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Mecânica

para Engenharia de Computação

Jairo Rocha de Faria

UFPB

2021

Jairo Rocha de Faria Mecânica 1 / 12


Hidrostática

1.3 Variação de pressão em um fluido em repouso

Vamos considerar um pequeno elemento de um fluido, situado no interior


deste e, além disso, supor que esse elemento tem forma de disco com
pequena espessura e está situado a uma distância de referência z, como
mostra a figura abaixo:

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Hidrostática

A espessura do disco é dz e cada face tem uma área A . Partindo da


dm
equação ρ = dV , podemos escrever a massa desse elemento como

dm = ρdV = ρAdz.

As forças superficiais atuando no elemento de volume provêm do fluido que


a este rodeia e são perpendiculares a sua superfície em todos os pontos.

A resultante das forças nos eixos horizontais é nula, pois o elemento não
tem aceleração ao longo desses eixos. As forças horizontais são devidas
apenas às pressões do fluido e, por simetria, a pressão deve ser a mesma
em todos os pontos do plano horizontal com altura z.

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Hidrostática

O elemento de fluido também não tem aceleração na direção vertical, logo


a resultante das forças que agem nessa direção também é nula; entretanto
as forças verticais não provêm unicamente das pressões nas faces do disco,
mas existe também uma contribuição do seu peso.

Sendo P a pressão na face inferior e P 0 = P + dP a pressão na face


superior, a condição de equilíbrio é obtida observando que a força sobre a
face superior mais o peso do elemento de fluido é igual à força sobre a face
inferior do elemento. Lembrando que F = PA , temos:

PA = P 0 A + g ρdzA.

Logo,
PA = (P + dP + g ρdz)A,

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e assim,
dP
= −g ρ.
dz
A equação acima mostra que a pressão no fluido varia com a altura em
relação a um certo referencial. Essa variação de pressão equivale ao peso
por unidade de volume do elemento de fluido compreendido entre os pontos
onde ocorre a variação de pressão.

Se P1 é a pressão na altura z1 e P2 é a pressão na altura z2 , acima de um


nível de referência, a integração da equação acima fornece
Z P2 Z z2
dP = − ρgdz,
P1 z1

de onde se segue que

P2 − P1 = −ρg (z2 − z1 ).

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Hidrostática

A equação acima foi obtida considerando ρ e g constantes de z1 a z2 . Para


líquidos, a densidade ρ varia muito pouco, portanto, com boa aproximação,
podemos tratar um líquido como incompressível na estática dos fluidos, ou
seja, ρ = constante.

Em geral, as diferenças de nível não são muito grandes para que seja
necessário considerar as variações de g , por isso a aproximação “g =
constante” também é consistente.

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Hidrostática
A superfície livre de um líquido em contato com a atmosfera é uma
superfície onde a pressão é constante, pois todos os seus pontos estão
submetidos à pressão atmosférica P0 .

Esse valor é o mesmo para todas as superfícies livres em líquidos na


vizinhança numa mesma altitude. Assim, é conveniente definir essa
superfície livre como sendo o nível natural de referência, e então podemos
escrever P2 = constante = P0 .

Consideremos z1 um nível arbitrário e que a pressão nessa altura é dada por


P. Logo
P0 − P = −ρg (z2 − z1 ),
de onde obtemos a
lei de Stevin:
P = P0 + ρg .
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Hidrostática

A lei de Stevin diz que a pressão no interior de um fluido aumenta


linearmente com a profundidade.

Além disso, ela mostra claramente que a pressão é a mesma em todos os


pontos de mesma profundidade.

Uma consequência importante é que a pressão não depende do volume do


fluido; a pressão da água a 1m abaixo da superfície de uma piscina é igual
à pressão da água a 1m abaixo da superfície da lagoa do Parque Solon de
Lucena, considerando que ambas estão na mesma altitude e estão
preenchidas com o mesmo líquido.

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Hidrostática

Um exemplo da aplicação da lei de Stevin ocorre na construção de represas


ou barragens: a base é projetada mais larga que a parte superior e isso se
deve ao fato que a pressão da água no fundo é maior que na superfície.

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Hidrostática

Para os gases, ρ é bem menor que para os líquidos (ver tabela anterior),
por isso a diferença de pressão entre dois pontos nas proximidades da
superfície da Terra é desprezível.

No entanto, se o resultado de z2 − z1 = h for muito grande, poderá haver


uma diferença de pressão entre as duas extremidades do objeto (o que não
ocorrerá quando o h for muito pequeno): sabemos que a pressão do ar
varia bastante quando subimos a grandes altitudes na atmosfera terrestre.

Nesses casos, onde a densidade varia com a altitude, precisamos conhecer a


função que relaciona ρ com z, ρ(z) , antes de fazermos a integral que
resultou na lei de Stevin.

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Hidrostática

Exemplo 2.
Achar a pressão a 10m de profundidade, abaixo da superfície de um lago,
quando a pressão na superfície for de 1atm.

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Hidrostática

Exemplo 3.
Uma represa retangular, de 50m de largura, suporta uma massa de água
com 20m de profundidade (veja o esquema na Figura abaixo). Calcule a
força horizontal total que age sobre a represa.

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