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UNIDADE 1

DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

Objetivos de aprendizagem

A partir desta unidade você será capaz de:

 reconhecer as demonstrações contábeis;

 apresentar as demonstrações contábeis de acordo com o


Pronunciamento Técnico CPC 26 (R1);

 preparar as demonstrações contábeis;

 analisar as demonstrações contábeis.

PLANO DE ESTUDOS

Esta unidade está dividida em três tópicos. Você encontrará, no


final de cada um deles, atividades que contribuirão para a compreensão
dos conteúdos explorados. A
N
Á
L
I
S
E
TÓPICO 1 – AS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
SEGUNDO A LEI Nº 6.404/76; LEI D
A
Nº 11.638/07 E PRONUNCIAMENTO S
TÉCNICO CPC 26 (R1)
D
E
TÓPICO 2 – PREPARAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES M
CONTÁBEIS PARA ANÁLISE O
N
S
TÓPICO 3 – ANÁLISE HORIZONTAL E ANÁLISE T
VERTICAL R
A
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UNIDADE 1

TÓPICO 1
AS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
SEGUNDO A LEI Nº 6.404/76; LEI Nº
11.638/07; LEI Nº 11.941/09 E PRONUN-
CIAMENTO TÉCNICO CPC 26 (R1)

1 INTRODUÇÃO

Caro/a acadêmico/a! Iniciaremos este caderno com uma abordagem sobre as


demonstrações contábeis, com a finalidade de relembrar as demonstrações contábeis segundo
a Lei nº 6.404/76, compreender as alterações ocorridas através da Lei nº 11.638/2007, da
Lei nº 11.941/2009, do Pronunciamento Técnico CPC 26 e a finalidade da contabilidade no
processo de gestão.

Segundo Iudícibus et al. (2010), a Lei nº 6.404/76 representou uma revolução no campo
da contabilidade, introduzindo muitas técnicas que obrigaram grande parte dos profissionais
da área a se preparar para a nova realidade. Este cenário passou a ter nova roupagem a partir A
N
de 2007 com a edição da Lei nº 11.638 e da Lei nº 11.941, promulgada em 2009, bem como Á
L
do Pronunciamento Técnico CPC 26. I
S
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D
A
S
2 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
D
E
A Lei nº 6.404 foi criada em 15 de dezembro de 1976, em substituição ao Decreto-Lei M
O
nº 486, de 3 de março de 1969, que dispunha sobre a escrituração e sobre os livros mercantis. N
S
O art. 175, do capítulo XV da referida lei, dispõe sobre o exercício social e as demonstrações T
R
financeiras, enquanto o capítulo 176 complementa que, ao final de cada exercício social, serão A
Ç
elaboradas as seguintes demonstrações financeiras: (I) balanço patrimonial; (II) demonstração do Õ
resultado do exercício; (III) demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados; (IV) demonstração E
S
das mutações do patrimônio líquido; (V) demonstração das origens e aplicações de recursos. O
C
§ 4º prevê que as demonstrações contábeis serão complementadas por notas explicativas que O
N
esclarecerão a situação patrimonial e os resultados do exercício. T
Á
B
E
Iudícibus et al. (2010) explicam que o conjunto de informações que deve ser divulgado I
S
4

por uma sociedade por ações, de forma a prestar contas aos usuários, abrange o “Relatório da
Administração, as Demonstrações Contábeis e as Notas Explicativas, e ainda o Parecer dos
Auditores Independentes, o Parecer do Conselho Fiscal e o relatório do Comitê de Auditoria
(se existirem).

Com o advento da Lei nº 11.638/2007, estes artigos da Lei nº 6.404/76 sofreram


modificações, e, no que se refere a informações complementares, ocorreu a substituição da
DOAR (Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos) pela DFC – Demonstração dos
Fluxos de Caixa, que abordaremos no decorrer do tópico.

Reis (2009) explica que todo tipo de sociedade enquadrada no regime de tributação pelo
lucro real deve seguir os dispositivos básicos da Lei nº 6.404/76, relativos às demonstrações
contábeis. Ressalta o autor que os demonstrativos são obrigatórios para todos os tipos de
sociedades sujeitas ao regime de tributação pelo lucro real: I) Balanço Patrimonial; II) Demonstração
do Resultado do Exercício; III) Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados.

IMPO
RTAN
T E!

A leitura atenta das notas explicativas pelo usuário da informação
contábil é indispensável para conhecer os procedimentos adotados
pela empresa e realizados na elaboração das demonstrações
financeiras.

A
N Segundo o art. 178 da Lei nº 6.404/76, o balanço patrimonial tem por finalidade
Á
L demonstrar a posição financeira e patrimonial da empresa em determinado momento, o
I
S que representa uma posição estática. Neste mesmo artigo está previsto que as contas são
E
classificadas segundo os elementos do patrimônio que registram e agrupadas de modo que
D
A permitam o conhecimento e a análise da situação financeira da sociedade. Para atender a esse
S
objetivo, os artigos 178 a 182 definem como devem ser dispostas as contas: para o ativo as
D contas devem ser dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez, isto é, em primeiro lugar
E
M são apresentadas as contas mais rapidamente conversíveis em disponibilidades. Para o passivo,
O
N em ordem decrescente de grau de exigibilidade, ou seja, classificam-se em primeiro lugar as
S
T contas cuja exigibilidade ocorre antes. Esta classificação, se for elaborada de conformidade,
R
A ajudará o analista na preparação das demonstrações contábeis para análise.
Ç
Õ
E Para que você, acadêmico/a, tenha melhor compreensão sobre as demonstrações
S
contábeis, em especial o balanço patrimonial, foi elaborado o quadro a seguir, segundo o
C
O entendimento de Matarazzo (1994), amparado na Lei nº 6.404/76. Observe que a estrutura
N
T apresentada a seguir sofreu alterações com a edição das Leis nos 11.638/07 e 11.941/09.
Á
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I
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QUADRO 1 – BALANÇO PATRIMONIAL
BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO PASSIVO
ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE
REALIZÁVEL A LONGO PRAZO EXIGÍVEL A LONGO PRAZO
PERMANENTE RESULTADO DE XERCÍCIOS FUTUROS
Investimentos
Imobilizado
Diferido PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Capital
Reservas de capital
Reservas de incentivos fiscais
Reservas de reavaliação
Reservas de lucros
Lucros ou prejuízos acumulados
FONTE: Matarazzo (1994)

Você pode observar no quadro anterior que a estrutura do balanço patrimonial, segundo
a Lei nº 6.404/76, é sintética, mas, para que o usuário das informações contábeis tenha maior
conhecimento da situação da empresa e possa formar uma opinião a esse respeito, as informações
contábeis devem ser complementadas por notas explicativas, quadros analíticos etc.

Com as modificações geradas pela Lei nº 11.638/07 e Lei nº 11.941/09, os §§ 1º e 2º


do artigo 178 determinam a segregação do Ativo e do Passivo nos seguintes grupos:

QUADRO 2 – BALANÇO PATRIMONIAL


BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO A
PASSIVO CIRCULANTE N
Á
ATIVO CIRCULANTE PASSIVO NÃO CIRCULANTE L
I
ATIVO NÃO CIRCULANTE PATRIMÔNIO LÍQUIDO S
E
REALIZÁVEL A LONGO PRAZO CAPITAL SOCIAL
D
INVESTIMENTOS RESERVAS DE CAPITAL A
S
IMOBILIZADO AJUSTES DE AVALIAÇÃO PATRIMONIAL
INTANGÍVEL RESERVAS DE LUCROS D
E
AÇÕES EM TESOURARIA M
O
PREJUÍZOS ACUMULADOS N
FONTE: Iudícibus et al. (2010) S
T
R
A
Iudícibus et al. (2010) afirmam que os novos grupos que compõem o Balanço Patrimonial Ç
Õ
estão dispostos dentro do critério anteriormente apresentado, ou seja, do grau de liquidez. E
S
Ressaltam ainda que, dentro de cada grupo, a ordem de liquidez e exigibilidade também deve
ser mantida. C
O
N
T
O Pronunciamento Técnico 26 prevê que a apresentação das Demonstrações Contábeis, Á
B
que segue o padrão internacional, não estabelece ordem ou formato para a apresentação E
I
S
6

das contas do balanço patrimonial, mas determina que seja observada a legislação brasileira.
(IUDÍCIBUS et al., 2010, p. 3).

Complementa as demonstrações obrigatórias, a Demonstração do Resultado do


Exercício – DRE, que, segundo Zdanowicz (1998, p. 23-25), “[...] é peça relevante na dinâmica
patrimonial, pois informa a receita bruta da empresa, o custo para obtê-la e demais despesas
operacionais, evidenciando os lucros: bruto e operacional”.

Matarazzo (1994, p. 47) tem um entendimento diferente sobre a DRE e a define como
“[...] a demonstração dos aumentos e reduções causados no Patrimônio Líquido pelas operações
da empresa”, e vai além explicando que as receitas representam aumento do Ativo enquanto
as despesas, a redução do Patrimônio Líquido.

Todas as receitas e todas as despesas estão compreendidas na DRE, e sua apresentação


é feita de forma ordenada segundo sua natureza, fornecendo informações relevantes sobre
a empresa.

Iudícibus et al. (2010) explicam tecnicamente a partir do art. 187 da Lei nº 6.404/76,
que define que o seu conteúdo deve ser apresentado de forma dedutiva assim constituída: I)
a receita bruta das vendas e serviços menos as deduções das vendas, os abatimentos e os
impostos; II) a receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e dos serviços
vendidos e o lucro bruto; III) as despesas com as vendas, as despesas financeiras deduzidas
as receitas financeiras, as despesas gerais e administrativas, e outras despesas operacionais.
A IV) o resultado do exercício antes do imposto sobre a renda e a provisão para o imposto; V)
N
Á o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por ação do capital social. O § 1º
L
I complementa que na determinação do resultado do exercício serão computados: a) as receitas
S
E e os rendimentos ganhos no período, independentemente da sua realização em moeda; e b) os

D
custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou incorridos, correspondentes a essas receitas
A e rendimentos, uma vez que os critérios de avaliação dos ativos e de registro dos passivos
S
são aplicados segundo o regime de competência.
D
E
M
O Para que fique claro como deve ser elaborada a DRE – Demonstração do Resultado
N
S do Exercício –, apresentam-se as principais contas, que, segundo Matarazzo (1994), são
T
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demonstradas destacando o resultado líquido do período.
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QUADRO 3 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO
DEMONSTRAÇÕES D O RESULTADO DO EXERCÍCIO
OPERAÇÕES EM CONTINUIDADE
Faturamento por venda e serviços prestados
(-) Deduções da receita, abatimentos e impostos
(=) Receita líquida de vendas e serviços prestados
(-) Custos dos produtos vendidos e serviços prestados
(=) Lucro bruto
(-) Despesas com vendas
(-) Despesas gerais e administrativas
(-) Outras despesas
(+) Outras receitas
(-) Resultado financeiro líquido
(+/-) Resultados com Coligadas e Controladas em Conjunto
(=) Resultado antes dos tributos sobre o lucro
(-) Despesas de imposto de renda e contribuição social
(-) Lucro (ou prejuízo) das operações em continuidade
OPERAÇÕES EM CONTINUIDADE
(+/-) Lucro (ou prejuízo) das operações em descontinuidade
(=) Lucro ou prejuízo líquido do exercício
FONTE: FIPECAFI. Manual de contabilidade societária: aplicável a todas as sociedades. 2.
ed. São Paulo: Atlas, 2010.

Finaliza Iudícibus (1998, p. 48-58) mencionando que a DRE é um resumo ordenado das
receitas e despesas da empresa em determinado período, que geralmente é de doze meses.
É apresentada de forma dedutiva (vertical), isto é, primeiro se demonstram as receitas brutas
A
de vendas e ou serviços, e na sequência subtraem-se os custos, as despesas até atingirmos N
Á
o resultado do exercício que pode ser lucro ou prejuízo. L
I
S
Os demais relatórios que acompanham o balanço patrimonial e a DRE, de acordo com E

Iudícibus et al. (2010), são: a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido – DMPL D
A
evidenciando a mutação do patrimônio líquido em termos globais, isto é, novas integralizações de S

capital, resultado do exercício, ajustes de exercícios anteriores etc., e, em termos de mutações D


E
internas, as incorporações de reservas ao capital, as transferências de lucros acumulados para M
O
reservas etc., a demonstração dos lucros acumulados, a demonstração de fluxo de caixa e as N
notas explicativas. S
T
R
A
A Demonstração dos Fluxos de Caixa – DFC –, antes da Lei nº 11.638/07, não era Ç
Õ
obrigatória no Brasil, exceto para alguns casos específicos, como, por exemplo, para as E
S
empresas de energia elétrica (IUDÍCIBUS et al., 2010). Em abril de 1999, o IBRACON, através
da NPC 20, e também a CVM já recomendavam que este demonstrativo fosse apresentado C
O
como informação complementar. N
T
Á
B
Com o advento da Lei nº 11.638, em dezembro de 2007, a elaboração da DFC passou E
I
S
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a ser obrigatória, a qual veio substituir a Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos
– DOAR –, que passa a ser facultativa, ou seja, a empresa poderá elaborá-la e apresentá-la
aos usuários das informações contábeis, se assim o desejar, conforme Morante e Jorge (2008).

Os autores (2008) afirmam ainda que as companhias fechadas que possuem o


patrimônio líquido inferior a R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais) não serão obrigadas a
elaborar e publicar a DFC.

Essa demonstração, ora tornada oficial e obrigatória nas condições estabelecidas pela
legislação, contém a necessidade de capital de giro (NCG) da empresa, cujo conhecimento é
relevante para a condução das atividades da empresa. Além disso, presta-se a uma avaliação
da situação presente e futura do caixa da empresa, fornecendo informações relevantes para
a análise da solvência da organização.

O objetivo da DFC é prover informações relevantes sobre os pagamentos e recebimentos,


em dinheiro, de uma empresa, ocorridos em determinado período, visando auxiliar os usuários
das demonstrações contábeis na análise da capacidade de gerar caixa e equivalentes de caixa
e suas necessidades para utilizar esses fluxos de caixa.

As informações da DFC, quando analisadas em conjunto com as demais demonstrações


contábeis, podem permitir que os usuários avaliem a empresa segundo:

a) a capacidade de gerar futuros fluxos líquidos positivos de caixa;


A b) a capacidade de honrar seus compromissos;
N
Á c) a liquidez, a solvência e a flexibilidade financeira da empresa;
L
I d) a taxa de conversão de lucro em caixa;
S
E e) a performance operacional de diferentes empresas;

D
f) o grau de precisão das estimativas passadas de fluxos futuros de caixa;
A g) os efeitos sobre a posição financeira da empresa, transações de investimentos e
S
financiamentos etc. (IUDÍCIBUS et al., 2010).
D
E
M
O Morante e Jorge (2008) recomendam que, antes de realizar qualquer análise de
N
S balanços, seja adotado um padrão de análise para a inserção dos elementos das demonstrações
T
R
contábeis, isto porque o padrão contábil constante da Lei nº 6.404/76 foi modificado com a
A promulgação da Lei nº 11.638/2007, que cada empresa tem seu próprio plano de contas,
Ç
Õ elaborado com maior ou menor detalhamento e abrangência.
E
S

C Segundo Helfert (2000), este demonstrativo concentra os resultados operacionais


O
N
correntes e as mudanças no balanço patrimonial. Ele fornece um quadro dinâmico das mudanças
T recentes no caixa, que constituem o resultado das decisões combinadas de investimentos
Á
B operacionais e de financiamentos, feitas durante determinado período. Complementa o autor
E
I (2000, p. 37) explicando que “[...] o demonstrativo de fluxo de caixa tem as mesmas limitações
S
9

inerentes ao balanço patrimonial e ao demonstrativo de resultado operacional, porque ele deriva


dos dados contábeis contidos neles”.

As notas explicativas não são consideradas relatórios legais, porém são obrigatórias
porque elas complementam os dados do balanço patrimonial que requerem maior detalhamento
de sua origem, prazo etc. De acordo com o art. 247 da Lei nº 6.404/76, as notas explicativas dos
investimentos relevantes realizados pela empresa devem conter informações precisas sobre
as sociedades coligadas e controladas, bem como suas relações com a companhia e enumera
o mínimo de cinco dessas notas, assim identificadas: 1) a denominação da sociedade, capital
social e patrimônio líquido; 2) número, espécies e classes de ações ou quotas, de propriedade
da companhia, bem como o preço de mercado das ações, quando houver; 3) lucro líquido do
exercício; 4) os créditos e as obrigações entre a companhia e as empresas ligadas (coligadas
e controladas); 5) o montante de receitas e despesas em operação entre a companhia e as
sociedades coligadas e controladas. Considera relevante o investimento na empresa ligada
(coligadas e controladas) se o valor contábil for igual ou superior a dez pontos percentuais do
valor do patrimônio líquido da companhia; e se for considerado o conjunto, das sociedades
coligadas e controladas, é considerado relevante quando o valor contábil for igual ou superior a
quinze pontos percentuais do valor do patrimônio líquido da companhia. A Lei induz à ampliação
do número de notas, quando necessário for, para o devido esclarecimento dos seus haveres,
obrigações e resultados do exercício.

Notas explicativas, segundo Matarazzo (2010), são dados e informações que


complementam as demonstrações financeiras; são compostas por um conjunto de elementos
que auxiliam a fazer uma avaliação mais ampla da empresa, como, por exemplo: as taxas de A
N
juros, os vencimentos, as garantias atribuídas a empréstimos etc. Á
L
I
S
Zdanowicz (1998) faz uma ressalva e explica que os analistas, de maneira geral, E
examinam as notas explicativas com atenção, buscando averiguar não só os critérios adotados, D
mas também a composição de determinadas contas patrimoniais, que são apresentadas de A
S
forma sintética no Balanço Patrimonial, e relaciona algumas das principais notas explicativas
D
que o acompanha, como: I) dos critérios de avaliação apresenta: estoques, depreciações, E
M
amortizações, exaustões, entre outras; II) investimentos em outras sociedades, quando O
N
relevantes; III) taxa de juros, data de vencimento e garantias de obrigações assumidas a longo S
T
prazo; IV) bens e direitos do ativo imobilizado pelo custo de aquisição deduzido o saldo da R
conta de depreciação, amortização ou exaustão etc. A
Ç
Õ
E
De acordo com Iudícibus et al. (2010), um dos grandes desafios da contabilidade, S

quando se refere à evidenciação, tem sido o dimensionamento da qualidade e da quantidade C


O
de informações de forma que atendam as necessidades dos usuários, principalmente os N
externos. T
Á
B
E
Com base em requisitos mínimos de divulgação expressos na Lei, a CVM, com apoio I
S
10

do IBRACON e do CFC – Conselho Federal de Contabilidade – vem buscando aperfeiçoar-


se para atingir os objetivos da evidenciação, o que levou a emissão até 2007 (antes da
promulgação da Lei nº 11.638) de diversos atos normativos a título de complementação no
que diz respeito à divulgação de informações relevantes aos usuários das demonstrações
contábeis. Com a criação do Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC – e a emissão de
seus Pronunciamentos Técnicos, Interpretações e Orientações, todos aprovados pela CVM, pelo
CFC e demais agências reguladoras, observa-se maior atenção à questão da evidenciação.

O CFC, já em 1992, com base na norma NBC T-6, aprovada pela Resolução 737,
dispunha sobre o conteúdo das notas explicativas.

Neste sentido a Lei nº 11.638/2007 é clara e dispõe que as notas explicativas são
informações complementares às demonstrações contábeis, representando parte integrante
delas. As notas podem ser expressas tanto na forma descritiva como na forma de quadros
analíticos ou outras demonstrações contábeis necessárias à plena avaliação da situação e da
evolução patrimonial da empresa.

O § 5º do art. 176 da Lei das S/As menciona as bases gerais e as notas a serem inclusas
nas demonstrações contábeis, as quais compreendem:

I. apresentação de informações sobre a base de preparação das demonstrações financeiras


e das práticas contábeis específicas selecionadas e aplicadas para negócios e eventos
significativos;
A II. divulgação das informações exigidas pelas práticas contábeis adotadas no Brasil que não
N
Á estejam apresentadas em nenhuma outra parte das demonstrações financeiras;
L
I III. fornecimento de informações adicionais não indicadas nas próprias demonstrações
S
E financeiras e consideradas necessárias para uma apresentação adequada; e

D
IV. indicação dos:
A a) principais critérios de avaliação dos elementos patrimoniais, especialmente estoques; dos
S
cálculos de depreciação; amortização e exaustão; de constituição de provisões para encargos ou
D
E riscos; e dos ajustes para atender a perdas prováveis na realização dos elementos do ativo;
M
O b) investimentos em outras sociedades, quando relevantes, determina o art. 247, parágrafo
N
S único;
T
R
c) aumento de valor de elementos do ativo resultante de novas avaliações prevê o art. 182, § 3º;
A d) ônus reais constituídos sobre elementos do ativo, as garantias prestadas a terceiros e outras
Ç
Õ responsabilidades eventuais ou contingentes;
E
S e) taxa de juros, datas de vencimento e garantias das obrigações a longo prazo;
C f) número, espécies e classes das ações do capital social;
O
N
g) opções de compra de ações outorgadas e exercidas no exercício;
T h) ajustes de exercícios anteriores, disposto no artigo 186, § 1º;
Á
B i) eventos subsequentes à data de encerramento do exercício que tenham, ou possam vir a
E
I ter, efeito relevante sobre a situação financeira e os resultados futuros da companhia.
S
11

IMPO
RTAN
TE!

Ressalta a Lei nº 11.638/2007 que nem sempre há necessidade
de haver todas essas notas. Existem casos em que não são
aplicáveis ou não representam informação relevante de utilidade
para esclarecimento da demonstração financeira. Exemplo: numa
companhia de prestação de serviços os estoques podem representar
apenas um almoxarifado de materiais de escritório, o que não tem
significância dentro das demonstrações contábeis para este tipo de
empresa. Desta forma não há necessidade de divulgar.

Acadêmico/a, a seguir você poderá confirmar que não é apenas a Lei das S/As que
estabelece notas explicativas, mas também o CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis),
conforme dispomos a seguir:

De acordo com Iudícibus et al. (2010, p. 595-596), o CPC, através do Pronunciamento


Técnico CPC 26, que trata da apresentação das demonstrações contábeis, aprovado pela
deliberação CVM nº 595/09 e pela Resolução CFC nº 1.185/09, exigido para profissionais de
contabilidade das entidades não sujeitas a alguma regulação contábil específica, dispõe que
as notas explicativas devem:

a) apresentar informação sobre a base necessária para a elaboração das demonstrações


contábeis e das políticas contábeis específicas utilizadas;

A
b) divulgar a informação requerida pelos Pronunciamentos, Orientações e Interpretações que N
Á
não tenha sido apresentada nas demonstrações contábeis; e L
I
S
E
c) prover informação adicional que não tenha sido apresentada nas demonstrações contábeis,
D
mas que seja relevante para a sua compreensão. A
S


D
E
!
RTA NTE M
IMPO O
N
As notas explicativas devem ser apresentadas de maneira S
sistemática e, sempre que forem aplicadas, devem fazer referência T
R
aos itens das demonstrações contábeis a que se referem. A
Ç
Õ
E
S
O CPC 26 prevê também que as notas explicativas normalmente são apresentadas
C
na seguinte ordem, de maneira que auxilie os usuários a compreenderem as demonstrações O
N
contábeis e a compará-las com demonstrações de outras entidades: T
Á
B
E
I) declaração de conformidade com os Pronunciamentos, Orientações e Interpretações I
S
12

do Comitê de Pronunciamentos Contábeis;

II) resumo das políticas contábeis significativas aplicadas;

III) informação de suporte de itens apresentada nas demonstrações contábeis pela


ordem em que cada demonstração e cada rubrica sejam apresentadas; e

IV) outras divulgações, podendo incluir:


(i) passivos contingentes e compromissos contratuais não reconhecidos;
(ii) divulgações não financeiras.

IMPO
RTAN
T E!

A CVM pautada no § 3º do art. 177 da Lei nº 6.404/76, em
complementação às notas explicativas previstas por essa lei,
apresenta exigências sobre a divulgação de diversos assuntos
relevantes para efeito de melhor entendimento das demonstrações
contábeis, a seguir mencionados:

QUADRO 4 – ASSUNTOS RELEVANTES PARA NOTAS EXPLICATIVAS


Ações em tesouraria Debêntures
Adoção de nova prática contábil e mudança de Ativo não circulante mantido para venda e operação
política contábil descontinuada
A Ágio/deságio Demonstrações condensadas
N
Á Ajuste a valor presente Demonstrações contábeis consolidadas
L
I Arrendamento mercantil (leasing) Demonstrações separadas
S Ativo biológico e produto agrícola Dividendo por ação
E
Ativo imobilizado Dividendos propostos
D
A Ativo intangível Entidades de propósito específico (EPEs)
S
Demonstração intermediária Equivalência patrimonial
D Benefícios a empregados Estoques
E
M Capacidade ociosa Evento subsequente
O
N Capital social autorizado Incorporação, fusão e cisão
S Combinação de negócios Informações por segmento de negócio
T
R Continuidade normal dos negócios Informações sobre concessões
A
Ç
Contratos de construção Instrumentos financeiros
Õ Contratos de seguros Investimento em coligada e controlada
E
S Correção de erros de períodos anteriores Investimentos societários no exterior
Créditos Eletrobras Juros sobre capital próprio
C
O Custos de transação e prêmios na emissão de Demonstrações em moeda de capacidade
N
T papéis constante
Á
B Destinação de lucros constantes nos acordos com
E Empreendimentos em fase de implantação
I acionistas
S
13

Lucro ou prejuízo por ação Mudanças em estimativas contábeis


Paradas programadas Programa de desestatização
Perdas estimadas em créditos de liquidação Provisões, passivos contingentes e ativos
duvidosa contingentes
Programa de recuperação fiscal - Refis Propriedade para investimento
Receitas Redução ao valor recuperável de ativos
Remuneração dos administradores Reserva de lucros a realizar
Reservas – detalhamento Retenção de lucros
Seguros Subvenção e assistência governamentais
Transações entre partes relacionadas Tributos sobre o lucro
Vendas ou serviços a realizar Voto múltiplo
Variações cambiais e conversão de demonstrações contábeis
FONTE: Iudícibus et al. (2010)

As notas explicativas não se limitam às que foram apresentadas acima e, segundo os


autores (2010), quando houver necessidade - para o devido esclarecimento - este número
poderá ser ampliado.

Se as notas explicativas são importantes e necessárias para deixar as demonstrações


contábeis transparentes, então vamos analisar o que prevê o CPC 18 (Investimentos em
Coligada e em Controlada), que dispõe onze itens que necessitam de nota explicativa, segundo
Iudícibus et al. (2010, p. 202-203).

a) Valor justo dos investimentos em investidas para os quais existam cotações de preço A
N
publicadas. Á
L
I
b) Informações financeiras resumidas das investidas, incluindo os valores totais de ativos, S
E
passivos, receitas e do lucro ou prejuízo do período.
D
A
S
c) Razões que levaram a refutar a premissa de não existência de influência significativa, nos
D
casos em que o investidor tem, direta ou indiretamente, menos de vinte por cento do poder E
M
de voto da investida por meio de suas controladas (incluindo o poder de voto potencial), O
mas conclui que possui influência significativa. N
S
T
R
d) Razões que levaram a refutar a premissa da existência de influência significativa, se o A
Ç
investidor tem, direta ou indiretamente por meio de suas controladas, 20% ou mais do Õ
E
poder de voto da investida (incluindo o poder de voto potencial), mas conclui que não possui S
influência significativa.
C
O
N
e) Data de encerramento do exercício social refletido nas demonstrações contábeis da investida T
Á
utilizadas para aplicação do método de equivalência patrimonial, sempre que essa data ou B
E
período divergirem das do investidor e as razões pelo uso de uma data ou período diferente. I
S
14

f) Natureza e extensão de quaisquer restrições significativas, como, por exemplo, em


consequência de acordos de empréstimos ou exigências normativas, sobre a habilidade
da investida transferir fundos para o investidor na forma de dividendos ou pagamento de
empréstimos ou adiantamentos.

g) Parte não reconhecida nos prejuízos de uma coligada, tanto para o período quanto acumulado,
caso o investidor tenha suspendido o reconhecimento de sua parte nos prejuízos da
coligada.

h) O fato de uma coligada não estar contabilizada pelo método de equivalência patrimonial em
conformidade com o item 13 desse Pronunciamento.

i) Informações financeiras resumidas das coligadas que não foram contabilizadas pelo método
de equivalência patrimonial, individualmente ou em grupo, incluindo os valores do ativo total,
passivo total, receitas e do lucro ou prejuízo do período.

j) Parte do investidor nos passivos contingentes de uma investida, incorridos conjuntamente


com outros investidores.

k) Os passivos contingentes que surgiram em razão de o investidor ser solidariamente


responsável por todos ou parte dos passivos da investida.

Iudícibus et al. (2010, p. 597) apresentam os aspectos mais importantes a ser cobertos
A
N pelas notas explicativas:
Á
L
I a) o critério de avaliação das aplicações temporárias em títulos e valores mo-
S biliários (custo atualizado ou valor de mercado), em ouro etc.;
E
b) a base da constituição das perdas estimadas em créditos de liquidação
D duvidosa;
A c) os critérios de avaliação dos estoques;
S d) os critérios de avaliação do imobilizado, por principais classes fazendo
D
destaque aos bens arrendados, inclusive as taxas de depreciação ou exaustão
E utilizadas em função da vida útil econômica estimada dos bens e método de
M aplicação dessas taxas;
O e) o critério de avaliação dos investimentos, ou seja, se estão avaliados ao
N
S
custo menos perdas estimadas, ou pelo método da equivalência patrimonial,
T no caso de investimentos em coligadas e ou controladas;
R f) o critério de registros dos passivos, particularmente quanto aos empréstimos,
A financiamentos e respectivas negociações, ou seja, se estão atualizados pelas
Ç
Õ
variações monetárias correspondentes e juros, e o critério contábil quanto à
E apropriação das despesas financeiras (encargo de exercício, ativo diferido, se a
S empresa estiver em fase pré-operacional, entre outros) e quanto às condições
das renegociações;
C
O
g) a base de contabilização do Imposto de Renda a Pagar, inclusive quanto
N à consideração ou não dos incentivos fiscais correspondentes e a adoção do
T diferimento do Imposto de Renda;
Á h) forma de reconhecimento dos efeitos da inflação etc.
B
E
I
S
15

Observando o volume de material apresentado sobre as notas explicativas, não restam


dúvidas quanto à relevância que elas têm quando nos referimos às demonstrações contábeis.
O balanço patrimonial e a DRE são apresentados de forma sintética, o que gera dúvidas aos
usuários externos, os quais muitas vezes são investidores, mas leigos quanto ao conhecimento
técnico das demonstrações contábeis. Nesse sentido, quanto mais compreensíveis forem as
demonstrações contábeis, mais interesse despertará nos usuários das informações.

De acordo com Morante e Jorge (2008), a Lei nº 11.638/07, de 28 de dezembro de


2007, alterou alguns aspectos da Lei nº 6.404/76, atualizando-a e inserindo modificações nas
demonstrações contábeis, possibilitando maior compreensão para os usuários com menor
afinidade e acoplando-as às práticas internacionais.

O estudo das demonstrações contábeis é de fundamental importância para toda a análise


de balanços, porque somente compreendendo a estrutura das demonstrações contábeis e a forma
de contabilização e apuração das demonstrações contábeis será possível desenvolver avaliações
mais acuradas das empresas, com informações que permitem analisar o seu desempenho.

A Lei nº 11.638/2007 introduziu alterações na estrutura das demonstrações financeiras,


que Morante e Jorge (2008) assim identificam:

 classificação de Ativo e Passivo em Circulante e Não Circulante;

 extinção do grupo Ativo Permanente;


A
N
 extinção de Receitas e Despesas Não Operacionais; Á
L
I
S
 criação do subgrupo Ativo Intangível no Ativo não Circulante; E

D
 criação da conta Ajustes de Avaliação Patrimonial no Patrimônio Líquido; A
S

D
 vedada a Prática da Reavaliação de Ativos de forma espontânea; E
M
O
N
 saldo da conta de Lucros Acumulados deve ter destinação definida. S
T
R
Para que você, acadêmico/a, possa fazer uma análise comparativa das mudanças A
Ç
ocorridas no balanço patrimonial, a partir da Lei nº 11.638/07 e complementos, apresenta-se Õ
E
o quadro a seguir: S

C
O
N
T
Á
B
E
I
S
16
QUADRO 5 – BALANÇO PATRIMONIAL ANTES E DEPOIS DA LEI Nº 11.638/07
LEI Nº 6.404/76 NOVA LEGISLAÇÃO
ATIVO ATIVO
ATIVO CIRCULANTE ATIVO CIRCULANTE
ATIVO REALIZÁVEL A LONGO PRAZO ATIVO NÃO CIRCULANTE
ATIVO PERMANENTE Realizável a Longo Prazo
Investimentos Investimentos
Imobilizado Imobilizado
Diferido Intangível

PASSIVO PASSIVO + PL
PASSIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE
PASSIVO EXIGÍVEL A LONGO PRAZO PASSIVO NÃO CIRCULANTE
RESULTADOS DE EXERCÍCIOS FUTUROS Exigível a Longo Prazo
PATRIMÔNIO LÍQUIDO PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Capital Social Capital Social
Reservas de Capital Reservas de Capital
Reservas de Reavaliação Ajustes de Avaliação Patrimonial
Reservas de Lucros Reservas de Lucros
Lucros ou Prejuízos Acumulados Prejuízos Acumulados
FONTE: Assaf Neto (2012)

A outra demonstração contábil obrigatória, e que apresenta o desempenho da empresa,


denomina-se demonstração de resultados do exercício – DRE –, que, segundo Assaf Neto
A (2012), visa fornecer os resultados (lucro ou prejuízo) auferidos pela empresa em determinado
N exercício social, cujo valor é transferido para contas do patrimônio líquido. Vale lembrar que o
Á
L lucro (ou prejuízo) é resultante de receitas, custos e despesas incorridas pela empresa durante
I
S o período, e são apropriados segundo o regime de competência, isto é, o registro dos eventos
E
realizados pela empresa independe de que esses valores tenham sido pagos ou recebidos.
D
A
S
O mesmo autor (2012) apresenta algumas orientações básicas sobre esta demonstração,
D veja a seguir:
E
M
O
N a A DRE retrata as principais operações realizadas por uma empresa em determinado período,
S
T denominado exercício social, no qual são destacadas as receitas, os custos dos produtos
R
A vendidos e as despesas realizadas.
Ç
Õ
E b) As receitas e as despesas do período são consideradas na DRE independentemente de sua
S
realização financeira. Exemplo de despesa: a empresa contratou seguros em 1º de abril de
C
O 2012, cuja apólice tem vigência para doze meses, e o pagamento do prêmio foi contratado
N
T para pagamento em três parcelas sendo uma à vista, a outra 30 dias após e a terceira 60
Á
B
dias após a data da assinatura da apólice. No dia 30 de abril o contador reconheceu como
E despesa do período 1/12 (um doze avos) e assim sucessivamente a cada final de mês, pois
I
S
17

deve seguir o princípio da competência.

Outro exemplo que podemos citar são as despesas com pessoal, que são consideradas
na contabilidade no próprio mês da prestação de serviços, embora o pagamento, segundo a
lei, esteja programado para o 5º dia útil do mês subsequente. A despesa com imposto sobre a
renda é inserida na demonstração dos resultados – DRE – no exercício a que se refere quando
o imposto é declarado.

As receitas de vendas são registradas quando de sua realização, independentemente


de terem sido liquidadas ou não. Exemplo de receitas: quando da realização da venda a prazo
é reconhecida a receita, registra-se a débito da conta clientes e a crédito da conta de receita
de vendas, mesmo que o recebimento esteja previsto para trinta dias.

Os custos dos produtos vendidos e dos serviços prestados são reconhecidos na DRE
em conjunto com as receitas do mesmo período. Assim, os custos e despesas contabilizados
correspondem às receitas de vendas apuradas no período.

Assaf Neto (2012, p. 76) ressalta que “[...] estes aspectos contidos na legislação societária
reforçam o conceito de ‘regime de competência’ para apuração do resultado do exercício”.

Segundo Iudícibus et al. (2010, p. 480-481), o objetivo da DRE é fornecer informações


sobre a formação do resultado (lucro ou prejuízo) do exercício. Visando atender tal objetivo,
são apresentadas as despesas operacionais segregadas por subtotais, de acordo com a função
de cada uma delas, conforme segue: A
N
Á
L
Despesas com vendas I
S
Despesas financeiras deduzidas das receitas financeiras E
Despesas gerais e administrativas D
Outras receitas e despesas operacionais. A
S

D
Deduzindo-se as despesas operacionais totais do lucro bruto, é apresentado o lucro E
M
operacional, que é considerado um dado importante na análise das operações da empresa. O
N
S
T
Após o lucro operacional, apresentam-se as outras receitas e despesas, gerando então R
o “resultado antes dos tributos (imposto de renda e contribuição social sobre o lucro). A
Ç
Õ
E
Deduz-se a seguir o imposto de renda e a contribuição social a pagar e, por último, as S

participações de terceiros, chegando-se ao lucro (ou prejuízo) líquido do exercício, que é o C


O
valor final da DRE. N
T
Á
A Lei exige também que seja apresentado o montante do “lucro por ação”. B
E
I
S
18

Complementa a Lei nº 6.404/76, o Pronunciamento Técnico CPC 26, que trata da


apresentação das Demonstrações Contábeis e estabelece uma estrutura mínima para a DRE,
segundo as determinações legais, composta por:

a) receitas;
b) custo dos produtos, das mercadorias ou dos serviços vendidos;
c) lucro bruto;
d) despesas com vendas, gerais, administrativas e outras despesas e receitas operacionais;
e) parcela dos resultados de empresas investidas reconhecida por meio do método de
equivalência patrimonial;
f) resultado antes das receitas e despesas financeiras;
g) despesas e receitas financeiras;
h) resultado antes dos tributos sobre o lucro;
i) despesa com tributos sobre o lucro;
j) resultado líquido das operações continuadas;
k) valor líquido dos seguintes itens:
i) resultado líquido após tributos das operações descontinuadas;
ii) resultado após os tributos decorrente da mensuração ao valor justo menos despesas de
venda ou na baixa dos ativos ou do grupo de ativos à disposição para venda que constituem
a unidade operacional descontinuada;
l) resultado líquido do período.

A
N
Á
IMPO
RTAN
TE!

L
I Esse formato não colide com a lei e deverá ser o modelo a ser
S utilizado no Brasil.
E
O CPC fala em possibilidade de a demonstração apresentar as
D contas não apenas pela sua função (administrativas, vendas,
A custo dos produtos vendidos etc.), mas também pela natureza
S (material consumido, mão de obra, contribuições sociais, energia
D elétrica, aluguéis etc.).
E
M
O
N
S A estrutura presente no CPC 26 (anteriormente descrita) estabelece a evidenciação,
T
R de forma destacada, do resultado proveniente da avaliação de investimentos pelo método da
A
Ç equivalência patrimonial, do resultado financeiro, além de destacar o resultado proveniente das
Õ
E operações continuadas e descontinuadas da entidade. (IUDÍCIBUS et al., 2010). Conforme
S este pronunciamento, são abordados dois outros aspectos relativos à DRE, a saber:
C
O
N 1. A necessidade de divulgação, de forma separada, da natureza e montantes dos itens de
T
Á receita e despesa quando estes são relevantes, conforme descrito no item 98, a seguir
B
E (IUDÍCIBUS et al., 2010, p. 481- 482):
I
S
19
98. As circunstâncias que dão origem à divulgação separada de itens de re-
ceitas e despesas incluem:
a) reduções nos estoques ao seu valor realizável líquido ou no ativo imobilizado
ao seu valor recuperável, bem como as reversões de tais reduções;
b) reestruturações das atividades da entidade e reversões de quaisquer pro-
visões para gastos de reestruturação;
c) baixas de itens do ativo imobilizado;
d) baixas de investimento;
e) unidades operacionais descontinuadas;
f) solução de litígios; e
g) outras reversões de produção.

2. A necessidade de subclassificação das despesas, como pode ser constatado no item 101
(IUDÍCIBUS et al., 2010, p. 481-482):

101. As despesas devem ser subclassificadas a fim de descartar componentes


do desempenho que possam diferir em termos de frequência, potencial de
ganho ou de perda e previsibilidade. Essa análise deve ser proporcionada em
uma das duas formas descritas a seguir, obedecidas as disposições legais.

Iudícibus et al. (2010, p. 482) ressaltam que as formas de análise citadas no item 101
do CPC 26 são as seguintes:

a) método da natureza da despesa – utiliza como elemento agregador das despesas a sua
natureza, o que torna simples o seu uso por representar uma espécie de “listagem” das
despesas incorridas no período. Por exemplo, depreciações e amortizações; consumo de
matéria-prima e materiais; despesas com transporte; despesa com benefícios a empregados
etc.; e
A
N
Á
b) método da função da despesa ou do “custo dos produtos e serviços vendidos” – utiliza a L
I
função da despesa como elemento agregador e classificador. Nesse método, a companhia S
E
deve divulgar separadamente, no mínimo, o montante do custo dos produtos e serviços
D
vendidos das demais despesas incorridas, que podem ser classificadas como de vendas, A
administrativas etc. Apesar de quando comparado ao método da natureza da despesa, a S

segregação das despesas por funções pode demandar alocações arbitrárias e considerável D
E
julgamento. M
O
N
S
T
R
Acadêmico/a, agora você pode analisar e melhorar o seu entendimento através do A
exemplo que Iudícibus et al. (2010, p. 482) apresentam, pelos dois métodos: Ç
Õ
E
S

C
O
N
T
Á
B
E
I
S
20
QUADRO 6 – DRE SEGUNDO O CPC 26
MÉTODO – FUNÇÃO DA DESPESA
Receita de vendas 3.000
Custo dos produtos vendidos (700)
Lucro bruto 2.300
Despesas de vendas (50)
Despesas administrativas (230)
Outras despesas (100)
Resultado antes dos tributos 1.920
FONTE: Iudícibus et al. (2010)

QUADRO 7 – DRE SEGUNDO O CPC 26


MÉTODO – NATUREZA DA DESPESA
Receita de Vendas 3.000
Variação do estoque de produtos acabados e em elaboração 300
Consumo de matérias-primas e de materiais 400
Salários e benefícios a empregados 80
Depreciações e amortizações 150
Despesas com comissões 50
Outras despesas 100
Total das despesas (1.080)
Resultado antes dos tributos 1.920
FONTE: Iudícibus et al. (2010)

Por fim, observa-se o que a norma estabelece sobre a subclassificação das despesas,
ainda que caiba à administração escolher o método a ser utilizado, em função de fatores históricos,
setoriais e da natureza da entidade. Porém, quando a entidade classifica as despesas por função,
A
N ela deve divulgar, adicionalmente, informações acerca da natureza de certas despesas, incluindo
Á
L
as despesas de depreciação, amortização e despesas com benefícios a empregados.
I
S
E

D
A
S
NOT
A!

D De qualquer forma, a legislação brasileira induz diretamente à
E demonstração com as despesas por função.
M
O
N
S
T
Acadêmico/a, agora você terá a oportunidade de conhecer mais uma demonstração
R
A contábil, a qual foi instituída pelo Pronunciamento Técnico CPC 26, que, seguindo as normas
Ç
Õ internacionais de contabilidade, instituiu a obrigatoriedade de elaboração da Demonstração
E
S do Resultado Abrangente do Exercício – DRA.
C
O
N
Iudícibus et al. (2010) explicam que essa demonstração apresenta as receitas, despesas e
T outras mutações que afetam o patrimônio líquido, mas que não são reconhecidas (ou melhor, não
Á
B foram reconhecidas ainda) na Demonstração do Resultado do Exercício, conforme determinam
E
I Pronunciamentos, Interpretações e Orientações que regulam a atividade contábil.
S
21

Tais receitas e despesas identificadas como “outros resultados abrangentes”, de acordo


com o CPC 26, compreendem os seguintes itens (IUDÍCIBUS et al., 2010, p. 482-483):

a) variações na reserva de reavaliação quando permitidas legalmente (Pro-


nunciamentos Técnicos CPC 27 – Ativo Imobilizado e CPC 04 – Ativo Intan-
gível);
b) ganhos e perdas atuariais em planos de pensão com benefício definido
reconhecidos conforme item 93A do Pronunciamento Técnico CPC 33 – Be-
nefícios a empregados;
c) ganhos e perdas derivados de conversão de demonstrações contábeis de
operações no exterior (Pronunciamento Técnico CPC 02 – Efeito das Mudanças
nas Taxas de Câmbio e Conversão de Demonstrações Contábeis);
d) ajuste de avaliação patrimonial relativo aos ganhos e perdas na remensu-
ração de ativos financeiros disponíveis para venda (Pronunciamento Técnico
CPC 38 – Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração);
e) ajuste de avaliação patrimonial relativo à efetiva parcela de ganhos ou perdas
de instrumentos hedge em hedge de fluxo de caixa (CPC 38).

A DRA pode ser apresentada dentro da DMPL ou através de relatório próprio. O CPC
sugere que se faça uso da apresentação na DMPL. Quando apresentada em demonstrativo
próprio, a DRA tem como valor inicial o resultado líquido do período apurado na DRE, seguido
dos outros resultados abrangentes, conforme estrutura mínima para a DRA estabelecida no
CPC 26:

a) resultado líquido do período;

b) cada item dos outros resultados abrangentes classificados conforme sua natureza (exceto
montantes relativos ao item c); A
N
Á
c) parcela dos outros resultados abrangentes de empresas investidas reconhecida por meio L
I
do método de equivalência patrimonial; e S
E

D
d) resultado abrangente do período. A
S

Segundo as normas internacionais de contabilidade, a DRA pode ser apresentada como D


E
continuidade da DRE, mas no Brasil o CPC determinou que seja como um relatório à parte. M
O
N
S
T

NOT
A!
 R
A
Ç
Õ
Se a DRE e a DRA forem apresentadas separadamente, bastaria E
S
a DRA começar a partir do Lucro Líquido.
C
O
N
T
Acadêmico/a, a seguir apresentaremos um modelo a título de conhecimento, mas esse Á
B
modelo, embora seja admitido pelo IASB (The International Accounting Standards Board), não E
I
foi aceito no Brasil, onde o CPC 26 obriga à adoção da alternativa em que a demonstração do S
22

resultado do exercício é apresentada à parte da demonstração do resultado abrangente total,


explicam Iudícibus et al. (2010).

QUADRO 8 – DRA
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO ABRANGENTE
Lucro Líquido do Período R$ 272.000
Parcela dos sócios da Controladora 250.000
Parcela dos não controladores 22.000
Ajustes Instrumentos Financeiros R$ (60.000)
Tributos s/Ajustes Instrumentos Financeiros R$ 20.000
Equiv. Patrim. s/Ganhos Abrangentes de Colig. R$ 30.000
Ajustes de Conversão do Período R$ 260.000
Tributos s/Ajustes de Conversão do Período R$ (90.000)
Outros Resultados Abrangentes Antes Reclas. R$ 160.000
Ajustes de Instrum. Financ. Reclassif. p/Result. R$ 10.600
Outros Resultados Abrangentes R$ 170.600
Parcela dos sócios da Controladora 164.600
Parcela dos não controladores 6.000 ____

Resultado Abrangente Total R$ 442.600


Parcela dos Sócios da Controladora 414.600
Parcela dos não controladores 28.000
FONTE: Iudícibus et al. (2010)
A
N
Á


L
I A!
NOT
S
E

D O Pronunciamento Técnico CPC sugere ainda que a DRA seja


A adicionada à Mutação do Patrimônio Líquido.
S

D
E
M
O
De acordo com o CPC 26, as empresas devem divulgar, como alocações do resultado
N do exercício na DRA consolidada, os resultados abrangentes totais do período atribuíveis à
S
T participação de sócios não controladores e os atribuíveis aos detentores do capital próprio da
R
A empresa controladora.
Ç
Õ
E
S
De acordo com Iudícibus et al. (2010), o item 93 do CPC 26 trata de alguns ajustes
de reclassificação, quando pronunciamentos, interpretações e orientações devem ser
C
O reclassificados para o resultado do período. Estes ajustes de reclassificação são incluídos
N
T no respectivo componente dos outros resultados abrangentes no período em que o ajuste é
Á
B reclassificado para o resultado líquido do período.
E
I
S
23

A seguir apresentaremos exemplo ilustrativo sobre o ganho realizado na alienação de ativo


financeiro disponível para venda e reconhecido no resultado quando de sua baixa. Esse ganho
pode ter sido reconhecido como ganho não realizado nos outros resultados abrangentes do período
ou de períodos anteriores. Assim, os ganhos não realizados devem ser deduzidos dos outros
resultados abrangentes no período em que os ganhos realizados são reconhecidos no resultado
líquido do período, evitando que esse mesmo ganho seja reconhecido em duplicidade.

NOT
A!

A entidade pode optar por apresentar os ajustes de reclassificação
em notas explicativas, não os divulgando na DRA. Nesse caso, ela
deverá apresentar os itens de outros resultados abrangentes após
os respectivos ajustes de reclassificação.

Iudícibus et al. (2010, p. 484) afirmam que não devem ser tratadas como ajustes
de reclassificação as mutações na reserva de reavaliação, quando permitida por lei, ou os
ganhos e perdas atuariais de planos de benefícios a empregados. Ambos são reconhecidos
como outros resultados abrangentes, mas não são reclassificados para o resultado líquido de
exercícios posteriores.

À medida que ocorrer a realização da reserva de reavaliação, suas mutações devem


ser transferidas para Reserva de Retenção de Lucros ou para Prejuízos Acumulados.
A
N
Á
Finalizamos com o Pronunciamento Técnico CPC 26 – Apresentação das Demonstrações L
Contábeis, que destaca: “[...] quando for relevante para a compreensão dos resultados da I
S
companhia, outras rubricas, contas, títulos e subtotais devem ser apresentados na DRA e na E

DRE”. D
A
S


D
A! E
NOT M
O
N
A entidade não deve apresentar nas referidas demonstrações, ou S
T
em notas explicativas, rubricas, receitas ou despesas sob a forma R
de itens extraordinários. Também não é mais admitida a figura das A
receitas e despesas não operacionais. A única discriminação é a Ç
dos resultados derivados das atividades descontinuadas. Õ
E
S

C
O
N
T
Á
B
E
I
S
24

RESUMO DO TÓPICO 1

Caro/a acadêmico/a, apresentamos agora de forma resumida as demonstrações


contábeis segundo a Lei nº 6.404/76 e as alterações decorrentes da Lei nº 11.638/2007.

As demonstrações contábeis obrigatórias, segundo a Lei nº 6.404/76, eram: balanço


patrimonial; demonstrativo do resultado do exercício; demonstração dos lucros ou prejuízos
acumulados; demonstração das mutações do patrimônio líquido. As demonstrações contábeis
complementam, ainda, as notas explicativas que não são consideradas relatórios contábeis,
mas são obrigatórias porque esclarecem a situação patrimonial e os resultados do exercício e
enumeram o mínimo necessário de cinco notas esclarecedoras a ser apresentadas. Ressalta-se
que estas deverão ser ampliadas quando necessário for, permitindo que o usuário da informação
contábil tenha condições de analisar a real situação da empresa.

Com o advento da Lei nº 11.638/2007, as demonstrações contábeis previstas na Lei nº


6.404/76 sofreram alterações e entre elas está a inserção da demonstração dos fluxos de caixa
que é obrigatória (elaboração e divulgação) para as companhias abertas e para as companhias
fechadas que tenham patrimônio líquido superior a R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais).

A
N Com a obrigatoriedade da DFC (Demonstração dos Fluxos de Caixa) passou a ser
Á
L
facultativa a DOAR (Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos).
I
S
E O balanço patrimonial também sofreu alterações. Os grupos do ativo ficaram assim
D constituídos: ATIVO CIRCULANTE e ATIVO NÃO CIRCULANTE; os grupos do passivo foram
A
S classificados em PASSIVO CIRCULANTE e PASSIVO NÃO CIRCULANTE. No ativo não
D circulante estão contemplados os seguintes itens: realizável a longo prazo; investimentos;
E
M
imobilizado e intangível. No passivo não circulante estão classificados: o exigível a longo prazo
O e o patrimônio líquido, que não apresenta mais de forma explícita os lucros acumulados, apenas
N
S os prejuízos acumulados, e foi inserida a conta ajustes de avaliação patrimonial.
T
R
A
Ç Outro item que teve grande relevância com a promulgação da Lei nº 11.638/2007 são
Õ
E
as notas explicativas, as quais também tiveram a contribuição do CPC 26.
S

C Apresentamos também de forma reduzida as principais contas necessárias para análise,


O
N com as observações feitas pelos estudiosos da matéria.
T
Á
B
E Por fim, abordou-se a DRA. Esta demonstração segue as normas internacionais de
I
S
contabilidade, e sua elaboração é obrigatória.
25

Essa demonstração apresenta as receitas, despesas e outras mutações que


afetam o patrimônio líquido, mas que não são reconhecidas na DRE conforme regulam os
Pronunciamentos, Interpretações etc. que regulam a atividade contábil. Segundo o CPC 26,
tais receitas e despesas são identificadas como outros resultados abrangentes e compreendem
itens como: variação na reserva de reavaliação; ganhos e perdas atuariais; ganhos e perdas
derivados de conversão de demonstrações contábeis de operações no exterior; entre outros.

Apresentou-se também a estrutura mínima para a DRA, e ressaltou-se que a DRA pode
ser apresentada como continuidade da DRE. Para melhor compreensão apresentou-se um
modelo devidamente preenchido.

O CPC sugere que a DRA seja adicionada à Mutação do Patrimônio Líquido.

Este tema é amplo e sabe-se que o assunto não foi esgotado, mas acredita-se que a
abordagem contemplou os principais pontos que você, acadêmico/a, deve conhecer.

A
N
Á
L
I
S
E

D
A
S

D
E
M
O
N
S
T
R
A
Ç
Õ
E
S

C
O
N
T
Á
B
E
I
S
26


IDADE
ATIV
AUTO

1 Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) O Balanço Patrimonial tem por finalidade demonstrar o lucro e/ou prejuízo da
empresa no final de determinado período.
b) ( ) As Notas Explicativas não são obrigatórias na publicação do Balanço
Patrimonial.
c) ( ) A Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados – DLPA pode substituir
a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido – DMPL – porque ela
demonstra o patrimônio líquido na sua totalidade.
d) ( ) A Demonstração do Resultado do Exercício – DRE – é composta pelas receitas,
custos e despesas.
e) ( ) A Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos põe em evidência qual
é a necessidade financeira da empresa, no curto prazo.

2 As demonstrações contábeis, exigidas pela legislação societária, são as seguintes:


a) ( ) Balanço Patrimonial; Demonstração do Resultado; Passivo Circulante.
b) ( ) Balanço Patrimonial; Demonstração do Resultado do Exercício; Demonstração
das Mutações do Patrimônio Líquido; Demonstração do Fluxo de Caixa.
A
N c) ( ) Balanço Patrimonial; Patrimônio Líquido; Ativo Circulante.
Á
L d) ( ) Balanço Patrimonial; Origens e Aplicações de Recursos; e Patrimônio
I
S
Líquido.
E e) ( ) Balanço Patrimonial; Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados; Ativo
D Permanente.
A
S

D 3 As informações complementares sobre as demonstrações contábeis divulgadas pela


E
M empresa serão apresentadas através de:
O
N
a) ( ) Notas esclarecedoras do ativo.
S b) ( ) Parecer dos contadores independentes.
T
R c) ( ) Parecer do Conselho Fiscal.
A
Ç d) ( ) Notas explicativas.
Õ
E e) ( ) Parecer da administração.
S

C 4 Descreva, no mínimo, três das notas explicativas previstas no art. 247 da Lei nº
O
N 6.404/76.
T
Á
B
E
I
S
27

5 Com o advento da Lei nº 11.638, em dezembro de 2007, a demonstração das origens


e aplicações de recursos (DOAR) passou a ser facultativa, ou seja, a empresa poderá
elaborá-la e apresentá-la aos usuários das informações contábeis, se assim o desejar,
conforme Morante e Jorge (2008), e tornou-se obrigatória a elaboração e publicação
da Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC).
Com relação à elaboração da DFC, é correto afirmar que:
I. Sua elaboração e publicação são obrigatórias a todas as companhias de capital
aberto.
II. Sua elaboração é obrigatória para todas as companhias de capital fechado.
III. Sua elaboração e publicação são obrigatórias a todas as companhias de capital
fechado com patrimônio líquido superior a R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais).
Assinale a opção CORRETA:
a) ( ) Apenas as alternativas I e II estão corretas.
b) ( ) Apenas as alternativas I e III estão corretas.
c) ( ) Apenas as alternativas II e III estão corretas.
d) ( ) Apenas a alternativa I está correta.
e) ( ) Todas as alternativas estão corretas.

6 A análise das informações da DFC, em conjunto com as demais demonstrações


contábeis, pode permitir que os usuários avaliem a empresa segundo...
I. a capacidade de avaliar fluxos líquidos positivos de caixa.
II. a capacidade de honrar seus compromissos.
III. a liquidez, a estrutura de capital e os quocientes de atividade. A
N
IV. a taxa de conversão de lucro em caixa. Á
L
Assinale a alternativa com a opção CORRETA: I
S
a) ( ) Apenas as alternativas I e II estão corretas. E
b)( ) Apenas as alternativas I e III estão corretas.
D
c) ( ) Apenas as alternativas II e IV estão corretas. A
S
d)( ) Apenas a alternativa III está correta.
D
e)( ) Todas as alternativas estão corretas. E
M
O
N
7 De acordo com Morante e Jorge (2008), antes de realizar qualquer análise de balanços, S
deve ser adotado: T
R
a) ( ) Um padrão de análise para a inserção dos elementos das demonstrações A
Ç
contábeis. Õ
E
b) ( ) Um critério de classificação das despesas operacionais. S
c) ( ) Uma técnica que demonstre a relevância das informações contábeis. C
d) ( ) Um modelo de relatório crítico das receitas. O
N
e) ( ) Todas as alternativas estão corretas. T
Á
B
E
I
S
28

8 O § 5º do art. 176 da Lei das S/As menciona as bases gerais e as notas a serem
inclusas nas demonstrações contábeis, as quais compreendem:
I. A apresentação de informações sobre a base de preparação das demonstrações
financeiras e das práticas contábeis específicas selecionadas e aplicadas para
negócios e eventos significativos.
II. A divulgação das informações exigidas pelas práticas contábeis adotadas no Brasil que
estejam apresentadas em nenhuma outra parte das demonstrações financeiras.
III. O fornecimento de informações adicionais não indicadas nas próprias demonstrações
financeiras e consideradas necessárias para uma apresentação adequada.
IV. A indicação dos números de ações ordinárias.
Assinale a opção CORRETA:
a) ( ) Apenas as alternativas I e III estão corretas.
b) ( ) Apenas as alternativas I e II estão corretas.
c) ( ) Apenas as alternativas II e III estão corretas.
d) ( ) Apenas a alternativa II está correta.
e) ( ) Todas as alternativas estão corretas.

9 De acordo com Iudícibus et al. (2010), o CPC, através do Pronunciamento Técnico


CPC 26 que trata da apresentação das demonstrações contábeis, aprovado pela
deliberação CVM nº 595/09 e pela Resolução CFC nº 1.185/09, exigido para
profissionais de contabilidade das entidades não sujeitas a alguma regulação contábil
específica, dispõe que as notas explicativas devem:
A I. apresentar informação sobre a base necessária para a elaboração das demonstrações
N
Á contábeis e das políticas contábeis específicas aprovadas;
L
I II. divulgar a informação requerida pelos Pronunciamentos, Orientações e Interpretações
S
E que não tenha sido apresentada nas demonstrações contábeis;

D
III. prover informação suplementar que tenha sido apresentada nas demonstrações
A contábeis, mas que seja relevante para a sua compreensão.
S
Assinale a opção CORRETA:
D
E a) ( ) Apenas as alternativas I e II estão corretas.
M
O b) ( ) Apenas as alternativas I e III estão corretas.
N
S c) ( ) Apenas as alternativas II e III estão corretas.
T
d) ( ) Apenas a alternativa II está correta.
R
A e) ( ) Apenas a alternativa I está correta.
Ç
Õ
E
S 10 A Lei nº 11.638/2007 introduziu alterações na estrutura das demonstrações contábeis,
C que Morante e Jorge (2008) assim identificam:
O
N
I. Classificação de Ativo e Passivo em Circulante e Não Circulante.
T II. Extinção do grupo Ativo Diferido.
Á
B
E
I
S
29

III. Extinção de Receitas e Despesas Financeiras.


IV. Criação do subgrupo Ativo Intangível no Ativo não Circulante.
V. Vedada a Prática da Reavaliação de Ativos de forma espontânea.
Assinale a opção CORRETA:
a) ( ) Apenas as alternativas I e II estão corretas.
b) ( ) Apenas as alternativas I, III e IV estão corretas.
c) ( ) Apenas as alternativas I e III estão corretas.
d) ( ) Apenas as alternativas I, IV e V estão corretas.
e) ( ) Todas as alternativas estão corretas.

11 A Lei nº 6.404/76 complementa o Pronunciamento Técnico CPC 26, que trata


da apresentação das Demonstrações Contábeis e estabelece, segundo as
determinações legais, uma estrutura mínima para a DRE composta por:
I. Despesa com tributos sobre o lucro.
II. Despesas e receitas financeiras.
III. Empréstimos financeiros.
IV. Parcela dos resultados de empresas investidas reconhecida por meio do método de
custo.
Assinale a opção CORRETA:
a) ( ) Apenas as alternativas I e II estão corretas.
b) ( ) Apenas as alternativas I, IV e III estão corretas.
c) ( ) Apenas as alternativas II e III estão corretas.
d) ( ) Apenas as alternativas II, III e IV estão corretas. A
N
e) ( ) Todas as alternativas estão corretas. Á
L
I
S
12 É correto afirmar: E
A DRA pode ser apresentada dentro da DMPL ou através de relatório próprio. D
O CPC sugere que se faça uso da apresentação na DMPL. Quando apresentada em A
S
demonstrativo próprio, a DRA tem como valor inicial o resultado líquido do período
D
apurado na DRE, seguido dos outros resultados abrangentes, conforme estrutura E
M
mínima para a DRA estabelecida no CPC 26: O
N
I. Lucro bruto. S
T
II. Cada item dos outros resultados abrangentes classificados conforme sua natureza R
(inclusive montantes relativos ao item c). A
Ç
III. Parcela dos outros resultados abrangentes de empresas investidas reconhecida por Õ
E
meio do método de equivalência patrimonial. S

IV. Resultado abrangente do período. C


O
N
T
Á
B
E
I
S
30

Assinale a opção CORRETA:


a) ( ) Apenas as alternativas I e II estão corretas.
b) ( ) Apenas as alternativas I, IV e III estão corretas.
c) ( ) Apenas as alternativas III e IV estão corretas.
d) ( ) Apenas as alternativas II, III e IV estão corretas.
e) ( ) Todas as alternativas estão corretas.

13 É correto afirmar:
I. Método da natureza da despesa utilizada como elemento agregador das despesas
à sua natureza, o que torna simples o seu uso por representar uma espécie de
“listagem” das despesas incorridas no período.
II. Que essa demonstração apresenta as receitas, despesas e outras mutações
que afetam o passivo circulante, mas que não são reconhecidas (ou melhor, não
foram reconhecidas ainda) na Demonstração do Resultado do Exercício, conforme
determinam Pronunciamentos, Interpretações e Orientações que regulam a atividade
contábil.
III. A DRA pode ser apresentada dentro da DLPA ou através de relatório próprio. O
CPC sugere que se faça uso da apresentação na DMPL.
IV. A entidade pode optar por apresentar os ajustes de reclassificação em notas
explicativas, não os divulgando na DRA.
Assinale a opção CORRETA:
a) ( ) Apenas as alternativas I e II estão corretas.
A b) ( ) Apenas as alternativas I, IV e III estão corretas.
N
Á c) ( ) Apenas as alternativas III e IV estão corretas.
L
I d) ( ) Apenas as alternativas I e IV estão corretas.
S
E e) ( ) Todas as alternativas estão corretas.
D
A
S

D
E
M
O
N
S
T
R
A
Ç
Õ
E
S

C
O
N
T
Á
B
E
I
S
UNIDADE 1

TÓPICO 2

PREPARAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES


CONTÁBEIS PARA ANÁLISE

1 INTRODUÇÃO

A análise financeira e de balanços é um dos aspectos mais difíceis no processo de


gestão e exige maturidade por parte do profissional responsável. Ela deve ser entendida dentro
de suas possibilidades e limitações, explica Iudícibus (1998).

Quando a análise é convenientemente manuseada, pode transformar-se num poderoso


“painel de controle” do administrador (IUDÍCIBUS, 1998). Para isso existem algumas condições
para se efetivar uma análise de balanços, a saber:

I. A contabilidade da empresa deve ser mantida com esmero e sem interferências A


N
“manipuladoras” ou “normalizantes” de resultados. Á
L
I
S
II. As firmas de médio e grande porte devem ter suas demonstrações financeiras auditadas, E
se não pela auditoria independente, pelo menos, deve ter auditoria interna. D
A
S
III. Os demonstrativos objetos de análise por meio de índices devem ser corrigidos
D
detalhadamente, levando-se em conta as variações do poder aquisitivo da moeda, ou seja, E
M
deve o analista reconhecer os efeitos inflacionários. O
N
S
T
R
A
2 PREPARAÇÃO DAS Ç
Õ
DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E
S

Uma vez que estamos de posse das demonstrações contábeis desejadas, normalmente C
O
de três a quatro períodos, inicia-se a preparação das contas considerando-se os períodos N
T
selecionados. A este procedimento Marion (2010) denomina de reclassificação, que significa Á
B
uma nova classificação, o reagrupamento de algumas contas, no Balanço Patrimonial e na E
I
Demonstração do Resultado do Exercício. Esses ajustes são necessários para melhorar a S
32
eficiência da análise, podendo-se melhorar a situação econômico-financeira da empresa.

Reis (2009) explica que, quando a análise tem por objetivo determinar qual é a parcela
pertencente aos sócios, do montante de recursos aplicados no ativo, esta postura significa
uma preocupação com o aspecto estático da situação econômica; o autor continua dizendo
que, na apuração e apreciação do resultado das operações sociais, da remuneração dos
investidores e reinvestimento dos resultados, estará analisando a situação econômica sob o
aspecto dinâmico.

Conforme Marion (2010), muitas vezes o contador visa, através do seu agrupamento de
contas nas demonstrações financeiras, melhorar a situação econômico-financeira da empresa
usando de certa subjetividade. Por exemplo: se uma empresa se dispõe a vender um imóvel
que até o momento estava classificado no permanente, a atividade do contador é reclassificar
esta conta no ativo circulante ou realizável a longo prazo. Se classificarmos no ativo circulante,
evidentemente a situação financeira a curto prazo irá melhorar. Todavia não é fácil vender o
imóvel e receber no mesmo ano. Neste caso, o ideal é classificá-lo no realizável a longo prazo,
não obstante seja menos eficaz no momento de se mensurar a capacidade de pagamento da
empresa a curto prazo. Outras vezes, mesmo sendo o contador imparcial no agrupamento
das contas, há necessidade de interferência do analista. É o caso da receita financeira que
legalmente é uma despesa operacional, mas na realidade não o é. (MARION, 2010).

Se quisermos apurar a verdadeira taxa de rentabilidade obtida pela atividade operacional,


deveremos reclassificar tanto as despesas financeiras, como as receitas financeiras no grupo
A não operacionais.
N
Á
L
I Para uma melhor compreensão, vamos apresentar alguns casos de reclassificação:
S
E a) duplicatas descontadas; b) despesas do exercício seguinte; c) não circulante (substitui o

D
permanente); d) resultados de exercícios futuros; e) leasing; f) receitas financeiras e despesas
A financeiras.
S

D
E I) DUPLICATAS DESCONTADAS
M
O
N
S De acordo com a legislação, as duplicatas descontadas são classificadas no ativo
T
R
circulante, como conta redutora do ativo. Para fins de análise, as duplicatas descontadas
A deverão ser reclassificadas no passivo circulante, pois, pelas suas peculiaridades, ainda há o
Ç
Õ risco de a empresa ter que reembolsar o dinheiro obtido, caso o cliente não liquidar a dívida
E
S no banco. Para demonstrar melhor, vamos ver o exemplo a seguir.
C
O
N
A empresa RIO tem por política interna operar com duplicatas descontadas para suprir seu
T caixa, enquanto a empresa MAR opera com empréstimos bancários (com depósito de duplicatas
Á
B como garantia). Dessa forma, as duas empresas terão no passivo circulante uma dívida com
E
I terceiros, embora, no caso de duplicatas descontadas, haja apenas a coobrigação.
S
33

IMPO
RTAN
TE!

Aplica-se o mesmo procedimento que o adotado com duplicatas
descontadas quando a empresa possui títulos endossados, saques
de exportação, operações de vendor.

Demonstraremos a seguir a situação das empresas RIO e MAR, que possuem o mesmo
valor no ativo circulante e no passivo circulante.

QUADRO 9 – DUPLICATAS DESCONTADAS


Empresa RIO Empresa MAR
AC 2.000 PC 1.000 AC 2.000 PC 1.000
+Entrada 200 + Entrada 200
-D.D. (200) Sem alteração + Empréstimo 200
TOTAL 2.000 TOTAL 1.000 TOTAL 2.200 TOTAL 1.200
FONTE: Marion (2010)

Se observarmos a situação patrimonial das empresas RIO e MAR, teremos:


Empresa RIO = AC = 2.000 = 2,00 Empresa MAR = AC = 2.200 = 1,83
PC 1.000 PC 1.200

Analisando as duas empresas, nota-se que ambas tinham a mesma situação financeira e
ambas tiveram uma entrada de igual valor, porém a diferença está no tipo de operação realizada,
que gerou um lançamento contábil diferente, e, consequentemente, a situação da empresa
A
MAR demonstra ter uma menor capacidade de pagamento em relação à empresa RIO. N
Á
L
I
Se reclassificarmos o balanço da empresa RIO, teremos a seguinte situação: S
E

D
QUADRO 10 – RECLASSIFICAÇÃO DO BALANÇO A
Empresa RIO Empresa MAR S
AC 2.000 PC 1.000 AC 2.000 PC 1.000
D
+Entrada 200 D.D. 200 + Entrada 200 + Empréstimo 200 E
M
TOTAL 2.200 TOTAL 1.200 TOTAL 2.200 TOTAL 1.200 O
N
FONTE: Marion (2010) S
T
R
A
ÇÃO! Ç
ATEN
Õ
E
S
Nota 1: agora as empresas possuem o mesmo endividamento (R$
1.200), e a capacidade de pagamento de cada uma é R$ 1,83, a C
mesma para ambas, isto é, para cada R$ (real) que a empresa O
deve, existe em caixa R$ 1,83, o que lhes possibilita saldar seus N
T
compromissos e ainda restar R$ 0,83 em caixa. Á
Nota 2: endividamento igual para as duas empresas. B
E
I
S
34
II) DESPESAS DO EXERCÍCIO SEGUINTE

A conta “despesas do exercício seguinte” é o único grupo de contas que não se


converterá em dinheiro, portanto, não servirá para pagar as dívidas da empresa, conforme
Marion (2010).

Por se tratar de uma despesa antecipada que será consumida pela empresa, no próximo
ano, é classificada no grupo do Ativo Circulante, porém não se transformará em dinheiro. Esta
despesa reduzirá o lucro do próximo exercício e, como consequência, o patrimônio líquido.
Por este motivo os analistas mais conservadores preferem, no momento da análise, deduzi-la
do patrimônio líquido, excluindo-a do ativo circulante.

Normalmente, esta despesa tem seu valor irrelevante em relação ao ativo circulante, o
que não melhora por si só a situação financeira da empresa, caso não viéssemos a reclassificá-
la, pois seu valor é, sem dúvida, imaterial. Na eventualidade de se tratar de um valor relevante,
então, deveremos excluí-lo do ativo circulante e subtraí-lo do patrimônio líquido. Exemplo:

QUADRO 11 – DESPESAS DO EXERCÍCIO SEGUINTE


Ativo Circulante Passivo Circulante Observações
Caixa
Duplicatas a Receber
2.000 Diversos a Pagar
5.000
15.000
{Capital de
Terceiros
Estoques 11.000 Patrimônio Líquido

Despesas Exercício Seguinte


18.000 Capital
2.000 Reservas de Lucros
10.000
5.000
{Capital
Próprio
20.000 15.000
A Ativo não Circulante
N Imobilizado 10.000
Á
L
Total 30.000 Total 30.000
I FONTE: Marion (2010, p. 28)
S
E

D Se não fizermos a reclassificação da Despesa do Exercício Seguinte:


A
S

D
- a relação AC/PC será de 1,33 (20.000/15.000);
E
M
O - a relação Capital Próprio/Capital de Terceiros será de 1,00 (15.000/15.000).
N


S
T
R TE!
A RTAN
IMPO
Ç
Õ
E Neste caso, a Despesa de Exercício Seguinte é relevante, pois
S representa 10% do Ativo Circulante, para cujo percentual é
recomendável a reclassificação, excluindo-a do ativo circulante e
C
O
em contrapartida vamos diminuí-la do Patrimônio Líquido.
N
T
Á
B
E
I
S
35
Com a reclassificação, teremos:

QUADRO 12 – RECLASSIFICAÇÃO
Ativo Circulante Passivo Circulante Observações
Caixa
Duplicatas a Receber
2.000
5.000
Diversos a Pagar 15.000
{Capital de
Terceiros
Estoques 11.000 Patrimônio Líquido
18.000 Capital
Reservas de Lucros
10.000
5.000
{Capital
Próprio
(-) Desp. Exerc. Seg. (2.000)
Ativo não Circulante 13.000
Imobilizado 10.000
Total 28.000 Total 28.000
FONTE: Marion (2010, p. 29)

Neste caso, os resultados apurados geraram a seguinte situação:

- a relação AC/PC passa de 1,33 para 1,20 (18.000/15.000);

- a relação CP/CT passa de 1,00 para 0,87 (13.000/15.000).

III) NÃO CIRCULANTE (SUBSTITUI O PERMANENTE)

Uma vez que o Balanço Patrimonial esteja nos moldes da Lei das Sociedades por
Ações, praticamente nada teremos a reclassificar nos grupos Investimentos e Imobilizado, A
N
conforme Marion (2010). Á
L
I
O subgrupo Diferido tem sofrido ajustes por parte de muitos professores e analistas, S
E
deduzindo-o do Patrimônio Líquido, sob a alegação de tratar-se de despesas que comporão
D
resultados de exercícios futuros, e consequentemente, diminuindo o Patrimônio Líquido. A
S

Com o advento da MP 449/08 e da Lei nº 11.941/09, o grupo Diferido deixou de ser D


E
grupo de contas do Balanço Patrimonial. Assim, explica Marion (2010), seu saldo precisa ser M
O
reanalisado e, quando cabível, reclassificado. Segundo a legislação contábil, o que não puder N
S
ser reclassificado para outras contas do ativo, como gastos pré-operacionais administrativos, T
R
gastos de reorganização, gastos com pesquisa etc., deverão ser baixados no balanço de A
Ç
abertura de 2009, contabilizando contra Lucros ou Prejuízos Acumulados. É admitido legalmente Õ
que esses saldos permaneçam nesse subgrupo até sua realização, ressaltando que a Lei nº E
S
6.404/76 impedia a amortização desses valores em prazo superior a dez anos.
C
O
N
Outro tema que o autor ressalta é o grupo Intangível que, pela Lei nº 11.638/07, passa T
Á
a fazer parte do Não Circulante e requer uma análise especial. B
E
I
S
36
IV) RESULTADOS DE EXERCÍCIOS FUTUROS

Com o advento da Medida Provisória nº 449/08 e da Lei nº 11.941/09, esse grupo


desapareceu como grupamento de contas do balanço patrimonial. Os saldos existentes, se
classificáveis corretamente segundo a legislação anterior, vão para o passivo não circulante,
devidamente destacadas as receitas e despesas. O mesmo se aplica às entidades de atividade
imobiliária, segundo já era determinado pelo Conselho Federal de Contabilidade.

Havia circunstâncias em que entidades registravam como contrapartida da conta


Resultado de Exercícios Futuros, a conta Venda de Direitos até então não inscrita no ativo,
mas vinculada a algum elemento do ativo. Neste caso, conforme o Pronunciamento Técnico
CPC 01, esses valores devem ser reclassificados como ajuste do respectivo ativo, em conta
retificadora. Os valores recebidos por antecipação (adiantamentos) para futura entrega de
produtos ou serviços, classificados inadequadamente, no grupo de Resultados de Exercícios
Futuros (pois existe a necessidade de devolução no caso do não cumprimento das condições
contratuais), em balanços anteriores a 2008, deverão ser reclassificados:

• no Passivo Circulante, nos casos em que as obrigações vençam até o final do exercício
seguinte; ou

• no Exigível a Longo Prazo (Passivo não Circulante), desde que as obrigações vençam após
o término do exercício seguinte.

A Diante do exposto, o grupo Resultados de Exercícios Futuros será eliminado para fins
N
Á de análise, sendo reclassificado no grupo Patrimônio Líquido ou no grupo Passivo Exigível, de
L
I acordo com o risco de haver devolução da parcela recebida antecipadamente.
S


E

D TE!
RTAN
A IMPO
S

D O grupo Resultados de Exercícios Futuros deixa de existir a partir


E da MP 449/08 e da Lei nº 11.941/09.
M
O
N
S
T
R
A V) LEASING OU ARRENDAMENTO MERCANTIL
Ç
Õ
E
S Leasing ou Arrendamento Mercantil, de acordo com Ferreira (2009), é “[...] uma

C
operação de financiamento, que facilita ao empresário o acesso a bens de uso necessários ao
O funcionamento da empresa, sem que tenha de comprá-los imediatamente”. O arrendamento
N
T mercantil (leasing) pago por uma empresa, mensalmente, não se caracterizava como Ativo
Á
B antes da Lei nº 11.638/07, embora o bem estivesse dentro da empresa, mas a empresa só
E
I tinha a posse e não a propriedade.
S
37
Ferreira (2009) explica que existem várias modalidades de leasing, porém cita as três
mais usuais de arrendamento mercantil:

1 – leasing financeiro;
2 – leasing operacional;
3 – lease-back.

O leasing financeiro (arrendamento mercantil), que antes da promulgação da Lei nº


11.638/07 era tratado como aluguel, agora é contabilizado como Ativo para fins contábeis,
enquanto que para fins fiscais continua sendo aluguel, explica Marion (2010).

Ressalta o mesmo autor que, no sentido econômico, o leasing financeiro é um


financiamento com característica de aluguel. Se a empresa quer adquirir um equipamento de
produção, este poderá ser adquirido à vista ou a prazo (financiado ou via leasing). Independente
da forma de aquisição este bem trará para a empresa benefícios, mas também riscos para
o seu negócio e dará à empresa controle sobre o bem. Diante do que expusemos, este bem
deverá ser considerado Ativo.

O leasing operacional ou renting é um contrato de locação conjugada com assistência


técnica quanto aos bens locados, como, por exemplo: computadores, aviões e não há
necessidade de que haja a opção de compra. (FERREIRA, 2009).

O lease-back é uma operação realizada pela instituição financeira com a empresa, ou


seja, o banco compra bens de uso permanente de determinada empresa, porém os deixa na A
N
posse da vendedora, a título de leasing, mediante uma cobrança de aluguel. Existe o direito Á
L
de recompra dos bens, pela empresa vendedora. (FERREIRA, 2009). I
S
E

IMPOR
TANT
E!
 D
A
S

D
As operações de leasing são reguladas e fiscalizadas pelo Banco
E
Central do Brasil. M
O
N
S
T
VI) RECEITAS FINANCEIRAS E DESPESAS FINANCEIRAS R
A
Ç
Õ
Segundo entende Marion (2010), no Demonstrativo de Resultado do Exercício, deverão E
S
ser reclassificadas as contas de despesas financeiras e receitas financeiras. De conformidade
C
com a Lei das S/As (6.404/76), as despesas e receitas financeiras estão classificadas no grupo O
de contas operacionais, entretanto, para fins de análise (gerencial), elas devem ser transferidas N
T
para o grupo de receitas e despesas não operacionais. Á
B
E
I
S
38
Este procedimento nos leva a obter o lucro operacional efetivamente apurado pela
atividade principal da empresa, sem a inclusão de receitas financeiras (resultado nas aplicações
financeiras) e despesas financeiras.

BALANÇO PATRIMONIAL
Cia. Hipotética

QUADRO 13 – BALANÇO PATRIMONIAL DA CIA. HIPOTÉTICA


Ativo X8 X9 Passivo X8 X9
Circulante 415.000 468.000 Circulante 224.000 227.000
Caixa 30.000 20.000 Fornecedores 100.000 160.000
Duplicatas a Receber 185.000 205.000 Salários a pagar 35.000 40.000
(-) Duplic.Descontadas 35.000 25.000 Encargos sociais a pg. 4.000 5.000
Estoques 190.000 220.000 Impostos a pagar 45.000 7.000
Desp. Ex. Seg. pg. Antecip. 45.000 48.000 Dividendos a pagar 40.000 15.000

Não Circulante 184.900 234.100 Não Circulante


Realizável a L. Prazo 900 600 Exigível a Longo Prazo 59.900 89.100
Investimentos 25.000 35.000
Imobilizado 155.000 195.000 Adiantamento de Acionista 28.000 42.000
Intangível 1.500 1.500
Diferido 2.500 2.000Patrimônio Líquido 288.000 344.000
Capital 250.000 280.000
Reservas de Lucros 38.000 64.000
Total 599.900 702.100 Total 599.900 702.100
FONTE: A autora

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO


A
N Cia. Hipotética
Á
L
I QUADRO 14 – DRE DA CIA. HIPOTÉTICA
S
E
Ativo X9
Vendas Brutas 9.000.000
D ( - ) Deduções de Vendas (800.000)
A
S Vendas Líquidas 8.200.000
( - ) CPV (4.900.000)
D Lucro Bruto 3.300.000
E
M ( - ) Despesas Operacionais (1.500.000)
O De Vendas (700.000)
N Administrativas (950.000)
S
T Outras despesas (350.000)
R Despesas Financeiras (400.000)
A (+) Receitas Financeiras 900.000 500.000
Ç
Õ Lucro Operacional 1.800.000
E ( - ) Despesas não Operacionais (50.000)
S
Lucros antes do IR e da CS 1.750.000
C ( - ) IR/CS (550.000)
O Lucro Líquido do Exercício 1.200.000
N
T FONTE: A autora
Á
B
E
I
S
39
BALANÇO PATRIMONIAL RECLASSIFICADO
Cia. Hipotética
QUADRO 15 – BALANÇO PATRIMONIAL RECLASSIFICADO
Ativo X8 X9 Passivo X8 X9
Circulante 405.000 445.000 Circulante 259.000 252.000
Caixa 30.000 20.000 Fornecedores 100.000 160.000
Duplicatas a Receber 185.000 205.000 Salários a pagar 35.000 40.000
Encargos sociais a pg. 4.000 5.000
Estoques 190.000 220.000 Impostos a pagar 45.000 7.000
Dividendos a pagar 40.000 15.000
Duplicatas Descontadas 35.000 25.000
Não Circulante 182.400 232.100 Não Circulante 87.900 131.100
Realizável a L. Prazo 900 600 Exigível a Longo Prazo 59.900 89.100
Investimentos 25.000 35.000 Adiantamento de Acionista 28.000 42.000
Imobilizado 155.000 195.000
Intangível 1.500 1.500
Patrimônio Líquido 240.500 294.000
Capital 250.000 280.000
Reservas de Lucros 38.000 64.000
Desp. Ex. Seg. pg. Antecip. (45.000) (48.000)
Diferido (2.500) (2.000)
Total 587.400 677.100 Total 587.400 677.100
FONTE: A autora

IMPO
RTAN
TE!

O grupo Resultado de Exercícios Futuros foi reclassificado no Passivo
Não Circulante. Neste exemplo hipotético, partiu-se do princípio que
as obrigações vencerão após o término do exercício seguinte.
A
N
Á
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO RECLASSIFICADO L
I
Cia. Hipotética S
E
QUADRO 16 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO RECLASSIFICADO
D
Ativo X9 A
Vendas Brutas 9.000.000 S
( - ) Deduções de Vendas (800.000)
D
( = ) Vendas Líquidas 8.200.000 E
( - ) CPV (4.900.000) M
O
( = ) Lucro Bruto 3.300.000
N
( - ) Despesas Operacionais (2.000.000) S
De Vendas (700.000) T
R
Administrativas (950.000) A
Outras despesas (350.000) Ç
( = ) Lucro Operacional 1.300.000 Õ
E
( - ) Despesas não Operacionais (50.000) S
( +) Receitas/Despesas Não Operacionais
( - ) Despesas Financeiras (400.000) C
O
( +) Receitas Financeiras 900.000 500.000 N
( = ) Lucros antes do IR e da CS 1.750.000 T
( - ) IR/CS (550.000) Á
B
( = ) Lucro Líquido do Exercício 1.200.000 E
FONTE: A autora I
S
40

2.1 CONTAS DO ATIVO

Iudícibus (1998) afirma que o Ativo é composto de todos os bens e direitos de propriedade
e controle da empresa, que são avaliáveis em dinheiro e que representam benefícios presentes
ou futuros para a empresa. Assim, Iudícibus (1998, p. 41-48) exemplifica o que são bens e
direitos:

• Bens: máquinas, terrenos, estoques, dinheiro (moeda), ferramentas, veículos, instalações


etc.

• Direitos: contas a receber, duplicatas a receber, títulos a receber, ações, títulos de crédito
etc.

E continua: se o bem ou direito não for de propriedade da empresa, normalmente não


constará do seu Ativo porque a empresa só tem a posse e não a propriedade.

Matarazzo (2010) corrobora e apresenta as principais contas do Balanço, para fins


de análise, conforme segue: I) do ativo circulante, cita as disponibilidades e explica que
representam o dinheiro que a empresa possui em caixa, os depósitos bancários à vista e as
aplicações financeiras de imediata conversibilidade em dinheiro; clientes que compreendem os
valores a receber decorrentes das vendas efetuadas pela empresa; duplicatas descontadas
A que indicam o desconto antecipado das duplicatas a receber; estoques, apresentados de
N
Á forma sintética representam estoques, inventários, existências; aplicações financeiras em
L
I prazos diversos; II) do não circulante, cita o realizável a longo prazo; os investimentos
S
E
assim consideradas as participações permanentes em outras sociedades; o imobilizado que
compreende os bens e direitos destinados à manutenção da atividade da empresa; os bens
D
A incorpóreos também destinados à manutenção da empresa denominados de intangível, antes
S
classificados no imobilizado assim denominados: patentes, direitos autorais, marcas; outros
D
E classificados em investimentos, como, por exemplo, os direitos de concessão; diferido, extinto
M
O pela Lei nº 11.941/09.
N
S
T Marion (2010) esclarece que a Lei nº 11.638/07 alterou o art. 179 da Lei nº 6.404/76
R
A e redefiniu o conteúdo que compreende o subgrupo Imobilizado. Explica que Imobilizado são
Ç
Õ os direitos que tenham por objeto bens corpóreos destinados à manutenção das atividades
E
S da empresa ou que sejam exercidos com essa finalidade, inclusive os bens decorrentes de
C
operações que transfiram à companhia os seus benefícios, riscos e controle, independente de
O ser propriedade ou não, deverão ser contabilizados como Ativo.
N
T
Á
B Se a empresa tiver um Título a Receber de uma empresa falida, este não será Ativo,
E
I pois não há possibilidade de convertê-lo em dinheiro.
S
41
Para ser Ativo é necessário que qualquer item preencha quatro requisitos
simultaneamente:

a) constituir bem ou direito para a empresa;

b) ser de propriedade, posse ou controle de longo prazo da empresa;

c) ser mensurável monetariamente;

d) trazer benefícios presentes ou futuros.

2.2 CONTAS DO PASSIVO

Já o Passivo, simplificadamente, evidencia toda a obrigação (dívida) que a empresa tem


com terceiros, por exemplo: contas a pagar, fornecedores de matéria-prima a prazo, impostos
a pagar, financiamentos, empréstimos etc.

O Passivo é uma obrigação exigível, isto é, no momento em que a dívida vencer, será
exigida (reclamada) a sua liquidação. Por isso Iudícibus (1998) entende que é mais adequado
chamá-lo Passivo Exigível.

Neste sentido, Reis (2009) apresenta o passivo, sua estrutura, a partir da Lei nº A
N
11.638/07, e comenta: no circulante são registradas as dívidas que devem ser resgatadas Á
no exercício seguinte ao do encerramento do balanço e exemplifica: fornecedores, impostos L
I
a pagar, adiantamento de clientes. Ressalta que nestes casos (adiantamentos), se o custo S
E
relacionado com a receita antecipada ainda não foi efetivado, deve ser estimado e separado,
D
pois corresponde a uma obrigação futura da empresa e, portanto, deve ser classificado no A
S
passivo circulante. A receita diferida líquida, sendo uma conta de resultado antecipada, deve
D
ser classificada em resultado de exercícios futuros. E
M
O
Exemplo: Receita antecipada R$ 200
N
(-) custo estimado R$ 150 S
T
(=) receita diferida líquida R$ 50 R
A
Ç
Õ
Se o custo da receita antecipada já foi efetivado e contabilizado, a verba será E
demonstrada da seguinte forma: S

C
O
Resultado de exercícios futuros N
T
Receita antecipada R$ 200 Á
(-) custo respectivo R$ 150 B
E
(=) receita diferida líquida R$ 50 I
S
42

IMPO
RTAN
TE!

Nos casos em que o custo não foi efetivado, ou não puder ser
estimado, o total da receita antecipada deverá ser contabilizada
no passivo circulante como adiantamento de clientes.

Matarazzo (2010) complementa o passivo com o grupo passivo não circulante assim
compreendidas as obrigações da empresa vencíveis a prazo superior a um ano ou superior
ao ciclo operacional; resultados de exercícios futuros, extinto segundo a MP 449/08 e Lei
nº 11.941/09; e patrimônio líquido, que representa os recursos dos acionistas formados por
capital (dinheiro ou bens) entregues pelos acionistas à empresa.

Quando nos referimos ao Patrimônio Líquido, dizemos que este evidencia os recursos
dos proprietários aplicados no empreendimento. O investimento inicial dos proprietários (a
primeira aplicação) é denominado, contabilmente, capital.

Se houver outras aplicações por parte dos proprietários (acionistas no caso das S/As,
ou sócios nos casos de LTDA.), será um acréscimo ao Capital. (IUDÍCIBUS, 1998, p. 41-48).

Assim como no balanço patrimonial, as contas da demonstração do resultado do


A exercício também precisam ser esclarecidas, o que proporcionará a você, acadêmico/a, melhor
N
Á compreensão para efeito da análise da rentabilidade.
L
I
S
E

D 2.3 CONTAS DO DRE


A
S

D Segundo Zdanowicz (1998, p. 23-25), a Demonstração do Resultado do Exercício – DRE


E
M – é peça relevante na dinâmica patrimonial, pois informa a receita bruta da empresa, o custo
O
N
para obtê-la e demais despesas operacionais, evidenciando os lucros bruto e operacional.
S
T
R O art. 176 da Lei nº 6.404/76 esclarece com maior propriedade o tema.
A
Ç
Õ
E Para Iudícibus (1998, p. 48-58), a demonstração do resultado do exercício é um
S
resumo ordenado das receitas e despesas da empresa em determinado período (12 meses).
C
O
É apresentada de forma dedutiva (vertical), ou seja, das receitas subtraem-se as despesas e,
N em seguida, indica-se o resultado (lucro ou prejuízo).
T
Á
B
E Inicia-se a DRE com a demonstração da Receita Bruta de Vendas ou da Prestação
I
S de Serviços, que é o total bruto vendido no período. Nela estão inclusos os impostos sobre
43
vendas (os quais pertencem ao governo) e dela não foram subtraídas as devoluções (vendas
canceladas) e os abatimentos (descontos incondicionais) ocorridos no período.

Os impostos e taxas sobre vendas são aqueles gerados no momento da venda; eles
variam proporcionalmente à venda, ou seja, quanto maior for o total das vendas, maior será
o imposto. Exemplos de impostos, os mais comuns: IPI, ICMS, ISS, PIS, FINSOCIAL. O
IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) é um imposto federal oriundo das operações
realizadas pelas indústrias; o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) é um
imposto estadual incidente nas operações de vendas de mercadorias e prestação de serviços; o
ISS (Imposto sobre Serviços) é um imposto municipal e é incidente nas prestações de serviços;
o PIS (Programa de Integração Social) é uma contribuição social de natureza tributária, devida
pelas pessoas jurídicas, com objetivo de financiar o pagamento do seguro-desemprego e do
abono para os trabalhadores que ganham até dois salários mínimos; e o FINSOCIAL (Fundo
de Investimento Social), cuja contribuição foi instituída pelo Decreto-Lei nº 1.940, de 25 de
maio de 1982, artigo 1º, e tem por finalidade custear investimentos de caráter assistencial em
alimentação, habitação popular, saúde, educação e amparo ao pequeno agricultor.

A partir desta diminuição obteremos a RECEITA LÍQUIDA. A análise da DRE se inicia


com base na Receita Líquida, porque, como observamos, os impostos não são de propriedade
da empresa.

Reis (2009) reconhece a mesma sequência lógica e ordenada de todos os grupos de contas
que influenciaram o demonstrativo e afirma que a Demonstração do Resultado do Exercício
é “[...] uma peça contábil que mostra o resultado das operações sociais – lucro ou prejuízo – e A
N
que procura evidenciar o resultado operacional do período, e o resultado líquido do período, isto Á
L
é, a parcela que ficou à disposição dos sócios para ser retirada ou reinvestida no negócio”. I
S
E
Acadêmico/a, você acabou de ver no item 2 a preparação das contas do balanço D
patrimonial e da demonstração do resultado do exercício; também foram apresentadas as A
S
principais contas do balanço patrimonial e da DRE que devem ser reclassificadas e, por fim, foi
D
demonstrado o balanço patrimonial e a DRE da Empresa Hipotética devidamente reagrupados. E
M
Na sequência você terá que reconhecer os efeitos inflacionários, cujo procedimento também O
N
é obrigatório na análise para que não haja distorção nos resultados apurados. S
T
R
A
Ç
Õ
3 RECONHECIMENTO E
DOS EFEITOS INFLACIONÁRIOS S

C
O
Reconhecer os efeitos inflacionários é fundamental antes de iniciar a análise horizontal N
T
e a análise vertical, para evitar resultados distorcidos em função da variação da moeda, explica Á
B
Zdanowicz (1998). E
I
S
44
Para tanto, primeiro deve o analista definir qual é o indicador econômico que deseja
utilizar. Sugerem-se alguns dos mais comuns: IGPM, INPC, IPCA, entre outros, cuja escolha
fica a cargo do gestor.

O processo de atualização é simples. Após definir o indicador, o próximo passo é a


base de atualização. Exemplo:

O administrador da empresa Raios de Parábolas S/A decidiu fazer um teste e atualizar


as demonstrações contábeis de sua empresa com o uso do indicador IGPM para observar a
diferença nos resultados depois de realizar os cálculos. Para tanto solicitou ao contador cópia
dos balanços, já reclassificados. No primeiro momento, vai realizar os cálculos apenas dos
grandes grupos, ou seja: Ativo, Ativo circulante, Ativo não circulante; Passivo, Passivo circulante,
Passivo não circulante; Patrimônio Líquido.

QUADRO 17 – INDICADORES ECONÔMICOS NA DATA DE ENCERRAMENTO DO BALANÇO


2006 2007 2008 2009 Base/atualização set. 2010
687,9575 723,4265 770,3151 802,0042 832,4510
FONTE: Disponível em: <http://www.portalbrasil.net/igpm.htm>. Acesso em: 12 out. 2010.

BALANÇO PATRIMONIAL
EMPRESA RAIOS DE PARÁBOLAS S/A
QUADRO 18 – BALANÇO PATRIMONIAL
Contas 2006 2007 2008 2009
Ativo 514.191 559.897 582.105 591.216
Ativo Circulante 217.483 104.198 101.177 117.370
Ativo Não Circulante 296.708 455.699 480.928 473.846
A
N
Á Passivo 514.191 559.897 582.105 591.216
L Passivo Circulante 306.650 267.870 319.187 316.363
I
S Passivo Não Circulante 184.190 267.726 239.968 249.503
E Patrimônio Líquido 23.351 24.301 22.950 25.350
D
FONTE: A autora
A
S
BALANÇO PATRIMONIAL ATUALIZADO MONETARIAMENTE
D EMPRESA RAIOS DE PARÁBOLAS S/A
E
M
O
QUADRO 19 – BALANÇO PATRIMONIAL ATUALIZADO MONETARIAMENTE
N Contas 2006 2006 at 2007 2007 at 2008 2008 at 2009 2009 at
S Ativo 514.191 622.188 559.897 644.277 582.105 629.059 591.216 613.661
T
R Ativo Circulante 217.483 263.162 104.198 119,901 101.177 109.338 117.370 121.826
A Ativo Não
Ç 296.708 359.026 455.699 524.376 480.928 519.721 473.846 491.835
Circulante
Õ
E
S Passivo 514.191 622.188 559.897 644.277 582.105 629.059 591.216 613.661
Passivo
C 306.650 371.057 267.870 308.240 319.187 344.934 316.363 328.373
O Circulante
N Passivo Não
T 184.190 222.876 267.726 308.074 239.968 259.324 249.503 258.975
Circulante
Á
B Patrimônio
23.351 28.255 24.301 27.963 22.950 24.801 25.350 26.313
E Líquido
I FONTE: A autora
S
45
Para sua melhor compreensão, caro/a acadêmico/a, faremos a demonstração dos
cálculos realizados. A metodologia adotada foi igual para todos, por esta razão apresentaremos
apenas uma conta.

Ativo 2006 = 514.191 dividido pelo indicador 687,9575 (2006) e multiplicado pelo
indicador 832,4510 (referente a setembro de 2010, base de atualização).

O resultado apurado foi de R$ 622.188 (seiscentos e vinte e dois mil, cento e oitenta e
oito reais), o que significa uma inflação de 21% (vinte e um por cento no período).

Com este procedimento as demonstrações contábeis terão os valores atualizados e com


o mesmo poder aquisitivo, na data base definida para elaboração da análise, o que permitirá
uma visão clara da situação da empresa naquele momento.

A
N
Á
L
I
S
E

D
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S

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M
O
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S
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R
A
Ç
Õ
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C
O
N
T
Á
B
E
I
S
46

RESUMO DO TÓPICO 2

Este tópico contemplou a preparação das demonstrações contábeis para análise.


Inicialmente, buscou-se identificar as principais contas do balanço patrimonial e do Demonstrativo
do Resultado do Exercício – DRE –, e que são importantes na análise. Na sequência, foi tratado
da atualização monetária. Para fins de análise não podemos deixar de reconhecer os efeitos
inflacionários. Mesmo que o Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado do Exercício
tivessem sido corrigidos durante o exercício, mas, depois do encerramento do exercício, isto
não mais aconteceu, isso significa que perdeu parte do seu poder aquisitivo, influenciando
no processo de análise. Para realizar a atualização monetária, o analista deve definir qual
indicador oficial ele irá utilizar, a fim de trazer a valor presente os balanços patrimoniais e os
demonstrativos de resultado, permitindo, desta forma, a realização da análise horizontal e da
vertical, temas que serão tratados no próximo tópico.

Verificou-se qual é a participação de uma conta ou de um grupo de contas nos


demonstrativos contábeis. No Balanço Patrimonial, o valor em R$ do total do grupo representa
100% (cem por cento) e, a partir deste contexto, cada conta realiza a sua relação com o grande
grupo. Na DRE, a análise se inicia na receita líquida de vendas, sendo que o total em R$ desta
conta representa 100% (cem por cento) e as demais contas vão diminuindo até a apuração
A percentual de lucro líquido, conforme demonstrado.
N
Á
L
I
S
E

D
A
S

D
E
M
O
N
S
T
R
A
Ç
Õ
E
S

C
O
N
T
Á
B
E
I
S
47


IDADE
ATIV
AUTO

1 Atualize o Balanço Patrimonial da Cia. Maracatu, constante no quadro a seguir, com


os dados hipotéticos e escreva os valores atualizados no quadro indicativo.

Contas 2006 2007 2008 2009


Ativo 334.191 389.897 422.105 431.216
Ativo Circulante 187.483 84.198 101.177 77.370
Ativo Não Circulante 146.708 305.699 320.928 353.846

Passivo 334.191 389.897 422.105 431.216


Passivo Circulante 176.650 147.870 239.187 246.363
Duplicatas Descontadas 20.000 30.000 40.000 40.000
Passivo Não Circulante 104.190 207.726 149.968 149.503
Patrimônio Líquido 53.351 34.301 32.950 35.350

Informações necessárias para atualização (dados hipotéticos)


2006 2007 2008 2009 Base/atualização set. 2010
547,9575 623,4265 713,3151 742,0042 799,4510

2 A análise comparativa das Demonstrações Contábeis de vários exercícios sociais é


exequível, se os valores monetários forem convertidos a(à): A
N
a) ( ) diferentes bases. Á
L
b) ( ) base móvel. I
c) ( ) base distinta. S
E
d) ( ) mesma base.
D
e) ( ) nenhuma das respostas acima. A
S

D
3 Escreva de que forma deve ser feita a atualização monetária dos balanços de forma E
M
a preparar os dados para análise. O
N
S
4 Assinale com X a alternativa CORRETA. A reclassificação das contas do balanço T
R
patrimonial e da demonstração do resultado do exercício é um procedimento necessário A
Ç
para deixar as contas em formato: Õ
E
a) ( ) aceitável. S
b) ( ) padrão.
C
c) ( ) estimado. O
N
d) ( ) ampliado. T
Á
e) ( ) nenhuma das respostas anteriores. B
E
I
S
48

A
N
Á
L
I
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D
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A
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Õ
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S

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B
E
I
S
UNIDADE 1

TÓPICO 3

ANÁLISE HORIZONTAL
E ANÁLISE VERTICAL

1 INTRODUÇÃO

Uma vez preparadas, o próximo passo das demonstrações contábeis é a realização


da análise horizontal e da análise vertical. A análise de balanços deve ser entendida dentro de
suas responsabilidades e limitações, explica Iudícibus (2007, p. 74). A análise mais aponta os
problemas a serem investigados do que indica as soluções. Por outro lado, desde que utilizadas
corretamente, poderão se transformar em poderoso “painel de controle” da administração. Para
isso os registros contábeis devem ser mantidos com esmero; os relatórios financeiros devem ser
submetidos à auditoria independente, ou pelo menos auditoria interna; os demonstrativos devem
ser atualizados monetariamente para que os resultados estejam no mesmo poder aquisitivo
de moeda. Para uma melhor visão dos resultados da análise, deve o analista utilizar entre A
N
três e quatro exercícios; isto permitirá ao analista uma visão mais apurada do desempenho da Á
L
empresa, bem como a representatividade das contas no balanço patrimonial e demonstrativo I
S
do resultado do exercício. E

D
A
S

2 ANÁLISE HORIZONTAL E ANÁLISE VERTICAL D


E
M
O
Análise horizontal, segundo Reis (2009), é uma técnica de análise que compara cada N
S
item do demonstrativo, em cada ano, com o valor correspondente em determinado ano anterior, T
R
considerado como base. A
Ç
Õ
O objetivo da análise horizontal é mostrar a evolução de cada conta isoladamente, ou E
S
de cada grupo de contas.
C
O
N
Para Iudícibus (2007), a principal finalidade da análise horizontal é apresentar o T
Á
crescimento de itens dos balanços e das demonstrações de resultados a fim de caracterizar B
tendências. Diz ainda o autor que a tabela da análise horizontal sempre é realizada em termos E
I
S
50

de índices. No primeiro ano do período analisado, o índice terá como base 100, e os valores
dos anos seguintes serão expressos em relação ao índice base 100, permitindo, desta forma,
o analista observar a evolução.

Para Zdanowicz (1998, p. 59), a análise horizontal é conhecida por “análise de


evolução” e, para realizar-se a análise horizontal, é preciso ter alguns cuidados, a saber:

a) os valores objeto da análise devem estar corrigidos, ou seja, deflacionados ou inflacionados


à mesma data-base;

b) implica, necessariamente, uma série de períodos iguais, possibilitando comparações entre


si;

c) escolha de um período-base, que não será, necessariamente, o primeiro da série


histórica;

d) o período-base poderá ser o primeiro, o segundo, o último da série histórica ou qualquer


outro, desde que represente um exercício normal (com doze meses);

e) o período-base deve ser aquele em que a empresa tenha exercido suas atividades em
condições normais, isto é, que não tenha sido um período atípico.

Este tipo de análise permite a avaliação do aumento ou da diminuição dos valores, que
A componham o balanço patrimonial ou de resultados entre uma série histórica de períodos.
N
Á
L
I O instrumento utilizado para avaliar o crescimento monetário dos elementos do balanço
S
E patrimonial ou do Demonstrativo do Resultado do Exercício é denominado índice.

D
A O cálculo é bastante simples: adota-se o índice 100 (cem) como representativo dos
S
valores monetários do ano que serve de base, para confronto com os valores dos demais
D
E períodos. Aplica-se regra de três simples e direta, e calculam-se os índices correspondentes
M
O aos períodos que serão confrontados com o período-base. (ZDANOWICZ, 1998).
N
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S
51

BALANÇO PATRIMONIAL ATUALIZADO MONETARIAMENTE


EMPRESA RAIOS DE PARÁBOLAS S/A

QUADRO 20 – BALANÇO PATRIMONIAL ATUALIZADO MONETARIAMENTE


Contas 2006 at AH % 2007 at AH % 2008 at AH % 2009 at AH %
Ativo 622.188 100 644.277 3,550 629.059 1,104 613.661 -1,370
Ativo Circulante 263.162 100 119.901 -54,438 109.338 -58,452 121.826 -53,707
Ativo Não 359.026 100 524.376 46,055 519.721 44,759 491.835 36,991
Circulante

Passivo 622.188 100 644.277 3,550 629.059 1,104 613.661 -1,370


Passivo Circulante 371.057 100 308.240 -16,929 344.934 -7,04 328.373 -11,503
Passivo Não 222.876 100 308.074 38,227 259.324 16,353 258.975 16,197
Circulante
Patrimônio Líquido 28.255 100 27.963 -1,033 24.801 -12,224 26.313 -6,873
FONTE: A autora

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO ATUALIZADO


MONETARIAMENTE EMPRESA RAIOS DE PARÁBOLAS S/A
QUADRO 21 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO ATUALIZADO MONETARIAMENTE
Ativo 2006 at AH % 2007 at AH % 2008 at AH % 2009 at AH%
Vendas Brutas 561.095,88 282.655,14 257.707,45 317.701,03
( - ) Deduções de Vendas (56.390,63) (25.154,43) (34.108,20) (44.701,46)
( = ) Vendas Líquidas 504.705,25 100 257.500,71 -48,98 223.599,25 -55,70 272.999,57 -45,91
( - ) CPV (361.856,32) 100 (225.838,36) -37,59 (198.492,22) -45,14 (228.825,88) -36,76
( = ) Lucro Bruto 142.848,93 100 31.662,35 -77,84 25.107,03 -82,42 44.173,69 -69,08
( - ) Despesas Operacionais (95.670,32) 100 (76.408,29) -20,13 (61.182,75) -36,04 (67.049,06) -29,92
De Vendas (72.240,98) 100 (47.868,55) -38,73 (34.448,49) -52,31 (39.850,99) -44,84
Administrativas (19.203,43) 100 (22.415,76) 16,72 (18.072,31) -5,89 (18.425,95) -4,05
Outras despesas (4.225,91) 100 (6.123,98) -44,91 (8.661,95) 104,97 (8.772,12) 107,58 A
N
( = ) Lucro Operacional (47.178,61) 100 (44.745,94) -5,15 (36.075,72) -23,53 (22.875,37) -51,51
Á
(-) Financeiras Líquidas (46.766,52) 100 (5.896,76) -87,39 (8.329,37) -82,19 (14.814,27) -68,32 L
( = ) Lucro Líquido do (412,09) 100 (50.642,70) -12.189 (44.405,09) -10.675 (37.689,64) 9.045,97 I
Exercício S
E
FONTE: A autora
D
A
S

D
E
M
2.1 ANÁLISE DA ESTRUTURA OU ANÁLISE VERTICAL O
N
S
T
A análise vertical permite, inicialmente, que o analista avalie a estrutura do Balanço R
A
Patrimonial e da Demonstração do Resultado do Exercício, o que chamamos de lógica de Ç
balanço, isto é, se a proporcionalidade dos diferentes componentes patrimoniais e de resultados Õ
E
se mantém ao longo dos anos ou se existem desequilíbrios importantes, que merecem uma S

avaliação mais minuciosa. C


O
N
T
Segundo Iudícibus (2007), este tipo de análise tem por finalidade avaliar a estrutura Á
B
dos itens do balanço e da demonstração do resultado do exercício e sua evolução no tempo. E
A comparação dos números é feita com o total do ativo e do passivo (balanço patrimonial) e I
S
52

com as vendas líquidas (demonstrações de resultados).

Então, se algum componente do ativo circulante, por exemplo, apresentar uma variação
significativa em relação ao total do ativo, o analista poderá vislumbrar e, sobre essa cifra,
concentrar suas atenções.

Este tipo de análise é importante para avaliar a estrutura de composição de itens e sua
evolução no tempo.

Zdanowicz (1998, p. 58-59) afirma que “[...] a análise vertical é o processo que objetiva
a medição percentual de cada componente patrimonial ou de resultado econômico em relação
ao total de que se faz parte”.

O coeficiente ou a percentagem é a medida que indica a proporção de cada componente


em relação ao todo.

Calcula-se a participação de cada componente do ativo ou passivo e patrimônio líquido


em relação ao total do ativo ou total do passivo, nesta ordem. Idêntico raciocínio desenvolve-
se para os elementos de resultado em relação à receita operacional líquida da empresa, que
expressa os cem por cento.

Neste sentido, o referido autor confirma que “[...] o objetivo da análise vertical é avaliar,
em termos relativos, as partes que compõem o todo e compará-las no caso de análise de dois
A ou mais períodos sociais”.
N
Á
L
I BALANÇO PATRIMONIAL ATUALIZADO MONETARIAMENTE
S
E EMPRESA RAIOS DE PARÁBOLAS S/A

D QUADRO 22 – BALANÇO PATRIMONIAL ATUALIZADO MONETARIAMENTE


A
S
Contas 2006 at AV % 2007 at AV % 2008 at AV % 2009 at AV %
Ativo 622.188 100 644.277 100 629.059 100 613.661 100
D Ativo Circulante 263.162 42,30 119.901 18,61 109.338 17,38 121.826 19,85
E
M
Ativo Não 359.026 57,70 524.376 81,39 519.721 82,62 491.835 80,15
O Circulante
N
S
T
Passivo 622.188 100 644.277 100 629.059 100 613.661 100
R Passivo Circulante 371.057 59,64 308.240 47,84 344.934 54,84 328.373 53,51
A Passivo Não 222.876 35,82 308.074 47,82 259.324 41,22 258.975 42,20
Ç
Circulante
Õ
E Patrimônio Líquido 28.255 4,54 27.963 4,34 24.801 3,94 26.313 4,29
S FONTE: A autora
C
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S
53

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO ATUALIZADO


MONETARIAMENTE EMPRESA RAIOS DE PARÁBOLAS S/A
QUADRO 23 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO ATUALIZADO
Ativo 2006 at AV % 2007 at AV % 2008 at AV % 2009 at AV%
Vendas Brutas 561.095,88 282.655,14 257.707,45 317.701,03
( - ) Deduções de Vendas (56.390,63) (25.154,43) (34.108,20) (44.701,46)
Vendas Líquidas 504.705,25 100 257.500,71 100 223.599,25 100 272.999,57 100
( - ) CPV (361.856,32) 71,70 (225.838,36) 87,70 (198.492,22) 88,77 (228.825,88) 83,82
Lucro Bruto 142.848,93 28,30 31.662,35 12,30 25.107,03 11,23 44.173,69 16,18
( - ) Despesas Operacionais (95.670,32) 18,96 (76.408,29) 29,67 (61.182,75) 27,36 (67.049,06) 24,56
De Vendas (72.240,98) 14,31 (47.868,55) 18,59 (34.448,49) 15,41 (39.850,99) 14,60
Administrativas (19.203,43) 3,81 (22.415,76) 8,71 (18.072,31) 8,08 (18.425,95) 6,75
Outras despesas (4.225,91) 0,84 (6.123,98) 2,38 (8.661,95) 3,87 (8.772,12) 3,21
Lucro Operacional (47.178,61) 9,35 (44.745,94) 17,38 (36.075,72) 16,13 (22.875,37) 8,38
(-) Financeiras Líquidas 46.766,52 9,27 (5.896,76) 2,29 (8.329,37) 3,73 (14.814,27) 5,43
Lucro Líquido do Exercício (412,09) 0,08 (50.642,70) 19,67 (44.405,09) 19,86 (37.689,64) 13,81
FONTE: A autora

A análise vertical foi calculada aplicando-se a regra de três simples. Exemplo:

Vendas líquidas = 100. CPV multiplicado por 100 dividido pelo valor das vendas líquidas
R$ 361.856,32 multiplicado por 100 dividido por R$ 504.705,25 = 71,70%.

IMPO
RTAN
TE!

A análise horizontal e a análise vertical devem ser feitas
conjuntamente. O analista deve sempre fazer um comparativo entre
o percentual que aumentou ou diminuiu e o percentual da estrutura,
A
quanto a conta ou grupo de conta representa no grande grupo. N
Á
L
I
S
LEITURA COMPLEMENTAR
E

D
A
GOVERNO AUTORIZOU MANOBRA CONTÁBIL FEITA PELA PETROBRAS S

D
E
Mudança permitiu que a estatal adiasse pagamento de impostos de 4 bilhões M
O
N
O governo e os ministros com assento no Conselho de Administração da Petrobras S
T
deram aval à decisão da empresa de alterar o sistema de cálculo do Imposto de Renda. Esse R
A
foi o instrumento encontrado pela cúpula da Petrobras para, no auge da crise, tornar viável a Ç
Õ
manutenção de um elevado nível de investimentos. “Trata-se de política de governo para manter E
S
os investimentos. É melhor do que socorrer a empresa com dinheiro do Tesouro”, defendeu o
C
senador Aloizio Mercadante (PT-SP), porta voz do Governo nas negociações de ontem para O
acalmar a oposição. N
T
Á
B
As críticas a esse procedimento tiveram origem no fato de a estatal ter mudado o regime E
I
S
54

de declaração do imposto. O presidente da empresa, José Sérgio Gabrielli, havia explicado


em reunião do Senado, em março, que a manobra era natural.

Everardo Maciel, ex-secretário da Receita e autor da MP que permite às empresas a


mudança do regime de declaração do IR, acha que a Petrobras errou. “Ela não pode mudar de
ideia no meio do ano”, diz. Explicação: A Petrobras, em meados de 2008, mudou a fórmula de
cálculo de Imposto de Renda do regime de competência para o regime caixa. Assim, o lucro
aumentou em R$ 4 bilhões pelo imposto não pago.

Por causa da desvalorização do Real, a Petrobras registrou um elevado ganho com essa
variação cambial sobre os Ativos da empresa no exterior, mas esse ganho não se materializou
em entradas no caixa.

FONTE: Disponível em: <http://www.brasilwiki.com.br/noticia.php?id_noticia=10745>. Acesso em: 17


dez. 2010.

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RESUMO DO TÓPICO 3

Este tópico contemplou uma abordagem do que significa a análise horizontal e a análise
vertical; demonstrou também que o objetivo da análise horizontal é mostrar a evolução de cada
conta isoladamente ou de cada grupo de contas.

Apresentou a visão de Zdanowicz (1998) sobre o significado da análise horizontal bem


como os cuidados que é preciso ter para a sua realização, como, por exemplo: atualização
monetária levando os valores a terem o mesmo potencial de compra, possibilitando comparações
entre si; a escolha de um período-base, que não será, necessariamente, o primeiro da série
histórica; o período-base será de livre escolha do analista, desde que represente um exercício
normal com doze meses; o período-base deve ser aquele em que a empresa tenha exercido
suas atividades em condições normais, isto é, que não tenha sido um período atípico.

Abordou-se a forma de cálculo e ressaltou-se que se adota o índice 100 como


representativo.

Com relação à análise vertical, observou-se que esta avalia a estrutura do balanço e
da demonstração do resultado do exercício, destacando se existem desequilíbrios importantes
que merecem avaliação mais detalhada. A
N
Á
A participação de cada componente do ativo, passivo e do patrimônio líquido em L
I
relação ao total do ativo ou total do passivo também foi demonstrado, bem como sua forma S
E
de cálculo.
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I
S
56


IDADE
ATIV
AUTO

1 Dentre os vários indicadores em que o analista se ampara para avaliar a capacidade


financeira da empresa, quais deles devem ser analisados conjuntamente?
I - Análise da capacidade técnica.
II - Análise vertical.
III - Análise neutra.
IV - Análise de liquidez.
V - Análise horizontal.
a) ( ) As opções I e IV estão corretas.
b) ( ) As opções V e III estão corretas.
c) ( ) As opções V e II estão corretas.
d) ( ) As opções V e IV estão corretas.
e) ( ) As opções V e I estão corretas.

2 Quando o analista busca apurar a relação percentual de um elemento do balanço ou


da DRE de que faz parte, ele utilizará:
a) ( ) A análise subjetiva.
b) ( ) Índices neutros.
c) ( ) A análise horizontal.
A d) ( ) A análise vertical.
N
Á e) ( ) Nenhuma das respostas anteriores.
L
I
S 3 A análise que tem por finalidade demonstrar ao analista a relação percentual de um
E
elemento com o todo de que faz parte é o método de análise denominado:
D
A a) ( ) Análise horizontal.
S
b) ( ) Análise combinada.
D c) ( ) Análise flexível.
E
M d) ( ) Análise secundária.
O
N e) ( ) Análise vertical.
S
T
R 4 Complete a sentença a seguir:
A
Ç Análise vertical é a análise que tem por finalidade ____________________________
Õ
E ___________________________________________________________________.
S

C 5 Complete a sentença a seguir:


O
N De acordo com Iudícibus (2007), a principal finalidade da análise horizontal é ________
T
Á ____________________________, e a tabela da análise horizontal sempre é realizada
B em ________________.
E
I
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57

IAÇÃO
AVAL

Prezado(a) acadêmico(a), agora que chegamos ao final


da Unidade 1, você deverá fazer a Avaliação referente a esta
unidade.

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