vinda de Jesus, quando soará, como já vimos, a última trombeta.

10] O ARMAGEDOM E O ARREBATAMENTO

Em Lucas 17:37, após detalhar algumas características do arrebatamento e da


Sua vinda em glória, Jesus é inquirido por seus discípulos com uma pergunta
que muitos fazem atualmente: - Onde Senhor?

Essa pergunta foi feita em função de todos os acontecimentos narrados por


Cristo a respeito de Sua vinda, inclusive o arrebatamento, explicitando as

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dúvidas que eles tinham a respeito da localização geográfica e histórica dos
eventos profetizados pelo Mestre.

Jesus respondeu a Seus discípulos com uma declaração enigmática que está
registrada não somente no texto de Lucas 17:37, mas também em Mateus
24:28: "...Onde estiver o corpo, aí se ajuntarão as águias".

Como já mencionamos, nos versículos anteriores, Jesus detalhou a Sua vinda


gloriosa e o arrebatamento dos fiéis (Lucas 17:34-36), relacionando mais uma
vez os dois eventos em questão.

Ao responder com uma declaração enigmática e ao não diferenciar os eventos


profetizados por Ele nos versículos anteriores, Jesus outra vez não faz nenhuma
distinção temporal entre Sua vinda gloriosa e o arrebatamento da Igreja, nem
entre essa vinda e a derrota dos exércitos do anticristo, como ficará
demonstrado à continuação.

Ainda mais: a pergunta dos discípulos foi feita imediatamente depois de Cristo
descrever o arrebatamento (versículos 34 e 36), estando, obviamente, a
resposta dessa pergunta atrelada diretamente à localização desse evento dentro
do contexto dos últimos acontecimentos.

Se na resposta dada pelo Mestre nós vemos uma realidade que só será
concretizada na derrota dos exércitos do anticristo no Armagedom, como
abordaremos posteriormente ao comentar Apocalipse 19:17-18, fica
estabelecida mais uma vez pelo próprio Cristo uma relação direta e única no
tempo entre a Sua vinda gloriosa, o arrebatamento da Igreja e a derrota do
anticristo e os seus exércitos no Armagedom, colocando todos esses eventos
nos momentos finais da grande tribulação!

Voltando à revelação de Jesus em Lucas 17:37 e Mateus 24:28, vemos que os


termos fortes utilizados por Ele (aves de rapina se reunindo sobre o corpo), não
parecem de forma alguma estar descrevendo o arrebatamento, apontando para
algo aterrador que ocorrerá por ocasião da Sua volta em glória.

Esse fato marcante e forte que ocorrerá na volta gloriosa de Cristo para arrebatar
a Igreja, derrotar os exércitos do anticristo e livrar Israel está descrito em
Apocalipse 19: 17-18, envolvendo os mesmos elementos citados por Jesus em
Lucas 17:37 e Mateus 24:28 (aves de rapina e corpo):

"...E vi um anjo que estava no sol, e clamou com grande voz, dizendo a todas
as aves que voavam pelo meio do céu: Vinde e ajuntai-vos à ceia do grande
Deus, para que comais a carne dos reis, e a carne dos tribunos, e a carne dos
fortes, e a carne dos cavalos e dos que sobre eles se assentam; e a carne de
todos os homens, livres de servos, pequenos e grandes"

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Esse texto descreve os momentos seguintes à volta de Cristo, quando o mesmo
derrotará os exércitos do anticristo no Armagedom e revela a sorte que terão os
corpos dos exércitos derrotados, levando-nos a uma relação lógica com a
declaração enigmática de Jesus em Lucas 17:37 e Mateus 24:28: "...Onde
estiver o corpo, aí se ajuntarão as águias...".

Jesus, ao responder à indagação de Seus discípulos a respeito do arrebatamento


com uma citação enigmática do que aconteceria por ocasião da derrota
assustadora dos exércitos do anticristo no Armagedom, relaciona mais uma vez
o arrebatamento dos fiéis à Sua vinda em glória.

O que fica patente em todos esses textos e em muitos outros que analisaremos
neste site, é que o arrebatamento da Igreja não deve ser separado da volta de
Cristo em glória.

A clara constatação bíblica da participação da Igreja no período tribulacional nos


chama a uma séria reflexão. Como se dará essa participação? Que atitudes
deverão ter os servos do Senhor na terra diante do governo mundial maligno?

Essas e outras perguntas serão respondidas na medida do possível no decorrer


deste livro e nós esperamos de todo coração que o mesmo gere uma maior
conscientização sobre o verdadeiro papel da Igreja nos últimos tempos.

O PRÉ-TRIBULACIONISMO

Os primeiros elementos para o surgimento da ideia do arrebatamento anterior à


tribulação apareceram no século XIX, dentro do movimento carismático dos
irvingistas. Até aquele século ninguém fizera qualquer distinção entre o
arrebatamento e o segundo advento de Cristo.

Esse movimento foi posteriormente popularizado pelos irmãos de Plymouth nos


Estados Unidos, de onde, rapidamente, se propagou para outras denominações
evangélicas, as quais, pelo fato de, em sua maioria, terem iniciado suas
atividades de evangelismo internacional e crescimento a partir do século XVIII,
absorveram a interpretação pré-tribulacionista, chegando em alguns casos a
dogmatizá-la em seus credos.

Para entender porque essas igrejas abraçaram a novidade do pré-


tribulacionismo, é necessário saber qual era a mentalidade escatológica daquele
tempo.

15
A maioria dos cristãos no século XVIII era pós-milenista e historicista. Ou seja,
eles entendiam que Jesus voltaria depois do Milênio e que os fatos e sinais
profetizados no Apocalipse e noutras passagens bíblicas, já tinham se cumprido
durante a história.

Era comum interpretar os 1.260 dias descritos no Apocalipse como 1.260 anos,
ou os 2.300 dias descritos em Daniel como 2.300 anos. Então, o pré-
tribulacionismo surgiu nessa convergência histórica e baseado nessa
mentalidade.

A ideia de iminência (a volta de Jesus ocorreria a qualquer momento, pois todos


os sinais já tinham se cumprido durante a história), foi unida à ideia de que os
cristãos cheios do Espírito Santo seriam tomados para Deus antes da
manifestação do anticristo, concepção divulgada a partir de uma revelação
recebida pela jovem Margaret McDonald, uma integrante dos irvingistas.

Essa revelação foi aceita pelo pastor Edward Irving como uma mensagem divina
e, logo após, ele buscou argumentá-la com textos bíblicos no jornal "The Morning
Watch", na edição de junho de 1831. Anos depois, o modelo pré-tribulacionista
foi sistematizado por John Darby, unindo os fundamentos surgidos entre os
irvingistas com as premissas do dispensacionalismo.

Com o passar dos anos, principalmente depois das duas guerras mundiais, a
posição pós-milenista foi perdendo força, diante do inegável fato histórico de
que os poderes mundiais caminham para a destruição e não para uma
restauração espiritual generalizada anterior à vinda do Senhor.

Atualmente, há poucos pós-milenistas, sendo que a maioria dos cristãos é pré-


milenista (crê que o Milênio ocorrerá como resultado direto da volta de Jesus e
não antes) ou a-milenista (não crê que o Milênio é um período literal).

Então, vemos que hoje a maior parte dos pré-tribulacionistas é pré-milenista,


apesar de muitos não saberem que uma das bases originais do pré-
tribulacionismo foi o pós-milenismo.

Uma leitura que recomendamos àqueles que quiserem conhecer mais sobre as
verdadeiras origens históricas do pré-tribulacionismo está na obra "The Life of
Edward Irving", de autoria de Mrs Olifant, publicada por Hurst e Blackett em
1865 na cidade de Londres, Inglaterra.

Sinceramente, cremos que muitos servos do Altíssimo serão protegidos durante


a tribulação final. Não iremos aprofundar-nos aqui sobre a veracidade da
revelação recebida pela jovem Margaret.

16
Cremos nas manifestações do Espírito de Deus. Também cremos que o Ele age
com quem Ele quer e da forma que Ele quer. O que não pode haver, em hipótese
alguma, é a aceitação de uma revelação que se coloca contra verdades bíblicas.

Tendemos a crer que é bem possível que a revelação recebida por Margaret
McDonald, caso realmente tenha sido algo oriundo do Espírito Santo, estivesse
apontando para uma proteção especial que muitos terão durante o período
tribulacional (Apocalipse 3:10).

Porém, o que fica claro neste ponto é que a interpretação que foi dada a respeito
da revelação pelos líderes dos irvingistas aponta para algo que foge à Verdade
das Escrituras e do que havia sido ensinado pelos apóstolos no primeiro século.

No tópico ESCATOLOGIA PRIMITIVA, explicamos porque os irmãos primitivos


eram predominantemente pré-milenistas e futuristas e totalmente pós-
tribulacionistas. Quando estudamos detalhadamente a história da Igreja
primitiva, vemos que a mesma não aguardava apenas o arrebatamento e sim o
retorno de Cristo para instaurar o seu reino.

Nesse contexto, o pré-tribulacionismo é um ensinamento novo no seio da Igreja.


É uma novidade diferente do que foi pregado e ensinado pelos apóstolos e crido
pelos nossos primeiros irmãos.

Por outro lado, uma análise imparcial e sem visões pré-concebidas dos textos
bíblicos que tratam dos acontecimentos relacionados à volta do Senhor, não
permitem afirmar que o arrebatamento se dará num momento diferente da
segunda vinda.

Os defensores do arrebatamento pré-tribulação, argumentam que a segunda


vinda de Jesus está dividida em duas etapas:

a) A vinda do Senhor somente para arrebatar a Igreja, de forma oculta ao mundo


e anterior à tribulação

b) O retorno do Senhor em forma visível e em glória após a tribulação.

Sinceramente, acreditamos que tal argumentação é uma distorção da doutrina


bíblica. Nenhum texto escatológico permite que se chegue a tal conclusão. Pelo
contrário, cremos que a Bíblia apresenta claramente a promessa de duas vindas
sem etapas intermediárias.

A primeira já cumprida há aproximadamente dois mil anos, e a segunda ainda


por se manifestar, como claramente expõe o escritor aos hebreus (Hebreus
9:28). A seguir, analisaremos algumas passagens usadas como fundamento por

17
aqueles que acreditam no arrebatamento como um evento anterior à tribulação
que virá sobre a Terra.

a] GUARDADOS OU TIRADOS?

Em Apocalipse 3:10, na carta dirigida à igreja em Filadélfia está escrito:

"Como guardaste a palavra da minha paciência, também eu te guardarei da hora


da tentação que há de vir sobre todo o mundo, para tentar os que habitam na
terra"

Muitos usam esse versículo para sustentar a tese do arrebatamento anterior à


tribulação. Porém, note que o verbo utilizado no texto é guardar e não tirar.

Fica subentendido que, aqueles que pertencem à igreja fiel (Filadélfia), serão
protegidos pela mão do Altíssimo, que está no controle de tudo. O verbo guardar
aqui está relacionado à ideia de livramento e proteção em meio à tribulação.

Não significa que a Igreja se encontrará nos ares com Cristo com o objetivo de
ficar fora da tribulação e sim que será "guardada" durante a tribulação.

Nesse contexto, é bom salientar que "Igreja" não significa nenhuma


denominação em particular, até porque muitas denominações e concílios
entregarão sua soberania ao falso profeta e ao seu sistema ecumênico.

A verdadeira Igreja é formada pelos discípulos fiéis ao Senhor, que não se


dobrarão diante do sistema e que serão guardados por Ele em meio à aflição.
Como afirma o apóstolo Pedro, "...Mediante a fé estais guardados na virtude de
Deus para a salvação, já preste a se revelar no último tempo" (I Pedro 1:5).

A frase "eu te guardarei da hora", origina-se de duas palavras gregas: téreo e


ek. Téreo tem o significado de "velar", "guardar", "preservar", sendo sua
tradução literal algo semelhante a "manter os olhos sobre algo". Já a preposição
ek significa basicamente "de".

Para que a interpretação pré-tribulacionista tivesse alguma sustentação neste


versículo, o escritor do Apocalipse deveria ter usado uma outra preposição grega
– apo – que expressa a ideia de separação radical, "para fora de".

Para entender melhor o significado de "tereo" e sua utilização em conjunto


(tereo+ek), vejamos o que diz a oração de Jesus em João 17:15: "Não peço que
os tires do (ek) mundo, mas que os livres (téreo) do (ek) mal".

18
Ao orar para que os discípulos fossem guardados do mal, Jesus não estava
dizendo que Satanás não poderia tentá-los ou que eles seriam transladados para
um local onde não pudessem ser tentados. Simplesmente, o Mestre pede para
que o Pai guarde os discípulos em segurança e impeça que o inimigo tenha
vitória sobre eles.

b] IRA TRIBULACIONAL OU IRA ETERNA?

Aqui está mais um argumento usado pelo modelo pré-tribulacionista: o


arrebatamento como forma de não sofrer a ira do Altíssimo. Em I
Tessalonicenses 5:9 diz:

"Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para a aquisição da salvação,
por nosso Senhor Jesus Cristo" (Veja também I Tessalonicenses 1:10)

Quando estudamos o conceito "ira", observamos que a ira do Eterno tem se


manifestado durante toda a história humana diante do pecado e da
desobediência do homem.

Obviamente, os salvos e justificados já não estão debaixo dessa ira divina.


Portanto, estamos livres da ira de Deus a partir do momento do novo
nascimento, o que já aconteceu e continua acontecendo na vida de milhares de
pessoas há centenas de anos.

Esse livramento acontecerá também com a Igreja no fim dos tempos. Contudo,
tal livramento não significa que há necessidade de retirar do planeta quem não
será alcançado pela ira.

Não há nenhum precedente histórico nem ensinamento bíblico que aponte para
isso. Consequentemente, usar o texto citado como sustentáculo da teoria do
arrebatamento anterior à tribulação com o objetivo de livrar a Igreja da ira
divina, não nos parece o mais apropriado.

É preciso notar na passagem a antítese que Paulo faz entre "ira" e "salvação".
Se seguirmos a tortuosa dedução pré-tribulacionista e associarmos o termo
"salvação" a uma preservação física dos filhos do Eterno, com o objetivo de que
não sejam atingidos fisicamente por eventos catastróficos, então deveríamos
excluir dessa "salvação" o próprio Paulo, pois o mesmo sofreu catástrofes
naturais, torturas físicas e por último a morte física em meio a uma perseguição
maligna e a uma tribulação impiedosa!

19
O dano máximo que um verdadeiro cristão pode chegar a sofrer numa tribulação
é a morte física, como aconteceu com o próprio apóstolo Paulo. A salvação
independe totalmente dos danos físicos sofridos sob a perseguição de um
sistema de governo maligno ou de eventos catastróficos.

Por outro lado, sabemos que o Senhor é Poderoso para guardar e preservar
fisicamente aqueles que Ele quiser durante tais eventos, assim como Ele é
poderoso para ressuscitar e glorificar todos Seus discípulos que morreram e
morrerão, sem importar a forma como tenham falecido.

Ao usar a antítese entre salvação e ira, Paulo estava referindo-se à condição


espiritual dos seres humanos diante do Pai, de acordo com as suas escolhas:
salvação eterna ou castigo eterno. Ele estava escrevendo sobre a salvação no
sentido mais abrangente da palavra, que é a salvação eterna e sobre a ira divina
no sentido mais amplo, que é o castigo eterno.

Paulo deixa claríssimo esse entendimento ao escrever novamente aos irmãos


em Tessalônica. Em sua segunda carta a eles, o apóstolo ensina que o castigo
que o Senhor trará sobre os atribuladores é a perdição eterna (II
Tessalonicenses 1:9).

Referente à ira vindoura descrita em I Tessalonicenses 1:10, entendemos essa


ira como o clímax da ira divina no qual ocorrerá a destruição total dos exércitos
do anticristo no Armagedom. Será o momento em que o Senhor Jesus exercerá
pessoalmente esse juízo. Vejamos:

"Seguiam-no os exércitos no céu em cavalos brancos, e vestidos de linho fino,


branco e puro. Da sua boca saía uma aguda espada, para ferir com ela as
nações; ele as regerá com vara de ferro; e ele mesmo é o que pisa o lagar do
vinho do furor da ira do Deus Todo-Poderoso" (Apocalipse 19:15)

Nós seremos livres desse desfecho, pois, nos momentos imediatamente


anteriores ao evento narrado na passagem acima, ocorrerá a ressurreição dos
justos e a transformação dos vivos fiéis, os quais receberão corpos glorificados
e se encontrarão com o Senhor nos ares.

Todos esses, como vimos anteriormente, serão eventos diretamente ligados à


segunda vinda de Jesus em glória para derrotar os exércitos do anticristo, livrar
a nação de Israel de uma destruição iminente e instaurar o Milênio.

A ira do Altíssimo, enquanto desfecho profético, está intimamente relacionada


ao Dia do Senhor, o qual ocorrerá logo após a grande tribulação (veja Apocalipse
6:12-17, Apocalipse 11:15-19).

20
c] DIA DO SENHOR INESPERADO?

Em I Tessalonicenses 5:2-3 está escrito:

"Porque vós mesmos sabeis muito bem que o dia do Senhor virá como o ladrão
de noite; pois que, quando disserem: Há paz e segurança! Então lhes sobrevirá
repentina destruição, como as dores de parto àquela que está grávida; e de
modo nenhum escaparão"

Esta passagem é utilizada pelos defensores do arrebatamento anterior à


tribulação, tomando como base o caráter repentino desse acontecimento
mostrado por Paulo nestes versículos, para explicar a existência de um
arrebatamento oculto e anterior à tribulação.

Porém, temos que observar alguns tópicos importantes para entender melhor
que foi escrito pelo apóstolo dos gentios.

1) Alguns podem argumentar que o cenário apresentado por Paulo, de "paz" e


"segurança", não condiz com a realidade caótica denominada tribulação,
colocando o arrebatamento (Dia do Senhor) como um evento pré-tribulacional.

Entretanto, o apóstolo não diz que haverá paz e segurança, e sim "...quando
disserem...". Quando estudamos a figura e atuação do anticristo, descobrimos
que ele terá um grande poder de convencimento e manipulação através da fala,
e, sem dúvidas, essa promessa de paz e segurança virá dele.

Com esse discurso, ele seduzirá a muitos durante a tribulação até o momento
final em que reunirá todos os exércitos da Terra contra Israel. Acreditamos que
ele usará como argumento para convencer todas as nações a marcharem contra
Israel, a paz e a segurança mundial, afirmando que a nação israelense seria o
único obstáculo para que isso finalmente acontecesse no mundo.

2) Note que o apóstolo começa a sua narrativa explicando o que acontecerá no


Dia do Senhor. Quando estudamos mais detalhadamente o que é considerado
na Bíblia como "Dia do Senhor", vemos que ele está sempre relacionado com a
segunda vinda de Jesus em glória, quando Ele retornará para livrar o seu povo,
derrotar os exércitos do anticristo no Armagedom e instaurar o seu reino de
justiça. Isso fica claro em passagens como Joel 2: 31-32:

"O sol se converterá em trevas, e a lua em sangue, antes que venha o grande e
terrível dia do Senhor. E há de ser que todo aquele que invocar o nome do
Senhor será salvo; porque no monte Sião e em Jerusalém haverá livramento,

21
assim como disse o Senhor, e entre os sobreviventes, aqueles que o Senhor
chamar"

Outras passagens que relacionam diretamente o Dia do Senhor à sua vinda em


poder e glória como Rei e Juiz, estão em Isaias 13:6, Joel 1:15, II Pedro 3:10,
Isaias 13:9, Joel 2:28-32, Zacarias 14:1-2 e Joel 2:1-11.

3) A incoerência mais marcante do raciocínio pré-tribulacionista ligado a essa


passagem está relacionada à gritante deturpação do sentido que Paulo quer
ensinar aos irmãos em Tessalônica.

O argumento pré-tribulacionista diz assim: "Ora, se o Dia do Senhor virá como


um ladrão na noite, então o rapto só pode ser secreto e antes da tribulação, pois
se fosse logo após a grande tribulação todos ficariam sabendo e já não seria
inesperado como a chegada de um ladrão na noite...".

O argumento acima é, sob a ótica humana, plausível. Porém, à luz do que é


ensinado no próprio contexto por Paulo e no que é revelado no Apocalipse, tal
argumento não se sustenta.

Se formos um versículo mais adiante da passagem inicial (I Tessalonicenses 5:2-


3), veremos Paulo ensinando que para nós, discípulos do Senhor, o Dia Dele não
nos surpreenderá como a chegada de um ladrão à noite, porque já não estamos
mais em trevas!

Logo, o Dia do Senhor surpreenderá que está em trevas. O Dia do Senhor não
surpreenderá a Igreja. O Senhor não virá como um ladrão para a Igreja e sim
para aqueles que estiverem em trevas.

É isso que Paulo ensina. Por outro lado, a revelação apocalíptica deixa claro que,
mesmo em meio à grande tribulação e até mesmo nos momentos finais dela, os
ímpios não atentarão para a proximidade da vinda do Senhor, fazendo com que
todo argumento pré-tribulacionista referente à necessidade de que os eventos
ocorram antes da tribulação para "surpreender" as pessoas, caia por terra.

É só ler Apocalipse 9:20-21 e Apocalipse 16:10-11. Os homens só se lamentarão


e chorarão amargamente diante de sua condenação iminente quando virem
ocorrer os sinais cósmicos que antecedem a gloriosa vinda de Jesus (Mateus
24:30, Apocalipse 1:7, Apocalipse 6:12-17).

22
d] O TERMO "APOSTASIA" DESCREVE O ARREBATAMENTO?

O termo "apostasia" em II Tessalonicenses 2:3 é interpretado por alguns como


"retirada", apontando para uma saída da Igreja antes da manifestação do
anticristo. Porém, nesse contexto temos que destacar alguns pontos que se
opõem frontalmente a essa ideia.

Em primeiro lugar destacamos um princípio que é fundamental. A submissão de


Paulo aos ensinamentos do Senhor Jesus. O Mestre profetizou que antes de Sua
gloriosa volta haveria esfriamento do amor ágape por parte de muitos (Mateus
24:12).

Logo depois, Ele revela que haverá a abominação desoladora no lugar santo.
Paulo, na passagem aos tessalonicenses, coloca a apostasia e a manifestação do
anticristo como sinais que antecedem a vinda do Senhor e o nosso encontro com
Ele nos ares, para ensinar que tais sinais deveriam ocorrer antes do regresso do
Senhor.

Então, não há razões para não crer que Paulo estava citando aos tessalonicenses
os mesmos sinais que já haviam sido profetizados pelo Mestre! Em segundo
lugar, devemos considerar a coerência de Paulo no ensino ministrado durante
todo o seu ministério.

A segunda carta aos tessalonicenses foi uma das primeiras escritas pelo
apóstolo. Porém, pouco antes de ser martirizado, ele escreve a Timóteo e ensina
que no final dos tempos muitos apostatariam da fé (I Timóteo 4:1), voltando a
lembrar o ensino original do Senhor.

Por outro lado, caso Paulo estivesse se referindo a um rapto secreto ao escrever
a palavra "apostasia", por que esse importante ensino não foi levado adiante
pelas gerações seguintes?

Analisando os textos referentes à Igreja nos primeiros séculos, não há qualquer


referência a um rapto secreto antes da tribulação ou antes da manifestação do
anticristo. Os irmãos dos primeiros séculos não tinham qualquer crença nesse
sentido. Eles criam na vinda do Senhor tal qual ela foi descrita em Mateus 24:29-
31.

Faz parte de qualquer regra elementar de interpretação das Escrituras a


consideração do contexto. Se formos ao começo do texto em questão, veremos
que o apóstolo Paulo ensina aos irmãos que estariam atribulados na ocasião da
vinda do Senhor, que Ele viria como labareda de fogo e com os anjos do seu
poder, para trazer-lhes alívio ou descanso.

23
Ou seja, o contexto apontado por Paulo é o da vinda do Senhor para aliviar a
Igreja atribulada e não para evitar que a Igreja ingressasse na tribulação.

e] A IGREJA OU O ESPÍRITO SANTO DETÊM A REVELAÇÃO DA BESTA?

Outro texto bastante usado pelos defensores do arrebatamento pré-tribulacional


está escrito em II Tessalonicenses 2:7:

"Porque já o mistério da injustiça opera; somente há um que agora resiste até


que do meio seja tirado"

Muitos usam esse texto para argumentar que aquilo que detém a manifestação
e revelação do anticristo e seu sistema, é a Igreja. Outros sustentam que se
trata do próprio Espírito Santo ou até mesmo os dois (Espírito Santo e Igreja).

Acontecendo o arrebatamento da Igreja, o Espírito Santo deixaria a Terra à


mercê do poder do anticristo para que ele se manifeste plenamente. Vejamos,
porém, alguns tópicos:

1) É visível na Bíblia a atuação do Espírito Santo mesmo em plena grande


tribulação. Senão, como exerceriam o seu ministério as duas testemunhas
descritas em Apocalipse 11:1-14?

Elas profetizarão por mil duzentos e sessenta dias e serão mortas pelo anticristo,
porém reviverão após três dias e meio de forma sobrenatural. O texto contido
em Daniel 7:21, deixa transparecer que muitos santos serão martirizados na
mesma ocasião da morte das duas testemunhas.

Agora, reflitamos um pouco: Para quem profetizariam essas testemunhas, se


não existissem pessoas sedentas de ouvir seu testemunho? Como ouviriam e
seriam convencidas se o Espírito Santo, que convence de todo pecado e testifica
aos nossos corações, não estivesse agindo na Terra durante o ministério das
duas testemunhas? Com que poder elas ressuscitariam, se não fosse o poder
divino?

É importante saber que, mesmo durante a grande tribulação, o Todo Poderoso


Criador estará no controle do Universo e da Terra...

2) A revelação do Apocalipse deixa claro que um número considerável de


pessoas não se dobrará diante do anticristo e se negará a receber a marca da
besta, guardando sua fé até o fim (Apocalipse 7:9-17).

24
Essas pessoas fazem parte do corpo de Cristo que é a Igreja, a menos que se
queira dividir o Corpo em segmentos, o que se opõe a toda revelação bíblica.

A seguir, abordaremos mais detalhadamente essa passagem escrita por Paulo


aos tessalonicenses em sua segunda carta, pois cremos que ela encerra
revelações cruciais.

Durante séculos a identidade de "quem" e "o quê" detém a revelação do


anticristo, tem provocado o surgimento de muitas opiniões, o que é
compreensível, pois Paulo não revela sua identidade.

Daremos nossa posição a respeito, salientando que é apenas aquilo que


entendemos sobre o tema, o qual não comporta posições dogmáticas:

1. Há uma dualidade de referências ao que impede a revelação do anticristo. No


versículo 6, é usado o termo "o que o detém". Já no versículo 7 é usado um
pronome pessoal: "somente há um que agora resiste até que do meio seja
tirado".

Isso descartaria apenas um objeto/ação/instituição ou apenas uma pessoa.


Consequentemente cremos tratar-se de uma pessoa e ao mesmo tempo uma
estrutura ligada a essa pessoa.

2. O apóstolo Paulo relaciona a revelação do anticristo ao fato dele assentar-se


no Templo do Pai. O apóstolo segue a mesma linha sequencial usada por Jesus
no sermão profético (Mateus 24:13-15).

O assentar-se no Templo do Altíssimo está relacionado à abominação da


desolação, que ocorrerá num dia e num local específico. Não acreditamos que a
abominação desoladora possa ser alegorizada, já que a compreensão dos
interlocutores de Jesus e de Paulo estava voltada a um evento literal profetizado
por Daniel, cronologicamente situado no cenário profético.

Portanto, se o encontro de Jesus e da Igreja se dará após a apostasia e a


revelação do anticristo (abominação da desolação), logicamente, a Igreja não
parece ser o que impede essa revelação (II Tessalonicenses 2:1-3).

3. No cenário apocalíptico, vemos uma Igreja que guarda os mandamentos do


Pai e mantém o testemunho de Jesus, e vemos cristãos martirizados pelo
governo do anticristo por seu testemunho (Apocalipse 12:17, 6:11, 20:4).

Isso mostra a presença do Espírito Santo em meio à Igreja, mesmo após a


revelação do anticristo, até porque o Espírito Santo foi enviado para consolar e
guiar a Igreja e não para controlar os poderes do mundo. Então, isso descartaria

25
uma possível "remoção" do Espírito Santo da Terra para que o anticristo possa
se manifestar.

4. Paulo revela que o mistério da iniquidade já estava atuante no século primeiro


(versículo 7). A partir do momento que Paulo fala no presente e projeta o clímax
desse mistério no futuro, logicamente "aquilo/quem" impede esse clímax tem
estado vivo e atuante nesses últimos 2.000 anos, impedindo essa manifestação
plena do mal.

Isso descartaria a hipótese do Império Romano, que ruiu há muito tempo. Note
que Paulo fala de resistência ao mistério em si e não propriamente à revelação
do anticristo. Essa revelação será uma consequência física de causas espirituais.

5. Quem resiste precisa ter uma autoridade ou força maior ou pelo menos
semelhante à força que está sendo resistida. Afinal de contas, estamos falando
de 2.000 anos de resistência...

6. O termo grego usado para "resiste", indica um ato contínuo de resistir, um


confronto direto ou combate entre duas forças e não a mera "presença" de duas
forças antagônicas.

Devido a essas razões e respeitando todas as outras, já que estamos abordando


um tema não revelado diretamente na Palavra, cremos que "quem" e "o que"
resiste o clímax do mistério da iniquidade e sua concretização num evento
específico, num local específico e num dia específico (abominação da desolação),
é o arcanjo Miguel e suas hostes.

No livro de Daniel, fica implícita a ideia de que arcanjo Miguel, um dos primeiros
príncipes, cumpre funções de resistência espiritual. Isso fica exposto em
passagens como Daniel 10:12-13, Daniel 10:20-21 e Daniel 12:1.

O mesmo arcanjo cumpre missões de combate espiritual, como fica registrado


em Apocalipse 12:7, numa passagem notavelmente relacionada ao princípio da
grande tribulação.

Baseados nestes princípios e revelações escatológicas, nós acreditamos que o


arrebatamento e subsequente encontro da Igreja com o seu Senhor e Salvador,
terá lugar no momento em que no céu aparecer o sinal de Cristo, ou seja, no
momento de sua segunda vinda. Essa segunda vinda será um evento único e
acontecerá logo após a grande tribulação.

Você está preparado para essa vinda? Você está preparado para não se prostrar
diante da imagem da beste nem receber seu número, mesmo que isso traga seu
martírio? Não resta muito tempo para pensar nas respostas...

26
II] CONTROLE MUNDIAL

O que torna a Bíblia um livro especial é a sua essência divina. Ela traz verdades
que transcendem o tempo e o espaço. As profecias fazem parte desse contexto,
no qual o que está escrito se cumpre verdadeiramente.

Este é o caso da previsão do sistema que se levantará no mundo, descrito


detalhadamente no Apocalipse há aproximadamente 2.000 anos e que começa
a surgir sorrateiramente em nossos dias.

Aquilo que parecia incompreensível no primeiro século, hoje não apenas é


possível, mas também desejado pela maioria. A revelação nos mostra que nos
últimos tempos surgirá um sistema de governo mundial no qual será empregado,
num último estágio, o controle total das pessoas, tanto no aspecto financeiro,
como na vida social e espiritual.

Tudo hoje nos leva a acreditar que este sistema será implantado já nos próximos
anos. Será uma ação conjunta entre as nações num cenário pós-guerra ou pós-
colapso, provavelmente após a queda dos EUA como força hegemônica
internacional ou depois de um conjunto de fatores envolvendo guerras, pestes
e fenômenos na natureza.

Nesse contexto, o mundo, hoje já enfrentando uma crise financeira sem


precedentes, entraria num verdadeiro colapso social, político e financeiro,
fazendo com que seja necessário, dentro dos padrões humanos de raciocínio,
instaurar um novo sistema.

A população mundial, que hoje já pede paz e compreensão entre os povos,


aceitará o novo sistema ou "Nova Ordem Mundial". As Escrituras são claras ao
mostrar essa reação mundial diante da besta (Apocalipse 13:4). Essa nova era
planetária certamente surgirá atrelada a ideais como diálogo, respeito,
compreensão, paz e entendimento.

Pouco a pouco, a população mundial vem sendo condicionada para aceitar um


sistema de identificação e monitoramento que lhe ofereça a tão sonhada paz e
segurança e, ao mesmo tempo, para que se oponha a qualquer tipo de fé
fundamentalista.

Em 2009, o próprio papa da Igreja Católica Romana, Bento XVI, declarou que o
mundo precisa de um líder que gerencie a economia global, para que não se

27
repitam momentos como a crise dos subprime, a qual estourou nos EEUU no
final de 2008...

De acordo com os indícios mencionados, é possível afirmar que a proposta de


criação da Nova Ordem Mundial nascerá no seio da ONU, tendo como peças
importantes em sua implantação a União Europeia, EUA (sem a sua atual
hegemonia), Rússia, China e países do Terceiro Mundo.

Neste momento, acreditamos que importantes lideranças religiosas cumprirão


um papel fundamental de conscientização mundial. Esse entendimento entre as
diversas religiões será aprofundado dia a dia, até estabelecer-se o ecumenismo
irrestrito, que será a base de atuação espiritual do falso profeta e do próprio
anticristo.

Chegará o momento em que ele se tornará contra tudo o que se chama "deus"
e destruirá o próprio sistema religioso prostituído que ajudou a colocá-lo no
poder (II Tessalonicenses 2:4, Apocalipse 17:16-18).

Como podemos observar, esse novo sistema será aclamado pela população da
Terra como a solução para suas mazelas. Após um tempo de guerra, desespero,
crise econômica e pavor total, o novo sistema surgirá apresentando e
prometendo um novo tempo de paz, tranquilidade, progresso espiritual da
humanidade e igualdade entre os povos.

Cremos que chegará um momento em que a maior parte da população mundial


abrirá mão de suas liberdades individuais e privacidade para aderir a um sistema
mundial de controle e monitoramento que, teoricamente, trará "paz e
segurança" (I Tessalonicenses 5:3).

Não duvidamos que neste momento haja um "milagre financeiro", ou seja, algo
sobrenatural acontecendo na economia mundial, servindo como pano de fundo
para o surgimento do anticristo como destaque dentro do novo sistema. Não
podemos esquecer das visíveis manifestações espirituais do engano que haverá
no tempo do fim [II Tessalonicenses 2:9-11].

Sem dúvidas, novas regras de comércio internacional serão implementadas e


um controle mais eficiente da sociedade será necessário para conservar esse
clima de paz ilusória.

Deixamos claro que tais cogitações são apenas cenários possíveis de como
ocorrerão essas coisas, para que estejamos atentos a essas prováveis
mudanças. Porém aquilo que está profetizado certamente se cumprirá, mesmo
que não seja detalhadamente como nós pensamos.

28
1] UMA INSTALAÇÃO PAULATINA

Cremos que, entre a implantação desse sistema primordial de identificação [não


confundir com a marca da besta], e o começo real do período de tribulação, que
deve durar sete anos, deva transcorrer algum tempo, talvez 2 ou 3 anos de
relativa paz e progresso, período no qual o anticristo irá ganhando notoriedade
e credibilidade internacional.

É preciso saber que os países continuarão existindo, sendo soberanos, porém a


grande diferença será uma união e cooperação internacional nunca antes vista.

Esse será, do ponto de vista espiritual, um momento crítico, pois muitos que se
denominam cristãos e dizem seguir o que está escrito na Bíblia, poderão ser
seduzidos pelo sistema, tamanho seu compromisso com o mundo e a vida
secular.

A seguir, abordaremos alguns passos que poderão ser adotados para que o
controle global profetizado no Apocalipse ocorra finalmente. Esses passos podem
acontecer com alguma diferença linear dos acontecimentos, porém o resultado
final será o mesmo: o controle mundial das pessoas na face da Terra, com o
objetivo de serem escravizadas pela besta.

1. Num primeiro momento, a prioridade será reorganizar economicamente o


mundo numa realidade pós-guerra ou pós-colapso natural e/ou financeiro.

Provavelmente uma moeda já em uso substitua num primeiro instante o dólar,


ou talvez se institua de imediato uma nova moeda mundial digital, como já está
sendo cogitado por várias autoridades internacionais.

Grandes e surpreendentes medidas poderão ser tomadas, como o perdão da


dívida externa dos países em desenvolvimento e a fusão de grandes
conglomerados financeiros e multinacionais.

2. O futuro aponta para uma reorganização geopolítica sem precedentes. O


mundo, de certa forma, já está dividido em blocos, ligados intimamente por
aquilo que se denomina de "globalização".

Isso facilita o controle e intercâmbio comercial, a fiscalização financeira, a troca


de informações policiais e as relações políticas.

Ao mesmo tempo e forma paulatina, serão adotados novos sistemas de


identificação pessoal, com o objetivo de controlar melhor a criminalidade,
fraudes, corrupção financeira, tráfico internacional, lavagem de dinheiro e
terrorismo, dentre outros males.

29
Os que não aceitarem essas mudanças serão tratados num primeiro momento
como "retrógrados" e serão vistos com suspeita pela sociedade. Com o decorrer
do tempo começarão a ser marginalizados e perseguidos como criminosos que
se opõem à nova ordem.

É importante salientar que atualmente já existe a tecnologia necessária em


quase todos os países para que tais sistemas sejam implantados, faltando
apenas a conjuntura apropriada. Várias empresas de tecnologia em
informatização possuem protótipos de identificação digital ou biométrica e a
estrutura de distribuição imediata, se isso for preciso.

Alguns países já adotam há algum tempo um sistema de identificação digital


para seus cidadãos, o que torna possível uma futura padronização e interligação
a nível mundial num futuro próximo.

A tendência mundial atual é realizar quase todas as transações financeiras por


meio do celular, reduzindo em muito o uso do dinheiro. Alguns países já cogitam
o fim do papel moeda. A digitalização da economia, aliada ao uso da biometria,
é um passo decisivo rumo ao que está profetizado em Apocalipse 13:16-18.

As condições tecnológicas para concretizar as profecias de Apocalipse 13:16-18


já existem. Falta apenas uma conjuntura apropriada e, a depender dos
fenômenos que ocorrerão nos próximos anos, todo esse processo poderá sofrer
uma aceleração drástica, sendo implantado mundialmente em pouquíssimo
tempo...

Cremos que, em termos de condicionamento da população mundial para o


controle da besta, passos serão dados paulatinamente rumo à implantação do
que a Bíblia denomina de "sinal da besta". Que possamos estar atentos a esse
detalhe.

O Mestre nos insta de uma forma clara a estarmos vigilantes em todo momento,
para não sermos enganados (Mateus 24:4, Mateus 24:24-25, Mateus 24:32-51,
Mateus 25:1-30).

Não podemos cair na armadilha do condicionamento. Mesmo não sendo a marca


da besta, qualquer tecnologia que envolva a localização imediata do portador e
seu rastreamento através de um mecanismo inserido no corpo, deve ser evitada
pelo servo do Altíssimo.

Isso pode não fazer sentido para um pré-tribulacionista, o qual crê que estará
isento da tribulação, mas faz sentido para quem crê que o encontro com Cristo
se dará após a revelação do anticristo (II Tessalonicenses 2:1-3).

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Consequentemente, um irmão pré-tribulacionista, em tese, não teria muito
problema em aceitar tais sistemas. Porém, amorosamente, deixamos aqui nosso
alerta: E se o pós-tribulacionismo estiver correto em seus postulados? Como
ficaria um irmão podendo ser identificado, monitorado e rastreado em qualquer
lugar do planeta? Pense nisso...

Mesmo não sendo o sinal da besta, o qual será implantado no começo da grande
tribulação, as modernas tecnologias de identificação poderão ser uma armadilha
mortal para milhões de irmãos, os quais, ao serem facilmente rastreados e
localizados, poderão se tornar vítimas em potencial do sistema maligno que se
aproxima.

Acreditamos que a marca da besta será imposta no começo da grande tribulação


de 3 anos e meio e terá elementos espirituais em sua adoção, talvez algum
juramento ou confissão maligna. É uma marca que estará associada a
surpreendentes sinais do engano. Esse é o contexto mostrado em Apocalipse
13.

Porém, repetimos aqui um importante aviso. Mesmo que o uso de um sistema


de identificação e monitoramento não seja a marca em si e não haja nenhum
pecado em ser identificado e monitorado, quem se tornar escravo dessas formas
de identificação, será facilmente localizado no futuro pelo sistema da besta,
principalmente se esse mecanismo estiver dentro do corpo.

Uma sábia escolha é não aceitar nenhum sistema que permita que sejamos
monitorados pelo futuro sistema mundial maligno, mesmo que isso signifique
ficar à margem do contexto social.

Esperamos que você também tome uma decisão a respeito e que essa decisão
seja baseada na bendita esperança que há no coração daqueles que esperam a
volta do Filho.

É claro que a esperança que o cristão tiver a respeito do nosso encontro com
Cristo (arrebatamento), anterior ou posterior à tribulação, pesará muito nessa
decisão. Rogamos ao Eterno que o Seu Espírito guie a cada leitor nosso pelo
caminho da Verdade!

31
2] A MARCA DA BESTA

Embora o texto original de Apocalipse aponte para uma marca colocada sobre a
pele e não dentro dela, os modernos sistemas de controle e rastreamento não
devem ser descartados como instrumentos que poderão ser utilizados
juntamente com uma marca visível.

Não sabemos que tecnologia de controle e monitoramento será usada no sistema


da besta para propiciar o controle exposto em Apocalipse 13:16-18. Porém,
sabemos que as possibilidades tecnológicas necessárias para implementar um
controle total sobre os habitantes do planeta já existem, podendo ser adotadas
a qualquer momento.

Cabe a nós ficarmos atentos a todo o desenrolar dos acontecimentos, pois a


Palavra nos fornece todos os dados para identificar com precisão esse momento.

Nenhuma tecnologia é maligna em si mesma, porém sua aplicação pode ser


maléfica. Desaconselhamos que você insira em seu corpo qualquer mecanismo
que o torne um alvo fácil no futuro e que também deixe que qualquer marca
seja posta sobre sua mão ou testa com o objetivo de fazê-lo parte do sistema
financeiro.

A partir do momento em que as Escrituras nos mostram que seremos, como


cristãos, institucionalmente perseguidos, não seria uma atitude consequente
receber em nossos corpos um sistema que possibilite nosso rastreamento em
qualquer lugar do planeta, mesmo que não seja a marca da besta propriamente
dita!

É uma questão de bom senso. A Palavra nos alerta em muitas passagens. É um


dever do cristão estar atento a tudo o que ocorre no cenário profético, com o
objetivo de não ser enganado, pois o engano será o maior de todos os tempos
(Mateus 24:4-24, II Tessalonicenses 2:7-10).

A revelação do Apocalipse deixa transparecer que a marca da besta terá uma


conotação espiritual intrínseca. Ou seja, as pessoas que adotarem esse sistema
estarão se comprometendo conscientemente com os propósitos espirituais do
anticristo.

Em nosso entendimento, o falso profeta, que na época será o principal líder


religioso mundial, realizando fantásticos e surpreendentes feitos, associará o
fato de ingressar no novo sistema e aceitar a implantação do sistema de controle
e monitoramento na mão ou na fronte, com o "progresso espiritual" da
humanidade.

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Isso quer dizer que a marca será aceita por aqueles que comungarão com o
sistema religioso ecumênico que imperará na época e também por aqueles que
não vão querer ficar à margem do sistema financeiro e social globalizado.

Acreditamos que, para que estes acontecimentos tenham lugar, deve haver uma
habilitação espiritual da maioria da humanidade, que abraçará a mensagem do
falso profeta sem restrições, dando condições espirituais para que o anticristo
se manifeste plenamente e sele as pessoas com a sua marca.

Será o começo da grande tribulação. Tribulação nunca antes vista na face da


Terra. Neste momento aqueles que não aceitarem a marca, não serão apenas
ridicularizados, como acontecera pouco antes, mas serão perseguidos como
criminosos e marginais. Será uma perseguição material e espiritual.

Observamos que muitos que se dizem cristãos e que vivem em um mundo no


qual é relativamente fácil e conceituado ser cristão, não estão preparados para
este momento de decisão e prova, pois os verdadeiros cristãos, ao não aceitar
a marca, serão impiedosamente perseguidos pelo sistema, tal qual o foram
nossos irmãos primitivos nos primeiros séculos.

É lamentável observar que alguns cristãos estão tão inseridos no mundo, que
farão tudo para mantê-lo e melhorá-lo. Vão querer manter sua rotina e seu
status a qualquer preço, mesmo que esse preço seja aceitar as regras da besta...

3] O QUE OCORRERÁ COM QUEM NÃO ADERIR AO CONTROLE?

Acreditamos que os sistemas de identificação e monitoramento a nível mundial


serão implantados paulatinamente e talvez com algumas diferenças entre eles
num primeiro momento, gerando um paulatino condicionamento para a
aceitação da marca da besta.

Consequentemente, as dificuldades enfrentadas por aqueles que optarem por


ficar fora desses sistemas serão sentidas de forma gradual e, provavelmente, de
forma diferente em cada região.

As suspeitas e a ridicularização iniciais darão lugar à perseguição declarada a


partir de certo momento. Com o passar do tempo e a adoção de tais sistemas,
cremos que grandes somas de dinheiro vivo será algo quase impossível de se
obter.

Talvez muitas empresas exijam de seus funcionários a adoção de um desses


sistemas de identificação e monitoramento ou pode ocorrer uma imposição de

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certos países ou blocos de países a seus cidadãos depois de um evento
catastrófico a nível mundial. Não sabemos como se dará isso, em termos
cronológicos e metodológicos.

Porém, uma coisa sabemos. Esses sistemas em algum momento serão


centralizados. Aqueles que decidirem ficar à margem desses sistemas de
identificação e monitoramento, ficarão, de forma paulatina, afastados dos
principais intercâmbios sociais.

Então, será imposta a marca da besta. Cremos que essa marca será um sinal
colocado sobre a pele da mão direita ou da testa das pessoas que a aceitarem.
Em determinado momento, para que se cumpra a Palavra, será impossível
comprar ou vender, para quem estiver à margem do sistema mundial.

Quem não estiver legalmente identificado, será perseguido como um marginal.


Quem não adorar a besta será sumariamente executado. Por isso ressaltamos a
importância de não adotar nenhum sistema que permita nossa localização
futura.

Bom seria que todos os líderes eclesiásticos pudessem ensinar isso também de
forma periódica. O Rei dos reis nos insta a termos esperança e perseverança em
meio a todos esses acontecimentos.

Em Mateus 24:16-18, o Mestre insta aos discípulos a, no momento certo,


tomarem medidas de preservação e segurança diante da perseguição, que terá
seu ápice após a abominação desoladora em Jerusalém e a instituição da marca
da besta.

Essa perseguição, mundial, aberta e declarada, começará no dia da abominação


desoladora em Jerusalém e se propagará em todo o planeta, almejando destruir
os servos do Senhor e a nação escolhida (Israel).

Nossa missão até lá é fazer a obra do Senhor até a Sua vinda e cumprir uma
grande missão especial até o fim dos tempos: a pregação do Evangelho em todas
as nações (Mateus 24:14).

"Quem é, pois, o servo fiel e prudente, que o seu senhor constituiu sobre a sua
casa, para dar o sustento a seu tempo? Em verdade vos digo que o porá sobre
todos os seus bens" (Mateus 24:45-46).

"E seguiu-os o terceiro anjo, dizendo com grande voz: Se alguém adorar a besta,
e a sua imagem, e receber o sinal na sua testa, ou na sua mão, também este
beberá do vinho da ira de Deus, que se deitou, não misturado, no cálice da sua
ira; e será atormentado com fogo e enxofre diante dos santos anjos e diante do
Cordeiro. E a fumaça do seu tormento sobe para todo o sempre; e não têm

34
repouso nem de dia nem de noite os que adoram a besta e a sua imagem, e
aquele que receber o sinal do seu nome" (Apocalipse 14:9-11).

O aviso já está dado. A Palavra do Criador é clara. Esperamos de todo coração


que, no momento em que estas coisas começarem a ocorrer, você seja fiel e
perseverante, mesmo que essa fidelidade resulte em isolamento social,
perseguição e até morte física. Nossa esperança está no Eterno e em sua
Palavra.

Qual será a sua posição diante de tudo isso? Você viverá de acordo com o
sistema ou terá coragem de se opor a ele e ser perseguido?

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III] A IGREJA NA TRIBULAÇÃO

Se formos coerentes com a nossa esperança a respeito do arrebatamento,


relacionando esse fato diretamente à segunda vinda de nosso Salvador,
devemos concluir que a Igreja permanecerá na Terra durante o período que
antecederá a volta maravilhosa de Cristo em glória, ou seja, durante a
tribulação.

Muitos têm sustentado que essa hipótese nem deve ser levada em consideração,
pois, teoricamente, a Igreja não está destinada a viver esse momento de aflição
máxima que sobrevirá ao mundo.

Como poderia um Pai amoroso deixar o seu povo à mercê de uma realidade tão
caótica e maligna? Isso realmente poderia acontecer? Para responder a essas
perguntas, devemos considerar qual é a posição da Igreja em relação ao mundo
e passear um pouco pela história do corpo de Cristo na Terra através dos séculos.

1] A IGREJA NA HISTÓRIA

A Igreja é um corpo espiritual, criado por Jesus, que tem permanecido na Terra
por séculos, mas que não pertence a esse mundo. Pelo contrário, espera um
novo mundo, com céus e Terra recriados (Apocalipse 21:1-27).

Pelo simples fato de não pertencer ao mundo e ir contra os princípios espirituais


da maldade liderados por satanás, a Igreja, desde o seu nascimento, foi
duramente perseguida pelo sistema, o que se torna até uma questão de lógica
básica.

Se o sistema (mundo) jaz inteiramente no maligno, como revela João em sua


primeira epístola, logicamente a Igreja, ao não se conformar com essa realidade,
bate de frente com o sistema maligno que está por trás deste mundo e torna-se
perseguida em todos os aspectos.

Se analisarmos a história, a perseguição à Igreja começou durante o próprio


ministério de Cristo. Jesus foi duramente perseguido pelo sistema religioso da
época, personalizado nos fariseus e saduceus. O próprio Mestre declarou: "... No
mundo tereis aflições; más tende bom ânimo, eu venci o mundo" (João 16:33).

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Após a morte e ressurreição do Salvador, foi a vez da própria Igreja ser
perseguida. Apóstolos, diáconos e cristãos em geral foram presos, apedrejados,
torturados e brutalmente assassinados.

A Igreja, em vez de recuar e enfraquecer-se, cresceu ainda mais, chegando a


afetar o equilíbrio político-religioso do Império Romano. Isso gerou uma nova
onda de perseguição, agora em grande escala e utilizando toda a infraestrutura
imperial.

A partir de 64 d.C, os cristãos viraram atração nos espetáculos bizarros dos


circos romanos, sendo devorados por feras e sendo objeto de todo tipo de
torturas corporais. Diante disso, eles tiveram que se reunir em cavernas e em
cemitérios subterrâneos.

Não obstante, em vez de apagar o fervor evangelístico e a fé em Cristo, isso


gerou o efeito contrário. O crescimento da Igreja tornou-se gigantesco, a ponto
do imperador Constantino, por motivos exclusivamente políticos e demagógicos,
declarar, no quarto século D.C, o cristianismo como religião oficial do Império.

A partir daquele momento, começou o processo de apostasia que ocasionou o


enfraquecimento espiritual da Igreja e de grande parte de seus membros.

Desses fatos tiramos uma importante lição: quando a Igreja mantém a sua
posição espiritual e não se prostitui com o sistema nem se conforma com o
mundo, ainda que isso resulte em perseguição, ela cresce e é abençoada.

Pelo contrário, quando ela é "bem vista" e recebida sem reservas pela sociedade,
está entrando num caminho mortal, significando que a Igreja está tão inserida
no sistema e nos costumes sociais, que já não existe diferença nem confronto
espiritual entre ela e o mundo. Essa realidade tem permanecido através dos
séculos e terá seu desfecho nos últimos tempos.

Acreditamos que a Igreja nos tempos finais, a exemplo da primeira, será


duramente perseguida pelo sistema político e religioso que se levantará na
tribulação. Quando falamos em Igreja, nos referimos aos verdadeiros servos do
Altíssimo em todo mundo, e não a nenhuma denominação em particular.

É triste observar que algumas denominações evangélicas, ou pelo menos os seus


líderes, estão tão comprometidas e inseridas no sistema que, para manter seu
status, farão parte sem restrições da nova ordem organizacional política e
religiosa maligna que será implantada no planeta.

Considerando todos esses princípios, podemos responder afirmativamente à


questão levantada no começo deste texto. Sim. A Igreja pode ser perseguida e
cremos que o será durante a tribulação dos últimos tempos.

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Diante de tal perseguição, nós teremos a promessa de vitória feita pelo Senhor.
Ele venceu o mundo e determinou a nossa vitória sobre a morte, nos dando vida
eterna.

Isso significa que, durante a aflição e tribulação, podemos morrer fisicamente,


o que aconteceu com muitos irmãos nossos durante toda a história e acontecerá
com muitos servos de Deus nos últimos tempos.

Porém, a morte física para o verdadeiro cristão não significa derrota, e sim a
certeza de um novo corpo, incorruptível e glorificado, para reinar com Cristo
após a sua volta (Apocalipse 20:6).

2] O MOMENTO ATUAL

Estamos vivendo um tempo de relativa paz e tolerância para a Igreja cristã. Esse
momento não deve ser usado para justificar uma atitude de acomodação e
apostasia, e sim como uma oportunidade única dada pelo Eterno para a
evangelização e o crescimento espiritual de seu povo.

Dias virão em que muitos desejarão ouvir as boas novas, mas não poderão, pois
os servos do Pai estarão sendo impiedosamente perseguidos e caçados. O
momento oportuno para evangelizar é este.

Uma simples palavra dita a alguém hoje, poderá fazer essa pessoa mudar a sua
atitude num futuro próximo, quando os fatos começarem a acontecer na íntegra
e ela lembrar das verdades proféticas que você lhe falou anos antes...

3] PERSEGUIÇÃO GRADUAL

Acreditamos que a perseguição contra a Igreja nos últimos tempos começará de


forma leve e paulatina, quando aqueles que forem contrários ao uso de novas
tecnologias de identificação e controle, ou contrários a práticas que se opõem
ao plano do Senhor para a humanidade, serão tachados de retrógrados,
reacionários, idiotas, fundamentalistas, supersticiosos e outros adjetivos afins.

Neste ponto, convém fazer um aparte para comentar como se dará essa
perseguição religiosa. Em primeiro lugar, não será uma perseguição surgida do
"nada" e sim um movimento que terá uma argumentação "razoável".

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Da mesma forma que a perseguição contra a Igreja primitiva alcançou seu ápice
após o imperador Nero ter atribuído aos cristãos a culpa pelo incêndio de Roma,
gerado por ele próprio, acreditamos que os cristãos e outros grupos que se
opuserem a adotar o novo sistema, começarão a ser perseguidos por algo
negativo atribuído a eles.

Antes de chegar a esse momento culminante de perseguição mundial, já está


havendo uma perseguição sorrateira e quase imperceptível, com uma forte
oposição da maioria contra aqueles que não abrem mão dos fundamentos de
sua fé, os quais são taxados de “radicais”.

Nesse contexto, os verdadeiros cristãos começarão a ser perseguidos, pelo


simples fato de irem contra os princípios da nova ordem, sendo caçados como
pessoas perigosas para o equilíbrio social, a exemplo do que acontece hoje com
os extremistas religiosos, com uma grande diferença.

Enquanto estes últimos usam o assassinato em massa e o terror para


conseguirem seus propósitos, a Igreja de Cristo continuará usando as armas
espirituais que o Pai lhe outorgou, ou seja, a fé, a esperança e o amor ao próximo
e ao Pai Eterno sobre todas as coisas, sabendo que a verdadeira justiça virá do
Senhor.

A verdadeira perseguição frontal e declarada contra a Igreja deve acontecer


quando o sistema de controle total for adotado, com a implantação do sinal da
besta. Isso colocará fora de todo intercâmbio social, político e financeiro todos
aqueles que não aderirem ao novo sistema e não se curvarem ao domínio
maligno da besta, negando-se a adorar o anticristo como um deus.

Nesse momento, já em plena tribulação, aqueles que não tiverem a marca do


novo sistema de identificação, começarão a ser caçados sob o pretexto de serem
marginais, antissociais, terroristas e criminosos que, com sua atitude rebelde,
estariam colocando o equilíbrio espiritual e a paz mundial em jogo.

Este muito provavelmente será o principal argumento usado pelo anticristo e o


falso profeta para desencadear uma verdadeira caçada contra aqueles que se
opuserem ao sistema global.

4] O EXEMPLO DA IGREJA PRIMITIVA

A exemplo dos primeiros cristãos, os integrantes da última Igreja terão que


reunir-se de forma secreta em comunidades subterrâneas. Essas comunidades

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deverão ter algum sistema de sobrevivência mínima e armazenamento de
artigos básicos que permitam a sua existência e atividade evangelística nessa
realidade difícil.

Sem a marca de identificação, já não será possível comprar, vender, trabalhar,


locomover-se, enfim, ter nenhum tipo de convívio social. Neste sentido, é
importante que haja um despertar para essa realidade, pois atualmente muitos
nem sequer cogitam essa possibilidade futura, muitas vezes devido ao seu alto
grau de comprometimento com a sociedade e tudo aquilo que ela pode oferecer
ou, até mesmo, confiando plenamente na veracidade do modelo pré-
tribulacionista.

Assim como, mesmo perseguida, a Igreja primitiva destacou-se pelo


evangelismo e o seu fervor espiritual, acreditamos que a Igreja perseguida nos
últimos tempos terá um grande ímpeto evangelístico, atrelada ao ministério das
duas testemunhas descritas em Apocalipse 11:1-14.

Cada cristão perseguido nos últimos tempos o será por opção própria, ao não
aceitar conscientemente a marca da besta. Saberá que poderá ser capturado e
morto a qualquer momento, porém, o fará convicto da ressurreição que o espera
em breve.

É importante salientar que a verdadeira Igreja nos últimos tempos não será uma
Igreja "escondida", ou seja, uma Igreja medrosa, temerosa e com receio de ser
martirizada, e sim uma Igreja subterrânea, ou seja, isolada do convívio social,
porém atuante, valorosa, evangelizadora e com membros que não terão medo
de perder a sua vida e sofrer todo tipo de torturas por causa do evangelho de
Cristo.

Hoje, é relativamente "fácil" ser cristão. Daqui a alguns anos, diante da realidade
que se aproxima, veremos quem realmente tem compromisso espiritual com o
Mestre. Lembremos que o Pai deixa em sua palavra promessas maravilhosas
para esse povo santo.

Em Apocalipse 2:10-11 diz: "...Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida.
Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. O que vencer não
receberá dano da segunda morte". Também Apocalipse 7:14-16 traz promessas
inefáveis para os que forem martirizados naquele tempo:

"... Estes são os que vieram da grande tribulação, e lavaram suas vestes e as
branquearam no sangue do Cordeiro. Por isso estão diante do trono de Deus, e
o servem de dia e de noite no seu templo... Nunca mais terão fome, nunca mais
terão sede, nem sol nem calma alguma cairá sobre eles".

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5] PRESENÇA DA IGREJA NA TRIBULAÇÃO

Cremos que a permanência da Igreja na Terra durante o período tribulacional é


bastante clara na revelação profética exposta na Bíblia. O próprio termo
"tribulação" deixa isso implícito. A palavra "tribulação" é um derivado da palavra
latina tribulum, um instrumento usado para debulhar o trigo, separando-o do
joio.

Ao estudarmos a parábola do joio e do trigo (Mateus 13:24-30), vemos que


ambos serão separados na ceifa (fim do mundo). No Apocalipse, a ceifa está
diretamente relacionada ao Armagedom (Apocalipse 14:14-20).

Para aqueles que sustentam a impossibilidade da permanência física da Igreja


na Terra no processo tribulacional, em virtude da destruição física de nosso
planeta, devemos lembrar os seguintes detalhes:

A] Durante o processo tribulacional, apesar dos enormes cataclismos e


desastres, a Terra e os seus habitantes não serão destruídos em sua totalidade.
Em Apocalipse 16:14, abordando a convocação feita pela besta aos reis de todo
o mundo, para que os mesmos se congreguem no Armagedom visando o ataque
a Israel, fica implícito que, mesmo no final da grande tribulação, quando ocorrerá
essa congregação maligna de exércitos no Armagedom, existirão reis
(presidentes) em várias localidades do mundo.

Esses "reis" estarão prontos para atacarem Israel, deixando assim implícita a
manutenção de uma logística e infraestrutura mínimas para que um ataque
dessas proporções seja tramado e operacionalizado.

Portanto, quando é descrito na Bíblia que, no momento do arrebatamento, duas


pessoas estarão dormindo ou realizando determinada tarefa de sobrevivência
mínima, não devemos esquecer a realidade descrita anteriormente, ou seja, o
planeta não estará totalmente destruído nem a totalidade dos seus habitantes
mortos.

A finalidade do processo tribulacional está direcionada à derrota final do sistema


religioso prostituído e do sistema político humano e maligno que tem governado
o mundo há milênios e não à total destruição física do planeta.

É preciso observar que muitos dos juízos apocalípticos, sobretudo na fase das
trombetas, serão enviados especificamente sobre a besta, seu reino (capital) e
sobre aqueles que estiverem com a marca da besta.

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Em Gênesis 8:21-22, Deus, após a destruição causada pelo dilúvio, revela: "Não
tornarei mais a amaldiçoar a terra por causa do homem; porque a imaginação
do coração do homem é má desde a sua meninice; nem tornarei mais a ferir
todo o vivente, como fiz. Enquanto a terra durar, sementeira e sega, e frio e
calor, e verão e inverno, e dia e noite, não cessarão".

O profeta Zacarias nos revela que haverá sobreviventes de todas as nações após
a grande tribulação: "E acontecerá que todos os que restarem de todas as
nações que vieram contra Jerusalém, subirão de ano em ano para adorar o Rei,
o Senhor dos exércitos, e para celebrarem a festa dos tabernáculos" [Zacarias
14:16].

Outros textos que mostram claramente a continuidade da vida e de nações na


Terra após a segunda vinda de Cristo, estão em Isaias 2:2-4, Ezequiel 37:28,
Apocalipse 21:24-26 e Apocalipse 22:2.

Quando esses versículos mencionam o termo "nações", não estão referindo-se


à Igreja, cujos membros já estarão glorificados e assumindo posições especiais
no reino do Altíssimo como juízes e príncipes.

Também não se referem exclusivamente a Israel, pois utiliza-se a forma plural


(nações) e descreve-se que elas virão a cada certo espaço de tempo a Jerusalém
e, posteriormente, após a transformação dos céus e da Terra, à Nova Jerusalém,
para adorar ao Rei Jesus.

Torna-se evidente que a vida no planeta prosseguirá durante o reino milenar de


Cristo, após a tribulação, não ficando restrito apenas à nação israelense. Isso
fica tão claro que, no final do Milênio, quando satanás será solto da sua prisão
milenar, o mesmo sairá para enganar as nações que estão sobre os quatro
cantos da terra, fazendo-as marchar contra a cidade amada. (Apocalipse 20:8-
9).

B] Quando Jesus relacionou a sua vinda aos dias de Noé, o fez direcionando seu
comentário unicamente ao descaso que houve por parte das pessoas quando o
dilúvio foi anunciado. Esse mesmo descaso será verificado no final dos tempos
(Mateus 24:37-39).

O Senhor Jesus, em nenhum momento comparou, e nós não podemos comparar,


o dilúvio à tribulação em termos físicos, relacionando a entrada de Noé e família
na arca a uma hipotética saída física da Igreja antes da tribulação, pois
fisicamente os dois eventos têm diferenças cruciais e propósitos diferentes,
como veremos a seguir:

1) O dilúvio ocorreu para exterminar todo ser vivente da Terra, excetuando Noé
e a sua família. A tribulação e a segunda volta do Salvador não visam exterminar

42
todos os seres viventes da Terra, e sim derrotar de uma vez por todas o sistema
político e religioso humano que tem dominado o mundo por séculos (Gênesis
8:21-22 e I João 5:19).

2) Noé e família foram salvos do dilúvio através da arca, pois era necessário que
a linhagem humana proveniente de Eva e seu filho Set permanecesse viva, para
que se cumprisse a profecia divina a respeito do nascimento de Jesus através
da semente da mulher (Gênesis 3:15). Era necessário que Noé e família fossem
salvos fisicamente.

Por sua vez, a salvação do cristão é eterna e espiritual. A mesma independe de


danos físicos causados num processo tribulacional ou até mesmo de destruição
física (basta ler o exemplo dos primeiros apóstolos e cristãos).

A nossa verdadeira arca é o nosso Salvador. A arca usada por Noé lhe trouxe
livramento da destruição sobre o planeta e salvação física. Jesus nos traz
salvação espiritual da destruição eterna.

Ao associar os dias de Noé aos dias da sua vinda (no contexto do capítulo 24 de
Mateus fica claro que trata-se de sua vinda em glória e majestade), estava
falando do descaso da maioria para ambos os eventos.

No caso do dilúvio, a maioria pereceu por não dar crédito à mensagem


transmitida por Noé. No caso dos últimos tempos, a maioria perecerá por não
ter nascido de novo e aceito a obra redentora de Cristo.

Não existe base bíblica alguma para relacionar a arca a um arrebatamento pré-
tribulacional, visando manter a integridade física da Igreja e evitar que ela passe
por um período tribulacional.

Se assim fosse, Pedro, Paulo, Tiago, Estevão, Policarpo e tantos outros irmãos
martirizados em processos tribulacionais, estariam "fora da arca". Eles sabiam
que o dano máximo que um servo do Altíssimo pode sofrer na tribulação e
perseguição é a morte física e que a salvação eterna já estava assegurada. Para
eles, o viver era Cristo e o morrer lucro. Essa deve ser a nossa visão...

Em Lucas 17:26-32, o Mestre torna a comparar os dias da sua volta aos dias de
Noé, citando, como já vimos, o descaso que haveria no final dos tempos. No
caso da comparação com Noé, Jesus utiliza a expressão "nos dias" (versículo
26), dando a entender que a comparação referia-se a um período relativamente
extenso que antecederia a sua vinda.

Porém, a partir do versículo 29, Ele relaciona o dia da sua vinda ao dia em que
Ló foi tirado de Sodoma. Naquele mesmo dia, as cidades de Sodoma e Gomorra
foram destruídas.

43
Essa comparação feita por Cristo, deixa a nítida ideia de um arrebatamento que
antecederá o momento definitivo, tirando a Igreja da destruição final, quando
os exércitos do anticristo serão exterminados, da mesma forma que Sodoma e
Gomorra o foram.

Então, vemos que existe uma diferença crucial entre as duas comparações já
citadas. No caso da comparação aos dias de Noé, Jesus fala de si próprio como
"dias do Filho do homem" (v26), estabelecendo um período mais abrangente,
até mesmo para exemplificar o descaso generalizado da população durante certo
tempo. Sem dúvidas, Noé levou um tempo considerável para a construção da
arca e para ajuntar todos os animais. O dilúvio não ocorreu "de uma hora para
outra".

Já na comparação com os dias de Ló, o qual foi tirado de Sodoma no dia da


destruição, Cristo fala especificamente do dia em que Ele voltará (v30) e do
livramento sobrenatural que os fiéis terão neste dia, deixando claro que os fiéis
serão tirados da tribulação no dia da vinda gloriosa de Jesus, ou seja, no dia em
que Ele se manifestará para derrotar o anticristo, como fica claro em Lucas
17:29-30: "Mas no dia em que Ló saiu de Sodoma choveu do céu fogo e enxofre,
e os consumiu a todos. Assim será no dia em que o Filho do Homem se há de
manifestar”.

Daremos a seguir alguns versículos que indicam claramente a presença da Igreja


de Cristo na tribulação. Uma Igreja de cristãos fervorosos, com azeite para
acender suas lâmpadas, vigilantes em meio à noite espiritual, que guardam os
mandamentos do Pai e mantêm o testemunho de Jesus (Apocalipse 12:17).

Não será, como afirmam alguns, uma Igreja composta por "ex-desviados" ou
cristãos "deixados para trás" durante o arrebatamento pré-tribulacional.

Não é isso que observamos nas passagens que serão abordadas. Elas descrevem
uma Igreja cheia do Espírito Santo, atuante, resistente e consciente das palavras
do Mestre: "Qualquer que procurar salvar sua vida, perdê-la-á, e qualquer que
a perder, salvá-la-á” (Lucas 17:33).

Os verdadeiros servos fiéis nos últimos tempos saberão que o servo não é maior
que o seu Senhor. Ou seja, se nosso Salvador foi perseguido religiosamente
pelos líderes espirituais de seu povo e morto por um império político mundial,
eles poderão sofrer essas mesmas consequências a qualquer momento!

Essa realidade não condiz com a atual, na qual é até "bem visto" socialmente
ser cristão, mas se aplica com mais propriedade a uma realidade tribulacional.

1. Em Apocalipse 13:7, vemos que o anticristo, após consolidar-se no poder, faz


guerra contra os santos e os vence. Esses "santos" não são o povo de Israel por

44
duas razões: a nação israelita não será atacada pela besta até o momento
culminante da grande tribulação no Armagedom.

Não faria sentido o anticristo fazer guerra e vencer Israel e meses depois reunir
todos os exércitos do mundo para atacar o país anteriormente derrotado. Daniel
7:21-22 aborda o mesmo acontecimento e nos revela outro detalhe importante:
os santos que serão vencidos (martirizados) no versículo 21, possuirão o reino
no versículo 22, após a segunda vinda de Jesus em glória. Possuir o reino é uma
das promessas deixadas à Igreja.

2. Em Apocalipse 12:17, a besta, ao não poder atacar parte dos escolhidos, que
serão protegidos durante três anos e meio (o que abordaremos no tópico IGREJA
PROTEGIDA), ataca aos demais filhos da mulher, os que guardam os
mandamentos do Pai e mantêm o testemunho de Jesus.

Outra vez, não pode tratar-se do povo judeu, já que eles não mantêm o
testemunho de Jesus e apenas serão tocados diante da vinda pessoal e gloriosa
do Mestre (Zacarias 12:10). O verbo manter, nos revela uma conotação de
resistência em meio a perseguição maligna da besta.

3. Em Apocalipse 14:12, fica explícita mais uma vez a permanência da Igreja na


Terra, mesmo na parte final da tribulação, após o toque da sétima trombeta e
pouco antes da queda da Babilônia.

A perseguição oficial contra esses servos do Eterno é detalhada no versículo 13


do mesmo capítulo, onde há uma mensagem de ânimo para os que forem
martirizados: "E ouvi uma voz do céu, que me dizia: Escreve: Bem-aventurados
os mortos que desde agora (após o toque da sétima trombeta) morrem no
Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem dos seus trabalhos, e as suas
obras os seguem".

4. Em Apocalipse 6:9-11, vemos cristãos martirizados durante a história


clamando por justiça. Eles são direcionados a esperar por um pouco de tempo,
até que se complete o número daqueles que deveriam morrer como eles
morreram (perseguidos e martirizados por um império político-religioso).

5. Em Apocalipse 20:4, fica explícito que servos do Messias que não aceitaram
a marca da besta, participarão da primeira ressurreição. Se é a primeira
ressurreição e se dela participam cristãos que se opuseram ao anticristo e ao
seu sistema e foram mortos por isso, então subentende-se que não haverá
arrebatamento pré-tribulacional, pois não poderia haver uma ressurreição em
massa anterior à primeira ressurreição.

6. Em Mateus 24:22, Jesus revela que, se os dias da grande tribulação não


fossem abreviados, ninguém se salvaria, e que esses dias serão abreviados por

45
causa dos escolhidos. Não cremos que o termo "escolhidos" refere-se
exclusivamente ao povo judeu pois, oito versículos mais adiante, em Mateus
24:31, Jesus revela que esses escolhidos serão arrebatados nos ares por ocasião
da sua vinda em glória.

A promessa de arrebatamento foi deixada à Igreja (Atos 1:9-12). A salvação


mencionada por Jesus no versículo 22, se refere à salvação física, pois a salvação
espiritual independe do processo tribulacional.

Essa salvação ou preservação física visa o cumprimento da promessa de


transformação dos que estiverem vivos por ocasião da vinda de Jesus,
revelando-nos que parte da Igreja será protegida de forma sobrenatural durante
a tribulação, como veremos mais adiante.

7. Todas as palavras gregas usadas no Novo Testamento para descrever os


conceitos de arrebatamento e segunda vinda de nosso Salvador, demonstram
claramente um evento único e visível (não oculto). Tanto parousia (vinda),
apokalypsis (revelação) e epiphaneia (aparecimento), sugerem em todos os
casos uma vinda visível e um arrebatamento da Igreja como consequência
imediata dessa vinda em glória.

8. A Igreja primitiva tinha uma consciência muito clara da tribulação que teriam
que enfrentar, pois a mesma havia sido predita pelo próprio Cristo. Ao esperar
a volta gloriosa de Jesus já em seus dias, como fica claro nas abordagens de
Paulo a esse respeito, a Igreja primitiva nem sequer questionava o fato de estar
vivendo uma perseguição cruel e estar atravessando uma tribulação profunda.

Ao não possuírem uma visão mais completa da história e do cumprimento


escatológico como temos atualmente, e até mesmo pela crueldade e violência
daquela perseguição, aqueles irmãos relacionavam aquela ferrenha perseguição
à grande tribulação predita por Cristo, a qual ocorrerá nos tempos do fim,
antecedendo a sua volta gloriosa. Vemos então que os nossos irmãos primitivos
enfrentaram uma violenta tribulação, acreditando em todo momento que Jesus
voltaria já em seus dias para tirá-los da tribulação.

Consequentemente, podemos constatar que os nossos primeiros irmãos não


tinham qualquer ideia "pré-tribulacionista", pois os mesmos já estavam vivendo
em meio a uma tribulação cruel.

Eles não esperavam que Jesus os arrebatasse para evitar a sua entrada no
período tribulacional e sim que Jesus viesse em glória para arrebata-los e
derrotar o sistema que os oprimia.

Isso fica bastante explícito na direção dada por Paulo em II Tessalonicenses 1:7-
8: "E a vós, que sois atribulados, descanso juntamente conosco, quando se

46
manifestar o Senhor Jesus desde o céu com os anjos do seu poder, como
labareda de fogo, tomando vingança dos que não conhecem a Deus e dos que
não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo".

9. Em Apocalipse 7:14-16, João recebe uma revelação dos mártires na glória e,


naquela visão, fica constatado que os servos do Eterno martirizados estavam
vindo da "grande tribulação". Depois de ter sido citada e descrita por Jesus em
seu sermão profético, o termo "grande tribulação" só volta a ser mencionado no
Apocalipse.

O Mestre profetizou que a grande tribulação antecederia a sua volta e que seria
um período de escuridão nunca antes visto sob a face da Terra, colocando esse
período para o final dos tempos. Portanto, fica demonstrado nos versículos
mencionados acima, que cristãos serão martirizados durante a "grande
tribulação", determinando mais uma vez de forma inquestionável a presença da
Igreja durante esse período.

6] A IGREJA PROTEGIDA

De acordo com as passagens escatológicas, parte da Igreja será protegida de


uma forma sobrenatural. Da mesma forma que é visível a permanência da Igreja
na Terra durante a tribulação e a morte de muitos cristãos como resultado de
uma perseguição cruel, vemos que uma parte da Igreja permanecerá viva até o
momento da segunda vinda de Jesus em glória.

Esse grupo será preservado fisicamente em meio à tribulação e suas pragas, de


uma maneira que transcende toda explicação natural, tal como a preservação
do povo hebreu no Egito por ocasião das pragas vai além de nossa compreensão
limitada, entrando na esfera da atuação sobrenatural do Altíssimo.

Essa preservação física, tem como objetivo o cumprimento das profecias


escatológicas que determinam que, por ocasião da volta de Jesus, os mortos
serão ressuscitados e os que estiverem vivos serão transformados (I
Tessalonicenses 4:13-18).

Para que integrantes da Igreja permaneçam vivos em meio à destruição e


cataclismos tribulacionais, é necessária uma preservação física específica, como
veremos nas seguintes passagens:

1. Em Apocalipse 3:10 diz: "Como guardaste a palavra da minha paciência,


também eu te guardarei da hora de provação que há de vir sobre todo o mundo,

47
para tentar os que habitam na terra". Esse versículo nos revela que parte da
Igreja será guardada durante a tribulação.

O pré-tribulacionismo relaciona essa proteção a um arrebatamento anterior à


tribulação, porém a palavra utilizada aqui não é "tirar", "arrancar" ou
"arrebatar", e sim guardar (tereo). Esse verbo nos traz uma idéia de proteção,
vigilância e cuidado. Acreditamos que parte da Igreja, pessoas que têm
compromisso com o Altíssimo (que guardaram a palavra da paciência), serão
protegidas sobrenaturalmente em meio à tribulação.

Tentar explicar como acontecerá isso é como tentar explicar como o povo hebreu
foi preservado no Egito durante o envio das dez pragas... Note que o povo de
Israel não foi arrancado do Egito durante as pragas, mas foi protegido de forma
sobrenatural.

É interessante notar também que muitos juízos apocalípticos virão somente


sobre os que tiverem a marca da besta, isentando de forma sobrenatural aqueles
que se negarem a receber a marca e obedecer ao governo mundial da besta.

2. Em Daniel 11:33-34 diz: "E os entendidos entre o povo ensinarão a muitos;


todavia cairão pela espada, e pelo fogo, e pelo cativeiro, e pelo roubo, por muitos
dias. E, caindo eles, serão ajudados com pequeno socorro; mas muitos se
ajuntarão a eles com lisonjas...".

Nesta passagem vemos três grupos: os que são entendidos e ensinam ao povo,
e por causa desse testemunho são mortos pela espada e pelo fogo, os que são
ajudados com "pequeno socorro" e aqueles que serão ludibriados com as lisonjas
do maligno. Essa é uma descrição clara da Igreja em tempos de tribulação.

Uma parte é martirizada, por causa de seu testemunho e do seu ensino em meio
à perseguição política e religiosa, outra parte dos cristãos é preservada
fisicamente através da proteção do Senhor, e a terceira parte cede aos apelos
sociais e prefere fazer parte do sistema político e religioso, para não abrir mão
de sua inserção social e integridade física.

O pequeno socorro mencionado por Daniel, parece referir-se não à importância


desse socorro, pois tudo o que o Pai faz é grandemente importante, mas à
duração do socorro, o que nos remete à grande tribulação de três anos e meio.

3. O cuidado divino com vistas à preservação física de parte da Igreja, fica


patente em Mateus 24:22: "E, se aqueles dias não fossem abreviados, nenhuma
carne se salvaria; mas por causa dos escolhidos serão abreviados aqueles dias".

Muitos acreditam que os dias já estão sendo abreviados na atualidade, porém,


ao analisar detalhadamente o contexto, vemos que Jesus refere-se à grande

48
tribulação. Outros sustentam serem esses escolhidos o povo de Israel. Porém,
oito versículos mais adiante, o Messias profetiza que esses escolhidos serão
arrebatados dos quatro cantos dos céus por ocasião da Sua vinda em glória
(Mateus 24: 30-31).

O arrebatamento é uma promessa deixada à Igreja, portanto os escolhidos do


versículo 22 são integrantes do corpo de Cristo. A salvação mencionada por
Jesus no versículo 22 não é espiritual, pois ela independe da duração de um
processo tribulacional, onde o dano máximo que um servo do Altíssimo pode
sofrer é a morte física.

Jesus refere-se à preservação física de alguns escolhidos (parte da igreja)


durante a grande tribulação, para que se cumpram as profecias mencionadas
anteriormente.

4. No capítulo 12 do Apocalipse, é descrita a perseguição da besta (dragão) à


mulher. Quando neste capítulo é mencionada uma mulher e em determinado
momento ela gera um menino (Jesus), não podemos associá-la somente ao povo
de Israel e sim à semente feminina da qual Jesus foi gerado (Gênesis 3:15).

Neste versículo fica claro que a descendência da mulher pisará na cabeça da


serpente. O apóstolo Paulo, afirma em Romanos 16:20 que o Pai esmagará a
cabeça de Satanás debaixo de nossos pés (igreja), fazendo-nos participantes,
através da descendência física da mulher, da promessa contida em Gênesis
3:15.

Se somos descendentes da linhagem da mulher, através da promessa de pisar


na cabeça da serpente, a figura da mulher parece estar mais associada à Igreja
do que à nação israelense.

No capítulo 12 do Apocalipse, o dragão persegue a mulher com o objetivo de


matá-la, porém não consegue levar seu intento ao final, pois a mulher é levada
ao deserto, onde será suprida por Deus por três anos e meio, "fora da vista da
serpente".

No livro de Isaias 40:31 diz: "Mas os que esperam no Senhor renovarão as


forças; subirão com asas como águias, correrão e não se cansarão; caminharão,
e não se fatigarão". Esse versículo adquire um sentido profundo e real quando o
comparamos com a experiência da mulher descrita no capítulo 12 de Apocalipse.

Se atentarmos detalhadamente para algumas revelações escatológicas, vamos


chegar à conclusão que a nação israelense durante a tribulação permanecerá no
seu atual local.

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Vejamos: o templo será reconstruído em Jerusalém, no final na grande
tribulação o anticristo reunirá todos os seus aliados no Armagedom, ou Monte
Megido, que fica na Terra Santa, com o objetivo de atacar Israel e Jesus, por
ocasião da sua segunda vinda em glória, pousará os seus pés no Monte das
Oliveiras (Zacarias 14:1-9), e, daquele lugar, destruirá os exércitos da besta.

Ou seja, devido a todos esses detalhes, a promessa de transporte sobrenatural


nas asas da águia a um deserto, onde será sustentada por três anos e meio,
parece estar associada à parte da Igreja e não à nação israelense.

Isso fica comprovado quando o dragão, ao não poder atingir aqueles que estão
em segurança, se volta contra os "demais filhos da mulher", os que guardam os
mandamentos do Pai e mantêm o testemunho de Jesus, ou seja, parte da Igreja
que não será protegida sobrenaturalmente, mas que será martirizada por causa
do seu testemunho.

Serão irmãos que não amarão a suas vidas até a morte, sabendo que o servo
não é maior que o seu senhor. Para eles, o viver sempre será Cristo e o morrer
por causa do evangelho, lucro...

Considerando todos os princípios abordados neste tópico, devemos preparar-nos


para todas as consequências que isso implica. A exemplo de José, que
divinamente orientado pelo Eterno e exercendo o seu dom de sabedoria, estocou
provisões para sua sobrevivência em tempos difíceis, nós devemos, se formos
consequentes com aquilo que afirmamos e cremos, fazer o mesmo, tanto no
aspecto espiritual quanto no âmbito material.

É interessante observar que o período de fome interpretado por José no sonho


do faraó foi de sete anos. O mesmo tempo que durará a tribulação dos últimos
dias. O Pai não retirou o seu povo da terra em que se encontravam, naquela
época de fome mundial, porém providenciou de forma milagrosa e
surpreendente o suprimento para Israel e família em meio à fome.

A revelação sobre o que acontecerá nos últimos tempos já não está nos sonhos
de um faraó, mas na Bíblia. Mesmo na mais densa escuridão a Palavra do
Altíssimo iluminará nosso caminho.

"...No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo" (João
16:33)

50
7] O ESPÍRITO SANTO NA TRIBULAÇÃO

A ideia da retirada do Espírito Santo da Terra antes da tribulação surgiu no século


XIX, junto com o conceito pré-tribulacional, ou seja, de arrebatamento da Igreja
anterior à tribulação.

A Igreja, ao ser arrebatada, levaria consigo o Espírito Santo, deixando a Terra à


mercê do anticristo. Porém, quando vemos o propósito eterno do Criador para o
homem e o universo, vemos que Ele permanece no controle de tudo, mesmo
nos momentos mais difíceis.

A partir do momento que nós verificamos a clara presença da Igreja durante a


tribulação, temos que aceitar a presença do Espírito Santo na tribulação, pois o
mesmo foi enviado à Igreja, objetivando edificá-la e auxiliá-la, principalmente
nos momentos mais difíceis. Alguns princípios bíblicos sustentam essa
afirmação:

1. É inconcebível a atuação plena de um cristão sem a presença do Espírito Santo


em sua vida. De acordo com o pré-tribulacionismo, que nunca pôde negar a
existência de resistência espiritual ao sistema do anticristo, alguns "ex-
desviados deixados para trás conseguiriam se opor ao sistema do anticristo,
baseados em sua "força de vontade", já que o Espírito Santo não estaria mais
na Terra... Esse é um raciocínio muito tortuoso, sem base bíblica e forçado.

Se na realidade atual, onde vivemos em relativa calma, levamos uma rotina


cômoda, usufruindo os avanços tecnológicos da sociedade e somos considerados
pessoas de bem pelo fato de sermos cristãos, é difícil para um cristão cheio do
Espírito Santo lutar espiritualmente contra o mundo e seus princípios, imagine
um ex-desviado lutar contra um sistema maligno, sendo perseguido social,
religiosa e politicamente?

Isso não condiz com a parábola das dez virgens, na qual somente aquelas que
tinham azeite (eis aí outra referência ao Espírito Santo na tribulação), puderam
acender suas lâmpadas (vidas espirituais) em meio à escuridão da noite
(tribulação).

Também não condiz com Apocalipse 12:17, onde é mostrado que a besta
perseguirá os que guardam os mandamentos de Deus e mantêm o testemunho
de Jesus. Como manter o testemunho de Jesus sem a presença do Espírito
Santo?

2. Nesse contexto, o pré-tribulacionismo incorre num erro grave: relacionar


eventos políticos mundiais com a presença do Espírito Santo na terra. O Espírito

51
foi enviado à Igreja (Atos 2:1-13). A sua atuação é direcionada ao crescimento
espiritual do corpo de Cristo na Terra e Ele habita em cada cristão, que é o
templo do Espírito.

A permanência do Espírito Santo na vida do cristão independe dos eventos


políticos e sociais que transtornam o mundo. Em I João 5:19, o apóstolo nos
revela que o mundo inteiro jaz no maligno. Isso descreve o ciclo de governo
humano sobre a Terra, que terá seu clímax e final no governo mundial do
anticristo.

Mesmo diante dessa realidade política, social e espiritual maligna predominante


durante séculos, o Espírito Santo continua atuando em milhares de vidas.

Consequentemente, não podemos atribuir a chegada ao poder por parte do


anticristo à retirada do Espírito Santo, pois o poder político maligno baseado na
capacidade do homem decaído tem durado séculos, mesmo com a presença do
Espírito Santo na vida dos servos do Altíssimo.

O sistema de governo maligno só será destruído na segunda vinda de Jesus


como Juiz e Rei, para arrebatar a sua Igreja e destruir o anticristo.

3. Em Apocalipse 11:1-12, é narrada a atuação das duas testemunhas durante


a tribulação. Elas profetizarão por 1260 dias (três anos e meio). Após esse
período, serão assassinadas pelo anticristo e ressuscitarão após três dias e meio.

Se o Espírito Santo não agisse em suas vidas, como profetizariam e fariam


sinais? Como ressuscitariam e ascenderiam aos céus? A quem testemunhariam,
como convenceriam e como seria entendido esse testemunho, não fosse a
atuação do Espírito Santo? Não é por força nem violência, mas pelo Espírito diz
o Senhor...

4. Uma das manifestações do Espírito Santo é a de ajudar a Igreja em meio à


tribulação, como fica claro em João 16:1-11 e em Lucas 12:11-12. Nosso
Salvador disse: "E, quando vos conduzirem às sinagogas, aos magistrados, e às
potestades, não estejais solícitos de como ou do que haveis de responder, nem
do que haveis de dizer. Porque na mesma hora vos ensinará o Espírito Santo o
que vos convenha falar".

Observamos durante toda a história da Igreja que, enquanto maior a


perseguição, maior a atuação do Espírito do Eterno, com sinais e prodígios. Essa
é a realidade e são as promessas que aguardam a Igreja nos últimos tempos.
Não esqueçamos o que o Senhor Jesus revelou: "...No mundo tereis aflições,
mas tende bom ânimo, eu venci o mundo" (João 16:33).

52
IV] AS BODAS DO CORDEIRO

Jesus, após a última páscoa e pouco antes da sua morte e ressurreição,


prometeu que aquele momento se repetiria um dia no reino dos céus:

"E digo-vos que, desde agora, não beberei deste fruto da vide, até aquele dia
em que o beba novo convosco no reino de meu Pai" (Mateus 26:29).

No livro do Apocalipse, vemos que o anúncio das bodas do Cordeiro ocorrerá


após a destruição do sistema religioso mundial (Babilônia), ou seja, tal anúncio
se dá no final da grande tribulação, momentos antes da destruição do anticristo
e seus exércitos no Armagedom (Apocalipse 19:6-9), opondo-se à ideia pré-
tribulacionista que sustenta a realização dessas bodas logo após um
arrebatamento pré-tribulacional.

Na visão pré-tribulacionista, as bodas durarão nos céus o mesmo tempo que a


tribulação estiver ocorrendo na Terra, ou seja, durante sete anos. Essa postura
não condiz com Apocalipse 19:6-9.

Nesse texto, fica claro que o anúncio das bodas ocorrerá no final da tribulação
sem, contudo, fixar um momento ou lugar determinado, não descrevendo as
bodas em si e sim anunciando as mesmas como um acontecimento próximo.

Jesus profetizou que a sua vinda seria mundialmente visível (Mateus 24:30) e
que, por ocasião dessa vinda em glória, os escolhidos seriam arrebatados para
encontrá-lo nos céus (Mateus 24:31).

Nesse arrebatamento, os mortos serão ressuscitados e os vivos serão


transformados, em ambos casos recebendo corpos glorificados (I
Tessalonicenses 4:13-18). Neste ponto, o pré-tribulacionismo poderia
perguntar: como seria possível o arrebatamento da Igreja no final da tribulação,
a realização das bodas e a posterior descida de Cristo com a Igreja como Rei ao
Monte das Oliveiras, de onde derrotará o anticristo e seus exércitos? Como
poderiam esses acontecimentos dar-se num curto espaço de tempo?

Para começar, em nenhum texto bíblico fica determinado explicitamente que as


bodas do Cordeiro acontecerão entre o arrebatamento e a derrota do anticristo,
sendo a posição mais coerente crer que as bodas serão celebradas no começo
do reino milenar de Cristo na Terra.

Particularmente, cremos nessa possibilidade. Jesus anunciou que voltaria a


celebrar a ceia com os seus discípulos no reino do Pai, podendo estar referindo-

53
se aos céus ou até mesmo ao Milênio, que será a implantação do reino do Pai na
Terra, tendo Jesus como Rei e Senhor.

Mesmo considerando a hipótese que as bodas sejam celebradas nos céus, entre
o arrebatamento e a descida de Jesus com a sua Igreja para derrotar o anticristo,
colocando teoricamente os três eventos numa sequência vertiginosa, não
podemos cair no erro básico de condicionar a atuação divina às regras e medidas
de tempo humanas.

O Eterno é o criador do universo e de todas as leis que o sustentam. Porém, Ele


não está restrito a essas leis físicas, o mesmo acontecendo com os seres
celestiais. Não podemos pretender cronometrar a manifestação divina,
sobretudo nos eventos do final da tribulação (aparecimento do sinal,
arrebatamento, glorificação da Igreja, bodas e derrota do anticristo e sistema).

Esses eventos, em seu conjunto, podem acontecer em segundos, minutos, horas


ou até dias, pois o Criador não está restrito às dimensões de espaço e tempo
concebidas pela mente humana.

A Igreja também não estará sujeita a essas leis, pois seus membros possuirão
corpos glorificados, como veremos mais adiante. Para chegar a conclusões mais
apropriadas a respeito da sequência desses acontecimentos, devemos
considerar os fatos concretos que a Bíblia nos revela:

1. A glorificação da Igreja será repentina, num abrir e fechar de olhos, ou seja,


em uma fração de segundos (I Coríntios 15:52). Essa glorificação, de acordo
com o apóstolo Paulo, se dará na vinda de Cristo (I Coríntios 15:23 - I Coríntios
15:51-52).

Na vinda do Senhor, a única descrita por Ele, ocorrerá o ajuntamento dos


escolhidos nos ares, de uma à outra extremidade dos céus, logo após a grande
tribulação (Mateus 24:29-31)

2. Por uma questão de lógica, as bodas acontecerão após o arrebatamento, o


qual, por sua vez, como vimos no item anterior, ocorrerá imediatamente após a
grande tribulação. Em Apocalipse 19: 6-9, o anúncio e preparativos para as
bodas se dão após a queda da grande Babilônia, nos momentos finais da grande
tribulação, corroborando o exposto acima e indo contra a concepção pré-
tribulacionista.

3. As bodas do Cordeiro, de acordo com Mateus 26:29 acontecerão no reino do


Pai, lugar que pode estar relacionado aos céus ou ao reino milenar de Cristo na
Terra.

54
4. Jesus, em sua vinda, retornará como Rei e Senhor, com os seus santos
arrebatados (I Tessalonicenses 3:13), para vencer os exércitos do anticristo. Ele
pousará seus pés no Monte das Oliveiras (Zacarias 14:1-8), de onde vencerá ao
anticristo e os seus exércitos reunidos no Armagedom.

Na hipótese das bodas serem celebradas nos céus, entre o arrebatamento logo
após a grande tribulação e a descida de Cristo para vencer o anticristo, e não no
começo do reino milenar na Terra, alguém poderia questionar: mas, como seria
possível celebrar as bodas do Cordeiro numa fração de segundos, para tornar
possível a sequência vertiginosa descrita anteriormente?

A resposta torna-se simples, quando deixamos de lado nossos conceitos físicos


de tempo e espaço e passamos a visualizar essas medidas de uma perspectiva
espiritual.

A partir do momento do arrebatamento, nossa interação com o Pai será a nível


espiritual, já que teremos corpos celestiais. O salmista escreveu que um dia para
o Eterno é como mil anos e mil anos como um dia.

Davi escreveu essa grande revelação 3.000 anos antes de Albert Einstein, no
início do século XX, descobrir e comprovar a relatividade do tempo e do espaço.
De acordo com a teoria de Einstein, o tempo torna-se uma medida relativa em
relação à velocidade assumida por um corpo no espaço.

Para duas pessoas, movendo-se em velocidades altamente diferentes, a


contagem do tempo mostra grandes diferenças. Se, teoricamente, isso se
tornaria possível hoje para qualquer pessoa que tivesse um meio de transporte
que alcançasse velocidades próximas à da luz, imaginemos as capacidades
inerentes aos seres espirituais, possuidores de corpos celestiais e glorificados...

As possibilidades dessa realidade fogem à nossa imaginação e não podemos


determinar o que aconteceria numa fração de segundos dentro do mundo
espiritual, baseados em nossas concepções de tempo e espaço físicos.

O mesmo Senhor capaz de ressuscitar e glorificar milhões de servos Seus num


átimo de segundo é capaz de vencer todas limitações tempo-espaciais, pois Ele
é soberano. No entanto, como já expressamos acima, cremos que as bodas
ocorrerão na Terra, logo no início no período milenal.

55
1] UM IMPORTANTE DETALHE

O evangelista Lucas nos fornece um detalhe importantíssimo a respeito da futura


celebração da ceia entre Jesus e a Igreja. Em Lucas 22:18, Jesus declara:
"Porque vos digo que já não beberei do fruto da vide, até que venha o reino de
Deus".

Nessa passagem, Jesus coloca um evento específico como marco para a


celebração da ceia futura com a Igreja glorificada, retirando toda hipótese de
iminência atual desse acontecimento e colocando-o mais uma vez após a
tribulação.

De acordo com o próprio Mestre em Lucas 21:31, os seus servos saberiam que
o reino do Pai estaria chegando após o cumprimento de todos os sinais descritos
no sermão profético.

Portanto, ao determinar que não mais beberia do fruto da vide até que viesse o
reino do Pai, Jesus coloca a realização das bodas como um glorioso evento pós-
tribulacional e não anterior à chegada plena do reino, o qual só chegará após o
cumprimento de todos os sinais apocalípticos! (Lucas 21:31).

Por outro lado, um interessante detalhe salta à vista. O Senhor Jesus menciona
que beberá o fruto da vide. Se formos coerentes, devemos relacionar a
existência do fruto da vide à Terra. Essa constatação é mais uma notável
evidencia que aponta para a celebração das bodas na Terra, logo no início do
Reino Milenal.

Muito mais importante do que o local ou o momento no qual se dará esse evento
maravilhoso, é o sentimento que devemos ter no mais profundo dos nossos
corações: desejar a cada segundo de nossa existência estar frente a frente com
o nosso amado Mestre e cear com Ele.

Essa esperança deve ultrapassar todo desejo terreno e toda possível tribulação
que venhamos enfrentar enquanto povo do Altíssimo.

2] AS BODAS NOS COSTUMES JUDAICOS

Quando as Escrituras se referem à relação existente entre Cristo e a Sua Igreja,


por vezes usa os termos bodas, noiva, noivo, esposa e esposo. Isso fica mais
evidente nas passagens escatológicas, já que esses termos, entre outros, são

56
utilizados para descrever o maravilhoso encontro entre Jesus (noivo) e a Igreja
(noiva).

Por essa razão, é apropriado estudar e determinar de forma mais detalhada em


que consistiam realmente os costumes judaicos referentes às bodas, pois esse
conhecimento nos trará ainda mais esclarecimentos a respeito dos tempos do
fim.

Nas últimas décadas temos visto muitos autores, principalmente no segmento


da escatologia, querendo adaptar certas idéias preconcebidas a respeito do
significado das festividades judaicas ligadas ao casamento, procurando de todas
as formas que seus comentários se encaixem dentro da visão interpretativa
defendida pelo autor.

Por isso, se faz necessário, quando se fala em costumes judaicos, a existência


de uma sustentação documental e histórica, pois fica muito fácil afirmar que
essa ou aquela prática foi, há milhares de anos, um costume social judaico.

Como veremos a seguir, os costumes judaicos referentes à festa de casamento


(bodas), não condizem em absoluto com o esquema pré-tribulacional.
Combinando essas informações históricas e documentais com as revelações
bíblicas, já comentadas no começo, você poderá chegar a uma conclusão mais
aproximada da real aplicabilidade dos costumes relacionados à celebração das
bodas dentro do quadro profético.

3] NOÇÕES HISTÓRICAS E DOCUMENTAIS

1. Não existe nenhuma informação histórica, a respeito dos costumes sociais


judaicos, que afirme a necessidade do noivo levar a noiva à casa de seu pai,
casar com ela lá e logo após retornar à casa da noiva, dentro do processo de
cerimônia matrimonial (Dr. Robert Gundry-First the Antichrist, páginas 94 e 95).
O modelo pré-tribulacionista implicitamente afirma isso.

2. A cerimônia judaica de casamento não ocorria de forma iminente ou a


qualquer momento. Pelo contrário, a noiva se preparava durante 12 meses,
cheia de expectativa. Consequentemente, ela sabia em que época, até mesmo
em que semana, o noivo chegaria com sua comitiva e de forma alguma o tempo
da chegada do noivo a surpreenderia.

57
A chegada do noivo à casa da noiva só se tornava iminente após o grito dado
por um dos integrantes da comitiva do noivo, minutos antes (Universal Jewish
Encyclopedia, páginas VII-372 e 373 – Leia também Mateus 25:6)

3. A chegada do noivo era precedida por mensageiros. O noivo e sua comitiva


costumavam chegar meia hora antes da meia noite (Joachim Jeremias-Paraboles
of Jesus, página 173)

4. As damas acompanhantes da noiva deveriam acender suas lâmpadas ao soar


o grito dos mensageiros, anunciando a proximidade do noivo e comitiva. Essas
damas, por serem amigas da noiva, também conheciam o tempo em que o noivo
chegaria.

Na parábola das dez virgens (damas), vemos que as mesmas cochilam e


dormem porque o noivo não chegou na hora que elas esperavam, que, segundo
a tradição, era às 23:30 horas aproximadamente (Mateus 25:5).

No caso da parábola, o noivo chegou às 00:00 horas. Essa é mais uma razão
para descartar toda ideia de iminência na chegada do noivo. (Joachim Jeremias-
Paraboles of Jesus, página 172)

5. De acordo com dados históricos dos tempos de Jesus, o casamento judaico


era celebrado numa quarta-feira (4º dia da semana), deixando os primeiros três
dias da semana para a preparação das festividades e os últimos preparativos da
noiva.

Mais uma vez, toda ideia de aparição repentina e não avisada do noivo fica fora
de cogitação (Alfred Edersheim-Sketches of Jewish Social Life, capítulo IX)

6. Um dos elementos da festa judaica de casamento era "a taça da aceitação".


Era um processo formal no qual a moça aceitava a proposta de casamento
bebendo um pouco de vinho numa taça, selando assim a cerimônia. Jesus, após
celebrar Sua última páscoa antes da crucificação com os apóstolos, declarou que
não voltaria a beber do fruto da vide até aquele dia no reino do Pai.

Isso nos remete ao reino milenal, pois estamos falando de ingestão de elementos
materiais produzidos na Terra (vides e vinho).

58
4] BASES BÍBLICAS

Nas Escrituras, há poucos relatos sobre bodas que abordem todos os detalhes
cerimoniais em si. Nesse aspecto, o mais detalhado é o relato da parábola das
dez virgens, pronunciada por Jesus na parte final de seu sermão profético
(Mateus 25:1-10). Porém, podemos chegar a conclusões importantes baseados
nas narrativas bíblicas.

1. Nas passagens de Isaias 24:23 e 25:1,2,6-8, vemos a realização futura de


uma grande festa, na qual será tirado o véu das nações no Monte Sião em
Jerusalém. A retirada do véu está intimamente relacionada à parte da cerimônia
das bodas, onde o noivo retirava o véu de sua noiva.

Essa profecia combina perfeitamente com o relato de Apocalipse 19:1-11, onde


fica claro que a expectativa e o anúncio das bodas se dá nos momentos finais
da tribulação, pouco antes da vinda de Jesus em glória.

2. Ao contrário do que é corriqueiramente ensinado nos escritos pré-


tribulacionistas, muitas vezes sem suficiente base histórica e documental, a festa
de casamento judia não ocorria após 7 dias no "huppah". Pelo contrário, a festa
começava logo após a cerimônia (bodas) e se prolongava por 7 dias (Gênesis
29:21-27 e Juízes 14:10-18).

No relato de Juízes, fica evidente que Sansão já tinha contato com sua esposa
nos dias da festa. Se a festa viesse antes das bodas, então essa possibilidade
não existiria.

Nesse contexto, o modelo pré-tribulacionista mostra-se mais uma vez


incongruente, pois não condiz com a passagem de Apocalipse 19:1-11, que
coloca o aviso e a preparação da noiva para as bodas já no final dos eventos
tribulacionais, num momento imediatamente anterior à volta gloriosa do
Messias, logo após a grande tribulação (Mateus 24:29).

Se fôssemos seguir o modelo pré-tribulacionista, que sustenta o encontro de


Jesus e a Igreja no começo da tribulação, logo após um rapto pré-tribulacional
iminente, e a consequente celebração das bodas nos céus durante 7 anos,
enquanto na Terra ocorre a tribulação, estaríamos sustentando uma grande
incongruência: colocar o noivo e a noiva em plena comunhão matrimonial antes
da celebração das bodas!

Como ficou mostrado, não há nenhuma base de sustentação para o modelo pré-
tribulacional quando estudamos os costumes judaicos referentes à celebração
das bodas. Em primeiro lugar, toda ideia de iminência na chegada do noivo é

59
negada pela documentação histórica e pelo relato bíblico da parábola das dez
virgens, colocando a iminência somente a partir do grito proveniente da comitiva
do noivo.

Podemos fazer paralelo às palavras do Mestre em Mateus 24:33, onde Jesus


ensina que, após os discípulos virem a concretização de todos os sinais
apocalípticos, inclusive a grande tribulação, Ele estaria próximo, "às portas".

Em segundo lugar, há uma notável direção bíblica que aponta para a celebração
das bodas no começo do reino milenal de Cristo sobre a Terra a partir de
Jerusalém, afastando toda ideia de celebração dessas bodas durante o período
tribulacional.

Por último, fica a clara constatação de que a festa das bodas, que durava sete
dias, seguia a cerimônia de casamento em si e não antecedia a mesma.

Neste contexto, a revelação de Apocalipse 19:1-11 nos remete mais uma vez à
celebração das bodas e à consequente festa, como eventos milenais, já que na
passagem apocalíptica o anúncio e a expectativa das bodas se dá já nos
momentos finais da tribulação, momentos esses que antecedem a volta gloriosa
de Jesus, logo após a tribulação, para encontrar-se com sua noiva, destruir o
anticristo e instaurar seu reino.

60
V] IMINÊNCIA

A VOLTA DO MESSIAS PODE ACONTECER A QUALQUER MOMENTO?

Temos observado que a iminência da volta de Jesus constitui-se num dos


principais sustentáculos de afirmação dentro do modelo pré-tribulacionista. De
acordo com o dicionário, iminente significa "aquilo que está para vir; que ameaça
acontecer brevemente; que está em via de efetivação imediata ou muito
próxima".

A base central do raciocínio pré-tribulacionista é que nenhum evento específico


precisa ocorrer antes do arrebatamento, já que aqueles que deveriam ocorrer já
tiveram lugar, colocando o arrebatamento como um evento que pode
concretizar-se a qualquer momento já em nossos dias.

Para que você tenha uma visão mais abrangente do assunto, analisaremos
detalhadamente as principais passagens em questão, com o objetivo de mostrar
que realmente num determinado momento no futuro a vinda do Senhor será
iminente, porém, a iminência atual dessa vinda, tal qual ensinada pelo pré-
tribulacionismo, não encontra suficiente respaldo bíblico, como veremos a
seguir.

1] BASES PRÉ-TRIBULACIONISTAS

Em Mateus 24:36,42,43 e 44 diz:

"Mas daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos do céu, mas unicamente
meu Pai...Vigiai, pois, porque não sabeis a que hora há de vir o vosso Senhor.
Mas considerai isto: se o pai de família soubesse a que vigília da noite havia de
vir o ladrão, vigiaria e não deixaria minar a sua casa. Por isso, estai vós
apercebidos também; porque o Filho do homem há de vir à hora em que não
penseis".

Esta é uma das principais passagens usadas no modelo pré-tribulacionista para


afirmar que o arrebatamento poderá ocorrer a qualquer momento. Realmente,
tomados fora do contexto, esses versos aparentam ensinar isso.

61
O problema desse raciocínio pré-tribulacionista, no entanto, é que o contexto
nos mostra que Jesus estava falando da sua vinda em glória e vista por todo o
mundo e não de uma hipotética vinda não mencionada em Seu sermão profético.

De acordo com o próprio Mestre, a única vinda descrita detalhadamente em seu


sermão no Monte das Oliveiras, ocorrerá logo após a grande tribulação (Mateus
24:29-31), e será precedida de uma série de sinais previamente detalhados por
Cristo. Ele profetizou o arrebatamento dos escolhidos logo após a tribulação
(Mateus 24:31).

Em seguida, Ele proferiu a parábola da figueira, mostrando aos discípulos como


deveriam aguardar todos aqueles sinais profetizados: "Aprendei, pois, esta
parábola da figueira: Quando já os seus ramos se tornam tenros e brotam folhas,
sabeis que está próximo o verão. Igualmente, quando virdes todas estas coisas,
sabei que ele está próximo, às portas". (Mateus 24:32-33).

No texto acima, Jesus deixa claro que o servo do Eterno deve esperar pelo
cumprimento de todos os sinais profetizados por Ele, os quais ocorrerão antes
da sua volta, quebrando todo argumento a respeito da iminência atual da volta
de Jesus.

Essa volta e o subsequente arrebatamento dos escolhidos, não ocorrerá a


qualquer momento e sim após o cumprimento integral da palavra da Jesus a
respeito dos sinais dos últimos tempos.

Presumir que em Mateus 24:36-44 Jesus ensina a respeito de um arrebatamento


que poderá ocorrer a qualquer momento, sem a concretização prévia de todos
os sinais profetizados pelo próprio Mestre, é presumir que Ele estava falando de
uma vinda não revelada no sermão profético e, ao mesmo tempo, é
desconsiderar o aviso dado pelo Mestre, de observar todos os sinais, inclusive a
abominação desoladora e a grande tribulação (Mateus 24:33).

Consequentemente, quando Jesus prossegue e diz aos seus interlocutores


(discípulos) que era impossível saber o dia e a hora da sua volta e que eles
deveriam vigiar porque não sabiam a que hora haveria de vir o Senhor, Jesus
não poderia estar referindo-se a uma vinda sem sinais prévios, pois isso iria
contra todo o contexto do capítulo 24 de Mateus, que aponta apenas para uma
vinda, e os sinais profetizados anteriormente por Ele.

Existe apenas um momento fixado por Jesus, a partir do qual poderemos afirmar
que a vinda do Senhor é iminente: após a concretização dos últimos sinais
profetizados no sermão profético do Monte das Oliveiras.

O único momento em que Jesus ensina aos seus discípulos a esperarem uma
vinda iminente está no versículo 33, quando após o cumprimento de todos os

62
sinais, que serão vistos (vividos) pelos fiéis, então somente a partir desse
momento a sua vinda estará "próxima, às portas". Os últimos sinais estão
descritos em Mateus 24:29-31:

"E, logo depois da aflição daqueles dias, o sol escurecerá, e a lua não dará a sua
luz, e as estrelas cairão do céu, e as potências dos céus serão abaladas. Então
aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; e todas as tribos da terra se
lamentarão, e verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com
poder e grande glória".

2] A PARÁBOLA DA FIGUEIRA

A maior parte dos pré-tribulacionistas tende a interpretar a expressão "todas as


coisas" do versículo 33 não como uma referência a todos os sinais profetizados
por Cristo e sim como uma alusão à figueira mencionada no texto. Para os
mesmos, a figueira é a nação israelita e através dessa interpretação, a volta de
Jesus só seria iminente após a volta do povo judeu a sua terra, o que ocorreu
em 1948.

Segundo essa linha de raciocínio, a partir daquele momento a volta de Cristo


tornou-se "iminente". Essa argumentação, além de ser tortuosa e estar apoiada
em suposições (Jesus em nenhum momento relacionou a figueira à nação
israelense e sim à totalidade dos sinais preditos por Ele anteriormente), denota
grandes incongruências, tais como:

1. Para que Israel voltasse à sua terra em 1948, foi necessário que a nação fosse
dispersada da Terra Santa. Isso ocorreu no ano 70 d.C., durante a invasão dos
exércitos romanos. Paulo escreveu todas as suas epístolas antes do ano 70 d.C.,
(ele foi martirizado no ano 66 d.C. no reinado de Nero), as mesmas epístolas
que são citadas pelos pré-tribulacionistas para sustentar sua idéia de iminência.

Portanto, Paulo, um profundo conhecedor das profecias de Jesus, não poderia


estar ensinando iminência antes da concretização dos eventos profetizados pelo
Mestre, entre eles a destruição de Jerusalém no ano 70 d.C.

Então, podemos observar que o uso das epístolas paulinas para sustentar a ideia
de iminência antes do cumprimento de todos os sinais profetizados, perde
completamente toda credibilidade.

É claro que a Igreja primitiva e o próprio Paulo aguardavam a volta de Cristo já


em seus dias, ou seja, eles esperavam que todos os sinais profetizados por Jesus

63
se concretizassem no primeiro século, para livrá-los da tribulação e perseguição
oficial (que eles relacionavam à grande tribulação profetizada por Cristo).

Havia uma tendência a relacionar o "filho da perdição" (anticristo) a certos


imperadores romanos, entre eles Nero, Domiciano e Deocleciano. Eles
esperavam que Jesus viesse para tira-los da tribulação e para derrotar o império
romano, instaurando assim o seu reino na Terra.

Isso nos mostra que a Igreja primitiva cumpria aquilo que Jesus tinha ordenado:
ver e observar os sinais. A única diferença é que eles esperavam o cumprimento
total desses sinais já em sua geração.

Eles sabiam, por exemplo, que Pedro teria que morrer primeiro antes da vinda
gloriosa de Jesus, pois o próprio Mestre profetizou como e com que idade ele
morreria (João 21:18-19).

2. Outra questão geralmente esquecida é que no versículo 14 do capítulo 24 de


Mateus, Jesus declara que o evangelho será pregado em todas as nações antes
do Seu retorno. O evangelho não havia sido pregado a todas as nações antes da
escrita do último livro do Novo Testamento.

Portanto, mais uma vez, toda utilização de versículos neotestamentários para


sustentar que Jesus voltará a qualquer momento é temerária, em função da
realidade dos dias atuais, onde muitos povos ainda não conhecem o evangelho!

Acreditamos que o cumprimento desse sinal só será realizado durante a


tribulação com a diáspora dos verdadeiros cristãos ao serem perseguidos
mundialmente.

Ao utilizar a parábola da figueira, o Mestre insta a seus discípulos a estarem


atentos aos sinais profetizados por Ele. Ou seja, da mesma forma que, através
da observação da figueira, eles podiam perceber quando o verão estava próximo
(iminente), da mesma forma nós saberemos quando a vinda do Mestre estará
próxima (iminente): após a concretização de todos os sinais (Mateus 24:33).

3] COMO UM LADRÃO NA NOITE

Nos versículos 43 e 44 de Mateus 24, Jesus relaciona a Sua volta à de um "ladrão


na noite", termo que é abordado também por Paulo, Pedro e no Apocalipse:

"Mas considerai isto: se o pai de família soubesse a que vigília da noite havia de
vir o ladrão, vigiaria e não deixaria minar a sua casa. Por isso, estai vós

64
apercebidos também; porque o Filho do homem há de vir à hora em que não
penseis".

Essa é uma das passagens mais usadas dentro do modelo pré-tribulacionista


para sustentar a iminência atual do arrebatamento. Será que a volta de Jesus
poderá nos surpreender, da mesma forma que a chegada abrupta e inesperada
de um ladrão nos surpreenderia?

Mais uma vez, fazemos menção do contexto, sem o qual toda interpretação
torna-se inexata. Lembremos que Jesus tinha dado aos discípulos uma série de
sinais que antecederiam o rapto, que Ele próprio relacionou diretamente à sua
volta em glória, vista por todos (Mateus 24:30-31). Jesus também lhes ensinou
como deveriam esperar esses sinais e a partir de que momento a sua volta seria
realmente iminente (Mateus 24:33).

Como já comentamos, fica bastante claro pelo contexto do capítulo 24 de


Mateus, que Jesus, ao referir-se à sua volta como "ladrão na noite", estava
falando de seu regresso em glória após a tribulação e não a uma volta oculta
anterior à tribulação.

Então, surge a pergunta: se Jesus forneceu aos discípulos uma série de sinais
que antecederiam a sua gloriosa volta, disse aos discípulos a partir de que
momento essa volta seria iminente (após o cumprimento de todos os sinais),
então, quem são esses que serão surpreendidos pela volta do Senhor, da mesma
forma que alguém é surpreendido pela chegada de um inesperado ladrão à
noite? Para quem a volta de Jesus será como um ladrão na noite? O apóstolo
Paulo responde para nós essas questões:

"Porque vós mesmos sabeis muito bem que o dia do Senhor virá como um ladrão
na noite...Más vós irmãos, já não estais em trevas, para que aquele dia vos
surpreenda como um ladrão" (I Tessalonicenses 5:2-4)

Jesus virá como um ladrão na noite para aqueles que não esperam a sua vinda!
Os mesmos serão destruídos repentinamente, pois, mesmo em meio à grande
tribulação, os homens em geral optarão por seguir os enganos satânicos, sendo
ludibriados pela besta (II Tessalonicenses 2:9-10, Apocalipse 16:9).

Para o cristão, que deve estar atento para os sinais profetizados pelo Mestre, o
arrebatamento não pode ser comparado à chegada abrupta de um ladrão à noite,
até porque essa comparação não condiz com o relacionamento existente entre
a Igreja e o seu noivo (Jesus). Cristo é o Senhor da Igreja e o arrebatamento
será o encontro glorioso entre a Igreja e Jesus.

65
O ladrão sempre chega para tomar aquilo que não é seu. Jesus virá para
arrebatar aquilo que é seu por propriedade eterna. Os verdadeiros servos do
Altíssimo não estão "em trevas" para serem surpreendidos naquele grande dia.

Nós já fomos iluminados por Jesus a respeito de todos os sinais e sabemos a


partir de que momento a sua chegada estará próxima, às portas: após o
cumprimento cabal de todos os sinais profetizados pelo Mestre! (Mateus 24:33).

4] OS ÚLTIMOS SINAIS

O conceito de "iminência" antes do cumprimento dos sinais não é novo. Paulo,


em sua segunda carta aos tessalonicenses, escrita no ano 52 d.C., corrige esse
grande erro e nos fornece mais detalhes sobre eventos que ocorrerão antes da
volta de Jesus e a nossa reunião com Ele (arrebatamento):

"Ora, irmãos, rogamo-vos, pela vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, e pela nossa
reunião com ele, que não vos movais facilmente do vosso entendimento, nem
vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como de
nós, como se o dia de Cristo estivesse já perto. Ninguém de maneira alguma
vos engane; porque não será assim sem que antes venha a apostasia, e se
manifeste o homem do pecado, o filho da perdição" (II Tessalonicenses 2:1-3).

Esses versículos nos ensinam verdades fundamentais, que anulam de uma vez
por todas os conceitos de iminência da forma como são colocados no pré-
tribulacionismo:

1. De acordo com o texto, dois fatos devem ocorrer antes da volta de Cristo e a
nossa reunião com Ele (arrebatamento): a apostasia (desvio da verdadeira fé)
e a manifestação do homem do pecado. Ambos sinais tinham sido profetizados
anos antes por Jesus no Monte das Oliveiras na mesma ordem (Mateus 24:9-
15).

Fica claro que Paulo estava citando em sua carta os mesmos sinais profetizados
pelo Senhor 20 anos atrás, mostrando assim que todo ensino que defendesse a
iminência da volta do Senhor antes da concretização desses sinais, deveria ser
frontalmente rejeitado no seio da Igreja.

2. Paulo, ao referir-se ao "Dia do Senhor", não está falando da totalidade do


período tribulacional e sim ao que os seus interlocutores conheciam e as
Escrituras descrevem como "Dia do Senhor": o glorioso dia em que o Messias

66
voltará como Rei, para destruir os inimigos do povo do Pai e instaurar o Seu
reino de justiça (Joel 2:1-32, Zacarias 14:1-22, Isaias 13: 9-13).

Ao comparar Mateus 24:29 com Joel 2:31, vemos que os últimos grandes sinais
que antecederão a volta da Jesus e a nossa reunião com Ele no Dia do Senhor,
serão as comoções cósmicas: o sol convertendo-se em trevas, a lua em sangue
(obviamente como consequência direta do fenômeno anterior), estrelas caindo
do céu e elementos celestes sendo abalados.

Em Isaias 13:13, ao referir-se ao dia do Senhor, o profeta diz que a Terra se


moverá do seu lugar. Notemos também a maravilhosa exatidão profética da
palavra do Pai: em Joel, o profeta assinala que os eventos cósmicos em questão
ocorrerão antes do Dia do Senhor. Jesus profetizou que após a grande tribulação
e antes da sua vinda em glória para arrebatar os escolhidos, ocorreriam os
fenômenos em questão.

Fica claro que, quando o pré-tribulacionismo toma a iminência da volta do


Senhor já em nossos dias, sustentando que a mesma pode ocorrer a qualquer
momento, se coloca numa posição biblicamente insustentável. A iminência, tal
qual é ensinada em muitos lugares, não tem base alguma à luz da palavra
profética.

Sem dúvidas, a volta do Senhor, a partir de determinado momento, será


iminente, e essa é a volta que devemos esperar. Porém, antes é necessário que
a palavra do Altíssimo, que não volta atrás, se cumpra em sua totalidade.

Somente após o cumprimento de todos os sinais preditos pelo próprio Mestre


que voltará, é que nós poderemos esperar sua volta a qualquer momento. Isso
não é difícil de entender. O apóstolo Tiago compara o tempo da vinda do Senhor
ao lavrador que espera com paciência até receber as chuvas, as quais tornarão
possível uma abundante colheita.

Porém, um experiente lavrador sabe que a chuva não ocorrerá a qualquer


momento ou em qualquer estação. Há um tempo determinado para que o
período de chuva comece a regar a terra. Também, há um tempo determinado
para que os frutos apareçam após a chuva.

Da mesma forma, o Senhor Jesus nos fornece em seu sermão profético uma
série de sinais, para que saibamos exatamente quando será o tempo e após que
sinais sua vinda estará "próxima, às portas", ou seja, será iminente.

67
5] O DIA E A HORA

Um argumento geralmente levantado contra aqueles que esperam pelo


arrebatamento no final da tribulação, se refere ao desconhecimento do dia e da
hora da vinda de Jesus.

Tal argumento gira em torno do seguinte raciocínio: se o profeta Daniel oferece


dados específicos para que saibamos quando se dará o fim das coisas (Daniel
12:7-13), então, teoricamente, qualquer um poderia calcular o dia da vinda de
Jesus, indo contra o que o próprio Jesus determinou ao dizer que ninguém sabe
o dia nem a hora de sua vinda, a não ser o Pai...

Logo, o arrebatamento não deve ocorrer por ocasião da vinda em glória...


Analisando detalhadamente todas as implicações dessa questão, vemos que tal
raciocínio não encontra muita base. Vejamos:

1. Quando Jesus fala do dia e da hora, o faz em relação a sua vinda em glória
após a tribulação e não a uma vinda oculta e anterior à tribulação, como fica
claro nos versículos anteriores. Cremos que Ele não poderia estar referindo-se a
uma vinda oculta e anterior, simplesmente porque ela não é mencionada em
nenhum momento do sermão profético!

Fica muito claro que o dia e a hora mencionados por Cristo se referem ao
momento específico em que todo olho verá a sua volta, logo após a grande
tribulação. Portanto, sugerir que Jesus, ao referir-se ao dia e hora, estava
falando de uma vinda oculta e diferente da mencionada por Ele nos versículos
anteriores, é ir contra a verdade bíblica e cair no terreno das suposições.

2. Com referência às informações dadas no livro de Daniel e através das quais


se poderia chegar a conhecer o dia da volta de Cristo em glória, devemos
considerar um ponto importante. Note que Jesus usa o tempo presente somente
neste momento do sermão profético. Ele afirma que ninguém sabe o dia e a
hora, a não ser o Pai.

Naquele momento, como homem e após ter se esvaziado dos seus


conhecimentos divinos, nem mesmo Jesus sabia o dia e a hora da sua própria
vinda. Porém, após a ressurreição e glorificação, Jesus declara que "É-me dado
todo o poder no céu e na terra" (Mateus 28:18).

Levando em consideração o fato da união divina de propósitos e sentimentos, e


considerando também que a expressão "todo poder" não exclui nada,
entendemos que Jesus, que não sabia o dia nem a hora quando proferiu a
profecia, agora sabe.

68
Quando o Mestre disse que ninguém sabe, não exclui nenhuma possibilidade
futura de conhecimento desse detalhe...

Não obstante a essa constatação, cremos que se tornará praticamente


impossível calcular o dia e a hora da parousia devido aos motivos que
detalharemos mais adiante.

6] O PROPÓSITO DO SERMÃO PROFÉTICO

Como já comentamos, o cuidado que Jesus teve em reunir seus discípulos e, a


partir de uma singela pergunta deles (Mateus 24:3), explanar os principais sinais
que ocorreriam entre aquela geração e o fim, visa trazer luz aos servos do
Criador em meio dos tempos e séculos.

Jesus sabia muito bem que aqueles discípulos que estavam ouvindo com atenção
as suas palavras não viveriam o tempo do fim ou os anos imediatamente
anteriores à sua volta. Muitos sinais foram profetizados e deixados para a Igreja
dos últimos tempos. Outros sinais eram mais próximos e seriam vistos por
aquela geração, como é o caso da destruição de Jerusalém no ano 70 d.C.

Entretanto, cremos que no versículo 15, o Senhor estabelece um ponto chave


para a compreensão do capítulo 24 de Mateus, pois ali Jesus dá o primeiro sinal
concreto e localizável na história, que indicava a contagem regressiva para o
fim, estando em perfeita conexão com os dados deixados por Daniel em seu
livro. Jesus disse: "Quando pois virdes que a abominação da desolação, de que
falou o profeta Daniel, está no lugar santo; quem lê, entenda" (Mateus 24:15).

Sem dúvidas, o Mestre direcionou naquele momento seus discípulos à leitura


das profecias contidas no livro de Daniel que falam sobre a abominação
desoladora. Quem lesse as profecias de Daniel a respeito da abominação da
desolação entenderia exatamente o tempo que levaria entre esse evento
(abominação da desolação) e o cumprimento da promessa!

Cremos que nada do que está revelado nas Escrituras é em vão. Há um propósito
específico para tudo o que está inserido nas Escrituras, que é a Palavra do
Eterno.

Consequentemente, entendemos que os preciosos dados revelados pelo Espírito


a Daniel, serão importantes para aqueles que viverem os momentos próximos á
abominação desoladora, ou seja, o momento da revelação do anticristo e começo

69
da grande tribulação. Vejamos aquilo que Jesus nos insta a ler em Daniel a
respeito da abominação desoladora, para que "entendamos":

"...E desde o tempo em que o holocausto continuo for tirado, e estabelecida a


abominação desoladora, haverá mil duzentos e noventa dias. Bem-aventurado
é o que chega aos mil trezentos e noventa dias" (Daniel 12:11-12)

A abominação da desolação é o gatilho que desencadeará a contagem regressiva


para a segunda vinda de Jesus. Em Daniel 12:10 diz: "Muitos serão purificados,
e embranquecidos, e provados; más os ímpios procederão impiamente, e
nenhum dos ímpios entenderá, más os sábios entenderão". Logo após são
oferecidos os dados referentes aos anos entre a abominação e o cumprimento
de todas as coisas.

Fica claro então, que os sábios entenderão todas as consequências proféticas a


partir do momento da abominação desoladora, entre elas a maior e mais
maravilhosa de todas as consequências proféticas: a restauração de todas as
coisas! (Atos 1:6-7).

Porém, apesar da possibilidade profética de cálculo para aqueles que virem a


abominação da desolação e puderem calcular os dias a partir desse evento
maligno, devemos tecer algumas considerações que nos fazem presumir a
grande dificuldade que haverá para efetuar esse cálculo com precisão.

1. Em Mateus 24:22, Jesus declara que os dias da grande tribulação serão


abreviados. Cremos que neste versículo o Mestre usou uma expressão literal e
não simplesmente figurativa.

O profeta Isaias, ao escrever sobre o dia do Senhor e os fenômenos que


ocorreriam naquele dia, profetizou que a Terra se moverá do seu lugar (Isaias
13:13). Talvez isso seja causado por uma mudança brusca no eixo de rotação
terrestre, causando uma grande diferença na cronometragem da duração de um
dia.

2. Em determinado momento da grande tribulação, os homens já não verão mais


o sol nem a lua (Mateus 24:29). Esse é o último grande sinal deixado por Cristo
que antecederá a sua volta.

Com a impossibilidade de vislumbrar o sol e a lua, fato aliado à abreviação dos


dias de uma forma não uniforme, se tornará praticamente impossível calcular
através da simples observação a duração de um dia.

3. Em Daniel 7:25, o profeta declara que o anticristo cuidará em mudar os


tempos e a lei. Provavelmente, a forma de contagem do tempo e os diversos

70
calendários atualmente existentes sejam unificados pelo sistema da besta,
dificultando mais uma vez possíveis cálculos no período tribulacional.

4. Durante a tribulação, os verdadeiros cristãos, ao não aceitarem dobrar-se


ante o sistema da besta e ao não possuírem a sua marca de identificação,
mesmo estando atentos aos sinais deixados por Cristo, terão enormes
dificuldades em acompanhar os fatos internacionais e os últimos acontecimentos
globais, pois terão que sobreviver em locais inóspitos e não terão acesso à mídia,
que, sem dúvidas, estará sob o domínio e manipulação da besta.

5. O prazo de 1335 dias citado em Daniel 12:12 não se refere ao momento do


arrebatamento da Igreja. Se formos coerentes com o contexto de Daniel, parece
referir-se à restauração do reino de Israel, indicando o reinado de Cristo e da
Igreja a começar pelo Milênio.

Cremos que esse momento começará quando o Senhor pousar Seus pés no
Monte das Oliveiras e for Rei sobre toda a Terra (Zacarias 14:4-9). Entre o
arrebatamento da Igreja, que ocorrerá num dia e hora não determinados, depois
do cumprimento dos últimos sinais, logo após a grande tribulação (Mateus
24:29-31), e o pousar dos pés do Ungido sobre o Monte das Oliveiras, poderá
transcorrer horas ou dias.

A Palavra não nos revela quantas horas ou dias levará. Porém, todos esses
eventos ocorrerão a partir do momento em que aparecer o sinal do Senhor nos
céus (Mateus 24:30), logo após a grande tribulação.

Por isso, com respeito à faculdade de saber o dia da volta do Senhor, não nos
parece que deva ser a prioridade do servo do Eterno. A nossa prioridade deve
ser estar preparados para essa volta maravilhosa e cientes de todos os sinais
que antecederão sua volta.

Devemos estar preparados também para enfrentar a tribulação que se aproxima


e para sermos perseguidos e colocados à margem de todo convívio social e
mesmo assim guardar os mandamentos do Pai e manter o testemunho de Jesus
até o fim.

71
VI] DISPENSACIONALISMO PROGRESSIVO

Adotamos como método interpretativo o Dispensacionalismo Progressivo como


base para entender o plano do Eterno e a correta aplicação das profecias bíblicas
nesse plano.

Faremos algumas abordagens de métodos diferentes ao dispensacionalismo


progressivo, como o dispensacionalismo tradicional e o não-dispensacionalismo,
também conhecido como "Teologia da Substituição".

Podemos dizer que não somos dispensacionalistas (considerando como


"dispensacionalismo" a forma tradicional surgida no século XIX) e tampouco
somos não-dispensacionalistas.

Cremos que o dispensacionalismo progressivo oferece uma forma mais


equilibrada de entendimento das profecias, sendo apenas uma base para
compreender o que podemos do plano do Altíssimo para a humanidade, o qual
não pode ser conhecido em sua totalidade e profundidade, pelo menos nesta
dispensação (Romanos 11:33-36).

O dispensacionalismo progressivo tem como base uma interpretação histórico-


gramatical da Bíblia, a qual leva a uma interpretação literal das Escrituras (até
o ponto em que tal literalismo não se contraponha à própria essência delas) e
considera a interpretação dada às profecias do Antigo Testamento pelos
escritores do Novo Testamento como uma base apropriada de compreensão
geral.

Ao defender a existência de várias dispensações interativas dentro do plano do


Altíssimo para a humanidade, que espera uma futura tribulação, após a qual
Jesus virá para instaurar seu Reino milenal, que considera a nação israelense
como alvo de promessas específicas a respeito dela como semente de Abraão e
que defende uma compreensão literal das promessas do Antigo Testamento
referentes ao Reino do Messias, o dispensacionalismo progressivo se opõe
firmemente à "Teologia da Substituição".

A "Teologia da Substituição" defende o princípio de substituição entre Israel e


Igreja e nega qualquer existência de dispensações ou de uma extensão do plano
do Eterno à nação israelense após a sua volta.

O dispensacionalismo progressivo não comunga com a ideia de que Israel foi


substituído pela Igreja e que as profecias vetero-testamentárias que se referem
a Israel estão se concretizando ou se concretizarão única e exclusivamente na
Igreja, tirando a nação israelense de todo contexto terrestre após a vinda de
Jesus. Ao mesmo tempo, não comunga com muitas premissas do
dispensacionalismo tradicional, como veremos mais adiante.

72
Acreditamos na progressão de algumas dispensações dentro de um único plano
divino para redimir sua criação, sustentando que a forma de salvação é a mesma
para todas as eras: a salvação pela graça do Pai através da fé em Jesus.

Essas dispensações interrelacionadas e consecutivas vêm acompanhadas de


revelações progressivas a respeito da graça divina e seu plano de salvação,
processo que terá seu cumprimento final na vinda de Jesus.

Os efeitos redentores do sacrifício de Cristo são retroativos e alcançam os santos


do Antigo Testamento, que morreram crendo nas promessas (Hebreus 9:15,
Hebreus 11:40). A Palavra é clara ao revelar que é vontade do Eterno "tornar a
congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos,
tanto as que estão nos céus como as que estão na terra" (Efésios 1:10). Cremos
na união entre os santos da Antiga e da Nova Aliança em Cristo Jesus, os quais
estão unidos pela fé nas promessas divinas.

DIFERENÇAS ENTRE DISPENSACIONALISMOS

1. DISPENSACIONALISMO TRADICIONAL

O dispensacionalismo tradicional sustenta que a Igreja é uma interrupção dentro


do plano do Senhor para Israel. A esse período, compreendido entre o ministério
de Jesus e o arrebatamento, o dispensacionalismo dá o nome de "dispensação
da graça" ou "era da Igreja".

Para esse modelo, as promessas contidas em Jeremias 31:31-34, as quais


referem-se a um novo pacto com Israel, ficam restritas ao momento
imediatamente posterior à vinda de Jesus, quando Ele exercerá Seu reino
terrestre no Milênio e se referem exclusivamente à nação israelense.

No modelo dispensacionalista tradicional, os que creem em Jesus nesta


dispensação passam a pertencer a um Corpo totalmente aparte de Israel no
aspecto profético, separando os crentes dessa dispensação dos crentes de outras
dispensações, tanto no propósito quanto no destino dos mesmos.

Esse conceito de separação fica nítido quando é usado o termo "noiva de Cristo"
apenas para aqueles que creem em Jesus na "era da Igreja", deixando os outros
santos, a exemplo daqueles do Antigo Testamento e daqueles da Tribulação
(para os pré-tribulacionistas), "fora da noiva".

73
2. DISPENSACIONALISMO PROGRESSIVO

O dispensacionalismo progressivo defende que a "era da Igreja" é o


cumprimento total de certas promessas do Velho Testamento e se refere ao novo
pacto profetizado em Jeremias 31:31-34, o qual se aplica também à salvação
dos gentios.

No modelo dispensacionalista progressivo, a Igreja não é uma interrupção


dentro do tratamento do Senhor com a nação israelense e sim uma parte integral
desse plano, propiciando que os gentios que creem possam participar das
bênçãos concernentes ao novo pacto.

É ponto comum entre os dispensacionalistas progressivos afirmar que o novo


pacto foi inaugurado pelo próprio Jesus, através de seu sangue (Lucas 22:20,
Hebreus 8:6, Hebreus 9:15).

Cremos que, através de Seu sacrifício redentor, completo e suficiente na cruz,


Cristo propiciou a validação do novo pacto para todos aqueles que creem, sejam
gentios ou judeus, decretando o início literal da aplicabilidade da Nova Aliança
descrita em Jeremias 31:31-34.

O escritor aos hebreus deixa isso relatado de uma forma claríssima, relacionando
o cumprimento do Novo Pacto a todos aqueles que são salvos através do
sacrifício de Jesus:

"Porque com uma só oblação aperfeiçoou para sempre os que são santificados.
E também o Espírito Santo no-lo testifica, porque depois de haver dito: Esta é a
aliança que farei com eles. Depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei as minhas
leis em seus corações, e as escreverei em seus entendimentos; acrescenta: E
jamais me lembrarei de seus pecados e de suas iniquidades" (Hebreus 10:14-
17, compare com Jeremias 31:31-34)

Quando olhamos para os evangelhos, descobrimos que as boas novas foram,


num momento inicial, oferecidas à nação israelense. A graça divina foi oferecida
à nação israelense como ponto de partida. Isso fica patente nas primeiras ordens
ministeriais de Jesus.

Quando Ele comissionou pela primeira vez seus discípulos para um trabalho
missionário, Ele determinou que tal mensagem não fosse pregada aos gentios
(Mateus 10:5-6). Anos depois, Paulo confirma isso ao revelar que o evangelho
é poder do Pai para salvação de todo aquele que crê "primeiro do judeu, depois
do grego" (Romanos 1:16, Romanos 2:9-10).

Cremos que a grande diferença entre o dispensacionalismo progressivo e o


tradicional é que, ao contrário do tradicional, o dispensacionalismo progressivo
vê a Igreja como um cumprimento pleno das profecias do Velho Testamento
(sem negar as futuras concretizações literais referentes ao Reino Milenal de

74
Jesus sobre as nações, assentando-se sobre o Trono de Israel em Jerusalém) e
vê os santos de todas as épocas como pertencentes a um mesmo Corpo: O Israel
do Criador.

Enquanto o dispensacionalismo tradicional vê a Igreja como um parêntese


temporário no plano do Altíssimo com Israel, o dispensacionalismo progressivo
vê a Igreja como uma progressão do plano do Senhor para a redenção da
humanidade, com a salvação sendo oferecida pela graça a todo aquele que crê
e obedece ao evangelho.

3] ISRAEL E O NOVO PACTO

Cremos que Jesus inaugurou o novo pacto nos dias de seu ministério terrestre.
Não cremos que o Senhor "reteve" o novo pacto diante da rejeição da nação
israelense e abriu um gigantesco parêntese em seu relacionamento com a nação
judia, como afirmam muitos dispensacionalistas tradicionais, nem rejeitou
definitivamente Israel, como sustentam os não-dispensacionalistas, mas
escolheu um remanescente israelense (os discípulos que creram em sua
mensagem), para estabelecer Seu novo pacto. Note as palavras do Mestre,
momentos antes da crucificação:

"Semelhantemente, tomou o cálice, depois da ceia, dizendo: Este cálice é o novo


testamento no meu sangue, que é derramado por vós" (Lucas 22:20)

Já na carta aos romanos, fica descartada qualquer rejeição definitiva à nação


israelense, ao mesmo tempo em que é mostrada a participação ativa de Israel
na presente dispensação através de um remanescente:

"Digo, pois: Porventura rejeitou Deus o seu povo? De modo nenhum; porque
também eu sou israelita, da descendência de Abraão, da tribo de Benjamim.
Deus não rejeitou o seu povo, que antes conheceu...Assim, pois, também agora
neste tempo ficou um remanescente, segundo a eleição da graça" (Romanos
11:1-2,5)

A questão central levantada por Paulo é que o programa do Criador com Israel,
como nação, não foi suspenso temporariamente, como afirma o
dispensacionalismo tradicional. Também, Paulo não afirma que Israel foi
definitivamente substituído pela Igreja, como a firma a Teologia da Substituição.
Vejamos:

"Porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo (para que não presumais
de vós mesmos): que o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a
plenitude dos gentios haja entrado" (Romanos 11:25)

75
Logo, parte de Israel não foi endurecida e essa parte é formada pelos discípulos
que se tornaram os primeiros cristãos e com os quais Jesus fez o pacto que
abrange todas as épocas (Romanos 11:16-29).

A Palavra deixa claro que os gentios foram agraciados com as promessas que
pertencem aos crentes judeus. Paulo escreve que os gentios são "participantes
dos bens espirituais dos judeus" (Romanos 15:27).

Ele de forma alguma sugere ou afirma que os gentios "assumiram" os bens


espirituais que pertenciam aos judeus, substituindo-os de forma momentânea
(dispensacionalismo tradicional) ou de forma permanente (teologia da
substituição). Escrevendo para uma igreja essencialmente gentílica em Éfeso, o
apóstolo ensina, ao falar sobre o ministério do Salvador:

"E, vindo, ele evangelizou a paz, a vós que estáveis longe, e aos que estavam
perto; Porque por ele ambos temos acesso ao Pai em um mesmo Espírito"
(Efésios 2:16-17)

Note que "vós que estáveis longe" usado por Paulo refere-se aos gentios,
enquanto que "os que estavam perto" se refere à comunidade judaica, como fica
patente ao ler o contexto (Efésios 2:11-17).

Paulo mostra que ambas as comunidades têm acesso ao Pai em um mesmo


Espírito, mostrando como o plano do Altíssimo se concretiza. Em primeiro lugar,
o endurecimento de parte de Israel propicia a extensão da salvação e das
promessas aos gentios.

Em segundo lugar, a glorificação da Igreja está associada à conversão da nação


israelense (Romanos 11:15), concordando com os acontecimentos que
ocorrerão "quando a plenitude dos gentios haja entrado" (Romanos 11:25).

Fica bastante claro também na abordagem de Paulo que o critério para ser salvo
e usufruir as promessas divinas, tanto para judeus e gentios, não é o fato de
pertencer a um grupo étnico ou não, mas ser alvo da graça através da fé e a
perseverança pessoal (Romanos 11:17-22).

4] O TRONO DE DAVI E O MILÊNIO

A forma de entender as promessas feitas a Davi, referentes à permanência de


seu trono eternamente através de sua descendência (Jesus) e a forma de
entender a promessa referente ao Milênio é crucial para estabelecer a diferença
entre os diversos modelos que lidam com o cenário profético.

Enquanto os adeptos da Teologia da Substituição tendem a alegorizar as


profecias vetero-testamentárias referentes à escolha de Israel sobre as outras
nações da Terra (Isaias 2:1-4, Miquéias 4:1-4, Jeremias 36:33-36, Zacarias

76
14:1-21) e a profecia referente ao Milênio (Apocalipse 20:1-6), colocando essas
promessas como uma alegoria do reinado da Igreja na presente era e adotando
o a-milenismo como base interpretativa, os dispensacionalismos tradicional e
progressivo utilizam a literalidade para entender tais profecias.

Tanto para o dispensacionalismo tradicional quanto para o progressivo, o Milênio


será um período literal de mil anos, o qual começará na volta de Jesus e se
prolongará até a criação dos novos céus e nova Terra, no qual Jesus reinará em
Jerusalém exercendo soberania sobre as nações logo após a Sua volta,
assentando-se literalmente no trono de Davi.

As promessas referentes ao Trono de Davi estão expostas no livro dos salmos:

"Fiz uma aliança com o meu escolhido, e jurei ao meu servo Davi, dizendo: A
tua semente estabelecerei para sempre, e edificarei o teu trono de geração em
geração" (Salmos 89:3-4)

"Uma vez jurei pela minha santidade que não mentirei a Davi. A sua semente
durará para sempre, e o seu trono, como o sol diante de mim. Será estabelecido
para sempre como a lua e como uma testemunha fiel no céu" (Salmos 89:35-
37)

"O Senhor jurou com verdade a Davi, e não se apartará dela: Do fruto do teu
ventre porei sobre o teu trono" (Salmos 132:11)

Para alguns dispensacionalistas progressistas, as promessas feitas a Davi estão


tendo seu cumprimento parcial já na presente época, com Jesus assentado em
seu trono à direita do Pai, sem negar a futura presença de Jesus em seu trono
terrestre.

Já para outros, entre os quais nos incluímos, as promessas feitas a Davi se


concretizarão a partir do momento da vinda de Cristo.

É interessante notar que, alguns dias antes da crucificação de Cristo, quando Ele
entrava em Jerusalém, as multidões clamavam: "Hosana ao Filho de Davi;
bendito o que vem em nome do Senhor. Hosana nas alturas!" (Mateus 21:9).

Sem dúvidas, aquela multidão esperava que Jesus, como descendente de Davi
e como um homem admirado por suas obras, assumisse já naquele momento a
posição de líder da nação israelense, libertando o povo judeu do domínio
romano.

No entanto, Jesus, dias após, deixou claro que a concretização dessa profecia se
daria em sua volta gloriosa. Ao dirigir-se às principais autoridades religiosas
judaicas da época, Ele disse: "Porque eu vos digo que desde agora me não vereis
mais, até que digais: Bendito o que vem em nome do Senhor" (Mateus 23:39).

77
Implicitamente, Jesus deixou estabelecidos dois fatos: que Ele reinaria
literalmente em Jerusalém a partir do momento de sua volta e que haveria uma
futura conversão em massa da nação israelense (Zacarias 12:10, Romanos
11:26).

Até mesmo no momento de sua ascensão, essa era a expectativa de seus


discípulos. Eles indagaram ao Mestre se era naquele tempo que Ele restauraria
o reino de Israel (Atos 1:7). Note que os discípulos não tinham qualquer noção
"alegórica" do reino do Messias, mas esperavam sua concretização literal.

O Mestre, em vez de repreendê-los por sua esperança literal e terrena, revela


que o tempo para que aquela promessa fosse concretizada pertencia aos
desígnios do Pai (Atos 1:8). Uma outra passagem que aponta claramente para
a concretização futura da promessa feita a Davi, se encontra em Apocalipse
3:21:

"Ao que vencer lhe concederei que se assente comigo no meu trono; assim como
eu venci, e me assentei com meu Pai no seu trono"

Note a diferença entre o trono do Pai, no qual Jesus se encontra após sua vitória
na cruz, e o trono de Jesus, o qual será literalmente estabelecido na Terra em
sua volta, como fica claro ao comparar o tempo em que a promessa está contida:
os salvos se assentarão com Jesus após vencerem, assim como Jesus se
assentou no trono do Pai após a sua vitória pessoal.

Se considerarmos que Jesus obteve sua vitória na ressurreição, fica


subentendido, por comparação, que nossa vitória definitiva será alcançada na
glorificação. Tudo isso nos remete à concepção de que o Trono de Davi sobre a
Terra será estabelecido por Jesus logo após a sua vinda e nós participaremos
ativamente desse Reino.

5] PROBLEMAS DO DISPENSACIONALISMO TRADICIONAL

a] Aplicação das profecias do Antigo Testamento à Igreja, por parte dos


escritores do Novo Testamento

A partir do momento em que os escritores neo-testamentários aplicam muitas


profecias do Velho Testamento à Igreja, cria-se um confronto com o
dispensacionalismo tradicional, o qual defende a ideia de que a Igreja é uma
"intercalação" temporária dentro do plano do Eterno para Israel, sendo uma
comunidade totalmente aparte de Israel.

Se o Antigo Testamento traz um conjunto de profecias dirigidas à nação


israelense, como é defendido tanto pelo dispensacionalismo tradicional quanto
pelo progressivo, então o dispensacionalismo tradicional, ao defender a total
separação profética entre "Igreja" e "Israel", fica diante de um grande impasse
78
quando é considerada a aplicação que os escritores do Novo Testamento fazem
das profecias vetero-testamentárias à Igreja.

O dispensacionalismo progressivo, por sua vez, não encontra nenhum problema


nesse contexto. O maior exemplo dessa aplicação se encontra em Atos 2:15-21,
onde Pedro associa a Igreja com a profecia de Joel 2:28-32.

Outras claras aplicações de profecias vetero-testamentárias à Igreja encontram-


se em Romanos 1:1-2, Atos 10:43, Atos 15:14-18, Romanos 4:13-17,23,24,
Romanos 9:32-33, II Coríntios 6:16, entre outros.

b] O Novo Pacto, prometido a Israel, não está atualmente suspenso

Ao afirmar que a promessa do Novo Pacto, contida em Jeremias 31:31-34, se


refere exclusivamente à nação israelense e se concretizará na volta de Jesus, o
dispensacionalismo tradicional parece esquecer de passagens como I Coríntios
11:25-26, onde, o apóstolo Paulo, ao instruir os irmãos em Corinto a respeito
da celebração da ceia do Senhor, cita as Palavras de Jesus na última ceia do
Mestre: "Este cálice é o novo pacto no meu sangue"... Se há um novo pacto, é
lógico afirmar que houve um velho pacto.

O próprio Paulo se identifica como "ministro de um novo pacto" (II Coríntios


3:6). O novo pacto foi estabelecido pelo próprio Senhor e já vigora desde a sua
morte (Lucas 22:20), sendo usufruído pela Igreja (Hebreus 8:6-13), opondo-se
à premissa do dispensacionalismo tradicional que defende a concretização do
novo pacto exclusivamente com a nação israelense após a volta de Jesus.

É óbvio que nem todas as consequências proféticas do novo pacto estabelecido


por Jesus já se cumpriram. Certamente algumas delas se cumprirão após a volta
do Mestre e serão destinadas especificamente à nação israelense, quando o
endurecimento parcial dos judeus for retirado. Porém, isso não justifica
sustentar que o novo pacto está atualmente suspenso. As Escrituras afirmam o
contrário.

c] Deus continua agindo profeticamente com a nação israelense.

Esse é, talvez, o principal empecilho ao dispensacionalismo tradicional. Como


afirmar que o Altíssimo cessou de atuar momentaneamente no aspecto profético
com Israel, se vemos na história o contrário?

Por exemplo, a destruição de Jerusalém, ocorrida em 70 D.C (de acordo com o


dispensacionalismo tradicional, em plena "dispensação da graça"), é um cabal
cumprimento profético de Daniel 9:26 e se referiu diretamente à nação
israelense!

A reunião de Israel como um país, a partir de 1948, é um claro cumprimento de


Ezequiel 47. Até mesmo a salvação destinada aos gentios, veio para incitar o
povo judeu à emulação (Romanos 11:11).

79
De acordo com os precedentes históricos, não há como afirmar que o Senhor
deixou, provisoriamente, de agir profeticamente com Israel durante a "era da
Igreja".

d] Não há várias formas de salvação

Muitos dispensacionalistas tradicionais tendem a sustentar diferentes planos de


salvação para a Igreja e para Israel. Os pré-tribulacionistas, por exemplo,
defendem algum tipo de boas obras ou força de vontade por parte dos "deixados
para trás" na tribulação para enfrentar esse período, manter a fé e ser salvo.

Para o dispensacionalismo progressivo, existe apenas uma forma de salvação


eterna: através da graça do Pai, mediante o sacrifício de Cristo. Todos os santos,
não importa se viveram antes ou após esse sacrifício, são salvos através do
sangue de Jesus. O sacrifício de Jesus abrange uma redenção atemporal, como
fica claro em Hebreus 9:15.

Paulo deixa uma forte mensagem que leva a um entendimento progressivo do


plano do Eterno. Em seu diálogo com Agripa, ele diz:

"E agora estou aqui para ser julgado por causa da esperança da promessa feita
por Deus a nossos pais, a qual as nossas doze tribos, servindo a Deus
fervorosamente noite e dia, esperam alcançar; é por causa dessa esperança, ó
rei, que eu sou acusado pelos judeus" (Atos 26:6-7)

"Pelo que, ó rei Agripa, não fui desobediente à visão celestial, antes anunciei
primeiramente aos que estão em Damasco, e depois em Jerusalém, e por toda
Judéia e também aos gentios, que se arrependessem e se convertessem a Deus,
praticando obras dignas do arrependimento.

Por causa disto os judeus me prenderam no templo e procuravam matar-me.


Tendo, pois, alcançado socorro da parte de Deus, ainda até o dia de hoje
permaneço, dando testemunho tanto a pequenos como a grandes, não dizendo
nada senão o que os profetas e Moisés disseram que devia acontecer; isto é,
como o Cristo devia padecer, e como seria ele o primeiro que, pela ressurreição
dos mortos, devia anunciar a luz a este povo e também aos gentios" (Atos
26:19-23)

Ou seja, o apóstolo deixa claro que seu trabalho evangelístico, inclusive entre
os gentios, parte de uma promessa original dada a Israel e é o cumprimento
cabal da esperança de Israel.

Não há razões para separar terminantemente Israel da Igreja, como o faz o


dispensacionalismo tradicional, nem para substituir terminantemente Israel pela
Igreja, como o faz o não-dispensacionalismo tradicional.

De acordo com as palavras de Paulo, o evangelho pregado aos gentios é uma


consequência progressiva das promessas destinadas aos judeus, reunindo
ambos em um só corpo, porém, mantendo abertas as concretizações específicas

80
futuras para a nação israelense (Zacarias 12:10, Romanos 11:15, Romanos
11:25).

Neste ponto, deixamos expressa nossa concepção a respeito do estado dos


judeus que crerem em Jesus no momento de sua vinda. O profeta Zacarias nos
relata o impacto que a volta do Messias terá sobre os judeus:

"Mas sobre a casa de Davi, e sobre os habitantes de Jerusalém, derramarei o


Espírito de graça e de súplicas; e olharão para mim, a quem traspassaram; e
pranteá-lo-ão sobre ele, como quem pranteia pelo filho unigênito; e chorarão
amargamente por ele, como se chora amargamente pelo primogênito.

Naquele dia será grande o pranto em Jerusalém, como o pranto de Hadade-


Rimom no vale de Megido. E a terra pranteará, cada família à parte: a família
da casa de Davi à parte, e suas mulheres à parte; e a família da casa de Natã à
parte, e suas mulheres à parte; A família da casa de Levi à parte, e suas
mulheres à parte; a família de Simei à parte, e suas mulheres à parte. Todas as
mais famílias remanescentes, cada família à parte, e suas mulheres à parte"
(Zacarias 12:10-14)

Notamos que na profecia citada não há uma promessa de glorificação, mas sim
de uma conversão de pessoas diante da presença física de Jesus em sua vinda,
as quais serão alvos do Espírito de graça e de súplicas, numa alusão bastante
clara à atuação do Espírito Santo. A promessa é específica para "a casa de Davi",
ou seja, para a nação israelense.

A maior parte dos dispensacionalistas progressivos sustenta a glorificação de


todos eles. Nós, porém, adotamos uma linha diferente nesse quesito. Com o
objetivo de manter nossa coerência com a compreensão literal das profecias,
cremos que a promessa feita pelo Eterno a Abraão se concretizará também de
forma literal. Vejamos:

"E eis que veio a palavra do SENHOR a ele dizendo: Este não será o teu herdeiro;
mas aquele que de tuas entranhas sair, este será o teu herdeiro. Então o levou
fora, e disse: Olha agora para os céus, e conta as estrelas, se as podes contar.
E disse-lhe: Assim será a tua descendência" (Gênesis 15:5)

Cremos que há um propósito eterno do Senhor com a raça humana e que esse
propósito será concretizado com a permanência física dos judeus que crerem em
Jesus em Sua gloriosa volta.

A literalidade da promessa feita a Abraão, ao qual foi prometido que sua


descendência seria tão vasta como o número de estrelas ou como a areia da
praia (Gênesis 22:17), deve ser considerada.

Na profecia de Zacarias 12:10-14, vemos a presença de "famílias


remanescentes" e de "mulheres". Tudo isso aponta para uma perpetuação física
da descendência de Abraão e de uma multiplicação constante.

81
Consequentemente, o plano de salvação para os judeus é o mesmo e a forma é
a mesma (o sacrifício redentor de Jesus), diferindo apenas em suas
consequências. Usando a literalidade, sustentamos que, para os judeus que
creram na presente dispensação, há uma promessa específica de glorificação
corpórea. Já para aqueles judeus que crerem no momento da volta de Jesus,
existe a promessa física de multiplicação da descendência de Abraão.

6] PRINCIPAIS PREMISSAS DO DISPENSACIONALISMO PROGRESSIVO

A] O Novo Pacto, prometido a Israel, está atualmente em vigor e se aplica


também à Igreja (Jeremias 31:31-34, Hebreus 8:6-13, 9:14-15 e 10:9-17)

B] A partir do momento que os líderes judeus rejeitaram em peso a mensagem


de Jesus, as posições de autoridade no Reino Milenal de Cristo foram dadas aos
Seus discípulos judeus (Mateus 21:33-44, Lucas 12:31-32, Lucas 22:28-30)

C] O Reino também é prometido aos salvos entre os gentios, os quais reinarão


juntamente com os salvos entre o remanescente israelita. Nesse contexto, tanto
os santos do Antigo quanto os do Novo Testamento fazem parte de um único
Corpo (Mateus 8:11-12, Mateus 19:27-29, Lucas 13:26-29, João 10:16,
Hebreus 11:39-40)

D] Os gentios que creem são herdeiros, através da fé, de Abraão (Romanos


2:28-29, Romanos 4:13-16, Romanos 9:6-8, Hebreus 6:12-20)

E] Israel, como nação, não foi rejeitado pelo Senhor nem substituído pela Igreja.
Parte dos judeus (um remanescente) crê no evangelho e serviu como a base
inicial para pregação das boas novas, pertencendo ao Corpo de Cristo.

F] Outra parte permaneceu endurecida até o momento da volta de Jesus. Desses


dois grupos (os endurecidos e os não endurecidos), apenas os que crerem em
Jesus e perseverarem serão salvos.

Nesse contexto, cremos que aqueles israelitas que crerem logo após a vinda de
Jesus, quando Ele pousar seus pés no Monte das Oliveiras, não serão
glorificados, mas permanecerão em seus corpos físicos, perpetuando a espécie
humana e concretizando literalmente a promessa feita a Abraão em Gênesis
15:5 (Romanos 11:1-7, Romanos 11-26)

G] Jesus veio primeiramente aos judeus. Os gentios foram agregados ao


remanescente fiel judeu do Antigo e Novo Testamentos, de acordo com o plano
do Senhor. Os gentios são participantes das bênçãos judias (Salmos 18:49,
Deuteronômio 32:43, Isaias 11:1-10, João 10:16, Romanos 1:16, Romanos
15:8-12,26-27)

82
H] Os santos do Antigo e do Velho Testamento estão em Cristo, através de seu
sacrifício abrangente a todas as épocas (Efésios 1:4-14, Efésios 3:14-15, Efésios
4:4-10)

83
VII] VIGILÂNCIA EM MEIO À CRISE

Em Mateus 24: 43, Lucas 12:39, I Tessalonicenses 5:2, II Pedro 3:10,


Apocalipse 3:3 e Apocalipse 16:15, fica indicado que Jesus em sua segunda
vinda retornará como um "ladrão".

Para alguns, esse termo indica o caráter inesperado e repentino do


arrebatamento. Consequentemente, os textos citados são usados às vezes para
justificar o arrebatamento anterior à tribulação ou em meio à tribulação, devido
ao caráter inesperado e repentino desse acontecimento.

Tal entendimento está baseado na ideia de iminência do arrebatamento, de


acordo com a qual nenhum sinal específico necessita ocorrer antes do
arrebatamento, já que o mesmo poderá ocorrer "a qualquer momento".

Porém, é preciso estudar os versículos em questão de uma forma detalhada e


levando em consideração sempre o seu contexto e sua interação com o resto
das profecias escatológicas. Quando um entendimento é baseado em alguns
textos, mas se opõe à clareza de outros, deve ser revisto.

Não existe nenhum ensinamento bíblico que determine a segunda vinda do


Senhor como um evento dividido em duas partes: a primeira de forma invisível
antes da tribulação para arrebatar a Igreja e a segunda de forma visível, sete
anos depois, para destruir os exércitos do anticristo no Armagedom, salvar Israel
e instaurar o Milênio.

Pelo contrário, as passagens proféticas sugerem que os dois eventos em questão


ocorrerão ao mesmo tempo terrestre e de uma forma visível.

1] A VINDA COMO UM LADRÃO

Analisemos mais detalhadamente os versículos mencionados no começo.


Quando a figura do ladrão é usada para mostrar o caráter inesperado do
arrebatamento, não nos parece apropriado atribuir esse conceito aos cristãos
verdadeiros e fiéis, pois esses esperam com perseverança e fé a vinda do Mestre.
Na realidade, o regresso do Mestre e nosso encontro com Ele deve ser nossa
"bem-aventurada esperança"! (Tito 2:13).

A vinda de Jesus sendo caracterizada como inesperada e comparada à chegada


abrupta de um ladrão, só pode estar relacionada à realidade daqueles que não
esperam essa vinda ou que já esperaram, mas deixaram de fazê-lo por causa

84
do cansaço espiritual, desânimo, desilusão e engano. O apóstolo Paulo deixa isso
muito claro:

"Mas vós, irmãos, já não estais em trevas, para que aquele dia vos surpreenda
como um ladrão" (I Tessalonicenses 5:4)

O ensinamento de Paulo faz todo sentido, diante da abundância de informações


que todo servo fiel ao Pai tem na Palavra a respeito da volta de Cristo, através
de sinais concretos que antecederão esse momento glorioso.

Até mesmo a comparação feita em relação à chegada de um ladrão à noite, é


totalmente contrária ao que acontecerá entre Cristo e a sua Igreja no
arrebatamento, não devendo aplicar-se ao arrebatamento e sim à vinda como
um todo, diante da qual muitos se lamentarão e chorarão (aqueles que não
esperam essa vinda).

O ladrão, como todos sabemos, não leva o que lhe pertence e sim aquilo que
não lhe pertence. Jesus voltará em glória para buscar o que lhe pertence, que é
a Igreja. Neste contexto é interessante destacar o versículo de Mateus 24:44
que diz:

"...Por isso, estai vós apercebidos também; porque o Filho do homem há de vir
à hora em que não penseis".

Neste ponto, logo após relatar todos os sinais que antecederiam sua volta, Jesus
deixa claro aos seus discípulos que a noção certa para saber quando Ele
retornaria não estava em conjeturas ou pensamentos pessoais e sim na
observância vigilante e perseverante dos sinais.

Jesus fez essa afirmação logo após haver pormenorizado dezenas de sinais
específicos e objetivos que antecederiam sua volta. Em nenhum momento, Ele
menciona no sermão profético uma vinda diferente daquela descrita entre
Mateus 24:27 e Mateus 24:31.

Portanto, é altamente temerário supor que Jesus estava referindo-se a uma


etapa "oculta" de sua vinda, quando disse que viria numa hora em que seus
discípulos não pensassem.

Também, é temerário afirmar que o regresso do Filho para a Igreja ocorrerá "a
qualquer momento", apenas tomando como base o fato Dele vir numa hora em
que os discípulos não pensassem. Isso é desmerecer toda a aplicabilidade dos
sinais profetizados por Jesus no sermão profético, com o objetivo de que não
fôssemos enganados!

Durante várias épocas da Igreja, muitos "pensaram" já estar às portas da vinda


de Jesus, chegando, inclusive a datar esse acontecimento. O alerta do Mestre
deixado em Mateus 24:44, não apenas se aplica à Igreja primitiva, a qual
realmente pensou que o Salvador voltaria já em seus dias, mas a todos os
cristãos em todas as épocas.

85
Chegamos à conclusão que o arrebatamento ocorrerá num momento inesperado
para aqueles que não tem compromisso nem conhecimento das verdades
divinas, e impensado por muitos.

Neste contexto, é importante salientar que aqueles que não conhecem ao Pai,
mesmo em plena grande tribulação e até o final dela, em vez de arrepender-se,
vão preferir acreditar nas explicações mentirosas da besta.

Continuarão negando a Deus e não acreditarão em suas promessas e sinais,


sendo ludibriados pela operação do erro (Apocalipse 16:9, II Tessalonicenses
2:8-11), o que tornará a segunda vinda de Cristo um fato inesperado para eles.

Um pré-tribulacionista poderia argumentar neste ponto com a seguinte


pergunta: Se o arrebatamento ocorrerá ao mesmo tempo da segunda vinda em
glória, ou seja no final da grande tribulação, isso não iria contra o caráter
repentino do arrebatamento, já que poderia ser datado, levando em
consideração os eventos cronológicos da própria tribulação para efeitos de
cálculo?

A resposta é "não". Jesus afirmou que ninguém, a não ser o Pai, conhece nem o
dia nem a hora de sua volta.

Note que, de acordo com o sermão profético do Senhor, a volta não ocorrerá no
último dia da tribulação e sim "logo após a tribulação daqueles dias" (Mateus
24:29). Ou seja, a volta do Senhor poderá ocorrer a qualquer momento, a partir
da concretização dos últimos sinais (o sol e a lua escurecendo).

Cristo deixa claro que, quando seus servos vissem todos os sinais, sua volta
estaria "próxima, às portas" (Mateus 24:33). Então, só a partir desse momento,
que é a concretização dos últimos sinais, logo após a grande tribulação, é que o
regresso do Messias será repentino ou iminente.

Mesmo para a Igreja perseguida da tribulação, seria impossível fixar a volta do


Senhor utilizando os dados fornecidos pelo profeta Daniel, para chegar ao "dia"
e a "hora".

A igreja na tribulação não terá acesso aos últimos acontecimentos através dos
meios de comunicação como nós temos hoje. Com absoluta certeza, esses meios
de comunicação serão seduzidos e controlados, tornando-se uma poderosa arma
de manipulação mundial nas mãos do anticristo.

A isso devemos somar o fato de que o anticristo provavelmente mudará de


alguma forma o atual sistema de contagem do tempo e o calendário (Daniel
7:25) e a Terra passará por drásticas mudanças estruturais.

Por outro lado, não é afirmado que o Senhor pousará seus pés sobre o Monte
das Oliveiras no dia em que aparecer o seu sinal (dia do arrebatamento). Já que
a profecia de Daniel 12:10-13, se refere ao fim das concretizações proféticas, o
fim dos 1335 dias pode referir-se ao dia da chegada do Senhor a Jerusalém,

86
dando início a seu reinado milenal, e não necessariamente ao dia do
arrebatamento.

O que sabemos é que o arrebatamento se dará "logo depois da aflição daqueles


dias" (grande tribulação), e ocorrerá após a concretização de todos os sinais
profetizados pelo Senhor, tornando-se iminente apenas depois da concretização
total de todos esses sinais.

Portanto, cremos que a vinda do Mestre será como um "ladrão" para aqueles
que não esperam essa vinda nem estão atentos aos sinais deixados nas
Escrituras.

Se formos coerentes com aquilo que Jesus ensinou e os apóstolos escreveram,


sob inspiração divina, a volta de Jesus só será iminente após o cumprimento de
todos os sinais profetizados, entre eles a própria grande tribulação (Mateus
24:15-31).

2] UMA VINDA OCULTA?

Alguns sustentam também que o fato da vinda de Cristo ser comparada à


chegada de um ladrão na noite significa uma vinda oculta para o mundo e notada
somente pelos escolhidos.

Porém, quando Jesus ascendeu, os discípulos que o seguiam receberam a


promessa que Ele retornaria da mesma forma que tinha subido (Atos 1:9-12).
Essa semelhança pode ser entendida sob dois aspectos:

a) Assim como a ascensão de Jesus foi visível para todos os que se encontravam
no lugar, o seu retorno também o será. Ele declarou acerca de sua própria vinda:

"Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem, e todas as tribos da terra


se lamentarão, e verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com
poder e grande honra" (Mateus 24:30). Veja também Apocalipse 1:7.

b) Note que a promessa foi feita por dois anjos aos nossos irmãos que
acompanhavam Cristo no momento de sua ascensão (Atos 1:8). Momentos
antes, Jesus tinha deixado para eles a promessa do derramamento do Espírito
Santo em Jerusalém. A ascensão ocorreu no monte das Oliveiras, perto de
Jerusalém.

De acordo com Zacarias 14:1-8, a vinda do Messias se dará precisamente no


monte das Oliveiras, para batalhar contra os exércitos do anticristo e salvar
Israel.

Se a promessa de que a volta de Jesus se daria da mesma forma e até mesmo


no mesmo lugar onde aconteceu a ascensão, e se essa promessa foi deixada aos

87
discípulos (seguidores de Cristo), então isso aponta claramente que o
arrebatamento da Igreja está diretamente ligado à segunda vinda de Cristo em
glória, descendo dos céus até o monte das Oliveiras!

Portanto, não existe nenhuma base bíblica que nos permita relacionar a vinda
de Jesus como um "ladrão" a uma vinda oculta e também a um arrebatamento
anterior ao final da tribulação.

3] COMO VIGIAR

Em todos os versículos citados e em outros não mencionados, existe a expressão


"vigiar". Alguém poderia relacionar a ideia de estar vigilante somente ao fato do
arrebatamento ocorrer antes da tribulação, pois, começando a tribulação, não
haveria mais a necessidade de se manter vigilante ou esperando, já que os fatos
já estariam acontecendo. Porém, novamente é preciso deter-nos um pouco para
analisar detalhadamente essa questão.

O verbo "vigiar" tem a sua origem semântica na palavra "vigília" ou período da


noite. Vigiar significa manter-se acordado e atento em meio à vigília (noite),
como fica claro em Mateus 26:41-42, durante a permanência de Jesus no
Getsêmani, pouco antes de ser preso.

Naquela ocasião, Ele repreendeu os discípulos por não vigiarem, pois os mesmos
foram vencidos pelo sono e cansaço. Relacionando o ato de vigiar com a noite,
o mais consequente é relacionar também o ato de vigiar, com relação ao
arrebatamento, à noite dos últimos tempos, ou seja a tribulação, um período de
escuridão espiritual nunca antes visto na Terra.

O chamado para vigiar é uma exortação para que o cristão não durma ou
desanime espiritualmente, deixando que o cansaço devido à espera prolongada
traga o sono e a falta de perseverança.

Esse contexto parece adequar-se mais a uma realidade tribulacional, na qual


muitos cristãos tenderiam a desanimar ou adormecer, sendo sorrateiramente
enganados pelo sistema ao verem acontecer fenômenos ligados à tribulação e
não terem experimentado o arrebatamento pré-tribulacional, como é esperado
e como pensa a maioria.

Em geral, observa-se que o desânimo só começa a aparecer no ser humano


quando aquilo que ele esperava não acontece dentro do prazo esperado...

Também, alguns poderão tender a julgar eventos tribulacionais, como o controle


total financeiro, como eventos pré-tribulacionais, simplesmente por não ter
acontecido o arrebatamento tal qual é ensinado pelo pré-tribulacionismo.

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A isso devemos somar a triste constatação de que muitos cristãos não estão
familiarizados com todos os detalhes das profecias escatológicas como deveriam
estar, permanecendo num estado de sono profético, podendo ser facilmente
enganados pelo sistema maligno em meio à tribulação. Muitos preferem passar
horas acessando conteúdos manipuladores em redes socais em vez de dedicar-
se ao estudo da Palavra e das profecias.

Outros se encontram tão comprometidos com a vida social e profissional, às


vezes impulsionados pela visão materialista do evangelho tão pregada na
atualidade, que não perceberão os acontecimentos até que seja tarde demais.

Neste ponto, é preciso ressaltar que o surgimento do sistema global e a própria


aparição e atuação do anticristo não serão fatos repentinos e sim graduais.

Para aqueles que não estão "acordados" ou vigiando espiritualmente e para


aqueles que, mesmo sendo servos fiéis al Altíssimo, não têm um conhecimento
mais profundo dos detalhes proféticos, muitas vezes por falta de interesse em
estudar esses assuntos, os acontecimentos tribulacionais, pelo menos no
começo, serão quase imperceptíveis...

A esse fato se alia a característica hipnotizadora que terá o anticristo sobre a


população mundial, levando-o a ser apoiado até mesmo por lideranças e grupos
que se denominam "cristãos".

Como já comentamos, o anticristo e o seu sistema global surgirão trazendo


soluções práticas para os grandes males que afligem a humanidade. Atualmente
todos desejam que as coisas mudem.

Até mesmo dentro de alguns grupos autodenominados cristãos, muitos anelam


que o rumo dos acontecimentos mude, mas somente visualizam essa mudança
a nível político, econômico e social, não relacionando necessariamente essa
mudança radical à segunda vinda de Cristo em glória.

A grande maioria permanece sonolenta e sem vigiar ao nem sequer cogitar a


possibilidade do arrebatamento ocorrer em plena segunda vinda de Jesus e,
consequentemente, ter que enfrentar a perseguição da besta e seu sistema
durante a tribulação. Neste contexto encaixa-se perfeitamente a parábola das
dez virgens (Mateus 25:1-13).

No versículo 5 do texto em questão diz: "E tardando o esposo, tosquenejaram


todas, e adormeceram". Note que as dez virgens possuíam lâmpadas, que são
objetos fabricados para serem utilizados em meio à escuridão, o que podemos
relacionar com o período tribulacional. Num determinado momento, enquanto
elas dormiam devido à prolongada espera, um aviso as faz acordar... Ao acordar
para a realidade, o que podemos relacionar com um fato marcante e decisivo
dentro da tribulação, talvez o momento decisivo de aceitar ou não a marca da
besta ou o momento em que aparecer no céu o sinal de Jesus, a metade delas
ainda possuía azeite para acender suas lâmpadas.

89
Ou seja, apesar de terem dormido, eram virgens prudentes, que tinham
guardado o combustível necessário para acender suas lâmpadas, mesmo que o
noivo chegasse depois do que era teoricamente esperado. Nesta parábola, a
figura da lâmpada se relaciona à vida espiritual e ao compromisso de cada
cristão com o Eterno.

O azeite que permite que essa vida permaneça acesa é a presença e a atuação
do Espírito Santo. É interessante observar nesta parábola que, mesmo aquelas
virgens que tinham azeite, ou seja, cristãos que tem o Espírito Santo e vivem
em comunhão com o Pai, cochilaram e dormiram (v5).

Será que cochilaram e dormiram por falta de comunhão com o Eterno ou por
não serem cheias do Espírito? De forma alguma, pois elas possuíam azeite para
suas lâmpadas. O próprio Jesus explica por que elas cochilaram e dormiram:
porque o noivo tardou. Ou seja, o noivo não voltou no momento em que elas
esperavam e pensavam.

A parábola das dez virgens é um alerta importante. Ao esperar o arrebatamento


anterior a tribulação, muitos poderão "dormir", não julgando estarem na
tribulação, pelo simples fato de não ter acontecido o arrebatamento pré-
tribulacional. Todos vão acordar para a realidade em algum momento da
tribulação.

Naquele momento, será vista a diferença entre os cristãos verdadeiros e o joio.


Aqueles que, apesar de não terem percebido o começo da tribulação, terão
azeite espiritual para acender a suas lâmpadas em meio à escuridão,
atravessarão a tribulação sem negar o nome de Cristo, mesmo que isso
signifique perseguição e morte física.

Aqueles que não tiverem esse azeite, não poderão brilhar em meio à escuridão
espiritual da grande tribulação e serão tragados pelo sistema maligno. Até
mesmo poderão aceitar os termos políticos e espirituais desse sistema, negando
o nome de Cristo, só para manterem sua integridade física.

Concluindo, cremos que a exortação para vigiar, devido ao caráter inesperado e


repentino da vinda de Cristo, se aplica com mais propriedade num ambiente
tribulacional e de grandes provações para a Igreja. Hoje é relativamente fácil
vigiar e manter-se acordado. Existem inúmeras opções e reuniões para aquele
que deseja estar vigiando.

Más, à medida que as horas forem passando, a noite se aprofundando, a


confraternização entre os irmãos dando lugar à solidão do Getsêmani, o
arrebatamento não acontecendo no momento em que a maioria espera e pensa,
quantos continuarão vigiando, esperando acordados e perseverando na fé?
Quantos hoje estão espiritualmente preparados para passar por momentos de
tribulação semelhantes aos nossos irmãos primitivos?

90
Jesus deixou uma pergunta emblemática para o fim dos tempos: "...Quando
porém vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra?" Provavelmente,
muitos neguem o nome de Jesus ao se depararem frente a frente com a tortura
ou uma sentença de morte.

Outros poderão dormir espiritualmente e aceitar a paz aparente e as explicações


oferecidas pela besta. Baseados nesses princípios acreditamos que o chamado
para permanecer vigilante em função da volta de Jesus é mais indicado numa
realidade tribulacional.

Para finalizar, o último versículo citado no começo e que aborda o termo "vigiar",
encontra-se em Apocalipse 16:15. Ao ler o contexto desse aviso, vemos que ele
está inserido pouco antes da batalha final do Armagedom, no momento
culminante da sétima trombeta, ou seja, pouco antes da vinda de Jesus, que
retornará ante a última trombeta para derrotar o anticristo na batalha final no
Armagedom, salvar Israel de uma destruição iminente e instaurar o Milênio.

Com que objetivo seria feito à Igreja esse último aviso para vigiar em função da
volta de Cristo como ladrão na noite, se a Igreja já tivesse sido arrebatada da
Terra sete anos antes...?

A volta de Jesus em glória será um evento inesperado para a maioria da


população mundial (pessoas que desconhecem as verdades proféticas e serão
facilmente manipuladas pelo anticristo, inclusive alguns cristãos materialistas ou
desinformados) e ocorrerá num momento impensado (para aqueles que não
estão atentos aos sinais, mesmo sendo cristãos).

Cabe à igreja, o corpo de Cristo, vigiar e preparar-se para enfrentar a tribulação


que se aproxima com a mesma atitude de nossos primeiros irmãos. Mesmo
diante da maior perseguição, eles não abriram mão de continuar fazendo a
vontade do Pai e não deixaram de cumprir a direção deixada por Jesus de pregar
o evangelho a toda criatura.

Eles não possuíam qualquer ideia relacionada a um arrebatamento anterior à


tribulação, até porque viviam em meio a uma tribulação atroz. Pelo contrário,
aguardavam a volta de Cristo com poder e glória já em seus dias para livrá-los
da tribulação e da perseguição romana.

Ou seja, os cristãos da Igreja primitiva aguardavam a segunda vinda de Cristo


para destruir o anticristo, que eles relacionavam a certos imperadores romanos,
livrá-los da tribulação pela qual passavam, que seguramente era associada à
"grande tribulação" profetizada por Jesus e instaurar o seu reino na Terra. Essa
esperança dos irmãos primitivos fica exposta em passagens contidas nos livros
de Paulo, João e Pedro.

O próprio apóstolo Paulo aguardava a volta do Mestre já em seus dias e chegou


a cogitar a possibilidade de estar vivo quando a volta de Jesus em glória

91
acontecesse, ao incluir-se entre os possíveis sobreviventes por ocasião desse
acontecimento:

"...E os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro, depois nós, os que


ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens..." (I
Tessalonicenses 4:13-18).

Veja também I Coríntios 15:52. Se Paulo esperava o arrebatamento já em seus


dias, e se ele vivia sob constante perseguição e tribulação, é óbvio concluir que
ele não possuía nenhuma ideia de arrebatamento anterior à tribulação e sim
esperava o arrebatamento em meio à grande tribulação em que vivia.

Os cristãos primitivos não acreditavam que Jesus viria para evitar que eles
entrassem no período de tribulação e sim que ele voltaria já em seus dias para
tirá-los da tribulação.

Eles não eram "pré-tribulacionistas"! Cremos que essa deve ser a mesma atitude
da Igreja nos últimos tempos. Esperar a vinda de Cristo em glória, mesmo em
meio à mais terrível perseguição.

A Igreja primitiva foi provada e aprovada. Acreditamos que provação semelhante


virá sobre a Igreja nos últimos tempos. Será que estamos preparados em todos
os sentidos para tamanha perseguição?

4] COMO EVITAR TODAS AS COISAS QUE VIRÃO?

Em Lucas 21:36 existe uma passagem que poderia ser usada por um pré-
tribulacionista para argumentar sua posição. A passagem em questão diz:

"Vigiai, pois, em todo o tempo, orando, para que sejais havidos por dignos de
evitar todas estas coisas que hão de acontecer, e de estar em pé diante do Filho
do Homem".

Para entender melhor essa passagem, é preciso saber o contexto no qual ela
está inserida. Jesus proferiu essas palavras após o sermão profético, no qual ele
detalhou minuciosamente todos os grandes acontecimentos que teriam lugar
após a sua morte e ressurreição até o final dos tempos.

Muitos desses acontecimentos profetizados por Cristo começaram a ocorrer


dentro daquela geração que o ouviu, como é o caso da destruição de Jerusalém
e do templo (70 d.C.).

Como se trata de um verdadeiro resumo da história humana compreendida entre


seu ministério e o final dos tempos, muitos eventos mencionados no sermão
profético já aconteceram ou estão acontecendo. Note que Jesus fala de "evitar"

92
todas as coisas profetizadas desde o começo do sermão, incluindo também
eventos bem próximos a quando foi proferido (aproximadamente 30 d.C.).

No entanto, nenhum arrebatamento em massa aconteceu desde aqueles dias


até hoje. Portanto, evitar "todas as coisas que hão de acontecer", algumas das
quais já aconteceram, parece não significar arrebatamento e sim livramento
sobrenatural em meio à crise.

Por exemplo, durante a destruição de Jerusalém em 70 d.C., os cristãos,


seguindo a exortação do Mestre, já esperavam que a cidade fosse destruída a
qualquer momento e tomaram suas precauções.

Hoje é um fato histórico o baixo número de cristãos mortos durante aquela


destruição específica. Analisando detalhadamente a história do povo do Pai
através dos séculos, podemos observar que a palavra "evitar" proferida por
Jesus em Lucas 21:36 não está relacionada com arrebatamento e sim com uma
proteção em meio à tribulação.

Quando estudamos a história do povo do Eterno através dos séculos,


observamos que esse escape pode se manifestar de duas formas: proteção física
e proteção espiritual.

O escape físico ocorre quando, conhecedores da palavra profética, os servos do


Altíssimo sabem o que irá acontecer e se resguardam contra o mal, tal como
sucedeu na destruição de Jerusalém.

Pode também ser manifestado através de um livramento sobrenatural divino,


como aconteceu no Egito durante o período das pragas, em que o povo escolhido
não foi atingido fisicamente pelas pragas, mesmo estando no mesmo espaço
físico que os egípcios.

Note que o povo de Israel não foi arrebatado ou tirado do Egito durante as
pragas, mas se manteve intacto de uma forma sobrenatural, o que deve
acontecer com muitos escolhidos durante a tribulação do final dos tempos e suas
pragas (selos, trombetas e taças).

Neste contexto, está inserida a promessa contida em Daniel 11:33-35:

"E os entendidos entre o povo ensinarão a muitos; todavia cairão pela espada,
e pelo fogo, e pelo cativeiro, e pelo roubo, por muitos dias. E, caindo eles, serão
ajudados com pequeno socorro; mas muitos se ajuntarão a eles com lisonjas. E
alguns dos entendidos cairão, para serem provados, purificados e
embranquecidos, até o fim do tempo; porque será ainda para o tempo
determinado".

Também vemos um cuidado especial para a Igreja nos últimos tempos na


afirmação de Cristo mencionada em Mateus 24:22:

"E, se aqueles dias não fossem abreviados, nenhuma carne se salvaria; mas por
causa dos escolhidos serão abreviados aqueles dias".
93
Quando o versículo menciona "salvação", não se refere à salvação espiritual,
pois ela independe dos danos físicos que uma pessoa possa sofrer num processo
de tribulação, como fica patente no ministério dos apóstolos martirizados.

Se refere à preservação física de alguns cristãos durante a tribulação, para que


se cumpra o profetizado na palavra de que haverá servos de Cristo vivos na
vinda Dele, quando os mortos Nele ressuscitarão e os que estiverem vivos serão
transformados, em ambos os casos recebendo um corpo glorificado e
incorruptível.

A segunda forma de escape é a proteção espiritual. O maior dano que uma


pessoa pode sofrer não é o sofrimento nem a morte física e sim a morte
espiritual. Nas primeiras décadas após a morte e ressurreição de Cristo, mesmo
seguindo à risca os avisos deixados pelo Mestre a respeito de perseguições e
tribulações, muitos cristãos foram brutalmente torturados e assassinados.

Muitos dos que tinham escapado da destruição em Jerusalém, acabaram


morrendo nos circos romanos devorados por feras queimados vivos como tochas
humanas nas ruas de Roma. Porém, por mais paradoxal que isso possa parecer,
eles evitaram as coisas que haviam de acontecer!

Não julgaram suas vidas físicas mais preciosas que a necessidade de transmitir
a palavra de salvação, e ao não negarem o nome de Jesus, mesmo sob ameaça
de morte, escolheram morrer por Cristo.

O próprio Jesus explica porque eles escaparam: "Qualquer que procurar salvar
a sua vida, perdê-la-á, e qualquer que a perder, salvá-la-á" (Lucas 17:33).

Se relacionássemos o escape profetizado por Cristo com o arrebatamento,


estaríamos negando a eficácia da promessa de Jesus aos seus primeiros
discípulos e apóstolos, pois ela se referia a um escape de todas as coisas que
haveriam de acontecer, inclusive a perseguição, prisão e morte dos apóstolos.

Eles não foram arrebatados. Antes, sofreram em seus próprios corpos a dor física
da tortura e da morte violenta. Isso ocorreu na vida de Pedro, Paulo, Tiago, João
e os principais líderes da Igreja primitiva.

Será que todos eles não estavam apercebidos para escaparem de todas as coisas
profetizadas no sermão profético, entre as quais a própria prisão e morte? Será
que eles não ouviram o Mestre falar que nenhum de seus cabelos se perderia
diante da perseguição do mundo?

Eles, mais do que ninguém, sabiam o que sucederia, no entanto não julgaram
seus corpos físicos mais importantes que a mensagem que deveria ser
anunciada! Eles poderiam ter desanimado e deixado de vigiar ao perceber que
o arrebatamento e a segunda vinda não tinham acontecido.

Eles também poderiam ter relacionado a promessa de "evitar todas as coisas


que hão de vir" somente ao aspecto físico ou arrebatamento, gerando uma

94
frustração ao não ver a sua manifestação imediata. Lembremos que o Mestre
havia profetizado que não pereceria um único cabelo de suas cabeças (Lucas
21:18).

No entanto, eles estavam apercebidos da verdade e interpretaram de forma


correta essa promessa de escape deixada por Cristo. Ao entregar suas próprias
vidas pelo evangelho, eles receberam o maior de todos os escapes, que é o
escape espiritual, com a garantia da glorificação corpórea por ocasião da volta
de Jesus!

Cabe aqui perguntar aos cristãos da Igreja atual: estamos mais preocupados em
não passar pela tribulação com medo de perder nossa integridade física ou em
anunciar o evangelho até mesmo em meio à mais ferrenha perseguição, mesmo
que isso signifique a destruição física de nossos corpos?

Os líderes estão ministrando preparação espiritual para esses dias difíceis, onde
a fé do cristão poderá ser provada até com a própria morte, ou estão mais
interessados em ensinar o povo a reivindicar ou até mesmo "exigir" as bênçãos
materiais, alimentando no povo a cobiça e o interesse exacerbado por coisas
que o próprio Jesus disse que seriam automaticamente acrescentadas na vida
do cristão que buscasse primeiramente o reino de Deus?

Outro argumento usado pelos pré-tribulacionistas seria o amor do Eterno pela


Igreja, fato que a tornaria isenta de passar a tribulação na face da Terra.
Contudo, vemos através da história, e sobretudo no seio da Igreja primitiva,
uma perseguição brutal contra os servos do Altíssimo.

Apesar da tribulação, eles permaneceram fiéis ao Senhor e cumprindo a sua


vontade. No entanto não houve um deslocamento físico da Igreja com o objetivo
de arrancá-la do meio da tribulação.

Houve sim um posicionamento espiritual dos cristãos, que entenderam a


necessidade de servir ao Pai e pregar a sua palavra de salvação, mesmo que
isso significasse dor e morte física.

A Igreja primitiva foi tão amada pelo Senhor quanto a Igreja atual, não obstante,
ela viveu e cresceu em plena perseguição política, social e espiritual do Império
Romano. Por que a Igreja nos últimos tempos estaria isenta de passar por esses
momentos de provação e perseguição desencadeada pelo Império da besta?

No sétimo capítulo do Apocalipse, João descreve uma visão maravilhosa dos


servos do Eterno de todos os tempos. Ele viu uma grande multidão, que ninguém
podia contar, de todas as tribos, povos e línguas.

No versículo 14 fica explícito que esses cristãos eram os que haviam passado
pela grande tribulação. De acordo com a palavra profética, a grande tribulação,
de três anos e meio, ocorrerá no final dos tempos, imediatamente antes da
segunda vinda de Jesus em glória.

95
5] VOCÊ ESTÁ PREPARADO PARA ESSA REALIDADE?

Se você ainda não se sente preparado para responder a essa pergunta, é tempo
de entregar sua vida a Jesus. Ele disse: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida;
ninguém vem ao Pai, senão por mim".

Só com Jesus no coração e estando em perfeita comunhão com o Altíssimo e


com a Sua vontade para sua vida, é que você poderá enfrentar os dias difíceis
que se aproximam!

96
VIII] A GRANDE BABILÔNIA

Não podemos mencionar o termo apostasia sem referir-nos à grande Babilônia.


Essa é uma expressão inserida no Apocalipse, para identificar o sistema religioso
prostituído que, num primeiro momento, dará sustentação e legitimação ao
anticristo e posteriormente será destruído pela própria besta (Apocalipse 17:1-
16).

Para entender melhor as figuras utilizadas para descrever esse sistema religioso
prostituído, devemos deter-nos um pouco para analisar os termos Babilônia,
mulher e prostituição.

Ao estudarmos detalhadamente esses três conceitos, vemos que os mesmos,


profeticamente, estão intimamente relacionados.

Babilônia foi o centro a partir do qual, desde eras remotas, o misticismo e


paganismo desenvolveram-se e expandiram-se, influenciando assim muitos
povos e culturas. De acordo com os relatos de Gênesis, Ninrode foi o fundador
da civilização babilônica.

Segundo os mais conhecidos e eruditos linguistas, o próprio termo Babilônia é


oriundo de Babel, onde podemos identificar a primeira tentativa pós-diluviana
de reunir toda a população em torno de um ideal religioso e de uma cidade, indo
contra o que YHWH tinha ordenado a Noé e filhos, no tocante à conquista e
povoamento da terra (Gênesis 9:1).

No plano de construir uma torre cujo cume alcançasse os céus, podemos ver o
alvorecer do princípio humanista de alcançar posições de destaque no universo,
baseado no próprio esforço humano.

Esse princípio fará parte dos propósitos da grande Babilônia do final dos tempos,
aliada à besta. Na Babilônia, surgiu o culto à rainha dos céus, uma deusa que
sempre era representada e adorada junto ao seu filho divino, que os babilônios
relacionavam a Semiramis, mulher de Ninrode, e ao filho de ambos, Tamuz.

De acordo com relatos mitológicos, Semiramis foi considerada como a fundadora


de todos os mistérios babilônicos e a primeira sacerdotisa desses mistérios
pagãos. Ao gerar o seu filho Tamuz, o qual ela anunciara que havia sido
concebido milagrosamente, ela o apresentou como um suposto libertador.

O profeta Ezequiel, nos dias do seu cativeiro na Babilônia, se levantou contra


essa prática maligna que havia penetrado até mesmo no povo de Israel (Ezequiel
8:9-16).

97
Satanás, desde as épocas remotas, tem planejado a forma de deturpar as
verdades divinas, traçando estratégias de imitação e falsificação, objetivando
enganar o maior número de pessoas possível.

Uma dessas imitações surgiu a partir da promessa feita pelo Criador a Eva, de
que da sua semente nasceria o Cristo. A deturpação desse princípio divino
originou a prática da adoração à mãe e o menino que já mencionamos,
expandindo-se da Babilônia aos diversos centros da antiguidade. Esse culto
manteve-se aceso por séculos, influenciando as mais diversas culturas.

Essa chegou a ser a religião dos segredos ocultos dos fenícios, sendo os mesmos
também responsáveis pela sua proliferação no Oriente Médio. Entre eles, Astarot
e Tamuz, eram mãe e filho adorados.

No Egito, tomou a forma das deidades Isis e o seu filho Hórus. Entre os gregos,
essa prática era direcionada a Afrodite e a seu filho Eros. Quando chegou a ser
conhecida entre os romanos, a adoração para mãe e filho foi destinada a Vênus
e Cupido.

Num período de mil anos, essa prática religiosa que havia surgido na Babilônia,
chegou a ser aceita como religião oficial em quase todas as nações.

Segundo relatos históricos, quando a cidade de Babilônia foi destruída pelos


persas, o sumo sacerdote babilônio fugiu com outros iniciados, levando consigo
seus vasos sagrados e imagens rituais até a cidade de Pérgamo, na Ásia Menor.

Foi nesta cidade que o símbolo da serpente se estabeleceu como emblema dos
segredos e da sabedoria escondida, o que podemos constatar até os dias de hoje
nos meios ocultistas e em alguns brasões sociais.

Viajando e atravessando os mares, essa linhagem de sacerdotes babilônios


chegou à Itália, onde seus rituais e cultos se expandiram, tomando o nome de
"mistérios etruscos" e influenciando todo o sistema religioso da cidade de Roma.
Foi precisamente naquele tempo que os sacerdotes começaram a usar mitras
em forma de cabeça de peixe, em honra e veneração a Dagom, deus dos peixes
e senhor da vida.

Durante os séculos, esses costumes pagãos influenciaram aquela que se


denominava igreja cristã. Diversas práticas pagãs foram absorvidas pelos
líderes, baseados em interesses políticos e/ou financeiros, gerando um processo
gigantesco de apostasia.

Por isso, acreditamos haver uma íntima relação entre a apostasia e o surgimento
da grande Babilônia como sistema religioso mundial dos últimos tempos. A
grande Babilônia, esse sistema religioso maligno que tem atuado durante
séculos e que nos últimos tempos alcançará o clímax, está relacionado na Bíblia
à prática da prostituição com os reis da terra.

98
O termo usado no Apocalipse é porne, palavra grega derivada de pernemi, que
significa "vender". A prostituição espiritual ocorre quando o relacionamento com
o Pai é deturpado pelas alianças humanas em torno do dinheiro, do poder e do
engano espiritual.

Nem sempre caracteriza-se por negar abertamente o nome do Pai e o


relacionamento com Ele, mas aplica-se a deturpar com sutileza os
direcionamentos divinos, buscando relacionar-se com o Eterno de uma forma
falsa, de acordo com os próprios interesses e ganância, chegando até mesmo a
mercadejar princípios espirituais.

Eis aí a grande diferença entre a noiva (igreja) e a prostituta (Babilônia).


Enquanto a noiva se mantém pura à espera do amado noivo (Cristo), a prostituta
se relaciona espiritualmente com todos os segmentos malignos, buscando a
realização de seus próprios interesses. Ela se prostitui nos âmbitos político e
religioso

No livro de Apocalipse, fica revelado que a prostituta (Babilônia), estava


assentada sobre sete montes, relacionando a sede da prostituta à cidade de
Roma, capital do então império romano (Apocalipse 17:9).

Resumindo o que foi apresentado, podemos afirmar a respeito da grande


Babilônia:

a) É um sistema religioso que tem se prostituído com os reis da terra e tem se


beneficiado dos seus bens e posses (Apocalipse 17:2)

b) Está assentada sobre sete montes, relacionando a sua sede à cidade de Roma,
que literalmente está construída sobre sete montanhas (Apocalipse 17:9)

c) É um sistema que tem perseguido e perseguirá até o fim os servos fiéis de


Jesus, embriagando-se com o sangue dos mártires cristãos de toda a história,
inclusive os da Igreja nos últimos tempos (Apocalipse 17:6)

d) Uma das práticas religiosas que caracteriza a grande Babilônia é a adoração


à deusa mulher ou rainha dos céus, prática originada na antiga Babilônia.

e) O sistema religioso da grande Babilônia, apesar de ter uma sede definida,


abrange muitos povos e nações (Apocalipse 17:15)

f) No final dos tempos e valendo-se de sua liderança religiosa mundial, a grande


Babilônia se assentará sobre a besta, dando legitimação inicial ao sistema do
anticristo. No entanto, tempos depois será destruída pela própria besta e os dez
chifres (Apocalipse 17:3-16)

Acreditamos que o falso profeta, a besta descrita em Apocalipse 13:11-18, será


o líder religioso da grande Babilônia. De posse desses dados, você poderá, no
momento certo, identificar quem é a grande Babilônia.

99
IX] A SEGUNDA VINDA DE JESUS

A volta de Cristo será um evento grandioso e visto internacionalmente por


aqueles que estiverem vivos no final da grande tribulação.

Se em sua primeira vinda Ele manifestou-se como um homem comum, sofrendo


todas as implicações físicas dessa condição desde o seu nascimento, no segundo
advento Ele aparecerá na sua real condição divina, com grande poder e glória,
no comando formado por miríades e miríades de anjos.

No momento de maior tensão política e espiritual da grande tribulação, quando


os exércitos reunidos pelo anticristo e seus aliados estiverem prestes a atacar
Israel, o Senhor Jesus aparecerá nos céus com os seus anjos, arrebatará a Igreja
(Mateus 24-29-31) e, a continuação, derrotará os exércitos do anticristo e
instaurará o reino mundial de paz, denominado na Bíblia como Milênio
(Apocalipse 20:1-6).

O anticristo será derrotado definitivamente na batalha do Armagedom ou Megido


pelos exércitos celestiais de Cristo em sua segunda vinda (Zacarias 14:1-21). O
destino final do anticristo e do falso profeta será o lago de fogo (Apocalipse
19:11-21).

Na parábola da figueira, contida em Mateus 24:32-33 e proferida no final do


sermão profético, Jesus nos revela em que momento ocorreria a sua vinda
gloriosa e qual deveria ser a expectativa dos discípulos em relação a ela.

Após narrar todos os acontecimentos principais dos últimos tempos, Jesus


declara: "...Igualmente, quando virdes todas estas coisas, sabei que ele está
próximo, às portas".

A que se referia Jesus quando mencionou "todas estas coisas"? Estava referindo-
se à série de acontecimentos preditos por Ele próprio, momentos antes, no
sermão profético.

Entre esses acontecimentos, o Senhor descreveu a grande tribulação, que


antecederia a sua volta triunfal. Consequentemente, ao determinar que os seus
discípulos veriam todas aquelas coisas, inclusive a grande tribulação, e que a
sua volta gloriosa estaria próxima ao clímax daqueles eventos, o próprio Mestre
relacionou a esperança de seus discípulos pela sua volta à segunda vinda Dele
em glória e não a um momento anterior e oculto.

Ao ler as profecias bíblicas e ao estudar a história da Igreja primitiva, fica a clara


noção de que nossos irmãos primitivos esperavam uma futura vinda de Jesus
sem subdivisões ou etapas.

100
Sustentar que a segunda vinda do Salvador está subdividida em duas etapas
separadas por alguns anos, como defende os modelos pré-tribulacionista (7
anos) e midi-tribulacionista (3 anos e 6 meses) é, entre outras suposições,
deduzir que os irmãos em Corinto, Tessalônica, Roma, Filipos, Jerusalém, etc,
sabiam perfeitamente que havia essa "subdivisão" implícita nos escritos de Paulo
e dos outros apóstolos, já que os termos usados para o que os modelos pré e
midi-tribulacionista denominam de "vinda para a Igreja" e "vinda para Israel",
são os mesmos!

Ou seja, para que o argumento pré e midi-tribulacionista faça sentido no que


concerne à "sub-divisão" da vinda de Jesus, os irmãos primitivos deviam estar
cientes de algo que não é ensinado textualmente no Novo Testamento e que não
consta em nenhum escrito de líderes cristãos até o século XIX...

Nenhum texto bíblico nos permite afirmar que Jesus virá ocultamente antes da
sua vinda em glória logo após a grande tribulação.

Como abordamos no tópico VIGILÂNCIA EM MEIO À CRISE, a menção à vinda


de Jesus como um ladrão, procura descrever um fato que será inesperado pela
maior parte da população mundial e repentino.

Os vocábulos gregos utilizados para descrever a vinda de Cristo, até mesmo


aqueles inseridos nos versículos citados corriqueiramente pelos que sustentam
o pré-tribulacionismo, são palavras que denotam sempre visibilidade e poder.

Isso ocorre tanto com apocalipsys (revelação), epiphaneia (aparecimento) e


parousia (vinda). Essas são as palavras usadas no Novo Testamento para
descrever a segunda vinda de Jesus e nenhuma delas sugere uma vinda oculta.
Pelo contrário, todas descrevem um acontecimento visível para todos.

Os textos que relatam mais detalhadamente a vinda de Cristo no seu momento


inicial, ou seja, no momento em que aparecer no céu o sinal visível a nível
mundial, sempre o descrevem acompanhado de anjos e exércitos celestiais e
não mencionam a Igreja ou Noiva.

Isso deixa claro que Jesus não aparecerá nos céus com uma Igreja arrebatada
anos antes e sim aparecerá nos céus com anjos, grande glória e poder para
arrebatar a sua Igreja e derrotar o sistema maligno. Isso fica bastante claro em
passagens como Mateus 25: 31-32:

"E quando o Filho do homem vier na sua glória, e todos os santos anjos com ele,
então se assentará no trono da sua glória; e todas as nações serão reunidas
diante dele; e apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as
ovelhas".

Outro texto que narra o mesmo instante está em Apocalipse 19:14: "E seguiam-
no os exércitos no céu em cavalos brancos, e vestidos de linho fino, branco e
puro". Em II Tessalonicenses 1:7-8 o apóstolo Paulo não deixa dúvidas a respeito
da ordem dos acontecimentos finais. Vejamos:

101
"E a vós, que sois atribulados, descanso conosco, quando se manifestar o Senhor
Jesus desde o céu com os anjos do seu poder, como labareda de fogo, tomando
vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho
de nosso Senhor Jesus Cristo".

Essa revelação dada a Paulo nos mostra claramente a ordem dos eventos e o
momento em que acontecerão. Em primeiro lugar, Paulo não esperava um
arrebatamento pré-tribulacional, pois o mesmo já estava sendo atribulado e
aguardava, junto com a Igreja primitiva, o alívio definitivo para suas tribulações.

Quando aconteceria esse alívio? O próprio apóstolo nos responde: "...quando se


manifestar o Senhor Jesus desde o céu com os anjos do seu poder, como
labareda de fogo, tomando vingança dos que não conhecem a Deus e dos que
não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo..."

Até mesmo para um leitor menos atento, fica claro que Paulo está referindo-se
à vinda de Jesus como Rei e Senhor para derrotar o anticristo e seu sistema. Se
é neste momento que Paulo esperava alívio, obviamente esse alívio da tribulação
para a Igreja no final dos tempos virá por ocasião da volta de Jesus em glória e
não numa volta oculta anterior à tribulação!

Essa é a maravilhosa promessa que a Igreja deve esperar: a volta do Mestre,


para arrebatar aqueles que são novas criaturas e mudar completamente o rumo
do mundo.

Até o presente momento, o mundo inteiro jaz no maligno (I João 5:19). Nós
aguardamos a volta de Cristo para mudar essa situação de uma vez por todas.

102
X] O MILÊNIO

Os estudos a respeito do Milênio surgiram logo após a inclusão dessa promessa


na revelação dada pelo Eterno a João em Patmos. João descreve que, após a
derrota do anticristo e do falso profeta, por ocasião da segunda vinda de Jesus,
satanás será preso e amarrado por mil anos (Apocalipse 19:11-21 e Apocalipse
20:1-2).

Baseados nesses relatos apocalípticos e nas promessas inseridas no Novo


Testamento a respeito do Reino do Pai, tres posições tem surgido durante a
história, cada qual com a sua visão diferente no que concerne à interpretação
desse período: a-milenismo, pós-milenismo e pré-milenismo.

1] A-MILENISMO

Esse modelo de interpretação afirma que o período denominado "Milênio" é uma


figura alegórica da atuação da Igreja desde a morte e ressurreição de Cristo e
não um período literal de mil anos cronológicos.

Por considerar o Milênio apenas uma figura retórica, consequentemente, o reino


milenal de Jesus também é explicado como sendo a presença da Igreja na Terra
e a sua atuação constante de pregação das boas novas e conquista espiritual.

2] PÓS-MILENISMO

Esse modelo de interpretação escatológica sustenta que a volta gloriosa de Jesus


ocorrerá após um período de mil anos de paz.

De acordo com essa linha de interpretação, o Milênio não será uma consequência
direta da volta de Jesus em glória e sim da atuação da Igreja e seu impacto
evangelístico sobre o planeta, deixando-o apto para a vinda gloriosa de Cristo.

103
3] PRÉ-MILENISMO

O modelo pré-milenista defende a necessidade da volta de Jesus ocorrer antes


do Milênio, para que o cumprimento de todas as promessas para esse período
(paz, segurança, justiça, restauração de Israel e reinado da Igreja) se cumpram
literalmente sobre a face da Terra, num reino visível, concreto e real.

De acordo com o pré-milenismo, o Milênio será uma consequência direta da volta


gloriosa de Jesus, para derrotar o sistema maligno do anticristo. De acordo com
este modelo, logo após o Milênio, ocorrerá o juízo final e a criação dos novos
céus e da nova Terra.

Dentro desses três principais modelos de interpretação para o Milênio, existem


também algumas subdivisões, com pequenas diferenças a respeito de temas
específicos.

A seguir, daremos algumas razões para explicar porque adotamos o modelo pré-
milenista como forma de entender o que realmente é "milênio" e porque ele é,
de acordo com o que cremos, o que mais se encaixa no contexto das profecias
para os últimos tempos.

Ao mesmo tempo, abordamos alguns argumentos a-milenistas e pós-milenistas,


mostrando sua posição à luz do contexto profético.

1] UM REINO EXCLUSIVO

Em João 5:19, o apóstolo nos revela que o mundo jaz inteiramente no maligno.
Por outro lado, o apóstolo Paulo descreve Satanás como "deus deste século",
cegando o entendimento espiritual de muitos (II Coríntios 4:4).

O clímax dessa atuação satânica será experimentado durante a tribulação,


tornando incongruente a afirmação de que já estaríamos vivendo o que a Bíblia
denomina como Milênio e errôneo todo esforço no sentido de viver de acordo
com os estereótipos de vida bem-sucedida que o sistema oferece.

O Altíssimo nos ensina a não amar o mundo (sistema) nem o que nele há (I João
2:15), e a não conformar-nos com o sistema (Romanos 12:2). Nossa esperança
deve ser o encontro com Jesus e sua volta gloriosa (Tito 2:13).

A Bíblia nos revela que, por ocasião da volta gloriosa de Jesus, o anticristo e
seus exércitos serão derrotados (II Tessalonicenses 2:8 e Apocalipse 19:11-21).

104
Se o sistema maligno, no qual o mundo jaz atualmente, será derrotado por Jesus
em sua segunda vinda, então a concretização do reino do Pai na Terra só se
tornará um fato real após esses eventos (vinda em glória e derrota do anticristo
e sistema), colocando o Milênio como uma consequência direta desses eventos.

O sistema maligno será derrotado definitivamente para que o Reino do Senhor


seja instaurado (I Coríntios 15:25).

Nesse aspecto, é interessante notar que, quando Jesus se referiu ao "fim do


mundo" na parábola do joio e do trigo (Mateus 13:39), e quando mencionou o
"mundo vindouro", em seu diálogo com os saduceus (Lucas 20:35), é utilizado
para "mundo" o termo grego "aeon", o qual significa sistema ou era. Tal termo
não se aplica ao planeta Terra.

2] UM REINO LITERAL

São muitas as passagens bíblicas que nos remetem a um reino literal de paz e
comunhão sobre a Terra (Isaias 1:25-31, Isaias 2:1-22, Jeremias 23:5-8,
Miquéias 4:1-4, Ezequiel 34:11-24, Zacarias 14:1-21, João 3:5, Apocalipse
12:10, entre outras).

Não nos parece apropriado alegorizar essas descrições, aplicando-as ao


presente, que é violento e no qual a iniquidade se multiplica (Mateus 24:12).

É obvio que existe o reino espiritual e eterno do Pai, do qual somos embaixadores
(II Coríntios 5:19-20). Também é certo que, a partir do nascimento de Jesus e
a delegação deixada à Igreja de anunciar as boas novas, o reino de Deus, do
ponto de vista espiritual e profético, já existe na Terra, porém isso não nega a
concretização física desse reino.

Quando Paulo nos mostra em I Coríntios 15:50 que, nem carne nem sangue
herdarão o reino dos céus, não está excluindo desse reino aqueles que não
receberão corpos glorificados.

Está apenas revelando que a Igreja receberá o reino como herdeira e co-herdeira
com Jesus (Tiago 2:5, Mateus 5:10, Daniel 7:22), até porque o reino terá como
sede Jerusalém (Zacarias 14:16-17), a nação israelense continuará existindo
fisicamente (sem corpos glorificados) e muitas nações continuarão existindo,
sob o governo do Mestre, mesmo algumas daquelas que subirão contra
Jerusalém no Armagedom (Zacarias 14:16, Ezequiel 36:33-36).

Não devemos confundir esse cenário do final da tribulação (anticristo e


exércitos) com o cenário pós-milenal (Gog e exércitos), como o fazem os pós-
milenistas, pois na rebelião de Gog e Magogue no final do milênio, todos os que
marcharem contra Jerusalém serão eternamente condenados (Apocalipse 20: 7-
15).
105
A Bíblia deixa claro que Jesus será o Rei dos judeus e se assentará literalmente
no trono de Israel (Lucas 1:32-33), cumprindo literalmente a promessa feita a
Davi (Salmos 89:3-4).

3] UM REINO CONCRETO

Em Atos 1, momentos antes de Jesus subir aos céus, os discípulos perguntaram:


"...Senhor, restaurarás tu neste tempo o reino?" Jesus respondeu: "Não vos
pertence saber os tempos ou as estações, que o Pai estabeleceu pelo seu próprio
poder" (Atos 1:6-7).

Como Jesus instrui os discípulos a esperarem e anunciarem o reino (versículo


8), reservando ao Pai o direito de revelar quando chegaria o reino, fica
subentendido que o reino de Deus será concreto e com um tempo previsto para
ser implantado e não um conceito figurado.

O Senhor não negou a restauração literal do Reino de Israel, apenas deixou claro
que a época em que isso ocorreria está sob a soberania do Criador.

4] UM REINO DIVINO NA TERRA

Em João 18:36, Jesus diz: "...O meu reino não é deste mundo...". Essa
declaração de Jesus foi dada a Pilatos, pouco antes da crucificação do Mestre.
De acordo com alguns, essa declaração de Jesus descarta um reino visível e
concreto sobre o planeta após sua vinda. Porém, não é isso que o texto revela.

Jesus queria que Pilatos entendesse que o seu interlocutor não era rei de
nenhuma nação naquele momento. Jesus não estava referindo-se ao futuro e
sim ao presente, respondendo a Pilatos uma pergunta que tinha claras
conotações políticas (acusar Jesus como um líder político rebelde a Roma com o
objetivo de justificar sua condenação).

Ou seja, o reino do Pai não é deste mundo (sistema), pois não pertence ao atual
sistema, que é maligno.

Quando esse sistema for aniquilado na volta gloriosa de Cristo, então o reino de
Cristo passará a ser deste mundo e Ele reinará sobre todos com justiça (I
Coríntios 15:25, Apocalipse 19:11-21, Miquéias 4:1-4, Isaías 11:1-12,
Apocalipse 20:1-6).

106
5] UM REINO VISÍVEL

O reino de Jesus sobre a terra será visível e abrangerá todos os povos, trazendo
paz e justiça sobre as nações (Zacarias 14:9-21, Apocalipse 19:15). O a-
milenismo geralmente baseia-se em passagens como a contida em Lucas 17:20-
21, para sustentar a concretização desse reino terrestre apenas a nível
espiritual.

O texto mencionado diz: "...O reino de Deus não vem com aparência exterior.
Nem dirão: Ei-lo aqui, ou: Ei-lo ali; porque eis que o reino de Deus está entre
vós".

Antes de comentar o texto acima, é preciso deixar claro que o reino de Deus
tem um caráter espiritual intrínseco, como tudo o que vem do Senhor. Nós,
como Igreja de Cristo, somos embaixadores desse reino, através do ministério
da reconciliação, como já foi abordado (II Coríntios 5:18-21).

O texto de Lucas 17:20-21 parece indicar um reino exclusivamente espiritual e


fruto da experiência pessoal com Deus. Contudo, ao analisar detalhadamente o
texto em questão, descobrimos verdades reveladoras.

A palavra grega usada no original é "entos", que é traduzida em algumas versões


como "dentro de vós". Essa expressão grega é traduzida de uma melhor forma
para "entre vós", referindo-se à presença do próprio Cristo no meio daquele
povo. Ou seja, Cristo é a expressão mais íntima do próprio reino.

Quando olhamos o contexto da passagem, vemos que Cristo estava


respondendo diretamente uma indagação maliciosa dos fariseus. Não faria muito
sentido afirmar que o reino de Deus estava "dentro" dos fariseus e sim que tal
reino estava "entre" os fariseus. Jesus é a personificação plena do Reino.

Por isso, o Reino estava "entre" os fariseus. Através da Igreja, o Reino continua
estando "entre" as nações, até o momento em que será colocado "sobre" as
nações.

A respeito do fato do reino de Deus não vir com aparência exterior, dando uma
impressão de invisibilidade, devemos esclarecer o seguinte: Jesus estava
falando da sua vinda em glória (versículo 24).

Quando o Mestre disse que a vinda do reino do Pai seria sem aparência exterior,
não estava referindo-se a uma invisibilidade de sua vinda em glória, para
arrebatar a Igreja e instaurar o seu reino, pois essa vinda será visível, como um
relâmpago (Lucas 17:24, Mateus 24:30).

O próprio Jesus explica porque a chegada do seu reino não será com aparência
exterior: "...E dir-vos-ão: Ei-lo ali!, ou: Ei-lo aqui! Não vades, nem os sigais"
(Lucas 17:23).

107
Ao revelar que seu reino viria sem "aparência exterior", Jesus estava alertando
os discípulos a não serem enganados por aparências de reino. Um reino com
aparência exterior de justiça, poder e divindade, porém sem essência. Esse é
um aviso específico ao reino do anticristo, que, através de sinais e aparências,
enganará a muitos (Mateus 24:23).

6] O JUÍZO PRÉ-MILENAL

Uma passagem que tem originado muita discussão encontra-se em Mateus


25:31-46, na qual, aparentemente, o juízo final ocorre por ocasião da volta de
Jesus em glória, sustentando assim a argumentação dos modelos a-milenista e
até mesmo o pós-milenista, pois o Apocalipse revela que o juízo final ocorre após
o milênio.

Porém, analisando detalhadamente e comparando o juízo de Mateus 25:31-46


e as passagens que descrevem o juízo final, vemos diferenças substanciais.

O primeiro juízo, que ocorre imediatamente após a volta de Jesus é um juízo


dirigido às nações, ou seja, às pessoas que estiverem vivas no momento da volta
de Cristo e que não fazem parte da Igreja (Mateus 25:32).

É um juízo destinado à separação entre o joio, aqueles que durante a tribulação


receberam conscientemente a marca da besta e a adoraram, permanecendo
vivos no final da grande tribulação, e o trigo, os servos fiéis do Eterno em todos
os tempos, inclusive na tribulação (Mateus 13:24-30, Apocalipse 14:9-14).

O segundo juízo, após o Milênio, é final (Apocalipse 20:11-15), baseia-se no livro


da vida (Apocalipse 20:12), assumindo assim um caráter essencialmente
espiritual e irá requerer uma ressurreição de todas as pessoas de todas as
épocas da humanidade que não fazem parte dos salvos (Apocalipse 20:13).

Esta é a segunda morte relatada em Apocalipse 20:6. O Apocalipse relata que,


por ocasião da volta de Jesus, ocorrerá a primeira ressurreição, que será dos
salvos mortos de toda história, inclusive os mortos durante a grande tribulação.

Essa diferença entre as duas ressurreições separa mais uma vez a segunda vinda
do juízo final e, consequentemente, o juízo das nações (após a volta de Jesus)
do juízo final (após o Milênio).

Note que, aqueles que participarão da primeira ressurreição (cristãos


ressuscitados), reinarão com Cristo durante mil anos, separando a primeira e
segunda ressurreição por esse espaço específico de tempo.

"...E vi tronos; e assentaram-se sobre eles, e foi-lhes dado o poder de julgar; e


vi as almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus, e da
palavra de Deus, e que não adoraram a besta, nem a sua imagem, e não

108
receberam o sinal em suas testas nem em suas mãos; e viveram, e reinaram
com Cristo durante mil anos. Mas os outros mortos não reviveram, até que os
mil anos se acabaram. Esta é a primeira ressurreição" (Apocalipse 20:4-6).

Neste texto fica bastante clara a existência de um período de mil anos entre uma
ressurreição e a outra, algo que não deve ser alegorizado.

É uma questão de lógica: se da primeira ressurreição participam também


aqueles que serão martirizados pela besta em plena grande tribulação (período
em que, de acordo com o a-milenismo, satanás será solto de sua prisão), e esses
mesmos martirizados durante a grande tribulação participarão ativamente do
Milênio (Apocalipse 20:6), consequentemente, o Milênio não pode ocorrer antes
da grande tribulação!

Afirmar o contrário (que o Milênio é um período anterior à grande tribulação), é


forçar a cronologia bíblica.

Outra diferença substancial entre o julgamento que ocorrerá logo após a volta
de Jesus e aquele que terá lugar após o Milênio, é o fato de que o diabo, quando
é jogado no lago de fogo, após a rebelião final do milênio, já encontra no lugar
tanto o anticristo quanto o falso profeta, que já tinham sido lançados antes
(Apocalipse 20:10).

Isso indica uma diferença de tempo entre a condenação da besta e do falso


profeta e a condenação do diabo. De acordo com a revelação apocalíptica, essa
diferença de tempo é de mil anos. Indica também, mais uma vez, que o Milênio
ocorrerá cronologicamente após a grande tribulação.

7] SATANÁS AMARRADO

Como consequência direta da volta de Jesus, o inimigo será amarrado por mil
anos, o que não condiz com a realidade atual, na qual o mistério da iniquidade
opera (II Tessalonicenses 2:7) e o espírito do anticristo está atuante desde que
o mistério da redenção por Cristo foi revelado (I João 4:3). Paulo esclarece aos
coríntios que satanás é "o deus deste século" (II Coríntios 4:4).

O termo grego usado por Paulo é "aeón", o qual se refere ao sistema


governamental e a influência social deste mundo. Na carta à Igreja em Pérgamo,
João esclarece que satanás "habitava" entre as pessoas daquela cidade
(Apocalipse 2:13).

Ou seja, isso em nada corrobora a posição a-milenista, que insinua a prisão de


satanás como uma realidade dos dias atuais.

109
De acordo com o a-milenismo, satanás se encontra "parcialmente" inoperante e
só será solto no começo da tribulação. Tal afirmativa parece não encontrar uma
sólida argumentação bíblica.

A revelação apocalíptica é clara em mostrar que o objetivo da prisão do diabo é


impedir que ele engane as nações (Apocalipse 20:3). O texto não diz que ele
não enganará "muito" ou "tanto" as nações, mais que ele não enganará "mais"
as nações por um determinado período.

Diante de toda a atuação satânica descrita na Palavra e vista por nós mesmos
em nossos dias, vemos que a premissa a-milenista se mostra muito frágil neste
ponto. Acreditamos que essa prisão de satanás será drástica e o impossibilitará
totalmente de interagir com as nações.

De acordo com o texto apocalíptico, tal prisão ocorrerá como resultado direto da
vinda de Jesus e não antes (Apocalipse 19:19-20, Apocalipse 20:1-6).

Não se trata de uma prisão em "regime semiaberto", como parece insinuar o a-


milenismo, mais uma impossibilidade total de interação com os seres humanos.
Em Judas 6, é descrita a prisão de anjos no abismo.

O texto esclarece que há uma impossibilidade de interação entre esses anjos


trancafiados e os seres humanos, ao revelar que eles estão numa prisão eterna,
até o dia do juízo. Essa prisão é o abismo. Satanás, de acordo com o texto
apocalíptico, será encadeado e preso no abismo por um determinado tempo
(Apocalipse 20:1-3).

Cremos que o fato do diabo ser amarrado por mil anos ainda acontecerá e será
resultado da vinda gloriosa de Cristo (Apocalipse 19:11-21, Apocalipse 20:1-3).

O inimigo não será amarrado como consequência exclusiva da pregação do


evangelho ou antes da vinda gloriosa de Jesus, e sim após um acontecimento
concreto: a volta de Jesus em glória. A revelação apocalíptica nos leva a esse
entendimento.

8] PRIMEIRA RESSURREIÇÃO

O termo "primeira ressurreição" aparece pela única vez no texto apocalíptico e


em toda a Bíblia em Apocalipse 20:5-6.

Há uma dualidade de interpretação para esse termo. O pré-milenismo o entende


como uma ressurreição literal, enquanto que o a-milenismo o entende como um
termo simbólico, o qual estaria descrevendo o novo nascimento experimentado
por todos os salvos.

110
Cremos que, neste caso, não há razões para não ser literal, até porque o uso de
alegoria para o termo "primeira ressurreição" traz várias incongruências
contextuais. Em primeiro lugar está o termo "mortos". Ele aparece quando é
descrita a ressurreição para o juízo final em Apocalipse 20:13.

De acordo com o a-milenismo tal ressurreição será literal, conceito com o qual
concordamos. Porém, vemos que o a-milenismo usa aqui um duplo padrão.

Os mortos de Apocalipse 20:13 são considerados mortos literais, mas os mortos


que experimentam a primeira ressurreição são considerados "mortos
espirituais", quando o termo utilizado em Apocalipse 20:5 e 20:13 é o mesmo!

Da mesma forma, está o termo "viveram". João registra que: "...E viveram, e
reinaram com Cristo durante mil anos. Mas os outros mortos não reviveram, até
que os mil anos se completassem..." (Apocalipse 20:4-5).

Note que a terminologia usada para a volta à vida na primeira ressurreição e na


última é similar. A mesma expressão é usada no livro para descrever a
ressurreição física de Jesus (Apocalipse 2:8).

O a-milenismo, ao alegorizar o "viveram" da primeira ressurreição, volta a usar


um duplo padrão dentro do mesmo contexto! Ou seja, o "viveram" da primeira
ressurreição seria um reviver espiritual através do novo nascimento e o reviver
da ressurreição final, aí sim, seria um reviver literal...

Cremos que tal interpretação é temerária. Em poucos versículos, o a-milenismo


usa duas vezes um duplo padrão, ao interpretar de duas formas distintas
(alegórica e literal) os termos "mortos" e "viveram/reviveram".

Cremos que o literalismo em ambos os casos é a posição mais prudente,


colocando a primeira ressurreição como uma ressurreição literal, a qual ocorrerá
por ocasião da volta de Cristo e da qual participarão todos os salvos.

9] OS SINAIS

Tanto Jesus, quanto Paulo, nos revelam dois grandes sinais, entre outros, que
antecederiam a volta gloriosa de Jesus: a apostasia ou esfriamento espiritual e
a manifestação do anticristo ou abominação da desolação (II Tessalonicenses
2:3, Mateus 24:12-15).

Se a volta de Jesus ocorresse depois do Milênio, como é defendido pelo pós-


milenismo e o a-milenismo, tanto Jesus quanto Paulo teriam mencionado esse
importante sinal, muito diferentes na essência aos sinais revelados (apostasia
crescente e manifestação do anticristo).

111
10] TRIBULAÇÃO X REBELIÃO

Existem grandes diferenças entre a tribulação que antecede a volta de Cristo


(Mateus 24:21) e a rebelião satânica, denominada de Gog e Magog, a qual
ocorre após o reino milenal de Cristo.

Não podemos confundir também Gog e anticristo, nem tampouco o Gog pós-
milenal (Apocalipse 20:8) com o Gog de Ezequiel 38 e 39, que está mais
relacionado ao começo da tribulação.

O Gog que vemos surgir no término do Milênio é uma alegoria ao primeiro Gog,
pois sairá dos quatro cantos da terra (de todo o planeta), numa ação repentina
de satanás, após mil anos de inatividade. Já o Gog de Ezequiel 38 e 39, é um
rei que vem "do extremo norte" (Ezequiel 38:15).

Também, há um detalhe importante: as armas do exército do Gog de Ezequiel


serão utilizadas como combustível durante sete anos, necessidade que não
condiz com a realidade pós-milenal, na qual teremos nova Terra e novos céus,
sob o reinado do próprio Criador, e sim se aplica a uma necessidade tribulacional,
já que a tribulação durará sete anos.

Que necessidade haveria de usar essas armas como combustível num cenário
pós-milenal, no qual a Nova Jerusalém descerá do céu, e a cidade não precisará
de sol nem lua, tal a grandeza da glória de Deus e da presença do Cordeiro?
(Apocalipse 21:23).

Entendemos que não se pode confundir a atuação desses dois Gog com a do
anticristo, o qual não atacará Israel até a parte final da tribulação. Ou seja, as
armas do exército do anticristo não poderiam ser queimadas por sete anos.

Também, o anticristo não pode ser relacionado a nenhum rei do extremo norte
e sim do ocidente, de acordo com as profecias de Daniel.

11] O PROPÓSITO DAS BOAS NOVAS

Jesus, pouco antes de ascender, deixou para a Igreja sua principal missão no
mundo: o anúncio das boas novas (Atos 1:8, Marcos 16:14-15).

O avanço da Igreja através do evangelismo tem como finalidade testemunhar


ao mundo o nome de Jesus (Mateus 24:14) e anunciar a todos a salvação
exclusiva em Cristo (Atos 4:12).

112
Muitos erram ao imaginar que o atual sistema maligno será derrotado em função
do crescimento da Igreja e de sua atuação evangelística, alcançando todos os
níveis de poder político e social.

As pessoas, através do novo nascimento, são transformadas em Cristo (João 3


1-16), porém o sistema será destruído completamente para possibilitar a
instauração do reino de Jesus (Apocalipse 19 e 20).

Ou seja, o propósito da pregação das boas novas não é o domínio atual no


terreno político e social, através da conversão total do planeta (Mateus 25:52,
João 18:36).

Sustentar o contrário é negar todas as profecias referentes aos últimos tempos,


as quais relatam um nível cada vez maior de iniquidade e maldade, inclusive de
apostasia (II Tessalonicenses 2:3, I Timóteo 4:1-5, II Timóteo 3:1-9).

O próprio Jesus nos revela esse princípio: "E surgirão muitos falsos profetas, e
enganarão a muitos. E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos
esfriará. Mas aquele que perseverar até o fim será salvo" (Mateus 24:11-13).

É necessário que o sistema humano corrompido pelo mal seja destruído para
que o reino do Altíssimo seja instaurado de forma concreta e visível na Terra e
para que nós reinemos com Jesus. Existe um tempo determinado para que os
santos possuam o reino (Daniel 7:22).

A pregação do evangelho visa anunciar o arrependimento e crença nas boas


novas de salvação pessoal através de Cristo (Marcos 1:15), anunciar a
supremacia do Pai sobre tudo e todos (João 12:28, João 18:36), revelar a
proximidade da concretização do reino divino e a destruição do sistema satânico
(João 12:31, João 16:11) e o livramento do mundo das forças do pecado (Atos
26:18, Romanos 6:1-23).

Através da presença e atuação de seus servos na Terra, como embaixadores, o


reino do Pai já existe pela fé, porém a sua concretização só ocorrerá a partir da
volta de Jesus em glória, como Rei e Senhor do mundo.

O mundo, que atualmente jaz inteiramente no maligno, passará a ser dos santos
por herança, sob o domínio do Altíssimo (I Coríntios 15:23-26).

12] TESTEMUNHO PRIMITIVO

Há uma tendência nos escritos primitivos que nos levam à convicção de que os
primeiros líderes da Igreja tinham uma concepção nitidamente pré-milenista,
literalista, futurista e pós-tribulacionista.

113
Eles, em plena tribulação, esperavam a concretização de todos os sinais e a volta
do Mestre já em seus dias, para livrá-los da tribulação, derrotar o iniquo e
instaurar seu reino na Terra.

Quando as cartas apocalípticas começaram a ser divulgadas (a partir de 90 DC),


o Milênio profetizado na revelação mostrada a João foi, entre aqueles irmãos,
interpretado de forma literal.

A alegorização de certas promessas bíblicas começou a ganhar corpo no seio da


igreja primitiva somente a partir do século III, através dos escritos de Orígenes.
Posteriormente, essa tendência foi consolidada por Agostinho.

Não vemos razões para ter uma concepção diferente à de nossos primeiros
irmãos. Eles tiveram contato direto com os apóstolos e/ou seus sucessores
imediatos.

Aquilo que foi escrito por homens como Papias, Irineu, Justino, etc, reconhecidos
como lideranças, deve ser considerado com atenção.

É incongruente pensar que os apóstolos, que receberam a inspiração do Espírito


Santo para escrever os livros que usamos como base doutrinária, não tiveram o
discernimento suficiente para interpretar aquilo que estava escrito. Pelo
contrário!

Os irmãos primitivos possuíam informações escatológicas que nos hoje não


temos, transmitidas oralmente pelos apóstolos (II Tessalonicenses 2:5-6).
Então, se faz necessário saber qual era a concepção primitiva a respeito do
Milênio:

"...Ele diz que haverá um milênio depois da ressurreição dos mortos, com o reino
pessoal de Jesus o qual será estabelecido nesta Terra..." (Papias 70-155 DC,
citado por Eusebio, Hist. Eccl. III, 39)

"...E, além disso, um homem entre nós, de nome João, um dos Apóstolos de
Cristo, profetizou em uma revelação que lhe foi feita, de que aqueles que
confiassem em Cristo passariam mil anos em Jerusalém, e que depois viria a
ressurreição universal e eterna de todos, como também o juízo final..." (Justino
Mártir 110-165 DC, Diálogo com Tripo, Capítulo LXXXI)

"Então aparecerão os sinais da verdade: primeiro, o sinal da abertura no céu;


depois, o sinal do toque da trombeta; e, em terceiro, a ressurreição dos mortos.
Sim, a ressurreição, mas não de todos, conforme foi dito: "O Senhor virá e todos
os santos estarão com ele”. Então o mundo assistirá o Senhor chegando sobre
as nuvens do céu." (Didaquê, Capítulo XVI, 6-8).

114
XI] PÓS-TRIBULACIONISMO

A seguir, apresentaremos os principais fundamentos pós-tribulacionistas, para


sua análise e estudo. Praticamente, é um resumo deste livro. Mais do que seguir
um modelo escatológico, cremos que é necessário voltar aos princípios,
ensinamentos e crença da igreja dos primeiros séculos e opor-nos a tudo aquilo
que represente uma novidade em relação a tais princípios, ensinamentos e
crença.

1. O Salvador, em seu sermão profético, relaciona somente sua vinda após a


tribulação, não mencionando em nenhum momento um arrebatamento oculto
anterior ao momento da vinda em glória, mas um arrebatamento que faz parte
de sua gloriosa vinda, logo após a grande tribulação (Mateus 24:29-31, Marcos
13:24-27 e Lucas 21:25-27)

2. As Escrituras não nos revelam em nenhum lugar que a volta do Messias será
dividida em duas etapas: uma oculta, anterior à tribulação, e outra visível, após
a tribulação.

Pelo contrário, a Palavra determina apenas duas vindas. Uma já concretizada há


aproximadamente 2.000 anos e a outra ainda porvir (Hebreus 9:27-28)

3. Paulo nos revela que o arrebatamento ocorrerá ante a última trombeta ou ao


soar a última trombeta. O Mestre revelou que, por ocasião de sua vinda em
glória, logo após a grande tribulação, haverá toque de trombeta.

Portanto, nesse momento será tocada a última trombeta. Há uma estrita


submissão de Paulo ao que Jesus já havia ensinado (I Coríntios 15:52, Mateus
24:31)

4. A promessa feita aos discípulos pouco após a ascenção de Cristo, aponta para
seu regresso visível como Rei, pousando seus pés sobre o Monte das Oliveiras
para derrotar o anticristo.

Os discípulos, por ocasião da ascenção, estavam no Monte das Oliveiras e viram


o acontecimento. Os anjos lhes revelaram que da mesma forma que o Salvador
tinha subido, Ele voltaria. Ou seja, de forma visível e pousando seus pés sobre
o Monte das Oliveiras (Atos 1:11-12, Zacarias 14:3-4)

5. A Igreja primitiva não tinha qualquer ideia pré-tribulacionista. Os cristãos


primitivos esperavam a volta de Jesus já em seus dias, após cumprimento dos
sinais, para livrá-los da perseguição e tribulação em que viviam, e não para
evitar que eles entrassem num processo tribulacional. O conceito pré-
tribulacionista surgiu no século XIX, atrelada ao dispensacionalismo (II
Tessalonicenses 1:7-8)

115
6. Paulo descarta toda ideia de iminência anterior à concretização dos sinais
profetizados pelo Mestre.

Ele ensinou aos tessalonicenses que a vinda de Jesus e a nossa reunião com Ele,
não ocorreria antes da apostasia generalizada e da manifestação do anticristo,
mantendo a mesma ordem profetizada pelo Salvador no sermão profético (II
Tessalonicenses 2:1-3, Mateus 24:10-15)

7. O regresso do Messias será como "um ladrão na noite" para aqueles que não
a esperam e/ou não estão vigiando e atentos aos sinais (I Tessalonicenses 5:4,
Apocalipse 3:3)

8. O retorno de Cristo está relacionado na Bíblia ao Dia do Senhor, que será um


dia literal e não um período de sete anos.

Jesus mencionou a profecia de Joel 2:10 para especificar os sinais que


antecederiam imediatamente sua vinda gloriosa, relacionando a mesma ao Dia
do Senhor, através dos mesmos sinais: o sol e a lua escurecendo.

Joel nos revela que esses mesmos sinais antecederão o Dia do Senhor,
relacionando esse dia ao dia do regresso do Messias e não ao período
tribulacional de sete anos (Mateus 24:29, Joel 2:10, Isaias 13:10, Ezequiel 32:7-
10)

9. É nítida na Bíblia a presença de servos do Pai em meio à tribulação dos últimos


tempos. Não se trata de "ex-desviados", pois os cristãos da grande tribulação
guardam os mandamentos do Altíssimo e mantêm o testemunho de Jesus, algo
impossível sem a atuação do Espírito Santo.

Muitos desses servos do Pai, a exemplo dos cristãos primitivos, serão


martirizados e odiados "por todas as nações" (Apocalipse 12:17, Apocalipse 6:9-
11, Apocalipse 14:8-13, Mateus 24:9-12, Marcos 13:20, João 17:15, Daniel
7:25-27)

10. Desses cristãos, alguns serão protegidos de forma sobrenatural durante a


tribulação, a exemplo do que ocorreu com o povo de Israel no Egito durante as
pragas (Apocalipse 3:10, Apocalipse 12:14-16, Daniel 11:33-34, Mateus 24:22)

11. O chamado para "vigiar" (o termo vigiar vem de vigília = noite) e se manter
atento aos sinais e à santidade, se prolonga até o final da tribulação (Apocalipse
16:15)

12. Jesus, em sua primeira abordagem direta sobre sua volta, relaciona
diretamente o momento do arrebatamento à sua vinda gloriosa e à derrota dos
exércitos do anticristo no Armagedom.

Isso fica patente ao comparar Lucas 17:28-37 com Apocalipse 19:11-21


(presença de destruição, cadáveres e aves de rapina)

116
13. O objetivo da tribulação não é o extermínio da raça humana nem a
destruição total do planeta. O Mestre compara sua vinda aos dias de Noé no que
concerne ao descaso das pessoas diante das profecias e à malignidade das duas
épocas em questão.

Porém, os acontecimentos são diferentes: No dilúvio, o propósito era destruir


todo ser vivo, exceto Noé, família e os animais na arca.

No regresso do Salvador, a destruição virá sobre o sistema maligno no qual o


mundo jaz e sobre aqueles que se prostram diante de tal sistema (I João 5:19,
I Coríntios 15:23-25, Gênesis 6:7, Gênesis 8:21-22)

14. Após a grande tribulação haverá sobreviventes, inclusive das nações que
marcharão contra Jerusalém no Armagedom (Zacarias 14:16)

15. Não existe base bíblica para separar a igreja da Israel espiritual. Apesar de
existirem castigos e promessas específicas para a nação israelense, não se
justifica presumir por isso um arrebatamento pré-tribulacional.

Nós somos o Israel do Altíssimo, filhos de Abraão, segundo a promessa (Efésios


2:14, Gálatas 3:29, Romanos 11:24:32)

16. Não existe legitimação para dividir a atuação de Deus em dispensações


separadas e excludentes. O que vemos na Bíblia é uma revelação progressiva
do plano do Pai para a humanidade.

O Eterno trata com todos ao mesmo tempo. Um exemplo disso é que Ele
continua atuando profeticamente com Israel em plena "era dos gentios".

17. Não existe base bíblica alguma para sustentar a volta de Jesus a qualquer
momento. O próprio Cristo se deteve para revelar todos os grandes sinais que
antecederiam sua volta.

Apenas Após o cumprimento de todos os sinais profetizados pelo Mestre é que


sua volta será "a qualquer momento". Paulo também nos revela dois grandes
sinais (Mateus 24:33, II Tessalonicenses 2:1-3).

Não se pode usar as epístolas paulinas para sustentar a volta de Jesus "a
qualquer momento", pois elas foram escritas para diversas igrejas até 66 d.C.,
ano em que Paulo morreu decapitado em Roma.

Naquele ano não havia se cumprido sequer o primeiro grande sinal profetizado
pelo Salvador: a destruição de Jerusalém, que só ocorreu em 70 d.C. Paulo e
nenhum dos apóstolos ensinaram um arrebatamento sem sinais prévios.

18. A salvação nos livra da ira do Altíssimo. Quando falamos em "ira" relacionada
à salvação espiritual, não é correto associar essa "ira" a um processo
tribulacional, onde os danos sofridos pelos filhos do Eterno são físicos.

117
O próprio autor do versículo em questão morreu decapitado dentro de um
processo de perseguição e tribulação.

A salvação que temos é espiritual e eterna, a qual nos torna isentos da ira eterna
do Altíssimo, porém não isentos de passar por tribulações (I Tessalonicenses
1:10, I Tessalonicenses 4:9)

19. Todos os termos neotestamentários usados para referir-se à vinda de Jesus,


nos dão a ideia de um evento visível, notável e não oculto: ephiphaneia
(aparecimento), apokalipsys (revelação) e parousia (vinda-manifestação)

20. A primeira ressurreição ocorrerá por ocasião da vinda de Cristo em glória,


no final da tribulação. Essa primeira ressurreição exclui uma ressurreição em
massa anterior a esse momento (Apocalipse 20:4-6)

21. Toda a revelação escatológica de Jesus, dos apóstolos e até do Apocalipse,


é direcionada à Igreja. Que objetivo haveria em revelar-nos esses pormenores
e instruir-nos a estarmos atentos aos sinais, se a Igreja não estivesse inserida
nesses acontecimentos?

22. As "bodas do Cordeiro" ocorrerão após a vinda do reino do Pai. O anúncio


dessas bodas é feito no final da tribulação (Apocalipse 19:7, Lucas 22:18 – Lucas
21:31)

23. Jesus nos insta a estarmos atentos aos sinais e a não sermos enganados em
meio à tribulação pelos sinais malignos dos "anticristos" e "falsos profetas"
(Marcos 24:4, Mateus 24:24, Lucas 12:54-59)

24. Jesus disse que "quem perseverar até o fim será salvo". O "fim" de sua
narrativa profética no sermão do Monte das Oliveiras é sua vinda em glória, logo
após a tribulação (Mateus 24:13, Mateus 24:6)

25. Jesus predisse que os seus servos seriam odiados por todas as nações e que
o evangelho seria pregado em testemunho a todas as nações.

Esses eventos ainda não aconteceram em sua plenitude e devem ocorrer durante
a tribulação com a perseguição institucionalizada contra a Igreja e a diáspora
decorrente dessa perseguição, produzindo um avivamento nunca antes visto e
possibilitando a pregação a todas as nações.

26. Se o pré-tribulacionismo estiver certo, aqueles que creem no encontro de


Cristo e Sua Igreja na volta gloriosa Dele e acreditam que passarão pelo período
da tribulação, mesmo assim, estão preparados pela fé e através do novo
nascimento para um suposto arrebatamento anterior à tribulação, caso ele
ocorresse.

118
Porém, se a posição pós-tribulacionista estiver certa, estaria a Igreja preparada
em todos os aspectos para enfrentar esses momentos de sofrimento físico e
social extremos?

Estão todos sendo ministrados para enfrentarem essa possibilidade? Estão todos
sendo ensinados a vigiarem em virtude do engano generalizado que se
aproxima?

Temos observado que a grande maioria dos cristãos, no tocante aos assuntos
escatológicos, não tem feito aquilo que os bereanos fizeram, ao ouvir a palavra
ministrada por Paulo.

Muitos têm aceitado a hipótese pré-tribulacionista como verdade absoluta, por


falta de interesse em estudar as profecias escatológicas, outros por falta de
entendimento, ao julgar esses assuntos muito complicados, o que na realidade
não é verdade.

A maioria das igrejas protestantes tem adotado o pré-tribulacionismo como base


doutrinária para entender os últimos acontecimentos. Isso se deve ao fato da
maior parte dessas igrejas ter surgido a partir de começos do século dezenove,
época em que começou a ser divulgado o pré-tribulacionismo por parte dos
irmãos de Plymouth - EEUU (1830).

Esse tipo de interpretação influenciou todas as igrejas do período, das quais as


atuais são herdeiras, sejam elas tradicionais, pentecostais ou neopentecostais.

Anterior a esse período (século XIX), não havia distinção entre arrebatamento e
segunda vinda em glória. O maior exemplo dessa posição é a Igreja primitiva.

Ao ler as cartas de Paulo, Pedro e João fica explícito que eles, como toda a Igreja
primitiva, esperavam a volta do Senhor já em seus dias, vivendo em pleno
processo tribulacional.

Essa vinda não seria para "evitar" que a Igreja entrasse num processo de
tribulação e sim para tirá-los da tribulação em que a Igreja vivia (II
Tessalonicenses 1:7-10).

Eles relacionavam essa tribulação e a perseguição desencadeada pelo Império


Romano à grande tribulação profetizada por Jesus e o imperador perseguidor ao
anticristo. A Igreja primitiva não esperava um arrebatamento anterior à
tribulação (até pelo fato de viverem em constante perseguição e tribulação).

Eles esperavam a vinda poderosa de Cristo, para arrebatá-los, derrotar o


anticristo (para eles o imperador romano) e instaurar o reino milenar. Diante
disso, podemos assegurar que a igreja primitiva não era pré-tribulacionista!

A revelação escatológica neotestamentária, principalmente o Apocalipse, é


dirigida à Igreja. É claro que o povo judeu terá uma participação decisiva nos
últimos acontecimentos, porém a presença da Igreja nesse contexto, inclusive o
tribulacional, é inegável à luz da Palavra.
119
Por exemplo, em Mateus 24:22, Jesus disse que se os dias da grande tribulação
não fossem abreviados, ninguém se salvaria. Isso, cremos, se aplica à
preservação física de membros da Igreja no fim dos tempos, para permitir a
existência de sobreviventes e o cumprimento da promessa de transformação dos
que estiverem vivos.

Não entendemos que seja uma salvação a nível espiritual, pois a nossa salvação
espiritual independe dos danos físicos causados num processo tribulacional.

Os dias serão abreviados por causa dos escolhidos. Os pré-tribulacionistas


tendem a relacionar esses escolhidos ao povo judeu. No entanto, oito versículos
depois, Jesus continua a narrativa dizendo que os escolhidos serão ajuntados
desde os quatro ventos, de uma a outra extremidade dos céus (Mateus 24:30-
31).

Essa é uma descrição do arrebatamento, que, de acordo com próprio Mestre,


acontecerá ao mesmo tempo da sua segunda vinda em glória. Note que os
escolhidos serão ajuntados (arrebatados).

Portanto, quando Jesus menciona no versículo 22 a palavra "escolhidos", não


está referindo-se a Israel como nação e sim à Igreja, pois esses mesmos
escolhidos são arrebatados no versículo 31, sendo o arrebatamento uma
promessa específica para a Igreja e não para Israel.

Em Daniel e também no Apocalipse, fica claro que o anticristo fará guerra contra
os santos e matará a muitos, principalmente após a instauração a nível mundial
da marca da besta (sistema de controle político-financeiro).

Outra vez, não devemos confundir esse ataque aos santos, com o povo de Israel,
pois Israel só será atacado frontalmente pelo anticristo no final da tribulação,
quando reunir os exércitos da terra contra a terra santa no Armagedom.

Inclusive, a Bíblia afirma em Apocalipse 20:4-6 que os cristãos martirizados


(assassinados pelo anticristo) por não aceitarem a nova ordem mundial (a marca
da besta), ressuscitarão na primeira ressurreição, excluindo categoricamente
uma ressurreição em massa antes da tribulação, como é defendida pelos pré-
tribulacionistas.

O pré-tribulacionismo chega à divisão da segunda vinda de Cristo em duas


estapas por meio de uma série de deduções indiretas e suposições. Uma análise
direta e desprovida de todo tipo de preconceito vai deixar claro, para qualquer
pessoa interessada na verdade escatológica, que o arrebatamento da Igreja
acontecerá ao mesmo tempo da volta de Jesus com poder e grande glória.

O amor de Cristo pela Igreja não a torna isenta de viver tribulações. Se assim
fosse, então nossos irmãos primitivos, que foram perseguidos, torturados e

120
martirizados, entre os quais líderes do porte de Pedro, Paulo, João, Tiago,
Estevão, Policarpo e tantos outros, não estariam debaixo do amor de Cristo!

O próprio Mestre disse: "O servo não é maior que o seu senhor". Se o Salvador
foi perseguido pelo sistema político e religioso da época, e sofreu dores em seu
próprio corpo, por que nós estaríamos isentos?

A Igreja atual está mais preocupada em não passar pela tribulação para manter
a sua integridade física e social ou em anunciar o evangelho e não negar o nome
do Mestre, mesmo que isso signifique dano físico ou morte em meio à mais
ferrenha perseguição e tribulação?

Cremos que a visão pós-tribulacionista deve ser levada em consideração e


aplicada ao processo de fortalecimento espiritual do cristão nesses últimos dias.

Pelo simples fato de preparar-se diariamente, tanto no aspecto psicológico


quanto espiritual, para viver um período de perseguição e tribulação nunca visto
anteriormente, o pós-tribulacionista, se for coerente com aquilo que crê, deve
preparar-se como um guerreiro para o que der e vier.

Está preparado até mesmo para ser arrebatado antes da tribulação, se a


hipótese pré-tribulacionista estiver certa. O contrário, porém, não pode ser
verificado entre os pré-tribulacionistas. Quantos cristãos nos dias atuais estão
preparados para morrer pelo evangelho?

Quantos cristãos estão preparados espiritualmente para serem perseguidos de


forma implacável pelo sistema político e religioso? Quantos abririam mão, da
noite para o dia, de tudo o que construíram neste mundo?

Os líderes estão ministrando às igrejas essa preparação espiritual de guerra ou


estão estimulando os liderados a viverem de acordo com estereótipos de sucesso
seculares, esperando que as coisas "melhorem" através de soluções humanas?

Os cristãos modernos estão buscando a implantação do reino do Pai ou estão


indo atrás das coisas que o próprio Jesus disse seriam acrescentadas
automaticamente a quem buscasse primeiro o reino? Nisso radica o verdadeiro
perigo.

Acreditamos que muitos só acordarão para a realidade tribulacional quando for


muito tarde (pelo simples fato de não ter acontecido o arrebatamento anterior
a tribulação, como é esperado pela maioria).

Para essas pessoas, devido à falta de preparação e ao seu grau de


comprometimento com a vida secular e os seus padrões de sucesso, será
extremamente difícil optar pela exclusão e perseguição.

Em vez disso escolherão o bem-estar social proposto pela besta através da


marca. Alguns estão tão envolvidos com o processo político e social, que
simplesmente não perceberão o surgimento do anticristo e a aplicação de seu
plano a nível mundial...
121
Aqui vale ressaltar que o anticristo, um enganador, não surgirá como um vilão
e sim como um herói e líder carismático, levando-o a ser apoiado em seus planos
aparentemente infalíveis, pacificadores e humanitários, até mesmo por
lideranças que se dizem cristãs, pois o mesmo terá um enorme poder de
convencimento e sedução.

Outros, apesar de terem acreditado na posição pré-tribulacionista, entenderão


já estar vivendo a realidade tribulacional, e terão reservas espirituais (azeite)
para enfrentar esses momentos difíceis, o que se encaixa perfeitamente na
parábola das dez virgens, onde todas cochilam e dormem, por causa da demora
do noivo, e em determinado momento despertam para a realidade.

Somente a metade tinha combustível necessário para que as suas lâmpadas


brilhassem em meio à escuridão (tribulação). A perseguição sobre a Igreja será
implacável, e devido a isso muitos desfalecerão ou até mesmo renunciarão ao
nome de Cristo, só para manterem sua integridade física e social.

Será um momento de prova final, onde saberemos quem verdadeiramente tem


compromisso com o Pai e quem está na Igreja hoje interessado somente no que
o Criador pode dar em troca. Jesus deixou uma pergunta emblemática antes de
partir: Quando porém vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra?

122
XII] A GRANDE MENTIRA

Para que a população mundial aceite e se identifique com o anticristo e o seu


governo, é necessário que o mesmo surja concretizando antigos sonhos da
humanidade e seja alicerçado e legitimado através de argumentos e sinais que
façam até mesmo os mais céticos e intelectuais acreditarem cegamente em seu
engano.

Como já comentamos neste site, uma gigantesca onda de conscientização


mundial e condicionamento mental já está ocorrendo. De acordo com I João
5:19, o mundo jaz inteiramente no maligno. O sistema e grande parte da mídia
estão comprometidos com Satanás e os seus planos, quer saibam ou não.

Existe em andamento uma grande conspiração ocultista e maligna, denominada


na Bíblia como "mistério da iniquidade", que visa a instauração de uma nova
ordem mundial com o intuito exclusivo de promover a adoração em massa a
Satanás e seu representante, o anticristo. O objetivo central do acusador desde
a sua queda é ser adorado como deus (Ezequiel 28:1-19).

Filmes, livros, músicas, presidentes, artistas, organizações internacionais,


ONGS, e até mesmo denominações e religiões, cada um de sua forma e em suas
áreas de atuação, estão de forma paulatina concretizando a instalação plena do
sistema da besta profetizado em Apocalipse 13:1-18.

Porém, para que ocorra o que foi profetizado por Jesus em Mateus 24: 24-25,
algo realmente grande, surpreendente, concreto e assustador deve acontecer
pouco antes da revelação do filho da perdição, para que a grande maioria seja
convencida e aceite a manifestação do anticristo.

A população mundial reconhecerá o anticristo como um ser "iluminado": "...e


toda a terra se maravilhou após a besta" [Apocalipse 13:3 parte b]. De acordo
com os versículos citados anteriormente, somente os escolhidos identificarão
esse grande engano mundial e serão perseguidos por isso:

"Porque surgirão falsos profetas e falsos messias, e farão tão grandes sinais e
prodígios que, se possível fora, enganariam até os escolhidos. Eis que eu vo-lo
tenho predito" (Mateus 24:24-25).

Também o apóstolo Paulo nos dá subsídios para identificar a grande mentira que
legitimará a manifestação do anticristo:

"... A esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo poder, e sinais
e prodígios de mentira, e com todo o engano da injustiça para os que perecem,
porque não receberam o amor da verdade para se salvarem. E por isso Deus
lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira" (II Tessalonicenses
2:9-11).
123
É interessante constatar nessas passagens e em muitas outras, o intuito divino
de revelar e avisar aos seus servos sobre essa grande onda de engano que
ocorrerá no final dos tempos. Isso nos mostra, mais uma vez, a presença da
Igreja durante esses acontecimentos.

Satanás, mestre do engano, quase nunca nega totalmente as verdades


determinadas pelo Pai, porém tenta sutilmente inocular seu engano venenoso
acompanhado de meias-verdades, com o propósito de ludibriar o maior número
de pessoas possível.

1] UM GRANDE SINAL

Jesus, em seu sermão profético contido em Mateus 24, começa sua revelação
com o seguinte aviso: "Acautelai-vos, que ninguém vos engane" [Mateus 24:4]

Como já vimos anteriormente, o propósito central do inimigo é enganar através


da mentira. É muito mais fácil confundir alguém imitando algo aceitável e
esperado, do que conseguir isso apresentando uma ideia assustadora e
desagradável.

Entendemos que assim devem surgir o anticristo e o falso profeta. Ambos se


manifestarão como seres iluminados e enviados pela divindade.

Fica patente, tomando como base os veementes avisos deixados pelo Senhor
Jesus, Paulo e outros apóstolos, que algo realmente sobrenatural e impactante
deva ocorrer, para convencer toda a humanidade, com exceção dos escolhidos,
que o anticristo e o falso profeta são realmente seres enviados pela divindade...

Nas últimas décadas, as pessoas têm sido condicionadas mentalmente através


da mídia sobre a possibilidade cada vez maior de existência de vida
extraterrestre. Ao mesmo tempo, cresce no mundo o clamor por uma liderança
forte e carismática que resolva os problemas mais profundos.

Há, inclusive, uma ramificação da ufologia que acredita, como resultado de


supostos contatos, que a Terra está prestes a experimentar um novo ciclo de
desenvolvimento global, corroborando todas as expectativas místicas e
religiosas daqueles que pregam a chamada "Nova Era de Aquário".

Segundo esses "contatados", a qualquer momento, esses seres iluminados


vindos do espaço aparecerão trazendo a solução para a humanidade aflita. De
acordo com eles, esse processo virá acompanhado de grandes cataclismos e
mudanças cósmicas e orbitais do planeta, não com o objetivo de julgamento,
como nos revelam as Escrituras, e sim para "purificar" o planeta e deixá-lo apto
a participar de uma nova era.

124
É indispensável que estejamos alertas. Lembramos mais uma vez as Palavras
do Mestre: "Acautelai-vos, que ninguém vos engane"...

Outra vertente que não podemos desconsiderar está relacionada a alguns filmes.
Grandes produções cinematográficas têm presentado a milhões ou bilhões de
pessoas a possibilidade dessa manifestação extraterrena, gerando um contínuo
processo de condicionamento global.

Essas são apenas cogitações do que poderá acontecer em função do nível de


engano que sobrevirá em todo o mundo. O que temos certeza é que ocorrerão
fenômenos nunca antes vistos, que enganarão até mesmo os mais céticos,
fazendo com que se prostrem diante da besta e da sua imagem.

Enquanto mais cientes estivermos do que está ocorrendo, mais condições


teremos de ajudar e alertar outras pessoas. Cabe a nós, os escolhidos, vigiarmos
e estarmos alerta contra as astutas ciladas de Satanás. Esse é o nosso dever...

2] A PROTEÇÃO

É claro que, tanto o falso profeta quanto o anticristo, tentarão explicar à


população mundial a maneira sobrenatural como parte dos cristãos serão
protegidos em meio à tribulação.

As Escrituras revelam o translado sobrenatural de parte da Igreja a um local


desértico [Apocalipse 12:14-16]. Tal proteção sobrenatural aos servos do Pai
durante a grande tribulação, não pode ser confundida com o arrebatamento, que
será para a totalidade da Igreja, tanto os vivos quanto os mortos de todos os
tempos e que ocorrerá logo após a grande tribulação, durante a volta de Cristo
em glória.

As profecias mostram até mesmo a derrota sobrenatural das forças enviadas


pelo inimigo para aniquilar esse grupo de cristãos protegidos [Apocalipse 12:16].
Após esse incidente, a fúria da besta fica acirrada e começa a perseguição
impiedosa contra os membros da Igreja que permanecerão no sistema para
testemunhar (Apocalipse 12:17).

Note que, de acordo com o Senhor Jesus, os sinais da besta não serão feitos
para justificar um suposto arrebatamento pré-tribulacional de milhões de
cristãos, e sim para enganar a população mundial, com o objetivo de tornar o
anticristo aceito e adorado como uma deidade.

Jesus, ao determinar a impossibilidade dos escolhidos serem enganados nesse


período, deixa implícita, mais uma vez, a presença da Igreja na tribulação,
vivendo esses dias difíceis que virão.

125
De acordo com II Tessalonicenses 2:9-11, os ímpios acreditarão piamente na
mentira e simulacro satânicos de "redenção" da humanidade:

"...A esse iníquo cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo poder, e
sinais e prodígios de mentira, e com todo o engano da injustiça para os que
perecem, porque não receberam o amor da verdade para se salvarem. Por isso
Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira".

Queremos deixar claro que a legitimação ou manifestação plena do anticristo,


sendo apresentado como tal à humanidade por "seres extraterrestres" e até
mesmo o possível aparecimento de óvnis, tudo isso encaixado dentro de um
grande simulacro satânico, é apenas uma cogitação do que poderá ocorrer em
termos de engano e mentira na tribulação.

O que sabemos, com toda certeza, é que coisas espantosas e assombrosas


ocorrerão por ocasião da manifestação plena do anticristo, o que deve acontecer
depois da sua aparição política. Será o maior de todos os enganos que a
humanidade já presenciou.

Cabe a nós ficarmos atentos e vigiar, termo constantemente usado pelo Mestre
para Sua Igreja, em especial quando Ele se refere aos eventos dos últimos
tempos.

3] HORA DE VIGIAR

Diante de todo esse cenário maligno, que já começa a ser concretizado, e no


qual, de acordo com tudo o que temos mostrado neste site, estaremos inseridos,
cabe a pergunta: estão todos os cristãos preparados para não caírem no engano
satânico a nível mundial? Estão sendo os cristãos ministrados e treinados para
identificarem esses futuros sinais malignos e sorrateiros da besta?

Jesus começou o sermão profético com a seguinte advertência: "Ninguém vos


engane" (Mateus 24:4). Ele sabia que nos últimos tempos haveria um grande
simulacro de redenção global através de um messias impostor e que, se possível
fosse, enganaria até os escolhidos.

Fica aqui o nosso alerta, baseados no ministério de atalaia, expresso em Ezequiel


33:1-9. Não é mais tempo de querer viver de acordo com os padrões deste
mundo, pois os mesmos encontram-se totalmente comprometidos e envolvidos
com o estabelecimento da nova ordem mundial, que será a base de sustentação
do anticristo.

Não é mais tempo de se considerar um "super-crente", intocável, acima de


qualquer acontecimento ou processo tribulacional. Quando Paulo escreveu
"posso todas as coisas naquele que me fortalece", não o fez no sentido de ser
um super-herói intocável.
126
Se lermos os versículos anteriores, veremos que ele estava referindo-se à
capacidade que o cristão tem, em Cristo Jesus, de passar e suportar todas as
situações, sejam elas boas ou ruins (Filipenses 4:10-13).

Ao mesmo tempo em que devemos estar preparados para receber curas, bens,
prosperidade e bênçãos do Pai, devemos estar preparados para sofrer
perseguições e tribulações por causa do testemunho de Cristo (Mateus 5:10).

Essa é a nossa visão e esperança para os dias atuais e os que virão. Poderemos
passar por todas as coisas, pois Deus nos fortalecerá em meio a elas, até mesmo
na grande tribulação.

Nossa esperança não deve estar neste mundo nem em seu sistema político.
Nossa esperança deve estar na vinda de Jesus em glória, para arrebatar a Igreja,
destruir o anticristo e o seu sistema, e instaurar o Seu reino.

Chega de seguir falsos líderes que prometem um paraíso imediato para quem
quiser. Não foi esse o ensinamento deixado pelo Mestre (Mateus 28:20).

Chega de absorver ensinamentos parciais da Bíblia, fabricar teologias com base


em versículos retirados do seu contexto geral e não estudar a mensagem total
da Bíblia, que nos mostra o plano do Pai para a humanidade através dos séculos.
Paulo alerta em sua segunda carta a Timóteo 4:3-4:

"Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão
nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias
concupiscências; e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fabulas".

Essa é uma revelação que Paulo teve do futuro, que corresponde a nosso atual
presente. O apóstolo descreve que, num determinado momento do futuro, o
evangelho seria "pesado" demais para ser seguido e não seria suportado em sua
essência, ocasionando o desvio da verdade e a crença em "fábulas".

Na primeira carta a Timóteo, Paulo tinha abordado o mesmo tema, deixando um


aviso mais específico e direto:

"Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns
da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios" (I
Timóteo 4:1).

Se você não deseja ser enganado pelo futuro sistema do anticristo nem pela
base religiosa que lhe dará sustentação, é hora de viver os ensinamentos de
Cristo (João 6:68), exercitar a doutrina dos apóstolos (Atos 2:42) e examinar as
Escrituras constantemente (Mateus 22:29). Nossa esperança não deve estar nas
coisas aparentes e sim naquelas que não são aparentes.

127
O mundo jaz inteiramente no maligno (I João 5:19). Portanto, viver procurando
estar cada vez mais inserido nesse sistema, desfrutando de tudo o que ele pode
oferecer e não anelar de todo coração a vinda de Jesus e o seu reino, é um
grande perigo.

Esses cristãos correrão o alto risco de serem sorrateiramente enganados pela


grande mentira do anticristo. Nossa esperança para a solução definitiva dos
problemas mundiais é a volta de Jesus e a instauração do Seu reino.

É preciso ter muito cuidado com líderes que só ministram um evangelho voltado
para o dia a dia e as necessidades corriqueiras, apresentando apenas promessas
agradáveis aos ouvidos, e se esquecem de ensinar a respeito das perseguições
e tribulações que esperam a Igreja antes de seu encontro com o Senhor.

Nossa bem-aventurada esperança é a concretização do reino do Altíssimo sobre


a Terra, através da volta de Jesus em glória! (Tito 2:13).

4] PROGRESSÃO ARITMÉTICA

Alguns duvidam do fato das profecias concernentes aos últimos tempos estarem
prestes a se cumprir. É claro que durante toda a história, muitos se levantaram
para determinar o fim dos tempos já em seus dias, o que obviamente não
ocorreu...

Nos tempos de Paulo, surgiu um movimento na cidade de Tessalônica, o qual


afirmava que Jesus voltaria a qualquer momento para arrebatar a sua Igreja.

O apóstolo, ao saber desse engano, corrige imediatamente essas pessoas em II


Tessalonicenses 2:1-4 e deixa claro que a vinda de Jesus e a nossa reunião com
Ele (arrebatamento), não se darão antes da concretização de certos sinais
(apostasia e manifestação espiritual do anticristo).

Desta forma, o apóstolo Paulo nos deixa uma chave para poder entender melhor
os eventos dos últimos tempos e poder afirmar se estamos ou não vivendo esses
momentos.

Referente ao tempo do fim, Daniel escreve: "Muitos serão purificados, e


embranquecidos, e provados; mas os ímpios procederão ímpiamente, e nenhum
dos ímpios entenderá, mas os sábios entenderão" (Daniel 12:10).

Quando chegarem esses tempos finais, os sábios entenderão. Para aqueles que
duvidam da concretização das profecias para o fim dos tempos em breve,
devemos fazer algumas considerações:

128
Em Daniel 12:4, fica expresso que nos últimos tempos a ciência se multiplicaria.
Se analisarmos matematicamente, multiplicar não expressa somente um
simples crescimento, mas um crescimento aritmético.

É muito simples: se multiplicarmos 2x2, teremos como resultado 4. Se


continuarmos multiplicando, no decorrer de apenas 5 multiplicações sucessivas,
teremos 64! Não foi apenas um crescimento ou soma, mas uma multiplicação
ou progressão exponencial. Isso também se aplica à iniquidade.

Em Mateus 24:12, Jesus nos diz que a iniquidade se multiplicaria. Se já vivemos


num mundo cheio de malignidades e no qual já existe um clima apropriado para
o aparecimento do anticristo, tanto no aspecto religioso como no âmbito político,
e se a iniquidade se multiplica aritmeticamente, podemos chegar à conclusão
que já estamos às portas dos acontecimentos finais.

Nessa passagem, existe uma informação importante para entender melhor a


permanência da Igreja no período tribulacional. Jesus diz que, por se multiplicar
a iniquidade, o amor de muitos esfriará. Logo após essa profecia, Jesus descreve
a abominação da desolação.

Essa sequência (esfriamento espiritual-abominação da desolação) está


intimamente de acordo com o exposto por Paulo em II Tessalonicenses 2:1-3,
no qual o apóstolo deixa claro que a vinda de Jesus e a nossa reunião com Ele,
não ocorreria antes da apostasia (afastamento da fé ou esfriamento espiritual)
e da manifestação do anticristo (abominação da desolação).

Isso relaciona a manifestação do anticristo como tal a uma atitude de desvio da


fé de grupos denominados "cristãos".

Também é interessante notar que, quando Jesus fala de esfriamento espiritual,


está referindo-se a um grupo de pessoas que já viveu o amor de Cristo e que
deixou esse amor esfriar, o que não podemos relacionar com a nação israelense,
que nunca reconheceu Jesus como Messias e que, pelo contrário, começará a
amar a Jesus e a reconhecê-lo como Messias a partir dos eventos tribulacionais.

O conceito de multiplicação também se aplica às mudanças geopolíticas. Basta


olhar um pouco para o passado recente e compreender o que estamos falando.
Há apenas alguns anos, a realidade geopolítica e tecnológica era muito diferente
da que temos hoje.

Em 1988, o mundo ainda vivia os efeitos da Guerra Fria e estava dividido em


dois grandes blocos (capitalista e socialista). A questão palestina apenas
começava a ser negociada. A Europa não estava unida nem tinha uma moeda
única.

A palavra "globalização" não fazia parte do nosso dicionário cotidiano. Não


tínhamos acesso a coisas que hoje são corriqueiras como internet, celular,
biometria, transações financeiras digitais, rastreamento via satélite, e outros

129
sistemas tecnológicos, que, provavelmente, poderão ser utilizados pelo sistema
da besta para implementar seu controle sobre a população mundial.

Tudo isso aconteceu em apenas poucas décadas! Se seguirmos o princípio da


multiplicação, veremos uma rápida sucessão de acontecimentos assombrosos
que, muito provavelmente, desencadearão o tempo do fim e o período
tribulacional, que antecederão a volta de Jesus e o arrebatamento da Igreja.

É importante estar atento aos sinais concretos existentes na Palavra, pois os


mesmos foram revelados para nossa edificação e ajuda.

É interessante constatar que, por ocasião do nascimento de Jesus, nenhum dos


doutores da lei, que estavam acostumados a ler e interpretar as Escrituras
diariamente, percebeu um sinal visível da vinda do Messias: a estrela.

Foi necessário que astrônomos vindos do oriente percebessem a literalidade da


profecia contida no livro de Números e a associassem ao nascimento do Messias
prometido.

Por essa razão, não devemos apenas metaforizar e alegorizar as revelações


escatológicas, mas sim estarmos atentos ao seu cumprimento literal e concreto,
pois, além dos fenômenos espirituais, muitos fenômenos físicos, astronômicos,
políticos, religiosos, sociais e tecnológicos ocorrerão antes da segunda vinda do
Messias.

A única forma de não ser enganado pelo futuro sistema maligno é através da
comunhão com o Pai e o direcionamento da Palavra. Jesus disse que o
desconhecimento das Escrituras e do poder de Deus gera o erro e o engano
(Mateus 22:29).

É muito perigoso querer viver apenas a base de milagres e sinais sobrenaturais,


pois o anticristo e o falso profeta também farão sinais, milagres e prodígios (II
Tessalonicenses 2:9).

130
XIII] ESCATOLOGIA PRIMITIVA

Ao estudar a postura que os irmãos primitivos tinham a respeito das questões


escatológicas, podemos perceber a diferença existente entre a visão deles e a
de muitos grupos cristãos atuais, principalmente no que se refere à noção de
arrebatamento, tribulação e reino de Deus.

Lendo os escritos dos primeiros líderes e, até mesmo, as epístolas de Paulo, João
e Pedro, vemos que o sermão profético proferido por Jesus no Monte das
Oliveiras dias antes de Sua crucificação, servia como base fundamental para a
compreensão escatológica dos irmãos primitivos.

Nesse contexto, é maravilhosa a sujeição de Paulo às revelações feitas pelo


Salvador em Seu sermão profético no Monte das Oliveiras.

Essa constatação levava à concepção de arrebatamento pós-tribulacional,


baseada nas palavras de Jesus (Mateus 24:29-31), contrariando a posição de
alguns, que sustentam haver uma diferença entre a escatologia de Paulo (para
os gentios) e a de Jesus (para os judeus).

No decorrer deste tópico, como também ocorreu em outros, mostraremos que


não há base bíblica alguma para separar os ensinamentos do Senhor e de Paulo,
no que se refere às promessas e acontecimentos dos últimos tempos.

A concepção escatológica da Igreja primitiva, logo após a morte dos apóstolos,


era o resultado direto do trabalho e do ensino desses homens escolhidos por
Jesus, os quais tinham frescas em suas memórias as Palavras inefáveis do
Mestre.

Nesse contexto, uma grande vantagem que os primeiros cristãos tinham em


relação a nós era a tradição oral. Os apóstolos não somente escreveram livros
do Novo Testamento (no formato de cartas ou epístolas), sob a inspiração do
Espírito Santo, mas, evidentemente, ensinavam e traziam palavras de
conhecimento também na forma oral, pregando as boas novas por todos os
lugares.

Sem dúvidas, nem todos os ensinamentos dos apóstolos estão contidos nos
livros neotestamentários. Um grande exemplo da importância do ensinamento
oral está na segunda carta aos tessalonicenses, onde Paulo escreve aos irmãos
em Tessalônica a respeito da razão que impedia a completa manifestação do
anticristo. Paulo escreveu:

131
"Não vos lembrais de que estas coisas eu vos dizia quando ainda estava
convosco? E agora vós sabeis o que o detém, para que a seu próprio tempo seja
manifestado" (II Tessalonicenses 2:5-6).

Vejam que na carta, Paulo não revela a verdadeira identidade daquilo ou de


quem detinha a manifestação do anticristo. Porém, uma coisa fica clara. Os
irmãos em Tessalônica ouviram de Paulo a identidade daquilo que detinha a
manifestação do anticristo e, consequentemente, sabiam do que se tratava,
informação à qual não temos acesso direto através da leitura da carta.

Em outras palavras, nossos queridos irmãos em Tessalônica possuíam um


conhecimento específico que hoje nós não temos!

Atualmente, há dezenas de explicações possíveis para entender o que Paulo


escreveu sobre "o que" e/ou "quem" detém a manifestação do anticristo.

Esse exemplo nos mostra a importância dos preciosos ensinamentos orais aos
quais os irmãos primitivos tinham acesso e nos leva a considerar com muita
atenção qual era a postura adotada por eles diante das profecias referentes aos
últimos tempos.

Algumas dessas instruções apostólicas pessoais são refletidas nos escritos dos
primeiros líderes da Igreja, aqueles que tiveram o privilégio de conhecer
pessoalmente os apóstolos ou receberam seus ensinamentos orais através de
pessoas que estiveram fisicamente com eles.

Entre os textos que abordaremos aqui, destacam-se os de Irineu e Hipólito.


Ambos abordam temas escatológicos com profundidade e eram pessoas que
tinham uma ligação direta com o apóstolo João, quem discipulou pessoalmente
vários líderes, entre eles Papias, Ignatius e Policarpo, o lembrado mártir.

Policarpo foi bispo (ancião) na cidade de Esmirna, sob a liderança de João, e


provavelmente a ele foi dirigida a carta apocalíptica à Igreja naquela cidade
(Apocalipse 2:8-11). Por sua vez, Policarpo discipulou Irineu, que se tornou
pouco depois bispo em Lyons (Gália).

Irineu compilou muitas tradições orais importantes, passadas por João a


Policarpo e a outros liderados. Irineu, em seu trabalho Contra Heresias-Livro V,
foi o primeiro escritor, pelo menos entre aqueles cujo trabalho têm chegado às
nossas mãos, a comentar as profecias a respeito dos últimos tempos com
profundidade.

Apesar de não terem valor canônico, tais comentários são fruto do contato direto
com os apóstolos e seus discípulos. O trabalho de Hipólito, que foi discípulo de
Irineu, também é valiosíssimo para perceber qual era a concepção escatológica
daqueles irmãos.

132
Em quantidade, os escritos de Hipólito são mais numerosos que os de Irineu,
porém vemos em todos eles uma linha em comum: são escritos feitos
obedecendo aos princípios bíblicos, contra as heresias que se levantaram desde
o alvorecer da Igreja e todos eles tinham a influência direta das palavras ouvidas
através da convivência com os apóstolos ou pessoas discipuladas por eles.

Ou seja, havia a clara intenção nos escritos de Irineu e de Hipólito, dentre outros,
de preservar a sã doutrina pregada por Jesus e ensinada pelos apóstolos.

Todos esses escritos apontam para uma concepção escatológica baseada na


revelação proferida por Jesus no sermão do Monte das Oliveiras, dias antes da
crucificação (Mateus 24 e 25, Marcos 13 e Lucas 21).

Nesse sermão do Mestre, fica clara a constatação de uma sequência de


acontecimentos que determina um arrebatamento logo após a grande tribulação
e atrelado à volta gloriosa de Jesus para instaurar Seu reino.

Essa realidade histórica refuta toda afirmação no sentido de "separar" a


revelação escatológica do sermão do Monte das Oliveiras e direcioná-lo somente
aos judeus, principalmente no que se refere ao arrebatamento (Mateus 24:29-
31).

Também, refuta toda tentativa moderna de separar a escatologia de Jesus e a


de Paulo, como se estivessem dirigidas a judeus e a gentios, respectivamente.

Através dos escritos de Irineu, Hipólito e Justino Mártir, entre outros, vemos a
clara constatação de que não havia no seio da Igreja primitiva essa separação
entre "escatologia judaica" e "escatologia eclesiástica".

Isso nunca fora ensinado pelos apóstolos, de forma escrita ou oral. Pelo
contrário, a Igreja primitiva aguardava a concretização dos sinais profetizados
por Cristo já em seus dias (manifestação do anticristo, grande tribulação,
arrebatamento, Dia do Senhor e volta gloriosa de Cristo).

Não há menção, tanto na Bíblia quanto nesses escritos dos líderes primitivos, a
nenhuma esperança de arrebatamento oculto e anterior à tribulação e sim
daquilo que tinha sido ensinado por Jesus: a reunião e arrebatamento dos
escolhidos por ocasião do aparecimento visível de seu sinal nos céus, logo após
a grande tribulação.

É óbvio que a posição escatológica dos primeiros líderes não era uniforme e igual
em todos os detalhes. Havia algumas controvérsias, principalmente no que se
referia à literalidade do Milênio.

A maior parte dos líderes primitivos entendia o Milênio como um período literal
de mil anos, durante os quais Cristo reinaria na Terra juntamente com os Seus
santos, após Sua volta gloriosa. Porém, alguns favoreciam uma interpretação
alegórica, espiritualizando o Milênio.

133
Esses últimos pertenciam basicamente às comunidades cristãs do norte da
África, tais como Clemente de Alexandria, Orígenes e Julius Africanus (todos eles
ligados à "Escola de Alexandria").

Por sua vez, Tertuliano de Cartago, sustentava que a semana setenta de Daniel
já havia sido cumprida. Mesmo assim, ele acreditava numa tribulação futura,
num anticristo pessoal e literal e na literalidade do Milênio.

Apesar dessas diferenças, quase todas referentes ao caráter do Milênio e da real


interpretação de Daniel 9:27, não havia nenhuma controvérsia relacionada ao
momento do arrebatamento e do encontro da Igreja com o Mestre.

Todos eles esperavam uma grande tribulação, um anticristo literal que


perseguiria a Igreja e uma única e indivisível volta do Mestre.

Não há nenhum relato ou documento anterior ao século quarto que aponte para
algum líder primitivo que tivesse, pelo menos, alguma leve noção de um
hipotético arrebatamento pré-tribulacional.

A seguir, colocaremos trechos das obras de alguns líderes primitivos, os quais


tiveram uma ligação direta com os apóstolos. Esses textos não possuem
nenhuma autoridade canônica nem são infalíveis, porém se mostram
historicamente úteis para que retratemos a real postura da Igreja primitiva
diante das profecias dos últimos tempos, especialmente no que se refere ao
arrebatamento.

Se você notar, todos eles nos mostram uma concepção pós-tribulacionista,


literalista e futurista para compreender as profecias bíblicas.

Todos esses escritos selecionados foram elaborados até o ano de 325 d.C., desde
os dias imediatamente posteriores à morte dos apóstolos até os dias do Concílio
de Nicéia, marco a partir do qual algumas heresias deixaram de ser combatidas,
como tinham sido nos três primeiros séculos, e começaram a ser absorvidas pela
Igreja sediada em Roma.

1] IMINÊNCIA / EXPECTATIVA

Como já vimos no tópico IMINÊNCIA, uma das principais bases do pré-


tribulacionismo é a ideia de que Jesus voltará a qualquer momento e que
nenhuma profecia precisa necessariamente se cumprir antes desse fato.
Baseados nesse pensamento, muitos têm sustentado que a Igreja primitiva
acreditava na iminência da volta de Jesus. Isso não é verdade.

134
Não obstante a Igreja primitiva aguardar o cumprimento final das profecias já
em seus dias e, consequentemente, a volta do Mestre, fica claro, através dos
comentários dos primeiros líderes (sem mencionar a direção bíblica a esse
respeito em II Tessalonicenses 2:1-3), que eles aguardavam a concretização de
todos os sinais profetizados e que necessariamente deveriam se cumprir antes
da volta do Messias, pois a Palavra Dele não volta atrás.

Eles tinham uma ardente expectativa do regresso do Mestre, porém não


acreditavam que essa volta ocorreria de forma iminente, antes do cumprimento
dos sinais profetizados.

A seguir, exporemos um comentário de Irineu, bispo da Igreja em Lyon. Nesse


texto, Irineu estava analisando a postura de alguns irmãos, os quais, com base
nas revelações contidas no Apocalipse, estavam entusiasticamente tentando
decifrar o nome do anticristo e relacioná-lo com pessoas da época, baseados no
valor das letras gregas.

Naquela época havia alguns manuscritos e cópias do livro de Apocalipse que


davam como o número da besta 616 em vez de 666.

A expectativa daqueles que faziam esses cálculos, era de que o anticristo


aparecesse a qualquer momento e que, através dos cálculos, eles pudessem
associar o número a alguém contemporâneo.

Porém, eles estavam usando um manuscrito corrompido, com o número da besta


errado. No texto, Irineu deixa claro o erro do número no manuscrito usado por
aqueles irmãos e também revela que alguns sinais, incluindo a queda do Império
Romano e o surgimento subsequente dos dez reis (chifres), deveriam ocorrer
antes da manifestação do anticristo.

Fica evidente que Irineu não esperava que a volta do Mestre fosse "iminente"
para ele naquele momento.

TEXTO DE IRINEU (Extraído de Contra as Heresias, Livro V, XXX)

"Também um outro perigo, que não deixa de ter importância, surpreenderá


repentinamente aqueles que falsamente presumem que conhecem o nome do
anticristo. No caso dessas pessoas assumirem um (um número), e o anticristo
vier com outro, eles serão facilmente controlados por ele, já que não é o
esperado, a respeito do qual deveria haver cuidado. Essas pessoas, então,
deveriam aprender (tal qual realmente é o estado das coisas), a retroceder ou
voltar até o número verdadeiro do nome, para que não predigam nomes entre
os falsos profetas.

135
Porém, conhecendo o número exato declarado pela Escritura, que é o de 666,
devem esperar, em primeiro lugar, a divisão do reino em dez; logo, no momento
seguinte, quando esses reis estejam governando e começando a colocar seus
assuntos em ordem e a desenvolverem seus reinos (deixem que eles saibam),
para dar a conhecer aquele que virá reclamando o reino para si mesmo e
atemorizará aquelas pessoas de quem temos falado, tendo um nome que
consiste no número mencionado anteriormente, isso é realmente a abominação
da desolação...

Então é mais acertado e menos danoso esperar o cumprimento da profecia do


que ficar fazendo adivinhações ou predições acerca dos possíveis nomes que
este anticristo possa ter, já que se pode encontrar muitos nomes que possam
conter o número mencionado; e a mesma interrogação seguirá sem
resolução...Porém, agora ele indica o número do nome, para que quando este
homem venha possamos precaver-nos, estando alertas a respeito de quem ele
é.

Porém, quando este anticristo tenha devastado todas as coisas neste mundo,
ele reinará por 3 anos e 6 meses, e se sentará no templo de Jerusalém; e quando
o Senhor vier nas nuvens dos céus, na glória do Pai, enviará este homem e a
seus seguidores ao lago de fogo; restaurando os tempos de bem-estar e justiça
no reino, que é, o descanso, o sétimo dia sagrado; e restaurando a Abraão a
herança prometida, no reino que o Senhor declarou, no qual muitos virão do
este e do oeste e se sentarão com Abraão, Isaque e Jacó".

(Irineu viveu entre 120 e 202 d.C.)

2] PERSEGUIÇÃO / LIVRAMENTO FÍSICO

Os cristãos primitivos acreditavam unanimemente que o anticristo perseguiria a


Igreja. Isso originou nos irmãos primitivos uma clara consciência da perseguição
que haveriam de enfrentar.

Por essa razão, quando começou a perseguição por parte das autoridades
judaicas, logo no início da Igreja, e posteriormente, quando essa perseguição foi
incrementada pela atuação direta e oficial do Império Romano a partir de 64
d.C., nós podemos observar que tudo aquilo não pegou a Igreja de surpresa,
pois já existia a clara consciência de que os santos seriam perseguidos.

Os irmãos ainda tinham claramente na memória os sofrimentos do Salvador, a


aversão causada pelos Seus ensinamentos no seio dos líderes religiosos e
políticos da época. O Mestre já os havia prevenido com antecedência:

136
"Lembrai-vos da palavra que vos disse: Não é o servo maior do que o seu
Senhor. Se a mim me perseguiram, também vos perseguirão a vós; se
guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa" (João 15:20)

Já o apóstolo Pedro insta aos irmãos como deveriam receber a perseguição:

"Mas alegrai-vos no fato de serdes participantes das aflições de Cristo, para que
também na revelação da sua glória vos regozijeis e alegreis" (I Pedro 4:13)

Quando a perseguição do Império Romano começou oficialmente, em 64 d.C.,


muitos associaram, cronologicamente de forma errônea, o anticristo ao
imperador romano de plantão, entre eles Nero e Domiciano.

Apesar do erro cronológico, fica clara a concepção dos irmãos primitivos no que
se refere à perseguição desencadeada pelo anticristo e a inserção da Igreja
nesse período, mostrando, mais uma vez, a completa inexistência de qualquer
modelo que permitisse a exclusão da Igreja do período tribulacional. Isso fica
constatado nas afirmações de Justino Mártir.

TEXTO DE JUSTINO MÁRTIR (Extraído de Diálogo com Trypho, CX)

"Dois adventos de Cristo têm sido anunciados: um, no qual Ele veio como
sofredor, despido de sua glória, honra, e foi crucificado; mas a outra, na qual
Ele virá do céu com glória, quando o homem da apostasia, que fala coisas altivas
contra o Altíssimo, se arriscará a fazer leis fora da lei da terra contra nós os
cristãos...

Agora é evidente que ninguém pode atemorizar ou subjugar a nós que temos
crido em Jesus no mundo. Porque esse plano é que através da perseguição,
crucificados, e lançados às feras da terra, às chamas, e fogo, e todas as outras
formas de tortura...porém, enquanto mais essas coisas acontecem, mais outros
em grande número vêm à fé e glorificam o nome de Deus através do nome de
Jesus"

(Justino Mártir viveu entre 110 e 165 d.C.)

137
3] FUTURISMO / HISTORICISMO

Apesar de esperarem a concretização de todos os sinais que antecedem a vinda


de Jesus já em seus dias, nossos irmãos primitivos sabiam que os sinais
precisariam cumprir-se e isso poderia levar algum tempo.

Eles esperavam, antes da volta do Mestre, o ministério das duas testemunhas e


a profanação do templo pelo anticristo, por exemplo. Lembremos que o templo
foi destruído em 70 d.C., sendo necessário, portanto, sua reconstrução anterior
à volta do Senhor.

Também, como fica claro nos textos de Irineu, os irmãos primitivos deveriam
esperar a queda do Império Romano e o surgimento de dez reinos. Isso coloca
a concretização dos sinais proféticos para o futuro, como fica evidente no
sustentado por Hipólito.

TEXTO DE HIPÓLITO (Extraído de Tratado de Cristo e do anticristo, 27 e 28)

"Como essas coisas, então, estão no futuro, e como os dez dedos da imagem
são equivalentes (e muito) a democracias, e os dez chifres da quarta besta estão
distribuídos entre dez reinos, olhemos o tema com mais profundidade, e
consideremos estes assuntos à luz clara de uma posição pessoal.

A cabeça de ouro da imagem e o leão caracterizam os babilônios; o peito e


braços de prata, e o urso, representa os persas e medos; o ventre e as coxas
de bronze, e o leopardo, significa Grécia, que liderou desde os tempos de
Alexandre; as pernas de ferro e a besta assombrosa e terrível são uma
expressão dos romanos, os quais tem reinado até o presente; os dedos dos pés,
que são metade barro e metade ferro, e os dez chifres, são emblemas dos reinos
que ainda surgirão; o outro pequeno chifre que surge entre eles significa o
anticristo no meio deles; a pedra que esmaga a terra e traz julgamento sobre o
mundo foi Cristo"

(Hipólito viveu entre 170 e 236 d.C.)

4] EVOLUÇÃO TEOLÓGICA?

Diante da clara constatação de que os líderes primitivos não possuíam qualquer


ideia pré-tribulacionista, alguns autores têm sustentado que a razão pela qual
aqueles irmãos nem sequer cogitavam a possibilidade de um arrebatamento pré-

138
tribulacional, seria sua "imaturidade teológica", quando comparados às
modernas escolas.

De acordo com alguns autores, a Igreja primitiva não conseguiu enxergar o


verdadeiro lugar que a Igreja ocuparia no mundo e todas as consequências que
o cristianismo traria no decorrer dos séculos, ficando "limitada" em sua
concepção escatológica.

Essa linha de raciocínio defende implicitamente uma "evolução teológica"


através do tempo. Tal teoria sustenta que a Igreja se torna mais capaz de
entender as Escrituras e mais sofisticada teologicamente à medida que o tempo
transcorre.

Mas, será que essa é a postura mais correta? Será que a verdade se torna mais
verdade à medida que uma geração vai passando seus conhecimentos a outra?

Será que apenas o transcorrer do tempo pode trazer discernimento a respeito


das Escrituras? Será que os apóstolos não tinham uma teologia "sofisticada"
como muitas modernas escolas teológicas?

Será que os apóstolos transmitiram ensinamentos e ensinamentos revelações


que precisariam ser melhorados pelas gerações posteriores?

Não podemos esquecer que foram os apóstolos, líderes da Igreja primitiva, quem
escreveram, sob inspiração do Espírito do Criador, os livros que hoje usamos
como base doutrinária e reconhecemos como Palavra do Eterno.

Consequentemente, entendemos que qualquer conceito de "evolução teológica"


é completamente antibíblico, pois procura limitar humanamente a atuação
inspiradora do Espírito Santo, o que é um grave erro. A compreensão das
verdades bíblicas não depende do tempo cronológico e sim da atuação do
Espírito Santo na vida do cristão, independente de época.

O livro de Atos nos mostra que os irmãos perseveravam na doutrina dos


apóstolos (Atos 2:42). Paulo insta a Timóteo a conservar aquilo que ele tinha
lhe ensinado e a transmitir esses mesmos ensinamentos a homens fiéis, que,
por sua vez, ensinariam a outros a mesma mensagem e doutrina, numa
sucessão constante (II Timóteo 2:1-2).

O mesmo Paulo alerta aos líderes da Igreja em Éfeso a conservarem a sã


doutrina em função de futuras investidas de "lobos cruéis" (Atos 20:28-29). Por
sua vez, Judas nos insta a batalhar pela fé que “uma vez foi dada aos santos”.

Não se pode atribuir à Igreja primitiva um conhecimento incompleto da


sequência escatológica. Também não há nenhuma necessidade de "evoluções
teológicas". Basta voltar aos ensinamentos dos apóstolos...

139
Paulo, inspirado pelo Espírito Santo, nos revela que nos últimos tempos alguns
se levantariam contra a sã doutrina, ensinando coisas aparentemente
agradáveis aos ouvidos e lógicas para o raciocínio humano, mas separadas
completamente das verdades do evangelho, revelado por Jesus e ensinado pelos
apóstolos.

É óbvio que, desde os primeiros anos da Igreja, falsas doutrinas já começavam


a se manifestar. Porém, quando isso ocorria, a postura contrária da Igreja era
imediata.

Afinal, os primeiros líderes tiveram a influência direta dos apóstolos, os quais


priorizavam com zelo a preservação da sã doutrina, combatendo frontalmente
qualquer ensinamento herético, como fica claro nos escritos de Paulo, Pedro,
Judas, Tiago e João.

Os escritores da Igreja primitiva desferiram ataques diretos a qualquer "nova


doutrina" que estivesse sendo anunciada ou defendida em seus dias.

Os cinco livros de Irineu, sob o título Contra as Heresias, trazem um verdadeiro


catálogo de falsas doutrinas nos dias do escritor e mostram a maneira ferrenha
como essas doutrinas errôneas eram combatidas por ele.

Um dos principais argumentos de Irineu para combater esses novos


ensinamentos era que os mesmos não estavam ligados aos ensinamentos dos
apóstolos...

Esperamos de coração que a postura que a Igreja primitiva tinha a respeito das
questões escatológicas, possam levá-lo a uma postura de alinhamento com
aquilo que foi ensinado nos primeiros séculos da Igreja.

Cremos que todo ensinamento que vai além daquilo que foi ensinado por Jesus
e pregado pelos apóstolos deve ser rejeitado como base doutrinária.

140
XIV] O DIA DO SENHOR

Encontramos o termo "Dia do Senhor" muitas vezes na Palavra, sempre


relacionado a eventos escatológicos e decisivos para o cumprimento final do
plano do Criador para a humanidade.

O primeiro a citar tal termo foi o profeta Isaias, há aproximadamente 700 anos
A.C. Mas, o que significa "Dia do Senhor"? Diante desse questionamento, se
apresentam duas posições principais:

1. Alegorizar o termo "dia", fazendo com que o Dia do Senhor abranja o espaço
de tempo maior que um dia de 24 horas.

2. Tomar o termo "dia" num sentido literal, no qual o Dia do Senhor será
realmente um dia específico.

Sendo coerentes com a nossa concepção literalista das Escrituras, não vemos
razões suficientes para não considerar o Dia do Senhor como um dia literal de
24 horas ou o glorioso dia da vinda de Jesus.

Alguns tentam alegorizar o termo "Dia do Senhor" tomando como base a relação
feita por Paulo e também por Pedro entre o Dia do Senhor e a chegada abrupta
de um ladrão (I Tessalonicenses 5:2, II Pedro 3:10). Considerando essa
premissa, afirma-se que o Dia do Senhor começará de forma iminente e
inesperada.

Porém, analisando os contextos do que foi escrito pelos apóstolos, vemos que
tanto Paulo como Pedro associam o fato do Dia do Senhor ser comparado à
chegada de um ladrão, ao despreparo e incredulidade daqueles que não esperam
a vinda de Jesus e até mesmo zombam dessa possibilidade, sendo surpreendidos
diante dessa gloriosa vinda (I Tessalonicenses 5:4, II Pedro 3:3-5).

O Apocalipse mostra de forma contundente que, mesmo em meio à grande


tribulação, a maior parte da população mundial vai blasfemar do Eterno, fazendo
pouco caso de Sua Palavra (veja essa atitude em Apocalipse 9:20-21, Apocalipse
16:9 e 21).

Esse comportamento altivo e orgulhoso mudará diante dos sinais do Dia do


Senhor. O próprio Criador tinha revelado que o dia de sua gloriosa volta, logo
após a grande tribulação, causaria a lamentação das nações, num
comportamento totalmente diferente da presunção e altivez mostrados durante
a tribulação:

141
"E, logo depois da aflição daqueles dias, escurecerá o sol, e a lua não dará a sua
luz, e as estrelas cairão do céu, e as potências dos céus serão abaladas. Então
aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; e todas as tribos da terra se
lamentarão, e verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com
poder e grande glória" (Mateus 24:29-30).

Outro argumento constantemente usado pelo modelo pré-tribulacionista é que


o Dia do Senhor deve ser temido, pois trará graves consequências. Esse tipo de
ensinamento se baseia em passagens como a de Amós 5:18-20.

No entanto, esquece-se, seja por conveniência ou por desconhecimento, de


mostrar a Palavra como um todo. As Escrituras nos mostram as consequências
drásticas do Dia do Senhor sobre os ímpios, mostra que esse Dia trará cântico e
alegria para os justificados!

"Eis que o nome do SENHOR vem de longe, ardendo a sua ira, sendo pesada a
sua carga; os seus lábios estão cheios de indignação, e a sua língua é como um
fogo consumidor.

E a sua respiração como o ribeiro transbordante, que chega até ao pescoço, para
peneirar as nações com peneira de destruição, e um freio de fazer errar nas
queixadas dos povos.

Um cântico haverá entre vós, como na noite em que se celebra uma festa santa;
e alegria de coração, como a daquele que vai com flauta, para entrar no monte
do SENHOR, à Rocha de Israel" (Isaías 30:27-29)

Essa dupla consequência do Dia do Senhor é confirmada por Paulo, ao ensinar


aos irmãos em Tessalônica que a vinda do Senhor traria descanso da tribulação
para a Igreja e castigo de eterna perdição (não tribulação) para os ímpios:

"E a vós, que sois atribulados, descanso conosco, quando se manifestar o Senhor
Jesus desde o céu com os anjos do seu poder, como labareda de fogo, tomando
vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho
de nosso Senhor Jesus Cristo; Os quais, por castigo, padecerão eterna perdição,
ante a face do Senhor e a glória do seu poder, quando vier para ser glorificado
nos seus santos, e para se fazer admirável naquele dia em todos os que
crêem..." (II Tessalonicenses 1:7-10)

A seguir, daremos algumas razões bíblicas que mostram claramente que não se
pode atribuir o Dia do Senhor ao período tribulacional, como é defendido em
alguns modelos escatológicos, e sim a um dia específico e literal, o qual ocorrerá
imediatamente após a grande tribulação:

1] No texto de Apocalipse 6:12-17 é narrado que os homens, em determinado


momento, sofrerão um pavor repentino e tratarão de esconder-se diante de um
evento iminente: "O grande dia da sua ira" (v.17).

142
Note que os sinais que iniciam essa reação desesperada das pessoas no final da
tribulação, são os mesmos sinais descritos por Joel como anteriores ao Dia do
Senhor e por Jesus como imediatamente posteriores à tribulação e
imediatamente anteriores a sua gloriosa volta: O sol e a lua escurecendo, além
da grande comoção cósmica (Apocalipse 6:12 compare com Mateus 24:29-31).

Por outro lado, vemos que a maior parte das pessoas durante a tribulação se
maravilhará com a besta, seguindo-a e adorando-a, sendo mundialmente
enganados e manipulados (Apocalipse 13:3-4, 13:15, II Tessalonicenses 2:9-
11).

Consequentemente, o Dia do Senhor não parece de forma alguma estar


relacionado ao período tribulacional e sim ao dia glorioso da volta de nosso
Salvador.

O desespero daqueles que não estão preparados para a vinda de Jesus se dará
a partir da concretização de sinais que, de acordo com o Mestre, se darão logo
após a grande tribulação (Mateus 24:29, Apocalipse 6:12-17).

Como já vimos, durante a tribulação e o governo da besta, as pessoas, em sua


maioria, zombarão e blasfemarão do Pai e de Sua Palavra (Apocalipse 9:20,
Apocalipse 16:9). A grande e tardia lamentação só virá após os sinais do Dia do
Senhor (Mateus 24:30, Apocalipse 6:12-17).

2] As passagens de Joel 2:31-Atos 2:20 e Mateus 24:29-Marcos 13:24, nos


revelam os mesmos sinais cósmicos que marcam o final da tribulação e o começo
do Dia do Senhor. De acordo com esses versos, o Dia do Senhor e a tribulação
não são eventos paralelos e sim subsequentes: primeiro ocorre a tribulação e
depois ocorre o Dia do Senhor.

3] A primeira vez em que vemos o termo "Dia do Senhor" mencionado na Bíblia


é no capítulo 2 de Isaias. O profeta escreve que só o Senhor será exaltado nesse
dia.

Quando estudamos as profecias apocalípticas, notamos que o anticristo será


adorado como um deus... Consequentemente, o Dia do Senhor e a tribulação
não podem ser eventos paralelos (Isaias 2:11-12 x Apocalipse 13:12).

O anticristo não poderá ser adorado no Dia do Senhor, pois Isaias nos revela
que somente o Senhor será exaltado nesse dia! Também, todos os ídolos serão
abolidos no Dia do Senhor, o que não condiz com a realidade tribulacional, na
qual a imagem da besta e outros ídolos serão adorados pela população (Isaias
2:18, Apocalipse 9:20-21 e Apocalipse 13:15).

4] Zacarias 14:7 indica que o Dia do Senhor será um dia literal de 24 horas. O
texto hebraico diz literalmente: "esse dia será um" (veja também Isaias 10:17)

143
5] Por três vezes a frase "o Dia do Senhor vem" é usada no Antigo Testamento
(Isaias 13:9, Joel 2:1 e Zacarias 14:1). Nesses três casos, as passagens
começam a descrever imediatamente depois a batalha do Armagedom.

No Novo Testamento, é revelado que o Dia do Senhor virá como um ladrão à


noite (I Tessalonicenses 5:1-2 e II Pedro 3:10). Nesses dois últimos casos uma
destruição surpreendente e definitiva também ocorre imediatamente após a
concretização do Dia do Senhor.

6] Joel 3:9-17 descreve a reunião dos exércitos das nações contra Jerusalém
para a batalha do Armagedom, os sinais cósmicos (o sol e a lua escurecendo),
e a vinda do Senhor. Após a reunião dos exércitos, porém antes dos sinais
cósmicos, Joel escreve que o Dia do Senhor está perto.

Se formos coerentes com essa passagem, o Dia do Senhor começa após a


reunião dos exércitos para a batalha do Armagedom, que acontece no final da
tribulação, de acordo com Apocalipse 16:13-16.

7] De acordo com Apocalipse 16, os exércitos das nações serão reunidos de


forma maligna do final da tribulação para "a batalha do grande dia de Deus".

Fica claro que "o Dia de Deus" será logo após a tribulação. Pedro mostra
implicitamente que os termos "Dia de Deus" e "Dia do Senhor" são sinônimos
(II Pedro 3:10-12).

8] Em II Tessalonicenses 2:1-3 está escrito que o Dia do Senhor não virá antes
da apostasia e da revelação do filho da perdição.

O versículo 4 indica como ele será revelado, relacionando essa revelação a sua
presença no templo, no meio da tribulação (veja Mateus 24:15). Então, no
mínimo, o dia do Senhor não pode ocorrer antes da metade da tribulação.

9] De acordo com Malaquias 4:5, Elias o profeta virá antes do Dia do Senhor.
Há indícios para acreditar que Elias será uma das duas testemunhas.

Consequentemente, esse fato nos dá indícios para pensar que o Dia do Senhor
não pode começar antes da missão das duas testemunhas em plena tribulação.

10] Há muitos sinônimos para o "Dia do Senhor" no Novo Testamento. Nós


sabemos que no Dia do Senhor, Ele virá com poder, acompanhado de todos os
seus santos (Zacarias 14:1-6, Atos 1:9-12 e I Tessalonicenses 3:13).

Nós também sabemos que há várias combinações do nome de Jesus no Novo


Testamento: Jesus, Cristo, Jesus Cristo, Cristo Jesus, Senhor Jesus, Senhor
Jesus Cristo e Senhor. Então, todos os versículos que daremos a seguir falam de
um único evento: O glorioso dia em que Jesus virá em glória. Vejamos alguns
exemplos:

144
(Filipenses 1:10 - Dia de Cristo), (Filipenses 1:6 - Dia de Jesus Cristo), (I
Coríntios 1:8 - Dia do Senhor Jesus Cristo), (I Coríntios 5:5 - Dia do Senhor
Jesus), (I Tessalonicenses 5:2 - Dia do Senhor), (II Pedro 3:12 - Dia de Deus),
(Apocalipse 16:14 - Dia de Deus Todo-Poderoso).

Portanto, não há suficiente base bíblica para diferenciar o dia do Senhor usando
como argumento apenas o nome diferenciado dado ao Senhor em diferentes
passagens do Novo Testamento.

De acordo com esses princípios, cremos que o dia do Senhor ocorrerá logo após
a tribulação e será a manifestação poderosa de Cristo, vindo sobre as nuvens
como Rei e Senhor, para arrebatar aqueles que o esperam, derrotar os exércitos
do anticristo reunidos no Armagedom e instaurar o seu reino de paz sobre a
Terra.

145
XV] AS SETENTA SEMANAS

O Senhor, através da revelação dada ao profeta Daniel, nos mostra com detalhes
eventos que fizeram parte da história da humanidade e outros que ainda
ocorrerão.

Dentro desse conjunto de preciosas revelações divinas, as setenta semanas de


Daniel têm sido objeto de estudo e servido como um verdadeiro mapa, o qual
nos revela que caminhos estão reservados para nós no futuro, dentro do plano
perfeito de Deus.

O termo "semana", referindo-se a um período de sete anos, era comum entre


os judeus. Tal termo vem da ordem de Deus em Levítico 25:1-7 para cultivar
um campo durante seis anos, permitindo que o mesmo descansasse no sétimo
ano.

Esse período de sete anos ficou conhecido como "semana de anos". Portanto,
setenta semanas são 490 anos.

Nas profecias do livro de Daniel, esses 490 anos se subdividem em tres partes:
sete semanas de anos (49 anos), sessenta e duas semanas de anos (434 anos)
e uma semana de anos (7 anos).

O ponto de partida para o cálculo das setenta semanas é o decreto emitido pelo
rei medo-persa Artaxerxes em 14 de março de 445 AC, autorizando a
reconstrução de Jerusalém.

Neste ponto, convém deter-nos para argumentar porque cremos que as


semanas devem ser contadas a partir de 445 AC.

No ano 538 AC, o rei Ciro, após conquistar a Babilônia, expede um decreto a
favor do povo de Israel. Esse decreto de Ciro é destinado ao retorno dos judeus
à terra natal para reconstruir o Templo e restituir os utensílios sagrados
pertencentes a ele (Esdras 1:1-8, Esdras 5:13-14).

Anos depois, em 520 AC, em função de um pedido de ajuda provindo de


Jerusalém, Dario I, confirma a mesma ordem dada anteriormente por Ciro
(Esdras 6:1-13).

Mais de 70 anos depois, em 457 AC, o rei Artaxerxes I emite um decreto,


registrado em Esdras 7:11-23, objetivando ajudar no funcionamento do Templo
em Jerusalém.

Esse primeiro decreto de Artaxerxes foi dado pessoalmente a Esdras (Esdras


7:11). Todas essas ordens citadas até aqui se referem ao Templo e ao seu
funcionamento.

146
Por último, em 445 AC, o mesmo Artaxerxes I dá uma ordem a Neemias para a
reedificação da cidade de Jerusalém e de seus muros (Neemias 2:1-9).

É interessante notar que, até essa última ordem dada a Neemias, Jerusalém
ainda não havia sido reedificada e ainda estava em ruínas (Neemias 2:5).

Então, as 3 primeiras ordens foram expedidas por Ciro, Dario e Artaxerxes,


respectivamente, em relação ao Templo e ao funcionamento das cerimônias
relacionadas a ele. No entanto, a cidade só começou a ser plenamente
reedificada a partir do decreto dado a Neemias em 445 AC.

A profecia das setenta semanas se inicia "...Desde a saída da ordem para


restaurar, e para edificar a Jerusalém..." (Daniel 9:25). Logo, cremos que as
setenta semanas devem ser contadas a partir de 445 AC.

Então, entendemos que o primeiro período vai de 445 AC até 396 AC, tempo
que durou a reconstrução (49 anos). O segundo período perfaz 483, somando-
se os 49 anos das sete primeiras semanas e os 434 das sessenta e duas semanas
que antecederam a morte do Ungido (Jesus).

Esses dados, levando em consideração a dedução entre 1 AC e 1 DC, onde há


somente um ano, o ano lunar judeu, que tem apenas 360 dias, os anos bissextos
durante o período, que acrescentam mais 119 dias no cálculo e o desconto da
pequena diferença que existe entre o calendário juliano e o ano solar (1/128 de
diferença), nos revelam um número de 173.880 dias, entre a primeira e
sexagésima nona semanas.

1] AS SEMANAS JÁ CUMPRIDAS

De acordo com o que explicaremos depois, cremos que 69 das 70 semanas já


se cumpriram. A última semana, um período de sete anos, ainda se cumprirá e
esse período é denominado tribulação, do qual faz parte a grande tribulação, a
partir da metade da última semana e que durará três anos e meio.

O que é mais interessante perceber, quando analisamos as primeiras 69


semanas de Daniel, é que o profeta, divinamente inspirado, forneceu detalhes e
dados tão específicos que tornaram possível o conhecimento do tempo em que
Jesus nasceria e exerceria seu ministério na Terra...

Quando vemos a história do nascimento de Jesus, observamos que aqueles que


se apresentaram diante do recém-nascido e o reconheceram como Rei, não
foram líderes religiosos judeus, nem escribas, nem os sábios e doutores da lei,
que liam e estudavam as Escrituras constantemente.

147
Aqueles que perceberam a proximidade do nascimento do Messias e viajaram
milhares de quilômetros com o objetivo de visitar o Salvador do mundo, eram
estudiosos vindos do Oriente. Como isso pôde acontecer, já que os judeus
tinham um acesso direto e constante às Escrituras e os magos viviam a milhares
de quilômetros da terra prometida?

A resposta é simples: nos séculos que antecederam o nascimento de Jesus, até


mesmo por uma influência das ideias helenizantes, os líderes judeus começaram
a defender duas posições errôneas.

Em primeiro lugar, ensinavam que as Escrituras não deveriam ser interpretadas


literalmente, pois não eram totalmente inspiradas por Deus e,
consequentemente, continham erros.

Em segundo lugar, tendiam a espiritualizar as profecias expressas nas


Escrituras. Logo, as profecias de Daniel eram metaforizadas e a interpretação
de todos os dados literais do livro de Daniel foi, paulatinamente, sendo
desprezada.

Após várias décadas, essa interpretação ficou solidificada. Quando Jesus nasceu,
os líderes religiosos judeus não perceberam tão grande acontecimento, que
tinha sido profetizado profusamente nas Escrituras e que, de acordo com as
setenta semanas de Daniel, poderia ser calculado.

Esse cálculo foi feito pelos sábios do Oriente. É preciso lembrar que Daniel foi
considerado no Oriente (tanto na Babilônia, quanto na Pérsia) o maior de todos
os sábios.

Toda sorte de estudiosos, astrônomos e sábios do Oriente, tinha o maior respeito


por Daniel, pois ele, como instrumento do Senhor, salvou suas vidas de uma
morte iminente (Daniel 2:1-19).

Apesar desse enorme respeito, o mais provável é que esses sábios do Oriente
não tenham abandonado suas práticas pagãs e politeístas.

Contudo, a fama de Daniel, como grande sábio, ficou na memória e nos arquivos
do Oriente. Os magos que visitaram Jesus recém-nascido, sem dúvidas, ouviram
falar dos grandes feitos de Daniel na Babilônia e na Pérsia, e possuíam cópias
de suas revelações e profecias, entre elas a profecia das setenta semanas.

Quando a estrela apareceu no céu, eles sabiam que estava na época da profecia
se cumprir, já que possuíam a revelação concernente às setenta semanas e
sabiam aproximadamente o período em que o Messias haveria de nascer.

Todas essas constatações nos deixam uma importante lição: as profecias bíblicas
não podem ser totalmente metaforizadas nem os dados existentes nessas
profecias, principalmente anos, meses, dias e períodos, podem cair no terreno
da espiritualização ou alegorização.

148
Devido a uma visão semelhante, os líderes judeus da época do nascimento do
Messias não perceberam esse glorioso evento e, consequentemente, não
aceitaram Jesus como o Messias prometido.

Apesar de lerem as Escrituras, eles não conheceram o tempo de sua visitação.


Jesus, ao referir-se ao povo de Jerusalém, lamentou e disse:

"... Pois dias virão sobre ti, em que os teus inimigos te cercarão de trincheiras,
e te sitiarão, e te esteitarão de todos os lados; e te derrubarão, a ti e aos teus
filhos que dentro de ti estiverem, e não deixarão em ti pedra sobre pedra, pois
que não conheceste o tempo da tua visitação" (Lucas 19:43-44).

As profecias bíblicas expressam todo o cuidado de Deus em situar-nos dentro


dos acontecimentos. Para isso temos dados importantíssimos que não podemos
desprezar ou alegorizar.

Muitas das revelações contidas no livro de Daniel referem-se ao tempo do fim.


Devemos analisar os dados oferecidos nessas e outras profecias bíblicas de
forma literal e estarmos atentos a todos os acontecimentos internacionais, pois
na sequência deles poderemos observar o cumprimento real e literal das
profecias bíblicas!

2] A ÚLTIMA SEMANA

O DISPENSACIONALISMO TRADICIONAL baseia-se principalmente na revelação


das setenta semanas de Daniel para sustentar suas afirmações. Apesar de não
sermos dispensacionalistas tradicionais, concordamos com alguns postulados
desse modelo, no que se refere à interpretação de Daniel 9:24-26:

1. O período existente entre as semanas 69 e 70

2. O cumprimento total da última semana no fim desta era (volta de Jesus)

3. A identificação do "príncipe que há de vir" com o anticristo

4. A futura reconstrução do Templo em Jerusalém e sua profanação na metade


da última semana

No entanto, discordamos que o período compreendido entre as semanas 69 e


70 constituam unicamente "a era da Igreja". Analisemos a passagem em
questão:

"Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa
cidade, para cessar a transgressão, e para dar fim aos pecados, e para expiar a
iniquidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e para ungir o
Santíssimo" (Daniel 9:24)

149
O dispensacionalismo tradicional defende que o foco principal dessa profecia é
Israel (o povo de Daniel, os judeus). Logo, argumentam que a totalidade das
setenta semanas é concernente a Israel e Jerusalém.

Ao mesmo tempo, os dispensacionalistas tradicionais inferem que o período


entre a semana 69 e a semana 70, não se refere a Israel. Isso fortalece a idéia
de que Deus só tratou profeticamente com Israel até o término da semana 69
(crucificação de Cristo) e só voltará a atuar em relação a Israel na semana 70
(última semana).

O espaço existente entre as semanas 69 e 70, seria um vácuo ocupado


exclusivamente pela Igreja.

A partir do momento em que Deus estaria tratando especificamente com a Igreja


nesse período intermediário e voltaria a tratar com Israel só após o começo da
última semana (tribulação), isso implicaria num arrebatamento pré-
tribulacional, já que a Igreja não estaria profeticamente envolvida na última
semana.

Apesar de concordar que o foco principal da profecia em questão é o povo judeu


e também Jerusalém, nós não podemos concordar de forma alguma que Deus
deixou de tratar com Israel durante o período compreendido entre a 69ª e 70ª
semanas.

As evidências de que Deus continua tratando profeticamente com Israel são


notórias em nossa época... Se fôssemos levar em consideração somente o
contexto de Daniel 9:24-26, há duas profecias que se cumpriram sobre o povo
de Israel após a semana 69:

1. A crucificação de Cristo ocorreu 5 dias depois do término da semana 69

2. A destruição de Jerusalém ocorreu 37 anos após o término da semana 69

Lembremos que Daniel estava falando que a profecia era concernente ao "seu
povo" e à cidade de Jerusalém. Sem dúvidas, a destruição de Jerusalém e do
Templo em 70 d.C, está atrelada a Jerusalém e ao povo de Daniel. Jesus
confirmou essa realidade em Lucas 19:41-44.

Muitos dispensacionalistas tenderiam a concordar que o retorno dos judeus a


Israel e o renascimento da nação em 1948 é cumprimento de importantes
profecias bíblicas.

Consequentemente, não há base bíblica para afirmar que Deus não está tratando
com Israel no espaço compreendido entre as semanas 69 e 70.

Fica claro, também, que não há suficiente base para colocar a última semana
numa sequência imediata à de número 69, e associar a última semana, numa
visão preterista, ao ministério de Jesus durante sua primeira vinda, pois sua
crucificação ocorreu 5 dias após o término da semana 69 e o fim dos sacrifícios

150
profetizado por Daniel ocorre na metade da semana 70, ou seja, três anos e
meio após o começo da semana 70.

Outro fato interessante é que a profecia de Daniel 9:25 não indica que a atuação
de Deus com Israel está restrita a 70 semanas. Indica apenas que a profecia em
questão está determinada, abrangendo um tempo e acontecimentos específicos.
A palavra hebraica usada para "determinada" é chathak. Essa palavra traz a
ideia de divisão, determinação, decreto e demarcação.

Na profecia de Daniel, ela é usada para dar-nos a ideia de um período de tempo


predeterminado. O propósito da profecia é claro: mostrar as implicações e
acontecimentos em função da primeira e segunda vinda de Cristo. São
acontecimentos que não podem ser mudados, pois fazem parte da palavra
profética e do plano de salvação de Deus para o mundo.

Jesus, logo no começo de seu sermão profético no Monte das Oliveiras, disse
que não ficaria pedra sobre pedra do Templo de Jerusalém (Mateus 24:1-2).
Daniel, no capítulo 9 e versículo 25, revela que "o povo do príncipe que há de
vir" destruiria a cidade e o santuário.

Posteriormente, o Mestre citou Daniel ao falar da abominação da desolação no


santo lugar. Em Daniel 9:27, o profeta declara que na metade da semana,
cessará o sacrifício e a oferta de manjares e que sobre as asas das abominações
viria "o assolador", até que a destruição determinada se derramasse sobre ele.
Isso indica que o Templo, destruído em 70 d.C., voltará a ser erguido.

Alguém poderá perguntar: se a profecia das setenta semanas fala sobre um


tempo e sobre acontecimentos determinados, porque o espaço existente entre
as semanas 69 e 70 não foi também fixado e determinado? Jesus nos dá a
explicação em Mateus 24:14:

"E este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a


todas as nações, e então virá o fim"

Em Mateus 28:18-20, Jesus comissionou seus discípulos a pregarem o


evangelho a todas as nações, ensinando todas as coisas que tinham vivido e
aprendido.

No versículo de Mateus 24:14, o Mestre esclarece que o fim não virá até que
uma condição seja realizada: a pregação do evangelho a nível mundial.

Essa profecia tem se cumprido ao longo da história da Igreja, porém não se pode
determinar em anos ou meses quando todas as nações ouvirão o testemunho
do evangelho ou quando o evangelho atingirá todas as nações e etnias.

Cremos que estamos próximos a isso, porém não há como datar tal
acontecimento. Consequentemente, o "vácuo" existente entre as semanas 69 e
70 centraliza-se nessa questão.

151
A pregação mundial do evangelho é algo que compete à Igreja, é uma
responsabilidade nossa diante de uma ordem de Jesus. Não há como fixar uma
data para determinar quando todas as nações ouvirão as boas novas, já que
essa realidade depende também da ação da Igreja.

Também devemos considerar os efeitos que os acontecimentos profetizados nas


setenta semanas geraram, geram e gerarão em todo o mundo.

Esses efeitos transcendem a duração das semanas. Seis promessas são


mencionadas na profecia de Daniel: o fim da transgressão, o fim dos pecados, a
expiação da iniquidade, a vinda da justiça eterna, o selo da visão e da profecia
e a unção do Santíssimo.

As primeiras três promessas ocorreram simultaneamente à crucificação de


Jesus, que ocorreu após a semana 69. Duas dessas três promessas (cessação
da transgressão e fim dos pecados) só serão plenamente concretizadas em
função da vinda gloriosa de Jesus e suas maravilhosas consequências sobre a
raça humana.

As outras três promessas se concretizarão no Reino de Jesus, após a última


semana e não durante ela.

Cremos que o dispensacionalismo tradicional tem errado ao afirmar que a


atuação do Criador com Israel está limitada às setenta semanas. Também tem
errado em insinuar que o Eterno Pai não atuaria com a Igreja ao mesmo tempo
em que o faz com a nação israelense.

Desses princípios, nasceu a ideia de que a Igreja precisaria ser retirada da Terra
para que a profecia se cumprisse exclusivamente em relação à nação israelense
nos últimos tempos.

Fica mais do que notório, de acordo com tudo o que temos visto, que Deus
continua atuando com Israel, mesmo no espaço existente entre as semanas 69
e 70 (pregação do evangelho).

Consequentemente, é óbvio que Deus pode atuar profeticamente com Israel e


com a Igreja ao mesmo tempo, pois assim Ele o tem feito durante a história nos
últimos séculos!

3] O FUTURISMO DA ÚLTIMA SEMANA

Respeitando a posição preterista (a qual sustenta que a última semana veio


imediatamente depois da 69 e, consequentemente, já se cumpriu) e meio-
semanista (a qual sustenta que apenas a metade da última semana teve seu
cumprimento, através do ministério de Jesus até o momento de sua

152
crucificação), vão aí algumas das razões pelas quais entendemos que a semana
n° 70 se concretizará num futuro muito próximo:

1. Cremos que a semana 69 teve seu fim em 32 d.C. Consequentemente, a


cessação dos sacrifícios e da oblação, não pode ser atrelada à metade da semana
70, que cairia em 35 d.C, aproximadamente.

2. Nosso Redentor não firmou um firme acordo com muitos por um tempo
determinado (uma semana ou 7 anos), e sim eternamente. Consequentemente,
neste aspecto, não há razões suficientes para atrelar o acordo ou aliança de
Daniel 9:27 ao Messias.

3. Um período de 7 anos anterior à volta de Jesus, é um período que comporta


todos os prazos citados nas profecias de Daniel e Apocalipse (1260, 1290, 1335
e 2300 dias).

4. A citação da destruição da cidade e o santuário (70 d.C.), é profetizada


cronologicamente antes da cessação do sacrifício e da oblação. Portanto,
cronologicamente, nos parece que tal cessação não pode ter ocorrido antes de
70 d.C.

5. Mesmo após o sacrifício redentor de Jesus, os sacrifícios continuaram sendo


oferecidos até 70 d.C (aproximadamente 40 anos após a crucificação). Não
houve cessação de sacrifícios e oblações no Templo até 70 d.C.

6. Não há motivos para separar no seu significado "cessação dos sacrifícios e da


oblação" de "retirada do holocausto contínuo" (Daniel 9:27, Daniel 11:31).

7. Jesus, em seu sermão profético, relaciona a abominação desoladora


(profanação do santuário do Templo) a uma tribulação sem precedentes na
história da humanidade (a grande tribulação), que antecederá sua volta.

Ele mesmo afirma que logo depois a tribulação daqueles dias (originada pela
abominação desoladora), Ele viria (Mateus 24:15-31). Tudo isso nos remete a
coisas futuras.

4] COMO CALCULAR AS SETENTA SEMANAS

Durante a história, muitos se sentiram atraídos e maravilhados diante das


revelações contidas no livro de Daniel e, em especial, no tocante às setenta
semanas.

Sem dúvidas, Daniel era um homem de Deus e a ele foram revelados fatos
marcantes para a humanidade. Conta-se que o famoso gênio Isaac Newton
devotava uma atenção especial ao estudo das setenta semanas de Daniel.

153
Nesse contexto de admiração e estudo, várias pessoas durante a história têm se
esmerado em calcular e definir os períodos aos quais as profecias das setenta
semanas se referem.

Como já comentamos, sustentamos que das setenta semanas, 69 já foram


cumpridas e a última será cumprida em breve, no período conhecido como
tribulação.

Não queremos ser conclusivos em relação aos cálculos feitos, porém


apresentaremos aqueles que mais se aproximam à nossa concepção e estudo
das profecias.

O termo "semana" referindo-se a um período de sete anos era comum entre os


judeus. Tal termo vem da ordem de Deus em Levítico 25:1-7 para cultivar um
campo durante seis anos, permitindo que o mesmo descansasse no sétimo ano.

5] CALCULANDO AS PRIMEIRAS 69 SEMANAS

O ponto de partida para o cálculo das 70 semanas é um dia: 14 de março de


445 AC. Naquele dia, o rei medo-persa Artaxerxes emitiu um decreto
autorizando a reconstrução de Jerusalém.

Daniel determina 7 semanas para o período compreendido entre o decreto e a


reconstrução de Jerusalém, e assim ocorreu. A reconstrução culminou em 396
AC, exatamente 49 anos (7 semanas) após o decreto de Artaxerxes.

Após a reconstrução de Jerusalém, a profecia determina 62 semanas até a


manifestação de Cristo. Quando somamos os anos das sete primeiras semanas
e os anos das sessenta e duas semanas seguintes, temos 483 anos (49+434).

Transformados em dias, temos 173.880 dias (de acordo com o calendário de


360 dias). Para chegar a essa quantidade de dias em nosso sistema atual com
365 dias, é preciso levar em consideração algumas variáveis:

a) É preciso deduzir um ano no cálculo, já que no período entre 1 AC e 1 DC,


transcorre apenas 1 ano.

Quando contamos de 14 de março de 445 AC até 6 de abril de 32 DC, temos


477 anos e 24 dias. Após a dedução de um ano (1 AC – 1 DC), ficam 476 anos
e 24 dias, ou 173.764 dias.

b) É preciso adicionar 119 dias referentes aos anos bissextos durante o período
estudado. Basta dividir 476 por 4. Após esse cálculo, ficam 173.883 dias.

c) Existe uma pequena imprecisão do calendário juliano quando o mesmo é


comparado ao calendário solar. O Observatório Real de Londres calcula que um
ano juliano é 1/128 dias mais longo que o ano judaico solar.

154
Quando se multiplica 476 por 1/128, se obtém o resultado de 3. Subtraindo 3
ao valor anterior (173.883), vamos obter 173.880 dias.

Portanto, existem, de acordo com os cálculos feitos, 173.880 dias entre o


decreto de Artaxerxes e a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, quando foi
proclamado Rei pela multidão, dias antes de sua crucificação. Este dia cai, de
acordo com os cálculos feitos, em 6 de abril de 32 d.C.

6] CALCULANDO A ÚLTIMA SEMANA

PONTO (A): Começo da tribulação

PONTO (B): Começo do oferecimento de sacrifícios no Templo reconstruído

PONTO (C): Metade da tribulação e começo da grande tribulação

PONTO (D): Final do período tribulacional

PONTO (E): Purificação do santuário

PONTO (F): Descida de Jesus no Monte das Oliveiras, derrota dos exércitos do
anticristo e começo do reino eterno de Cristo.

O esquema acima procura definir a ordem dos acontecimentos que terão lugar
na última semana de Daniel, num período de sete anos denominado tribulação,
e as consequências posteriores desses acontecimentos.

Esse esquema foi elaborado com base nas profecias de Daniel e do Apocalipse e
nos dados que elas nos oferecem. No entanto, serve apenas para apresentar-
nos uma noção do período tribulacional, sem chamar para si nenhuma
infalibilidade em seus cálculos.

Em relação ao ponto inicial (A), é lógico supor que o anticristo surgirá num
momento anterior a esse ponto, talvez anos antes.

O ponto (A), determina o começo do período de sete anos. Entendemos que o


evento que dá lugar ao começo dos sete anos de tribulação é o pacto de paz
feito entre a besta e Israel (Daniel 9:27).

Do ponto (A) até o ponto (B), transcorrem 250 dias. No ponto (B) começam a
ser oferecidos os sacrifícios no Templo de Jerusalém, devidamente reconstruído
meses ou anos antes (Daniel 8:13).

155
Do ponto (B) até o ponto (C), transcorrem 1010 dias. O ponto (C) marca a
metade exata do período tribulacional e o começo do período denominado
grande tribulação.

Neste ponto, o anticristo profanará o Templo e fará cessar os sacrifícios (Mateus


24:15-21, Daniel 9:27).

Parte da Igreja foge e é preservada nesses três anos e meio e uma outra parte
fica no sistema para testemunhar (Mateus 24:16-20, Apocalipse 12:6-16,
Apocalipse 12:17).

Nesse ponto começa o ministério das duas testemunhas (Apocalipse 11), que se
estende por toda grande tribulação (42 meses ou 1260 dias).
Consequentemente, o período que vai do ponto (C) até o ponto (D) é de 42
meses ou 1260 dias.

No ponto (D) se completa o período tribulacional de sete anos ou a última


semana de Daniel. Neste ponto, as duas testemunhas são assassinadas pelo
anticristo (Apocalipse 11:3,7). Os corpos das duas testemunhas ficarão expostos
para a população mundial por três dias e meio.

Consequentemente, do ponto (D) até a ressurreição das duas testemunhas,


transcorrem três dias e meio. Nesse momento, as duas testemunhas são
ressuscitadas por Deus, para assombro de todos e ascendem aos céus
(Apocalipse 11:11-15).

Da ressurreição das duas testemunhas até o ponto (E), transcorrerão 26 dias e


meio. Cremos que, após o Templo ter sido purificado pelos judeus no ponto (E),
26 dias e meio após a ressurreição das duas testemunhas e 30 dias após o
término da grande tribulação de 42 meses, o anticristo reunirá seus exércitos
no Armagedom para destruir Israel.

Entendemos que isso se dará imediatamente depois que o sol e a lua


escurecerem, sinais que parecem estar contidos na quinta taça (Apocalipse
16:10).

O sol e a lua escurecendo, sinais que ocorrem em algum momento logo após a
grande tribulação (Mateus 24:29), são os sinais que anunciam o Dia do Senhor.

A partir desse momento, inserido entre os pontos (E) e (F), o arrebatamento da


Igreja torna-se iminente. Neste ponto, o sol e a lua escurecerão, as estrelas se
moverão de lugar, e então aparecerá nos céus completamente escuros o sinal
do Filho do homem, como um relâmpago, visto por toda a humanidade (Mateus
24:27-31, Apocalipse 6:12-17).

Neste momento, o qual não pode ser definido na hora e no dia, ao soar da última
trombeta, ocorrerá o arrebatamento, o momento maravilhoso em que a Igreja
se reunirá com Cristo nas nuvens. Os que estiverem mortos, serão ressuscitados
e glorificados.

156
Os que estiverem vivos, serão transformados e glorificados (I Coríntios 15:51-
52, I Tessalonicenses 4:15-18, Apocalipse 15:13-16, Apocalipse 19: 7-9). Todos
esses eventos gloriosos gerarão a conversão do remanescente de Israel e o
reconhecimento do Messias prometido (Romanos 11:26-27, Zacarias 12:10).

Também, de acordo com as profecias de Daniel, do ponto (E), que é a purificação


do Templo, até (F), que é a descida de Jesus no Monte das Oliveiras, para
derrotar os exércitos do anticristo e instaurar seu reino eterno, transcorrerão 45
dias.

Os cálculos acima foram feitos de acordo com os seguintes parâmetros:

1. De acordo com Daniel 9:27, podemos saber que do ponto (A) até o ponto (C)
transcorrem 1260 dias (três anos e meio ou metade de uma semana).
Consequentemente, a outra metade terá também 1260 dias, o que confirma as
revelações apocalípticas da atuação principal do anticristo.

Então, do ponto (C) até o ponto (D), transcorrem 1260 dias. Somando as duas
metades, nós termos 2520 dias de tribulação (sete anos).

2. De acordo com Daniel 8:13-14, podemos saber que, desde o começo dos
oferecimentos de sacrifícios até a purificação do Templo, transcorrerão 2300
dias. Ou seja, do ponto (B) até o ponto (E) transcorrerão 2300 dias.

3. De acordo com Daniel 12:11, fica claro que entre a profanação do Templo até
a purificação do mesmo, transcorrerão 1290 dias. Ou seja, do ponto (C) até o
ponto (E) transcorrem 1290 dias.

4. De acordo com Daniel 12:12, ficamos sabendo que, desde a profanação do


santuário (C) até a vitória final do Ungido sobre o anticristo (F), transcorrerão
1335 dias.

Os dados obtidos com as revelações bíblicas citadas acima, permitem situar-nos


dentro dos últimos acontecimentos. Nossos cálculos não são infalíveis e são
passíveis de erros.

Porém, a revelação pormenorizada de tantos detalhes proféticos nos mostra,


mais uma vez, o cuidado de Deus em nos revelar aquilo que precisamos saber,
para que não estejamos em trevas.

Como membros do corpo de Cristo, devemos estar preparados para viver esses
dias que se aproximam, sejamos protegidos da tribulação ou inseridos nela para
testemunho e martírio. Que em nossos corações haja um crescente anelo pela
volta gloriosa de Jesus, como Rei e Senhor!

157
XVI] A GLORIFICAÇÃO

Paulo, em sua primeira carta aos coríntios, fala sobre uma esperança que deve
morar no coração de cada cristão: a glorificação. No decorrer de todo o capítulo
15, ele descreve como se dará esse estágio, prometido àqueles que nasceram
de novo.

Como é descrita no capítulo em questão, a glorificação consiste na distribuição


por parte do Eterno de um corpo glorificado para cada um de seus servos,
membros de seu corpo. Será a troca da corruptibilidade de nosso atual corpo
por um corpo incorruptível, semelhante ao que Jesus possui desde a
ressurreição.

Um corpo celeste, perfeito e incorruptível, mas ao mesmo tempo literal, palpável


e apto para interagir tanto com nosso universo físico como com o mundo
espiritual (I Coríntios 15:39-40).

O apóstolo deixa claro que "se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os
mais miseráveis de todos os homens" (I Coríntios 15:19). No versículo 23 fica
explicitado que a glorificação se dará na vinda de Jesus (parousia). Já nos
versículos 50, 51 e 52, Paulo explica como ocorrerá tal processo.

Ao soar da última trombeta, num abrir e fechar de olhos, os cristãos mortos


ressuscitarão, recebendo automaticamente corpos glorificados e os que
estiverem vivos serão transformados, recebendo também um corpo glorificado.

A vinda de Jesus propiciará então sobre a criação divina, entre outros eventos
maravilhosos, a glorificação corpórea daqueles que nasceram de novo e são
novas criaturas (leia I Coríntios 15:50-52).

Paulo, ao afirmar em I Coríntios 15:23 que nossa glorificação se daria na vinda


de Jesus, expressa claramente a concepção que a Igreja primitiva tinha a
respeito.

A seguir, daremos mais subsídios e abordaremos mais passagens bíblicas, no


intuito de mostrar que o nosso encontro com Cristo (arrebatamento) será um
momento estreitamente relacionado no tempo a sua vinda, a qual ocorrerá, de
acordo com o próprio Mestre, logo após a grande tribulação (Mateus 24:29).

158
1] O ÚLTIMO DIA E A RESSURREIÇÃO

Ao explicar aos discípulos que Ele é o pão da vida, Jesus revelou a eles algo
crucial:

"Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o
ressuscitarei no último dia" (João 6:54)

O uso da expressão "último dia", repetida por Jesus três vezes na mesma ocasião
(João 6:39, 40 e 54), nos remete mais uma vez a sua vinda em glória. "Último"
significa o derradeiro de uma sequência determinada.

Não faria pleno sentido afirmar que o "último dia" seria um dia anterior ao
começo do período tribulacional, já que os dias continuarão existindo em pleno
período tribulacional e até mesmo durante o reino milenal de Jesus.

Também, parece não referir-se ao último dia da Igreja na face da Terra, pois há
passagens apocalípticas que deixam clara a presença de cristãos, membros da
Igreja, durante a tribulação.

Isso sem considerar que a Igreja, como Noiva de Cristo, continuará existindo
sobre a Terra mesmo após a vinda do Mestre. Consequentemente, a ideia pré-
tribulacionista da ressurreição antes do período tribulacional não parece encaixar
com o fato de que a ressurreição se dará no último dia.

Por outro lado, é ilógico afirmar que esse último dia citado pelo Mestre se refira
a um dia posterior à vinda de Jesus, pois a ressurreição ocorrerá nesta vinda,
como já vimos no começo (I Coríntios 15:23, I Tessalonicenses 4:16-17).

Então, que último dia é esse? Quando ocorrerá a ressurreição daqueles que
esperam em Cristo? A posição mais sensata é relacionar essa expressão ao
último dia do atual sistema maligno no qual o mundo jaz.

O último dia de uma sequência que começou no Éden, logo após a queda
adâmica. Esse dia coincidirá com o Dia do Senhor, no qual Ele virá visivelmente
e em glória, logo após a grande tribulação, para derrotar o anticristo e
estabelecer seu reino (II Tessalonicenses 1:7-10, Apocalipse 19:11-21). Esse
será um dia inesquecível e decisivo para toda a eternidade (Zacarias 14:7-8).

159
2] ISRAEL E A RESSURREIÇÃO

No capítulo 11 da carta aos romanos, o apóstolo Paulo retrata a relação entre


Israel e as demais nações dentro do plano de salvação do Criador. Em certo
ponto, mais precisamente no versículo 15, está escrito:

"Porque, se a sua rejeição é a reconciliação do mundo, qual será a sua admissão,


senão a vida dentre os mortos?" (Romanos 11:15)

Paulo, em todo o capítulo, explica a situação de endurecimento momentâneo da


maior parte da nação israelense em relação ao evangelho de Jesus. Esse
endurecimento, dentro do plano perfeito do Criador, propicia a salvação entre
os gentios em larga escala.

Porém, Paulo deixa claro que o plano e as promessas do Eterno para a nação
israelense se cumprirão cabalmente, num tempo determinado do futuro
(Romanos 11:25-29).

Voltando ao versículo 15, podemos observar que a ressurreição dos mortos


ocorrerá em função da admissão de Israel.

Quando olhamos para o cenário profético, vemos que a conversão do


remanescente judeu e sua restauração são experiências que ocorrerão na parte
final da tribulação, em função de fatores como a perseguição do anticristo ao
povo judeu, desencadeada a partir da abominação desoladora ou através
ministério das duas testemunhas.

Israel não será admitido antes do período tribulacional e sim no final desse
período. Note que Paulo esclarece que a ressurreição ocorrerá como resultado
dessa admissão e não o contrário. Ou seja, a partir do momento em que os
judeus começarem a clamar pelo verdadeiro Messias, a ressurreição dos mortos
estará prestes a acontecer...

Chegamos, mais uma vez, a uma clara constatação que relaciona diretamente a
vinda de Jesus em glória e a ressurreição de seus servos como eventos
nitidamente pós-tribulacionais.

160
3] A RESSURREIÇÃO DOS JUSTOS

Tanto o pré quanto o midi-tribulacionismo defendem a ocorrência de duas


ressurreições relacionadas à vinda de Jesus: a primeira ocorrerá na "primeira
fase" da vinda, de forma oculta, e a segunda acontecerá na "segunda fase", logo
após a grande tribulação, de forma visível, ressuscitando os "santos da
tribulação".

A diferença entre os dois sistemas está no momento em que se dará essa


"primeira fase". Para o pré-tribulacionismo, essa fase se dará logo antes do
período tribulacional, enquanto que o midi-tribulacionismo sustenta que essa
fase ocorrerá na metade da tribulação.

Além de afirmar um conceito que não é mencionado na Palavra (a segunda vinda


de Jesus dividida em duas fases ou partes), e de sustentar algo ilógico,
defendendo a existência de uma ressurreição em massa antes da primeira
ressurreição, essa subdivisão da vinda do Mestre se vê diante de uma promessa
de Jesus, que nos remete a uma única ressurreição para seus servos de todos
os tempos, que é a ressurreição dos justos:

"E serás bem-aventurado; porque eles não têm com que to recompensar; mas
recompensado te será na ressurreição dos justos" (Lucas 14:14)

Jesus deixa claro que a recompensa de nossas boas ações será recebida no
momento imediatamente posterior a essa ressurreição.

Ao comparar essa passagem com a registrada em Mateus 16:27, percebemos


que se trata de um evento único, direcionado a todos os santos de todas as
épocas e que ocorrerá no momento da vinda em glória do Filho com os seus
anjos:

"Porque o Filho do homem virá na glória de seu Pai, com os seus anjos; e então
dará a cada um segundo as suas obras" (Mateus 16:27).

161
4] PARÁBOLAS DA VINDA

No capítulo 13 de Mateus, há duas parábolas estreitamente relacionadas com o


regresso do Ungido. É bom lembrar que Jesus, ao utilizar parábolas como forma
de ensinamento das verdades divinas, buscava trazer a seus interlocutores o
pleno entendimento dessas verdades, usando figuras, ideias e atividades com
as quais tais interlocutores tinham familiaridade.

Ao ler as parábolas, não devemos esquecer que elas foram primeiramente


dirigidas aos interlocutores diretos do Senhor há aproximadamente 2.000 anos,
usando figuras e referências que nem sempre fazem parte do nosso dia a dia
moderno.

As parábolas que gostaríamos de destacar são a do joio e do trigo (Mateus


13:24-30 e 13:36-43) e a dos peixes bons e maus (Mateus 13:47-50).

A] O JOIO E O TRIGO

No caso da parábola do joio e do trigo, os discípulos sabiam que para obter o


trigo puro, o joio precisa ser retirado através de um processo. Aqui é importante
fazer um comentário relevante: a palavra tribulação vem do vocábulo latim
tribulum, um aparelho usado pelos romanos para separar o joio do trigo.

O termo grego mais usado para tribulação, angústia e aflição no Novo


Testamento é thlipsis. Então vemos que o conceito de tribulação que usamos
deriva de um instrumento usado para separar o joio do trigo, e isso tem muito
a ver com a parábola em questão e com a visão que a Igreja primitiva tinha a
respeito do tema, que se mostra mais uma vez diretamente pós-tribulacionista.

Jesus deixa claro nesta parábola que tanto o joio quanto o trigo devem crescer
juntos até um acontecimento que os separará: a ceifa, feita pelos anjos (Mateus
13:30, 13:39). No Apocalipse, a ceifa feita pelos anjos está relacionada aos
momentos culminantes da tribulação (Apocalipse 14:14-20), com uma alusão
direta ao Armagedom nos versículos 19 e 20.

Levando em consideração as palavras de Jesus, de que o momento da separação


seria na ceifa, e o relato apocalíptico, o qual relaciona essa ceifa aos momentos
finais da tribulação (derrota do anticristo no Armagedom), a parábola do joio e
do trigo nos leva a uma nítida concepção pós-tribulacionista.

162
B] OS PEIXES BONS E MAUS

Essa é outra parábola na qual Jesus usa uma figura muito corriqueira para seus
interlocutores. Muitos daqueles que seguiam a Jesus eram pescadores e
entenderam perfeitamente aquilo que o Mestre lhes ensinou.

Logo após uma boa pescaria, a rotina dos pescadores era a mesma: sentavam
e começavam a separar e jogar fora os peixes que não serviam, deixando apenas
aqueles apropriados para o consumo.

Nesta parábola, Jesus deixa claro mais uma vez que a separação será feita pelos
anjos "no fim do mundo", utilizando-se para "mundo" o termo grego aeon, que
significa "sistema" ou "era" e não se refere ao planeta Terra em si.

O que fica expresso nestas parábolas é a ideia de separação num tempo definido
e único e não de uma separação prévia dos elementos bons, deixando na Terra
aqueles que são maus.

O Mestre usa parábolas em que a separação de bons e maus é feita no momento


final do processo, sem diferenças de tempo. Em ambas parábolas abordadas, o
Salvador revela que os anjos executarão essa separação. Ao ler Apocalipse
14:14-20, não há como não relacionar esses eventos aos momentos finais do
período tribulacional.

163
XVII] A VIDA APÓS A VINDA

Temos recebido muitos questionamentos de nossos leitores a respeito do que


ocorrerá após a vinda do Messias. É claro que a existência do período
tribulacional, apostasia, anticristo e da vinda gloriosa do Salvador, são fatos
inquestionáveis para aqueles que seguem as revelações bíblicas.

Existem sim diferenças enquanto ao momento do arrebatamento (pré-


tribulacionismo, midi-tribulacionismo ou pós-tribulacionismo), enquanto ao
momento e/ou existência do Milênio como período literal (pré-milenismo,
amilenismo e pós-milenismo) e até mesmo no que concerne à forma de
interpretar tais profecias escatológicas (alegórica, literalista, preterista,
historicista ou futurista).

Deixamos claro que nosso entendimento é pós-tribulacionista, pré-milenista,


futurista e literalista, até o ponto em que esse literalismo não se torne
incongruente com o contexto bíblico.

Resumindo, acreditamos que estamos vivendo um período de iniquidade


crescente (Mateus 24:12), princípio de dores (Mateus 24:7-8), iminência do
período tribulacional, onde ocorrerá a revelação do anticristo (II Tessalonicenses
2:4), a perseguição institucional da Igreja (Apocalipse 13:7) e uma ameaça de
destruição total de Israel (Apocalipse 16:12-14).

Acreditamos também que o arrebatamento da Igreja ocorrerá ao mesmo tempo


da vinda gloriosa de Jesus logo após a grande tribulação (Mateus 24:29-31),
para encontrar-se com seus escolhidos e trazer livramento para Israel,
derrotando o anticristo e instaurando Seu reino milenal.

Mas, o que acontecerá depois? Como será o reino de Cristo na Terra? Os seres
humanos não glorificados continuarão existindo e se reproduzindo? Que nações
são aquelas que se rebelarão no final do Milênio? O que ocorrerá após o Milênio?
Vamos morar no céu ou na Terra? Trataremos de responder neste capítulo essas
questões, de acordo com aquilo que entendemos.

164
1] O REINO DE JESUS

No tópico O MILÊNIO sustentamos nossa posição pré-milenista e literalista a


respeito do Reino de Jesus. Acreditamos que esse reino será físico, literal e
ocorrerá como consequência direta da volta do Messias, logo após a grande
tribulação.

A concepção que a igreja primitiva possuía nos leva também a essa conclusão.
Pouco antes da ascensão, os discípulos perguntaram ao Mestre quando seria
restaurado o reino de Israel (Atos 1:6).

Fica claro que havia entre eles uma esperança específica sobre a futura
restauração literal do reino de Israel. Jesus, em Sua resposta, insta aos
discípulos a deixarem os tempos e as épocas nas mãos soberanas do Pai (Atos
1:7), mas em momento algum os questionou a respeito da restauração em si.

O Mestre apenas exorta Seus discípulos a considerarem a supremacia divina no


tempo, deixando subentendido que, em algum momento do futuro, o reino de
Israel seria restaurado.

Afinal de contas, Jesus lhes havia revelado que em Seu reino muitos viriam de
todos os lados do mundo e se assentariam à mesa (Lucas 13:29) e que os
apóstolos assumiriam a função de juízes no mesmo reino (Lucas 22:30).

Justino o Mártir (100 DC-165 DC), um dos primeiros líderes da igreja primitiva,
em sua obra "Diálogos com Trifo", expressa muito bem essa concepção primitiva
ao afirmar que o Milênio teria início após a revelação do anticristo e a segunda
vinda de Cristo.

De acordo com o ensinamento de Justino, os fiéis mortos iriam ressuscitar e


reinar com Cristo por mil anos na Nova Jerusalém. Justino o Mártir pode ser
considerado como o primeiro pré-milenista, ao defender abertamente o
entendimento de que o Milênio é um período real e será concretizado após a
vinda de Jesus.

Justino foi seguido nessa concepção por Irineu de Lyon (130 DC-200 dC), que
em sua obra apologética "Contra as Heresias", dirigida contra os gnósticos, deixa
claro que a vinda de Jesus propiciaria a instauração de Seu reino sobre a Terra.

É interessante notar que, quando Jesus se referiu ao "fim do mundo", na


parábola do joio e do trigo, e ao "mundo vindouro", no seu diálogo com os
saduceus (Mateus 13:39 e Lucas 20:25), é utilizado o termo grego "aeon", o
qual refere-se ao sistema ou à realidade espiritual, e não ao planeta em si.

165
As promessas do Eterno não voltam atrás. Em Salmos 89:3-4, o Criador revela
a Davi que sua descendência seria estabelecida para sempre e seu trono por
todas as gerações.

Somente Jesus, como Deus e como Homem, descendente legal de Davi, através
da legalidade paternal de José e da descendência sanguínea de Maria, está apto
para cumprir essa profecia, a qual certamente será literalmente concretizada
após a vinda do Mestre.

Até mesmo nos momentos em que o trono davídico permaneceu vazio na Terra,
o Rei dos Reis, como o Verbo divino e eterno, já exercia esse reinado. A sede do
governo de Jesus será Jerusalém, como podemos ver em Zacarias 14:8-11.

Muitos perguntam o porquê desse reino milenal do Messias. Por que é necessário
que Jesus reine sobre o planeta, regendo as nações "com vara de ferro"
(Apocalipse 19:15), se no final do reino milenal Satanás será solto para enganar
as nações? Qual o objetivo desse reino de Jesus após sua vinda? O apóstolo
Paulo responde essas questões:

"...Depois virá o fim, quando tiver entregado o reino a Deus, ao Pai, quando
houver destruído todo o império, e toda a potestade e força. Pois convém que
reine até que haja posto a todos os inimigos debaixo de seus pés. Ora, o último
inimigo que há de ser aniquilado é a morte" (I Coríntios 15:24-26)

Dentro do plano do Eterno, é necessário que Jesus reine até que o último inimigo
(a morte), seja aniquilado. O "até" do versículo 25 não se refere à constituição
de Jesus como Rei dos Reis e Senhor dos Senhores e sim ao propósito de seu
reino milenal.

Em outras palavras, o texto explica que o reino de Jesus tem um objetivo


específico: derrotar definitivamente os inimigos do Senhor.

Essa concepção faz pleno sentido quando a comparamos à passagem de


Apocalipse 19:15, onde fica claro que Jesus regerá as nações com vara de ferro,
dando uma conotação de juízo sobre aqueles que, mesmo sendo governados
pelo próprio Senhor e vivendo num mundo perfeito, sem a presença e atuação
de Satanás, optarão pela desobediência no final do período milenal.

166
2] O PLANO DO SENHOR PARA ISRAEL

O plano e o propósito do Senhor para a nação israelense são eternos. As


promessas para o povo judeu estão baseadas na própria Palavra do Criador.

Apesar de sabermos que somos, enquanto Igreja, o Israel espiritual de Deus,


não há base bíblica para afirmar que a nação israelense deixará de existir em
função da vinda de Jesus nem base bíblica para afirmar que a glorificação
corpórea dos salvos, decorrente da segunda vinda de Jesus, se estende também
ao remanescente judeu.

Cremos que o relacionamento do Eterno com Israel é uma sombra da revelação


que havia de se manifestar com o ministério da graça para todas as nações.

Paulo escreve aos gálatas que, aqueles que pertencem à Igreja, são herdeiros
espirituais das promessas feitas a Abraão e são contados como descendência
dele através da fé, da qual Abraão é um referencial (Gálatas 3:22-29). Porém,
cremos que a concretização espiritual das promessas feitas a Abraão não exclui
sua concretização literal e física.

O Criador prometeu a Abraão que sua descendência seria "como as estrelas dos
céus e como a areia que está na praia do mar" (Gênesis 22:17). Paulo, no
capítulo 11 de Romanos, ao explicar o atual endurecimento de Israel a respeito
da pessoa de Jesus e o propósito desse endurecimento dentro do plano do
Criador, cita o profeta Jeremias em Romanos 11:25. Vejamos com mais detalhes
o que Jeremias profetiza:

"Assim diz o Senhor, que dá o sol para luz do dia, e as ordenanças da lua e das
estrelas para a luz da noite, que agita o mar, bramando as suas ondas; o Senhor
dos exércitos é o seu nome. Se falharem estas ordenanças de diante de mim,
diz o Senhor, deixará também a descendência de Israel de ser uma nação diante
de mim para sempre" (Jeremias 31:35-36)

Outros textos onde você verá de forma clara promessas específicas da futura
restauração espiritual de Israel como nação estão em Ezequiel 36:33-38,
Ezequiel 47:1-12, Isaias 19:22-25, Zacarias 8:22-23 e também nos capítulos 12
e 13 de Zacarias.

Nesse contexto, acreditamos que durante o milênio as nações continuarão


existindo e se reproduzindo, como veremos mais adiante, e que Israel não será
uma exceção nesse aspecto.

Jesus deixou claro que aqueles que fossem glorificados serão "como anjos", sem
a necessidade de reprodução física (Lucas 20:35-36).

167
Por outro lado, vemos que a promessa de glorificação corpórea por ocasião da
vinda do Mestre é dirigida à Igreja e não ao remanescente judeu que será salvo
logo após a grande tribulação. Vemos até mesmo a presença de mulheres e
crianças na face da Terra em pleno período milenal (Isaias 11:6, Zacarias 12:10-
14).

Então vemos que a promessa feita pelo Altíssimo a Abraão, logo após ele ter
oferecido seu próprio filho Isaque num ato de fé grandioso, será literalmente
concretizada a partir do momento da vinda de Jesus, quando a nação israelense
começará a crescer e expandir seus horizontes a níveis inimagináveis.

Acreditamos que o remanescente judeu se multiplicará como a areia do mar e


como as estrelas do céu, e nós cremos na literalidade dessa profecia. Ou seja,
em determinado momento, será humanamente impossível calcular com precisão
a quantidade da descendência de Abraão, da mesma forma que é praticamente
impossível calcular quantos grãos de areia tem numa praia ou quantas estrelas
possui nosso universo em constante expansão.

Logo após o Milênio, com a derrocada final do último inimigo (morte), os


descendentes de Abraão continuarão se multiplicando de forma grandiosa e só
então compreenderemos o porquê da imensidão de nosso universo, já que tudo
o que foi criado pelo Senhor cumpre um determinado propósito.

A criação do homem à imagem e semelhança do Criador não fracassou


permanentemente como resultado da queda. Jesus, com seu sacrifício
vivificante, veio para concretizar a salvação eterna para aqueles que nascessem
de novo, através da fé.

Ao mesmo tempo, virá Como Rei e Senhor para assentar-se no trono de Davi e
concretizar plenamente na nação israelense as promessas feitas a Abraão.
Diante da grandiosidade e profundidade dos planos do Criador, só nos resta dizer
o que disse Paulo após descrever a relação de Israel e da Igreja no plano de
salvação:

"Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus!


Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos"
(Romanos 11:33)

168
3] A IGREJA APÓS A VINDA

Qual será a condição da Igreja a partir do momento da vinda de Jesus? A


resposta a essa pergunta passeia entre a concepção medieval, de que o destino
eterno do salvo seria a de um ser em eterno descanso num paraíso celestial,
sem nenhuma atividade específica e a concepção nitidamente bíblica, de que a
Igreja, como noiva do Cordeiro e Rei, permanecerá ao seu lado eternamente,
exercendo todas as atividades relacionadas ao serviço do Rei.

Diante dessas concepções surge a pergunta: E então, vamos morar no céu ou


na Terra, onde Jesus estará exercendo seu reino no Milênio e após o Milênio?

Durante vários séculos, a resposta de um cristão seria automaticamente a


primeira, baseada na mentalidade cristã desenvolvida a partir do período
medieval. "Eu vou morar no céu", seria resposta automática.

Sem entrar na questão do destino da alma após a morte física, que nós cremos
ser o paraíso ou seio de Abraão, que é realmente um paraíso celestial,
gostaríamos apenas de abordar o assunto apenas de uma ótica escatológica.

Qual o destino daqueles que serão ressuscitados ou transformados no momento


da volta de Jesus? Céu ou Terra?

Para entender melhor essa questão, devemos analisar detalhadamente como


surgiu o conceito de "céu" como destino eterno, etéreo e paradisíaco do cristão,
quando chegaremos à conclusão de que essa ideia não fazia parte da esperança
dos cristãos genuínos da Igreja primitiva.

A ideia sobre um destino celestial entre os pagãos era comum no século I,


originada, sobretudo, pelas crenças aliadas à filosofia grega. Após a morte dos
apóstolos e seus discípulos imediatos, uma onda de gnosticismo começou a
invadir parte das eklesias, gerando ideias errôneas e contrárias ao ensinamento
de Jesus e até mesmo à própria natureza de Cristo, negando sua humanidade
(docetismo).

O pseudocristianismo gnóstico semeou a ideia de que Jesus fora enviado pelo


Pai, um ser diferente do YHWH do Antigo Testamento, para ensinar aos homens
a livrar-se de sua natureza material através do conhecimento (gnosis).

Quando fosse alcançada a plenitude do conhecimento, o discípulo chegaria ao


"pleroma", um lugar celestial onde nada material pode existir. A partir do
momento que negavam que Jesus veio em carne (corporalmente), os gnósticos
negavam também sua ressurreição corpórea.

Já no tempo de João, esse ensinamento herético começava a ser difundido (II


João 7). Os principais registros dos líderes da Igreja nos séculos I, II e III, entre
eles Justino (Diálogo com Tripho, LXXX), Irineu (Contra as Heresias, V, XXXV),
mostram claramente um combate às ideias gnósticas e uma forte convicção de
169
que nosso destino está atrelado ao reino de Jesus na Terra. Ou seja, a esperança
dos irmãos primitivos a respeito do reino em nada diferia da esperança dos
patriarcas e dos profetas do Antigo Testamento.

Como já vimos anteriormente, tudo na criação do Senhor obedece a um


propósito e nada escapa a seu controle. A Terra, como planeta habitado por
seres criados pelo Senhor, jamais deixará de existir.

O que haverá, como veremos no último tópico deste item, é uma transformação
da mesma e do próprio universo, em função da ausência do pecado e suas
consequências sobre o homem e a natureza.

A criação do Senhor nunca fracassará. Toda ideia de que aquilo que é físico não
é parte do plano eterno do Criador vem de uma mentalidade pagã, sobretudo
ligada ao gnosticismo, no qual a matéria e o mundo material no qual vivemos,
faz parte de uma criação corrupta e que tudo o que é material tem origem
maligna.

As Escrituras revelam que tudo o que o Eterno fez é bom, de acordo com os
padrões do próprio Criador (Gênesis 1). Se o universo e a Terra estão sofrendo
desequilíbrios e/ou catástrofes, é em função das consequências sobre a criação
das decisões erradas das criaturas e não um erro intrínseco à matéria criada
pelo Senhor.

Paulo revela que a natureza "geme com dores de parto", deixando implícita
nessa comparação que, em determinado momento, haverá uma renovação da
natureza, o que ocorrerá quando forem criados novos céus e nova terra.

Nossa eternidade ao lado do Altíssimo não será monótona ou repetitiva,


sentados numa nuvem e tocando eternamente uma harpa, como muitos tentam
sugerir, baseados na ideia medieval de "céu".

Teremos ocupações, atividades e missões grandiosas, tal qual os anjos têm


atualmente. Louvaremos, seremos juízes e embaixadores do Rei dos reis. Jesus
deu uma prévia aos apóstolos de como seria a atividade durante seu reino:

"E vós sois os que tendes permanecido comigo nas minhas tentações. E eu vos
destino o reino assim como o pai mo destinou, para que comais e bebais à minha
mesa no meu reino, e vos assenteis sobre tronos, julgando as doze tribos de
Israel" (Lucas 22:28-30)

Na parábola dos dez servos e das dez minas, Jesus mostra que haverá
recompensas para seus servos fiéis e essa recompensa denota posição de
destaque dentro do reino eterno do Senhor (Lucas 19:11-27).

Se partirmos da premissa de que Jesus reinará literalmente sobre a Terra após


Sua vinda e continuará habitando na nova Terra após o Milênio (como veremos
no último ponto), consequentemente nós, como Noiva de Cristo,
permaneceremos com Ele.

170
O desejo de Jesus para sua Igreja é que onde Ele estiver, a Igreja esteja também
(João 14:3). É claro que, como filhos do Senhor, nós, como coerdeiros com Jesus
Cristo, teremos acesso às regiões celestiais, ao paraíso e a lugares nunca antes
imaginados.

Porém, nossa base de atuação estará centrada na Terra durante o reinado


milenal de Cristo e na Nova Jerusalém após o Milênio.

4] AS NAÇÕES APÓS A VINDA

Não vemos razões para negar veementemente a existência de nações logo após
a vinda de Jesus. Pelo contrário, há claras evidências bíblicas de que as nações
continuarão existindo durante o reinado de Jesus sobre a Terra. Veja algumas
razões:

a) A palavra revela que Jesus, após sua vinda, regerá as nações com "vara de
ferro" (Apocalipse 19:15). Não é lógico supor que o termo "nações" aqui se refira
à Igreja, a Noiva de Cristo, a qual não precisará ser regida com vara de ferro
mas viverá uma eterna relação de amor e submissão ao Noivo.

Também não é prudente relacionar o termo à nação israelense, já que o termo


está no plural ("nações").

b) O profeta Zacarias é bastante detalhista ao descrever a existência de nações


após a vinda gloriosa do Messias, até mesmo de nações que de alguma forma
participarem do Armagedom (Zacarias 14:16).

Uma leitura detalhada dos capítulos 8, 11, 12, 13 e 14 de Zacarias mostrará a


clara presença de nações durante o reinado de Jesus.

c) No final do Milênio, com a soltura de Satanás, as nações serão enganadas.


Aqui há um forte argumento contra aqueles que negam a existência de um
Milênio literal (a-milenistas) ou até mesmo aqueles que sustentam que o Milênio
ocorrerá antes da vinda de Jesus (pós-milenistas): Satanás será amarrado em
função do regresso do Ungido e não antes. Basta uma leitura detalhada e
imparcial dos capítulos 19 e 20 de Apocalipse para entender isso.

171
5] A VIDA APÓS O MILÊNIO

O grande juízo do trono branco é o evento determinante no começo da realidade


pós-milenal. Logo após a derrota definitiva das hostes satânicas (comparadas
aos exércitos de Gog em Apocalipse 20:7-10), ficará o caminho aberto para que
o último grande inimigo seja derrotado: a morte.

Logo após o Milênio ocorrerá a ressurreição de todos aqueles que não pertencem
à Igreja (Apocalipse 20:11-14) e o seu subsequente julgamento (Apocalipse
20:15).

Com o mal e o pecado totalmente banidos do universo, a transformação da


criação divina ficará completa com o surgimento de novos céus e nova Terra.
Nesta nova Terra, a capital e ponto de referência será a Nova Jerusalém, uma
cidade real e literal, preparada pelo próprio Criador, que ocupará o local da atual
Jerusalém.

Nela habitará pessoalmente o próprio Pai, através do Cordeiro. Cremos também


que nações continuarão existindo e que os seres humanos não glorificados,
aqueles que não experimentaram o arrebatamento na segunda vinda de Jesus e
não se rebelaram no final do Milênio, seguirão vivendo e se reproduzindo, para
que se cumpra literalmente a profecia deixada a Abraão:

"Que deveras te abençoarei, e grandíssimamente multiplicarei a tua


descendência, como as estrelas do céu e como a areia que está na praia do mar;
e a tua descendência possuirá a porta dos seus inimigos" (Gênesis 22:17)

Neste ponto, alguém poderá perguntar: como é possível permanecer sempre


vivo sem um corpo glorificado? Como é possível não experimentar a corrupção
da carne sem um corpo glorificado? Para responder a essa pergunta, temos que
entender em primeiro lugar a diferença entre morte física e morte espiritual.

A consequência direta da queda do homem foi a morte espiritual. A consequência


indireta foi a morte física, pois, ao pecar, por medida de segurança, o homem
foi afastado da árvore da vida, a qual possibilita a quem usufruir de seu fruto a
vida física permanente. Isso fica claro na passagem de Gênesis 3:22-24.

Mesmo pecadores e espiritualmente mortos, se Adão e Eva tivessem acesso ao


fruto da árvore da vida, viveriam fisicamente para sempre, de acordo com as
palavras do próprio Criador.

Não é necessário ter um corpo glorificado para não morrer se o fruto da árvore
da vida for consumido. Essa condição fica implícita para as nações e o
remanescente judaico na eternidade que segue ao juízo do trono branco:

172
"No meio da sua praça, e de um e de outro lado do rio, estava a árvore da vida,
que produz doze frutos, dando seu fruto de mês em mês; e as folhas da árvore
são para a saúde das nações" (Apocalipse 22:2)

O fato dos membros da Igreja possuírem corpos glorificados, semelhantes ao de


Jesus, é que os membros do Corpo de Cristo fazem parte de um novo patamar
criacional, tanto no aspecto espiritual (novo nascimento) quanto no material
(glorificação corpórea):

"Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já


passaram; eis que tudo se fez novo" (II Coríntios 5:17)

Os planos do Eterno jamais fracassarão. Ele transforma maldição em benção.


Essa é a grande verdade que podemos observar no decorrer de toda a história
humana.

Em sua infinita sabedoria, poder e onisciência, o Criador faz cumprir seus planos
mesmo em meio às decisões errôneas de suas criaturas, quando as mesmas
usufruem de forma equivocada o seu livre arbítrio.

A queda humana propiciou a criação de um novo patamar criacional através do


ministério de Jesus (os membros da Igreja, a Noiva de Cristo) e o plano do
Altíssimo a respeito do ser humano em sua forma original, feito a sua imagem
e semelhança, também prosseguirá eternamente através de seu concerto com
a nação escolhida.

173
XVIII] O FIM DA ESCURIDÃO

"E esta é a mensagem que dele ouvimos, e vos anunciamos: que Deus é luz, e
não há nele trevas nenhumas" [1 João 1:5]

O cenário descrito no início de Gênesis é de escuridão. As primeiras palavras das


Escrituras nos revelam que o Altíssimo criou o céu e terra. Logo após, somos
informados que a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do
abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas [Gênesis 1:2]

Apenas após esse cenário de escuridão, o Criador ordena que haja luz e faz
separação entre a luz e as trevas, surgindo o dia e a noite [Gênesis 1:3-5]

Essa narrativa do primeiro dia criacional é bastante conhecida e temos certeza


que você já a leu antes ou, pelo menos, já tinha uma noção dela.

Mas, a escuridão não está restrita ao estado da Terra descrito em Gênesis 1:2.
O próprio universo, apesar das incontáveis estrelas existentes, é tomado pela
escuridão. A matéria escura e a energia escura constituem impressionantes
95,1% do conteúdo total de massa-energia do universo.

Talvez, neste ponto, você esteja fazendo a mesma pergunta que muitos se
fazem... Porque o Eterno, o Supremo Criador, fonte de toda luz, permite
tamanha escuridão em sua criação?

O apóstolo Tiago chama o Senhor de "Pai das luzes". João escreve em sua
primeira carta que aquilo que ele tinha ouvido de Cristo e que ele anunciava era
que "Deus é luz, e não há nele trevas nenhumas" [1 João 1:5]

O próprio João, no início do evangelho escrito por ele, mostra um paralelo


espiritual das questões físicas retratadas no capítulo 1 de Gênesis.

Gênesis mostra o Criador intervindo num cenário de trevas e escuridão, dizendo


"haja luz". A Palavra de Deus em ação sobre o mundo físico. João, ao referir-se
ao ministério de Jesus, mostra o Verbo manifestando-se, trazendo a vida, e a
vida era a luz dos homens. A luz resplandece nas trevas, e as trevas não a
compreenderam [João 1:4,5]. A Palavra de Deus em ação sobre o mundo
espiritual.

Cremos que, assim como Deus não criou o homem em trevas, mas o fez perfeito,
à sua imagem e semelhança, mas esse homem veio a viver em trevas através
de sua própria decisão, o universo e a Terra não foram criados originalmente em
trevas. Algo aconteceu.

174
1] A REBELIÃO DOS ANJOS

O Criador, através das revelações proféticas do Antigo Testamento, nos fornece


elementos para conhecer alguns aspectos da rebelião que ocorreu no céu muito
antes da criação do homem.

Usando a figura do rei de Tiro, localidade famosa nos tempos de Ezequiel pelo
seu vasto comércio, o Eterno revela ao profeta detalhes sobre o que ocorrera
antes da criação do homem, mostrando a realidade existente naquela distante
era:

"Filho do homem, levanta uma lamentação sobre o rei de Tiro, e dize-lhe: Assim
diz o Senhor DEUS: Tu eras o selo da medida, cheio de sabedoria e perfeito em
formosura.

Estiveste no Éden, jardim de Deus; de toda a pedra preciosa era a tua cobertura:
sardônia, topázio, diamante, turquesa, ônix, jaspe, safira, carbúnculo,
esmeralda e ouro; em ti se faziam os teus tambores e os teus pífaros; no dia
em que foste criado foram preparados.

Tu eras o querubim, ungido para cobrir, e te estabeleci; no monte santo de Deus


estavas, no meio das pedras afogueadas andavas. Perfeito eras nos teus
caminhos, desde o dia em que foste criado, até que se achou iniquidade em ti.

Na multiplicação do teu comércio encheram o teu interior de violência, e pecaste;


por isso te lancei, profanado, do monte de Deus, e te fiz perecer, ó querubim
cobridor, do meio das pedras afogueadas.

Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua


sabedoria por causa do teu resplendor; por terra te lancei, diante dos reis te
pus, para que olhem para ti.

Pela multidão das tuas iniquidades, pela injustiça do teu comércio profanaste os
teus santuários; eu, pois, fiz sair do meio de ti um fogo, que te consumiu e te
tornei em cinza sobre a terra, aos olhos de todos os que te veem.

Todos os que te conhecem entre os povos estão espantados de ti; em grande


espanto te tornaste, e nunca mais subsistirá" [Ezequiel 28:12-19]

Essa passagem, além de outros elementos, deixa a clara conotação que, nesse
reino pré-humano, havia uma intensa atividade na criação de Deus.

175
Além dessa atividade, havia luz. No livro de Isaias, o "querubim ungido" descrito
por Ezequiel, é identificado como "portador da luz". Também é denominado de
"filho da alva":

"Como caíste desde o céu, ó Lúcifer, filho da alva! Como foste cortado por terra,
tu que debilitavas as nações! E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima
das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me
assentarei, aos lados do norte.

Subirei sobre as alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo. E contudo


levado serás ao inferno, ao mais profundo do abismo. Os que te virem te
contemplarão, considerar-te-ão, e dirão: É este o homem que fazia estremecer
a terra e que fazia tremer os reinos?

Que punha o mundo como o deserto, e assolava as suas cidades? Que não abria
a casa de seus cativos?" [Isaías 14:12-17]

Vemos, então, que essas passagens nos remetem a uma realidade anterior à
criação do homem e anterior ao processo que começa no primeiro dia criacional.

Se formos coerentes com esses textos e outros, temos que partir da premissa
que havia reinos, uma intensa atividade angelical no universo e que um
querubim, ungido pelo Altíssimo, guardava esse reino de luz.

Vejamos a passagem de Jó 38:4-7, que nos traz mais revelações sobre o tema:

"Onde estavas tu, quando eu fundava a terra? Faze-mo saber, se tens


inteligência. Quem lhe pôs as medidas, se é que o sabes? Ou quem estendeu
sobre ela o cordel?

Sobre que estão fundadas as suas bases, ou quem assentou a sua pedra de
esquina, quando as estrelas da alva juntas alegremente cantavam, e todos os
filhos de Deus jubilavam?" [Jó 38:4-7]

Nessa passagem, onde o Criador interpela a Jó sobre Sua criação, fica claro que
no princípio havia um cenário de perfeição, harmonia e luminosidade em todo o
Universo.

Certamente, naquele cenário o homem ainda não havia sido criado nem a Terra
era "sem forma e vazia". Mas, fica implícito na passagem que todos os filhos de
Deus, criaturas que já existiam antes do homem, jubilavam, assim como as
estrelas da alva, que juntas alegremente cantavam.

No livro do Apocalipse, capítulo 1, verso 20, lemos que as estrelas são os anjos.
No entanto, esse reino de luz, onde reinava perfeição entre as criaturas do
Altíssimo, se tornou tenebroso, a partir do momento em que iniquidade se achou
no coração do querubim ungido e ele quis tornar-se semelhante ao Altíssimo.

A passagem de Gênesis 1:2 narra, cremos, a consequência que a queda de


Lúcifer e sua rebelião juntamente com outros anjos, trouxe sobre a Terra:

176
" E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o
Espírito de Deus se movia sobre a face das águas" [Gênesis 1:2]

O relato de Gênesis, na passagem de Gênesis 1:2, foca a condição da Terra. O


verbo "era" [hebraico hayah] pode ser traduzido também como "passou a ser"
ou "tornou-se".

Acreditamos que a rebelião satânica trouxe consequências em todo o universo.


Tornou o universo inóspito, caótico e tenebroso... Até mesmo a ciência confirma
o que expomos aqui.

2] A MATÉRIA NEGRA E A ENERGIA NEGRA

Na cosmologia, a matéria escura (ou matéria negra) é uma forma postulada de


matéria que não interage com a matéria comum. Ela só interage
gravitacionalmente e, por isso, sua presença pode ser inferida a partir de efeitos
gravitacionais sobre a matéria visível, como estrelas, galáxias e aglomerado de
galáxias.

A matéria escura compõe cerca de 26,8% da densidade de energia do universo.


O restante seria constituído de energia escura, 68,3% e a matéria bariônica,
4,9%.

Deste modo, a matéria escura constitui 84,5% da matéria total do universo,


enquanto a energia escura mais a matéria escura constituem 95,1% do conteúdo
total de massa-energia do universo.

Nenhuma explicação plausível tem sido dada pelos cientistas para a existência
da matéria e da energia escura, o que é surpreendente, já que 95,1% do
conteúdo total de massa-energia do universo são constituídos de energia escura
e matéria escura.

Como já vimos, a realidade que as Escrituras mostram sobre o universo e toda


a criação no início de todas as coisas é de perfeição, harmonia e luz.

Ao mesmo tempo, a Palavra nos ensina que houve uma rebelião nos céus. O
pecado e a desobediência ao Criador trazem consequências sobre a criação
também. Vejamos as consequências que o pecado de Adão e Eva trouxeram
sobre a natureza:

"E a Adão disse: Porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher, e comeste da
árvore de que te ordenei, dizendo: Não comerás dela, maldita é a terra por causa
de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida. Espinhos, e cardos
também, te produzirá; e comerás a erva do campo" [Gênesis 3:17,18]

177
A revelação do Gênesis é clara. A Terra se tornou maldita como consequência
do pecado humano. Se essa relação pecado x maldição sobre o meio for aplicada
ao pecado dos anjos no universo, é coerente pensar que o pecado e a rebelião
de parte dos anjos trouxeram consequências semelhantes sobre o universo
também. Vejamos o que Paulo ensina aos romanos:

"Porque sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto
até agora" [Romanos 8:22]

O apóstolo dos gentios menciona que toda a criação geme e está juntamente
com dores de parto. Entendemos como "toda a criação" a totalidade da criação
do Altíssimo, englobando também a Terra [amaldiçoada após o pecado humano]
e o Universo [que sofreu consequências do pecado de parte dos anjos].

3] A REVELAÇÃO PROGRESSIVA DA LUZ

"E que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele
reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra, como
as que estão nos céus" [Colossenses 1:20]

O caráter redentor do Pai se manifestou plenamente em Cristo Jesus. Como


ensina Paulo, foi do agrado do Pai que toda a plenitude nele habitasse
[Colossenses 1:19].

Se prestarmos atenção e abrirmos os olhos espirituais, veremos que desde os


dias criacionais narrados em Gênesis, já há uma revelação progressiva da
plenitude da luz que Jesus traria através de Seu sacrifício. Vejamos o que
acontece logo no primeiro dia criacional:

"E disse Deus: Haja luz; e houve luz. E viu Deus que era boa a luz; e fez Deus
separação entre a luz e as trevas. E Deus chamou à luz Dia; e às trevas chamou
Noite. E foi a tarde e a manhã, o dia primeiro" [Gênesis 1:3-5]

A revelação da Luz do mundo, Jesus Cristo, começa a ser expressada desde o


primeiro dia criacional sobre a Terra! No primeiro dia da Criação, a luz rompe
sobre as trevas, assim como a luz de Jesus resplandeceu nas trevas quando o
Verbo se fez carne [João 1:4,5]

A existência do dia e da noite, da luz e da escuridão, nos remete a uma


simbologia que mostra a existência da Luz, que é a manifestação de Jesus entre
os homens e a existência das trevas, que é o pecado e a corrupção que este
gera sobre as criaturas e a criação.

178
Por meio do sacrifício de nosso Salvador Jesus, Deus reconciliou consigo mesmo
todas as coisas, tanto as que estão na terra, como as que estão nos céus.

Então, vemos que a manifestação da luz em nossa dimensão tempo-espacial é


progressiva. No princípio, a Terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a
face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas [Gênesis
1:2]

Depois, dia e noite são estabelecidos e a luz incide sobre a Terra durante a
metade das 24 horas, no período conhecido como "dia".

Finalmente, a concretização profética que é revelada nas Escrituras nos leva ao


momento final do plano do Altíssimo, quando haverá "nos céus e nova Terra" e
quando o primeiro céu e a primeira Terra passarão.

5] NOVO CÉU E NOVA TERRA

"E diziam à mulher: Já não é pelo teu dito que nós cremos; porque nós mesmos
o temos ouvido, e sabemos que este é verdadeiramente o Cristo, o Salvador do
mundo" [João 4:42]

Muitas vezes lemos várias vezes uma passagem em nossa vida e não
entendemos toda a sua plenitude. Isso se deve à riqueza eterna da Palavra do
Altíssimo e também a nossas limitações.

Essa passagem inserida no evangelho de João narra a declaração feita por


samaritanos, após ouvirem as Palavras do Mestre. Jesus é chamado de "o
Salvador do mundo".

Se formos ao original grego, veremos que a expressão escrita no livro de João


é "soter kosmos", que significa literalmente "salvador de todas as coisas
criadas".

A relação do vocábulo grego "kosmos" com o Universo criado é tão visível, que
o Universo também é denominado por nós como "cosmos".

Jesus é o Salvador dos homens e também de toda a criação. Ele reconciliou com
Deus todas as coisas, tanto as que estão na terra, como as que estão nos céus.
Isso se aplica não apenas ao homem e à Terra, mas a todo o Universo e aos
lugares celestiais.

Assim como a concretização da salvação do Pai sobre nossa natureza é


progressiva, começando pela regeneração espiritual, a mudança diária da alma
e da mente, até a futura glorificação corpórea de nossos corpos corruptíveis e
marcados pelo pecado, a concretização do plano do Altíssimo sobre toda Sua
criação é progressiva e alcançará seu momento culminante:

179
"E vi um novo céu, e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra
passaram, e o mar já não existe. E eu, João, vi a santa cidade, a nova Jerusalém,
que de Deus descia do céu, adereçada como uma esposa ataviada para o seu
marido.

E ouvi uma grande voz do céu, que dizia: Eis aqui o tabernáculo de Deus com
os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus
estará com eles, e será o seu Deus" [Apocalipse 21:1-3]

Esse será o momento, após o Milênio, onde o plano do Criador para restaurar
Sua criação alcançará um ponto culminante. Haverá novo céu e nova Terra, pois
os primeiros passarão.

A luz de manifestará plenamente sobre toda a criação. O universo mostrará toda


a grandeza do plano do Altíssimo e de Seu poder criacional. Cremos que há um
propósito para cada estrela, cada galáxia, cada sistema solar. A Luz do Pai das
luzes se manifestará em toda a criação de forma plena, já que o pecado já não
existirá.

Será o fim da escuridão... No clímax da revelação do plano de Deus para a


criação, o próprio Filho diz sobre si:

"Eu, Jesus, enviei o meu anjo, para vos testificar estas coisas nas igrejas. Eu
sou a raiz e a geração de Davi, a resplandecente estrela da manhã" [Apocalipse
22:16]

O Verbo se fez carne e tornou-se geração de Davi. E Ele, que é a Luz do mundo,
apresenta-se como a "resplandescente estrela da manhã". Ao revelar-se como
"a resplandecente estrela da manhã", Jesus inaugura um novo patamar
criacional para todo o universo, já não mais influenciado pela escuridão e trevas
geradas pela queda da "estrela da manhã", mas repleta da luz da
resplandescente estrela da manhã, que é Cristo.

Deus não desiste de Sua criação. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele
nada do que foi feito se fez [João 1:3]. No Filho foram criados céus e Terra. O
plano do Pai é que através do Filho, Jesus Cristo, a Luz do mundo, todas as
coisas sejam restauradas.

"Falou-lhes, pois, Jesus outra vez, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me
segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida" [João 8:12]

180
Jesus é a Luz do Cosmos e é a Luz dos homens. A Luz se manifestará plenamente
sobre a criação quando o novo céu e nova Terra forem estabelecidos e quando
o próprio Criador habitar conosco. Esse será o fim da escuridão.

Nunca mais te servirá o sol para luz do dia nem com o seu resplendor a lua te
iluminará; mas o Senhor será a tua luz perpétua, e o teu Deus a tua glória"
[Isaías 60:19]

ÍNDICE

PÁGINA 003] A IGREJA E O ARREBATAMENTO

PÁGINA 027] CONTROLE MUNDIAL

PÁGINA 036] A IGREJA NA TRIBULAÇÃO

PÁGINA 053] AS BODAS DO CORDEIRO

PÁGINA 061] IMINÊNCIA

PÁGINA 072] DISPENSACIONALISMO PROGRESSIVO

PÁGINA 084] VIGILÂNCIA EM MEIO À CRISE

PÁGINA 097] A GRANDE BABILÔNIA

PÁGINA 100] A SEGUNDA VINDA DE JESUS

PÁGINA 103] O MILÊNIO

PÁGINA 115] POSTRIBULACIONISMO

PÁGINA 123] A GRANDE MENTIRA

PÁGINA 131] ESCATOLOGIA PRIMITIVA

PÁGINA 141] DIA DO SENHOR

PÁGINA 146] AS SETENTA SEMANAS

PÁGINA 158] A GLORIFICAÇÃO

PÁGINA 164] A VIDA APÓS A VINDA

PÁGINA 174] O FIM DA ESCURIDÃO

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