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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Minas Gerais- Belo Horizonte- Barreiro


Engenharia Civil – Hidráulica dos Condutos Forçados
Prof. Ailton de Almeida

TRANSIENTE HIDRÁULICO
Larissa Gabriela Ferreira de Barros,
Michele Gonçalves Quirino,
Thaís Cristina Henriques de Alcântara Prado.

RESUMO

O transiente hidráulico ou golpe de aríete é o fenômeno que ocorre,


dentro de um conduto forçado, quando há uma instabilidade no fluxo do líquido
ocasionada por uma onda ou mudança de pressão propagada através da
tubulação (AZEVEDO NETTO, 1998).

1. INTRODUÇÃO

Transiente hidráulico é à variação da pressão acima e abaixo do valor de


funcionamento normal dos condutos forçados. Este fenômeno transitório ocorre
geralmente no momento de uma intervenção em um aparelho da rede, como
por exemplo, bombas e válvulas.

Segundo Batista (2002), se esta mudança é lenta, a compressibilidade


não afeta significativamente o escoamento e o movimento do fluido pode ser
considerado como um corpo sólido, neste caso seu estudo é conhecido como
oscilação de massa. Entretanto, quando ocorre uma mudança rápida na
velocidade de escoamento, uma onda de pressão é criada e percorre a
tubulação à velocidade do som. O choque violento das ondas de pressão sobre
as paredes do conduto com o som deste, semelhante ao vaivém de um aríete,
fez com que o transiente hidráulico em condutos forçados, conduzindo água,
fosse conhecido por golpe de aríete.

1.1 GOLPE DE ARÍETE

Segundo NBR 12215:1991 é o fenômeno de escoamento de um líquido


em conduto forçado, em regime variado.
Figura 1- Água sendo conduzida a uma certa velocidade

FONTE: (AZEVEDO NETTO, 1998).

1.1.1 INSTALAÇÕES SUJEITAS A ESTE FENÔMENO


 Fechamento e abertura de válvulas;
 Partida ou parada de bombas;
 Operação de válvulas (retenção, redutoras de pressão e de alivio);
 Ruptura de tubulação;
 Admissão ou expulsão de ar;
 Mudança na demanda de potencial de turbinas hidráulicas.

1.1.2 SOLUÇÕES POSSÍVEIS


 Aumento de temperatura e fechamento das válvulas de controle;
 Aumento da espessura da tubulação;
 Redução da velocidade da onda pela mudança do tipo de tubo;
 Maior controle na operação das tubulações;
 Uso de dispositivos de proteção contra o golpe de aríete.

2. FORMULAS E TEORIAS
A velocidade da propagação da onda pode ser calculada por Allievi:

Onde:
A= Celeridade (m/s)
K= Coeficiente do material (da tubulação)
D= Diâmetro (mm)
e= espessura do tubo (mm)
Valores k:

Tabela - E= modulo de elasticidade do material


MATERIAL K E
AÇO 0,5 2X1010
CONCRETO 5,0 2X109
PVC 18,0 5,6X108
FONTE: Autoria do grupo

Ondas de sobrepressão e subpressão propagam-se ao longo da


canalização a uma velocidade conhecida como velocidade de onda.
Durante esta situação, ondas de sobrepressão e de subpressão se propagam
ao longo da canalização a uma velocidade “a”, chamada velocidade de onda.
As canalizações em ferro dúctil têm uma reserva de segurança significativa
tanto na sobrepressão quanto na subpressão.
 Sobrepressão: a reserva de segurança dos tubos permite um aumento de
20% da pressão de serviço admissível para as sobrepressões transitórias;
 Subpressão: a junta garante a estanqueidade face ao exterior, mesmo em
caso de vácuo parcial na canalização.

Nos casos em que os dispositivos de proteção não estejam previstos, as


canalizações em ferro dúctil também apresentam uma reserva de segurança
suficiente para suportar as sobrepressões acidentais.

Onde:

a: velocidade da propagação (m/s)


ΔV: valor absoluto da variação das velocidades em regime permanente antes e
depois do golpe de aríete (m/s)
ΔH: valor absoluto da variação da pressão máxima em torno da pressão
estática normal (m.c.a.)
L: comprimento da canalização (m)
t: tempo de fechamento eficaz (s)
g: aceleração da gravidade (9,81m/s²).

Segundo Azevedo Netto, (1998) a fórmula 1 leva em consideração uma


variação rápida da velocidade de escoamento:

Já a fórmula 2 leva em consideração uma variação linear da velocidade


de escoamento em função do tempo (Como por exemplo em função de uma lei
de fechamento de uma válvula):

A pressão varia de ± ΔH em torno da pressão estática normal. Este é o valor


máximo para o fechamento instantâneo de uma válvula, por exemplo. Estas
fórmulas simplificadas dão uma avaliação máxima do transiente hidráulico e
devem ser utilizadas com prudência.

3. GOLPES DE ARIETE EM LINHA DE RECALQUES


Segundo Azevedo Netto, (1998) o caso mais importante de golpe de
aríete numa linha de recalque de bombas acionadas por motores elétricos é o
que se verifica logo após uma interrupção de fornecimento de energia elétrica.
Neste caso devido à inercia da parte rotativas dos conjuntos elevatórios,
imediata mente após a falta de corrente a velocidade das bombas começa a
diminuir, reduzindo- se rapidamente a vazão. A coluna liquida continua a subir
pela canalização de recalque, ate o momento em que a inercia e vencida pela
ação da gravidade. Durante esse período, verifica-se uma descompressão no
interior da canalização.
Em seguida ocorre a inversão no sentindo de escoamento e a coluna
liquida retorna para as bombas.
Não existindo válvulas de retenção, as bombas começariam, então a
funcionar como turbinas girando em sentido contrário. Com exceção dos casos a
altura de elevação é pequena com descarga livre, nas linhas de recalque são
instaladas válvulas de retenção ou válvulas especiais, com o objetivo de evitar o
retorno do liquido através das bombas.

Gráfico de Allievi- Golpe de aríete sistema métrico

FONTE: (AZEVEDO NETTO, 1998).


4. Exercícios Resolvidos

Exercício 1

Canalização DN 200, K9,


Comprimento 1000m,
Recalcando a 1,5m/s: a = 1200m/s
Caso n°1: Parada brusca de uma bomba (perdas de carga desprezíveis,
nenhuma proteção antigolpe de aríete):

ΔH = ± = 183m (ou pouco mais de 1,8MPa)

Caso n°2: Fechamento brusco de uma válvula (tempo eficaz de três segundos):

ΔH = = 102m (ou seja pouco mais de


± 1,0MPa)

Para ter uma avaliação completa, o método gráfico de BERGERON permite


determinar com precisão as pressões e vazões em função do tempo e em todos
os pontos de uma canalização submetida a um golpe de aríete.

Exercício 1

Dados:
Ls = 10 m
Lr = 1500 m
Perdas localizadas na sucção e no recalque ∑K s= 4m
∑Kr= 85m
Q = 62,5l/s
Tubulação de aço E= 2x10 kgf/m2
F= 0,019
Sabendo que os diâmetros comerciais variam de 50 em 50 mm pede-se:
a) diâmetros econômicos
b) alturas efetivas de sucção e recalque
c) a potência do conjunto elevatório ( supor = 70%)
d) a espessura da parede da tubulação tal que a pressão máxima junto a
válvula de retenção não ultrapasse 16Kgf/cm2 especificada pelo fabricante do
tubo.

Solução
a) Diâmetros

Dr= K√Q= 1,2 √0,0625= 1,2*0,25= 0,30m = 300mm

O diâmetro de sucção Ds é o imediatamente superior ao Dr ou seja Ds = 350


mm.

b) Alturas efetivas

Recalque Hr’ = Hr+hr


Sucção Hs’ = Hs+hs

Cálculo de hs

Vs= 4Q = 4*0,0625 = 0,65m/s


πD² π*0,30²

hs= ∑K v² + flv² hs = 4 * 0,65² + 0,019*1500*0,65² = 0,09m


2g 2Dg 2*10 2*0,35*10

hs= HS=hs= 4+0,09=4,09m

Cálculo de hr

Vr= 4Q = 4*0,0625 = 0,88m/s


πD² π*0,35²

hr= ∑K v² + flv² hr = 85* 0,65² + 0,019*1500*0,88² = 6,97m


2g 2Dg 2*10 2*0,35*10

Hr= Hr+hr = 35+6,97= 41,97m


Hm=H’s+Hr = 4,09+41,97= 46,06m

c) Potência do conjunto elevatório

potência = 1000*Q*(Hs’+ Hr’) = 1000*0,065*(4,09+41,97) = 59 cV


75 75*0,7

d) Espessura da parede da tubulação

P max= 16Kgf/ cm²= 160 metros

Pmax = Hr+ha=
ha= Pmax - Hr= 160 – 35=125

considerando manobra rápida

ha=cV= c= haxg= 125*10 = 1420,45 k= 10¹ =1010 = 1= 0,5


g Vr 0,88 E 2*1010 2

Espessura= KD 0,5 * 0,30


900²- 48,3 = 9900² - 48,3 = 0,55m
c 1420,45

Obs: este problema apresenta uma espessura muito grande para uma
tubulação
5. CONCLUSÃO
Concluímos com o trabalho que Transiente hidráulico ou golpe de aríete é uma
dificuldade enfrentada no sistema de abastecimento de água. Podemos
considerar que o golpe de aríete é como se fosse um “soco” ao contrario na
rede de tubulação. Isso ocorre porque a vazão está em alta velocidade e é
fechada repentina, e água quer passar pela barreira causando o impacto. Isso
pode acontecer por conta dos registros de fecho rápido, sendo usados em
redes onde a água tem uma vazão boa, e não se fecha devagar.
Uma maneira de evitar esses acidentes e utilizar registro de fecho lento para
que a vazão vai se reduzindo gradativa assim evitando o golpe de aríete. Assim
reduzindo os acidentes de rompimento de conexão descola tubulações.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABNT. NBR 12215/1991 – Projeto de Adutora de Água para Abastecimento
Público, 1991.
AZEVEDO NETTO, J. M. Manual de Hidráulica. 8ª edição. Editora Edgard
Blücher. São Paulo, 1998.
MARCIO BAPTISTA, MARCIA LARA. Fundamentos de Engenharia Hidráulica
3 ª edição. Editora UFMG. Minas Gerais, 2002.
SAINT-GOBAIN, Artigos Saint-Gobain Canalização, Transiente hidráulico 2018.
Disponível em: <https://www.sgpam.com.br/artigos/transiente-hidraulico>.
Acesso em: 23 abril 2019.

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