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Serviços Pediátricos e Neonatais

SUMÁRIO
NEONATOLOGIA ...................................................................................................... 5
CARACTERÍSTICAS FISIOLÓGICAS DO RECÉM-NATO ......................................... 6
Sistema cardiovascular .............................................................................................. 6
Sistema Respiratório .................................................................................................. 8
Sistema Hematopoiético ............................................................................................ 8
Sistema Hepático ....................................................................................................... 9
Tipos de icterícia: ..................................................................................................... 10
Sistema Digestório ................................................................................................... 11
Sistema Imunológico ................................................................................................ 12
Sistema Neurológico ................................................................................................ 14
Sistema tegumentar ................................................................................................. 18
Sistema Musculoesquelético .................................................................................... 19
Sistema reprodutor ................................................................................................... 19
INTERAÇÕES ENTRE O NEONATO E O AMBIENTE............................................. 20
PADRÕES CARACTERÍSTICOS DE SONO E ATIVIDADE ..................................... 22
ANAMNESE E EXAME FÍSICO DO RECÉM-NASCIDO .......................................... 26
MODELO DE ANAMNESE DE ENFERMAGEM ....................................................... 28
EXAME FÍSICO DO RN ........................................................................................... 30
MODELO DE EXAME FÍSICO DE ENFERMAGEM ................................................. 43
MATURIDADE FÍSICA ............................................................................................. 50
APNEIA DA PREMATURIDADE .............................................................................. 51
TAQUIPNEIA TRANSITÓRIA DE RECÉM-NASCIDO .............................................. 56
PNEUMONIA NEONATAL ....................................................................................... 57
HIPERTENSÃO PULMONAR .................................................................................. 60
SÍNDROME DO DESCONFORTO RESPIRATÓRIO (SDR) - DOENÇA DE
MEMBRANA HIALINA ............................................................................................. 62
DISPLASIA BRONCOPULMONAR .......................................................................... 66
ANEMIA DA PREMATURIDADE .............................................................................. 67
POLICITEMIA 69
HEMORRAGIA NO PERÍODO NEONATAL ............................................................. 70
HIPOGLICEMIA ....................................................................................................... 71
HIPERGLICEMIA ..................................................................................................... 72
HIPOCALCEMIA ...................................................................................................... 72
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HIPOMAGNESEMIA ................................................................................................ 73
OSTEOPENIA DA PREMATURIDADE .................................................................... 73
ICTERÍCIA 74
INFECÇÃO NO RECÉM-NASCIDO ......................................................................... 78
SEPSE NEONATAL ................................................................................................. 79
CHOQUE SÉPTICO ................................................................................................. 82
ENCEFALOPATIA HIPOXIA-ISQUÊMICA ............................................................... 84
CONVULSÕES NO PERÍODO NEONATAL ............................................................. 88
HEMORRAGIA INTRACRANIANA ........................................................................... 90
ENTEROCOLITE NECROSANTE ............................................................................ 92
INSUFICIÊNCIA RENAL .......................................................................................... 95
PATOLOGIAS CIRÚRGICAS ................................................................................... 98
ATRESIA DE ESÔFAGO ......................................................................................... 98
MENINGOMIELOCELE .......................................................................................... 100
HÉRNIA DIAFRAGMÁTICA ................................................................................... 102
GASTROQUISE ..................................................................................................... 104
ONFALOCELE 106
CARDIOPATIAS CONGÊNITAS ............................................................................ 107
PERSISTÊNCIA DO CANAL ARTERIAL................................................................ 109
ATENDIMENTO AO RN NA SALA DE PARTO ...................................................... 112
OXIGENOTERAPIA ............................................................................................... 117
VENTILAÇÃO COM PRESSÃO POSITIVA (VPP) ................................................. 117
MASSAGEM CARDÍACA ....................................................................................... 118
TRANSPORTE DO RECÉM-NASCIDO ................................................................. 119
ASSISTÊNCIA AO RECÉM-NASCIDO SADIO NO BERÇÁRIO ............................. 124
NASCIMENTOS MÚLTIPLOS ................................................................................ 125
TERMORREGULAÇÃO NO RECÉM-NASCIDO .................................................... 126
ALEITAMENTO MATERMO ................................................................................... 127
ATRIBUIÇÕES DO AUXILIAR OU TÉCNICO DE ENFERMAGEM ........................ 128
MONTAGEM DO LEITO NEONATAL .................................................................... 129
ADMISSÃO DO RN EM UTI NEONATAL ............................................................... 130
LAVAGEM DAS MÃOS .......................................................................................... 132
REANIMAÇÃO CARDIOPULMONAR .................................................................... 132
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO CATETERISMO VENOSO CENTRAL ..... 134
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CATETER CENTRAL DE INSERÇÃO PERIFÉRICA (PICC).................................. 135


ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA CATETERIZAÇÃO UMBILICAL ............... 140
CURATIVO DO CATETER UMBILICAL ................................................................. 141
CURATIVO OCLUSIVO DE CATETER VENOSO CENTRAL ................................ 142
SONDAGEM VESICAL NO RN .............................................................................. 143
FOTOTERAPIA 145
EXSANGUINOTRANSFUSÃO ............................................................................... 146
SURFACTANTE ..................................................................................................... 148
COLHEITA DE SANGUE CAPILAR ....................................................................... 149
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA TERAPÊUTICA TRANSFUSIONAL .............. 150
PRECAUÇÕES PADRÃO OU UNIVERSAL ........................................................... 152
PRECAUÇÕES COM PARTÍCULAS (GOTÍCULAS) .............................................. 153
PRECAUÇÕES EMPÍRICAS .................................................................................. 153
PROTOCOLO DE INTERVENÇÃO MÍNIMA .......................................................... 154
PROTOCOLO MÉTODO CANGURU ..................................................................... 156
BANHO DE IMERSÃO/ASPERSÃO ....................................................................... 158
BANHO NA INCUBADORA .................................................................................... 160
HIGIENIZAÇÃO COM ÓLEO DE GIRASSOL......................................................... 161
LIMPEZA CONCORRENTE DA INCUBADORA ..................................................... 162
ALTA DO PACIENTE NEONATAL ......................................................................... 163
DESINFECÇÃO TERMINAL DA UNIDADE ............................................................ 164
TRATAMENTO DA DOR EM UNIDADE NEONATAL............................................. 165
HUMANIZAÇÃO EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL ................ 166
BIOÉTICA NA PRÁTICA NEONATAL .................................................................... 170
MANEJO DA MORTE EM UNIDADE NEONATAL ................................................. 171
SISTEMATIZAÇÃO DA ASSITÊNCIA DE ENFERMAGEM .................................... 173

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NEONATOLOGIA

É a área da saúde que presta assistência ao recém-nato até 28 dias.

Histórico
No século XIX as crianças eram ignoradas pelos médicos, não existiam
hospitais infantis e eram muito altas as taxas de mortalidade infantil, especialmente
entre os prematuros. Havia um sentimento de que a seleção natural se encarregaria
das crianças “menos adaptadas”. Pela alta mortalidade e baixa natalidade, criou-se
então um receio de despovoamento e vulnerabilidade da defesa nacional europeia,
surgindo então um movimento pela saúde da criança, passando-se a praticar o
cuidado preventivo e a ampliação das maternidades.
Em 1978 foi criada por um funcionário do zoológico de Paris uma incubadora a
pedido do professor e obstetra Stephane Etiemme Tarnier, que a instalou na
maternidade de Paris diminuindo a taxa de mortalidade entre os bebês menores de
200gr de 66 para 38%.
A Neonatologia, porém, teve seu início concreto com o obstetra francês Pierre
Budin que estendeu sua preocupação com os recém-nascidos além das salas de
parto, criando um ambulatório de Puericultura em 1892.
Na primeira década do século XX observa-se um aumento da contribuição dos
pediatras para a medicina neonatal, especialmente com o estudo sobre alimentação
e prematuridade. Os avanços na Neonatologia reduziram a taxa de mortalidade e a
infecção hospitalar foi controlada com o isolamento do recém-nascido na maternidade,
porém tais medidas ocasionaram a separação entre mãe e filho, prejudicando o
vínculo afetivo e o aleitamento materno.
A enfermagem exerceu papel fundamental no início da Neonatologia, Júlio
Hess (autoridade americana em prematuridade) trouxe em um de seus artigos a
informação que os melhores resultados obtidos nos cuidados aos recém-nascidos
prematuros eram alcançados quando enfermeiros bem treinados estavam à frente do
serviço como supervisores. Crescendo desta forma o incentivo para a especialização
da enfermagem para o cuidado com recém-nascidos prematuros.

Adaptação do Neonato
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Imediatamente após o nascimento, o neonato precisa assumir as funções vitais


realizadas pela placenta, período denominado de período de transição que engloba
as primeiras 24 horas.
O processo de transição da vida intra para a vida extrauterina é muito complexo,
pois envolve alterações anatômicas e funcionais que, se não forem devidamente
compreendidas, 6 avaliadas e acompanhadas poderão aumentar o risco de morbidade
neonatal.

CARACTERÍSTICAS FISIOLÓGICAS DO RECÉM-NATO

Sistema cardiovascular

A conversão da circulação fetal para neonatal ocorre quando há o


clampeamento o cordão umbilical e o neonato tem sua primeira respiração. O volume
sanguíneo do RN a termo 7 varia de 80 a 90 ml/Kg de peso corporal, em contraste
com o volume do RN prematuro, que varia de 90 a 105ml/Kg.

FIGURA 1 - SISTEMA CARDIOVASCULAR DO RN

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FONTE: OLIVEIRA, 2005.

O clampeamento tardio do cordão umbilical aumenta o volume de sangue,


causando aumento de frequência respiratória, cardíaca e da pressão arterial, isso
pode levar a crepitações e cianose.
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A frequência cardíaca cai de 160 bpm, verificada aos 5 –10 minutos de vida,
para 130 bpm aos 60 minutos de vida.
A pressão arterial encontra-se discretamente baixa nas primeiras horas de vida
e pode elevar-se de acordo com o tipo de parto, grau de transfusão placentária,
temperatura corpórea, atividade, postura, estado de alerta e sucção.

Sistema Respiratório

Durante a gestação, características respiratórias bioquímicas se desenvolvem


progressivamente, preparando o feto para as alterações respiratórias abrutas trazidas
pelo nascimento. Entre as 24 e 30 semanas de gestação, os pneumócitos do tipo II
começam a secretar surfactante. O surfactante é um fosfolipídio, que diminui a tensão
superficial e evita o colapso alveolar ao final da expiração, essa redução facilita as
trocas gasosas e diminui o trabalho respiratório.
Com as primeiras respirações desencadeia-se uma série de eventos
simultâneos: a conversão da circulação fetal para o tipo adulto, esvaziamento do
líquido pulmonar, estabelecimento do volume pulmonar e das características da
circulação pulmonar. Os movimentos respiratórios passam de um padrão intermitente
(fetal) para um processo contínuo.
A frequência respiratória nos primeiros dez minutos de vida pode variar de 25
a 105 movimentos respiratórios por minuto, com média de 60 movimentos
respiratórios por minuto, permanecendo assim nas primeiras 6 horas de vida, caindo
gradativamente para 40 movimentos respiratórios por minuto depois do primeiro dia
de vida. Nos primeiros três dias de vida podem ocorrer algumas pausas respiratórias
que não devem ultrapassar 18 segundos.

Sistema Hematopoiético

Tal como os outros sistemas corporais, o sistema hematopoiético não está


totalmente desenvolvido após o nascimento e as características hematológicas que
garantiram a oxigenação tissular adequada intraútero precisam ser substituídas por
alguns elementos mais maduros após o nascimento.

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A principal determinante do volume sanguíneo nos primeiros dias de vida é a


transfusão placentária, que depende das contrações uterinas, da posição do recém-
nascido em relação à placenta e do momento do clampeamento umbilical.
Um importante aspecto da adaptação hematológica diz respeito aos fatores de
coagulação. O recém-nascido possui uma deficiência de vitamina K e dos fatores
vitamina – K 9 dependentes (II, VII, IX,X), e se tal deficiência não for corrigida logo
após o nascimento com a administração de tal vitamina pode levar ao aparecimento
da Doença Hemorrágica do Recém– nascido.

HEMÁCEAS:
A eritropoiese (produção de eritrócitos, ou hemácias) é estimulada pelo
hormônio renal eritropoietina, no feto a baixa saturação de oxigênio causa aumento
da liberação de eritropoietina, garantindo a oxigenação tissular adequada e a
produção de hemácias. A saturação aumentada que segue o início da respiração,
inibe a liberação de eritropoietina reduzindo a produção de hemácias. As hemácias
fetais têm uma vida útil de cerca de 90 dias, comparadas com 120 dias em hemácias
normais do adulto isso geralmente pode causar uma anemia fisiológica.
Hemoglobinas: a hemoglobina é o componente transportador do oxigênio no
sangue e é produzida pelas hemácias em desenvolvimento, a hemoglobina fetal
possui maior afinidade com o oxigênio do que a hemoglobina do adulto, esse
mecanismo compensatório ajuda a garantir uma oxigenação adequada intraútero. O
nível normal de hemoglobina para um neonato a termo é de 17,5g/dl com um
hematócrito médio de 53,5%, já no recém-nascido prematuro com 26 a 30 semanas o
nível normal de hemoglobina é de 13,4g/dl e do hematócrito é de 41,5%.

Sistema Hepático

O sistema hepático no neonato é imaturo, a bilirrubina é pigmento biliar amarelo


e subproduto da degradação das hemácias. À medida que envelhecem, as hemácias
tornam-se frágeis e eventualmente são eliminadas da circulação pelo sistema
fagocitário mononuclear que removem as porções de ferro e proteínas e as reciclam
para uso posterior. Após deixar o sistema fagocitário mononuclear, a bilirrubina se liga
à albumina plasmática e é chamada de bilirrubina indireta (não conjugada).

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A bilirrubina indireta precisa ser conjugada (convertida em bilirrubina direta)


para ser excretada, a conjugação ocorre no fígado quando a bilirrubina se junta ao
ácido glicurônico. Com a assistência da enzima glicuronil transferase o resultado é
uma bilirrubina hidrossolúvel. O urobilinogênio e o estercobilinogênio são compostos
bilirrubínicos que resultam da degradação e 10 podem ser excretados na urina e nas
fezes.
Se a bilirrubina não conjugada (indireta) se acumular mais rapidamente do que
o fígado pode eliminar, o recém-nascido pode desenvolver uma coloração amarela
conhecida como icterícia. Alguns fatores podem aumentar o risco de
hiperbilirrubinemia no recém-nascido como: asfixia e estresse por frio e hipoglicemia.

Tipos de icterícia:

• Icterícia fisiológica: manifesta-se 48 a 72 horas pós o nascimento e o


nível sérico de bilirrubina atingem o pico de 4 a 12mg/dl, as causas são: circulação
hepática diminuída, carga de bilirrubina aumentada, captação hepática de bilirrubina
plasmática reduzida, conjugação da bilirrubina diminuída e excreção de bilirrubina
diminuída.
• Icterícia patológica: manifesta nas primeiras 24 horas após nascimento
e o nível de bilirrubina sérica se eleva acima de 13mg/dl, e as causas são:
incompatibilidade sanguínea ABO ou RH, anormalidades hepáticas, biliares,
metabólicas ou infecção.
• Encefalopatia bilirrubínica: (Kernicterus ou icterícia nuclear) níveis de
bilirrubina sérica (medida no sangue) não conjugada (indireta) de aproximadamente
20mg/dl ou mais podem levar a encefalopatia por bilirrubina, uma condição
potencialmente fatal caracterizada por depósitos de bilirrubina nos gânglios basais do
cérebro. A condição de hiperbilirrubinemia pode ser tratada com fototerapia ou nos
casos mais graves exsanguineotransfusões.

Metabolismo
A asfixia relativa do trabalho de parto, o choque térmico do nascimento e a
necessidade de fontes de energia independentes, bem como de oxigênio, levam aos
principais distúrbios metabólicos do nascimento: hipóxia, hipoglicemia e hipotermia. O

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feto depende integralmente de sua mãe para o fornecimento de glicose para o


metabolismo energético e para síntese metabólica. Com o nascimento há uma brusca
interrupção do fornecimento de glicose, fazendo com que durante as primeiras horas
de vida o recém-nascido atinja os menores níveis de glicemia.

Sistema Renal

O Rim desempenha um importante papel na transição da vida fetal para a vida


pós-natal, uma vez que o fluxo sanguíneo renal corresponde a cerca de 6% do débito
cardíaco. Ao fim da primeira semana de vida e a 15% ao final do primeiro mês de vida.
A urina é formada pelo feto a partir da décima semana de gestação, contribuindo para
a formação do líquido amniótico. Em média 12% dos recém-nascidos eliminam sua
primeira urina na sala de parto e com 24 horas de vida 97% já tiveram sua primeira
eliminação. Nos dias subsequentes ao nascimento ocorre um aumento do débito
urinário com perda de 5 a 10% do peso corpóreo, ocasionado pela perda de líquido,
a função renal estabiliza-se em poucos dias, mas somente durante o primeiro ano de
vida é que o rim da criança iguala-se ao do adulto.

Sistema Digestório

Embora o feto possa deglutir o líquido amniótico, a coordenação entre sucção


e deglutição ocorre em torno da 34ª - 35ª semanas de idade gestacional, de modo que
o recém-nascido a termo consegue sugar e deglutir o leite adequadamente para suprir
suas necessidades nutricionais.
A capacidade gástrica é de 40 a 60 ml no primeiro dia após o nascimento, assim
as alimentações são mais frequentes e o tempo de esvaziamento gástrico leva em
média 2 a 4 horas variando conforme o tipo de alimentação, a idade do neonato e a
peristalse. Muitos recém-nascidos regurgitam pequenas quantidades (1 a 2 ml) de
matéria ingerida por uma frouxidão do esfíncter esofagiano (um anel muscular que
contrai o esôfago), porém esse refluxo gastresofágico é transitório e resolve-se com a
idade. A regurgitação persistente, forçada ou de grandes volumes é anormal e indica
necessidade de investigação.
Comparado com o intestino de um adulto, o intestino do recém-nascido é mais
longo, possui mais glândulas secretórias e maior superfície de absorção. A
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capacidade do recém nascido de digerir nutrientes depende da atividade enzimática


e da acidez gástrica, sendo que a digestão do leite começa no estômago e continua
no intestino delgado.
A síntese da vitamina K por meio da atividade bacteriana é outra função
gastrintestinal importante embora de início seja estéril. O trato gastrintestinal
estabelece uma colônia bacteriana normal dentro da primeira semana após o
nascimento, permitindo uma síntese adequada da vitamina K.
A alimentação deve ser iniciada logo que o recém-nascido esteja fisicamente
estável e exiba coordenação adequada dos reflexos de sucção e deglutição. Uma
longa demora para iniciar a alimentação pode esgotar as reservas limitadas de
glicogênio do neonato, já bastante exigidas pelo aumento da demanda energética do
período de transição, isso pode resultar em hipoglicemia (refletida por um nível de
glicose sérica abaixo de 35mg/dl), colocando em risco o cérebro altamente
dependente de glicose.
Inicialmente o intestino do recém-nascido contém mecônio, uma substância
fecal espessa, verde-escura e inodora que consiste em líquido amniótico, bile, células
epiteliais e cabelo (da queda de lanugem no útero os pelos finos e macios que
recobrem os ombros e as costas do recém-nascido). Geralmente, o recém-nascido
elimina o primeiro mecônio dentro de 24 horas após o nascimento.
Depois da presença de alimento no intestino, a cor, o odor e a consistência das
fezes se alteram, para marrom-esverdeado e o teor de água é maior do que no
mecônio. O tipo de alimentação determina as características das fezes subsequentes,
o neonato alimentado com fórmulas lácteas, às fezes são pastosas, amareladas e de
odor forte já o neonato alimentado com leite materno às fezes são amarelo-vivo, mais
liquefeitas e de odor adocicado.

Sistema Imunológico

É deficiente ao nascer, com o parto vem à exposição a substâncias como


bactérias e vírus que não estão presentes comumente no útero. Tal exposição ativa
componentes da resposta imunológica, geralmente o primeiro ano é o período de
maior vulnerabilidade às infecções graves. Às vezes as barreiras de proteção (pele e
membranas mucosas) não impedem a invasão antigênica e o sistema imunológico
inicia sua resposta humoral ou celular. 13
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Imunidade humoral é mediada por anticorpos humorais, também chamadas de


imunoglobulinas que são proteínas sintetizadas pelas células B, as imunoglobulinas
específicas reagem com o antígeno ativando o sistema complemento e uma série de
reações químicas que remove o antígeno do corpo. A imunidade humoral é mais
importante contra reinfecções bacterianas e virais.
Imoglobulina G (IgG) é a imunoglobulina mais abundante e é sintetizada em
resposta as bactérias, vírus e fungos. A IgG materna, transferida para o feto por meio
da placenta, confere imunidade passiva adquirida (uma imunidade de curta duração
na qual não há produção de anticorpos), já a IgG fetal apareça em torno da 12º
semana de gestação e os níveis crescem significativamente no último trimestre. A IgG
é ativa contra cocos Gram-positivos (pneumococos e estreptococos).
O recém-nascido tem proteção contra a maioria das doenças infantis desde que
a mãe tenha anticorpos contra essas doenças, como a IgG não age contra bacilos
Gram-negativos (Escherichia coli e Enterobacter), o neonato é mais suscetível a
infecções por esses agentes. E em torno de três meses, a IgG da mãe se esgota.
Imunoglobulina IgM) é a primeira imunoglobulina produzida pela estimulação
antigênica, a IgM é o principal anticorpo na incompatibilidade do tipo sanguíneo e em
infecções por bactérias Gram-negativas. A IgM materna não atravessa a placenta e
em torno da 20ª semana de gestação o feto produz IgM em resposta à exposição ao
antígeno ela também provê uma imunidade ativa ou seja uma imunidade permanente
resultante da estimulação antigênica por meio de inoculação ou da imunidade natural,
níveis elevados de IgM no neonato podem indicar infecção perinatal.
Imunoglobulina A (IgA) é o principal anticorpo do revestimento mucoso dos
intestinos e brônquios, IgA aparece nas secreções corpóreas, não atravessa a
placenta e comumente está ausente no recém-nascido. Combinada com uma proteína
mucosa, a IgA é secretada sobre as superfícies mucosas como um anticorpo
secretório, além do que está presente no leite materno conferindo uma imunidade
passiva ao lactente. A IgA secretória também limita o crescimento bacteriano no trato
gastrointestinal.
Imunidade celular indireta é mais aparente nas inflamações e é realizada pelas
células T, essas reconhecem o antígeno, mobilizam os macrófagos tissulares e na
presença de fator de inibição migratória desencadeia reações químicas que converte
os macrófagos em fagócitos que irão destruir os antígenos. A imunidade celular

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indireta também é adquirida passivamente ao neonato pelo aleitamento materno.


14 As infecções congênitas são aquelas adquiridas ainda no útero e resultam da
exposição a vírus como citomegalovírus, rubéola, hepatite B, herpes simples, herpes-
zoester, varicela e Epstein-Barr ou agentes nas virais como: toxoplasmose, sífilis,
tuberculose, tripanossomíase e malária, coletivamente esses agentes são
denominados de TORCH. As infecções por TORCH podem causar uma ampla faixa
de sequelas, desde aborto espontâneo e morte fetal até infecções explícitas ou
assintomáticas ao nascer. O feto pode ser infectado por organismo que chegam à
bolsa amniótica por meio da cérvice materna ou pela placenta. Um neonato infectado
pode estar gravemente enfermo ao nascer.

Sistema Neurológico

Embora não totalmente desenvolvido, o sistema neurológico do recém-nascido


pode realizar funções complexas necessárias para regular a adaptação do neonato
como: estimular as respirações iniciais, manter o equilíbrio acidobásico e regular a
temperatura corporal. A função neurológica do recém-nascido é controlada
principalmente pelo tronco cerebral e pela medula espinhal, o sistema autônomo e o
tronco cerebral coordenam as funções respiratórias e cardíacas. Todos os nervos
cranianos estão presentes ao nascimento; contudo, os nervos não são totalmente
recobertos com mielina, substância essencial para uma transmissão suave do impulso
nervoso. O neonato tem um córtex cerebral funcionante, embora o grau que ele é
usado permaneça desconhecido. Ao nascer, o cérebro mede cerca de ¼ do tamanho
do cérebro adulto, o cérebro cresce e amadurece na direção cefalocaudal. O cérebro
necessita de um suprimento constante de glicose como fonte de energia e de um nível
relativamente alto de oxigênio para manter um metabolismo celular adequado. Por
esse motivo, o estado de oxigenação do neonato e os níveis de glicose sérica devem
ser avaliados e monitorados cuidadosamente, a fim de se detectarem o
comprometimento das trocas gasosas e sinais de hipoglicemia. No desenvolvimento
do trato nervoso as vias nervosas sensorial, cerebelar e extrapiramidal são as
primeiras a se desenvolverem, isto responde pelo forte senso de audição, paladar e
olfato do neonato. O cerebelo governa os movimentos voluntários e ajuda a manter o
equilíbrio, o trato extrapiramidal controla os movimentos reflexos grosseiros e o ajuste
postural pela regulação da flexão e extensão recíproca de grupos musculares, desse
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modo mantendo um movimento coordenado suave. Os reflexos neonatais


classificados como alimentares, protetores, posturais e 15 sociais incluem reflexos
primitivos como a sucção e o reflexo de procura (que leva o recém nascido a se virar
em direção ao mamilo e procurá-lo). Cruciais para a sobrevivência, esses reflexos
servem de base ao exame neurológico do recém-nascido, a persistência de reflexos
neonatais, além da idade em que eles comumente desaparecem pode indicar
anormalidades neurológicas.
Adaptação Térmica: A manutenção da temperatura corporal é essencial para
uma adaptação extrauterina bem-sucedida; ela é regulada por interações complexas
entre a temperatura ambiental e a perda e produção de calor corporal. A compreensão
e o uso adequado da termorregulação foram um dos primeiros avanços da
neonatologia, prevenindo e diminuindo a morbidade e a mortalidade neonatal. O
neonato tem uma capacidade termorreguladora limitada, obtida por mecanismos de
aquecimento e esfriamento corporal, quando o recém-nascido não pode mais manter
a temperatura corporal ocorre o resfriamento ou superaquecimento e a exaustão do
mecanismo de termorregulação leva à morte.
A prevenção da hipotermia está entre os objetivos mais importantes nos
cuidados de enfermagem neonatal, tal como apresenta a figura, a hipotermia não
tratada pode ter sérias conequências culminando em morte.

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HIPORTEMIA

Fonte: OLIVEIRA, 2005.

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O ambiente térmico neutro (ATN) engloba uma estreita faixa de temperaturas


ambientais, o ambiente térmico neutro requer a menor quantidade de energia para
manter uma temperatura central estável para um recém-nascido a termo, despido no
primeiro dia após o nascimento, o ambiente térmico neutro varia de 32 a 34ºC. Dentro
dessa faixa de temperatura, o consumo de oxigênio e a produção de dióxido de
carbono são menores e a temperatura central é normal. Para manter a temperatura
dentro do ambiente térmico neutro, o recém-nascido faz ajustes vasomotores,
vasoconstrição para conservar o calor e vasodilatação para liberar calor.
Temperaturas ambientais acima ou abaixo do ambiente térmico neutro aumentam o
consumo de oxigênio e a taxa de metabolismo. Algumas características colocam o
recém-nascido em desvantagem fisiológica para a termorregulação, aumentando o
risco de hipotermia:
• Uma grande superfície corporal em relação à massa;
• Deposição limitada de gordura subcutânea para prover isolamento;
• Instabilidade vasomotora;
• Capacidade metabólica limitada.
A perda de calor, que começa no parto, pode ocorrer por quatro mecanismos –
evaporação, condução, radiação e convecção.
Evaporação: a perda de calor por evaporação ocorre quando fluidos (água
insensível, perspiração visíveis e fluidos pulmonares) tornam-se vapor no ar seco.
Quanto mais seco o ambiente, maior a perda de calor por evaporação a perda
acentuada de calor por evaporação que ocorre com o parto pode ser minimizada
secando-se imediatamente o recém-nascido e removendo-se os campos molhados.
Condução: esta forma de perda de calor ocorre quando a pele entra em contato
direto com um objeto mais frio, por exemplo, uma bancada ou balanças frias, portanto
qualquer superfície sobre a qual o recém-nascido será colocado deve ser forrada.
Radiação: uma superfície sólida mais fria sem contato direto com o neonato
pode causar perda de calor através de radiação. Fontes comuns de perda de calor
radiante incluem as paredes e janelas da incubadora, ocorrendo mesmo a
temperaturas quentes, a perda de calor radiante pode ser minimizada pelo uso de
uma cobertura de calor termoplástica.
Convecção: a perda de calor da superfície corporal para o ar circunjacente mais
frio ocorre pela convecção, ela é maior em ambientes resfriados assim a sala de parto

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resfriada para o conforto da equipe de saúde pode causar perda significativa de calor
convectivo no recém nascido.
Em um ambiente frio ou em outras circunstâncias estressantes o recém-
nascido se defende contra a perda de calor por meio de controle vasomotor, do
isolamento térmico, da atividade muscular e da termogênese sem tremor de frio. O
estímulo nervoso periférico ativa o controle vasomotor e os processos metabólicos
para regular o controle térmico. O recém-nascido conserva o calor por meio de
vasoconstrição periférica e dissipa calor pela vasodilatação periférica. O isolamento
térmico fornecido pela gordura subcutânea (branca), o isolamento térmico protege
contra a perda rápida de calor. A quantidade de gordura subcutânea determina o grau
de isolamento térmico (a gordura subcutânea é responsável por 11 a 17% do peso
recém nascido a termo), e ela não se desenvolve até a 26ª à 30ª semana gestacional,
comprometendo assim a capacidade do neonato prematuro de manter ou estabilizar
a temperatura. A atividade muscular aumenta a produção de calor inicialmente, o
recém-nascido reage ao ambiente frio com um aumento dos movimentos
(frequentemente percebidos como irritabilidade).
A termogênese não espasmogênica é definida como a produção de calor pela
lipólise da gordura marrom, trata-se do mecanismo de produção de calor mais eficaz
do recém-nascido porque aumenta minimamente a taxa metabólica. Um tipo de tecido
adiposo, a gordura marrom responde por até 1,5% do peso total do recém-nascido a
termo, assim chamada devido sua cor marrom. Como resultado do seu rico suprimento
vascular, do conteúdo vascular denso e das inúmeras terminações nervosas, a
gordura marrom é depositada em torno do pescoço, da cabeça, do coração, dos
grandes vasos, dos rins, das glândulas suprarrenais, entre as escápulas, atrás do
esterno e nas axilas.
O cérebro, o fígado e os músculos esqueléticos tomam parte na termogênese
não espasmogênica em resposta à perda de calor, os nervos simpáticos estimulam a
liberação de norepinefrina, o principal mediador da termogênese levando a um
aumento da produção de calor. A produção de calor pela oxidação da gordura marrom
é distribuída no corpo pelo sangue, que absorve o calor ao passar pelo tecido
gorduroso.

Sistema tegumentar

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O recém-nascido saudável é úmido e quente ao toque, lanugem, um cabelo


fino e felpudo pode existir sobre as costas e os ombros, a pele do recém-nascido serve
também como a primeira linha de defesa contra infecções e a camada mais externa.
O estrato córneo é fundido com o verniz caseoso (substância gordurosa branca
produzida pelas glândulas sebáceas e que protege a pele fetal do fluido amniótico),
que devido as suas propriedades protetoras não deve ser retirado. A pele do recém-
nascido a termo pode parecer eritematosa (avermelhada) por várias horas após o
nascimento, mas logo assume a sua cor normal, em muitos neonatos a instabilidade
vasomotora, a estase capilar e os níveis elevados de hemoglobina levam à
acrocianose, caracterizada pela coloração azulada das mãos e dos pés. A cor da pele
e a circulação em geral melhoram com o aquecimento das mãos e dos pés
(acrocianose é uma condição comum e não deve ser confundida com cianose central,
que reflete troca gasosa comprometida). Ao contrário a pele do recém-nascido
prematuro é frágil, transparente, com veias visíveis e sem lanugem e o verniz caseoso
também está ausente.

Sistema Musculoesquelético

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A ossificação (desenvolvimento ósseo) é incompleta ao nascer. O crânio é
composto por seis ossos finos e desunidos. Separando os ossos estão às suturas que
são articulações fibrosas. As fontanelas são áreas de tecidos moles cobertos com
membranas rígidas que separam as suturas e geralmente o parto normal causa uma
sobreposição das suturas, uma condição que se resolve espontaneamente. Os
músculos são anatomicamente completos no nascimento a termo, com a idade a
massa, a força e o tamanho muscular aumentam e isto é crucial para o
desenvolvimento do controle postural e da mobilidade.

Sistema reprodutor

O sistema reprodutor é anatomicamente e funcionalmente imaturo ao nascer,


porém devido aos elevados níveis de estrogênio materno podem causar efeitos
adversos transitórios e sem importância clínica como: hipertrofia mamária com ou sem
leite da bruxa (uma secreção aquosa, fina, semelhante ao colostro) pode aparecer
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tanto no recém-nascido do sexo feminino e do masculino. Já as meninas podem ter


pseudomenstruação uma secreção vaginal mucoide ou manchada de sangue,
causada pela queda brusca de hormônio após o nascimento, tais situações se
resolvem espontaneamente.

INTERAÇÕES ENTRE O NEONATO E O AMBIENTE

O recém-nascido a termo não só percebe o ambiente como também tenta


controlá-lo pelo comportamento. Capaz de ver, ouvir e distinguir entre gostos e
cheiros, o recém-nascido responde ao toque e aos movimentos se defende de
estímulos e dá sinais que quando interpretados por um cuidador atento, podem
satisfazer às suas necessidades.
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Visão
Embora o recém-nascido possa ver, a acuidade visual é limitada a uma
distância de aproximadamente 23 a 30,5 cm. O neonato tem uma preferência por
formas geométricas como quadrados, retângulos ou círculos. Imagens em preto e
branco prendem o olhar do neonato por mais tempo do que as imagens coloridas, o
controle muscular incompleto dos movimentos oculares, às vezes, causa estrabismo
transitório. O recém-nascido parece achar a face humana curiosa, e normalmente fixa
o olhar intencionalmente em uma face próxima, como durante a amamentação e o
acariciamento, tal comportamento reforça intensamente a ligação entre pais e filho. A
acuidade visual melhora rapidamente e em torno dos seis meses o bebê alcança a
acuidade visual do nível do adulto, no neonato exposto a vários objetos agradáveis
em uma gama de cores, formas e contrastes, a acuidade visual pode melhorar até
mais rapidamente. A colocação de brinquedos, móbiles e figuras no berço, dentro do
seu campo de visão, pode ajudar a estimular o desenvolvimento visual.
O recém-nascido é sensível à luz e reage fazendo caretas ou franze as
sobrancelhas e vira a cabeça para longe do brilho da luz dirigida aos seus olhos e
abre os olhos prontamente em um quarto na penumbra. Assim, reduzindo a luz, os
pais podem melhorar o contato visual com o recém-nascido, facilitando a interação.
Audição
O recém-nascido pode ouvir ao nascer, de fato a audição começa até mais
cedo, o feto pode ouvir sons extrauterinos (por exemplos, vozes ou música), bem
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como ruídos que se originam nos sistemas corporais maternos, inclusive sons
variáveis de baixa frequência do sistema cardiovascular materno e do sistema
digestório. A audição é bem estabelecida após a aeração das trompas de Eustáquio
e drenagem de sangue, verniz caseoso, fluido amniótico e muco do ouvido externo.
Logo após o nascimento, o recém-nascido se vira em direção a sons e se assusta
com ruídos altos como: campainha do telefone, a queda de objetos e o bater de uma
porta. Capaz de distinguir sons com base na frequência, na intensidade e no padrão,
o recém nascido responde mais rapidamente a sons abaixo de 4.000Hz. (A fala
humana em geral está entre 500 e 900 Hz). O neonato responde de maneira variada
a diferentes tons de vozes. A maioria das mulheres tem voz de maior frequência
quando fala com um bebê, uma voz de alta frequência atrai a atenção do recém-
nascido, que se vira em direção ao som com maior agilidade em contraste, a voz
masculina de baixa frequência parece ter um efeito mais calmante.
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Toque
O recém-nascido tem uma percepção tátil bem desenvolvida, que serve como
um estímulo para a primeira respiração às áreas corporais mais sensíveis inclui: a
face (especialmente em torno da boca), as mãos e as plantas dos pés. As vias da dor
e os centros corticais e subcorticais cruciais à percepção da dor são bem
desenvolvidos e os sistemas neuroquímicos à transmissão da dor estão intactos e
funcionais. As alterações fisiológicas associadas à dor no neonato incluem aumento
da pressão arterial e frequência cardíaca durante e após os procedimentos dolorosos.
Durante os procedimentos dolorosos o nível de PaCO2 do neonato flutua
amplamente e a sudorese palmar aumenta, pesquisadores também documentam
acentuadas alterações hormonais, incluindo aumento dos níveis de renina plasmática
logo após punção venosa e níveis de cortisol plasmático. Estímulos dolorosos
produzem respostas motoras simples (flexão e adução das extremidades),
expressões faciais distintas (dor, tristeza e surpresa) e choro característico. Alguns
estudos preliminares sugerem que os recém-nascidos têm memória para a dor, bem
como para a percepção da dor. O estímulo cutâneo agradável por outro lado, induz o
relaxamento muscular e é outro fator importante na ligação entre pais e filhos à medida
que a mãe se familiariza com o neonato. Tocando-lhe levemente a face às

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extremidades e o tronco, o tônus muscular, os movimentos do neonato diminuem e o


choro para ou reduz de intensidade reforçando o elo materno.
O manuseio do recém-nascido proporciona estimulação sensorial a partir de
movimentos e do toque, produzindo vigilância e respostas de atenção e de orientação,
que por sua vez influenciam o desenvolvimento neonatal e a interação entre pais e o
recém-nascido; contudo o recém-nascido pode ficar cansado se for muito manuseado.
Com o bebê prematuro o contato pele a pele proporciona uma oportunidade para o
toque, as pesquisas têm mostrado que o uso do toque resulta em estabilidade dos
sinais vitais, padrões de crescimento positivo e termorregulação.

Paladar
O neonato distingue os sabores em torno do 1º ou 2º dia após o nascimento
em resposta a uma solução insalubre (como água esterilizada), a expressão facial do
recém-nascido permanece inalterada, uma solução doce, por ouro lado, produz uma
sucção satisfeita, uma solução azeda induz uma careta e a cessação da sucção já
uma solução amarga provoca uma expressão facial zangada, cessação da sucção e
em muitos casos o distanciamento da cabeça.

Olfato
Embora tenham sido feitas poucas pesquisas a respeito da olfação neonatal,
sabe-se que o neonato reage a odores fortes ou nocivos, afastando a cabeça do odor
e a sensibilidade aos estímulos olfatórios aumenta nos primeiros quatro dias após o
nascimento.

PADRÕES CARACTERÍSTICOS DE SONO E ATIVIDADE

Durante o período transicional, o recém-nascido experimenta uma série de


alterações que englobam o estado de consciência, a resposta comportamental aos
estímulos e parâmetros fisiológicos, além disso, vários estados neonatais de sono e
vigília também foram identificados.

Períodos de Reatividade Neonatal


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As primeiras horas do neonato são marcadas por uma série de características


comportamentais e fisiológicas identificáveis e previsíveis, descritas coletivamente
como períodos de reatividade neonatal, todos os recém-nascidos experimentam a
mesma sequência de períodos, contudo o início de cada período e o tempo de duração
varia de um recém-nascido para outro. Medicações maternas, anestesia, duração do
trabalho de parto e qualquer estresse que afetam o recém-nascido podem influenciar
a duração de um dado período.

Primeiro Período de Reatividade


Começando logo após o nascimento, esse período dura grosso modo 60
minutos, nessa fase de intensa atividade e consciência de estímulos externos, o
neonato está alerta e atento ao ambiente e pode exibir atividade vigorosa, choro e
frequência cardíaca e respiratória rápidas. O recém-nascido tem um forte desejo de
sugar nesse período, de modo que a amamentação pode ser iniciada e aos poucos o
recém-nascido torna-se menos alerta e menos ativo e dorme.
As adaptações neonatais durante esse período inicial são reguladas, sobretudo
pelo sistema simpático, respirações irregulares, taquipneia e abertura nasal sem
relação com estresse podem ocorrer. Outras características visíveis nesse período
incluem sustos espontâneos, o reflexo de Moro (no qual o neonato se estende e move
os membros para longe do corpo quando a cabeça cai subitamente para trás).
Caretas, movimentos de sucção, choro súbito que cessa abruptamente, tremores finos
do queixo ou das extremidades, piscar dos olhos e movimentos oculares. Nesse
primeiro período de reatividade é o momento ideal para promover a interação entre os
pais e o recém-nascido, a enfermeira pode melhorar o vínculo, permitindo que a mãe
e o neonato permaneçam juntos nesse período (desde que o recém-nascido seja
saudável). A temperatura precisa ser monitorada e mantida cuidadosamente durante
esse período para prevenir o estresse por frio.

Estágio de Sono
O recém-nascido geralmente dorme cerca de 2 a 3 horas após o nascimento e
permanecem adormecidos de alguns minutos até 4 horas, alguns especialistas
classificam o sono como um período de reatividade autocontido distinto, outros o
consideram uma fase transicional ligando o primeiro e o segundo período. Enquanto

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adormecido, a frequência respiratória do recém-nascido aumenta, enquanto a


frequência cardíaca varia de 120 a 140 batimentos por minuto, a cor da pele melhora
embora persista alguma acrocianose. Como o 24 recém-nascido tem pouca resposta
a estímulos externos durante o período de sono, tentativas de amamentá-lo não irão
produzir respostas.

Segundo Período de Reatividade


Iniciado com o despertar do recém-nascido caracteriza-se por uma resposta
exagerada a estímulos externos e internos, a frequência cardíaca é lábil e ocorrem
episódios de bradicardia e taquicardia. A pele do recém-nascido em geral parece
rosada ou avermelhada, secreções orais espessas costumam causar engasgos e
vômitos, a frequência respiratória varia de 30 a 60 respirações por minuto, sendo
irregular e pode incluir breves pausas, apneias e taquipneia periódica. O recém-
nascido em geral expele mecônio do trato gastrintestinal nesse período, o segundo
período pode durar 4 a 6 horas quando ele termina o recém-nascido torna-se mais
estável e as frequências cardíacas e respiratórias se normalizam. E um equilíbrio
dinâmico emerge com o recém-nascido alternando entre atividade alerta e o sono,
estabelecendo um padrão de sono, choro, atividade e alimentação.
Estados de Sono e Vigília do Recém-Nascido
Brazelton (1979) classificou o estado de consciência do recém-nascido em seis
estados: dois estados de sono e quatro de vigília, a capacidade que o neonato tem de
regular o estado de consciência reflete a integridade do sistema nervoso central. O
estado de consciência pode ser afetado por medicações, pela fome, pelos ciclos
diurnos, por estresse (como ruído, dor, luz forte), e qualquer outro desconforto físico.
Comumente o recém-nascido em um estado de sono responde a estímulos com
atividade aumentada, enquanto um recém-nascido no estado de choro responde com
atividade diminuída. De acordo com Brazelton, quando confrontado com interferências
externas como uma picada no calcanhar ou outro estímulo doloroso, o recém-nascido,
tenta controlar o estado de consciência utilizando as seguintes maneiras:
• Tentando retirá-lo fisicamente;
• Tentando afastar o estímulo com as mãos ou com os pés;
• Tentando retirar-se emocionalmente (por exemplo, desviando-se do
estímulo ou dormindo);

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• Chorando ou fazendo ruídos, em um esforço de interromper o estímulo.


Usando essa informação a enfermeira pode avaliar mais habilidosamente o
neonato, planejar os cuidados neonatais e ajudar a promover a interação entre pais e
recém-nascido.

Sono Profundo
No estado de sono profundo, os olhos do recém-nascido ficam fechados e não
aparecem movimentos oculares rápidos (REMs), exceto por reflexos de susto
ocasionais não ocorre qualquer atividade espontânea. As respirações são iguais e
regulares, o recém-nascido em sono profundo em geral não pode ser acordado por
estímulos externos nem ser amamentado, qualquer tentativa da mãe de alimentar o
recém-nascido será frustrada.

Sono Leve
Durante o período de sono leve os olhos do neonato estão fechados e ocorrem
REMs, padrões respiratórios variáveis movimentos aleatórios e movimentos de
sucção caracterizam o sono leve e estímulos externos podem acordar o recém-
nascido nesse estado.

Estado de Sonolência
No estado de sonolência transicional, o recém-nascido tenta se tornar
completamente alerta, os olhos podem estar abertos ou fechados e as pálpebras
podem agitar-se frequentemente. Os movimentos musculares são suaves com
atividades espontâneas e sustos intermitentes, os estímulos táteis ou auditivos podem
estimular uma resposta, mas a resposta pode ser lenta até que o recém-nascido se
aproxime do próximo estágio.

Estado de Vigília
No estado de vigília ou alerta os olhos estão abertos, brilhantes e o recém-
nascido focaliza a fonte de estímulos consciente, é responsivo ao ambiente, faz
movimentos propositais e mostra uma boa coordenação dos olhos com as mãos. O
recém-nascido tenta atingir e manter esse estado. É um ótimo momento para iniciar a
amamentação.

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Estado Ativo
Nesse estado os movimentos neonatais aumentam devido aos estímulos
externos causando movimentos oculares e corporais.

Estado de choro 26
No estado de choro o neonato responde a estímulos internos e externos em
geral começando com choramingos leves e mínima atividade motora aumentada, com
movimentos de empurrar as extremidades e sustos espontâneos. As chances de
alimentação ou interação bemsucedida podem aumentar se os pais ou a enfermeira
puderem acalmar o recém-nascido com movimentos de embalo.

ANAMNESE E EXAME FÍSICO DO RECÉM-NASCIDO

ANAMNESE
A história pregressa materna, pré-natal e intraparto são informações
importantes para uma avaliação adequada do recém-nascido, de modo que a equipe
possa dessa forma antecipar mais precisamente problemas perinatais potenciais e
tomar condutas mais adequadas obtendo assim, resultados mais satisfatórios. Tais
tópicos são descritos no quadro abaixo:
27
QUADRO 1 -ANAMNESE

Identificação do RN  Nome da mãe, idade, procedência, grau de instrução, estado civil,


residência, registro da mãe e do RN (quando estiver internado).

Antecedentes familiares
• Familiares: doenças geneticamente transmissíveis,
infectocontagiosas e consanguinidade.

• Mãe: condições de saúde da mãe (diabetes, doenças


infecciosas, hipertensão arterial, nefropatias, cardiopatias, distúrbios
metabólicos, glandulares, neurológicos e uso de drogas).

HISTÓRIA GESTACIONAL

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Antecedentes obstétricos
 Número de gestações e abortos, números de nascidos vivos
com peso menor de 2500g e natimortos, números de filhos mortos e
tipo de parto. Anotar a época dos óbitos (na 1º semana e depois da
1º semana).

Gestação atual  Data da última menstruação, duração da gestação em


semanas, início, término e número de consultas no prénatal, vacina
antitetânica, grupo sanguíneo, fator Rh, sorologia para lues e HIV,
fumo e número de cigarros por dia, ocorrências, durante a gestação
(gravidez múltipla, hipertensão prévia, pré-eclâmpsia, eclâmpsia,
cardiopatia, diabetes, infecção urinária. Outra infecção, parasitoses,
ameaça de parto prematuro, hemorragias no 1º, 2º e no 3º trimestre,
anemia crônica e outras).

Trabalho de parto  Ocorrências - alterações de frequência cardíaca, aspecto do


líquido amniótico, tempo de roturas de membranas, uso de
medicação, tipo de parto (espontâneo; operatório e outros),
apresentação (cefálica, pélvica, pelvipodalíca, córmica e face).

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 Data e hora do nascimento, nível de atenção (primária,
secundária e terciária), profissional que atendeu o partoEnfermagem
eo em
RN. Serviços Pediátricos e Neonatais

SALA DE PARTO

RN  Sexo, APGAR do 1º e 5º minutos, reanimação (oxigênio


inalatório, máscara, VPP, intubação, uso de medicação),
exame físico sumário, profilaxia da oftalmia gonocócica

Cordão umbilical  Cordão umbilical: tempo de ligadura do cordão, nº de artérias


e veia e presença de anomalias no cordão (nó, circular e
hemangiomas).

Líquido amniótico  Aspecto (claro, meconial, sanguinolento) odor e quantidade.

28

MODELO DE ANAMNESE DE ENFERMAGEM

IDENTIFICAÇÃO DO RN:
NOME DA MÃE:
IDADE:
PROCEDÊNCIA:
INSTRUÇÃO:
ESTADO CIVIL:

ANTECEDENTES FAMILIARES:
( ) DOENÇAS GENETICAMENTE TRANSMISSÍVEIS
( ) INFECTOCONTAGIOSA ( ) CONSANGUINIDADE

CONDIÇÕES DE SAÚDE DA MÃE:


( ) DIABETES ( ) NEFROPATIAS
( ) CARDIOPATIAS
( ) HIPERTENSÃO ARTERIAL ( ) DISTÚRBIO METABÓLICO
( ) TABAGISTA
( ) DISTÚRBIO GLANDULAR ( ) DISTÚRBIO NEUROLÓGICO
( ) ETILISTA ( ) INFECÇÃO

HISTÓRIA GESTACIONAL

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GESTA: ABORTOS: NATIMORTO:


Nº DE FILHOS VIVOS: Nº DE FILHOS MORTOS:

GESTAÇÃO ATUAL:
DUM: I.G: Nº DE CONSULTAS DE PRÉ-NATAL:
GRUPO SANGUÍNEO: ( ) AMEAÇA DE PARTO PREMATURO
HEMORRAGIAS ( ) 1º TRIMESTRE
( ) 2º TRIMESTRE
( ) 3° TRIMESTRE

TRABALHO DE PARTO:

ASPECTO DO LÍQUIDO AMNÍOTICO: ( ) CLARO ( )


C/GRUMOS
( ) PURULENTO ( ) MECONIAL
( ) SANGUINOLENTO 30

TIPO DE APRESENTAÇÃO: ( ) CEFÁLICA ( )


PÉLVICA
( ) PELVI-PODÁLICA (
)CÓRMICA
( ) FACE

TIPO DE PARTO: ( ) NORMAL ( ) CESÁREA


( ) FORCÉPS ( ) CIRCULAR DE CORDÃO

TEMPO DE ROTURAS DE MEMBRANAS:

RECÉM-NATO:
APGAR 1º MINUTO: SEXO:
REANIMAÇÃO:
5º MINUTO: ( ) O2 INALATÓRIO ( ) MÁSCARA

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( ) VPP ( ) INTUBAÇÃO
( )USO DE MEDICAÇÃO

EXAME FÍSICO DO RN

Deve ser realizado após 2 – 6 horas do nascimento.


Sinais vitais:
Temperatura: geralmente é aferida a temperatura axilar e a faixa de
normalidade está entre 36,5ºC e 37,5ºC e considera-se hipotermia quando a
temperatura está abaixo de 36,5ºC, 31 podendo ser:
• Leve: 36ºC a 36,4ºC.
• Moderada: 32ºC a 35,9ºC.
• Grave: abaixo de 32ºC.
Frequência respiratória: depende do período de reatividade do recém-
nascido, mas varia de 40 a 80 respirações por minuto, uma frequência anormalmente
elevada indica taquipneia e pode ser um sinal de problema perinatal já um lapso de
15 segundos ou mais, um ciclo respiratório completo (uma expiração e uma
inspiração) indica apneia. Um padrão irregular como respiração forçada, expansão
torácica assimétrica, batimento de asas do nariz, retração torácicas visíveis, gemidos
expiratórios e estridor podem indicar disfunção respiratória.
Frequência cardíaca: colocando o estetoscópio sobre o impulso apical do
quarto ou quinto espaço intercostal na linha hemiclavicular esquerda, sobre o ápice
cardíaco, será avaliado o ritmo, frequência (120 a 160 bpm) e sons anormais como
sopro cardíaco.
Pressão arterial: instalar o manguito diretamente sobre a artéria braquial ou
poplítea para garantir uma leitura acurada se for aferido pelo biomonitor. A largura do
manguito deve ser metade da circunferência no braço do recém-nascido, um manguito
muito grande ou muito pequeno pode causar uma leitura enganosa.

Medidas Antropométricas:

Peso: realize a pesagem antes e não após a alimentação, com o recém-


nascido despido. Antes de pesar coloque uma ou duas folhas de papel descartável
sobre a balança para prevenir estresse por frio, quando estiver realizando a pesagem
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mantenha uma das mãos diretamente acima do recém-nascido, contudo evite tocar o
recém-nascido o que poderia afetar a exatidão da pesagem. O peso ao nascer de um
recém-nascido a termo varia de 2.500 A 4.000G.
PESAGEM

Fonte: http://www.maesdepeito.com.br/saiba-quais-exames-no-bebe-sao-
necessarios-e-dispensaveis-na-hora-do-parto/

Material:
• Papel toalha (2 folhas);
• Balança;
• Luva de procedimento (1 par).
Procedimento:
1. Lavar as mãos;
2. Tarar a balança com o papel toalha;
3. Calçar as luvas;
4. Colocar o RN sobre a balança (sem roupa);
5. Aferir e anotar o peso em impresso próprio.
Estatura: coloque o recém-nascido em posição de supina, com as pernas
estendidas, e meça da cabeça ao calcanhar, o comprimento varia de 45 a 53 cm.

ESTATURA

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http://ageitapetininga.blogspot.com/2016/04/primeiros-cuidados-com-o-recem-
nascido.html

Material:
• Régua móvel;
• Mesa (superfície plana e rígida);
• Lençol;
• Luva de procedimento.

Procedimento:
1. Lavar as mãos;
2. Calçar as luvas;
3. Deslocar o cursor da régua até os pés do RN;
4. Deixar O RN em ângulo reto;
5. Fazer leve pressão sobre os joelhos;
6. Ler a cifra situada sobre a régua;
7. Aferir e anotar a medida em impresso próprio.

Perímetro cefálico: observe que se o parto causou moldagem ou edema da


cabeça à medida obtida pode ser enganosa.

PERÍMETRO CEFÁLICO

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34
Fonte:http://blalinka.blogspot.com/2010/12/especial-sobre-perimetro-
efalico.html

Material:
 Luva de procedimento;
 Fita métrica.
Procedimento:
1. Lavar as mãos;
2. Calçar as luvas;
3. Envolver a fita métrica em torno do crânio, passando os três polos
proeminentes: occipital, parietal e frontal;
4. Ler a cifra no ponto de encontro das duas partes da fita;
5. Aferir e anotar a medida em impresso próprio.

Perímetro torácico: faça a medida após o recém-nascido ter inspirado, antes


do início da expiração, o perímetro torácico em geral mede cerca de 2 cm menos que
o perímetro cefálico, em média 30 a 33 cm.

PERÍMETRO TORÁCICO

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35
Fonte: https://www.ebah.com.br/content/ABAAAe7NgAG/apostila-enfermagem-tratado?part=5

Material:
• Luva de procedimento;
• Fita métrica.

Procedimento:
1. Lavar as mãos;
2. Calçar as luvas;
3. Envolver a fita em torno do tórax, passando sob as axilas no nível dos
mamilos;
4. Ler a cifra situada no ponto de encontro das duas partes da fita métrica;
5. Aferir e anotar o valor em impresso próprio.

Perímetro abdominal:
Material:
• Luva de procedimento;
• Fita métrica.

Procedimento:
1. Lavar as mãos;
2. Calçar as luvas;
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3. Envolver a fita em torno do abdômen, acima do coto umbilical;


4. Ler a cifra situada no ponto de encontro das duas partes da fita métrica;
5. Aferir e anotar o valor em impresso próprio.
Obs.: realizar limpeza da balança, régua e fita métrica a cada 24h com água e
sabão, e após cada procedimento com álcool a 70%.

Altura ombro-umbigo: tem objetivo para avaliar o comprimento da inserção


dos cateteres umbilical venoso e arterial. Tal valor é colocado em uma tabela em que
teremos em valores numéricos o comprimento exato dos cateteres umbilical.

Material:
 Luva de procedimento;
 Fita métrica.

Procedimento:
1. Lavar as mãos;
2. Calçar as luvas;
3. Posicionar uma das pontas da fita métrica em cima da clavícula,
seguindo sentido transversal até o coto umbilical;
4. Ler a cifra e anotar o valor em impresso próprio.

Observação geral Avaliar postura, atividade espontânea, reatividade,


tônus muscular, tipo de respiratório, fácies, estado de
hidratação e estado de consciência.
PELE

Coloração RN de raça branca são rosados e os de raça negra


são avermelhados.
Pletora pode ocorrer em RN com poliglobulina( RN de
mãe diabética, cardiopatia cianótica ligadura tardia de
cordão e gemelaridade).

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Palidez Anemia, pré-choque, hipóxia grave ou RN


edemasiado.
Alteração vasomotora (pele de alerquim): quando há
palidez em um hemicorpo e vermelho no lado oposto.

Cianose Generalizada: geralmente por problemas


cardiorrespiratórios.
Localizada: Cianose de extremidades (acrocianose)
pode ser devido à hipotermia;
Cianose peribucal associada à palidez pode ocorrer
em infecção.
Icterícia Coloração amarelada da pele que pode ou não estar
associada à patologia de hiperbilirrubinemia.
Eritema tóxico São pequenas lesões eritemato-papulosas observadas
nos primeiros dias de vida, que regridem em poucos
dias e não têm valor clínico.
Milium sebáceo Pequenos pontos branco-amarelados localizados no
nariz, na face, na testa e no queixo.
Hemangioma capilar Comum, principalmente em fronte, pálpebra superior e
nuca e desaparece em alguns meses.
Edema Principalmente no prematuro e localiza-se em região
palpebral, pré-tibial, dorso dos pés e sacral e
desaparece em 24 a 48 horas. A anasarca aparece em
RN com hidropisia fetal, insuficiência cardíaca
congestiva, nefrose congênita, anemia intensa,
hipoproteinemia, insuficiência renal e hipernatremia.
Outras alterações Hematomas, petéquias e equimoses podem ser
encontrados no polo de apresentação. Quando
localizados na face, a denominação é de máscara
cianótica, petéquias e púrpuras quando não
localizadas podem ocorrer devido à plaquetopenia
secundária à hipóxia, infecção, doenças hemolíticas

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graves e drogas administradas à mãe


(anticonvulsivantes e diuréticos).
CABEÇA

Forma Pode apresentar deformidades transitórias


dependentes da apresentação e do próprio parto.
Perímetro Deve ser medido por fita métrica, geralmente é 2 a 3
cm maior que o perímetro torácico. Avaliar a presença
de macrocefalia ou microcefalia.
7Fontanelas O tamanho é variável, a fontanela anterior tem forma
de losango e mede 2 cm nos dois sentidos (variação
de 1 a 5 cm), a posterior é triangular e puntiforme.
Suturas Podem estar afastadas ou com cavalgamento, e deve
ser diferenciado da cranioestenose, responsável por
deformidades do crânio com hipertensão intracraniana
já o afastamento grande de suturas está associado a
perímetro cefálico aumentado e ocorre em hidrocefalia.
Bossa É uma massa mole, mal limitada, edemaciada e
serossanguínea equimótica localizada ao nível da apresentação que
desaparece nos primeiros dias de vida.
Céfalo-hematoma É um derrame sanguíneo subperióstico que apareça
como uma coleção de consistência cística, volume
variável, limitando-se ao osso atingido. Pode-se
calcificar e a regressão é espontânea, podendo
demorar semanas ou meses para ser reabsorvido e
ainda pode ser causa de hiperbilirrubinemia.
Alterações ósseas A craniotables é uma zona de tábua óssea depressível,
com consistência diminuída, comparada à de uma bola
de pinguepongue, encontrada em RN normais,
principalmente no prematuro.

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Olhos Observar: sobrancelhas, cílios, movimentos


palpebrais, edema, direção da comissura palpebral
(oblíqua e transversal), afastamento de pálpebras e
epicanto.
Pesquisar microftalmia (microcórnea), catarata (reflexo
esbranquiçado da pupila), coloboma iridiano
(persistência de uma fenda inferior da íris), tamanho da
pupila (midríase e miose), igualdade (isocoria ou
anisocoria), glaucoma congênito e reação à luz.
Hemorragias conjuntivais são comuns.
Presença de estrabismo não tem significado nesta
idade e pode persistir por 3 a 6 meses.
Nistagmo lateral é frequente.
Sinal do sol poente é encontrado em RN com
hidrocefalia encefalopatia bilirrubínica e em lesões do
tronco encefálico.
Orelhas Pesquisar apêndice e fístula pré-auricular.
Anomalias do pavilhão podem estar associadas à
malformação.
Nariz Forma.
Permeabilidades de coanas.
Presença de secreção (coriza intensa – uso de
reserpina pela mãe e mucossanguinolenta - sífilis
congênita).
Boca Pérolas de Epstein: pequenas formações
esbranquiçadas no palato e, às vezes, na gengiva.
Aftas de Bednar: lesões erosivas com halo
avermelhado no palato.
Salivação: excesso de saliva leva a pensar em atresia
de esôfago.
Presença de dentes.
Conformação do palato (ogival).

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Presença de fenda palatina.


Fissura labial (lábio leporino).
Desvio da comissura labial (paralisia facial).
Hipoplasia (micrognatia).
Posição da mandíbula (retrognatia).
Visualizar a úvula e avaliar tamanho da língua e do
freio lingual.
PESCOÇO Detectar a presença de bócio, fístulas, cistos, restos de
arcos branquiais, hematoma do
esternocleidomastoídeo.
Palpar as clavículas (fraturas).
Explorar a mobilidade e o tônus.
TÓRAX Assimetria pode ocorrer por malformações de coração,
pulmões, coluna ou arcabouço costal.
Tamanho da aréola e tecido mamário e/ou presença de
leite, podem ocorrer em ambos os sexos, e a presença
de glândulas supranumerárias.
Pulmões Frequência respiratória normal: varia de 40 a 60
movimentos por minuto.
Verificar a presença de simetria torácica, retração,
estertores, estridor, roncos, crepitação e diminuição do
murmúrio vesicular.
Cardiovascular Frequência cardíaca normal: varia entre 100 a 160
batimentos por minuto.
Batimentos cardíacos são melhor audíveis no bordo
esquerdo do esterno.
Presença de sopro nos primeiros dias é comum,
porém, se persistirem por algumas semanas é provável
manifestação de cardiopatia congênita.
Palpação dos pulsos nos quatro membros é
obrigatório: já que ausência dos pulsos femorais deve-

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se pensar em coartação da aorta e pulso amplo sugere


Permanência do Canal Arterial (PCA).
Verificar a pressão arterial.

ABDÔMEN

Inspeção Distensão abdominal indica presença de


visceromegalia, obstrução ou perfuração intestinal.
Abdômen escavado indica hérnia diafragmática.
Diástase de reto abdominal.
Agenesia de musculatura abdominal.
Extrofia de bexiga.
Hérnia inguinal e umbilical.
Onfalocele.
Cisto e hemorragia de cordão.
Visualizar o orifício anal.
Secreção, edema e hiperemia periumbilical indicam
onfalite.
Palpação Fígado é palpável até 2 cm do rebordo costal.
Uma ponta de baço pode ser palpável na
primeira semana sendo que o aumento deve ser
investigado.
Detectar a presença de massas abdominais.
GENITÁLIA

Masculina Palpação da bolsa escrotal: verificar a presença dos


testículos que podem encontrar-se também nos canais
inguinais (comum em RN prematuro extremo).
Distopia testicular é a ausência de testículos na bolsa
escrotal ou no canal inguinal.
Presença de hidrocele não comumente é frequente e
reabsorverá com o tempo.

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Fimose é fisiológica ao nascimento.


Observar a localização do meato urinário: terminal
(normal), ventral (hipopádia) ou dorsal (epispádia).
Presença de hipospádia associada à criptorquia
pesquisar cromatina sexual e cariótipo.
Equimose e edema traumático do escroto podem
ocorrer em alguns partos vaginais
Feminina Os pequenos lábios e clitóris estão proeminentes.
Pode aparecer nos primeiros dias uma secreção
esbranquiçada mais ou menos abundante e às vezes
hemorrágica.
Edema traumático de vulva pode ocorrer no parto
vaginal distócico.
Pesquisar: imperfuração himenal, hidrocolpos,
aderência de pequenos lábios.
Fusão posterior dos grandes lábios e hipertrofia
clitoriana indicam a pesquisa de cromatina sexual e
cariótipo.
EXTREMIDADES Dedos: polidactilia, sindactila, malformações ungueais.
Articulações coxofemurais: realizar manobras de
Ortolani pela abdução das coxas, tendo as pernas
fletidas quando positiva indica displasia coxofemural.
Pesquisar simetria das pregas da face das coxas e
subglúteas. Presença de fraturas ou lesão nervosa
(paralisia) será avaliada pela atividade espontânea ou
provocada dos membros.
Observar as pregas de flexão palmares e as
localizadas no 5º dedo prega palmar única e falta de
uma prega no dedo presença de S. de Down.
COLUNA Examinar especialmente a área sacrolombar,
VERTEBRAL percorrendo com os dedos a linha média em busca de

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espinha bífida, mielomeningacele e outros defeitos


(sinus sacral acima do promontório).
Presença de hipertricose lombossacra sugere
espinha bífida oculta.
EXAME Observar atitude, reatividade, choro, tônus,
NEUROLÓGICO movimentos e reflexos.
Pesquisar os reflexos de Moro, sucção, busca,
preensão palmar e plantar, tônus do pescoço, extensão
cruzada dos membros inferiores, endireitamento do
tronco e marcha automática.
40

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41
MODELO DE EXAME FÍSICO DE ENFERMAGEM

SINAIS VITAIS
T: Fc: Fr: P.A: Spo2:

MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS
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Peso: Estatura: PC: PT: PA:

SISTEMA NERVOSO
Fontanelas: Suturas:
Tono: Cabeça:
( ) normotensa ( ) tensa ( ) normal ( ) separadas ( ) normal ( ) hipotônico
( ) bossa
( ) abaulada ( ) deprimida ( ) sobrepostas ( ) flácido ( ) hipertônico

Fraturas:
Anormalidades:

Atividade predominante: Choro: Atividade Motora:

( ) alerta ( ) chorando ( ) sono ativo ( ) normal ( ) simétrico ( )


assimétrico
( ) sono aprofundo ( ) fraco ( ) convulsões ( ) letargia
( ) irritabilidade ( ) tremores

Resposta ao estímulo: Reflexos: CÓDIGO: Normal = N; fraco = F

( ) vocal ( ) toque sucção: Ausente = A ( ) dor ( )


luz apreensão: Não avaliado = NA
Moro:

PELE
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Condições: Turgor:
( ) fria ( ) quente ( ) úmida ( ) bom ( ) regular ( ) ruim
( ) gelatinosa ( ) descamada
( ) estrias de mecônio ( ) lanugem
( ) vérnix caseoso ( ) petéquias
( ) equimoses
Local: 44

OLHOS BOCA FOSSAS NASAIS


Geral: Reflexo de náuseas: Permeáveis:
( ) abertura espontânea ( ) normal ( ) ausente ( ) sim ( ) não
( ) fechados ( ) edema ( ) hipoativo ( ) hiperativo
( ) secreção ( ) fixo ( ) sialorreia excessiva
ORELHAS
( ) implantação baixa
Esclera: Palato:
Pupilas: ( ) completo ( ) incompleto Malformação:
( ) isocóricas ( ) anisocóricas Lábio Leporino:
Reflexo à luz: ( ) presente ( ) ausente
( ) presente ( ) ausente

SISTEMA RESPIRATÓRIO
Respiração: Retração: Ausculta
Pulmonar:
( ) regular ( ) irregular ( ) esternal ( ) intercostal ( ) bilat.
limpos ( ) roncos bolhosos
( ) apneia ( ) superficial ( ) subcostal ( ) diminuídos
( ) roncos
( ) batimento de asa de nariz

Configuração do tórax: ( ) estertores ( ) sibilos


( ) gemente ( ) taquipneia ( ) simétrico ( ) assimétrico

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Secreção vias
( ) bradipneia
aéreas
( ) sim ( ) não

Necessidade de oxigênio:
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( ) ar ambiente ( ) ventilador
( ) caixa de hood ( ) CPAP nasal
( ) CPAP endotraqueal
( ) tubo endotraqueal nº
Fixado nº

SISTEMA CARDIOVASCULAR
Pulso apical: Sopro:
( ) ritmo regular ( ) arritmia ( ) ausente ( ) presente
Cor: Perfusão capilar:
( ) corado ( ) pletórico ( ) hipocorado ( ) normal ( 1 a 3 s)
( ) moteado ( ) ictérico ( ) lento ( < 3 s )
( ) acrocianose ( ) cianose circoral

Edema:
( ) cianose central ( ) ausente ( ) pés ( ) mãos
( ) olhos ( ) generalizado

Pulso:
Braquial: ( ) presente ( ) igual ( ) ausente
( ) cheio/amplo ( ) filiforme
Femoral: ( ) presente ( ) igual ( ) ausente
( ) cheio/amplo ( ) filiforme
Radial: ( ) presente ( ) igual ( ) ausente
( ) cheio/amplo ( ) filiforme ( ) ausente

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Pedial: ( ) presente ( ) igual ( ) ausente


( ) cheio/amplo ( ) filiforme ( ) ausente

SISTEMA GASTROINTESTINAL
46
( ) evacuou ( ) não observado

Ausculta intestinal: Abdome:


( ) não evacuou ( ) RHA diminuído ( ) RHA ativos ( ) flácido ( ) tenso
( ) RHA aumentado ( ) RHA ausentes ( ) semigloboso ( ) globoso
( ) distendido ( ) escavado
Anormalidades:
( ) hiperemia e/ou sensível ao toque
( ) hepatomgalia
( ) esplenomegalia

Deglutição / sucção: Resíduo Gástrico: Cordão umbilical:


( ) coordenada ( ) insuficiente ( ) claro ( ) amarelo ( ) verde aspecto:
( ) ausente ( ) não avaliado ( ) sanguinolento ( ) líquido de estase

SISTEMA GENITURINÁRIO
Urina: Genitais:
( ) espontânea ( ) sonda vesical ( ) normal ( ) edemasiada
( ) claro ( ) turva ( ) genitália ambígua ( ) hidrocele ( )
hematúria ( ) concentrada ( ) outros

EXTREMIDADES
( ) distocia de ombro ( ) lesão de plexo braquial
( ) luxação ANORMALIDADES:

ACESSO VASCULAR
( ) AVP: local: aspecto

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( ) AVC: local: aspecto 47


( ) cateter umbilical venoso aspecto
( ) cateter umbilical arterial aspecto

COLUNA VERTEBRAL
Anormalidades:

Data: Hora: Enf ª:

AVALIAÇÃO DO PESO E IDADE GESTACIONAL

A avaliação do peso e da idade gestacional é de suma importância para que


possamos planejar uma assistência adequada e que traga uma recuperação rápida e
sem sequelas.
Peso ao nascimento (PN): é o primeiro peso obtido após o nascimento, se este
não for determinado à pesagem mais tardia e mesmo o peso posterior à morte deverá
ser considerado como peso ao nascimento. 48

• Baixo peso: peso ao nascimento menor de 2.500g; Muito baixo peso:


peso ao nascimento menor de 1.500g;
• Extremo baixo peso: peso ao nascimento menor de 1000g.
A idade gestacional: compreende o período entre o primeiro dia do último
período menstrual e a data do nascimento, e que deve ser expressas em dias ou
semanas completas.
• RN pré-termo: é o concepto com idade gestacional menor que 37
semanas (259 dias);
• RN termo: é o concepto com idade gestacional de 37 semanas a 41
semanas e seis dias (259 a 293 dias);
• RN pós-termo: é o concepto com idade gestacional igual ou maior do
que 42 semanas (294 dias ou mais).

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No RN, a idade gestacional pode ser verificada clinicamente pelos métodos de


New Ballard e Capurro. Esses métodos utilizam a avaliação de combinações de
características somáticas e neurológicas que permitem estimar a idade gestacional do
RN com erro de uma ou duas semanas.

MÉTODO DE CAPURRO
Capurro e cols. Utilizam apenas cinco parâmetros somáticos e dois
neurológicos, porém a verificação desses parâmetros em crianças deprimidas,
doentes ou de difícil acesso fica limitada às variáveis somáticas.

TEXTURA DA PELE
0 = muito fina, gelatinosa.
5 = fina e lisa.
10 = algo mais grossa, discreta descamação superficial.
15 = grossa, rugas superficiais, descamação nas mãos e pés.
20 = grossa, apergaminhada, com rugas profundas.
49
FORMA DA ORELHA
0 = chata, disforme, pavilhão não encurvado.
8 = pavilhão parcialmente encurvado na borda.
16 = pavilhão parcialmente encurvado em toda parte superior.
24 = pavilhão totalmente encurvado.

GLÂNDULA MAMÁRIA
0 = não palpável.
5 = palpável, menor de 5 mm.
10 = entre 5 e 10 mm.
15 = maior de 10 mm.

PREGAS PLANTARES
0 = sem pregas.
5 = marcas mal definidas sobre a parte anterior.
10 = marcas bem definidas sobre a metade anterior e sulcos no terço anterior.

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15 = sulcos na metade anterior da planta.


20 sulcos em mais da metade anterior da planta.

SINAL DO XALE
0 = o cotovelo alcança a linha axilar anterior do lado oposto.
6 = o cotovelo situado entre a linha anterior do lado oposto e a linha média.
12 = o cotovelo situado ao nível da linha média.
16 o cotovelo situado entre a linha média e a linha axilar anterior do mesmo
lado.

POSIÇÃO DA CABEÇA AO LEVANTAR O RN


0 = cabeça totalmente deflexionada, ângulo torácico 270º.
4 = ângulo cervicotorácico entre 180 e 270º.
8 = ângulo cervicotorácico igual 180º.
12 = ângulo cervicotorácico menor que 180º.
FORMAÇÃO DO MAMILO
0 = apenas visível.
5 = aréola pigmentada, diâmetro menor que 75 mm.
10 = aréola pigmentada, pontiaguda, diâmetro menor que 75 mm, borda não
elevada.
15 = borda elevada, diâmetro maior que 75 mm.
Capurro somático: soma dos itens A+B+C+D+G+204 = idade gestacional em
dias.
Capurro somático – neurológico: soma dos itens A+B+C+D+E+F+200 = IDADE
GESTACIONAL EM DIAS desvio padrão de 8,4 dias.

MÉTODO DE NEW BALLARD


Ballard e cols. propuseram um método derivado do Dubowitz, em que utilizam
seis parâmetros somáticos e seis neurológicos. Este método é mais simples, consome
menos tempo na sua execução e é aplicável em todos os RNs, inclusive os que estão
em terapia intensiva. Em 1993 sofreu uma modificação, para poder ser aplicado em
prematuros com menos de 29 semanas de gestação.

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MATURIDADE FÍSICA

-1 0 1 2 3 4 5
Coriáce
Pegajosa Lisa rósea Descamação Rachaduras Pergaminho
a
Rachad
Friável Veias visíveis Superficial e/ Áreas Rachaduras
Gelatinosa, uras
Pele Vermelha,
translúcido Profundas Enruga
Transparente Ou erupção Pálidas
Nenhum mento

Poucas veias Raras veias vaso

Áreas Maioria
Lanugem Nenhuma Escassa Abundante Afinamento
despeladas despelada

> 50 mm
Calcanhar- Somente Pregas
Nenhuma

Pregas
Dedo< 40- prega Transversas Sobre
anteriores
Marcas
Superfície Pregas 2/3
Vermelhas
plantar anteriores
50 mm: -1 descoradas Toda sola

< 40 mm: -2

Aréola elevada
Aréola Aréola Aréola
Botão

Dificilmente Chata sem


Mamas Imperceptíveis Pontilhada 3-4 mm Completa
perceptíveis botão

Botão 1-2 mm Botão

5-10 mm

Pina curva
Olhos / Pálpebras Pálpebras aMole, porém Pina curva Formada e Cartilagem
Recolhe

Firme, com
Abertas, pin Mole, porém
Orelhas Coladas, lento Retorno Espessa
Chata pregueada Recolhe rápido
instantâneo

Frouxas-1 Orelha rija

Rijas-2

Escroto Vazio, Escroto Cheio,


Genitália Testículos no Testículos Testículos
sem rugas rugas escuras

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Pendulares
Masculina Canal Descendo Rugas
profundas
Testículos
Baixo, boas
Superior Poucas rugas rugas

Poucas rugas

Clitóris Clitóris Clitóris Grandes e Grandes Grandes

Proeminente, Pequenos Lábios


Proeminente Proeminente Lábios Lábios
Lábios achatados proeminentes

Genitália Pequenos
Pequenos Lábios
feminina Lábios Maiores Cobrem
menores
aumentados

Pequenos
Lábios Clitóris e
menores

Pequenos

lábios

TOTAL DE PONTO = SEMANAS 52

SCORE -10 -5 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

I.G 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44

OBS.: Quando a somatória for diferente da tabela, deve-se aplicar a fórmula.

IG = (score x 0.4) +24

APNEIA DA PREMATURIDADE

Definição: é a parada respiratória por mais de 20 segundos, acompanhada ou


não de alterações de cor (palidez e/ou cianose), bradicardia (frequência cardíaca
menor que 100 bpm) e insaturação (diminuição da saturação de oxigênio abaixo de
80%, por um período superior a quatro segundos).

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Incidência: metades dos prematuros menores de 32 semanas terão pelo menos


um episódio de apneia e 80% dos prematuros com idade gestacional entre 26 e 32
semanas terão três ou mais episódios de apneia. Quando relacionada apenas com a
prematuridade o problema tende a se desaparecer por volta da 35ª a 36ª semanas de
idade gestacional corrigida.
A apneia pode ser primária (idiopática, típica do prematuro, relacionada à
imaturidade) ou secundária (por causas diversas).
Fisiopatologia da Apneia Primária: decorre principalmente da imaturidade do
centro respiratório, localizado no Sistema Nervoso Central, que estimula os músculos
responsáveis pelos movimentos respiratórios. A apneia da prematuridade pode refletir
a resposta final comum de organização e interconexão incompleta dos neurônios
diante dos múltiplos estímulos aferentes, atualmente acredita-se que vários
mecanismos fisiopatológicos estejam envolvidos, além da imaturidade do centro
respiratório, são eles:
 Imaturidade do Desenvolvimento: pode estar relacionada com a
imaturidade da função do tronco cerebral e com a irregularidade da frequência
respiratória durante o período do sono.
 Resposta dos Quimiorreceptores: o recém-nascido prematuro pode em
situação de hipóxia não responder ao aumento da concentração de CO², sugerindo
que a prematuridade predisporia ao controle anormal da respiração pelos
quimiorreceptores. Diferentemente do neonato a termo que apresenta hiperventilação
em situações de diminuição de oxigênio tecidual.
 Atividade Reflexa: o recém-nascido prematuro tem facilmente contração
da faringe posterior causada por estímulos mecânicos, como por exemplo, a
passagem da sonda gástrica. Essa contração causaria obstrução do fluxo de ar para
os pulmões, levando à hipoxemia e consequentemente à apneia.
 Músculos Respiratórios: os músculos responsáveis pela inspiração
(intercostais e diafragmático) e os músculos que contraem a entrada de ar (músculo
da laringe e faringe) podem apresentar atividade irregular devido à imaturidade,
consequentemente levar à incoordenação da frequência respiratória.
Em função desses mecanismos fisiopatológicos atualmente classifica-se os
episódios de apneia também pela presença ou ausência de obstrução de fluxo de ar

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durante os episódios de pausa respiratória, essa classificação acontece da seguinte


forma:
 Apneia Central: o esforço respiratório cessa totalmente, sem associação
com causas obstrutivas de fluxo aéreo.
 Apneia Obstrutiva: caracterizada pela presença de esforço inspiratório,
porém, devido a mecanismos obstrutivos como a flexão do pescoço, a queda da língua
e a obstrução de coanas por sonda, não ocorre entrada de ar.
 Apneia Mista: pausa no centro respiratório, precedida ou seguida de
obstrução de fluxo de ar.

Causas da Apneia Secundária do Recém-Nascido


 Geral: hipoxemia, anemia, hipotermia, hipovolemia, choque, pós-
operatório.
 Infecciosas: sepse, meningite, enterocolite necrotizante, outras
infecções, infecções congênitas (TORCHS), vírus sincicial respiratório.
 Respiratórias: hipóxia, DMH grave, pneumonia, pneumotórax,
atelectasia, displasia broncopulmonar.
 Neurológicas: imaturidade da prematuridade, asfixia perinatal,
convulsão, meningite, anomalias do SNC, hemorragia intracraniana, doenças
neuromusculares, herniação, malformações, depressão por drogas.
 Metabólicas: acidose metabólica, hipoglicemia, hipocalcemia,
hiponatremia e hipernatremia, erros inatos do metabolismo, hiperamoniemia.
 Obstrutivas Respiratórias: refluxo gastroesofágico, reflexo à aspiração
da faringe, reflexo por líquido na faringe, instabilidade (colapso) da faringe, posicional
(flexão do pescoço), secreção nas vias respiratórias, queda da língua, traqueomalácia,
obstrução nasal (no paciente em CPAP a obstrução nasal significa uma queda brusca
da FiO² para 21%).
 Cardiológicas: persistência do canal arterial, outras cardiopatias
congênitas, arritmias por reflexo vagal.
Identificação e Avaliação do Recém-nascido com Apneia
Quando suspeitar: prematuros com menos de 1800g ou de 34 semanas de
gestação que, entre o segundo e sétimo dia de vida, apresenta episódio de queda de
saturação ou bradicardia acompanhados ou precedidos de apneia. Quando não

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ocorre até o sétimo dia de vida a apneia primária raramente ocorre depois. Deve-se
pensar em apneia em todo recém-nascido com períodos de bradicardia inexplicada,
pois 95% desses casos estão associados à apneia. As crises tendem a desaparecer
até a 36ª semana de IG corrigida. Como o primeiro episódio pode resultar em parada
cardíaca, aconselha-se que todo prematuro com menos de 1800g ou de 34 semanas
de idade gestacional corrigida seja monitorizado por pelo menos 10 a 14 dias.
Como confirmar: o diagnóstico é feito pela observação clínica e pela
monitorização da 55 FC e da saturimetria. Pode-se também monitorizar a respiração
por impedantimetria torácica e, mais raramente, por sensor de fluxo nasal, a apneia
deve ser distinguida da respiração periódica do recém-nascido. Quando típica, a
respiração periódica é a intercalação de 10 a 15 segundos de respiração normal com
pausas de 5 a 10 segundos, e ocorre principalmente durante o sono e geralmente é
seguida de 10 a 15 de taquipneia, sem bradicardia associada. Geralmente não há
alteração de cor ou queda significativa da frequência cardíaca, alguns prematuros
apresentam queda da frequência sem apneia, geralmente por estímulo vagal, com
recuperação espontânea.
Conduta na crise: iniciar com estímulos táteis enquanto se posiciona a criança
e se observa se existe esforço respiratório (apneia obstrutiva). A estimulação tátil e
um aumento transitório da FIO2 podem ser suficientes nos casos leves e
intermitentes, enquanto se providencia a correção de eventuais fatores agravantes ou
precipitantes. Se não há resposta com a estimulação, oxigenação e posicionamento
adequado iniciam-se a ventilação com ambú e máscara (FIO2 de 40% ou igual à
anterior). Se o paciente não se recupera com a ventilação com ambu e máscara e não
se encontra uma causa que possa ser imediatamente contornável, deve-se entubá-lo
e colocá-lo em ventilação assistida.
Exames: superada a crise, considerar todas as alternativas etiológicas listadas
acima, uma revisão da evolução clínica recente, dos dados vitais e de enfermagem e
um exame clínico detalhado ajudam a determinar as principais hipóteses e direcionar
os pedidos de exame subsidiários. Geralmente pede-se hemograma, plaquetas,
proteína C, hemocultura, glicemia, íons, cálcio e magnésio, gasometria e raio X de
tórax e dependendo do caso pode ser indicado ultrassom transfontanela ou TC crânio.

TRATAMENTO

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Medidas Gerais:
 Aquecer e melhorar o controle de temperatura;
 Posicionar em decúbito ventral com o pescoço em posição de leve
extensão.
Aspirações cuidadosas da faringe.
 Corrigir anemia, mantendo a hemoglobina acima de 12g/dl.
 Nos prematuros < 750g de peso de nascimento, não forçar a retirada de
todo o oxigênio enquanto houver episódios de apneia: manter fluxo mínimo na
incubadora suficiente para saturimetria em torno de 92-94% (e menor que 95%).

Prioridade absoluta: Tratar qualquer causa ou fator agravante identificado.


Corrigir os fatores precipitantes mais comuns: desidratação, hipoglicemia, hipóxia,
acidose, distúrbios de sódio, cálcio ou magnésio, infecção, anemia e convulsões.
Drogas estimulantes: estão indicadas nos casos sem causa detectável, em
prematuros abaixo de 35-36 semanas de idade gestacional, e não está indicado o uso
profilático dessas drogas.
▪ Aminofilina EV: é usada com uma dose de manutenção de 1,0 mg/Kg/ dose
cada 8 horas a 2,0 g/Kg/dose a cada 12 horas. Nos casos mais graves iniciar o
tratamento com uma dose de ataque de 4-7 mg/Kg. Ajustar a dose para obter níveis
séricos entre 5 e 12 mg/ ml, ficar atento para os sinais de toxicidade como: distensão
abdominal, estase, taquicardia, tremores, convulsões, irritabilidade, hiperpneia.
▪ Cafeína: é a droga de primeira escolha a via oral é tolerada e deve ser
preferida à aminofilina em qualquer circunstância. É mais eficaz e tem maior efeito
estimulante sobre o centro respiratório e uma meia vida longa (mais de 100 horas)
Também é mais bem tolerada com melhor margem terapêutica, além de maior
diferença entre os níveis terapêuticos e tóxicos.
Assistência Ventilatória
▪ CPAP nasal: com pressão de 3-6 cm H2O e uma FIO2 inicial de 30 a 40%,
ajustada depois pela saturimetria. O CPAP reduz a frequência de apneia nos casos
associados à dificuldade respiratória, na apneia obstrutiva ou mista.
▪ Ventilação mecânica: indicada na apneia persistente quando mesmo com uso
de CPAP, drogas estimulantes ou com apneias que se apresentam em um período

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curto de tempo. E geralmente toleram ventilação com parâmetro baixo: PPI= 10 A 15,
PEEP= 3-4, TI= 0,35-0,4; FR= 0-30; fluxo=6L/min.

TAQUIPNEIA TRANSITÓRIA DE RECÉM-NASCIDO

Definição: desconforto respiratório de início precoce, em geral brando e de


evolução benigna.
Incidência: é de 1 a 3 % a doença é mais comum nos recém-nascidos a termo
ou nos prematuros próximos ao termo.
58 Fisiopatologia: a taquipneia transitória do recém-nascido representa um edema
pulmonar transitório que resulta da reabsorção retardada do líquido pulmonar fetal
pelo sistema linfático. Quando não ocorre a eliminação rápida do líquido pulmonar
fetal, há acúmulo nos vasos linfáticos peribrônquicos e nos espaços
broncovasculares, resultando em colapso bronquiolar, seguido do aprisionamento de
ar no pulmão e hiperinsuflação pulmonar, tendo como principal efeito desse excesso
de líquido a diminuição da complacência pulmonar.
Fatores de risco:
 Cesárea eletiva;
 Nascimento prematuro;
 Sedação materna excessiva;
 Sobrecarga hídrica materna;
 Clampeamento tardio do cordão umbilical > 45 segundos;
 Asfixia perinatal;
 Filho de mãe diabética;
 Macrossomia.
Manifestações Clínicas: desconforto respiratório leve a moderado, logo após o
nascimento, em um RN a termo ou próximo ao termo. Caracterizada pela taquipneia
com FR de até 120/minuto, batimento de asas nasais, respiração gemente, tiragem
intercostal e cianose em graus variáveis. Frequentemente, o diâmetro anteroposterior
do tórax se encontra aumentado. A ausculta pulmonar é normal, evidenciando boas
trocas gasosas, sem estertores ou roncos.

Diagnóstico radiológico:
 Hiperinsuflação pulmonar com rebaixamento diafragmático;
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 Aumento da área cardíaca, leve a moderada.


 Aumento da trama vascular pulmonar.
Manejo Terapêutico:
 Ambiente aquecido, mantendo temperatura corpórea em torno de
36,5°C.
 Monitorização cardíaca.
 Alimentação: iniciar preferencialmente após a melhora da taquipneia.
 Controle laboratorial: gasometria para controlar o equilíbrio acidobásico
e se necessária glicemia, calcemia, magnesemia e potassemia. 59

 Oxigenoterapia para manter a PaO2 entre 50 e 70 mmHg e/ou saturação


arterial da hemoglobina entre 90 e 95%;
 Oferecer o oxigênio suplementar em casos leves;
 Casos moderados – pode ser necessário o CPAP nasal;
 Casos graves que necessitam intubação traqueal e ventilação mecânica
são pouco frequentes e requerem a exclusão de complicações ou da presença de
outros processos patológicos.

PNEUMONIA NEONATAL

Fisiopatologia: o pulmão é foco comum de sepse neonatal, as pneumonias do


RN podem ser adquiridas antes do nascimento, durante o parto ou após, no período
neonatal. Na pneumonia congênita, o feto pode ser infectado por via transplacentária
ou, mais frequentemente, por via ascendente a partir do trato genital materno, antes
ou durante o parto.
Etiologia: as bactérias que comumente causam pneumonia são; Streptococcus
60
agalactiae, Escherichia coli, Klebsiella, Listeria, Estreptococcus do grupo D e
Pneumococcus.
Fatores de risco: febre materna, asfixia perinatal, prematuridade, baixo peso de
nascimento, ventilação mecânica e amniorrexe prematura.
Clínica: as manifestações clínicas incluem em instabilidade térmica, hipotonia,
hipoatividade, crises de apneia, distenção abdominal, cianose, taquipneia e esforço
respiratório progressivo.
Diagnóstico Radiológico:
 Infiltrados pulmonares assimétricos com hiperinsuflação pulmonar.
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Manejo terapêutico:
 Manter temperatura ambiental em média em 34° C.
 Iniciar dieta apenas após melhora do desconforto respiratório.
 Antibioticoterapia: os antibióticos de primeira escolha são ampicilina e
gentamicina por via endovenosa por um tempo de 10 a 14 dias, caso haja piora do
quadro clínico será necessário uma avaliação clínica e laboratorial e também a troca
de terapia antimicrobiana;
 Oxigenoterapia e suporte ventilatório;
 Uso de drogas inotrópicas é indicado caso haja sinais de baixo débito e
má perfusão periférica associada.

SÍNDROME DE ASPIRAÇÃO MECONIAL

A síndrome da aspiração meconial é uma das doenças respiratórias mais


frequentes em recém-nascidos de termo e pós-termo, resultando da aspiração de
líquido amniótico tingido por mecônio, e associa-se às altas taxas de morbidade e
mortalidade neonatal.
A eliminação intraútero de mecônio ocorre em 8 a 20% dos nascimentos,
geralmente ocasionada por sofrimento fetal, com hipóxia e acidose. Desses recém-
nascidos, cerca de 5% 61 aspiram ao mecônio. A aspiração leva à obstrução das vias
aéreas superiores com asfixia aguda, e de vias aéreas inferiores com hiperinsuflação
e atelectasia.
A infecção bacteriana secundária e pneumonite química acrescentam ao
quadro obstrutivo um componente inflamatório mais tardio, de gravidade variável.
Quando não ocorrem complicações a doença tende a melhorar a partir de 72 horas,
entretanto nos casos graves, que exigem ventilação assistida, as repercussões se
prolongam e a mortalidade é alta. A hipertensão pulmonar persistente é a complicação
mais frequente e ocorre em metade dos casos.
Fatores de Risco:
 Pós-maturidade e oligo-hidrâmnio.
 Exames pré-natais sugerindo sofrimento fetal.
 Bebês acima de 36-37 semanas gestacionais em que o líquido amniótico
está tinto de mecônio.

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 Volume meconial grande ou mecônio espesso em crianças com


dificuldade respiratória precoce, com taquipneia importante, esforço, gemido
expiratório e hipoxemia.
 Crescimento intrauterino retardado.
 Gestação de alto risco, diabetes, DHEG.
 Apresentação pélvica e macrossomia.
 Apgar < 6 no primeiro minuto.
Quadro Clínico:
 Hiperinsuflação com abaulamento e aumento do diâmetro torácico.
 Cianose.
 Gemido expiratório.
 Taquidispneia;
 Estertoração difusa grosseira e média na ausculta pulmonar;
 Pele, unhas e cordão umbilical impregnadas de mecônio.
 Raio X com opacificações irregulares e grosseiras e áreas com
atelectasia.
 Pode ocorrer pneumotórax e pneumomediastino.
 A gasometria mostra hipóxia, hipercapnia e acidose, proporcionais à
gravidade da doença.
Manejo terapêutico:
 Na sala de parto deve se realizar a aspiração rápida das narinas e
orofaringe na presença de líquido amniótico meconial, assim que houver o
desprendimento do polo cefálico e antes de ocorrer o desprendimento do tórax, essa
manobra visa prevenir a aspiração do mecônio por ocasião da primeira respiração;
 Realizar laringoscopia e aspiração do mecônio antes de serem
ventilados ou estimulados;
CRIANÇAS ESTÁVEIS COM HISTÓRIA DE LÍQUIDO MECONIAL E SOB
SUSPEITA DE TER ASPIRADO MECÔNIO:
 Observar evolução do esforço respiratório, saturimetria e monitorizar PA;
 Evitar e corrigir rapidamente hipoxemia, hipercapnia, acidose e
hipotermia;
 Aquecer e evitar manipulação excessiva;
 Fisioterapia respiratória;

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 Aspiração de orofaringe sempre que necessária;


 Realização de raio X torácico;
 Passar sonda gástrica e aspirar ao conteúdo gástrico;
 Coletar gasometria, hemograma, íons, hemocultura, Ca e glicemia;
 Corrigir acidose.
CRIANÇAS COM QUADRO CLÍNICO DE ASPIRAÇÃO DE MECONIO GRAVE:
 Providenciar acesso venoso rápido, geralmente cateterismo umbilical;
 Estabilizar hemodinâmica;
 Restringir líquidos;
 Iniciar antibioticoterapia, pois a aspiração de mecônio favorece a
pneumonia neonatal;
 Corrigir a hipóxia, pois a mesma leva a hipertensão pulmonar que agrava
a hipoxemia e a acidose;
 Se necessário instalar CPAP ou iniciar Ventilação Assistida;
 Pode-se tentar o uso de surfactante nos casos graves;
 Utilizar nitroprussiato inalatório nos casos de hipertensão pulmonar
grave;
 Quando disponível a ECMO (Oxigenação Extracorpórea de Membrana)
pode ser útil.

HIPERTENSÃO PULMONAR

É uma complicação grave que ocorre em um de cada 500 a 1500 nascidos


vivos e que se caracteriza pela persistência da hiper-resistência pulmonar normal na
vida intrauterina (que é dez vezes maior que a pós-natal), com manutenção do shunt
direita→esquerda pelo forame oval ou por um canal arterial persistente, levando a
hipoxemia grave e de difícil tratamento.
A hipoxemia e a acidose resultante produzem mais vasoconstrição e pioram a
hipoxemia. A mortalidade varia de 20 a 50% e as sequelas são frequentes.
A hipertensão pulmonar pode ser secundária a um evento agudo (asfixia,
hipóxia e sepse), a um evento crônico intraútero (insuficiência placentária, hiperplasia
muscular lisa pulmonar) ou a uma anomalia do desenvolvimento do pulmão ou
vasculatura pulmonar.
Fatores de Risco:
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 Asfixia perinatal aguda;


 Miocardiopatia isquêmica por asfixia;
 Aspiração de mecônio;
 Pneumonia congêntia e sepse;
 Hipoglicemia;
 Policitemia;
 Sofrimento fetal crônico por insuficiência placentária, hipertensão
materna, DHEG, droga adição, pós-maturidade, diabetes materna;
 Doença da membrana hialina em prematuros grandes;
 Taquipneia transitória do recém-nascido com outros fatores
predisponentes;
 Hipoplasia pulmonar parenquimatosa primária ou associada à hérnia
diafragmática ou derrame pleural;
 Cardiopatias ou miocardias congênitas;
 Oligo-hidrâminio: por anomalias renais ou urológicas graves, perda
crônica de líquido amniótico;
 Formas obstrutivas de drenagem anômala de veias pulmonares;
 Displasia capilar alveolar familiar.

Fatores Agravantes:
 A hipóxia e a acidose são dois principais determinantes de
vasoconstrição pulmonar;
 Hipoglicemia e hipocalcemia devem ser rastreadas prontamente;
 Disfunção miocárdica é frequente, sobretudo nos casos secundários a
asfixia perinatal;
 A hiperviscosidade pode ser um fator importante;
 Plaquetopenia é um marcador de evolução insatisfatória.
65
Manifestações Clínicas:
 Cianose persistente que se assemelha à cianose encontrada nas
cardiopatias congênitas, labilidade da oxigenação principalmente ao manuseio, com
quedas de saturação de oxigênio;

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 Taquidispneia com retrações subcostais e à ausculta pulmonar


encontra-se a segunda bulha desdobrada e, às vezes, um sopro contínuo;
 O fenômeno “flip-flop” é bastante sugestivo da hipertensão pulmonar, em
que pequenas alterações na FIO2 ou na PPI causam grandes alterações de
saturimetria;
 Teste de hiperventilação: com o paciente intubado, no ventilador ou com
ambu com oxigênio a 100%, o paciente é hiperventilado até que a PCO2 atinja
25mmhg, o quadro é sugestivo de hipertensão pulmonar, a saturimatria melhora à
medida que a hipocapnia aumenta. Muito cuidado para não provocar barotrauma em
cardiopatias cianozantes, a oxigenação não melhora com a hipocapnia e a PO2 não
ultrapassa 100mmhg em nenhuma das fases.
Tratamento:
 Instalar ventilação mecânica para corrigir a hipóxia e a acidose,
geralmente mantém a PO2 mais alta entre 80 a 150 mmHg nos RN a termo e nos
prematuros entre 80 a 85mmHg;
 Manter o RN aquecido e evitar manuseio e dor;
 Corrigir distúrbios hidroeletrolítico e hipoglicemia;
 Uso de drogas inotrópicas se necessário como: dopamina e dobutamina;
 O pH deve ser mantido entre 7,45 e 7,55 com hiperventilação (PCO2 em
torno de 35 mmHg) e administrar bicarbonato para corrigir a acidose;
 O hematócrito deve ser mantido acima de 40%;
 Manter o RN sedado para evitar a competição com o respirador;
 Já os RN que não respondem ao tratamento convencional e persistem
com um índice de oxigenação > 25 são candidatos ao tratamento com óxido nítrico,
porém ainda é tratamento experimental.

SÍNDROME DO DESCONFORTO RESPIRATÓRIO (SDR) - DOENÇA DE


MEMBRANA HIALINA

A síndrome do desconforto respiratório (SDR) ou doença pulmonar de


membrana hialina (DPMH) é uma das causas mais frequentes de insuficiência
respiratória e de morte em recém-nascidos pré-termo, e sua causa primária reside na
produção inadequada de surfactante pulmonar. 67
Fatores de Risco:
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 Intensidade da prematuridade;
 Parto cesárea antes do início do trabalho de parto;
 Asfixia perinatal;
 Diabetes materno;
 Gestação múltipla;
 DMH em irmão;
 Sexo masculino;
 Choque, hipotensão;
 Hipovolemia, hipotermia;
 Corioaminionite.
Fatores de Proteção:
 Uso de corticoide antenal na mãe;
 Hipertensão e DHEG;
 Rutura precoce da membrana;
 Sofrimento intrauterino crônico.
Fisiopatologia:
A síndrome do desconforto respiratório (SDR) é basicamente causada por
imaturidade pulmonar evidenciada pela deficiência quantitativa ou funcional do
surfactante natural, cuja síntese se inicia entre 24 e 28 semanas de gestação, e daí
em diante aumenta diretamente proporcional a idade gestacional. As células
responsáveis pela síntese e secreção do surfactante pulmonar natural, que é uma
combinação complexa de fosfolipídeos, lipídeos neutros e proteínas, são os
pneumócitos do tipo II, constituindo um verdadeiro “sistema surfactante”.
No alvéolo normal, o surfactante natural baixa a tensão superficial, à medida
que seu raio diminui durante a expiração, impedindo assim o colapso alveolar,
progressivamente vão sendo necessárias pressões cada vez maiores para manter os
alvéolos patentes, cuja tradução é um aumento de esforço respiratório.
Complicações:
 Pneumotórax;
 Pneumomediastino; 68
 Enfisema intersticial;
 Sequelas de intubação prolongada;
 Hemorragia pulmonar;

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 Obstrução ou deslocamento do tubo traqueal.


Complicações Associadas:
 Displasia broncopulmonar;
 Infecção (sepse, pneumonia);
 Hemorragia intracraniana;
 PCA;
 Enterocolite;
 Anemia.
Quadro Clínico:
 Insuficiência respiratória nas primeiras horas de vida;
 Dispneia;
 Taquipneia acentuada com FR até 120 rpm;
 Retração esternal importante;
 Tiragem intercostal;
 Cianose central;
 Gemido expiratório;
 Crises de apneia;
 Hipotermia;
 Palidez cutânea;
 Má perfusão capilar;
 Oligúria;
 Hipotensão;
 Hipotonia;
 Hipoatividade;
 Acidose, de início respiratório, progredindo para metabólica ou mista.
Tratamento:
 Correção da hipotermia;
 Correção da hipóxia, pela oxigenoterapia adequada;
 Correção da hipoglicemia;
 Correção da hipotensão e hipoperfusão; 69

 Prevenção de infecções;
 Uso de surfactante exógeno;
 Aporte hidroeletrolítico;

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 Aporte nutricional;
 Manipulação mínima.
O surfactante pode ser indicado profilático ou com uso terapêutico para a SDR
já instalada (resgate).
INDICAÇÕES DE SURFACTANTE PARA USO TERAPÊUTICO OU DE
RESGATE:
 Peso de nascimento menor ou igual a 2200gr;
 Idade gestacional menor que 34 semanas;
 Diagnóstico clínico e radiológico de SDR;
 Necessidade de FiO² maior ou igual a 0,6 para manter PaO² entre 55 e
60 mmHg;
 Ausência de malformações;
 Momento de uso: entre 2 e 15 horas de vida;
 Dosagem inicial: 100mg/kg de peso;
 Número de doses: duas, com intervalo de 12 horas.

INDICAÇÕES DE SURFACTANTE PARA USO PROFILÁTICO:


 Idade gestacional inferior a 27 semanas;
 Momento de uso: logo após o nascimento, ainda na sala de parto;
 Dose inicial: 100mg/ quilo de peso;
 Repetir a dose se necessário em 12 horas.

Complicações da SDR:
 Pneumotórax;
 Enfisema intersticial;
 Atelectasia;
 Hemorragia intracraniana;
 Hemorragia pulmonar; 70
 Hiperbilirrubinemia;
 Distúrbios metabólicos;
 Persistência do canal arterial.
Complicações Iatrogênicas:
 Pneumotórax;

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 Pneumomediastino;
 Pneumopericárdio;
 Enfisema intersticial;
 Retinopatia da prematuridade;
 Displasia broncopulmonar;
 Infecção;
 Desidratação ou hiper-hidratação;
 Complicações advindas do uso de cateter umbilical.
Prevenção:
 Prevenção do parto prematuro;
 Aceleração da maturidade pulmonar fetal;
 Uso de corticoide antenatal utilizado em todas as gestantes com idade
gestacional entre 26 e 34 semanas, em risco de parto prematuro;
 Usar betametasona ou dexametasona, pelo menos 24 horas antes do
nascimento.
Prognóstico
O trabalho de equipe (obstetra, neonatologista e equipe de enfermagem) é
essencial ao tratamento e ao prognóstico satisfatório na SDR.
O prognóstico em longo prazo deve ser avaliado em relação às sequelas
neurológicas, cardiopulmonares e oftalmológicas. O peso de nascimento e a idade
gestacional têm influência muito maior sobre o desenvolvimento do prematuro do que
a presença ou gravidade da SDR.

DISPLASIA BRONCOPULMONAR

É uma doença pulmonar típica do prematuro, secundária a múltiplos fatores


principalmente aos efeitos nocivos da oxigenação e da ventilação sobre o pulmão
imaturo e se caracteriza por uma interrupção do desenvolvimento pulmonar
(alveolização e vascularização), associado a um processo inflamatório obstrutivo
crônico. E isso leva a uma dependência prolongada ou crescente de oxigenoterapia
e/ou ventilação mecânica. 72
Fatores de risco:
 Intensidade da prematuridade;
 Toxicidade pelo oxigênio;
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 Ventilação assistida com PPI (pressão inspiratória) elevada, tempo


inspiratório prolongado e fluxo alto, podendo causar barotrauma e volutrauma;
 Uma PEEP moderada tem um papel protetor, PCO2 baixa é um
marcador de risco aumentado: documenta que os parâmetros estão
desnecessariamente elevados;
 Manutenção de ventilação por tempo prolongado, independente dos
níveis de pressão e FiO² usados;
 Infecção pré ou pós-natal, que direta ou indiretamente produza
inflamação do tecido pulmonar;
 Pneumotórax e enfisema intersticial;
 PCA com sinais de ICC;
 Nutrição insuficiente ou progressão muita lenta;
 Hiper-hidratação nos primeiros cinco dias ou ausência de perda de peso
fisiológico nos primeiros dias pode ser considerada um sinal de hiper-hidratação.
 História familiar de asma;
 Deficiência de vitamina A e E;
 Gravidade da pneumopatia de base.
Tratamento:
 Instalar oxigenoterapia ou ventilação assistida o menos “lesiva” possível.
 Evitar flutuações de saturação diminuindo esses eventos como:
manipulação excessiva, dor, acúmulo de secreção, desconforto posicional, distensão
abdominal pela dieta ou broncoespasmo;
Nebulização com beta adrenérgicos como fenoterol;
Uso de algumas medicações como: aminofilina, diuréticos;
 Aumentar o aporte calórico e restringir o volume;
 Fisioterapia respiratória;
 Manipulação mínima;
 Tratamento clínico ou cirúrgico precoce para corrigir o PCA;
 Corrigir a anemia;
 Vigilância e tratamento das infecções; 73
 Corrigir distúrbios hidroeletrolíticos.

ANEMIA DA PREMATURIDADE

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Os recém-nascidos de muito baixo peso são predispostos a desenvolver


anemia durante os primeiros meses de vida, principalmente pela menor taxa de
hemoglobina ao nascimento. A deficiência de fatores hormonais que estimulam a
eritropoiese, a produção inadequada de fatores nutricionais e a espoliação sanguínea
a que são submetidos durante a internação em unidades neonatais. 4
Na anemia da prematuridade, o recém-nascido apresenta em geral sinais
clínicos de anemia em torno da 3ª a 12ª semanas de vida, antes de completar 40
semanas de idade pós-conceptual, ou seja, durante o período de estabilidade clínica,
em que ocorre o crescimento rápido do prematuro.
Fisiopatologia:
 Espoliação sanguínea;
 Hemodiluição que ocorre na fase de crescimento rápido do prematuro;
 Menor sobrevida das hemáceas;
 Produção inadequada de eritropoietina.
A quantidade de ferro não tem relação com a anemia da prematuridade, ou
seja, a reserva de ferro durante este tipo de anemia pode estar normal, diminuída ou
aumentada.
A reserva diminuída de ferro na prematuridade indica apenas o estado natural
do prematuro e mostra que há necessidade de melhorar suas reservas, porém a
administração de ferro não corrige a anemia da prematuridade.
Manifestações Clínicas:
 Palidez mucosa-cutânea;
 Apneia;
 Taquipneia;
 Taquicardia;
 Bradicardia;
 Baixo ganho ponderal;
 Letargia;
 Hipoatividade;
Aparecimento de sopro cardíaco; Sucção débil.
Tratamento:

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É necessário planejar a assistência ao recém-nascido prematuro desde o


nascimento com o objetivo de prevenir a anemia e evitar transfusão sanguínea, nesse
sentido algumas medidas podem ser tomadas, tais como:
 Minimizar espoliação de sangue; 75
 Garantir suporte nutricional adequado;
 Uso de eritropoietina recombinante;
 Indicação criteriosa de transfusão sanguínea;
 Manutenção de reserva de ferro para garantir a eritropoiese após o
período de “anemia da prematuridade”.

POLICITEMIA

É o aumento do número de eritrócitos circulantes e geralmente esse achado é


acompanhado de hiperviscosidade e diminuição do fluxo sanguíneo.
A hiperviscosidade diminui a oxigenação tecidual, a hipoxemia e acidose
aumentam a viscosidade e a má perfusão aumenta a possibilidade de trombos. 76

Manifestações Clínicas:
A maioria dos RN são assintomáticos, e quando sintomáticos, podem
apresentar:
 Pletora;
 Acrocianose;
 Insuficiência cardíaca;
 Dificuldade respiratória;
 Letargia;
 Irritabilidade;
 Convulsões;
 Hematúria;
 Priapismo;
 Tremores;
 Icterícia.
Exames laboratoriais:
 Hiperviscosidade;
 Trombocitopenia;
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 Reticulocitose;
 Hipoglicemia e hipocalcemia.
Tratamento:
 Hidratação;
 Monitorização da glicemia;
 Monitorização de bilirrubina;
Observação de aparecimento de sintomas;
Realizar sangria preferencialmente pela veia umbilical e infundir
concomitantemente o mesmo de soro fisiológico por veia periférica.

HEMORRAGIA NO PERÍODO NEONATAL

O período neonatal apresenta particular suscetibilidade a hemorragias por


algumas condições como:
 Deficiência fisiológica dos fatores de coagulação;
 Imaturidade dos vasos sanguíneos;
 Exposição a trauma durante o parto; 78

 Sepse, asfixia e plaquetopenia.


Quadros mais frequentes:
 Doença hemorrágica;
 Coagulação intravascular disseminada;
 Plaquetopenias;
 Hemorragia digestiva Aguda.
Tratamento:
 Evitar o uso injeções IM e punções venosas e arteriais, assim como a
realização de outros procedimentos invasivos;
 Nos casos de sangramento gástrico, fazer lavagens gástricas com SF a
0,9% (temperatura ambiente), até o retorno de líquido claro;
 Administrar vitamina K;
 Se o sangramento for intenso deve ser administrado plasma fresco ou/e
plaquetas para repor os fatores de coagulação e concentrado de hemácias, quando
hemoglobina for menor que 12g/dl;
 Vigilância do débito urinário;
 Monitorizar os sinais vitais;
70
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 Oxigenoterapia;
 Aquecimento;
 Suporte nutritivo e hidroeletrolítico.

HIPOGLICEMIA

Definida como duas dosagens no sangue total inferiores a 20 mg/dl no neonato


pré-termo e duas dosagens inferiores a 30mg/dl no sangue total de neonatos a termo,
dentro de 72 horas de vida.
Porém a conduta mais prudente deve ser a de considerar as dosagens de
glicose menores de 40 mg/dl independente do peso e idade pós-natal, como suspeitas
merecedoras de 79 investigação mais profunda.
Etiologia:
 Reservas de glicogênio insuficientes;
 Aumento de insulina circulante;
 Situações de estresse como: policitemia, hipotermia, infecções, asfixia,
suspensão brusca do aporte venoso de glicose;
 Desordens endócrinas.
Manifestações Clínicas:
 Hipotonia;
 Sucção débil;
 Gemência;
 Choro fraco;
 Irritabilidade;
 Cianose;
 Instabilidade térmica;
 Hipotonia;
 Taquipneia;
 Taquicardia;
 Letargia;
 Sudorese;
 Tremores de extremidades;
 Apneia;
 Convulsões.
71
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Tratamento:
 Iniciar dieta precoce (leite materno);
 Realizar glicemia capilar conforme a necessidade;
 Realizar reposição de glicose via EV;
 E em casos graves administrar “push” de glicose;
 Manter os níveis de glicose entre 40 a 100mg/dl.

HIPERGLICEMIA

A hiperglicemia é definida quando os níveis de glicose sanguíneos estão acima


de 125mg/dl, ou níveis plasmáticos estão acima de 145mg/dl, independentemente da
idade gestacional, peso ou idade pós-natal.
Etiologia:
81
 Oferta excessiva de glicose exógena;
 Drogas como teofilina, cafeína, corticoide e fenitoína;
 Prematuro extremo;
 Infecção;
 Hipóxia grave.
Tratamento:
 Diminuir a taxa de administração da glicose;
 Monitorizar os níveis de glicose;
 O uso de insulina deve ser muito criterioso, já que os recém-nascidos
são muito sensíveis a está medicação;
 Peso a cada 12 horas para controlar a hidratação.

HIPOCALCEMIA

Quando o cálcio total é inferior a 8mg/dl no RN a termo e 7mg/dl no RN


prematuro.
Fatores de risco:
 Prematuridade;

72
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 Filho de mãe diabética. Estresse perinatal; 82


 Após exsanguinitrasfusão;
 Uso de bicarbonato;
 Ingesta insuficiente;
 Uso de diuréticos.
Manifestações Clínicas:
 Tremores finos;
 Abalos musculares;
 Hipertonia;
 Apneia;
 Arritmias cardíacas;
 Convulsões.
Tratamento:
 Iniciar dieta o mais precoce;
 Administrar plano com gluconato de cálcio em caso de RN enfermos.

HIPOMAGNESEMIA

Quando apresentar o magnésio sérico menor que 1,5mg/dl.


Fatores de risco:
 Hipocalcemia;
 Ingesta inadequada de magnésio;
 Uso de sangue citratado, asfixia e uso de furosemida.
Manifestações Clínicas:
 Tremores;
 Hipertonia;
 Hiper-reflexia;
 Convulsões generalizadas ou focais.
Tratamento:
 Nos casos leves utilizam manutenção com magnésio via EV ou IM;
 Nos casos graves administrar reposições de magnésio.

OSTEOPENIA DA PREMATURIDADE

73
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É a submineralização óssea que se desenvolve durante as primeiras semanas


do período pós-natal, decorrente da deficiência de cálcio e fósforo.
Etiologia:
Ocorre predominantemente em RNs prematuros, pois 80% da aquisição
intrauterina de cálcio e fósforo ocorrem no terceiro trimestre da gestação, com pico
entre 34 e 36 semanas de gestação. O rápido crescimento pós-natal desses RNs torna
a oferta de minerais insuficientes para seu crescimento adequado.

Fatores de risco:
 Idade gestacional < 32 semanas;
 Demora na recuperação do peso de nascimento;
 NPT uso prolongado;
 Uso de diuréticos;
 Infecções graves.

Manifestações Clínicas:
 Redução do crescimento;
 Dificuldade em ganho de peso;
 Dor à manipulação;
 Fraturas principalmente em escápulas, costelas e ossos longos.
Tratamento:
 Administração de fosfato tricálcio.

ICTERÍCIA

É o aumento dos níveis de bilirrubina.


Etiologia:
 Doença hemolítica por incompatibilidade sanguínea materno-fetal;
 Deficiência de enzima eritrocitárias (glicose 6-fosfato desidrogenase);
85
 Defeitos estruturais dos eritrócitos;
 Policitemia;
 Síndrome de Down;
74
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 Atresia de vias biliares;


 Obstrução biliar extrínseca;
 Hepatite;
 Infecções;
 Nutrição parenteral prolongada;
 Retardo na eliminação de mecônio, demora no início da alimentação;
Íleo paralítico, obstrução intestinal e aporte calórico reduzido.

Icterícia Fisiológica:
Ocorre quando há uma maior produção de bilirrubina, imaturidade enzimática
e maior circulação êntero-hepática.

Icterícia e Aleitamento Materno:


A icterícia relacionada ao aleitamento materno é frequentemente associada a
uma ingesta inadequada, com aporte calórico deficiente, baixa frequência de
mamadas e inadequado ganho ponderal, já a icterícia do leite materno tem sido
atribuída a vários fatores. Porém o aumento da absorção intestinal da bilirrubina
facilitado pela B-glicuronidase presente no leite materno parece ser o mecanismo mais
aceito para explicar a icterícia prolongada em RN que se apresentam saudáveis,
ativos e sem dificuldade de ganho de peso.

Icterícia causada por incompatibilidade materno-fetal:


Ocorre devido às diferenças antigênicas entre o sangue fetal e materno, a
isoimunização pode ocorrer pelo sistema ABO ou RH sendo a hemólise mais benigna
em geral na isoimunização ABO.

A avaliação clínica da icterícia:


Depende de uma avaliação física, laboratorial, história materna e da idade
gestacional.

Tratamento:
A fototerapia é a terapêutica que utiliza a energia luminosa na transformação
da bilirrubina em produtos hidrossolúveis, por meio de dois mecanismos:

75
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 Fotoisomerização: pela ação da luz, a molécula de bilirrubina dá origem


a dois isômeros que são excretados pela bile e pela urina;
 Foto-oxidação: pelo processo de oxidação, ocorre a formação de
complexos pirólicos que são excretados na urina.

Eficácia da fototerapia:
 Concentração sérica inicial de bilirrubina – quanto mais alto é o nível
sérico inicial de bilirrubina, maior e mais rápida é a queda, já com concentrações sérica
igual ou inferior a 5 mg%, é mínima a eficácia da fototerapia;
 Superfície corporal exposta à luz – quanto maior a área irradiada, maior
a eficácia da fototerapia;
 Distância entre a fonte luminosa e o paciente – tem se recomendado
uma distância de 30 cm entre o paciente e a fototerapia convencional e 50 cm entre o
paciente e a fototerapia com lâmpadas halógenas (devido o risco de queimaduras);
 Dose de irradiância - irradiância é quantidade de energia liberada pelo
aparelho de fototerapia e isso depende do tipo de aparelho. Os aparelhos
convencionais usam 4mw/cm/nn, enquanto que os bilispot usam 10mw/cm/nn. E de
acordo com a irradiância podemos dividir os aparelhos de fototerapia em três tipos:
- Baixa intensidade (menos que 6mw/cm/nn);
- Média intensidade (entre 6 e 12mw/cm/nn); - Alta intensidade (entre12 e
40mw/cm/nn).
Tipo de Luz Utilizada na Fototerapia:
 Luz azul.
 Luz verde.
87 Tipos de fototerapia:
 Convencional: composta de seis a sete lâmpadas de 20W, de baixa
irradiância, recomenda-se a substituição de duas lâmpadas centrais brancas por
azuis;
 Bilispot: a luz é emitida em forma de foco, com diâmetro aproximado de
20 cm, e esse tipo de fototerapia é recomendado para os RN com peso inferior a
2500g, isso devido ao tamanho do RN x diâmetro do foco de luz;

76
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 Biliblanket: é um colchão de fibra ótica luminosa, com a qual a pele do


RN fica em contato direto, porém sua eficácia é pequena devido à pequena superfície
corporal exposta;
 Biliberço: é um aparelho que consiste em um conjunto de sete lâmpadas
(brancas/azuis) dispostas na base de um berço de acrílico, com colchão de silicone,
sendo a luz refletida em uma cúpula de acrílico, possui uma alta intensidade
(22mw/cm/nn), que atinge uma grande área exposta do recém-nascido.

Cuidados Com o Recém-nascido Durante a Fototerapia:


 Proteger os olhos com cobertura radiopaca, pois pode causar danos
irreversíveis à retina;
 Retirar a fralda do RN, pois para aumentar a área de exposição, e porque
o comprimento de onda da fototerapia penetra apenas 2-3 mm na pele não atingindo
as gônadas;
 Utilizar sempre a placa de acrílico próximo às lâmpadas de fototerapia
para evitar acidentes;
 Medir a irradiação da fototerapia, para evitar subtratamento;
 Nunca utilizar substâncias oleosas em recém-nascidos submetidos à
fototerapia, pelo risco de queimadura;
 Controle de temperatura;
Hidratação adequada.
Efeitos colaterais:
 Alteração do equilíbrio hídrico;
 Erupção cutânea nas áreas expostas à luz;
 Hipertermia;
 Choque;
 Queimaduras;
 Bronzeamento – observado em criança negra devido à absorção de raio
ultravioleta com indução da síntese de melanina;
 Efeitos sobre o trânsito intestinal, levando à formação de fezes
diarreicas.

Encefalopatia Bilirrubínica:

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É o resultado clínico da toxidade da bilirrubina às células dos gânglios da base


e diversos núcleos do tronco cerebral, e denominado de Kernicterus.
Classificação:
 Estágio inicial – onde as crianças ficam letárgicas, hipotônicas, com
sucção débil;
 Estágio intermediário - estupor moderado, irritável, tônus um pouco
aumentado;
 Estágio avançado – estupor profundo à coma, hipertonia, convulsão,
perda da audição e até paralisia cerebral.

INFECÇÃO NO RECÉM-NASCIDO

Epidemiologia:
Em UTI neonatal, as infecções continuam sendo a principal causa de
mortalidade.
Fatores de risco:
 Trabalho de parto prolongado; 89

 Ruptura prematura de membranas;


 Asfixia perinatal;
 Infecção materna;
 Coriamnionite;
 Prematuridade.

Manifestações Clínicas:
 Hipoatividade;
 Alterações da perfusão periférica;
 Alterações respiratórias;
 Intolerância alimentar;
 Hipo ou hipertermia;
 Icterícia;
 Distúrbios metabólicos.

Diagnóstico laboratorial:

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 Hemocultura – tem baixa positividade, alta especificidade e é


considerado o melhor exame para o diagnóstico etiológico.
 PCR (proteína C reativa) – é um reagente de fase aguda do soro,
produzida pelo fígado após 6-8 horas de um estímulo inflamatório, podendo não ser
positiva em fases do processo infeccioso.
 Leucograma – tanto a leucopenia quanto a leucocitose podem indicar
infecção neonatal.
Outros exames podem ser realizados para indicar, confirmar ou especificar o
tipo de infecção como: raio X, punção lombar e antibiograma.

SEPSE NEONATAL

É uma síndrome clínica, caracterizada por múltiplas manifestações sistêmicas


e inespecíficas, decorrentes da invasão e multiplicação de micro-organismo na
corrente sanguínea. É sabidamente uma das principais causas de doença,
complicações e morte no período neonatal e uma das maiores preocupações dos
neonatologistas, sobretudo nos prematuros. 91

Classificação:
 Sepse precoce: quando o quadro clínico se manifestar até 72 horas de
vida, em geral ligada a fatores obstétricos e perinatais;
 Sepse tardia: quando o quadro clínico manifesta-se após 72 horas de
vida, podendo ser causada por germes de origem materna ou hospitalar;
 Sepse hospitalar: quando o quadro clínico manifestar-se após 72 horas
de vida, podendo manifestar-se algumas vezes antes, porém relacionando-se
estreitamente a fatores de risco, como procedimentos invasivos e manuseio excessivo
do RN.

Fatores de risco:
OBSTÉTRICOS MAIORES:
 Colonização não tratadas por Streptococcus B;
 Ruptura precoce de bolsa;
 Febre materna no trabalho de parto;
 Sinais de coriosmnionite;
79
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OBSTÉTRICOS MENORES:
 Febre materna;
 Gemelaridade;
 Prematuridade;
 PIG, peso menor que 1500gr;
Apgar menor que 5 no primeiro minuto;
 Distress respiratório durando mais de 12 horas;
 Ruptura de bolsa, com tempo menor que 12 horas.

SEPSE TARDIA:
 Baixo peso, menor que 750 gr.;
 Longa permanência no berçário ou UTI; 92
 Superlotação das unidades neonatais;
 Qualidade dos procedimentos de vigilância e controle de infecção
hospitalar, sobretudo lavagem de mãos;
 Utilização de procedimentos e equipamentos invasivos: cateter
umbilical, cateter venoso central, intubação e ventilação prolongada, nutrição
parenteral, cirurgia, sondagens diversas.

Diagnóstico:
O roteiro diagnóstico inclui como avaliação conjunta – história clínica, exame
físico, exames laboratoriais (bacteriológicos, testes auxiliares) e evolução clínica.
Deve-se suspeitar de sepse neonatal em todo recém-nascido que apresente
sinais de infecção, não evoluam bem, ou tenha piora súbita de sua evolução. A
suspeita e a vigilância devem ser maiores se existem fatores de risco, entretanto cerca
de um terço dos casos de sepse precoce ocorre em recém-nascidos que não
apresentam nenhum desses fatores.

Manifestações Clínicas:
SINAIS PRECOCES:
 Instabilidade térmica;
 Piora do estado geral;

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 Palidez;
 Pele moteada;
 Hipoatividade;
 Taquipneia;
 Apneia;
 Crises de insaturação;
 Esforço respiratório;
 Taquicardia;
 Estase gástrica;
 Vômitos;
 Diarreia; 93
 Intolerância à dieta;
 Acidose metabólica.
SINAIS TARDIOS:
 Hipotermia grave;
 Hipoatividade intensa;
 Hipotonia;
 Letargia;
 Escleredema;
 Crises graves de apneia e insaturação;
 Piora acentuada do esforço respiratório;
 Respiração acidótica;
 Hipotensão;
 Choque;
 Bradicardia;
 Distensão abdominal;
 Hepatomegalia;
 Colestase;
 Aparecimento de petéquias ou púrpura;
 Esplenomegalia;
 Icterícia;
 Hemorragias;
 Acidose grave.

81
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CARACTERÍSTICAS DA SEPSE PRECOCE:


 Início antes das 72 horas de vida;
 Geralmente as manifestações aparecem já no primeiro dia de vida;
 Complicações maternas 60-80%;
 Progressão rápida ou fulminante;
 Predomínio do quadro respiratório;
 Meningite em 30% dos casos;
 Mortalidade em torno de 55%. 94

CARACTERÍSTICAS DA SEPSE TARDIA


 Aparece entre 8 e 90 dias de vida;
 Complicações maternas em 15 a 20% dos casos;
 Progressão tende a ser mais lenta, insidiosa, mas pode ser fulminante;
 Ocorre febre, letargia, hipoatividade e abaulamento da fontanela;
 Meningite em até 80% dos casos;
 Convulsão frequente;
 Mortalidade de 15 a 20%.

Tratamento:
 Antibioticoterapia;
 Estabilização hemodinâmica;
 Correção da acidose;
 Correção de distúrbios hidroeletrolíticos;
 Suporte respiratório;
 Correção de distúrbio de coagulação;
 Em casos de sepse tardia com cultura positiva, deve-se remover os
cateteres centrais;
 Profilaxia de sepse precoce por Streptococcus B.

CHOQUE SÉPTICO

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É uma síndrome clínica de alta mortalidade, caracterizada por baixo débito e


insuficiência circulatória, com hipóxia tecidual, isquemia e lesão progressiva dos
tecidos e órgãos.
No choque séptico ocorre uma soma de fenômenos que alteram o débito
cardíaco e a má distribuição deste fluxo sanguíneo, com hipovolemia absoluta, por
extravasamento de líquido 95 plasmático pelo endotélio lesado ou formação do terceiro
espaço; e hipovolemia relativa, devido à vasodilatação arterial e venosa.

Quadro Clínico:
Uma das habilidades mais importantes e que precisa ser treinada à exaustão,
é saber reconhecer o choque em poucos segundos quando chega perto de um
paciente grave. Os sinais mais importantes são os pulsos finos e de difícil palpação,
a perfusão periférica diminuída, com tempo de preenchimento capilar maior que 3
segundos e extremidades frias. Esses sinais têm intensidade proporcional à gravidade
do choque.

SINAIS PRECOCES:
 Taquicardia inexplicada;
 Pulso fino, fraco e difícil de palpar; extremidades frias; tempo de
preenchimento capilar maior que 3 segundos;
 Diurese diminuída e sensação de sede;
 Palidez;
 Cianose;
 Pele moteada;
 Sudorese fria.
SINAIS TARDIOS:
 Taquipneia;
 Taquidispneia;
Respiração acidótica;
 Alterações do SNC (irritabilidade, agitação, confusão, sonolência, torpor
e coma);
 Pressão arterial cai tardiamente;
 Diurese muito diminuída ou anúria;

83
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 Isquemia gastrintestinal;
 Edema pulmonar.
Tratamento: 96
 A administração de fluidos na 1ª hora é determinante da sobrevida e da
integridade orgânica do paciente;
 Manter vias aéreas pérvias, oxigenação e ventilação adequadas;
 Estabelecer acesso venoso central;
 Utilizar expansores de volume; solução salina, plasma ou sangue;
 Corrigir a acidose metabólica;
 Sustentação inotrópica e pressora;
 Ajuste secundário da volemia;
 Redução da pós-carga;
 Correção de distúrbio metabólico e hidroeletrolítico;
 Antibioticoterapia;
 Corticoterapia;
 Avaliar e tratar CIVD;
 Mobilização de líquidos acumulados;
 Tratamento de situações associadas específicas.
 Reavaliar continuamente o paciente.

ENCEFALOPATIA HIPOXIA-ISQUÊMICA

A asfixia perinatal é caracterizada por uma deficiência de oxigênio (hipoxia) aos


tecidos, acompanhada pela falta de perfusão (isquemia) aos diferentes órgãos, cujo
protótipo é a síndrome neurológica, a encefalopatia hipoxia-isquêmica (EHI). A asfixia
é o fator que mais contribui para as taxas de mortalidade infantil neonatal em nosso
meio.
Fisiopatologia: as consequências fisiopatológicas da asfixia perinatal
frequentemente acometem os seguintes órgãos da seguinte forma:
 Pulmonar – geralmente devido à asfixia perinatal o recém-nascido
apresenta hipertensão pulmonar como consequência;

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 Cardiovascular: devido à injúria frequentemente apresenta uma


isquemia e infarto do miocárdio ou choque cardiogênico e os sinais e sintomas são
hipovolemia e a hipotensão;
 Renal: a baixa perfusão renal secundária à asfixia pode evoluir para uma
insuficiência renal, podendo chegar à necrose tubular aguda e tem como sinais e
sintomas a oligúria, hiponatremia, hipercalemia e hemáturia;
 Gastrointestinal: hemorragias digestivas secundárias ao estresse da
asfixia são comuns, a isquemia da circulação mesentérica pode desencadear uma
temida complicação, que é a enterocolite necrosante;
 Hematológicas: a anemia secundária às hemorragias, tanto digestiva
como intracraniana, e nos casos mais graves a coagulopatia de consumo pode se
instalar sendo geralmente fatal;
 Metabólicas: durante a injúria cerebral existe um grande consumo de
glicose que nem sempre é compensado, levando frequentemente à hipoglicemia e
outras alterações metabólicas são encontradas como hiponatremia, hipomagnesemia
e também hiperglicemia;
 Endócrina: o RN que sofreu injúria cerebral pode evoluir com síndrome
da secreção inapropriada de ADH, nas primeiras 72 horas de vida caracterizadas por
oligúria, edema e hiponatremia.
 Infecção: devido ao maior manuseio do RN asfixiado e pela maior
permanência hospitalar, ele se torna mais suscetível a infecções.
Manifestações Clínicas:
PRIMEIRAS 12 HORAS DE VIDA:
Estupor profundo e, nos casos mais graves coma;
 Respiração periódica ou falência respiratória;
 Respostas pupilares à luz presentes, pupilas mióticas presentes nos
casos mais graves;
 Resposta oculomotoras positiva;
 Hipotonia de membros superiores;
 Presença de convulsões sutis ou mínimas, tais como: piscar de olhos,
movimentos mastigatórios e bucolinguais, pedalagem, movimentos natatórios,
tremores de membros, desvio 98 dos olhos;

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 Convulsões tônicas, clônicas multifocais e mioclonias presentes em até


50% dos casos, a presença de convulsões já classifica a EHI como grave 12 A 24
HORAS DE VIDA:
 Melhora aparente do nível de consciência;
 Convulsões mais graves, tremores mais frequentes e grosseiros;
 Apneia frequente;
 Hipotonia mais acentuada de membros superiores e inferiores.
24 a 72 HORAS DE VIDA:
 Nível de consciência deteriora e pode sobrevir coma profundo ou morte;
 Parada respiratória;
 Distúrbios oculomotores e pupilares;
 Período em que o óbito é mais frequente;
 Hemorragia intracraniana e necrose cerebral difusa.
APÓS 72 HORAS DE VIDA:
 Melhora do nível de consciência;
 Distúrbio de deglutição e sucção;
 Hipotonia acentuada.

Classificação de Sarnat e Sarnat da Severidade da Encefalopatia Hipoxia –


Isquêmica:
ESTÁGIO 1 (LENTO):
 RN hiperalerta;
 Irritado;
Extremamente sensível a estímulos externos;
 Reflexos normais ou um pouco exaltados;
 Apresenta taquicardia;
 Midríase;
 Tremores;
 ECG normal;
 Os sintomas duram menos de 24 horas.
ESTÁGIO 2 (MODERADO): 99
 Letargia;
 Hipotonia;

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 Reflexos diminuídos;
 Bradicardia;
 Miose;
 Apneia ocasional e hipersecreção;
 Nesse estágio 70% dos RN apresentam convulsão;
 ECG é anormal;
 A duração dos sintomas pode persistir até 14 dias.
ESTÁGIO 3 (GRAVE):
 RN torporoso;
 Comatoso;
 Flácido;
 Reflexos ausentes;
 ECG está sempre anormal com atividade cerebral diminuída e/ou
suprimida;
 O estado clínico pode durar semanas.

Tratamento:
O tratamento mais efetivo contra a asfixia perinatal e a EHI é a prevenção
mediante monitorização adequada anteparto e intraparto para detectar o feto de alto
risco, como também para possibilitar uma intervenção precoce, em tempo hábil,
minimizando a asfixia. No que se refere ao tratamento propriamente dito, ele é
considerado em duas categorias: a terapia de suporte e a terapia farmacológica.
Assistência ventilatória: o RN asfixiado não pode sofrer alterações, portanto é
importante a assistência ventilatória, devendo manter uma PaO2 DE 50 - 70 mmhg e
uma PCO2 entre 35 e 50 mmhg e um pH > 7,30, já que uma acidose respiratória leva
à vasodilatação cerebral com risco de hemorragia cerebral e, por outro lado a alcalose
respiratória leva à vasoconstrição, com risco de isquemia;
 Pressão arterial adequada: a monitorização da PA é de suma
importância e em casos de hipotensão que não responde a volume, devem-se utilizar
drogas vasoativas como dopamina ou dobutamina; 100
 Restrição hídrica: para atenuar o edema cerebral e controlar
rigorosamente a diurese, porém não permitir que a restrição hídrica agrave a isquemia
renal;

87
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 Evitar a hiperviscosidade: já que a hiperviscosidade secundária à


policitemia compromete a perfusão cerebral;
 Prevenir insuficiência renal: a isquemia e a hipoperfusão renal evoluem
para um quadro de insuficiência renal e neste quadro a restrição hídrica deve ser mais
rigorosa;
 Aporte nutricional adequado: nos casos de asfixia grave, deve-se
suspender a dieta e optar por uma alimentação parenteral até que o RN tenha
condição de utilizar uma dieta enteral;
 Corrigir distúrbios metabólicos e eletrolíticos: rastrear a glicemia já que
flutuações da glicemia são prejudiciais ao cérebro;
 Manter a temperatura corpórea adequada;
 Manuseio mínimo: evitar manipulação excessiva do RN e o uso de
sedação, às vezes, faz-se necessário.

Tratamento das convulsões:


A droga de primeira escolha é o fenobarbital e é necessário que a administração
seja feita no período denominado de janela terapêutica que de 5 a 6 horas após a
asfixia mesmo que não tenha apresentado episódio de convulsões, pois nesse caso
o fenobarbital tem a função neuroprotetora.

CONVULSÕES NO PERÍODO NEONATAL

Convulsão é uma alteração paroxística de atividade motora, limitada no tempo,


com ou sem alteração da consciência ou do comportamento, provocadas por uma
atividade elétrica cerebral anormal.
As crises convulsivas neonatais têm causas e prognósticos diferentes. Sua
identificação e tratamento imediato são fundamentais já que se relacionam a doenças
graves e 101 que frequentemente precisam ser abordadas como emergência.

Etiologia:
A etiologia das convulsões neonatais está associada com insultos ao sistema
nervoso central que podem ocorrer no período intraútero, ao nascimento ou no pós-
parto.

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Classificação:
As convulsões no período neonatal são identificadas pela observação clínica.
E o diagnóstico é uma relação com exames laboratoriais para identificar a causa e
observação clínica e com resultado do EEG.
Nos recém-nascidos as convulsões são classificadas em:
 Focais: restrita a um grupo muscular da face ou extremidades;
 Multifocais: com movimentos clônicos envolvendo vários grupos
musculares em série ou simultaneamente;
 Tônicas: apresenta rigidez e hipertonia do tronco e extremidades,
geralmente com desvio de olhar;
 Mioclônicas: apresenta contrações súbitas como por um choque elétrico,
geralmente em membros;
 Sutis: apresenta manifestações como olhar fixo, desvios horizontais
conjugados, tremores finos, desvios rítmicos do olhar ou nistagmo, piscar persistente,
movimentos mastigatórios ou de sucção, salivação e movimentos de pedalar.

A apneia pode ser a única manifestação ou se associar às outras. Nos casos


duvidosos devem-se levar em conta as revulsões oculares e distúrbios autonômicos
(taquicardia, aumento da pressão arterial, vasoconstrição e mudanças de cor).
Causas:
 Infeccioso: meningite, sepse, infecção congênita, toxo, rubéola e sífilis;
 Neurológico: hemorragia intracraniana, asfixia perinatal, encéfalo-
hipoxia-isquêmica, tocotraumatismo, Kernicterus, malformação do sistema nervoso,
quadro compulsivo 102 específico (neonatal benigna familiar e neonatal idiopática
familiar);
 Drogas: abstinência de drogas usadas pela mãe durante a gravidez:
(narcótico, metadona, propoxifeno, hipnóticos, barbitúricos, antidepressivos, heroína,
cocaína, álcool, piridoxina);
 Metabólicas e Genéticas: hipoglicemia, hipomagnesemia, hipo e
hipernatremia, erro inato do metabolismo;
 Cardiorrespiratório: hipoxemia;
 Outras: refluxo gastroesofágico.

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Tratamento:
 Garantir vias aéreas pérvias;
 Utilizar medicação específica;
 Monitorizar e corrigir a glicemia;
 Avaliar quadro respiratório e hemodinâmico, sinais vitais, pulso,
perfusão, PA, temperatura, monitorizar saturimetria;
 Se a crise persiste associar nova medicação específica e na
permanência de crise iniciar infusão contínua de medicações específicas;
 No caso de convulsões refratárias com início nas primeiras horas de vida
considerar a necessidade de abordar o edema cerebral, avaliando o uso de Manitol.

HEMORRAGIA INTRACRANIANA

A hemorragia intracraniana no período neonatal é de grande importância pela


sua incidência, letalidade e sequelas neurológicas, e estão relacionadas
essencialmente a três fatores de risco: prematuridade, tocotraumatismo e asfixia
perinatal.
Hemorragia pré-intraventricular (HPIV): as hemorragias peri-intraventriculares
são características dos RN pré-termo, pois o local do sangramento primário é a matriz
germinativa, podendo evoluir com hidrocefalia pós-hemorrágica e sequelas
neurológicas. A HPIV é uma lesão que ocorre no RN pré-termo com menos de 32
semanas de idade gestacional, devido a duas alterações: controle do fluxo sanguíneo
cerebral e imaturidade da microvasculatura da matriz germinal.

Fisiopatologia:
A ocorrência de HPIV em RN prematuros é explicada pela presença de matriz
germinativa nestas crianças. Esta estrutura localiza-se no sulco tálamo-caudado no
assoalho dos ventrículos laterais e está muito desenvolvida durante o
desenvolvimento cerebral, constituindose no sítio de proliferação neuronal e origem
do tecido de sustentação cerebral. Sua irritação é feita por um rico e frágil leito capilar
que se rompe facilmente devido, principalmente, as alterações de fluxo sanguíneo
cerebral.

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 Fatores vasculares: estrutura frágil dos vasos e da matriz germinativa,


sua vulnerabilidade à agressão hipoxia-isquêmica e necessidade de alto metabolismo
oxidativo;
 Fatores intravasculares: flutuação do fluxo sanguíneo cerebral
(ventilação mecânica), aumento do fluxo sanguíneo cerebral (hipertensão arterial
pneumotórax, convulsões, PCA, infusão de coloides, manipulação do RN), ou da
pressão venosa central (uso de oxigenação de membrana extracorpórea, insuficiência
cardíaca, asfixia e trabalho de parto traumático), diminuição do fluxo sanguíneo
cerebral (hipotensão), distúrbios da coagulação;
 Fatores extravasculares: a matriz germinativa encontra-se em local com
suporte xtravascular deficiente.

Classificação de volpe:
 Grau I: hemorragia da matriz germinativa com sangramento ventricular
mínimo ou nenhum < 10% da área do ventrículo lateral;
 Grau II: hemorragia que ocupa de 10% a 50% da área do ventrículo
lateral;
 Grau III: hemorragia que ocupa mais de 50% da área do ventrículo lateral
geralmente com dilatação (hidrocefalia);
 Grau IV: hemorragia parenquimatosa.
Quadro clínico:
Os sinais e sintomas dependem da gravidade e rapidez da hemorragia. Os
casos de gradação I e II geralmente são silenciosos (50%), nos casos mais graves
graus III e IV, ocorre comprometimento do estado geral do RN, anemia aguda com
queda do hematócrito, abaulamento da fontanela anterior, alteração do nível de
consciência associado à hiper ou hipotonia até crises convulsivas, apneia com
necessidade de suporte ventilatório.

Diagnóstico:
O diagnóstico clínico da HPIV é difícil, fazendo-se necessária a utilização de
exames de imagem, como a tomografia computadorizada e a ressonância magnética,
que possuem alta sensibilidade e especificidade. Porém, muitas vezes, não podemos
transportar os RNs gravemente enfermos aos centros radiológicos para realização de

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tais exames, considera-se então a ultrassonografia transfontanela como método de


escolha na avaliação de neonatos com hemorragia, devendo ser realizada de rotina
em todo RN com idade gestacional menor que 35 semanas ou menos de 1.500g.
Tratamento:
É sintomático, manter ventilação efetiva, evitar aspiração e manipulação
excessiva, administrar sangue caso seja necessário. Tratar crises convulsivas se
presentes, evitar hipotensão e controlar a pressão intracraniana.
Complicação:
É a hidrocefalia, que ocorre em 25% dos casos principalmente naqueles com
hemorragias graus III e IV.

Prognóstico:
O prognóstico dos recém-nascidos com HPIV está associado ao
comprometimento parenquimatoso mais do que à hemorragia propriamente dita.
Quanto maior a extensão da lesão, maiores serão as alterações motoras e cognitivas.

Prevenção:
105
O uso de corticoide antenatal diminui a incidência de HIV, pois promove a
maturação da matriz germinal. Vários estudos têm sido realizados, com uso de drogas
como fenobarbital, vitamina E, bloqueadores de canais, pancurônio, porém não se tem
dados conclusivos sobre a eficácia deste tratamento.

ENTEROCOLITE NECROSANTE

É uma síndrome de etiologia desconhecida, multifatorial e relacionada à


imaturidade intestinal, fenômeno inflamatório, hipóxicos e isquêmicos do intestino,
flora e, contudo presente na luz intestinal. Não é uma doença infecciosa, mas alguns
casos podem ser precipitados por sepse e nos outros casos a sepse ocorre por
translocação bacteriana no intestino necrosado.
A principal característica da Enterolcolite Necrosante (ECN) é a necrose da
parede do intestino, de variável extensão e profundidade, podendo ocorrer perfuração
em até um terço das crianças afetadas, geralmente no íleo terminal ou no ceco, onde
a microcirculação é pobre.
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Incidência:
 0,03 a 0,3 % de todos os recém-nascidos;
 2 a 5 % dos recém-nascidos tratados em UTI Neonatal;
 62 a 94% dos casos são de RN prematuros.

Fatores de Risco:
 Prematuridade e baixo peso;
 Desidratação severa;
 Asfixia perinatal;
 Sepse;
 Choque ou hipotensão;
 Apneias repetidas;
 Necessidade de ventilação assistida;
 Hipoxemia;
 Hipotermia;
 DMH grave;
 Uso de cocaína pela mãe;
 Uso de dieta (fórmula);
 Aumento muito rápido da dieta;
 Uso de indometacina;
 Persistência do canal arterial com sintomas;
 Ruptura precoce de membranas;
 Cateterismo de artéria umbilical;
 Exsanguineotransfusão;
 Policitemia;
 Anomalias gastrointestinais congênitas;
 Cardiopatias ducto-dependentes.
107
Fisiopatologia:
A fisiopatologia não é totalmente esclarecida, porém teorias recentes sugerem
causas multifatoriais e que requeiram a interação de vários eventos como:
 Imaturidade;

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 Alimentação enteral agressiva;


 Isquemia prévia da mucosa;
 Invasão bacteriana.
As evidências sugerem que a ECN seja a resposta final do trato gastrointestinal
imaturo a múltiplos fatores que, atuando isolada ou sinergicamente, produzem lesão
da mucosa com colonização ou invasão de micro-organismos representando parte do
processo da doença.

Manifestações Clínicas:
SISTÊMICAS:
 Piora do quadro respiratório;
 Apneias com ou sem bradicardia;
 Alterações da cor, palidez, moteamento;
 Piora da atividade, letargia ou irritabilidade;
 Instabilidade térmica;
 Intolerância à dieta, instabilidade da glicemia;
 Piora da perfusão, choque, hipotensão;
 Oligúria;
 Acidose persistente;
 Distúrbios hemorrágicos, CIVD.

GASTRINTESTINAIS:
 Estases e vômitos, sobretudo se biliosos hemorrágicos ou escuros;
 Distensão abdominal com ou sem desenho de alças;
 Sensibilidade e calor à palpação do abdômen;
 Redução do peristaltismo; 108
 Eritema, hiperemia ou enduração da parede abdominal;
 Massas abdominais localizadas e persistentes;
 Ascite clínica ou ao ultrassom;
 Sangue visível ou oculto nas fezes.

Diagnóstico:

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A suspeita de enterocolite é descartada ou reforçada pela evolução da doença,


com aparecimento ou não de outros sintomas abdominais e deteriorização do estado
geral. A grande dificuldade de diagnóstico é diferenciar os quadros sépticos ou
metabólicos que cursam com íleo para o diagnóstico de enterocolite.

ASPECTOS LABORATORIAIS:
Do ponto de vista laboratorial assemelha-se a uma sepse com acidose
significativa, hiperglicemia, leucocitose ou leucopenia, desvio à esquerda, PCR,
plaquetopenia.

ASPECTOS RADIOLÓGICOS:
Os primeiros achados costumam ser distribuições irregular dos gases
intestinais, geralmente com menos ar no quadrante inferior direito, um borramento ou
perda de definição do desenho normal das alças intestinais, presença de uma alça
distendida e fixa, que pode indicar necrose.

Tratamento:
 Suspender a dieta por um período que varia de 7 a 14 dias, dependendo
da evolução clínica e radiológica;
 Manter nutrição parenteral total (NPT) durante todo o período de jejum;
 Retirar cateter umbilical;
 Instalar sonda gástrica de grosso calibre e mantê-la aberta; 109
 Iniciar antibioticoterapia;
 Manter estabilidade respiratória e hemodinâmica;
 Corrigir acidose e distúrbios hidroeletrolíticos;
 Reavaliar o paciente a cada 6 horas (principalmente os aspectos
abdominais);
 Repetir raio X a cada 12/24 horas, de acordo com a evolução clínica;
 Repetir exames laboratoriais de acordo com a evolução clínica;
 Solicitar avaliação da cirurgia pediátrica;
 Iniciar alimentação lenta e progressiva após 7 ou 14 dias de jejum e NPT.

INSUFICIÊNCIA RENAL

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A insuficiência renal aguda (IRA) caracteriza-se por uma súbita diminuição na


taxa de filtração glomerular, determinando distúrbios hidroeletrolíticos, e na
homeostase acidobásico, assim como acúmulo do produto nitrogenado.
110
Etiologia:
As causas de IRA neonatal mais comuns são decorrentes de agressão que
determinam hipoperfusão renal e diminuição do suprimento de oxigênio; entre elas,
anóxia/hipóxia, sepse, choque, hemorragia e cirurgia cardíaca. A IRA pode ser
dividida em prérenal, renal e pós-renal ou obstrutiva.
Pré-renal: resulta de uma diminuição da perfusão dos rins, do fluxo sanguíneo
(FSR) e da taxa de filtração glomerular (TFG), com manutenção da reabsorção de
água e sódio. Suas principais causas são: choque séptico, hipóxia-isquêmica severa,
ventilação artificial com pressão alta e trombose bilateral de veia renal.
 Renal: pode ser causada por dano tubular, vascular ou intersticial, a
necrose tubular aguda é o dano mais frequente, podendo ocorrer também por
anomalias congênitas.
 Pós-renal: relacionada a processos obstrutivos do trato urinário, que
podem afetar os ureteres, bexiga e uretra, sendo as causas mais comuns: válvula de
uretra posterior, estenose ou obstrução.

Fisiopatologia:
O fluxo sanguíneo renal (FSR) é autorregulado (sistema renina-angiotensina-
aldosterona/prostaglandinas). Três mecanismos podem estar presentes na IRA:
 Hemodinâmico: aumento da resistência vascular secundário à
diminuição do FSR e liberação de compostos vasoativos;
 Necrose de células epiteliais: leva a escape retrogrado de líquidos e
solutos por perda da integridade do túbulo e obstrução tubular por restos celulares
impactados;
 Mecanismo celular: ocorre à liberação de cálcio, redução de ATP e
aumento de radicais livres, secundário à isquemia renal.

Diagnóstico:

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A diurese normal da criança é de 1,5 a 4,0 ml/Kg/h, a criança bem hidratada


tem em média 2,4 ml/Kg/h e densidade urinária entre 1004 e 1008. Uma diurese menor
que 1ml/Kg/h deve levantar a suspeita de disfunção renal. 111
Oligúria é caracterizada como uma diurese menor que 0,6 ml/Kg/h e anúria
menor que 1ml/Kg/dia.
Deve-se ter especial atenção às alterações que ajudam no diagnóstico e na
definição da causa da IRA, como por exemplo:
 Sinais de desidratação, hipovolemia ou choque (taquicardia, pulso fino,
perfusão diminuída, turgor diminuído, extremidades frias);
 Sinais de congestão e hipervolemia (edema, taquidispneia,
hepatomegalia, ingurgitamento venoso, crepitações pulmonares, hipertensão);
 Sinais de doença de base (rush, artrite, hematúria, cólica renal, dor
abdominal, impetigo, dermatite, sinais oftalmológicos, massa abdominal, vasculite).
Tratamento:
 Afastar rapidamente as causas pré-renais;
 Afastar causas obstrutivas;
 Realizar balanço hídrico rigoroso;
 Peso corporal a cada 12 horas;
 Restrição hídrica;
 Adequação da nutrição (oferecer calorias suficientes com o menor aporte
hídrico);
 Corrigir distúrbios hidroeletrolíticos (hiperpotassemia,
hiponatremia, hipocalcemia, hiperfosfatemia);
 Corrigir acidose metabólica;
 Corrigir hipertensão.

INDICAÇÕES PARA DIÁLISE PERITONEAL OU HEMODIÁLISE:


 Comprometimento grave do estado geral e piora clínica progressiva;
 Uremia grave;
 Hipervolemia e congestão grave;
 Hiperpotassemia grave;
 Hipercalcemia grave sintomática;

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 Hipertensão grave refratária ao tratamento ou relacionado à


hipervolemia;
 Acidose grave em hipervolemia; 112

 Hiperuricemia e intoxicação por drogas dialisáveis;


 Remoção de líquidos para permitir aporte nutricional adequado ou
transfusão de sangue;
 Intoxicações específicas ou erros inatos do metabolismo;
 Síndrome hemolítica urêmica.

PATOLOGIAS CIRÚRGICAS

ATRESIA DE ESÔFAGO
Malformação em que há falha na separação entre o esôfago e a traqueia
associada à perda da continuidade da luz do esôfago, que termina em fundo cego
cerca de 10 a 12 cm depois das narinas. 113

Tipos:
 85% - atresia do esôfago com fístula traqueoesofágica distal, ou seja,
comunica-se com a traqueia posterior;
 15% - atresia sem fístula.

Fisiopatologia:
A obstrução esofágica completa resulta na incapacidade do recém-nascido em
deglutir a saliva. A criança apresenta sialorreia abundante e risco de aspiração do
conteúdo faríngeo.
Quando há fístula traqueoesofágica distal a comunicação direta entre o
estômago e a árvore traqueobrônquica faz com que, com o choro, o recém-nascido
desenvolva distensão gástrica importante, diminuindo a excursão diafragmática, com
risco de provocar atelectasia da base pulmonar e pneumonia subsequente. A fístula
traqueoesofágica distal facilita o refluxo da secreção gástrica diretamente para a
árvore traqueobrônquica, causando pneumonite química, que pode complicar com
pneumonia bacteriana.

Sinais clínicos:
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 Desconforto respiratório;
 Salivação aerada;
 Sufocação com tentativas de alimentação oral;
 Impossibilidade de passar sonda naso ou orogástrica;
 Distensão abdominal.
Outros exames podem ser realizados para confirmar o diagnóstico como raio X
simples ou com contraste radiopaco.

Tratamento Inicial:
 Posicionar o paciente em decúbito elevado, a 45º;
 Instalar sonda naso ou orogástrica e manter em aspiração contínua;
 Não alimentar; 114

 Instalar venóclise, mantendo o equilíbrio hidroeletrolítico e mantendo


aporte calórico adequado;
 Iniciar antibioticoterapia venosa;
 Manter aquecimento e oxigenoterapia, se necessário.

Tratamento Pós-operatório:
O tratamento consiste na ligadura da fístula traqueoesofágica e na anastomose
esofágica. Os passos e tempos do tratamento dependem das condições da criança e
da anatomia do defeito, e devem ser individualizadas. Alguns cirurgiões realizam
gastrostomia preliminar para descomprimir o estômago e proteger os pulmões do
refluxo.
 Manter estabilização térmica;
 Manter antibioticoterapia venosa para tratamento da pneumonia;
 Iniciar a dieta por meio de cateter transanastomótico ou de gastrostomia
quando restabelecido o trânsito intestinal, não sendo possível até o segundo dia de
pós-operatório, iniciar com NPT;
 Manter analgesia vigorosa com opiáceos;
 Aspirar naso e orofaringe sempre que necessário;
 Não utilizar CPAP (risco de lesão da linha de sutura) caso seja
necessário suporte ventilatório optar pela ventilação mecânica;
 Nunca colocar ou recolocar sonda naso ou orogástrica;

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 Caso o RN apresente comprometimento súbito do quadro respiratório


realizar raio X para pesquisar a presença de pneumotórax por barotrauma ou
vazamento da anastomose (necessidade de drenagem pleural).

MENINGOMIELOCELE
A mielomeningocele caracteriza-se por uma falha no fechamento do tubo neural
que compromete a medula, os arcos vertebrais e o manto cutâneo, localizando-se na
linha média, em qualquer nível da coluna vertebral, tendo, no entanto, predileção pela
região lombossacra, onde ocorrem 80% dos casos. A lesão pode estar completamente
coberta por pele ou apresentar uma área de tecido róseo, ricamente vascularizado.

MIELOMENINGOCELE 115

FONTE: Disponível em:


<http://www.hidrocefalia.com.br/artesmedicas/am_mielo.htm>. Acesso em: 10 jun.
2013

As alterações ortopédicas mais comumente associadas com esta patologia são


as deformidades de articulações, escoliose, luxação congênita do quadril e pé-torto.
A mielomeningocele pode estar associada com alterações neurológicas
importantes. Geralmente há comprometimento grave da medula espinhal e das raízes
nervosas no local do defeito. A hidrocefalia ocorre entre 80 a 90% dos casos.

100
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As alterações no ritmo cardíaco, respiratório, presença de estridor, apneia,


paralisia das cordas vocais, acúmulo de secreções e problemas de deglutição, como
engasgos, podem ser decorrentes da herniação do bulbo e amígdalas cerebelar pelo
forame magno, denominada de malformação II de Chiari.

Diagnóstico:
O diagnóstico pré-natal pode ser realizado pelas dosagens de alfafetoproteína
e acetilcolinesterase no líquido amniótico, que estão elevadas, e pela ultrassonografia
pré-natal. O diagnóstico pós-natal é feito na sala de parto pela observação da lesão.
116

MIELOMENINGOCELE

FONTE: Disponível em:


<http://www.neuromed.cl/mostrar_detalle.php?id=34>.

Tratamento:
A correção cirúrgica precoce, quando possível é a ideal. O risco de infecção
aumenta com a demora da cirurgia corretiva. Em geral, o momento da indicação
cirúrgica depende da integridade da membrana envolvendo, da presença de outras
malformações associadas e da presença de infecções associadas.
Atualmente grande parte dos neurocirurgiões na ausência de infecções realiza
o fechamento da lesão e coloca a válvula de drenagem ventricular no mesmo tempo
cirúrgico, mesmo na ausência de hidrocefalia prévia, no entanto tal conduta ainda é
discutível.
101
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O tratamento baseia-se em:


 Avaliar a localização, forma, tamanho da lesão e integridade da
membrana. Deve-se observar também a curvatura da coluna;
 Observar o padrão miccional, atentando-se a possibilidade de
esvaziamento incompleto da bexiga;
 Observar a movimentação espontânea do recém-nascido e a resposta
aos estímulos sensoriais em todas as extremidades;
 Pesquisar outras malformações do SNC por meio de ultrassonografia
transfontanela e tomografia computadorizada;
 Verificar a presença de anomalias congênitas associadas;
 Realizar avaliação oftalmológica e auditiva; 117
 Verificar alterações dos MMII, que são frequentes;
 Garantir acompanhamento multidisciplinar do recém-nascido;
 Após a correção cirúrgica a lesão deve ser bem protegida com gaze
embebida em vaselina líquida estéril ou com ácidos graxos de cadeia média, evitando-
se a manipulação ou a compressão, manter em decúbito ventral ou lateral e nunca em
decúbito dorsal;
 Iniciar antibioticoterapia profilática, para a prevenção de infecção do sítio
cirúrgico;
Tratamento da “CRISE DE CHIARI”: é indicada a descompressão cirúrgica
imediata do bulbo e da medula.

Prognóstico:
As crianças adequadamente tratadas têm sobrevida de 85 a 90%, cerca de
70% tem inteligência normal. O que é bastante prejudicado por episódios prévios de
meningite e ventriculite.

HÉRNIA DIAFRAGMÁTICA

É a presença de comunicação pleuroperitoneal devido à persistência do forame


posterolateral Bochdalek. O defeito ocorre do lado esquerdo em 80% dos casos com
as alças intestinais migrando para o tórax. As hérnias bilaterais representam 1% dos
casos e geralmente são fatais. Quando o defeito é à direita, ocorre migração do fígado
junto com as alças intestinais.
102
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As hérnias diafragmáticas podem estar associadas à hipoplasia pulmonar,


cardiopatias, sequestro pulmonar, malformações do sistema nervoso central e
geniturinário.

Quadro clínico:
Ao nascimento, o abdome geralmente apresenta-se escavado. Após o
nascimento o recém-nascido desenvolve quadro de desconforto respiratório
caracterizado por taquipneia, tiragem, cianose e palidez, com piora progressiva. O
murmúrio vesicular encontra-se diminuído 118 ou ausente no lado da hérnia e o ictus
cárdico está desviado para o lado oposto ao defeito.
Diagnóstico:
Durante o pré-natal podem ser observados polidraminiose, por meio do exame
ultrassonográfico, encontram-se vísceras abdominais na cavidade torácica e desvio
do mediastino.
Após o nascimento, o exame radiológico de tórax e abdome evidencia a
presença de alças intestinais no tórax, com desvio do mediastino para o lado oposto
e pobreza de gás no abdome.
A utilização de uma sonda nasogástrica radiopaca auxilia a identificação do
estômago intratorácico.

Tratamento:
 No caso de necessidade de reanimação nasal de parto e seja indicada
ventilação com pressão positiva, deve-se optar pelo uso da cânula traqueal para evitar
distensão abdominal;
 O recém-nascido deve ser posicionado em decúbito lateral elevado,
colocando-o sobre o lado afetado para facilitar a expansão do lado normal;
 O recém-nascido deve ser mantido em jejum com sonda gástrica
calibrosa aberta para diminuir a distensão gasosa das vísceras herniadas;
 Evitar hipóxia, hipercapnia, hipotermia e acidose no pré e pós-operatório,
que podem desencadear hipertensão pulmonar, de difícil tratamento;
 Manter acesso venoso central seguro e cateter umbilical arterial,
permitindo controle gasométrico;
 Garantir suporte ventilatório, hemodinâmico e metabólico adequados;

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 Após estabilização iniciar NPT para preservar abdome;


 Pesquisar outras malformações associadas.

Correção Cirúrgica:
A cirurgia é realizada via abdominal com redução das vísceras para a cavidade
abdominal e fechamento do orifício diafragmático. A mortalidade por insuficiência
respiratória ou hipoplasia pulmonar é alta e relaciona-se com a precocidade de
instalação de sintomas.

GASTROQUISE
É um defeito de fechamento de toda a espessura da parede abdominal,
localizado centralmente, com exteriorização do intestino e exposição direta das alças
intestinais, sem a proteção de uma membrana envolvente. A abertura da parede
abdominal mede cerca de 2 – 4 cm de diâmetro e o cordão umbilical encontra-se bem
definido ao nível da parede abdominal à esquerda do defeito.

Diagnóstico:
Na maioria das vezes, o diagnóstico de gastrosquise é feito por meio da
ultrassonografia pré-natal.
Quadro Clínico:
Ao nascimento o recém-nascido apresenta-se com o intestino exteriorizado por
um defeito na parede abdominal anterior, à direita do cordão umbilical, sem um saco
protetor. O intestino apresenta aspecto edematoso e deformado devido à exposição
intraútero ao líquido amniótico. 120
Tratamento:
 Controle de temperatura;
 Manter cobertura protetora (utilizar compressa estéril embebida com
soro fisiológico a 0,9% aquecido e envolver em filme de PVC);
 Realizar descompressão gástrica;
 Controle rigoroso da temperatura (facilidade para desenvolvimento de
hipotermia);
 Decúbito lateral direito com cabeceira elevada;
 Administrar vitamina K;
 Envolver o RN até o tórax com saco plástico estéril;
104
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 Correção cirúrgica;
 Assistência respiratória quando necessário;
 Antibioticoterapia venosa.
 Tratamento Cirúrgico: o tratamento cirúrgico é realizado em várias
etapas de acordo com a evolução clínica do paciente.

FONTE: Disponível em:


<http://anomaliasdosdembrio.blogspot.com.br/2009/06/anomalias-do-sistema-
digestorio.html>.

GASTROQUISE

105
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FONTE: Disponível em:


<http://curiosoebizarroo.blogspot.com.br/2010/09/gastrosquise.html?zx=7210cfdb13
92a13a>.

GASTROQUISE
123

FONTE: Disponível em:


<http://anomaliasdosdembrio.blogspot.com.br/2009/06/anomalias-do-sistema-
digestorio.html>. Acesso em: 10 jun. 2013.

ONFALOCELE

É um defeito de fechamento da parede abdominal, mais precisamente do anel


umbilical, com a herniação do conteúdo abdominal. Os órgãos exteriorizados são
envolvidos por uma membrana protetora, e os vasos umbilicais estão separados sobre
o saco e se unem no ápice formando um cordão umbilical de aparência normal.

Quadro Clínico:
Ao exame físico observa-se o conteúdo abdominal projetando-se por meio do
anel umbilical, coberto por um saco transparente formado pela membrana amniótica

106
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e peritôneo. O tamanho é muito variável. O conteúdo pode ser apenas intestinal, até
fígado, baço e trato gastrintestinal.

Diagnóstico:
O diagnóstico pode ser realizado pela ultrassonografia no pré-natal. Ao
nascimento a anomalia é evidente.

Tratamento:
A conduta depende da integridade da membrana envolvente:
 Onfalocele Rota: os neonatos com onfalocele rota devem ser tratados
como aqueles com gastrosquise, e a correção cirúrgica possui caráter emergencial;
 Onfalocele com Membrana Íntegra: a membrana protetora conserva
melhor o calor e deve ser preservada por curativos diários com compressas de gases
estéreis umidificadas com solução de iodopovidona com o objetivo de proporcionar
maior resistência à mesma. A cirurgia é menos urgente, porém deve ser programado
o quanto antes se levando em conta o tamanho do defeito e a presença de anomalias
associadas.

CARDIOPATIAS CONGÊNITAS

A prevalência de cardiopatias congênitas que necessitam de intervenção no


primeiro ano de vida é de 3,5 para cada 1000 nascidos vivos.
As cardiopatias que iniciam sintomatologia no primeiro mês de vida costumam
ser graves, necessitando de diagnóstico precoce para a terapêutica clínica e/ou
cirúrgica seja realizada antes que haja deteriorização irreversível do quadro clínico,
com evolução para o óbito. 125

Classificação:
As cardiopatias congênitas classificam-se de acordo com o modo de
apresentação clínica em:
CARDIOPATIA COM CIANOSE:
 Transposição completa de grandes artérias;
 Tetralogia de Fallot;
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 Dupla via de saída do ventrículo esquerdo com estenose pulmonar;


 Conexão atrioventricular univentricular com estenose pulmonar;
 Síndrome do ventrículo direito hipoplásico;
 Estenose pulmonar crítica;
 Conexão anômala total das veias pulmonares.

CARDIOPATIA COM INSUFICIÊNCIA CARDÍACA CONGESTIVA:


 Persistência do canal arterial (PCA);
 Síndrome do ventrículo esquerdo hipoplásico;
 Coartação de aorta;
 Defeito do septo ventricular;
 Defeito do septo atrioventricular;
 Conexão anômala total das veias pulmonares não obstrutivas;
 Estenose aórtica;
 Dupla via de saída de ventrículo direito sem estenose pulmonar;
 Fistula arteriovenosa;
 Tronco arterioso comum.

CARDIOPATIAS COM ANORMALIDADES DO RITMO CARDÍACO:


 Taquicardia supraventricular;
 Bloqueio atrioventricular total;
 Extrassístole supraventricular e ventricular; 126
 Ritmo juncional.

CARDIOPATIAS COM SOPRO:


 Inocente;
 Estenose de artéria pulmonar;
 Persistências do canal arterial;
 Defeito do septo ventricular;
 Incompetência de valva atrioventricular;
 Estenose pulmonar;
 Estenose aórtica; Fístula arteriovenosa;
 Comunicação interatrial.

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História clínica:
 Doenças maternas como, por exemplo, o diabetes, aumentando a
incidência de cardiopatias (transposição das grandes artérias, miocardiopatia
hipertrófica), e o lúpus eritematoso sistêmico (bloqueio AV total congênito);
 Infecções na gestação, como rubéola, que está relacionada com
persistência do canal arterial, estenose valvar pulmonar e estenose de ramos da
artéria pulmonar. Infecções por citomegalovírus, herpes-vírus e Coxsackie são
suspeitas de serem teratogênicas.

Exame físico:
 Observar o aspecto geral da criança e lembrar que determinadas
síndromes genéticas têm associação frequente com cardiopatias, como a síndrome
de Down, a síndrome de Turner, trissomias 13 e 18 e outras;
 Observar cuidadosamente a frequência respiratória, presença de
dispneia, taquicardia e retração costal;
 Observar a coloração de pele e mucosas para detecção de cianose,
palidez e lembrar que a anemia pode mascarar a cianose; 127

 Palpar rotineiramente pulsos nos quatro membros. Pulsos amplos estão


presentes na persistência do canal arterial e fístulas arteriovenosas. Pulsos
diminuídos globalmente sugerem patologias que cursam com obstrução ao fluxo
sistêmico e pulsos ausentes ou diminuídos em membros inferiores são encontrados
na coartação da aorta;
 Na ausculta do precórdio atentar-se para a frequência e ritmo cardíaco,
bulhas e sopros, a segunda bulha deve ser analisada cuidadosamente em relação à
fonese e ao desdobramento, a terceira bulha pode ser encontrada em criança normal,
mas a quarta bulha é sempre patológica;
 Ruídos de ejeção localizam-se no início da sístole e podem corresponder
à dilatação aórtica ou pulmonar ou obstrução destes vasos;
 No exame do abdome observar se há hepatomegalia, que pode ser um
sinal de insuficiência cardíaca.

PERSISTÊNCIA DO CANAL ARTERIAL

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A persistência do canal arterial (PCA) é uma patologia frequente em recém-


nascidos prematuros, sendo a repercussão hemodinâmica significativa, inversamente
proporcional à idade gestacional e ao peso de nascimento.
O canal arterial é um segmento curto de artéria que conecta a aorta
descendente à artéria pulmonar esquerda, imediatamente após sua bifurcação. Seu
papel é essencial durante a vida fetal, sendo mantido aberto pelos efeitos relaxantes
da baixa tensão de oxigênio em combinação com a ação das prostraglandinas
sintetizadas no local. Assim 90% do sangue ventricular direito que sai pela artéria
pulmonar é desviado diretamente para a aorta descendente, devido à elevada
resistência vascular pulmonar e a baixa resistência vascular sistêmica. No momento
do nascimento, ocorre um aumento do fluxo sanguíneo no leito vascular pulmonar
devido à queda em sua resistência.
Nesse processo ocorre uma maior oxigenação local e uma menor ação de
prostaglandina que determinam o fechamento, inicialmente funcional, do canal
arterial. O fechamento definitivo do canal ocorre com o passar dos dias.

Manifestações Clínicas: 128

Geralmente determina sinais e sintomas variáveis e algumas vezes


inespecíficos, dependendo da idade gestacional e do tamanho do canal;
Podemos observar sinais de insuficiência congestiva, sopro sistólico ou
contínuo, pulso periférico amplo, hiperpulsatilidade cardíaca, taquicardia, taquipneia e
um diferencial pressórico aumentado.

Diagnóstico:
Os sinais clínicos não são específicos, em prematuros com insuficiência
respiratória deve ser considerado o diagnóstico de PCA quando há uma piora súbita
do estado clínico do recém-nascido ou aparecimento de apneias.
EXAMES SUBSIDIÁRIOS:
 Ecocardiograma: é o método de escolha para o diagnóstico de PCA, pois
possibilita a visualização direta do canal arterial;
 Raio X: observa-se área cardíaca aumentada e exuberância da trama
vascular pulmonar;

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 Eletrocardiograma: pode mostrar hipertrofia ventricular esquerda e,


eventualmente hipertrofia atrial esquerda.

Tratamento:
 Manter suporte ventilatório de acordo com as necessidades dos recém-
nascidos;
 Manter restrição hídrica;
 Realizar controle metabólico;
 Manter controle térmico;
 Avaliar e corrigir quadros de anemias;
 Avaliar a necessidade do uso de diuréticos;
 A droga de escolha é a indometacina, que atua inibindo a síntese de
prostaglandina;
 O tratamento cirúrgico é indicado quando há falha no tratamento
medicamentoso após pelo menos dois ciclos completos ou quando o uso da
indometacina foi contraindicado.

Suporte Farmacológico:
 Digoxina – aumenta a força e a velocidade da contração miocárdica;
 Dopamina – Pequenas doses: vasodilatação renal e mesentérica; Doses
intermediárias: aumentam a contratilidade miocárdica.
Doses elevadas: vasoconstrição arterial e venosa, elevando a resistência
vascular sistêmica.
 Dobutamina – Aumenta o débito cardíaco.
Reduz a resistência vascular sistêmica.
Indicada na insuficiência cardíaca sem hipotensão severa.
 Isoproterenol – Aumenta o débito cardíaco e a pressão arterial sistólica.
 Epinefrina - Aumenta a frequência cardíaca e a pressão arterial sistólica.
Diminui a pressão arterial diastólica e dilata o leito vascular periférico.
 Inibidores da fosfodiesterase – são representados pela milrinona e
aumentam o inotropismo e a contratilidade miocárdica, promovem a vasodilatação
venosa e arterial, aumentam o relaxamento ventricular durante a diástole e nos casos

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de baixo débito com disfunção miocárdica e aumento da resistência vascular


sistêmica, sem hipotensão arterial severa.
 Vasodilatadores - hidralazina que são bloqueadores dos canais de cálcio
arteriais já no caso dos venosos utilizam à nitroglicerina.
 Diuréticos – têm como objetivo a perda de água e sódio, o mais utilizado
é a furosemida.

ATENDIMENTO AO RN NA SALA DE PARTO

O recém-nascido de muito baixo peso é extremamente susceptível a eventos


hipóxicos associados a doenças maternas, fetais e placentárias, exigindo, na maioria
das vezes necessidade de reanimação imediata após o parto.
Os primeiros minutos de vida do RN são decisivos e de vital importância para
o seu desenvolvimento pleno e sem sequelas neurológicas. Busca-se, por meio de
ações rápidas, cuidadosas e delicadas, facilitar o rito de passagem e favorecer,
portanto, condições que permitam ao RN estabelecer um equilíbrio com a vida,
quando seu frágil e vulnerável corpo assume os riscos da independência fisiológica e
a liberdade de suas funções vitais no limite de sua potencialidade.
Todo RN merece cuidado especial logo após o nascimento. Entretanto, alguns
necessitam atenção redobrada, pelo maior risco a que estão expostos, estes RN
geralmente apresentam fatores de risco perinatais e/ou pré-natais e nestes casos,
deve-se estar preparado para possibilidade de utilizar de procedimentos de
reanimação neonatal.
O preparo para atender um neonato ao nascimento consiste na realização de
anamnese materna, na disponibilidade do material de reanimação e na presença de
equipe treinada.

FATORES MATERNOS

Líquido amniótico meconial, polidrâmnio, oligodrâmnio.

Pematuros, pós-maturos e os de baixo peso.

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Nascidos de cesárea, fórceps, partos pélvicos, gemelares, distócicos e


traumáticos.
Descolamento prematuro de placenta, placenta prévia, prolapso de cordão,
toxemia gravídica, bolsa rota há mais de 24 horas, infecção no pré-parto ou
durante o período de parto, diabetes, doença virótica ou parasitária na gestação,
hipertireoidismo, dependência de drogas, trabalho de parto prolongado.

132
A equipe que recepcionará o recém-nascido na sala de parto deve conhecer as
condições presentes durante a gravidez e parto que aumentam a possibilidade de
sofrimento fetal.
Todo material necessário utilizado na reanimação deve estar preparado,
testado e disponível em local de fácil acesso, antes do nascimento de qualquer recém-
nascido. O material é composto de equipamentos para manutenção da temperatura,
para a aspiração e a ventilação do neonato, além das medicações, que são
preparadas no início do plantão diurno e trocadas a cada 24 horas, quando não
utilizadas, ou novamente preparadas logo após o uso.
Como a reanimação do prematuro pode consistir em ventilação e na aplicação
de massagem cardíaca, e até mesmo na administração de medicações, faz-se
necessária a presença de um a dois técnicos de enfermagem que atuarão junto ao
médico no atendimento ao recém-nascido.
As condições do recém-nascido são avaliadas por meio de três sinais que são:
respiração, frequência cardíaca e cor, o boletim de APGAR não deve ser utilizado para
determinar o início da reanimação e sim para avaliar a resposta do RN às manobras
de reanimação, no 1º e 5° minutos de vida e, se necessário, 10º, 15º e 20º minutos.

Boletim de APGAR

Sinal Pontuação

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Zero 1 2
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Frequência Ausente <100/min >100/min
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Cardíaca

Esforço Ausente Lento, irregular, Choro forte


respiratório choro fraco

Tônus muscular Flácido Alguma flexão de Bem fletido,


extremidades movimentação
ativa
Irritabilidade Nenhuma Algum movimento Choro ou tosse
reflexa resposta ou careta

Cor Cianose, palidez Rósea, mas com Completamente


extremidades róseo
cianóticas
133
Nota: quando o APGAR continua com valores abaixo de cinco na avaliação do
5º minuto, as probabilidades de riscos e sequelas neurológicas são bem maiores.

Equipamentos e Materiais Necessários:


 Fonte de calor radiante;
 Estetoscópio neonatal;
 Sondas de aspiração traqueal nº 6, 8, 10 e 12;
 Laringoscópio com lâmina reta (nº 0 e 1);
 Cânulas endotraqueais sem balão de diâmetro uniforme nº 2,5; 3,0; 3,5
e 4,0 com linha radiopaca;
 Fio-guia;
 Material para fixação da cânula;
 Pilhas e lâmpadas sobressalentes;
 Aspirador a vácuo com fluxômetro;
 Adaptação para aspiração de mecônio;
 Máscara para RN de termo e pré-termo;
 Balão autoinflável com capacidade máxima de 750 ml válvula de
segurança e reservatório de 02 (para atingir FIO2 DE 90-100%);
 Cânula de Guedel;
 Seringas de 20; 10 e 1cc;

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 Agulhas;
 Bureta de microgotas; 134
 Cabo de bisturi com lâmina reta;
 Cadarço estéril;
 Material cirúrgico;
 Luvas, compressas e gases estéreis;
 Ampolas de água destilada;
 Adrenalina;
 Bicarbonato de sódio a 8,4%;
 Expansores de volume (SF0,9% E albumina);
 Naloxone.
ABC da Reanimação:
 A (Airways): manter vias aéreas permeáveis pelo posicionamento
adequado da cabeça e do pescoço, da aspiração de VAS e, se necessário da traqueia;
 B (Breathing): iniciar a respiração por meio da estimulação tátil e da
ventilação com pressão positiva por meio de balão e máscara ou balão e cânula
traqueal;
 C (Circulation): manter circulação por meio de massagem cardíaca e
administração de medicações ou fluidos.
Imediatamente após o nascimento, a necessidade de reanimação depende da
avaliação rápida e simultânea da presença de líquido meconial, do choro ou
respiração, do tônus muscular, da cor e da duração da gestação (a termo ou pré-
termo). Os procedimentos são realizados com base na avaliação integrada de três
sinais: respiração, frequência cardíaca e cor.

Procedimentos na recepção do Recém-Nascido:


 Manter sala de recepção do RN com temperatura adequada;
 Colocar o RN sob calor radiante;
Posicionar o recém-nascido, mantendo a cabeça em posição neutra ou com
leve extensão do pescoço (coxim nos ombros), evitar a hiperextensão ou a flexão
exagerada do mesmo;
 Aspirar às vias aéreas, inicialmente a boca e depois o nariz, evitar o uso
de pressões excessivas e a introdução brusca da sonda de aspiração-reflexo vagal;

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 Na presença de líquido amniótico meconial e recém-nascido deprimido,


aspirar à traqueia sob visualização direta imediatamente após a colocação do RN a
fonte de calor e somente após, ventilar; 135
 Secar o RN e remover os campos úmidos;
 Realizar estimulação tátil com manobras delicadas no dorso do RN, no
máximo duas vezes, se não houver respiração regular;
 Administrar oxigênio inalatório se houver cianose central ou ventilação
com pressão positiva (VPP), utilizando balão e máscara ou cânula endotraqueal;
 Estabelecer e manter circulação;
 Medicação.

PROCEDIMENTOS DE ROTINA PARA PREMATUROS ESTÁVEIS


CLINICAMENTE

Após os cuidados de manutenção da temperatura e da permeabilidade das vias


aéreas, se o neonato apresenta respiração espontânea rítmica e regular, frequência
cardíaca maior que 100bpm e rosado nas extremidades, ele não necessita de outras
manobras. Realiza-se então a seguinte rotina:
 Laqueadura de cordão umbilical;
 Prevenção da oftalmia e vaginite gonocócica, instilando-se duas gotas
de nitrato de prata a 1% no saco lacrimal inferior de cada olho e duas gotas na vagina;
 Passagem de sonda gástrica nº 8 para detecção precoce de atresia de
esôfago e obstrução intestinal alta;
 Passagem de sonda retal introduzindo-a até 3 cm de profundidade para
detecção de anomalias anorretais;
 Identificação por meio da impressão digital da mãe e das impressões
digitais e plantar do neonato e da pulseira colocada na mãe e no neonato;
Coleta de sangue materno para realização de tipagem sanguínea e reações
sorológicas;
 Realizar tipagem sanguínea do recém-nascido em sangue do cordão
umbilical;
 Realizar exame físico simplificado do recém-nascido determinado,
determinando-se peso, comprimento, perímetro cefálico torácico e abdominal;

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 Acomodação cuidadosa do pré-termo na incubadora aquecida e com


fonte de oxigênio, garantindo a manutenção da temperatura corporal e oxigenação
adequadas.
136
OXIGENOTERAPIA

Após os cuidados de manutenção da temperatura e da permeabilidade das vias


aéreas, se o neonato apresenta respiração espontânea, frequência cardíaca maior
que 100 bpm e cianose central são indicadas a administração de O² inalatório
(umidificado e preferencialmente aquecido). Se 30 segundos após o início da oferta
de O² inalatório o neonato apresentar ritmo respiratório regular, FC maior que 100 bpm
e coloração rosada, retiram-se o oxigênio de maneira lenta e gradual. Assim que se
constatar a estabilidade clínica procede-se às manobras de rotina da sala de parto.
Caso após posicionar o prematuro sob calor radiante, posicionar a cabeça em
leve extensão, aspirar boca e narinas e secá-lo, ele apresentar pelo menos uma das
seguintes situações: apneia, gasping, FC menor que 100 bpm ou cianose persistente,
apesar da administração de O² inalatório indica-se a ventilação com pressão positiva
por meio de balão e máscara facial.
A ventilação efetiva deve provocar inicialmente a elevação da FC e a melhora
da coloração, seguindo-se o estabelecimento da respiração e o aumento do tônus
muscular. Se o paciente apresenta movimentos respiratórios espontâneos e regulares
com FC maior que 100 bpm, pode se interromper a ventilação com balão e máscara
e administrar O² inalatório, que deve ser retirado gradativamente caso o neonato se
mantenha rosado.
Considera-se falha na ventilação com balão e máscara se, após 30 segundos
do início do procedimento, o neonato apresenta expansibilidade torácica inadequada,
ausência de respiração espontânea ou FC menor que 100 bpm.
Existem algumas causas do insucesso da ventilação que podem ser facilmente
verificadas e corrigidas como: má adaptação da máscara à face, mau posicionamento
da cabeça, presença de secreção nas vias aéreas ou oferta de pressão insuficiente.

VENTILAÇÃO COM PRESSÃO POSITIVA (VPP)

Indicação:
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137
 Ventilação com balão e máscara facial ineficaz;
 Ventilação com balão e máscara por período prolongado;
 Necessidade de administração de massagem cardíaca e/ou
medicações;
 Suspeita de hérnia diafragmática;
 Prematuros extremos com peso inferior a 100gr que receberão
surfactante exógeno profiláticos;
A melhora é considerada se, ao ventilar com balão e cânula traqueal, o neonato
apresenta movimentos respiratórios espontâneos e regulares com FC maior que 100
bpm. Nessa situação a ventilação é suspensa e o neonato é extubado, sendo
administrado O² inalatório por cateter, com retirada gradual.
No caso do recém-nascido manter-se em apneias ou respiração irregular,
acompanhada de FC maior que 100 bpm, a intubação e a ventilação devem ser
mantidas e o paciente encaminhado para a unidade de terapia intensiva neonatal.
QUADRO 3 - Tamanho do diâmetro da cânula
Idade gestacional Peso (Kg) Cânula (mm)
(semanas)

<28 <1 2,5

28-34 1-2 3,0

34-38 2-3 3,5

>38 3-4 3,5-4,0

MASSAGEM CARDÍACA

O procedimento seguinte a ser realizado para reanimar o neonato é a


massagem cardíaca, que tem a finalidade de melhorar a FC, quando não existe
aumento da mesma após a ventilação por meio de balão e máscara, ou de balão e
cânula traqueal.

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Iniciar massagem cardíaca após 30 segundos de ventilação com pressão


positiva (VPP) com O2 a 100% e frequência cardíaca < 60bpm. 138

Manter VPP e O2 100%, comprimir com os polegares o terço inferior do esterno


por meio da técnica dos dois polegares ou dos dois dedos, indicador e médio,
realizando 90 compressões/min durante 30 segundos. Observar então se o pulso está
palpável e se a frequência cardíaca está aumentando.
Realizar sempre ventilação e massagem de forma síncrona, mantendo sempre
a relação de 3:1, ou seja, três movimentos de massagem cardíaca para uma
ventilação.
A melhora do neonato é considerada quando, após a ventilação acompanhada
de massagem cardíaca, o paciente apresentar FC acima de 60 bpm. Nesse momento
interrompe-se a massagem.

TRANSPORTE DO RECÉM-NASCIDO

O transporte deverá ser realizado quando o local de nascimento não dispõe de


infraestrutura adequada para garantir resolutividade às condições clínicas
apresentadas pelo RN. Este deverá ser transportado após estar clinicamente
estabilizado. A vaga no serviço que irá receber o RN deverá estar garantida.
Principais Indicações:
 Prematuridade.
 Desconforto respiratório (membrana hialina, aspiração de mecônio e
pneumonia).
 Asfixia perinatal.
 Malformações congênitas que necessitem diagnóstico/tratamento.
Crises convulsivas.
Infecção neonatal.
Condições cirúrgicas.
 Apneia recorrente.
 Choque.
 Acidose persistente.
 Hipoglicemia persistente.
 Necessidade de nutrição parenteral. 139
 Doença hemolítica perinatal.
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 RN de mãe diabética.

A equipe de transporte neonatal deve ser composta necessariamente por


profissionais com formação no atendimento intensivo neonatal, com familiaridade em
suas doenças e complicações e, adequadamente treinados em procedimentos
técnicos para recém-nascidos, além da reciclagem específica e continuada no
transporte de alto risco, aéreo ou terrestre. Isso inclui o conhecimento de
peculiaridades do transporte de pacientes por via aérea, principalmente em recém-
nascidos transportados em sua maioria por complicações respiratórias.

Meios de Transporte:
 Terrestre: é o mais empregado e o mais econômico, com facilidades
quanto à operacionalização e acessibilidade, e desvantagens quanto ao limite de
distância, desgaste da equipe e dificuldade pela densidade de tráfego.
 Aéreo: por meio de helicóptero têm-se as vantagens de facilidade de
acesso, rapidez e possibilidade de evitar congestionamento, porém com custos
elevados e limitações para grandes distâncias e para determinados horários de
deslocamento. A utilização de aviões representa um meio de grande rapidez, custos
razoáveis e grande raio de ação, mas com difícil operacionalização, dependendo de
aeroportos e transporte terrestre combinados.

Equipamentos e Materiais Necessários:


 Monitor de frequência cardiorrespiratória;
 Oxímetro de pulso;
 Monitor de pressão não invasiva;
 Capnógrafo;
 Sensor de temperatura corporal;
 Cilindro de oxigênio;
 Cilindro de ar comprimido;
 Sistema de umidificação para gases;
 Máscara facial;
 Caixas de hood;
 Respirador; 140

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 Bombas de infusão;
 Aspirador elétrico;
 Incubadora de transporte;
 Sistema gerador de energia;
 Ambu infantil de silicone com reservatório;
 Laringoscópio com lâminas 0 e 1;
 Tubo traqueal;
 Cateteres intravenosos;
 Estetoscópio neonatal;
 Sistema de drenagem torácica;
 Equipos, torneiras e conexões venosas;
 Eletrodos e sensores para oximetria;
 Coletor de urina;
 Lâmpadas e pilhas reservas;
 Sondas gástricas e de aspiração;
 Material cirúrgico e campos estéreis;
 Material de assepsia e gaze estéril; agulhas e seringas de tamanhos
variados;
 Micropore, esparadrapo e fita adesiva;
 Luvas estéreis e de procedimento;
 Termômetro;
 Lanterna;
 Equipamento para realização de glicoteste.

Medicamentos Necessários:
 Adrenalina;
 Atropina;
 Bicarbonato de sódio;
 Gluconato de cálcio;
 Lidocaína;
 Água destilada;
 Soro fisiológico a 0,9%;
 Soro glicosado 5 % e 10%;

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 Cloreto de potássio; 141


 Vitamina K;
 Furosemida;
 Albumina;
 Hidantoína;
 Fenobarbital;
 Midazolam;
 Diazepam;
 Fentanil;
 Dobutamina;
 Dopamina;
 Succinilcolina;
 Pancurônio;
 Dipirona;
 Heparina;
 Morfina;
 Naloxone;
 Prostim;
 Surfactente.

Preparo para o Transporte:


A preparação do recém-nascido a ser transportado visa a estabilização das
condições já existentes, incluindo alguns procedimentos prévios de fundamental
importância para evitar deteriorização clínica ou acidentes durante o transporte.
 Realizar ressuscitação volêmica, fluídica e correção de distúrbios
metabólicos; Estabilização da temperatura corpórea;
 Sondagem e esvaziamento gástrico;
 Obtenção de acesso venoso, seguro, estável e de calibre adequado;
 Fixação adequada de sondas, cânula endotraqueal, cateteres, eletrodos
e sensores;
 Controlar quadro de agitação e ou convulsões;
 Garantir a permeabilidade de vias aéreas;
 Aspirar cânula traqueal; 142

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 Elaboração de um resumo detalhado, mas sucinto, possibilitando para a


equipe de transporte uma visão objetiva do caso, facilitando o manejo de eventuais
complicações durante o transporte.
 Estabelecer comunicação adequada entre equipe de transporte, equipe
de médicos do hospital de origem e equipe do hospital de destino do RN.
 Mostrar, sempre que possível, o RN aos pais antes do transporte, a fim
de minimizar o trauma da separação.
 Esclarecer a família sobre as condições do RN, bem como seu destino
e motivos da transferência e o transporte deve sempre ser autorizado pela família.
 Encaminhar cópia: da anamnese materna, os dados do RN (condições
de nascimento e evolução da doença atual), dos exames laboratoriais e dos raio X.
 Enviar amostras de sangue materno (em tubo com anticoagulante) e do
cordão umbilical (em tubo seco).
 Coletar hemocultura e iniciar antibioticoterapia, se indicado.

Estabilização do RN com problemas especiais:

 Hérnia diafragmática: o RN não deve ser ventilado com máscara e ambu,


uma sonda orogástrica adequada para o peso do RN deve ser posicionada e
intubação orotraqueal efetuada o amis precocemente possível e posicionar o RN em
decúbito lateral. Do mesmo lado da hérnia com o objetivo de melhorar a expansão do
pulmão contralateral.
 Gastroquise e onfalocele: posicionar sonda orogástrica e proteger a área
exposta com compressas estéreis embebidas em soro fisiológico morno, sobre as
compressas colocar um filme transparente de PVC, prevenindo contaminação, perda
de calor e líquido. Posicionar RN em decúbito dorsal ou lateral.
 Mielomeningocele: proteção da área exposta.
 Atresia de esôfago e fístula traqueosofágica: manter permeabilidade das
vias aéreas e sonda de aspiração contínua a vácuo nº 8 de múltiplos orifícios com
outra sonda nº 4 no interior desta para prevenir aspiração de mucosa. Colocar RN em
posição semissentada ou decúbito elevado. 143

 Obstrução intestinal: colocar sonda gástrica mantendo-a aberta.

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 Cardiopatias congênitas cianóticas: evitar utilização de O2 na suspeita


de cardiopatias canal-dependentes pela possibilidade de desencadear fechamento do
canal arterial e iniciar infusão de prostaglandina E1.
 Pneumotórax: drenagem de emergência deve ser efetuada e o
procedimento é realizado após antissepsia e introdução de abocath nº 14 ou 16 no 3º
ou 4º espaço intercostal, na linha axilar anterior e conectá-lo a uma torneira de três
vias com seringa de 20 ml para aspiração e tubo de drenagem sob selo d’ água.

ASSISTÊNCIA AO RECÉM-NASCIDO SADIO NO BERÇÁRIO

A assistência no berçário deve ser focada na família e concentrada no bebê.


Deve-se dar atenção especial para permitir o contato entre a mãe e o bebê e evitar
sua separação, dessa forma, exames pediátricos e procedimentos de enfermagem
devem ser realizados interativamente na presença dos pais.
O recém-nascido deve ser avaliado a fim de se excluir:
 Malformações;
 Doenças infecciosas;
 Problemas genéticos;
 Problemas metabólicos; Problemas neurológicos; Icterícia
inapropriada.
Devemos nos certificar que o recém-nascido está fazendo uma boa transição
da vida fetal para a neonatal, especialmente pela avaliação da: respiração, função
cardíaca, alimentação, micção e evacuação. A interação pai/mãe/bebê e a dinâmica
da família devem ser avaliadas para analisar a habilidade da família em cuidar do
recém-nascido.
No período subsequente deve-se medir o peso diariamente, anotar a hora e o
volume de fezes e urina, bem como frequência cardíaca, respiratória e temperatura,
pelo menos a cada 08 horas. 144
Alimentação: o aleitamento materno é sempre preferível e deve ser iniciado
ainda durante a primeira hora de vida.
Posição de Dormir: deve ser em decúbito lateral nos primeiros dias de vida. O
bebê deve dormir em um colchão firme. Recomenda-se que os pais permitam que o
bebê, quando acordado, passe alguns períodos na posição ventral, pois permite o uso
da musculatura do pescoço e dos ombros.
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Família: a assistência focalizada na família inclui a assistência do bebê e da


mãe realizada pelo mesmo membro da equipe de enfermagem. O bebê deve ser
mantido em alojamento conjunto o máximo possível.
Avaliação de Enfermagem: inclui revisão do histórico materno, incluindo uma
revisão ultrassonográfica pré-natal, imunidade contra rubéola, antígeno da hepatite B,
tuberculose, gonorreia, clamídia e sífilis. Deve-se também levar em conta assistência
pré-natal, histórico de aborto e história médica e social, incluindo potencial para
depressão puerperal. Indicar imunização para hepatite B no bebê.
Tratamento da Dor: preconiza-se oferecer 1 ml de solução de glicose via oral
para o bebê sugar 5 minutos antes da realização de procedimentos dolorosos.

NASCIMENTOS MÚLTIPLOS

A duração média de gestação é mais curta em gestações múltiplas, diminuindo


mais ainda, conforme o número de fetos aumenta. A idade gestacional média ao
nascimento é de 36, 32 e 31 semanas respectivamente para gêmeos, trigêmeos e
quadrigêmeos.
A probabilidade de um peso ao nascer abaixo de 1500gr é de 8 a 33 vezes
maior em gestações múltiplas, comparada a fetos únicos. O crescimento fetal é
independente do número 145 de fetos, até aproximadamente 30 semanas de gestação,
após esse período o crescimento de múltiplos cai gradualmente em comparação com
fetos únicos.
Malformações ocorrem em aproximadamente 6% das gestações gemelares. O
risco em gêmeos monozigóticos é aproximadamente 2,5 vezes maior que gêmeos
dizigóticos ou fetos únicos. Defeitos estruturais específicos para gêmeos
monozigóticos são: malformações precoces que compartilham uma origem comum
com o processo gemelar e síndrome de ruptura vascular. Gestações gemelares
devem ser avaliadas para anomalias fetais por ultrassonografia ou outros
procedimentos mais invasivos quando indicado.
A morte de um feto em gestações múltiplas é um evento comum durante o
primeiro trimestre (> 20%) e frequentemente não é reconhecida. As causas possíveis
incluem nidação anormal, anormalidades cromossômicas e malformações fetais. O
prognóstico para o segundo gêmeo costuma ser excelente.

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A prevalência de Paralisia Cerebral em gêmeos é de 7,4%, comparada a 1%


dos fetos únicos. Isso está relacionado com o risco aumentado de prematuridade e de
baixo peso ao nascer em gestações múltiplas.

TERMORREGULAÇÃO NO RECÉM-NASCIDO

Durante a gravidez, os mecanismos maternos mantêm a temperatura


intrauterina. Após o nascimento, os recém-nascidos devem se adaptar ao seu
ambiente relativamente frio pela produção metabólica de calor porque eles são
incapazes de gerar uma resposta adequada de tremores.
Os recém-nascidos a termo têm uma fonte de termogênese na gordura marrom,
que é altamente vascularizada e inervada por neurônios simpáticos. Quando sofrem
estresse por frio, os níveis de epinefrina aumentam e atuam no tecido de gordura
marrom para estimular a lipólise.
O recém-nascido prematuro tem problemas especiais na manutenção da
temperatura, como: razão mais alta da superfície cutânea diminuída, reservas menos
desenvolvidas de gordura marrom, incapacidade de receber calorias suficientes para
fornecer nutrientes à termogênese e ao crescimento e eliminação do consumo de
oxigênio em alguns recém-nascidos prematuros em virtude de problemas pulmonares.
Recém-nascidos prematuros sujeitos a hipotermia aguda respondem com
vasoconstrição periférica, causando metabolismo anaeróbico e acidose metabólica,
podendo causar constrição de vasos pulmonares. O problema mais comum dos
neonatos prematuros é a perda calórica pelo estresse ao frio crônico não reconhecido,
resultando em consumo aumentado de oxigênio e incapacidade em ganhar peso.
A lesão neonatal por frio ocorre em RN de baixo peso ao nascer e RN a termo
com distribuição do SNC, podendo haver palidez central ou cianose, a pele pode
mostrar edema ou escleredema. A temperatura central está frequentemente abaixo
de 32,2 ºC e os sinais podem incluir: hipotensão, bradicardia, respiração irregular,
lenta e superficial, atividade diminuída, reflexo de sucção débil, resposta diminuída
aos estímulos, reflexos diminuídos e distensão abdominal ou vômitos. Estão
presentes também: acidose metabólica, hipoglicemia, hipercalemia, azotemia e
oligúria, às vezes, existe sangramento generalizado, incluindo hemorragia pulmonar.

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A hipertemia, definida como uma temperatura corporal central elevada pode ser
causada por um ambiente relativamente quente, infecção, desidratação, disfunção do
SNC ou medicamentos.
Em recém-nascidos sadios a perda de calor pode ser evitada ou minimizada
secando-se adequadamente o neonato após o nascimento e o envolvendo em
campos aquecidos. Examinando o bebê na sala de parto sob fonte de calor radiante,
utilizando touca para prevenir perda de calor por meio do couro cabeludo e
manutenção do bebê em berço aquecido e coberto.
Já os recém-nascidos enfermos devem ser adequadamente secos e
transportados em incubadoras aquecidas, deve-se utilizar fonte de calor radiante
durante a realização de procedimentos. Bebês enfermos ou prematuros precisam de
um ambiente termoneutro para minimizar o dispêndio de energia. 147

ALEITAMENTO MATERMO

Os conceitos básicos sobre amamentação constituem um direito humano e


precisam ser estimulados por meio da educação. É necessário que a amamentação
seja um hábito cultural e, para tanto se torna fundamental informar, prevenir e
sensibilizar a todos. É um processo que envolve conquista social, política e
transformação do cotidiano, no qual é modificado o significado da amamentação para
a mulher e a sociedade. 148
A lactação é o ápice fisiológico do ciclo reprodutivo. O recém-nascido é o mais
imaturo e dependente de todos os mamíferos. A mama está preparada para lactar a
partir da 16ª semana gestacional, mantendo-se inativa por equilíbrio hormonal. Nas
primeiras horas e dias após o parto, a mama responde às mudanças do ambiente
hormonal e ao estímulo de sucção produzindo o leite.
A composição do leite varia com a fase da lactação, a hora do dia, o momento
da ingestão e no decorrer da própria mamada, com a nutrição da mãe e fatores
nutricionais. A composição do leite de mães que deram à luz a crianças prematuras é
diferente daquelas que tiveram seus filhos a termo. Demonstrou-se que o conteúdo
de nitrogênio do leite das mães de prematuros é maior, e que tem concentrações
elevadas de Na e Cl.
Os agentes de defesa do leite humano merecem considerações especiais.
Além dos componentes nutricionais aí presentes, o leite ainda contém uma grande
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variedade de agentes bioativos heterogêneos de grande importância para a saúde da


criança, protegendo-a de um grande número de infecções e doenças. Embora os
principais locais de atuação desses agentes sejam as mucosas do trato gastrintestinal
e respiratório, podem também exercer efeito sistêmico, ou na própria mama,
protegendo-a quanto a mastite. O efeito contra infecções é ainda muito importante na
alimentação de crianças prematuras.
Portanto, o leite materno é o alimento de primeira escolha para alimentação
das crianças, em função de seus componentes nutricionais, anti-infecciosos,
imunológicos, seus efeitos psicológicos e no desenvolvimento, com importante
vantagem para o estabelecimento do vínculo mãe-filho.

ATRIBUIÇÕES DO AUXILIAR OU TÉCNICO DE ENFERMAGEM

 Prestar assistência de enfermagem em serviços de proteção,


recuperação e reabilitação da saúde de acordo com um plano estabelecido;
 Prestar cuidados de conforto e higiene a pacientes em estado grave sob
a supervisão do enfermeiro; 149
 Observar, comunicar e registrar sinais e sintomas apresentados pelo
paciente;
 Realizar procedimentos como:
1. Lavagem gástrica.
2. Lavagem vesical
3. Irrigação vesical.
4. Sondagem gástrica e orogástrica.
5. Aspiração orotraqueal.
6. Verificar SSVV.
7. Colher material para exames laboratoriais.
8. Ministrar medicamentos.
9. Fazer curativos.
10. Oxigenoterapia.
11. Nebulização.
12. Aplicação de calor e frio.
13. Prestar cuidados de enfermagem no pré e pós-operatório.
14. Pesar e mensurar o paciente.
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15. Realizar procedimentos de desinfecção e esterilização.


16. Prestar cuidados de higiene e conforto.
17. Zelar pela limpeza e ordem do material e equipamentos da unidade.
18. Fazer orientação para alta hospitalar.
19. Fazer orientações sobre aleitamento materno.
20. Realizar procedimentos pós-morte.
21. Proceder anotações de enfermagem.
22. Executar atividades de apoio tais como: preparo de ambientes,
disposição do material para exames, tratamentos, intervenções cirúrgicas e
atendimento obstétrico.
23. Prevenir e controlar sistematicamente a infecção hospitalar.

MONTAGEM DO LEITO NEONATAL

Norma:
 Todos os equipamentos devem ser checados e testados antes da
admissão do paciente.
150
Material:
 Incubadora ou berço aquecido;
 Fonte de oxigênio com fluxômetro
 Umidificador;
 Aspirador com manômetro;
 Vidro de 500 ml com kit de aspiração montado;
 Monitor cardíaco;
 Oxímetro de pulso;
 Fonte de ar comprimido com fluxômetro;
 Ambu com máscara;
 Balança digital;
 Bandeja para intubação;
 Cânula orotraqueal conforme peso da criança;
 Fita métrica;
 Estetoscópio;
 Aparelho de glicemia capilar (dextro);
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 Urodensímetro;
 Manguito para aferição de PA;
 Bomba de infusão;
 Ventilador mecânico;
 Caixa de hood;
 CPAP;
 Material para venopunção;
 Material para cateterismo umbilical.

Materiais de consumo:
 Sonda gástrica;
 Sonda de aspiração n° 8 ou 10;
 Luvas de procedimentos;
 Luvas estéreis para aspiração;
 Eletrodos;
 Esparadrapo;
 Micropore; 151

 Fita crepe;
 Gazes (compressas);
 Álcool a 70%;
 Seringas e agulhas de tamanhos variados; Folha de controle de sinais
vitais.

ADMISSÃO DO RN EM UTI NEONATAL

Critérios para Admissão:


 Recém-nascidos com idade gestacional menor que 34 semanas;
 Recém-nascidos com peso inferior a 1800gr;
 Sangramento materno no terceiro trimestre da gravidez;
 Anomalias congênitas que requeiram correção cirúrgica imediata;
 Infecção;
 Incompatibilidade Rh;
 Retardo de crescimento intrauterino;
 Hipoglicemia;
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 Convulsões;
 Uso materno de drogas psicoativas;
 Problemas respiratórios que requeiram oxigenoterapia;
 Arritmias cardíacas;
 Apgar menor que 5º no quinto minuto de vida.

Normas:
A UTI – NEONATAL admite pacientes de 0 a 28 dias.
 A admissão será feita após contato prévio com o médico intensivista,
para pacientes extremos deverá também ser contatada a Central de Regulação
Médica;
 O encaminhamento do paciente só acontecerá após a liberação da vaga
pela enfermeira;
 Certificar-se que o leito está montado; 152
 A admissão é feita pelo médico e a equipe de enfermagem;
Procedimentos:
 Lavar as mãos;
 Calçar as luvas de procedimentos;
 Pesar o paciente;
 Posicionar o paciente em decúbito dorsal com coxim na região
subescapular;
 Aspirar vias aéreas superiores se necessário;
 Monitorizar a criança;
 Avaliar SSVV;
 Introduzir ou trocar SOG, conforme prescrição;
 Aquecer o paciente; Mensurar o RN: perímetro cefálico, abdominal,
torácico e estatura;
 Fazer dextro;
 Puncionar veia periférica se necessário;
 Fixar um coletor de urina;
 Lavar as mãos;
 Preencher folhas de controle de SSVV e relatório de enfermagem.

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LAVAGEM DAS MÃOS


Norma:
É uma medida simples que visa a remoção das células descamativas,
sujidades, oleosidades, comum também as bactérias transitórias e algumas
residentes.
Deve ser feita antes e após manipular o paciente.
Deve ser feita antes e após qualquer procedimento.
Procedimento:
 Retirar anéis, pulseiras e relógios antes de iniciar a lavagem das mãos.
 Abrir a torneira.
 Ensaboar as mãos usando sabão líquido antisséptico, friccionar as mãos
por aproximadamente 15 a 30 segundos, atingindo:
1. Palma das mãos;
2. Dorso das mãos; 153

3. Espaços interdigitais;
4. Polegares;
5. Articulações das mãos;
6. Unhas e extremidades dos dedos;
7. Punhos;
 Enxaguar as mãos, retirando totalmente o resíduo do sabão;
 Enxugar com papel toalha;
 Fechar a torneira com papel toalha.

REANIMAÇÃO CARDIOPULMONAR
Norma:
A equipe de enfermagem é responsável pela reposição dos materiais de
consumo e manutenção do carrinho de reanimação.
Material:
Bandeja com lâminas (retas e curvas) e cabo de laringoscópio de tamanhos
adequados (nº 0 e 1);
 Balão autoinflável com reservatório de oxigênio;
 Máscara de tamanho adequado;
 Sondas de aspiração de grosso calibre (nº 8 e 10);
 Tubo orotraqueal de tamanho adequado;
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 Fio guia;
 Fonte de oxigênio umidificado;
 Fonte de vácuo com aspirador montado;
 Esparadrapo para fixação;
 Benzina e tintura de benjoim;
 Medicações de urgência;
 Sonda gástrica de grosso calibre (nº 8 e 10);
 Monitor cardíaco com oxímetro de pulso;
 Eletrodos; 154
 Estetoscópio;
 Tábua (superfície rígida) para reanimação;
 Cardioversor e gel para contato;
 Luvas estéreis e de procedimento.

Procedimentos:
 Posicionar o RN para manter vias aéreas pérvias, com pescoço em leve
extensão;
 Aspirar às vias aéreas;
 Iniciar a ventilação com balão de reanimação e máscara, com fonte de
oxigênio;
 Oferecer ao médico, luva estéril, laringoscópio com lâmina, cânula
traqueal e material de aspiração;
 Monitorar tempo de intubação;
 Auxiliar durante intubação;
 Monitorar frequência cardíaca do RN e manter monitorização contínua;
 Oferecer balão de reanimação para ventilação e estetoscópio para
confirmação da intubação;
 Auxiliar fixação da cânula traqueal;
 Auxiliar na massagem cardíaca e cardioversão SN;
 Realizar sondagem gástrica;
 Preparar e administrar medicações;
 Montar respirador;

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 Colocar o RN em ventilação mecânica, após o médico ter regulado os


parâmetros do respirador;
 Deixar o RN confortável;
 Reorganizar a unidade,
 Realizar os registros cabíveis no prontuário do paciente.

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO CATETERISMO VENOSO CENTRAL

Rotinas:
 O profissional de enfermagem auxilia o médico durante todo o
procedimento;
 Após o procedimento é solicitado o RX para localização do cateter no
paciente;
 Devem ser feitas as anotações de enfermagem como a hora do
procedimento, o nome do médico que realizou o procedimento e as intercorrências.
156
Material:
 Bandeja de Intracath ou de Dissecção Venosa;
 01 par de luvas estéreis;
 01 frasco de soro fisiológico 0,9% de 125 ml montado com equipo;
 Esparadrapo;
 Xilocaína injetável 2%;
 01 agulha 13x4,5;
 01 agulha 40x12;
 Solução antisséptica.

Procedimentos:
Providenciar todo o material necessário levando a unidade do RN:
 Colocar o RN em decúbito dorsal com a cabeça lateralizada para o
oposto em que será inserido o cateter, se necessário utilizar um coxim escapular;
 Auxiliar o médico a se paramentar;
 Oferecer ao médico todo material necessário para o procedimento;
 Após a punção, testar o refluxo sanguíneo abaixando o frasco de soro
até retornar o sangue;
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 Realizar o curativo fechado anotando a data do mesmo;


 Recolher o material e recompor a unidade;
 Proceder à anotação de enfermagem.

CATETER CENTRAL DE INSERÇÃO PERIFÉRICA (PICC)

Para o neonato que necessita de terapia venosa central durante 1 até 6 meses,
ou que necessita de acesso venoso repetidas vezes, a melhor opção pode ser um
cateter central de inserção periférica (PICC).
Feito de silicone ou poliuretano, o PICC é macio e flexível, com grande
biocompatibilidade. Quanto ao diâmetro pode variar de 16G a 23G, e o comprimento
vai e 40,5 a 157 61 cm.
O PICC está sendo cada vez mais utilizado por proporcionar acesso seguro e
confiável, podendo-se utilizar o mesmo cateter durante todo o período de tratamento,
o que representa maior conveniência e redução de custos.
A terapia pelo PICC funciona mais adequadamente quando introduzida no
início do tratamento, não devendo ser considerada como último recurso para clientes
cujas veias estão esclerosadas ou foram submetidas a repetidas punções.
A resolução nº 258 do COFEN regulamenta a inserção da PICC pela
enfermeira. Estabelecendo que para que a enfermeira adquira a competência de
inserção do cateter, recomenda-se um curso intensivo de 8 horas, depois do qual
deverá realizar três inserções bem-sucedidas.

Material:
 Kit de inserção do cateter;
 Bolinhas de algodão embebidas em álcool ou solução de iodopovidina a
10%;
 Solução de heparina;
 Extensor para seringa;
 Fita métrica limpa e estéril;
 Soro fisiológico a 0.9%;
 Compressas de gaze estéril;
 Esparadrapo;
 Campo fenestrado estéril;
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 Curativo estéril semipermeável transparente;


 Garrote;
 Luvas estéreis;
 Avental estéril;
 Máscara;
 Óculos de proteção;
 Luvas de procedimento.
158
Inserção do PICC:
 Lave as mãos;
 Aplique o garrote no braço e avalie a fossa antecubital;
 Escolha o local de inserção;
 Retire o garrote;
 Determine o local de inserção da ponta do cateter ou o ponto que irá
repousar a ponta do cateter, depois da inserção;
 Meça a distância desde o local de inserção até o ombro, e do ombro até
a incisura esternal. Em seguida, acrescente 7,6 cm à medida obtida;
 Ajude o cliente a se deitar em posição supina, o braço fazendo um
ângulo de 90º com o corpo;
 Abra a bandeja do PICC e coloque o restante dos itens estéreis sobre o
campo estéril. Vista o avental, máscara, óculos protetores e luvas estéreis;
 Usando a fita métrica estéril, corte a extremidade distal do cateter
conforme as recomendações e orientações específicas do fabricante, usando o
equipamento fornecido pelo fabricante.
 Adotando a técnica estéril, retire 5 ml de soro fisiológico a 0,9% e irrigue
o equipo de extensão e a tampa;
 Retire a agulha da seringa. Conecte a seringa ao cubo do cateter e faça
sua irrigação;
 Faça antissepsia do local de inserção com três bolinhas de algodão
embebidas em álcool a 70% ou outra solução antimicrobiana. A partir do local de
inserção do cateter faça movimentos circulares por cerca de 15 cm. Deixe a área
secar. Certifique-se de não ter tocado o local em que deverá ser efetuada a inserção;

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 Retire a luva e aplique o garrote cerca de 10 cm acima da fossa


antecubital;
 Calce um novo par de luvas estéreis. Em seguida coloque o campo
fenestrado estéril. Aplique uma gaze sobre o garrote;
 Estabilize a veia do paciente. Insira o introdutor do cateter a um ângulo
de 10º, diretamente na veia;
 Depois da penetração bem-sucedida da veia, verifique o refluxo do
sangue na câmara de refluxo. Sem mudar a posição da agulha, avance suavemente
a bainha plástica do introdutor, até a certeza de que a agulha está bem no interior da
veia;
 Cuidadosamente, recue a agulha, enquanto mantém imóvel o introdutor.
Para reduzir ao mínimo a perda de sangue, faça pressão com o dedo sobre a veia em
um local imediatamente além da extremidade distal da bainha do introdutor;
 Usando uma pinça estéril, insira o cateter na bainha introdutora,
avançando-o por cerca de 5 a 10 cm no interior da veia;
 Retire o garrote usando compressa de gaze;
 Quando o cateter já tiver avançado até o ombro, vire a cabeça do
paciente na direção do braço, puncionado e fazer com que o queixo repouse no peito.
Essa manobra ocluirá a veia subclávia;
 Avance o cateter até que restem cerca de 10 cm. Em seguida, retire a
bainha introdutora fora da veia, afastando-a do local da venipunção;
 Segure as aletas da bainha introdutora, flexionando-as na direção da
extremidade distal, para partir a bainha;
 Tracione as aletas (em um movimento de afastamento) para longe do
cateter, até que a bainha tenha sido completamente separada. Descarte a bainha;
 Continue a avançar o cateter até que tenha sido completamente inserido.
Lave com SF 0,9% seguido de solução de heparina;
 Com o braço do paciente abaixo da altura do coração, retire a seringa.
Conecte o equipo de extensão no cateter;
 Coloque a gaze estéril diretamente sobre o local e, sobre a gaze, um
curativo semipermeável transparente estéril. Deixe o curativo no local por 24 horas;

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 Depois das primeiras 24 horas, aplique um novo curativo semipermeável


transparente estéril diretamente sobre o cateter, não há mais necessidade da
compressa de gaze.

Administração de Medicamentos:
A ponta do cateter PICC deve estar localizada na veia cava. A ponta do cateter
pode ser determinada radiologicamente, devendo ser registrado o procedimento no
prontuário do cliente antes de iniciar sua utilização. Além disso, deve-se obter
intermitentemente confirmação radiológica, pois o cateter não será mais considerado
central, se estiver localizado fora da veia cava, nesse caso deve se considerar a
necessidade de acesso central e então considerar a possibilidade de retirar o cateter
e passar um novo. 160
 Tal como ocorre em todo acesso venoso, certifique-se de ter verificado
o retorno sanguíneo e lave com soro fisiológico a 0,9% antes de administrar algum
medicamento por meio do PICC;
 Pince o equipo e conecte a seringa vazia a tubulação. Solte a pinça e
aspire lentamente, para verificar o retorno venoso. Irrigue com 3 ml de soro fisiológico
a 0,9% em uma seringa de 10 ml. Em seguida administre o medicamento prescrito;
 Depois da administração do medicamento, lave novamente com 3 ml de
soro fisiológico. Lembre-se sempre de irrigar o cateter entre uma e outra infusão
medicamentosa;
Troca de Curativo:
 Troque o curativo a intervalos de 3 a 7 dias, e mais frequentemente se o
curativo tiver sua integridade comprometida;
 Opte por um curativo semipermeável transparente, que possibilita a
transpiração e o monitoramento do sítio de punção. Sempre utilizando técnica estéril;
 Lave as mãos e prepare o material necessário. Posicione o cliente com
o braço estendido e afastado do corpo a ângulo de 45 a 90º, de modo que o local de
inserção se situe abaixo da altura do coração. Com isso, reduz-se ao mínimo o risco
de embolia gasosa;
 Abra um pacote de luva estéril e utilize a parte interna do pacote como
campo estéril. Em seguida abra o curativo estéril depositando-o sobre o campo. Calce
luvas limpas e retire o curativo antigo do cateter, mantendo o polegar esquerdo sobre

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o cateter e esticando o curativo paralelamente à pele, para impedir que o cateter sofra
deslocamento;
 Calce luvas estéreis. Faça a antissepsia do local da inserção do cateter
com três bolinhas de algodão embebidas em álcool, iniciando no local da inserção em
movimentos circulares a partir deste ponto. Repita três vezes este procedimento com
bolinhas embebidas em iodopovidona. Deixe secar;
 Aplique cuidadosamente o curativo. Prenda o tubo à borda do curativo
sobre o esparadrapo.

Remoção do PICC:
 O PICC será removido assim que o tratamento tiver sido concluído, se o
cateter sofrer algum dano ou se ocorrer quebra ou se ocorrer oclusão. Meça o cateter
depois da remoção, como garantia de que todo o cateter foi retirado; 161
 Disponha o equipamento necessário ao lado da cama do cliente;
 Lave as mãos. Coloque um campo por baixo do braço do paciente, para
proteção da cama;
 Retire o esparadrapo que está prendendo o tubo de extensão. Abra duas
compressas de gaze estéril sobre uma superfície plana e limpa. Calce luvas limpas e
estabilize o cateter com uma das mãos. Sem mexer no cateter use a outra mão para
retirar o curativo, puxando-o na direção do local da inserção;
 Retire o cateter com pressão suave e contínua. O mesmo deve ser
retirado com facilidade, se houver resistência interrompa o procedimento, aplique
ligeira pressão no cateter, movendo-o levemente. Se ainda houver resistência após a
segunda tentativa de retirar o cateter informe ao médico à dificuldade e aguarde
instruções;
 Depois da remoção bem-sucedida aplique pressão manual no local de
inserção utilizando gaze estéril durante 1 minuto;
 Meça e inspecione o cateter, se qualquer parte partiu durante a remoção
notifique o fato imediatamente ao médico e monitore sinais de angústia no paciente;
 Cubra o local de inserção com compressa de gaze estéril e fixe com
esparadrapo. Reorganize o material e lave as mãos.

Considerações Especiais:

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 Lembre-se que a enfermeira ou o médico provavelmente irá aplicar o


PICC na veia cava superior;
 Para os pacientes com terapia intermitente o cateter deverá ser lavado
após cada utilização com soro fisiológico a 0,9% e solução de heparina;
 Para cateteres que não estão sendo utilizados deve-se lavá-lo com
solução de heparina a cada 12 horas, a fim de manter o mesmo permeável;
 Deve-se adicionar um equipo de extensão ao cateter, de modo que
possa iniciar e interromper as infusões em um ponto afastado do local de inserção;
 A infusão de sangue ou outros hemoderivados deve ser realizado
somente com cateteres de pelo menos 18G;
 Avalie a cada 24 horas o local de inserção do cateter por meio do curativo
semipermeável transparente. Observando o cateter e o trajeto do mesmo, procurando
por sangramento, rubor, infiltração e edema.
162
Complicações:
 A terapia com PICC causa menos complicações e em menor gravidade
que a terapia venosa central convencional;
 Provavelmente a complicação mais comum é a quebra do cateter
durante a remoção;
 A oclusão do cateter também é uma complicação comum;
 A embolia gasosa é sempre um risco potencial da venopunção, porém
representa menos perigo em comparação com a terapia venosa central convencional,
porque o cateter é inserido abaixo da linha do coração;
 Se a irrigação for efetuada com excessivo vigor, poderá ocorrer a
migração da ponta do cateter.
Registros:
 Anote o procedimento, inclusive qualquer problema que venha acontecer
durante a colocação do mesmo;
 Anote o diâmetro, o comprimento e o tipo de cateter, além da localização
da inserção.

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA CATETERIZAÇÃO UMBILICAL

Rotina:
140
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 O profissional de enfermagem auxilia o médico durante o procedimento.


 Realizar a mensuração da distância ombro/umbigo para posterior
avaliação e inserção do cateter umbilical;
 Solicitar o RX após o procedimento para a localização do cateter.

Material:
 Bandeja de pequena cirurgia infantil
 01 par de luvas estéril;
 01 frasco de soro fisiológico heparinizado;
 01 agulha 25x07;
 01 agulha 40x12;
 02 seringas de 3 ou 5 ml;
 02 torneirinhas descartáveis estéreis; 163
 01 lâmina de bisturi n° 24
 02 cateteres umbilicais (ver o calibre dos cateteres);
 02 fios de nylon 5.0;
 01 seringa de 10 ml preenchidos com soro fisiológico 0,9%;
 Solução antisséptica;
 Foco de luz.

Procedimento:
 Providenciar todo o material e levá-lo a unidade;
 Colocar o RN em decúbito dorsal, imobilizando os membros superiores
e inferiores;
 Auxiliar o médico a se paramentar;
 Oferecer ao médico todo material necessário para o procedimento;
 Identificar por escrito o cateter venoso e arterial, se caso for os dois;
 Realizar curativo aberto, caso esteja sangrante ocluí-lo;
 Recolher o material e recompor a unidade;
 Proceder às anotações de enfermagem em impresso próprio.

CURATIVO DO CATETER UMBILICAL

Norma:
141
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 O curativo do cateter umbilical deve ser feito na técnica asséptica a cada


troca de fraldas. No caso de deslocamento do cateter, NUNCA REINTRODUZIR.
Material:
 Pacote de curativo;
 Álcool a 70%.

Rotina:
 Observar e anotar as condições da pele ou presença de secreção no
local; 164
 Na presença de secreção ou sinais flogísticos, o médico deverá ser
solicitado para avaliar o local da inserção;
 Ao retirar o cateter, enviar a ponta para cultura e antibiograma;
 Anotar o resultado no livro de registro de cultura do setor.

CURATIVO OCLUSIVO DE CATETER VENOSO CENTRAL

Norma:
 O curativo de cateter venoso central deverá ser feito, seguindo a técnica
asséptica, sendo trocado a cada 48 horas;
 No caso de deslocamento do cateter. NUNCA REINTRODUZIR.
Rotina:
 Observar e anotar as condições da pele e/ou presença de secreção no
local da inserção;
 Na presença de sinais de infecção, o cateter deve ser retirado e a ponta
enviada para cultura.

Material:
 01 pacote de curativo;
 01 frasco de solução fisiológica 0,9%;
 Solução antisséptica quando indicada;
 01 gaze pique;
 Esparadrapo;
 Benzina;
 Solução de benjoim.
142
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Procedimento:
 Reunir o material;
 Lavar as mãos;
 Abrir o pacote com técnica asséptica;
 Retirar o esparadrapo com benzina;
 Proceder ao curativo com técnica asséptica; 165
 Ocluir o curativo e anotar a data;
 Reunir o material e encaminhar para o expurgo;
 Fazer as anotações de enfermagem.

SONDAGEM VESICAL NO RN

Normas:
 A sondagem vesical deverá ser realizada mediante prescrição médica;
 Nunca utilizar a mesma seringa para injetar xilocaína e água destilada;
 A sonda vesical de demora é trocada quando houver urocultura positiva
ou por indicação médica;
 O controle de urocultura do paciente sondado é feito pela observação
dos sinais clínicos do mesmo;
 O cateterismo vesical é realizado pelo enfermeiro.
Rotina:
 Realizar higiene íntima com água e sabão;
 Anotar no relatório de enfermagem a cor, aspecto, odor e volume da
urina drenada, verificar a densidade urinária.
Material:
 01 bandeja de cateterismo vesical;
 01 par de luvas estéreis;
 01 sonda de foley n° 08;
 PVPI tópico;
 Xilocaína geleia;
 01 agulha 40x12;
 01 bolsa coletora sistema fechado;
 01 seringa descartável de 05 ou 10 mL.
Procedimento:
143
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 Reunir o material;
 Lavar as mãos;
 Fazer a higiene íntima; 166
 Posicionar o RN - feminino: posição litotômica; masculino: decúbito
dorsal;
 Abrir o pacote de cateterismo vesical;
 Colocar o PVPI tópico na cúpula;
 Abrir a seringa, sonda, agulha e colocá-lo dentro do campo estéril;
 Calçar as luvas;
 Testar o balonete da sonda;
 Aspirar à água destilada para insuflar o balonete;
 Proceder à antissepsia com PVPI tópico com movimentos firmes,
unidirecionais transversos da esquerda para direita, trocando as gazes a cada
movimento;
 Proceder à antissepsia na face interna da coxa, iniciando do mais
distante para o mais próximo, de cima para baixo até a região inguinal;
 Feminino: afastar os grandes lábios com uma das mãos e com a outra
pegar a pinça e proceder à antissepsia nos pequenos lábios, em seguida limpar o
meato urinário;
 Masculino: pegar o pênis com uma gaze e passar o antisséptico por todo
o corpo do mesmo, afastando o prepúcio e limpar a glande, em seguida o meato
urinário;
 Deixar a pinça sobre o campo do pacote;
 Colocar o campo fenestrado;
 Visualizar o meato urinário;
 Colocar a cuba rim sobre o campo fenestrado;
 Lubrificar a sonda com xilocaína gel (feminino), ou injetar uma pequena
quantidade de xilocaína (masculino);
 Introduzir a sonda;
 Deixar drenar a urina;
 Insuflar o balonete da sonda com água destilada;
 Tracionar a sonda até que se encontre resistência;
Conectar a extensão a bolsa coletora.

144
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Obs.: Em RNs prematuros extremos que necessitam de uma sondagem vesical


é utilizada uma sonda de alívio no lugar da foley, por não ter uma numeração menor
de sonda, sendo improvisada com sonda de aspiração n° 4 ou 6 conforme tamanho
do RN. É utilizada como bolsa coletora o equipo de bureta. A fixação da sonda é feita
com micropore.

FOTOTERAPIA

É uma das modalidades terapêuticas mais frequentemente usadas em


neonatologia. Seu mecanismo de ação é a utilização da energia luminosa na
transformação da bilirrubina em produtos mais hidrossolúveis que podem então ser
eliminados pelos rins ou fígado sem sofrerem modificações metabólicas.
Não há dúvidas com relação à eficácia da fototerapia como meio de prevenir
ou tratar a hiperbilirrubinemia moderada do Rn. Ela modifica o curso da doença,
reduzindo a necessidade da exsanguinotransfusão.
A eficácia da fototerapia depende de uma série de fatores presentes antes do
início do tratamento, como a concentração inicial de bilirrubina, superfície corpórea
exposta a luz, dose de irradiância emitida e tipo de luz utilizada.

Norma:
A fototerapia é um tratamento feito pela luz convencional, halógena ou fibra
ótica.
Material:
 Venda apropriada (de cor azul);
 Aparelho de fototerapia;
 Radiômetro.
Procedimento:
 Lavar as mãos;
 Providenciar o aparelho de fototerapia;
 Despir totalmente o RN,
 Proteger os olhos com a venda azul;
 Manter limpa a superfície de acrílico e a proteção do dispositivo da
fototerapia;
 Colocar o aparelho de fototerapia na distância de 45 cm do RN;
145
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 Ligar o aparelho e medir a intensidade da luz com o radiômetro;


 Realizar mudança de decúbito e verificar SSVV a cada 3 horas, com
atenção especial à temperatura;
 Realizar balanço hídrico rigoroso;
Interromper a fototerapia no período em que a mãe pode estar junto com o bebê
e durante a amamentação, removendo a proteção ocular para permitir a interação
mãe-filho;
 Controlar a bilirrubinemia por meio de exame de sangue a cada 12 ou
24 horas, até um dia após o término da fototerapia, a fim de detectar o efeito rebote
dos níveis de bilirrubina;
 Trocar as lâmpadas sempre que a irradiância estiver baixa, verificar
utilizando o radiômetro.
169
EXSANGUINOTRANSFUSÃO

É o tratamento padrão para os recém-nascidos nos quais os tratamentos com


fototerapia e farmacológico falharam, expondo a criança ao risco de Kernicterus.
Indicações:
 Na incompatibilidade ABO ou RH, faz-se necessário substituir eritrócitos 170
sensibilizados;
 Na hiperbilirrubinemia, remove-se a bilirrubina indireta e faz-se a
correção da anemia;
 No recém-nascido hidrópico com história de sensibilidade materna, faz-
se a correção da policitemia.

Objetivos:
 Baixar rapidamente o nível sérico da bilirrubina;
 Remover o excesso de bilirrubina do espaço extravascular;
 Reduzir, pelo menos parcialmente os níveis de anticorpos circulantes
dos recém-nascidos pela troca por plasma fresco;
 Substituir e repor as hemácias dos recém-nascidos;
 Prevenir Kernicterus.
Material:
 Berço aquecido;
146
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 Monitor cardíaco;
 Oxímetro de pulso;
 Aparelho de PA;
 Respirador artificial;
 Material para intubação (incluindo ambu);
 Medicamentos de urgência.

Material para cateterização umbilical:


Avental cirúrgico estéril, máscara e gorros descartáveis, campo estéril,
torneirinha 3 vias, luvas estéreis;
 01 Equipo de sangue;
 02 Seringas de 10 e 20 ml;
 Solução antisséptica;
 Gluconato de cálcio;
 Tubos para coleta de exames laboratoriais;
 Eletrodos para monitorização cardíaca e temperatura; 171
 Ficha para exsanguinotransfusão;
 Frasco coletor para o sangue desprezado;
 Bandeja de pequena cirurgia infantil;
 Solução de heparina.
Procedimento:
 Lavar as mãos e preparar o material;
 Obter consentimento dos pais para o procedimento e administração de
sangue;
 Colher ou auxiliar na coleta dos exames laboratoriais pré-procedimento;
 Requisitar o sangue ao Banco de Sangue de acordo com a prescrição
médica;
 Colocar o RN no berço aquecido, mantendo a temperatura termoneutra;
 Instalar o monitor cardíaco, oxímetro de pulso e PA;
 Conferir o sangue a ser transfundido, checar o nome do paciente, tipo
sanguíneo do doador;
 Colher a amostra de sangue da bolsa a ser transfundida;
 Deixar o sangue aquecer a temperatura ambiente;

147
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 Imobilizar as extremidades do paciente;


 Auxiliar o médico na cateterização umbilical;
 Verificar SSVV, PA cor e perfusão das extremidades antes de iniciar o
procedimento e a cada 15 min durante o procedimento;
 Anotar a cada saída e entrada de sangue na ficha de
exsanguinotransfusão, em voz alta, verbalizando com o médico a quantidade de cada
saída e entrada;
 Administrar gluconato de cálcio a cada 100 ml de sangue transfundido
de acordo com a prescrição médica;
 Agitar a bolsa de sangue do doador gentilmente a cada 5 min;
No final do procedimento obter uma amostra de sangue de acordo com a
prescrição;
 Verificar os SSVV de 30/30 min por duas horas e após este período fazer
de acordo com a rotina;
 Avaliar nível de glicose imediatamente após o procedimento, 1 hora, 2
horas e 4 horas após o procedimento;
 Obter nível de hematócrito 4 horas após procedimento conforme
solicitação médica; 172
 Observar estado geral do paciente.

SURFACTANTE

O surfactante é uma lipoproteína, encontrada na parte distal das vias aéreas e


nos alvéolos dos pulmões normais. Este fluido contribui para a manutenção da tensão
nos pulmões, aumenta a complacência pulmonar e promove a estabilidade alveolar.

Norma:
 A terapia de reposição do surfactante é utilizada principalmente para os
RNs prematuros com peso menor que 1000g com estresse respiratório, sinais
radiológicos de DMH;
 Ideal que se use a 1° dose com menos de 3 horas de vida, podendo ser
utilizada com até 72 horas de vida;
 Realizar em paciente intubado.
Material:
148
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 Sonda de aspiração nº 04 ou 06;


 Luvas estéreis e luva plástica;
 Seringas de 3 ml;
 01 agulha 40x12;
 Ambu;
 Surfactante em temperatura ambiente.
Procedimento:
 Lavagem das mãos;
 Aspirar ao paciente antes do procedimento;
 Conectar o ambu a rede de oxigênio;
 Calçar as luvas estéreis;
 Preparar o surfactante na seringa, conectando-a na sonda;
 Posicionar o paciente em decúbito ventral, introduzir a sonda no TOT até
sentir resistência, injetar o conteúdo do surfactante, manter a sonda dentro do TOT,
desconecte e reconecte a seringa injetando somente ar para empurrar a medicação;
 Retirar a sonda com a seringa e ventilar com ambu no mínimo por 30
segundos; 173
 Depois de feito o surfactante, observar a Sat O2 e comunicar ao médico
sobre os parâmetros do respirador;
 Anotar o horário e a data do procedimento;
 Não aspirar por 3 horas;
 Realizar o RX após 6 horas;
 Reorganizar a unidade do paciente;
 Proceder a anotações habituais no prontuário do paciente.

COLHEITA DE SANGUE CAPILAR


Norma:
 Deve ser feita em região calcânea lateral.
Material:
 Algodão;
 Agulha 13/4,5;
 Luvas de procedimento;
 Aparelho de glicemia capilar.
Procedimento:
149
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 Lavar as mãos;
 Calçar as luvas;
 Posicionar o pé do RN;
 Massagear o calcanhar a ser puncionado;
 Puncionar, provocando o sangramento;
 Preencher a fita conforme indicação;
 Comprimir o local da punção e aguardar a hemostasia;
 Posicionar o RN no leito;
 Desprezar a agulha no recipiente perfurocortante;
 Retirar luvas e lavar as mãos;
 Anotar resultados na folha de controles.

CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA TERAPÊUTICA TRANSFUSIONAL

Norma:
 Verificar atentamente a prescrição médica (tipo de hemoderivado, bem
como, a quantidade e horários prescritos);
 Solicitar o hemoderivado ao Banco de Sangue em impresso próprio,
corretamente preenchido, assinado e carimbado pelo médico. 175

 Não adicionar medicações ou soluções parenterais ao


sangue/hemoderivados;
 O funcionário do Banco de Sangue fica responsável pela tipagem
sanguínea e teste de compatibilidade sanguínea.

Rotinas:
 Lavar as mãos;
 Assegurar acesso venoso único, se possível, com cateter de grosso
calibre. Se não for possível, após autorização médica, assegurar acesso venoso
exclusivo interrompendo outra infusão temporariamente;
 Verificar e anotar SSVV anteriormente a hemotransfusão e atentar para
possíveis sinais de reações transfusionais;
 Conferir atentamente o rótulo da bolsa e o RN (nome, prontuário, tipo de
hemoderivado e data);

150
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 O tempo de infusão varia de acordo com o estado clínico do RN e o tipo


de hemoderivado, não devendo exceder a 04 horas;
 Proceder às anotações cabíveis no prontuário do paciente;
 Realizar registro no livro destinado ao controle de transfusões
sanguíneas da unidade.

ISOLAMENTO

É definido como o conjunto de medidas adotadas para fazer uma barreira que
impeça a disseminação de agentes infecciosos de um paciente para outro, para os
visitantes ou para o meio ambiente. Está indicado nas doenças transmissíveis, em
situações definidas e, apenas durante o período de transmissibilidade das doenças.
Norma: 176
Para todo paciente que necessite de isolamento deve-se:
 Orientar os familiares antes da admissão quanto ao tempo de internação
em isolamento, cuidados e medidas de biossegurança.
 Proibir visitas aos pacientes isolados.
 Os prontuários e papeleta do paciente não devem ser levados para
dentro da área de isolamento.
 A mobília da área de isolamento deve ser mínima.
 O material de consumo deve ser individualizado e devidamente
calculado para se evitar sobras.
 A roupa de cama do paciente deve ser delicadamente retirada e enviada
para a lavanderia em saco duplo.
 Objetos de uso pessoal devem ser desinfetados, utilizando-se água,
sabão e álcool a 70%.
Em 1996 foi publicado um Sistema de Precauções unindo todos os sistemas
estudados e revisados anteriormente, baseando-se nas seguintes orientaçõ:
 Precauções Padrão ou Universal;
 Precauções Baseadas na Rota de Transmissão;
 Precauções Empíricas;

151
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PRECAUÇÕES PADRÃO OU UNIVERSAL

Recomenda-se que um sistema de precauções padrão ou universal seja


adotado por todos os profissionais de saúde envolvidos na assistência aos pacientes
atendidos em instituições de saúde, independente da doença inicialmente
diagnosticada.

177 Protocolo:
 Lavar as mãos;
 Utilizar luvas para: manipulação de sangue e outros fluidos corporais,
manipulação de membranas mucosas ou pele não íntegra, procedimentos em
equipamentos ou superfície contaminada com sangue ou outros fluidos corporais,
venopunção, punção arterial e outros pacientes de acesso vascular;
 Utilizar avental fechado sobre roupas de uso comum quando houver
contato direto com o paciente, principalmente se houver risco de contaminação pelo
contato com sangue ou outros fluidos corporais;
 Usar máscaras e óculos quando houver risco de contaminação de
mucosas de face por respingos de sangue ou outros corporais;
 Evitar exposição acidental a perfurocortantes.

PRECAUÇÕES CONFORME ROTA DE TRANSMISSÃO PRECAUÇÕES DE


CONTATO:
Indicada no cuidado de pacientes com infecção conhecida ou suspeita de
importância epidemiológica, que seja transmitida pelas mãos ou pele, tais como
infecção ou colonização por agentes multirresistentes.

Protocolo:
 Protocolo de precaução de contato;
 Quarto individualizado para o paciente;
 Equipamentos individualizados;
 Desinfecção e esterilização conforme a rotina.

PRECAUÇÕES EM TRANSMISSÃO DE VIA AÉREA:

152
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Pacientes com suspeita ou confirmação de doenças que se transmite pelo ar,


com partículas menores que 5 micras, as quais ficam suspensas no ar e são
transmitidas a longas distâncias.
Protocolo:
 Protocolo de precauções universais;
 Quarto isolado com porta fechada;
 Equipamentos de proteção respiratória;
 Uso de máscara no paciente, na necessidade de transporte.

PRECAUÇÕES COM PARTÍCULAS (GOTÍCULAS)

Pacientes com infecção suspeita ou reconhecida de importância


epidemiológica, e que seja transmitida pelas gotículas de orofaringe, com partículas
maiores que 5 micra e a transmissão via aérea é mais curta.

Protocolo:
 Protocolo de precauções padrão e universal;
 Pessoas susceptíveis não devem entrar no quarto;
 Quarto individualizado para o paciente;
 Uso de máscara no paciente, na necessidade de transporte.

PRECAUÇÕES EMPÍRICAS

Devem ser tomadas no caso de suspeita de determinadas infecções, adotando


a precaução por rota de transmissão específica assim que possível.

Protocolo:
179
 Colocar telas de proteção nas janelas e portas em zonas endêmicas;
 No caso de varicela deve ser mantido isolamento até que todas as lesões
se transformem em crostas;
 Iniciar precauções na suspeita de tuberculose, suspender o isolamento
quando o paciente estiver em terapia efetiva, com melhora clínica e possuir três
exames bacteriológicos de escarro negativos em três dias consecutivos.
153
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A medida preventiva mais importante na transmissão de doenças é certamente


a lavagem correta das mãos, esteja ou não o paciente infectado, seguido do
conhecimento sobre as principais rotas de transmissão das doenças, que
determinarão o uso de Equipamentos de Proteção Individual.

PROTOCOLO DE INTERVENÇÃO MÍNIMA

Tem como objetivo a retirada de estímulos nocivos, a maioria pode passar


despercebido pelos profissionais de saúde, e é utilizado para prevenir a ocorrência de
Hemorragia Intraventricular no RNPT.
Indicação:
Para todo RN < 1.250 gramas (especialmente os RN < 1000g), entubado ou
com menos de 30 semanas de IG, nos primeiros três dias de vida. Os RN com
evidência de hemorragia na ultrassonografia devem ser mantidos o protocolo por
cinco dias ou mais.
Medidas:
 O RN criticamente doente não deve tomar banho. A higiene deve ser
feita somente com óleo de girassol.
 Banho completo após a 1ª semana de vida.
 Peso 1 vez ao dia. Se o RN estiver instável não pesar.
 Manter o RN aninhado no leito, sempre que possível, em posição fetal.
 Cuidados com o ambiente:
1. A iluminação excessiva é um estímulo nocivo e pode contribuir à
alteração do padrão do sono. Quando períodos de claridade são alternados com
períodos de penumbra os RN são beneficiados, como mostra a curva de ganho de
peso, o aumento do tempo de sono e a diminuição do tempo de alimentação.
Idealmente os RN suscetíveis aos estímulos nocivos do meio ambiente (p. ex.
hipertensão pulmonar persistente) devem ser cuidados separadamente em sala
silenciosa e com pouca luz;
2. Manter penumbra à noite e redução de ruídos externos.
 Evitar o uso de eletrodos e realizar a monitorização através de oximetria
e PA. A utilização de eletrodos deve ter indicação clínica precisa (ex.: monitorização
de apneia).
154
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 Retirar os eletrodos e outros dispositivos com paciência, utilizando gaze


e benzina.
 Minimizar o uso de adesivos e esparadrapos. Sua remoção deve ser
cuidadosa com gaze umedecida com benzina.
 Manter o monitor de oxímetro de pulso para avaliação de episódios de
hipoxemia e hiperoxemia.
 Manter acesso venoso umbilical. Se o RN possuir indicação clínica
realizar o cateterismo umbilical arterial, com sua retirada após a resolução da fase
aguda do desconforto respiratório.
 Quando houver necessidade de colher gasometria arterial dar
preferência aos pontos periféricos de coleta (radial, tibial posterior, pediosa e
braquial). Não realizar coleta arterial em região femoral. Iniciar dieta não nutritiva com
uma gaze enrolada e embebida em 181 glicose a 25% ou 50% sobre as papilas
gustativas, 30 minutos antes da coleta. Mantê-lo retificado e com uma das mãos
próxima ao rosto, esse conjunto de intervenções minimiza o stress.
 Realizar glicemia capilar (dextro) pelo sangue do cateter de artéria ou
veia umbilical a cada 6 horas nas primeiras 24 horas. Após, de 12/12 horas até a
alimentação.
 Utilizar solução de heparina manter a permeabilidade do cateter, sempre
após sua utilização.
 Não aspirar rotineiramente a TOT. Aspirar a TOT somente quando
clinicamente necessário (ausculta de secreção ou visualização no TOT).
 Otimizar o manuseio de forma que se aproveite um momento para a
realização das medidas necessárias, minimizando ao máximo manuseio
desnecessário. Programar a cada 4 horas o manuseio do RN, realizado todos os
procedimentos de enfermagem, de coleta de exames em um mesmo horário.
 Dar preferência, sempre que possível, ao decúbito ventral.
1. A posição supina deve ser evitada se possível. Essa posição, que é
comumente usada no RN entubado, pode levar ao aumento do tônus muscular,
hiperextensão da cabeça, pescoço e ombros. Se o RN estiver em posição supina, a
cabeça deve ser mantida discretamente fletida para baixo e "rolos" devem ser
colocados sob os joelhos e nas laterais do paciente.

155
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2. Os RN ventilados, a posição prona tem mais vantagens porque estimula


a flexão, acalma e ativa o sono do bebê. Esta posição também melhora a saturação
de O2, aumenta o volume corrente e minuto e diminui o trabalho respiratório. Melhora
o esvaziamento gástrico e diminui o refluxo GE.

Fixar na incubadora

MÍNIMO TOQUE

Fale com a enfermagem antes de tocar


este paciente.

Agrupar cuidados de
______ em ________ hora (s)

É importante o estímulo para visitação, contato, participação nos cuidados e


interação dos pais com os seus bebês, pois esses procedimentos auxiliam na
diminuição da mortalidade, morbidade, tempo de internação e índice de abandono.
182
PROTOCOLO MÉTODO CANGURU

“Método Canguru” é um tipo de assistência neonatal que implica contato pele a


pele precoce entre a mãe e o recém-nascido de baixo peso. De forma crescente e
pelo tempo que ambos entenderam ser prazeroso e suficiente, permitindo, dessa
forma, uma maior participação dos pais no cuidado ao seu recém-nascido. É baseado
em um profundo respeito pelos processos naturais e pela capacidade própria da mãe.
183
O programa foi criado com a finalidade de aumentar o vínculo mãe-filho, reduzir
o tempo de separação entre ambos, evitando longos períodos sem estímulo sensorial;
estimular o aleitamento materno; aumentar a confiança dos pais no manuseio do seu
filho de baixo peso e sua competência em manipulá-lo mesmo após a alta hospitalar;
156
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melhorar o controle térmico do RN; melhorar o relacionamento da família com a equipe


de saúde e menor permanência hospitalar.
É um processo de livre escolha da família, de forma crescente, segura e
acompanhado de suporte assistencial por uma equipe de saúde adequadamente
treinada. Mães e pais deverão ter contato com o seu filho o mais precoce e receber
adequada orientação para participar do programa. O pai terá livre acesso à unidade e
será estimulada sua participação com a equipe de saúde.
A posição canguru consiste em manter o recém-nascido de baixo peso,
ligeiramente vestido, em decúbito prono, na posição vertical, entre os seios de sua
mãe, assim permanecendo pelo tempo que for necessário e possível.

São critérios de elegibilidade:


Da Mãe:
 Certificar-se que quer participar deste tipo de assistência e se tem
disponibilidade de tempo e que haja um serviço social de apoio.
Assegurar que a decisão seja tomada por meio de consenso entre mãe,
familiares e profissionais de saúde.
 Capacidade de reconhecer as situações de risco do recém-nascido
(mudança de coloração da pele, pausas respiratórias, regurgitações e diminuição de
movimentação).
 Conhecimento e habilidade para a colocação da criança em posição
canguru.

Do RN:
 Estabilidade clínica.
 Nutrição enteral plena (peito, sonda gástrica ou copo) 184

 Peso mínimo de 1.250g.


 Ganho de peso diário maior que 15g.

Os bebês com reflexos de sucção preservados deverão iniciar a sucção com a


mãe previamente orientada quanto à pega aureolar adequada e quanto aos sinais que
o bebê pode apresentar que indicarão necessidade de interrupção do processo, tipo
queda ou oscilação na saturação. Para que haja ganho de peso, deve-se garantir a

157
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amamentação a cada duas horas no período diurno dependendo da disponibilidade


de tempo da mãe.
As crianças que não apresentarem ganho adequado de peso devem realizar
complementação láctea com leite posterior da própria mãe via sonda gástrica ou copo.
A administração de medicação intravenosa intermitente, por meio de dispositivo
intravascular periférico, também não contraindica a permanência em posição canguru.
O RN que atingir 1500g com sucção exclusiva ao peito e ganho de peso
adequado poderá receber alta dependendo de sua estabilidade clínica. A mãe deverá
se mostrar psicologicamente motivada para dar continuidade na realização do método
por 24horas/dia, amamentando o seu filho a cada duas horas no período diurno e a
cada 3 horas no período noturno, é um compromisso familiar.

BANHO

A pele do recém-nascido em pleno processo de adaptação a um novo


ambiente, diferente do útero materno, mais suscetível às infecções, merecendo
cuidados especiais de higiene e conforto.
O primeiro banho deve ser realizado assim que os SSVV se estabilizam. Deve-
se dar atenção à termorregulação, principalmente nas primeiras horas de vida,
evitando expor o recém-nascido ao frio por tempo prolongado. Durante o banho
devem ser avaliadas a integridade e coloração da pele, tônus muscular, reflexos e
malformações.

BANHO DE IMERSÃO/ASPERSÃO
 O banho deve ser feito preferencialmente no período matutino, e quando
se fizer necessário.
 Somente os RNs com peso maior ou igual a 2000g podem receber banho
de imersão;
 Avaliar a temperatura do bebê antes do banho e se certificar da
temperatura correta da incubadora.

Material:
 Bolas de algodão;
 Hastes flexíveis de algodão;

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 Sabonete líquido;
 Cuba do próprio berço ou local apropriado para o banho;
 Fralda e cueiros limpos;
 Óleo vegetal, apropriado para remoção de sujidade;
 Pente ou escova individual;
 Luvas de procedimento;
 Material para curativo do coto umbilical.

Procedimentos:
 Lavar as mãos;
 Preparar o material e colocá-lo próximo ao leito ou em bancada
apropriada previamente desinfetada com álcool 70%;
 Calçar luvas de procedimento;
 Regular a temperatura da água;
 Manter o RN envolto no cueiro segurá-lo com um dos braços, apoiando
as costas no antebraço;
 Iniciar a higiene pela cabeça; 186
 Higienizar a área dos olhos com algodão embebido em água, utilizando
uma para cada olho;
 Higienizar orifício nasal e pavilhão auricular com hastes flexíveis;
 Lavar a cabeça com sabonete neutro, realizando movimentos circulares
e suaves, protegendo com os dedos polegar e médio os ouvidos do RN;
 Colocar o RN no trocador ou bancada e despi-lo completamente,
realizando a limpeza das genitálias;
 Utilizar sabonete neutro e lavar todo o corpo do bebê, com movimentos
circulares e suaves;
 Colocar o RN no trocador sobre a toalha e secá-lo com movimentos
suaves;
 Colocar o RN sobre a fralda e antes de fechá-la realizar a limpeza do
coto umbilical, utilizando gaze embebida em álcool a 70%;
 Vestir o RN;
 Secar a cuba do berço e posicioná-lo adequadamente em seu leito;
 Reorganizar a unidade;

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 Lavar as mãos;
 Proceder às anotações cabíveis.

BANHO NA INCUBADORA
Existem casos em que todos os cuidados ao RN devem ser realizados no
interior da incubadora. Expondo o mínimo possível ao frio, manipulação e outras
complicações.
Material:
 Cuba-rim;
 Bolas de algodão;
 Hastes flexíveis de algodão;
 Almotolia com álcool a 70%;
 Fralda descartável;
 Sabonete líquido;
 Luva de procedimento;
 Lençol e cueiros limpos;
 Mesa auxiliar.
187
Procedimento:
 Organizar o material;
 Lavar as mãos;
 Verificar a temperatura do RNe da incubadora;
 Colocar água morna na cuba-rim;
 Soltar o lençol do colchão;
 Iniciar o banho pelos olhos, utilizando algodão embebido em água, uma
para cada olho;
 Higienizar orifício nasal e pavilhão auricular utilizando hastes flexíveis;
 Lavar, enxaguar e secar a cabeça do RN;
 Utilizar algodão para lavar, enxaguar e secar o braço do RN da
extremidade para a axila;
 Repetir no outro braço;
 Lavar o tórax com movimentos circulares e suaves no sentido da cabeça
para os membros, enxaguar e secar;
 Colocar o RN em decúbito lateral, lavar, enxaguar e secar as costas;
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 Voltar em decúbito dorsal e higienizar a genitália, sempre no sentido


Anteroposterior;
 Colocar o RN na metade do colchão, retirar a roupa de cama, limpar o
colchão utilizando álcool 70% e colocar lençol limpo;
 Repetir a operação na outra metade do colchão, sempre respeitando
normas de assepsia;
 Posicionar o RN adequadamente;
 Limpar a incubadora por dentro, utilizando água e sabão neutro,
enxaguar e secar;
 Limpar a incubadora por fora, utilizando água e sabão neutro, enxaguar
e secar;
 Retirar o material utilizado e reorganizar a unidade;
 Retirar as luvas;
 Realizar anotações cabíveis.

HIGIENIZAÇÃO COM ÓLEO DE GIRASSOL


188
Somente os bebês com peso maior que 200gr e clinicamente estáveis deve
receber banho, os demais deverão ser higienizados diariamente com óleo de girassol.
Material:
 Luva de procedimento;
 Bola de algodão;
 Hastes flexíveis de algodão;
 Óleo de girassol;
 Fraldas e cueiros limpos.

Procedimento:
 Lavar as mãos;
 Preparar o material e colocá-lo próximo ao leito;
 Verificar o estado geral da criança e a fixação da venóclise e demais
dispositivos;
 Retirar a fralda da criança;
 Umidificar algodão, utilizando óleo de girassol;
 Limpar o rosto do bebê com delicadeza;
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 Realizar a limpeza corporal do RN, no sentido cefalocaudal, trocando o


algodão sempre que necessário;
 Retirar a roupa suja, proceder à assepsia do colchão utilizando álcool a
70%;
 Forrar o colchão com lençóis e cueiros limpos;
 Colocar a fralda limpa na criança;
 Recompor a unidade;
 Lavar as mãos;
 Proceder às anotações cabíveis.

LIMPEZA CONCORRENTE DA INCUBADORA

Norma:
 Deverá ser feita uma vez por semana ou com maior frequência se
necessário.
Material:
 Água;
 Sabão líquido; 190
 Panos de limpeza;
 Um balde com água, sabão e um balde com água limpa;
 Luvas de procedimento.

Procedimento:
 Lavar as mãos;
 Reunir o material;
 Calçar as luvas;
 Abrir somente as portinholas da incubadora, colocar o RN na parte
proximal do colchão, afastar a metade do lençol;
 Com um pano úmido em água e sabão, ensaboar a metade descoberta
do colchão;
 Com um pano úmido em água limpa, retirar o sabão e secar;
 Colocar um lençol limpo e posicionar o RN na parte distal do colchão e
retirar o lençol sujo;
 Repetir os itens 5 e 6, na outra metade do colchão;
162
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 Limpar a cúpula, iniciando pela parte interna, se houver presença de


matéria orgânica, remover antes com papel absorvente;
 Com um pano úmido em água e sabão, ensaboar a cúpula;
 Com um pano úmido em água limpa, retirar o sabão e secar a cúpula;
 Proceder à limpeza da cúpula na parte externa, conforme os itens 10 e
11;
 Arrumar o lençol no colchão e deixar o RN confortável;
 Verificar se não há alguma alteração no painel da incubadora;
 Retirar as luvas;
 Organizar a unidade;
 Lavar as mãos.
Obs.: O material limpo deve ser introduzido na incubadora pela portinhola que
corresponde à cabeça do RN, enquanto o material sujo deve ser retirado pela
portinhola que corresponde aos pés do RN.

ALTA DO PACIENTE NEONATAL

A necessidade de leitos hospitalares e certa pressão financeira fizeram com


que surgisse uma tendência mundial em se dar alta precoce à mãe e ao recém-
nascido.
Inicialmente a alta precoce foi estimulada acreditando-se que quanto mais
natural o parto, maior a melhoria da qualidade; a puérpera poderia, assim, estar junto
da sua família o mais precocemente possível, incentivando e promovendo o
aleitamento materno. Contudo, o que 192 se tem verificado nos últimos anos é que essa
ideologia inicial foi deturpada e a alta precoce de mães e filhos tornou-se uma forma
de reduzir custos, não acompanhada da melhoria na qualidade do atendimento.
Em 1995 a Academia Americana de Pediatria, estabeleceu alguns critérios
mínimos para que a alta precoce seja dada com maior segurança, são eles:
 Evolução pré, intra e pós-parto sem complicações para a mãe ou para o
recém-nascido;
 RN a termo, adequado para a idade gestacional, único e parto vaginal;
 Sinais vitais normais e estáveis por 12 horas;
 Diurese e evacuações presentes;
 Presença de pelo menos duas mamadas bem-sucedidas;
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 Exame físico sem anormalidades que necessitem de hospitalização;


 Habilidade materna aos cuidados do RN, para alimentá-lo, cuidar da pele
e do coto umbilical, aptidão em reconhecer sinais e sintomas de problemas comuns
nesta fase da infância – especialmente a icterícia, e que tenha noções de segurança
da criança;
 Avaliação dos fatores familiares, ambientais e de risco social, ausência
de residência fixa, mãe adolescente, ausência de apoio social e violência doméstica.
 Pessoal de apoio disponível para a alta familiarizado com amamentação
e capaz de reconhecer icterícia e desidratação;
 Exames laboratoriais disponíveis e revisados, incluindo sorologia
materna, tipagem sanguínea e teste de Coombs se indicado;
 Vacinação contra tuberculose e hepatite B;
 Retorno em consulta médica marcada para 48 horas após a alta
hospitalar.

Entretanto, o tempo de permanência hospitalar pós-parto deve se basear nas


características específicas de cada mãe e de seu RN, levando-se em conta a saúde
de ambos, a habilidade e a segurança dos pais em cuidar do RN. A adequação do
sistema de suporte em casa, e o acesso da mãe e de seu filho a um seguimento
médico adequado. O momento da alta hospitalar deve ser decidido pelo profissional
atendente em comum acordo com a mãe.
As principais causas de reinternação dos RNs que recebem alta hospitalar
precoce são hiperbilirrubinemia e desidratação associada à ingestão deficiente por via
oral, devido à amamentação inadequada. A reinternação, além de causar ônus para
a família e para a 193 instituição e de expor o RN, muitas vezes saudável, ao ambiente
hospitalar, causa problemas emocionais e oferece risco à amamentação, sendo uma
das causas de desmame.
Dessa forma, vários fatos vêm configurando-se com sinais de alerta para que
atitudes mais firmes sejam tomadas no sentido de evitar os grandes riscos da alta
hospitalar precoce, impedindo que fatores financeiros venham a prejudicar a saúde
desses pequenos pacientes.

DESINFECÇÃO TERMINAL DA UNIDADE


Norma:
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 A desinfecção terminal é feita após a alta do paciente.


Material:
 Álcool à 70%;
 Pano limpo;
 Água e sabão líquido;
 Pano limpo para secar;
 Balde;
 Um par de luvas de procedimento.
Procedimento:
 Calçar luvas de procedimento;
 Desmontar e acondicionar em local apropriado bombas de infusão,
monitores e respiradores do leito;
 Realizar limpeza com pano embebido em álcool a 70%;
 Lavar com água e sabão a incubadora ou berço (no expurgo);
 Comunicar funcionária da limpeza para proceder à lavagem do chão e
paredes.

TRATAMENTO DA DOR EM UNIDADE NEONATAL

O desenvolvimento das unidades de terapia intensiva neonatais tem


proporcionado uma queda na mortalidade do recém-nascido de extremo baixo peso.
Paralelamente à sofisticação dos recursos terapêuticos, um maior número de exames
e procedimentos invasivos se faz necessário para garantir a sobrevivência desses
neonatos. Então, a sobrevivência ao período neonatal tem um custo para o paciente,
que inclui a dor.
A dificuldade de avaliação e mensuração de dor no RN é o maior obstáculo de
tratamento adequado de dor nesta clientela. Devido ao caráter subjetivo da dor,
métodos multidimensionais de avaliação da dor e de suas interações com o ambiente
se fazem necessários. Dentre as várias escalas existentes, as mais estudadas são as
Escalas de Avaliação da Dor – NIPS, o Perfil de Dor do Prematuro – PIPP e o Escore
para Avaliação da Dor Pós-operatório do Recém-nascido – CRIES.
O uso de analgésico deve ser considerado em todos aqueles recém-nascidos
portadores de doenças potencialmente dolorosas e/ou submetidos a procedimentos
invasivos, cirúrgicos ou não. Dentre as principais situações nas quais se deve, ao
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menos, considerar a possibilidade de analgesia, destacam-se: pacientes com


enterocolite necrosante, RN portadores de tocotraumatismo, como fraturas ou
lacerações extensas, procedimentos dolorosos como drenagem torácica, intubação
endotraqueal eletiva, colocação de cateteres, punção liquórica, procedimentos
cirúrgicos de qualquer porte, pacientes intubados, em ventilação mecânica.
Não exigem indicações absolutas para o uso de analgesia no período neonatal.
A decisão a respeito do alívio da dor deve ser individualizada, mas não esquecida.
É importante tentar minimizar as agressões sofridas pelos recém-nascidos
durante sua permanência nas unidades de terapia intensiva. O contato com os pais,
especialmente o contato físico “pele a pele”, é primordial para o bem-estar do recém-
nascido.
Recomenda-se também: controlar a incidência de luzes fortes sobre a criança,
tentar diminuir o ruído à sua volta e racionalizar a manipulação do paciente,
preservando o período do sono, agrupar coletas de sangue. Evitando múltiplas
funções, utilizar sucção não nutritiva (gaze embebida com solução de glicose
oferecida 1 ou 2 minutos antes da realização de procedimentos dolorosos) como
medida coadjuvante para o tratamento da dor no recém-nascido.
A dor sentida pelo RN significa desconforto e sofrimento, podendo ter
repercussão em longo prazo em termos de interação familiar e em termos de cognição
e aprendizado. Assim do ponto de vista da saúde, ético e humanitário, a dor do recém-
nascido deve ser considerada e tratada.

HUMANIZAÇÃO EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL


196
Humanizar uma unidade neonatal é transformá-la em um local onde o recém-
nascido, mesmo em incubadora, seja manipulado pela equipe multidisciplinar como
um ser humano. O processo de humanização começou em neonatologia com a
implantação do sistema de alojamento e, apesar de há muitos anos ser conhecida a
necessidade de se modificar o atendimento aos pais. Somente a bem pouco tempo
os neonatologistas convenceram-se da importância de um berçário com cuidados
dirigidos também aos pais e à família.
Na interação inicial mãe-filho é o RN que conduz a mãe e ao mesmo tempo se
“enxerga” por meio das reações maternas. Recém-nascidos a termo ou com doenças
graves levam a uma crise familiar e a desequilíbrio emocional com todas as
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características de uma crise: impacto, período de retração e período pós-traumático;


nesse momento qualquer auxílio traz benefícios. A separação imediata dos pais dos
recém-nascidos pode alterar ou distorcer a ligação normal que deveria existir.
Avanços tecnológicos e equipes altamente especializadas não substituem os
pais para o RN. As unidades neonatais devem ser estruturadas com a permanente
lembrança que se lida com pequenas vidas que sentem e reagem como pessoas e
que têm suas próprias necessidades emocionais.
Existem alguns aspectos que devemos observar sempre que pensarmos em
humanização:

Modificações Ambientais
 Procurar localizar berços e incubadoras em pontos tranquilos, longe de
ruídos fortes, fonte de luz ou área de muita atividade;
 Sempre que possível utilizar música ambiente, leve e relaxante;
 Utilizar rolinhos de pano para o adequado posicionamento do RN;
 Proteger incubadoras com cueiros, evitando a luz contínua;
 Manter local apropriado para permanência dos pais e amamentação;
 Implantar programas de contato “pele a pele”.

Presença da família:
197
 Permitir a entrada e permanência da mãe sem restrições na unidade
neonatal;
 Ampliar sempre que possível o horário da visita para o pai;
 Organizar grupos de mãe para orientações sobre cuidados com o RN e
aleitamento materno;
 Organizar grupos de apoio para mães semanais com a presença de
psicóloga e terapeuta ocupacional;
 Atualizar a equipe quanto a orientações aos pais e visitantes;
 Referir-se ao RN pelo nome, colocando identificação com o mesmo no
leito.

Aspectos Referentes ao Recém-nascido:

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 Otimizar o posicionamento, garantindo conforto e segurança ao recém-


nascido;
 Evitar interrupções desnecessárias aos períodos de sono profundo;
 Permitir sempre que possível sucção não alimentar durante a
alimentação por sonda;
 Medir estímulos e evitar superestimulação;
 Preparar o RN para os procedimentos traumatizantes (aplicar sucção
não nutritiva);
 Permitir que pai e mãe toquem, olhem, conversem e peguem seus filhos
sempre que possível;
 Cuidar da criança com atitudes de carinho e delicadeza;
Como orientação inicial para as equipes médicas e de enfermagem que atuam
nos berçários, deve-se ressaltar:

Finalidades do Programa:
 Promover a ligação pais-filho;
 Promover a segurança aos pais e a confiança na equipe;
 Incentivar o aleitamento materno;
 Preparar a família para alta hospitalar;
 Preparar os pais para uma possível perda.

Como Agir Quando o Recém-Nascido está em UTI:


198
 Orientar os pais;
 Explicar normas e medidas de controle de infecção aos visitantes;
 Explicar a função dos médicos e enfermeiros;
 Descrever equipamentos especializados utilizados na criança.

Pais de Criança Gravemente Doentes:


 Dizer que algo está errado com a criança assim que for feito o
diagnóstico, mesmo não sendo fácil e agradável;
 As mães dão muita importância à atitude dos médicos e dos enfermeiros;
em geral não se lembram do que foi dito, mas de como foi dito;

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 As informações dadas devem ser verdadeiras, levando em conta o


estado de choque e o descrédito dos pais que muitas vezes reagirão com raiva de si
próprios, da família e inclusive da equipe de saúde;
 Considerar a angústia dos pais pelo medo do desconhecido, das
complicações, de extensão e do custo do tratamento;
 Os pais têm um forte sentimento de culpa e de responsabilidade pessoal
por terem produzido um filho imperfeito e choram a perda da criança normal;
 Os pais procuram informações sobre o defeito e sua causa, e devem ser
bem informados;
 Encorajar os pais a reconhecerem o valor humano do filho e terem
confiança em seu desenvolvimento em condições especiais.

Pais de Crianças Cronicamente Doentes:

Esses pais solicitam muita atenção, devido à frustração, geralmente exibem


hostilidade contra a equipe e acham que não se faz “tudo que deveria ser feito”.
 O pessoal deve se manter calmo, paciente e compreensivo;
 Se após um período de visitas contínuas pararem de visitar a criança,
comunicar-se com os pais, pondo-os a par de possíveis alterações; 199

 Quando vierem visitar, estimulá-los a pegar, acariciar e dar amor à


criança; trocar fraldas e alimentar o RN quando possível.

Preparação para Alta:


O treinamento para alta é importante para que haja segurança e ligação com a
criança. No caso de recém-nascido pré-termo ou doente, a participação da mãe deve
ser gradual e apropriada.
A mãe deve saber antes da alta: dar banho, alimentar, manusear e vestir a
criança.
Em casos especiais, administrar medicação, cuidar de sonda ou de
gastrostomia.
Iniciar o treinamento bem antes da alta para a mãe poder “digerir” as instruções
aos poucos.

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Pais de Uma Criança que Morre:

Quando há risco de vida, os pais podem não aceitar a situação, por sua vez
médicos e enfermeiros poderão ter sentimento de culpa ou frustração por não serem
capazes de curar.
Notificar os pais quando a morte é iminente e facilitar sua permanência ao lado
do seu filho, são atitudes que devem sempre estar presentes na rotina da unidade.
Lembrar que nenhuma outra criança substituirá a que foi perdida.
Convencer recém-nascidos da importância do manuseio hospitalar para seu
desenvolvimento, para isso sugere-se um tocar firme e suave, uma voz doce que
transmita segurança, tão necessária em uma internação comprometida do ponto de
vista emocional.

BIOÉTICA NA PRÁTICA NEONATAL

Nos últimos anos tem-se observado um grande avanço científico e tecnológico


em toda a área biomédica. As decisões médicas passam a se confrontar cada vez
mais, não só com questões legais, mas também com crenças, diferenças culturais e
sociais, e postulações morais. A atitude paternalista dos médicos, na qual decisões
eram baseadas apenas no pleno saber da ciência, sem questionamento e sem a
participação do paciente e seus familiares vêm dando lugar a uma nova realidade, em
que o caráter das decisões aumenta em complexidade. Decisões sobre tratamentos
utilizados para manter a vida de recém-nascidos em estado grave, principalmente em
pré-termos de extremo baixo peso, são difíceis e controversas, chamando a atenção
o fato de reconhecer a significativa influência desses valores na formação profissional
e do próprio ser humano.
As principais questões bioéticas em relação à medicina são: problemas ligados
ao começo da vida, problemas ligados ao fim da vida e problemas ligados à qualidade
de viver.
A medicina perinatal vem apresentando grandes avanços nos últimos anos que
se refletiram em um grande aumento da sobrevida dos bebês prematuros e/ou
extremamente doentes sem, no entanto, apresentar grande impacto na redução das
morbidades a médio e longo prazo. A tomada de decisões em relação aos cuidados
neonatais geralmente é baseada em quatro princípios: beneficência (fazer o melhor
170
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possível em termos de preservar a vida e aliviar o sofrimento); não maleficência (não


causar prejuízo ou pelo menos causar o mínimo sofrimento); justiça (dar chances
iguais a todas as crianças); autonomia (respeitar o maior interesse da criança). Em
relação à autonomia envolve uma questão importante, que é definir quem tem maiores
condições de determinar esse interesse: se a sociedade, os profissionais de saúde ou
a família.
Existem alguns obstáculos para que os pais estejam totalmente informados a
respeito de seus filhos, pelas dificuldades que tem, muitas vezes, em compreender as
informações que lhe são transmitidas pela equipe médica, devendo-se levar em
consideração: o estado emocional dos pais no início da vida de seus filhos prematuros
e com problemas, o uso exagerado de terminologias médicas e a expectativa em torno
de decisões com repercussões em longo prazo para os pais e toda a família.
As mudanças de conduta na neonatologia têm sido muito difíceis para médicos,
pacientes, familiares e instituições porque exigem argumentação, respeito e
obrigação, e não apenas decisões autoritárias e prepotentes, algumas vezes tomadas
exclusivamente pelo médico assistente.
Sem dúvida, situações extremas como a morte nos mostram que todos os
envolvidos ainda têm muito a aprender para lidar com este momento envolto em
grandes tabus.
Na verdade, o melhor caminho sempre se dará a partir de um diálogo honesto
e sincero com os pais e profissionais envolvidos, para assim conseguir compreender
plenamente as dificuldades que, frequentemente, apresentam-se nas tomadas de
decisões com recém-nascidos criticamente doentes. É importante o esclarecimento
dos pais para que eles possam entender e argumentar em determinadas decisões, tal
como incluir ou mesmo suspender uma terapia mais agressiva caso isso seja
considerado ineficaz. Por essa e outras razões, é imperativos que o médico adquira
habilidades no relacionamento com os familiares para assim ajudá-los em suas
dificuldades diante de situações adversas. O profissional de saúde estará a todo o
momento vivenciando situações que exijam conhecimento técnico, mas ao mesmo
tempo habilidades no relacionamento humano.

MANEJO DA MORTE EM UNIDADE NEONATAL

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A morte do recém-nascimento é traumática tanto para a família quanto para os


profissionais que assistiram o paciente. O objeto da assistência é estabelecer e
reforçar a memória do bebê a fim de facilitar a transição bem-sucedida pelo luto. É
importante que as famílias sejam assistidas por uma equipe sensível e inteligente, que
possa dar às suas crianças uma morte digna e sem dor. O acompanhamento do luto
é um vínculo importante para guiar as famílias à sua superação.
De tal modo, também é um desafio aos profissionais de saúde que assistem
pacientes terminal. Convêm estabelecer diretrizes que incluam um plano para
discussão da suspensão do 203 suporte à vida, do tratamento do RN que está morrendo
e do acompanhamento e apoio para as famílias e para a equipe.
Os pais necessitam de informações consistentes, apresentadas de forma
concisa e honesta. Desenvolver uma relação honesta e confiante com as famílias é
crucial para o manejo da morte neonatal e do luto da família.
As decisões relativas ao final da vida são tomadas em conjunto com os pais,
por uma série de reuniões com a equipe de saúde.
Uma vez tomada a decisão de suspender o suporte à vida, deve-se oferecer à
família um ambiente calmo e privado que acomode todos os que a família deseje
incluir, levando-se em conta os seguintes passos:
 Conceder aos pais todo o tempo necessário para que criem memórias e
se tornem uma família;
 Discutir todo o processo com os pais, incluindo a remoção do tubo
endotraqueal e o controle da dor;
 Fazer arranjos para o batismo e para o apoio profissional.
Toda UTI Neonatal deve ter um programa de acompanhamento do luto, que
providencie apoio contínuo às famílias no momento em que elas iniciam o processo
de pesar. Que avalie o seu progresso e que forneça referências para apoio na
comunidade.
Cuidar de neonatos e de suas famílias no momento da morte é desafiador e
requer sensibilidade e conhecimento do processo normal do luto. Cada unidade
neonatal deve criar as suas próprias diretrizes, que incluem orientações para todos os
novos membros da equipe, assegurem a educação continuada e a realização de
conferências, que designem os antigos membros da equipe que queiram instruir os
novos e que estabeleçam diretrizes para questões éticas.

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SISTEMATIZAÇÃO DA ASSITÊNCIA DE ENFERMAGEM

É a organização da prática de enfermagem por meio da atualização do


processo de enfermagem.
A resolução do COFEN – 272 de 2002 dispõe sobre a Sistematização da
Assistência de Enfermagem (SAE) nas Instituições de Saúde Brasileira. Tal resolução
incube privativamente o enfermeiro a implantação, planejamento, organização,
execução e avaliação do processo de enfermagem. Devendo a implantação do
processo de enfermagem ocorrer em toda instituição de saúde, pública ou privada; e
ser adequadamente registrada no prontuário do paciente.
Wanda Aguiar Horta afirmava que o futuro da enfermagem como ciência e
autonomia profissional está fundamentada no processo de enfermagem. E que a
enfermagem só assumirá sua responsabilidade legal perante o ser humano e
comunidade sob sua responsabilidade, quando aplicar sistematicamente uma
metodologia de enfermagem. Para realizar esta prática as enfermeiras foram
percebendo a necessidade da utilização de um método claro. Organizado e científico
que as direcionassem na execução do cuidado, ou seja, precisavam aplicar o método
científico que se concretiza nas diversas etapas ou passos executados na busca da
solução de um problema, sendo o conjunto dessas etapas denominado de processo.
Surge então neste cenário o Processo de Enfermagem como uma ferramenta para a
prática.
O Processo de Enfermagem constitui então a essência da prática profissional
e o instrumento e a metodologia da profissão, auxiliando a enfermeira a tomar
decisões, prever e avaliar consequências. O processo de enfermagem contém cinco
fases sequenciais e interrelacionadas:
 Histórico de Enfermagem: suas atividades centralizam-se na coleta de
dados, objetivando identificar as necessidades, problemas e preocupações do
paciente. Os dados devem ser coletados de forma sistêmica, no caso do paciente
neonatal devem-se levar em conta os antecedentes maternos. Incluindo exames
laboratoriais e desenvolvimento e duração do parto, exame físico e avaliação holística
das condições do recém-nascido, sempre levando em conta o processo de doença
familiar no qual o mesmo encontra-se inserido.

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 Diagnóstico: é o julgamento clínico das respostas do indivíduo, da família


e da comunidade ao processo de saúde atual e potencial. Na neonatologia tão
importante quanto a avaliação e tratamento clínico do paciente é o reconhecimento
das questões emocionais e sociais familiares, visando uma internação menos
traumática possível.
 Planejamento: é o momento no qual são desenvolvidas estratégias para
prevenir, minimizar ou corrigir os problemas identificados no diagnóstico de
enfermagem, essa fase é subdividida em: conhecimento do sistema (instituição,
enfermagem e clientela), determinação dos objetivos, estabelecimento de prioridades,
seleção de recursos disponíveis, desenvolvimento do plano operacional, cronograma
para o desenvolvimento do plano e aperfeiçoamento do projeto.
 Implementação: coloca o plano em ação, envolve a comunicação do
plano a todos os membros da equipe envolvidos. Não esquecer que a neonatologia
deve impreterivelmente envolver a família no cuidado, reforçando o vínculo afetivo
com o paciente e com a própria equipe.
 Avaliação: determina o alcance dos resultados, a efetivação das ações
e a implementação de medidas corretivas se necessário.
Deve-se sempre lembrar que o processo de enfermagem possui seus passos
inter-relacionados e sobrepostos, ocorrendo simultaneamente. É um processo
intencional, sistemático, interativo, flexível e baseado em conhecimento científico,
exigindo do enfermeiro conhecimento, habilidades manuais e intelectuais.
REFERÊNCIAS

Programa de Atualização em Neonatologia (PRORN) organizado pela Sociedade


Brasileira de Pediatria. Porto Alegre: Artmed/Pan-americana Editora, 2004. Sistema
de Educação Médica Continuada a Distância (SEMCAD).
LIMA, G. S. et al. Neonatologia. Instituto Materno Infantil de Pernanbuco (IMIP). Rio
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JÚNIOR, J. F. et al. Cuidados Intensivos No Período Neonatal. São Paulo: Sarvier,
1999.
TAMEZ, R. N., SILVA M. J. P. Enfermagem Na Uti Neonatal: Assistência ao recém-
nascido de alto risco. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.
OLIVEIRA, R. G. Pediatria. 3. ed. Belo Horizonte: Blackbook, 2005.

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PARANÁ - SECRETÁRIA DE ESTADO DE SAÚDE Manual de atendimento ao


recém-nascido de risco / Secretária de Estado de Saúde – Curitiba: SESA, 2004.
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