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ENSINO COLETIVO DE MÚSICA EM BANDA DE MÚSICA ESCOLAR:

SEQUÊNCIA DIDÁTICA PARA ALUNOS INICIANTES DOS INSTRUMENTOS DE


METAIS – FUNDAMENTOS TÉCNICOS.
Paulo Rodrigues da Silva1
Cristiano Aparecido da Costa2

RESUMO

A presente pesquisa está em andamento e faz parte do Programa de Pós-graduação em Artes do


Instituto Federal de Goiás-IFG – Mestrado Profissional em Artes – ProfArtes – Campus
aparecida de Goiânia – Goiás e tem como objetivo elaborar uma sequência didática com nove
aulas, considerando os principais fundamentos técnicos para iniciantes dos instrumentos de
metais das bandas de música escolares. O principal problema de pesquisa se apresenta da seguinte
forma: Quais os principais fundamentos, e em qual sequência, devem ser trabalhados com iniciantes dos
instrumentos de metais, na perspectiva da proposta do ensino coletivo de música, de modo que promova
o desenvolvimento técnico? Busca uma sistematização pedagógica de acordo com as necessidades
do currículo das escolas de ensino básico, para o ensino de banda de música, através do método
de ensino musical coletivo. A metodologia será uma pesquisa qualitativa de caráter exploratório
e baseará em estudos bibliográficos. A fundamentação teórica será pautada nos princípios do método
de ensino coletivo de música principalmente com Alves (2012); Vecchia (2008 e 2012), Soares (2018),
Swanwick (2003) e Cruvinel (2003). Espera-se alcançar ao final um artigo científico com as discussões
e fundamentação teóricas e a sequência didática.
Palavras-chave:
Ensino musical coletivo; Banda de música escolar; sequência didática; Fundamentos Técnicos.

ABSTRACT

The present research is in progress and is part of the Post-graduate Program in Arts of the
Federal Institute of Goiás-IFG - Professional Master in Arts - ProfArtes - Campus aparecida de
Goiânia - Goiás and aims to develop a didactic sequence with nine lessons, considering the
main technical fundamentals for beginners of brass instruments in school brass bands. The main
research problem is presented as follows: Which are the main fundamentals, and in which
sequence, should be worked with beginners of brass instruments, in the perspective of the
proposal of collective music teaching, so that it promotes technical development? It seeks a
pedagogical systematization according to the needs of the curriculum of elementary schools,
for the teaching of brass bands, through the method of collective music teaching. The
methodology will be a qualitative research of exploratory character and will be based on

1
Mestrando em Artes/Música pelo programa do Mestrado PROF ARTES (Mestrado Profissional em Artes) –
IFG – Campus Aparecida de Goiânia. Graduado em Educação Musical – UFG. Docente do Ensino Básico na
Secretaria de Estado da Educação de Goiás na área de Educação Musical. Maestro na Banda Sinfônica SESC –
GO. E-mail: paulo25trb@gmail.com
2
Pós-Doutorado e Doutorado em Educação (UFG). Mestre em Música - Educação Musical (UFG). Graduado em
Música (UFG). Docente de Nível Médio e Superior na área de Educação Musical e orientador no programa de
pós-graduação stricto sensu em Artes (Prof Artes) do IFG. E-mail: cristiano.costa@ifg.edu.br

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bibliographic studies. The theoretical foundation will be based on the principles of the collective
music teaching method, mainly with Alves (2012); Vecchia (2008 and 2012), Soares (2018),
Swanwick (2003) and Cruvinel (2003). At the end, it is hoped to achieve a scientific article with
the discussions and theoretical foundation and the didactic sequence.

Keywords:
Collective music education; School music band; didactic sequence; Technical Fundamentals.

INTRODUÇÃO
Essa pesquisa teve sua origem na minha experiência como professor de música da
rede estadual de educação de Goiás, em dois colégios de ensino básico: o primeiro de ensino
parcial, Colégio Estadual José Lobo (fundamental II e médio) e o segundo de ensino integral,
CEPI Edmundo Pinheiro de Abreu (fundamental II), na atividade banda de música escolar.
Nesse momento ela encontra-se em andamento e faz parte do Programa de Pós-graduação em
Artes do Instituto Federal de Goiás-IFG – Mestrado Profissional em Artes – ProfArtes –
Campus aparecida de Goiânia – Goiás.
Com o surgimento das bandas de música nas escolas de ensino básico, estabeleceu-
se um considerável ganho nos aspectos cultural e social na formação dos estudantes, destacando
se como uma importante ferramenta para romper com as barreiras sociais favorecendo o
processo de transformação da realidade de muitas pessoas. Soares (2018) ressalta que as
crianças em fase escolar de ensino básico estão no processo de formação cognitiva, de caráter
e de personalidade. E diante dessa afirmação ele acredita que o aprendizado de um instrumento
musical poderia contribuir nesse sentido.
A banda de música, apesar de sua origem não ser na escola básica de ensino regular,
ela foi inserida nesse contexto, possui hoje uma relação estreita com a escola e desempenha um
importante papel na formação cultural e social do aluno. Nos últimos anos tem se pensado muito
no processo pedagógico, buscando a compreensão de como encontrar recursos para auxiliar o
aluno em uma educação autônoma, emancipadora, protagonista, criativa, ligada à sua formação
musical. E esse processo vem ganhando força na educação, principalmente após os debates em
torno da obrigatoriedade da educação musical nas escolas que resultaram na Lei nº 11.769, de
18 de agosto de 20083. O poder nominador da lei determinou a obrigatoriedade do ensino de
música na grade curricular das escolas de ensino básico.

3
A Lei nº 11.769/2008, dispõe sobre a obrigatoriedade do ensino da música na educação básica. No entanto ela
será modificada pela Lei nº 13.278/16, que institui a obrigatoriedade da música, da dança, do teatro e das artes

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Contudo, as bandas de música vieram para as escolas de ensino regular com a
metodologia utilizada em conservatórios de música. Percebeu-se então que esse método não era
tão eficiente, após entender que suas características não atendiam muitos quesitos exigidos pelo
currículo na educação básica, como por exemplo, atender todos os estudantes, ministrando o
mesmo conteúdo ao mesmo tempo. Esse entendimento ampliou o aprofundamento no método
de Ensino Musical Coletivo. Não no sentido de excluir ou substituir o Método existente, mais
no sentido de adequação ou ampliação das possiblidades de ensino de música.
Diante do exposto é imprescindível pensar na formação do professor de música
voltado para banda como ponto fundamental no alcance dos objetivos esperados, que é sempre
colocado a prova no sentido pedagógico, quando este começa a explorar os recursos disponíveis
para trabalhar o grupo no espaço escolar e no decorrer do processo de ensino percebe que
precisa ir bem mais além do que foi visto em sua formação acadêmica. E problematizam a
relação dos estudantes com a banda, observando que essa atividade pode ser utilizada como
entretenimento (criar um ambiente extraclasse, descontraído) bem como para novos
conhecimentos culturais, sociais e educacionais e ainda os desafios e possibilidades no que diz
respeito a sistematização do método de ensino coletivo, os procedimentos para que esse método
seja efetivo, considerando sempre as necessidades e direitos do aluno para que esse desenvolva
suas habilidades e conhecimentos de forma clara.
Nesse sentido, o tema dessa pesquisa está diretamente relacionado com a proposta
pedagógica musical almejada por várias bandas de música escolar de ensino básico em Goiás.
A apropriação do método de Ensino Coletivo de Música no processo ensino aprendizagem tem
feito muito sentido para professor e aluno, uma vez que, o professor como mediador favorece
a troca de experiencia, a reflexão e atende as necessidades da escola quanto ao processo
pedagógico esperado por ela.
Dessa forma, o objetivo geral da pesquisa é elaborar uma sequência didática
com nove aulas abordando os seguintes fundamentos: Respiração, Embocadura e Emissão do
Som. Para propiciar esse aprendizado de forma efetiva na iniciação do instrumento musical de
metal, buscamos: Fazer um levantamento e estudo dos principais fundamentos técnicos dos
instrumentos de metais de banda musical escolar; Refletir e discutir possibilidades de aplicação
dos fundamentos técnicos dos instrumentos de metais de banda musical escolar à luz dos

visuais na educação básica e exige formação específica dos professores que atuarão na escola, o que se revela
tarefa de difícil aplicação devido à insuficiente disponibilidade de profissionais das referidas áreas
(ALVARENGA; SILVA, 2018).

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princípios metodológicos do ensino coletivo de música; Elencar três principais fundamentos
técnicos dos instrumentos de metais de banda musical escolar e desenvolver uma sequencia
didática com nove aulas à luz dos princípios metodológicos do ensino coletivo de música. Nesta
pesquisa buscará se responder o principal problema que se apresenta da seguinte forma: Quais
os principais fundamentos, e em qual sequência didática, devem ser trabalhados com iniciantes
dos instrumentos de metais, na perspectiva da proposta do ensino coletivo de música.
A abordagem metodológica partindo dos princípios do Ensino Coletivo Musical
caminhará pela pesquisa qualitativa de caracter exploratória, sobretudo no sentido de ampliação
de informações sobre o tema em estudo. Pesquisa bibliográfica, através do ensino coletivo
musical como fundamento metodológico, para justificar a sequência didática, que é objetivo da
proposta pedagógica aqui apresentada em forma de produto acompanhada de artigo científico,
voltada para o ensino coletivo musical para iniciantes nos instrumentos de metais na perspectiva
de auxiliar professores em sala de aula.
A fundamentação teórica será pautada nos princípios do método de ensino coletivo
de música principalmente com Alves (2012); Vecchia (2008 e 2012), Soares (2018), Swanwick
(2003) e Cruvinel (2003), refletindo e dialogando entre eles sobre o ensino musical coletivo e
suas contribuições pedagógicas para a formação de alunos de escolas de ensino básico, visando
principalmente os aspectos técnicos para aprendizagem dos instrumentos de metais da banda
de música escolar, através de uma sequência didática.
Na primeira parte do trabalho é feito um breve histórico que relata como sugiu as
bandas de música, suas caracteristicas e a importancia que elas significa para as escolas de
ensino básico. Faz-se uma reflexão sobre o que é, como surgiu, quando surgiu, porque surgiu,
quais as caracteristicas e quem tem estudado o método ensino coletivo de intrumentos músicais
(ECIM).
Na segunda parte, os procedimentos metodológicos, qual método utilizados e o
referencial teórico utilizado para a constituição da pesquisa.
A terceira parte traz a sequência didática para alunos iniciantes dos instrumentos de
metais, que é a proposta pedagógica, desenvolvendo três fundamentos técnicos distribuidos em
nove aulas, com o objetivo de auxiliar professores a inicializar de forma acertiva os alunos,
proporcionando lhes uma experiencia e dinâmica de grupo com interação do individuo com o
meio e com o outro e tecnicamente sanando futuros problema de fundamentos básico.

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A utilização desse material didático pode ser então importante na medida em que
este possibilite aos professores de banda uma reflexão do seu próprio percurso de
aprendizagem. Podendo ainda gerar novas e diversificadas respostas para diferentes problemas
de ensino aprendizagem no âmbito da metodologia musical coletiva (SOUSA; SOARES, 2018,
p. 496).

DISCUSSÃO
A motivação para essa pesquisa se sustenta na percepção decorrente da experiencia
profissional onde detectei a falta de material adequado, disponível para trabalhar esses
fundamentos iniciais nos instrumentos de metais da banda de música. De forma geral, há muitas
ideias de como ensinar nessa fase inicial, porém ainda estão de forma empírica, precisando de
sistematização fundamentada. Essa pesquisa não é pioneira nesse tema, já possuem algumas
pesquisas, porém é preciso aumentar o diálogo entre elas e agregar novos resultados em
pesquisas futuras, através das revisões bibliográficas para continuar avançando.
Nesse sentido, estou buscando o contexto em que surgiu as bandas de música e se
esse contexto foi o que chegou até as escolas de ensino básico e se atendem as expectativas
pedagógicas esperadas pela escola, para então propor um material pedagógico, que será uma
sequência didática. Pinto (2004) mostra em sua pesquisa que as bandas de música tiveram
sua origem nas Irmandades Cecilianas, no século XVIII. Organizadas nos moldes das
corporações de ofício medievais, as irmandades – ligadas às instituições religiosas acolhiam os
músicos e lhes garantiam trabalho e assistência social, uma forma primitiva de mutualismo.
Alves (2014), no método tocar junto, traz que as bandas de música tiveram sua origem no
militarismo, levando se em conta que a maioria da população masculina livre tinha, durante o
período colonial brasileiro, algum tipo de engajamento militar, o que para ele explica melhor a
significativa expansão dessas corporações musicais por todo o território brasileiro.
Como é citado por Alcântara e Rodrigues (2011), já temos registros de existência
das bandas de músicas nas escolas de ensino básico em Goiás, após a criação da nova capital,
onde foram transferidas para Goiânia as instituições educacionais oficiais e, juntamente com
estas, o coro orfeônico e a Banda de Música do Lyceu, no ano de 1938.
No entanto, grande parte das instituições musicais seguiam o modelo de
conservatório originário da França como base educacional, professor e aluno como principal
meio para o aprendizado. Após a convergência de vários autores como Alves, Barbosa,

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Cruvinel, Sousa, onde o ensino da Banda corrobora para que os estudantes se tornem
coparticipes da construção do seu próprio conhecimento, bem como do currículo escolar por
meio de atividades que oportunizam uma visão crítica necessária ao desenvolvimento de sua
vida social, agregaram nas escolas de ensino básico nos últimos anos, várias pesquisas voltadas
para o Ensino Musical Coletivo por entender ser um excelente método para iniciação musical
que atenderia as necessidades dessas escolas. De acordo com Tourinho (2007), algumas
vantagens pedagógicas são óbvias, como a) o atendimento ao maior número de pessoas em
menos tempo de trabalho; b) menor desgaste para o professor com as aulas iniciais, onde se
repete menos as informações básicas; c) os estudantes aprendem uns com os outros, por
observação mútua e autoavaliação intuitiva; d) os parâmetros musicais são adquiridos mais
rapidamente. Existem também vantagens financeiras, como a diminuição do valor da hora-aula.
(TOURINHO, 2007, p. 86-87).
Tourinho (2007), ressalta que os aspectos pedagógicos característicos do ensino
coletivo, como tocar por imitação visual ou auditiva, são aspectos que auxiliam de modo
positivo o desenvolvimento de estudantes. Tais aspectos fazem do ensino coletivo de
instrumentos musicais uma importante ferramenta para o ensino/aprendizagem de música.

O professor de aulas tutoriais se baseia no modelo de Conservatório e defende


a atenção exclusiva ao estudante como a única forma de poder conseguir um
resultado efetivo. Pode-se argumentar em favor do ensino coletivo que o
aprendizado se dá pela observação e interação com outras pessoas, a exemplo
de como se aprende a falar, a andar, a comer. Desenvolvem-se hábitos e
comportamentos que são influenciados pelo entorno social, modelos, ídolos.
(TOURINHO, 2007, p. 2)

Em sua pesquisa, Sousa (2015) deixa claro que o Ensino coletivo musical no Brasil
vem crescendo, porém ainda falta sistematização da metodologia de Ensino e práticas
pedagógicas coletivas e que ainda existe poucos métodos com abordagem ao Ensino coletivo
musical, bem como a pouca disponibilidade desse tipo de material ao público. Dessa forma,
esta pesquisa traz através do estudo bibliográfico, reflexões sobre o ensino musical coletivo e
suas contribuições pedagógicas para os alunos de escolas de ensino básico, visando os aspectos
técnicos para aprendizagem dos instrumentos de metais da banda de música escolar, através de

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uma sequência didática, com o objetivo de contribuir para a ampliação da sistematização
pedagógica de ensino.
E nesse sentido, como citado acima por Tourinho (2007) e Sousa (2019), a
pedagogia do ensino coletivo de música dialogará com a teoria de Keith Swanwick. Em seu
livro intitulado Ensinando Música Musicalmente, Keith Swanwick (2003) sistematiza a música
no seu significado metafórico, partindo do princípio da natureza da experiencia musical para a
educação musical e completa dizendo que um ensino criativo depende de ambos. Ele traz nos
dois primeiros capítulos a metáfora e a dimensão social do discurso da música. Sobre a
educação musical, Swanwick destaca três princípios fundamentais para os educadores musicais
desenvolverem suas estratégias de ensino e avaliações educacionais. 1) Considerar a música
como discurso; 2) Considerar o discurso musical dos alunos; 3) Fluência no início e no final.
Para entender como funciona o método ensino coletivo de música, refletindo suas
contribuições para o currículo escolar, concentrando na inicialização dos alunos através dos
fundamentos técnicos para instrumentos de metais e como ele dialoga com a reflexão de
Swanwick a respeito da educação musical nos três princípios exposto por ele, na perspectiva de
alcançar tanto o desenvolvimento do aluno dentro e fora dos muros da escola, faz-se necessário
primeiramente conceituar o que é método de ensino e suas contribuições para o currículo
escolar. Libâneo (1990, p. 151 e 152) conceitua método como “ações do professor pelas quais
se organizam as atividades de ensino e dos alunos para atingir objetivos do trabalho docente em
relação a um conteúdo específico”. Para que um método de ensino se constitua, precisa se
fundamentar através da reflexão e ação da realidade educacional, e através da lógica interna e
as relações com um objeto, fatos e problema dos conteúdos de ensino. Sempre respeitando sua
relação: objetivos-conteúdos-métodos que tem como característica a reciprocidade entre eles.
O método Ensino Coletivo de Música, por um certo período sofreu preconceito,
principalmente por parte dos professores de conservatórios que ensinam através do sistema
europeu, porém isso veio se dissolvendo principalmente depois do lançamento do método “Da
Capo” do Professor Joel Barbosa. De acordo com Vecchia (2008, p.31), “O método Da Capo,
editado em 2004, mas em uso no Brasil desde 1998, é o primeiro método para bandas brasileiro
disponível comercialmente que foca o ensino coletivo de instrumentos de sopro e percussão.”
Cruvinel (2005) entende que são propostas de educação assim que diminuirá essa
distância democrática e que alcançara muitas pessoas no processo pedagógico.
O ensino coletivo é uma importante ferramenta para o processo de
democratização do ensino musical. Alguns programas ligados a essa filosofia

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de ensino vêm surgindo no país, tanto na área pedagógica quanto na social.
Pode-se afirmar que o estudo da música por meio do ensino coletivo veio
democratizar o acesso do cidadão à formação musical (CRUVINEL, 2005, p.
19).

Se tratando da realidade das escolas públicas brasileiras, o ensino coletivo traz


muitas vantagens e uma das principais é o financeiro, que de acordo com Barbosa (2004) uma
turma de 30 alunos seria o ideal e com apenas um professor ensinando. Swanwick (1994)
considera o ideal 15 alunos por professor. Manning (1975) considera o ideal, 36 alunos.
Para Cruvinel (2008), o Ensino Coletivo se justificaria frente às demandas
imediatas por uma ação docente que esteja mais adequada à realidade social e educacional dos
alunos. Sua aplicação pedagógica precisa estar no planejamento de forma honesta e paulatina
afim de contribuir com uma base teórica e prática consistente. Dessa forma, de acordo com os
princípios do ECIM os professores devem tornar esse primeiro contato musical, prazeroso,
atrativo e um ambiente saudável para que os alunos tenham interesse em continuar seus estudos
musicais sem se importar se vão seguir pelo caminho profissional ou por realização pessoal,
partindo das principais características do ensino coletivo de música, para que esse processo
metodológico desenvolva.
Tourinhos (2007), apud Sousa (2015, p. 25), elenca seis princípios para o ensino
coletivo de música no sentido de aproximar alunos e professores. São eles: “1-Acreditar na
possibilidade de aprender um instrumento musical; 2- acreditar que todos podem aprender; 3-
planejamento e direcionamento da performance no ensino coletivo; 4-relação entre ensino
coletivo e individual; 5-autonomia e decisão; 6-importância do ensino coletivo na eliminação
de horários ociosos”.
A metodologia do ensino coletivo musical consiste em ministrar aulas, ao mesmo
tempo, para vários alunos, na forma homogênea ou heterogênea. Esse ensino pode ainda ser
efetuado de maneira multidisciplinar, ou seja, além da prática instrumental podem ser
ministrados diferentes saberes musicais: teoria musical, percepção musical, história da música,
entre outros (CRUVINEL, 2003).
A abordagem metodológica partindo da perspectiva do Ensino Coletivo Musical,
será uma pesquisa qualitativa, bibliográfica e de levantamento de dados, observando o ensino
coletivo musical como fundamento metodológico, para justificar a sequência didática.
Em minha trajetoria profissional e estudando principalmente Barbosa, Alves e
Vecchia, observei problemas didáticos que precisavam de atenção. E para desenvolver a

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sequência didática proposta nessa pesquisa, elencamos três das principais categorias que
acredito serem mais importantes para o momento: Respiração, Embocadura e Emissão do som.
E para desenvolver essa parte da pesquisa, buscamos nos autores que
desenvolveram esse mesmo trabalho como, Vecchia (2008; 2012) que desenvolveu os
fundamentos técnicos para os intrumentos de metais, fundamentado principalmente em Colwell
e Goolsby (1994), onde falam que “Fartura de ar e uma boa embocadura são essenciais para
uma boa qualidade de som em todos os instrumentos de metal. Embocadura é uma condição
física do estudante que também é afetada pelo suporte de respiração e influi diretamente no
som.” (p.41).
Por sua vez, Soares (2018) trata dos fundamentos tecnicos para intrumentos de
sopro, fundamentado principalmente em Frederiksen (1996). Esse autor relata ser importante o
conhecimento da fisiologia da respiração que poderá ser benéfico para os instrumentistas de
sopro. A partir das ideias de Herbert C. Mueller (1968), Winter (1964), chegamos nas categorias
a serem estudadas. São elas a Respiração, a Embocadura e a Emissão do Som. Com os estudos,
será feito um diálogo principalmente com o terceiro princípio para a educação musical
desenvolvido por Swanwick onde ele acredita em alguns procedimentos como: ouvir, articular,
tocar de ouvido, contribuindo assim para a ampliação da memória e improvisação coletiva e
não necessariamente o aluno precisará iniciar seu aprendizado no instrumento depois de
aprender a ler partitura ou que seja necessário que ele aprenda junto com o instrumento: “A
fluência musical precede a leitura e a escrita musical. É precisamente a fluência, a habilidade
auditiva de imaginar a música, associada à habilidade de controlar um instrumento”
(SWANWICK, 2003, p. 69).
Dessa forma, Swanwick dialoga com o ensino coletivo de música, que também se
apropria dos mesmos princípios citados por ele. Nesse sentido, o princípio da fluência musical
vai ao encontro dos fundamentos técnicos que serão trabalhados nessa pesquisa, partindo do
pressuposto que para uma boa inicialização no instrumento musical precisa se de fluência na
respiração, na embocadura e na emissão do som.
O objetivo principal dessa pesquisa será organizar esses fundamentos técnicos em
uma sequência didática que virão acompanhadas de exercícios técnicos.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa foi dividida em três fases e nesse momento estamos desenvolvendo
a terceira fase. Na primeira, desenvolvemos a trajetória de como cheguei no problema da
pesquisa e na segunda, mostramos o método que acredito e as pesquisas mostram ser o que
melhor atende as necessidades da banda de música dentro da escola de ensino básico. No Brasil
existem poucas bibliografias, voltadas para o ensino dos fundamentos da respiração,
Embocadura e Emissão do Som. Os poucos métodos de ensino musical coletivo que temos no
Brasil, falam da respiração, porém não possuem exercícios para desenvolvê-la. Estou no
processo de diálogo e seleção do material pesquisado, para desenvolver as categorias escolhidas
a qual já foi explanado acima alguns conceitos, e buscando nesse momento fundamentá-las e
exemplificá-las com exercícios para a elaboração do material pedagógico.

REFERÊNCIAS

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Música na Educação Contemporânea: conceituações, problematizações e experiências.
Goiânia: Kelps, 2011.

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CRUVINEL Flávia Maria. Efeitos do ensino coletivo na iniciação instrumental de cordas:


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________________. O ensino coletivo de instrumentos musicais na educação básica:


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Universidade Federal de Goiás, 2008.

LIBÂNEO, José Carlos. Democratização da Escola Pública. São Paulo: Loyola, 1990.

PINTO, Marshal Gaioso. Da missa do Divino Espírito Santo ao Credo de São José do
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SOARES, Adalto. Orquestra de Metais Lyra Tatuí: A Trajetória de uma Prática Musical de
Excelência e a Incorporação de Valores Culturais e Sociais / Soares Adalto. -- Salvador, 2018.

SOARES, Maíry Aparecida Pereira; SOUSA, Aurélio Nogueira de. O Quinhão da Banda
Marcial na Formação dos Alunos do CEPI Ismael Silva de Jesus: Fragmentos de Cultura,
Goiânia, v. 28, n. 4, p. 492-503, out./dez. 2018.

SOUSA, Aurélio Nogueira de. Ansiedade na Preparação da Performance no Ensino


Coletivo de Instrumentos de Banda, 2015. Dissertação (Mestrado em Música) -
Universidade Federal de Goiás, Escola de Música e Artes Cênicas, Goiás, 2015.

_________________Ensino coletivo em bandas marciais brasileiras: A realidade na cidade


de Goiânia-Goiás: Atualizado e Revisado. Musifal: revista eletrônica de música da
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SWANWICK, keith. Ensino Instrumental Enquanto Ensino de Música. Trad. Fausto


Borém de Oliveira. In Cadernos de Estudos de educação musical 4/5. Belo Horizonte:
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TOURINHO, Cristina. Ensino Coletivo de Instrumentos Musicais: crenças, mitos,


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percussão: análise de métodos e proposta de uma sistematização. 2012. 311 fl.: il. Tese
(Doutorado em Música) − Escola de Música, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2012.

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