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PREPARADOS PARA O FIM

Jesiel Rodrigues [Edição 2023]

Talvez a palavra mais pronunciada e escrita nos noticiários dos últimos anos
seja "crise". Seja no contexto financeiro global, no comportamento humano,
nas instituições e até na natureza.

Isso nos mostra que estamos às portas do período que antecede a gloriosa
volta do Senhor Jesus. Um período de angústia diferente de todos os outros
pelos quais a humanidade já atravessou. A maior tribulação que a
humanidade já passou.

De acordo com nosso Senhor uma "grande aflição, como nunca houve desde
o princípio do mundo até agora, nem tampouco há de haver" (Mateus 24:21).

Será um período que trará o clímax da atuação satânica sobre a humanidade,


quando um homem em estreita sujeição e comunhão com o inimigo
governará sobre as nações, será adorado pela maior parte da população e
perseguirá mortalmente os servos fiéis ao Senhor Jesus (Apocalipse 13:1-18,
II Tessalonicenses 2:3-4).

O que acabamos de descrever não é desconhecido por aqueles que seguem


a Cristo. Nem mesmo é um assunto novo para aqueles que não comungam a
nossa fé.

Porém, vemos que há uma enorme distância entre conhecer detalhes das
profecias bíblicas e viver de acordo com a luz que elas lançam sobre o futuro.
Na verdade, a maioria não está preparada para a realidade tribulacional que
se aproxima. Cremos que isso se deve a três razões principais:

1. Muitas pessoas conhecem as profecias bíblicas, mas não dão muito crédito
a elas.

2. Muitas pessoas desconhecem as profecias bíblicas ou as conhecem de uma


forma superficial e deturpada.

3. Muitos conhecem as profecias, creem nelas, mas não creem que estarão
inseridos no grande clímax profético que se aproxima.

Alguns nem sequer cogitam a possibilidade de estarem inseridos neste


período, mesmo diante de sinais incontestáveis que apontam para a chegada
iminente dos dias finais.

O sistema escatológico conhecido como "pré-tribulacionismo" tem contribuído


consideravelmente para gerar essa atitude, que é descrita no ponto (3)
acima.

Por que abordar esse tema? Porque cremos que estaremos inseridos no
período mais angustiante que a Igreja passará neste planeta.

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I] A NECESSIDADE DA PREPARAÇÃO

Não nos deteremos aqui para explicar porque cremos que nosso encontro
com o Senhor (arrebatamento) ocorrerá logo após a grande tribulação. Em
nosso livro A IGREJA E A TRIBULAÇÃO já abordamos esse tema de forma
detalhada.

Caberá a cada um considerar se o exposto nele é procedente ou não.


Queremos deter-nos aqui para tentar conscientizar os irmãos que creem que
nosso encontro com o Mestre nos ares se dará em Sua volta triunfal, logo
após a grande tribulação (Mateus 24:29).

Para aqueles irmãos que não creem assim, fica aqui o nosso amoroso pedido
de reflexão... Que este livro possa servir a todos, independentemente de suas
posições escatológicas, principalmente quando estivermos atravessando os
dias difíceis que virão... Que você possa examiná-lo por inteiro e reter o que
é bom.

1] UMA REALIDADE HISTÓRICA

Pode a Igreja passar por um período em que déspotas malignos estejam no


poder e os nossos irmãos passem por sofrimentos, privações e angústias
extremas? O amor de Jesus Cristo pela Sua Igreja a isenta de passar por
esses momentos?

Se formos honestos com a verdade do Evangelho e com a história de nossos


irmãos através dos séculos, teremos que responder sim à primeira pergunta
e fazer uma profunda reflexão sobre a segunda.

As Escrituras são enfáticas em mostrar que tribulação, perseguição,


sofrimento, oposição governamental, tortura e morte, são realidades
relacionadas ao dia a dia da Igreja neste mundo até a volta de Cristo (Mateus
24:9, I Pedro 4:13, II Timóteo 3:11, II Timóteo 2:3, I Tessalonicenses 1:6,
II Tessalonicenses 1:4, II Coríntios 1:7, II Coríntios 6:4, Romanos 8:18,
Romanos 12:12, João 16:33, Atos 13:50, Atos 8:1, Mateus 5:10, Apocalipse
2:10, II Coríntios 4:17).

O apóstolo Pedro chega a exortar seus discípulos a alegrarem-se em serem


participantes das aflições de Cristo (I Pedro 4:13). Já o apóstolo Paulo
escreveu aos colossenses que ele cumpria na sua carne o resto das aflições
de Cristo (Colossenses 1:4).

Não existe, em termos práticos, diferença entre morrer queimado, comido


por feras ou tendo a pele arrancada, como muitos irmãos nossos dos
primeiros séculos, e morrer sob o governo da besta por não aceitarmos o seu
sinal e adorá-la.

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Quem utiliza o argumento que nós estaremos isentos da tribulação pelo fato
de sermos os escolhidos do Senhor, não está sendo coerente nem com a
história nem com as Escrituras. É óbvio que o Senhor protegeu e protegerá
a quem Ele quiser. Cremos que, em meio à grande tribulação, muitos serão
sobrenaturalmente protegidos pelas mãos poderosas de Deus.

Porém, negar a nossa permanência na Terra nesse período que virá usando
como base a suposta isenção da Igreja, não é coerente, como já vimos.

Quando consultamos os registros históricos sobre a perseguição à Igreja,


vemos que ela começou já nos dias do Senhor. Ele era perseguido pelos
religiosos da época.

Os primeiros anos após a assunção de Cristo e a pregação do evangelho pelos


apóstolos, se caracterizaram pela perseguição dos grupos religiosos judeus
àqueles que professavam a fé no que o Mestre havia ensinado.

A própria história de Paulo nos retrata isso. Ele passou de perseguidor,


enquanto fariseu, a perseguido, a partir de sua conversão (Atos 8:1-3, Atos
9:1-43). Essa perseguição contra os cristãos, anos depois, tornou-se
institucional e oficial.

A primeira tomada de posição do Estado Romano contra os cristãos remonta


ao imperador Cláudio (41-54 d.C). Os historiadores Suetônio e Dione Cássio
relatam que Cláudio mandou expulsar os judeus porque estavam
continuamente em litígio entre si por causa de "um certo Chrestos".

O historiador Gaio Suetônio Tranquilo (70-140 d.C), funcionário imperial de


alto nível sob Trajano e Adriano, intelectual e conselheiro do imperador,
chegou a justificar a decisão e as sucessivas intervenções do Estado contra
os cristãos, definindo-os como "superstição nova e maléfica".

No ano 65 d.C, um incêndio devastou 10 dos 14 bairros de Roma. O


imperador Nero, acusado pelo povo de ser o seu autor, lançou a culpa sobre
os cristãos.

Iniciou-se, assim, a primeira grande perseguição do Império Romano contra


os fiéis a Cristo, perseguição que durará até 68 e na qual, muito
provavelmente, foram mortos os apóstolos Pedro e Paulo.

O historiador Tácito Cornélio (54-120), descreveu esse acontecimento em


seus "Anais", escrito no tempo de Trajano. Ele acusou Nero de ter
injustamente culpado os cristãos, mas declarou-se convencido de que eles
mereciam as mais severas punições porque, como escreveu, "a sua
superstição os leva a cometer infâmias".

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Veja como Tácito descreve essa primeira onda de perseguição contra os
seguidores de Jesus Cristo:

"Para acabar logo com as vozes públicas, Nero inventou os culpados, e


submeteu a refinadíssimas penas aqueles que o povo chamava de cristãos, e
que eram mal vistos pelas suas infâmias. O nome deles provinha de Cristo,
que sob o reinado de Tibério fora condenado ao suplício por ordem do
procurador Pôncio Pilatos.

Momentaneamente adormecida, essa superstição maléfica surgiu de novo,


não só na Judéia, lugar de origem daquele flagelo, mas também em Roma,
onde tudo que seja vergonhoso e abominável acaba confluindo e encontrando
a própria consagração.

Foram inicialmente aprisionados os que faziam confissão aberta da crença.


Depois, denunciados por estes, foi aprisionada uma grande multidão, não
tanto porque acusados de terem provocado o incêndio, mas porque eram
tidos como acesos de ódio contra o gênero humano.

Os que se encaminhavam à morte estavam também expostos à burla:


cobertos de pele de feras, morriam dilacerados pelos cães, ou eram
crucificados, ou queimados vivos como tochas que serviam para iluminar as
trevas quando o sol se punha.

Nero tinha oferecido seus jardins para gozar desse espetáculo, enquanto
oferecia os jogos do circo e, vestido como cocheiro misturava-se ao povo ou
mantinha-se hirto sobre o coche...

Embora os suplícios fossem contra gente culpada, que merecia tais tormentos
riginais, nascia por eles, um senso de piedade, porque eram sacrificados não
em vista de uma vantagem comum, mas pela crueldade do príncipe..."
(Tácito 15,44)

Observe que, apesar de não concordar com os métodos infringidos por Nero,
o historiador Tácito considerava os discípulos do Senhor Jesus como gente
desprezível, capaz de crimes horrendos.

Um dos crimes mais infames atribuídos aos cristãos eram o infanticídio ritual.
Ao não entenderem o real significado e a forma de celebração da ceia, os
romanos haviam criado boatos que na celebração da ceia do Senhor os
cristãos sacrificavam uma criança e comiam as suas carnes...

Outra acusação comum contra nossos irmãos era o incesto, ao não


entenderem o significado da irmandade entre os que seguiam a Cristo e a
forma amorosa como se tratavam, inclusive saudando-se com o ósculo santo.

Aqueles que não haviam conhecido a mensagem de Cristo e se convertido,


ainda imersos em suas crenças pagãs, onde o egoísmo, os bacanais e a
barganha interesseira com as "deidades" imperavam, não podiam
compreender o real significado da vida e das práticas cristãs.

As acusações, nascidas do mexerico do povo simples, foram assim


sancionadas pela autoridade de vários imperadores, que perseguiam os

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cristãos e os condenavam à morte. As perseguições por parte do Império só
findaram no começo do século IV.

Desde a sua instituição pelo Senhor Jesus até o começo do século IV, a Igreja
passou por 129 anos de perseguição e gozou de 120 de relativa tranquilidade.

Neste ponto queremos destacar três questões principais. A primeira diz


respeito ao crescimento da Igreja. Enquanto ela foi perseguida, cresceu de
uma forma avassaladora.

O próprio testemunho dos mártires, enfrentando as mais horripilantes formas


de tortura e morte com serenidade, alegria e devoção a Deus, fazia com que
muitas pessoas fossem tocadas pelo Espírito Santo e se convertessem ao ver
isso.

A segunda questão diz respeito aos argumentos do inimigo. Note que, todos
os imperadores romanos que promoveram perseguições contra os servos do
Senhor tinham pretextos inventados.

Devemos estar preparados para as falsas acusações que serão feitas contra
nós no período tribulacional. Algo deve servir como "justificativa" para que
todo aquele que se negar a adorar a imagem da besta, seja morto (Apocalipse
13:14-15).

A terceira questão diz respeito à pureza doutrinária. Enquanto foi


ferrenhamente perseguida pelo Império, a Igreja soube colocar-se
firmemente contra os ensinamentos que tentavam infiltrar-se no seio do
Evangelho, provenientes principalmente do gnosticismo grego ou do
paganismo romano.

Porém, quando cessou a perseguição, a Igreja passou a institucionalizar


práticas pagãs, através da troca de interesses entre o Império e a igreja
sediada em Roma que, a partir do século IV, tornou-se a líder das demais.

O jogo político-religioso entre o imperador romano e a igreja de Roma, que


já reunia a grande maioria dos romanos, ficou evidente desde o fim da
perseguição e tornou-se uma prática que perdura até hoje.

Então, entendemos que a tranquila realidade atual das igrejas cristãs no


mundo ocidental não deve ser tomada como padrão para afirmar que
perseguição, tribulação, tortura, oposição, necessidade e morte são coisas do
passado.

Se formos coerentes e honestos com o que está escrito na Palavra e com o


que é patente nos relatos históricos, o que vivemos hoje é uma exceção à
regra.

É um tempo dado pelo Senhor para que o Seu Evangelho seja pregado a toda
criatura e para que o Seu povo se prepare para o fim. O fim virá quando o
evangelho for pregado em todas as nações (Mateus 24:14).

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Entrar num carro novo, com ar condicionado, e ir até um templo climatizado
no centro da cidade para sentar em cadeiras confortáveis para ouvir sobre
prosperidade financeira, não é uma regra para a Igreja neste mundo.

Pertencer à alta sociedade e aos círculos políticos e empresariais,


envolvendo-se com a mesma sistemática social usada pelo poder humano,
não é o propósito para a Igreja neste tempo.

Alimentar os mesmos sonhos consumistas de todos os ímpios, não faz parte


de nossa missão. Repetimos: Ao não sofrermos (ainda) as agruras pelas quais
passaram nossos irmãos primitivos, não estamos vivendo uma regra, e sim
uma exceção.

Não somos em nada melhores que eles e não temos sabido aproveitar
plenamente este tempo de relativa bonança. Não somos sequer melhores que
nossos irmãos em certos países, que pagam com a sua própria vida nos dias
atuais a fé que professam.

Na verdade, não temos seguido o exemplo de José no Egito. Pelo contrário,


muitos têm esquecido o contexto espiritual e histórico em que estamos
inseridos.

Tenta-se passar para as pessoas que frequentam alguns grupos que se


denominam cristãos, ou para pessoas que seriam potenciais frequentadores
e membros dos tais, que estar inserido na sociedade, sendo bem visto por
ela, é algo a ser almejado. Que ter uma situação cômoda financeiramente é
um fim em si mesmo. Que todo tipo de sofrimento, aflição e tribulação é
sinônimo de "pecado" ou "fraqueza".

Tenta-se, infantilmente, ensinar que nós, enquanto cristãos e filhos de Deus,


temos o direito, já neste tempo e sistema, a conquistar países, governos e a
construir grandes impérios político-religioso-financeiros.

É como se José, mesmo ciente das revelações divinas sobre a futura aflição,
ensinasse o povo, durante os sete anos de abastança no Egito, a viver sem
maiores preocupações, crendo que aquela momentânea fartura fosse
permanente...

O mais preocupante de tudo é que, mesmo diante do atual colapso sistêmico


global, alguns teimam em seguir com sua abordagem do evangelho fora do
contexto bíblico.

É óbvio que temos que considerar o impacto do ensino pré-tribulacionista nas


últimas décadas, que, ao sustentar que o arrebatamento da Igreja ocorrerá
antes do começo da tribulação, deixa a maior parte de seus seguidores
totalmente despreocupada com o que poderia ocorrer durante a tribulação
profetizada para os dias que antecedem a gloriosa volta de Cristo.

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2] QUE POSTURA TER?

Vemos com preocupação que muitos poderão ser emocionalmente abalados


com a realidade que se aproxima.

Imagine alguém que foi ensinado que o Evangelho de Jesus Cristo significa
prosperidade material já neste sistema, vida familiar perfeita e cômoda,
obtenção de "conquistas" e "vitórias" financeiras e alto de nível de inclusão e
reconhecimento social e político.

Uma pessoa que foi ensinada a reivindicar já no tempo atual as promessas


feitas na Antiga Aliança a Israel e as promessas que só se concretizarão em
nossas vidas após a vinda do Senhor.

Agora imagine essa mesma pessoa diante de uma realidade familiar como a
descrita pelo Senhor Jesus em Mateus 10:17-36, onde o Mestre deixa claro
que haveria divisões e traições dentro das próprias famílias diante da
perseguição contra os Seus discípulos.

Imagine essa pessoa perdendo suas principais fontes de renda ou tendo que
escolher entre mantê-las e negar todo envolvimento com o sistema da
besta...

Sabemos que as profecias se cumprirão. Sabemos que num futuro muito


próximo, um sistema maligno mundial se levantará e, para exercer qualquer
atividade dentro dele, será necessário portar um sinal ou marca e adorar a
imagem da besta. Temos entendido que estaremos inseridos nessa realidade.

Então, o que fazer? Devemos nos ocupar realmente dessas questões ou elas
ainda ocorrerão num futuro muito distante? Devemos cruzar os braços e
deixar que Deus faça tudo?

Devemos abandonar o sistema já e buscar locais mais afastados ou será que


devemos permanecer até um momento limite e só então sair? Devemos
preparar alguma estrutura já? Essas são questões cruciais, as quais, embora
sejam delicadas, não podem deixar de serem respondidas...

POSTURA ESPIRITUAL: Cremos que essa é a postura fundamental, sobre


a qual as outras devem existir. Quem não tiver uma postura espiritual dirigida
pelo Espírito Santo, estará fadado ao fracasso, pois estará lutando apenas de
forma humana contra forças espirituais da maldade no clímax de sua atuação
sobre a Terra.

Nossa esperança é maior do que qualquer sofrimento. E a maior de todas as


nossas esperanças é a volta de Cristo (Tito 2:13).

Durante a tribulação, haverá uma adoração geral e aberta ao anticristo, que


receberá poder do próprio diabo (Apocalipse 13:2-15). Devemos buscar do
Senhor forças espirituais para poder enfrentar esses momentos. Azeite para
acender nossas lâmpadas em meio à escuridão antes da chegada do Noivo.

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Ninguém poderá atravessar o período tribulacional ou sequer ficar nele um
dia, mantendo-se firme no Senhor, através sua própria força de vontade ou
de seus conhecimentos teóricos.

Se nos dias atuais precisamos a cada momento da ajuda e direção do Espírito


Santo, nos dias tribulacionais ainda mais. Quem tiver uma vida espiritual
morna ou não for realmente comprometido com o Senhor, sofrerá graves
consequências espirituais, pois o engano e a iniquidade alcançarão níveis
nunca antes vistos.

Que estejamos de posse e usemos corretamente as armas espirituais


ensinadas por Paulo em Efésios 6:12-18. Elas serão fundamentais para que
possamos enfrentar os dias que virão.

Oremos para que o Espírito Santo nos guie a toda verdade e nos mantenha
firmes na fé. Quem perseverar até o fim, será salvo (Mateus 24:13).

POSTURA MENTAL: Nos últimos anos, temos notado que muitos irmãos, ao
não verem as promessas que são feitas por líderes serem cumpridas, entram
num profundo estado de depressão e desânimo. É importante destacar que o
cristão não está isento de passar por momentos de tristeza e depressão.

Porém, aqui nos referimos à expectativa que é criada por aqueles que mal
interpretam a mensagem do Evangelho e criam a falsa impressão aos seus
ouvintes e/ou espectadores que, ao ingressar em suas igrejas, todos os
problemas da pessoa serão resolvidos e todos os seus sonhos (inclusive os
de consumo) serão consumados.

Outros, de tão envolvidos que estão com o sistema, entram em depressão ao


verem que determinados projetos ou sonhos não poderão ser concretizados
por falta de recursos.

Até mesmo por pequenas coisas do dia a dia que não saem de acordo com o
que é planejado, considerando a grande expectativa de sucesso alimentada
pelas mensagens recebidas nos modernos cultos, as pessoas tendem a ficar
desalentadas.

Tenho visto alguns irmãos tristes e desanimados diante do atual quadro


financeiro global. Ora, se a nossa bem-aventurada esperança é a volta
gloriosa do Senhor (Tito 2:13), por que ficaríamos desanimados diante de
sinais claros da proximidade dessa vinda?

A abordagem do evangelho que muitos têm feito nas últimas décadas,


relacionando a vida cristã à riqueza material já nesse mundo, tem produzido
uma geração de cristãos que não estão preparados para os momentos
tribulacionais que se aproximam.

Diante desse contexto, para muitos a realidade tribulacional será um grande


baque. Alguns verão ruir, bem diante de seus olhos, todo o patrimônio e as
conquistas feitas por suas famílias durante séculos.

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Outros, diante da exigência da marca da besta para estarem incluídos no
mercado de trabalho e intercâmbio comercial, ficarão em desespero ao
pensar sobre como será a sobrevivência sua e de seus filhos.

Cremos que, alicerçada na postura espiritual apropriada, deve haver também


uma postura mental que deixe o cristão preparado para aquilo que virá.

Se formos aos dias da igreja primitiva, quando mães viam seus filhos serem
arrancados de si e jogados aos leões, e mesmo assim continuavam louvando
e exaltando ao Senhor, não fraquejando na fé, veremos que aqueles irmãos
e irmãs tinham uma postura mental que está a anos luz da nossa mentalidade
cristã-ocidental.

Em primeiro lugar, eles já haviam sido alertados pelo próprio Senhor que o
mundo os odiaria, assim como tinha odiado a Cristo (João 15:20).

Muitos deles viram o que foi feito com Cristo publicamente na crucificação.
Eles criam na mensagem do Mestre num tempo em que crer nessa mensagem
não era bem visto socialmente.

Afinal, estavam crendo num líder judeu, rejeitado até mesmo pela religião de
seu povo e que tinha sido morto através da forma mais desprezível que um
ser humano naqueles dias poderia ser.

Ao mesmo tempo, eles sabiam e viram que Jesus tinha ressuscitado, que Ele
é o Filho de Deus. Eles viam diariamente milagres e sinais sobrenaturais
ocorrendo em seu meio e a sua esperança não estava neste mundo (I
Coríntios 15:19).

Jesus ensinou que, onde estivesse o nosso tesouro, ali estaria o nosso
coração (Mateus 6:21). Se o coração de alguém estiver em suas posses e
conquistas terrestres, diante da grande tribulação que se aproxima, essa
pessoa será emocionalmente abalada e mentalmente desequilibrada.

Não terá estrutura emocional e mental para suportar os momentos que virão.
No entanto, se o seu coração estiver no Reino de Deus, então ela esperará
com paciência o dia da volta de Cristo e, a exemplo de Estevão, que mesmo
sentindo as pedras atravessar-lhe pele e músculos, não tirou seus olhos do
Senhor, pois seu coração estava no tesouro celestial!

Por isso, cremos que devemos orar par que a nossa postura mental seja
transformada. Devemos interceder para que todo conformismo com os
modelos e padrões deste mundo, e aquilo que ele pode oferecer, seja
aniquilado através da renovação de nossa mente (Romanos 12:2).

Devemos, em tempo e fora de tempo, conscientizar nossos irmãos que, aquilo


que ocorreu com os nossos irmãos primitivos, certamente poderá ocorrer
conosco também.

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Mentalmente, devemos estar preparados para a eventualidade de sermos
perseguidos, torturados e mortos. Devemos estar preparados também para
a eventualidade que isso ocorra com as pessoas que amamos.

Devemos estar preparados até para sermos protegidos pelo Senhor em meio
à destruição tribulacional que virá. Nossa mente e coração devem estar
preparados para essas possibilidades.

POSTURA ECLESIÁSTICA: Este é um ponto muito importante e deve ser


considerado com discernimento. Se formos às páginas do Novo Testamento
ou aos registros históricos dos três primeiros séculos da era cristã, veremos
que não havia denominações.

Um determinado grupo de irmãos se reunia em uma casa ou local apropriado


e a igreja era identificada com o nome da cidade, sendo submissa à
autoridade dos apóstolos e daqueles ordenados pelos apóstolos. Não havia
nomenclaturas para identificar cada grupo.

Contudo, apesar de não ter feito parte da realidade da Igreja nos primeiros
séculos, cremos que o denominacionalismo, mesmo não sendo o ideal para a
estrutura do que a Igreja deveria ser em termos de unidade, cumpriu o seu
papel histórico.

Milhões de pessoas conheceram o evangelho nas diferentes denominações e


muitos homens de Deus foram levantados para iniciar trabalhos, colocando-
lhes diversos nomes.

Porém, diante da chegada do anticristo ao poder e em meio à tribulação, as


denominações cristãs que ainda se mantêm verdadeiras e fiéis serão
mortalmente perseguidas.

Consequentemente, não será possível encontrar templos em que se reúnam


os genuinamente cristãos, cultos, nem atividades eclesiásticas tais como as
que conhecemos no mundo ocidental.

Apenas os grupos religiosos que se aliarem ou forem seduzidos pelo falso


profeta manterão suas atividades "religiosas", voltadas para adoração da
imagem da besta. Inclusive alguns grupos que hoje se denominam "cristãos",
que não conseguirão abrir mão de suas relações com o sistema...

Porém, as verdadeiras igrejas de Cristo e os Seus verdadeiros seguidores não


poderão mais exercer as atividades eclesiásticas tais como são exercidas
atualmente e, por causa da mortal perseguição, serão dispersos por todos os
lados.

As placas denominacionais não terão mais utilidade. Os títulos e posições


hierárquicas também não. Em verdade, eles não têm utilidade na verdadeira
Igreja. Os ministérios é que continuarão a ser exercidos por aqueles que são
levantados por Deus.

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A tribulação trará algo que é raro hoje em dia, mas que deveria ser o ideal:
que um cristão seja conhecido apenas por ser discípulo de Jesus,
independente da instituição ou denominação à qual ele pertença.

Nesse contexto, ficam aqui as seguintes perguntas: Estão sendo os membros


das igrejas preparados atualmente para essa realidade futura, porém
próxima?

Estão sendo preparados para, diante da perseguição e tribulação que se


aproximam, terem um grau de independência espiritual e maturidade no
Espírito Santo que possibilite que cada membro viva sua fé e mantenha o
testemunho do Senhor mesmo longe de seus líderes e guias, ou os irmãos
estão sendo condicionados a estarem sempre dependentes das atividades
denominacionais?

Estão as igrejas preparando seus membros para, em determinado momento


do futuro, se reunirem de forma oculta e em pequenos grupos ou estão sendo
acostumados a frequentarem mega templos e catedrais suntuosas?

Estão sendo ensinados a tornarem-se adultos espirituais ou a permanecerem


como eternas crianças carentes de mimos, atrações e palavras positivistas?

São perguntas para que possamos refletir...

POSTURA FAMILIAR: Cremos que a família é uma benção do Altíssimo.


Quando uma família é inteiramente consagrada e temente ao Eterno Pai,
então é uma grande maravilha. Porém, devemos estar atentos ao que diz a
Palavra sobre as relações familiares em tempos de intensa tribulação.
Vejamos o que o Messias profetizou aos discípulos:

"E o irmão entregará à morte o irmão, e o pai o filho; e os filhos se levantarão


contra os pais, e os matarão. E odiados de todos sereis por causa do meu
nome; mas aquele que perseverar até ao fim será salvo" (Mateus 10:21-22)

Essa revelação foi dada pelo Senhor aos apóstolos, logo após a sua escolha.
Enquanto os comissionava, Jesus mostrou-lhes quais seriam algumas das
consequências de seguir a Cristo.

Entre elas, Ele apontou para possíveis conflitos familiares. Cremos que essa
palavra se aplica a nós também. Num cenário de escárnio, repúdio e
perseguição, como experimentaram os apóstolos entre sua própria gente, até
mesmo divisões e traições nas famílias ocorriam. Temos que estar preparados
para essa realidade também.

Devemos orar pela nossa família e, com muita mansidão e discernimento,


mostrar a todos as verdades da Palavra de Deus. Como dissemos no início, é
maravilhoso pertencer a uma família onde todos seguem a Cristo e tem sua
fé Nele.

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Porém, aqueles que possuem familiares ímpios, em meio à grande
malignidade que imperará no período tribulacional, devem preparar-se para
serem perseguidos e traídos até pelos seus familiares. Está escrito. É um
alerta que devemos considerar, ainda que nos doa. Que possamos estar
preparados.

3] MEDIDAS PRÁTICAS

Diante de tudo isso que vimos, o que fazer em relação a nossa vida? Que
medidas práticas devemos tomar para não deixar que o sistema da besta nos
influencie ou exerça controle sobre nós?

Entendemos que o fundamento de uma vida cristã vitoriosa está na


comunhão da pessoa com o Senhor, através do Espírito Santo. Se não houver
essa comunhão íntima e crescente, nenhuma medida prática que se tome
para ficar fora do sistema da besta terá valor.

Uma vida de oração, sinceridade e santidade é necessária. Uma mente


renovada, que não se conforma com este mundo, é imprescindível.

Porém, vivemos num mundo físico e medidas materiais específicos podem e


devem ser tomadas, caso não queiramos ficar facilmente à mercê do controle
que a besta exercerá sobre o planeta.

Tais medidas, cremos, não devem ser tomadas tendo em mente apenas a
nossa preservação física durante a tribulação.

Quem pensar assim, sofrerá o alto risco de frustrar-se, pois muitos servos do
Senhor serão martirizados durante a grande tribulação. O anticristo
assassinará a muitos cristãos (Apocalipse 6:9-11, 13:7, 20:4).

Nossa esperança não está neste sistema, mas no Senhor. Devemos estar
preparados para o martírio. Nossa prioridade, enquanto servos do Senhor, é
permanecer fiéis a Ele até o fim.

Não é nossa prioridade querer preservar nossa integridade física a qualquer


custo. Quem fizer isso poderá ser enganado e apostatar da fé diante do
grande engano que virá, pois poderá fraquejar e negar seu compromisso com
o Senhor diante da ameaça de martírio. O Senhor Jesus alertou aos discípulos
sobre isso:

"... Aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, e quem perder a sua vida
por amor de mim, achá-la-á" (Mateus 16:25)

Por outro lado, cremos que é lícito e convém tomar algumas medidas práticas
para que não sejamos facilmente aprisionados e vitimados durante a grande
tribulação. Mais uma vez, os irmãos primitivos nos ensinam uma valiosa lição.

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Diante da cruel perseguição dos primeiros séculos, começaram a reunir-se
em locais secretos, túneis subterrâneos e em catacumbas. Começaram até a
usar códigos de comunicação próprios.

Eles sabiam que podiam ser capturados e mortos a qualquer momento, mas
não eram suicidas... Querer permanecer vivo é um sentimento natural e lícito,
desde quando não ultrapasse o nosso compromisso com o Senhor e a Sua
Palavra.

Então, que medida prática tomar? Devemos, acima de tudo, ter


discernimento. É óbvio que não há razões atualmente, pelo menos no mundo
ocidental, para reunir-nos em locais secretos.

Ainda temos relativa liberdade. Porém, devemos estar preparados para a


eventualidade de que isso mude em breve, como já vimos no tópico POSTURA
ECLESIÁSTICA.

Não sabemos quanto tempo de liberdade ainda resta para as igrejas


ocidentais. Pode ser uma mudança paulatina ou pode ser radical. Mais uma
coisa é certa: haverá perseguição.

As igrejas orientais, principalmente em países como China, Índia, Paquistão,


Arábia, etc, já convivem com um cotidiano de massacres, perseguição e
aversão. Elas têm uma estrutura organizacional mais resistente à tribulação.

Os irmãos ocidentais precisam começar a pensar e organizar-se nesse


aspecto também. Repetimos: não há como fixar o prazo de liberdade para as
igrejas no ocidente.

Talvez a proibição às reuniões que fujam do padrão religioso global do falso


profeta comece antes do que imaginamos... Temos que estar preparados já.

Atualmente, podemos começar com algumas medidas que serão bastante


proveitosas para que, em determinado momento, possamos sair do sistema
sem deixar muitos rastros.

Podemos começar evitando ficar à mercê do sistema financeiro, adquirindo


muitas dívidas. Não esqueçamos que o controle da besta, além de suas óbvias
implicações espirituais malignas, tomará a forma de controle financeiro e
comercial (Apocalipse 13:16-18).

Evitar usar cartões de crédito ou cheques pode ser uma boa medida já nos
dias atuais, se pudermos usar apenas valores em espécie. As crises que
atualmente atingem o mundo são uma prévia do futuro sistema da besta.

Quanto menos submissão tivermos ao mundo financeiro agora, melhor será


no futuro. No entanto, são apenas conselhos... Cada um deve discernir no
Espírito do Criador o que deve fazer, pois cada caso é diferente.

Outra medida prática que pode ser exercida facilmente já é evitar criar muita
publicidade em torno de nossas rotinas, nomes, trabalhos, dados e
endereços.

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Vemos que a internet, sobretudo as redes socais, têm contribuído para que
muitos exibam sua privacidade para milhões de desconhecidos, através de
sites de relacionamento e bate papo. É altamente aconselhável que evitemos
essa publicidade em torno de nós.

Nesse caso, a web pode tornar-se uma "rede" literal, uma cilada ou teia de
aranha para aquele que publica seus dados indiscriminadamente. Discrição e
sigilo devem ser conceitos valorizados pelo servo do Senhor que leva as
profecias a sério.

Não podemos esquecer que nossos inimigos espirituais, embora não sejam
oniscientes, são sumamente astutos. Devemos evitar qualquer mecanismo
ou tecnologia que precise ser implantado ou gravado em nosso corpo e que
cause a nossa identificação e localização.

Mesmo ocorrendo antes da imposição do sinal da besta a nível global, cremos


que algumas tecnologias poderão ser sugeridas ou até mesmo impostas por
governos, sejam mundiais ou locais, para criar um condicionamento que leve
a uma posterior aceitação da marca. Ou para deixar as pessoas localizáveis
e monitoráveis em qualquer lugar.

Escrevemos essas palavras acima no ano de 2008 e vejam o que ocorreu de


lá pra cá... Atualmente, todo o sistema financeiro está digitalizado, o papel
moeda está sumindo e as pessoas são facilmente monitoradas e localizadas
em tempo real.

Ter um mecanismo de controle e monitoramento no próprio corpo, mesmo


não sendo o sinal da besta em si, fará com que a pessoa seja facilmente
localizada e capturada ou fique teoricamente exposta a isso. Algo realmente
inconveniente para quem propôs em seu coração rejeitar o sistema da besta
e sair dele!

Um segundo passo importante seria planejar ter um local apropriado longe


dos grandes centros e o mais oculto que for possível, para que este local
possa abrigar irmãos em Cristo durante os dias tribulacionais. Locais que
tenham infraestrutura básica, como água, alimentos não perecíveis e que
durem mais de cinco anos, remédios, plantações, viveiros, etc.

É óbvio que recursos poderão ser necessários para tal e a união entre irmãos
pode facilitar essa árdua tarefa. Não estamos afirmando que nossos irmãos
devem dirigir-se para esses locais agora mesmo, após ler este artigo. Não!
Apenas sustentamos que esses locais podem ser preparados já de antemão,
com calma e tranquilidade, para serem usados num momento propício.

Acima de tudo, devemos orar para que o Senhor possa preparar-nos e guiar-
nos em tudo. Nada do que fizermos sem a orientação de Deus dará certo. Há
um propósito do Senhor para cada um de nós e, muitas vezes, esse propósito
divino é diferente para cada pessoa.

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Muitos cristãos ficarão no sistema para testemunhar e serem martirizados
por isso. Outros irão até locais previamente preparados. Alguns serão
sobrenaturalmente protegidos em meio à tribulação, assim como a
descendência de Abraão o foi no Egito.

Nossos olhos devem estar em Cristo. Como já dissemos, a Palavra de Deus


nos ensina que a nossa prioridade não deve ser tentar salvar nossa vida física,
mas sim perseverar até o fim, mantendo a fé em qualquer situação.

Que fim é esse? Cada um experimentará o seu, de acordo com os desígnios


do Senhor. Que a soberania do Senhor seja exercida em cada um de nossas
vidas, considerando cada plano individual Dele para nós. Que possamos
perseverar até o fim! (Mateus 24:14). Não esqueçamos a palavra de Paulo
aos irmãos em Roma:

"Porque, se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor


morremos. De sorte que, ou vivamos ou morramos, somos do Senhor"
(Romanos 14:8)

Que essa palavra esteja conosco até o fim! Esperamos que este artigo tenha
edificado sua vida. Nosso propósito é que você esteja preparado em Cristo
para enfrentar os dias difíceis que virão.

Quando virão? Não sabemos, mas se estivermos atentos aos sinais já


profetizados na Palavra, saberemos o tempo de tomar cada decisão. As
profecias bíblicas nos foram reveladas com esse objetivo.

O Espírito do Altíssimo, que habita em cada filho Seu, guiará a quem O


buscar, pois os filhos de Deus são guiados pelo Seu Espírito (Romanos 8:14).

Que cada decisão que vamos tomar seja guiada pelo Pai. Que nenhuma
decisão parta de nossa carne ou da influência de pessoas que não têm a
mente de Cristo. Que haja discernimento em cada coração e que possamos
ter a mesma postura de nossos irmãos primitivos.

Mesmo diante da dor, da tortura, das falsas acusações e da morte, o louvor


e a adoração estavam em seus lábios... A volta do nosso amado Messias está
próxima!

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II] OS SINAIS

Em sua Palavra, o Senhor nos mostra sinais inequívocos que antecederão a


sua volta. Esses sinais, de acordo com o próprio Mestre, são oferecidos para
evitar que os cristãos sejam enganados.

Quando falamos do regresso do Messias, nos referimos à única volta


mencionada por Ele em seu sermão profético, na qual se dará o encontro
entre Ele e seus escolhidos: sua vinda logo após a grande tribulação.

O apóstolo Paulo, em sua primeira epístola aos tessalonicenses, valoriza a luz


trazida pelas revelações divinas a respeito do fim:

"Mas vós, irmãos, já não estais em trevas, para que aquele dia vos
surpreenda como um ladrão" (I Tessalonicenses 5:4).

Já o profeta Daniel escreve, referente ao tempo do fim:

"E ele disse: Vai, Daniel, porque estas palavras estão fechadas e seladas até
ao tempo do fim. Muitos serão purificados, e embranquecidos, e provados;
mas os ímpios procederão impiamente, e nenhum dos ímpios entenderá, mas
os sábios entenderão" (Daniel 12:9-10)

Neste contexto, estar atento à Palavra é o caminho para entender e não ser
enganado. O desconhecimento das Escrituras trará, invariavelmente, erro e
engano. Por isso, se faz necessário que o verdadeiro servo do Eterno conheça
sua Palavra!

1] O OBJETIVO DOS SINAIS

Logo no começo de seu sermão profético, no qual Jesus detalha vários sinais
que antecedem a sua volta, Ele começou com a seguinte frase:

"Acautelai-vos, que ninguém vos engane" (Mateus 24:4).

A seguir, Ele explica o porquê do aviso: "Porque muitos virão em meu nome,
dizendo: Eu sou o Cristo; e enganarão a muitos" (Mateus 24:5). Logo, o
propósito dos sinais revelados é impedir que os verdadeiros servos do
Altíssimo, cientes e amantes de sua Palavra, sejam enganados.

Essa é a finalidade dos sinais revelados e, neste contexto, se faz necessário


que nós estejamos constantemente atentos a esses sinais. Caso contrário,
corremos o risco de sermos enganados.

Nas Palavras de Jesus, fica implícito que o engano será disseminado por
pessoas que chamarão para si alguma missão ou revelação divina (falsos
profetas) ou se autodeclararão "ungidos" ou "escolhidos" (cristos).

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É interessante notar que Jesus menciona tais enganadores no plural,
revelando que muitos surgirão trazendo tais enganos, e isso realmente tem
ocorrido durante toda a história.

Em quase todas as épocas e, principalmente nos últimos séculos, temos


observado o surgimento de muitos enganadores, os quais alegam ter uma
missão divina, mas cujos ensinamentos se opõem às verdades ensinadas por
Jesus.

Obviamente, a Palavra revela que no fim dos tempos surgirão dois homens
que, de certa forma, significarão o clímax da existência de todos esses
enganadores.

Trata-se do anticristo, o iníquo ou a besta (I João 2:18, II Tessalonicenses


2:3-4, Apocalipse 13:1-10) e do falso profeta (Apocalipse 13:11-18,
Apocalipse 19:20).

Porém, gostaríamos de chamar a atenção de nossos leitores sobre uma


questão que, de acordo com aquilo que entendemos, assume uma
importância fundamental...

2] SEQÜÊNCIA DO ENGANO

Partimos da premissa de que, no sermão profético ministrado por Jesus no


Monte das Oliveiras e registrado em Mateus 24 (entre outras passagens), o
Senhor mantém uma ordem lógica dos acontecimentos.

Notem que no começo do sermão, como já mostramos, o Mestre alerta seus


discípulos a respeito do surgimento de "falsos cristos".

Logo após, Ele vai descrevendo eventos numa sequência lógica: princípio de
dores (versículos 6-8), perseguição à Igreja (versículos 9-10), apostasia e
pregação mundial do evangelho (versículos 12-14), abominação da desolação
(versículos 15-20), grande tribulação (versículos 21-27) e volta de Cristo
(versículos 29-31). É uma sequência linear!

Então, levando em consideração essa ordem lógica revelada por Cristo em


seu sermão profético, notamos algo interessante. O Mestre relaciona a
presença e atuação de falsos cristos e falsos profetas em 3 momentos cruciais
das épocas retratadas em seu sermão registrado em Mateus 24:

1. Num aspecto geral (versículos 5). Jesus, logo no começo do sermão


profético, associa o engano ao surgimento de falsos cristos ou pessoas
dizendo "eu sou o cristo".

Cremos que, ao usar esses conceitos logo no início de seu sermão profético,
o Senhor revela o principal propósito do sermão em si, que é o de alertar e o
de situar seus servos em meio aos acontecimentos, colocando a existência
do engano e daqueles que enganam (os "falsos cristos") como algo que se
repetiria durante toda a história, até a sua vinda.

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2. No momento de perseguição, relacionado ao princípio de dores
(versículo11). Note que, depois de descrever os eventos que fazem parte do
princípio de dores, Jesus diz:

"Então vos hão de entregar para serdes atormentados, e matar-vos-ão; e


sereis odiados de todas as nações por causa do meu nome" (Mateus 24:9).

Logo após revelar essa perseguição executada por todas as nações, o Mestre
relaciona mais uma vez o surgimento de engano:

"E surgirão muitos falsos profetas, e enganarão a muitos" (Mateus 24:11).

Aqui nos deparamos com duas possíveis linhas de interpretação para


entender o porquê deste segundo aviso dado pelo Mestre a respeito do
surgimento de enganadores.

Ou o Senhor estava usando uma repetição para dar ênfase à existência do


engano, ou o Senhor relacionou de forma específica essa segunda menção
aos enganadores ao momento que Ele estava abordando dentro do sermão.

Levando em consideração a sequência lógica adotada pelo Mestre no sermão


profético, cremos que Ele nos alerta a respeito dos falsos profetas num
momento diretamente relacionado ao começo da perseguição mundial contra
a Igreja.

Há uma passagem no livro de Jeremias, na qual o profeta retrata a existência


de falsos profetas, os quais, diante das profecias divinas que revelam
destruição, juízo, perseguição e tribulação, profetizam "paz". Note que o
profeta revela que "nos últimos dias entendereis isso claramente"...Vejamos
o texto:

"Assim diz o SENHOR dos Exércitos: Não deis ouvidos às palavras dos
profetas, que entre vós profetizam; fazem-vos desvanecer; falam da visão
do seu coração, não da boca do SENHOR.

Dizem continuamente aos que me desprezam: O SENHOR disse: Paz tereis;


e a qualquer que anda segundo a dureza do seu coração, dizem: Não virá
mal sobre vós. Porque, quem esteve no conselho do SENHOR, e viu, e ouviu
a sua palavra? Quem esteve atento à sua palavra, e ouviu?

Eis que saiu com indignação a tempestade do SENHOR; e uma tempestade


penosa cairá cruelmente sobre a cabeça dos ímpios. Não se desviará a ira do
SENHOR, até que execute e cumpra os desígnios do seu coração; nos últimos
dias entendereis isso claramente" (Jeremias 23:16-20)

Ainda falando dos mesmos "últimos dias", o apóstolo Paulo nos mostra:

"Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo


comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas
próprias concupiscências; e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às
fábulas" (II Timóteo 4:3-4)

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Vemos então que está profetizado na Palavra do Senhor que nos últimos
tempos se levantarão falsos profetas, os quais trarão uma mensagem
agradável aos sentidos, conforme às concupiscências de cada um, ou seja,
uma mensagem de bem-estar imediato, conformismo com este mundo e
propícia à satisfação dos desejos humanos, negando qualquer possibilidade
de sofrimento, perseguição e juízo para a Igreja. Um evangelho
completamente distinto ao ensinado e vivido pela Igreja Primitiva.

Fica aqui a nossa reflexão: Será que já não estamos presenciando isso?
Vemos com muita estranheza o fato de que, na antessala dos eventos
tribulacionais, muitos que se intitulam cristãos nem sequer abordam esses
temas apocalípticos em suas reuniões...

Pelo contrário! Semeia-se subliminarmente a ideia de que é possível viver um


paraíso já neste mundo e que qualquer hipótese se experimentar os eventos
relacionados à perseguição profetizada pelo próprio Cristo em Mateus 24:9-
10, não se aplicam a nossa época!

Será que somos mais especiais que Pedro, Paulo, Tiago, Estevam, etc? Ou
será que tais "profecias agradáveis" fazem parte do engano já profetizado
para os últimos tempos?

Chegamos à conclusão que os falsos profetas, mencionados pelo Senhor em


Mateus 24:11, são enganadores específicos que se levantarão ou, em alguns
casos, já se levantaram, no período relacionado ao princípio de dores, com o
objetivo de apresentar um evangelho deturpado à Igreja, levando-a a ficar
despreparada para a perseguição mundial e institucional que se aproxima.

É hora de ficarmos atentos aos sinais, "comer" a Palavra e não dar ouvidos a
falsos profetas que tentam negar aquilo que está profetizado. Pouco antes de
ser martirizado, o apóstolo Paulo deixa um de seus derradeiros conselhos ao
jovem Timóteo:

"Sofre, pois, comigo, as aflições, como bom soldado de Jesus Cristo. Ninguém
que milita se embaraça com negócios desta vida, a fim de agradar àquele
que o alistou para a guerra" (II Timóteo 2:3-4)

3. Em plena grande tribulação (versículo 24). Se continuarmos sendo


coerentes com a linha de interpretação adotada (sequência lógica de
acontecimentos), veremos que, em determinado momento do sermão
profético, Jesus começa a detalhar a grande tribulação.

O Mestre esclarece que será uma tribulação sem precedentes (Mateus 24:21)
e que tal tribulação antecederá imediatamente sua gloriosa volta (Mateus
24:29).

Inserida na narração da grande tribulação, o Senhor volta a mencionar a


presença de enganadores. A exemplo do que fez no começo do sermão
profético (Mateus 24:4-5) e no cenário relacionado è perseguição da Igreja
por todas as nações (Mateus 24:11), o Mestre volta a relacionar o surgimento
de enganadores, agora inseridos numa realidade diferente, que é a grande
tribulação. Vejamos:

19
"Porque haverá então grande aflição, como nunca houve desde o princípio do
mundo até agora, nem tampouco há de haver. E, se aqueles dias não fossem
abreviados, nenhuma carne se salvaria; mas por causa dos escolhidos serão
abreviados aqueles dias.

Então, se alguém vos disser: Eis que o Cristo está aqui, ou ali, não lhe deis
crédito. Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas, e farão tão grandes
sinais e prodígios que, se possível fora, enganariam até os escolhidos.

Eis que eu vo-lo tenho predito. Portanto, se vos disserem: Eis que ele está
no deserto, não saiais. Eis que ele está no interior da casa; não acrediteis.
Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até ao ocidente,
assim será também a vinda do Filho do homem" (Mateus 24:21-27).

Note que no contexto da grande tribulação, os falsos cristos e os falsos


profetas terão a capacidade de fazer "tão grandes sinais e prodígios que, se
possível fora, enganariam até os escolhidos", capacidades que não são
mencionadas nos casos anteriores...

Sem dúvidas, o surgimento desses enganadores, inseridos em plena grande


tribulação, estará diretamente associado ao surgimento e atuação do
anticristo e do falso profeta, fazendo com que o poder de atuação desses
enganadores seja muito maior.

É interessante perceber que, atrelado ao aviso sobre o surgimento desses


enganadores em plena grande tribulação, com um poder de engano muito
maior do que os anteriores, o Senhor Jesus dá uma descrição de como será
sua gloriosa volta:

"Assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até ao ocidente, assim


será também a vinda do Filho do homem".

Ao mesmo tempo, alerta aos discípulos a não irem atrás de aparições de


falsos cristos e falsos profetas:

"Se vos disserem: Eis que ele está no deserto, não saiais. Eis que ele está no
interior da casa; não acrediteis".

Tudo isso nos leva a uma conclusão. Durante a grande tribulação poderá
haver simulacros de vinda ou arrebatamento, inseridos nos sinais malignos
que serão operados na época. Simulacros tão convincentes que, se possível
fora, enganaria até os escolhidos!

Imaginemos uma Igreja perseguida e seus membros sendo literalmente


caçados em todo o mundo. Estamos falando de pessoas que, não obstante
terem nascido de novo e viverem no Espírito, sob um intenso avivamento que
a perseguição institucional contra a Igreja certamente ocasionará, são seres
humanos, sujeitos a fraquezas.

Por isso, o alerta especial dado por Jesus é tão importante nesse contexto.
Um hipotético aparecimento ou "vinda" de Jesus dentro do cenário

20
tribulacional, poderá ludibriar aqueles que estarão sendo perseguidos e que
não estão atentos aos sinais profetizados na Palavra!

Fica aqui nosso alerta também aos irmãos midi-tribulacionistas (os que creem
que o arrebatamento se dará em meio à tribulação).

Jesus revela que em meio à grande tribulação haverá "aparições" e


"chamados" para irem após falsos cristos e falsos profetas, num nível de
engano tão profundo que, se possível fora, enganaria até os escolhidos.

Não podemos, então, descartar o simulacro maligno do arrebatamento ou da


vinda de Jesus em meio à grande tribulação. Mais uma vez, queremos alertar
nossos irmãos midi-tribulacionistas, aos pré-tribulacionistas e a todos em
geral.

3] COMO NÃO SER ENGANADO?

Os escolhidos, aqueles que amam a Palavra e estão atentos aos sinais


deixados pelo Mestre, já têm as armas para não serem enganados no final
dos tempos. Essa é a grande finalidade do sermão profético proferido por
Jesus.

Aquele que seguir à risca o que está determinado na Palavra e ficar atento
aos sinais, não correrá o risco de ser ludibriado por nenhum engano satânico.

Como já comentamos, quando o Mestre menciona os enganadores que


surgirão na grande tribulação, Ele mostra como será a volta dele, a qual será
diferente a qualquer simulacro maligno:

"Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até ao ocidente,


assim será também a vinda do Filho do homem" (Mateus 24:27)

A vinda de Jesus será como um relâmpago, visto em toda a extensão dos


céus. O próprio Jesus revela quando e como ocorrerá isso:

"E, logo depois da aflição daqueles dias, o sol escurecerá, e a lua não dará a
sua luz, e as estrelas cairão do céu, e as potências dos céus serão abaladas.

Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; e todas as tribos da terra


se lamentarão, e verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu,
com poder e grande glória.

E ele enviará os seus anjos com rijo clamor de trombeta, os quais ajuntarão
os seus escolhidos desde os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos
céus" (Mateus 24:29-31).

Vemos, então, o Senhor Jesus detalhando que logo após a grande tribulação
haverá uma penumbra geral no planeta. Uma escuridão nunca antes vista.
Neste cenário de escuridão total, aparecerá o sinal de Jesus, "como um
relâmpago que sai do oriente e se mostra até o ocidente".

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Tal sinal, de acordo com o Mestre, gerará a lamentação de todas as tribos da
terra, as quais tinham delegado seu poder e soberania à besta, e todos verão
a vinda gloriosa de Jesus. Resta a nós estarmos atentos a esses sinais,
deixados amorosamente pelo Senhor para servir de luz para nosso caminho
em meio à perdição tribulacional.

Cremos que esses ensinamentos deveriam ser mais abordados no meio


cristão, já que estamos vivendo no limiar do desfecho deles.

Vemos com preocupação que tais informações deixadas por Jesus para situar
seus servos em meio aos acontecimentos tribulacionais, com o objetivo de
não serem enganados, são esquecidos ou relegados a um segundo plano,
principalmente devido à concepção pré-tribulacionista, a qual torna tais
avisos e alertas do Mestre sem sentido para os cristãos em geral, já que, de
acordo com o modelo pré-tribulacionista, a Igreja já não estará na Terra no
período tribulacional.

Nosso propósito é o de alertar a todos os irmãos e o de divulgar as boas


novas a todas as pessoas. Cremos que os alertas e ensinamentos de Jesus
referentes ao tempo do fim se aplicam a nós, como sua Igreja. Quem estiver
alicerçado na Palavra e atento aos sinais discriminados nela, não será
enganado.

22
III] OS SINAIS CÓSMICOS

Nos anos 2014 e 2015 ocorreu uma sequência chamada de "as 4 luas de
sangue" e um eclipse solar total. Naquela época, surgiram vários comentários
e afirmações, relacionando tais eventos à vinda de Cristo.

Resolvemos elaborar esse artigo para meditar um pouco sobre esse assunto
que é muito importante e cuja correta compreensão pode trazer
esclarecimentos e, talvez, evitar erros interpretativos.

Logo no início das Escrituras, fica bastante claro que tanto o Sol como a Lua,
além de seu objetivo de iluminar o planeta Terra e de estabelecer a divisão
entre dia e noite, gerando assim a base para os diversos calendários, têm
como propósito servir para indicar sinais e para estabelecer tempos
determinados. Vejamos:

E disse Deus: Haja luminares na expansão dos céus, para haver separação
entre o dia e a noite; e sejam eles para sinais e para tempos determinados
e para dias e anos. E sejam para luminares na expansão dos céus, para
iluminar a terra; e assim foi. E fez Deus os dois grandes luminares: o luminar
maior para governar o dia, e o luminar menor para governar a noite; e fez as
estrelas" [Gênesis 1:14-16]

O termo hebraico usado para "sinais" é 'owth, o qual indica uma marca ou
aviso visível. Já para o termo "tempos determinados” é usada a palavra
mow'ed, que aponta para algo que ocorre ou ocorrerá num tempo específico.

Então, logo no começo da revelação, fica determinado pelo próprio Criador


que o Sol, a Lua e as estrelas têm também a finalidade de mostrar ou avisar
aos homens sobre tempos determinados.

Assim como os corpos celestes, cremos que as festas estabelecidas pelo


Altíssimo para o povo de Israel encerram sinais e figuras para coisas que se
concretizarão no futuro.

Quando juntamos tudo isso ao atual momento profético que estamos vivendo,
fica claro que estamos diante de fortes sinais da proximidade do regresso do
Salvador e de Seu reino eterno sobre a Terra.

Passagens como Mateus 24:29-31, Atos 2:20 e Apocalipse 6:12-17, indicam


para grandes convulsões nos astros e uma destruição em grande escala sobre
o planeta.

Essas passagens falam do Sol e a Lua escurecendo, mas não apenas isso.
Falam de um abalo generalizado nos astros e na própria criação. Entendemos
que essas passagens revelam um cenário que só terá lugar dias ou semanas
antes da gloriosa volta do Messias e não agora...

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Há muitas revelações e profecias que ainda necessitam cumprir-se e os sinais
cósmicos, de forma progressiva, poderão estar indicando que o tempo final
começou. Uma passagem que pode trazer-nos luz sobre isso está em Lucas
21:10-11:

"Então lhes disse: Levantar-se-á nação contra nação, e reino contra reino; E
haverá em vários lugares grandes terremotos, e fomes e pestilências; haverá
também coisas espantosas, e grandes sinais do céu"

Vemos que o Mestre está mencionando os sinais do princípio de dores


[compare com Mateus 24:6-8 e Marcos 13:7-8] e, depois, expressa que
"haverá também coisas espantosas, e grandes sinais do céu". Então, o
próprio Messias estabelece que, ligado ao período do princípio de dores
haverá coisas espantosas e grandes sinais do céu.

As "coisas espantosas" já podem ser vistas por todo lado e, sem dúvidas,
vamos continuar presenciando de forma crescente, tanto na índole do próprio
ser humano, na sociedade, na Igreja, na geopolítica e na natureza.

Já "grandes sinais do céu", ou seja, sinais ocorrendo nos próprios astros, é


um conceito que pode estar intimamente relacionado ao que ocorre e ocorrerá
no Sol, na Lua e nas estrelas. Como ficou estabelecido pelo próprio Criador,
esses dois corpos celestes e as estrelas são os principais sinais ou referenciais
para acontecimentos específicos. O Pai Eterno fala ao ser humano também
através de Sua própria criação.

Nesses tempos tão confusos e trabalhosos que vivemos, onde praticamente


cada pessoa tem uma ideia diferente do mesmo assunto, se faz necessário,
mais que nunca, o discernimento do Espírito do Criador para guiar-nos.

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IV] PEDRO E AS PROFECIAS

Algo que temos insistido desde o começo é a necessidade de considerar


sempre a experiência do Evangelho no século I, entendendo o que os nossos
primeiros irmãos pensavam e o que eles criam.

Estamos falando de pessoas que conviveram com o Senhor Jesus, andaram


com Ele durante mais de 3 anos pelas empoeiradas estradas da Terra Santa
e tiveram a oportunidade de ouvir do Mestre palavras que não estão
registradas nos Evangelhos.

Pessoas que estavam isentas das modernas discussões teológicas e


totalmente desprovidas de qualquer ideia sobre "modelos teológicos", já que
a sua única missão era pregar o Evangelho que eles tinham ouvido e
aprendido de Cristo (Mateus 28:19-20).

Não havia neles nenhuma necessidade de exegeses ou noções de


hermenêutica, pois eles acabavam de ter convivido pessoalmente com a
revelação plena do Criador: o Seu Filho.

Vamos abordar qual era a convicção de Pedro em relação às profecias e o que


ele, como apóstolo do Senhor, começou a ensinar logo após a subida do
Mestre.

1] A PRIMEIRA PREGAÇÃO DE PEDRO

Quando Pedro pregou a uma grande multidão, logo após a festa de


Pentecostes, ele estava obedecendo a uma instrução do Senhor.

O Mestre havia enviado Seus discípulos a pregar o Evangelho a toda criatura.


Porém, antes disso, eles deveriam permanecer em Jerusalém para receberem
o poder do Espírito Santo (Atos 1:4).

Cremos que as palavras proferidas por Pedro naquela ocasião foram


inspiradas pelo Espírito Santo. Não foram palavras dirigidas apenas para
judeus, mas a "toda criatura" que ali estivesse, como o Mestre havia
instruído.

Lucas diz que, naqueles dias, foram acrescentados à Igreja todos aqueles que
haviam de se salvar (Atos 2:47).

Portanto, não há base alguma para afirmar que aquilo que foi pregado por
Pedro não se aplica à Igreja. Ao ler o que Pedro falou naquele dia, vemos que
ele tinha conhecimento de profecias do Antigo Testamento, citando algumas
delas.

25
Porém, a base central foi o que havia sido revelado pelo Senhor há poucas
semanas atrás no Monte das Oliveiras, dias antes do Salvador ser crucificado.

Por ocasião da festa de Pentecostes, judeus e gentios de todas as províncias


romanas vinham a Jerusalém. Outros vinham já na Páscoa e permaneciam
até a festa de Pentecostes.

Eram dias importantes dentro do calendário religioso judaico. Estamos


falando, consequentemente, de um público bem diversificado. Pessoas de
várias partes do mundo, as quais falavam diferentes idiomas.

Naquele dia, as pessoas que ouviram Pedro haviam presenciado algo


verdadeiramente incomum e surpreendente.

Eles haviam visto homens galileus falando em suas próprias línguas natais.
Esses "homens galileus" não faziam parte da elite religiosa e intelectual
judaica e não tinham nenhuma aparência de superioridade e sofisticação. Não
aparentavam serem sábios, sofistas ou escribas. Eram discípulos de Cristo.

Logo, entre aqueles homens que estavam observando os discípulos, uns


ficaram sem explicação lógica e outros preferiram acreditar que os discípulos
estavam embriagados (Atos 2:12-13).

Imediatamente, Pedro, ainda experimentando a intensa plenitude do Espírito


Santo, explica àquela multidão a verdadeira razão e o cumprimento profético
daquilo que eles haviam presenciado:

"Estes homens não estão embriagados, como vós pensais, sendo a terceira
hora do dia. Mas isto é o que foi dito pelo profeta Joel: E nos últimos dias
acontecerá, diz Deus, que do meu Espírito derramarei sobre toda a carne; e
os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, os vossos jovens terão visões,
e os vossos velhos terão sonhos; e também do meu Espírito derramarei sobre
os meus servos e as minhas servas naqueles dias, e profetizarão; e farei
aparecer prodígios em cima, no céu; e sinais em baixo na terra, sangue, fogo
e vapor de fumo.

O sol se converterá em trevas, e a lua em sangue, antes de chegar o grande


e glorioso dia do Senhor; e acontecerá que todo aquele que invocar o nome
do Senhor será salvo" (Atos 2:15-21).

Note que nos versículos 19 e 20, Pedro menciona os mesmos sinais que
haviam sido destacados pelo Senhor Jesus como antecessores de Seu
glorioso regresso (Mateus 24:29-31).

Esses sinais (sol e lua escurecendo, poderes celestiais sendo abalados),


ocorrerão, assim como o Messias revela, imediatamente após a grande
tribulação (Mateus 24:29).

Vemos então que Pedro considerava aqueles dias (aproximadamente 32 d.C),


como o começo dos "últimos dias" citados pelo profeta Joel.

26
Ele entendia que a pregação para que as pessoas cressem no Evangelho e
clamassem o nome do Senhor para serem salvas deveria se estender até os
momentos finais que antecedem o Dia do Senhor ("e acontecerá que todo
aquele que invocar o nome do Senhor será salvo").

Ao mesmo tempo, Pedro havia aprendido do Mestre que o Evangelho seria


pregado e então viria o fim (Mateus 24:14).

Isso tira de cena qualquer insinuação sobre um arrebatamento anterior à


tribulação ou até mesmo um arrebatamento anterior aos sinais que
determinam a chegada do Dia do Senhor.

Então, quando o apóstolo Pedro fala em "últimos dias", expressa que eles já
estavam vigentes a partir daquele momento, incluindo a sua vida, a
manifestação do Espírito Santo e a pregação do Evangelho nos últimos dias,
ligando a pregação do Evangelho à proximidade da vinda do Dia do Senhor,
que ocorrerá imediatamente após a grande tribulação, assim como o Salvador
lhes tinha revelado em Mateus 24:29-31.

Em outras palavras, Pedro está incluindo a manifestação do Espírito Santo e


a pregação do Evangelho na grande tribulação, posto que a grande tribulação
antecede aos sinais do Dia do Senhor (Joel 2:31, Mateus 24:29).

Pedro não tinha ideia de quanto tempo tardaria em chegar o Dia do Senhor,
o dia da gloriosa volta do seu Mestre.

Ele não sabia se demoraria meses, anos ou séculos. Certamente, assim como
os outros irmãos do século I, ele esperava que todos esses acontecimentos
tivessem lugar já naqueles tempos.

Porém, o que podemos apreender de sua compreensão daquilo que lhe fora
ensinado pelo Senhor há algumas semanas atrás e daquilo que lhe foi
inspirado pelo Espírito Santo naquela ocasião é que entre aquele dia, em que
o Espírito havia sido derramado momentos antes sobre os discípulos e os
sinais cósmicos que ocorrerão imediatamente após a grande tribulação, o
Espírito Santo seria derramado sobre toda carne.

Nesse período, que inclui desde aquele momento até aos sinais que anunciam
a chegada do Dia do Senhor, a misericórdia salvadora do Altíssimo, através
da pregação das boas novas, seria aplicada aos homens, pois todo aquele
que invocar o nome do Senhor será salvo nesse período.

Vemos que Pedro não tinha qualquer concepção midi-tribulacional e pré-


tribulacional, até porque essas concepções ou "modelos teológicos" só
surgiram dezenas de séculos depois. Ele estava sendo submisso ao que o
Senhor lhe havia ensinado no Monte das Oliveiras, quando o Mestre disse que
viria após o sol e a lua escurecerem.

27
Pedro entendeu que a vinda do Senhor é o Dia do Senhor, precedido por
sinais cósmicos (Joel 2:31, Mateus 24:29) e que, até aqueles sinais do fim, o
Evangelho seria pregado.

Ele associa o fim do período da Graça, onde as pessoas podem ser salvas ao
clamar o nome do Senhor e ser visitadas pelo Espírito Santo, à chegada do
Dia do Senhor e não à chegada da grande tribulação.

As palavras proferidas por Pedro encontram um aval precioso nas palavras


do Senhor Jesus em Mateus e na revelação apocalíptica.

Nessas passagens é revelado que os homens ficarão desesperados e


lamentarão quando os sinais cósmicos do Dia do Senhor aparecerem nos
céus, ao contrário do que ocorrerá na grande tribulação, onde os homens
desdenharão da Palavra do Pai (Apocalipse 9:20-21, Apocalipse 16:9).

É nesse momento em que as pessoas perceberão o engano a que foram


submetidas ao terem crido na mentira da besta e terem recebido sua marca
e adorado sua imagem (Mateus 24:30, Lucas 21:26, Apocalipse 6:12-17).

Será tarde demais para serem alcançadas pelo Evangelho, pois estarão diante
da gloriosa volta do Senhor. Isso ocorrerá, de acordo com o ensino do Senhor,
imediatamente após a grande tribulação (Mateus 24:29).

2] A SEGUNDA PREGAÇÃO DE PEDRO

Chamamos as palavras de Pedro em Atos 3:19-21 de "A Segunda Pregação"


apenas por uma questão cronológica em relação à pregação dele feita no
Pentecostes.

Provavelmente, Pedro e outros apóstolos tenham compartilhado o Evangelho


com outras pessoas entre aquela ocasião e esta que vamos enfocar.

Desta vez, Pedro está nas proximidades da entrada do Templo em Jerusalém,


onde um homem acabara de ser curado pelo Senhor através da oração de
Pedro e João.

Aquele milagre causou uma grande concentração de pessoas e um clima de


muitas indagações, o que levou o apóstolo a fazer mais uma explanação das
boas novas.

Mais uma vez, Pedro, ao falar publicamente do Evangelho, aponta para


cumprimentos proféticos relacionados à volta do Senhor Jesus e
estabelecendo a pregação do Evangelho da Graça até o momento da
manifestação do Senhor:

"Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos


pecados, e venham assim os tempos do refrigério pela presença do SENHOR,
e envie ele a Jesus Cristo, que já dantes vos foi pregado.

28
O qual convém que o céu contenha até aos tempos da restauração de tudo,
dos quais Deus falou pela boca de todos os seus santos profetas, desde o
princípio" (Atos 3:19-21)

Pedro cita uma informação que era conhecida, muito provavelmente, por
todos os que tinham lido as profecias do Antigo Testamento.

Essa informação se relaciona ao momento profetizado por quase todos os


profetas bíblicos: A restauração final de todas as coisas que o Messias fará
nos tempos do fim. Novamente, Pedro aponta para o momento final, quando
o Messias instaurará o Seu Reino sobre a Terra.

O apóstolo, ao mencionar a restauração final de todas as coisas, coloca essa


esperança como algo a ser almejado pelos irmãos.

Porém, ao mesmo tempo, ensina que esses tempos de restauração final só


ocorrerão a partir do momento em que os céus não contenham mais a vinda
gloriosa do Salvador.

Em outras palavras, Pedro diz que o Senhor permanecerá corporalmente nos


céus até que o Reino profetizado amplamente no Antigo Testamento venha a
ser instaurado na Terra de forma plena.

Fica patente, então, que o apóstolo associa diretamente a vinda de Jesus ao


momento da restauração de todas as coisas. Um momento totalmente
diferente ao que ocorrerá durante a grande tribulação que será o clímax da
influência e poderio malignos sobre o mundo... Na passagem de Salmos
110:1 está escrito:

"Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha mão direita, até que
ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés"

O discurso de Pedro foi feito em estreita comunhão com essa revelação dada
a Davi. O próprio Pedro já havia mencionado essa revelação em seu primeiro
discurso (veja Atos 2:34-35).

O Messias permaneceria nos céus, assentado ao lado do Pai até o tempo em


que assumiria o Reino na Terra, com todos os seus inimigos colocados sob
seus pés!

Obviamente, durante a grande tribulação os inimigos do Senhor ainda estarão


em pleno exercício do poder sobre a Terra.

A esperança de refrigério mencionada por Pedro está intimamente associada


à manifestação gloriosa do Messias no momento em que todas as coisas
forem restauradas.

Ao associar essa revelação com aquilo que estava pregando, vemos que
Pedro não cogitava de forma alguma o fato do Senhor Jesus ausentar-se dos
céus, arrebatar a Igreja antes da tribulação, voltar aos céus, assentar-se
novamente ao lado do Pai e logo após voltar no tempo da restauração de
todas as coisas (...).

29
É isso que o modelo pré-tribulacionista força as pessoas a crer. Fica a nítida
constatação que Pedro não era "dispensacionalista", até porque o modelo
dispensacionalista é uma novidade bem recente (século XIX).

Ele estava apenas cumprindo com fervor aquilo que o Senhor lhe havia
comissionado em Mateus 28:19-20:

"Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do


Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas
que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a
consumação dos séculos. Amém"

Pedro não tinha nenhuma ideia sobre um evangelho para os judeus e outro
para os gentios, nem de uma escatologia para os judeus e outra para a Igreja.

Isso não fazia parte de sua fé. Pedro cria numa única manifestação do
Salvador. Aquela que o próprio Mestre lhe havia ensinado em Mateus 24:29-
31.

Por essa razão, em suas primeiras grandes intervenções públicas, Pedro


anuncia as boas novas e a vinda do Ungido tal qual Ele havia ensinado no
Monte das Oliveiras (Mateus 24:29-31)

3] AS CARTAS DE PEDRO

As duas pregações de Pedro que destacamos até agora foram feitas logo no
início da Igreja, pouquíssimo tempo após a ascenção do Senhor Jesus.

Muitos poderão dizer que, em função dos mistérios que foram revelados
posteriormente a Paulo, as posições escatológicas de Pedro devem ser
revistas. Essa insinuação encontra 3 obstáculos intransponíveis.

O primeiro é o da inspiração divina. Se considerarmos as palavras de Pedro


como inspiradas pelo Espírito do Altíssimo, então devemos aceitar que são
palavras verdadeiras.

O segundo obstáculo é que o próprio Paulo submete todos os seus ensinos


escatológicos ao que já havia sido ensinado pelo Senhor.

Quando se trata de uma revelação específica dada a ele, Paulo a descreve


como um mistério que só naquele momento lhe havia sido revelado (por
exemplo, I Coríntios 15:50-52).

Portanto, não há base para definir que Paulo ensinou uma escatologia para a
Igreja, diferente daquela que havia sido ensinada pelo Mestre aos Seus
discípulos.

O que vemos nos ensinos de Paulo é um detalhamento maior do que já havia


sido revelado como escatologia pelo Mestre.

30
Basta comparar, a título de exemplo, Mateus 24:31 e I Tessalonicenses 4:16-
17, ou Mateus 24:12-15 e II Tessalonicenses 2:1-3, para perceber a estreita
obediência de Paulo ao que fora revelado pelo Senhor.

O terceiro grande obstáculo é encontrado nas próprias cartas de Pedro,


escritas depois de Paulo escrever suas principais epístolas.

Quando Pedro escreveu as cartas que iremos estudar, ele já conhecia o que
havia sido ensinado pelo irmão Paulo e, como veremos, não houve mudanças
no entendimento de Pedro a respeito do cumprimento das profecias sobre o
regresso do Ungido.

Nas cartas de Pedro, observamos uma constante exortação para que a


intensa tribulação fosse suportada antes da gloriosa volta do Mestre. Logo no
início de sua primeira carta, Pedro aborda claramente a questão:

"Para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece
e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória, na revelação de
Jesus Cristo; Ao qual, não o havendo visto, amais; no qual, não o vendo
agora, mas crendo, vos alegrais com gozo inefável e glorioso; Alcançando o
fim da vossa fé, a salvação das vossas almas" (I Pedro 1:7-9)

O ensino é para que os irmãos suportem os momentos de aflição e que se


mantenham firmes na fé até a revelação de Jesus Cristo.

O termo "revelação" (apokalypsis em grego), nos remete a um conceito de


"expor algo que permanecia oculto". É o tirar do véu que encobria algo.

Por exemplo, o último livro do Novo Testamento chama-se Apocalipse, que é


uma revelação das coisas que irão ocorrer no futuro. Portanto, a palavra
revelação está relacionada a um evento visível. É isso que Paulo expõe em II
Tessalonicenses 1:7-8:

"E a vós, que sois atribulados, descanso conosco, quando se manifestar o


Senhor Jesus desde o céu com os anjos do seu poder, como labareda de fogo,
tomando vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem
ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo; os quais, por castigo, padecerão
eterna perdição, ante a face do Senhor e a glória do seu poder" (II
Tessalonicenses 1:7-10)

Nesse texto, Paulo explica que os irmãos terão alívio de suas tribulações e
aflições quando se manifestar o Senhor Jesus. O termo usado é o mesmo de
I Pedro 1:7 (apokalypsis).

O texto é uma clara menção da grandiosa e visível volta do Senhor, "desde o


céu com os anjos do seu poder, como labareda de fogo", inteiramente
submisso ao que fora ensinado por Cristo (Mateus 24:29-31).

Não apenas o termo "apokalypsis" é o mesmo, mas o contexto é mesmo!


Paulo e Pedro estão referindo-se ao mesmo evento.

31
A Igreja deve manter-se firme até a revelação visível e poderosa do Senhor,
como labareda de fogo e com os anjos de Seu poder, para trazer alívio à
tribulação atravessada pelos irmãos e castigo eterno aos ímpios (juízo).

Não há como conciliar esse ensino de Pedro e Paulo com a ideia do rapto
secreto defendida pelo modelo pré-tribulacionista.

Ainda na primeira carta de Pedro, ele nos expõe outro ensinamento nesse
contexto:

"Amados, não estranheis a ardente prova que vem sobre vós para vos tentar,
como se coisa estranha vos acontecesse; mas alegrai-vos no fato de serdes
participantes das aflições de Cristo, para que também na revelação da sua
glória vos regozijeis e alegreis" (I Pedro 4:12-13)

Mais uma vez, Pedro coloca a revelação do Senhor Jesus como o momento
em que as tribulações experimentadas pelos irmãos cessarão e que o fato de
atravessarem por esse período, em que suas próprias vidas estavam em jogo,
não deveria de forma alguma surpreendê-los, como se fosse algo alheio ao
que fora ensinado pelo Messias como Evangelho.

Podemos observar que, não obstante essa clara instrução de Pedro, muitos
veem hoje com surpresa a possibilidade de serem perseguidos, torturados e
mortos na grande tribulação, como se isso não fizesse parte de nossa
caminhada no Evangelho...

A segunda carta de Pedro foi escrita pouco antes dele morrer martirizado pelo
Império Romano. Talvez tenha sido escrita dias antes de sua morte. Naquele
tempo já havia pessoas duvidando da concretização da promessa do Senhor
Jesus de voltar.

Os irmãos dos primeiros séculos esperavam que os sinais que antecedem a


volta de Cristo se concretizassem já naqueles dias, fazendo com que a
restauração de todas as coisas se desse também naquela época.

Com o passar dos anos, alguns começaram a lançar dúvidas sobre a


concretização dessas promessas. Pessoas que não tinham compromisso com
o Messias, mas que estavam apenas interessadas em opor-se aos ensinos
dos apóstolos do Senhor.

Em certo momento, Pedro explica aos irmãos a razão dessa aparente demora
do regresso do Salvador:

"O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia;
mas é longânimo para conosco, não querendo que alguns se percam, senão
que todos venham a arrepender-se" (II Pedro 3:9)

Depois dessa explicação, Pedro explica como se dará a vinda gloriosa de


Cristo. Pedro se refere a esse momento como "Dia do Senhor" e "Dia de
Deus".

32
É importante perceber que Pedro associa a vinda do Senhor, a qual não havia
ocorrido até aquele momento para que as pessoas tivessem a chance de se
arrepender de seus pecados antes dessa vinda, ao "Dia do Senhor" ou "Dia
de Deus".

Pedro, mais uma vez, estabelece relação direta entre a volta do Salvador e o
Dia do Senhor.

Outra vez, vemos que para Pedro não havia nenhuma distinção entre a vinda
do Senhor e o Dia do Senhor. O Senhor lhe ensinara que o Dia do Senhor
ocorreria imediatamente após a grande tribulação (Mateus 24:29, Joel 2:31).

Ou seja, de acordo com o ensino de Pedro, a chance de arrependimento e a


pregação do Evangelho se estendem até o Dia do Senhor, que ocorrerá
imediatamente após a grande tribulação.

Em relação à expressão "Dia de Deus" usada por Pedro, ela só é vista


novamente no Novo Testamento em Apocalipse 16:13-16, apontando, mais
uma vez, para um cenário imediatamente posterior à grande tribulação.

Não há nenhum ensino pré-tribulacionista ou midi-tribulacionista no que foi


pregado e escrito por Pedro.

O apóstolo ensinou durante toda a sua vida, até os momentos finais dela,
aquilo que Jesus Cristo lhe havia comissionado, apontando para o momento
mais precioso que ocorrerá no futuro próximo: A restauração de todas as
coisas em Cristo no Dia do Senhor.

Nesse dia precioso, Ele virá para estabelecer Seu reino e aniquilar o sistema
maligno que tem influenciado o mundo desde a queda. Essa é a nossa bem-
aventurada esperança.

33
V] A MENTE HUMANA E O FIM DOS TEMPOS

"Quem pensa estar manipulando forças espirituais para satisfazer sua


curiosidade, seus interesses ou sua busca pela espiritualidade, na verdade
está sendo manipulado por essas forças, para satisfazer a sede de destruição
das mesmas"

Uma das consequências da queda no Éden foi a perda do equilíbrio, perfeição


e capacidades mentais do ser humano.

Além das consequências físicas e espirituais, a mente humana também foi


afetada na queda e o processo de progressiva degeneração mental coletiva
chegou ao seu clímax, nos tempos antigos, nos dias anteriores ao Dilúvio:

"E viu o Senhor que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que
toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má
continuamente" [Gênesis 6:5]

A mente daquelas pessoas tinha se tornado o palco para todo tipo de


pensamentos destruidores e corruptos, trazendo sobre si as consequências
do Dilúvio.

Quando vamos às definições dos dicionários, os conceitos para definir a


palavra "mente" são variados.

Vão desde aqueles que associam a mente a uma parte incorpórea do ser
humano, numa visão mais espiritual e metafísica, até aquelas que relacionam
a mente apenas ao cérebro, ou seja, a mente seria apenas o resultado de
certas atividades cerebrais.

Quando vamos às Escrituras, e elas são a base de nossos argumentos e de


nossa crença, vemos que a mente é uma parte do ser que vai além do físico,
embora esteja, em parte, relacionada ao cérebro.

Às vezes, nas Escrituras, a palavra "mente" vem junto da palavra "coração",


relacionando no mesmo contexto a parte racional do ser humano com sua
parte emocional [Deuteronômio 11:18, Salmos 26:2-3, Atos 4:32]

Nesse caso, "mente" está associada aos pensamentos e ao raciocínio e


"coração" aos sentimentos e emoções.

Outros, preferem associar a mente com a alma... Porém, além dessas


expressões diferentes para definir a mesma coisa, podemos dizer que a
mente é uma parte de nosso ser onde o físico e o metafísico se conectam. É
uma conexão entre o aspecto físico e o espiritual.

Ao mesmo tempo, por uma questão de semântica, podemos entender como


"mente" também o "coração", já que as emoções não nascem do órgão físico
que bombeia o sangue em nosso corpo, mas é um processo que ocorre no
cérebro e tem conotações espirituais também.

34
De forma resumida, vamos partir da premissa que mente é a sede dos
pensamentos e emoções. Também podemos imaginar a nossa mente como
um verdadeiro "receptor", capaz de receber e perceber inúmeras informações
de fora, tanto através dos sentidos físicos, como do mundo espiritual.

1] MENTE HUMANA: UM TERRITÓRIO DESCONHECIDO

Por mais que cientistas e filósofos tenham tentado descobrir os meandros da


mente humana, ela ainda permanece, em grande parte, desconhecida.
Apenas o Altíssimo conhece de forma absoluta a nossa mente:

"Senhor, tu me sondaste, e me conheces. Tu sabes o meu assentar e o meu


levantar; de longe entendes o meu pensamento. Cercas o meu andar, e o
meu deitar; e conheces todos os meus caminhos. Não havendo ainda palavra
alguma na minha língua, eis que logo, ó Senhor, tudo conheces" [Salmos
139:1-4]

Sendo assim, a mente, para o ser humano, é um território praticamente


desconhecido, trazendo consigo perigos para quem não tem discernimento
espiritual. Assim ensina Paulo aos coríntios:

"Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque


lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem
espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém
é discernido" [1 Coríntios 2:14,15]

O ensinamento das Escrituras é claro: o homem natural, incluindo a sua


mente, não compreende as coisas do Espírito de Deus. A mente humana, por
si só, não é capaz de entender a Verdade Suprema.

Quando o homem natural busca conhecer o mundo espiritual através de sua


mente, além de não conseguir esse objetivo, está entrando num terreno onde
o perigo se torna real.

2] OS PERIGOS DA MENTE

O território mais perigoso que uma pessoa pode enfrentar não está fora de
si, mas dentro de si mesma.

A mente humana é um universo, em grande parte, inexplorado. Ao mesmo


tempo, é uma parte de nosso ser que também foi degenerada pela queda.

Acreditamos que certas capacidades parapsicológicas que algumas pessoas


apresentam são rápidos reflexos ou lampejos da capacidade mental original
que Adão e Eva tinham no Éden.

35
Porém, após a queda, a mente humana, além de perder grande parte de suas
capacidades, passou a ser infuenciada e manipulada por espíritos da
maldade, sendo também o centro onde são gerados pensamentos que levam
a todo tipo de pecados diante do Criador.

A razão disso pode ser explicada com o singelo exemplo que citamos no início.
A mente pode ser comparada a um receptor.

Quem ainda usa um receptor de rádio antigo, sabe que para sintonizar
determinada emissora é preciso que o dial seja bem localizado. Caso
contrário, o som de emissora não pode ser ouvido com nitidez, entrando na
frequência diversos ruídos estranhos...

Assim acontece com a mente humana. A partir da queda no Éden, a sintonia


fina que o homem tinha com Deus se perdeu e deixou a mente humana aberta
a todo tipo de sinal externo e interno. Através da Graça e Misericórdia do
Altíssimo, essa sintonia pode ser recuperada.

Sem dúvidas, a queda no Éden trouxe consequências sobre todas as esferas


do ser humano. Sobre o corpo, a alma e o espírito.

Consequentemente, a obra da redenção e regeneração, através do novo


nascimento em Cristo, ocorre também nesses três aspectos.

No aspecto espiritual, todo aquele que crê em Jesus como Salvador e vive de
acordo com isso pela fé, recebe o novo nascimento espiritual. Essa pessoa é
selada pelo Espírito de Deus [Efésios 1:13] e esse processo é instantâneo.

No aspecto físico, o novo nascimento se concretizará na vinda de Jesus,


quando ocorrerá a glorificação de nossos corpos corruptíveis [I Coríntios
15:50-53]

Note que esses dois aspectos citados acima, o espiritual e o físico, ocorrem
de forma instantânea.

O novo nascimento espiritual ocorre no momento da genuína conversão e o


novo nascimento físico ocorrerá num abrir e fechar de olhos na volta do
Mestre.

Porém, o novo nascimento na mente ou na alma, como prefiramos chamar,


ocorre através de um processo contínuo... Um processo de batalha interior
entre a velha e a nova natureza e de progressiva renovação, também
conhecido como "santificação".

Deus poderia transformar instantaneamente a mente de quem pertence a


Ele, mas isso implicaria na perda do livre arbítrio humano.

36
O ser humano toma suas decisões na mente. Logo, o Altíssimo quer que nós
participemos desse processo por livre vontade, tomando as decisões certas
para nossa renovação mental:

"...Andai em Espírito, e não cumprireis a concupiscência da carne. Porque a


carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes opõem-se
um ao outro, para que não façais o que quereis. Mas, se sois guiados pelo
Espírito, não estais debaixo da lei" [Gálatas 5:16-18]

"Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela


renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e
comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus" [Romanos 12:2]

Então, podemos ver nas Escrituras que nossa mente está num processo de
renovação. Ainda não alcançamos a plenitude de uma mente voltada à
perfeição em Deus.

Quem já nasceu de novo está experimentando um contínuo e diário processo


de crescimento e amadurecimento mental.

Sabendo desse processo de renovação mental e conhecendo a batalha mental


que devemos travar entre as inclinações da velha natureza e da nova
natureza, o Altíssimo quer nos proteger nesse processo.

Assim como um pai cuidadoso protege seu filho de 3 anos para que este não
saia à rua e atravesse sozinho uma avenida altamente movimentada, porque
aquela criança ainda não possui a capacidade necessária para isso, da mesma
forma nosso Pai Celeste expõe em Sua Palavra mandamentos para que não
entremos num terreno para o qual ainda não estamos preparados.

As advertências da Palavra contra essas práticas espiritualistas são várias e


foram deixadas para nos proteger.

Se elas foram deixadas para o povo de Israel no Antigo Testamento e para a


Igreja no Novo Pacto, um Corpo composto por pessoas nascidas de novo e
templos do Espírito de Deus, imagine quem ainda não nasceu de novo em
Cristo, não está tendo sua mente renovada Nele e pretende ter ou está tendo
experiências no mundo espiritual.

Essa pessoa abre as portas para todo tipo de perigos, enganos, manipulações
e destruições. Essa pessoa coloca sua mente escancarada para o que Paulo
chama de "doutrinas de demônios".

3] DOUTRINAS DE DEMÔNIOS

Já vimos que a mente é um território em grande parte desconhecido e


também perigoso. No decorrer de toda a história e sobretudo nos tempos
atuais, podemos observar diversas práticas espiritualistas, esotéricas e
ocultistas que propõem o contato da mente humana com o mundo espiritual
ou com percepções extra-sensoriais.

37
Poderíamos citar aqui milhares de crenças, doutrinas, práticas, sociedades
secretas ou abertas, mas, no fundo, todas elas têm em comum a ideia que o
ser humano é uma divindade ou parte da divindade e tem autonomia para
realizar suas próprias experiências metafísicas.

Também, afirmam que através de seu próprio esforço ou de sucessivas


reencarnações, o ser humano pode unir-se ao Infinito e ao Supremo Ser.

Consequentemente, tais doutrinas ou crenças estimulam que seus


praticantes tenham variadas experiências espirituais ou místicas, com os
mais diversificados objetivos.

Ao mesmo tempo, negam a salvação em Cristo e a ressurreição dos mortos


em Sua volta, afirmando que Jesus foi apenas um ser iluminado que esteve
entre nós. Essas práticas têm aumentado e isso já está profetizado nas
Escrituras:

"Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão


alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de
demônios" [1 Timóteo 4:1]

Veja que a eficácia dessas doutrinas de demônios e palavras de espíritos


enganadores é tamanha, sendo capaz de gerar até mesmo a apostasia por
parte de pessoas que creem na Verdade do Evangelho!

Segundo o dicionário, uma das definições para o termo "doutrina" é "conjunto


coerente de ideias fundamentais a serem transmitidas e ensinadas".

É precisamente isso que está ocorrendo! Estamos diante de um conjunto de


ideias cuidadosamente elaboradas pelos espíritos enganadores com o único
intuito de desviar pessoas da Verdade.

Tais espíritos enganadores conhecem melhor a mente humana que o próprio


homem e sabem como manipular experiências e criar as mais variadas ilusões
mentais, objetivando desviar o maior número de pessoas da Verdade de
Cristo.

Note que não estamos falando de apenas uma ideia ou uma tentação
específica, mas de doutrinas, ou seja, sistemas meticulosamente elaborados
pelas forças espirituais da maldade para enganar a raça humana.

O ponto inicial dessas doutrinas do engano aconteceu no Éden, com as


seguintes palavras da serpente:

"...Certamente não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele
comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e
o mal" [Gênesis 3:4,5]

Ali no jardim, o Inimigo começou a transmitir ao ser humano a ideia de novas


percepções e experiências mentais ["se abrirão os vossos olhos"], um novo
patamar existencial, colocando o homem e a mulher no mesmo parâmetro
de Deus ["sereis como Deus"] e um novo grau de conhecimento ["sabendo o
bem e o mal"].

38
De lá para cá, esse engano tem aumentado e tem assumido características
mais elaboradas, embora continue, no âmago, com a mesma mensagem
enganadora do Éden.

Atualmente, vemos muitas pessoas afirmando estarem "despertadas" para o


mundo espiritual. Na verdade, estão caindo na mesma promessa enganosa
da serpente no Éden, onde o Inimigo mostra aspectos verdadeiros para
inserir mentiras destruidoras...

Dentro do plano do Altíssimo existem etapas em nosso crescimento espiritual


e mental e quem ultrapassar essas etapas estará entrando num caminho de
erro, engano e destruição para si mesmo, desobedecendo os limites
colocados pelo Pai, assim como Adão e Eva fizeram no jardim.

Para quem crê no Evangelho de Cristo e permanecer firme até o fim, existem
promessas maravilhosas que vão além do que nossos sentidos podem
experimentar nesta era e além do que nossa mente pode conceber neste
tempo presente:

"Mas, como está escrito: As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu,e
não subiram ao coração do homem, são as que Deus preparou para os que o
amam" [1 Coríntios 2:9]

Para quem não crê no Evangelho, existe a advertência de continuar sendo


enganado, até o clímax do engano mundial, onde a besta manipulará a mente
da maior parte da população da Terra:

"E abriu a sua boca em blasfêmias contra Deus, para blasfemar do seu nome,
e do seu tabernáculo, e dos que habitam no céu.

E foi-lhe permitido fazer guerra aos santos, e vencê-los; e deu-se-lhe poder


sobre toda a tribo, e língua, e nação.

E adoraram-na todos os que habitam sobre a terra, esses cujos nomes não
estão escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do
mundo. Se alguém tem ouvidos, ouça" [Apocalipse 13:6-9]

39
VI] GOG E A INVASÃO DO EXTREMO NORTE

Este artigo é resultado de considerações feitas no programa do dia 22/03/14,


na Rádio Projeto Ômega. Sabemos que há várias interpretações para as
profecias de Ezequiel 38 e 39 e respeitamos todas elas.

No entanto, vamos expor aquilo que entendemos desse tema, o qual nos
parece crucial, em função de acontecimentos que já estão ocorrendo neste
momento e outros que já vêm ocorrendo há algum tempo.

Ezequiel recebeu essas revelações no século VI a.C, enquanto se encontrava


cativo na Babilônia, junto ao seu povo. Muitos livros, estudos, pesquisas e
comentários têm sido elaborados ao longo do tempo sobre essas profecias de
Ezequiel 38 e 39.

Cremos que, à medida que o tempo vai passando e os acontecimentos vão


tomando forma, ficamos com uma visão mais clara sobre todo o contexto
previamente profetizado. Com as profecias sobre Gog não é diferente.
Acontecimentos que estão tendo lugar bem diante de nós podem estar
apontando para uma concretização bem localizada dessas profecias...

1] O REI DO EXTREMO NORTE

Cremos que este é um ponto fundamental para chegar a conclusões


equilibradas sobre o que as profecias de Ezequiel 38 e 39 querem expressar.
O profeta Ezequiel descreve Gog como o "rei do extremo norte":

"Virás, pois, do teu lugar, do extremo norte, tu e muitos povos contigo,


montados todos a cavalo, grande ajuntamento, e exército poderoso"
[Ezequiel 38:15]

As palavras usadas para descrever a localização de Gog, no hebraico, são


tsaphown yerekah, que indicam uma localidade que se encontra no flanco ou
no lado mais ao norte possível.

Se formos ao mapa, veremos que, a nação suficientemente grande e influente


para comandar uma coalização de nações, como é descrito nas profecias de
Ezequiel 38 e 39, e cuja capital fica praticamente no extremo norte de
Jerusalém, é a Rússia.

Então, este primeiro ponto nos parece crucial para entender as profecias de
Ezequiel 38 e 39. O "extremo norte", tomando como base Jerusalém, é a
Rússia. A grande capital situada no extremo norte de Israel, é Moscou.

40
Outro detalhe importante no texto que citamos [Ezequiel 38:15], é que este
rei "do extremo norte" marchará contra Israel levando "muitos povos"
consigo. Então, enquanto mais ao norte situarmos Gog, mais povos surgem,
sob o aspecto geográfico, como potenciais aliados.

2] OS ALIADOS DE GOG

A partir do versículo 5 do capítulo 38, começa a ser detalhado o grupo de


aliados de Gog. Não apenas aliados, mas nações ou povos que marcharão
sob a "guarda" ou proteção de Gog [Ezequiel 38:5]. Entre esses aliados, estão
os persas. Não é necessário explicar muito que os "persas" são os iranianos.

Então, o Irã é relacionado como um dos aliados de Gog. Até 1979, o Irã era
um aliado ferrenho dos EEUU e dos países ocidentais. No entanto, basta ver
o que ocorreu a partir daquela data e o que vem ocorrendo atualmente, onde
o alinhamento do Irã com a Rússia é inquestionável.

Na lista de aliados, aparecem outras nações que apontam, direta ou


indiretamente, para a Rússia. A maior parte dos povos apontados por
Ezequiel em sua profecia está relacionada às adjacências do Mar Negro.

Togarma, segundo a genealogia bíblica, foi neto Jafé, um dos filhos de Noé.
Ele, segundo pesquisadores, é considerado o ancestral de povos do Cáucaso
do Sul, onde atualmente se encontram a Geórgia e a Armênia.

Se olharmos para o mapa, ficará clara a relação geográfica desses povos com
a Rússia. Não nos parece coincidência que haja um constante interesse russo
naquela região, gerando, inclusive, a guerra da Ossétia do Sul, em 2008.

Outro aliado de Gog é Gômer. Na genealogia biblica, Gômer foi um dos filhos
de Jafé e pai de Togarma. No caso de Gômer, não há referências muito bem
fundamentadas. No entanto, segundo alguns linguistas, a palavra "Gômer"
está relacionada ao vocábulo acadiano "Gimirra", de onde provém o termo
"Ciméria".

Então, Gômer é associado por alguns linguistas aos Cimérios, habitantes das
redondezas do Mar Negro, atuais Ucrânia e Rússia.

Meseque e Tubal, nomes que estão relacionados, e que são povos que
aparecem nas profecias de Ezequiel 38 e 39, também apontam para povos
daquela região.

Já Pute e "etíopes", assinalados também como aliados de Gog, são


relacionados a povos do norte da África. Pute foi um os filhos de Cam e neto
de Noé.

41
Dentro da grande maioria de povos descendentes de Jafé citados nas
profecias de Ezequiel 38 e 39, Pute e etíopes aparecem como uma verdadeira
exceção.

Então, considerando os aspectos geográficos, de ascendência étnica e até


mesmo os processos geopolíticos que vêm ocorrendo ao longo do tempo, não
há como negar que as profecias de Ezequiel 38 e 39 apontam para esses
povos que atualmente habitam o norte ou as redondezas do Mar Negro.

Também, não parece ser coincidência os conflitos surgidos na Síria e na


Ucrânia. A Síria ocupa um lugar estratégico no contexto dessa invasão
descrita por Ezequiel.

Sobre a Ucrânia, já vimos que aquela região está diretamente relacionada às


profecias. É notório o interesse russo, tanto na Síria como na Ucrânia [quando
escrevemos esse artigo em 2014, ainda não havia eclodido a guerra na
Ucrânia]. Basta ver o que tem ocorrido na Crimeia, um local estratégico
dentro do contexto das profecias de Ezequiel 38 e 39.

3] UMA INVASÃO SURPRESA

Uma característica que fica bem clara na atuação de Gog é a surpresa.


Ezequiel narra que a decisão para atacar Israel virá após um "mau desígnio"
surgido de palavras que subirão ao coração de Gog.

Isso aponta para um planejamento silencioso e para uma quase total


ausência de ameaças prévias ou de intenções declaradas. Podemos dizer,
considerando a narrativa de Ezequiel, que a invasão de Gog e seus aliados a
Israel surpreenderá a quase todos, pois será um evento muito repentino.

Haverá surpresa de povos relacionados à Europa e aos países árabes


[Ezequiel 38:13]. Sebá, Dedã e Társis são mencionados como surpreendidos
e contrários a essa invasão de Gog.

Sebá e Dedã são nomes que apontam para nações da Arábia ou do Oriente
Médio, reconhecidas por sua habilidade no comércio e nos negócios [Bible
Dictionary. [S.l.]: Hitchcock Publications, 1990].

Já Társis, se refere a uma localidade que, nos tempos de Ezequiel,


denominava regiões além mar no Mediterrâneo, podendo indicar a Europa ou
até mesmo a península ibérica, ou seja, localidades ocidentais.

Por causa desse caráter repentino e inesperado da invasão de Gog, é


necessário estar atento ao que está ocorrendo imediatamente ao norte do
Oriente Médio. Os deslocamentos de tropas, as tensões entre OTAN e Rússia,
as crises nacionalistas nas proximidades do Mar Negro e a guerra civil na
Síria, dentre outros, são fatores que parecem estabelecer condições para a
futura concretização de Ezequiel 38 e 39.

42
Essa invasão é descrita por Ezequiel como como uma "tempestade", na forma
de uma nuvem que cobre a terra [Ezequiel 38:9]. Sem dúvidas, será uma
concentração muito grande de tropas e armamentos.

As profecias indicam que, após a derrota de Gog e suas tropas, os


armamentos desses exércitos serão utilizados como combustível durante sete
anos por Israel [Ezequiel 39:9], o que nos faz pensar que essa invasão
ocorrerá logo no início do período tribulacional.

Ao mesmo tempo, o texto mostra que Israel estará vivendo, quando ocorrer
a invasão de Gog e seus aliados, num clima de paz ou aparente paz.

Talvez, um dos assuntos mais recorrentes nas manchetes mundiais nos


últimos anos seja o "tratado de paz" ou as "conversas de paz" entre
israelenses e árabes, em torno de assuntos como o Estado Palestino e o
controle de Jerusalém.

Porém, não pode ser descartada uma guerra de grandes proporções na


região, que leve Israel a vencer suas principais ameaças e alcançar essa
aparente paz. Vemos como tudo se junta num contexto que só faz ratificar
as profecias das Escrituras.

4] A INFLUÊNCIA ESPIRITUAL

Cremos que, por trás dos grandes poderes humanos deste mundo, existe a
atuação de principados espirituais. Essa realidade fica clara em Daniel 10,
onde é descrito o principado de Pérsia [Daniel 10:13] e o da Grécia [Daniel
10:20].

Os impérios políticos humanos sempre têm surgido dessa interação entre o


orgulho e a ganância dos homens com a influência e poderio de forças
espirituais da maldade. No caso de Gog, isso não se mostra diferente.

Entendemos que o mesmo principado que influenciará uma liderança do


extremo norte para promover a invasão do Oriente Médio já em nossa
atualidade, assim como é relatado em Ezequiel 38 e 39, é o principado que
agirá no final do Milênio, o que é revelado em Apocalipse 20:8.

Assim como os exércitos de Gog e seus aliados serão derrotados de forma


sobrenatural, como mostram as profecias de Ezequiel 38 e 39, também a
rebelião mundial que ocorrerá no final do Milênio será desfeita, pois o plano
do Altíssimo para Sua criação e para os Seus é que o Messias reine sobre
tudo e todos.

43
VII] MARCA DA BESTA E CONDICIONAMENTO

"E faz que a todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e servos, lhes
seja posto um sinal na sua mão direita, ou nas suas testas, para que ninguém
possa comprar ou vender, senão aquele que tiver o sinal, ou o nome da besta,
ou o número do seu nome" (Apocalipse 13:16-17)

A marca ou sinal da besta é um conceito claramente explicitado nos versículos


supracitados. Muito se tem escrito, ensinado e especulado sobre o assunto.
Cremos ser mais prático, mesmo antes de analisar a questão e tentar chegar
a um denominador comum, determinar aquilo que não é a marca da besta.

Deixamos claro que neste comentário, como nos outros deste site, usamos o
método literal e gramatical para entendimento das profecias, método que,
por sinal, era o utilizado pelos irmãos da Igreja Primitiva e seus primeiros
líderes.

1] A MARCA DA BESTA NÃO É UM DIA

O texto de Apocalipse 13:16-17 deixa claro que o sinal da besta será posto
(colocado) na mão direita ou na fronte das pessoas. Não há motivos para
alegorizar a passagem em questão, já que a mesma dá detalhes literais de
onde será colocada a marca, qual é o objetivo da marca e qual será o
conteúdo dessa marca.

Somente quem quer alegorizar as Escrituras com o intuito de encaixa-las


dentro de um determinado esquema de interpretação vai menosprezar a
literalidade dessa passagem.

Sem entrar na questão da guarda do sábado ou a adoção do domingo como


dia semanal de descanso, a noção de colocar "um dia" na mão direita ou na
fronte de uma pessoa não parece muito lógica.

Por outro lado, vemos que em nenhum dia da semana existe a proibição de
comprar ou vender. Portanto, o domingo, partindo de uma análise gramatical
e literal, não é a marca da besta.

44
2] A MARCA NÃO É O COMPUTADOR

Por mais que o mouse seja movimentado com uma das mãos e o monitor
fique na altura da fronte do indivíduo, o texto de Apocalipse 13:16-17 coloca
a marca na mão direita ou na fronte como opções e não como sinais
simultâneos.

A marca na fronte parece ser uma alternativa para aquele que não a adotar
na mão direita. Isso sem falar que um canhoto, caso realmente o computador
fosse a marca da besta, estaria isento de tal marca, já que a literalidade do
texto é clara: a marca será posta na mão direita ou na fronte da pessoa.

Também, neste particular deve ser considerado que o processador do


computador, que é a parte que realmente responde pelo funcionamento
central da máquina, não está no mouse nem muito menos no monitor...

Diante da análise literal e gramatical, o computador fica descartado como


marca da besta. Cremos que o sistema on-line e mundialmente interligado
será uma arma tecnológica nas mãos da besta. Mas daí a ser a marca, é um
longo e interminável caminho...

3] A MARCA NÃO É O PECADO

Se o pecado fosse a marca da besta, esta marca estaria sobre a humanidade


desde o momento da queda. É óbvio que a adoção do sinal da besta será um
pecado. Como veremos mais adiante, a marca virá acompanhada de
elementos malignos que levarão a uma adoração aberta à besta e sua
imagem.

Porém, o texto é claro: o sinal será posto na mão direita ou na fronte, visando
coibir o acesso a qualquer transação comercial por parte daqueles que não
tiverem tal sinal num momento determinado da história. Em outras palavras,
a marca da besta será um sistema de controle maligno.

4] O SINAL SERÁ UM CONTROLE

Se formos leais à literalidade do texto, sem apelar para alegorismos


desnecessários, veremos que o intuito da besta que surge da terra (falso
profeta), é impedir que aqueles que não tenham o sinal da besta façam parte
do entorno social e, ao mesmo tempo, legitimar a exclusão e extermínio de
tais pessoas.

45
Tudo isso como "capa" de um propósito espiritual mais profundo, que é a
adoração da besta como um deus, como fica exposto no versículo 15 de
Apocalipse 13.

A Palavra revela que haverá 3 alternativas para a recepção do sinal: o sinal


em si, o nome da besta ou o número de seu nome (666). Mais adiante
falaremos com mais detalhes sobre esse número.

Na época em que a revelação apocalíptica foi escrita, o fato de pessoas serem


marcadas com determinado sinal era algo costumeiro, geralmente indicando
propriedade ou submissão.

Então, até mesmo para os primeiros irmãos que leram a profecia contida em
Apocalipse 13:16-17, a ideia de controle e sujeição ficava clara no contexto.
Não vemos razões para fugir da aplicação literal daquilo que está revelado
em Apocalipse 13:16-18.

A marca da besta será uma tentativa do anticristo e do falso profeta para


controlar a humanidade em geral (pequenos, grandes, ricos, pobres, livres e
escravos).

Diante dessa imposição mundial, caberá aos servos do Senhor rejeitarem


esse controle, mesmo que isso signifique isolamento, perseguição,
impedimento de acesso a fontes produtoras e até mesmo a morte.

A adoção do sinal deverá vir acompanhada de algum tipo de habilitação


espiritual e adoração daqueles que o aceitarem, já que os possuidores de tal
sinal serão alvos da ira do Senhor durante a grande tribulação e no momento
de Sua vinda. A estreita relação entre a adoção da marca e a adoração à
besta fica clara em passagens como Apocalipse 13:15-18 e Apocalipse 14:9-
10.

5] O NÚMERO DO NOME DA BESTA

"Aqui há sabedoria. Aquele que tem entendimento, calcule o número da


besta; porque é o número de um homem, e o seu número é seiscentos e
sessenta e seis" (Apocalipse 13:18)

O livro de Apocalipse nos revela o número do anticristo (666). Talvez este


seja um dos assuntos mais abordados em escatologia, servindo de estímulo
para que muitos se empenhassem naquilo que o próprio livro incentiva:
calcular o número da besta.

Desde os primórdios da Igreja, o cálculo desse número já era feito


constantemente. Irineu, no século II, aborda essa questão em um de seus
comentários na série "Contra as Heresias", aconselhando prudência àqueles
que arduamente se dedicavam a esse cálculo e instando a que os irmãos
esperassem a manifestação do homem em questão (anticristo), para depois
comprovar sua identidade através do cálculo (Contra as Heresias V, XXX).

46
Cremos que deve haver equilíbrio a esse respeito. De um lado, estão aqueles
que, através de engenhosos e às vezes forçados cálculos, chegam ao número
666, atrelando o mesmo a personalidades, sistemas, títulos, etc.

De outro lado, estão aqueles que não se interessam em fazer aquilo que a
própria profecia aconselha, que é calcular o número da besta, numa atitude
no mínimo irresponsável, pois esse dado foi fornecido na Palavra para o nosso
conhecimento. É preciso ter muito cuidado ao chegar a uma conclusão.

Qualquer pessoa com um pouco de imaginação e criatividade, encontrará


uma série de nomes ou títulos que chegarão ao 666, mesmo que, para isso,
letras sejam acrescentadas ou suprimidas, títulos sejam misturados com
nomes próprios e cálculos sejam feitos usando o valor numérico de idiomas
como o latim e o hebraico, o que nos parece inapropriado.

Para entendermos melhor o tema e tentar chegar a uma conclusão sensata,


devemos compreender alguns conceitos importantes:

6] O ANTICRISTO SERÁ UM HOMEM

Entendemos que o anticristo será um homem e não um sistema. A confusão


surge quando não se está atento à dualidade de aplicação do termo "besta"
no Apocalipse. No livro de Daniel e no Apocalipse, o termo "besta" indica um
império ou poderio.

A besta que surge do mar (Apocalipse 13:1) possui 10 chifres e 7 cabeças.


Os chifres são 10 reis que lhe entregarão o poder em determinado momento
(Apocalipse 17:16). As 7 cabeças se referem à localização geográfica desse
império e também a sete reis.

Entendemos que a besta será a junção final do grande propósito dos impérios
humanos decaídos durante a história: ter o controle do mundo e de todos
seus habitantes.

Esse desejo satânico será concedido à besta durante 42 meses (3 anos e


meio), tempo que compreende a grande tribulação, onde ocorrerá o clímax
do poderio humanista decaído e maligno no qual o mundo tem jazido.

Já a besta que surge da terra (Apocalipse 13:11) parece estar atrelada ao


falso profeta, aquele que, através de realizações sobrenaturais, faz que a
população mundial adore o anticristo através de certos sinais.

Porém, na revelação apocalíptica, o termo "besta" também se refere a


pessoas (anticristo e falso profeta). Isso fica claro em Apocalipse 13:12 ou
Apocalipse 20:4, por exemplo. Fica altamente incongruente que um império
ou organização sejam adorados!

A palavra "besta" no Apocalipse também se refere ao anticristo, o qual, de


acordo com o que foi revelado a Paulo, se assentará no santuário do
Altíssimo, apresentando-se como Ele (II Tessalonicenses 2:4), numa

47
referência direta à abominação desoladora profetizada por Daniel e ratificada
por Jesus (Daniel 11:31-Mateus 24:15).

Por sua vez, o apóstolo Paulo se refere ao anticristo como "o iníquo", o
"homem da perdição" ou "o filho da perdição" (II Tessalonicenses 2:3-8).

Até mesmo na condição final da tríade maligna (anticristo, falso profeta e


Satanás), vemos que, no momento da vinda do Ungido, enquanto Satanás é
preso por mil anos, "a besta" e o falso profeta são lançados vivos no lago de
fogo, em mais uma clara alusão à aplicação do termo "besta" também para
o anticristo.

7] O ALFABETO GREGO

Quando a revelação apocalíptica foi escrita, o idioma grego não continha


numerais. Consequentemente, letras eram escritas para representar valores
numéricos. Cada letra do alfabeto grego tinha um valor atrelado a ela e, como
resultado disso, cada palavra também tinha um valor numérico, conseguido
ao somar todas as letras da palavra.

Então, acreditamos que o cálculo do número do nome da besta deve ser feito
em grego, transliterando para esse idioma o nome de outros quando for
necessário.

Os manuscritos mais antigos do Apocalipse não tinham o numeral "666", mas


três letras gregas, cujo valor resulta em 666. A primeira letra tinha o valor
de 600, a segunda o valor de 60 e a terceira o valor de 6.

No textus receptus, texto a partir do qual foram feitas a maior parte das
traduções e versões que atualmente usamos, está escrito literalmente:

"kai o ariqmoV autou, cxV"

TRADUÇÃO: e o número é, 600, 60, 6.

Da mesma forma, alguns manuscritos mais recentes, descrevem o número


da besta da seguinte forma:

"kai o ariqmoV autou, exakosioi, exhkonta, ex”

TRADUÇÃO: e o número é, seiscentos e sessenta e seis.

O fato dos manuscritos mais antigos trazerem apenas as letras que indicavam
o numeral 666, através de sua soma, indica que o cálculo do número da besta
deve ser feito através do valor numérico das letras que compõem seu nome.

Por isso, nos parece que a posição mais prudente é usar o alfabeto grego e o
valor numérico de suas letras. Como quase nenhum nome atual segue a
mesma grafia de nomes do século I, se faz necessária uma transliteração do
nome a ser calculado.

48
Neste ponto deve haver uma redobrada atenção para que a transliteração do
nome em inglês, português, espanhol, francês, etc, seja feita de uma forma
apropriada para o grego.

Por exemplo, no idioma grego não existe uma letra que produza o nosso
fonema "J". Neste caso "Ih" (iota+eta) substitui a letra "J".

8] O ALFABETO GREGO E SEU VALOR NUMÉRICO

A seguir você terá à disposição o antigo alfabeto grego, suas letras e o valor
numérico de cada letra, conhecido como isopsefia. As letras que aparecem
com o sinal [-], são letras que foram obsoletas do vocabulário grego, mas
que ainda representam valores numéricos.

Essas informações obedecem a pesquisas feitas por linguistas ao longo da


história e, como todo trabalho humano, poderá conter erros. No entanto,
cremos que essas informações são importantes.

Alpha [Aa] = 1

Beta [Bb] = 2

Gamma [Gg] = 3

Delta [Dd] = 4

Epsilon [Ee] = 5

Digamma [-] = 6

Zeta [Zz] = 7

Eta [Ê] = 8

Theta [Th] = 9

Iota [Ii] = 10

Kappa [Kk] = 20

Lambda [Ll] = 30

Mu [Mm] = 40

Nu [Nn] = 50

Xi [Xx] = 60

Omicron [Oo] = 70

Pi [Pp] = 80

Koppa [-] = 90

49
Rho [Rr] = 100

Sigma [Ss] = 200

Tau [Tt] = 300

Upsilon [Yy] = 400

Phi [Ff] = 500

Chi [Ch] = 600

Psi [Ps] = 700

Omega [Ô] = 800

No momento certo você poderá calcular o número do nome da besta, ou seja,


o valor numérico de seu nome. O Senhor, em seu infinito amor e cuidado,
nos deixou essa revelação para que saibamos identificar a besta e rejeitar
seu sistema, mesmo que isso signifique a morte física. Aqui está a
perseverança e a fé dos santos!

Cremos que o fundamento de tudo o que é exposto ou ensinado deve ser a


Palavra de Deus. Podemos escutar opiniões, comentários, interpretações,
mas não há nada superior ao fato de ir diretamente às Escrituras e deixar
que elas falem por si.

Sem dúvidas, hoje estão sendo utilizadas tecnologias que deixariam de boca
aberta alguém que viesse de 3 ou 4 décadas atrás e abrisse os olhos em
nossa realidade.

Muitos bancos já utilizam a leitura da própria mão como forma de


identificação biométrica. Mas, até isso está se tornando obsoleto, com a
chegada das transações digitais pelo celular.

Sem dúvidas, estamos diante de um gigantesco processo de


condicionamento, seja ele intencional ou não.

O fato é que atualmente as pessoas olham com muita naturalidade para


alguém colocando a sua mão direita para ser lida por uma máquina, para
poder sacar certa quantia em dinheiro ou aceitam normalmente o fato de não
terem mais dinheiro em mãos, mas sim “créditos” em sua conta digital. Isso
só faz confirmar a veracidade das profecias apocalípticas para um futuro
muito próximo!

No entanto, cremos que tem sido gerada uma confusão entre biometria e
marca da besta. O uso dos modernos sistemas de biometria é um forte
condicionamento e preparação para a marca da besta, porém não é a marca
em si. A biometria não é outra coisa senão a leitura de características que já
temos desde nosso nascimento. Características dadas pelo próprio Criador.

Já a marca da besta será um elemento específico e detalharemos alguns


pontos para que você possa saber o que o Apocalipse fala sobre essa marca.

50
1] A MARCA DA BESTA SERÁ ALGO COLOCADO NO CORPO DA PESSOA

O termo grego usado no Apocalipse para "marca" ou "sinal" é charagma. No


contexto histórico em que João escreveu o Apocalipse, "charagma" era uma
espécie de estampa imperial romana encontrada em vários documentos.

Era uma espécie de selo do imperador, com o nome dele. Também, o termo
se aplica a uma marca que era colocada sobre a pele de escravos, semelhante
a uma tatuagem.

Não podemos definir o que realmente será a marca. Também, cremos que é
temerário afirmar categoricamente se será algo colocado sobre a pele ou
inserido sob a pele.

Acima de tudo, devemos estar atentos. Porém, o que sim fica claro,
considerando o que o próprio texto apocalíptico diz, é que a marca ou sinal
da besta será um elemento colocado no corpo da pessoa (mão ou testa).

2] QUEM INSTAURARÁ A MARCA DA BESTA SERÁ O FALSO PROFETA

Outro ponto importante para identificar a marca da besta, quando ela for
propagada, é que o personagem que vai instituir essa marca, fazendo com
que as pessoas a adotem, será o falso profeta ou besta que surge da terra:

"E vi subir da terra outra besta, e tinha dois chifres semelhantes aos de um
cordeiro; e falava como o dragão...

E faz que a todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e servos, lhes
seja posto um sinal na sua mão direita, ou nas suas testas, para que ninguém
possa comprar ou vender, senão aquele que tiver o sinal, ou o nome da besta,
ou o número do seu nome" [Apocalipse 13:11 e 16-17]

Então, esse é um ponto importante para não ser confundido com relação à
marca da besta. Quem fará com que as pessoas recebam a marca será o falso
profeta, não outra pessoa ou instituição.

3] A MARCA DA BESTA VIGORARÁ NO PERÍODO DO GOVERNO DO


ANTICRISTO

Todas as coisas, dentro do perfeito plano do Eterno Pai, têm um tempo


determinado [Atos 17:26]. O Apocalipse mostra que o período em que será

51
concedido domínio e poder de atuação à besta será de 42 meses ou 3 anos e
meio:

"E foi-lhe dada uma boca, para proferir grandes coisas e blasfêmias; e deu-
se-lhe poder para agir por quarenta e dois meses" [Apocalipse 13:5]

Por sua vez, as Escrituras mostram que o falso profeta, que é o personagem
que fará a população mundial receber a marca, exerce todo o poder da
primeira besta, aquela que será objeto de adoração, na sua presença.

São personagens que atuarão ao mesmo tempo e será uma atuação em


conjunto. Então, se formos coerentes com o texto bíblico, teremos que
relacionar a instituição da marca da besta ao período específico do governo
da besta e atuação do falso profeta.

Esse período está definido como de 42 meses e apenas começará quando se


lhe seja concedido essa permissão.

4] A MARCA DA BESTA TERÁ CONOTAÇÕES ESPIRITUAIS ADJUNTAS

O Apocalipse relaciona diretamente a marca ou sinal da besta às capacidades


comerciais de comprar e vender. No entanto, devemos estar atentos a todo
o contexto espiritual que acompanhará a instituição da marca da besta.

A primeira besta, que sobe do mar, será adorada mundialmente [Apocalipse


13:4]. Blasfemará abertamente contra o Altíssimo [Apocalipse 13:6]. Ao
mesmo tempo, a segunda besta, que é o falso profeta, enganará a população
mundial, levando as pessoas a uma adoração sem precedentes à besta e à
sua imagem [Apocalipse 13:11-15].

É nesse contexto que a marca será instituída. Não será apenas um


mecanismo de inserção no mundo comercial ou financeiro, mas virá dentro
de um contexto mundial de adoração à besta e à sua imagem.

O caminho que a Palavra do Eterno nos mostra é o caminho da confiança e


entendimento em Sua Palavra e Sua revelação. A confiança gera firmeza e o
entendimento gera paz.

Que estejamos atentos. Não cremos ser aconselhável aceitar em nossos


corpos quaisquer mecanismos que instituições governamentais ou religiosas
queiram hipoteticamente implantar para identificação, controle ou
monitoramento.

No entanto, essa é uma postura nossa e é o que aconselhamos. De forma


alguma é um ensinamento ou doutrina. Mesmo não sendo a marca ou sinal
da besta, alguns dispositivos, como um chip ou tecnologia semelhante, se
colocado em nosso corpo, seja sobre ou sob a pele, poderá fazer-nos alvos
fáceis do futuro sistema que se levantará.

52
VIII] CRONOGRAMA DA TRIBULAÇÃO

A série de eventos relacionados com a fase de tribulação profetizada na Bíblia


para os tempos finais tem sido citada e comentada diversas vezes durante a
história do cristianismo.

O que fica patente é que, apesar de manterem uma mesma linha central de
interpretação, as muitas versões e comentários feitos apresentam algumas
diferenças de interpretação no que se refere à ordem cronológica dos últimos
acontecimentos.

Graças ao fato de vivermos no limiar desses acontecimentos, temos certa


vantagem sobre pessoas que viveram há dezenas ou até centenas de anos.
Hoje, temos uma melhor ideia do que podem significar literalmente as
profecias apocalípticas, por estarmos vivendo no tempo do seu cumprimento.

Não esqueçamos que João, ao escrever o Apocalipse, expressou as visões e


revelações divinas e os fatos surpreendentes que aconteceriam no final dos
tempos, com as suas palavras e com a limitação tecnológica própria de quem
vivia há 2.000 anos.

Hoje, vivendo o avanço tecnológico profetizado no livro de Daniel e já


observando o surgimento do sistema político-religioso que servirá como base
de atuação para o anticristo, podemos descobrir e entender mais
precisamente as maravilhosas revelações apocalípticas e a sequência de
acontecimentos profetizados.

É por essa razão que este artigo poderá sofrer contínuas atualizações, pois,
paulatinamente, o quadro profético geral fica mais claro e detalhado.

Apesar de muitos atribuírem à tribulação um período mais extenso, somos


levados a considerar tecnicamente como período de tribulação os sete anos
anteriores à segunda vinda de Jesus e a consequente derrota da besta e seu
sistema.

É claro que atualmente vivemos tempos difíceis, porém é importante não


confundir isso com a tribulação final de sete anos, da qual faz parte a grande
tribulação, um período de três anos e meio, na segunda metade da tribulação.

Para considerar o período tribulacional como um período de sete anos,


tomamos como base uma interpretação futurista da última semana de Daniel.
Em nosso livro A IGREJA E A TRIBULAÇÃO, temos um comentário sobre as
setenta semanas profetizadas por Daniel.

53
1] CONDIÇÕES PRÉVIAS

É praticamente impossível traçar uma sequência totalmente exata de cada


evento que está porvir, haja vista que a prioridade na revelação apocalíptica
não é narrar fatos sequenciados de forma metódica e sim revelar a derrota
do mal de forma definitiva no universo.

Estamos vivendo o que Jesus em seu sermão profético chamou de "princípio


de dores", ou seja, uma série de conflitos e catástrofes iniciais que vão
resultar na instalação do novo sistema de governo mundial e na chegada da
tribulação em si. Acreditamos já estar no ápice desse período.

Jesus profetizou que nações se levantariam contra nações, reinos contra


reinos, e que haveria pestes, fomes e terremotos. Esse cenário de guerras,
fome e morte se encaixa perfeitamente na descrição dos quatro cavaleiros do
Apocalipse (Ap. 6:1-18). Mais adiante veremos isso melhor, no capítulo
MATEUS 24 X APOCALIPSE 6.

Essa série de conflitos e catástrofes permitirá que se instale um cenário


propício para a Nova Ordem Mundial. Cremos que as forças hegemônicas que
hoje dominam o mundo serão enfraquecidas e darão lugar a um sistema cada
vez mais unificado e aparentemente solidário.

Entendemos que, no final deste período do princípio de dores, haverá um


rápido período de transição, paz humana e reordenamento mundial.

As profecias bíblicas, principalmente as de Obadias e Jeremias, nos levam a


acreditar que no período de conflitos do princípio de dores, alguns povos e
grupos religiosos mais radicais e fundamentalistas serão exterminados
(Ob.1:1-14). Isso explicaria três questões básicas:

1) O governo do anticristo e do falso profeta terá apoio mundial total, exceto


dos cristãos verdadeiros, os quais não aceitarão a marca da besta nem
adorarão a sua imagem. Porém, hoje existe uma religião que, mesmo não
sendo cristã, se oporia radicalmente ao domínio político e espiritual do
anticristo.

Estamos falando do islamismo. Por isso, acreditamos que nos conflitos


inseridos no princípio de dores, os povos muçulmanos poderão ser, de alguma
maneira, silenciados, enganados ou destruídos, possivelmente por algum país
hegemônico mundial ou por Israel, ou mesmo ambos.

2) É necessário que o templo judeu seja reconstruído em Jerusalém, para que


nele se cumpra a abominação desoladora profetizada por Daniel em Daniel
9:27 e confirmada por Jesus em Mateus 24:15.

A abominação desoladora marcará o começo da grande tribulação, período


de três anos e meio que marca a segunda metade da tribulação, quando o

54
anticristo se sentará no trono do templo e profanará o santo lugar (Daniel
11:30-32, II Tessalonicenses 2:3-4).

No lugar em que deve ser reconstruído o templo judaico, hoje existe uma
mesquita muçulmana, o que novamente nos leva a acreditar num desfecho
radical envolvendo os islamitas (pelo menos aqueles que habitam no Oriente
Médio) ou num surpreendente acordo de paz, o qual poderá ser o acordo de
que trata Daniel 9:27.

3) Quando Ezequiel descreve a invasão de Gogue e Magogue contra Israel,


que muito provavelmente se dará bem próximo ao início do período de
tribulação de sete anos, ele nos revela que quando isso acontecer, Israel
estará habitando sua terra "em paz", uma realidade muito diferente da que
observamos hoje nos noticiários!

Algo radical e transformador deve acontecer no Oriente Médio para que essa
profecia se cumpra e traga esse período de relativa tranquilidade. Após essa
fase de transição malignamente pacífica, que deve durar pouco tempo, um
evento quebrará subitamente essa realidade.

Vindos do norte, Gog e seus aliados tentarão invadir Israel. Se em qualquer


mapa mundial você traçar uma linha vertical partindo de Jerusalém indo rumo
ao norte, a linha passará por Moscou, capital da Rússia. Ezequiel revela que
Gog estará acompanhado de um vasto exército de diferentes nações aliadas.

2] OS DEZ CHIFRES E A ASCENÇÃO DO ANTICRISTO

Ao analisarmos detalhadamente o sistema político que dará sustentação ao


anticristo, notamos que o próprio terá dez chifres. Como já vimos, cada chifre
representa uma nação ou bloco de nações.

Em Apocalipse 17:12 diz que os dez chifres, em determinado momento,


entregarão o seu poder e domínio à besta. Muito provavelmente, isso
ocorrerá ainda no período de transição. Porém, Daniel revela que quando o
anticristo surgir derrubará três dos dez chifres (Daniel 7:8).

Os três chifres que cairão e que pertenciam aos dez primeiros, possivelmente
serão os derrotados na invasão de Gog e Magog (Rússia mais outros dois). A
partir deste momento começa o período de sete anos denominado tribulação.

É lógico afirmar que, durante a época de transição que antecederá os sete


anos e na qual receberá o poder delegado pelos dez chifres, o anticristo não
passará de um político admirável e aclamado por todas as nações (inclusive
por Israel), por causa das soluções pragmáticas e populares que trará.

Próximo ao começo da tribulação, porém, algo espantoso e sobrenatural


acontecerá. Ezequiel afirma que os exércitos de Gog e seus aliados serão
exterminados "sem intervir mão humana", ou seja, milagrosamente, num
livramento divino para a nação israelense.

55
É importante estar preparado para a possibilidade de o falso profeta atribuir
esse livramento sobrenatural ao anticristo, começando neste instante a
adoração mundial para o mesmo e o reconhecimento do povo judaico à besta.

Embora ter começado a surgir antes mesmo dos sete anos tribulacionais, o
anticristo só começará sua perseguição implacável e aberta contra o povo
judeu e a Igreja cristã a partir da segunda metade da tribulação, denominada
"grande tribulação", um período de três anos e meio (Apocalipse 13:5-7 e
Daniel 7:24-25), período que começará com a quebra do acordo feito entre
a besta e a nação israelense e com a maligna abominação desoladora em
Jerusalém.

Antes desse período, o anticristo terá uma atitude de aparente união com
Israel, firmando, muito provavelmente após a derrota de Gog e Magog, um
tratado de paz para "proteger" Israel.

Ele será aceito e aclamado pelos judeus, como vimos anteriormente. Por sua
vez, antes da grande tribulação, os cristãos verdadeiros serão perseguidos
apenas a nível policial, político e social, pelo fato de não aceitarem os planos
iniciais da Nova Ordem Mundial nem o domínio mundial da besta.

Cremos que essa perseguição inicial não será uniforme em todas as nações
e não assumirá necessariamente um caráter anticristão específico num
primeiro momento.

A partir do momento que a máscara do anticristo cair, no começo da grande


tribulação, é que a perseguição contra a Igreja e Israel assumirá um caráter
abertamente espiritual, maligno e implacável.

56
3] AS SUBDIVISÕES DO APOCALIPSE

O Apocalipse engloba os fatos que acontecerão no período tribulacional e até


mesmo pré-tribulacional, em selos, trombetas e taças, determinando um
desenrolar lógico dos acontecimentos.

Deixamos claro que a concepção que adotamos em relação ao livro de


Apocalipse se esforça para chegar o mais próximo possível da concepção
literal e futurista que nossos irmãos primitivos adotavam para relacionar-se
com as profecias escatológicas.

Cremos que há uma estreita relação entre trombetas e taças, sendo estas
últimas a descrição das consequências finais do toque das 7 trombetas.

Já os selos, em nosso entendimento, descrevem um período de tempo maior,


que vai do princípio de dores (selos 1 a 4), até a vinda de Cristo (selo 7),
passando pela perseguição aos servos do Senhor (selo 5) e pelos sinais que
antecedem o grande dia do Senhor (selo 6).

Tudo indica que os eventos relacionados às 7 trombetas ocorrerão a partir do


início da grande tribulação de 3 anos e meio e que os eventos resultantes das
7 taças terão lugar nos momentos finais desse período, abrangendo até
mesmo os sinais que antecedem o Dia do Senhor, dia esse que é colocado
como um evento que ocorrerá imediatamente após a grande tribulação.
(Mateus 24:29).

A] OS SELOS

São descritos a partir do capítulo 6 do Apocalipse. Estando certa a nossa


posição, os sete selos abrangeriam não somente os sete anos tribulacionais
mas também uma parte do período pré-tribulacional, denominada de
"princípio de dores" (comparar Mateus 24:7-10 e Apocalipse 6:1-11) e até
mesmo parte de acontecimentos pós-tribulacionais, como os sinais cósmicos
que antecedem o Dia do Senhor (comparar Mateus 24:29 e Apocalipse 6:12-
17).

Cremos firmemente que há uma estreita relação entre o sermão profético do


Senhor Jesus e os sete selos do Apocalipse, abrangendo assim todos os
principais sinais que ocorrem imediatamente antes, durante e logo após a
tribulação, apontando para a gloriosa volta do Mestre.

Os quatro primeiros selos referem-se aos quatro cavaleiros do Apocalipse


(Apocalipse 6:1-8). Acreditamos já estar começando a viver essa realidade,
com o aumento progressivo das guerras, fomes e mortes. Esses primeiros
quatro selos parecem estar intimamente ligados aos sinais do princípio de
dores detalhados pelo Ungido, os quais irão se aprofundando.

57
O resultado final da concretização desses quatro primeiros selos será a morte
de ¼ da população mundial.

O quinto selo (Apocalipse 6:9-11), descreve a súplica de cristãos que foram


martirizados no decorrer da história por causa de seu posicionamento
espiritual. Eles devem esperar um pouco mais de tempo, até que se complete
o número daqueles que serão martirizados até o fim dos tempos, incluindo
nesse contexto a Igreja nos últimos tempos.

Esse selo aponta claramente para a perseguição histórica sobre a verdadeira


Igreja, perseguição essa que se aprofundará no período tribulacional e
começará mundialmente a partir da abominação desoladora ou começo dos
42 meses do poderio da besta (Mateus 24:15, Apocalipse 13).

O sexto selo (Apocalipse 6: 12-17), descreve uma grande comoção na Terra


e no universo. Neste momento muitos despertarão para a realidade final. Fica
implícita nesta passagem a manifestação de cataclismos surpreendentes,
provavelmente gerados por deslocamentos orbitais e gravitacionais dentro do
sistema solar.

Fica muito clara a relação desse selo com os sinais que antecederão o Dia do
Senhor (Mateus 24:29-30). Logo, esse selo abrange também acontecimentos
que ocorrerão imediatamente após a tribulação de 7 anos.

O sétimo selo (Apocalipse 8:1-5), se subdivide em sete trombetas. No


entanto, cremos que a cronologia tribulacional indica que a sétima trombeta
e as sete taças finais são englobadas no sexto selo, cuja extensão, como já
vimos, vai até o Dia do Senhor.

Aqui, o sétimo selo parece não indicar uma ordem cronológica em relação aos
primeiros seis selos, mas sim explicativa. O sétimo selo é caracterizado por
um "silêncio" e, pela simbologia do número, parece aplicar-se ao próprio reino
do Pai sobre a Terra. Entendemos que é um selo exclusivo do Eterno.

B] AS TROMBETAS

Cremos que as trombetas se referem a eventos que ocorrerão durante a


grande tribulação de 3 anos e meio, a partir do momento em que ocorrer a
abominação desoladora (Mateus 24:15).

A primeira trombeta (Apocalipse 8:7), sugere um conflito nuclear, que


destruirá a terça parte da Terra.

A segunda trombeta (Apocalipse 8:8-9), parece ser consequência direta da


primeira, gerando danos proporcionais às fontes aquáticas do planeta. No
entanto, pode referir-se também a um vulcão ou tremor gerando o
lançamento no oceano de uma enorme massa de terra, como pode ocorrer,
por exemplo, no vulcão "La Cumbre Vieja", nas Ilhas Canárias [1].

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Um evento desse porte atingiria grande parte do Oceano Atlântico, causando
mortandade tanto no próprio mar como nas zonas costeiras das Américas.

A terceira trombeta (Apocalipse 8:10-11), descreve "uma estrela" ardente


caindo do céu como uma tocha. Acreditamos que possa tratar-se de um
asteroide de pequeno porte colidindo com a Terra. De acordo com recentes
descobertas astronômicas, existem atualmente alguns asteroides em rota de
colisão com o nosso planeta.

Apesar da probabilidade de colisão ser atualmente pequena, de acordo com


a maior parte dos astrônomos, nos parece, à luz da palavra apocalíptica, que
esse desastre possa acontecer, levando em consideração os profundos
desequilíbrios que ocorrerão não somente no planeta Terra, mas também em
todo o universo.

Neste caso, da terceira trombeta, é narrado que os rios e as fontes de aguas,


ou seja, agua apta para o consumo humano, serão atingidos em 1/3. Se
considerarmos a grande possibilidade que se tratar da queda de um asteroide
de grande porte com elementos nocivos, é coerente pensar que se trata de
uma queda num local específico.

Atualmente, com a notória escassez de agua potável no mundo, a única


localidade que se encaixaria nesse contexto é a América do Sul, que detém
27% das reservas de água potável do mundo [2].

Uma contaminação generalizada dos rios da América do Sul, muitos deles


interligados, e das bacias hidrográficas, poderia causar o que descreve a
terceira trombeta.

A quarta trombeta (Apocalipse 8:12), à semelhança da segunda, é


possivelmente uma consequência direta da trombeta anterior. Com a queda
do asteroide ou meteorito, uma densa camada de poeira subiria,
"escurecendo" o sol, a lua e as estrelas.

A quinta trombeta (Apocalipse 9:1-12) parece descrever a atuação de anjos


que estavam presos no abismo, assumindo formas físicas bizarras, destruindo
e matando aqueles que não tiverem o selo do Eterno.

Provavelmente, trata-se dos anjos descritos em Judas 1:6. Um grupo


específico de anjos que, numa época remota, não guardaram o seu principado
e deixaram sua própria habitação.

Na sexta trombeta (Apocalipse 9:13-21), continua a onda de destruição


humana, agora encabeçada por quatro anjos, que possuem essa missão
específica.

Essa trombeta mostra a morte de 1/3 da população mundial, principalmente


como resultado da atuação de um exército de 200 milhões de combatentes,
vindos de além do Rio Eufrates. Provavelmente, trata-se do começo da
invasão chinesa rumo ao Oriente Médio.

A sétima trombeta (Apocalipse 11:15-19), se subdivide em sete taças ou


pragas.

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C] AS TAÇAS

Cremos que o derramamento das taças se dará logo após a grande tribulação,
nos dias que separam o fim da grande tribulação e o retorno glorioso do
Senhor Jesus. Será o clímax da ira do Altíssimo sobre os ímpios e o pecado.

A primeira taça (Apocalipse 16:2), descreve o aparecimento de uma chaga


maligna que se manifestará naqueles que tenham a marca da besta.

A segunda taça (Apocalipse 16:3), descreve a contaminação total dos


oceanos, num possível aprofundamento das consequências da segunda
trombeta.

Cremos que a terceira taça (Apocalipse 16:4), é uma continuação do efeito


anterior, com a destruição definitiva (até o começo do Milênio) dos rios e
fontes de águas potáveis.

A quarta taça (Apocalipse 16:8-9), sugere uma aproximação da Terra ao Sol,


possivelmente causada por uma mudança em seu eixo ou mesmo em sua
massa, decorrente dos cataclismos anteriores, aumentando
assustadoramente a temperatura média do planeta.

A quinta taça (Apocalipse 16:10-11), é um castigo específico contra o


anticristo e seus auxiliares mais próximos, possivelmente abrangente à
cidade que ele escolherá como capital mundial.

A sexta taça (Apocalipse 16:12-16), descreve os preparativos satânicos para


a batalha final do Armagedom. É muito provável que o exército oriental
descrito em Apocalipse 16:12 seja o chinês que, juntamente com as outras
nações, será convencido pela besta a marchar contra Israel.

Recentemente, foi noticiado que o governo chinês, caso seja necessário,


poderá alistar grande parte de sua população ativa, com centenas de milhões
de soldados.

Como já explicamos nas páginas anteriores, acreditamos que o anticristo


atribuirá à nação israelense a culpa por todos os males e maldições que
estarão acontecendo na grande tribulação, convencendo essas nações
através do engano espiritual de 3 espíritos malignos. Essas nações se
reunirão no Armagedom.

A sétima taça (Apocalipse 16:17-21), descreve o começo da destruição


definitiva das forças do anticristo. Elas serão derrotadas no Armagedom por
Cristo em sua segunda vinda em glória (Zacarias 14:1-21). Todo o sistema
político-religioso do anticristo ruirá.

A besta e o falso profeta serão lançados no lago de fogo e Satanás será


amarrado por mil anos. A partir desse momento começa o reino milenar de
Cristo em nosso planeta (Apocalipse, capítulos 19 a 22).

60
4] SEQUÊNCIA GERAL DE EVENTOS

Observamos que muitas tentativas humanas de datar e determinar com


absoluta precisão histórica como e quando ocorreriam os principais eventos
escatológicos profetizados nas Escrituras, terminaram em fracassos.
Entendemos que isso ocorre em função da finalidade das profecias bíblicas.

As profecias visam fornecer, àqueles que obedecem ao Pai, uma ideia geral
de como e quando ocorrerão esses eventos, para que a geração que os
vivenciar possa, no momento certo, identificá-los e saber com exatidão o que
está para ocorrer.

As profecias bíblicas não são uma "agenda" de acontecimentos futuros pré-


datados, mas uma revelação para que os servos do Senhor não sejam
surpreendidos.

Não obstante esse princípio, percebemos que existe uma sequência lógica de
acontecimentos. Cremos que é dever de todo servo do Pai ter uma noção da
ordem ou sequência dos eventos profetizados, os quais foram revelados
precisamente com essa finalidade: servir de esclarecimento e fonte de
conhecimento para nós.

Por exemplo, em Apocalipse 17:13 está revelado que, num determinado


momento, os 10 chifres entregarão sua soberania à besta. Já em Apocalipse
13:5, está revelado que a besta terá autoridade mundial durante 42 meses.

Então, é lógico afirmar que antes desses 42 meses, é necessário que os 10


chifres já estejam consolidados, pois serão eles que entregarão a soberania
política mundial à besta, sob influência direta de satanás (Apocalipse 13:2).

Daremos a seguir uma sequência de eventos em ordem cronológica,


abrangendo não somente o período tribulacional, mas também o período
imediatamente anterior à tribulação.

Novamente, alertamos que o nosso objetivo não é o de apresentar uma


agenda infalível e perfeita de como os acontecimentos se darão, e sim o de
fornecer a você uma base de comparação entre as profecias e os
acontecimentos globais, oferecendo um cenário geral.

Esperamos que este artigo seja, de alguma forma, útil para aqueles que
estudam as profecias e levam a sério o que está expresso na Palavra do Pai.
Anelamos que, quando esses eventos ocorram, você possa relacioná-los
apropriadamente ao momento profético que estiver vivendo.

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No presente momento, cremos que já estamos vivendo aquilo que Jesus
denominou de "princípio de dores" (Mateus 24:8), com a ocorrência cada vez
mais profunda e sistemática de conflitos, terremotos e fomes em todo o
mundo, o que está em perfeita relação com os 4 primeiros selos do Apocalipse
(Apocalipse 6:1-8).

Cremos já estar vivendo os momentos culminantes desse período e às portas


de importantes acontecimentos que nos aproximam dos momentos
tribulacionais:

1. PREGAÇÃO DO EVANGELHO A TODAS AS NAÇÕES (Mateus 24:14)

A pregação das boas novas começou na Judéia, Samaria e se estendeu até


os confins da Terra. Essas boas novas, de acordo com o Mestre, serão
pregadas em todo o mundo, em testemunho a todas as nações, e então virá
o fim.

Colocamos, então, a pregação do Evangelho como o primeiro item dessa


ordem sequencial de eventos, indicando que, quando o Evangelho houver
sido pregado a todas as nações, então já estaremos no fim do atual sistema
e nos dias que antecedem a gloriosa volta do Salvador.

Lembramos que o Evangelho será pregado até mesmo nos dias tribulacionais
(Apocalipse 14:6). Então, o sinal da pregação do Evangelho deve ser
entendido nessa dualidade.

Ao mesmo tempo em que nos indica quando estaremos entrando nos dias
que antecedem a volta de Cristo, esse sinal da pregação se estenderá
literalmente até o fim, que será o dia da gloriosa vinda do Senhor.

2. COLAPSO INTERNACIONAL (I Tessalonicenses 5:2-3)

Entendemos que, para que haja uma reestruturação que permita o domínio
mundial por parte de um único sistema, é necessário que a atual supremacia
dos EUA se enfraqueça ou seja extinta.

Ataques terroristas de grandes proporções, cataclismos, crises financeiras


globais e outros fatores podem ocorrer de forma devastadora em qualquer
país e estes fatores, aliados ou não à extinção hegemônica dos EUA, poderão
gerar um colapso político-financeiro sem precedentes no mundo moderno.

Uma coisa é certa: é necessário que toda posição hegemônica e toda


superpotência perca sua supremacia em função do futuro sistema global que
será instaurado quando os 10 chifres entregarem seu domínio à besta. Isso
se refere também ao atual sistema financeiro que rege o mundo.

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3. FORMAÇÃO DOS 10 CHIFRES (Apocalipse 17:12-17)

Cremos que estamos às portas da consolidação dos 10 chifres. Acreditamos


que existem 3 hipóteses possíveis: A transformação do G-8 em G-10, a
reestruturação do Conselho de Segurança da ONU para 10 membros fixos ou
o reordenamento global em 10 grandes blocos de países. Talvez, a
configuração dos 10 chifres ocorra num cenário de colapso mundial sem
precedentes.

4. O SURGIMENTO DO ANTICRISTO (Daniel 11:21-23)

Não devemos confundir a revelação do anticristo, ocasião na qual esse ser se


revelará em toda sua expressão maligna, com o surgimento do anticristo, o
qual se dará num período anterior.

Não faz sentido um líder surgir num dia e governar o mundo imediatamente
no outro. Entendemos que, mesmo antes do período tribulacional de 7 anos,
o anticristo surgirá no cenário internacional, como uma "excelente" opção de
liderança para a necessidade global de paz e segurança.

Cremos que, em seu surgimento inicial, o anticristo está envolvido em


alianças (muito provavelmente um pacto envolvendo Israel e países árabes
ou entre a União Europeia e países árabes produtores de petróleo) e em
lisonjas, mostrando uma grande aptidão de negociação, diplomacia e
convencimento.

Muito provavelmente o Templo judeu será reconstruído nessa época e o


anticristo terá um papel importante nas negociações. A aliança revelada em
Daniel 9:27 se encaixa nesse contexto e será o clímax da capacidade
negociadora da besta.

A máscara só cairá depois, em plena tribulação, como veremos mais adiante.


Por isso, é importante estar alerta diante desses acontecimentos prévios.

5. CONTROLE PAULATINO E GRADUAL

Cremos que, antes da instauração oficial e institucional da marca da besta, a


qual se dará no começo da grande tribulação de 3 anos e meio (Apocalipse
13:11-18), o controle sobre as pessoas, tanto no aspecto de identificação,
como de movimentação financeira e rastreamento, será adotado
gradualmente por várias nações ou até mesmo por grupos de nações.

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Em muitos países já existem projetos pilotos para uma reestruturação dos
métodos de identificação e monitoramento dos cidadãos, utilizando diversas
tecnologias, como o microchip, a biometria, etc.

Há um condicionamento paulatino e gradual da população para que, em


determinado momento, as pessoas aceitem sem maiores questionamentos
métodos de identificação e monitoramento invasivos. Atualmente, muitos já
estão abertos à ideia de abrir mão de algumas liberdades individuais e da
privacidade, para viver em paz e segurança.

Deixamos claro que essa adoção paulatina de mecanismos e tecnologias de


controle sobre a população não é a marca da besta em si.

A marca ou sinal da besta só será adotado no começo da grande tribulação


de 3 anos e meio e virá acompanhado de uma aceitação e adoração espiritual
intrínseca, envolvida em assombrosas aparições e sinais de engano espiritual
sobre a humanidade.

Mesmo assim, conclamamos a nossos leitores a não usarem nem aceitarem


nenhum método de identificação ou controle que permita a localização
instantânea daquele que o possui, principalmente se estivermos diante da
adoção de algum mecanismo que tenha que ser colocado em nosso corpo
(!)...

A razão é simples: Mesmo não sendo ainda o momento da marca da besta, a


possibilidade de rastreamento de qualquer pessoa que esteja decidida a não
adotar a marca da besta nem a adorá-la, ficará dificultada se, desde já, não
aceitarmos em nosso corpo qualquer mecanismo de rastreamento.

Aqueles que aceitarem esses mecanismos, correm o alto risco de se


tornarem, num futuro muito próximo, alvos fáceis do sistema maligno da
besta.

6. INVASÃO DE GOG (Ezequiel 38 e 39)

Cremos que, logo no início do período tribulacional de 7 anos, ocorrerá uma


invasão contra Israel, promovida pelo "rei do extremo norte", juntamente a
vários países aliados.

Há fortes indícios proféticos para sustentar que a invasão de Gog profetizada


por Ezequiel é diferente daquela descrita em Apocalipse 20, e se refere à
Rússia e aliados.

Entendemos que, diante da queda da supremacia americana e dos acordos


feitos entre a besta (ainda não revelada como tal) e os países do Oriente
Médio (grandes produtores de petróleo), a Rússia decidirá atacar Israel de
surpresa. O profeta Ezequiel nos mostra que Gog e seus exércitos serão
sobrenaturalmente derrotados.

64
7. A REVELAÇÃO DO ANTICRISTO (II Tessalonicenses 2:3, Apocalipse
13:5)

O anticristo só será revelado como tal a partir do começo da grande


tribulação, a qual durará 3 anos e meio e, afinal da qual, o Senhor voltará
para encontrar-se com a Sua Igreja, derrotar a besta e seu sistema e
instaurar o Milênio.

A partir do momento de sua revelação plena, o anticristo perseguirá


frontalmente a Igreja, exigirá ser adorado, instituirá a marca da besta, tudo
isso com o apoio e a colaboração nefasta do falso profeta.

Cremos que o evento que dará início à grande tribulação será a abominação
desoladora, profetizada por Daniel e ratificada por Jesus (Daniel 11:31,
Mateus 24:15).

65
IX] MATEUS 24 X APOCALIPSE 6

Existe uma clara relação entre o capítulo 24 de Mateus e o capítulo 6 de


Apocalipse. Quem fizer uma análise detalhada e sem preconceitos, verá que
o relato apocalíptico segue a mesma sequência relatada por Jesus em Mateus
24.

Dos evangelistas sinóticos, talvez Mateus tenha sido o único presente naquele
dia no Monte das Oliveiras, onde o Salvador proferiu seu sermão profético.
As narrativas de Marcos e Lucas só confirmam aquilo que está expresso em
Mateus 24.

Já o texto de Apocalipse 6, menciona a abertura dos selos. Como já


comentamos no tópico CRONOGRAMA DA TRIBULAÇÃO, acreditamos que a
abertura dos sete selos não está restrita somente ao período tribulacional,
mas tem ocorrido de forma paulatina.

Os quatro primeiros selos têm uma nítida relação com o período anterior à
grande tribulação denominado por Jesus como "princípio de dores", porém
suas consequências se prolongam até o fim.

Todos os eventos e sinais profetizados visam situar os servos do Eterno em


meio aos acontecimentos que precedem a volta de Cristo, com o intuito de
preparar a Igreja e evitar que os servos do Senhor sejam enganados em meio
a uma realidade cada vez mais maligna. O próprio Jesus, no início do sermão
profético, alerta os discípulos:

"Acautelai-vos, que ninguém vos engane; porque muitos virão em meu nome,
dizendo: Eu sou o Cristo; e enganarão a muitos" (Mateus 24:4-5).

A seguir, faremos uma comparação paralela entre as duas passagens (Mateus


24 e Apocalipse 6), para que você possa ter uma noção mais clara do
sincronismo entre ambas.

Dividiremos essa comparação mútua em três grandes blocos: princípio de


dores, clímax da perseguição e últimos sinais.

1] PRINCÍPIO DE DORES

No sermão profético, o Mestre define o que é o princípio de dores:

"Porquanto se levantará nação contra nação, e reino contra reino, e haverá


fomes, e pestes, e terremotos em vários lugares. Mas todas essas coisas são
o princípio de dores" (Mateus 24:7-8)

66
O Mestre usa a figura de uma mulher nos momentos anteriores ao parto, com
as dores características desse momento, as quais vão se aprofundando em
intensidade e aumentando em quantidade, a medida em que o momento do
tão esperado e sonhado parto se aproxima.

Jesus compara sua volta ao nascimento de um filho, o qual, obviamente, é


precedido de dores.

Os eventos que identificam o princípio dessas dores que antecederão a volta


do Ungido são: guerras e rumores de guerras, fomes e terremotos em vários
lugares. Somente quem estiver obstinadamente dedicado a negar a
veracidade das profecias bíblicas, poderá negar que esses fatos já estão
ocorrendo, de forma cada vez mais aprofundada e numerosa.

Mesmo assim, mostraremos aqui através de dados concretos, que já estamos


vivendo no princípio de dores:

a) Na questão das guerras e rumores de guerras, os mais céticos poderiam


argumentar que guerras e rumores de guerras sempre existiram. É verdade.
Porém, o envolvimento global nessas guerras só veio a ocorrer no século XX.

Até mesmo o conceito de "guerra mundial" só foi adotado no século passado.


Com o aumento do poder destrutivo de dezenas de nações no mundo, o
surgimento do terrorismo globalizado e a escassez cada vez mais nítida de
recursos naturais para a sobrevivência dessas nações, o futuro que se mostra
é altamente inquietante...

b) O problema da fome hoje é endêmico. Não se trata de fomes regionais,


produto de causas naturais e climáticas, mas de uma situação de
miserabilidade por parte da maior parte da população mundial, a qual está à
margem do sistema mundial baseado num conceito surgido há poucas
décadas: a globalização.

A própria ONU, através da UNESCO, fornece dados alarmantes. Uma em cada


quatro crianças no mundo será subnutrida. Em 1974, a Conferência Mundial
sobre a alimentação colocou o ano de 1984 como o ano limite para eliminar
a fome no planeta, o que, obviamente, não ocorreu.

Em 1996, essa meta foi implicitamente deixada de lado por representantes


da FAO (órgão da ONU que trata do assunto) como um sonho impossível de
ser concretizado nesse prazo. A cada dia morrem 24.000 pessoas no mundo
por causa da fome em todo o planeta.

c) O aumento do número de vítimas de grandes terremotos, só faz confirmar


aquilo que já está profetizado na Palavra. Tal como a fome e as guerras, o
que nos chama a atenção no caso dos terremotos é o acréscimo
surpreendente no número de tremores à medida que as décadas vão
passando, a violência com que tais tremores ocorrem e a abrangência desses
tremores.

No século XIX ocorreram 41 grandes terremotos, ocasionando a morte de


cerca de 350.000 pessoas.

67
No século XX, até 1997, foram contabilizados 96 grandes tremores, com um
saldo lamentável de mais de 2.000.000 de pessoas! No século XXI, só nos
primeiros 23 anos, já estão contabilizadas mais de 700.000 vítimas de
grandes terremotos, inclusive de tsunamis.

Ou seja, somente em 23 anos do novo século, o montante de vítimas de todo


o século XIX foi superado e chega a quase a metade de todo o século XX!

Praticamente a cada dia recebemos notícias a respeito de um novo terremoto,


e a perspectiva de novos terremotos e maremotos é abertamente sustentada
por especialistas de todo o planeta.

A Palavra revela que toda a criação "geme com dores de parto" (Romanos
8:22), e essa é a grande verdade. Nosso planeta sofre o resultado das
escolhas errôneas de seus habitantes e a influência maligna das potestades
satânicas. O equilíbrio só virá por ocasião da volta de Jesus, em glória e
majestade.

Já no livro de Apocalipse 6:1-8, quando é mencionada a abertura dos quatro


primeiros selos, vemos um nítido sincronismo com os eventos denominados
por Jesus como "princípio de dores" (Mateus 24:7-8).

A guerra, fome e a morte, resultantes desses eventos drásticos, são relatadas


como consequência da abertura dos quatro primeiros selos, conhecidos como
"os cavaleiros do Apocalipse":

"E olhei, e eis um cavalo amarelo, e o que estava montado nele tinha por
nome Morte; e o inferno o seguia; e foi-lhes dado poder para matar a quarta
parte da terra, com a espada, e com a fome, e com a peste, e com as feras
da terra" (Apocalipse 6:8).

Cremos então, que existe uma associação entre o princípio de dores de


Mateus 24:7-8 e os quatro primeiros selos (os cavaleiros do Apocalipse),
eventos que ocasionarão a morte de ¼ da população mundial.

Cremos que a concretização desses eventos terá um caráter mais localizado,


não comprometendo profundamente a infraestrutura planetária, já que são
eventos anteriores à grande tribulação.

É bem provável que seja travada uma guerra de grandes proporções entre
duas potências vizinhas (Índia/Paquistão, Irã/Israel ou Coréia/Japão) ou que
terremotos e fomes ocorram em regiões específicas do planeta, com grande
concentração populacional.

2] CLÍMAX DA PERSEGUIÇÃO

Logo após detalhar os eventos que caracterizam o princípio de dores, Jesus


começa a revelar aos discípulos algo que ocorreu desde o princípio da Igreja,
tem ocorrido durante todos os séculos e terá seu clímax nos últimos tempos,

68
através de uma ação maligna global: a perseguição à Igreja. A partir do
versículo 9, Ele detalha:

"Então vos hão de entregar para serdes atormentados, e matar-vos-ão; e


sereis odiados de todas as nações por causa do meu nome. Neste tempo
muitos serão escandalizados, e trair-se uns aos outros, e uns aos outros se
odiarão. E surgirão muitos falsos profetas, e enganarão a muitos. E, por se
multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará. Mas aquele que
perseverar até o fim será salvo" (Mateus 24:9-13)

Se formos coerentes com a literalidade gramatical, Jesus relaciona


diretamente o final do princípio de dores ao começo da perseguição mundial
à Igreja.

Fica claro que os servos do Senhor serão odiados por todas as nações (v9),
algo que só poderá ser plenamente concretizado no período tribulacional,
quando todas as nações entregarão seu poder e domínio à besta, durante 42
meses e a perseguição à Igreja será mundial e institucional (Apocalipse 13:5-
7, Apocalipse 17:17).

Mais uma vez, a narrativa de Jesus no sermão profético, encontra paralelo no


capítulo 6 de Apocalipse. Entre os versículos 9 e 11, João retrata o clamor de
mártires, os quais tinham sido mortos por causa de seu testemunho e da
Palavra do Altíssimo.

Aqueles mártires são instruídos a esperarem por um pouco de tempo, até que
o número de seus conservos se completasse, os quais morreriam da mesma
forma que eles (perseguidos e martirizados):

"E, havendo aberto o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que foram
mortos por amor da palavra de Deus e por amor do testemunho que
deram...E foram dadas a cada um compridas vestes brancas e foi-lhes dito
que repousassem ainda por um pouco de tempo, até que também se
completasse o número de seus conservos e seus irmãos, que haviam de ser
mortos como também eles foram" (Apocalipse 6:9 e 11)

Da mesma forma que os mártires aqui mencionados permaneceram fiéis até


a morte, vítimas da perseguição institucional ou de outro caráter, nós temos
que estar preparados para perseverar até o fim, mesmo que isso signifique
perseguição e martírio.

3] ÚLTIMOS SINAIS

Dentro da simbologia apocalíptica, cremos que há uma estreita relação entre


trombetas e taças, sendo estas últimas a descrição das consequências finais
do toque das 7 trombetas, e que os selos descrevem um período de tempo
maior, que vai do princípio de dores (selos 1 a 4), até a vinda de Cristo (selo
7), passando pela perseguição aos servos do Pai (selo 5) e pelos sinais que
antecedem o grande dia do Senhor (selo 6).

69
Ou seja, entendemos que os selos abrangem todo o período tribulacional e
até mesmo o período anterior, denominado de princípio de dores.

Tudo indica que os eventos relacionados às 7 trombetas ocorrerão a partir do


início da grande tribulação de 3 anos e meio e que os eventos resultantes das
7 taças terão lugar nos momentos finais desse período.

O paralelo entre o sermão profético de Jesus e o capítulo 6 de Apocalipse tem


seu ponto culminante com a descrição dos sinais que antecedem o Dia do
Senhor. Se formos aos livros do Antigo Testamento, veremos que esse dia
será antecedido por uma comoção global, ocasionando o desespero das
pessoas e gerando efeitos cósmicos, como o escurecimento do sol e da lua
(veja Isaias 2:10-22, Isaias 13:4-13, Joel 2:31, Amós 5:20).

Jesus relatou assim os sinais que antecederiam imediatamente sua volta:

"E, logo depois da aflição daqueles dias, o sol escurecerá, e a lua não dará a
sua luz, e as estrelas cairão do céu, e as potências dos céus serão abaladas.
Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; e todas as tribos da terra
se lamentarão, e verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu,
com poder e grande glória. E ele enviará os seus anjos com rijo clamor de
trombeta, os quais ajuntarão os seus escolhidos desde os quatro ventos, de
uma a outra extremidade dos céus" (Mateus 24:29-31).

Agora, compare com Apocalipse 6: 12-17:

"E, havendo aberto o sexto selo, olhei, e eis que houve um grande tremor de
terra; o sol tornou-se negro como saco de cilício, e a lua tornou-se como
sangue; e as estrelas do céu caíram sobre a terra, como quando a figueira
lança de si os seus figos verdes, abalada por um vento forte.

E o céu retirou-se como um livro que se enrola; e todos os montes e ilhas


foram removidos dos seus lugares. E os reis da terra, e os grandes, e os ricos,
e os tribunos, e os poderosos, e todo o servo, e todo o livre, se esconderam
nas cavernas e nas rochas das montanhas; e diziam aos montes e aos
rochedos: Caí sobre nós, e escondei-nos do rosto daquele que está assentado
sobre o trono, e da ira do Cordeiro; porque é vindo o grande dia da sua ira;
e quem poderá subsistir?" (Apocalipse 6:12-17).

As semelhanças são notórias. Num primeiro momento, dentro dos


acontecimentos que antecederão o Dia do Senhor, muito provavelmente
poucos dias antes da volta de Jesus, as duas passagens em questão
mencionam o escurecimento do sol e da lua.

Logo após, a comoção celeste, abrangendo as estrelas. Isso gerará o


desespero por parte daqueles que rejeitaram a mensagem de salvação e
adoraram a besta.

70
Tais pessoas se esconderão diante desses sinais monumentais e, quando
virem aparecer no céu totalmente escuro o sinal de Jesus, saberão que o Dia
do Senhor (o dia de sua gloriosa volta), profetizado na Palavra e pregado
pelos servos do Eterno durante séculos, estará chegando. Só restará para
eles a triste expectativa do juízo eterno.

Para os filhos do Eterno, este dia será motivo de grande regozijo, no qual
verão concretizar-se a bem-aventurada esperança (Tito 2:13), o encontro
com Jesus (II Tessalonicenses 2:1-3) e o alívio definitivo de suas tribulações
(II Tessalonicenses 1:7-9).

Para aqueles que escolheram viver à margem do plano do Criador, rejeitando


sua Palavra e menosprezando todas as oportunidades oferecidas, será um dia
de grande pesar...

Se você não tem certeza de qual será sua condição naquele dia e ainda não
creu no evangelho de Jesus, entregando sua vida totalmente a Ele, este é o
momento de faze-lo! Chegará o tempo em que será tarde demais para tomar
essa decisão...

"Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito,
para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (João
3:16).

71
X] MATEUS 24 OU JOÃO 14?

O pré-tribulacionismo, desde seu surgimento em meados do século XIX, se


viu diante de um desafio explícito: no sermão profético, pronunciado por
Jesus no Monte das Oliveiras poucos dias antes de sua crucificação, fica
evidenciado que os escolhidos enfrentariam um período tribulacional nunca
antes visto, testemunhariam a abominação da desolação e, após a
concretização de todos os sinais e logo em seguida àquela tribulação, seriam
ajuntados dos quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus (Mateus
24:1-51, Marcos 13:1-37, Lucas 21:5-38).

A solução encontrada pelos criadores do modelo dispensacionalista foi negar


a aplicabilidade do sermão profético, principalmente no que concerne à
tribulação e ao ajuntamento dos escolhidos, à igreja e atribuir essas
revelações tribulacionais somente ao povo judeu e aos "ex-desviados" que
forem "deixados para trás" após o rapto pré-tribulacional. Só desta forma, o
sermão profético se encaixaria dentro do modelo pré-tribulacionista.

Seguindo essa linha interpretativa, as palavras do Mestre no cenáculo,


pronunciadas somente dois dias após o sermão do Monte das Oliveiras e
descritas em João 14:1-4, seriam uma revelação diferenciada da primeira, no
que se refere à inserção da Igreja na tribulação e ao tempo do arrebatamento.

Mais adiante, explicaremos porque não cremos que João 14:1-4 trata-se de
uma descrição do arrebatamento ou revelação escatológica diferente às
revelações do sermão profético contidas em Mateus, Marcos e Lucas.

Referente ao conteúdo do sermão profético, registrado em Mateus, Marcos e


Lucas, vemos que a posição dos teóricos pré-tribulacionistas é arriscada e
temerária.

Separar cronologicamente partes do sermão profético para judeus e outras


partes para a Igreja, não nos parece o método mais congruente nem o mais
aconselhável do ponto de vista de embasamento bíblico.

Em primeiro lugar, Jesus não dirigiu seu discurso no Monte das Oliveiras a
uma grande multidão da nação israelense, e sim a um grupo restrito de
discípulos, aos mesmos que, semanas depois, começariam a pregar as boas
novas dentro de poucos dias a todas as nações (Mateus 24:3).

Estes discípulos, entre eles os apóstolos, seriam os arautos da fé e líderes da


Igreja. Essa é a primeira razão para não retirar a Igreja do contexto das
profecias do sermão profético, no que se refere à tribulação e ao
arrebatamento. O sermão foi dirigido àqueles que seriam os primeiros
cristãos.

Um outro motivo, encontra-se em Mateus 28:20, onde Jesus, após sua


ressurreição e pouco antes da ascenção, determina que os discípulos
(provavelmente muitos do que estavam presentes no sermão do Monte das

72
Oliveiras), ensinem aos que haveriam de crer a observar todas as coisas que
Ele tinha mandado.

Não nos parece apropriado separar e distinguir aquilo que o próprio Mestre
não separou nem distinguiu! O sermão profético proferido pelo Mestre no
Monte das Oliveiras se aplica tanto à nação israelense quanto à Igreja.

Paulo nos dá uma grande amostra de como os cristãos primitivos guardavam


os ensinamentos de Jesus contidos no sermão profético.

Ao escrever aos tessalonicenses (gentios), no intuito de alerta-los contra


erros que começavam a ser difundidos na época, relacionados à iminência da
volta de Jesus, o apóstolo mostra que considerava o sermão profético uma
revelação escatológica para a Igreja.

Paulo deixa claro para os irmãos da igreja em Tessalônica que, a volta de


Jesus e a nossa reunião com Ele (arrebatamento), não se daria antes da
apostasia e da revelação do homem do pecado, o filho da perdição.

Sem dúvidas, Paulo se baseou na sequência escatológica já revelada pelo


Mestre no Monte das Oliveiras.

Jesus revelou que por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriaria


(apostasia) e que ocorreria a abominação da desolação no lugar santo,
momento em que o anticristo se revelará como tal (II Tessalonicenses 2:1-
3, Mateus 24:12-15). Há uma sujeição total de Paulo às revelações do
Salvador no sermão profético.

Diante do exposto, não nos parece procedente não atribuir as revelações


deixadas por Cristo no sermão profético à Igreja nem tampouco atribuir essas
revelações exclusivamente ao povo judeu.

De acordo com todo o contexto bíblico, inclusive o apocalíptico, a Igreja


estará inserida no contexto tribulacional e experimentará o arrebatamento na
volta gloriosa e visível de Jesus, logo após a grande tribulação.

1] NA CASA DO PAI

"Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na


casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito.
Vou preparar-vos lugar. E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra
vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós
também" (João 14:1-3)

A passagem bíblica mencionada acima é utilizada com muita frequência por


aqueles que seguem o modelo pré-tribulacional.

Já outros autores pré-tribulacionistas acreditam que a verdadeira concepção


pré-tribulacional só foi revelada a Paulo, pouco tempo depois. Aqueles que
sustentam a idéia pré-tribulacionista com base em João 14:1-3, acreditam

73
que a passagem em questão revela um rapto dos cristãos diretamente ao
céu, à morada do Pai.

A posição pós-tribulacionista não defende uma ida aos céus logo após o
arrebatamento da Igreja, e sim a entrada dos fiéis arrebatados diretamente
no reino milenal de Jesus.

2] A QUESTÃO DO PONTO DE VISTA

Uma das maiores dificuldades em interpretar a passagem de João 14:1-3, é


o ponto de vista predefinido. Se alguém acredita num rapto pré-tribulacional,
logicamente estudará essa passagem sob uma ótica pré-tribulacional.

Isso significaria que, a partir do momento que Jesus proferiu aquela


revelação, partindo da premissa de que fosse a de um arrebatamento pré-
tribulacional, é óbvio que os discípulos deveriam ter esse evento já em mente.

Se alguém acredita que os servos do Altíssimo vão morar no céu após o


arrebatamento, é lógico que acreditem também que o termo "na casa de meu
Pai" se refere ao céu.

Para entender a passagem em questão de forma mais profunda e sem ideias


predefinidas, devemos considerar qual era a visão dos acontecimentos que
os discípulos tinham quando ouviram essa revelação do Mestre deixar de lado
nossas pressuposições.

Ou seja, devemos considerar que parâmetros de compreensão os discípulos


tinham para interpretar as palavras de Jesus naquele momento... O que eles
conheciam até aquele momento a respeito da volta de Jesus para busca-los?

Essa pergunta é fundamental para situar-nos na mentalidade deles e


descobrir os seus parâmetros de interpretação para a revelação do Mestre
em João 14:1-3.

3] UM PADRÃO DUPLO?

Uma das maiores dificuldades do pré-tribulacionismo é conciliar a passagem


de João 14:1-3 com as revelações do sermão profético do Monte das
Oliveiras.

No sermão, ocorrido apenas dois dias antes da revelação de João 14:1-3,


foram detalhados por Jesus os principais acontecimentos que antecederiam
sua volta gloriosa. Não há qualquer menção a uma possível vinda pré-
tribulacional de Jesus no sermão do Monte das Oliveiras.

A única vinda de Jesus mencionada no sermão ocorrerá "logo depois da


aflição daqueles dias" (Mateus 24:29-31).

74
Jesus tinha deixado para os discípulos uma série de sinais que eles deveriam
observar e estar atentos. Somente estando atentos e vigilantes, eles
poderiam saber, através dos sinais, quando a volta do Mestre estaria
"próximo, às portas" (Mateus 24:33).

Até mesmo a impossibilidade de calcular o dia e a hora, está relacionada a


essa vinda em glória, pois é a única mencionada no contexto do sermão
(Marcos 13:32-37).

Fica claro, então, que a expectativa que os discípulos tinham, após ouvirem
as revelações do sermão profético no Monte das Oliveiras, era de uma só
volta do Mestre e que essa volta ocorreria logo após a tribulação e não num
momento anterior.

Como já vimos anteriormente, os pré-tribulacionistas desqualificam o uso do


sermão do Monte das Oliveiras no que diz respeito ao arrebatamento da
Igreja. No modelo pré-tribulacionista, a reunião e ajuntamento dos
escolhidos, narrados e profetizados por Jesus no sermão, são eventos que se
referem ao povo de Israel e não à Igreja.

Já vimos que essa posição, além de ser temerária, é biblicamente infundada.


Diante disso, vemos outro grande paradoxo pré-tribulacionista: qualquer
razão dada pelo pré-tribulacionismo para a não aplicabilidade do sermão
profético à Igreja, deveria aplicar-se também às revelações de João 14:1-3.

As duas revelações em questão foram dadas por Jesus aos discípulos num
período de dois dias entre ambas. Os discípulos eram, obviamente, judeus...

Se esses discípulos representam os escolhidos ou os "santos da tribulação"


do sermão do Monte das Oliveiras, porque não em João 14:1-3, já que eram
os mesmos interlocutores? Ainda mais: a revelação de João 14:1-3 foi dada
aos discípulos (judeus) em meio às celebrações da principal festa judaica: a
páscoa.

Vemos então que o pré-tribulacionismo usa um padrão duplo, ao sustentar


que as revelações escatológicas do sermão profético, referentes ao
arrebatamento e tribulação, são diferentes à revelação de João 14:1-3,
referindo-se ao povo judeu e à Igreja, respectivamente.

Se seguirmos uma atenta linha de estudo, perceberemos que as duas


revelações em questão não são excludentes e não se referem a povos ou
"escolhidos" diferentes. As duas revelações foram dadas aos discípulos, com
o objetivo de prepara-los e alenta-los a respeito da volta de Jesus.

Também, se atentarmos para a expectativa dos discípulos que ouviram as


revelações de João14:1-3, observaremos que eles não poderiam estar na
expectativa de uma futura perseguição mundial por parte do anticristo e de
um arrebatamento logo após a tribulação, como tinham ouvido no Monte das
Oliveiras e, ao mesmo tempo, ter uma expectativa de arrebatamento pré-
tribulacional para evitar sua entrada na tribulação, baseados no que ouviram
dois dias depois no cenáculo.

75
A revelação de João 14:1-4 não é uma "cláusula aparte" da revelação do
Monte das Oliveiras, dada dois dias antes.

O sermão do Monte das Oliveiras não foi um mero informativo da condição


futura de Israel como nação e sim uma revelação completa do quadro
profético aos discípulos, encorajando cada um deles a esperarem esses
eventos e a estarem atentos à concretização de todos os sinais revelados,
pois só assim eles saberiam quando o Mestre estaria preste a voltar e não
seriam pegos de surpresa nem enganados por falsos cristos e falsos profetas.

Os discípulos, após o sermão do Monte das Oliveiras, começaram a esperar


a volta de Jesus como ela tinha sido narrada pelo próprio Mestre: logo depois
da tribulação (Mateus 24:29). Então, o pré-tribulacionismo insinua que Jesus
estava ensinando em João 14:1-3 algo completamente diferente ao que Ele
tinha ministrado dois dias antes!

A diferenciação defendida pelo pré-tribulacionismo leva a uma séria


incongruência. Se os discípulos representam Israel no sermão profético do
Monte das Oliveiras, então deveriam representar Israel também na revelação
de João 14:1-3, tirando a Igreja de qualquer contexto escatológico, o que,
obviamente, não tem nenhuma sustentação bíblica!

O contrário parece ser a posição mais salutar: se os discípulos representam


a Igreja em João 14:1-3, então devem representar a Igreja também no
sermão profético de Mateus 24...

A ideia de que Jesus ensinou aos seus discípulos princípios referentes a sua
segunda vinda, usando esses discípulos ora como símbolos de Israel, ora
como símbolos da Igreja, sem explicar essa diferença crucial aos próprios
discípulos, é altamente temerária e arriscada.

Jesus é o Mestre por excelência e não revelaria questões tão diferentes sem
estabelecer antes os parâmetros para que os discípulos pudessem entender
tal diferença.

4] ENTENDENDO MELHOR JOÃO 14:1-3

O tema central do sermão de Jesus registrado em João 14 é a preparação de


seus discípulos para a futura ausência física do Mestre. Os discípulos ainda
não estavam completamente familiarizados com os dois adventos de Cristo e
suas consequências.

Nesse aspecto, o sermão profético do Monte das Oliveiras começou a


esclarecer suas ideias, ao inseri-los cronologicamente nos eventos.

Jesus detalhou os grandes eventos que antecederiam sua volta em glória,


deixando claro que um período de tempo transcorreria antes da concretização
do tão anelado reino literal do Mestre sobre a Terra.

76
Jesus revelou que o evangelho do reino seria pregado a todas as nações.
Nesse contexto, os discípulos ainda não sabiam como isso seria feito. Como
seria possível pregar o evangelho a todas as nações sem a presença do
Mestre?

Nesse momento, Jesus começa a revelar-lhes a respeito do Ajudador, que


seria enviado para ensinar, guiar e consolar a Igreja durante a ausência física
do Senhor.

5] PREPARANDO LUGARES

Quando Jesus revelou que estava indo para preparar lugares para seus
discípulos, estava referindo-se a uma preparação espiritual, que ocorreria
algumas horas após. Ele estava referindo-se ao seu sacrifício na cruz, que
nos garante livre aceso ao Pai.

Não estava falando de ir ao céu para construir espaços ou locações especiais


para seus discípulos. Jesus estava indo à cruz para preparar àqueles que
cressem Nele o caminho para a salvação e para assegurar o lugar desses
salvos em seu reino glorioso.

Neste ponto, alguém poderia perguntar: Como Jesus estaria se referindo ao


seu sacrifício na cruz, se Ele expressamente diz que estava indo ao Pai?

Diante dessa pergunta, convém lembrar que a ascenção de Jesus, ocorrida


40 dias após sua ressurreição, não foi sua primeira ida ao Pai. Logo após a
sua ressurreição, Jesus subiu ao Pai.

O capítulo 9 de Hebreus nos revela que Jesus é, ao mesmo tempo, o Cordeiro


do Pai e o Sumo Sacerdote. Ele é o sacrifício perfeito e só Ele, como Sumo
Sacerdote da nova aliança, é quem poderia oferecer esse sacrifício perfeito
diante do Pai nos céus.

"Nem por sangue de bodes e novilhos, mas por seu próprio sangue, entrou
uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção. De sorte que
era bem necessário que as figuras das coisas que estão no céu assim se
purificassem; mas as próprias coisas celestiais com sacrifícios melhores do
que estes.

Porque Cristo não entrou num santuário feito por mãos, figura do verdadeiro,
porém no próprio céu, para agora comparecer por nós perante a face de
Deus; nem também para a si mesmo se oferecer muitas vezes, como o sumo
sacerdote cada ano entra no santuário com sangue alheio; de outra maneira,
necessário lhe fora padecer muitas vezes desde a fundação do mundo.

Mas agora na consumação dos séculos uma vez se manifestou, para aniquilar
o pecado pelo sacrifício de si mesmo" (Hebreus 9:12, 23-26)

77
Essa realidade é fundamental para compreender o intuito da revelação de
João 14, no que se refere à ida de Jesus ao Pai.

Logo após a ressurreição e bem próximo ao local da sepultura, o Ungido


encontrou Maria Madalena vindo ao local da tumba. Diante da grande
expressão de alegria de Maria, o Senhor Jesus lhe deu a seguinte direção:

"Disse-lhe Jesus: Não me detenhas, porque ainda na subi para meu Pai; mas
vai para meus irmãos, e dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu
Deus e vosso Deus" (João 20:17)

Logicamente, Jesus não estava referindo-se a sua ascenção, descrita em Atos


1. Como já comentamos, esse evento ocorreu 40 dias após. Nesses 40 dias,
Jesus teve contato com várias pessoas, inclusive contato físico direto, como
foi o caso de Tomé, oito dias após a ressurreição (João 20:24-31).

Entendemos que Ele estava referindo-se a sua ida ao Pai para, como Sumo
Sacerdote da nova aliança, oferecer seu próprio sangue no lugar santíssimo
do templo existente no céu.

A razão pela qual Maria não pôde "deter" em Jesus é a mesma razão pela
qual os sacerdotes do antigo pacto tinham que se lavar e evitar tocar qualquer
coisa imunda até a finalização de seus trabalhos sacerdotais.

Como já mencionamos, Jesus não foi ao céu para construir "condomínios


cristãos", logo após sua ascenção. Ele foi para sentar-se à direita do Pai e
para aguardar o momento de sua vinda gloriosa (Hebreus 10:12-13).

O fato de Jesus não ter ido ao céu com o objetivo de preparar locações para
os cristãos fica demonstrado através da linguagem utilizada. Em primeiro
lugar, Ele fala sobre os lugares disponíveis no tempo presente. Ele disse: "Na
casa de meu Pai há muitas moradas".

Essa linguagem requer que os lugares aos quais o Mestre estava se referindo
já existissem quando a revelação foi dada. A palavra preparar não significa
construir, mas trabalhar sobre algo que já existe.

Esse é mesmo termo usado por Jesus quando Ele enviou os discípulos para
prepararem o aposento alto, onde seria realizada a ceia da páscoa. Os
discípulos não construíram um outro quarto ou salão, mas prepararam o local
para acomodar a celebração da páscoa.

A ideia de que Jesus ascendeu aos céus com o objetivo de construir


literalmente lugares para acomodar seus discípulos, é completamente
estranha às Escrituras, tornando-se mais uma suposição criada pelo pré-
tribulacionismo.

O Filho foi ao céu para preparar lugar para seus servos no seu reino e isso é
possível através da purificação de nossos pecados pelo sacrifício Dele.

78
6] A CASA DO PAI

Quando analisamos detalhadamente o contexto, vemos que, quando Jesus


mencionou a expressão "na casa do Pai", não estava referindo-se aos céus.
Não há nenhum precedente bíblico para relacionar a casa do Pai ao céu.

Em muitos versículos do Antigo Testamento, quando se menciona a


expressão casa do Senhor, essa expressão está diretamente relacionada com
o templo.

Tanto quando se fala do tabernáculo (I Samuel 1:24), do templo construído


por Salomão (II Crônicas 2:1 e 7:16) ou quando se refere ao templo milenal
(Isaias 2:2-4, Joel 3:18). A Bíblia não se refere em termos gerais ao céu
como casa do Senhor.

Quando encontramos na Palavra o termo "casa do Senhor", sempre está


relacionado ao templo, independentemente da época em que esse templo
esteja inserido. Vejamos a passagem de Isaias, que fala claramente do
templo milenal:

"E acontecerá nos últimos dias que se firmará o monte da casa do Senhor no
cume dos montes, e se elevará por cima dos outeiros; e concorrerão a ele
todas as nações.

Irão muitos povos, e dirão: Vinde, e subamos ao monte do Senhor, à casa do


Deus de Jacó, para que nos ensine seus caminhos, e andemos nas suas
veredas; porque de Sião sairá a lei, e de Jerusalém a palavra do Senhor.

E ele julgará entre as nações, e repreenderá a muitos povos; e estes


converterão as suas espadas em enxadões, e as suas lanças em foices; uma
nação não levantará espada contra outra nação, nem aprenderão mais a
guerrear" (Isaias 2:2-4)

No Novo Testamento, a Igreja é chamada de templo santo do Senhor num


sentido metafórico (Efésios 2:19-22). Porém, os discípulos que ouviram a
mensagem de Jesus registrada em João 14 não estavam ainda familiarizados
com essa metáfora usada por Paulo anos depois.

Eles tinham familiaridade sim com a linguagem do Velho Testamento, onde o


termo "casa do Senhor" se refere ao templo. Durante seu ministério, o Mestre
também deixou claro a que estava referindo-se quando Ele empregava a
expressão casa de meu Pai.

"E tendo feito um azorrague de cordéis, lançou todos fora do templo, também
os bois e ovelhas; e espalhou o dinheiro dos cambiadores, e derribou as
mesas; e disse aos que vendiam pombos: Tirai daqui estes; e não façais da
casa de meu Pai casa de venda" (João 2:16)

79
Nessa ocasião, Jesus de forma inquestionável se refere ao templo de
Jerusalém como "a casa de meu Pai". O versículo 17 mostra os discípulos
associando a expressão de Jesus com uma referência do Antigo Testamento
à casa do Senhor (Salmos 69:9).

Portanto, é altamente provável que eles entendessem a expressão usada pelo


Mestre em João 14 da mesma forma.

Os discípulos esperavam o reino de Deus instaurado a partir de Jerusalém,


especificamente do templo (Isaias 2:1-5, Salmos 68:29). No sermão
profético do Monte das Oliveiras, ocorrido somente dois dias antes das
revelações registradas em João 14, o Senhor encorajou os discípulos a
estarem vigiando esperando e esperando pela chegada de seu reino (Mateus
25:31, Lucas 21:31).

Baseados nesses dados, os discípulos esperavam a volta do Mestre para fazer


parte de seu reino e habitarem no templo, lugar do qual Jesus reinaria. Eles
estariam onde Jesus estaria, pois essa era a promessa do Mestre (João 14:3).

No livro de Lucas existe mais uma evidência que nos mostra que o Senhor
Jesus referia-se a seu reino e não aos céus, quando disse na casa de meu
Pai.

Apesar de não ter registrado em seu livro a íntegra do sermão ocorrido no


cenáculo, como João fez, Lucas nos dá uma informação importante para
situar-nos dentro daquela situação.

Não esqueçamos que o Ungido proferiu as palavras registradas em João 14


momentos antes da celebração da páscoa, pouco antes de sua crucificação.

"E disse-lhes: Desejei muito comer convosco esta páscoa, antes que padeça;
porque vos digo que não a comerei mais até que ela se cumpra no reino de
Deus. E, tomando o cálice, e havendo dado graças, disse: Tomai-o, e reparti-
o entre vós; porque vos digo que já não beberei do fruto da videira, até que
venha o reino de Deus.

E eu vos destino o reino, como meu Pai mo destinou; para que comais e
bebais à minha mesa no meu reino, e vos asssenteis sobre tronos, julgando
as doze tribos de Israel" (Lucas 22:15-18, 29-30)

Fica claro que haverá uma celebração idêntica àquela narrada em João 14,
quando Jesus voltar em glória para instaurar seu reino. Essa celebração não
é outra senão as bodas do Cordeiro, da qual participarão todos aqueles que
fazem parte da Igreja.

No mesmo texto, Lucas descreve os apóstolos sentados sobre doze tronos no


reino de Jesus. A expectativa dos discípulos a respeito de um reino literal de
Jesus com sede em Jerusalém é tão clara que, após a ressurreição do Mestre
e pouco antes a Sua ascenção, eles perguntaram: "Senhor, restaurarás tu
neste tempo o reino a Israel?" (Atos 1:6).

É notório, através das próprias promessas do Mestre e das revelações das


Escrituras, que todos os santos do Senhor reinarão com Ele em seu reino.

80
Porém, para os apóstolos há uma promessa específica: julgar desde o templo,
assentados em doze tronos, ao lado do querido Senhor. Para os outros servos
do Senhor, serão dados galardões e posições de autoridade sobre várias
cidades (Lucas 19:11-26, II Timóteo 2:12).

Alguns tendem a colocar objeção a essa interação entre Israel e Igreja, tanto
na tribulação quanto no reino milenal. Essa objeção surge do
dispensacionalismo exacerbado e não propriamente da exegese das
passagens em questão.

É óbvio que haverá distinção nacional durante o Milênio, porém não uma
distinção dispensacional. Há somente um plano para o Milênio. Tanto a Igreja
quanto Israel estão inseridos nesse plano divino.

"E virão do oriente, e do ocidente, e do norte, e do sul, e assentar-se-ão à


mesa no reino de Deus" (Lucas 13:29)

"E maravilhou-se Jesus, ouvindo isso, e disse aos que o seguiam: Em verdade
vos digo que nem mesmo em Israel encontrei tanta fé. Mas eu vos digo que
muitos virão do oriente e do ocidente, e assentar-se-ão à mesa com Abraão,
Isaque e Jacó, no reino dos céus" (Mateus 8:10-11)

Não há razões para separar o que Jesus ministrou no cenáculo e o que Ele
tinha ministrado aos discípulos dois dias antes no Monte das Oliveiras.

Quando comparamos o que está registrado em João 14:1-3, que narra o


sermão feito pouco antes da celebração da páscoa no cenáculo, e Lucas 22:7-
30, que narra a celebração da páscoa em si e não o sermão anterior, vemos
que Jesus estava referindo-se à uma promessa literal em seu reino, logo após
a sua volta gloriosa e visível.

Também ao desconhecer a definição das Escrituras e que os discípulos


entendiam como casa do Senhor, se corre o risco de tirar as palavras de Jesus
fora do contexto e insinuar que Ele estava referindo-se a localidades não
literais.

É óbvio que existem lugares e mansões celestiais e nós, como coerdeiros com
Jesus Cristo, teremos acesso a eles. O próprio Criador já preparou uma cidade
celestial para os santos, a Nova Jerusalém, descrita com detalhes em
Apocalipse 21.

Contudo, a Nova Jerusalém só nos será enviada no final do Milênio


(Apocalipse 21:2). Durante o milênio, reinaremos com Cristo e Ele estará em
Jerusalém, como Rei, Juiz e Senhor da Terra!

81
XI] EXTREMISMOS PERIGOSOS

"Amados, escrevo-vos agora esta segunda carta, em ambas as quais


desperto com exortação o vosso ânimo sincero; Para que vos lembreis das
palavras que primeiramente foram ditas pelos santos profetas, e do nosso
mandamento, como apóstolos do Senhor e Salvador.

Sabendo primeiro isto, que nos últimos dias virão escarnecedores, andando
segundo as suas próprias concupiscências, e dizendo: Onde está a promessa
da sua vinda? Porque desde que os pais dormiram, todas as coisas
permanecem como desde o princípio da criação" (II Pedro 3:1-4)

Uma questão que sempre nos chamou a atenção ao ler a passagem acima, a
qual faz parte da segunda carta enviada por Pedro aos irmãos da Igreja, é o
porquê dessa descrença dos escarnecedores.

Ora, se grandes e visíveis sinais ocorrerão antes da gloriosa volta do Senhor,


que argumentos ou razões teriam esses escarnecedores para afirmar que
"todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação"?

Este artigo busca abordar essa temática e esperamos que sirva para a sua
edificação e preparação.

1] O MISTÉRIO DA INIQUIDADE

A Palavra ministrada pelo Messias nos mostra que haverá um aumento


progressivo e exponencial da iniquidade (Mateus 24:12) e que haveria um
engano jamais visto, gerado pela atuação de falsos cristos e falsos profetas
(Mateus 24:24). Essas duas realidades estão levando e levarão as pessoas a
terem uma falsa compreensão dos fatos.

No período tribulacional haverá a maior de todas as manipulações já


exercidas sobre a população mundial e nós temos repetidamente alertado
nossos leitores a esse respeito.

Há uma forma de atuação das forças malignas sobre a mente das pessoas
que não é abertamente revelada na Palavra em todos os seus detalhes.

No entanto, a revelação bíblica nos mostra a sua existência. Por isso, Paulo
dá a essa atuação a classificação de "mistério da injustiça" ou "mistério da
iniquidade" (II Tessalonicenses 2:7). Algo que existe, mas que ainda não
compreendemos em profundidade como age. É um mistério.

82
Entendemos que essa atuação da iniquidade é progressiva (Mateus 24:12) e
alcançará seu clímax quando for retirada a oposição que impede a
manifestação do anticristo (II Tessalonicenses 2:6) e seja implantada a
operação do erro sobre o mundo (II Tessalonicenses 2:11) que ocorrerá
durante o governo da besta.

2] O QUE ESTÁ OCORRENDO EM NOSSOS DIAS

Sem dúvidas, a Palavra está se cumprindo em nossos dias. Ela continua se


cumprindo. Vemos como, dia após dia, o cenário para a concretização
profética final está avançando.

Cremos que nenhum filho do Altíssimo, em sã consciência, pode levantar-se


e dizer que as profecias não estão se cumprindo e que o relógio profético não
está avançando rapidamente. Pelo contrário, vemos como, de forma fiel, toda
a Palavra profética está se cumprindo.

Guerras, rumores de guerras, fomes, desastres naturais, sinais nos céus,


aparições espantosas, aumento da tecnologia de controle, apostasia da
verdadeira fé, perda paulatina do afeto natural nas pessoas, violência,
destruição da família, fomes, pestes, terremotos, ondas gigantescas,
clamores por uma mudança e por uma liderança, etc.

Até mesmo pessoas que não creem na Palavra do Eterno ou sequer ouviram
sobre as profecias nela contidas, percebem que coisas estranhas,
preocupantes e alarmantes estão ocorrendo.

Apenas quem vive num estado de permanente alienação e fé cega no que


determinados meios de comunicação divulgam, narcotizando e anestesiando
as pessoas, poderia dizer hoje que as coisas estão "normais".

Então, vale a pena voltar à indagação original feita por nós: "Ora, se grandes
e visíveis sinais ocorrerão antes da gloriosa volta do Senhor, que argumentos
ou razões teriam esses escarnecedores para afirmar que todas as coisas
permanecem como desde o princípio da criação?" Cremos que há duas razões
para isso:

83
A] ACELERAÇÃO FINAL DOS EVENTOS E ENGANO DA BESTA NA
TRIBULAÇÃO: Apesar da maioria das pessoas, como já vimos, reconhecer
que coisas estranhas estão ocorrendo, que algo anda fora da ordem, no
entanto não podem discernir a profundidade desses acontecimentos.

Quem não estiver em Cristo não conseguirá discernir bem esses


acontecimentos. A própria Palavra mostra que, em pleno período
tribulacional, as pessoas, em sua maioria, vão preferir dar ouvidos à besta e
adorá-la (Apocalipse 9:20-21, Apocalipse 16:9).

A razão para que essas pessoas sejam enganadas e, mesmo meio a sinais
incontestáveis da proximidade da volta de Cristo ocorrendo em plena grande
tribulação não acordem para a realidade, é que elas serão ludibriadas pela
besta (II Tessalonicenses 2:8-11).

Haverá uma aceleração tal dos acontecimentos cataclísmicos e malignos que


as pessoas ficarão mais confusas do que já estão e darão ouvido às razões e
explicações que serão apresentadas pela besta. João viu essa cena e a
descreve assim:

"E adoraram o dragão que deu à besta o seu poder; e adoraram a besta,
dizendo: Quem é semelhante à besta? Quem poderá batalhar contra ela?"
(Apocalipse 13:4).

Então, em pleno cenário tribulacional, haverá pessoas blasfemando do


Altíssimo e perguntando de forma escarnecedora: "Onde está a promessa da
sua vinda? porque desde que os pais dormiram, todas as coisas permanecem
como desde o princípio da criação".

B] MANIPULAÇÃO MALIGNA ANTES DA TRIBULAÇÃO: Devemos estar


muito atentos a isso. Quem não estiver no Espírito Santo será enganado.
Quem não tiver o discernimento que vem do Espírito poderá ser ludibriado já
em nossos dias.

As forças malignas do engano têm planos e para concretizar o principal desses


planos, que é a manifestação do anticristo, muitas formas de atuação são
usadas por aqueles que servem direta ou indiretamente a tais forças.

Uma dessas formas é o condicionamento. Uma ideia ou fato é apresentado


de forma gradual e progressiva, com objetivo de criar uma propensão à
aceitação natural daquela ideia ou fato. A mídia tem sido usada
sistematicamente para esse fim.

Filmes, livros e entrevistas têm cumprindo esse papel de condicionar pessoas


a adotarem determinados pensamentos e atitudes. Um exemplo disso é a
propensão da população jovem a ver com bons olhos manifestações
espirituais de bruxos e de vampiros como algo bom.

84
É uma geração preparada mentalmente para receber as assombrosas
manifestações malignas aparentemente agradáveis do anticristo. Esse é
apenas um pequenino exemplo desse condicionamento.

Outra forma é a contrainformação ou a falsa informação. Nos últimos tempos


temos lido, visto e observado inúmeros artigos e comentários que trazem
datas para catástrofes, datas para guerras, datas para terremotos, para
redução populacional, para o fim do mundo, etc. É o nosso dever pesquisar
todas essas informações.

Porém, fica aqui o nosso alerta. Nem todas as informações de cunho


apocalíptico que são divulgadas por aí são verídicas. A maioria é falsa.
Algumas surgem como fruto da imaginação de pessoas com um grande
talento para criar realismo fantástico.

Outras, frutos apenas de "brincadeiras" de pessoas que não têm maiores


ocupações em suas vidas e estão, literalmente, brincando com fogo.

No entanto, cremos que algumas dessas informações, que criam uma enorme
expectativa nas pessoas, são geradas pelo mistério da iniquidade, com o
único objetivo de provocar descrença. É o que se conhece como
contrainformação. Uma informação lançada para confundir, enganar e gerar
no ouvinte um determinado efeito.

Por exemplo, se alguém anuncia um acontecimento num dia e aquele


acontecimento não ocorre, isso gera automaticamente descrédito. Agora,
imagine quantos acontecimentos têm sido anunciados ou "profetizados" e não
têm ocorrido...

Isso vai gerando, pouco a pouco, um descrédito crescente, que combina


perfeitamente com a revelação dada pelo apóstolo Pedro!

Cremos que essa estratégia de manipulação maligna está sendo usada


principalmente para atingir aqueles que creem nas profecias bíblicas.

Da mesma forma que o condicionamento é uma arma que atinge


principalmente aqueles que rejeitam ou não conhecem a Palavra profética, a
contrainformação é uma arma que está sendo usada para atingir aqueles que
acreditam nas promessas, mas que têm se deixado levar por essas falsas
informações.

Devemos estar atentos a esse ardil. Cremos que a própria elite que está
preparando o sistema da besta tem criado algumas datas para desacreditar
pessoas que creem nas profecias.

Em meio a sinais tão claros da proximidade da vinda do Senhor, há muitos


que estão sendo levados a não crer em nada, por causa dos falsos anúncios
e falsas profecias! Podemos discernir nisso o sorrateiro engano do inimigo e
suas hostes.

85
Semeiam-se falsas informações, falsas notícias, cria-se uma grande
expectativa e nada! Outras vezes, essas falsas informações ou profecias
servem apenas para desviar a atenção das pessoas de onde ela deveria
verdadeiramente estar.

A Palavra do Pai nos mostra um caminho perfeito em relação a isso, que nos
livrará dos perigosos extremos que levam à confusão e ao engano.

3] O EQUILÍBRIO DO EVANGELHO

Ao mesmo tempo em que nos alerta para o engano crescente que haverá, a
Palavra do Altíssimo nos insta a estarmos atentos e cientes dos sinais. Estar
atentos aos sinais não invalida o fato de filtrarmos os acontecimentos.

Podemos aplicar aqui também o ensinamento de Paulo: Examinar tudo e reter


o bem (I Tessalonicenses 5:21).

Não é porque falsas informações são propagadas que deixaremos de estar


atentos aos acontecimentos, pois esse é o nosso dever como Igreja de Cristo
que O espera com ânimo sincero. Nós estamos inseridos nesses
acontecimentos!

Muitos têm acreditado em toda e qualquer teoria, data, "informação secreta",


etc, que são costumeiramente divulgadas. Isso, em nosso entendimento, é
um grave erro que pode levar ao engano e à perdição.

Outros, no extremo oposto, afirmam que nada está ocorrendo e que não vale
a pena conferir nenhuma informação, dizendo que "todas as coisas
permanecem como desde o princípio da criação" e fazendo coro, dessa forma,
com os escarnecedores apontados por Pedro. Esse é outro erro, pois também
pode levar ao engano e à perdição...

Um belo exemplo do que queremos transmitir ocorreu no século I no seio da


Igreja. Após uns 15 anos de existência da Igreja, pessoas começaram a
ensinar que o Dia do Senhor chegaria a qualquer momento já naqueles dias.
Obviamente, esses profetas eram falsos profetas e os que ensinavam isso
eram falsos mestres.

O próprio Salvador já havia ensinado que Sua volta só ocorreria após o


cumprimento de vários sinais e acontecimentos, ou melhor, após o
cumprimento de todos os sinais profetizados (Mateus 24:33).

No entanto, esses ensinamentos falsos começaram a ganhar força, a ponto


de Paulo escrever em sua segunda carta aos irmãos em Tessalônica para que
eles não dessem crédito a esse tipo de ensino e notícia (II Tessalonicenses
2:1-3).

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O apóstolo Paulo se opôs a esse tipo de especulação e falso ensino usando
como arma a própria Palavra de Cristo. Ele lembrou dois dos muitos sinais
que já haviam sido estabelecidos pelo Senhor Jesus em Sua mensagem no
Monte das Oliveiras.

Paulo ensina que o Dia do Senhor, que é o dia de Sua gloriosa manifestação,
não ocorrerá antes da apostasia (esfriamento do amor ágape) e da revelação
do anticristo (abominação desoladora). Leia Mateus 24:12-15 e compare com
os dois sinais apontados por Paulo.

Porém, o apóstolo não desencoraja os irmãos a estarem atentos aos sinais.


Pelo contrário! Mostra a eles dois importantes sinais para que tivessem uma
melhor visão a respeito da vinda do Mestre.

Paulo não disse: "...Irmãos não se preocupem com essa coisa de volta de
Cristo pois vai demorar muito" ou "...Irmãos tem coisas mais importantes pra
gente fazer..."

Não!!! Se lermos as cartas aos mesmos tessalonicenses, o assunto que


norteia as duas cartas é a vinda do Mestre! Paulo mostra a verdadeira atitude
que devemos ter em relação com as profecias.

Devemos estar constantemente atentos, vigilantes e alicerçados na Palavra


de Cristo. O apóstolo dos gentios nos mostra qual deve ser a atitude
equilibrada do verdadeiro cristão: Estar atento aos sinais (ele deu dois desses
sinais), desejar ardentemente a volta do Senhor, mas estar atentos também
contra as falsas informações e ensinos, rejeitando-os através do bom uso da
Palavra.

As profecias bíblicas são as nossas bússolas e, como muitas delas apontam


para eventos que ocorrerão no mundo, devemos, obviamente, estarmos
atentos a esses eventos.

Os irmãos que habitavam em Jerusalém no século I, quando começaram a


ver levantes nacionalistas na Judéia a partir de 66 d.C e uma constante
animosidade e clima de conflito entre tropas romanas e grupos nacionalistas
judeus, começaram a ficar atentos... Afinal de contas, Jesus já havia falado
sobre a destruição de Jerusalém e do Templo...

Quando aqueles irmãos souberam que tropas romanas marchavam rumo a


Jerusalém, então fugiram rapidamente à cidade de Pela.

É um fato histórico que o número de cristãos mortos em 70 d.C. foi ínfimo


em relação às centenas de milhares de mortos naquela destruição. Por quê?
Porque aqueles irmãos deram crédito à Palavra do Eterno e estavam atentos
aos acontecimentos!

Que o nosso ânimo sincero seja despertado a cada dia, como desejava Pedro
ao escrever sua segunda epístola. Vamos examinar cada notícia,
acontecimento, teoria, ideia e impressão à luz das Escrituras, fugindo desses
dois extremismos perigosos: 1] Ser levado por qualquer informação e 2] Não
dar crédito a nenhuma informação.

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Se usarmos a Palavra profética como um filtro, essa mesma Palavra nos
mostrará qual a real importância do que está ocorrendo. As profecias bíblicas
são revelações espirituais e as coisas espirituais devem ser discernidas
espiritualmente:

"Mas nós não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que provém de
Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por
Deus.

As quais também falamos, não com palavras de sabedoria humana, mas com
as que o Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as
espirituais.

Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque


lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem
espiritualmente.

Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido.


Porque, quem conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas
nós temos a mente de Cristo" (I Coríntios 2:12-16)

Tudo isso é para que não sejamos enganados, nem pela passividade diante
dos acontecimentos nem pelo desespero surgido de falsas doutrinas ou
ensinamentos.

88
XII] A ÚLTIMA TROMBETA

Sem dúvidas, a expressão "última trombeta" é uma das mais conhecidas no


contexto profético. Livros, músicas, sites e outras formas de comunicação
levam esse nome ou abordam esse tema.

O que é a última trombeta? Em que cenário ela está inserida? Será que a
última trombeta é a sétima trombeta do Apocalipse? Cremos que o correto
entendimento do que representa a última trombeta é fundamental para
compreender todo o contexto profético para o fim dos tempos.

O termo "última trombeta" é encontrado apenas uma vez nas Escrituras. Está
em I Coríntios 15:52. No contexto dessa passagem, Paulo está revelando um
mistério aos irmãos em Corinto.

"Eis aqui vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas
todos seremos transformados; Num momento, num abrir e fechar de olhos,
ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão
incorruptíveis, e nós seremos transformados".

Veja que o mistério ao que Paulo se refere, revelado na carta aos irmãos em
Corinto, não é a última trombeta. O mistério é que nem todos dormiremos,
mas que seremos todos transformados, num abrir e fechar de olhos... Ao ler
o contexto anterior da passagem, essa constatação se confirma. Paulo está
relatando aos irmãos sobre a vivificação e a vitória sobre a morte física.

O mistério que Paulo revela aos irmãos é a glorificação corpórea, a qual


ocorrerá de forma rápida [num abrir e fechar de olhos] aos que são de Cristo,
mortos ou vivos. O mistério não é o arrebatamento, não é a vinda nem é a
última trombeta.

A glorificação corpórea não tinha sido revelada até aquele momento em que
Paulo, inspirado pelo Espírito do Criador, compartilhou essa revelação com os
irmãos em Corinto.

Com base nessa premissa fundamental, sobre o verdadeiro mistério revelado


em I Coríntios 15:50-52, podemos ir mais a fundo para saber do que se trata
realmente a última trombeta.

Saber sobre a última trombeta é fundamental, pois a última trombeta é


colocada por Paulo como um sinal. A vinda de Cristo e a glorificação da Igreja
não se dará nem antes nem depois da última trombeta, mas ante a última
trombeta [no momento em que soar a última trombeta].

89
1] OS IRMÃOS EM CORINTO JÁ SABIAM

Se o mistério não é a última trombeta, isso significa que a ideia de "última


trombeta" era um conceito que os irmãos em Corinto já sabiam. Eles sabiam
do que se tratava a última trombeta e quando soaria.

Embora, como já apontamos, o termo "última trombeta" só seja mencionado


uma vez na Bíblia, não podemos esquecer que aqueles irmãos tinham como
principal referencia os ensinamentos orais, sejam aqueles que transmitiam
as Palavras de Cristo, sejam aqueles proferidos pessoalmente pelos apóstolos
e anciãos.

Então, devemos ter em mente a constatação que aqueles irmãos em Corinto,


embora não tendo o Novo Testamento, sabiam os ensinamentos de Jesus,
transmitidos de forma oral. Então, se o termo "última trombeta" não era
desconhecido para aqueles irmãos, do que se trata essa "última trombeta"?

2] NÃO É A SÉTIMA TROMBETA

Alguns ensinam que a última trombeta, citada por Paulo em I Coríntios 15:52,
se refere à sétima trombeta do Apocalipse. Porém, esse ensino não nos
parece correto. Primeiro, porque a carta aos coríntios foi escrita por Paulo por
volta do ano 55 d.C, enquanto que a Apocalipse foi escrito muito depois [a
maior parte dos especialistas o datam de 90 d.C].

Então, quando Paulo escreve aos coríntios e coloca a última trombeta como
um sinal para situar aqueles irmãos com relação a quando ocorreria o
momento da glorificação, ele escreveu muito antes da revelação apocalíptica
dada a João em Patmos.

Ao mesmo tempo, como já vimos, a última trombeta, para aqueles irmãos


em Corinto não era um mistério. Era algo que já havia sido revelado antes.
Logo, cai por terra qualquer tipo de argumentação afirmando que a última
trombeta é a sétima trombeta o Apocalipse.

Alguns creem que o arrebatamento da Igreja ou a glorificação ocorrerão num


momento midi-tribulacional, já que associam a última trombeta de I Coríntios
15:5-52 à sétima trombeta do Apocalipse.

No entanto, quando se compreende que a última trombeta é um sinal que foi


revelado muito antes da sétima trombeta ter sido revelada a João em Patmos
e quando é constado que a última trombeta soará justamente na vinda
gloriosa de Cristo, então essa sustentação midi-tribulacionista perde sua
base.

90
São dois conceitos totalmente diferentes. A sétima trombeta do Apocalipse
faz parte de um grupo de sete e tem, em seu contexto, uma série de
acontecimentos apocalípticos. Já a última trombeta é uma trombeta que
soará num momento específico e com uma finalidade específica, como
veremos mais adiante.

3] A ÚLTIMA TROMBETA É UM SINAL

A última trombeta é colocada por Paulo em I Coríntios 15:52 como uma


referência. Ou seja, não pode ser confundida com o mistério. A referência é
utilizada para dar uma maior compreensão ao mistério. A última trombeta foi
utilizada por Paulo precisamente para situar aqueles irmãos em Corinto diante
do mistério que ele acabara de revelar.

Então, Paulo utiliza um elemento concreto e conhecido por aqueles irmãos,


para que eles tivessem uma referência concreta sobre quando ocorreria a
glorificação, pois a glorificação ocorrerá em frações de segundos [num abrir
e fechar de olhos].

Percebemos como é maravilhosa a Palavra revelada pelo Espírito, porque


Paulo utilizou uma referência temporal apropriada para esse acontecimento.
Se a glorificação será algo muito rápido, uma referência rápida também seria
necessária. Por isso, o sinal da trombeta é utilizado. A trombeta soará num
momento específico e é precisamente nesse momento que ocorrerá a
glorificação em massa dos membros da Igreja!

Um exemplo para entender o que abordamos aqui é quando damos um


endereço a uma pessoa que não conhece o lugar apontado no endereço.
Obviamente, o endereço é um mistério. O que fazemos então? Damos um
ponto de referência que é conhecido por aquela pessoa ou por alguém
próximo.

É isso que Paulo faz em Coríntios 15:52, ao usar o termo "última trombeta"
para situar aqueles irmãos diante do mistério da glorificação. Paulo associa o
momento a glorificação, algo que ocorrerá num átimo de segundos, ao
momento do soar da última trombeta! A última trombeta, no contexto de I
Coríntios 15:50-52, é um ponto de referência!

4] O ENSINO DE CRISTO

Cremos que toda a revelação bíblica deve ser entendida através dos
ensinamentos de Cristo. Se alguém não partir dessa base, por mais que tente
defender essa ou aquela corrente interpretativa, partirá, cremos, de uma
base errada. Cristo é a chave para compreensão das Escrituras.

91
Nós nos baseamos na supremacia do ensino do Salvador. O Mestre, ao
descrever os principais sinais de Sua vinda [a única revelada por Ele], diz o
seguinte:

"E, logo depois da aflição daqueles dias, o sol escurecerá, e a lua não dará a
sua luz, e as estrelas cairão do céu, e as potências dos céus serão abaladas.
Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; e todas as tribos da terra
se lamentarão, e verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu,
com poder e grande glória. E ele enviará os seus anjos com rijo clamor de
trombeta, os quais ajuntarão os seus escolhidos desde os quatro ventos, de
uma à outra extremidade dos céus" [Mateus 24:29-31]

Então, o próprio Cristo, de forma clara, revela que, no momento de Sua


gloriosa vinda, logo após a grande tribulação, haverá toque de trombeta! É
óbvio que os irmãos em Corinto conheciam essa revelação do Mestre.

Eles sabiam perfeitamente que, no momento da gloriosa vinda do Salvador,


haverá "rijo clamor de trombeta" e que esse toque de trombeta será um sinal
para o ajuntamento dos escolhidos nos céus!

Esta é a última trombeta! Milhares de trombetas, inclusive as apocalípticas,


podem tocar antes. No entanto, a última trombeta soará no momento do
glorioso regresso de nosso Rei. Não haverá trombeta posterior. "Última"
significa precisamente "última". Quem quiser se opor a essa constatação, terá
que se opor às regras mais básicas do entendimento e da lógica.

Então, não há como separar a glorificação da Igreja da vinda gloriosa de


Cristo, logo após a grande tribulação. Note que Paulo, contexto da passagem
sobre o mistério da glorificação, ele está falando aos irmãos em Corinto da
"vinda de Cristo" [I Coríntios 15:23].

Perguntamos aqui, a que vinda Paulo se refere e que vinda os irmãos em


Corinto tinham em mente quando leram a carta? Uma vinda oculta antes da
tribulação ou no meio dela, ou a vinda retratada pelo Mestre, gloriosa e
poderosa, logo após a maior de todas as tribulações?

Sendo coerentes com o conjunto de ensinamentos de Paulo e com a


supremacia do ensino de Cristo, o que está sendo ensinado aos coríntios é
que a glorificação dos corpos [algo que eles não sabiam até então], ocorrerá
no momento em que soar a última trombeta, na vinda de Cristo [I Coríntios
15:23, I Coríntios 15:50-52]. Essa vinda, de acordo com o Senhor, se dará
"imediatamente após" a maior de todas as aflições [Mateus 24:29].

Paulo, como em todas suas abordagens proféticas, aponta para o ensino de


Cristo. Ele deu como referência o ensino de Cristo sobre a última trombeta,
a qual soará no momento da gloriosa vinda do Mestre.

Situar a última trombeta antes da gloriosa volta do nosso Salvador, seja antes
da tribulação ou no meio da tribulação, é afirmar que a "última" trombeta
não é a "última"... Nós, preferimos ficar com o ensino do Mestre.

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XIII] O EXEMPLO DE NOÉ

É muito difícil encontrar alguém que não tenha ouvido falar de Noé. Desde os
mais fervorosos servos do Eterno Pai até os mais empedernidos ateus sabem
quem foi Noé.

Nas igrejas, historinhas sobre Noé e o Dilúvio são contadas frequentemente


a crianças sempre atentas diante de uma grande e emocionante história.

Porém, a nossa tendência, ao lembrar-nos de Noé e sua vida, é simplificar as


coisas. Sabemos que Noé foi escolhido pelo Criador, atendeu ao chamado que
o Senhor lhe fez e obedeceu as instruções Dele.

Construiu uma gigantesca embarcação, colocou dentro dela sua família e


diversos animais e assim foi salvo da grande chuva e inundação que sobreveio
ao mundo antigo. Pronto. Noé foi um homem de fé. A Palavra o coloca no rol
daqueles que são exemplos de fé:

"Pela fé Noé, divinamente avisado das coisas que ainda não se viam, temeu
e, para salvação da sua família, preparou a arca, pela qual condenou o
mundo, e foi feito herdeiro da justiça que é segundo a fé" (Hebreus 11:7)

Mas, será que a história de Noé se resume a essa versão simplificada? Nos
últimos dias temos meditado sobre essa questão, ainda mais quando o
próprio Senhor Jesus Cristo estabelece uma clara comparação entre o que
ocorreu nos dias de Noé e o que ocorrerá (ou já está ocorrendo) nos dias que
antecedem a Sua volta.

A tendência generalizada é conceber os personagens bíblicos como se fossem


apenas isso: personagens de uma história. Contudo, eles são mais que
personagens. São pessoas. Eram pessoas, com todas as implicações que isso
significa.

Implicações sociais, emocionais, familiares e de outras índoles. Tudo isso não


diz respeito apenas a Noé e família, mas a nós também. Afinal de contas,
somos pessoas inseridas em realidades semelhantes, apesar dos milhares de
anos que separam Noé de nós.

1] NOÉ DIANTE DE SI MESMO

Sabemos que Noé foi um homem de fé. Ele deu crédito à Palavra do Altíssimo
quando lhe disse que enviaria sobre a Terra um fenômeno nunca antes visto
pelos homens. Porém, isso significou para Noé muito mais do que
costumeiramente imaginamos. Significou dolorosas e profundas escolhas.
Significou renúncias e conflitos.

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Em primeiro lugar, está o chamado que Noé recebeu. Esse chamado implicava
em colocar-se radicalmente contra todo e qualquer projeto pessoal que ele
tivesse idealizado para sua vida. Noé era casado e tinha três filhos. Sem
dúvidas, como todo ser humano, havia traçado planos para ele e para sua
família.

Porém, em determinado momento, ele recebe a voz do Eterno avisando que


a terra seria destruída e que ele havia sido escolhido para que o Criador
estabelecesse uma nova aliança com o intuito de preservar a própria
continuidade da existência humana (Gênesis 6:12-18).

Não sabemos qual foi a reação de sua própria família num primeiro momento,
mas, levando em consideração o que comumente ocorre nesses casos, a
primeira reação é de descrédito. Como disse nosso amado Mestre:

"Não há profeta sem honra, a não ser na sua pátria e na sua casa" (Mateus
13:57).

Graças ao Eterno, a família de Noé também creu. Logo depois, Noé depara-
se com outro grande desafio, que é a construção de uma gigantesca estrutura
que, para os olhos de todos, não teria serventia alguma.

Noé, assim como todos os outros homens de fé apontados na Palavra, não


era um super-herói. Era um homem como qualquer um de nós, sujeito às
mesmas carências e fraquezas.

Durante seu longo e penoso trabalho de construção da Arca, cremos que ele
teve momentos de íntimos conflitos. Porém, sua fé no Altíssimo falou mais
alto e ele foi até o fim, cumprindo fielmente o que YHWH lhe havia
comissionado.

2] NOÉ DIANTE DA SOCIEDADE

O Senhor Jesus, como sabemos, estabelece uma relação entre a sociedade


que viveu nos dias de Noé e aquela que viverá nos dias que antecedem a Sua
própria volta.

Ao ler a passagem de Mateus 24:37-39, percebemos que a rotina social, os


valores gerados pelo sistema e o amor ao estabelecido por este mundo
fizeram com que a sociedade dos dias de Noé não percebesse a verdade
pregada por ele.

Não creram nem mesmo quando essa verdade alcançou as dimensões de uma
embarcação que tinha o tamanho de dois terços de um campo de futebol e
uma altura de mais de quinze metros!

O amor a esse mundo e seus padrões e atrativos falaram mais alto àqueles
corações, mais alto do que a própria altura da Arca.

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Se formos aos dias atuais, veremos o mesmo quadro. Veremos essa mesma
atitude, não somente entre ateus ou pessoas que não creem na veracidade
da Bíblia, mas até mesmo por parte de alguns que dizem crer no que nela
está escrito.

Para muitos, o ato de abrir mão desse sistema, do "comer", "beber", "casar"
e "dar-se em casamento", será muito pesaroso e o amor a tais valores falará
mais alto do que a fé na Palavra do Eterno e o amor à segunda vinda do
Mestre.

O apego a este mundo e às suas rotinas e valores é uma força muito grande,
pois está diretamente relacionado às vaidades do coração.

É por isso que, quando falamos de conceitos como sair do sistema (quando
for a hora propícia), sermos ridicularizados, perseguidos e martirizados pelo
governo mundial, abrir mão de nossas colocações sociais e profissionais e até
de relações familiares, as pessoas ficam confusas.

Em termos gerais, o sentimento desta geração é o mesmo que havia na


geração de Noé. Não somos nós quem dizemos isso. É o Senhor Jesus em
Mateus 24:37-39. A fé de Noé foi testada até o fim.

Era de se esperar, até em função de um pragmatismo ou de um instinto


humano de sobrevivência, que algum contemporâneo de Noé pensasse assim
ao ver a grande embarcação finalmente concluída: "Ora, não vou correr o
risco... Vou entrar na Arca... Se cair água do céu, como esse maluco anda
dizendo há anos, então eu não vou sofrer danos... Se não cair, então eu saio
de lá... Tão simples como isso...".

Mas, o quadro que o Senhor Jesus descreve nos mostra o tratamento de total
descaso, zombaria e descrédito dado a Noé por aquela sociedade.

Isso nos lembra muito a atitude que muitos estão tendo nos dias atuais. Nem
sequer o pragmatismo ou instinto de sobrevivência os fazem acordar para o
cumprimento das profecias e para se precaverem estruturalmente do caos
que está por vir. Veja o descaso daquelas pessoas até mesmo no próprio dia
em Noé entrou na Arca:

"E, como foi nos dias de Noé, assim será também a vinda do Filho do homem.
Porquanto, assim como, nos dias anteriores ao dilúvio, comiam, bebiam,
casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca,
e não o perceberam, até que veio o dilúvio, e os levou a todos, assim será
também a vinda do Filho do homem" (Mateus 24:37-39)

Então, fica claro, através das preciosas revelações do Senhor, que no dia em
que Noé entrou na Arca ninguém percebeu!

Até aquele momento crítico para ele, de deixar o solo terrestre e fechar-se
definitivamente na embarcação, nenhuma pessoa lhe deu crédito. Pior, as
Palavras do Senhor mostram que ninguém percebeu.

Muito provavelmente, não tinha ninguém ali olhando para isso, tal era a
importância que davam a Noé e a suas palavras e ações.

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Que imensa prova de fé! Mesmo em meio ao completo descaso daquela
sociedade para o seu trabalho e a sua mensagem, ele deu o último passo e
entrou na Arca juntamente com a sua família.

Cremos que esse passo não foi dado sem que antes Noé, pensando com o
seu próprio raciocínio humano, não tivesse passado por momentos de dúvidas
íntimas e intensas.

Será que isso vai acontecer mesmo? Será que tantos anos de duro trabalho
construindo essa embarcação valem a pena? Será que as pessoas não têm
razão ao me chamar de desequilibrado por ter jogado minha vida fora anos
a fio construindo esta Arca e pregando sobre justiça do Pai?

Talvez ele olhasse para o céu, esperando ver cair um mísero pingo d'água
sobre sua cabeça... Provavelmente esperasse encontrar um amigo ou amigos
que compartilhassem sua mesma fé... Mas nada... O céu continuava limpo
como sempre tivera sido desde a criação.

Ele continuava sozinho, contando com apenas sua pequena família, contra
tudo e todos. Porém, Noé decidiu crer na Palavra do Criador.

Decidiu dar crédito ao Pai e a fechar seus ouvidos para as insinuações de sua
própria natureza humana ou para as ideias e padrões da sociedade que o
cercava. Ele entrou na arca e quando aquela porta foi fechada, ele deu seu
último e decisivo passo de fé. Ele confiou na Palavra do Eterno e foi salvo.

3] UMA LIÇÃO PARA NOSSOS DIAS

Também temos um chamado para os nossos dias. Se uma aliança foi feita
com Noé (Gênesis 6:18), uma mais preciosa foi feita conosco, selada com o
próprio sangue do Filho (Lucas 22:20).

Se pregos feriram a madeira na construção da Arca, na Nova Aliança, pregos


feriram a própria carne do unigênito Filho do Eterno Pai. Ele é a nossa Arca.
Uma Arca sem limites espaciais e que comporta em seu interior todos aqueles
que creem.

Nosso chamado, nesta geração, é semelhante ao de Noé. Vivemos em meio


a uma geração corrupta, violenta e que, na maior parte das vezes, apenas se
inclina para o mal e fomos chamados para anunciar o Evangelho, que é amor,
salvação e também justiça.

O paralelo feito pelo Senhor Jesus entre as duas épocas é mais abrangente
do que podemos pensar. As duas épocas são muito parecidas.

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Se Noé, sabendo o que viria sobre a terra, construiu um meio de proteção
para o colapso que se aproximava, nós também devemos fazê-lo. Nossa
proteção está em Cristo.

Ele estará conosco até nos momentos mais difíceis que virão, os quais serão
muito mais catastróficos em intensidade do que o próprio Dilúvio.

Se o propósito do aviso de YHWH foi salvaguardar a integridade física de Noé


e família, perpetuando assim, de forma amorosa, a raça humana que Ele
havia criado, nossa salvação em Cristo assume conotações eternas. Nele
somos salvos da ira do Altíssimo e do salário do pecado, que é a morte eterna.

Porém, diante de fenômenos que já estão ocorrendo e aqueles que estão por
acontecer, surge uma pergunta. É lícito que, a exemplo do que aconteceu
com Noé, procuremos também preservar nossa integridade física diante do
que virá?

Se formos coerentes com toda a revelação bíblica e com o propósito do Eterno


para os Seus, teremos que responder que sim, se essa for a direção específica
do Senhor para cada um de nós.

Ele age de formas diferentes com diferentes filhos. É lícito que procuremos,
na medida do possível, tentar preservar nossa sobrevivência física, desde que
isso não se interponha em nossa vida espiritual, em nossa obediência ao
propósito específico do Senhor nem implique em negar nossa fé e esperança.

Em todo o nosso site temos deixado claro que o fato de um cristão ser
perseguido pelo sistema que influencia o presente mundo (aeon) é uma regra
e não uma exceção.

Podemos ser perseguidos, torturados, passar por necessidades por causa do


Evangelho, e até sermos martirizados. Também, não estamos isentos de
sofrer com cataclismos. Tudo isso já está ocorrendo e se intensificará até o
fim.

Nossa esperança não está atrelada a este mundo. Porém, enquanto for
possível que preservamos a nossa integridade física, entendemos que é lícito
fazê-lo, sempre sob a orientação do Senhor.

Nosso Pai age como Ele quer. Cremos que muitos irmãos serão
sobrenaturalmente protegidos durante a tribulação. Outros, serão
martirizados. Outros, terão que preservar sua integridade através de
orientações específicas que o Ungido lhes enviará.

Nos dias de Noé era apenas ele e sua família. Agora, na Nova Aliança, são
milhões de "Noés" e famílias, e o Senhor tem uma direção específica para
cada um. Muitos têm dificuldade em entender essa soberania de Deus e essa
multiplicidade de formas de atuação.

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O mesmo Pai que ordenou que Noé construísse uma Arca, um trabalho árduo
e relativamente lento, poderia tê-lo ocultado ou protegido de forma
sobrenatural durante o Dilúvio, transportando-o até um lugar de segurança
ou fazendo com que ele e família ultrapassassem a linha tempo-espacial. No
entanto, não o fez.

Por isso, o exemplo de Noé torna-se precioso para nós. Cremos que, em
alguns casos, e sob orientação do Senhor, alguns terão que preparar os meios
para a sua própria sobrevivência, sabendo que o fim em si mesmo não é a
sobrevivência física, mas a salvação espiritual.

Contudo, isso só deve ser feito sob a orientação do Senhor. O nosso desejo
legítimo de sobrevivência não deve ser superior ao nosso amor e obediência
ao Pai. Ele tem um propósito para cada um de nós nos dias que se
aproximam.

Se Noé tivesse recebido a promessa de que o Eterno o protegeria durante o


Dilúvio, mas Ele não tivesse ordenado nada a respeito de uma Arca e, mesmo
assim, Noé, por conta própria a construísse, temos a absoluta certeza que
ele teria fracassado.

Por isso, o mais importante é estar atentos à voz do Criador. Quem é ovelha,
conhece a voz do seu Pastor.

Diante de todos os sinais que estamos observando, o momento de entrar na


Arca e fechar a porta está se aproximando. Entrar na Arca e fechar a porta
significa dar um definitivo adeus a este mundo ou sistema.

Para uns, entrar na Arca vai significar entrar na proteção sobrenatural do


Eterno Pai. Para outros, vai ser renunciar à sua própria vida e ser martirizado
por amor ao Evangelho de Cristo (Apocalipse 20:4-5). Para outros, será
literalmente sair do sistema e "fugir para os montes" (Mateus 24:15-18).

Cremos firmemente que é momento de orar e pedir discernimento e direção


ao Senhor para que Ele nos guie em tudo que o temos que fazer. O mesmo
Pai que instruiu Noé nos mínimos detalhes, fará o mesmo com quem O buscar
de todo coração nesse sentido.

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ÍNDICE

PÁGINA 02] A NECESSIDADE DE PREPARAÇÃO

PÁGINA 16] OS SINAIS

PÁGINA 23] OS SINAIS CÓSMICOS

PÁGINA 25] PEDRO E AS PROFECIAS

PÁGINA 34] A MENTE HUMANA E O FIM DOS TEMPOS

PÁGINA 40] GOG E A INVASÃO DO EXTREMO NORTE

PÁGINA 44] MARCA DA BESTA E CONDICIONAMENTO

PÁGINA 53] CRONOGRAMA DA TRIBULAÇÃO

PÁGINA 66] MATEUS 24 X APOCALIPSE 6

PÁGINA 72] MATEUS 24 x JOÃO 14

PÁGINA 82] EXTREMISMOS PERIGOSOS

PÁGINA 89] A ÚLTIMA TROMBETA

PÁGINA 93] O EXEMPLO DE NOÉ

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