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Universidade de Aveiro Departamento de Economia, Gestão e Engenharia

Ano 2010 Industrial

Natalina do Carmo A gestão ambiental nos hotéis portugueses


Ribeiro de Sousa
Universidade de Aveiro Departamento de Economia, Gestão e Engenharia
Ano 2010 Industrial

Natalina do Carmo A gestão ambiental nos hotéis portugueses


Ribeiro de Sousa

Dissertação apresentada à Universidade de Aveiro para cumprimento dos


requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Gestão e
Planeamento em Turismo, realizada sob a orientação científica da Doutora
Maria Celeste de Aguiar Eusébio, Professora Auxiliar do Departamento de
Economia, Gestão e Engenharia Industrial da Universidade de Aveiro.
Dedico este trabalho aos meus filhos, David e Inês,
com um célebre pensamento de Goethe,

“A Natureza é o único livro que oferece um conteúdo valioso


em todas as suas folhas.”
o júri

presidente Profª. Doutora Maria João Aibéo Carneiro


professora auxiliar da Universidade de Aveiro

Prof. Doutor Manuel António Brites Salgado


professor adjunto da Escola Superior de Turismo e Hotelaria do Instituto Politécnico da Guarda

Profª. Doutora Maria Celeste de Aguiar Eusébio


professora auxiliar da Universidade de Aveiro
agradecimentos À Professora Doutora Celeste Eusébio, pela orientação próxima e atenta. Pelo
apoio, incentivo e disponibilidade que me dedicou. Pelos seus comentários
críticos e estímulo nos momentos de mais desânimo.

À Doutora Susana Lima, pela revisão técnica do questionário e pelas


sugestões científicas.

Fica também o apreço ao Dr. Daniel Frey (CEO do grupo Inspira Hotels), Dr.
Luís Perez (Director do Hotel D. Henrique), Dr. Nicolau Veiga (Director do
Hotel Ibis Porto Gaia) e Dr. Pedro Portugal (Director do Hotel AC Porto), pela
amabilidade com que me receberam, pelo contributo valioso e por terem
abdicado do seu precioso tempo, na concessão das entrevistas realizadas no
pré-teste do questionário.

Aos directores dos hotéis, pela disponibilidade e colaboração no


preenchimento do questionário, sem as quais não teria sido possível
concretizar o estudo empírico.

Ao Doutor Luís Boavida-Portugal, Director do Departamento de


Empreendimentos e Actividades do Turismo de Portugal, I.P., pelo auxílio
prestado na obtenção da base de dados do inventário dos hotéis portugueses.

À Catarina Vieira, colega de mestrado, pelo seu apoio e estímulo dado nos
momentos menos áureos e pela sua amizade.

À minha família e amigos, que me deram do seu tempo, e em particular ao


meu marido, pelo seu apoio incondicional.
palavras-chave Práticas de gestão ambiental; determinantes; hotéis; Portugal

resumo As ameaças ambientais ao futuro da humanidade constituem-se como a maior


preocupação da sociedade moderna. Esta preocupação, que cresceu
significativamente nos anos 90, encorajou as empresas a adoptarem práticas
ambientais. Contudo, apesar da crescente literatura sobre como as indústrias
afectam o ambiente, pouca pesquisa se tem dedicado à resposta da indústria
hoteleira a este desafio. Este estudo foi realizado em Portugal, um destino
turístico importante, onde poucas investigações desta natureza foram
conduzidas anteriormente. Este estudo analisa as práticas ambientais de
hotéis portugueses e identifica os factores que determinam a implementação
de práticas de gestão ambiental pelo sector. Para alcançar estes objectivos, foi
enviado um questionário aos hotéis de Portugal Continental com endereço de
correio electrónico válido. Dos 512 questionários enviados por correio
electrónico, 161 foram devolvidos. Os resultados foram analisados recorrendo
a ferramentas de análise estatística descritiva e a testes estatísticos na
tentativa de inferir a existência de possíveis relações entre as variáveis de
teste. Os resultados sugerem que a maioria dos hotéis implementa medidas de
gestão ambiental, mas apenas cerca de quarenta por cento adoptam uma
política de gestão ambiental formal. A energia, a água e a gestão de resíduos
são as principais áreas de intervenção. Relativamente aos factores que
influenciam a implementação de práticas ambientais, concluiu-se que existe
uma associação entre a adopção de medidas de gestão ambiental e alguns
benefícios percepcionados, as pressões ambientais dos stakeholders,
orientações estratégicas, características dos hotéis e perfil do director. As
implicações dos resultados são discutidas e tecem-se recomendações sobre
futuros trabalhos de investigação, que permitam aprofundar o conhecimento
dos factores que influenciam a adopção de práticas ambientalmente
sustentáveis, por parte dos hotéis.
keywords Environmental management practices; determinants; hotels; Portugal

abstract Environmental threats to the future of humanity constitute a main concern of


the modern society, which grew significantly in the 1990´s, encouraging
businesses to address environmental practices. Notwithstanding the growing
body of the literature about how industries affect the environment, little
research has focused on hotel industry response to this challenge. This study
was carried out in Portugal, an important tourist destination, where few
investigations of this nature have been conducted before. This study analyses
the environmental practices of Portuguese hotels and identify the factors that
determine the employment of environmental management practices by this
industry. In order to achieve these objectives, a questionnaire was e-mailed to
all the mainland Portuguese hotels that had a working e-mail address. Of the
512 mailed questionnaires, 161 were returned. The answers were analysed
through descriptive statistics and the relations between relevant variables were
tested. The results suggest that most hotels implement environmental
management practices, but only about forty per cent adopt a written
environmental policy. Energy, water and solid waste management are the main
areas of intervention. In what concerns the determinants that influence the
implementation of environmental practices, it was found that there was an
association between the level of adoption of environmental practices and some
perceived benefits, environmental pressures from stakeholders, strategic
directives, organizational characteristics of the hotel and the profile of the hotel
manager. Implications of the findings are discussed and recommendations are
made to further investigate the reasoning behind the implementation of
environmentally sustainable practices, by hotels.
Índice

Lista de Figuras v

Lista de Tabelas viii

Nomenclatura, Abreviaturas e Acrónimos ix

1 Introdução 1
1.1 Problema de pesquisa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Relevância . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.3 Objectivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.3.1 Objectivo central . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.3.2 Objectivos especı́ficos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.4 Delimitação da pesquisa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.5 Estrutura da dissertação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

2 Turismo e Sustentabilidade 5
2.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2.2 Importância da actividade turı́stica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2.2.1 Descrição do sistema turı́stico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2.2.2 O turismo internacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2.2.3 O turismo em Portugal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
2.3 Impactes da actividade turı́stica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.4 Turismo sustentável . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
2.4.1 Conceitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
2.4.2 Princı́pios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.4.3 Objectivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.4.4 Modalidades de turismo sustentável . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.5 Estratégias para o desenvolvimento do turismo sustentável . . . . . . . . . . . . . . . 27
2.5.1 Relatório de Brundtland . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
2.5.2 Agenda 21 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
2.5.3 Declarações ou Cartas Internacionais e Códigos de Conduta . . . . . . . . . . 28
2.5.4 Iniciativas e medidas de instituições e organismos . . . . . . . . . . . . . . . . 31
2.5.5 Sistemas de certificação ambiental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
2.6 Emergência dos turistas ”verdes” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
2.7 Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

3 A Gestão Ambiental na Hotelaria 39


3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
3.2 Hotelaria e gestão ambiental: conceitos e caracterı́sticas . . . . . . . . . . . . . . . . 40
3.2.1 Hotelaria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
3.2.2 Hotéis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
ii Índice

3.2.3 Ambiente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
3.2.4 Gestão ambiental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
3.3 Relevância . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
3.3.1 Impactes ambientais decorrentes da actividade hoteleira . . . . . . . . . . . . 48
3.4 Situação actual da aplicação da gestão ambiental nas unidades hoteleiras . . . . . . 49
3.4.1 A nı́vel internacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
3.4.2 A nı́vel nacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
3.4.3 Exemplos de unidades de alojamento que adoptam boas práticas ambientais . 51
3.5 Implementação de estratégias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
3.5.1 Sistema de gestão ambiental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
3.5.2 Sistemas formais de certificação ambiental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
3.5.3 Outros sistemas de certificação e rótulos de qualidade ambiental . . . . . . . . 53
3.6 Práticas de gestão ambiental nos hotéis e factores que influenciam a sua adopção . . 54
3.6.1 Práticas de gestão ambiental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
3.6.2 Factores que influenciam a adopção de práticas de gestão ambiental . . . . . 65
3.7 Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76

4 Enquadramento do Estudo de Caso 79


4.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
4.2 A hotelaria nacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
4.2.1 Regulamentação dos empreendimentos turı́sticos . . . . . . . . . . . . . . . . 79
4.2.2 Evolução da oferta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
4.2.3 Evolução da procura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
4.3 Caracterização da oferta, da procura e da performance da população do estudo . . . 85
4.3.1 Oferta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
4.3.2 Procura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
4.3.3 Performance . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
4.4 Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91

5 Metodologia 93
5.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
5.2 Modelo de investigação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
5.2.1 Questões de investigação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
5.3 Métodos de recolha de dados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
5.3.1 População do estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
5.3.2 Instrumento de recolha de dados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
5.3.3 Administração do questionário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
5.3.4 Taxa e número de respostas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
5.4 Métodos de análise de dados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
5.5 Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107

6 Análise de Resultados 109


6.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
6.2 Análise do perfil da amostra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110
6.2.1 Caracterização dos hotéis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110
6.2.2 Caracterização dos directores dos hotéis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111
6.3 A gestão ambiental nos hotéis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113
6.3.1 Adopção de práticas de gestão ambiental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113
6.3.2 Factores que influenciam a adopção de práticas de gestão ambiental . . . . . 123
6.4 Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132
Índice iii

7 Conclusões 135
7.1 Conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135
7.2 Contribuições . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 140
7.3 Principais limitações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141
7.4 Propostas de investigação futura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141

Apêndices 151

A Medidas apresentadas no Relatório de Brundland 151

B Exemplos de Intervenções da Organização Mundial de Turismo 153


B.1 Intervenções mais recentes (conferências, seminários, workshops, etc.) que incidem
sobre a temática do turismo sustentável: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 153
B.2 Manuais sobre turismo sustentável: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 154

C Unidades hoteleiras portuguesas com certificações ambientais 155


C.1 Unidades hoteleiras com a certificação ambiental NP EN ISO 14001:2004 . . . . . . . 155
C.2 Unidades hoteleiras com o sistema EMAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 156
C.3 Unidades hoteleiras com o Rótulo Ecológico da União Europeia . . . . . . . . . . . . 156
C.4 Unidades hoteleiras com o diploma Chave Verde (Green Key) . . . . . . . . . . . . . . 156
C.5 Unidades hoteleiras com o certificado Eco-Hotel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 157

D Informação estatı́stica da hotelaria nacional 159

E Questionário 163
E.1 Versão inicial do questionário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 163
E.2 Versão final do questionário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 171

Anexos 201

F Carta ambiental da cadeia hoteleira Accor 201


iv Índice
Lista de Figuras

2.1 Sistema turı́stico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7


2.2 Critérios fundamentais em desenvolvimento sustentável . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

3.1 Organigrama funcional de um Hotel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42

4.1 Evolução dos estabelecimentos, segundo a sua tipologia, em Portugal, 1980-2009 . . 81


4.2 Evolução da capacidade de alojamento, segundo o tipo de estabelecimentos, em
Portugal, 1980-2009 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
4.3 Estabelecimentos, segundo a sua tipologia, em Portugal, em 2009 . . . . . . . . . . . 82
4.4 Capacidade de Alojamento, segundo o tipo de estabelecimentos, em Portugal, em 2009 83
4.5 Evolução do no de hóspedes, segundo o tipo de estabelecimentos, em Portugal,
1980-2009 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
4.6 Evolução do no de dormidas, segundo o tipo de estabelecimentos, em Portugal, 1980-
2009 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
4.7 Hotéis, segundo a categoria, por regiões (NUTS II) - Portugal Continental, 2009 . . . 86
4.8 Capacidade de Alojamento, segundo a categoria, por regiões (NUTS II) - Portugal
Continental, 2009 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
4.9 Hóspedes, segundo a categoria, por regiões (NUTS II) - Portugal Continental, 2009 . 88
4.10 Dormidas, segundo a categoria, por regiões (NUTS II) - Portugal Continental, 2009 . 88
4.11 Dormidas, segundo a categoria, por paı́ses de residência habitual - Portugal Conti-
nental, 2009 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
4.12 Estada média, segundo a categoria, por regiões (NUTS II) - Portugal Continental, 2009 89
4.13 Taxa média lı́quida de ocução-cama, segundo a categoria, por regiões (NUTS II) -
Portugal Continental, 2009 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90

5.1 Modelo de investigação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94


5.2 Diagrama de fluxo das perguntas do questionário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
5.3 Sistematização dos métodos de análise utilizados na identificação das PGA adopta-
das pelos hotéis e dos factores de adopção das mesmas . . . . . . . . . . . . . . . . 108

6.1 Diagrama do número de respostas sobre as iniciativas de gestão ambiental nos hotéis 113
6.2 Sistemas de certificação ambiental implementados pelos hotéis . . . . . . . . . . . . 114
vi Lista de Figuras
Lista de Tabelas

2.1 Impactes positivos do turismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10


2.2 Impactes negativos do turismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.3 Princı́pios da Agenda 21 para a Indústria de Viagens e Turismo . . . . . . . . . . . . . 29
2.4 Áreas prioritárias do programa de acção da Agenda 21 para a indústria de Viagens e
Turismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
2.5 Cronologia das iniciativas e declarações de turismo sustentável da OMT . . . . . . . . 32

3.1 Número de quartos em hotéis por paı́ses/regiões mundiais, em Agosto de 2010 . . . 46


3.2 Sistemas formais de certificação ambiental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
3.3 Outros sistemas de certificação e rótulos de qualidade ambiental . . . . . . . . . . . . 55
3.4 Principais práticas de gestão ambiental - Gestão do consumo energético . . . . . . . 57
3.5 Principais práticas de gestão ambiental - Gestão do consumo de água . . . . . . . . . 58
3.6 Principais práticas de gestão ambiental - Gestão de resı́duos sólidos . . . . . . . . . . 60
3.7 Principais práticas de gestão ambiental - Gestão de materiais perigosos e Gestão de
efluentes e emissões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
3.8 Principais práticas de gestão ambiental - Gestão do ambiente interior, Gestão do
ambiente exterior e biodiversidade e Polı́tica de transportes orientada pelo ambiente . 63
3.9 Principais práticas de gestão ambiental - Polı́tica de compras orientada pelo ambiente
e Comunicação ambiental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
3.10 Principais benefı́cios relacionados com a implementação de PGA . . . . . . . . . . . 68
3.11 Caracterı́sticas dos Hotéis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
3.12 Perfil dos Gestores Hoteleiros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
3.13 Outros factores que influenciam a adopção de PGA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
3.14 Constrangimentos à adopção de PGA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76

4.1 Tipologias e Classificação dos Empreendimentos Turı́sticos . . . . . . . . . . . . . . . 80


4.2 Número médio de colaboradores por unidade de alojamento - Portugal Continental,
2009 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
4.3 REVPAR, segundo a categoria, por regiões (NUTS II) - Portugal Continental, 2009 . . 91

5.1 Questões principais da investigação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95


5.2 Definição da população de estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
5.3 Objectivos do Questionário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
5.4 Caracterização da população final, da amostra e taxa de resposta . . . . . . . . . . . 105
5.5 Definição da amostra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105

6.1 Caracterização dos hotéis quanto à tipologia, categoria e localização . . . . . . . . . 111


6.2 Caracterização dos hotéis quanto à dimensão, antiguidade e tipo de mercado . . . . . 111
6.3 Caracterização dos directores dos hotéis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112
6.4 Tempo de experiência como director de hotel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112
6.5 Classificação da importância das áreas de gestão ambiental . . . . . . . . . . . . . . 115
viii Lista de Tabelas

6.6 Práticas de gestão do consumo energético, adoptadas pelos hotéis inquiridos . . . . 116
6.7 Práticas de gestão do consumo de água, adoptadas pelos hotéis inquiridos . . . . . . 116
6.8 Práticas de gestão de resı́duos sólidos, adoptadas pelos hotéis inquiridos . . . . . . . 117
6.9 Práticas de gestão de materiais perigosos, adoptadas pelos hotéis inquiridos . . . . . 117
6.10 Práticas de gestão de efluentes e emissões, adoptadas pelos hotéis inquiridos . . . . 118
6.11 Práticas de gestão do ambiente interior, adoptadas pelos hotéis inquiridos . . . . . . 118
6.12 Práticas de gestão do ambiente exterior e biodiversidade, adoptadas pelos hotéis
inquiridos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119
6.13 Práticas relacionadas com a polı́tica de compras orientada pelo ambiente, adoptadas
pelos hotéis inquiridos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119
6.14 Práticas relacionadas com a comunicação ambiental, adoptadas pelos hotéis inquiridos120
6.15 Indicador do nı́vel de implementação de PGA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 120
6.16 Áreas de actuação das PGA, em hotéis com polı́tica formal de gestão ambiental e
hotéis sem polı́tica formal de gestão ambiental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121
6.17 Resultados obtidos da aplicação do teste T para a variável IP GA , a amostras diferen-
ciadas pela existência da polı́tica formal de gestão ambiental . . . . . . . . . . . . . . 122
6.18 Áreas de actuação das PGA, em hotéis com sistema de certificação ambiental e
hotéis sem certificação ambiental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122
6.19 Resultados obtidos da aplicação do teste T para a variável IP GA , em amostras dife-
renciadas pela implementação de sistemas de certificação ambiental . . . . . . . . . 123
6.20 Classificação do grau de concordância/importância/probabilidade dos factores que
influenciam a adopção de PGA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124
6.21 Coeficiente de correlação de Pearson para os diversos factores que influenciam a
adopção de PGA e o indicador IP GA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125
6.22 Classificação da importância dos constrangimentos que constituem um entrave à
adopção de práticas de gestão ambiental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 128
6.23 Resultados obtidos da aplicação do teste T para a variável IP GA , em amostras dife-
renciadas pela tipologia do hotel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 128
6.24 Resultados obtidos da aplicação do teste T para a variável IP GA , em amostras dife-
renciadas pela categoria do hotel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129
6.25 Resultados obtidos da aplicação do teste F ( One-way ANOVA) para a variável IP GA ,
em amostras diferenciadas pela localização do hotel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130
6.26 Resultados obtidos da aplicação do teste F ( One-way ANOVA) para a variável IP GA ,
em amostras diferenciadas pela idade do director . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130
6.27 Resultados obtidos da aplicação do teste T para a variável IP GA , em amostras dife-
renciadas pelo sexo do director . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130
6.28 Resultados obtidos da aplicação do teste T para a variável IP GA , em amostras dife-
renciadas pela formação académica do director . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131
6.29 Resultados obtidos da aplicação do teste T para a variável IP GA , em amostras dife-
renciadas pela formação profissional do director em Direcção Hoteleira . . . . . . . . 131
6.30 Resultados obtidos da aplicação do teste T para a variável IP GA , em amostras dife-
renciadas pela formação profissional do director em Gestão Ambiental . . . . . . . . . 132

D.1 Estabelecimentos, segundo a sua tipologia, em Portugal, 1980-2009 . . . . . . . . . . 159


D.2 Capacidade de alojamento, segundo o tipo de estabelecimentos, em Portugal, 1980-
2009 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 160
D.3 Hóspedes, segundo o tipo de estabelecimentos, em Portugal, 1980-2009 . . . . . . . 160
D.4 Dormidas, segundo o tipo de estabelecimentos, em Portugal, 1980-2009 . . . . . . . 161
D.5 Hotéis, segundo a categoria, por regiões (NUTS II) - Portugal Continental, 2009 . . . 161
D.6 Capacidade de alojamento, segundo a categoria, por regiões (NUTS II) - Portugal
Continental, 2009 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 161
Nomenclatura, Abreviaturas e
Acrónimos

ABAE Associação Bandeira Azul da Europa


AP Área Protegida
APCER Associação Portuguesa de Certificação
AVAC Aquecimento, Ventilação e Ar Condicionado
BR Brasil
CAST Caribbean Action For Sustainable Tourism
CSV Comma Separated Values (formato de ficheiro electrónico de dados separados por vı́rgulas)
DE Alemanha
DGE Direcção-Geral da Empresa
EMAS Eco-Management and Audit Scheme (Sistema Comunitário de Ecogestão e Auditoria)
EN European Norm (Norma Europeia)
ENDS Estratégia Nacional de Desenvolvimento Sustentável
ES Espanha
EU European Union (União Europeia)
FEE Foundation for Environmental Education
FR França
GTBS Green Tourism Business Scheme
IHG InterContinental Hotels Group
IHEI Internacional Hotels Environment Iniciative
INE Instituto Nacional de Estatı́stica
IP Instituto Português
IPAC Instituto Português de Acreditação
IPGA Indicador do nı́vel de implementação de Práticas de Gestão Ambiental
ISO International Organization for Standardization (Organização Internacional de Normalização)
x Nomenclatura, Abreviaturas e Acrónimos

IT Itália
ITP International Tourism Partnership

K-S Kolmogorov-Smirnov
LiderA Liderar pelo Ambiente (certificado do Sistema Português de Avaliação da Sustentabilidade)

MICE Meetings, Incentives, Conferences & Exhibitions


NP Norma Portuguesa

NUTS Nomenclaturas das Unidades Territoriais para fins Estatı́sticos


OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico

OG Organização Governamental
ONG Organização Não-Governamental

ONU Organização das Nações Unidas


OMT Organização Mundial de Turismo

PENT Plano Estratégico Nacional de Turismo


PGA Práticas de Gestão Ambiental

PIB Produto Interno Bruto

PIBpm Produto Interno Bruto a preços de mercado


PME’s Pequenas e Médias Empresas

PNUA Programa das Nações Unidas para o Ambiente


PT Portugal

RAM Região Autónoma da Madeira


REVPAR Revenue Per Available Room (Rendimento por quarto disponı́vel)

SGA Sistema de Gestão Ambiental


SPSS Statistical Package for the Social Sciences

UK Reino Unido
UNESCO United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (Organização das Na-
ções Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura)
UNEP United Nations Environment Programme (Programa das Nações Unidas para o Ambiente)

WBCSD World Business Council for Sustainable Development (Conselho Empresarial para o De-
senvolvimento Sustentável)

WCED World Commission on Environment and Development (Comissão Mundial para o Ambiente
e Desenvolvimento)

WTTC World Travel & Tourism Council (Conselho Mundial de Viagens e Turismo)
Capı́tulo 1

Introdução

1.1 Problema de pesquisa

A gestão ambiental na indústria hoteleira constitui a questão nuclear deste estudo, no qual se tenta
pesquisar as práticas de gestão ambiental implementadas pelos hotéis e identificar os factores que
influenciam os gestores na adopção dessas práticas.

1.2 Relevância

A temática da sustentabilidade está na ordem do dia. A par do desenvolvimento económico, surge


a preocupação com a protecção ambiental, a responsabilidade social e as alterações climáticas. No
que ao meio ambiente diz respeito, existem cada vez mais acções, medidas e normas para aumen-
tar e melhorar a sua protecção. Também se verifica que estas acções são de carácter voluntário,
quer a nı́vel pessoal, quer a nı́vel das organizações do sector público e privado.

As empresas têm demonstrado interesse pelas questões ambientais. Este reconhecimento não
advém apenas da relevância da crescente escassez de recursos naturais, das consequências ne-
fastas da poluição, das alterações climáticas e do desequilı́brio dos ecossistemas. As medidas de
protecção ambiental surgem, também, por uma questão de regulamentação, de optimização de
custos, e devido à exigência dos diferentes stakeholders, desde investidores, a clientes, colabo-
radores, etc. Surgem, igualmente, por razões éticas e altruı́stas, e de melhoria da imagem das
próprias instituições (Tzschentke et al. 2004). A inclusão da responsabilidade social e da protecção
ambiental nos valores das empresas é cada vez mais frequente.

As questões ambientais têm produzido fortes alterações na actividade humana. Desde o mercado
de carbono à eco-eficiência, a gestão ambiental é assumida como um aspecto a não descurar
pela maioria dos sectores. A resposta da arquitectura contemporânea, com propostas cada vez
mais ecológicas dos edifı́cios, a Norma da Sustentabilidade Garantida para produtos de agricultura
sustentável, as iniciativas de várias empresas, como a BCSD Portugal - Conselho Empresarial para
2 Introdução

o Desenvolvimento Sustentável, os diversos sistemas de gestão ambiental, como a NP 1 EN 2 ISO 3


14001 e o EMAS 4 , bem como os inúmeros rótulos de qualidade ambiental, como o Rótulo Ecológico
da União Europeia e Chave Verde, são exemplos concretos da preocupação com o meio ambiente.

O Turismo, a par dos outros sectores de actividade económica, tem revelado uma crescente preo-
cupação com o ambiente. Para além disso, é uma indústria fortemente dependente da qualidade
dos recursos naturais e da qualidade ambiental (Partidário 1999, Knowles et al. 1999). Como se
trata de um sector em expansão, é ainda mais premente a necessidade da protecção ambiental, na
indústria turı́stica em geral, e na hotelaria em particular.

A indústria turı́stica constitui-se como um dos sectores mais relevantes para a actividade económi-
ca, estando presente em praticamente todos os paı́ses. Como tal, a sustentabilidade da actividade
é um pré-requisito para o melhor aproveitamento do potencial turı́stico (Lima 2006).

A sensibilização e consciencialização ambiental dos turistas tem sido uma das preocupações dos
agentes turı́sticos, desde operadores, transportadores, a hoteleiros. A redução da pegada ambi-
ental nas férias e o aumento do benefı́cio das populações locais são questões que começam a
assumir um lugar de destaque. Por este motivo, cada vez mais surgem rótulos “verdes” nos produ-
tos turı́sticos, pois é uma forma de atrair clientes (Bohdanowicz 2005).

A gestão ambiental nos hotéis é um passo importante para alcançar a sustentabilidade do turismo
e contribuir para um desenvolvimento sustentável (Kirk 1995, Knowles et al. 1999). É um tema que
assume cada vez mais pertinência, principalmente quando se analisam os impactes gerados no
ambiente pelo conjunto das empresas do sector (Tzschentke et al. 2008).

Diversos estudos demonstram que going green tem sido uma prática comum nas empresas turı́sti-
cas, principalmente nas unidades hoteleiras (Kirk 1995, Stabler & Brian 1997, Kirk 1998, Knowles
1998, Knowles et al. 1999, Enz & Siguaw 1999, Gil et al. 2001, Enz & Siguaw 2003, Tzschentke et
al. 2004, Bohdanowicz 2005, 2006a,b, Le et al. 2006, Lima 2006, Tzschentke et al. 2008, Turismo
de Portugal, IP 2008, Viegas 2008). Os hotéis têm adoptado, desde 1990, algumas iniciativas vo-
luntárias com o intuito de demonstrar o seu compromisso para com o desenvolvimento sustentável
e para ganharem vantagens competitivas, mas também porque têm sido alvo de pressões para
melhorar o seu desempenho ambiental (Kirk 1998).

Os movimentos “verdes” começaram a ser valorizados e reconhecidos na indústria hoteleira (Boh-


danowicz 2005). A adopção de medidas de protecção ambiental regulamentadas está a aumentar e
a ser encorajada em todo o mundo. As associações de turismo e hotelaria, tais como as empresas
hoteleiras, têm desenvolvido linhas orientadoras, programas de formação para defesa do ambiente
e publicitam as estratégias e medidas adoptadas em diversos estudos de caso.

1.3 Objectivos

1.3.1 Objectivo central

O principal objectivo do presente estudo prende-se com a análise da adopção de práticas de gestão
ambiental nos hotéis e a identificação dos factores que influenciam essa adopção.
1 Norma Portuguesa (NP)
2 European Norm (EN)
3 ISO: International Organization for Standardization
4 EMAS: acrónimo de Eco-Management and Audit Scheme - Sistema Comunitário de Eco-Gestão e Auditoria
Introdução 3

1.3.2 Objectivos especı́ficos

Este trabalho pretende também apresentar uma reflexão sobre a importância do desenvolvimento
sustentável da indústria turı́stica, salientado a necessidade da gestão da actividade turı́stica em
geral, e a gestão hoteleira em particular, incorporar as melhores práticas de protecção ambiental.
Para tal, estabeleceram-se os seguintes objectivos especı́ficos:

1. compreender qual a situação actual, no que concerne à gestão ambiental nos hotéis;

2. criar um quadro de referência, com base no estado da arte, que identifique as práticas de
gestão ambiental nos hotéis e os factores que influenciam a adopção dessas medidas;

3. avaliar, através de um estudo de caso, a aplicação do quadro de referência desenvolvido nos


hotéis de Portugal.

1.4 Delimitação da pesquisa

O desenvolvimento metodológico do trabalho revelou a necessidade de proceder à revisão da li-


teratura, permitindo definir o âmbito da investigação com mais rigor. Numa primeira abordagem,
definiu-se como temática o desenvolvimento sustentável do turismo. A reflexão preliminar sobre
esta problemática revelou a necessidade de delimitar a pesquisa à gestão ambiental, focalizando
especificamente a hotelaria.

1.5 Estrutura da dissertação

De forma a atingir os objectivos propostos, as matérias da dissertação estão divididas em duas


partes, repartindo-se em sete capı́tulos.
A primeira parte, onde é feito o enquadramento teórico, engloba três capı́tulos: a Introdução, o
Turismo e Sustentabilidade e a Gestão Ambiental na Hotelaria.
Na segunda parte é apresentado o estudo de caso, que apresenta a seguinte estrutura: Enquadra-
mento do Estudo de Caso, Metodologia, Análise de Resultados e Conclusão.
O presente capı́tulo apresenta o problema de pesquisa, a relevância do tema, a delimitação da
investigação, os objectivos definidos e a estrutura desta dissertação, tentando alinhar as ideias para
uma melhor compreensão.
O capı́tulo 2 inicia a discussão sobre turismo e sustentabilidade, apresentando conceitos relati-
vos à temática do desenvolvimento sustentável do turismo, explicando a importância da actividade
turı́stica e os seus impactes, assim como os princı́pios, objectivos e modalidades de turismo sus-
tentável. Identificam-se algumas das estratégias que têm vindo a ser adoptadas para alcançar estes
objectivos, bem como as iniciativas e medidas de diversas instituições e organismos, quer a nı́vel in-
ternacional, quer a nı́vel nacional. O capı́tulo encerra com a discussão sobre a alteração de valores
e motivações dos turistas, cada vez mais exigentes em matéria de qualidade ambiental, salientando
o aparecimento de um novo segmento de mercado e a necessidade da oferta turı́stica, em particular
as unidades hoteleiras, saber satisfazer a procura de empresas ambientalmente mais responsáveis.
O capı́tulo 3, que versa sobre o tema central da dissertação - a gestão ambiental na hotelaria -
fundamenta a necessidade do sector hoteleiro adoptar as melhores práticas no que a esta matéria
4 Introdução

diz respeito. Assim, após o breve esclarecimento de conceitos relacionados com a hotelaria, o am-
biente e a gestão ambiental, apresenta-se uma descrição da estrutura organizacional mais comum
nos hotéis, assim como algumas caracterı́sticas técnicas. Seguidamente, explica-se a relevância
da gestão ambiental na hotelaria, pelo facto de ser a principal componente da oferta turı́stica, pelas
perspectivas de crescimento do sector e pelos impactes gerados no meio ambiente. É feita uma
apreciação sobre a situação actual da aplicação da gestão ambiental nas unidades hoteleiras e uma
exposição das estratégias que podem ser implementadas, como os sistemas formais de certificação
ambiental e os rótulos de reconhecimento da qualidade ambiental. Posteriormente, com base na
revisão da literatura, identificam-se as práticas de gestão ambiental mais comuns que são imple-
mentadas em unidades hoteleiras, os factores que influenciam os gestores na sua adopção, bem
como os constrangimentos que se constituem como um obstáculo à sua implementação. Desta
forma, elaborou-se um quadro de referência no intuito de ser aplicado na investigação empı́rica da
dissertação.
O capı́tulo 4 faz o enquadramento do estudo de caso. Para tal, apresenta-se uma descrição da
evolução da actividade hoteleira nacional durante as últimas três décadas, em termos de oferta e
procura. Também se descreve a regulamentação, tipologias e classificação dos empreendimentos
turı́sticos. Para uma melhor contextualização da população do estudo, apresentam-se os dados
relativos à actividade hoteleira em 2009, caracterizando a oferta, a procura e a performance dos
hotéis de Portugal Continental.
No capı́tulo 5 é efectuada uma descrição da metodologia proposta para o estudo de caso. O de-
senvolvimento metodológico do trabalho revelou a necessidade de elaborar um modelo de análise
que permitisse conhecer quais as práticas de gestão ambiental adoptadas pelos hotéis portugue-
ses e o seu nı́vel de implementação; identificar os factores que influenciam os gestores na adopção
de medidas de gestão ambiental, assim como os constrangimentos para as não adoptarem. Face
a estes objectivos, foi concebido um instrumento de recolha de dados capaz de produzir todas
as informações adequadas para responder às questões da investigação. Assim, foi elaborado um
inquérito por questionário que engloba todas as questões da investigação. O questionário foi admi-
nistrado de forma indirecta, tendo sido enviado a todos os directores de hotel de Portugal Continen-
tal, por correio electrónico. No tratamento dos dados foram utilizados diversos métodos de análise
estatı́stica univariada e análise estatı́stica bivariada.
O capı́tulo 6 descreve a análise dos resultados obtidos na aplicação do inquérito por questionário
aos hotéis portugueses. Principia com a análise do perfil da amostra, através da caracterização
dos hotéis e dos directores dos hotéis inquiridos, prosseguindo com a análise dos dados relativos
à gestão ambiental. Esta análise divide-se entre a adopção de práticas de gestão ambiental e os
factores que exercem influência na implementação destas práticas.
No capı́tulo 7, tecem-se as conclusões emergentes do trabalho realizado e efectua-se uma dis-
cussão sobre pesquisas futuras que possam contribuir para melhorar ou completar o presente es-
tudo.
Capı́tulo 2

Turismo e Sustentabilidade

2.1 Introdução

O turismo é considerado uma das maiores indústrias, sendo responsável por inúmeras alterações
a nı́vel ambiental, económico, social e cultural. A sua actividade está fortemente depende da qua-
lidade ambiental, pelo que o turismo desempenha um papel fundamental na preservação do meio
ambiente, podendo contribuir para a degradação dos destinos ou para a sua conservação. Pe-
rante esta realidade, nesta dissertação, considerou-se pertinente dar mais ênfase à componente
ambiental do desenvolvimento sustentável do turismo, realçando assim, numa primeira análise, a
relevância da presente investigação.

No intuito de melhor integrar a temática do presente trabalho, o capı́tulo inicia com algumas defini-
ções conceptuais sobre turismo, explicando de forma sumária a complexidade do sistema turı́stico,
a importância da actividade turı́stica para a economia mundial e nacional.

Na segunda secção expõem-se os impactes resultantes do turismo, do ponto de vista fı́sico, econó-
mico, social e cultural. Na sequência dos efeitos menos desejáveis que decorrem da actividade
turı́stica, surge o desafio para que esta se desenvolva de uma forma sustentável. Neste sen-
tido, apresentam-se conceitos de desenvolvimento do turismo sustentável, assim como os seus
princı́pios e objectivos, justificando a crescente importância que a sustentabilidade assume no de-
senvolvimento turı́stico. Também se descrevem algumas modalidades de turismo, como forma de
um desenvolvimento turı́stico mais sustentável.

Na secção quatro analisam-se algumas das estratégias que têm vindo a ser adoptadas para um
desenvolvimento sustentável do turismo, onde se apresentam as principais iniciativas e medidas de
instituições e organismos, quer a nı́vel internacional, quer a nı́vel nacional.

A última secção salienta a necessidade da actividade turı́stica saber dar resposta às motivações do
“novo“ turista, pelo que se tenta encontrar evidências empı́ricas sobre a existência de um novo seg-
mento de mercado, em que os consumidores se revelam mais exigentes relativamente à protecção
e qualidade ambiental dos destinos, produtos e serviços turı́sticos.
6 Turismo e Sustentabilidade

2.2 Importância da actividade turı́stica

2.2.1 Descrição do sistema turı́stico

O turismo 1 é uma actividade multifacetada e complexa, pois estabelece inter-relações e interde-


pendências, influencia e é influenciada pela maioria das actividades humanas. Esta actividade
tem um carácter multidisciplinar e multi-funcional pelo facto de integrar, entre outros, aspectos
económicos, polı́ticos, socioculturais, geográficos e ambientais.
O turismo é, então, uma actividade económica que integra múltiplos sectores, que se relaciona com
todos os organismos produtivos da economia e que é composta por um grande leque de instituições.
Por este motivo, a abordagem sistémica é uma das mais adequadas, pelo que a expressão ”sistema
turı́stico” começou a ser recorrente. Leiper (1979), citado por Eusébio (2006), apresenta uma abor-
dagem interdisciplinar do fenómeno turı́stico, em que todos os seus elementos estão relacionados,
interagindo entre si, mas interagindo, igualmente, com o ambiente externo. Segundo o autor, citado
por Eusébio (2006), este sistema turı́stico compreende três elementos fundamentais: os turistas
(representam a procura); a “indústria de turismo“ (representa a oferta); e o elemento geográfico
(constituı́do pela região de origem, região de trânsito e região de destino).
Apesar da relevância da abordagem de Leiper, nesta dissertação, optou-se pela abordagem de
Inskeep (1998), para ilustrar o sistema do turismo (figura 2.1), que tem como base a procura e a
oferta turı́stica. A procura compreende, quer os mercados turı́sticos existentes, quer os potenciais,
assim como os domésticos e internacionais, cuja diversidade de interesses e motivações é muito
vasta. No lado da oferta, figura o desenvolvimento de atractivos e actividades turı́sticas, transportes,
alojamento, outras infra-estruturas e serviços turı́sticos, e a promoção turı́stica, que constituem o
”produto turı́stico”.
Por ”produto turı́stico” entende-se, segundo Cunha (1997) (p.154) ”o conjunto dos elementos que,
podendo ser comercializado, directa ou indirectamente, motiva as deslocações, gerando uma pro-
cura”.
A combinação dos mercados turı́sticos com o produto turı́stico é fundamental para um desenvolvi-
mento turı́stico próspero. O produto turı́stico determina, em parte, o tipo de mercados turı́sticos que
podem ser captados e deverá corresponder às expectativas desses mercados. Essa combinação
deverá ser planeada e monitorizada com a finalidade de cumprir os objectivos de um desenvolvi-
mento turı́stico equilibrado e durável.

2.2.2 O turismo internacional

Do ponto de vista económico, é inegável a importância do turismo a nı́vel mundial: o turismo é


um dos maiores sectores da economia global e contribui significativamente para o desenvolvimento
económico de diversas regiões e paı́ses do mundo.
Os dados facultados pelo Barómetro da Organização Mundial de Turismo (OMT) registaram, em
2007, cerca de 903 milhões de chegadas turı́sticas internacionais, tendo atingido uma taxa anual
de crescimento sustentada (cerca de 6%). O crescimento contı́nuo do turismo internacional es-
teve relacionado com uma economia global muito forte. Os mercados emergentes e as economias
em desenvolvimento registaram, nesse ano, um crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) consi-
derável. O contributo do turismo para o PIB atingiu 9,6% e a taxa de empregabilidade 7,9%, em
termos mundiais (World Tourism Organization UNWTO/OMT 2007).
1 Definição
de turismo apresentada pela Organização Mundial de Turismo (1991): “O turismo compreende as actividades
desenvolvidas por pessoas ao longo das viagens e estadas em locais situados fora do seu enquadramento habitual por um
perı́odo consecutivo que não ultrapasse um ano, para fins recreativos, de negócios e outros.“, citado por Cunha (1997) (p.9).
Turismo e Sustentabilidade 7

Grupos de mercados
turísticos domésticos
e internacionais

Atractivos e actividades
turísticas

Transportes Alojamento
Ambiente natural,
cultural e
socioeconómico
Outras Outros
infra−estruturas serviços
turísticos

Elementos
Institucionais

Utilização dos atractivos


turísticos e das suas
infra−estruturas pelos residentes

Fonte: Inskeep (1998)

Figura 2.1: Sistema turı́stico

A indústria turı́stica sofreu um abalo profundo devido à instabilidade económica e ao inı́cio da crise
financeira internacional, à semelhança de outros sectores, e o crescimento sustentado dos últimos
anos foi contrariado pela redução no ritmo de crescimento, em 2008, e pela contracção da actividade
em 2009. Mesmo assim, as chegadas de turistas internacionais atingiram, no ano de 2008, 922
milhões em todo o mundo, o que correspondeu um crescimento de 2% relativamente a 2007 (World
Tourism Organization UNWTO/OMT 2010c).
Mas a recessão económica internacional de 2009, a mais grave desde a II Guerra Mundial - que
originou a quebra de confiança da maioria dos agentes económicos e dos consumidores, o au-
mento da taxa de desemprego, piores condições salariais, a redução do acesso ao crédito, a par
da pandemia da Gripe A - afectou claramente a actividade turı́stica mundial. Em 2009, apenas se
registaram 880 milhões de chegadas de turistas internacionais a nı́vel mundial, traduzindo-se num
decréscimo de 39 milhões face a 2008. Esta retracção representa uma quebra homóloga de 4,2%,
invertendo, deste modo, a tendência de crescimento das chegadas de turistas internacionais que se
verificou entre 2004 e 2008, perı́odo que tinha registado uma taxa média de crescimento anual de
4,8%. Relativamente às receitas, o decréscimo é ainda mais acentuado, representando um declı́nio
de 5,7% (INE 2010, World Tourism Organization UNWTO/OMT 2010d).
O Secretário-Geral da OMT anunciou, em Janeiro de 2010, uma evolução positiva de cerca de 3-4%
nas chegadas turı́sticas internacionais para este ano, fundamentando esta previsão na tendência
da recuperação de 2% verificada no último trimestre, relativamente aos primeiros três trimestres de
2009. Esta previsão de 3-4% de crescimento foi novamente referida em finais de Junho de 2010
pela World Tourism Organization UNWTO/OMT (2010d).
Mesmo com o actual abrandamento da actividade turı́stica, a OMT mantém a previsão de cerca de
1,6 biliões de chegadas de turistas internacionais por volta do ano 2020, com a Europa a manter
8 Turismo e Sustentabilidade

a liderança como destino turı́stico, apontando para aproximadamente 717 milhões de turistas, para
esta grande região do mundo (World Tourism Organization UNWTO/OMT 2010b).

2.2.3 O turismo em Portugal

O turismo internacional representa uma das principais exportações de Portugal. De acordo com a
OMT, registaram-se cerca de 12,3 milhões de chegadas internacionais em 2007 (últimos dados dis-
ponı́veis para Portugal), o que representa cerca de 2,54% do mercado Europeu e 1,37% do mercado
mundial, ocupando a 20a posição em termos mundiais (World Tourism Organization UNWTO/OMT
2010c).

O cenário de crise económica internacional também se fez sentir no nosso paı́s, com consequências
inevitáveis para a actividade turı́stica nacional. O volume de receitas do turismo em Portugal atingiu,
em 2009, os 6 918 milhões de euros (dados provisórios), o que representa um decréscimo de 522
milhões de euros relativamente a 2008, traduzindo-se numa variação negativa de 7%. As despesas
turı́sticas atingiram 2 712 milhões de euros em 2008, pelo que o saldo da balança turı́stica foi
positivo, com 4 206 milhões de euros. Mesmo assim, e fazendo uma análise mais abrangente em
termos temporais, verifica-se que, de 2000 a 2009, as receitas turı́sticas cresceram em média 2,1%
por ano e as despesas turı́sticas 1,2%, o que se traduz numa evolução positiva do saldo da balança
turı́stica, com um aumento médio de 2,8% (INE 2010).

A importância do consumo turı́stico interior no PIBpm (Produto Interno Bruto a preços de mercado)
registou, em 2008, uma taxa de 10,4% (dados preliminares). Os dados previsionais para 2009
apontam para uma descida de 1,7%, estimando-se uma taxa de 10,1% (INE 2010).

Apesar destes decréscimos, o turismo é considerado um dos sectores estratégicos, a nı́vel nacio-
nal, dada a sua importância para a economia portuguesa: contribui para a cobertura do défice da
balança comercial do paı́s, para o aumento das receitas externas e para o combate ao desemprego.

As previsões apontam para um crescimento, em 2015, de 5% no número de turistas, o que se


traduz em cerca de 20 milhões de turistas e 9% nas receitas, ultrapassando os 15 000 milhões de
Euros. Pretende-se, de acordo com o Plano Estratégico Nacional de Turismo (PENT), que o turismo
represente, em 2015, mais de 15% do PIB e 15% do emprego nacional (Ministério da Economia e
da Inovação n.d.).

Portugal, em particular, oferece vantagens competitivas. O nosso clima, os recursos naturais, a


segurança, hospitalidade, história, cultura e tradição são, entre outros, elementos que nos distin-
guem de outros destinos turı́sticos.

No entanto, o crescente desenvolvimento do turismo, os impactes e os potenciais problemas decor-


rentes desta actividade representam um motivo de grande preocupação, tanto do foro ambiental,
como social, cultural, económico e polı́tico (Saarinen 2006).

Diversos autores defendem que o sucesso do turismo depende fortemente dos recursos naturais e
da sua qualidade ambiental e, por isso, desempenha um papel fundamental na preservação do am-
biente (Tzschentke et al. 2008, Manning & Dougherty 1995). Cunha (2003) reforça esta ideia, afir-
mando que um dos factores crı́ticos de sucesso do turismo é a atractividade dos recursos turı́sticos,
tais como o património natural, histórico e cultural. Saber preservar e valorizar os recursos natu-
rais é uma mais-valia para alcançar o sucesso num ambiente de competição crescente na indústria
turı́stica.
Turismo e Sustentabilidade 9

2.3 Impactes da actividade turı́stica

O turismo, como qualquer actividade humana, gera impactes.Segundo a World Tourism Organiza-
tion UNWTO/OMT (2009), o turismo é responsável por 5% das emissões de dióxido de carbono.
A estreita relação entre o turismo e o meio ambiente explica os diversos impactes ambientais de-
correntes da actividade turı́stica. Estes efeitos não se fazem sentir apenas no ambiente fı́sico, mas
também a nı́vel social, cultural, económico, polı́tico, etc. Apesar dos impactes poderem ser extrema-
mente amplos, são normalmente divididos em 3 categorias: fı́sica ou ambiental, socioeconómica, e
cultural. Mas, na realidade, estas categorias sobrepõem-se e as alterações podem ocorrer nas três
em simultâneo (Jafari 2000).
Os efeitos do turismo podem também ser categorizados em impactes positivos e negativos. É de
salientar que estes efeitos se fazem sentir não só nos destinos turı́sticos e na população autóctone,
mas também nos turistas e nos respectivos paı́ses de origem. Geoffrey Wall, citado por Jafari
(2000), põe a tónica nesta questão, explicando que as discussões sobre os impactes da actividade
turı́stica focam predominantemente as alterações que ocorrem nas áreas de destino, em detrimento
das modificações que o turismo origina nos turistas e nas comunidades dos paı́ses de origem ou
nas comunidades anfitriãs.
McKercher (1993) apresenta algumas “realidades estruturais” ou “verdades fundamentais” sobre
turismo, que, segundo o autor, explicam o facto de se sentirem efeitos adversos deste sector, inde-
pendentemente do tipo de actividade turı́stica. Essas “verdades fundamentais” são:

1. o turismo, enquanto actividade industrial, consome recursos, gera desperdı́cios e tem neces-
sidades especı́ficas em termos de infra-estruturas;
2. o turismo é um grande consumidor de recursos;
3. o turismo, sendo uma indústria dependente de recursos, tem de competir por recursos escas-
sos para garantir a sua sobrevivência;
4. o turismo é uma indústria dominada pelo sector privado, cujos investimentos e decisões se
baseiam, predominantemente, na maximização do lucro;
5. o turismo é uma indústria multifacetada, e como tal, quase impossı́vel de controlar;
6. os turistas são consumidores e não antropólogos;
7. turismo é sinónimo de entretenimento;
8. o turismo, ao contrário de outros sectores, gera receitas através da importação de clientes,
em vez de exportar os seus produtos.

Neste último aspecto reside uma caracterı́stica fundamental da indústria turı́stica, que a diferencia
das demais, pois o local de “produção” e “consumo” dos produtos turı́sticos é o mesmo, o que
acarreta grandes consequências para as áreas de destino e para as populações anfitriãs.
O turismo tem, deste modo, impactes de diversas naturezas. Do ponto de vista económico, o turismo
traz receitas para as populações locais, mas sob a perspectiva ecológica, representa uma ameaça
para os ambientes sensı́veis. Habitualmente, os impactes económicos, como por exemplo, a criação
de emprego e as receitas, são encarados como desejáveis, enquanto os impactes ambientais e
sociais, tais como as alterações da paisagem e a propagação de doenças, têm uma conotação
negativa (Jafari 2000).
A maioria da literatura sobre turismo sustentável apenas realça os impactes negativos no meio
ambiente, salientando os exemplos mais extremos causados pelo “turismo de massas“. Middleton
10 Turismo e Sustentabilidade

Tabela 2.1: Impactes positivos do turismo


Fı́sicos
• Constitui um argumento de longo prazo para a protecção, preservação e valorização dos recursos naturais
e construı́dos, incluindo a protecção da biodiversidade.
• Permite o acesso a standards de qualidade para recursos ambientais de renome internacional.
• Estimula a melhoria da qualidade do ambiente fı́sico disponı́vel à população residente.
• Fornece uma justificação económica e meios para a renovação de ambientes tradicionais degradados ou
em desuso, tais como por exemplo, a recuperação de caminhos de ferro para comboios turı́sticos, armazéns e
caves de vinho, reconvertidos em hotéis, como se pode verificar em diversos projectos hoteleiros de Vila Nova
de Gaia.

Sociais/Económicos
• Cria mais valias económicas e gera mercados para ambientes naturais ou edificados que, de outra forma,
poderiam não ter um contributo económico para a população residente.
• Gera receitas que podem ser utilizadas na conservação de espaços naturais ou outro património.
• Cria emprego e oportunidades para pequenas empresas.
• Estimula novas actividades económicas de suporte à indústria turı́stica, como por exemplo a exploração de
spas.
• Contribui para o aumento do nı́vel de vida da população local, especialmente quando gera divisa estrangeira e
impostos sobre receitas que, de outra forma, não seriam obtidos.
• Fomenta a criação de empresas no ramo da restauração, desportos recreativos, animação cultural e meios de
transporte no local, e geralmente melhora a qualidade de vida dos autóctones.

Culturais
• Apoia e ajuda à criação e promoção de eventos musicais, teatro e outras artes performativas.
• Propicia o aparecimento de um mercado para o artesanato e produtos locais.
• Defende e salienta as tradições culturais de cada local, e ajuda a preservar e a realçar a identidade e tipicidade
locais.
• Favorece a fruição do meio ambiente, actuando como meio de demonstração e divulgação dos valores ambi-
entais, quer para visitantes, quer para residentes.

Fonte: Middleton & Hawkins (1998), traduzido e adaptado.

& Hawkins (1998) explicam quais são os impactes decorrentes da actividade turı́stica, agrupando-
-os em função dos efeitos positivos e negativos que originam, e em função do tipo de impacte, se
são de natureza fı́sica, social/económica ou cultural. As tabelas 2.1 e 2.2 resumem os impactes
positivos e negativos da actividade turı́stica, respectivamente.

Saarinen (2006) refere que o aumento destes impactes nas áreas de destino deram origem a uma
série de problemas - o que gerou a necessidade de criar alternativas - e ao desenvolvimento, planea-
mento e implementação de polı́ticas e medidas de protecção do ambiente e da população residente.

Diversas têm sido as iniciativas para minimizar os impactes decorrentes do crescimento da indústria
turı́stica, melhorar a atractividade dos destinos, tentando cumprir os objectivos de sustentabilidade
ambientais, sociais e económicos.

O desenvolvimento sustentável e o turismo sustentável, expressões que ultimamente têm sido tão
utilizadas e banalizadas, são tratados na secção seguinte, para melhor enquadrar a temática deste
trabalho.
Turismo e Sustentabilidade 11

Tabela 2.2: Impactes negativos do turismo


Fı́sicos
• Deteriora espaços naturais com a construção de infra-estruturas turı́sticas, tais como resorts, aeroportos,
marinas, entre outras.
• A pressão do desenvolvimento desenfreado e o número excessivo de visitantes deterioram e prejudicam
os ambientes frágeis, quer sejam naturais, quer sejam construı́dos, desde recifes de corais, a resorts de esqui
alpino, catedrais ou locais classificados como património mundial, tais como o centro histórico do Porto.
• Provoca congestionamento e filas, originando a perda de habitats da vida selvagem e a deterioração de
ecossistemas.
• Gera resı́duos sólidos, esgotos, ruı́do, emissões e utilização de produtos quı́micos e poluentes para a
manutenção da paisagem, campos de golfe, lavandarias e transporte de visitantes.
• Conduz à uniformização pouco estética dos edifı́cios e da paisagem urbana, desrespeitando a traça arqui-
tectónica.
• A afectação de recursos e infra-estruturas, tais como a água e a paisagem para utilização turı́stica é
privilegiada, em detrimento das necessidades da população residente.

Sociais/Económicos
• Comercializa espaços naturais e edificados para gerar lucros que são desviados do local do destino, não
beneficiando a população residente.
• Os cargos de gestão são assumidos habitualmente por trabalhadores não residentes, aos quais são oferecidos
postos de trabalho pouco atractivos e de baixa remuneração.
• Os proveitos económicos são desviados dos locais do destino, através da importação de materiais e de
alimentação e bebidas, situação esta que é exacerbada pela imposição de métodos empresariais ocidentais
muito divergentes dos das comunidades locais dos paı́ses em desenvolvimento.
• O turismo favorece o aparecimento de um mercado para a prática da prostituição, e é associado ao consumo
de estupefacientes e à criminalidade.
• Introduz valores morais, dos paı́ses ditos desenvolvidos, nas comunidades locais, originando ambição, in-
dolência, violência e criminalidade.
• Reduz a qualidade do estilo de vida tradicional pela introdução de uma indústria estranha, dominante e invasiva,
que é imposta e controlada por entidades externas à comunidade.
• Gera tensão e animosidade entre visitantes e residentes.

Culturais
• Mitiga a arte e as tradições culturais da população local, destruindo as suas crenças originais e transformando-
as em eventos encenados artificiais, com fins lucrativos.
• Mitiga, e até pode destruir, a identidade original e as tradições das comunidades locais.
• Propaga a destruição ambiental, através dos exemplos de má conduta.

Fonte: Middleton & Hawkins (1998), traduzido e adaptado.


12 Turismo e Sustentabilidade

2.4 Turismo sustentável

2.4.1 Conceitos

O conceito de sustentabilidade não é novo, mas, até aqui, surgia habitualmente no âmbito da bio-
logia e da ecologia. O desenvolvimento sustentável tornou-se um tema central desde que se reco-
nheceu que o crescimento económico desregulamentado constitui uma ameaça ao meio ambiente
(Stabler & Brian 1997).
Este conceito tem assumido, ultimamente, uma importância crescente, pelo facto da dimensão
transgeracional desempenhar um papel cada vez mais relevante. As preocupações e receios com
a escassez de recursos têm influenciado e alterado a vida humana: surgem novas tendências as-
sociadas à sustentabilidade, nomeadamente nos hábitos de consumo.
Actualmente, o termo sustentabilidade faz parte do discurso polı́tico moderno (Mowforth & Munt
1998).
Devido à relevância deste assunto, nesta dissertação, antes de escalpelizar a temática do turismo
sustentável, esclarecem-se conceitos e aspectos relacionados com o desenvolvimento sustentável.
O desenvolvimento sustentável, supõe, antes de mais, desenvolver sem destruir. Embora os termos
“desenvolvimento“ e “sustentabilidade“ pareçam antagónicos, e que os seus objectivos entrem em
conflito, é possı́vel conciliar a melhoria da qualidade ambiental e garantir a melhoria do nı́vel de vida
da maioria da população.
Em 1987 foi publicado o Relatório de Brundtland, resultante do trabalho da Comissão Mundial para
o Ambiente e Desenvolvimento (WCED), nomeada pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Neste trabalho utilizou-se pela primeira vez o termo ”desenvolvimento sustentável“ (Magalhães et al.
1997). No relatório da WCED (1987), citado por Magalhães et al. (1997) (p.1), o desenvolvimento
sustentável é definido como ”o desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente, sem
comprometer as das gerações futuras“, visando um equilı́brio dinâmico.
A Conferência sobre Ambiente e Desenvolvimento das Nações Unidas, realizada no Rio de Janeiro,
em 1992, utilizou também o termo ”sustentabilidade“ na definição de orientações genéricas de de-
senvolvimento ecológico, social e económico da Agenda 21 2 . Desde então, o conceito começou a
ser utilizado por muitas organizações responsáveis pelo desenvolvimento de polı́ticas de turismo,
tais como a Organização Mundial de Turismo e o Conselho Mundial de Viagens e Turismo, de entre
outras (Baumgartner 2001).
O desenvolvimento sustentável não é um estado de equilı́brio estático, mas antes um processo de
mudança através do qual a exploração de recursos, a administração de investimentos, a orientação
do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional são consistentes com as necessidades
futuras, mas também com as actuais (Jafari 2000).
Este equilı́brio obtém-se através da compatibilização de critérios fundamentais em desenvolvimento
sustentável, encontrando-se ilustrados na figura 2.2.
À imagem do desenvolvimento sustentável, a comunidade académica e os especialistas criaram o
termo “turismo sustentável” (Stabler & Brian 1997). Estes autores explicam também que é evidente
que, nem o conceito de desenvolvimento sustentável, nem o de turismo sustentável são compreen-
didos pela maioria das pessoas do mundo empresarial.
Mesmo no seio académico, o conceito “turismo sustentável“ tem suscitado polémica e fortes crı́ticas.
Alguns investigadores preferem utilizar a expressão ”desenvolvimento sustentável do turismo“, como
2 Dada a relevância desta temática, esta será objecto de uma análise mais detalhada na secção 2.5.2.
Turismo e Sustentabilidade 13

ECONOMIA
SOCIEDADE
Produção de
Qualidade de vida
bens e serviços

Equidade Eficiência

Política de
Desenvolvimento
de Recursos

Biodiversidade

AMBIENTE
Conservação da Natureza

Fonte:Partidário (1999)

Figura 2.2: Critérios fundamentais em desenvolvimento sustentável

explica Saarinen (2006), defendendo que a abordagem não se deve centrar apenas no turismo
quando se planeiam estratégias, desenvolvem práticas e avaliam necessidades. Outro dos proble-
mas da definição do conceito está relacionado com a natureza ideológica (Mowforth & Munt 1998)
e holı́stica da sustentabilidade, principalmente as suas escalas espaciais e temporais. Neste sen-
tido, Gössling, citado por Saarinen (2006), argumenta que o turismo é um sistema baseado na
deslocação de pessoas, bens, capitais, ideias, entre outros, envolvendo as regiões de origem, de
destino e as regiões de trânsito. Por isso, defende que a análise não deve focar apenas as áreas
de destino; a abordagem tem de ser a nı́vel global e não local, como tem sido prática no desenvol-
vimento do turismo sustentável. A World Tourism Organization UNWTO/OMT (1998) põe a tónica
neste aspecto, salientando que a gestão do turismo afecta as condições dos destinos e as comu-
nidades anfitriãs, assim como, a uma escala mais global, o futuro dos ecossistemas, das regiões e
das nações.
Não obstante a divergência de opiniões, a importância e a necessidade de definição do conceito
é evidenciada pelas variadı́ssimas discussões do meio cientı́fico, do qual têm resultado inúmeras
publicações com análises e estudos sobre esta temática. Neste sentido, apresentam-se alguns
conceitos de turismo sustentável, de acordo com a revisão bibliográfica:
R. Butler, citado por Partidário (1998) (p.82), apresentou já, em 1993, a seguinte definição:

o turismo que se desenvolve e mantém numa área (ambiente e comunidade) de tal forma
e a uma tal escala que garante a sua viabilidade por um perı́odo indefinido de tempo,
sem degradar ou alterar o ambiente (humano ou fı́sico) em que existe e sem pôr em
causa o desenvolvimento e bem-estar de outras actividades e processos.

A OMT apresentou uma definição conceptual (World Tourism Organization UNWTO/OMT 1998,
14 Turismo e Sustentabilidade

p.21):

o desenvolvimento do turismo sustentável vai de encontro às necessidades dos turis-


tas e das regiões receptoras no presente, ao mesmo tempo que protege e assegura
as mesmas oportunidades para o futuro. É visto como um condutor à gestão de todos
os recursos, de tal forma que as necessidades económicas, sociais e estéticas pos-
sam ser satisfeitas sem desprezar a manutenção da integridade cultural, dos processos
ecológicos essenciais, da biodiversidade e de todos os sistemas de suporte à vida.

Partidário (1998) (p.81-82) refere que:

é um conceito que procura conciliar os objectivos económicos do desenvolvimento tu-


rı́stico com a manutenção da base de recursos indispensáveis à sua existência. As
caracterı́sticas naturais e culturais de uma região, bem como, na maioria dos casos, as
suas caracterı́sticas sociais e comunitárias, representam a oferta potencial do território
que o desenvolvimento turı́stico procura. Assim sendo, a actividade turı́stica só pode ser
eficiente e viável, num médio e longo prazo, se garantir que os recursos de que depende
vão ser mantidos e mesmo melhorados.

Saarinen (2006) defende que o turismo sustentável deve resultar em desenvolvimentos capazes
de sustentar a qualidade ambiental dos destinos, a qualidade das experiências dos turistas, e os
sistemas sociais e culturais da população autóctone.
Do ponto de vista académico, o turismo sustentável é uma nova área de estudo do turismo, que foi
criada por necessidade de adaptação após o surgimento do termo “sustentabilidade” (Mowforth &
Munt 1998).
O conceito de turismo sustentável ainda está em evolução. Existem abordagens mais filosóficas,
que salientam a necessidade da relação harmoniosa entre os turistas e as comunidades locais, ou
até utópicas, como sendo mais um desejo para o futuro do que um plano sólido para o presente.
Outras surgem com um carácter mais polı́tico, em que se responsabiliza o governo pela tomada de
decisões relacionadas com o planeamento e desenvolvimento do sector turı́stico, que se traduz no
sucesso da implementação dos princı́pios do desenvolvimento sustentável.
Para muitos profissionais da indústria turı́stica, turismo sustentável é sinónimo de “turismo viável”,
do ponto de vista económico e financeiro; interpretação esta que se reflecte na contı́nua deterio-
ração dos recursos naturais. Esta atitude e perspectiva do turismo sustentável é reforçada pelo
governo e organismos turı́sticos, que encaram o turismo, na maioria das vezes, como um motor de
desenvolvimento económico e gerador de receitas (Stabler & Brian 1997). De acordo com Tisdell,
citado por Lima (2003), a competitividade para atrair investimento estrangeiro em projectos de de-
senvolvimento turı́stico origina, por vezes, alguma falta de rigor por parte do poder polı́tico em fazer
cumprir os requisitos ambientais necessários à aprovação desses investimentos. Esta é, como ex-
plica Saarinen (2006), uma visão tradicionalista, baseada na actividade, cujo objectivo passa por
sustentar o capital económico investido no turismo, de forma a garantir o desenvolvimento presente
e futuro da indústria turı́stica.
Muitos utilizam o termo “sustentabilidade“ indevidamente ou no intuito de tornar mais “verde“ as
actividades turı́sticas que promovem, de forma a melhorar a sua imagem perante os consumidores
com consciência ambiental e a aumentar os seus lucros. ”Sustentabilidade” ou ”sustentável“ são
palavras que surgem assim associadas a inúmeros rótulos e descrições, chegando por vezes a
serem confundidas com uma nova forma de turismo (Mowforth & Munt 1998).
Stabler & Brian (1997) defendem que a sustentabilidade deve ser a pedra basilar do desenvolvi-
mento da actividade turı́stica, uma vez que o ambiente natural constitui a sua base de recurso
Turismo e Sustentabilidade 15

principal. Manning & Dougherty (1995) reforçam esta ideia, ao afirmar que o sucesso do turismo
depende da qualidade do ambiente natural e humano, e que as preferências dos turistas são forte-
mente influenciadas pelo contexto cultural e natural dos locais de destino.
Dada a dependência do turismo dos recursos naturais, é necessário pensar em alternativas, planear
e implementar medidas que promovam um desenvolvimento sustentável. Todos os intervenientes
do sector turı́stico deveriam reter esta ideia. A regulamentação ambiental, a geração de receitas e
a redução de custos não devem constituir as únicas motivações para adoptar medidas de protecção
ambiental.
Para concluir, o turismo sustentável é sinónimo de turismo que represente um contributo positivo
para o desenvolvimento sustentável, que respeite os seus princı́pios e cumpra os seus objectivos.
Apresentam-se de seguida estes princı́pios e objectivos.

2.4.2 Princı́pios

Os princı́pios que regem o desenvolvimento sustentável e as práticas de gestão sustentável do tu-


rismo são aplicáveis a todas as formas de turismo, todos os tipos de destino, incluindo o turismo de
massas e os diversos mercados turı́sticos. Os princı́pios de sustentabilidade referem-se aos aspec-
tos ambientais, económicos e socioculturais do desenvolvimento do turismo. Para garantir a longo
prazo a sustentabilidade deste último, é necessário alcançar o equilı́brio entre estes três aspectos.
Segundo a World Tourism Organization UNWTO/OMT (2004), o turismo sustentável deverá:

1. explorar, de maneira óptima, os recursos do ambiente, visto que estes revelam ser um ele-
mento-chave da valorização turı́stica, preservando os processos ecológicos essenciais, a bio-
diversidade, permitindo salvaguardar os recursos naturais, reduzindo o sobre-consumo e o
desperdı́cio;

2. respeitar a integridade sociocultural das comunidades locais e estimular o seu envolvimento,


conservar a sua autenticidade cultural e os seus valores tradicionais, contribuir para a com-
preensão e a tolerância intercultural;

3. garantir uma actividade económica viável a longo prazo, que proporcione, de forma equitativa,
a todos os actores envolvidos, as vantagens socioeconómicas, nomeadamente, emprego, be-
nefı́cios e serviços sociais para as comunidades anfitriãs, contribuindo assim para a redução
da pobreza;

4. assegurar aos turistas uma experiência de elevada qualidade e fazê-los tomar mais cons-
ciência dos problemas de sustentabilidade, sensibilizando-os e incentivando, entre eles, as
práticas adoptadas.

2.4.3 Objectivos

Objectivos ambientais

Qualquer tipo de desenvolvimento causa alterações no ambiente. E este, como já se mencionou,
desempenha um papel vital para a actividade turı́stica, pelo que as suas condições influenciam,
de forma positiva ou negativa, a evolução do turismo. Por esse motivo, nos últimos anos, sempre
que se discutem matérias relacionadas com turismo e ambiente, ouve-se falar de objectivos de
sustentabilidade ambiental. Neste contexto, de acordo com Partidário (1998) (p.79), o conceito de
sustentabilidade ambiental é utilizado ”...para exprimir a existência de uma relação inequı́voca e
16 Turismo e Sustentabilidade

biunı́voca entre a actividade turı́stica e o capital de recursos naturais, com objectivos de geração de
experiências e de elevada qualidade para o utilizador”.

O turismo, com o seu grau de internacionalização, tornou-se numa das actividades com maior ex-
pressão a nı́vel das transacções mundiais e afigura-se um elemento essencial na estratégia de
desenvolvimento. Mas o equilı́brio entre ambiente e desenvolvimento é difı́cil de gerir no domı́nio
da actividade turı́stica, porque esta representa um consumo significativo de água potável, ener-
gia, matérias-primas, bens, serviços, etc. A relação que o turismo estabelece com o ambiente é,
por conseguinte, conflituosa; relação esta que assume um carácter ainda mais relevante, se pen-
sarmos que o turismo continua em expansão e que a dispersão, a nı́vel mundial, da oferta e da
procura turı́sticas, tem sido causadora de efeitos ambientais diversos, nomeadamente impactes
paisagı́sticos, fı́sicos e ecológicos.

A resolução deste conflito passa por uma actuação diferente e pela adopção de medidas preventivas
e integradas de gestão ambiental. Partidário (1998) (p.80) explica que, no domı́nio do desenvolvi-
mento turı́stico, a gestão ambiental pode oferecer actualmente um leque alargado de medidas cujos
principais objectivos são:

• evitar os impactes ambientais [negativos] decorrentes da actividade turı́stica;

• utilizar e igualmente proteger a base de recursos que suporta a própria actividade


turı́stica;

• possibilitar ao utilizador turı́stico uma experiência de elevada qualidade;

• garantir simultaneamente a eficiência ambiental e a eficácia económica das inicia-


tivas de desenvolvimento turı́stico.

O turismo, do ponto de vista ambiental, pode ser também gerador de impactes positivos, pois as van-
tagens económicas poderão originar, através de sinergias, impactes positivos no ambiente fı́sico-
social. O binómio turismo/ambiente pode, efectivamente, gerar iniciativas de qualidade. Sobre este
assunto, Filipe (1995) (p.138) refere que ”... o turismo, como actividade supletiva na polı́tica do am-
biente, contribuindo para a utilização prudente e racional dos recursos, pode ajustar-se a objectivos
de conservação, protecção, salvaguarda e melhoria da qualidade do ambiente.”

Seguidamente apresentam-se, segundo Ceballos-Lascuráin, citado por Inskeep (1998), uma lista
com directrizes para a melhoria da relação do turismo com o meio ambiente:
Turismo e Sustentabilidade 17

1. Incorporar considerações ambientais nos planos de desenvolvimento turı́stico, principal-


mente no que diz respeito à qualidade do ar e da água, conservação do solo, protecção
do património natural e cultural, e qualidade das povoações humanas.

2. Basear os objectivos do turismo na capacidade de carga dos locais e na sua sustentabili-


dade ambiental, para além de os tornar compatı́veis com o desenvolvimento regional, as
preocupações sociais e o ordenamento do território.
3. Fundamentar as decisões em informações disponı́veis referentes às suas implicações am-
bientais. A avaliação do impacte ambiental deve ser aplicada aos grandes desenvolvi-
mentos propostos, para avaliar os danos no meio ambiente, à luz do crescimento turı́stico
previsto e da procura máxima. Devem ser considerados locais alternativos para o de-
senvolvimento, tendo em conta os limites do local e a sua capacidade de carga. Essa
capacidade abrange factores fı́sicos, ecológicos, sociais, culturais e psicológicos.

4. Definir e implementar medidas ambientais adequadas a todos os nı́veis de planeamento,


prestando uma atenção especial à procura máxima, ao sistema de esgotos, ao tratamento
de resı́duos sólidos, à poluição sonora e ao controlo da densidade de tráfego. Nas zonas
mais ameaçadas, devem-se formular e implementar programas abrangentes.

5. Aplicar sistemas de incentivo, tanto ao sector público como ao privado, de forma a esten-
der a procura no tempo e no espaço, com a finalidade de atingir um maior aproveitamento
dos meios de alojamento turı́stico.
6. Recorrer ao poder regulador para limitar o desenvolvimento em áreas sensı́veis e redigir
legislação que proteja os ambientes singulares, ameaçados e sensı́veis.
7. Promover esforços gerais, por parte da indústria turı́stica e de viagens, para evitar a
degradação ambiental, recusando-se a participar nas seguintes práticas:
• despejo de esgotos não-tratados no mar ou nos rios;
• pesca não-sustentável, incluindo a que utiliza explosivos, linhas de pesca compridas
e pesca de baleias;
• utilização de explosivos em corais e recolha destes;
• silvicultura não-sustentável, abate de árvores tropicais e desflorestação;
• métodos de construção não-sustentáveis;
• instalação de centrais de energia nuclear próximas de áreas turı́sticas;
• instalação de rotas de navegação para petroleiros perto de áreas balneares;
• utilização contı́nua de CFC a
8. Conceder apoio financeiro, com investimentos complementares, através de campanhas
para:
• esforços por parte dos governos e de organizações não-governamentais (ONG), no
sentido de proteger o meio ambiente;
• medidas para reduzir as emissões de centrais de energia eléctrica e das fábricas;
• instalação de equipamento de retenção de óleo e limpeza, em posições estratégicas,
para combater o derramamento de óleo;
• negociações directas com representantes dos povos autóctones, antes de assumir
qualquer desenvolvimento que possa afectar a sua terra e o seu modo de vida.
a CFC: abreviatura de clorofluorcarboneto.
18 Turismo e Sustentabilidade

Objectivos socioeconómicos

O desenvolvimento do turismo sustentável assenta nos pilares da renovação económica, social e


cultural que favoreça a comunidade e o seu ambiente.

O turismo, por ser uma actividade que pode contribuir de forma positiva para o desenvolvimento
socioeconómico e cultural, ou contribuir negativamente para a degradação do ambiente e perda da
autenticidade da população e cultura local, reveste-se de um carácter de ambivalência. Por isso,
Richards & Hall (2001) defendem que sem uma comunidade sustentável, não é possı́vel um desen-
volvimento do turismo sustentável. As comunidades anfitriãs são um recurso primário importante
para o turismo, pois a sua existência num determinado local representa um atractivo para os turis-
tas e justifica o desenvolvimento da actividade turı́stica em si, e o turismo deve contribuir para a
renovação do orgulho cultural dessas populações. Para Cunha (1997), a diversidade cultural deve
ser reconhecida no contexto da sociedade global como uma força do turismo.

O desejo de experimentar o modo de vida da população local, a curiosidade em consumir/adquirir


produtos regionais, o conhecimento do património cultural constituem motivações básicas para um
turista viajar para um destino especı́fico. Baptista (1997) (p.37) afirma que:

Mais que o ambiente fı́sico, o que caracteriza a “diferença“ cada vez mais procurada
pelos turistas culturalmente mais exigentes, é a imagem concebida e memorizada de
história, património, cultura erudita, hábitos, tradições, artesanato, gastronomia tı́pica,
festas, romarias, danças e cantares, etc.

O intercâmbio de culturas entre os habitantes locais e os turistas é um aspecto sensı́vel, porque o


turismo é apontado como responsável pela criação de impactes socioculturais negativos, principal-
mente em comunidades pequenas e mais conservadoras. De facto, podem verificar-se situações
de ”colisão cultural”, da qual decorrem diferentes resultados.

Baptista (1997) expõe que a relação entre os turistas e a população anfitriã pode resultar em:

• acomodação ou tolerância, onde os visitantes e os visitados coexistem pacificamente;

• segregação, que se percepciona pela distância social entre turistas e populações anfitriãs ou
separação, em que se evitam contactos ou os turistas estão confinados a áreas turı́sticas
especiais, como ”guetos” turı́sticos;

• rejeição dos turistas por parte das populações anfitriãs (através de comportamentos antipáti-
cos e de descortesia) e vice-versa (os turistas ridicularizarem o modo de vida, o vocabulário e
o sotaque, os costumes locais);

• dispersão, quando os turistas e as populações anfitriãs se adaptam aos elementos culturais


da outra.

Para que a colisão cultural dê lugar à inclusão, é fundamental que os projectos de desenvolvimento
tenham em conta a ”personalidade cultural” de cada região/localidade. Relativamente a este as-
pecto, importa referir que o respeito pelos valores da cada povo deve ser incutido aos turistas,
pois o sistema de valores que temos actualmente conduz ao abandono das regras de conduta do
passado, das normas sociais e dos padrões tradicionais.

Mas o turismo não é o único actor responsável pela alteração de comportamentos das comunidades
locais. Qualquer actividade humana e qualquer tipo de desenvolvimento origina impactes.
Turismo e Sustentabilidade 19

É inquestionável que os modelos de desenvolvimento sustentável devam incluir as comunidades


no processo de desenvolvimento, facultando-lhes a oportunidade de se pronunciarem e partici-
parem no processo de definição de objectivos e implementação de procedimentos que evitem a
degradação ambiental, conservem o património arquitectónico e cultural, defendam os valores e
a autenticidade da região e dos seus produtos. A questão que se levanta, de acordo com Ri-
chards & Hall (2001), é que o próprio conceito de comunidade é problemático. “Que comunidade?
Como se define em termos espaciais/sociais/económicos? Quem, dentro da comunidade, beneficia
da actividade turı́stica?” (Richards & Hall 2001, p.1). A natureza da comunidade em si também
está a mudar. As populações estão expostas a influências externas: a facilidade dos meios de
comunicação, informação e transporte têm obviamente efeitos positivos e negativos. O aumento da
mobilidade social e geográfica, fruto da globalização, está a modificar a composição e a estrutura
das comunidades. A estrutura das populações locais encerram em si problemas e soluções na
esfera do desenvolvimento sustentável.
O facto dos turistas viajarem para conhecerem e experimentarem o modo de vida das comunidades
anfitriãs, reitera a importância dos locais de destino e das suas populações. Algumas das comuni-
dades estão a explorar, deliberadamente, a suas caracterı́sticas multiculturais com fins de promoção
turı́stica. Este aspecto pode constituir uma ameaça à diferenciação, que se revela essencial ao tu-
rismo (Richards & Hall 2001). As comunidades que souberem preservar e cultivar a sua identidade
e os seus valores apresentam mais-valias para a competição, cada vez maior, no turismo. Por outro
lado, o turismo deve apostar na defesa e valorização, de entre outros, do património cultural.
Sobre este assunto, Cunha (1997) (p.199) refere o seguinte:

Desde sempre, a utilização, pelas empresas, dos bens públicos necessários à sua ac-
tividade (património natural, cultural, sobretudo) foi entendido como um bem gratuito e
inesgotável (...) que concorre para a valorização da sua exploração, mas que não é
custo desta. A noção de sustentabilidade do turismo obriga, porém, a que estes bens
também devam ser assimilados a um investimento cuja perenidade e valorização tem de
ser assegurada na tripla perspectiva de garantia do bem-estar do turista, da protecção e
valorização do património e da defesa da competitividade das empresas.

O desenvolvimento do turismo tem de ser competitivo, tem de ser suficientemente rentável para ser
sustentável. A importância do turismo como factor de desenvolvimento económico é inegável: a
reanimação de economias locais; a criação e qualificação de emprego, a fixação ou atracção de
populações; a consolidação de espaços; a formação de ambientes mais acolhedores.
O turismo gera impactes socioeconómicos positivos, mas, para que haja sustentabilidade socioeco-
nómica, as vantagens económicas do turismo deverão contemplar a população local, de forma a
melhorar o seu nı́vel de vida e bem-estar. Isto implica, por exemplo:

• empregar mão-de-obra local;

• promover programas de formação técnica;

• estabelecer fortes vı́nculos com outras actividades económicas da região (construção, agri-
cultura, pesca, etc);

• consumir bens e serviços locais;

• potenciar a criação de serviços de utilidade pública;

• melhorar as infra-estruturas locais e torná-las acessı́veis à população local;

• conservar a paisagem natural e construı́da;


20 Turismo e Sustentabilidade

• preservar o património cultural.

O desenvolvimento turı́stico deverá também ser gradual e planeado, para evitar a especulação de
preços das propriedades, a criação de distorções na economia e nos empregos, a repulsa dos
turistas por parte da população local e desequilı́brios sociais.

Inskeep (1998) (p.112) refere, a este respeito, que:

(...) o turismo pode gerar distorções na economia e no emprego, se estiver concentrado


apenas em alguns lugares (..) da área de destino, ou se atrair pessoas de outras ac-
tividades, como da agricultura. A dependência excessiva do turismo numa área pode
resultar no declı́nio de outras actividades económicas e no desequilı́brio da economia.
(...) A superlotação dos atractivos e dos locais de interesse pode aborrecer os residentes
que não consigam desfrutar desses pontos.

Outro aspecto a não descurar são os problemas sociais da localidade (alcoolismo, uso de estupefa-
cientes, prostituição, crime); apesar do turismo raramente ser a principal causa desses problemas,
pode agravá-los. Para além disso, é preciso avaliar a capacidade dos serviços de alojamento,
pois caso haja um aumento exponencial, obriga a recorrer a mão-de-obra externa, o que origina
implicações sociais que podem ter custos elevados. É preciso assumir que a procura não pode
ser satisfeita pelo crescimento sem limites. Deste modo, torna-se necessário adoptar um desen-
volvimento seguro que, embora mais lento, evitará desequilı́brios, cuja recuperação posterior gera
custos geralmente muito elevados e, na maioria das vezes, insuperáveis.

A sustentabilidade económica também passa pelo aumento das despesas e do tempo de per-
manência dos turistas. Para tal, é necessário:

• expandir o número e a variedade de atractivos turı́sticos e actividades no local;

• melhorar as informações turı́sticas sobre património natural, histórico e cultural, incluindo rotas
de passeios e actividades disponı́veis;

• proporcionar mais oportunidades de comércio local, através da produção de uma maior varie-
dade de artesanato e produtos especı́ficos da localidade.

Apresentam-se alguns exemplos de medidas para reforçar os impactes socioeconómicos positivos


e atenuar os negativos (Inskeep 1998):
Turismo e Sustentabilidade 21

1. Manter a autenticidade da dança, da música, das peças dramáticas e de outras artes


performativas, e do artesanato em áreas tradicionais, através de programas de formação
e controlo de qualidade.
2. Assegurar aos residentes um acesso aos atractivos turı́sticos com preços aceitáveis,
através de técnicas especı́ficas: oferecer bilhetes de entrada com preços mais baixos
e acesso gratuito a residentes (em determinados dias), acesso gratuito a estudantes, jo-
vens e grupos de pessoas com idade mais avançada; proporcionar o acesso público às
praias.

3. Organizar a utilização do visitante e aplicar medidas de controlo para evitar a sobre-lotação


dos atractivos turı́sticos.

4. Oferecer alojamento aos residentes, a preços mais económicos ou subsidiados, se o nı́vel


de vida local for baixo.

5. Educar os residentes em relação ao turismo (promovendo programas de


consciencialização pública) e os turistas relativamente aos costumes locais (código
de comportamento do turista).

6. Projectar hotéis e outras infra-estruturas turı́sticas que reflictam os estilos arquitectónicos


locais para os integrar no ambiente cultural do local.

7. Atrair, através de técnicas de marketing selectivas, segmentos de mercado que respeitem


o meio ambiente local e as suas tradições culturais e queiram aprender mais sobre ele.

8. Aplicar medidas de controlo rigoroso em relação ao tráfico e uso de estupefacientes, ao


crime e prostituição, principalmente infantil, no caso desses problemas existirem ou virem
a ser verificados na área. Alertar os turistas para não visitarem áreas nas quais os ı́ndices
de criminalidade sejam elevados.

9. Desenvolver mercados artesanais em áreas turı́sticas, de forma a controlar vendedores,


para não importunarem os turistas e a evitar o comércio ambulante.

Resumindo, o desenvolvimento do turismo tem de ser planeado de uma forma e a uma escala
apropriadas ao meio ambiente e à comunidade local, introduzindo-se o conceito de capacidade de
carga social 3 .

2.4.4 Modalidades de turismo sustentável

Como se mencionou anteriormente, turismo sustentável não é uma nova modalidade de turismo,
mas algumas novas formas de turismo apresentam caracterı́sticas que obedecem aos princı́pios da
sustentabilidade.
O fenómeno do turismo de massas desencadeou uma série de problemas, que foram largamente
evidenciados e publicitados ao longo dos anos (Mowforth & Munt 1998), e como consequência, foi
fortemente criticado pelos inúmeros impactes negativos, já mencionados na tabela 2.2. Segundo
Fennell (1999), o ênfase desta problemática esteve relacionado com o surgimento da investigação
em turismo nos anos 80, exigindo novas formas de desenvolvimento da actividade turı́stica, ou seja,
alternativas mais benéficas que o turismo de massas, do ponto de vista social e ambiental.
Surge, assim, a necessidade de reorientar a actividade turı́stica, de construir um “novo” turismo
e de garantir que a indústria consiga desempenhar um papel vital para sustentar uma economia
3 Cunha (1997) (p.196) define capacidade de carga social como ”o nı́vel de tolerância da população local à presença e

comportamento dos turistas na área de destino, ou seja, o nı́vel a partir do qual se verificam impactes sociais adversos.”
22 Turismo e Sustentabilidade

frágil, dependente do turismo. A preservação dos recursos naturais é um dos grandes desafios que
a indústria enfrenta. Devido aos impactes que o turismo origina, existe já uma grande preocupação
nos destinos turı́sticos, conduzindo a uma reorientação na forma de desenvolvimento da indústria.
A tendência emergente é para que o desenvolvimento do sector turı́stico seja mais planeado, mo-
nitorizado, avaliado e mais cuidadoso. Os destinos turı́sticos estão a apercebe-se que têm de dar
prioridade ao ambiente (Poon 1993). De acordo com esta autora, existem três princı́pios fundamen-
tais a respeitar para esta prioridade:

1. construir um turismo responsável: controlar a capacidade; desenvolver o turismo com digni-


dade; planear o sector turı́stico;

2. incentivar uma cultura de protecção: desenvolver campanhas sensibilizadoras entre a popu-


lação local, bem como com os turistas; encorajar a imprensa e os grupos de pressão a tomar
acções adequadas; liderar pelo exemplo;

3. desenvolver um objectivo ambiental: solucionar problemas ambientais e exportar soluções;


explorar nichos do ecoturismo; mover-se através do ecoturismo.

Outros autores defendem o turismo alternativo como solução ao desenvolvimento do turismo de-
senfreado. Segundo Krippendorf (1982), citado por Fennell (1999), a filosofia subjacente ao tu-
rismo alternativo teve como objectivo assegurar que as polı́ticas turı́sticas privilegiassem o ambi-
ente e as necessidades da população local, em vez de se concentrarem apenas nas necessidades
económicas e técnicas. Com esta nova abordagem, os recursos naturais e culturais passaram para
primeiro plano no planeamento e desenvolvimento da actividade turı́stica.
O turismo alternativo é assim definido por Fennell (1999) (p.9) como “formas de turismo que de-
fendem uma abordagem oposta ao convencional turismo de massas“ e como um termo genérico
que engloba uma panóplia de estratégias turı́sticas (tais como turismo ”adequado“, ”eco“, ”suave“,
”responsável“, ”controlado“, ”de pequena escala“, ”verde“).
A partir daqui, prolifera uma variedade de conceitos sobre novos tipos ou modalidades de turismo:
“turismo de natureza”, ”turismo de aventura”, ”turismo rural”, ”turismo selvagem”, ”turismo cultural”,
”turismo verde”, de entre outros. A lista da terminologia é grande e tem gerado muita confusão,
também pelo facto de, constantemente, surgirem novos conceitos. Não é objecto de estudo deste
trabalho aprofundar tais conceitos, contudo, entende-se ser útil esclarecer alguns deles.
Mowforth & Munt (1998) referem que alguns estudos de impacte sugerem que as novas formas de
turismo podem também ser as responsáveis pela degradação do meio ambiente, pelo que todas as
modalidades deverão reger-se pelos princı́pios do turismo sustentável.

Ecoturismo

O ecoturismo é uma modalidade de turismo baseada na natureza, que emergiu nos anos 80, mar-
cada pela forte consciência ambiental (Baumgartner 2001).
O prefixo ”eco” implica uma ligação à ecologia - relação entre organismos vivos e os seus habitats.
De facto, o ecoturismo, também designado por ”turismo ecológico” ou ”turismo ambiental” surge
como uma modalidade de turismo, vocacionada para quem aprecia e estima os ecossistemas no
seu estado natural, tratando-se quer da vida selvagem, como da população autóctone. O ecoturismo
é confundido com o turismo de aventura (compreende os movimentos turı́sticos decorrentes da
prática de actividades de aventura, de carácter recreativo e não competitivo). Há, de facto, quem
inclua este último, assim como outras modalidades de turismo, tais como o turismo verde, turismo
Turismo e Sustentabilidade 23

rural, turismo alternativo, turismo cultural, etc., como partes ou ramificações de uma generalização
designada ”ecoturismo”.
Embora alguns autores defendam que o turismo verde se confunde com outras modalidades de
turismo, nomeadamente ecoturismo e turismo rural, pelas suas caracterı́sticas serem semelhantes,
Baptista (1997) define-o como o turismo de pequena escala, de proximidade com a natureza, con-
tacto pessoal com um ambiente não mecanizado, em que a percepção está mais relacionada com
o valor do que com o preço e prevalece a experiência, em vez da simples observação.
O conceito de ecoturismo foi inicialmente utilizado em destinos de outros continentes, sob a forma
de um segmento especı́fico e produtos especializados. Os viajantes adoptaram-no na Europa, com
um sucesso crescente e, desde as suas origens que o ecoturismo, no nosso continente, esteve
estreitamente ligado ao turismo rural.
Ceballos-Lascuráin (ver Boo 1990: xiv), citado por Fennell (1999) (p.30), apresenta a seguinte
definição de ecoturismo:

uma forma de viajar para áreas naturais relativamente descontaminadas e não pertur-
badas com o objectivo especı́fico de estudar, admirar e apreciar a paisagem, as suas
plantas e animais selvagens, bem como a presença de qualquer manifestação cultural
(quer seja mais antiga, quer seja mais recente) encontradas nestas áreas.

A Ecotourism Society, citada pela World Tourism Organization UNWTO/OMT (2002), definiu o eco-
turismo como sendo a actividade de viajar intencionalmente para zonas naturais, que proteja e não
altere a integridade do ecossistema e promova o bem-estar dos autóctones.
Sendo um tipo de turismo baseado na natureza, o ecoturismo tem sido classificado como uma das
formas de turismo sustentável. Para alguns especialistas é inclusivamente identificado como uma
ferramenta do desenvolvimento sustentável (Baumgartner 2001). Esta ideia é reiterada pela World
Tourism Organization UNWTO/OMT (2002), quando explica que o ecoturismo tem desempenhado
um papel preponderante na introdução de práticas sustentáveis no sector turı́stico. Deverá conti-
nuar a contribuir para tal, incrementando as vantagens económicas e sociais para as comunidades
anfitriãs, e colaborando activamente na preservação dos recursos naturais e culturais, despertando
a consciência dos turistas para a conservação do património natural e cultural.
De facto, o ecoturismo assenta em cinco motivações principais (Fennell 1999):

1. a exploração sustentável da biodiversidade e dos recursos naturais;

2. a redução de impactes no ambiente natural e sociocultural;

3. a autonomia e a participação dos actores locais, em particular, das comunidades anfitriãs e


dos povos autóctones;

4. a sensibilização e a educação ecológica para todos os actores envolvidos, sobretudo dos


turistas e das comunidades que os acolhem;

5. a obtenção de vantagens económicas sustentáveis para todos os actores envolvidos.

Embora o trânsito de pessoas e veı́culos seja agressivo ao estado natural desses ecossistemas,
os seus adeptos argumentam que, complementarmente, o ecoturismo contribui para a preservação
dos mesmos e para o desenvolvimento sustentado das populações locais, melhorando a qualidade
de vida das mesmas. Assim, segundo Fennell (1999), o ecoturismo é visto e promovido pelos seus
adeptos como:
24 Turismo e Sustentabilidade

• uma forma de praticar turismo em pequena escala;

• uma prática mais activa e intensa do que outras formas de turismo;

• uma modalidade de turismo na qual a oferta de uma infra-estrutura de apoio sofisticada é um


dado menos relevante;

• uma prática de pessoas com um nı́vel educacional elevado, conscientes das questões relacio-
nadas com a ecologia e desenvolvimento sustentável, que procuram aprofundar conhecimen-
tos e vivências sobre os temas relacionados com o meio ambiente;

• uma prática menos espoliativa e agressiva da cultura e meio ambiente locais do que as formas
tradicionais de turismo.

Deste modo, esta modalidade de turismo implica uma gestão planeada, cujos objectivos são: pre-
servar o equilı́brio ecológico, potencializar e preservar os recursos existentes. Para atingir tais ob-
jectivos, a Sociedade Internacional de Ecoturismo enumera os princı́pios pelos quais o ecoturismo
se rege (The International Ecotourism Society n.d.):

• minimizar o seu próprio impacte ambiental;

• desenvolver a consciência e respeito ambiental e cultural;

• fornecer experiências positivas para os visitantes e os autóctones;

• patrocinar a conservação ambiental;

• patrocinar projectos que promovam a igualdade e a redução da pobreza em comunidades


locais;

• fornecer poder legal de decisão à comunidade local;

• aumentar a sensibilidade pelo contexto polı́tico, ambiental e social dos paı́ses receptores e o
entendimento intercultural.

Turismo de Natureza

No nosso paı́s, o turismo cuja motivação assenta na vivência de experiências de grande valor
simbólico, interacção e fruição da natureza, é definido como “Turismo de Natureza” (THR - Ase-
sores en Turismo Hotelerı́a y Recreación, S.A. 2006). De acordo com o Plano Estratégico Nacional
de Turismo (2007-2015), o turismo de natureza, sendo um dos dez produtos estratégicos, é referen-
ciado como um produto inovador, apresentando um alto volume de procura - 22 milhões de viagens
internacionais/ano na Europa - e uma taxa de crescimento - 7%/ano - (THR - Asesores en Turismo
Hotelerı́a y Recreación, S.A. 2006).
As caracterı́sticas são muito semelhantes às do ecoturismo, no entanto existem algumas nuances,
visto que o turismo de natureza, em Portugal, é “o produto turı́stico composto por estabelecimentos,
actividades e serviços de alojamento e animação turı́stica e ambiental realizados e prestados em
zonas integradas na rede nacional de áreas protegidas” (AP), conforme o no 1 do artigo 1o do
Decreto-Lei no 47/99, de 16 de Fevereiro (Ministério da Economia 1999, p.806).
Segundo a Resolução do Conselho de Ministros no 112/98, o Turismo de Natureza deverá obedecer
aos seguintes princı́pios (Presidência do Conselho de Ministros 1998, p.4348):
Turismo e Sustentabilidade 25

a) Os projectos de actividade turı́stica devem ser concebidos na óptica do desenvol-


vimento sustentável, garantindo que a utilização dos recursos não comprometa o seu
usufruto pelas gerações futuras;
b) As actividades turı́sticas, em cada AP, devem respeitar os valores ambientais intrı́n-
secos e reconhecer que algumas zonas, pela sua sensibilidade ecológica, são interditas
ou condicionadas;
c) A localização das actividades e instalações turı́sticas deverá obedecer a critérios de
ordenamento que evitem a pressão em áreas sensı́veis, respeitando a capacidade de
carga do meio natural e social;
d) A tipologia de empreendimentos e de actividades turı́sticas, para cada AP, deverá ser
previamente definida, tendo em conta a capacidade de carga dos diferentes ecossiste-
mas, garantindo o seu equilı́brio e perenidade;
e) Os projectos turı́sticos devem ser ambientalmente responsáveis, designadamente
através da adopção de tecnologias não poluentes, poupança de energias e de recur-
sos essenciais como a água, da reciclagem e reutilização de matérias-primas ou trans-
formadas e formas de transporte alternativo e/ou colectivo, visando uma maior eficácia
energética;
f) Devem ser estabelecidos programas de monitorização relativamente à visitação nas
áreas protegidas, de modo a ajustar eventuais disfunções e introduzir formas com-
patı́veis de actividades turı́sticas;
g) Os objectivos de conservação de cada AP devem ser claramente entendidos por todos
os intervenientes, através do estabelecimento de parcerias entre a população local, a
actividade turı́stica e outras organizações interessadas;
h) Os conceitos de turismo sustentável e de Turismo de Natureza devem ser desenvol-
vidos e incorporados nos programas educacionais e de formação dos profissionais de
turismo;
i) A promoção do turismo nas AP deverá obedecer a uma óptica de sensibilização dos
visitantes para o respeito pelos valores que cada área encerra;
g) Os planos de ordenamento do território, no âmbito das AP, devem contemplar a
criação de sistemas de gestão e planeamento que garantam um desenvolvimento tu-
rı́stico sustentável.

Tal como se mencionou anteriormente, os espaços naturais constituem um recurso imprescindı́vel


ao desenvolvimento turı́stico. Sabendo que os valores naturais e culturais são atributos indis-
sociáveis do Turismo de Natureza, importa saber conciliar a preservação desses valores a uma
actividade turı́stica que se ajuste a estes. Para salvaguardar este equilı́brio e para promover e
afirmar os valores e potencialidades de cada AP, foi criado o Programa Nacional de Turismo de Na-
tureza. Este programa também tem como finalidade a especialização da actividade turı́stica, sob a
denominação ”Turismo de Natureza” e o desenvolvimento de produtos turı́sticos adequados a esta
modalidade.
De acordo com o artigo 20o do Decreto-Lei no 39/2008, de 7 de Março, o serviço de alojamento a
turistas é prestado em empreendimentos de Turismo de Natureza, reconhecidos pelo Instituto de
Conservação da Natureza e da Biodiversidade, IP, adoptando as tipologias de alojamento previstas
nas alı́neas a) a g) do no 1 do artigo 4o daquele decreto-lei. Estes estabelecimentos, localizados em
áreas classificadas ou noutras áreas com valores naturais, dispõem de um adequado conjunto de
instalações, estruturas, equipamentos e serviços complementares, relacionados com a animação
e interpretação ambiental, a visitação de áreas naturais e o desporto de natureza (Ministério da
Economia e Inovação 2008).
26 Turismo e Sustentabilidade

Turismo em Espaço Rural

A expressão ”Turismo em Espaço Rural” (TER) é usada para referir o produto turı́stico desenvolvido
no meio rural. Assim sendo, abrange uma multiplicidade de situações e diversas modalidades
de turismo, como o agro-turismo, o ecoturismo, o turismo verde, o enoturismo, que têm bases
motivacionais diferentes, tais como por exemplo: o contacto com animais domésticos, a observação
de pássaros e outros animais no seu habitat natural, a caça, a pesca, as rotas do vinho, o alpinismo,
o trekking, etc.

O TER surge como uma nova forma de desenvolvimento e de criação de riqueza, a par da activi-
dade agrı́cola. Segundo Guerreiro (2001), o TER contribui para o desenvolvimento regional a três
nı́veis: demográfico, pela fixação da população, principalmente a mais jovem e qualificante; soci-
oeconómico, com a criação de emprego, diversificação das actividades económicas e melhoria de
rendimentos; cultural, com a promoção e divulgação do património.

O TER caracteriza-se por ser de pequena dimensão, com formas de exploração familiar e por utilizar
recursos naturais, sociais e culturais especı́ficos das zonas rurais, sem contudo pôr em causa a sua
sobressaturação. A utilização de edifı́cios existentes contribui para a recuperação do património
edificado, como por exemplo, o restauro de solares e de outras construções tradicionais (Cunha
1997). De facto, a componente do património cultural é outra caracterı́stica que distingue o TER
da generalidade dos meios de alojamento, proporcionando a fruição de espaços com identidade
própria. De acordo com este autor, os principais objectivos do TER passam pela preservação
da natureza e da paisagem, pela manutenção da arquitectura tı́pica local, pela preservação dos
valores existentes e convivência com a cultura e tradições, fortemente identificadas com o ambiente
e a natureza.

No que diz respeito aos meios de alojamento destinados aos turistas, estes podem assumir várias
formas, de acordo com legislação especı́fica de cada paı́s. Deste modo, em França, são designados
por ”Gı̂te Rural” e ”Village de Vacance”; nos paı́ses de expressão inglesa, ”Farm Tourism”, ”Home
Tourism”, etc. Em Portugal, de acordo com o artigo 18o do Decreto-Lei no 39/2008, de 7 de Março
(Ministério da Economia e Inovação 2008), os empreendimentos de TER podem ser classificados
numa das seguintes modalidades de hospedagem: “Agro-turismo“, “Casas de Campo” e ”Hotéis
Rurais’.

Na óptica do turismo, o meio rural é definido por aquele que possui identidade própria, que se
diferencia pela suas caracterı́sticas ambientais, culturais e sociais, onde predominem actividades
económicas de natureza agro-pecuária e florestal, e a produção industrial tenha pouca expressão
(Cunha 1997). Estas caracterı́sticas são também defendidas por Kastenholz (2003) (p.3) quando
define que o TER se baseia essencialmente “nas motivações associadas ao espaço rural, enquanto
espaço natural, cultural e tradicional”. Espaço este, acrescenta a autora, que deverá promover uma
vida saudável e estar aberto a um vasto leque de actividades recreativas e desportivas, salientando
a importância das que contribuem para a valorização do património natural e cultural, assim como as
de base económica local, devidamente enquadradas nos objectivos do desenvolvimento sustentável
da área de destino.

O enoturismo, sob as modalidades de alojamento de TER, pelo facto de ser no meio rural que se
desenvolve a produção de vinho, oferece também condições para um desenvolvimento do turismo
sustentável. O produto turı́stico associado, ”gastronomia e vinho”, valoriza a tradição e a cultura
das populações locais e o seu património natural envolvente. A tipologia de actividades associadas
(rotas do vinho, participação em vindimas, provas de vinhos, etc.) em nada prejudicam o equilı́brio
natural, ambiental, social e económico, se devidamente planeadas e organizadas.

As tendências do mercado turı́stico, segundo Kastenholz (2003), apontam para um futuro promis-
sor do TER, revelando que o seu potencial está relacionado com o facto dos turistas terem mais
Turismo e Sustentabilidade 27

educação e mais experiência, pelo maior interesse de autenticidade, valorização do património cul-
tural e natural, bem como a crescente preocupação ambiental.

2.5 Estratégias para o desenvolvimento do turismo sustentável

A importância da qualidade ambiental para o desenvolvimento turı́stico não é um tema recente. Em


resposta ao forte crescimento da actividade turı́stica e à consequente utilização e degradação de
recursos, diversas estratégias têm vindo a ser implementadas, ao longo das últimas três décadas,
para minimizar os impactes negativos do turismo e promover o seu desenvolvimento sustentável.
Desde o planeamento e monitorização da actividade, como o estabelecimento de indicadores, es-
tudos de impacte ambiental e capacidade de carga 4 , à implementação de sistemas de certificação
ambiental, à criação de taxas ambientais em diversas infra-estruturas turı́sticas, nomeadamente
nos aeroportos.
Seguidamente, apresentam-se algumas das estratégias e acções que, em termos pragmáticos,
têm sido propostas e podem ser implementadas para que o desenvolvimento turı́stico cumpra os
objectivos de sustentabilidade.

2.5.1 Relatório de Brundtland

Em 1987 é publicado o Relatório de Brundtland, como resultado do trabalho da comissão nomeada


pela Organização das Nações Unidas (ONU), intitulada ”WCED - World Comission on Environ-
ment and Development”. Neste trabalho, que ficou conhecido por ”Our Common Future” ou pelo
nome da então presidente da comissão e ex-primeira ministra norueguesa Gro Harlem Brundtland,
consagrtou-se o termo ”desenvolvimento sustentável” (Magalhães et al. 1997).
No apêndice A são enumeradas as medidas que o relatório propõe a nı́vel mundial.

2.5.2 Agenda 21

Em 1992, a Conferência das Nações Unidas para o Ambiente e Desenvolvimento, mais conhecida
por “Cimeira da Terra”, realizada no Rio de Janeiro, resultou num programa de acção de desen-
volvimento sustentável, aprovado por 182 paı́ses, que aceitaram transpor para a sua legislação os
conceitos inerentes ao desenvolvimento sustentável. Agenda 21 é o nome desse documento, que
apela para a auto-regulação ambiental da indústria como sendo uma acção prioritária na obtenção
dos seus objectivos. Este documento demonstra ser o mais consensual que, até à data, foi aprovado
a nı́vel mundial sobre temas de desenvolvimento e ambiente.
Segundo Silva et al. (1999) (p.117-118), ”esse documento estabelece a operacionalidade do con-
ceito de desenvolvimento sustentável traduzido na identificação de um conjunto de acções. Cada
paı́s deve anualmente prestar contas à Comissão das Nações [Unidas] para o Desenvolvimento
Sustentável do progresso que alcançou em relação à concretização da Agenda 21”.
O referido documento atribui protagonismo aos governos locais e sugere a elaboração de uma
agenda local por parte dos municı́pios, designada por ”Agenda Local 21”, onde a participação da
4 Definição de capacidade de carga (Partidário 1999, p.54):
o nı́vel de actividade humana que uma região pode suportar, assegurando uma experiência ao utilizador o
mais elevada possı́vel, ou seja, será a capacidade de um sistema natural ou artificial absorver o crescimento
da procura sem degradação significativa (...).
28 Turismo e Sustentabilidade

sociedade civil se revela fundamental. De acordo com os autores supra-citados, a Agenda Local
21, deverá reflectir os princı́pios de sustentabilidade em acções especı́ficas, tais como a redução
da contribuição da cidade para a poluição global, promovendo acções de democratização e de
educação ambiental, e de parcerias entre agentes públicos e privados, que resultem numa polı́tica
de sustentabilidade integrada e global.

Agenda 21 para a Indústria de Viagens e Turismo

O turismo, enquanto actividade económica e de desenvolvimento, tem vindo a sentir os impactes


decorrentes da Agenda 21. Assim, em 1996, a OMT, o World Travel & Tourism Council (WTTC) e
o Conselho da Terra desenvolveram um programa de acção intitulado “Agenda 21 for the Travel &
Tourism Industry: Towards Environmentally Sustainable Development“ (Agenda 21 para a Indústria
de Viagens e Turismo). Este documento, que descreve as acções que a indústria deve implementar
para se tornar uma actividade sustentável, divide-se em três partes: áreas prioritárias de acção,
objectivos e meios para os alcançar.
O programa de acção é dirigido a entidades governamentais, autoridades nacionais de turismo,
representantes de organizações comerciais e empresas, e aos próprios cidadãos, com o objec-
tivo de estabelecer sistemas e procedimentos que incorporem considerações de desenvolvimento
sustentável no centro do processo decisório.
Os princı́pios da Agenda 21 para a Indústria de Viagens e Turismo baseiam-se na Declaração do
Rio para o Ambiente e Desenvolvimento. Tais princı́pios figuram na tabela 2.3.
O programa de acção considera áreas prioritárias de intervenção para as Organizações Gover-
namentais (OG), Organizações Não-Governamentais (ONG) e Administração Pública, e para as
empresas (Partidário 1998). A tabela 2.4 enuncia essas áreas prioritárias.

2.5.3 Declarações ou Cartas Internacionais e Códigos de Conduta

De acordo com Lima (2003), as Cartas ou Declarações Internacionais são documentos de cariz
internacional que pretendem tornar formal o compromisso e a responsabilidade assumida pelos
governos e ONG internacionais na promoção dos princı́pios e práticas de desenvolvimento sus-
tentável.
Os códigos de conduta ou de ética são definidos como um conjunto de regras que as organizações,
sectores empresariais e industriais de um determinado sector elaboram para orientar e disciplinar
um determinado grupo de pessoas ou para influenciar o comportamento dos consumidores. Se-
gundo Partidário (1999), citado por Lima (2003), estes códigos são voluntários e, como tal, não
estão sujeitos a qualquer tipo de fiscalização nem obrigatoriedade. No caso do turismo, os códigos
de conduta são redigidos no intuito de orientar e incrementar o desempenho ambiental da actividade
turı́stica.
Os mais relevantes são a Carta do Turismo Sustentável e o Código Mundial de Ética para o Tu-
rismo. Ambos se constituem como documentos de referência e inspiração no que diz respeito à
promulgação de legislação e regulamentação turı́stica a nı́vel nacional (Lima 2003).

Carta do Turismo Sustentável

A Carta do Turismo Sustentável - Declaração de Lanzarote, elaborada em 1995 pela OMT conjunta-
mente com UNEP, UNESCO e EU, estabelece que ”o desenvolvimento turı́stico deve fundamentar-
se sobre critérios de sustentabilidade, isto é, tem de ser suportável ecologicamente e equitativo
Turismo e Sustentabilidade 29

Tabela 2.3: Princı́pios da Agenda 21 para a Indústria de Viagens e Turismo

• As Viagens e Turismo devem proporcionar às pessoas experiências saudáveis e produti-


vas, em harmonia com a natureza.
• As Viagens e Turismo devem dar o seu contributo na conservação, protecção e
reabilitação dos ecossistemas.
• As Viagens e Turismo devem assentar em padrões sustentáveis de produção e consumo.
• As nações devem cooperar para promover um sistema económico livre, no qual as
transacções internacionais de serviços de Viagens e Turismo ocorram de forma sus-
tentável.
• As Viagens e Turismo, a paz, o desenvolvimento e a protecção ambiental são interde-
pendentes.
• O proteccionismo nas transacções internacionais de serviços de Viagens e Turismo deve
ser erradicado.
• A protecção ambiental deve ser parte integrante do processo de desenvolvimento
turı́stico.
• Os aspectos relacionados com o desenvolvimento turı́stico devem envolver a participa-
ção dos cidadãos interessados, com decisões de planeamento a serem adoptadas a nı́vel
local.
• Os estados de alerta sobre desastres naturais que possam afectar turistas ou áreas
turı́sticas devem ser comunicados pelas diversas nações.
• As Viagens e Turismo devem fazer uso da sua capacidade máxima para incentivar o
emprego de mulheres e população autóctone.
• O desenvolvimento turı́stico deve reconhecer e incentivar a preservação da identidade,
da cultura e dos interesses da população autóctone.
• As leis internacionais de protecção ambiental devem ser respeitadas pela indústria de
Viagens e Turismo.

Fonte: World Tourism Organization, World Travel & Tourism Council and Earth Council (1996), traduzido e adaptado.

na perspectiva ética e social para as comunidades locais [e] terá de contribuir para o desenvolvi-
mento sustentável, integrando-se no quadro natural, cultural e humano, devendo respeitar os frágeis
equilı́brios que caracterizam muitos destinos turı́sticos”, citado por Cunha (1997) (p.198).

Código Mundial de Ética para o Turismo

O Código Mundial de Ética para o Turismo, assinado na Assembleia Geral de Santiago do Chile em
1999, é composto por dez artigos. Salienta-se o artigo 3o , que se intitula ”O Turismo, factor de de-
senvolvimento sustentável“, descrevendo-se os aspectos que enumera (World Tourism Organization
UNWTO/OMT 1999):

1. Todos os agentes envolvidos no desenvolvimento do turismo devem proteger o ambiente na-


tural, no intuito de se alcançar um crescimento económico saudável, contı́nuo e sustentável,
com capacidade para satisfazer, de forma equitativa, as necessidades e as aspirações das
gerações presentes e futuras;

2. Todos os tipos de turismo que permitem preservar os recursos naturais raros e preciosos,
principalmente a água e a energia, assim como evitar, na medida do possı́vel, a produção
30 Turismo e Sustentabilidade

Tabela 2.4: Áreas prioritárias do programa de acção da Agenda 21 para a indústria de Viagens e
Turismo

OG, ONG e Administração Pública Empresas

1. Avaliar se existe capacidade, de contexto vo- 1. Reduzir os resı́duos, reutilizar e


luntário, económico e regulador, para garantir um reciclar.
turismo sustentável. 2. Gerir e monitorizar o consumo
2. Avaliar as implicações ambientais, económicas e energético de forma eficiente.
culturais das operações das organizações. 3. Gerir os recursos hı́dricos superfi-
3. Formar, educar e sensibilizar o público. ciais.
4. Planear um desenvolvimento sustentável do tu- 4. Gerir as águas residuais.
rismo. 5. Gerir substâncias perigosas;
5. Facultar a troca de informação, competências e 6. Gerir a utilização dos transportes.
tecnologias, relativas ao turismo sustentável, en- 7. Gerir e planear o uso do solo.
tre paı́ses desenvolvidos e em desenvolvimento. 8. Promover a participação activa
6. Proporcionar a participação de todos os sectores dos colaboradores e clientes, bem
da sociedade. como as comunidades locais nas
7. Conceber produtos turı́sticos que cumpram os questões ambientais.
objectivos de sustentabilidade. 9. Elaborar projectos para promover
8. Monitorizar a progressão de resultados obtidos a sustentabilidade.
no desenvolvimento do turismo sustentável. 10. Estabelecer parcerias para pro-
9. Estabelecer parcerias para promover o desenvol- mover o desenvolvimento do tu-
vimento do turismo sustentável. rismo sustentável.

Fonte: Lima (2003), adaptado.

de resı́duos, devem ser considerados prioritários e encorajados pelas autoridades públicas


nacionais, regionais e locais;

3. A repartição, no tempo e no espaço, dos fluxos dos turistas e visitantes, em particular aqueles
que resultam das férias laborais e escolares, e uma distribuição mais uniforme das férias,
deveriam ser soluções apresentadas para reduzir a pressão da actividade turı́stica exercida
sobre o meio ambiente, e salientar o seu impacte benéfico na indústria turı́stica e na economia
local;

4. As infra-estruturas turı́sticas devem ser desenvolvidas e as actividades turı́sticas planeadas,


de forma a proteger o património natural constituı́do por ecossistemas e biodiversidade, e pre-
servar as espécies ameaçadas da fauna e flora selvagens. Os agentes envolvidos no desen-
volvimento turı́stico, em particular os profissionais, devem aceitar a imposição de limitações
ou restrições às suas actividades, quando estas sejam exercidas em zonas particularmente
sensı́veis: regiões desérticas, polares ou de alta montanha, regiões costeiras, florestas tropi-
cais ou pantanais, propı́cias à criação de parques naturais ou áreas protegidas;

5. O Turismo de Natureza e o Ecoturismo são reconhecidos como modalidades que enriquecem


e valorizam o turismo, desde que respeitem o património natural e as populações autóctones,
e estejam adaptados à capacidade de carga dos locais.

Para além destes, Weaver e Oppermann (2000), citado por Lima (2003), referem os que consideram
mais relevantes:
Turismo e Sustentabilidade 31

• Código de Conduta Ambiental para o Turismo do Programa das Nações Unidas para o Ambi-
ente;

• Código da Pacific Asia Travel Association;

• Código de Ética e Linhas de orientação para o Turismo Sustentável da Associação Turı́stica


do Canadá;

• Código de Prática Sustentável do Conselho de Turismo da Austrália;

• Princı́pios do Turismo Sustentável do World Wide Fund for Nature and Tourism Concern;

• Directrizes ambientais do WTTC.

2.5.4 Iniciativas e medidas de instituições e organismos

A nı́vel de instituições e organismos, existem diversas iniciativas e medidas concretas, aplicáveis


à actividade turı́stica, com variadı́ssimos instrumentos de reconhecimento de qualidade ambiental
e de melhoria das condições socioeconómicas. Nesta secção são descritos os exemplos que se
consideram mais relevantes.

De acção internacional

A Organização Mundial de Turismo (OMT) tem um departamento que desenvolve pesquisas, es-
tudos de caso e actividades no terreno, extensivas aos estados membros, com o intuito de os ajudar
no processo de desenvolvimento sustentável do seu ramo de actividade turı́stica. Essas activida-
des traduzem-se na organização de várias conferências, seminários, etc., na edição de diversas
publicações técnicas (ver exemplos no apêndice B.1), no apoio técnico de carácter consultivo e
coordenação de projectos sobre aspectos que dizem respeito ao desenvolvimento sustentável do
turismo. Apresentam-se na tabela 2.5 as principais iniciativas e declarações da OMT, desenvolvidas
no âmbito do turismo sustentável (World Tourism Organization UNWTO/OMT 2010a).
O Conselho Mundial de Viagens e Turismo - WTTC (World Travel and Tourism Council) criou e
promove a rede mundial ”Green Globe”, que incentiva a prática sustentável na gestão de empresas
turı́sticas, através de várias iniciativas: gestão energética; gestão da água; gestão de resı́duos;
gestão de transportes; formação ambiental de funcionários; exigências ambientais a fornecedores
e clientes; protecção dos recursos naturais locais; etc. O programa Green Globe baseia-se na
Agenda 21 e tem três fundamentos principais. O primeiro é o compromisso anual de implementar
acções ambientais, o segundo é o cumprimento das legislações ambientais vigentes e o terceiro é o
compromisso de comunicação entre as partes envolvidas. O processo de avaliação e comparação
do nı́vel de desempenho, tal como o processo de certificação das empresas turı́sticas é contı́nuo,
como se explica posteriormente, na secção 3.5.2, do capı́tulo 3. As empresas certificadas utilizam
o logotipo da Green Globe.
O WTTC também promove o concurso ”Tourism for Tomorrow” que distingue as melhores práticas de
turismo sustentável, que contemplam quatro categorias: destino; prémio de conservação, atribuı́do
a instituições de conservação da natureza e cultura; investimento nas pessoas, premiando a pro-
moção do desenvolvimento dos recursos humanos e das comunidades locais; prémio de negócios
turismo global, que distingue empresas com mais de 200 funcionários, operando em mais de um
destino, que demonstrem práticas responsáveis de turismo.
A Comissão Europeia apresentou em Junho de 2010, em Bruxelas, um conjunto de propostas
para o turismo, no intuito de manter a Europa como o primeiro destino turı́stico, a nı́vel mundial. A
32 Turismo e Sustentabilidade

Tabela 2.5: Cronologia das iniciativas e declarações de turismo sustentável da OMT

Ano Iniciativas e Declarações


1980 Declaração de Manila sobre Turismo Mundial
1985 Carta de Direitos do Turismo e Código do Turista
1989 Declaração de Haia sobre Turismo
1995 Carta para um Turismo Sustentável
1996 Programa de Acção da Agenda 21 para a Indústria de Viagens e Turismo
1999 Código Global de Ética do Turismo
2002 Declaração do Quebeque sobre Ecoturismo
Cimeira Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável
Promoção do Ano Internacional do Ecoturismo
2003 Declaração de Djerba sobre Turismo e Alterações Climáticas
Comité Mundial de Ética no Turismo
Orientações básicas para a sustentabilidade do Turismo Europeu
2007 Plano de Acção para um Turismo Europeu mais Sustentável (PATES)
Declaração de Davos sobre Turismo e Alterações Climáticas
2008 Lançamento dos critérios globais de Turismo sustentável
Criação do projecto Hotel Energy Solutions
2010 Cimeira Mediterrânica sobre Energia Sustentável
Promoção do tema “ O Turismo e a Biodiversidade“ no Dia Mundial do Turismo

comissão apresentou vinte e uma propostas de acção, tendo como estratégia promover um turismo
sustentável, responsável e orientado para a qualidade. Dessas propostas, destaca-se a criação de
um rótulo que tem como base indicadores de gestão sustentável para promover destinos turı́sticos
que respeitem critérios ambientais, sociais e económicos (Turisver 2010).

O organismo Coastal & Marine Union (EUCC), da Comissão Europeia, entre outras competências
e iniciativas, apoia os programas Bandeira Azul e Chave Verde, tendo como actividade principal o
desenvolvimento de uma rede de destinos turı́sticos de mar, que se caracterizem pela preservação
ambiental e desenvolvimento sustentável. A Coastal & Marine Union reconhece a qualidade am-
biental e o desempenho sustentável das zonas costeiras e ilhas com a atribuição do prémio ”Qua-
lityCoast”. Os Açores também foram distinguidos na edição de 2010 deste prémio (The Coastal &
Marine Union EUCC).

A Caribbean Action for Sustainable Tourism (CAST) é uma aliança desenvolvida pela Associa-
ção de Hoteleiros do Caribe, apoiada pelo WTTC, pela Internacional Hotels Environment Iniciative
(IHEI) e pelo Instituto de Turismo do Caribe, para promover o desenvolvimento sustentável. A
CAST desenvolve workshops, cursos de formação e material com linhas de orientação para os
seus membros, sobre uma série de questões ambientais, incluindo: implementação de sistemas de
gestão ambiental; eficiência energética; energia renovável, e gestão da água e dos resı́duos.

A Foundation for Environmental Education (FEE) é composta por uma rede de organizações
internacionais que promovem a educação ambiental, através da organização de campanhas de
consciencialização sobre a importância da educação ambiental, como é exemplo o programa “Eco-
Schools“ (Eco-Escolas). Na Europa, a FEE desenvolve três programas principais para promover a
segurança, e a limpeza de praias e marinas, sendo feita a atribuição de um prémio anual - através
da distinção ”Blue Flag” (Bandeira Azul) - às praias e marinas que cumpram os requisitos essenciais
em três áreas distintas: qualidade da água, gestão ambiental e segurança das praias, e informação
e educação ambientais. O programa foi recentemente alargado para os proprietários de barcos
privativos, atribuindo a Bandeira Azul Individual a quem concordar e assinar um código de con-
Turismo e Sustentabilidade 33

duta ambiental (Foundation for Environmental Education n.d.a). A FEE promove igualmente outros
programas educacionais sobre a temática ambiental, tais como o ”Young Reporters” e o ”Learning
about Forests”, mas é essencialmente conhecida pelo programa de qualidade ambiental ”Green
Key” (Chave Verde), do qual se falará com mais detalhe na secção 3.5.3, do capı́tulo 3 (Foundation
for Environmental Education n.d.b).
A International Tourism Partnership (ITP), antiga Internacional Hotels Environment Iniciative, é
uma organização composta pelas principais empresas da indústria de viagens e turismo, e tem
como objectivo central fornecer aos hotéis e restantes actividades do sector, informação, conheci-
mento e soluções práticas para que as empresas se tornem ambientalmente mais responsáveis.
Na secção 3.4.1 do capı́tulo 3, descrevem-se algumas das acções desta isntituição.

De acção nacional

Em Portugal, as linhas de orientação e a definição de polı́ticas de desenvolvimento sustentável


não mereceram uma actuação consistente por parte dos organismos institucionais. Até 2002, ano
em que foi estabelecida a Estratégia Nacional de Desenvolvimento Sustentável (ENDS), as
iniciativas existentes não tinham ainda muita expressão, sendo praticamente de carácter voluntário
e assumidas pelo sector turı́stico ou por instituições ligadas ao ambiente.
No âmbito da Agenda 21, Portugal assumiu o compromisso de estabelecer a ENDS que, de acordo
com Lima (2003), determinou os seguintes objectivos:

• promover uma utilização mais eficiente dos recursos naturais;

• promover a qualidade do ambiente numa perspectiva transversal e integrada;

• promover a integração do ambiente nas polı́ticas sectoriais - dissociar o crescimento econó-


mico da utilização dos recursos e dos impactes ambientais.

Segundo a autora, apesar de não existir qualquer referência ao turismo no âmbito da ENDS, está
implı́cito o seu papel como actividade económica estratégica.
O reconhecimento público de que um turismo de qualidade apenas será atingido pela aposta no
desenvolvimento sustentável é evidente, assim como o facto de que, se Portugal pretende assumir-
-se como um dos destinos de referência da Europa, a actividade turı́stica terá de se sustentar no
respeito pelo ambiente. O próprio Secretário de Estado do Turismo, Bernardo Trindade, defendeu
esta ideia no VI Forum Europeu do Turismo, em Outubro de 2007, afirmando que:

O turismo tem de estar assente numa lógica de compatibilização do crescimento econó-


mico com o bem-estar das populações e com o respeito pelo ambiente. A sustentabili-
dade será um elemento diferenciador da qualidade do turismo europeu.

O BCSD Portugal - Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável é uma associa-


ção sem fins lucrativos, criada em Outubro de 2001, pela iniciativa de diversas empresas nacionais,
associadas ao World Business Council for Sustainable Development (WBCSD), cuja missão é a
transposição dos princı́pios orientadores do WBCSD para o plano nacional. O BCSD Portugal, com
cerca de 130 membros, tem como principal objectivo fazer com que a liderança empresarial seja
catalisadora de uma mudança que cumpra os critérios do desenvolvimento sustentável, através da
promoção da eco-eficiência, inovação e responsabilidade social nas empresas (BCSD Portugal -
Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável n.d.).
34 Turismo e Sustentabilidade

Também a Subcomissão Parlamentar de Turismo realizou, a 1 de Abril de 2008, uma Conferência


Internacional subordinada ao tema “O PENT e o Turismo Sustentável e Competitivo”, no intuito de
discutir o PENT, a Agenda da União Europeia para um Turismo Europeu Sustentável e Competitivo,
e algumas práticas internacionais apresentadas pela OCDE.
A Associação de Investigação Cientı́fica do Atlântico, promoveu, a 4 e 5 de Dezembro de 2008,
o Congresso Internacional de Turismo, cujo tema - “O Desenvolvimento Sustentável do Turismo em
Ilhas“ - foi definido por um dos organizadores, Doutor Carlos Costa, da Universidade de Aveiro,
como sendo “... de grande actualidade, quer em termos de investigação mas também pela fase de
desenvolvimento que tem o turismo nacional (...)”.
O Turismo de Portugal elaborou um estudo intitulado “Boas Práticas Ambientais - Hotéis e Pousa-
das 2008” (Turismo de Portugal, IP 2008), do qual se falará na secção 3.4.2, no capı́tulo 3.
As recentes publicações do ”Relatório de Sustentabilidade“, em 2008 e 2009, por parte do Turismo
de Portugal, constituem um marco importante. Tal documento descreve os desafios e compromissos
do turismo para alcançar a sustentabilidade, abordando temas como a gestão da sazonalidade,
qualificação do sector, gestão do impacte ambiental do turismo e impacte social do mesmo.

2.5.5 Sistemas de certificação ambiental

Outra das estratégias, largamente difundida no reconhecimento da qualidade ambiental das em-
presas turı́sticas, são os Sistemas de Certificação Ambiental ou os Rótulos de reconhecimento
da Qualidade Ambiental (eco-labels), os quais serão escalpelizados nas secções 3.5.2 e 3.5.3 do
capı́tulo 3.

2.6 Emergência dos turistas ”verdes”

As recentes transformações da sociedade motivam a adopção de certas atitudes, determinantes na


procura turı́stica. A alteração do comportamento e dos valores dos consumidores tem contribuı́do
para o surgimento de novas modalidades de turismo. Poon (1993) explica que a mudança de valo-
res está também a gerar uma procura ambientalmente mais consciente e férias orientadas para a
natureza.
Com a diminuição da importância dada aos aspectos económicos, e a necessidade do indivı́duo se
personalizar e se libertar da rotina e constrangimentos sociais, surgem novos campos de interesse,
como a curiosidade pelos valores não materiais (cultura, saúde, ambiente, natureza, etc.). As visitas
a centros históricos, culturais, o interesse pelos produtos ligados aos cuidados fı́sicos e mentais, ao
contacto com a natureza, à descoberta do desconhecido, constituem novas preferências dos turistas
(Cunha 1997). Em suma, a base motivacional das viagens foi ampliada, essencialmente fruto do
ambiente sociocultural, originando novas tendências de consumo.
Schütz & Santos (2009) referem que as novas tendências na procura turı́stica são influenciadas, de
entre outros fenómenos, por:

• alterações demográficas, marcadamente caracterizadas pelo aumento da longevidade, ele-


vando, assim, o número de pessoas idosas com mais poder económico, o que explica a
procura de produtos alternativos ao “sol e mar“, mas também a necessidade de incorporar
a componente saúde e conforto na oferta, originando uma maior preocupação com a saúde e
bem-estar;
Turismo e Sustentabilidade 35

• aumento do nı́vel educacional, influenciando comportamentos de consumo, motivações e ati-


tudes, nomeadamente: o crescimento de aquisição de bens e serviços através da internet;
e a atitude mais exigente relativamente à responsabilidade ambiental e social, fomentando a
procura de produtos turı́sticos aliados ao ambiente;

• maior participação da mulher na vida activa, que se traduz no aumento do rendimento do


agregado familiar e consequente aumento do orçamento discricionário, assim como no maior
poder de decisão quanto à escolha do destino e procura de mais experiências culturais para
os filhos;

• fragmentação do tempo livre, originando a diminuição do mesmo e perı́odos de férias mais


curtos, o que incrementa as reservas last minute e feitas pela internet, e as viagens de curta
duração, fomentando a procura do turismo de cidade (city break );

• redução da dimensão média do agregado familiar, tendo como efeito visı́vel o aumento do
orçamento discricionário e a procura de actividades de lazer, tendencialmente mais individua-
lizadas;

• novas atitudes face às férias, demonstradas pela crescente relevância atribuı́da às mesmas,
pelo facto de estar associada à independência, aventura e novas experiências;

• emergência de novos estilos de vida, por vezes inspirados em grupos de referência (como
músicos e actores de cinema) e caracterizados por padrões de consumo individualista, asso-
ciados à nova atitude perante as férias, cria uma fragmentação da procura;

• aumento da valorização das componentes ambientais e culturais em detrimento do produto


”sol e mar“, como consequência da maior sensibilização perante os efeitos nocivos da expo-
sição aos raios ultra-violetas e à depleção da camada de ozono, desencadeou maior preocu-
pação pelo factor ambiente, reflectidas no interesse crescente pela certificação ambiental, e
procura de novos produtos, como o ecoturismo e o turismo de aventura, de entre outros.

Cunha (1997) (p.198) acrescenta que:

A degradação do meio natural, de que os grandes centros urbanos têm sido as maiores
vı́timas, aumenta a necessidade de lazer das respectivas populações, sobretudo das
férias em contacto com a natureza. (...) O turismo moderno é, essencialmente produto
da concentração de grandes massas populacionais em centros urbanos que, através
dele, procuram obter uma certa compensação fı́sica e psicológica, e será desajustado
responder à necessidade da fuga às grandes concentrações com outras concentrações,
embora de tipo diferente mas não menos agressivas.

As mudanças nos estilos de vida dos “novos“ turistas estão a originar a procura de férias que propor-
cionem experiências mais personalizadas, divertidas, intensas, orientadas para a actividade e que
cumpram um objectivo. A consciência e respeito pelo ambiente natural têm produzido modificações
na procura e no comportamento dos turistas que, cada vez mais, optam por produtos turı́sticos que
integrem valores ambientais e ecológicos. Poon (1993) explica que os consumidores estão mais
orientados para o destino; sentem que o ambiente e a cultura dos destinos que visitam fazem parte
da experiência das férias. Kastenholz (2003) reitera a importância da componente ambiental do
produto turı́stico, afirmando que “ os factores ambientais representam ingredientes fundamentais
na experiência turı́stica” (Kastenholz 2003, p.5).
Segundo Filipe (1995), a necessidade de diversidade, inovação, qualidade, produtos mais perso-
nalizados e as preocupações ambientais estão a orientar a oferta no sentido de manter e valorizar
36 Turismo e Sustentabilidade

as diferenças conceptuais, culturais, étnicas, geográficas, arquitectónicas, concebendo e desenvol-


vendo novas modalidades de turismo, em função destas necessidades e anseios. O autor afirma
ainda que ”... será inevitável a segmentação e a especialização (regional e local) dos produtos
turı́sticos“ (Filipe 1995, p.137).
Segundo o Turismo de Portugal, IP (n.d.), assiste-se actualmente ao emergir de um segmento de
mercado extremamente exigente em matéria de qualidade ambiental dos destinos turı́sticos, cujos
turistas têm sido designado por “novo“ turista e também por turista ”verde”.
De acordo com Poon (1993), o “novo” turista revela caracterı́sticas muito diferentes dos turistas de
outrora. Actualmente, os turistas são mais experientes, são mais flexı́veis, mais independentes, têm
um nı́vel de educação superior e são mais conscientes relativamente à qualidade, sendo cada vez
mais difı́cil satisfazê-los. A autora refere também o facto de estarem mais sensibilizados para as
questões ambientais, utilizando-se a expressão mais “verdes”.
De acordo com Swarbrooke & Horner (1999), os aspectos que constituem os maiores motivos de
preocupação para os turistas ”verdes” são:

• poluição atmosférica, da água, sonora e visual;


• utilização de recursos: água, terra e alimentação;
• conservação da paisagem, da vida selvagem e do património urbano;
• vida selvagem: caça, safaris, jardins zoológicos e uso de animais como forma de diversão dos
turistas;
• transportes: poluição, uso de recursos energéticos e construção de infra-estruturas de trans-
portes em locais sensı́veis;
• novas edificações: localização, escala, materiais e forma (estética);
• actividades desportivas: construção de campos de golfe e erosão causada pelo pisamento de
alpinistas e cavalos;
• práticas de gestão de empresas turı́sticas: reciclagem, compras, destinos dos resı́duos e
consumo de energia.

Constatando que os turistas têm motivações diferentes e que a produção é fortemente conduzida
pelas exigências dos consumidores, surge a necessidade de adaptar a oferta às caracterı́sticas dos
”novos“ turistas, o que significa estar mais atento à forma como se comportam, pensam e sentem
os consumidores.
Pelo facto do consumidor turı́stico estar a enveredar por um carácter mais verde, é necessário saber
dar resposta a esta tendência.
No estudo conduzido por Bohdanowicz (2003), 90% dos hóspedes inquiridos percepcionam o am-
biente como um factor importante no desenvolvimento e sucesso da indústria turı́stica. Este, entre
outros, é um dos argumentos que justifica a necessidade da indústria hoteleira implementar melho-
res práticas para proteger o ambiente.

2.7 Conclusão

O turismo, um dos maiores sectores da economia global, tem contribuı́do significativamente para
o desenvolvimento económico de diversas regiões, quer a nı́vel mundial, quer a nı́vel nacional.
Turismo e Sustentabilidade 37

Mas o acelerado crescimento da actividade turı́stica desencadeou alguns efeitos menos positivos,
principalmente fortes desequilı́brios ambientais, pelo que surge a necessidade de criar as condições
ao crescimento da actividade turı́stica e garantir o seu desenvolvimento sustentável.
A protecção dos recursos naturais, essenciais para o sucesso do sector, ganha relevância, impondo
a necessidade de reorientar a actividade turı́stica. Por oposição ao fenómeno do turismo de massas,
propõem-se modalidades de turismo alternativo, como por exemplo o ecoturismo, defendendo que
se devem reger pelos princı́pios do turismo sustentável, pois de outra forma, também contribuiriam
para a degradação do meio ambiente.
Das diversas estratégias adoptadas para alcançar os objectivos do desenvolvimento sustentável do
turismo, destaca-se a Agenda 21 para a Indústria de Viagens e Turismo, cujos princı́pios têm ins-
pirado diversas instituições na adopção de medidas para incentivar a prática sustentável na gestão
das empresas turı́sticas.
Conclui-se, igualmente, que a alteração de valores e motivações dos turistas, cada vez mais exigen-
tes em matéria de qualidade ambiental, explicam o aparecimento de um novo segmento de mer-
cado. Identificadas as motivações e exigências dos turistas “verdes”, evidencia-se a importância
da indústria turı́stica, e em particular a hotelaria, ter capacidade de resposta para satisfazer as
necessidades dos consumidores.
A adopção das melhores práticas de gestão ambiental revela ser o percurso a seguir pelas empre-
sas hoteleiras.
38 Turismo e Sustentabilidade
Capı́tulo 3

A Gestão Ambiental na Hotelaria

3.1 Introdução

As preocupações ambientais estiveram, inicialmente, associadas às indústrias que causavam po-
luição ambiental directa, através de descargas e efluentes. Mas nas décadas de 80 e 90, a pressão
começou a afectar um maior leque de indústrias (Kirk 1995, 1998).

O turismo foi, durante muito tempo, considerado uma indústria “limpa”, pouco poluente, e por isso,
manteve-se à margem das atenções e das preocupações ambientais dos diferentes agentes. Mas
esta realidade tem vindo a modificar-se, principalmente desde a Agenda 21 - o plano de acção
proposto na Cimeira da Terra - em 1992, como já se referiu no capı́tulo 2. As empresas do sector,
conscientes dos impactes originados pela sua actividade no meio ambiente e da maior sensibilidade
dos turistas sobre esta matéria, têm demonstrado iniciativas voluntárias de protecção ambiental e
algumas até têm enveredado pela certificação ambiental.

Enquanto principal componente da oferta turı́stica, a hotelaria desempenha um papel importante


para alcançar os objectivos do turismo sustentável. A actividade dos estabelecimentos hotelei-
ros contribui para a sobrecarga do meio ambiente, devido aos consumos significativos de energia,
água e diversos materiais, e também devido à emissão de poluentes, à libertação de efluentes
e à produção de resı́duos. Estes factos justificam a urgência da adopção de práticas de gestão
ambiental (PGA) nas unidades hoteleiras.

Neste capı́tulo, pretende-se contextualizar a temática da gestão ambiental na hotelaria, apresen-


tando definições conceptuais, salientando a sua importância e apresentando a situação actual da
aplicação da gestão ambiental nas unidades hoteleiras, a nı́vel internacional e nacional. Outro dos
objectivos prende-se com a explicação das estratégias implementadas na indústria hoteleira. A
criação de um quadro de referência que identifique as melhores práticas e os factores que influen-
ciam os gestores na adopção de PGA, que é o objecto deste trabalho, constitui o terceiro objectivo
deste capı́tulo.

Face a estes objectivos o capı́tulo está estruturado em diversas secções, iniciando pela apresen-
tação de definições conceptuais relacionadas com a hotelaria, o ambiente e a gestão ambiental.
Apresenta-se uma descrição da estrutura organizacional mais comum nos hotéis, assim como al-
gumas caracterı́sticas técnicas.

A segunda secção salienta a importância da gestão ambiental na indústria hoteleira no cumpri-


mento dos objectivos do turismo sustentável, evidenciando os impactes decorrentes da actividade.
40 A Gestão Ambiental na Hotelaria

O capı́tulo prossegue com a apresentação de uma breve análise da situação actual, a nı́vel interna-
cional e a nı́vel nacional, da aplicação de gestão ambiental nas unidades hoteleiras.
Na terceira secção é dado especial ênfase à implementação de estratégias, apresentando os sis-
temas formais de certificação ambiental e os rótulos de qualidade ambiental de maior renome.
Também se escalpeliza a forma como se pode implementar um sistema de gestão ambiental em
hotéis, explicando quais os critérios, acções e requisitos, quais as alterações a nı́vel institucional,
as fases de implementação e o papel dos gestores hoteleiros.
Por fim, apresenta-se um quadro de referência construı́do com base na revisão da literatura. Esta
revisão bibliográfica, que assenta essencialmente em estudos sobre a gestão ambiental na indústria
hoteleira realizados a nı́vel internacional, permitiu a elaboração do quadro de referência da presente
investigação, onde se identificam as principais PGA implementadas pelas unidades hoteleiras e
os factores que contribuem positivamente para a sua aplicação, bem como os principais cons-
trangimentos à adopção das mesmas. Salientam-se os benefı́cios e oportunidades, quer a nı́vel
económico, social e ambiental, pois revelam ser primordiais para a tomada de decisão, por parte
dos gestores hoteleiros, de optar pela implementação de um sistema de gestão ambiental ou outro
sistema de reconhecimento de qualidade ambiental.

3.2 Hotelaria e gestão ambiental: conceitos e caracterı́sticas

Antes de aprofundar a temática da gestão ambiental nas unidades hoteleiras, entende-se ser útil
apresentar alguns conceitos básicos e aspectos técnicos sobre hotelaria, ambiente e gestão ambi-
ental.

3.2.1 Hotelaria

O alojamento é um dos componentes da oferta turı́stica. Mas é o termo “hotelaria“ que define o
sector que se dedica à prestação do serviço de alojamento e de refeições. “Hotelaria“ tem origem
na palavra “hotel“, tradução do termo francês hôtel que deriva de hôte (significa anfitrião, ou seja,
pessoa que acolhe) (Dictionnaires Le Robert 1996).
No entanto, cada vez mais gestores hoteleiros estão a adoptar a designação ”hospitalidade“ (tradu-
ção de hospitality). ”Hospitalidade” significa ”acto de hospedar” e ainda ”qualidade de hospitaleiro”,
que é aquele que ”recebe ou acolhe as pessoas de uma forma agradável e afectuosa“ (Porto Editora
2004).
Jafari (2000) refere que o termo hospitality surgiu pelo facto de ser a designação pela qual os
gestores gostariam que a indústria fosse conhecida, para além de veicular uma imagem que reflecte
a tradição e a arte de bem acolher, que remonta a vários séculos atrás (aos tempos primordiais das
hospedarias). O autor explica também que aquele termo foi adoptado por muitas associações do
sector, por revistas e publicações académicas, assim como pelas universidades e institutos com
cursos de gestão hoteleira.

3.2.2 Hotéis

Definição conceptual

Do ponto de vista formal, os hotéis são definidos, de acordo com o disposto na alı́nea a), do no 1,
do artigo 4o do Decreto-Lei no 39/2008, de 7 de Março, e segundo o no 1 do artigo 11o do mesmo
A Gestão Ambiental na Hotelaria 41

diploma, como estabelecimentos hoteleiros ”destinados a proporcionar alojamento temporário e


outros serviços acessórios ou de apoio, com ou sem fornecimento de refeições, e vocacionados
para uma locação diária“ (Ministério da Economia e Inovação 2008) (p.1443). O artigo 35o daquele
diploma estipula, igualmente, a classificação dos hotéis. Estes são classificados em categorias
entre uma e cinco estrelas), em função das instalações e equipamentos, e da qualidade de serviço,
de acordo com os requisitos definidos pela Portaria no 326/2008, de 28 de Abril (Ministérios da
Administração Interna e da Justiça 2008).

A definição de hotel do INE (2010) (p.131) é muito semelhante à anterior, mas apresenta algumas
nuances:

Estabelecimento hoteleiro que ocupa um edifı́cio ou apenas parte independente dele,


constituindo as suas instalações um todo homogéneo, com pisos completos e contı́gu-
os, acesso próprio e directo para uso exclusivo dos seus utentes, a quem são prestados
serviços de alojamento temporário e outros serviços acessórios ou de apoio, com ou
sem fornecimentos de refeições, mediante pagamento. Estes estabelecimentos pos-
suem no mı́nimo, dez unidades de alojamento. A classificação do estabelecimento re-
sulta do preenchimento dos requisitos mı́nimos de instalações, equipamentos e serviços
fixados em regulamento. Sempre que disponha de unidades de alojamento e zonas co-
muns fora do edifı́cio principal, desde que os edifı́cios constituam um conjunto harmónico
e articulado entre si, inserido num espaço delimitado e apresentando expressão arqui-
tectónica e caracterı́sticas funcionais homogéneas, poderá, para fins comerciais, usar a
expressão resort ou hotel resort, conjuntamente com o nome.

Keith Johnson, citado por Jafari (2000) (p.228) apresenta a seguinte definição de hotel:

Um hotel é uma unidade de negócio do turismo que tem como principal actividade o ar-
rendamento de quartos para o público em geral, pela duração mı́nima de uma noite.
Esta actividade é frequentemente complementada pela oferta de refeições e outros
serviços relacionados. Os hotéis variam em função do número de quartos disponı́veis,
do nı́vel de serviço oferecido, dos mercados-alvo, tarifas praticadas e tipo de propriedade
e operação.

Na literatura existem diversas designações sobre o tipo de hotel, tentando definir o nı́vel de serviço
prestado, os preços praticados, assim como o segmento de mercado para o qual estão vocaciona-
dos. Surgem assim designações como: Full Service Hotel (regime ”tudo incluı́do“); Budget Hotel (de
tarifa reduzida) ou ainda Super Budget Hotel; Economy Hotel (de serviço limitado); Mid-Price Hotel
ou Mid-Market Price Hotel (de preço médio); Bed & Breakfast (apenas com serviço de alojamento
e pequeno almoço, normalmente são estabelecimentos de pequenas dimensões); Conference Ho-
tels (de congressos); Hotéis-Casino; Hotéis de Aeroporto; Hotéis de Termas ou de Talassoterapia;
Hotéis de Saúde e Desporto; Boutique Hotels (de pequena dimensão e com ambiente de grande
classe); Lifestyle Hotels ou Design Hotels, (de ”assinatura”: são hotéis boutique, com projecto de
construção e decoração “assinados“ por arquitectos e decoradores de renome ou pelo facto de
terem artigos de luxo de fama internacional); Resort Hotel (conjuntos turı́sticos); All-Suites Hotels
(unidades de alojamento 1 compostas normalmente por um ou dois quartos, com sala de estar
separada e kitchenette ou cozinha completa); etc. (Quintas 2006, Powers 1992).
1 Definição
de unidade de alojamento, de acordo com o Ministério da Economia e Inovação (2008) (p.1442): “é o espaço
delimitado destinado ao uso exclusivo e privativo do utente do empreendimento turı́stico; (...) podem ser quartos, suites,
apartamentos ou moradias.”
42 A Gestão Ambiental na Hotelaria

Estrutura organizacional

A estrutura organizacional dos hotéis está relacionada com diversos factores, nomeadamente com
os serviços que disponibiliza aos clientes, com a dimensão e categoria do empreendimento e com
o modelo de gestão (independente, franchising, contrato de gestão, etc.). Geralmente, a estrutura
organizacional de um hotel inclui diversas funções, tais como por exemplo: administração, direcção,
marketing e vendas, recepção, portaria, andares, lavandaria, restaurante, cozinha, bar, banquetes,
compras, controlo, recursos humanos, manutenção, segurança, animação, etc. A figura 3.1 propõe
um modelo de um organigrama funcional de hotel.

1. Administração 5. Food & Beverage 7. Serviços Administrativos e Financeiros


2. Direcção Geral 5.1. Restaurante 7.1. Direcção Financeira
3. Rooms Division 5.2. Banquetes 7.1.1. Contabilidade
3.1. Front Office 5.3. Cozinhas 7.1.2. Controlo
3.1.1. Recepção 5.4. Bar 8. Recursos Humanos
3.1.2. Portaria 5.5. Room Service 9. Explorações Complementares
3.1.3. Telefones 5.6. Copa 9.1. Equipamentos Desportivos
3.2. Housekeeping 6. Marketing e Vendas 9.2. Health Club
3.2.1. Limpeza 6.1. Reservas 9.3. Discoteca
3.2.2. Lavandaria 9.4. Kids Club
4. Compras 9.5. Lojas
10. Serviços Auxiliares
10.1. Instalações Técnicas
10.1.1. Oficinas
11. Segurança

Fonte: Adaptado de Quintas (2006) e Rutherford (1990)

Figura 3.1: Organigrama funcional de um Hotel

Esta estrutura pode ser mais ou menos complexa, como já foi referido, mas é importante que a
cadeia de autoridade seja definida, determinando o grau de relação de todos os elementos da
A Gestão Ambiental na Hotelaria 43

estrutura perante a direcção da organização e entre si. As relações hierárquicas têm de ser precisas
e claras, para que sejam compreendidas por todos os colaboradores, e para que os departamentos
ou grupos de trabalho assumam as suas responsabilidades e funções na empresa de uma forma
eficaz, contribuindo igualmente para a obtenção de um ambiente de trabalho salutar (Quintas 2006).
De acordo com Quintas (2006) e Rutherford (1990), os empreendimentos hoteleiros devem estar
organizados de forma a assegurar as seguintes funções:

• Direcção, responsável por estipular os objectivos de gestão, pela elaboração da polı́tica geral
que permite alcançar esses objectivos, pela tomada de decisões sobre a organização e pela
coordenação da sua estrutura;

• Sector Administrativo, que normalmente assume a gestão financeira, contabilidade financeira


e analı́tica, facturação, secretariado e contencioso;

• Departamento de Recursos Humanos, encarregue do recrutamento, admissão, formação,


definição dos nı́veis de remuneração e carreiras, processamento de salários, controlo de assi-
duidade e pontualidade, avaliação de desempenho, disciplina, segurança e assistência médica
dos colaboradores, e da elaboração do regulamento interno e manual de procedimentos;

• Departamento de Marketing e Vendas, que compreende as seguintes funções: marketing,


publicidade, relações públicas, promoção, vendas e reservas. É responsável por elaborar
estudos e prospecções de mercado, pela selecção dos segmentos da procura e canais de
distribuição mais adequados, pela definição dos preços a praticar (em conjunto com a Direcção
do hotel), elaboração das acções de marketing e orientação das campanhas publicitárias, bem
como pelas relações públicas;

• Sectores de Produção, também conhecidos por Line functions, pelo facto do pessoal afecto
a este sector estar em contacto regular ou semi-regular com os clientes: Alojamento (Rooms
Division), que compreende a Recepção, Portaria, Telefones e o serviço de Andares (Hou-
sekeeping) - limpeza, lavandaria e rouparia; Compras; Economato; Controlo; Alimentação e
Bebidas (Food & Beverage), que engloba o restaurante, bar, serviço de quartos (room ser-
vice), cafetaria, banquetes, cozinha, pastelaria e copa;

• Departamento de Animação, encarregue da animação social e desportiva, e da gestão de


equipamentos como a piscina, ginásio, health club, campo de golfe, etc.;

• Departamento de Manutenção ou Serviços Técnicos, responsável pela manutenção das ins-


talações do hotel, assim como do equipamento e instalações técnicas;

• Departamento de Segurança: normalmente existentes apenas em hotéis de grande dimensão


ou situados em locais crı́ticos. Nos hotéis médios ou mais pequenos, a segurança é normal-
mente gerida pelo departamento de alojamento.

A actividade hoteleira é reconhecida como sendo de mão-de-obra intensiva, o que implica custos
operacionais elevados. Os encargos com os recursos humanos representam cerca de 40% do
volume das receitas . Este facto tem como consequência a adopção de práticas de gestão mais
modernizadas, vulgarmente conhecidas por re-engineering, tais como a utilização de tecnologias
e sistemas de comunicação mais avançados, automatização de certas tarefas, redefinição de pro-
cedimentos, de forma a aumentar a produtividade dos colaboradores, sem afectar a qualidade de
serviço do hotel, nem as condições de trabalho do pessoal (Quintas 2006).
Outra das soluções de re-engineering, visando uma gestão de recursos humanos mais eficiente,
passa pela subcontratação (outsourcing) de serviços. As subcontratações permitem uma diminuição
44 A Gestão Ambiental na Hotelaria

dos custos fixos, através da redução de pessoal. O número de trabalhadores é adaptado às ne-
cessidades, acompanhando as flutuações das taxas de ocupação. Mas permitem igualmente re-
crutar mão-de-obra mais especializada, para o desempenho de tarefas altamente técnicas, como
a implementação de um sistema de gestão ambiental, o controlo de qualidade, a formação dos
recursos humanos, a contabilidade, etc., que, de outra forma, a empresa não poderia contratar.
Esta é uma realidade cada vez mais presente na modernização dos empreendimentos hoteleiros,
que implica, no caso da gestão ambiental, imprimir os valores da unidade hoteleira às empresas
subcontratadas, imputando responsabilidades, o que por vezes se torna numa tarefa um pouco
complexa. Para além dos colaboradores subcontratados terem de cumprir as suas funções, de
acordo com os procedimentos caracterı́sticos do exercı́cio de cada tarefa, e de acordo com o nı́vel
de serviço pretendido pelo hotel, é necessário, formar e controlar o desempenho dos mesmos,
no que diz respeito às medidas de gestão ambiental. Uma simples operação, como a remoção
dos resı́duos sólidos no quarto de um hóspede, tendo de cumprir o procedimento da triagem dos
mesmos, pode não ser realizada, se houver falta de comunicação e sensibilização do(a) empre-
gado(a) de quartos. Quando a equipa é interna, a probabilidade dos standars serem cumpridos é
maior. Mas algumas empresas de outsourcing são, a par da certificação da qualidade, detentoras
de certificação ambiental.
A estrutura funcional de um hotel pode ser flexı́vel, mas é fundamental que a sua gestão seja
assumida por um director de hotel. De acordo com Arnaldo (1990), o director desempenha um
papel crucial na operação de um hotel, pelo facto de estar em contacto directo com colaboradores,
hóspedes e administração. A eficiência do pessoal e a satisfação dos clientes estão relacionadas
com as decisões dos directores do hotel.
Em Portugal, a gestão dos empreendimentos hoteleiros deverá estar a cargo de um director com
formação profissional em Direcção/Gestão/Administração Hoteleira. O Turismo de Portugal, I.P.,
enquanto entidade pública responsável pela regulamentação, promoção, valorização e sustentabi-
lidade da actividade turı́stica, deve ser informado sobre a nomeação dos directores de hotel, pela
respectiva empresa, com o comprovativo das habilitações legalmente exigidas para o exercı́cio do
cargo. Tais critérios, de acordo com o artigo 4o do Decreto-Lei no 148/2006, compreendem (Mi-
nistério da Economia e da Inovação 2006):

1. Diploma do curso de gestão hoteleira, organizado ou reconhecido pelo Instituto de Forma-


ção Turı́stica, realizado no Paı́s ou no estrangeiro, e aprovação em curso de graduação em
direcção hoteleira; ou

2. Diploma do curso superior universitário e aprovação em curso de graduação em direcção


hoteleira; ou

3. Experiência profissional na indústria hoteleira durante, pelo menos oito anos, dos quais quatro
anos no desempenho de cargos de administração ou direcção técnica, e aprovação em curso
de graduação em direcção hoteleira.

3.2.3 Ambiente

O termo ambiente, utilizado para definir o conjunto de perturbações fı́sicas provocadas pela activi-
dade humana, é por vezes confundido com o conceito de natureza. Isto deve-se ao facto de ser
utilizado inúmeras vezes de um modo restritivo quando se refere a factores biológicos ou ecológicos
(Partidário 1999). Exemplo disso, é a definição da Agenda 21 para a Indústria de Viagens e Turismo
que o descreve como ”os recursos fı́sicos e biológicos do planeta, dos quais dependem as comu-
nidades humanas para a sua sobrevivência” (World Tourism Organization, World Travel & Tourism
Council and Earth Council 1996, p.30).
A Gestão Ambiental na Hotelaria 45

Partidário (1999) defende uma definição mais abrangente, explicando que o ambiente deve ser en-
tendido como um sistema complexo e dinâmico, que integra diferentes elementos que se relacionam
e interagem entre si, e que o ambiente não deve ser considerado de uma forma desagregada, mas
sim como um sistema.
A definição de ambiente passa então pela explicação do sistema ambiental. Este é caracterizado
por uma diversidade de elementos - de ı́ndole fı́sica, ecológica, económica, social, institucional e
polı́tica - e pela complexidade das relações intrı́nsecas, que apenas podem ser entendidas se forem
analisadas de um modo global e que abranja toda a sua dimensão (Partidário 1999).

3.2.4 Gestão ambiental

De acordo com Partidário (1999) (p.39), a gestão ambiental surge pela “necessidade de atenuar, e
eliminar o conflito existente entre ambiente natural e desenvolvimento fı́sico-urbanı́stico e socioe-
conómico”.
Gestão ambiental não significa gerir o ambiente, visto que não é o ambiente que necessita ser plane-
ado, mas sim as actividades humanas (Partidário 1999). A gestão ambiental é, então, sinónimo de
gestão das actividades humanas que têm, tiveram ou podem ter impacte ambiental. A preservação
de recursos naturais, a redução da emissão de poluentes e dos riscos ambientais, e a promoção da
segurança no local de trabalho constituem-se como metas da gestão ambiental.

3.3 Relevância

A gestão ambiental na indústria hoteleira é um tema que assume cada vez mais pertinência, prin-
cipalmente quando se analisam os impactes gerados no ambiente pelo conjunto das empresas do
sector. Embora o impacte ambiental de cada unidade, em si, seja reduzido, o seu conjunto tem uma
expressão significativa (Tzschentke et al. 2008).
A hotelaria constitui o sector mais representativo da oferta turı́stica, quer pelo facto de ser um dos
maiores empregadores e gerador de receitas, quer pela dimensão que a actividade atinge. A nı́vel
mundial, o número de quartos existentes em hotéis totaliza mais de 8,5 milhões. Mas a tendência
é de crescimento, apesar do cenário de abrandamento económico. Segundo o “August 2010 STR
Global Construction Pipeline Report“, as últimas previsões de abertura de novos hotéis ultrapassam
as 6000 unidades, perfazendo 920 141 quartos, o que corresponde a um aumento de cerca de
10,8%, tal como se demonstra na tabela 3.1 (STR Global 2010a,b,c,d,e,f,g,h).
Os números que figuram na tabela 3.1 confirmam a tendência de crescimento da procura, como
se mencionou na secção 2.2.2, do capı́tulo 2, e são sinónimo de aumento de dormidas. Este facto
acentua a necessidade e a urgência das empresas hoteleiras estipularem metas, implementarem,
monitorizarem e certificarem acções de protecção ambiental.
A melhoria do desempenho ambiental das unidades hoteleiras revela ser fundamental para a sus-
tentabilidade do sector do turismo, permitindo um desenvolvimento equilibrado desta actividade
económica, sem degradar o meio ambiente. Segundo Lima (2006) (p.111), “a sustentabilidade da
actividade turı́stica impõe-se como condição de base para o melhor aproveitamento do potencial
turı́stico”.
Para além da questão da expressão que a actividade tem, é necessário ter em conta que o aloja-
mento é constituı́do por unidades dispersas, independentes e de pequena dimensão (Kirk 1998).
O autor refere inclusivamente que é uma indústria de natureza fragmentada. De acordo com Lima
46 A Gestão Ambiental na Hotelaria

Tabela 3.1: Número de quartos em hotéis por paı́ses/regiões mundiais, em Agosto de 2010

Paı́ses/Regiões Unidade: No
mundiais
Quartos exis- Hotéis em fase Quartos Previsão do to-
tentes de construção em fase de tal de quartos
ou planea- construção ou (actuais e futu-
mento planeamento ros)
Europa 3 814 942 699 120 266 3 935 208
Médio Oriente/África 586 491 449 123 631 710 122
Ásia/Pacı́fico 2 416 322 1 037 255 208 2 671 530
Canadá a) 432 772 211 22 276 455 048
Estados Unidos b) 4 851 246 3 418 360 506 5 211 752
América Central/Sul 333 062 133 21 384 354 446
Caribe/México 498 615 132 16 870 515 485
Total 12 933 450 6 079 920 141 13 853 591
a) dados de Junho de 2010 para todos os itens.
b) dados de Maio de 2010, para o número de quartos existentes.

Fonte: STR Global (2010a,b,c,d,e,f,g,h)

(2006), este facto dificulta a atribuição da responsabilidade ao sector na destruição de recursos,


quando comparado com as indústrias “pesadas” ou com os transportes.
Segundo Middleton & Hawkins (1993), as empresas de serviços, em particular as de viagens e
turismo, produzem genericamente impactes menos visı́veis e não são alvo de uma pressão regu-
lamentar tão forte como as indústrias de manufactura, o que desencadeou uma resposta tardia
relativamente às questões ambientais. Lima (2006) explica que, outro aspecto que justifica a falta
de inclusão do sector dos serviços na formulação de polı́ticas ambientais, é o facto deste ter um
nı́vel de emissões reduzido no ponto de “produção”, originando a percepção errada de que não é
poluente, assim como o facto de ser “difı́cil a avaliação do seu impacte por não existirem unida-
des de produção bem definidas que permitam verificar a sua evolução e comparação com outras
unidades” (Rosenblum et al. (2000) (p.4669), citados por Lima (2006)).
Outro aspecto a considerar é a diversidade de serviços e consequente consumo de recursos ine-
rentes à actividade hoteleira. Esta indústria é encarada como uma das mais abrangentes no sector
dos serviços (Whitla et al. 2007). De facto, são inúmeras as actividades afectas à exploração de
um hotel, atendendo à complexidade dos serviços que oferece, principalmente nas unidades de
categoria superior, com a classificação de 4 e 5 estrelas. Actualmente, uma unidade hoteleira con-
templa muitos outros serviços para além do alojamento, nomeadamente o serviço de alimentação
e bebidas (restaurantes, bares e catering), organização de eventos (eventos culturais e empresa-
riais, como reuniões, seminários, conferências, exposições, entre outros), animação, actividades
relacionadas com a saúde, bem-estar e lazer. Bohdanowicz (2006a) acrescenta que os hotéis,
tradicionalmente associados a um nı́vel de conforto elevado e entretenimento, competem num mer-
cado global, oferecendo serviços mais sofisticados, quartos mais espaçosos e confortáveis, mais
variedade de alimentos e bebidas, o que origina normalmente excedentes na exploração de energia
e de outros recursos.
Os impactes causados pela indústria hoteleira no ambiente, como se explica em 3.3.1, são significa-
tivos. Os hotéis são responsáveis por 21% das emissões de dióxido de carbono totais da indústria
turı́stica (World Tourism Organization UNWTO/OMT 2009). Para a Agência Regional da Energia e
Ambiente da Região Autónoma da Madeira (2002), os impactes ambientais dos hotéis de categoria
A Gestão Ambiental na Hotelaria 47

superior são, à partida, mais diversificados e significativos, o que implica um maior consumo de
recursos.

As novas tendências na procura turı́stica enunciadas na secção 2.6 do capı́tulo anterior, são mais
um argumento que justifica a necessidade de adopção de melhores práticas na gestão ambiental
(tradução de environmental management best practice), por parte das unidades hoteleiras. Se-
gundo Jafari (2000), as melhores práticas na gestão ambiental são um meio para alcançar o cres-
cimento sustentável de uma forma competitiva, que exige estruturas e atitudes organizacionais ra-
dicalmente diferentes, desenhadas de forma a melhorar continuamente o desempenho empresa-
rial. A excelência ambiental promove-se através da gestão de práticas que incorporem tecnologia
nova e mais limpa, e dando mais ênfase à conservação de recursos, reciclagem, reutilização e
transformação. Um estudo realizado por Feiertag (1994), citado por Chan & Ho (2006), revela que
75% dos clientes entrevistados afirmam serem consumidores pró-ambiente e que a sua escolha re-
cairia sobre um hotel que adoptasse medidas de protecção ambiental. Bierwirth (2010) reitera que
o facto dos hotéis demonstrarem preocupações ambientais constitui um atractivo para os hóspedes,
referindo que a sustentabilidade e a gestão ambiental vão continuar a ser uma tendência para os
próximos anos.

Ciente desta realidade, a indústria hoteleira começou a reconhecer e a valorizar a importância dos
movimentos “verdes”, e do potencial deste segmento de mercado. De acordo com Kirk (1998), as
empresas turı́sticas, principalmente as unidades hoteleiras, têm adoptado, desde 1990, algumas
iniciativas voluntárias com o intuito de demonstrar o seu compromisso para com o desenvolvimento
sustentável.

A adopção de medidas de protecção ambiental regulamentadas está a aumentar e a ser encora-


jada em todo o mundo. As associações de turismo e hotelaria, tais como as empresas hoteleiras,
desenvolvem linhas orientadoras, programas de formação para defesa do ambiente e publicitam as
estratégias e medidas adoptadas em diversos estudos de caso.

A pressão exercida sobre o sector hoteleiro, para que este melhore o seu desempenho ambiental
tem sido notória, utilizando como argumentos a necessidade em preservar o meio ambiente da área
de destino, a oportunidade de redução de custos operacionais, a crescente procura de hotéis “ami-
gos do ambiente” por parte dos clientes, entre outros (Bohdanowicz 2006a). Reinhart (2001), citado
por Vernon et al. (2003), refere que, para além da redução de custos, a integração da vertente am-
biental na operação das empresas, permitiu criar novas oportunidades, em termos de diferenciação
do produto, sensibilização da concorrência, gestão de riscos e redefinição de mercados.

Em vários estudos, os investigadores concluem que going green 2 tem sido uma prática comum
entre os hotéis para ganharem vantagens competitivas em meios altamente competitivos (Le et al.
2006). De facto, o novo contexto global na esfera empresarial exige, por parte dos gestores, a
capacidade de lidar com factores ambientais e sociais nos seus processos de decisão. Para além
dos indicadores financeiros, os negócios serão avaliados por indicadores não-financeiros (Holvejac
2003), como por exemplo, a taxa de ocupação ou número de hóspedes de um hotel ser traduzida em
emissões de dióxido de carbono. Holvejac (2003) afirma, igualmente, que os impactes da indústria
hoteleira também serão avaliados em função de diversos factores, como melhorar a qualidade de
vida, preservar a natureza e inspirar a sociedade através da inclusão de novos valores.

Os aspectos apresentados permitem concluir que existem argumentos válidos que justificam a ne-
cessidade imperativa do sector utilizar criteriosamente os recursos do planeta, e a necessidade
genuı́na das empresas hoteleiras adoptarem medidas que incorporem a sustentabilidade ambiental
nas suas operações.

2 Este conceito está associado à preservação da natureza e do meio ambiente; significa ter uma atitude consciente face à

utilização dos recursos, enveredar pela adopção de medidas de protecção ambiental.


48 A Gestão Ambiental na Hotelaria

3.3.1 Impactes ambientais decorrentes da actividade hoteleira

As infra-estruturas turı́sticas, como os hotéis e empreendimentos turı́sticos, geram impactes positi-


vos e negativos no ambiente, como se referiu em 2.3, no capı́tulo anterior. Mas Kirk (1996) salienta
uma particularidade das empresas hoteleiras, que se prende com a sua localização. Como na
maioria das indústrias de serviços, estão posicionadas de acordo com as necessidades dos consu-
midores, e por isso, muitos dos hotéis situam-se em locais de extrema beleza natural, em centros
históricos ou em zonas com um equilı́brio ecológico sensı́vel, agravando esta problemática.
Os impactes ambientais negativos decorrentes da actividade das empresas hoteleiras são diversos.
Kirk (1996) refere as emissões de dióxido de carbono 3 , emissões de clorofluorcarbonetos (CFC’s),
o ruı́do, o fumo, os cheiros, a alteração da paisagem, o consumo exacerbado de energia, água, ali-
mentos, a produção de desperdı́cios, etc., como consequência da exploração hoteleira e da procura
dos consumidores. Para muitos clientes, ser “mimado“ com abundância de água quente, com chu-
veiros de alta pressão, ter muitas toalhas disponı́veis, mudança diária da roupa de cama e banho,
variedade copiosa de alimentos e bebidas, ter acesso a piscinas, saunas e a uma limousine para
os levar ao aeroporto, é parte integrante da experiência de pernoitar num hotel (Kirk 1996).
A crescente procura de elevados nı́veis de conforto e qualidade por parte dos turistas, explicam
o facto dos hotéis terem um consumo energético intensivo. Segundo World Tourism Organization
UNWTO/OMT (2009), é um dos sectores da indústria turı́stica que mais energia consome. E de
acordo com Energy Efficiency Office (1994), os hotéis consomem mais energia do que os edifı́cios
industriais. Outro aspecto relevante é o consumo de grandes quantidades de água, que é agravado
pelo facto de existir uma forte relação entre o consumo de energia e o consumo de água, pois a
maioria da utilização de água nos hotéis é sob a forma de água quente (Kirk 1996).
Middleton & Hawkins (1998) sintetizam os impactes ambientais negativos mais relevantes da indús-
tria hoteleira da seguinte forma:

• consumo de energia proveniente de combustı́veis fósseis;


• consumo de energias não-renováveis, tais como petróleo, carvão e gás natural para aqueci-
mento, de entre outras utilizações;
• consumo abundante de água potável, principalmente em áreas onde há escassez de água,
nomeadamente em piscinas e irrigação de campos de golfe, entre outros;
• utilização de transportes, quer para uso próprio das unidades hoteleiras, quer pelos visitantes
nas suas deslocações de e para o destino, assim como pelos fornecedores de bens e serviços;
• poluição dos cursos de água através de descargas de efluentes no meio ambiente, sem tra-
tamento, provenientes das lavandarias, cozinhas, quartos de hóspedes, piscinas e através da
utilização de pesticidas e herbicidas em campos de golfe e jardins;
• produção de resı́duos sólidos para aterro e deterioração da paisagem devido a deposições
ilegais;
• utilização de CFC’s, de halogéneo e outros materiais componentes perigosos;
• degradação do património natural e cultural devido ao número excessivo de visitantes em
áreas sensı́veis;
• redução da diversidade de espécies originada pelo desenvolvimento de infra-estruturas, cons-
truções e alterações na paisagem, como campos de golfe, para além das perturbações cau-
sadas pelos visitantes;
3 De acordo com Energy Efficiency Office (1993), um hotel liberta na atmosfera, em cada ano, cerca de 160 kg de CO
2
por cada m2 de área construı́da.
A Gestão Ambiental na Hotelaria 49

• redução da qualidade paisagı́stica como consequência da progressiva urbanização, associada


ao desenvolvimento da actividade turı́stica, caracterizada pela proliferação de hotéis e resorts
em destinos turı́sticos.

• degradação da cultura local em paı́ses em desenvolvimento económico, devido às alterações


provocadas pelas novas formas de trabalho criadas pelas unidades hoteleiras, bem como pela
comercialização de artes performativas tradicionais como forma de animação turı́stica.

De acordo com a Agência Nacional de Protecção Ambiental e Serviços Técnicos Italiana (2002), ci-
tada por Bohdanowicz (2006a), estima-se que 75% dos impactes ambientais gerados pela indústria
hoteleira são atribuı́dos ao consumo excessivo de bens não duráveis, locais e importados, como
energia e água, e pela emissões libertadas na atmosfera, na água e no solo. A tı́tulo de exemplo,
um indicador de referência considerado satisfatório pela International Hotels Environment Initiative
(2005), citado por Bohdanowicz (2006a), é um consumo de água inferior a 540 litros por cada dor-
mida (Bohdanowicz 2005).
Estes impactes podem ser minimizados se, para além do cumprimento da regulamentação legal,
as unidades hoteleiras implementarem medidas de auto-regulação da sua actividade. Middleton
& Hawkins (1998) concluem que as medidas de protecção ambiental voluntárias adoptadas pela
indústria hoteleira têm surtido mais efeito do que as impostas pela lei e que o sector tem demons-
trado alguns progressos. Apresenta-se um resumo desses progressos, a nı́vel internacional e naci-
onal na secção que se segue.

3.4 Situação actual da aplicação da gestão ambiental nas uni-


dades hoteleiras

3.4.1 A nı́vel internacional

A partir de 1990, a indústria hoteleira começou a implementar medidas de protecção ambiental, mas
foram principalmente as grandes empresas, à semelhança dos outros sectores de actividade, que
tomaram a iniciativa (Middleton & Hawkins 1998). Assim, surgiram as grandes cadeias hoteleiras
como a Hilton International, o InterContinental Hotels Group (IHG), a Accor, Radisson SAS. Mas,
segundo aqueles autores, o IHG, em conjunto com o WTTC, foi pioneiro na aplicação dos princı́pios
do desenvolvimento sustentável.
A International Hotels Environment Initiative (IHEI), fundada em 1992 pelas maiores cadeias hote-
leiras internacionais e membro do Prince of Wales Business Leaders Forum, desde cedo revelou
ser uma organização pró-activa na aplicação da gestão ambiental nas unidades hoteleiras. De
acordo com Kirk (1998), esta organização, que actualmente se denomina International Tourism
Partnership (ITP), desenvolveu vários manuais para os gestores hoteleiros e colabora em acções
de formação para diversos hotéis. O Environmental Action Pack for Hotels é um dos manuais que
contou com o apoio da IHEI, para além da International Hotel Association e United Nations Envi-
ronment Programme Industry and Environment. Este manual tem sido utilizado em diversos hotéis
de diferentes paı́ses, nomeadamente em Portugal (United Nations Environment Programme Indus-
try and Environment, International Hotel Association and International Hotels Environment Initiative
1995). Outra publicação de renome daquela instituição é a revista “Green Hotelier”, que, de entre
outras informações, estabelece standars para a sustentabilidade hoteleira.
Seguindo as pisadas da ITP, tem proliferado a publicação de manuais e guias práticos promovidos
por diversas organizações, associações hoteleiras e cadeias de hotéis, como as já supra-citadas.
50 A Gestão Ambiental na Hotelaria

Em 1998 foi criado, na Escócia, o Green Tourism Business Scheme (GTBS), pelo Tourism & En-
vironment Forum - uma parceria público-privada que tem como finalidade a promoção do turismo
sustentável. O GTBS é um sistema de certificação ambiental desenvolvido para empresas turı́sticas,
e de adesão voluntária. Em 2007, o número de membros era já de mais de 500 empresas no Reino
Unido (Tzschentke et al. 2008).

Segundo Clark e Siddall (2001), citado por Bohdanowicz (2006a), um estudo realizado pela Pri-
cewaterhouseCoopers com hotéis europeus, revela que 80% dos respondentes afirmaram ter uma
polı́tica ambiental. No entanto, apenas 1% dos serviços de alojamento europeu tem um sistema de
reconhecimento ambiental. Na sua investigação, que contemplou cerca de 4000 hotéis da Europa,
a autora conclui que o nı́vel de preocupação entre os seus gestores não é ainda suficiente para
introduzir mudanças significativas (Bohdanowicz 2006a).

O estudo de Le et al. (2006) sobre a gestão ambiental em hotéis vietnamitas conclui que a introdução
de práticas de protecção ambiental está ainda numa fase inicial.

3.4.2 A nı́vel nacional

Em Portugal, e comparativamente a outros paı́ses, pensa-se que o sector turı́stico, nomeadamente


as unidades hoteleiras, ainda está a dar os primeiros passos para a efectiva aplicação do termo
“sustentabilidade”. Tendo em conta a expressão da actividade turı́stica em Portugal, são escassos
os exemplos de hotéis com uma polı́tica de gestão ambiental formal e ainda mais aqueles que têm
uma certificação ambiental.

A investigação de Viegas (2008), que contemplou os hotéis algarvios, considera que o estado
de implementação da maioria das práticas ambientais é deficitário. O estudo identifica a gestão
energética como a área com um maior nı́vel de implementação e, surpreendentemente, a gestão
de águas ser uma área pouco cuidada. Revela ainda que as unidades hoteleiras que dispõem de
um sistema de gestão ambiental (SGA) - 34% dos respondentes - e de certificação ambiental -
24% dos respondentes - NB são uma minoria. A autora conclui que o sector tem de apostar mais
na protecção ambiental e adoptar melhores práticas, para dar um contributo positivo e significativo
para a sustentabilidade turı́stica da região.

O estudo do Turismo de Portugal, IP (2008), sobre boas práticas ambientais nos Hotéis e Pousadas,
incide sobre três principais áreas de actuação, que estão relacionadas com a gestão de energia,
de água e de resı́duos sólidos. Os resultados indicam que 72% dos estabelecimentos inquiridos
implementou medidas para reduzir o consumo energético, sendo a utilização de lâmpadas de baixo
consumo a prática mais implementada. A gestão de resı́duos sólidos é feita em 62% dos estabe-
lecimentos, sendo a prática mais comum a recolha selectiva de resı́duos. No que diz respeito ao
uso eficiente de água, apenas 51% do total de hotéis e pousadas implementa boas práticas, sendo
a mais popular a polı́tica de mudança de roupa de cama e banho. Não se fazem referências à
implementação de um SGA, mas revela-se que apenas 5% dos estabelecimentos são detentores
de uma certificação ambiental, salientando que 6% são certificados pela NP EN ISO 14001: 2004,
5% pelo Rótulo Ecológico da União Europeia e 3% pelo EMAS. Apesar dos resultados não serem
os mais desejados, o estudo - que estabelece uma comparação com o ano de 2006 - apresenta
uma evolução positiva em todas as práticas implementadas.

Os resultados do presente estudo, descritos no capı́tulo 6, revelam que 40% dos hotéis inquiridos
têm uma polı́tica formal de gestão ambiental e 19% detém um sistema de certificação ambiental.
Contudo, tal como na investigação de Viegas (2008), o nı́vel de implementação de práticas de
gestão ambiental é reduzido.
A Gestão Ambiental na Hotelaria 51

3.4.3 Exemplos de unidades de alojamento que adoptam boas práticas am-


bientais

A tendência dos hotéis na adopção de práticas que protejam o meio ambiente, é cada vez mais
notória e abrange áreas bastante diversificadas. Citam-se, seguidamente, alguns exemplos.
O IHG iniciou um apoio à investigação para a conservação da natureza, na Universidade de Oxford,
com um donativo dum montante considerável (cerca de 680 mil euros). Esta verba provém do
valor poupado com a mudança de extractos em papel para extractos digitais, do seu programa
de fidelização - “Priority Club Rewards“ - cujos membros são incentivados a fazer esta opção e
poderão estar a par do projecto de investigação, contactando directamente os cientistas através dum
site próprio. O vice-presidente sénior da área da Responsabilidade Corporativa do IHG justifica o
donativo com o empenho do grupo na procura de soluções inovadoras face ao impacte económico,
ambiental e social das viagens, querendo assegurar que o grupo está a desenvolver e a operar
hotéis de forma responsável.
A implementação de melhores práticas pela cadeia Accor, da qual se salienta a sua Carta Ambiental
(ver anexo F).
Outro exemplo vem da Grecotel SA, a cadeia hoteleira lı́der na Grécia, que em 1992 elaborou
uma declaração de polı́tica ambiental e, desde então, apoiada pela Comissão Europeia e com a
colaboração da ITP e de operadores turı́sticos, delineou uma estratégia de desenvolvimento sus-
tentável, através da implementação de um programa ambiental, da sensibilização de colaboradores
e clientes, de um programa que envolve e apoia a comunidade local e da divulgação da sustentabi-
lidade.
A cadeia hoteleira Scandic implementou um pequeno almoço eco-certificado, ou seja, os produtos
alimentares detêm uma certificação ambiental, em que um dos critérios passa pela utilização ex-
clusiva de bens alimentares provenientes de agricultura ecológica e de fornecedores detentores da
certificação ambiental.
O Kenoa Exclusive Beach Spa & Resort, no Brasil entitula-se como o primeiro “eco-chic“ design
resort.
Mas a gestão ambiental é aplicada em outras formas de alojamento, como em cruzeiros e parques
de campismo. A Bureau Veritas entregou o galardão “BV Energy Efficient Design”, pela primeira
vez, a um navio de cruzeiros, o MSC Splendida. Este navio detém igualmente uma certificação
ambiental, pelo facto de cumprir elevados padrões de respeito pelo ambiente. Para além do eco-
design, possui um sistema de tratamento de águas e uma tecnologia que permite economizar 25%
de energia nas cabinas e zonas públicas.
Zmar é o nome do primeiro o Eco-Camping Resort português e um dos primeiros da Europa. Este
parque de campismo, localizado na Zambujeira do Mar (Odemira) e com a classificação de cinco
estrelas, está vocacionado para o turismo de consciência ecológica e ambiental. As iniciativas de
respeito pelo ambiente e poupança de recursos naturais são várias: instalação de painéis fotovol-
taicos, utilização de materiais renováveis, como plástico reciclado e madeiras oriundas de florestas
certificadas.
No decorrer do presente trabalho, e na tentativa de fazer uma análise a nı́vel nacional, contactou-se
o Turismo de Portugal, para solicitar um inventário das unidades hoteleiras com certificação ambien-
tal ou outro sistema de reconhecimento de protecção ambiental, mas esta instituição, na pessoa do
Dr. Jorge Umbelino, comunicou-nos que não dispõe desta informação. Seguidamente, foram con-
tactadas as diversas entidades responsáveis pela emissão dos vários certificados e outros diplomas
de protecção ambiental em Portugal, como o IPAC (Instituto Português de Acreditação), a Agência
Portuguesa do Ambiente, a APCER (Associação Portuguesa de Certificação), a SGS ICS (Serviços
Internacionais de Certificação, Lda.), a Associação Bandeira Azul da Europa, a TÜV Rheinland
52 A Gestão Ambiental na Hotelaria

Portugal- Inspecções Técnicas, Lda. No entanto, existem já alguns hotéis com certificação ambien-
tal ou com outros sistemas de reconhecimento de protecção ambiental em Portugal. Apresentam-
se, a tı́tulo exemplificativo, algumas dessas unidades no apêndice C.
Assim, e conforme as diversas informações prestadas pelas organizações anteriormente referidas,
pode concluir-se que em Portugal, de acordo com Agência Portuguesa do Ambiente (2009), existem
actualmente cinco unidades hoteleiras registadas no EMAS com o código NACE 55.1 - Estabeleci-
mentos Hoteleiros. O número de instituições com a certificação NP EN ISO 14001:2004 deverá ser
cerca de treze.
O Hotel Jardim Atlântico é o que mais se destaca das outras unidades hoteleiras, pelo facto de
possuir diversas certificações ambientais e outros sistemas de reconhecimento de protecção ambi-
ental, assim como vários prémios nesta categoria. Um exemplo disso é o galardão “Best Ecological
Hotel”, do operador escandinavo Thomas Cook Northern Europe, atribuı́do em Junho de 2009;
posicionando-se no primeiro lugar entre 600 hotéis da Europa. Este hotel, localizado na Calheta,
ilha da Madeira, foi galardoado pelo operador turı́stico TUI com o prémio ambiental “Umwelt Cham-
pion in Gold 08”. A unidade, que desde 1993 é um hotel “verde“, tem vindo a ser distinguida ao longo
dos anos pelas suas práticas amigas do ambiente, tendo sido destacada pelo TUI como a quarta
entre 12 mil unidades a nı́vel mundial. Este hotel possui a certificação pela NP EN ISO 14001:2004,
o certificado segundo o Sistema Eco-Hotel, o certificado segundo os critérios do Rótulo Ecológico
da União Europeia, e o Certificado LiderA - Sistema Português de Avaliação da Sustentabilidade.
Em 2010 conquistou o Prémio de Inovação para a Sustentabilidade, atribuı́do pela Agência Portu-
guesa do Ambiente, sendo o único hotel português candidato ao ”European Business Awards for
the Environment“.
Também se destaca o Hotel Inspira Santa Marta (Lisboa) pelo facto de incluir, no seu inquérito
de satisfação de clientes, uma secção destinada às “Práticas de Conservação Ambiental” e pela
aquisição de bens que detêm o ”selo de qualidade humana”, ou seja, produtos provenientes de
mão-de-obra que não foi submetida a exploração humana.

3.5 Implementação de estratégias

Mais importante do que seguir uma tendência de protecção ambiental no mundo empresarial, é a
implementação de medidas e práticas efectivas de gestão ambiental. Esta tendência reflecte-se
inclusivamente na terminologia utilizada; a expressão going green, está a ser substituı́da por being
green, demonstrando a mudança de atitude face à importância da componente ambiental em todos
os domı́nios da sociedade.
Seguidamente, explica-se em que consiste um sistema de gestão ambiental e os passos para a sua
implementação.

3.5.1 Sistema de gestão ambiental

O sistema de gestão ambiental (SGA) consiste no conjunto de directrizes e de instrumentos de


gestão adoptados para implementar a polı́tica ambiental de uma organização. As linhas de orienta-
ção especificam competências, comportamentos, procedimentos e exigências que permitem avaliar
e controlar os impactes ambientais das actividades desenvolvidas pela organização. Segundo o
Euro Info Centre PME - Eurogabinete do IAPMEI (n.d.), o SGA é o ciclo contı́nuo de planear, realizar,
rever e melhorar o desempenho ambiental de uma organização. É um sistema global, que atravessa
transversalmente todas as áreas ambientais (Viegas 2008).
A Gestão Ambiental na Hotelaria 53

Os princı́pios de gestão ambiental - estabelecidos no Environmental Management System (Sistema


de Gestão Ambiental), no âmbito do British Standar BS 7750 - têm standars muito semelhantes aos
do Sistema de Gestão da Qualidade ISO 9000 (Kirk 1995). Estes princı́pios enumeram as várias
fases para estabelecer os procedimentos de gestão ambiental em qualquer organização. Eis as
fases sugeridas por esses princı́pios:

• formulação de uma polı́tica ambiental;

• garantia de um compromisso total de todos os membros da organização;

• realização de um relatório ambiental;

• atribuição de responsabilidades dentro da organização;

• elaboração de um registo dos efeitos ambientais;

• definição de objectivos e metas;

• implementação de um sistema de gestão;

• contratação de auditorias ambientais periódicas;

• elaboração de um sistema de revisão regular sobre o desempenho.

3.5.2 Sistemas formais de certificação ambiental

Os sistemas formais de certificação ambiental aplicáveis ao turismo cumprem uma função muito
importante na regulamentação dos serviços turı́sticos, beneficiando as empresas que os adoptam,
o meio ambiente, as comunidades locais dos destinos turı́sticos e os consumidores.

Como se menciona em 3.6.2, a certificação ambiental constitui uma poderosa ferramenta de mar-
keting, principalmente quando o sistema tem um reconhecimento internacional e é utilizado em
inúmeros paı́ses, como é o caso das normas ISO, que são adoptadas por 148 paı́ses. A NP EN
ISO 14001:2004 e EMAS (Eco-Management and Audit Scheme) são as normas para implementar
um SGA. Para além destas normas, existe o Programa Green Globe 21 e um sistema que integra a
Gestão Ambiental, a Qualidade, a Segurança e Saúde no Trabalho, e a Responsabilidade Social. A
tabela 3.2 apresenta uma breve descrição sobre estes sistemas.

3.5.3 Outros sistemas de certificação e rótulos de qualidade ambiental

Os rótulos de qualidade ambiental começaram a ser utilizados na década de 80, mas é a partir
de 1990 que o seu desenvolvimento se consolida. Desde então, tem havido uma proliferação de
sistemas voluntários que estipulam linhas orientadoras para melhores práticas e métodos que re-
conhecem os esforços das empresas que cumprem com os standars definidos (Font 2002). De
acordo com o mesmo autor, existem mais de 100 rótulos ecológicos para o sector do turismo, em
que muitos deles se sobrepoem no âmbito sectorial e geográfico. Esta situação tem, inclusivamente,
despoletado alguma confusão nos seus clientes, pelo que se defende a adopção de um único rótulo
a nı́vel europeu para a actividade turı́stica. Na tabela 3.3, apenas se citam os de maior renome,
bem como os mais implementados a nı́vel nacional.
54 A Gestão Ambiental na Hotelaria

Tabela 3.2: Sistemas formais de certificação ambiental

Sistemas Breves considerações


NP EN ISO Norma voluntária que especifica os requisitos para a implementação de um SGA em qualquer
14001:2004 organização. Permite desenvolver e implementar uma polı́tica e objectivos que têm em linha de conta
requisitos legais e outros, assim como informação sobre aspectos ambientais relevantes. É aplicável
aos aspectos ambientais que as organizações identificam como os que podem controlar e influenciar. A
certificação em conformidade com a norma é emitida pelos Organismos de Certificação reconhecidos
pelo Instituto Português de Acreditação (Turismo de Portugal, IP 2008).
EMAS Sistema Comunitário de Ecogestão e Auditoria é um rótulo de qualidade europeu, relativo à gestão ambi-
ental e comunicação, que consiste no desenvolvimento da legislação ambiental existente. O Decreto-Lei
no 142/2002, de 20 de Maio, especifica as entidades que são responsáveis pelo EMAS de forma a as-
segurar a aplicação na ordem jurı́dica interna do Regulamento (CE) no 761/2001, de 19 de Março, do
Parlamento Europeu e do Conselho. À semelhança da NP EN ISO 14001:2004, é um mecanismo vo-
luntário destinado a empresas e organizações que desejem comprometer-se a avaliar, gerir e melhorar a
sua performance ambiental. Em Portugal, o organismo competente no âmbito do EMAS é a Agência Por-
tuguesa do Ambiente. Este organismo tem a responsabilidade de assegurar a qualificação e acreditação
de especialistas independentes, que, por sua vez, verificam e avaliam as actividades e informação ambi-
ental das organizações e empresas. Segundo Turismo de Portugal, IP (2008), o EMAS é actualmente o
sistema de gestão ambiental mais credı́vel e robusto do mercado.
Green Programa de acção mundial desenvolvido pelo Concelho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC), que
Globe incentiva a prática sustentável na gestão de empresas turı́sticas. O programa, concebido unicamente
para a indústria de viagens e turismo, estabelece critérios para a obtenção da certificação de produtos e
serviços. O processo de certificação passa por vários estágios, com as seguintes distinções: da afiliação,
que corresponde a um ano de perı́odo experimental, passa-se para a fase de benchmarking - “Bench-
marking (Bronze)“; após a avaliação do cumprimento de critérios, obtém-se a certificação - “Certification
(Silver)“; as organizações que mantiverem a certificação por um perı́odo mı́nimo de cinco anos podem
utilizar o logótipo do certificado - ”Green Globe Certified (Gold)“ (Green Globe International, Inc. n.d.).
Sistema In- Sistema que integra as seguintes normas: NP EN ISO 9001:2000 (Gestão da Qualidade), NP EN ISO
tegrado 14001:2004 (Gestão do Ambiente), OHSAS 18001:2007 (Occupational Health and Safety Assessment
Services - Segurança e Saúde no Trabalho) e NP 4469 (Responsabilidade Social). Algumas empresas,
reconhecendo a necessidade de se destacarem num contexto cada vez mais competitivo, optam por este
sistema de certificação, até porque permite optimizar os processos e as componentes dos vários sistemas,
através da criação um só sistema de gestão, da centralização de esforços e atenções para um conjunto
único de procedimentos, que integra as quatro áreas de interesse.

3.6 Práticas de gestão ambiental nos hotéis e factores que in-


fluenciam a sua adopção

Nesta secção, apresentam-se as principais práticas de gestão ambiental (PGA) e os factores mais
comuns que influenciam a sua adopção.

Um dos obstáculos à implementação das iniciativas de protecção do meio ambiente prende-se


com a dificuldade que os gestores hoteleiros sentem na identificação das mesmas. Esta questão
é colocada em alguns estudos académicos, como o de Kirk (1995), um dos primeiros realizados
sobre a temática. O autor questiona como é que as preocupações gerais se traduzem em acções
individuais e qual o “custo” da protecção ambiental que as empresas estão dispostas a suportar.

A resposta a estas questões é complexa e revelou a necessidade de proceder a uma vasta revisão
da literatura que versa sobre esta temática. Os exemplos mais relevantes desses estudos são de
Kirk (1995), Kirk (1996), Stabler & Brian (1997), Kirk (1998), Middleton & Hawkins (1998), Knowles
(1998), Knowles et al. (1999), Enz & Siguaw (1999), Enz & Siguaw (2003), Tzschentke et al. (2004),
Bohdanowicz (2005), Bohdanowicz (2006a),Bohdanowicz (2006b), Le et al. (2006), Pinheiro (2006),
Tzschentke et al. (2008), Viegas (2008) e de Sampaio et al. (2008).
A Gestão Ambiental na Hotelaria 55

Tabela 3.3: Outros sistemas de certificação e rótulos de qualidade ambiental

Sistemas Breves considerações


Rótulo Sistema aplicável à actividade turı́stica, com diversos instrumentos de reconhecimento de qualidade ambi-
Ecológico ental, tendo como principal base legal o Regulamento 1980/2000 e, como objectivo primordial, promover a
da União concepção, comercialização e utilização de produtos susceptı́veis de contribuir para a redução dos impac-
Europeia tes ambientais negativos, visando a utilização eficiente dos recursos e um elevado nı́vel de protecção do
(European ambiente. Outra das finalidades passa por informar melhor os consumidores sobre a qualidade ambiental
Ecolabel) dos produtos. O termo ”produto”, no âmbito do sistema referido, deve ser entendido como qualquer tipo de
bens ou serviços, nomeadamente serviços de alojamento turı́stico e serviços de parques de campismo.
Os critérios ecológicos adoptados para atribuir o rótulo comunitário contemplam 24 grupos de produtos
e são especı́ficos para cada um deles. É de salientar que o grupo de produtos ”Serviços de Alojamento
Turı́stico” foi o primeiro a ser desenvolvido para um serviço, cujos critérios aplicáveis constam da Decisão
da Comissão 2003/287/CE, de 14 de Abril. A Direcção-Geral da Empresa (DGE) é o organismo compe-
tente, a nı́vel nacional, pela implementação do Sistema do Rótulo Ecológico Europeu e pela recepção das
candidaturas (Ministério da Economia, da Inovação e do Desenvolvimento - Direcção Geral da Empresa
n.d.).
GTBS Sistema de certificação ambiental, concebido em 1997 para as empresas do sector turı́stico, resultante do
(Green trabalho desenvolvido pelo Tourism & Environment Forum e pela VisitScotland. Segundo GTBS (Green
Tourism Tourism Business Sheme), este sistema conta com 1785 membros, dos quais 351 são hotéis, no Reino
Business Unido, o que lhes permite afirmar serem lı́deres de mercado na certificação de empresas de turismo
Scheme) sustentável. A adesão a este sistema de certificação é voluntária, mas não é gratuita; os encargos estão
directamente relacionados com a dimensão do negócio. O número de medidas implementadas traduz-se
no nı́vel de reconhecimento - “Bronze, Silver, Gold” - correspondendo a categoria “Bronze” ao número
mais baixo e “Gold” ao maior número de medidas (Tzschentke et al. 2008).
Green Key Chave Verde é a designação portuguesa deste programa de qualidade e educação ambiental, de âmbito
internacional, que pretende acolher na sua rede todas as estruturas hoteleiras que têm preocupações
ambientais e adoptam melhores práticas para um turismo sustentável. Este projecto, inicialmente ape-
nas dedicado a hotéis e similares, e implementado em 16 paı́ses, reconhece os esforços efectuados no
sentido de uma orientação sustentada do Turismo. Em Portugal, a entidade responsável pelo programa
é a Fundação para a Educação Ambiental, sendo coordenado pela Associação Bandeira Azul da Eu-
ropa (ABAE), constituindo-se assim como um rótulo de qualidade ambiental independente (Associação
Bandeira Azul da Europa - ABAE n.d.).
Eco-Hotel Sistema de gestão ambiental especı́fico para empresas do sector hoteleiro, associado à marca alemã
TÜV Rheinland, rege-se pelo cumprimento de standars internacionais. Para além da vertente ambiental,
contempla a saúde e segurança no trabalho (TÜV Rheinland n.d.).
LiderA Liderar pelo Ambiente para a construção sustentável (LiderA) - marca nacional - consiste num sistema de
avaliação e reconhecimento voluntário da construção dos nı́veis de desempenho ambiental numa óptica
de sustentabilidade (LiderA n.d.).

3.6.1 Práticas de gestão ambiental

A gestão ambiental na hotelaria abrange diversas áreas, como por exemplo, a gestão do consumo
energético, a gestão do consumo de água, a gestão de resı́duos, efluentes e materiais tóxicos,
polı́tica de compras, ruı́do, impacte paisagı́stico, de entre outros. Uma das áreas que requer
uma actuação urgente é a da energia, pois a utilização de energias renováveis é ainda margi-
nal, assim como a utilização de equipamento e tecnologias eficientes (World Tourism Organization
UNWTO/OMT 2009).

A gestão de energia, água e resı́duos sólidos são as áreas mais visadas pela maioria das soluções
de protecção ambiental, o que explica o facto da maioria das medidas implementadas estarem re-
lacionadas com a gestão do consumo energético, de água e dos resı́duos sólidos e efluentes. Os
factores que motivam a adopção destas medidas, descritos na secção 3.6.2, justificam esta pre-
ferência, uma vez que são os que permitem reduzir mais custos operacionais e os que revelam
ter mais impacte no meio ambiente (Kirk 1998, Bohdanowicz 2006a, Le et al. 2006, Viegas 2008).
As acções menos populares estão relacionadas com a comunicação ambiental, principalmente a
56 A Gestão Ambiental na Hotelaria

sensibilização e colaboração dos hóspedes para economizar recursos. Tal como Bohdanowicz
(2006a) explica, a expectativa dos clientes é a de obterem um serviço exclusivo, com o máximo
conforto e entretenimento nos hotéis, pelo que os prospectos, normalmente colocados no quarto
dos hóspedes, que contêm informações como “Por favor poupe energia, água, ...”, podem ser inter-
pretados com uma forma de intrusão da sua privacidade e conforto.

Conservação de energia

Os hotéis recorrem cada vez mais à implementação de sistemas de gestão energética, que incluem
a certificação energética, a monitorização dos consumos de energia, análise e controlo de dados
sobre consumos energéticos que permitem identificar áreas e instalações técnicas onde existem
potenciais poupanças e melhorias, assim como a optimização de energia, que permite melhorar
a performance energética e operacional de diversos equipamentos e sistemas, e a instalação de
equipamentos eficientes (baixo consumo energético, com bom isolamento térmico, etc.). De acordo
com Kirk (1996) e Bohdanowicz (2006a), alguns hotéis estão já munidos de programas informáticos
especı́ficos, habitualmente designados por “Building Management System“ (sistema de gestão de
edifı́cios). Estes sistemas permitem reduzir significativamente o consumo energético. A tı́tulo de
exemplo, uma cadeia hoteleira que instalou este sistema, associado à instalação de caldeiras novas
e altamente eficientes, economizou 40% no consumo de gás e cerca de 39% em electricidade (Kirk
1996).
As medidas de conservação de energia requerem um programa de planeamento. Muitos hotéis
sub-contratam inclusivamente a gestão energética a uma empresa especializada, permitindo assim
aos hotéis concentrarem-se no seu core business.
Existem oportunidades para adoptar medidas de conservação de energia em cada perı́odo do ci-
clo de vida dos hotéis (projecto de construção, projecto de remodelação/ampliação), mas é na
fase de projecto de construção de um novo hotel que surgem mais hipóteses para construir um
edifı́cio energeticamente eficiente. Nesta fase é fundamental garantir que as diversas utilizações
energéticas, como a iluminação, o aquecimento, o ar condicionado, a água quente e as necessi-
dades de potência, expressas em kWh (kilowatt-hora) por m2 , sejam compatı́veis com as espe-
cificações técnicas do edifı́cio. Outros aspectos devem ser tidos em consideração aquando do
planeamento da gestão energética do edifı́cio, tais como as condições climatéricas, não esque-
cendo a exposição solar, ao vento e à chuva. A tı́tulo de exemplo, um hotel com uma boa exposição
solar e cujo projecto contemplou a contribuição passiva de energia solar para o aquecimento do
hotel, pode resultar numa poupança de 15% de energia para o espaço de aquecimento, depen-
dendo, obviamente das condições climatéricas (Kirk 1996). Citam-se os exemplos mais comuns de
equipamentos e materiais eficientes, do ponto de vista energético:

• Lâmpadas de baixo consumo energético: são o equipamento mais popular nos hotéis devido
aos resultados comprovados na poupança da factura da electricidade. A economia de ener-
gia deve-se à redução de consumo das lâmpadas, mas também pelo facto destas emitirem
menos calor, permitindo assim uma redução no consumo de energia por parte do sistema de
Aquecimento, Ventilação e Ar Condicionado (AVAC). Além disso, a instalação de iluminação
mais duradoura, permite reduzir custos de manutenção, pelo facto de alargar os intervalos de
manutenção;
• Sensores de detecção de movimento para o controlo da iluminação, evitando o desperdı́cio
da iluminação constante de todos os espaços fı́sicos do hotel;
• Interruptor geral no quarto de hóspedes (master swich), que apenas activa os equipamentos
eléctricos (à excepção do frigobar e de alguns sistemas de AVAC) com a introdução de um
cartão (master power card) no referido master swich, o que permite uma redução do consumo;
A Gestão Ambiental na Hotelaria 57

• Isolamento térmico, como por exemplo a instalação de janelas com vidros duplos, caixilharias
com corte térmico e vidros eficientes, de baixa emissividade;

• Sistema solar térmico para aquecimento de água utilizada na cozinha, copa, casas de banho,
piscina, etc.;

• Sistema de recuperação de calor;

• Sistemas de energias renováveis, para além da energia solar, a energia eólica e a hı́drica, são
as mais frequentes.

A colocação de prospectos informativos sobre economia de energia, nos quartos dos hóspedes,
é outra iniciativa dos gestores hoteleiros para reduzir os gastos energéticos (Bohdanowicz 2005).
Pretendem, desta forma, sensibilizar os clientes, incitando-os a aderir aos programas de protecção
ambiental seguidos pela unidade hoteleira.

Apresentam-se na tabela 3.4 as principais PGA relacionadas com a gestão do consumo energético
adoptadas pelos hotéis, identificadas na revisão da literatura.

Tabela 3.4: Principais práticas de gestão ambiental - Gestão do consumo energético

Práticas de Gestão do Consumo Energético Autores


Sistema de gestão de energia Kirk (1996, 1998), Bohda-
nowicz (2006a)
Monitorização diferenciada de todo o consumo energético Kirk (1996, 1998), Bohda-
nowicz (2006a)
Alterações no sistema de aquecimento Kirk (1995), Bohdanowicz
(2006a)
Utilização de iluminação natural Knowles et al. (1999), Pi-
nheiro (2006)
Instalação de lâmpadas de baixo consumo Kirk (1995, 1998), Enz &
Siguaw (1999), Bohdanowicz
(2006a), Pinheiro (2006)
Instalação de equipamento eficiente Kirk (1996), Bohdanowicz
(2006a), Pinheiro (2006)
Instalação de temporizadores em equipamento eléctrico Enz & Siguaw (1999)
Adequação dos programas de lavagem na lavandaria ao Pinheiro (2006)
tipo de roupa
Sensores de detecção de movimento para o controlo da Bohdanowicz (2006a), Le et
iluminação al. (2006), Pinheiro (2006)
Interruptor geral no quarto de hóspedes (master swich) Bohdanowicz (2006a), Le et
al. (2006)
Sistema de ventilação eficiente Kirk (1996)
Incorporação de energias renováveis Kirk (1996), Knowles et al.
(1999), Bohdanowicz (2006a)
Produção de biogás Bohdanowicz (2006a)
Sistema solar térmico para aquecimento de água utilizada Kirk (1996), Bohdanowicz
nos quartos de hóspedes e cozinha (2006a), Viegas (2008)
Sistema de recuperação de calor Kirk (1996)
58 A Gestão Ambiental na Hotelaria

Conservação de água

Uma das medidas de conservação de água muito comum nos hotéis, são os programas de reutiliza-
ção de roupa de banho e de cama. Para além da redução de consumo de água, poupa electricidade,
reduz a utilização de detergentes, prolonga a vida dos tecidos e equipamentos de lavandaria, assim
como mão-de-obra (Bohdanowicz 2006a). Segundo a autora, é uma das práticas bem implementa-
das na maioria dos hotéis europeus. A adesão dos clientes a este programa tem sido evidente - os
hotéis relatam que se situa entre os 70-90% (Griffin 2002). O sucesso desta iniciativa ganha maior
relevância quando se constata que os consumos mais elevados numa unidade hoteleira ocorrem
precisamente nos quartos de hóspedes, para além da lavandaria e cozinha. Segundo Kirk (1996),
cerca de 30% do consumo de energia e água do hotel provém dos quartos dos hóspedes. Este facto
motiva a instalação de equipamentos eficientes para minimizar o consumo de água. De acordo com
Bohdanowicz (2006a), mais de 60% dos hotéis suecos que participaram na sua investigação, estão
dotados de equipamentos eficientes, como autoclismos com cargas diferenciadas, torneiras com
sensores ou temporizadores, torneiras termo-estáticas, redutores de caudal em torneiras, etc.

A utilização das máquinas de lavar a louça e roupa na sua capacidade máxima, é outra medida
que permite reduzir significativamente o consumo de água e o consumo inerente de energia e
detergentes (Enz & Siguaw 1999). As autoras citam outra medida que visa a poupança de água:
a instalação de um sistema de rega automático subterrâneo e com temporizador, diminuindo a
evaporação de água.

A colocação de prospectos informativos para clientes sobre economia de água é outra prática co-
mum, embora, segundo Bohdanowicz (2006a), não tão popular como a sensibilização sobre os
consumos energéticos.

A tabela 3.5 resume as principais PGA de gestão ambiental relacionadas com a gestão do consumo
de água, adoptadas pelos hotéis, que foram identificadas na revisão da literatura.

Tabela 3.5: Principais práticas de gestão ambiental - Gestão do consumo de água

Práticas de Gestão do Consumo de Água Autores


Autoclismos com cargas diferenciadas Bohdanowicz (2006a), Pi-
nheiro (2006)
Torneiras com sensores ou temporizadores Bohdanowicz (2006a), Le et
al. (2006)
Torneiras termo-estáticas Bohdanowicz (2006a)
Redutores de caudal em torneiras Bohdanowicz (2006a), Pi-
nheiro (2006)
Informação para poupar água disponı́vel no directório de Enz & Siguaw (1999), Bohda-
serviços do hotel (colocado em cada quarto de hóspedes) nowicz (2005)
Alteração da polı́tica de mudança de roupa de banho e de Kirk (1995), Knowles (1998),
cama Knowles et al. (1999), Enz &
Siguaw (1999), Bohdanowicz
(2006a), Pinheiro (2006)
Utilização da capacidade máxima das máquinas de louça e Kirk (1996), Bohdanowicz
roupa (2006b)
Instalação de temporizadores em sistemas de rega Enz & Siguaw (1999)
Substituição do sistema de rega à superfı́cie por um sistema Enz & Siguaw (1999)
colocado no subsolo, para evitar a evaporação de água
A Gestão Ambiental na Hotelaria 59

Gestão de resı́duos sólidos

No que concerne à gestão de resı́duos sólidos, a separação e reciclagem dos resı́duos é a medida
mais implementada nos hotéis, devido à sua relativa simplicidade, baixo investimento em equipa-
mento e aos proveitos que podem decorrer da venda de alguns resı́duos (Enz & Siguaw 1999).
Contudo, este procedimento é mais frequente nas áreas técnicas, como escritórios e cozinhas, do
que propriamente nos quartos dos hóspedes (Bohdanowicz 2006a). Um dos motivos que podem
explicar tal facto, está relacionado com questões de estética (ou falta dela) de alguns contentores
que integram a separação fı́sica para a triagem dos resı́duos. Outra razão pode ser justificada pela
já citada questão do conforto, não querendo imputar esta tarefa aos hóspedes.
A doação de mobiliário, roupa de cama e de mesa, tapeçaria, louça, e outros materiais e equi-
pamentos a instituições de caridade, comunidade local, entre outras, constitui uma das práticas
recorrentes nos hotéis. Atendendo ao facto dos hotéis mudarem os materiais têxteis a cada cinco
anos, assim como o mobiliário e a maioria dos outros equipamentos ser remodelado de dez em dez
anos, o seu estado de conservação é considerado razoável para muitos, o que permite prolongar o
tempo de vida dos materiais e reduzir a produção de resı́duos sólidos. Outra prática frequente, é a
reconversão de lençóis e toalhas usados em panos de limpeza, pegas , etc., utilizados pela cozinha,
copa e andares (Enz & Siguaw 1999).
O donativo de sobras de sabonetes e champô/gel, utilizados pelos hóspedes, a colaboradores ou
a instituições de caridade é, por vezes, uma prática corrente, como citaram Enz & Siguaw (1999).
Contudo, este procedimento, assim como a doação de bens alimentares, como menciona Bohda-
nowicz (2006a), é uma situação controversa, por motivos de higiene e saúde e segurança alimentar,
e por vezes proibida pelas autoridades sanitárias locais. Quanto aos produtos de higiene, frequente-
mente disponı́veis em embalagens individuais, podem ser substituı́dos por dispensadores afixados
em locais próprios nas casas de banho dos hóspedes. Reduz-se significativamente o consumo de
embalagens e evitam-se os desperdı́cios dos produtos que não são consumidos na totalidade.
A implementação de programas de redução de consumo de embalagens é uma prática cada vez
mais comum. Exemplo disso é a alteração de embalagens individuais dos agentes de limpeza,
por outras de maior capacidade, e as empresas que os produzem têm sabido dar resposta a esta
necessidade, apresentando boas soluções, quer por questões ambientais, através da redução da
produção de resı́duos, quer por uma questão financeira, pois minimizam-se custos com embala-
gens, abastecimento e facilitam as operações de utilização. Enz & Siguaw (1999) referem que até
as garrafas em vidro ou latas individuais de refrigerantes estão a ser substituı́das por dispensadores
próprios, de grande capacidade.
A redução e substituição de embalagens plásticas por papel tem sido também uma das medidas
implementadas pelos hotéis. Esta situação é visı́vel, por exemplo, nas embalagens de sabonetes e
outros produtos de higiene pessoal. Algumas cadeias hoteleiras estão a disponibilizar os já referidos
master power card feitos em folha de madeira, habitualmente feitos em material plástico. Os blocos
de notas, papel de carta, envelopes, etc. estão também a ser substituı́dos por papel reciclado.
Outro exemplo são os recipientes recuperáveis para depósitos de grande capacidade ou embala-
gens de alimentos e detergentes ou outros produtos quı́micos. Aliado aos programas de redução
de consumo de embalagens (plástico, alumı́nio e vidro), o consumo de papel também tem sido
uma das preocupações dos hotéis. (Enz & Siguaw 1999) mencionam a utilização das duas páginas
das folhas para imprimir ou fotocopiar, bem como o aproveitamento de algumas para usar como
folhas de rascunho ou bloco de notas pelo pessoal administrativo. Algumas empresas implemen-
tam a polı́tica paperless, privilegiando os meios informáticos e digitais em detrimento da informação
impressa em papel.
A compostagem de resı́duos alimentares e a sua posterior utilização como fertilizante e produção
de biogás são práticas implementadas por alguns hotéis, embora o último procedimento seja pouco
60 A Gestão Ambiental na Hotelaria

frequente, assim como compactar o papel com equipamento próprio (Bohdanowicz 2006a).
Outro tipo de medidas passa pela recolha e eliminação de resı́duos especiais, como óleo usado,
pilhas e tinteiros. A recolha diferenciada de alguns resı́duos é de carácter obrigatório em al-
gumas situações, como no caso do óleo para a restauração portuguesa. Algumas empresas
especializaram-se já na prestação deste serviço, garantindo a entrega de recipientes especı́ficos
e posterior recolha.
A tabela 3.6 apresenta as principais PGA relacionadas com a gestão de resı́duos sólidos, adoptadas
pelos hotéis identificadas na revisão bibliográfica.

Tabela 3.6: Principais práticas de gestão ambiental - Gestão de resı́duos sólidos

Práticas de Gestão de Resı́duos Sólidos Autores


Substituição de papel por material têxtil, tais como guarda- Enz & Siguaw (1999)
napos
Substituição de material em esferovite por material em vidro Enz & Siguaw (1999)
Redução da utilização de embalagens individuais e redução Enz & Siguaw (1999), Boh-
do consumo de embalagens (plástico, vidro, alumı́nio) danowicz (2006a), Pinheiro
(2006)
Substituição de recipientes de produtos quı́micos e deter- Enz & Siguaw (1999), Pi-
gentes de pequena capacidade por outros de maior capaci- nheiro (2006)
dade
Donativo de mobiliário e outros bens a instituições de cari- Middleton & Hawkins (1998),
dade ou comunidade local Bohdanowicz (2006a), Pi-
nheiro (2006)
Reconversão de lençóis usados em panos de limpeza, pe- Enz & Siguaw (1999), Pi-
gas nheiro (2006)
Recipientes para separação de lixo diferenciado nos quar- Enz & Siguaw (1999), Boh-
tos de hóspedes danowicz (2006a), Le et al.
(2006)
Contentores para triagem de diversos resı́duos em zonas Kirk (1995), Knowles (1998),
de serviço (cartão, papel, garrafas, latas, vidro) Knowles et al. (1999), Enz &
Siguaw (1999), Bohdanowicz
(2006a), Pinheiro (2006)
Recolha de resı́duos especiais (óleo, pilhas,...) Kirk (1996)
Colocação de dispensadores de champô e gel duche nas Bohdanowicz (2006a), Pi-
casas de banho dos hóspedes, em vez das embalagens in- nheiro (2006)
dividuais
Compostagem de resı́duos orgânicos (resultantes da cozi- Enz & Siguaw (1999), Pi-
nha) nheiro (2006)
Instalação de trituradores de lixo orgânico Enz & Siguaw (1999)

Outras práticas

O controlo de substâncias perigosas é uma prática comum nas unidades hoteleiras, até porque se
trata também de uma questão de segurança laboral. Todos os produtos, substâncias e materiais,
utilizados numa unidade hoteleira, que revelem a possibilidade de serem nocivos para o ambiente
e para os manipuladores, devem ser identificados. A forma mais eficiente de o fazer passa pela
criação de uma base de dados com a ficha técnica de cada um deles, onde se especificam detalhes
A Gestão Ambiental na Hotelaria 61

como a sua composição, condições de armazenagem, métodos de utilização (diluição e dosagem


recomendadas), medidas de actuação em caso de emergência (contacto com pele, olhos, ingestão,
inalação), informação ecológica (efeitos quı́micos em águas residuais, onde depositar, etc.), de
entre outros (Kirk 1996). O autor sugere a utilização do controlo biológico (através da introdução
de espécies predadoras), do controlo fı́sico (armadilhas e electrocutores ultravioleta) e de técnicas
tradicionais como alternativas aos pesticidas e herbicidas. Também Le et al. (2006) salientam a
necessidade de não utilizar agentes quı́micos no tratamento de jardins e campos de golfe.
O tratamento de efluentes é uma das áreas que tem merecido cada vez mais atenção. A gestão das
águas residuais é a principal área de intervenção. Bohdanowicz (2006a) menciona uma iniciativa
inovadora, cujo tratamento reside na colocação de sistemas que retêm a gordura na canalização da
cozinha.
A adopção de uma polı́tica de compras orientada pelo ambiente constitui-se como uma prática
importante e com impactes benéficos, que vão para além da protecção ambiental. A aquisição
de bens produzidos no local contribui igualmente para a melhoria da economia e consequente
melhoria das condições sociais da comunidade local. No que diz respeito a bens alimentares, ainda
se adiciona a vantagem das refeições terem mais qualidade e serem diferenciadas, de traduzirem a
cultura gastronómica da região de destino, em vez da oferta ser baseada em menus padronizados
(Enz & Siguaw 1999). A compra de alimentos provenientes de cultura biológica também é uma
prática cada vez mais comum e Bohdanowicz (2006a) menciona que, pelo menos, uma cadeia
hoteleira dispõe já de um pequeno-almoço com certificado ecológico. Neste sentido, os hotéis
recorrem cada vez mais a produtores e fornecedores que detenham certificação ambiental e de
qualidade (para produtos de cultura biológica, entre outros).
A aquisição de detergentes biodegradáveis, assim como a redução da utilização de lixı́via e outros
produtos quı́micos são práticas comuns na operação dos hotéis (Kirk 1996, Enz & Siguaw 1999,
Bohdanowicz 2006a), beneficiando as pessoas que os manipulam, e contribuindo igualmente para
a qualidade do ar interior (Kirk 1996). O controlo da concentração da humidade e condensação, a
manutenção de uma temperatura de conforto (entre os 19-25 graus celsius), a remoção de micro-
organismos, a renovação do ar, através de ventilação natural e mecânica, e o controlo dos nı́veis
de ruı́do, são medidas que contribuem a para a qualidade do ar (Kirk 1996). O controlo da poluição
sonora pode ser feito a nı́vel interno e externo, através da insonorização dos quartos de hóspedes,
instalação de janelas de vidro/caixilharia duplos, do isolamento sonoro de equipamento ruidoso ou
substituição por outro mais silencioso, restrição da circulação de veı́culos motorizados, de entre
outros (Kirk 1996).
A utilização de cores claras no exterior dos edifı́cios é uma das PGA citada por Pinheiro (2006),
para obter melhores efeitos térmicos.
A adesão ao comércio justo para a compra de alguns bens, como café e chocolate, são práticas
que começam a despoletar no sector hoteleiro (Bohdanowicz 2006a).
A preferência por materiais reciclados, nomeadamente produtos em papel, é uma medida cada
vez mais implementada. Bohdanowicz (2006a) identificou que o restauro de mobiliário, em vez de
aquisição de novo, é outra medida adoptada pelos hotéis, para além da compra de peças usadas
em antiquários. A autora refere que uma cadeia hoteleira anuncia ter quartos equipados com 97%
de materiais reciclados.
A sensibilização e formação ambiental dos colaboradores, assim como a informação sobre consu-
mos de energia, água e emissões de carbono são medidas que revelam ser muito importantes na
gestão ambiental dos hotéis. No entanto, segundo Bohdanowicz (2006a), estas acções não são
ainda muito regulares na indústria hoteleira.
Stabler & Brian (1997) defendem o desenvolvimento de programas que promovam a divulgação das
melhores práticas das empresas que lideram o sector (benchmarking). Comparar a performance
62 A Gestão Ambiental na Hotelaria

das empresas que implementam PGA permite não só divulgar as melhores práticas que cada uma
adopta, revelar diversos indicadores, principalmente de consumos de energia e água, mas acima
de tudo, permite que os hotéis possam aprender entre si e partilhar exemplos para um futuro mais
sustentável (Bohdanowicz 2005). O estudo de Viegas (2008) sugere a existência de uma relação
entre a prática de benchmarking e a implementação de PGA, concluindo que se destacam pela
positiva os hotéis que adoptam esta prática.
Apresentam-se nas tabelas 3.7, 3.8 e 3.9 outras PGA.

Tabela 3.7: Principais práticas de gestão ambiental - Gestão de materiais perigosos e Gestão de
efluentes e emissões

Áreas de Práticas Autores


actuação
Gestão de ma- Identificação, através de ficha técnica, de Kirk (1996)
teriais perigo- todos os materiais, agentes quı́micos e
sos substâncias perigosas
Utilização de produtos e técnicas alternativas Kirk (1996), Pinheiro (2006)
aos pesticidas e herbicidas
Utilização de alternativas aos produtos Le et al. (2006), Pinheiro (2006)
quı́micos no tratamento de jardins e campos
de golfe
Redução do consumo de lixı́via e outros pro- Middleton & Hawkins (1998), Enz
dutos quı́micos nocivos ao ambiente & Siguaw (1999)
Eliminação adequada de produtos quı́micos Kirk (1996), Middleton & Hawkins
(1998)
Gestão de Tratamento de águas residuais Bohdanowicz (2006a), Pinheiro
efluentes e (2006)
emissões
Reutilização de águas usadas Kirk (1996), Pinheiro (2006)
Recolha de águas pluviais para rega de jar- Le et al. (2006), Pinheiro (2006)
dins
Programas de redução de consumos de re- Knowles (1998), Knowles et al.
cursos (energia e água, essencialmente) (1999), Enz & Siguaw (1999), Pi-
nheiro (2006)
Medidas para reduzir a poluição e emissões Knowles (1998), Enz & Siguaw
(1999), Knowles et al. (1999), Le et
al. (2006)
A Gestão Ambiental na Hotelaria 63

Tabela 3.8: Principais práticas de gestão ambiental - Gestão do ambiente interior, Gestão do ambi-
ente exterior e biodiversidade e Polı́tica de transportes orientada pelo ambiente

Áreas de Práticas Autores


actuação
Gestão do am- Utilização de ventilação natural Kirk (1996), Pinheiro (2006)
biente interior
Adequação das cores dos edifı́cios para me- Pinheiro (2006)
lhoria dos efeitos térmicos
Proibição de fumar no hotel, parcial ou total Enz & Siguaw (1999), Pinheiro
(2006)
Prevenção de micro-contaminações Kirk (1996)
Instalação de isolamento térmico nos Enz & Siguaw (1999), Bohda-
edifı́cios nowicz (2006a), Pinheiro (2006)
Insonorização dos quartos de hóspedes Kirk (1996)
Controlo dos nı́veis de ruı́do das actividades Kirk (1996), Le et al. (2006)
do hotel (equipamentos, diversão nocturna,
...)
Restrição de horários para a utilização de Kirk (1996), Pinheiro (2006)
veı́culos motorizados
Gestão do Limpeza da área envolvente Middleton & Hawkins (1998), Le et
ambiente al. (2006)
exterior e
biodiversidade
Medidas que protejam a biodiversidade Knowles et al. (1999)
Apoio financeiro, fı́sico ou outro para a Le et al. (2006)
reabilitação de áreas com impacte negativo
para os visistantes
Enquadramento arquitectónico na paisagem Le et al. (2006), Pinheiro (2006)
Utilização e preservação de plantas Le et al. (2006), Pinheiro (2006)
autóctones
Polı́tica de Construção de ciclovias para visitantes Middleton & Hawkins (1998)
transportes
orientada pelo
ambiente
Divulgação de acessos a transportes colecti- Viegas (2008)
vos
64 A Gestão Ambiental na Hotelaria

Tabela 3.9: Principais práticas de gestão ambiental - Polı́tica de compras orientada pelo ambiente e
Comunicação ambiental

Áreas de actuação Práticas Autores


Polı́tica de compras Compra de detergentes biodegradáveis Kirk (1995), Middleton &
orientada pelo ambi- Hawkins (1998), Bohda-
ente nowicz (2006a), Pinheiro
(2006)
Compra de produtos reciclados Knowles (1998), Kno-
wles et al. (1999), Enz &
Siguaw (1999)
Inclusão de critérios ambientais na negociação Knowles et al. (1999),
com fornecedores Bohdanowicz (2006a)
Adesão ao comércio justo para a compra de al- Bohdanowicz (2006a)
guns bens
Comunicação ambi- Informação sobre as iniciativas de protecção Knowles (1998), Kno-
ental ambiental do hotel, disponı́vel no quarto de wles et al. (1999), Enz
hóspedes & Siguaw (1999), Bohda-
nowicz (2006a)
Criação de uma comitiva especial de protecção Enz & Siguaw (1999)
ambiental, formada por colaboradores, para in-
centivar a participação de toda a equipa do hotel
Organização de um concurso premiado, que en- Enz & Siguaw (1999)
volve um questionário sobre as iniciativas de
protecção ambiental do hotel, para promover a
compreensão e sensibilização de colaboradores
do hotel
Integração da comunidade no programa de Middleton & Hawkins
gestão ambiental da empresa, através de acções (1998)
educacionais
Acções de formação para gestores e colabora- Stabler & Brian (1997)
dores
Desenvolvimento de programas que promovam a Stabler & Brian (1997),
divulgação das melhores práticas das empresas Bohdanowicz (2005)
que lideram o sector (benchmarking)
A Gestão Ambiental na Hotelaria 65

3.6.2 Factores que influenciam a adopção de práticas de gestão ambiental

A implementação de PGA nos hotéis, tal como noutro tipo de negócio, implica uma redefinição da
estrutura de custos e de proveitos da unidade hoteleira. Os gestores hoteleiros são influenciados
por uma série de factores que condicionam a sua propensão para a implementação de PGA nas
unidades que dirigem. Estes factores podem estar relacionados com benefı́cios, constrangimentos,
caracterı́sticas do hotel, perfil do director de hotel e outros aspectos. Apresentam-se, seguidamente,
os principais factores referidos na revisão da literatura.
Alguns autores têm-se dedicado à investigação dos factores que conduzem à adopção medidas de
protecção ambiental em unidades de alojamento turı́stico, tais como Kirk (1995), Stabler & Brian
(1997), Kirk (1998), Knowles (1998), Enz & Siguaw (1999), (Gil et al. 2001), Enz & Siguaw (2003),
Tzschentke et al. (2004), Bohdanowicz (2005), Bohdanowicz (2006a), Bohdanowicz (2006b), Le
et al. (2006), Tzschentke et al. (2008), Viegas (2008) e de Sampaio et al. (2008). Salientam a im-
portância de compreender o processo da tomada de decisão e quais os aspectos que o influenciam,
em detrimento da “prescrição” de como as empresas deveriam tomar estas decisões e do motivo
pelo qual deveriam responder à pressão ambiental.
A tomada de decisão, em qualquer organização, está associada às linhas de orientações estipu-
ladas e, em concreto, ao cumprimento dos objectivos definidos. Harrison (1996), citado por Tzs-
chentke et al. (2008), refere que a tomada de decisão passa pelo processo de avaliação de alter-
nativas para alcançar um determinado objectivo, no qual o decisor selecciona a(s) acção(ões) que
oferece(m) mais probabilidades de atingir esse objectivo.
Os objectivos das unidades hoteleiras para implementar PGA são de natureza económica, ambien-
tal e social. Os autores anteriormente citados enumeram os seguintes:

Objectivos económicos

• diminuir o consumo de energia, água e outros recursos;

• reduzir o custo com os resı́duos;

• diminuir o custo com seguradoras;

• aumentar a competitividade;

• promover a imagem do hotel;

• atrair novos consumidores mais exigentes em matéria de qualidade ambiental;

• aumentar a atractividade por parte de investidores.

Objectivos ambientais

• diminuir a utilização de recursos naturais e materiais;

• reduzir a produção de resı́duos sólidos;

• diminuir a contaminação da atmosfera, cursos de água e solo;

• diminuir o consumo de substâncias perigosas;

• contribuir para a recuperação do património natural do destino.


66 A Gestão Ambiental na Hotelaria

Objectivos sociais

• melhorar a integração na localidade;

• contribuir para o aumento do nı́vel de vida da população residente;

• proporcionar um local de trabalho mais seguro;

• contribuir para o aumento da satisfação dos colaboradores.

Benefı́cios

Os factores que influenciam positivamente a adopção de PGA nos hotéis são considerados be-
nefı́cios.
As empresas, numa fase inicial, dispõem frequentemente de pouca informação relativamente aos
benefı́cios da adopção de medidas de protecção ambiental. As práticas com efeitos mais visı́veis
têm uma maior taxa de adopção. Le et al. (2006) explicam que a melhor forma de motivar os
negócios turı́sticos a adoptarem práticas amigas do ambiente consiste em dar exemplos de casos
de sucesso de outras empresas que o fizeram. Casos de sucesso, neste caso, significa a melhoria
da performance ambiental, assim como resultados económicos visı́veis.
As vantagens resultantes da implementação de medidas de protecção ambiental são variadas. Em
termos genéricos, um sistema de gestão ambiental: ajuda as empresas a gerir e a melhorar a
sua performance ambiental, da qual poderá advir a obtenção de prémios de seguro mais baixos;
ajuda as empresas no seu compromisso com a legislação e regulamentação ambiental, reduzindo
custos com danos ambientais ou incumprimentos legais; pode gerar benefı́cios financeiros através
de medidas eficientes, tais como a optimização/redução do consumo energético e de água; diminui
os riscos de acidentes de trabalho; melhora a imagem interna e externa da empresa, assim como
a relação com os seus colaboradores, clientes, comunidade local e os vários stakeholders; tem
vantagens competitivas na obtenção de financiamento (Kirk 1995).
O principal benefı́cio referido pelos gestores hoteleiros, é a redução de custos operacionais que
decorre da adopção de medidas de protecção ambiental. Conscientes dos benefı́cios financeiros
resultantes da gestão eficiente de recursos, principalmente energia e água, os gestores estão cada
vez mais receptivos a introduzir práticas de gestão ambiental no dia-a-dia da operação dos seus
hotéis (Kirk 1995, Bohdanowicz 2005).
Também Stabler & Brian (1997) referiram que a actuação das empresas está relacionada com
conservação energética e recursos materiais, com a minimização de desperdı́cios como forma
de reduzir custos ou aumentar receitas e proveitos. Knowles (1998) defende igualmente que a
conservação energética está fortemente associada aos benefı́cios financeiros, pelo que poderá
ser o factor com mais influência que está na origem destas acções, acrescentando que no seu es-
tudo não existe qualquer indicação que estas acções sejam de natureza filantrópica. Le et al. (2006)
concluem igualmente que as PGA relacionadas com a gestão do consumo de energia e de água
devem ser interpretadas como práticas de redução de custos, em vez de medidas de protecção
ambiental.
Os resultados do estudo de Tzschentke et al. (2004), que visou os hotéis de pequena dimensão,
sugerem que o motivo primordial para a adopção inicial de medidas ambientais está, igualmente,
relacionado com a redução de custos para melhorar os nı́veis de eficácia operacional. Embora a
adopção destas medidas, na maioria dos casos, tivesse sido um processo gradual onde se foram
substituindo ou melhorando as necessidades, foi o aumento de uma série de custos operacionais
que despoletou fortemente a actuação. O aumento do consumo de água e energia e da taxa de
A Gestão Ambiental na Hotelaria 67

resı́duos, foram mencionados frequentemente pelos respondentes como justificação para a tomada
de decisão para procurar alternativas. Outro factor que incentivou a adopção de dispositivos de
poupança de energia está relacionado com a incapacidade de controlar o consumo de energia por
parte dos hóspedes, sendo uma das causas de frustração de alguns respondentes. A necessi-
dade de uma operação mais eficiente deve-se aos constrangimentos financeiros que as pequenas
empresas enfrentam (Tzschentke et al. 2004).

De acordo com a Green Hotels Association, com a implementação de um programa de reutilização


de toalhas e lençóis de cama, os hotéis podem poupar cerca de US$6.50 por dia, por quarto ocu-
pado (Griffin 2002). A implementação de medidas simples, que não exigem muitos custos, podem
traduzir-se numa redução de 20% do consumo energético, como menciona o Departamento do Am-
biente (DOE) do Reino Unido (1994), citado por Kirk (1995). O aumento de receitas não advém
apenas da redução de custos. A triagem de resı́duos sólidos pode gerar receita através da sua
venda. No relatório anual de reciclagem do Hyatt Regency Chicago Hotel, de 1997, figura um saldo
positivo de US$91 330 (Enz & Siguaw 1999).

A satisfação dos clientes é outra vantagem da protecção ambiental. Enz & Siguaw (1999) refe-
rem que a participação activa dos clientes nas PGA do hotel se traduz no aumento do nı́vel de
satisfação dos hóspedes, evidenciada pelos comentários escritos que tecem.

Outro aspecto positivo decorrente da implementação de PGA é o aumento da motivação dos


colaboradores (Kirk 1998). Enz & Siguaw (1999) realçam a satisfação dos colaboradores, do
orgulho que sentem em pertencer à equipa do hotel, assim como o desenvolvimento do espı́rito de
união.

Segundo Worcester (1994), citado por Kirk (1998), a adopção de PGA tem igualmente um impacte
positivo na opinião pública e nas relações públicas. O facto das empresas demonstrarem in-
teresse pelas preocupações da comunidade local, promove a confiança e a aceitação face ao de-
senvolvimento de novos projectos (Kirk 1998). Promover as relações públicas são o aspecto mais
importante para os gestores hoteleiros, segundo a investigação de Kirk (1998). Seguem-se as
relações com a comunidade local: o envolvimento da comunidade local favorece a melhoria das
relações entre esta e as empresas hoteleiras - um dos benefı́cios que advém da adopção das PGA
- como se mencionou anteriormente.

Stabler & Brian (1997) salientam as vantagens comerciais, beneficiando o marketing, uma vez
que tornar-se ”verde“ melhora a imagem empresarial e pode ser uma oportunidade de negócio,
devido à preocupação ambiental dos consumidores. Enz & Siguaw (1999) reiteram a importância
em termos de marketing, argumentado que faz sentido adoptar uma polı́tica de protecção ambien-
tal, até pelos impactes positivos que resultam da atribuição de prémios que distinguem os hotéis
pelas iniciativas ambientais adoptadas, porque atrai mais clientes, tal como defende Kirk (1998),
salientando o aumento do consumismo ”verde”, e porque comprova o compromisso dos hotéis para
com o ambiente (Tzschentke et al. 2004). Bohdanowicz (2006b) explica que os gestores hoteleiros
devem enveredar pela certificação ambiental, porque, para além de constituir uma ferramenta de
marketing para atrair clientes com consciência ambiental, facilita o processo de tomada de decisão
dos mesmos.

No programa de Turismo Sustentável da Costa Rica, o reforço da imagem de marca dos hotéis
e a influência da melhoria das vantagens competitivas revelou ser a motivação mais relevante
para as empresas participarem, de forma voluntária, num programa de protecção ambiental (Le et
al. 2006).

A tabela 3.10 resume os benefı́cios que decorrem da implementação de PGA.


68 A Gestão Ambiental na Hotelaria

Tabela 3.10: Principais benefı́cios relacionados com a implementação de PGA

Principais benefı́cios relacionados com a Autores


implementação de PGA
Aumento de receitas Kirk (1995, 1998), Enz & Si-
guaw (2003)
Redução de custos operacionais Enz & Siguaw (1999, 2003),
Tzschentke et al. (2004)
Aumento da satisfação dos clientes Kirk (1995, 1998), Enz & Si-
guaw (1999)
Aumento da satisfação dos colaboradores Kirk (1995, 1998)
Melhoria das relações com a comunidade local Kirk (1995, 1998), Tzschentke
et al. (2004)
Melhoria das Relações Públicas Kirk (1995, 1998), Tzschentke
et al. (2004)
Obtenção de vantagens sobre a concorrência em termos de Kirk (1995, 1998), Enz & Si-
marketing guaw (1999), Tzschentke et
al. (2004), Le et al. (2006)

Caracterı́sticas do hotel

A dimensão do hotel influencia significativamente a adopção de PGA. Nas pequenas e médias


empresas (PME’s), onde se colocam maiores dificuldades de gestão, também pelo facto da dispo-
nibilidade de recursos financeiros e humanos serem mais escassos, as preocupações ambientais
não revelam ser uma prioridade. Sampaio et al. (2008) referem que as PME’s do sector turı́stico
e do alojamento seguem este padrão, onde as questões do turismo sustentável não são, em ter-
mos globais, ainda partilhadas pelo sector, devido igualmente à ignorância dos impactes ambientais
e sociais gerados pela sua actividade. No entanto, de acordo com os mesmos autores, algumas
unidades hoteleiras de pequena dimensão adoptam PGA, por questões éticas, para além do cum-
primento de standars e dos benefı́cios que advêm da redução de custos.
Também Gil et al. (2001) (p.460) sugerem igualmente que existe uma relação entre a dimensão
das empresas e a gestão ambiental, apresentando a seguinte hipótese: “Hotéis de grandes di-
mensões implementam mais PGA do que os de pequena dimensão.” Os argumentos que justificam
esta hipótese são fundamentados por estes autores baseados em diversos estudos sobre a gestão
ambiental em grandes empresas, mas que são igualmente válidos para a indústria hoteleira:

• as grandes empresas têm um maior impacte no ambiente;


• as grandes empresas estão expostas a uma maior pressão por parte dos stakehol-
ders, devido ao seu impacte mais visı́vel, à facilidade de controlo de fontes de
poluição concentradas e pelo facto de serem consideradas lı́deres industriais e,
deste modo, constituı́rem um exemplo a seguir;
• as grandes empresas desenvolvem uma gestão ambiental mais avançada, porque
dispõem de mais verbas para investirem na protecção ambiental, adoptam uma
gestão mais formal, que conduz a uma gestão ambiental mais eficaz e pelo facto
de poderem existir economias de escala na reutilização, reciclagem ou valorização
dos desperdı́cios.

Actualmente também se exige das grandes empresas maior responsabilidade e pró-acção, quer a
nı́vel ambiental, quer a nı́vel social (Bohdanowicz 2005). E as cadeias hoteleiras não são excepção.
A Gestão Ambiental na Hotelaria 69

Tzschentke et al. (2004) reiteram a importância da dimensão, afirmando que esta é determinante
na implementação de PGA, uma vez que a exposição à pressão dos stakeholders aumenta em
função da dimensão da empresa. No entanto, estes autores referem que os hotéis de pequena
dimensão podem ser mais propensos à adopção de PGA, pelo facto de sentirem mais necessidade
de integração social e porque desempenham um papel activo na preservação do ambiente que os
rodeia. Também Dewhurst e Thomas (2003), citados por Le et al. (2006), concluem que os hotéis
de pequena dimensão sentem um maior vı́nculo ao local onde a empresa se situa, o que explica o
facto de se preocuparem mais com a qualidade ambiental do que com a maximização do lucro.
O tipo de propriedade exerce igualmente uma grande influência nas PGA adoptadas nos hotéis.
À semelhança da dimensão, pertencer a uma cadeia hoteleira implica maior visibilidade, pelo que
os hotéis de cadeia assumem um maior compromisso na defesa do ambiente. A necessidade de
manter a reputação da marca é mais notória nos hotéis de cadeia, comparativamente aos hotéis
de propriedade ou gestão independentes (Bohdanowicz 2005). Para além da boa impressão que
querem causar, os hotéis pertencentes a uma cadeia hoteleira posicionam-se de forma estratégica
no mercado, estabelecem procedimentos padronizados, de forma a aumentar as vantagens pela
adopção de economias de escala, tornando-se assim mais eficientes.
Bohdanowicz (2005) explica que os gestores de hotéis pertencentes a cadeias estão mais sensi-
bilizados, relativamente a aspectos ambientais, do que os hotéis independentes, muitos dos quais
são empresas de pequena dimensão. Nos hotéis independentes, as acções de protecção ambiental
estão fortemente dependentes da atitude e do nı́vel de formação académica, profissional e ambi-
ental do gestor hoteleiro. Sampaio et al. (2008) afirmam que o baixo nı́vel de formação ambiental
dos gestores de hotéis de pequena dimensão, que designam de ecoliteracy, explica, de entre outros
motivos, a fraca adesão às medidas de protecção ambiental.
Outro aspecto que pesa consideravelmente na decisão de implementar PGA está relacionado com
questões financeiras. A maior disponibilidade de recursos, quer materiais, quer humanos propicia
a adopção de PGA nos hotéis de cadeia. Tal como se menciona em 3.6.2, o investimento inicial
em equipamento mais eficiente é considerável, o que se torna um obstáculo à sua aquisição. Se-
gundo Bohdanowicz (2005), a solução passa pelo desenvolvimento de novas tecnologias ou tecno-
logias menos dispendiosas. Comprovar que a adopção de PGA se traduz em proveitos financeiros,
através da demonstração de resultados da análise do seu custo-benefı́cio, é um dos argumentos
que devem ser utilizados na divulgação das vantagens que decorrem da aplicação dessas práticas
(Bohdanowicz 2005).
Estes factos explicam que, actualmente, é frequente verificar a inclusão da componente ambiental
na polı́tica da empresa, nos hotéis pertencentes a uma cadeia. Tal facto não acontece nos hotéis
de gestão independente, como comprova o estudo de Bohdanowicz (2005). A autora explica que
nos outros modelos de gestão (franchising, contrato de gestão, ...), o compromisso ambiental está
fortemente associado à proximidade da relação existente entre a “empresa mãe” e as unidades
hoteleiras afiliadas.
Os hotéis de cadeia têm, por norma, acesso a mais informação e aconselhamento que os hotéis
de gestão independente, o que pode influenciar a adopção das PGA (Kirk 1998, Bohdanowicz
2005). Os hotéis independentes desconhecem por vezes que tipo de acções podem implementar e
o impacte das mesmas no meio ambiente (Knowles 1998). Bohdanowicz (2005) verificou que 51%
dos respondentes pertencentes a cadeias hoteleiras têm conhecimento das instituições (nacionais
e internacionais) que elaboram guias práticos, aconselham e certificam as PGA no sector hoteleiro,
contra apenas 24% dos respondentes dos hotéis independentes.
A categoria do hotel é outro factor que pode estar relacionado com a implementação de PGA. Ge-
nericamente, considera-se que os hotéis de categoria superior dispõem de mais recursos materiais
e humanos, o que se traduz em colaboradores com maior nı́vel de formação e sensibilização para
satisfazer as necessidades e preferências dos clientes, incluindo a protecção do ambiente natural
70 A Gestão Ambiental na Hotelaria

(Enz & Siguaw 1999, Viegas 2008). Na sua investigação, Viegas (2008) concluiu que os hotéis de
4 e 5 estrelas se distinguem pela positiva, relativamente aos de 2 e 3 estrelas, na maioria das PGA
implementadas. Neste estudo, a autora verifica igualmente que são maioritariamente os hotéis de
categoria superior (83%) que implementam a prática de benchmarking. Como esta medida está
associada a um desempenho ambiental mais pró-activo, tal como se explicou anteriormente, pode
explicar a relação entre a categoria do hotel e a implementação de PGA.

No que diz respeito à antiguidade do hotel, o estudo de Gil et al. (2001), sugere que as infra-
estruturas modernas, devido às novas tecnologias, exercem um menor impacte ambiental, pois
com a renovação das infra-estruturas, são introduzidos novos equipamentos/máquinas mais efici-
entes, traduzindo-se em poupança de energia, água e materiais, assim como menores nı́veis de
poluição. No entanto, os autores explicam que a relação entre a antiguidade das infra-estruturas
e a performance ambiental das empresas deverá basear-se nos valores sociais presentes aquando
da criação das infra-estruturas ou dos trabalhos de renovação mais significativos, uma vez que estes
valores surgem com mais frequência nas normas e procedimentos das organizações recentes, bem
como nas que foram completamente renovadas. Assim, estes autores colocam a seguinte hipótese
de investigação: “Hotéis com infra-estruturas modernas são mais propensos à implementação de
PGA do que aqueles com infra-estruturas antigas.” (Gil et al. 2001, p.459).

O segmento de mercado constitui um factor estratégico e está associado basicamente à locali-


zação do hotel, como se explica mais à frente. Os clientes podem causar impactes no ambiente,
dependendo do tipo de actividades desenvolvidas no hotel e do tempo que lhes consagram. Ou-
tro aspecto está relacionado com a duração da estada: quanto mais prolongada for, maior será a
consciência ambiental por parte dos clientes (Middleton & Hawkins 1998). Não só porque dispõem
de mais tempo para desfrutar da envolvente natural, cultural e social, mas porque permite desper-
tar a consciência dos hóspedes para as questões ambientais. Bohdanowicz (2005) refere que a
sensibilização dos clientes é um dos aspectos que carece de mais atenção, pois, para além da
participação dos hóspedes ser importante para o sucesso de determinadas PGA, a preferência dos
clientes por hotéis “verdes“ é um factor decisivo para que as empresas do sector implementem PGA.
A indústria hoteleira está a preparar-se para o aumento da procura e pressão por parte dos clientes
(Bohdanowicz 2006b).

Bohdanowicz (2006a) refere que o tipo de medidas adoptadas pelos gestores hoteleiros é mais in-
fluenciado pela localização do hotel do que a dimensão do mesmo, o que pode ser explicado pela
regulamentação legal sobre a protecção ambiental. O contexto geopolı́tico, económico e sociocul-
tural da região ou do paı́s, influencia as atitudes e iniciativas de protecção ambiental. Num estudo
realizado na indústria hoteleira na Suécia e Polónia, conclui-se que 57% dos gestores hoteleiros
suecos têm uma polı́tica ambiental formal contra apenas 4% dos gestores polacos (Bohdanowicz
2006a).

Dewhurst e Thomas (2003), citados por Le et al. (2006), referem que, os hotéis localizados próximo
de áreas naturais mais sensı́veis estão mais conscientes acerca dos impactes que a sua actividade
tem no meio ambiente, o que favorece a adopção de PGA.

Na tabela 3.11 apresenta-se uma sı́ntese das caracterı́sticas dos hotéis que podem influenciar a
adopção de PGA.

Perfil do director de hotel

O director do hotel é o responsável pela implementação da polı́tica ambiental da empresa que gere.
Por conseguinte, deverá estar informado sobre os aspectos inerentes à gestão ambiental (Brown
1996).
A Gestão Ambiental na Hotelaria 71

Tabela 3.11: Caracterı́sticas dos Hotéis


Caracterı́sticas dos Hotéis Autores
Tipo de propriedade (independente, pertencente a cadeia Kirk (1995, 1998), Enz &
ou consórcio) Siguaw (2003), Bohdanowicz
(2005), Sampaio et al. (2008)
Categoria Kirk (1998), Enz & Siguaw
(1999), Viegas (2008)
Dimensão Kirk (1995, 1998), Middleton
& Hawkins (1998), Sampaio
et al. (2008)
Localização Bohdanowicz (2005)
Antiguidade Gil et al. (2001)
Tipo de clientes Middleton & Hawkins (1998),
Bohdanowicz (2005, 2006b)

O tipo de iniciativas pode variar em função da pessoa que assume a gestão da unidade hoteleira, es-
tando associada a diversos factores, nomeadamente a caracterı́sticas sociodemográficas, ao nı́vel
de formação académica, profissional e formação ambiental (Sampaio et al. 2008).
Enz & Siguaw (2003) referem que muitas das práticas levadas a cabo pelos directores de hotel, que
tinham sido identificadas num estudo conduzido anteriormente (Enz & Siguaw 1999), deixaram de
ser postas em prática. As autoras acrescentam que os resultados do estudo indicam que o desen-
volvimento e sucesso da implementação de melhores práticas são fortemente influenciadas por um
indivı́duo da organização. Para tal, é fundamental que as melhores práticas sejam incorporadas em
actividades regulares, no dia-a-dia da operação da unidade hoteleira e deixem de estar associadas
ou dependentes de um elemento da mesma (Enz & Siguaw 2003). Este aspecto verifica-se com
maior frequência em hotéis de pequena dimensão, onde a identidade da empresa é reflexo da per-
formance ambiental dos seus proprietários ou gestores, pela forma personalizada como é gerida a
unidade (Tzschentke et al. 2004).
Mas a presente investigação abrange várias componentes e hotéis com caracterı́sticas diferencia-
das, pelo que os factores que influenciam a adopção de medidas de protecção ambiental não se
centram apenas no director de hotel. Para tal, citam-se os estudos que têm contribuı́do para a
temática, ainda pouco explorada, conduzidos por Tzschentke et al. (2004), Tzschentke et al. (2008)
e Sampaio et al. (2008).
A área de investigação destes estudos versa sobre as dinâmicas do processo de tomada de decisão,
tanto em termos da tomada de decisão em empresas de pequena dimensão, assim como factores
de decisão na adopção de PGA, motivos para enveredar pela certificação ambiental, bem como em
que contexto são tomadas (indústria hoteleira, neste caso).
Na tabela 3.12 apresenta-se uma sı́ntese do perfil dos gestores hoteleiros que podem influenciar a
adopção de PGA.

Outros factores

A adopção de PGA está associada a outros factores, para além dos benefı́cios, das caracterı́sticas
dos hotéis e do perfil dos seus gestores. A gestão de recursos e inerente redução de custos, a
importância da protecção do ambiente natural para o turismo, a imposição da regulamentação e da
administração da cadeia hoteleira, a exigência dos investidores e companhias de seguro, a atitude
72 A Gestão Ambiental na Hotelaria

Tabela 3.12: Perfil dos Gestores Hoteleiros


Perfil dos Gestores Hoteleiros Autores
Idade Sampaio et al. (2008)
Género Sampaio et al. (2008)
Experiência Sampaio et al. (2008)
Habilitações académicas Sampaio et al. (2008)
Formação profissional Sampaio et al. (2008)
Formação ambiental Tzschentke et al. (2004),
Sampaio et al. (2008)

dos consumidores e dos colaboradores, a visão estratégica das empresas, a importância da opinião
pública, bem como a responsabilidade social e ambiental são aspectos que influenciam igualmente
os gestores na implementação de melhores práticas.
De acordo com Kirk (1995), as principais motivações para a mudança de atitude estão relacionadas
com a legislação e códigos de conduta, polı́ticas fiscais, opinião pública, pressão por parte dos
consumidores e benefı́cios financeiros resultantes da redução de custos.
De facto, como já foi mencionado, os benefı́cios financeiros que decorrem da gestão eficiente de re-
cursos são um dos principais motivos para incentivar os gestores hoteleiros a implementar medidas
de protecção ambiental (Kirk 1995, Bohdanowicz 2005, Sampaio et al. 2008).
Mas a gestão de recursos visa igualmente a protecção do ambiente natural, pois é fundamental
para a performance e o desenvolvimento futuro da indústria turı́stica. No estudo de Knowles et al.
(1999), este reconhecimento é feito por 80% dos respondentes, dos quais, 90% afirma actuar para
reduzir os impactes do hotel no ambiente local e global. Também na investigação conduzida por
Bohdanowicz (2005) se conclui que os gestores reconhecem que os seus hotéis exercem influências
na envolvente natural.
A pressão ambiental por parte de todos os stakeholders é um factor decisivo para introduzir
melhorias no desempenho ambiental do sector hoteleiro (Kirk 1995). De acordo com Bohdanowicz
(2006b), o sucesso de práticas mais sustentáveis no sector depende do apoio e da cooperação
activa de todas as partes envolvidas.
A imposição da regulamentação constitui-se como a primeira razão para a adopção de PGA,
pelo carácter obrigatório de actuar em conformidade com a lei (Stabler & Brian 1997, Knowles et
al. 1999, Tzschentke et al. 2004). O impacte das polı́ticas governamentais, através da introdução
de diversas taxas ambientais, como ”Climate Change Levy“ e ”Landfill Tax“ (responsáveis por um
aumento de cerca de 15% das facturas de energia) tem motivado a adopção de um comportamento
mais responsável, do ponto de vista ambiental (Tzschentke et al. 2004).
Nos hotéis pertencentes a cadeias hoteleiras, a implementação de PGA está associada às li-
nhas de orientações estipuladas pela administração. Como se referiu anteriormente, os hotéis
de cadeia cumprem procedimentos padronizados, de forma a alcançar os objectivos definidos pela
administração (Bohdanowicz 2006b).
Para além das autoridades, a pressão exercida por outras partes interessadas, como investidores
e seguradoras, deve ser interpretada como uma oportunidade para reduzir custos operacionais e
exigir mais transparência às empresas hoteleiras (Bohdanowicz 2006b).
Por outro lado, a crescente procura de hotéis “amigos do ambiente”, por parte dos clientes, é uma
realidade (Bohdanowicz 2006b). Uma vez que a produção é fortemente conduzida pelas exigências
dos consumidores, como se referiu em 2.6, no segundo capı́tulo, é necessário adaptar a oferta às
A Gestão Ambiental na Hotelaria 73

caracterı́sticas dos clientes, que são cada vez mais exigentes em matéria de qualidade ambiental.
O estudo de Bohdanowicz (2003) revela que 78% dos clientes entrevistados manifestaram a sua
vontade em apoiar e o desejo de cumprir algumas das iniciativas de protecção ambiental adoptadas
pelos hotéis.
A atitude dos colaboradores face às questões ambientais é também cada vez mais consciente. O
facto de adoptarem medidas de protecção ambiental na vida pessoal, desencadeia a necessidade,
e por vezes a exigência, de as pôr em prática na esfera profissional. Uma das vantagens competi-
tivas associadas à implementação de melhores práticas reside na atracção de colaboradores mais
competentes para trabalhar numa empresa que adopte ideias inovadoras (Enz & Siguaw 1999) e
demonstre ter responsabilidade social (Kirk 1998). Enz & Siguaw (1999) realçam a satisfação
dos colaboradores, defendendo que é fundamental que as melhores práticas continuem a ser im-
plementadas, que se salientem os proveitos alcançados, que as empresas se esforcem para as
desenvolver, pois garante a atracção e retenção de colaboradores mais competentes, para além de
assegurar um nı́vel avançado de conhecimento da indústria.
A adopção de PGA que não são planeadas e não obedecem a procedimentos definidos pelas
estratégias empresariais especı́ficas, estão relacionadas com a inexistência de um planeamento e
polı́tica formal (Tzschentke et al. 2008). Kirk (1998) salienta a relação entre a presença de uma
polı́tica formal de gestão ambiental na empresa e a atitude positiva perante a gestão ambiental.
O autor sugere a existência de uma relação directa entre os hotéis que detêm uma polı́tica formal de
gestão ambiental e o reconhecimento dos grandes benefı́cios a nı́vel financeiro por parte dos seus
gestores. Estes factos são indicadores de uma estratégia definida pela gestão/administração do
hotel/cadeia hoteleira. A necessidade sentida pelos hotéis de fortalecer a sua imagem e melhorar
as suas vantagens competitivas, demonstra que a pressão institucional é o factor de decisão mais
significativo para as empresas cumprirem os critérios do turismo sustentável (Le et al. 2006).
Também Tzschentke et al. (2004) referem os proveitos que decorrem da certificação ambiental, sa-
lientando as vantagens competitivas e a melhoria da imagem corporativa, através da atribuição
de prémios ou de outro tipo de distinção. A certificação ambiental ou outro sistema de reconheci-
mento da qualidade ambiental fazem parte da visão estratégica de muitas empresas hoteleiras.
As empresas preocupam-se cada vez mais em manter uma imagem corporativa positiva (Bohda-
nowicz 2006b). O aumento da visibilidade e atracção de clientes, proporcionados pela certificação,
têm sido amplamente difundidos. De acordo com Gustin & Weaver (1996), citados por Tzschentke
et al. (2004), as investigações sobre esta temática indicam que existe uma relação entre a perfor-
mance ambiental dos hotéis e escolha dos mesmos por parte dos consumidores. Em estudos mais
recentes, realizados pela IHEI, sugere-se que os consumidores estão cada vez mais predispostos
a pagar preços mais elevados em hotéis que sejam pró-activos na defesa do ambiente (Tzschentke
et al. 2004).
No estudo conduzido por Kirk (1998), conclui-se que os factores relacionados com benefı́cios
tangı́veis, como a satisfação dos clientes, vantagem comercial e aumento de proveitos são os me-
nos citados, ganhando relevância outros menos tangı́veis, como a melhoria das relações com a
comunidade local.
A responsabilidade social tem sido apontada por diversos autores como um dos factores que
motiva a implementação de PGA. Tzschentke et al. (2004) verificaram que a questão ética é um
dos motivos primordiais que está na origem da adopção de medidas sustentáveis. Expressa sob a
forma de obrigação moral, a responsabilidade social emerge como outra dimensão do compromisso
ambiental. A articulação deste sentimento é diversa e multifacetada, mas é notavelmente indicativa
dos valores dos respondentes e do nı́vel de responsabilidade que cada um sente em relação ao
ambiente. A necessidade de realização pessoal e responsabilidade social - contribuindo para a
preservação do ambiente - é a justificação dominante para a maioria dos participantes actuarem.
A justificação para a actuação circunda em torno de três temas principais “to do my bit“ ; “it’s the
responsible thing to do“ ; “it’s the right thing to do“ (Tzschentke et al. 2004, p.119-120). Enz & Siguaw
74 A Gestão Ambiental na Hotelaria

(1999) (p.34) descrevem bem este sentimento de responsabilidade, citando um dos participantes
envolvidos na sua investigação, que afirma igualmente que ”a equipa do hotel acredita que é a coisa
certa a fazer“.

Segundo Tzschentke et al. (2004), para além do reconhecimento e das inerentes vantagens co-
merciais associadas, os hotéis enveredam pela certificação ambiental para terem a oportunidade
de demonstrarem o exemplo. Acreditam que assim motivam outras unidades hoteleiras para im-
plementarem boas práticas e despertam a consciência ambiental no público, o que evidencia a
natureza ética do seu comportamento face às questões ambientais.

A adopção de medidas ambientais não é uma decisão tomada num determinado perı́odo temporal,
mas é vista como uma caminhada que reflecte uma série de escolhas de estilo de vida pessoal,
com várias implicações (Tzschentke et al. 2008). O estudo conduzido pelos autores, salienta, em
primeiro lugar, o papel desempenhado pelos valores pessoais dos proprietários/gerentes na tomada
de decisão, em pequenas empresas. Os autores defendem a teoria de que os valores de ética pes-
soal constituem a chave determinante no comportamento empresarial, principalmente em assuntos
de ética e ambiente. Os resultados do estudo evidenciam também a importância da compreensão
do contexto no qual as decisões são tomadas, pois assim pode ajudar a fundamentar a investigação
relativamente às motivações dos proprietários ou gerentes de hotéis de pequena dimensão, não se
centrando apenas na performance ambiental. Por último, evidencia algumas das dificuldades na
formulação de uma abordagem de intervenção; going green é uma atitude de mudança intrı́nseca,
cujas sementes forma plantadas muito antes da tomada de decisão (Tzschentke et al. 2008).

Na tabela 3.13 apresenta-se uma sı́ntese de outros factores que exercem influência na adopção de
PGA.

Constrangimentos

Constrangimento é a designação dada aos factores que constituem um entrave à implementação


de PGA em unidades hoteleiras.

A escassez de informação e aconselhamento sobre medidas de protecção ambiental constitui-


-se como um obstáculo à sua implementação, principalmente no caso dos hotéis de propriedade
independente (Kirk 1998, Bohdanowicz 2005).

Os custos associados à implementação de PGA, nomeadamente em consultoria, auditorias,


equipamentos e recursos humanos representam um grande obstáculo à sua adopção. O investi-
mento inicial é elevado, apesar de ser rentável a longo prazo. Na sua investigação, Bohdanowicz
(2006a) salienta a falta de verbas para investir em equipamento mais eficiente e refere que mui-
tos gestores hoteleiros temem os custos proibitivos da certificação ambiental. Bohdanowicz (2005)
menciona que, na opinião de alguns gestores de hotéis independentes, as iniciativas pró-ecológicas
são demasiado dispendiosas, e que os sistemas de apoio financeiro existentes em paı́ses organi-
zados, como subsı́dios, empréstimos, redução de impostos, incentivam a sua adopção. Na opinião
de Stabler & Brian (1997), para além destes incentivos financeiros, poderia ser atribuı́do um prémio
financeiro como forma de reconhecimento do desenvolvimento de medidas de protecção ambiental
relevantes e inovadoras.

Enz & Siguaw (2003) salientam que, uma das dificuldades na prossecução das melhores práticas
implementadas nos hotéis, reside na grande mobilidade das pessoas que trabalham na orga-
nização, principalmente dos gestores hoteleiros, pois, tal como se mencionou já, o sucesso das
mesmas depende fortemente do perfil do director da unidade hoteleira. Outro aspecto que cons-
titui um obstáculo na continuidade das medidas de protecção ambiental está relacionado com a
mudança organizacional, provocada, nomeadamente, por fusões ou aquisições, e que isso afecta
A Gestão Ambiental na Hotelaria 75

Tabela 3.13: Outros factores que influenciam a adopção de PGA

Outros Factores Autores


Gestão de recursos Kirk (1995), Stabler & Brian
(1997), Knowles (1998), Tzs-
chentke et al. (2004), Bohda-
nowicz (2005), Sampaio et al.
(2008)
Imposição da regulamentação Stabler & Brian (1997), Kirk
(1998), Knowles et al. (1999),
Tzschentke et al. (2004), Boh-
danowicz (2006b)
Imposição da administração da cadeia hoteleira Enz & Siguaw (2003), Bohda-
nowicz (2006b)
Visão estratégica do hotel Kirk (1995), Enz & Siguaw
(2003), Bohdanowicz (2006b)
Exigência dos investidores Kirk (1995), Bohdanowicz
(2006b)
Atitude dos consumidores Bohdanowicz (2006b), Le et
al. (2006)
Atitude dos colaboradores Kirk (1998), Enz & Siguaw
(1999)
Opinião pública Tzschentke et al. (2004), Boh-
danowicz (2006b), Le et al.
(2006)
Responsabilidade social e ambiental Kirk (1998), Enz & Siguaw
(1999), Tzschentke et al.
(2004, 2008)

a assimilação da cultura da organização. Estas alterações não afectam apenas a gestão ambien-
tal. Para atingir elevados nı́veis de excelência, vantagens competitivas e proveitos financeiros, é
necessário implementar, manter e melhorar boas práticas a todos os nı́veis (Enz & Siguaw 2003).
Outros constrangimentos ao desenvolvimento de melhores práticas, identificados por Enz & Siguaw
(1999), estão relacionados com a falta de tempo para pensar, planear e desenvolver medidas
de protecção ambiental, assim como a consolidação insuficiente de iniciativas inovadoras que
carecem de recursos e do apoio da gestão de topo.
As autoras apontam a falta de interesse dos clientes, face às questões ambientais, como outro
factor que desmotiva os directores dos hotéis, para prosseguirem com implementação de melho-
res práticas. Segundo Bohdanowicz (2006b), os clientes com consciência ambiental representam
ainda um nicho de mercado, pelo que a procura diminuta não tem poder suficiente para introduzir
mudanças.
A inexistência de algumas infra-estruturas na localidade onde se inserem as unidades hoteleiras,
pode impedir a adopção de determinados procedimentos, nomeadamente a separação e recicla-
gem de resı́duos sólidos. Bohdanowicz (2006a) verificou que apenas 30,6% dos hotéis polacos
implementavam esta medida, precisamente por determinadas regiões do paı́s não disporem das
infra-estruturas necessárias à sua realização.
A falta de divulgação e promoção das unidades hoteleiras que dispõem de um certificado
de gestão ambiental, ou de outro sistema de reconhecimento das medidas adoptadas, pode des-
76 A Gestão Ambiental na Hotelaria

motivá-las a prosseguir com a sua implementação. Bohdanowicz (2006a) explica que, se esta
informação estivesse disponı́vel em catálogos/directórios de hotéis, em guias turı́sticos, bem como
em agências de viagens ou reservas, seria mais provável que as empresas enveredassem pela
certificação ambiental. A procura e a preferência dos clientes por hotéis que implementem estas
práticas é um factor decisivo para que mais hotéis adoptem PGA.
A tabela resume 3.14 os principais constrangimentos à adopção de PGA.

Tabela 3.14: Constrangimentos à adopção de PGA

Constrangimentos Autores
Escassez de informação disponı́vel Kirk (1998), Bohdanowicz
(2005)
Escassez de apoio técnico e aconselhamento sobre Kirk (1998), Bohdanowicz
soluções mais vantajosas (2005, 2006a)
Elevado investimento inicial Stabler & Brian (1997), Boh-
danowicz (2005, 2006a)
Escassez de apoios financeiros Stabler & Brian (1997), Boh-
danowicz (2005)
Desinteresse dos clientes Bohdanowicz (2006b)
Escassez de infra-estruturas locais Bohdanowicz (2006a)

3.7 Conclusão

A melhoria do desempenho ambiental das unidades hoteleiras revela ser fundamental para a susten-
tabilidade do sector do turismo, permitindo alcançar os objectivos do desenvolvimento sustentável.
O comportamento ambiental da indústria hoteleira tem merecido a atenção dos diferentes stakehol-
ders. Sendo a hotelaria o sector mais representativo da oferta turı́stica e que regista uma tendência
de crescimento significativa, as preocupações ambientais assumem cada vez maior relevância. Os
impactes gerados pela actividade ganham ainda mais expressão quando a análise é feita no seu
conjunto.
A implementação de práticas de gestão ambiental, a certificação ambiental e outros sistemas de
reconhecimento da qualidade ambiental, como os rótulos ecológicos e os prémios de desempe-
nho ambiental, têm sido os instrumentos utilizados para minimizar esses impactes. Os domı́nios
de actuação abrangem áreas como a gestão energética, gestão do consumo de água, gestão de
resı́duos sólidos, gestão de efluentes, gestão de materiais perigosos, transportes, aquisição de bens
e serviços, entre outros. As práticas relacionadas com a conservação da energia, o uso eficiente da
água e a gestão de resı́duos sólidos são as mais adoptadas, pois são as que permitem economizar
mais recursos, o se traduz em benefı́cios financeiros, e minimizar os impactes no ambiente.
Para que as unidades hoteleiras assumam o compromisso de implementarem medidas que prote-
jam o ambiente, é necessário salientar as vantagens que decorrem da sua aplicação. A redução de
custos é um facto que deve ser evidenciado, até como forma de argumento para atrair outros hotéis
a aderirem à sua implementação. Os resultados da análise do custo-benefı́cio das PGA devem ser
divulgados como forma de demonstração dos proveitos financeiros.
A procura de unidades hoteleiras mais pró-activas na defesa do ambiente tem aumentado. A
protecção ambiental surge também como uma oportunidade de negócio para satisfazer um novo
A Gestão Ambiental na Hotelaria 77

segmento de mercado, caracterizado por clientes cada vez mais exigentes em matéria de quali-
dade ambiental, cuja preferência incide sobre hotéis “verdes“. A satisfação dos colaboradores é
outro aspecto a não descurar. Os recursos humanos tendem a ser igualmente mais exigentes
quanto à responsabilidade ambiental e social das organizações. Por isso, conclui-se que é funda-
mental que as melhores práticas continuem a ser implementadas e que as empresas se esforcem
para as manter e melhorar, pois garante a atracção e retenção de colaboradores mais competentes
(Enz & Siguaw 1999).
A adopção de PGA tem igualmente um impacte positivo na opinião pública e nas relações públicas,
promovendo a confiança e a aceitação face ao desenvolvimento de novos projectos. A melhoria
das relações públicas é considerado um aspecto muito importante para os gestores hoteleiros (Kirk
1998), assim como as relações com a comunidade local.
Por este prisma, a adopção das melhores práticas, para além dos benefı́cios financeiros, visa igual-
mente a protecção do ambiente natural. O reconhecimento, por parte dos gestores, que os hotéis
exercem influências na envolvente natural e que a qualidade ambiental é fundamental para a per-
formance e o desenvolvimento futuro da indústria turı́stica, fomenta as iniciativas para reduzir os
impactes do hotel no ambiente local e global.
O envolvimento e sensibilização de todos os stakeholders, desde os investidores aos colaboradores
do hotel, assim como fornecedores, clientes, comunidade local e outros intervenientes, é de extrema
importância para alcançar os objectivos da gestão ambiental. O papel da formação ambiental de
todos os colaboradores do hotel revela ser crucial para pôr em prática tais objectivos. Todos pre-
cisam estabelecer a relação entre o desenvolvimento sustentável e as vantagens para a empresa
(Enz & Siguaw 1999). O sucesso de práticas mais sustentáveis no sector depende do apoio e da
cooperação activa de todas as partes envolvidas (Bohdanowicz 2006b).
A imposição da regulamentação e a imposição da administração da cadeia hoteleira constituem-
se como principais motivos para a adopção de PGA, pelo carácter obrigatório de actuar em con-
formidade com a lei (Stabler & Brian 1997, Knowles et al. 1999, Tzschentke et al. 2004) e pela
necessidade de alcançar os objectivos definidos nas estratégias empresariais estipuladas pela
administração (Bohdanowicz 2006b). A par das autoridades e das orientações estratégicas, a
pressão exercida por outras partes interessadas, como investidores e seguradoras, deve ser in-
terpretada como uma oportunidade para reduzir custos operacionais e exigir mais transparência às
empresas hoteleiras (Bohdanowicz 2006b).
Relativamente às caracterı́sticas dos hotéis, verifica-se que a sua dimensão influencia significati-
vamente a adopção de PGA, pois a exposição à pressão dos stakeholders aumenta em função
da dimensão da empresa (Tzschentke et al. 2004), para além de disporem de mais verbas para
investirem na protecção ambiental (Gil et al. 2001). No entanto, também se conclui que os hotéis
de pequena dimensão podem ser mais propensos à adopção de PGA, pelo facto de sentirem mais
necessidade de integração social, por sentirem que têm um papel mais activo na preservação do
ambiente que os rodeia, assim como um maior vı́nculo ao local onde se inserem (Tzschentke et al.
2004, Le et al. 2006).
O tipo de propriedade também influencia a implementação de PGA. Tal como num hotel de grande
dimensão, os hotéis pertencentes a uma cadeia hoteleira têm uma maior visibilidade e sentem ne-
cessidade em manter a reputação da marca, o que explica o facto destes assumirem um maior
compromisso na defesa do ambiente. Outros aspectos caracterı́sticos dos hotéis de cadeia, como
a maior disponibilidade de recursos materiais e humanos, e acesso a mais informação e aconselha-
mento que os hotéis de gestão independente, propiciam a adopção de PGA nos hotéis de cadeia.
Também a categoria do hotel está relacionada com a adopção de PGA, considerando-se, generica-
mente, que os hotéis de categoria superior dispõem de mais recursos para implementar as melhores
práticas na protecção do ambiente natural. A antiguidade do hotel influencia igualmente as medidas
de gestão ambiental, sugerindo que as infra-estruturas modernas e novos equipamentos/máquinas
78 A Gestão Ambiental na Hotelaria

mais eficientes favorecem a implementação de PGA e exercem um menor impacte ambiental (Gil et
al. 2001).
A localização do hotel poderá estar também relacionada com a sua performance ambiental, devido
à regulamentação legal sobre as medidas de protecção ambiental onde o hotel se insere, bem como
ao contexto geopolı́tico, económico e sociocultural da região ou paı́s (Bohdanowicz 2006a).
As iniciativas de protecção ambiental podem igualmente variar em função da pessoa que assume
a gestão da unidade hoteleira, estando associada a diversos factores, nomeadamente a carac-
terı́sticas sociodemográficas, ao nı́vel de formação académica, profissional e formação ambiental
(Sampaio et al. 2008). Assim, revela-se fundamental que os directores de hotel adquiram com-
petências ao nı́vel da gestão ambiental (Brown 1996). Os gestores de hotéis pertencentes a cadeias
dispõem de mais informação e estão mais sensibilizados relativamente a aspectos ambientais, com-
parativamente aos dos hotéis independentes (Bohdanowicz 2005), o que explica uma maior adesão
aos sistemas de certificação ambiental ou outro sistema de reconhecimento da qualidade ambiental.
As razões para aderir à certificação ambiental prendem-se com diversos motivos. Além de es-
tarem associadas à credibilidade dos sistemas de certificação, e o inerente reconhecimento do
compromisso assumido pelo hotel, melhorando a imagem corporativa da empresa, alguns autores
concluem que o motivo principal está relacionado com questões éticas.
Assim, os esforços feitos para promover a implementação de medidas de protecção ambiental de-
vem englobar a dimensão comercial e ética. Isto significa dar ênfase não apenas aos benefı́cios
tangı́veis, mas também aos benefı́cios, que embora menos visı́veis e imediatos, são igualmente
importantes para a prossecução das melhores práticas. O argumento ”going green makes sense
... and cents”, referido por Tzschentke et al. (2004) (p.112), tem vindo a ser substituı́do por being
green makes sense.
Também se conclui que é necessário criar condições favoráveis para obter uma resposta mais
pró-activa por parte das empresas de pequena dimensão. Para tal, as empresas precisam de
assistência na transição, facultando-lhes aconselhamento, apoio, orientação e infra-estruturas ade-
quadas.
O sucesso da implementação de melhores práticas exige o apoio da gestão de topo, o envolvi-
mento de todos os colaboradores e dos restantes agentes intervenientes, assim como uma boa
comunicação organizacional.
Para as unidades hoteleiras, adoptar melhores práticas ambientais, é não só uma tendência, mas
uma necessidade premente.
Capı́tulo 4

Enquadramento do Estudo de Caso

4.1 Introdução

Neste capı́tulo apresenta-se uma descrição da actividade hoteleira e dos estabelecimentos hote-
leiros em concreto, pois a escolha para a aplicação do inquérito por questionário sobre a gestão
ambiental incide nos hotéis. O enquadramento do estudo de caso contribui, desta forma, para uma
melhor compreensão das caracterı́sticas da população do estudo.

No inı́cio do capı́tulo é feita uma breve caracterização do conjunto dos estabelecimentos hotelei-
ros nacionais, que contempla a regulamentação dos empreendimentos turı́sticos, tipologias e sua
classificação, assim como uma descrição sumária da evolução do sector, em termos de oferta e
procura.

Os hotéis de Portugal Continental constituem o universo de análise do estudo de caso da presente


investigação, pelo que se faz um enquadramento da oferta, da procura e do desempenho dos hotéis
do Continente.

4.2 A hotelaria nacional

4.2.1 Regulamentação dos empreendimentos turı́sticos

Ao abrigo da reapreciação do quadro legislativo da actividade turı́stica, o Decreto-Lei no 39/2008, de


7 de Março, revoga os diversos diplomas que até então regularam esta matéria, reunindo num único
decreto-lei as disposições comuns a todos os empreendimentos. O quadro normativo da instalação,
exploração e funcionamento dos empreendimentos turı́sticos encontra-se essencialmente consa-
grado neste diploma, com a introdução de algumas alterações pelo Decreto-Lei no 228/2009, de 14
de Setembro (Ministério da Economia e Inovação 2008).

Assim, ao abrigo do no 1 do artigo 2o do Decreto-Lei no 39/2008, de 7 de Março, “Consideram-se


empreendimentos turı́sticos os estabelecimentos que se destinam a prestar serviços de alojamento,
mediante remuneração, dispondo, para o seu funcionamento, de um adequado conjunto de estrutu-
ras, equipamentos e serviços complementares.” (Ministério da Economia e Inovação 2008, p.1441).
80 Enquadramento do Estudo de Caso

Novas tipologias de empreendimentos turı́sticos

O artigo 4o do Decreto-Lei no 39/2008, de 7 de Março, estipula as seguintes novas tipologias de


Empreendimentos Turı́sticos (Ministério da Economia e Inovação 2008, p.1442):

1. Estabelecimentos Hoteleiros;
2. Aldeamentos Turı́sticos;
3. Apartamentos Turı́sticos;
4. Conjuntos Turı́sticos (Resorts);
5. Parques de Campismo e de Caravanismo;
6. Empreendimentos de Turismo no Espaço Rural;
7. Empreendimentos de Turismo de Habitação;
8. Empreendimentos de Turismo Natureza.

De acordo com este regime jurı́dico, algumas das tipologias de estabelecimentos para fins turı́sticos,
até então existentes, como as Pensões e Estalagens, foram substituı́das por um novo tipo de es-
tabelecimento, denominado “Alojamento Local“1 . Os estabelecimentos ou instalações que não se
incluam nas tipologias mencionadas na tabela 4.1 adoptam esta designação.

Tabela 4.1: Tipologias e Classificação dos Empreendimentos Turı́sticos

Tipologia Classificação
Estabelecimentos Hoteleiros Hotéis
Hotéis-apartamento
Pousadas
Aldeamentos Turı́sticos
Apartamentos Turı́sticos
Conjuntos Turı́sticos (Resorts)
Empreendimentos de Turismo de Habitação
Empreendimentos de Turismo no Espaço Rural Casas de Campo
Agro-turismo
Hotéis Rurais
Parques de Campismo e Caravanismo
Empreendimentos de Turismo de Natureza

No intuito de contextualizar o estudo de caso, apresenta-se nesta secção uma caracterização


sumária da oferta e da procura hoteleira em Portugal, durante as últimas três décadas. A informação
estatı́stica apresentada ainda se encontra de acordo com a legislação anterior à regulamentação
da actividade turı́stica vigente, descrita anteriormente.
1 Definição de Alojamento Local, de acordo com o Decreto-Lei no 39/2008:
Consideram-se estabelecimentos de Alojamento Local as moradias, apartamentos e estabelecimentos de hos-
pedagem que, dispondo de autorização de utilização, prestem serviços de alojamento temporário, mediante
remuneração, mas não reúnam os requisitos para serem considerados empreendimentos turı́sticos. (...) Os
estabelecimentos referidos no presente artigo devem identificar-se como alojamento local, não podendo, em
caso algum, utilizar a qualificação turismo ou turı́stico, nem qualquer sistema de classificação. (Ministério da
Economia e Inovação 2008, p.1441).
Enquadramento do Estudo de Caso 81

4.2.2 Evolução da oferta

Apresenta-se, em seguida, a evolução dos principais indicadores da oferta hoteleira do nosso paı́s,
entre 1980 e 2009 (em décadas).

A oferta de alojamento tem vindo a melhorar no nosso paı́s, quer em quantidade, quer em qualidade.
A qualificação da oferta é comprovada pela diminuição do número de Pensões existentes e pelo
aumento de Hotéis.

O número de estabelecimentos hoteleiros (Hotéis, Hotéis-Apartamento, Apartamentos Turı́sticos,


Aldeamentos Turı́sticos, Motéis, Pousadas, Estalagens e Pensões) apresenta acréscimos significa-
tivos nas últimas três décadas (36,5%), tal como se pode observar na figura 4.1 e a capacidade da
oferta em termos de camas aumentou cerca de 130% (figura 4.2).

2000
Nº de estabelecimentos

1500
Pensões
Estalagens
Pousadas
1000 Motéis
Hotéis-Apartamento
Aldeamentos Turísticos
Apartamentos Turísticos
500
Hotéis

0
1980 1990 2000 2009

Fonte: INE (1981, 1991, 2001, 2010)

Figura 4.1: Evolução dos estabelecimentos, segundo a sua tipologia, em Portugal, 1980-2009

A qualificação da oferta hoteleira é, a par do aumento da capacidade de alojamento, um fenómeno


que se verificou ao longo dos últimos 30 anos. Esta qualificação é demonstrada pela diversificação
das tipologias e pelo aumento de alojamento mais qualificado que se registam na oferta, como se
explica seguidamente.

No ano de 1980, existiam em Portugal 1456 estabelecimentos hoteleiros (ver tabela D.1 no apêndice
D), dos quais 266 classificados como Hotéis e 988 Pensões, representando respectivamente cerca
de 18% e 68% da oferta total. A capacidade de alojamento 2 ascendia a 119 259 camas nesse ano
(ver tabela D.2 no apêndice D), das quais, 47 945 em Hotéis e 37 275 em Pensões, correspondendo
a cerca de 40% e 31% da oferta, respectivamente. Relativamente às restantes tipologias de estabe-
lecimentos (Hotéis-Apartamento 3 , Motéis, Pousadas e Estalagens), constata-se que representam
cerca de 14% em número de estabelecimentos e cerca de 28,5% em capacidade de alojamento
(INE 1981).
2 Definição de Capacidade de Alojamento nos Estabelecimentos de Alojamento Turı́stico Colectivo:
Número máximo de indivı́duos que os estabelecimentos podem alojar num determinado momento ou perı́odo,
sendo este determinado através do número de camas existentes e considerando como duas as camas de
casal. Não se consideram estabelecimentos encerrados (INE 2010, p.128).

3 Hotéis-Apartamento: em 1980 incluam Apartamentos e Aldeamentos Turı́sticos.


82 Enquadramento do Estudo de Caso

300

Milhares de camas 250

Pensões
200
Estalagens
Pousadas
150 Motéis
Hotéis-Apartamento
Aldeamentos Turísticos
100
Apartamentos Turísticos
Hotéis
50

0
1980 1990 2000 2009

Fonte: INE (1981, 1991, 2001, 2010)

Figura 4.2: Evolução da capacidade de alojamento, segundo o tipo de estabelecimentos, em Portu-


gal, 1980-2009

Em 2009 havia 681 Hotéis, com 141 575 camas, pelo que a capacidade de alojamento representa
um aumento de 195% relativamente a 1980 (ver tabelas D.1 e D.2 no apêndice D). As Pensões con-
tinuam a registar o número mais elevado de estabelecimentos (figura 4.3), mas se considerarmos
a capacidade de alojamento, este número perde expressão, pois apenas representa 14% do total
de camas, enquanto a capacidade de alojamento nos Hotéis atinge 52%, como se pode verificar na
figura 4.4 (INE 2010).

Fonte: INE (2010)

Figura 4.3: Estabelecimentos, segundo a sua tipologia, em Portugal, em 2009

Os Hotéis-Apartamento apresentam, em 2009, um acréscimo de 83% em número de estabeleci-


mentos e 71% em número de camas, face a 1990 (ver tabelas D.1 e D.2 no apêndice D). Quanto
aos Apartamentos Turı́sticos, verifica-se um aumento de 46% no número de estabelecimentos e
38% na capacidade de alojamento. Nos Aldeamentos Turı́sticos, apesar de registarem uma subida
Enquadramento do Estudo de Caso 83

Fonte: INE (2010)

Figura 4.4: Capacidade de Alojamento, segundo o tipo de estabelecimentos, em Portugal, em 2009

de cerca de 14% no número de estabelecimentos, o número de camas diminuiu em cerca de 4%. O


ano de comparação é 1990 para as últimas três tipologias, uma vez que os dados de 1980 incluem
os Apartamentos e Aldeamentos Turı́sticos nos Hotéis-Apartamento (INE 2010).

Os Motéis proliferam, quer em número (aumento de 77%), quer em capacidade de alojamento


(aumento de quase 179%). Nas Pousadas, verificam-se igualmente variações positivas, embora o
diferencial entre o crescimento registado no número de estabelecimentos (58%) e o do número de
camas seja abissal (cerca de 257%). É, sem dúvida, o tipo de estabelecimento hoteleiro que regista
a maior taxa de crescimento em termos de capacidade de alojamento. Por último, as Estalagens
seguem a tendência dos Motéis e Pousadas, apresentando um acréscimo de 38% no número de
estabelecimentos e 124% no número de camas, como se pode observar nas tabelas D.1 e D.2, no
apêndice D (INE 2010).

Em suma, o número de estabelecimentos e a capacidade de alojamento aumentou consideravel-


mente na maioria dos estabelecimentos hoteleiros, nos últimos 30 anos, à excepção dos Aldea-
mentos Turı́sticos e das Pensões. Na generalidade, a taxa de crescimento do número de camas é
muito mais elevada, comparativamente ao número de estabelecimentos, o que revela que os esta-
belecimentos são de maior dimensão. Este facto pode ser justificado pela valorização dos terrenos
imobiliários, sendo necessário rentabilizar o espaço, pela necessidade de oferecer infra-estruturas
com capacidade para alojar um maior número de hóspedes no mesmo estabelecimento, sendo um
aspecto relevante para determinados segmentos de mercado, como o MICE4 , assim como pode
revelar uma gestão mais apurada dos estabelecimentos. A dimensão dos hotéis deve ser ajustada
à procura, pelo que deve resultar da adequação dos nı́veis de ocupação considerados prováveis,
face às necessidades existentes ou previsı́veis no futuro (Quintas 2006).

Na secção 3.2.2, é feita uma análise mais profunda da oferta nos Hotéis, visto ser a tipologia de
estabelecimento eleita para o estudo de caso da investigação.

4 MICE: Meetings, Incentives, Conferences & Exhibitions.


84 Enquadramento do Estudo de Caso

4.2.3 Evolução da procura

À semelhança da oferta hoteleira nacional, apresenta-se uma breve análise da evolução da pro-
cura, pelo que se faz referência aos principais indicadores: o número de hóspedes e o número de
dormidas, entre 1980 e 2009 (em décadas).

A evolução do número de hóspedes, bem como o de dormidas, é apresentada apenas por tipo
de estabelecimento hoteleiro, pelo facto destes dados serem os mais relevantes para o presente
estudo de caso.

Em 2009, Portugal registou 12,9 milhões de hóspedes em Hotéis, Aldeamentos e Apartamen-


tos Turı́sticos, Hotéis-Apartamento, Motéis, Pousadas, Estalagens e Pensões (ver tabela D.3 no
apêndice D), correspondendo a um aumento de 183% relativamente a 1980 (figura 4.5).

14

12
Milhões de hóspedes

10 Pensões
Estalagens
8 Pousadas
Motéis
6 Hotéis-Apartamento
Aldeamentos Turísticos
4 Apartamentos Turísticos
Hotéis
2

0
1980 1990 2000 2009

Fonte: INE (1981, 1991, 2001, 2010)

Figura 4.5: Evolução do no de hóspedes, segundo o tipo de estabelecimentos, em Portugal, 1980-


2009

O número de dormidas relacionadas com as deslocações turı́sticas ascendia, em 2009, a 64,2


milhões, das quais 36,5 ocorreram em estabelecimentos hoteleiros (tabela D.4 no apêndice D). Face
a 1980, este valor representa um acréscimo de cerca de 119%, como se pode observar na figura
4.6. No entanto, a evolução do número de dormidas não acompanhou a taxa de crescimento do
número de hóspedes, situando-se 64 pontos percentuais abaixo da variação da taxa de crescimento
do número de hóspedes. Este diferencial permite tirar a seguinte ilação: apesar do aumento do
número de hóspedes, a duração média das estadas tem diminuı́do. Segundo dados do INE (2010),
a estada média dos estabelecimentos hoteleiros rondava as 2,8 noites, em 2009.

A tipologia de estabelecimento que apresenta uma maior procura são os Hotéis, quer em número
de hóspedes, quer em número de dormidas. Em 2009, 64,7% dos hóspedes ficaram alojados em
Hotéis, representado uma variação positiva de cerca de 10%, face a 1980 (figura 4.5).
Enquadramento do Estudo de Caso 85

40

Milhões de dormidas 30
Pensões
Estalagens
Pousadas
20 Motéis
Hotéis-Apartamento
Aldeamentos Turísticos
Apartamentos Turísticos
10 Hotéis

0
1980 1990 2000 2009

Fonte: INE (1981, 1991, 2001, 2010)

Figura 4.6: Evolução do no de dormidas, segundo o tipo de estabelecimentos, em Portugal, 1980-


2009

4.3 Caracterização da oferta, da procura e da performance da


população do estudo

Nesta secção apenas se escalpelizam aspectos relacionados com os Hotéis, porque o estudo da
presente dissertação contempla somente os Hotéis de Portugal Continental. Tal escolha justifica-se
principalmente pelo facto dos Hotéis serem responsáveis por mais impactes ambientais, compa-
rativamente a outros estabelecimentos hoteleiros, como se explica na secção 3.3.1, do capı́tulo 3,
devido à sua dimensão fı́sica (têm uma capacidade de alojamento superior), porque constituem a
tipologia de estabelecimento que regista mais dormidas, segundo dados estatı́sticos do INE (2010),
além de oferecerem um conjunto de serviços mais diversificado.

Segundo INE (2010), em 2009, Portugal Continental tinha 583 hotéis. Contudo, a população do
estudo é composta por 574 hotéis do Continente, de acordo com a base de dados fornecida pelo
Turismo de Portugal, não se incluindo as Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira, como se
explica na secção 5.3.1 do capı́tulo 5.

Na caracterização que se segue, apresentam-se dados relativos a 2009, sobre os indicadores da


oferta, da procura, assim como do desempenho da actividade nos hotéis.

4.3.1 Oferta

Seguidamente, indicam-se os dados relativos aos principais indicadores da oferta (dimensão, distri-
buição geográfica e categoria) dos hotéis do continente.

Em 2009, Portugal Continental dispunha de 583 hotéis, o que significa que 85,6% da oferta nacional
se concentrou no continente (INE 2010).
86 Enquadramento do Estudo de Caso

Dimensão

A dimensão média dos hotéis, em território continental, é de cerca de 97 quartos e a dimensão


média dos hotéis nacionais é de 99 quartos (Turismo de Portugal, IP 2009). Kirk (1996) (p.41)
estabelece a seguinte classificação de hotéis, quanto à sua dimensão: hotéis de grande dimensão
(mais de 150 quartos); hotéis de dimensão média (50-150 quartos) e hotéis de pequena dimensão
(menos de 50 quartos). De acordo com esta classificação, os hotéis da população do estudo são
de dimensão média. Embora, comparando com a dimensão média dos hotéis a nı́vel mundial, 137
quartos, segundo Bohdanowicz (2003), os hotéis portugueses têm uma dimensão mais reduzida
(relembrando, o valor médio é igual a 99 quartos).
Quanto à capacidade de alojamento, o número de camas ascendeu a 119 082 camas em 2009,
sendo a capacidade média dos hotéis continentais de 204 camas/unidade.

Distribuição geográfica

Relativamente à distribuição geográfica, a análise é feita por regiões (NUTS II 5 ).


Assim, a região que regista o maior número de hotéis é a do Centro (com 167 hotéis), seguindo-se
Lisboa (146), Norte (141), Algarve (91) e Alentejo (38), tal como se pode observar na figura 4.7. No
apêndice D, apresentam-se alguns dados mais detalhados quanto ao número de hotéis, segundo a
categoria (tabela D.5).

600

500
Nº de estabelecimentos

400

2*/1*
300 3*
4*
5*

200

100

0
Continente Norte Centro Lisboa Alentejo Algarve

Fonte: INE (2010)

Figura 4.7: Hotéis, segundo a categoria, por regiões (NUTS II) - Portugal Continental, 2009

Estes dados perdem expressão, relativamente ao número de quartos e camas, sendo Lisboa a
região lı́der, detendo cerca de 33% da capacidade de alojamento dos hotéis, tal como se pode
verificar na figura 4.8. Em segundo lugar, surge o Algarve, seguido da região Centro (relativamente
ao número de camas), o que representa 23,6% e 20% do total de camas, respectivamente. A região
Norte posiciona-se em quarto lugar, com 19,6%, e por último, o Alentejo, detendo apenas 3,7%. No
5 Definição de NUTS:
Nomenclatura das Unidades Territoriais para fins Estatı́sticos definidos pelo Decreto-Lei no 244/2002, de 5 de
Novembro. (Turismo de Portugal, IP 2009).
Enquadramento do Estudo de Caso 87

apêndice D, apresentam-se alguns dados mais detalhados quanto à capacidade de alojamento,


segundo a categoria (tabela D.6).

120

100
Milhares de camas

80

2*/1*
60 3*
4*
5*

40

20

0
Continente Norte Centro Lisboa Alentejo Algarve

Fonte: INE (2010)

Figura 4.8: Capacidade de Alojamento, segundo a categoria, por regiões (NUTS II) - Portugal Con-
tinental, 2009

Se a análise for feita em termos de capacidade média, a região do Algarve posiciona-se agora em
primeiro lugar, com uma média de 308 camas/hotel. Segue-se a região de Lisboa, Norte, Centro
e Alentejo. E é nos hotéis de 5 estrelas que se verifica o maior número de camas: 363 camas em
média/hotel (INE 2010).

Categoria

Relativamente à categoria, em termos globais, a oferta concentra-se nos hotéis de três estrelas
no território continental; estes representam 41,7% dos hotéis, atendendo ao número de estabele-
cimentos. Mas no que diz respeito à capacidade de alojamento, são os hotéis de quatro estrelas
que lideram, disponibilizando 52 130 camas, o que corresponde a cerca de 44% da oferta, como se
pode verificar na figura 4.8 (informação mais detalhada no apêndice D (tabela D.6)).
A região com mais camas em hotéis de cinco e quatro estrelas é a de Lisboa, surgindo o Algarve na
segunda posição, e o Norte na terceira, também naquelas categorias. A região Centro é que dispõe
de mais camas em hotéis de três, duas e uma estrelas.

4.3.2 Procura

Hóspedes e dormidas

O número de pessoas hospedadas nos hotéis do Continente ascendeu a 7 484,5 milhares. Estes
hóspedes deram origem a 16 614,3 milhares de dormidas6 , das quais 37% ocorreram na região de
Lisboa, tal como ilustram as figuras 4.9 e 4.10 (INE 2010).
6 Definição de dormida: ”Permanência de um indivı́duo num estabelecimento que fornece alojamento, por um perı́odo

compreendido entre as 12 horas de um dia e as 12 horas do dia seguinte.” (INE 2010, p.130).
88 Enquadramento do Estudo de Caso

Milhões de hóspedes em 2009

5*
2 4*
3*
2*/1*

0
Norte Centro Lisboa Alentejo Algarve Continente

Fonte: INE (2010)

Figura 4.9: Hóspedes, segundo a categoria, por regiões (NUTS II) - Portugal Continental, 2009

20
Milhões de dormidas em 2009

15

2*/1*
10 3*
4*
5*

0
Continente Norte Centro Lisboa Alentejo Algarve

Fonte: INE (2010)

Figura 4.10: Dormidas, segundo a categoria, por regiões (NUTS II) - Portugal Continental, 2009

A desagregação por categoria demonstra que 46,5% das dormidas se registaram nos hotéis de
quatro estrelas, seguindo-se os hotéis de três estrelas (30,8%), os de cinco estrelas (13,1%) e, por
último, os hotéis de duas e uma estrela (9,6%) (INE 2010).

Quanto ao paı́s de origem, 60,1% das dormidas foram geradas por residentes no estrangeiro, sendo
o mercado espanhol o que mais contribui para as dormidas de estrangeiros. A representatividade
dos principais mercados da procura externa é apresentada na figura 4.11 (INE 2010).
Enquadramento do Estudo de Caso 89

Milhões de dormidas em 2009


5

4
2*/1*
3*
4*
3 5*

0
PT ES UK DE FR IT BR Outros

Fonte: INE (2010)

Figura 4.11: Dormidas, segundo a categoria, por paı́ses de residência habitual - Portugal Continen-
tal, 2009

Estada média

A estada média7 nos hotéis continentais foi de 2,2 noites. O Algarve é a região que regista estadas
mais prolongadas, com uma média de 3,9 noites, seguindo-se Lisboa (2,1), Norte e Centro (1,8), e
o Alentejo (1,6). Quanto à categoria, os hotéis de quatro estrelas posicionam-se acima da média
(2,4 noites), e os de duas e uma estrela em último (1,8 noites), tal como se pode verificar na figura
4.12 (INE 2010).

4,5

4,0

3,5

3,0
Nº de noites

2,5 Total
5*
4*
2,0 3*
2*/1*
1,5

1,0

0,5

0,0
Norte Centro Lisboa Alentejo Algarve Continente

Fonte: INE (2010)

Figura 4.12: Estada média, segundo a categoria, por regiões (NUTS II) - Portugal Continental, 2009

7 Estada Média no Estabelecimento: ”Relação entre o número de dormidas e o número de hóspedes que deram origem a

essas dormidas, no perı́odo de referência, na perspectiva da oferta.” (INE 2010, p.130).


90 Enquadramento do Estudo de Caso

4.3.3 Performance

Taxa lı́quida de ocupação-cama

A taxa média lı́quida de ocupação-cama8 em Portugal Continental foi de 39,3%. Os hotéis de quatro
estrelas atingiram a taxa mais elevada (41,5%) e a região que se destacou, apresentando a maior
taxa lı́quida de ocupação-cama, foi o Algarve, com 45,9%; Lisboa registou 42,8%. As restantes
regiões apresentaram taxas abaixo da média continental: o Norte com 34,7%; Alentejo com 33,6%
e Centro com 31,6% (INE 2010), tal como se pode verificar na figura 4.13.

50

45

40

35

30
Total
5*
%

25
4*
3*
20 2*/1*

15

10

0
Norte Centro Lisboa Alentejo Algarve Continente

Fonte: INE (2010)

Figura 4.13: Taxa média lı́quida de ocução-cama, segundo a categoria, por regiões (NUTS II) -
Portugal Continental, 2009

Pessoal ao serviço

Em 2009, 24 750 pessoas estavam ao serviço nos hotéis continentais, o que representa 65% do
pessoal empregado pelos restantes estabelecimentos de alojamento (INE 2010).
O número médio de colaboradores por unidade de alojamento é de 0,4. Curiosamente, nos hotéis
de cinco estrelas, este número é inferior (0,3) comparativamente aos hotéis de duas e uma estrelas
(0,5), como se pode observar no quadro 4.2. Tal situação poderá ser justificada pela estrutura
organizacional e capacidade de alojamento ser superior nos hotéis de cinco estrelas, o que permite
uma gestão dos recursos humanos mais eficiente.

REVPAR (Revenue per available room)

O REVPAR 9 médio foi de 33,30 Euros nos hotéis do Continente. Nos hotéis de cinco estrelas, o
REVPAR apresenta um valor 72% acima do REVPAR médio. Lisboa é a região que regista o maior
8 Definição de taxa lı́quida de ocupação-cama: ”Relação entre o número de dormidas e o número de camas disponı́veis

no perı́odo de referência, considerando como duas as camas de casal.“ (INE 2010, p.134).
9 Revenue per available room: ”Rendimento por quarto disponı́vel, medido pela relação entre proveitos de aposento e o

número de quartos disponı́veis, no perı́odo de referência.” (INE 2010, p.134).


Enquadramento do Estudo de Caso 91

Tabela 4.2: Número médio de colaboradores por unidade de alojamento - Portugal Continental,
2009
Tipologia Unidade: No de pessoas
Hotéis de 5* 0,3
Hotéis de 4* 0,4
Hotéis de 3* 0,3
Hotéis de 2*/1* 0,5
Total geral 0,4

Fonte: INE (2010)

REVPAR médio: 42,50 Euros, seguida do Algarve (40,8 Euros), Norte (26,1 Euros), Alentejo (22,7
Euros) e Centro (19,3), tal como se pode observar na tabela 4.3.

Tabela 4.3: REVPAR, segundo a categoria, por regiões (NUTS II) - Portugal Continental, 2009

NUTS Unidade: Euros


Hotéis
Total 5* 4* 3* 2*/1*
Norte 26,1 42,9 26,5 22,6 19,1
Centro 19,3 40,6 24,6 17,8 14,7
Lisboa 42,5 57,7 41,4 34,7 32,8
Alentejo 22,7 41,3 26,6 17,3 19,8
Algarve 40,8 68,3 34,6 33,9 23,7
Continente 33,3 57,3 34,6 24,9 20,8

Fonte: INE (2010)

4.4 Conclusão

A hotelaria é um sector de actividade relevante para a economia nacional, sendo comprovado pelo
seu desenvolvimento crescente. O número de estabelecimentos hoteleiros aumentou consideravel-
mente nas últimas três décadas, mas é na capacidade de alojamento que se verifica um acréscimo
notável. A par deste aumento, verifica-se outro fenómeno: a qualificação da oferta hoteleira, de-
monstrada pela diversificação das tipologias e pelo aumento de alojamento mais qualificado. A
capacidade de alojamento em hotéis conheceu um forte acréscimo nos últimos anos, sendo o tipo
de estabelecimento mais representativo do total da oferta. Em termos de dimensão fı́sica, os hotéis
também se destacam dos outros empreendimentos turı́sticos, pelo facto de terem uma capacidade
de alojamento superior. Acresce o facto de oferecerem um conjunto de serviços mais diversificado
e de se constituı́rem como a tipologia de estabelecimento hoteleiro com mais procura.
A conjugação de todos estes aspectos justifica o maior impacte ambiental decorrente da actividade
hoteleira, tornando os hotéis um alvo forte da atenção dos diferentes stakeholders.
O enquadramento da actividade do sector hoteleiro nacional permite, assim, reiterar a importância
de dar prioridade à gestão ambiental nos hotéis.
92 Enquadramento do Estudo de Caso
Capı́tulo 5

Metodologia

5.1 Introdução

Neste capı́tulo realiza-se a operacionalização dos conceitos, apresentados na parte conceptual da


presente dissertação.

O capı́tulo tem como objectivos apresentar o modelo de investigação, apresentar os métodos de


recolha de dados, bem como os métodos de análise dos resultados.

Para concretizar estes objectivos, este capı́tulo encontra-se organizado em três secções. A primeira
secção apresenta o modelo de investigação onde se enunciam as questões de investigação. Na
segunda secção, descrevem-se os métodos de recolha de dados, iniciando pela identificação da
população do estudo. Seguidamente explica-se qual o instrumento de recolha de dados - inquérito
por questionário - justificando a adopção do mesmo. Prossegue-se com a descrição da estrutura
do questionário, da realização do pré-teste, do seu método de administração e da taxa e número
de respostas obtidas. Por último, enunciam-se os métodos de análise de dados, apresentando uma
sistematização dos métodos estatı́sticos utilizados para identificar as práticas de gestão ambiental
adoptadas pelos hotéis e os factores que influenciam a adopção das mesmas.

5.2 Modelo de investigação

O modelo de investigação (figura 5.1) foi construı́do com base na revisão da literatura e de acordo
com o principal objectivo do presente estudo: analisar a adopção de práticas de gestão ambiental
(PGA) nos hotéis e identificar os factores que influenciam os gestores na adopção dessas práticas.
A análise da adopção de PGA compreende a adopção de práticas individuais, a adopção de polı́ticas
formais de gestão ambiental e a implementação de sistemas de certificação ambiental.

Atendendo a este objectivo, redigiu-se o argumento central do modelo de análise: ”As carac-
terı́sticas das unidades hoteleiras, as atitudes e o perfil dos gestores, bem como os benefı́cios, a
imposição dos stakeholders e orientações estratégicas influenciam a adopção de PGA nos hotéis”.
94 Metodologia

Figura 5.1: Modelo de investigação

5.2.1 Questões de investigação

As questões de investigação foram delineadas em função do modelo de investigação e a partir do


seu argumento central, do qual se extraı́ram as principais questões. As questões são descritas na
tabela 5.1, encontrando-se associadas as fontes utilizadas para a sua formulação.
Metodologia 95

Tabela 5.1: Questões principais da investigação

Questões principais Autores


Q1: ”Que acções estão a ser implementadas pelos hotéis (Kirk 1995, Horobin & Long
portugueses para proteger o ambiente?” 1996, Knowles et al. 1999,
Bohdanowicz 2003)
Q2: ”A adopção de PGA está relacionada com o facto dos (Kirk 1995, Bohdanowicz
hotéis terem polı́ticas formais de gestão ambiental?” 2003, Viegas 2008)
Q3: ”A adopção de PGA está relacionada com o facto dos (Kirk 1995, Bohdanowicz
hotéis implementarem sistemas de certificação ambiental?” 2003, Viegas 2008)
Q4: ”As atitudes dos gestores estão relacionadas com a (Knowles et al. 1999, Bohda-
preocupação ambiental?” nowicz 2003, Tzschentke et
al. 2008)
Q5: ”A implementação de medidas de gestão ambiental em (Kirk 1995, 1998, Le et al.
unidades hoteleiras está relacionada com os benefı́cios po- 2006)
tenciais resultantes da adopção dessas medidas?”
Q6: ”Os gestores implementam medidas de gestão ambien- (Tzschentke et al. 2008)
tal por questões de responsabilidade social?”
Q7: ”A adopção de medidas de gestão ambiental estão rela- (Bohdanowicz 2006b, Le et
cionadas com a pressão exercida pelos diferentes stakehol- al. 2006)
ders?”
Q8: ”A adopção de medidas de gestão ambiental estão re- (Le et al. 2006)
lacionadas com orientações estratégicas?”
Q9: ”A falta de implementação de medidas gestão ambien- (Bohdanowicz 2003, 2006a,
tal em unidades hoteleiras está relacionada com diversos Le et al. 2006)
constrangimentos?”
Q10: ”A adopção de medidas de gestão ambiental nas uni- (Kirk 1995, 1998, Middleton &
dades hoteleiras está relacionada com as caracterı́sticas Hawkins 1998, Enz & Siguaw
dos hotéis?” 1999, Gil et al. 2001, Bohda-
nowicz 2003, 2006b, Viegas
2008, Sampaio et al. 2008)
Q11: ”A adopção de medidas de gestão ambiental nas uni- (Brown 1996, Enz & Siguaw
dades hoteleiras está relacionada com o perfil dos seus ges- 1999, 2003, Tzschentke et al.
tores?” 2004, 2008, Sampaio et al.
2008)

Questões subsidiárias

Das questões principais da investigação extraı́ram-se as seguintes questões subsidiárias:

Q5:

Q5.1 ”Os gestores implementam medidas de gestão ambiental para aumentar os proveitos finan-
ceiros da unidade hoteleira, resultantes da racionalização de consumos?”
Q5.2 ”Os gestores implementam medidas de gestão ambiental para aumentar a satisfação dos
clientes da unidade hoteleira?”
Q5.3 ”Os gestores implementam medidas de gestão ambiental para aumentar a satisfação dos
colaboradores da unidade hoteleira?”
96 Metodologia

Q5.4 ”Os gestores implementam medidas de gestão ambiental para melhorar as relações com a
comunidade local?”

Q5.5 ”Os gestores implementam medidas de gestão ambiental para melhorar a imagem do hotel?”

Q5.6 ”Os gestores implementam medidas de gestão ambiental para obter vantagem competitiva
em termos de marketing?”

Q7:

Q7.1 ”Os gestores implementam medidas de gestão ambiental pela pressão exercida por parte dos
investidores?”

Q7.2 ”Os gestores implementam medidas de gestão ambiental pela pressão exercida por parte dos
clientes?”

Q7.3 ”Os gestores implementam medidas de gestão ambiental pela pressão exercida por parte dos
colaboradores?”

Q7.4 ”Os gestores implementam medidas de gestão ambiental pela pressão exercida por parte da
opinião pública?”

Q7.5 ”Os gestores implementam medidas de gestão ambiental pela imposição da regulamentação
ambiental?”

Q7.6 ”Os gestores implementam medidas de gestão ambiental pela imposição da administração da
cadeia hoteleira, quando o hotel pertence a uma cadeia?”

Q9:

Q9.1 ”A escassez de informação disponı́vel para os gestores é um constrangimento para a imple-


mentação de medidas de gestão ambiental em unidades hoteleiras?”

Q9.2 ”A escassez de apoio técnico/aconselhamento dos gestores, sobre as soluções mais benéfi-
cas, constitui um constrangimento para a implementação de medidas de gestão ambiental em
unidades hoteleiras?”

Q9.3 ”Os custos iniciais inerentes à adopção de medidas de gestão ambiental são um constrangi-
mento para a sua implementação em unidades hoteleiras?”

Q9.4 ”A escassez de apoio financeiro para a adopção de medidas de gestão ambiental são um
constrangimento para a sua implementação em unidades hoteleiras?”

Q9.5 ”O desinteresse demonstrado pelos clientes na adesão aos programas de gestão ambiental
das unidades hoteleiras são um constrangimento para a sua implementação?”

Q9.6 ”A escassez de infra-estruturas locais (por ex: recolha selectiva de lixo) são um constrangi-
mento para a implementação de medidas de gestão ambiental em unidades hoteleiras?”
Metodologia 97

Q10:

Q10.1 ”O tipo de propriedade do hotel, ou seja, se é um hotel independente, se pertence a uma


cadeia hoteleira ou a um consórcio, pode influenciar a implementação de medidas de gestão
ambiental?”
Q10.2 ”A categoria do hotel (no de estrelas) pode influenciar a implementação de medidas de
gestão ambiental?”
Q10.3 ”A dimensão do hotel (no de quartos e camas) pode influenciar a implementação de medidas
de gestão ambiental?”
Q10.4 ”A antiguidade do hotel (ano de abertura e/ou remodelações) pode influenciar a implemen-
tação de medidas de gestão ambiental?”
Q10.5 ”O tipo de clientes do hotel (origem geográfica e segmento de mercado) pode influenciar a
implementação de medidas de gestão ambiental?”
Q10.6 ”A localização geográfica do hotel (concelho) pode influenciar a implementação de medidas
de gestão ambiental?”

Q11:

Q11.1 ”As caracterı́sticas demográficas (idade e sexo) dos gestores das unidades hoteleiras exer-
cem influência na adopção de medidas de gestão ambiental?”
Q11.2 ”O nı́vel de literacia (formação académica e profissional) dos gestores das unidades hotelei-
ras exercem influência na adopção de medidas de gestão ambiental?”
Q11.3 ”O tempo de experiência dos gestores das unidades hoteleiras exercem influência na adop-
ção de medidas de gestão ambiental?”

5.3 Métodos de recolha de dados

5.3.1 População do estudo

A população do estudo, já caracterizada no capı́tulo 4, é composta por 574 hotéis de Portugal
Continental, classificados pelo Turismo de Portugal. Este valor foi obtido pela análise da informação
solicitada àquela entidade.
O objecto de estudo abrange o grupo de gestores (focus group) dos hotéis de 1, 2, 3, 4 e 5 estrelas
de Portugal Continental. O estudo da presente dissertação elege os hotéis, em vez de englobar
todos os estabelecimentos hoteleiros, devido a restrições temporais e orçamentais. Outro dos mo-
tivos prende-se com o facto de serem o tipo de estabelecimento que, pela natureza e diversidade
dos serviços que prestam, apresenta um consumo elevado de energia, água e outros recursos, e
gera um grande volume de desperdı́cios, além de exercer uma influência considerável na envolvente
socioeconómica, como foi mencionado no capı́tulo 3. Outra das razões, tem a ver o facto dos hotéis
constituı́rem o estabelecimento mais representativo no conjunto dos estabelecimentos hoteleiros,
em termos de capacidade de alojamento, como se pode verificar na figura 4.3 do capı́tulo 4. Para
além destes motivos, os hotéis também registam um maior número de hóspedes e dormidas face às
outras tipologias de estabelecimentos de alojamento (INE 2010). Além disso, a estrutura organiza-
cional e requisitos legais de funcionamento de um hotel implicam que a sua gestão seja assumida
98 Metodologia

por um responsável/gestor com experiência e formação inerentes ao cargo. Tais factos cumprem
então os requisitos necessários aos objectivos do trabalho, particularmente na identificação das
motivações e perfil dos gestores face à implementação de medidas de protecção ambiental nos
hotéis.
O critério utilizado para a selecção do universo de análise foi definido em função dos dados for-
necidos pelo Turismo de Portugal - entidade reguladora da actividade hoteleira - pelo que apenas
foram considerados os hotéis classificados, não se incluindo os que estão à espera de licença
de utilização, auditoria de classificação ou ainda em fase de projecto ou abertura. Deste modo,
solicitou-se à Direcção de Qualificação da Oferta e ao Departamento de Classificação e Qualidade
do Turismo de Portugal um inventário de todos os hotéis classificados, com a indicação do nome,
telefone, endereço postal e electrónico, para enviar o questionário. Após a análise da base de
dados dos hotéis de Portugal Continental do Turismo de Portugal, procedeu-se a uma pesquisa
no Portugal Hotel Guide (Maisturismo (2010)) e no motor de busca Google (Google (2010)) para
completar dados em falta, nomeadamente o endereço electrónico dos mesmos. Deste modo, foram
identificados os hotéis que não têm endereço electrónico, sendo excluı́dos da listagem aqueles que
o não possuem (12 de 574 hotéis). Após o envio do questionário, verificou-se que 50 hotéis não o
tinham recebido, como se explica com mais detalhe na secção 5.3.3, pelo que foram excluı́dos mais
50 hotéis do universo de análise inicial. A população final do estudo passou para 512 hotéis, repre-
sentando 89% da população inicial. Na tabela 5.2 figura a quantificação das diferentes situações
encontradas.

Tabela 5.2: Definição da população de estudo

N %
Hotéis identificados 574 100%
Sem e-mail 12 2,1%
E-mail incorrecto 36 6,3%
Hotéis encerrados 14 2,4%
Questionários enviados 512 89,2%

5.3.2 Instrumento de recolha de dados

Método

O instrumento de recolha de dados utilizado é um inquérito por questionário, aplicado a todos os


responsáveis pela gestão dos hotéis de Portugal Continental.

Justificação do método

Os instrumentos de observação utilizados com mais frequência em ciências sociais são o ques-
tionário ou a entrevista (Quivy & Campenhaudt 2003). Elegeu-se o inquérito por questionário pelo
tipo de informação necessária a recolher para testar as questões de investigação.
Optou-se por aplicar um inquérito por questionário dada a grande dimensão do universo de análise,
pelo facto deste ser geograficamente disperso, por ser suficientemente homogéneo e ainda porque
a população-alvo do estudo tem educação suficiente para responder às questões. De acordo com
Leite (1997), este instrumento é o mais indicado na recolha de dados quando o universo do estudo
tem estas caracterı́sticas, para além do facto de ser um método que oferece diversas vantagens
Metodologia 99

como: economia de tempo e dinheiro; o facto das perguntas serem padronizadas; a informação
pretendida poder ser solicitada através de perguntas escritas e o investigador não influenciar os
respondentes no momento da recolha de dados.
Este método foi utilizado por diversos autores em estudos de caso semelhantes à presente inves-
tigação, tais como: Kirk (1995); Stabler & Brian (1997); Brown (1996); Kirk (1998); Knowles et al.
(1999); Bohdanowicz (2005); Bohdanowicz (2006a); Le et al. (2006) e Sampaio et al. (2008).

Construção do questionário

Tal como Quivy & Campenhaudt (2003) referem, a aplicação do inquérito por questionário tem como
objectivo recolher informação para que seja possı́vel testar as hipóteses de investigação.
As perguntas do questionário foram elaboradas com base nas questões teóricas da investigação
e no quadro de referência dos estudos de caso relevantes identificados na revisão bibliográfica,
tentando construir um instrumento de recolha de dados que respondesse aos objectivos estabele-
cidos para este estudo. Apresentam-se na tabela 5.3 os objectivos e as perguntas do questionário.
As questões foram elaboradas de acordo com as regras genéricas de construção de questionários
propostas por Finn et al. (2000).

Tabela 5.3: Objectivos do Questionário

Objectivos Questões
1. Conhecer as acções que os hotéis portugueses implementam para 1-8
proteger o ambiente
2. Identificar as práticas de gestão ambiental dos hotéis portugueses 9-28
e o seu grau de importância
3. Saber qual é a atitude dos gestores face às questões ambientais 29
4. Identificar os benefı́cios que advêm da adopção de medidas de 30
protecção ambiental
5: Identificar outros factores que influenciam os gestores na adopção 31 e 32
de medidas de gestão ambiental e os constrangimentos para as não
adoptarem
6. Caracterizar os hotéis que implementam medidas de gestão ambi- 34-44
ental
7. Traçar o perfil dos gestores hoteleiros que adoptam práticas de 45-50
gestão ambiental

NOTA: Questões com a numeração correspondente à da versão final do questionário (ver apêndice: E.2).

A elaboração do questionário passou por quatro fases distintas:

1. desenvolvimento de um questionário inicial;

2. análise e teste de ferramentas para a construção de questionários administrados via correio


electrónico 1 ;

3. pré-teste do questionário;

4. reformulação do questionário.
1O método de administração influenciou a estrutura do questionário, como se explica na secção 5.3.3.
100 Metodologia

Na primeira fase, o questionário inicial foi elaborado com base na revisão da literatura sobre
gestão ambiental na indústria hoteleira, descrita no capı́tulo 3. No apêndice E.1 figura a versão
inicial do questionário.
Na segunda fase, como o método de administração do questionário eleito foi o correio electrónico,
procedeu-se à análise e teste de diversas ferramentas para construir questionários que são admi-
nistrados pela via seleccionada, tais como os formulários do GoogleDocs (Google 2009), My3q En-
quiry (Rformation 21st Ltd 2009), Survs (Enough Pepper Lda. 2009) e LimeSurvey (Schmitz 2009).
Seleccionou-se o LimeSurvey pelo facto de apresentar várias funções mais vantajosas que as outras
ferramentas. Uma das premissas fundamentais foi a de garantir a identificação dos respondentes,
através da atribuição de um código, sem que estes tivessem de preencher o nome do hotel, para
poder verificar quem tinha preenchido o inquérito. Esta caracterı́stica permitiu identificar os desti-
natários que não responderam, para enviar então uma segunda mensagem por correio electrónico.
Outra das caracterı́sticas desta ferramenta é que permite colocar questões condicionais, para além
de exportar dados para uma folha de cálculo, SPSS - Statistical Package for the Social Sciences
(SPSS Inc. 2010) e R (The R Foundation for Statistical Computing 2010), o que facilita o trabalho de
análise de resultados e tratamento estatı́stico. No que diz respeito às questões condicionais, pensa-
se que é de extrema importância existir esta possibilidade, pois permite aumentar a complexidade
do questionário, sem comprometer a facilidade do seu preenchimento.
A terceira fase - pré-teste do questionário - contempla duas etapas: uma revisão técnica e o teste
do questionário com directores de hotel.
Antes de se proceder ao teste, o questionário foi revisto pela Dra. Susana Lima, Mestre em Gestão
e Polı́ticas Ambientais pela Universidade de Aveiro e especialista em gestão ambiental no sector
hoteleiro, pois conta com várias publicações sobre esta temática, como são exemplo as obras: “A
gestão ambiental no sector hoteleiro: desempenho e adaptação institucional” (Lima 2003), ”A Res-
ponsabilidade Ambiental como Factor de Competitividade no Turismo: O caso do Sector Hoteleiro”
(Lima 2006) e “A Gestão Ambiental no Sector Hoteleiro” (Lima 2008). O seu contributo foi impor-
tante para esclarecer aspectos técnicos relacionados com a gestão ambiental.
O questionário foi testado, antes de ser aplicado, com directores de hotel, através de entrevistas
pessoais. De acordo com Finn et al. (2000), é importante fazer um pré-teste do questionário para
garantir a compreensão das questões por parte dos respondentes e para providenciar respostas
adequadas. Este teste deve ser feito com um pequeno grupo de pessoas que pertence à população
do estudo.
Assim, a realização do pré-teste com quatro directores de hotel permitiu cronometrar o tempo de
preenchimento do questionário, aferir que a linguagem do questionário é clara, validar a compre-
ensão dos conteúdos e sequência lógica das perguntas, e garantir que a formatação do ques-
tionário é simples, facilitando e incentivando ao preenchimento deste instrumento de observação.
O tempo de preenchimento do questionário - cerca de dez minutos - foi calculado com base na
média aritmética do tempo de preenchimento dos quatro pré-testes. Inicialmente, pensou-se que o
questionário poderia ser demasiado extenso e que isso seria uma das debilidades do instrumento
de recolha de dados. Optou-se por fazer o pré-teste e avaliar posteriormente a necessidade de
reformular ou excluir algumas das questões. De acordo com a opinião de todos os directores de
hotel, este timing é perfeitamente aceitável, pelo que se decidiu manter o número de questões.
Também foi elaborado um guião de entrevista para conduzir a reunião com o(a)s directore(a)s de
Hotel no momento da aplicação do pré-teste. Tal guião inclui as seguintes questões:

1. “Pensa que o questionário é muito extenso?”


2. “A linguagem é clara?”
3. “O questionário é de fácil preenchimento?”
Metodologia 101

4. “Concorda com a estrutura do questionário / A sequência das perguntas é lógica?”


5. ”Pensa que existem questões sensı́veis, como por exemplo o nome e local do hotel, assim
como as caracterı́sticas do(a) director(a) do hotel (idade, tempo de experiência, habilitações
académicas)?”
6. “Sobre o conteúdo das questões relacionadas com a gestão ambiental, nomeadamente a
identificação das medidas adoptadas pelo hotel:
• compreende todos os itens?
• abrange todos os aspectos?
• está demasiado pormenorizado?”
7. “Qual é a avaliação geral que faz do questionário?”

Neste guião de entrevista incluiu-se, igualmente, um espaço para comentários e sugestões, permi-
tindo obter diversas opiniões para melhorar o questionário e aumentar a sua fiabilidade.
Seguidamente, enumeramos as alterações sugeridas pelos directores de hotel que testaram o ques-
tionário:

1. inclusão da instrução de preenchimento: “Sempre que entender, pode voltar à(s) questão(ões)
anterior(es) e alterá-la(s)”;
2. inclusão da questão: “O hotel implementa medidas de gestão ambiental?”, pois, de acordo
com a opinião de um dos directores entrevistados, seria importante dar a oportunidade aos
hotéis de, apesar de não implementarem uma polı́tica formal de gestão ambiental, transmiti-
rem a sua realidade;
3. anulação da descrição ”motores dos ventiladores com eficiência superior a EFF2“ no item
”sistema de ventilação eficiente“, porque, de acordo com a opinião de um dos directores in-
quiridos, esta designação não é comum e, por este motivo, não preencheu este item, porque
não o compreendeu;
4. inclusão dos seguintes aspectos na questão sobre identificação das iniciativas de gestão am-
biental implementadas pelo hotel: - sistema de recuperação de calor; - gestão de materiais
perigosos; - planeamento da redução de consumos; - monitorização das emissões de car-
bono; - verbas para melhoria do sistema; - preferência por produtos reciclados; - adesão ao
fair trade.
5. reestruturação da questão ”ano de remodelação das infra-estruturas“; alterada para ”ano da
última remodelação das infra-estruturas“, pois, segundo um director, quando um hotel tem
vários anos de existência, há várias datas e tipos de remodelações.
6. desagregação da questão sobre habilitações literárias e profissionais. Inicialmente tinha sido
colocada apenas uma questão sobre habilitações literárias e formação profissional em Direc-
ção/Gestão Hoteleira, para não tornar o questionário demasiado extenso. Mas, perante a
sugestão de um dos directores, entendeu-se que seria melhor separar estas duas questões.

A quarta fase - reformulação do questionário - foi elaborada após análise das alterações sugeri-
das pela revisão técnica e pelo pré-teste. A versão final do questionário (apêndice E.2) apresenta a
seguinte estrutura:

• introdução: com instruções de preenchimento do questionário e descrição sumária sobre o


tema e âmbito do estudo, tempo de preenchimento e garantia de confidencialidade;
102 Metodologia

• a gestão ambiental do hotel, subdividida em três grupos;


• caracterização do hotel, constituı́da pelos elementos relativos ao tipo de propriedade, di-
mensão, categoria, tipo de clientes, localização, etc.;
• caracterização do(a) director(a) do hotel, identificando aspectos sociodemográficos como o
sexo e idade, bem como o nı́vel de literacia e experiência profissional.

As questões relacionadas com a gestão ambiental do hotel encontram-se divididas em três grupos,
como foi mencionado anteriormente.
No grupo I, as questões têm como objectivo conhecer as acções que os hotéis portugueses adop-
tam na protecção do ambiente, tentando perceber se implementam medidas e aspectos relaciona-
dos com a adopção destas medidas, como a existência de uma polı́tica formal de gestão ambiental,
de um certificado ou rótulo de qualidade ambiental, entre outros. O tipo de questões é generica-
mente interrogatório, requerendo respostas afirmativas ou negativas.
No grupo II pretende-se identificar as PGA implementadas pelos hotéis. As práticas consideradas
no questionário, analisadas na revisão bibliográfica ( 3.6.1, capı́tulo 3), encontram-se categorizadas
em nove áreas: gestão do consumo de energia; gestão de consumo de água; gestão de resı́duos
sólidos; gestão de materiais perigosos; gestão de efluentes e emissões; gestão do ambiente inte-
rior; gestão do ambiente exterior e biodiversidade; polı́tica de compras orientada pelo ambiente e
comunicação ambiental. Assim, solicitou-se aos respondentes que, de uma lista de 62 exemplos de
PGA, indicassem aqueles que são praticados nos hotéis que dirigem. Estas questões incluem um
espaço para redigir um texto livre, no caso dos respondentes desejarem adicionar uma prática não
identificada no questionário. A avaliação dos exemplos de PGA incluı́dos na lista desenvolvida, é
feita através de uma medição dicotómica, utilizada em função da verificação ou não de uma determi-
nada PGA. A partir desta avaliação, inspirado numa metodologia semelhante proposta por Sánchez
et al. (2007) e Viegas (2008), criou-se o indicador do nı́vel de implementação de PGA (IP GA ), que
contabiliza o número de PGA, permitindo graduar o nı́vel de implementação de PGA dos hotéis. O
cálculo deste indicador foi efectuado pela aplicação da fórmula expressa na equação 5.1.

N∑
P GA

IP GA = ri (5.1)
i=1
em que:
NP GA − Número total de práticas de gestão ambiental referidas no questionário
ri − Resposta do inquirido à implementação da PGA i
ri = 0 − O hotel não implementa a PGA i
ri = 1 − O hotel implementa a PGA i

Por último, as perguntas do grupo III prendem-se com a compreensão das motivações, dos factores
e das atitudes dos gestores que influenciam a adopção das PGA nos hotéis. Este grupo é composto
por afirmações, sendo solicitado o grau de concordância, probabilidade ou relevância das referidas
afirmações, numa escala de Lickert de 5 pontos. Nesta escala, 1 representa o total desacordo,
pouco provável ou pouco relevante e 5 o total acordo, muito provável ou muito relevante.
O facto do questionário ser preenchido on-line permitiu colocar questões condicionais, de uma forma
automática, o que simplificou a estrutura e o preenchimento do mesmo. Apresenta-se na figura 5.2
o diagrama de fluxo da sequência das perguntas do questionário.
A perguntas número 1,2,3 e 5 são de carácter obrigatório, pois foram consideradas questões cen-
trais na definição da validade dos questionários. Dada a sua extensão (52 perguntas), seria de
Metodologia 103

Figura 5.2: Diagrama de fluxo das perguntas do questionário

esperar que alguns respondentes não completassem a totalidade do questionário, mas sentiu-se a
necessidade de garantir que determinados aspectos fossem esclarecidos.

5.3.3 Administração do questionário

O questionário é de administração indirecta, pois foi preenchido pelos próprios inquiridos (Quivy &
Campenhoudt 2003). Foi enviado por correio electrónico devido à dimensão do universo de análise,
como já foi mencionado. Poderia ter-se optado por proceder ao envio do questionário impresso,
por via postal, e incluir um envelope pré-selado, mas isso implicaria um volume considerável de
utilização de recursos materiais (papel, tinta), o que não se coaduna com as melhores práticas
ambientais, recursos financeiros (com envio de envelopes pré-selados) e temporais.

Depois do envio do questionário, 106 mensagens vieram devolvidas. Após análise das mesmas,
maioritariamente devido a endereço errado, os dados dos hotéis fornecidos pelo Turismo de Portu-
gal foram verificados e corrigidos através de pesquisa no Portugal Hotel Guide (Maisturismo (2010)),
no motor de busca Google (Google (2010)) e outros por contacto telefónico com os hotéis. As-
sim, constatou-se que cinco hotéis tinham encerrado e que nove se encontravam em reconstrução.
Procedeu-se a um novo envio do questionário com os endereços corrigidos. Após esta segunda
tentativa, cerca de 36 mensagens vieram devolvidas por excesso de quota na caixa do correio
electrónico ou por falha de envio. Foi feita uma terceira tentativa, mas com a persistência destes
104 Metodologia

problemas, excluı́ram-se mais 50 hotéis da população inicial do estudo, o que perfaz um total de
512 hotéis com endereço electrónico válido.
A taxa de reposta da aplicação de questionários via correio electrónico é relativamente baixa, tal
como se explica na secção 5.3.4. Por este motivo, inicialmente foi equacionada a hipótese de
atribuir um prémio (uma estadia numa unidade de alojamento) para aumentar a taxa de resposta,
mas devido a constrangimentos temporais e financeiros, esta hipótese foi excluı́da. Cientes da
preenchida agenda dos directores de hotel, e seguindo as pisadas de vários investigadores, tais
como Knowles et al. (1999), Bohdanowicz (2005), Bohdanowicz (2006a) e Hobson & Essex (2001),
que administraram este instrumento de recolha de dados pela mesma via, o questionário foi enviado
durante a época considerada “baixa” nos hotéis portugueses. Deste modo, procedeu-se ao envio
do questionário no dia quinze do mês de Janeiro de 2010.
Como foi referido anteriormente, para enviar o questionário procedeu-se à recolha dos endereços
electrónicos dos hotéis classificados pelo Turismo de Portugal. Depois de actualizada, esta base
de dados foi exportada para o LimeSurvey. Posteriormente, foi atribuı́do um código (geração au-
tomática do LimeSurvey) único para cada hotel. O envio de mensagens electrónicas foi feito a partir
do Limesurvey, de forma automática. A mensagem, enviada à atenção do(a) director(a) do hotel,
incluı́a um texto sumário de apresentação do estudo e a indicação do link personalizado com o
código individual para cada hotel. Desta forma, foi possı́vel garantir uma subscrição única de cada
hotel, aumentando assim a fiabilidade do estudo.
O número inicial de respostas foi pouco satisfatório, como se explica na secção 5.3.4. Assim, após
a identificação dos não-respondentes, enviou-se uma segunda mensagem por correio electrónico,
com o questionário e um lembrete a solicitar novamente o preenchimento do mesmo. Esta mensa-
gem foi enviada decorridos dez dias da primeira, tal como recomendado por Finn et al. (2000) e por
Bohdanowicz (2005).

5.3.4 Taxa e número de respostas

O número de respostas foi, inicialmente, baixo: 48 questionários completos e 31 incompletos. As-


sim, foi enviada uma segunda mensagem por correio electrónico para relembrar os destinatários.
Após este lembrete, obtiveram-se mais 24 respostas (um aumento de 50%) completas e 9 incom-
pletas (cerca de 29%). Totalizando, atingiu-se uma taxa de resposta de cerca de 14% com os
questionários completos. Como se considerou que este valor seria pouco satisfatório, e insuficiente
para se proceder a uma análise quantitativa dos dados, optou-se por contactar telefonicamente
os não-respondentes. Assim, posteriormente, telefonou-se aos directores dos hotéis a solicitar o
preenchimento do questionário, tentando personalizar o pedido, para aumentar a taxa de resposta.
Esta estratégia surtiu efeito, pois a taxa de reposta aumentou consideravelmente: quando o inquérito
foi considerado como encerrado, obteve-se um total de 225 respostas (44% do universo de análise).
Destas, apenas 161 foram consideradas válidas (31% do universo de análise). Na tabela 5.4
referem-se as taxas de resposta de acordo com a categoria e localização dos hotéis.
A taxa de resposta é assim de 31%. O critério utilizado para considerar uma dada resposta como
válida foi o facto do respondente ter carregado no botão “submeter” que surge no final do ques-
tionário. Os restantes 64 questionários foram considerados inválidos pelo facto de não terem sido
submetidos, mesmo apresentando algumas questões preenchidas. A tabela 5.5 ilustra estes valo-
res.
A taxa de resposta pode ser maior, se for considerado o facto de muitos dos respondentes assu-
mirem a direcção de vários hotéis, no caso de alguns dos hotéis de cadeia. Facto este que foi
constatado aquando da realização dos telefonemas a solicitar o preenchimento do questionário.
Esta é uma realidade cada vez mais comum nos hotéis portugueses, principalmente acentuada
Metodologia 105

Tabela 5.4: Caracterização da população final, da amostra e taxa de resposta

População final Amostra Taxa de resposta


Caracterı́sticas do hotel N % N % %
Categoria (no de estrelas):
1 estrela 3 1% 0 0% 0%
2 estrelas 81 16% 20 13% 25%
3 estrelas 217 42% 46 29% 21%
4 estrelas 168 33% 74 47% 44%
5 estrelas 43 8% 19 12% 44%
TOTAL 512 100% 159 100% 31%
Localização (NUTS II):
Norte 123 24% 43 28% 35%
Centro 147 29% 34 22% 23%
Lisboa 132 26% 34 22% 26%
Alentejo 34 7% 14 9% 41%
Algarve 76 15% 27 18% 36%
TOTAL 512 100% 152 100% 30%

Tabela 5.5: Definição da amostra

N %
Questionários enviados 512 100%
Não-respostas 287 56,1%
Questionários incompletos 64 12,5%
Questionários válidos 161 31,4%

pela crise económica, que conduz à inevitável redução dos custos em recursos humanos na gestão
das unidades. Assim, verificou-se que, pelo menos dez dos respondentes, assumiam a direcção de
mais de um hotel e, a tı́tulo de exemplo, um dos respondentes tem a cargo a gestão de 5 unidades.

Segundo Crawford-Welch (1991), citado por Medina-Muñoz & Garcı́a-Falcón (2000), as taxas de
resposta para inquéritos por questionário aplicados à indústria hoteleira situam-se entre 10,5% -
30,7%.

Comparativamente aos estudos de caso já citados que aplicam os questionários por esta via, a taxa
de resposta obtida na presente investigação regista um valor superior. O estudo de Knowles et al.
(1999) teve uma taxa de resposta de 28%; Bohdanowicz (2005) obteve uma taxa de resposta de
apenas 16,6% e Bohdanowicz (2006a) atingiu 18,5%.

A tabela 5.4 descreve a composição da população final, da amostra e a respectiva taxa de resposta,
relativamente à categoria e localização dos hotéis.

5.4 Métodos de análise de dados

Como referências bibliográficas para a organização, apresentação, análise e interpretação de resul-


tados cita-se Finn et al. (2000) e Pestana & Gageiro (1998).
106 Metodologia

Para o tratamento dos dados obtidos, utilizou-se a versão 17 do SPSS (SPSS Inc. 2010). Este
software aplicativo revela ser o mais indicado para a análise estatı́stica dos dados.
A aplicação do modelo da presente investigação foi realizada através da utilização de diversos
métodos de análise. Estes métodos encontram-se categorizados em dois grandes grupos:

1. métodos de análise estatı́stica univariada;


2. métodos de análise estatı́stica bivariada.

A caracterização do perfil da amostra (hotéis e directores de hotel) foi realizada recorrendo a


técnicas de estatı́stica univariada:

• tabelas de frequência;
• representação gráfica;
• medidas de localização e tendência central (média aritmética, mediana, moda);
• medidas de dispersão (desvio padrão e amplitude total).

Na análise exploratória dos dados utilizou-se, igualmente, a análise estatı́stica univariada no intuito
de melhor compreender a sua estrutura e o tipo de técnicas estatı́sticas bivariadas mais adequadas.
Neste tipo de análise utilizou-se o teste não-paramétrico de Kolmogorov-Smirnov (K-S), sempre que
houve a necessidade de testar a normalidade da distribuição da amostra.
As não-respostas também foram alvo de tratamento estatı́stico, através de uma análise univariada,
uma vez que revelam ser importantes para qualquer projecto de investigação com estas carac-
terı́sticas, pois, tal como afirmam Pestana & Gageiro (1998) (p.19):

As não respostas atingindo 20% dos dados ou um valor superior, deverão ser analisadas
com cuidado, pois se não tiverem um comportamento aleatório irão enviesar os resul-
tados do questionário, podendo caracterizar o segmento da população que se recusou
responder.

Por último, procedeu-se à análise dos dados, utilizando técnicas de estatı́stica bivariada para verifi-
car se existiam diferenças na adopção de PGA, de acordo com a existência de uma polı́tica formal
de gestão ambiental e a presença de um sistema de certificação ambiental. A utilização destas
técnicas permitiu encontrar as respostas às questões de investigação, enunciadas na secção 5.2.1,
relativamente às PGA que são adoptadas nos hotéis e aos factores que influenciam a adopção das
mesmas.
As técnicas de análise estatı́stica bivariada utilizadas foram:

• Qui-Quadrado (χ2 ), para testar a independência entre duas variáveis nominais;


• teste T, para testar as diferenças entre grupos de uma variável nominal e de uma variável de
escala de intervalo;
• coeficiente de correlação de Pearson (C de Pearson), para testar a independência entre duas
variáveis de escala de intervalo;
• análise da variância (ANOVA), para testar as diferenças entre grupos de uma variável nominal
com mais de dois grupos e uma variável de escala de intervalo.
Metodologia 107

Depois de se ter verificado a existência de hotéis que têm polı́tica formal de gestão ambiental e
de hotéis com um sistema de certificação ambiental, analisaram-se as diferenças estatisticamente
significativas existentes entre as amostras identificadas, em termos de áreas de actuação das PGA
e nı́vel de implementação de PGA. Para tal, aplicou-se o teste do Qui-Quadrado, para as variáveis
de natureza qualitativa (nominais), e o teste T, para variáveis nominais e de escala de intervalo.
Quando se verificou a existência de variáveis com mais de dois grupos, como no caso da localização
dos hotéis e na idade do director, recorreu-se à ANOVA a um factor. Nesta análise verificaram-se
os pressupostos para a aplicação do teste F: as observações dentro de cada grupo seguirem uma
distribuição normal, existir homocedasticidade e independência.
A sistematização dos métodos de análise utilizados na presente dissertação, para identificar as
PGA adoptadas pelos hotéis e os factores que influenciam a sua adopção, é apresentada na figura
5.3. Este esquema refere os objectivos, o tipo e os métodos de análise utilizados.
A análise de resultados será descrita no capı́tulo seguinte.

5.5 Conclusão

Na fase inicial da investigação, aquando da elaboração do relatório de progresso da dissertação,


pensou-se fazer um estudo qualitativo, através da realização de entrevistas semi-estruturadas, ad-
ministradas aos directores dos hotéis do Pólo Turı́stico do Douro.
À medida que a temática foi sendo escalpelizada e pela análise dos diversos estudos de caso,
entendeu-se que seria mais interessante, do ponto de vista académico, fazer um estudo quanti-
tativo. Este estudo seria tanto mais interessante quanto maior fosse o universo de análise, pelo
que se decidiu estendê-lo a todos os hotéis portugueses. Devido a constrangimentos temporais e
financeiros, restringiu-se a pesquisa aos hotéis de Portugal Continental.
O inquérito por questionário foi o instrumento de observação eleito, à semelhança de diversos estu-
dos desta natureza, e por ser a técnica mais válida atendendo à dimensão e dispersão geográfica
do universo de análise.
De entre diversas ferramentas testadas, foi utilizado o LimeSurvey (Schmitz 2009) para a construção
do questionário, uma vez que este satisfaz os requisitos necessários para o preenchimento do
mesmo, via correio electrónico.
A realização do pré-teste do questionário com directores de hotel revelou-se fundamental para ava-
liar a sua compreensão e garantir a sua eficácia.
O questionário foi administrado de forma indirecta, tendo sido enviado por correio electrónico. Este
método revelou ser eficiente, atendendo à dimensão do universo de análise e às restrições tempo-
rais e financeiras.
A aplicação do questionário ocorreu entre os meses de Janeiro e Fevereiro de 2010 - época conside-
rada “baixa ” da actividade hoteleira - para aumentar a taxa de resposta. Mesmo assim, revelou-se
necessário contactar telefonicamente os directores que não tinham submetido o questionário e,
deste modo, atingiu-se uma taxa de resposta de 31%. A taxa de resposta para questionários admi-
nistrados por esta via é habitualmente baixa. Mas neste estudo, comparativamente a investigações
que adoptaram o mesmo método de administração, a taxa de resposta foi considerada satisfatória.
Os métodos de tratamento e análise de dados apresentados foram considerados como sendo os
mais adequados para responder cabalmente às questões desta investigação.
108 Metodologia

Figura 5.3: Sistematização dos métodos de análise utilizados na identificação das PGA adoptadas
pelos hotéis e dos factores de adopção das mesmas
Capı́tulo 6

Análise de Resultados

6.1 Introdução

Na sequência da fundamentação da metodologia da investigação, procede-se à análise e explicação


dos resultados obtidos na aplicação do inquérito por questionário. Este capı́tulo revela-se funda-
mental para a dissertação, pois pretende aplicar o modelo de investigação aos hotéis portugueses,
para dar cumprimento ao objectivo central do presente estudo - analisar a adopção de práticas de
gestão ambiental (PGA) nos hotéis e identificar os factores que influenciam a sua adopção.
O capı́tulo inicia com a análise do perfil da amostra, onde se descrevem os resultados obtidos
que dizem respeito às caracterı́sticas dos hotéis inquiridos, que incluem o tipo de propriedade,
a categoria (número de estrelas), a dimensão (número de quartos e camas), a antiguidade (ano
de abertura e remodelação), origem dos clientes, segmento de mercado, localização do hotel. A
descrição dos resultados sobre o perfil da amostra engloba também a caracterização dos directores
de hotel, descrevendo a idade, o sexo, as habilitações académicas e formação profissional, bem
como o tempo de experiência como director de hotel.
Na segunda secção procede-se à análise da gestão ambiental nos hotéis inquiridos, explorando, de
forma sequencial, cada uma das questões de investigação. Nesta secção procurou-se identificar os
hotéis que implementam PGA, adoptam uma polı́tica formal de gestão ambiental e os que detêm
certificação ambiental, bem como os aspectos mais importantes na gestão ambiental do hotel.
Também se apresentam as PGA mais populares implementadas pelos hotéis portugueses, tentando
verificar se existem diferenças estatisticamente significativas na adopção de PGA entre os hotéis
que têm uma polı́tica formal e os que não seguem essa polı́tica, assim como entre os hotéis com e
sem certificação ambiental.
Os factores que influenciam a adopção das PGA constituem outro objecto de análise dos resultados
da presente investigação. Para tal, apresenta-se a análise das atitudes dos directores de hotel, face
às questões ambientais e a análise da importância atribuı́da aos benefı́cios que advêm da adopção
de PGA. Também se analisam outros factores que podem estar relacionados com a implementação
de PGA, tais como a imposição dos vários stakeholders, as orientações estratégicas dos hotéis,
bem como as suas caracterı́sticas e o perfil dos directores. Por outro lado, investigam-se os motivos
que constituem um entrave à implementação das PGA, para os hotéis que responderam não adoptar
qualquer prática.
A exposição e a interpretação dos resultados obtidos tem como objectivo responder às questões da
investigação. Deste modo, a análise dos resultados é feita à luz das questões de investigação que
foram apresentadas no capı́tulo anterior.
110 Análise de Resultados

6.2 Análise do perfil da amostra

Após ter terminado o processo de inquirição, os resultados recolhidos pela ferramenta informática
utilizada - LimeSurvey (Schmitz 2009) - foram exportados em formato CSV e analisados.

Tal como foi explicado na secção 5.3.4, das 225 respostas submetidas, apenas 161 foram conside-
radas válidas. Na análise estatı́stica apresentada neste capı́tulo, a dimensão da amostra de base é
assim de 161 questionários.

6.2.1 Caracterização dos hotéis

No que diz respeito ao tipo de propriedade, a maioria dos hotéis inquiridos são classificados como
hotéis independentes (54%). Os que pertencem a uma cadeia hoteleira representam 43% da amos-
tra e os hotéis, cujo modelo de gestão é um consórcio, representam apenas 1% . Estes resultados
estão relacionados com o facto deste modelo de gestão ser pouco frequente nos hotéis nacionais
(tabela 6.1).

Quanto à categoria, a amostra é constituı́da maioritariamente por hotéis de quatro estrelas (46%),
seguidos dos hotéis de três estrelas (29%) e dos de cinco e duas estrelas, ambos com uma
representação de 12%. Os hotéis de uma estrela não estão representados na amostra, pois a
sua taxa de resposta foi de 0%; este resultado poderá ser justificado pelo facto da população do es-
tudo ser constituı́da por apenas 3 hotéis desta categoria (tabela 6.1). No entanto, estes resultados
não demonstram os hotéis que participaram de uma forma mais activa no estudo. Analisando os
dados da tabela 5.4 (secção 5.4, capı́tulo 5), observou-se que os hotéis de quatro e cinco estrelas
registaram a mesma taxa de resposta (44%), e os hotéis de três e duas estrelas uma taxa bastante
inferior (21% e 25%, respectivamente). Este facto pode sugerir que os hotéis de categoria superior
são mais sensı́veis às questões ambientais.

Relativamente à localização, o Norte é a região que está mais representada na amostra (27%),
seguindo-se as regiões Centro e Lisboa (ambos com 21%), Algarve (17%) e Alentejo (9%). Mais
uma vez, é necessário comparar este valor com os resultados enunciados na tabela 5.4 (secção
5.4, capı́tulo 5), pois os dados demonstram que o Alentejo é a região que regista uma maior taxa
de resposta (41%), seguida do Algarve (36%), do Norte (35%), Lisboa (26%) e Centro (23%).

Do total dos hotéis que compõem a amostra, verificou-se que a dimensão média é de 114 quartos
(207 camas), tal como se pode observar na tabela 6.2. Mais de 50% dos hotéis são de dimensão
média, pois registam um número superior a 85 quartos, segundo o critério de classificação de Kirk
(1996), como se referiu na secção 4.3, no capı́tulo 4.

Os resultados do estudo indicam que o ano médio de construção dos hotéis inquiridos é 1987, e que
o hotel mais antigo data de 1880, sendo os mais recentes de 2010. Um dado que merece destaque
é o facto de 2004 ser o ano em que mais hotéis abriram portas, coincidindo com a realização do
Campeonato Europeu de Futebol 2004 em Portugal (tabela 6.2).

Quanto ao ano de remodelação, a média dos hotéis sofreu obras de reestruturação em 2006, o que
demonstra a importância da qualificação das infraestruturas fı́sicas (tabela 6.2).

Sobre a origem dos clientes dos hotéis que constituem a amostra , conclui-se que a média de
clientes nacionais é de 53%. E no que diz respeito ao segmento de mercado, a média de clientes
de lazer ultrapassa os 50% (tabela 6.2).
Análise de Resultados 111

Tabela 6.1: Caracterização dos hotéis quanto à tipologia, categoria e localização

Caracterı́sticas dos hotéis N %


Tipologia:
Independente 87 54%
Cadeia Hoteleira 69 43%
Consórcio 2 1%
Não responde 3 2%
Categoria:
1 estrela 0 0%
2 estrelas 20 12%
3 estrelas 46 29%
4 estrelas 74 46%
5 estrelas 19 12%
Não responde 2 1%
Localização:
Norte 43 27%
Centro 34 21%
Lisboa 34 21%
Alentejo 14 9%
Algarve 27 17%
Não responde 9 6%

Tabela 6.2: Caracterização dos hotéis quanto à dimensão, antiguidade e tipo de mercado

Caracterı́sticas do hotel Média Moda Mediana d.p. Max Min


Dimensão:
No de quartos 114 30 85 82,5 383 12
No de camas 207 120 144 161,7 766 18
Antiguidade:
Ano de abertura do hotel 1987 2004 1993 23,3 2010 1880
Ano da última remodelação das infraes- 2006 2009 2007 4,1 2010 1985
truturas
Origem dos clientes:
% de clientes nacionais 53,3 60 60 24,3 99 2
% de clientes estrangeiros 46,7 40 40 24,3 98 1
Segmento de mercado:
% de clientes de negócios 41,0 40 40 26,2 100 0
% de clientes de lazer 51,2 60 50 25,2 100 0
% de clientes de outros segmentos 7,8 0 0 12,4 84 0

6.2.2 Caracterização dos directores dos hotéis

Quanto ao perfil do director de hotel (ver tabela 6.3), a amostra é composta maioritariamente por
directores cuja idade se situa entre os 30 e 39 anos (42%). O grupo de directores com idade inferior
a 30 anos é apenas de 4%. Observou-se que existe uma forte predominância de directores do sexo
masculino (78%). No que concerne às habilitações académicas, os directores licenciados consti-
tuem o maior grupo da amostra (42%) e a grande maioria (78%) tem formação em direcção/gestão
112 Análise de Resultados

hoteleira. Um grupo muito restrito possui uma escolaridade inferior ao 12o ano (7%). Os que têm
formação profissional em gestão ambiental representam apenas 19% da amostra.

Tabela 6.3: Caracterização dos directores dos hotéis

Perfil do director N %
Idade:
<30 7 4%
30-39 67 42%
40-49 48 30%
>50 35 22%
Não responde 4 2%
Sexo:
Feminino 32 20%
Masculino 125 78%
Não responde 4 2%
Habilitações académicas:
<12o ano 11 7%
12o ano 26 16%
Bacharelato 30 19%
Licenciatura 68 42%
Outro 13 8%
Não responde 13 8%
Formação profissional em
direcção/gestão hoteleira:
Sim 125 78%
Não 22 14%
Não responde 14 9%
Formação profissional em
gestão ambiental:
Sim 30 19%
Não 112 70%
Não responde 19 12%

Relativamente ao tempo de experiência, os resultados indicam que os directores têm em média 12


anos de experiência na gestão dos hotéis que compõem a amostra, tal como se pode observar na
tabela 6.4.

Tabela 6.4: Tempo de experiência como director de hotel

Perfil do director Média Moda Mediana d.p. Max Min


Tempo de experiência como Director(a) 12,0 10 10 8,45 50 0
de Hotel (anos)
Análise de Resultados 113

6.3 A gestão ambiental nos hotéis

6.3.1 Adopção de práticas de gestão ambiental

Para melhor compreensão dos resultados, elaborou-se um diagrama que ilustra a distribuição das
respostas, positivas e negativas, às perguntas 1, 2 e 3 do questionário (figura 6.1).

Figura 6.1: Diagrama do número de respostas sobre as iniciativas de gestão ambiental nos hotéis

Relativamente à primeira questão da investigação (Q1), cujo objectivo é identificar as acções que
estão a ser implementadas pelos hotéis portugueses para proteger o ambiente, verifica-se que,
de todos os inquéritos considerados válidos (161), 140 (87%) respondentes afirmam implementar
práticas de gestão ambiental (PGA) e 21 (13%) afirmam que não adoptam nenhuma medida para
proteger o ambiente.
Dos hotéis que afirmam implementar PGA, 65 dizem ter uma polı́tica formal de gestão ambiental, o
que corresponde a 46% dos hotéis que implementam PGA ou 40% do total dos hotéis da amostra.
Estes resultados sugerem que Portugal poderá situar-se acima da média dos hotéis europeus, com-
parativamente aos resultados do estudo conduzido por Bohdanowicz (2005). De acordo com esta
investigação, cerca de 35% dos hotéis respondentes afirmaram ter uma polı́tica formal de gestão
ambiental (mais de 40% pertencentes a uma cadeia hoteleira e 18% de gestão independente). Mas
como distam cinco anos entre os dois estudos, não se podem estabelecer comparações objectivas.
Dos 65 hotéis que afirmam ter uma polı́tica formal de gestão ambiental, apenas 31 (48%) seguem
polı́ticas que obedecem a critérios definidos por entidades de certificação ambiental. Ou seja, 22%
dos hotéis que implementam PGA ou 19% de todos os hotéis da amostra, são detentores ou procu-
ram a certificação ambiental por parte de entidades competentes para o efeito. Comparativamente
aos resultados de Turismo de Portugal, IP (2008), em que apenas 5% dos estabelecimentos são
detentores de uma certificação ambiental, pode concluir-se que os hotéis portugueses estão, cada
vez mais, a enveredar pela certificação.
114 Análise de Resultados

Deste grupo de hotéis, verificou-se o seguinte: 14 (45%) são certificados pela NP EN ISO 14001;
12 (39%) pelo Sistema Integrado de Gestão da Qualidade, Ambiente, Segurança e Saúde no Tra-
balho; 9 (29%) pelo sistema Eco-Hotel; 5 (16%) pelo programa Chave verde; 1 (3%) pelo Sistema
Comunitário de Ecogestão e Auditoria; 1 (3%) pelo sistema LiderA e 7 (23%) indicaram outros sis-
temas/rótulos de qualidade ambiental, como Verdoreca (4), Green Globe (2) e Carbon Free (1). A
figura 6.2 apresenta a quantificação dos sistemas de gestão ambiental certificados. É importante
referir que alguns hotéis são certificados, ou estão em processo de certificação, por mais do que
um destes sistemas.
Relativamente ao tempo de implementação do sistema de gestão ambiental, observou-se que a
maioria (45%) o põe em prática entre 1 a 3 anos, dos quais 42% já o fazem há mais de 3 anos; e
apenas 11% entre 6 meses a 1 ano.
No que concerne à atribuição de prémios, apenas 5 hotéis do total da amostra afirmaram ter sido
distinguidos com um prémio pelo seu desempenho ambiental. Os prémios mencionados e o respec-
tivo ano de atribuição foram: “+ Valor“ (2009); “Amigo do Ambiente“ (2008); “Prémio EDP - Energia
e Ambiente” (2008); ”Prémio Turismo de Portugal“ (2009); “TUI Umwelt Champion” (2009).
Também se observou que as pessoas responsáveis pela implementação da gestão ambiental nos
hotéis pertencem, na sua maioria, à Administração/Direcção (64%). O departamento de Qualidade
é o segundo mais citado (16%), seguindo-se o dos Serviços Técnicos (5%), o Alojamento (4%) e o
Comercial (2%). Apenas um hotel mencionou que a pessoa que assume esta função está afecta ao
departamento de Gestão Ambiental e 7% mencionaram outros cargos.

Figura 6.2: Sistemas de certificação ambiental implementados pelos hotéis

As áreas que revelam ser mais importantes para os hotéis que implementam PGA estão relacio-
nadas com a gestão do consumo de energia e de água. Mas, globalmente, todas registaram uma
pontuação média acima de 3, numa escala de 1 a 5, como se demonstra na tabela 6.5. A gestão do
consumo energético foi a mais pontuada: 73% dos hotéis atribui a classificação máxima, obtendo
uma média de 4,5. A gestão do consumo de água obteve a mesma média, contudo menos 3% dos
hotéis atribui a classificação de 5. A gestão de resı́duos sólidos, assim como a gestão de materiais
perigosos registaram a mesma pontuação média (4,3), embora a gestão de resı́duos sólidos apre-
sente uma menor percentagem (-10%) na classificação máxima comparativamente à dos resı́duos
perigosos. A gestão de efluentes e emissões apresenta uma média de 3,9. A gestão do ambiente
interior reúne uma pontuação média de 4,1, seguida da gestão do ambiente exterior e biodiversi-
dade com 3,8 de pontuação média. Por último, a polı́tica de compras orientada pelo ambiente e a
comunicação ambiental têm uma pontuação média de 3,7, sendo, assim, os domı́nios considerados
menos relevantes para os hotéis que constituem a amostra.
Relativamente ao tipo de práticas no domı́nio da gestão do consumo energético, tal como se
Análise de Resultados 115

Tabela 6.5: Classificação da importância das áreas de gestão ambiental

Frequências
Áreas de actuação das N 1 2 3 4 5 Mod Méd d.p.
PGA
- Gestão do consumo 139 3% 4% 6% 14% 73% 5 4,5 0,97
energético
- Gestão do consumo de 137 4% 3% 7% 17% 70% 5 4,5 1,00
água
- Gestão de resı́duos 138 3% 3% 8% 30% 56% 5 4,3 0,95
sólidos
- Gestão de materiais 122 5% 6% 12% 11% 66% 5 4,3 1,18
perigosos
- Gestão de efluentes e 128 5% 9% 18% 28% 40% 5 3,9 1,19
emissões
- Gestão do ambiente in- 129 4% 3% 19% 30% 44% 5 4,1 1,05
terior
- Gestão do ambiente 121 6% 7% 20% 36% 32% 4 3,8 1,13
exterior e biodiversidade
- Polı́tica de compras ori- 132 6% 5% 30% 32% 27% 4 3,7 1,11
entada pelo ambiente
- Comunicação ambien- 121 7% 3% 28% 37% 25% 4 3,7 1,09
tal

NOTA: 5 - o mais relevante e 1 - o menos relevante

verifica na tabela 6.6, a PGA mais popular é a instalação de lâmpadas de baixo consumo (92%),
tal como revela o estudo de Turismo de Portugal, IP (2008). Esta prática é adoptada pela quase
totalidade dos hotéis (129) que implementam medidas de protecção ambiental. Este resultado não
é surpreendente, atendendo ao facto do baixo investimento inicial e aos variados benefı́cios que
resultam desta prática. A instalação de equipamento de baixo consumo energético é a segunda
PGA mais adoptada (76%), seguindo-se o interruptor geral no quarto de hóspedes e os senso-
res de iluminação (ambos com 69%). Das PGA menos adoptadas, salientam-se os sistemas de
recuperação de calor (20%), sistema solar térmico para aquecimento de água para fins sanitários
(17%), bem como a exploração de energias renováveis, que se constitui como a PGA menos popu-
lar, com apenas 13%. Este resultado não é surpreendente, uma vez que a utilização de energias
renováveis é ainda marginal, tal como refere World Tourism Organization UNWTO/OMT (2009).
No que concerne à gestão do consumo de água, a instalação de redutores de caudal de água em
torneiras é a PGA mais comum (66%) nos hotéis inquiridos (tabela 6.7). A utilização de autoclismos
de baixo consumo (cargas diferenciadas) e a optimização de cargas das máquinas de louça ocupam
a segunda posição (ambas com 60%), seguindo-se o programa de reutilização de roupa de banho
e de cama (56%). Este resultado não deixa de surpreender, uma vez que é uma das práticas
mais implementadas pela maioria dos hotéis europeus (Bohdanowicz 2006a) e que o estudo de
Turismo de Portugal, IP (2008), revelou ser a mais utilizada (78%). As PGA menos adoptadas pelos
respondentes são a instalação de torneiras com temporizador/sensor (37%) e o sistema de rega
automática com controlo de humidade (22%). Mais uma vez, verifica-se que o tipo de PGA mais
populares requerem um baixo investimento.
No domı́nio da gestão de resı́duos sólidos, os valores da tabela 6.8 indicam que a recolha
e eliminação de resı́duos especiais é a PGA mais implementada pelos hotéis inquiridos (93%).
Este facto pode estar relacionado com a obrigatoriedade de se adoptar este procedimento, como
116 Análise de Resultados

Tabela 6.6: Práticas de gestão do consumo energético, adoptadas pelos hotéis inquiridos

Práticas de gestão do consumo energético N %


Sistema de gestão de energia 60 43%
Monitorização diferenciada de todo o consumo energético 56 40%
Equipamento de baixo consumo energético 106 76%
Interruptor geral no quarto de hóspedes 96 69%
Lâmpadas de baixo consumo 129 92%
Sistema de controlo da iluminação em função da intensidade luminosa 39 28%
Sensores de iluminação 97 69%
Sistema de ventilação eficiente 70 50%
Exploração de energias renováveis 18 13%
Sistema solar térmico para aquecimento de água para fins sanitários 24 17%
Sistema de recuperação de calor 28 20%
Outro 11 8%

% - Percentagem de hotéis que implementam a prática sobre o número total de hotéis


que responderam afirmativamente à implementação de PGA

Tabela 6.7: Práticas de gestão do consumo de água, adoptadas pelos hotéis inquiridos

Práticas de gestão do consumo de água N %


Autoclismos de baixo consumo (cargas diferenciadas) 84 60%
Redutores de caudal de água em torneiras 93 66%
Torneiras com temporizador/sensor 52 37%
Programa de reutilização de roupa de banho e cama 78 56%
Optimização de cargas das máquinas de roupa 76 54%
Optimização de cargas das máquinas de louça 84 60%
Sistema de rega automática com controlo de humidade 31 22%
Outro 8 6%

% - Percentagem de hotéis que implementam a prática sobre o número total de hotéis


que responderam afirmativamente à implementação de PGA

é o caso do óleo usado da cozinha. A recolha selectiva de lixos é a segunda PGA mais adop-
tada, salientando-se o facto de ser a cozinha, o departamento que mais implementa esta prática:
91% contra apenas 73% nas secções administrativas. A recolha selectiva de lixo nos quartos de
hóspedes é adoptada por apenas 49% dos respondentes, facto este que comprova ser uma medida
pouco popular nos hotéis, como se referiu na secção 3.6.1, do capı́tulo 3. AS PGA menos adopta-
das nesta área são a utilização de recipientes recuperáveis para depósitos de grande capacidade
(23%), a eliminação de embalagens individuais (21%) e a compostagem de resı́duos orgânicos
(19%).

Na gestão de materiais perigosos, a PGA mais popular prende-se com questões de segurança
e saúde laboral, pelo que a identificação, através de ficha técnica, de todos os materiais, agen-
tes quı́micos e substâncias é implementada por 61% dos respondentes ( tabela 6.9). A definição
de procedimentos para manuseamento, utilização, armazenagem e eliminação dos materiais é im-
plementada por 59% dos hotéis inquiridos. A utilização de produtos alternativos mais seguros ou
ecológicos, como pesticidas e produtos de limpeza, é a prática menos adoptada, mas, mesmo
assim, quase 50% dos inquiridos implementam esta PGA.
Análise de Resultados 117

Tabela 6.8: Práticas de gestão de resı́duos sólidos, adoptadas pelos hotéis inquiridos

Práticas de gestão de resı́duos sólidos N %


Recolha selectiva de lixo nos quartos de hóspedes 69 49%
Recolha selectiva de lixo nos escritórios 102 73%
Recolha selectiva de lixo na(s) cozinha(s) 128 91%
Recolha selectiva de lixo em outras áreas 111 79%
Recolha e eliminação de resı́duos especiais (óleo usado, pilhas, tinteiros de 130 93%
impressora ...)
Compostagem de resı́duos orgânicos 26 19%
Dispensadores de champô e gel duche nas casas de banho de hóspedes 37 26%
Eliminação de embalagens individuais 30 21%
Recipientes recuperáveis para depósitos de grande capacidade 32 23%
Doação de mobiliário e equipamento usado do hotel a instituições de caridade 74 53%
Outro 2 1%

% - Percentagem de hotéis que implementam a prática sobre o número total de hotéis


que responderam afirmativamente à implementação de PGA

Tabela 6.9: Práticas de gestão de materiais perigosos, adoptadas pelos hotéis inquiridos

Práticas de gestão de materiais perigosos N %


Identificação, através de ficha técnica, de todos os materiais, agentes quı́micos 85 61%
e substâncias
Definição de procedimentos para manuseamento, utilização, armazenagem e 82 59%
eliminação dos materiais
Utilização de produtos alternativos mais seguros/ecológicos sempre que 68 49%
possı́vel (ex: pesticidas, produtos de limpeza ...)
Outro 2 1%

% - Percentagem de hotéis que implementam a prática sobre o número total de hotéis


que responderam afirmativamente à implementação de PGA

O planeamento da redução de consumos, como por exemplo de energia e água, é a prática mais
comum na área da gestão de efluentes e emissões: 42% dos hotéis inquiridos adoptam esta
PGA (tabela 6.10). Apenas 20% dos respondentes procedem ao tratamento de águas residuais,
12% monitorizam as emissões de carbono (carbon footprint) e 9% reutilizam as águas usadas. A
recolha e aproveitamento de águas pluviais, bem como a disponibilização de verbas para redução
das emissões de carbono, produção de resı́duos, entre outros, são PGA pouco populares entre os
hotéis inquiridos (6%). Constata-se, uma vez mais, que a PGA mais adoptada está relacionada com
a redução de consumos, que se traduzem em proveitos financeiros.

No domı́nio da gestão do ambiente interior, relacionada com o conforto e bem-estar, as PGA


mais adoptadas são a insonorização dos quartos de hóspedes (52%) e o isolamento térmico (51%),
tal como se demonstra na tabela 6.11. Seguem-se a utilização de ventilação natural (42%) e o
isolamento sonoro de equipamento ruidoso (40%). Já a prevenção de micro-contaminações e a
restrição de horários para a utilização de veı́culos motorizados são práticas pouco implementadas
pelos hotéis inquiridos (22% e 9%, respectivamente). Se por um lado, os resultados demonstram
que o conforto dos hóspedes é um aspecto que não é descurado, a fraca implementação de algumas
medidas revela a necessidade de melhorias, como por exemplo o controlo do nı́vel de ruı́do e
118 Análise de Resultados

Tabela 6.10: Práticas de gestão de efluentes e emissões, adoptadas pelos hotéis inquiridos

Práticas de gestão de efluentes e emissões N %


Tratamento de águas residuais 28 20%
Reutilização de águas usadas 12 9%
Recolha e utilização de água da chuva 8 6%
Planeamento da redução de consumos (energia, água ...) 59 42%
Monitorização das emissões de carbono (carbon footprint) 17 12%
Verbas para melhoria do sistema (redução das emissões de carbono, produção 8 6%
de resı́duos ...)
Outro 3 2%

% - Percentagem de hotéis que implementam a prática sobre o número total de hotéis


que responderam afirmativamente à implementação de PGA

vibrações. Até porque algumas práticas não carecem de investimento, como restringir o uso de
veı́culos motorizados em determinados horários.

Tabela 6.11: Práticas de gestão do ambiente interior, adoptadas pelos hotéis inquiridos

Práticas de gestão do ambiente interior N %


Utilização de ventilação natural 59 42%
Prevenção de micro-contaminações 31 22%
Isolamento térmico 71 51%
Insonorização dos quartos de hóspedes 73 52%
Isolamento sonoro de equipamento ruidoso 56 40%
Restrição de horários para a utilização de veı́culos motorizados 13 9%
Outro 2 1%

% - Percentagem de hotéis que implementam a prática sobre o número total de hotéis


que responderam afirmativamente à implementação de PGA

Apesar da gestão do ambiente exterior e da biodiversidade ter apresentado uma classificação


acima da média, como se mencionou anteriormente, os hotéis inquiridos não adoptam muitas PGA
nesta área (tabela 6.12). As PGA mais populares são a valorização do enquadramento paisagı́stico
e arquitectónico, e a plantação de árvores, que tem como finalidade ser um sumidouro de carbono
(37% e 36%, respectivamente), seguindo-se a utilização de plantas autóctones e a protecção da
fauna e da flora (27% e 26%, respectivamente). A colaboração com associações ambientais locais,
que envolve a participação em campanhas de preservação de espaços naturais, como a limpeza de
praias e florestas, é uma prática adoptada por apenas 16% dos respondentes. O financiamento para
preservar e reabilitar atractivos turı́sticos é a PGA menos implementada (6%), o que vem corroborar
a teoria de que as práticas que exigem esforço financeiro são as menos adoptadas.

A PGA mais adoptada relacionada com a polı́tica de compras orientada pelo ambiente, prende-
-se com a preferência por fornecedores com certificação da qualidade e ambiente (54%), como se
pode observar na tabela 6.13. A segunda prática mais implementada é a aquisição de produtos regi-
onais (43%). Verifica-se também que 39% dos hotéis inquiridos compra produtos reciclados e 36%
produtos biodegradáveis. A adesão ao comércio justo, a preferência por produtos provenientes de
cultura biológica e por madeiras provenientes de florestas com certificado FSC (Forest Stewardship
Council) são medidas ainda pouco implementadas (20%, 17% e 11%, respectivamente).
Análise de Resultados 119

Tabela 6.12: Práticas de gestão do ambiente exterior e biodiversidade, adoptadas pelos hotéis
inquiridos

Práticas de gestão do ambiente exterior e biodiversidade N %


Plantação de árvores (sumidouro de carbono) 50 36%
Valorização do enquadramento paisagı́stico e arquitectónico 52 37%
Financiamento para preservar e reabilitar atractivos turı́sticos 11 8%
Utilização de plantas autóctones 38 27%
Protecção da fauna e da flora 37 26%
Colaboração com associações ambientais locais (limpeza de praias, ...) 23 16%
Outro 0 0%

% - Percentagem de hotéis que implementam a prática sobre o número total de hotéis


que responderam afirmativamente à implementação de PGA

Tabela 6.13: Práticas relacionadas com a polı́tica de compras orientada pelo ambiente, adoptadas
pelos hotéis inquiridos

Práticas de gestão de polı́tica de compras orientada pelo ambiente N %


Preferência por fornecedores com certificação da qualidade e ambiente 75 54%
Preferência por produtos regionais 60 43%
Preferência por produtos provenientes de cultura biológica 24 17%
Preferência por produtos reciclados 55 39%
Preferência por produtos biodegradáveis 51 36%
Preferência por madeiras provenientes de florestas com certificado FSC (Forest 16 11%
Stewardship Council)
Adesão ao comércio justo (café, chá, chocolate, ...) 28 20%
Outro 1 1%

% - Percentagem de hotéis que implementam a prática sobre o número total de hotéis


que responderam afirmativamente à implementação de PGA

No que diz respeito à comunicação ambiental, destaca-se a informação sobre consumos de re-
cursos (energia, água, etc.) dada aos colaboradores: 60% dos respondentes implementam esta
prática (tabela 6.14). Segue-se a informação e sensibilização dos clientes sobre boas práticas am-
bientais (49%) e a formação ambiental dos colaboradores (42%). A informação sobre a conduta
ambiental do hotel, através de uma declaração ou carta ambiental é uma medida adoptada por 36%
dos inquiridos, e apenas 25% colabora com organizações ambientais. A prática de benchmarking é
a menos implementada (18%). A fraca adopção desta prática é ainda mais acentuada quando com-
parada com os resultados do estudo de Viegas (2008), onde se verifica que 47% dos respondentes
praticam benchmarking.
A avaliação do nı́vel global de implementação de PGA dos hotéis é feita através do respectivo
indicador (IP GA ), apresentado na equação 5.1, na secção 5.3.2 da capı́tulo anterior. O questionário
identifica um total de 62 PGA. Na tabela 6.15, apresentam-se os resultados estatı́sticos obtidos
com este indicador. O cálculo do indicador é sempre feito apenas sobre os hotéis que afirmaram
implementar PGA (resposta sim à pergunta 1 do questionário). Todos os outros têm, obviamente,
um valor de IP GA igual a zero. Assim, verifica-se que o valor médio de IP GA alcançado pelos hotéis
inquiridos é de 24,8.
A segunda questão da presente investigação (Q2) está relacionada com a identificação das dife-
120 Análise de Resultados

Tabela 6.14: Práticas relacionadas com a comunicação ambiental, adoptadas pelos hotéis inquiridos

Práticas de gestão de comunicação ambiental N %


Informação sobre a conduta ambiental do hotel 50 36%
Informação e sensibilização dos clientes sobre boas práticas ambientais 69 49%
Informação aos colaboradores sobre consumos de energia, água, emissões de 84 60%
carbono ...
Formação ambiental dos colaboradores 59 42%
Colaboração com organizações ambientais 35 25%
Comparação com as melhores práticas do sector (benchmarking) 25 18%
Outro 1 1%

% - Percentagem de hotéis que implementam a prática sobre o número total de hotéis


que responderam afirmativamente à implementação de PGA

Tabela 6.15: Indicador do nı́vel de implementação de PGA

Média d.p. Max Min


IP GA 24,8 10,91 54 0

renças na adopção de PGA entre os hotéis que têm uma polı́tica formal de gestão ambiental
e aqueles não têm essa polı́tica. A tabela 6.16 evidencia algumas diferenças quanto às áreas de
actuação das PGA, relativamente a estas duas populações.
Estas divergências foram testadas aplicando o teste do Qui-quadrado (χ2 ), para verificar se existe
uma associação entre as áreas de actuação e a presença de uma polı́tica formal de gestão ambi-
ental. A aplicação de práticas de gestão do consumo energético é implementada pela maioria das
hotéis inquiridos (95%), quer tenham polı́tica formal de gestão ambiental, quer não tenham. Apesar
dos resultados sugerirem uma maior implementação de práticas de gestão do consumo de energia
e de água e gestão de resı́duos sólidos nos hotéis que têm uma polı́tica formal de gestão ambiental,
não é possı́vel aplicar o teste do χ2 , porque os pressupostos para a sua realização não se cumprem
(tabela 6.16). No seu estudo, Le et al. (2006) conclui que as PGA relacionadas com a gestão do
consumo de energia e de água devem ser interpretadas como práticas de redução de custos, em
vez de medidas de protecção ambiental.
Quanto à gestão de materiais perigosos e gestão do ambiente interior, os resultados sugerem igual-
mente que os hotéis com polı́tica formal implementam mais práticas do que os que não têm essa
polı́tica. No entanto, os nı́veis de significância do teste indicam que não existe uma relação de
dependência entre estas variáveis. Mas nas áreas de gestão de efluentes e emissões, gestão do
ambiente exterior e biodiversidade, polı́tica de compras orientada pelo ambiente, e comunicação
ambiental, os resultados do teste do χ2 demonstram que existe associação entre a presença de
polı́tica formal e estas áreas de actuação. Verifica-se que os hotéis com polı́tica formal têm uma
maior tendência para implementar mais práticas relacionadas com as áreas referidas do que os
hotéis que não possuem uma polı́tica formal.
Considerando a questão de investigação referida anteriormente, os resultados permitem concluir
que se confirma a existência de diferenças estatisticamente significativas nas áreas de implemen-
tação de PGA entre os hotéis que têm uma polı́tica formal de gestão ambiental e os que não têm
essa polı́tica, excepto nas áreas de gestão do consumo de energia, gestão do consumo de água,
na gestão de resı́duos sólidos, na gestão de materiais perigosos e na gestão do ambiente interior.
Estes resultados comprovam a importância que as três primeiras áreas assumem, como se explicou
Análise de Resultados 121

Tabela 6.16: Áreas de actuação das PGA, em hotéis com polı́tica formal de gestão ambiental e
hotéis sem polı́tica formal de gestão ambiental

s/PF (75) c/PF (65) Total (140) Teste χ2


Áreas de actuação N % N % N % vt df sig Apl
Gestão do Sim 71 95% 62 95% 133 95% 0,04 1 1,00 NA
consumo energético Não 4 5% 3 5% 7 5%
Gestão do Sim 67 89% 63 97% 130 93% 3,02 1 0,11 NA
consumo de água Não 8 11% 2 3% 10 7%
Gestão de Sim 70 93% 64 98% 134 96% 2,23 1 0,22 NA
resı́duos sólidos Não 5 7% 1 2% 6 4%
Gestão de Sim 48 64% 47 72% 95 68% 1,10 1 0,37
materiais perigosos Não 27 36% 18 28% 45 32%
Gestão de Sim 32 43% 41 63% 73 52% 5,81 1 0,02
efluentes e emissões Não 43 57% 24 37% 67 48%
Gestão do Sim 49 65% 51 78% 100 71% 2,94 1 0,09
ambiente interior Não 26 35% 14 22% 40 29%
Gestão do ambiente Sim 27 36% 41 63% 68 49% 10,2 1 0,002
exterior e biodiv. Não 48 64% 24 37% 72 51%
Polı́tica de compras Sim 39 52% 50 77% 89 64% 9,34 1 0,003
orientada pelo amb. Não 36 48% 15 23% 51 36%
Comunicação Sim 41 55% 52 80% 93 66% 10,0 1 0,002
ambiental Não 34 45% 13 20% 47 34%

s/PF - Sem polı́tica formal de gestão ambiental


c/PF - Com polı́tica formal de gestão ambiental
Apl - Quando os pressupostos para a aplicação do teste do χ2 não se verificam, o teste é não aplicável (NA)
(vt - valor da estatı́stica de teste / df - graus de liberdade / Sig - nı́vel de significância)

na secção 3.6.1, no capı́tulo 3, pois permitem reduzir mais custos operacionais e revelam ter mais
impacte no meio ambiente, tal como Kirk (1998), Bohdanowicz (2006a) e Viegas (2008) concluı́ram.
A associação entre a adopção de PGA e a existência de uma polı́tica formal de gestão ambiental
nos hotéis foi testada aplicando o teste T para o valor médio de IP GA dos hotéis que implementam
PGA, com e sem polı́tica formal de gestão ambiental. Tal como se pode observar na tabela 6.17,
os resultados do teste demonstram haver diferenças estatisticamente significativas entre as médias
das duas populações: o valor de teste é -5,84 e o respectivo nı́vel de significância é de 0,00.
Os hotéis com uma polı́tica formal de gestão ambiental implementam, em média, 30 das 62 PGA
identificadas no questionário. Por outro lado, os hotéis sem polı́tica formal de gestão ambiental
implementam, em média, 20,3 PGA. Conclui-se, assim, que o nı́vel de implementação de PGA
é favorecido pela presença de polı́ticas formais de gestão ambiental nos hotéis. Também Viegas
(2008) obteve resultados semelhantes, quando confirma a hipótese dos indicadores do nı́vel de
desenvolvimento ambiental estarem directamente relacionados com a existência de um sistema de
gestão ambiental.
A terceira questão da investigação (Q3) prende-se com a identificação das diferenças na adopção
de PGA implementadas entre os hotéis que têm um sistema de certificação ambiental e aqueles
que o não possuem. Estas diferenças foram verificadas através da aplicação do teste do χ2 para
testar se existe uma associação entre a presença de um sistema de certificação ambiental e as
áreas de actuação (tabela 6.18). Os resultados do teste demonstram que existe uma associação
entre a presença de um sistema de certificação ambiental e as seguintes áreas de actuação: gestão
de materiais perigosos; gestão do ambiente exterior e biodiversidade; polı́tica de compras orientada
122 Análise de Resultados

Tabela 6.17: Resultados obtidos da aplicação do teste T para a variável IP GA , a amostras diferen-
ciadas pela existência da polı́tica formal de gestão ambiental

O hotel tem uma polı́tica formal Não Sim Teste T


de gestão ambiental? N Méd d.p. N Méd d.p. vt df Sig
IP GA 75 20,3 8,84 65 30,0 10,8 -5,84 138 0,00

(vt - valor da estatı́stica de teste / df - graus de liberdade / Sig - nı́vel de significância)

pelo ambiente e comunicação ambiental. Os hotéis com um sistema de certificação ambiental


tendem a implementar mais práticas relacionadas com as áreas referidas do que os hotéis sem
certificação ambiental. Contudo, apesar dos resultados sugerirem que os hotéis com certificação
ambiental implementam mais práticas nas restantes áreas, à excepção da gestão do ambiente
interior, o valor de significância do teste do χ2 indica que não existe uma relação de dependência
entre estas variáveis. Para as áreas de gestão do consumo de energia e de água e gestão de
resı́duos sólidos, não é possı́vel aplicar o teste do χ2 , pelo facto dos seus pressupostos não se
cumprirem.

Tabela 6.18: Áreas de actuação das PGA, em hotéis com sistema de certificação ambiental e hotéis
sem certificação ambiental

s/CA (34) c/CA (31) Total (140) Teste χ2


Áreas de actuação N % N % N % vt df sig Apl
Gestão do Sim 103 94% 30 97% 133 95% 0,26 1 1,00 NA
consumo energético Não 6 6% 1 3% 7 5%
Gestão do Sim 99 91% 31 100% 130 93% 3,06 1 0,117 NA
consumo de água Não 10 9% 0 0% 10 7%
Gestão de Sim 103 94% 31 100% 134 96% 1,78 1 0,338 NA
resı́duos sólidos Não 6 6% 0 0% 6 4%
Gestão de Sim 68 62% 27 87% 95 68% 6,76 1 0,01
materiais perigosos Não 41 38% 4 13% 45 32%
Gestão de Sim 52 48% 21 68% 73 52% 3,88 1 0,07
efluentes e emissões Não 57 52% 10 32% 67 48%
Gestão do Sim 78 72% 22 71% 100 71% 0,00 1 1,00
ambiente interior Não 31 28% 9 29% 40 29%
Gestão do ambiente Sim 44 40% 24 77% 68 49% 13,3 1 0,000
exterior e biodiv. Não 65 60% 7 23% 72 51%
Polı́tica de compras Sim 63 58% 26 84% 89 64% 7,09 1 0,01
orientada pelo amb. Não 46 42% 5 16% 51 36%
Comunicação Sim 64 59% 29 94% 93 66% 13,1 1 0,000
ambiental Não 45 41% 2 6% 47 34%

s/CA - Sem sistema de certificação ambiental


c/CA - Com sistema de certificação ambiental
Apl - No caso de, na aplicação do teste do χ2 , existirem contagens esperadas
inferiores a 5 unidades, o teste não é aplicável (NA)
(vt - valor da estatı́stica de teste / df - graus de liberdade / Sig - nı́vel de significância)

Para verificar a associação entre a adopção de PGA e a existência de sistemas de certificação


ambiental nos hotéis, utilizou-se o teste T para o valor médio de IP GA dos hotéis que implementam
Análise de Resultados 123

PGA, com e sem sistema de certificação ambiental nos hotéis. Os resultados do teste demonstram
a existência de diferenças estatisticamente significativas entre as médias das duas populações:
o valor de teste é -4,48 e o respectivo nı́vel de significância é de 0,00 (tabela 6.19). Os hotéis
com um sistema de certificação ambiental implementam, em média, 32 das 62 PGA identificadas
no questionário. Por outro lado, os hotéis sem sistema de certificação ambiental implementam, em
média, 23 PGA. Estes resultados permitem concluir que a adopção das diferentes PGA é favorecida
pela implementação de sistemas de certificação ambiental nos hotéis.

Tabela 6.19: Resultados obtidos da aplicação do teste T para a variável IP GA , em amostras dife-
renciadas pela implementação de sistemas de certificação ambiental

O hotel tem Não Sim Teste T


certificação ambiental? N Méd d.p. N Méd d.p. vt df Sig
IP GA 109 22,73 10,57 31 32,06 8,89 -4,48 138 0,00

(vt - valor da estatı́stica de teste / df - graus de liberdade / Sig - nı́vel de significância)

6.3.2 Factores que influenciam a adopção de práticas de gestão ambiental

Na tabela 6.20 apresentam-se os resultados da classificação do grau de concordância, importância


ou probabilidade das afirmações relativas aos factores identificados como relevantes para a adopção
de práticas de gestão ambiental. Nesta tabela, os factores aparecem codificados com o número da
pergunta correspondente no questionário.

Atitudes dos gestores

A quarta questão da investigação (Q4) pretende verificar se as atitudes dos gestores estão relacio-
nadas com a preocupação ambiental. Pela análise da tabela 6.20, observa-se o seguinte: 73% dos
respondentes estão em total acordo com a afirmação “O ambiente natural e a sua protecção são
importantes para a performance e desenvolvimento futuro da indústria turı́stica” (factor 29.1) e 67%
estão em total acordo com a afirmação ”A adopção de medidas de gestão ambiental por parte das
unidades hoteleiras contribuem para a melhoria da qualidade do ambiente” (factor 29.3), atingindo
ambas uma classificação de 4,6 numa escala de 1-5; e apenas 38% concordam em absoluto com
a afirmação ”Os impactes da actividade de um hotel no meio ambiente são significativos” (factor
29.2), reunindo uma pontuação média de 4,1.
Para verificar a existência de uma associação entre as variáveis indicador IP GA e grau de con-
cordância com as afirmações supra-citadas, utilizou-se o coeficiente de correlação de Pearson (C
de Pearson). Os resultados (tabela 6.21) indicam que não existe uma associação estatisticamente
significativa entre estas variáveis, porque o valor de significância do teste é sempre superior a 5%.

Benefı́cios

Relativamente à quinta questão da investigação (Q5), cujo objectivo é saber se existe uma associa-
ção entre a implementação de medidas de gestão ambiental em unidades hoteleiras e os benefı́cios
potenciais resultantes da adopção dessas medidas, verifica-se que a melhoria da imagem corpo-
rativa (factor 30.5) é a vantagem mais pontuada, com 60% dos inquiridos a atribuir a classificação
124 Análise de Resultados

Tabela 6.20: Classificação do grau de concordância/importância/probabilidade dos factores que


influenciam a adopção de PGA

Frequências
Factores N 1 2 3 4 5 Mod Méd d.p
29.1 139 1% 1% 4% 22% 73% 5 4,6 0,72
29.2 139 2% 5% 17% 38% 38% 4 4,1 0,97
29.3 139 1% 1% 4% 27% 67% 5 4,6 0,73
30.1 136 1% 6% 16% 21% 57% 5 4,3 0,98
30.2 139 1% 3% 12% 39% 45% 5 4,3 0,83
30.3 138 1% 4% 21% 46% 29% 4 4,0 0,85
30.4 138 3% 1% 16% 41% 38% 4 4,1 0,93
30.5 138 1% 4% 5% 30% 60% 5 4,4 0,86
30.6 138 3% 4% 14% 34% 44% 5 4,1 1,01
31.1 139 1% 1% 12% 27% 60% 5 4,4 0,78
31.2 127 6% 9% 39% 27% 18% 3 3,4 1,09
31.3 136 1% 2% 11% 39% 47% 5 4,3 0,81
31.4 137 1% 4% 9% 36% 50% 5 4,3 0,85
31.5 134 1% 6% 22% 38% 32% 4 3,9 0,96
31.6 135 1% 4% 22% 42% 30% 4 4,0 0,88
31.7 133 3% 4% 26% 35% 32% 4 3,9 1,00
31.8 130 3% 5% 23% 42% 27% 4 3,9 0,97
31.9 71 7% 10% 17% 27% 39% 5 3,8 1,26

Afirmações: A adopção de medidas de protecção ambiental por parte das


29.1 O ambiente natural e a sua protecção são importan- unidades hoteleiras estão relacionadas com:
tes para a performance e desenvolvimento futuro da 31.1 Responsabilidade social e ambiental
indústria turı́stica. 31.2 Exigência dos investidores
29.2 Os impactes da actividade de um hotel no meio ambi- 31.3 Visão estratégica do hotel
ente são significativos. 31.4 Gestão de recursos
29.3 A adopção de medidas de gestão ambiental por parte 31.5 Atitude dos consumidores
das unidades hoteleiras contribuem para a melhoria 31.6 Atitude dos colaboradores
da qualidade do ambiente. 31.7 Opinião pública
A implementação de um sistema de gestão ambiental num 31.8 Imposição da regulamentação
hotel permite: 31.9 Imposição da administração da cadeia hoteleira (pre-
enchido apenas no caso do hotel pertencer a uma ca-
30.1 Reduzir custos operacionais deia)
30.2 Aumentar a satisfação dos clientes
30.3 Aumentar a satisfação dos colaboradores NOTA:
30.4 Melhorar as relações com a comunidade local 5 total concordância, muito relevante ou muito provável
30.5 Melhorar a imagem corporativa 1 total discordância, pouco relevante ou pouco provável
30.6 Constituir uma vantagem de marketing relativamente à
concorrência

máxima, numa escala de 1-5, e uma média de 4,4 (tabela 6.20). A redução de custos operacio-
nais (factor 30.1) é considerado o segundo benefı́cio mais relevante, em que 57% dos respondentes
atribuem a classificação máxima, reunindo uma pontuação média de 4,3. Também o aumento da
satisfação dos clientes (factor 30.2) obteve uma pontuação média de 4,3, mas apenas 45% dos
directores dos hotéis inquiridos o consideram muito relevante (classificação máxima). A obtenção
de uma vantagem competitiva em termos de marketing(factor 30.6) tem uma pontuação média
de 4,1, a par da melhoria das relações com a comunidade local (factor 30.4) , mas a primeira
é considerada mais relevante (44% e 38%, respectivamente). Por último, aumentar a satisfação
dos colaboradores (factor 30.3) dos hotéis é o benefı́cio menos pontuado (valor médio de 4), em
que apenas 29% dos respondentes o consideram muito relevante.

A existência de relação entre as variáveis indicador IP GA e grau de importância dos benefı́cios pro-
Análise de Resultados 125

Tabela 6.21: Coeficiente de correlação de Pearson para os diversos factores que influenciam a
adopção de PGA e o indicador IP GA

C de Pearson C de Pearson
Factores N vt Sig. Factores N vt Sig.
29.1 139 0,02 0,85 31.1 139 0,06 0,51
29.2 139 0,07 0,41 31.2 127 0,15 0,09
29.3 139 0,10 0,22 31.3 136 0,28 0,00
30.1 136 0,17 0,04 31.4 137 0,18 0,03
30.2 139 0,10 0,25 31.5 134 0,01 0,87
30.3 138 0,11 0,22 31.6 135 0,11 0,20
30.4 138 0,08 0,35 31.7 133 0,10 0,23
30.5 138 0,13 0,13 31.8 130 -0,04 0,62
30.6 138 0,10 0,24 31.9 71 0,27 0,02

Afirmações: A adopção de medidas de protecção ambiental por parte das


29.1 O ambiente natural e a sua protecção são importan- unidades hoteleiras estão relacionadas com:
tes para a performance e desenvolvimento futuro da 31.1 Responsabilidade social e ambiental
indústria turı́stica. 31.2 Exigência dos investidores
29.2 Os impactes da actividade de um hotel no meio ambi- 31.3 Visão estratégica do hotel
ente são significativos. 31.4 Gestão de recursos
29.3 A adopção de medidas de gestão ambiental por parte 31.5 Atitude dos consumidores
das unidades hoteleiras contribuem para a melhoria 31.6 Atitude dos colaboradores
da qualidade do ambiente. 31.7 Opinião pública
A implementação de um sistema de gestão ambiental num 31.8 Imposição da regulamentação
hotel permite: 31.9 Imposição da administração da cadeia hoteleira (pre-
enchido apenas no caso do hotel pertencer a uma ca-
30.1 Reduzir custos operacionais deia)
30.2 Aumentar a satisfação dos clientes
30.3 Aumentar a satisfação dos colaboradores NOTA:
30.4 Melhorar as relações com a comunidade local vt valor da estatı́stica de teste
30.5 Melhorar a imagem corporativa Sig nı́vel de significância)
30.6 Constituir uma vantagem de marketing relativamente à
concorrência

venientes da implementação de PGA foi analisada através do coeficiente de correlação de Pearson,


verificando-se que apenas existe uma associação estatisticamente significativa entre o indicador
IP GA e a redução de custos operacionais, sendo 0,04 o valor de significância do teste (tabela 6.21).
Apesar disso, o valor do teste (0,17) é indicativo de uma fraca relação. No entanto a relação é
positiva, pelo que se conclui que os benefı́cios demonstrados pela redução de custos operacionais
favorecem o nı́vel de implementação de PGA. Os restantes resultados do teste apresentam um va-
lor de significância superior a 5%, pelo que se conclui que não existe correlação entre o indicador
IP GA e a relevância dos outros benefı́cios.

A importância que os directores inquiridos dão à redução de custos operacionais na adopção de


PGA é comprovada quando são questionados sobre o grau de probabilidade da implementação
destas práticas estar relacionada com a gestão de recursos (factor 31.4): 50% dos respondentes
atribuem a classificação máxima, numa escala de 1-5, e o valor médio da pontuação é de 4,3 (tabela
6.20). A relação entre esta classificação e o indicador IP GA foi testada, aplicando o coeficiente de
correlação de Pearson (tabela 6.21). Pela análise do valor de significância (0,03 ), pode afirmar-
se que existe uma associação estatisticamente significativa entre estas duas variáveis. Embora
esta associação não seja muito forte (valor de teste é igual a 0,18), conclui-se que este factor
influencia positivamente o nı́vel de implementação de PGA. Este resultado coincide com o do estudo
de Bohdanowicz (2005). A autora também concluiu que a redução de custos operacionais é o
principal motivo que incentiva os hotéis a serem mais pró-activos na defesa do ambiente.
126 Análise de Resultados

Responsabilidade social e ambiental dos gestores

A sexta questão da investigação (Q6) tem como finalidade saber se a adopção de PGA está re-
lacionada com questões de ética. De acordo com os resultados, 60% dos respondentes afirma
que a probabilidade da implementação de PGA estar relacionada com a responsabilidade social
e ambiental dos gestores (factor 31.1) é elevada, tendo atribuı́do a pontuação de 5, numa escala
de 1-5 (tabela 6.20). Este factor apresenta a maior pontuação média (4,4), dentro deste conjunto
de factores. No entanto, pela aplicação do coeficiente de correlação de Pearson, verifica-se que
não existe uma associação estatisticamente significativa entre esta classificação e o indicador IP GA
(tabela 6.21).

Pressão exercida pelos stakeholders

A sétima questão da investigação (Q7) equaciona a possibilidade de existir uma associação en-
tre a adopção de PGA e a pressão exercida por diferentes stakeholders. No que diz respeito à
imposição da administração da cadeia hoteleira (factor 31.9) , a pontuação média é de 3,8, mas
apenas 39% dos inquiridos atribuı́ram a classificação máxima à probabilidade deste factor estar
relacionado com a implementação de PGA (tabela 6.20). O valor de significância do coeficiente de
correlação de Pearson (0,02) revela que existe uma associação estatisticamente significativa entre
o indicador IP GA e a classificação obtida para a imposição da administração da cadeia hoteleira, no
caso do hotel pertencer a uma cadeia (tabela 6.21). Embora não seja uma associação muito forte,
pois o valor do teste é de 0,27, é maior do que a verificada quanto à redução de custos. Assim,
conclui-se que a pressão da administração da cadeia hoteleira influencia positivamente o nı́vel de
implementação de PGA. Estes resultados vêm confirmar que a pressão institucional é um dos factor
de decisão mais significativo para as empresas adoptarem as melhores práticas (Le et al. 2006).
A atitude dos consumidores (factor 31.5) e a opinião pública (factor 31.7) são factores que
mereceram uma classificação média de 3,9 (tabela 6.20), onde 32% dos respondentes consideram
que o grau de probabilidade destes dois factores estarem associados à adopção de PGA é elevado,
atribuindo a classificação de 5, numa escala de 1-5. Curiosamente, no caso da imposição da
regulamentação (factor 31.8), a pontuação média obtida também foi de 3,9, mas apenas 27% dos
inquiridos atribuiu a classificação máxima à probabilidade daquele factor estar relacionado com a
implementação de PGA (tabela 6.20). A atitude dos colaboradores (factor 31.6) dos hotéis obteve
uma média de 4, com 30% dos respondentes a atribuı́rem a classificação máxima quanto ao grau de
probabilidade destes dois factores estarem associados à adopção de PGA (tabela 6.20). Por último,
verifica-se que só 18% dos inquiridos considera que a probabilidade da exigência dos investidores
(factor 31.2) estar relacionada com a adopção de PGA é elevada (classificação de 5, numa escala
de 1-5); este factor obteve a pontuação mais baixa, registando um valor médio de 3,4 (tabela 6.20).
Mas não existe uma associação estatisticamente significativa entre a classificação destas variáveis
(exigência dos investidores, atitude dos consumidores, atitude dos colaboradores, opinião pública e
imposição da regulamentação) e o indicador IP GA , pois, pela aplicação do coeficiente de correlação
de Pearson, verifica-se que os valores de significância são superiores a 5%, como se pode observar
na tabela 6.21.

Orientações estratégicas

Relativamente à oitava questão da investigação (Q8), sobre a existência de uma relação entre a
adopção de PGA e as orientações estratégicas (factor 31.3) da empresa, os resultados demonstram
que o grau de probabilidade da implementação de PGA estar relacionada com visão estratégica da
empresa é elevado: obteve uma pontuação média de 4,3, onde 47% dos respondentes atribuem
Análise de Resultados 127

a classificação máxima, numa escala de 1-5 (tabela 6.20). Através da aplicação do coeficiente de
correlação de Pearson, constata-se que existe uma associação estatisticamente significativa entre
o indicador IP GA e esta classificação (tabela 6.21). O valor de significância do teste é de 0,00 e o
valor do teste é de 0,28, demonstrando que, apesar da associação ser pequena, é a maior verificada
de entre os factores enunciados na tabela 6.21. Assim, tal como Le et al. (2006), conclui-se que
a definição de estratégias, justificada pela necessidade de fortalecimento da imagem corporativa e
melhoria das vantagens competitivas, influencia positivamente o nı́vel de implementação de PGA.
Também Kirk (1998) sugere que a atitude positiva perante a gestão ambiental é um indicador de
uma estratégia definida pela gestão/administração do hotel/cadeia hoteleira.

Constrangimentos

Como se mencionou no inı́cio da secção 6.3.1, 21 (13%) dos directores que compõem a amostra
do presente estudo afirmam não adoptar qualquer PGA. Relembrando que a questão número nove
(Q9) diz respeito aos constrangimentos que podem explicar a falta de implementação de PGA nos
hotéis, apresentam-se diversos factores que podem influenciar negativamente a adopção destas
medidas.
Pela análise da tabela 6.22, observa-se que o elevado investimento inicial é o factor considerado
mais relevante: 61% dos inquiridos atribuem-lhe a classificação máxima, numa escala de 1-5, e
reúne uma pontuação média de 4,1. Em segundo lugar, surge a escassez de apoios financeiros,
com uma pontuação média de 3,9, onde 47% dos respondentes o consideram muito importante.
A escassez de apoio técnico/aconselhamento dos gestores sobre as soluções mais benéficas
constitui-se como o terceiro factor de maior relevância: com uma pontuação média de 3,4, em que
27% dos directores lhe atribuem a pontuação máxima. Segue-se a escassez de infraestruturas
locais, como por exemplo a recolha selectiva de lixo, onde 28% dos respondentes a classificam
como muito relevante, reunindo uma pontuação média de 3. A escassez de informação disponı́vel
para os gestores, pontuada com uma média de 2,8, obteve a classificação máxima de apenas 13%
dos inquiridos, tal como o desinteresse demonstrado pelos clientes, mas, neste caso, com uma
pontuação média de 2,6. A falta de tempo por parte da direcção para implementar PGA foi outro
factor mencionado por um dos respondentes.
Tal como Bohdanowicz (2006a) referiu, a falta de verbas para o elevado investimento inicial na
renovação das infra-estruturas, como por exemplo para a aquisição de equipamento mais eficiente,
representa um forte entrave à adopção de PGA.

Caracterı́sticas dos hotéis

Sobre a hipótese de existir uma associação entre as diversas caracterı́sticas dos hotéis e a adopção
de medidas de gestão ambiental, enunciada na décima questão (Q10) da investigação, testou-se a
independência do indicador IP GA e as diferentes variáveis que caracterizam o hotel (tipologia, cate-
goria, dimensão, antiguidade, origem geográfica dos clientes, segmento de mercado e localização).
Relativamente à tipologia do hotel, considerando que apenas responderam ao inquérito dois hotéis
de consórcio e que este modelo de gestão é, para os efeitos práticos deste estudo, semelhante
ao modelo de gestão dos hotéis de cadeia, estas duas tipologias foram agregadas num único
grupo. Consultando a tabela 6.23, verifica-se que existe alguma tendência para os hotéis de ca-
deia/consórcio implementarem mais PGA do que os hotéis independentes, pois aqueles imple-
mentam em média 26,6 das 62 práticas identificadas no questionário e os hotéis independentes
apresentam uma média de 23,5. No entanto, o resultado da aplicação do teste T a estas duas
amostras não permite rejeitar a hipótese da independência destas variáveis. Assim sendo, não
128 Análise de Resultados

Tabela 6.22: Classificação da importância dos constrangimentos que constituem um entrave à


adopção de práticas de gestão ambiental

Frequências
Factores N 1 2 3 4 5 Mod Méd d.p.
- Escassez de 16 19% 31% 19% 19% 13% 2 2,8 1,34
informação disponı́vel
- Escassez de apoio 15 13% 20% 7% 33% 27% 4 3,4 1,45
técnico/aconselhamento
sobre as soluções mais
benéficas (ambientais,
económicas e sociais)
- Elevado investimento 18 6% 17% 0% 17% 61% 5 4,1 1,37
inicial
- Escassez de apoios fi- 19 5% 11% 21% 16% 47% 5 3,9 1,29
nanceiros
- Desinteresse dos clien- 15 33% 7% 40% 7% 13% 3 2,6 1,40
tes
- Escassez de infraestru- 18 22% 17% 28% 6% 28% 3 3,0 1,53
turas locais (ex: recolha
selectiva de lixo)
- Outro(s) 4 25% 0% 0% 50% 25% 4 3,5 1,73

NOTA: 5 - muito relevante e 1 - pouco relevante

existem diferenças estatisticamente significativas no nı́vel de implementação de PGA entre hotéis


independentes e hotéis de cadeia.

Tabela 6.23: Resultados obtidos da aplicação do teste T para a variável IP GA , em amostras dife-
renciadas pela tipologia do hotel

Tipologia Independente Cadeia Hot. e Consórcio Teste T


N Méd d.p. N Méd d.p. vt df Sig
IP GA 72 23,5 10,5 65 26,6 11,0 -1,69 135 0,09

(vt - valor da estatı́stica de teste / df - graus de liberdade / Sig - nı́vel de significância)

No que concerne à categoria do hotel, os hotéis foram agregados em dois grupos: hotéis de uma,
duas estrelas e três estrelas (categoria inferior) e os hotéis de quatro e cinco estrelas (categoria
superior).
Pela análise da tabela 6.24, verifica-se que os hotéis de categoria superior apresentam um indicador
de PGA superior ao dos hotéis de categoria inferior. Os resultados do teste T aplicado a estas
duas amostras permitem rejeitar a hipótese de independência (valor de teste é -2,23 e o respectivo
nı́vel de significância é de 0,03), pelo que se pode afirmar que existem diferenças estatisticamente
significativas no nı́vel de implementação de PGA (indicador IP GA ) entre hotéis de categoria inferior
e hotéis de categoria superior.
A possibilidade do nı́vel de implementação de PGA estar relacionado com a dimensão do hotel foi
testada através da aplicação do coeficiente de correlação de Pearson. Relativamente ao número
de quartos, o valor da estatı́stica do teste é de 0,175 e o respectivo valor de significância (0,04) de-
Análise de Resultados 129

Tabela 6.24: Resultados obtidos da aplicação do teste T para a variável IP GA , em amostras dife-
renciadas pela categoria do hotel

Categoria 1*, 2* e 3* 4* e 5* Teste T


N Méd d.p. N Méd d.p. vt df Sig
IP GA 56 22,5 9,35 82 26,7 11,4 -2,23 136 0,03

(vt - valor da estatı́stica de teste / df - graus de liberdade / Sig - nı́vel de significância)

monstra que existe uma associação estatisticamente significativa entre o indicador IP GA e o número
de quartos do hotel. No que diz respeito ao número de camas, aplicou-se também o coeficiente de
correlação de Pearson, cujos resultados - valor da estatı́stica do teste é de 0,189 e valor da signi-
ficância do teste é de 0,029 - revelam que existe uma associação estatisticamente significativa entre
o indicador IP GA e o número de camas. O valor do teste destas variáveis indica que a associação,
apesar de não ser muito forte, é positiva, o que sugere que, quanto maior for o número de quartos
e número de camas, maior será o nı́vel de implementação de PGA.
A hipótese de existir uma relação entre a antiguidade do hotel (ano de abertura e/ou remodelação)
e o nı́vel de implementação de PGA foi igualmente testada, aplicando o coeficiente de correlação
de Pearson. No que diz respeito ao ano de abertura, o valor da estatı́stica do teste obtido é de
0,162 e o valor de significância do teste é de 0,06, pelo que não se pode afirmar que existe uma
associação estatisticamente significativa entre o indicador IP GA e ano de abertura do hotel. Quanto
ao ano de remodelação, utilizou-se o mesmo teste. Os resultados demonstram que não existe uma
associação estatisticamente significativa entre estas duas variáveis: valor da estatı́stica do teste é
de 0,06 e valor da significância do teste é de 0,55.
A associação entre a origem geográfica dos clientes e o nı́vel de implementação de PGA foi
testada, recorrendo, mais uma vez, ao coeficiente de correlação de Pearson. Pela aplicação do
teste ao indicador IP GA e aos clientes (nacionais e estrangeiros), verifica-se que não existe uma
associação estatisticamente significativa entre estas duas variáveis: valor da estatı́stica do teste é
de -0,107 e valor da significância do teste é de 0,213.
Outra hipótese recai sobre a existência de uma relação entre o segmento de mercado e o nı́vel
de implementação de PGA. Pela aplicação do coeficiente de correlação de Pearson, conclui-se que
não existe uma associação estatisticamente significativa entre o indicador IP GA e o segmento de
mercado. Resultados do teste: clientes de negócios - valor da estatı́stica do teste é de -0,029 e
valor da significância do teste é de 0,731; e clientes de lazer - valor da estatı́stica do teste é de
0,037 e valor da significância do teste é de 0,665.
Para se verificar a existência da relação entre a localização geográfica do hotel (classificada em
cinco grupos, consoante as NUTS II) e o nı́vel de implementação de PGA, foi necessário testar a
normalidade da distribuição para a região Centro, Alentejo e Algarve, uma vez que a amostra que
constituiu cada região é inferior a 30 elementos. Dado que o nı́vel de significância do teste de K-S
é superior 5%, rejeitou-se a hipótese nula, pelo que se pode considerar que as amostras seguem
uma distribuição normal. O pressuposto da homocedasticidade também foi cumprido (valor de signi-
ficância do teste de Levene é de 0,19). Como todos os pressupostos se verificaram, prosseguiu-se
com a análise da variância (ANOVA) através do teste F. Apesar de se verificar que existe uma
tendência para a região Centro implementar menos PGA e a do Algarve implementar mais, não
existem diferenças estatisticamente significativas entre os cinco grupos relativos à localização do
hotel e o indicador IP GA . O valor do teste F é de 1,92 e o respectivo nı́vel de significância de 0,111
(tabela 6.25). Os resultados do estudo de Le et al. (2006), também não revelam uma associação
objectiva entre o nı́vel de implementação de PGA (que os autores designam por greenness level) e
a localização do hotel.
130 Análise de Resultados

Tabela 6.25: Resultados obtidos da aplicação do teste F ( One-way ANOVA) para a variável IP GA ,
em amostras diferenciadas pela localização do hotel

NUTS II Norte Centro Lisboa Alentejo Algarve One-way ANOVA


N Méd N Méd N Méd N Méd N Méd vt df Sig
IP GA 40 26,3 25 21,1 30 24,6 10 29,8 26 27,7 1,92 4 0,111

(vt - valor da estatı́stica de teste / df - graus de liberdade / Sig - nı́vel de significância)

Perfil dos directores de hotel

A décima primeira questão da investigação (Q11) incide sobre a possibilidade da adopção de PGA
estar relacionada com o perfil dos directores de hotel, compreendendo as variáveis: idade; sexo;
formação académica; formação profissional; e tempo de experiência como director de hotel.

Quanto à idade, os directores de hotel foram classificados em três grupos: inferior ou igual a 39
anos; entre 40 a 49 anos; e mais de 50 anos. Após se ter verificado o cumprimento dos pres-
supostos da ANOVA (normalidade e homocedasticidade), aplicou-se teste F, cujo valor é de 0,57
e o respectivo valor da significância é de 0,57 (tabela 6.26). Assim, observa-se que não existem
diferenças estatisticamente significativas entre os três grupos de idade dos directores de hotel e o
indicador IP GA .

Tabela 6.26: Resultados obtidos da aplicação do teste F ( One-way ANOVA) para a variável IP GA ,
em amostras diferenciadas pela idade do director

Idade ≤ 39 [40-49] > 50 One-way ANOVA


(anos) N Méd N Méd N Méd vt df Sig
IP GA 65 24,4 44 24,1 28 26,6 0,57 2 0,57

(vt - valor da estatı́stica de teste / df - graus de liberdade / Sig - nı́vel de significância)

A existência de diferenças estatisticamente significativas no nı́vel de implementação de PGA, de


acordo com o género dos directores de hotel, foi testada pela aplicação do teste T. Os resultados
do teste, enunciados na tabela 6.27, não permitem rejeitar a hipótese nula, pelo facto de não existir
uma associação estatisticamente significativa entre estas duas variáveis.

Tabela 6.27: Resultados obtidos da aplicação do teste T para a variável IP GA , em amostras dife-
renciadas pelo sexo do director

Sexo Feminino Masculino Teste T


N Méd d.p. N Méd d.p. vt df Sig
IP GA 30 22,6 8,30 108 25,3 11,5 -1,21 136 0,153

(vt - valor da estatı́stica de teste / df - graus de liberdade / Sig - nı́vel de significância)

No que diz respeito às habilitações académicas, os directores de hotel foram agregados em dois
grupos: directores sem formação superior e directores com formação superior. O teste T aplicado
a estas duas amostras não permite rejeitar a hipótese de independência, pelo que não existem
Análise de Resultados 131

diferenças estatisticamente significativas entre o nı́vel de implementação de PGA e a formação


académica dos directores dos hotéis inquiridos (tabela 6.28).

Tabela 6.28: Resultados obtidos da aplicação do teste T para a variável IP GA , em amostras dife-
renciadas pela formação académica do director

Formação académica S/ formação sup. C/ formação sup. Teste T


N Méd d.p. N Méd d.p. vt df Sig
IP GA 30 24,3 12,0 98 25 10,8 -0,30 126 0,768

(vt - valor da estatı́stica de teste / df - graus de liberdade / Sig - nı́vel de significância /


S/ formação sup. - Sem formação superior / C/ formação sup. - com formação superior)

Dado o número reduzido de casos da amostra de directores que não possuem formação profissio-
nal em Direcção Hoteleira, testou-se a sua normalidade, aplicando o teste de Kolmogorov-Smirnov
(K-S). O valor da estatı́stica de teste obtido foi de 0,751 e o correspondente nı́vel de significância
de 0,625, pelo que se cumpriu o pressuposto da normalidade da distribuição.
Foi realizado o teste T (tabela 6.29) e os resultados indicam que não se pode rejeitar o facto das
variáveis serem independentes, pelo que não existe uma associação estatisticamente significativa
entre o nı́vel de implementação de PGA (indicador IP GA ) e o facto do director do hotel possuir
formação em Direcção Hoteleira.

Tabela 6.29: Resultados obtidos da aplicação do teste T para a variável IP GA , em amostras dife-
renciadas pela formação profissional do director em Direcção Hoteleira

Formação prof. S/ form. Dir. Hot C/ form. Dir. Hot. Teste T


N Méd d.p. N Méd d.p. vt df Sig
IP GA 19 21,4 9,13 109 25,5 11,4 -1,5 126 0,14

(vt - valor da estatı́stica de teste / df - graus de liberdade / Sig - nı́vel de significância /


S/ form. Dir. Hot. - sem formação em Direcção Hoteleira / C/ form. Dir. Hot. - com formação em Direcção Hoteleira)

À semelhança da formação profissional em Direcção Hoteleira, constatou-se que o número de ele-


mentos da amostra de directores que possuem formação profissional em Gestão Ambiental é
reduzido, pelo que se testou a sua normalidade através da aplicação do teste K-S. O valor da es-
tatı́stica de teste obtido foi de 0,572 e o respectivo nı́vel de significância do teste foi 0,899, pelo que
se considerou que a amostra segue uma distribuição normal.
Também se aplicou o teste T para observar se existem diferenças no nı́vel de implementação de
PGA, entre o grupo de directores de hotel com formação profissional em gestão ambiental e grupo
de directores de hotel sem formação profissional. Analisando os resultados (tabela 6.30), verifica-
se que se rejeita a hipótese da independência das variáveis. Assim sendo, conclui-se que existem
diferenças estatisticamente significativas entre estes dois grupos de directores de hotel, quanto
ao indicador IP GA . O facto do director possuir formação numa área relacionada com a gestão
ambiental favorece o nı́vel de implementação de PGA.
A associação entre o tempo de experiência dos directores de hotel e o nı́vel de implementação de
PGA foi testada, através da aplicação do coeficiente de correlação de Pearson. Os resultados do
teste - valor da estatı́stica do teste é de 0,03 e valor da significância do teste é de 0,737 - indicam
que não existe uma associação estatisticamente significativa entre o indicador IP GA e o tempo de
experiência dos directores dos hotéis inquiridos.
132 Análise de Resultados

Tabela 6.30: Resultados obtidos da aplicação do teste T para a variável IP GA , em amostras dife-
renciadas pela formação profissional do director em Gestão Ambiental

Formação Prof. S/ form. GA C/ form. GA Teste T


N Méd d.p. N Méd d.p. vt df Sig
IP GA 97 23 11,1 28 30,6 9,67 -3,26 123 0,001

(vt - valor da estatı́stica de teste / df - graus de liberdade / Sig - nı́vel de significância /


S/ form. GA - sem formação em Gestão Ambiental / C/ form. GA- com formação em Gestão Ambiental)

6.4 Conclusão

Relativamente à adopção de práticas de gestão ambiental (PGA), verifica-se que 87% dos hotéis
da amostra implementam medidas para proteger o ambiente. Dos que afirmam adoptar PGA, 46%
têm uma polı́tica formal de gestão ambiental e 22% são detentores de um sistema de certificação
ambiental.
Apesar destes números parecerem satisfatórios, o valor médio do nı́vel de implementação de PGA
(indicador IP GA ) é apenas de 24,8, numa escala de 1 a 62. Desta forma, constata-se que ainda
existe muita margem para melhoria, tal como se conclui no estudo conduzido por Sánchez et al.
(2007).
A gestão do consumo de energia e de água, a gestão de materiais perigosos e de resı́duos sólidos
são as áreas que revelam ser mais importantes, de acordo com a pontuação atribuı́da pelos di-
rectores inquiridos. A polı́tica de compras orientada pelo ambiente e a comunicação ambiental
posicionam-se em último lugar. Estes resultados coincidem com os das pesquisas prosseguidas
por Kirk (1998), Bohdanowicz (2006a), Le et al. (2006), Viegas (2008), salientando a preferência por
áreas que permitem reduzir mais custos operacionais e as que revelam ter mais impacte no meio
ambiente. Verifica-se que as práticas com efeitos mais visı́veis são as que têm uma maior taxa de
adopção, bem como as que requerem um baixo investimento ou o cumprimento da legislação: as
práticas mais populares são a recolha e eliminação de resı́duos especiais (93%) e a instalação de
lâmpadas de baixo consumo energético (92%).
As práticas que exigem a disponibilidade de verbas, quer seja para investir em equipamento mais
dispendioso, como a exploração de energias renováveis, para financiamento da preservação e
reabilitação de atractivos turı́sticos, ou para introduzir melhorias no sistema, como a redução das
emissões de carbono, são práticas com uma taxa de adopção muito reduzida. Tais resultados são
coincidentes com os obtidos em estudos como os de Bohdanowicz (2005) e Bohdanowicz (2006a).
Também se identificaram práticas que, apesar de não exigirem um esforço financeiro relevante, são
pouco implementadas, como por exemplo: a recolha e utilização de águas pluviais ou águas usadas;
a preferência por produtos de cultura biológica; a compostagem de resı́duos orgânicos. E outras
medidas nem sequer estão relacionadas com questões financeiras, como a restrição de horários
para a utilização de veı́culos motorizados e a colaboração com associações ambientais locais. Os
motivos que justificam tal situação podem ser explicados pelo contexto sociocultural do nosso paı́s,
onde não existe grande tradição no envolvimento activo em iniciativas de protecção ambiental. A
par deste aspecto surge, igualmente, o contexto geopolı́tico e económico, como refere Bohdanowicz
(2006a), que explicam as divergências na adopção de medidas por parte de unidades hoteleiras em
paı́ses com realidades diferentes.
A presença de uma polı́tica formal de gestão ambiental evidencia algumas diferenças quanto às
áreas de actuação das PGA, entre o grupo de hotéis que têm essa polı́tica e aqueles não têm
Análise de Resultados 133

polı́tica formal de gestão ambiental. No domı́nio da gestão de efluentes e emissões, gestão do


ambiente exterior e biodiversidade, polı́tica de compras orientada pelo ambiente, e comunicação
ambiental, os resultados revelam que existem diferenças estatisticamente significativas entre os
hotéis que têm polı́tica formal de gestão ambiental e aqueles que a não têm. Verifica-se que os
hotéis com polı́tica formal implementam mais práticas relacionadas com as quatro últimas áreas
citadas.

A associação entre a existência de uma polı́tica formal de gestão ambiental nos hotéis e o indicador
IP GA foi demonstrada pela análise estatı́stica. Os resultados demonstram haver diferenças esta-
tisticamente significativas entre as médias dos dois grupos de hotéis, concluindo-se que o nı́vel de
implementação de PGA é favorecido pela presença de polı́ticas formais de gestão ambiental nos
hotéis. Estes resultados são semelhantes aos da investigação conduzida por Viegas (2008).

A identificação das diferenças na adopção de PGA implementadas entre os hotéis que têm um
sistema de certificação ambiental e aqueles o não possuem, foi também analisada relativamente
às áreas de actuação. Os resultados demonstram que na gestão de materiais perigosos, gestão
do ambiente exterior e biodiversidade, polı́tica de compras orientada pelo ambiente e comunicação
ambiental, existem diferenças estatisticamente significativas entre os hotéis que detêm um sistema
de certificação ambiental e aqueles que não têm certificação.

A presença de um sistema de certificação ambiental também influencia a adopção de PGA. A


análise revelou que existem diferenças estatisticamente significativas entre o indicador IP GA dos
hotéis com um sistema de certificação ambiental e dos hotéis sem este sistema, concluindo-se que
a adopção de PGA é favorecida pela implementação de sistemas de certificação ambiental nos
hotéis.

No que diz respeito aos factores que podem influenciar a adopção de PGA, e relativamente às atitu-
des dos directores face à preocupações ambientais, conclui-se que, apesar de 73% dos inquiridos
percepcionarem o ambiente natural como um factor muito importante no desenvolvimento e sucesso
da indústria turı́stica, apenas 38% concordam em absoluto com o facto dos hotéis gerarem impac-
tes significativos no meio ambiente. Pela análise dos resultados, também se verifica que não existe
uma correlação estatisticamente significativa entre o indicador IP GA e o grau de concordância com
afirmações respeitantes ao nı́vel da preocupação ambiental dos directores de hotel.

Nesta linha de pensamento, observou-se que os directores dos hotéis inquiridos consideram que
a implementação de PGA está essencialmente relacionada com a responsabilidade social e ambi-
ental da empresa, gestão de recursos e a visão estratégica do hotel, de acordo com a pontuação
média atribuı́da. No entanto, os resultados demonstram que os factores mais relevantes estão as-
sociados à visão estratégica do hotel, à imposição da administração da cadeia hoteleira e à gestão
de recursos. A correlação existente entre a classificação atribuı́da a estas variáveis e o indicador
IP GA é estatisticamente significativa, sendo as orientações estratégicas do hotel o factor que revela
estar mais associado ao nı́vel de implementação de PGA.

Outros factores que favorecem a adopção de PGA são os benefı́cios que os respondentes percep-
cionam. As vantagens que advêm da implementação de PGA classificadas como mais relevantes
são a melhoria da imagem corporativa e a redução de custos operacionais. Contudo, verifica-se que
apenas existe uma associação estatisticamente significativa entre o grau de relevância atribuı́do à
redução de custos operacionais e o indicador IP GA .

O facto de apenas 45% dos directores inquiridos considerar o aumento da satisfação dos clientes
como um dos benefı́cios muito importantes resultantes da implementação de PGA, e se obser-
var que não existe uma associação estatisticamente significativa entre esta variável e o indicador
IP GA , sugerem que a probabilidade das empresas do sector hoteleiro adoptarem mais PGA será
tanto maior, quanto melhor for o conhecimento das necessidades e exigências dos clientes face às
questões ambientais.
134 Análise de Resultados

Sobre os factores que se afiguram como obstáculos à adopção de PGA nos hotéis, o elevado
investimento inicial foi considerado o constrangimento de maior peso, tal como se concluiu no estudo
de Bohdanowicz (2006a). A escassez de apoios financeiros surge em segundo lugar, relevando
igualmente a importância atribuı́da à questão financeira. A falta de aconselhamento técnico, infra-
estruturas locais e informação disponı́vel foram outros entraves apontados.
Quanto às caracterı́sticas dos hotéis, observou-se que as únicas variáveis relacionadas com o in-
dicador IP GA , onde se verificaram associações estatisticamente significativas, são a categoria e
a dimensão dos hotéis. Os resultados sugerem que o nı́vel de implementação de PGA é maior
nos hotéis de categoria superior. Também se conclui que não existem diferenças estatisticamente
significativas entre os cinco grupos relativos à localização do hotel e o indicador IP GA . No entanto,
verifica-se que existe uma tendência para a região do Algarve implementar mais PGA que as restan-
tes regiões, o que pode ser justificado pelo facto das empresas, situadas próximo de áreas naturais
mais sensı́veis, estarem mais conscientes acerca dos impactes que a sua actividade tem no meio
ambiente.
Relativamente ao perfil dos directores de hotel, observou-se que o facto destes possuı́rem formação
em áreas relacionadas com a gestão ambiental constitui-se como a única variável que influencia o
nı́vel de implementação de PGA, dado existir uma associação estatisticamente significativa entre
estas duas variáveis. Este resultado demonstra a importância que a formação em gestão ambiental
assume. A integração desta temática na formação profissional dos gestores hoteleiros revela ser
fundamental para a prossecução do desenvolvimento sustentável da indústria hoteleira, em particu-
lar, e da actividade turı́stica, em geral.
O estudo não focalizou a associação de cada PGA com as restantes variáveis enunciadas nas
questões da investigação, pois, além da restrição temporal, a interpretação da relação de cada
PGA com os diversos factores é muito complexa, como mencionam Dewhurst e Thomas (2003),
Horobin e Long (1996) e Liu (2003), citados por Le et al. (2006).
Capı́tulo 7

Conclusões

7.1 Conclusões

O presente capı́tulo tem como objectivo apresentar as principais conclusões alcançadas com a
investigação teórica e empı́rica, desenvolvida ao longo desta dissertação. Na segunda secção
descrevem-se os contributos do trabalho, explicando-se, seguidamente, as dificuldades e limitações
mais relevantes. Por último, tecem-se algumas recomendações que possam ser de alguma va-
lia a quem se dedica à temática da gestão ambiental em unidades hoteleiras, deixando algumas
sugestões para futuros trabalhos de investigação.
O turismo é um dos maiores sectores da economia global, contribuindo para o desenvolvimento
económico de diversas regiões e paı́ses. Para Portugal, o turismo afigura-se como uma actividade
estratégica e, enquanto tal, reveste-se de um carácter essencial no desenvolvimento socioeconó-
mico do paı́s. Contudo, a indústria sofreu um profundo abalo devido à instabilidade económica e
à crise financeira internacional. Mas, mesmo com o actual abrandamento da actividade, a OMT
mantém uma previsão de crescimento nas chegadas de turistas internacionais, com a Europa a
manter a liderança enquanto destino turı́stico (World Tourism Organization UNWTO/OMT 2010b).
Por isso, é indispensável criar as condições necessárias ao crescimento da actividade turı́stica e
garantir o seu desenvolvimento sustentável.
A revisão da literatura sobre desenvolvimento sustentável do turismo permitiu compreender que
esta actividade tem efeitos positivos e negativos de diversas naturezas (económica, ambiental,
social, cultural, polı́tica,...), e que os impactes económicos são, habitualmente, encarados como
desejáveis, enquanto os impactes ambientais e sociais têm uma conotação negativa (Jafari 2000,
Middleton & Hawkins 1998). Diversas têm sido as iniciativas, inspiradas essencialmente na Agenda
21 para a Indústria de Viagens e Turismo, no intuito de minimizar os impactes decorrentes do cres-
cimento da indústria turı́stica, melhorar a atractividade dos destinos, tentando cumprir os objectivos
de sustentabilidade ambiental, social e económica.
A sustentabilidade ambiental desempenha um papel vital no desenvolvimento do turismo, uma vez
que a atractividade dos recursos naturais se constitui como um dos factores crı́ticos de sucesso
da actividade, sendo importante saber preservá-los e promover a sua valorização (Partidário 1998,
Lima 2006). Surge, assim, a necessidade de reorientar a actividade turı́stica, sensibilizando as
empresas do sector para a integração da componente ambiental nos seus modelos de negócio.
A importância desta componente no produto turı́stico é citada por diversos autores (Cunha 1997,
Kastenholz 2003), o que explica algumas das novas tendências na procura turı́stica.
A mudança de valores dos consumidores e fenómenos como o aumento do nı́vel educacional, que
136 Conclusões

influencia comportamentos, motivações e atitude mais exigente relativamente à responsabilidade


ambiental e social, fomenta a procura de produtos turı́sticos aliados ao ambiente. O aumento
da valorização das componentes ambientais e culturais em detrimento do produto ”sol e mar“,
como consequência da maior sensibilização perante os efeitos nocivos da exposição aos raios
ultra-violetas e à depleção da camada de ozono, desencadearam maior preocupação pelo factor
ambiente, reflectidas na procura de novos produtos, como o ecoturismo e o turismo de natureza, e
no interesse crescente pela certificação ambiental (Poon 1993, Schütz & Santos 2009). Tais factos
explicam a emergência de um novo segmento de mercado, em que o turista tem sido designado por
“novo” turista e também por turista ”verde” (Turismo de Portugal, IP n.d.).
Todos os stakeholders deverão estar conscientes que a qualidade ambiental dos destinos turı́sticos
assume um papel cada vez mais relevante e constitui-se como um factor diferenciador, principal-
mente para as empresas turı́sticas que estão fortemente dependentes da atractividade dos destinos
e que geram impactes ambientais consideráveis, como as unidades hoteleiras.
Deste modo, a hotelaria, enquanto principal componente da oferta turı́stica, desempenha um papel
importante para alcançar os objectivos do turismo sustentável. Mas a protecção ambiental, não
deve ser encarada como um custo; afigura-se, antes, como uma oportunidade de negócio para
satisfazer um novo segmento de mercado, caracterizado por clientes cada vez mais exigentes em
matéria de qualidade ambiental. A preferência dos clientes por hotéis “verdes“ é um factor decisivo
para que as empresas do sector implementem práticas de gestão ambiental, até porque a procura
tem aumentado (Bohdanowicz 2006b). Estudos recentes, realizados pela IHEI, sugerem que os
consumidores estão cada vez mais predispostos a pagar preços mais elevados em hotéis que sejam
pró-activos na defesa do ambiente (Tzschentke et al. 2004).
Um estudo atento da literatura que versa sobre a gestão ambiental no sector hoteleiro, permitiu ela-
borar um quadro de referência onde se identificam as melhores práticas que estão a ser adoptadas
pelos hotéis, bem como os factores que influenciam a sua adopção.
O modelo de investigação foi construı́do com base na revisão da literatura e de acordo com o
principal objectivo deste estudo: analisar a adopção de práticas de gestão ambiental (PGA) nos
hotéis e identificar os factores que influenciam os gestores na adopção dessas práticas. A análise
da adopção de práticas de gestão ambiental (PGA) compreende a adopção de práticas individuais,
a adopção de polı́ticas formais de gestão ambiental e a implementação de sistemas de certificação
ambiental.
A aplicação do modelo de investigação e a exploração sequencial de cada uma das questões, per-
mitiu tecer conclusões quanto à validação do argumento central que, relembrando, se encontra
traduzido na afirmação: ”As caracterı́sticas das unidades hoteleiras, as atitudes e o perfil dos gesto-
res, bem como os benefı́cios, a imposição dos stakeholders e orientações estratégicas influenciam
a adopção de práticas de gestão ambiental nos hotéis”.
Relativamente à adopção de PGA, verifica-se que, dos hotéis inquiridos, 87% implementam práticas
e 40% têm polı́tica formal de gestão ambiental. Comparativamente a um estudo realizado com
hotéis na Europa, conduzido por Bohdanowicz (2005), onde aproximadamente 35% dos hotéis
respondentes afirmaram ter uma polı́tica formal de gestão ambiental, os resultados da presente
investigação sugerem que Portugal poderá situar-se acima da média dos hotéis europeus. Contudo,
não é possı́vel estabelecer comparações objectivas, pois distam cinco anos entre os dois estudos.
Mas no que diz respeito aos sistemas de certificação ambiental, 19% são detentores de um sistema
de certificação ambiental ou procuram a certificação ambiental por parte de entidades competentes
para o efeito. Este dado é considerado muito positivo, comparativamente aos resultados do recente
estudo nacional de Turismo de Portugal, IP (2008), em que apenas 5% dos estabelecimentos são
detentores de uma certificação ambiental, permitindo concluir que os hotéis portugueses estão a
enveredar pela certificação.
Verificou-se que a certificação pela NP EN ISO 14001 é o sistema certificação ambiental mais
Conclusões 137

comum, implementado por cerca de 45% da amostra, observando-se que a maioria dos hotéis os
põe em prática entre um a três anos.
No decorrer desta investigação, identificaram-se as áreas de actuação mais relevantes na adopção
de PGA. A gestão do consumo de energia e de água, são as mais importantes, de acordo com
a pontuação atribuı́da pelos directores inquiridos, seguindo-se a gestão de materiais perigosos,
gestão de resı́duos sólidos e a gestão de efluentes e emissões, a gestão do ambiente interior, a
gestão do ambiente exterior e biodiversidade. A polı́tica de compras orientada pelo ambiente e
a comunicação ambiental posicionam-se em último lugar, sendo, assim, os domı́nios considerados
menos relevantes para os hotéis que constituem a amostra. Estes resultados coincidem com os das
pesquisas prosseguidas por Kirk (1998), Bohdanowicz (2006a), Le et al. (2006), Viegas (2008), sa-
lientando a preferência por áreas que permitem reduzir mais custos operacionais e as que revelam
ter mais impacte no meio ambiente. Tal como Le et al. (2006) mencionam, as PGA relacionadas com
a gestão do consumo de energia e de água estão normalmente associadas à redução de custos,
em vez da protecção ambiental.
Por este motivo, observou-se que as PGA mais populares nos hotéis portugueses estão relacio-
nadas com a gestão de recursos, as que requerem um baixo investimento, para além das que se
prendem com questões legais.
No domı́nio da gestão do consumo de energia, a instalação de lâmpadas de baixo consumo ener-
gético é a prática mais popular (92%), tal como revelou o estudo de Turismo de Portugal, IP
(2008). A exploração de energias renováveis constitui-se como a prática menos implementada, pois
a utilização de energias renováveis é ainda marginal (World Tourism Organization UNWTO/OMT
2009).
Ao nı́vel da gestão do consumo de água, as PGA mais populares são a instalação de redutores de
caudal de água nas torneiras e de autoclismos de baixo consumo, a par da optimização de cargas
das máquinas de lavar louça. O facto do programa de reutilização de roupa de banho e de cama
surgir apenas em quarto lugar e ser implementado apenas por 54% dos hotéis que adoptam PGA,
contradiz os estudos de Bohdanowicz (2006a) e Turismo de Portugal, IP (2008), onde revelou ser a
mais utilizada.
Quanto à gestão de resı́duos sólidos, verificou-se que a recolha e eliminação de resı́duos especiais
tem a maior taxa de adopção (93%), dado este, que pode estar relacionado com a imposição da
regulamentação. Apesar da recolha selectiva de lixos ser a segunda PGA mais adoptada e a cozi-
nha ser o departamento que mais implementa esta prática (91%), observou-se que a compostagem
de resı́duos orgânicos é a PGA menos adoptada.
No domı́nio da gestão de materiais perigosos, a PGA mais popular prende-se com questões de
segurança e saúde laboral, sendo de 61% a taxa de adopção da prática que identifica todos os
materiais, agentes quı́micos e substâncias perigosas.
Na gestão de efluentes e emissões, o planeamento da redução de consumos constitui-se como a
PGA mais comum, comprovando que as PGA mais adoptadas são as que se traduzem em proveitos
financeiros.
No que diz respeito à gestão do ambiente interior, as PGA mais implementadas prendem-se com o
conforto e bem-estar: insonorização dos quartos de hóspedes e isolamento térmico. No entanto, a
restrição do uso de veı́culos motorizados em determinados horários, adoptada por apenas 9% dos
inquiridos, revela uma fraca sensibilidade para este assunto.
A valorização do enquadramento paisagı́stico e a plantação de árvores são as PGA mais adopta-
das na área da gestão do ambiente exterior e biodiversidade. O financiamento da preservação e
reabilitação de atractivos turı́sticos é a prática menos popular, sendo implementada por apenas 8%
dos respondentes. Também se salienta a fraca colaboração com associações ambientais locais,
138 Conclusões

como a limpeza de praias, que poderá ser justificada por uma questão sociocultural, pelo facto de
não existir, no nosso paı́s, uma grande tradição no envolvimento activo em iniciativas de protecção
ambiental. Bohdanowicz (2006a) comprova que, o contexto sociocultural, económico e geopolı́tico
explicam as divergências na adopção de medidas, por parte de unidades hoteleiras, em paı́ses com
realidades diferentes, evidenciadas pelos resultados dı́spares entre hotéis suecos e polacos.
A PGA mais adoptada relacionada com a polı́tica de compras orientada pelo ambiente, prende-se
com a preferência por fornecedores com certificação da qualidade e ambiente. A preferência por
produtos de cultura biológica e biodegradáveis, e por madeiras provenientes de florestas certificadas
é ainda diminuta, o que vem reiterar o que anteriormente se disse sobre a influência do contexto
sociocultural e económico.
Por último, relativamente à comunicação ambiental, destaca-se a informação aos colaboradores so-
bre consumos de recursos ( 60% dos respondentes implementam esta prática), que vem comprovar
a importância atribuı́da à redução de custos.
A prática de benchmarking não é muito implementada, mas a comparação com as melhores práticas
do sector hoteleiro revela-se de extrema importância, uma vez que pode motivar a adopção de PGA
por outras unidades hoteleiras. A fraca adopção desta prática é ainda mais acentuada quando com-
parada com os resultados do estudo de Viegas (2008), onde se observa que 47% dos respondentes
praticam benchmarking.
Em termos gerais, verifica-se que o tipo de PGA mais populares são as que permitem reduzir
custos operacionais, as que requerem um baixo investimento. Aquelas que exigem a disponibilidade
de verbas, quer seja para investir em equipamento mais dispendioso ou para financiamento da
preservação de atractivos turı́sticos, são práticas com uma taxa de adopção muito reduzida. Tais
resultados são coincidentes com os obtidos em estudos como os de Kirk (1995), Stabler & Brian
(1997), Knowles (1998), Tzschentke et al. (2004), Bohdanowicz (2005, 2006a).
A avaliação do nı́vel de implementação de PGA dos hotéis foi feita através do respectivo indicador
(IP GA ), verificando-se que o valor médio de IP GA alcançado pelos hotéis inquiridos foi de 24,8.
A presença de uma polı́tica formal de gestão ambiental evidencia algumas diferenças quanto às
áreas de actuação das PGA, entre o grupo de hotéis com polı́tica formal de gestão ambiental e
o grupo de hotéis sem essa polı́tica. No domı́nio da gestão de efluentes e emissões, gestão do
ambiente exterior e biodiversidade, polı́tica de compras orientada pelo ambiente, e comunicação
ambiental, os resultados revelam que existem diferenças estatisticamente significativas entre os
hotéis que têm polı́tica formal e aqueles que não a têm. Verifica-se que os hotéis com polı́tica
formal implementam mais práticas relacionadas com as quatro últimas áreas citadas.
A associação entre a existência de uma polı́tica formal de gestão ambiental nos hotéis e o indicador
IP GA foi demonstrada pela análise estatı́stica. Os resultados demonstram haver diferenças esta-
tisticamente significativas entre as médias dos dois grupos de hotéis, concluindo-se que o nı́vel de
implementação de PGA é favorecido pela presença de polı́ticas formais de gestão ambiental nos
hotéis. Estes resultados são semelhantes aos da investigação conduzida por Viegas (2008).
A identificação das diferenças na adopção de PGA implementadas entre os hotéis que têm um sis-
tema de certificação ambiental e aqueles o não possuem, foi também analisada relativamente às
áreas de actuação. Os resultados demonstram que na gestão de materiais perigosos, gestão do
ambiente exterior e biodiversidade, polı́tica de compras orientada pelo ambiente, e comunicação
ambiental, existem diferenças estatisticamente significativas entre os hotéis que detêm um sis-
tema de certificação ambiental e aqueles que não têm certificação. Os hotéis com um sistema
de certificação ambiental implementam mais práticas relacionadas com as áreas referidas.
A presença de um sistema de certificação ambiental também influencia a adopção de PGA. A
análise revelou que existem diferenças estatisticamente significativas entre o indicador IP GA dos
Conclusões 139

hotéis com um sistema de certificação ambiental e dos hotéis sem este sistema, concluindo-se que
a adopção de PGA é favorecida pela implementação de sistemas de certificação ambiental nos
hotéis.

Quanto aos factores que podem influenciar a adopção de PGA, e relativamente às atitudes dos
directores face à preocupações ambientais, conclui-se que, apesar de 73% dos inquiridos percep-
cionarem o ambiente natural como um factor muito importante no desenvolvimento e sucesso da
indústria turı́stica, apenas 38% concordam em absoluto com o facto dos hotéis gerarem impactes
significativos no meio ambiente. Pela análise dos resultados também se verifica que não existe
uma correlação estatisticamente significativa entre o indicador IP GA e o grau de concordância com
afirmações respeitantes ao nı́vel de preocupação ambiental dos directores de hotel.

Nesta linha de pensamento, observou-se que os directores dos hotéis inquiridos consideram que a
implementação de PGA está essencialmente relacionada com a responsabilidade social e ambiental
da empresa, gestão de recursos e a visão estratégica do hotel, de acordo com a pontuação média
atribuı́da.

As vantagens que advêm da implementação de PGA classificadas como mais relevantes pelos
hotéis inquiridos são a melhoria da imagem corporativa e a redução de custos operacionais. Con-
tudo, verifica-se que apenas existe uma associação estatisticamente significativa entre o grau de
relevância atribuı́do à redução de custos operacionais e o indicador IP GA . Os benefı́cios demons-
trados pela redução de custos operacionais favorecem o nı́vel de implementação de PGA.

Dos directores de hotel inquiridos, apenas 45% considera o aumento da satisfação dos clientes
como um dos benefı́cios muito importantes resultantes da implementação de PGA. Também se
conclui que não existe uma associação estatisticamente significativa entre esta variável e o indicador
IP GA . Tais resultados sugerem que a probabilidade das empresas do sector hoteleiro adoptarem
mais PGA será tanto maior, quanto melhor for o conhecimento das necessidades e exigências dos
clientes relativamente à qualidade ambiental dos destinos turı́sticos.

Sobre a possibilidade de existir uma associação entre a adopção de PGA e a pressão exercida
pelos diferentes stakeholders, observou-se que os factores mais relevantes estão associados à
visão estratégica do hotel (variável que demonstrou uma associação mais forte), à imposição da
administração da cadeia hoteleira e à gestão de recursos. A correlação existente entre a classifica-
ção atribuı́da a estas variáveis e o indicador IP GA é estatisticamente significativa, verificando-se que
estes factores influenciam positivamente o nı́vel de implementação de PGA. Estes resultados vêm
confirmar que as orientações estratégicas, justificadas pela necessidade de fortalecimento da ima-
gem corporativa e melhoria das vantagens competitivas, são o factor de decisão mais significativo
para as empresas adoptarem as melhores práticas (Le et al. 2006).

No que diz respeito às caracterı́sticas dos hotéis, concluiu-se que a categoria e a dimensão dos
hotéis são as únicas variáveis relacionadas com o indicador IP GA , onde se verificaram diferenças
estatisticamente significativas. Os resultados sugerem que o nı́vel de implementação de PGA é
maior nos hotéis de categoria superior e nos hotéis de maior dimensão (número de quartos e
número de camas). Também se conclui que não existem diferenças estatisticamente significativas
entre os cinco grupos relativos à localização do hotel e o indicador IP GA . No entanto, verifica-
se que existe uma tendência para a região do Algarve implementar mais PGA que as restantes
regiões, o que pode ser justificado pelo facto das empresas, situadas próximo de áreas naturais
mais sensı́veis, estarem mais conscientes acerca dos impactes que a sua actividade tem no meio
ambiente.

As restantes variáveis respeitantes às caracterı́sticas dos hotéis - tipo de propriedade, antiguidade
e tipo de clientes - não estão relacionadas com o nı́vel de implementação de PGA, pois não se
verificaram diferenças estatisticamente significativas. O estudo de Kirk (1998) apurou resultados
semelhantes, tendo observado que não existe associação entre tipo de propriedade, dimensão e
140 Conclusões

categoria do hotel, e a presença de uma polı́tica formal de gestão ambiental. O estudo não men-
ciona as outras variáveis, no entanto, salienta-se a divergência de resultados quanto à dimensão e
categoria dos hotéis, entre o estudo do autor e o da presente investigação. Também no estudo de
Le et al. (2006), os resultados revelam uma relação ténue entre as caracterı́sticas dos hotéis e a
adopção de PGA.
Quanto ao perfil dos directores de hotel, conclui-se que a única variável que influencia o nı́vel
de implementação de PGA é o facto do director possuir formação em áreas relacionadas com a
gestão ambiental. O facto dos directores terem formação em gestão ambiental favorece o nı́vel de
implementação de PGA. Este resultado demonstra a importância que a formação em gestão ambi-
ental assume, indiciando que a formação dos gestores hoteleiros nesta área vela ser fundamental
para que as empresas do sector adoptem as melhores práticas, cumprindo, desta forma, com os
objectivos do desenvolvimento sustentável do turismo.
Relativamente aos factores que podem influenciar negativamente a adopção de PGA nos hotéis, o
elevado investimento inicial foi considerado o constrangimento de maior peso. Também no estudo
de Bohdanowicz (2006a) se concluiu que a falta de verbas para o investimento inicial na renovação
das infra-estruturas representa um forte entrave à implementação destas práticas. A escassez de
apoios financeiros, de aconselhamento técnico, infra-estruturas locais e informação disponı́vel foram
outros dos obstáculos mencionados pelos directores dos hotéis inquiridos.
Identificadas as dificuldades, é necessário centrar as atenções nas possı́veis soluções para melho-
rar a performance ambiental dos hotéis portugueses. Os entraves financeiros podem ser ultrapas-
sados, bastando, para tal, demonstrar os proveitos resultantes da implementação de PGA. Dada
a forte relevância atribuı́da à componente financeira, é imperioso evidenciar os vários benefı́cios
que advêm da implementação de PGA. Le et al. (2006) defendem que a melhor forma de motivar
os negócios turı́sticos para a adopção de PGA consiste em dar exemplos de casos de sucesso
de empresas que melhoraram o seu desempenho ambiental e obtiveram resultados económicos
visı́veis.
Conscientes dos benefı́cios financeiros resultantes da gestão eficiente de recursos, os gestores
estão cada vez mais receptivos a introduzir práticas de gestão ambiental no dia-a-dia da operação
dos seus hotéis (Kirk 1995). Para além das vantagens económicas, a credibilidade dos sistemas de
certificação ou rótulos de qualidade ambiental, e o inerente reconhecimento do compromisso assu-
mido pelo hotel, melhoram a imagem corporativa da empresa. A integração da componente ambien-
tal na operação das empresas, permitiu criar novas oportunidades, em termos de diferenciação do
produto, sensibilização da concorrência, gestão de riscos e redefinição de mercados. Outros auto-
res referem não apenas benefı́cios tangı́veis, mas também benefı́cios, que embora menos visı́veis e
imediatos, são igualmente importantes na prossecução das melhores práticas de gestão ambiental
(Tzschentke et al. 2004).
Going green tem sido uma prática comum nas empresas turı́sticas, principalmente nas unidades
hoteleiras (Kirk 1995, Stabler & Brian 1997, Kirk 1998, Knowles 1998, Knowles et al. 1999, Enz
& Siguaw 1999, Gil et al. 2001, Enz & Siguaw 2003, Tzschentke et al. 2004, Bohdanowicz 2005,
2006a,b, Le et al. 2006, Lima 2006, Tzschentke et al. 2008, Turismo de Portugal, IP 2008, Viegas
2008), mas o argumento ”going green makes sense ... and cents”, de Tzschentke et al. (2004)
(p.112), tem vindo a ser substituı́do por being green makes sense.

7.2 Contribuições

O desenvolvimento da parte conceptual realizada nesta dissertação apresenta um contributo posi-


tivo no conhecimento das temáticas relacionadas com a gestão ambiental em unidades hoteleiras.
Conclusões 141

Salienta-se a necessidade do sector adoptar as melhores práticas, atribuindo-lhe o papel prepon-


derante na prossecução dos objectivos da sustentabilidade turı́stica. Evidencia-se a emergência de
turistas mais exigentes em matéria ambiental, pelo que a protecção ambiental se afigura como uma
oportunidade de negócio para satisfazer este novo segmento de mercado.
Um dos objectivos desta investigação foi o de reunir o máximo de informação sobre a performance
ambiental dos hotéis portugueses, não se limitando às acções que são implementadas pelos hotéis
para proteger o ambiente. O estudo integra também a pesquisa de diversos factores que poderiam
explicar as motivações e outros aspectos que influenciam a adopção de PGA, assim como as difi-
culdades que se constituem como um entrave à sua implementação. A abrangência deste estudo
é, assim, um dos principais contributos para o conhecimento da realidade dos hotéis portugueses,
no que diz respeito à gestão ambiental.
Os resultados do estudo fornecem, deste modo, dados relevantes sobre a gestão ambiental nos
hotéis nacionais. Esta informação é passı́vel de ser utilizada como base de conhecimento em
investigações futuras, bem como pelo sector hoteleiro e pelas entidades que se dedicam à imple-
mentação de sistemas de gestão ambiental vocacionados para a indústria hoteleira.

7.3 Principais limitações

Atendendo ao facto de se tratar de uma dissertação de mestrado, o estudo limitou-se ao território


continental.
Os resultados seriam mais interessantes se englobassem as Regiões Autónomas dos Açores e da
Madeira, em que se poderia estabelecer comparações em função das caracterı́sticas distintas das
áreas de destino onde se inserem os hotéis.
Salientam-se como principais dificuldades a obtenção de uma base de dados completa com um
inventário dos hotéis portugueses classificados pelo Turismo de Portugal. A reduzida taxa de res-
posta inicial também se revelou como outro obstáculo a vencer, uma vez que é cada vez mais difı́cil
obter a colaboração em estudos, cujo meio de divulgação seja o correio electrónico.
Outra das limitações da presente investigação prende-se com o facto de não escalpelizar a asso-
ciação de cada PGA com as restantes variáveis enunciadas nas questões da investigação. Para
além da restrição temporal, a interpretação da relação de cada PGA com diversos factores é ex-
tremamente complexa como mencionam Dewhurst e Thomas (2003), Horobin e Long (1996) e Liu
(2003), citados por Le et al. (2006).
Esta investigação é, assim, passı́vel de melhorias, pelo que se sugerem algumas temáticas para
pesquisas posteriores.

7.4 Propostas de investigação futura

A primeira proposta para investigações futuras é, pelo que anteriormente se expôs, a inclusão das
Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira na pesquisa.
O estudo ficaria ainda mais completo se a pesquisa se estendesse a outros paı́ses da União Eu-
ropeia, onde se poderiam estabelecer comparações objectivas, para melhorar o conhecimento da
realidade nacional, no que à implementação de práticas de gestão ambiental diz respeito.
Os directores de hotel inquiridos percepcionam o ambiente como um factor muito importante no de-
senvolvimento e sucesso da indústria turı́stica. No entanto, apenas uma minoria detém um sistema
142 Conclusões

de certificação ambiental (19%) e atribuiu uma grande relevância aos impactes ambientais gera-
dos pelo sector hoteleiro. Entende-se, assim, que esta discrepância mereceria uma investigação
posterior.
Outro rumo possı́vel para dar continuidade ao trabalho, seria orientar a pesquisa pela análise das
atitudes dos directores de hotel. A relação entre uma atitude mais pró-activa na protecção ambi-
ental e as variáveis sociodemográficas dos directores de hotel, poderia ser uma das vias possı́veis
para prosseguir esta investigação. No entanto, outras metodologias deveriam ser seguidas, dada a
natureza destes estudos, sugerindo-se uma leitura atenta das pesquisas conduzidas por Sampaio
et al. (2008) e Tzschentke et al. (2004).
O estudo poderia igualmente ser completado incluindo uma pesquisa sobre a procura turı́stica, com
entrevistas aos hóspedes dos hotéis, para se avaliar a importância atribuı́da à adopção de medidas
de protecção ambiental e a receptividade ao aumento de preços em hotéis que detenham uma
certificação ambiental.
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150 Bibliografia
Apêndice A

Medidas apresentadas no Relatório


de Brundland

• Limitação do crescimento populacional;

• Garantia da alimentação a longo prazo;


• Preservação da biodiversidade e dos ecossistemas;

• Diminuição do consumo de energia e desenvolvimento das tecnologias que admitem o uso de


fontes energéticas renováveis;
• Aumento da produção industrial nos paı́ses não-industrializados à base de tecnologias ecolo-
gicamente adaptadas;
• Controlo da urbanização selvagem e integração entre o meio rural e cidades de menor di-
mensão;
• Satisfação das necessidades básicas;

• Adopção de estratégias de desenvolvimento sustentável por parte das organizações de de-


senvolvimento;

• Protecção dos ecossistemas supranacionais pela comunidade internacional;


• Supressão das guerras;

• Implantação de um programa de desenvolvimento sustentável por parte da ONU.


152 Medidas apresentadas no Relatório de Brundland
Apêndice B

Exemplos de Intervenções da
Organização Mundial de Turismo

B.1 Intervenções mais recentes (conferências, seminários, work-


shops, etc.) que incidem sobre a temática do turismo sus-
tentável:

• “A certificação da sustentabilidade da actividade turı́stica - Conferência Regional das Américas”,


Brasil, Setembro de 2003;

• “A certificação da sustentabilidade da actividade turı́stica - Conferência OMT Ásia-Pacı́fico”,


Malásia, Dezembro de 2003;

• ”As parcerias público-privadas para a certificação da sustentabilidade das actividades turı́sti-


cas”, República Checa, Outubro de 2004.

• ”O turismo sustentável e a eliminação da pobreza”, Berlim, Março de 2005;

• ”A gestão da saturação: satisfação dos visitantes e salvaguardas dos sı́tios turı́sticos”, Berlim,
Março de 2005;

• “Turismo Sustentável e a Agenda 21 Local nos Destinos Turı́sticos”, Arábia Saudita, Fevereiro
de 2006;

• “ Indicadores de sustentabilidade para Destinos Turı́sticos”, Arábia Saudita, Fevereiro de 2006;

• “Polı́ticas, Estratégias e Ferramentas para o Desenvolvimento do Turismo Sustentável”, Caza-


quistão, Abril de 2006.

• ”O turismo nos desertos: um desafio à sustentabilidade”, no âmbito do Ano Internacional dos


Desertos e da Desertificação, Algéria, Junho de 2006;

• ”O turismo sustentável nas vilas classificadas como património mundial”, Espanha, Outubro
de 2006.

• “Turismo e Viagens na Economia Verde”, Gotenburgo, Suécia, Setembro de 2010.


154 Exemplos de Intervenções da Organização Mundial de Turismo

B.2 Manuais sobre turismo sustentável:

• ”Poverty Alleviation Through Tourism: a Compilation of Good Pratices”;


• ”Policies and Tools for Sustainable Tourism - A Guide for Policy makers“;

• ”Tourism Congestion Management at Natural and Cultural Sites”;


• ”Indicators of Sustainable Development for Tourism Destinations: a Guidebook”;

• ”Sustainable Development of Tourism: a Compilation of Good Practices“;


• ”Sustainable Development of Ecotourism: a Compilation of Good Practices”;

• ”Sustainable Tourism in Protected Areas - Guidelines for Planning and Management”


Apêndice C

Unidades hoteleiras portuguesas


com certificações ambientais e
outros sistemas de reconhecimento
de qualidade ambiental

Apresentam-se as unidades hoteleiras portuguesas com certificações ambientais e outros sistemas


de reconhecimento de qualidade ambiental, segundo a pesquisa realizada em Março de 2009, e de
acordo com as informações prestadas por diferentes entidades (ABAE Portugal, Associação Portu-
guesa do Ambiente, EMAS Helpdesk of the European Commission, Direcção-Geral das Actividades
Económicas, Instituto Português de Acreditação e TÜV Rheinland Portugal).

C.1 Unidades hoteleiras com a certificação ambiental NP EN


ISO 14001:2004
• O Aparthotel do Mirante (Ilha de S. Miguel);

• O Aparthotel Mira Villas (Mira);

• O Hotel Alı́sios (Albufeira);

• O Hotel Jardim Atlântico, em 2002, foi o 1o hotel da RAM a ter esta certificação ambiental e o
2o da Penı́nsula Ibérica (Calheta);

• O Hotel Marina Atlântico (Ponta Delgada);

• O Hotel Monte Prado (Melgaço);

• O Hotel Terceira Mar (Angra do Heroı́smo);

• O Hotel Tivoli Carvoeiro (Algarve);

• O Hotel Tivoli Coimbra (Coimbra);

• O Hotel Tivoli Oriente (Lisboa);


156 Unidades hoteleiras portuguesas com certificações ambientais

• O Hotel Vila Park obteve a certificação ISO 14001 em 2007, para além de ser o 1o hotel
“Carbon Free” (livre de CO2) do paı́s (Alentejo).
• O Grupo Natura IMB Hotels, constituı́do pelo o Covilhã Parque Hotel, o Hotel Vanguarda e
o Hotel Turismo da Covilhã, e que irá integrar o Hotel H2otel Congress & Medical SPA e o
Aquadome The Mountain SPA;
• O Tróiaresort, que inclui o Aqualuz Suite Hotel-Apartamentos (Tróia).

C.2 Unidades hoteleiras com o sistema EMAS


• O Aparthotel do Mirante (Ilha de S. Miguel);
• O Aparthotel Mira Villas (Mira);
• O Hotel Marina Atlântico (Ponta Delgada);
• O Hotel Terceira Mar (Angra do Heroı́smo);
• O Tróiaresort, que inclui o Aqualuz Suite Hotel-Aparatamentos (Tróia).

C.3 Unidades hoteleiras com o Rótulo Ecológico da União Eu-


ropeia
• O Hotel Jardim Atlântico também se destaca por ser o 1o hotel da Penı́nsula Ibérica a obter
o certificado , em 2004, “Rótulo Ecológico da União Europeia” para Serviços de Alojamentos
Turı́stico, assim como o certificado “LiderA” - Sistema Português de Avaliação da Sustentabi-
lidade - em Portugal, a Outubro de 2007 (RAM);
• O Hotel Rural Quinta de Bispos (Caramulo).

C.4 Unidades hoteleiras com o diploma Chave Verde (Green


Key)
• A Estalagem Casa Melo Alvim (Viana do Castelo);
• A unidade de Turismo em Espaço Rural “Os Moinhos da Tia Antoninha” (Moimenta da Beira);
• A unidade de Agroturismo “Casa das Pipas” (Sabrosa);
• O Hotel Vila Park (Vila Nova de Santo André);
• Os Hotéis Eurosol de Estarreja, Seia, Gouveia, Leiria e de Alcanena;
• A unidade de Turismo em Espaço Rural “Casas da Lapa” (Seia);
• O Hotel Sesimbra & Spa (Sesimbra);
• A unidade de Turismo em Espaço Rural “Quinta do Barrieiro” (Marvão);
• A unidade de Turismo em Espaço Rural “Quinta da Dourada” (Portalegre);
Unidades hoteleiras portuguesas com certificações ambientais 157

• A Albergaria “O Poejo” (Marvão);


• A Albergaria “El Rei D. Manuel” (Marvão);

• A unidade de Turismo em Espaço Rural “Quinta do Martelo” (Ilha da Terceira, Açores);


• A unidade de Turismo em Espaço Rural “Casa da Torre” (Ilha do Pico, Açores);

• A unidade de Turismo em Espaço Rural “A Abegoaria” (Ilha do Pico, Açores);


• A unidade de Turismo em Espaço Rural “Casas d’Arramada” (Ilha do Faial, Açores);

• A unidade de Turismo em Espaço Rural “Casa das Buganvı́lias” (Ilha do Faial, Açores);
• A unidade de Turismo em Espaço Rural “Casa da Fonte do Rego” (Ilha do Faial, Açores);

• A unidade de Turismo em Espaço Rural “Solar da Bica” (Ilha da Madeira).

C.5 Unidades hoteleiras com o certificado Eco-Hotel


• O Hotel Jardim Atlântico (RAM);
• O Hotel Refúgio Atlântico (RAM);

• O Hotel Vila Park (Alentejo);


• O Grupo Natura IMB Hotels;
158 Unidades hoteleiras portuguesas com certificações ambientais
Apêndice D

Informação estatı́stica da hotelaria


nacional

Apresenta-se informação estatı́stica relativa à oferta e procura nos empreendimentos hoteleiros


nacionais.

Tabela D.1: Estabelecimentos, segundo a sua tipologia, em Portugal, 1980-2009

Tipologia Unidade: No
Anos
1980 1990 2000 2009
Hotéis 266 351 483 681
Apartamentos Turı́sticos - 126 147 184
Aldeamentos Turı́sticos - 29 33 33
Hotéis-Apartamento (a) 95 70 118 128
Motéis 13 17 19 23
Pousadas 26 33 46 41
Estalagens 68 64 78 94
Pensões 988 1 068 862 804
Total 1 456 1 758 1 786 1 988
a) Inclui Apartamentos e Aldeamentos Turı́sticos.

Fonte: INE (1981, 1991, 2001, 2010)


160 Informação estatı́stica da hotelaria nacional

Tabela D.2: Capacidade de alojamento, segundo o tipo de estabelecimentos, em Portugal, 1980-


2009
Tipologia Unidade: No de camas
Anos
1980 1990 2000 2009
Hotéis 47 945 68 045 98 434 141 575
Apartamentos Turı́sticos - 24 124 32 647 33 285
Aldeamentos Turı́sticos - 15 500 12 983 14 868
Hotéis-Apartamento (a) 29 834 20 900 29 764 34 757
Motéis 786 1 400 1 583 2 191
Pousadas 718 1 237 2 323 2 561
Estalagens 2 701 2 862 4 503 6 048
Pensões 37 275 45 879 40 721 38 519
Total 119 259 179 337 222 958 273 804
a) Inclui Apartamentos e Aldeamentos Turı́sticos.

Fonte: INE (1981, 1991, 2001, 2010)

Tabela D.3: Hóspedes, segundo o tipo de estabelecimentos, em Portugal, 1980-2009

Tipologia Unidade: Milhares


Anos
1980 1990 2000 2009
Hotéis 2 489 3 951,5 6 229 8 358,4
Apartamentos Turı́sticos - 442,2 707,8 712,7
Aldeamentos Turı́sticos - 257,6 275,2 303,6
Hotéis-Apartamento (a) 476,6 578,5 1 005,1 1 197,3
Motéis 20,3 54,9 132,5 304,2
Pousadas 111,9 209,8 266,8 237
Estalagens 106,5 147,4 192,3 251,1
Pensões 1 359,9 1 688,3 1 508,5 1 563,6
Total 4 564,2 7 330,3 10 317,2 12 927,9
a) Inclui Apartamentos e Aldeamentos Turı́sticos.

Fonte: INE (1981, 1991, 2001, 2010)


Informação estatı́stica da hotelaria nacional 161

Tabela D.4: Dormidas, segundo o tipo de estabelecimentos, em Portugal, 1980-2009

Tipologia Unidade: No
Anos
1980 1990 2000 2009
Hotéis 7 836,8 10 878,2 16 754,8 20 384,6
Apartamentos Turı́sticos - 3 105,4 4 996,2 3 980,9
Aldeamentos Turı́sticos - 1 962,6 1 970,5 1 623,6
Hotéis-Apartamento (a) 4 021,3 3 437,8 5 672,9 5 565,3
Motéis 98,3 135,5 220,3 368,7
Pousadas 154,4 279,2 393,5 399,2
Estalagens 357,1 342,7 536,2 657,5
Pensões 4 216,5 3 672,2 3 250,7 3 477,4
Total 16 684,4 23 813,5 33 795,1 36 457,1
a) Inclui Apartamentos e Aldeamentos Turı́sticos.

Fonte: INE (1981, 1991, 2001, 2010)

Tabela D.5: Hotéis, segundo a categoria, por regiões (NUTS II) - Portugal Continental, 2009

NUTS Unidade: No
Hotéis
Total 5* 4* 3* 2*/1*
Norte 141 7 49 50 35
Centro 167 4 25 100 38
Lisboa 146 21 60 47 18
Alentejo 38 2 13 17 6
Algarve 91 11 41 29 10
Continente 583 45 188 243 107

Fonte: INE (2010)

Tabela D.6: Capacidade de alojamento, segundo a categoria, por regiões (NUTS II) - Portugal
Continental, 2009

NUTS Unidade: No de camas


Hotéis
Total 5* 4* 3* 2*/1*
Norte 23 347 2 728 10 242 6 220 4 157
Centro 23 859 837 4 123 14 688 4 211
Lisboa 39 465 7 253 20 095 9 321 2 796
Alentejo 4 355 312 1 784 1 748 511
Algarve 28 056 5 190 15 886 5 830 1 150
Continente 119 082 16 320 52 130 37 807 12 825

Fonte: INE (2010)


162 Informação estatı́stica da hotelaria nacional
Apêndice E

Questionário

Apresentam-se, neste capı́tulo, as versões inicial e final do questionário aplicado. A versão inicial
serviu como modelo para as entrevistas realizadas para testar o questionário. A partir dos resultados
destes testes, construiu-se a sua versão final, aplicada no inquérito.

E.1 Versão inicial do questionário

Apresenta-se a versão inicial do questionário, utilizada na realização do pré-teste.


164 Questionário

            


   

        

 

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Gestão ambiental do Hotel

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Questionário 165

            


   

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     * ''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''5 61 5 6; 5 6: 5 6A 5 6J
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166 Questionário

            


   

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7  E  0    ' F''  ?1D;A?@B?


Questionário 167

            


   

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168 Questionário

            


   

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5 6  = +++++++++++++++++++++++++++

10- Das seguintes afirmações, escolha um número, de 1 a 5, em que 1 representa o total


desacordo com a afirmação e 5 representa a total concordância:

- O ambiente natural e a sua protecção são importantes para a performance e


desenvolvimento futuro da indústria turística.
[ ]1 [ ]2 [ ]3 [ ]4 [ ]5

- Os impactos da actividade de um hotel no meio ambiente são significativos.


[ ]1 [ ]2 [ ]3 [ ]4 [ ]5

- A adopção de medidas de gestão ambiental por parte das unidades hoteleiras


contribuem para a melhoria da qualidade do ambiente.
[ ]1 [ ]2 [ ]3 [ ]4 [ ]5

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    #   $  5 61 5 6; 5 6: 5 6A 5 6J
    #   $    5 61 5 6; 5 6: 5 6A 5 6J
    M $   $    $ 5 61 5 6; 5 6: 5 6A 5 6J
    ! $   5 61 5 6; 5 6: 5 6A 5 6J
- constituir uma vantagem de marketing [ ]1 [ ]2 [ ]3 [ ]4 [ ]5
relativamente à concorrência

1;        $         


 $  $  ,       -=
    $    5 61 5 6; 5 6: 5 6A 5 6J
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    $   5 61 5 6; 5 6: 5 6A 5 6J
    $    5 61 5 6; 5 6: 5 6A 5 6J
   O$ 5 61 5 6; 5 6: 5 6A 5 6J
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       $  5 61 5 6; 5 6: 5 6A 5 6J

7  E  0    ' F''  ?1D;A?@B?


Questionário 169

            


   

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     $  5 61 5 6; 5 6: 5 6A 5 6J
 $(   #  $ 5 61 5 6; 5 6: 5 6A 5 6J
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Caracterização do Hotel

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56AP
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170 Questionário

            


   

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Caracterização do/a Director/a do Hotel

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5 6    :@  
5 6 :@:?  
5 6 A@A?  
5 6   J@  

22- Sexo:
[ ] Feminino
[ ] Masculino

23- Habilitações académicas/profissionais


[ ] inferior ao 12º ano de escolaridade
[ ] 12º ano de escolaridade (Ensino Secundário)
[ ] Formação profissional em Direcção/Gestão Hoteleira
[ ] Bacharelato
[ ] Licenciatura
[ ] Outra: ___________________________________

24- Tempo de experiência como Director/a de Hotel (anos): _______

25- Gostaria de receber a síntese dos resultados da pesquisa?


[ ] Sim
[ ] Não

26 – Se respondeu afirmativamente à questão anterior, indique um endereço de correio


electrónico para envio da síntese dos resultados da pesquisa:

 !    $  8 $   .

7  E  0    ' F''  ?1D;A?@B?


Questionário 171

E.2 Versão final do questionário

Apresenta-se uma impressão do questionário, na sua versão final, tal como é gerada pela plata-
forma informática usada para o aplicar, o LimeSurvey.
172 Questionário
Questionário 173

                     

O hotel tem uma política formal de gestão ambiental?


*

Only answer this question if the following conditions are met:


° Answer was 'Sim' at question '1 [0]' (O hotel implementa medidas de gestão ambiental?)

Escolha apenas uma das opções seguintes:

x Sim
x Não

A política de gestão ambiental obedece a critérios definidos por alguma entidade de


certificação ambiental?
*

Only answer this question if the following conditions are met:


° Answer was 'Sim' at question '2 [1]' ( O hotel tem uma política formal de gestão ambiental? )

Escolha apenas uma das opções seguintes:

x Sim
x Não

Indique o(s) certificado(s) ou rótulo(s) de qualidade ambiental que o hotel detém:

Only answer this question if the following conditions are met:


° Answer was 'Sim' at question '3 [2]' ( A política de gestão ambiental obedece a critérios definidos por
alguma entidade de certificação ambiental? )

Por favor escolha todas as que se aplicam:

x Sistema Integrado de Gestão da Qualidade, Ambiente, Saúde e Segurança do Trabalho (NP


EN ISO 9001, NP EN ISO 14001 e NP 4397 OHSAS 18001)
x NP EN ISO 14001
x Sistema de Eco-Gestão e Auditoria EMAS
x Rótulo Ecológico da União Europeia
x Eco-Hotel

    !"!! ##
174 Questionário

                     

x Chave Verde
x LiderA

x Outro:

O hotel foi distinguido com algum prémio pelo seu desempenho ambiental?
*

Only answer this question if the following conditions are met:


° Answer was 'Sim' at question '1 [0]' (O hotel implementa medidas de gestão ambiental?)

Escolha apenas uma das opções seguintes:

x Sim
x Não

Em caso afirmativo, indique o nome do prémio e ano de atribuição:

Only answer this question if the following conditions are met:


° Answer was 'Sim' at question '5 [4]' ( O hotel foi distinguido com algum prémio pelo seu desempenho
ambiental? )

Escreva aqui a sua resposta (s):

Nome do prémio:

Ano de atribuição:

7 Qual é o cargo da pessoa responsável pela implementação da gestão ambiental no hotel?

Only answer this question if the following conditions are met:


° Answer was 'Sim' at question '2 [1]' ( O hotel tem uma política formal de gestão ambiental? )

Escreva aqui a sua resposta:

8 Desde quando o hotel implementa este sistema de gestão ambiental?

"    !"!! ##


Questionário 175

                     

Only answer this question if the following conditions are met:


° Answer was 'Sim' at question '2 [1]' ( O hotel tem uma política formal de gestão ambiental? )

Escolha apenas uma das opções seguintes:

x Menos de 6 meses
x 6 meses - 1 ano
x 1 - 3 anos
x Mais de 3 anos

9 Classifique a importância dos seguintes aspectos na gestão ambiental do hotel.

Only answer this question if the following conditions are met:


° Answer was 'Sim' at question '1 [0]' (O hotel implementa medidas de gestão ambiental?)

Por favor escolha uma resposta apropriada para cada item:

1 2 3 4 5
Gestão do consumo energético x x x x x

Gestão do consumo de água x x x x x

Gestão de resíduos sólidos x x x x x

Gestão de materiais perigosos x x x x x

Gestão de efluentes e emissões x x x x x

Gestão do ambiente interior x x x x x

Gestão do ambiente exterior e biodiversidade x x x x x

Política de compras orientada pelo ambiente x x x x x

Comunicação ambiental x x x x x

5 - o mais relevante e 1 - o menos relevante

   !"!! ##
176 Questionário

                     

Gestão ambiental do Hotel (II)

10 Assinale as iniciativas que implementa na unidade que dirige, através dos exemplos
apresentados:

Only answer this question if the following conditions are met:


° Answer was 'Sim' at question '1 [0]' (O hotel implementa medidas de gestão ambiental?)

11 Gestão do consumo energético

Only answer this question if the following conditions are met:


° Answer was 'Sim' at question '1 [0]' (O hotel implementa medidas de gestão ambiental?)

Escolha apenas uma das opções seguintes:

x Sim
x Não

12 Exemplos:

Only answer this question if the following conditions are met:


° Answer was 'Sim' at question '11 [9.1]' ( Gestão do consumo energético)

Por favor escolha todas as que se aplicam:

x Sistema de gestão de energia


x Monitorização diferenciada de todo o consumo energético
x Equipamento de baixo consumo energético
x Interruptor geral no quarto de hóspedes
x Lâmpadas de baixo consumo
x Sistema de controlo da iluminação em função da intensidade luminosa
x Sensores de iluminação
x Sistema de ventilação eficiente
x Exploração de energias renováveis
x Sistema solar térmico para aquecimento de água para fins sanitários
x Sistema de recuperação de calor

x Outro:

#    !"!! ##
Questionário 177

                     

13 Gestão do consumo de água

Only answer this question if the following conditions are met:


° Answer was 'Sim' at question '1 [0]' (O hotel implementa medidas de gestão ambiental?)

Escolha apenas uma das opções seguintes:

x Sim
x Não

14 Exemplos:

Only answer this question if the following conditions are met:


° Answer was 'Sim' at question '13 [9.2]' (Gestão do consumo de água)

Por favor escolha todas as que se aplicam:

x Autoclismos de baixo consumo (cargas diferenciadas)


x Redutores de caudal de água em torneiras
x Torneiras com temporizador/sensor
x Programa de reutilização de roupa de banho e cama
x Optimização de cargas das máquinas de roupa
x Optimização de cargas das máquinas de louça
x Sistema de rega automática com controlo de humidade

x Outro:

15 Gestão de resíduos sólidos

Only answer this question if the following conditions are met:


° Answer was 'Sim' at question '1 [0]' (O hotel implementa medidas de gestão ambiental?)

Escolha apenas uma das opções seguintes:

x Sim
x Não

16 Exemplos:

Only answer this question if the following conditions are met:


° Answer was 'Sim' at question '15 [9.3]' (Gestão de resíduos sólidos)

$    !"!! ##
178 Questionário

                     

Por favor escolha todas as que se aplicam:

x Recolha selectiva de lixo nos quartos de hóspedes


x Recolha selectiva de lixo nos escritórios
x Recolha selectiva de lixo na(s) cozinha(s)
x Recolha selectiva de lixo em outras áreas
x Recolha e eliminação de resíduos especiais (óleo usado, pilhas, tinteiros de impressora ...)
x Compostagem de resíduos orgânicos
x Dispensadores de champô e gel duche nas casas de banho de hóspedes
x Eliminação de embalagens individuais
x Recipientes recuperáveis para depósitos de grande capacidade
x Doação de mobiliário e equipamento usado do hotel a instituições de caridade

x Outro:

17 Gestão de materiais perigosos

Only answer this question if the following conditions are met:


° Answer was 'Sim' at question '1 [0]' (O hotel implementa medidas de gestão ambiental?)

Escolha apenas uma das opções seguintes:

x Sim
x Não

18 Exemplos:

Only answer this question if the following conditions are met:


° Answer was 'Sim' at question '17 [9.4]' (Gestão de materiais perigosos)

Por favor escolha todas as que se aplicam:

x Identificação, através de ficha técnica, de todos os materiais, agentes químicos e substâncias


x Definição de procedimentos para manuseamento, utilização, armazenagem e eliminaçãp dos
materiais
x Utilização de produtos alternativos mais seguros/ecológicos sempre que possível (ex:
pesticidas, produtos de limpeza ...)

x Outro:

%    !"!! ##
Questionário 179

                     

19 Gestão de efluentes e emissões

Only answer this question if the following conditions are met:


° Answer was 'Sim' at question '1 [0]' (O hotel implementa medidas de gestão ambiental?)

Escolha apenas uma das opções seguintes:

x Sim
x Não

20 Exemplos:

Only answer this question if the following conditions are met:


° Answer was 'Sim' at question '19 [9.5]' (Gestão de efluentes e emissões)

Por favor escolha todas as que se aplicam:

x Tratamento de águas residuais


x Reutilização de águas usadas
x Recolha e utilização de água da chuva
x Planeamento da redução de consumos (energia, água ...)
x Monitorização das emissões de carbono (carbon footprint)
x Verbas para melhoria do sitema (redução das emissões de carbono, produção de resíduos ...)

x Outro:

21 Gestão do ambiente interior

Only answer this question if the following conditions are met:


° Answer was 'Sim' at question '1 [0]' (O hotel implementa medidas de gestão ambiental?)

Escolha apenas uma das opções seguintes:

x Sim
x Não

22 Exemplos:

Only answer this question if the following conditions are met:


° Answer was 'Sim' at question '21 [9.6]' (Gestão do ambiente interior)

Por favor escolha todas as que se aplicam:

    !"!! ##
180 Questionário

                     

x Utilização de ventilação natural


x Prevenção de micro-contaminações
x Isolamento térmico
x Insonorização dos quartos de hóspedes
x Isolamento sonoro de equipamento ruidoso
x Restrição de horários para a utilização de veículos motorizados

x Outro:

23 Gestão do ambiente exterior e biodiversidade

Only answer this question if the following conditions are met:


° Answer was 'Sim' at question '1 [0]' (O hotel implementa medidas de gestão ambiental?)

Escolha apenas uma das opções seguintes:

x Sim
x Não

24 Exemplos:

Only answer this question if the following conditions are met:


° Answer was 'Sim' at question '23 [9.7]' (Gestão do ambiente exterior e biodiversidade)

Por favor escolha todas as que se aplicam:

x Plantação de árvores (sumidouro de carbono)


x Valorização do enquadramento paisagístico e arquitectónico
x Financiamento para preservar e reabilitar atractivos turísticos
x Utilização de plantas autóctones
x Protecção da fauna e da flora
x Colaboração com associações ambientais locais (limpeza de praias, ...)

x Outro:

25 Política de compras orientada pelo ambiente

Only answer this question if the following conditions are met:


° Answer was 'Sim' at question '1 [0]' (O hotel implementa medidas de gestão ambiental?)

&    !"!! ##


Questionário 181

                     

Escolha apenas uma das opções seguintes:

x Sim
x Não

26 Exemplos:

Only answer this question if the following conditions are met:


° Answer was 'Sim' at question '25 [9.8]' (Política de compras orientada pelo ambiente)

Por favor escolha todas as que se aplicam:

x Preferência por fornecedores com certificação da qualidade e ambiente


x Preferência por produtos regionais
x Preferência por produtos provenientes de cultura biológica
x Preferência por produtos reciclados
x Preferência por produtos biodegradáveis
x Preferência por madeiras provenientes de florestas com certificado FSC (Forest Stewardship
Council)
x Adesão ao comércio justo (café, chá, chocolate, ...)

x Outro:

27 Comunicação ambiental

Only answer this question if the following conditions are met:


° Answer was 'Sim' at question '1 [0]' (O hotel implementa medidas de gestão ambiental?)

Escolha apenas uma das opções seguintes:

x Sim
x Não

28 Exemplos:

Only answer this question if the following conditions are met:


° Answer was 'Sim' at question '27 [9.9]' (Comunicação ambiental)

Por favor escolha todas as que se aplicam:

x Informação sobre a conduta ambiental do hotel

!    !"!! ##
182 Questionário

                     

x Informação e sensibilização dos clientes sobre boas práticas ambientais


x Informação aos colaboradores sobre consumos de energia, água, emissões de carbono ...
x Formação ambiental dos colaboradores
x Colaboração com organizações ambientais
x Comparação com as melhores práticas do sector (benchmarking)

x Outro:

    !"!! ##
Questionário 183

                     

Gestão ambiental do Hotel (III)

29 Das seguintes afirmações, escolha um número, de 1 a 5, em que 1 representa o total


desacordo com a afirmação e 5 representa a total concordância:

Only answer this question if the following conditions are met:


° Answer was 'Sim' at question '1 [0]' (O hotel implementa medidas de gestão ambiental?)

Por favor escolha uma resposta apropriada para cada item:

1 2 3 4 5
O ambiente natural e a sua protecção são importantes para a
performance e desenvolvimento futuro da indústria turística. x x x x x

Os impactos da actividade de um hotel no meio ambiente são


significativos. x x x x x

A adopção de medidas de gestão ambiental por parte das unidades


hoteleiras contribuem para a melhoria da qualidade do ambiente. x x x x x

30 A implementação de um sistema de gestão ambiental num hotel permite:

Only answer this question if the following conditions are met:


° Answer was 'Sim' at question '1 [0]' (O hotel implementa medidas de gestão ambiental?)

Por favor escolha uma resposta apropriada para cada item:

1 2 3 4 5
Reduzir custos operacionais x x x x x

Aumentar a satisfação dos clientes x x x x x

Aumentar a satisfação dos colaboradores x x x x x

Melhorar as relações com a comunidade local x x x x x

Melhorar a imagem corporativa x x x x x

Constituir uma vantagem de marketing relativamente à concorrência x x x x x

(5 - muito relevante e 1 - pouco relevante)

31 A adopção de medidas de protecção ambiental por parte das unidades hoteleiras estão
relacionadas com:

Only answer this question if the following conditions are met:


° Answer was 'Sim' at question '1 [0]' (O hotel implementa medidas de gestão ambiental?)

Por favor escolha uma resposta apropriada para cada item:

1 2 3 4 5
Responsabilidade social e ambiental x x x x x

Exigência dos investidores x x x x x

    !"!! ##
184 Questionário

                     

1 2 3 4 5
Visão estratégica do hotel x x x x x

Gestão de recursos x x x x x

Atitude dos consumidores x x x x x

Atitude dos colaboradores x x x x x

Opinião pública x x x x x

Imposição da regulamentação x x x x x

Imposição da administração da cadeia hoteleira (preencher apenas


no caso de pertencer a uma cadeia) x x x x x

(5 - muito provável e 1 - pouco provável)

32 Identifique os factores que tiveram/têm influência para não implementar medidas de


protecção ambiental na unidade hoteleira que dirige:

Only answer this question if the following conditions are met:


° Answer was 'Não' at question '1 [0]' (O hotel implementa medidas de gestão ambiental?)

Por favor escolha uma resposta apropriada para cada item:

1 2 3 4 5
Escassez de informação disponível x x x x x

Escassez de apoio técnico/aconselhamento sobre as soluções mais


benéficas (ambientais, económicas e sociais) x x x x x

Elevado investimento inicial x x x x x

Escassez de apoios financeiros x x x x x

Desinteresse dos clientes x x x x x

Escassez de infraestruturas locais (ex: recolha selectiva de lixo) x x x x x

Outro(s) x x x x x

(5 - muito relevante e 1 - pouco relevante)

33 Por favor, indique qual (quais) o(s) outro(s) factore(s) que referiu.

Only answer this question if the following conditions are met:


° Answer was NOT '' at question '32 [13]' (Identifique os factores que tiveram/têm influência para não
implementar medidas de protecção ambiental na unidade hoteleira que dirige: (Outro(s)))

Escreva aqui a sua resposta:

"    !"!! ##


Questionário 185

                     

    !"!! ##
186 Questionário

                     

Caracterização do Hotel

34 Tipo de propriedade:

Escolha apenas uma das opções seguintes:

x Independente
x Pertencente a cadeia hoteleira
x Consórcio

35 Categoria do hotel (nº de estrelas):

Escolha apenas uma das opções seguintes:

x 5*
x 4*
x 3*
x 2*
x 1*

36 Dimensão do hotel:

37 Nº de quartos:

Escreva aqui a sua resposta:

38 Nº de camas:

Escreva aqui a sua resposta:

39 Ano de abertura do hotel:

Escreva aqui a sua resposta:

#    !"!! ##
Questionário 187

                     

40 Ano da última remodelação das infraestruturas:

Escreva aqui a sua resposta:

41 Origem dos clientes:

Escreva aqui a sua resposta (s):

% Nacionais

% Estrangeiros

42 Segmento de mercado:

Escreva aqui a sua resposta (s):

% Negócios

% Lazer

% Outro

43 Indique quais os outros segmentos de mercado referidos:

Only answer this question if the following conditions are met:


° Answer was greater than at question '42 [19]' (Segmento de mercado: (% Outro))

Escreva aqui a sua resposta:

$    !"!! ##
188 Questionário

                     

44 Localização do hotel (concelho):

Escolha apenas uma das opções seguintes:

x Abrantes
x Águeda
x Aguiar da Beira
x Alandroal
x Albergaria-a-Velha
x Albufeira
x Alcácer do Sal
x Alcanena
x Alcobaça
x Alcochete
x Alcoutim
x Alenquer
x Alfândega da Fé
x Alijó
x Aljezur
x Aljustrel
x Almada
x Almeida
x Almeirim
x Almodôvar
x Alpiarça
x Alter do Chão
x Alvaiázere
x Alvito
x Amadora
x Amarante
x Amares
x Anadia
x Angra do Heroísmo
x Ansião

%    !"!! ##
Questionário 189

                     

x Arcos de Valdevez
x Arganil
x Armamar
x Arouca
x Arraiolos
x Arronches
x Arruda dos Vinhos
x Aveiro
x Avis
x Azambuja
x Baião
x Barcelos
x Barrancos
x Barreiro
x Batalha
x Beja
x Belmonte
x Benavente
x Bombarral
x Borba
x Boticas
x Braga
x Bragança
x Cabeceiras de Basto
x Cadaval
x Caldas da Rainha
x Calheta
x Calheta (São Jorge)
x Câmara de Lobos
x Caminha
x Campo Maior
x Cantanhede
x Carrazeda de Ansiães
x Carregal do Sal
x Cartaxo

    !"!! ##
190 Questionário

                     

x Cascais
x Castanheira de Pêra
x Castelo Branco
x Castelo de Paiva
x Castelo de Vide
x Castro Daire
x Castro Marim
x Castro Verde
x Celorico da Beira
x Celorico de Basto
x Chamusca
x Chaves
x Cinfães
x Coimbra
x Condeixa-a-Nova
x Constância
x Coruche
x Corvo
x Covilhã
x Crato
x Cuba
x Elvas
x Entroncamento
x Espinho
x Esposende
x Estarreja
x Estremoz
x Évora
x Fafe
x Faro
x Felgueiras
x Ferreira do Alentejo
x Ferreira do Zêzere
x Figueira da Foz
x Figueira de Castelo Rodrigo

&    !"!! ##


Questionário 191

                     

x Figueiró dos Vinhos


x Fornos de Algodres
x Freixo de Espada à Cinta
x Fronteira
x Funchal
x Fundão
x Gavião
x Góis
x Golegã
x Gondomar
x Gouveia
x Grândola
x Guarda
x Guimarães
x Horta
x Idanha-a-Nova
x Ílhavo
x Lagoa
x Lagoa (Açores)
x Lagos
x Lajes das Flores
x Lajes do Pico
x Lamego
x Leiria
x Lisboa
x Loulé
x Loures
x Lourinhã
x Lousã
x Lousada
x Mação
x Macedo de Cavaleiros
x Machico
x Madalena
x Mafra

!    !"!! ##
192 Questionário

                     

x Maia
x Mangualde
x Manteigas
x Marco de Canaveses
x Marinha Grande
x Marvão
x Matosinhos
x Mealhada
x Meda
x Melgaço
x Mértola
x Mesão Frio
x Mira
x Miranda do Corvo
x Miranda do Douro
x Mirandela
x Mogadouro
x Moimenta da Beira
x Moita
x Monção
x Monchique
x Mondim de Basto
x Monforte
x Montalegre
x Montemor-o-Novo
x Montemor-o-Velho
x Montijo
x Mora
x Mortágua
x Moura
x Mourão
x Murça
x Murtosa
x Nazaré
x Nelas

    !"!! ##
Questionário 193

                     

x Nisa
x Nordeste
x Óbidos
x Odemira
x Odivelas
x Oeiras
x Oleiros
x Olhão
x Oliveira de Azeméis
x Oliveira de Frades
x Oliveira do Bairro
x Oliveira do Hospital
x Ourém
x Ourique
x Ovar
x Paços de Ferreira
x Palmela
x Pampilhosa da Serra
x Paredes
x Paredes de Coura
x Pedrógão Grande
x Penacova
x Penafiel
x Penalva do Castelo
x Penamacor
x Penedono
x Penela
x Peniche
x Peso da Régua
x Pinhel
x Pombal
x Ponta Delgada
x Ponta do Sol
x Ponte da Barca
x Ponte de Lima

    !"!! ##
194 Questionário

                     

x Ponte de Sor
x Portalegre
x Portel
x Portimão
x Porto
x Porto de Mós
x Porto Moniz
x Porto Santo
x Póvoa de Lanhoso
x Póvoa de Varzim
x Povoação
x Praia da Vitória
x Proença-a-Nova
x Redondo
x Reguengos de Monsaraz
x Resende
x Ribeira Brava
x Ribeira de Pena
x Ribeira Grande
x Rio Maior
x Sabrosa
x Sabugal
x Salvaterra de Magos
x Santa Comba Dão
x Santa Cruz
x Santa Cruz da Graciosa
x Santa Cruz das Flores
x Santa Maria da Feira
x Santa Marta de Penaguião
x Santana
x Santarém
x Santiago do Cacém
x Santo Tirso
x São Brás de Alportel
x São João da Madeira

"    !"!! ##


Questionário 195

                     

x São João da Pesqueira


x São Pedro do Sul
x São Roque do Pico
x São Vicente
x Sardoal
x Sátão
x Seia
x Seixal
x Sernancelhe
x Serpa
x Sertã
x Sesimbra
x Setúbal
x Sever do Vouga
x Silves
x Sines
x Sintra
x Sobral de Monte Agraço
x Soure
x Sousel
x Tábua
x Tabuaço
x Tarouca
x Tavira
x Terras de Bouro
x Tomar
x Tondela
x Torre de Moncorvo
x Torres Novas
x Torres Vedras
x Trancoso
x Trofa
x Vagos
x Vale de Cambra
x Valença

    !"!! ##
196 Questionário

                     

x Valongo
x Valpaços
x Velas
x Vendas Novas
x Viana do Alentejo
x Viana do Castelo
x Vidigueira
x Vieira do Minho
x Vila de Rei
x Vila do Bispo
x Vila do Conde
x Vila do Porto
x Vila Flor
x Vila Franca de Xira
x Vila Franca do Campo
x Vila Nova da Barquinha
x Vila Nova de Cerveira
x Vila Nova de Famalicão
x Vila Nova de Foz Côa
x Vila Nova de Gaia
x Vila Nova de Paiva
x Vila Nova de Poiares
x Vila Pouca de Aguiar
x Vila Real
x Vila Real de Santo António
x Vila Velha de Ródão
x Vila Verde
x Vila Viçosa
x Vimioso
x Vinhais
x Viseu
x Vizela
x Vouzela

#    !"!! ##
Questionário 197

                     

Caracterização do(a) Director(a) do Hotel

45 Idade:

Escolha apenas uma das opções seguintes:

x Menos de 30 anos
x 30-39 anos
x 40-49 anos
x Mais de 50 anos

46 Sexo:

Escolha apenas uma das opções seguintes:

x Feminino
x Masculino

47 Habilitações académicas:

Escolha apenas uma das opções seguintes:

x Inferior ao 12º ano de escolaridade


x 12º ano de escolaridade (Ensino Secundário)
x Bacharelato
x Licenciatura

x Outra

48 Possui formação profissional em Direcção / Gestão Hoteleira?

Escolha apenas uma das opções seguintes:

x Sim
x Não

49 Possui formação profissional numa área relacionada com Gestão Ambiental?

$    !"!! ##
198 Questionário

                     

Escolha apenas uma das opções seguintes:

x Sim
x Não

50 Tempo de experiência como Director(a) de Hotel (anos):

Escreva aqui a sua resposta:

51 Gostaria de receber a síntese dos resultados da pesquisa?

Escolha apenas uma das opções seguintes:

x Sim
x Não

52 Indique um endereço de correio electrónico para envio da síntese dos resultados da


pesquisa:

Only answer this question if the following conditions are met:


° Answer was 'Sim' at question '51 [26]' (Gostaria de receber a síntese dos resultados da pesquisa?)

Escreva aqui a sua resposta:

%    !"!! ##
Questionário 199

                     

Submeter o seu Inquérito


Obrigado por ter preenchido este Inquérito

    !"!! ##
200 Questionário
Anexo F

Carta ambiental da cadeia hoteleira


Accor
202 Carta ambiental da cadeia hoteleira Accor

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