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Direito Interno e Direito Internacional p/ CACD (Primeira e Segunda


Fases) - Pós-Edital
Matheus Atalanio, Ricardo Vale

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COOPERAÇÃO JURÍDICA INTERNACIONAL
Cooperação Jurídica Internacional em matéria cível .......................................................... 4

1 - Introdução .................................................................................................................................... 4

2 - Cartas Rogatórias ......................................................................................................................... 6

3 - Homologação de Sentença Estrangeira ....................................................................................... 7

4 - Auxílio Direto ................................................................................................................................ 9


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Cooperação Jurídica Internacional em matéria penal ...................................................... 10

1 - Introdução ..................................................................................................................................10

2 - Principais Tratados .....................................................................................................................11

2.1 - Convenção das Nações Unidas contra o crime organizado transnacional – Convenção de Palermo ................... 11

2.2 - Convenção contra o Tráfico Ilícito de Entorpecentes e Substâncias Psicotrópicas .............................................. 12

2.3 - Protocolo de Assistência Jurídica Mútua em assuntos penais do MERCOSUL ..................................................... 13

2.4 - Convenções Internacionais contra a Corrupção ................................................................................................. 15

3 - Princípio da Especialidade ..........................................................................................................16

4 - Princípio da Dupla Incriminação ................................................................................................16

5 - Crimes Limitadores da Competência ..........................................................................................17

6 - Recuperação e Partilha de Ativos ...............................................................................................18

Desarmamento e Não-Proliferação .............................................................................. 102

Terrorismo Internacional .............................................................................................. 105

1 - Introdução ................................................................................................................................105

2 – Convenção Internacional sobre a Supressao de Atos Terroristas com Bombas (1997) ..........107

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3 – Convenção Internacional para a Supressão do Financiamento do Terrorismo (1999) .............29

4 – Convenção Interamericana contra o Terrorismo (2002) ...........................................................33

5 – Resolução nº 1.373 do Conselho de Segurança da ONU .........................................................115

5.1 – Introdução ..................................................................................................................................................... 115

5.2 – Obrigações impostas aos Estados ..................................................................................................................... 36

5.3 – Recomendações aos Estados ............................................................................................................................ 37

5.4 – Criação do Comitê Antiterrorismo .................................................................................................................... 38

Lista de Questões ............................................................................................................ 46

Gabarito ......................................................................................................................... 52

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Olá Pessoal,

Tudo bem com vocês?! Já estamos rumo as nossas últimas aulas no curso de Direito e Direito
Internacional para o CACD (Primeira e Segunda Fases). Na aula de hoje, estudaremos os seguintes
pontos do edital acerca da Cooperação Jurídica Internacional:

“Cooperação Jurídica internacional. Matéria penal e cível. Regimes vigentes no direito


brasileiro. Desarmamento e Não-Proliferação. Controle de armas. Terrorismo. Direito penal
internacional.”

Abraços,

Ricardo Vale

ricardovale@estrategiaconcursos.com.br

https://www.instagram.com/profricardovale/

https://www.instagram.com/matalanio/

“O segredo do sucesso é a constância no objetivo!”

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COOPERAÇÃO JURÍDICA INTERNACIONAL EM MATÉRIA CÍVEL

1 - INTRODUÇÃO

Inicialmente, cabe-nos conceituar a cooperação jurídica internacional como sendo as medidas de


cooperação entre dois Estados sobre determinada matéria ligada aos dois por situações de conexão.

Como a medida necessária ao exercício do direito em questão foge da jurisdição nacional, é


necessário o seu encaminhamento à autoridade estrangeira para a realização da medida solicitada
pela autoridade nacional. O mesmo vale para as autoridades estrangeiras que necessitem da
realização de medidas equivalentes em território nacional.

Uma das premissas mais importantes do Direito Internacional é a de que os Estados são soberanos.
Diante de sua territorialidade de jurisdição, que é inerente ao princípio da soberania, os Estados
possuem o direito de não se sujeitar a intervenção ou qualquer ação de outros Estados dentro do
espaço de sua jurisdição1.

No entanto, em caráter excepcional, a cooperação jurídica internacional, até mesmo pela sua
importância na vida prática, é regulada pelo Direito Internacional, por vezes Público, outras vezes
Privado. É por isso que não há a violação a soberania nacional, além de seus princípios decorrentes,
caso, por exemplo, do Princípio da Não Intervenção.

Os pedidos de Cooperação Jurídica Internacional em matéria cível destinam-se à satisfação de


direitos privados no âmbito transnacional e são oriundos de cidadãos, empresas ou autoridades
judiciais e podem se configurar, por exemplo, na comunicação de ato processual, na obtenção de
prova, documento, informação ou ainda em medidas constritivas ou em obrigações de fazer ou de
deixar de fazer.

Segundo dados recentes do Ministério da Justiça e da Segurança Pública, percebe-se que a maioria
dos pedidos de cooperação jurídica internacional em matéria cível decorre de questões de caráter
humanitário, como: pensão alimentícia (40%), além de questões relacionadas a paternidade,
divorcio e outros (20%) 2.

1PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Público e Privado: Incluindo Noções de Direitos Humanos
e de Direito Comunitário, 9ª Ed. Salvador: JusPODIVM, 2017, p. 709.

2
Artigo no site do Ministério da Justiça e da Segurança Pública: <https://www.justica.gov.br/sua-
protecao/cooperacao-internacional/cooperacao-juridica-internacional-em-materia-civil>.

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A possibilidade de cooperação jurídica internacional aplica-se – via de regra – a todos os ramos do


direito e é regulada pelos ordenamentos jurídicos internos dos Estados e por tratados, que são
normalmente o seu fundamento. Quaisquer atos de comunicação3, bem como as suas diligências
de instrução nos processos em curso, como: citações, intimações, interrogatórios, perícias, coleta
de provas e etc. entre Estados fazem parte da lógica da cooperação jurídica internacional.

Outro fundamento é o Princípio da Reciprocidade, que, dentro de um tratado, pode indicar o


compromisso de um Estado com o outro, ou, pode ocorrer, também, quando já há a cooperação,
mas ainda não há a convenção entre as partes.

A regulamentação interna da matéria cível está prevista pelo Código de Processo Civil de 20154, que
estabeleceu um rol significativo de normas relativas à cooperação internacional, sem precedentes
do Código de Processo Civil de 1973.

Paulo Henrique Portela lembra que o Brasil possui, ainda, regulamentação em todos os âmbitos de
cooperação jurídica5, a saber:

1. No âmbito global, o Brasil faz parte da Convenção para a Repressão do Tráfico de Pessoas e
do Lenocínio e seu Protocolo Final (1950), da Convenção sobre Prestação de Alimentos no
Estrangeiro (1959), da Convenção sobre os Aspectos Civis do Sequestro Internacional de
Crianças (1980) e outros.
2. No âmbito regional, plano interamericano, o Brasil faz parte da Convenção Interamericana
sobre Cartas Rogatórias (1975), Protocolo Adicional à Convenção Interamericana sobre
Cartas Rogatórias (1996), Convenção Interamericana sobre o Regime Legal das Procurações
para serem utilizadas no exterior (1975), Convenção Interamericana sobre Obrigação
Alimentar (1989), Convenção Interamericana sobre a Restituição Internacional de Menores
(1989), além e outros.
3. No MERCOSUL, o Brasil faz parte do Protocolo de Cooperação e Assistência Jurisdicional em
Matéria Cível, Comercial, Trabalhista e Administrativa (1992), também conhecido como
Protocolo de Las Leñas (1996), além do Protocolo de Ouro Preto sobre Medidas Cautelares
(1994).

3 Os principais instrumentos de cooperação jurídica internacional são as cartas rogatórias, a homologação de sentenças

estrangeiras, além da extradição, auxílio direto e outras que, porventura, possam existir entre tratados internacionais.

4 As referidas normas estão entre os arts. 26 a 41, além de 960 a 965 do CPC/15:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm>.

5
PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Público e Privado: Incluindo Noções de Direitos Humanos
e de Direito Comunitário, 9ª Ed. Salvador: JusPODIVM, 2017, p. 711.

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Uma importante informação é que, nos termos do art. 13 do CPC/15, em caso de conflito, os tratados
internacionais em matéria processual prevalecem sobre a lei brasileira.

No âmbito da cooperação jurídica internacional, é comum que os países indiquem as chamadas


“autoridades centrais”, que são entidades que cumprem o papel de intermediários dos atos de
cooperação jurídica com entes estatais estrangeiros, recebendo pedidos de cooperação vindos do
exterior e remetendo-os aos órgãos competentes para tal no âmbito interno, além de enviar os
pedidos dos países para outros Estados, exercendo, por vezes, um juízo de admissibilidade dos
pedidos e acompanhando a tramitação dos seus pedidos. É comum que o Brasil indique.

A União é a unidade da federação competente para manter relações com outros Estados, mediante
ações do Presidente da República, que pode ser auxiliado pelos Ministros de Estado, além de atuação
direta de órgãos governamentais. A indicação da autoridade central se dá, normalmente, por meio
do Ministério da Justiça e da Segurança Pública.

Vejamos, então, um pouco sobre as principais espécies de cooperação jurídica internacional em


matéria cível, que são as Cartas Rogatórias, Homologação de Sentença Estrangeira e o Auxílio
Direto.

2 - CARTAS ROGATÓRIAS

As cartas rogatórias são instrumentos de cooperação judiciária internacional, na medida em que,


por meio delas, o Poder Judiciário de um Estado solicita apoio ao Poder Judiciário de outro ente
estatal. Por meio de uma carta rogatória, busca-se auxílio para a produção de provas, intimações e
outros atos processuais.

A concessão de exequatur às cartas rogatórias é competência do Superior Tribunal de Justiça, nos


termos do art. 105, inciso I, alínea “i”, da CF/88.

Há dois tipos de cartas rogatórias: i) rogatórias ativas (enviadas pela autoridade judiciária brasileira)
e; ii) rogatórias passivas (recebidas pela autoridade judiciária brasileira).

No Brasil, o exame da rogatória é feito mediante juízo de delibação, o que significa que o STJ não
analisa o mérito da diligência pretendida pela Justiça estrangeira, salvo para se verificar o respeito
à ordem pública, aos bons costumes e à soberania nacional. Segundo Boni de Moraes, “há no juízo
delibatório uma apreciação material do ato estrangeiro, ainda que mínima, restrita à aferição de
eventual ofensa à ordem pública do Estado requerido”.6 No juízo de delibação, a análise do STJ se

6
SOARES, Boni de Moraes. Juízo de Prelibação no Direito Processual Internacional. Dissertação. UNICEUB. 2010.

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limita, essencialmente, às questões formais: autenticidade dos documentos e observância dos


requisitos legais.

Não será concedido o exequatur às cartas rogatórias que ofenderem a ordem pública, os bons
costumes e a soberania nacional. Um exemplo de carta rogatória que viola a soberania e a ordem
pública é aquela referente a processo de competência exclusiva dos tribunais brasileiros. Somente
podem ser concedidas cartas rogatórias quando a competência do Poder Judiciário for relativa ou
concorrente.

Fala-se em juízo de delibação sumário diante da possibilidade de que a medida de carta rogatória
seja realizada sem ouvir a parte interessada, o que acontecerá quando a sua intimação puder
resultar na ineficácia da cooperação internacional. Também fica caracterizado o juízo de delibação
sumário quando é concedida tutela de urgência em procedimento de homologação de sentença
estrangeira.

3 - HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA

Na mesma linha de medida de cooperação jurídica internacional em matéria cível, temos a


Homologação de Sentença Estrangeira.

A pergunta que se faz, nesse momento, é a seguinte: é possível que uma sentença emanada de um
tribunal estrangeiro seja executada no Brasil?

Sim, é plenamente possível. Para que possa ser executada, a sentença estrangeira precisará, no
entanto, ser homologada pelo STJ, na forma do art. 105, inciso I, da CF/88 que dispõe o seguinte:

Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:

I - processar e julgar, originariamente:

...

i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas rogatórias.

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Na LINDB, há menção expressa ao STF como sendo o tribunal competente para


homologar sentença estrangeira. No entanto, essa disposição foi revogada pela CF/88,
que atribui tal competência ao STJ.

Assim, em qualquer legislação na qual for feita menção ao STF como responsável por
homologação de sentença estrangeira, deve ser entendido que essa regra já foi revogada;
hoje, a competência é do STJ.

Na homologação de sentença estrangeira, o STJ não aprecia o mérito da decisão, mas apenas
aspectos formais. É o que se chama de juízo de delibação do STJ. O art. 15, da LINDB, relaciona os
requisitos a serem observados na homologação de sentença estrangeira:

Art. 15. Será executada no Brasil a sentença proferida no estrangeiro, que reúna os seguintes
requisitos:

a) haver sido proferida por juiz competente;

b) terem sido os partes citadas ou haver-se legalmente verificado à revelia;

c) ter passado em julgado e estar revestida das formalidades necessárias para a execução no lugar
em que foi proferida;

d) estar traduzida por intérprete autorizado;

e) ter sido homologada pelo Supremo Tribunal Federal.

A competência do STJ para homologar sentença estrangeira não se limita às sentenças do Poder
Judiciário. O STJ também homologa sentenças arbitrais estrangeiras, assim consideradas aquelas
proferidas fora do território nacional. A atribuição de competência a um único órgão para realizar
o juízo de delibação caracteriza o modelo de delibação concentrada, adotado pelo Brasil.

Não se adota, em nosso país, o modelo de delibação difusa, que seria aquele em que mais os
diversos órgãos do Poder Judiciário teriam competência para realizar o juízo de delibação. Isso fica
claro a partir do exame do art. 961, do Novo CPC, que prevê que a decisão estrangeira somente terá
eficácia no Brasil após a homologação da sentença ou a concessão de exequatur às cartas rogatórias.

É importante ressaltar que as leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer declarações
de vontade, não terão eficácia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública
e os bons costumes. Nesses casos, não será realizada homologação pelo STJ.

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4 – AUXÍLIO DIRETO

Tradicionalmente, a cooperação no campo cível era efetuada por meio de canais diplomáticos. Os
pedidos de auxílio são apresentados aos ministérios das relações exteriores dos Estados
interessados, por intermédio de missões diplomáticas no exterior. Isso marcava o início do pedido
de cooperação dos órgãos competentes aos Estados soberanos.

A estrutura, com o passar dos anos, teve de ser modificada diante das necessidades e exigências da
cooperação jurídica internacional. Verificou-se que era necessário a criação de estruturas adicionais
instituídas com a finalidade de contribuir para o melhor funcionamento dos esquemas cooperativos,
sem eliminar as vias diplomáticas.

Como exemplo de tais estruturas, temos: as Autoridades Centrais e as redes de cooperação7 entre
os órgãos dos Poderes Executivo, Judiciário, bem como do Ministério Público.

Como já antes dito, as Autoridades Centrais são órgãos das estruturas governamentais dos Estados
indicados por eles que vão concentrar o tratamento das demandas relativas ao auxílio que os entes
estatais prestam entre si.

O Auxílio Direto é a medida menos formal entre as medidas de cooperação jurídica internacional em
matéria cível e é a mais célere. O conceito de Auxílio Direto é, em poucos meados, a medida de
cooperação internacional que dispensa a prévia homologação pelo Superior Tribunal de Justiça para
fazer ser eficaz no território nacional a medida a ser cumprida. Tais pedidos são feitos diretamente à
Autoridade Central do Brasil.

A regra geral é que as decisões estrangeiras possuam, para surtir efeito no Brasil, da Homologação
de Sentença Estrangeira pelo STJ, no entanto é também possível a utilização do Auxílio Direto.

7Atualmente, o Brasil faz parte de duas redes de cooperação no âmbito cível: (1) a Rede Iberoamericana de
Cooperação Judiciaria – IberRED/IberRede ; (2) e a Rede de Cooperação Jurídica e Judiciaria Internacional dos Países
de Língua Portuguesa (Rede Judiciária da CPLP).

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COOPERAÇÃO INTERNACIONAL EM MATÉRIA PENAL

1 - INTRODUÇÃO

De início, há que se destacar que existe uma diferença relevante entre as expressões “Direito Penal
Internacional” e “Direito Internacional Penal”.

O Direito Internacional Penal diz respeito às normas que visam reprimir condutas enquadradas
como “crimes internacionais”, assim considerados aqueles crimes mais violentos, que ofendem a
humanidade como um todo e que, pela sua gravidade, deixam perplexa a sociedade internacional.
São exemplos de “crimes internacionais” os crimes de guerra e o genocídio.

O Direito Penal Internacional, por sua vez, consiste na cooperação internacional entre os Estados
no combate à criminalidade. O objetivo é combater certos crimes que, por sua natureza, podem ser
reprimidos com maior eficiência se os Estados se apoiarem mutuamente. Um exemplo de
cooperação interestatal em matéria penal é a Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção. O
nosso foco nessa aula será tratar da cooperação internacional em matéria penal. Assim, o nosso
estudo estará apenas no campo do Direito Penal Internacional.

A cooperação internacional em matéria penal tem crescido de importância a cada dia, uma vez que
a globalização trouxe um incremento na movimentação de pessoas, bens, serviços e capitais entre
os países. Os Estados começam, então, a desenvolver mecanismos de auxílio mútuo em matéria
penal, os quais permitem o exercício mais efetivo da atividade jurisdicional.

Pode-se dividir a cooperação em matéria penal em dois tipos: i) cooperação ativa e; ii) cooperação
passiva. A cooperação ativa fica caracterizada quando o Brasil efetua um pedido de cooperação a
um Estado estrangeiro. Por outro lado, a cooperação passiva ocorre quando o Brasil recebe um
pedido de cooperação.

No âmbito da cooperação internacional em matéria penal, existem as figuras do Estado requerente


e do Estado requerido. O Estado requerente é aquele que faz o pedido de cooperação; o Estado
requerido, aquele que recebe o pedido de cooperação. No Brasil, os pedidos de cooperação jurídica
serão executados mediante carta rogatória (que depende de juízo de delibação do STJ) ou auxílio
direto (que independe de juízo de delibação).

A competência para administrar a cooperação internacional em matéria penal cabe, em cada Estado,
às chamadas Autoridades Centrais. No Brasil, funciona como Autoridade Central o Departamento
de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI), do Ministério da Justiça.

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2 - PRINCIPAIS TRATADOS

A cooperação internacional em matéria penal é objeto de inúmeros tratados, sejam eles


multilaterais ou bilaterais.

Dentre os tratados multilaterais relativos à cooperação em matéria penal dos quais o Brasil é parte,
destacamos os seguintes:

i) Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional;

ii) Convenção Interamericana sobre o Cumprimento de sentenças penais no exterior;

iii) Convenção Interamericana sobre o Tráfico Internacional de Menores;

iv) Convenção Interamericana sobre Assistência Mútua em matéria penal e seu Protocolo
Facultativo;

v) Protocolo de Medidas Cautelares do MERCOSUL;

vi) Protocolo de Assistência Jurídica Mútua em assuntos penais do MERCOSUL;

vii) Acordo de Extradição entre os países do MERCOSUL. 8

Por sua vez, citamos como exemplos de tratados bilaterais relativos à cooperação em matéria penal,
os acordos entre Brasil-EUA, Brasil-Suíça e Brasil- México.

Como se pode ver, a cooperação internacional em matéria penal é tema de grande amplitude. Em
nosso estudo, não iremos entrar nos detalhes de cada um desses tratados internacionais. Isso seria
muito pouco produtivo! No entanto, daremos uma visão geral do que preveem os principais
tratados firmados pelo Brasil em matéria penal.

2.1 - Convenção das Nações Unidas contra o crime organizado transnacional – Convenção
de Palermo

A Convenção das Nações Unidas contra o crime organizado transnacional foi internalizada no
ordenamento jurídico brasileiro por meio do Decreto nº 5.015/2004, tendo como objetivo promover
a cooperação para prevenir e combater mais eficazmente a criminalidade organizada
transnacional.

8
PORTELA, Paulo Henrique. Direito Internacional Público e Privado. Salvador: 2009, Ed. Juspodium.

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São considerados ilícitos transnacionais e, portanto, estão no âmbito de aplicação da convenção:


i) as infrações cometidas em mais de um Estado; ii) as infrações cometidas em apenas um Estado,
mas com uma parte substancial da sua preparação, planejamento, direção e controle tendo lugar
em outro Estado; iii) infrações cometidas em apenas um Estado, mas que envolva a participação de
um grupo criminoso organizado que pratique atividades criminosas em mais de um Estado e; iv)
infrações cometidas em apenas um Estado, mas que produza efeitos substanciais em outro Estado.

Ao longo do seu texto, a Convenção impõe obrigações legislativas aos Estados-parte, é dizer, insta
que eles alterem suas legislações nacionais no sentido de caracterizar como infrações penais certas
condutas. Nesse sentido, a Convenção estabelece que os Estados-parte adotem medidas legislativas
para caracterizar como crime: i) a participação em grupo criminoso organizado (art. 5º); ii) lavagem
do produto do crime (art. 6º); iii) lavagem de dinheiro (art. 7º); iv) corrupção (art. 8º) e; v) obstrução
à justiça (art. 23). Destaque-se que os Estados deverão adotar as medidas necessárias para
responsabilizar as pessoas jurídicas que participem em infrações graves envolvendo um grupo
criminoso organizado e que cometam as infrações anteriormente relacionadas.

A fim de reprimir a criminalidade transnacional, a Convenção prevê que os Estados deverão adotar
certas medidas, tais como: i) confisco e apreensão do produto das infrações previstas na convenção;
ii) restituição do produto do crime; iii) extradição; iv) transferência de pessoas condenadas; v)
assistência judiciária recíproca; vi) realização de investigações conjuntas; vii) transferência de
processos penais.

No que tange à prevenção, a Convenção prevê que os Estados-parte buscarão elaborar e avaliar
projetos nacionais, bem como estabelecer e promover as melhores práticas e políticas para prevenir
a criminalidade transnacional.

2.2 - Convenção contra o Tráfico Ilícito de Entorpecentes e Substâncias Psicotrópicas

O tráfico ilícito de entorpecentes e substâncias psicotrópicos é problema de enorme gravidade da


sociedade internacional. Trata-se de atividade ilícita que movimenta vultosos recursos que, em
virtude disso, traz repercussões econômicas e políticas para a sociedade. Além de representar risco
enorme à saúde e bem-estar das pessoas, o tráfico internacional de entorpecentes está, em regra,
envolvido com a corrupção na administração pública. Por essas razões, pode ser considerado
problema comum da humanidade, o que significa que sua erradicação depende de cooperação
internacional.

A Convenção contra o Tráfico Ilícito de Entorpecentes e Substâncias Psicotrópicas foi celebrada em


1988 e internalizada no ordenamento jurídico brasileiro pelo Decreto nº 154/1991. O objetivo é
promover a cooperação entre as Partes a fim de que se possa fazer frente, com maior eficiência, aos
diversos aspectos do tráfico ilícito de entorpecentes e de substâncias psicotrópicas que tenham
dimensão internacional.

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No art. 3º, a Convenção prevê que os Estados adotem medidas legislativas para enquadrar certas
condutas como infrações penais em sua legislação interna. A título exemplificativo, citamos a seguir
certas condutas que devem ser consideradas crimes pela legislação dos Estados-parte da
Convenção: i) a produção, a fabricação, a extração, a preparação, a oferta para venda, a distribuição,
a venda, a entrega em quaisquer condições, a corretagem, o envio, o envio em trânsito, o transporte,
a importação ou a exportação de qualquer entorpecente ou substância psicotrópica; ii) o cultivo de
sementes de ópio, do arbusto da coca ou da planta de cannabis, com o objetivo de produzir
entorpecentes.

A fim de combater o tráfico ilícito de entorpecentes, os Estados devem adotar medidas como
confisco, extradição, assistência jurídica recíproca e transferência de procedimentos penais. Os
Estados também devem cooperar para eliminar o tráfico ilícito por mar.

2.3 - Protocolo de Assistência Jurídica Mútua em assuntos penais do MERCOSUL

O Protocolo de Assistência Jurídica Mútua em assuntos penais do MERCOSUL foi assinado em 1996
e internalizado no ordenamento jurídico brasileiro pelo Decreto nº 3.468/2000. Sua finalidade é
promover a assistência jurídica mútua em assuntos penais. Trata-se de iniciativa de cooperação
internacional em matéria penal importante para o aprofundamento da integração regional no
MERCOSUL.

A assistência jurídica mútua será prestada pelos Estados-parte para a investigação de delitos e para
a cooperação nos procedimentos judiciais relacionados com assuntos penais. O art. 2º do Protocolo
determina o alcance das ações de assistência jurídica mútua, que compreenderão os seguintes
atos:

a) notificação de atos processuais;

b) recepção e produção de provas, tais como testemunhos ou declarações, realização de


perícias e exames de pessoas, bens e lugares;

c) localização ou identificação de pessoas;

d) notificação de testemunhas ou peritos para o comparecimento voluntário a fim de prestar


testemunho no Estado requerente;

e) traslado de pessoas sujeitas a um processo penal para comparecimento como testemunhas


no Estado requerente ou com outros propósitos expressamente indicados na solicitação,
conforme o presente Protocolo;

f) medidas acautelatórias sobre bens;

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g) cumprimento de outras solicitações a respeito de bens, como por exemplo o sequestro;

h) entrega de documentos e outros elementos de prova;

i) apreensão, transferência de bens confiscados e outras medidas de natureza similar;

j) retenção de bens para efeitos do cumprimento de sentenças judiciais que imponham


indenizações ou multas impostas por sentença judicial; e

k) qualquer outra forma de assistência em conformidade com os fins deste Protocolo que não
seja incompatível com as leis do Estado requerido.

Os pedidos de assistência judiciária serão recebidos e transmitidos por uma Autoridade Central
designada por cada Estado-parte. As solicitações, formuladas por escrito, estarão baseadas em
pedidos de autoridades judiciais ou do Ministério Público do Estado requerente. O processamento
das solicitações será regido pela lei do Estado requerido e de acordo com as disposições do
Protocolo. A Autoridade Central do Estado requerido tramitará com presteza a solicitação e
transmitirá à autoridade competente para seu processamento. Destaque-se que a assistência será
prestada mesmo quando as condutas não constituam delito no Estado requerido.

Há algumas situações em que o Estado requerido poderá denegar a assistência:

a) a solicitação se refira a delito tipificado como tal na sua legislação militar, mas não na
legislação penal ordinária;

b) a solicitação se refira a delito que o Estado requerido considere como político ou como
delito comum conexo com delito político ou realizado com finalidade política;

c) a solicitação se refira a delito tributário;

d) a pessoa em relação a qual se solicita a medida haja sido absolvida ou haja cumprido
condenação no Estado requerido pelo mesmo delito mencionado na solicitação. Contudo,
esta disposição não poderá ser invocada para negar assistência em relação a outras pessoas;
ou

e) o cumprimento da solicitação seja contrário à segurança, à ordem pública ou a outros


interesses essenciais do Estado requerido.

Quando o Estado requerido denegar a solicitação, ele deverá informar ao Estado requerente, por
meio da Autoridade Central, as razões em que se funda essa negativa.

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2.4 - Convenções Internacionais contra a Corrupção

A corrupção é, sem dúvida, um problema comum da humanidade, pois ela ameaça a estabilidade e
a segurança das sociedades, ao enfraquecer as instituições e os valores da democracia, da ética,
justiça e ao comprometer o desenvolvimento sustentável e o Estado de direito. 9 Pode-se afirmar,
também, que a corrupção gera um descrédito nos serviços públicos por parte da população.

Em virtude da corrupção, boa parte dos recursos do Estado são comprometidos, desviando-se da
sua finalidade originária, o que traz prejuízos ao desenvolvimento econômico e social dos Estados.
A corrupção leva, ainda, à redução dos investimentos públicos e privados, o que prejudica o
desenvolvimento industrial e a prestação de serviços públicos.

É importante destacar também que há uma estreita ligação entre a corrupção e o crime organizado
e a lavagem de dinheiro. A corrupção é, muitas vezes, um instrumento utilizado pelo crime
organizado para alcançar seus objetivos. As receitas do tráfico ilícito de entorpecentes estão
também cada vez mais atreladas à corrupção.

Por tudo isso, é consenso que a corrupção deixou de ser apenas um problema local, tornando-se,
hoje, um problema transnacional e, portanto, objeto do interesse do direito internacional. Com
efeito, somente a cooperação internacional é instrumento efetivo para prevenir e lutar contra a
corrupção. Nesse sentido, a prevenção e a erradicação da corrupção são responsabilidade de todos
os Estados, que precisam contar com o apoio e participação de toda a sociedade (organizações não-
governamentais e sociedade civil). 10

Por ser um problema comum da humanidade e necessitar de ações de cooperação internacional, o


combate à corrupção é objeto de diversas convenções (tratados) internacionais. O Brasil é parte de
várias dessas convenções internacionais. As principais convenções sobre combate à corrupção que
foram assinadas e ratificadas pelo Brasil são as seguintes:

- Convenção das Nações Unidas Contra a corrupção (ONU)

- Convenção Interamericana Contra a Corrupção (OEA)

- Convenção sobre o Combate da Corrupção de Funcionários Públicos Estrangeiros em


Transações Comerciais Internacionais (OCDE)

Como se pode perceber, o governo brasileiro tem buscado fortalecer suas relações com outros
países, seja em nível multilateral (ONU e OCDE) ou nível regional (OEA), no que tange às ações de
combate à corrupção.

9
Preâmbulo da Convenção das Nações Unidas sobre Combate à Corrupção.
10 Preâmbulo da Convenção das Nações Unidas sobre Combate à Corrupção.

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3 - PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE

O princípio da especialidade prevê que, em regra, as provas e informações que forem obtidas por
meio da cooperação jurídica internacional não poderão ser usadas em outro processo, diferente
daquele que motivou o pedido de cooperação. Em outras palavras, as provas obtidas somente
poderão ser usadas naquele processo específico objeto de cooperação internacional.

Como exemplo de aplicação do princípio da especialidade, citamos o art. 8º, do Acordo de


Cooperação Penal entre Brasil e EUA, que estabelece o seguinte: “A Autoridade Central do Estado
Requerido pode solicitar que o Estado Requerente deixe de usar qualquer informação ou prova obtida
por força deste Acordo em investigação, inquérito, ação penal ou procedimentos outros que não
aqueles descritos na solicitação, sem o prévio consentimento da Autoridade Central do Estado
Requerido”.

Outro exemplo é o art. 10, do Acordo de Cooperação Penal entre Brasil e México, que estabelece
que “A Parte Requerente não usará nenhuma informação ou prova obtida mediante o presente
Tratado para fins distintos aos declarados no pedido de cooperação jurídica internacional, sem
prévia autorização da Parte Requerida”.

Observe que a aplicação do princípio da especialidade não é uniforme em todos os acordos de


cooperação em matéria penal. Cada acordo terá uma cláusula própria em que se verifica a aplicação
desse princípio. De qualquer forma, sua observância é condição sine qua non para que a cooperação
entre os países se dê em clima de harmonia. A violação desse princípio poderá trazer prejuízos à
cooperação entre os países, fazendo com que pedidos de cooperação futura sejam vistos com
ressalvas.

É possível que o princípio da especialidade seja flexibilizado, mediante a realização de pedido de


compartilhamento. Havendo autorização do outro Estado, as provas e informações obtidas por meio
da cooperação jurídica internacional poderão ser usadas em processo diverso daquele que motivou
o pedido.

4 - PRINCÍPIO DA DUPLA INCRIMINAÇÃO

O princípio da dupla incriminação é o que estabelece que a cooperação jurídica internacional


somente será possível quando a conduta objeto de investigação for caracterizada como crime nas
legislações de ambos os Estados (Estado requerente e Estado requerido). Não havendo a dupla
incriminação, o pedido de cooperação jurídica internacional em matéria penal será negado.

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Destaque-se que a aplicação do princípio da dupla incriminação não é absoluta. Há países que
deferem pedidos de cooperação internacional em matéria penal sem exigir a dupla incriminação.
Isso vai depender do que prevê o tratado bilateral entre os dois países. O art. 1º, do Acordo de
Cooperação Penal entre Brasil e EUA, por exemplo, dispensa o requisito da dupla incriminação, ao
estabelecer que “a assistência será prestada ainda que o fato sujeito a investigação, inquérito ou
ação penal não seja punível na legislação de ambos os Estados.”

5 - CRIMES LIMITADORES DA COMPETÊNCIA

Os tratados internacionais sobre cooperação internacional em matéria penal estabelecem certas


restrições. Há crimes que, usualmente, estão fora do alcance da cooperação internacional. É o caso,
por exemplo, dos crimes militares, crimes políticos e crimes puníveis com a pena de morte no Estado
requerente.

É importante destacar que a limitação do alcance da cooperação internacional em matéria penal


depende do que prevê o tratado em questão. Para exemplificar, citamos abaixo o art. 8º, do Acordo
de Cooperação Penal entre Brasil e México:

Art. 8º - Denegação ou Adiamento da Cooperação Jurídica Internacional

1.A cooperação jurídica internacional poderá ser denegada quando:

a) o cumprimento do pedido de cooperação jurídica internacional possa ofender a segurança, a


ordem pública ou outros interesses essenciais da Parte Requerida;

b) o cumprimento do pedido de cooperação jurídica internacional seja contrário à legislação interna


da Parte Requerida ou não se ajuste às disposições do presente Tratado;

c) a execução do pedido de cooperação jurídica internacional seja contrária às obrigações


internacionais da Parte Requerida;

d) o pedido de cooperação jurídica internacional referir-se a ações pelas quais a pessoa processada
na Parte Requerente já foi condenada ou absolvida pelos mesmos fatos na Parte Requerida ou a
ação penal tenha sido prescrita;

e) o pedido de cooperação jurídica internacional referir-se a delitos militares que não estejam
contemplados na legislação penal comum;

f) o pedido de cooperação jurídica internacional referir-se a delito que se considera como político
na Parte Requerida. A Parte Requerida não considerará como delitos políticos atos cuja tipificação
esteja contemplada em tratados internacionais que vinculem ambas as Partes;

g) houver razões fundadas para que a Parte Requerida acredite que o pedido de cooperação jurídica
internacional foi solicitado com o intuito de processar uma pessoa por razões ligadas à sua raça,
sexo, religião, nacionalidade, origem étnica, ao fato de pertencer a grupo social determinado, ou

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às suas opiniões políticas, ou que a situação dessa pessoa possa ser prejudicada por qualquer
dessas razões;

h) o pedido de cooperação jurídica internacional referir-se a delito que seja punível com a pena de
morte;

i) o pedido de cooperação jurídica internacional referir-se a fatos com base nos quais a pessoa
sujeita a investigação ou a processo tenha sido definitivamente absolvida ou condenada pela Parte
Requerida; e

j) o pedido de cooperação jurídica internacional não reúna os requisitos do presente Tratado.

Como se pode perceber, estão fora da cooperação jurídica internacional entre Brasil e México,
dentre outros, os seguintes crimes:

a) Crimes militares que não estejam contemplados na legislação penal comum.

b) Crimes políticos.

c) Crimes puníveis com a pena de morte

O pedido de cooperação internacional também será recusado quando o seu cumprimento possa
ofender a segurança, a ordem pública e outros interesses essenciais do Estado requerido.

6 - RECUPERAÇÃO E PARTILHA DE ATIVOS

A cooperação internacional em matéria penal tem como resultado, em muitos casos, a recuperação
de ativos ilícitos, que consiste na restituição de valores transferidos a outro Estado. Como exemplo,
a Convenção das Nações Unidas sobre Combate à Corrupção (UNCAC) prevê, como um de seus
princípios fundamentais, a recuperação de ativos.

A recuperação de ativos é um mecanismo importante na repressão do crime de lavagem de


dinheiro, baseando-se na lógica de que os métodos tradicionais não são suficientes para se combater
o crime organizado. Não basta prender os criminosos. O confisco e restituição de bens é mais eficaz,
pois retira o poder econômico do criminoso e, ainda, restitui os valores ilícitos para o Estado
requerente.

Num estágio mais avançado da cooperação internacional para a recuperação de ativos, estão os
“asset sharing agreements”. É o que se chama de partilha de ativos, que consiste em dividir os
ativos ilícitos entre o Estado requerente e o Estado requerido. A partilha de ativos será regulada por
tratados internacionais, pela legislação interna dos Estados ou até mesmo por promessas de
reciprocidade.

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No Brasil, a Lei nº 9.613/98 estabelece que, “na falta de tratado ou convenção, os bens, direitos ou
valores privados sujeitos a medidas assecuratórias por solicitação de autoridade estrangeira
competente ou os recursos provenientes da sua alienação serão repartidos entre o Estado
requerente e o Brasil, na proporção de metade, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-
fé”.

Assim, em primeiro lugar, a partilha de ativos será feita nos termos de tratado internacional que
verse sobre cooperação penal. Porém, não existindo tratado, o Brasil irá ficar com metade dos
recursos provenientes de crime de lavagem de dinheiro. A outra metade será restituída ao Estado
requerente.

A Convenção das Nações Unidas sobre Combate à Corrupção (UNCAC) prevê condições especiais
para a recuperação de ativos. Conforme previsto nesse tratado, a totalidade dos ativos ilícitos será
restituída (descontados apenas os custos com localização, bloqueio e manutenção dos bens), o que
decorre do envolvimento de recursos públicos e do dano ao Erário.

A Convenção de Palermo (Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional)
também prevê regras para a partilha de ativos. Segundo o art. 14, da referida Convenção, os
Estados-parte deverão considerar a celebração de acordos que prevejam repartir com outros
Estados, sistemática ou casuisticamente, os produtos do crime ou dos bens confiscados. Assim,
pode-se afirmar que a Convenção de Palermo estimula a partilha de ativos entre o Estado
requerente e o Estado requerido.

Se você tiver interesse no assunto da recuperação de ativos, dê uma olhada no link abaixo, que
mostra um caso concreto envolvendo a conhecida Operação Lava Jato:

http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2015/03/11/justica-repatria-r-139-milhoes-de-
barusco-em-contas-na-suica.htm

1. (Instituto Rio Branco – 2009)

A Convenção de Palermo, ratificada pelo Brasil, tem como objetivo promover a cooperação
jurídica e policial no combate e na prevenção do crime organizado transnacional.

Comentários:

A Convenção de Palermo tem como objetivo promover a cooperação para prevenir e combater mais
eficazmente a criminalidade organizada transnacional. Questão correta.

2. (CGU-2008)

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Os países membros do Mercosul adotaram o Protocolo de Assistência Jurídica Mútua em


Assuntos Penais, que prevê, entre outros aspectos, a colaboração na investigação de delitos,
bem como a cooperação nos procedimentos judiciais em temas criminais. Sobre esse
instrumento, assinale a opção falsa.

a) A assistência prevista no referido Protocolo inclui, por exemplo, a localização e a


identificação de pessoas, e o cumprimento de medidas cautelares sobre bens.

b) A realização das diligências solicitadas no contexto desse Protocolo deve ser regida pelas leis
do Estado requerido, e não do Estado requerente.

c) O Brasil ratificou o referido Protocolo e encontra- se juridicamente vinculado a ele.

d) O Estado requerido poderá denegar a assistência prevista no Protocolo quando a solicitação


refira-se, por exemplo, a um delito tributário.

e) Esse Protocolo não poderá ser aplicado caso as condutas que motivem o pedido de
assistência não constituam crime no Estado requerido.

Comentários:

Letra A: correta. O cumprimento de medidas cautelares e a localização e identificação de pessoas


estão entre as ações de assistência judiciária mútua prevista no Protocolo de Assistência Jurídica
Mútua em assuntos penais do MERCOSUL.

Letra B: correta. O processamento das solicitações será regido pela lei do Estado requerido.

Letra C: correta. O Brasil ratificou o Protocolo de Assistência Jurídica Mútua em assuntos penais do
MERCOSUL.

Letra D: correta. Há algumas situações em que o Estado requerido poderá denegar a assistência.
Uma delas é em caso de delito tributário.

Letra E: errada. A assistência será prestada mesmo quando as condutas não constituam delito no
Estado requerido.

3. (CGU-2008)

Assinale o único instrumento jurídico-internacional listado abaixo ao qual o Brasil não está
vinculado.

a) Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção (2003).

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b) Convenção da OCDE sobre o Combate à Corrupção de Funcionários Públicos Estrangeiros


em Transações Comerciais Internacionais (1997).

c) Convenção das Nações Unidas sobre o Crime Organizado Transnacional (2000).

d) Convenção Interamericana contra a Corrupção (1996).

e) Convenção Europeia para o Combate à Corrupção de Funcionários das Comunidades


Europeias ou de seus Estados Membros (1997).

Comentários:

Dentre todos os tratados acima listados, o único do qual o Brasil não é parte é a Convenção Europeia
para o Combate à Corrupção de Funcionários das Comunidades Europeias ou de seus Estados-
membros. A resposta é, portanto, a letra E.

4. (Procurador da República – 2011)

Na assistência jurídica mútua em matéria penal, a repartição de ativos relacionados à atividade


criminosa (“asset sharing”):

a) é vedada para os ativos relacionados à apropriação ilícita de fundos públicos;

b) é estimulada pela Convenção de Palermo;

c) é permitida somente para ativos decorrentes do tráfico de entorpecentes;

d) depende de autorização do Senado Federal, quando se tratar de ativos relacionados à


apropriação ilícita de fundos públicos.

Comentários:

A Convenção de Palermo estimula a partilha de ativos entre o Estado requerente e o Estado


requerido. O gabarito é a letra B.

5. (AGU – 2015)

A dupla incriminação tem sido considerada requisito dispensável em certos acordos de


cooperação jurídica em matéria penal celebrados pelo Brasil.

Comentários:

É isso mesmo. De fato, a dupla incriminação é exigida por um grande número de acordos de
cooperação jurídica em matéria penal celebrados pelo Brasil. No entanto, há acordos de cooperação

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internacional em matéria penal que a dispensam. Não se trata, portanto, de exigência absoluta.
Questão correta.

DESARMAMENTO E NÃO-PROLIFERAÇÃO
A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) constituiu, para o direito, em especial para os direitos
humanos, uma etapa de transição nas políticas internacionais em prol da paz mundial. Foi nessa
ótica que, mediante o Tratado de Versalhes, muito do que temos hoje foi consagrado, é o caso da
Organização Internacional do Trabalho, dados os problemas migratórios à época, além da própria
Sociedade das Nações (também chamada de Liga das Nações). Esse momento, dito por muitos
autores, como o momento inicial da Teoria das Relações Internacionais também afeta o a disciplina
do direito. E é isso que buscaremos elucidar nesta aula.

Ainda nesse período histórico, na Teoria das Gerações (ou Dimensões) de autoria do jurista tcheco-
francês Karel Vasak, foi inaugurada a chamada 2ª Geração de Direitos 11, em que se visava a igualdade
entre os indivíduos. Os desastres ocorridos na Primeira Guerra Mundial foram tantos, que não havia
mais condições de vida em dignidade em muitos dos Estados. Tudo isso ocorreu por conta do
poderio bélico dos países envolvidos.

A vontade de reduzir os conflitos armados já era grande, mas a própria Liga das Nações 12, que foi
instituída com o intuito de não deixar que ocorresse um novo caso armado como o que tinha
acontecido alhures, falhou no seu objetivo com a ocorrência da Segunda Guerra Mundial.

Após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), principalmente depois do episódio das bombas
nucleares de Hiroshima e Nagasaki, que o mundo passou a ver a paz como objetivo final. Nesse
período, para Karel Vasak, foi instituída a 3ª Geração de Direitos, que inaugurava uma fase de
fraternidade, solidariedade entre os indivíduos, tendo em vista o forte sentimento de medo que
vigorava no mundo, agora com a ameaça das guerras nucleares.

A preocupação, agora, era com as gerações futuras. Perguntava-se: Será que o mundo ainda existirá
em cinquenta anos?! Repare, pois, que em somente vinte anos tivemos uma nova guerra mundial,
de dimensões tão absurdas quanto as da Primeira Grande Guerra. Ressalte, ainda, que se passou a

11Como marco histórico dessa geração, temos dois documentos, quais sejam: a Constituição do México (1917) e a
Constituição de Weimar (1919).

12
Foi do fracasso da Sociedade das Nações (também chamada de Liga das Nações), que foi instituída a Organização
das Nações Unidas.

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utilizar um novo tipo de armamento, chamado de Armas de Destruição em Massa (ADM), termo
muito comumente associado a energia nuclear.

A energia nuclear é entendida, no seio das relações internacionais, como energia dúplice, pois traz
tanto ótimas atribuições para a vida em geral, consistindo em uma boa utilização, mas também traz
atribuições ruins para a vida em geral, que estimulam o poderio bélico e o uso da força 13.

Foi nessa ótica que muito se batalhou para que, nos anos 1970, fosse instituído o Tratado de Não-
Proliferação Nuclear, documento internacional que visou, inicialmente, limitar os cinco detentores
reconhecidos de armas nucleares: Estados Unidos; União Soviética (que posteriormente se tornou
Rússia); Reino Unido; China; e França.

Tais países ficaram obrigados a não auxiliar, muito menos ajudar os países ditos não nucleares a
obter energia nuclear.

O Tratado é considerado pelos seus signatários como pedra fundamental dos esforços internacionais
para evitar a disseminação de armas nucleares e para viabilizar o uso pacífico de tecnologia nuclear
da forma mais ampla possível. No entanto, ao mesmo tempo, existem críticas ao Tratado, como que
o Tratado se apoia na desigualdade de direitos, uma vez que congela a chamada geometria do poder
nuclear em nome da conjuração do risco de destruição da civilização, tendo em vista que os países
detentores da energia nuclear continuam mantendo tal tecnologia.

Hoje, passados quase 40 (quarenta) anos da entrada em vigor do Tratado de Não-Proliferação


Nuclear (1970), ainda se entende, de maneira límpida, que a promoção do desarmamento nuclear
deve ocupar posição prioritária na agenda da sociedade internacional14.

Percebeu-se, com o tempo, que o Tratado teve êxito no sentido de não deixar que novos países
detivessem tal energia, no entanto, não houve avanços no que diz respeito à eliminação, pelos
Estados nuclearmente armados, dos arsenais nucleares por eles mantidos.

O Brasil tem participado ativamente das Conferências de Exame do TNP e de outros foros
multilaterais acerca desse tema, como a I Comissão da Assembleia Geral das Nações Unidas e a
Conferência do Desarmamento. Nessas discussões, o Brasil atua no âmbito da Coalizão da Nova

13
PROCÓPIO, Argemiro. Terrorismo e Relações internacionais. Revista brasileira de política internacional. V. 44, n. 2,
Brasília, julho de 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-
73292001000200004>. Acesso em: 29 jul. 2019.

14
O próprio Itamaraty ratifica tal posição: <http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/politica-externa/paz-e-seguranca-
internacionais/146-desarmamento-nuclear-e-nao-proliferacao-nuclear>.

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Agenda, integrada por seis países não nuclearmente armados com forte atuação na defesa do
desarmamento nuclear (Brasil, África do Sul, Egito, Irlanda, México e Nova Zelândia) 15.

Nesse tema, deve-se compreender bem os conceitos16, vejamos:

1. O Desarmamento baseia-se na visão de que a paz e a estabilidade devem ser alcançadas


por meio da eliminação dos meios da guerra (paz desarmada), que deve funcionar coo
uma criação de estabilidade mundial, ou, ainda, como a uma redução progressiva dos
arsenais com o objetivo de alcançar a eliminação das armas de destruição em massa
(ADM).
2. O Controle de Armas traz uma ideia um pouco diferente. Enquanto o desarmamento visa
a eliminação das armas de destruição em massa, o Controle não visa como objetivo final
a abolição, mas um controle que tenha como finalidade a formação de um equilíbrio entre
as forças. A ideia do Controle de Armas é o gerenciamento dos meios de guerra.

A não proliferação é definida pelo objetivo de prevenir, por meios diplomáticos, o surgimento da
proliferação, ou seja, que um Estado venha a tomar a decisão política de dotar-se de Armas de
Destruição em Massa e dar início, assim, a um programa com esse fim.

A subscrição por um Estado de compromisso jurídico de não obter ADM e as medidas tomadas para
verificar o cumprimento desse compromisso (medidas de criação da confiança, salvaguardas,
inspeções) inserem-se no quadro da não proliferação.

Como exemplos de documentos internacionais que foram instituídos como marco da não
proliferação, temos: O Tratado de Não-Proliferação (1970), a Agência Internacional de Energia
Atômica (1957), a Organização para Proibição de Armas Químicas (1997), entre outros.

O tema será melhor elucidado na seara da Política Internacional.

15 Texto de autoria do Itamaraty sobre o tema: <http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/politica-externa/paz-e-


seguranca-internacionais/146-desarmamento-nuclear-e-nao-proliferacao-nuclear>.

16HAK NETO, Ibrahim Abdul. Armas de destruição em massa no século XXI: novas regras para um velho jogo – o
paradigma da Iniciativa de Segurança contra a Proliferação (PSI). Brasília: Fundação Alexandre de Gusmao, 2011, p. 29.

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TERRORISMO INTERNACIONAL

1 – INTRODUÇÃO

Os atentados de 11 de setembro de 2001 representaram um marco histórico no reconhecimento


do terrorismo como grande ameaça à segurança e à defesa dos Estados. Até então, nenhum outro
atentado tivera tamanha proporção e simbolismo.

O terrorismo internacional, todavia, não é um fenômeno recente. Por ser um problema comum da
humanidade, o terrorismo já é objeto de estudo e regulamentação pelo Direito Internacional há
bastante tempo. Apenas para que se possa ter uma noção disso, foi celebrada em 1937, no âmbito
da Liga das Nações, a Convenção para a Prevenção e Repressão do Terrorismo 17.

Desde então, o terrorismo tem sido uma preocupação do Direito Internacional, motivo pelo qual a
Organização das Nações Unidas (ONU) e outros organismos internacionais vêm se dedicando ao
tema.

Há algumas dificuldades teóricas no debate acerca do terrorismo internacional. O problema central


é a definição e abrangência do conceito de terrorismo. As discussões giram em torno de saber se,
no conceito de terrorismo, devem ser igualmente incluídos ataques a pessoas e ao patrimônio e,
ainda, se devem ser levadas em consideração as intenções e motivações dos perpetradores de atos
terroristas.

A Lei Antiterrorismo adotada pelo Brasil (Lei nº 13.260/2016) utiliza um conceito abrangente,
abarcando ataques a pessoas e patrimônio, mas também exigindo-se que o ato tenha motivações
específicas (xenofobia, discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia e religião) e a finalidade de
provocar terror social ou generalizado.

Segundo Malcolm Shaw, “apesar das dificuldades políticas, tem havido crescente progresso nos
níveis internacional e regional na criação de normas de direito internacional relativas ao
terrorismo”18.

O tratamento do terrorismo vem sendo objeto de duas abordagens distintas. A primeira engloba as
manifestações específicas do terrorismo, como sequestro de aeronaves e atentados à bomba. A
segunda abordagem, por outro lado, consiste em uma condenação global do fenômeno do
terrorismo internacional.

17 Essa convenção jamais chegou a entrar em vigor, por falta de ratificação de vários Estados. A título de curiosidade,
somente a Índia ratificou a convenção.
18 SHAW, Malcolm N. Direito Internacional. São Paulo: Ed. Martins Fontes, 2010. p. 864.

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No que diz respeito à primeira abordagem (combate a manifestações específicas do terrorismo), já


foram celebradas na ONU, na Organização da Aviação Civil Internacional (OACI) e na Agência
Internacional de Energia Atômica (AIEA) inúmeras convenções internacionais, tais como as
seguintes:

a) Convenção para a Repressão aos Atos ilícitos Contra a Segurança da Aviação Civil (1971)

b) Convenção Internacional contra a Tomada de Reféns (1979);

c) Convenção sobre Proteção Física de Materiais Nucleares (1979)

d) Convenção Internacional sobre a Supressão de Atentados Terroristas com Bombas (1997);

e) Convenção Internacional sobre a Supressão de Atos de Terrorismo Nuclear (2005).

Quanto à segunda abordagem (condenação global do terrorismo), é possível apontar a seguinte


evolução:

a) Em 1972, o terrorismo foi incluído nos debates da Assembleia Geral da ONU, com a
criação, pela Resolução nº 3034, de um comitê ad hoc sobre terrorismo, o que foi
motivado pelo atentado à delegação israelense durante as Olimpíadas de Munique (1972).
A Resolução nº 3034/AGNU defendia a necessidade de se adotarem medidas para a
prevenção do terrorismo internacional, bem como de se aprofundar no estudo de suas
causas subjacentes.

b) Em 1994, a Assembleia Geral da ONU adotou a Declaração de Medidas para Eliminar o


Terrorismo Internacional. Nessa Declaração, “os Estados Membros das Nações Unidas
reafirmam solenemente e de forma inequívoca sua condenação a todos os atos, métodos
e práticas terroristas, por considerá-los criminosos e injustificáveis, seja onde for ou quem
for que os cometa, incluídos os que colocam em perigo as relações de amizade entre os
Estados e os povos, e ameaçam a integridade territorial e a segurança dos Estados”.

c) Foi celebrada no âmbito da Assembleia Geral a Convenção Internacional para Supressão


do Financiamento do Terrorismo (1999).

d) Em 2001, logo após os atentados de 11 de setembro, o Conselho de Segurança adotou a


Resolução nº 1.373/CSNU, que busca, em especial, combater o financiamento ao
terrorismo internacional e congelar bens e ativos financeiros dos terroristas. Essa
resolução também teve como grande mérito a criação do Comitê Antiterrorismo.

e) Em 2006, foi lançada a “Estratégia Antiterrorista Global da ONU”, com medidas


destinadas a prevenir e reprimir o terrorismo em todos os níveis (nacional, regional e
internacional).

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Além dessas iniciativas globais de repressão ao terrorismo, também há iniciativas regionais, dentre
as quais citamos a Convenção Europeia sobre a Eliminação do Terrorismo (1977) e a Convenção
Interamericana contra o Terrorismo (2002).

Segundo Malcolm Shaw, “à medida que aumenta a atividade internacional para a repressão do
terrorismo global, tem-se manifestado a preocupação de que essa meta seja alcançada em
conformidade com os princípios da legislação internacional relativa aos direitos humanos e ao direito
humanitário”. 19

As convenções internacionais que visam combater o terrorismo internacional, em suas diversas


manifestações, seguem um modelo bastante parecido, estabelecendo obrigações relativas à
criminalização de condutas, regras de jurisdição universal, cooperação interestatal e respeito aos
direitos humanos.

2 – CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE A SUPRESSÃO DE ATENTADOS TERRORISTAS COM


BOMBAS (1997)

A Assembleia Geral das Nações Unidas criou, em 1996, um comitê ad hoc destinado a elaborar
convenções internacionais para o combate ao terrorismo 20. Fruto do trabalho desse comitê, foi
elaborada a Convenção Internacional sobre a Supressão de Atentados Terroristas com Bombas
(1997), em virtude da preocupação com o fato de que atentados terroristas com explosivos ou
outros artefatos mortíferos cada vez mais se generalizavam.

No art. 2º, a Convenção estabelece que comete crime “qualquer pessoa que ilícita e
intencionalmente entrega, coloca, lança ou detona um artefato explosivo ou outro artefato mortífero
em, dentro ou contra um logradouro público, uma instalação estatal ou governamental, um sistema
de transporte público ou uma instalação de infra-estrutura”. Também fica caracterizado o crime se
houver a tentativa da prática de qualquer desses atos, a participação como cúmplice ou
organizador do atentado e qualquer tipo de colaboração com esse tipo de atentado.

Em 2004, foram realizados atentados terroristas no metrô de Madrid que se enquadram


perfeitamente nesse tipo penal. Os terroristas explodiram bombas em 3 estações do metrô
(“logradouro público”, no sentido da convenção). Outro caso muito conhecido foi o atentado contra
a sede da ONU em Bagdá, quando um terrorista detonou um caminhão repleto de explosivos perto
dos escritórios da ONU naquela cidade, levando à morte de 22 pessoas, inclusive o brasileiro Sérgio
Vieira de Mello, representante especial da ONU no Iraque.

19 SHAW, Malcolm N. Direito Internacional. São Paulo: Ed. Martins Fontes, 2010. p. 868.
20
A criação desse comitê ad hoc foi feita pela Resolução nº 51/2010, da AGNU

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A Convenção Internacional sobre a Supressão de Atentados Terroristas com Bombas (1997)


estabelece que os Estados-parte deverão tipificar essas condutas como sendo crime, bem como
punir esses delitos com penas adequadas, levando-se em consideração a gravidade de sua natureza
(art. 4º). Tais atos criminosos não poderão, em qualquer circunstância, ser justificados por
considerações de natureza política, filosófica, ideológica, racial, étnica, religiosa ou de qualquer
natureza semelhante (art. 5º).

Os atentados terroristas com bombas, conforme tipificados pelo art. 2º, serão considerados
incluídos entre os delitos que levam à extradição em todos os tratados de extradição que vinculam
os Estados-parte da Convenção (art. 9º). A Convenção serve, inclusive, como fundamento autônomo
para que sejam formulados e aceitos pleitos extradicionais, o que é especialmente importante para
aqueles Estados que subordinem a extradição à existência de tratado.

Cabe destacar que, para o propósito de extradição ou de assistência jurídica recíproca, os delitos
definidos pela Convenção não são considerados crimes políticos. Consequentemente, esse não será
um argumento válido para que se recuse um pleito de extradição, tampouco um pedido de
assistência jurídica.

A Convenção estabelece regras sobre a jurisdição aplicável aos atentados terroristas com bombas.
Há regras de jurisdição que devem ser obrigatoriamente seguidas pelos Estados; outras regras de
jurisdição são facultativas.

a) Regras obrigatórias sobre jurisdição: A Convenção estabelece que os Estados deverão


adotar as medidas necessárias para estabelecer sua jurisdição sobre os crimes de
atentados terroristas com bombas quando: i) o delito for cometido no território desse
Estado; ii) o delito for cometido a bordo de embarcação que porte a bandeira desse Estado
ou de aeronave matriculada sob as leis desse Estado no momento em que venha a ser
cometido ou; iii) o delito for cometido por nacional desse Estado (art. 6º).

b) Regras facultativas sobre jurisdição: Os Estados-parte também poderão estabelecer sua


jurisdição sobre os atentados terroristas com bomba quando: i) esse delito for cometido
contra um nacional desse Estado; ii) esse delito for cometido contra uma instalação estatal
ou governamental desse Estado no exterior, inclusive uma embaixada ou outra instalação
diplomática ou consular desse Estado; iii) esse delito for cometido por um apátrida que
tenha sua residência habitual nesse Estado; iv) esse delito for cometido com o objetivo de
obrigar esse Estado a realizar ou se abster de realizar qualquer ato ou; v) esse delito for
cometido a bordo de uma aeronave operada pelo governo desse Estado.

A Convenção busca afirmar o princípio de jurisdição universal em relação ao crime de atentado


terrorista com bombas. Em outras palavras, há uma grande amplitude das regras de jurisdição,
justamente com o objetivo de permitir que os Estados-parte exerçam seu jus puniendi em relação a
esses crimes mesmo que eles tenham sido praticados por pessoas que não tenham com eles vínculo
de nacionalidade ou, ainda, que tenham sido praticados no exterior.

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Cabe destacar, todavia, que a jurisdição é territorial. Segundo o art. 18, “nada do disposto nesta
Convenção autorizará um Estado Parte a exercer sua jurisdição no território de outro Estado Parte,
ou a nele realizar funções exclusivamente reservada às autoridades desse outro Estado Parte por seu
direito interno”.

Há uma série de obrigações de cooperação interestatal previstas na Convenção Internacional sobre


a Supressão de Atentados Terroristas com Bombas (1997):

a) O art. 7º prevê que o Estado-parte tem a obrigação de investigar sempre que receber
informações indicativas de que uma pessoa que praticou ou que seja suspeita de ter
praticado atentado terrorista com com bombas esteja em seu território.

b) Segundo o art. 10, os Estados-parte prestarão toda assistência possível entre si com
relação a qualquer investigação, processo penal ou procedimento de extradição que for
iniciado com relação a atentados terroristas com bombas, inclusive quanto à obtenção de
provas.

c) O art. 15 estabelece que os Estados-parte irão cooperar na prevenção de atentados


terroristas com bombas, por meio de alterações na legislações nacionais e adoção de
medidas para proibir atividades ilegais daqueles que de qualquer modo dão apoio ou
financiamento a esse tipo de atentados. Além disso, há previsão para o incremento do
intercâmbio de informações e de cooperação na pesquisa e desenvolvimento de métodos
de detecção de explosivos.

A Convenção também se preocupa em não violar os direitos humanos. Nesse sentido, toda pessoa
que estiver detida ou a respeito da qual se adote medida ou procedimento baseado na Convenção
terá a garantia de tratamento justo, inclusive o usufruto de todos os direitos e garantias de
conformidade com a lei do Estado em cujo território estiver, e os dispositivos aplicáveis do direito
internacional, inclusive o direito internacional em matéria de direitos humanos (art. 14).

3 – CONVENÇÃO INTERNACIONAL PARA A SUPRESSÃO DO FINANCIAMENTO DO TERRORISMO


(1999)

O financiamento ao terrorismo é motivo de grande preocupação para a sociedade internacional. Isso


porque, em grande medida, os atentados terroristas são dependentes do financiamento que
recebem.

Ciente disso, em dezembro de 1996, a Assembleia Geral da ONU editou Resolução por meio da qual
estimulou os Estados a adotarem medidas para obstar e neutralizar o financiamento do terrorismo
internacional. Foi criado, ainda, um comitê ad hoc, que recebeu a tarefa de elaborar um projeto de
convenção internacional destinada à supressão do financiamento do terrorismo.

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Em 1999, fruto desses esforços, foi celebrada a Convenção Internacional para a Supressão do
Financiamento do Terrorismo, cujo grande objetivo é intensificar a cooperação interestatal no
planejamento e adoção de medidas para impedir o financiamento do terrorismo.

A Convenção criminaliza o financiamento ao terrorismo internacional. Segundo o art. 2º, qualquer


pessoa estará cometendo um delito quando, por qualquer meio, direta ou indiretamente, ilegal e
intencionalmente, prover ou receber fundos com a intenção de empregá-los, ou ciente de que serão
empregados, no todo ou em parte, para realizar um ato terrorista internacional.

Apenas para esclarecer um pouco mais, a Convenção criminaliza o financiamento a qualquer um dos
delitos previstos em 9 (nove) tratados que são elencados em seu Anexo21. Também é criminalizada
a tentativa de financiar o terrorismo internacional, bem como a participação como cúmplice ou na
organização ou orientação de terceiros na prática desse tipo de financiamento.

Nesse sentido, o art. 4º prevê que cada Estado-parte adotará as medidas necessárias para tratar
como crime o financiamento do terrorismo internacional e para tornar esse delito passível de
punição, com penas apropriadas que levem em conta a sua gravidade. Os Estados-parte deverão,
ainda, adotar medidas necessárias para a responsabilização de pessoas jurídicas quando a pessoa
encarregada da administração ou do controle daquela empresa tiver atuado no financiamento do
terrorismo (art. 5º). A responsabilização de pessoas jurídicas poderá ser de natureza criminal, civil
ou administrativa.

Agora, nós já sabemos a quais situações a Convenção se aplica. Precisamos conhecer também as
situações em que ela não se aplica. A Convenção não se aplicará quando forem cumpridas,
simultaneamente, as seguintes condições:

a) quando o delito de financiamento ao terrorismo internacional for cometido no território


de um único Estado;

b) quando o criminoso presumido for nacional daquele Estado e estiver presente no


território daquele Estado e;

21
No Anexo da Convenção Internacional para a Supressão do Financiamento do Terrorismo (1999), estão
relacionadas as seguintes convenções: i) Convenção para a Repressão ao Apoderamento Ilícito de Aeronaves (1970);
ii) Convenção para a Repressão aos Atos Ilícitos contra a Segurança da Aviação Civil (1971); iii) Convenção sobre a
Prevenção e Punição de Crimes contra Pessoas que Gozam de Proteção Internacional, inclusive Agentes Diplomáticos
(1973); iv) Convenção Internacional contra a Tomada de Reféns (1979); v) Convenção sobre a Proteção Física do
Material Nuclear (1980); vi) Protocolo para a Repressão de Atos Ilícitos de Violência nos Aeroportos que Prestem
Serviço à Aviação Civil Internacional (1988); vii) Convenção para a Supressão de Atos Ilícitos contra a Segurança da
Navegação Marítima (1988); viii) Protocolo para a Supressão de Atos Ilícitos contra a Segurança de Plataformas Fixas
localizadas na Plataforma Continental (1988) e; ix) Convenção Internacional para a Supressão de Atentados Terroristas
com Bombas (1997).

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c) nenhum outro Estado estiver apto a exercer jurisdição.

A Convenção estabelece regras sobre a jurisdição aplicável ao financiamento do terrorismo


internacional. Algumas dessas regras são obrigatórias para os Estados-parte; outras, são facultativas.

a) Regras obrigatórias sobre jurisdição: A Convenção estabelece que os Estados deverão


adotar as medidas necessárias para estabelecer sua jurisdição sobre os crime de
financiamento ao terrorismo quando: i) o delito for cometido no território desse Estado;
ii) o delito for cometido a bordo de embarcação de bandeira desse Estado ou de aeronave
registrada de acordo com a legislação desse Estado quando do cometido do delito ou; iii)
o delito for cometido por nacional desse Estado.

b) Regras facultativas sobre jurisdição: A Convenção prevê que os Estados poderão


estabelecer jurisdição sobre o crime de financiamento ao terrorismo internacional
quando: i) o financiamento houver sido orientado para ou resultado no cometimento de
um atentado terrorista no território desse Estado ou contra um de seus nacionais; ii) o
financiamento houver sido orientado ou resultado em atentado terrorista contra
instalação Federal ou governamental desse Estado no exterior, inclusive instalações
diplomáticas ou consulares desse Estado; iii) o financiamento houver sido orientado ou
resultado em atentado terrorista cometido na tentativa de compelir aquele Estado a agir
ou abster-se de agir; iv) o atentado terrorista houver sido cometido por uma pessoa sem
nacionalidade, mas com residência habitual no território desse Estado e; v) o atentado
terrorista houver sido cometido a bordo de aeronave operada pelo Governo desse Estado.

Não há necessidade de que você decore as diferentes regras de jurisdição acima apresentadas. No
entanto, é importante que você observe que a Convenção busca consagrar o princípio da jurisdição
universal, abarcando uma grande quantidade de situações possíveis. Isso visa permitir que os
Estados-parte exerçam sua jurisdição mesmo em relação a pessoas que não tenham com eles vínculo
de nacionalidade ou, ainda, que tenham cometido crimes no exterior.

Nesse mesmo sentido, o art. 7º, parágrafo 2º, prevê que cada Estado parte adotará as medidas
necessárias para estabelecer sua jurisdição sobre os delitos previstos na Convenção quando o
criminoso presumido estiver presente em seu território e a não for extraditado para outro Estado
que tenha estabelecido sua jurisdição sobre ele. A jurisdição tem, portanto, natureza territorial, não
podendo um Estado-parte exercer jurisdição no território de outro Estado-parte.

A Convenção prevê que os Estados deverão adotar medidas para a identificação, detecção,
congelamento ou confisco de fundos e rendas empregados no financiamento ao terrorismo
internacional. Estimula-se, ainda, a celebração de “asset sharing agreements”, que são acordos com
vistas à divisão dos fundos apreendidos entre os Estados envolvidos. Também devem ser criados
mecanismos que permitam que os recursos resultantes da apreensão sejam empregados na
indenização às vítimas de atentados terroristas.

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O financiamento ao terrorismo internacional deverá ser incluído como delito passível de extradição
em qualquer tratado de extradição existente entre quaisquer dos Estados-partes antes da entrada
em vigor da Convenção (art. 11). Os Estados-parte se comprometem, ainda, a incluir o financiamento
ao terrorismo como delito passível de extradição em todo tratado de extradição a ser
posteriormente firmado. Ademais, a Convenção Internacional para a Supressão do Financiamento
do Terrorismo (1999) também servirá como fundamento autônomo para que sejam formulados e
aceitos pleitos de extradição.

Os Estados-parte deverão prestar-se mutuamente a assistência necessária para fins de


investigações criminais ou processos criminais ou de extradição quanto aos delitos previstos na
Convenção, inclusive para a obtenção de provas (art. 12). Não poderão ser recusadas solicitações de
assistência mútua sob a alegação de sigilo bancário.

O crime de financiamento ao terrorismo internacional não será considerado, para fins de extradição
ou assistência jurídica mútua, infração fiscal. Nesse sentido, os Estados-parte não poderão usar esse
argumento (o de que seria uma infração fiscal) para recusar solicitação de extradição ou de
assistência mútua (art. 13).

O art. 18, da Convenção, prevê a cooperação interestatal na prevenção do financiamento ao


terrorismo internacional. Os Estados-parte irão cooperar por meio da adoção de todas as medidas
apropriadas, dentre as quais a adaptação de suas leis nacionais. Exemplo de medida de prevenção é
a exigência de que instituições financeiras identifiquem seus clientes fixos ou eventuais, bem como
clientes em cujo interesse contas sejam abertas. Outro exemplo é a exigência de que as instituições
financeiras prestem especial atenção a transações incomuns ou suspeitas, bem como informem
transações presumidamente oriundas de atividades criminosas.

Quanto à cooperação interestatal, a Convenção ainda prevê que os Estados-parte deverão


considerar a adoção de medidas de supervisão (como o licenciamento de todas as agências que
prestam serviço de remessas financeiras) e medidas para detectar o transporte físico
transfronteiriço de moeda e de instrumentos ao portador negociáveis 22. Os Estados-parte também
deverão incrementar o intercâmbio de informações precisas e confirmadas e atuar na coordenação
de medidas administrativas e de outra natureza, a fim de se evitar o financiamento do terrorismo
internacional. Os Estados-parte também poderão trocar informações por intermédio da INTERPOL
(Organização Internacional de Polícia Criminal).

Ao ser informado da presença, em seu território, de uma pessoa que tenha efetiva ou
presumidamente cometido o crime de financiamento ao terrorismo, o Estado Parte envolvido
adotará as medidas necessárias, no âmbito de sua legislação interna, para investigar os fatos
contidos na informação (art. 9º).

22
Título ao portador é um documento que não identifica o seu beneficiário. Assim, o beneficiário será aquele que
tiver a sua posse.

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A Convenção também se preocupa em garantir os direitos humanos a todos aqueles que praticarem
ou que tenham sido acusados de praticarem o crime de financiamento ao terrorismo internacional.
Segundo o art. 17, “a qualquer pessoa mantida sob custódia ou a respeito da qual quaisquer outras
medidas sejam tomadas ou que estejam sendo processadas em conformidade com a presente
Convenção será assegurado tratamento justo, inclusive o gozo de todos os direitos e garantias que
lhe faculta a legislação do Estado em cujo território a pessoa estiver presente, bem como as
disposições do direito internacional, inclusive o direito internacional sobre direitos humanos”.

4 – CONVENÇÃO INTERAMERICANA CONTRA O TERRORISMO (2002)

O terrorismo é uma grande ameaça à segurança internacional e, como tal, precisa ser enfrentado
nos diversos níveis (nacional, regional e global). Em nível internacional, conforme já tivemos a
oportunidade de comentar, existem diversas convenções celebradas no âmbito da ONU, OACI e
AIEA.

No âmbito da OEA (Organização dos Estados Americanos), foi celebrada a Convenção


Interamericana contra o Terrorismo, que tem como grande objetivo prevenir, punir e eliminar o
terrorismo. A Convenção reconhece que o terrorismo é uma grave ameaça para os valores
democráticos e para a paz e segurança internacionais, além de causar graves danos econômicos aos
Estados.

O escopo de aplicação da Convenção Interamericana contra o Terrorismo (2002) é bastante


abrangente, incluindo os delitos tipificados em 10 (dez) tratados internacionais 23. Assim, são
considerados “delitos”, para os fins de aplicação da Convenção Interamericana, todos os crimes
tipificados nesses 10 (dez) tratados internacionais.

Segundo o art. 3º, todos os Estados-parte da Convenção Interamericana deverão se esforçar para
serem parte desses instrumentos internacionais, bem como para adotar as medidas necessárias à

23
Os 10 (dez) tratados aos quais a Convenção Interamericana contra o Terrorismo faz menção são os seguintes: i)
Convenção para a Repressão do Apoderamento Ilícito de Aeronaves (1970); ii) Convenção para a Repressão de Atos
Ilícitos contra a Segurança da Aviação Civil (1971); iii) Convenção sobre a Prevenção e Punição de Crimes contra
Pessoas que Gozam de Proteção Internacional, Inclusive Agentes Diplomáticos (1973); iv) Convenção Internacional
contra a Tomada de Reféns (1979); v) Convenção sobre a Proteção Física dos Materiais Nucleares (1980); vi) Protocolo
para a Repressão de Atos Ilícitos de Violência nos Aeroportos que Prestem Serviços à Aviação Civil Internacional (1988);
vii) Convenção para a Supressão de Atos Ilegais contra a Segurança da Navegação Marítima (1988); viii) Protocolo para
a Supressão de Atos Ilícitos contra a Segurança das Plataformas Fixas Situadas na Plataforma Continental (1988); ix)
Convenção Internacional para a Supressão de Atentados Terroristas a Bomba (1997) e; x) Convenção Internacional
para a Supressão do Financiamento do Terrorismo (1999).

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sua efetiva aplicação, o que inclui o estabelecimento em suas legislações nacionais de penas aos
delitos tipificados nesses tratados.

A Convenção Interamericana estabelece medidas para prevenir, combater e erradicar o


financiamento do terrorismo (art. 4º). Cada Estado-parte deverá estabelecer um regime jurídico e
administrativo focado em prevenir, combater e erradicar o financiamento do terrorismo, o que irá
incluir:

a) medidas para supervisão de bancos e instituições financeiras, incluindo exigências de


identificação de clientes, conservação de registros e comunicação de transações suspeitas
ou incomuns;

b) medidas de detecção e vigilância de movimentos transfronteiriços de dinheiro e


instrumentos negociáveis ao portador e;

c) medidas para assegurar que as autoridades competentes tenham a capacidade de


cooperar e intercambiar informações nos planos nacional e internacional.

No combate ao financiamento do terrorismo internacional, os Estados-parte deverão adotar as


medidas necessárias para identificar, congelar, embargar e, se for o caso, confiscar fundos ou
outros bens (art. 5º). Além disso, os Estados deverão adotar as medidas necessárias para que atos
de terrorismo internacional sejam incluídos como delitos prévios ao crime de lavagem de dinheiro
(art. 6º). Esses artigos buscam reforçar as normas já previstas na Convenção Internacional para a
Supressão do Financiamento do Terrorismo (1999).

A Convenção Interamericana estabelece uma série de medidas de cooperação interestatal:


cooperação no âmbito fronteiriço (art. 7º), cooperação entre autoridades competentes para
aplicação da lei (art. 8º), assistência judiciária mútua (art. 9º) e translado de pessoas sob custódia
(art. 10).

No âmbito fronteiriço, os Estados-parte promoverão a cooperação e o intercâmbio de informações


com o objetivo de aperfeiçoar as medidas de controle fronteiriço e aduaneiro para detectar e
prevenir a circulação internacional de terroristas e o tráfico de armas ou outros materiais destinados
a apoiar atividades terroristas. Busca-se, por meio da cooperação, aperfeiçoar os controles de
emissão dos documentos de viagem e identidade e evitar sua falsificação, adulteração ou utilização
fraudulenta.

Os Estados-parte deverão estabelecer e aperfeiçoar os canais de comunicação entre suas


autoridades competentes, a fim de facilitar o intercâmbio seguro e rápido de informações sobre
atos terroristas. Além disso, devem os Estados prestar a mais ampla assistência judiciária possível
com relação à prevenção, investigação e processo dos atos terroristas.

Na Convenção Interamericana, há a chamada inaplicabilidade da exceção por delito político, ou


seja, o terrorismo não pode ser considerado um delito político, motivo pelo qual não se pode negar

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um pedido de extradição ou de assistência judiciária mútua sob a única alegação de que aquele ato
se relaciona com um delito político (art. 11). Do mesmo modo, não se deve reconhecer a condição
de refugiado (art. 12), tampouco conceder asilo político (art. 13), àqueles que tenham praticado atos
terroristas.

Perceberam que a referida Convenção Regional segue a lógica disposta pelas Convenções de
caráter global? A Convenção Interamericana, seguindo a linha dos Tratados Internacionais de
combate ao terrorismo, se preocupa com o respeito aos direitos humanos. Todas as medidas
adotadas pelos Estados-parte deverão ser implementadas com pleno respeito ao Estado de direito,
aos direitos humanos e às liberdades fundamentais, não se podendo desconsiderar obrigações
internacionais, em especial aquelas decorrentes da Carta da ONU, da Carta da OEA, do Direito
Internacional Humanitário, do Direito Internacional dos Direitos Humanos e do Direito Internacional
dos Refugiados (art. 15).

Os Estados-parte deverão cooperar de maneira ampla no âmbito da OEA, inclusive no Comitê


Interamericano contra o Terrorismo (art. 17). Cabe destacar que a Convenção Interamericana está
aberta à adesão de todos os membros da OEA.

5 – RESOLUÇÃO Nº 1.373 DO CONSELHO DE SEGURANÇA DA ONU

5.1 – Introdução

Em 2001, como reação aos atentados terroristas de 11 de setembro, o Conselho de Segurança da


ONU adotou a Resolução nº 1.373, que teve como grande objetivo fazer uma condenação global do
fenômeno do terrorismo internacional e conclamar os Estados a combatê-lo.

A Resolução nº 1.373/CSNU foi internalizada no ordenamento jurídico brasileiro pelo Decreto nº


3.976/2001, passando as autoridades brasileiras a estarem vinculadas a seus dispositivos.

No Preâmbulo da Resolução nº 1.373, o Conselho de Segurança fez questão de mencionar que os


atos de terrorismo internacional constituem uma ameaça à paz e à segurança internacional e que,
portanto, devem ser combatidos por todos os meios admitidos pela Carta da ONU.

Além disso, o Conselho de Segurança reafirmou o direito inerente de legítima defesa individual ou
coletiva (tal como reconhecido na Carta da ONU) e instou os Estados a trabalharem em conjunto
para prevenir e reprimir atos terroristas. Reconheceu-se, ainda, a necessidade de os Estados
cooperarem para prevenir e reprimir, em seus territórios, o financiamento e a preparação de
quaisquer atos de terrorismo.

O terrorismo internacional também não pode ser, de qualquer modo, apoiado por algum Estado.
Conforme já havia sido afirmado em outros documentos internacionais anteriores, “todo Estado tem

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a obrigação de abster-se de organizar, instigar, auxiliar ou participar de atos terroristas em outro


Estado ou permitir, em seu território, atividades organizadas com o intuito de promover o
cometimento desses atos”.

5.2 – Obrigações impostas aos Estados

A Resolução nº 1.373/CSNU impõe uma série de obrigações aos Estados, as quais, inegavelmente,
envolvem um esforço legislativo e político para que sejam efetivamente implementadas.

Há vários tipos de obrigações. Algumas buscam combater o financiamento ao terrorismo


internacional; outras, estabelecem mecanismos de cooperação interestatal. Também há obrigações
que vedam qualquer tipo de apoio a grupos terroristas.

Os Estados devem prevenir e reprimir o financiamento de atos terroristas (art. 1º, alínea “a”). Para
isso, deverá ser criminalizado o fornecimento e a captação deliberada de fundos com a intenção de
serem usados para praticar atos terroristas (art. 1º, alínea “b”). Além disso, os Estados devem
congelar bens e ativos financeiros de pessoas que praticam, pretendem praticar ou de qualquer
modo participam de atos terroristas (art. 1º, alínea “c”) e proibir que seus nacionais disponibilizem
recursos e ativos financeiros a essas pessoas (art. 1º, alínea “d”).

Os Estados devem se abster de prover qualquer forma de apoio a entidades ou pessoas envolvidas
em atos terroristas (art. 2º, alínea “a”). Não se pode admitir, nesse sentido, que os Estados homiziem
pessoas que financiam, participam ou realizam atos terroristas (art. 2º, alínea “c”), tampouco que
permitam a utilização dos seus territórios por essas pessoas (art. 2º, alínea “d”). Os Estados devem
implementar rígido controle de fronteiras e de emissão de documentos de viagem, a fim de impedir
a movimentação de terroristas e de grupos terroristas.

Os Estados devem assegurar que qualquer pessoa que participe do financiamento, planejamento,
preparação ou perpetração de atos terroristas seja levada a julgamento. Para isso, as legislações e
códigos nacionais deverão considerar os atos terroristas como sendo graves delitos, recebendo uma
punição adequada (art. 2º, alínea “e”).

A Resolução nº 1.373/CSNU também traz obrigações de cooperação. Os Estados devem tomar todas
as medidas necessárias para prevenir o cometimento de atos terroristas, inclusive advertindo
tempestivamente outros Estados mediante intercâmbio de informações (art. 2º, alínea “b”). Além
disso, deverão auxiliar-se mutuamente em matéria de investigação criminal ou processos criminais
relativos ao financiamento ou apoio a atos terroristas, inclusive na cooperação para fornecimento
de provas (art. 2º, alínea “f”).

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5.3 – Recomendações aos Estados

Além das obrigações impostas pela Resolução nº 1.373/CSNU, esta também fez algumas
recomendações genéricas que visam aumentar a eficiência do combate ao terrorismo internacional.
Nesse sentido, o Conselho de Segurança da ONU exorta (estimula) todos os Estados a:

a) encontrar meios de intensificar e acelerar o intercâmbio de informações operacionais,


especialmente com relação às ações ou movimentações de terroristas e de suas redes;
fraude ou falsificação de documentos de viagem; tráfico de armas, explosivos ou materiais
sensíveis; uso de tecnologias de comunicação por grupos terroristas e; posse de armas de
destruição em massa por grupos terroristas.

b) intercambiar informações em conformidade com as leis nacionais e o direito internacional


e cooperar em assuntos administrativos e judiciários para evitar o cometimento de atos
terroristas;

c) cooperar, particularmente por intermédio de arranjos e acordos bilaterais e multilaterais,


para prevenir e reprimir o cometimento de ataques terroristas, bem como adotar medidas
contra os perpetradores desses atos;

d) tornar-se parte, tão logo quanto possível, das convenções e protocolos internacionais
específicos sobre terrorismo, inclusive a Convenção Internacional para a Supressão do
Financiamento do Terrorismo de 9 de dezembro de 1999;

e) incrementar a cooperação e implementar integralmente as convenções e protocolos


internacionais específicos sobre terrorismo, bem como as resoluções 1269 (1999) e 1368
(2001) do Conselho de Segurança;

f) tomar as medidas apropriadas antes de conceder o status de refugiado, de modo a


assegurar que o mesmo não seja concedido a solicitante que tenha planejado, facilitado
ou participado da execução de atos terroristas;

g) assegurar, em conformidade com o direito internacional, que o instituto do refúgio não


seja indevidamente utilizado por perpetradores, organizadores ou cúmplices de atos
terroristas, e que a alegação de motivação política do crime não seja reconhecida como
fundamento para denegar a extradição de acusados de terrorismo.

A Resolução nº 1.373/CSNU, como se pode notar, reconhece que o aprofundamento da cooperação


internacional, em especial por meio do intercâmbio de informações, é forte aliada no combate ao
terrorismo internacional. Nesse sentido, pode-se notar que, implicitamente, ela atribui aos serviços
de inteligência de Estado um papel fundamental no enfrentamento dessa ameaça global que é o
terrorismo.

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É importante destacar, ainda, que há uma estreita ligação entre terrorismo internacional e outras
ameaças transnacionais (como o crime organizado, o narcotráfico, a lavagem de dinheiro e o
contrabando de materiais nucleares, químicas e biológicos). São ameaças que não podem ser
enfrentadas por um país isoladamente; nesse sentido, é necessário incrementar os esforços nos
níveis nacional, sub-regional e internacional de modo a fortalecer uma reação global a essa séria
ameaça e desafio à segurança internacional.

5.4 – Criação do Comitê Antiterrorismo

A Resolução nº 1.373/CSNU criou um Comitê Antiterrorismo (vinculado ao Conselho de Segurança),


destinado a monitorar os esforços dos Estados para implementá-la.

O monitoramento feito pelo Comitê Antiterrorismo consiste em verificar se os Estados estão


colocando em prática as disposições da Resolução. Para isso, é estabelecida sistemática de envio de
informações ao Comitê Antiterrorismo.

1. (Questão Inédita)

O conceito de terrorismo internacional é objeto de discussões doutrinárias, não havendo


consenso a respeito do tema. No Brasil, a Lei nº 13.260/2016 (Lei Antiterrorismo) considera
que o terrorismo abrange ataques a pessoas e patrimônio, sendo irrelevante que o ato tenha
motivações específicas.

Comentários

De fato, a Lei nº 13.260/2016 considera que o terrorismo abrange ataques a pessoas e patrimônio.
No entanto, além disso, exige-se, para caracterizar o ato terrorista, motivação específica (xenofobia,
discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia e religião) e a finalidade de provocar terror social
ou generalizado. Questão errada.

2. (Questão Inédita)

A regulação do terrorismo internacional tem se limitado a tratados internacionais que fazem


uma condenação global do terrorismo, como é o caso da celebração da Convenção
Internacional para a Supressão do Financiamento do Terrorismo (1999). Não há preocupação
no combate a manifestações específicas do terrorismo.

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Comentários

A regulação do terrorismo internacional é objeto de duas abordagens distintas. A primeira engloba


as manifestações específicas do terrorismo, como sequestro de aeronaves e atentados à bomba. A
segunda abordagem, por outro lado, consiste em uma condenação global do fenômeno do
terrorismo internacional. Questão errada.

3. (Questão Inédita)

As convenções internacionais sobre o combate ao terrorismo internacional, sejam aquelas de


nível global ou regional, propugnam pelo incremento da cooperação interestatal e pela
definição de regras de jurisdição e de criminalização de condutas específicas.

Comentários

De maneira geral, é possível fazer tal afirmação. As convenções internacionais sobre o combate ao
terrorismo seguem um modelo básico, que busca incrementar a cooperação interestatal,
criminalizar condutas específicas e definir regras de jurisdição. Questão correta.

4. (Questão Inédita)

A Convenção Internacional sobre a Supressão de Atentados Terroristas com Bombas (1997)


estabelece que os Estados-parte deverão tipificar como crime o ato de qualquer pessoa que
ilícita e intencionalmente entrega, coloca, lança ou detona um artefato explosivo ou outro
artefato mortífero em, dentro ou contra um logradouro público, uma instalação estatal ou
governamental, um sistema de transporte público ou uma instalação de infraestrutura.

Comentários

É isso mesmo. Os Estados-parte deverão tipificar como crime os atentados terroristas com bombas,
inclusive a tentativa e a participação como cúmplice, organizador ou mesmo qualquer tipo de apoio
a esses atentados. Questão correta.

5. (Questão Inédita)

A Convenção Internacional sobre a Supressão de Atentados Terroristas com Bombas (1997)


permite que um Estado Parte exerça sua jurisdição no território de outro Estado Parte, em
relação aos delitos tipificados pela convenção.

Comentários

A jurisdição é territorial. Um Estado-parte não poderá exercer sua jurisdição no território de outro
Estado-parte. Questão errada.

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6. (Questão Inédita)

Os atentados terroristas com bombas, quando realizados em um contexto de revolução,


podem ser considerados delitos políticos, sendo possível, nesses casos, que se rejeite um
pedido de extradição ou de assistência jurídica mútua.

Comentários

A Convenção Internacional sobre a Supressão de Atentados Terroristas com Bombas (1997)


estabelece que os delitos por ela tipificados não poderão ser considerados delitos políticos. Isso
consiste na chamada inaplicabilidade da exceção por delito político. Questão errada.

7. (Questão Inédita)

A Convenção Internacional para a Supressão do Financiamento do Terrorismo (1999) prevê que


os Estados-parte deverão adotar medidas para a responsabilização criminal, civil ou
administrativa de pessoas jurídicas, quando a pessoa encarregada da administração ou do
controle daquela empresa tiver atuado no financiamento do terrorismo.

Comentários

De fato, a Convenção prevê que os Estados-parte deverão estabelecer medidas para a


responsabilização de pessoas jurídicas. Essa responsabilização poderá ser natureza criminal, civil ou
administrativa. Questão correta.

8. (Questão Inédita)

A Convenção Internacional para a Supressão do Financiamento do Terrorismo (1999)


estabelece que os Estados-parte deverão adotar medidas de supervisão do sistema financeiro,
bem como medidas para detectar o transporte físico transfronteiriço de moeda e de
instrumentos ao portador negociáveis. Além disso, prevê que os Estados-parte poderão trocar
informações por meio da INTERPOL.

Comentários

No combate ao financiamento do terrorismo internacional, é importante que sejam adotadas


medidas de supervisão do sistema financeiro, bem como medidas para detectar o transporte físico
transfronteiriço de moeda e de instrumentos ao portador negociáveis. Questão correta.

9. (Questão Inédita)

A Convenção Internacional para a Supressão do Financiamento do Terrorismo (1999) autoriza


que os Estados-parte adotem medidas para a identificação, detecção e o congelamento ou
confisco de quaisquer fundos empregados no financiamento do terrorismo. Entretanto,

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impede que os Estados-parte celebrem acordos entre si para a divisão dos fundos oriundos da
apreensão.

Comentários

A Convenção autoriza que os Estados-parte celebrem acordos entre si para a repartição dos fundos
oriundos da apreensão. Questão errada.

10. (Questão Inédita)

A Convenção Interamericana contra o Terrorismo (2002) estabelece que os Estados-parte


deverão adotar medidas para prevenir, combater e erradicar o financiamento do terrorismo,
dentre as quais a supervisão de bancos e instituições financeiras, incluindo exigências de
identificação de clientes e de comunicação de transações suspeitas ou incomuns.

Comentários

É isso mesmo. A Convenção Interamericana contra o Terrorismo (2002) estabelece medidas de


combate ao financiamento do terrorismo, incluindo aquelas de regulação do sistema financeiro.
Questão correta.

11. (Questão Inédita)

Não estão no escopo da Convenção Interamericana contra o Terrorismo (2002) os atentados


terroristas com bombas.

Comentários

O escopo da Convenção Interamericana é bem amplo, abrangendo 10 (dez) tratados, inclusive a


Convenção Internacional sobre a Supressão de Atentados Terroristas com Bombas (1997). Questão
errada.

12. (Questão Inédita)

A Resolução nº 1.373/CSNU estabelece que todo Estado tem a obrigação de abster-se de


organizar, instigar, auxiliar ou participar de atos terroristas em outro Estado ou permitir, em
seu território, atividades organizadas com o intuito de promover o cometimento desses atos.

Comentários

A Resolução nº 1.373/CSNU faz uma condenação global ao terrorismo, como reação aos atentados
terroristas de 11 de setembro de 2001. Além disso, foi responsável por instituir o Comitê
Antiterrorismo, vinculado ao Conselho de Segurança das Nações Unidas. Questão correta.

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13. (Questão Inédita)

A maior crítica sobre a Resolução nº 1.373/CSNU é que ela desconsidera a ligação entre o
terrorismo internacional e o crime organizado transnacional, o narcotráfico, a lavagem de
dinheiro, o contrabando de materiais nucleares, químicos, biológicos e outros materiais
potencialmente mortíferos.

Comentários

Ao contrário do que afirma o enunciado, a Resolução nº 1.373/CSNU reconhece a estreita ligação


entre o terrorismo internacional e outras ameaças transnacionais. Questão errada.

14. (Questão Inédita)

A Resolução nº 1.373/CSNU estabelece que todos os Estados deverão prevenir e reprimir o


financiamento de atos terroristas, bem como criminalizar o o fornecimento ou captação
deliberados de fundos por seus nacionais ou em seus territórios, por quaisquer meios, diretos
ou indiretos, com a intenção de serem usados ou com o conhecimento de que serão usados
para praticar atos terroristas. Além disso, a Resolução prevê que os Estados deverão, sem
demora, congelar fundos e ativos financeiros utilizados no financiamento do terrorismo
internacional.

Comentários

A Resolução nº 1.373/CSNU tem forte preocupação com o financiamento do terrorismo


internacional, determinando que os Estados criminalizem essa conduta, bem como atuem no
congelamento de fundos e ativos financeiros usados nessa atividade. Questão correta.

15. (Questão Inédita)

A Resolução nº 1.373/CSNU tem como um de seus grandes méritos a criação do Comitê


Antiterrorismo, destinado a monitorar a sua implementação nos estados-membros da ONU.

Comentários

Foi a Resolução nº 1.373/CSNU que criou o Comitê Antiterrorismo. Questão correta.

16. (Questão Inédita)

Ainda que os Estados-partes tenham plenamente ratificado a Convenção Internacional sobre a


Supressão de Atentados Terroristas com Bombas, os atentados terroristas com bombas não
poderão ser incluídos no rol de delitos que levam à extradição.

Comentários

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Os atentados terroristas com bombas serão considerados incluídos entre os delitos que levam à
extradição em todos os tratados de extradição que vinculam os Estados-parte da Convenção
Internacional sobre a Supressão de Atentados Terroristas com Bombas (1997). Questão errada.

17. (Questão Inédita)

Qualquer pessoa estará cometendo um delito quando, por qualquer meio, direta ou
indiretamente, ilegal e intencionalmente, prover ou receber fundos com a intenção de empregá-
los, ou ciente de que serão empregados, no todo ou em parte, para realizar um ato terrorista
internacional.

Comentários

Exato! Isso está descrito na Convenção Internacional para a Supressão do Financiamento do


Terrorismo (1999). Questão correta.

18. (Questão Inédita)

A Convenção Interamericana Contra o Terrorismo (2002) possui a mesma linha de proteção aos
direitos humanos que os tratados internacionais que versam sobre o terrorismo no seio das
Nações Unidas.

Comentários

A proteção internacional do terrorismo funciona nos âmbitos local, regional e global. Nesse sentido
é que se fundamenta a proteção aos direitos humanos, tanto no seio da Organização dos Estados
Americanos, caso da Convenção Interamericana Contra o Terrorismo (2002), quanto no seio das
Nações Unidas, em suas respectivas convenções. Questão correta.

19. (Questão Inédita)

A Convenção Interamericana sobre o Terrorismo dispõe que não se deve reconhecer a condição
de refugiado ou de asilado político aos indivíduos que tenham praticado atos terroristas.

Comentários

Sim. É o que se vê nos arts. 12 e 13 da referida Convenção. Questão correta.

20. (Questão Inédita)

A Convenção Internacional para a Supressão do Financiamento do Terrorismo (1999) prevê a


cooperação interestatal na prevenção do financiamento do terrorismo internacional, no qual os
Estados-parte deverão cooperar por meio da adoção de medidas apropriadas, como a adaptação
de suas leis nacionais.

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Comentários

A Convenção procura a cooperação interestatal e é correta a assertiva que dispõe que os Estados-
parte devem adaptar suas leis nacionais com a finalidade de cooperação para a supressão do
financiamento do terrorismo. Questão correta.

21. (Questão Inédita)

O Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou a sua Resolução 1373 motivado pelo
atentado do dia 11 de setembro de 2001.

Comentários

Sim. Apesar de já existirem dezenas de tratados internacionais que regulavam o terrorismo


internacional, o momento em que houve uma efetiva mudança nas políticas internacionais acerca
do terrorismo foi logo após o atentado do 11 de setembro de 2001. Questão correta.

22. (Questão Inédita)

As Convenções Internacionais que versam sobre o terrorismo são bastante diferentes umas das
outras e sempre optam por inovar na luta contra o terror.

Comentários

Na realidade, as Convenções Internacionais que versam sobre o terrorismo seguem um modelo


semelhante, seja no âmbito regional ou global. Elas até optam por inovar, mas, de fato, são muito
parecidas. Questão errada.

23. (Questão Inédita)

Uma das críticas à Convenção Internacional sobre a Supressão de Atentados Terroristas com
Bombas (1997) é que ela não pune os indivíduos que tentaram cometer atos de terrorismo, nem
a participação de cúmplices ou organizadores do atentado.

Comentários

Errado! É justamente o contrário. Na referida Convenção, há a expressa previsão da possibilidade de


se punir os indivíduos que tentaram cometer atos de terrorismo, além dos cúmplices ou
organizadores de um atentado. Questão errada.

24. (Questão Inédita)

A Resolução nº 1.373/CSNU, devido à falha no tratamento das Nações Unidas com a temática
do terrorismo, propôs um rompimento com as ideias anteriores ao 11 de setembro de 2011.

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Comentários

Não se pode dizer que houve um rompimento, pelo contrário, houve um fortalecimento das políticas
antiterroristas com a chegada da Resolução nº 1.373 do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Questão errada.

25. (Questão Inédita)

A Resolução nº 1.373/CSNU exorta todos os Estados a encontrarem meios de intensificar e


acelerar o intercâmbio de informações operacionais, especialmente com relação às ações ou
movimentações de terroristas e de suas redes.

Comentários

Sim. De fato, a Resolução nº 1.373 traz a recomendação de que os Estados encontrem meios de
intensificar e acelerar o intercambio das informações operacionais, de forma a reduzir o terrorismo.
Questão correta.

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LISTA DE QUESTÕES
1. (Instituto Rio Branco – 2009)

A Convenção de Palermo, ratificada pelo Brasil, tem como objetivo promover a cooperação
jurídica e policial no combate e na prevenção do crime organizado transnacional.

2. (CGU-2008)

Os países membros do Mercosul adotaram o Protocolo de Assistência Jurídica Mútua em


==146f25==

Assuntos Penais, que prevê, entre outros aspectos, a colaboração na investigação de delitos,
bem como a cooperação nos procedimentos judiciais em temas criminais. Sobre esse
instrumento, assinale a opção falsa.

a) A assistência prevista no referido Protocolo inclui, por exemplo, a localização e a


identificação de pessoas, e o cumprimento de medidas cautelares sobre bens.

b) A realização das diligências solicitadas no contexto desse Protocolo deve ser regida pelas leis
do Estado requerido, e não do Estado requerente.

c) O Brasil ratificou o referido Protocolo e encontra- se juridicamente vinculado a ele.

d) O Estado requerido poderá denegar a assistência prevista no Protocolo quando a solicitação


refira-se, por exemplo, a um delito tributário.

e) Esse Protocolo não poderá ser aplicado caso as condutas que motivem o pedido de
assistência não constituam crime no Estado requerido.

3. (CGU-2008)

Assinale o único instrumento jurídico-internacional listado abaixo ao qual o Brasil não está
vinculado.

a) Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção (2003).

b) Convenção da OCDE sobre o Combate à Corrupção de Funcionários Públicos Estrangeiros


em Transações Comerciais Internacionais (1997).

c) Convenção das Nações Unidas sobre o Crime Organizado Transnacional (2000).

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d) Convenção Interamericana contra a Corrupção (1996).

e) Convenção Europeia para o Combate à Corrupção de Funcionários das Comunidades


Europeias ou de seus Estados Membros (1997).

4. (Procurador da República – 2011)

Na assistência jurídica mútua em matéria penal, a repartição de ativos relacionados à atividade


criminosa (“asset sharing”):

a) é vedada para os ativos relacionados à apropriação ilícita de fundos públicos;

b) é estimulada pela Convenção de Palermo;

c) é permitida somente para ativos decorrentes do tráfico de entorpecentes;

d) depende de autorização do Senado Federal, quando se tratar de ativos relacionados à


apropriação ilícita de fundos públicos.

5. (AGU – 2015)

A dupla incriminação tem sido considerada requisito dispensável em certos acordos de


cooperação jurídica em matéria penal celebrados pelo Brasil.

6. (Questão Inédita)

O conceito de terrorismo internacional é objeto de discussões doutrinárias, não havendo


consenso a respeito do tema. No Brasil, a Lei nº 13.260/2016 (Lei Antiterrorismo) considera
que o terrorismo abrange ataques a pessoas e patrimônio, sendo irrelevante que o ato tenha
motivações específicas.

7. (Questão Inédita)

A regulação do terrorismo internacional tem se limitado a tratados internacionais que fazem


uma condenação global do terrorismo, como é o caso da celebração da Convenção
Internacional para a Supressão do Financiamento do Terrorismo (1999). Não há preocupação
no combate a manifestações específicas do terrorismo.

8. (Questão Inédita)

As convenções internacionais sobre o combate ao terrorismo internacional, sejam aquelas de


nível global ou regional, propugnam pelo incremento da cooperação interestatal e pela
definição de regras de jurisdição e de criminalização de condutas específicas.

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9. (Questão Inédita)

A Convenção Internacional sobre a Supressão de Atentados Terroristas com Bombas (1997)


estabelece que os Estados-parte deverão tipificar como crime o ato de qualquer pessoa que
ilícita e intencionalmente entrega, coloca, lança ou detona um artefato explosivo ou outro
artefato mortífero em, dentro ou contra um logradouro público, uma instalação estatal ou
governamental, um sistema de transporte público ou uma instalação de infraestrutura.

10. (Questão Inédita)

A Convenção Internacional sobre a Supressão de Atentados Terroristas com Bombas (1997)


permite que um Estado Parte exerça sua jurisdição no território de outro Estado Parte, em
relação aos delitos tipificados pela convenção.

11. (Questão Inédita)

Os atentados terroristas com bombas, quando realizados em um contexto de revolução,


podem ser considerados delitos políticos, sendo possível, nesses casos, que se rejeite um
pedido de extradição ou de assistência jurídica mútua.

12. (Questão Inédita)

A Convenção Internacional para a Supressão do Financiamento do Terrorismo (1999) prevê que


os Estados-parte deverão adotar medidas para a responsabilização criminal, civil ou
administrativa de pessoas jurídicas, quando a pessoa encarregada da administração ou do
controle daquela empresa tiver atuado no financiamento do terrorismo.

13. (Questão Inédita)

A Convenção Internacional para a Supressão do Financiamento do Terrorismo (1999)


estabelece que os Estados-parte deverão adotar medidas de supervisão do sistema financeiro,
bem como medidas para detectar o transporte físico transfronteiriço de moeda e de
instrumentos ao portador negociáveis. Além disso, prevê que os Estados-parte poderão trocar
informações por meio da INTERPOL.

14. (Questão Inédita)

A Convenção Internacional para a Supressão do Financiamento do Terrorismo (1999) autoriza


que os Estados-parte adotem medidas para a identificação, detecção e o congelamento ou
confisco de quaisquer fundos empregados no financiamento do terrorismo. Entretanto,
impede que os Estados-parte celebrem acordos entre si para a divisão dos fundos oriundos da
apreensão.

15. (Questão Inédita)

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A Convenção Interamericana contra o Terrorismo (2002) estabelece que os Estados-parte


deverão adotar medidas para prevenir, combater e erradicar o financiamento do terrorismo,
dentre as quais a supervisão de bancos e instituições financeiras, incluindo exigências de
identificação de clientes e de comunicação de transações suspeitas ou incomuns.

16. (Questão Inédita)

Não estão no escopo da Convenção Interamericana contra o Terrorismo (2002) os atentados


terroristas com bombas.

17. (Questão Inédita)

A Resolução nº 1.373/CSNU estabelece que todo Estado tem a obrigação de abster-se de


organizar, instigar, auxiliar ou participar de atos terroristas em outro Estado ou permitir, em
seu território, atividades organizadas com o intuito de promover o cometimento desses atos.

18. (Questão Inédita)

A maior crítica sobre a Resolução nº 1.373/CSNU é que ela desconsidera a ligação entre o
terrorismo internacional e o crime organizado transnacional, o narcotráfico, a lavagem de
dinheiro, o contrabando de materiais nucleares, químicos, biológicos e outros materiais
potencialmente mortíferos.

19. (Questão Inédita)

A Resolução nº 1.373/CSNU estabelece que todos os Estados deverão prevenir e reprimir o


financiamento de atos terroristas, bem como criminalizar o o fornecimento ou captação
deliberados de fundos por seus nacionais ou em seus territórios, por quaisquer meios, diretos
ou indiretos, com a intenção de serem usados ou com o conhecimento de que serão usados
para praticar atos terroristas. Além disso, a Resolução prevê que os Estados deverão, sem
demora, congelar fundos e ativos financeiros utilizados no financiamento do terrorismo
internacional.

20. (Questão Inédita)

A Resolução nº 1.373/CSNU tem como um de seus grandes méritos a criação do Comitê


Antiterrorismo, destinado a monitorar a sua implementação nos estados-membros da ONU.

21. (Questão Inédita)

Ainda que os Estados-partes tenham plenamente ratificado a Convenção Internacional sobre a


Supressão de Atentados Terroristas com Bombas, os atentados terroristas com bombas não
poderão ser incluídos no rol de delitos que levam à extradição.

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22. (Questão Inédita)

Qualquer pessoa estará cometendo um delito quando, por qualquer meio, direta ou
indiretamente, ilegal e intencionalmente, prover ou receber fundos com a intenção de empregá-
los, ou ciente de que serão empregados, no todo ou em parte, para realizar um ato terrorista
internacional.

23. (Questão Inédita)

A Convenção Interamericana Contra o Terrorismo (2002) possui a mesma linha de proteção aos
direitos humanos que os tratados internacionais que versam sobre o terrorismo no seio das
Nações Unidas.

24. (Questão Inédita)

A Convenção Interamericana sobre o Terrorismo dispõe que não se deve reconhecer a condição
de refugiado ou de asilado político aos indivíduos que tenham praticado atos terroristas.

25. (Questão Inédita)

A Convenção Internacional para a Supressão do Financiamento do Terrorismo (1999) prevê a


cooperação interestatal na prevenção do financiamento do terrorismo internacional, no qual os
Estados-parte deverão cooperar por meio da adoção de medidas apropriadas, como a adaptação
de suas leis nacionais.

26. (Questão Inédita)

O Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou a sua Resolução 1373 motivado pelo
atentado do dia 11 de setembro de 2001.

27. (Questão Inédita)

As Convenções Internacionais que versam sobre o terrorismo são bastante diferentes umas das
outras e sempre optam por inovar na luta contra o terror.

28. (Questão Inédita)

Uma das críticas à Convenção Internacional sobre a Supressão de Atentados Terroristas com
Bombas (1997) é que ela não pune os indivíduos que tentaram cometer atos de terrorismo,
nem a participação de cúmplices ou organizadores do atentado.

29. (Questão Inédita)

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A Resolução nº 1.373/CSNU, devido à falha no tratamento das Nações Unidas com a temática
do terrorismo, propôs um rompimento com as ideias anteriores ao 11 de setembro de 2011.

30. (Questão Inédita)

A Resolução nº 1.373/CSNU exorta todos os Estados a encontrarem meios de intensificar e


acelerar o intercâmbio de informações operacionais, especialmente com relação às ações ou
movimentações de terroristas e de suas redes.

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GABARITO
1. CERTA
2. Letra E
3. Letra E
4. Letra B
5. CERTA
6. ERRADA
7. ERRADA
8. CERTA
9. CERTA
10. ERRADA
11. ERRADA
12. CERTA
13. CERTA
14. ERRADA
15. CERTA
16. ERRADA
17. CERTA
18. ERRADA
19. CERTA
20. CERTA
21. ERRADA
22. CERTA
23. CERTA
24. CERTA
25. CERTA
26. CERTA
27. ERRADA
28. ERRADA
29. ERRADA
30. CERTA

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