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Centro Universitário do Planalto Central Apparecido dos Santos

UNICEPLAC
Curso de Psicologia
Neurofisiologia
Drª. Ana Elizabeth Oliveira de Araújo Alves

Elizabete Oliveira de Souza Silva 0017175


Fabiola Ruthyelen Gramacho Andrade 0016664
Jean Wladson de Sousa Oliveira 0010851
Onofre R. de Miranda 0017196
Pricilla Thaissa Brito Cruz 0017750
Sarah Kalina Fernandes Gomes 0016756
Tainá Regia Silva Rodrigues 0017028
CASO CLÍNICO 1:

Criança do gênero masculino, apresentando dois anos e dez meses quando compareceu
pela primeira vez à Clínica de Fonoaudiologia da Faculdade de Odontologia de Bauru
(FOB-USP). No primeiro atendimento realizado, a criança chegou acompanhada por sua
babá (cuidadora) e a assistente social da creche que frequentava. A queixa inicial pela
qual a criança foi encaminhada foi a ausência de resposta a estímulos. A referida criança
sofria de privações sensoriais de estímulos por negligência materna. Não foi possível
realizar a avaliação audiológica por que a criança não quis sair do carrinho, chorando
quando alguém tentava pegá-la e não aceitando toques. Dentro do carrinho, a criança
apresentou movimentos repetitivos corporais e com a chupeta, e ausência de contato
ocular. Foi observado que ele era muito magro e pequeno para a idade (aparência de bebê
de um ano, aproximadamente) e não apresentou nenhum comportamento comunicativo.
Não foi possível aplicar o teste de sons, entretanto, localizou o som do seu nome, somente
quando a babá chamou-lhe, não respondendo para outras vozes.

Com as informações relatadas, quais os sistemas sensoriais da criança estão


comprometidos? Fundamente sua resposta sistemas sensoriais da criança

De acordo com o caso apresentado, entendemos que se trata de um relato de caso


apresentado por Coelho et al. (2008), cujo objetivo foi acompanhar o paciente a partir de
uma avaliação fonoaudiológica, bem como destacar os diagnósticos e respectivas
intervenções realizadas – (a) distúrbio da linguagem - terapia fonoaudiológica; (b)
comprometimento do desenvolvimento global e nutricional – encaminhamento para
instituição especializada em autismo e atendimento médico. Ressalta-se, que segundo as
autoras, tratou-se de um caso grave, o que demandou uma intervenção global com equipe
multidisciplinar.

Para Coelho et al. (2008), a avaliação psicológica realizada resultou no parecer


em que “a criança apresenta padrão de comportamento de apego do tipo inseguro frente
às relações interpessoais (...) seus recursos para enfrentar novas situações revelam-se
insuficientes, gerando alto nível de ansiedade e evidenciando falhas na organização e
integração do ego, falhas estas que prejudicam as funções adaptativas” (p.79).

Constatou-se, também, na avaliação psicológica que há limitações quanto ao


desenvolvimento de aptidões sociais e de linguagem característicos da idade e grupo
social. Há, também, comprometimento na qualidade interacional e a comunicação não-
verbal e limitações em suas funções corporais e seus impulsos.

A entrevista psicológica e a aplicação da escala de comportamento afetivo


indicaram que para a mãe, o filho é uma “criança inibida frente ao ambiente social, devido
ao episódio traumático (...) morte do pai” (p.79) mas que o desenvolvimento é natural
como esperado em todas as crianças nesta idade, apesar das limitações quanto à
comunicação verbal. Para as autoras, o laudo indicou que o quadro é compatível com
quadros de privação biopsicossocial, transtorno reativo de apego ou transtorno
global do desenvolvimento (autismo) de baixo funcionamento cognitivo.

O transtorno do espectro autista (TEA), de acordo com o DSM-V (AMERICAN


PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2015), é um tipo de transtorno de
neurodesenvolvimento em que há danos incessantes nas habilidades de interação social
recíproca, comunicação verbal e não verbal e no repertório de interesses e atividades
(JACOBINA, et al., 2021). A Classificação de transtornos mentais e de comportamento
CID-10 (1993, p. 227) classifica o TEA, no bloco F80 – 89: Transtornos do
desenvolvimento psicológico, na categoria F84 Transtornos invasivos do
desenvolvimento:

F84 Transtornos invasivos do desenvolvimento


F84.0 Autismo infantil
F84.1 Autismo atípico
F84.2 Síndrome de Rett
F84.3 Outro transtorno desintegrativo da infância
F84.4 Transtorno de hiperatividade associado a retardo mental e movimentos
estereotipados
F84.5 Síndrome de Asperger
F84.8 Outros transtornos invasivos do desenvolvimento
F84.9 Transtorno invasivo do desenvolvimento, não especificado

No que diz respeito ao comprometimento dos sistemas sensoriais da criança, de


modo geral, é possível ressaltar que há limitações para a criança quanto à comunicação
entre neurônios no processamento de informações. É presumível, também, alterações no
corpo caloso, que é “responsável por facilitar a comunicação entre dois hemisférios do
cérebro, a amígdala, responsável pelo comportamento social e emocional e o cerebelo,
que está envolvido com as atividades motoras, como equilíbrio e a coordenação”
(SIQUEIRA et al., 2016).
De acordo com Moraes (2014), dentre as alterações predominantes no cérebro do
autista, destacam-se: Hipocampo – estrutura alinhada à formação da memória. Area de
armazenamento e formação de memórias de longo prazo. Crianças com autismo
apresentam um maior volume do hipocampo direito (Figura 1)
Figura 1. Hipocampo

As Amigdalas são componentes do cérebro que estão localizadas dentro dos


lobos temporais mediais do cérebro. Crianças com autismo desenvolve amigadalas
relativamente grandes após os seis meses de vida. Em crianças de dois a quatro anos com
transtorno espectro autista, observa-se uma quantidade excessiva de neurônios e uma
maior densidade na coluna dendrítica o que pode contribuir para o aumento das amigdalas
(Figura 2).

Figura 2. Amídala (em vermelho)


O Campo Caloso, de acordo com Sabater (2021), é composto por fibras nervosas
responsáveis por dividir os lobos do córtex cerebral em lado esquerdo e direito do cérebro, assim
permitindo a comunicação motora, sensorial e cognitiva. A criança com autismo possui limitações
nas interações sociais, bem como é possível que tenha pouca ou má interpretação das coisas no
ambiente ao redor, não permitindo apreender informações (Figura 3).
Figura 3. Campo Caloso
Conforme salienta Moraes (2014), as alterações no sistema dopaminérgico, a
excessiva liberação de serotonina está entre as principais alterações neuroquímicas no
cérebro do autista.
Referências
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de
transtornos mentais: DSM-5. 5 ed., Porto Alegre: Artmed, 2015.

Cientistas identificam aumento de estruturas cerebrais em bebês com autismo. Revista


Galileu, Rio de Janeiro, 25 março 2022. Saúde. Disponível em: https://l1nk.dev/ZZsBK
. Acesso em: 10 junho de 2023.

COELHO, A. C. C.; IEMMA, E. P.; LOPES-HERRERA, S. A. Relato de caso – privação


sensorial de estímulos e comportamentos autísticos. Revista da Sociedade Brasileira de
Fonoaudiologia. 13(1), pp. 75-81, 2008.

JACOBINA, M. A. A. Trantorno do espectro autista. In BERTOLUCCI, P. H. et al.


Neurologia: Diagnóstico e tratamento. 3 ed., Barueri (SP): Manole, 2021.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Classificação de transtornos mentais e de


comportamento CID-10. Porto Alegre: Artmed, 1993.

MORAES, T. P. B. Autismo: entre a alta sistematização e a baixa empatia. Um estudo


sobre a hipótese de hiper masculinização do cérebro no espectro autista. Revista Pilquen
- Sección Psicopedagogia, nº 11, ano XVI, pp. 1-19, 2014

SABATER, V. O cérebro da criança com transtorno do espectro autista. A mente é


maravilhosa. 15 novembro 2021. Psicologia. Disponível em: https://encr.pw/eLiFU
Acesso em 09 de junho de 2023

SIQUEIRA, C. C. et al. O cérebro autista: A biologia da mente e sua implicação no


comprometimento social. Transformar – Revista do Centro de Iniciação Científica e
Extensão Itaperuna, nº 08, pp. 221-237, 2016.

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