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ABORDAGEM PSICOMOTORA E FISIOTERAPEUTICA EM UMA CRIANÇA

COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA

Caroline Nunes Gonzaga


Mileide Cristina Stoco de Oliveira
Katiane Mayara Guerrero
Alline Sayuri
Tânia Cristina Bofi

INTRODUÇÃO
O Transtorno do Espectro Autista (TEA)¹ é um distúrbio crônico de origem
ainda desconhecida altamente debilitante, tornando-se uma situação bastante
heterogéneo e persistente ao longo de vida 2 com prevalência de 1 a cada 88 nascidos
vivos, sendo essa considerada a maior dentre os transtornos do desenvolvimento1.
São observados prejuízos principalmente na socialização reciproca,
comunicação e comportamento repetitivo, interesses e a presença de atividades
estereotipadas3. Adicionalmente, os sintomas devem estar presentes já nos primeiros
anos de vida, podendo ser diagnosticado ao redor dos 18 meses 3, mas podem não ser
identificados completamente até que as demandas sociais e ambientais excedam o limite
de suas capacidades4.
A abordagem fisioterapêutica e psicomotora se torna cada vez mais necessário,
sendo a nível preventivo ou terapêutico, destacando-se principalmente o âmbito escolar,
visto que este exige a construção das capacidades motoras e cognitivas. Logo, essas
abordagens promovem benefícios para o desenvolvimento global do indivíduo,
mediante a utilização do movimento e da habilidade corporal, o designando relações
com os objetos e com os outros, e consequentemente, o desenvolvimento da
personalidade e independência do indivíduo5.
OBJETIVO
Esse estudo teve como objetivo avaliar o desenvolvimento psicomotor de uma
criança diagnosticada com Transtorno do Espectro Autista pré e pós intervenção
fisioterapêutica.
METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa do tipo estudo de caso, aprovado pelo Comitê de Ética
em Pesquisa da Faculdade de Ciências e Tecnologias FCT/UNESP (CAAE
22974713.7.0000.5402), cuja amostra foi composta por uma criança do sexo feminino
com idade de 94 meses, com diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista. Estas

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crianças foram encaminhadas pela Secretaria Municipal de Educação de Presidente
Prudente ao Laboratório de Psicomotricidade (LAPS) da Universidade Estadual Paulista
Júlio de Mesquita Filho (UNESP) de Presidente Prudente, São Paulo.
Utilizou-se como instrumento para avaliação do desenvolvimento psicomotor a
Escala de Desenvolvimento Motor (EDM) de Rosa Neto7. A EDM é composta por um
conjunto de provas que avaliam diferentes habilidades do desenvolvimento da criança
de acordo com sua Idade Cronológica (IC). Essas habilidades são: motricidade fina,
motricidade global, equilíbrio, esquema corporal/rapidez, organização espacial,
organização temporal/linguagem e lateralidade que foram avaliadas (pré-intervenção) e
reavaliadas (pós-intervenção) psicomotora de 12 meses.
O ambiente usado foi o LAPS da Universidade Estadual Paulista Júlio de
Mesquita Filho FCT/UNESP, adaptado para as intervenções de acordo com as
necessidades da criança e o programa baseou-se nos pilares da Psicomotricidade
respeitando a etapa de desenvolvimento em que a criança se encontrava utilizando-se de
brincadeiras lúdicas, construção simbólico, utilizando materiais de contraste visual e
sensorial, jogos, brinquedos com diferentes texturas, odores, sons e formas,
contribuindo para que o ambiente ficasse mais harmônico beneficiando assim o
desenvolvimento da criança7.
RESULTADOS
A criança apresentou atrasos significativos em todas as áreas do
desenvolvimento neuropsicomotor, mas após 12 meses de intervenção psicomotora ela
evoluiu nas áreas da motricidade global, equilíbrio e organização espacial, conforme
figura1:

Figura1: Resultado pré e pós-intervenção psicomotora de 12 meses.

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DISCUSSÃO
Durante o levantamento bibliográfico observou-se que estudos sobre a
psicomotricidade no tratamento das dificuldades motoras em indivíduos com TEA é
pouco elucidado.
O estudo de Okuda et al. (2010) 8 analisou o desenvolvimento motor de 6
crianças com TEA por meio do mesmo instrumento de avaliação utilizado neste estudo.
Os resultados mostraram que todos os escolares apresentaram idade motora geral abaixo
do esperado para a idade cronológica, evidenciando que o atraso no desenvolvimento
motor é uma característica do TEA, dado que também foi encontrado em grande parte
da população nessa pesquisa.
Lima et al. (2014)9 avaliaram 21 casos de crianças autistas, realizando
intervenção com uma equipe multidisciplinar composta pelas seguintes especialidades:
pediatria do neurodesenvolvimento, psicologia, fonoaudiologia e psicomotricidade.
Quando compararam os resultados entre o primeiro e o segundo momento de avaliação,
verificaram evolução positiva, embora não significativa, em todas as áreas do
desenvolvimento, exceto nas áreas de esquema corporal e organização espaço-temporal.
Os dados obtidos no presente estudo sobre o esquema corporal e a organização
temporal corroboram com os estudos encontrado por Lima et al. (2014) 9 pois assim
como exposto acima, a criança não apresentou melhora na área de esquema corporal e
organização temporal quando comparados os momentos pré-intervenção e pós-
intervenção.
Embora nem todos os estudos citados tenham utilizado o mesmo instrumento de
avaliação, todos encontraram atrasos no desenvolvimento psicomotor de crianças com
TEA. Dessa forma, observa-se que há necessidade de conceder experiências motoras a
essas crianças para que ocorra o aprendizado, a organização e a internalização dos atos
motores. Essas experiências podem ser exploradas por meio de atividades lúdicas, jogos
simbólicos e criativos que servem como estratégia de tratamento para estimular todas as
áreas do desenvolvimento psicomotor, possibilitando dessa forma, a realização das
atividades de vida diária, social, escolar e lúdica10, 11.
CONCLUSÃO
Os resultados apresentados enfatizam a importância da atuação fisioterapêutica
utilizando a abordagem da psicomotricidade com essas crianças, visto que elas
apresentam atrasos no seu desenvolvimento psicomotor que podem refletir na sua vida
escolar e social, bem como na vida adulta.

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REFERÊNCIAS

1. Araújo FCC, Souza R, Machado DS. Autismo infantil e a escola: inclusão X garantia
de acesso. E-scientia, 2014; 1(1):27-34.

2. FONSECA, Maria Elisa Granchi. O DIAGNÓSTICO DOS TRANSTORNOS DO


ESPECTRO DO AUTISMO – TEA. 2015.

3. PEREIRA, Amanda Cristina dos Santos et al. Transtorno do Espectro Autista (TEA):
definição, características e atendimento educacional. Educação, Batatais, v. 5, n. 2,
p.191-212, 2015.

4. Autismo e realidade. Diagnóstico do autismo [Internet]. Presidente Prudente; 2013.


[acesso em 03 de dezembro de 2016].

5. MARIA, Inês Tecedeiro Rodrigues; MELO, Ana Paula Lebre dos Santos
Branco. Intervenção Psicomotora com Crianças com Perturbação do Espectro do
Autismo: Centro de Recursos para a Inclusão da Associação Portuguesa para as
Perturbações do Desenvolvimento e Autismo de Lisboa. 2012. 126 f. Dissertação
(Mestrado) - Curso de Fisioterapia, Universidade TÉcnica de Lisboa Faculdade de
Motricidade Humana, Lisboa, 2012.

6. Rosa Neto F. Manual de avaliação motora. Porto Alegre: Artmed, 2002.

7. Costa LL da, Dantas LM. A importância da Psicomotricidade relacional como


suporte à inclusão de crianças diagnosticadas com o Transtorno do Espectro do Autismo
na educação infantil do município de Horizonte/CE. Cintedi, 2014; 1(1).

8. Okuda PM, Misquiatti ARN, Capellini AS. Caracterização do perfil motor de


escolares com transtorno autístico. Rev. Bras. Educ. Espec, 2010; 23(38): 443-54.

9. Lima CB, Afonso C, Calado AC, Torgal F, Gouveia R, Nascimento C. O impacto do


programa integrado para o autismo (PIPA). J Child Adolesc Psychol, 2014; 5(1): 231-
44.

10. Kopp S, Beckung E, Gillberg C. Developmental coordination disorder and other


motor control problems in girls with autism spectrum disorder and/or
attention-deficit/hyperactivity disorder. Res Dev Disabil, 2010; 31(2): 350–361.

11. Gabbard C, Caçola P. Los niños con trastorno del desarrollo de la coordinación
tienen dificultad on la representación de las acciones. Rev. Neurol, 2010; 50(1): 33-38.

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