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DOSSIÊ 2020: A MAIOR PANDEMIA DOS ÚLTIMOS CEM ANOS Conscience
Higiene das mãos: limpeza apropriada frequente para evitar risco alto de contágio pelo trajeto
(superfícies contaminadas) -> (mãos) -> (mucosas).
SARS: sigla em inglês, que significa Síndrome Respiratória Aguda Severa, causada por um
coronavírus.
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DOSSIÊ 2020: A MAIOR PANDEMIA DOS ÚLTIMOS CEM ANOS Conscience
ÍNDICE
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DOSSIÊ 2020: A MAIOR PANDEMIA DOS ÚLTIMOS CEM ANOS Conscience
INTRODUÇÃO
Este Dossiê compila referências confiáveis, com as datas mais antigas possíveis, que
explicitam as medidas de contenção viáveis contra os surtos da COVID-19. Tais medidas, quando
seguidas desde o início, evitam grande parte dos óbitos. Todas as referências vitais para esta tese
central estão disponíveis na www, a apenas um clique sobre o texto destacado em azul.
Após recente óbito de dois parentes próximos por COVID-19 e mais de 250.000 óbitos no
Brasil, nosso grupo decidiu pesquisar e publicar este Dossiê. Nosso grupo é formado por jornalistas,
comentaristas políticos, microempresários e médicos, todos brasileiros de verdade.
Um vírus é o microorganismo mais simples possível, no sentido de que ele não respira, não
controla os seus movimentos, não se alimenta, não excreta, não possui sequer um neurônio. Ele não
tem metabolismo, está na fronteira do mundo vivo e não-vivo. Ele não realiza nenhuma tarefa
sozinho. O que é um vírus então? É um tipo de bug que os seres vivos têm.
O coronavírus consegue entrar na célula porque tem uma “chave” para isso, o que confunde
a célula. Após entrar, a célula replica a informação genética do coronavírus como se estivesse
efetuando uma réplica de algo útil para a célula. Depois disso, cópias do vírus finalmente escapam
para infectar outras células. Assim, a doença se instala.
Quanto à família dos coronavírus, são vírus em que as tais “chaves” formam uma geometria
que lembra uma coroa, como mostrado na capa desde Dossiê, por isso recebem esse nome. Nem
todos os coronavírus são letais: Alguns apenas causam resfriados comuns.
Entretanto, muito antes da pandemia de 2020, houveram duas variantes de coronavírus que
causavam a Síndrome Respiratória Aguda Severa (a sigla em inglês é SARS), que era mortal. Como
será detalhado neste Dossiê, estas duas variantes de coronavírus agressivos causaram uma
pandemia em 2003 e um surto local no Oriente Médio em 2014.
Para que as pessoas tenham uma visão resumida do quadro completo do que ocorreu no
ano de 2020, façamos uma analogia em tempo reduzido. Imagine que em um Shopping Center de
uma pequena cidade, inicia-se um incêndio de grandes proporções. Ao soar o ruidoso alarme de
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DOSSIÊ 2020: A MAIOR PANDEMIA DOS ÚLTIMOS CEM ANOS Conscience
emergência, funcionários das diversas lojas se voltam aos seus respectivos gerentes, aguardando
orientações.
Ocorre que somente alguns dos gerentes já trabalhavam no Shopping desde 2002, e
felizmente tinham participado dos treinamentos de 2002 e 2014 (representam os dois surtos de
coronavírus anteriores a 2020). Muitos gerentes eram novatos naquele tipo de incêndio. Mas os
gerentes não se conheciam bem entre si. Não parecia óbvio quem era experiente e quem não era.
Naquela confusão, os bombeiros, sabendo disso, foram até os gerentes inexperientes para
explicar que haviam medidas ideais como máscara contra fumaça, distanciamento “social” dos focos
de incêndio, e, em último caso, uma sala com paredes anti-chama para confinamento (equivale ao
Lockdown contra a COVID-19).
Para a surpresa de todos e desespero dos bombeiros, muitos dos gerentes novatos, não se
sabem bem o porque, foram contra as medidas corretas e ficaram procurando manuais de
procedimentos sem encontrá-los, e até seguiram recomendações de palpiteiros sem formação em
combate a incêncios.
Não teria sido vergonha nenhuma, para os gerentes novatos, terem seguido à risca os
mesmos passos dos gerentes mais experientes. Seria um sinal de sabedoria, simplesmente imitar os
gerentes experientes. Estupidez é ir contra a maioria dos mais experientes, quando você não tem
experiência, principalmente quando há muitas vidas em jogo.
A única viatura de combate à incêndios da pequena cidade era ultrapassada e estava fora de
uso. Então, no meio daquela confusão para salvar vidas, a maioria dos gerentes contrataram uma
nova viatura disponível na cidade vizinha, que se chamava VACINA. Mas houve um gerente que se
negou a participar da contratação daquela viatura, porque discordava de parte do contrato, apesar
dos outros gerentes terem já aceitado.
Isto resultou em mais mortes na Loja do gerente que se negou à aceitar a ajuda da cidade
vizinha, então os óbitos se acumulavam a cada hora que passava.
O resultado foram muitos óbitos evitáveis, como se sabe. Mesmo com o fogo ainda
queimando por dias, é chocante perceber que alguns poucos gerentes continuam a desorientar seus
funcionários, que continuam indo à óbito por dias e dias.
Tão chocante quanto a atitude de certos gerentes, são os poucos funcionários fanáticos que
continuam os seguindo, mesmo sabendo que depois que o fogo acabar, eles não terão mais os seus
empregos e o gerente terá sido demitido!
Deixando de lado a analogia, as perguntas mais relevantes dessa pandemia deveriam ser:
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DOSSIÊ 2020: A MAIOR PANDEMIA DOS ÚLTIMOS CEM ANOS Conscience
2) a partir de qual data era possível identificar os países mais experientes nesse tipo
de vírus?
Experientes ou não, os líderes dos países do mundo tinham a obrigação de descobrir o mais
rápido possível, dado o poder da máquina pública federal. O Dossiê responderá ambas as
perguntas, e tudo ficará claro como a luz do dia.
Os autores desejam uma boa leitura, e que este Dossiê sirva para inspirar melhorias
permanentes nas legislações e nas gestões de crises futuras. Talvez a maior lição seja a importância
de seguir os países mais experientes e os especialistas da área, especialmente nos momentos mais
críticos.
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Março de 2021.
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DOSSIÊ 2020: A MAIOR PANDEMIA DOS ÚLTIMOS CEM ANOS Conscience
A terceira coluna da tabela mostra o resultado de uma pesquisa séria e detalhada realizada
pelo Instituto Lowy. É uma organização sem fins lucrativos, que se sustenta por doações, sem
orientação política, que fez a mais completa análise das medidas adotadas por 98 países na
contenção do COVID-19.
Como verifica-se na tabela anterior, a Nova Zelândia ficou em primeiro lugar no ranking
Lowy, pois adotou as melhores medidas. O Brasil obteve o vergonhoso último lugar.
Na quarta coluna, tem-se o número total de óbitos até o dia 28 de dezembro de 2020,
conforme Painel da Doença do Coronavírus da Organização Mundial da Saúde (OMS). Os números
são claramente coerentes com a classificação do Instituto Lowy, mostrando correlação inversa
entre óbitos e performance na gestão da pandemia.
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DOSSIÊ 2020: A MAIOR PANDEMIA DOS ÚLTIMOS CEM ANOS Conscience
A grande questão é: de onde o Vietnã tirou as medidas corretas para acertar desde o início
da pandemia? Se tivesse sido somente o Vietnã e mais nenhum outro país, poderíamos pensar que
eles teriam uma genética privilegiada, ou a posse do “segredo do Universo”. Entretanto, como se vê
na tabela, diversos outros países também conseguiram tal intento. Teria sido sorte?
Este Dossiê provará que foi experiência administrativa, consenso científico aplicado e
lucidez, ou seja, o mínimo que se espera dos governos no século XXI, principalmente nas maiores
nações do mundo.
A sexta coluna é a mais importante. Vê-se a diferença entre as melhores e piores gestões da
pandemia. Os piores países foram 165 vezes “mais eficientes” em gerar óbitos do que os melhores
países. Tem alguma chance dos países de melhor desempenho terem alcançado esse resultado por
acaso ou sorte? É muito difícil de acreditar. Realmente muito difícil. Vejamos o caso dos EUA, o país
mais rico do mundo.
Com mais de 345 mil óbitos ao final de 2020, é impressionante e vergonhoso o desempenho
negativo dos Estados Unidos, porque é um país riquíssimo e dos mais desenvolvidos
cientificamente, em comparação com muitos outros países muito mais competentes contra o
COVID-19. Os EUA foi sonoramente incompetente na gestão da pandemia, ficando na posição 94 do
ranking de performance do Instituto Lowy. Na conclusão deste Dossiê, será apresentado possíveis
causas da má gestão dos piores países.
minutos, a justificativa errônea de que os países com mais idosos são os que tem pior performance.
Isto é anti-científico.
Quanto aos percentuais de idosos no total da população, percebe-se claramente que a Nova
Zelândia (15,2%), Tailândia (17,2%) e Latvia (19,8%) estão acima do percentual brasileiro (10%), e
isso não os impediu, em absoluto, que tivessem ótimas performances no controle dos sustos de
coronavírus, tendo aqueles, respectivamente 22, 51 e 28 óbitos ao final de 15 semanas do primeiro
caso. O Brasil teve 35.026 óbitos no mesmo período. Aqui já se vê graves falhas na gestão da
pandemia. Em outros países, os responsáveis já teriam sido punidos.
O gráfico a seguir compara a curva de crescimento de casos novos de COVID-19 logo nas
primeiras 12 semanas, a partir do primeiro caso confirmado. Nota-se claramente que a gestão das
performances de excelência focaram na contenção dos casos (prevenção que salva vidas),
mantendo-os cuidadosamente sempre abaixo dos 1.000, ao invés de agir depois que muitos óbitos
já ocorreram (atraso que condena a morte de milhares). Estas políticas preventivas foram
noticiadas pela imprensa?
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O número de casos é o sinal mais precoce de que muitos óbitos virão nas semanas seguintes,
e de que as medidas de contenção precisam ser bem mais fortes. Especialmente verdadeiro quando
se trata de saúde, ainda mais em Saúde Pública de milhões. O humilde, porém sábio, amplamente
aplicável, ditado popular nos lembra: “é melhor prevenir do que remediar”.
Notar que o eixo vertical do gráfico está em escala logarítmica! Todos os países bem
classificados, conteram os seus surtos rapidamente, mantendo-os cuidadosamente sempre abaixo
de 1.000 casos ao longo das primeiras 12 semanas. Estas políticas preventivas de saúde pública
foram noticiadas?
Ao chegar a aterrorizante cifra de quase 100.000 casos novos na 12ª semanda, em um país
continental com mais de 200 milhões de habitantes, o Brasil opta conscientemente em fletar com o
caos e novas cepas imprevissíveis, pois a superlotação das UTIs leva ao colapso do sistema de saúde
e os doentes graves vão a óbito nas ruas, nas filas, em casa, nos asilos. Sem contar com os doentes
de outras patologias que não poderão ser atendidos devido à lotação das UTIs.
Quanto mais contaminados, mais replicações o vírus tem, e com isso mais chances de
surgirem mutações geneticamente viáveis. Isso se aprende no ensino médio. O COVID-19 terá muito
mais oportunidades de sofrer mutações imprevissíveis. Algumas dessas mutações podem ser mais
contagiosas, outras podem ser mais letais e algumas podem ser imunes à vacina. É imprevissível. É
uma questão simples de ciência genética. Há muitos riscos em se permitir a explosão de surtos no
caso da COVID-19.
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Um vírus, associado a incompetência, foi capaz de tudo que assistimos em 2020, e continua
em 2021. O que será de nós quando a crise climática e outras consequências da superexploração
dos recursos naturais vierem realmente com força? Estaremos preparados? Como fazer para que as
lições sejam permanentes, se é que aprendemos algo?
Como se pode explicar que tantos países, como Nova Zelândia, Tailândia, Chipre, Vietnã,
Latvia, Sri Lanka, entre outros, conseguiram ter uma ótima performance? Sorte ou competência?
Acaso ou responsabilidade?
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Medidas
contra Medidas internas Testes de Rastreamentos
País
importação de contenção COVID-19 de contatos
de casos
Quarentenas Máscara, distância Testes em Sim, durante
Nova para quem e higiene das mãos massa, durante toda a pandemia.
Zelândia, 25 entra no País, nos alertas níveis toda a Incentivo à TODA
óbitos em desde 21/03. 2, 3 e 4. Lockdown pandemia. população para
2020 severo e eficiente manter registros
de 24/03 a 27/04. de contatos.
Quarentenas 16/03: Máscara Com muita Rigoroso,
para quem obrigatória, antecipação, acompanhar até
entra no País distância e higiene foram mais de 3° grau,
com 100% dos das mãos (com 200.000 testes quarentena para
custos pagos moderação). aplicados em contatos de 1°
Vietnam, 35 pelo Governo Lockdown na 3ª 120 centros, grau dos
óbitos em (medida válida onda em fabricados pelo infectados.
2020 até setembro julho/agosto. Exército
de 2020). Quarentenas para Vietnamita ao
ativos, contatos de custo
1° grau e aproximado de
recomendado aos 20 dólares cada.
de 2° grau.
Suspensão de Chegou a fabricar Testes de Sim, há rastreio
vôos mais de 1 milhão temperatura, de contatos
Tailândia, 61
internacionais de máscaras por sintomas em desde o mês de
óbitos em
desde 04/04. dia. Diversas hospitais e fevereiro de
2020
medidas de aeroportos. 2020.
contenção.
Quarentenas A partir de 13/03: 48.325 testes Desde abril de
para quem escolas fechadas, realizados até 2020, o Ministério
entra no país. proibição de 21 de abril, com da Saúde
Proibido entrar aglomerações, 817 casos investiga e
no País desde contatos, proteger confirmados. rastreia os
15/03 até grupos de risco. Somente contatos dos
Chipre, 119
28/05, exceto Quarentenas para pacientes com casos positivos.
óbitos em
casos bem sintomáticos. piora sintomas
2020
específicos. De 16/03: um mês fazem teste de
21/03 até sem comércio, laboratório.
19/04, só entra exceto
cargas, supermercados.
viajantes não. 17/03: homeoffice
para setor público.
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DOSSIÊ 2020: A MAIOR PANDEMIA DOS ÚLTIMOS CEM ANOS Conscience
Para saber mais detalhes, seguem as referências utilizadas para produzir a tabela-resumo
anterior, e alguns detalhes sobre as medidas de contenção dos países de excelência.
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Poderia ser coincidência que estes 4 países alcançaram todos excelentes resultados com as
mesmas medidas de contenção? Perceba que, de posse dos dados deste capítulo é possível concluir
que mesmo com diferentes etnias, climas, continentes, PIB/capita, percentual de idosos, todos
tiveram excelentes resultados com as mesmas medidas de contenção. As medidas de sucesso são as
mesmas, simplesmente porque o patógeno é o mesmo.
Conclui-se que não foi sorte, foi gestão central organizada, focada na antecipação de casos (e
não em milhares de óbitos), bem como baseada em evidências e melhores práticas.
Finalmente, faz-se necessário explicar de onde estes países obtiveram as melhores práticas.
Estavam realmente de fácil acesso para todos os Ministros de Saúde (ou equivalentes) do mundo, já
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no início de 2020? Ou somente os especialistas muito perspicazes poderiam ter encontrado tais
práticas de excelência em tempo para evitar os surtos de COVID-19?
Vale ressaltar que em nenhum dos países bem sucedidos se vê sequer a menção à
expressões como “isolamento vertical”, “tratamento precoce”, “cloroquina”, “imunidade de
rebanho”, “ivermectina”, “sol”, “zinco”, “fé” ou qualquer outra que não sejam as medidas de
contenção da ciência epidemiológica consolidada contra coronavírus agressivo causador de SARS,
que é doença grave. Estas propostas ou não são comprovadas ou são impraticáveis. O que quer que
seja, não devem ser utilizadas como base de políticas públicas de saúde, dado o grande volume de
pessoas afetadas.
A lista de medidas “alternativas” parece ser propositalmente grande para nos manter
ocupados. Mas aqueles líderes das nações do mundo que tentaram utilizar as medidas
“alternativas”, que não tem comprovação científica, devem apresentar, de imediato, evidências
sólidas às suas decisões, datadas à época em que optaram por tais medidas.
Muitos tomaram decisões erradas ou não tomaram medida alguma, em detrimento do que
já era cientificamente comprovado como eficaz: distanciamento social, uso de máscara, higiene das
mãos, lockdown, controle de fronteiras e rastreamento e isolamento de contatos.
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DOSSIÊ 2020: A MAIOR PANDEMIA DOS ÚLTIMOS CEM ANOS Conscience
Faz-se oportuno explicitar o conceito de medicina baseada em evidência, termo que logo se
tornaria uma bandeira a ser defendida pelos especialistas a partir de 1990. O termo significa:
“o consciente, explícito e judicioso uso da melhor e mais atual evidência disponível nas tomadas de
decisão para sobre o cuidado individual de pacientes”.
Este conceito é especialmente útil nesses tempos de pandemia, em que muitos políticos
propagam ideias anti-científicas mirabolantes. Em 7 anos, o termo foi citado em mais de 1.000
artigos científicos da área médica. Tornou-se em pouco tempo muito, popular e influente, indicando
claro consenso, ou seja, seu impacto positivo e abrangência eram evidentes.
O primeiro surto humano de coronavírus, que se tem notícia ocorreu de 2002 a 2004,
infectou mais de 8.000, provocou uma epidemia de SARS (sigla em inglês que significa Síndrome
Respiratória Aguda Grave).
Ainda em 2003, um grupo de pesquisadores dos EUA iniciaram estudos para desenvolver
uma vacina. De acordo com artigo da revista Clinical Infectuous Disease, publicado em 2003 pela
Oxford University Press:
“no início de abril de 2003 que pesquisadores do National Institutes of Health dos Estados Unidos
começaram a desenvolver uma vacina contra SARS”
Até o final do surto, aquele primeiro coronavírus resultou em 774 óbitos em 26 países,
incluindo Tailândia, Singapura, China e Vietnã. Nesta lista de países, portanto, está a resposta para a
segunda pergunta fundamental deste Dossiê, com 16 anos de antecedência à pandemia de 2020. A
resposta para a primeira pergunta vem logo em seguida.
A doença alcançou quase 10% de letalidade, naquele primeiro evento mundial grave de
coronavírus. Na mesma rapidez em que aquela crise sanitária ganhou grande repercussão na época,
foi logo esquecida pela maioria da população, como se nunca mais pudesse acontecer. Entretanto,
alguns cientistas continuavam a pesquisar o assunto.
Uma vacina não havia sido desenvolvida, somente iniciada, mas mesmo assim aquele tipo de
coronavírus foi praticamente erradicado do planeta. De acordo com um artigo científico do The New
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DOSSIÊ 2020: A MAIOR PANDEMIA DOS ÚLTIMOS CEM ANOS Conscience
England Journal of Medicine, de junho de 2004, evitou-se grandes surtos apenas com rastreamento
e quarentena dos contatos dos infectados, isolamento de casos confirmados, uso de máscaras e,
em casos extremos, uso de confinamento (lockdown). Portanto, estas eram as melhores e mais
atuais evidências de medidas de contenção eficazes. Informações estas já disponíveis desde 2004.
Não é surpresa que aqueles países melhor classificados na gestão da pandemia, adoraram
precisamente estas medidas. Aqui está a resposta para a primeira pergunta fundamental deste
Dossiê: junho de 2004.
Assim como todas as referências vitais deste Dossiê, as 2 referências anteriores deste
capítulo estão disponíveis a um clique sobre o texto em azul, sem qualquer embaraço, na www, para
qualquer um acessar, sem qualquer senha, cadastro ou custo. Só é preciso ter acesso a internet e um
dispositivo com navegador web.
As duas referências sobre o primeiro surto de coronavírus, publicadas entre 2003 e 2004,
são de um dos mais conceituados e tradicionais jornais médicos do mundo, o The New England
Journal of Medicine, que publica na área há mais de 200 anos. Sem dúvida, os artigos eram de leitura
obrigatória para os governos e especialistas em saúde pública para elaboração do enfrentamento
do COVID-19, e estavam disponíveis há mais de 15 anos antes do surto de 2020.
Vale lembrar mais uma vez, que assim como todas demais referências deste Dossiê, o estudo
da Universidade de Évora está disponível a um clique, sem qualquer embaraço, na www.
“... o modo de transmissão mais importante parece ser o contacto directo de membranas mucosas,
nariz, olhos, boca, com gotículas respiratórias infecciosas expelidas através da tosse ou espirro”.
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“... um desses vôos... constitui um evento “superspreading” cujo caso fonte foi um homem de 72 anos
que tinha visitado um conhecido no Hospital Prince of Wales em Hong Kong, e que resultou num
cluster de 24 casos prováveis”.
Mas o melhor trecho está a seguir, que deixa muito claro as medidas de contenção dos
surtos de coronavírus, é uma verdadeira “receita de bolo” pronta, perfeita para 2020, que muitos
políticos fizeram questão de ignorar. O povo com nível de escolaridade limitado não saber, é
normal, mas os líderes das maiores nações do mundo, que deveriam ter educado o povo, errarem a
tal ponto?
Tudo está inequivocamente desnudo ali. A partir da página 21, leia-se no mais claro
português (de Portugal), não deixando quaisquer dúvidas:
“Na ausência de uma vacina, o método encontrado mais eficiente para controlar a SARS foi
quebrar a corrente de transmissão de pessoas infectadas para pessoas saudáveis. Para tal foram
adoptadas três actividades, que datam dos primeiros dias da microbiologia: detecção de casos,
isolamento ou quarentena e registo dos contactos. A detecção procura identificar casos de SARS o mais
cedo possível do aparecimento dos sintomas. Uma vez estando os casos identificados, o próximo passo
é garantir o seu rápido isolamento, de acordo com procedimentos estritos de controlo de infecção. A
terceira actividade consiste em identificar todos os contactos próximos estabelecidos por cada caso e
segui-los atentamente, efectuando-lhes testes médicos diários e possível isolamento em casa
(quarentena). Em conjunto, estas três actividades permitem reduzir o número de contactos diários
possíveis para cada caso infeccioso potencial, permitindo igualmente reduzir o tempo compreendido
entre o aparecimento da doença e o isolamento, o que, por sua vez, possibilita a diminuição da
probabilidade do vírus se espalhar a outros indivíduos.
O sucesso da adopção destas três actividades permite admitir que, embora este novo
coronavírus seja suficientemente transmissível para causar uma vasta epidemia, não é tão contagioso
que não possa ser controlado com medidas básicas de saúde pública.
A adopção das recomendações em termos de viagens, emitidas pela WHO no dia 15 de Março,
marcou um ponto de viragem no desenvolvimento inicial deste surto epidémico. Isto é demonstrado
pelo facto de ter sido nas áreas onde já se tinham detectado casos antes dessas recomendações terem
sido feitas (Vietnam, Hong Kong, Singapura e Toronto) que se registaram os maiores e mais severos
surtos, todas eles caracterizados por correntes de transmissão secundária estabelecidas fora do foco
inicial dos hospitais. Após as recomendações terem sido lançadas, todos os países com casos
importados, com excepção de províncias na China, foram capazes de, através de uma rápida detecção
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O texto se faz tão claro por si só, que quase não é necessário acrescentar. Mas não custa os
autores enfatizarem, já que boa parte das lideranças mundiais parecem ter ignorado.
Importante destacar que não se está com isso afirmando que todos os coronavírus
causadores de SARS terão exatamente o mesmo padrão. Está-se colocando sim que toda vez que
surgir um novo coronavírus agressivo, na ausência de estudos científicos específicos, adota-se as
medidas de contenção da variante mais similar possível, até que novas evidências provem que há
outras medidas mais indicadas. Isto está de acordo com o conceito de medicina baseada em
evidências, explicado logo no início deste capítulo.
As informações das três referências sobre o primeiro coronavírus, de 2002 a 2004, colocam
completamente por terra qualquer afirmação de que o coronavírus é algo novo, que até os
cientistas estavam perdidos em 2020, que a ciência não sabia nada sobre medidas de contenção, e
que por isso houveram tantos óbitos.
Negativo.
Já era conhecido pelo mundo todo desde 2002, e devidamente controlado sem vacina desde
2004, dominado na sua transmissão. E portanto, eram evitáveis os milhões de óbitos da COVID-19,
em 2020, desde que se adotasse a medicina baseada em evidências.
De acordo com o artigo da The NEW ENGLAND JOURNAL of MEDICINE, a sequência genética
completa daquele coronavírus já havia sido obtida. Sabia-se que: 1) o tempo de quarentena era de
14 dias, 2) 99% dos infectados tinham febre como primeiro sintoma, e 3) aquele coronavírus
causava, em alguns pacientes, uma pneumonia viral que progredia rapidamente (SARS). Isto deixa
qualquer epidemiologista sério bastante preocupado...
Ariel L. Zimerman, MD., PhD, Evidence-Based Medicine: a short history of a modern medical
movement, American Medical Association Journal of Ethis, 2013
Joseph S.M. Peiris, M.D., D.Phil., Kwok Y. Yuen, M.D., Albert D.M.E. Osterhaus, Ph.D., and Klaus Stöhr,
Ph.D., The Severe Acute Respiratory Syndrome, The NEW ENGLAND JOURNAL of MEDICINE, 2003
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DOSSIÊ 2020: A MAIOR PANDEMIA DOS ÚLTIMOS CEM ANOS Conscience
David S. Fedson, Vaccination for Pandemic Influenza and Severe Acute Respiratory Syndrome:
Common Issues and Concerns, Clinical Infectious Diseases, Volume 36, Issue 12, 15 de junho de 2003,
Páginas 1562–1563
M.H.Sc., Erin Kennedy, M.H.Sc., Elizabeth Rea, M.D., Wil Ng, M.H.Sc., Tamara Wallington, M.D.,
Barbara Yaffe, M.D., M.H.Sc., Effie Gournis, M.Sc., M.P.H., Elisa Vicencio, M.H.Sc., Sheela Basrur, M.D.,
M.H.Sc., and Richard H. Glazier, M.D., M.P.H., Public Health Measures to Control the Spread of the
Severe Acute Respiratory Syndrome during the Outbreak in Toronto, The NEW ENGLAND JOURNAL of
MEDICINE, 2004
Vanessa Correia e Sara Albuquerque, Severe Acute Respiratory Syndrome (SARS), A primeira doença
grave transmissível do séc. XXI, Universidade de Évora, 2004
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DOSSIÊ 2020: A MAIOR PANDEMIA DOS ÚLTIMOS CEM ANOS Conscience
Todas as novas informações deste artigo foram extraídas de artigo da revista The Lancet
publicado em junho de 2005. O segundo surto de coronavírus no mundo teve início em 2012, se
prolongando até 2015. Vale citar que o coronavírus de 2002 e este não são idênticos geneticamente,
mas são sim parentes muito próximos. Foi batizado de MERS (sigla em inglês que significa
Síndrome Respiratória do Oriente Médio), por ter camelos da Arábia Saudita como hospedeiro
intermediário.
Até maio de 2015, foram 1.180 casos confirmados até mesmo na Europa, Ásia (incluindo
China e Coréia do Sul), EUA, mas principalmente no Oriente Médio. Todos estes casos foram
rastreados até o epicentro, no Oriente Médio.
O estudo publicado na revista The Lancet faz um comparativo muito detalhado e claro,
revelando grandes semelhanças entre ambos coronavírus. Tanto na MERS de 2014, quanto na SARS
de 2002, mais de 98% dos contaminados apresentavam febre como primeiro sintoma. É por isso
que agora observamos tantos funcionários fazendo a leitura de nossa temperatura toda vez que
entramos em espaços confinados, como estabelecimentos comerciais e outras edificações.
Vale deixar claro que estas informações sobre o MERS foram obtidas em artigo do jornal
médico The Lancet, um dos mais respeitados e tradicionais do mundo, fundado em 1823.
O coronavírus de 2002 deixou quase 8.000 infectados e 774 óbitos, ou seja, em média 10%
de letalidade. Já o MERS de 2014, o segundo coronavírus grave, se dispersou bem menos ao deixar
1.180 infectados, mas causou 483 óbitos, 40% de letalidade. Um era mais letal, o outro mais
contagioso.
Prof Alimuddin Zumla, FRCP, Prof David S Hui, FRCP, Prof Stanley Perlman, MD, Middle East
Respiratory Syndrome, THE LANCET, VOLUME 386, ISSUE 9997, P995-1007, 2015
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Uma publicação da conceituada National Academy of Sciences dos EUA, com 44 páginas
ricamente ilustradas, ainda em 2010, informa que o grande aumento de vôos comerciais
intercontinentais podem levar a um rápido espalhamento de doenças infecciosas. Além disso, diz a
publicação, a superpopulação e suas consequências aumentam a possibilidade de emergências de
novos patógenos.
O jornalista David McCandless publicou um livro, em 2014, onde ele resume patógenos,
letalidade e taxa de contágio, adaptado a seguir. Por exemplo, a dengue possui contágio igual a 5, o
que significa que 1 contaminado transmitirá a doença para outros 5 indivíduos. A AIDS possui
letalidade igual a 80%, o que significa que a doença causa óbito em 80% dos contaminados (isto era
antes dos tratamentos mais modernos). Estes eram os dados que se apresentavam até 2014.
TAXA DE CONTÁGIO
A história da ciência nos mostra que não é prudente fazer uma análise simplória, tal como
julgar que a MERS de 2014 deveria causar mais óbitos do que a SARS de 2002, somente com base
no fato de que a primeira é mais letal. A medicina e a saúde pública, assim como muitos fatos
científicos, muitas vezes fogem ao senso comum dos que não possuem formação científica. Mais um
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DOSSIÊ 2020: A MAIOR PANDEMIA DOS ÚLTIMOS CEM ANOS Conscience
A taxa de contágio, por sua vez, é variável muito dinâmica, oscilando conforme os hábitos
das pessoas (relacionados ao modo de transmissão) e da adoção massiva das medidas
comprovadamente eficazes de contenção das doenças contagiosas por parte da população.
Por tudo isso, é difícil prever com muita precisão o poder destrutivo de uma doença
contagiosa, pois depende da combinação de dois fatores complexos: contágio e letalidade.
Exatamente por essa dificuldade de previsão é que a estratégia deve ser adotar logo as
medidas mais restritivas disponíveis no momento, seguindo os especialistas dos países mais
experientes, até que se tenha melhores evidências estatísticas.
A tabela a seguir mostra os óbitos por dia de certas doenças em todo o mundo. Basta
comparar com o gráfico anterior e identificar que não há correlação totalmente clara entre óbitos
por dia e letalidade, ou óbitos por dia e contágio.
“Se algo matar mais de 10 milhões de pessoas nas próximas décadas, é mais provável que seja um vírus
altamente contagioso do que uma guerra. Não mísseis, mas micro-organismos.”
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DOSSIÊ 2020: A MAIOR PANDEMIA DOS ÚLTIMOS CEM ANOS Conscience
“[…] o mundo não está preparado o suficiente para detectar e responder às ameaças epidêmicas.”
No artigo, como sinal claro de que as ameaças de novas epidemias faziam sentido, setores
públicos privados, filantrópicos, não-governamentais, intergovernamentais e organizações civis do
mundo todo criaram a CEPI, para um novo modelo de financiamento de desenvolvimento de
vacinas.
Portanto, no ano de 2017, os especialistas em epidemiologia, e até mesmo uma parte das
lideranças mundiais, davam um claro sinal de que não somente acreditavam que graves ameaças
epidêmias se avizinhavam, mas também que a vacina era a solução. Não há qualquer dúvida, com
base nas referências aqui apresentadas.
Entretanto, semanas antes de se tornar oficialmente pandêmica, muitos outros sinais ainda
indicariam que era justamente o COVID-19 que materializaria as previsões publicadas amplamente
pela National Academy of Science, por Bill Gates e pela conceituada The Lancet, muito antes de 2020.
Institute of Medicine. 2011. What You Need to Know About Infectious Disease. Washington, DC: The
National Academies Press
Børge Brende, Jeremy Farrar, Diane Gashumba, Carlos Moedas, Trevor Mundel, Yasuhisa Shiozaki,
et al., CEPI—a new global R&D organisation for epidemic preparedness and response, The Lancet, 18
de janeiro, 2017
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DOSSIÊ 2020: A MAIOR PANDEMIA DOS ÚLTIMOS CEM ANOS Conscience
“os tão propalados casos de pneumonia inexplicáveis se referem a 4 casos de pneumonia que não
puderam ser diagnosticados ao mesmo tempo: febre (igual ou maior que 38°C); características de
imagem de pneumonia ou síndrome de desconforto respiratório agudo; ....”
(tradução do autores)
Assim como outros coronavírus anteriores, mais uma vez o primeiro sintoma seria a febre.
Ainda era apenas um sutil presságio, faltando meras 24 horas do início do fatídico ano novo de
2020. Naquele momento, tratava-se apenas de uma pneumonia inexplicável, sem nome e restrita a
Wuhan, na China.
Mas baseado nas experiências anteriores com MERS, SARS e influenza, já haviam fortes
expectativas de ser um coronavírus ou vírus influenza.
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DOSSIÊ 2020: A MAIOR PANDEMIA DOS ÚLTIMOS CEM ANOS Conscience
De acordo com este alerta da OMS, já seria aplicável o Guia Infection prevention and control
of epidemic- and pandemic-prone acute respiratory diseases in health care, também da OMS,
disponível para download gratuito desde 2014.
Este guia da OMS de 156 páginas detalha todos os cuidados para hospitais com pacientes
portadores de infeccções respiratórias agudas contagiosas. Isto inclui evitar contato com gotículas
aéreas dos pacientes, entre outras medidas por parte dos médicos e enfermeiros nos hospitais. De
início, era apenas uma recomendação limitada as unidades de saúde.
A partir daquele momento, era urgente deslocar a atenção dos principais epidemiologistas e
autoridades de saúde pública dos países para o estudo dos surtos anteriores de coronavírus e em
novas informações de Wuhan, aguardando dados sobre a letalidade, taxa de contágio,
procedimentos de testes de confirmação de casos, enfim, sobre a possibilidade de se tornar uma
epidemia ou até uma pandemia.
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DOSSIÊ 2020: A MAIOR PANDEMIA DOS ÚLTIMOS CEM ANOS Conscience
Em 17 de janeiro de 2020, um artigo do jornal The Guardian defendia que, com base em
estatísticas, o número real de casos não-detectados de coronavírus na China já seria algo entre 190
e 4.000. Também já se falava sobre a possibilidade da transmissão sustentada.
Em 21 de janeiro de 2020, a agência ABC News da Austrália publica online um artigo onde
mostra um vídeo de funcionários, todos com roupa de proteção dos pés à cabeça e máscara,
medindo a temperatura de passageiros dentro de um avião na China. Isso por si só já denota
também a gravidade da situação.
Um dia depois, 22 de janeiro, a OMS confirma pela primeira vez a transmissão sustentada
do novo coronavírus. Em 30 de janeiro de 2020, a OMS publica o relatório situacional nº 10,
contabilizando 7.818 casos de COVID-19 no mundo todo e anuncia o “Alerta Nível Internacional de
Emergência de Saúde Pública”. O relatório também cita que há confirmação de 82 casos espalhados
em 18 países. A transcrição literal de parte do relatório da OMS (30/jan/2020):
• Evitar contato próximo com pessoas que sofrem de infecções respiratórias agudas.
• Lavar as mãos com frequência, especialmente após contato direto com pessoas doentes ou
seu ambiente.
• Pessoas com sintomas de infecção respiratória aguda devem praticar a etiqueta da tosse
(manter distância, cobrir tosse e espirrar em lenços ou roupas descartáveis e lavar as mãos).
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DOSSIÊ 2020: A MAIOR PANDEMIA DOS ÚLTIMOS CEM ANOS Conscience
Eis a questão: quão cedo cada ministro de saúde (ou equivalente), de cada país, tomou
medidas de acompanhamento e preparação contra esse surto em Wuhan? Como os ministros da
saúde trabalharam para convencer os líderes políticos e outros ministros sobre o que uma
pandemia de coronavírus poderia exigir em termos de antecipação?
A partir dessa data, uma “luz vermelha” deveria acender, pois tratava-se de um coronavírus
agressivo causador de SARS. Já se sabia o tamanho do risco, pelo ocorrido nas epidemias anteriores,
SARS, 2002, e MERS, 2014. Esses vírus podem ter letalidades e contágios variáveis, de tal forma que
era preciso acompanhar de perto as pesquisas.
Os líderes dos países deveriam, por obrigação humanitária, exigir estudos, pesquisa,
reuniões, elaboração de material de publicidade para a população, propostas de medidas de
contenção contra essa nova ameaça real. A questão não é criar pânico ou histeria, ao revés, porque
quanto mais antecipadas forem aplicadas as medidas de contenção, menor o custo econômico de
tais medidas, menor o impacto na vidas das pessoas e mais rápido será a redução do impacto do
vírus.
Como vimos, foi exatamente isso que fizeram Tailândia, Vietnã, Nova Zelândia, entre outros
países, como Coréia do Sul. Desde junho de 2020, depois de um forte e definitivo lockdown de
pouco mais de um mês, a Nova Zelândia tem vida praticamente normal.
Era preciso encomendar, distribuir e utilizar milhões de: a) kits de testes, b) medidores de
temperatura, c) frascos de álcool gel, d) máscaras e e) material de publicidade com as medidas de
contenção. Aqueles países que se antecipassem teriam melhores preços, atendimento mais
antecipado e controle sobre os surtos. Consequentemente a recuperação econômica seria muito
mais rápida.
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DOSSIÊ 2020: A MAIOR PANDEMIA DOS ÚLTIMOS CEM ANOS Conscience
Até o final de janeiro, segundo um artigo da BBC, eram 9.262 casos e 213 óbitos somente na
China, com outros casos confirmados também na Alemanha, Japão, EUA, Vietnã, Singapura, Coréia
do Sul, Austrália, Malásia e França.
O Brasil, portanto, era país privilegiado, talvez por sua distância do epicentro. Não estava na
lista dos primeiros a confirmar presença do novo coronavírus. Assim, dispôs de tempo o suficiente
para observar os acontecimentos com relativa menor urgência, em relação aos países afetados
desde o início. Um privilégio que não foi aproveitado.
A evolução das medidas mais eficientes e todas as novas informações sobre contágio,
letalidade, grupo de risco, entre outras, eram dados muito úteis na organização das políticas
públicas de contenção do COVID-19. Entretanto, sabemos hoje que as tais medidas de contenção
não foram adotadas seriamente pelo tempo necessário no Brasil, principalmente por ação ou
omissão do Governo Federal, conforme mostra o boletim informativo nº 10 da Conectas Direitos
Humanos, de janeiro de 2021. Infelizmente, essa foi a triste realidade.
O ex-Ministro da Saúde Luiz Henrique Madetta publicou um ótimo livro detalhando suas
dificuldades com o Presidente Bolsonaro e decretou, com boa antecedência, situação de perigo
iminente em saúde pública em 4 de fevereiro de 2020. Com isso, iniciou-se processo de repatriação
de brasileiros em Wuhan, foi possível realizar contratos sem licitações para agilizar as preparações
contra o COVID-19, entre outras ações. Infelizmente, como já foi explicado, Madetta foi impedido de
continuar o seu trabalho, pois foi demitido em abril de 2020 (!).
Os autores não encontraram a data, a partir da qual, Madetta se conectou com um tal de
comitê de especialistas para discutir a pandemia de COVID-19. O prazo de finalização deste Dossiê
não nos permitiu essa pesquisa. Sabe-se que o comitê seria formado por especialistas em
epidemiologia da Fiocruz, USP, UNICAMP, UFRJ, entre outras instituições de referência nacionais,
alguns dos quais o nosso grupo já teve contato.
Era cada vez mais urgente que os responsáveis pela saúde dos países observassem muito de
perto a evolução dos casos, óbitos e medidas de contenção, para seguir os melhores resultados dos
países com surtos claramente controlados.
“a severidade da pneumonia SARS-COV-2 impõe grande estresse nos recursos de tratamento crítico
nos hospitais, especialmente se não estiver adequadamente equipado com pessoal e equipamentos”.
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DOSSIÊ 2020: A MAIOR PANDEMIA DOS ÚLTIMOS CEM ANOS Conscience
Os números eram claros: não havendo respiradores, a letalidade é de 5,2%, ou talvez até
mais. Simples assim. Havia contágio razoável de uma doença sem cura, com letalidade também
razoável, que aumentava bastante caso não houvessem respiradores suficientes.
Apenas 4 dias depois, o relatório situacional no. 40 da OMS revela números pandêmicos
incontroláveis. Ocorria um crescimento exponencial do patógeno COVID-19 de apenas 44 casos,
concentrados somente em Wuhan, para mais de 85 mil casos espalhados por todo o planeta. Como
Bill Gates havia afirmado em 2015 e nove especialistas renomados em 2017, o mundo precisava
voltar sua atenção para ameaças epidêmicas!
O jornal de referência The New York Times publicou, em 19 de março de 2020, um artigo
intitulado “Quais países tem achatado a curva do coronavírus?”. O artigo é uma resumo do
desempenho de boa parte dos países com casos de COVID-19 até aquele momento.
Como se não bastassem todas as referências até o final de fevereiro de 2020, mais uma
excelente fonte de informação aqui. É um mapa perfeito para os líderes menos experientes, sobre
quais países contactar para encontrar as melhores medidas de contenção e sua operacionalização,
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caso não tivessem encontrado ainda na literatura específica, ou se tivessem quaisquer dúvidas na
interpretação das mesmas.
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Nota-se nos gráficos anteriores, que China, Singapura, Coréia do Sul, Tailândia e Hong Kong
enfrentaram muito bem o início dos surtos e conseguiram controlar, pelo menos em alguns
momentos de fevereiro a março de 2020. Entrar em contato com os ministérios da saúde destes
países era fundamental, além de seguir as medidas deles para salvar vidas e ganhar tempo contra o
inimigo.
Era possível identificar o certo e o errado, no mesmo artigo, por contraste com as curvas do
mesmo documento, de países com muitos casos crescentes e sem controle, tais como Itália e
Espanha. O mesmo teria acontecido por um curto espaço de tempo com a própria China, em
fevereiro, resultando em muitos óbitos. Como se vê na curva, a China reagiu ainda em tempo e
conseguiu evitar o pior e conter o surto no final do mês de fevereiro.
Logo depois do assustador pico de óbitos por coronavírus na Itália (dispensa referências), o
apresentador de TV, brasileiro de verdade, Marcos Mion, publica um vídeo no Youtube em
22/03/2020, parcialmente transcrito a seguir:
“[...] Eu recebi um gr|fico da J.P. Morgan, mas que faz todo o sentido, porque casa com a fala do
ministro da saúde, o Mandetta, que de 6 a 20 de abril vai ser o pico do contágio ... o nosso sistema de
saúde vai entrar em colapso ... […] Tem que parar tudo. Tem que ficar dentro de casa. [...] Use luvas,
higienize a sua mão o tempo inteiro, que a maior forma de contágio é levar a mão a qualquer mucosa.
Mucosa é nariz, boca, ouvido, botar a mão na cara. Não faça isso. Ande com álcool gel no bolso [...] O
sistema de saúde em colapso, quer dizer que você chega no hospital e você não vai ser atendido, não
tem médicos, não tem aparelhos, não tem jeito. E o que é pior de tudo, não é só por causa do corona,
mas as outras enfermidades, acidentes, acidentes domésticos, tudo continua acontecendo. E as pessoas
precisam muitas vezes de UTI, por causa dessas outras enfermidades, e não vão encontrar! Isso que
dizer que na periferia, as pessoas vão morrer na rua, vão morrer nas casas, vão morrer a caminho do
hospital, vão morrer no corredor. A gente está falando realmente de um filme de terror. [...] Todas as
autoridades estão gritando que nós vamos entrar em colapso, e que o nosso país vai ter um tombo, que
talvez seja o maior do planeta, em relação ao corona. Porque a China tomou atitude muito rápido, a
Itália demorou, e olha que aconteceu? A gente está mais ou menos como a Itália, [...] não dá nem para
comparar, na verdade [...] a Itália tem 60 milhões, nós estamos em 200 milhões [...] o nosso tombo vai
ser maior, certo? Isso é um sistema de saúde colapso, é um filme de terror que você nunca imaginou na
sua vida.”
E não é que o apresentador Marcos Mion e o ministro Mandetta, que aliás recebeu pouco
apoio do Presidente e foi demitido em abril de 2020 (!), estavam ambos certos?
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DOSSIÊ 2020: A MAIOR PANDEMIA DOS ÚLTIMOS CEM ANOS Conscience
Além disso tudo, a vacinação está muito lenta, por não termos feito a compra antecipada.
Obviamente que não haveria vacina no mundo em breve. É a lei econômica mais óbvia: oferta e
procura. Mas a questão da vacina será melhor discutida no próximo capítulo.
E o que o presidente do Brasil dizia na mesma época? Basta que o leitor clicar aqui e assistir
o pronunciamento oficial “genial” de 24/03/2020, também no Youtube. Como pode o presidente,
com todo o poder, todo o orçamento da máquina pública, e tantos especialistas das melhores
universidades da América Latina disponíveis, errar tanto? Conforme boletim n° 10 de direitos na
pandemia, da Conectas, o Governo Bolsonaro teve a teimosia de continuar errando na maioria dos
assuntos da pandemia, initerruptamente. E porque ninguém fez nada para impedí-lo a tempo?
Infection prevention and control of epidemic- and pandemic-prone acute respiratory infections in
health care. Guideline. World Health Organization. ISBN 978 92 4 150713 4, 2014
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DOSSIÊ 2020: A MAIOR PANDEMIA DOS ÚLTIMOS CEM ANOS Conscience
A adoção das medidas de contenção, conforme seguido pelos países de melhor desempenho
logo no início dos surtos, era fundamental para se ganhar tempo contra o inimigo.
Entretanto, sabe-se que alguns governos argumentaram que o uso de máscaras, higiene e
distanciamento não poderia durar para sempre e por isso precisavam enfrentar o vírus com o
isolamento vertical ou imunidade de rebanho.
Este capítulo é necessário para evidenciar que, para um especialista que se mantive-se
atualizado, a vacina claramente não estava distante.
Em janeiro de 2021, Dr. Gonzalo Vecina Neto, fundador e ex-presidente da ANVISA, foi
entrevistado pelo Correio Braziliense. O artigo online é intitulado “Governo ‘não moveu uma palha’
pela vacina, diz fundador da Anvisa”. Não é nosso grupo portanto que afirma isso. É um especialista.
Segundo ele, todos os laboratórios produtores de vacinas, como Pfizer, Janssen, etc,
precisam primeiro de um “pedido formal”, “acordo de intenção de compra” ou “compromisso de
compra”, como queira chamar. Somente depois disso, os laboratórios entram com toda a
documentação na ANVISA. Para se ter a aprovação da ANVISA, é preciso ter CNPJ no Brasil, toda
uma estrutura no país, além do elevado custo e tempo de todo o processo junto a ANVISA.
“Chega a ser criminosa a forma como o Ministério da Saúde e o governo federal trataram a
questão da vacinação. Temos que cobrar da pasta sobre a forma como se comportou até agora;
abandonou a população brasileira. Se não fosse a Fundação Oswaldo Cruz e o Instituto Butantan, por
vontade própria terem ido atr|s de vacina, não teríamos nenhuma.”
“Tanto Gonzalo Vecina Neto quanto a a epidemiologista Ethel Maciel dizem que o primeiro e
maior erro foi o governo federal foi não comprar vacinas antecipadamente, ainda em 2020.
No meio do ano passado, quando fabricantes anunciaram que estavam desenvolvendo vacinas,
vários países como Chile, Colômbia, Reino Unido e integrantes da União Europeia negociaram a
compra desses produtos ainda na fase de testes.”
Ainda segundo a BBC, a Pfizer, que estava desenvolvendo vacina para COVID-19 em 2020,
respondeu à reclamação do Governo Federal do Brasil sobre certos termos considerados abusivos
no processo de compra:
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“A Pfizer rebateu, também com a divulgação de nota, dizendo que esses mesmos termos foram
aceitos por outros países que compraram a vacina, entre eles Estados Unidos, Colômbia, Chile, Reino
Unido, Japão, Equador e a União Europeia.”
Portanto, está claro, por estes dois trechos acima, que o Governo Federal do Brasil foi
excessivamente receoso e lento demais sobre a compra das vacinas.
A cada semana que passa são milhares de óbitos evitáveis que se acumulam, atrasos na
retomada da economia, desvalorização da moeda, aumento do risco-Brasil, surgimento de novas
variantes, aumento dos prejuízos com a saúde pública, enfim, o caos se agrava. Quem vai pagar essa
conta? Todos nós brasileiros! Por isso precisamos reclamar, discutir, e fazer algo para mudarmos o
status quo.
Especificamente sobre as negociações com as duas únicas vacinas disponíveis no Brasil até
fevereiro de 2021, a BBC Brasil informa:
“O governo Jair Bolsonaro aceitou a proposta da Fiocruz, mas, em outubro do ano passado,
rejeitou uma proposta do Butantan que previa a entrega de 45 milhões de doses da CoronaVac até
dezembro de 2020 e outras 15 milhões no primeiro trimestre de 2021- isso garantiria ao menos 60
milhões de doses na primeira fase de vacinação.
Na época, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, defendeu fechar o acordo, mas o presidente
Jair Bolsonaro foi contra. Pesaram na decisão uma disputa política com o governador de São Paulo,
João Doria, e a pressão de militantes de direita que levantavam desconfiança sobre uma vacina
produzida na China.
"Da China nós não compraremos. É decisão minha. Eu não acredito que ela transmita
segurança suficiente para a população pela sua origem. Esse é o pensamento nosso", disse Bolsonaro
no dia 21 de outubro, em entrevista à rádio Jovem Pan.
Depois, em janeiro, o presidente Jair Bolsonaro voltou atrás e firmou acordo para comprar as
vacinas do Butantan. O problema é que essa demora na negociação atrasou, também, o calendário de
entrega dos produtos.”
O problema é que cada mês de atraso na vacinação significa um mês a mais de atraso na
retomada da economia, desgaste da população com as medidas de contenção e, como se tudo isso
não bastasse, óbitos evitáveis. 30 dias x 500 óbitos/dia (média) = 15.000 óbitos evitáveis, para cada
mês de atraso na vacinação.
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Para entendermos porque havia, ainda em 2020, fortes sinais de que a vacina contra a
COVID-19 viria logo, é conveniente voltarmos um pouco no tempo. Isto é importante, porque houve
alguns líderes que afirmaram que a vacina levaria 10 anos para ser desenvolvida, e que por isso a
única alternativa era “enfrentar” o vírus, apostando na “imunidade coletiva” ou “imunidade de
rebanho” ou ainda no isolamento vertical, enfim, ideias mirabolantes.
Não é muito difícil entender porque a imunidade de rebanho não seria viável. Primeiro
trata-se de uma doença sem cura e letal, principalmente se ocorre em picos, como se observou
claramente na Itália. Isso porque 5% dos infectados aproximadamente, precisam de ventilação
pulmonar, então as UTIs sofrem rápido colapso, e estes 5% se converter diretamente em óbitos.
Esse percentual hoje representaria 7,6 milhões de brasileiros.
Portanto, a seguir será oportunamente explicitado os sinais de que sim, haviam dados
suficientes para inferir, com razoável probabilidade, que uma vacina para o COVID-19 seria não
somente desenvolvida, mas seria em tempo recorde. Na realidade, de fato, não somente uma, mas
uma dezena foram desenvolvidas em tempo recorde.
No ano de 1996, a revista Nature Biotechnology publicou um estudo muito amplo, com 551
vacinas desenvolvidas até aquele ano. No estudo, verificou-se que de 1983 até 1994, o tempo de
médio de desenvolvimento de uma vacina era de 10 anos.
Como já foi dito em capítulo anterior neste Dossiê, candidatas de vacina foram
desenvolvidas contra o primeiro coronavírus (SARS-CoV). Há mais de uma década atrás, um artigo
da revista Emerging Infectious Diseases de 2005 afirma:
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DOSSIÊ 2020: A MAIOR PANDEMIA DOS ÚLTIMOS CEM ANOS Conscience
Sabe-se que este não era o único desenvolvimento na época. Laboratórios dos EUA e de
Oxford, Reino Unido, também possuíam candidatas a vacinas contra coronavírus. Portanto, o
caminho estava já iniciado. Apesar de aquele primeiro coronavírus possuir apenas 80% de
semelhança genética com o atual vírus causador da COVID-19, boa parte das pesquisas foram
aproveitadas.
Pode-se dizer que o desenvolvimento das vacinas contra o coronavírus da COVID-19 não
teve início exatamente em 2020, portanto, mas sim mais de uma década antes. Isto ajuda a explicar
porque tantos países aceitaram a compra antecipada da vacina. Criou-se um efeito multiplicador,
uma “bola de neve”. Os contratos de pré-venda injetaram mais e mais recursos, e assim propiciaram
o desenvolvimento em tempo recorde.
Em setembro de 2017, a CEPI, que já foi citada antes neste documento, publica uma
chamada online de propostas para para financiar tecnologias para redução no tempo de
desenvolvimento de vacinas contra epidemias.
“Podemos ter certeza, sem qualquer dúvida, que o mundo enfrentará outro Ebola, SARS ou até gripe
espanhola. E não estamos preparados. As vacinas podem ser a apólice de seguro que precisamos para
combater tais epidemias, quando elas surgirem.”
Além de notar o esforço para acelerar as vacinas, perceber também que a sigla SARS foi
utilizada nesse texto de 2017. Lembrando, o COVID-19 é SARS.
Segundo artigo de 2018 da Natural Review Drug Discovery, havia uma nova geração de
vacinas capazes de acelerar os desenvolvimentos e fabricação em grande escala, chamadas de
mRNA. No resumo do artigo, leia-se:
Esta pandemia era muito diferente daquelas restritas a países pobres da África ou somente
ao Oriente Médio, por exemplo. Não, no caso da COVID-19, muitos países ricos estavam sendo
afetados, e assim, estes investiram pesado nas vacinas. Isso era uma situação única na história: a
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combinação de 1) todo o mundo, com muitos recursos, desejando uma vacina contra a COVID-19 o
mais rápido possível com 2) toda a tecnologia e ciência do século XXI à disposição.
Evidente que decisões importantes de Saúde Pública não podem ser tomadas apenas com
base em documentários televisivos. Este episódio seria apenas um ponto de partida para estudos
mais aprofundados.
A segunda geração de vacinas é mais segura do que a primeira, porque utiliza somente o
antígeno, que são como as “chaves” que o COVID-19 utiliza para entrar nas células do nosso corpo.
Haviam 72 vacinas (!) desse tipo em desenvolvimento em abril de 2020. Com esse antígeno, que
também precisa ser cultivado, o corpo consegue aprender a se defender, e então se tornar imune ao
vírus.
Em abril de 2020, eram 27 candidatas de vacina da terceira geração, a mais avançada, que é
denominada mRNA. Esta vacina entrega ao corpo somente as instruções genéticas para que as
células do corpo da pessoa vacinada fabrique os antígenos do vírus.
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Dessa forma, é como se aquele tempo de “cultivo” fosse realizado dentro do corpo do
indivíduo vacinado. Tem-se uma vacina muito segura, e a produção pode ser aumentada muito
rapidamente, acelerando o desenvolvimento e entrega das encomendas de milhares de doses de
vacina necessárias já na fase de testes clínicos.
Em 30 de abril de 2020, lê-se, em artigo online da revista The New York Times, que 7
grandes laboratórios de pesquisa estavam avançando na fase de testes clínicos de vacinas de mRNA
contra o COVID-19:
Cansino;
Biontec-Pfizer;
Moderna;
Inovio;
Sinovac;
Oxford;
Imperial College.
Parecia mais prudente acreditar que seria possível sim, já que haviam tantas candidatas. Era
preciso monitorar os desenvolvimentos, os investidores, os países, os contratos de compra
antecipada que viriam a ser celebrados, para que o Brasil não ficasse para trás.
Em 5 de maio de 2020, a CEPI anuncia em seu site a nona parceria para desenvolvimento de
vacina contra o COVID-19. Muito mais poderia se informar sobre os investimentos,
desenvolvimentos, laboratórios referentes as vacinas contra o COVID-19, porque os sinais das
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vacinas no horizonte eram tão abundantes quanto os sinais de sucesso das medidas de contenção
contra o COVID-19, enquanto a vacina não chegava.
Os fatos anteriores citados neste capítulo mostram que haviam muitas apostas no
desenvolvimento de vacinas para COVID-19, de tal forma que se fazia urgente a celebração de
compra antecipada destas para garantia de doses suficientes.
Um artigo online da revista Nature de 30 de novembro de 2020, consta que até aquela data,
mais de 10 bilhões de doses de vacinas contra COVID-19 estavam encomendadas. Desse montante,
quantos milhões de doses o Brasil já havia encomendado na época? Eis uma questão a ser
respondida pelo Governo Federal, com provas rastreáveis àquela data.
Até março de 2021, segundo documento online do Instituto Milken, já citado anteriormente,
haviam 11 vacinas em uso contra COVID-19 no mundo, com 251 em desenvolvimento.
Os países que hoje têm as vacinas contra o COVID-19 mais baratas e em maior quantidade,
fizeram compras antecipadas muito antes que qualquer agência sanitária de qualquer país tivesse
as aprovado. Evidentemente, se os países investidores fossem esperar injetar recursos somente em
vacina finalizada e com 100 % de chance de ser aprovada, levaríamos muito mais tempo para a
descoberta da vacina para COVID-19. É com investimentos antecipados, mesmo que haja riscos, que
a ciência e tecnologia evoluem. Investimentos, este é o motor dos avanços tecnológicos, e do
desenvolvimento das nações.
Inaya Hajj Hussein, Nour Chams, Sana Chams, Skye El Sayegh, Reina Badran, Mohamad Raad, Alice
Gerges-Geagea, Angelo Leone, Abdo Jurjus, Vaccines Through Centuries: Major Cornerstones of Global
Health, Grupo Frontier, 2015
Struck, Mark-M., Vaccine R&D success rates and development times, Nature Biotechnology, volume
14, maio de 1996
Norbert Pardi, Michael J. Hogan, Frederick W. Porter e Drew Weissman, mRNA vaccines — a new era
in vaccinology, Nat Rev Drug Discov. Abril de 2018; 17(4): 261–279
Shibo Jiang, Yxian He e Shuwen Liu, SARS Vaccine Development, Emerging Infectious Diseases, julho
de 2005
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DOSSIÊ 2020: A MAIOR PANDEMIA DOS ÚLTIMOS CEM ANOS Conscience
A pergunta que não quer calar é porque tantos governos foram irresponsáveis com a Saúde
Pública? Porque tantos setores da sociedade, como falsos líderes religiosos, obscuros canais de TV,
jornalistas inexcrupulosos, etc, defenderam “tratamentos” e “medidas” absurdas? E os médicos que
receitaram remédios sem comprovação, alguns até com efeitos adversos graves? Estes não terão
suas licenças e diplomas cassados, bem como responsabilizados por influenciar a opinião pública
tão negativamente?
Alguns governos alegaram que seria melhor manter a “vida normal”. Isto resultaria na
contaminação massiva em pouco tempo, em máxima velocidade exponencial, e o resultado já
sabíamos desde o ínicio pelo exemplo da Itália.
Esses governos precisam apresentar artigos científicos e estudos sólidos, com dados
econômicos dos seus países, todos estes à época, para comprovar que suas decisões eram as
melhores e eram baseadas em previsões confiáveis e fatos concretos, melhores do que as medidas
corretas.
“Usamos previsões epidemiológicas e econômicas para realizar uma r|pida an|lise de custo-benefício
do controle do surto de COVID-19. Supondo que as medidas de distanciamento social possam reduzir
substancialmente os contatos entre os indivíduos, encontramos benefícios líquidos de cerca de 5,2
trilhões de dólares em nosso caso de referência.”
Em 1919, ocorreu uma forte epidemia de gripe espanhola nos EUA e muitas cidades
adotaram o lockdown, mas nem todas. Era uma doença contagiosa que, assim como a COVID-19,
poderia ser contida com distanciamento social.
Ortigos online da BBC News Brasil, do El país Brasil e do Sindicato do Comércio Varejista do
Estado de São Paulo, todos publicados antes de 8 de abril de 2020, são unânimes em afirmar que
aquelas cidades americanas que adotaram o distanciamento social, cresceram mais após a gripe
espanhola.
Portanto, ambos os exemplos citados neste capítulo apontam para um melhor custo-
benefício para a adoção de medidas de contenção, em detrimento da não-adoção de medida alguma.
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DOSSIÊ 2020: A MAIOR PANDEMIA DOS ÚLTIMOS CEM ANOS Conscience
Não é muito difícil entender o porque disso. Faz sentido. Um lockdown bem feito, rápido e
forte, é capaz de quase zerar a transmissão. Isso ocorre para doenças contagiosas que dependem do
contato próximo. Depois que os casos ativos transmitem para os seus familiares, ocorrerá a
interrupção quase total de novos casos. Depois de algumas semanas, dependendo do ciclo do
patógeno em questão, o lockdown pode ser interrompido e a partir daí sim, a vida volta
praticamente ao normal. Este é o motivo pelo qual é muito lucrativo fazer um bom lockdown.
Conforme já relatado neste Dossiê, foi exatamente um lockdown eficiente que a Nova
Zelândia fez, com liderança, competência e rigor, de 24/03/2020 até 27/04/2020. A partir daquela
data, a vida do povo neozelandês passou a ser quase como antes da pandemia por todo o ano de
2020 (!), muito antes da vacina. Festas sem máscara, trabalho normal, transportes funcionando,
poucos óbitos, economia em recuperação.
Evidentemente, já que parte do mundo não fez igual à Nova Zelândia, a quarentena de 14
dias para visitantes continuou necessária por muito tempo. Mas, a transmissão sustentada não
existia mais. Era quase zero casos durante muito tempo ao longo de 2020, depois de um lockdown
bem feito!
Agora vamos ao outro extremo! É simples, basta constatar a destruição social, política e
econômica do Brasil em 2020/2021, incluindo agora a “nova” variante, esta que não tem na verdade
nada de novo. Era também previsível.
Variantes, com consequências graves, surgiram em todos os países que tiveram grande
quantidade de casos. Quanto maior o número de multiplicações de um vírus, maior a chance de
novas variantes. Isso é estatística básica.
Assim, a falta de um lockdown eficiente, no caso de doença contagiosa letal sem tratamento
eficaz, é a causa de inúmeros problemas, pois resulta em prejuízos com:
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Linda Thunström, Stephen C. Newbold, David Finnoff, Madison Ashworth e Jason F. Shogren, The
Benefits and Costs of Using Social Distancing to Flatten the Curve for COVID-19, Cambridge University
Press: 21 de maio de 2020
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DOSSIÊ 2020: A MAIOR PANDEMIA DOS ÚLTIMOS CEM ANOS Conscience
A evolução genética de vírus é algo complexo. É preciso sermos honestos neste capítulo. Há
centenas de fatores que afetam as chances de surgirem mutações de uma espécie de vírus.
Por isso, para manter a tarefa o mais simples possível e ainda útil, o único ponto que se quer
esclarecer neste capítulo é que um grande número de infectados resulta em mais alta probabilidade
de emergir mutações agressivas, mais letais ou mais contagiosas, em relação a um pequeno número
de infectados. Ou seja, defende-se aqui que quanto maior o números de infectados, maior a chance
de surgir desastrosas mutações.
Como está mais evidente à população em geral agora (especialistas já sabiam há muito
tempo), estas variantes podem ser mais transmissíveis e/ou mais letais. Sempre se soube disso, no
instante em que se comparou as diferenças entre o SARS, 2002, o MERS, 2014 e o COVID-19. Todos
estes são vírus similares, se diferenciando, por exemplo, na taxa de contágio e na letalidade. Supor
que mutações do COVID-19 poderiam ser mais letais ou mais contagiosas era razoável.
É possível jogar um dado 10 vezes e não resultar no número dois nenhuma vez. Mas ao
jogarmos um dado, desde que não viciado, insistentemente por 1.000 vezes, certamente o número
dois surgirá muitas vezes. Digamos que a destruidora mutação de maior contágio ou letalidade
seria o número dois neste exemplo.
Para provar que isso é senso comum, até mesmo usuários de um site não cientificamente
monitorado, é capaz de dar a resposta para a pergunta inicial deste capítulo. Neste link do site
Reddit há 370 respostas, algumas afirmando que sim, uma maior população infectada, resulta em
maior chance de mutações viáveis. Nenhuma das 370 respostas nega tal afirmação, pelo contrário,
vão além com base nela.
Como foi dito, até estudantes de ensino médio podem entender isso, nem é preciso ser um
grande especialista em epidemiologia ou um gênio. Portanto, é risco excessivo qualquer estratégia
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DOSSIÊ 2020: A MAIOR PANDEMIA DOS ÚLTIMOS CEM ANOS Conscience
que envolva grande número de casos, para doença fatal, contagiosa e sem tratamento eficaz no ano
de 2020.
“É muito similar a um fogo na floresta. Um foco pequeno e isolado é facilmente controlado. Um vez que
se espalha, os recursos requeridos para controlá-lo, e os danos subsequentes são muuuuuito maiores.
Se a direção do vento (mutação) mudar, derepente uma população completamente nova de
combustível se torna disponível e o fogo pode se espalhar novamente.”
O contexto deixa claro que mutação se refere a variante ou cepa de coronavírus. São
sinônimos.
“... um monitoramento cuidadoso das mutações, evoluções e adaptações é necessário ... O vírus
humano-infeccioso pode ser tornar mais infeccioso mas menos virulento na medida em que
continua a (co-) evoluir e se adaptar aos hospedeiros humanos.”
Ou seja, um artigo tão antecipado quanto janeiro de 2020 já alertava o mundo para uma
possível mutação que pudesse alterar os rumos daquele que aparentava momentaneamente ser
apenas um surto local à região de Wuhan.
“A Dra. Nathalie MacDermott, professora do National Institutes of Health Research no King’s College,
Londres, afirma que vírus sofrem mutações o tempo todo – frequentemente as mutações tem pouco
efeito, mas elas podem tornar o vírus mais forte ou mais contagioso.
Ela afirma que uma única mutação no vírus Ebola durante a epidemia de 2014-16 no leste africano,
onde em torno de 11 mil pessoas morreram, significou que a doença se tornou mais contagiosa.”
Ou seja, aqui tem-se mais um sinal de que mutações podem causar grandes problemas. Não
é nada de novo, portanto, que esses eventos mutacionais aleatórios, quando ocorrem em grande
quantidade, resultem em trágicos surtos com consequências fatais.
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“É alarmante que nossos dados prevêem que uma mutação simples N501T (correspondente a mutação
S487T no SARS-CoV) pode aprimorar significativamente a afinidade de conexão entre o 2019-nCoV
RBD e o ACE2 humano”
Ou seja, o texto afirma que uma pequena mudança nos genes do coronavírus pode criar uma
epidemia bem mais perigosa. Mais uma vez, é péssima ideia qualquer plano que permita aumento
de casos de COVID-19 descontroladamente, como é o caso dos EUA, Brasil, México, entre outros
desastres, pela alta probabilidade de surgir novas cepas mais destrutivas.
Segundo a OMS, o Vietnã, com mais de 90 milhões de habitantes e PIB/capita menor que
metade do brasileiro, aplicou todas as medidas rigorosas e, segundo painel da OMS, teve menos que
1.500 casos de COVID-19 em todo o ano de 2020. Não há variante Vietnamita até o fim de 2020
porque a pequena quantidade de casos foi muito pequena e assim a probabilidade de surgir uma
variante qualquer é menor.
Agora, vejamos quantas replicações ocorreram com o vírus nestes 2 países. Segundo artigo
científico do National Institute of Health dos EUA, cada paciente infectado com o COVID-19 possui
um pico de um bilhão de partículas virais dentro do seu corpo, o que ocorre ao longo de 14 dias na
maioria dos casos.
O Brasil tem certamente muito mais chances de desenvolver (ou talvez a palavra melhor
seja cultivar?) novas variantes viáveis do que o Vietnã, por exemplo. Talvez algo como 5.000 vezes
mais chance. Em qual país seria esperado novas variantes mais agressivas?
Portanto, qualquer estratégia que envolva um grande número de contaminados, tais como
imunidade de rebanho ou isolamento vertical, significa assumir riscos sabidamente elevados. É o
que todas as referências científicas confiáveis anteriores a abril de 2020 revelam claramente.
Novas variantes imprevisíveis são mais um fator que justifica o melhor custo-benefício em
sufocar os surtos logo no início com adoção das medidas comprovadas na prática como as mais
eficazes.
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Neste momento do Dossiê, acredita-se não ser necessário acrescentar mais justificativas
para provar, tanto que era certo o surgimento de mutações quanto que a única estratégia viável
seria simplesmente imitar os países bem-sucedidos. Também já não é necessário evidenciar mais
referências a tais países de excelência. Tudo já foi fartamente esclarecido.
Xiaoman Wei, Xiang Li, Jie Cui, Evolutionary perspectives on novel coronaviruses identified in
pneumonia cases in China, National Science Review, 29 de janeiro de 2020
Yushun Wan,a Jian Shang,a Rachel Graham,b Ralph S. Baric,b Fang Lia, Receptor Recognition by the
Novel Coronavirus from Wuhan: an Analysis Based on Decade-Long Structural Studies of SARS
Coronavirus, Journal of Virology, publicado em 17 de março de 2020
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DOSSIÊ 2020: A MAIOR PANDEMIA DOS ÚLTIMOS CEM ANOS Conscience
CONCLUSÕES
Desde 22 de janeiro de 2020, a OMS entres muitas outras instituições sérias já indicavam
alto risco de pandemia.
As candidatas a vacinas para SARS,2002, EBOLA, ZIKA, entre outros, mostraram aceleração
no desenvolvimento de imunizantes. Pelo volume de investimentos nos 7 laboratórios
desenvolvendo vacinas em fase clínica, por terem aproveitado estudos de vacinas para SARS, 2002,
haviam consideráveis indícios, a partir de 30 de abril de2020, de que a ciência alcançaria o feito tão
esperado em tempo recorde.
Não é surpresa que os países com maior número de casos sejam os que se surpreenderam
com as variantes mais contagiosas ou mais letais. Isto é fato estatístico que estudantes do ensino
médio têm conhecimento. É mais um motivo principalmente para a adoção precoce das medidas de
contenção, mas também a qualquer tempo não havendo a vacinação em massa.
Mas agora o mundo se choca com a evidência de mais um poder mortal das fakenews,
associada com a falta de profissionalismo e negacionismo, tudo isso em pleno século XXI. Apesar
dos esforços, “alguma coisa está fora da nova ordem mundial”, como diria Caetano.
Não era tão óbvio que a tragédia humanitária do COVID-19 e a incompetência política eram
evitáveis, dado o número razoável de países que arriscaram a vida dos seus povos por medidas não
comprovadas cientificamente, e portanto potencialmente suicidas.
Em qual elo a cadeia vital de informação se rompeu? Como de praxe, é mais provável que a
falha tenha ocorrido na comunicação entre áreas distintas, ou seja, entre o ministro da saúde e
outros ministros, ou entre o ministro da saúde e o presidente (ou primeiro-ministro). Estes elos de
falha estão destacados em vermelho.
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DOSSIÊ 2020: A MAIOR PANDEMIA DOS ÚLTIMOS CEM ANOS Conscience
Sabe-se que os óbitos por COVID-19 não são distribuídos igualmente pela população, mas
sim é um genocídio seletivo. Talvez a maior lição da pandemia seja a necessidade de resolver
constitucionalmente (nas leias mais fundamentais) o falso dilema entre economia e saúde pública,
bem como a obrigatoriedade de uso da ciência, na base das decisões governamentais dos países. Os
políticos precisam ser mais restringidos.
Precisamos realizar a importância dos avôs e das avós para as suas famílias, em especial
para os seus netos. Quem tem memória de avô ou de avó, sabe o que isso significa. Devem lembrar o
que é ser amado na infância.
Infelizmente, parece que deixamos morrer algo que já está em falta hoje no mundo, e
provavelmente nos fará ainda mais falta no futuro. Como seríamos, como humanidade, se não
tivéssemos avôs e avós... essa é a grande questão! É isso que está em jogo, pois sabe-se desde o
início da pandemia, que entre as vítimas fatais, 85% é de idosos.
É errônea também a justificativa de que os países com mais idosos são os que tiveram pior
performance. Isto também é anti-científico e vai contra as evidências. É transferir covardemente a
responsabilidade das gestões incompetentes sobre a própria população que é assassinada.
Há uma infinidade de justificativas que os líderes políticos utilizaram para não adotarem as
medidas corretas. Na realidade, havendo fácil acesso as medidas bem detalhadas e comprovadas de
contenção contra o COVID-19, qualquer nova proposta de substituição ou eliminação destas recai
na responsabilidade de quem as propõem. Espera-se, no mínimo, que se apresentem provas
científicas para tais mudanças.
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Países com mais idosos tem mais Falso. Os dados de % de idosos e performance na gestão da
óbitos. pandemia, detalhados aqui neste Dossiê, mostram que não
há esta correlação.
A pandemia é culpa da mídia. Falso. Não há qualquer evidência científica entre mídia e
contágio ou letalidade da COVID-19. Tal relação é tão
absurda, que isso nem sequer está na agenda de qualquer
pesquisa séria. Ao revés, a mídia é de vital importância na
divulgação ampla das medidas de contenção à população.
Zinco, sol, exercícios físicos são Falso. Não há cura, não há tratamento precoce. Tais
suficientes para evitar o COVID-19 medidas simplesmente não insuficientes, frente a certas
doenças muito agressivas. Seria como quere curar a AIDS,
que também envolve o sistema imunológico, com tais
medidas. Não é suficiente.
O que será de nós se não lutarmos agora para evitar que outras tragédias como essa
pandemia se repitam? A opinião dos autores é que vão se repetir, se as leis não forem revistas.
Talvez seja preciso responsabilização dos líderes. Essa pandemia é resultado da relação entre os
homens, não é um evento natural súbito, como um tsunami ou terremoto.
A OMS agiu com propaganda massiva a favor das medidas de contenção? A OMS não tem
autonomia suficiente para isso? Não seria o caso então, de rever o grau de independência da OMS?
Bastava mais bom senso e menos delírios, mais pesquisa epidemiológica e menos
negacionismo científico. Mais coragem, governantes, para enfrentar a falsa dicotomia de que conter
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DOSSIÊ 2020: A MAIOR PANDEMIA DOS ÚLTIMOS CEM ANOS Conscience
o vírus seria pior economicamente. Mais humanidade e menos desprezo aos idosos, senhores
“líderes do mundo”.
Parece razoável pensar que 2.554.694 óbitos evitáveis é resultado muito ruim para o século
XXI, dado os avanços da medicina contemporânea. Em especial nos países com pouca vacinação, o
genocídio que continua a ocorrer initerruptamente no mundo hoje é uma tragédia sanitária sem
precedentes no mundo moderno. É preocupante isso acontecer no século XXI. O que poderá vir pela
frente?
A seguir, uma lista de possíveis causas da não-adoção das medidas de contenção contra o
COVID-19, o que pode trazer alguma luz para a questão. Certamente, o objetivo desta lista não é
esgotar o assunto. Jamais. É outrossim, instigar a reflexão e investigação dos fatos concretos que
levaram à pandemia. Esta pandemia não é causada pelo vírus, mas sim pela incompetência.
Certamente, a causa da desastrosa gestão de certos países foi uma combinação dos fatores
acima, não havendo uma causa única.
Os líderes das nações do mundo, principalmente dos países de dimensões continentais com
muito mais recursos disponíveis, teriam a obrigação de dominar os desafios, de assumir o
protagonismo, ou de se cercarem dos melhores especialistas, para vencerem com o melhor
custo/benefício possível.
Os países com desastrosa gestão da pandemia (Estados Unidos, Irã, Colômbia, México e
Brasil, por exemplo) deverão, cada qual, fazer as devidas investigações. Isto não é vingança, mas
justiça, muito importante para evitar novos genocídios no futuro.
Esse vírus não é Chinês ou dos laboratórios de vacinas. As investigações devem confirmar
ou não se essa pandemia é resultado da onda de individualismo, de ganância, de egoísmo, de
desumanidade e do desrespeito com os idosos.
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DOSSIÊ 2020: A MAIOR PANDEMIA DOS ÚLTIMOS CEM ANOS Conscience
grau de polarização da população (povo mais Os líderes deveriam ter discurso de união
polarizado se une menos em torno de causa e/ou fazer uma linguagem de comunicação
comum) específica para cada grupo
nível de respeito aos idosos Não havia tempo hábil para mudar a cultura
da população. Sugere-se divulgar vídeos dos
idosos sofrendo nas UTIs como estratégia de
sensibilização.
capacidade de adaptação das instituições e Não havia tempo para grandes melhorias, por
unidades de saúde isso mesmo o controle precoce dos surtos de
casos, não de óbitos, é a melhor, mais segura
e mais barata medida, enquanto se esperava
pela vacina.
Grau de confiança da população nos líderes essa confiança aumentaria na medida em que
que criam as políticas de saúde pública a população observasse poucas mortes no
país, em relação à outros países. Simples
assim. Lamentavelmente, no Brasil ocorreu
exatamente o contrário, e nada foi feito para
evitar o pior.
Conscience
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