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ISBN 978-85-459-0773-2

ANÁLISE DA INCIDÊNCIA DE MARCHA EQUINA IDIOPÁTICA EM CRIANÇAS

Eduardo Davies de Souza1; Sthefany Dlugosz Silva2, Fabiana Nonino3


1
Acadêmico do Curso de Fisioterapia, Centro Universitário de Maringá - UNICESUMAR. eduardodavies@outlook.com
2
Acadêmica do Curso de Fisioterapia, Centro Universitário de Maringá - UNICESUMAR. stefany_tuty@hotmail.com
3
Orientadora, Mestre, Docente do Curso de Fisioterapia, Centro Universitário de Maringá – UNICESUMAR. fabiananonino@yahoo.com.br

RESUMO
Introdução: A marcha equina idiopática é uma alteração que acarreta problemas nas fases da marcha sem causa
definida a qual interfere na sua interação social e desenvolvimento da criança, sendo presente entre 5% e 24% da
população pediátrica geral. Justificativa: Visando a promoção da saúde infantil faz se necessário a realização de estudos
para identificação das possíveis causas para esta condição além de apontar abordagens terapêuticas, assim como
promover orientações para a família. Objetivo: O objetivo geral deste estudo é identificar as causas da marcha equina
idiopática em crianças entre 9 a 12 anos. Metodologia: Esta pesquisa se caracteriza como sendo aplicada, qualitativa e
quantitativa avaliará crianças de ambos os sexos com idades entre 9 e 12 anos que apresentem o padrão de marcha em
ponta dos pés, sendo excluído as crianças que apresentem qualquer disfunção neurológica, neuromuscular, ortopédica,
ou desenvolvimentista, utilizando como protocolo de avaliação, uma ficha de avaliação fisioterápica, contemplando
questionamentos importantes sobre os dados da gestação, nascimento e desenvolvimento da criança, bem como
precedentes e informações maternas e familiares, além do exame físico, mensuração de amplitude de movimento, o
questionário The Toe Walking Tool e uma escala observacional da marcha .Resultados esperados: Espera-se ao término
desta pesquisa seja possível identificar as causas da ocorrência desta variação de marcha em crianças com idades de 9
a 12 anos.

PALAVRAS-CHAVE: Deambulação; Pediatria; Pé Equino.

1 INTRODUÇÃO

Para a criança o movimento é fundamental, conforme vai adquirindo conhecimento e


interesse pelas coisas, aumenta a sua curiosidade e então usa o movimento para adquirir
independência, e interagir com objetos e de maneira social, auxiliando também no desenvolvimento
intelectual. A marcha ocorre desde os primeiros anos de vida, sendo que se inicia aos 9-10 mês de
vida, onde ela começa a engatinhar e desta, parte para uma postura ortostática até o 10º mês, com
11 meses caminha com apoio, e a partir do 12º mês adquire marcha independente (NEWCOMBE
1999, ROSA NETO 2007, SILVA 2016).
As crianças apresentam uma marcha muito diferente dos adultos, o que torna necessário um
acompanhamento durante seu desenvolvimento para que possa efetuar comparações. Elas
geralmente experimentam variadas posições de pé durante o desenvolvimento de sua marcha, como
a marcha na ponta dos pés (MPP),ou marcha equina (ME) do inglês toe walking(TW) que é a
incapacidade de realizar a queda do calcanhar durante a fase de apoio do ciclo da marcha, e nem o
apoio total do pé, sendo um padrão observado em crianças saudáveis com mais de 2 anos de idade
quando ainda estão aprendendo a andar de maneira independente,sendo considerado normal em
crianças até os 3 anos e em crianças que apresentam patologias como paralisia cerebral, miopatias,
distrofias musculares congênitas, esquizofrenia, neuropatias periféricas, disrafismos, Espectro
Autismo- TGD, e considerado como anormal após esta idade (ALVAREZ 2007, MORAIS FILHO
2010, PALADINO 2013,VAN KUIJK 2014, SZOPA 2016)
A diferenciação entre a marcha normal e patológica nas crianças pode ser dificultada por
diversos fatores dentre os quais se pode citar o crescimento musculoesquelético, a maturação do
sistema nervoso central, e capacidade de aprendizado. Contudo, estima-se que ocorra entre 5% e
24% da população pediátrica em geral, uma condição onde as crianças sem nenhuma causa
aparente preferem deambular persistentemente na ponta dos pés, porém sendo capazes de realizar
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a marcha com o apoio do calcanhar pelo menos nos primeiros anos, exibindo um padrão de pé
bilateral além dos 3 anos de idade e na ausência de causas neurológicas ou ortopédicas, sendo
considerado um caso de marcha equina idiopática (MEI) , marcha na ponta dos pés idiopático
(MPPI), do inglês Idiopathic toe walking (ITW). De acordo com o Dicionário Brasileiro de Saúde, uma
doença Idiopática é aquela que surge espontaneamente ou que apresenta origem desconhecida
(ALVAREZ 2007, MORAIS FILHO 2010, PALADINO 2013, VAN KUIJK 2014, DOMINGUES 2016,
SZOPA 2016, MURTA 2012).
A ITW é uma queixa corriqueira vista por profissionais médicos, especialmente cirurgiões
ortopédicos e fisioterapeutas, entretanto sua etiologia e fisiopatologia permanecem desconhecidas,
sendo um diagnóstico por exclusão feito após descartar as etiologias neuromusculares,
desenvolvimentistas, ortopédicas, do sistema nervoso central reumatológicas, psiquiátricas,
metabólicas ou do colágeno, como por exemplo: paralisia cerebral, miopatias, distrofias musculares
congênitas, esquizofrenia, neuropatias periféricas, disrafismos e Espectro Autismo- TGD (ALVAREZ
2007, PALADINO 2013, VAN KUIJK 2014, DOMINGUES 2016, SZOPA 2016)
Os casos de ITW São relatados com mais frequência em homens, sendo aproximadamente
64% e em média entre 30% e 42% tem histórico familiar positivo, revelando que um componente
genético também pode ser fator para o MEI, e estudos mostram que as crianças que apresentam
MEI e que possuem uma predisposição familiar positiva são afetadas de forma mais intensa do que
as que que não apresentam a predisposição familiar (VAN KUIJK 2014, POMARINO 2016,
DOMINGUES 2016)
Não há evidencias de uma necessidade de tratamentos para crianças com ITW, pois
aparentemente a melhora no tratamento pode provir da própria evolução natural, assim , a
intervenção passa a servir apenas para acelerar esse processo, no entanto, a identificação e
tratamento precoces podem prevenir o encurtamento do gastrocnêmio bem como anomalias na
marcha e no equilíbrio persistentes, diminuindo a necessidade de intervenções mais invasivas,
normalmente o principal objetivo do tratamento é manter ou aumentar a dorsiflexão do tornozelo
(VAN KUIJK 2014, DOMINGUES 2016).
Existe uma vasta gama de opções de tratamentos para essas crianças e a escolha do mais
adequado deve ser guiada pela porcentagem de tempo da MPP e pelo grau de dorsiflexão
tibiotársica. As opções terapêuticas podem ser invasivas e não invasivas, dentre as quais pode-se
destacar a Fisioterapia, Calçado formativo, Talas e Órteses, Gesso seriado, Toxina botulínica tipo A
e Cirurgia (VAN KUIJK 2014, DOMINGUES 2016).
Estudo de FANCHIANG (2016), sugere ainda que seja mais explorada a caminhada sobre
uma superfície de cascalho em crianças com MEI, pois em seu estudo notou-se a diminuição
significativa da medida da elevação inicial do calcanhar (HR32) nessas crianças.
Com o grande número de casos de MEI, e a questão de não se saber que fator está
causando essa anormalidade na marcha, o objetivo do presente estudo é analisar e identificar,
através de diversos questionamentos e testes que foram organizados para esta pesquisa, a possível
presença de um fator comum que possa ser a causa da MEI, que até o momento não foi descoberto,
possibilitando assim a condição de uma melhor avaliação e tratamento para estas crianças que
atualmente não tem uma explicação para o quadro que apresentam.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

Esta pesquisa se caracteriza como uma pesquisa aplicada, qualitativa e quantitativa


A avaliação e coleta de dados será realizada através de uma escala observacional de marcha
onde irá se observar a presença ou ausência de alterações do padrão da marcha nos diversos

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segmentos envolvidos e de uma ficha de avaliação fisioterápica, desenvolvida para este projeto e
que contempla informações sobre a gestação, o nascimento e desenvolvimento da criança, dados
maternos e do parto, avaliação de amplitude de movimento, e testes especiais que auxiliarão na
identificação da marcha equina idiopática e possíveis fatores causadores desta, como:
ESCALA VISUAL ANALÓGICA (EVA) DE DOR: é uma escala visual que o paciente observará
e marcará um local que corresponde a dor que sente, seja pela expressão facial, a graduação de 0 a
10 ou pela intensidade da cor, e informará qual o local que sente a dor com aquela intensidade.
TESTE DE THOMAS: é utilizado para avaliar contratura em flexão do quadril através da
flexão de joelho e quadril contralateral, contra o tórax, (MAGEE, 2005).
MANOBRA DE WEBER-BARSTOW (MÉTODO VISUAL): utilizada para identificar a presença
de assimetria entre os membros inferiores e ver se a tíbia ou o fêmur de algum dos membros
inferiores é maior que o contralateral. (MAGEE, 2005).
MEDIDA REAL DOS MEMBROS INFERIORES: que consiste em mensurar através da
distancia entre a espinha ilíaca antero-superior e o maléolo medial ou latera, de ambos os membros
inferiores para identificar seus comprimentos e a presença ou não de alguma diferença entre eles.
(MAGEE, 2005)
TESTE DE THOMPSOM: identifica a presença ou não de uma ruptura no tendão calcâneo
através da compressão da musculatura da panturrilha com o membro relaxado. (MAGEE, 2005)
TESTE DO ESTRESSE COM ROTAÇÃO EXTERNA: identifica lesão da sindesmose ao
avaliar uma rotação externa com estresse do tornozelo. (MAGEE, 2005)
TESTE DE KLEIGER: identifica laceração do ligamento deltoide ao realizar rotação lateral do
pé. (MAGEE, 2005)
ESCALA MODIFICADA DE ASHWORTH: que avalia o tônus muscular de forma qualitativa
através da resistência oferecida ao movimento de um segmento de forma rápida e passiva, com o
paciente relaxado, identificando o grau de espasticidade apresentado e classificando de 0 (quando
não há aumento de tônus muscular) a 4 (parte testada esta afetada mostrando-se rígida à flexão ou
à extensão), onde serão testados os músculos flexores do joelho e flexores plantares do tornozelo.
(BOHANNON, 1987).
AVALIAÇÃO DO EQUILÍBRIO: Para a avaliação do equilíbrio irá usar a bateria de rosa neto,
(ROSA NETO, 2002).
TREAD MAT (ADAPTADO): A técnica consiste em utilizar papel Kraft e pedir para a criança
com os pés molhados de tinta, caminhar normalmente pelo papel, podendo assim ser obtido a
imagem exata da pegada da criança e analisar como se dá o seu contato com o solo de forma mais
perceptível. (DOMINGUES, 2016).
THE TOE WALKING TOOL: É um questionário, uma ferramenta rápida, validada e confiável,
desenvolvida por Cylie Williams, com o objetivo de diferenciar a marcha em pontas idiopática da
marcha patológica, identificando ainda crianças com fatores de risco importantes para serem
avaliadas por especialistas. (DOMINGUES, 2016).
AVALIAÇÃO DE FORÇA MUSCULAR: força muscular de flexores, extensores, adutores e
abdutores de quadril, flexores e extensores de joelho, dorsiflexores e flexores plantares, dos
membros inferiores direito e esquerdo, e classificados em uma escala de força que varia de 0 até 5
(KENDALL, 2007).
SINAL DE GAVETA ANTERIOR: para identificar uma instabilidade ligamentar no tornozelo
(do ligamento talofibular anterior (ligamento mais frequentemente lesado no tornozelo) através da
tração anterior do tornozelo com fixação do tálus e da tíbia. (MAGEE,2005).

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TESTE DE SILVERSKIOLD: diferencia espasticidade do musculo sóleo do musculo


gastrocnêmio através da realização de flexão e extensão do joelho com o pé em dorsiflexão máxima.
(PALADINO, 2013).

Foram definidos como critérios de inclusão: ter idade entre 9 e 12 anos e apresentar padrão
de marcha em ponta dos pés.
Foram definidos como critérios de exclusão: apresentar disfunções neuromusculares,
neurológicas, ortopédicas e/ou desenvolvimentistas
Estima-se realizar o estudo com 20 crianças que se enquadrem nos critérios definidos

3 RESULTADOS ESPERADOS

Espera-se que após avaliação detalhada de dados sobre a mãe, a gestação, o


desenvolvimento através de questionários e testes, e analise observacional da marcha destas, seja
possível identificar fatores comuns entre os casos e assim entender a ou as causas desta variação
de marcha.

REFERÊNCIAS

ALVAREZ, C.; DE VERA, M.; BEAUCHAMP, R., WARD, V.; BLACK, A. Classification of idiopathic
toe walking based on gait analysis: development and application of the ITW severity classification.
Gait & posture, v. 26, n. 3, p. 428-435, 2007.

BOHANNON, R. W.; SMITH, M. B. Interrater reliability of a modified Ashworth scale of muscle


spasticity. Phys ther, v. 67, n. 2, p. 206-207, 1987.

DOMINGUES, S.; MELO, C.; MAGALHÃES, C.; FIGUEIROA, S.; CARRILHO, I.; TEMUDO, T.
Marcha em pontas idiopática em idade pediátrica. Nascer e Crescer, v. 25, n. 1, p. 28-34, 2016.

FANCHIANG, H. D.; GEIL, M. D.; WU, J.; AJISAFE, T.; CHEN, Y. P. The Effects of Walking Surface
on the Gait Pattern of Children With Idiopathic Toe Walking. Journal of child neurology, p.
0883073815624760, 2016.

KENDALL, F. P.; IKEDA, M.; MCCREARY, E. K.; PROVANCE, P. G.; RODGERS, M. M.; ROMANI,
W.A. Músculos: provas e funções. 5. Ed. Barueri: Manole, 2007.

MAGEE, D. J.; IKEDA, M. Avaliação musculoesquelética. 4. ed. São Paulo: Manole, 2005.

MORAIS FILHO, M. C.; REIS, R. A. D; KAWAMURA, C. M. Avaliação do padrão de movimento dos


joelhos e tornozelos durante a maturação da marcha normal. Acta Ortop Bras, v. 18, n. 1, p. 23-5,
2010.

MURTA, G. F.Dicionário Brasileiro de Saúde: mais de 20 mil vocábulos e siglas. 3.ed. São
Caetano do Sul: Difusão, 2012.

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NEWCOMBE, N. Desenvolvimento infantil: abordagem de Mussen; 8.ed.-Porto Alegre: Artmed,


1999.

PALADINO, D. Marcha en equino idiopática o habitual. Medicina infantil, v. 20, n. 2, p. 167-178,


2013.

POMARINO, D.; RAMÍREZ LLAMAS, J.; POMARINO, A. Idiopathic Toe Walking: Tests and Family
Predisposition. Foot & ankle specialist, v. 9, n. 4, p. 301-306, 2016.

ROSA NETO, F. Manual de avaliação motora. Porto Alegre: Artmed, 2002.

ROSA NETO, F.; ALMEIDA, G. M.; CAON, G.; RIBEIRO, J.; CARAM, J. A.; PIUCCO, E. C.
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Revista brasileira de ciência & movimento, v. 15, n. 1, p. 45-51, 2007.

SILVA, J. K. M. D.; SARGI, A. M.; ANDRADE, I. C. D. O.; ARAÚJO, C. C. D.; ANTONIO, T. D. Motor
development of preterm and term infants in the fundamental movement phase: a cross-sectional
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SZOPA, A.; DOMAGALSKA-SZOPA, M.; GALLERT-KOPYTO, W.; KIEBZAK, W.; & PLINTA, R.
effect of a nonsurgical treatment program on the gait pattern of idiopathic toe walking: a case report.
Therapeutics and clinical risk management, v. 12, p. 139, 2016.

VAN KUIJK, A. A.; KOSTERS, R.; VUGTS, M.; GEURTS, A. C. Treatment for idiopathic toe walking:
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