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Analisando os

Problemas Teológicos
Causados pelo
Sistema Escatológico
Pré-Tribulacionista
Edinaldo Nogueira
Analisando os Problemas Teológicos
Causados pelo Sistema
Escatológico Pré-Tribulacionista
(para uma maior compreensão do assunto,
examine pessoalmente todas as referências bíblicas citadas)

Edinaldo Nogueira
E-mail: nogueira.edinaldo@gmail.com
(caso queira fazer alguma refutação por escrito pode enviar para e-mail)
2ª impressão, 2013

Edinaldo Nogueira

Analisando os Problemas Teológicos


Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

330 páginas

Escatologia

Com prévia e expressa permissão do autor, toda parte deste livro pode
ser reproduzido ou armazenado sob qualquer forma ou processo, seja
eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação, conquanto
que se evite o plágio, o comércio, o lucro e reconheça a autoria do
escritor.

Direitos Autorais
EDINALDO NOGUEIRA
Dedicatória

Ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus


Cristo que me concedeu graça. A Ele seja a
glória para todo sempre!
À minha digníssima esposa, Claudete,
por sua compreensão e amor e aos nossos
filhos Renan e Letícia.
Aos meus pais, Paulo e Marleide e meus
queridos irmãos e irmãs.
À todos os amados pré-tribulacionistas
que eu os amo de verdade.
Aos queridos presbíteros da AD que são
pós-tribulacionistas, como o Pb. Eutália
(in memoria) e outros que mantenho seus
nomes sob sigilos.
A todos dedico este livro.
“Eis que Jesus Cristo vem com as nuvens,
e todo o olho o verá.. e todos os cristãos
serão transformados, num momento, num abrir e fechar
dos olhos, num som da última trombeta..
e todas as nações da terra se lamentarão..
e o reino do mundo se tornará de nosso
Senhor e do seu Cristo”
(Ap 1.7; 1 Co 15.51,52; Mt 24.30; Ap 11.15)
ÍNDICE

Prefácio..................................................................................................................003

1º Problema Teológico: O pré-tribulacionista diz que o forte da sua doutrina é a


iminência do arrebatamento da Igreja, que pode se dá a qualquer momento........ 005

2º Problema Teológico: A volta “invisível” e “secreta” de Jesus Cristo é carente de


base bíblica e histórica........................................................................................018

3º Problema Teológico: Qual das duas fases ele vem como ladrão?........................021

4º Problema Teológico: Qual das duas fases ele vem como o relâmpago?........024

5º Problema Teológico: Dois arrebatamentos de duas Igrejas!...............................028

6º Problema Teológico: A ressurreição da Igreja dividida em duas ordens..............033

7º Problema Teológico: O teólogo pré-tribulacionista separa 'o Arrebatamento' da


'Segunda Vinda de Jesus'.........................................................................................041

8º Problema Teológico: O Ensinamento sobre o arrebatamento da Igreja em uma


vinda secreta de Jesus é complicado........................................................................059

9º Problema Teológico: O pré-tribulacionista faz uma distinção entre 'o Dia da vinda'
de Jesus para arrebatar a Igreja com 'o Dia do Senhor'..............................................076

10º Problema Teológico: Para o pré-tribulacionista o Dia da Ira do Senhor ou Ira


Vindoura é a Grande Tribulação..............................................................................080

11º Problema Teológico: Para o pré-tribulacionista o Dia do Senhor é a Grande


Tribulação...............................................................................................................090

12º Problema Teológico: As razões apresentadas pelas quais os pré-tribulacionistas


não acreditam que a Igreja estará presente durante a grande tribulação são francas..101

13º Problema Teológico: A onde está escrito na Bíblia os sete anos tão citados pelos
pré-tribulacionistas?...............................................................................................1 13

14º Problema Teológico: O pré-tribulacionismo dá a entender que a Grande


Tribulação é uma parceria entre Deus e o Anticristo.................................................120

15º Problema Teológico: Os pré-tribulacionistas acusam erroneamente os pós-


tribulacionistas de esperarem a Grande Tribulação em vez da Volta de Jesus........130
16º Problema Teológico: Quem pregará o evangelho na grande tribulação?........139

17º Problema Teológico: Uma segunda chance para a salvação após o arrebatamento
da Igreja é incompatível com os ensinos de Cristo e dos Seus apóstolos.........148

18º Problema Teológico: É uma contradição com as Escrituras colocar as bodas do


Cordeiro em paralelo com a grande tribulação.........................................................159

19º Problema Teológico: O pré-tribulacionista se contradiz em crê que a Igreja


precisa ser arrebatada para ficar protegida dos juízos apocalípticos, já que eles crêem
que outros serão protegidos sem serem arrebatados.................................................165

20º Problema Teológico: Os pré-tribulacionistas sabem a data da volta de Jesus Cristo


à Terra!....................................................................................................................172

21º Problema Teológico: Os pré-tribulacionistas torcem textos bíblicos para


molda-los ao seu complicado programa escatológico..............................................182

22º Problema Teológico: Os pré-tribulacionistas manipulam a Bíblia ao seu


bel-prazer................................................................................................................194

23º Problema Teológico: O pré-tribulacionista ainda mantém de pé a velha aliança


quando trata da Nação de Israel, do Templo e da cidade de Jerusalém na sua
escatologia..............................................................................................................208

24º Problema Teológico: É grave e infundada a crença pré-tribulacionista de dois


evangelhos e de dois reinos.....................................................................................224

25º Problema Teológico: O pré-tribulacionista não nos diz o que acontecerá com a
nação de Israel depois do Milênio............................................................................254

Conclusão .............................................................................................................325

Bibliografia ...........................................................................................................329
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

PREFÁCIO

Desde 1988 fui ensinado a acreditar, piamente, em um conceito


pré-tribulacionista, porém, desde 1990 pelo meu simples estudo da
Bíblia percebi que esse conceito estava incoerente com as Escrituras,
sem nunca sequer ter lido algum livro de posição diferente que pudesse
influenciar tal mudança.
Inicialmente escrevi uma apostila intitulada 'As Minhas 95 Testes
Contra a Suposta Vinda Invisível de Jesus Cristo e o Arrebatamento
Antes da Chamada Grande Tribulação’, mas nunca publiquei. Após
ministrar uma aula na Escola Dominical sobre a escatologia em 2004,
preparei um pequeno plano de aula sobre alguns problemas causados
pelo sistema teológico pré-tribulacionista, porém, doravante, venho
desenvolvendo este tema aponto de se transformar em um livro.
Neste livro denomino meu conceito de 'pós-tribulacionista', mas
não porque sigo de perto essa corrente teológica ou porque a tenho
cursando em algum seminário, uso esse termo como uma resistência ao
conceito 'pré-tribulacionista'.
A posição que defendo nesta obra é esta: a Segunda Vinda de Jesus
será depois da grande tribulação, nessa ocasião ele ressuscita,
transforma e arrebata sua Igreja, dá fim ao reino do Anticristo, destrói
muitas nações, lança Satanás no abismo, estabelece o seu reino milenar
e inicia o juízo. Muitas pessoas ignoram isso!
Porém, o ensino pré-tribulacionista é mais complicado, porque
para eles Jesus Cristo vem a segunda vez em duas fases. Na primeira
fase, ele vem invisivelmente antes da grande tribulação e ressuscita,
transforma e arrebata sua Igreja, depois de 7 anos, ele vem novamente
na segunda fase, visivelmente com a sua Igreja e ressuscita, transforma
e arrebata os santos da grande tribulação, dá fim ao reino do Anticristo,
destrói muitas nações, lança Satanás no abismo, estabelece o seu reino
judaico milenar.
Então veja que o ensino pós-tribulacionista não é algo estranho em
que alguém deva ignorar, pois os pré-tribulacionistas, na sua segunda
fase, em pouco difere dos pós-tribulacionistas. A diferença mais
acentuada é que para os pós-tribulacionistas esses santos que são
ressuscitados, transformados e arrebatados depois da grande tribulação
é a Igreja de Jesus Cristo, pois não encontra razões e nem argumentos
sólidos para crê que seja outro grupo de pessoas fora da Igreja, enquanto
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Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

que para os pré-tribulacionistas esses santos não fazem parte da Igreja, e


contudo vão ser ressuscitados, transformados e arrebatados, alguns
preferem usar o termo 'unidos' em vez de 'arrebatados', talvez por se
constituir um termo pesado e fragrante, mas é isso que de fato significa
'um outro arrebatamento'.
Então, por causa disso surgem várias questões que prejudica a
soteriologia e a escatologia bíblica! Neste livro eu procuro aborda essas
questões, que para mim são questões sérias e relevantes. E procuro
mostrar, veementemente, que o dogma pré-tribulacionista está cheio de
contradições teológicas.
Na verdade, não me considero autorizado para combater essas
questões teológicas, pois não tenho formação acadêmica, porém, os
argumentos dos pré-tribulacionistas em prol de uma vinda secreta de
Jesus Cristo são tão francos e irrelevantes, que mesmo sendo um leigo,
me sinto compelido a combate-los.

Edinaldo Nogueira

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Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

1º PROBLEMA TEOLÓGICO:
O pré-tribulacionista diz que o forte da sua doutrina é a iminência do
Arrebatamento da Igreja, que pode se dá a qualquer momento

O pré-tribulacionista Elienai Cabral, teólogo bem conceituado


entre nós, faz uma crítica aos pós-tribulacionistas, dizendo:

'Esse elemento (referindo-se a surpresa do arrebatamento) é


rejeitado por alguns grupos que entendem que não haverá dois
eventos distintos: o arrebatamento da Igreja e a vinda pessoal de
Cristo' (Lições Bíblicas, de Aluno, 3º trimestre de 1998, pág.35).

Mais tarde veremos esta questão da distinção desses dois eventos,


que são distintos na verdade, mas não se separam. Porém, quanto a
questão da surpresa, de fato o dia em que Cristo voltar, seja em que
época for, será surpresa para todos! Até mesmo para os crentes que o
aguardam será surpresa, porque como o próprio Jesus reconheceu:
'Quanto ao dia e à hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o
Filho, senão somente o Pai' (Mateus 24.36).
Podemos até dizer quando será o arrebatamento, mas jamais
saberemos dizer quando será a vinda de Jesus. Por exemplo, quando
será o arrebatamento? Será no dia em que Jesus voltar! Mas qual e
quando será o dia da volta de Jesus? Aí ninguém sabe! Porém, podemos
saber que antes da sua volta alguns sinais devem se cumprir! Assim
podemos dizer que o arrebatamento pode se dá a qualquer momento,
conquanto que tenha se cumprindo todos os sinais relacionados à vinda
de Jesus Cristo.
A doutrina do qualquer momento defendida pelos pré-
tribulacionistas não é tão iminente assim. Pois, até mesmo eles que
afirmam que o ponto forte de sua doutrina é a iminência do
arrebatamento da Igreja, que pode se dá a qualquer momento, esperam
que alguns sinais se cumpram antes. Por exemplo, a doutrina pré-
tribulacionista ensina que após o rapto da Igreja o Anticristo fará uma
aliança com Israel. Assim, para o pré-tribulacionismo a Nação

'[de] Israel é um dos sinais mais evidentes na atualidade em


relação à volta de Cristo' (Lições Bíblicas, de Aluno, 3º trimestre
de 1998, pág.28). Outra citação também diz: 'Israel é o mais forte e
claro prenúncio do iminente retorno de Cristo' (Lições Bíblicas,
de Aluno, 4º trimestre de 2004, pág.15).
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Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Nesse caso, para o pré-tribulacionista o arrebatamento da Igreja


não poderia ter ocorrido a qualquer momento entre o ano 70 A.D a 1948,
haja visto que durante essa época Israel não existia como Nação, desde
sua destruição pelos romanos em 70 A.D.
O pré-tribulacionista Wim Malgo escreveu:

'temos um sinal inconfundível e único, que nos indica quando e


em que época podemos certamente esperar o Senhor... a
fundação do Estado de Israel...O tempo da Igreja de Jesus está
limitado entre a rejeição e a nova aceitação de Israel. Com o
reaparecimento de Israel desde 1948, acaba seu tempo, isto é, seu
repentino arrebatamento está próximo...' 'O Senhor virá muito
em breve! Uma data importante é o mês de maio de 1988, pois
então o Estado de Israel fará quarenta anos!' '...[isso] leva a
Igreja de Jesus para bem próximo do tão ansiado arrebatamento'
(extraído dos livros: Salvação Eterna, pág. 69 e Terá Chegado o
Fim de Todas as Coisas, págs. 126 e 129 o grifo é meu).

Esse ponto de vista pré-tribulacionista não permitia um


arrebatamento da Igreja a qualquer momento antes de 1948! Quer dizer,
desde a época dos apóstolos o arrebatamento não era iminente, a não ser
a partir de 1948! Assim, os próprios pré-tribulacionistas deitam por terra
a doutrina da iminência do arrebatamento em qualquer momento da
história humana!
O teólogo pré-tribulacionista Claudionor de Andrade diz o
seguinte:
'Vejamos, a seguir, alguns sinais que estão a prenunciar a
iminência do rapto dos santos...O renascimento de Israel como
nação soberana...a retomada de Jerusalém como a capital de
Israel...a reconstrução do Santo Templo' (Lições Bíblicas, de
Aluno, 4º trimestre de 2004, págs.15,16 - o grifo é meu).

Note que para o pré-tribulacionista Claudionor de Andrade a


iminência do arrebatamento precisou aguardar o cumprimento desses
sinais. Sendo assim, o arrebatamento também não podia ocorrer entre o
ano de 1948 a 1967, pois nesta época Jerusalém não tinha sido ainda
retomada como capital de Israel. E, além do mais, como os judeus
poderiam construir o “santo templo”, onde o Anticristo sentará como
Deus conforme eles ensinam, se Jerusalém não era sua capital?
Todavia, Claudionor de Andrade desafirma que não será necessário
o arrebatamento esperar a construção do templo, ainda que
06 1º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

seja para ele “um dos mais fortes e eloqüentes sinais da [iminente] volta
de Cristo Jesus” (Lições Bíblicas, de Aluno, 4º trimestre de 2004,
pág.25). Porque afirmar isso seria malograr o arrebatamento, e frustrar a
teoria do 'qualquer momento', já que até hoje o templo judaico em
Jerusalém ainda não foi reconstruído. Contudo, eles não podem fugir de
que o arrebatamento precisará esperar o Anticristo nascer, crescer,
estudar, e pelo menos ter 30 anos de idade, para poder está pronto a
assumir o trono mundial após o rapto iminente da Igreja. Ou o Anticristo
será qualquer pé de chinelo? Assim escreveu o pré-tribulacionista
Eurico Bergstén:

'não sabemos, ao certo, se o Anticristo já nasceu. Mesmo se tal


fato aconteceu, ele não pode se manifestar publicamente,
enquanto a Igreja estiver na Terra' (Lições Bíblicas, Subsídios dos
Professores, 3º trimestre de 1995, pág.33).

O Dr. Wim Malgo escreveu o seguinte: 'o anticristo já se encontra


entre nós? Certamente devemos supor isso' (Salvação Eterna de Um
Mundo Maduro Para o Juízo, pág. 58). O Dr. Antonio Gilberto também
acredita nisso, pois escreveu: 'Talvez este homem já esteja por aí,
camuflado, aguardando apenas o momento de manifestar-se'
(Escatologia Bíblica, EETAD, pág. 47).
Os pré-tribulacionistas precisam acreditar nisso, para que o
arrebatamento seja em qualquer momento. Quer dizer, toda a
escatologia futurista do pré-tribulacionista depende do arrebatamento
secreto da Igreja e logicamente do nascimento e preparação do
Anticristo, pois disto depende o arrebatamento secreto! Veja que tocar
nesta doutrina é derrubar por terra todo esse sistema.
Porém, se o Anticristo nascer hoje, por exemplo, o arrebatamento
não poderá passar de 100 anos, já que nessa idade o Anticristo estará
muito velho e impossibilitado para dominar o mundo, a não ser se ele for
um super-homem como àqueles dos irreais filmes de Hollywood ou
como os semideuses lendários da mitologia grega, que não envelhecem
e nem morrem.
E pior ainda, o arrebatamento secreto e iminente da Igreja de Jesus
não poderia ter ocorrido em nenhum momento da história passada, visto
que o Anticristo não existia nos séculos anteriores. Deveras, hoje em dia
não existe ninguém que tenha nascido em 1800 para trás! A pessoa mais
velha do mundo tem menos de 200 anos!
1º Problema Teológico 07
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

A doutrina do arrebatamento em qualquer momento é


confusa. Se o arrebatamento se dará em qualquer momento então ele
não deveria depender da fundação de Israel em 1948, da retomada de
Jerusalém em 1967 e nem depender do nascimento e preparação do
Anticristo ou da reconstrução do templo em Jerusalém.
Por isso que esses sinais citados pelos próprios pré-tribulacionistas
fazem com que o arrebatamento da Igreja não ocorra a qualquer
momento. Ainda que os pós-tribulacionistas acreditam, assim como
Paulo, que antes do arrebatamento ocorrerá a manifestação do
Anticristo, todavia não podem ser julgados pelos pré-tribulacionistas
em não crê no 'elemento surpresa', pois, os pré-tribulacionistas também
acreditam, em semelhante modo, que antes do arrebatamento da Igreja o
Anticristo forçosamente tem que ter nascido!
Alguns pré-tribulacionistas dizem até que o Anticristo tem que ter
30 anos de idade, para se manifestar, pois foi com essa idade que Jesus
Cristo iniciou seu ministério.
O pré-tribulacionista Antonio Gilberto escreveu que ' o que está
impendido' o Anticristo se manifestar publicamente é ' a presença da
Igreja no mundo' (Escatologia Bíblica EETAD, pág. 47).
Mas isso não deverá ser verdade, pois para acreditarmos nisso,
temos que crê que o Anticristo é pré-existente e eterno, a ponto de surgir
em qualquer momento. Pois se o arrebatamento é iminente, o Anticristo
também é iminente, podendo surgir do nada! O que é um absurdo! Pois
nem o Filho de Deus que é pré-existente e eterno surgiu do nada quando
se manifestou em carne, mas teve toda uma preparação para isso
(Mateus 1.23; Lucas 2.21,39,40,41,42; 3.23; 4.16).
Por outro lado, se cremos como os pré-tribulacionistas, então é o
nascimento e a formação do Anticristo que está impedindo o
arrebatamento da Igreja e não a Igreja que está detendo o Anticristo,
pois a Igreja só poderá ser arrebatada se o Anticristo estiver pronto para
se manifestar! Portanto, esse humano chamado Anticristo, que tem que
se manifestar assim que a Igreja for 'raptada' derruba por terra a crença
pré-tribulacionista 'no arrebatamento em qualquer momento'.
Ao combater essas coisas, estou partindo da premissa pré-
tribulacionista que 'o Anticristo será um homem' (Escatologia Bíblica
EETAD, pág. 47), e não, conforme eu creio, que é um sistema anticristão
que começou a desenvolver a partir da apostasia da igreja tomando sua
forma completa no papado! E não estou só nessa, pois...
08 1º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

'os reformadores consideravam comumente o papado como o


anticristo, uma instituição que poderia ser incorporada em um
papa, em particular' (Os Últimos Dias Segundo Jesus, de R.C.
Sproul, págs. 148,149).

Será que os pré-tribulacionistas acreditam que o Anticristo é um ser


sobrenatural que será encarnado? Infelizmente, os pré-tribulacionistas
exaltam tanto o Anticristo que beiram por esse caminho. O escritor
Antonio Gilberto escreveu sobre:

'o surgimento iminente do super-homem de Satanás a Besta ou


Anticristo' disse que ele 'será um homem personificando o diabo'
'um personagem de habilidade e capacidade desconhecidas até
hoje' 'o maior líder de toda a história' 'portador de uma
personalidade irresistível. Sua sabedoria e capacidade serão
sobrenaturais... Ele encarnará a própria pessoa de Satanás'
(Escatologia Bíblica EETAD, págs. 4,48).

Isso é um bom material para os filmes de ficção cientifica, mas


biblicamente é um exagero desmedido! Note que Antonio Gilberto fala
do surgimento do Anticristo como algo 'iminente' e o chama de 'super-
homem'. Ele precisa crê nesse absurdo ‘americanizado’ para continuar
mantendo sua contraditória crença do 'qualquer momento'.
A teoria do arrebatamento da Igreja em qualquer momento
defendida pelos pré-tribulacionistas é insatisfatória. Devido o fato
deles alistarem sinais precedentes para o arrebatamento, principalmente
o nascimento e a formação do Anticristo que impede a sua teoria do
'qualquer momento'. Ora se há sinais precedentes, então logicamente o
arrebatamento precisa aguardar que esses sinais se cumpram.
Por exemplo, o arrebatamento não pode acontecer enquanto o
Anticristo é um embrião no ventre materno! O arrebatamento não pode
acontecer enquanto o Anticristo está cursando a alfabetização! O
arrebatamento não pode acontecer enquanto o Anticristo não se tornar
um homem de influência nessa sociedade, aponto da União Européia, a
ONU e os Estados Unidos, digam: 'É este o homem gabaritado para
assumir o controle mundial'!
Uma vez que essas coisas não acontecem a qualquer momento, isso
se tornar um impedimento para que o arrebatamento ocorra em qualquer
momento. Isso a priori derruba outra teoria pré-tribulacionista de que a
Igreja está impedindo a manifestação do Anticristo. Não! Pelo
1º Problema Teológico 09
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

contrário, se o pré-tribulacionista for bem sincero ele verá que é o


Anticristo que está impedindo o arrebatamento acontecer, isso se pelo
menos a mãe do Anticristo estiver no seu nono mês de gestação, caso
contrário, o arrebatamento é uma possibilidade distante.
Eu não gosto nem de pensar nisso, pois se o Anticristo precisa ter
um pai e uma mãe para nascer nesse mundo, aí o arrebatamento também
precisa esperar que os seus pais nasçam, cresçam, se conheçam, se
casem, gerem e eduquem o Anticristo!
Todo este palco precisa estar pronto antes do arrebatamento,
porque depois do arrebatamento, segundo os pré-tribulacionistas, só
haverá sete anos de governo do Anticristo e durante esse tempo ele não
pode nascer, crescer, se formar e dominar o mundo. Já imaginou um
menino de um ano, poliglota, poderoso e governando o mundo.
Mas digamos que nada disso é necessário, que o Anticristo é uma
figura mitológica que já está pronto a se manifestação desde o tempo em
que pelo menos o livro do Apocalipse foi escrito (em 96 d.C). Vamos
acreditar que se o arrebatamento acontecer hoje, imediatamente o
Anticristo saia de dentro de alguma caverna com aquela barba
cumprida, talvez com os seus 2.000 anos de idade e diga: 'Eu sou a
solução do mundo' ou que de repente ele salte de dentro de uma mulher
grávida e se transforme instantaneamente em um adulto e diga: 'Eu
tenho a solução dos problemas do mundo'. (Já imaginou um poliglota
sem nunca ter estudado nenhum curso de línguas, mas deixa isso pra lá)!
Ou vamos contar com a possibilidade de que qualquer pessoa,
independentemente de qualquer outra coisa pode receber o espírito do
Anticristo e de repete diga: 'Eu vou dá solução ao caos do mundo'. E o
mundo inteiro caí aos seus pés.
Mesmo contando com todos esses absurdos, o arrebatamento não
se dará em qualquer momento! Veja o que Jesus Cristo disse: 'Quanto ao
dia e à hora ninguém sabem, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão
somente o Pai' (Mt 24.36). Isso significa que o arrebatamento da Igreja
só poderá acontecer no dia e na hora que o Pai estabeleceu, e não em
qualquer momento! Veja que o Pai não apenas estabeleceu o dia do
arrebatamento, mas até mesmo a hora em que ele deverá acontecer!
Atos 1.7: 'Não lhes compete saber os tempos ou as datas que o Pai
estabeleceu pela sua própria autoridade'. Aconteça o que acontecer, a
data da volta de Jesus já está marcada por Deus! Será tal hora, tal dia e tal
ano! O Pai já agendou! Não é a qualquer momento. Deus sabe o dia e a
10 1º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

hora da vinda de Seu Filho, não simplesmente porque Ele é presciente,


mas é porque Ele mesmo estabeleceu o dia 'Deus... estabeleceu um dia
em que há de julgar o mundo com justiça, por meio do homem que
designou' (Atos 17.30,31).
1 Timóteo 6.14,15, diz: '...guarde este mandamento imaculado e
irrepreensível, até a manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo, a qual
Deus fará se cumprir no seu devido tempo'. Deus fará se cumprir!
Quando? A qualquer momento? Não! No seu devido tempo! Pedro
disse: 'É necessário que (Jesus) permaneça no céu até que chegue o
tempo...' (Atos 3.21). Até que chegue o seu devido tempo que o Pai
estabeleceu por sua própria autoridade!
É lamentável que os pré-tribulacionistas cometam dois erros
graves: o primeiro é dizer que a vinda de Jesus acontecerá a qualquer
momento e o segundo é dizer que a vinda de Jesus acontecerá depois de
sete anos. No primeiro eles demonstram incerteza, no segundo
demonstram presunção. Aí eles dizem: a qualquer momento ele vem
para a Igreja e depois de sete anos ele vem para Israel. Ambas as teorias
estão equivocadas!
Para a Igreja Jesus não vem a qualquer momento, mas no devido
tempo conforme Paulo disse para o seu discípulo Timóteo (1 Tm
6.14,15). Para Israel, ele não vem depois de sete anos, pois conforme os
discípulos interrogaram: 'Senhor, é neste tempo que vais restaurar o
reino à Israel?' Jesus refutou: 'Não lhes compete saber os tempos e as
datas que o Pai estabeleceu pela sua própria autoridade' em outras
palavras: 'Não é da alçada de vocês!' Como é que podemos dizer que
será depois de sete anos que Jesus vem para Israel?! Jesus está dizendo
que ninguém é competente para calcular a data da Sua vinda e do Seu
Reino. Na verdade, Jesus não vem duas vezes ou em duas fases, mas
uma segunda vez. Quando? A qualquer momento? depois de sete anos?
Não!! No devido tempo que o Pai estabeleceu e esse tempo somente ele
sabe! Não adianta competir com Deus!
A teoria do arrebatamento em qualquer momento é
contraditória. Primeiramente porque essa teoria nega que Deus tenha
estabelecido o dia do arrebatamento e segundo essa teoria propõem um
ponto de partida para uma vinda calculada pelos homens negando o que
Cristo afirmou: 'ninguém sabe'. Então como os homens podem calcular
e dizer que será depois de sete anos.
Talvez alguém diga: 'Se Jesus não vem a qualquer momento, então
1º Problema Teológico 11
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

eu não preciso me preparar!'. É lamentável que algumas pessoas


tenham essa mentalidade infantil. A vigilância não está no fato do
arrebatamento acontecer em qualquer momento, mas no fato de
ninguém saber a data que o Pai marcou para a vinda de Jesus.
Mateus 24.42-44 diz:

'...vigiem, porque vocês não sabem em que dia virá o seu Senhor'.
Esse é o âmago da vigilância! Note que Jesus não disse: 'vigiem,
porque o seu Senhor virá a qualquer momento'. Jesus continua:
'mas entendam isso: se o dono da casa soubesse a que hora da
noite o ladrão viria, ele ficaria de guarda e não deixaria que a sua
casa fosse arrombada. Assim, vocês também precisam estar
preparados, porque o Filho do homem virá numa hora em que
vocês menos esperam'.

Veja que o dono da casa não sabe quando vem o ladrão, porém o
ladrão sabe muito bem quando ele vem! Nós temos que estar esperando
a toda hora, não porque o arrebatamento acontecerá a qualquer
momento, mas porque o dia que o Senhor estabeleceu pode ser hoje.
Jamais podemos dizer como o servo insensato: 'Meu Senhor está
demorando', pois que 'o Senhor daquele servo virá num dia em que ele
não espera e numa hora que não sabe' (vv.48,49). Temos pois que supor
que o Dia estabelecido pode ser hoje.
Além do mais temos que considerar que o modo como Deus faz
seus cálculos é diferente do nosso. Pedro escreveu: 'Não se esqueçam
disso, amados: para o Senhor um dia é como mil anos e mil anos como
um dia' (2 Pe 3.8). Veja que mil anos estão acima da perspectiva de vida
de qualquer pessoa, mas não importa, nosso dever é aguardar a vinda do
Senhor. Realmente já fazem dois mil anos, mas para o Senhor são dois
dias!
Não existe nenhum texto bíblico dizendo que a vinda de Jesus será
a qualquer momento, nem tão pouco algum versículo dizendo que
devemos vigiar porque o arrebatamento ocorrerá a qualquer momento.
Pelo contrário, os textos deixam bem claro que Jesus Cristo voltará para
arrebatar os crentes e estabelecer o Seu Reino na data que o Pai
determinou! A vigilância sempre gira em torno de desconhecemos esta
data!
Mc 13.33: 'Fiquem atentos! Vigiem! Vocês não sabem quando virá
esse tempo'. O tempo vem! Isso é certo! Porém, Jesus é enfático:

12 1º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

'vigiem, porque vocês não sabem quando o dono da casa voltará: se à


tarde, à meia-noite, ao cantar do galo ou ao amanhecer'(v.35). Jesus
não está dizendo que será a qualquer momento, pois o dono da casa sabe
quando será, ele está dizendo que somos nós que não sabemos quando
ele virá. Por isso que temos que contar com todas as possibilidades e
estar vigilantes.
De modo semelhante na parábola das dez virgens, o dever das
damas estarem em prontidão não era porque o noivo viria a qualquer
momento, mas porque elas não sabiam 'o dia nem à hora!' que o noivo
viria (Mt 25.13). O problema estava com elas e não com ele. Ele sabia
muito bem: a meia-noite (Mt 25.6).
Deus é tão exato que até mesmo a hora da Sua vinda está
determinada. Por isso que Paulo pôde dizer: '...aquele que começou boa
obra em vocês, vai completá-la até o dia de Cristo Jesus' (Fl 1.6). Isso
também permite que Deus conceda ao seu povo sinais que indiquem que
esse dia está cada vez mais próximo. Jesus, por exemplo, advertiu aos
seus discípulos: 'Cuidado para não serem enganados. Pois muitos
[dirão]: “O tempo está próximo”. Não os sigam... É necessário que
primeiro aconteçam essas coisas, mas o fim não virá imediatamente'
(Lc 21.9).
Jesus refuta a teoria do qualquer momento em Lc 21.9! Ele
também disse: '...quando virem todas estas coisas, saibam que ele está
próximo, às portas' (Mt 24.33). Os sinais são os sintomas de que a data
da volta de Jesus está chegando! A volta de Jesus e logicamente o
arrebatamento não ocorrerá antes dos sinais! Agora se o arrebatamento
ocorrerá a qualquer momento, então porque Jesus alistou sinais como
indicativo da Sua vinda aos seus discípulos.
Quando na igreja de Tessalônica foi levantada a hipótese de que o
dia da vinda do Senhor poderia acontecer a qualquer momento, Paulo
ensinou que era preciso vir a “apostasia” e manifestar-se o “homem da
iniqüidade” antes que chegue o Dia do Senhor e, por conseguinte , antes
do arrebatamento dos santos. Se os falsos mestres diziam ter chegado o
Dia do Senhor e estavam antecipando o arrebatamento para qualquer
momento, era possível provar o seu erro pela ausência desses sinais
precedentes (2 Ts 2.1-8). Os sinais são provas contundentes de que o
tempo que Deus concedeu aos homens está se esgotando e o seu Reino
está próximo.
O fato do Dia do Senhor já está estabelecido, dá segurança a Paulo
1º Problema Teológico 13
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

para que ele diga que Jesus voltará ao som da última trombeta, ele sabia
que isso não aconteceria a qualquer momento. João por exemplo
escreveu que um anjo jurou: 'Não haverá mais demora! Mas, nos dias
em que o sétimo anjo estiver para tocar sua trombeta, vai se cumprir-se
o mistério de Deus' (Ap 10.6,7 c/ 11.15-18). Realmente, não sabemos
em que época o anjo tocará a sua trombeta, todavia sabemos que esse dia
se constituirá o último dia para o sistema deste mundo, visto que a
ressurreição dos crentes anunciada pela sétima trombeta (Ap11.18;
1 Co 15.52), segundo Jesus acontecerá ‘ no último dia' (Jo 6.40).
Convém salientar que quando as Escrituras compara o dia da vinda
do Senhor como ladrão não significa que Jesus vem a qualquer
momento, nem que Jesus vem em secreto e nem tampouco que Jesus
vem roubar alguma coisa. Segundo Paulo o ladrão não vem a qualquer
momento, mas 'à noite' (1 Ts 5.2). Jesus advertiu: 'se o dono da casa
soubesse a que hora da noite o ladrão viria, ele ficaria de guarda' (Mt
24.43), isso não significa que Jesus venha à noite, mas significa que
assim como o ladrão tinha o horário exato para vir, assim também Jesus
tem o dia exato para voltar. Por isso que somos exortados: 'Mas vocês,
irmãos, não estão nas trevas, para que esse dia os surpreenda como
ladrão. Vocês todos são...filhos do dia. Não somos da noite' (1 Ts 5.4,5).
Quando as Escrituras compara a vinda de Jesus como ladrão não se
refere a um evento secreto, pois as Escrituras é bem enfática: 'O dia do
Senhor, porém, virá como ladrão. Os céus desaparecerão com um
grande estrondo...e a terra será queimada' (2 Pe 3.10). É impossível
que um evento desse porte, trazendo grandes conseqüências, aconteça
de modo secreto. De modo semelhante, Paulo enfatiza: 'o dia do Senhor
virá como ladrão à noite...a destruição virá sobre eles de repente' (1 Ts
5.2,3). De fato será de repente e iminente, mas não em secreto! Pelo,
contrário todos os povos da terra o verão e se lamentarão (Mt 24.30).
Longe de ser sigiloso o Dia mais esperado pelos cristãos! (Ap 1.7).
O objetivo da comparação não se refere ao fato de dizer que Jesus
vem para roubar o bem mais precioso da terra, primeiramente porque
não se rouba o que já lhe pertence. Assim está escrito: 'vocês... são...
povo exclusivo de Deus' (1 Pe 2.9). Ora se somos propriedade de Deus
então o arrebatamento não é um roubo nem tão pouco um seqüestro!
Como erradamente se supõem.
Então que comparação há entre a vinda de Jesus e a vinda de um
ladrão? Paulo deixa bem claro qual é o sentido da comparação quando
14 1º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

escreveu: 'Irmãos, quanto aos tempos e épocas, não precisamos


escrever-lhes, pois vocês mesmo sabem perfeitamente que o dia do
Senhor virá como ladrão à noite...' (1 Ts 5.1,2). A comparação é essa:
assim como não se sabe em que noite ou em que hora da noite vem o
ladrão, tampouco sabemos em que dia o Senhor Jesus virá, por isso
devemos está em constante vigilância 'Mas se você não estiver atento,
virei como um ladrão e você não saberá a que hora virei contra você'
(Ap 3.3) 'Eis que venho como ladrão! Feliz aquele que permanece
vigilante' (Ap 16.15).
Não importa que se o Dia que Deus estabeleceu para a vinda de Seu
Filho esteja longe ou perto, nosso dever é estar pronto pra agora! Não
porque será a qualquer momento, mas porque não sabemos qual será o
momento. Todavia, o crente vigilante conta com as pistas que Jesus
deu. 'Olhai, vigiai e orai; porque não sabeis quando chegará o tempo'.
'A noite está quase acabando; o dia logo vem... a nossa salvação está
mais próxima...' (Rm 13.11,12). Por isso podemos orar: 'Maranata, vem
Senhor [Jesus]' (1 Co 16.22; Ap 22.20).
Tão certo que o dia já está estabelecido que Jesus mesmo
afirmando, em sua humanidade, que nem ele mesmo sabe quando será o
'dia e à hora' 'que o Pai estabeleceu pela sua própria autoridade' (Mt
24.36; At 1.7), contudo alistou os sinais que se cumprirão antes desse
dia. Ele poderia ter tido: 'Como acontecerá a qualquer momento, então
não há sinais precedentes'. Mas o fato de que há sinais antecedentes,
então o Dia está fixado! 'Quando [as árvores] brotam, vocês mesmo
percebem e sabem que o verão está próximo. Assim também, quando
virem estas coisas acontecendo, saibam que o Reino de Deus está
próximo' (Lc 21.29-31).
Há três grandes sinais que tornam a vinda de Jesus iminente!
É claro que hoje vivemos no limiar da vinda de Jesus! Pois se ele voltar
agora, ninguém poderá reclamar que falta se cumprir algum sinal! Com
a crise na Igreja de Tessalônica, Paulo citou dois sinais obrigatórios - a
apostasia e o anticristo - como meio para assegurar aos irmãos de que
não houve nenhuma vinda invisível de Jesus, conforme falsamente já se
insinuava naquela época 'não se deixem abalar nem alarmar tão
facilmente... como se o dia do Senhor já tivesse chegado'. Porém, hoje
esses dois sinais já se cumpriram: a apostasia é fato notório a todos nós,
a própria Reforma Protestante testifica disso e a respeito do Anticristo
não falta personagens reais e históricos em potenciais para assumir este
1º Problema Teológico 15
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

cargo (1 Jo 2.18) .
E além do mais o Apocalipse deixa uma pista: 'A besta que você viu,
era e já não é. Ela está para subir do Abismo' (Ap 17.8). Quer dizer o
Anticristo já existiu antes de João (fase embrionária), existia na época
de João (fase berçário) e tornaria a existir novamente (fase adulta).
Alguém dúvida que ele existe hoje? Quem será ele? Segundo o próprio
Apocalipse é aquele que carrega sobre si uma prostitua chamada de
'Babilônia, a Grande; a mãe das prostitutas e das práticas repugnantes
da terra', cuja sede desta religião falsa está em uma famosa cidade
edifica sobre sete montes! (Ap 17.5-9,18). Que cidade é essa? Ali está o
trono do Anticristo!
O Anticristo é uma figura escatologica incorporado à um sistema
político-religioso e representado por um homem em ascendência! Se
esse sistema ainda vai surgir, então ele não pode ser culpado pela morte
de todos os santos que 'foram assassinados na terra' (Ap 18.20,24). E se
ele já existe, então o seu representante e líder é o Anticristo. E para
erradicar o erro de uma vinda invisível, Paulo mostra que só então
depois do cumprimento desses dois sinais 'o Senhor Jesus...destruirá (o
Anticristo) pela manifestação de sua vinda' (2 Ts 2.8).
E o terceiro sinal é a destruição da cidade-sede da religião falsa -
Roma, é claro, a cidade que está edificada sobre sete montes, pois
quando ela é destruída os santos cantam: “chegou a hora do casamento
do Cordeiro” (Ap 19.2,5-7).
Crê nos sinais da vinda de Jesus, e esperar que eles se cumpram em
hipótese alguma tira a surpresa e a iminência do dia e da hora da vinda de
Jesus Cristo. Pois mesmo quando é derramada a penúltima taça, que
mostra realmente a brevidade de Sua vinda, aparece o elemento
surpresa: 'Eis que venho como ladrão! (Ap 16.12-16).
Contudo, são os pré-tribulacionistas que não acreditam que a
vinda de Jesus será iminente! Pois ao afirma que o arrebatamento é
surpresa e o separar da vinda de Jesus, os pré-tribulacionistas não só
comentem o erro de dividir a vinda de Jesus em duas supostas etapas -
separando o arrebatamento da Igreja da vinda visível de Jesus - como
também, demonstram crê que a vinda visível de Jesus não será surpresa!
Isso porém, contradiz frontalmente o Senhor Jesus Cristo que afirma
que a sua vinda, não só será visível, como também ele diz que essa vinda
visível será repentina e com surpresa como um ladrão (Mateus
24.29,30,42-44). E, nessa ocasião é que se dará o arrebatamento da
16 1º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Igreja (Mateus 24.30,31,40,41) - Veja mais sobre isso no ‘20º Problema


Teológico: Os pré-tribulacionistas sabem a data da volta de Jesus
Cristo à Terra!’
Dizem que o ponto positivo em se crê no 'arrebatamento em
qualquer momento' é que ele produz no crente um senso de vigilância e
santidade. Porém, não é isso que se ver na maioria das igrejas pré-
tribulacionistas, pelo contrário, muitos crentes estão envolvidos na
aparência falsa, na hipocrisia, na má conduta, no relaxamento dos
serviços cristãos, e muitos de seus líderes religiosos estão buscando
poder e apoio na política e vivendo no mais alto luxo à custo da má
administração do dízimo.
Contudo, os apóstolos que acreditavam que o arrebatamento não
podia se dá a qualquer momento, pois entendiam que o arrebatamento
'nossa reunião com ele' - seria precedido pela apostasia e o Anticristo,
quer dizer eles eram pós-tribulacionistas, mas em contrapartida,
viveram uma vida santa, vigilante, humilde e não tomaram partido
político, e mesmo assim isso não os levou a desacreditavam na surpresa
e iminência da vinda de Jesus, já que esses sinais poderiam cumprir-se
na época em que eles viveram (2 Tes 2.1-4; 2 Pe 3.8-10).
Pelo contrário, acreditar que o arrebatamento ocorrerá antes da
manifestação do Anticristo causa despreparação no crente, pois de
repente ele poderá se vê diante de uma perseguição anticristã. Já o pós-
tribulacionista, que espera também o arrebatamento, sabe que até lá, ele
poderá ser perseguido por sua fé e poderá enfrentar o sistema cruel
anticristão, isso leva o crente a uma vida de santidade, preparação e
vigilância.
Por outro lado, saber que o crente que ficar no arrebatamento, terá
uma segunda chance pra se salvar, leva muitos crentes a contar com essa
possibilidade e isso tem sido a causa de relaxamento na fé e no amor.
Agora pense no crente pós-tribulacionista que crê que a vinda de Jesus é
uma só, com surpresa e iminente, sem segunda chance pra ninguém,
isso produz uma vida de fé e vigilância inabalável!

1º Problema Teológico 17
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

2º PROBLEMA TEOLÓGICO:
A volta “invisível” e “secreta” de Jesus Cristo é carente
de base bíblica e histórica

S em base bíblica. Não há nenhum texto bíblico direto, claro e


categórico que prova que a vinda para arrebatar a Igreja é
invisível; o texto de Atos 1.11:

'Galileus, por que vocês estão olhando para o céu? Este mesmo
Jesus, que dentre vocês foi elevado ao céu, voltará da mesma
forma como o viram subir'

Dá a entender claramente que a Igreja deveria esperar uma vinda


pessoal e física de Jesus Cristo, que dizer de um modo visível, pois foi
assim que ele 'foi elevado ao céu'. Até mesmo o texto chave do pré-
tribulacionista: 1 Ts 4.16, mostra Jesus descendo com “alarido”
(conjuntos de gritos ARC) ou “grande brado” (Bíblia
Contemporânea), quer dizer de um modo audível. O texto de
1 Tessalonicenses 4.16,17, diz:

'Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de


arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo
ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficamos vivos, seremos
arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o
Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor' (ARC)

Uma nota marginal na Bíblia de estudo NVI diz que nesse texto
'alguns sustentam que [o arrebatamento] será secreto, mas Paulo
parece estar descrevendo algo aberto e público, com ordem em voz alta
e sonido de trombetas.'
De fato, levando em consideração todo contexto em que estão
inseridas essas palavras de Paulo, e aguçando o nosso entendimento por
saber que o Novo Testamento foi escrito originalmente sem divisão por
capítulos e versículos, temos diante de nós um grande bloco de texto que
trata sobre a segunda vinda de Jesus. E, Paulo deixa bem claro que a
vinda de Jesus em que ocorrerá o arrebatamento é o mesmo Dia do
Senhor para o mundo (1 Ts 4.13-5.1-11). Basta, perguntarmos no
capítulo 5.1, 'aos tempos e épocas de quê?' Ora, da vinda de Jesus, onde
os crentes serão ressuscitados e arrebatados. Essa vinda vem como
ladrão à noite! Com surpresa, certamente, mas não invisível!

18
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Pois Paulo não pode bruscamente e de modo desconexado falar de


outra vinda no capítulo 5, se ele está tratando com os irmãos sobre o
arrebatamento. Observe com bastante atenção que o versículo um do
capítulo cinco é um texto de ligação com o contexto anterior: 1 Ts 4.16-
18. Mas mesmo que esse texto seja tomado isoladamente do seu
contexto pelos pré-tribulacionistas, nada prova que haverá uma vinda
secreta e invisível de Jesus Cristo.
Tratando da base histórica, até o século XIX ninguém acreditava
em uma vinda invisível; nenhum dos pais da Igreja ou reformadores
escreveram sobre isso. George E. Ladd, citado no livro 'Opções
Contemporâneas na Escatologica' do Dr. Millard J. Erickson, pág. 122,

'resumiu o período patrístico com aparente exatidão: Cada pai da


Igreja que trata do assunto prevê que a Igreja sofrerá às mãos do
Anticristo. Deus purificaria a Igreja através do sofrimento, e
Cristo a salvaria mediante a Sua volta no fim da Tribulação
quando, então, destruiria o Anticristo, livraria Sua Igreja, e traria
o mundo ao fim e inauguraria Seu reino milenar. O ponto de vista
que prevalece é o pré-milenismo pós-tribulacional' (o grifo é
meu).

Em seu livro, o Dr. Millard J. Erickson descreve a origem do


movimento pré-tribulacionista:
“No começo do século XIX, o pré-tribulacionismo nítido ocorreu
nos pontos de vista de Jonh Nelson Darby (1800-1882), um membro do
movimento dos Irmãos de Plymouth. Este movimento começou em
Dubli em 1825, como grupo de homens preocupados com a condição
espiritual da Igreja protestante na Irlanda. Darby entrou na comunidade
em 1827. O ponto de vista ali exposto era muito semelhante àquele que
se achava na Igreja primitiva: severa perseguição sobre a Igreja durante
a grande tribulação. Conforme este ponto de vista, Cristo voltará no fim
da tribulação para libertar Sua igreja. Darby introduziu uma
modificação deste conceito: Cristo virá arrebatar Sua igreja antes da
tribulação e antes de Ele vir em glória para estabelecer o reino milenar.
O conceito de Darby resultou em uma divisão do movimento dos
Irmãos. Samuel P. Tregelles, um membro dos Irmãos nos primeiros dias
do movimento, alegou-se que a idéia de uma vinda secreta de Cristo
para arrebatar a Igreja originou-se numa profecia na Igreja de Edward
Irving. Darby a aceitou como sendo a voz do Espírito e a aceitou como
doutrina, mas Tregelles, Bejamin W. Newton, e outros que sustentavam
2º Problema Teológico 19
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

uma perspectiva pós-tribulacionista, rejeitaram-na. O resultado foi o


início de contendas dentro do movimento dos Irmãos.” (extraído do
livro Opções Contemporâneas na Escatologica' do Dr. Millard J.
Erickson, pág. 109).
É somente a partir dessa recente data que alguns grupos de cristãos
passaram a acreditar em uma vinda invisível de Jesus Cristo para
arrebatar a Igreja.
Um certo teólogo descreve com mais detalhes sobre a origem desse
movimento:
“O padre Emanuel Lacunza (1731-1801) fora o primeiro a
separar a idéia do arrebatamento da idéia da volta de Cristo, ou
seja, sempre a Igreja defendeu que o arrebatamento e a segunda
vinda são o mesmo evento, até esse padre lançar essa proposta, no
Chile. Porém essa idéia surgiu por motivos políticos.
Quando Lacunza fora expulso do Chile, escrevera na Itália um
livro com suas idéias pré-tribulacionistas, no qual defendia que, o
intervalo entre o arrebatamento e segunda vinda era de 45 dias,
ou seja, após 45 dias de os crentes cristãos serem retirados da
Terra, Cristo voltará para reinar. Logo após, surge Eduard Irving
dizendo que, esse intervalo era de 3 anos e meio. Em 1827, Darby,
que era anglicano, abandonou sua igreja e se tornou membro da
Igreja dos Irmãos. Começou a estudar o antigo testamento e já
conhecia os escritos do padre Lacunza. Em 1830, Darby visitou a
congregação [de Eduard Irving], em que uma adolescente de 15
anos, Margareth Macdonald, profetizou que o intervalo entre o
arrebatamento e a segunda vinda de Cristo seria de 7 anos.
Margareth Macdonald faleceu com 29 anos, e segundo o atestado
de óbito, ela era insana mental. Após isso, parece que Darby
adotou essa idéia de 7 anos de intervalo. Publicou 40 livros
expondo suas idéias numa linguagem fundamentalista, o que lhe
deu proeminência no meio cristão”.

Veremos no “7º Problema Teológico: O teólogo pré-


tribulacionista separa 'o Arrebatamento' da 'Segunda Vinda de Jesus'”,
mais sobre a origem do movimento pré-tribulacionista e também como
o pós-tribulacionismo é uma doutrina ensinada desde a época dos pais
da Igreja, para não dizer da época apostólica. Isso mostrará que o pré-
tribulacionismo é uma inovação que se opõe ao pós-tribulacionismo
histórico que é crido pela ‘maioria da igreja ao longo da história’,
conforme diz o pentecostal pós-tribulacionista Wayne Grudem, por isso
devemos fazer resistência em defesa da fé cristã.
20 2º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

3º PROBLEMA TEOLÓGICO:
Qual das duas fases ele vem como ladrão?

N a primeira fase esse termo seria excelente, porque vir como


ladrão fala de algo inesperado. Porém, não se encaixa na
primeira fase, advogada pelo pré-tribulacionismo, haja vista que, Paulo
e Pedro descrevem a vinda de Jesus como um ladrão trazendo destruição
ao mundo, e para o pré-tribulacionista a primeira fase não causará
nenhuma destruição ao mundo, mas será de modo silencioso e
despercebido (I Tessalonicenses 5.2,3; II Pedro 3.10). Isso significa que
a suposta primeira fase não se encaixa na vinda como ladrão ou então
Pedro e Paulo estão errados em suas descrições sobre a vinda de Jesus.
Mas, mesmo assim, desconsiderando o assunto pertinente a esses
textos, como é costume dos pré-tribulacionistas, o teólogo
pré-tribulacionista Claudionor de Andrade, cita essas referências para
provar que:

'o arrebatamento dar-se-á a qualquer instante. Jesus Cristo virá


como o ladrão na noite (1 Ts 5.4; 2 Pe 3.10). Vigiemos, pois, para
que este dia não nos surpreenda' (Lições Bíblicas, de Aluno,
4º trimestre de 2004, pág.20).

Então, note que ele cita textos, de modo isolado, que nada tem
haver com uma vinda secreta, para corroborar seu ponto de vista
pré-tribulação. Ao leitor desatento, ele consegue facilmente enredar.
Todavia, a vinda como um ladrão também não se encaixa na
segunda fase, porque segundo o próprio Claudionor de Andrade:

“a volta triunfal de Cristo, que se fará acompanhar por


sua Igreja, ocorrerá sete anos após o arrebatamento”
(Lições Bíblicas, de Aluno, 4º trimestre de 2004,
pág.43).

Se ele vem sete anos depois, então não será uma vinda inesperada
(Mateus 24.36,42-44). Então, “vir como um ladrão” não se encaixa na
primeira fase, porque ele vem destruindo os ímpios, mas também, não
se encaixa na segunda fase porque ele vem inesperado! Por exemplo, se
o arrebatamento acontecer hoje, em 2008, então a segunda fase
acontecerá no ano de 2015! Isso significa que a doutrina das duas fases é

21
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

incompatível com as Escrituras!


Já o pós-tribulacionista não enfrenta esse tipo de problema, tanto
ele crê que Cristo na sua segunda vinda vem inesperado como vem
trazendo destruição.
Mas, alguém, poderá retrucar o pós-tribulacionista de que a vinda
de Jesus não pode ser esperada também como um ladrão, já que ele
acredita que Jesus vem depois da grande tribulação, e a grande
tribulação terá um período de 7 anos. Na verdade, o pós-tribulacionista
que engasta sua escatologia nas páginas das Escrituras Sagradas, rejeita
o fixado período de 7 anos de grande tribulação advogado pelos
dispensacionalistas de modo geral, porque as Escrituras nada dizem
sobre 7 anos de grande tribulação. Por isso que o pós-tribulacionista
bíblico acredita que antes do arrebatamento haverá a apostasia, a
manifestação do Anticristo, a perseguição dos santos e os juízos
apocalípticos, porém, convergir tudo isso em um período estrito de 7
anos é espremer demais a escatologia bíblica.
Assim, os pós-tribulacionistas bíblicos não estabelecem período de
tempo, simplesmente contam com esses sinais preditos nas Escrituras,
nesse caso a vinda como um ladrão não os surpreenderá, mas
surpreenderá o mundo e o crente desavisado! (1 Tessalonicenses 5.1-4).
E, além disso, muito desses sinais já se cumpriram! Principalmente
no que diz respeito a apostasia e a manifestação do Anticristo! Todos os
estudiosos das Escrituras sabem que a apostasia predita pelos apóstolos
já ocorreu, e que tal apostasia trouxe o sistema anticristão (o papado)
que durará até a vinda de Cristo. O Papado 'senta no santuário de Deus
ostentando-se como se fosse Deus'; 'ele persegue os santos do
Altíssimo'; ´recebeu poder temporal depois da desintegração do
império romano, pois esse o detia'; 'alterou os dez mandamentos'; ´faz
uso de toda forma de engano'; 'recebe adoração das nações e dos reis';
'surgiu através da apostasia' e 'encabeça uma grande igreja falsa'
(Daniel 7.23-25; 2 Tessalonicenses 2.1-12; Apocalipse 13.6-8; 17.3-6).
Poucas, mui poucas, profecias do Apocalipse restam se cumprir, e essas
avançam aceleradamente para o seu cumprimento, portanto, o crente
pós-tribulacionista espera com expectativa a iminente volta de Jesus
Cristo nesta geração, sem precisar crer em uma vinda secreta de Jesus.
A vinda de Jesus ou o dia do Senhor como um ladrão nada tem
haver com uma vinda invisível e secreta de Jesus. Porque se na época da
sexta praga, Cristo já voltou como ladrão, uns sete anos atrás, para tirar a
22 3º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Igreja do mundo, então porque há ali, justamente ali, um parêntese de


advertência para a Igreja manter-se em vigilância:

'...espíritos de demônios... vão aos reis de todo mundo, a fim de


reuni-los para a batalha do grande dia do Deus todo-poderoso.
“Eis que venho como ladrão! Feliz aqueles que permanece
vigilante e conserva consigo as suas vestes, para que não ande
nu e não seja vista a sua vergonha”. Então os três espíritos os
reuniram no lugar que, em hebraico, é chamado Armagedom'
(Apocalipse 16.13-16) o grifo é meu.

Repare que esse texto está relacionado a guerra do Armagedom. Se


você é um estudante de escatologia bíblica sabe que esse evento está
relacionado com a vinda de Jesus. Segundo os pré-tribulacionistas a
onde a Igreja está nessa ocasião? No céu, pois foi ‘seqüestrada’ por
Jesus que veio como ladrão uns sete anos antes desse acontecimento.
Olhe novamente o texto bíblico. Agora responda: Se Jesus já veio como
ladrão antes dessa ocasião, porque ele diz novamente: ‘Eis que venho
como ladrão!’? Se Jesus já veio como ladrão por que ele não levou
‘aqueles que permenece vigilante’? E quem são esses?
Estou tentando refletir com você que a vinda ‘como ladrão’ não se
encaixa nessa tal de primeira fase, nem aqui em Apocalipse 16.15, nem
em 1 Tessalonicenses 5.1-4 e nem tampouco em 2 Pedro 3.10. Jesus vem
‘como ladrão’ no ‘grande dia do Deus todo-poderoso’, que acontecerá
no Armagedom depois da grande tribulação, você deve permanecer
vigilante e não se deixar enganar.

1º Problema Teológico 23
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

4º PROBLEMA TEOLÓGICO:
Qual das duas fases ele vem como o relâmpago?

N a primeira fase não pode ser, porque o relâmpago que saí do


oriente e se mostra no ocidente é visível a todos! E a primeira
fase é invisível! Conforme escreveu o teólogo pré-tribulacionista
Elienai Cabral:

'Referente ao arrebatamento, Cristo virá até ou sobre as nuvens


(1 Ts 4.17). será de modo invisível para a Terra, porque virá para
os Seus santos nos ares' (Lições Bíblicas, de Aluno, 3º trimestre de
1998, pág.34).

Porém, na segunda fase também não pode ser, porque a vinda como
o relâmpago está relacionado ao arrebatamento da Igreja e a esperança
dos discípluos (Mateus 24.25-28; Lucas 17.22-24); e conforme crêem
os pré-tribulacionistas, a Igreja será arrebatada na primeira fase.
Contudo, o Dr. Elienai Cabral, que crê na vinda invisível de Jesus,
esquece de notar que o texto 'duas pessoas estarão no campo; uma será
tirada e a outra deixada', que faz referência ao arrebatamento, está
dentro do contexto da vinda como relâmpago em Lucas 17.24-37 e,
como também em Mateus 24.27-41. O pré-tribulacionista Elienai
Cabral, diz o seguinte, citando Mateus 24.27-30:

'No v.27, [Jesus] fala de sua vinda visível como “o relâmpago que
sai do Oriente e se mostra até o Ocidente”. No v.28, Jesus retrata
mais uma vez a visibilidade de Sua vinda usando a ilustração dos
abutres atraídos pela matança' (Lições Bíblicas, de Aluno,
3º trimestre de 1998, pág.62 o grifo é meu).

Entretanto, Elienai ignora que a ilustração dos abutres atraídos a


um cadáver faz referência a Igreja sendo atraída a Cristo na sua vinda. A
comparação é grotesca, mas é o que subentende, quando os apóstolos
perguntaram: 'Onde, Senhor [uma será tirada e a outra deixada]? Ele
respondeu: Onde houver um cadáver, ali se ajuntarão os abutres'
(Lucas 17.36,37).
Note que para Elienai Cabral a vinda como relâmpago é a segunda
fase da vinda de Jesus, porém, para Eurico Bergstén, seu companheiro e
comentarista da mesma revista, refere-se a primeira fase! Sobre isso ele
escreveu:
24
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

‘A segunda vinda de Jesus acontecerá em duas etapas. Na


primeira, Ele virá antes da Grande Tribulação, como um
relâmpago (Lc 17.24)...' (Lições Bíblicas, de Mestre, 3º trimestre
de 1995, pág.68) - o grifo é meu.

Há uma oscilação entre esses dois pré-tribulacionistas. Se a vinda


como relâmpago pode ser aplicada nas duas fases: arrebatamento e
vinda pessoal, isso prova mais ainda que a vinda de Jesus se constituem
em um só evento, pois o termo empregado não altera a natureza da Sua
vinda! O pós-tribulacionista não se confronta com essas contradições
teológicas, porque ele crê na vinda visível de Jesus tal como um
relâmpago é visível e abrangente a todos e que nessa ocasião a Igreja
será arrebatada (Lucas 17.24,34-37). Tão simples, por que complicar?.
É interessante que, Cristo usou essa comparação do relâmpago
exatamente para advertir os seus discípulos contra uma vinda secreta
(Mt 24.25-28). Então ninguém poderá dizer 'Ele já veio e eu fiquei'. Não
precisamos deixar algum tipo de site na internet alertando e
aconselhando os que ficaram ou escreve-los algum tipo de cartilha e
folhetos orientando como se proceder agora! Não! Isso é fábula! Pois
todos saberão e verão que ele voltou (Ap 1.7; 2 Pe 1.16).
Quando se lê o capítulo 24 de Mateus, sem preconceito racial, não
há nenhuma divisão na vinda de Jesus, ela transcorre de uma maneira
unânime em seu discurso. Quando os discípulos lhe perguntaram: 'Qual
será o sinal da tua vinda?'. Jesus falou do princípio das dores (vv.4-14),
da destruição de Jerusalém (vv.15-20), da grande tribulação (vv.21-25),
dos sinais no céu (vv.29), só depois de todos esses sinais antecedentes,
ele descreve a sua vinda (vv.30,31).
Essa é a única vinda que aparece neste capítulo. Ele a compara a um
relâmpago que vem visível e abrangente a todos (vv.26-28), mas
também como um ladrão, que vem sem aviso prévio (vv.42-44); ele
mostra que essa vinda traz destruição aos despercebidos (vv.36-39, 48-
51), mas arrebatamento aos servos fiéis e sensatos (vv.31,40,41,45-47).
Qualquer crente leigo percebe que esse evento é único! Se essa
vinda de Jesus, no capítulo 24, não é a mesma que ele arrebatará a Igreja
para o céu, então não há nos três evangelhos sinóticos nada sobre a
promessa do arrebatamento da Igreja, pois essa é a única vinda que
aparece em Mateus, Marcos e Lucas, e temos que levar em consideração
que Marcos e Lucas escreveram seus evangelhos para os gentios.
E, se Jesus nesse momento não falou de uma vinda secreta, das duas
4º Problema Teológico 25
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

uma: ou Cristo desconhecia totalmente esse importante acontecimento


ou não existe tal coisa no ensinamento de Cristo.
Pois, se de fato haverá um arrebatamento da Igreja antes da vinda
pessoal de Jesus, então esse deveria ser citado como um sinal
precedente. E mais, esse deveria ser o sinal mais comprovador da
brevidade da vinda em glória. Mas em nenhuma parte das Escrituras o
arrebatamento secreto ou desaparecimento de milhões de pessoas é
citado como sinal que deverá acontecer antes de Cristo voltar
visivelmente.
E, se os pré-tribulacionistas lançam mãos desses textos ora para
uma vinda à Igreja nas nuvens e ora para uma vinda ao mundo com
poder e glória, conforme seus caprichos teológicos, isso não só mostra
que os pré-tribulacionistas estão desnorteados como também é uma
prova contundente que esse evento não se dividem em duas vindas de
Jesus, ainda que seja vista de ângulos diferentes, pois os textos
utilizados são os mesmos. Ora se um texto se refere a primeira fase, o
mesmo texto não pode se referir a segunda fase.
Evidentemente que, não aparece a palavra 'arrebatamento' em
Mateus 24.31, porém não podemos negar que a frase bíblica 'estes (os
anjos) reunirão os seus eleitos dos quatro ventos (norte, sul, leste e
oeste)' descreva com muita precisão o arrebatamento da Igreja, além do
mais a idéia de 'reunião' para arrebatamento, não é estranha às
Escrituras, já que aparece também 2 Ts 2.1, quando Paulo escreveu:
'Irmãos, quanto à vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e à nossa reunião
com ele...'. Sem falar que o termo 'arrebatados', só aparece uma única
vez em toda a Escritura se referindo ao arrebatamento da Igreja: em 1 Ts
4.17. E nenhuma vez aparece a palavra 'arrebatamento'. Portanto, não
podemos ignorar que outros termos sejam usados.
De fato, os crentes vivos estão espalhados em todos os cantos da
terra e os crentes mortos espalhados em vários cemitérios ao redor do
mundo, para que esses escolhidos sejam 'arrebatados juntos' precisam
ser reunidos (1 Ts 4.15-17 c/ Mt 24.31).
Os pré-tribulacionistas abusam de Ap 3.10 e 1 Ts 1.9, a fim de
provar que o arrebatamento da Igreja será antes da grande tribulação,
porém, eu pergunto: 'onde se encontra a palavra arrebatamento nestes
textos, por favor?!'. Bem, se eles podem usar os termos 'guardar' e
'livrar' para arrebatamento, por que o termo 'reunir dos quatro ventos',
não pode então se referir, também, ao arrebatamento da Igreja.
26 4º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

No arrebatamento, Cristo vai realmente e literalmente reunir os


seus eleitos dos quatro cantos da terra! Se for preciso aparecer a palavra
'arrebatamento' em Mt 24.31, para provar que ali se refere ao
arrebatamento, então onde está a palavra arrebatamento em Filipenses
3.20,21, em 1 Coríntios 15.50-52 e em João 14.1-4?
Portanto, a vinda ‘como relampâgo’ e a vinda ‘como ladrão’ nada
prova que haverá duas fases na vinda de Jesus.
Encontramos também nas Escrituras que a sua vinda será como
‘alguém assentado sobre uma nuvem branca’ (Ap 14.14), como
‘cavaleiro num cavalo branco’ (Ap 19.11), como ‘chamas flamejantes’
(2 Ts 1.6; Is 66.15), ‘como nasce o sol’ e ‘como as chuvas de primavera’
(Os 6.3). Será que teremos que inventar outras fases na vida de Jesus por
causa desses termos empregados? Não. Todas essas figuras falam das
características da única segunda vinda de Jesus Cristo, nosso Senhor.

Vir ‘como relâmpago’ mostra que a Sua vinda será de modo visível
e abrangente (Ap 1.7; 1 Jo 3.2; Mt 24.30);
Vir ‘como ladrão’ mostra que a Sua vinda será de modo inesperado
e imprevisto (Lc 12.38-40);
Vir como alguém em ‘uma nuvem branca’ mostra que a Sua vinda
será de modo glorioso e poderoso (Mc 14.62; Lc 9.26);
Vir como cavaleiro ‘num cavalo branco’ mostra que a Sua vinda
trará justiça (Sl 96.10-13 c/ Mt 25.31,32,46);
Vir como ‘chamas flamejantes’ mostra que a Sua vinda trará
destruição aos ímpios (Is 66.15,16);
Vir ‘como nasce o sol’ mostra que a Sua vinda é certa e trará
salvação aos crentes (Ha 2.3; Hb 10.37; Ml 4.2; 1 Co 15.52-54);
Vir como ‘chuvas de primavera’ mostra que a Sua vinda trará
grandes benefícios aos crentes (1 Ts 4.15-18; Fl 3.20,21).

Todas essas características relevam a natureza da Segunda Vinda e


podem ser associadas a um único evento sem precisar de etapas.

4º Problema Teológico 27
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

5º PROBLEMA TEOLÓGICO:
Dois arrebatamentos de duas Igrejas!

O pré-tribulacionista sincero, para manter seu programa


escatológico, precisa acreditar que haverá dois
arrebatamentos de duas Igrejas. Porque o texto de Mateus 24.29-31 é
bem claro. E, além do mais é visto, no Apocalipse, uma grande multidão
no céu vindo da grande tribulação, que o pré-tribulacionista afirma
categoricamente que não é a Igreja da primeira fase, e como eles
poderão está no céu, diante do trono de Deus, se não forem arrebatados?
(Apocalipse 7.11-15). O teólogo pré-tribulacionista Eurico Bergstén
escreveu:
'As multidões, que na grande tribulação recusaram adorar o
Anticristo...ressuscitarão em glória e se unirão com os santos que
acompanham Jesus na sua vinda. Eles perderam as bodas, porém,
agora tomarão parte do reino de Jesus por mil anos' (Lições
Bíblicas, 3º trim. de 1983 págs. 43,44) - o grifo é meu.

Um certo presbítero e professor de teologia me disse por escrito:


'não afirmamos que eles serão arrebatados, mas se unirão a Igreja'.
Mas, a onde eles se unirão à Igreja, na terra ou no céu? Dizem que a
Igreja estará no céu durante o Milênio, então essas 'multidões' terão que
de alguma maneira subir ao céu! E isso é um arrebatamento! Ou é uma
ascensão? Seja lá o que for, os pré-tribulacionistas, estão, obrigados, por
seu sistema escatológico, a crêem que uma Igreja é ressuscitada,
glorificada e arrebatada antes de 7 anos e outra igreja depois.
Quer dizer uma igreja estará festejando as bodas do Cordeiro e
outra igreja estará sendo martirizada pelo Anticristo. Às vezes eu fico
pensando de onde esses teólogos tiram essas coisas! Aí quer dizer que
esses mártires fiéis que enfrentarão o Anticristo, não terão galardões e
nem participarão das Bodas? Se o livro do Apocalipse foi escrito
visando justamente os mártires e sua recompensa, por que eles ficarão
de fora do casamento do Cordeiro e dos galardões dos salvos? É
complicado!
Mas, já para os pós-tribulacionistas não há nenhuma complicação!
Porque eles acreditam em um só arrebatamento de uma só Igreja! De
cujo número faz parte os santos mártires fiéis! Eles não precisam rachar
o arrebatamento em dois nem a igreja em duas! Recusam festejar
enquanto seus irmãos sofrem a pior perseguição.
28
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Agora com certeza, haverá duas igrejas na grande tribulação: 'uma


falsa' e 'outra verdadeira'; 'uma coberta com o sol da justiça'; e 'outra
embriagada com sangue dos mártires'; 'uma que adora a besta' e 'outra
que renuncia tal prática'. 'uma que será atormentada com enxofre
ardente na presença do Cordeiro' e 'outra que cantará, junto ao mar de
vidro, o cântico do Cordeiro' (Apocalipse 12.1 c/ 17.6; Apocalipse 14.9-
11 c/ 15.2-4).
De fato, há duas coisas que os pré-tribulacionistas não podem
negar. A primeira: que haverá crentes salvos durante o período da
grande tribulação; e a segunda: esses crentes serão ressuscitados,
glorificados (e porque não dizer também arrebatados) por ocasião da
vinda de Jesus em glória. Esse é um dos grandes problemas do pré-
tribulacionismo. Evidentemente que quando são argüidos sobre esses
dois arrebatamentos dizem: '...não serão arrebatados, mas se unirão a
Igreja...', talvez tentando minimizar a situação em que eles caíram.
Porém isso não funciona. Por exemplo, um mártir é morto aqui no
Brasil, no final da grande tribulação Jesus desce lá no monte das
Oliveiras, então esse mártir ressuscita. Como ele vai se unir a Igreja lá
no monte das Oliveiras se não for arrebatado pra lá? Por isso que os
pré-tribulacionistas são obrigados a crêem em dois arrebatamentos!
E além do mais, o termo arrebatamento não descreve apenas uma
mudança de posição, mas uma mudança de estado: do terreno para o
celestial; do sistema do mundo para pertencer ao reino celestial de Deus.
Se os 'santos da tribulação' passam por essa mudança de estado,
pode-se dizer ao seu respeito: foram arrebatados!
Em seu artigo 'Quem participará do Milênio?' o pastor
pré-tribulacionista Martim Alves fala de um grupo de 'salvos oriundos
da Grande Tribulação' como candidatos juntamente com a Igreja e os
santos do AT que 'participarão do Milênio em 'corpos glorificados'
(Jornal Mensageiro da Paz, julho de 2005, pág.15). Não é estranho que
os crentes da antiga aliança se unam aos crentes da nova aliança no
Reino de Cristo. Porém, é estranho que exista na nova aliança dois
grupos distintos de salvos. Não são suficientes as divisões existentes na
igreja hoje em milhares de denominações evangélicas, será que também
no céu teremos que conviver em grupos?!
Eurico Bergstén é categórico: 'Eles perderam as bodas' (Lições
Bíblicas, 3º trim. de 1983 págs. 43,44). Mas o que são as bodas? Não é a
celebração do casamento da Igreja com o Cordeiro?! Então esse grupo
5º Problema Teológico 29
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

de 'salvos oriundos da Grande Tribulação' não se casou com o


Cordeiro. Então eles são o quê? Será que o Cordeiro se casará com uma
Igreja incompleta, fracionada? Porventura não diz a Escritura que o
propósito de Cristo é apresentar a igreja: '...a si mesmo como igreja
gloriosa, sem mancha nem ruga ou coisa semelhante' (Ef 5.27).
Eu estou inculcado com esses salvos de segundo categoria! Se a
Igreja assume o papel de esposa do Cordeiro, que papel esses oriundos
da grande tribulação assumirá? Senão de uma concubina! Ou algum
tipo de bigamia! Assim como a união de Cristo com a Igreja é
referencial bíblico para o casamento feliz e monogâmico, assim
também soa mal que 'as multidões' de outros crentes salvos sejam
recebidos por Cristo depois do seu casamento com a Igreja. Veja que a
doutrina pré-tribulacionista de dois grupos de salvos é incompatível
com a lógica bíblica e afeta o senso comum. Pois se dizemos que farão
parte da Igreja, então Cristo casou com uma Igreja incompleta ou se
dizemos que não fazem parte da Igreja, então Cristo tem uma
concubina! O que são ambas as conclusões nojentas!
Os pré-tribulacionistas estão dispostos a irem bem longe a fim de
manter seu sistema escatológico. Apenas esse ponto seria suficiente
para se anular o suposto arrebatamento dos santos pré-tribulação.
Porque o Corpo de Cristo não pode ser arrebatado desconjuntado! Será
que Cristo tem dois Corpos? Um que será arrebatado antes da grande
tribulação e outro que será arrebatado ou unido ou sem lá o quê, depois
da grande tribulação! Não! Absolutamente não!!! Ou todos os crentes
são arrebatados de uma só vez antes da grande tribulação ou todos os
crentes são arrebatados depois da grande tribulação. Não pode haver
essa divisão de classes, categoria de salvos: a igreja triunfante e os
mártires. Como se na igreja triunfante não houvesse mártires!
Até nesse ponto os pós-tribulacionistas são mais felizes do que os
pré-tribulacionistas, como frisou o Dr. Millard J. Erickson:

'o pós-tribulacionismo não depende de escavar significado


secretos. Por exemplo, quando a Escritura fala dos santos da
tribulação, dos eleitos, e similares, o pós-tribulacionismo não
lhes dá um significado que é radicalmente diferente do seu
significado noutras partes da Bíblia. São simplesmente o mesmo
tipo de crentes que são referidos a partir dos tempos de Cristo'
(Opções Contemporâneas na Escatologia, pág. 129).

30 5º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Essa questão é tão séria que algumas pessoas chegam a ponto de


pensar que esses santos oriundos da tribulação serão salvos pelo seu
próprio sangue! Um tipo de salvação mediante as obras. Não se trata
mais de arrependimento dos pecados e conversão, mas do fato de não
aceitarem o sinal da besta. Porém apenas um grupo de pessoas não
adorará a besta aqueles cujos nomes estão 'escritos no livro da vida
desde a criação do mundo' (Ap 17.8 cf. 13.8). E o fato deles estarem
aqui na terra, resistindo a besta e morrendo por causa disso, depõem
contra os pré-tribulacionistas que afirmam que os crentes fiéis serão
arrebatados antes da perseguição da besta.
Se isso é verdade, que haverá um arrebatamento antes da grande
tribulação, por que esses santos e fiéis testemunhas de Jesus não
subiram?! (Ap 13.7; 17.6). Durante o período da perseguição do
Anticristo, lemos nitidamente nas Escrituras:

'Foi-lhe dado (a besta) poder para guerrear contras os santos' (Ap


13.7);
'Aqui estão a perseverança e a fidelidade dos santos' (Ap 13.10);
'Aqui está a perseverança dos santos que obedecem os
mandamentos de Deus e permanecem fiéis a Jesus' (Ap 14.12);
'Vi que a mulher estava embriaga com o sangue dos santos, o
sangue das testemunhas de Jesus' (Ap 17.6);
'Vi...em pé, junto ao mar, os que tinham vencido a besta, a sua
imagem e o número do seu nome. Eles seguravam harpas que lhes
haviam sido dados por Deus e cantavam o cântico de Moisés,
servo de Deus, e o cântico do Cordeiro' (Ap 15.2,2);
'Vi as almas dos que foram decapitados por causa do testemunho
de Jesus e da Palavra de Deus. Eles não tinham adorado a besta
nem a sua imagem, e não tinham recebido a sua marca na testa
nem nas mãos. Eles ressuscitaram e reinaram com Cristo durante
mil anos' (Ap 20.4).

Somente uma cegueira espiritual muito grande nos tampa os olhos


para não enxergarmos nesses textos bíblicos os membros da Igreja cristã
e uma refutação ao arrebatamento antes da grande tribulação.
É lamentável que os pré-tribulacionistas sejam os únicos a não se
identificarem com esses santos mártires e fiéis testemunhas de Jesus, e
até os descriminam dizendo: 'nós não fomos destinados a ira', como se
esses santos fiéis fossem destinados a ira divina. Mas não é verdade que
está escrito:

5º Problema Teológico 31
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

'...a vocês foi dado o privilégio de não apenas crer em Cristo, mas
também de sofrer por ele' (Fp 1.29);
'todas as perseguições... dão prova do justo juízo de Deus e
mostram o seu desejo de que vocês sejam considerados dignos do
seu Reino, pelo qual vocês também estão sofrendo' (2 Ts 1.4,5);
'De fato, todos os que desejam viver piedosamente em Cristo Jesus
serão perseguidos' (2 Tm 3.12);
Paulo disse: 'Quanta perseguição suportei!' (2 Tm 3.11).

Os pré-tribulacionistas não percebem que ao serem os mártires


citados no Apocalipse são postos como mais bem-aventurados do que
os cristãos em geral! Que a mensagem que o Apocalipse quer nos passar
é essa: 'Seja fiel até a morte' (Ap 2.10), e os mártires são exemplos nisso!
Então eles não podem ser comparados a escória da Igreja! A um grupo
abandonado no arrebatamento, não participante da bendita esperança,
excluído das bodas e deixado para comer o pão que o diabo amassou!
Pelo contrário a decadente situação espiritual que a igreja enfrenta hoje,
lhe fará muito bem uma perseguição anticristã, eliminando dela o
elemento falso e preparando-a para volta de Jesus. Assim as Escrituras
previu:
'Alguns dos sábios tropeçarão para que sejam refinados,
purificados e alvejados até a época do fim' (Dn 11.35);
Amados, não se surpreendiam com o fogo que surge entre vocês
para os provar, como se algo estranho estivesse acontecendo. Mas
alegrem-se à medida que participam do sofrimento de Cristo,
para que também, quando a sua glória for revelada vocês exultem
com grande alegria' (1 Pe 4.12,13; veja também Mt 5.11,12; 24.9;
At 14.22, etc).

E se isso não é o suficiente para convencê-lo de que haverá apenas


um arrebatamento de uma única igreja no final da grande tribulação,
então leiamos Apocalipse 7.9,14,15:

'[vi] uma grande multidão [incontável], de todas as nações..., em


pé, diante do trono e do Cordeiro, com vestes brancas...Quem são
estes...e de onde vem?...Estes são os que vieram da grande
tribulação e lavaram as suas vestes...no sangue do Cordeiro. Por
isso estão diante do trono de Deus e o servem dia e noite'.

Eis aqui a Igreja de Cristo! Ou existem duas igrejas de Cristo?! ‘Há


um só corpo... assim como a esperança para a qual vocês foram
chamados é uma só’ (Ef 4.4).
32 5º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

6º PROBLEMA TEOLÓGICO:
A ressurreição da Igreja dividida em duas ordens

P ara não contradizer o Apocalipse que diz que os mártires que


serão decapitados pela Besta participarão da primeira
ressurreição, os pré-tribulacionistas dividem a primeira ressurreição em
duas ordens (Apocalipse 20.4-6). Ainda que tal divisão não se encontra
nas Escrituras, porém, pela forçada interpretação do pré-tribulacionista
a fim de manter sua escatologia intacta, chegaram a essa conclusão.
Todavia, o problema complica-se quando se analise a sétima
trombeta. Paulo diz que a ressurreição dos crentes ocorrerá ao som da
última trombeta (1 Coríntios 15.52). Não dá para dividir a sétima
trombeta em dois toques! O leitor sincero das Escrituras, forçosamente,
tem que admitir que a última trombeta de Paulo é a sétima de João! Para
os mártires que ressuscitam depois da grande tribulação não há nenhum
problema, mas se a Igreja ressuscitar antes da grande tribulação,
estamos diante de um grande problema!
Ou Paulo se enganou, pois haverá ainda sete trombetas, depois de
soar a última trombeta, ou então os pré-tribulacionistas estão
enganados! É, interessante, que os pós-tribulacionistas que são felizes e
tranqüilos por dizerem que a última trombeta de Paulo é a sétima de
João, são ridicularizados pelos pré-tribulacionistas de confundir as
coisas. Mas pelo bom senso das Escrituras quem está confundido as
coisas? O dispensacionalista pré-tribulacionista Antonio Gilberto
escreveu o seguinte sobre a sétima trombeta:

'Alguns estudiosos pensam que está sétima trombeta é a


equivalente à “última trombeta” de 1 Coríntios 15.52. Esta de que
estamos tratando é a última de uma série de sete ligadas aos
gentios e judeus, ao passo que a “última” de 1 Coríntios 15.52 tem
a ver exclusivamente com a Igreja, por ocasião do seu
arrebatamento, muito antes da Grande Tribulação'.

Mas que argumento sólido o Dr. Antonio Gilberto nos dá para de


fato confirmar esse seu ponto de vista. Ele argumenta: 'Malaquias é
também um último livro, mas de uma série de 39 livros do Antigo
Testamento, João é o último de uma série de quatro Evangelhos' (Daniel
e Apocalipse, pág. 146 o grifo é meu). Certo! Mas a última trombeta de
Paulo é última de que série?

33
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Paulo disse que para entendermos 'as coisas mais profundas de


Deus'... o Espírito Santo [nos] ensina, interpretando verdades
espirituais com as espirituais' (1 Coríntios 2.10,13 - NVI e ARC). Quer
dizer, somente a Bíblia pode interpretar a Bíblia. Em 1 Ts 4.16,17, Paulo
diz que por ocasião da vinda de Jesus a 'trombeta de Deus' vai ressoar e
os mortos ressuscitarão. Em 1 Co 15.52, ele escreve com convicção:
'Pois a trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis e nós
seremos transformados'. Com certeza ele tem em mente a mesma
trombeta de 1 Ts 4.16,17. E chama essa trombeta de 'última trombeta'.
Há cinco motivos bíblicos para se crer que essa trombeta paulina é a
mesma trombeta joanina:
Primeiro, Paulo chama essa trombeta de 'trombeta de Deus'. Esse
título é muito apropriado para a sétima trombeta de João, pois é uma
trombeta que está intimamente relacionado com o propósito secreto de
Deus; Apocalipse 10.6,7, diz: 'Não haverá mais demora! Mas, nos dias
em que o sétimo anjo estiver para tocar sua trombeta, vai cumprir-se o
mistério de Deus'.
Segundo, a trombeta de Paulo está associada a ressurreição dos
crentes, igualmente a sétima trombeta deixa subentendido que os santos
ressuscitam para serem recompensados (Apocalipse 11.15,18).
Terceiro, Paulo fala de um mistério ligado ao som da última
trombeta, similarmente, é dito a João que no toque da sétima trombeta
'vai cumprir-se o mistério de Deus' (1 Co 15.51,52 e Ap 10.7).
Em quarto lugar, a trombeta de Paulo será soada por ocasião da
vinda de Jesus, assim também, em João a sétima trombeta soa por
ocasião do estabelecimento do reino por Cristo; bem conforme a oração
do Pai-Nosso, oramos: 'Venha o teu Reino', esse reino só virá depois que
Jesus voltar (Mateus 6.10; Lucas 21.31; 22.18). Quando o anjo disse:
'Não haverá mais demora!' ao prenunciar o toque da sétima trombeta,
isso nos faz pensar logo na vinda de Jesus, pois ele mesmo disse: 'Eis
que venho sem demora' (Apocalipse 10.6,7 c/ 3.11 ARC).
Em quinto lugar, Paulo chama sua trombeta de última trombeta,
isso a une com a trombeta de João, pois sendo a sétima trombeta é a
última trombeta do Apocalipse.
Veja que esses argumentos são mais sólidos do que simplesmente
dizer que 'Malaquias é também um último livro, mas de uma série de 39
livros do Antigo Testamento, João é o último de uma série de quatro
Evangelhos'. Mas, há mais coisa envolvida. Ao diferenciar a última
34 6º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

trombeta de Paulo da sétima de João surgem algumas contradições,


enquanto que considerar as duas como iguais, há um encaixe. Vejamos:
O apóstolo João diz que o tempo de dar recompensas aos santos
ocorrerá no toque da sétima trombeta (Ap 11.15,18). Isso não contradiz
Paulo que crê que os santos serão recompensados com a imortalidade na
última trombeta (1 Co 15.54,58); mas contradiz o pré-tribulacionista
que crê que os santos serão recompensados com galardões antes de
iniciar os toques das sete trombetas, 'por ocasião do seu arrebatamento,
muito antes da Grande Tribulação', diz Antonio Gilberto (já citado).
Certo! Então vamos chegar a um consenso: a Igreja é arrebatada na
última trombeta, mas essa última trombeta nada tem haver com as sete
trombetas que irão tocar na grande tribulação. Nesse ínterim, a Igreja já
foi galardoada e participou das bodas do Cordeiro, aí a sétima trombeta
é tocada e ela desce com Cristo. Ao suar a sétima trombeta o anjo
anuncia: 'chegou o tempo... de recompensares os teus servos, os
profetas, os teus santos e os que temem o teu nome...' (Ap 11.18).
Não! Espera aí! Vamos questionar com o anjo, ele está dando um
anuncio errado, o tempo de recompensar os servos de Deus já passou,
foi na última trombeta de Paulo que foi tocada antes das sete trombetas
de João! Ou será que o anjo está anunciando outro Tribunal de Cristo ou
o Tribunal de Cristo também é dividido em duas sessões: uma para os
santos da última trombeta de Paulo e outra para os santos da sétima
trombeta de João? Caso contrário, concluímos que nenhuma outra
trombeta pode ser chamada, com autoridade, de última trombeta, a não
ser a sétima trombeta!
Coitados dos pré-tribulacionistas! Eles são obrigados, por seu
sistema escatológico, dividir e rachar tudo! Já os pós-tribulacionistas
não precisam fazer isso, nem questionar com o anjo da sétima trombeta!
Ele tem razão, agora foi que chegou o tempo do Tribunal de Cristo! Os
santos serão imortalizados e transformados! Paulo e João estão mais
que certos. Já pensou se João tivesse tido que o Tribunal de Cristo
ocorrerá na primeira trombeta, estaria contradizendo Paulo que diz que
ocorrerá na última trombeta, mas João diz que na sétima trombeta os
santos serão recompensados, e a sua sétima é a última trombeta.
Somente aqui o mistério de Deus se cumprirá! (1 Co 15.51,52/Ap 10.7).
Geralmente os pré-tribulacionistas dizem que a sétima trombeta do
Apocalipse está relacionada a Israel e aos gentios enquanto que a última
trombeta de Paulo está relacionada à Igreja. Eles afirmam isso sem
6º Problema Teológico 35
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

nenhum testemunho escriturístico e seus adeptos se dão por satisfeitos!


Porém, ao lermos Ap 11.15-18, vêmos que a sétima trombeta está
relacionada com 'as nações', que serão destruídas; relacionada com 'os
mortos', que serão julgados e relacionada com a Igreja que aparece
como 'os teus servos, os teus santos, os que temem o teu nome, tanto
pequenos como grandes' que serão recompensados. Cadê a nação de
Israel que não é citada nessa trombeta já que os pré-tribulacionistas
ensinam que a sétima trombeta está relacionada a Israel e não a Igreja!?
Mais uma vez eu torno a dizer: a sétima trombeta de João e a última
trombeta de Paulo estão interligadas! Paulo disse ao falar da última
trombeta 'o trabalho de vocês não será inútil', fazendo alusão à
recompensa dos crentes (1 Co 15.52,58).
Paulo associa a última trombeta com a herança dos crentes no
Reino de Deus (1 Co 15.50-52), de fato João registrou quando a sétima
trombeta foi tocada: 'O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do
seu Cristo, e ele reinará para todo o sempre' (Ap 11.15), nesse
'momento, num abrir e fechar de olhos... os [crentes] mortos
ressuscitam [e os crentes vivos são] transformados' para reinarem com
Cristo no seu reino!
Paulo exclamou: 'A morte foi destruída pela vitória' (1 Co 15.50-
52). Agora se uma multidão de santos ainda vão morrer durante a grande
tribulação depois de soar a 'última trombeta' de 1 Co 15, conforme
ensina os pré-tribulacionistas, então a morte não foi destruída. Mas se de
fato a última trombeta de Paulo é a sétima de João que soará no final da
grande tribulação, então nenhum santo morrerá mais, pelo contrário a
morte perderá o seu poder sobre eles, isto é, será 'destruída pela vitória'
e eles com corpos transformados 'serão sacerdotes de Deus e de Cristo,
e reinarão com ele durante mil anos' (Apo 20.4-6).
Quando Paulo chama a trombeta que soará por ocasião da descida
de Cristo e o arrebatamento dos crentes de 'ultima trombeta' (1 Ts
4.16,17 c/ 1 Co 15.51,52), nós só temos que concluir que as seis
primeiras trombetas do Apocalipse serão tocadas antes desta, sendo essa
trombeta a sétima do Apocalipse, pois as Escrituras não podem se
contradizer. Pois se essa trombeta de Paulo é chamada de 'última
trombeta', mas que não faz parte das trombetas do Apocalipse, quais são
então as outras trombetas que foram tocadas antes desta já que essa é
chamada de última, dando atender que houve outras trombetas antes?!
Não seria muito mais coerente acreditar que a última trombeta e a sétima
36 6º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

trombeta que falam da segunda vinda de Jesus Cristo e o


estabelecimento do Reino de Deus são as mesmas trombetas, em vez de
levantar pressupostos que fazem com que essas duas trombetas se
choquem!
Mas, será que realmente a ressurreição da Igreja se dará em
duas ordens: uma ordem antes da grande tribulação e a outra ordem
depois da grande tribulação? Na verdade, o apóstolo Paulo em sua carta
aos irmãos de coríntios de fato falou em duas ordens de ressurreições: a
primeira ordem foi a ressurreição de Cristo e a segunda ordem a
ressurreição dos crentes. Paulo não dividiu a ressurreição dos crentes
em duas ordens, ele disse: 'depois, os que são de Cristo na sua vinda'
(1 Coríntios 15.23). Todos os crentes que pertencem a Cristo serão
ressuscitados de uma só vez na vinda de Jesus; aqueles que não
ressuscitarem nessa ocasião não pertencem a Cristo (Apocalipse 20.6).
E, além do mais, uma pré-ressurreição da Igreja, também entra em
choque com o ensino de Cristo, que diz que aqueles que crêem nEle,
ressuscitarão no último dia (João 6.39, 54). Se a ressurreição dos crentes
acontecer sete anos antes da terminação deste sistema mundial, então
não pode se constituir a ressurreição do último dia.
A Escritura mostra que a Igreja deverá permanecer na terra,
cumprindo a sua missão, até a consumação do século, caso contrário não
teria sentido o que Jesus prometeu: 'eis que estou convosco todos os dias
até à consumação do século' (Mateus 28.20). Este 'século' (gr. kosmo,
mundo, sistema) terá o seu fim na sétima e última trombeta, quando 'o
reino do mundo (gr. kosmo) se [tornar] de nosso Senhor e do seu Cristo'
(Apocalipse 11.15). Por isso, que a ressurreição dos crentes se dará
apenas em uma ordem, no final deste sistema humano, na consumação
do século.
De fato, o livro de Daniel revela que a ressurreição para a vida
eterna, onde os justos 'reluzirão como o fulgor do céu' será depois da
grande tribulação (veja Daniel 12.1-3). O anjo disse a Daniel: 'Você
descansará e, então, no final dos dias, você se levantará (ressuscitará)
para receber a herança que lhe cabe' (Daniel 12.13). Ora, se Daniel que
é um homem mui amado por Deus só ressuscitará no final dos
simbólicos 'mil e duzentos e noventa dias' ou ainda 'mil trezentos e trinta
e cinco dias' (Daniel 12.11-13) - que segundo o pré-tribulacionista
Antonio Gilberto 1290 dias 'é a Grande Tribulação acrescida de um
mês' e 1335 dias 'o estabelecimento definitivo do reino milenial de
6º Problema Teológico 37
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Cristo' (Daniel e Apocalipse, pág. 80,81). Por que a Igreja, de quem


Daniel faz parte, ressuscitará antes da grande tribulação!? Isso não é
contraditório! Portanto, a ressurreição de Daniel depois da grande
tribulação é prova contundente de que antes disso não houve nenhuma
ressurreição de crentes.
Quando Gabriel disse a Daniel:

'Multidões que dormem no pó da terra acordarão: uns para a vida


eterna...e aqueles que conduzem muitos à justiça serão como as
estrelas, para todo o sempre,'. Alguém perguntou: 'Quanto tempo
decorrerá antes que se cumpram essas coisas extraordinárias?'.
Um homem vestido de linho, respondeu com juramento: 'Haverá
um tempo, [dois] tempos e metade de um tempo. Quando o poder
do povo santo for finalmente quebrado, todas essas coisas se
cumprirão' (Daniel 12.2,3,6,7 ARA e NVI).

Daniel teve dificuldade de compreender essas coisas, porém, hoje,


com a revelação do livro do Apocalipse, que é um cumprimento do livro
de Daniel, nós compreendemos perfeitamente essas coisas. Esse povo
santo são os santos do Cordeiro, as testemunhas de Jesus, que deverão
sofrer a última perseguição do Anticristo por um espaço simbólico de 42
meses, e só depois desse tempo é que eles serão recompensados com
'essas coisas extraordinárias', pois, participarão da primeira
ressurreição, por isso são felizes e santos e reinarão com Cristo durante
mil anos ( Apocalipse 13.5-7,10; 14.12,13; 17.6; 20.4-6).
Em seu sermão, o apóstolo Pedro disse que: 'É necessário que
[Jesus] permaneça no céu até que chegue o tempo em que Deus
restaurará todas as coisas, como falou há muito tempo, por meio dos
seus santos profetas' (Atos 3.21). Deveras, isso prova que Jesus Cristo
não voltará enquanto não chegar esse tempo. Que tempo é esse? O anjo
disse a João: 'Não haverá mais demora! Mas, nos dias em que o sétimo
anjo estiver para tocar sua trombeta, vai cumprir-se o mistério de Deus,
da forma como ele o anunciou aos seus servos, os profetas' (Apocalipse
10.6,7). Quando em visão, o anjo toca a sétima trombeta é anunciado:
'Chegou o tempo' (Apocalipse 11.18). Nessa hora, 'o próprio Senhor
descerá dos céus' os crentes mortos e vivos serão restaurados à vida
perfeita, pois chegou o tempo de recompensar os santos, destruir os que
destroem a terra e restaurar todas as coisas (1 Tessalonicenses 4.16,17;
Apocalipse 11.18; Efésios 1.10; Romanos 8.18-25).

38 6º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Nesse texto de Paulo, quando ele disse que 'o próprio Senhor
descerá dos céus', ele mostra que isso acontecerá depois de 'dada a
ordem' , isso concorda com Pedro que diz, exatamente nesse texto de
Atos 3.20,21, que Cristo só virá depois que Deus mandar, que dizer
ordenar.
E quando Paulo diz, no mesmo texto de 1 Ts 4.16,17, que 'o ressoar
da trombeta de Deus', Cristo desce dos céus, concorda com João ao falar
da sétima trombeta, pois o texto de Ap 11.17: 'Graças te damos, Senhor
Deus todo-poderoso, que és e que eras...(eles não dizem 'e que há de vir'
conforme Ap 1.4,8, mas ‘assumiste o teu grande poder’ pois é
exatamente nesta hora, ao ressoar a sétima trombeta, que Jesus vem
com poder para ressuscitar os crentes e destruir os ímpios).
Então note, que Pedro, Paulo e João falam do mesmo tempo, e de
uma única vinda. Pois se Jesus vir antes do tempo da restauração de
todas as coisas, de um modo secreto, contradiz a unidade desses textos.
E, além do mais, essas crenças pré-tribulacionistas, mostram que
não há nenhuma restauração de todas as coisas na vinda secreta de
Jesus, mas o início de total desgraça apocalípticas. Mas Pedro diz algo
totalmente diferente: Jesus vem no tempo da restauração!
Isso significa que a Igreja deverá está presente durante as desgraças
apocalípticas do mundo, quando então surgirá do céu o Restaurador de
todas as coisas. Ele não descerá do céu antes desse tempo de
restauração, e esse tempo ultrapassa a época da grande tribulação. Por
isso que crer em uma vinda secreta de Jesus antes de chegar o tempo de
restauração de todas as coisas está em contradição à vinda visível de
Jesus no tempo da restauração ou regeneração de todas as coisas
(confira Atos 3.21 c/ Mateus 19.28; 25.31).
Portanto, quando os santos ouvirem a voz do Filho de Deus e
saírem de seus túmulos para herdar a vida terá chegado o tempo da
restauração de todas as coisas e o fim do governo dos homens e de
Satanás (João 5.27-29).
Convém salientar aqui, que tanto Daniel como João dão uma visão
geral da ressurreição dos justos e dos injustos (Daniel 12.2; João
5.28,29). De fato, Paulo disse: 'haverá ressurreição tanto de justos
como de injustos' (Atos 24.15). Porém, conforme a exploração desse
assunto em outros textos bíblicos entendemos que essas ressurreições
não acontecerão simultaneamente. Paulo escreveu aos irmãos de
Tessalônica: 'os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro’(1 Tes 4.16).
6º Problema Teológico 39
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Deveras, Paulo desejava 'de alguma forma, alcançar a


ressurreição dentre os mortos' (Fl 3.11). Aos irmãosde Corinto, ele
deixou subtendido que na vinda de Jesus somente ressuscitarão os que
pertencem a Cristo (1 Coríntios 15.23). Jesus falou 'na ressurreição dos
justos' (Lc 14.14).
Mas, é em Apocalipse que de fato o assunto é descortinado. Os
crentes ressuscitarão antes dos mil anos para reinarem e julgarem com
Cristo enquanto que os descrentes ressuscitarão depois dos mil anos
para serem condenados (Apocalipse 20.4-6,13-15).
Tratando da ressurreição geral, as Escrituras deixam bem claro que
há uma divisão e um intervalo entre a ressurreição dos crentes e dos
descrentes de mil anos, porém, tratando apenas da ressurreição dos
crentes não existe lugar nenhum nas Escrituras mostrando que essa
ressurreição será dividida em duas prestações com intervalo de sete
anos. 'Portanto, o que Deus uniu, ninguém separe' (Mateus 19.6b).
Veremos mais alguma coisa sobre a falácia das duas ordens na
ressurreição da igreja ensinada pelos pré-tribulacionistas no
‘8º Problema Teológico: O Ensinamento sobre o arrebatamento da
Igreja em uma vinda secreta de Jesus é complicado’.

40 6º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

7º PROBLEMA TEOLÓGICO:
O teólogo pré-tribulacionista separa 'o Arrebatamento'
da 'Segunda Vinda de Jesus'

O ensino do arrebatamento da Igreja antes da vinda visível de


Jesus Cristo dá a entender que o arrebatamento se constitui
um evento isolado e separado. Esse erro teológico é sutil e prejudicial, e
é a origem de tantos problemas teológicos causados pelo sistema
dispensacionalista. Isso se tornou tão comum entre as igrejas
evangélicas, que o arrebatamento chega a ser confundido como algum
tipo de seqüestro ou desaparecimento dos crentes da Terra. Disse, por
exemplo, um certo evangelista pré-tribulacionista que o arrebatamento
é 'o repentino desaparecimento de muitos milhões de [crentes] sem
deixarem sequer um indício para onde foram'. É por causa dessa má
interpretação que se fundamentou uma vinda invisível de Jesus Cristo.
Como escreveu o pré-tribulacionista Myer Pearlman:

'Na segunda vinda aparecerá aos seus secreta e repentinamente


para trasladá-los às Bodas do Cordeiro. Essa aparição chama-se
o arrebatamento' (Conhecendo as Doutrinas da Bíblia, pág. 247).

O teólogo pré-tribulacionista Antonio Gilberto se expressou assim:

'Nessa fase da Sua vinda, a saber, no arrebatamento... o mundo


tomará conhecimento depois, quando notar a ausência, a falta e o
desaparecimento de milhões de salvos' (Escatologia Bíblica
EETAD, pág. 20).

Precisamos compreender, conforme ensinou o escritor de Hebreus,

que ‘...Cristo foi oferecido em sacrifício uma única vez, para tirar
os pecados de muitos; e aparecerá segunda vez, não para tirar o
pecado, mas para trazer salvação aos que o aguardam'
(Hebreus 10.28).

Essa palavra 'aparecerá' fala de algo visível, que será manifesto,


que é contrário de 'desaparecer'. Se ele aparecerá, então não será de
modo invisível. O escritor revela três verdades aqui, a primeira é que a
salvação dos crentes se dará nessa vinda visível, a segunda é que os
crentes aguardam essa vinda visível e a terceira é que nesta vinda

41
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

visível ele não vem tirar o pecado, isto é, ele não vem converter
ninguém, nem a nação de Israel, nem qualquer outra pessoa, ele vem
trazer a salvação para os já convertidos, 'os que o aguardam'. E, quem
são esses que o aguardam? A Igreja Cristã, composta de crentes
convertidos.
Então, observe que o escritor de Hebreus, que para alguns
estudiosos é Paulo, desconhecida uma vinda invisível. Porque era
exatamente nesse momento que ele deveria tratar das duas fases da
vinda de Jesus; mas o que encontramos? Apenas uma 'segunda vez'.
‘Paulo’ argumenta baseado na morte biológica do homem, ele diz: ‘Da
mesma forma, como o homem está destinado a morrer uma só vez...
assim também Cristo... aparecerá segunda vez’ (Hb 9.27,28). Assim
como não há fases na morte humana, também não há fases na segunda
vinda!
É nesse segundo aparecimento de Jesus que devemos localizar o
arrebatamento da Igreja, pois é essa vinda, que segundo o inspirado
escritor, os crentes aguardam, e não outra. Talvez alguém poderá
questionar: 'Mas Jesus aparecerá apenas para os que o aguardam para
a salvação, enquanto que os demais não o verão'. Não é isso que o texto
diz! O texto bíblico está dizendo que ele aparecerá e nessa ocasião ele
salvará os que lhe aguardam, enquanto que os demais serão destruídos
(veja também Hebreus 10.37-39). Sim de fato, Jesus virá ‘para ser
glorificado em seus santos’, e tal vinda trará destruição aos ‘que não
conhecem a Deus’ (2 Ts 1.7-10). Outra tradução de Hb 9.28, diz: ‘Depois
ele aparecerá pela segunda vez, não para tirar pecados, mas para
salvar as pessoas que estão esperando por ele’.
Assim, no advento de Cristo, os crentes não só serão glorificados
com corpos imortais, como também serão salvos da repentina ira do
Cordeiro, daquela sumária destruição dos ímpios, no grande e temível
dia. A concretização da salvação do crente se dará pelo livramento,
enquanto que o descrente não será poupado. Por isso se diz que Jesus
aparecerá para 'trazer salvação aos que o aguardam', como bem frisou
o profeta Joel: 'haverá livramento' (Joel 2.31,32). Paulo escrevendo
sobre isso disse: 'esperar dos céus seu Filho, a quem ressuscitou dos
mortos: Jesus, que nos livra da ira que há de vir' (1 Ts 1.10), em
Romanos, ele escreveu: ‘seremos salvos da ira de Deus!’ (Rm 5.9).
Então, o arrebatamento não se trata de um desaparecimento, mas de
um livramento da ira divina, assim como aconteceu com Noé e Ló que,
42 7º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

foram livres da destruição divina. Quando o pré-tribulacionista separa


'o arrebatamento' do 'aparecimento visível de Jesus', ele também,
confunde a ira vindoura com a grande tribulação. De fato a grande
tribulação não deixa de ser uma ira de Deus contra o mundo ímpio,
como está escrito em Apocalipse 16.1: '...[os] sete anjos...vão derramar
sobre a terra as sete taças da ira de Deus', e, que com essas 'últimas
pragas...se completa a ira de Deus' (Apocalipse 15.1). Contudo, é na
segunda vinda visível de Jesus, que se consumirá a ira de Deus, pois, a
grande tribulação atinge seu clímax no Dia do Senhor e a partir daí, o seu
Reino de paz será estabelecido. Porém, enquanto que os juízos
apocalípticos serão acontecimentos mundiais, como terremotos,
calamidades, pragas, epidemias, guerras, etc., uma forma de ira divina
impessoal, a consumação da ira de Deus virá de forma pessoal na vinda
de Jesus Cristo contra os adversários, como vaticinou o profeta Isaías:

'...mas a sua ira será contra os seus adversários. Vejam! O Senhor


vem num fogo, e os seus carros (anjos) são como um turbilhão!
Transformará em fúria a sua ira e em labaredas de fogo, a sua
repreensão. Pois com fogo e com a espada o Senhor executará
julgamento sobre todos os homens, e muitos serão os mortos pela
mão do Senhor' (Isaías 66.14-16).

Quando Cristo trouxer essa ira de forma pessoal, é que ele livrará os
santos '...como agora fomos justificados por seu sangue, muito mais
ainda, por meio dele, seremos salvos da ira de Deus! (Romanos 5.9).
Pelo fato de Paulo falar de um 'piscar de olhos' e João de 'todo
olho o verá', o pré-tribulacionista vê nesses dois termos duas vindas:
uma que ele vem no piscar de olhos, portanto ninguém verá, e noutra
que ele vem, e todos verão. Como, por exemplo, escreveu o teólogo
pré-tribulacionista Eurico Bergstén:

'A segunda vinda de Jesus acontecerá em duas etapas. Na


primeira, Ele virá antes da Grande Tribulação... num abrir e
fechar de olhos (1 Co 15.52). Este acontecimento não será
percebido pelo mundo. E retornará no término da Grande
Tribulação, em grande glória, acompanhado de sua Igreja.. Desta
vez, todo olho o verá (Ap 1.7). Lições Bíblicas, de Mestre,
3º trimestre de 1995, pág.68

Porém, não podemos confundir o arrebatamento com a vinda de

7º Problema Teológico 43
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Jesus. O arrebatamento é um dos muitos eventos que se dará na volta de


Jesus Cristo.
Quando Paulo escreveu aos coríntios sobre o 'piscar de olhos', ele
estava se referindo, não a vinda de Jesus, mas a ressurreição e a
transformação dos crentes. É evidente que na vinda de Jesus Cristo, em
relação aos crentes, acontecerá três coisas: primeiro a ressurreição dos
mortos, que já ressuscitam com corpos transformados, depois a
transformação dos vivos, aí então, ambos são arrebatados. Assim, a
ressurreição, a transformação e o arrebatamento dos santos diferem da
vinda de Jesus, mas não se separam, pois, acontecerá exatamente no
momento do advento de Cristo. Enquanto que a ressurreição e a
transformação serão no 'piscar de olhos', a vinda de Jesus 'todo olho
verá'. Precisamos aprender diferenciar as coisas, para não forçamos as
Escrituras dizer algo que não está escrito.
Temos que ser estudiosos perspicazes, e não se deixar levar por
textos citados fora do seu contexto. Se lermos todo o contexto de
1 Co 15.50-55, veremos que Paulo nem quiser diz que o arrebatamento
dos santos ao encontro do Senhor nos ares se dará no 'piscar de olhos',
mas antes do arrebatamento os crentes precisam primeiro ser
ressuscitados e transformados, então esses dois atos redentores se darão
'num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da última
trombeta...' . Já o arrebatamento poderá ser também visível aos olhos
humanos se ele for comparado a subida de Elias aos céus que foi
contemplado por Elizeu (2 Rs 2.9-12), ou a subida de Cristo ao céu que
foi contemplada pelos apóstolos (At 1.9,10), ou ainda, com a subida das
duas testemunhas de Jesus à vista de seus inimigos (Ap 11.10-12).
Todavia pela própria palavra grega “harpazõ” traduzida por
'arrebatados' que significa “retirar algo com rapidez e de forma
inesperada”, eu prefiro crê que a subida dos santos ao encontro do
Senhor poderá ser despercebida aos olhos humanos como o
arrebatamento de Enoque (Hb 11.5), já que os santos serão tomados
dessa terra na rapidez dos anjos, assim como os anjos tinham pressa de
tirar Ló de Sodoma, por causa da destruição iminente (Gn 19.15-17; Lc
17.30-32). Quando porém, dizemos 'despercebido aos olhos humanos',
estamos nos referindo a subida dos santos, e não a descida de Cristo!
Portanto, ainda que o arrebatamento fosse invisível aos olhos
humanos, contudo difere da vinda de Jesus que será visível aos olhos
humanos, mas não se isolaram.
44 7º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Devemos notar que, segundo Paulo, os crentes serão arrebatados


para o encontro com o Senhor 'nos ares'. Uma vez que Ele diz que o
'próprio Senhor descerá dos céus' , certamente com a sua comitiva
angelical, ao se encontrar com ele os crentes, não voltarão dali para os
céus, pelo contrário os santos o acompanharão na sua vinda à terra.
Um comentário na Bíblia de Estudo Plenitude diz:

'A linguagem [que] Paulo [usou para descrever] a vinda de Jesus


[em 1 Ts 4.16,17 era bastante comum] à chegada (“vinda”)
esplendorosa, alegre e antecipada de um visitante real. No dia
indicado, os cidadãos sairiam da cidade para encontrar o
visitante real que vinha com amplo cortejo. Gritos de aclamação
e boas-vindas surgiriam à medida que ele passasse, e aqueles que
rodeassem a estrada, então, se uniriam ao monarca que iria a um
lugar determinado. Ali seriam feitos reconhecimentos e
premiações especiais (1 Ts 2.19)... Assim há de ser quando os
vivos e mortos forem para cima, para encontrar o Rei, que vem do
Céu' (Bíblia de Estudo Plenitude, pág.1255).

A palavra grega 'apantêsis', que as nossas Bíblias traduzem por


'encontro' com o Senhor nos ares, é encontrada em outras duas
passagens bíblica, em Mateus 25.6-10, onde as virgens prudentes
saíram ao encontro do noivo, e unidas a sua comitiva continuam indo a
casa onde o noivo celebrará as bodas, ele não vem num disco voador, em
que se abrem as portas e as virgens entram, mas vem caminhando a pé à
um determinado lugar, que pela lógica é a casa onde as virgens estavam.
E, também encontramos essa mesma palavra grega em Atos
28.14,15, que relata que os irmãos de Roma saem ao encontro de Paulo
que vem para Roma. 'Este encontro animou bastante a Paulo, e ele,
juntamente com o grupo das boas-vindas, continuou até Roma' (Opções
Contemporâneas na Escatologia, pág. 127). Similarmente, não será
Cristo que sairá ao encontro dos santos que estão subindo para os céus,
mas são os santos que vão ao encontro do Senhor que vem descendo dos
céus para terra, e tal encontro se dará nos ares! E, dali eles descem com
Cristo, e todo olho verá! Contudo o Dr. Antonio Gilberto escreveu: 'Não
será outro que virá ao nosso encontro nas nuvens, mas o Senhor
mesmo descerá' (Escatologia Bíblica EETAD, pág. 20 o grifo é meu).
Mas, o apóstolo Paulo, que escreveu por inspiração divina, não diz
que Cristo virá ao nosso encontro, mas nós é que seremos
'arrebatados... para o encontro com o Senhor nos ares' (1 Ts 4.17).
7º Problema Teológico 45
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Nós é que vamos ao encontro do Senhor, que vem descendo em triunfo e


em glória!
Os pré-tribulacionistas também querem diferenciar a vinda de
Jesus nas nuvens com a vinda dele à terra, como escreveu Elienai
Cabral ‘
Referente ao arrebatamento, Cristo virá até ou sobre as nuvens
(1 Ts 4.17). será de modo invisível para a Terra, porque virá para
os Seus santos nos ares' (Lições Bíblicas, de Aluno, 3º trimestre de
1998, pág.34 o grifo é meu).

Porém, para o apóstolo João não existe uma vinda até as nuvens e
outra vinda até a terra, pois para ele é uma única vinda, ele vem do céu e
logicamente passa pelas nuvens, porém é contemplado por todos os
povos da terra. Assim ele escreveu:
'Eis que ele vem com as nuvens, e todo olho o verá... e todos os
povos da terra se lamentarão por causa dele. Assim será! Amém
(Apocalipse 1.7 o grifo é meu).

Assim será! Será que o pré-tribulacionista pode dizer: “Amém!”?.


Essa é a única vinda descrita em todo o livro do Apocalipse! Isso,
também, mostra que vir com as nuvens não significa uma vinda
invisível (veja também Marcos 14.62; Lucas 21.27).
Muitos cristãos não sabem como 'todos os povos da terra' isto é,
todo olho verá a Jesus na Sua vinda (Ap 1.7; Mt 24.30). Alguns acham
que a vinda de Jesus será transmitida em rede de televisão, assim como a
Copa do mundo. Porém, isso é conversa 'pra boi dormir'. Pois Pedro diz
que no 'dia do Senhor ... Os céus desaparecerão com um grande
estrondo, os elementos serão desfeitos pelo calor'. Esses 'elementos'
incluem os 'satélites' e sem satélites não dá para transmitir nenhuma
imagem televisiva e nem conectar-se na internet. Pedro continua
dizendo que 'a terra, e tudo o que nela há, será queimada', isso inclui
toda fiação do sistema de energia elétrica e sem energia elétrica não dá
para ligar o aparelho de televisão e nem o computador (2 Pe 3.10-12). E
também é impossível imaginar todas as equipes de repórteres e
cinegrafistas de pé diante de tamanha destruição para cobrir o evento
(lsaías 13.6-13).
Então, como 'todo olho o verá?'. Isso significa que o evento da
segunda vinda de Jesus não será invisível, escondida em uma nuvem!

46 7º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Pelo fato de Jesus vir corporalmente e pessoalmente, geograficamente


ele deverá está localizado em algum ponto. Zacarias aponta o monte das
oliveiras onde Jesus se concentrará - o local de onde ele também subiu
aos céus (Zacarias 14.4; Atos 1.9-12).
Há seis coisas que tornará a vinda de Jesus visível para todos os
moradores da terra: em primeiro lugar, os sinais da Aparição de Cristo,
serão contemplados por todos, em uma parte o sol escurecerá, em outra
parte é a lua que se tornará em sangue (Mt 24.29,30); em segundo lugar,
é o próprio esplendor da glória de Cristo, diz que ele virá 'em sua glória
e na glória do Pai e dos santos anjos' (Lc 9.26). Ora, se o esplendor do
sol clareia quase toda terra em um determinado ponto, quanto mais a
tríplice glória de Cristo (Ml 4.2). Em terceiro lugar, 'a natureza da vinda
de Jesus, a esse respeito Jesus disse: 'assim como o relâmpago saí do
Oriente e se mostra no Ocidente, assim será a vinda do Filho do homem'
(Mateus 24.27). Isso quer dizer que a Sua vinda será abrangente de um
extremo ao outro. Pode-se vagamente comparar com um avião que é
visto e ouvido por vários países até que chegue ao seu destino. Em
quarto lugar, o cortejo angelical de Cristo, que Judas chama de
'milhares de milhares de seus santos' serão visto voando sobre os quatro
ventos da terra (Jd 14; Mt 24.31).
Em quinto lugar, a repentina destruição, que Cristo trará em sua
vinda contra os homens ímpios, atingirá todo o globo terrestre (2 Pe
3.10; Ap 6.12-17). Em sexto lugar, se 'num abrir e fechar de olhos' se
refere apenas a ressurreição e a transformação dos crentes e não o
arrebatamento, como dá entender o texto de 1 Coríntios 15.51,52, então
a subida dos crentes ao encontro do Senhor nos ares poderá ser
contemplada pelo mundo inteiro, uma vez que os escolhidos serão
reunidos 'dos confins da terra até os confins do céu' (Mc 13.27; ver Ap
11.12; 2 Rs 2.9-13). Por tudo isso, pode-se dizer, com toda propriedade,
que a vinda de Jesus Cristo será vista por toda a terra!
Isso tudo sem falar da Onipresença de Cristo, que por esse atributo
divino, Jesus Cristo pode está em todo lugar ao mesmo tempo, tanto
pode ser visto no céu do Brasil como no céu do Japão ao mesmo tempo.
Para os pré-tribulacionistas a doutrina bíblica da segunda
vinda de Jesus é conflitante e desarmoniosa se se constituir de
apenas um evento. O renomado pré-tribulacionista Antonio Gilberto
escreveu:

7º Problema Teológico 47
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

'A Segunda Vinda de Cristo é mencionada 318 vezes no Novo


Testamento, mas um exame descuidado de muitos trechos pode
levar a conceitos conflitantes. Por exemplo, um trecho nos diz que
Cristo virá 'nos ares' (1 Ts 4.17), enquanto outro diz que Ele virá à
Terra. Um trecho diz que virá em secreto, '...como ladrão...'; outro
diz que '...todo olho o verá...'. Um trecho ensina que sua vinda será
um tempo de regozijo, enquanto outro diz que os povos da Terra se
lamentarão' (Escatologia Bíblica EETAD, pág.19).

Desculpe doutor e consultor teológico, Antonio Gilberto, mas esse


seu argumento para provar que 'a vinda de Jesus ...[será] em duas fases
distintas' é fraco. Ele não suporta um exame cuidadoso e sério!
A segunda vinda de Jesus é mencionada 318 vezes no Novo Testamento,
mas nenhuma vez diz que essa vinda será invisível ou se dará em duas
fases distintas! Isso já é suspeito!
Não existe nenhum texto entre essas 318 menções dizendo que
Jesus virá nos ares ou até aos ares, ou em outra expressão
pré-tribulacionista: 'Jesus virá até às nuvens' (pág. 21 do livro supra
citado); o texto de 1 Ts 4.17, diz que '...seremos arrebatados...nas
nuvens, para o encontro do Senhor nos ares...' isso não é conflitante
com a sua vinda à terra, uma vez que Paulo diz que '...o próprio Senhor
descerá dos céus', se ele vem descendo do céu, logicamente que ele
passa pelos ares onde se dará o encontro da Igreja com o Senhor, mas o
seu itinerário continua.
Os pré-tribulacionistas não podem debochar disso - de que a Igreja
será arrebatada nessa ocasião da vinda de Jesus - pois eles são obrigados
a acreditar que uma multidão incontável de crentes convertidos na
grande tribulação é nessa ocasião 'arrebatados' ao encontro do Senhor
que desce visivelmente. Porém isso dá mais crédito ao
pós-tribulacionismo! Que por sua vez negam terminantemente algum
suposto arrebatamento antes desta vinda de Jesus Cristo. Porque se a
vinda de Jesus será em duas fases, o arrebatamento também será em
duas fases. Pois o que acontecerá com os crentes salvos oriundos da
grande tribulação? Mas não devia ser assim, já que os
pré-tribulacionistas dizem que a primeira fase é o arrebatamento. E
como então outro arrebatamento ocorrerá na segunda fase?
Não existe nenhum texto entre essas 318 citações que diz que Jesus
'virá em secreto', alguns versículos diz que Jesus virá '...numa hora em
que vocês menos esperam...' (Mt 24.44), '...inesperadamente...’

48 7º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

(Lc 21.34),‘...de repente...' (Mc 13.36), mas nunca diz que 'virá em
secreto'. Vir '...como ladrão...', não é vir em secreto, significa vir no
tempo que ninguém sabe. Jesus disse:

'Quanto ao dia e à hora ninguém sabe... Fiquem atentos! Vigiem!


Vocês não sabem quando virá esse tempo' (Marcos 13.32,33).
'Mas se você não estiver atento, virei como um ladrão e você não
saberá a que hora virei contra você' (Apocalipse 3.3b).

Vir como ladrão tem haver em pegar as pessoas desprevenidas,


despreparadas e surpreende-las (Mt 24.42-44; 1 Ts 5.4). Vir como
ladrão não é uma vinda em secreto ou escondida, pois trará destruição e
vergonha aos despreparados (1 Ts 5.1-3; 2 Pe 3.10; Ap 16.15). Portanto,
vir como ladrão não está em conflito com 'todo olho o verá' de Ap 1.7.
Pelo contrário, os desprevenidos o verão e se lamentarão (Mt 24.30,31).
Na 'vinda [que] será um tempo de regozijo', não está em conflito
com a vinda em 'que os povos da Terra se lamentarão'. Sim o crente que
está preparado se regozijará 'com alegria indizível e gloriosa' 'perante o
Senhor Jesus na sua vinda' (1 Pe 1.7,8; 4.13; 1 Ts 2.19,20), enquanto
que o mundo totalmente despreparado se lamentará amargamente, sim,
'todos os povos da terra se lamentarão por causa dele' (Ap 1.7b;
Mt 24.30). Não é por menos, pois assim profetizou Malaquias:

vereis '...a diferença entre o justo e o ímpio, entre os que servem a


Deus e os que não o servem. Pois certamente vem o dia, ardente
como uma fornalha. Todos os arrogantes e todos os malfeitores
serão como palha e aquele dia, que está chegando, ateará fogo
neles, diz o Senhor dos Exércitos. Não sobrará raiz ou galho
algum. Mas para vocês que [temem] o meu nome, o sol da justiça
se levantará trazendo [salvação] em suas asas. E vocês sairão e
saltarão como bezerros soltos do curral' (Malaquias 3.18-4.2 o
grifo é meu).

Quer dizer, enquanto que para os descrentes esse dia 'ateará


fogo neles', para os crentes, Jesus 'virá...como as chuvas de inverno,
como as chuvas de primavera que regam a terra' (Oséias 6.3). De fato
'quando o Filho do homem vier em sua glória, com todos os anjos...
[Ele] dirá [aos justos]: Venham, benditos de meu Pai! Recebam como
herança o Reino que lhes foi preparado desde a criação do mundo',
enquanto que aos ímpios ele dirá: 'Malditos, apartem-se de mim para o

7º Problema Teológico 49
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

fogo eterno, preparado para o Diabo e os seus anjos' (Mateus


25.31,34,41). Isso será motivo de alegria para os justos, mas para o
ímpio motivo de muito lamento!
Portanto, as 318 vezes em que se menciona a vinda de Jesus no
Novo Testamento, os textos não são em hipótese alguma conflitantes,
pelo contrário, eles são harmoniosos e se complementam. A maneira
como os pré-tribulacionistas procuram interpretar a vinda de Jesus é que
está em assaz conflito e desarmonia.
Em que época alguns cristãos passaram a crê na separação do
'arrebatamento' da 'vinda visível de Jesus'? Como já foi dito, a partir
do século XIX. Em uma conferência profética realizada na Inglaterra
pelo evangelista Edward Irving, houve uma profecia que dizia que a
vinda de Cristo será secreta para arrebatar a Igreja. O conhecido
evangelista John Nelson Darby acreditou na profecia e desenvolveu a
doutrina. Esta doutrina se proliferou no meio da cristandade por
intermédio da larga influência da Bíblia de Referência de Scofield,
publicada em 1909.
E, assim o dispensacionalismo pré-tribulacionismo se tornou, hoje
em dia, o sistema mais adotado entre os cristãos evangélicos. Porém, aí
está!!! A doutrina da suposta vinda invisível de Cristo tem sua origem
em uma mera profecia, e não nas Escrituras.
O Dr. George Eldon Ladd, citado no livro “Os Últimos Dias
Segundo Jesus”, de R.C. Sproul, diz o seguinte:

“A idéia de um arrebatamento antes da tribulação não foi


identificada nas Escrituras pelos antigos pais da igreja. Eles eram
futuristas e pré-milenistas, mas não pré-tribulacionistas. Isso por
si só indica que o pré-tribulacionismo e o pré-milenismo não são
idênticos e que a Bendita Esperança não é a esperança do
arrebatamento antes da tribulação. O pré-tribulacionismo era um
ensino desconhecido até o surgimento dos Irmãos de Plymouth
[em 1825 mais ou menos] entre os quais se originou essa
doutrina” (pág. 164) - o grifo é meu.

Esse ensinamento é uma doutrina moderna! E eu lamento que o


Dr. Antonio Gilberto tenha dito: 'um exame descuidado de muitos trechos
pode levar a conceitos conflitantes', isso significa que a escatologia bíblica
contida na Palavra de Deus é dependente da interpretação dos
pré-tribulacionistas, sem eles os apóstolos ensinaram uma doutrina

50 7º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

conflitante! É interessante que de todas as doutrinas reafirmadas pela


Reforma protestantes todas tem seus precedentes nos pais da Igreja, mas
a doutrina inventada por Darby, não tem nenhum precedente histórico!
Algo totalmente inovador e conflitante com a doutrina que se cria desde
as épocas primordiais.
Citando outra fonte diz:

'O conceito de o arrebatamento ocorrer depois da tribulação


prevalecia até o início do século 19. Daí, na Inglaterra, surgiu um
movimento encabeçado por um ex-clérigo da Igreja da Irlanda,
John Nelson Darby. Ele e outros anglicanos que pensava da
mesma maneira ficaram conhecidos como os Irmãos [de
Plymouth]. De sua base em Plymouth, Darby viajava para pregar
na Suíça e em outras partes da Europa. Ele afirmava que a volta
de Jesus ocorreria em duas etapas. Começaria com um
arrebatamento secreto, em que os “santos” seriam arrebatados
antes de um período de sete anos de tribulação devastar a Terra.
Daí, Cristo apareceria visivelmente, acompanhado por esses
“santos”, e juntos governariam a Terra por mil anos'.

É interessante que esse conceito da vinda invisível de Jesus tornou-


se uma epidemia nesta época, porque não só os seguidores de Darby e
Scofield acreditavam em tal coisa, mas também, os adventistas do
sétimo dia e as testemunhas de Jeová, passaram a pregar, nessa mesma
época, que a segunda vinda de Jesus ocorreria de forma invisível, ainda
que esses dois últimos grupos foram decepcionados, porque foram
infelizes em marca a data desta vinda invisível, já os seguidores de
Darby até hoje aguardam essa vinda invisível.
Talvez alguém poderá indagar: 'É impossível que tanta gente esteja
equivocada quanto ao arrebatamento da Igreja em uma vinda invisível
de Jesus?' Aí, eu replico: mas será que a multidão de crentes que
viveram antes dessa grande descoberta do século 19, estava enganada
quanto ao arrebatamento da Igreja na vinda visível de Jesus?
Louvo a Deus, porque mesmo com tanta influência dos
pré-tribulacionistas, muitas igrejas históricas ainda continuam crendo
no arrebatamento da Igreja na vinda visível de Jesus Cristo, e mesmo no
arraial dos pré-tribulacionistas existem muitas cristãos, pastores e até
mesmo teológos que defendem uma posição diferente e outros são
neutras quanto ao assunto, e algumas denominações já mudaram seu
credo de pré-tribulacionista para pós-tribulacionista.
7º Problema Teológico 51
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Portanto, se você optar por crê no arrebatamento na vinda visível de


Jesus Cristo que se dará depois da grande tribulação, saiba que não
estará só nesta profissão de fé. A este rol acrescento:

'Justino Mártir (100-165 d.C) um dos pais mais antigos [da


Igreja], que era claramente pré-milenista (que dizer, acreditava
na vinda de Jesus antes do Milênio), previa os crentes sofrendo
grande perseguição e tormentos antes da vinda do Senhor. Sua
referência ao Anticristo, embora breve, basta para indicar que
Justino acreditava que aqueles sobre os quais este maligno
exerceria sua crueldade incluiria a Igreja'.
'Irineu (130-200 d.C). Seus escritos revelam que era um pré-
milenista rematado, mas que não acreditava num arrebatamento
antes da tribulação. Pelo contrario, via Cristo chegando ao fim da
tribulação para destruir o Anticristo e livrar Sua Igreja'
'Tertuliano (160-230 d.C) era um pré-milenista declarado, e
claramente antecipava o estabelecimento de um reino de Cristo
s o b re a t e r r a . . . n ã o p o d e s e r c o n s i d e r a d o u m p r é -
tribulacionista...a esperança e as orações de Tertuliano não eram
no sentido de o Senhor vir remove-lo da tribulação, mas para ele
ficar em pé diante do Filho do homem depois de uma série de
sinais cósmicos terem aparecido e “todas estas coisas terem
acontecido”.

(Só lembrando aos nossos leitores que Tertuliano foi o primeiro


a usar o termo 'trindade', e hoje é uma das doutrinas básicas da fé cristã.
Portanto, os que crêem na vinda de Jesus depois da grande tribulação
tem ao seu lado um grande apologista da fé cristã)
'Lactâncio (250-320 d.C)...descreveu vividamente as condições
horríveis que prevaleciam nos últimos tempos. A tribulação seria
tão severa que destruiria nove décimos da raça humana. A Igreja,
bem como o mundo, sofreria estes males dos tempos do fim. O
Anticristo viria perseguir os justos durante os últimos 3 ½ anos.
Um sinal especial anunciaria a vinda de Cristo...Todas essas
declarações indicam que Lactâncio era um pós-tribulacionista'.
'Hipólio (236 d.C), bispo de Roma na primeira parte do século III,
escreveu um tratado sobre o Anticristo. Interpretou Apocalipse 12
como sendo ensinamento de que o adversário perseguiria a
Igreja. Certamente identificou os santos em Apocalipse 12 como
sendo a Igreja. Jesus Cristo viria do céu somente depois da
abominação da desolação ter sido estabelecida, e depois de
ocorrerem todos os eventos acompanhantes’

52 7º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

E os reformadores do século XVI eram pré-tribulacionistas ou


pós-tribulacionistas?
'Alguns segmentos da Reforma foram pré-milenista na sua
orientação, e todos eram da variedade pós-tribulacionista.
Algumas destas 'seitas' passaram por verdadeira oposição e até
perseguição... de modo que não é surpreendente que estas seitas
(como eram taxados) previssem que a Igreja permaneceria na
terra durante a grande tribulação... Nos séculos XVIII e XIX, um
grande número de estudiosos bíblicos importantes na
Grã-Bretanha e nos Estados Unidos era pré-milenistas, entre eles
Isaac Newton, Charles Wesley (irmão de João Wesley), Augustus
Topladay, Richard C. Trench, Edward Bichersth, Horatius Bonar,
H.G. Ginness, C.J. Ellicott, Henry Alford, Joseph A. Seiss e H. J.
Raven. Com exceção dos Irmãos de Plymouth, que eram
dispensacionalistas, quase todos eram pós-tribulacionistas.
Mesmos entres os Irmãos [de Plymouth] havia diversidade, sendo
que Tregelles e Benjamin W. Newton defendiam uma forma de
pós-tribulacionismo'.

Este testemunho histórico em favor do pós-tribulacionismo foi


extraído do livro 'Opções Contemporâneas na Escatologia, págs. 107,
121-123', do Ph.D. Dr. Millard J. Erickson, que conforme suas palavras
na conclusão deste livro não deixa de entrar no rol dos que crê na
segunda vinda de Jesus de uma só vez, ele conclui:

'Procurei lidar com as várias opções...Mesmo assim, não deixo de


ter convicções especificas quanto a estas questões. De modo
geral, o pré-milenismo pós-tribulacionista parece-me a posição
mais adequada. Os argumentos exegéticos em prol de uma vinda
pré-milenista, especialmente que se baseiam em Apocalipse 20,
me parecem persuasivos. Ao mesmo tempo, o testemunho bíblico
parece claramente favorecer a interpretação de que a Igreja
estará na terra durante a tribulação, mas que será sustentada pela
graciosa proteção e providência de Deus' (pág. 147)

Cito também os teólogos e membros que compõem a mesa diretiva


da revista SOCEP - Sociedade Cristã Evangélica de Publicações Ltda -
eles escreveram:
'Um dos sinais que antecederão a vinda de Jesus, é a grande
tribulação que a Igreja passará, sendo perseguida, caluniada,
traída e hostilizada... Assim, a vinda de Cristo assume um papel de
libertação da opressão sofrida pela Igreja' (Socep Revista
Educação Cristã Vol. XV, pág. 41) - O grifo é meu.

7º Problema Teológico 53
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Cito ainda um extenso testemunho dos eruditos de várias


nacionalidades diferentes da Junta Editorial Cristã, escrito no bem
conceituado Novo Dicionário da Bíblia, considerado como um dos
melhores dicionários bíblicos, cujo 'alvo dos editores e contribuidores
igualmente foi de produzir um volume, escrito num espírito de lealdade
às Santas Escrituras'. O texto sobre o verbete 'Escatologia' diz o
seguinte:

'O aparecimento do anticristo e a perseguição que será iniciada


contra os santos será tão somente o ataque final de Satanás
contra o povo de Deus. Esse tempo de tribulação testemunhará
também os inícios do juízo divino contra Satanás e seus
seguidores...Antes da inauguração desses juízos, Deus selará Seu
povo (Ap 7.1-8), que será protegida da ira de Deus (Ap
9.4)...embora sofram o martírio (Ap 7.9-17)... é melhor
interpretar essa visão (dos 144 mil selados) como uma profecia da
preservação espiritual da Igreja, o verdadeiro Israel (Ap 2.9). O
Dia do Senhor porá ponto final ao breve governo do anticristo (2
Ts 2.8). A volta de Cristo, que pode ser apropriadamente chama
de Sua 'segunda vinda' (Hb 9.28), é representada por diversos
vocábulos importantes. Parousia significa 'presença' ou
'chegada' (1 Co 16.17; 2 Co 7.7). O mesmo Jesus que subiu ao céu
visitará novamente a terra fazendo-se pessoalmente presente (At
1.11) no fim desta dispensação (Mt 24.3), em poder e grande
glória (Mt 24.27), para destruir o anticristo e a maldade (2 Ts 2.8),
para ressuscitar os mortos justos (1 Co 15.23), e para reunir os
redimidos (Mt 24.31; 2 Ts 2.1; cf. também Mt 24.37,39; 1 Ts 2.19;
3.13; 4.15; 5.23; Tg 5.7,8; 2 Pe 1.16; 1 Jo 2.28). sua volta será
também apokalypsis, um 'desvendamento' ou 'descoberta',
quando o poder e a glória que agora já lhe pertencem por virtude
de Sua exaltação e presença celestial (Fp 2.9; Ef 1.20-23; Hb 1.3;
2.9) serão desvendados perante o mundo (1 Pe 4.13). Cristo está
atualmente reinando... porém, Seu reino é invisível para este
mundo. Não obstante será tornado visível pelo Seu apokalypsi
(1 Co 1.7; 2 Ts 1.7; 1 Pe 1.7,13) ... A terceira palavra, epiphaneia,
'aparecimento' designa a visibilidade de Seu retorno (2 Ts 2.6;
1 Tm 6.14; 2 Tm 4.1,8; Tt 2.13) - Novo Dicionário da Bíblia, Vol. I,
págs. 511,512 o grifo é meu)

Então, veja que esses eruditos que escreveram o Novo Dicionário


da Bíblia são todos pós-tribulacionistas, e não acreditam em uma vinda
invisível de Jesus para arrebatar a Igreja antes da grande tribulação,
senão tinham escritos sobre isso nessa monumental obra, lida e
54 7º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

apreciada por vários cristãos de denominações diferentes.


Incluo ainda neste rol os vários teólogos da Bíblia de Estudo de
Genebra, a maioria de formação Ph.D, eles escreveram:

'A idéia de que os cristãos serão levados deste mundo por um


período após o qual Cristo aparecerá ainda uma terceira vez para
a “segunda vinda” tem sido amplamente defendida, mas falta-lhe
fundamento bíblico' (Bíblia de Estudo de Genebra, pág. 1434 o
grifo é meu).

E, além do mais, para ser bem abusado, todo pré-tribulacionista


forçosamente é uma forma de pós-tribulacionista, pois ele crê que a
segunda vinda de Jesus Cristo será depois da grande tribulação, de
forma física, visível e pessoal, nessa ocasião ele ressuscitará,
transformará e arrebatará os crentes salvos que passaram pela grande
tribulação. Todavia, isso anula uma necessidade de uma vinda secreta!
E pior ainda, considera o arrebatamento secreto da igreja como um
arrebatamento parcial, formado por uma elite de crentes de primeira
categoria!
O admirável pentecostal Wayne Grudem em seu livro de Teologia
Sistemática se inclui entre os pós-tribulacionistas. Algumas de suas
palavras ali registradas dizem:

'O Novo Testamento não afirma claramente em lugar algum que a


igreja será tirada do mundo antes da tribulação. Esperaríamos
encontrar pelo menos um ensino explícito a respeito disso no Novo
Testamento, se um fato importante como esse fosse ocorrer. Com
certeza Jesus nos diz que voltará e nos levará para estar com ele
(Jo 14.3), e Paulo nos diz que seremos elevados nas nuvens para
nos encontrar com o Senhor nos ares (lTs 4.17), e que seremos
transformados num piscar de olhos e receberemos um corpo
ressurreto (1 Co 15.51-52), mas cada uma dessas passagens tem
sido compreendida pelos crentes ao longo da história como
referências não a um arrebatamento secreto da igreja antes da
tribulação, mas a um arrebatamento público... Além disso, é muito
difícil compreender 1 Tessalonicenses 4.17, a única passagem que
fala explicitamente do fato de que a igreja será "arrebatada", como
se tratasse da idéia de uma vinda secreta... A doutrina de um
arrebatamento pré-tribulacional é uma inferência de algumas
passagens, todas discutíveis. Também, mesmo crendo que essa
doutrina está nas Escrituras, ela é ensinada de maneira tão
velada, que só foi descoberta no século XIX.... A tribulação, em

7º Problema Teológico 55
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

algumas passagens, está ligada de maneira bem clara com a volta


de Cristo. Primeiro, o soar da trombeta para reunir os eleitos em
Mateus 24.31, o som da trombeta de Deus em 1 Tessalonicenses
4.16 e a última trombeta com que nosso corpo será transformado
em l Coríntios 15.51-52, parecem, todas, a mesma trombeta - a
última trombeta tocada logo antes do milênio. Se for de fato a
"última trombeta"(1 Co 15.52), então é difícil entender como outro
soar de trombeta (Mt 24.31) poderia seguir-se a ela sete anos mais
tarde. Por fim, o Novo Testamento não parece justificar a idéia de
duas voltas distintas de Cristo (uma vez para sua igreja antes da
tribulação e depois, sete anos mais tarde, com a Igreja para julgar
os incrédulos). Mais uma vez, tal posição não é ensinada de
maneira explicita em nenhuma passagem, sendo uma simples
inferência baseada [em alguns textos]... que descrevem a volta de
Cristo a partir de perspectivas distintas... Não há dificuldade
alguma para entender essas passagens como referências a um
acontecimento único que ocorre de uma só vez. Parece melhor
concluir, com a grande maioria da igreja ao longo da história,
que a Igreja passará pelo período de tribulação predito por Jesus.
Provavelmente não escolheríamos esse caminho para nós, mas a
decisão não foi nossa. E se Deus deseja que algum de nós que hoje
vivemos permaneça na terra até o tempo dessa grande tribulação,
devemos dar ouvidos às palavras de Pedro: "Se, pelo nome de
Cristo, sois vituperados, bem-aventurados sois, porque sobre vós
repousa o Espírito da glória e de Deus”' (o grifo é meu)

Quer dizer, enquanto que todos os santos desde a época apostólica,


crêem e esperam a vinda visível de Jesus, onde se dará o arrebatamento
da Igreja, não incorrem em nenhuma contradição com qualquer outro
texto bíblico.
Em contrapartida, os que crêem em duas vindas de Jesus, uma
invisível e outra visível, não só contradizem vários textos bíblicos a fim
de manter uma doutrina surgida no século 19 por Nelson Darby,
totalmente desconhecida pelos apóstolos, como também se gloriam em
ter a interpretação mais coerente com as Escrituras. Todavia, eu desafio
os pré-tribulacionistas a citar qualquer testemunho, devidamente
documentado, antes de Darby, em 1827, que acreditava em uma vinda
secreta de Jesus.
Se você achou que quem crê que a igreja será arrebatada depois da
grande tribulação fosse um bando de heréticos ou uns poucos grupinhos
dentro das denominações evangélicas está enganado! É claro que a

56 7º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

maioria das igrejas pentecostais que surgiram depois de 1827 adotaram


em seu credo essa doutrina.
Mas a grande verdade é que só quem a entende são os seus teólogos,
a maioria dos membros dessas igrejas ficam em assaz conflito e não
compreendem essa doutrina, mas por ser mais agradável, muitos
preferem continuar acreditando nela. Infelizmente por causa dessa
doutrina têm surgido algumas superstições que depõem friamente
contra esse ensinamento equivocado:

Tais como: “As Escrituras perderá a inspiração e as letras


desaparecerão quando a igreja sumir”. Esquecem que a Palavra
de Deus é eterna e não passa! (Mateus 24.35; I Pedro 1.25);
Outra heresia é: “O Espírito Santo não estará mais na terra, pois
subirá com a Igreja”. Torcem o texto de II Tessalonicenses 2.6,7;
Ainda outra heresia é: “a salvação será pelo próprio sangue”. O
maior absurdo! Depois do sacrifício de Jesus não existe outro
meio ou mérito para a salvação (Hebreus 2.3; 10.26-29);
É interessante notar que apesar de afirmarem que a Igreja
desaparecerá, as Escrituras se apagará e o Espírito subirá,
mesmo assim, haverá conversões em massas. Quantas heresias!!
( e x t r a í d o d a a p o s t i l a ' M i n h a s 9 5 Te s e s ' c o n t r a o
pré-tribulacionismo, Edinaldo Nogueira)

A grande vantagem dos pré-tribulacionistas em manterem sua


doutrina de pé é porque eles foram sutis demais quando inventarem esse
negócio das duas fases. Assim eles conseguem driblar qualquer um.
Eles dizem: 'A vinda de Jesus é em duas fases!' Aí você pergunta: 'mas a
ressurreição do Milênio não é chamada de primeira ressurreição'. Aí
eles respondem: 'Essa ressurreição também é em duas fases'. Aí você
pergunta: 'Mas os santos, não diz claramente o Apocalipse, que serão
perseguidos pela besta'. Aí eles respondem: 'Há dois grupos de santos:
os que sobem e os que ficam'.
Ah desse jeito dá até para inventar quatro vindas de Jesus Cristo!
Basta dividir a segunda vinda de Jesus em quatro fases! Vejamos: a
primeira fase ele vem antes da grande tribulação, a segunda fase no
meio da grande tribulação, a terceira fase depois da grande tribulação e a
quarta fase depois do Milênio. Pronto! Viu como é fácil.
Outra maneira sutil e tendenciosa de manter essa escatologia fajuta
é fazer dos judeus o bode expiatório assim como os católicos e os
nazistas fizeram. Digamos que esteja lendo o Apocalipse com um

7º Problema Teológico 57
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

pré-tribulacionista. Aí vocês chegam em Ap 13.7 e você pergunta:


'quem são esses santos que a besta persegue?' Aí ele responde: 'são os
judeus!'. Aí vocês lêem Ap 19.8 e você pergunta: 'quem são esses santos
vestidos de linho fino?'. Aí eles respondem: 'é a igreja'. Aí novamente:
'quem são esses decapitados em Ap 20.4?' 'São os judeus!' e 'quem são
esses que reinam com Cristo em Ap 20.6? 'é a igreja'. Ah! Assim
também é muito fácil! Quer dizer que quando o negócio aperta, cai na
cabeça dos judeus, quando é benção aí é a igreja!
Essa interpretação é arbitrária! Como se a Palavra de Deus fosse
maleável ao gosto do intérprete. Como bem frisou Millard Erickson: 'O
dispensacionalismo parece ter perdido o controle da exegese' (Opções
Contemporâneas na Escatologia, pág. 103).

58 7º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

8º PROBLEMA TEOLÓGICO:
O Ensinamento sobre o arrebatamento da Igreja em uma
vinda secreta de Jesus é complicado

O cristão mediano e leigo que desconhece totalmente a doutrina


pré-tribulacionista, não chega a conhecer essa doutrina
simplesmente pelo seu estudo comum das Escrituras. Para chegar a crê
nessas coisas ele deverá estudar o assunto nos livros de teologia de
posição pré-tribulacionista ou lê-lo em livros de ficção 'evangélica', ou
ouvir de outros adeptos, ou então recebe-lo através de alguns hinos,
filmes e 'revelações cinematográficas' que divulgam essas crenças.
Mesmo os que adotam essas doutrinas, não conseguem resolver todas as
questões envolvidas. O próprio teólogo pré-tribulacionista para chegar
as suas conclusões escatológicas, têm que montar sistematicamente sua
doutrina tomando um texto isolado aqui e outro ali, muitas vezes
solapando regras hermenêuticas, omitindo textos contraditórios,
apoiando-se em muita 'achologia'.
Por exemplo, por que os escritores bíblicos nada ensinaram sobre
'as duas fases' da segunda vinda de Jesus Cristo nas suas 2.000
ocorrências na Bíblia? A bem da verdade, se Jesus Cristo já veio a
primeira vez ao morrer por nós, e depois virá outra vez secretamente
para buscar os crentes, e então virá mais uma vez para Israel, isso se
constituirá uma terceira vinda de Jesus Cristo! Se o pré-tribulacionista
dizer isso, recorrerá em um erro teológico muito grave: a terceira vinda
de Jesus Cristo. Pois, eles não poderão provar em lugar nenhum das
Escrituras tal coisa, e assim sustentam duas fases da segunda vinda de
Jesus Cristo! Mas só isso já é contraditório. Porque Jesus Cristo não
pode vir uma segunda vez em duas fases! Por outro lado se ele vem uma
segunda vez em espírito, invisível e impessoal, isso não é a Sua segunda
vinda! Pois ele não subiu em forma de espírito, mas ele subiu em um
corpo físico glorificado, e o anjo disse que ele 'voltará da mesma forma
como o viram subir' (Atos 1.11).
Os pré-tribulacionistas caem em tanta contradição teológica que o
Dr. Antonio Gilberto, referindo-se a segunda fase da vinda de Jesus,
àquela que ele vem visivelmente, escreveu:
'Nesse momento da Sua vinda, Jesus virá corporalmente assim
como para o Céu subiu e lá se encontra como homem perfeito' e
cita Atos 1.11 como texto prova! (Escatologia Bíblica EETAD,
pág. 78 o grifo é meu).

59
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Mas na vinda para a Igreja, ele não vem corporalmente, 'assim


como para o Céu subiu'? Hei, irmão pré-tribulacionista! Acorda! Nesse
versículo de Atos 1.11, os anjos estão falando para os crentes:

'eles (os discípulos) ficaram com os olhos fixos no céu enquanto


ele (Jesus) subia. De repente surgiram diante deles dois homens
vestidos de branco, que lhes disseram: Galileus, por que vocês
estão olhando para o céu? Esse mesmo Jesus, que dentre vocês foi
elevado ao céu, voltará da mesma forma como o viram subir'

Essa é a única vinda que os crentes devem aguardar! Jesus Cristo


vem de modo pessoal, corporal e visível! Porque ele subiu assim! Não
existe outra vinda de outra forma! Uma nota de rodapé da Bíblia de
Estudo Plenitude diz sobre esse texto de Atos 1.11: 'Virá de modo como
o viste [subir]: Literalmente, Jesus retornará corporalmente'
(pág.1110).
Se o estudante de teologia for bem sincero em seus estudos, ele verá
que os crentes pré-tribulacionistas não aguardam a vinda de Jesus, mas
o desaparecimento da igreja em um evento misterioso. Conforme
escreveu o teólogo pré-tribulacionista e comentarista Elienai Cabral:
‘... haverá dois eventos distintos: o arrebatamento e a vinda pessoal de
Cristo’ (Lições Bíblicas, de Aluno, 3º trimestre de 1998, pág. 35). O que
o Dr. Elienai Cabral quer dizer é que o arrebatamento não acontecerá na
vida pessoal de Cristo, mas em uma vinda impessoal, que é o
arrebatamento. Esse arrebatamento acontecerá sete anos antes da volta
de Jesus, assim a esperança do crente é posto em um evento impessoal e
não na pessoa de Cristo, a quem Paulo disse: ‘... o próprio Senhor
descerá dos céus... (e só então) seremos arrebatados’, e não em uma
vinda impessoal e distinta da vinda pessoal (1 Ts 4.17).
As Escrituras nunca nos ensina a esperar o arrebatamento, mas a
vinda do Senhor. Lemos, por exemplo: ‘...nós os que ficarmos até a
vinda do Senhor’ (1 Ts 4.15) e não ‘até o arrebatamento’; e também:
‘nossa cidade está nos céus, de onde esperamos ansiosamente o Senhor
Jesus Cristo’ (Fl 3.20),e não o arrebatamento, muito embora seremos
transformados nessa ocasião. Em 1 Ts 1.9, diz: ‘esperar dos céus seu
Filho’, mas uma vez é Jesus que vem dos céus. Em 1 Jo 3.2,3: ‘ quando
ele se manifestar, seremos semelhantes a ele... aquele que nele tem esta
esperança purifica-se a si mesmo’ . A esperança está em ele ‘se
manifestar’, e ‘seremos semelhantes’ a Jesus, ‘quando ele se
60 8º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

manifestar’ e não em um evento impessoal e invisível.


No livro do Apocalipse a esperança da igreja não é posta em algum
evento impessoal, mas na vinda do Senhor. No início do livro (1.7), nas
cartas dirigidas às igrejas (2.3; 3.11), no decorrer do livro (16.15) e no
final do livro (22.15,20), a esperança do crente é sempre direcionada à
volta pessoal de Jesus, e não em um evento impessoal, distinto e
separado da vinda do Senhor. Que coisa mais esquisita!
O próprio Elienai Cabral, reconhece:
'Quando a Bíblia fala da vinda do Senhor Jesus, o assunto aparece
como um só evento. Mas no seu contexto doutrinário, ela tem duas
etapas distintas' (Lições Bíblicas, de Aluno, 3º trimestre de 1998,
pág.32,33).

Mas, esse contexto doutrinário só surgiu no século XIX por


intermédio de uma profecia extra Bíblia! Ora, se a Bíblia, que é
inerrante, trata do assunto como um só evento, então, não são dois
eventos. E fica subtendido pelas palavras do estimado teólogo que
ninguém encontra no texto das Escrituras tal ensinamento, mas no
contexto dos livros de doutrina. Mas não é o contexto doutrinário que
dita as doutrinas, e sim as Escrituras inspiradas de Deus que as ditam.
O ensino das Escrituras acerca da segunda vinda de Jesus é simples
e claro. Os textos são apresentados de forma direta. Porém, muitos
textos o pré-tribulacionista dá uma reinterpretação diferente.
O pré-tribulacionista não pode citar nenhum texto que diz
claramente que a Igreja será arrebatada antes da grande
tribulação, já o pós-tribulacionista cita Mateus 24.21,29-31, que dizem
com clareza:
'...haverá então grande tribulação ...imediatamente após a
tribulação daqueles dias...o Filho do homem [vem] nas
nuvens...e.... os seus anjos... reunirão os seus eleitos...'

Pelo amor de Deus, qualquer crente entende o que esses versículos


estão dizendo! Mas, aí, o pré-tribulacionista vem com sua teologia
fabuloso e diz que o capítulo 24 de Mateus não foi escrito para a Igreja,
mas para os judeus, querendo supor que esses 'eleitos' são os judeus.
Isso é um contra-senso ridículo e contraditório.
Mas, infelizmente, os nossos irmãos pré-tribulacionistas esquecem
que o versículo que diz: 'um será levado e o outro deixado' (v.40),

8º Problema Teológico 61
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Muito usado para o arrebatamento secreto, também, está nesse capítulo.


Sim, os judeus crentes fazem parte desses eleitos, como também os
gentios crentes! Eu, não nego, o fato de que Israel será salvo na vinda de
Jesus, mas o Israel que se converte pela pregação do evangelho, os
demais serão condenados! Isso vale tanto para os judeus como para os
gentios! A eleição de Israel está dentro da eleição da Igreja. Porque os
judeus foram escolhidos em Abraão no tempo e na história, mas a Igreja
foi escolhida em Cristo antes do tempo e na eternidade (Efésios 1.4-6;
Romanos 1.16; 2.9-11).
O pré-tribulacionista não pode citar nenhum versículo claro e
direto que diz que a Igreja será arrebatada antes da vinda do
Anticristo. Já o pós-tribulacionista sem nenhum a rodeio cita
2 Tessalonicense 2.1-3,8, para provar que a Igreja será arrebatada
depois da vinda do Anticristo, o texto diz:

'Irmãos, quanto à vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e à nossa


reunião com ele, rogamos a vocês que não se deixem abalar nem
alarmar tão facilmente, que por profecia, que por palavra, quer
por carta supostamente vinda de nós, como se o dia do Senhor já
tivesse chegado. Não deixem que ninguém os engane de modo
algum. Antes daquele dia virá a apostasia e, então, será revelado
o homem do pecado... a quem o Senhor Jesus... destruirá pela
manifestação de sua vinda'. o grifo é meu

Note que Paulo chamou o arrebatamento de nossa 'reunião', e Jesus


também fala sobre isso quando disse que os anjos 'reunirão' os seus
escolhidos (Mateus 24.31).
O pré-tribulacionista para manter a estrutura do seu sistema
escatológico interpola várias incursões nesta passagem paulina. Aliás,
esse pequeno texto de Paulo desmorona totalmente o
pré-tribulacionismo. Eu, por exemplo, abandonei as crenças
pré-tribulacionistas quando li esse texto de 2 Ts 2.1-3,8, pela primeira
em uma Bíblia de tradução atualizada. Porém, o pré-tribulacionista com
sua tática consegue dá outro tom as palavras de Paulo.
Por exemplo, o pré-tribulacionista Lewis afirmou que a palavra
grega 'apostasia' , que aparece em 2.3, que significa 'abandono da fé',
deve ser traduzida por 'partida', e se refere ao arrebatamento da Igreja
fora do mundo antes da tribulação. Mas, dentro deste contexto o termo
'apostasia' se referindo a um 'abandono da fé' é a melhor tradução, pois,

62 8º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

prepara o terreno para a manifestação do Anticristo (vv.7,9-12), e além


do mais os apóstolos previram que haveria uma apostasia na Igreja
(At 20.29-31; 1 Tm 4.1; 2 Tm 4.3-4; 2 Pe 3.3,16; 1 Jo 2.18,19; 4.1-3).
O pré-tribulacionista também diz que o santuário de Deus que o
Anticristo vai se assentar é o templo de Jerusalém (v.4), porém, em suas
epístolas, em nenhum lugar Paulo chama o templo de Jerusalém de
santuário de Deus, mas em vários textos, Paulo chama a Igreja de
santuário de Deus (1 Co 3.16,17; 6.19,20; 2 Co 6.16-18; Ef 2.21,22),
pelo contrário, ele disse que Deus 'não habita em santuários feitos por
mãos humanas' (Atos 17.24). E, se a apostasia vai acontecer dentro da
Igreja, então é exatamente aqui onde o Anticristo deverá sentar-se como
se fosse Deus.
De fato, com a grande apostasia a partir do quarto século em diante
o Anticristo-papal usurpou o lugar de Cristo na Igreja. João Calvino, por
exemplo, não tinha problema em ver essa alusão ao santuário como
referente à igreja. Ele escreveu:

'Esta palavra no santuário de Deus refuta completamente o erro,


ou melhor, a estupidez daqueles que sustentam que o Papa é
vigário de Cristo, fundamentados no fato de ele ter residência na
igreja, não importando o modo como ele possa conduzir-se, Paulo
põe o anticristo no próprio santuário de Deus. E não é um inimigo
de fora, mas da família da fé, e se opõe a Cristo sob o próprio nome
de Cristo' (Os Últimos Dias Segundo Jesus, de R.C. Sproul, págs.
148).

Assim escreveu Martinho Lutero:

“Na verdade, o papado não é outra coisa que o reino da Babilônia


e do verdadeiro anticristo. Pois, que é 'o homem do pecado e filho
da perdição' senão aquele que com suas doutrinas e estatutos
aumenta os pecados e a perdição das almas na Igreja, assentando-
se na Igreja como se fosse Deus? Tudo isso praticou com excesso a
tirania do Papa há muitos séculos” (Do Cativeiro Babilônico da
Igreja, Editora Martin Claret, pág. 71).

Aliás, como afirmou o Dr. R.C. Sproul:

os reformadores consideravam comumente o papado como o


anticristo, uma instituição que poderia ser incorporada em um
papa, em particular' (Os Últimos Dias Segundo Jesus pág. 149).

8º Problema Teológico 63
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

E, eu vou com eles até que apareça outro que tome o lugar do
papado! Não existe até hoje alguém que tenha causado tanto mal a Igreja
e ao Cristianismo, ao Nome de Cristo do que os papas! Aconselho você
adquirir minha apostila 'Desmascarando a Besta do Apocalipse', que eu
trato detalhadamente sobre este assunto.
Outra má compreensão que o pré-tribulacionista interpola nesse
texto é sobre aquele que detém o Anticristo, em 2.6,7. Por exemplo, o
pré-tribulacionista Elinaldo Renovato, escreveu o seguinte:

'Esse [que detém o Anticristo] sem sombra de dúvidas, é o Espírito


Santo de Deus. Enquanto Ele operar aqui na Terra, através dos
santos, nos quais habita, o homem do pecado não poderá revelar-
se...esse homem do pecado só poderá manifestar-se, como pessoa,
quando o Espírito Santo de Deus não mais atuar aqui, com a
Igreja' (Lições Bíblicas, de Aluno, 3º trimestre de 2005, pág. 93).

Então, o Anticristo não vai se manifestar nunca, pois o Espírito


Santo é Onipresente e Ele nunca deixará de operar aqui! Mesmo crendo
que a Igreja será arrebatada antes da grande tribulação, o Espírito Santo
não pode deixar de operar aqui na terra. Por que quem operará na
conversão dos 144 mil? Quem dará forças para que eles dêem
testemunhos aos gentios? Quem operará na conversão dos gentios?
Com que forças eles resistiram a besta? Como eles enfrentarão o
martírio por amor a Cristo? Se ele deixar de operar na Igreja aqui na
terra, continuará operando nos 144 mil! O Espírito Santo nunca deixará
de operar aqui na terra! Como contraditoriamente escreveu o
Dr. Antonio Gilberto:
'...durante a Grande Tribulação haverá derramamento
do Espírito Santo, redundando em multidões de salvos'
(Escatologia Bíblica EETAD, pág.79).

Como um bom pentecostal, o Dr. Antonio Gilberto acredita que


durante a grande tribulação haverá 'um derramamento pleno' do
Espírito Santo, mais do que nos dias apostólicos, pois segundo ele, o
derramamento do Espírito em Pentecostes foi apenas 'um
derramamento parcial' em comparação ao derramamento do Espírito
na grande tribulação, sendo assim haverá batismo com o Espírito Santo
com evidência inicial de falar em línguas e 'muito milagre' (veja
Escatologia Bíblica EETAD, pág.41,42).
64 8º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Agora vejam só, durante a grande tribulação haverá uma efusão do


Espírito mais pleno do que nos dias apostólicos; do que na época áurea
da Igreja! Como então o Espírito Santo pode ser considerado como um
impedimento a manifestação do Anticristo? Porventura isso não é uma
contradição! Portanto, essa interpretação que o Dr. Elinaldo Renovato
diz que é 'sem sombra de dúvidas' está equivocada. Assim a operação
poderosa do Espírito Santo, de modo pleno, manifestando seus dons, na
negra grande tribulação, que o pré-tribulacionismo reconhece e afirma,
se constitui uma prova que a Igreja não foi arrebatada antes da grande
tribulação, uma vez que com a vinda do nosso perfeito Jesus, os dons
cessarão (1 Coríntios 13.8-12).
Porém, o pré-tribulacionista de maneira muito sutil quer dizer, em
última análise, que quem detém a revelação do Anticristo é a Igreja,
porque a Igreja pode ser removida, mas o onipresente Espírito Santo
não. Mas por que eles preferem usar Espírito Santo em vez de Igreja?
Porque o texto está no masculino 'que seja afastado aquele que agora o
detém'. Mas eles querem dizer, na verdade, o seguinte: ‘

O que se opõe ao aparecimento do Anticristo é a Igreja do Senhor..


Quando este impedimento for tirado, então será revelado o iníquo'
(Lições Bíblicas, de Mestre, 3º trimestre de 1995, pág.75).

Mas, a remoção da Igreja nessa altura do campeonato causa uma


contradição enorme em toda estrutura desse capítulo, porque Paulo está
dizendo exatamente o contrário: quando o Anticristo for revelado,
então a Igreja será arrebatada no Dia do Senhor. Pois, era sobre o
arrebatamento que o apóstolo estava dando esclarecimentos aos irmãos
de Tessalônica (1 Ts 4.16,17; 2 Ts 2.7; 2.1), e é claro que o
arrebatamento será na vinda de Cristo, que é chamado de Dia do Senhor,
porque é o Dia em que ele se manifestará.
Mas mesmo que a Igreja seja arrebatada para o Anticristo poder se
manifestar é uma contradição, pois os pré-tribulacionistas, acreditam
que durante a grande tribulação haverá uma multidão incontável de
salvos, cheios do Espírito Santo, resistindo a Besta.
Portanto esses dois impedimentos: o Espírito Santo e o povo salvo,
advogado pelo pré-tribulacionismo que detém a manifestação do
Anticristo não se constitui impedimento algum. Porque ambos estarão
presentes na terra durante a grande tribulação! E, além do mais, se esse
alguém que detém o Anticristo é a Igreja, então, as palavras iniciais de
8º Problema Teológico 65
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Paulo estão se contradizendo, porque a nossa reunião com Cristo será


precedida pela revelação do Anticristo.
Se Paulo cita dois grandes sinais do arrebatamento, como ele pode
afirmar que a Igreja está detendo o segundo sinal se cumprir. E, porque
Paulo não diz com clareza: 'a Igreja detém o Anticristo'. Paulo não diz
isso, porque ele acabou de dizer que a Igreja só será reunida com Cristo
no dia do Senhor depois da manifestação do Anticristo. Então, não pode
ser a Igreja que detém o Anticristo! Levando em consideração que o
Anticristo pode ser o papado, somente alguém detia sua revelação: era o
império Romano. Uma vez, que os imperadores caíram, os Papas
receberam autoridades governamentais. E, até hoje o Vaticano é um
Estado soberano. Paulo com certeza evitou falar sobre a queda do
império romano, porque ele sabia que isso agravaria as perseguições
contra os cristãos.
Paulo diz nos versos de 1 a 3 que a vinda de Jesus e a nossa
reunião com ele, uma alusão ao arrebatamento, será depois
da apostasia e da revelação do Anticristo

Dia do Senhor

se e
su el
Alguém o detém

e
J om
sia to se de o c
s ta i c ris n a- a i ã
o nt r d
ap A O Império Romano cai o
to v in eun
a o d º
2 a r
rá is pelas invasões
pa o A oss
º vi e po das tribos bárbaras pa ran n
1 D O be Inflige perseguição a
O Império Romano so aos crentes
‘A forma alusiva de sua referência a esse poder torna provável que Paulo tinha em mente o império romano’
(Novo Dicionário da Bíblia, pg. 1586, Vol. II)
Primeiro a apostasia e depois o Anticristo
Dois sinais que antecede a vinda de Jesus para
arrebatar a Igreja

Paulo escreveu sua segunda carta a nova convertida Igreja de


Tessalônica, exatamente, para corrigir um mal-entendido acerca da sua
primeira carta. Na primeira carta ele tinha escrito que o arrebatamento
dos crentes ocorreria por ocasião da vinda de Jesus que veria como
ladrão à noite, trazendo destruição aos despreparados, que portanto eles
deveriam estar em vigilância para que o dia do Senhor não os
surpreendesse como ladrão (1 Tessalonicense 4.15-5.4). Por causa disso
'alguns dos membros daquela congregação haviam tirado a inferência
66 8º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

que a [vinda de Jesus] era algo tão iminente que de nada adiantava
continuar trabalhando' (Novo Dicionário da Bíblia, Vol. II, pág.1586).
Isso causou um certo abalo na congregação, outros até profetizavam: 'o
dia do Senhor já chegou ou já está perto'
De imediato Paulo escreve sua segunda carta. Logo de inicio ele
confirma que de fato na revelação de Jesus Cristo 'lá dos céus com os
seus anjos poderosos, em meio a chamas flamejantes', trará alívio aos
crentes enquanto que aos 'que não obedecem o evangelho' serão
punidos com 'destruição eterna' (2 Tessalonicenses 1.6-9). Eu, poderia
agora perguntar a Paulo quando acontecerá isso? Se haverá um intervalo
de 7 anos entre o alívio dos crentes e a punição dos descrentes, como um
certo evangelista me disse que há um intervalo? Porém, não há
necessidade para dúvidas, pois Paulo disse no versículo 10: 'Isto
acontecerá no dia em que ele vier para ser glorificado em seus santos e
admirados em todos os que creram, inclusive vocês que creram em
nosso testemunho' (o grifo é meu).
Paulo então continua o assunto no capítulo 2: 'Irmãos, quanto à
vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e à nossa reunião com ele' quando
Paulo fala de 'nossa reunião' faz referência a reunião entre crentes vivos
e mortos na vinda de Jesus (veja 1 Ts 4.16,17) ele disse: 'Não deixem
que ninguém os engane de modo algum. Antes daquele dia (meu Deus
isso é claro demais!) virá a apostasia e, então, será revelado o homem
do pecado...a quem o Senhor Jesus... destruirá pela manifestação de
sua vinda' (2 Ts 2.1-8 o grifo é meu). Esses dois acontecimentos têm que
ter lugar antes da vinda de Jesus e nossa reunião com ele!
Se Paulo acreditasse como o Dr. Antonio Gilberto escreveu em seu
livro pré-tribulacionista: 'Para nós, os salvos, aguardamos o
arrebatamento da Igreja, muito antes da manifestação desse Anticristo'
(Daniel e Apocalipse, pág. 154 o grifo é meu), não teria sentido
mencionar esses dois sinais antecedentes com o objetivo de corrigir e
acalmar os irmãos de Tessalônica, que estavam abalados e alarmados
'quanto à vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e à nossa reunião com ele'.
Caso contrário, alguém poderia dizer a Paulo: 'Eu sei Paulo que
antes de Jesus vir para punir os descrentes, primeiro vem a apostasia e
a manifestação do Anticristo, mas quanto ao arrebatamento da Igreja?'
'Ah sim', diria Paulo, 'nesse caso vocês podem deixar de trabalhar que
Jesus vem a qualquer momento nos arrebatar! Perturbem as pessoas
por anunciar, que por profecia, quer por palavra, quer por nossa
8º Problema Teológico 67
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

epístola, que o arrebatamento já está perto. Não se deixem enganar de


modo nenhum, pois nenhum acontecimento deverá ocorrer antes do
arrebatamento'. Vendo o arrebatamento dentro desse prisma, os
argumentos de Paulo perdem a sua força, pois que relevância tem suas
palavras se os irmãos não esperam o Dia do Senhor, que vem depois da
apostasia e da manifestação do Anticristo! Porém, eu prefiro acreditar
em Paulo do que me agarrar a essas complicadas interpolações dos
pré-tribulacionistas.
Por outro lado, o Dr. Antonio Gilberto entendeu o que Paulo está
dizendo, pois escreveu:

'Visando restaurar a esperança dos cristãos tessalonicenses,


perturbados diante da afirmação de que Cristo já havia voltado
para arrebatar os Seus, o apóstolo Paulo fala da aparição do
Anticristo como algo a acontecer antes da manifestação de
Cristo' (Escatologia Bíblica EETAD pág.48 o grifo é meu).

Porém, o teólogo Antonio Gilberto está tão apegado a interpretação


pré-tribulacionista que não vê que a resposta de Paulo aos
tessalonicenses derruba por terra um arrebatamento antes da aparição
do Anticristo.
Uma nota de rodapé na Bíblia de Estudo de Genebra diz sobre 2 Ts
2.1-9:
'à vinda...e à nossa reunião com ele. Trata-se do arrebatamento
dos santos mencionados em 1 Ts 4.17. Paulo parece equiparar a
ocasião da volta de Cristo e do arrebatamento com o “Dia do
Senhor” (1 Ts 5.2; cf. 1 Co 1.7,8; Fp 2.16). Na cena aqui descrita,
todos os crentes estão reunidos perante o Senhor “em sua vinda”
(1 Ts 2.19) e no “Dia de Jesus, nosso Senhor” (2 Co 1.14). É
preciso vir a “apostasia” e manifestar-se o “homem da
iniqüidade” (v.3) antes que chegue o Dia do Senhor e, por
conseguinte, antes do arrebatamento dos santos. Se os falsos
mestres diziam ter chegado o Dia do Senhor (v.2) e estavam
antecipando o arrebatamento para qualquer momento, era
possível provar o seu erro pela ausência desses sinais
precedentes' (pág.1437)

Eu não sei como pode alguns teólogos, homens esclarecidos e


conhecedores da hermenêutica, que detém a chave do saber, conseguem
assimilar essas interpolações no texto de Paulo com tanta facilidade.
O meu objetivo como de tantos outros que crêem como eu, não é
68 8º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

porque queremos passar pela grande tribulação ou porque esperamos o


Anticristo, mas a nossa maior preocupação é não alterar a natureza da
vinda de Jesus, e crê em algo que era estranho a Jesus e seus apóstolos.
O pré-tribulacionista não pode citar nem sequer um único
texto bíblico direto, contundente e incontestável que prove que a
ressurreição da Igreja se dará antes da grande tribulação. Porém, as
Santas Escrituras que não se contradiz, e de uma maneira indubitável,
em Apocalipse 20.4-6, não só mostra que a ressurreição dos santos será
no final da grande tribulação, como também chama essa ressurreição de
primeira ressurreição, refutando assim qualquer outra suposta
ressurreição da Igreja antes da grande tribulação.
O exegeta para provar que haverá três ressurreições dos justos, note
bem, três ressurreições dos justos! É claro que ele não dirá três
ressurreições dos justos, porque isso é muito fragrante com Apocalipse
20, mas lançará mão daquele ‘princípio fabuloso’ e dirá: ‘três ordens ou
fases na primeira ressurreição’. Mas isso é quimera e dá no mesmo: três
ressurreições dos justos. Para tanto, ele recorre a festa das colheitas da
antiga Lei. O antigo Israel foi ordenado na colheita dos seus cereais que
deveria primeiro colher as primícias e oferecer a Deus, depois então
faria a sua colheita geral, porém deveria deixar os rabiscos para os
pobres colherem (Levítico 23.9-14,22. Vejamos o que escreveu o
pré-tribulacionista Elienai Cabral sobre isso:

'A primeira ressurreição...divide-se em três fases distintas. A


primeira fase refere-se à ressurreição de Cristo e de muitos santos
do Antigo Testamento, identificados como as primícias dos mortos
(1 Co 15.20; Mateus 27.52,53); Jesus e aqueles santos ressurretos
são o primeiro molho de trigo colhido (Lv 23.10-12; 1 Co
15.23)...Isto é: aquele grupo de pessoas de Mt 27.52,53 foi a
primícia, o primeiro molho. A segunda fase refere-se à
ressurreição dos mortos em Cristo na era neotestamentária, a
qual se efetuará no chamamento especial por ocasião da volta do
Senhor Jesus sobre as nuvens (1 Co 15.51,52; 1 Ts 4.14-17). A
terceira fase da primeira ressurreição refere-se àqueles mortos no
período da Grande Tribulação, os quais são chamados de
mártires da Grande Tribulação. Refere-se ao restolho da ceifa,
isto é, as respigas da colheita (Ap 6.9-11; 7.9-17;14.1-5;20.4,5)'
Lições Bíblicas, de Aluno, 3º trimestre de 1998, pág.21.

O escritor pré-tribulacionista Fredi Winkler, diz o seguinte:

8º Problema Teológico 69
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

'Esses santos não voltaram aos sepulcros, mas subiram com o


Senhor para serem apresentados no céu ao Pai como primícias da
grande colheita humana, como oferta agradável a Ele! Esses
santos eram crentes da Antiga Aliança, que receberam o corpo
glorificado com Jesus' (Jornal Notícias de Israel, Julho de 2000,
pág. 13)

O pré-tribulacionista consegue ver, com sua lente ampliada, uma


tipologia referente à primeira ressurreição nesta festa das colheitas. As
primícias são Cristo e os santos que ressuscitaram em Mateus 27.52,53.
Então, preste bem atenção, o pré-tribulacionista acredita que os santos
do Antigo Testamento já ressuscitaram, estão agora no céu glorificados!
A colheita geral representa a ressurreição da Igreja antes da grande
tribulação, e os rabiscos representam os mártires que ressuscitarão
depois da grande tribulação.
De fato, a ressurreição pode ser comparada a uma colheita, e que
Jesus foi as primícias dentre os mortos (1 Co 15.20, 42-44). Porém, se
lemos bem Mt 27.52,53, notaremos, que essa ressurreição desses
santos, não se refere a uma ressurreição para vida imortal, mas uma
ressurreição comum como a de Lázaro, e a semelhança de Lázaro esses
santos morreram novamente, o texto diz que eles 'entraram na cidade
[de Jerusalém] e apareceram a muitos'. E nos dois relatos da ascensão
de Cristo ao Pai, não mostra nenhum grupo de santos subindo com ele
(Lucas 24.50,51; Atos 1.9-11).
Porque se cremos que os santos do Antigo Testamento já
ressuscitaram juntamente com Cristo para uma vida imortal estaremos
contradizendo alguns textos bíblicos. Como por exemplo o de Atos
2.29-34, que Pedro diz com todas as letras que Davi, um santo do Antigo
Testamento, não foi ressuscitado nem subiu ao céu. Essas palavras
foram ditas por Pedro uns 50 dias após a ressurreição de Jesus, e escritas
por Lucas mais de 30 anos após. O apóstolo João que escreveu o seu
evangelho no ano 90 A.D. redigiu as seguintes palavras de Jesus, sem
fazer nenhum comentário: 'Ninguém jamais subiu o céu, a não ser
aquele que veio do céu: o Filho do Homem [que está no céu] João 3.13.
Portanto, tanto Pedro como Lucas e João desconheciam uma
ressurreição dos santos do Antigo Testamento.
Paulo, também desconhecia uma suposta ressurreição dos santos
da velha aliança. Ele escreveu a Timóteo denunciando dois desviados
que ensinavam que a ressurreição já aconteceu (2 Timóteo 2.17,18).
70 8º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Bem, esse seria o momento exato de Paulo replicar que o que aconteceu
realmente foi a primeira parte da ressurreição, a dos santos da antiga
aliança. Mas ao contrário disso, Paulo repugnou veementemente tal
cogitação! E taxa esses ensinos como canceroso!
Uma ressurreição de pessoas para vida glorificada no momento da
ressurreição de Cristo é controverso ao título dado a Jesus Cristo de 'o
princípio e o primogênito dentre os mortos' (Colossenses 1.18;
Apocalipse 1.5), pois se um grupo de pessoas ressuscitaram com ele, ele
já não é o primogênito dos mortos, mas um dos primogênitos. Não
estaríamos crendo como os pagãos que acreditam que a mãe de Jesus
morreu, ressuscitou e subiu ao céu! No nosso caso cremos que isso
aconteceu com os santos do antigo testamento.
Veja, a que ponto desceu os pré-tribulacionistas a fim de fazerem
uma manobra na ressurreição dos santos. Não precisamos adotar uma
escatologia simplesmente porque ela é agradável aos nossos olhos,
envolto em segredos, cheio de amalgamações, apadrinhada por
teólogos modernos, mas que é inconsistente com a revelação bíblica.
Quando Paulo diz que Cristo é as primícias dentre os mortos nos faz
compreender que Jesus não só tem a primazia, quer dizer, o primeiro a
ressuscitar para uma vida celestial, como também a sua ressurreição é a
garantia que outros ressuscitarão (2 Co 4.14; 1 Ts 4.14).
Ao usar a expressão paulina 'Cristo, as primícias' para se referir a
uma ressurreição dos crentes da velha aliança como parte da primeira
ressurreição dos santos para a imortalidade, os pré-tribulacionistas traí o
pensamento de Paulo, pois para Paulo essa expressão não se trata de
nenhum grupo de santos ressuscitados, ele escreveu com muita clareza:

'Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele


(singular) as primícias dentre aqueles que dormiram' (1 Coríntios
15.20 o grifo é meu).

A NVI entendeu o significado da expressão paulina ao traduzir:


'...em Cristo todos serão vivificados. Mas cada um por sua vez:
Cristo, o primeiro (outras traduções dizem: 'as primícias');
depois, quando ele vier (e não antes), os que lhe pertencem'
[ressuscitarão] (1 Coríntios 15.22,23 o grifo é meu).

E a tradução linguagem de hoje, também entendeu o significado

8º Problema Teológico 71
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

das ‘primícias’ aplicado à ressurreição de Cristo:


‘Porém cada um será ressuscitado na sua vez: Cristo, o primeiro
de todos; depois os que são de Cristo, quando ele vier; e então virá
o fim.’

E o que dizer das outras duas ordens da ressurreição: a colheita e os


rabiscos? Como já disse em outros pontos anteriores, Paulo realmente
reconhece uma ordem na ressurreição, ele escreveu: 'Mas cada um por
sua [ordem]: Cristo, o primeiro; depois, quando ele vier, os que lhe
pertencem' (1 Co 15.23). Tratando da ressurreição para a vida eterna,
Paulo só conhecia duas ordens: Cristo e depois os santos na sua vinda.
Ele desconhecia totalmente uma terceira ordem que seria outros santos
depois dessa vinda de Jesus.
E, o que dizer dos rabiscos? Bem, se realmente quisermos seguir
essa tipologia temos que concluir que os rabiscos são aqueles que
ressuscitarão depois dos mil anos, que a Bíblia chama de 'o restante dos
mortos' (Ap 20.5), mas trata-se de uma ressurreição para a condenação
(Apocalipse 20.13-15).
Os pré-tribulacionistas não podem citar nem sequer um
pequeno versículo bíblico indubitável e irrefragável que prove com
clareza a ausência da Igreja durante a grande tribulação, já os
pós-tribulacionistas podem citar porções de textos que mostram a
presença da Igreja durante a grande tribulação. Leia alguns: Daniel
12.1,2 c/ Apocalipse 13.8; 17.8; Mateus 24.21,22 c/ Romanos 8.33,34;
Apocalipse 3.10; 7.9,13,14; 12.17; 13.7,10; 15.1-3; 17.6; 18.4,20.
O evangelista Marcos, em seu evangelho, ditando as palavras de
Jesus, escreveu: '...aqueles dias serão dias de tribulação como nunca
houve desde que Deus criou o mundo até agora, nem jamais haverá',
mas também disse que esses dias seriam abreviados 'por causa dos
eleitos' (Mateus 13.19,20). Então nesse caso esses eleitos estarão
presentes! Quem são esses eleitos?
O próprio Marcos responde essa questão, ele identifica esses
eleitos com os discípulos de Jesus, quando Cristo os adverte nesse
mesmo texto: 'Pois aparecerão falsos cristos e falsos profetas que
realizarão sinais e maravilhas para, se possível, enganar os eleitos.
Por isso, fiquem atentos: avisei-os de tudo antecipadamente' (Marcos
13.22,23). Esses discípulos crentes são os eleitos, por isso deveriam
ficar atentos e vigilantes para não serem enganados por falsos profetas
72 8º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

que divulgariam uma vinda secreta de Jesus (vv.21-23 veja também


Mateus 24.23-27).
Marcos conclui esse raciocínio de Jesus, escrevendo: 'após aquela
tribulação... o Filho do Homem [vem] nas nuvens com grande poder e
glória. E ele enviará os seus anjos e reunirá (arrebatará) os seus eleitos
dos quatro ventos, dos confins da terra até os confins do céu'. Ora se
esses eleitos cristãos, membros da igreja primitiva, sabiam que só
seriam arrebatados após a grande tribulação, por que conosco deverá ser
diferente?! O evangelista Lucas, escrevendo sobre o mesmo relato,
ditou as palavras de Jesus aos primeiros discípulos da Igreja:

'Tenham cuidado, para não sobrecarregar o coração de vocês de


libertinagem, bebedeira e ansiedade da vida, e aquele dia (a vinda
de Jesus com poder e grande glória) venha sobre vocês
inesperadamente. Porque ele virá sobre todos os que vivem na
face de toda a terra. Estejam sempre atentos e orem para que
vocês possam escapar de tudo o que está para acontecer (que
inclui as calamidades apocalípticas), e estar em pé diante do
Filho do homem'.

Para os crentes emergirem incólume das coisas que sobrevirão ao


mundo e estar de pé ou estar firme na fé diante do Filho do homem na
Sua vinda, deverão estar atentos e vigilantes (Lucas 21.34-36;
1 Coríntios 10.12; 2 Coríntios 1.24; 2 Pedro 3.11,12,14).
Ora se os crentes deverão estar atentos e vigilantes para a vinda de
Jesus que vem inesperadamente sobre todos os habitantes da terra, então
eles estarão presentes durante os tempos de calamidades que antecede
essa vinda conforme Lucas 21.25-28. Não foi à toa que Jesus prometeu:
'Quando começarem a acontecer estas coisas (as calamidades),
levantem-se e ergam a cabeça, porque estará próxima a redenção de
vocês' (v.28).
Mas, se a Igreja vai ser arrebatada antes da grande tribulação,
conforme a teologia pré-tribulacionista, que sentido tem as palavras de
Jesus, Marcos e Lucas para a Igreja primitiva e a atual. Que necessidade
há para a vigilância durante esse tempo, se já estaremos são e salvos,
tocando harpa no céu! Por que deverá esses dias ser abreviados se os
eleitos já não estarão mais aqui!? Se os crentes não são os eleitos, por
que Cristo aplicou essa advertência aos primitivos crentes, dizendo:
'Vejam que eu os avisei antecipadamente' quando falava da

8º Problema Teológico 73
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

possibilidade dos eleitos serem enganados? (Mt 24.24,25 ).


Quero ainda citar como prova da igreja na terra durante a grande
tribulação Ap 13.8: ‘Todos os que vivem na terra adorarão (a besta), menos
aqueles que, desde antes da criação do mundo, têm o nome escrito no Livro da Vida,
o qual pertence ao Cordeiro, que foi morto.’(BLH). Haveria alguma necessidade
de dizer isso, se os que têm o seu nome no livro da vida ‘desde a criação
do mundo’ tivesse sido arrebatados (Ap 17.8)? O Apocalipse
contrapõem esses dois grupos: ‘habitantes da terra’ e ‘os escritos no
livro do Cordeiro’. Se estão inscritos no livro da vida, por que não foram
arrebatados com a Igreja? Porque não houve nenhum arrebatamento
antes da grande tribulação, senão esses ‘cujos nomes estão inscritos no
livro da vida’ teriam sido arrebatados também. Assim asseverou o
querido irmão Millard:

'o pós-tribulacionismo não depende de escavar significado


secretos. Por exemplo, quando a Escritura fala dos santos da
tribulação, dos eleitos, e similares, o pós-tribulacionismo não lhes
dá um significado que é radicalmente diferente do seu significado
noutras partes da Bíblia. São simplesmente o mesmo tipo de
crentes que são referidos a partir dos tempos de Cristo’ (Opções
Contemporâneas na Escatologia, pág. 129).

Os pré-tribulacionistas não podem citar nenhum texto bíblico


que mostra uma vinda invisível de Jesus, já os
pós-tribulacionistas citam Ap 1.7: 'Eis que ele vem com as nuvens, e
todo olho o verá' e dezenas de textos que chama a vinda de Jesus de
'revelação' e 'manifestação ou aparição', termos esses totalmente
contrários a algo invisível (1 Co 1.7; 1 Tm 6.14; 1 Pe 1.7; 5.4; etc.).
Os pré-tribulacionistas não podem citar nenhum texto direto
q u e d e s c re v a a v i n d a d e J e s u s e m d u a s f a s e s ! J á o s
pós-tribulacionistas têm em seu favor 2 Tessalonicenses 1.6-10, que
mostra uma única fase na vinda de Jesus, onde ele traz alívio aos crentes
e na mesma ocasião vingança contra os descrentes.
Sabemos que esse 'alívio' é o arrebatamento dos crentes em que eles
exultarão 'com grande alegria' (1 Ts 4.16,17; 1 Pe 4.13), enquanto que
essa 'vingança' é aquela 'repentina destruição' de que fala 1 Ts 5.1-3 e
2 Ts 2.8, veja também Jl 1.15; 2.11; Ml 3.2; Ap 6.17; Is 2.9-21; 13.9;
Ez 30.2,3. Por isso está escrito que esperamos 'Jesus, que nos livra da
ira que há de vir', quer dizer, Jesus nos arrebata da destruição

74 8º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

fulminante e iminente que caí sobre os ímpios no momento da Sua vinda


(Is 13.9-13; 66.15,17; Jl 2.10,11; Ml 4.1-3; Mt 24.39; Lc 17.29,30; Rm
5.9; 1 Ts 1.10; 5.9; Hb 10.37-39; 2 Pe 3.7-14; Ap 6.12-17; 16.14). Paulo
descreve isso claramente nesse texto de 2 Ts 1.6-10, mas isso acontecerá
somente depois da grande tribulação (Mt 24.29-31; Jl 3.31; 3.14-16;
Ap 19.15-21).
Gostaria de citar cada uma dessas referências por extenso, mas
espero que cada leitor crie ânimo e examine pessoalmente as Escrituras,
assim como eu examino pessoalmente essas Escrituras que surgem à
minha mente enquanto escrevo. Há uma grande força na Palavra de
Deus, e é ela que nos libertar dos erros de interpretação. E elas são
maiores do que qualquer convenção, sínodo, credo, dogma e confissão.

8º Problema Teológico 75
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

9º PROBLEMA TEOLÓGICO:
O pré-tribulacionista faz uma distinção entre 'o Dia da vinda' de Jesus
para arrebatar a Igreja com 'o Dia do Senhor'

O Dr. Wim Malgo escreveu em seu livro pré-tribulacionista:

'Virá, entretanto, como ladrão, o dia do Senhor, diz Pedro.


Devemos distinguir entre a vinda do Senhor e o dia do Senhor'
(Terá Chegado o Fim de Todas as Coisas? Págs.99).

Entretanto, quero mostrar nesse ponto que a Vinda de Jesus não


pode ser distinto do Dia do Senhor.
Cito o próprio testemunho do apóstolo Pedro, a fim de provar, que
para os apóstolos, Dia do Senhor e a Vinda de Jesus são a mesma coisa.
Na sua segunda epístola, mas precisamente no capítulo 3, Pedro trata
desse assunto. Temos que ter em mente que Pedro está se referindo a
vinda de Jesus, ele escreveu por exemplo em 1.16:

'...não seguimos fábulas engenhosamente inventadas, quando


lhes falamos a respeito do poder e da vinda de nosso Senhor Jesus
Cristo...',

Aí, no capítulo 3, o apóstolo Pedro passa a escrever sobre alguns


escarnecedores que diziam:'O que houve com a promessa da sua
vinda?'. Então, nesse capítulo Pedro ocupa-se em refutar esses
zombadores.
A questão era: 'Desde que os antepassados morreram, tudo
continuam como desde o princípio da criação'. Quer dizer, esses
escarnecedores esperavam que acontecesse alguma coisa visível na
criação na vinda de Jesus. Pedro não nega esse fato, por isso que faz uma
comparação do Dilúvio com a vinda de Jesus.

'Pela água o mundo daquele tempo foi submerso e destruído. Pela


mesma palavra os céus e a terra que agora existem estão
reservados para o fogo, guardados para o dia do juízo e para a
destruição dos ímpios' (2 Pedro 3.7).

Note que Pedro trocou a expressão 'vinda' por 'dia do juízo'. Será
que na mente de Pedro refere-se a mesma coisa ou ele está fugindo do
assunto da vinda de Jesus? Essa comparação do Dilúvio com a vinda do
76
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Filho do Homem fazia parte do ensino de Jesus (Mateus 24.36-42).


Portanto, assim como o Dilúvio veio como julgamento aos homens
ímpios daquela época, para Pedro a vinda de Jesus vem como
julgamento para os ímpios. Pedro não fugiu do assunto, ele diz no v. 9:

'O Senhor não demora em cumprir sua promessa, como julgam


alguns. Ao contrário, ele é paciente com vocês, não querendo que
ninguém pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento'.

Observe que se alguém não se arrepender, perecerá na vinda de


Jesus! Assim como os antediluvianos pereceram no dilúvio.
Por que alguém poderá perecer, se para os pré-tribulacionistas não
haverá nenhuma alteração climática na natureza ou algum tipo de juízo
de fogo 'na vinda para o arrebatamento'? Mas, para Pedro haverá! Ele
continua, a vinda de Jesus, que ele chama, agora, de

'O dia do Senhor', 'virá como ladrão. Os céus desaparecerão com


um grande estrondo, os elementos serão desfeitos pelo calor, e a
terra, e tudo o que nela há, será desnudada' (v.10).

Conjugando essas palavras com as de Paulo em 1 Ts 5.2,3 veremos


que não há contradição entre eles quanto ao Dia do Senhor:

'O dia do Senhor virá como ladrão à noite. Quando disserem: 'Paz
e segurança', a destruição virá sobre eles de repente, como as
dores de parto à mulher grávida; e de modo nenhum escaparão',
escreveu Paulo.

Mas se pegarmos apenas dois pré-tribulacionistas, e conjugarmos o


que eles dizem acerca do Dia do Senhor, veremos que suas definições
não se encaixam. O comentarista pré-tribulacionista das Lições
Bíblicas, Elienai Cabral diz o seguinte:

'o Dia de Cristo (Fp 1.10), que diz respeito, especialmente, ao


tempo de sete anos, nos quais a Igreja estará no céu e,
simultaneamente, ocorrerá na Terra a Grande Tribulação; o Dia
do Senhor [é]... a manifestação pessoal e visível de Cristo no
final da Grande Tribulação, e durará mil anos ; e, finalmente, o
Dia de Deus (2 Pe 3.12,13), que é o tempo do Juízo Final e da
restauração de todas as coisas, o começo do Reino Eterno' (Lições
Bíblicas, de Aluno, 3º trim. de 1998, págs.44,45 o grifo é meu).

9º Problema Teológico 77
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Já Elinaldo Renovato, comentarista da mesma revista, diz o


seguinte:
'O Dia do Senhor' [1 Ts 5.2]. Esta é uma expressão profética que
abrange um período de tempo após a transladação dos santos
para o céu no qual os justos juízos de Deus serão derramados
sobre a terra e seus habitantes impertinentes' (Lições Bíblicas, de
Aluno, 3º trimestre de 2005, pág.48).

Para Elienai o Dia do Senhor é a vinda visível de Jesus e estende-se


até o milênio, porém, para Elinaldo Renovato o Dia do Senhor é a vinda
invisível de Jesus que se estende até a grande tribulação. Elienai Cabral
está mais próximo das Escrituras, o que lhe deixa confuso é diferenciar
o Dia de Cristo do Dia do Senhor e do Dia de Deus. Se todas as vezes que
os apóstolos referirem a manifestação de Jesus com uma expressão
diferente, e resolvermos diferenciá-las, teremos nas Escrituras mais de
dez vindas de Cristo! E isso não só é absurdo, como é um ultraje às
Escrituras.
Mas que relevância ou advertência têm as palavras de Pedro para a
Igreja, já que os pré-tribulacionistas, como o emérito Elinaldo
Renovato, acreditam que a igreja será transladada antes do Dia do
Senhor? Para o apóstolo Pedro tem grande relevância, pois ele acredita
que os crentes devem se preparar para esse dia. Mas será que Pedro não
está equivocado? Porque se os pré-tribulacionistas estão certos, os
crentes não precisam se preparar para esse dia, pois eles já foram
arrebatados em uma vinda invisível de Jesus que aconteceu uns três ou
sete anos antes do Dia do Senhor.
Porém, as palavras de Pedro são tão claras e diretas que torna-se até
uma asneira essas crendices dos pré-tribulacionistas. Veja o que ele
escreveu aos santos em relação ao Dia do Senhor:

'Visto que tudo será assim desfeito, que tipo de pessoas é


necessário que vocês sejam? Vivam de maneira santa e piedosa,
esperando o dia de Deus e apressando a sua vinda (veja que agora
Pedro chama a vinda de Jesus de Dia de Deus). Naquele dia os
céus serão desfeitos pelo fogo, e os elementos se derreterão pelo
calor... Portanto, amados, enquanto esperam estas coisas,
empenhem-se para serem encontrados por ele em paz, imaculados
e inculpáveis' (2 Pedro 3.11-14 o grifo é meu).

Se o Dia do Senhor vem com fogo e destruição, e o crente deve


78 9º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

aguardar esse dia em santa piedade para ser encontrado inculpável, qual
é a nossa esperança? Pedro Conclui:

'Todavia, de acordo com a sua promessa, esperamos novos céus e


nova terra, onde habita justiça' (v.13).

Se fosse um pré-tribulacionista que fizesse essa conclusão, o que


ele diria?: 'de acordo com sua promessa nós esperamos a vinda invisível
de Jesus e seremos arrebatados antes dessas coisas'. Mas, Pedro não
conclui assim! Sabe por quê? Porque ele não crê que a igreja será
arrebatada antes do Dia do Senhor, mas crê que no Dia do Senhor os
crentes achados em paz serão recompensados com o novo mundo,
enquanto que os ímpios serão destruídos com o velho sistema mundial.
Dá pra notar que para Pedro, e com certeza para os demais
apóstolos, que não há distinção entre a vinda de Jesus para arrebatar a
Igreja e o Dia do Senhor que trará vingança aos homens ímpios.
De fato, Dia do Senhor (2 Pe 3.10; 1 Ts 5.2), Grande Dia da Ira
(Ap 6.17), o Dia (Hb 10.25), Naquele Dia (Mt 7.22), Dia de Deus (II Pe
3.12), Dia do Deus Todo-Poderoso (Ap 16.14,15). Todos descrevem o
dia da Vinda do Filho de Deus. Nesse dia ele trará a ira de Deus de
forma pessoal aos homens ímpios e livrará seus santos, por isso é,
também, chamado de Dia da redenção (Ef 4.30), Dia de nosso Senhor
Jesus Cristo (1 Co 1.8), o Dia de Cristo Jesus (Fl 1.6), Dia de Cristo
(Fl 2.16), e nesse dia, Ele estabelecerá o Juízo de Deus, por isso é
chamado também de Dia do Juízo (Mt 11.22,24).
Uma nota de rodapé da Bíblia de estudo NVI diz o seguinte sobre
2 Pe 3.12:
'o dia de Deus. Ao que tudo indica, sinônimo de “o dia do Senhor”
(v.10), já que é caracterizado pelo mesmo tipo de acontecimento.
Cf. Ap 16.14. apressando a sua vinda Aquele dia pode ser
apressado pelo povo de Deus ao agilizar a realização de seus
propósitos' (pág.2145)

Aprofundaremos este assunto com outros argumentos que


mostram que a Vinda de Jesus não pode diferenciar-se do Dia do Senhor
no ‘11º Problema Teológico: Para o pré-tribulacionista o Dia do
Senhor é a Grande Tribulação’, quando analisaremos detidamente
sobre o Dia do Senhor.

9º Problema Teológico 79
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

10º PROBLEMA TEOLÓGICO:


Para o pré-tribulacionista o Dia da Ira do Senhor ou
Ira Vindoura é a Grande Tribulação

O pré-tribulacionista fala da Grande Tribulação como um


período de Ira Vindoura em que 'juízo e tribulação divinos
caírem sobre o mundo no fim desta era' ou chama de 'Dia da Ira do
Senhor', expressão muita usada nas Escrituras dos profetas. A respeito
disso, o pré-tribulacionista Antonio Gilberto escreveu:
'O período da [Grande] Tribulação é conhecido por diversos
outros nomes. No Antigo Testamento temos 'o dia do Senhor'...”o
dia da vingança de nosso Deus” , “aquele dia”, “o grande dia”.
No Novo Testamento, temos “dia da ira”, “tua ira”, simplesmente
“ira”..., “ira vindoura” ou “futura”...' (Escatologia Bíblica
EETAD pág.45).

De fato os juízos descritos no Apocalipse são uma demonstração


inicial da ira divina. Porem, ela não pode tomar o lugar da ira vindoura,
que vem na consumação das pragas, no dia do Senhor. Enquanto que as
pragas do Apocalipse tendem a castigar os adoradores da besta com a
finalidade de levá-los ao arrependimento, a ira vindoura que, vem na
vingança do Dia do Senhor, será sem misericórdia sobre o mundo
ímpio, para destruir a besta e seus adoradores (Ap 9.20,21; 11.13,14;
14.6,7; 16.8-11; Ml 4.1; 2 Ts 1.7-9; 2.8). Precisamos ter isso em mente
para não fazer uma atrapalhação ao ler os textos bíblicos relacionados a
escatologia.
Há três textos de Paulo que fala sobre o livramento do crente da ira
(Rm 5.9; 1 Ts 1.10; 5.9), apesar de que o crente de fato será protegido
por Deus nos terríveis dias das pragas apocalípticas, será que Paulo tem
em mente a grande tribulação quando fala da ira nesses textos? Em
nenhum de seus escritos, Paulo se referiu a um período de sete anos de
grande tribulação em que anjos derramarão sobre a terra os juízos de
Deus!
A resposta desta questão em que 'ira' Paulo se refere nesses textos
deve ser encontrado nas próprias epístolas onde aparecem esses
versículos. Com toda certeza quando Paulo diz aos irmãos de Roma que
por meio de Jesus, 'seremos salvos da ira de Deus!', no capítulo 5, ele se
refere a ira citada no capítulo 2: 'haverá ira e indignação para os que

80
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

são egoístas, que rejeitam a verdade e seguem a injustiça' (v.8).


Lendo todo o contexto deste versículo veremos que Paulo se refere
ao Juízo de Deus:

'Sabemos que o juízo de Deus contra os que praticam tais coisas é


conforme a verdade... pensa que escaparás do juízo de Deus?...
por causa da sua teimosia e do seu coração obstinados, você está
acumulando ira contra si mesmo, para o dia da ira de Deus,
quando se revelará o seu justo julgamento' (vv.2-5).

Então, Paulo passa a dizer que 'Deus retribuirá a cada um


conforme o seu procedimento', e faz uma distinção entre os que
persistem em fazer o bem com os que rejeitam a verdade. O homem que
pratica o bem será recompensado com 'vida eterna, glória, honra,
imortalidade, paz', mas, o homem que pratica o mau será retribuído com
'ira, indignação, tribulação, angústia' (vv.6-11). Quando será isso?
Paulo responde: 'no dia em que Deus julgar os segredos dos homens,
mediante Jesus Cristo' (v.16). Paulo ao dizer essas palavras refere-se a
mesma coisa que disse em Atos 17.31:

'[Deus] estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com


justiça, por meio do homem que designou. E deu prova disso a
todos, ressuscitando-o dentre os mortos'.

Então esse dia da ira ou do juízo, na epístola aos Romanos, não


pode está se referindo a 'grande tribulação', por razões muito simples:
as pragas do Apocalipse só atingirão as pessoas que estarão vivas
naquele tempo, enquanto que o Juízo de Deus será contra todos os
homens de todas as épocas! Nem os mortos nem os vivos escaparão!
(Rom. 14.9-12).
Também podemos dizer que a grande tribulação não alterará o
sistema do mundo, isso significa que depois das derramadas das pragas,
o sistema mundial ainda estará nas mãos do 'dragão', da 'besta' e 'do
falso profeta', que juntos liderarão um grande exército para batalhar
contra o Cordeiro e seus eleitos (Ap 16.12-14; 19.19-21; 14.14). Mas
quando Cristo se manifestar no Dia do Senhor, golpeará esse sistema
mundial de tal modo que o império satânico se arruinará e jamais será
dominado por essas forças demoníacas, pelo contrário, 'o reino do
mundo se [tornará] de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará para

10º Problema Teológico 81


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

todo o sempre' (Ap 11.15).


Uma nota de comentário na Bíblia Estudo de Genebra diz:
'Segundo Paulo Jesus nos salva da “ ira vindoura”... no “dia da ira e da
revelação do justo juízo de Deus” [que é] o Dia do juízo' (pág.1137), e
não a grande tribulação como erroneamente crêem os
pré-tribulacionistas. Sobre esse assunto João Calvino escreveu:

'O dia do juízo final é chamado do dia da ira, quando a referência


é feita aos ímpios, embora o mesmo ser um dia de redenção para
os cristãos... Daí, sempre que a Escritura faz menção da
proximidade do Senhor, o fiel é convidado a exultar com intenso
júbilo. Entretanto, quando se dirige aos réprobos... diz Sofonias:
'Aquele dia será um dia de indignação...[Sf 1.15]. Há uma
descrição similar em Joel 2.2 e Amós 5.18...' (Romanos, pág.83,
João Calvino, Edições Parakletos - o grifo é meu).

Paulo deixa bem claro, que nesse dia haverá ira para os obstinados e
paz para os que seguem o bem. É dentro dessa visão que Paulo traz ao
mundo a grande doutrina da justificação pela fé em Jesus Cristo (Rm
1.16-18,32). Aqueles que são inocentados por Deus hoje, serão
poupados no dia da ira de Deus! Diz Paulo: 'Como agora fomos
justificados por seu sangue, muito mais ainda, por meio dele, seremos
salvos da ira de Deus!' (Rm 5.9). Paulo também usou o termo ira em
associação do juízo de Deus em Rm 3.5,6: '... Deus é injusto por aplicar
a sua ira?...Claro que não! Se fosse assim, como Deus iria julgar o
mundo...'. Então, Paulo não pode de uma maneira brusca mudar 'ira'
para 'grande tribulação' em Rm 5.9, já que no seu argumento em
Romanos 'ira' é o 'juízo de Deus'.
No dia em que Deus estabelecer seu Juízo haverá ira contra os
homens ímpios! Quando será isso? Quando Cristo Jesus voltar! Nos
dois textos que fala de 'ira' em 1 Ts 1.10 e 5.9, esta epístola revela que
Paulo tem em mente o Dia do Senhor, que virá com destruição repentina
para os que estão em trevas e de modo nenhum escaparão, enquanto que
para os que são do dia haverá salvação por meio de Jesus Cristo,
conforme o contexto de 1 Ts 5.1-9. Quer dizer, essa ira é a mesma ira de
Rm 2.
Na sua segunda epistola aos tessalonicenses, Paulo dá maiores
detalhes sobre o assunto, ele escreveu:

82 10º Problema Teológico


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

‘É justo da parte de Deus retribuir com tribulação aos que lhes


causam tribulação, e dar alívio a vocês, que estão sendo
atribulados [perseguidos], e a nós também. Isso acontecerá
quando o Senhor Jesus for revelado lá dos céus, com os seus anjos
poderosos, em meio a chamas flamejantes. Ele punirá os que não
conhecem a Deus e os que não obedecem ao evangelho de nosso
Senhor Jesus. Eles sofrerão a pena de destruição eterna, a
separação da presença do Senhor e da majestade do seu poder.
Isso acontecerá no dia em que ele vier para ser glorificado em
seus santos e admirado em todos os que creram' (2 Ts 1.6-10).

No seu escrito, Elinaldo Renovato, um teólogo pré-tribulacionista,


ao ensinar sobre esse texto de Paulo ignora totalmente o conteúdo da
passagem bíblica, ao dizer:

'Aos ímpios, que atribulam, dará tribulação. Mas, aos crentes, que
sofrem tribulação, na sua vinda, dará o merecido descanso,
quando vier buscar a sua Igreja com os anjos do seu poder'
(Lições Bíblicas, de Aluno, 3º trimestre 2005 ).

Ele deixa de perceber que a vinda de Jesus para dá descanso ao


crente é a mesma que, ele vem para punir os ímpios, isso exige uma
única vinda. O nosso teólogo está tão comprometido com o sistema
pré-tribulacionismo que infelizmente faz vista grossa sobre o que Paulo
realmente está dizendo. Segue o raciocínio de Paulo, mas não crê que a
Igreja será arrebatada na vinda visível de Jesus, quando ele vem para
punir os ímpios, muito embora e contradizendo a si mesmo diga:
'quando vier buscar a sua Igreja com os anjos do seu poder'.
Mas é isso que Paulo está dizendo, e é nisso que Paulo crê! Note
nesse texto de Paulo em 2 Ts 1.6-10, que ele uni a punição dos ímpios no
Dia do Senhor com a pena de eterna destruição. É claro que aqueles que
não forem salvos sofrerão a pena de eterna destruição no lago de fogo,
contudo, haverá primeiro o julgamento das obras no Dia do Juízo
(2 Pe 3.7). Paulo, porém, associa o Juízo final com a vinda de Jesus,
porque Cristo já estabelece o juízo final na sua vinda. Isso confere com
Apocalipse 22.12:

'Eis que venho em breve! A minha recompensa está comigo, e eu


retribuirei a cada um de acordo o que fez', extraído de Isaías
40.10: 'O Soberano, o Senhor, vem com poder! Com o seu braço
forte ele governa. A sua recompensa com ele está, e seu galardão o

10º Problema Teológico 83


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

acompanha'. E, também com Judas 14,15: 'Vejam, o Senhor vem


com milhares de milhares de seus santos (anjos) para julgar todos
e convencer todos os ímpios a respeito de todos os atos de
impiedade que eles cometeram'.

Tiago, assim como fez Paulo, também associou o Juízo com a vinda
de Jesus quando escreveu:

'Portanto, irmãos, sejam pacientes até a vinda do Senhor. Vejam


como o agricultor aguarda que a terra produza a preciosa
colheita e como espera com paciência até virem as chuvas do
outono e da primavera. Sejam também pacientes e fortaleçam o
seu coração, pois a vinda do Senhor está próxima. Irmãos, não se
queixem uns dos outros, para que não sejam julgados. O Juiz já
está às portas' (Tiago 5.7-9).

Veja que a expressão 'vinda do Senhor está próxima' é sinônima de


'o Juiz está às portas'. De fato, na sua vinda, Jesus Cristo não só colherá
a preciosa colheita - o trigo, como também lançará o joio no fogo
(Mateus 13.37-43). Semelhantes às palavras de Tiago são, também, as
de Paulo em 1 Co 4.5:

'Portanto, não julguem nada antes da hora devida; esperem até


que o Senhor venha. Ele trará à luz o que está oculto nas trevas e
manifestará as intenções dos corações. Nessa ocasião, cada um
receberá de Deus a sua aprovação'.

Uma das provas que o Juízo já começa na vinda de Jesus, é que


quando Cristo voltar, ele já lança a besta e o falso profeta no lago de fogo
(Ap 19.11,20). Isso confere com as palavras de Daniel que uni a
destruição do Anticristo com o inicio do julgamento no Tribunal de
Deus (Dn 7.9-12).
Então, o Juízo final que é a ira de Deus se manifestará na vinda de
Jesus Cristo, porque não terá uma terceira vinda para trazer a penalidade
eterna. É evidente que também sobre esse assunto os
pré-tribulacionistas lançam mão daquele misterioso principio
hermenêutico que eles inventaram: as duas fases. Pois dividem o
julgamento em Tribunal de Cristo e Tribunal do Trono Branco.
Porém o problema é o seguinte: se os santos já foram julgados mil e
sete anos antes do Tribunal do Trono Branco por que o livro da vida será

84 10º Problema Teológico


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

aberto naquela ocasião? (Ap 20.12,15). Por que o apóstolo João disse:
'..no dia do juízo tenhamos confiança'?(1 Jo 4.17) e por que Paulo
asseverou: 'todos compareceremos diante do tribunal de Deus... assim
cada um de nós prestará contas de si mesmo a Deus'? (Rm 14.10-12).
O evento transcorre mais ou menos assim:

'O Filho do Homem vem em sua glória com todos os anjos'... os


mortos em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois..[os vivos serão]
arrebatados com eles nas nuvens, para o encontro do Senhor nos
ares...todo olho verá [a Jesus] 'com poder e grande glória...e
todos os povos da terra se lamentarão por causa dele... e muitos
serão... mortos pela mão do Senhor... o Diabo, Satanás é preso no
abismo... os santos são levados à glória e ficam de pé diante do
trono de Deus e do Cordeiro... Jesus se aproxima de Deus e é
conduzido à sua presença. Ele recebe autoridade, glória e o
reino... assentar-se-á em seu trono na glória celestial...o tribunal
inicia o julgamento, e os livros são abertos... os santos são
recompensados... Deus pronuncia a sentença a favor dos santos;
chegou a hora de eles tomarem posse do reino...comerão pão no
banquete do Reino de Deus...sentar-se-ão em tronos com Cristo
para julgar os vivos e mortos e reinarão com ele durante mil anos,
depois dos mil anos de julgamento Satanás e aqueles cujos nomes
não foram encontrados no livro da vida são lançados no lago de
fogo' (Mt 25.31; 1 Ts 4.16,17; Ap 1.7; Is 66.15,16; Ap 20.2,3; Hb
2.10; Ap 7.9,13,14,15; Dn 7.13,14; Mt 25.31; Dn 7.10; Ap 11.18;
Dn 7.22; Lc 21.16,30; Ap 19.9; Ap 2.21; 2 Tm 4.1; 1 Co 6.2; Ap
20.6-15).

É lamentável que, também, os irmãos glauconistas (seguidores do


pregador pré-tribulacionista Glauco Filho), que procuram restaurar a
doutrina apostólica em sua inteireza, também confundem o memorável
Dia da Ira com a grande tribulação, eles escreveram:

'a grande tribulação de Mateus 24.21...é o dia da ira' e


'durante a grande tribulação a ira do Todo-poderoso
contra a impiedade dos homens e sua arrogância
estará no ápice (culminância)' e citam Apocalipse
6.17, que reza: 'Pois chegou o grande dia da ira deles; e
quem poderá suportar?' (Apostila Conferências
Escatológicas, aulas 02 e 04).

10º Problema Teológico 85


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Sim, com toda demonstração de ira que haverá contra o mundo


ímpio durante os negros dias da grande tribulação, mesmo assim a
singular expressão: 'dia da ira' ou 'o grande dia da ira' precisa
diferenciar-se da grande tribulação. O próprio texto de Apocalipse 6.17,
é extraído de Malaquias 3.2: 'Mas quem suportará o dia da sua vinda?
Quem ficará em pé quando ele aparecer? Porque ele será como o
fogo...'. note que o'grande dia da ira' está ligado ao 'dia da sua vinda',
pois é nesse dia que o Cordeiro vem com ira (Ap 6.16), e Jesus Cristo só
aparecerá no final da grande tribulação (Mt 24.29-31). Tal conotação
também aparece em Joel 2.11: 'Como é grande o dia do Senhor! Como
será terrível! Quem poderá suporta-lo?', referindo-se a vinda do
Senhor e não a grande tribulação (vede Joel 2.31 e 3.14,15).
Além do mais, 'o grande dia da ira' faz referência ao 'grande dia do
Deus todo-Poderoso', que vem no final da grande tribulação, pois é
prenunciado na penúltima taça que tem como objetivo reunir as nações
para matança (Ap 16.12-16), quando, então, Jesus Cristo 'pisa o lagar
do vinho do furor da ira do Deus todo-poderoso' (Ap 19.15).
Enquanto que durante a grande tribulação os homens são chamados
ao arrependimento (Ap 14.6,7), portanto aquela ira é misturada com a
misericórdia de Deus (Ap 16.8,9), a ira do grande dia, que vem com o
Cordeiro, é derramada sem mistura sobre os adoradores da Besta
(Ap 14.9-11).
João, em visão simbólica contempla esse dia da ira em Ap 14.14-
20, veja que primeiramente o Filho do Homem, que vem nas nuvens,
colhe a sua safra madura (a Igreja), depois um anjo com uma foice
afiada, colhe as uvas maduras (as nações) e, lançam 'no grande lagar da
ira de Deus', que serão pisadas por Jesus.
Isaías vaticina esse dia assim:

'Por que tuas roupas estão vermelhas, como as de quem pisa uvas
no lagar? Sozinho pisei uvas no lagar; das nações ninguém esteve
comigo. Eu as pisoteei na minha ira...o sangue delas respingou na
minha roupa, e eu manchei toda a minha veste, pois o dia da
vingança estava no meu coração...na minha ira pisoteei as
nações' (Isaías 63.2-6).

Esse lagar das uvas não será pisado durante a grande tribulação,
mas no final dela quando Cristo vem, no dia da vingança ou da ira, como
o Cavaleiro no Cavalo Branco e, 'pisa o lagar do vinho do
86 10º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

furor da ira do Deus todo-poderoso'...chegando ao nível dos freios dos


cavalos' (Apocalipse 19.11-21; 14.20). As nações ímpias que persegue
o povo do Cordeiro estão sendo reunidas para serem pisadas como uvas!
(Joel 3.9-12; Apocalipse 16.12-16). Analise o gráfico abaixo:

ODiadoSenhor
Sexta taça
As últimas pragas O Armagedom O Juízo milenial
(Apocalipse 16.1-21) - o lagar das uvas -

Grande Tribulação As nações reunidas As nações sobreviventes


O profeta Joel fala desse mesmo dia ao escrever:

'Lancem a foice, pois a colheita está madura. Venham, pisem com


força as uvas, pois o lagar está cheio e os tonéis transbordam, tão
grande é a maldade dessas nações! Multidões, multidões no vale
da Decisão! Pois o dia do Senhor está próximo, no vale da
Decisão. O sol e a lua escurecerão e as estrelas já não brilharão.
O Senhor rugirá de Sião... Mas o Senhor será um refúgio para o
seu povo' (Jl 3.13-16 comp/ 2.31 e Mt 24.29-31 o grifo é meu).

De modo similar, o profeta Sofonias, também, fala do 'grande dia


do Senhor' que 'está próximo' e o chama de 'dia da ira do Senhor'. Ele
previu que Deus decidiu:

'...ajuntar as nações, reunir os reinos e derramar' sobre elas a sua


ira 'o mundo inteiro será consumido pelo fogo da ...zelosa ira' de
Deus. O profeta Sofonias proclama: 'Busquem o Senhor, todos
vocês, os humildes da terra, vocês que fazem o que ele ordena.
Busquem a justiça, busquem a humildade; talvez vocês tenham
abrigo no dia da ira do Senhor' (Sf 1.14,18; 2.3; 3.8).

Como é bom saber que para o profeta Joel, 'o Dia do Senhor', que é
o mesmo 'dia da vingança' em Isaías, e do 'dia da ira do Senhor' em
Sofonias e do 'dia da ira do Cordeiro' em João (Apocalipse), estará
próximo quando as nações estiverem reunidas, e as nações somente
serão reunidas no final da grande tribulação (Ap 19.19-21). Então esse
dia da ira do Senhor não pode ser confundido com a grande tribulação!
Atente bem para isso meu querido irmão.

10º Problema Teológico 87


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

De fato, esse singular Dia tão anunciado pelos profetas em hipótese


alguma é a grande tribulação, mas o glorioso Dia da Vinda de Jesus,
quando ele virá no Armagedom, a guerra de Deus, para batalhar contras
essas nações e vencê-las (Salmos 110.4-6).
Geralmente para os pré-tribulacionistas o Dia do Senhor inicia com
uma suposta vinda invisível de Jesus e termina na vinda visível de Jesus,
decorrendo um período de sete anos, também, chamada de grande
tribulação. Porém, essa interpretação como já foi refutada não condiz
com as Escrituras por várias razões apresentadas.
Por exemplo, Joel profetizou que ‘o dia do Senhor está próximo, no
vale da Decisão’ (3.14), em Ap 16.16, esse ‘vale da Decisão’ é chamado
de ‘Armagedom’. Ora, se o dia do Senhor está próximo quando as
nações estiverem reunidas no Armagedom, e se o Armagedom será
depois da grande tribulação, então o dia do Senhor não inicia na grande
tribulação, mas no final dela.
Esse ‘grande e terrível dia do Senhor’ é também chamado de
‘grande dia do Deus todo-poderoso’ (Jl 2.31 c/ Ap 16.14), e o
‘Armagedom’ é a ‘batalha do grande dia’. Por isso que Joel diz que no
‘dia do Senhor’ ou da ‘batalha’, o ‘Senhor levanta a sua voz à frente do
seu exército’ (Jl 2.1,2,11).
Paulo escrevendo sobre esse dia, diz: ‘...o mesmo Senhor descerá
do céu com alarido, e com voz de arcanjo’ (1 Ts 4.16). ‘Arcanjo’ é um
anjo chefe, um tipo de general do exército angelical, talvez Miguel
(Js 5.13-15; Dn 10.13; 12.1; Jd 9; Ap 12.7). Esse arcanjo vai liderar as
tropas de anjos no dia da batalha do Senhor, na ocasião da descida de
Jesus para livrar seus santos e implantar Seu Reino (Dn 2.44; Jo 18.36;
Mt 26.53; 2 Ts 1.7,8).
Que Dia impressionante! Veja que a descrição de Paulo sobre a
vinda de Jesus em 1 Ts 4.16,17 não se trata de uma cena silenciosa,
morta e fugitiva, mas descreve uma cena de batalha com 'alarido
(gritos)', voz de arcanjo e trombeta de Deus' (veja Jl 2.1-11; Os 8.1;
Sf 1.14-16). Como os crentes serão arrebatados nesta ocasião, então eles
tomam parte nesta batalha junto com Cristo e os seus anjos
(Is 13.2-9; Zc 12.6; Mq 5.7-15; Ml 4.2,3; Rm 16.20; Ap 17.14).
Veja na próxima página um gráfico que trata sobre a ira de Deus:

88 10º Problema Teológico


A IRA DE DEUS

10º Problema Teológico


Ira de forma impessoal Ira de forma pessoal Ira Eterna
nas pragas apocalípticas na vinda de Jesus no no tormento do
Dia do Senhor Milênio lago de fogo
A grande tribulação Juízo Final
Os crentes salvos e
Arrebatamento dos os ímpios condenados
Os crentes protegidos e
crentes (livramento)
os ímpios castigados
Repentina destruição Os crentes absolvidos e
dos ímpios vivos ímpios culpados

DIA DO SENHOR = GRANDE DIA DA IRA = DIA DO JUÍZO

Essa é a Ira Vindoura ou o Dia da Ira de Deus


(Mateus 3.7 c/ 23.33; João 3.36; Romanos 2.5,6; 1 Ts 1.10)

89
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

11º PROBLEMA TEOLÓGICO:


Para o pré-tribulacionista o Dia do Senhor é a Grande Tribulação

P ara o pré-tribulacionista e escritor Claudionor de Andrade

'A Grande Tribulação' é o 'dia do Senhor'...(Is 13.9-11; Ml 4.1)-


Lições Bíblicas, de Aluno, 4º trimestre de 2004, pág.37.

Segundo Elinaldo Renovato, também escritor pré-tribulacionista, o


'Dia do Senhor' iniciará 'após a transladação dos santos para o céu'
(Lições Bíblicas, de Aluno, 3º trimestre de 2005, pág.48).
Porém, segundo as Escrituras proféticas o Dia do Senhor será
precedido por sinais apocalípticos e climáticos (Joel 2.30,31; Atos
2.19,20). Igualmente esses sinais precederão a Ira do Cordeiro
(Apocalipse 6.12-17).
Porém, os próprios pré-tribulacionistas se contradizem com isso,
pois segundo eles crêem, na primeira fase para arrebatar a Igreja
nenhum sinal cataclismo ocorrerá antes, pelo contrário, mesmo depois
da primeira fase, eles dizem que haverá um período de falsa paz e
segurança promovido pelo Anticristo, e só depois de três anos e meio é
que começará a Grande Tribulação propriamente dita, pois o Anticristo
quebrará a sua aliança com Israel.
Todavia, Mateus e Marcos escreveram que só depois da grande
tribulação é que
“o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz; as estrelas cairão do
céu.. Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem, e todas
as nações da terra...verão o Filho do Homem vindo nas nuvens do
céu com poder e grande glória” (Mt 24.29,30; Mc 13.24-26).

Quer dizer esses sinais cataclismos antecedem o Dia do Senhor


conforme profetizou Joel,

'o sol se tornará em trevas, e a lua em sangue, antes que venha o


grande e temível dia do Senhor' (Joel 2.31).

Jesus Cristo ensinou que esses sinais cataclismos ocorrerão depois


da grande tribulação.
Então a grande tribulação e Dia do Senhor diferem entre si! Ora, se
as profecias mostram que a grande tribulação termina com os sinais
cataclismos que antecedem o Dia do Senhor, então ela não pode ser
90
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

chamada de “Dia do Senhor” (Jl 2.30,31; At 2.19,20; Lc 21.25-27):

Sol e a Lua escurecem


‘...Após...’ (Mt 24.29 c/ Jl 2.31) ‘...Antes...’
Grande Tribulação X Dia do Senhor

Convém perguntar: O que é a Grande Tribulação? Essa


expressão profética refere-se a 'um tempo de angústia como nunca
houve desde o inicio das nações até então' de que falou o profeta Daniel
(Daniel 12.1). Uma vez que o Senhor Jesus usou esse termo no contexto
da destruição de Jerusalém e Sua segunda vinda, pode-se dizer com
precisão que a destruição de Jerusalém no ano 70 AD pelos romanos é
um protótipo da última e mais terrível calamidade que abaterá sobre o
mundo no final dos tempos em que antecede a vinda do Filho do
Homem (Mateus 24.15-31).
Cristo referiu-se os sinais da sua vinda como 'o inicio das dores',
porém, essas dores aumentariam cada vez mais a medida que se
aproxima o retorno de Cristo à terra ou o fim do sistema mundano .
W.F. Albright e C.S. Mann comentam sobre essa frase:

'Literalmente, o princípio das dores de parto, é um termo quase


técnico para os sofrimentos que precederiam imediatamente a
nova era... A era do reinado do Messias, vista dentro do contexto
das reviravoltas que acompanhariam a disseminação da
comunidade, seria certamente precedida por muito sofrimento'
(Os Últimos Dias Segundo Jesus, pág.29)

De modo semelhante, William L. Lane observa:

Para expressar esse fato, Jesus utilizou uma frase que se tornou
técnica na literatura rabínica para descrever o período de intenso
sofrimento que precederia a libertação messiânica, as dores de
parto (do Messias)' ou 'aflições messiânicas' (Os Últimos Dias
Segundo Jesus, pág.30).

Tal como as dores de parto que aumenta cada vez mais quando vai
se aproximando o tempo da mulher dá a luz (Mateus 24.6-14), assim
também os sinais vão se tornando cada vez mais intenso, à medida que
11º Problema Teológico 91
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

se aproxima a vinda do Messias. Neste caso a mulher é o mundo, e as


dores de parto são os sinais e a luz é a vinda de Cristo ou o Dia do
Senhor! (1 Ts 5.1-3).
Jesus usou a 'lição da figueira', para nos ensinar a importância dos
sinais, ele disse, 'quando seus ramos se renovam e suas folhas começam
a brotar, vocês sabem que o verão está próximo' (Mc 13.28).
A figueira, nesse contexto é o mundo, e não Israel, as folhas brotando
são os sinais e o verão é a vinda de Cristo (veja Mc 13.29; Lc 21.28-31).
Lucas referiu-se ao tempo da grande tribulação, ao escrever:

'Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. Na terra, as nações


estarão em angústia e perplexidade com o bramido e a agitação
do mar. Os homens desmaiarão de terror, apreensivos com o que
estará sobrevindo ao mundo; e os poderes celestes serão abalados
(Lucas 21.25-26).

Essas palavras fazem referências as pragas descritas no Apocalipse


que serão despencadas sobre o mundo (Jó 38.22,23; Isaías 29.6 ARA;
Jeremias 50.25).
Dentro desse tempo de angústia os santos serão entregue a última
perseguição anticristã por um espaço simbólico de 'um tempo, dois
tempos e metade de um tempo' ou 'quarenta e dois meses' ou ainda 'mil
duzentos e sessenta dias', a fim de que o cálice da ira de Deus transborde
sobre o mundo perseguidor. Todo esse tempo de grande aflição mundial
culminará no Dia do Senhor, também chamado de Ira Vindoura, pois
trará uma repentina destruição ao mundo, mas livramento aos santos
(Apocalipse 6.12-17; Sofonias 2.2-3).
Por isso Jesus Cristo falou da certeza da sua vinda logo após esses
dias ao dizer:

'quando virem todas estas coisas, sabem que ele está próximo, às
portas' (Mateus 24.33; Marcos 13.29), ou nas palavras de Lucas:
'Quando começarem a acontecer estas coisas levantem-se e
ergam a cabeça, porque estará próxima a redenção de vocês' e
também 'quando virem estas coisas acontecendo, saibam que o
Reino de Deus está próximo' (Lucas 21.28,31).

Não sabemos, biblicamente falando, por quanto tempo durará a


grande tribulação, porém, será um tempo abreviado, e além do mais
temos que separar a grande tribulação do reinado do Anticristo e da
92 11º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

destruição de Jerusalém profetizado por Jesus.


A história contemporânea está caminhando para o seu fim, e os
homens estão enchendo cada vez mais a medida de seus pecados,
principalmente tratando-se de todo massacre contra a Igreja de Cristo. A
semelhança de Faraó, Satanás está furioso contra o povo fiel do Senhor,
tentará através da Besta e de seus comparsas, o último ataque contra a
Igreja, as perseguições se tornarão mais intensa, muitos crentes
sofrerão o martírio. Chegar-se-á, porém, o tempo em que o Senhor
derramará sobre a terra as sete taças da cólera de Deus, prenunciando a
libertação do seu povo, assim como se deu no antigo Egito.
O longo reinado da Besta vai balançar, assim como o antigo Egito
balançou! Será um tempo terrível para todas as nações, assim como foi
para o antigo Egito! Terminará com clímax do Dia do Senhor, quando
Jesus vem pessoalmente e literalmente à terra e dará o último golpe no
Anticristo e livrará seu povo, assim como Moisés que deu o último
golpe em Faraó (quando o anjo destruidor veio sobre o Egito) e libertou
o povo de Deus (Êxodo 12.23,29-33).
Assim, o “Dia do Senhor” vem com destruição para o ímpio e
desolação para a terra (Ob 1.15; Sf 3.8; Is 24.1; Jr 4.23-28; 25.30-33;
2 Pe 3.10-12), mas segundo o pré-tribulacionista após o arrebatamento,
haverá primeiro um período de paz, pois, o Anticristo resolverá todos os
problemas da humanidade.
O pré-tribulacionista Claudionor de Andrade diz em seus escritos:

“a segunda metade [da semana profética de Daniel] será ocupada


pela Grande Tribulação propriamente dita”, e cita o texto: “Pois
quando disserem: Paz e segurança, então lhes sobrevirá repentina
destruição...de modo nenhum escaparão (I Ts 5.3)” Lições
Bíblicas, de Aluno, 4º trimestre de 2004, pág.38) .

Porém esse texto bíblico está sendo citado fora do contexto. Pois
Paulo está se referindo a “repentina destruição” que ocorrerá quando
vir o Dia do Senhor, e como já foi visto o Dia do Senhor só virá no final
da grande tribulação, e não no inicio dela ou no meio dela (I Tes 5.1-4).
De fato depois da grande tribulação, tanto a besta como o falso
profeta, os reis da terra e os seus exércitos ainda estarão de pé para
lutarem contra o Cordeiro (Ap 19.19-21). Mas quando o Cordeiro se
manifestar no Dia do Senhor, então haverá uma deflagrada destruição
do sistema mundial, mas salvação para os crentes (Ml 4.1-3;
11º Problema Teológico 93
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

II Ts 1.7,8; 2.8; 1 Co 5.5; Jl 2.31,32 c/ Rm 10.9,13; 2 Pe 3.13-15; Jl 3.14-


16). Muito embora haverá nações sobreviventes depois da fulminante
destruição na vinda de Jesus, porém, o sistema mundial humano não
mais existirá, nem se erguerá jamais, pois o governo mundial estará às
mãos do Cristo e de sua Igreja (Ap 2.26,27 cf. Sl 2.1-12).
Talvez alguém poderá questionar que o pós-tribulacionista esteja
equivocado ao dizer que a Igreja será arrebatada após a grande
tribulação, já que o mundo estará em 'paz e segurança'. Bem, queremos
dizer com muita propriedade que Jesus, Mateus e Marcos eram
pós-tribulacionistas, pois eles indicaram o arrebatamento da Igreja após
a grande tribulação (Mateus 24.29-31; Marcos 13.24-26).
Sobre a questão de 'paz e segurança' em 1 Ts 5.3, Paulo não está
dizendo que o mundo estará em paz e segurança, mas 'quando andarem
dizendo: Paz e segurança, eis que lhes sobrevirá repentina destruição'.
Isso é similar o que aconteceu quando Jerusalém estava sendo sitiada
pelos babilônicos, a cidade estava entregue a uma degradante
calamidade, e perto de ser destruída, no simbólico Dia do Senhor, por
Nabucodonosor, rei da Babilônia, porém, os falsos profetas diziam:
'Paz, paz'...quando [na verdade] não [havia] paz alguma' (Jeremias
6.14; 8.11; 23.16,17; Ezequiel 13.10).
Nos terríveis dias de grande tribulação que antecede o real Dia do
Senhor, os falsos profetas, os políticos e os governantes estarão
anunciando: 'paz e segurança', por intermédio da mídia, com a
finalidade de promover falsa esperança aos homens, porém, a
'destruição virá sobre eles de repente... e de modo nenhum escaparão'.
Jesus Cristo falou dessa falsa paz e segurança quando comparou os dias
anteriores ao Dilúvio com os dias anteriores a vinda do Filho do
Homem, ele disse:

'O povo vivia comendo, bebendo, casando-se e sendo dado em


casamento, até o dia em que Noé entrou na arca. Então veio o
Dilúvio e os destruiu a todos. Aconteceu a mesma coisa nos dias de
Ló. O povo estava comendo e bebendo, comprando e vendendo,
plantando e construindo. Mas no dia em que Ló saiu de Sodoma,
choveu fogo e enxofre do céu e os destruiu a todos. Acontecerá
exatamente assim no dia em que o Filho do homem for
revelado...Duas pessoas estarão no campo; uma será tirada
(através do arrebatada) e a outra deixada (para a destruição)'
(Lucas 17.26-30,36).

94 11º Problema Teológico


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

O livro de Apocalipse também revela essa atitude de falsa paz e


segurança nas seguintes palavras:
'O restante da humanidade que não morreu por essas pragas, nem
assim se arrependeram das obras das suas mãos; eles não
pararam de adorar os demônios e os ídolos de ouro, prata, bronze,
pedra e madeira, ídolos que não podem ver, nem ouvir, nem andar.
Também não se arrependeram dos seus assassinatos, das suas
feitiçarias, da sua imoralidade e dos seus roubos' (Ap 9.20,21).

Muito embora ‘assassinatos’ e ‘roubos’ são tidos como atitudes


contrárias a paz e segurança, aqui refere-se mais aqueles atos praticados
por classes elitizadas como políticos e empresários. ‘Feitiçaria’ e
‘imoralidade’ mostra que as pessoas continuarão com suas festas pagãs
e imorais em que ocorre muitas orgias, prazeres e divertimentos carnais,
como está escrito em Pv 10.23: ‘o tolo encontra prazer (satisfação) na
má conduta’. Essa é a paz do mundo (Jo 14.27; 2 Pe 2.6-10).
O problema teológico causado pelos pré-tribulacionistas em
confundir o Dia do Senhor com a grande tribulação é tão grave que
eles tiram toda ênfase da Vinda do Senhor e sobrecarrega na grande
tribulação. Assim disse o pré-tribulacionista Claudionor de Andrade :

'A Grande Tribulação... possui como objetivos: Destruir o império


do Anticristo...Desestabilizar o atual sistema mundial (Dn
2.34,35). Implantar o reino de Nosso Senhor Jesus Cristo (Dn
2.44)' (Lições Bíblicas, de Aluno, 4º trim. de 2004, págs.38,39).

Não seriam esses os objetivos da vinda do Senhor Jesus Cristo? Por


que se durante a grande tribulação os ímpios são julgados, o Anticristo
destruído e o reino implantado, então pra quê Jesus vir com poder e
grande glória no final da grande tribulação? Por isso que a segunda
vinda de Jesus precisa diferenciar-se da grande tribulação. Esses
objetivos dizem respeito a vinda de Cristo no glorioso e terrível Dia do
Senhor depois da grande tribulação.
O Dr. Wim Malgo escreveu em seu livro pré-tribulacionista:

‘Virá, entretanto, como ladrão, o dia do Senhor, diz Pedro.


Devemos distinguir entre a vinda do Senhor e o dia do Senhor...
com o dia do Senhor começa a Grande Tribulação [que] trata-se
do domínio mundial de terror da besta, do vindouro ditador
mundial...' (Terá Chegado o Fim de Todas as Coisas?
págs.99,100).
11º Problema Teológico 95
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Se o Dr. Wim Malgo está correto, então podemos dizer que a grande
tribulação virá como um ladrão. Porém, não existe lugar nenhum em
toda escritura apostólica e profética dizendo que a grande tribulação
virá como ladrão. A única coisa que vem como ladrão em toda Bíblia é a
vinda de Jesus. Veja o que escreveu Mateus:

'Portanto, vigiem, porque vocês não sabem em que dia virá o seu
Senhor (esse é o dia do Senhor). Mas entendam isto: se o dono da
casa soubesse a que hora da noite o ladrão viria, ele ficaria de
guarda e não deixaria que a sua casa fosse arrombada. Assim,
vocês também precisam estar preparados, porque o Filho do
homem virá numa hora em que vocês menos esperam' (Mateus
24.42-44).

E como também em Ap 16.15: 'Eis que venho como ladrão!'. O


próprio Jesus disse: 'virei como um ladrão' (Ap 3.3). O dia do Senhor
não é a grande tribulação, e nem o começo dela, mas é a vinda de Jesus, e
esse dia virá depois do Anticristo (2 Ts 2.1-3) e depois da grande
tribulação (Mt 24.29,30).
Tanto Paulo como Pedro tinham em mente a vinda de Jesus quando
escreveram sobre o dia do Senhor, e não a grande tribulação (II Pe 3.10;
1 Tes 5.2,3). É bem transparente nos escritos deles que a vinda do
Senhor é o Dia do Senhor, esses termos aparece como sinônimos.
Pedro escreveu:
'...nos últimos dias, surgirão escarnecedores... [que] dirão: O que
houve com a promessa da sua vinda? Desde que os antepassados
morreram, tudo continua como desde o princípio da criação...O
Senhor não demora em cumprir a sua promessa, como julgam
alguns...O dia do Senhor, porém, virá como ladrão. Os céus
desaparecerão com um grande estrondo, os elementos serão
desfeitos pelo calor, e a terra, e tudo o que nela há, será
desnudada' (2 Pedro 3.3,4,9,10 o grifo é meu).

Paulo escreveu:

'Irmãos, quanto à vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e à nossa


reunião com ele, rogamos a vocês, que não se deixem abalar nem
alarmar tão facilmente...como se o dia do Senhor já tivesse
chegado' (1 Tessalonicenses 2.1,2 o grifo é meu).

Que benção saber que para Paulo e Pedro não há diferença entre

96 11º Problema Teológico


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

a vinda de Jesus e o Dia do Senhor!


Uma nota de rodapé da Bíblia de estudo NVI diz o seguinte sobre
1 Ts 5.2:
'A expressão [dia do Senhor] remota a Am 5.18. No AT trata-se de
um tempo em que Deus virá e intervirá com juízo e/ou bênção. No
NT, continua o conceito do juízo, mas também é o 'dia da
redenção' (Ef 4.30); o 'dia de Deus' (2 Pe 3.12) ou de Cristo (1 Co
1.8; Fp 1.6); e o 'último dia' (Jo 6.39), o 'grande Dia' (Jd 6) ou
simplesmente 'o dia' (2 Ts 1.10)... Haverá alguns sinais
preliminares (e.g. 2 Ts 2.3), mas a vinda será tão inesperada como
a de um ladrão à noite' (pág.2055).

Paulo continua: 'Antes [do dia do Senhor] virá a apostasia e, então


será revelado o homem do pecado', aí então Paulo concluí: 'a quem o
Senhor Jesus matará com o sopro de sua boca e destruirá pela
manifestação de sua vinda' (2 Tes 2.2,3,8).
Somente nessa ocasião, segundo Paulo, o dia do Senhor chega!
Ora, se o Anticristo só será destruído no dia do Senhor, então esse dia
não é a grande tribulação, pois conforme o próprio Wim Malgo diz:
‘[a Grande Tribulação é o] 'domínio mundial de terror da besta, do
vindouro ditador mundial'. Sendo o seu governo mundial, então não lhe
causará destruição! Essa expressão paulina 'destruirá pela
manifestação de sua vinda', faz referência a 'repentina destruição' no
dia do Senhor em 1 Ts 5.2,3.
E, se de fato os pré-tribulacionistas estão corretos em dizer que a
grande tribulação é o domínio mundial do Anticristo, então aí é que eles
mesmos não podem chamar a grande tribulação de Dia do Senhor, mas
de Dia do Anticristo.
Os pré-tribulacionistas também erram ao simbolizar o Dilúvio com
a grande tribulação. O teólogo Eurico Bergstén escreveu o seguinte:

'Isto aconteceu nos dias de Noé, quando a ira de Deus se derramou


sobre a Terra sob a forma de um dilúvio... Assim também
acontecerá na Grande Tribulação' (Lições Bíblicas, de Mestre, 3º
trimestre de 1995, págs.74,75).

Com isso eles querem também insinuar que assim como Noé e sua
família estavam dentro da arca durante o dilúvio, a Igreja estará no céu
durante a grande tribulação. Porém, segundo Jesus o Dilúvio não é

11º Problema Teológico 97


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

símbolo da grande tribulação, mas da sua vinda conforme escreveu o


apóstolo Mateus:

'até o dia em Noé entrou na arca; e eles nada perceberam, até que
veio o Dilúvio e os levou a todos. Assim acontecerá na vinda do
Filho do Homem...uma será levada (arrebatada) e a outra
deixada (destruída)' (Mateus 24.37-40),

E o evangelista Lucas:

'até o dia que Noé entrou na arca. Então veio o Dilúvio e os


destruiu a todos. Acontecerá exatamente no dia em que o Filho do
homem for revelado' (Lucas 17.27,30).

Os dois textos não diz: 'Assim será na grande tribulação', mas


'assim será na vinda do Filho do Homem'. Perceba que a entrada de Noé
na arca é simultânea à destruição daquela geração, assim também o
arrebatamento da igreja será simultâneo a destruição do mundo, isto é,
na mesma ocasião em que o Filho do homem for revelado, sem qualquer
tipo de intervalo de 7 anos.
Se porém os pré-tribulacionistas acham que o episódio de Noé
serve de simbolismo para o arrebatamento antes da grande tribulação,
eu quero apenas lembrar-lhes que Noé não estava no céu nessa ocasição,
mas debaixo do dilúvio sendo protegido pelas mãos do Senhor,
enquanto o mundo era assolado pelo dilúvio!
Portanto, forjar que o Dia do Senhor seja a Grande Tribulação é
mesma coisa que dizer que a vinda de Jesus é a grande tribulação! E isso
é cometer um absurdo erro teológico gravíssimo!
Citarei alguns textos que falam do Dia do Senhor, e colocarei ali a
expressão 'Grande Tribulação' pra ver se dá certo:

 Joel 2.31; 3.14: 'O sol se tornará em trevas e a lua em sangue antes que venha 'a
grande tribulação'... Multidões, multidões no vale da Decisão! Pois 'a grande
tribulação' está próxima, no vale da Decisão'.
 Sofonias 1.14: 'A grande tribulação' está próxima; está próxima e logo vem.
Ouçam! 'A grande tribulação' será amarga; até os guerreiros gritarão'.
 Malaquias 4.1,2: 'Pois certamente vem 'a grande tribulação' ardente como uma
fornalha. Todos os arrogantes...serão como palha, e 'a grande tribulação' que
está chegando, ateará fogo neles...não sobrará raiz ou galho algum. Mas para
vocês que reverenciam o meu nome, o sol da justiça se levantará trazendo

98 11º Problema Teológico


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

salvação em suas asas'.


 1 Coríntios 5.5: 'para que...seu espírito seja salvo 'na grande tribulação'.
 1 Tessalonicense 5.14: 'Irmãos, quanto aos tempos e épocas não precisamos
escrever-lhes, pois vocês mesmo sabem perfeitamente que 'a grande tribulação'
virá como ladrão à noite...Mas vocês, irmãos, não estão nas trevas, para que
'essa grande tribulação' os surpreenda como ladrão' .
 2 Tessalonicense 2.2-3: 'não se deixem abalar...como se 'a grande tribulação' já
tivesse chegado. Não deixem que ninguém os engane de modo algum. Antes 'da
grande tribulação' virá a apostasia e, então será revelado o homem do pecado'.
 2 Pedro 3.10: 'a grande tribulação' porém, virá como ladrão. Os céus
desaparecerão com um grande estrondo, os elementos serão desfeitos pelo
calor, e a terra, e tudo o que nela há, será queimada'.

Bem, eu acredito que isso provocaria uma grande incoerência


nesses textos bíblicos e na fé cristã, portanto, o dia do Senhor não é a
mesma coisa que a grande tribulação. Agora vamos colocar 'a vinda do
Senhor Jesus' no lugar do Dia do Senhor para ver como ficam esses
textos bíblicos:

 Joel 2.31; 3.14: 'O sol se tornará em trevas e a lua em sangue antes que venha 'a
vinda do Senhor Jesus'...Multidões, multidões no vale da Decisão! Pois 'a vinda
do Senhor Jesus' está próxima, no vale da Decisão'.
 Sofonias 1.14: 'A vinda do Senhor Jesus' está próxima; está próxima e logo vem.
Ouçam! 'A vinda do Senhor Jesus' será amarga; até os guerreiros gritarão'.
 Malaquias 4.1,2: 'Pois certamente vem 'a vinda do Senhor Jesus' ardente como
uma fornalha. Todos os arrogantes... serão como palha, e 'a vinda do Senhor
Jesus' que está chegando, ateará fogo neles...não sobrará raiz ou galho algum.
Mas para vocês que reverenciam o meu nome, o sol da justiça se levantará
trazendo salvação em suas asas'.
 1 Coríntios 5.5: 'para que... seu espírito seja salvo 'na vinda do Senhor Jesus'.
 1 Tessalonicenses 5.14: 'Irmãos, quanto aos tempos e épocas não precisamos
escrever-lhes, pois vocês mesmo sabem perfeitamente que 'a vinda do Senhor
Jesus' virá como ladrão à noite... Mas vocês, irmãos, não estão nas trevas, para
que 'a vinda do Senhor Jesus' os surpreenda como ladrão'.
 2 Tessalonicenses 2.2-3: 'não se deixem abalar...como se 'a vinda do Senhor
Jesus' já tivesse chegado. Não deixem que ninguém os engane de modo algum.
Antes 'da vinda do Senhor Jesus' virá a apostasia e, então será revelado o homem
do pecado'.
 2 Pedro 3.10: 'a vinda do Senhor Jesus' porém, virá como ladrão. Os céus
desaparecerão com um grande estrondo, os elementos serão desfeitos pelo
calor, e a terra, e tudo o que nela há, será queimada'.

Acredito que essa interpretação é coerente com todos os textos


bíblicos que falam sobre o dia do Senhor.
11º Problema Teológico 99
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Então, podemos refutar o Dr. Wim Malgo e todos quantos nele crê e
dizer: Não devemos fazer nenhuma distinção entre a Vinda do Senhor e
o Dia do Senhor!
Por que os pré-tribulacionistas chegam a um absurdo tão grande
desse de confundir a grande tribulação com o dia do Senhor? Por
questões de conveniência e não doutrinária! Porém, alguns
pré-tribulacionistas resguardam-se de cometerem uma interpretação
tão fajuta dessa, como é o caso por pastor e escritor Elienai Cabral,
quando corretamente deu uma definição acertada, ao escrever:

'o Dia do Senhor [é]... a manifestação pessoal e visível de Cristo


no final da Grande Tribulação' (Lições Bíblicas, de Aluno, 3º
trimestre de 1998, págs.44,45 o grifo é meu).

Ele não só afirma que o dia do Senhor é a vinda de Jesus, como


também, para evitar qualquer engano por parte de seus leitores, diz
claramente que esse dia do Senhor ocorrerá 'no final da grande
tribulação'. Distinguindo assim a grande tribulação do dia do Senhor,
mas não distinguindo o dia do Senhor da vinda do Senhor, como
erroneamente o Dr. Wim Malgo faz e nos incentiva a fazer.

100 11º Problema Teológico


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

12º PROBLEMA TEOLÓGICO:


As razões apresentadas pelas quais os pré-tribulacionistas não acreditam
que a Igreja estará presente durante a grande tribulação são francas

P or que será que os pré-tribulacionistas colocam o


arrebatamento da Igreja antes da grande tribulação? Já que eles
acreditam que durante a grande tribulação haverá pessoas salvas e
santas! Isso não seria um contra senso! O teólogo pré-tribulacionista
Elinaldo Renovato dá a seguinte resposta:
'Graças a Deus, a Igreja não passará pela Grande Tribulação.
Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para a aquisição da
salvação, por nosso Senhor Jesus Cristo', citando Paulo em
1 Ts 5.9

Mas, será que os santos mártires que passarão pela grande


tribulação foram destinados a ira? Será que os fiéis 144 mil judeus
foram destinados para ira? (Ap 15.2 c/ 20.4; 14.1-5).
Esse texto de Paulo citado pelos pré-tribulacionistas a fim de
provar um arrebatamento pré-tribulação, está fora do seu contexto. Pois,
a ira pelo qual Paulo se refere é exatamente a 'repentina destruição' ,
citada no v.3. Apesar da Igreja passar todo período da grande tribulação,
testemunhando de Jesus e sofrendo a perseguição, não será destruída na
ira do Cordeiro. Pois, que esperamos dos céus 'Jesus, que nos livra da
ira vindoura' (1 Ts 1.10). Porque 'não somos dos que retrocedem e são
destruídos, mas dos que crêem e são salvos' (Hb 10.39).
Essa ira de que fala Paulo não é a grande tribulação, mas a ira 'do
grande dia do Deus todo-poderoso', quando o Rei dos reis pisar 'o lagar
do vinho do furor da ira do Deus todo-poderoso' (Ap 16.14;19.15,16).
Dessa ira a igreja será salva através do arrebatamento! Mas na grande
tribulação será protegida. É difícil crê nisso? Uma nota de rodapé na
Bíblia de Estudo de Genebra diz o seguinte sobre 1 Ts 5.9:

'Deus não nos destinou para a ira. Deus destinou o seu povo para
obter a salvação e a glória em Jesus Cristo (1 Ts 1.10; 2 Ts 2.14).
No entanto, os tessalonicenses e muitos outros crentes foram
designados por Deus para passarem por tribulações de toda
espécie e resistir a elas (1 Ts 3.2-4; 2 Ts 1.4; Tg 1.2-4; 1 Pe 4.12-
14; Ap 1.9). A 'ira', nesse contexto, evidentemente é a condenação
e a punição que sobrevirão no 'dia da ira' (Rm 2.5) aos
impenitentes (Ef 5.6; Cl 3.6; Ap 6.16-17; 11.18) pág. 1434.

101
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

O pré-tribulacionista Wim Malgo escreveu: ‘


Os verdadeiros crentes desta dispensação serão libertados pelo
Senhor Jesus antes do derramamento da ira de Deus sobre o
mundo durante a Grande Tribulação' e cita também
1 Tessalonicenses 5.9,10 (Terá Chegado o Fim de Todas as
Coisas, pág. 101).

De fato, seremos arrebatados antes do derramamento da ira de


Deus sobre o mundo! Mas não se trata da Grande Tribulação, mas da
fulminante destruição do Dia do Senhor!
Citarei algumas razões para isso:
Primeiramente, porque segundo o texto de Paulo citado pelo
Dr. Wim Malgo em 1 Ts 5, a ira de que Paulo se refere vem no Dia do
Senhor com 'repentina destruição... [que] de modo nenhum escaparão'
(vv.2,3), porém, o Dia do Senhor só acontecerá depois da grande
tribulação conforme provado no 11º problema teológico e conforme
reconheceu o pré-tribulacionista Elienai Cabral:
'...o Dia do Senhor [é]... a manifestação pessoal e visível de Cristo
no final da Grande Tribulação...(Lições Bíblicas, de Aluno, 3º
trimestre de 1998, págs.44,45 o grifo é meu).

Em segundo lugar, a grande tribulação não será uma 'repentina


destruição... [que] de modo nenhum escaparão', mas conforme os
pré-tribulacionistas um período de sete anos, e mesmo depois desses
sete anos os principais inimigos do Cordeiro - a Besta, o Falso Profeta,
os adoradores da Besta e Satanás - 'escaparão' com vida para guerrear
contra o Cordeiro no Armagedom. Por isso que o Dia do Senhor em que
ninguém escapará é a vinda de Jesus, pois como escreveu o inspirado
escritor:
'... se aproxima o Dia... uma terrível expectativa de juízo e de fogo
intenso que consumirá os inimigos de Deus...Terrível coisa é cair
nas mãos do Deus vivo!...pois em breve, muito em breve, aquele
que vem virá, e não demorará. Nós, porém, não somos dos que
retrocedem e são destruídos (ira), mas dos que crêem e são salvos
(arrebatados)' (Hebreus 10.12,13,27,31,37,39).

Em terceiro lugar, Paulo confronta os irmãos com o Dia do Senhor


dizendo: 'Mas vocês, irmãos, não estão nas trevas, para que esse dia os

102 12º Problema Teológico


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

surpreenda como ladrão' (v.4).

'Os tessalonicenses são orientados a prepararem-se para o


mesmo evento que, aos ímpios, sobrevirá inesperadamente Dia
do Senhor (vs.2,4). Paulo pressupõe que cristãos e não-cristãos
estarão vivos e presentes quando o Dia chegar, os cristãos,
vigilantes e prontos, os incrédulos, surpreendidos como por um
ladrão que vem de noite. Em outras palavras, o arrebatamento de
cristãos mencionados em 4.7 não se dará antes da chegada do
Dia, o qual também trará súbita e inescapável destruição dos
ímpios' ( nota de rodapé na Bíblia de Genebra sobre 1 Ts 5.1-11 ,
pág. 1434)

Isso significa que se o crente estiver ‘nas trevas’ poderá ser


destruído nessa ocasião! Isso elimina uma segunda chance de salvação
para os crentes desviados e carnais! Como então os pré-tribulacionistas
advogam uma segunda chance de salvação para os crentes desviados e
carnais? Conforme escreveu o Dr. Antonio Gilberto:

'...aqueles que não subiram no arrebatamento, e, despertados


por tal fato, decidirão permanecer fiéis, a despeito de toda e
qualquer prova e sofrimento' (Escatologia Bíblica EETAD,
pág.59).

Antonio Gilberto diz isso porque para ele 'esse dia da ira do Senhor
é o período da Grande Tribulação' (Daniel e Apocalipse, pág.92), mas
isso contradiz Paulo de uma 'repentina destruição'. Quer dizer não só o
arrebatamento será iminente, mas também a destruição será iminente!
E, são acontecimentos simultâneos! Por isso Paulo escreveu:

'Nós, porém, que somos do dia, sejamos sóbrios, vestindo a


couraça da fé e do amor e o capacete da esperança da salvação.
Porque Deus não nos destinou para ira (a repentina destruição),
mas para recebermos a salvação (no arrebatamento) por meio de
nosso Senhor Jesus Cristo' (vv.8,9).

Que dizer, somos salvos de sermos destruídos pela ira.


E, em quarto lugar, as Escrituras mostram que de fato Jesus Cristo
no seu dia vem com ira e destruição para os homens ímpios (2 Ts 1.6-10;
Hb 10.27, 30,31,36-39; 2 Pe 3.10-14; Ap 6.12-17; 19.11-21).
Portanto, a vinda de Jesus Cristo tem esse duplo lado: salvação aos
crentes e ira aos descrentes! O que complica é quando os
12º Problema Teológico 103
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

pré-tribulacionistas racha esses dois lados e coloca um intervalo


desnecessário e contraditório de 7 anos entre eles! Aí só há
atrapalhação! Causando um montão de confusão nas pessoas. Os
crentes não sabem se o arrebatamento é antes ou depois. Lêem na Bíblia
uma coisa, os teólogos dizem outra. Assim, uma das doutrinas mais
importante da Bíblia - a volta de Jesus - torna-se confusa, polêmica e
complicada.
Ao passo que não há nenhuma contradição na crença de que Jesus
Cristo voltará apenas uma vez, nessa ocasião ele salva os crentes e
destrói o sistema de Satanás! Há dezenas de contradições teológicas e
lógicas na crença de que Jesus Cristo vem em duas fases distintas .
O pré-tribulacionista Elienai Cabral responde a pergunta: por
que será que os pré-tribulacionistas colocam o arrebatamento da
Igreja antes da grande tribulação?, Assim:

'os juízos catastróficos de Deus... só terão inicio depois que a


Igreja for retirada da Terra. Até o capítulo 5 de Apocalipse se fala
da Igreja, mas no capítulo 6, quando se iniciam os juízos, a Igreja
não mais aparece, senão no capítulo 19' (Lições Bíblicas, de
Aluno, 3º trimestre de 1998, págs.47,48).

Eu não sei de onde o Dr. Elienai Cabral tirou isso, mas os queridos
leitores da Bíblia poderão me dizer onde aparece a Igreja no capítulo 19
de Apocalipse. Nesse capítulo não aparece o nome Igreja, mas se essa
grande multidão que brada: 'Aleluia, pois reina o Senhor, o nosso Deus,
o Todo poderoso' no versículo 6 é a Igreja, por que a grande multidão de
Ap 7.11,14, redimida no sangue do Cordeiro, não pode ser a Igreja
também?!
E se esses 'santos' que estão vestidos de atos justos, no versículo 8, é
a Igreja, porque os 'santos' perseguidos pela besta em Ap 13.7, não pode
ser a Igreja também?! O nome Igreja também não aparece no milênio,
nem na nova Jerusalém! Mas isso não significa que a Igreja não estará
ali!
João usou vários títulos ao se referir o povo de Deus: 'santos',
'testemunhas de Jesus', 'irmãos', 'fiéis a Jesus', 'teus servos' , os que
temem o teu nome', 'povo meu', 'apóstolos e profetas' (Apocalipse 8.4;
13.10; 14.12; 17.6; 6.11; 11.18; 18.4,20). Em nenhum local dos escritos
apostólicos esses títulos são aplicados ao Israel da antiga aliança ou a
qualquer outro grupo, a não ser a Igreja.
104 12º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

O livro de Apocalipse foi escrito a primeira mão para as igrejas da


Ásia menor (Ap 1.4). Aqueles crentes quando leram esse escrito
sagrado entenderam com precisão que esses títulos se referiam a eles
mesmos, senão a esperança do Apocalipse ficaria desnorteada, e João
atingiria os ouvintes errados. Essa fria, calculista e artificial
interpretação dos pré-tribulacionistas é uma total ignorância!
É muito fácil provar que esses títulos refere-se a Igreja, e não a
nação terrena de Israel ou outro grupo qualquer. As características
apresentadas são somente aplicadas à Igreja, por exemplo, nos capítulos
8 a 20 fala-se: 'das orações dos santos', 'da perseverança e fidelidade
dos santos', 'que esses santos obedecem aos mandamentos de Deus',
'permanecem fiéis a Jesus', fala-se dos atos justos dos santos', e que 'os
santos... participam da primeira ressurreição'. Então, é impossível não
ver nesses santos a Igreja de Cristo.
João na saudação deste livro se identificou como 'irmão e
companheiro de vocês', e como estando na ilha de Patmos 'por causa...
do testemunho de Jesus' (Ap 1.9).
Mais tarde o anjo disse a João: 'Sou servo como você e como os seus
irmãos que se mantém fiéis ao testemunho de Jesus' (Ap 19.10). Note
que conforme o capítulo 1, os irmãos de João são os crentes das igrejas
da Ásia, e por ironia crentes gentios. Veja, também, que desses irmãos
foi dito, que eles se 'mantém fiéis ao testemunho de Jesus'. Porventura,
não é esse mesmo título que se fala em 12.17: 'O dragão irou-se contra a
mulher e saiu para guerrear contra... os que obedecem aos
mandamentos de Deus e se mantém fiéis ao testemunho de Jesus'. Em
14.12, esses irmãos fiéis ao testemunho de Jesus são chamados de
'santos'. Esses santos são os mesmos santos perseguidos pela Besta em
13.7,9.
Pronto! Acabamos de identificar quem são os santos tão citados em
Apocalipse, são as mesmas testemunhas de Jesus (17.6), os irmãos de
João, aquém o anjo os chama de servos, quando disse: 'Sou servo como
você e como seus irmãos'. O livro de Apocalipse foi destinado a esses
servos (1.1), que são os crentes das igrejas da Ásia (1.4). Como o
próprio Jesus disse no final do livro: 'Eu, Jesus, enviei o meu anjo para
dar a vocês este testemunho concernentes às igrejas (ele não disse:
'concernentes a Israel)' (Ap 22.16).
Quem são esses santos? Todos os crentes! Pois lemos:
‘...continue o santo a santificar-se’ (Ap 22.10). Se você se santifica,
12º Problema Teológico 105
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

você faz parte desses santos!


Assim o livro do Apocalipse é valido para todos os crentes em
todas as épocas. Em Ap 6 a 20, João identifica a presença das igrejas
locais durante todo o período da grande tribulação pelos títulos de:
'irmãos de João', 'testemunhas de Jesus', 'servos de Deus' e 'santos'. E,
quando se refere a igreja universal chama-a de 'grande multidão'
(Ap 7.9,13,14; 19.5,6), e quando se refere ao ramo judaico-cristão da
Igreja, chama-o de 144 mil selados, as primícias para o Cordeiro
(Ap 7.1-8; 14.1-5).
Ao identificar 'os santos' do Apocalipse como os mártires da Igreja
cristã, a mensagem da bem-aventurança do Apocalipse torna-se real
para nós. O livro deixa de ser estranho, e torna-se em um doce consolo.
O Apocalipse abre-se diante de nós como uma mensagem de livramento
e salvação. Vermos a vitória de Cristo sobre os inimigos da igreja!
Contemplamos, como de antemão, o fim glorioso, daqueles que
permanecem fiéis apesar das oposições. Vermos a vindicação de Deus
em favor dos crentes!
Ao entender que 'os santos' perseguidos pela besta são os crentes,
isso dá mais sentido a leitura e a compreensão deste livro:
Como por exemplo se lê:

“Tu és justo... porque julgaste estas coisas; pois eles derramaram


o sangue dos teus santos... e tu lhes deste sangue para beber”
(Ap 16.5,6). Ou:“Ele cobrou dela o sangue dos seus servos”
(Ap 18.2).

Somos persuadidos a confessar que esses 'santos' e 'servos' são os


cristãos, muito embora sejam os mártires, pois nem todos os cristãos
terão seu sangue derramado (apesar de que qualquer um de nós pode se
tornar um mártir), por isso que esses mártires não podem ser excluídos
da Igreja, antes pelo contrário, são como que coroa da igreja. E quando o
Apocalipse os chama de 'santos' e 'servos' os coloca dentro da Igreja,
porque é assim que os membros da igreja são chamados:

“O trono de Deus e do Cordeiro estará na cidade, e os seus servos


o servirão” (Ap 22.3). E, mais:“O Senhor, o Deus dos espíritos
dos profetas, enviou o seu anjo para mostrar aos seus servos as
coisas que em breve hão de acontecer” (Ap 22.6).

106 12º Problema Teológico


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Não pode existir um arrebatamento que coloque esses 'servos’de


Deus fora deste grande e glorioso acontecimento. 'as almas dos que
foram decapitados por causa do testemunho de Jesus e da palavra de
Deus' (Ap 20.4), isto é, tiveram o seu sangue derramado por causa de
Jesus, 'os mártires de Jesus' (Ap 17.6), não podem ser ex-comungados e
purgados dos que sobem com Cristo no arrebatamento. Isso é
incompatível com o Apocalipse! Veja que diferença, enquanto os
pós-tribulacionistas recebem esses santos no seio da Igreja, os
pré-tribulacionistas os rejeitam como uma escória repugnante. Porém, o
Apocalipse foi escrito justamente para esses santos servos:
“Revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe deu para mostrar aos
seus servos o que em breve há de acontecer” (Ap 1.1).

Se esses 'servos' não são as igrejas de Cristo? Então esqueça esse


Livro! Mas por que está registrado: “Escreva num livro o que você vê e
envie a estas sete igrejas” (Ap 1.11)? É coerente concluir que 'os servos'
são 'as igrejas', pois escrito está: 'Eu, Jesus, enviei o meu anjo para dar
a vocês (os servos) este testemunho concernente às igrejas' (Ap 22.16).
Isso significa que as igrejas só serão arrebatadas depois da grande
tribulação, pois alguns desses 'servos' terão seu sangue derramado pela
Besta. Mas não se preocupe, pois a Besta terá que beber sangue em lugar
de água (Ap 16.5,6). Mas se você acreditar nos pré-tribulacionistas que
diferencia a igreja de Cristo desses 'servos', aí você bagunça tudo, e
assim mesmo se excluem quando chegar o tempo desses 'servos' serem
recompensados por Cristo (Ap 11.17).
Mas se você se diz ser servo de Cristo, e que será arrebatado antes
da grande tribulação, por que esses 'servos' aquém o livro do Apocalipse
foi escrito, deverá ficar de fora desse arrebatamento? Deus fará acepção
de servos? Uns servos serão melhores do que outros? Por que um servo
deve subir e outro deve ficar?
Talvez você responda: ' porque o que fica é servo infiel'. Mas o
Apocalipse em lugar nenhum chama esses servos que serão
'decapitados' de infiéis. Pelo contrário eles são chamados de 'fiéis':
“Sou servo como você e como os seus irmãos que se mantém fiéis ao
testemunho de Jesus” (Ap 19.10), como aqueles que 'guardam as
palavras deste livro' (Ap 22.9). Pelo contrário, eles 'foram decapitados
por causa' de sua fidelidade ao 'testemunho de Jesus e da palavra de
Deus' (Ap 20.4). Enfim são mais fiéis do que eu e você juntos!
12º Problema Teológico 107
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Esses 'servos' não subirão no arrebatamento na vinda secreta de


Jesus não é porque são servos infiéis, mas é simplesmente porque não
existe essa tal de vinda secreta. Quando Jesus dirige a seguinte
mensagem aos crentes da igreja de Esmirna: 'Seja fiel até a morte, e eu
lhe darei a coroa da vida' (Ap 2.10). Inclui esses crentes entre aqueles
que poderão ser decapitados por causa de sua fé. Não deveria Cristo
incluí-los, por sua fidelidade, aqueles supostos crentes que serão
arrebatados na sua vinda secreta? Isso significa que o livro do
Apocalipse é escrito exatamente para fortalecer a nossa fé para
enfrentar com resolução, àqueles dias em que a Besta receberá 'poder
para guerrear contra os santos e vence-los' (Ap 13.7). 'Vencê-los' no
sentido de derramarem o seu sangue, e não no sentido de levá-los a
negar a sua fé.
Não lhe incomoda em não encontrar nesse Livro nenhuma menção
de servos sendo arrebatados antes dessa perseguição cruel do Anticristo
contra os santos. Pelo contrário, o arrebatamento e a ressurreição
sempre inclui os santos que foram perseguidos pela Besta. Veja por
exemplo uma visão antecipadas dos santos arrebatados em Ap 15.2:

“vi algo semelhante a um mar de vidro misturado com fogo, e, em


pé, junto ao mar, os que tinham vencido a besta, a sua imagem e o
número do seu nome. Eles segurava harpas que lhes haviam sido
dadas por Deus, e cantavam o cântico de Moisés, servo de Deus, e
o cântico do Cordeiro”.

Esse mar de vidro é aquele que se encontra diante do trono de Deus


(Ap 4.6), logo para que esses santos se encontrem ali de pé diante do
trono de Deus deverão ter sido arrebatados, mas primeiramente eles
terão que permanecer fiéis e não adorar a Besta. Jesus no decorrer dos
acontecimentos revelados à João, vez por outra, permite que o profeta
contemple os remidos no céu, mas sempre entre esses remidos estão
destacados aqueles santos perseguidos pela Besta. Isso servia para dá
confiança à esses santos e fortalecer sua perseverança e fidelidade no
Senhor. Por outro lado, ao ser eles destacados entre os santos no céu,
mostra que o arrebatamento somente ocorrerá quando se completar o
'números dos conservos e irmãos, que deverão ser mortos' (Ap 6.11). E
isso pode incluir você, já que o arrebatamento ainda não aconteceu?
Talvez você diga: 'Não! Eu não quero ser decapitado pela Besta, eu
quero ser arrebatado antes que essas coisas comecem acontecer'.
108 12º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Na verdade, esses servos santos e fiéis, destinatários do Livro do


Apocalipse, que resistem a adoração da Besta com toda perseverança e
fidelidade (Ap 13.10; 14.12), torna impossibilitado um arrebatamento
que os deixam excluídos! Mas não chore, resta um escape para você!
Está em Ap 14.13:“Então ouvi uma voz dos céus dizendo: Escreva:
Felizes os mortos que morrem no Senhor de agora em diante”.
Geralmente os pré-tribulacionistas citarão a promessa de Ap 3.10:

“Visto que você guardou a minha palavra de exortação à


perseverança, eu também o guardarei da hora da provação que
está para vir sobre todo o mundo, para pôr à provar os que
habitam na terra”

A fim de provarem que a igreja estará no céu durante a grande


tribulação.
É uma infelicidade para os pré-tribulacionistas que eles têm
apenas esse único versículo para tentar provar um arrebatamento
pré-tribulação. Esse texto será analisado exegeticamente no
19° problema teológico. Porém, aqui iremos analisá-lo dentro do
contexto do livro do Apocalipse.
Se a promessa de Ap 3.10 se refere especificamente aos crentes da
igreja de Filadélfia, então podemos afirmar que Jesus já cumpriu a sua
promessa, pois os crentes de Filadélfia estão guardados, dormindo no
Senhor. Nesse caso, a bem-aventurança de Ap 14.13, também
cumpriram-se neles.
Porém, se a promessa diz respeito a todos os servos de Deus aquém
o livro do Apocalipse foi destinado, temos que analisar duas questões:
Primeiro, o que significa ser guardado? E segundo, o que é essa hora da
provação que está para vir?
Quando lemos que os crentes que guardam a palavra de Deus são
guardados da hora da provação, não pode está se referindo ao
arrebatamento da igreja. Pois, que os servos a quem é dirigido o livro de
Apocalipse, e entre eles se encontra também os crentes da igreja de
Filadélfia (Ap 1.1,11), são exortados a guardar as 'palavras desta
profecia' (1.3). De fato, eles aparecem como os santos que 'guardam as
palavras de Deus' (12.17; 14.12). Contudo, não foram arrebatados
antes da grande tribulação, pois deparamos com eles sendo perseguidos
e mortos pela terrível Besta (Ap 16.6; 18.24; 19.2). É tão terrível a
matança contra esses santos, que o império do Anticristo está
12º Problema Teológico 109
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Embriagado com o sangue deles (Ap 17.6). Ora, se a promessa


realmente se refere ao arrebatamento dos que guardam a palavra de
Deus antes da grande tribulação, por que esses santos não foram
arrebatados, já que eles guardam a palavra de Deus?!
Mas uma vez os pré-tribulacionistas estão equivocados em sua
interpretação. Pois em Apocalipse os que são alvo da perseguição do
dragão e da Besta são exatamente aqueles que guardam a palavra de
Deus! João, por exemplo, escreveu: “Vi as almas dos que foram
decapitados por causa... da palavra de Deus' (20.4). Ora esses que
foram decapitados, mesmo guardando a palavra de Deus, depõem
contra os pré-tribulacionistas que afirmam que os que guardam a
palavra de Deus serão arrebatados antes do surgimento do Anticristo.
Não se deixe enganar! Em Ap 12.17: '...o dragão foi fazer guerra aos
que guardam as palavras de Deus, e têm o testemunho de Jesus Cristo.'
Ora, não deveria está escrito que o dragão foi fazer guerra aos que não
guardam as palavras de Deus, pois, segundo os pré-tribulacionistas
àqueles que guardam a palavra de Deus serão arrebatados e livre desta
ira do dragão. Mas se segundo o Apocalipse Satanás vai fazer guerra
contra os guardadores da palavra de Deus e para isso ele contrata a Besta
(Ap 13.4-7), então os pré-tribulacionistas estão enganados.
Isso nos leva ao segundo questionamento: o que é essa hora da
provação que está para vir em que os que guardam a palavra de Deus é
prometido que serão guardado dela? Não se refere a perseguição da
besta, nem a ira do dragão, nem tampouco a matança dos santos. Pois se
se referisse a isso, aqueles que são descritos no Apocalipse como os
santos que guardam a palavra de Deus, não seriam perseguidos e
martirizados pela Besta (Ap 13.7; 14.12).
Essa 'hora da provação' se refere logicamente as pragas do
Apocalipse que há de vir sobre os que habitam na terra (Ap 8.13), pois
'todos os habitantes da terra adorarão à besta' (Ap 13.8). A sentença é
essa: 'Se alguém adorar a besta e a sua imagem...também beberá do
vinho do furor de Deus que foi derramado sem mistura no cálice da sua
ira' (Ap 14.9; 15.1; 16.1). Deus ordenará aos anjos: “Vão derramar
sobre a terra as sete taças da ira de Deus' (16.1). Mas o que dizer
daqueles que não adorarão 'a besta nem a sua imagem, e não receberão
a sua marca na testa nem nas mãos' (Ap 20.4). Ora, serão guardados por
Deus! As pragas não os atingirá! Eles guardam a palavra de Deus, e
Deus os guardam de serem atingidos pelas pragas (Ap 18.4).
110 12º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Enquanto, os adoradores da Besta derramam o sangue do que


guardam a palavra de Deus, Deus transformará as águas desses idólatras
em sangue. Assim 'os atos de justiça de Deus se tornarão manifestos'
em favor dos seus santos servos que guardam a sua palavra (Ap 15.3,4).
Essa promessa de Apocalipse 3.10 é exatamente dirigida a igreja
fiel para que ela tenha confiança em Deus que durante as terríveis pragas
do Apocalipse será alvo da proteção de Deus. Enquanto que os homens
morderão a língua de tanta agonia (Ap 16.10), os santos celebrarão a
Deus por retribuir à esses homens o que eles fizeram aos santos
(Ap 18.20).
Deus firma uma aliança com todos os seus servos: você guarda a
palavra de Deus no meio da perseguição, ele guarda você das pragas que
virão sobre os seus perseguidores (Leia Salmos 91.7-11).
A promessa de Ap 3.10 não se refere ao arrebatamento da igreja
antes da grande tribulação, porque senão esses santos que guardam a
palavra de Deus e são fiéis ao testemunho de Jesus à quem Satanás
furiosamente lhes faz guerra seriam os primeiros a serem arrebatados
(Ap 12.7; 13.7). Sim, eles serão arrebatados, mas só depois de terem
enfrentado a Besta e a terem vencido por guardarem a palavra de Deus
(Ap 15.2,3). Você não considera um ultraje à Deus, um contra-senso,
algo ridículo e contraditório os pré-tribulacionistas prometerem aos
seus adeptos um arrebatamento antes da hora da provação que há de vir
baseado em Ap 3.10, enquanto que aos servos de Deus aquém este Livro
é dirigido, aquém são exortados a guardar essa profecia serão
arrebatados só depois da hora da provação? (Ap 20.4; 22.6,7).
Ora, se eles são arrebatados só depois, logicamente toda a igreja só
será arrebatada depois, mesmo guardando a palavra de Deus, assim
como acontecerá com os leitores fiéis do Apocalipse.
Agora se você não se considera um destinatário do livro do Apocalipse,
você também não é servo de Deus, pois o livro foi escrito para os servos de
Deus. Logo, você estará entre aqueles que serão atingidos pelas pragas, porque
somente aqueles que lêem, ouvem e guardam a profecia deste livro serão
guardados por Deus dessas terríveis pragas. Cuidado! Para não acrescentar
algo à profecia deste livro, assim como os pré-tribulacionistas acrescentam um
suposto arrebatamento em Ap 3.10, pois, o Senhor declara: 'a todos os que
ouvem as palavras da profecia deste livro: Se alguém lhe acrescentar algo,
Deus lhe acrescentará as pragas descritas neste livro' (Ap 22.18).
Agora voltemos novamente ao texto muito dissecado pelos
pré-tribulacionistas a fim de provar que a Igreja será arrebatada antes da
12º Problema Teológico 111
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

grande tribulação: 1 Ts 5.9:'Porque Deus não nos destinou para a ira, mas
para recebermos a salvação por meio de nosso Senhor Jesus Cristo'
Paulo coloca dois pólos antagonistas aqui: ira e salvação. Os que serão
atingidos pela ira não receberão a salvação por meio do Senhor Jesus, os que
recebem a salvação não serão destinados a ira!
Uma vez que o pré-tribulacionista afirma baseado nesse texto que a igreja
será arrebatada antes da grande tribulação, então os que ficarão de fora do
arrebatamento são destinados a ira! Pra começar essa definição dos
pré-tribulacionistas contrapõem a própria crença deles na segunda chance de
salvação para os que ficarem! De fato, essa crença deles contradiz o que eles
chamam de 'salvos oriundos da grande tribulação'. Como pode ser isso se eles
foram destinados a 'ira'? Ora, se a Igreja é arrebatada para salvação antes da
grande tribulação porque não foi destinada a ira, então por que haverá salvação
durante a grande tribulação?
Como fica a situação dos 'santos' e 'servos' de Cristo que são perseguidos
pela Besta? Foram destinados para ira, pois não subiram no arrebatamento!
Então não poderão receber a salvação por meio de nosso Senhor Jesus Cristo!
Agora se esses santos e fiéis testemunhas de Jesus serão salvos no final da
grande tribulação, então essa ira de que fala Paulo não é a grande tribulação.
Porque se fosse nenhum crente santo, fiel e servo se encontrava entre os que
foram destinados à ira e por isso estão sofrendo a grande tribulação.
Rm 5.9, diz: 'Como agora fomos justificados por seu sangue, muito mais
ainda, por meio dele, seremos salvos da ira de Deus!'. Ora se essa ira de Deus é
a grande tribulação, então não poderá haverá mais justificação por meio do
sangue de Cristo para os que receberam a ira de Deus! Os que ficarem não
poderão participar desse 'muito mais ainda'! Ou somos salvos da ira de Deus
ou somos destruídos pela ira de Deus! Não pode haver entre os destruídos pela
ira de Deus, pessoas salvas e santas! Isso contradiz a justificação pela fé!
E com certeza essa ira de Deus não é a grande tribulação, pois lemos que a
'grande multidão' de servos de Deus que vem da 'grande tribulação' em
Ap 7.9-14, 'lavaram suas vestes no sangue do Cordeiro', isto é, foram
justificados!
Então esse texto de 1 Ts 5.9 e Rm 5.9 em vez de provar um arrebatamento
antes da grande tribulação, comprova o contrário, pois durante a grande
tribulação a graça de Deus ainda estará sobre a humanidade para conduzi-lá a
salvação (Ap 11.13; 16.9).
Agora quando o Cordeiro de Deus voltar no final da grande tribulação
irado contra as nações ímpias, apenas os crentes serão salvos nessa ocasião,
enquanto que todos os outros são destinados a ira e por isso 'sofrerão a pena de
destruição eterna' (1 Ts 1.8,9; Ap 19.20,21). Não haverá mais salvação quando
isso acontecer! Agora sim, os textos de Paulo se harmonizaram bem!

112 12º Problema Teológico


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

13º PROBLEMA TEOLÓGICO:


A onde está escrito na Bíblia os sete anos tão citados
pelos pré-tribulacionistas?

P
ara começar em nenhum local das Escrituras fala de sete anos
de grande tribulação; e também em nenhum local das
Escrituras fala de sete anos de Bodas do Cordeiro.
E além do mais as 70 semanas de Daniel, de onde são extraídos os
7 anos, não está computada cronologicamente exata pelo
pré-tribulacionista; pois se baseia em uma data em que não saiu
nenhuma ordem para edificar Jerusalém, isto é em 445 A.C; e, mesmo
contando nesta data sugerida, 69 semanas de anos, não caí no Messias.
Portanto, é arriscado montar todo um programa escatológico baseado
em uma interpretação que mostram falhas.
Reproduzirei abaixo gráficos que interpretam as 70 semanas de
Daniel, e o leitor verá quão falha é a data apresentada pelos
pré-tribulacionistas:
69 semanas
483 anos
A saída da Até ao
Ordem Messias
7 semanas + 62 semanas
49 anos 434 anos
SAÍRAM DUAS ORDENS

538 a.C – 489 a.C 55/56 a.C Nada de


O decreto de Ciro Importante
(Ed 1.1-4);
457 a.C – O batismo
O decreto de Arta - Jerusalém e o 26/27 d.C de Jesus
templo são 409 a.C Período Interbiblico
xerxes à Esdras onde ele é
(Ed 7.12-20) edificados ungido
445 A.C –
Paulo visita
396 a.C 38/39 d.C Jerusalém
Em 445 a.C, Neemias pede pela 1ª vez
permissão a Artaxerxes para ir após sua
conversão
a Jerusalém, e construir seus
muros. Essa data é tomada
pelos pré-tribulacionistas. Mas
note que nenhuma ordem
(decreto) saiu nesta data, como
as duas anteriores, mas uma
simples permissão para
Neemias ir a Jerusalém (Ne 2)

113
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Portanto o ano 538 a.C em que saiu o decreto de Ciro é uma data
muito cedo para iniciar a contagem das 70 semanas; o ano 457 a.C em
que saiu a ordem de Arterxexes é uma ótima data para iniciar a
contagem, pois as 69 semanas terminam exatamente no batismo do
Messias; e a data de 445 a.C é muito tarde para iniciar a contagem. Pois
essa data sugerida pelos pré-tribulacionistas não cai no Messias, mas
ultrapassa o tempo do Messias.
No seu escrito o pré-tribulacionista Elienai Cabral coloca o término
das 69 semanas (ou 483 anos) no ano 32 d.C., ou ele está apenas
copiando de outros ou está agindo de má fé, pois, não cai nessa data
(confira esse erro de contagem nas Lições Bíblicas, de Aluno,
3º trimestre de 1998, pág.49). É fácil computar as 70 semanas de
Daniel. Por exemplo, você pega o ano sugerido: 445 d.C; e subtraí por:
483 anos (já que a data antes de Cristo é em ordem decrescente), e cairá
no ano 38 d.C, e não no ano 32 d.C. Vejamos:
Antes de Cristo Depois de Cristo Depois de Cristo

483 (69 semanas) 483 (69 semanas) 483 (69 semanas)


538 (o inicio da contagem) 457 (o inicio da contagem) 445 (o inicio da contagem)
055 (muito cedo p/ Messias) 026 (exata p/ Messias) 038 (muito tarde p/ Messias)
Ou então pode somar: 483 + 55 = 538 / 457 + 26 = 483 / 445 + 38 = 483

Um dos grandes erros da contagem das 70 semanas de Daniel


advogada pelos pré-tribulacionistas é que estabelece uma data exata
para a segunda vinda de Jesus Cristo negando os textos bíblicos que
mostram que esta data é indeterminada (Mt 24.36; Mc 13.33; At 1.6,7;
1 Ts 5.1-4; 2 Pe 3.4-14). Veja mais sobre isso no ‘20º Problema
Teológico: Os pré-tribulacionistas sabem a data da volta de Jesus
Cristo à Terra!’.
Admira-me o fato que a própria Bíblia de Estudo Pentecostal, que
defende o pré-tribulacionismo, tenha preferido a data de 457 a.C, em
vez de 445, como o ponto inicial das 70 semanas. Isso refuta a
tradicional data que os próprios pré-tribulacionistas vem defendo há
anos! Isso também prova a falange deste sistema. Chegar-se-á o tempo
em que os pré-tribulacionistas também mudarão a sua infeliz crença das
duas fases!
Tal crença também tem infundido sua influência sobre as
114 13º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

70 semanas de Daniel, pois a fim de livrar os 7 anos, os


pré-tribulacionistas coloca um intenso intervalo entre 69ª e 70ª semanas
de Daniel, coisa que Daniel nada escreveu, dividindo as 70 semanas de
Daniel em ‘duas fases’. O pré-tribulacionismo vai longe com esse
princípio fabuloso das duas fases!
Tomando, porém, a ordem que saiu em 457 a.C, vemos que esta não
só cai exatamente no batismo de Jesus, em 26 d.C, onde ele é ungido
como Messias, como também mostra que a última semana de Daniel se
cumpriu fielmente nele. Veja a exatidão desta profecia no gráfico da
página 116.
Quanto a questão se a data de 457 a.C para o decreto de Artaxerxes e
o ano 26 ou 27 para o batismo de Jesus são verídicas, consulte um
dicionário bíblico. Sugestão: consulte o 'Conciso Dicionário Bíblico'
págs.47 a 53. Quanto a data 29 ou 30 para a crucificação de Jesus, temos
os testemunhos de Tertuliano, Hipólio e muito outros pais da igreja.
Veja 'O Novo Dicionário da Bíblia, pág.373. Vol. I'.
O modo como o pré-tribulacionismo interpreta as 70 semanas de
Daniel tem levado muitos teólogos a acreditarem que a vinda de Jesus
Cristo à terra está calculada pelas Escrituras. Ensinam que a contagem
regressiva começa quando o Anticristo introduzir 'o sacrilégio
terrível...no Lugar Santo' do templo de Jerusalém, rompendo sua
aliança com Israel (Mt 24.15). A partir daí conta-se três anos e meio para
a volta de Jesus Cristo! Porém as Escrituras não permite que alguém
marque a data da volta de Jesus Cristo, pois quanto 'ao dia e à hora
ninguém sabe', 'ninguém sabe...quando virá esse tempo'; e nem sequer
nos compete saber 'os tempos ou as datas que o Pai estabeleceu' para a
vinda de Seu Filho (Mt 24.36; Mc 13.36; Atos 1.6,7).
Pois a respeito dos 'tempos e épocas', o que sabemos perfeitamente
é que o dia do Senhor virá como ladrão à noite, isto é, sem data marcada
(1 Ts 5.1-4; 2 Pedro 3.10). Aquele dia virá inesperadamente e de repente
(Lc 21.34-36; Mc 13.36). A ordem para cada um de nós é: 'Portanto,
vigiem, porque vocês não sabem em que dia virá o seu
Senhor...vocês...precisam estar preparados, porque o Filho do homem
virá numa hora em que vocês menos esperam' (Mt 24.42-44).
Isso significa que as 70 semanas de Daniel têm a haver com a
primeira vinda de Jesus para morrer pelos pecados, mas não pode ser
tomada como cálculo para a segunda vinda. Dividir essa vinda em duas
fases, isto é, uma fase que ninguém sabe e a outra fase que todos podem
13º Problema Teológico 115
116
“o povo do príncipe que virá,
Última Semana (7 anos) destruirá a cidade e o te mplo...sobre a
asa da abomin ação virá o assolado r,
até que a destruição, que está
7 anos determinada, se derrame sobre ele”
(Dn 9.26b,27b)
26/27 d.C 3 ½ anos + 3 ½ anos 33/34 d.C ANO 70
D.C
O príncipe Tito
“DEPOIS
DA 26/27 d.C - invade a
29/30 d.C 33/34 d.C -
SESSENTA O BATISMO DE A MORTE DE Palestina,
E DUAS JESUS, E INICIO ESTEVÃO; profana o
SEMANAS DO SEU O EVANGELHO PASSA templo, assola
SERÁ MINISTÉRIO A SER PREGADO PARA
Jerusalém e o
MORTO O TERRENO O S G E N T IO S
templo, e
“Na metade da semana, expulsa os
MESSIAS
fará cessar o sacrifício judeus de sua
E JÁ NÃO
e a oferta”
ESTARÁ”
(Mt 27.50, 51; Ef 2.15) Jesus referiu-se a essa parte da profecia de
Daniel ao predizer a destruição de Jerusalém
Jesus Cristo firmou uma aliança em que somente o povo judeu o uviria o
evangelho por um espaço de 7 anos, e t eriam a oportunidade de fazerem pelos romanos: “Quando, pois, virdes o
parte do Reino messiânico. Depois dos 7 anos o evangelho deveria abominável da desolação que falou o profeta
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

alcançar outros povos (Mt 10.5,6; 15.24; 21.43). Daniel, no lugar santo (quem lê entende)...sabei
Uma nota marginal da Bíblia de estudo NVI diz o seguinte sobre Dn 9.27: que está próxima a sua devastação...então os
‘fará uma aliança...dará fim ao sacrifício. Segundo alguns, referência ao que estiverem na Judéia, fujam para os montes”

FARÁ FIRME ALIANÇA POR UMA SEMANA


Messias (“o Ungido”, v.26), que instituirá a nova aliança e dará “fim”
ao sistema sacrificial do AT’ (pág. 1471).
(Mt 24.15; Lc 21.20-24)

13º Problema Teológico


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

saber, não vai resolver a questão, pois os textos de Lc 21.34,35; Atos


1.6,7; 1 Ts 5.1-4; 2 Pe 3.10 estão diretamente ligados o que alguns
chama de 'segunda fase', porém essa 'segunda fase' virá como ladrão à
noite, isto é, ninguém sabe quando virá, e não como supostamente se crê
que será depois de sete anos.
O certo é concluir que as 70 semanas de Daniel não está ligada a
segunda vinda de Jesus Cristo para arrebatar os Seus, destruir os ímpios
e estabelecer seu Reino milenar. Esse tem sido o erro dos profetas atuais.
Eles se apóiam em números das Escrituras para determinarem o ano da
volta de Jesus Cristo. Por exemplo, o livro de Daniel fala de 'sete
tempos' (4.16), de 'duas mil e trezentas tardes e manhãs' (8.14) e de
'setentas semanas' (9.24). Os russelitas iniciaram a contagem para a
vinda de Jesus nos 'sete tempos', os adventistas nas 'duas mil e trezentas
tardes e manhas' e os pré-tribulacionistas nas 'setentas semanas'.
Porém, esses três grupos estão equivocados, pois se lemos
atentamente esses textos veremos que 'os sete tempos' se refere o tempo
que Nabucodonosor ficaria demente; 'as duas mil e trezentas tardes e
manhãs' apontam para o tempo em que Antíoco Epifânio profanou o
templo de Jerusalém, isto é, de 168 a 165 a.C, ano em que os macabeus
reconsagraram o templo. E 'as setentas semanas' abrangem o período de
457 a.C a 34 d.C, tempo esse que Deus determinou sobre a nação de
Israel.
Todavia, Daniel fala de um período de 'um tempo, dois tempos e
metade de um tempo', em que seria o tempo em que os santos seriam
entregue nas mãos de um certo ditador, porém, depois, desse tempo os
santos ressuscitariam para tomar posse do Reino (Daniel 7.25-27; 12.7).
Esse tempo nada tem haver com as 70 semanas. Isso pode ser visto pelo
fato que Daniel recebeu a visão de 'um tempo, dois tempos e metade de
um tempo' em 553 a.C, isto é, antes de receber a revelação das 'setentas
semanas' em 538 a.C, e além do mais em nenhum lugar nas Escrituras
aparecem esses sete anos completo, mas sempre esse tempo
fragmentado de três anos e meio. Por que?
Esse período é simbólico! Ele se inspirar no tempo em que Antíoco
Epifânio, chamado de 'chifre pequeno' em Dn 8.9, profanou o templo de
Jerusalém e esforçou-se resolutamente para aniquilar a fé judaica. Isso
serviu de prefiguração de uma besta ainda mais implacável dos últimos
dias (Daniel 8.9-14; 11.31; 12.11; Apocalipse 13.5-7). O historiador
Flávio Josefo escreveu que Daniel profetizou que:
13º Problema Teológico 117
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

'viria um rei, que faria a guerra aos judeus, aboliria todas as suas
leis e toda a forma da sua República,saquearia o Templo e
proibiria durante três anos que lá se oferecessem sacrifícios. Isso
tudo', diz Josefo, 'aconteceu sob o reinado de Antíoco Epifânio'.
Josefo escreveu que Antíoco Epifânio 'mandou construir um altar
no templo e lá fez sacrificar porcos, o que era uma das coisas mais
contrária à nossa religião. Obrigou então os judeus a
renunciarem ao culto do verdadeiro Deus, para adorar seus
ídolos...Proibiu os judeus [circuncidar] seus filhos... Mandava
queimar todos os livros das Sagradas Escrituras...' (História dos
Hebreus, págs.256,287, CPAD).

Assim, esse período de 'um tempo, dois tempos e metade de um


tempo', que Flávio Josefo redondou por 'três anos' passou a ser símbolo
convencional de um período limitado de iniqüidade irrefreada (ver
notas em Bíblia de estudo NVI, págs. 1468,1469, 2182), e tomado para
representar a última perseguição contra os crentes.
Quando Jesus Cristo disse aos seus discípulos: 'Assim, quando
vocês virem o sacrilégio terrível, do qual falou o profeta Daniel, no
Lugar Santo quem lê, entenda então, os que estiverem na Judéia fujam
para os montes' (Mt 24.15,16), não se referia as profecias que dizem
respeito a Antíoco Epifânio e seu equivalente profético, a Besta do
apocalipse, mas se referia àquela parte da profecia das 70 semanas de
Daniel que previa que a 'cidade [de Jerusalém] e o Lugar Santo serão
destruídos pelo povo do governante que virá... numa ala do templo será
colocado o sacrilégio terrível...' (Dn 9.26,17 c/ Mt 24.1,2).
Segundo Lucas as palavras de Jesus podem ser lidas assim:
'Quando virem Jerusalém rodeada de exército, vocês sabem que a sua
devastação está próxima. Então os que estiverem na Judéia fujam para
os montes' (Lucas 21.20). Essas profecias de Jesus e Daniel apontam
para a destruição de Jerusalém e do Templo no ano 70 d.C., por Tito e o
exército romano.
Porém, tratando das profecias de Daniel acerca de Antíoco
Epifânio, Paulo muito apropriadamente interpretou que antes do
arrebatamento da Igreja

'...virá a apostasia e, então, será revelado o homem do pecado.


Este se opõe e se exalta acima de tudo o que se chama Deus ou é
objeto de adoração, chegando até a assentar-se no santuário de
Deus, proclamando que ele mesmo é Deus [porém] o Senhor
Jesus... o destruirá pela manifestação de sua vinda' (2 Ts 2.1-8).
118 13º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Os 490 anos que começa em 457 A.C e termina em 34 d.C, foram


determinados sobre a nação de Israel; durante esse período Cristo
deveria ‘expiar o pecado’ (sua morte - Hb 1.3), trazer a ‘justiça eterna’
(sua ressurreição - Rm 4.25) e’ ungir o Santos dos santos’ (sua ascensão
- Hb 9.23,24). Depois dessas semanas de anos, Jerusalém e o templo
deveriam ser destruídos, isso marcaria o fim da era judaica. E de fato
aconteceu no ano 70 d.C, o príncipe-assolador Tito com o seu povo, os
romanos, invadiu Jerusalém, profanou o templo e causou uma grande
destruição.
Jesus ligou esse acontecimento ao que Daniel falou, quando
ensinou:
'Quando, pois, virdes o abominável da desolação de que falou o
profeta Daniel, no lugar santo (quem lê entenda)...sabei que está
próxima a devastação [de Jerusalém]..os que estiverem na
Judéia, fujam para os montes' (Mateus 24.15; Lucas 21.20,21
ARA).

Aqui marca o término do trato de Deus com o Israel carnal como


nação de Deus, doravante o verdadeiro Israel é o remanescente de
judeus crentes que será salvo (Rmanos 9.27-33; 10.19-21; 11.1-10).
Conforme está escrito:

'o Reino de Deus será tirado de vocês e será dado a um povo que dê
os frutos do Reino' (Mateus 21.43).

Todavia, ainda que acreditasse como o pré-tribulacionista, que


Jesus voltará com poder e grande glória no final da última semana de
Daniel para socorrer a nação terrena de Israel e que haveria uma
conversão nacional dela, isso não impediria que o arrebatamento da
Igreja ocorresse nessa vinda, já que os próprios pré-tribulacionistas
acreditam que nessa vinda para a nação de Israel, uma grande multidão
de crentes oriundos da grande tribulação irão ser ressuscitados e
glorificados nessa ocasião.

13º Problema Teológico 119


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

14º PROBLEMA TEOLÓGICO:


O pré-tribulacionismo dá a entender que a Grande Tribulação
é uma parceria entre Deus e o Anticristo

T alvez eu possa está sendo atrevido quanto a essa questão, mas é


o que eu vejo quando leio os escritos do pré-tribulacionismo
acerca da grande tribulação. Por exemplo veja o que escreveu o saudoso
teólogo pré-tribulacionista Eurico Bergstén:

'A Grande Tribulação é chamada o dia da vingança... no dia da


vingança do nosso Deus, o mundo será entregue ao “Senhor”
(esse Senhor é Satanás)... Na Grande Tribulação, a força de
Satanás triunfará sobre o mundo, e resultará a maior catástrofe de
todos os tempos' (Lições Bíblicas, de Mestre, 3º t de 1995, pág.75).

Se a grande tribulação é o ‘dia da vingança do nosso Deus’, por que


logo Satanás, o arquiinimigo de Deus, ‘triunfará’? Eurico Bergstén
pergunta: 'O que provocará a tremenda angústia na Grande
Tribulação?' Ele mesmo responde: 'O governo mundial do Anticristo
com a eficácia e poder de Satanás. A execução dos castigos de Deus em
três séries distintas: os sete selos, sete trombetas e as sete taças'.
Se a Grande Tribulação é a 'execução dos castigos de Deus', como
pode ser ao mesmo tempo 'o governo mundial do Anticristo com
eficácia e poder de Satanás'? Será que o Anticristo ficará imune aos
castigos de Deus?! Como escreveu o nosso querido teólogo Eurico
Bergstén:
'O Anticristo... será aclamado líder mundial, capaz de
encaminhar a solução de todos os problemas da humanidade'.
(Lições Bíblicas, de Mestre, 3º trimestre de 1995, pág.75).

Aí eu não entendo mais nada! Quem vai triunfar na Grande


Tribulação é Satanás e o Anticristo ou é Deus e Jesus Cristo? Ou são os
quatros que triunfarão juntos? Dá-me repugnância só em pensar nisso!
O Dr. Eurico Bergstén escrevendo em outra ocasião diz que na grande
tribulação,
'Deus se afasta, abandona o mundo; se retira e entrega o mundo
nas mãos de Satanás...O mundo fica assim no poder de Satanás.
Este, por sua vez, se organiza para exercer este poder nas suas
mãos. Ele suscita uma trindade satânica: O Dragão é o Antideus,
a Besta é o Anticristo, e o Falso Profeta é o Antiespírito'
(Lições Bíblicas, 3º trimestre de 1983, pág.39).

120
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Mas o mundo já não está entregue a Satanás? Mas quem entregou


não foi Deus e sim Adão! Por exemplo o Diabo disse a Jesus Cristo,
quando lhe mostrou em relance todos os reinos do mundo: 'Eu te darei
toda a autoridade sobre eles e todo o seu esplendor, porque me foram
dados e posso dá-los a quem eu quiser' (Lc 4.5), e Paulo escreveu sobre
o deus deste século referindo-se a Satanás (2 Co 4.4), e o apóstolo João
também escreveu que 'o mundo todo está sob o poder do Maligno'
(1 Jo 5.19). E nem Deus e nem o seu povo precisou abandonar o mundo
por causa disso! Que eu saiba Deus, por meio de Cristo, quer arrancar o
mundo das mãos de Satanás, e não entregá-lo (1 Jo 3.8; Ap 11.15).
Deus jamais se afasta, recua, pelo contrário, a Bíblia diz: ''...Deus
[é] que tem domínio sobre estas pragas' (Ap 16.9), as manifestações das
pragas divinas sobre a terra nos últimos dias é visto como uma visitação
e intervenção de Deus. O que Satanás fará então? O Apocalipse diz: 'aí
da terra e do mar, pois o Diabo desceu até vocês! Ele está cheio [de
grande ira], pois sabe que lhe resta pouco tempo' (Apocalipse 12.9,12).
Satanás afundará o mundo em um caos social e moral, produzindo
sangrentas guerras, violências e discórdias, influenciando os homens a
cometerem abomináveis pecados. Porém, o diabo concentrará sua
'grande ira' contra as testemunhas fiéis de Jesus, levando as nações
persegui-las. Porém, tudo isso causado por Satanás, atrairá mais ainda a
cólera de Deus sobre o mundo (Ap 8.13; 9.20,21; 16.5-10). Contudo,
Deus não agirá controlado por ira desarrazoada, mas com justiça, a fim
de levar as nações a temerem e glorificarem o seu Nome (Ap 15.3-4
veja o exemplo disso em Amós 4.9-11).
Eu sei que nós estamos vivendo no ‘poder das trevas’ e que nos
últimos dias esse poder aumentará mais ainda, mas isso não significa
grande tribulação, pelo contrário grande tribulação é o inicio do fim do
governo de Satanás e de seu filho, o Anticristo, e não o auge do seu
poder! Assim como as pragas do Egito foram o inicio do fim do terrível
império dos Faraós, muito embora eles tenham aumentado sua pressão
sobre o povo de Deus.
Então, o que irmão Eurico Bergstén que dizer com 'Deus se
afasta...[do] mundo; se retira e entrega o mundo nas mãos de
Satanás...'? Será que ele quer dizer que Satanás, a Besta e o Falso
Profeta vão lançar as pragas apocalípticas sobre o mundo? Acredito que
não, pois, o teólogo pré-tribulacionista Elienai Cabral escreveu que o
Anticristo terá uma influência mundial, 'pois conquistará o apoio das
14º Problema Teológico 121
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

nações do mundo inteiro...', então ele não destruirá o mundo, mas terá o
apoio dele. Na verdade Elienai Cabral conclui suas palavras dizendo:
'...contra Israel' (LIções Bíblicas, 3º trimestre de 1998, pág.60).
Então vejamos, para os pré-tribulacionistas a grande
tribulação tem dois lado: por um lado Deus castiga as nações, por
outro lado o Anticristo castiga Israel! Mas será que a perseguição do
Anticristo contra Israel pode ser chamada de grande tribulação em
comparação as pragas de Deus contra as nações? Ou Israel também será
atingido pelas pragas de Deus?
Não! Não pode ser! Deus e o Anticristo contra Israel!? Então caso
contrário, Israel vai ser protegido por Deus das pragas apocalípticas?
Mas pela ainda, o que é ira vindoura então para os pré-tribulacionistas?
As pragas de Deus ou a perseguição do Anticristo? Se for a ira de Deus
então será contra as nações? Se for a ira do Anticristo então será contra
Israel? Mas, se a ira vindoura é contra Israel e essa ira é de Deus, então
Israel será também castigada com as pragas de Deus? Mas isso não é um
anti-semitismo desenfreado: Deus e o Anticristo golpeando Israel!
Bem, é aparentemente isso que o pré-tribulacionista Elienai Cabral se
deixa transparecer, quando diz:

'Podemos perceber que os juízos catastróficos de Deus sobre


Israel e o mundo naqueles dias só terão inicio depois que a Igreja
for retirada' (Lições Bíblicas, de Aluno, 3º trimestre de 1998, pág.
48 o grifo é meu).

Os pré-tribulacionistas fazem uma atrapalhação entre a ditadura do


Anticristo e os juízos de Deus, assim a Grande Tribulação se torna ao
mesmo tempo o domínio mundial da Besta e a Ira de Deus. Eurico
Bergstén escreveu:

'A Grande Tribulação será uma ditadura universal e cruel do


Anticristo' (Lições Bíblicas, de Mestre, 3º trim. de 1995, pág.76).

Elienai Cabral explicou :

'Num breve espaço de três anos e meio esse líder (o Anticristo)


alcançará o apogeu do seu domínio mundial e então haverá uma
falsa paz' (Lições Bíblicas, de Aluno, 3º trim. de 1998, pág. 50).

122 14º Problema Teológico


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

‘Nos últimos três anos e meio', complementa Antonio Gilberto,

'ocorre a Grande Tribulação propriamente dita...[será] a pior


fase da Grande Tribulação... quando o Anticristo romper sua
aliança feita com os judeus, e começar a persegui-los' (Daniel e
Apocalipse, pág. 67 e Escatologia Bíblica - EETAD, 63).

Com ele concorda Elienai Cabral ao escrever:

'Nesse momento se dará o rompimento da aliança com Israel. O


príncipe (Anticristo)...entrará em Israel e então se iniciará a
grande angústia de Israel, a Grande Tribulação' (Lições Bíblicas,
de Aluno, 3º trimestre de 1998, pág. 50) o grifo é meu.

Entretanto, Claudionor de Andrade diz em contrapartida:

'A segunda metade da semana será ocupada pela Grande


Tribulação propriamente dita: Pois que, quando disserem: Há
paz e segurança, então, lhe sobrevirá repentina destruição, e de
modo nenhum escaparão...' (Lições Bíblicas, de Aluno,
4º trimestre de 2004, pág.38) o grifo é meu.

Claudionor e Elienai não estão dizendo a mesma coisa! Porque se


'a repentina destruição' que ninguém escapará vem depois dos três anos
e meio de falsa paz, como o Anticristo sobreviverá para causar grande
tribulação a Israel nos últimos três anos e meio? Ou melhor, se a
repentina destruição de que se refere Claudionor forem as pragas de
Deus então não pode ser a grande angústia de Israel que se refere
Elienai? Se for a grande angústia de Israel não pode ser a repentina
destruição? Se for os dois, então, conclui-se que depois de três anos e
meio de paz com Israel, o Anticristo lancará as pragas divinas sobre
Israel.
Porém se a grande tribulação for, realmente, as pragas vindas de
Deus sobre o mundo, por que a pior fase será na metade dos 7 anos?
Eurico Bergstén diz:

'Depois de três anos e meio, o Anticristo romperá o concerto. Ele


profanará o Templo, ao assentar para ser adorado como Deus'
(Lições Bíblicas, de Mestre, 3º trimestre de 1995, pág. 76).

'Quando isso acontecer' diz Claudionor de Andrade,


14º Problema Teológico 123
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

‘será deflagrada toda a ira de Deus tanto sobre o Anticristo como


sobre os seus adoradores. Mostrará Deus, uma vez mais, que não
dividirá a sua glória com ninguém'.

Ao dizer essas coisas, os pré-tribulacionistas demonstram uma


interpretação absurda! Isso significa que enquanto Israel em aliança
promíscua com o Anticristo, oferecia sacrifícios literais a Deus no literal
templo de Jerusalém construído pelo Anticristo, Deus os aceitava. Mas
quando esses sacrifícios forem interrompidos, Deus ficará irado!
Como pode Deus receber por três anos e meio sangrentos
sacrifícios de animais oferecidos por intermédio de um Israel
inconverso em aliança com um Anticristo satânico! Isso não é um ultraje
ao sacrifico eterno de Jesus Cristo! Deus jamais voltará as práticas que
hoje são consideradas de rituais satânicos. As Escrituras são
contundentes em dizer que sacrifícios de animais não agradava a Deus,
mas unicamente o sacrifício de Seu Filho (Hebreus 10.4-14).
Isso é colocar Deus dentro de um conluio! Quer dizer Deus foi
traído pelo Anticristo e ressentindo derrama suas pragas?! E o pior é que
o Anticristo se volta furioso contra os judeus porque não aceitaram
adora-lo, e são terrivelmente perseguidos, e isso é considerado como
‘A Grande Tribulação'. Como continua Elienai Cabral:

'(O Anticristo) entrará em Israel e iniciará a Grande


Tribulação...a Grande Tribulação não se destina à Igreja de
Cristo, e sim, para o povo de Israel e o mundo gentio. Todos juízos
de Deus profetizados terão os seus cumprimento' (Lições Bíblicas,
de Aluno, 3º trimestre de 1998, pág. 50).

Eu, só queria saber por que Deus vai derramar os seus juízos sobre
Israel, já que eles romperam com o Anticristo, quando esse quis
adoração?! Não deveriam ser protegidos por Deus! Se a grande
tribulação contra Israel é a perseguição do Anticristo, então isso não é
nenhuma novidade, pois já faz parte do povo de Deus. Tanto judeus
como cristãos desde o inicio são duramente perseguidos! Só não sei
como o Anticristo vai causar, em três anos e meio, uma grande
tribulação à Israel sendo ao mesmo tempo castigado por Deus com
terríveis pragas!
Como diz Claudionor 'será deflagrada toda a ira de Deus tanto
sobre o Anticristo como sobre os seus adoradores' (o grifo é meu).

124 14º Problema Teológico


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

E, o pior é que depois desta deflagração total da ira de Deus, o


Anticristo ainda estará 'vivinho da silva' para lutar contra o Cordeiro na
Guerra do Armagedom (Ap 19.19).
A terrível perseguição do Anticristo e as pragas de Deus não
podem ser chamadas paralelamente de Grande Tribulação! Porque
se não haveria uma parceria entre Deus e o Anticristo. Ou a Grande
Tribulação é a fúria de Deus contra o mundo do Anticristo ou é a fúria do
Anticristo contra o povo de Deus. Porque Deus e o Anticristo não
podem combater do mesmo lado!
Sim, Deus pode castigar o mundo anticristão por perseguir o Seu
povo, mas jamais castigará o seu povo por recusar adorar o Anticristo.
Quando Deus castiga o Seu povo, sempre o faz para corrigi-lo de seus
erros. Por exemplo, utilizou-se da Assíria e da Babilônia para castigar
Israel por causa de sua crassa idolatria. E utilizou-se de Roma para
castigar Israel por ter rejeitado o Messias. Mas, não será esse o caso na
G r a n d e Tr i b u l a ç ã o , p o r q u e I s r a e l , c o n f o r m e e n s i n a o s
pré-tribulacionistas, recusará prestar culto ao Anticristo, por que então
deverá ser castigada por Deus?
Por isso que nem o reinado e nem a perseguição do Anticristo
contra Israel podem ser chamados de grande tribulação, pois que os
juízos de Deus vêm sobre o mundo do Anticristo exatamente porque ele
persegue os santos do Cordeiro e esses juízos devem ser chamados de
Grande Tribulação.
A própria definição da Grande Tribulação advogada pelos
pré-tribulacionistas é um erro teológico grave e sem lógica. Porque eles
têm que decidir: ou a Grande Tribulação é Satanás perseguindo o fiel
Israel ou é Deus castigando o mundo de Satanás com pragas. Não pode
significar a mesma coisa! Deus castigará, de fato, esse mundo com
terríveis pragas, da mesma maneira como castigou o Egito com dez
pragas. Por que Ele castigou o Egito? Porque o Egito oprimiu o Seu
povo. Similarmente, Deus castigará este mundo, o simbólico Egito,
com pragas apocalípticas, pois este mundo persegue o seu povo fiel por
se recusar adorar o sistema Bestial (Ap 11.7,8; 13.7,15).
E esse povo não é a nação moderna de Israel, mas a Igreja redimida
pelo sangue do Cordeiro! O próprio nome 'Anticristo' é incompatível
com a atual nação de Israel, pois 'Anticristo' significa 'contra Cristo', e
esse Israel atual não crêem em Cristo, mas a Igreja crê em Cristo. Então
o Anticristo tem que se erguer contra o povo que está em Cristo!
14º Problema Teológico 125
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Por isso que ele sai de dentro da própria Igreja a fim de usurpar o
lugar de Cristo ali, como escreveu Paulo e João (2 Ts 2.4; 1 Jo 2.18,19),
mas João consola os irmãos, dizendo que Cristo, que está na Igreja é
maior do que o Anticristo, que está o mundo, por isso que nós o
venceremos (1 Jo 4.1-3). Aleluia!
Ora, os pré-tribulacionistas falam muito do espírito do Anticristo
que procura penetrar na Igreja. Em sua lição 'O Espírito do Anticristo e o
Mundo', o Dr. Eurico Bergstén discorre sobre vários meios que o
espírito do Anticristo utiliza-se para penetrar na Igreja, ele escreveu:

'Ele (o espírito do Anticristo) combate a Igreja...o espírito do


Anticristo tem como objetivo primordial impedir que a mensagem
transformadora [do evangelho de Cristo] seja divulgada por meio
dos cristãos' (Lições Bíblicas, de Mestre, 3º trimestre de 1995,
pág. 35) o grifo é meu.

Então são esses cristãos fiéis que serão perseguidos pelo Anticristo
quando esse se manifestar em pessoa! Pois, as pessoas agem segundo o
seu espírito. E, com certeza o Anticristo não mudará o seu objetivo
primordial quando se manifestar publicamente.
Quanto a nação de Israel, definitivamente já sofreu sua grande
aflição, no ano 70 A.D, quando os romanos lideradas por Tito
invadiram a Palestina e deitaram abaixo o templo e a cidade de
Jerusalém, dispersando os judeus entre as nações do mundo inteiro,
onde sofreram bastante sob o preconceito anti-semitismo.
O escritor e historiador da Igreja Primitiva, o doutor Lucas
escreveu sobre isso:

'Quando virem Jerusalém rodeada de exército, vocês saberão que


a sua devastação está próxima. Então os que estiverem na Judéia
fujam para os montes, os que estiverem na cidade saiam, e os que
estiverem no campo não entrem na cidade. Pois esses são os dias
da vingança, em cumprimento de tudo o que foi escrito. Como
serão terríveis aqueles dias para as grávidas e para as que
estiverem amamentando! Haverá grande aflição na terra (da
Judéia) e ira contra este povo. Cairão pela espada e serão levados
como prisioneiros para todas as nações. Jerusalém será pisada
pelos gentios, até que os tempos deles se cumpram' (Lc 21.20-24).

Por que tão grande infortúnio caiu sobre os judeus? Paulo


responde:
126 14º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

'[os judeus] mataram o Senhor Jesus e os profetas, e também nos


perseguiram. Eles desagradam a Deus e são hostis a todos,
esforçando-se para nos impedir que falemos aos gentios, e estes
sejam salvos. Dessa forma, continuam acumulando os seus
pecados. Sobre eles, finalmente, veio a ira [de Deus]'
(1 Tessalonicenses 2.15,16).

Certa fonte descreve:

'Posteriormente, a tradição da igreja entendeu que a queda de


Jerusalém em 70 d.C. ocorreu como resultado do julgamento
divino devido à perseguição dos seguidores de Jesus pelos judeus.
Por exemplo, Eusébio, o historiador da igreja do século IV, refere-
se à crença de muitos de que Deus julgou Jerusalém porque
mataram o meio-irmão de Jesus, Tiago...Até mesmo [Flávio]
Josefo atribui a queda de Jerusalém ao julgamento divino'
(Interpretações do Apocalipse, pág.159)

Flávio Josefo era um historiador judeu e foi uma testemunha ocular


desses fatos, e só sobreviveu a essa desgraça porque se rendeu aos
romanos antes de Tito invadir Jerusalém. Em seu livro, História dos
Hebreus, Josefo escreve horrores sobre esses dias.
O próprio Jesus Cristo declarou:

'Eu lhes estou enviando profetas, sábios e mestres. A uns vocês


matarão e crucificarão; a outros açoitaram nas sinagogas de
vocês e perseguirão de cidade em cidade. E, assim sobre vocês
recairá todo o sangue justo derramado na terra, desde sangue do
justo Abel, até o sangue de Zacarias, filho de Baraquias, a quem
vocês assassinaram entre o santuário e o altar. Eu lhes asseguro
que tudo isso sobrevirá a esta geração' (Mateus 23.34-36).

Quando Mateus e Marcos redigiram o sermão profético de Jesus


sobre a destruição de Jerusalém, eles previram a vinda de Jesus logo
após aqueles dias terríveis para os judeus. Porém, Lucas que foi mais
preciso diferenciou a destruição de Jerusalém dos sinais apocalípticos
que antecederiam a vinda de Jesus (Lucas 21.25-28).
Contudo, tanto Mateus como Marcos e Lucas acreditavam que a
vinda de Jesus seria depois da grande tribulação, seja ela a terrível
calamidade que se abateu sobre os judeus no ano 70 A.D., seja a
horrenda calamidade apocalíptica que abaterá sobre o mundo inteiro.
Sendo assim não só as pragas do Egito apontam para as pragas
14º Problema Teológico 127
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

apocalípticas sobre o mundo, mas a própria micro grande tribulação dos


judeus, apontam para o macro grande tribulação do mundo anticristão.
Isso acontecerá porque em todos os casos o povo de Deus estava
sendo terrivelmente perseguido, seja pelo Egito que oprimia Israel, seja
pelos judeus que perseguiram os primitivos discípulos de Cristo, ou seja
pelo mundo do Anticristo que persegue a Igreja de Cristo. Assim está
escrito: 'Todos odiarão vocês por causa do meu nome'. Porém, também
se diz: 'nenhum fio de cabelo da cabeça de vocês se perderá.
É perseverando que vocês obterão a vida' (Lucas 21.17-19).
De fato, assim como os crentes primitivos ‘escaparam’ da grande
calamidade sobrevinda a Israel no ano 70 A.D, porque estavam de
sobreaviso, assim também os últimos crentes ‘escaparão’ das
calamidades que sobrevirão a todos, se estiverem vigilantes (Lc 21.34-
36). Porém, esse escape não se refere a um pré-arrebatamento dos
crentes vigilantes, mas a proteção de Deus sobre eles, pois os discípulos
vigilantes de Jesus para escaparem da destruição no ano 70 não foram
arrebatados para o céu, mas se refugiaram em uma cidade chamada
Petra que ficava na própria Palestina, onde estava caído os juízos de
Deus.
No Apocalipse, João retrata a vitória dos crentes sobre a Besta
como a vitória dos israelitas sobre Faraó, assim como os israelitas
pararam junto ao mar vermelho, e quando viram os egípcios mortos na
praia, entoaram o cântico de Moisés (Êx 14.29-15.1-18), assim também,
João vê os vencedores da Besta, em pé junto ao mar de vidro misturado
com fogo, cantando o cântico da vitória, isto é, o cântico de Moisés e o
cântico do Cordeiro (Ap 15.2-4). Semelhantemente, assim como a
geração dos judeus do século I, pagaram por todos os assassinatos
cometidos por seus antepassados aos justos, assim também, na grande
tribulação a última geração dos ímpios pagará por todos os crimes
cometidos contra os crentes por todas as gerações (Ap 18.21,24).
Geralmente os pré-tribulacionistas usam o texto de Lucas 21.34-36
para provar um arrebatamento antes da grande tribulação. O texto:
'...estar em pé diante do Filho do homem' é visto como está literalmente
no céu enquanto aqui na terra transcorre 'o que está para acontecer'.
Porém, entender esse versículo desse modo é desestruturar esse
capítulo. O versículo 31 diz: '...quando virem estas coisas acontecendo,
saibam que o Reino de Deus está próximo'. Jesus coloca seus discípulos
dentro do contexto dos acontecimentos, pois se eles verão as coisas
128 14º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

acontecendo significa que estão presentes na terra, e além do mais Jesus


coloca a esperança deles na vinda do Reino e não em uma vinda secreta!
Isso significa que 'estar em pé' se refere 'está firme na fé' quando aquele
dia inesperado vier e os discípulos 'escapam' dessas coisas por levar
uma vida de vigilância e oração, não por serem arrebatados em uma
vinda secreta.
Quando o Filho do Homem vier muitos estarão sucumbidos diante
dos horrores que sobrevirão ao mundo nos últimos dias, outros
prostrados aos deleites deste mundo caído, como que dizendo:
'comemos e bebemos porque amanhã morreremos', tais como a mulher
de Ló que deu a última olhadinha! Mas os crentes devem estar em pé
diante do Filho do Homem na Sua vinda. Como bem traduziu a Bíblia
Linguagem de Hoje: ‘Portanto, fiquem vigiando e orem sempre, a fim
de poderem escapar de tudo o que vai acontecer e poderem estar de pé
na presença do Filho do Homem, quando ele vier’ (Lc 21.36).

14º Problema Teológico 129


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

15º PROBLEMA TEOLÓGICO:


Os pré-tribulacionistas acusam erroneamente os pós-tribulacionistas
de esperarem a Grande Tribulação em vez da Volta de Jesus

N ós já vimos no '14º Problema Teológico: O pré-


tribulacionismo dá a entender que a Grande Tribulação é
uma parceria entre Deus e o Anticristo' que para os pré-tribulacionistas
a grande tribulação é um período de 7 anos e que significa
simultaneamente o governo do Anticristo, a terrível perseguição contra
Israel e os gentios convertidos e as pragas do Apocalipse. Eita! Já vimos
também que a grande tribulação não será um período de sete anos, essa
cronologia está errada conforme foi provado no'13º Problema
Teológico: São os sete anos tão citados pelos pré-tribulacionistas'.
Sobre a perseguição, Jesus e seus apóstolos previram que os
verdadeiros cristãos seriam perseguidos pelo sistema deste mundo, por
Satanás e pelo Anticristo:

'Então eles os entregarão para serem perseguidos e condenados, e


vocês serão odiados por todas as nações por minha causa' (Mt
24.9);
Bem-aventurados serão vocês, por minha causa, os insultarem, os
perseguirem... Alegrem-se e regozijem-se... pois da mesma forma
perseguiram os profetas que viveram antes de vocês' (Mt 5.11,12);
Fiquem atentos, pois vocês serão entregue aos tribunais e serão
açoitados nas sinagogas' (Mc 13.9);
'... eles entregarão alguns de vocês à morte. Todos odiarão vocês
por causa do meu nome. Contudo, nenhum fio de cabelo da cabeça
de vocês se perderá' (Lc 21.16-18);
'Se me perseguiram, também perseguirão vocês' (Jo 15.20);
'De fato, virá o tempo quando quem os matar pensará que está
prestando culto a Deus' (Jo 16.1);
'perseverança e fé demonstrada por vocês em todas as
perseguições... Elas dão... mostram... que vocês sejam dignos do
seu Reino' (2 Ts 1.4,5).
'De fato, todos os que desejam viver piedosamente em Cristo Jesus
serão perseguidos' (2 Tm 3.12).
O dragão... saiu para guerrear contra os que obedecem aos
mandamentos de Deus e se mantêm fiéis ao testemunho de Jesus'
(Ap 12.17);'Foi dado (a Besta) poder para guerrear contra os
santos' (Ap 13.7);'Vi que a mulher (a Babilônia, a Gande) estava
embriagada com o sangue dos santos' (Ap 17.6);
'Vi as almas dos que foram decapitados por causa do testemunho
de Jesus e da palavra de Deus' (Ap 20.4).
130
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Todos os crentes sabem que antes de Jesus voltar eles serão


duramente perseguidos. A vinda de Jesus trará alívio à esses crentes
(2 Ts 1.6-8). Porém, conforme já analisamos em outra parte deste livro
que essas perseguições não se trata da chamada 'Grande Tribulação',
uma vez que essa vem sobre as nações e o reino satânico do Anticristo
babilônico (Dn 12.1; Mt 24.21; Ap 14.9,10; 16.10,11; 18.8).
Tanto Paulo como João falaram da vinda do Anticristo como um
sinal que ocorrerá antes da vinda de Jesus (2 Ts 2.1-4; 1 Jo 2.18). Isso
não deveria ser novidade para nenhum cristão, uma vez que escreveu o
apóstolo João aos santos: 'anticristo, acerca do qual vocês ouviram que
está vindo, e agora já está no mundo' (1 Jo 4.3). De fato, a vinda e o
governo do Anticristo 'é segundo a ação de Satanás, com todo o poder,
com sinais e com maravilhas enganadoras' (2 Ts 2.9-12). Todavia, isso
também não se constitui a grande tribulação.
Concordo, porém, que a grande tribulação será juízes apocalípticos
de Deus sobre as nações e o reino do Anticristo devido o fato deles
perseguirem os cristãos desde o inicio da igreja (Ap 16.5,6; 18.19,20;
19.2), mas durante esse tempo a igreja será protegida (Ap 3.10), não no
céu, mas aqui mesmo na terra (Jo 17.15; Ap 7.14; 13.9,10; 15.2;
Dn 12.1; Mc 13.20; Mt 24.21,22).
Será que deve ser visto como algo negativo os cristãos saberem
que antes de Jesus voltar o Anticristo e seu reino será pisoteado
pelas pragas do Apocalipse? Não! Primeiramente porque Jesus
ensinou claramente que a sua vinda e o arrebatamento (redenção) de
seus escolhidos (os crentes) será depois da grande tribulação -os juízos
apocalípticos (Mt 24.29-31; Lc 21.25-28). Isso significa que a grande
tribulação é um prenúncio do dia do Senhor em que ele voltará para
arrebatar a Sua igreja. Então isso é uma alegre expectativa! É um sinal
de que a nossa 'redenção (libertação) está próxima'. Assim como o
derramamento das dez pragas no Egito era um prenúncio da saída dos
crentes israelitas daquele império faraônico, assim também, as pragas
do Apocalipse devem ser vistas como um prenúncio da nossa saída deste
império anticristão.
De modo similar, antes dos judeus saírem da Babilônia, ela foi
destruída pelo ungido do Senhor, Ciro (Is 45.1; 48.14,20; Jr 51.1-4, 6,
8), assim, também, antes de sairmos deste reino babilônico, o Senhor
Jesus, nosso Ciro Maior, destruirá a cidade sede do reino anticristão
babilônico através das pragas apocalípticas (Ap 16.19; 18.8,18;
15º Problema Teológico 131
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

19.3, 6,7). Os juízos apocalípticos na grande tribulação são vistos no


Apocalipse como grandes obras maravilhosas do Senhor, seus atos de
justiça, verdadeiros juízos que vindicam a justiça e a santidade de Deus
(Ap 15.3-4; 16.5-7). Por isso que os santos devem celebrar a Deus
(Ap 18.20). Felizes aqueles que verão as pragas de Deus caírem sobre o
império da Besta, a Babilônia, a Grande! Antes de sermos arrebatados,
veremos os adoradores da Besta beberem sangue!
Por que os pré-tribulacionistas ironizam dizendo que os
pós-tribulacionistas esperam a grande tribulação? Porque para esses
medrosos pré-tribulacionistas a grande tribulação é o “terror da Besta”,
enquanto que para a igreja do Senhor é o “terror do Cordeiro”, para
'vingar' o 'sangue' de suas testemunhas fiéis. Encontramos os santos
mártires, membros fiéis da Igreja do Cordeiro, clamando 'em alta voz:
Até quando, ó Soberano, santo e verdadeiro, esperarás para julgar os
habitantes da terra e vingar o nosso sangue? Então... lhes foi dito que
ESPERASSEM UM POUCO MAIS...' (Ap 6.10,11).
Esperamos que acontece a grande tribulação porque essa vem em
forma de juízos apocalípticos de Deus em respostas as orações dos
santos, conforme Apocalipse 8.3-5:

“Outro anjo, que trazia um incensário de ouro, aproximou-se e se


colocou em pé junto ao altar. A ele foi dado muito incenso para
oferecer com as orações de todos os santos sobre o altar de ouro
diante do trono. E da mão do anjo subiu diante de Deus a fumaça
do incenso com as orações dos santos. Então o anjo pegou o
incensário, encheu-o com fogo do altar e lançou-o sobre a terra; e
houve trovões, vozes, relâmpagos e um terremoto”.

E após isso os sete anjos tocam as suas sete trombetas (Ap 8.6-
9.21). De modo semelhante, as sete taças, que são as sete últimas pragas
vem em respostas das orações dos crentes (Ap 15.1,3-16.21). Nesse
tempo o reino da Besta ficará em trevas e os seus adoradores morderão a
própria língua de tanta agonia e dores (Ap 16.10,11). Mas o que é dito
aos crentes? 'Celebrem, ó santos, apóstolos e profetas! [É] Deus...
retribuindo-lhe o que ela fez a vocês' (Ap 18.20), e 'temei a Deus e dá-
lhe glória, pois chegou a hora do seu juízo' (Ap 14.7). Esse juízo é
prenunciado pelas trombetas e taças.
De fato, está escrito que 'na terra, as nações estarão em angústia e
perplexidade com o bramido e a agitação do mar. Os homens

132 15º Problema Teológico


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

desmaiarão de terror, apreensivos com o que está sobrevindo ao


mundo; e os poderes celestes serão abalados' (Lucas 21.25,26). Mas a
respeito desses acontecimentos, Jesus disse aos seus discípulos:
'quando virem essas coisas acontecendo saibam que o Reino de Deus
está próximo' (Lucas 21.31).
A grande tribulação é o intenso gemido das dores de parto até que
desponta no céu o Reino de Deus sob a régia do Senhor Jesus Cristo
(Lc 21.31; Ap 11.15). Quando uma mulher está grávida o quê ela
espera? O nascimento do bebê! Porém, ela sabe que antes virá a intensa
dores de parto. Será que é justo criticá-la dizendo que ela espera essas
dores terríveis? As dores vem! Isso é certo! Ela sabe disso! Ela também
sabe que não pode evitar as dores! Mas o que de fato ela aguarda
ansiosamente? As dores de parto! Não! A vinda do filho! Porém, uma
coisa ela tem certeza, quanto mais as dores se tornam intensa, mais
próximo está o filho. Pois bebê nasce em meio as dores!
De modo semelhante acontecerá com a Igreja e que os
pré-tribulacionistas desumanamente a crítica. Porém, há uma
diferença! Não é mais a igreja que sentirá a dores de parto, mas o mundo
de Satanás, pois, o Filho que já nasceu, ele há de voltar, e governará
sobre as nações do mundo, junto com ele, é claro, a sua igreja (Ap 12.1-
5). Todavia, como essas serão as dores do Messias também serão as
dores da Igreja. Pois são as dores terríveis da grande tribulação que
provam que Jesus está voltando e a igreja subindo! Maranata! Apressa
as dores, Senhor!
Em Mateus 24.21-31, Jesus alista a grande tribulação como o sinal
principal da sua vinda. Porém, nossos olhos não estão postos na grande
tribulação, mas no que vai acontecer depois dela. Disse Jesus: 'quando
virem todas estas coisas acontecendo, saibam que ele está próximo, às
portas' (Mt 24.33). É através das intensas dores de parto da grande
tribulação sobre o mundo que a igreja saberá que o Filho está às portas!
Deveras, a grande tribulação vem antes da volta de Jesus, e logicamente
do arrebatamento dos santos, isso é um fato bíblico e um acontecimento
histórico. É o inicio do livramento da igreja e do seu triunfo. Porém, será
no final da grande tribulação, que Jesus virá para concretizar o
livramento e a vitória da igreja e definitivamente destruir o sistema
satânico do Anticristo.
Sim! Espero os dias em que o Senhor abrirá o seu arsenal de guerra
(Jr 50.25), mas quem fica sobressaltados com isso é o mundo e os
15º Problema Teológico 133
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

adeptos dos pré-tribulacionistas. Já a igreja do Senhor canta e jubila,


dizendo:

'Quem não te temerá, ó Senhor? Quem não glorificará o teu


nome? Pois tu somente és santo. Todas as nações virão à tua
presença e te adorarão, pois os teus atos de justiça se tornaram
manifestos' (Ap 15.4, veja também Jeremias 10.7,10).

Pois é o nosso Deus 'quem tem domínio sobres estas pragas', e são
os anjos do nosso Deus que as executam sob o comando do Cordeiro,
nosso salvador! O Senhor guerreia por nós:
'O Senhor sairá como homem poderoso, como guerreiro
despertará o seu zelo; com forte brado e seu grito de guerra,
triunfará sobre os seus inimigos' (Isaías 42.13);
Não tenha medo. Fiquem firmes e vejam o livramento que o
Senhor lhes trará... O Senhor lutará por vocês, tão-somente
acalma-se' (Êxodo 14.13,14);
'Tomem suas posições (cantar e entoar louvores), permaneçam
firmes e vejam o livramento que o Senhor lhes dá (2 Crônicas
20.17,22) - Essa guerra é uma referência ao Amargedom futuro
por isso o Armagedom é chamado de ‘vale de Josafá’ (Jl 3.12-14).

A vitória é nossa! E ela começa quando o Senhor ordenar: 'Vão


derramar sobre a terra as sete taças da ira de Deus' (Ap 16.1), e
terminará quando o 'Cavaleiro.. num cavalo branco' vier do céu e pisar
'o lagar do vinho do furor da ira do Deus todo-poderoso' (Ap 19.11-21).
Esse é o terrível Dia do Senhor. A besta e seu falso profeta vão tremer! E
os crentes já arrebatados por essa ocasião vencerão com o Cordeiro
(Ap 17.14). Glória a Deus! Vem, ó Senhor! Traga logo o furor que nos
introduzirá à vitória final!
A ironia e a crítica infundada dos pré-tribulacionistas tornam para
nós o inicio do fim do longo reinado da besta e seus adeptos! Isso torna o
livro do Apocalipse vívido e real, escrito para igreja, visando o consolo e
a esperança dos mártires e a certeza da vitória da igreja, e não um livro
distante, futurista e sem valor.
Esperamos a vitória final e não queremos esperar os eventos
catastróficos que possibilitarão essa vitória? De modo algum isso faz
sentido! Esperamos que antes do nosso casamento com o Cordeiro, a
prostituta Babilônia tem que receber suas pragas! Porém, há uma
palavra de advertência para a igreja em Apocalipse 18.4:

134 15º Problema Teológico


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

'Saiam dela, vocês, povo meu, para que vocês não participem dos
seus pecados, para que as pragas que vão cair sobre ela não os
atinjam!'

Isso significa romper com as práticas e o ensino da religião falsa! E


os que fizerem isso ouvirão a voz: 'Aleluia! A fumaça que dela vem, sobe
para todo o sempre!' (Ap 19.3). E o noivo que desmascarou essa falsa
noiva, virá buscar a sua verdadeira esposa (Ap 19.6-8,11).
Enfim, ser um pré-tribulacionista é acreditar em um montão de
confusão teológica sem respostas, enquanto que ser um
pós-tribulacionista é vê com clareza a doutrina da vinda de Jesus.
Talvez, porém, o problema levantado seja esse: como relacionar
isso com a vinda de Jesus a qualquer momento, pois, se temos plena
consciência que as pragas apocalípticas não estão sendo derramadas,
isso significa que Jesus não vem agora?
Essa doutrina pré-tribulacionista do 'qualquer momento' já foi
abordada intensamente no '1º problema teológico: o pré-tribulacionista
diz que o forte da sua doutrina é a iminência do arrebatamento da
igreja, que pode se dá a qualquer momento' (queira ler novamente).
Porém, quero ratificar que no programa de Deus a vinda de Jesus e o
arrebatamento da igreja não acontecerão a qualquer momento, mas na
data que o Pai estabeleceu por sua exclusiva autoridade (Mt 24.36;
At 1.6,7; 3.21; 1 Tm 6.14,15). Porém, tenho que permanecer vigilante,
pois eu não sei quando será esse dia e nem essa hora que o Pai agendou
(Mt 25.13).
De fato, a vinda de Jesus será de 'repente' e 'inesperada'
(Mc 13.36,37; Lc 21.34,35), como também a 'destruição' que ele trará
em Sua vinda será 'de repente' (1 Ts 5.3). Se lemos o Apocalipse com
bastante atenção veremos que as pragas serão também de repente e sem
data prevista! Isso significa, não a vinda de Jesus, mas as pragas
apocalípticas podem acontecer a qualquer momento. De repente o
cenário do mundo pode mudar (1 Co 7.29,31; 10.11), assim como
aquela tsumani na Indonésia. Talvez para nós o mundo esteja seguindo o
seu curso normalmente, mas não sabemos o que está havendo no céu
agora. Será que os anjos já não estão em prontidão para tocar suas
trombetas (Ap 8.6-13)? Será de modo instantâneo!
Em Ap 18.8, lemos: '... num só dia as suas pragas a alcançarão'. O
Senhor disse que esses dias serão também abreviados: 'por causa dos
eleitos (os crentes), aqueles dias serão abreviados' (Mt 24.22), a Bíblia
15º Problema Teológico 135
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

chama a grande tribulação de 'hora da provação' (Ap 3.10).


Os anjos destruidores já estão em pé de guerra, esperando apenas a
ordem divina (Ap 9.13-16). Realmente, em Apocalipse 7.1-4, os ventos
de destruição que serão soprados durante a grande tribulação já estão
prontos, aguardam apenas isso: 'até que selemos as testas dos servos de
nosso Deus'. Há dois mil anos de história da igreja desde o escrito de
Ap 7, será que já não estão todos selados? As derramadas das pragas não
se constituem nenhum problema para os pós-tribulacionistas. Elas
podem começar agora mesmo enquanto concluo essas palavras!
Há um papel muito importante que a igreja desempenhará durante o
período da 'hora da provação'. Sabemos que as pragas apocalípticas,
que as identificamos como a grande tribulação, virão sobre os
'habitantes da terra' por perseguirem a igreja do Senhor. Essa
perseguição começou no inicio da igreja pelos judeus apostatas e
continuada pelo império romano, papado, nazismo, comunismo,
colonismo, terrorismo e se intensificará nos últimos dias 'até' que se
complete 'o número' dos mártires da Igreja (Ap 3.10; 6.11). Porém,
todos esses mártires, fiéis membros do Corpo de Cristo, devem suportar
as perseguições com resolução de que Deus há de 'retribuir' e 'vingar'
(2 Ts 1.6; Rm 12.19). Nisso, segundo o Apocalipse, 'está a perseverança
e a fidelidade dos santos' (Ap 13.10; 14.12).
Quando essas perseguições atingirem a 'medida completa'
(Gn 15.16), o Senhor castigará o mundo com pragas. Durante esse
tempo de intervenção divina, a igreja do Cordeiro desempenhará um
papel importante: continuar o seu incansável testemunho de Jesus e
anunciar os seus juízos (Ap 19.10). Isso foi também retratado por 'duas
testemunhas', que representam grupo de cristãos dentro da Igreja,
lembrando o ministério profético de Moisés e Arão no Egito; aparecem
vestidas de luto por causa da perseguição, muito embora tenham que
sofrer o martírio, a terra será ferida 'com toda sorte de pragas' por causa
do ministério profético dessas duas testemunhas (Apocalipse 11.3-13).
E após essas iminentes e súbitas pragas o Senhor virá de repente,
conforme escreveu Mateus: 'imediatamente após a tribulação daqueles
dias' (Mt 24.29,31), e os crentes serão 'num momento, num abrir e
fechar de olhos' ressuscitados, transformados e subirão ao encontro do
Senhor, que vem descendo para destruir o império das trevas no
Armagedom e estabelecer o seu reino milenar sobre a terra (1 Co 15.52;
1 Ts 4.16,17; 2 Ts 1.7,8; 2.8; Ap 11.15).
136 15º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Já me perguntaram: 'Se a igreja continuará sendo perseguida


durante a grande tribulação, isto é, as derramadas das pragas do
Senhor sobre o império da besta, ?'. Sim! As ondas de perseguições
como acontecem hoje nos países comunistas, terroristas, ortodoxos,
mulçumanos e católicos aumentarão ainda mais quando Satanás for
lançado à terra (Ap 12.13-18).
Esse período de perseguição severa contra a igreja será de 1.260
dias ou 42 meses (Dn 7.25; Ap 13.5-7; Dn 12.7). Esse período não é
literal, mas simbólico. Não representam 3 anos e meio e nem 1.260
anos. Ele é simbólico porque toma como tipo um período de tempo em
que Antíoco Epifânio, investiu contra os judeus no tempo dos
macabeus. Esse ímpio governante procurou destruir o povo de Deus e
acabar com o culto sagrado por um período de 3 anos e meio, de 168 à
165 A.C.
Então em Apocalipse, livro dirigido às igrejas, esses
acontecimentos tornam-se em figuras proféticas. Tanto Antíoco
Epifânio é símbolo do Anticristo como os 3 anos e meio de perseguição
contra os judeus é símbolo da última perseguição contra a igreja.
Quando essa perseguição se tornar insuportável, o Senhor intervirá
com as pragas. Durante as pragas, as perseguições se amenizarão, mas
não acabarão. Lembra que durante as pragas do Egito, Faraó se
revoltava mais ainda contra a nação santa (Êx 9.13-18,34,35). Será isso
possível? Evidentemente que sim. As pragas apocalípticas muito
embora sejam chamadas de 'grande tribulação', não se constituem em
uma destruição derradeira do sistema anticristã. O mundo sobreviverá a
grande tribulação. Mesmo em meio às pragas, lemos:

'Os homens... blasfemavam contra Deus do céus, [e] recusavam


arrepender-se das obras que haviam praticado' (Ap 16.10,11).

A grande tribulação embora seja terrível e pintada de modo


hipérbole, não trará destruição total, pois mesmo depois de serem
derramadas as pragas do Senhor, lemos:

'...vi a besta, os reis da terra e os seus exércitos reunidos para


guerrearem contra aquele que está montado no cavalo e contra
seu exército' (Ap 19.19).

Portanto, a grande tribulação não impedirá que os crentes


15º Problema Teológico 137
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

continuem sendo perseguidos, ainda que em menor escala,


principalmente durante as sete taças do flagelo de Deus (Ap 16.1).
Durante aquela terrível catástrofe na Indonésia, em que mais de
500 mil pessoas foram mortas na tsunami, não impediu em que outra
parte do planeta as pessoas continuassem em sua vida de pecado,
divertimento, bebedices, glutonarias, roubo, assassinato e terrorismo,
assim será também na grande tribulação (Ap 9.20,21).
Quando, porém, o Senhor Jesus voltar no final da grande tribulação
o mundo experimentará uma cabal destruição em sua base. O poder
político, militar e religioso serão totalmente destruídos! (Ml 4.1-3; 2 Pe
3.10). E, poucas pessoas restarão para serem governadas por Jesus
Cristo e sua igreja, não obstante se tornarão como areia do mar durante o
milênio (Is 13.9-13; Jr 4.23-27; Ap 2.26,27; 20.7,8).

138 15º Problema Teológico


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

16º PROBLEMA TEOLÓGICO:


Quem pregará o evangelho na grande tribulação?

O pré-tribulacionista C. Marvin Pate

'ver os 144.000 como um grupo seleto de judeus que são


convertidos a Cristo durante a grande tribulação que, em troca,
evangeliza as nações gentílicas a multidão inumerável'
(As Interpretações do Apocalipse. pág. 170) .

Porém, foi a igreja de Jesus Cristo que foi constituída por Deus para
a missão de pregar o evangelho a todas as nações, indo até aos confins da
terra, e isto até ao fim do sistema do mundo (Mt 24.14; Mc 16.15;
At 1.8). Jesus afirmou categoricamente: “É necessário que antes o
evangelho seja pregado a todas as nações” (Mc 13.10). Se a Igreja é
retirada da terra antes de alcançar esta meta, sua missão será incompleta
e fracassada. A Igreja é a coluna e fundamento da verdade, portanto, ela
é a única portadora do evangelho de Cristo (I Tm 3.15).
Contudo, o pastor Martim Alves, outro pré-tribulacionista,
escreveu uma matéria no jornal Mensageiro da Paz, dizendo:

'os 144 mil [judeus]...levarão ao mundo a Palavra de Deus,


substituindo, assim, naquele período, a Igreja na missão de
proclamar o evangelho ao mundo' (jornal MP, de julho de 2005,
pág. 15 o grifo é meu).

Mas por que a Igreja deverá ser substituída pelos 144 mil judeus?
Se os 144 mil judeus pregarão o evangelho em meio a perseguição e as
pragas de Deus, e com certeza serão protegidos por Deus, como
escreveu, em seu livro, o rematado pré-tribulacionista Wim Walgo:

'[os] 144 mil selados de Israel... serão guardados por Deus na


época da Grande Tribulação' (Terá Chegado o Tim de Todas as
Coisas, pág. 85).

Por que isso também não pode acontecer com a Igreja? Por que ela
deverá fugir de sua missão?!
É fora do senso bíblico que uma incontável multidão se convertam
a Cristo, sem fazer parte da Igreja! O Bom Pastor não sentará a mesa
antes que a última ovelha entre para o aprisco! (Lc 15.4-6; Jo 10.16).

139
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Sim de fato, o Apocalipse fala de 144.000 selados de todas as


tribos de Israel (Ap 7.1-8; 14.1-5). Mas suas descrições no capítulo 14,
apontam para o remanescente de Israel (Apocalipse 14.5 c/ Sofonias
3.13); então, o símbolo profético se refere aqueles primitivos judeus que
creram que Jesus é o Messias, que inicialmente formaram a Igreja, eles
são 'as primícias do Cordeiro'!'. O “remanescente escolhido pela
graça”, como Paulo escreveu: 'hoje também há um remanescente
escolhido pela graça', e se incluiu entre eles (Romanos 11.1-5), assim
reconhece o comentarista pré-tribulacionista Eliezer Lira:

'Desse remanescente, o próprio Paulo fazia parte, bem como os


israelitas que aceitaram a fé em Cristo' (Lições Bíblicas, de
Mestre, 1º trimestre de 2006, pág. 58).

Como bem escreveu o preterista Kenneth L. Gentry:

'esses servos de Deus das doze tribos de Israel são a raça de


judeus que aceitam o Cordeiro de Deus para a salvação'
(Interpretações do Apocalipse, pág. 59).

Os judeus crentes, que se tornaram uma nova criação em Cristo, são


de fato o 'Israel de Deus' (Gl 6.15,16). Tiago, bispo de Jerusalém,
escrevendo aos cristãos judeus das doze tribos dispersas entre as nações
disse: 'segundo o seu querer, ele nos gerou pela palavra de verdade,
para que fôssemos como primícias das suas criaturas' (Tg 1.1,15).
Na verdade, é um erro dizer que esses 144 mil é símbolo da Igreja,

'não existe exemplo algum claro da igreja sendo chamada de


Israel no Novo Testamento. O primeiro na história aparece cerca
de 160 d.C. o texto citado com freqüência, Gálatas 6.16, se
interpretado corretamente não chama a igreja de Israel. O Israel
de Deus nesse versículo refere-se a um grupo de judeus cristãos
dentro da igreja... como descendentes físicos de Abraão, Isaque e
Jacó' (Interpretações do Apocalipse, pág. 204) - o grifo é meu.

Foram eles que lançaram o fundamento da Igreja (Ef 2.19-22; 1 Co


3.10,11). E através das pregações do evangelho desses primitivos
crentes judeus, ajuntou-se uma grande multidão de todas as nações,
tribos, povos e línguas, e unidos formam a Igreja de Deus, como
escreveu Paulo: 'em um só corpo todos nós fomos batizados em um

140 16º Problema Teológico


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

único Espírito: quer judeus, quer gregos (gentios)' (1 Co 12.13). Esta é


a geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de Deus,
zeloso e de boa obra, chamados para a missão de proclamar as
virtudes de Deus (At 11.1; Ap 7.9; I Pe 2.9,; Tt 2.14).
Colossenses 3.11,12: 'Nessa nova vida já não há diferença entre
[gentio] e judeus, circunciso e incircunciso... Portanto, como povo
escolhido de Deus, santo e amado....'. Desde a época dos apóstolos em
diante, esse é o único 'povo escolhido de Deus' e não mais a nação
terrena de Israel, todavia isso não exclui os judeus das promessas, pois
quando eles se convertem são agregados a esse povo escolhido
(At 15.7,9,11,14-18; Gl 3.15-18, 26-29).

De fato, 'a chamada de Jesus aos seus discípulos para O


acompanharem, formando o pequeno rebanho que deveria
receber o reino (Lc 12.32 cf. Dn 7.22,27), o assinalou como o
fundador do novo Israel; Ele designou explicitamente os doze
apóstolos como juízes das doze tribos de Israel na nova
dispensação (Mt 19.28; Lc 22.30). o pequeno rebanho deveria ser
aumentado pela adesão de outras ovelhas que nunca haviam
pertencido ao aprisco judaico (João 10.9,14-16 c/ Miquéias 2.12-
13 )' - Novo Dicionário da Bíblia, vol. I, pág.778.

Quando Tiago escreveu sua epístola aos judeus crentes, os


considerou como 'às doze tribos dispersas entre as nações' (Tiago 1.1).
Na interpretação de Paulo sobre a oliveira cultivada, ele identifica
‘os ramos’ com os crentes judeus que creram em Cristo, enquanto que
os judeus que o rejeitaram foram cortados da oliveira, e os gentios que
creram através dos judeus foram enxertados na mesma ‘oliveira’, e se
esses judeus que rejeitarem a Cristo, se se arrependerem serão
enxertados novamente na mesma oliveira (Rm 11.17-24).
Entretanto, os 144 mil não podem ser confundidos como símbolo
representativo da totalidade da Igreja ou como a última geração dos
crentes, contudo fazem parte dela, àquela parte judaica salva, e serão
arrebatados junto com ela.
Quando começa a selagem para 'salvação' dos 144 mil? Logo no
inicio da igreja quando 120 judeus são batizados com o Espírito no dia
de Pentecoste (At 2). Paulo confirma isso, quando falando de seus dias,
escreveu: 'hoje há um remanescente escolhido pela graça' (Rm 11.5).
Esses são os 'primeiros frutos' de uma grande safra (Ap 14.4). Em Atos
21.20 já eram 'milhares de judeus que se tornaram cristãos'.
16º Problema Teológico 141
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Quando terminam essa selagem? Antes dos juízos apocalípticos de


Deus caírem sobre a terra, pois está escrito: 'Não danifiquem nem a
terra, nem o mar, nem as árvores, até que selemos as testas dos servos
do nosso Deus' (Ap 7.3,4).
É coerente crer que durante a grande tribulação já terá sido
concluído a conversão dos restantes do 144 mil judeus, porém, não são
arrebatados até que termina a grande tribulação, durante a qual serão
protegidos por Deus (Ap 9.4).
A salvação deles, isto é, ressurreição e glorificação, acontecerá no
final da grande tribulação quando 'vier de Sião o redentor', então todo o
'remanescente será salvo' (Rm 9.27), juntamente com eles 'a plenitude
dos gentios' e os santos fiéis do Antigo Testamento (Rm 11.25,26).
Em Ap 14.1-5 temos uma visão antecipada dos privilegiados 144
mil judeus cristãos no céu ‘diante do trono’ de Deus em seu estado de
glória, após seu arrebatamento no final da grande tribulação.
Atualmente esses 144 mil remanescentes escolhidos, selados e
salvos pela graça são representados pelos atuais judeus messiânicos
crentes. Veja o que escreveu um jornal evangélico:

'Devemos apoiar os judeus messiânicos porque eles são o


“verdadeiro” Israel. Eles crêem em Jesus Cristo como
Messias...Eles sabem que ainda haverá “as dores do Messias”...
e aproveitam o tempo de paz relativa...para testemunhar a
respeito de Jesus crucificado, ressurreto, e cuja volta é
iminente...O número de judeus messiânicos e suas igrejas, que
está crescendo constantemente em Israel e em todo o mundo no
fim do nosso século, é um sinal dos tempos finais...Um mistério do
Evangelho é que as pessoas dentre os gentios que crêem no Senhor
Jesus se tornaram um com os judeus crentes no Messias e formam
um corpo...[de fato] o cristianismo começou por meio de judeus
messiânicos crentes... Em todo o mundo existem atualmente cerca
de 350 igrejas de judeus messiânicos, 50 das quais em
Israel...[mas infelizmente na moderna nação de Israel esses]
'judeus cristãos são denegridos como seita e apresentados
publicamente de maneira negativa... [assim como] os primitivos
cristãos [judeus] verdadeiros (a igreja primitiva) já foram
descritos como seita (pelo Israel apostata daquele tempo)'
Jornal Notícias de Israel, de Agosto de 1999, págs. 11 a 13 e de
Julho de 1999, pág. 18 - o grifo é meu.

142 16º Problema Teológico


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Mas, se os 144 mil ficarem no abandono da grande tribulação e


não subirem com a Igreja numa suposta vinda secreta de Cristo,
advogada pelos pré-tribulacionistas, então há uma contradição e
discrepância com Apocalipse 14. Pois, ali eles são chamados de
'primícias para Deus e ao Cordeiro'. Como eles podem ser as primícias
para Deus, se eles não participaram “da primeira leva do
arrebatamento”? E, se os fiéis, vigilantes e santos subiram na vinda
invisível, por que eles ficaram? já que as Escrituras os classificam como
aqueles que 'seguem o Cordeiro por onde quer que ele vá... Mentira
nenhuma foi encontrada em suas bocas; são imaculados'.
Então, se esses homens íntegros não subiram com Cristo, quem
dessa geração má e corrupta subirá? Portanto, os 144 mil selados e
protegidos na grande tribulação depõem contra os pré-tribulacionistas
de que não pôde ter havido um arrebatamento de pessoas íntegras antes
da aflição mundial!
E, se alguém dizer que eles só se converterão depois do
arrebatamento da Igreja, então o Apocalipse errou ao dizer que eles
'foram comprados dentre os homens e ofertados como primícias
(primeiros frutos de uma safra) a Deus e ao Cordeiro' (Ap 14.4), já que
antes deles já foram arrebatados os gentios crentes! Evidentemente que
os gentios não podem ser salvos antes dos judeus, pois está escrito:
'[o] evangelho...é poder de Deus para a salvação de todo aquele
que crê: primeiro do judeu¸depois (e não antes) [do gentio]
(Romanos 1.16; 2.10,11).

Como criticou o judeu Paulo os gentios coríntios: 'chegastes a


reinar sem nós' (1 Coríntios 4.8). Quer dizer, os gentios crentes chegam
no céu, participam das bodas, enquanto esses judeus imaculados sofrem
perseguição na terra, e além do mais substituem esses crentes folgados
na difícil tarefa de pregar o evangelho nos negros dias da grande
tribulação! Isso é incabível! Isso é uma presunção da parte dos gentios!
Paulo escreveu aos crentes gentios de Éfeso:

'a fim de que nós [os judeus] os que primeiro esperamos em


Cristo, sejamos para o louvor da sua glória. Quando vocês [os
gentios] ouviram e creram na palavra da verdade que os salvou,
vocês [também] foram selados em Cristo com o Espírito Santo da
promessa, que é a garantia da nossa herança até a redenção
daqueles que pertencem a Deus, para o louvor da sua glória'
(Efésios 1.12-14).
16º Problema Teológico 143
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Paulo também escreveu que os gentios estão sendo edificados


como templo do Senhor junto com os judeus (Efésios 2.22).
O texto de Apocalipse também diz que os 144 mil 'seguem o
Cordeiro por onde quer que ele vá'. Então, o Cordeiro veio
invisivelmente, levou os crentes misteriosamente, e esses 144 mil não
foram com o Cordeiro?! E não somente os gentios não podem ser
arrebatados antes desses judeus crentes, como também os próprios
judeus convertidos à Cristo desde o início da igreja, que conforme foi
provado, fazem parte da classe dos 144 mil selados, não podem ser
arrebatados e recompensados sem o restante deles que estarão presente
na grande tribulação (Ap 9.4), visto que João vê o grupo inteiro na Sião
celestial com o Cordeiro (Ap 14.1)
Deus não pode ter um povo fora parte! E, que será salvo à parte
da igreja! Ou ficam todos os que crêem ou sobem todos! Esse negócio
que sobe uns crentes e ficam outros para subir depois, sejam judeus ou
gentios, não é cabível a um Deus justo! (Rm 11.25-36). Como
erroneamente e paradoxalmente escreveu o Dr. Wim Malgo:

'O Senhor tomará para si seu povo celestial e ao seu povo terreno
dará novamente a posse integral da terra dos seus pais'
(Terá Chegado o Fim de Todas as Coisas, pág.124 o grifo é meu).

Porém, essa doutrina é claramente exposta no Novo Testamento: o


Israel convertido a Cristo é o verdadeiro povo de Deus! Paulo escreveu
que os gentios

'...estavam sem Cristo, separados da comunidade de Israel, sendo


estrangeiros quanto às alianças da promessa...', mas depois
afirma que 'mediante o evangelho, os gentios são co-herdeiros
com Israel, membros do mesmo corpo, e co-participantes da
promessa em Cristo Jesus' (Efésios 2.12; 3.6).

O ensino é nítido! 'Co-herdeiros com Israel!'. Quem é esse Israel?


Deus falando por meio do profeta Oséias disse que o povo de Israel
deixaria de ser seu povo por causa da crassa idolatria, 'vocês não são
meu povo, e eu não sou seu Deus' e os entregaria ao cativeiro assírio e
babilônico.
Assim Israel perderia o Reino! Mas depois, Deus prometeu
restaura-los:

144 16º Problema Teológico


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

'No lugar onde se dizia a eles: Vocês não são meu povo', eles serão
chamados 'filhos do Deus vivo... Depois disso (do cativeiro assírio
e babilônico) os israelitas voltarão e buscarão o Senhor, o Seu
Deus, e Davi (isto é, o Messias), seu rei. Virão tremendo atrás do
Senhor e das suas bênçãos, nos últimos dias' (Os 1.9,10; 3.4,5).

Paulo aplicou essa profecia da restauração de Israel aos judeus


cristãos, e incluiu entres eles os gentios (Rms 9.24-26). Por isso citou:
'Cantem de alegria, ó gentios, com o povo dele' (Rm 15.10 c/ Dt 32.43).
Quando o Rei Jesus Cristo voltar, na data que o Pai estabeleceu pela
sua própria autoridade, restaurará o reino à Israel, e os gentios como
co-herdeiros de Israel, possuirão também esse reino (At 1.6,7;
Lc 1.32,33; Rm 15.12; Dn 2.44; 7.18,27; Ob 21). Então, entenda que
esse Israel restaurado são os 144 mil remanescentes; e a plenitude dos
gentios é a grande multidão incontável de todas nações (Ap 7). Veja isso
por comparar Ob 21; Sf 3.13-17 c/ Ap 14.1-5 e Rm 9.27.
Grande é esse mistério! Jesus disse aos seus apóstolos: 'A vocês foi
dado o conhecimento dos mistérios do Reino dos céus’ (Mt 13.11).
De fato, Paulo escreveu:
'Esse mistério não foi dado a conhecer aos homens doutras
gerações, mas agora foi revelado pelo Espírito aos santos
apóstolos e profetas de Deus' (Ef 3.5; 5.32).

Os gentios convertidos não são um povo estranho, introduzido por


causa da frustração da rejeição do Messias por Israel ou algum tipo de
intervalo no propósito de Deus. Não!!! Mil vezes não! A Escritura é
contundente: 'vocês (gentios) já não são estrangeiros nem forasteiros,
mas concidadãos dos santos e membros da família de Deus (Israel)'
(Ef 2.18-22). A Igreja (judeus e gentios) é o mistério de Cristo, e Cristo é
o mistério de Deus (Ef 3.2,4; Cl 1.24-27; 2.2; 4.3). Por isso que algumas
pessoas não entendem! Falta-lhes a revelação de Deus!
O próprio teólogo pré-tribulacionista Wim Malgo escreveu sobre
isso, contradizendo suas próprias palavras anteriormente citadas:
'Mas o renascido não é mais hóspede, ele tem a cidadania de
Israel, ele é parte integrante de Israel e da família de Deus. O
Deus eterno chegou a dizer na Sagrada Escritura, que antes
deixaria ruir o Universo, o cosmo, do que desistir de Israel [cita
em extenso: Jr 31.35-37; 33.25-26; Is 61.6-7]... a Igreja de Jesus,
dentre judeus e gentios, é parte integrante de Israel.
16º Problema Teológico 145
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Os crentes renascidos dentre os gentios são até mesmo ramos da


oliveira brava (comp. Rm 11), que foram enxertados na boa
oliveira Israel, porque o nosso Salvador, Jesus Cristo, é um judeu
e porque Ele e os judeus estão inseparavelmente ligados' (Terá
Chegado o Fim de Todas as Coisas?, pág. 125, o grifo é meu).

Então meu caro teólogo, não pode existir dois povos: um celestial e
outro terreno! Dos dois, Cristo fez um (Ef 2.15-18). E se eles são um só
povo, unidos e mesclados, por que um deverá viver no céu e outro na
terra? (Jo 10.14-16 c/ Mq 2.12-13 e Is 11.10,11 c/ Rm 15.12). Não
rachem o povo de Deus com a vossa escatologia judaizante!
Se pelo menos não houvesse pregadores na grande tribulação,
santos sendo perseguidos, pessoas se convertendo, apenas o ímpio
sofrendo o justo juízo de Deus, enquanto todos os justos se banqueteiam
na presença do Senhor, eu poderia a ter ariscar crê em um arrebatamento
pré-tribulação (Provérbios 1.24-33). Mas, não é possível negar que
haverá servos de Deus durante esses dias terríveis de calamidade
mundial sem precedente na história humana, por isso que 'Felizes os
mortos que morrem no Senhor de agora em diante. Diz o Espírito: Sim,
eles descansarão das suas fadigas, pois as suas obras os seguirão'
(Ap 14.13,14). Este por hora, será o único escape físico dos santos!
(Is 26.19-21; 57.1,2). Porém, esses santos não ressuscitarão até que se
complete o número dos mártires (Ap 6.9-11).
Aí, então quando Cristo voltar, no final da grande tribulação, todos
os santos jubilarão em alta voz: 'Regozijemos-nos! Vamos alegra-nos
dar-lhe glória! Pois chegou a hora [das bodas] do Cordeiro'. Enquanto
que os ímpios beberão 'do vinho do furor de Deus que foi derramado
sem mistura no cálice da sua ira'. Porque não só perseguiram e mataram
os santos do Cordeiro, mas também adoraram a Besta e recusaram o
convite da Sabedoria para as bodas do Cordeiro (Ap 14.9-12; 19.6-7;
Pv 9.1-6; Sl 52.5-9; Is 30.27-33). Por isso que 'Felizes os convidados
para o banquete do casamento do Cordeiro!' (Apocalipse 19.9).
Apenas os 144 mil judeus crentes serão protegidos das pragas?
Não! O Apocalipse representa o 144.000 judeus crentes como 'as
primícias' da grande safra dos que irão ser salvos (Ap 14.1,4,14-16).
Sabemos que 'primícias' são os primeiros frutos, e sabemos pelas
Escrituras que os primeiros frutos são ofertados à Deus como oferta
consagrada (Lv 23.9-14). Isso é visto claramento no caso dos 144.000
judeus crentes que são descritos como 'ofertados como primícias a
146 15º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Deus e ao Cordeiros' (Ap 14.4).


Porém é bem verdade que a Escritura diga: “Se é santa a parte da
massa que é oferecida como primeiros frutos, toda a massa também o é”
(Rm 11.16). Ora, se 144 mil crentes judeus são vistos como as primícias
dos crentes e são protegidos, logo todos os demais crentes também serão
protegidos! Por isso que no mesmo capítulo que mostra a selagem para
proteção dos 144 mil crentes israelitas (Ap 7), mostra também uma
grande multidão de crentes gentios saído da grande tribulação ilesos
(vv.9,13,14).
De fato, a proteção dos 144 mil é a garantia da nossa proteção, pois
que os gentios crentes são co-participantes das bênçãos dos judeus
(Ef 3.6; Rm 15.27). De modo semelhante, o mesmo capítulo que mostra
os 144 mil judeus cristãos sendo ofertados como primícias a Deus e ao
Cordeiro (Ap 14), mostra também a colheita dos cristãos gentios
chamados de 'a safra da terra' (vv.14-16).
Por que os 144 mil judeus crentes são considerados como
“primícias”? Por várias razões: os judeus foram os primeiros a crerem
em Cristo (Jo 8.31; Ef 1.12), os judeus foram os primeiros a serem
alcançados pelo evangelho (Mt 10.5,6; At 3.26; 12.19,20), os judeus
foram os primeiros a serem batizados com Espírito Santo (At 2.1-7), os
judeus foram os primeiros a pregarem a palavra de Deus (At 10.40-43;
11.17,18; 13.46-48). Os gentios são fruto do ministério dos judeus, por
essa razão lemos, sobre o judeu Paulo: “de ser um ministro de Cristo
Jesus para os gentios, com o dever sacerdotal de proclamar o
evangelho de Deus, para que os gentios se tornem uma oferta aceitável
a Deus, santificados pelo Espírito Santo” (Rm 15.16). Em outras
palavras, Jesus disse: “a salvação vem dos judeus” (Jo 4.22), e assim
Paulo exclama: “Portanto, quero que saibam que esta salvação de
Deus é enviada aos gentios; eles a ouvirão!” (At 28.28).
Darei maiores detalhes sobre os 144 mil israelitas, sobre a inclusão
dos gentios e sobre a salvação de Israel no 25º Problema Teológico:
O pré-tribulacionista não nos diz o que acontecerá com a nação de
Israel depois do Milênio

16º Problema Teológico 147


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

17º PROBLEMA TEOLÓGICO:


Uma segunda chance para a salvação após o arrebatamento
da Igreja é incompatível com os ensinos de Cristo e dos Seus apóstolos

O pré-tribulacionista hábil em sua escatologia


dispensacionalista acredita piamente que haverá salvação
após o rapto desaparecimento da Igreja desta terra. E, não somente
durante a grande tribulação, sem a presença da Igreja, como também
acredita, que haverá salvação no Milênio. Mesmo ensinando que a
dispensação da graça tenha findado no arrebatamento, abrem novas
vagas para a salvação; os crentes desviados, frios e carnais terão essa
segunda chance.
O pré-tribulacionista Eurico Bergstén escreveu: 'A plenitude dos
gentios concluiu no arrebatamento da Igreja' (Lições Bíblicas, de
Mestre, 3º trimestre de 1995, pág.63). Ora, se a plenitude dos gentios
conclui no arrebatamento, e se o arrebatamento vem antes da grande
tribulação, como se salvará uma incontável multidão de gentios?! Isso
também é mais uma contradição pré-tribulacionista! É lamentável que
também os irmãos glauconistas caiam nessa contradição teológica, ao
escreverem:

'Plenitude dos gentios ocorre quando a Igreja for completada e


arrebatada...5º selo visão de salvos. Mostrando que já nos
primeiros anos e meio haverá salvação' (Apostila Conferências
Escatológicas, aulas 02 e 04).

O escritor pré-tribulacionista Norbert Lieth escreveu o seguinte:

'Depois da ressurreição e do arrebatamento da Igreja muitos


ficarão transtornados pois de repente, em toda parte, pessoas
terão desaparecido... mesmo na hora mais escura da história do
mundo e do juízo, algumas pessoas ainda poderão encontrar a
Jesus e ser salvas. Elas, porém, não farão mais parte da Sua
Igreja' (Jornal Chamada de Meia-Noite, Fevereiro de 1999, pág.
9 o grifo é meu).

Essa estrutura teológica está construída em alicerce de areia,


quando se vasculha os textos-provas apresentados não há coerência
bíblica com o ensino geral das Escrituras. Os adeptos mentores desse
sistema levantam complicadas questões e não nos dão respostas

148
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

satisfatórias a essas questões, como por exemplo: Por que esses salvos
da grande tribulação serão arrebatados e glorificados, se eles não
fazem parte da Igreja? E, os 144 mil judeus pregadores da grande
tribulação participarão do reino terreno de Israel no Milênio ou serão
arrebatados e glorificados com os salvos gentios da grande tribulação?
Os salvos do Milênio serão glorificados? O que acontecerá com a
totalidade da nação terrena de Israel depois do Milênio? O que
acontecerá com os demais judeus que não estarão vivos na ocasião da
vinda visível de Jesus? Serão ressuscitados para possuírem o Milênio
junto a Nação judaica?
Talvez eles podem escapar por dizerem que as Escrituras não nos
oferecem respostas a essas perguntas. Na verdade, é o sistema
pré-tribulacionista que não têm tais respostas coerentes e plausíveis, já
as Escrituras respondem todas essas questões de uma maneira tão
simples que qualquer pessoa poderá constatar.
Esse ensino de salvação após o arrebatamento da Igreja bate
frontalmente com os ensinos de Jesus Cristo sobre a sua vinda. Em
nenhuma das parábolas escatológica de Cristo há chance após o seu
retorno.
Por exemplo, na parábola do mordomo, o servo fiel é
recompensado, e o servo infiel é punido severamente junto com os
hipócritas, ‘onde haverá choro e ranger de dentes’ (Mt 24.45-51); na
parábola das dez virgens, as virgens prudentes participam das bodas, já
para as virgens néscias não há mais oportunidade, ainda que tenham ido
comprar azeite, a resposta do Senhor foi contundente: 'não as conheço!'
(Mt 25.1-13); a parábola dos dez talentos é taxativa do mesmo jeito, os
dois servos fiéis são recompensados, enquanto que o servo inútil é
lançado nas trevas, ali ' haverá choro e ranger de dentes' (Mt 25.14-30).
Portanto, a salvação não será parcelada em três prestações! Quando
Cristo voltar, ele vem em definitivo, os prontos serão salvos e os
despreparados serão condenados. Se não for assim, não há necessidade
de advertência para vigilância! Pois que perigo há em ficar fora do
arrebatamento na vinda secreta, se há outra chance na vinda pública!
Porém, as Escritas advertem duramente:

'Pois breve, muito em breve: Aquele que vem virá, e não demorará.
Mas o meu justo viverá pela fé. E se, retroceder, não me agradarei
dele. Nós, porém, não somos dos que retrocedem e são destruídos,
mas dos que crêem e são salvos' (Hebreus 10.37-39).
17º Problema Teológico 149
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Também diz: 'Venho em breve! Retenha o que você tem, para que
ninguém tome a sua coroa' (Apocalipse 3.11) e 'Eis que venho
como ladrão! Feliz aquele que permanece vigilante e conserva
consigo as suas vestes, para que não ande nu e não seja vista a
sua vergonha' (Apocalipse 16.15). Por isso que Jesus Cristo disse:
'Se alguém se envergonhar de mim e das minhas palavras, o Filho
do homem se envergonhará dele, quando vier em sua glória e na
glória do Pai e dos santos anjos' (Lucas 9.26).

João entendeu perfeitamente essa advertência, pois escreveu:


'Filhinhos, agora permaneçam nele para que quando ele se manifestar,
tenhamos confiança e não sejamos envergonhados diante dele na sua
vinda' (1 João 2.28) - o grifo é meu. Note que esses dois textos bíblicos:
Lucas 9.26 e 1 João 2.28 falam de 'quando vier em sua glória' e 'quando
ele se manifestar', mostrando que na vinda de Jesus os crentes terão
'confiança' ou serão 'envergonhados', essas expressões de Lucas e João,
exige que essa vinda seja visível, pública e também única.
É lamentável que os seguidores do pregador e escritor Watchman
Nee, que são pré-tribulacionistas do pé roxo, para solucionar esse
problema ensinam que esses crentes serão lançados no lago de fogo,
apenas por um período, até que sejam purificados, depois sairão dali
para a vida eterna. Mas que ensino estranho! Isso não seria algum tipo de
purgatório! Apenas os lavados no sangue do Cordeiro entrarão na
cidade santa! nem o fogo do purgatório, nem o sangue dos mártires lhes
conferirão a vida eterna, apenas o sangue do Cordeiro (Ap 7.13-17;
22.14).
Não existe uma descrição mais perfeita, mais exata, mais clara,
mais autêntica da Igreja salva e glorificada no céu do que
Apocalipse 7.9,10:

'Olhei, e diante de mim estava uma grande multidão que ninguém


podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, em pé,
diante do trono e do Cordeiro, com vestes brancas e segurando
palmas. E clamavam em alta voz: A salvação pertence ao nosso
Deus e ...ao Cordeiro'. Um dos assistentes celestiais faz uma
pergunta intrigante à João: 'Quem são estes que estão vestidos de
branco, e de onde vieram?'.

Graças a Deus a resposta nos é dada pelo próprio assistente


celestial, e não deixa dúvidas! Mas mesmo assim, os

150 17º Problema Teológico


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

pré-tribulacionistas, para não contrariar a sua escatologia emendada,


dizem sem nenhum escrúpulo que essa 'grande multidão' incontável de
crentes remidos não é a Igreja de Jesus, mas pessoas que se converterão
ao evangelho de Jesus após o arrebatamento, mas não farão parte da
Igreja. Note o que escreveu, em um jornal evangélico de circulação
internacional, o pré-tribulacionista Norbert Lieth: ‘
...mesmo na hora mais escura da história do mundo e do juízo,
algumas pessoas ainda poderão encontrar a Jesus e ser salvas.
Elas, porém, não farão mais parte da Sua Igreja' (Jornal
Chamada de Meia-Noite, Fevereiro de 1999, pág. 9).

Mas será que o único livro profético do Novo Testamento, que


revela os acontecimentos futuro, iria se omitir de descortinar para nós a
entrada triunfal da Igreja no céu! Se esse texto não se refere a Igreja
remida e glorifica no céu, a onde, no Livro das revelações, mostra a
Igreja no Céu!? Por outro lado, se esse grupo fora da Igreja é destacado
aqui, a onde ele é citado noutras partes do livro do Apocalipse? Por que o
Apocalipse não relata como se deu sua conversão? Por que não existe
em todo Novo Testamento um único versículo falando de pessoas que
irão se converter após o arrebatamento da Igreja? Enquanto que os
livros pré-tribulacionistas são recheados dessas afirmações.
Duvido que um crente simples, por sua leitura comum das
Escrituras, reconheça que essa grande multidão de todas as nações,
tribos, povos e línguas, vestida de branco diante do trono de Deus seja
gentios salvos à parte da Igreja.
Mas que resposta incontestável o assistente celestial deu a João?

‘eis aqui uma multidão de todas as nações, e tribos, e povos, e


línguas... ele disse: Estes são os que vieram da grande tribulação
e lavaram as suas vestes e as alvejaram no sangue do Cordeiro'
(Ap 7. 14).

Isso é por demais claro! Esse versículo tem conexão com Ap 4.9,10:

'Tu és digno [Cordeiro]... com o teu sangue compraste para Deus


gente de toda tribo, língua, povo e nação. Tu os constituíste reino
e sacerdotes para o nosso Deus, e eles reinarão sobre a terra'.

Quem é essa gente de toda nação? Quem é esta grande multidão de

17º Problema Teológico 151


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

todas as nações? Isso nos leva à Apocalipse 1.5,6:

'...Ele (o Cordeiro) nos ama e nos libertou dos nossos pecados por
meio do seu sangue, e nos constituiu reino e sacerdotes para
servir a seu Deus e Pai'.

São os crentes em Jesus; é a Sua Igreja amada e remida pelo seu


sangue. Foram 'constituídos...sacerdotes para servir a Deus'. Por isso
que Deus 'estenderá' sobre a grande multidão de crentes salvos em Jesus
que vem da grande tribulação 'o seu tabernáculo' (7.15), pois é, no
tabernáculo que os sacerdotes prestam serviço sagrado dia e noite. Note
como esses textos são interligados!
Por que Apocalipse 1.5,6 e 4.9,10 seria diferente de 7.9,13,14?
Simplesmente por que registra que essa grande multidão de pessoas
remidas vem da grande tribulação? Isso prova mais ainda que o
arrebatamento da Igreja será depois da grande tribulação! Pois Deus não
tem um povo secundário!
Contudo o pré-tribulacionista Antonio Gilberto diz algo sem
sentido, a fim de provar que essa multidão de crentes não é a Igreja, mas
um povo secundário. Ele escreveu:

'Não tinham coroas, mas palmas. Coroa é galardão por algo feito
para Deus, e estes não tiveram oportunidade para isso, porque
uma vez professando sua fé em Cristo, foram mortos' (Daniel e
Apocalipse, pág.132 o grifo é meu).

Mas essa multidão é vista chegando agora no céu! Eles ainda vão
ser recompensados! Veja que essa visão de João trata-se de uma grande
reunião. Ali está Deus sentado em seu trono, o Cordeiro a sua direita.
Todos anjos em pé ao redor do trono. Os assistentes celestiais e os
querubins da glória também estão ali! Quem está faltando? A Igreja!
Cadê ela? Se foi arrebatada antes da grande tribulação, segundo os
pré-tribulacionistas, então é pra ela está ali ao lado do Cordeiro! João vê
uma grande multidão incontável com vestes brancas, segurando ramos
em suas mãos e cantando: ‘a salvação pertence ao Cordeiro’. Alguém
pergunta: 'Quem são estes?'. Quem poderá dizer: 'Não é a Igreja'. Cadê
a Igreja então que não é vista nesta grande reunião?!
E quem disse que eles não fizeram algo para Deus? Eles são
testemunhas de Jesus (Ap 12.17; 17.6), eles obedecem aos

152 17º Problema Teológico


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

mandamentos de Deus (Ap 14.12), resistiram a Besta até o fim (Ap


15.2). O Apocalipse promete a eles: 'Felizes os mortos que morrem no
Senhor de agora em diante. Diz o Espírito: Sim, eles descansarão das
suas fadigas, pois as suas obras os seguirão' (14.14). Eles fizeram tanto
para o Senhor que estão em fadigados (Cl 1.29 ARA); eles realizaram
obras para Deus, pois essas os seguem (Hb 6.10; 1 Co 15.58; Ap 22.12).
De fato, eles perseveraram e foram féis até a morte (Ap 13.7,10).
E uma das promessas do Apocalipse é: 'Seja fiel até à morte, e eu lhe
darei a coroa da vida' (Ap 2.10). Como eles não vão receber galardão?
Antonio Gilberto disse: 'Coroa é galardão'. Bem se eles foram fiéis até
morte, então receberão a coroa da vida, logo receberão galardão. Ser
coroado, não significa receber literalmente uma coroa que os antigos
reis usavam na antiguidade. Mas significa receber o Reino, reinar, ser
rei. Lemos em Apo 20.4:
'Vi as almas dos que foram decapitados por causa do testemunho
de Jesus e da palavra de Deus. Eles não tinham adorado a besta
nem a sua imagem, e não tinham recebido a sua marca na testa
nem nas mãos. Eles ressuscitaram e reinaram com Cristo durante
mil anos'. Como também diz: 'reinarão sobre a terra' e 'reinarão
para todo sempre' (Apocalipse 5.10; 22.5).

Quer dizer serão coroados por Cristo! Bem convém esclarecer


aqui, que a Besta é o Grande Instrumento de Satanás para perseguir os
filhos de Deus. Não é apenas um homem, não é apenas uma nação, mas
segundo Apocalipse 13 e 17, a Besta representa os sete impérios
mundiais que levantaram na terra e perseguiram o povo de Deus.
Na época de João essa Besta representava o Império Romano,
porém, em nossos dias, desde a época da queda de Roma, representa o
papado e a Europa.
Então quando o Apocalipse destaca os mártires da Igreja não são
apenas aqueles que irão ser mortos durante a grande tribulação, mas
todos os cristãos que tem sido mortos pelo Império Romano, o papado e
as nações européias. Todos eles receberão galardão, coroa, pois são
ressuscitados, que dizer vestidos de brancos, para reinarem com Cristo,
no Seu Reino milenar. Mas não são só os mártires que reinarão com
Cristo, mas todo aquele que tem parte na primeira ressurreição.
'Felizes e santos os que participam da primeira ressurreição! A
segunda morte não tem poder sobre eles; serão sacerdotes de
Deus e de Cristo, e reinarão com ele durante mil anos' (Ap 20.6).

17º Problema Teológico 153


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Daniel teve uma visão similar a de João, ele presenciou essa grande
reunião. 'tronos foram colocados e um ancião se assentou', ele vê
'milhares de milhares' de anjos diante do trono. O tribunal é iniciado, os
livros são abertos. Ele contempla 'um semelhante a um filho de homem',
Jesus Cristo, conduzido à presença do Ancião. 'Milhões e milhões
estavam diante dele', quer dizer, 'todos os povos, nações e homens de
todas as línguas o adoraram', esses são a grande multidão vista por
João. 'chegou a hora de eles tomarem posse do reino' (Daniel 7.9ss).
E, além do mais, segurar palmas nas mãos, isto é, acenar com ramos
de plantas, não é sinônimo de despojamento de galardão, mas sinônimo
de grande alegria por um grande acontecimento, seja a libertação de
uma nação de seus opressores ou recebimento de um Rei (veja
Lv 23.40-43 c/ Dt 16.14; Mt 21.8-11c/ Zcs 9.9-11).
Essa grande multidão canta de alegria porque foram libertos pelo
sangue do Cordeiro, e agora diante do trono recebem o Reino. Como
escreveu o apóstolo Pedro: '...alegrem-se à medida que participam dos
sofrimentos de Cristo, para que também, quando a sua glória for
revelada, vocês exultem com grande alegria' (1 Pe 4.13).
O restante do texto de Ap 7, os versículos 15 a 17, é glorioso, a
promessa está estritamente relacionado à Igreja de Cristo, não a um
povo secundário. Nada diz que eles participarão dessas bênçãos junto
com a Igreja. Mas , ali essa grande multidão aparece como única, eles
são os que 'servem [a Deus] dia e noite em seu santuário', 'santuário' é
no Novo Testamento, símbolo da Igreja, como parte integrante do
santuário celestial (1 Co 3.16,17; 2 Cos 6.16-18; Hb 3.5,6; 8.1,2).
Essas bênçãos nos levam a Ap 21.1-7. João Registrou: 'O vencedor
herdará tudo isto, e eu serei seu Deus e ele será meu filho' (v.7). Acredito
que pessoas que não foram arrebatados, porque se acharam
despreparados, carnais, desviados e ficaram para uma segunda chance
não são dignos de serem chamados de vencedores.
Vencedores são os que chegam no podium primeiro! Por isso que
entre o povo que irá receber as promessas do Apocalipse não se encontro
os que perderam o arrebatamento. Uma dessas promessas diz:

'Àquele que vencer e fizer a minha vontade até o fim darei


autoridade sobre as nações. Ele as governará com cetro de ferro e
as despedaçará como a um vaso de barro' (Ap 2.26,27).

Se existe um grupo incontável de crentes que não receberam


154 17º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

galardões e nem participaram das bodas do Cordeiro porque ficaram de


fora do arrebatamento, então semelhantes crentes não podem governar
as nações com Jesus Cristo, pois que isso se constitui em um galardão.
Porém, isso é inconcebível! Os 'decapitados' pela besta 'serão
sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com ele mil anos' (Ap 20.4-
6). Logo, esses crentes decapitados não perderão nem os galardões e
nem as bodas! Paulo disse: 'se perseveramos, com ele também
reinaremos' (2 Tm 2.12).
Assim, um grupo de crentes que surgirá após o rapto da igreja é uma
invenção dos pré-tribulacionistas! E como os 'decapitados por causa do
testemunho de Jesus' de Ap 20.4 não podem ficar de fora da igreja e nem
do galardão de governar com Jesus, logo um pré-arrebatamento também
é uma invenção. Esse é um dos problemas em acreditar em duas vindas
de Jesus! Requer que outro povo, que não seja a Igreja, seja criado entre
as duas vindas, mas isso desestrutura o Apocalipse, e toda a doutrina
escatológica do Novo Testamento.
Mas se o pré-tribulacionista opõem-se em dizer que essa
grande multidão de salvos não é a Igreja. A onde se encontra então o
arrebatamento da Igreja antes da grande tribulação no livro do
Apocalipse, para que de fato podemos concluir que esse povo que vem
da grande tribulação para o céu, não é Igreja? O Dr. Antonio Gilberto,
uma grande figura da escatologia pré-tribulacionista aqui no Brasil,
escreveu, quando o anjo disse a João:
'Sobe aqui' (4.1). O novo arrebatamento de João a esta altura dos
fatos tipifica o da Igreja, ao terminar a sua peregrinação na terra.
'Imediatamente eu me achei no Espírito' (v.2) - (Daniel e
Apocalipse, pág.132 o grifo é meu)

Mas esse arrebatamento de João é um arrebatamento de sentido!


Ele não foi arrebatado em corpo glorificado, apenas o seu espírito foi
tomado, enquanto que o arrebatamento da Igreja será em um corpo
glorificado, e além do mais, se essa cena visasse tipificar o
arrebatamento da Igreja, deveria está rodeado de mais glória, de cenas
mais vívidas: Cristo descendo, as trombetas soando, João alegremente
subindo em um corpo iluminado, sendo entronizado por seres celestiais
na presença de Deus, visto recebendo sua recompensa e assentando em
uma mesa para participar das bodas do Cordeiro. Já que o tipo é mais
carregado de significado do que o antítipo.
Contemplamos, em Apocalipse 4, um simples arrebatamento de
17º Problema Teológico 155
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

João sem muito simbolismo, o pré-tribulacionista diz representar o


arrebatamento da Igreja fiel, enquanto que em Apocalipse 7.9-17,
deparamos com uma grande visão de arrebatados remidos, que vem
cantando da grande tribulação e são gloriosamente recompensados por
Deus, os pré-tribulacionistas dizem tratar de um arrebatamento de
crentes desviados, carnais que se converteram na segunda chance. Mas
não deveria ser diferente! Os crentes da segunda chance não deveriam
ser citados em um simples arrebatamento obscuro, enquanto que nós em
um arrebatamento glorioso e grandioso como este da grande multidão.
E, o pior é que quando João chega no céu após seu 'representativo
arrebatamento' deixa de simbolizar a Igreja, passando tal simbolismo
para os 24 anciões. Quer dizer, a Igreja nunca é vista no céu, como tal:
crentes louvando a Deus pela salvação e sendo recompensados como
acontece com 'a grande multidão’ que dizem que ‘não é a Igreja', mas
sempre aparece em simbolismo.
Porém, um sério exame cuidadoso do Apocalipse, mostrará que os
24 anciões não é símbolo da Igreja, mas são assistentes celestiais que
prestam serviços sagrados ao Cordeiro no tabernáculo celestial, com
certeza os serafins, categoria de anjos que servem no tabernáculo
celestial (Is 6.1-7).
Primeiramente, esses anciões aparecem como seres literais, pois
se relacionam com João pessoalmente (Apo 5.5; 7.13). Em segundo
lugar, eles diferem dos santos crentes em Ap 5.8, pois que enquanto os
santos oram, os anciãos conduzem as taças onde essas orações são
depositadas. E em terceiro lugar, em seu cântico de redenção, eles não
cantam na primeira pessoa do plural: ‘nós’, mas na terceira pessoa :
‘eles’, se referindo a outros e não a eles mesmos, dizendo:
'com o teu sangue compraste para Deus gente de toda...nação. Tu
os constituíste reino e sacerdotes para o nosso Deus' (Ap 5.9-10)

Os 24 anciões não dizem: '... com o teu sangue [nos] compraste


para Deus...e [nos] constituíste reino'. Portanto, eles não são símbolo
da Igreja glorificada no céu, pois não se identificam com os comprado
no sangue do Cordeiro, muito embora sirvam ao mesmo Deus, visto que
dizem: ‘para o nosso Deus’. Mais uma vez afirmo: esses 24 anciões
representam uma classe de anjos, possivelmente, os serafins, que
servem no tabernáculo celestial. O número 24 é baseado no número de
sacerdotes que servia no antigo templo (1 Cr 24.6-19).

156 17º Problema Teológico


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Os pré-tribulacionistas ficam tão aturdidos com a falta de um


arrebatamento secreto no Apocalipse, que recorrem a experiência
visionária e extática de João como se ali representasse o arrebatamento
secreto, sem nenhuma alusão disso no próprio Livro.
O leitor sincero discorre todo o Livro do Apocalipse e não ver ali
nenhuma menção por minúscula que seja que houve um arrebatamento
secreto da Igreja. E veja que para os pré-tribulacionistas o
arrebatamento secreto será o evento primordial que desencadeará todos
os demais eventos do Apocalipse.
Por que não encontramos nem sequer um lampejo do
arrebatamento secreto no Livro das Revelações? Porque tal coisa
não existe! O que encontramos no Apocalipse então? Encontramos em
Ap 7.9,13,14, uma grande multidão de crentes entrando no céu depois
da grande tribulação. Encontramos em Ap 11.7-12, as duas testemunhas
do Senhor sendo arrebatadas depois de terem sido atacadas e
martirizadas pelo Anticristo.
Encontramos ainda em Ap 11.15-18, uma descrição antecipada da
Vinda de Jesus em que se tornará Rei sobre toda a terra, e o anuncio de
que 'chegou o tempo de recompensares os teus servos, os teus santos e
os que tem o teu nome’, mas isso só acontecerá quando Ele vier para
'destruir os que destroem a terra', depois da grande tribulação é claro.
Encontramos em Ap 12.5-17, uma alusão a ascensão de Cristo,
enquanto que a mulher e seus descendentes, que representa o povo de
Deus, é deixado para enfrentar a ira do enorme dragão vermelho.
Em Ap 14.1-5 encontramos uma antevisão do arrebatamento dos
144 mil crentes judeus depois dos juízos apocalípticos de Deus terem
sido derramados sobre a terra (vede Ap 7.2-4; 9.4). Ainda em Ap 14.14-
20, em tons simbólicos, João vê a Vinda de Jesus em que ele pisará as
nações como se fossem uvas, isto acontecerá depois da grande
tribulação (vede Ap 16.14-16; 19.15-21), por essa ocasião Ele faz a
colheita da Igreja, que é vista como a 'safra da terra', ela amadureceu
para o arrebatamento e 'chegou a hora de colhê-la'.
Em Ap 15.2-4, encontramos uma visão antecipada dos crentes
gentios no céu depois de terem vencido a Besta e dos “atos de justiça de
Deus terem se tornados manifestos sobre as nações”. Em Ap 19.11-21,
descreve a vinda de Jesus depois da grande tribulação, por essa ocasião
acontece a primeira ressurreição, a dos crentes para reinarem com
Cristo (vede Ap 20.4-6).
17º Problema Teológico 157
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Ora se só aqui acontece a primeira ressurreição, então não houve


nenhuma ressurreição de crentes antes da grande tribulação!
Todos esses textos que falam do arrebatamento, da ressurreição, da
recompensa e da glorificação dos crentes ocorrem sempre depois da
grande tribulação, em nenhuzinho deles, e nem em qualquer outra parte
do Livro do Apocalipse encontramos uma alusão ao arrebatamento
antes da grande tribulação. Por que? Porque tal coisa não existe!
Não tem para onde correr, os pré-tribulacionistas têm que aceitar
que Cristo não tem duas igrejas: uma salva antes de sete anos e outra
salva depois. O arrebatamento não será parcial! Uns hoje e outros daqui
a sete anos, mas todos em um só evento (1 Coríntios 15.23); A Igreja é a
esposa do Cordeiro, se Cristo vier buscar outra Igreja depois de sete
anos de bodas de casamento, então será uma concubina; Cristo não tem
nenhuma concubina, e sim uma única e pura esposa, a Igreja, a grande
multidão incontável, que canta: 'a salvação pertence...ao Cordeiro
(Efésios 5.23-32; II Coríntios 11.2; Apocalipse 7.9,10).
Portanto, quem pregará o evangelho durante a grande
tribulação? As testemunhas de Jesus! Quem são essas testemunhas? Os
membros da igreja cristã. Isso incluem o próprio João e Antipas (Ap 1.9;
2.13), os crentes das igrejas da Ásia (Ap 1.11; 19.10; 22.6,16) e todos os
crentes (At 1.8). Muitas dessas testemunhas serão perseguidas e mortas
'por causa da palavra de Deus e do testemunho de Jesus' (Ap 1.9; 6.9;
12.10,11,17; 13.7; 17.6), mas permanecerão fiéis ao testemunho de
Jesus (Ap 14.12; 19.10). Por fim, serão ressuscitadas, glorificadas e
reinarão com Jesus (Ap 20.4-6; 2 Tm 2.11-13; 1 Pe 4.13).
Um vez que a igreja não pode ser arrebatada desfalcadas de seus
membros (1 Co 12.12,24-26; Ef 5.27), um arrebatamento pré-tribulação
se torna inadequado com a unidade da fé cristã. De fato, é uma grande
contradição com as Escrituras, os hodiernos crentes defenderem o
arrebatamento da igreja em uma vinda secreta de Jesus antes da grande
tribulação, tendo contra isso o testemunho fiel do Apocalipse que fala
das testemunhas fiéis de Jesus que permanecem na terra durante todo
período da grande tribulação testemunhando de Jesus.
Portanto, a conclusão óbvia não é crer que essas santas testemunhas
fiéis de Jesus ficaram para trás, e sim que não haverá um arrebatamento
secreto ensinado recentemente pelos pré-tribulacionistas, desde 1827.
É duro ouvir isso! Mas 'nada podemos contra a verdade, senão em favor
da verdade' (2 Co 13.8).
158 17º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

18º PROBLEMA TEOLÓGICO:


É uma contradição com as Escrituras colocar as
bodas do Cordeiro em paralelo com a grande tribulação

A s bodas do Cordeiro torna-se também uma pedra de tropeço


nos sapatos dos pré-tribulacionistas. Por exemplo, o teólogo
pré-tribulacionista Elienai Cabral escreveu:

'As Bodas do Cordeiro dar-se-á após o arrebatamento e o Tribunal


de Cristo. Enquanto a Igreja se regozija na presença do Noivo, na
terra, acontecerá a Grande Tribulação' (Lições Bíblicas, de
Aluno, 2º trimestre de 2005, pág. 64).

Quer dizer para o pré-tribulacionismo as Bodas do Cordeiro e a


Grande Tribulação são eventos paralelos, porém, não é isso que as
Escrituras ensinam.
Por exemplo, o Apocalipse registra no capítulo 19, que a bodas do
Cordeiro só começará quando a Grande Babilônia for destruída. Essa
grande Babilônia representa a religião falsa do Anticristo, que se
prostitui com os reis da terra, e persegue os crentes, ela se considera a
mulher do Cordeiro, querendo substituir a verdadeira igreja de Jesus
Cristo.
Por isso que para ser realizado o casamento do Cordeiro, essa
religião falsa tem que ser primeiro desmascarada e destruída, e isso só
acontecerá no final da grande tribulação. O anjo anuncia: 'Caiu! Caiu a
grande Babilônia que fez todas as nações beberem do vinho da fúria da
sua prostituição!' (Ap 14.8). Em Ap 16.17,19, na sétima taça, em que
finaliza a grande tribulação, está escrito: 'Está feito!...Deus lembrou-se
da grande Babilônia e lhe deu o cálice do vinho do furor da sua ira'. Em
Apocalipse 18 se descreve detalhadamente a queda da cidade-sede
dessa religião universal onde se encontra o trono da besta!
E, em Ap 19.2, os anjos cantam depois da queda da grande
Babilônia, a religião falsa: 'Ele condenou a grande prostituta que
corrompia a terra com a sua prostituição', aí então, a multidão de
crentes cantam: 'chegou a hora das [bodas] do Cordeiro e a sua noiva
já se aprontou' (v.7). Note que só agora chegou a hora de ser celebrado o
casamento do Cordeiro. Ao apresentar o convite para as bodas no verso
9, o noivo-guerreiro, Cristo, desce com o seu cortejo angelical, para
receber a noiva que só agora está pronta! (Ap 19.11-16).

159
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Isso é confirmado por outros textos bíblicos. Por exemplo, Cristo


fala de comer pão e beber vinho à sua mesa, mas isso só será possível no
Seu reino (Mt 26.29; Mc 14.25), Jesus disse:
'Pois eu lhes digo que não beberei outra vez do fruto da videira até
que venha o Reino de Deus' (Lc 22.18).

Quando virá o Reino de Deus? Quando Jesus Cristo voltar no toque


da sétima trombeta, no final da grande tribulação:
'O sétimo anjo tocou a sua trombeta, e houve fortes vozes nos céus
que diziam: o reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu
Cristo e ele reinará para todo o sempre' (Apocalipse 11.15).

Tempo em que os crentes serão julgados e recompensados


(Ap 11.18 c/ Lc 14.12-15). Cumprir-se-á o que Cristo prometeu aos seus
apóstolos:
'Eu lhes designo um Reino, assim como meu Pai o designou a mim,
para que vocês possam comer e beber à minha mesa no meu Reino
e sentar-se em trono, julgando as doze tribos de Israel
(Lucas 22.29,30).

E não somente a eles, mas a todos os crentes como está escrito:


'muitos virão do oriente e do ocidente [do norte e do sul], e
[ocuparão os seus lugares] à mesa com Abraão, Isaque e Jacó
[e todos os profetas] no Reino [de Deus]' (Mateus 8.11;
Lucas 13.28,29).

Portanto, as bodas do Cordeiro não será durante a grande


tribulação, mas durante o Reino de Cristo, no Milênio! (Mt 22.2;
Lc 14.15). Sendo assim, os mártires que sofrerão a última perseguição
contra a Igreja, em hipótese alguma, ficarão de fora das bodas do
Cordeiro no reino de Cristo (Ap 20.4-6).
A onde está escrito que a Igreja passará sete anos no céu, festejando
as bodas do Cordeiro e depois descerá com Cristo para buscar o resto
dos fiéis?! Nos livros dos teólogos pré-tribulacionistas!!! Certamente,
mas não nas Escrituras Sagradas. A onde estão os crentes ortodoxos,
amantes das Escrituras para juntos nos erguer contra esses disparates
sem fundamentos bíblicos!
Um certo presbítero disse: 'O arrebatamento e o último advento
não podem ocorrer simultaneamente no mesmo dia, pois onde fica o
julgamento dos crentes? E a ceia das bodas do Cordeiro?'.

160 18º Problema Teológico


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Mas essa indagação não prova nada, e nem contesta nada! É uma
indagação probatória sem sentido! É interessante que o presbítero
pré-tribulacionista Wellington Cardoso que formulou essa indagação,
deixa de crê no arrebatamento pós-tribulação por causa dessa simples
questão sem sentido, e segue acreditando em um arrebatamento
pré-tribulação em que centenas de questões sérias são levantadas
contra.
Se o arrebatamento e o advento de Cristo vão acontecer no mesmo
dia é bíblico (veja 1 Ts 4.15-17), mas o julgamento dos crentes e a ceia
das bodas terão lugar depois! Tanto os pré-tribulacionistas como os
pós-tribulacionistas ensinam isso.
Os pré-tribulacionistas acreditam que será depois do
arrebatamento num período de sete anos. Porém, as evidências bíblicas
expostas acima provam que não será durante a grande tribulação, mas
quando vir o Reino, isto é, durante o reino de Cristo (Lc 22.18,29,30;
Mt 8.11). Pois quando Jesus disse : não beberei outra vez do fruto da
videira até que venha o Reino de Deus' (Lc 22.18), mostra que ele não
poderá beber o vinho novo com os crentes durante a grande tribulação,
pois o Reino de Deus só será estabelecido depois da grande tribulação
(Mt 26.29; Lc 25-27,31). Isso também é visto com clareza em Mt 22.2.
Ora essa indagação do presbítero Wellington Cardoso contradiz até
o arrebatamento pré-tribulação, pois como escreveu Elienai Cabral
'As Bodas do Cordeiro dar-se-á após o arrebatamento e o Tribunal de
Cristo' (Lições Bíblicas, de Aluno, 2º trimestre de 2005, pág. 64 o grifo
é meu). Aqui mostra que as bodas do Cordeiro será depois do Tribunal
de Cristo. Digamos, seguindo o raciocínio falaz do pré-tribulacionista,
se Cristo vier invisivelmente arrebatar a igreja hoje, em 2008, e se for
levado três anos para o julgamento de bilhões ou trilhões de crentes
diante do Tribunal de Cristo, isso significa que a ceia das bodas do
Cordeiro será depois de três anos após o arrebatamento, isto é, em 2010,
e durará quatro anos até que ele volte de novo.
Assim a 'vinda invisível' de Jesus e o arrebatamento da Igreja
aconteceu no mesmo dia, mas a ceia das bodas do Cordeiro somente três
anos depois. O quê então o presbítero Wellington pretende provar com
essa indagação? Até mesmo Elienai Cabral refutaria essa indagação.
Pois se o arrebatamento da Igreja pode acontecer no mesmo dia do
'primeiro advento' de Jesus, por que o arrebatamento da Igreja não
poderá acontecer, como de fato acontecerá, no mesmo dia do 'último’
18º Problema Teológico 161
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

advento de Jesus. Em que o julgamento dos crentes e ceia das bodas do


Cordeiro interferem?!
Se um pré-tribulacionista pode acreditar, que durante a grande
tribulação onde os anjos estarão executando as pragas divinas, uma
grande multidão de gentios sendo convertidos, salvos, batizados com
Espírito Santo, testemunhando de Cristo, protegidos das pragas e
martirizados pela Besta, a terra se esbagaçando e os 144 mil sendo
selados enquanto isso e simultaneamente outros tipos de crentes, talvez
de 'primeira classe', estarão comendo pão no céu.
Por que um pós-tribulacionista não pode acreditar que é durante o
pacífico reino de Cristo que acontecerá o julgamento de todos os crentes
e as bodas do Cordeiro? Em quê isso afeta o arrebatamento ocorrer no
mesmo Dia da vinda de Jesus para implantar o Seu Reino!
A indagação do presbítero deveria ser reformulada desse jeito: 'O
arrebatamento não pode acontecer antes da grande tribulação, pois
como os crentes serão julgados e participarão das bodas do Cordeiro
no Reino de Deus, se durante este tempo o Reino ainda não veio e a
grande Babilônia ainda não caiu?
Assim, conclui-se que as bodas do Cordeiro não pode ser realizada
durante a grande tribulação, pois até esse momento o Reino ainda não
veio (Lc 21.31; Dn 2.44; 7.13-14; Ap 1.7).
E além do mais, não existe o 'último advento' de Cristo, mas o
segundo advento, pois o primeiro foi aquele em que ele veio para dar a
sua vida como sacrifício (Hb 9.28). Podemos até chamar esse segundo
advento de Cristo de último advento em contraste ao seu primeiro
advento na manjedoura, mas jamais poderemos chamar de último
advento referindo-se a uma outra vinda a acontecer após o segundo
advento, pois senão seria o terceiro advento.
Para cumprir seu programa escatológico, o pré-tribulacionista
é obrigado a crer na terceira vinda de Cristo, a quem eles chamam
de ‘último advento ou segunda fase’.
Porém, isso em vez de trazer solução, traz mais complicações. Por
que se nessa terceira vez, Jesus vem depois do julgamento dos crentes e
das bodas de Cristo, como os demais crentes, aquele grupo incontável
de salvos da grande tribulação, serão julgados? Paulo escreveu:
‘Todos nós devemos comparecer perante o tribunal de Cristo’
(2 Co 5.10) para que ‘cada um de nós’ preste conta de ‘si mesmo a
Deus’ (Rm 14.12).
162 18º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Irmão Wellington se na escatologia pré-tribulacionista não há


espaço para a Igreja ser julgada no último advento de Cristo, então
também não poderá existir espaço para que esses crentes da tribulação
sejam julgados! Porém, no último advento de Cristo em Ap 11.15, onde
ele assume o controle do reino do mundo é anunciado: ‘chegou o
tempo... de recompensares os teus servos, os profetas, os teus santos e
os que temem o teu nome tanto pequenos como grandes...’
(Ap 11.18). Quem são esses? Se o teólogo Wellington retruca: ‘pois
onde fica o julgamento dos crentes?’ Ora, aqui na sétima trombeta,
aonde Cristo vem para destruir os que destroem a terra e galardoar os
crentes tanto pequenos como grandes! Até mesmos os profetas do AT
serão julgados e recompensados nessa ocasião, quanto mais os crentes
da atualidade!
Pois como podemos conceber uma incontável multidão de crentes
da grande tribulação que não comparecerão ‘perante o tribunal de
Cristo’? Ou será que abrir-se-á uma nova sessão do tribunal de Cristo
para esses crentes? Terá também uma nova sessão das bodas do
Cordeiro?
É inadmissível que os santos servos de Deus, de quem está escrito:
‘Vi... em pé junto ao mar de vidro [que está diante do trono de
Deus] os que tinham vencido a besta... Eles seguravam harpas que
lhes haviam sido dadas por Deus e cantavam o cântico do
Cordeiro’ (Ap 15.2,3; 4.6).

Tenham ficados de fora da recompensa dos santos no tribunal de


Cristo e das bodas do Cordeiro!
Se o arrebatamento ocorrer antes do ‘último advento’, onde ficam o
julgamento desses crentes vencedores e a sua participação na festa do
Cordeiro? Pelo, contrário, não estão, porventura, recebendo do próprio
Deus ‘harpas’ para participarem da festa do Cordeiro!? É
incompreensível crer que Jesus celebrará as bodas de casamento com
um grupo de crentes no céu, enquanto que seus irmãos na terra estarão
sofrendo tortura por amor a Cristo. Que recompensa terão por isso? E
como poderão reinar com Cristo conforme Ap 20.4, se isso também é
uma recompensa dos salvos (Lc 19.15-19; Ap 2.25-28).
De fato todos os crentes serão julgados no ‘ultimo advento’ de
Cristo, não antes, mas durante o Seu Reino milenar. Isso também é visto
nas palavras de Paulo ditas a Timóteo: 'Na presença de Deus e de Cristo Jesus,
que há de julgar os vivos e os mortos por sua manifestação e por seu Reino, eu o

18º Problema Teológico 163


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

exorto solenemente' (2 Tm 4.1 ). Em Rm 14.9-12, Paulo, também, coloca o


julgamento dos crentes na época em que Jesus há de julgar vivos e
mortos (1 Pe 4.5; Ap 20.11-15). Nessa ocasião, todos os crentes
ressuscitarão. Assim lemos:‘os que são de Cristo [ressuscitarão], na sua
vinda. E, então, virá o fim, quando ele entregar o reino ao Deus e Pai, quando
houver destruído todo principado, bem como toda potestade e poder. Porque
convém que ele reine até que haja posto todos os inimigos debaixo dos pés.
O último inimigo a ser destruído é a morte. (1 Co 15.23,24 ARA).
No programa escatológico de Paulo entre a vinda de Jesus para
ressuscitar os crentes e o fim, haverá o reino milenar de Jesus onde ele
colocará todas as coisas debaixo de seus pés. Paulo não fala da grande
tribulação nem tão pouco de uma última fase do advento de Jesus.
Portanto, não haverá um intervalo de sete anos entre a ressurreição
dos crentes e o reino milenar para o julgamento dos crentes e as bodas do
Cordeiro, pelo contrário, será durante o seu reino que ele há de julgar
todos, começando pelos crentes, como está escrito: ‘... Os que pertencem ao
povo de Deus serão os primeiros a serem julgados. Se esse julgamento vai começar
conosco, qual será o fim daqueles que não crêem no evangelho de Deus? (1 Pe 4.17,18
- BLH - veja também Hebreus 10.30b; 1 João 4.17). No ‘24º Problema
Teológico: É grave e infundada a crença pré-tribulacionista de dois
evangelhos e de dois reinos’, darei maiores detalhes sobre esse assunto e
tratarei sobre o Milênio. Por enquanto, analise o gráfico abaixo:
TRIBUNAL DE CRISTO NO TRONO BRANCO
Trono Glorioso

Julgamento e recompensa
o Advento de dos crentes
Cristo
salvação e livramento Festa das Bodas
do Cordeiro e da
ressurreição e Inauguração do Reino
arrebatamento da me
ira

igreja r e ina sto


ed

tos Cri
grande san om
es

Os gam c
tru

tribulação
jul
içã
o

Gu Os anjos são julgados


er Anticristo vencido os mortos são julgados
ra os vivos são julgados
do Satanás preso
Ar muitas nações destruídas,
S
m algumas pessoas sobrevivem JESU
ag
ed E N A R DE ç ã o 2ª ressurreição
om O MIL a Cri a para condenação
R E I N aç ã o d
Libert Destruiç
de
ão dos ím
p
Satan ios,
no lago as e da morte
de fogo

CRISTO ENTREGA TODOS OS PODERES


O REINO AO DEUS PAI DOMINADOS POR CRISTO

164 18º Problema Teológico


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

19º PROBLEMA TEOLÓGICO:


O pré-tribulacionista se contradiz em crê que a Igreja precisa ser arrebatada
para ficar protegida dos juízos apocalípticos, já que eles crêem que outros
serão protegidos sem serem arrebatados

A dificuldade de muitos pré-tribulacionistas leigos em crê no


arrebatamento depois da grande tribulação, e manter-se
acreditando no complicado sistema pré-tribulacionista ensinado por
seus teólogos, é pelo ingênuo fato de pensarem: 'como a Igreja poderá
se proteger das terríveis pragas do Apocalipse que atingirá todo
mundo!?'. Mas isso não deveria ser um problema para os
pré-tribulacionistas, já que eles acreditam que haverá pessoas salvas e
santas na grande tribulação! Assim afirmou o pré-tribulacionista
Antonio Gilberto:

'haverá santos vivos na Terra durante a Grande Tribulação'


(Escatologia Bíblica EETAD, pág. 59 o grifo é meu).

Como esses 'santos vivos na Terra' serão protegidos das pragas do


Apocalipse?! Respondam-me, vós pré-tribulacionistas, e encontrareis a
resposta para o vosso ingênuo questionamento! Certa vez um desses
irmãos que não entende a própria doutrina que professa, me indagou:
'Quero saber, aonde tu vais ficar, quando os quatro anjos reter os
quatros ventos, deixando tudo mundo sem fôlego?' Ora, no mesmo local
onde ficará os 144 mil servos de Deus e os santos mártires e vivos!
Jesus disse categoricamente aos seus apóstolos:

'...quando virem estas coisas acontecendo [isto é, o princípios das


dores, a destruição de Jerusalém e a grande tribulação], saibam
que ele está próximo, às portas' (Mt 24.32,33; Mc 13.28,29;
Lc 21.31) - grifo e colchete são meus.

Esse pequeno versículo bíblico analisado dentro do seu contexto é


suficiente para refutar uma vinda secreta de Jesus para arrebatar a
Igreja. Primeiramente: porque Jesus ensina que a Igreja verá todas
estas coisas acontecendo, isso exige que os crentes estejam presentes;
em segundo lugar: será através dos acontecimentos de todas essas
coisas que a Igreja saberá e testemunhará que Jesus está próximo; em
terceiro lugar: Jesus só voltará para remir os crentes depois que todas
essas coisas acontecerem (Lc 21.27-31).

165
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Infelizmente os pré-tribulacionistas atropelam a interpretação que


Jesus dá as suas próprias palavras. Por exemplo, eles lêem esse texto de
Mt 24.32: 'Aprendam a lição da figueira: quando seus ramos se
renovam e suas folhas começam a brotar, vocês sabem que o verão está
próximo...' aí eles param aqui e dizem: 'essa figueira é Israel, desde
1948 com fundação do Estado de Israel os ramos estão brotando, isto é,
os judeus estão voltando para sua pátria. Esse é o grande sinal do
arrebatamento da igreja, em breve seremos arrebatados antes da
grande tribulação'. Veja que os pré-tribulacionistas são tendenciosos
em sua interpretação. Pois além desse texto está dentro do contexto da
vinda que eles chamam de 'segunda fase' e não do arrebatamento ou
melhor da 'primeira fase', ainda ferem a própria interpretação de Jesus
acerca da figueira.
Leiamos por completo como Jesus interpreta a lição da figueira:
'Aprendam a lição da figueira: quando seus ramos se renovam e suas
folhas começam a brotar, vocês sabem que o verão está próximo.
ASSIM TAMBÉM...[prestem atenção na interpretação de Jesus, ele não
diz: 'assim também quando virem os judeus retornando para sua pátria,
saibam que ele está próximo, às portas'. Não!!! Jesus não disse isso e de
onde os pré-tribulacionistas tiraram isso?!
Eles têm que deixarem essa mania de moldar os textos ao seu
sistema escatológico. Jesus na verdade disse diretamente: 'ASSIM
TAMBÉM, quando virem todas estas coisas acontecendo [que coisas
são essas? Ora as que estão alistados na passagem bíblica, isto é, o
principio das dores, a destruição de Jerusalém e a grande tribulação,
que por pura ironia não consta o retorno dos judeus à sua pátria],
saibam que ele está próximo, às portas'.
Ora se os pré-tribulacionistas podem usar essa lição da figueira
para indicar que a fundação de Israel em 1948 serve como sinal da
aproximação do arrebatamento. Por que então a grande tribulação, que
de fato está incluída entre 'essas coisas' não serve como sinal precedente
do arrebatamento da igreja? A Bíblia de Estudo Plenitude comentou
sobre isso assim:

'[Mt 24.32-35]: Como as árvores brotando indicam a chegada do


verão, os sinais descritos por Jesus [em Mt 24] prevenirão sobre a
sua chegada. Mesmo a geração presente deveria testemunhar a
destruição de Jerusalém' (v.34), que foi um tipo de acontecimento
ligado à volta de Cristo' (pág.990).
166 19º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Se os crentes presenciarão a grande tribulação, assim como os


primitivos cristãos presenciaram a destruição de Jerusalém, isso
significa que a vinda de Jesus e o arrebatamento da Igreja ocorrerá após
a grande tribulação (Mt 24.21,29-34).
Ora, então como a Igreja poderá se proteger das terríveis pragas do
Apocalipse que atingirá todo mundo?! O Livro do Apocalipse dá duas
dicas de como o crente poderá ser protegido das pragas do Apocalipse.
A primeira dica é: guardar a palavra de Deus -

'visto que você guardou a minha palavra de exortação à


perseverança, eu também o guardarei da hora da provação que
está para vir sobre todo o mundo, para pôr à prova os que habitam
na terra' (Apocalipse 3.10).

Como o Senhor Deus fará isso? Não tirando o seu povo da terra,
através de uma fuga invisível! Mas protegendo-os ali mesmo (João
17.11,12,15), assim como protegeu os israelitas quando o Egito estava
sendo assolado pelas pragas de Deus
'em todo o Egito o granizo atingiu tudo o que havia nos campos,
tanto homens como animais; destruiu toda a vegetação, além de
quebrar todas as árvores. Somente na terra de Gósen, onde
estavam os israelitas, não caiu granizo' (Êxodo 9.25,26; leia
também Êxodo 10.21-23).

Não posso deixar de citar as palavras imortais de Moisés:


'Haverá grande pranto em todo o Egito, como nunca houve antes
nem jamais haverá. Entre os israelitas, porém, nem sequer um cão
latirá contra homem ou animal. Então vocês saberão que o Senhor
faz distinção entre o Egito e Israel!' (Êxodo 11.6,7).

Idênticas a essas palavras são as palavras de Daniel 'haverá um


tempo de angústia como nunca houve desde o início das nações até
então. Mas naquela ocasião o seu povo, todo aquele cujo nome está
escrito no livro, será liberto' (Daniel 12.1). Assim como as pragas do
Egito veio como prenúncio da libertação dos israelitas, assim também
as pragas do Apocalipse virá como prenúncio da libertação de ‘todo
aquele cujo nome está escrito no livro da vida’. E os únicos que têm seus
nomes escritos no livro da vida são os salvos pelo Messias (Ap 3.5;
20.15; 21.27). Esses escritos no livro da vida não podem ter ficado de
fora do suposto arrebatamento dos pré-tribulacionistas (Ap 13.8; 17.8).

19º Problema Teológico 167


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Contudo, o pré-tribulacionista Robert L. Thomas, diz que em


Apocalipse 3.10,
'Jesus prometeu à igreja preserva-la em um lugar distante da cena
da “hora da provação”. Na combinação 'terese ek' [termo grego
usado por João, que significa 'guardarei da'], o verbo fala de
preservação e a preposição fala de uma posição externa. Em
outras palavras, a promessa de Cristo equivale a um compromisso
de proteção em um lugar fora do período conhecido como hora da
provação' (Interpretações do Apocalipse, pág.196).

Porém, essa bela interpretação é uma contradição! A preposição


'ek', significa literalmente 'sair de dentro'. 'Para a Igreja emergir de
dentro da hora do teste, deve ter estado presente durante aquele teste'.
Essa preposição aparece também em Apocalipse 7.14: 'estes são os que
vieram da(ek) grande tribulação'. A igreja é vista aqui saindo de dentro
da grande tribulação! Se João, o escritor do Apocalipse, tivesse em vista
a igreja está em um 'lugar distante da cena da hora da provação', então,
ele teria usado a preposição grega 'apo' que significa 'fora de', que pelo
menos 'permitiria uma interpretação pré-tribulacionista'.
Por outro lado, a maneira como os pré-tribulacionistas pretende
usar 'ek' ser tirada do mundo antes da hora da provação contradiz o
verbo grego 'têreo' (guardar). 'Se a igreja está no céu nesta ocasião,
conforme ensina o pré-tribulacionismo, então qual poderia ser o perigo
que necessita a mão protetora de Deus sobre ela? Por todas as partes
da Septuaginta e do Novo Testamento, 'téreo' sempre denota a proteção
dentro da esfera do perigo'. Então guardar não é a mesma coisa que
tirar!
Em um só outro trecho do Novo Testamento 'tereo' ocorre com 'ek',
é em João 17.15, escrito pelo próprio João do Apocalipse: 'Não peço que
os tire (airõ) do (ek) mundo; e, sim, que os guardes (téreo) do (ek) mal'.
O termo grego 'airo ek', que significa 'levantar, erguer, ou remover,
parece descrever perfeitamente o que o arrebatamento será um
levantar ou remoção. Porém, está em contraste e em oposição...a idéia
que Jesus emprega 'tereo ek' [guardar do] na segunda' parte do
versículo. Então ‘guardar do mal’ não é a mesma coisa que ‘tirar do
mundo’, como também guardar da ‘hora da provação’ não é a mesma
coisa que ‘tirar do mundo’!
A provação vem sobre o mundo, mas a igreja que está no mundo
será guardada! Conforme a oração de Jesus em João 17.15. João deveria
168 6º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

ter usado 'airo ek' em Apocalipse 3.10, se visasse um arrebatamento


pré-provação, mas como ele usou 'téreo ek', tinha em mente o que
escreveu em João 17.15, e visava que a promessa era 'guardar a igreja
na Terra durante o período da provação'.
E isso não é coisa impossível para o nosso Deus, já que Ele pode
guardar Sadraque, Mesaque e Abede-Nego do fogo dentro da fornalha!
A Escritura diz que 'Sadraque, Mesaque e Abede-Nego saíram do
fogo...e o fogo não tinha ferido o corpo deles. Nem um só fio de cabelo
tinha sido chamuscados, e não havia cheiro de fogo neles'. O próprio rei
ímpio, Nabucodonosor, reconheceu: 'nenhum outro deus é capaz de
livrar (proteger) alguém dessa maneira' (Dn 3.23-30). A igreja sairá da
grande tribulação ilesa e incólume das pragas apocalípticas (Ap 7.14).
Como promete o Salmo 91.7,8,10:

'Mil poderão cair ao teu lado, dez mil à sua direita, mas nada o
atingirá, você simplesmente olhará, e verá o castigo dos
ímpios...nenhum mal o atingirá, [nem praga] alguma chegará à
sua tenda'.

E em Isaías 32.18,19:

'O meu povo viverá em locais pacíficos, em casas seguras, em


tranqüilos lugares de descanso, mesmo que a saraiva arrase a
floresta e a cidade seja nivelada ao pó'.

Glória a Deus! Assim como os israelitas foram livres do anjo


destruidor, na praga dos primogênitos, porque tinha o sangue de um
simples animal aspergido nas portas de suas casas, assim também a
Igreja de Jesus lavada no sangue precioso do Cordeiro, o Filho de Deus,
estará protegida dos anjos destruidores durante as derramadas das
pragas apocalípticas (Êxodo 12.23 c/ Apocalipse 7.14).
A Segunda dica do Apocalipse, de como o crente poderá ser
protegido das pragas do Apocalipse, é: romper com os costumes
pagãos de Babilônica -
'Saiam dela, vocês, povo meu, para que as pragas que vão cair
sobre ela não os atinjam!' (Apocalipse 18.4).

Esse povo de Deus são os santos que não adoram a Besta, cujos
nomes estão escritos no livro do Cordeiro (Ap 13.7,8,15; 17.8). A pragas
de Deus não os atinge! Pelo contrário, as pragas caem sobre sistema
19º Problema Teológico 169
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

babilônico anticristão em virtude das orações dos santos (Ap 8.3-6). Por
isso que quando esse sistema perseguidor babilônico cair, será dito aos
santos:
'Celebrem, ó santos, apóstolos e profetas! Deus a julgou,
retribuindo-lhe o que ela fez a vocês' (Apocalipse 18.20).

Essa expressão 'santos, apóstolos e profetas' aponta para a Igreja


(Ef 4.11,12). O que a Babilônia fez a eles? João viu essa religião falsa,
em figura de uma prostituta, 'embriagada com o sangue dos santos'
(Ap 17.6). Quer dizer, ela causou a morte de muitos crentes! Por isso
também está escrito em relação a terceira taça das pragas de Deus:

'Tu és justo, tu, o Santo, que és e que eras, porque julgaste estas
coisas; pois eles derramam o sangue dos teus santos e dos teus
profetas, e tu lhes deste sangue para beber, como eles merecem'
(Ap 16.4-6).

Por isso que não posso deixar de salientar que apesar da Igreja de
Cristo ser guardada por Deus das pragas apocalípticas, contudo será
perseguida por esse sistema babilônico liderado por Satanás, pois ele
'tem grande ira, sabendo que já tem pouco tempo' , e sairá para 'fazer
guerra [contra] ... os que guardam aos mandamentos de Deus e têm o
testemunho de Jesus Cristo' (Apocalipse 12.12,17 ARC o grifo é meu).
Mas, 'é justo da parte de Deus retribuir com tribulação aos que lhes
causam tribulação' (2 Tessalonicense 1.6).
Se esse ‘meu povo’ de Ap 18.4 não é a igreja do Cordeiro, então
quem são? Talvez alguém diga: ‘É a nação de Israel’. Se esse povo é a
nação de Israel, então essa Babilônia do capítulo 18 é a literal cidade de
Babilônia. Porém, todos sabem que esse nome ‘Babilônia’ em
Apocalipse é simbólica, e representa a religião falsa, cuja capital está
sediada em Roma. Portanto, Babilônia aqui é a Roma. De donde saiu a
reforma protestante? Saiu de dentro da Igreja Católica Apóstata
Romana. Assim ‘meu povo’ são os verdadeiros cristãos que romperam
com a religião romana, por causa disso, a Babilônia, a Grande, nome
simbólico dessa religião romana, perseguiu e matou muito desses
cristãos. E ainda matará mais!
Apesar disso, os pré-tribulacionistas negam que esse ‘meu povo’ de
Ap 18.4 é a igreja, uma vez que para eles a igreja foi arrebatada no
capítulo 4, muito antes do capítulo 18 de Apocalipse. Então para os
170 19º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

pré-tribulacionistas esse ‘meu povo’ se constitui de partes de crentes


que não foram arrebatados.
Na apostila 'Reforma Viva 2006 Escatologia' o pré-tribulacionista
Hilquias Benício, professor de Teologia, refuta o arrebatamento parcial,
dizendo:
‘Portanto, não cremos em um Arrebatamento Parcial. Sabemos
que existe a Igreja verdadeira e a professante. E que todos que
nasceram de novo serão arrebatados, mas nem todos que
professam ser cristão subirão. Atente que este posicionamento
difere do parcialismo (pág.13)' - o grifo é meu.

Muito embora seu companheiro Francisco Maia tenha escrito na


mesma apostila: 'Quem será atingido pela grande tribulação?...os
crentes que não estiverem vigilantes' (pág.27) e também seu outro
companheiro, o Pr. Antonio José, que também escreveu um artigo na
mesma apostila, fala dos 'que se converteram e morreram durante a
Tribulação, e que terão 'corpos glorificados' (pág.74).
Um sarapatel teológico! Ora, ainda que o Dr. Hilquias Benício
queira negar que crê no arrebatamento parcial, contudo não pode negar
a ressurreição e a glorificação parcial, que caí na mesma contradição,
pois se esses crentes ressuscitarão com corpos glorificados, então eles
nasceram de novo, logo fazem parte da Igreja. Assim o Corpo de Cristo
estará 'desmembrado e desfigurado quando levado a Ele' na primeira
fase do arrebatamento (pág.13 da apostila supra citada).
Das duas uma: ou nós cremos que todos os salvos serão arrebatados
antes da grande tribulação ou nós cremos que todos os salvos serão
arrebatados depois da grande tribulação. E como não podemos negar o
texto de Apocalipse 7.9,14,15:

'[vi] uma grande multidão [incontável], de todas as nações..., em


pé, diante do trono e do Cordeiro, com vestes brancas...Quem são
estes...e de onde vem?...Estes são os que vieram da grande
tribulação e lavaram as suas vestes...no sangue do Cordeiro. Por
isso estão diante do trono de Deus e o servem dia e noite'.

E, nem negar o texto de Ap 18.4 referente a igreja, chamando-a de


‘meu povo’ e advertindo-a na época da queda de Babilônia, a Grande, só
temos que concluir que a Igreja será arrebatada depois da grande
tribulação ou então creiamos na contraditória crença do arrebatamento
parcial, da ressurreição parcial e da glorificação parcial.
19º Problema Teológico 171
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

20º PROBLEMA TEOLÓGICO:


Os pré-tribulacionistas sabem a data da volta de Jesus Cristo à Terra!

Jesus Cristo disse: 'Quanto ao dia e à hora ninguém sabe nem os


anjos dos céus, nem o Filho, senão somente o Pai' (Mt 24.36).
Outra versão diz: 'unicamente meu Pai' (ARC).
De que Jesus Cristo está falando?! Conforme o versículo 37 estava
se referindo à sua vinda. Mas como existem crentes que acreditam em
duas vindas de Jesus, convém perguntar: Que vinda Jesus estava se
referindo? Os versículos 36 e 37 são textos; ninguém poderá saber de
que vinda Jesus está falando se não ler o contexto, não adianta inventar
um pretexto. Lendo os textos anteriores desses versículos vermos que
Jesus descreve a Sua vinda: '...todas as nações da terra se lamentarão e
verão o Filho do homem vindo nas nuvens do céu com poder e grande
glória' (v.30). Então, quando Jesus disse que ninguém sabia o dia e a
hora da sua vinda, se referia não a uma suposta vinda secreta, mas a sua
vinda à terra quando 'todas as nações da terra...verá o Filho do homem
vindo...com grande glória'.
Marcos redigiu: 'Vocês não sabem quando virá esse tempo'
(Mc 13.32,33). É interessante que os pré-tribulacionistas lançam mãos
prontamente desses versículos para refutar os adventistas que marcaram
a vinda de Jesus para o ano de 1844 e os russelitas que marcaram a vinda
de Jesus para 1914. Assim, escreveu o pré-tribulacionista Esequias
Soares, em sua lição contra os russelitas:

'Além do mais, Jesus afirmou que não compete aos homens saber
a data de sua vinda' e citou os seguintes texto-provas: '(Mt 24.36;
Mc 13.32; At 1.6) - (Lições Bíblicas, de Mestre, 2º trimestre de
2006, pág. 35).

Porém, os pré-tribulacionistas também marcaram uma data


para a volta de Jesus! Os anjos não sabem, o Filho não sabe, os
primitivos discípulos não sabiam, mas os pré-tribulacionistas sabem
quando será! O pré-tribulacionista Claudionor de Andrade escreveu:

“a volta triunfal de Cristo, que se fará acompanhar por sua


Igreja, ocorrerá sete anos após o arrebatamento” (Lições
Bíblicas, de Aluno, 4º trimestre de 2004, pág.43).

Certo pregador pré-tribulacionista disse: “Ninguém sabe o dia


172
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

da vinda de Cristo para arrebatar a igreja, já a vinda para julgar o


mundo todos podem saber, é só contar sete anos após o
arrebatamento”. Mas Jesus Cristo, o Filho de Deus, está dizendo que
nem ele mesmo sabe quando será a Sua vinda para julgar o mundo,
como 'todos podem saber'?
O pré-tribulacionista Eurico Bergstén escreveu:

'[Jesus] ...retornará no término da Grande Tribulação, em


grande glória, acompanhado de sua Igreja. Desta vez, todo olho o
verá (Ap 1.7). Lições Bíblicas, de Mestre, 3º trim.estre de 1995,
pág.68. Segundo Antonio Gilberto 'a Grande Tribulação
abrangerá um período de sete anos' (Escatologia Bíblia EETAD,
pág. 63).

Isso significa que todos os crentes que ficarem na grande tribulação


e a grande multidão de gentios convertidos no período da grande
tribulação como também os 144 mil judeus pregadores da grande
tribulação saberão com precisão o ano da volta de Jesus Cristo à Terra!
Meu Deus que ensinamento contraditório! Quer dizer o próprio Filho de
Deus não sabia quando será o dia da Sua vinda, esses crentes aí saberão!
Por exemplo, se o arrebatamento da Igreja acontecer no ano de
2008, a vinda de Jesus Cristo à Terra para estabelecer o Seu Reino será
no ano de 2015! Agora imagine o crente que ficou na grande tribulação e
ao lê o texto de Mateus 24.36, o quê ele dirá? 'Não é unicamente o Pai
que sabe, eu sei também, será no ano de 2015!'. Será que os
pré-tribulacionistas não conseguem ver a gravidade do erro que eles
estão cometendo ao crê que a vinda de Jesus Cristo será depois de sete
anos? Os apóstolos perguntaram a Jesus:

'Senhor, é neste tempo que vais restaurar o reino a Israel? [Jesus]


lhes respondeu: 'Não lhes compete saber os tempos ou as datas
que o Pai estabeleceu pela sua própria autoridade' outra versão
diz: 'que o Pai reservou pela sua exclusiva autoridade' (ARA).

Sabemos que o Reino será estabelecido na vinda de Jesus


(Mt 25.31,34; Lc 21.27-31; 1 Co 15.23-25; Ap 11.15; 19.15,16; 20.6),
mas não sabemos quando será a data que o Pai estabeleceu e nem nos
compete saber.
Mas por incrível que parece os pré-tribulacionistas sabem quando
será! Será depois de sete anos! Eles acabaram de ferir a autoridade
20º Problema Teológico 173
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

exclusiva de Deus! E vasculharam a onisciência de Deus! É como se


dissessem: 'a nós compete saber os tempos ou as datas'.
O pré-tribulacionista Esequias Soares, anteriormente citado, usou
esse texto para refutar aqueles que marcam a data da volta de Jesus, mas
ele não percebe que esse texto também refuta os pré-tribulacionistas.
Pois o texto de Atos 1.6,7, nada tem a ver, isso também na própria
escatologia pré-tribulacionista, com a vinda secreta, e sim com a vinda
pública de Jesus em que ele restaurará o reino à Israel.
Todavia, se a vinda 'pública' de Jesus já está cronologicamente
computada pelos homens, isto é, sete anos após o arrebatamento da
igreja, então Atos 1.6,7 caem por terra. Esse é um dos muitos problemas
em acreditar em duas vindas de Jesus!
Não somente os sete anos de grande tribulação é contraditório,
porque marcam uma data exata para a vinda de Jesus, como também um
arrebatamento secreto é contraditório, pois, permite que se inicie uma
contagem regressiva para a vinda de Jesus! Por isso que ambas as
doutrinas negam a exclusiva autoridade do Pai para a data do
estabelecimento do Reino.
Quer dizer apenas os anjos, Jesus e os crentes atuais não sabem
quando acontecerá a vinda de Jesus para estabelecer o seu Reino,
enquanto que após o arrebatamento, todos os outros crentes saberão!
Eles poderão até pregar: 'Jesus Cristo voltará em 2015!'. E onde fica o
que Jesus falou: 'Não lhes compete saber os tempos ou as datas (da
vinda do Reino) que o Pai estabeleceu pela sua própria autoridade'
(Atos 1.7). Pois os pré-tribulacionistas vasculharam e descobriram que
será sete anos após o desaparecido deles da terra!
O pré-tribulacionista Elienai Cabral escreveu:

'o Dia do Senhor [é]... a manifestação pessoal e visível de Cristo


no final da Grande Tribulação' (Lições Bíblicas, de Aluno,
3º trimestre de 1998, págs.44,45)

Lembrando que para os pré-tribulacionistas a grande tribulação


durará sete anos. Isso significa que o Dia do Senhor, que para Elienai
Cabral é a vinda pessoal e visível de Jesus Cristo, será depois de sete
anos. Porém, essa contagem contradiz tanto a Paulo quanto a Pedro.
Por exemplo Paulo escreveu: 'Irmãos, quanto aos tempos e épocas,
não precisamos escrever-lhes, pois vocês mesmo sabem perfeitamente

174 20º Problema Teológico


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

que o dia do Senhor virá “depois de sete anos de grande tribulação” .


Assim não! Pois quem disse isso foi o pré-tribulacionista Elienai
Cabral, Paulo na verdade disse: 'o dia do Senhor virá como ladrão à
noite' (1 Ts 5.1-4). E como um ladrão vem? Jesus Cristo ensinou:

'Entendam isto: se o dono da casa soubesse a que hora da noite o


ladrão viria, ele ficaria de guarda e não deixaria que a sua casa
fosse arrombada. Assim, vocês também precisam estar
preparados, porque o Filho do homem virá numa hora em que
vocês menos esperam' (Mateus 24.42-44).

Então um ladrão vem de um modo que ninguém sabe quando, assim


também Paulo está ensinando aos irmãos que o Dia do Senhor, que é a
vinda 'pessoal e visível de Cristo' será em uma data desconhecida para
nós. E como então o Dr. Claudionor de Andrade disse que

“a volta triunfal de Cristo... ocorrerá sete anos após o


arrebatamento”? (Lições Bíblicas, de Aluno, 4º trimestre de
2004, pág.43 o grifo é meu).

Mas será que o arrebatamento vai realmente acontecer sete anos


antes do Dia do Senhor? Acredito que não! Pois senão Paulo não diria
aos irmãos: 'Mas vocês, irmãos, não estão nas trevas, para que esse dia
os surpreenda como ladrão' (v.4). Ele diria: 'Mas vocês, irmãos, não se
preocupem, pois seremos arrebatados antes do Dia do Senhor, esse dia
não nos surpreenderá como ladrão'. E além do mais, como esse dia
surpreenderá os que estão ‘nas trevas’ se 'ocorrerá sete anos após o
arrebatamento'. Em outras palavras, para os pré-tribulacionistas, o Dia
do Senhor não será como ladrão à noite, pois todos os que ficarem na
grande tribulação saberão em que ano acontecerá!
Assim, '...aqueles...' que segundo o Dr. Antonio Gilberto, 'não
subiram no arrebatamento, e, despertados por tal fato, decidirão
permanecer fiéis (Escatologia Bíblica EETAD, pág.59 o grifo é meu),
podem até produzir um outdoor com os seguintes dizerem: 'JESUS
VOLTARÁ EM 2015'(ou qualquer outra data, pois os que ficarem
saberão quando será, basta contar sete anos). E podem apontar como
prova disso o desaparecimento de milhões de crentes, pois conforme o
próprio Antonio Gilberto disse: 'o mundo tomará conhecimento depois,
quando notar a ausência, a falta e o desaparecimento de milhões de

20º Problema Teológico 175


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

salvos' (Escatologia Bíblica EETAD, pág. 20). Uma nota de estudo na


Bíblia Pentecostal pré-tribulacionista diz o seguinte:

“os santos da tribulação sabem, quase exatamente o momento da


volta do Senhor, e estarão preparados e serão salvos” (pág. 1440
- o grifo é meu).

Todavia, essas coisas não se encaixam na doutrina da verdadeira


escatologia bíblica, pois 'ninguém sabe' quando será a data da volta de
Jesus Cristo, nem os crentes de hoje, nem tampouco os santos da grande
tribulação. Pelos sinais sabemos simplesmente que Jesus está próximo,
às portas (Mateus 24.29-36), mas jamais poderemos dizer que será
depois de sete anos, como fazem os pré-tribulacionistas.
Paulo cita a figura de ‘um ladrão’ para ‘o dia do Senhor’
exatamente para ensinar que não há ‘tempos e épocas’ previstas
(1 Ts 5.1,2). Contudo, os pré-tribulacionistas, como Elienai Cabral,
ensinam que o dia do Senhor será depois de sete anos de tribulação.
Na época do apóstolo Pedro, muitos escarnecedores diziam: 'O que
houve com a promessa da sua vinda'. Pedro respondeu dizendo:

'Não se esqueçam disto, amados: para o Senhor um dia é como mil


anos, e mil anos como um dia. O Senhor não demora em cumprir a
sua promessa, como julgam alguns... O dia do Senhor, porém, virá
como ladrão' (2 Pedro 3.3,4,8-10).

Será possível que só os pré-tribulacionistas são os únicos a saberem


quando será o dia da vinda de Jesus Cristo, até os anjos perdem pra eles.
Por exemplo pergunte a qualquer pré-tribulacionista: 'Irmão, se o
arrebatamento acontecer hoje, quando será a vinda de Jesus à Terra?'
Ele dirá tal ano! Isso se ele realmente ter convicção no dogma
pré-tribulacionista.
Nem mesmo o apóstolo Pedro que viveu lado a lado com Jesus,
sabia que o dia do Senhor será depois de sete anos, pois falou de um
modo incerto: 'para o Senhor um dia é como mil anos, e mil anos como
um dia'. Pedro deveria ter dito: 'sete anos após o arrebatamento'.
Mas se o dia do Senhor está cronologicamente computador como
ensina os pré-tribulacionistas, o argumento de Pedro cai por terra para
os que sabem que o dia do Senhor será depois de sete anos de grande
tribulação. Quando Pedro diz 'O dia do Senhor.. virá como ladrão'

176 20º Problema Teológico


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

contradiz tão frontalmente os pré-tribulacionistas que diz que 'o Dia do


Senhor [que é]... a manifestação pessoal e visível de Cristo [será] no
final da Grande Tribulação (isto é, depois de sete anos)' (Lições
Bíblicas, de Aluno, 3º trimestre de 1998, págs.44,45), que eu não sei
como eles conseguem continuar crendo nessas coisas.
Talvez, os pré-tribulacionistas digam: 'Quando Jesus disse que
ninguém sabe o dia e a hora da sua vinda, não se referiu a segunda fase
da Sua vinda, mas a primeira fase onde ocorrerá o arrebatamento da
Igreja'. Então isso significa que a vinda em que todo olho verá, todos
saberão quando será? Quer dizer não será surpresa e nem iminente!
Então, ‘O dia do Senhor’ não será imprevista conforme ensinam Paulo e
Pedro? Aí depois quem não crê na iminência da vinda de Jesus Cristo
somos nós! Como o Dr. Elienai Cabral escreveu:

'Esse elemento (referindo-se a iminência) é rejeitado por alguns


grupos que entendem que não haverá dois eventos distintos: o
arrebatamento da Igreja e a vinda pessoal de Cristo' (Lições
Bíblicas, de Aluno, 3º trimestre de 1998, pág.35).

Mas eu entendo que são os pré-tribulacionistas que rejeitam


que 'a vinda pessoal de Cristo' será iminente! E eles fazem isso porque
querem manter um período de sete anos de grande tribulação entre o
arrebatamento da Igreja e a vinda pessoal de Cristo! Mas eles não
conseguem ver que Jesus, Paulo e Pedro estão justamente falando da
vinda pessoal de Cristo e não de uma vinda secreta.
Lendo 1 Tm 6.14,15, veremos que Timóteo é exortado a esperar a
vinda visível de Jesus, pois é chamada de 'manifestação (gr. epifanéia)',
porém, essa vinda ocorrerá não em qualquer momento, mas no 'devido
tempo' estabelecido pela exclusiva autoridade de Deus (At 1.7; 3.21; Ap
11.18), porém, para nós esse 'tempo' é iminente, pois não sabemos
'quando virá esse tempo' (Mc 13.32,22), pois para Deus 'um dia é como
mil anos e mil anos como um dia' (2 Pe 3.8-10). Por isso que temos que
está vigilantes e preparados para qualquer tempo (Mt 25.1-13; Mc
13.34-37; Lc 12.35-40; 1 Co 7.29-31).
Se a vinda pessoal de Cristo será na data que ninguém sabe, assim
como ninguém sabe a vinda dum ladrão, então ele não vem depois de
sete anos. Se ele vem depois de sete anos como os pré-tribulacionistas
ensinam desde 1827, então Jesus, Paulo e Pedro estão equivocados.
Com isso os pré-tribulacionistas querem levantar uma prova de que
20º Problema Teológico 177
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

A vinda para a Igreja é diferente da vinda para a Terra. Pois ensinam que
a vinda para a Igreja ninguém sabe quando será, enquanto que a vinda
para o mundo todos saberão quando virá. 'Viu irmãos como são em duas
fases, senão nós vamos contradizer Jesus'.
Contudo é esse pensamento pré-tribulacionista que está
contradizendo o que Jesus realmente disse; pois não só fere os
princípios de interpretação da Bíblia, como leva o pré-tribulacionismo a
cair numa absurda contradição teológica. Pois nenhum desses textos
está relacionado a algum tipo de vinda secreta, mas a vinda pública.
Assim ao confessar uma vinda secreta chocam com a vinda pública de
Cristo.
Ainda que os pré-tribulacionistas queiram se convencer que
Mateus 24.36 se refere a um arrebatamento secreto devido os versículos
40,41: 'Dois homens estarão no campo: um será levado e o outro
deixado. Duas mulheres estarão trabalhando num moinho: uma será
levada e a outra deixada'. Todavia, esbarrão com At 1.6,7,
1 Ts 5.1-4 e 2 Pe 3.8-10, que mostram que o Dia do Senhor e o
estabelecimento do Seu Reino serão em datas que ninguém sabe, e não
depois de sete anos após o arrebatamento.
Por isso que o arrebatamento não pode se dá em uma vinda
secreta, mas exatamente no Dia do Senhor; e 'um será levado e outro
deixado', nada mais é, do que '[Jesus] enviará os seus anjos, e estes
reunirão os seus eleitos dos quatro ventos', mas isso não ocorrerá em
uma secreta vinda, mas na vinda em que 'todas nações...verão''(Mt
24.30,31 veja também 2 Ts 1.7-10). Por isso digo a todos vocês:
'Ninguém sabe quando será o arrebatamento, nem tampouco a vinda
pessoal de Jesus!' Apenas os pós-tribulacionistas bíblicos podem falar
assim! Nesse ponto eu refuto aqueles pós-tribulacionistas que
infelizmente acreditam que a grande tribulação seja de sete anos (leia o
13º problema teológico). E posso também dizer, sem titubear, que o
arrebatamento da Igreja ocorrerá exatamente na vinda pessoal de Jesus
Cristo, o nosso Senhor.
Lucas escreveu:
'Tenham cuidado, para sobrecarregar o coração de vocês... e
aquele dia venha sobre vocês inesperadamente. Porque ele virá
sobre todos os que vivem na face de toda a terra' (Lucas 21.34,35).

Mas se esse dia vem depois de sete anos de grande tribulação,

178 20º Problema Teológico


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

não será inesperadamente! Será que os crentes que viverão nos dias da
grande tribulação saberão o dia e a hora que Jesus vem? Claro que não!
Pois a Bíblia não diz quando durará a grande tribulação, o que sabemos é
que ele vem 'imediatamente após a tribulação daqueles dias' (Mt 24.29-
31). E também: 'Se aqueles dias [de tribulação] não fossem abreviados,
ninguém sobreviveria, mas, por causa dos eleitos (isto é dos crentes
fiéis - Ap 17.14), aqueles dias serão abreviados' (Mt 24.21,22).
No texto de Lc 21.34,35: a vinda de Jesus é pública, pois diz ‘virá
sobre todos os que vivem na face de toda a terra’, porém, essa vinda não
será depois de sete anos, pois, diz que virá ‘inesperadamente’. E, para
esmagar o pré-tribulacionismo, o texto coloca a esperança dos
discípulos nesse dia, quando diz: ‘fiquem alertas! Não deixem que as
festas, ou as bebedeiras, ou os problemas desta vida façam vocês
ficarem tão ocupados, que aquele dia pegue vocês de surpresa, como se
fosse uma armadilha’ (BLH).
O Cristo glorificado também disse para os crentes da igreja em
Sardes: 'Mas se você não estiver atento, virei como um ladrão e você
não saberá a que hora virei contra você (Ap 3.3). Isso não será verdade
se esses crentes não subirem no arrebatamento e esperarem a vinda de
Jesus depois de sete anos! Pois eles saberão que Jesus virá como um
ladrão depois de sete anos de grande tribulação assolar a terra. Então
veja que não pode existir um arrebatamento antes desse dia que ele vem
como um ladrão. Assim Jesus disse para os crentes quando é derramada
a penúltima taça sobre a terra:
'Eis que venho como ladrão! Feliz aquele que permanece vigilante
e conserva consigo as suas vestes, para que não ande nu e não seja
vista a sua vergonha' (Apocalipse 16.15).

Por isso que ele pôde dizer para os crentes vigilantes de Sardes:
'No entanto, você tem aí em Sardes uns poucos que não
contaminaram as suas vestes. Eles andarão comigo, vestidos de
branco, pois são dignos' (Apocalipse 3.4).

Quer dizer, enquanto que os crentes vigilantes andarão de branco


quando Jesus vir como um ladrão, os crentes não vigilantes andarão nus.
Mas isso não será verdade se para esses crentes não vigilantes ainda
houver sete anos para consertar as suas vidas. Se Jesus vier depois de
sete anos de grande tribulação não há perigo de pegar alguém

20º Problema Teológico 179


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

desprevenido! Jesus nos advertiu:

'É como um homem que saí de viagem. Ele deixa sua casa,
encarrega de tarefas cada um dos seus servos e ordena ao porteiro
que vigie. Portanto, vigiem, porque vocês não sabem quando o
dono da casa voltará (os pré-tribulacionistas sabem!): se à tarde,
à meia-noite, ao cantar do galo ou ao amanhecer. Se ele vier de
repente, que não os encontre dormindo! O que lhes digo, digo a
todos: Vigiem!' (Marcos 13.34-36).

Para os pré-tribulacionistas não será 'de repente', pois tem data


marcada: sete anos depois da grande tribulação. Não adiantar dizer que
Jesus está se referindo a uma 'suposta vinda invisível'. Pois isso vai
apenas contrariar a Bíblia. É a mesma coisa que dizer que a sua vinda
visível não será de repente, e nem há essa necessidade de vigilância. Os
apóstolos perguntaram: 'Senhor, estás contando está parábola para nós
(a igreja) ou para todos (a igreja e o mundo)?' (Lucas 12.37,38,41).
Jesus responde: 'O que lhes digo, digo a todos: Vigiem!' (Marcos 13.37).
Portanto, ele não fala apenas para os crentes de hoje, mas também
para os crentes da grande tribulação, mas isso não fará sentido algum, se
os pré-tribulacionistas estiverem correto ao afirmar que Jesus vem
depois de sete anos de grande tribulação. E assim a doutrina da vinda
secreta de Jesus não só contrabandeia esses textos bíblicos para si, como
também anula a reivindicação de Cristo de que a Sua vinda pública será
como ladrão, pois tem data marcada para acontecer: depois de sete anos!
Quer dizer, enquanto que a suposta vinda escondida de Jesus
inventada pelos pré-tribulacionistas é desconhecida, isto é, pode
acontecer daqui a bilhões de anos, a vinda gloriosa de Jesus, em que ele
dará fim ao sistema deste mundo e estabelecerá o seu grandioso Reino é
conhecida por todos, e é fatal: depois de sete anos, nem mais e nem
menos!
Voltando ao texto de Apocalipse 16.14,15, extrairei sete
refutações contra essa vinda computadorizada dos pré-tribulacionistas:

1°) Esse texto refuta que a vinda de Jesus como ladrão é uma vinda
secreta, pois Jesus chama essa vinda após as taças de vinda como um
ladrão, e não tem nada de secreta, pois nesse dia ele vem para batalhar
no ‘grande dia do Deus todo-poderoso’, conforme o versículo 14.

180 20º Problema Teológico


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

2°) Esse texto refuta que a vinda depois da grande tribulação pode
ser calculada, pois Jesus disse: 'Eis que venho como ladrão', isto é, sem
data marcada;
3°) Esse texto refuta que a igreja foi arrebatada antes da grande
tribulação, pois aqui, enquanto as taças são derramadas, Jesus exorta
o crente à vigilância. Isso não faz nenhum sentido se os crentes já
estiverem no céu festejando as bodas do Cordeiro.
4°) Nesse texto, essa promessa da vinda de Jesus seguida de
exortação ao crente, no momento do cenário da batalha do grande dia
do Deus todo-poderoso, é uma prova incontestável de que Jesus até esse
momento não tenha voltado e levado os crentes para as bodas;
5°) Nesse texto, a segunda vinda de Jesus é iminente! Isso significa
que o crente precisa está vigilante;
6°) A grande tribulação não é um período de sete anos, pois essa
termina na vinda de Jesus, e essa vinda é como ladrão!
7°) Jesus vem depois da grande tribulação para batalhar contra o
mal e dá felicidade ao crente! Por isso que se diz 'feliz aquele que
permanece vigilante'.

Por isso que os verdadeiros pós-tribulacionistas não enfrentam os


tipos de problemas teológicos envolvidos na crença de uma vinda
calculada pelos homens, pois eles acreditam, assim como Jesus,
Mateus, Marcos, Lucas, Pedro, Paulo e João acreditavam, que a vinda
visível e pessoal de Jesus será no 'dia e [na] hora que ninguém sabe,
mas unicamente o Pai', rejeitando e repugnando tenazmente a crença
dos pré-tribulacionistas de que a vinda visível e pessoal de Jesus será
depois de sete anos de grande tribulação.

20º Problema Teológico 181


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

21º PROBLEMA TEOLÓGICO:


Os pré-tribulacionistas torcem textos bíblicos para
moldá-los ao seu complicado programa escatológico

C omo os pré-tribulacionistas citam passagens bíblicas em seus


livros de teologia sistemática para provar uma vinda secreta, já
que é nua a flagrante desta doutrina? Infelizmente, as Escrituras podem
ser torcidas! É o caso de Colossenses 3.4:

'Quando Cristo, que é a nossa vida, for manifestado, então, vocês


também serão manifestados com ele em glória'.

Será que Paulo tem mente uma segunda fase da vinda de nosso
Senhor e Salvador Jesus Cristo em que ele vem dos céus com a Igreja?
Em nenhum lugar dos escritos paulinos há uma primeira e segunda fase
da vinda de Cristo, ou uma vinda invisível e outra vinda visível.
Os hermeneutas pré-tribulacionistas falam de duas palavras
gregas 'parousia' e 'epifanéia'. Eles dizem que 'parousia' está
relacionada com a vinda invisível, enquanto 'epifanéia' está relacionada
com a vinda visível. Quer dizer, para compreendermos a doutrina
escatológica temos que primeiro aprender o grego, pois, nossos
tradutores fizeram o favor de não colocarem tais definições em nossas
Bíblias portuguesas. Mas, por que 'parousia' é uma vinda invisível? Os
exegetas pré-tribulacionistas diz que o termo é traduzido por 'chegada
rápida'.
Mas, Paulo usou esse mesmo termo em outros casos e nada teve
haver com rapidez e invisibilidade, por exemplo, ele escreveu:

'Deus, porém, que consola os abatidos, consolou-nos com a


chegada (parousia) de Tito, e não apenas com a vinda (parousia)
dele, mas também com a consolação que vocês lhe deram'
(2 Coríntios 7.6,7; leia também 1 Coríntios 16.17).

Será que Tito chegou à Macedônia, onde se encontrava Paulo, de


maneira invisível? Ou ele veio tão rápido que ninguém percebeu?
Não!!! Por isso que a vinda rápida, inesperada, de repente e iminente de
Jesus Cristo não anula sua visibilidade, levando-os a crê que seja
invisível.
Será que o uso de dois termos gregos mudam a natureza da volta de

182
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Jesus Cristo? Os apóstolos usaram uma terceira palavra grega


'apocalipse', que significa 'revelação', para a vinda de Jesus. Será que,
agora, temos que crê que haverá três vindas: uma parousia, outra
epifanéia e outra apocalipse. Ou não seria mais coerente concluir que
os três termos se refere a mesma vinda. Em vez de ajudar, os
pré-tribulacionistas complicam mais ainda! Segundo o teólogo
pré-tribulacionista Elienai Cabral:
'Parousia é abrangente e pode referir-se tanto à vinda de Cristo
para a Igreja como para o mundo. Entretanto, epiphanéia é um
termo que especifica a volta de Cristo à Terra de modo mais direto,
porque diz respeito à Sua manifestação pessoal ao mundo' (Lições
Bíblicas, de Aluno, 3º trimestre de 1998, págs. 33,34).

O Dr. Elienai Cabral procura ser mais sincero, mas está tão apegado
a doutrina das duas fases da vinda de Jesus, que não consegue ver que a
'parousia' é a mesma coisa de 'epifanéia' ou 'apocalipse' nos escritos
apostólicos.
Se apenas a 'parousia' pode ser aplicado ao arrebatada da
igreja, e não 'epifanéia' ou 'apocalipse', por que Pedro escreveu:

'...a fé que vocês têm... é genuína e resultará em louvor, glória, e


honra, quando Jesus Cristo for revelado (gr. apocalipse)'
(1 Pedro 1.7),

Ou por que ele disse aos pastores:

'Quando se manifestar (gr. epifanéia) o Supremo Pastor, vocês


receberão a imperecível coroa da glória' (1 Pedro 5.4).

A doutrina das duas fases baseada nas palavras grega acareadas


com esses textos bíblicos causa uma confusão teológica. Se esses
irmãos serão recompensados na vinda visível de Jesus Cristo, então eles
ficaram no abandono da grande tribulação! Não seria melhor Pedro os
ter exortado à esperar a vinda invisível, já que eles não só serão
poupados da grande tribulação, como participarão das bodas do
Cordeiro? Caso contrário, se Pedro coloca a esperança deles na
'epifanéia', então não há distinção entre 'parousia' e 'epifanéia'!
E, se a igreja é arrebatada em uma 'parousia' invisível que difere de
uma 'epifanéia' visível, por que Paulo escreveu a Timóteo, seu
21º Problema Teológico 183
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

companheiro fiel:
'guarde este mandamento imaculado e irrepreensível, até a
manifestação (gr. epifanéia) de nosso Senhor Jesus Cristo'
(1 Timóteo 6.14).

Será que Paulo supôs que ele subirá na 'parousia' invisível e


Timóteo na 'epifanéia' visível? Ou Paulo errou o termo grego, ele queria
dizer era 'parousia'? Mas, não foi só para Timóteo que Paulo
recomendou a 'epifanéia' (que para os teólogos pré-tribulação trata-se
da 'segunda fase da segunda vinda' de Jesus Cristo), mas a inteira igreja
dos tessalonicenses. Paulo escreveu que o alívio deles só se daria na
'epifanéia', e o pior é que o próprio apóstolo, parece que conclui que
também ficará para a segunda fase e acaba consolando-se:

'...alívio a vocês, que estão sendo atribulados, e a nós também.


Isso acontecerá quando o Senhor Jesus for revelado
(gr. apocalipses) lá dos céus' (2 Tessalonicenses 1.7).

E, em 2 Ts 2.8, seguindo o conceito dos pré-tribulacionistas, Paulo


misturou as bolas quando escreveu: '...o Senhor Jesus destruirá
[o perverso] pela manifestação (gr. epifanéia) de sua vinda (parousia)',
pois uniu os dois termos gregos em uma só vinda! Se nos ensinos dos
apóstolos a Igreja sobe em uma vinda invisível, por que Paulo disse à
Tito que os cristãos aguardavam 'a gloriosa manifestação
(gr. epifanéia) de... Jesus Cristo', a quem ele chama de 'bendita
esperança'? e também, escreveu aos coríntios: 'de modo que não lhes
falta nenhum dom espiritual, enquanto vocês esperam que o nosso
Senhor Jesus Cristo seja revelado’ (gr. apocalipses - 1 Co 1.7).
Os irmãos de Corinto esperavam uma vinda visível de Jesus Cristo,
e não uma vinda invisível. Nesse texto Paulo deveria usar pelo menos a
expressão 'parousia', se acreditasse de fato em duas fases da vinda de
Jesus, mas ao se referir essa vinda para os crentes como 'revelação',
prova que só há uma única vinda: a visível! A Bíblia usa os mesmos
termos 'vinda (parousia)' e 'revelação (apocalipse)' em relação ao
Anticristo, e ninguém ousa dizer que a manifestação do Anticristo será
de modo invisível (veja 2 Ts 2.3,9; 1 Jo 2.18).
Porém, quando esses mesmos termos bíblicos são usados em
relação a Cristo, em sua vinda, alguns dizem que será de modo invisível
(1 Co 1.7; 1 Ts 5.23). Contudo, esse modo tendencioso de interpretar os
184 21º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

textos bíblicos está mais para uma fraude do que para uma exegese
bíblica!
Pedro é tão claro a respeito disso que exorta os concrentes a colocar
toda a esperança nessa vinda visível, ele escreveu: '...coloquem toda a
esperança na graça que lhes será dado quando Jesus Cristo for
revelado (gr. apocalipses)' (1 Pe 1.13). Se Jesus será revelado na sua
vinda, então não é um evento oculto, presenciado apenas por alguns
apercebidos! Pois 'revelar' significa exatamente isso: 'tirar o véu',
'desvendar o oculto', 'tornar publico o que está escondido', 'tornar
conhecido o desconhecido' (Mt 10.26). De fato, a Bíblia diz: 'todas as
nações... verão' e 'todo olho o verá' (Mt 24.30; Ap 1.7).
Similarmente, encontramos as palavras de Paulo a Timóteo
referindo-se a todos os crentes:

'Agora me está reservada a coroa da justiça, que o Senhor, justo


Juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a
todos os que amam a sua vinda (gr. epifanéia)' - 2 Timóteo 4.8.

A maioria das nossas versões prefere usar a expressão 'vinda' nesse


texto, mas no original, Paulo usou o termo grego 'epifanéia', que
traduzido seria: '...a todos os que amam a sua manifestação'. Se Paulo
de fato acreditasse que 'parousia' está relacionada a uma vinda secreta, e
'epifanéia' a uma vinda pública de Jesus, teria usado o termo grego
'parousia' nesse texto em vez de 'epifanéia', mas ao usar o termo grego
'epifanéia' mostra que Paulo não pensava na vinda de Jesus como um
evento de duas fases e nem que a vinda de Jesus fosse um evento
invisível para os crentes.
Portanto, aguce o seu entendimento por saber que tanto Paulo como
Pedro e os demais crentes receberão sua coroa na manifestação ou
revelação de Jesus Cristo, e não em uma vinda invisível (2 Pe 5.1,4). O
apóstolo João também acreditava assim, pois escreveu:

'Filhinhos, agora permaneçam nele para que, quando ele se


manifestar (gr. epifanéia), tenhamos confiança e não sejamos
envergonhados diante dele na sua vinda (parousia)' (1 João 2.28).

Percebe que João usa os dois termos gregos para se referir a vinda
de Jesus Cristo em relação aos crentes. Assim, essa distinção apenas
existe na mente dos teólogos pré-tribulacionistas e de seus adeptos!
21º Problema Teológico 185
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Em vez de rasgar as Escrituras Sagradas por acreditar em uma


esquisita vinda invisível, não seria melhor crê que 'parousia' (presença),
'epifanéia' (manifestação) e 'apocalipse' (revelação) se refere a mesma
vinda de uma só vez de Jesus Cristo, sem fases e etapas! Coisas assim
sem sentido! Por que duas fases? Qual é a necessidade disso? Se o que
ele vem fazer em duas, ele pode realizar em uma só! E além do mais,
tudo o que ele fará na primeira fase, segundo os ensinos do
pré-tribulacionismo, ele repetirá na segunda fase!
Uma vez que não existe esta coisa de duas fases da vinda de
Jesus Cristo, e nem isso foi ensinado pelos apóstolos, o quê Paulo quis
dizer com isso:

'Quando Cristo, que é a nossa vida, for manifestado


(gr. epifanéia), então nós também seremos manifestados com ele
em glória' (Colossenses 3.4).

No versículo 3, Paulo disse: 'Vocês morreram com Cristo, e agora


sua vida está escondida com Cristo em Deus'. Se Paulo tem a noção de
que os irmãos estão bem vivos e presentes para lerem a sua carta, por
que ele disse que a vida deles estava lá no alto, escondido com Cristo.
Será que Paulo não está se referindo a gloriosa vida imortal escondida
com Cristo em Deus?!
Essa gloriosa vida imortal precisa ser manifestada no corpo dos
santos! Mas quando se dará isso? 'Quando Cristo, que é a nossa vida
[imortal] se manifestar'. Paulo falou sobre isso também aos irmãos de
Roma:
'Considero que os nossos sofrimentos atuais não podem ser
comparados com a glória que em nós será revelada' (Rm 8.18).

Quando essa glória será revelada ou manifestada nos santos?


Quando os santos forem glorificados no corpo! E, quando os santos
serão glorificados? Paulo escreveu aos Filipenses:

'A nossa cidadania, porém, está nos céus, de onde esperamos


ansiosamente o Salvador, o Senhor Jesus Cristo... ele
transformará os nossos corpos humilhados, tornando-os
semelhantes ao seu corpo glorioso' (Filipenses 3.20,21).

Então, quando Paulo escreveu que os crentes serão

186 21º Problema Teológico


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

'manifestados com Cristo em glória', ele não tinha em mente que


haveria um arrebatamento invisível, que a igreja passaria sete anos de
bodas no céu, e depois desceria visivelmente à terra com Cristo! Não! A
mentalidade de Paulo é a mesma de João, que escreveu:

'Amados, a gora somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou


o que havemos de ser, mas sabemos que, quando ele se
manifestar (gr. epifanéia), seremos semelhantes a ele, pois o
veremos como ele é' (1 Jo 3.2 o grifo é meu).

Este texto de Colossenses 3.4 sendo visto dentro da sua ótica


bíblica corrobora mais ainda com a posição pós-tribulacionista de que a
vinda de Cristo é única, e será manifesta a todos, onde se dará a
glorificação dos santos, e refuta os pré-tribulacionistas que dá a
impressão que crêem que o arrebatamento da Igreja será sem fulgor,
sem glória, algo apático em uma vinda de Jesus secreta e sem glória.
Como acreditava o preterista James Russel:

'ninguém poderá ouvir isso. A voz do arcanjo é silenciosa, e a


trombeta de Deus é muda. Não somente isso, mas a multidão dos
mortos que se levantam foi elevada invisivelmente para dentro de
nuvens invisíveis para encontrar o Senhor, que descia, invisível
também' (Os Últimos Dias Segundo Jesus, pág.140).

Assim também ensinava Charles Russel, fundador da seita das


Testemunhas de Jeová:

'parousia...significa presença, e nunca deve ser traduzida por


vinda'. Essa 'parousia (ou presença) de Cristo seria invisível'
(Sentinela de 01/05/1993, págs.10,11)

Já os verdadeiros cristãos não crêem nessa vinda invisível, pois


assim escreveu o apóstolo Pedro:

'Alegrem-se à medida que participam dos sofrimentos de Cristo,


para que também, quando a sua glória for revelada, vocês exultem
com grande alegria' (1 Pedro 4.13; Romanos 8.17,18).

A ‘glória’ do Senhor será revelada em Sua vinda ‘com poder e


grande glória’ (Mt 24.30), pois ele virá ‘em sua glória e na glória do Pai
e dos santos anjos’ (Lc 9.2), nesse dia os crentes ‘receberão a
21º Problema Teológico 187
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

imperecível coroa de glória’ (1 Pe 5.4), quando terem seus corpos


‘semelhantes’ ao ‘corpo glorioso’ de Jesus (1 Jo 3.2; Fl 3.20,21). E isso
será manifestado a todos, pois ‘a natureza criada aguarda, com grande
expectativa, que os filhos de Deus sejam revelados’ ‘com a glória’
incomparável para também receberem ‘a gloriosa liberdade dos filhos
de Deus (Rm 8.18-21), certamente será assim quando Cristo ‘vier para
ser glorificado em seus santos’ (2 Ts 1.10) e aí então os seus santos
‘serão manifestados com ele em glória’ (Cl 3.4).
Se juntarmos todos os textos bíblicos relacionados com a vinda
de Jesus Cristo, não haverá nenhuma contradição, mas
complementação, porém, se os dividimos em duas vindas, uma
invisível e a outra visível, aí então, haverá contradições, discrepâncias e
confusões teológicas.
É o caso de João 14.1-3 e Zacarias 14.5. O pré-tribulacionista lê o
texto de João e vê uma vinda invisível quando Jesus vem buscar os
santos, e lê o texto de Zacarias e vê outra vinda, a visível, quando Jesus
vem com os santos. O texto de Zacarias 14.5 reza:
'Então o Senhor, o meu Deus, virá com todos os seus santos'.

Mas, será que um pequeno texto deve clarear blocos de textos, ou os


blocos de textos devem clarear um pequeno texto?! Em nenhum texto
bíblico diz que Cristo vem dos céus com a Igreja! Mas, vários textos
bíblicos dizem categoricamente que Cristo vem dos céus com os santos
anjos. Em Mt 16.27, Cristo vem na glória do Pai com os seus anjos, onde
recompensará os crentes (Ap 22.12). Em Lc 9.26, Cristo vem em sua
glória e na glória do Pai e dos santos anjos e se envergonhará dos
desviados (Lc 9.26; 1 Jo 2.28).
Os santos que vem com Cristo em Zacarias 14.5, são os anjos, como
bem frisou Mateus:

'Quando o Filho do Homem vier em sua glória e todos os santos


anjos com ele, então se sentará no trono da sua glória' (Mt 25.31).

E Paulo em 2 Tessalonicenses 1.7:

'...o Senhor Jesus for revelado lá dos céus, com os seus anjos
poderosos, em meio a chamas flamejantes, tomando vingança...'.

188 21º Problema Teológico


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

E Judas em sua epístola:

'Vejam, o Senhor vem com milhares de seus santos, para julgar a


todos...' (vv.14,15).

Uma nota de rodapé da Bíblia Plenitude diz sobre Judas 14,15:

'Judas entende que Enoque profetizou a segunda vinda de Cristo,


quando os ateus serão julgados' (ver 2 Ts 1.6-10). A referência as
santas miríades é de Dt 33.2. Os santos que acompanham Cristo
ao julgamento são os anjos (ver Mt 16.27; 25.31)'.

Essa classe angelical que vem com Cristo é chamada em Ap 19.14


de:
'Os exércitos dos céus o seguiram, vestidos de linho fino, branco e
puro, e montados em cavalos brancos' .

Essa é a única classe que vem com Jesus lá dos céus, já a Igreja
deverá se conservar santa e irrepreensível para se encontrar com Cristo
nos ares. É o que disse Paulo em 1 Tessalonicense 3.13:

'Que [o Senhor] fortaleça o coração de vocês para serem


irrepreensíveis em santidade diante de nosso Deus e Pai, na vinda
de nosso Senhor Jesus com todos os seus santos' (compare c/
1 Tessalonicenses 5.23 o grifo é meu).

Esses santos de que fala Paulo neste texto são os anjos, e não a
Igreja, se não esse texto não teria sentido! Assim, como não teria sentido
o texto de Zacarias se aqueles santos forem a Igreja, e não os anjos, pois
contradizem os demais textos citados, sem ter nenhum texto ao seu
favor. Esses anjos que vem com Cristo não só punirão os ímpios e
desviados como também reunirão os eleitos, que é a Igreja, dos quatro
ventos, dos confins da terra até os confins do céu (Marcos 13.26,27).
É interessante que os pré-tribulacionistas dizem que esses santos de
Zc 14.5 é a Igreja, enquanto que os santos de Ap 13.7, eles dizem que,
não é a igreja. Todavia, as provas para se crê que os santos de Ap 13.7 é a
igreja são mais evidentes do que crê que os santos de Zc 14.5 é a igreja.
Por exemplo, em Apocalipse é dito acerca desses santos: “Aqui
está a perseverança dos santos que obedecem aos mandamentos de
Deus e permanecem fiéis a Jesus” (Ap 14.12). Esses santos são
21º Problema Teológico 189
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

chamados de 'testemunhas de Jesus' (Ap 17.6), e diz que esses santos


participarão da primeira ressurreição (Ap 20.4-6). Agora quais são as
evidências de que os santos de Zc 14.5 é a igreja?
Meu irmão, se os santos estão sofrendo perseguição do Anticristo,
mas mesmo assim, são testemunhas fiéis de Jesus, eles não podem
descer do céu com Jesus na Sua vinda, porque aí seremos obrigados a
crer em uma classe de santos privilegiados que foram arrebatados antes
da vinda de Jesus.
Se algum santo tem esse privilegio deverá ser esses fiéis santos do
Apocalipse! Mas se esses santos estão aqui, então não haverá
arrebatamento nenhum antes desses santos que deixará excluídas essas
fiéis testemunhas de Jesus. Isso é acusar Deus de discriminação!
Portanto, Eu tomo esses santos como testemunhas de que não haverá
nenhum arrebatamento antes da vinda de Jesus que ressuscitará esses
santos a fim de que eles participem da primeira ressurreição.
Contudo os pré-tribulacionistas acreditam que esses santos de
Zc 14 é a igreja e não os anjos, em compensação são obrigados a negar
que os santos de Apocalipse é a igreja, apesar de toda evidência
contrária (sem falar que Zacarias está no Antigo Testamento e o
Apocalipse no Novo Testamento).
Porém, para manterem essa interpretação incoerente chamam esses
fiéis santos do Apocalipse de rabiscos deixados na colheita. Será que
Jesus fará isso? Moisés respondeu a Faraó: 'nem uma unha ficará
(Êx 10:26)'. Com certeza Aquele que disse:'o que vem a mim de maneira
nenhuma o lançarei fora' (João 6:37), a semelhança de Moisés, jamais
deixará de fora do arrebatamento esses santos e fiéis testemunhas
(Hb 3.2-6), sim, Ele deixará os desviados e os carnais para destruição
fulminante, mas jamais deixará crentes fiéis e santos! (2 Pe 3.9-15 c/
Mt 24.39-42; Hb 10.37-39 e 2 Ts 1.7-8).
As Escrituras mostram diretamente que Jesus voltará com os anjos
(veja Mt 16.27 e 2 Ts 1.7), dando margem para interpretar os santos de
Zc 14.5 e Jd 14. O testemunho das Escrituras são tão forte a favor dessa
interpretação que há outros textos que une os dois termos, chamando de
'santos anjos' (Mt 25.31; Mc 8.38; Lc 9.26); e o texto de 1 Ts 3.13 com
certeza interpreta Zc 14.5 distinguindo esses santos que vem com Cristo
dos crentes que aguardam essa vinda em santidade, que dizer, enquanto
que os santos anjos vem com Cristo, os santos crentes vão ao encontro
de Cristo (1 Ts 3.13 c/ 4.16,17 e 5.23).
190 21º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Veja que 2 Ts 1.7 diz que Jesus vem 'com os seus anjos', em relação
aos crentes no versículo 10, diz que ele vem para ser glorificado 'em seus
santos'. Isso é coerente! Pois assim, não há discriminação de santos.
Por outro lado, se negarmos que os santos de Apocalipse 13.7;
14.12; 17.6 é a igreja temos que negar também que os santos de
Apocalipse 5.8; 8.4,5; 11.18; 16.6; 18.20,24; 19.8; 20.6,9; 22.11 é a
igreja. Porém isso não só é incoerente, mas também absurdo!
Quer dizer teremos que lê o Novo Testamento igual os russelitas
lêem: esse versículo é para os 144 mil e esse é para grande multidão, no
nosso caso lemos: esse versículo é para a igreja e esse versículo é para os
santos que não é a igreja, uns tais de rabiscos. Que situação mais
esquisita!!! E ainda tem gente que crê nisso! Portanto, a interpretação
mais coerente é crê que os santos de Zc 14.5 são os anjos e os santos de
Ap 13.7 é a igreja. E assim, todos os santos do Cordeiro serão
arrebatados naquele grande e único Dia.
Uma vez que a vinda de Jesus é de uma só vez, e nessa ocasião ele
vem com os santos anjos, então, essa manifestação dos crentes em
glória, de que fala Paulo em Colossenses 3.4, se dará nessa ocasião. E,
assim como todos os olhos verão a glória do Filho do Homem, assim
também, verão a glória dos santos crentes. Paulo disse que Jesus Cristo
virá 'para ser glorificado em seus santos e admirado em todos os que
creram' (2 Ts 1.10). Os santos somente serão manifestados com Cristo
em glória na sua vinda gloriosa e poderosa. Pois, o que eles são em
Cristo e a sua herança de um eterno peso de glória mui excelente
somente receberão quando Cristo aparecer nas nuvens.
Eu posso contemplar aquele grande dia, dia sem igual,
primeiramente o mundo afunda em densas trevas, pois, escurecerá o sol,
a lua e as estrelas. Nesse ínterim os santos mortos e vivos são atraídos às
nuvens, como um imã atrai os metais, isso em questão de átomo, ao
encontro do Senhor ainda nos ares!
De repente, em meio a escuridão, a glória de Cristo e da Igreja,
resplandecem! O mundo em desespero contempla o resplendor da
glória, e se lamenta! Mas, chegou o fim! Não tem mais jeito; o tribunal é
estabelecido; vivos e mortos julgados; os justos são recompensados
com a vida eterna e os injustos condenados ao fogo eterno (Mateus
13.40-43,49,50).

21º Problema Teológico 191


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Outro texto torcido pelos pré-tribulacionistas para sustentar


duas fases na vinda de Jesus é Tito 2.13:

'aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória do


nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus'.

O pré-tribulacionista Antonio Gilberto curiosamente escreveu:


'Segundo as Escrituras, a vinda de Jesus terá duas fases' e para minha
surpresa ele cita como texto prova dessa crença Tito 2.13: 'Aguardando
a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande
Deus e nosso Senhor Jesus Cristo' (Lições Bíblicas, 3º Trim. de 200, de
aluno, pág.62). Então ele quer dizer que a 'bem-aventurada esperança'
é a primeira fase (o Arrebatamento) e 'o aparecimento da glória do
grande Deus' é a segunda fase (o Advento de Cristo).
Mas essa absurda interpretação não só inflige os princípios da
hermenêutica como também ofende a gramática, pois segundo a
gramática desse texto o sujeito que aguarda a 'bem-aventurada
esperança' é o mesmo sujeito que aguarda 'o aparecimento da glória do
grande Deus'. O verbo 'aguardar' é uma única ação do sujeito nas duas
expressões. E quem é o sujeito dessa frase? Para descobrimos isso,
temos que lê o contexto do versículo:

'...educando-nos (eis o sujeito) para que... vivamos, no presente


século, sensata, justa e piedosamente, aguardando a bendita
esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e
Salvador Cristo Jesus' (Tito 2.12,13 o grifo é meu).

Uma vez que Paulo escreveu esta carta à Tito, então eles se incluem
entre os 'educando-nos'. E uma vez que esta carta, por sua inspiração
divina, é dirigida a toda comunidade cristã, então todos nós, e não
apenas Paulo e Tito, estamos também incluídos entre esses educados
por Deus para aguarda a bendita esperança e a manifestação da glória,
assim como aparece no verso 14: 'um povo exclusivamente seu, zeloso
de boas obras'.
Como bem traduziu a NVI: "... [nós] aguardamos a bendita
esperança: a gloriosa manifestação de nosso grande Deus e Salvador,
Jesus Cristo". Note os dois pontos, como que dizendo: 'a bendita
esperança significa a gloriosa manifestação de nosso grande Deus e
Salvador, Jesus Cristo’. Esses tradutores compreenderam que
192 21º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

a bendita esperança não pode ser diferente da gloriosa manifestação de


Jesus Cristo! Não podem ser dois eventos distintos e separados por sete
anos! Eles não ousariam quebrar as regras gramaticais e nem doutrinais!
Ora se a Igreja - o povo exclusivo de Deus - deve aguardar a
bendita esperança e a gloriosa manifestação de nosso grande Deus então
esses eventos se darão em único acontecimento. Isso é incontestável!
Ou então Paulo está confundido tudo. Mas prefiro ver que são os
pré-tribulacionistas que fazem uma atrapalhação, pois não só inflige os
princípios da hermenêutica como também ofende a gramática, pois o
sujeito da frase não só deve aguardar a bendita esperança como também
a manifestação da glória do nosso grande Deus.
Isso é simples de entender, não há como complicar. Os tradutores
da Bíblia Linguagem de Hoje, também trazem o sentido real do texto:

“vivermos neste mundo uma vida prudente, correta e dedicada a


Deus, enquanto ficamos esperando o dia feliz em que aparecerá a
glória do nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo’ (Tt 2.12,13)

Acredito que não tem nenhum outro versículo-chave que o sistema


escatológico pré-tribulacionista torce a afim de provar duas fases da
segunda vinda de Jesus Cristo. Outro dia eu ouvi um pregador
pré-tribulacionista citando Romanos 2.9 (esse texto é inédito!).
Baseado nesse texto ele disse que a “Grande Tribulação” “...[virá]
sobre...ao judeu primeiro e também ao grego (gentio), a igreja está fora
porque ela se constitui um terceiro grupo” (1 Coríntios 10.32).
Primeiramente, Paulo não está tratando da grande tribulação nessa
passagem bíblica, mas do Juízo Final (Rm 2.2-6). E em segundo lugar,
se de fato esse pré-tribulacionista está correto em Rm 2.9, então temos
que raciocinar que a Igreja também está de fora da vida eterna, pois
Paulo disse no mesmo texto: “glória, e honra, e paz ...ao judeu primeiro
e também ao grego (gentio)” (v.10). A onde está a Igreja?
Eu não entendo como pessoas com nenhum escrúpulo tem a
petulância de citar textos bíblicos fora do seu contexto só para apoiar
uma idéia, manuseando a Bíblia como se fosse um livro qualquer que
pode ser manipulado pelos homens. O apóstolo Pedro em sua segunda
carta diz que:
'...não seguimos fábulas engenhosamente inventadas quando lhes
falamos da vinda de nosso Senhor Jesus Cristo' (2 Pedro 1.16).

21º Problema Teológico 193


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

22º PROBLEMA TEOLÓGICO:


Os pré-tribulacionistas manipulam a Bíblia ao seu bel-prazer

O maior problema do pré-tribulacionismo é porque ele se


desencaminhou, por acreditar que o arrebatamento da Igreja é
um evento secreto, isolando-o e separando-o da vinda de Jesus em
glória, e partindo desse pressuposto, manejam textos bíblicos segundo
ao seu bel-prazer e racionalidade, dando outros sentidos a muitas
passagens bíblicas. Muitas vezes os sacando de sua contextualização e
naturalidade.
O pré-tribulacionismo nega o sentido natural do texto,
conjecturando-o de um modo diferente e às vezes conflitante com o
próprio texto que cita, isso dificulta ao leigo uma compreensão natural
da doutrina, causando uma dependência da Bíblia e dos leitores aos
livros teológicos de posição pré-tribulacionismo.
Um erro doutrinário ou até mesmo uma heresia é firmado quando
se dá outro sentido ao texto bíblico, negando o seu entendimento natural
e reiterpretando-o a tal modo à caber dentro de algum sistema
doutrinário. Exatamente aquilo que Paulo escreveu aos irmãos de
Colossos:
'metendo-se em coisas que não viu; estando debalde inchado na
sua carnal compreensão' (Colossenses 2.18 ARC).

O apóstolo Pedro nos advertiu quando escreveu:

'sabendo, primeiramente, isto: que nenhuma profecia da


Escritura provém de particular elucidação (explicação)' (2 Pedro
1.20).

Para uma boa interpretação da escatologia temos que partir desse


princípio, quer dizer, um versículo bíblico não pode ser interpretado de
modo particular, ele precisa está coagulado no próprio texto onde está
inserido, e depois em concordância com a interpretação geral da
Escritura, ele não pode escorrer ao léu conforme ao bel-prazer do
intérprete ou ser manipulado como se faz com as marionetes.
Assim o estudante da Bíblia só pode dá um certo sentido a
determinado texto, quando tal interpretação for dada pela própria
Bíblia. Como por exemplo o texto de Malaquias 4.5: ‘Enviarei a vocês o
profeta Elias antes do grande e temível dia do Senhor’. Será que temos

194
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

que entender esse texto literalmente como fazia os mestres da lei na


época de Jesus? Não! Pois a própria Escritura dá o sentido correto,
quando Jesus disse: ‘Elias já veio... Então os discipulos entenderam que
era de João Batista que ele tinha falado’ (Mt 17.110-13).
Porém, fugindo dessa regra, os pré-tribulacionistas muitas
vezes citam textos bíblicos ao seu bel-prazer e fora do seu sentido
natural e do sentido dado pelas próprias Escrituras (1 Co 2.13-15).
Por exemplo, o Dr. Claudionor de Andrade escreveu:

'o arrebatamento dar-se-á a qualquer instante. Jesus Cristo virá


como o ladrão na noite (1 Ts 5.4; 2 Pe 3.10). vigiemos, pois, para
que este dia não nos surpreenda' (Lições Bíblicas, de Aluno, 4º
trimestre de 2004, pág.20).

Seja perspicaz e bereano, examine os textos bíblicos que o


Dr. Claudionor de Andrade está citando. Leia na sua Bíblia que
1 Ts 5.4, diz:
'Mas vocês, irmãos, não estão nas trevas, para que esse dia os
surpreenda como ladrão'.

A citação do Sr. Claudionor esta certíssima com o que ele está


escrevendo, mas não está certo com o pré-tribulacionismo defendido
por ele. Porque veja que esse pequeno versículo bíblico está inserido
dentro da passagem que fala do Dia do Senhor (1 Ts 5.1-4). E ele está
colocando o arrebatamento exatamente nesse dia, e está correto do
ponto de vista pós-tribulacionista! Mas ele não acredita nisso! Vejamos
por exemplo o que ele escreveu em outra ocasião:

'A Grande Tribulação' é o 'dia do Senhor'...(Is 13.9-11; Ml 4.1)


Lições Bíblicas, de Aluno, 4º trimestre de 2004, pág.37.

Ora se para Claudionor de Andrade, que é um pré-tribulacionista, o


arrebatamento vai acontecer antes da grande tribulação, que para ele
mesmo a grande tribulação é o Dia do Senhor, porque ele cita o texto de
1 Ts 5.4 e 2 Pe 3.10 para o arrebatamento. Porque pela sua interpretação
o texto deveria ser escrito assim: 'Mas vocês, irmãos, não estão nas
trevas, para que (a grande tribulação) os surpreenda como ladrão'.
Pois o termo 'esse dia' se refere o 'dia do Senhor' conforme o versículo 5,
que para Claudionor o dia do Senhor é a grande tribulação.

22º Problema Teológico 195


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Mas como ele não quer se contradizer, então verte o texto, dizendo:
'Jesus Cristo virá como o ladrão na noite' (1 Ts 5.3,4), isso, porém, o faz
dá crédito mais ainda ao pós-tribulacionismo, pois, o texto citado diz: 'o
dia do Senhor virá como ladrão à noite'.
Então veja que quando Claudionor de Andrade quer falar sobre a
iminência do arrebatamento usa o texto de 1 Ts 5.4, mas quando
pretende falar da grande tribulação usa o mesmo texto, como fez ao
escrever:
“a segunda metade [da semana profética de Daniel] será ocupada
pela Grande Tribulação propriamente dita... Pois quando
disserem: Paz e segurança, então lhes sobrevirá repentina
destruição... de modo nenhum escaparão (I Ts 5.3)” - Lições
Bíblicas, de Aluno, 4º trimestre de 2004, pág.38 o grifo é meu.

Ninguém sabe o que Claudionor de Andrade quer dizer! Uma vez


ele diz que o dia do Senhor é a grande tribulação outra vez diz que o dia
do Senhor é a volta de Jesus. Uma vez diz que o arrebatamento vai
acontecer no dia do Senhor outra vez diz que o dia do Senhor é a metade
da grande tribulação. Quer dizer ele está manuseando a Bíblia ao seu
bel-prazer e de modo contraditório. Porque se o Dia do Senhor é Jesus
voltando como ladrão à noite, então não pode ser a grande tribulação e
nem a metade dela.
Todavia, se o dia do Senhor for realmente a grande tribulação, e a
grande tribulação for o que o pré-tribulacionista Eurico Bergstén
escreveu:
'A Grande Tribulação será uma ditadura universal e cruel do
Anticristo' (Lições Bíblicas, de Mestre, 3º trimestre de 1995,
pág.76),

E o que pré-tribulacionista Wim Malgo disse:


'Devemos distinguir entre a vinda do Senhor e o dia do Senhor...
com o dia do Senhor começa a Grande Tribulação [que] trata-se
do domínio mundial de terror da besta, do vindouro ditador
mundial...' (Terá Chegado o Fim de Todas as Coisas?
págs.99,100).

Então a expressão Dia do Senhor está equivocada, pois deveria ser


Dia do Anticristo. Todavia, a expressão Dia do Senhor está em
confrontação com a grande tribulação. Pois, em 2 Ts 2.2,3,8 Paulo fala

196 22º Problema Teológico


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

do Dia do Senhor como algo acontecer depois da manifestação do


Anticristo. Quando no versículo 8, Paulo descreve a vinda do Dia do
Senhor, nessa ocasião o Anticristo é destruído! Ora se o Anticristo é
destruído no Dia do Senhor, então esse dia não pode ser a 'ditadura
universal e cruel do Anticristo'. Por outro lado, o Dr. Claudionor de
Andrade, despercebidamente, coloca o arrebatamento da Igreja nesse
dia. Isso é pós-tribulacionismo puro! E não pré-tribulacionismo.
O importante não é o que o erudito está dizendo, mas que texto
bíblico ele cita para apoiar aquela dissertação. O Dr. Eurico Bergstén
escreveu:
'A segunda vinda de Jesus acontecerá em duas etapas. Na
primeira, Ele virá antes da Grande Tribulação como um
relâmpago (Lc 17.24)... este acontecimento não será percebido
pelo mundo. E retornará no término da Grande Tribulação, em
grande glória, acompanhado de sua Igreja.. Desta vez, todo olho o
verá (Ap 1.7)' (Lições Bíblicas, de Mestre, 3º trimestre de 1995,
pág.68 o grifo é meu).

Para o Dr. Eurico Bergstén a primeira fase da segunda vinda de


Jesus, onde se dará o arrebatamento, será 'como um relâmpago', ele
também afirma que 'este acontecimento não será percebido pelo
mundo'. Leiamos o texto-prova que ele citou:

'Pois o Filho do Homem no seu dia será como o relâmpago cujo


brilho vai de uma extremidade à outra do céu' (Lc 17.24).

Será que esse versículo tem alguma coisa haver com uma vinda
despercebida pelo mundo? Não seria totalmente ao contrário! Jesus
Cristo não estaria falando de uma vinda percebida pelo mundo? O termo
'cujo brilho' não fala de algo visível? A expressão 'vai de uma
extremidade à outra do céu' não é algo abrangente?
Tomar essa expressão 'como relâmpago' e o texto de Lucas 17.24
para provar uma vinda despercebida pelo mundo não só é contraditório
como também está sendo citado fora do seu contexto, com um sentido
diferente do natural e ao bel-prazer do escritor. Jesus disse isso
exatamente para refutar aqueles que dirão:

'Lá está ele' ou 'Aqui está!' Não se apressem em segui-lo. POIS o


Filho do Homem no seu dia será como o relâmpago cujo brilho
vai de uma extremidade à outra do céu' (Lucas 17.23,24).

22º Problema Teológico 197


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Irmãos, esse texto está refutando o pré-tribulacionismo! Pois são


eles que dirão, pelo menos aqueles que “não subirem”: 'Jesus já veio e
está lá no céu com a Igreja'. Como diz o hino: 'Onde está aquele povo
barulhento?... Alguém com voz de lamento vai dizer nesse momento:
aquele povo foi embora pra Sião'. Mas Jesus Cristo disse: 'Não se
apressem em segui-lo. Pois... será como o relâmpago cujo brilho'
ilumina tudo! Como também escreveu Mateus:

'Porque assim como o relâmpago saí do Oriente e se mostra no


Ocidente, assim será a vinda do Filho do homem. Onde houver
um cadáver aí se ajuntarão os abutres' (Mateus 24.27).

Não existe esse negócio de vinda invisível! Senão a refutação de


Jesus não terá solidez. Ele jamais induziu seus apóstolos a esperar uma
vinda secreta! Mas uma vinda que saí e se mostra! Uma vinda
abrangente, cujo brilho é manifesto em todo lugar!
Quando, por exemplo, o russelita diz que Jesus voltou em 1914, eu
só tenho uma prova para refutar isso, é citando Mt 24.27 e Lc 17.24.
Agora se eu acreditar em uma vinda secreta, não posso refuta-los!
Porque se o arrebatamento acontecer hoje, em 2008, os crentes que
ficarem dirão: 'Jesus voltou em 2008'. E aí como eu espero que as
pessoas acreditem nisso, se o próprio Jesus disse: 'não acreditem.
Porque [a vinda do Filho do homem será] como o relâmpago que saí do
Oriente e se mostra no Ocidente', e além do mais essas pessoas não
viram nada! É por isso que eu não acredito no russelita que pregava, já
em 1870, uma vinda invisível de Jesus que se cumpriu em 1914, como
também não posso acreditar, pela mesma razão, na vinda invisível de
Jesus pregada pelos pré-tribulacionistas desde 1827.
Agora contrariando o sentido natural do texto de Lc 17.24, o
Dr. Eurico Bergstén o cita ao seu bel-prazer para provar uma vinda
despercebida pelo mundo incompatível ao próprio texto que cita. Nem o
próprio Elienai Cabral, outro pré-tribulacionista, engole essa, pois
escreveu:
[Jesus] fala de sua vinda visível como “o relâmpago que sai do
Oriente e se mostra até o Ocidente”. (Lições Bíblicas, de Aluno, 3º
trimestre de 1998, pág.62 o grifo é meu).

Por outro lado, o texto citado por Eurico Bergstén para provar a
segunda fase da vinda de Jesus em que ele virá com a Igreja, também
198 22º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

não prova nada. Apocalipse 1.7 diz:

‘Eis que ele vem com as nuvens, e todo olho o verá... e todos os
povos da terra se lamentarão por causa dele’.

Porventura João cita a Igreja retornando com Jesus nesse texto?


Pelo contrário, João está escrevendo este texto para as igrejas e põe a
esperança delas nessa vinda quando diz: ‘Certamente será assim.
Amém!’ (v.7). Quando João diz: ‘todos os povos da terra se lamentarão’
nos liga a Mt 24.30: ‘...todas as nações da terra se lamentarão e verão o
Filho do homem vindo nas nuvens do céu’.
Mas talvez alguém diga: ‘João também não diz que a Igreja será
arrebatada nessa ocasião?’. Mas Mateus diz, no versículo 31: ‘Jesus
enviará os seus anjos com grande som de trombeta, e estes reunirão os
seus eleitos dos quatros ventos’. E João com certeza tinha isso em
mente! Porém, os pré-tribulacionistas dizem: ‘esses eleitos são os
judeus’. Não! Pois o texto que Mateus e João citam, que é Zacarias
12.10, coloca os judeus entre as nações que ‘se lamentarão’ por terem
‘transpassado’ a Jesus. E além do mais, Mateus também não diz que a
igreja virá com Jesus nessa ocasião, apenas ‘os seus anjos’.
Portanto é coerente concluir que ‘seus eleitos’ são os cristãos, pois
ainda no mesmo capítulo de Mateus, Jesus disse:

‘Se alguém disser para vocês: Vejam aqui está o Cristo, não
acreditem... Pois aparecerão falsos cristos... que realizarão
grandes sinais... para, se possível, enganar até os eleitos. Vejam
que eu avisei vocês antecipadamente’. Assim, se alguém lhes
disser: ‘Ele está lá... não acreditem. Porque assim como o
relâmpago sai do Oriente e se mostra no Ocidente, assim será a
vinda do Filho do homem (vv.23-25).

A quem são dirigidas essas palavras pelo pronome ‘vocês’?


Conforme Mt 24.3 aos ‘discípulos’, isto é, os cristãos. Logo os cristãos
que foram avisados antecipadamente para não serem enganados são os
‘eleitos’. E esses ‘eleitos’ serão arrebatados na vinda em que ‘todo olho
o verá’.
E se o leitor percebeu bem, Mateus liga a vinda em que ‘verão o
Filho do homem vindo nas nuvens com poder e grande glória’ com a
‘vinda do Filho do homem’ ‘como o relâmpago’ (vv.27,30). Assim o
Dr. Eurico Bergstén e os demais pré-tribulacionistas estão errados
22º Problema Teológico 199
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Não é importante o que o teólogo escreve, mas se o que ele está


escrevendo está em concordância com a Escritura que cita.
O teólogo pré-tribulacionista Elinaldo Renovato escreveu:

'Aos ímpios, que atribulam, dará tribulação. Mas, aos crentes, que
sofrem tribulação, na sua vinda, dará o merecido descanso,
quando vier buscar a sua Igreja com os anjos do seu poder... É o
descanso que o crente terá... na vinda de Jesus, quando a Igreja
subir a encontrar o Senhor nos ares (1 Ts 4.17)...' (Lições Bíblicas,
de Mestre, 3º trimestre 2005, pág.87).

O Dr. Elinaldo Renovato escreveu essas palavras quando estava


interpretando 2 Ts 1.6-10 em sua lição bíblica. E essa sua interpretação
está correta do ponto de vista pós-tribulacionista e transcorre
naturalmente com a passagem bíblica, sem uso de subterfúgio. Porém,
essas palavras de Elinaldo Renovato derrubam por terra a sua própria
crença no arrebatamento da Igreja em uma vinda oculta de Jesus, como
ele escreveu em outra ocasião: 'Graças a Deus, a Igreja não passará
pela Grande Tribulação' (Lições Bíblicas, de Mestre, 3º trimestre
2005, pág.73 ), quer dizer, será arrebatada antes da grande tribulação.
Será que quando Elinaldo Renovato escreve 'aos ímpios que
atribulam, dará tribulação', tem em mente a grande tribulação? Se for
essa a sua mentalidade, então ele começa a dá um sentido desnatural ao
texto. Pois para Paulo a ‘tribulação’ é a ‘punição’ que se revelará
quando o Senhor vier ‘com os anjos de seu poder’. Uma pessoa que
acredita em duas fases da vinda de Jesus - uma relacionada aos crentes e
outra relacionada aos descrentes - não lê com muita simpatia esse texto
de 2 Ts 1.6-10. Veja que o Dr. Elinaldo Renovato disse:

'aos crentes, que sofrem tribulação, na sua vinda, dará o merecido


descanso, quando vier buscar a sua Igreja com os anjos do seu
poder'.

Ele afirma que Jesus vem buscar a 'Igreja com os anjos do seu
poder', eu não sei se ele percebe o que está escrevendo, pois as palavras
de Paulo são categóricas:
'e a vós, que sois atribulados, descanso conosco, quando se
manifestar o Senhor Jesus desde o céu com os anjos do seu poder,
em chama de fogo, tomando vingança contra os que não
conhecem a Deus'(v.7).

200 22º Problema Teológico


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Existem três coisas nesse texto que refuta o pré-tribulacionismo:


1º) Jesus se manifestará ‘lá dos céus... em meio as chamas
flamejantes’, isso já refuta uma vinda invisível!
2º) Nessa ocasião os crentes recebem descanso ou alívio das
perseguições, que o nosso teólogo mui apropriadamente entende se
tratar do arrebatamento da Igreja, pois escreveu: ‘...É o descanso que o
crente terá... na vinda de Jesus, quando a Igreja subir a encontrar o
Senhor nos ares (1 Ts 4.17)...' (Lições Bíblicas, de Mestre, 3º trimestre
2005, pág.87). Então, veja que o arrebatamento da Igreja se dará nessa
vinda manifesta de Jesus.
3º) Nessa mesma ocasião os anjos que descem com Jesus com
poder e como labareda de fogo tomam vingança contra os descrentes.
Os teólogos pré-tribulacionistas têm que convir que essas palavras:
'tomando vingança contra os que não conhecem a Deus' são muito
apropriadas para aquela ‘vinda’ que eles chamam de ‘segunda fase da
vinda de Jesus’ que ocorrerá sete anos depois do arrebatamento, mas
Paulo as usa na mesma vinda que ele vem para dá descanso aos crentes.
Então Paulo não acreditava que os crentes seriam arrebatados antes
dessa vinda de Jesus assim como crêem os pré-tribulacionistas.

O Dr. Elinaldo Renovato é mais infeliz ainda em sua interpretação


ao citar ‘1 Ts 4.17’ para interpretar ‘o descanso de 2 Ts 1.7’, pois ele está
reconhecendo que o arrebatamento se dará na vinda que Jesus vem para
vingar os ímpios.
Por que os pré-tribulacionistas acabam, contra força, concordando
com o que os pós-tribulacionistas crêem? Porque os
pós-tribulacionistas são mais naturais com os textos das Escrituras,
como escreveu o Ph.D. Millard J. Erickson:
'Uma das maiores forças do pós-tribulacionismo é sua
versatilidade em tratar com a Escritura. Este esquema de
interpretação parece levar em conta o mais largo alcance da
Escritura. Oferece interpretações apropriadas e plausíveis de
todo os tipos de matéria bíblica relevante... segundo parece,
manuseia essas Escrituras de modo mais natural do que o
pré-tribulacionismo. De modo geral, as interpretações
pós-tribulacionistas das passagens-chaves dão a impressão de se
encaixar bem no sentido natural daquelas passagens. Noutras
palavras, o pós-tribulacionismo não depende de escavar
significado secreto.' (Opções Contemporâneas na Escatologia,
pág. 129).

22º Problema Teológico 201


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Em vez dos pré-tribulacionista fazerem uma exegese fiel do texto,


pelo menos nesses exemplos aqui citados, acabam por cometerem uma
'eisegese', que segundo o apologista Esequias Soares significa

'uma maneira de contrabandear para [dentro do] texto das


Escrituras Sagradas as crenças e práticas particulares do
intérprete' (Lições Bíblicas, de Mestre, 2º trim. de 2006, pág. 81).

É interessante que quando eu citada esse texto de 2 Ts 1.6-10 a um


presbítero pré-tribulacionista (que posteriormente ele abandonou o
pré-tribulacionismo por falta de apoio bíblico), ele dizia: 'Não, irmão
Edinaldo, Paulo está se referindo aos que ficarem na grande
tribulação, quando disse: 'a vós outros, que sois atribulados, alívio...
quando do céu se manifestar o Senhor Jesus com os anjos do seu
poder...(ARA). Tá qui meu filho: “a vós outros”; são os outros e não
nós!'. Porém, ele não via que o próprio Paulo se incluía entre esses que
são atribulados, dizendo: ''a vós outros, que sois atribulados, alívio
juntamente conosco'.
Já em sua época Paulo esperava o alívio das perseguições na
manifestação de Jesus e não em uma vinda oculta. Caso contrário, não
escreveria com tanta clareza. E uma vez que essa vinda será após a
grande tribulação, a igreja passará por ela, ainda que protegida por Deus
(Mt 24.21,29-31; Mc 13.19,24-27; Ap 3.10,11).
Esse é um dos desvios do pré-tribulacionismo: o uso indevido e
desnatural das passagens bíblicas. Veja por exemplo o que escreveu o
pré-tribulacionista Abraão de Almeida citando Apocalipse 7.14:

'a multidão dos salvos de Ap 7.14 não é a igreja' (Livreto


Conferência de Revelações Proféticas, capítulo V - o grifo é meu).

O Dr. Abraão de Almeida é constrangido negar o texto, como que


fazendo uma pré-defesa a favor de si e contra o texto. Porém essa
expressão 'a multidão dos salvos de Ap 7.14 não é a igreja' é
incompatível com a era neotestamentária, pois não podem existir
pessoas salvas sem fazer parte da igreja ou sem ser igreja, pois 'igreja'
significa 'os chamados para salvação'!
Por que o ancião pergunta ao apóstolo João: 'Quem são estes que
estão vestidos de branco, e de onde vieram?'. Ora, para mostrar a João
que a salvação não está restrita aos das tribos de Israel (Ap 7.1-8),
202 22º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

mas também 'a todas as nações, tribos, povos e línguas' (Ap 7.19). Isso é
muito apropriado com as questões teológicas existentes naquela época
(Atos 15 e Gálatas), e no próprio livro do Apocalipse que mostra 144 mil
judeus como se fosse um grupo de salvos exclusivos (Ap 14.1-5).
Quando o anjo respondeu: 'Estes são os que vieram da grande
tribulação', João entendia perfeitamente o que isso significava, pois a
igreja naquela época enfrentava duras perseguições dos judeus
apostatas e do império romano. Veja por exemplo, o que foi dito a igreja
de Esmirna:
'Eis que o diabo está para lançar em prisão alguns dentre vós,
para serdes postos à prova, e tereis tribulação de dez dias, seja fiel
até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida' (Apocalipse 2.10 ARA).

João sabia perfeitamente que os santos eram dilacerados na arena


por animais ferozes, sabia das atrocidades que os crentes sofriam! Foi
inspirado a escrever:
'Foi-lhe dado poder [isto à besta] para guerrear contra os santos
e vence-los' (Apocalipse 13.7).

Quer dizer, apenas as palavras iniciais do assistente celestial já


serviam de prova que aquela 'multidão de salvos' é a igreja, e serviam
também de consolo para os cristãos perseguidos daquela época. Mas ele
vai mais profundo e dissipa todas as dúvidas quando conclui: 'e levaram
as suas vestes e as alvejam no sangue do Cordeiro'. Esse texto é sem
comentário, ele fala por si mesmo! Não se trata de uma classe de salvos
secundários, nem de um grupo de salvos de segunda categoria! Somente
a igreja lavou suas vestes no sangue do Cordeiro. Está escrito:

'Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras no


sangue do Cordeiro, e assim têm direito à árvore da vida e podem
entrar na cidade pelas portas' (Apocalipse 22.14 ARA e NVI).

Todavia, em Ap 2.7 apenas os vencedores têm 'o direito de comer


da árvore da vida'. Mas será que um grupo de pessoas que não fazem
parte da igreja e nem foi arrebatados junto com ela podem ser chamados
de vencedores?! Outra coisa que depõem contra a interpretação dos
pré-tribulacionistas é que João descreve esses remidos como 'uma
grande multidão que ninguém podia contar', quer dizer, não se trata
apenas de um grupo à parte, de um restante de pessoas ou de poucas

22º Problema Teológico 203


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

pessoas sendo salvas pelo seu próprio sangue, mas de uma grande
multidão internacional, multilíngüe e incontável! A totalidade dos
gentios salvos! Àquela plenitude de que fala Paulo em Rm 11.25!
Como uma grande multidão incontável de salvos não pode ser a
Igreja de Jesus? Que tipo de povo é esse? Infelizmente, ao dizer que 'a
multidão dos salvos de Ap 7.14 não é a igreja', e ao mesmo tempo
afirmar: 'as multidões, que na grande tribulação recusaram adorar o
Anticristo...ressuscitarão em glória' , como diz Eurico Bergstén
(Lições Bíblicas, 3º trim. de 1983 págs. 43,44 o grifo é meu) anula a
necessidade de uma vinda secreta! E pior ainda, considera o
arrebatamento secreto da igreja como um arrebatamento parcial!
Estes exemplos citados são apenas alguns para mostrar que os
pré-tribulacionistas manipulam a Bíblia ao seu bel-prazer, citando as
Escrituras fora do seu sentido natural de modo que um simples crente
jamais chegará a essas conclusões pela sua simples leitura da Bíblia!
Pois entenderá como está escrito na Bíblia, e não está errado, pois o
próprio apóstolo Paulo disse: 'Não ultrapassem o que está escrito'
(1 Co 4.6). Já Martinho Lutero quando fazia sua refutação contras os
disparates dos papistas se apoiava no sentido natural do texto. Escreveu
por exemplo:
'o principal raciocínio de minha tese é, em primeiro lugar que às
palavras divinas não se deve fazer violência alguma, nem por
parte de um homem, nem por parte de um anjo; deve-se, no
entanto, conserva-la, enquanto for possível, em seu mais simples
significado. Caso não fomos forçados por circunstâncias
manifesta, as palavras não devem ser entendidas fora da
gramática nem de seu próprio sentido, para que não se dê
ocasião a que os adversários escarneçam de toda a Escritura'
(Do Cativeiro Babilônico da Igreja, pág. 35 o grifo é meu).

A doutrina da Segunda Vinda de Jesus Cristo é tratada


abertamente e com lucidez nas Escrituras sem precisar manipular o
significado natural do texto.
Por exemplo, Jesus Cristo prometeu aos seus discípulos: '[voltarei]
outra vez...' (Jo 14.3 NIV e ARC), o Autor aos hebreus chama essa vinda
de '...segunda vez...' (Hb 9.28), os anjos confirmaram que nessa segunda
vez '...Jesus.. voltará da mesma forma como o viram subir...' (At 1.11).
Paulo disse que antes dessa vinda, primeiro vem a apostasia e a
manifestação do anticristo (2 Ts 2.1-4). Mateus e Marcos registraram

204 22º Problema Teológico


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

que a vinda de Jesus será logo '...após a [grande] tribulação daqueles


dias' (Mt 24.29-31; Mc 13.24-27). Lucas redigiu que essa vinda 'será
como o relâmpago cujo brilho vai de uma extremidade à outra do céu'
(Lc 17.25). João profetizou que Jesus 'vem com as nuvens, e todo olho o
verá' (Ap 1.7). Paulo ensinou que nessa ocasião os cristãos serão
arrebatados nas nuvens em corpos gloriosos ao encontro do Senhor nos
ares, enquanto que os não cristãos serão severamente punidos (1 Ts
4.15-17; Fl 3.20,21; 2 Ts 1.6-10). Pedro esclareceu que a própria
natureza sofrerá uma grande destruição nesse dia (2 Pe 3.7-14). Que
ensino claro e sem contradição!
Na verdade, eu acabei de colher e acarear o depoimento de nove
testemunhas oculares: Jesus, o Autor aos hebreus, os anjos, Mateus,
Marcos e Lucas (escritores do Sinótico e Atos), Paulo, (escritor de 21
epístolas) Pedro (escritor de duas epístolas) e João (escritor de um
Evangelho, três epístolas e do Apocalipse), para evidenciar que só
existe uma única segunda vinda de Jesus sem o metabolismo das duas
fases. Agora pergunto: Qual foi o escritor do Novo Testamento que
escreveu, explicou, redigiu, registrou, ensinou e esclareceu que essa
segunda vinda de Jesus se divide em duas fases distintas? Nenhum!!!
Se nenhum escritor do Novo Testamento escreveu sobre isso por
que você continua crendo nessa doutrina das duas fases? Por que você
prefere acreditar em uma doutrina que não tem nenhum texto-prova em
vez de acreditar nos escritores do Novo Testamento? Sabia que muitas
pessoas estão seguindo cegamente os pré-tribulacionistas?
Nós não podemos ler a Bíblia e decidir por conta própria que
versículos se referem a primeira fase da vinda de Jesus e que versículos
se referem a segunda fase. São os próprios autores inspirados dos livros
sagrados que devem fazer essa distinção, nós devemos apenas aceitar a
verdade naturalmente, sem inventá-las.
Mas se eles não fazeram essa distinção na vinda de Jesus em parte
alguma dos seus escritos mostra com toda clareza que tal coisa não
existe na Bíblia. Pois os apóstolos tiveram o máximo de cuidado de nos
transmitir 'todo o desígnio de Deus' (At 20.27), até mesmo um simples
detalhe, eles não deixaram de nos transmitir (Gl 3.16), quanto mais a
“suma importante doutrina das duas fases” que deve está intimamente
relacionada à esperança da Igreja. E além do mais se um texto se refere a
primeira fase, o mesmo texto não pode se referir a segunda fase, pois
agir assim, é uma manipulação tendenciosa de textos bíblicos.
22º Problema Teológico 205
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Ao fazerem uma distribuição de textos bíblicos entre as duas fases


da vinda de Jesus, os pré-tribulacionistas estão considerando os
próprios escritores da Bíblia como pessoas que não entenderam as
próprias coisas que escreveram, pois falaram da vinda de Jesus sem
explicar que acontecerá em duas fases distintas, deixando os cristãos em
19 séculos sem discernirem esse importante ensinamento bíblico. E
mesmo depois de inventarem essa doutrina das duas fases em 1827, não
conseguem mostrar um só texto bíblico que a confirme, e isso com todo
avanço na crítica textual da Bíblia e descobertas de manuscritos mais
originais.
Nem mesmo encontramos qualquer margem na Bíblia para
fundamentar essa doutrina. Quando lemos qualquer livro de escatologia
do pré-tribulacionismo encontramos a doutrina das duas fases da vinda
de Jesus prontamente e estampada em cada ponto, mas mesmo usando
um microscópio de última geração não a encontramos nos escritos dos
apóstolos. Por isso que é mais coerente crê que Jesus vem apenas uma
segunda vez sem fases.
Os apóstolos fizeram uma pergunta a Jesus que deveria ser de mão
cheia para a resposta das duas fases da Sua segunda vinda. A pergunta
foi:
'Donde procede, Senhor, que estás para manifestar-te a nós e não
ao mundo? (João 14.22 ARA).

A resposta de Jesus deveria ter sido essa: 'Eu já disse, quando eu


voltar e levar vocês para mim mesmo' (v.3). Mas o que Jesus respondeu?
Ele respondeu:

'Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o


amará, e viremos para ele e faremos nele morada' (v.23).

Essa é a única vinda invisível, particular e secreta de Jesus, quando


ele vem e entra no coração do pecador no momento da sua conversão!
Ele disse: 'eu também o amarei e me manifestarei a ele' (v.21), algo
particular, individual e repetitivo.
Em outra ocasião quando os discípulos lhe perguntaram em
particular:
'Dize-nos... qual será o sinal da tua vinda?' (Mateus 24.3).

Depois de enumerar vários sinais, principalmente o da grande


206 22º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

tribulação (vv.4-22), ele concluí dizendo:

'Imediatamente após a tribulação daqueles dias “o sol


escurecerá, e a lua não dará a sua luz; as estrelas cairão do céu, e
os poderes celestes serão abalados”. Então aparecerá no céu o
sinal do Filho do homem, e todas as nações da terra se
lamentarão e verão o Filho do homem vindo nas nuvens do céu
com poder e grande glória. E ele enviará os seus anjos com
grande som de trombeta, e estes reunirão os seus eleitos dos
quatro ventos, de uma a outra extremidade dos céus' (vv.29-31).

Essa resposta de Jesus a pergunta particular dos discípulos derruba


por terra qualquer tentativa de criar duas fases na Sua segunda vinda,
pois por instruir particularmente os crentes nessa ocasião deveria ter
falando da sua vinda secreta, e não da pública, porém, ao falar da pública
mostra que só existe ela e não outra.
Se realmente houvesse um arrebatamento pré-tribulação antes
dessa vinda pública, Jesus teria alistado esse arrebatamento como o
sinal mais certeiro e confirmador, já que a sua vinda ocorreria sete anos
após esse grandioso evento: o arrebatamento secreto. Portanto, por
omissão também essa doutrina é negada nas Escrituras!
De modo semelhante também Paulo nega o arrebatamento em uma
vinda secreta de Jesus por omissão. Como por exemplo escreveu, em
seu site, o teólogo Samuele Bacchiocchi, ex-professor de História
Eclesiástica e Teologia da Universidade Andrews, de Berrien Springs,
MI, EUA:

‘No segundo capítulo Paulo refuta as concepções errôneas que


prevaleciam entre os tessalonicenses de que o dia do Senhor havia
vindo. Para refutar esse equívoco ele cita dois eventos principais
que deveriam dar-se antes da Vinda do Senhor, ou seja, a rebelião
e o aparecimento do “homem da iniqüidade” (2 Tess 2.3) que
perseguiria o povo de Deus. O que é crucial nesta passagem é que
Paulo não faz menção de um arrebatamento pré-tribulacional
como um precedente necessário para a Vinda do Senhor. Contudo,
este seria o argumento mais forte que Paulo poderia apresentar
para provar aos tessalonicenses que o dia do Senhor não poderia
possivelmente ter vindo, uma vez que o seu arrebatamento para
fora deste mundo ainda não tivera lugar. A omissão de Paulo desse
argumento vital sugere fortemente que Paulo não cria num
arrebatamento pré-tribulacional da Igreja’.

22º Problema Teológico 207


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

23º PROBLEMA TEOLÓGICO:


O pré-tribulacionista ainda mantém de pé a velha aliança quando trata da
Nação de Israel, do Templo e da cidade de Jerusalém na sua escatologia

O pré-tribulacionismo ensina que o Milênio é

'o cumprimento das promessas teocráticas feitas a Israel. As


profecias referentes à restauração de Israel, como nação, à sua
própria terra,[tendo Jerusalém terrena como a capital do Reino],
dotada de um trono literal, de um rei davídico literal, de um templo
literal, e de um sistema de sacrifícios literal, será cumprido ao pé
da letra' (Novo dicionário da Bíblia, vol. I, pág. 514).

Esse tipo de ensino é uma forma de judaizante do primeiro século e


do quiliasmo do segundo século, e que mais tarde, no século dezenove,
foi adotado por alguns grupos de crentes, com o nome de
dispensacionalismo pré-tribulacionismo.
Que entre outras coisas ensinava que:

'todas as promessas a Abraão e sua descendência deve ser


literalmente cumpridas no próprio povo de Israel, a nação...[no
milênio] a restauração do Israel nacional [tem] seu lugar no
programa de Deus, e o cumprimento das promessas de Deus a
Israel. O milênio, portanto, tem um tom judaico…é o tempo
quando Israel recebe sua posição ideal...' (Opções
Contemporânea na Escatologia, págs. 99,100).

Como escreveu o pastor dispensacionalista Martim Alves:

'Este período de mil anos terá os seguintes objetivos... fazer Israel


ocupar toda a terra que lhe pertence e faze-lo cabeça das
nações...' (Jornal Mensageiro da Paz, julho de 2005, pág. 15).

Estas crenças, entretanto, entram em choque com os ensinos


apostólicos. Os apóstolos ensinaram que em Jesus Cristo, não existe
nem judeu nem gentio (Gl 3.28; Cl3.11), não há mais diferença entre
eles (Rm 10.12); o próprio Cristo fez dos dois povos, judeus e gentios,
um só povo (Ef 2.11-22). O velho sistema do templo e dos sacrifícios
foram anulados para sempre ao chegar a realidade exata desses
símbolos (Cl 2.17; Hb 7.18-22; 10.1); Por isso Deus não habita 'mais'
por assim dizer, em templo feito por homens (At 7.48).

208
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

O antigo templo de Jerusalém era apenas figura do verdadeiro


templo celestial (Hb 8.1,2, 5-7; 9.10,11,23,24), de cuja estrutura faz
parte a Igreja, a verdadeira Casa de Deus (Ef 2.21,22; II Co 6.16;
I Tm 3.15; Hb 3.6; Ap 3.12).
A capital do Reino de Deus não é a Jerusalém terrena, mas a
Jerusalém celestial (Hb 11.16; 12.22; 13.14; Ap 21.2), pelo contrário, a
Jerusalém terrena está escravizada com seus filhos, preste a ficar deserta
(Gl 4.25-31; Mt 23.37,38); ao passo que o Israel nacional é castigado, o
Israel restaurado é recompensado (Is 65.13,14; Mt 8.11,12; 21.43;
Lc 13.28,29; Rm 2.9,10). O antigo reino de Israel terreno e político,
torna-se às mãos do Messias eterno e celestial (Jo 3.4-7; Mt 25.31-34;
Lc 12.32; 22.29,30).
O verdadeiro Israel faz parte da Igreja de Deus, pois a Igreja é
formada pelo remanescente fiel de Israel e os cristãos gentios
convertidos (Rm 9.6-8, 24-29; 11.1-6; Ap 7.3-10) . As promessas e
alianças feitas aos patriarcas têm seu exato e pleno cumprimento no
verdadeiro Descendente de Abraão, o Messias, que junto com a Igreja
governará o mundo (Lc 1.32,33; Rm 4.13-17; 8.17; Gl 3.14, 16-18, 29;
4. 26-28; Ef 3.6; Ap 1.5,6; 5.9,10).
Para que os judeus naturais façam parte do verdadeiro Israel de
Deus, deverão se converter agora através da pregação do evangelho,
caso contrário, serão, como todas as outras nações, destruídos
(Rm 1.16; 2.9-11; 3.9,29,30; 10.1,12-21; 11.23-32).
As profecias de restauração de Israel na antiga aliança apontam
para a Igreja, pois, dela fazem parte os patriarcas, os profetas, os
apóstolos, os judeus piedosos, e todos eles são israelitas. Os gentios
convertidos à Cristo por intermédio dos judeus crentes vieram fazer
parte deste Israel restaurado conforme o mistério que estava oculto,
mas que foi revelado pelo Espírito aos apóstolos e profetas
(Ef 2.11,12,19,20; 3.4-6). Este é o verdadeiro e fiel povo de Deus, que
reinará com o Messias no Reino de Deus, cuja capital é a Jerusalém
celestial. Porque o pacto de Deus não foi feito apenas com os
descendentes físicos de Abraão, mas também com os descendentes
espirituais, quer dizer aqueles, dentre os judeus e gentios, que nasceram
de novo pela fé em Jesus Cristo (Rm 9.6-8; 4.13-16).
Se as profecias e promessas do Antigo Testamento do Reino futuro,
visam a natural nação de Israel na sua antiga terra da Palestina, então
Abraão, Isaque, Jacó, Davi, os profetas e os demais israelitas deverão
23º Problema Teológico 209
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

ressuscitar não com um corpo glorificado e celestial, mas com um corpo


terreno para possuírem a Canaã terrena, porque a promessa diz respeito
aos antigos patriarcas, e não simplesmente a atual nação de Israel. Mas
se eles ressuscitam e vão pro céus, então o Reino é celestial, e o Israel
que vai herdar o Reino é o que nasceu de novo em Cristo Jesus
(Mt 8.11,12; Lc 13.26-30; Jo 3.1-10; Is 55.3).
Os dispensacionalistas progressivos, uma forma de
pré-tribulacionismo, rejeita, também, a supremacia judaica no reino
milenar, ao dizer:

'Um judeu que se torna cristão atualmente não perde a sua relação
para as promessas do futuro Israel. Os cristãos judeus se unirão
ao remanescente do AT na herança de Israel. Os cristãos gentios
serão unidos por gentios salvos de dispensações anteriores. No
geral, os judeus e gentios compartilharão as mesmas bênçãos do
Espírito, como testemunhado pela relação de judeus e gentios na
igreja dessa dispensação' (Interpretações do Apocal., pág. 215).

E assim, todos os remidos do Cordeiro compartilharão igualmente


os mesmos benefícios no milênio e na eternidade, sem distinção entre
Israel e o Corpo de Cristo. A única diferença que haverá no milênio é
entre a Igreja, que são os reis e os sacerdotes de Cristo, e as nações da
terra sobreviventes da guerra do Armagedom, mas que no final do
Milênio todas serão destruídas, somente a Igreja subsistirá para sempre
por toda eternidade, e isso não tira o direito dos israelitas, já que eles
foram constituídos por Cristo em um só povo com Igreja.
Todavia, os pré-tribulacionistas, principalmente da ala
dispensacionalista clássica, retém a posição única de Israel na
vanguarda durante o reino milenar, o que torna a Igreja um povo
diferente e excluído do Reino de Deus.
Porém essas coisas não deveriam ser assim, uma vez que as cartas
de Romanos, Gálatas e Hebreus tratam desses assuntos detalhadamente.
Por exemplo, a carta dirigida a comunidade de Israel adverte duramente
os judeus crentes do perigo de retornarem a velha aliança com seus
sistemas de culto e cerimônias. Mas não é exatamente isso que os
pré-tribulacionistas estão fazendo ao ensinar que a velha nação de Israel
será novamente restaurada, e o templo reconstruído e os sacrifícios
instituídos? Sim, estão voltando novamente ao velho sistema de
adoração! (Hb 10.19-39).

210 23º Problema Teológico


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Quer dizer, na época de maior perfeição, no Milênio, quem vai


prevalecer é o velho sistema judaico, enquanto que o escritor aos
hebreus disse que essas 'ordenanças exteriores foram impostas até o
tempo da nova ordem' (Hb 9.10).
O escritor de hebreus diz que ao instituir Deus a nova aliança em
Cristo, 'ele tornou antiquada a primeira; e o que se torna antiquado e
envelhecido está a ponto de desaparecer' (Hb 8.13). Mas, para o
pré-tribulacionista a velha aliança vai reaparecer no Milênio!
Foi exatamente essa a luta inicial da Igreja primitiva contra os
judaizantes, que queriam restabelecer a antiga aliança, mas os apóstolos
não se submeterão ao ensino deles nem por uma hora a fim de que a
verdade do evangelho permanecesse (Gl 2.5). Paulo escreveu: 'Se
reconstruo o que destruí, provo que sou transgressor' (Gl 2.18).
Como, então, poderá o Deus todo-poderoso reconstruir
novamente o velho templo com os seus rituais?!
O Dr. Claudionor de Andrade, um teólogo bem conceituado, diz em
suas declarações:

'Há fortes evidências proféticas de que, em breve, o Santo Templo


será reconstruído na Cidade Santa (Dn 9.27; Mt 24.15; 2 Ts 2.1-
4). Isso pode correr antes, ou depois, do arrebatamento da Igreja.
De uma coisa, todavia, temos certeza: a Casa de Deus será
reconstruída em Jerusalém...' e, também fala do 'templo do
Milênio...[que] difere do templo [da grande tribulação]... neste
templo, a glória de Deus haverá de manifestar-se a Israel e ao
mundo' (Lições Bíblicas, de Aluno, 4º trimestre de 2004,
págs.16,25).

De fato, um templo para o Senhor Deus deverá ser construído, pois


Zacarias profetizou:

'Aqui está o homem cujo nome é Renovo, e ele sairá do seu lugar e
construirá o templo do Senhor. Ele construirá o templo do
Senhor, será revestido de majestade e se assentará em seu trono
para governar. Ele será sacerdote no trono. E haverá harmonia
entre os dois' (Zacarias 6.12-13).

Esse 'Renovo' aponta para o Senhor Jesus Cristo (Is 11.1,10;


Jr 23.5,6; 33.14-19; Ap 22.16b). Porém, o templo de Deus que será
construído por Jesus Cristo não se trata de um templo terrestre, pois

23º Problema Teológico 211


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Deus não habita em templo construído por mãos humanas (Atos 7.48-
50; 17.24), mas como disse o apóstolo Pedro:
'vocês estão sendo utilizados como pedras vivas na edificação de
casa espiritual para serem sacerdócio santo, oferecendo
sacrifícios aceitáveis a Deus, por meio de Jesus Cristo' (1 Pedro
2.5).

Deste templo espiritual o próprio Jesus Cristo é o fundamento, a


pedra angular, assim está escrito em Efésios 2.20-22:
'edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, tendo
Jesus Cristo como pedra angular, no qual todo edifício é ajustado
e cresce para tornar-se um santuário santo ao Senhor. Neles
vocês [gentios] também estão sendo edificados juntos [com os
judeus], para se tornarem morada de Deus por seu Espírito' (veja
também 1 Co 3.11,16,17; 2 Co 16-18; 1 Pe 2.6-10).

De fato, quando Jesus Cristo esteve entre nós não construiu


nenhum templo terreno, como fez Salomão, a não ser o seu corpo, que
na ressurreição, foi inaugurado como o novo santuário de Deus, e este
corpo, é a Igreja (o templo) e Cristo a cabeça (a pedra) veja João 2.19-
22; Mateus 16.18; 1 Co 12.27; Ef 1.22,23; Cl 1.18,24). Diz os eruditos
que:
'A morte de Jesus de fato resultou no fato que o Templo de
Jerusalém se tornou obsoleto, enquanto que a sua ressurreição
colocou outro templo em lugar daquele. O Novo Templo passou a
ser a congregação escatológica de Jesus, o Messias (Mt 18.20; cf.
Jo 14.23)' Novo Dicionário da Bíblia, vol. II, pág. 1575.

Infelizmente esse novo templo foi rejeitado pelos construtores do


velho templo, espero que também não seja rejeitado por aqueles que
esperam a construção desse velho templo obsoleto (Mt 21.42-45; 26.60-
66; Jo 2.19-22; At 4.1,11; 6.12-15). Também encontramos em Hb 3.5,6:

'Moisés foi fiel como servo em toda a casa de Deus, dando


testemunho do que haveria de ser dito no futuro, mas Cristo é fiel
como Filho sobre a casa de Deus; e esta casa somos nós...'.

Então veja que quando Claudionor de Andrade diz: 'De uma coisa,
todavia, temos certeza: a Casa de Deus será reconstruída em
Jerusalém...', ele retrocede ao velho sistema judaico, ignora o
212 23º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

significado real dos símbolos proféticos e a semelhança dos líderes


religiosos da época de Jesus e dos apóstolos, rejeita a pedra angular
posta por Deus!
Quando Jesus Cristo, na cruz, deu o brado:
'Está consumado!' (João 19.30,31).

A Bíblia diz que:


'Naquele momento, o véu do santuário rasgou-se em duas partes,
de alto a baixo' (Mateus 26.51).

Isso significa que Deus estava anulando o templo judaico como


local de adoração e rompendo com os sacrifícios ali oferecidos. De fato,
Daniel profetizou:
'...ele (o Messias) dará fim ao sacrifício e à oferta' (Daniel 9.27).

Pelo que Paulo escreveu:

'Na verdade a mente deles (dos judeus) se fechou (e infelizmente a


dos pré-tribulacionistas também está se fechando), pois até hoje o
mesmo véu permanece quando é lida a antiga aliança. Não foi
retirado, porque somente em Cristo ele é removido. De fato, até o
dia de hoje, quando Moisés é lido, um véu cobre os seus corações.
Mas quando alguém se converte ao Senhor, o véu é retirado'
(2 Coríntios 3.14-16).

Será que no Milênio, o véu que foi rasgado na cruz, será novamente
costurado? Porém, se isso acontecer o novo e vivo caminho do Espírito
será bronqueado, pois que enquanto permanecia o velho templo, 'ainda
não havia sido manifestado o caminho para o Santo dos santos'.
Agora porém depois que o velho templo foi desfeito,

'temos plena confiança para entrar no Santo dos Santos pelo


sangue de Jesus, por um novo e vivo caminho que ele nos abriu por
meio do véu, isto é, do seu corpo. Temos, pois, um grande
sacerdote sobre a casa de Deus' (Hebreus 9.8; 10.19-21).

Quando a profecia diz: 'A glória deste novo templo será maior do
que a do antigo' (Ageu 2.9), não se refere ao templo judaico de
Jerusalém, mas o templo construído pelo Renovo. Zacarias diz que este
templo: 'será revestido de majestade' (Zc 6.12,13). De fato, ser o
Espírito Santo derramado sobre os discípulos em um simples aposento
23º Problema Teológico 213
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

em Jerusalém e não no templo, onde milhares de judeus estavam


reunidos celebrando a festa de Pentecostes, mostra que essas profecias
se cumpriram no templo espiritual.
Quando Moisés ergueu o tabernáculo, a glória de Deus se
manifestou ali, colocando a aprovação de Deus sobre a antiga aliança,
da mesma maneira aconteceu quando Salomão inaugurou o templo em
Jerusalém, Sua glória se manifestou selando Jerusalém como o centro
do culto a Deus (Êx 40.34,35; 2 Cr 7.1-3). Porém, com a descida do
Espírito Santo sobre esses 120 discípulos, reunidos em uma simples
casa e não no templo em Jerusalém, prova que Deus rejeitou o templo e a
religião judaica, e ergueu e consagrou um novo templo, confirmando a
sua nova aliança (Ato 2.1-4; 2 Co 3.6-18). Pelo que Paulo escreveu:

'Pois o que outrora foi glorioso, agora não tem glória, em


comparação com a glória insuperável. E se o que estava se
desvanecendo se manifestou com glória, quanto maior será a
glória do que permanece!' (2 Coríntios 3.10,11),

Como então, Claudionor ousar dizer: 'neste templo (se referindo ao


velho templo de Jerusalém), a glória de Deus haverá de manifestar-se a
Israel e ao mundo'? Não! Absolutamente não! Pois a glória de Deus se
manifestou em um templo vivo! E jamais será superada! A Igreja é o
novo e vivo templo do Senhor! Ageu diz:

'Farei tremer todas as nações, as quais trarão para cá os seus


tesouros, e encherei este templo de glória' (Ageu 2.7).

Deveras, em Pentecostes havia 'judeus...vindos de todas as nações


do mundo', os quais diziam: 'Nós os ouvimos declarar as maravilhas de
Deus' de forma que foram agregados ao novo templo uns três mil deles,
esses são os tesouros das nações (Atos 2.5-12,41). Zacarias profetizou
que este templo 'não' seria construído 'por força, nem por violência,
mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos' (Zacarias 4.6-10).
Evidentemente que para que os judeus reconstruam o seu antigo templo,
onde hoje está construída uma mesquita mulçumana, haverá sangrenta
guerra. Porem o novo templo do Senhor será construído pelo Espírito!
As profecias, mostram que os gentios, também, seriam agregados à
esse templo do Senhor. Isaías 56.6,7 diz:

214 23º Problema Teológico


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

'esses (os estrangeiros) eu trarei ao meu santo monte e lhes darei


alegria em minha casa de oração. Seus... sacrifícios...serão
aceitos em meu altar; pois a minha casa será chamada casa de
oração para todo os povos'.

Que dizer, os gentios crentes ministrariam a Deus em associação


com o Israel de Deus, sendo edificados junto com eles, para se tornarem
santuário santo ao Senhor.
Quando se diz: 'trarei ao meu santo monte', este 'monte santo' é o
monte Sião celestial e aponta para os 144 mil remanescentes judeus
cristãos, significando que os gentios são unidos a eles em oferecer os
mesmos sacrifícios agradáveis a Deus por meio de Jesus Cristo
(Ef 2.21,22; Hb 12.22; 13.15,16; Apo 14.1; At 15.13-18). Zacarias
falou sobre isso:

'Cante e alegre-se, ó cidade de Sião! Porque venho fazer de você a


minha habitação, declara o Senhor. Muitas nações se unirão ao
Senhor naquele dia e se tornarão meu povo. Então você será a
minha habitação' (Zacarias 2.10,11). E 'naqueles dias... homens
de todas as línguas e nações agarrarão firmemente a barra das
veste de um judeu (com certeza Cristo) e dirão: Nós vamos com
você porque ouvimos dizer que Deus está com o seu povo' (veja o
significa disso em Romanos 15.6-12,16).

Também diz:

'Gente de longe virá ajudar a construir o templo do Senhor'


(Zacarias 6.15 veja Ef 2.11-22).

Contudo, tratando-se do velho templo, ele falhou em sua missão de


trazer os gentios à adoração pura, e transformou-se em 'um covil de
ladrões' (Mc 11.15-18; veja Jr 7.1-15).
Evidentemente que tanto Zacarias como Ageu viveram na época
em que os judeus retornaram do cativeiro Babilônico e empenharam-se
a construir o templo de Jerusalém. Dois homens estavam a frente dessa
obra, Zorobabel, o governador e o sumo sacerdote Josué. Eles
receberam de Deus a incumbência de liderarem o povo na construção do
templo. Porém, Zacarias e Ageu vão além do seu tempo, e falam do
Messias como o verdadeiro construtor do templo do Senhor. A respeito
disso lemos em Zacarias:

23º Problema Teológico 215


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

'Aqui está o homem cujo nome é Renovo, e ele sairá do seu lugar e
construirá o templo do Senhor. Ele construirá o templo do Senhor,
será revestido de majestade e se assentará em seu trono para
governar. Ele será sacerdote no trono. E haverá harmonia entre os
dois' (Zacarias 6.12-13).

Quando a profecia diz que 'haverá harmonia entre os dois' se refere


ao governo e ao sacerdócio. O Renovo sentará em seu 'trono para
governar. Ele será sacerdote no trono'. De fato, a Escritura diz:

'temos um sumo sacerdote [que]... se assentou à direita do trono


da Majestade nos céus... Daí em diante, ele está esperando até que
os seus inimigos sejam colocados como estrado dos seus pés'
(Hb 8.1; 10.12,13 veja também 1 Co 15.24-28).

Isso jamais poderá acontecer com a terrena nação de Israel, pois


jamais um rei da tribo de Judá se tornaria sacerdote e nem um sacerdote
da tribo de Levi se tornaria rei. Quando, por exemplo, o rei Asa de Juda
‘entrou no templo do Senhor para queimar incenso no altar do Senhor...
Oitenta sacerdotes lhe disseram: ‘Não é certo que você, Uzias, queime
incenso ao Senhor. Isso é tarefa dos sacerdotes, os descendentes de
Arão... saia do santuário, pois você foi infiel e não será honrado por
Deus, o Senhor... e na mesma hora... surgiu lepra em sua testa’
(2 Cr 26.16-20).
Porém, Jesus Cristo que era da tribo de Judá se tornou sumo
sacerdote. Mas ele desempenha suas funções sacerdotais no templo
espiritual e celestial, e não no templo terreno. Entretanto, isso não seria
possível com antiga aliança e nem com nação carnal. Por isso a antiga
aliança foi substituída por outra aliança e a nação carnal transformada
em nação espiritual.
Outrossim, o trono de Jesus onde ele assentará como rei e sacerdote
não será na velha cidade de Jeursalém, mas na nova Jerusalém. Assim
lemos: ‘o trono do Cordeiro estará na cidade [da nova Jerusalém] e os
seus servos o servirão’ (Ap 22.3).
Essas radicais mundaças começaram acontecer quando a tribo de
Judá e o templo do Senhor foram destruídos pelos babilônicos em 607
A.C. Esse acontecimento removeu o Reino prefigurado de Deus da
Terra, assim os descendentes de Davi foram destronados. Porém, a
introdução futura do estabelecimento do verdadeiro Reino de Deus,

216 23º Problema Teológico


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

onde o Messias sentará em Seu trono, acontecerá na vinda de Jesus


Cristo (Atos 1.6; Daniel 2.44; Ml 3.1-5; Mt 19.28; 25.31), todo esse
período intermediário ficou conhecido como 'Tempos dos Gentios'
(Lucas 21.24b). Tempo designado para as nações e seu governo.
Durante esse tempo o Reino de Deus não é representado por nenhuma
nação terrena, pois Jerusalém que tipificava a capital do Reino de Deus
é pisada ´pelos gentios'.
O último período desse tempo é descrito como 'quarenta e dois
meses' simbólicos. Assim está escrito:
'[Os gentios] pisarão a cidade santa durante quarenta e
dois meses' (Apocalipse 11.2).

Isso significa que 'os santos', herdeiros de Deus,

'serão entregues nas mãos dele [do governo do


Anticristo] por um tempo, [dois tempos] e meio tempo
[até que]... o poder do povo santo for finalmente
quebrado ' (Daniel 7.24; 12.7; Apocalipse11.7-10)

Quando, porém, Jesus voltar para destruir os reinos do mundo, os


seus santos, todos aqueles que foram comprados com o Seu sangue, se
tornarão reis e sacerdotes de Cristo e reinarão sobre as nações (Ap 2.26-
28; 5.9,10; 11.15; 20.6). Não a nação terrena e carnal de Israel, mas a
Igreja do Senhor composta de judeus e gentios salvos, como escreveu
João: ‘Ele nos ama e nos libertou dos nossos pecados por meio do seu
sangue, e nos constitui reino e sacerdotes para servir a seu Deus e Pai’
(Ap 1.5,6).
Quanto ao templo judaico, Cristo profetizou a sua destruição e não
a sua construção. Os discípulos estavam comentando como
'o templo [de Jerusalém] era adornado com lindas pedras e
dádivas dedicadas a Deus'

E se aproximaram de Jesus e lhe disseram:


'Olha, Mestre! Que pedras enormes! Que construções
magníficas!',

Jesus lhes disse:


'Vocês estão vendo todas estas grandes construções, aqui não
ficará pedra sobre pedra; serão todas derrubadas' (Mateus
24.1,2; Marcos 13.1,2; Lucas 21.5,6).

23º Problema Teológico 217


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

O templo judaico caiu em desuso. Ainda que os judeus construam


hoje o seu templo, como é de se esperar, não terá valor algum, assim
como o casulo não tem nenhum valor para a borboleta e como a placenta
que só serve para o embrião e não para o bebê nascido! Pelo contrário,
essa atitude dos judeus será vista como uma afronta ao Deus vivo, pois
mesmo depois de vários séculos não reconhecem a Jesus, o Renovo,
como o Construtor do novo templo espiritual! Esse novo templo é
indestrutível e insubstituível! Os judeus não regenerados, como
escreveu João, '...são sinagoga de Satanás' e terão que se prostrar aos
'pés' do novo templo! (Ap 3.9,12).
Infelizmente, quando os pré-tribulacionistas profetizam a
construção de um templo judaico como cumprimento das profecias
dos profetas, passam a acreditar também que o sistema sacrificial
será restaurado novamente. Todavia isso, exige também, que a
classe sacerdotal levitica seja reconsagrada. E quem será o Sumo
Sacerdote dessa classe sacerdotal?
O consultor teológico pré-tribulacionista Antonio Gilberto
escreveu:

'Durante o Milênio, alguns sacrifícios e ofertas serão


restaurados e observados por Israel com a participação dos
gentios... A Festa dos Tabernáculos... será outra vez observada...
De igual modo, a Festa da Páscoa... A Festa da Lua Nova,
também...' (Escatologia Bíblica EETAD, pág. 93 o grifo é meu).

Mas isso é impossível! Pois o velho sistema judaico não pode ser
novamente restabelecido, porque ele foi anulado para sempre, os judeus
não podem oferecer à Deus sacrifícios cruentos novamente. O
sacerdócio foi mudado! Não se trata mais do sacerdócio levítico com
seus rituais!
O inspirado autor aos Hebreus escreveu:

'Se fosse possível alcançar a perfeição por meio do sacerdócio


levítico... porque haveria ainda necessidade de se levantar outro
sacerdote, segundo a ordem (categoria) de Melquisedeque e não
de Arão? Certo é que, quando há mudança de sacerdócio, é
necessário que haja mudança de lei... a ordenança anterior é
revogada, porque era fraca e inútil... sendo introduzida uma
esperança superior, pela qual nos aproximamos de Deus'
(Hebreus 7.11-18).

218 23º Problema Teológico


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

E se aquela 'primeira aliança fosse perfeita, não seria necessário


procurar lugar para outra' (Hebreus 8.7). Ora, se aliança instituída por
Jesus Cristo é outra, então o sacerdócio e o templo também são outros!
Jesus Cristo não é Sumo Sacerdote do sacerdócio levítico, 'mas
segundo o poder de uma vida indestrutível' (Hb 7.16,17), por isso que os
seus sub-sacerdotes são os santos ressuscitados (Ap 20.6), e o seu
santuário em que ele ministra é o santuário celestial (Hb 8.1,2), e os
sacrifícios oferecidos ali são espirituais (Hb 13.15; 1 Pe 2.5). O sistema
judaico com seus sacrifícios cruentos pertence a velha ordem de Arão,
Jesus Cristo jamais ministrará nesse velho sistema! Não há mais
necessidade do simbolismo!
Se Deus receber novamente sacrifícios e ofertas do velho sistema
no Milênio, então será necessário remover a categoria sacerdotal de
Jesus recebida de Melquisedeque, e reconsagrar novamente o
sacerdócio levítico. Todavia, isso é impossível, pois a categoria
sacerdotal de Melquisedeque é para sempre e é superior a categoria
arônica (veja Hebreus 7.1-10 c/ 8.1-7). Por isso que esse retrocesso aos
sacrifícios de animais é um escárnio à Cristo. O autor aos Hebreus
considerava esse retorno ao velho sistema judaico como uma tremenda
apostasia da fé cristã (Hebreus 6.6; 10.18,29,39).
E além do mais, se o sistema levítico de sacrifícios foram realmente
restaurados no milênio, Cristo não poderá ser seu Sumo Sacerdote,

'pois é bem conhecido que o nosso Senhor descende de Judá (não


de Levi), tribo da qual Moisés nada fala quanto a sacerdócio...se
ele (Jesus) estivesse na terra, nem seria sumo sacerdote, visto que
já existem aqueles que apresentam as ofertas prescritas pela Lei'
(Hebreus 7.14; 8.4).

Todavia, Zacarias diz:


'Ele (Jesus) será sacerdote no [seu] trono' (Zacarias 6.13).

De Fato, está escrito:


'... temos um grande sumo sacerdote que adentrou os céus, Jesus,
o Filho de Deus... Assim, aproximemo-nos do trono da graça com
toda a confiança, a fim de recebermos misericórdia...visto que
vive para sempre, Jesus tem um sacerdócio permanente...ele não
tem necessidade de oferecer sacrifícios dia após dia...ele o fez
uma vez por todas quando a si mesmo se ofereceu' (Hb 4.14-16;
7.23-28).

23º Problema Teológico 219


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Jesus Cristo ensinou:


'Ninguém põe remendo de pano novo em roupa velha, pois o
remendo forçará a roupa, tornando pior o rasgo. Nem se põe
vinho novo em vasilha de couro velha' - no Milênio, a nova ordem
não pode ser remendada na velha ordem! - 'Ao contrário, põe-se
vinho novo em vasilha de couro nova' (Mateus 9.16,17).

Não há necessidade de Jesus Cristo oficializar em um templo


construído de tijolo e cimento, pelo contrário, está escrito:

'Não vi templo algum na cidade, pois o Senhor Deus todo-


poderoso e o Cordeiro são o seu templo' (Apocalipse 21.22).

A própria Jerusalém celestial é chamada de 'tabernáculo de Deus' e


ela resplandece 'com a glória de Deus' (Ap 21.1-4,11,27 c/ Sl 15.1-5;
24.3-10; Lc 16.9). E cada crente fiel, promete Jesus, o Construtor do
templo do Senhor,
'Farei... uma coluna no santuário do meu Deus, e dali ele jamais
sairá' (Apocalipse 3.12).

O santuário de Moisés era apenas 'cópia e sombra daquele que está


nos céus' , assim Jesus Cristo 'serve no santuário, no verdadeiro que o
Senhor erigiu, e não o homem' (Hebreus 8.1-7).
Essa escatologia judaizante dos pré-tribulacionistas torna nula toda
obra vicária realizada por Jesus Cristo, pois que necessidade há para o
retorno 'àqueles mesmos princípios elementares, fracos e sem poder?
Querem ser escravizados por eles outra vez?' (Gálatas 4.9-11). O autor
aos hebreus ensinou que

'o Espírito Santo mostrando que ainda não havia sido manifestado
o caminho para o Santo dos Santos enquanto permanecia o
primeiro tabernáculo. Isso é uma ilustração para os nossos dias,
indicando que as ofertas e os sacrifícios oferecidos não podiam
dar ao adorador uma consciência perfeitamente limpa. Eram
apenas prescrições que tratava de comida e bebida e de várias
cerimônias de purificação com água; essas ordenanças
exteriores foram impostas até o tempo da nova ordem. Quando
Cristo veio como sumo sacerdote dos benefícios agora presentes,
ele adentrou o maior e mais perfeito tabernáculo, não feito pelo
homem, isto é, não pertencente a esta criação...[por isso que] 'A
Lei traz apenas uma sombra dos benefícios que hão de vir, e não a
sua realidade''(Hebreus 9.8-11).
220 23º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Que benefícios há em voltar-se para a sombra da Lei? E o pior é que


os pré-tribulacionistas dizem que no Milênio haverá salvação. Mas
salvação através de quê? Dos sacrifícios de animais no templo judaico?
Talvez! Pois ensinam que durante o Milênio, os gentios participarão
com Israel dos sacrifícios de animais ali ofertados!
Quem irá oferecer esses sacríficios de animais no Milênio? Os
sacerdotes levíticos? Os santos ressuscitados? Jesus Cristo? Falando
sobre os animais no Milênio, lemos nas Escrituras: ‘o bezerro, o leão e o
novilho pastarão juntos’ e logo após diz: ‘Ninguém fará nenhum mal,
nem destruirá coisa alguma em todo o meu santo monte’ (Is 11.9;
65.25). Os sacrifícios são destruição de animais como está escrito: ‘os
corpos dos animais são queimados’ (Hb 13.11). Portanto esse tipo de
matança não poderá existir no Milênio.
Além do mais, os sacerdotes comiam a carne dos sacrifícios :
‘o sangue dos teus sacrifícios se derramará sobre o altar do Senhor teu
Deus; porém a carne comerás’ (Dt 12.27). Isso também não poderá
acontecer no Milênio, porque tanto homens como animais deixarão de
ser carnívoros - ‘...o leão comerá palha como o boi’ (Is 11.7; 65.25).
Todos voltarão ao seu estado original, quando Deus os alimentavam de
vegetais - ‘... Dou a todos os vegetais como alimento...’ (Gn 1.29,30). Só
depois do dilúvio foi que o homem passou a ser carnívoro (Gn 9.3), no
Milênio, porém, ‘os frutos servirão de comida, e suas folhas de remédio’
(Ez 47.12).
Portanto, quando se diz: ‘todos os que vierem sacrificar pegarão
panelas e cozinharão nelas’ (Zc 14.21), deve ser entendimento no
verdadeiro sentido. Naquele sentido encontrado em Oséias 14.2:
‘daremos como bezerros os sacrifícios dos nossos lábios’. De fato será
assim, pois lemos no cântico milenial: ‘Quem não louvará o teu nome?
Pois tu somente és santo. Todas as nações virão a tua presença e te
adorarão’ (Ap 15.4).
Assim também quando lemos: ‘escolherei alguns deles para serem
sacerdotes e levitas’ (Is 66.21), refere-se aos santos glorificados que
‘serão sacerdotes de Deus e de Cristo’ (Ap 20.6), ‘para servir a seu
Deus e Pai’ ‘no verdadeiro tabernáculo que o Senhor erigiu, e não o
homem’ (Ap 1.6; Hb 8.2; Ap 7.15-17)
Paulo escrevendo aos irmãos gálatas a respeito desses assuntos foi
extremamente duro e radical, ele disse:

23º Problema Teológico 221


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

'Ouçam bem o que eu, Paulo, lhes digo: caso se deixem


circuncidar, Cristo de nada lhes servirá. De novo declaro a todo
homem que se deixa circuncidar, que está obrigado a cumprir toda
a Lei. Vocês, que procuram ser justificados pela Lei, separaram-se
de Cristo; caíram da graça. Pois é mediante o Espírito que nós
aguardamos pela fé a justiça' (Gálatas 5.2-5).

Paulo especifica aqui a circuncisão, mas seus argumentos servem


para o inteiro sistema judaico, pois em Gl 4.10,11 ele escreveu:

'Vocês estão observando dias especiais, meses, ocasiões


específicas e anos. Temo que os meus esforços por vocês tenham
sido inúteis'.

Se os sacrifícios de animais forem restaurados novamente,


conforme ensinado pelo pré-tribulacionismo, 'Cristo de nada lhes
servirá'. Assim os pré-tribulacionistas se distância dos apóstolos e se
aproximam dos judaizantes. Paulo disse: 'Ó gálatas insensatos! Quem
os enfeitiçou?' (3.1). Será que nós também vamos nos deixar ser
enfeitiçados! A respeito dos judaizantes o Apocalipse denúncia:

'Conheço a blasfêmia dos que se dizem judeus mas não são, sendo
antes sinagoga de Satanás' (Ap 2.9).

De fato, a Escritura diz:

'Não é judeu quem o é apenas exteriormente... Não! Judeu é quem


o é interiormente...' (Rm 2.28,29).

É fácil criticar os adventistas que acreditam que o sábado não foi


abolido, mas será que os pré-tribulacionistas não enveredam pelo
mesmo caminho e até mais grave, pois acreditam que o inteiro sistema
judaico será restaurado! E que os próprios gentios serão participantes
dos judeus em seus rituais arônicos! Mas o escritor aos hebreus disse:

[Jesus foi] designado por Deus sumo sacerdote, segundo a ordem


[categoria] de Melquisedeque [e não de Arão] (Hb 5.10).

Se de fato o velho sistema judaico com o seu templo, classe


sacerdotal, sacrifícios, cerimônias, festas e todos aqueles objetos

222 23º Problema Teológico


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

sagrados vão ser novamente restaurados. Por que o livro de Hebreus não
fala sobre isso, já que está exatamente tratando desses assuntos?! Ora, se
ele fizesse isso, seu livro seria uma verdadeira confusão teológica! Pois
defende a abolição do velho sistema em detrimento do novo!
Em oposição a ele, os pré-tribulacionistas dão a impressão que as
realidades espirituais são ficção; que o cumprimento dos tipos e
símbolos não aconteceu; que o véu do templo não se rasgou; que os
cristãos vivem uma irrealidade; que judeus e gentios continuam
separados; que ainda continuam existindo duas religiões: judaísmo e
cristianismo; que a igreja não é nada de nada; que Deus não chegou a
lugar nenhum; que a morte de Cristo não aboliu nada; que o meio não
atingiu o seu fim; que o fim é o retorno ao velho; que o espiritual é a
cópia do terreno; que o terreno é a realidade do espiritual; que o Reino de
Deus é temporal e político e que o Evangelho nada fez. Que situação!
Mas, por que o pré-tribulacionismo chega a essas interpretações
absurdas de que o velho sistema judaico com toda sua parafernália será
restaurado no milênio? Simplesmente por dividir o povo de Deus em
dois: um espiritual e outro terreno; um sobe no arrebatamento e outro
fica; um recebe as bênçãos espirituais e o outro as bênçãos terrenas; um
herda o Reino de Deus e outro o Reino de Davi; um prega o evangelho
da graça e o outro o evangelho do Reino. Um espera a vinda invisível e o
outro a vinda visível de Jesus. Òh meu Deus, por que os homens querem
rasgar a túnica de uma só peça?! Veja abaixo um gráfico que mostra que
de fato e de verdade houve profunda alterações na transição da velha
ordem para a nova ordem:
Velha Ordem em Moisés Nova Ordem em Cristo
A promessa de um Messias Jesus Cristo é esse Messias
Povo de Deus: Israel (só os judeus) Povo de Deus: a Igreja (judeus e gentios)
Antiga Aliança: provisória Nova Aliança: eterna
Os sacrifícios: sombra A morte de Jesus: realidade
A circuncisão: ingressão em Israel O batismo cristão: ingressão na Igreja
O sacerdócio levítico: imperfeito O sacerdócio de Melquisedeque: perfeito
O tabernáculo mosaico: cópia O tabernáculo celestial: original
O Antigo Israel: judeus carnais O Novo Israel: judeus nascidos de novo
O Reino de Davi: temporal e politico O Reino de Deus: eterno e celestial
Jerusalém terrena: antiga capital Jerusalém celestial: nova capital
O secredo oculto: os gentios excluídos O secredo revelado: os gentios incluídos
23º Problema Teológico 223
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

24º PROBLEMA TEOLÓGICO:


É grave e infundada a crença pré-tribulacionista de
dois evangelhos e de dois reinos

A respeito desses dois evangelhos, o eminentíssimo teólogo


pré-tribulacionista Antonio Gilberto escreveu:

'A mensagem que eles (os 144 mil judeus) pregarão não é o
Evangelho que conhecemos, mas o chamado “evangelho do
reino”... Esse Evangelho foi anunciado por João Batista... por
Jesus... pelos doze apóstolos' [menos por Paulo? Cadê Paulo então
que não é citado!] (Escatologia Bíblica EETAD, pág. 42 o grifo e
o colchete são meus).

Porém, essa confusão teológica só existe na cabeça dos


pré-tribulacionistas, pois as Escrituras chama de maldito outro
tipo de evangelho:

'Mas ainda que nós (os judeus) ou um anjo dos céus pregue um
evangelho diferente daquele que lhes pregamos, que seja
amaldiçoado!' (Gálatas 1.6-9).

Que tipo de evangelho Paulo anunciou aos gentios gálatas? O


mesmo evangelho que os apóstolos pregava entre os judeus! Paulo
disse:

'expus diante (de Tiago, Pedro e João) o evangelho que prego


entre os gentios...Reconhecendo a graça que me fora concedida...
estenderam a mão direita a mim e a Barnabé em sinal de
comunhão' (Gálatas 2.2,9 o grifo é meu).

O evangelho era o mesmo, os grupos atingidos que eram


diferentes! (Gl 2.7). Eu rejeito em nome de Jesus Cristo essa
interpretação de dizer que o evangelho que conhecemos hoje não foi
anunciado por Jesus Cristo e nem pelos doze apóstolos!!!
Em outra ocasião Paulo falando aos gentios crentes revelou:

'...o Senhor Jesus me confiou, de testemunhar do evangelho da


graça de Deus. Agora sei que nenhum de vocês (gentios), entre os
quais passei pregando o Reino, verá novamente a minha face'
(Atos 20.24,25 o grifo é meu).

224
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Então veja que para Paulo, assim como para os doze apóstolos, não
há diferença entre o evangelho da graça e o evangelho do Reino. Ambos
são o mesmo evangelho: o evangelho da graça de Deus que anuncia o
seu Reino.
São tão contraditórias essas definições dos pré-tribulacionistas que
não se encaixam! O Dr. Antonio Gilberto diz que o resultado da
pregação do 'evangelho do reino' pelos 144 mil judeus será uma 'grande
multidão salva dentre todas as nações, na época da Tribulação'
(Escatologia Bíblica EETAD, pág. 42). Ora se Paulo pregou o
'evangelho da graça' para os gentios e os doze apóstolos pregou o
'evangelho do reino' para os judeus, por que os 144 mil judeus vão
pregar o 'evangelho do reino' para os gentios, eles não deveriam prega-
lo para os judeus? Que coisa mais esquisita!
Quer dizer João Batista, Jesus Cristo e os doze apóstolos pregavam
um tipo de evangelho que nós hoje desconhecemos. Então quem trouxe
esse evangelho que conhecemos hoje e anunciamos? O apóstolo
Paulo!? Mas essa mesma questão foi levantada lá em Gálatas quando os
judaizantes começaram a disseminar que Paulo anunciava um
evangelho diferente do que os apóstolos pregavam lá em Jerusalém, e
questionavam a sua autoridade apostólica. Entretanto, Paulo contestou
esse fato veementemente. Mas, agora depois de 20 séculos, os
dispensacionalistas, que seguem o mesmo pensamento judaico dos
judaizantes, nos informam que o evangelho anunciado por João Batista,
Jesus Cristo e os doze apóstolos é desconhecido por nós e não era
pregado por Paulo.
Será que isso significa que este evangelho do reino saiu de
circulação, talvez foi soterrado no ano 70 d.C. quando destruíram
Jerusalém, então de alguma maneira misteriosa nos deram outro
evangelho, o evangelho da graça. Porém, quando chegar a grande
tribulação e nós sermos arrebatados em uma vinda secreta de Jesus,
iremos levar esse evangelho da graça conosco, enquanto que os 144 mil
judeus encontrarão, não sei aonde e como, o evangelho do reino e
anunciarão?
Eu gostaria que os pré-tribulacionistas dissessem qual é o conteúdo
desse evangelho do reino pregado por João Batista, por Jesus Cristo,
pelos doze apóstolos e pelos 144 mil judeus... ah eles não podem dizer,
porque conforme o pré-tribulacionista Antonio Gilberto este evangelho
do reino é desconhecido por nós. Mas isso já é um engano!
24º Problema Teológico 225
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Porque nos quatro Evangelhos e em Atos encontramos as


pregações de João Batista, Jesus Cristo e dos apóstolos, e não vemos
nenhum evangelho desconhecido daquele que conhecemos e pregamos
hoje. A não ser se cremos na seita herética dos gnósticos do primeiro
século, que ensinavam que Jesus Cristo deu, secretamente, aos
apóstolos um tipo de evangelho que somente os iluminados conheciam.
Mas digamos que o conteúdo desse evangelho do reino seja o
anuncio de um reino terreno, político e teocrático de Israel durante o
milênio. Isso já entra em choque com o resultado adquirido.
Por exemplo, digamos, seguindo o raciocino pré-tribulacionista, a
Igreja hoje prega o evangelho da graça, quando Jesus Cristo vier antes
da grande tribulação iremos para o reino celestial. Os 144 mil pregam o
evangelho do reino milenial, terreno e político e multidão de gentios se
convertem.
O que acontecerá com eles quando Jesus Cristo voltar depois da
grande tribulação? Devem herdar o reino terreno! Não! Segundo os
pré-tribulacionistas eles se unirão com a Igreja no reino celestial. Então
por que anunciam um reino terreno? Será que eles dirão as pessoas:
'vocês que são gentios que se converterem irão para o paraíso celestial
junto conosco, mas a nação de Israel irá para o paraíso terreno'.
Isso me faz lembra as testemunhas de Jeová que ensinam que os
144 mil vão para o reino celestial, enquanto que os demais irão para o
reino terreno, e como eles são criticados pelos pré-tribulacionistas, mas
no fundo os pré-tribulacionistas estão crendo na mesma coisa: uns vão
para o reino celestial e outros para o reino terreno.
A respeito desses dois reinos lemos em uma fonte fidedigna:

'O dispensacionalismo distingue entre o reino de Deus e o reino


dos céus...o reino dos céus, segundo [o pré-tribulacionista e
mentor] Scofield, é judaico, messiânico, e davídico. Fora
prometido a Davi, e esta promessa entrou no período do Novo
Testamento “totalmente sem mudança”. Estava “próximo” desde
o início do ministério de João Batista até “a virtual rejeição do
Rei”, e depois foi adiado. Será realizado no milênio. O reino de
Deus, do outro lado, é universal' (Opções Contemporâneas na
Escatologia pág.101).

Realmente a promessa do reino foi adiada. Mas não simplesmente


por causa da rejeição do Messias, e sim, porque isso fazia parte do plano

226 24º Problema Teológico


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

da salvação. Pois era necessário que o Messias primeiro sofresse ‘essas


coisas para entrar na sua glória’ (Lc 24.26), e através da Sua morte,
ressurreição e ascensão comprasse os herdeiros do reino (Ap 1.5;
5.9,10). No milênio, ‘o reino do mundo se tornará de nosso Senhor e do
seu Cristo’ (Ap 11.15). Este é a restauração do reino à Israel (At 1.6).
Mas não do Israel carnal, mas do espiritual, pois ‘ninguém pode ver o
Reino de Deus, se não nascer de novo’ (Jo 3.3).
O Novo Testamento não faz nenhuma distinção entre o termo
'Reino de Deus' e 'Reino dos céus'. Isso é mais uma interpretação
judaizante dos pré-tribulacionistas a fim de manter sua escatologia
dispensacionalista.
Por exemplo, Mateus escreveu: 'A vocês foi dado o conhecimento
dos mistérios do Reino dos céus' (Mt 13.11). Já Lucas registrou:
'A vocês foi dado o conhecimento dos mistérios do Reino de Deus'
(Lc 8.10). Veja que os termos são sinônimos, e não há distinção entre
eles! Mateus é o único que usa o termo 'Reino dos céus', portanto se o
termo fosse restrito ao reino judaico de Davi, Marcos e Lucas também
manteriam essa restrição. Mas pelo fato de verterem o termo Reino dos
céus por Reino de Deus, nas mesmas ocorrências citadas por Mateus,
provam que são termos iguais.
E além do mais, se esses termos são distintos então fica difícil para
o leitor sincero da Bíblia descobrir qual dos dois reinos se refere as
passagens bíblicas em que apenas aparece o termo 'Reino' sem
necessariamente especificar se o reino é o judaico ou o celestial (veja
Mt 4.23; 24.14). Até mesmo lendo apenas Mateus fica difícil fazer essa
distinção, por que ele usou os mesmos termos 'Reino dos céus' e 'Reino
de Deus' em seu livro de modo similar (leia Mt 19.23,24).
Em alguns textos Mateus deveria ter usado o termo Reino de Deus
ao invés de Reino dos céus se ambos fossem diferentes. Por exemplo,
em Mt 5.10, deveria o escritor ter usado o termo Reino de Deus, mas ao
usar o termo Reino dos céus como uma herança dos crentes
perseguidos, mostra que em seu livro não há essa distinção que os
pré-tribulacionistas ensinam, e que esse Reino dos céus não é judaico e
nem terreno (veja também Mt 7.21-23; 8.11,12).
Também pelo fato de Mateus registrar que Jesus deu 'as chaves do
Reino dos céus' à Pedro, mostra que esse Reino dos céus em hipótese
alguma é diferente e distinto do Reino de Deus! (Mateus 16.18). Quer
dizer, o próprio Evangelho de Mateus, o único a usar esse termo, não
24º Problema Teológico 227
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

permite essa interpretação contrabandeada dos pré-tribulacionistas.


Pedro usou essas ‘chaves do Reino dos céus’ no dia de Pentecostes
onde três mil judeus se converteram à Cristo e também na casa de
Cornélio, onde os gentios foram igualmente convertidos. Ambos os
grupos se tornaram cristãos e ingressaram na Igreja. Se o reino dos céus
for realmente o que os pré-tribulacionistas ensinam: ‘um reino judaico,
davídico e terreno’, então esses primeiros cristãos deverão ressuscitar
em corpo natural para serem súditos desse reino terreno. O que torna
essa definição pré-tribulacional absurda.
A respeito dessas duas expressões: Reino dos céus e Reino de Deus,
uma monumental obra de renome escreveu:

'O reino dos céus ou reino de Deus é o tema central da pregação de


Jesus, segundo os Evangelhos Sinóticos. Enquanto que Mateus,
que se dirige aos judeus, na maioria das vezes fala em 'reino dos
céus', Marcos e Lucas falam sobre o 'reino de Deus', expressão
essa que tem o mesmo sentido daquela, ainda que mais inteligível
para os que não eram judeus. O emprego de 'reino dos céus', em
Mateus, certamente é devido à tendência, no judaísmo, de evitar o
uso direto do nome de Deus. Seja como for, nenhuma distinção
quanto ao sentido, deve ser suposta entre essas duas expressões'
(Novo Dicionário da Bíblia, Vol II, pág. 1383 o grifo é meu).

A Bíblia não é um livro de código em que deve ser decifrado por


alguns especialistas que detém as chaves da interpretação. Não! A
Bíblia é um livro claro, coerente, escrito de modo simples para que o
povão pudesse entender. São os homens com suas tradições que anulam
as palavras de Deus (Mt 15.6-8; 23.13; Lc 11.52).
Jesus Cristo chamou o governo de Deus de Reino dos céus porque
sua sede está no céu e chamou-o também de Reino de Deus, porque
Deus é o seu Originador. E esse reino é o mesmo reino que foi prometido
a Davi com grandiosas mundaças as próprias profecias confirmam isso!
Pois assim clamava os que seguiam a Jesus em sua entrada triunfal
em Jerusalém: 'Bendito é o Reino vindouro de nosso pai Davi!
(Mc 11.10). Como também o anjo disse a Maria: 'O Senhor Deus... dará
[a Jesus] o trono de seu pai Davi, e ele reinará para sempre [e não
apenas mil anos] sobre o povo de Jacó; seu Reino jamais terá fim'
(Lc 1.32,33).
No Antigo Testamento foi feita a promessa de um reino à Davi

228 24º Problema Teológico


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

“Quando a sua vida chegar ao fim e você se juntar aos seus


antepassados, escolherei um dos seus filhos para sucedê-lo, e eu
estabelecei o reino dele... e firmarei o trono dele para sempre”
(I Cr 17.11), esse reino era chamado de 'reino do Senhor'
(1 Cr 28.5).

Porém, esse reino de Davi chegou ao fim com a invasão dos


babilônicos em Jerusalém, quando a linhagem de Davi foi destronada
do 'trono do Senhor' (1 Cr 29.23; 2 Cr 36.9,10). Deus, porém, prometeu
estabelecer novamente o Reino de Davi:

“farei brotar um Renovo justo da linhagem de Davi; ele fará o que


é justo e certo na terra... Davi jamais deixará de ter um
descendente que se assente no trono de Israel... se vocês puderem
romper a minha aliança com o dia e a minha aliança com a noite...
então poderá ser quebrada a minha aliança com o meu servo
Davi...” (Jeremias 33.15,17-21).

O Messias seria o futuro Rei que estabelecerá para sempre o Reino


de Davi:
“Um menino nos nasceu, um filho nos foi dado, e o governo está
sobre os seus ombros... ele estenderá o seu domínio, e haverá paz
sem fim sobre o trono de Davi e sobre o seu reino, estabelecido e
mantido com justiça e retidão” (Isaías 9.6,7).

As profecias também revelam que para que se alcance esta paz, o


Messias deverá destruir os seus inimigos:

'o Deus dos céus estabelecerá um reino que jamais será destruído
e que nunca será dominado por nenhum outro povo. Destruirá
todos os reinos... e os exterminará, mas esse reino durará para
sempre' (Daniel 2.44).

Isso deverá ocorrer quando o Messias vier na sua glória (Mt 25.31-
46). Leia também Ageu 21,22 c/ Hb 12.26-29 e Zc 9.14-16. As profecias
apontam que esse Messias é Jesus Cristo:
'Ele [Jesus] será grande e será chamado Filho do Altíssimo. O
Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi, e ele reinará para
sempre sobre o povo de Jacó; seu Reino jamais terá fim' (Lc 1.32).

Antes porém, era mister que o Messias primeiro sofresse: 'Mas antes
é necessário que ele sofra muito e seja rejeitado por esta geração (Lc 17.25; 24.26).

24º Problema Teológico 229


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Quem participará com o Messias no Seu Reino?

'Vocês não sabem que os perversos não herdarão o Reino de


Deus? Não se deixem enganar: nem imorais, nem idólatras, nem
adúlteros, nem homossexuais passivos ou ativos, nem ladrões,
nem avarentos, nem alcoólatras, nem caluniadores, nem
trapaceiros herdarão o Reino de Deus “ (1 Coríntios 6. 9,10;
Gálatas 5.19-21; Efésios 5.5).

Somente aqueles que nascem de novo, porque carne e sangue não


podem herdar o Reino de Deus (Jo 3.3,5; 1 Co 15.50); somente os
comprados pelo sangue do Cordeiro (Ap 1.5-6; 5.9-10; 7.9,10,14-17).
Portanto não existem dois reinos distintos nem dois evangelhos,
existem na verdade duas alianças. A aliança da Lei instituída por
Moisés, chamada de velha aliança e a aliança da graça instituída por
Jesus Cristo, chamada de nova aliança (Jo 1.17; Gl 4.21-31; Hb 8.6-13).
Uma vez que Israel quebrou a primeira aliança, uma nova aliança foi
estabelecida, porém, a promessa do Reino não foi invalidada, assim
agora, o Reino deverá ser estabelecido dentro das cláusulas da nova
aliança (Jr 31.31-34; 33.14-26).
O Israel nacional poderiam ter participado com o Messias deste
Reino, na nova aliança, como um reino de sacerdotes e uma nação santa.
Mas quando o herdeiro do trono de Davi nasceu, a nação rejeitou como o
Seu Rei e Messias (Mc 15.29-32; Jo 19.14-16). Apenas um restante de
israelitas naturais aceitou-O (Jo 1.11-13).
Em resultado disso, apenas um pequeno número deles foi incluído
no prometido reino, cujo número deles aparece no Apocalipse como
144.000 selados de todas as tribos de Israel (Ap 7.1-8; 14.1-5). Foram
escolhidos segundo a eleição da graça, não mais segundo a antiga
aliança com suas cerimônias e seu serviço sacerdotal levítico, que
serviam no antigo templo, porque todas essas coisas eram provisórias e
simbólicas, não podendo ser restauradas novamente (Rm 11.1-7;
Cl 2.16,17; Hb 10.1; Gl 2.18,19). E assim, o Reino foi tirado do Israel
nacional e “dado a um povo que dê os frutos do Reino” (Mt 21.43).
Inicialmente este povo era composto apenas de judeus que criam
que Jesus de Nazaré é o Cristo profetizado pelos profetas (Lc 24.25-27,
44-46). De fato, as profecias apontavam que apenas um remanescente
de Israel seria restaurado como nação santa de Deus (Sf 3.13; Is 10.20-
22; Zc 8.11-17; Rm 9.27-29).
230 24º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Antes de Jesus Cristo morrer, ele apresentou a este pequeno


rebanho uma nova aliança, que seria validado pelo seu próprio sangue.
Nessa nova aliança estava incluído o Reino (Lucas 22.14-20,29,30).
Esse sacrifício cruento de Cristo os comprava para Deus, pois,
pagava o castigo do pecado, pelo qual, e como descendentes de Adão,
eram escravos. Assim foram declarados justos, tais como Abraão, que
cria que Deus era poderoso para ressuscitar Isaque, estes, também,
creram que Deus ressuscitou a Jesus dentre os mortos (Hb 11.17-19; Rm
4.20-25; 10.9,10), e por isso foram adotados como filhos de Deus, e
como tais herdeiros do Reino de Deus e reinarão sobre a terra (Ap 1.5,6;
2.26,27; 3.21).
Jesus prometeu preparar para eles um lugar real no céu, e após sua
ascensão aos céus, voltaria outra vez para os receber no Seu reino
celestial e eterno (Jo 14.1-3; At 1.6-11). Deveras, Jesus Cristo veio da
linhagem real de Davi (Mt 1.1,6-16), e, como descendente de Davi,
manteve-se fiel a Deus (Ap 3.7; 22.16), por isso que o Reino de Davi foi
restaurado nele (At 2. 30,31; 13.34; Is 55.3), ao subir ao céu, sentou no
real trono do Reino dos céus, elevando assim o reino de Davi às alturas,
e tornando Seu Senhor (Mt 22.41-45; At 2.25-36; Ef 4.8-10 ).
Mais tarde os apóstolos entenderam pelo Espírito, que os gentios
que crêem em Cristo haviam de fazer parte deste povo restaurado do
Senhor, e seriam co-herdeiros com Israel do Reino de Deus (At 3.25-26;
15.14-16; Efs 3.6; Lc 21.31). E, assim deixaria de existir diferenças
entre eles (Rm 10.12; Gl 3.28,29; Cl3.11). Paulo disse que o objetivo de
Cristo “era criar em si mesmo, dos dois, um...” (Ef 2.15). Então, Deus
não pode ter dois reinos: um terreno e outro celestial! Como alguns
ousam afirmar!
A atual nação de Israel, não representa mais o Reino do Senhor, nem
tampouco, será a executadora dos juízos de Deus contra as nações, mas
o Messias, o Rei do Reino de Davi é o executor (Is 9.6,7; 63.1-6), não
por razões nacionalistas, mas porque as nações estão em rebelião contra
Deus (Sl 2.1-12); não em defesa patriótica dos judeus, mas em favor da
justiça divina; não para estabelecer um reino territorial para Israel, mas
o já muito anunciado Reino dos céus (Mt 11.12), que todos devem
buscar, principalmente os judeus, já que são considerados súditos do
Reino (Mt 6.33; 8.12; Lc 12.31).
Veja na próxima página um gráfico que mostra as rachaduras que os
pré-tribulacionistas causaram na escatologia bíblica:
24º Problema Teológico 231
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Os pré-tribulacionistas inventaram dois planos para


cumprir seu programa escatológico
Uma invisível antes da Outra visível depois da
Duas vindas de Jesus: grande tribulação grande tribulação

Um dos crentes fiéis Outro na vinda visível


Dois arrebatamentos: na vinda invisível dos crentes que ficaram
para a segunda chance

Duas ressurreição de salvos: Uma dos santos antes dos Outra dos santos mártires
7 anos de grande tribulação depois dos 7 anos
Uma constituída de crentes Outra constituída de crentes
Duas Igrejas: convertidos no tempo convertidos no tempo da
da graça grande tribulação
Um pregado pela igreja - Outro pregado pelos 144 mil
Dois evangelhos: chamado de evangelho da judeus chamado de
graça evangelho do reino
Um celestial - o da igreja no Outro terreno - o de Israel na
Dois reinos: céu terra

Por quais razões deveremos acreditar em uma escatologia dessa?

Uma das razões porque os pré-tribulacionistas caem no erro de


acreditar que o velho sistema judaico com um reino terreno vai ser
restaurado no Milênio é por tomar ao pé da letra morta as profecias
do Antigo Testamento, sem considerar o sentido espiritual!
Por exemplo,
'os sobreviventes de todas as nações que atacaram Jerusalém
subirão ano após ano para adorar o rei, o Senhor dos Exércitos,
para celebrar a festas dos tabernáculos...Os caldeirões do templo
do Senhor serão tão sagrados quanto as bacias diante do altar...e
todos os que vierem sacrificar pegarão panelas e cozinharão
nelas' (Zacarias 14.16-21).

Dentro da revelação da nova aliança essas profecias que tratam do


estabelecimento do Reino de Deus no futuro precisam ser tomadas no
sentido espiritual, e não no literal, pois 'a letra mata, mas o Espírito
vivifica'. E, o ministério pelo qual será estabelecido o Reino Milenar
será o ministério do Espírito, e não o ministério da Lei (2 Co 3.7-18).
'Pois o Reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, paz e
alegria no Espírito Santo' (Romanos 14.17).
Aquilo que na Lei foi revestido do ouro batido do Espírito
permanecerá, mas aquilo que não foi glorificado desvanecerá como
232 24º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

feno! Jerusalém, festas, templo, caldeirões, bacias, panelas, altar,


sacrifícios apontam para Cristo e a Igreja, pois estes objetos são apenas
figuras e sombra da realidade. O Antigo Testamento para atingir o seu
propósito final precisa ser lido à luz do Novo Testamento, pois aquilo
que os profetas predizerem é interpretado pelo que os apóstolos
escreveram.
Todavia, quando digo que Jerusalém, Israel, Sião no Antigo
Testamento apontam para a Igreja não estou fazendo uma mudança
brusca e nem infundada, pois, a Igreja é composta de israelitas salvos e
escolhidos por Deus, neste caso todas as promessas feitas a Abraão
cumpri-se-ão legalmente neles. Eles são legítimos descendentes físicos
de Abraão e depositaram fé em Cristo, ninguém pode negar que esse
pequeno e remanescente grupo de israelitas se constitui a restauração de
Israel. E, neles o Messias restaurará o Reino de Davi eternamente
(Atos 1.6,7).
Os gentios que eram 'separados da comunidade de Israel, sendo
estrangeiros quanto às alianças da promessa' [feita a Abraão], foram
aproximados baseado em um mistério oculto às gerações passadas, a
saber, 'que mediante o evangelho, os gentios são co-herdeiros com
Israel, membros do mesmo corpo, e co-participantes da promessa em
Cristo Jesus' (Ef 2.12; 3.6 veja Gl 3.14,29). Agora, juntos e mesclados
em um só, se constitui a Igreja. Então, ninguém poderá acusar a Deus, de
que Ele falhou em suas promessas feitas a Israel e rejeitou seu povo. Em
hipótese alguma! (Rm 9.6; 11.1).
O relógio de Deus não parou! como afirma os pré-tribulacionistas:

'a conclusão da Igreja de Jesus está às portas, pois seu tempo


localiza-se entre a rejeição e a nova aceitação de Israel. Quando
Deus deixou cair o fio com Israel e os judeus foram espalhados
por todo o mundo, começou a era da Igreja de Jesus. Agora Deus
retoma o fio com Israel, e a era da Igreja de Jesus chega ao fim'
(Salvação Eterna de Um Mundo Maduro para o Juízo, pág. 18).

Aquilo que a pré-tribulacionista Sara Alice escreveu:

'o tempo dos gentios se cumpra, e o Senhor nos arrebate e volte a


tratar diretamente com a nação de Israel' (Lições Bíblicas,
subsídios de Mestre, 2º trimestre de 2006, pág. 68).

Mas, na verdade, os olhos de Deus nunca arredaram de Israel, pelo


24º Problema Teológico 233
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

contrário o Senhor está chamando-os agora através da pregação do


evangelho (Romanos 9.24; 11.31,32).
A outra das razões porque os pré-tribulacionistas caem no erro
de acreditar que o velho sistema judaico com um reino terreno vai
ser restaurado no Milênio é por acreditar em dois planos de Deus
em que Israel é tratado separado da Igreja em um tempo futuro,
depois de acabar o tempo da Igreja.
Porém isso causa um montão de problemas teológicos,
soteriológicos e escatológicos. Primeiramente, porque todos os santos
do Velho Testamento, que são israelitas, terão que se tornarem súditos
do reino terreno e politico de Israel para isso ressuscitarão com corpos
naturais, sujeitos à morte e a tentação de Satanás no final do Milênio.
Porém, se as Escrituras falam da esperança deles como sendo a mesma
esperança da Igreja: ‘uma pátria celestial’ (Hb 11.10,13-16;
Fl 3.20,21), então o reino milenial será governado por um povo celestial
com realidades espirituais (Mt 8.11,12; Lc 13.28,29).
Em seu artigo na Apostila Reforma Viva 2006 Escatologia, págs.
9 a 16, o teólogo pré-tribulacionista Hilquias Benícios fala sobre ‘os
dois planos’ e ‘o tempo parentético’ e iremos analisar agora.
Como qualquer outro pré-tribulacionista o profº Hilquias acredita
que estamos vivendo em um período intermediário, isto é 'um tempo
parentético'. Em que o 'relógio de Israel "está parado"'. Esse hiato
começou com a 'rejeição do Messias por Israel'.
Os pré-tribulacionistas chegaram a essa conclusão devido o modo
como eles interpretam as 70 semanas de Daniel. Uma vez que segundo
eles já se cumpriram 483 anos ou 69 semanas, restam 7 anos para se
cumprirem e 'esta última semana se iniciará tão logo a Igreja termine o
seu tempo, fim este que é marcado pelo Arrebatamento' (pág.11). No
13º problema teológico já virmos que esse modo de interpretar as
setenta semanas proféticas de Daniel está equivocado.
Deus tem um plano, não dois planos! E esse plano foi perfeitamente
ensinado pelos apóstolos, porém, eles nada falaram de um parêntese no
plano de Deus. Equivocadamente o profº. Hilquias chama 'o plano
divino para a Igreja' de 'mistério não revelado no Antigo Testamento'.
Acredito que ele esteja se referindo ao 'mistério' citado em:
Rm 16.25,26; Ef 3.4,5 e Cl 1.26.
Mas que ‘mistério’ é esse 'não revelado no Antigo Testamento'?
Paulo fala que:
234 24º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

‘... mediante o evangelho, os gentios são co-herdeiros com Israel,


membros do mesmo corpo, e co-participantes da promessa em Cristo
Jesus' (Ef 3.6).
Veja que o mistério de Paulo é totalmente diferente do mistério do
Dr. Hilquias. Pois enquanto que Paulo diz que o mistério se constitui na
união entre judeus e gentios, Hilquias fala de uma divisão entre Igreja e
Israel. Sim, claro, a Igreja de Cristo é distinta de Israel, assim como a
Igreja é distinta dos gentios. Porém, o plano de Deus é unir os dois
povos. O que é a Igreja então? É o que está escrito: 'nós, a quem também
chamou, não apenas dentre os judeus, mas também dentre os gentios'
(Rm 9.24). Então esse plano é executado na Igreja.
É exatamente aqui que entra o mistério: as promessas de Deus
feitas a Israel também valem para os gentios.
Paulo é tão contundente sobre esse assunto que em outra ocasião
escreveu: 'naquela época vocês (os gentios) estavam sem Cristo,
separados da comunidade de Israel, sendo estrangeiros quanto às
alianças da promessa...[Cristo] de ambos (Israel e Gentios) fez um
(a Igreja)' (Ef 2.12-14).
Por isso que não se trata de dois planos distintos, mas de duas
alianças. Se Deus voltar a tratar com Israel assim como no Antigo
Testamento, então Deus deverá abandonar a nova aliança e voltar para a
velha aliança, porque era assim que Deus tratava com Israel.
O que lemos nos profetas?

'Estão chegando os dias, declara o Senhor, quando farei uma nova


aliança com a comunidade de Israel e com a comunidade de Judá.
Não será como a aliança que fiz como os seus antepassados
quando os tomei pela mão para tira-los do Egito' (Jr 31.31,32).

Que nova aliança é essa? A aliança do Evangelho!


O escritor aos Hebreus citando esse texto de Jeremias aos judeus de
sua época, conclui: 'Chamando "nova"esta aliança, ele tornou antiquada
a primeira; e o que se torna antiquado e envelhecido está a ponto de
desaparecer' (Hb 8.13). Porém, segundo os
pré-tribulacionistas esta velha aliança reaparecerá na grande tribulação,
como escreveu Elienai Cabral que na grande tribulação 'o remanescente
judeu' será 'constituído de israelitas fiéis ao antigo pacto' (Lição
Bíblicas, 3º Trim. de 1998, de Mestre, pág.77). Porém, Paulo ensina que
os que se apegam a antigo pacto são filhos da escravidão, e tais filhos
24º Problema Teológico 235
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

são lançados fora pois jamais herdarão as promessas de Abraão


(Gl 4.21-31). Pois as promessas de Abraão não são herdadas segundo a
velha aliança, mas segundo a nova aliança, e somente aqueles judeus
que têm fé em Cristo à possuirão (Rm 4.13-16).
Essa nova aliança foi feita com a comunidade de Israel, porém o
mistério é que Deus, em Cristo, inclui nessa nova aliança os gentios.
Agora se o 'trato de Deus com Israel', vai reiniciar quando a Igreja
terminar o seu tempo, então baseado em que aliança Deus tratará com
Israel?
Até mesmo o modo como se entende o 'tempo da Igreja' é confuso.
Pois se tão logo a Igreja for arrebatada, inicia o antigo tempo que estava
'parado', como então durante esse tempo ainda haverá regeneração,
batismo com Espírito Santo, justificação, adoção, santificação e
glorificação?
A fim de provar que há dois planos e dois tempos, o profº. Hilquias
cita alguns textos bíblicos. Infelizmente alguns desses textos dizem
respeito o primeiro advento de Cristo 'o menino nos nasceu' e o segundo
advento 'o principado está sobre o seu ombro'. Que nada acrescenta
sobre a sua tese da 'Era da Igreja'. Sim, a Igreja nasceu no primeiro
advento e vai ser glorificada e reinar com Cristo no seu segundo
advento. Porém o texto de Romanos 11, que ele cita em sua palestra,
mas não consta em seu artigo, é mais significante.
Porém, precisamos entender o que Paulo está falando! Será que
Paulo fala de uma futura conversão nacional de Israel ou da entrada
deles na nova aliança mediante o evangelho?
Paulo pergunta: 'Acaso Deus rejeitou o seu povo?'. Ele mesmo
responde: 'De maneira nenhuma!' (v.1). Por que Paulo? Ele diz: 'Eu
mesmo sou israelita'. Se de fato houvesse um outro plano para Israel que
Deus retomará na grande tirublação, Paulo diria: ' Quando terminar o
tempo da Igreja, Deus se voltará novamente para Israel'. Pelo contrário
ele afirma: 'Assim hoje também há um remanescente escolhido pela
graça'. Anteriormente, ele tinha dito: 'Embora o número dos israelitas
seja como a areia do mar, apenas o remanescente será salvo' (Rm 9.27).
O pré-tribulacionista Hilquias, baseado em Rm 11.11ss, fala do
tempo entre a rejeição de Israel e a plenitude de Israel. De fato, Paulo
indaga: 'Pois se a rejeição deles é reconciliação do mundo, o que será a
sua aceitação, senão vida dentre os mortos?' (v.15). Esse versículo,
Hilquias diz que fala da segunda vinda de Cristo e da ressurreição.
236 24º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Mas que ressurreição? A ressurreição da Igreja ou de Israel? Ele


não esclarece!
Hilquias não percebe que quando Paulo fala da 'aceitação' de Israel,
refere-se ao fato de Israel ser novamente enxertado na oliveira, onde
estão enxertados os gentios. Paulo diz: 'e quanto a eles (a nação de
Israel), se não continuarem na incredulidade, serão enxertados, pois
Deus é capaz de enxerta-los outra vez' (v.23). Essa é a ‘vida dentre os
mortos’, pois Israel está morto em seus delitos e pecados.
Paulo não está se referindo a uma salvação nacional, mas a uma
salvação em que os gentios gozam pela 'bondade' de Deus (vv.17-24).
Paulo simplesmente estar levantando argumentos que incentivam que a
pregação entre os judeus deve continuar com todo ímpeto '..e salvar
alguns deles' (v.14). Pois se sua rejeição trouxe riquezas aos gentios, o
quê acontecerá se eles forem convertidos? Então vamos evangelizar os
judeus! 'a fim de que [eles] também recebam agora misericórdia' (v.31).
Em momento nenhum Paulo fala de dois planos de Deus em que um
envolve Israel à parte da Igreja. Em todos os versículos dos capítulos 9 a
11 de Romanos, a mensagem de Paulo é que os gentios são chamados a
participar da salvação destinada a Israel. Sua rejeição não é um intervalo
no propósito de Deus, mas o próprio propósito de Deus em ação para
que os gentios participem. Logo não existe um tempo para os judeus e
um tempo para os gentios. Paulo disse:

'Assim como vocês (gentios), que antes eram desobedientes a


Deus mas agora receberam misericórdia, graças à desobediência
deles, assim TAMBÉM AGORA eles (os judeus) se tornaram
desobedientes, a fim de que também recebem AGORA
misericórdia, graças à misericórdia de Deus para com vocês. Pois
Deus colocou TODOS sob a desobediência para exercer
misericórdia para com todos' (Rm 11.30-32).

Se Paulo tivesse realmente ensinando um tal de parênteses, o seu


assunto não girava em torno de Israel e os Gentios, mas em torno de
Israel e a Igreja.
'Israel experimentou um endurecimento em parte, até que chegue a
plenitude dos gentios. E assim todo o Israel será salvo' (Rm 11.25,26).
Paulo não esconde o fato que quando a quantidade de gentios destinados
à graça do evangelho for atingida, os próprios judeus também serão

24º Problema Teológico 237


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

convertidos. Isso pode significar que nos últimos tempos que antecede a
vinda de Jesus haverá maiores conversões de judeus, o que deve
incentivar a Igreja evangeliza-los!
Se a plenitude dos gentios termina quando a Igreja é arrebatada,
como ensina o Dr. Hilquias e que aqui termina a 'Idade da Igreja', logo
uma multidão incontável de gentios não poderá se converter após o
arrebatamento da Igreja conforme ensina os pré-tribulacionistas.
Por outro lado, se Israel será salvo no final da grande tribulação,
então a plenitude dos gentios deverá durar até o final da grande
tribulação. O que forçadamente, coloca o arrebatamento da Igreja no
final da grande tribulação. O término da inclusão dos gentios na oliveira
e a salvação de Israel acontecem no mesmo ato, quando vir 'de Sião o
redentor' (v.26).
Então na teologia paulina não existe esse parêntese de que fala
Hilquias. Jesus Cristo disse: 'Tenho outras ovelhas que não são deste
aprisco. É necessário que eu as conduza também. Elas ouvirão a minha
voz, e haverá um só rebanho e um só pastor' (Jo 10.16). Quando Paulo
escreveu: 'E esta é a minha aliança com eles' (Rm 11.26), fazia
referência a nova aliança e não a velha aliança (Hb 10.14-18).
Entrementes, que salvação é essa em que 'todo o Israel será salvo'
se não inclui a ressurreição e a glorificação de Israel? Que salvação é
essa em que os judeus ainda estarão sujeitos a morte e tentação? Que
salvação é essa em que os judeus ainda vão oferecer sacrifícios no
templo?
Se 'todo o Israel será salvo' é a salvação nacional de Israel, então o
que acontecerá, no advento de Cristo, com aqueles judeus que morrerão
durante os últimos três anos e meio de grande tribulação por terem
rejeitado adorar o Anticristo? O que acontecerá com os milhares de
judeus que morreram desde 1948, principalmente os que foram
dizimados no Holocausto nazista, pois eles pertencem a raça eleita de
Abraão, o 'povo escolhido' de Deus? Se todo o Israel será salvo então
todos esses judeus deverão ressuscitar para herdarem as promessas de
Deus à Abraão. Mas eles ressuscitarão com que corpo? Natural ou
espiritual?
Isso nos leva a indagação pertinente: que Israel é esse que será
salvo? Paulo cita o texto de Isaías 59.20: 'O Redentor virá a Sião, aos
que em Jacó se arrependem dos seus pecados'. Não se trata da totalidade
da nação terrena de Israel, mas daqueles que estão sendo enxertados na
238 24º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

oliveira mediante o arrependimento e a fé no evangelho. Esse Israel


inclui todos os santos do Antigo Testamento e todos os judeus que estão
se convertendo hoje desde à época dos apóstolos! Então vamos
urgentemente evangelizar os judeus, pois está escrito que 'nos últimos
dias...os israelitas...virão tremendo atrás do Senhor e das suas bênçãos'
(Os 3.5).
Acreditar como Hilquias em 'um tempo parentético' é crê que Deus
retrocederá ao velho sistema judaico. Acreditar que isso tem que ser
assim para que 'Israel goze a plenitude das promessas divinas' como diz
Hilquias, temos que crê também que os patriarcas e os santos do Antigo
Testamento, deverão ser incluídos nesse Israel terreno, pois a promessa
foi feita a eles, e pior a Igreja está fora dessa plenitude das promessas
divinas.
Fica deficiente a compreensão da nova aliança e do plano de Deus
caso se tenha em mente o entendimento de um tempo parentético entre
Israel e a Igreja. É como se a nova aliança instituída por Jesus Cristo
nada tem haver com Israel. E que o objetivo de Cristo de unir dois povos
em um só povo tenha fracassado, pois afinal de contas Israel será salvo
em uma plano diferenciado do plano da Igreja constituído assim em um
povo separado. É como se o mistério revelado aos apóstolos sobre a
inclusão dos gentios não fizesse diferença alguma.
O pré-tribulacionista Hilquias acusa o pós-tribulacionismo de
não fazer uma distinção entre Israel e a Igreja.
Na verdade existe essa distinção, assim como há uma distinção
entre o Brasil e a Igreja. Porém, quanto ao plano de Deus para salvar os
povos não há distinção. Paulo escreveu: 'Não há distinção entre judeus e
gentios' (Rm 10.12). Pedro também afirmou: 'Deus não faz distinção
ALGUMA entre nós (os judeus) e eles (os gentios)' (At 15.9).
Paulo explica isso detalhadamente em Efésios 2.14-22, onde está
escrito que o 'objetivo de [Cristo] era criar em si mesmo, dos dois
(Israel e Gentios), um novo homem (a Igreja)'. E afirma que isso faz
parte do propósito eterno de Deus que inclui os gentios na comunidade
de Israel (Ef 3.1-11).
Mas se há uma distinção na salvação, então a barreira de separação
não foi destruída (Ef 2.14,15), então os gentios não são filhos de Abraão,
nem herdeiros segundo a promessa e nem tampouco recebem a bênção
de Abraão (Gl 3.7-9,14,29).
Sim! Há uma distinção não só entre a Igreja e a nação de Israel
24º Problema Teológico 239
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

como há também uma distinção entre a Igreja e as nações dos gentios


(1 Co 10.32), mas tratando do Israel que será salvo e dos gentios que
serão salvos, não há nenhuma distinção. Como escreveu Paulo: 'Nessa
nova vida já não há diferença entre gentio e judeu' (Cl 3.11).
Na época dos apóstolos, os judaizantes queriam manter essa
distinção, mas os apóstolos não cederam a eles, pelo contrário,
afirmaram:
'Não há judeu nem grego...pois todos SÃO UM em Cristo Jesus. E,
se vocês são de Cristo, são DESCENDÊNCIA de Abraão e
HERDEIROS segundo a promessa' (Gl 3.28,29).

O Israel apostata e os gentios impenitentes poderão até sofrer os


juízos apocalípticos durante a grande tribulação, mas a Igreja, composta
de judeus e gentios salvos, serão protegidos por Deus, muito embora são
perseguidos por esse sistema anticristão. Mas é exatamente por isso que
Deus derramará suas pragas! Em vindicação a esses santos (Ap 6.9-11;
13.9,10; 16.4-7; 19.2).
A Lei enaltecia Israel acima das nações, mas a graça ensina que
'tanto judeus quanto gentios estão debaixo do pecado' (Rm 3.9).
A salvação de Israel não está em Deus retomar um tal de um 'relógio
parado' , mas no evangelho 'que é poder de Deus para salvação de todo
aquele que crê: primeiro do judeu, depois do grego' (Rm 1.16). Não
mais mediante ao velho trato, mas mediante o novo trato que Israel
herdará as promessas de Abraão (Rm 4.13-16; Gl 2.15,16).
O antigo 'relógio parado' de Israel já foi a muito tempo esmagado
por Jesus Cristo na cruz do Calvário! (Ef 2.15; Cl 2.14). O tempo que
lhes resta é esse em que vivemos. Senão, em breve o Messias voltará e
concederá a vida eterna para
'aos que, com perseverança em fazer bem procuram glória, e
honra e incorrupção...primeiramente do judeu e também ao
grego...mas a indignação e ira aos que são... desobedientes a
verdade...primeiramente ao judeu e também ao grego... Porque,
para com Deus, não há acepção de pessoas (Rm 2.5-11).

Deus não dará novas cordas ao velho relógio, pois 'o que se torna
antiquado e envelhecido está a ponto de desaparecer' (Hb 8.13), este
era fraco e inútil (Hb 7.18), Deus está tratando com Israel com um novo
relógio em um novo tempo. Este é indestrutível, superior e não parará
jamais! (Hb 7.15,22).

240 24º Problema Teológico


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Este pensamento nacionalista e judaizante dos


pré-tribulacionistas leva-os a crê que aquelas sangrentas guerras
tribais, carnificinas e horripilantes de Israel no Velho Testamento
serão restauradas também.
O pastor pré-tribulacionista Glauco Filho, em um de seus
fervorosos sermões, disse: 'na grande tribulação Israel vai guerrear
militarmente contra as nações, e Deus vai ser a favor dessas guerras'.
Quer dizer, não somente as cerimônias do antigo Israel serão instituídas
com aprovação divina como também aquelas sangrentas e nacionalistas
guerras voltarão acontecer sob orientação divina. Meu Deus a onde
vamos para com esse retrocesso!!! (1 Cr 28.3). E a onde fica o
evangelho do Reino dos céus que ensinou aos judeus a não-resistência e
o amor aos seus inimigos (Mt 5.38-48)?
Os pré-tribulacionistas vão ainda mais longe, eles chegam a ponto
de dizer que antes do Milênio, Deus estabelecerá um julgamento das
nações baseado no tratamento dado aos judeus! Aquelas nações que
acolheram Israel no período da grande tribulação entrarão no Milênio, e
aquelas nações que guerrearam contra Israel não participarão do
Milênio. E, o pior, é que eles lançam mão de Mateus 25.31-46 para
apoiar tal absurdo teológico.
As ovelhas, os benditos e os justos descritos ali, são agora
transformados em nações apoiadoras de Israel! Os bodes, os malditos e
os condenados ao fogo eterno são as nações que não apoiaram Israel na
grande tribulação! E a vida eterna é transformada em Milênio! (veja isso
no livro Escatologia Bíblica da EETAD, págs. 82,83 e 132, 2ª Ed. 97).
Esse é o resultado triste e infeliz de uma escatologia montada em
textos isolados, mal interpretados e espremidos. Na verdade os
pré-tribulacionistas confundem e substituem o Dia do Juízo, que será
estabelecido na vinda de Jesus, por um tipo de julgamento das nações
extra e racial que feri a estrutura básica desse texto de Mateus (Mt 12.36;
13.47-50,43; 1 Jo 4.17; Jd 14,15 confira c/ Mt 25.31,32,46).
Só para temos uma idéia da gravidade dessa interpretação, veja o
que o Dr. Antonio Gilberto escreveu:

'Os povos tipos “bodes” serão lançados vivos no Inferno [lago de


fogo], como ocorreu... à Besta... Os povos tipo “ovelhas”
ingressarão no Milênio de Cristo sobre a Terra' (Escatologia
Bíblica - EETAD, pág. 83).

24º Problema Teológico 241


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Ao substituir o Dia do Juízo por esse julgamento das nações obriga


os pré-tribulacionistas a acreditar que muitas nações serão lançadas no
lago de fogo antes do Milênio. Porém isto está em contradição com a
Bíblia. Pois quando Satanás é solto da sua prisão, no final do Milênio,
'foi lançado no lago de fogo... onde já se encontram não só a besta
como também o falso profeta' (Apocalipse 20.7-10 ARA). Cadê as
'nações bodes' que o Dr. Antonio Gilberto disse que foram lançados
vivos no lago de fogo antes do Milênio?
De fato, quando Jesus Cristo voltar, no ‘terrível dia do Senhor’, 'ele
ferirá as nações' com a espada que sai da sua boca (Apo 19.11,15,21;
Jl 2.31; 3.12-15; Sf 3.8), a mortalidade será tão terrível que o profeta
Jeremias disse:

'Naquele dia, os mortos pelo Senhor estarão em todo lugar, de um


lado ao outro da terra' (Jr 25.33).

Porém, 'os sobreviventes de todas as nações' (Zc 14.16), 'Ele as


governará [junto com a Igreja] com cetro de ferro' (Ap 2.26,27; 12.5;
19.15).
Os únicos que serão lançados vivos no lago de fogo nesta ocasião,
isto é, antes do Milênio, são a besta e o falso profeta, como está escrito:
'os dois foram lançados vivos no lago de fogo' (Ap 19.20,21).
Por isso que o texto de Mt 25.31-46 descreve com muita precisão o
Juízo do grande trono branco de Ap 20.11-15 (veja também Jo 12.48;
At 17.31; Rm 2.2-16; 14.9-12; 2 Co 5.10; 2 Pe 3.7). Quando Mateus
escreveu: 'E estes irão para o castigo eterno, mas os justos para a vida
eterna' (25.46), confere com Apocalipse 20.15: 'Aqueles cujos nomes
não foram encontrados no livro da vida foram lançados no lago de
fogo'.
Reconheço em verdade que as Escrituras falam de uma guerra
futura que envolverá Jerusalém, este acontecimento ficou
conhecido como 'Guerra do Armagedom'. Porém, não se trata de uma
guerra militar, nacionalista e territorial com armamento bélico. Pra
começar, Jerusalém não se trata da nação carnal de Israel, mas do Israel
espiritual e restaurado, o povo do Messias. A guerra será contra o
Cordeiro, no grande dia do Deus todo-poderoso.
Essa guerra iniciou-se na cruz e terminará na gloriosa vinda de
Jesus Cristo. O Salmo 2, diz:

242 24º Problema Teológico


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

'Por que se amotinam as nações e os povos tramam em vão? Os


reis da terra tomam posição e os governantes conspiram unidos
contra o Senhor e contra o seu ungido' (vv.1,2).

Os apóstolos judeus, que eram vítimas das perseguições dos judeus


descrentes, aplicaram este texto à crucificação de Jesus, ao relatarem:

'De fato, Herodes e Pôncio Pilatos reuniram-se com os gentios e


com o povo de Israel nesta cidade, para conspirar contra o teu
santo servo Jesus, a quem ungiste' (Atos 4.25-27 note que a nação
incrédula de Israel faz parte das nações que se levantam contra
Cristo ver 1 Ts 2.14-16).

Isso, também nos faz lembra de Gênesis 3.15:

'Porei inimizade entre a sua descendência e o descendente dela;


este lhe ferirá a cabeça, e você lhe ferirá o calcanhar'.

Essa guerra trata-se de uma guerra espiritual entre Satanás e Cristo,


o descendente da Mulher. Uma guerra entre a descendência da Serpente
que são as nações ímpias e a descendência da Mulher - os crentes fiéis
(Apo 12.4,5,7). Lá na cruz Cristo deu o primeiro golpe em Satanás
(Cl 2.15). Doravante a guerra se tornou renhida! Nesta guerra Satanás
usa as nações apartadas de Deus para fazer guerra contras os cristãos
através das perseguições e martírios, já que não pode mais perseguir o
Filho de Deus (Ap 12.4-5,17). A parte mais ferrenha desta guerra será
quando Cristo lançar Satanás à terra, então ele se voltará furiosamente
contra os santos de Cristo (Apocalipse 12.7-18).
A Escritura diz que:
'Aqueles que são sábios instruirão a muitos, mas por certo período
cairão à espada e serão queimados, capturados e saqueados'
(Daniel 11.33 comp/ Hebreus 10.32-34).

Quando as almas daqueles que haviam sido mortos por causa da


palavra de Deus e do testemunho que deram clamavam em alta voz:

'Até quando, ó Soberano, santo e verdadeiro, esperarás para


julgar os habitantes da terra e vingar o nosso sangue?', lhes 'foi
dito que esperassem um pouco mais, até que se completassem o
número dos seus conservos e irmãos, que deverão ser mortos
como eles' (Ap 6.9-11).

24º Problema Teológico 243


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

A História ainda vai testemunhar a morte de muitos crentes a


mando de Satanás! É lamentável o que o renomado teólogo Antonio
Gilberto diz acerca desses santos mártires:

'Aqui são crentes deixados no arrebatamento da Igreja por


estarem separados de Cristo, e também aqueles que creram após
o arrebatamento, e foram martirizados: suas almas se acham
agora na presença de Deus, sob o seu altar' (Daniel e Apocalipse,
pág.126 o grifo é meu).

O Dr. Antonio Gilberto não só chama esses mártires fiéis de crentes


desviados, como também ignora totalmente os mártires da Igreja:
aqueles que foram martirizados na época de João pelo império romano e
pelos judeus apóstatas, aqueles que foram martirizados pelos papas e
pela Inquisição, aqueles que foram assassinados pelos católicos,
'protestantes', nazistas, comunistas e mulçumanos, etc.. Esses mártires
que clamam por vingança não são crentes abandonados e nem
separados de Cristo, mas crentes fiéis a Jesus Cristo (Ap 12.11), e
aqueles que serão mortos na grande tribulação para completar o número
deles, farão parte também da Igreja, pois os chama de 'seus conservos e
irmãos, que deverão ser mortos como eles'.
Ora, se são irmãos é porque pertencem a mesma Igreja, e se são
conservos é porque servem juntos a Cristo! Jamais, e em hipótese
alguma, Jesus Cristo, a Testemunha Fiel, os abandonará e os deixará
fora do arrebatamento da Igreja (2 Tm 2.11-13; 1 Pe 4.12-19; Mt 5.10-
12; At 14.22; 2 Ts 1.4-10; Ap 20.4).
Assim, as nações do mundo ímpio estão reunidas contra Cristo e o
Seu povo. Quando Cristo se manifestar, na decisiva batalha do grande
dia do Deus todo-poderoso, em meio a chamas flamejantes, tomará
vingança contra essas nações ímpias e dará vitória ao seu povo
(2 Ts 1.4-10; Ap 17.14; 19.11-21). Essa é a guerra do Armagedom!
Infelizmente para alguns teólogos o Armagedom trata-se de uma
guerra racial, territorial, tribal, mesquinha em que Deus irá se
intrometer nas questões do Oriente Médio e tomar partido pelos
israelenses, dando a eles pequenas faixas de terras habitadas por outros.
Será que isso resolverá os problemas da humanidade? Será que a
guerra espiritual entre Cristo e Satanás vai terminar em questões
territoriais? Será que a soberania de Deus vai ser vindicado em questões
políticas e nacionais dos homens? E onde fica a destruição dos ímpios
244 24º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

por seus pecados contra Deus (Is 2.12; Sl 75.8)? Onde fica a justa
punição de Deus contra o mundo por ter perseguido e massacrado os
justos (Tg 5.6; Ap 6.10,15,16)? Será que Jesus Cristo vai descer do céu
para resolver pigarras entre palestinos e israelenses?
O Messias prometido não vem em socorro de um Israel nacionalista
da velha aliança, mas do Israel restaurado da nova aliança, aqueles
judeus que creram Nele, e de seus companheiros gentios crentes
(Mq 5.7-15; Hb 4.1-3; 8.7-13; Rm 9.27; 11.26,27). Esses dois grupos
são os verdadeiros descendentes de Abraão. Como bem escreveu o
apologista Esequias Soares:

'Deus dá, ainda hoje, a oportunidade para qualquer pessoa,


independentemente de sua nação ou origem, de tornar-se
descendente de Abraão, mediante a fé em Jesus Cristo (Rm 4.11;
Gl 3.7)' Lições Bíblicas, de Mestre, 2º trimestre de 2006, pág. 13.

Enquanto que a nação terrena de Israel perdeu o privilégio de


serem os filhos de Abraão (Mt 3.9-10; Jo 1.11-13; 8.33-47; Rm 2.28,29;
Gl 3.7,26-29; Fl 3.2-9). E isso é irreversível! '... somente em Cristo
[o véu] é removido' (2 Co 3.13-16).
Naquele dia os santos do Cordeiro serão ‘uma pedra pesada para
todas as nações... uma tocha incandescente entre gravetos’‘esmagarão
os ímpios que serão como pó sob as solas dos seus pés’ (Zc 12.6;
Ml 4.3). Muitas nações serão destruídas, o Reino será entregue ao povo
do Altíssimo, e reinarão e subjugarão os sobreviventes dessas nações no
Milênio (Dn 7.25-27; Ap 2.25-27; 5.9,10). Você pode notar, querido
leitor, que essas interpretações tem um avanço, e não um retrocesso!
Assim, não há uma quebra, um intervalo ou uma descontinuidade no fiel
povo de Deus da velha aliança quando chega na nova aliança, no
milênio e na vida eterna.
Resta-nos fazer a pergunta: o que é o Milênio? As profecias
veterotestamentárias mostram que as nações deverão está debaixo do
reino de Israel,

“Gente de fora vai pastorear os rebanhos de vocês; estrangeiros


trabalharão em seus campos e vinhas. Mas vocês serão chamados
sacerdotes do Senhor, ministros do nosso Deus. Vocês se
alimentarão das riquezas das nações” (Isaías 61.5,6; veja
também Miquéias 5.7-9).

24º Problema Teológico 245


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Esse Israel descrito em todas as promessas messiânicas do Reino


inclui os gentios crentes (Ap 2.26,27; 5.9,10; Efésios 3.6 veja Salmo
87). E, assim mesclados na nova aliança formam um único povo:
a Igreja (Ef 2.11-22). Assim, como escreveu Paulo: 'os gentios
participaram das bênçãos espirituais dos judeus' (Rm 15.27). João faz
uma alusão do texto de Isaías 61.5,6 à Igreja, quando escreveu: 'serão
sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com ele durante mil anos'
(Ap 20.4,5).
Essas profecias do Reino de Israel se cumprirão quando o Messias
juntamente com o Seu povo salvo, dominarem e julgarem as nações do
mundo nesta velha terra no Milênio (Sl 47). Essas nações deverão se
submeter ao Governo do Messias e lhe servir como “trabalhadores
forçados” por assim dizer, tais como prisioneiros de guerra se
submetem aos seus vencedores (Jz 1.28-30; 2 Sm 12.29-31;
Is 60.10-12,14; Sl 2.8-12). Elas verão a glória do Messias (Ez 39.21), e
se prostrarão e adorarão diante dEle (Is 45.23-25 c/ Rm 14.9,11 e Fl 2.9-
11; Ap 5.13; 15.3-4).
O governo de Salomão tipificava o governo de Jesus Cristo
(Salmos 72). As Escrituras diz que Salomão 'governava todos os reinos
a oeste do Eufrantes, desde Tifsa até Gaza, e tinha paz em todas as
fronteiras. Durante a vida de Salomão, Judá e Israel viveram em
segurança' (1 Reis 4.24,25). Deus tinha colocado todos 'os seus
inimigos debaixo dos seus pés, não tendo que 'enfrentar nem inimigos
nem calamidades' (1 Reis 5.3,4). Durante o seu reinado Salomão
empenhou-se a construções 'em todo o território que governou' (1 Reis
9.15-19). Diz que:
'Salomão recrutou para o trabalho forçado todos não israelitas,
descendentes [sobreviventes] dos amorreus, dos hititas, dos
ferezeus, dos heveus e dos jebuseus, que não tinham sido mortos
pelos israelitas, e nesse trabalho continuam. Mas Salomão não
obrigou nenhum israelita a trabalhos forçados; eles eram seus
homens de guerra, seus capitães, os comandantes dos seus carros
de guerra e os condutores de carros. Também eram israelitas os
principais oficiais encarregados das construções de Salomão'
(1 Reis 9.20-23).

Assim acontecerá no reinado de Cristo! (Is 61.4-6 c/ Ap 20.6,8,9).


O Reino dos céus estabelecerá uma base nesta velha Terra, 'o
acampamento dos santos', que provisoriamente será o consulado do

246 24º Problema Teológico


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Governo do Messias (note que 'acampamento' não é um lugar


permanente). O local mais indicado para isso será a cidade amada, a
velha Jerusalém, simbolicamente a cidade do grande Rei, até que venha
a Jerusalém Celestial (Ap 20.9; Ez 37.28; Mt 5.35; Is 52.1,2; 54.11-14;
60.1-5,13; 62.1-12; Ap 3.12; 21.10,11).
Como essas nações permanecerão de pé diante da glória do Messias
e de seus santos glorificados? Tal experiência foi vivida por Pedro,
Tiago e João. No corpo físico, eles contemplaram o Cristo transfigurado
em sua glória, e com ele estavam dois humanos glorificados, Moisés e
Elias (Lc 9.28-36). Isso foi um relance da glória do Messias no Seu
futuro reino milenar (2 Pe 1.16-18). O Messias estará em seu trono na
glória celestial e os santos, tais sacerdotes de Cristo, servirão de
intermediário entre essas nações e Cristo. Assim eles terão livre acesso
tanto ao céu como a terra!
Acerca desse reino teocrático, Paulo escreveu que “é necessário”
que Jesus Cristo “reine até que todos os seus inimigos sejam postos
debaixo de seus pés”, e que ele destruirá todo “domínio, autoridade e
poder” até que tudo lhe seja sujeito, para isso ele e o Seu povo
“governará as nações com cetro de ferro” (1 Co 15.24-28; Hb 2.7,9;
10.12,13; Sl 2.8,9; Ap 2.26-29; 19.15,16). Mas, uma vez, que o Seu
Reino será pacífico, justo e seguro, estas nações serão beneficiadas com
o Governo do Messias (Is 2.1-5; 9.6,7; 11.1-10).
Iniciará uma campanha de limpeza, transformação, purificação e
libertação da natureza durante o Milênio; a Terra passará pelo processo
de Regeneração para habitação definitiva do povo de Deus, conforme
promete a Palavra de Deus (Is 35.1-3,7-10; 58.11,12; 61.3,4; Ez 39.12-
16; Mt 19.28; Rm 8.19-21; Hb 1.10-12; 2 Pe 3.13; Ap 21.1-5; Sl 37.3,11;
Pv 2.21). Por isso que um dos trabalhos dessas 'nações escravas' será de
'ajudar' os santos na restauração da Terra ao seu estado original; isso se
constituirá as riquezas, glória e honra das nações (Is 60.10-12,14-22;
Ag 2.6-9 c/ Hb 12.26-28; Ap 21.26). O Milênio é chamado de ‘o tempo
de restauração ou regeneração de todas as coisas’ (Mt 19.28; At 3.21).
Mas, infelizmente, no final dos mil anos essas nações se revoltarão,
seduzidas por Satanás, contra o Governo justo do Messias, e como
“a um vaso de barro” serão quebradas e despedaçadas (Ap 20.7-9;
Sl 2.4-12; Ez 38 e 39). Assim, se dará porque na eternidade 'carne e
sangue não podem herdar o Reino de Deus, nem o que é perecível
herdar o imperecível’ (I Co 15.50). Somente sobre aqueles,
24º Problema Teológico 247
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

os vencedores com Cristo e participantes da primeira ressurreição, não


pesa a pena da segunda morte (Ap 2.11; 20.6; 21.7,8; Lc 20.35,36).
Como também está dito acerca dessas nações:

'Ainda que se tenha compaixão do ímpio, ele não aprenderá a


justiça; na terra da retidão ele age perversamente, e não vê a
majestade do Senhor. Erguida está a tua mão, Senhor, mas eles
não a vêem! Que vejam o teu zelo para com o teu povo e se
envergonhe; que o fogo reservado para os teus adversários os
consuma' (Isaías 26.10,11).

Se assim não for, fica confuso o estado dessas nações depois do


Milênio, uma vez que elas não experimentaram o novo nascimento nem
a glorificação, como herdarão a vida eterna em corpos materiais? Com
seus desejos humanos, como sexo, fome e sede?! Então serão destruídas
no final do Milênio. Mas isso não tornaria Deus um carrasco
impiedoso? Não, uma vez que elas se rebelaram contra a autoridade de
Cristo, e além do mais pode-se dizer acerca delas: 'Os ímpios não são
expurgados. São chamados prata rejeitada porque o Senhor os rejeitou’ (Jr 6.29,30).
O Milênio não será um tempo de salvação, mas de julgamento. Não
o tempo da formação de uma nova raça humana, pois esse tempo é agora
(2 Co 5.17). Será um tempo da restauração da natureza: animais,
vegetais e rios e não dos homens (Rm 8.19-21). A graça já terá sido
encerrada suas portas. O valor do sangue do Cordeiro já aplicado. O
casamento do Cordeiro já terá sido realizado. Os santos já terão sido
julgados e justificados. A salvação já concluída! As nações do Milênio
terão mudanças apenas comportamentais e não de natureza. Quando o
seu governante, Satanás, for ‘solto por um pouco de tempo’, todas elas
rapidamente se bandearão por lado dele e com isso demonstrarão
insubmissão ao Messias e serão totalmente destruídas (Is 60.12).
Por isso que o Milênio é também conhecido como Dia do Juízo
porque neste período estará se realizando o julgamento dos santos,
dos anjos, dos vivos e mortos (Isaías 11.3-5).
Isto é bem visto nas palavras de Paulo: '...Cristo Jesus, que há de
julgar os vivos e os mortos por sua manifestação e por seu Reino...'
(2 Tm 4.1). Em Ap 11.18, ao ser tocado a sétima trombeta, o anjo
anuncia: 'chegou o tempo de julgares os mortos'. Em Jd 14 diz: ‘O
Senhor... vem para julgar a todos e convencer todos’. E, também no
inicio do Milênio é dito: 'Vi tronos, em que se assentaram aqueles a

248 24º Problema Teológico


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Pedro falando sobre o Dia do Juízo, disse: 'para o Senhor um dia é


como mil anos e mil anos como um dia' (2 Pedro 3.7,8 c/ Salmo 90.4).
Também Mateus e Lucas deixam transparecerem em seus escritos
quando comparados, que o dia do Juízo será no Reino de Deus. Por
exemplo Mateus escreveu: '...no dia do juízo haverá menos rigor para
Sodoma do que para você (Carfanaum)' (Mateus 11.20-24), já Lucas se
referindo ao mesmo episódio escreveu: 'Fiquem certo disso: o Reino de
Deus está próximo. Eu lhes digo: Naquele dia haverá mais tolerância
para Sodoma do que para aquela cidade' (Lucas 10.11-15).
Os santos, porém, serão julgados primeiro diante do Tribunal de
Cristo, onde lhes serão dado galardões em relação a serviços teocráticos
e funções administrativas realizados durante o Milênio (1 Pe 4.17,18;
Rm 14.10-12; 1 Co 3.11-15; 4.5; 2 Co 5.10; Hb 10.30,31). Como por
exemplo, lemos sobre a prestação de contas em Lc 19.17-19:

‘Muito bem, meu bom servo! Por ter sido confiável no pouco,
governe sobre dez cidades. O segundo veio e disse: Senhor, a tua
mina rendeu cinco vezes mais. O seu senhor respondeu: ‘Também
você, encarregue-se de cinco cidades’.

Porém, alguns cristãos não desempenharão nenhuma função


administrativas. Encontramos isso em 1 Co 3.14: ‘Se o que alguém
construiu permanecer, esse receberá galardão. Se o que alguém
construiu se queimar, esse sofrerá prejuízo (perda de galardão);
contudo, será salvo como alguém que escapa através do fogo’. Os
santos também receberão como galardão autoridade para julgar
(Mt 20.21-23; Ap 20.4a).
Neste dia estaremos confiantes em Deus! (1 Jo 4.17), depois haverá
as Bodas do Cordeiro, a festa de Inauguração do Reino de Cristo. Aí
então, os santos juntamente com Cristo julgarão os mortos descrentes,
os vivos do Milênio e os anjos caídos (Mt 19.28; Lc 22.18,30; 1 Co 6.2-
3; Ap 20.11,12). No final, os mortos ressuscitam, e são lançados no lago
de fogo juntamente com a morte, o hades e Satanás (Ap 20.13-15).
À nova Jerusalém desce à nova terra, e inicia a vida eterna.
Como podemos saber com certeza que ao terminar o milênio
encerrará o Juízo? Pedro e Judas escreveram que os anjos que
pecaram estão reservados em trevas no tártaro, um tipo de abismo
tenebroso, para o juízo do 'grande Dia'. Paulo informa que os santos
julgarão os anjos, com certeza os anjos caídos (2 Pe 2.4; Jd 6; 1 Co 6.3).
24º Problema Teológico 249
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

O livro de Apocalipse, contudo, mostra que quando termina o


milênio, Satanás não passa por um julgado, mas é imediatamente
lançado no lago de fogo (Ap 20.10). Dando a entender que o seu
julgamento, e logicamente dos anjos caídos, se deu durante o Milênio, e
além do mais, nessa ocasião os anjos caídos juntamente com Satanás
estarão presos no abismo (Ap 20.1-3).
Judas escreveu: 'aos anjos que não conservaram suas posições...,
[Deus] os tem guardado em trevas, presos com correntes eternas para o
juízo do grande Dia' (Jd 6 - realmente é um grande Dia: mil anos).
Como detentos em cadeias que esperam o ditame de seu julgamento.
Igualmente as nações vivas no milênio são devoradas pelo fogo no
final do Milênio, sem precisar ser julgadas, porque já foram julgadas no
milênio, (Ap 20.9 c/ Is 66.24). E, em Apocalipse 20.11-12, os mortos
são julgados, o que se deu durante o juízo milenial, mas só depois, no
versículo 13, os mortos ressuscitam para serem lançados no lago de
fogo, isso no final do milênio conforme o versículo 5: ‘o restante dos
mortos não voltou a viver até se completarem os mil anos’.
Em Mateus 25.31-46, que descreve o Dia do Juízo, revela que
primeiramente há o processo da separação dos justos dos injustos, isso
será feito através dos registros dos livros, nos mil anos do reino de
Cristo, e depois vem o veredicto e a sentença:

'Malditos, apartem-se de mim para o fogo, preparado


para o Diabo e os seus anjos... estes irão para o castigo
eterno, mas os justos para a vida eterna' (vv.41,46).

Deus e Cristo é Onipresente, e de sua presença foge a terra e o céu, e


nada, em toda a criação está oculto aos olhos de Deus (Ap 20.11;
Hb 4.13), por isso não terá necessidade nenhuma de todas as nações e
demônios estarem literalmente em pé diante do trono deles, assim como
não houve necessidade do rei Belsazar está literalmente lá no céu, para
ser pesada na balança de Deus e achado em falta (Dn 5.27). Se não nesse
caso teríamos de acreditar em um arrebatamento universal dos seres
humanos! Os registros das obras de cada um estão diante de Deus como
que escritos em livros, assim como os livros dos processos dos réus
estão diante dos juízos humanos.
Os vivos e mortos estão em pé diante de Deus! (Salmo 139.1-12),
serão julgados neste estado durante o Milênio. Isso é visto pela

250 24º Problema Teológico


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

expressão: ‘para julgar os vivos e os mortos’ (1 Pe 4.5). Quem são esses


vivos? A não ser as nações vivas do Milênio! Jesus foi constituído por
Deus ‘juiz de vivos e de mortos’ (At 10.42). E depois no final do Milênio
recebem a sentença ou o veredicto. Diz João:

'Os mortos foram julgados de acordo com o que tinham feito,


segundo o que estava registrado nos livros... aqueles cujos nomes
não foram encontrados no livro da vida foram lançados no lago de
fogo' (Apocalipse 20.12,15).

Como os mortos saberão que estão sendo julgados? Quando o anjo,


em Apocalipse 11.18, ao soar a sétima trombeta, anuncia que 'chegou o
tempo de julgares os mortos', esse anuncio atinge o reino da morte. Se
cremos que os mortos estão consciências na morte, baseado na história
do rico e de Lázaro, então, não há nenhum problema em crê que os
mortos saberão que estão sendo julgados (Lc 16.23-31).
Pedro, em sua primeira epístola no capítulo 4, e versículo 5, diz que
os ímpios 'terão que prestar contas àquele que está pronto para julgar
os vivos e os mortos', no versículo 6, ele responde a questão da
possibilidade dos mortos serem julgados nesse estado, ao escrever: 'por
isso mesmo o evangelho foi pregado também a mortos, para que eles,
mesmo julgados no corpo segundo os homens, vivam pelo Espírito
segundo Deus'. Quer dizer, ainda que não crêssemos na consciência
pós-tumulo, mesmo assim, aos olhos de Deus todos os mortos estão
vivos (Lc 20.38), por isso que Cristo é 'Senhor de vivos e de mortos'
(Rm 14.9). E, assim como Deus avisou “as almas dos justos” quando
seria o julgamento do mundo, assim também Deus anunciará “as almas
dos ímpios” que chegou o tempo do julgamento (Ap 6.9-11).
Assim como os justos já ressuscitam justificados para a vida eterna,
os injustos ressuscitarão já julgados e condenados à morte eterna
(Dn 12.2; Jo 5.28,29). Mas, Deus que é justo e íntegro, jamais lançará
alguém no lago de fogo, sem que antes passe em inspeção 'as obras de
cada um' diante de seus santos e de seus anjos (Ec 12.14;
Mt 10.26,32,33; 12.36,37; Ap 3.5; 20.13). Isso vindicará para todo
sempre a justiça e retidão de Deus, e ninguém em todo o universo se
levantará para acusar Deus de arbitrariedade e abuso de autoridade.
Mas, será que os homens não terão direitos a réplica, ou algum tipo
de advogado de defesa?

24º Problema Teológico 251


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

‘De maneira nenhuma! Seja Deus verdadeiro, e todo homem


mentiroso. Como está escrito: para que sejas justificado nas tuas
palavras e prevaleças...toda boca se cale e todo o mundo esteja
sob o juízo de Deus', diz Paulo (Rm 3.4,19 comp/ Sl 51.4).

Assim, todos se curvarão diante do Filho de Deus, os que estão no


céu (isto é, os seres angelicais e os remidos glorificados), os que estão na
terra (isto é, as nações vivas no milênio), e os que estão debaixo da terra
(isto é, todos os mortos e os demônios no abismo) - Fl 2.9-11;
Rm 14.10,11; Is 45.23-25.

'pois é necessário que ele reine (milênio) até que todos os seus
inimigos sejam postos debaixo de seus pés (julgamento). O último
inimigo a ser destruído é a morte' (no final do Milênio); 'depois de
ter destruído todo domínio, autoridade e poder (no final do
Milênio), então virá o fim e [Jesus] entregará o Reino a Deus, o
Pai, a fim de que Deus seja tudo em todos' (1 Co 15.25-28).

Para concluir esse extenso capítulo, tenho que salientar que


'Tribunal de Cristo', Tribunal de Deus', 'Tribunal do Trono Branco',
'Juízo Final', todos esses títulos se refere ao mesmo Dia do Juízo ou
Juízo Eterno, que começará com a ressurreição dos santos e terminará
na ressurreição dos profanos. Ou melhor, o julgamento de todos terá
inicio quando o Filho do Homem se sentar no seu trono na glória
celestial (Mateus 19.28-30; 25.31,32; Daniel 7.13,14), pois, por
enquanto, ele está no seu trono da graça (Hebreus 4.16; 10.13).
Neste capítulo foi mostrado o real propósito do Milênio. Porque
para alguns o Milênio é uma dispensação judaica e para outros o
Milênio não existe. Porém, foi visto que o Milênio será um tempo
essencial no cumprimento dos propósitos de Deus, tanto no que diz
respeito a levar Cristo a dominar e destruir todos os seus inimigos como
julgar toda a humanidade: salvos e perdidos, vivos e mortos e conduzir
a Terra para sua perfeição na eternidade.
Não se trata da restauração dos sacríficios levíticos, do sacerdócio
arônico, das festas judaicas, da monarquia hebraica, pois ‘todas essas
ordenanças exteriores foram impostas até o tempo da nova ordem’
(Hb 9.10). Na próxima página reproduzirei um gráfico que dá uma visão
panorâmica do Milênio e seu propósito. Porém, nada disso tira de Israel
o seu direito as promessas feitas a Abraão e a Davi. Veremos isso no
próximo capítulo.
252 24º Problema Teológico
O DIA DO JUÍZO

o
(Mt 12.36; 2 Pe 2.9; 2 Pe 3.7; 1 Jo 4.17)
) eja

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28 s r

Também chamado de: ‘Naquele dia’ (Mt 7.22; Lc 10.12; Jo 14.20; 2 Tm 1.18; 4.8),

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3- eus rega

da
2
. D t

h
‘último dia’ ( Jo 6.39; 11.24; 12.48), ‘o dia determinado’ (At 17.31), ‘juízo de Deus’(Rm 2.1-16),
15 ue s en

A
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Co q u

‘juizo vindouro’ (At 24.25), ‘juízo eterno’ (Hb 6.2),’o juízo’ (Hb 9.27; Tg 2.13; 2 Pe 2.4),
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24º Problema Teológico


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e ‘juizo do grande Dia’ (Jd 6)
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- terá uma duração de mil anos (Ap 20.6) -

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tu o a irá

D ia d egut 24ª .T2rom11.15-


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Tribunal de Cristo ou Tribunal de Deus (2 Co 5.10; Rm 14.9-12)


- Jesus sentar-se-á no seu grande trono branco na glória celestial

D ia d a re nd 9-3b1eta o18; 1 C
(Jl .1 ) )
e
para julgar todos os justos e injustos (Mt 25.31-46; Ap 20.11-15)

- m
a d e C a ( çã da 1.6a Tro 2)
or (Fl 2 5-18 4.30 sus
1 2 3 4 5 6

Se risto f 1.1 (Ef de J 10) beta


1ª Ressurreição Fim ou Consumação Os santos são levados à glória
Festa das Bodas do Cordeiro O Fim: 2ª Ressurreição
(dos crentes mortos) dos Séculos: diante do trono de Deus
e Inauguração do Reino Satanás será solta da sua prisão (dos descrentes mortos)
transformação, Vence a Besta São julgados e recompensados com
Jesus é empossado Rei para provação final da todos os descrentes
glorificação e Prende Satanás galardões: serviços teocráticos,
sobre toda Terra humanidade são condenados ao
arrebatamento Feri as nações funções administrativas
Os santos recebem autoridade Tentará retomar o governo fogo eterno
da Igreja muitos mortos pelo Senhor funções sacerdotais e As nações seduzidas por ele, a morte e o hades
para julgar e reinar com Cristo
alguns sobrevivem autoridade para julgar se revoltarão contra os santos e são destruídos
julgará os anjos caídos,
estado caótico da terra tentará se apossar de Jerusalém, a velha terra e o velho
julgará os mortos descrentes,

Di ia d e Ir den a Vin; 2uTùsltimo 15.5 O Armagedom


porém serão totalmente céu renovados e

O lagar das uvas


O vale da decisão
1- (Ap 20.5,6; 1 Ts 4.15-17; 1 Co 15.51-54); 2- (2 Ts 2.8; Ap 19.19-21; 20.3; julgará os vivos do milênio destruídas purgados de toda
Lago de fogo
Inferno de fogo

Is 66.15-16; Jr 4.23-27; 25.30-33; Zc 14.12-16; Is 13.9-13; 24.1); Funções administrativas: com o fogo que desce do céu maldade
3- Jo 14.1-3; 17.24; 2 Co 5.1,2,10; Hb 2.10; Ap 7.9-17; 1 Co 3.12-15; Ap 11.18); reis reinarão sobre a terra- as porque demonstraram não
4- Ap 19.7; Lc 14.15; Mt 22.2; Sl 2.6-9; 110.1-6; 1 Co 6.2,3; Ap 5.9,10; 20.6); nações serão subjulgadas e a querer servir a Cristo no seu Reino
5- (Ap 20.7-10; Ez 38 e 39); 6- (Ap 20.5,12-15; 21.1). terra recuperada Satanás e seus demônios são lançado no lago de fogo
(Ap 20.15; 21.8; Mc 9.43-48)

S M 7 p (Ap 16.14,16; 14.19,20; Jl 2.13-16 )


O Milênio é o Governo de Cristo e do Seu Povo Sobre todas as nações do Mundo
O Milênio é o tempo de restauração ou regeneração de todas as coisas
va Terra (Is 65.17-19; 2 Pe 3.13
o C é u s e No ; Ap 2
Nov 1. 1)
Nova Jerusalém - Cidade Celestial
(Ap 21.2, 9-22.5; Is 54.11-13)

VIDA ETERNA
Nova Humanidade - os filhos de Deus (Ap 21.3-7),
animais, vegetais e rios livres de corrupção (Rm 8.19-21)
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

253
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

25º PROBLEMA TEOLÓGICO:


O pré-tribulacionista não nos diz o que acontecerá
com a nação de Israel depois do Milênio

D epois que a Igreja do Senhor Jesus sai de cena no


arrebatamento o pré-tribulacionista concentra toda a sua
escatologia na Nação terrena de Israel. Ela se torna o principal motivo
do Dia do Senhor, Cristo vem visivelmente para socorrê-la, ela se
tornará uma nação missionária, e terá o privilegio de converter as
nações tanto na grande tribulação como no milênio.
O milênio é extremamente judaico, o templo é reconstruído,
Jerusalém terrena é estabelecida como o centro mundial de adoração.
Israel se tornará a cabeça das nações. Todas as profecias e promessas do
Antigo Testamento a respeito do pacto abraâmico têm que ser
literalmente cumprida na nação de Israel no milênio. Isso é o que nos é
ensinado pelo sistema escatológico pré-tribulacionismo!
Porém, e depois? Quando acabar o milênio o que acontecerá com
essa nação de Israel? Com a promessa feita a Abraão? O que acontecerá
também com os salvos do Milênio convertidos por Israel?
Já li vários livros pré-tribulacionistas, e em nenhum deles,
encontrei sobre o futuro eterno de Israel. Quando termina o Milênio e
entra na Vida Eterna, os pré-tribulacionistas se calão totalmente acerca
de seu fervoroso otimismo judaico. Na grande tribulação é Israel! No
Milênio é Israel! E na eternidade cadê Israel!?
Mas, por que os teólogos pré-tribulacionistas não nos falam desse
tempo com tanta convicção e ‘autoridade’, como falam da grande
tribulação e do milênio? Quando chega na vida eterna Israel se tornará a
Igreja glorificada ou permanecerá como nação terrena? No milênio,
Israel e as nações salvas por Israel estarão sujeitas a morte, se casarão e
gerarão filhos, o que acontecerá com elas na eternidade?
Não é possível que uma nação que serviu fielmente a Deus nos
terríveis massacres da última fase da grande tribulação, que se tornara
proeminente e a razão primordial do Milênio, seja totalmente esquecida
na eternidade! E, além do mais as profecias e alianças que alegam à
Israel o direito ao Milênio, também lhe atribui o direito a eternidade. É
como se Deus dissesse a nação terrena de Israel no final do Milênio:

- 'Pronto já paguei a vocês o que eu devia, agora vocês saem de


cena, que a minha Igreja vai entrar em cena novamente'.
254
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Mas se um judeu retrucasse:


'Mas o Senhor prometeu que seria para sempre, e não apenas
mil anos (Lucas 1.32,33; Jeremias 33.17,18)'.

Deus talvez lhe diria:


'você acha que eu vou suportar por toda eternidade esse velho
sistema de sacrifícios de animais que o meu Filho já aboliu na
cruz'.

Então, o pobre judeu inconformado lamentasse:

'Não teria sido melhor, o Senhor ter nos incluídos na nova


aliança, como o Senhor fez com os nossos antepassados:
Abraão, Isaque, Jacó, Davi e todos os santos do Antigo
Testamento que estão no céu com a Igreja, e assim iríamos
gozar também desse Reino eterno'.

Então Deus diria:

'Este era o meu propósito, mas os pré-tribulacionistas acharam


por bem deixar dividido. Agora saíam que a nova Jerusalém vai
descer!' -

... 'e nós Senhor pra onde vamos...?...'

Mas, graças a Deus que isso não acontecerá, pois os judeus são
herdeiros legítimos do reino eterno assim como promete as muitas
profecias!
Isaías 45.17:

'Mas Israel será salvo pelo Senhor com uma salvação eterna;
vocês jamais serão envergonhados ou constrangidos, por toda a
eternidade'.

Não se trata apenas de uma dispensaçãozinha de mil anos, mas


por toda a eternidade!
Isaías 60.21: 'Então todo o seu povo será justo, e possuirá a
terra para sempre (não só mil anos - que é ‘como o dia de ontem que
passou’ [Salmos 90:4] )’
25º Problema Teológico 255
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Isaías 61.7:

Em lugar de vergonha que sofreu,o meu povo receberá porção


dupla, e ao invés da humilhação, ele se regozijará em sua
herança; pois herdará porção dupla em sua terra, e terá alegria
eterna...e com eles farei aliança eterna..Seus descendentes serão
conhecidos entre as nações'

A proeminência de Israel sobre as nações não durará apenas mil


anos, mas eternamente, pois a aliança é eterna! Não poderá ser
quebrada nem mudada jamais!

Isaías 65.9,17,18:

'Farei surgir descendentes de Jacó, e de Judá quem receba por


herança as minhas montanhas. Os meus escolhidos as herdarão, e
ali viverão os meus servos... Pois vejam! Criarei novos céus e
nova terra, e as coisas passadas não serão lembradas. Jamais
virão à mente! Alegrem-se, porém, e regozijem-se para sempre no
que vou criar, porque vou criar Jerusalém para regozijo, e seu
povo para alegria'

Estes textos não se referem apenas a mil anos, mas mesmo depois
de novos céus e nova terra, Israel possuirá a mesma posição.
Note que a cidade ‘terrena’ de Jerusalém será o centro de adoração
a Deus mesmo depois de Deus criar novos céus e nova terra! E não
venham me dizer agora que essas promessas se referem a Igreja e a
Jerusalém celestial! Pois, vocês vêm negando isso à tempo!

Isaías 66.22:

'Assim como os novos céus e a nova terra que vou criar serão
duradouros diante de mim, declara o Senhor, assim serão
duradouros os descendentes de vocês e o seu nome. De uma lua
nova a outra e de um sábado a outro, toda a humanidade virá e se
inclinará diante de mim, diz o Senhor'

Não é apenas no milênio que Israel instituirá as cerimônias da


antiga lei, mas por toda a eternidade sem fim! E, se na eternidade essas
profecias assumirem um sentido espiritual, por que não assumiram esse
mesmo sentido desde a instituição da nova aliança com a Igreja?

256 25º Problema Teológico


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Jeremias 30.7,9,10,18;31.1,12,24,31,35,36,40:

'Como será terrível aquele dia! Sem comparação! Será tempo de


angústia para Jacó; mas ele será salvo... Servirão ao Senhor, ao
seu Deus, e a Davi, seu rei, que darei a eles... Jacó voltará e ficará
em paz e em segurança; ninguém o inquietará... A cidade será
reconstruída... serei o Deus de todas as famílias de Israel, e eles
serão o meu povo... Eles virão e cantarão de alegria nos altos de
Sião... O povo viverá em Judá e em todas as cidades,.. farei uma
nova aliança com a comunidade de Israel... Assim diz o Senhor
aquele que designou o sol para brilhar de dia, que decretou a lua e
as estrelas brilhem a noite... o seu nome é o Senhor dos exércitos.
Somente se esses decretos desaparecerem de diante de mim,
declara o Senhor, deixarão os descendentes de Israel de ser uma
nação diante de mim para sempre... A cidade nunca mais será
arrasada ou destruída'

Então, repare que o profeta segue uma linha escatológica: grande


tribulação sobre Israel, o milênio e a eternidade. Seguindo a
interpretação literal dessas profecias à nação de Israel, o Senhor terá que
cumprir literalmente a parte que cabe a eternidade, assim como os
pré-tribulacionistas afirmam que Deus cumprirá literalmente as
profecias referente a grande tribulação e o Milênio. Assim Israel nunca
perderá sua posição adquirida no milênio por toda eternidade.

Jeremias 33.17,20,21:

'Davi jamais deixará de ter um descendente que se assente no


trono de Israel, nem os sacerdotes, que são levitas, deixarão de ter
descendentes que esteja diante de mim para oferecer,
continuamente, holocaustos, queimar ofertas de cereal e
apresentar sacrifícios... se vocês puderem romper a minha aliança
com o dia e a noite, de modo que nem o dia nem a noite aconteçam
no tempo que lhes está determinado, então poderá ser quebrada a
minha aliança com o meu servo Davi... e também será quebrada a
minha aliança com os levitas...’

Os pré-tribulacionistas acreditam que Cristo sentará literalmente


no trono da terrena Jerusalém, e o templo será reconstruído no milênio e
os levitas oferecerão sacrifícios. Mas, o Senhor está dizendo que essas
coisas deverão durar para sempre, e jamais deixará de existir e
acontecer, isso ultrapassa o tempo do milênio.

25º Problema Teológico 257


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Já imaginou animais sendo sacrificados por toda a eternidade! Só


tem uma coisa, João disse: ‘Não vi templo algum na cidade’ (Ap 21.22).
A onde esses levitas irão oferecer, continuamente, holocaustos e
queimar seus sacrifícios? A não ser se o sentido dessas profecias forem
outro.
Aí então entenderemos que esse tabernáculo onde deverá ser
oferecidos sacrifícios pelos sacerdotes levíticos trata-se daquele que
se diz: '...aquele que está assentado no trono estenderá sobre eles o seu
tabernáculo' (Ap 7.15), visto como a nova Jerusalém celestial, como
está escrito:

'Vi a Cidade Santa, a nova Jerusalém, que descia dos céus, da


parte de Deus, prepara como uma noiva adornada para o seu
marido. Ouvi uma forte voz que vinha do trono e dizia: “Agora o
tabernáculo de Deus está com os homens, com os quais ele viverá.
Ele serão o seu povo; o próprio Deus estará com eles e será o seu
Deus” (Ap 21.2,3).'

Assim vamos entender também que os sacerdotes são aqueles que


Cristo comprou com o seu sangue e os constituiu 'sacerdotes para servir
a seu Deus e Pai' (Ap 1.5,6). De fato, se diz sobre eles:

'Feliz e santos os que participam da primeira ressurreição!...


serão sacerdotes de Deus e de Cristo' (Ap 20.6).

Os sacrifícios ali oferecidos são se trata de sacrifícios literais de


animais, mas de uma adoração perpétua que se dará a Deus por toda
eternidade, pois diz que os comprados pelo sangue do Cordeiro estarão:
'diante do trono de Deus e o servem dia e noite em seu santuário'
(Ap 7.14,15), como está escrito:
'O trono de Deus e do Cordeiro estará na cidade [celestial] e os
seus servos o servirão' (Ap 22.3).

Os pré-tribulacionistas rapidamente aplicam esses textos à Igreja.


Parece-me que para eles a Igreja é composta apenas de gentios e
esquecem que há nela também judeus. De fato, toda a Igreja é chamada
de 'descendência de Abraão e herdeiros segundo a promessa' (Gl 3.29).
Desse modo podemos compreender o verdadeiro e real sentido das
profecias de Jeremias. Mas mesmo assim eles diz: ‘Deus cumprirá
literalmente as profecias na terrena nação de Israel’.

258 25º Problema Teológico


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Tem outra coisinha. Jeremais profetizou: 'Davi jamais deixará de


ter um descendente que se assente no trono de Israel'. Se essa profecia
deverá cumprir-se literalmente ao pé da letra. Então Jesus deverá descer
do seu 'trono na glória celestial', onde ele está assentado 'à direita do
trono da Majestade nos céus' (Mt 25.31; Hb 8.1) para vir se assentar
literalmente naquele trono em Jerusalém onde Davi e Salomão se
assentaram (1 Reis 2.12). E isso por toda eternidade, pois assim lemos:

'O Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi, e ele reinará
para sempre sobre o povo de Jacó; seu Reino jamais terá fim'
(Lc 1.32,33).

Dá pra imaginar uma coisa dessa! Posto que o sentido verdadeiro e


real dessa profecia de Jeremias significa: 'Ao vencedor darei o direito de
sentar-se comigo em meu trono, assim como eu também venci e sentei-
me com meu Pai em seu trono' (Ap 3.21) e também: 'O trono de Deus e
do Cordeiro estará na cidade [celestial]e os seus servos... verão a sua
face... e reinarão para todo sempre' (Ap 22.3-5). Logo após no versículo
6, lemos: 'O anjo me disse: 'Estas palavras são dignas de confiança e
verdadeiras [do] Senhor, o Deus dos espíritos dos profetas', como
querendo dizer: 'essa é a verdadeira interpretação das profecias!'.
A não ser que um mês Jesus vai se assentar no seu trono celestial
com a igreja e no outro mês Jesus sentará no seu trono terreno com
Israel. É pra ir ou é pra chorar?
E tem mais! Essas promessas e profecias não dizem respeito apenas
aqueles israelitas que estarão vivos depois da grande tribulação, mas
deverá atingir todos os judeus em todas as épocas, porque eles também
fazem parte do povo eleito de Deus, principalmente aqueles que
viveram no Antigo Testamento, sendo assim, deverá haver uma
ressurreição física desse povo. Como supostamente está escrito:

'Mas os teus mortos viverão; seus corpos ressuscitarão...nos dias


vindouros Jacó lançará raízes, e encherá o mundo de frutos' e
também 'todos os descendentes de Israel serão considerados
justos e exultarão' (Isaías 26.19; 27.6; 45.25).

Agora se esses judeus fiéis do Antigo Testamento que ressuscitarão


serão glorificados juntamente com a Igreja, por que o restante da nação
convertida na vinda de Jesus não será glorificada?

25º Problema Teológico 259


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

As crenças pré-tribulacionistas são tão contraditórias, que eles


ensinam que os santos do Antigo Testamento já ressuscitaram com Jesus
baseado em Mateus 27.52,53, à quem eles chamam de 'as primícias' da
primeira ressurreição e que esses santos já estão glorificados no céu com
Jesus. Isso antes da vinda de Jesus, antes do milênio e antes da própria
Igreja ir pro céu.
Porém, esse modo de crê contradiz Hebreus 11.39,40, que foi
escrito muito depois da ressurreição de Jesus, que se referindo aos
santos do Antigo Testamento diz:

'Todos estes [os crentes do Antigo Testamento] receberam bom


testemunho por meio da fé; no entanto, nenhum deles recebeu o
que havia sido prometido. Deus havia planejado algo melhor
para nós [os crentes da nova aliança), para que conosco fossem
eles (os santos da velha aliança) aperfeiçoados'.

Tem duas coisas aqui: primeiro, nenhum santo da antiga aliança


ressuscitou como ‘primícias’ da ressurreição da Igreja, pois eles só
serão ‘aperfeiçoados’ junto com a Igreja.
Em segundo lugar, eles não possuirão uma Jerusalém terrena e
política, pois diz que Deus planeja ‘algo melhor’. Segundo a tradução
da Bíblia Linguagem de Hoje esse ‘plano ainda melhor’ são as
promessas feitas à Israel sendo aperfeiçoadas através da Igreja. Isto é,
não a Jerusalém terrena, mas a Jerusalém celestial, pois lemos: ‘a nossa
pátria está nos céus’ (Fl 3.20).
Assim também lemos acerca dos santos da antiga aliança:

‘Os que assim falam mostram que estão buscando uma pátria. Se
estivessem pensando naquela de onde saíram (isto é, na
Jerusalém terrena) teriam oportunidade de voltar. Em vez disso,
esperavam uma pátria melhor, isto é, a pátria celestial. Por essa
razão Deus... lhes preparou uma cidade’ (Hb 11.14-16).

E essa promessa não vale apenas para os israelitas da antiga aliança,


mas também para toda Nação de Israel atualmente, porque lemos que na
Jerusalém celestial tem ‘doze portas’ e nelas ‘estavam escritos os
nomes das doze tribos de Israel’ (Ap 21.12,13).
Certamente por onde entrará a nação de Israel!
De fato, lemos em Isaías 26.1,2:

260 25º Problema Teológico


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

‘Temos uma cidade forte; Deus estabelece a salvação como muros


e trincheiras. Abram as portas para que entre a nação justa, a
nação que se mantém fiel’ .

Não a nação apóstata, mas a nação fiel composta de judeus que


estão se convertendo através da fé no evangelho de Cristo pregado pela
Igreja (Gl 2.15,16), pois só poderão ‘entrar na cidade pelas portas’
aqueles que ‘lavam as suas vestes no sangue do Cordeiro’ (Ap 22.14).
Leiamos novamente Isaías 26.19:

'Mas os teus mortos viverão; seus corpos ressuscitarão. Vocês,


que voltam ao pó, acordem e cantem de alegria. O teu orvalho é
orvalho de luz; a terra dará à luz os seus mortos'.

O reino milenial pregado pelos pré-tribulacionistas não trará


os judeus mortos de volta à vida. Então não foi desse reino que os
profetas falaram. Pois no reino que eles se referiram 'a terra dará à luz
os seus mortos'. Quem participará da ressurreição milenial? Os santos
do Cordeiro. Conforme lemos em Ap 20.4-6:

'Eles ressuscitaram e reinaram com Cristo durante mil anos. Está


é a primeira ressurreição. Felizes e santos os que participam da
primeira ressurreição! A segunda morte não em poder sobre eles;
serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com ele durante
mil anos'.

'Os restantes dos mortos', aqueles que não pertencem o Cordeiro,


não ressuscitarão nessa ocasião, só no final do Milênio (Ap 20.5). E,
quando ressuscitarem serão 'lançados no lago de fogo' (Ap 20.13-15).
Os santos do Cordeiro não ressuscitam com corpos naturais, mas
corpos celestiais, porque 'carne e sangue não podem herdar o Reino de
Deus, nem o que é perecível pode herdar o imperecível' (1 Co 15.50). De
fato,
'os que forem dignos de tomar parte na era que há de vir e na
ressurreição dos mortos não se casarão nem serão dados em
casamento, e não podem mais morrer, pois são como os anjos. São
filhos de Deus, visto que são filhos da ressurreição' (Lc 20.35,35).

Eles ressuscitarão para serem 'sacerdotes de Deus e de Cristo, e


reinarão com ele durante mil anos'. Israel faz parte desta primeira
ressurreição, pois lemos em Isaías 61.6: 'Vocês serão chamados
25º Problema Teológico 261
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

sacerdotes do Senhor, ministros do nosso Deus' 'para manifestação da


sua glória' (v.3). De fato, quando o Senhor reinar no monte Sião e em
Jerusalém, 'ele destruirá a morte para sempre' (Is 24.23; 25.8).
Por isso que encontramos os 144 mil de todas as tribos de Israel
glorificados com o Cordeiro no monte Sião (Ap 7.4-8; 14.1-5). Diz que
'os resgatados [comprados] do Senhor voltarão. Entrarão em Sião com
cântico [o novo cântico de Ap 14.3]; alegria eterna coroará sua cabeça'
(Is 51.3,11). Deveras, 'os vencedores subirão ao monte Sião para
governar a montanha de Esaú. E o reino será do Senhor' (Obadias
vv.15-17,21).
Porém, quanto aos israelitas apostatas, assim como os crentes
apostatas e as nações chamadas de 'descendência de Esaú' 'o lugar deles
será no lago de fogo que arde com enxofre. Esta é a segunda morte'
(Obadias vv.16,18; Ap 21.8).
Vejamos agora, Ezequiel 37.21-28:

‘Assim diz o Soberano, o Senhor: Tirarei os israelitas das nações


para onde foram. Vou ajuntá-los de todos os lugares ao redor e
traze-los de volta à sua própria terra. Eu os farei uma única nação
na terra...haverá um único rei sobre eles, e nunca mais serão duas
nações, nem estarão divididos em dois reinos (Judá e Israel). Eles
serão o meu povo, e eu serei o seu Deus...o meu servo Davi será rei
sobre eles, e todos eles terão um só pastor...viverão na terra que
dei ao meu servo Jacó. Eles e os seus filhos e os filhos de seus
viverão ali para sempre, e o meu servo Davi será o seu líder para
sempre; será uma aliança eterna. Eu os firmarei e os
multiplicarei, porei o meu santuário no meio deles para sempre.
Então, quando o meu santuário estiver entre eles para sempre, as
nações saberão que eu, o Senhor, santifico Israel'.

O Reino de Israel não durará apenas mil anos, mas para todo
sempre! É fácil aplicar essas profecias para comprovar um milênio
essencialmente judaico, mas e a eternidade, não será também
essencialmente judaica? Onde entra a Igreja nessas profecias? Às vezes
eu fico imaginando: no milênio haverá, segundo os pré-tribulacionistas,
um povo espiritual reinando com Cristo no céu e outro povo terreno
reinando com Cristo na terra? Mas, isso deverá permanecer por toda
eternidade, ou então Deus quebrará suas promessas feitas a Israel!
Nos capítulos 40 até 48 de Ezequiel são descritos o novo templo, a
classe sacerdotal, a divisão da terra de Israel, as ofertas e dias sagrados, e

262 25º Problema Teológico


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

etc., os pré-tribulacionistas aplicam essas profecias literalmente no


milênio, como escreveu Claudionor de Andrade:

‘O capítulo 48 de Ezequiel descreve, em detalhes, os termos que as


doze tribos de Israel ocuparão no período do Milênio’ (Lições
Bíblicas, de Mestre, 4º trimestre de 2004, pág. 72).

Mas no cap. 43.7, que faz parte da visão completa de Ezequiel, está
escrito: 'Filho do homem, este é o lugar do meu trono e o lugar para a
sola dos meus pés. Aqui viverei para sempre entre os israelitas'. Então
esses capítulos não visam apenas mil anos, mas toda a eternidade sem
fim!
Se tomarmos literalmente as profecias de Ezequiel referente ao
novo templo como uma referência ao templo do Milênio onde Israel
oferecerá sacrifícios de animais, teremos que acreditar também que a
circuncisão será praticado no Milênio, pois Ezequiel profetizou:

'Assim diz o Soberano, o Senhor: Nenhum estrangeiro


incircunciso no coração e na carne entrará no meu santuário,
nem tampouco os estrangeiros que vivem entre os israelitas'
(Ez 44.9).

O Dr. Antonio Gilberto escreveu:

‘Durante o Milênio, alguns sacrifícios e ofertas serão restaurados


e observados por Israel com a participação dos gentios
(Escatologia Bíblica EETAD, pág. 93).

Então isso significa que esses gentios terão de praticar a


circuncisão para poderem participar desses sacrifícios com Israel, não
só no Milênio, o que já é um absurdo, mas também por toda a eternidade.
Porém, Paulo chamou essa circuncisão de falsa, dizendo:

‘... cuidado com a falsa circuncisão! Pois nós é que somos a


circuncisão, nós que adoramos pelo Espírito de Deus’ (Fl 3.2,3).

Uma vez que a circuncisão agora é espiritual, o templo e os


sacrifícios também são espirituais. A dispensação do Milênio não
poderá retornar para o falso, pois os sacerdotes de Cristo são os santos
ressuscitados e glorificados (Cl 2.11,12; Ap 20.6).
Quando Ezequiel ministrou essas profecias, Israel estava no
25º Problema Teológico 263
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

cativeiro Babilônico e o templo de Jerusalém destruído. Então suas


profecias deveriam conter elementos literais ao pé da letra para servir de
instrução ao povo após retornarem sua terra e reconstruir o templo.
O que de fato aconteceu na época de Zorobabel, Josué, o sumo
sacerdote, Neemias e Esdras juntamente com os profetas Ageu,
Zacarias e Malaquias. Eles reconstruíram um templo literal, serviam
nesse templo (Ed 6.14-18), e fizeram uma distribuição da terra às tribos
de Israel (Ez 47.21; 48.29; Ne 11.1-4, 20-36)
Porém, há elementos nessas profecias que se referem a um templo
messiânico, escatológico e espiritual, a uma nova Jerusalém celestial, a
uma nova terra chamada de ‘o Senhor está aqui (Ez 48.35)’ e a
estrangeiros que deveriam ser considerados ‘como israelitas de
nascimento’ (Ez 48.22), uma referência ‘aos gentios’ ‘... que mediante o
evangelho são co-herdeiros com Israel, membros do mesmo corpo, e
co-participantes da promessa em Cristo Jesus’ (Ef 3.6; 2.19; Sl 87.1-7).
Essas profecias não devem ser tomadas ao pé da letra morta. Já
e s t u d a m o s s o b r e i s s o n o ' 2 3 º P ro b l e m a Te o l ó g i c o : O
pré-tribulacionista ainda mantém de pé a velha aliança quando trata
da Nação de Israel, do Templo e da cidade de Jerusalém na sua
escatologia' (se você quiser poderá reler novamente este capítulo).
Veremos que a partir da nova aliança instituída por Jesus, o Rei
de Israel, esse cerimonial atinge seu verdadeiro e real significado.
Paulo escreveu:
'Estas coisas são sombras do que haveria de vir; a realidade,
porém, encontrar-se em Cristo' (Cl 2.17).

E também Hebreus 10.1:

'A Lei traz apenas uma sombra dos benefícios que hão de vir, e não
a sua realidade'.

Assim tais coisas não poderão ser restauradas no Milênio! A


realidade do Milênio deverá ser aquela que haverá na eternidade, que
por sua vez vêm por intermédio da nova instituição em Cristo e não da
velha em Arão.
O judeu Paulo Também explica que a Lei subsistiria 'até que viesse
o Descendente a quem se referia a promessa' abraâmica (Gl 3.19). Essa
promessa, que é a herança de Israel, não depende da Lei, mas agora por
meio da 'fé em Jesus Cristo, fosse dada aos que crêem' (Gl 3.18-25).
264 25º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Uma vez que os que têm fé em Jesus Cristo são filhos de Deus
(Gl 3.26), a herança deles não é um reino territorial na Palestina, mas
'uma herança que jamais poderá perecer, macular-se, ou perder o seu
valor... guardada nos céus... prestes a ser revelada no último tempo
[milênio]' (1 Pe 1.4,5; Ap 11.15). Cristo é o herdeiro de Abraão que
inclui isso:
'esteja certo que o abençoarei e farei seus descendentes
(os israelitas crentes - Rm 9.6-8; 11.7) tão numerosos como as
estrelas do céu e como a areia das praias do mar. Sua
descendência (Cristo - Gl 3.16) conquistará as cidades dos que
foram inimigos (no milênio - Ap 12.5) e, por meio dela, todos os
povos da terra serão abençoados (cristãos gentios - Gl 3.14,29) -
Gn 22.17,18.

Os filhos de Deus são co-herdeiros com Cristo (Rm 8.17; Gl 4.7). A


herança deles é um 'Reino inabalável , [por isso] sejamos agradecidos
e, assim adoremos a Deus de modo aceitável' (Hb 12.28).
A adoração aceitável a Deus não se constitui mais na adoração do
templo judaico com os seus rituais, mas como o próprio Messias
explicou:
‘Creia em mim: está próximo a hora em que vocês não adorarão
o Pai... em Jerusalém, e de fato já chegou, em que os verdadeiros
adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade. São estes
adoradores que o Pai procura. Deus é espírito, e é necessário que
os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade’
(Jo 4.21-24).

Quando a mulher samaritana ouviu estas palavras, disse espantada:

‘Eu sei que o Messias está pra vir. Quando ele vier, explicará tudo
para nós’ (Jo 4.25).

Então Jesus lhe traz a grande revelação: ‘Eu sou o Messias! Eu, que
estou [dando essa explicação] a você’ (Jo 4.26).
De fato, o Messias trouxe o verdadeiro significado dos tipos e
símbolos da velha religião judaica. Mas infelizmente os
pré-tribulacionistas ignoram a explicação do Messias e seguem
acreditando na tradição judaica. Porém, os pós-tribulacionistas
preferem seguir o conselho do Messias, que diz: 'Creia em mim: está
próxima a hora em que vocês não adorarão o Pai... em Jerusalém
[terrena, mas na Jerusalém celestial]'.
25º Problema Teológico 265
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Eu creio Senhor! E você crê? Então deixe de ensinar que o velho


templo judaico com os seus rituais levíticos serão novamente
restaurados!
Em razão disso o velho reino de Israel com todo seu aparato
sacerdotal levitíco não poderá ser restaurado no Milênio! Agora se a
nação de Israel está fora dessas realidades; que isso não tem nada haver
com ela, mas com a Igreja. Então por que o Descendente prometido veio
de Israel? O quê ele veio fazer em Israel? Que benefício Cristo lhes
trouxe?
Lemos que do 'povo de Israel' 'é a adoção de filhos', 'é a glória
divina' 'as alianças, a concessão da Lei, a adoração no templo e as
promessas... os patriarcas e o Cristo' (Rm 9.4,5). Por que no Milênio
eles deverão ficar com a parte territorial e provisória? Enquanto que
reinando sobre eles estará a Igreja glorificada, composta por maior parte
de gentios?
Se deles é 'adoção de filhos' por que não são filhos de Deus? E se
são?! Por que não serão glorificados? (Rm 8.29,30). Se deles é 'a glória
divina' por que deverão herdar apenas a Palestina? Enquanto que a
igreja estará na 'glória divina' durante o Milênio?
Se deles são 'as alianças' por que são excluídos da nova aliança que
inclui um 'Reino inabalável' e não apenas um reinado de mil anos?
(Lc 1.32,33; 22.29,30).
Se deles é a 'adoração do templo' por que não terão acesso ao
'verdadeiro templo que o Senhor erigiu, e não o homem'? (Rm 8.2). Por
que serão sacerdotes em um provisório templo terrenal, enquanto que os
cristão serão 'sacerdotes de Deus e de Cristo' em seu templo celestial,
em que aquele da antiga Lei era apenas cópia e sombra? (Hb 8.5).
Se deles são 'as promessas' e como 'filho primogênito’ de Deus
(Os 11.1) por que não herdarão a porção melhor, as 'promessas
superiores' (Hb 8.6) que inclui uma Jerusalém cujo 'brilho [é] como o
de uma jóia muito preciosa, clara como cristal...' cuja 'rua principal da
cidade [é] de ouro puro, como vidro transparente? (Ap 21.11,21). Por
que não entrarão por aquelas 'doze portas' que são feitas de 'doze
pérolas'? (Ap 21.21).
Se deles são 'os patriarcas' por que não 'sentarão à mesa com
Abraão, Isaque e Jacó no Reino dos céus' (Lc 8.11,12) para participarem
do 'banquete das bodas do Cordeiro'? (Ap 19.6-9).
Se deles é o 'Cristo' por que não estarão com ele 'em pé no monte
266 25º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Sião... para cantar um cântico novo diante do trono' (Ap 14.1-5).


Os pré-tribulacionistas pensam que com a sua escatologia
dispensacionalista e judaizante estão dando a Israel o seu devido
lugar. Mas na verdade eles estão rebaixando Israel!
Por exemplo, o pré-tribulacionista Claudionor de Andrade disse
que através do 'templo do Milênio... a glória de Deus haverá de
manifestar-se a Israel e ao mundo' (Lições Bíblicas, de Aluno,
4º trimestre de 2004, págs.16,25). Mas o que acontecerá com esse
templo quando terminarem os efêmeros mil anos? Será destruído? Ou
permanecerá para sempre manifestando a glória de Deus?
Em Ap 21.22-24, João disse: 'Não vi templo algum na cidade, pois
o Senhor Deus e o Cordeiro são o seu templo... a glória de Deus ilumina
e o Cordeiro é a sua lâmpada. As nações andarão em sua luz'.
Se não haverá 'templo algum', então o templo do Milênio será
destruído? Mas quem o destruirá? Porém isso não condiz com Ezequiel
43.6 que diz que o templo milenial é o lugar do trono de Deus, onde
Deus viverá 'para sempre entre os israelitas'. Então não se trata de um
templo terreno, pois Deus 'não habita em templos feitos por mãos
humanas' (At 7.48-50; 17.24).
Assim Cristo é esse templo que manifesta a glória de Deus!
(2 Co 4.6). Ele disse: 'destruam este templo, e eu o levantarei em três
dias' (Jo 2.19). Os mestres judaicos apegados ao velho sistema não
entenderam nada disso, mas seus discípulos, depois que Jesus
ressuscitou dos mortos, entenderam que 'o templo do qual falava era
seu corpo' (Jo 2.20-22). E esse templo é maior que o templo arcaico de
Jerusalém (Mt 12.6). É por entrar nesse templo que a nação santa
oferece sacrifícios verdadeiros a Deus (1 Pe 2.5,9). Os membros do
Corpo de Cristo, também pessoas ressuscitadas, fazem parte desse
templo escatológico, e é composto de judeus e gentios (Ef 2.20-22).
Estando 'em Cristo' sendo 'edificados nele' são 'utilizados como pedras
vivas na edificação' desse templo, tornam-se colunas no 'templo do meu
Deus, e dali [eles] jamais [sairão]' (Ap 3.12).
Esse é o templo que resplandecerá a glória de Deus no Milênio. Isso
é visto claramente quando Paulo aplica o texto de Ezequiel 37.26-28
que fala do templo messiânico milenial à Igreja em 2 Coríntios 6.16:
‘somos templo do Deus vivo. Como disse Deus: ‘Habitarei com eles e
entre eles andrarei; serei o seu Deus, e eles serão o meu povo’
(2 Co 6.16). E continuando suas palavras no capítulo 7.1, Paulo diz:
25º Problema Teológico 267
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

‘Amados (os crentes de Corinto), visto que temos essas promessas,


purifiquemos-nos de tudo o que contamina o corpo e o espírito’. Paulo
aplica essas promessas à Igreja do Senhor, que os pré-tribulacionistas
ensinam que se cumprirão literalmente na nação terrena de Israel,
De fato, o 'Israel de Deus', que é uma 'nova criação' reunida em
Cristo composta de israelitas crentes também são 'pedras vivas' desse
templo santo que resplandecerá a 'vista de todas as nações' no Milênio
(Ez 11.17-20; 20.40-42; 34.11-31; Gl 6.15,16).
Então essas coisas não poderão mudar no Milênio e vir a existir um
templo terreno com um sistema de sacrifícios cruentos. Eis que surgem
'boas novas', 'coisas novas','coisas ocultas' e as coisas passadas jamais
serão lembradas' (Is 40.9; 48.6; 65.17).
Porém, os israelitas apóstata serão lançados 'para fora, nas trevas,
onde haverá choro e ranger de dentes' (Ez 11.20,21; Mt 8.11,12; 21.37-
45; Lc 13.25-29), pois 'o filho da escrava jamais será herdeiro com o
filho da livre' (Gl 4.21-31). Assim não poderá existir no Milênio um
Israel carnal com um sistema de sacrifícios de animais da velha aliança
em um templo terreno juntamente com um Israel espiritual com um
sistema de sacrifícios espirituais da nova aliança em um templo
glorioso, ambos governando com Cristo no Seu Reino (Rm 3.29,30).
Outra prova que esse templo milenial é o Cordeiro é que Ezequiel
47.1-12 diz que a água que produz vida 'fluí do templo' não pode estar se
referindo ao templo judaico da Palestina haja visto que em Ap 22.1 João
diz: 'Então o anjo me mostrou o rio da água da vida que, claro como
cristal, fluía do trono ... do Cordeiro'. O trono do Cordeiro está na
Jerusalém celestial e não na terrena (Ap 22.3).
Ora se temos que tomar as palavras dos profetas literalmente então
teremos que acreditar que do terreno templo judaico fluírá água que dá
vida eterna. Isso não seria uma superstição?! Ou então os judeus irão
construir uma enorme tubulação que ligue o templo terreno deles com o
trono do Cordeiro lá na Jerusalém celestial onde flui água da vida! Haja
encanação! Isso é pura balela!
Visto que a água da vida flui na Jerusalém celestial do trono do
Cordeiro, e a Jerusalém só descerá dos céus para a nova terra depois do
Milênio (Ap 21.1,2), isso mostra que as nações do Milênio, aquelas que
sobreviverão à guerra do Armagedom, não beberão dessa água, por isso
que no final do Milênio são destruídas pela segunda morte (Ap 20.7-
9,15). Porém, sobre o povo do Cordeiro é dito que 'a segunda morte não
268 25º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

tem poder sobre eles' (Ap 20.6), porque não só beberam da água da vida
que fluí do trono do Cordeiro como também comeram do fruto da árvore
da vida produzida por essas águas vivas (Ez 47.12; Jo 4.14; Ap 2.7;
22.2,14).

Todavia, para os pré-tribulacionistas haverá dois povos de


Deus no Milênio: um celestial e outro terreno. Assim escreveu o
pré-tribulacionista Wim Malgo:

'O Senhor tomará para si seu povo celestial e ao seu povo terreno
dará novamente a posse integral da terra dos seus pais'
(Terá Chegado o Fim de Todas as Coisas, pág.124 o grifo é meu).

Como acontecerá isso? Deixemos que Claudionor de Andrade nos


dê essa resposta:

‘Profetiza Zacarias que, quando os israelitas se virem cercados


pelas nações da terra, para destruí-los, clamarão angustiados
pelo socorro divino. Nessa ocasião crucial, Jesus haverá de se
manifestar sobre Jerusalém com grande poder e majestade com
sua Igreja glorificada, livrará Israel de certeira destruição. Israel
pranteará, humilhado e arrependido, aceitando o Senhor Jesus, a
quem rejeitaram na sua primeira vinda (Zc 12.9,10; 13.1; 14.2-9;
Ap 1.7; Is 66.15,16). Neste exato momento, experimentarão uma
grande efusão do Espírito Santo (Zc 12.10)’ (Lições Bíblicas, de
Mestre, 4º trimestre de 2004, pág.71).

As profecias de Zacarias nos conduzem para um evento conhecido


como Dia do Senhor. Esse será o dia em que o Senhor livrará Seu povo,
destruirá os inimigos do Seu povo e estabelecerá o Seu Reino. O
estudante da Bíblia para ter uma fiel interpretação das profecias precisa
levar em consideração o assunto geral nas Escrituras e desconsiderar
alguns detalhes que diz respeito à época e a realidade em que o profeta
está profetizando. O profeta às vezes está falando de uma nova época
baseado nos elementos da sua época. Nem todos os detalhes da profecia
devem se tomados literalmente!
Por exemplo, Zacarias disse que o Senhor castigará ‘todas as
nações que lutarem contra Jerusalém... com uma praga que apodrecerá
a carne’ e tal praga ‘cairá’ também ‘sobre cavalos e mulas, camelos e

25º Problema Teológico 269


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

usavam esses animais em suas guerras. Mas hoje, não se usa mais cavalo
na guerra, e sim tanque, mísseis e aviões.
Então veja que para haver um cumprimento literal conforme ensina
os pré-tribulacionistas, o mundo deverá retroceder de sua época de alta
tecnologia para a época primitiva.
Mas não apenas com os detalhes da época devemos estar atentos,
mas também com a natureza das profecias. Pedro escreveu:

'Assim, temos ainda mais firme a palavra dos profetas, e vocês


farão bem se a ela prestarem atenção, como a uma candeia que
brilha em lugar escuro, até que o dia clareie e a estrela da alva
nasça no coração de vocês' (2 Pe 1.19).

O apostolo falou isso se referindo a interpretação das profecias,


pois logo mais disse: 'Antes de mais nada, saibam que nenhuma
profecia da Escritura provém de interpretação pessoal' (v.20). Então
ele mostra que assim como os profetas 'falaram da parte de Deus
[movidos] pelo Espírito Santo' (v.21), assim também é o Espírito Santo
que interpreta as Escrituras proféticas. Não são os homens porque
'jamais a profecia teve origem na vontade humana' (v.21). É o Espírito
Santo que interpreta as verdades espirituais (1 Co 2.13).
De fato, para entendermos as profecias precisamos de mais luz!
Essa luz vem através da 'estrela da alva'. O Messias é a 'resplandecente
Estrela da Manhã' (Ap 22.16). Como já foi dito: 'Quando o Messias vier,
explicará tudo para nós' (Jo 4.25). Realmente o Messias disse aos seus
discípulos: 'Tenho ainda muito que lhes dizer, mas vocês não o podem
suportar agora. Mas quando o Espírito da verdade vier... lhes
anunciará o que está por vir' (Jo 16.12,13).
Para entendermos o futuro que está por vir referido nas profecias
precisamos da luz da revelação apostólica, porque foram eles que
receberam do Espírito o esclarecimento de 'toda a verdade'. Paulo disse:
'mas Deus o revelou a nós por meio do Espírito' (1 Co 2.10). Em outra
ocasião, Paulo também escreveu: 'mas agora foi revelado pelo Espírito
aos santos apóstolos e profetas' (Ef 3.5). Assim, os profetas não podem
ser lidos e interpretados sem os apóstolos!
Os apóstolos escreveram farto material divinamente inspirado
sobre o dia do Senhor e os acontecimentos relacionados a esse dia!
Dando a correta interpretação dos profetas. E é dentro desse arcabouço
apostólico que as profecias de Zacarias e dos demais profetas devem ser
270 25º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

entendidas.
Zacarias falou do dia do Senhor, do livramento do povo de Israel,
da destruição das nações inimigas e do estabelecimento do Reino do
Senhor. Quais são as explicações dos apóstolos, por meio do Espírito da
verdade, sobre esses assuntos?
Comecemos pelo povo de Israel. Os apóstolos demonstraram com
base nas Escrituras proféticas que Jesus é o Messias prometido a
Abraão, a Israel e a Davi! (At 17.2,3; 28.23,24). Sem este testemunho
apostólico não tinha como nós sabemos disso! Portanto, é a mais pura
verdade e indiscutível.
Esse Messias deveria restaurar a nação de Israel, introduzi-la no
Reino davídico e destruir seus inimigos. Restaurar a nação de Israel
significa ‘reunir’ ‘juntar’ ‘congregar’ os israelitas dispersos entre as
nações em sua própria terra (Zc 10.8-10; Is 11.11,12). O apóstolo João
nos forneceu esclarecimento sobre isso, quando escreveu: 'Jesus
morreria pela nação judaica, e não somente por aquela nação, mas
também pelos filhos de Deus que estão espalhados, para reuni-los num
povo' (Jo 11.51,52).
Esta mensagem de 'trazer de volta Jacó', 'reunir Israel' e 'restaurar
as tribos' através do Messias estava praticamente presente em todas as
profecias. Isaías, por exemplo, disse:

'E agora o Senhor diz, aquele que me formou no ventre para ser o
seu servo, para trazer de volta Jacó, e reunir Israel a ele mesmo,
pois sou honrado aos olhos do Senhor... ele diz: Para você é coisa
pequena demais ser meu servo para restaurar as tribos de Jacó e
trazer de volta aqueles de Israel que eu guardei' (Isaías 49.5,6).

Os apóstolos entenderam esses termos como se referindo a


salvação de Israel. Por exemplo, Paulo cita Isaías 10.22,23 em Romanos
9.27,28, mas em vez de dizer: 'apenas um remanescente voltará', disse:
'apenas o remanescente será salvo'.
Trazer os israelitas de volta para sua terra significava 'voltar para o
Deus Poderoso' (Is 10.21), uma vez que eles estavam dispersos por
causa de seus pecados, então voltar para terra de Israel significava voltar
a adorar a Deus de modo verdadeiro. Mas não foram só os apóstolos que
entenderam essa restauração de Israel como referindo-se a salvação da
nação, mas os próprios profetas também faziam essa associação. Para
eles 'trazer Israel de volta' também significava a 'salvação' e o 'resgate'
25º Problema Teológico 271
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

de Israel (Is 51.9-11; 52.10-12). O Senhor disse: 'Vocês foram vendidos


por nada, e sem dinheiro vocês serão resgatados' (Is 52.3). Dentro dessa
mensagem de salvação e resgate, o Messias aparece nas profecias como
o 'servo sofredor' que deveria morrer como preço de resgate pela nação
de Israel e trazer-la de volta a Deus (Is 53), esse servo seria um
'mediador para o povo de Israel... para libertar da prisão os cativos'
(Is 42.1,6,7), 'ele seria desprezado e detestado pela nação' (Is 49.7),
mas depois seria 'engrandecido, elevado e muitíssimo exaltado'
(Is 52.13,14). Assim entendermos porque João relacionou a morte de
Jesus com reunir Israel (Jo 11.51,52).
Veja que o Evangelho está se formando! Tanto Jesus como os
apóstolos falaram com base nessas profecias que 'o Cristo haveria de
morrer e ressuscitar dos mortos' (Lc 24.25,26,44,45). Porém, antes de
Jesus ressuscitar os seus discípulos não entendiam que ele tinha que
sofrer, ser morto e ressuscitar (Mt 16.21,22; 26.31,32; Jo 20.9). Os
discípulos pensavam que quando Jesus entrasse em Jerusalém 'o Reino
de Deus ia se manifestar de imediato' (Lc 19.11,35-38). Quando o
Messias morreu ficaram um pouco decepcionados. Dois deles
disseram: '... nós esperávamos que era ele que ia trazer a redenção a
Israel' (Lc 24.21).
Veja que eles não conseguiam ver nas profecias que a 'redenção a
Israel' seria realizada através do sofrimento do Messias. Os doutores da
lei não ensinavam isso nas sinagogas, por isso que os discípulos que
freqüentavam as sinagogas não sabiam disso! Quando eles, mais tarde
começaram a pregar nas sinagogas tinham que explicar e provar com
base nas Escrituras 'que o Cristo deveria sofrer e ressuscitar dentre os
mortos' (At 17.2,3).
Isso aqui se constituía em boas novas! Por quê? Porque Jesus só
poderia resgatar Israel e restaurara como uma nação para servir a Deus
se ele morresse por ela. E a morte do Messias não foi algo inventado de
última hora. Não! Já estava no 'propósito determinado e
pré-conhecimento de Deus' que vieram à tona através das palavras dos
profetas (At 2.23; 13.27).
Isaías fala de 'uma voz' que 'traz boas novas [de salvação] a Sião...'
em 'que toda carne verá a salvação de Deus'(Is 40.3-9; Lc 3.4-6).
Precisamos ter em mente que esse termo 'salvação' incluía a restauração
de Israel por causa de seus pecados contra Deus que os levavam cativos
para debaixo do poder das nações, a participação de Israel no Reino do
272 25º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Messias em Sião e a destruição de todas as nações inimigas. Por


enquanto estamos estudando sobre a restauração de Israel.
Os apóstolos que eram intérpretes dos profetas identificaram essa
'voz que traz boas novas [de salvação] a Sião' com João Batista (Mt 3.1-
3). Os apóstolos também compreenderam pelo Espírito Santo que 'o
meu mensageiro' que cuja missão seria 'preparará o caminho do
Senhor' de Ml 3.1 era João Batista (Mc 1.2-4). E Jesus que dava
explicação das profecias aos seus discípulos ensinou que o 'Elias' de
Ml 4.5 - 'enviarei a vocês o profeta Elias antes do grande e temível dia
do Senhor' - era também João Batista (Mt 11.14; 17.10-13). Então a
missão de João Batista era levar o povo de Israel ao arrependimento,
Paulo escreveu: 'Antes da vinda de Jesus, João pregou um batismo de
arrependimento para todo o povo de Israel' (At 13.24).
João Batista dizia: 'Arrependem-se, pois o Reino dos céus está
próximo' (Ml 3.1). Por que o povo de Israel deveria se arrepender?
Porque João Batista anunciava o 'dia do Senhor', que ele chamava de
'ira futura' (Ml 4.5 c/ Mt 3.7). Esse dia seria tão 'terrível' que o profeta
pergunta: 'Mas quem suportará o dia da sua vinda? Quem ficará em pé
quando ele aparecer?' (Ml 3.1,2). Nesse dia também o Reino seria
estabelecido trazendo salvação a Israel, mas destruição as nações
inimigas. Mas se Israel não se arrependesse de seus pecados em vez de
ser salva nesse dia seria destruída! Por isso que 'João dizia às
multidões...:'Quem lhes deu a idéia de fugir da ira futura. Dêem fruto
que mostre arrependimento. Não pensem que vocês podem dizer a si
mesmos: Abraão é nosso pai' (Lc 3.7,8). A salvação de Israel, isto é, sua
inclusão no Reino dos céus não dependia simplesmente do fato deles
serem filhos naturais de Abraão, mas de se arrependerem de seus
pecados.
Irmãos, percebam que João Batista anunciava a vinda do Reino e a
ira futura como acontecimentos que iriam acontecer no dia do Senhor, e
esse dia é a vinda do Senhor visto que a profecia dizia: 'eu enviarei o meu
mensageiro (João Batista), que preparará o caminho diante de mim. E
então, de repente, o Senhor que vocês buscam virá... Mas quem
suportará o dia da sua vinda? Quem ficará em pé quando ele aparecer?'
(Ml 3.1,2), isso estava relacionado com Ml 4.5 que diz: 'enviarei a vocês
o profeta Elias antes do grande e temível dia do Senhor'. Então isso
significa que os pré-tribulacionistas estão errados quando dizem que o
'dia do Senhor' e a 'ira futura' é a grande tribulação!
25º Problema Teológico 273
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

A nação de Israel tinha que se arrepender de seus pecados e aceitar o


batismo de João como meios de entrarem no Reino anunciado por João
Batista. Caso contrário, não escaparia da destruição ou ira futura.
Falando da missão de João, o anjo disse a Zacarias, seu pai:
'Fará retornar muitos dentre o povo de Israel ao Senhor, o seu
Deus. E irá adiante do Senhor, no espírito e no poder de Elias,
para fazer voltar o coração dos pais a seus filhos e os
desobedientes à sabedoria dos justos, para deixar um povo
preparado para o Senhor' (Lc 1.16,17).

Esse 'retorno' era exatamente 'trazer de volta Jacó', 'reunir Israel'


de que falara os profetas. Outros termos também aparecem nos profetas
como 'restaurar Israel' 'resgatar Israel' e 'salvar Israel'. Zacarias, pai
de João Batista, em sua profecia inspirada pelo Espírito Santo, nós dá
um entendimento correto sobre a salvação de Israel, ele profetizou:
'Louvado seja o Senhor, o Deus de Israel, porque visitou e redimiu
o seu povo. Ele promoveu poderosa salvação para nós, na
linhagem do seu servo Davi (como falara pelos seus santos
profetas, na antiguidade), salvando-nos dos nossos inimigos e da
mão de todos os que nos odeiam, para mostrar sua misericórdia
aos nossos antepassados e lembrar sua santa herança, o
juramento que fez ao nosso pai Abraão: resgatar-nos da mão dos
nossos inimigos para o servimos sem medo, em santidade e
justiça, diante dele todos os nossos dias. E você, menino (João
Batista), será chamado profeta do Altíssimo, pois irá adiante do
Senhor, para lhe preparar o caminho, para dar a seu povo o
conhecimento da salvação mediante o perdão dos seus pecados'
(Lc 1.68-77).

Sem isso 'perdão dos seus pecados' não havia restauração ou


salvação ou redenção de Israel. Por isso que João, conforme diz Marcos,
'surgiu batizando no deserto e pregando um batismo de arrependimento
para o perdão dos pecados'. Os israelitas que vinham a João
'confessando os seus pecados, eram batizados por ele no rio Jordão'
(Mc 1.4,5). João estava purificando a nação para poder servir a Deus 'em
santidade e justiça', e assim estaria preparada para o Senhor.
Em Lucas 7.29,30, encontramos as seguintes palavras: 'Todo o
povo, até os publicanos, ouvindo as palavras de Jesus, reconheceram
que o caminho de Deus era justo, sendo batizados por João. Mas os
fariseus e os peritos da lei rejeitaram o propósito de Deus para eles,
não sendo batizados por João'.

274 25º Problema Teológico


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Aqueles que rejeitavam o batismo de João estavam fora do 'um


povo preparado para o Senhor' (Lc 1.17). Por isso que quando João via
que os 'fariseus e saduceus' vinham apenas para espionar o seu batismo,
dizia: 'Raça de víboras! Quem lhes deu a idéia de fugir da ira que se
aproxima. Dêem fruto que mostre o arrependimento!' (Mt 3.7). Essa
cambada de classe religiosa não reconhecia que o batismo de João era
do céu (Mt 21.23-27).
Porém, João Batista sabia que o seu batismo de arrependimento não
era suficiente, mas que o povo de Israel deveria ser batizado com
Espírito Santo e com fogo para serem realmente purificados! Essa
promessa do derramamento do Espírito sobre a nação de Israel fazia
parte da grade de profecias antigas sobre a restauração ou salvação ou
purificação de Israel (Is 44.1-5; Ez 36.24-28; Jl 2.27-29; Zc 13.9;
Ml 3.2b-4). Por isso que o Messias que deveria restaurar a nação de
Israel ou traze-la de volta a Deus ou salvar a nação de Israel ou ainda
introduzir Israel no Reino era apontado por João Batista como aquele
que 'batiza com Espírito Santo' (Jo 1.29-34).
Assim o Messias é o autor da salvação de Israel chamado de
'Salvador de Israel' (At 13.24-26). Essa salvação incluía restaurar
(remir seus pecados) e batizar com Espírito Santo a nação de Israel.
Jesus Cristo é o cumprimento literal e perfeito das profecias! Em uma
certa ocasião, na sinagoga leu a seguinte profecia de Isaías:
'O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para
pregar boas novas aos pobres, ele me enviou para proclamar
liberdade aos presos e recuperação da vista aos cegos, para
libertar os oprimidos e proclamar o ano da graça do Senhor'
(Lc 4.16-21).

Então disse: 'Hoje se cumpriu a Escritura que vocês acabaram de


ouvir' (v.21). Quer dizer, os tempos de restauração chegaram! Quando o
Messias veio a Israel, a nação já estava em sua própria terra, porém,
estavam dispersa de Deus. Mateus relata: 'Ao ver as multidões, [Jesus]
teve compaixão delas, porque estavam aflitas e desamparadas, como
ovelhas sem pastor' (Mt 9.36). Então a missão do Messias incluía reunir
essas ovelhas dispersas. Ele disse: 'Eu fui enviado apenas às ovelhas
perdidas de Israel' (Mt 15.24). Quando esteve na casa do judeu Zaqueu,
disseram: 'Ele se hospeda na casa de um pecador'. Jesus lhes
respondeu: 'Hoje houve salvação nesta casa! Porque este homem
também é filho de Abraão. Pois o Filho do homem veio buscar e salvar o
25º Problema Teológico 275
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

que estava perdido' (Lc 19.7-10). Jesus falava da 'ovelha perdida'


'dracma perdida' e do 'filho perdido' a fim de mostrar a situação de
Israel e sua missão de ir atrás da 'ovelha perdida até encontrá-la'
(Lc 15.1-32). Encontramos essa missão messiânica nos profetas
referente a restauração de Israel. Então restaurar Israel era congregar o
povo em um só rebanho de ovelhas! Em Ezequiel, lemos:
'Assim diz o Senhor: Eu mesmo buscarei as minhas ovelhas e delas
cuidarei. Assim como o pastor busca as ovelhas dispersas quando
está cuidando do rebanho, também tomarei conta de minhas
ovelhas. Eu as resgatarei de todos os lugares para onde foram
dispersas num dia de nuvens e de trevas. Eu as farei sair das outras
nações e as reunirei, trazendo-as dos outros povos para a sua
própria terra. E as apascentarei nos montes de Israel... ali se
alimentaram, num rico pasto... e as farei deitar e repousar... a
nação de Israel, são o meu povo... vocês, minhas ovelhas, ovelhas
da minha pastagem, são o meu povo, e eu sou o seu Deus'
(Ez 34.11-31).

Em Miquéias 2.12-14, também lemos:


'Vou de fato ajuntar todos vocês, ó Jacó; sim, vou reunir o
remanescente de Israel. Eu os ajuntarei como ovelhas num
aprisco, como um rebanho numa pastagem; haverá ruído de
grande multidão. Aquele que abre o caminho irá adiante deles;
passarão pela porta e sairão. O rei deles, o Senhor, os guiará'.

Quando Jesus ia nas 'cidades e povoados de Israel proclamando as


boas novas do Reino de Deus'(Lc 4.43; 8.1), e fazendo muitos
seguidores estava na verdade ajuntado essas ovelhas num aprisco.
Cumprindo assim as profecias. No capítulo 10 de João, Jesus aplicou a
si mesmo essas profecias:'Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a sua
vida pelas ovelhas'. Por que o bom pastor deveria dá a sua vida pelas
ovelhas? Como preço de resgate a fim de ter o direito de reunira-las de
'todos os lugares para onde foram dispersas' devido os seus pecados. O
objetivo dele era: 'É necessário que eu as conduza... Elas ouvirão a
minha voz, e haverá um só rebanho em um só pastor... As minhas
ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes
dou a vida eterna, e elas jamais perecerão; ninguém as poderá
arrancar da minha mão'(vv.11,16,27). Opa! O Messias dará a vida
eterna aquelas ovelhas que ele ajuntará em 'um só rebanho'.
Para serem reunidas em 'um só rebanho' essas ovelhas deveriam
entrar pela porta. Jesus disse: 'Eu lhes asseguro que aquele que não
276 25º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

entra no aprisco das ovelhas pela porta, é ladrão e assaltante... Eu sou


a porta das ovelhas; quem entra por mim será salvo. Entrará e sairá, e
encontrará pastagem' (vv.1,7,9). Esse é o único meio de ser congregado
a um só rebanho do bom pastor!
Será que o Messias conseguiu reunir essas ovelhas dispersas? Jesus
Cristo estava plenamente convencido da sua missão. Ele disse para o
pequeno grupo de seguidores: 'Não tenham medo, pequeno rebanho,
pois foi do agrado do Pai dar-lhes o Reino' (Lc 12.32). Isso aqui é uma
revelação bombástica!!! Os israelitas que seguiam o Messias
representavam a reunião de Israel em um só rebanho de ovelhas! Essa é
a grande revelação do Novo Testamento! Se lermos as profecias dentro
dessa luz teremos uma maior compreensão delas!
Veremos que os escritos dos apóstolos corroboram essa
interpretação e que eles formularam argumentos contra as objeções.
Mas o que isso tem haver com as profecias de Zacarias? Tudo!
Muito embora os livros dos profetas fossem lidos todos os sábados
nas sinagogas (At 13.27; 15.21) e os doutores da lei estudavam
cuidadosamente as Escrituras (Jo 5.39), mesmo assim, eles não tinham
uma verdadeira interpretação dos profetas. A respeito disso, Jesus
aconselhou seus discípulos: 'Estejam atentos e tenham cuidado com o
fermento (isto é, o ensino) dos fariseus e dos saduceus' (Mt 16.5,12).
De fato, as palavras dos profetas eram quase indecifrável, haja visto
que os profetas falavam dos assuntos de modo geral. Porém, os
apóstolos, a quem 'foi dado o conhecimento dos mistérios do Reino dos
céus' pelo Espírito Santo colocaram as profecias nos seus devidos
lugares (Mt 13.11; 24.45; 1 Co 2.10). Era como se fosse uma peça de
quebra-cabeça toda espalhada. Aos apóstolos foram dado a capacidade
de montar essas peças. Graças a Deus!
O profeta Zacarias, por exemplo, falou do dia do Senhor em que as
nações inimigas de Israel seriam destruídas, e que o Senhor seria rei
sobre toda a terra e Jerusalém seria habitada para sempre, entre essas
profecias ele disse:
'Levanta-se, ó espada, contra o meu pastor, contra o meu
companheiro! Declara o Senhor dos Exércitos. Feri o pastor, e as
ovelhas se dispersarão, e voltarei minha mão para os pequeninos'
(Zc 13.7).

Seria o Messias ferido no dia do Senhor? Claro que não! O modo


literal como os doutores da lei interpretavam as profecias levavam
25º Problema Teológico 277
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

ignorar o sofrimento do Messias. Não entendiam que antes do Messias


trazer o reino deveria primeiro ser ferido. Isso era necessário porque a
profecia dizia que 'as ovelhas do rebanho' deveria ser refinada e
purificada (Zc 13.9). Encontramos essa profecia nos escritos dos
apóstolos em seu devido lugar. Mateus 26.31,32 diz:
'Então Jesus lhes disse: Ainda esta noite todos vocês me
abandonarão. Pois está escrito: Ferirei o pastor, e as ovelhas do
rebanho serão dispersas. Mas, depois de ressuscitar, irei adiante
de vocês para a Galiléia'.

Depois que Jesus foi preso 'todos os discípulos o abandonaram e


fugiram... Mas tudo isso aconteceu para que se cumprissem as
Escrituras dos profetas' (Mt 26.56). Veja que os 'discípulos [que] o
abandonaram e fugiram' na profecia de Zacarias aparecem como 'as
ovelhas do rebanho' 'os pequeninos' e a 'terça parte'. Esses seriam
'purificados com fogo' e 'invocaria o nome do Senhor' e seriam
chamados de 'meu povo'. Zacarias também diz: 'voltarei minha mão
para os pequeninos' depois do pastor ter sido ferido. Isso refere-se a
ressurreição de Jesus, pois ao citar essa profecia, Jesus disse: 'Mas,
depois de ressuscitar, irei adiante de vocês para a Galiléia'.
De modo semelhante, Zacarias diz que no dia do Senhor 'os
habitantes de Jerusalém'... olharão para mim, a quem transpassaram' e
'naquele dia uma fonte jorrará para os descendentes de Davi e para os
habitantes de Jerusalém para purificá-los do pecado e da impureza'
(Zc 13.1). Quando uma fonte jorrou para a purificação de Israel? Lendo
a profecia de modo literal sem discernir a natureza e a época das
profecias (1 Pe 1.10-12), como faziam os doutores da lei, e infelizmente
os dispensacionalistas, dá para imaginar que será quando 'o Senhor' vier
'com todos os seus santos' (Zc 14.3). Porém, segundo os apóstolos, que
eram intérpretes fiéis dos profetas, isso aconteceu quando o Messias
estava pendurado na cruz. O apóstolo João disse: 'um dos soldados perfurou
o lado de Jesus com uma lança, e logo saiu sangue e água. Aquele que o viu, disso deu
testemunho, e o seu testemunho é verdadeiro. Ele sabe que está dizendo a verdade, e
dela testemunha para que vocês também creiam. Estas coisas aconteceram para que
se cumprissem a Escritura... Olharão para aquele que transpassaram' (Jo 19.34-37).
Assim os apóstolos, que eram as testemunhas da verdade,
compreenderam que a vinda do Messias prometido se daria em duas
vindas: na primeira o Messias viria para reunir e purificar Israel através
da Sua morte e ressurreição e na segunda vinda virá para destruir os

278 25º Problema Teológico


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

inimigos e introduzir Israel no Reino. Porém, o Israel que iria ser


introduzido no Reino seria o Israel que foi reunido e purificado através
do arrependimento e fé no Messias (Is 59.20). Pois os israelitas infiéis
seriam destruídos junto com as nações inimigas no dia do Senhor
(Is 1.6-22; Ez 7.1-9; Os 5.1-12; Jl 2.1-11; Am 5.18-23; 9.5-10; Sf 2.1-3).
Dentre as Escrituras proféticas que falam sobre as duas vindas do
Messias, poderei citar Zc 9.9-17: na primeira ele virá como um ‘rei...
humilde e montado num jumentinho’ (Zc 9.9 c/ Mt 21.4-11), e na
segunda ele ‘aparecerá... e brilhará como o relâmpago’ (Zc 9.14 c/
Mt 24.27-31). Não obstante preciso salientar que a segunda vinda de
Jesus não se divide em duas etapas. Os pré-tribulacionistas inventaram
isso a fim de fazer cumprir o programa da sua escatologia judaizante.
Por que então a nação de Israel não foi restaurada na primeira vinda
do Messias? Os apóstolos nos responderão essa pergunta, antes, porém,
iremos ver mais algumas coisas que o Messias iria fazer em Israel:
A Nova Aliança. Em Jeremias 31.31-34, lemos:
Estão chegando os dias, declara o Senhor, quando farei uma nova
aliança com a comunidade de Israel e com a comunidade de Judá.
Não será como a aliança que fiz com os seus antepassados quando
os tomei pela mão para tirá-los do Egito; porque quebraram a
minha aliança, apesar de eu ser o Senhor deles, diz o Senhor. Está
é a aliança que farei com a comunidade de Israel depois daqueles
dias, declara o Senhor: Porei a minha lei no íntimo deles e a
escreverei nos seus corações. Serei o Deus deles, e eles serão o
meu povo. Ninguém mais ensinará ao seu próximo nem ao seu
irmão, dizendo: Conheça ao Senhor, porque todos eles me
conhecerão, desde o menor até o maior, diz o Senhor. Porque eu
lhes perdoarei a maldade e não me lembrarei mais dos seus
pecados'

Na primeira aliança a comunidade de Israel foi resgatada do Egito


através do sangue de um animal cujo sangue foi levado para dentro do
tabernáculo, celebrava a páscoa como sinal deste resgate, recebeu a Lei
no monte Sinai escrita em tábuas de pedras. Foram constituídos uma
congregação formada por israelitas circuncidados na carne, um reino
político tendo como sede a cidade de Jerusalém e uma nação sacerdotal
para oferecer sacrifícios no templo e tomariam posse da herança
prometida ao descendente de Abraão (Êx 12.1-13; 19.6; Hb 9.18-22).
Na segunda aliança a comunidade de Israel seria resgatada de todas
as nações através do sangue do Messias cujo sangue foi levado para

25º Problema Teológico 279


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

dentro do tabernáculo celestial, celebraria a ceia como sinal deste


resgate, receberia a Lei no monte Sião escrita nos corações mediante o
Espírito Santo. Foram constituídos uma congregação formada por
israelitas batizados em águas, um reino eterno tendo como sede a cidade
de Jerusalém celestial, uma nação sacerdotal para oferecer sacrifícios
espirituais no templo espiritual e tomariam posse da herança prometida
a Cristo descendente de Abraão.
A primeira aliança deveria permanecer até a chegada da nova
aliança, depois disso essa aliança se tornaria velha, inútil e obsoleta não
podendo ser restaurada jamais. Quando essa nova aliança deveria entrar
em vigor?
Os apóstolos lançaram grandes esclarecimentos sobre esse assunto,
de modo que temos farto material sobre a nova aliança. Eles registraram
a instituição da nova aliança. Lucas escreveu: 'Da mesma forma, depois
da ceia, [Jesus] tomou o cálice, dizendo: Este cálice é a nova aliança no
meu sangue, derramado em favor de vocês' (Lc 22.20). Essa nova
aliança entrou em vigor quando Jesus Cristo foi sacrificado na cruz,
ressuscitou e ascendeu aos céus. Doravante, a velha aliança que inclui as
coisas que descrevi caiu em desuso. Essa nova aliança foi feita com a
comunidade de Israel, portanto as coisas que pertencem a nova aliança
são deles por direito.
Durante a instituição da nova aliança, Jesus disse aos seus
apóstolos: 'eu lhes designo um Reino, assim como meu Pai o designou a
mim, para que vocês possam comer e beber à minha mesa no meu Reino
e sentar-se em tronos, julgando as doze tribos de Israel' (Lc 22.29,20).
O pré-tribulacionista Elienai Cabral, referindo esse texto disse:
'Lembremo-nos, ainda que os 12 apóstolos julgarão, ou
governarão, as 12 tribos de Israel (Mt 19.28; Lc 22.30). Isso
requer uma restauração literal de Israel. Não há como a Igreja
possa vir a ser dividida em 12 tribos' (Lições Bíblicas, de Mestre,
3º trimestre de 1998, pág.94).

Realmente requer uma restauração literal de Israel para ela poder


participar desse Reino já que são os seus súditos! E, foi isso que o
Messias fez! Restaurou Israel! Jeremias descreve que a nova aliança
representa a restauração de Israel. Mas será que o Dr. Elienai Cabral
estar querendo dizer que a velha aliança que inclui sangue de animal, a
páscoa, Lei, circuncisão, reino político, sacerdócio levítico e o templo
judaico serão restaurados? Então a nova aliança não valeu de nada!
280 25º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

A nação de Israel iniciou com doze cabeças, os filhos de Jacó, ao


restaurar Israel o Messias levanta doze apóstolos para governar as doze
tribos de Israel. Quando Jesus ressuscitou, ele disse a Pedro: 'cuide das
minhas ovelhas' (Jo 21.17). Quem são essas ‘minhas ovelhas’? Nesse
momento, não são os gentios! Porque parece que para os
pré-tribulacionistas a Igreja é os gentios! São as ovelhas que o Messias
reuniu e congregou em um aprisco! E quem foram? Lemos: 'Eu fui
enviado apenas às ovelhas perdidas de Israel' (Mt 15.24). Jesus disse a
essas ovelhas: 'Não tenham medo, pequeno rebanho, pois foi do agrado
do Pai dar-lhes o Reino' (Lc 12.32).
Se a nova aliança deveria ser feita com a comunidade de Israel,
então esse pequeno rebanho formado por seus seguidores judeus
representava essa comunidade de Israel. E os demais judeus? Para
poderem fazer parte dessa nova comunidade de Israel deveriam entrar
pela porta. Jesus disse: 'Eu sou a porta das ovelhas; quem entrar por
mim será salvo' (Jo 10.7,9).
Essa salvação não significa ir por céu quando morrer! Porque para
alguns crentes é isso que significa ser salvo. Essa salvação, como em
todo o Novo Testamento é aquela anunciada pelos profetas de Israel!
Isaías, por exemplo, disse: 'Mas Israel será salvo pelo Senhor com uma
salvação eterna; vocês jamais serão envergonhados ou constrangidos,
por toda a eternidade' (Is 45.17). Na sua carta, o apóstolo Pedro nos diz:
'Pois vocês estão alcançando o alvo da sua fé, a salvação das suas
almas. Foi a respeito dessa salvação que os profetas que falaram
da graça destinada a vocês investigaram e examinaram'
(1 Pe 1.9,10).

Por isso que Jesus disse para as suas ovelhas: 'As minhas ovelhas
ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida
eterna, e elas jamais perecerão' (Jo 10.25). A vida eterna ou a salvação
eterna era a esperança das doze tribos de Israel. Paulo disse:

'Agora, estou sendo julgado por causa da minha esperança no que


Deus prometeu aos nossas antepassados. Está é a promessa que
as nossas doze tribos esperam que se cumpra, cultuando a Deus
com fervor, dia e noite. É por causa desta esperança, ó rei, que
estou sendo acusado pelos judeus. Por que os senhores acham
impossível que Deus ressuscite os mortos?' (At 26.6-8).

Em outra ocasião, Paulo também falou:


281
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

'Confesso-te, porém, que adoro o Deus dos nossos antepassados


como seguidor do Caminho, a que chama seita. Creio em tudo o
que concorda com a Lei e no que está escrito nos Profetas, e tenho
em Deus a mesma esperança desses homens: de que haverá
ressurreição tanto de justos como de injustos' (At 24.14-16).
A ressurreição dentre os mortos estava dentro da promessa de
restauração de Israel! Porém, era impossível acontecer mediante a
antiga aliança. Por isso que as profecias futuras de Israel são baseadas
na nova aliança em Cristo e não na velha aliança em Moisés. João 6.54:
'Todo aquele que come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida
eterna, e eu o ressuscitarei no último dia'.
Os apóstolos só poderão julgar, ou conforme diz Elienai Cabral
'governar' as doze tribos de Israel, se elas ressuscitarem! Então a
participação dos judeus na nova aliança em Cristo garantirá para eles a
entrada no Reino do Messias.
Elienai Cabral citando Rm 11.1, escreveu:
'Porventura, rejeitou Deus o seu povo? [Paulo] mesmo responde:
De modo nenhum!'. Deus jamais permitirá que isso aconteça. É
claro que Deus não rejeitou o seu povo! E o contexto mostra que a
Bíblia está falando de um Israel literal, e que Deus não alterou
suas promessas' (Lições Bíblicas, de Mestre, 3º trimestre de 1998,
pág.94) o grifo é meu.

É interessante que os pré-tribulacionistas que afirmam isso não crê


que os judeus serão ressuscitados para entrarem no Reino prometido a
Davi. Deveriam acreditar já que ensinam que a grande tribulação será
uma terrível perseguição contra Israel e com certeza muitos judeus
morrerão. Parece-me que o Dr. Elienai Cabral não percebeu que no
mesmo capítulo de Romanos que diz que Deus não rejeitou o seu povo,
fala da aceitação deles como 'vida dentre os mortos' (Rm 11.15).
Portanto, a restauração de Israel inclui a ressurreição! Veremos isso
nos profetas:
Isaías 26.19: 'Mas os teus mortos viverão; seus corpos
ressuscitarão. Vocês, que voltaram ao pó, acordem e cantem de
alegria. O teu orvalho é orvalho de luz; a terra dará à luz os seus
mortos'.
Isaías 27.18: 'Seu pacto com a morte será anulado; seu acordo
com a sepultura não subsistirá'.
Daniel 12.13: 'Você descansará e,então, no final dos dias, você se
levantará para receber a herança que lhe cabe'.
282 25º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Oséias 13.14: ' Eu os redimirei do poder da sepultura; eu os


resgatarei da morte. Onde estão, ó morte, as suas pragas? Onde
está, ó sepultura, a sua destruição'.
Ezequiel 37.12-14: 'Assim diz o Soberano, o Senhor: Ó meu povo,
vou abrir os seus túmulos e os fizer sair, vocês, meu povo, saberão
que eu sou o Senhor. Porei o meu Espírito em vocês e vocês viverão,
e eu os estabelecerei em sua própria terra'.
Então foi exatamente por isso que antes de Jesus vir para
estabelecer o Reino de Israel veio primeiro para garantir a participação
deles nesse futuro Reino. Eles só poderiam participar do Reino de Davi
se eles ressuscitarem, mas só podem ressuscitar se os seus pecados
forem perdoados. Assim é que o Messias faz uma nova aliança com eles
‘para perdão dos pecados’ (Mt 26.28)!
Talvez algum pré-tribulacionista diga: Mas essa ressurreição de
Israel em Ezequiel é espiritual! Isso não nega as outras profecias citadas
que falam da ressurreição física de Israel. Mas a grande verdade é que
antes deles participarem da ressurreição física deveriam participar da
ressurreição espiritual. Isto é, voltar a ser uma nação santa! Por isso o
Messias veio a Israel. Jesus disse aos judeus:
'Eu lhe asseguro: Quem ouve a minha palavra e crê naquele que
me enviou, tem a vida eterna e não será condenado, mas já passou
da morte para vida. Eu lhes afirmo que está chegando a hora, e já
chegou, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, e
aqueles que a ouvirem, viverão' (Jo 5.24-25).

Note que 'aqueles que ouvirem viverão', isto é, se tornarão ovelhas


no aprisco do Messias. O Messias é o governante de Israel, então as suas
ovelhas revividas é esse Israel. Ele disse, por exemplo, aos judeus que
não criam nele: 'Mas vocês não crêem, porque não são minhas ovelhas.
As minhas ovelhas ouvem a minha voz' e 'aqueles que ouvirem, viverão'
(Jo 10.26,27). Esse é o Israel restaurado! Na profecia de Ezequiel sobre
a ressurreição de Israel, lemos:
'...os salvarei de todas as suas apostasias pecaminosas e os
purificarei. Eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus. O meu
servo Davi (o Messias) será rei sobre eles, e todos eles terão um só
pastor. Seguirão as minhas leis e terão o cuidado de obedecer aos
meus decretos. viverão na terra que dei ao meu servo Jacó. Eles e
os seus filhos e os filhos de seus de seus filhos viverão ali para
sempre, e o meu servo Davi será o seu líder para sempre; será uma
aliança eterna' (Ez 37.23-26).

25º Problema Teológico 283


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Essa 'aliança eterna' não é a aliança de Moisés, mas a nova aliança


em Cristo. Em Hebreus 13.20: 'O Deus da paz, que pelo sangue da
aliança eterna trouxe de volta dentre os mortos o nosso Senhor Jesus, o
grande Pastor das ovelhas'. Há muitas relações nesses textos! Quando
Ezequiel fala de 'Davi' como futuro rei e pastor de Israel requer uma
ressurreição de Davi, então isso aponta para ressurreição do Messias
(veja sobre isso em At 2.24-36; 13.34-37).
Isso também significa que estando Davi presente entre eles como
‘rei e pastor’ garantia a ressurreição futuras dessas ovelhas. A profecia
chamava essa esperança de ‘minha fidelidade prometida a Davi’, o
texto na íntegra, diz:
‘Dêem-me ouvidos e venham a mim (a chamada para pertencer ao
Messias); ouçam-me para que sua alma viva (a ressurreição)
Farei uma aliança eterna (essa é a nova aliança) com vocês,
minha fidelidade prometida a Davi’. Vejam eu o fiz uma
testemunha aos povos um líder e governante dos povo (Is 55.3,4).

Paulo aplica essa profecia à ressurreição de Cristo em Atos 13.34 -


mais tarde disse: ‘Cristo haveria de sofrer e, sendo o primeiro a
ressuscitar dentre os mortos, proclamaria luz para seu próprio povo
(Israel)’ (At 26.23). Essa ‘luz’ inclui a ressurreição dentre os mortos
(Is 9.2; 26.19; 2 Tm 1.10 - esse último texto diz: ‘Cristo... tornou
inoperante a morte e trouxe à luz a vida e a imortalidade por meio do
evangelho’, que é a nova aliança eterna).
As ovelhas ressuscitadas que fariam parte desse rebanho de Davi
seriam aquelas que foram: 'reunidas das nações, salvas e purificadas' e
que obedecem 'as minhas leis', pois só assim eles seriam 'meu povo, e eu
serei o seu Deus'. Isso fazia parte da nova aliança referida em Jeremias.
A nova aliança envolvia: 'porei a minha lei no íntimo deles' 'todos
eles me conhecerão' e 'perdoarei seus pecados'. Isso significa
restauração, pois 'serei o Deus deles, e eles serão o meu povo'
(Jr 31.33,34). A profecia de Jeremias dizia que: 'todos eles conhecerão'
o Messias. Porém, muitos judeus diziam de Jesus: 'Discípulo dele é
você! Nós somos discípulos de Moisés (antiga aliança). Sabemos que
Deus falou a Moisés, mas, quanto a esse, nem sabemos de onde ele vem'
(Jo 9.28,29), e tem mais era 'expulso da sinagoga' 'se alguém
confessasse que Jesus era o Cristo' (Jo 9.22). Ainda outros
perguntavam: 'como pode o Cristo vir da Galiléia?' (Jo 41,42). Quando
Jesus se revelou a eles na sinagoga como o Messias, disseram:
284 25º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

‘Não é este o filho de José?' (Lc 4.20-22).


Mas alguns poucos, como André e Filipe, tinham plena certeza,
diziam: 'Achamos o Messias' e 'Achamos aquele sobre quem Moisés
escreveu na Lei, e a respeito de quem os profetas também escreveram'
(Jo 1.40,41,45). André e Filipe eram discípulos de João Batista,
portanto faziam parte daquele povo que João veio deixar preparado para
o Messias (Lc 1.16,17). Mas por que só alguns judeus reconheciam
Jesus como o Messias? Jesus responde isso citando o texto da nova
aliança:
'Ninguém pode vir a mim, se o Pai, que me enviou, não o atrair; e
eu o ressuscitarei no último dia (conforme a aliança eterna). Está
escrito nos Profetas: Todos serão ensinados por Deus'. Todos os
que ouvem o Pai e dele aprende vêm a mim... Todo aquele que o
Pai me der virá a mim, e quem vier a mim eu jamais rejeitarei...
ninguém pode vir a mim, a não ser que isto lhe seja dado pelo Pai'
e 'conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem'
(Jo 6.37,44,45,65; 10.14). Quanto aos demais judeus, Jesus disse:
'mas vocês não crêem, porque não são minhas ovelhas... Eu dou a
vida eterna as minhas ovelhas, e elas jamais perecerão'
(Jo 10.26,27).

Significando que os judeus que não pertencesse ao seu aprisco não


teriam vida eterna, antes pereceriam.
Quando Pedro disse: 'Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo'. Jesus
lhe respondeu: 'Feliz é você, Simão! Porque isto não lhe foi revelado por
carne e sangue, mas por meu Pai que está nos céus (Mt 16.13-17 leia
também Mt 11.27).
Estes são as suas 'ovelhas do rebanho', 'seus pequeninos', 'os seus
escolhidos do mundo' 'os santificados pela fé no Messias para receber a
herança''os selados pelo Espírito Santo para o dia da redenção de
Israel' (Mt 17.10-14; Jo 15.19; At 26.28; Ef 1.13,14; 4.30). Sobre esses
o apóstolo aos hebreus cristãos, escreveu:
'por meio de um único sacrifício (a aliança eterna ou nova
aliança), ele (o Messias) aperfeiçoou (restaurou) para sempre os
que estão sendo santificados. O Espírito Santo também testifica a
este respeito. Primeiro ele diz: Esta é a aliança que farei com eles,
depois daqueles dias (de os ter ajuntado no aprisco Jr 31.23-
25,33), diz o Senhor. Porei as minhas leis em seu coração e as
escrevei em sua mente' e acrescenta: 'Dos seus pecados e
iniqüidades não me lembrarei mais. Onde esses pecados foram
perdoados não há mais necessidade de sacrifício por eles'
(Hb 10.14-18).
25º Problema Teológico 285
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

A nova aliança garante o perdão dos pecados dessas ovelhas


santificadas. Isso significa que o Messias fez a purificação da nação de
Israel na sua primeira vinda (Hb 1.3; 13.12), quando ele voltar na sua
segunda vez não será para trazer purificação dos pecados, mas trazer o
juízo aos não perdoados e concretizar a salvação dos já perdoados
(Hb 9.27,28). Isso significa que a purificação de Zacarias 12.10-13.1
não acontecerá na segunda vinda conforme defendida pelos
pré-tribulacionistas, pois já aconteceu na crucificação conforme
interpreta o apóstolo o texto de Zacarias 12.10;13.1 em João 19.34,37.
Quando o Messias vier em Sua glória 'colocará as suas ovelhas
[purificadas e reunidas] ao seu lado direito e dirá: “Venham, benditos
(abençoados) de meu Pai! Recebam como herança o Reino que lhes foi
preparado desde a criação do mundo' (Mt 25.33,34).
Assim é que Paulo quando diz: '... todo Israel será salvo, como está
escrito: 'Virá de Sião o redentor que desviará de Jacó a impiedade.
E esta é a minha aliança (a nova aliança) com eles (os arrependidos -
Is 59.20) quando eu remover os seus pecados' (Rm 11.26,27).
Não é de admirar aqui que Paulo rapidamente cita a nova aliança a
fim de mostrar que o Israel que será salvo é formado por aqueles
(os arrependidos') pactuados com o Messias na nova aliança. 'desviará
de Jacó a impiedade e remover seus pecados' é o último processo da
salvação de Israel. Pois, somos salvos da pena do pecado (justificação),
do poder do pecado (santificação) e da presença do pecado
(glorificação). O Messias eliminará o pecado de Israel através da
glorificação.
A aliança eterna, através da ressurreição, também garantirá a
salvação daqueles israelitas pactuados com o Messias, mas que não
estarão mais vivos na ocasião da vinda do Redentor a Sião. Por isso ele
disse referindo-se ao Seu pacto com o Pai: 'E esta é a vontade daquele
que me enviou: que eu não perca nenhum dos que ele me deu, mas os
ressuscite no último dia' (Jo 6.39). Porque não existe salvação sem a
destruição da morte e do pecado, sem ressurreição e sem vida eterna.
Assim é que quando o apostolo João descreve o reino eterno de
Davi referindo em Ezequiel 37.22-28, garantido pela 'aliança eterna
(a nova aliança)', em Ap 21.3-5, diz:
'Agora o tabernáculo de Deus está com os homens com os quais
ele viverá. Eles serão os seus povos; o próprio Deus estará com
eles e será o seu Deus (Ez 37.27,28). Ele enxugará dos seus olhos
toda lágrima. Não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro,
286 25º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

nem dor, pois a antiga ordem (que inclui também a antiga aliança
- o ministério da morte e dor) já passou. Aquele que estava
assentado no trono disse: Estou fazendo novas todas as coisas
(baseado na nova e eterna aliança)'.

Veremos outro benefício da nova aliança feita com a


comunidade de Israel: o derramamento do Espírito (peço que
guardes em mente o termo 'comunidade' que significa 'aqueles que têm
as mesmas crenças os mesmos ideais e os mesmos princípios'). Em
Isaías 59.21 e Ezequiel 37.14, lemos:
'Quanto a mim, está é a minha aliança com eles, diz o Senhor: O
meu Espírito que está em você e as minhas palavras que pus em
sua boca não se afastarão dela, nem da boca dos seus filhos e dos
descendentes deles, desde agora e para sempre, diz o Senhor'.
'Porei o meu Espírito em vocês e vocês viverão, eu os estabelecerei
em sua própria terra. Então vocês saberão que eu, o Senhor, falei,
e fiz. Palavra do Senhor'.

Essa efusão do derramamento do Espírito não viria apenas sobre os


sacerdotes, profetas e reis como na antiga aliança, mas sobre todos sem
exceção. Isso deveria acontecer antes do dia do Senhor e como sinal que
esse dia está chegando. Para que Israel pudesse não só estar renovada
quando esse dia chegar como também preparada (Joel 2.28-32). Em
Isaías 44.2b-5, diz:
'Não tenha medo, ó Jacó, meu servo, Jerusum, a quem escolhi.
Pois derramarei água na terra sedenta; e torrentes na terra seca;
derramarei meu Espírito sobre sua prole, e minha bênção sobre os
seus descendentes. Eles brotarão como relva nova. Como
salgueiro junto a regatos. Um dirá: “Pertenço ao Senhor”; outro
chamará a sim mesmo pelo nome de Jacó; ainda outro escreverá
em sua mão: “Do Senhor” e tomará para si o nome Israel'.

O derramamento do Espírito traria renovação e renascimento a


Israel - 'Eles brotarão como relva nova. Como salgueiro junto a regatos'
- e também os faria pertencer ao Senhor, como que marcados por um
selo 'Pertenço ao Senhor... escreverá em sua mão: Do Senhor'. O
Messias veio cumprir essas profecias, João Batista disse:

'Eu vos batizo com água. Mas virá alguém mais poderoso do que
eu... Ele os batizará com o Espírito Santo e com fogo. Ele traz a pá
em sua mão, a fim de limpar sua eira e juntar o trigo em seu
celeiro; mas queimará a palha com fogo que nunca se apaga'.
25º Problema Teológico 287
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

O Espírito tanto simboliza a água como também o fogo. Porque a


água renova a 'terra seca' fazendo brotar e o fogo renova os metais
fazendo brilhar. Mediante o Espírito, o Messias limpará sua eira e
juntará o trigo em seu celeiro. Assim mostra que o 'ajuntamento do trigo
num celeiro' ou a 'reunião das ovelhas num aprisco' também é feito
mediante o recebimento do Espírito que traz renovação e regeneração.
O Senhor pergunta ao profeta Ezequiel: 'Filho do homem, estes
ossos (a casa de Israel) poderão tornar a viver?... Farei um espírito
entrar em vocês, e vocês terão vida', enquanto o filho do homem
profetizava
'houve um barulho, um som de chocalho e os ossos se ajuntaram ,
osso com osso... foram cobertos de tendões e de carne, e depois de
pele; mas não havia (ainda) espírito neles. Profetize ao Espírito...
Venha desde os quatro ventos, ó espírito, e sopra dentro desses
mortos, para que vivam... e o Espírito entrou neles; eles
receberam vida e se puseram em pé. Era um exército enorme'
(Ez 37.1-14).

Quando o Messias 'o filho do homem' começou o 'ajuntamento dos


ossos' (outra expressão para 'ajuntamento do trigo no celeiro' ou
'ajuntamento das ovelhas em um só rebanho), eles de fato eram e são
Israel carnal e sanguíneo, porém, o que os faria ficar em 'pé' como um
'enorme exercito revivido' era o Espírito da vida dentro deles. Em João
7.37-39, lemos:

'No último e mais importante dia da festa, Jesus levantou-se e


disse em alta voz (veja o barulho que o filho do homem faz para
juntar os ossos): 'Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem
crer em mim, como diz as Escrituras, do seu interior fluirão rios de
água viva. Ele estava se referindo ao Espírito, que mais tarde
receberiam os que nele cressem. Até então o Espírito ainda não
tinha sido dado, pois Jesus ainda não fora glorificado'.

Muito embora o Messias convoca a toda a casa de Israel, somente


aqueles israelitas que cressem nele receberiam 'água viva' ou 'sairiam
de dentro de seus túmulos'. Quando isso acontecesse então esses 'serão
o meu povo, e eu serei o seu Deus' (Ez 37.23). Mas tarde, como veremos,
o vento soprou sobre esses que creram no Messias e estavam ajuntados
em um 'só lugar'. Daí em diante eles se 'puseram em pé' e 'eram um
exército enorme' (At 2.1-4, 41), prontos para a batalha (Lc 24.49;
At 1.8).
288 25º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Ezequiel profetizou que após isso haveria uma só nação, e 'nunca


mais serão duas nações, nem estarão divididos em dois reinos'
(Ez 37.15-28). Pois o derramamento do Espírito na nova aliança seria a
base para essa união inseparável (1 Co 12.13). Infelizmente, os
pré-tribulacionistas ensinam que haverá dois reinos!
Em Tito 2.5, falando sobre esse derramamento do Espírito, diz:
'[Deus] nos salvou pelo lavar regenerador e renovador do Espírito
Santo, que ele derramou sobre nós generosamente, por meio de Jesus
Cristo, nosso Salvador... a fim de que... nos tornemos seus herdeiros,
tendo a esperança da vida eterna'. Encontramos tal promessa de
restauração em Ezequiel 11.19-21; 36.24-28:

'.. Aspergirei água pura sobre vocês e ficarão puros... Darei a


vocês um coração novo e porei um espírito novo em vocês; tirarei
de vocês o coração de pedra (insensível) e lhes darei um coração
de carne (sensível). Porei o meu Espírito em vocês e os levarei a
agirem segundo às minhas leis. Vocês habitarão na terra que dei
aos seus antepassados; vocês serão o meu povo, e eu serei o seu
Deus'.

Isso faria Israel pertencer a Deus 'serão meu povo' - '... se alguém
não tem o Espírito do Messias, não pertence ao Messias' (Rm 8.9) - , e
assim se tornarem herdeiros da herança do Messias - 'Deus enviou o
Espírito de Seu Filho (Messias) ao coração de vocês ('porei dentro de
vós'), e ele clama: Aba, Pai (sensibilidade). Assim já não é mais escravo
(da antiga aliança), mas filho (na nova aliança), Deus também o tornou
herdeiro (da herança prometida ao Messias) - Gl 4.6; 3.16-18.
A possessão do Espírito por parte de Israel garantirá a ressurreição
futura para o Reino eterno de Davi '... Aquele que ressuscitou o Messias
dentre os mortos (segundo a aliança eterna Hb 13.20) também dará
vida a seus corpos mortais, por meio do seu Espírito, que habita em
vocês' (Rm 8.11).
Porém, quantos aqueles da nação de Israel que não experimentaram
o derramamento do Espírito na nova aliança, aqueles que os
pré-tribulacionistas prometem o Reino de Davi na antiga aliança, diz
Ezequiel: 'Mas, quanto aqueles cujo coração está afeiçoados às suas
imagens repugnantes... farei cair sobre a sua cabeça aquilo que eles
têm feito' (Ez 11.19-21). Isso acontecerá no dia do Senhor quando ele
destruirá tanto os que se afeiçoam as suas imagens repugnantes, como

25º Problema Teológico 289


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

os que continuam oferecendo sacrifícios no templo; tanto os que são


obcecados por imoralidade sexual, como os que se apegam ao dinheiro
(Am 5.18, 20-24; Mq 1.7; Sf 1.14-18).
Por que Ezequiel acusa de 'afeiçoar as suas imagens repugnantes e
aos seus ídolos detestáveis' aqueles israelitas que não participam da
nova aliança do Messias?
Porque uma vez tendo o Messias dado a sua vida em sacrifício,
anulou os sacrifícios do templo judaico para sempre, voltar a praticá-
los, torna-se agora uma prática idólatra e amaldiçoada, é como que
pisassem 'aos pés o Filho de Deus' e profanasse 'o sangue da aliança
eterna' (Gl 3.10; 4.8-11; Hb 10.29). Por isso que os pré-tribulacionistas
são infelizes em ensinar que Israel fará uma aliança com o satânico
Anticristo, que lhes construirá o seu templo e tornarão a oferecer
sacrifícios a Deus. Isso é coisa repugnante! E atrairá mais ainda a ira de
Deu sobre eles, aponto de o deixarem de fora do Reino de Davi
(Hb 10.18, 26-31; Mt 8.11,12). E o que me deixa mais triste é ouvi-los
dizer que Israel continuará oferecendo tais sacrifícios no Milênio!
Sobre a ressurreição espiritual que os futuros filhos de Davi terão
para poderem participar do seu Reino, o Messias disse a Nicodemos, um
doutor da lei antiga:
'Digo-lhe a verdade: Ninguém pode ver o Reino de Deus, se não
nascer de novo. Perguntou Nicodemos: 'Como alguém pode
nascer, sendo velho? É claro que não pode entrar pela segunda vez
no ventre de sua e renascer! Respondeu Jesus: Digo-lhe a
verdade: Ninguém pode entrar no Reino de Deus, se não nascer da
água e do Espírito' (Jo 3.1-10).

Quando Nicodemos perguntou: 'Como pode ser isso?'. O Messias


lhe disse: 'Você é mestre em Israel e não entende essas coisas?'. Isso
significa que esse ensino embora esteja nos escritos dos profetas e lidos
nas sinagogas todos os sábados, não era ensinado pelos doutores da lei,
na verdade eles ignoravam, de modo que os israelitas desconheciam que
Israel precisava nascer de novo para poder entrar o Reino de Davi.
Porém, estava referida na promessa de restauração (Ez 11.19,20).
De forma que somente aqueles que tinham recebido 'o Espírito que
os adota como filhos' por meio do renascimento espiritual terão a
confirmação da 'adoção como filhos' que é a 'redenção do corpo' e a
'herança' do Messias (Rm 8.15-24; 2 Co 5.1-5; Gl 4.6,7).
Falando sobre isso com os saduceus que não acreditam na
290 25º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

ressurreição futura de Israel, o Messias lhes esclareceu: 'Mas os que


forem considerados dignos (infelizmente não serão todos os judeus) de
tomar parte na era que há de vir e na ressurreição dos mortos não se
casarão... e não podem mais morrer, pois são como os anjos
(assexuados e imortais). São filhos de Deus, visto que são filhos da
ressurreição' (Lc 20.27,33,34-38). Então o Messias lhes revela quem
serão ressuscitados para tomar parte na era que há de vir: aqueles que
estão vivos para Deus (v.38).
Era impossível que isso acontecesse por intermédio da antiga
aliança! Òh que grandes benefícios o Messias trouxe para a comunidade
de Israel!
O texto de Ezequiel 36.26-32, que fala da restauração de Israel, diz:
'Porei o meu Espírito em vocês e os levarei a agirem segundo os meus
decretos' e 'terão nojo de si mesmos por causa das suas iniqüidades e
das suas práticas repugnantes'. Mostra que isso somente seria possível
se eles tivessem ‘as leis inscritas em seus corações’ por intermédio da
possessão do Espírito dentro deles, e não inscritas nas pedras da antiga
aliança. Porém, essa possessão do Espírito dentro deles só aconteceria
por intermédio da nova aliança do Messias.
Em 2 Coríntios 3.2,6. Paulo diz: 'escrita não com tinta, mas com o
Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de
corações humanos (Jr 31.33). [Deus] nos capacitou para sermos
ministros de uma nova aliança, não da letra, mas do Espírito; pois a
letra mata, mas o Espírito vivifica'. Em Romanos 8.4, Paulo mostra que
naqueles que vivem segundo o Espírito 'as justas exigências da Lei são
plenamente satisfeitas (obedecidas) neles' e mostra também que
somente 'pelo Espírito fazem morrer os atos do corpo' (v.13), que
Ezequiel chama de 'ter nojo de si mesmos'.
Como Israel poderia receber o Espírito Santo para pertencer ao
Messias? Ezequiel continua: 'Envergonhem-se e humilhem-se por
causa de sua conduta, ó nação de Israel' (36.32). Porém, é o apóstolo
Pedro que dar o verdadeiro sentido a essas palavras: 'Arrependam-se, e
cada um de vocês seja batizado em nome de Jesus Cristo para perdão
dos seus pecados, e receberão o dom do Espírito Santo. Pois a promessa
é para vocês (os judeus) e para os seus filhos...' (At 2.38,39).
Em contrapartida os pré-tribulacionistas, como o Dr. Claudionor de
Andrade, ensinam:

25º Problema Teológico 291


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

‘Jesus haverá de se manifestar com grande poder e majestade


sobre Jerusalém e, juntamente com sua Igreja glorificada... Israel
pranteará, humilhado e arrependido, aceitando o Senhor Jesus...
Neste exato momento, experimentarão grande efusão do Espírito
Santo (Zc 12.9,10; 13.1; 14.2-9; Ap 1.7) Lições Bíblicas, de
Mestre, 4º trimestre de 2004, pág.71).

Mas isso não poderá acontecer nesse momento! Primeiro porque a


promessa da efusão do Espírito estar acontecendo agora desde a época
dos apóstolos! Segundo, o tempo do arrependimento estar sendo
anunciado agora para todas em todo lugar, porque quando ele voltar já
terá concluído o seu serviço sacerdotal e então trará destruição aos não
preparados! (At 17.30,31; Hb 10.12,13; Am 5.18-23; Sf 2.1-3). Por isso
que a mensagem a Israel é esta: ‘ vocês não se voltam para mim, declara
o Senhor. Por isso, ainda o castigarei, ó Israel, e, porque eu farei isto
com você, prepare-se para encontrar-se com o seu Deus, ó Israel’
(Am 4.11,12). E essa preparação é agora! Assim como estão fazendo os
judeus que estão crendo no Messias. O tempo de salvação dada a Israel
em Is 49.8, Paulo diz que está acontecendo agora! (2 Co 6.1,2).
Terceiro, O Messias só salvará nessa ocasião os judeus que foram
justificados agora como diz Paulo: 'Como agora somos justificados por
seu sangue, muito mais ainda, por meio dele, seremos salvos da ira de
Deus!' (Rm 5.9). Quarto, Jesus só livrará aqueles que se convertem
agora e esperam a Sua vinda (1 Ts 1.9,10).
Além do mais, a profecia de Zacarias 12.9,10 mostra que o Espírito
seria derramado logo após o evento em que os habitantes de Jerusalém
'olharão para aquele a quem transpassaram' e 'quando uma fonte
jorrar para os descendentes de Davi' (13.1). O apóstolo mostrou que
essas profecias se cumpriram na cruz quando cita a profecia de Zacarias
(João 19.34-37). De fato, Jesus disse: 'quando eu for, enviarei o
Consolador' (Jo 16.7) e : 'eu lhes envio a promessa de meu Pai; mas
fiquem na cidade [de Jerusalém] até serem revestidos do poder do alto'
(Lc 24.49). De fato, quando o Espírito de graça foi derramado sobre 'os
descendentes de Davi', no dia de Pentecoste, Pedro disse: 'Israelitas,
ouçam estas palavras:... Exaltado à direita de Deus o Messias recebeu
do Pai o Espírito prometido e derramou o que vocês agora vêem e
ouvem' (At 2.22,33).
Quando o Messias voltar não haverá mais esse batismo do Espírito
Santo conforme ensina os pré-tribulacionistas, pois Paulo escrevendo

292 25º Problema Teológico


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

aos coríntios, disse: 'Quando, porém, vier o que é perfeito... as profecias


desaparecerão... as línguas cessarão, o conhecimento passará'
(1 Co 13.8-12). Haja visto que os israelitas terão atingidos a perfeição
nessa ocasião conforme diz a nova aliança: 'ninguém mais ensinará ao
seu próximo nem ao seu irmão, dizendo: Conheça ao Senhor, porque
todos eles me conhecerão, desde o menor até o maior' (Jr 31.34).
E o derramamento do Espírito de acordo com a profecia de Joel
envolve profecias, visões e revelações (Jl 2.28,29), e segundo a doutrina
pentecostal a evidência física desse derramamento do Espírito são 'as
línguas' (At 2.4). Que evidência demonstrarão dessa grande efusão do
derramamento do Espírito sobre eles se as línguas e os demais dons
cessarão com a vinda do Messias para estabelecer o Reino perfeito!
O pré-tribulacionista Claudionor de Andrade diz: 'O Milênio terá
início com um grande derramamento do Espírito Santo'. Porém, as
Escrituras dos apóstolos mostram que o grande derramamento do
Espírito que começou no dia de Pentecoste sobre 'os habitantes de
Jerusalém' terminará na vinda de Jesus que será o início do Milênio
(1 Co 13.8-12). Precisamos entender que os profetas proferiram suas
profecias mescladas, mas são os apóstolos que as organizam!
De fato, em Ap 1.7, que diz: 'Eis que ele vem com as nuvens, e todo
o olho o verá, até mesmo aqueles que o transpassaram e todos os povos
da terra se lamentarão por causa dele' João cita a profecia de Zc 12.10,
mas nessa ocasião não acontece o derramamento do Espírito. Porque
nessa vinda ele não vem para expiar o pecado de Israel, pois isso ele vez
na sua primeira vinda (Hb 9.27,28), porém, Zacarias via como um único
evento. Por isso que 'aqueles que o transpassaram' se refere a nação
ímpia que o rejeitou e crucificou. Se serão salvos nessa ocasião, então
'todos os povos da terra' também serão, pois também 'se lamentarão
por causa dele'. Esse lamento é porque ficaram de fora do Reino de
nosso pai Davi (ler Mt 8.11,12), pois não foram libertos dos seus
pecados e nem constituídos reino e sacerdotes de acordo com a nova
aliança no Messias por isso são indignos das promessas (Ap 1.5,6).
Segundo o profeta Joel 2.31,32 haverá livramento apenas para
aqueles que o Senhor chamar e batizar com o Espírito Santo que são
aqueles que têm invocado a Jesus como Senhor e Messias de Israel
(At 2.36; 4.11,12; Rm 10.9-13).
Nesse texto de Paulo em Rm 10.9-13, ele não só cita a profecia de
Joel 2.32, como o meio de Israel garantir a salvação no dia do Senhor
25º Problema Teológico 293
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

por invocar Jesus como Messias, porém os judeus só poderão invocar a


Jesus como Messias de Israel através da pregação da fé (Rm 10.12-16).
Paulo também cita a Escritura de Isaías 28.16-18.
Em que a pedra 'já experimentada' em sua morte será rocha de
salvação para os que nela confiam e 'jamais serão envergonhados', mas
também será rocha de tropeço que faz cair e 'aquele sobre quem ela cair
será reduzido a pó' (Mt 21.38-45).
Segundo Paulo e Pedro os que confiam na Rocha são os que crêem
no Messias e invocam o seu nome, e os que tropeçam nela são os que não
crêem no Messias e o rejeitam esses recebem 'um espírito de
atordoamento' e não 'o Espírito de graça' (Rm 9.31-33; 1 Pe 2.6-8;
Rm 11.7,8 c/ Sc 12.10).
De acordo com o próprio Messias de Israel pelo fato de eles ter
rejeitado a pedra angular 'o Reino de Deus será tirado deles e será dado
a um povo que dê frutos do Reino' (Mt 21.38-46) um dos frutos do
Reino é a efusão do Espírito (Mt 12.28). Deveras, Pedro chama os que
crêem na pedra de Sião de 'geração eleita, sacerdócio real, nação santa,
povo exclusivo de Deus' (1 Pe 2.8-9).
Quando essa pedra, segundo Daniel, se soltar 'sem auxílio de mãos'
'destruirá todos os reinos', mas 'os santos do Altíssimo' tomarão 'posse
do reino' e 'será um reino eterno' (Dn 2.34,44-45; 7.22,27). Nesse dia
segundo a Salmo 118.22-24, os que crêem na 'pedra angular' que foi
rejeitada pelos construtores do antigo templo, se alegrarão, mas quanto
aos que a rejeitaram, segundo Ap 1.7 se lamentarão!
O Messias disse para os líderes de Israel: 'Mas eu digo a todos vocês
(aqueles que o transpassaram): Chegará o dia em que vereis o Filho do
homem assentado à direita do Poderoso e vindo sobre as nuvens do
céu”. Será que esses se alegrarão nesse dia? Não! Eles se lamentarão
porque se envergonharam do evangelho do Messias e agora são
lançados fora! (Lc 9.26; 13.22-29).
Portanto, ó Estado de Israel não creiam no que vos profetizam os
pré-tribulacionistas que lhes promete o Reino, estando vocês na antiga
aliança! Para serem admitidos no Reino que breve virá terás que confiar
no Messias agora! Como está escrito: ‘... que todo o Israel fique certo
disto: Este Jesus, a quem vocês crucificaram, Deus o fez Senhor e
Messias’ (At 2.36).
E se a salvação do Estado de Israel estar garantida no futuro, então
por que nossos santos apóstolos pregavam o evangelho para vossos
294 25º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

antepassados como o único meio de participar do Reino do Messias?


(At 4.11,12; 28.23-27). Talvez vocês pré-tribulacionistas digam: ‘todo o
Israel será salvo’ referindo-se Rm 11.26. Mas eu quero dizer que vocês
não acreditam nisso.
Em primeiro lugar, porque, assim como os saduceus, vocês não
acreditam que Israel ressuscitará na primeira ressurreição para reinar
com o Messias em Seu governo milenar. Porém, isso era a esperança de
Israel. Paulo falando aos ‘líderes dos judeus’ disse: ‘Por causa da
esperança de Israel é que estou preso com estas algemas’ (At 28.20), em
outros textos Paulo mostra que essa esperança é a ressurreição: ‘Estou
sendo julgado por causa da minha esperança na ressurreição dos
mortos!’ (At 23.6; 26.6-8; 24.14-16). Somente os que não acreditavam
na ressurreição era os saduceus, mas foram corrigidos pelo Messias
(At 23.6-8; Mt 22.23-32).
Ora, se os únicos judeus que ressuscitarão para reinar com o
Messias no Milênio são aqueles que estão na nova aliança, então esse é o
Israel que será salvo!
Em segundo lugar, vocês, assim como os fariseus, acreditam que o
Estado de Israel, fundada em 1948, possuirá um governo político no
Milênio, com sede na Jerusalém terrena e um templo judaico praticando
as coisas da antiga aliança. E vocês afirmam que essa é a restauração de
Israel. Todavia, não é essa a salvação de que fala Paulo em Rm 11.26.
Ora onde está a inclusão do atual Estado de Israel na nova aliança por
intermédio da qual o Messias restauraria Israel através do novo
nascimento e da ressurreição dentre os mortos?
A esperança de Paulo em relação as promessas de Deus feitas as
doze tribos de Israel não se alterou quando ele tornou-se crente, a
diferença era que ele estava no ‘Caminho’ certo para alcançar essas
promessas. Assim, também, para que todos os outros membros das doze
tribos recebecem as promessas feitas por Deus terão que seguir o
Caminho. O termo ‘Caminho’ que aparece em At 9.2; 24.14 se referia
exatamente aos que tinham sido reunidos e remidos pelo sangue da nova
aliança. Até mesmo isso consta nas profecias sobre a restauração de
Israel. Em Isaías 35.8-10, lemos:

‘E ali haverá uma grande estrada, um caminho que será chamado


Caminho de Santidade. Os impuros (aqueles judeus que não
foram santificados pelo sangue da nova aliança) não passarão
por ele; servirá apenas aos que são do Caminho (esses de quem
25º Problema Teológico 295
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Paulo faz parte e que pregavam a ressurreição dos mortos em


Jesus - At 4.1); ... Só os remidos andarão por ele e os que o Senhor
resgatou voltarão. Entrarão em Sião com cantos de alegria;
duradoura alegria coroará sua cabeça, júbilo e alegria se
apoderarão deles, e a tristeza e o suspiro fugirão’ .

O erro do pré-tribulacionismo é afirmar que as doze tribos de


Israel alcançarão as promessas sem seguirem o Caminho. E isso é
impossível! Quando vimos apenas 144 mil israelitas resgatados no
monte Sião com o Cordeiro em Apocalipse 14, perguntamos: Por que só
esses estão aí se a promessa foi feita para todos? Encontramos a
resposta: ‘Estes são...os que seguem o Cordeiro por onde quer que ele
vá’ (Ap 14.1,4), por isso Isaías disse: ‘os resgatados do Senhor...
entrarão em Sião com cantos de alegria’ (o novo cântico de Ap 14.3).
Sobre a pedra de Sião que virá reduzir a pó os israelitas
apegados a antiga aliança, o apóstolo Pedro, em At 4.11, dá no
Sinédrio uma grande revelação aos doutores da Lei: 'Este Jesus é a
pedra que vocês, construtores, rejeitaram, e que se tornou a pedra
angular (principal )'.
Mas 'pedra angular' de quê? Ora, se está falando de 'construtores',
então é uma pedra angular de uma construção. Os construtores do
templo, que as profecias de restauração de Israel prometiam que seria
construído, deveriam ter usado essa pedra como a pedra fundamental
deste templo. Porém, ao rejeitar a pedra, eles cometeram um grande
equívoco! Já vimos que essa pedra é o Messias e que foi posta em Sião
não no Sinai. Mas o quê foi construído sobre essa pedra?
Quando Pedro recebeu a revelação do Pai Celestial que Jesus é o
Messias prometido à Israel, o Messias lhe disse: '...sobre esta pedra
edificarei a minha Igreja, e as portas do Hades não poderão vence-la.
Eu lhe darei as chaves do Reino dos céus' (Mt 16.18,19). Isso aqui é
tremendo!! Sobre a Pedra de Sião foi edificada a Igreja do Messias. Essa
obra de edificação ou construção, que deveria ter como auxiliadores os
líderes de Israel, cumpre as profecias dos profetas, e que os apóstolos
interpretam com muita perfeição por meio do Espírito. Zacarias 6.12, é
uma dessas profecias:
'... assim diz o Senhor dos Exércitos: Aqui está o homem cujo nome
é Renovo, e ele sairá do seu lugar e construirá o templo do Senhor,
será revestido de majestade e se assentará em seu trono para
governar. Ele será sacerdote no trono'.

296 25º Problema Teológico


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Esse 'Renovo' é o Messias da nova aliança. Na profecia de Zacarias


mostra que o Messias 'sairá do seu lugar (o céu) e construirá o templo
do Senhor'. Isso fala da primeira vinda do Messias, visto que o profeta
diz que após essa construção o Messias seria revestido de Majestade,
sentaria como sacerdote no trono para governar.
De acordo com os apóstolos que esclarecem as profecias, o Messias
assentou à direita do trono da 'Majestade nas alturas' depois de ter
realizado a 'purificação dos pecados' de Israel, e ali está assentado
como 'sumo sacerdote', 'esperando até que os seus inimigos sejam
colocados como estrado dos seus pés', isto é, o tempo em que ele
destruirá 'todo o domínio, autoridade e poder' exercendo toda a sua
'autoridade nos céus e na terra' que recebeu após ter sido ressuscitado
(leia Hb 1.3;8.1;10.12,13; 1 Co 15.24; Mt 28.18).
Então o Messias construiu o templo do Senhor na sua primeira
vinda à Israel. Segundo os profetas esse templo seria construído em Sião
(na cidade de Jerusalém). Lemos em Zacarias 2.10: 'Cante e alegre-se, ó
cidade de Sião! Porque venho fazer de você a minha habitação'.
Se o Messias era a Pedra posta em Sião e essa Pedra tornou-se pedra
fundamental da construção do templo, então o templo foi edificado
sobre ele mesmo! Sendo assim, ele é o fundamento e o construtor do
templo de Israel. Tudo isso confere com o que o Messias disse a Pedro:
'... sobre essa pedra {de Sião}edificarei a minha Igreja...' (Mt 16.18).
Esse é o único templo que o Messias construiu em Sião! A Igreja de
Sião do Messias era formada por ovelhas que reconheciam e
confessavam, assim como fez Pedro: 'Tú és o Messias'. Coisa que os
construtores do antigo templo não fizeram, em razão disso foram
rejeitados! Por isso que Cristo entrega agora 'as chaves' do templo ao
colegiado dos apóstolos.
Bem mais tarde, falando sobre o ajuntamento que o Messias veio
fazer dos de ‘perto’ e dos de ‘longe’ em um ‘só povo’, conforme as
profecias de restauração de Israel, Paulo lança mais esclarecimento
sobre o templo do Messias, dizendo: ‘... edificados sobre o fundamento
dos apóstolos e dos profetas, tendo Jesus Cristo como pedra angular, no
qual todo o edifício é ajustado e cresce para tornar-se um santuário
santo no Senhor... para morada de Deus de Deus por seu Espírito’
(Ef 2.20,21). Nessa ocasião, Paulo fala de um ‘mistério’ que estava
oculto, porém, iremos nos referir sobre este mistério posteriormente,
muito embora já tenho falado sobre isso nos capítulos anteriores.
25º Problema Teológico 297
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

O autor que escreveu sua carta aos judeus disse que Moisés foi um
servo fiel de Deus quando este ordenou que ele construísse uma casa,
mas que o Messias 'é fiel como Filho sobre a casa de Deu; e esta casa',
diz o escritor, 'somos nós' (Hb 3.6), referindo-se a comunidade de
cristãos judeus aquém se dirigia.
Então ele mostra que Moisés construiu o tabernáculo no monte
Sinai baseado na antiga aliança, mas o Messias construiu a casa de Deus
sobre o monte de Sião baseado na nova aliança, dizendo:

'Vocês (os judeus que criam no Messias) não chegaram ao monte


que se podia tocar (monte Sinai, onde foi firmado a antiga
aliança)... mas chegaram ao monte Sião, à Jerusalém celestial, à
cidade do Deus vivo, à universal assembléia, à igreja dos
primogênitos, cujos nomes estão escritos nos céus... a Jesus,
mediador de uma nova aliança, e ao sangue aspergido...'
(Hb 12.18,22-24).

Logo em seguida o escritor cita o texto do profeta Ageu onde fala do


novo templo cuja glória será maior do que a glória do antigo templo
(Hb 12.26 c/ Ag 2.7,9) e conclui: 'adoremos a Deus de modo aceitável',
isto é, não mais à maneira do antigo templo.
O apóstolo aos hebreus tinha plena convicção que a 'igreja dos
primogênitos' representava o 'novo templo' construído pelo Messias no
monte Sião. Ele não apenas chama o novo templo de 'igreja dos
primogênitos', mas também de 'universal assembléia'. Isso se refere ao
mistério oculto que Paulo fala e que veremos depois.
O Messias ainda disse a Pedro: 'as portas do hades não poderão
vencer a Igreja'. No Salmo 118 que fala sobre a pedra rejeitada que se
tornou a pedra fundamental da construção do templo, o salmista diz:
'Não morrerei, mas vivo ficarei... abram as portas da justiça para mim...
(vv.17,19), isso revela a esperança na ressurreição. Significa que a
comunidade fundada no Messias iria prevalecer sobre o poder da morte
(a palavra 'hades' também pode ser traduzida por 'sepultura'). Eles na
iriam ficar trancafiados nas portas do hades, pois as portas da justiça
baseada na nova aliança se abririam para eles! E eles gritarão, assim
como está escrito nas profecias de restauração de Israel: 'Onde está, ó
seol (hades - sepultura), a sua destruição' (Os 13.14).
O Messias também disse a Pedro: 'Eu lhe darei as chaves do Reino
dos céus' (Mt 16.19). Essas palavras dão aos apóstolos o direito sobre o

298 25º Problema Teológico


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Reino prometido à Davi, por isso que na nova aliança eles são
designados como juízes das 'doze tribos de Israel' (Lc 22.29,30). Isso
significa que para as dozes tribos entrarem no Reino de Davi deverá ser
através dos apóstolos. Eles têm as chaves!
No Salmo 118 que fala sobre a pedra sobre quem o Messias
construiu o novo templo, o salmista diz: 'Esta é a porta do Senhor, pela
qual entram os justos' (vv.20,22). As chaves desta porta foram dadas aos
novos líderes de Israel constituídos pelo próprio Messias, o Rei de
Israel. Assim, somente aqueles que entram por essa porta fazem parte da
Igreja do Messias, o novo templo de Israel, e têm o direito legítimo de
herdar o Reino de Davi. São justos por causa do sangue do Messias e
com esperança de vencer a morte pela ressurreição por causa da
ressurreição do Messias.
Tratando, porém, dos doutores da lei, aqueles construtores infelizes
que rejeitaram a pedra, diz o Messias: 'Vocês fecham o Reino dos céus
diante dos homens! Vocês mesmos não entram, nem deixam entrar
aqueles que gostariam de fazê-lo' (Mt 23.13). E o Messias diz que os
convertidos por eles ao antigo pacto se 'tornam duas vezes mais filhos
do inferno (geena) do que eles' (Mt 23.15). Isto é, não vencerão o poder
da segunda morte, ficando de fora da primeira ressurreição e do Reinado
do Messias (Ap 20.6). Assim é que nenhum judeu do antigo pacto
ressuscitará para herdar o Reino de Davi, nem tampouco aqueles judeus
vivos que permanecem seguindo os doutores e teólogos do antiga pacto.
E quem disse que 'Reino dos céus' é a mesma coisa que 'Reino de
Davi'? Os próprios fundadorores do pré-tribulacionismo concorda com
isso. Por exemplo, Scofield escreveu:
'o Reino dos céus... é judaico, messiânico, e davídico. Fora
prometido a Davi, e esta promessa entrou no período do Novo
Testamento “totalmente sem mudança”... Será realizado no
milênio' (Opções Contemporâneas na Escatologia, pág.101).

O que eles não perceberam foi que as chaves do Reino dos céus
foram entregue aos apóstolos significando que só pertencem a
comunidade do Messias aqueles que 'perseveram na doutrina dos
apóstolos' e são esses que irão herdar esse Reino no Milênio. Por isso o
texto bíblico diz: 'E o Senhor lhes acrescentava diariamente os [judeus]
que iam sendo salvos' (At 2.42,47). Se os pré-tribulacionistas querem
que o atual Estado de Israel se salve, então terão que pregar para eles a
doutrina dos apóstolos: Jesus é o Messias! Caso contrário serão mortos!
25º Problema Teológico 299
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

De fato, o Messias disse: '... aquele sobre quem a pedra cair será
reduzido a pó... e o Reino será tirado de vocês e será dado a um povo
que dê os frutos do Reino' (Mt 21.42-46). Esse povo são aqueles que
entram na porta do novo templo pelas mãos dos doze juízes das doze
tribos de Israel; são os que confiam na pedra e jamais serão
envergonhados (Rm 9.32; 10.11).
Quando o Messias ascendeu aos céus, deixou na terra um
'pequeno rebanho' de cento e vinte judeus crentes, estavam reunidos
em Jerusalém, cidade de Sião (Lc 12.32; At 1.12-15), esperando a
promessa do derramamento do Espírito (Lc 24.49). Assim a profecia
dizia: 'Não tenha medo, ó Jacó, meu servo... derramarei meu Espírito
sobre os seus descendentes...' (Is 44.2,3). E Zacarias afirma que o local
seria em 'Jerusalém' '... derramarei... sobre os habitantes de Jerusalém
o Espírito de graça (Zc 12.10). E 'chegando o dia de Pentecoste', festa
que se comemorava 50 dias após oferecimento a Deus do 'primeiro feixe
de trigo que foi colhido' (a ressurreição de Jesus), quando então o
Sacerdote (o Messias ressuscitado) deveria mover diante do Senhor a
'oferta sagrada (represetada por esses 120 judeus crentes) e pertencente
ao sacerdote (o Messias)' (Lv 23.20), a partir daí iniciaria a colheita.
'De repente veio do céu um som, como de um vento muito forte'
conforme profetizou Ezequiel 'venha desde os quatro ventos, ó Espírito,
e sopre dentro desses mortos, para que vivam' (Ez 37.9). 'E viram o que
parecia línguas de fogo, que se separaram e pousaram sobre cada um
deles', de acordo com Zacarias 13.9: 'colocarei essa terça parte no fogo
e a refinarei como prata e a purificarei como ouro...' e Ml 3.2a-4. Então
'todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar noutras
línguas, conforme o Espírito os capacitava', em concordância com Joel
'derramarei do meu Espírito sobre todos... e profetizarão' (Jl 2.28).
Eis aqui o novo templo cheio de maior glória! (Ag 2.9; 2 Co 3.7-
11). Este dia ficou conhecido como o dia da fundação da Igreja. Eis aqui
o templo construído na cidade de Sião! (Zc 2.10; 6.13). Eis aqui o
templo da nova aliança! Aqui surge o Israel restaurado do Messias!
Formados por judeus ajuntados, renascidos e cheios do Espírito Santo,
com esperança de ressurreição e futuros herdeiros do Reino de Davi!
As profecias de restauração começam a se cumprirem (Ez
39.28,29)! São de fato apenas 120 judeus, mas os doze apóstolos, juízes
das doze tribos de Israel, estão entre eles. Conforme diz a profecia: 'Um
rei reinará com justiça, e príncipes governarão com justiça' (Is 32.1).
300 25º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Ageu profetizou: 'Dentro de pouco tempo farei tremer o céu, a


terra, o mar e o continente. Farei tremer as todas nações, as quais
trarão para cá os seus tesouros e encherei este templo de glória'
(Ag 2.6). De fato, aconteceu isso no dia de Pentecoste 'havia em
Jerusalém judeus... vindos de todas as nações do mundo' (At 2.5), e em
pouco tempo aqueles 120 judeus se tornaram uma grande multidão de
mais de 3 mil crentes judeus (os tesouros das nações).
Eis aqui o enorme exército de Ez 37.10! (At 2.41). Rapidamente
saíram à guerra e já eram 5 mil em At 4.4! Cinco mil judeus crentes no
Messias! Eis o Israel de Deus (Gl 6.16). Em At 21.20 já tinham
ascendido a milhares de judeus salvos. Estes são a verdadeira
comunidade de Israel com quem o Messias firmou uma aliança eterna
(Hb 8.7-13; 10.14-18).
Mas é o livro de Apocalipse que nos revela o número exato dos
israelitas que irão compor a comunidade das doze tribos de Israel. Isaías
profetizou que o Messias iria restaurar ‘as tribos de Israel’ (Is 49.6).
Então em Apocalipse 7.1-8, encontramos literalmente ‘cento e quarenta
e quatro mil israelitas de todas as tribos de Israel...’ chamados de
‘servos de nosso Deus’ (v.4), selados com ‘o selo do Deus vivo (v.2).
Eis aqui a restauração literal de Israel conforme as profecias. E para
ser mais preciso o texto cita os nomes das doze tribos de Israel e a
quantidade de israelitas de cada tribo (vv.7.5-8), que representam o
número dos doze apóstolos multiplicado por mil! Conforme a profecia
de restauração de Israel em Isaías 60.22:'O menor (os doze apóstolos)
virá a ser mil, e o mínimo uma nação forte; eu, o Senhor, ao seu tempo o
farei prontamente’. E fez mesmo!!!
Em Ap 14.1-5, encontramos as doze tribos de Israel com o
Messias! Exatamente no monte Sião, onde o Messias edificou o templo
do Senhor. Mas não encontramos um templo de tijolos, mas israelitas
vivos e salvos! São os ‘seguidores do Cordeiro’ ‘as ovelhas que ouvem a
Sua voz’ que ‘foram comprados dentre os homens e ofertados como
primícias a Deus e ao Cordeiro’ (vv.4,5).
Por isso são chamados de ‘igreja dos primogênitos’ que se
chegaram ao ‘monte Sião’ (Hb 12.22,23), porque foram os primeiros a
serem gerados pelo Messias; os primeiros membros da Igreja edificada
sobre a Pedra de Sião (Mt 16.18); os primeiros a serem resgatados;
os primeiros que receberam o batismo com Espírito Santo; os primeiros
a serem‘comprados da terra’ (Ap 14.3), como disse o judeu Tiago e
25º Problema Teológico 301
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

pastor de Jerusalém para as ‘doze tribos dispersas entre as nações’ :‘Por


sua decisão ele nos gerou pela palavra da verdade, afim de sermos
como que primeiros frutos de tudo o que ele criou’ (Tg 1.18).
Assim diz a profecia de restauração de Israel: ‘Os resgatados do
Senhor voltarão. Entrarão em Sião com cântico; alegria eterna
coroará sua cabeça. Júbilo e alegria se apossarão deles, tristeza e
suspiro deles fugirão’ (Is 51.11). De fato esses 144 mil israelitas estão
cantando um cântico sem igual em Sião diante do trono do Senhor!
(Ap 14.2,3). E também a profecia de Obadias 21: ‘Os vencedores
subirão ao monte Sião para governar... E o reino será do Senhor’.
São vencedores porque ‘não se contaminaram com mulheres
(Ap 14.4) [essas mulheres são as cidades pagãs com quem Israel fazia
constantes alianças] . São vencedores porque são castos e santos - não
seguem ‘as práticas dos nicolaítas’ (Ap 2.6,7), são testemunhas ‘fiéis
até a morte’ (Ap 2.10,11), ‘não se apegam aos ensinos de Balaão’
(Ap 2.14,17), ‘não se prostituem com a Jezabel’ (Ap 2.20,26-28), ‘não
contaminam as suas vestes’ (Ap 3.4,5), ‘não pertencem a sinagoga de
Satanás’, que são os judeus da antiga aliança (Ap 3.9), são os que
ouvem a voz do Messias (Ap 3.20,21). São vencedores porque herdarão
todas as bençãos de Abraão, Isaque, Jacó e Davi (Ap 21.7).
Aqui está a Igreja de Jesus Cristo reunida em um só rebanho na sua
própria terra no monte Sião! Todas as profecias dos profetas se
cumpriram neles! Tudo quanto for lido nas Escrituras proféticas se
convergem prá cá! Esse é o Israel literal e restaurado! Portanto o Senhor
cumpriu neles as profecias de restauração de Israel e continuará
cumprindo!
Por que então toda nação não aceitou a Jesus como o Messias?
Porque as profecias de restauração afirmavam que somente um
remanescente seria restaurado e salvo. Conforme Isaías 10.21,22: ‘Um
remanescente voltará, sim o remanescente de Jacó se converterá ao
Deus Poderoso (o Messias é esse Deus Poderoso - veja Is 9.6). Embora
o seu povo, ó Israel, seja como areia do mar, apenas um remanescente
voltará (para o Messias e ‘será salvo’ - Rm 9.27). Os apóstolos tinham
plena consciência que eles juntamente com os outros judeus crentes era
esse remanescente e que por isso se tornaram a comunidade de Israel.
Vamos analisar algumas profecias que mostram que de fato os
apóstolos consideravam a comunidade de judeus crentes que eles
lideravam como a comunidade de Israel que entrou na nova aliança com
302 25º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

o Messias por isso se tornaram o Israel restaurado, o povo de Deus, os


santos do Cordeiro, os herdeiros de todas as promessas de Israel e do
reino do Messias sobre toda a terra. Sobre esses israelitas salvos e
selados com o Espírito Santo irá se cumprir as outras profecias de
restauração no que diz respeito a concretização da reunião dos quatro
cantos da terra, a ressurreição física, o reinado sobre as nações, a posse
da nova terra e a entrada na nova Jerusalém. O primeiro texto se
encontra em Isaías 49.6:

'Sim, diz ele: Pouco é o seres meu servo, para restaurares as tribos
de Jacó e tornares a trazer os remanescentes de Israel; também te
dei como luz para os gentios, para seres a minha salvação até à
extremidade da terra'.

Este texto fala que o Messias chamado de 'meu servo' restauraria 'as
tribos de Jacó' e trará de volta à Deus 'os remanescentes de Israel' e
também seria 'luz para os gentios'. Antes do Messias se tornar 'luz para
os gentios' deveria primeiro restaurar Israel, para que os gentios
pudessem se beneficiar da luz que brilhou sobre o Israel. Em Atos 26.23,
está escrito: 'o Cristo haveria de sofrer e, sendo o primeiro a ressuscitar
dentre os mortos, proclamaria luz para o seu própria povo (israel) e
para os gentios'. A luz brilhou sobre Israel! (Is 9.2,3 c/ Mt 4.16), os
seguidores do Messias estavam na luz (Jo 8.12) e a partir da nação de
Israel restaurada essa luz brilharia sobre as nações gentílicas. Isaías
60.1: 'Levante-se, refulja! Porque chegou a sua luz... densas trevas
envolvem os povos, mas sobre você raia o Senhor, e sobre você se vê à
sua luz. As nações (gentios) virão à sua luz...' (Ver Ef 5.13,14).
Por causa disso o Messias constituiu o Israel restaurado como
luz para os gentios (Mt 5.14-16). Assim é que Paulo, membro dos 144
mil das dozes tribos de Israel restaurado e iluminado pela luz da
ressurreição do Messias, foi escolhido para levar a luz aos gentios. Em
sua chamada, o Messias lhe disse: 'Eu lhe apareci para constituí-lo
servo e testemunha... para abrir-lhes os olhos e converte-los das trevas
para a luz... a fim de que recebam (os gentios) o perdão dos pecados e
herança entre os que são santificados (os judeus restaurados) pela fé
em mim' (At 26.18). Quando então foi enviado aos gentios citou a
profecia de Isaías sobre a luz referente ao seu ministério entre os gentios
em Atos 13.47: 'Pois assim nos ordenou: Eu fiz de você luz para os
25º Problema Teológico 303
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Outro texto que prova que os judeus crentes eram a restauração de


Israel está em Isaías 43.1,5,6,10:

'Mas agora assim diz o Senhor, aquele que o criou, ó Jacó, aquele
que o formou: Não tema, pois eu o resgatei... Não tenha medo, pois
eu estou com você, do oriente trarei seus filhos e do ocidente
ajuntarei a você... Vocês são minhas testemunhas declara o
Senhor, e meu servo, a quem escolhi'.

O Israel restaurado e resgatado deveria continuar a obra do Messias


de ajuntar os judeus espalhados por todas as nações do mundo. Assim
eles seriam as 'testemunhas do Messias'. Em cumprimento a essa
profecia, Jesus disse ao grupo de 120 judeus crentes: 'Mas receberão
poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhas
testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria, e até os confins
da Terra' (At 1.8) e em Lc 24.48: 'Vocês são testemunhas destas coisas'.
De fato a profecia de restauração prometia: 'Reunirei ainda outros
aqueles que já foram reunidos' (Is 56.8). Em cumprimento a isso, os
judeus cristãos deram prioridade a evangelização de seus compatriotas
testemunhando que Jesus era o Messias por meio de quem Deus
cumprirá todas as profecias (At 11.19). Pedro disse: 'Tendo Deus
ressuscitado o seu Servo, enviou-o primeiramente a vocês (os judeus)
para abençoa-los, convertendo cada um de vocês das suas maldades'
(At 3.26). Assim também Paulo se expressou: 'Era necessário anunciar
primeiro a vocês (os judeus) a palavra de Deus; uma vez que a
rejeitaram e não se julgam dignos da vida eterna, agora nos (o Israel
restaurado) voltamos para os gentios' (At 13.46). Posteriormente,
veremos que essa reunião se concretizará na segunda vinda do Messias!
Assim nos abre o entendemento para compreendermos a quem
primeiramente se aplicam o termo 'testemunhas' no livro de Apocalipse
12.17: ‘O dragão irou-se contra a mulher (Sião) e saiu para guerrear
contra o remanescente da sua descendência (Cristo), os que obedecem
aos mandamentos de Deus e se mantêm fiéis ao testemunho de Jesus’
(leia também Ap 17.6; 20.4).
Os apóstolos a fim de provar que eles representavam a restauração
de Israel citaram textos dos profetas. Amós 9.11 é um deles: 'Naquele dia
levantarei a tenda caído de Davi. Consertarei o que estiver quebrado, e restaurarei as
suas ruínas. Eu reerguerei para que seja como era no passado, para que o meu povo
conquiste toda as nações que me pertencem, declara o Senhor'.

304 25º Problema Teológico


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

O tabernáculo de Davi era uma tenda que havia no monte Sião


(2 Sm 5.7; 6.16,17; 1 Rs 8.1). Nessa época havia dois tabernáculos: um
em Gibeom onde estava todos os utensílios da antiga aliança, mas sem a
arca da aliança, e havia uma tenda de Davi em Sião, não havia os
utensílios, apenas a arca da aliança. Que simbolizava a presença de
Deus! (1 Rs 3.4; 1 Cr 16.1,37-40).
O texto de Amós diz que depois da restauração da tenda de Davi em
Sião, Israel restaurado iria conquistar as nações. O apóstolo Tiago
aplica essa profecia aos judeus crentes em Atos 15.15-17, quando os
gentios começam a entrar na Igreja. Vejamos:
'... Deus... voltou-se para os gentios a fim de reunir dentre as
nações um povo para o seu nome. Concorda com isso as palavras
dos profetas, conforme está escrito: 'Depois disso voltarei e
reconstruirei a tenda caída de Davi. Reedificarei as suas ruínas e
a restaurarei, para que o restante dos homens busquem o Senhor
e todos os gentios...'.

Notemos, irmãos, que todos os gentios só poderão buscar ao


Senhor depois da tenda de Sião for restaurada. Assim essa tenda de Davi
são os crentes judeus, os 144 mil que aparecem em pé no monte Sião em
Ap 14.1. Eles não servem na antiga aliança, mas a presença do Senhor é
viva entre eles! O Cordeiro que é a arca da nova aliança estar com eles
no monte Sião!!!
Leia Oséias 1.10,11 que os apóstolos lançaram mão para provar que
eles eram a restauração de Israel:
'No lugar onde se dizia a eles (os judeus): Vocês não são meu povo,
eles serão chamados 'filhos do Deus vivo'. O povo de Judá e o povo
de Israel serão reunidos, e eles designarão para si um só líder
(o Messias), e se levantarão da terra, pois será grande o dia de
Jezreel'.

Quando Israel quebrava a aliança deixava de pertencer a Deus.


Paulo aplica esse texto aos judeus que foram chamados para ser do
Messias através da nova aliança, pois a velha foi quebrada, dizendo:

‘... tornar conhecidas as riquezas de sua glória aos vasos de sua


misericórdia, que preparou de antemão para glória, ou seja, a
nós, a quem também chamou... dentre os judeus. Como ele diz em
Oséias:... Acontecerá que, no mesmo lugar em que se lhes
declarou: Vocês não são meu povo, eles serão chamados filhos do
Deus vivo' (Rm 9.24-26).
25º Problema Teológico 305
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Uma vez que o povo de Israel quebrou a antiga aliança deixaram de


ser povo de Deus, por isso foram levados cativos para todas as nações do
mundo, só voltariam novamente a pertencer a Deus como seu povo e
seus filhos através da nova aliança no Messias.
Assim quando o Messias veio, apenas aqueles judeus que creram
nele tornaram-se o povo do Messias e filhos de Deus. Paulo chama esses
judeus de 'escolhidos', 'vasos de misericórdia' e 'o remanescente
escolhido pela graça (nova aliança)' não mais pelas obras (antiga
aliança)... se fosse escolhidos pela antiga aliança, a graça já não seria
graça (Rm 11.1-7), enquanto que os judeus que rejeitaram a Jesus como
Messias são chamados de 'vasos de ira', e 'os endurecidos'. Muito
embora o Senhor continua chamando os judeus para pertencer ao Seu
povo.
Notemos que em vários textos proféticos que fala sobre a
restauração de Israel, o Senhor sempre diz: '...e serão meu povo'. Mas
Israel não já era o povo de Deus? Para que Israel se torne o futuro povo
de Deus terá que passar pelos processos da nova aliança no Messias.
Então só a antiga aliança não garantia a Israel ser a possessão particular
de Deus no futuro. Por isso os judeus que não passaram da morte (antiga
aliança) para vida (nova aliança) por intermédio de ouvir a voz do
Messias não poderão tornar o povo de Deus com todo o direito as
promessas e a herança no futuro Reino de Davi (Jo 5.24-29).
Se tudo o que os apóstolos estão nos esclarecendo não forem o
cumprimento literal das profecias então eu não sei como Deus fará
cumprir o seu propósito para com Israel. Os pré-tribulacionistas que
crêem na restauração futura da antiga aliança ficam desnorteados
quando chegam na eternidade.
Uma vez que o Messias aboliu a antiga aliança, as doze tribos de
Israel só poderão herdar as promessas de Abraão através da nova
aliança. Se no momento da vinda do Messias, Israel participa do Reino,
então foram admitidos na nova aliança. Por que então viverão na velha
aliança como ensina os pré-tribulacionistas? Se de fato são admitidos na
nova aliança, que é o único meio de herdar as promessas, então
participam dos benefícios de Davi que são ressurreição e glorificação.
A antiga aliança garantiu que o povo que fosse alcançado pelo
Messias fosse primeiramente a nação de Israel, porém, uma vez vindo o
Messias deveria fazer as reformas conforme a nova aliança predita
pelos profetas.
306 25º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Quando João disse: 'Veio para o que era seu, mas os seus não o
receberam. Contudo, aos que o receberam aos que creram em seu
nome, deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus, os quais não
nasceram por descendência natural... mas nasceram de Deus'
(Jo 1.11,12). Esses que diz: 'aos que o receberam' são os que creram
dentre a nação de Israel que o rejeitou! Esses se tornaram os verdadeiros
filhos de Deus, como diz as profecias de restauração '...e serão filhos do
Deus vivo'. Esses são os únicos dentre a nação de Israel que herdarão
todas as coisas ditas pelos profetas.
Os verdadeiros filhos de Deus são aqueles que participam da
ressurreição e glorificação (Lc 20.36; Rm 8.21,23), e somente aqueles
que possuem o Espírito de Deus pelo novo nascimento em Cristo
poderão chegar a este último estágio da salvação. Mas as pessoas só
recebem o Espírito prometido se forem libertas do seus pecados
mediante o sangue do Messias na nova aliança! Não existe outro
Caminho! Se a atual nação de Israel não passar por esses processos não
serão filhos de Deus conforme diz as profecias.
Os apóstolos a fim de provar que eles são o Israel restaurada da
nova aliança, chamam-se a si mesmo de 'comunidade de Israel'. Isso
é visto em Ef 2.11,12 quando o israelita Paulo diz que 'os gentios...
estavam sem Cristo, separados da comunidade de Israel', chama essa
comunidade de 'santos e membros da família de Deus' (2.19). Essa
família é a Igreja, a nova comunidade de Israel composta de judeus que
estão em Cristo. Se para os outros judeus retornarem a essa comunidade,
assim como os gentios, terão que estarem também em Cristo através da
nova aliança no Seu sangue.
Quanto a objeção que se Deus não cumprir na nação da antiga
aliança as suas promessas dadas a Abraão de estabelece-los em sua
própria terra, Deus falhou com a sua palavra. Paulo responde essa
objeção assim: 'Não pensemos que a palavra de Deus falhou. Pois nem
todos os descendentes de Israel são Israel... Noutras palavras, não são
os filhos naturais que são filhos de Deus, mas os filhos da promessa é
que são considerados descendência de Abraão' (Rm 9.6,8). Para Paulo
'os filhos da promessas' eram os judeus que são os filhos de Sião,
aqueles que o Messias fundou no monte Sião através da nova aliança
(Gl 4.21-31; Lc 22.28-30).
De fato, Paulo nutria uma esperança: 'Mas se a transgressão deles
(os judeus da antiga aliança) significa riqueza para o mundo, e o seu
25º Problema Teológico 307
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

fracasso, riqueza para os gentios, quanto mais significará a sua


plenitude!'(Rm 11.11).
De fato, se os gentios foram aceitos na Igreja (a comunidade de
Israel ou a boa oliveira), quando a nação foi endurecida em parte (pois
alguns creram) o que acontecerá quando todo o Israel estiver
plenamente restaurado em doze tribos com o Messias no monte Sião?
(Ap 14.1). Toda a terra será transformada! 'Pois se a rejeição deles é a
reconciliação do mundo, o que será a sua aceitação, senão vida dentre
os mortos?' (Rm 11.15). Vejamos a profecia:
'Naquele dia o Renovo do Senhor será belo e glorioso, e o fruto da
terra será o orgulho e a glória dos remanescentes de Israel. Os que
forem deixados em Sião e ficarem em Jerusalém serão chamados
santos; todos os inscritos em Jerusalém, para a vida... o Senhor
criará sobre o monte Sião e sobre aqueles que se reunirem ali
(os 144 mil) uma nuvem de dia e um clarão de fogo de noite. A
glória tudo cobrirá' (Is 4.2-5).

Leia mais alguns textos que falam de grande coisas gloriosas que
acontecerão quando o Messias estiver em pé no monte Sião com as doze
tribos de Israel plenamente restaurada: Isaías 1.27,28; 2.1-5; 12.4-6;
24.21-23; 25.6-10; 34.1-10; 35.1-10; 37.31,32; 51.3-11; 52.1,2; 52.8-
11; 59.20; 60.14-16; 61.3-7; 62.1-12; Joel 2.32; 3.14-21; Obadias
17,21; Miquéias 4.1-8, 11-13; Sofonias 3.11-20; Zacarias 8.3-13.
O Messias está nos esclarecendo com muita claridade, através dos
seus santos apóstolos, que o 'monte Sião' ou simplesmente 'Sião' aponta
para os 144 mil israelitas comprados e ofertados ao Messias como os
primeiros frutos da salvação. Eles são literalmente as doze tribos de
Israel restaurada e congregada no Senhor, cujos nomes foram inscritos
no livro da vida para viverem eternamente em Jerusalém (Is 4. 3 c/
Dn 12.1; Lc 10.20; Fl 4.3; Ap 3.5; 20.15; 21.27).
Diz o profeta Isaías 4.3 que eles serão chamados 'santos', em
muitos escritos apostólicos, esse título é aplicado em especial aos
judeus cristãos (vide At 9.13, 32; 26.10; Rm 15.25-27,31; Ef 1.18; 3.8;
Cl 1.12,26; 2 Ts 1.10; Hb 3.1; Jd 3). Assim é que em Daniel 7.21-27,
esses 144 mil israelitas, legítimos descendentes de Israel, o povo de
Daniel, são chamados de 'santos do Altíssimo', que seriam perseguidos
pelo Império Romano e o chifre pequeno, mas que depois
ressuscitariam para tomarem posse do Reino do Messias (Dn 12.1-
3,6,7). Isso nos abre o entendimento para compreender a quem

308 25º Problema Teológico


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

primeiramente se aplicam o termo 'santos' em Ap 14.12: 'Aqui está a


perseverança dos santos que obedecem aos mandamentos de Deus e
permanecem fiéis a Jesus' ( leia: Ap 13.7-10; 17.6; 18.6-8; 20.6,9).
Em Sf 3.13 diz: 'O remanescente de Israel não cometerá injustiças;
eles não mentirão, nem se achará engano em suas bocas'. Esse texto é
aplicado aos 144 mil em Ap 14.5: 'Mentira nenhuma foi encontrado em
suas bocas; são imaculados'. Fortalecendo o argumento que os
remanescentes de Israel que seriam restaurados conforme as profecias
de restauração de Israel são os 144 mil israelitas de todas as tribos de
Israel, encontrados em Ap 7.1-8 e 14.1-5. E que esses eram compostos
pelos primeiros judeus que seguiram o Messias e foram fundados como
a Igreja do Messias no monte Sião, na cidade de Jerusalém no Dia de
Pentecostes.
Paulo, por exemplo, diz: 'apenas o remanescente será salvo'
(Rm 9.27), e que se inclui entres esses remanescentes, quando escreveu:
'Pergunto, pois: Acaso Deus rejeitou o seu povo? De maneira nenhuma!
Eu mesmo sou israelita, da tribo de Benjamim. Deus não rejeitou o seu
povo, o qual de antemão conheceu... Assim, hoje também há um
remanescente escolhido pela graça (a nova aliança)' (Rm 11.1-10).
Que interessante! A tribo de Benjamim se encontra em Ap 7.8, então
Paulo está entre esses 'doze mil da tribo de Benjamim'. E são exatamente
essas doze tribos de Israel que entrarão na nova Jerusalém pelas portas
das doze tribos que estão fundamentadas nos doze apóstolos do Messias
(Ap 21.10-14; Is 26.1-3).
Veremos ainda mais algumas coisas que acontecerão no futuro
com esse remanescente de Israel que compravará mais ainda sua
identidade com os 144 mil israelitas cristãos.
Desde o ano 26 d.C, o Messias vem resgatando o Seu povo eleito
espalhados em todas as nações e reunindo-os em um só rebanho, essa
obra é continuada pelas suas testemunhas. As Escrituras diz: 'Como são
belos nos montes os pés daqueles que anunciam boas novas, que
proclamam a paz, que trazem boas notícias que proclamam salvação,
que dizem a Sião: o seu Deus reina!... saiam [das nações] e sejam puros'
(Is 41.27; 52.7,11). Pois, somente pela pregação do evangelho é
possível trazer de volta Israel (Rm 10.12-17). Porém, eu quero afirmar
que de fato haverá uma reunião literal das doze tribos de Israel pelo
Messias! Pois muito embora estejam reunidos em um só Espírito, estão
dispersos como disse Tiago: 'às doze tribos dispersas entre as nações'
25º Problema Teológico 309
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

(Tg 1.1) e também Pedro: 'aos eleitos de Deus, peregrinos dispersos'


(1 Pe 1.1). Estão deverão ser literalmente reunidos. Leiamos alguns
profecias:

 Isaías 11.12: ' Ele erguerá uma bandeira para as nações a fim de reunir os
exilados de Israel; ajuntará o povo disperso de Judá desde os quatro cantos da
terra';
 Isaías 27.12,13: 'Naquele dia o Senhor debulhará as suas espigas desde as
margens do Eufrates até o ribeiro do Egito, e vocês israelitas, serão ajuntados
um a um. E naquele dia soará uma grande trombeta... virão e adorarão o Senhor
no monte santo, em Jerusalém';
 Isaías 43.6: '... do oriente trarei seus filhos e do ocidente ajuntarei você. Direi ao
norte: entregue-os! e ao sul: Não os retenha. De longe tragam os meus filhos, e
dos confins da terra as minhas filhas';
 Isaías 60.8: 'Quem são esses que voam como nuvens, que voam como pombas
para os seus ninhos?'
 Ez 37.21: 'Vou ajuntá-los de todos os lugares ao redor e traze-los de volta à sua
própria terra [sem deixar um único deles para trás (39.28)]. Eu farei uma única
nação na terra, nos montes de Israel. Haverá um único rei sobre todos eles...

As profecias revelam que esse ajuntamento ocorrerá no dia do


Senhor, quando Jesus vier para destruir as nações (Jl 2.14-18). Vejamos
como o Messias fará isso! Mateus 24.29-31:
'Imediatamente após a tribulação daqueles dias, o sol escurecerá,
e a lua não dará a sua luz; as estrelas cairão do céu... então
aparecerá no céu o sinal do Filho do homem, e todas as nações da
terra se lamentarão e verão o Filho do homem vindo nas nuvens
do céu com poder e grande glória. E ele enviará os seus anjos com
grande som de trombeta, e estes reunirão os seus eleitos dos
quatro ventos (norte, sul, leste e oeste), de uma a outra
extremidade dos céus'.

Eis aqui a reunião literal das doze tribos de Israel composta por 144
mil judeus cristãos e eleitos dentre a nação endurecida! (Rm 11.5,6).
Mais tarde os apóstolos que interpretam as profecias chamaram
essa grande reunião de arrebatamento dos vivos e mortos na vinda do
Senhor Jesus (1 Ts 4.16,17; 2 Ts 2.1).
As profecias também revelam que os filhos de Davi serão
glorificados. Por exemplo Isaías 8.18:
'Aqui estou com os filhos que o Senhor me deu. Em Israel somos
sinais e símbolos da parte do Senhor dos Excércitos, que habita no
monte Sião'.

310 25º Problema Teológico


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

O apóstolo que escreveu sua carta aos judeus cristãos entendeu isso
como um estado de glorificação desses filhos de Deus no céu, quando
disse: 'Porque convinha que [Deus]... conduzindo muitos filhos à
glória, aperfeiçoasse,por meio de sofrimento, o Autor da salvação
deles, dizendo (citando Is 8.18): 'Aqui estou eu com os filhos que Deus
me deu'(Hb 2.10-17). Ele mostra que esses 'filhos' são os 'descendentes
de Abraão' (v.17). Foram dados ao Messias na nova aliança (Jo
6.39,44,45) e agora, em Ap 14.1, aparecem com o Cordeiro em estado
de glorificação. Conforme o Messias orou: 'Pai, quero que os que me
deste estejam comigo onde eu estou e vejam a minha glória' (Jo 17.24).
Há outros textos proféticos que revelam a glorificação das doze
tribos de Israel: a morte, a doença e as necessidades físicas serão
eliminados (Isaías 25.23; 25.8; 33.24; 49.8-12; 52.1; 61.3; 62.2,11,12) e
assim poderão entrar na nova Jerusalém pelas portas (Is 54.11-13), por
isso está escrito: 'Israel será salvo pelo Senhor com uma salvação
eterna; vocês jamais serão envergonhados... por toda eternidade'
(Is 45.17).
São filhos da Jerusalém do alto e terão que ir para lá
(Gl 4.26,31). Conforme o autor judeu disse para seus compatriotas: 'não
temos aqui nenhuma cidade permanente, mas buscamos a que há de vir
(Hb 13.14). E ela virá como lemos em Ap 21.1-8! Mas apenas os 144 mil
judeus cristãos que seguem o Messias e foram lavados com o sangue da
nova aliança eterna, entrarão nela, os demais judeus serão consumidos
pela segunda morte (Ap 22.14,15; Rm 2.7-11).
Outro texto que prova a glorificação da nação de Israel está em
Oséias 13.14: ‘Eu os redimirei do poder da sepultura, e os regatarei da
morte’. Assim o estado final dos filhos de Deus é um estado celestial,
não poderá existir pessoas em estado natural, porque este estado
pertence ao estado caído do primeiro homem. Paulo diz que este texto
de Oséias se cumprirá quando ‘...o que é mortal se revestir de
imortalidade’ na vinda do Messias (1 Co 15.42-55).
Os 144 mil crentes judeus, reinarão com o Messias no Seu reino
como reis e sacerdotes (Is 61.6). Leiamos Jeremias 33.14-16:

'Naqueles dias e naquela época farei brotar um Renovo justo da


linhagem de Davi; ele fará o que é justo e certo na terra. Naqueles
dias Judá será salva e Jerusalém viverá em segurança, e este é o
nome pelo qual ela será chamada: O Senhor é a Nossa Justiça'.

25º Problema Teológico 311


Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

O Renovo justo brotou no ano 26 d.C, a partir daquele dia em


diante, Judá está sendo salva. Pórem, o seu reino irá ser restaurado no
futuro desconhecido. Conforme perguntou os membros dos 144 mil
judeus salvos, em At 1.6: 'Senhor, é neste tempo que vais restaurar o
reino a Israel?'. Ele lhes respondeu: 'Não lhes compete saber os tempos
ou as datas que o Pai estabeleceu pela sua própria autoridade' mostra
que de fato o reino será estabelecido em Sua vinda no dia do Senhor
(1 Ts 5.1-4), porém, o Messias dá uma missão aos seus seguidores para
evangelizar Jerusalém e toda a Judéia a fim de salvar os judeus e darem a
eles a esperança deste Reino vindouro (Rm 11.13,14; 1 Co 9.20-23).
A promessa além de incluir um Reino para sempre, também
inclui a possessão da terra prometida à Abraão. Essa promessa não
cumprirá baseada na antiga aliança, mas na nova aliança. Na profecia de
Jeremias a cidade de Jerusalém será chamada de: 'Senhor Justiça Nossa'
no reino vindouro. Essa justiça não será imputada pelo sangue da velha
aliança, mas da nova aliança. Na profecia de Jr 23.5,6 é o Renovo que é
chamado de: 'Senhor Justiça Nossa' que aponta para sua obra em
justificar os judeus que crêem (1 Co 1.30,31; 2 Co 5.21). Os habitantes
de Jerusalém serão justificados pela fé e não pelas obras da lei (Gl 2.15-
18). Por isso está escrito: 'Erga os olhos e olhe ao redor; todos os seus
filhos se ajuntam e vêm até você (Jerusalém). Juro pela minha vida que
você se vestirá deles todos como ornamento; você se vestirá deles como
uma noiva, declara o Senhor' (Is 49.18).
Graças a Deus pela revelação das profecias que o Senhor deu aos
apóstolos membros dos 144 mil judeus, habitantes de Jerusalém. Os
filhos que serão ajuntados pelo Messias, a cidade de Jerusalém se
vestirá deles! Em Ap 19.7, lemos: 'Regozijemo-nos! Vamos alegrar-nos
e dar-lhe glória! Pois chegou a hora do casamento do Cordeiro, e a sua
noiva já se aprontou. Para vestir-se, foi-lhe dado linho fino, brilhante e
puro. O linho fino são os atos justos dos santos'. Esses santos são os
mesmos 'filhos que se ajuntam e vêm até Jerusalém'.
Esses santos justos são os ornamentos que ataviará Jerusalém para
se casar com o Messias. Por isso que em Ap 21.9,10 está escrito: 'Venha,
eu lhe mostrarei a noiva, a esposa do Cordeiro... e mostrou-me a Cidade
Santa, Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus...'. Essa é a Igreja
do Senhor! Não se ofenda comigo! Mas primeiramente a Esposa do
Cordeiro são os 144 mil judeus cristãos fundados sobre os doze
fundamentos dos apóstolos! Por isso a cidade tem 'doze portas escritos
312 25º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

os nomes das doze tribos de Israel' (Ap 21.12-14). De fato a Jerusalém


será chamada de: 'Senhor Justiça Nossa', porque 'todo o seu povo será
justo' (Is 60.21).

Os 144 mil judeus justificados pelo Messias, são chamados nas


profecias de 'renovo que plantei obra das minhas mãos, para
manifestação da minha glória' (Is 60.21); 'carvalhos de justiça plantio
do Senhor para manifestação da sua glória' (Is 61.3); 'reparador de
muros, restaurador de ruas e moradias' (Is 58.12,14).
Entendemos pelas relações das profecias que essa cidade de
Jerusalém, que se vestirá com 'suas roupas de esplendor' (Is 52.1), e
será edificada 'com turquesa.. safiras... rubis... pedras preciosas'
(Is 54.11-14), apontam para a Jerusalém celestial e os seus habitantes
são os '144 mil judeus cristãos'. Então na profecia eles são chamados
tanto de Sião como de Jerusalém por sinonímia (esse tipo de linguagem
é comum nas Escrituras, principalmente nos profetas, e o leitor precisa
atentar pra isso). Aceitando essa explicação dos apóstolos não teremos
dificuldade de compreender as profecias que falam que as nações estão
reunidas para combater Jerusalém! Essa Jerusalém são os santos
perseguidos no Apocalipse! Assim ao lermos novamente Zc 12 a 14
teremos uma nova compreensão!
Vamos ler dois textos bíblicos: o primeiro é Isaías 60.21: 'Então
todo o seu povo será justo e possuirá a terra'. O contexto desse texto
fala da Jerusalém celestial devido a descrição semelhante dela com a
Jerusalém em Ap 21. O 'seu povo' são primeiramente os 144 mil judeus
cristãos! O segundo texto é Isaías 65.9: 'Farei surgir descendentes de
Jacó e de Judá quem receba por herança as minhas montanhas. Os
meus escolhidos herdarão. E ali viverão os meus sevos'. Não precisa
nem dizer que esses 'descendentes de Jacó e de Judá' chamados de 'os
meus escolhidos' 'os meus servos' são aqueles privilegiados israelitas de
Ap 7.1-8 e 14.1-5. Eles são descendentes legítimos e sanguíneos de
Israel e de Judá, mais do que isso, são 'meus escolhidos' por pertencerem
o Messias na nova aliança. Eles herdarão a terra!
A promessa de uma terra foi feito ao descendente de Abraão e esse
descendente é o Messias. Então, Cristo é o herdeiro da terra prometida a
Abraão. Os demais descendentes de Abraão para se tornarem herdeiros
da promessa terão que se tornarem 'servos' do Messias. Os que
pertencem a Cristo, pelo sangue da nova aliança, são herdeiros, os que
25º Problema Teológico 313
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Com certeza Abraão com a sua visão limitada avistou apenas a


pequena Palestina. Mas você acha que seria apenas isso a herança do
Messias? Não! Conforme o Salmo messiânico 72, ele governará 'de mar
a mar e desde os confins da terra' (v.8). Em Isaías 9.7, diz que o Messias
'estenderá o seu domínio'. Então a terra prometida a Abraão seria apenas
a capital do vasto domínio do Messias!
A promessa de Abraão dizia: 'sua descendência (o Messias)
conquistará as cidades dos que lhe forem inimigos, e, por meio dela,
todos os povos da terra serão abençoados' (Gn 22.17,18). Assim, a
promessa dada a Abraão e ao Messias incluía não só a região de Canaã,
mas as cidades de seus 'inimigos' e de 'todos os povos da terra'. A cidade
prometida a Abraão seria apenas a capital de onde o Messias abençoaria
'todos os povos da terra' (Gn 12.2,3). Porém, essas coisas não poderiam
acontecer enquanto não nascesse o descendente de Abraão aquém a
promessa se referia (Gl 3.16-19).
Em Romanos 4.13, diz: 'Não foi mediante a Lei que Abraão e a sua
descendência receberam a promessa de que ele seria herdeiro do
mundo, mas mediante a justiça que vem da fé (nova aliança)'.
Este mundo, porém, é dominado por Satanás e as nações ímpias que
perseguem a filha de Sião! Terão que ser varridos da Terra! Para que o
Reino do Messias domine de mar a mar! E ele comece a 'fazer o que é
justo e reto na terra'. Essa purgação começará quando ele vier para
guerrear contra as nações na 'batalha do grande dia do Deus todo-
poderoso' (Ap 16.14 - essa é o dia da vingança de Sião contra as nações).
A destruição será tão terrível que a própria terra será atingida e no final
do Milênio era passará como um vestido velho (2 Pe 3.10-13; Hb 1.10-
12). Devido a isso a promessa de Abraão tem seu real cumprimento em
uma nova terra que surgirá! De fato, o verdadeiro sentido da promessa é
o que Pedro escreveu: 'Todavia, de acordo com a sua promessa,
esperamos novos céus e nova terra, onde habita a justiça' (2 Pe 3.13).
Essa promessa aparece nas profecias de restauração de Israel em
Isaías 65.17-25; 66.22,23, como 'novos céus e nova terra' que o Senhor
criará, tendo a Jerusalém como a capital! Por isso que haverá um
período de transição, chamado de 'milênio', 'tempo de restauração de
todas as coisas', 'tempo de regeneração de todas as coisas' e 'dia do
juízo' em que Messias e os filhos de Deus iniciará uma campanha de
libertação da 'natureza [de sua] decadência em que se encontra,
recebendo a gloriosa liberdade dos filhos de Deus' (Rm 8.21)
314 25º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

e destruam 'todo domínio, autoridade e poder' (1 Co 15.24-28).


Durante esse tempo de transição os santos do Messias estarão
acampados na cidade de Jerusalém que será a capital provisória do reino
durante o milênio. No final do milênio a terra terá sido transformada em
'uma nova terra', ai então, a Jerusalém provisória será substituída pela
Jerusalém eterna que descerá do céu! A Jerusalém das profecias!
Portanto, as profecias que descreve as belezas que surgirão vai
além do milênio, muito embora se inicie nele, e se refere ao 'mundo que
há de vir' (Hb 1.5; 6.5), que é essa própria terra transformada! Assim
não só Israel será restaurado, mas a velha Jerusalém e a velha terra serão
também restauradas. Se Israel não herdar a nova terra e a nova
Jerusalém, Deus não terá cumprido suas promessas que fez aos
patriarcas: Abraão, Isaque, Jacó e Davi. Quanto, porém, o Israel que
permaneceu na velha aliança serão lançados sem nenhum direito fora
para serem devorados pelos vermes (Is 65.11-15; 66.22-24).
Seguindo a linha de interpretação do pré-tribulacionismo, a
respeito das promessas feitas a nação de Israel, o leitor verá que os
pré-tribulacionistas ficam encurralados! O que eles aplicam apenas
no milênio, os profetas se refere a eternidade! O que eles prometem ao
Israel da antiga aliança, Deus promete ao Israel da nova aliança.
Nos capítulos 21 e 22 de Apocalipse, João descreve sobre a vida
eterna. Aqui, cumpre-se todas as promessas de Deus aos seus filhos e
herdeiros (21.7). Em Apocalipse 21.1, João vê ‘novos céus e nova
terra’, de conformidade com a promessa que se encontra em Isaías
65.17-25. Texto esse que os pré-tribulacionistas lançam no Milênio, que
segundo eles se refere ao Israel da antiga aliança, João emprega na
eternidade e se refere ao Israel restaurado da nova aliança, que como já
foi dito são os 144 mil israelitas literais comprados da terra.
Em Apocalipse 21.3, João escreve: 'Agora o tabernáculo de Deus
está com os homens, com os quais ele viverá. Eles serão o seu povo; o
próprio Deus estará com eles e será o seu Deus'. Essas mesmas
profecias aparecem em Jeremias 32.37-41e Ezequiel 37.27,28; 43.7, se
referindo a nação de Israel e sua terra, na visão apostólica se cumpre em
todos os remidos glorificados na nova terra. Em Ap 21.4, João escreve:
'Ele enxugará dos seus olhos toda lágrima. Não haverá mais morte,
nem tristeza, nem choro, nem dor, pois a antiga ordem já passou'. Essas
promessas se encontram em Isaías 25.6-8; 49.8-10, e conforme os
pré-tribulacionistas interpretam as profecias, essas palavras se referem
25º Problema Teológico 315
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

a Israel da antiga aliança no milênio, todavia, em Apocalipse 21, elas se


relacionam com os remidos glorificados o que inclui o Israel renovado.
Em Apocalipse 21.9-21, João descreve a nova Jerusalém, que
descia do céu. Essa descrição vem de Isaías 54.11-14. Aqui o profeta vê
a futura glória de Jerusalém que ele conhecia, ali o apóstolo contempla
que essa glória se cumprirá na eternidade, na nova Jerusalém. Quando o
judeu Isaías se erguer do túmulo para herdar a vida eterna, e contemplar
a nova Jerusalém, ele ficará admirado diante da sua glória, e perceberá
que suas palavras eram apenas símbolos de uma realidade eterna.
Não só ele, mas todos os judeus que creram no Messias, quando
contemplarem a nova Jerusalém revestida de glória e de eterno
resplendor verão e se alegrão com indizível alegria, pois que as
promessas feitas a Abraão e a Davi, Deus as cumpriram acima das
expectativas deles (1 Coríntios 2.9, citando Isaías 64.4).
As profecias se desenrolam com muita perfeição às mãos dos
apóstolos, sem precisar estabelecer a velha aliança para ver essas
promessas cumpridas! E, com certeza os patriarcas, profetas e reis do
antigo Israel ficarão maravilhados quando contemplarem a verdadeira
realidade daquilo que eles esperavam (Hebreus 11.8-16).
Apocalipse 21.22 a 27 e 22.1-5 foram extraídos das profecias de
Isaías 35.8-10; 52.1,2; 60.1-22 e Ezequiel 47.1,6-12, os
pré-tribulacionistas aplicam essas profecias no milênio, João vê seu real
cumprimento na eternidade. Pra eles Deus tem que cumprir literalmente
o quê prometeu a Abraão! Mas o que Deus prometeu a Abraão? Como já
vimos ser 'herdeiro do mundo' (Rm 4.13). E, para que essa promessa
seja garantida a toda a descendência de Abraão, deve vir pela fé na nova
aliança , para que seja de acordo com a graça, não apenas para aos que
estão sob o regime da Lei (Israel), mas também para aos que têm a fé que
Abraão teve (os gentios) (Rm 4.16-17). Caso contrário 'os que vivem
pela Lei são herdeiros (o Israel da velha aliança), a fé não tem valor, e a
promessa é inútil' (Rm 4.14). O que é que os pré-tribulacionistas fazem
com esses textos? Já que são tão claros!
Esse 'mundo', de que fala Paulo, é 'o mundo que há de vir' (Hb 2.5),
pois Abraão esperava uma pátria celestial (Hb 11.16a), uma cidade que
tem alicerces, cujo arquiteto e edificador é Deus (Hb 11.10). Por essa
razão Deus não se envergonha de ser chamado o Deus deles, e lhes
preparou uma cidade, a nova Jerusalém (Hb 11.16b c/ Ap 21.1-7). É essa
promessa que os descendentes de Abraão vão herdar. Ali não haverá
316 25º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

mais morte, nem guerras, nem tristezas, nem choro, nem enfermidades.
Nunca mais terão fome, nunca mais terão sede. O ermo florescerá,
riachos correrão no deserto. Todos os animais viverão juntos. Os
remidos cantarão, e juntos andarão. E, ninguém fará mal e nem
destruição, haverá paz, abundância e felicidade para todo sempre.
E os gentios onde ficam se as promessas de vida eterna
pertencem a Israel?
Geralmente para os pré-tribulacionistas a Igreja é uma parada nas
profecias de Israel e tratada em um plano diferente, mas para os
apóstolos que receberam o esclarecimento das profecias, a Igreja é o
único meio pelo quais as doze tribos de Israel entrarão no Reino de Davi.
Pois os judeus que entram através das chaves dos apóstolos são os
únicos que têm esperança de vencer a morte pela ressurreição. E além do
mais não pode existir dois planos de Deus que envolve a Igreja e Israel
separadamente, pois senão haverá duas salvação, porém, segundo as
Escrituras a salvação ‘enviada aos gentios’ é a mesma que pertence a
Israel (At 28.17,20,23,24,28,29).
Por isso que, como já vimos com bastante argumentos, os 144 mil
israelitas crentes são a Igreja de Jesus Cristo que ele fundou sobre a
pedra de Sião, e esses são os remanescentes de Israel que representam as
doze tribos de Jacó restauradas. Entre eles se encontram Pedro, João e
Tiago, considerados coluna da Igreja e os demais apóstolos e também os
judeus que creram por intermédio deles! Portanto, não houve nenhuma
parada no trata de Deus para com Israel! Pelo contrário, a formação da
Igreja foi a restauração de Israel na nova aliança!
Portanto, esses descendentes de Abraão abençoarão todos os povos
da terra conforme a promessa! A promessa dizia: 'Por meio de você
todas as nações serão abençoadas'. O apóstolo Paulo interpreta essa
benção como se referindo a justificação dos 'gentios pela fé' (Gl 3.8). De
fato, são muitos os textos que mostram que as nações serão abençoadas
por causa da restauração de Israel. Vejamos alguns:
Isaías 11.10: 'Naqueles dias as nações buscarão a Raiz de Jessé,
que será como uma bandeira para os povos, e o seu lugar de descanso
será glorioso'. Como já vimos a Raiz de Jessé, o Messias, brotou em 26
d.C. Paulo lança luz sobre esse texto quando aplica esse texto aos
gentios que foram alcançados pela misericórdia de Deus mediante o
evangelho em Rm 15.8,9,12. Paulo traduz 'como uma bandeira para os
povos' assim 'para reinar sobre os gentios' (v.12).
25º Problema Teológico 317
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

As profecias falam que o Messias 'aspergirá muitas nações'


(Is 52.15), 'será uma luz para os gentios' (Is 49.6) que será 'uma
testemunha, líder e governante dos povos' (Is 55.4), que 'convocará as
nações' (Is 55.5), que 'os povos correrão para monte Sião' (Is 2.1;
Mq 4.1), que por causa dele'as nações converterão suas espadas em
arados e suas lanças em foices' (Is 2.4), que o Senhor acenará para'os
gentios... que trarão os filhos de Israel nos braços e ombros' (Is 49.22),
que 'os estrangeiros se unirão ao Senhor para servi-lo e serão trazidos
ao monte Sião' (Is 56.6), e ajudarão 'a construir o templo do Senhor'
(Zc 6.15), que 'gente de fora vai pastorear os rebanhos' de Israel (Is
61.5), que 'os gentio irão cantar junto com o povo de Israel'(Dt 32.43).
O Salmo 87, mostra que quando o Senhor edificar 'sua cidade sobre
o monte Sião', de muitas nações serão dita 'todos estes nasceram em
Sião. O Senhor escreverá no registro dos povos: Este nasceu ali'. Diz
também em Amós 9.11,12, que quando o Senhor restaurar 'a tenda
caída de Davi' irá conquistar as 'nações que lhe pertencem... a fim de
reunir dentre eles um povo ao Seu nome'(Tg 15.15-17). Enfim há muitas
outras profecias que afirmam que os gentios serão abençoados por Deus
por intermédio do Messias e Israel.
Essas profecias segundo os apóstolos se cumprem nos gentios que
se convertem ao evangelho pregado pelos judeus (Rm 15.27)! Isso
também mostra que esses judeus são de fato a restauração de Israel, pois
os gentios só iriam buscar 'o Deus de Jacó' quando 'o monte do templo
do Senhor' for 'estabelecido como o principal' (Is 2.1-3).
Porém, é Paulo que revela o verdadeiro significado dessas
profecias. Ele escreveu: 'Esse mistério não foi dado a conhecer aos
homens doutras gerações, mas agora foi revelado pelo Espírito aos
santos apóstolos e profetas de Deus, significando que, mediante o
evangelho, os gentios são co-herdeiros com Israel, membros do mesmo
corpo, e co-participantes da promessa em Cristo Jesus' (Ef 3.5,6). O
mistério não é a Igreja! A Igreja é o eterno plano de Deus (Ef 3.11).
Mas o mistério é a participação dos gentios como 'membros do
mesmo corpo' (esse corpo é a Igreja). Assim os gentios e Israel são
membros do mesmo Corpo de Cristo! São co-herdeiros do Reino de
Davi e co-participantes da promessa de Abraão! Os gentios são trazidos
para dentro da Igreja, e inicialmente essa Igreja era Israel restaurado
(veja isso em Ef 1.4-14, quando Paulo diz que ‘Deus nos escolheu nele
antes da fundação do mundo... de conforme o bom propósito da sua
318 25º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

vontade’. Esse ‘nos’ aí são os judeus (v.12). Depois ele diz no v.13 que
os gentios são incluidos nesse eterno propósito mediante o evangelho da
nova aliança. Tornando-se também membros dos judeus.
Paulo escreveu: '...vocês (os gentios) já não são estrangeiros nem
forasteiros, mas concidadãos dos santos e membros da família de Deus'
(Ef 2.19). Paulo mostra que os 'gentios' agora fazem parte da
'comunidade de Israel', aquela que o Messias reuniu e fez com ela uma
nova aliança. E também mostra que os gentios estão sendo 'edificados
juntos' com os judeus para se tornarem 'um santuário santo ao Senhor...
para morada de Deus por Seu Espírito' (Ef 2.11,12,20,21), aquele
templo que o Messias edificou sobre o Monte Sião e chamou-o de
'minha Igreja' (Mt 16.18).
Isso significa que de tudo o que foi dito sobre o Israel restaurado
vale para os gentios cristãos. Enquanto que Israel restaurado são os 144
mil israelitas das doze tribos de Israel, os gentios são 'a grande multidão
de todas as nações, tribos, povos e línguas', que foram também, lavados
no 'sangue do Cordeiro' (Ap 7.9-17). Por isso que ressuscitarão,
reinarão, julgarão e herdarão a nova Jerusalém, os novos céus e a nova
terra. Serão também arrebatados e glorificados como Israel! São filhos
espirituais de Abraão por intermédio do Messias.
Os gentios estão na nova aliança por isso seus pecados são
perdoados e participam dos emblemas da ceia. São também chamados
de santos, testemunhas e escolhidos. Foram também justificados,
regenerados, santificados e adotados assim como Israel. São também
filhos de Deus e povo de Deus. Eles são também ovelhas de Jesus,
conforme disse o próprio Messias: 'Tenho outras ovelhas (os gentios)
que não são deste aprisco (Israel). É necessário que eu as conduza
também (para o aprisco). Elas ouvirão a minha voz, e haverá um só
rebanho (judeus + gentios = a Igreja) e um só pastor' (Jo 10.16 c/
Is 56.8). E fazem também parte da noiva israelita que casará com o
Cordeiro pois são convidados ( Is 49.18 c/ Ap 19.9; Is 62.4,5).
Os gentios são também perseguidos pelas nações por causa da fé de
Sião! Porém, serão, também, reis e sacerdotes de Deus e de Cristo como
Israel para governar as nações com vara de ferro.
Quanto às nações que não se convertem à fé do Israel do Messias
serão destruídas, como está escrito: 'procurarei destruir todas as nações
que atacarem Jerusalém' (Zc 12.9). Essa destruição acontecerá no dia
do Senhor e se estenderá até o final do Milênio, quando então vai
25º Problema Teológico 319
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

cumprir o que está escrito: 'a nação e o reino que não servirem
(a Jerusalém) perecerão; serão totalmente exterminados' (Is 60.12).
De fato, com a guerra do Armagedom sobrará algumas nações, sobre
essas reinará os santos ressuscitados e glorificados do Messias (que são
os 144 mil israelitas e os gentios convertidos por eles, em outras
palavras: a Igreja do Senhor). No final do milênio todas essas nações se
revoltarão contra o governo dos santos e serão totalmente destruídas.
Segundo o próprio Messias as nações que serão postas ao seu lado
direito como justos e benditos a fim de possuírem o Reino e a vida eterna
são aquelas que serviram o Messias por intermédio de 'seus menores
irmão', que são os 144 mil israelitas crentes começando pelos apóstolos,
e que as nações que serão postas como bode ao lado esquerdo do
Messias como malditos para serem lançados no fogo eterno são as
nações que não servirem o Messias por intermédio dos 144 mil das
tribos de Israel, que Jesus os chama de meus 'menores irmãos'.
O que acontecerá com as nações no final do Milênio segundo os
pré-tribulacionistas? Já vimos que os pré-tribulacionistas acreditam
que durante o Milênio existirá a Igreja no céu e na terra o povo de Israel
praticando as obras da antiga aliança juntamente com as nações
gentílicas que sobreviverão a guerra do Armagedom. Algumas dessas
nações serão convertidas por Israel durante o Milênio. Com a revolta de
Satanás, apenas essas nações salvas sobreviverão.
Porém, assim como os pré-tribulacionistas não nos diz o que
acontecerá com esse Israel da antiga aliança na eternidade, também não
nos diz o que acontecerá com essas nações convertidas à antiga aliança
quando chegar a eternidade! Veja que embaraço o pré-tribulacionismo
chegará com sua escatologia judaizante e dispensacionalista! É uma
raridade, mas eu encontrei alguma coisa sobre isso.
O Dr. Elienai Cabral escreveu:'Os salvos oriundos do Milênio
viverão para sempre na terra, mediante a arvore da vida (Ap 22.2), não
mediante a ressurreição, nem porque passaram do estado mortal para o
imortal'(Lições Bíblicas, de Mestre, 3º trimestre de 1998, pág. 94).
Existe um montão de problemas teológicos nessas afirmações!
Nessa mesma lição bíblica, Elienai Cabral escreveu: 'É verdade que as
pessoas [durante o Milênio] não estarão isentas da morte. Mas viverão
muito mais' (pg. 93). Agora eu pergunto: o que acontecerá com um salvo
oriundo do Milênio se ele morrer antes dos mil anos terminarem? Como
ele poderá viver 'para sempre na terra' se Elienai Cabral diz que não
320 25º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

será 'mediante a ressurreição'? Então isso significa que na salvação de


Israel pregada no Milênio não há o ensino da ressurreição que é a base da
fé cristã! E que tal salvação não dará esperança de vida para os mortos
do Milênio! E se um membro deste Israel morrer durante o Milênio o
que vai acontecer com ele? Pelo visto também não ressuscitarão! Pois a
segunda ressurreição depois do milênio é a ressurreição da condenação.
Elienai Cabral também disse: 'nem porque passaram do estado
mortal para o imortal'. Então continuarão sendo pessoas mortais! Nesse
caso a morte não será destruída. Como então diz: 'não haverá mais
morte' (Ap 21.4).
Que tipo de pessoas serão esses 'salvos oriundos do milênio'?
Humanos perfeitos? O modo como Deus eliminará a imperfeição da
nossa natureza humana caída é mediante a 'redenção do nosso corpo'
(Rm 8.23), que inclui tornar-nos 'semelhantes ao corpo glorioso' de
Jesus (Fl 3.21). Se eles não passarem por esse processo, como de fato diz
o comentarista 'que não passaram do estado mortal para o imortal',
então essas pessoas continuarão sendo pecadoras. Nesse caso o pecado
não será eliminado! Como então diz: 'já não haverá maldição nenhuma'
(Ap 22.3).
O comentarista pré-tribulacionista diz: 'os salvos oriundos do
Milênio viverão para sempre na terra'. Mas que terra? Certamente a
'nova terra', porque a primeira passará (Ap 21.1). Mas para essa nova
terra descerá a Jerusalém celestial. Esses salvos oriundos do milênio
entrarão nessa cidade? Certamente que não! Porque o mortal não pode
herdar o imortal (1 Co 15.50), e o comentarista afirma que eles 'não
passaram do estado mortal'. Isso é complicado! Porque se eles não
entrarão na cidade, ficarão de fora da cidade, porém, o Apocalipse diz
que 'fora ficam os cães' (Ap 22.15). Mas como então eles irão participar
da 'árvore da vida', se ela fica na 'rua principal da cidade'? (Ap 22.1,2).
Então esses salvos oriundos do milênio entrarão na cidade celestial
com seus corpos terrenos! Porém, lemos que 'unicamente aqueles cujos
nomes estão escritos no livro do Cordeiro, entrarão na cidade'
(Ap 21.27). Esses salvos oriundos do Milênio têm seus nomes escritos
no livro da vida? Por que então eles não participam da ressurreição e
glorificação dos salvos? Pois os nomes que constam ali são desde a
fundação do mundo (Ap 17.8). Diz que essas pessoas 'viverão para
sempre na terra, mediante a árvore da vida'. Mas só terão o 'direito à
árvore da vida' aqueles que lavaram suas vestes 'no sangue do
25º Problema Teológico 321
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Cordeiro’ (Ap 22.14). Ter o 'direito de comer da árvore da vida, que está
no paraíso de Deus' (Ap 2.7), não significa um ato literal como se come
uma maça, mas significa participar da vida celestial, imortal e
glorificada. Se eles não passaram do 'estado mortal para o imortal'
então também não comeram da árvore da vida.
Esses tipos de salvos que viverão para sempre na terra distintos dos
salvos glorificados não existe, é coisa da cabeça dos
pré-tribulacionistas, a borra de sua escatalogia dicotômica.
Quem são então as nações citadas em Ap 21.24-26; 22.2? As
nações citadas nesses textos não se referem àquelas nações do Milênio
sobre quem o povo do Messias governará 'com cetro de ferro', pois essas
são postas apenas para serem despedaçadas 'como a um vaso de barro'
(Ap 2.26,27; Sl 2.9). Conforme já vimos serão totalmente destruídas no
final do Milênio (Ap 20.7-9). Portanto, essas nações citadas na
eternidade em Ap 21 e 22 são os remidos glorificados, a mesma
multidão citada em Ap 7.9-17.
Sabemos que essas nações são os crentes glorificados porque em
Ap 21.3,4, lemos: 'Agora o tabernáculo de Deus (a Jerusalém) está com
os homens, com os quais ele viverá. Eles serão os seus povos; o próprio
Deus estará com eles e será o seu Deus. Não haverá mais morte, nem
tristeza, nem choro, nem dor, pois a antiga ordem já passou'. E o v.7
considera essas nações como 'o vencedor herdará tudo isto, e eu serei o
seu Deus e ele será meu filho'. E entre essas nações está a fiel nação de
Israel como o primeiro povo salvo pelo Messias (Zc 12.7,8; Rm 1.16;
2.10), como as primícias da terra (Ap 14.1,4; Tg 1.1,18), como um leão
entre as nações (Mq 5.7,8), como uma coroa de glória na mão do Senhor
(Is 62.1-3,10-12) habitando eternamente em sua própria cidade
conforme as promessas proféticas que não podem falhar jamais !!!
(Is 49.10; 61.3-7; Ez 37.24-28; 43.7).
Esses termos ‘serão meu povo’ e ‘será meu filho’ é o resultado final
da promessa de restauração que Deus fez com Israel na nova aliança
(Jr 31.33; 32.37-41; Ez 37.23; Os 1.10), o que também inclui os gentios
conforme lemos em Romanos 9.24-26 e 1 Pedro 2.9,10.
Outrossim, vemos em Ap 21.24,23 que essas nações entrarão na
Jerusalém celestial pelas portas que jamais se fecharão, logo no
versículo 27 diz que 'unicamente aqueles cujos nomes estão escritos no
livro da vida do Cordeiro entrarão na cidade'. Isso significa que essas
nações estão escritas nesse livro! Enquanto que aquelas nações do
322 25º Problema Teológico
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Milênio, chamadas de Gogue e Magogue, inimigas de Israel, o destino


delas é o 'lago de fogo’ (Ap 20.7-9,15; Ez 38 e 39). Isso significa que
depois do arrebatamento da Igreja o livro da vida encerrará suas
inscrições. O que coloca o arrebatamento da igreja depois da grande
tribulação, porque durante a grande tribulação haverá pessoas que têm
seus nomes escritos no livro da vida, e esses não adorarão a Besta
(Ap 13.8) e não poderão ficar de fora do casamento do Cordeiro.
Deixam-me aproveitar a ocasião e falar de Gogue e Magogue,
esses termos são extraídos de Ezequiel 38 e 39.
Os pré-tribulacionistas afirmam que antes da grande tribulação,
Israel será invadida pela Rússia baseado em Ez 38 e 39. Porém, o texto
de Ezequiel não permite tal interpretação. Haja visto que após essa
invasão haverá sete anos em que Israel purificará a terra e utilizará as
armas de guerras como combustível (Ez 39.9,10), o mesmo período que
os pré-tribulacionistas dizem que durará a grande tribulação. Porém,
durante esse tempo os pré-tribulacionistas afirmam que Israel será
castigada pelo Anticristo que lhes afligirá a grande tribulação. Então os
Israelitas não 'despojarão aqueles que os despojaram'' e nem
'saquearão aqueles que os saquearam' (Ez 39.10) e nem Israel
'purificará a terra” (Ez 39.14,15).
A profecia de Ezequiel aponta para a batalha no final do Milênio.
Vejamos algumas coisas que compravam isso: 'Gogue' é Satanás 'o
príncipe maior' (Ez 38.1) que reunirá ao seu redor 'todas as multidões'
(Ez 38.7) e virá com essas 'muitas nações' depois de 'muitos dias ou
alguns anos', isto é, mil anos (Ez 38.6-9) para invadir 'uma terra que se
recuperou da guerra' (Ez 38.8). Essa guerra é a guerra do Armagedom.
Durante o Milênio o povo de Deus estará vivendo em 'segurança' e de
modo 'pacífico' (Ez 38.11,14).
Ezequiel descreve essas nações 'como uma nuvem cobrindo a terra'
(Ez 38.9), 'uma grande multidão, um exército numeroso' (Ez 38.15) que
virá contra 'um povo que foi reunido dentre muitas nações', este 'povo' é
o Israel da nova aliança que foi reunida pelo Messias dentre as nações e
batizada com Espírito Santo (Ez 38.8; 39.28,29), que João chama de
'santos' acampados na 'cidade amada' (Ap 20.9).
Se lemos Ap 20.7,8 veremos em poucas palavras um resumo do que
Ezequiel profetizou, principalmente porque o Apocalipse chama essas
‘nações’ reunidas por Satanás de ‘Gogue e Magogue’, confirmando
mais ainda a profecia e a sua interpretação.
25º Problema Teológico 323
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Ezequiel ainda diz que o Senhor fará desabar 'sobre ele e sobre as
suas tropas e sobre as muitas nações que estarão com ele' 'saraiva e
enxofre ardente' (Ez 38.22-23). Ele diz: 'Mandarei fogo sobre Magogue'
(Ez 39.6). Isso confere com Ap 20.9,10. E após esse acontecimento a
'terra será purificada'(Ez 39.12,13), Deus 'não mais deixará que o seu
nome seja profanado' (Ez 39.7), e será 'um dia memorável' (Ez 39.13).
Vemos ainda que as nações citadas na eternidade em Ap 21.24
participarão da árvore da vida conforme Ap 22.2: 'as folhas da árvore
servem para a cura das nações'. Isso também prova que essas nações
são o povo do Messias, pois assim lemos em Ap 2.7: 'ao vencedor darei
o direito de comer da árvore da vida,que está no paraíso de Deus' e
também Ap 22.14: ‘Felizes os que lavam as suas vestes, e assim têm
direito a árvore da vida e podem entrar na cidade pelas portas’. Isso
significa que os crentes serão livres de todo pecado, doença e maldição
para todo o sempre.
E quem são 'os reis da terra' de Ap 21.24? Também é um termo
aplicado aos santos do Cordeiro. Em Ap 22.3-5: 'os seus servos o
servirá... e eles reinarão para todo o sempre'. A Igreja foi constituída
uma nação de reis e sacerdotes vindo de todas as nações do mundo
(Ap 1.5,6; 5.9,10). De modo que esses dois termos 'reis' e 'nações'
significam que o povo de Deus será ao mesmo tempo súditos e reis no
reino eterno de nosso Senhor Jesus Cristo. Assim encontramos um
cumprimento literal, real e eterno das profecias: nações e reis sob o
governo de Jerusalém para todo sempre!

‘Israel será salvo pelo Senhor com uma salvação


eterna... e esta salvação de Deus é enviada aos gentios;
eles a ouvirão! Eles serão o meu povo, e eu serei o seu
Deus... e haverá um só rebanho e um só pastor...
Porque não há diferença entre judeus e gentios, pois o
mesmo Senhor é Senhor de todos’
(Is 45.17; Ez 37.23; At 28.28; Jo 10.16; Rm 10.12)
324
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

CONCLUSÃO

S em perceber a escatologia defendida pelo sistema


dispensacionalista pré-tribulacionista acaba se tornando em
um cúmulo de definições e frases sem saída, que deixa os seus
partidários leigos em um labirinto. Pelo único fato de inventarem um
ponto doutrinário: a doutrina das duas fases da vinda de Jesus. Toda a
estrutura de seu sistema fica comprometida. Eles acabam despencando
em vários absurdos teológicos, e sem nenhuma base bíblica coerente
querem nos fazer engolir garganta abaixo esse sincretismo teológico.
O teólogo Elienai Cabral ainda tem a petulância de dizer que:

'[o pré-tribulacionismo] é uma interpretação que honra as


Sagradas Escrituras e ajusta-se devidamente à esperança cristã...
(Lições Bíblicas, de Aluno, 3º trimestre de 1998, pág.33).

Mas, quando compreendemos que a Segunda Vinda de Jesus Cristo


é realmente a segunda vinda, sem fases, sem etapas e sem divisão, ou
coisa parecida, então, não há contradição e nem confusão. Não há
necessidade de escavar textos isolados das Escrituras para se apoiar,
basta lê-la naturalmente, e a verdade surge.
Os pré-tribulacionistas querem porque querem que a doutrina por
eles ensinada sobre a vinda de Jesus Cristo seja correta; é uma
escatologia muito bem montadinha, mas não tem fundamentos; é como
várias peças montada uma encima da outra, mas falta a argamassa; não é
possível que uma escatologia tão conflitante, desajustada, cheia de
incoerências, informações equivocadas, contradições, textos isolados e
mau resolvidos seja uma doutrina correta!
Irmãos, com toda sinceridade da minha alma, o arrebatamento da
Igreja não ocorrerá em uma vinda secreta de Jesus, mas na única vinda
reconhecida pela Bíblia.

'Eis que ele vem com as nuvens, e todo olho o verá... Assim será!
Amém' (Ap 1.7); 'Eis que venho em breve! A minha recompensa
está comigo, e eu retribuirei a cada um de acordo com o que fez'
(Ap 22.12); 'Sim, venho em breve! Amém. Vem, Senhor Jesus!'
(Ap 22.20).

Talvez alguém diga:

325
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

'Para mim não importa se a vinda de Jesus será antes ou depois


da grande tribulação, o que importa é que Jesus vem, e eu quero
subir'.

Porém, esse tipo de argumento demonstra falta de convicção


pessoal; falta de fé pessoal, e 'tudo o que não provém da fé é pecado'
(Rm 14.23). Temos que crê no que a Bíblia diz! Se ela diz que será 'antes
da grande tribulação', inquestionavelmente será antes, se porém, ela diz
que será 'após a [grande] tribulação' que 'o Filho do homem' vem'
(Mt 24,29,30), então, inquestionavelmente 'será depois'.
Quem diz: 'Não importa se será antes ou depois...', está crendo em
meio termo; está como que encima do muro; um tal de 'maria vai com as
outras'. Esse tipo de argumento não só enfraquece a doutrina da igreja,
como também dá margem para que a oposição cresça. É a mesma coisa
que dizer:

'Pra mim não importa se é Trindade ou Unitarismo, eu só quero


adorar a Deus'; 'Pra mim não importa se o batismo é por
aspersão ou imersão, eu quero saber que fui batizado'; 'Pra mim
não importa se as línguas são evidências do batismo com
Espírito Santo ou apenas mais um dom, o que importa é que eu
falo em línguas'.

Eu acredito que isso são argumentos de crentes preguiçosos que


não querem estudar a Bíblia com seriedade, e nem tampouco querem
encarar as verdades de frente.
Já imaginou se Martinho Lutero tivesse dito:

'Para mim não importa se a salvação será pelas obras ou se será


pela fé, o que importa é que Jesus salva'.

Jamais aconteceria a Reforma Protestante! E nem tampouco Lutero


tinha se livrado do papismo. Pelo contrário, Lutero disse sem vacilar:

'Ponho de lado velhas opiniões, quando acho que as


novas idéias são melhores'.

Em outra ocasião Lutero disse:


326 Conclusão
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

'...aquilo que não se encontra [na Santa Escritura], nem pode ser
por ela provado, não pode ser exigido que pessoa alguma o aceite
como artigo de fé' .

Graças a Deus que Lutero não coxeou em seus pensamentos! Ele


escreveu:

'O que for afirmado sem as Escrituras ou sem uma revelação


comprovada pode ser considerado opinião, mas não precisa crer
nisso' (Do Cativeiro Babilônico da Igreja, pág.34).

Já pensou que desastre se Atanásio tivesse dito:

'Para mim não importa se é Ário que está certo em sua opinião
sobre Deus e Cristo ou se é Tertuliano que está certo, o que
importa é que Deus existe'.

Jamais o trinitarismo tinha prevalecia contra o arianismo. Pelo


contrário, Atanásio assim como fez Lutero e outros apologistas da sã
doutrina, tomou uma posição firme a favor da verdade! Quando alguém
lhe disse: 'Atanásio abandona essas idéias, você não vê que é o mundo
contra Atanásio'. Atanásio respondeu sem relutância: 'Pois, é Atanásio
contra o mundo'. Ele não cedeu, nem abriu mão de suas convicções! E
hoje em dia, quem não confessa a Trindade como dogma cristão corre o
risco de entrar no rol das seitas!
Quem tomará uma posição firme a favor da verdade sobre segunda
vinda de Jesus Cristo nesses últimos dias?!
Agora se alguém diz: 'Para mim não importa se a vinda de Jesus
será antes ou depois da grande tribulação', porque tem medo de
enfrentar o sistema, saiba que os covardes não têm parte com Cristo no
seu Reino. Temos que defender a verdade! Tomar partido pela verdade!
Nem que isso acarrete em prejuízo próprio! Não se trata de corrente
teológica, mas do quê a Bíblia diz! Não importa se existe mais de 40
definições escatológicas, uma delas, e apenas uma, é a verdade, e é
nessa que nós temos que crê.
Se o pré-tribulacionismo ou qualquer outra é a verdade então
defenda isso a todo custo, mas se é um erro então rompa com ele, pois a
nossa mensagem não pode ser 'sim e não' ou é sim ou é não (2 Co 1.18-
20; 13.5a,8).

Conclusão 327
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Graças a Deus que quando Darby, em 1827, ensinou que Cristo virá
arrebatar Sua igreja antes da tribulação, isto é, antes de Jesus vir em
glória para estabelecer o reino milenar, crentes fiéis como Tregelles,
Bejamin Newton, e outros que sustentavam uma perspectiva
pós-tribulacionista, rejeitaram-na, mantendo-se firmes na sã doutrina.
Agora após ler este livro, que posição você tomará: a de Darby ou a
do fiel Tregelles. Se resolver permanecer com o pré-tribulacionismo,
desafio-o a refutar, com argumentos sólidos, cada um desses problemas
teológicos apresentados por mim, pois, o erro não pode se sustentar
diante da verdade, assim como a palha não resiste ao fogo.
Mas se você emudecer, saiba que quem cala consente, e isso não é
bom para qualquer verdade da Bíblia! João Batista perdeu a cabeça, mas
não calou a sua voz em favor da verdade!

Breve no Céu, Jesus há de aparecer,


Em gloriosa luz todos O hão de ver
Naquele dia, então, eu hei de receber
De Cristo galardão; oh! Que prazer! (HC 442)

328 Conclusão
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

BIBLIOGRAFIA

Todos os textos bíblicos citados são da NVI, salvo se houver outra


indicação

NVI - Nova Versão Internacional da Bíblia Sagrada, da


Sociedade Bíblica Internacional

As fontes extra-bíblicas citadas, com respectivos autores estão


inseridas no próprio texto, e suas citações entre aspas com o número da
página, porém irei classificar os livros em lista com o nome da Editora:

 Opções Contemporâneas na Escatologia Um Estudo do


Milênio, Millard J. Erickson, Sociedade Religiosa Edições Vida
Nova, 1991;
Os Últimos Dias Segundo Jesus, R.C. Sproul, Editora
Cultura Cristã
Conhecendo as Doutrinas da Bíblia, Myer Pearlman, Editora
Vida, 1993
As Interpretações do Apocalipse, Coleção Debates
Teológicos, Editora Vida, 2001;
Terá Chegado o Fim de Todas as Coisas?, Wim Malgo,
Obra Missionária Chamada da Meia-Noite;
Salvação Eterna de Um Mundo Maduro Para o Juízo,
Wim Malgo, Obra Missionária Chamada da Meia-Noite;
Daniel e Apocalipse, Antônio Gilberto, Editora CPAD,
3ª Edição, 1985;
Escatologia Bíblica, Antônio Gilberto EETAD, Editora
CPAD, 2ª Edição, 1997;

Novo Dicionário da Bíblia, Vol. I e II, Sociedade Religiosa


Edições Vida Nova, 1991;

329
Analisando os Problemas Teológicos Causados pelo Sistema Escatológico Pré-Tribulacionista

Fiz uso também de várias revistas e jornais, todos citados nos textos,
porém irei classifica-las:

 Revista Lições Bíblicas Jovens e Adultos, 3º trimestre de


1983, 3º trimestre de 1995, 3º trimestre de 1998, 4º trimestre de
2004, 2º trimestre de 2005, 3º trimestre de 2005, 1º trimestre de
2006, e 2º trimestre de 2006, Editora CPAD;
Revista Educação Cristã, Vol. XV, 2ª Edição Agosto/2002,
Editora SOCEP;
Apostila Conferência Escatológicas, aulas 02 e 04;
Livreto Conferência de Revelações Proféticas, Editora Vida
Revista Chamada da Meia-Noite, Fevereiro de 1999, Editora
Obra Missionária Chamada da Meia-Noite,
Revista Notícias de Israel, de Julho 1999 e Agosto de 1999,
Editora Obra Missionária Chamada da Meia-Noite
Jornal Mensageiro da Paz, Julho de 2005, Editora CPAD

Todos os gráficos são de minha autoria

330
Neste livro o irmão Edinaldo procura
provar a base das Escrituras e com
argumentos fortes, claros e lógicos que a
vinda do Senhor Jesus não acontecerá em
duas etapas distintas. E mostra que a vinda
invisível de Jesus pregada pelos
pré-tribulacionistas é incoerente com a
doutrina cristã. Ele descobriu que esse
anúncio sobre a secreta vinda de Jesus foi
predita pelo próprio Cristo como algo em
que os crentes não deveriam acreditar. Sua
mensagem para a Igreja do Senhor é essa:
Não vos enganeis! Porque assim como
relâmpago sai do Oriente e se mostra no
Ocidente, assim será a vinda do Filho do
homem (Mt 24.26-31).
O irmão Edinaldo não refuta apenas por
refutar, mas ele analisa com seriedade o
assunto e não deixa seus leitores à deriva,
mas mostra-lhes que rumo tomar diante das
profecias bíblicas sobre o retorno glorioso
de nosso Senhor Jesus, dando uma opção de
escatologia para aqueles que estão
desiludidos com o pré-tribulacionismo.

Edinaldo Nogueira,
é pós-tribulacionista,
membro da Assembléia de Deus desde 1988,
autodidata em teologia,
casado com a pedagoga Claudete Nogueira
e pai de Letícia e Renan.

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