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Aula 14
AULA 14
SUJEITOS DE DIP (PARTE II)
Imunidade de Jurisdição Estatal ......................................................................................... 3
1 - Introdução .................................................................................................................................... 3
3 - Imunidade de Execução................................................................................................................ 5
Gabarito .......................................................................................................................... 24
Abraços,
Ricardo Vale
ricardovale@estrategiaconcursos.com.br
https://www.instagram.com/profricardovale/
http://www.instagram.com/matalanio/
1 - INTRODUÇÃO
Em Direito Internacional, jurisdição não se confunde com função jurisdicional. Jurisdição é um poder
atribuído ao Estado, por meio do qual este manifesta sua soberania sobre pessoas, bens e situações.
Segundo Malcom Shaw, a jurisdição é uma característica essencial da soberania estatal, pois é um
exercício de autoridade que pode criar, modificar ou extinguir relações e obrigações jurídicas,
efetivando-se por meio da ação legislativa, executiva ou judicial.1
O Estado exerce jurisdição geral e exclusiva sobre o seu território. Sua soberania se manifesta
alcançando todas as pessoas e bens que nele se encontram, independentemente de nacionalidade
ou de qualquer outra circunstância. Por vezes, a jurisdição estatal também irá alcançar pessoas e
bens situados fora do seu território. É o que se denomina jurisdição extraterritorial.
Todavia, a jurisdição estatal não é absoluta. Há certas pessoas e entes que gozam de imunidade de
jurisdição.
No atual cenário internacional, marcado pela globalização, é comum que o Estado se relacione com
pessoas físicas (nacionais ou estrangeiras), pessoas jurídicas (nacionais ou estrangeiras) ou, ainda,
com outros Estados e organizações internacionais. Dessas relações, podem se originar conflitos, que
demandam a ação do Poder Judiciário.
Nesse contexto é que surge a problemática da “imunidade de jurisdição estatal”, que busca
responder a seguinte pergunta: pode o Estado estrangeiro se submeter à jurisdição de outro Estado?
O tema é amplamente discutido no âmbito do Direito Internacional. Como exemplo, em 2004, foi
celebrada a Convenção das Nações Unidas sobre as Imunidades Jurisdicionais dos Estados e dos seus
bens, a qual, todavia, ainda não está em vigor. Ao mesmo tempo, vários países adotam, em seus
ordenamentos jurídicos internos, normas a respeito da matéria.
1
SHAW, Malcolm N. Direito Internacional. São Paulo: Ed. Martins Fontes, 2010. pp.471.
No Brasil, a imunidade de jurisdição estatal não é objeto de normas positivas. Sua regulação coube
à jurisprudência dos Tribunais, que reconhece tratar-se a imunidade de jurisdição de norma
consuetudinária de Direito Internacional, amplamente aceita.
A imunidade de jurisdição é um atributo dos Estados, segundo o qual eles não podem ser
submetidos ao Poder Judiciário de um outro Estado estrangeiro. Há um tempo atrás, considerava-
se que a imunidade de jurisdição estatal era absoluta em razão da aplicação do conceito do “par in
parem non habet judicium”, considerada regra costumeira de direito internacional. Essa expressão
em latim significa que não há jurisdição entre os pares, isto é, um Estado não se submete à jurisdição
de outro Estado.
Nesse contexto, faz-se necessário diferenciar quando um Estado pratica um ato de império e um ato
de gestão. Segundo Portela2, atos de império são aqueles que o Estado pratica no exercício de suas
prerrogativas soberanas. Conforme já decidiu o STF, os atos bélicos praticados por Estado
estrangeiro durante período de guerra correspondem a atos de império e, portanto, não geram
responsabilização.3
Os atos de gestão, por sua vez, são aqueles exercidos pelo Estado em igualdade de condições com
os particulares. Dentre os atos de gestão, podemos citar os que se referem a aluguel e compra de
bens móveis e imóveis, contratação de prestadores de serviços e de empregados e, ainda, as causas
relativas à responsabilidade civil. Assim, pode-se afirmar que não há imunidade de jurisdição nas
causas relativas à responsabilidade civil, tendo em vista que estas têm natureza de atos de gestão.
Imaginem só, amigos, o caso de um funcionário brasileiro de uma embaixada estrangeira aqui no
Brasil. Se o Estado estrangeiro não fizer o pagamento de férias a esse funcionário, como ficará a
situação? Ele terá que entrar contra o Estado estrangeiro perante a Justiça do Trabalho! Ih, mas o
Estado estrangeiro goza de imunidade de jurisdição! Não, nos casos levados à Justiça do Trabalho, o
STF decidiu que há uma exceção à imunidade de jurisdição do Estado estrangeiro.
2
PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Público e Privado. Salvador: Editora Juspodium, 2009
3
ARE nº 953.656. Rel. Min. Luiz Fux. 30.08.2016.
Além das lides trabalhistas, entende a doutrina que os demais atos de gestão – aquisição de bens
móveis e imóveis, por exemplo – não são abrangidos pela imunidade de jurisdição estatal. Assim,
nestes casos, o Estado estrangeiro estará sujeito à jurisdição brasileira.
Mas será que há possibilidade de renúncia do Estado à imunidade de jurisdição? Sim, existe essa
possibilidade! O Estado poderá renunciar à imunidade de jurisdição, submetendo-se ao Poder
Judiciário estrangeiro. Destaque-se, todavia, que, se houver renúncia à imunidade no processo de
conhecimento, isso não implica renúncia à imunidade no processo de execução, em relação ao qual
se exigirá nova renúncia.
3 - IMUNIDADE DE EXECUÇÃO
Bem, o Estado estrangeiro se submeteu à jurisdição brasileira, tendo sido condenado. No entanto,
todos os bens desse Estado estão gravados por cláusula de inviolabilidade. Nesse rumo, a
jurisprudência do STF considera que a imunidade de execução do Estado estrangeiro é absoluta.
O resultado disso é que, mesmo havendo uma decisão contrária a um Estado estrangeiro em uma
lide trabalhista, esta poderá não ter efetividade, tendo em vista a impossibilidade de se fazer a
cobrança judicial em processo executório. Apesar disso, pode ocorrer (como, de fato, já ocorreu na
prática!) de o Estado estrangeiro, voluntariamente, pagar a dívida trabalhista em questão.
Destaque-se, ainda, que, caso o Estado estrangeiro tenha renunciado à imunidade de jurisdição,
isso não implica renúncia da sua imunidade de execução. Assim, se houve renúncia à imunidade no
processo de conhecimento, será necessária nova renúncia no processo de execução, sem o que a
sentença não será cumprida.
A imunidade de jurisdição dos Estados tem origem em costume internacional. Por outro lado, a
imunidade das organizações internacionais tem origem diversa. Ela surge do direito convencional,
isto é, de tratados internacionais.
Pedro, cidadão brasileiro, presta serviços como cozinheiro na embaixada do Estado X no Brasil.
Após constatar que vários dos direitos trabalhistas previstos na Consolidação das Leis do
Trabalho estavam sendo desrespeitados, Pedro decidiu ajuizar ação na justiça do trabalho
brasileira. Com base nessa situação hipotética, assinale a opção correta.
a) Deve ser seguido o procedimento descrito na Convenção das Nações Unidas sobre
Imunidades de Jurisdição e Execução do Estado.
c) A imunidade de jurisdição do Estado estrangeiro é absoluta por força de uma norma jus
cogens.
Comentários:
Letra A: errada. Até já existem tratados internacionais sobre o tema imunidade de jurisdição. Em
2005, foi adotado, no âmbito da ONU, o texto da “Convenção sobre Imunidades Jurisdicionais do
4
RE 578.543/MT. Rel. Min. Ellen Gracie. 15.05.2013.
Estado e de seus bens”. Entretanto, essa convenção ainda não está em vigor e as regras existentes
sobre imunidade de jurisdição são de natureza costumeira.
Letra B: certa. Segundo entendimento do STF, não há imunidade de jurisdição do Estado estrangeiro
no Brasil em matéria trabalhista.
Letra C: errada. A imunidade de jurisdição do Estado estrangeiro não é absoluta, abrangendo apenas
os atos de império.
O Estado estrangeiro está sujeito à jurisdição brasileira quando pratica ato jure gestiones,
como, por exemplo, a aquisição de bens móveis e imóveis.
Comentários:
A imunidade de jurisdição do Estado estrangeiro está limitada aos atos de império. Logo, quando
pratica atos de gestão, o Estado estrangeiro se submete à jurisdição brasileira. Questão correta.
Comentários:
Não há imunidade de jurisdição nas causas relativas à responsabilidade civil. Questão errada.
A regra que dispõe não haver jurisdição entre os pares (par in parem non habet judicium) não
mais se aplica ao relacionamento entre Estados tendo em vista o princípio da jurisdição
universal.
Comentários:
Não existe um princípio de jurisdição universal, sendo que ainda se aplica a regra “par in parem non
habet judicium”, particularmente no que diz respeito à imunidade de execução. A imunidade de
jurisdição, por sua vez, abrange unicamente os atos de império, o que já é considerado regra de
direito internacional consuetudinário por autores como Accioly. Questão errada.
Comentários:
Se houver renúncia estatal à imunidade no processo de conhecimento, isso não implica renúncia no
processo de execução. Logo, é necessária nova renúncia quanto à imunidade de execução. Questão
errada.
Em primeiro lugar, cabe-nos destacar a diferença entre o serviço diplomático e o serviço consular.
Qual a diferença entre um diplomata e um cônsul? Em rápidas palavras, podemos dizer que o
diplomata é o representante do Estado em suas relações internacionais, enquanto o cônsul é o
responsável por oferecer aos nacionais proteção e assistência no exterior – assuntos privados.
Assim, o diplomata representa o Estado de origem frente à soberania local, enquanto o cônsul
representa o Estado de origem para o fim de cuidar, onde atue, de interesses privados.
Para que possam exercer com tranquilidade suas funções no exterior, esses representantes do
Estado possuem certos privilégios e garantias. Esses privilégios e garantias representam uma
espécie de imunidade de jurisdição, ou seja, definem situações em que o Estado soberano não
poderá submeter os representantes de outros Estados à sua jurisdição.
Várias teorias existem sobre o fundamento e a natureza jurídica das imunidades diplomáticas e
consulares. Afinal de contas, por que os diplomatas e cônsules possuem privilégios e garantias? Será
que é somente para beneficiá-los? Seria uma espécie de prêmio?
A resposta mais aceita atualmente é dada pela Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas,
que, encampa, em seu preâmbulo, a doutrina funcional estabelecendo que:
A Convenção de Viena de 1961 (sobre relações diplomáticas) prevê privilégios e garantias bem mais
extensos do que a Convenção de Viena de 1963. Para ilustrar isso, Rezek apresenta o seguinte
raciocínio, que, por sua didática, transcrevemos a seguir:
“É indiferente ao direito internacional o fato de que inúmeros países – entre os quais o Brasil
– tenham unificado as duas carreiras, e que cada profissional da diplomacia, nesses países,
transite constantemente entre funções consulares e funções diplomáticas. A exata função
desempenhada em certo momento e em certo país estrangeiro é o que determina a pauta de
privilégios. Assim, ao jovem diplomata brasileiro que atue como terceiro-secretário de nossa
embaixada em Nairobi aplica-se a Convenção de 1961 – não a de 1963 -, e ele terá uma
cobertura mais ampla que aquela de goza o cônsul geral do Brasil em Nova York, veterano
titular de um dos postos mais disputados da carreira.” 6
A Convenção de Viena de 1961 estabelece dois tipos de prerrogativas para o serviço diplomático: as
aplicáveis à missão diplomática e as aplicáveis aos agentes diplomáticos.
Os locais da missão diplomática são invioláveis (art.22), isto é, os agentes do Estado acreditado7
não poderão neles penetrar sem o consentimento do Chefe da missão. Ademais, os locais da Missão,
5
MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Curso de Direito Internacional Público, 4ª ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais,
2010
6
REZEK, Francisco. Direito Internacional Público: curso elementar, 11ª Ed, rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2008.
7
Estado acreditado é aquele que recebe os agentes diplomáticos e consulares; Estado acreditante é aquele que envia
os agentes diplomáticos e consulares.
seu mobiliário e demais bens neles situados, assim como os meios de transporte da Missão, não
poderão ser objeto de busca, requisição, embargo ou medida de execução. Também os arquivos,
os documentos e a correspondência oficial da Missão são invioláveis.
No que diz respeito aos tributos, o Estado acreditante e o Chefe da Missão estão isentos de todos
os impostos e taxas incidentes sobre os locais da Missão. Além disso, os direitos e emolumentos
que a Missão perceba em razão da prática de atos oficiais (como a concessão de vistos) estarão
isentos de todos os impostos ou taxas.
Os agentes diplomáticos gozam de inviolabilidade pessoal e domiciliar, isto é, não podem ser objeto
de qualquer forma de prisão ou detenção e, ainda, sua residência particular goza da mesma proteção
que os locais da missão. Eles também não podem ser obrigados a prestar depoimento como
testemunha.
Os agentes diplomáticos gozam de ampla imunidade de jurisdição penal, sendo esta absoluta. Isso
quer dizer que, em hipótese alguma, um diplomata que cometa um crime no Estado acreditado
poderá ser preso, processado e julgado por esse Estado estrangeiro. Os agentes diplomáticos
também possuem imunidade de jurisdição civil e administrativa, as quais, todavia, não são
absolutas, tendo sido restringidas pelo art. 31 da Convenção de Viena:
Artigo 31
a) uma ação sobre imóvel privado situado no território do Estado acreditado, salvo se o agente
diplomático o possuir por conta do Estado acreditante para os fins da missão;
b) uma ação sucessória na qual o agente diplomático figure, a título privado e não em nome do
Estado, como executor testamentário, administrador, herdeiro ou legatário;
c) uma ação referente a qualquer profissão liberal ou atividade comercial exercida pelo agente
diplomático no Estado acreditado fora de suas funções oficiais.
Na hipótese da alínea “a”, o diplomata possui um imóvel privado no Estado acreditado e sobre ele
é impetrada uma ação. Nesse caso, não haverá imunidade de jurisdição civil por parte do diplomata,
a menos que ele o possua para os fins da missão.
Na hipótese da alínea “b”, por sua vez, há uma ação sucessória sobre um imóvel na qual o diplomata
figura a título estritamente privado. Como ele não está, nesse caso, desempenhando funções
estatais, ele não terá a imunidade de jurisdição civil.
Por fim, na hipótese da alínea “c”, o diplomata exerce uma profissão liberal ou atividade comercial
no Estado acreditado que não tem qualquer relação com suas funções oficiais e há uma ação em
que ele esteja envolvido. Nesse caso, por estar envolvido novamente a título privado, ele também
não irá gozar de imunidade de jurisdição. Cabe registrar, quanto a esse ponto, que o agente
diplomático não pode exercer no Estado acreditado nenhuma atividade profissional ou comercial
em proveito próprio (art. 42).
Os agentes diplomáticos também gozam de imunidade tributária, mas esta diz respeito unicamente
aos tributos diretos, não se aplicando aos tributos indiretos. Não é porque o sujeito é diplomata que
ele não vai precisar pagar o ICMS referente a uma televisão que ele adquirir, ok? Além disso, a
entrada no Estado acreditado de objetos destinados ao uso oficial da Missão e de objetos
destinados ao uso pessoal do agente diplomático ou dos membros de sua família é livre de direitos
aduaneiros e outras taxas (art.36).
Todos os privilégios dos agentes diplomáticos em matéria civil, administrativa, penal e tributária
estendem-se aos membros das respectivas famílias. Destaque-se que o conceito de família não foi
definido pela Convenção de Viena de 1961. Assim, para fazer jus à extensão dos benefícios, esses
indivíduos deverão ter seus nomes relacionados em uma “lista diplomática”.
Os membros do pessoal de serviço da Missão diplomática, por sua vez, somente farão jus às
imunidades (penal, civil, administrativa) em relação aos atos praticados no exercício de suas
funções e desde que não sejam nacionais do Estado acreditado nem nele tenham residência
permanente.
É, meus amigos! Como vocês podem ver, esses representantes de um Estado perante o outro gozam
de inúmeros privilégios. Mas será que só por isso eles podem ficar desrespeitando as leis do país
onde tenham se estabelecido?
É claro que não! A Convenção de Viena estabelece o primado do direito local, segundo o qual,
embora imune ao processo, um diplomata deverá observar as leis do país em que se encontra. Não
é porque um diplomata está imune ao processo civil ou penal que ele vai transgredir uma norma do
país onde se encontra, ok? Essa é a interpretação que devemos fazer do art. 31, parágrafo 4º da
Convenção de Viena de 1961, que estabelece que: “A imunidade de jurisdição de um agente
diplomático no Estado acreditado não o isenta da jurisdição do Estado acreditante.”
8
Como exemplos de membros do quadro administrativo e técnico de uma missão diplomática podemos citar os
Oficiais de Chancelaria e os Assistentes de Chancelaria.
9
É comum que a Missão diplomática tenha como funcionários em seu quadro administrativo e técnico nacionais do
Estado acreditado. Esses indivíduos não farão jus às imunidades previstas na Convenção de Viena de 1961.
“Entendi, Ricardo! Agora me diga o seguinte: e se um diplomata americano representando seu país
cometer um crime aqui no Brasil? Ele pode renunciar à sua imunidade?
Excelente pergunta! Não, ele não pode! Somente o Estado acreditante pode renunciar à imunidade
processual, nunca o próprio beneficiário da imunidade! E você sabe por quê?
Porque o Estado acreditante quer, na verdade, manter a exclusividade em julgar aquele que “sujou”
seu nome. Mas também seria difícil o diplomata renunciar à sua imunidade para deixar-se ir preso,
não é mesmo?
Embora não possa prender o diplomata estrangeiro (em razão da imunidade de jurisdição penal), o
Estado acreditado possui outra forma de mostrar sua reprovação ao agente diplomático: por meio
da declaração de persona non grata.
O art. 9º da Convenção de Viena de 1961 estabelece que “o Estado acreditado poderá a qualquer
momento, e sem ser obrigado a justificar a sua decisão, notificar ao Estado acreditante que o Chefe
da Missão ou qualquer membro do pessoal diplomático da Missão é persona non grata ou que
outro membro do pessoal da missão não é aceitável.”. Percebam, amigos, que a declaração de
persona non grata independe de qualquer processo administrativo prévio, ou seja, independe da
observância do devido processo legal.
O Estado acreditado não é obrigado a aceitar os agentes diplomáticos enviados pelo Estado
acreditante. Ao contrário, antes mesmo que esse agente diplomático adentre seu território, ele
poderá ser declarado persona non grata.
Há que se mencionar, ainda, que existe um processo próprio para a nomeação dos chefes das
missões diplomáticas (os embaixadores). A Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas prevê
que o Estado acreditante deverá se certificar de que a pessoa que pretende nomear para chefe da
missão diplomática perante o Estado acreditado obteve o “agrément”. O “agrément” é um ato
unilateral por meio do qual o Estado acreditado, discricionariamente, indica que aceita a indicação
de embaixador feita pelo Estado acreditante.
No que diz respeito à imunidade penal, os funcionários consulares não poderão ser detidos ou
presos preventivamente, exceto em caso de crime grave e em decorrência de sentença de
autoridade judiciária competente.
Segundo o art. 44, da Convenção de Viena de 1963, “os membros de uma repartição consular não
serão obrigados a depor sobre fatos relacionados com o exercício de suas funções, nem a exibir
correspondência e documentos oficiais que a elas se refiram”.
Da mesma forma, a imunidade civil dos cônsules e funcionários consulares está limitada ao exercício
de suas funções. No que diz respeito à imunidade tributária, ela é semelhante à que fazem jus os
agentes diplomáticos, abrangendo apenas os tributos diretos. Os locais consulares são invioláveis
na medida estrita de sua utilização funcional, e gozam de imunidade tributária. Os arquivos e
documentos consulares, a exemplo dos diplomáticos, são invioláveis em qualquer circunstância e
onde quer que se encontrem.
É fundamental destacarmos que os privilégios consulares não são extensíveis a suas famílias.
(IMPORTANTE!!!) Isso porque as imunidades outorgadas aos funcionários consulares pela
Convenção de Viena de 1963 se limitam aos atos praticados no exercício de suas funções.
Comentários:
Os cônsules não podem ser obrigados a depor sobre fatos relacionados com o exercício de suas
funções, nem a exibir correspondência e documentos oficiais que a elas se refiram.
Comentários:
É o que dispõe o art. 44, da Convenção de Viena de 1963. Os cônsules não serão obrigados a depor
sobre fatos relacionados ao exercício de suas funções, nem a exibir correspondência e documentos
oficiais que a elas se refiram. Questão correta.
Comentários:
==146f25==
Comentários:
O agente diplomático não poderá ser objeto de qualquer forma de prisão ou detenção. Sua
residência particular goza da mesma proteção que os locais da missão diplomática. Questão errada.
d) não gozam de imunidade pessoal, ainda que exerçam funções consulares em seção
respectiva de missão diplomática.
Comentários:
Letra A: errada. Não se pode dizer que os agentes consulares têm imunidade plena. A imunidade
dos agentes consulares se limita aos atos praticados no exercício da função.
Letra B: correta. De fato, a imunidade dos agentes consulares abrange os atos oficiais, dentro da
jurisdição consular.
Letra C: errada. Embora isso seja feito no Brasil, os agentes consulares não precisam,
necessariamente, ser membros da carreira diplomática.
Letra D: errada. Os agentes consulares gozam de imunidade pessoal, embora esta não seja tão
ampla quanto a dos diplomatas. Os diplomatas não se submetem a qualquer forma de prisão ou
detenção. Já os agentes consulares podem ser presos em determinadas situações.
Comentários:
A declaração de que o diplomata é persona non grata independe de submissão ao devido processo
legal. Questão errada.
Comentários:
Não é só o chefe da Missão (embaixador) quem possui imunidade de jurisdição penal e civil. Os
agentes diplomáticos, o pessoal do quadro técnico e administrativo e os membros do pessoal de
serviço possuem imunidade de jurisdição penal e civil. Questão errada.
13. (OAB-2007)
a) o Estado acreditado pode julgar o agente diplomático estrangeiro, por tratar-se de crime
que não tem qualquer relação com a função diplomática.
Comentários:
Letra A: errada. O agente diplomático possui ampla imunidade de jurisdição penal, civil e
administrativa. Portanto, ele não poderá ser julgado pelo Estado acreditado.
Letra C: certa. O diplomata somente será julgado pelo Estado acreditado se o Estado acreditante
renunciar à imunidade de jurisdição
14. (OAB-2006.2)
b) a imunidade, no âmbito da jurisdição civil, inclui a imunidade nos feitos sucessórios, mesmo
que o agente diplomático esteja envolvido na questão a título estritamente privado;
d) no caso dos cônsules, a imunidade quanto à jurisdição penal alcança os crimes relacionados
aos atos de ofício e os crimes comuns.
Comentários:
Letra B: errada. Nesse caso, como o diplomata está envolvido na questão a título estritamente
privado, ele não terá a imunidade de jurisdição civil.
Letra C: errada. As imunidades dos cônsules e funcionários consulares, ao contrário das aplicáveis
aos diplomatas, não são extensíveis aos familiares e dependentes.
Letra D: errada. A imunidade dos cônsules alcança apenas os atos praticados no exercício de suas
funções.
Comentários:
Os diplomatas possuem ampla imunidade de jurisdição penal e civil, enquanto a imunidade dos
cônsules se limita ao exercício de suas funções. Questão errada.
Comentários:
A finalidade dos privilégios e imunidades diplomáticas não é, de forma alguma, beneficiar indivíduos.
Questão errada.
Comentários:
Comentários:
O Estado acreditante poderá renunciar à imunidade penal e civil de que gozem seus representantes
diplomáticos junto ao Estado acreditado. Questão correta.
Comentários:
Quem representa o Estado frente a uma soberania estrangeira (assuntos de Estado) são os agentes
diplomáticos. Os funcionários consulares são representantes do Estado acreditante para fins de
tratar de assuntos privados. Questão errada.
IV) O país acreditante deverá aceitar todos os representantes diplomáticos indicados pelo
Estado acreditado.
a)I e II
b) I e V
c) II e III
d) III e IV
e) IV e V
Comentários:
A primeira assertiva está errada. Não são somente os chefes de missões diplomáticas que gozam de
isenção tributária.
A segunda assertiva está correta. Os locais das missões diplomáticas gozam de inviolabilidade.
A terceira assertiva está correta. As imunidades diplomáticas têm como objetivo garantir o eficaz
desempenho das funções da missão diplomática. Essa é a doutrina funcional.
A quarta assertiva está errada por dois motivos. O primeiro é que a banca examinadora fez confusão
entre Estado acreditante e Estado acreditado. Estado acreditante é o que envia os representantes
diplomáticos. Estado acreditado é quem recebe esses diplomatas. O segundo é que o Estado
acreditado não é obrigado a aceitar os representantes diplomáticos enviados pelo Estado
acreditante.
A quinta assertiva está errada. Os agentes diplomáticos gozam de imunidade penal e civil no Estado
acreditado.
LISTA DE QUESTÕES
1. (Juiz Federal 1ª Região- 2009)
Pedro, cidadão brasileiro, presta serviços como cozinheiro na embaixada do Estado X no Brasil.
Após constatar que vários dos direitos trabalhistas previstos na Consolidação das Leis do
Trabalho estavam sendo desrespeitados, Pedro decidiu ajuizar ação na justiça do trabalho
brasileira. Com base nessa situação hipotética, assinale a opção correta.
a) Deve ser seguido o procedimento descrito na Convenção das Nações Unidas sobre
Imunidades de Jurisdição e Execução do Estado.
c) A imunidade de jurisdição do Estado estrangeiro é absoluta por força de uma norma jus
cogens.
O Estado estrangeiro está sujeito à jurisdição brasileira quando pratica ato jure gestiones,
como, por exemplo, a aquisição de bens móveis e imóveis.
A regra que dispõe não haver jurisdição entre os pares (par in parem non habet judicium) não
mais se aplica ao relacionamento entre Estados tendo em vista o princípio da jurisdição
universal.
Os cônsules não podem ser obrigados a depor sobre fatos relacionados com o exercício de suas
funções, nem a exibir correspondência e documentos oficiais que a elas se refiram.
d) não gozam de imunidade pessoal, ainda que exerçam funções consulares em seção
respectiva de missão diplomática.
13. (OAB-2007)
a) o Estado acreditado pode julgar o agente diplomático estrangeiro, por tratar-se de crime
que não tem qualquer relação com a função diplomática.
14. (OAB-2006.2)
b) a imunidade, no âmbito da jurisdição civil, inclui a imunidade nos feitos sucessórios, mesmo
que o agente diplomático esteja envolvido na questão a título estritamente privado;
d) no caso dos cônsules, a imunidade quanto à jurisdição penal alcança os crimes relacionados
aos atos de ofício e os crimes comuns.
IV) O país acreditante deverá aceitar todos os representantes diplomáticos indicados pelo
Estado acreditado.
a)I e II
b) I e V
c) II e III
d) III e IV
e) IV e V
GABARITO
1. Letra B
2. CERTA
3. ERRADA
4. ERRADA
5. ERRADA
6. ERRADA
7. CERTA
8. ERRADA
9. ERRADA
10. Letra B
11. ERRADA
12. ERRADA
13. Letra C
14. Letra A
15. ERRADA
16. ERRADA
17. CERTA
18. CERTA
19. ERRADA
20. Letra C