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RESUMO
INTRODUÇÃO
O desenvolvimento motor segue uma ordem cronológica evolutiva com etapas distintas e
previsíveis, caracterizadas por mudanças nas habilidades e nos padrões de movimento que
ocorrem durante a vida (CAMARGOS; LACERDA, 2005; RAMOS; LUCAS;
PEDROMÔNICO, 2000).
Estas mudanças ocorridas ao longo do desenvolvimento vêem sendo estudadas sob o enfoque
de diversas teorias. Durante muitos anos, o desenvolvimento motor foi explicado pelo ponto
de vista neuromaturacional, no qual, as alterações no comportamento motor se deviam
exclusivamente à maturação do sistema nervoso. A teoria dos sistemas dinâmicos, mais aceita
atualmente, apontou que, o comportamento motor não é influenciado apenas pelo sistema
Londrina, 29 a 31 de outubro de 2007 – ISBN 978-85-99643-11-2
MÉTODO
Participaram do estudo 9 cuidadores de crianças de 0 a 3 anos de idade com atraso no
desenvolvimento atendidas no Programa de Estimulação Precoce do CEES.
Todos os cuidadores das crianças atendidas no Programa de Estimulação Precoce do CEES
em outubro de 2006 foram convidados a participar do estudo, porém, foram excluídos da
pesquisa os cuidadores que não se dispuseram a participar, bem como àqueles que desistiram
do atendimento no período da coleta de dados (de outubro de 2006 à maio de 2007). Os
participantes do estudo assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. O projeto de
pesquisa foi aprovado pelo comitê de ética da Faculdade de Filosofia e Ciências, da
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RESULTADOS
No Quadro 1 foram apresentados os resultados referentes a caracterização das crianças as
quais se refere o questionário PEDI, respondido pelos participantes da pesquisa.
A tabela 1 mostra o desempenho de C1 nas áreas de auto cuidado, mobilidade e função social,
no período compreendido entre outubro de 2006 e maio de 2007, segundo a percepção de seu
cuidador.
Nas áreas de auto-cuidado e função social C2 obteve, na primeira coleta, escores normativos
inferiores à faixa de normalidade esperada para a idade (30) e na segunda coleta apresentou
importante evolução com escore normativo superior à faixa de normalidade esperada. Na área
de mobilidade C2 obteve, na primeira e na segunda coleta, escores normativos inferiores a 30,
valores que indicaram um atraso nesta área. De acordo com a tabela 2 observa-se que, no
período do estudo, C2 apresentou evolução nos escores normativos nas áreas de auto-cuidado,
mobilidade e função social.
A tabela 3 mostra o desempenho de C3 nas áreas de auto cuidado, mobilidade e função social,
no período compreendido entre outubro de 2006 e maio de 2007, segundo a percepção de seu
cuidador.
Nas áreas de auto-cuidado e função social C3 obteve, na primeira e na segunda coleta, escores
normativos acima de 30, valores considerados dentro da faixa de normalidade esperada para
seu grupo etário. Na área de mobilidade C3 obteve, na primeira e na segunda coleta, escores
normativos inferiores a faixa de normalidade esperada para a idade (30), caracterizando atraso
nesta área. De acordo com a tabela 3 observa-se que, no período do estudo, C3 apresentou
evolução nos escores normativos nas áreas de auto-cuidado, mobilidade e função social.
A tabela 4 mostra o desempenho de C4 nas áreas de auto cuidado, mobilidade e função social,
no período compreendido entre outubro de 2006 e maio de 2007, segundo a percepção de seu
cuidador.
Nas áreas de auto-cuidado e função social C7 obteve, na primeira e na segunda coleta, escores
normativos acima de 30, valores considerados dentro da faixa de normalidade esperada para
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seu grupo etário. Na área de mobilidade C7 obteve, na primeira e na segunda coleta, escores
normativos inferiores a faixa de normalidade esperada para a idade (30), caracterizando atraso
nesta área. De acordo com a tabela 7 observa-se que, no período do estudo, C7 apresentou
evolução nos escores normativos nas áreas de auto-cuidado e função social, e apresentou
regressão na área de mobilidade.
A tabela 8 mostra o desempenho de C8 nas áreas de auto cuidado, mobilidade e função social,
no período compreendido entre outubro de 2006 e maio de 2007, segundo a percepção de seu
cuidador.
Nas áreas de auto-cuidado e função social C9 obteve, na primeira e na segunda coleta, escores
normativos acima de 30, valores considerados dentro da faixa de normalidade esperada para
seu grupo etário. Na área de mobilidade C9 obteve, na primeira e na segunda coleta, escores
normativos inferiores a faixa de normalidade esperada para a idade (30), caracterizando atraso
nesta área. De acordo com a tabela 9 observa-se que, no período do estudo, C9 apresentou
evolução nos escores normativos nas áreas de auto-cuidado, mobilidade e função social.
DISCUSSÃO
Ao se analisar a aquisição de habilidades funcionais de crianças com atraso no
desenvolvimento e sugerir a contribuição da intervenção em Estimulação Precoce nestas
aquisições, deve se considerar muitos fatores que podem contribuir para interpretação
fidedigna dos resultados.
Segundo Mancini et al. (2002), a expectativa dos pais e cuidadores interferem diretamente na
percepção destes em relação ao desempenho da criança. Deste modo, alguns comportamentos
podem ser omitidos ou valorizados durante a avaliação na tentativa de transparecer o
desempenho almejado.
Os fatores culturais também exercem influênciam no desenvolvimento infantil. Mancini et al.
(2002) e Mancini et al. (2004) relatam o perfil protecionista da cultura brasileira em relação à
realização das tarefas de rotina diária pelas crianças. Deste modo, mesmo que a criança
apresente capacidade de realizar determinadas tarefas, muitas vezes o cuidador às faz. Isto
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parece acontecer especialmente nas famílias das crianças com necessidades especiais, em que
os cuidadores procuram realizar o maior número de tarefas para a criança com o intuito de
polpá-la de esforços que consideram desnecessários.
O desempenho das habilidades funcionais pode ser prejudicado também em situações em que
a criança e o adulto estão submetidos à pressão de resultados (OLIVEIRA; CORDANI,
2004). Deste modo, a limitação de tempo e espaço para a realização de determinadas
atividades como o banho e a refeição, por exemplo, acabam por interferir diretamente na
independência funcional da criança.
Ressalta-se ainda que o diagnóstico clínico de cada criança tem características específicas que
influenciam de forma distinta no desenvolvimento neuropsicomotor e que as crianças, com ou
sem alterações no desenvolvimento, sofrem influência do processo neuromaturacional na
aquisição de habilidades funcionais, como relatado por Mancini et al (2002). Assim, sugere-se
no presente estudo, que a Estimulação Precoce contribui para o desenvolvimento
neuropsicomotor, embora não atue isoladamente neste processo.
O questionário PEDI mostrou-se eficaz para os objetivos propostos neste estudo pois
caracterizou de forma satisfatória o perfil funcional das crianças com atraso no
desenvolvimento inseridas no programa de estimulação precoce do CEES. Assim foi
considerado um instrumento bastante útil na avaliação e na intervenção dos profissionais,
além de possibilitar uma análise crítica do trabalho desenvolvido.
Conclui-se que os resultados apontados no presente estudo fornecem subsídios para afirmar
que intervenção precoce pode ser eficaz na potencialização do desenvolvimento de crianças
com atraso no desenvolvimento.
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