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CADERNO DE

ANATOMIA
BÁRBARA ELLEN

1 BÁRBARA ELLEN
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO À ANATOMIA HUMANA 3


ANATOMIA DO TÓRAX 6
CORAÇÃO 12
SISTEMA RESPIRATÓRIO 21
ABDÔMEN 32
SISTEMA DIGESTÓRIO 37
SISTEMA URINÁRIO 54
SISTEMA GENITAL 59
Sistema genital masculino 59
Sistema genital feminino 64
ANATOMIA DA PELVE 69
SISTEMA SENSORIAL 76
Olhos 76
Orelha 80

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INTRODUÇÃO À ANATOMIA HUMANA

A anatomia é a ciência que estuda macro e microscopicamente a estrutura do nosso corpo através de cortes. Dissecar é o
ato de cortar em partes.
Tudo tem início com os átomos, que se agrupam e formam as moléculas, que se unem e formam as células. Um
conjunto de células forma os tecidos, que se organizam em órgãos, que constituem os sistemas do nosso corpo.

Conceitos:
• “Normal”: Um padrão, que ocorre em um maior número de casos numa determinada população.
• Variação anatômica: Uma variação morfológica sem alteração fisiológica (a função permanece a mesma). Vários
fatores favorecem seu aparecimento:
A. Idade. Ex.: As muitas mudanças morfológicas que existem entre uma criança e um idoso,
como o aparecimento de dentes e de pelos.
B. Sexo. Ex.: Entre homens e mulheres há muitas diferenças, como a estrutura óssea, a
distribuição de massa corporal, a forma da cintura pélvica e as genitálias.
C. Biótipo (conjunto de características herdadas e adquiridas). Ex.: Indivíduos longelíneos,
normolíneos e bravelíneos.
D. Padrão biológico (“raça”). Ex.: Asiáticos e negros, com diferentes tipos de olhos, cabelos e
boca.
E. Evolução. Ex.: Mudança do tamanho, perda de pelo e mudança da postura.
• Anomalia: Modificação morfológica com comprometimento funcional. Pode estar associada à síndromes genéticas,
como a Síndrome de Down. Outros exemplos: Polidactilia e fenda palatina.
• Monstruosidade: É uma modificação incompatível com a vida. Exemplos: Anencefalia (nascimento sem encéfalo) ou
nascimento sem coração.

Morfologia: Estudo da forma


Fisiologia: Estudo das funções

Nomina anatômica
É o conjunto de termos que descrevem a estrutura do corpo humano. Para criá-la e padronizá-la, foi necessário o
estabelecimento de algumas normas, como:
• Língua oficial: Latim
• Evitar o uso de epônimos (dar o nome de pessoas à estruturas anatômicas);
• Nomes devem ter valor descritivo ou informativo
• Abreviaturas: Normalmente são compostas pela primeira letra de um nome. No plural, a última letra é dobrada.
Exemplos:
a. = artéria v. = veia n. = nervo lig. = ligamento
aa. = artérias vv. = veias nn. = nervos ligg. = ligamentos

Divisão do corpo:
• Cabeça: Crânio e face
• Pescoço
• Tronco: Tórax, abdome e pelve
• Membros:
A. Superiores: Ombro, braço, antebraço e mão
B. Inferiores: Quadril, coxa, perna e pé
As partes dos membros que se conectam ao tronco são chamadas de cinto ou cintura. Nos membros superiores a
cinturas é chamada de Cintura Escapular (Clavícula) e nos membros inferiores é chamada de Cintura pélvica (Símbolo
Pélvico).

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Descrição da posição anatômica (posição ortoestática, apoiada nos pés)
• Cabeça e corpo eretos
• Olhar no horizonte
• Membros superiores unidos e juntos ao tronco
• Palma da mão voltada anteriormente
• Membros inferiores unidos, apoiados no chão, com os dedos voltados anteriormente

Planos de delimitação
• Plano superior/cranial: Tangencia a cabeça
• Plano inferior/podário: Tangencia os pés
• Plano caudal (no tronco): Tangencia o tronco
• Plano lateral esquerdo: Tangencia o lado esquerdo
• Plano lateral direito: Tangencia o lado direito
• Plano anterior/ventral: Tangencia a região anterior
• Plano posterior/dorsal: Tangencia a região posterior
Essas delimitações podem ser utilizadas em cada segmento
corporal.

Planos de corte:
• Corte mediano/sagita-mediano: corte que passa pelo centro do corpo, separando-o em duas
metades proporcionais
• Corte sagital: corte paralelo ao corte mediano, mas que separa o corpo em duas metades
desproporcionais
• Corte transversal: corte paralelo ao plano inferior e superior, que pode ocorrer em vários níveis.
• Corte frontal: corte paralelo aos planos posterior e anterior.

Termos de posição:
• Linha mediana: passa pelo meio do corpo
• Estrutura mediana: Qualquer estrutura localizada na linha mediana. Ex.: Coluna vertebral, umbigo, nariz (A)
• Estrutura medial: Toda estrutura próxima a linha mediana (B)
• Estrutura lateral: Estrutura mais afastada da linha mediana (C)
• Estrutura intermédio: Estrutura entre uma estrutura medial e uma lateral (D)

• Estrutura posterior: Estrutura mais próxima do plano posterior (E)


• Estrutura anterior: Estrutura mais próxima do plano anterior (F)
• Estrutura média: Estrutura entre estrutura posterior e anterior (G)

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• Estrutura proximal: Estrutura mais próxima da cintura dos membros inferiores ou superiores (H)
• Estrutura distal: Estrutura mais afastada da cintura dos membros inferiores ou superiores (I)
• Estrutura média: Estrutura entre estrutura estruturas proximais e distais (J)

4 Princípios que explicam a formação do corpo humano:


1. Antimeria: O corpo é dividido por uma linha mediana, em duas metades proporcionais, formando o antímero
esquerdo e o antímero direito.
2. Metameria: O corpo é formado pela superposição longitudinal de seguimentos semelhantes. Cada segmento é um
metamero. Exemplos: Na coluna vertebral, cada vértebra é um metamero; No gradil costal, cada costela é um
metano.
3. Paquimeria: O corpo é constituído por dois tubos (paquímeros) que alojam as vísceras (órgãos). O paquímero
anterior/ventral/visceral/esplâncnico é onde os órgãos estão localizados e é dividido pelo diafragma em duas partes,
a abdomino-pélvica e a torácica. O paquímero posterior é dividido em paquímero neural, que abrange o cérebro e
em paquímero dorsal, que aloja a medula espinhal.
4. Estratimeria: O corpo é formado por camadas superpostas concentricamente (1ª: Pele; 2ª: Hipoderme - tecido
conjuntivo com adiposo; 3ª: Fáscia muscular - lâmina conjuntiva que irá envolver os músculos; 4ª: Músculos; 5ª:
Ossos).

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ANATOMIA DO TÓRAX

O tórax tem a forma de um cone, com uma abertura maior na base, local de fixação
do diafragma, e uma mais estreita no ápice, que permite a passagem de estruturas do
pescoço para o tórax e vice e versa, como vasos sanguíneos e nervos, e impede que
esses sejam comprimidos. É inclinado posterior e anteriormente.
É uma estrutura ósteomuscular, ou seja, formada por osso e músculo.

Estruturas que limitam a abertura superior:


• Na porção posterior: 1ª vértebra torácica (corpo vertebral)
• Na porção anterior: manúbrio
• Lateralmente: O primeiro par de costelas, com a cartilagem costal correspondente.

Estruturas que limitam a abertura inferior:


• Na porção posterior: 12ª vértebra torácica
• Na porção anterior: A margem costal (arco costal), formada pela junção das cartilagens costais (cerca de 7 a 10 pares)
• Músculo diafragma, que se fixa logo acima da margem costal
• Lateralmente: 11º e 12º par de costelas

Composição óssea do tórax


De forma geral, os ossos podem ser divididos em: Esterno, Vértebras (cujo conjunto compõe a Coluna Vertebral) e
Costelas.
1. Esterno
Em termos de posição anatômica, o esterno é uma estrutura mediana em relação a linha mediana e
anterior em relação a coluna vertebral. Além disso, possui uma cavidade, que é sempre voltada
para o plano posterior. A porção do esterno mais larga (manúbrio) é sempre voltada para o plano
superior.
É um osso laminar, ou seja: tem comprimento e largura aproximadamente iguais e espessura
muito fina. Possui, externamente, lâmina fina de substância óssea compacta, onde as células são
muito organizadas e sem espaço entre si, tornando-a mais densa e dura. Paralelamente, o espaço
interno é preenchido por substância óssea esponjosa, na qual as células são irregulares e
desorganizadas, formando espaços (lacunas) chamadas de trabéculas ósseas, que são preenchidas
por tecido ósseo indiferenciado (medula óssea).
Em casos de transfusão sanguínea de medula óssea, a punção é realizada no osso do esterno, por ser mais superficial e,
portanto, de mais fácil acesso.
O esterno é um osso irregular, marcado por várias incisura, que são “entradas” correspondentes ao relacionamento com
outras estruturas.
Pode ser dividido em três partes: Manúbrio, Corpo do Esterno e Processo Xifóide.
No manúbrio há 5 incisuras, de 3 tipos:
1ª: Incisura jugular, que se localiza na linha média do esterno;
2ª: Incisura clavicular, que é uma estrutura medial que se encontra no antímero
direito e esquerdo do esterno e que se liga à clavícula
3ª: Primeira Incisura costal, que é uma estrutura lateral que faz contato com o
primeiro par de costelas, no antímero direito e esquerdo do esterno.
O manúbrio e o corpo estão em planos um pouco diferentes e, por isso, sua união
forma um ângulo chamado ângulo esternal ou ângulo de Louis. É nesse local que é
encontrada a secunda incisura costal. Além disso, é importante porque
posteriormente à ele é encontrado o arco aórtico (curvatura da aorta) e onde há
ramificação dos brônquios.

Ao longo do corpo do esterno são encontradas outras incisuras costais.

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Processo xifóide: É a última cartilagem hialina que sofre o processo de ossificação, que forma um “calo”, o que ocorre,
aproximadamente, aos 40 anos.

2. Coluna Vertebral e vértebras


Em termos de posição anatômica: É uma estrutura mediana em relação a linha mediana e estrutura posterior em relação
ao esterno. Tem como função:
• Proteção da medula espinhal e dos nervos espinhais
• Sustentação do peso do corpo superiormente ao nível da pelve
• Postura e locomoção
• Garantia de um eixo parcialmente rígido e flexível para o corpo e uma base alargada sobre a qual a cabeça se
posiciona

É formada pela sobreposição de 33 vértebras, dividas em 5 regiões: Cervical, Torácica; Lombar; Sacro e Cóccix:
• Região cervical: É composta pelas 7 primeiras vértebras. Compõem o pescoço e sustentam o crânio. Apresentam
forames transversos que dão passagem às artérias vertebrais.
• Região torácica: Composta por 12 vértebras inferiores às vertebras cervicais. Se articulam com as 12 costelas e
formam o esqueleto do tórax. Tem algumas particularidades, como: Forame vertebral arredondado; processo
espinhoso oblíquo e pontudo; existência de fóveas costais e transversais, por se articularem com as costelas.
• Região lombar: É composta por 5 vértebras inferiores ao tórax. Localizam-se na altura da cintura. Distribuem o peso
no corpo nos membros inferiores. Possuem um forame vertebral de maior diâmetro, com formato triangular e um
corpo mais alargado em relação às outras vertebras.
• Sacro: Composto por 5 vértebras fundidas. É um osso que se articula com os membros inferiores e está na cavidade
pélvica.
• Cóccix: Composto por 4 pequenas vértebras fundidas, remanescentes na calda.
Existe, entre cada vértebra da região cervical, torácica e lombar, um disco intervertebral que permite seu movimento e,
por isso, essa porção é denominada coluna móvel. Paralelamente, na região do Sacro e do Cóccix, onde não há disco
intervertebral, não há movimentação, e por isso é denominada coluna imóvel.
O disco intervertebral tem como função, além de permitir o movimento, de absorção de impactos. É formado
por parte fibrosa externa, que contém o núcleo pulposo, composta por lamelas concêntricas de fibrocartilagem
(Anel fibroso) e por massa gelatinosa central, deslocada posteriormente, com nutrição e inervação indiretas,
que suportam a carga (Núcleo pulposo).

As vértebras são compostas por: Corpo, forame, arco e processos. O conhecimento desses elementos é importante para
classificação das vértebras em:
• Típica: Quando tem os elementos corpo, forame, arco e processos
• Atípica: Quando a vértebra não possui algum dos elementos citados acima
Todas as vértebras do tórax são típicas.

Cada estrutura pode ser descrita como:


• Corpo vertebral: Constitui a parte regular da vértebra. Está localizado na porção anterior da coluna vertebral.
• Forame vertebral: Cavidade na coluna por onde passa a medula óssea
• Forame intervertebral: Cavidade formada quando há a associação de duas vértebras. É por onde os nervos saem da
medula para inervar o corpo.
• Processos: São estruturas irregulares. Uma vértebra regular possui 7 processos: 1 processo espinhoso (localizado na
linha mediana da vértebra); 2 processos transversos; 2 processos articulares superiores e 2 processos articulares
inferiores.
• Arco vertebral: Corresponde à parede lateral e posterior do forame (parede lateroposterior). É dividido em pedículos e
lâminas.
• Pedículo: Parte do arco que liga o corpo aos processos.
• Lâmina: Parte do arco de onde saem os processos.

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Para identificar uma vértebra como torácica, é preciso observar alguns detalhes, como:
• As vértebras torácicas são as únicas vértebras que contêm ponto de contato com as costelas
• Geralmente são mais lisas porque são recobertas de cartilagem hialina

3. Costelas
Posição anatômica: Estão localizadas na parede lateral do tórax. Cada costela possui uma parte regular, que é anterior e
outra irregular, que é posterior. Além disso, possuem borda mais fina que é sempre inferior.
São estruturas ósseas arqueadas que se articulam com a coluna vertebral, nas quais nem todas se articulam com o
esterno. Não há consenso sobre qual tipo ósseo a costela é.
Podem ser classificadas, de acordo com o esterno, em:
• Costelas verdadeiras: Correspondem aos 7 primeiros pares de costela, nos quais a própria cartilagem costal se articula
com o esterno
• Costelas falsas: Correspondem aos pares 8, 9 e 10, que também têm cartilagem costal, mas não se ligam diretamente
ao esterno. Se ligam às costelas 7, que está ligada ao esterno.
• Costelas flutuante: Correspondem aos pares 11 e 12. Não apresentam cartilagem costal e não se ligam, de forma
alguma, ao esterno. Estão somente no plano posterior e servem de apoio para os rins e para a fixação de alguns
músculos. Podem ser retiradas, para afinar a cintura (o que ocorre devido a fixação dos músculos em outra região),
sem comprometimento funcional, mas o rim fica desprotegido, na medida que fica sustentado apenas por músculos,
sendo perigoso em caso de traumas.

A estrutura da costela é composta por:


• Junção costocondral (extremidade anterior), correspondente à ponta mais lisa, na qual há a articulação das costelas
com as cartilagens costais.
• Corpo costal, que inclui o resto da costela e é onde a ocorre a articulação da costela com a vértebra.
A. Sulco costal (borda filiada): Porção inferior da costela, que irá alojar vasos sanguíneos e nervos responsáveis
pela inervação da parede toráxica
B. Tubérculo costal, onde há uma face articular que articula com o processo transverso da vértebra.
C. Colo costal
D. Cabeça costal, onde há duas faces: face articular superior e face articular inferior, que articulam com o corpo
vertebral.

Linhas de referência traçadas na superfície do tórax


1. Na porção anterior:
• Linha medioesternal: passa exatamente pelo meio do esterno. É uma referência para cirurgia aberta de tórax.
• Linha esternal:
• Linha paraesternal:
• Linha hemiclavicular

2. Na porção posterior:
• Linha vertebral
• Linha paravertebral
• Linha escapular
• Linha ângulo-escapular

Articulações do tórax
As articulações correspondem ao ponto de encontro de duas estruturas duras no tórax. Podem se dividir em três grupos:
• Fibrosa: Os ossos são unidos por tecido conjuntivo fibroso denso. Não forma cavidade porque existe tecido de
interposição. Muito comum no crânio.

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• Cartilaginosa: Os ossos são unidos por cartilagem. Não forma cavidade porque existe tecido de interposição. Ex.: As
articulações costocondrais. Se divide em dois subtipos:
A. Sínfise: Quando a cartilagem é fibrosa.
B. Sincondrose: Quando a cartilagem é hialina.
• Sinovial: Os ossos não estão diretamente unidos. Há, entre eles, uma cavidade denominada cavidade sinovial,
preenchida por líquido sinovial, que proporciona maior mobilidade. Ex.: cotovelo, joelho, quadril.

No tórax existe apenas articulações do tipo cartilaginosa e sinovial. Além disso, cada articulação recebe um nome
específico:
• Esternal: Entre partes do esterno. Existem duas:
C. Manubrioesternal (que liga o manúbrio ao corpo do esterno)
D. Xifoesternal (que liga o corpo do esterno ao processo xifóide)
• Esternocostal (esternocondral): Entre o esterno e uma cartilagem costal. Existem 7 pares dessa articulação (ocorre
somente com as costelas verdadeiras). O primeiro par é uma junção cartilaginosa sincondrose e os demais
correspondem a junções sinoviais (porque precisam de mobilidade para a expansão da cavidade torácica durante a
respiração).
• Costocondral: Entre costela e cartilagem costal. De acordo com a classificação acima, é uma junção cartilaginosa
sincondrose. Existem 10 pares.
• Intercondral: Entre as cartilagens costais falsas. Apesar se ser entre cartilagens hialina, forma cavidade e, portanto, é
uma junção do tipo sinovial. Há pelo menos 3 pares (entre as costelas falsas).
• Costovertebral: Entre uma costela e uma vértebra toráxica. É uma articulação sinovial porque existe uma cavidade.
Há 12 pares, na medida que todas as costelas se associam à coluna vertebral. Essa junção ocorre em dois locais:
A. Articulação da cabeça da costela: entre o corpo vertebral e a cabeça costal
B. Articulação costotransversária: entre os processos transversos e o tubérculo costal
• Vertebral: Entre vértebras da coluna vertebral. É uma articulação do tipo sinovial.
Obs.: Fóveas costais são locais de articulações sinoviais entre as costelas e as vértebras. Normalmente há seis fóveas
para cada vértebra, quatro no corpo vertebral e duas no processo transverso. As do processo transverso articulam-se com
os tubérculos costais, enquanto as do corpo vertebral articulam-se com as cabeças das costelas.

Musculatura do tórax
Existem dois grupos musculares no tórax, um responsável pelos movimentos da cavidade torácica e outro por alguns
movimentos dos membros superiores.
Os músculos a seguir atuam principalmente nos membros superiores, mas também podem
atuar como músculos acessórios da respiração, ajudando a elevar as costelas para expandir
a cavidade torácica quando a respiração é profunda e forçada.
• Músculo peitoral maior: Faz a abdução (movimento que tende a afastar membro do
plano médio sagital do corpo humano) do braço, movimentando o úmero.
• Músculo peitoral menor: Posição posterior ao músculo peitoral maior. Está envolvido
na elevação dos ombros.
• Músculo serrátil anterior: Origina-se na lateral e chega à parede posterior. Relacionado à
protração (movimento de parte do corpo em direção ao plano anterior) da escápula.
• Músculo serrátil posterior: eleva as costelas (inspiração) e estende (contração bilateral) e
roda (contração unilateral) a coluna

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Músculo peitoral menor Músculo serrátil anterior
Músculo peitoral maior Músculo serrátil posterior superior e
inferior
Os músculos intercostais ocupam os espaços intercostais (entre as costelas). A camada mais superficial é formada pelos
músculos intercostais externos e a camada interna é formada pelos músculos intercostais internos. As fibras musculares
mais profundas desses últimos, situadas internamente aos vasos intercostais, são denominadas músculos intercostais
íntimos.
• Músculos Intercostais Externos (11 pares): Ocupam os espaços intercostais desde os tubérculos das costelas
posteriormente até as junções costocondrais anteriormente. Na parte anterior, as fibras musculares são substituídas
pelas membranas intercostais externas. São mais ativos durante a inspiração.
• Músculos intercostais internos (11 pares): Seguem profundamente e perpendicularmente aos intercostais externos.
Fixam-se aos corpos das costelas e a suas cartilagens costais, desde o esterno anteriormente até os ângulos das
costelas posteriormente. Na parte posterior entre as costelas, medial aos ângulos, os músculos intercostais internos
são substituídos pelas membranas intercostais internas. São mais ativos durante a expiração.
• Músculos intercostais íntimos: Correspondem à parte mais profunda dos músculos intercostais internos, separada
desses pelos nervos e vasos intercostais. Ocupam as partes mais laterais dos espaços intercostais. É provável que suas
ações sejam iguais às dos músculos intercostais internos.

Os músculos do tórax que atuam na movimentação das costelas não são apenas os músculos
intercostais, mas também os músculos subcostais, o músculo transverso do tórax, os
músculos levantadores das costelas, o músculo serrátil posterior, já mencionado, e o
músculo quadrado lombar:
• Músculo subcostal: representa também a camada interna torácica e é encontrado no
ângulo da costela. É um pequeno músculo que se origina no ângulo da costela (borda
inferior) e insere na borda superior da costela subjacente (a baixo). Possui ação de
reforçar a parede do tórax na inspiração.
• Músculo transverso do tórax: constitui também a camada interna torácica e possui uma
origem posteriormente ao processo xifóide e corpo do esterno. A sua inserção são nas
cartilagens costais (2ª a 6ª costelas). Possui como ação o reforço da parede do tórax
durante a expiração.
Músculo subcostal
• Músculos levantadores das costelas: têm inserção superior no processo transverso da 7ª
vértebra cervical à 11ª torácica e inserção inferior na face externa da 1ª à 12ª costela. Têm
como ação a elevação das costelas (ação inspiratória) e estabilização intercostal
• Músculo serrátil posterior: eleva as costelas (inspiração)
• Músculo quadrado lombar: origina-se na crista ilíaca e se insere na 12ª costela, L1 a L4 (processo transverso) e
apresenta uma ação (expiração) antagonista (contrário) ao diafragma, que age na inspiração.

Músculo transverso do tórax Músculo quadrado lombar


10 Músculos levantadores das costelas Músculo serrátil posterior superior e BÁRBARA ELLEN
inferior
Além disso, o principal músculo responsável pela inspiração é o diafragma, formado por
duas concavidades voltadas para a região abdominal, que também tem como função a divisão
do tórax e do abdome. É onde o coração e os pulmões se apoiam.
É formado por musculatura transversal, e pode ser dividido em duas porções. A porção central
é rica em fibras colágenas, onde há fixação das fibras musculares e a porção periférica é rica
em fibras musculares.
Possui três aberturas, para permitir a passagem de estruturas entre o tórax e o abdome:
• Forame da veia cava inferior, por onde passa a veia
cava inferior e o nervo frênico, responsável pela
inervação do diafragma. Se localiza na porção
central e, portanto, não sofre alteração no
diâmetro;
• Hiato Esofágico, por onde passa o esôfago e o nervo vago, que nasce no
crânio, desce pelo pescoço, tórax, atravessa o hiato e chega no abdome para
inervar as vísceras abdominais. Se localiza na porção das fibras musculares
e, portanto, sofrerá alteração em seu diâmetro;
• Hiato Aórtico, que fica apoiado na coluna vertebral, na porção das fibras
musculares e que, portanto, vai sofrer alterações no diâmetro devido a
contração dos músculos. É por onde passa o ducto torácico, responsável pela
drenagem linfática da pelve, do abdome e dos membros inferiores. Também
é por onde passa veia azigo, que recolhe a maior parte do sangue venoso das
paredes do tórax e abdome.

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CORAÇÃO

Localização e posição anatômica


O tórax pode ser dividido em três compartimentos, dois laterais denominados compartimentos pleurais ou pulmonares, e
um central denominado mediastino, cujo principal componente é o coração.
O mediastino é limitado por estruturas:
• Anteriormente: esterno
• Posteriormente: vértebras torácicas
• Inferiormente: músculo diafragma, que possui três aberturas: forame da veia
cava inferior (veia cava e nervo frênico, responsável pela inervação do
diafragma e do pericárdio); hiato esofágico (porção posterior e anterior do
plexo vagal/nervo vagal e esôfago) e hiato aórtico (artéria aorta, veia ázigo e
o ducto torácico, que drena todas as estruturas abaixo do diafragma).
• Superiormente: abertura superior do tórax
• Lateralmente: pulmões
Além do coração existem outras estruturas nessa região, como: esôfago,
traquéia, início dos brônquios, grandes vasos e saco pericárdico (que contém o coração).
É dividido por um plano transversal, em uma linha imaginária que é traçada entre o ângulo esternal e o disco
intervertebral entre as vértebras 4 e 5, em mediastino superior e inferior. O mediastino superior é ocupado por todos os
grandes vasos, pela traquéia, por parte do esôfago e por algumas ramificações da traqueia (brônquios principais).
O mediastino inferior também sofre uma divisão, em mediastino inferior anterior, médio e posterior.
O coração está localizado no mediastino inferior médio, que é ocupado tanto pelo saco pericárdio e pelo coração quanto
por alguns vasos. Paralelamente, o mediastino inferior anterior é ocupado pelo timo e o inferior posterior é ocupado
pelo esôfago e pela artéria aorta descendente.
O coração não é uma estrutura mediana, como muitos pensam, pois não pode ser separado em duas
metades semelhantes: 75% está localizado à esquerda da linha mediana, em uma posição oblíqua, e
25% à direita da linha mediana.
A posição anatômica do coração tem como referência o ápice (porção mais pontuda) em relação à
base: o ápice deve ser mais inferior, anterior e esquerdo, em relação à base.

Pericárdio
Ao fazer um corte frontal no tórax, não é possível visualizar o coração, porque existe uma membrana
recobrindo-o. Essa membrana é fibroserosa e denominada pericárdio. Sua função é fixar o coração no
mediastino e limitar a sua expansão demasiada. Pode ser dividido em camadas, ambas repletas de vasos:
• Pericárdio fibroso: é a camada mais externa, que é mais espessa, mais resistente, menos elástica e rica
em fibras colágenas e responsável por fixar o coração no mediastino.
• Pericárdio seroso: é a camada mais interior, que é mais fina. É composta por duas lâminas:
• Parietal
• Visceral (epicárdio): constitui a camada mais externa da parede do coração.
Entre as lâminas visceral e parietal existe uma cavidade, onde é encontrado o líquido pericárdio, cuja importância é
lubrificar os dois pericárdios, evitando atrito entre eles durante o movimento do coração.
Caso haja aumento do líquido, pode haver compressão do coração, especialmente porque o
pericárdio fibroso é inelástico, o que atrapalha seu funcionamento ideal: não haverá sangue
suficiente para ser bombeado porque a cavidade não será totalmente preenchida e não haverá
força para bombear sangue pro corpo todo. Isso recebe o nome de tamponamento cardíaco.
Sem sangue suficiente, há diminuição da pressão, e o coração não vai ter força para contrair e
distribuir o sangue.
O epicárdio é infiltrado por gordura, e fica localizado em pontos em que há vasos, ajudando
na fixação dos vasos na superfície da parede do coração.
O saco pericárdico, que aloja o coração no mediastino, é formado pelo pericárdio fibroso e
seroso parietal. É acinzentado porque tem muito colágeno. Tem uma continuídade com o
diafragma, e as fibras responsáveis por essa ligação são denominadas ligamento pericárdico
frênico. Além disso, há ligamento que fixa o pericárdio ao esterno, denominado ligamento
pericárdico esternal (ligamento esterno pericárdico). Esses ligamentos são projeções do

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pericárdio em direção às estruturas vizinhas anterior e inferior e auxiliam na sustentação do coração no mediastino.
O pericárdio fibroso e o pericárdio seroso parietal são atravessados por vasos, ou seja, são perfurados. Esses vasos
atravessam o pericárdio para entrar ou sair do coração.

Espaços pericárdicos
Espaços pericárdicos são espaços onde a cavidade pericárdica é maior, mais ampla, em relação ao restante do coração, e
esse espaço está situado entre os vasos. Existem dois espaços como esse:
• Seio transverso do pericárdio: espaço situado posteriormente ao tronco pulmonar e artéria aorta. Na prática colocar o
dedo no seio e, anteriormente a ele, vai estar o tronco pulmonar e artéria aorta e, posteriormente, estarão as veias
cavas e as veias pulmonares. É mesmo um espaço, por onde conseguimos atravessar o dedo, deslocando vasos pra
frente.
• Seio oblíquo do pericárdio: esse espaço está localizado entre as veias cavas superior e inferior e as veias pulmonares.
É um espaço de fundo cedo, ou seja, não pode ser atravessado.
É muito importante o conhecimento desses espaços, principalmente do seio transverso do pericárdio. Isso porque, em
uma cirurgia cardíaca onde é necessária uma circulação extracórporea, o tronco pulmonar e a artéria aorta, que tiram o
sangue do coração, podem ser isolados dos demais vasos, facilitando o trabalho médico.

O coração
É um órgão muscular contrátil, cujo tamanho se assemelha ao tamanho de um punho cerrado e a forma se parece com
um cone torcido. É tetracavitário, ou seja, formado por quatro cavidades, duas superiores (átrio esquerdo e átrio direito)
e duas inferiores (ventrículo esquerdo e ventrículo direito).
Por ser contrátil, o coração é uma bomba, que ejeta sangue para fora e que recebe sangue. Para isso tem tubos para sua
condução: artérias e veias. As artérias saem do coração e as veias chegam ao coração. As artérias sempre saem do
coração pelos ventrículos, e as veias sempre chegam pelos átrios.
As artérias saem do coração com um diâmetro maior, que vai diminuindo à medida que se ramifica. Paralelamente, as
veias também chegam no coração com diâmetro maior, porém são formadas por um conjunto de veias menores que se
unem, chamadas de tributárias. Ou seja: as veias são formadas por tributárias, não por ramificações, que só existem nos
vasos arteriais. As tributárias são pequenos vasos que se juntam para formar uma veia maior.
Vaso azul e vermelho não indicam se é artéria ou veia. Vaso azul é aquele que transporta sangue venoso e o vermelho é
aquele que transporta sangue arterial.

Faces do coração
O coração, localizado no mediastino, se relaciona com outras estruturas, e a parte que se
relaciona é chamada de face. Existem três faces:
• Face esternocostal: com formato mais convexo, mais à direita do coração, está em
contato com o esterno e com as costelas. Predôminancia de ventrículo direito e da
aurícula direita. Pode ser vista na porção anterior.
• Face pulmonar ou face esquerda do coração: fica mais à esquerda. Predominância de
ventrículo esquerdo e início da aurícula esquerda. Pode ser vista na porção anterior.
• Face plana ou face diafragmática: está apoiada no músculo diafragma, e adquire seu
formato. Não pode ser vista na porção anterior.

Septo e sulco
O lado direito do coração transporta sangue venoso, e o lado esquerdo transporta sangue arterial. Entre as duas metades
(esquerda e direita) do coração, existem paredes internas, chamadas de septo:
• Septo interatrial: septo existente entre os átrios.
• Septo interventricular: septo existente entre os ventrículos
• Septo átrio-ventricular: Parede transversal incompleta, porque no centro dela há uma abertura para átrio comunicar
com ventrículo.
Externamente não há septos, mas sulcos, que marcam as divisões das cavidades do coração feitas pelos septos:

13 BÁRBARA ELLEN
• Sulco interventricular anterior: marca a separação dos ventrículos na porção anterior do coração. Não é visto devido à
sobreposição de vasos (artéria interventricular anterior e veia interventricular anterior) e gordura, responsável por
fixar esses vasos.
• Sulco interventricular posterior: marca a separação do ventrículo direito e do ventrículo esquerdo na porção posterior
do coração. Não é visto devido à presença de vasos (ramo interventricular posterior da artéria coronária direita e veia
interventricular posterior/veia cardíaca média), que correm juntas e são fixadas no sulco por tecido adiposo.
• Sulco átrio-ventricular/sulco coronário: marca a separação de átrios e ventrículos. “Corta” transversalmente o
coração, circundando-o. Não pode ser visto anteriormente porque há artérias que o sobrepõe. Na porção posterior,
esse sulco pode ser identificado, mas não visto, pois também há vasos (artéria coronária direita e seio coronário)
correndo sobre ele.
• Sulco interatrial anterior e posterior: existem, mas não podem ser vistos.
Ponto Crux Cordis ou Cruz de Has: cruzamento que marca a separação entre átrios; entre ventrículos e entre ventrículos
e átrios. Em outras palavras, é o ponto de encontro dos quatro sulcos na porção posterior.

Morfologia externa do coração


I. Vista externa anterior do coração
Na vista anterior do coração, é possível visualizar:
• Face esternocostal do coração
• Ventrículo direito.
• Ventrículo esquerdo.
• Aurícula direita (um pouco maior; projeção anterior do átrio direito).
• Aurícula esquerda (um pouco menor; projeção anterior do átrio esquerdo).
Não é possível identificar, na vista anterior do coração, átrios, porque os ventrículos
darão origem à dois vasos da base: ao tronco pulmonar e à artéria aorta, que tampam
a visualização dos átrios. Assim, na vista anterior, só é possível ver uma projeção do
átrio, chamada de aurícula.
• Sulco interventricular anterior
• Artéria interventricular anterior
• Veia interventricular anterior
• Sulco coronário
• Cone arterial ou infundíbulo (parte superior do ventrículo direito que forma um cano mais estreito, de onde nasce um
vaso, o tronco pulmonar)
• Tronco pulmonar (artéria), que recebe esse nome porque ainda não se dividiu em artéria pulmonar direita e artéria
pulmonar esquerda. Transporta sangue venoso. Só é visto anteriormente (posteriormente são vistas apenas as
bifurcações). Nasce no ventrículo direito.
Quando o tronco passa atrás da artéria aorta, se ramifica, originando um ramo para o pulmão esquerdo e outro ramo
para o pulmão direito (artéria pulmonar direita e artéria pulmonar esquerda).
• Artéria aorta, maior vaso do nosso corpo, que se origina no ventrículo esquerdo, passa por trás do tronco pulmonar e
se curva para a esquerda novamente. Na visão anterior tem-se a impressão de que se origina no ventrículo direito, mas
não é! Tem a função de levar sangue arterial para todo o corpo.
A artéria aorta pode ser dividida em três segmentos:
1. Artéria aorta ascendente: artéria aorta que sai do ventrículo esquerdo e sobe. Dela se
originam dois pequenos vasos denominados artérias coronárias, responsáveis pela irrigação
do coração:
1. Artéria coronária esquerda Emite um vaso chamado ramo interventricular anterior e
um ramo chamado ramo circunflexo da artéria coronária esquerda, Além disso, o
ramo circunflexo dá origem à um ramo que corre na margem esquerda do coração,
chamado de ramo marginal esquerdo. O ramo interventricular anterior é
acompanhado pela veia interventricular anterior e o ramo circunflexo é
acompanhado pela veia cardíaca magma.
2. Artéria coronária direita (ou artéria coronária posterior): se origina no lado direito
da aorta. Vai para a porção posterior do coração e fica no sulco coronário e no sulco
interventricular posterior. Não tem ramo circunflexo. Ramifica-se em ramo
interventricular posterior, que irá correr no sulco interventricular posterior e em
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ramo marginal direito. Também dá origem ao ramo do nó sinoatrial, que vai em direção ao nó sinoatrial,
que é um conjunto de células especializadas responsável por dar ritmo ao coração. O ramo interventricular
posterior é acompanhado pela veia interventricular posterior e o ramo marginal direito é acompanhado pela
veia cardíaca parva.
2. Arco aórtico: artéria que curva para a esquerda e se ramifica em três ramos. O primeiro, à direita, é o maior em
relação aos outros:
1. Tronco braquiocefálico: vai levar sangue pra cabeça, pro pescoço e pros membros superiores. Recebe o
nome de tronco porque ainda não se ramificou nas artérias que levarão sangue para cada lugar específico.
Ele se ramifica em um ramo ascendente (artéria carótida comum direita), que vai irrigar o lado direito da
cabeça e do pescoço, e um ramo lateral (artéria subclávia direita),
que vai levar sangue para os membros superiores direitos.
2. Artéria carótida comum esquerda: vai irrigar o lado esquerdo da
cabeça e do pescoço.
3. Artéria subclávia esquerda: vai irrigar o lado esquerdo dos membros
superiores.
3. Artéria aorta descendente: artéria aorta que desce, sai do tórax pelo hiato
aórtico e chega ao abdômen. A parte dessa artéria que está localizada no
tórax é chamada de artéria aorta descendente torácica e a artéria aorta que
está localizada no abdômen é chamada de artéria aorta descendente
abdominal, que se ramifica para irrigar as estruturas presentes no abdômen e
termina se bifurcando, formando as artérias ilíacas, que irão levar sangue
arterial para a pelve e para os membros inferiores. Existe também uma
ramificação entre as artérias ilíacas chamada de artéria sacral mediana, que
irá irrigar o sacro e o cóccix. A artéria aorta descendente torácica é repleta de
ramificações, por onde saem pequenas artérias que irão irrigar as estruturas
do tórax, como traquéia, brônquios, esôfago e músculos intercostais.
• Veia cava superior: chega no átrio direito, que não pode ser visto na parte anterior. É possível ver essa veia na porção
anterior, passando à direita da aorta. Chega ao átrio após recolher sangue venoso da cabeça, do pescoço, dos membros
superiores e do tórax. Observar a presença de tributárias da veia cava superior, que são formadas por outras
tributárias, e assim sucessivamente.
Por exemplo: O sangue do pescoço e da cabeça é recolhido pela veia jugular interna e o sangue dos membros superiores
e do tórax é recolhido pela veia subclávia. A união dessas tributárias forma duas veias maiores, a veia braquiocefálica
esquerda e a veia braquiocefálica direita, que se unem, formando a veia cava superior.

II. Vista externa posterior do coração


Na vista posterior do coração é possível visualizar:
• Face diafragmática
• Ventrículo direito
• Ventrículo esquerdo
• Átrio esquerdo
• Átrio direito
• Sulco interventricular posterior
• Ramo interventricular posterior da artéria coronária direita
• Veia interventricular posterior/ veia cardíaca média
• Sulco transversal
• Seio coronário, responsável pela drenagem do coração. Recebe esse nome porque não pode ser
classificado como veia, por não apresentar musculatura em sua parede. Então é apenas uma cavidade que
funciona como uma veia.
• Artéria coronária direita (artéria)
Os vasos mais visíveis na porção posterior são os vasos que chegam no coração (veias).
• Veia cava superior: chega no átrio direito, trazendo sangue da cabeça, do pescoço, do tórax e dos membros superiores.
• Veia cava inferior: chega no átrio direito, trazendo sangue dos membros inferiores, da pelve e do abdômen.
• Seio coronário (veia), que traz sangue do próprio coração para o átrio direito.
• Veias pulmonares direitas (2): chegam no átrio esquerdo, saindo do pulmão direito e retornando ao coração.
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• Veias pulmonares esquerdas (2): chegam no átrio esquerdo, saindo do pulmão
esquerdo e retornando ao coração.
• Artéria pulmonar direita: está localizada acima das veias pulmonares, e só é
vista posteriormente (anteriormente é visto apenas o tronco pulmonar, que
ainda não bifurcou nas artérias pulmonares).
• Artéria pulmonar esquerda: está localizada acima das veias pulmonares, e só é
vista posteriormente (anteriormente é visto apenas o tronco pulmonar, que
ainda não bifurcou nas artérias pulmonares).

Vascularização do coração
Todo órgão é vascularizado. O processo de vascularização envolve duas etapas:
1. Irrigação: é levado oxigênio e nutrientes para o órgão
2. Drenagem: vai ser retirado do órgão os restos no metabolismo
São as artérias coronárias direita e esquerda e suas ramificações que irão levar
oxigênio e nutrientes para os músculos do coração (irrigação). Essas artérias têm
origem na artéria aorta.
A artéria aorta pode ser dividida em três segmentos: artéria aorta ascendente; arco
aórtico e artéria aorta descendente. É o primeiro segmento que dá origem às artérias
coronárias.
A artéria aorta ascendente é a artéria aorta que sai do ventrículo esquerdo e sobe. Dela se
originam dois pequenos vasos denominados artérias coronárias, responsáveis pela
irrigação do coração:
• Artéria coronária esquerda (ou artéria coronária anterior - já que irá irrigar a porção
anterior, tanto do ventrículo direito quanto do ventrículo esquerdo): se origina no lado
esquerdo da aorta. Vai para a porção anterior do coração e fica no sulco interventricular.
A artéria coronária esquerda emite um vaso chamado ramo interventricular anterior para
dentro do coração para irrigar a parte interior do septo interventricular. Também emite
um ramo chamado ramo circunflexo da artéria coronária esquerda, que vai contornar o coração pelo lado esquerdo,
tanto o átrio quanto o ventrículo, na parte posterior do coração. Além disso, o ramo circunflexo dá origem à um ramo
que corre na margem esquerda do coração, chamado de ramo marginal esquerdo.
• Artéria coronária direita (ou artéria coronária posterior): se origina no lado direito da aorta. Vai para a porção
posterior do coração e fica no sulco coronário e no sulco interventricular posterior. Não tem ramo circunflexo.
Ramifica-se em ramo interventricular posterior, que irá correr no sulco interventricular posterior. Também dá origem
ao ramo do nó sinoatrial, que vai em direção ao nó sinoatrial, que é um conjunto de células especializadas responsável
por dar ritmo ao coração.

Além disso, as artérias coronárias são acompanhadas por veias responsáveis pela drenagem do coração. São elas:
• Ramo interventricular anterior (da artéria coronária esquerda): é acompanhado pela veia interventricular anterior.
• Artéria circunflexa (ramo da artéria coronária esquerda): é acompanhada pela veia cardíaca magma.
• Ramo interventricular posterior (da artéria coronária direita): é acompanhado pela veia interventricular posterior.
• Ramo marginal direito (da artéria coronária direita): é acompanhado pela veia cardíaca parva.
A maior parte do sangue venoso do coração é drenado para o seio coronário, que leva o sangue para o átrio direito,
porque é nele que nasce o tronco pulmonar, que levará sangue para ser filtrado no pulmão. As tributárias do seio
coronário são: a veia cardíaca magma; a veia interventricular posterior (veia cardíaca média) e a veia cardíaca parva.
Existem também as veias cardíacas mínimas, que são as menores veias do coração e que transportam uma porção
mínima de sangue. Essas veias não drenam o sangue para o seio, mas direto para o átrio direito.
Assim, dizemos que as veias responsáveis pela drenagem do coração são o seio coronário e suas tributárias e as veias
cardíacas mínimas.

Morfologia interna do coração


O coração é dividido interiormente em quatro cavidades: átrios direito e esquerdo (na porção superior) e ventrículos
direito e esquerdo (na porção inferior).

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As cavidades do lado direito não se comunicam com as cavidades do lado esquerdo, pois há uma parede longitudinal
contínua chamada de septo. Entre dois átrios, esse septo recebe o nome de septo interatrial, e entre dois ventrículos
recebe o nome de septo interventricular.
Na fase embrionária é encontrada, na parede do septo interatrial, uma abertura chamada de de forame oval. Essa
abertura permite a passagem do sangue que chega no átrio direito direta para o átrio esquerdo. Isso porque o pulmão do
embrião ainda não funciona, então o coração não precisa se preocupar em mandar sangue pro pulmão. Ao nascer, esse
forame é fechado, e fica uma depressão naquele local, chamada de fossa oval. Pode ser que ainda haja uma pequena
comunicação, que não traz prejuízo funcional, salvo casos em que essa abertura é muito grande.
Também existe uma parede transversal descontínua, entre átrios e ventrículos, no lado esquerdo e direito, chamada de
septo atrioventricular. Em seu centro há uma abertura chamada de óstio átrio-ventricular, que permite a comunicação
entre o átrio e o ventrículo.

I. Morfologia dos átrios


Os átrios são as cavidades superiores do coração. São as cavidades receptoras do coração. Os átrios tem parede
muscular muito fina, se comparada à parede do ventrículo. Isso porque seu papel é receber sangue e enviar aos
ventrículos, o que é feito pela força da gravidade, e não depende de muito trabalho muscular.
Os átrios, como cavidades receptoras, recebem o sangue, que chega por meio de:
• Veias cavas superior e inferior: trazem sangue da cabeça, do pescoço, do tórax, dos membros superiores, do abdômen,
da pelve e dos membros inferiores.
• Seio coronário: traz sangue drenado do próprio coração.
• Veias pulmonares: trazem sangue arterial do pulmão.
No átrio direito chegam as veias cavas superior e inferior e o seio coronário, enquanto no átrio
esquerdo chegam as veias pulmonares.
A parede anterior do átrio direito (aurícula direita) apresenta projeções irregulares chamadas
de músculos pectíneos (acredita-se que essas rugosidades têm a função de diminuir o atrito do
sangue com a parede), e a parede posterior do átrio direito é toda lisa. Paralelamente, tanto a
porção anterior quanto a porção posterior do átrio esquerdo é lisa.
As aberturas por onde os vasos chegam são nomeadas óstios. O átrio direito tem quatro óstios:
• Óstio atrioventricular direito
• Óstio da veia cava superior
• Óstio da veia cava inferior
• Óstio do seio coronário

Paralelamente, o átrio esquerdo possui cinco óstios:


• Óstio atrioventricular esquerdo
• Óstio da veia pulmonar superior esquerda
• Óstio da veia pulmonar inferior direita
• Óstio da veia pulmonar superior direita
• Óstio da veia pulmonar inferior direita
O óstio atrioventricular é comum aos átrios esquerdo e direito.

II. Morfologia dos ventrículos


Os ventrículos são as cavidades inferiores do coração. São as cavidades ejetoras do coração, sendo que o ventrículo
direito ejeta sangue venoso, pelo tronco pulmonar, e o esquerdo ejeta sangue arterial, pela artéria aorta.
O volume de sangue nos dois ventrículos é quase a mesma, porém, como o ventrículo esquerdo tem que bombear
sangue pro corpo inteiro, e, portanto, tem que fazer uma força muscular muito grande (cerca de 5x maior que a força
feita pelo ventrículo direito), sua parede é muito mais desenvolvida e sua cavidade é maior, se comparada à cavidade do
ventrículo esquerdo, mesmo que o volume sanguíneo seja o mesmo.
Tanto no ventrículo esquerdo quanto no ventrículo direito são encontradas rugosidades musculares rasas nas paredes,
chamadas de trabéculas cárneas (similares ao músculo pectíneo do átrio direito). São projeções do miocárdio mais rente
à parede da cavidade.

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Também são encontradas outras projeções, que vão dos óstios atrioventriculares e nos óstios das artérias em direção às
cavidades ventriculares, chamadas de músculos papilares. Esses músculos têm a forma de um cone e existem tanto no
ventrículo direito quanto no esquerdo, porém no ventrículo direito existem 3 projeções, e no ventrículo esquerdo
existem apenas 2.

III. Óstios
O átrio e o ventrículo trabalham alternadamente: quando um está em diástole (relaxado), o outro está em sístole
(contraído). Paralelamente, átrios direito e esquerdo e ventrículos direito e esquerdo trabalham simultaneamente.
Os óstios atrioventriculares são fechados por valva, cujo fechamento permite que primeiro o átrio se encha
completamente para depois o ventrículo encher. Nesse momento, o peso no átrio é muito grande, e exerce força sob a
valva para que o sangue passe para o ventrículo.
As valvas cardíacas são dispositivos localizados nos óstios atrioventriculares e nos óstios das
artérias que saem do coração, impedindo o refluxo de sangue. Há dois tipos de valvas:
Válvula: uma lâmina conjuntiva
Valva: um conjunto de válvulas.
1. Valvas atrioventriculares: estão situadas nos óstios atrioventriculares. Impedem o refluxo de
sangue do ventrículo para o átrio.
1. Valva bicúspide ou mitral: é uma valva do óstio atrioventricular esquerdo. Composta
por duas lâminas conjuntivas: válvula anterior e válvula posterior.
2. Valva tricúspide: é uma valva do óstio atrioventricular direito. É formada por três
lâminas conjuntivas: válvula anterior, posterior e septal.
Essas válvulas se fixam nos músculos papilares.
Funcionamento do óstio atrioventricular: nas valvas atrioventriculares há um dispositivo
chamado de aparelho valvar, composto por quatro elementos:
•Anel fibroso: parte do esqueleto fibroso que constitui uma lâmina circular que acompanha o
óstio atrioventricular;
•Cúspides (válvulas): lâminas conjuntivas que partem do anel fibroso;
•Cordas tendíneas: filamentos fibrosos que fixam as cúspides aos
músculos papilares. São sustentadas pelos músculos papilares.
•Músculos papilares: projeções de formato cônico que partem do
miocárdio.
Entre átrio e ventrículo existe uma camada de conjuntivo espesso
chamada de esqueleto fibroso do coração, onde irão se fixar os
músculos dos átrios e dos ventrículos (então o esqueleto serve de
sustentação para essas estruturas). Além disso, o esqueleto irá formar o contorno dos
óstios atrioventriculares, que funciona como isolante elétrico, para evitar a perda do
estímulo elétrico.
Importância do aparelho valvar: quando ventrículo contrair, o músculo papilar irá tensionar as
cordas tendíneas para que na hora que a pressão de sangue no sentido ventrículo-átrio aumentar, as cordas não deixarem
as cúspides retornarem para dentro do átrio (se isso acontecesse haveria refluxo sanguíneo).
2. Valvas arteriais: estão localizadas nas bases da artéria pulmonar e da artéria aorta. Recebem o nome semilunar
porque se assemelham à uma semilua, e todas apresentam 3 cúspides (válvulas). Impedem o retorno de sangue de
artéria para ventrículo.
1. Valva semilunar pulmonar (valva arterial do tronco pulmonar): é uma valva arterial do tronco pulmonar. É
formada por válvula semilunar direita, válvula semilunar anterior e válvula semilunar esquerda. Está
localizada à direita.
2. Valva semilunar aórtica (valva arterial da aorta): é uma valva arterial da aorta. É formada por válvula semilunar
direita, válvula semilunar posterior e válvula semilunar esquerda. Esta localizada à esquerda.
As valvas semilunares são fixadas diretamente na parede do tronco pulmonar ou do tronco aórtico. O que muda de uma
valva arterial para a outra é a válvula posterior e anterior, já que direita e esquerda ambas têm. Lembrete: o tronco
pulmonar é o vaso mais anterior do coração, então é ele que tem a válvula anterior.
Funcionamento das valvas semilunares: quando o ventrículo contrai, essa força empurra essas valvas para dentro da
artéria, e o sangue vai para a artéria. Devido à força da gravidade, esse sangue tende a voltar. Porém, quando esse
sangue retorna, preenche “bolsões”, no espaço entre a artéria e a valva. O peso faz com que as válvulas voltem para
dentro da artéria, impedindo o retorno do sangue.

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A direção do sangue no coração é uma só. Se o sangue está voltando, é um sinal de má funcionamento das valvas. Esse
movimento de retorno emite um som similar à um sopro, e recebe o nome de sopro cardíaco.
Quando os óstios atrioventriculares direito e esquerdo estão fechados e os óstios das artérias estão abertos: o ventrículo
está em sístole: o ventrículo está contraindo para mandar o sangue para fora do coração.
Quando as valvas atrioventriculares estão abertas e as valvas semilunares estão fechadas: o ventrículo está em diástole.
Toda vez que as valvas atrioventriculares
ou arteriais fecham, o sangue faz um
barulho dentro do coração, chamado de
Bulhas cardíacas. Esses sons representam
o fechamento das valvas. Existem várias
bulhas, sendo as mais audíveis a primeira
e a segunda, sendo que a primeira
representa o fechamento das valvas
atrioventriculares e a segunda representa
o fechamento das valvas semilunares.
Quando vamos aferir a pressão, fazemos
a ausculta desse som. As valvas
atrioventriculares fecham quando o
ventrículo está em sístole (momento de
maior pressão do coração, que
corresponde à 120mmHg) e as valvas
arteriais fecham quando o ventrículo está
em diástole (momento de menor pressão
do coração, que é de 80mmHg).

IV. Irrigação do coração


O ventrículo esquerdo é separado do átrio
esquerdo pelo septo atrioventricular
esquerdo, onde há óstio com anel fibroso
e 2 cúspides, de onde saem cordas tendíneas, que se fixam nos músculos papilares, presentes no ventrículo esquerdo. É
do ventrículo esquerdo que sai o sangue com muita pressão para ser mandado para o corpo.
Na artéria aorta há 3 válvulas. O espaço entre a válvula e a parede da artéria aorta é chamada de Seio de Valsava. Destas
paredes nascem as artérias coronárias. Assim, os Seio de Valsava direito e esquerdo dão origem às artéria coronárias.
O coração é irrigado quando o coração está em diástole. Isso porque, quando o ventrículo está em sístole, os óstios
arteriais estão abertos, então as válvulas estão fechando as origens da artérias coronárias e o sangue irá subir
diretamente para a aorta. Quando essas válvulas descem, devido à gravidade, o sangue consegue entrar nas artérias
coronárias, permitindo a irrigação do coração. Ou seja: a irrigação ocorre durante a diástole, quando as válvulas
retornam à posição normal, permitindo a saída de sangue para os óstios das artérias coronárias.

Topografia cardíaca
O conhecimento da topografia do coração é importante para
saber em quais lugares do tórax a ausculta deve ser feita. Está
intimamente relacionada à topografia do tórax.
• Valvas arteriais: normalmente são audíveis na altura do 2º
espaço intercostal.
• Foco aórtico: foco da valva semilunar aórtica. Está à
direita porque, mesmo que a artéria saia do coração
pela esquerda, se curva e passa por trás do tronco
pulmonar.
• Foco pulmonar: foco de ausculta da valva semilunar
pulmonar. Está localizado à esquerda.
• Valvas atrioventriculares: normalmente são audíveis no 5º
espaço intercostal, mas há variações entre o 5º e 6º espaço.
• Valva bicúspide: está localizada à esquerda
• Valva tricúspide: está localizada à direita.

19 BÁRBARA ELLEN
Na altura do 6º espaço intercostal, próximo à linha que divide a clavícula em duas metades, há o Apex Cordis, que é o
ápice do coração, onde vemos mais nitidamente o foco da valva. Foco de maior percepção do batimento cardíaco (foco
do ápice).

Sistema excitocondutor
O coração é capaz de criar potenciais de ação independentemente do sistema nervoso. Isso porque no coração há células
especializadas em determinar esse potencial de ação, funcionando como uma bateria. Essas células são chamadas, em
conjunto, de sistema excitocondutor do coração. Seus componentes, capazes de criar esse potencial de ação, são:
• Nó sino-atrial
É uma estrutura arredondada, próxima à chegada da veia cava superior, que está localizada no átrio direito do coração.
Também é chamado de marcapasso natural, porque tem maior permeabilidade de sódio, o que permite o disparo desse
potencial de ação em uma maior velocidade, determinando o ritmo de batimento, que é em torno de 72 batimentos por
minuto.
Depois que a membrana do nó sinoatrial despolariza, esse impulso é mandado para toda a parede do átrio, por meio das
fibras internodais, para o átrio esquerdo e para outro nó, chamado de nó atrioventricular.
• Nó atrio-ventricular
Está localizado no septo atrioventricular, próximo ao óstio atrioventricular direito. Nessa região há esqueleto fibroso. A
função desse nó é diminuir a velocidade de propagação do estímulo elétrico para dar tempo do átrio esvaziar totalmente
antes do ventrículo contrair: se o estímulo passasse com a mesma velocidade que veio do nó sinoatrial, o ventrículo iria
contrair antes.
• Feixe atrioventricular
Como a parede do ventrículo é muito mais espessa, sai do nó atrioventricular um conjunto de fibras, chamado de feixe
atrioventricular, que estão na porção mais alta do septo interventricular (chamada de porção membranácea do septo
interventricular). Parte das fibras desse feixe corre à esquerda do septo e parte corre à direita, formando o ramo
esquerdo e o ramo direito do sistema excitocondutor.
• Ramos direito e esquerdo
Esses ramos, próximo ao ápice do coração, começam a ramificar, para distribuir esse estímulo para todas as fibras
musculares.
• Fibras subendocárdicas
As fibras subendocárdicas são as ramificações dos ramos direito e esquerdo, e são responsáveis por levar o estímulo às
fibras musculares. Essas fibras estimulam as fibras musculares dos ventrículos, causando sua contração.
Arritmias cardíaca: alterações do ritmo. Podem ser: bradicardia (diminuição do ritmo) ou taquicardia (aumento do
ritmo). Isso é feito pelo sistema nervoso autônomo, sendo que o simpático aumenta o ritmo e o parassimpático diminui
o ritmo.
Indivíduo bradicárdico: menos de 50 batimentos por minuto, sendo que 30 batimentos por minuto pode levar à necrose
de células pela falta de nutrição e oxigenação.
Indivíduo taquicárdico: mais de 100 batimentos por minuto.
Doença de Chagas: normalmente acomete o nó sino atrial, que não consegue mais determinar o ritmo do batimento
cardíaco. Quem passa a determinar o ritmo é o nó atrioventricular, porém este é menos permeável, diminuindo o ritmo
de batimento.

20 BÁRBARA ELLEN
SISTEMA RESPIRATÓRIO

O sistema respiratório pode ser dividido em região superior e inferior. Os órgãos que compõem a região superior da via
aérea estão localizados na cabeça e no pescoço: nariz, faringe e laringe. Os órgãos que compõem a região inferior da via
aérea estão localizados dentro da cavidade torácica: traquéia, brônquios e pulmões.
Os órgãos do sistema respiratório apresentam característica histológica comum: todos são revestidos por epitélio
respiratório, que consiste em tecido epitelial pseudoestratificado ciliado não queratinizado com células caliciformes. Os
cílios presentes nesse epitélio são responsáveis pela condução e filtração do ar e as células caliciformes secretam muco,
responsável por aprisionar partículas suspensas no ar e por aquecer e umedecer o ar inspirado. Assim, podemos afirmar
que esse tecido está ligado à condução e à preparação do ar para a hematose.

Nariz
É uma estrutura externa e interna constituinte do sistema respiratório. Pode ser dividido em nariz externo e em
cavidade nasal. O nariz externo é uma estrutura de formato piramidal localizada na linha mediana da face. É
formada por esqueleto ósteo-cartilaginoso: composto por osso, na porção mais superior do nariz (raíz) e
cartilagem, na parte mais inferior (base e ápice). Pode ser dividido em raíz, dorso, ápice e base.

Limites da cavidade nasal:


• Limite anterior: narina, que é a abertura anterior.
• Limite posterior: coana, que é a abertura posterior do nariz e é onde as conchas nasais
terminam. A coana faz a comunicação entre a cavidade nasal com a faringe.
• Limite superior: osso nasal, osso frontal, osso esfenóide e osso etmoide.
• Limite inferior: assoalho da cavidade nasal, formado pelo palato.
O assoalho (teto) da cavidade nasal é formado pelo palato, popularmente conhecido por céu da boca, que
separa a cavidade nasal e bucal. Os 2/3 anteriores do palato é chamado palato duro, e é formado por osso.
O 1/3 posterior é chamado de palato mole e é constituido por músculo.
O osso do palato duro pode ser dividido em duas regiões. Na imagem ao lado, a
parte rosa, localizada na região anterior do palato, é uma projeção da maxila,
chamada de processo palatino da maxila. Paralelamente, a região em roxo é a
lâmina horizontal do palatino (que é seguido pela lâmina vertical do palatino,
também em roxo, que não faz parte do palato). Ambas as regiões formam o
palato. Na lâmina horizontal do palatino se fixa a musculatura que forma o
palato mole.
O palato mole é formado por 5 músculos, sendo dois deles o músculo da úvula, que forma,
junto com a mucosa, a úvula, e músculo véu palatino. Desse músculo partem duas pregas
laterais e anteriores, que vão se prender à língua. Essas pregas recebem o nome de músculo
palato-glosso. Não vemos esse músculo, apenas o arco do músculo palato-glosso, que é
composto pelo músculo e pela mucosa que o recobre. Atrás desse arco, existe uma outra prega,
que se fixa na faringe. Essa prega recebe o nome de arco palato-faríngeo. Entre o arco palato-
glosso, que é anterior, e o arco palato-faríngeo, que é posterior, existe outra massa de tecido linfóide, chamada de tonsila
palatina, conhecida como amígdala.
O palato mole termina em uma pontinha cônica pendente, chamada úvula, conhecida popularmente por campainha ou
sininho. Na altura da úvula há uma região chamada de ístmo faríngeo, que permite a comunicação entre a nasofaringe e
a cavidade nasal. Durante a ingestão de alimentos, a úvula se fecha, impedindo que os alimentos entrem na cavidade
nasal. Às vezes, quando tomamos coca-cola, sentimos vontade de espirrar. Isso ocorre devido à pressão gasosa na
bebida associada ao má fechamento do ístmo, que permite a entrada desse líquido na cavidade nasal.
Por todo o nariz externo há uma estrutura chamada septo nasal, que é uma parede mediana, que
separa o nariz em duas metades. É formada por parte cartilaginosa, formada por cartilagem do tipo
hialina, apoiada em uma porção óssea. A parte óssea do septo é dividida em duas regiões: vômer e
lâmina perpendicular do etmoide, que é uma projeção do osso etimóide.
Se tirarmos a cartilagem do nariz, vemos uma grande abertura óssea anterior, que recebe o nome de
abertura piriforme, que pode ser vista na foto ao lado.
No ápice do nariz há parte chamada de asa do nariz, formada pelas cartilagens
alaris: cartilagem alar menor e cartilagem alar maior. Nessa região, entre a asa
do nariz e o septo nasal, há duas aberturas chamadas narinas.
A raíz do nariz, constituída por osso, é formada por osso nasal direito e osso nasal esquerdo.
Também existe um osso lateral chamado de maxila (foto ao lado). Esse osso se projeta em direção

21 BÁRBARA ELLEN
ao osso nasal, formando o processo frontal da maxila. Esse osso forma uma parede no
rosto (em verde, na foto ao lado). Entre os ossos nasais e o processo frontal da maxila
é formada uma sutura que permite a união dos ossos, constituída por tecido
conjuntivo fibroso.
Entre os olhos e o nariz há um espaço, que é preenchido por um osso chamado de
osso etmoide, visualizado na figura ao lado. Esse osso é constituído por uma placa
perpendicular e dois labirintos etmoidais, que são ligados superiormente à placa
cribriforme:
• Placa perpendicular: dividida em parte voltada para dentro do crânio, chamada de
crista etmoidal e outra voltada para dentro do nariz, chamada lâmina perpendicular do etmoide, que forma a parte
óssea do septo nasal.
• Labirintos etmoidais: são placas que se se encontram na lateral do nariz. Os labirintos etimoidais formam a parede
do olho e a do nariz. Por isso dizemos que os labirintos constituem tanto uma parede medial (mais próxima ao
nariz), quando uma parede lateral (mais perto do olho). Possuem numerosas pequenas cavidades, que
são as células etmoidais (existem células etmoidais anteriores e posteriores). Esse conjunto é chamado
seio etmoidal. Esses labirintos formam as conchas nasais superior e média , que fazem parte de um
único osso (são as projeções do osso). A concha inferior é formada por outro osso, que é um osso
cranial. As paredes laterais da cavidade nasal são formadas pelas partes laterais dos ossos etmoidais.
• Placa cribriforme: forma o teto da cavidade nasal. É uma lâmina que liga os dois seios etmoidais,
direito e esquerdo. Possui duas pequenas aberturas, por onde passam os filetes nervosos, como o nervo
olfatório, do nariz para o crânio. Por ser toda perfurada, essa lâmina recebe o nome de lâmina crivosa do
etmoide ou lâmina cribriforme.

Epitélio respiratório
O epitélio respiratório nasal tem parte chamada de mucosa nasal, presente na parede lateral e medial da cavidade nasal.
De cor avermelhada, está apoiada em um tecido conjuntivo ricamente vascularizado. Sua importância é aquecer o e
umedecer o ar, para que ele seja melhor aproveitado no pulmão. A mucosa nasal consegue aquecer o ar pela elevada
vascularização e consegue umedecê-lo com o muco produzido pelas células caliciformes.
Existe mucosa na parede lateral e na parede média da cavidade nasal. Sabemos que a mucosa é lateral quando há
projeções (é sinuosa devido às conchas, que são projeções ósseas), porque a medial não tem (é plana). É importante
saber que a parede nasal média é formada pelo septo nasal.
O terço superior da cavidade nasal não tem função respiratória, só função olfatória:
nessa região há células que conseguem perceber os odores.

Conchas nasais
As conchas nasais são projeções ósseas, cuja função é aumentar a superfície de
contato do ar com a mucosa, aumentando, consequentemente, a capacidade desta
aquecer e umedecer o ar. A concha superior e a média são projeções do osso
etmoide. Entre as conchas há espaços chamados de meatos: meato superior; meato
médio e meato inferior.
No meato médio, localizado entre as conchas média e inferior, uma célula etmoidal
se projeta pra dentro do meato médio, formando a bolha etmoidal, que é uma cavidade (vemos como uma crista dentro
do meato nasal médio). A parte abaixo da bolha etmoidal lembra uma semilua, e, então, passa a ser chamada de hiato
semilunático, visualizado na imagem abaixo. É no hiato
semilunático que chega o dreno do seio frontal.

O espaço entre a concha nasal superior e os ossos etmoide e


esfinóide é chamado de recesso esfenoetmoidal.
A cavidade nasal pode ser dividida em duas partes:
• Vestíbulo nasal, porção localizada logo após a narina. É a parte
interna das asas nasais, onde são encontrados pelos bem finos, que
filtram o ar inspirado e são chamados de vibrissas. Constituem a
primeira barreira do ar inspirado: função de defesa para impedir
que partículas suspensas no ar atinjam as vias aéreas interiores.
• Cavidade nasal propriamente dita, que compõe a maior parte da
cavidade.

22 BÁRBARA ELLEN
Seios paranasais:
Durante a embriologia, a cavidade nasal se projeta para dentro de ossos que
estão ao lado do nariz, formando cavidades, que são recobertas por mucosas
(são recobertas por mucosa por serem invaginações da cavidade nasal), cheias
de ar. Essas cavidades são chamadas de seios paranasais. Há quatro ossos
cranianos que contornam o nariz: o osso condral, o osso maxilar, o osso etmóide
e o osso esfenóide, que é posterior à narina.
Em um corte medial é possível identificar o osso frontal, visto na imagem ao
lado, onde há uma cavidade, que recebe o nome de seio frontal. Além disso,
dentro do osso esfinóide há uma cavidade chamada seio esfenoidal(conjunto de
células etmoidais no labirinto). Em um corte frontal, como mostrado na figura
ao lado, conseguimos ver que, dentro da maxila, há a maior cavidade, chamada
de seio maxilar.
O seio maxilar tem uma importância muito grande para a oncologia: os molares
estão diretamente associados à parede do seio maxilar. A extração de um dente
pode romper essa parede, permitindo a comunicação das cavidades oral e nasal
e pode desenvolver um processo infeccioso. Por isso que na hora de extrair um
dente é pedido um raio-x.
Os seios são recobertos por mucosas, que precisam ser drenadas. Isso porque o muco que é produzido dentro das
mucosas precisa ser eliminado. Se há bloqueio do canal que comunica os canais com os seios, não ocorre drenagem das
mucosas. É nessas mucosas que ocorrem processos alérgicos, como a rinite, na qual ocorre edema nessas mucosas,
tampando o canal que drena esse seio, e a sinusite, que é uma inflamação da mucosa dos seios paranasais, diminuindo
sua drenagem, para os meatos.
Existem estruturas responsáveis pela drenagem desses seios:
• Recesso esfeno-etmoidal: irá drenar o seio esfenoidal.
• Hiato semilunar: irá drenar o seio frontal e maxilar.
• Meato nasal médio (próximo à bolha etmoidal): irá drenar o seio maxilar.
• Meato médio: drena as células etmoidais anteriores; o seio frontal e o seio maxilar.
• Meato superior: drena as células etmoidais médias e posteriores;
• Meato inferior: drenagem do ducto lacrimal.
Glândula lacrimal está no ângulo supero-lateral da órbita. O destino da lágrima é tanto para a região externa quanto pra
região interna. Isso porque há, na ponta medial do olho, na pálpebra superior e inferior, o ponto lacrimal, que recolhe a
lagrima do olho. Ao recolhê-la, a lágrima desce pelo ducto lácrimo-nasal, que termina no meato nasal inferior.
A lágrima, drenada no meato inferior, ajuda a umedecer o ar, para que seja melhor aproveitado no pulmão.

Faringe
Esse órgão é um tubo muscular que mede de 12 a 16cm de comprimento e que
está localizado entre a coluna vertebral e a laringe. Assim, posteriormente está
apoiada na coluna, e anteriormente se relaciona com três regiões distintas:
cavidade nasal, cavidade oral e laringe. Devido à essas relações, a faringe pode
ser dividida em três partes: nasofaringe, orofaringe e laringofaringe.

Limites da faringe
• Superior: coana.
• Inferior: cricóide, cartilagem mais inferior da laringe.
• Posterior: coluna vertebral.
• Anterior: Cavidade nasal; cavidade oral e laringe.

Músculos da faringe
A faringe é um tubo muscular, formado por 2 camadas musculares: a camada externa (camada constritora) é formada
por músculos constritores da faringe, formados por fibras circulares, importantes para contração para passada do bolo
alimentar, impulsionando-o. Existe músculo constritor superior, músculo constritor médio e músculo constritor inferior.
A camada interna é formada por fibras musculares longitudinais,

23 BÁRBARA ELLEN
relacionadas principalmente à fixação da faringe nas estruturas
vizinhas, como na tuba e no osso do crânio. São eles:
músculo salpingofaríngeo (vai formar a prega
salpingofaríngea); músculo palato-faríngeo (forma o arco
palato-faríngeo) e músculo estilofaríngico (vai prender a
faringe no processo estióide, que é uma ponta do osso
temporal).
Para que esses músculos contraiam, é necessária a
chegada de um estímulo nervoso, o que ocorre através
de nervos. Todos os músculos da faringe, com exceção
do estilofaríngeo, são inervados pelo plexo faríngeo,
formado por fibras do nono par de nervos cranianos, chamadas de nervo
glossofaríngeo; fibras do décimo par de nervos cranianos, chamadas de
nervo vago e por fibras provenientes do sistema nervoso autônomo
simpático. O músculo estilofaríngico é inervado exclusivamente pelo
nervo glossofaríngeo.

Vascularização da faringe
Para que a faringe funcione, precisa de nutrientes e oxigênio. Por isso, esse órgão é ligado por artérias que se originam
da artéria carótida externa, que passa através da cabeça e do pescoço e que dá origem à vários ramos, sendo os
principais a artéria facial; artéria lingual e artéria maxilar.

Nasofaringe
A nasofaringe é a região da faringe que comunica com a cavidade nasal. A comunicação é permitida pela coana, que é a
abertura posterior do nariz, onde se encontram as terminações das conchas nasais. Logo, seu limite superior é a coana.
Seu limite inferior é a úvula, que é a última parte do palato mole.
A parte inicial da nasofaringe é mais larga, e vai se estreitando. A parte mais estreita está na altura da
úvula, e essa região é chamada de istmo faríngeo, e permite a continuação da região nasofaringe e da
orofaringe.
Na nasofaringe há a primeira estrutura de defesa imunológica do trato respiratório, chamada de tonsila
faríngea. Também há a tonsila tubária, mas esta não é visível no modelo anatômico.
Adenoide: inflamação da tonsila faríngea. Quando isso acontece, a tonsila faríngea cresce, obstruindo a
coana e dificultando a passagem de ar da cavidade nasal para a nasofaringe. Assim, pessoas com
adenoide crônico respiram pela boca, porque o ar que vem do nariz não consegue chegar
até os pulmões.
Existe outra abertura na nasofaringe, chamada de óstio faríngeo da tuba auditiva. Tuba
auditiva: corresponde à um tubo longo de cartilagem que vai comunicar a nasofaringe
com a orelha média, que tem uma cavidade cheia de ar. A pressão dentro dessa cavidade
deve ser igual à pressão externa. Caso contrário, o tímpano não funcionaria de forma
adequada. Logo, a função desse óstio é permitir a comunicação da nasofaringe com a
orelha média, de forma que a pressão seja equivalente. Normalmente esse óstio fica
fechado, e só abre quando é necessário igualar as pressões.
Quando subimos uma serra, sentimos um zumbido na orelha. Isso ocorre porque a
pressão atmosférica na cavidade está maior que a pressão atmosférica externa. Esse
zumbido é a abertura do óstio para igualar as pressões.
É nesse óstio que ocorre a otite média. Ela ocorre porque, durante a amamentação, há um
nivelamento do óstio com a tuba auditiva, então o leite é conduzido para dentro da orelha
média. Como o leite é um meio de cultura, permite a proliferação de bactérias. Logo, essa
infecção é mais comum em crianças que estão amamentando.
Para proteção desse óstio, a tuba empurra a mucosa e promove uma elevação desta,
chamada de toro tubário. Esse toro possui uma parte anterior, maior e uma posterior,
menor. A parte anterior se apoia no palato e a parte posterior se apoia na parede da
faringe. Por isso, a parte anterior do toro é chamada de prega salpingopalatina (se
extende da tuba ao palato), e a posterior é a prega salpingofaríngea (se extende da tuba
à faringe).
Prega: pedaço da tuba + músculo que recobre esse pedacinho (músculo
salpingopalatino/ músculo salpingofaríngeo) + mucosa.
Assim, as três aberturas da nasofaringe são a coana; o istmo faríngeo e o óstio faríngeo
da tuba auditiva.
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Orofaringe
A orofaringe é a região da faringe que se comunica com a cavidade oral. Está localizada na porção média da faringe.
Seu limite superior é a úvula, e seu limite inferior é uma cartilagem que faz parte da laringe, chamada de epiglote.
É uma área de cruzamento da via digestória com a via respiratória, ou seja, é onde o ar e o alimento se encontram. Por
isso existe outra porta na orofaringe, que permite a comunicação desses dois sistemas, chamada de ístmo orofaríngeo ou
ístmo das fauces ou ístmo da garganta (é um estreitamento da cavidade oral). Essa região é
limitada superiormente pela úvula; inferiormente pelo dorso da língua e lateralmente pelo arco
palato-glosso.
O palato mole é formado por 5 músculos, sendo dois deles o músculo da úvula, que forma,
junto com a mucosa, a úvula, e músculo véu palatino. Desse músculo partem duas pregas
laterais e anteriores, que vão se prender à língua. Essas pregas recebem o nome de músculo
palato-glosso (sai do palato e vai para o dorso da língua, que no latim recebe o nome de
glosso). Não vemos esse músculo, apenas o arco do músculo palato-glosso, que é composto
pelo músculo e pela mucosa que o recobre. Atrás desse arco, existe uma outra prega, que se
fixa na faringe. Essa prega recebe o nome de arco palato-faríngeo.
Entre o arco palato-glosso, que é anterior, e o arco palato-faríngeo, que é posterior, existe outra
massa de tecido linfóide, chamada de tonsila palatina, conhecida como amígdala, localizada na
orofaringe.
Na região mais posterior do dorso da língua há outras fácies irregulares e menores de tecido
linfático, que constituem as tonsilas linguais.
Todas as tonsilas (tonsila faríngea; tonsila palatina e tonsilas linguais) ligadas formam um anel, chamado de anel
linfático orofaríngeo (estão em torno da cavidade oral). A função é defesa imunológica das vias aéreas e da digestória.

Laringofaringe
É a região de comunicação entre a faringe e a laringe. Está localizada no último terço da faringe, sendo a porção mais
estreita. Seu limite superior é a cartilagem epiglote, e seu limite inferior é a cartilagem cricóide, que faz parte da laringe.
Após atingir essa cartilagem cricóide, a laringofaringe é continuada pelo esôfago.
Nessa porção existem duas portas de comunicação. A primeira porta comunica a faringe e a laringe, e recebe o nome de
de ádito da faringe, localizado logo abaixo da epiglote e compreende todo o espaço entre a epiglote e a cartilagem
aritenóide. A segunda porta está abaixo da cartilagem cricóide, e é chamada de abertura esofágica. É a abertura pela
qual a laringofaringe é continuada pelo esôfago.

Laringe
É um tubo cartilaginoso, situado anteriormente à laringofaringe. Mede
aproximadamente de 5 a 6cm de comprimento e é uma estrutura muito pequena, se
comparada à faringe. Internamente é revestido por mucosa, e externamente é revestida
por músculos. Quando engolimos, sentimos uma parte, no pescoço, descendo e
subindo. Essa estrutura é a laringe, e corresponde à parte anterior do trato respiratório.
Além disso, conseguimos sentir e movimentar uma estrutura no pescoço, utilizando o
dedo indicador e o polegar, chamada de osso ióide, localizado acima da laringe. Esse
osso não faz parte da laringe, mas é estudado junto com esta porque fixa os músculos
que a estabilizam durante a deglutição e a fonação. Esse osso possui uma parte mais
larga, que é a parte anterior, chamada de corpo do osso ióide. Desse corpo saem duas
projeções: corno menor, com direção superior, e corno maior, com direção posterior.
A laringe é um órgão cartilaginoso, ou seja, é formado por cartilagem. É formada por 9 placas de
cartilagem, sendo 3 placas ímpares, que se localizam na porção anterior e posterior (podem
aparecer tanto no lado direito quanto no lado esquerdo, mas de forma contínua), e 3 placas pares,
vistas somente na porção posterior (podem aparecer tanto no lado direito quanto no lado
esquerdo, de forma descontínua, formando duas placas diferentes).

Limites da laringe
• Superior: epiglote
• Inferior: cricóide, onde começa a traquéia

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Cartilagens ímpares
A cartilagem tireóide é a maior cartilagem da laringe. Tem a forma de um livro aberto. É
formada pela união de duas lâminas de cartilagem tireóide no plano mediano. Essa união forma
uma saliência, chamada de proeminência laríngica, conhecida popularmente por gogó ou pombo
de Adão e mais visível nos homens, pois nestes a angulação da união dessas placas é menor.
Logo acima dessa proeminência, há uma reentrância, chamada de incisura tireóida, que tem o
formato de um “V”. Assim como o osso ióide, essa cartilagem também apresenta cornos,
localizados na lateral da tireóide: corno superior da cartilagem tireóide e corno inferior da
cartilagem tireóide, que se articula com outra cartilagem, chamada cartilagem cricóide.
A cartilagem cricóide é a segunda maior cartilagem da laringe. Lembra a forma um anel,
formado por um arco anterior e por uma pedra posterior e larga, chamada de lâmina da cricóide.
Entre a tireóide e a cricóide existe uma articulação, chamada de articulação cricotireóida. Nessa
articulação, a tireóide se movimenta para frente e para trás, fazendo com que o ligamento vocal
se estique, alterando o tom de voz.
A cartilagem epiglote lembra a forma de uma folha. Na vista anterior é possível ver somente suas bordas, e a parte
afinada da epiglote está fixada na parte posterior da laringe.
Existe uma porta que comunica a laringofaringe e a laringe, chamada de ádito da laringe (abertura da laringe), que
compreende todo o espaço entre a epiglote e a cartilagem aritenóide. À partir do momento que passa pelo ádito, entra no
vestíbulo da laringe

Cartilagens pares
1º par: cartilagem aritenóide, que é a maior cartilagem par. Com a forma de um triângulo, está apoiada posteriormente
na cartilagem cricóide.
É formada por um ápice, superior, e por uma base, inferior, onde há dois processos, um anterior e medial, chamado de
processo vocal, que sustenta o músculo vocal, e outro posterior e lateral, chamado de processo muscular, onde alguns
músculos da faringe se fixam.
Do processo vocal sai um cordão fibroso que chega até a
tireóide, chamado de ligamento vocal. Lateralmente, é
acompanhado pelo músculo vocal. Quando o ar bate no
ligamento vocal, o músculo vibra e produz o som.
A base da aritenóide está apoiada na cartilagem cricóide,
formando a articulação cricoaritenóide.
2º par: cartilagem corniculada, que se encontra no ápice da
cartilagem aritenóide.
Interiormente, a laringe é recoberta por mucosa. A mucosa que
recobre a epiglote não acompanha o afunilamento que essa
cartilagem sofre. A mucosa acompanha a borda lateral da
epiglote e se fixa inferiormente ao ápice da cartilagem
aritenóide. Recebe o nome de prega ariepiglótica.
3º par: cartilagem cuneiforme, que se encontra dentro da prega
ariepiglótica. Quando essa prega é retirada, a cartilagem
também é retirada, e por isso não conseguimos ver.
A cartilagem corniculada também é envolvida por mucosa, mas está fixada na cartilagem
aritenóide, e por isso não sai quando a mucosa é retirada.
Na imagem ao lado, não conseguimos ver a cartilagem
aritenóite, porque ela é toda fechada por músculos. Assim, o que
vemos na imagem ao lado é o músculo aritenóideo.
Vemos que a laringe está toda vermelha, coberta pela mucosa da
laringe. Essa mucosa vai desde o ápice da epiglote até a
cartilagem aritenóide. Assim, vemos uma prega que une o ápice
da epiglote à cartilagem aritenóide, chamada de prega
ariepiglótica, onde há duas bolinhas, que são as outras
cartilagens pares: logo acima da aritenóide é a corniculada, e
acima dela é a cuneiforme, que só pode ser identificada à partir
26 BÁRBARA ELLEN
dessa prega.

Articulações
Entre a tireóide e a cricóide existe uma articulação, chamada de articulação cricotireóida. Nessa articulação, a tireóide
se movimenta para frente e para trás (a cricóide não se mexe), fazendo com que o ligamento vocal seja tensionado,
alterando o tom de voz. Esse é o movimento de flexão e extensão da tireóide.
Na articulação cricoaritenóide, essa característica permite que a cartilagem aritenóide gire sobre a cricóide, fazendo com
que os ligamentos vocais se afastem ou se aproximem. Quando esses ligamentos se afastam, indica a saída ou entrada
de ar no pulmão, então significa que está ocorrendo respiração. Quando os ligamentos se aproximam, o espaço está
fechando, o que indica que a pessoa está falando. Movimento de rotação da aritenóidea.
A base da aritenóide está apoiada na cartilagem cricóide, formando a articulação cricoaritenóide.
Existem três tipos de articulação:
• Fibrosa: é imóvel. Os ossos são separados por tecido conjuntivo fibroso.
• Cartilaginosa: é semimóvel. Entre os ossos há tecido conjuntivo hialino ou fibroso.
• Sinovial: é móvel. Entre as peças há uma cápsula articular, dentro da qual há líquido
sinovial.
A sinovial permite maior amplitude de movimento. As articulações cricotireóidea e
cricoaritenóide são do tipo sinovial, permitindo o movimento das cartilagens.
Esses movimentos são importantes porque quando os músculos estão ao redor das cartilagens
eles as movimentam ao se contraírem.

Ligamentos laríngeos e membranas


A laringe apresenta algumas estruturas fibrosas que fazem a conexão entre as cartilagens,
chamadas de ligamentos laríngeos. Os mais largos recebem o nome de membrana e as regiões
mais espessas, devido ao maior acúmulo de fibras colágenas, recebem o nome de ligamento.
1. Membrana tiroióidea: Lâmina de tecido conjuntivo presente entre o osso ióide e a
cartilagem tireóide.
Na porção mediana e lateral dessa membrana há uma quantidade maior de fibra colágena,
tornando-a mais espessadas. Recebem o nome de ligamento: ligamentos tiroióides laterais e
ligamento tiroióide mediano.
Em cada parte lateral da membrana tiroióidea existe uma abertura, que permite a passagem de
vasos e nervos para dentro da laringe, responsáveis pela inervação e irrigação da região
superior da laringe. São eles:
• Artéria laríngea superior
• Ramo interno do nervo laríngeo superior (parte que vai para dentro da laringe)
O ramo que vai para fora da laringe é chamado de ramo externo do nervo laríngeo superior.

2. Existe outra membrana, entre a cartilagem tireóide e a cartilagem cricóide, chamada de membrana crico-tireóide. Na
porção mediana e nas porções laterais é mais espessada, formando os
ligamentos cricotireóides laterais e cricotireóide mediano.
Atenção: nas peças anatômicas não vamos diferenciar os ligamentos.
Portanto, qualquer região apontada na membrana tireóidea será
considerada membrana, e qualquer região na membrana crico-tireóide é
considerada membrana.
Em uma situação de emergência, como um acidente, em que a pessoa
ficou com as vias aéreas obstruídas, é necessário reestabelecer a
circulação de ar para o pulmão. Para isso, pode ser feito um
procedimento chamado de cricotireostomia, que consiste em um corte,
feito na membrana crico-tireóide, que permite o reestabelecimento do
fluxo de ar, através de uma caneta, por exemplo. Isso só pode ser feito
porque a membrana é uma estrutura nova, ou seja, por onde não passam
vasos ou nervos.

3. A laringe termina na cartilagem cricóide, onde começa a traquéia.


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Entre a laringe e o primeiro semianel traqueal existe uma membrana
chamada de membrana Crico-traqueal ou ligamento crico-traqueal.
Na traquéia, entre os semianeis, existem ligamentos chamados de
ligamentos anulares.

4. Além disso, existe uma membrana, visualizada na vista posterior,


ligando a epiglote ao osso ióide. É chamada de ligamento ioepiglotico.

5. Entre a cartilagem epiglote e a cartilagem tireóide existe um ligamento chamado de ligamento tireoepiglótico. É o
ligamento presente no local em que a epiglote se fixa na cartilagem tireóide.

6. A base da cartilagem aritenóide tem dois processos, um medial e anterior (vocal) e outro lateral e posterior
(muscular). O processo vocal serve para a fixação do ligamento vocal, que liga a aritenóide à tireóide. Quando a
epiglote se flexionar, descendo, o ligamento vocal será esticado, tensionado.

7. Entre a cartilagem cricóide e a tireóide há uma membrana chamada membrana crico-tireóide. A parte mediana dessa
membrana é chamada de ligamento crico-tireóideo mediano.

Glote, vestíbulo da laringe e região infraglótica:


A cavidade da laringe pode ser dividida em três regiões:
• Parte central: glote
• Região acima da glote (acima da prega vestibular), onde chega o ádito da laringe: vestíbulo da laringe
• Região abaixo da glote (abaixo da prega vocal), que se estende até a cartilagem cricóide: região infraglótica.
Na glote há duas pregas da mucosa. A prega superior é chamada de prega vestibular, e a prega inferior é chamada de
prega vocal. Entre essas pregas há uma cavidade, que recebe o nome de ventrículo da laringe.
A prega vocal é o ligamento vocal, conhecido popularmente por corda vocal, acompanhado pelo músculo vocal,
recobertos pela mucosa. Quando tem mucosa: não conseguimos ver nem o ligamento nem o músculo.
A prega vestibular é formada pelo ligamento vestibular revestido por mucosa. Esse ligamento é conhecido também por
falsa prega vocal, porque não participa do processo de fonação, só o ligamento vocal que participa.

Respiração e fonação
O espaço entre as duas pregas vocais é chamado de rima da glote (rima: espaço entre duas estruturas). Essa rima pode
aumentar ou diminuir, e isso é feito pela rotação da cartilagem aritenóide sobre a cricóide.
Quando a rima está aberta, permite a passagem de ar, então fica aberta durante a respiração.
Durante a fonação, a rima da glote está fechada. O ar que sai dos pulmões sai em uma pressão muito grande, e bate no
ligamento vocal, fazendo o músculo contrair e produzindo o som.
O músculo todo visualizado é chamado de músculo tireo-aritenóideo, mas só a parte que está preso aos ligamentos
vocais recebe o nome de músculo vocal.

Músculos da laringe
Durante a deglutição, o ádito da laringe (canal de comunicação do vestíbulo da laringe com a faringe) precisa estar
fechado, se não o alimento entra na via respiratória. Para isso, a epiglote dobra e fecha o ádito. A epiglote só consegue
fazer isso porque ao seu lado há um músculo chamado músculo ariepiglótico, que, ao ser contraído, tensiona a epiglote,
que desce, fechando o ádito. Logo, esse músculo é reponsável pelo tamponamento do ádito da laringe.
Quando esse processo de funcionamento não acontece de forma correta, o alimento entra no ádito, e nosso primeiro
reflexo é tossir. Isso porque, ao tossir, aumentamos a pressão dentro da laringe, o que expulsa o alimento de dentro da
cavidade da laringe.
Esse ligamento ariepiglótico continua abaixo da epiglote, e passa posteriormente à cartilagem aritenóide, se fixando no
processo muscular dessa cartilagem e formando um “X”, visualizado na porção posterior da laringe, quando passa a ser
chamado de ligamento aritenóideo oblíquo.
Na frente do ligamento aritenóideo oblíquo há músculo de fibras transversais, chamado de músculo aritenóideo
transverso.

28 BÁRBARA ELLEN
Abaixo desse músculo, cobrindo quase toda a região posterior da cricóide, há o músculo cricoaritenóideo posterior, que
sai da lâmina da cartilagem cricóide e se fixa no processo muscular da aritenóide.
Existe um músculo que sai da cartilagem cricóide e chaga na cartilagem aritenóide. Esse músculo recebe o nome de
músculo cricoaritenóideo lateral. Acima dele, mas internamente, existe um músculo chamado tiroaritenoideo, cujas
fibras superiores constituem o músculo vocal.
Há músculos chamados de músculos cricotireóideos, porque estão fixados na cricóide e na outra lâmina da tireóide.
Quando o músculo cricotiréoideo contrair, vai puxar a tireóide para frente, fazendo com que o ligamento vocal se
alongue e se tensione, o que é importante para formar os diferentes tons de voz (mais grave, mais agudo). Quando mais
esticado o ligamento, mais grave o som; quanto mais solto, mais agudo o som.
Existe outro músculo, chamado de músculo tiroaritenóideo, que aproxima a cartilagem aritenóidea da cartilagem
tireóide, fazendo com o ligamento, que está no meio dessas cartilagens, fique mais soltinho, menos tensionado,
deixando o som mais agudo.
Abducção: afastar membro do eixo
Adução: aproximar o membro do eixo
Os ligamentos vocais podem estar aduzidos ou abduzidos. Quando estão aduzidos, a rima da glote está fechada
(fonação), e quando estão abduzidos, a rima da glote está aberta (respiração).
Os músculos adutores são responsáveis por aproximar os ligamentos vocais, fechando a rima da glote. Há dois tipos de
músculos adutores: músculo cricoaritenóideo lateral e o músculo aritenóideo transverso.
O músculo abdutor é responsáveis por afastar os ligamentos vocais, abrindo a rima da glote: cricoaritenóideo posterior.
Todos os músculos acima, exceto o cricotireóideo são inervados pelo nervo laríngeo recorrente. Esse nervo corre rente à
glândula tireóide, então é muito comum que este seja lesionado após uma cirurgia na tireóide, fazendo com que a pessoa
fique com uma voz diferente ou que perca a voz pelo comprometimento da inervação. Na grande maioria das vezes tem
como reverter porque ocorre no axônio, e não no corpo do neurônio, que não regenera.
O cricotireóideo é inervado pelo ramo externo do nervo laríngeo superior, que passa por fora da laringe.

Traquéia
A traquéia é um tubo semicartilaginoso: a região anterior é formada por cerca de 16 a 20 semianeis cartilaginosos,
intercalados por uma lâmina conjuntiva chamada de ligamento anular, e a parte posterior é formada por uma
lâmina muscular, de músculo liso, chamado de músculo traqueal. Essa composição é importante porque o
semianel consegue sustentar esse tubo, e mantê-lo na posição adequada, enquanto o músculo permite sua
flexibilidade. Essa característica é essencial porque, posteriormente, a traquéia está relacionada ao esôfago,
músculo do sistema digestório, por onde o bolo alimentar passa, alterando seu calibre. Essa mudança no
esôfago precisa ser acompanhada pela traquéia, e por isso é essencial que haja músculo na porção posterior.
A traquéia tem limite superior na cartilagem cricóide e limite inferior na bifurcação Carina.
A traquéia é recoberta internamente por epitélio respiratório, que é pseudoestratificado ciliado com células
caliciformes, tanto na porção dos semianeis quanto na musculatura lisa, que é acompanhada posteriormente
por outra camada muscular, que já é o esôfago. A associação entre esses dois músculos é feita por membrana
conjuntiva.

Brônquios

29 BÁRBARA ELLEN
Os brônquios são tubos responsáveis por levar ar aos pulmões. Os brônquios surgem à partir da Carina, que é a divisão
da traquéia em brônquio direito e brônquio esquerdo.
Os primeiros brônquios são chamados de brônquios de primeira ordem, porque surgem da
primeira divisão. São eles os brônquios que chegam ao pulmão (as ramificações têm início
somente dentro dos pulmões). Os brônquios principais, ou de primeira ordem, dão origem
aos brônquios lobares, ou brônquios de segunda ordem. Estes, por sua vez, dão origem aos
brônquios segmentares, ou de terceira ordem, que se ramificam em bronquíolos.
Existem algumas diferenças entre o brônquio direito e o brônquio esquerdo. São elas:
• Calibre: o brônquio principal direito é mais grosso, em relação ao brônquio principal
esquerdo. Isso porque o brônquio principal direito irá entrar no pulmão direito, que é
formado por 3 lobos e, portanto, esse brônquio dará origem à 3 brônquios lobares.
Paralelamente, o esquerdo é menos calibroso porque se dividirá em apenas 2 brônquios
lobares, já que o pulmão esquerdo apresenta somente 2 lobos. Logo, o calibre varia de
acordo com o número de ramificações de cada brônquio principal.
•Comprimento: o brônquio principal direito é mais curto que o brônquio principal
esquerdo. Isso porque o coração está deslocado para a esquerda, o que empurra o pulmão
esquerdo para a esquerda e, por isso, mais afastado da Carina.
•Direção: o brônquio principal direito é mais vertical e o brônquio principal esquerdo é
mais horizontal, devido à posição do coração.
Aplicação clínica: graças à essas características, se houver a aspiração de comida, é mais comum o alimento atingir o
lado direito porque a inspiração tende a encher primeiro o pulmão direito, devido à posição anatômica dos pulmões.
Os brônquios principais também são formados por semianeis de cartilagem, no brônquio principal direito e no brônquio
principal esquerdo. Paralelamente, os brônquios lobares também são formados por estruturas cartilaginosas, mas são
apenas placas cartilaginosas. Isso porque, à medida que os brônquios se afastam da traquéia, a quantidade de cartilagem
vai diminuindo e a proporção de músculo liso vai aumentando.
Cada brônquio lobar dá origem à vários brônquios segmentares. Estes, por sua vez, são formados por pouquíssimas
placas de cartilagem, e por muito músculo liso. Se ramificam e dão origem à vários bronquíolos, que também originam
várias ramificações.
Existem dois tipos de bronquíolos. Essa classificação é feita de acordo com a presença ou ausência de alvéolos, que são
bolsas arredondadas onde ocorrem as trocas gasosas. Esses alvéolos são revestidos externamente por capilares,
permitindo que haja a hematose. Essa estrutura permite a classificação dos bronquíolos:
• Bronquíolo respiratório: há alvéolo na extremidade.
• Bronquíolo terminal: não há alvéolo na extremidade.
Sacos alveolares: são um conjunto de alvéolos. São muito vascularizados (para que ocorra a hematose).
O cigarro diminui a elasticidade do alvéolo principal. A pessoa sente dificuldade de respirar porque o pulmão
não consegue expulsar bem o ar velho e então não entra tanto ar novo, atrapalhando a troca gasosa.
Enfisema pulmonar: comprometimento da região dos alvéolos. Pode ser causado pelo hábito do fumo, porque
o cigarro diminui a elasticidade do alvéolo pulmonar, então a pessoa sente muita dificuldade de respirar e
cansaço.
Árvore brônquica: corresponde à todas as ramificações à partir da traquéia.
Nas peças anatômicas: os brônquios tem paredes espessas e rígidas devido à presença de cartilagem. Isso
também ocorre com as artérias, que têm camada mais desenvolvida e não fecha mesmo se as extremidades
forem aproximadas, porque o músculo dá elasticidade. Paralelamente, a veia é mais fina e se fecha se não
houver sangue.

Pulmões
Os pulmões são dois órgãos de formato piramidal, que ocupam os compartimentos laterais da cavidade torácica,
chamados de compartimentos pleurais ou pulmonares.
Esses pulmões são envolvidos por uma membrana serosa chamada de pleura, que é composta por lâmina parietal
(pleura parietal), que recobre a parede do tórax, e lâmina visceral (pleura visceral), que fica em contato com o pulmão,
acompanhando sua anatomia. O revestimento de cada pulmão forma os dois sacos pleurais, que são independentes: não
há comunicação do saco pleural direito com o saco pleural esquerdo.

Faces dos pulmões


Faces são regiões de um órgão que permanecem em contato com outras estruturas.

30 BÁRBARA ELLEN
• Face medial ou mediastínica: lados voltados para o mediastino.
• Face costal: lado convexo, em contato com as costelas.
• Face diafragmática: corresponde à base dos pulmões.

Pulmão direito x pulmão esquerdo


O pulmão direito é dividido em três partes: o lobo superior direito; lobo médio e lobo inferior direito. Separando esses
segmentos há sulcos profundos, chamados de fissuras: a fissura horizontal separa os lobos superior e médio direito e a
fissura oblíqua direita separa o lobo médio do inferior. Paralelamente, no pulmão esquerdo há apenas dois segmentos:
lobo superior esquerdo e lobo inferior esquerdo. Esses lobos são separados por uma única fissura, chamada de fissura
oblíqua esquerda.
Além disso, o pulmão direito é mais curto, mais volumoso e ocupa posição anatômica mais alta, em relação ao pulmão
esquerdo, porque o diafragma no lado direito é mais alto. Enquanto isso, o pulmão esquerdo é mais longo, mais estreito
e mais baixo na cavidade torácica, devido à posição do diafragma.
No centro da face mediastínica há uma região denominada hilo pulmonar, que corresponde ao pedículo pulmonar. É de
onde saem e chegam estruturas nos pulmões: artéria pulmonar, veia pulmonar e brônquio principal. No pulmão direito,
os elementos do pedículo obedecem uma sequência da porção superior para a inferior: brônquio principal; artéria
pulmonar e veias pulmonares. No pulmão esquerdo, essa ordem é diferente, de superior para inferior: artéria pulmonar;
brônquio principal e veias.
Hilo: região por onde chegam e por onde saem estruturas. No pulmão, é o brônquio principal
que chega no pulmão, já que as ramificações ocorrem já dentro do pulmão.
Pedículo: conjunto de estruturas que ocupa o hilo.
Dentro dos lobos pulmonares há ramificações de brônquios, chamadas brônquios segmentares,
que são acompanhados por veias e artérias segmentares. Essas ramificações dividem os lobos
em segmentos broncopulmonares ou unidades cirúrgicas, mostradas na figura ao lado,
diferentes em cada pulmão. Esses segmentos podem ser retirados em cirurgias de forma
independente, sem comprometimento dos outros segmentos, porque cada um tem a chegada e
a saída de ar independentes.

Mecânica respiratória
A mecânica respiratória envolve dois processos: inspiração, que constitui a entrada de ar dentro dos pulmões, e
expiração, que é a saída de ar de dentro dos pulmões. Para que isso ocorra, devem haver mudanças na pressão dentro da
cavidade torácica.
Para que ocorra a entrada e a saída de ar de dentro dos pulmões, a pressão dentro da cavidade torácica tem que ser
menor ou maior que a pressão atmosférica. Isso porque quando a pressão interna (da cavidade torácica) é menor, o ar sai
do meio externo e entra dentro dos pulmões. Paralelamente, quando a pressão dentro da cavidade torácica é maior, o ar
sai de dentro dos pulmões.
Para que isso ocorra, o diâmetro da cavidade torácica deve mudar. A cavidade torácica tem três diâmetros: o diâmetro
longitudinal; o transversal e o antero-posterior, e todos devem ser alterados, e isso ocorre por contração muscular.
As costelas estão articuladas com o esterno em posição oblíqua. Quando os músculos intercostais externos contraem,
elevam as costelas, empurrando-as para cima e para o lado, causando o aumento do diâmetro transversal da cavidade.
Esse movimento é chamado de movimento de alça de balde.
Ao mesmo tempo, a contração dos músculos intercostais externos empurra o esterno para cima, aumentando o diâmetro
antero-posterior. Esse movimento é chamado de movimento de braço de bomba ou supero-anterior.
O músculo diafragma tem a forma de duas concavidades voltadas para o abdômen. Ao contrair, essas cavidades ficam
mais planas, aumentando o diâmetro longitudinal. É chamado de movimento longitudinal ou diafragmático.
Assim, em uma síntese, os músculos intercostais externos são responsáveis por alterar o diâmetro transversal e o
diâmetro antero-posterior da cavidade. Paralelamente, o músculo diafragma é responsável por aumentar o diâmetro
longitudinal.
O peso do pulmão sobre o diafragma plano (contraído) aumenta a pressão da cavidade torácica sob a cavidade
abdominal. Quando a pressão dentro do tórax é maior, o diafragma é empurrado para cima, causando a expulsão do ar.
Dizemos que a inspiração é a parte ativa da mecânica respiratória porque é quando há gasto energético. Paralelamente, a
expiração é um processo passivo porque não há contração muscular, o que expulsa o ar é a força elástica do próprio
pulmão e, portanto, não há gasto energético.
No tórax há músculos acessórios (músculo esternocleidomastóideo; músculos escalenos; músculos transversos do tórax
e músculos serráteis anteriores), que são convocados quando a respiração é forçada. Também existem músculos
essenciais (músculos intercostais externo e interno e músculo diafragma), que atuam na mecânica respiratória normal.
31 BÁRBARA ELLEN
ABDÔMEN

O abdômen é a parte inferior do tronco, limitada superiormente pelo diafragma e inferiormente pela abertura superior da
pelve. Essa região apresenta uma parede que delimita a cavidade abdominal, onde são encontrados órgãos do sistema
digestório (maior parte) e do sistema urinário. Essa cavidade não tem continuidade com a cavidade torácica, mas tem
continuidade com a cavidade pélvica, onde são encontrados o fim do trato digestório e parte do sistema urogenital. Essa
continuidade existe porque o limite inferior é uma abertura, e não uma lâmina ou estrutura.

Anatomia de superfície do abdômen


Algumas estruturas marcam a superfície (porção anterior) do abdômen, na chamada anatomia da superfície:
• Músculo reto abdominal, que corre na parede anterior, dos dois lados (esquerdo e direito) da linha mediana.
• Linha mediana (linha alba): essa linha está localizada na parede abdominal, do processo xifóide do esterno à sínfise
púbica (cartilagem que liga os dois ossos do quadril). No meio dessa linha é encontrada a cicatriz umbilical.
• Ao lado do músculo reto abdominal há outra linha, denominada linha semilunar. Na parte inferior dessa linha,
sentimos uma pontinha chamada espinha ilíaca anterosuperior.
• Separando o abdomen da pelve há um cordão fibroso que liga a espinha ilíaca até a sínfise púbica, chamado de
ligamento inguinal. Atrás desse ligamento existe um espaço chamado canal inguinal (virilha), por onde passam os
vasos e nervos dos membros inferiores para a pelve e vice e versa.
A parede abdominal pode ser dividida em regiões, e existem vários critérios diferentes, onde são traçadas linhas
imaginárias na superfície do abdômen. Essa divisão é feita para definir a localização dos órgãos dentro da cavidade.
Como os órgãos mudam de volume de acordo com seu estado fisiológico, essa localização pode ser alterada. Um
exemplo da sua aplicação é para relatar nos prontuários o local das queixas dos pacientes.
Existe uma divisão, representada em vermelho na foto ao lado, em que o abdômen é dividido por uma
linha vertical, rente à linha Alba, e uma linha horizontal, que corta perpendicularmente a linha Alba,
dividindo o abdômen em 4 regiões (quadrantes): quadrante superior esquerdo e direito e quadrante
inferior direito e esquerdo.
A divisão mais clássica está representada em azul. Nessa divisão, são traçadas duas linhas verticais,
que passam pela linha M clavicular, que é o ponto médio da clavícula (linha médio clavicular esquerda
e direita) e duas linhas horizontais, uma superior, que tangencia a margem subcostal, onde há o
encontro entre as últimas costelas (linha subcostal) e uma inferior, que liga as duas espinhas ilíacas,
chamada de linha biilíaca. Essa divisão subdivide o abdômen em 9 regiões, sendo 6 regiões pares (nas
laterais) e 3 regiões ímpares (entre as linhas médio claviculares).
Existem três regiões ímpares, localizadas entre as duas linhas médio claviculares: epigástrio (acima da
linha subcostal); mesogástrio ou umbilical (entre linha subcostal e biilíaca) e hipogástrio (abaixo da
linha biilíaca).
Há seis regiões pares, que são laterais às linhas médio claviculares. Acima da linha subcostal há
hipocôndrio direito e hipocôndrio esquerdo; entre a linha subcostal e a biilíaca há o flanco direito e o
flanco esquerdo e abaixo da linha biilíaca há fossa ilíaca direita e fossa ilíaca esquerda.
Essa divisão é feita para definir a localização dos órgãos dentro da cavidade abdominal, como descrito a seguir.
Entretanto, os órgãos abdominais são órgãos que mudam de volume e, portanto, sua posição pode alterar dentro da
cavidade abdominal dependendo do seu estado fisiológico. Isso é utilizado, na medicina, para anotar, no prontuário, a
região na qual o paciente está relatando determinada queixa e, também, avaliar quais as possíveis alterações:
• No hipocôndrio direito predomina fígado e vesícula biliar.
• No hipocôndrio esquerdo predomina o baço e a cauda do pâncreas.
• Na região do epigástrio há o estômago e, atrás deste, o pâncreas.
• No flanco direito há o cólon ascendente.
• No flanco esquerdo há o cólon descendente.
• Na região do mesogástrio há principalmente as alças intestinais.
Na região do epigástrio há bexiga urinária. Quando esta está cheia, pode atingir a altura da cicatriz umbilical (região
mesogástrio).

Abertura superior da pelve


O limite inferior da cavidade abdominal é a abertura superior da pelve. Para que esta seja formada, os ossos ilíaco
direito e ilíaco esquerdo se unem e se articulam posteriormente com o final da coluna vertebral e anteriormente com

32 BÁRBARA ELLEN
uma cartilagem chamada sínfise púbica. Da espinha ilíaca ao tubérculo púbico há um cordão fibroso as ligando,
chamado de ligamento inguinal.
Essa abertura corresponde à região entre o sacro, o ílio (maior das três partes que compõem o osso ilíaco) e a sínfise
púbica, retornando pelo outro lado, passando pelo ílio e chegando ao sacro. As estruturas que limitam essa abertura é,
então:
• 1ª vértebra sacral (que se joga para dentro da cavidade e é mais anterior), sendo chamada de promontório a parte mais
proeminente do sacro.
• Base do sacro ou asa do sacro.
• Parte do contorno do osso ilíaco, que é chamada de linha terminal.
• Sínfise púbica.

Composição da parede abdominal


A parede torácica é constituída de ossos, músculos e cartilagens. Paralelamente, a parede abdominal anterior é composta
exclusivamente por músculo. Isso porque dentro da cavidade abdominal há muitos órgãos, estruturas que mudam de
volume. Os músculos abdominais são muito delgados (finos). Apesar disso, a parede abdominal não fica relaxada:
apesar de serem finos têm fibras dispostas em sentidos opostos, o que garante a estabilidade da parede abdominal.
O arcabouço ósseo da cavidade abdominal é composto exclusivamente por 5 vértebras lombares, com os discos
intervertebrais correspondentes. O restante da parede abdominal é composta somente por músculo.
As camadas da parede abdominal são:
• Pele frouxa e flexível, que pode estar ou não recoberta por pelos, sendo a camada mais externa;
• Lamina conjuntiva formada por uma camada interna de adiposo e uma mais externa, de tecido celular subcutâneo,
chamada de tela subcutânea.
• Membrana conjuntiva, que envolve os músculos, chamada de fáscia muscular, e que reveste internamente a parede do
abdômen, chamada de fáscia endoabdominal.
• Tecido extraperitonial
• Peritônio (camada mais interna do abdômen): é a membrana que recobre a parede abdominal e os órgãos abdominais.
É uma membrana serosa e, por isso, formada por duas lâminas: parietal e visceral.

Músculos do abdômen
Os músculos da parede abdominal são dividido em posteriores, anteriores e anterolaterais.

Músculos anteriores do abdômen


Músculo reto abdominal: é o maior e o mais importante. É classificado como músculo poligástrico porque possui de 3 a
5 ventres musculares, popularmente chamados de gominhos.
O músculo classificado como gástrico apresenta um ventre muscular (onde estão as fibras) e duas extremidades que
fixam o músculo no esqueleto, chamados de tendões. O músculo reto abdominal é poligástrico porque tem mais de 2
ventres musculares.
Entre esses ventres existem tendões intermediários, que são parte do músculo rica em fibras colágenas e responsável
pela fixação do músculo. Esse tendão não tem fibra muscular, mas colágeno, e, por isso, não hipertrofia quando
estimulado, provocando a formação dos gominhos.
O músculo reto abdominal fixa uma extremidade na sínfise púbica e a outra no processo xifóide. Quando contrai, faz a
flexão do tronco.
O músculo reto abdominal é envolvido por uma lâmina muito espessa de conjuntivo, branca, que é a fáscia muscular.
Nesse músculo, essa lâmina recebe o nome de bainha do reto (por abraçar esse músculo). Em muitos cortes, a
visualização do músculo reto abdominal é impedida por essa lâmina.
Inferior à esse músculo está o músculo piramidal, que é muito pequeno. Por ser muito curto, não tem tanta importância
funcional. Faz só a fixação e não está tão relacionado à movimentação. Não pode ser identificado nos modelos práticos.
O músculo reto do abdome está envolvido por uma bainha, a bainha do reto abdominal, formada pelas aponeuroses de
inserção dos três músculos ântero-laterais, que serão vistos à seguir. Elas, além de formarem a bainha do reto de cada
lado, se entrelaçam na linha mediana anterior com as do lado oposto, constituindo uma rafe longitudinal e mediana,
denominada linha alba. Lateralmente ao m. reto correspondente as três aponeuroses se fundem ao longo de uma linha
semicircular denominada linha semilunar. Assim, a linha que contorna lateralmente o músculo reto abdominal é
chamada de linha semilunar, e a que divide esse músculo em duas metades é chamada de linha alba.

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Aponeurose: tecido fibroso que recobre as fibras musculares. É como é chamada a extremidade dos músculos largos

Músculos anterolaterais do abdômen


Esses músculos estão dispostos em camada e são classificados como músculos largos porque as fibras musculares estão
dispostas paralelamente e a largura é proporcional ao comprimento, ou seja: tendem a formar um quadrado. As
extremidades desses músculos não são em ponta, e essas extremidades fixam os músculos aos ossos, em uma lâmina
que recebe o nome de aponeurose (não há tendão).
São 3 músculos (largos), de fora para dentro:
• Oblíquo externo: as fibras desse músculo interdigitam com as fibras do músculo serrátil anterior. Sua aponeurose
forma o contorno lateral do músculo reto abdominal. Tem fixação nas seis últimas costelas, articulando com o
músculo serrátil anterior. A última articulação (última estrutura à qual esse músculo se fixa) é com a bainha do reto.
Fibras com sentido inferomediais.
• Oblíquo interno: tem fixação na região posterior do dorso, na crista ilíaca e na bainha do reto. Se conseguimos ver as
costelas, estamos no nível do oblíquo interno, não externo. Fibras com sentido superomediais.
• Transverso abdominal: recebe esse nome porque as fibras musculares estão dispostas no sentido transversal. Sua
aponeurose se fixa na bainha do reto. Fibras com trajeto transverso e medial.
É possível perceber duas características comuns entre todos esses músculos: os três tem fixação comum na bainha do
reto; todos tem aponeurose, que é histológica e funcionalmente igual ao tendão, mas de formato diferente (aponeurose é
mais larga).
A estabilidade da parede abdominal (já que não há cartilagem ou osso) é fruto da disposição das fibras musculares em
sentidos opostos.
Ao tirar os músculos, vemos que são envolvidos por uma camada chamada de fáscia endoabdominal, que recebe o
nome do músculo que a está recobrindo. Ex.: fáscia transversal, que recobre o músculo transverso abdominal. Abaixo da
fáscia há tecido extraperitonial, seguido pelo peritônio.
Ação dos músculos largos (oblíquo interno e externo e transverso abdominal): quando os três músculos contraem de um
mesmo lado, ao mesmo tempo, fazem a flexão lateral ou a inclinação lateral do tronco (do outro lado, esses três
músculos estão relaxados). Quando o músculo oblíquo interno esquerdo e obíquo interno direito contraem ao mesmo
tempo, fazem a rotação do tronco (e o contrário também).
Esses músculos são irrigados por ramos da artéria subclávia, que passa por trás da clavícula. Essa artéria dá origem, ao
lado do esterno, à artéria torácica interna, que irriga o diafragma, e à artéria epigástrica superior, que
passa por baixo da bainha do reto e na frente do diafragma e faz a irrigação da parede abdominal.
Todos os músculos da parede abdominal são irrigados pelas artérias epigástrica superior e inferior.
Paralelamente, a veia epigástrica recolhe os restos do metabolismo da parede abdominal, drenando os
músculos.
A artéria epigástrica inferior, colorida de verde na foto ao lado, é um ramo da artéria ilíaca comum
(formada na bifurcação da artéria aorta), e irriga, junto com a artéria epigástrica superior, os músculos
da parede do abdomen. A veia epigástrica inferior, que acompanha a artéria epigástrica inferior, drena
para a veia cava, que acompanha a artéria aorta. Aa veias epigástricas superior e inferior se
anastomosam.

Músculos posteriores do abdômen


Os músculos posteriores do abdômen estão localizados ao lado das 5 vértebras lombares.
O músculo ilopsoas está agarradinho (e preso) à coluna lombar, de onde desce para a pelve, passa
no espaço do canal inguinal e se fixa no fêmur. É responsável por estabilizar a coluna lombar e
mantê-la na posição. Além disso, é o principal músculo responsável por fazer a flexão da coxa
(movimento de jogar a coxa para a frente).
Sua inervação é feita por um conjunto de nervos lombares, que recebe o nome de plexo lombar.
O músculo quadrado lombar corre ao lado do músculo ilopsoas, e percorre desde a crista ilíaca,
na borda do osso ilíaco, até a 12ª costela. Sua função é fixar e estabilizar a 12ª costela. Sua
inervação é feita pelo nervo subcostal (será explicado a seguir).
Esses dois músculos, além das funções mencionadas, dão apoio aos rins e fecham a parede posterior do abdômen.

Bainha do reto
Há 3 ventres acima da cicatriz e 1 ventre muscular abaixo da cicatriz umbilical.

34 BÁRBARA ELLEN
A linha semilunar é formada pelas três aponeuroses (extremidade dos músculos largos) dos músculos anterolaterais,
quando se encontram na borda lateral do músculo reto abdominal.
A aponeurose do oblíquo interno, acima da cicatriz, dá uma lâmina anterior e outra posterior, que vai abraçar o músculo
longo.
A bainha do reto é uma lâmina conjuntiva que envolve o músculo reto abdominal, sendo uma estrutura diferente acima
e abaixo da cicatriz umbilical, como mostrado na imagem ao lado:
• Acima da cicatriz, a bainha do reto tem um folheto anterior e outro posterior.
O anterior é formado por aponeurose do oblíquo externo + lâmina anterior da
aponeurose do oblíquo interno. O posterior é formado por lâmina posterior da
aponeurose do músculo oblíquo interno + aponeurose do músculo transverso.
A linha alba é formada pelo entrelaçamento das bainhas do reto na linha
mediana, e recebe esse nome por ser esbranquiçada e pouco vascularizada.
• Abaixo da cicatriz, o músculo oblíquo interno não se divide em lâmina
anterior e posterior. Além disso, nessa porção, a bainha do reto tem apenas
um folheto, anterior, que passa anteriormente ao músculo reto abdominal. As
três aponeuroses dos músculos largos formam a bainha. Posteriormente,
como não há bainha do reto, essa região é recoberta apenas pela fáscia do
músculo transverso, que recebe o nome de fáscia transversal, já que
acompanha o músculo transverso.
Essa diferença ocorre porque abaixo da cicatriz umbilical há apenas um ventre muscular, que está bem próximo da
fixação. Logo, esse ventre está bem tensionado e não precisa ser reforçado, o que não acontece na região acima da
cicatriz, que é formada por 3 ventres, localizados afastados da sua inserção distal. Por isso não é necessária outra lâmina
para aumentar a resistência da fáscia abaixo da cicatriz.
Logo, em uma última síntese, a bainha do reto é formada pela junção das aponeurose dos músculos largos e linha Alba é
o encontro das bainhas do reto na linha mediana.

Inervação da parede anterior do abdômen


Entre as vértebras torácicas há forames intervertebrais de onde saem 12 nervos espinhais chamados de nervos torácicos,
que podem ser subdivididos:
• O 1º ao 6º nervo são chamados de nervos intercostais, que vão inervar os espaços intercostais;
• O 7º ao 11º nervos recebem o nome de nervos intercostais toracoabdominais: correm nos espaços intercostais e,
anteriormente, descem para o abdômen para inervar os músculos anteriores e anterolaterais.
• O nervo que sai do 12º forame corre abaixo da última costela, e, por isso, recebe o nome de nervo subcostal. É esse
nervo que inerva os músculos anterolaterais, os anteriores e o quadrado lombar.
A parede abdominal é inervada pelos nervos toracoabdominais e pelo nervo subcostal.

Pregas umbilicais
A camada mais interna da parede anterior do abdômen é o peritônio, que é uma membrana serosa que recobre a parede
(lâmina parietal do peritônio) e os órgãos abdominais (lâmina visceral do peritônio).
Na parede anterior, na porção acima da cicatriz umbilical ate a bexiga, são encontradas no peritônio parietal algumas
elevações, visíveis porque há estruturas que promovem as elevações, que são chamadas de pregas do peritônio parietais
anterior ou pregas umbilicais (porque chegam até a cicatriz umbilical).
Existe uma prega umbilical mediana, que chega até a altura da cicatriz umbilical; 2 pregas umbilicais mediais, que
também terminam na altura do umbigo e 2 pregas umbilicais laterais, que não alcançam a cicatriz umbilical.
Embrionariamente há um cordão fibroso que liga a bexiga à cicatriz umbilical, chamado de urato. É ele que forma a
prega umbilical mediana.
A prega umbilical medial é formada porque naquele local passa a artéria umbilical. Quando o cordão umbilical é
cortado, essa artéria perde sua função e fibrosa, originando a prega umbilical medial.
A prega umbilical lateral é formada porque à frente do peritônio, nessa região, passa a artéria epigástrica inferior, que
continua funcionando.
Essas três pregas são, então, marcadas por estruturas anteriores ao peritônio nessa região. Acima da bexiga urinária,
essas pregas delimitam algumas depressões, que são chamadas de fossas. Por isso esses ligamentos podem contribuir
para a localização de estruturas dentro da cavidade abdominal. São elas:
• A fossa entre a prega mediana e a medial é chamada de fossa supravesical, localizada exatamente acima da bexiga
urinária.

35 BÁRBARA ELLEN
• A fossa entre a prega umbilical medial e a lateral é chamada de fossa inguinal, que corresponde à região acima da
virilha.

36 BÁRBARA ELLEN
SISTEMA DIGESTÓRIO

O sistema digestivo é responsável pela digestão dos alimentos, quebrando-os em partes menores para que as substâncias
necessárias (nutrientes) sejam absorvidas pelo organismo.
É formado pelo trato digestório, que compreende a boca, a faringe, o esôfago, o estômago, o intestino delgado, intestino
grosso, o reto e o ânus, bem como pelos órgãos acessórios, que são os dentes, a língua, as glândulas salivares, o fígado,
a vesícula biliar e o pâncreas.

Tubo digestório
É uma estrutura tubular longa que se comunica com o meio externo em suas duas extremidades, superiormente pela
boca e inferiormente pelo ânus. É uma única estrutura, que é diferente de acordo com a região por onde passa, se
dividindo em: boca, faringe, esôfago, estômago e intestinos delgado e grosso. Ao longo desse tubo há glândulas anexas,
responsáveis pela produção dos hormônios que vão agir no processo digestório: pâncreas, vesícula biliar e fígado.
Histologicamente, esse tubo se divide em quatro camadas (do interior do tubo para fora):
• Mucosa: é a camada mais interna, formada por 3 subcamadas:
• Epitélio (mais externamente): é diferente em cada região do tubo digestório. O epitélio que tem função de
transporte é escamoso estratificado não queratinizado, importante para a função de condução e, portanto,
encontrado na boca, na faringe, no esôfago e no canal anal. Também existem partes do tubo relacionadas à
secreção e absorção. Nessas regiões, o epitélio é colunar simples e delgado, como no estômago e em maior parte
do intestino grosso.
Entre as células epiteliais encontramos, nessa camada, células exócrinas, que são responsáveis pela produção de
líquido e muco, e células endócrinas, que são responsáveis pela secreção dos hormônios. O conjunto das células
endócrinas é também chamado de células enteroendócrinas.
• Lâmina própria: é uma lâmina amarelada, constituída de tecido conjuntivo areolar. Apresenta vasos sanguíneos e
linfáticos, de menor calibre. Faz a conexão entre as outras camadas da mucosa.
• Lâmina muscular da mucosa (mais internamente): é constituída por uma fina camada de músculo liso. Essa
lâmina forma pregas (projeções) na mucosa, chamadas de pregas da mucosa, que tem a função de aumentar a
superfície de contato do alimento com o tubo, aumentando a digestão e a absorção de nutrientes. Em alguns
órgãos, como o estômago e os intestinos, há maior número de pregas.
• Submucosa: é constituída por tecido conjuntivo
areolar, onde são encontrados vasos linfáticos e
sanguíneos de maior calibre, e algumas glândulas.
Entre a submucosa e a próxima camada, há um conjunto
de nervos, que constituem o plexo submucoso. Esse
plexo é responsável por inervar as células da mucosa
para que elas liberem suas secreções na cavidade do
tubo digestório.
• Camada muscular: na maioria do tubo digestório, essa
camada é constituída por duas lâminas, uma interna,
que é formada por fibras circulares, e uma externa,
formada por fibras longitudinais. O estômago é uma
exceção, pois sua camada muscular é formada por 3
lâminas: a lâmina externa a é formada por fibras
longitudinais, a lâmina média por fibras circulares e a
interna por fibras oblíquas. Essas lâminas são separas
por um outro conjunto de fibras nervosas, chamado de
plexo mioentérico. Essas células nervosas inervam a
musculatura dos dois estratos musculares, possibilitando os movimentos peristálticos do tubo digestório.
• Camada serosa: é a camada mais externa, que faz parte da maior parte do tubo digestório, constituída por tecido
conjuntivo areolar e por tecido escamoso: em lâmina externa e apoia-se em uma lâmina epitelial chamada de epitélio
escamoso colunar (mesentélio).
No esôfago não há camada serosa, em sua maior parte, porque esse órgão está localizado no tórax, e a camada serosa é
característica de cavidade abdominal. Dessa forma, o esôfago tem, no lugar da camada serosa, camada adventícia, que é
constituída somente por tecido conjuntivo alveolar.
Camada adventícia: formada por tecido conjuntivo alveolar. Camada serosa: formada por tecido conjuntivo
alveolar associado ao mesentélio.

37 BÁRBARA ELLEN
Esôfago
É um tubo muscular de aproximadamente 25 cm de comprimento composto por duas camadas
musculares: a mais externa é formada por fibras longitudinais e a mais interna é formada por fibras
circulares, como pode ser visto na figura ao lado. A função do esôfago é a condução do bolo
alimentar. Nesse órgão não acontece nenhuma atividade enzimática.
É dividido em três regiões, na medida que há uma porção no pescoço, uma no tórax (maior parte) e
outra no abdômen.
O esôfago é formado pelas 4 camadas do tubo digestório: mucosa, submucosa, muscular e adventícia/
serosa. A porção abdominal do esôfago tem, como última camada, o estrato seroso, enquanto a porção
cervical e torácica tem, como última camada, o estrato adventícia, que é formada por uma lâmina de
tecido areolar, sem associação do mesotélio à essa lâmina. Assim, a porção abdominal do esôfago é a
única recoberta pela camada serosa, que é chamada de peritônio.
O esôfago cervical é composto por músculo estriado esquelético. Paralelamente, o esôfago torácico é formado por fibras
de músculo estriado esquelético misturadas à uma grande quantidade de fibras de músculo liso. O esôfago abdominal,
ao mesmo tempo, é composto por músculo liso.

Principais relações anatômicas do esôfago


Esse órgão é anterior à coluna vertebral, posterior à traquéia e ao arco aórtico e à direita da artéria aorta descendente.
Além disso, o esôfago é limitado superiormente pela cricóide e, inferiormente, pela cárdia, que é uma região de
transição entre o esôfago e o estômago. Está localizado posteriormente ao saco pericárdico, à traquéia e ao coração.
O esôfago está localizado no mediastino superior e no mediastino inferior posterior. Isso porque o mediastino inferior
médio é ocupado pelo coração e o inferior anterior é ocupado pelo timo.
Uma grande relação é feita entre a traquéia e o esôfago. O músculo traqueal, localizado na porção posterior da traquéia,
é importante devido à sua associação íntima, na porção posterior da traquéia, com o esôfago: quando o bolo alimentar
passa pelo esôfago, as fibras longitudinais esticam a parede do esôfago para que o bolo alimentar passe.

Estreitamentos
No tubo do esôfago há três estreitamentos, que são fisiológicos, e cuja importância está relacionada ao controle da
velocidade do bolo alimentar, para que não haja sobrecarga do estômago (impedem que o bolo alimentar vá direto para
o estômago).
O primeiro estreitamento, chamado de estreitamento cricoesofágico ou esfíncter esofágico superior, está localizado logo
após a cartilagem cricóide, na passagem da laringofaringe, que é mais larga, para o esôfago, que é mais estreito. Ao
redor desse estreitamento há um conjunto de fibras circulares que funcionam como um esfíncter, controlando a descida
do bolo alimentar.
O segundo estreitamento, chamado de estreitamento broncoaórtico, está localizado no meio da porção torácica. É fruto
da relação do esôfago com a aorta e com a traquéia, no brônquio principal esquerdo, que marca esse estreitamento.
O terceiro estreitamento, chamado de estreitamento diafragmático, ocorre na transição da cavidade do tórax para a
cavidade abdominal, no hiato esofágico, que atravessa o músculo diafragma.

Inervação e vascularização
O esôfago é composto por músculo e, por isso, precisa de um estímulo elétrico, que chega ao músculo através de
nervos. Assim, existem fibras nervosas abraçando o músculo do esôfago, que formam o Nervo Vago, que é o 10º par de
nervo craniano (porque tem início dentro do crânio, no encéfalo, e desce pelo pescoço, passa pelo tórax e chega ao
abdmen). Esse é o maior nervo craniano que temos. O nervo vago é responsável pela inervação sensitiva e motora de
todos os órgãos torácicos e dos órgãos abdominais. Nervos cranianos são sempre pares e, por isso, existe nervo vago
direito e nervo vago esquerdo, que emitem ramos. No esôfago, esses ramos envolvem toda a superfície do órgão, tanto
anteriormente quanto posteriormente. Esse conjunto de ramos é chamado de plexo vagal anterior e plexo vagal
posterior.
A importância do plexo é levar estímulo nervoso até a musculatura do esôfago para que ele possa contrair e, assim,
conduzir o bolo alimentar.
A vascularização envolve dois processos: irrigação (leva oxigênio e nutrientes pro órgão) e drenagem (retira restos
metabólicos do órgão). A irrigação do esôfago é bem diversificada, mas a origem dos vasos que o irrigam é a mesma:
artéria aorta descendente torácica. Os vasos responsáveis pela irrigação do esôfago são as artérias esofágicas, artérias
traqueais e artérias bronquiais, que são ramos diretos da artéria aorta.

38 BÁRBARA ELLEN
A drenagem desse órgão é feita pelas veias esofágicas, que terminam em uma veia chamada veia ázigo, que é
responsável por receber as veias esofágicas, veias traqueais e veias bronquiais, que acompanham as artérias de mesmo
nome e que recolhem do esôfago os restos do seu metabolismo.
Abaixo da mucosa do esôfago é encontrada uma grande quantidade de veias, que são chamadas de veias esofágicas
intramodais, porque estão localizadas na parede desse órgão.
Se houver aumento da pressão portal, que é a maioria da drenagem da cavidade abdominal, essas veias incham, e
provocam varizes, assim como ocorre nos membros, chamadas de varizes esofágicas. Normalmente, são causadas pela
hipertensão portal, ou seja, pelo comprometimento da drenagem da cavidade abdominal. Pode haver ruptura dessas
veias, causando as hemorrágias esofágicas, que nem sempre são perceptíveis e são perigosas e, por isso, é necessário
ficar atento à dores na região do tórax.
Essas veias se juntam e drenam para uma grande veia, que é a veia ázigo, que corre à direita do esôfago, que termina na
veia cava superior, fazendo a drenagem final.
O esôfago termina na cavidade abdominal onde, para continuar a descrição do sistema digestório, é necessário falar
sobre uma estrutura chamada peritônio.

Peritônio
O peritônio corresponde à camada serosa que recobre
a cavidade abdominal, a parede abdominal e os órgão
abdominais. Toda membrana serosa é formada por
duas lâminas:
• Parietal: recobre a parede abdominal (primeira
imagem ao lado)
• Visceral: está em contato com as vísceras (segunda
imagem ao lado)
Entre essas duas lâminas há uma cavidade chamada
de cavidade peritonial, que é preenchida por pouco
líquido periseroso, importante por lubrificar as duas
lâminas, impedindo o atrito entre ambas.
O peritônio parietal recobre a parede abdominal
anterior, posterior, superior e inferior. Em seu interior
estão localizados os órgãos abdominais. A lâmina
parietal é contínua com a lâmina visceral: a lâmina parietal recobre a cavidade abdominal e, depois, se dobra sobre as
vísceras, onde passa a ser chamada de lâmina visceral. Logo, o peritônio é uma lâmina única, que recebe dois nomes de
acordo com o que recobre.

Funções do peritônio
As funções do peritônio são:
• Revestimento de parede e de órgãos abdominais.
• Quando recobre a víscera, forma algumas pregas de peritônio, que liga os órgãos entre si ou esses órgãos às paredes
abdominais (à qualquer parede abdominal), com a função de fixação e de sustentação dos órgãos abdominais.
• Proteção mecânica e biológica. Biológica porque o líquido peritonial é rico em macrófagos, que limpam a cavidade
peritonial. Mecânica porque existe uma prega peritonial muito longa presa superiormente ao estômago e ao cólon
transverso, que cai sob a cavidade abdominal (logo, sua borda inferior fica livre): a porção inferior dessa prega, livre,
pode se deslizar de um lado para o outro, isolando áreas infectadas da cavidade abdominal, impedindo a propagação
da infecção.
Um exemplo dessa proteção mecânica é durante a apendicite, em que o apêndice está inflamado: a borda livre da prega
se desloca toda para a direita da cavidade abdominal e abraça o apêndice, isolando-o e evitando a dispersão da
inflamação sobre a cavidade.
• Permitir a passagem de vasos e nervos: a prega peritonial tem uma lâmina anterior e outra posterior e, por elas,
passam nervos e vasos responsáveis pela vascularização e pela inervação dos órgãos.

Classificação dos órgãos


Os órgãos podem ser classificados de acordo com sua relação com o peritônio, como:
• Órgãos peritonizados: são os órgãos quase totalmente envolvidos pelo peritônio visceral (não pode haver órgão todo
peritonizado pois, caso contrário, impediria a entrada de vasos e nervos no órgão). São eles: estômago, fígado, baço,

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jejuno-íleo, cólon sigmoide, cólon transverso e ceco. Ao envolver o órgão, há formação de uma prega que, além de ser
responsável pela fixação do órgão, permitem o movimento, em todo órgãos peritonizados. Logo, todo órgão
peritonizado é um órgão móvel, na medida que tem a prega peritonial, que permite essa mobilidade.
• Órgãos retroperitonizados: nos órgãos presos na parede posterior do abdômen, o peritônio recobre apenas uma parte e,
assim, esses órgãos ficam localizados atrás do peritônio. Ou seja: só a porção anterior desses órgãos são recobertas.
Esses órgãos são fixados, então, tanto pela parte presa na parede da cavidade quanto pelo peritônio. São eles:
pâncreas, duodeno, reto, cólon ascendente e cólon descendente do intestino grosso, rins, glândulas suprarrenais; veia
cava inferior e aorta.
• Órgão intraperitonizado: é o órgão localizado entre as lâminas do peritônio, ou seja, dentro da cavidade peritonial,
sem que as lâminas parietal ou vísceral o envolva. Apenas o ovário.
• Órgão subperitozinado: é o órgão que fica abaixo do peritônio. É a bexiga, o útero, vagina, porção inferior do reto.

Pregas peritoniais
As pregas peritoniais são projeções do peritônio, que pode ligar um órgão à outro ou um órgão à parede abdominal.
Além disso, essas pregas permitem movimento. São elas:
• Ligamento: liga um órgão maciço à parede anterior do abdômen. Ex.: ligamento falciforme, que liga o fígado à parede
anterior do abdômen.
O intestino delgado tem três partes: duodeno, que é retroperitonizado, jejuno e íleo, que são chamados de alças
intestinais e são peritonizados. O intestino grosso também é dividido, sendo o ceco peritonizado, os cólons variam entre
retroperitonizados e peritonizados e o reto é retroperitonizado. Mesentério é o nome da prega que liga as alças
intestinais à parede posterior do abdômen e mesocólon é a prega que liga partes do intestino grosso à parede posterior
do abdômen. O seco, o cólon transverso e o sigmóide têm partes peritonizadas do intestino grosso.
O mesocólon transverso divide a cavidade peritonial em cavidade peritonial supramesocólica e cavidade peritonial
inframesocólica. No compartimento supra são encontrados o fígado, o estômago e a vesícula biliar. No compartimento
infra, são encontrados o intestino delgado e o intestino grosso. Esse compartimento é dividido em inferior, ou esquerdo,
e superior, ou direito, pela raíz do mesentério. No compartimento inferior/esquerdo são encontrados cólon descendente;
cólon sigmóide e início do reto e, no compartimento superior/direito são encontrados o ceco, o cólon ascendente e a
maior parte do cólon transverso.
• Omento: liga dois ou mais órgãos.
O estômago tem curvatura maior e curvatura menor. Existe uma prega que sai da curvatura menor e do duodeno e vai
pro fígado, sendo chamada de omento menor. Esse omento é dividido em duas partes, sendo a porção mais esquerda
chamada de omento menor hepatogástrico e a porção mais à direita chamada de omento menor hepatoduodenal.
À esquerda do estômago há o baço. O omento maior sai da curvatura maior, se prende ao
diafragma, ao baço e ao cólon transverso, de onde desce e forma uma “pingela"que protege
contra infecções. Esse omento se divide em três partes: omento maior gastrofrênico, que liga o
estômago ao diafragma; omento maior gastrolienal, que liga o estômago ao baço e omento
maior gastrocólico, que sai do estômago, passa pelo cólon transverso e cai sobre a cavidade
abdominal.
• Meso: é uma prega que liga um órgão oco, como o estômago e os intestinos, à parede
posterior do abdômen
A cavidade peritonial se projeta entre o fígado e o estômago. O espaço formado, que é a
continuidade da cavidade peritonial atrás do estômago (entre estômago e parede posterior do
abdômen), é chamado de bolsa omental. Essa bolsa tem uma única abertura, que fica à direita,
entre a veia cava inferior e uma prega de peritônio, chamada de forame omental. A importância
desse forame é permitir a comunicação da bolsa omental com o restante da cavidade peritonial.
O forame omental é limitado anteriormente pelo ligamento hepatogástrico, que liga o estômago
ao fígado e posteriormente pela veia cava inferior.
A bolsa omental dá acesso à estruturas retroperitonizadas e, portanto, para acessar cirurgicamente um órgão
peritonizado, é preciso passar pela bolsa.

Estômago
Esse órgão constitui uma expansão lateral do esôfago abdominal, que ocorre à esquerda da
linha medial. É dividido em quatro partes:
• Cárdia: região de transição entre o esôfago e o estômago.
• Fundo do estômago ou fundo gástrico: é a região onde fica armazenado o ar que é produzido
durante a digestão dos alimentos e, por isso, em um Raio-X, é a porção mais identificada do
estômago.
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•Corpo do estômago e piloro: na curvatura menor do estômago, na
porção inferior, há uma angulação, que é a incisura angular. A partir
dessa incisura, traça-se uma linha vertical até a borda inferior da
curvatura maior, que separa essas duas partes, sendo o piloro a porção
final do estômago, marcando a transição para o duodeno.
O piloro inicialmente é largo, e vai se
afunilando. A parte larga é chamada de
antropilórico e a parte estreita é chamada
de canal pilórico.
Na curvatura menor há uma lâmina
esbranquiçada, toda infiltrada por
gordura, que é uma prega peritonial,
chamada de omento menor. A parte mais
clara do omento menor é o ligamento
hematogástrico e a parte mais escura é o
ligamento hepatoduodenal.
Da curvatura maior do diagragma há uma lâmina amarelada descendo,
que corresponde ao omento maior. O omento maior é dividido em três
partes: ligamento gastrofrênico, saindo do fundo do estômago até o
diafragma; ligamento gastroesplênico, que liga o estômago ao baço, e
ligamento gastrocórico, que é o maior e que desce em direção ao cólon transverso do intestino, passando em sua frente.
Há uma parte livre no ligamento gastrocórico, que é capaz de se movimentar, isolando áreas infectadas.
Entre as duas lâminas do ligamento hepatoduodenal correm três estruturas que, em conjunto, são chamadas de tríade
portal, que chegam à porta do fígado. Seus componentes são: artéria hepática própria; ducto colédoco (conduz a bile do
fígado para o duodeno) e, atrás dessas duas estruturas, está a veia porta hepática.
O estômago é um órgão peritonizado, ou seja, apresenta pregas peritoniais, que são: omento maior e omento menor. A
função dessas pregas, além de fixar o órgão, é permitir seu movimento.
Todo o sangue recolhido da cavidade abdominal passa pelo fígado e, para isso, todo esse sangue tem que passar pela
veia porta hepática.
À direita do ligamento hepatoduodenal há uma abertura, que é a abertura da bolsa omental (forame omental). Atrás
dessa bolsa está localizado o pâncreas e, para ter acesso cirúrgico à esse órgão, é necessário entrar dentro da bolsa
omental. Para isso, é necessário cortar o ligamento gastrocórico e levantar o estômago, expondo a bolsa omental. Ao
cortar esse ligamento, não há perda de movimento e, mesmo se houvesse, não traria grandes prejuízos, pois é um
ligamento muito grande.
A função do estômago é armazenar o bolo alimentar e prepará-lo para a digestão. Além disso, é onde começa a
absorção. Quando deglutimos, o estômago começa a sofrer movimentos peristálticos, para misturar o bolo alimentar
com o sulco gástrico, que prepara o alimento para sofrer a ação enzimática
O bolo chega ao estômago pelo óstio cárdico ou esfíncter cárdico e sai do estômago, para o duodeno, através do óstio
pilórico ou esfíncter pilórico. Esses óstios também recebem o nome de esfíncter porque controlam o volume do
estômago. O esfíncter cárdico é fisiólogico porque sua abertura é estimulada pelo polo alimenta que está chegando. O
esfíncter pilórico é anatômico porque é fruto de uma alteração morfológica na espessura da camada muscular do
estômago.
Refluxo gástrico é um relaxamento no óstio cárdico: as fibras musculares não se fecham adequadamente depois que o
alimento entra no estômago, permitindo o refluxo do conteúdo do estômago para o esôfago. Como a parede do esôfago
não está preparada para a acidez, ocorre uma queimação na região distal desse órgão, provocando a azia. Para reduzir o
refluxo, pode-se evitar cigarro, álcool, café, tomate, chocolates e substâncias ácidas porque essas substâncias estimulam
o relaxamento do óstio.
O óstio pilórico controla a passagem do quimo para o duodeno. Nessa estrutura, podem haver duas situações: piloro
espasmo, no qual o esfíncter permanece contraído, comprometendo a passagem e aumentando o volume do estômago, o
que pode estimular o vômito, e a estenose pilórica, que geralmente é congênita ou causada por imaturidade da inervação
(em bebês), na qual há um estreitamento desse óstio, o que também dificulta a passagem. Essa condição é percebida em
bebês, quando estes têm muito refluxo e em jato, na medida que a pressão dentro do estômago está muito grande.

Atividade endócrina e exócrina do estômago


A parede do estômago é formada por 4 camadas. Na mucosa tem epitélio. No epitélio do estômago há uma grande
diversidade de células exócrinas, que estão diretamente relacionadas à secreção de substâncias importantes para a
digestão, sendo as 3 mais importantes:
• Célula mucosa: secreta muco que protege a parede do estômago contra a acidez e se mistura no bolo alimentar para
facilitar sua liquefação.
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• Célula parietal: secreta dois elementos. O primeiro é o ácido clorídrico, conteúdo básico do suco gástrico, responsável
por matar os microorganismos que possam chegar ao estômago através do bolo alimentar e pela desnaturação das
proteínas, facilitando a ação das enzimas proteolíticas. O segundo é o fator intrínseco, que aumenta a absorção de
vitamina B12 no trato intestinal.
• Célula principal: secreta enzimas, sendo a principal enzima o pepsinogênio, que é uma forma inativa da pepsina, que
faz a digestão de proteínas, e a lipase, que age sobre moléculas de gordura.
Também são encontradas células endócrinas, principalmente na região do piloro:
• Célula G: recebe esse nome porque secreta um hormônio chamado Gastrina. Esse hormônio estimula a produção de
ácido clorídrico e a motilidade do estômago, fundamental para a liquefação do bolo alimentar.
Quando o bolo alimentar chega até o estômago, se mistura com o saco gástrico e vira o quimo, que é mais liquefeito. O
quimo sai do estômago e entra no intestino delgado, onde se mistura com o saco pancreático e com a bile e vira quilo.
Quando o quilo chega ao intestino grosso, tem início a absorção de água, formando o bolo fecal.

Vascularização do estômago
Para que o estômago consiga realizar suas funções, recebe uma vascularização muito vasta, que é feita através de 5
artérias. Dessas, há uma que é ramo direto do tronco celíaco e as outras são ramos indiretos dessa artéria.
Depois que a aorta atravessa o hiato aórtico, dá origem às suas primeiras ramificações, que são duas pequenas artérias,
de trajeto ascendente, que vão irrigar a face abdominal do diafragma, chamadas de artéria frênica direita e artéria
frênica esquerda. Logo abaixo do hiato aórtico, no meio da aorta, nasce um tronco curto e calibroso, que é o tronco
celíaco, que dá origem a 3 ramos:
• Artérias gástricas: sai um ramo à esquerda do tronco, de trajeto ascendente, que chega até a região da cárdia, onde se
dobra sobre a curvatura menor do estômago, recebendo o nome de artéria gástrica esquerda. Essa artéria dá origem à
vários ramos, tanto para a região anterior quanto para a região posterior do estômago, para irrigá-las. A artéria gástrica
esquerda chega até a incisura angular, onde se anastomosa com uma outra artéria, que passa inferiormente na
curvatura menor do estômago, chamada de artéria gástrica direita, que não é ramo direto do tronco celíaco.
• A artéria gástrica direita tem origem variável sendo que,
na maioria das vezes, tem origem na artéria hepática
própria, mas pode, também, ser um ramo direto da
artéria hepática comum.
• O tronco celíaco dá origem à outro ramo à esquerda,
que é o mais calibroso, chamado de artéria esplênica,
que corre apoiada na borda superior do pâncreas, e passa
posteriormente ao estômago. Ao alcançar a curvatura
maior do estômago, dá origem à um ramo que vai irrigar
a parte da curvatura maior do estômago e o omento
maior, chamada de artéria gastromental esquerda, que
origina vários ramos, para irrigar toda a face da
curvatura maior do estômago.
• A artéria esplênica dá origem à vários pequenos ramos,
que se dirigem para a região do fundo do estômago,
chamados de artérias gástricas curtas, responsáveis pela
irrigação do fundo do estômago.
• O último ramo do tronco celíaco nasce à sua direita, e é
chamado de artéria hepática comum, que se ramifica, originando um ramo ascendente, que vai para o fígado,
chamado de artéria hepática própria, e um ramo descendente, que passa atrás do piloro e do duodeno, chamado de
artéria gastroduodenal, que origina ramos para o duodeno e para o estômago, onde corre na curvatura maior do
estômago, na porção mais inferior, chamada de artéria gastromental direita. As artérias gastroomentais direita e
esquerda, próximo à incisura angular, se anastomosam.
Resumindo, as artérias que irrigam o estômago são: artéria gástrica direita, artéria gástrica esquerda, artérias gástricas
curtas, artéria gastromental esquerda e artéria gastromental direita. Dessas, apenas a artéria gástrica esquerda é um ramo
direto do tronco celíaco.
O estômago é um órgão com muita atividade metabólica e, portanto, com muitos restos metabólicos a serem
eliminados. Por isso, é necessário uma drenagem muito rica. As veias do estômago acompanham as artérias de mesmo
nome: veia gástrica direita, veia gástrica esquerda, veias gástricas curtas, veia gastromental direita e veia gastromental
esquerda. Essas veias levam o sangue para vasos distintos.
A veia gástrica esquerda e a veia gástrica direita drenam diretamente para a veia porta hepática, que entra no fígado, o
que é importante porque o sangue recolhido do trato digestório é rico em nutrientes, que podem ser metabolizados no
fígado. As veias gástricas curtas e a veia gastromental esquerda drenam para a veia esplênica, que corre junto com a
artéria esplênica, na borda superior do pâncreas. A veia esplênica, por sua vez, drena para a veia porta hepática. A veia
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gastromental direita drena para a veia mesentérica superior, que termina na veia porta hepática. Logo,
todas as veias que drenam o estômago tem um trajeto final para a veia porta hepática, através de trajetos
distintos.
Então, as tributárias da veia porta hepática são: veia gástrica direita, veia gástrica esquerda, veia
mesentérica superior e veia esplênica. Podem ocorrer variações anatômicas.
Entre o piloro e o duodeno passa uma veia fina, que é uma tributária da veia gástrica direita, chamada de
veia pré-pilorica. Durante uma cirurgia, essa veia é utilizada como referência entre onde termina o
estômago e onde termina o duodeno.

Intestino delgado
É dividido em duodeno, jejuno e íleo.

Classficação do intestino quanto ao peritônio


O duodeno é a única parte do intestino que é retroperitonizado, ou seja, que está atrás do peritônio parietal e, portanto, é
a parte fixa do intestino delgado.
O duodeno é dividido em 4 partes:
• Porção bulboduodenal. Essa é a única porção peritonizada.
• Porção descendente do duodeno
• Porção horizontal do duodeno
• Porção ascendente do duodeno.
A primeira porção é peritonizada porque apresenta a prega hepatoduodenal. As outras porções são retroperitonizadas
porque estão atrás da prega parietal.
O duodeno tem continuidade no jejuno, que continua no íleo, e ambos são peritonizados. Isso porque o duodeno, que
estava atrás do peritônio, se dobra e fura essa estrutura, saindo de trás do peritônio. O local em que o duodeno se dobra
é chamado de flexura duodenojejunal, que representa a transição entre duodeno e jejuno e está representada na imagem
ao lado.
Entre a porção horizontal e a porção ascendente do duodeno há outros vasos, mesentéricos, que marcam essa transição:
artéria mesentérica superior e veia mesentérica superior, que passam na frente da porção horizontal do duodeno.

Duodeno
Em um corte frontal do duodeno, identificamos a mucosa desse órgão, que é uma camada vermelhinha, ricamente
preguiada. Essas pregas são importantes por aumentar a superfície de absorção e digestão de nutrientes.
É no duodeno que tem início a digestão dos alimentos porque, nessa região, chegam duas substâncias importantíssimas
para a digestão:
• O pâncreas tem uma parte mais dilatada, que é abraçada pela segunda porção do duodeno, chamada de cabeça do
pâncreas. Dentro desse órgão há um canal, chamado de ducto pancreático principal, que corre toda sua extensão e
chega até a segunda porção do duodeno. Esse canal é importante para a condução do suco pancreático, produzido pelo
pâncreas. O suco pancreático, além de água e íons, é rico em enzimas, que vão digerir ácidos nucleicos, proteínas,
carboidratos e gorduras.
• Existe outro ducto chegando na segunda porção do duodeno, vindo do fígado, que produz a bile. A bile chega ao
duodeno por meio do ducto colédoco.
Como essas substâncias chegam à segunda porção do duodeno, essa porção é identificada como a porção do duodeno
mais importante para a digestão, por alguns anatomistas, na medida que é nessa região que esse processo tem início ou
fim: a digestão de proteínas começa no estômago e termina aqui; a digestão de gorduras e de ácidos nucleicos começa e
termina aqui; a digestão de carboidratos começa na boca e termina aqui.

Jejuno e íleo
O duodeno tem continuação no jejuno, que continua no íleo. Anatomicamente, no cadáver, não tem como diferenciar
essas duas regiões e, por isso, esse conjunto é chamado de jejuno-íleo ou de alças intestinais.
Paralelamente, essas regiões são diferenciáveis em uma pessoa viva, porque no jejuno ocorre um maior percentual de
absorção de nutrientes e, por isso, a vascularização nessa região é muito rica, então o jejuno fica bem pigmentado.
Ao mesmo tempo, a vascularização no íleo é menor, na medida que a absorção nessa região é menor, então a
pigmentação não é tão alta.

43 BÁRBARA ELLEN
A diferenciação no cadáver não é possível porque não há circulação e, por isso, não tem pigmentação, que é o critério
utilizado para diferenciar o jejuno do íleo.
O jejuno e o íleo são órgãos peritonizados e, por isso, têm prega peritonial. Como são órgãos ocos, essas pregas são do
tipo meso, que se subdivide em dois subtipos: o mesentério e o mesocólon. Mesentério é a prega de peritônio que fixa o
jejuno-íleo à parede posterior do abdômen.
Ao cortar a inserção do mesentério, conseguimos visualizar a raíz do mesentério, que é onde essa prega se fixa à parede
posterior do abdômen.
Para diferenciar o jejuno e o íleo há, ainda, uma diferença histológica, na mucosa: como no jejuno a taxa de absorção é
muito maior que no íleo, a mucosa é muito mais pregueada no jejuno. Em compensação, no íleo há muitos resíduos
metabólicos, que podem conter microorganismos que podem prejudicar o trato digestório e, por isso, no íleo, são
encontradas associações de nódulos linfáticos com a mucosa, formando as placas de Peyer.
A última parte do intestino delgado, íleo, se junta à primeira porção do intestino grosso, chamada de Ceco.

Intestino grosso
O íleo se encontra com o ceco através da junção íleocecal. Nessa junção há uma abertura,
que permite a passagem do quilo do íleo para o intestino grosso, chamada de óstio íleocecal.
A funçào do intestino grosso é produzir, conduzir e eliminar o bolo fecal. Para isso, precisa
absorver água do quilo e ter movimentos de massa, que são movimentos peristálticos.
O intestino grosso contorna todo o jejunoíleo, e é dividido em 3 partes:
• Ceco (primeira parte)
• Cólons
• Reto (última parte).
O ceco é a porção inicial do intestino grosso, localizado na fossa ilíaca direita. Tem duas relações: com o íleo, através
do óstio íleocecal (na qual o íleo entra na margem esquerda do ceco, promovendo essa comunicação) e com o apêndice
cecal ou apêndice vermiforme, que tem grande quantidade de tecido linfático até a puberdade, quando essa massa
involui. Logo, o ceco tem uma defesa imunológica até a puberdade.
Devido à essa última relação, pode ser que resíduos fecais caiam dentro do apêndice cecal, que não tem capacidade de
realizar movimentos peristálticos, podendo causar uma inflamação no apêndice, chamada de apendicite. Quando isso
acontece, o apêndice incha, e sua parede pode rachar, liberando essa secreção purulenta, rica em leucócitos, na cavidade
peritonial, podendo contaminá-la. Se isso não for tratado à tempo, pode ocorrer uma sepse, levando à morte do
indivíduo, que hoje em dia é rara. Os sintomas tem início na cicatriz umbilical, onde há dores abdominais, que irradiam,
posteriormente, para a região da fossa ilíaca direita, que é a região do apêndice.
O ceco é continuado pelos cólons, que são divididos em partes, de acordo com seu trajeto:
• Cólon ascendente: porção do cólon com trajeto ascendente
• Cólon transverso: porção do cólon que ocupa o plano transverso do abdômen
• Cólon descendente: parte que tem trajeto descendente.
• Cólon sigmóide: parte com trajeto sinuoso.
O cólon sigmóide toma trajeto retilíneo e passa a ser chamado de reto, que se abre no meio externo por meio do ânus.
O cólon ascendente, pra continuar no cólon transverso, se dobra. Essa dobra é chamada de flexura cólica direita ou
ângulo hepático (porque acontece próximo ao fígado). O cólon transverso, para continuar no cólon descendente,
também se dobra, formando a flexura cólica esquerda ou ângulo esplênico (porque acontece próximo ao vaso
esplênico).

Classificação do intestino grosso quanto ao peritônio


O intestino grosso tem parte peritonizada e tem parte retroperitonizada. A parte retroperitonizada compreende as
estruturas: cólon ascendente, cólon descendente e reto. Se é retroperitonizado, está atrás do peritônio parietal e, por isso,
são estruturas fixas. Paralelamente, o ceco, o cólon transverso e o cólon sigmóide são peritonizadas, então têm
movimento, na medida que tem prega peritonial.
A prega peritonial dessa região é chamada de mesocólon, que recebe um nome específico para cada parte: mesocólon
cecal, mesocólon transverso e mesocólon sigmóide.

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Intestino delgado vs intestino grosso
O intestino delgado é muito maior que o intestino grosso, que é muito mais
calibroso que o intestino delgado. Se o intestino delgado for totalmente esticado
(inclusive sua mucosa), pode chegar até 5m de comprimento. Se o intestino
grosso também for totalmente esticado, pode chegar em até 1,5m de
comprimento.
Além disso, existem 3 estruturas anatômicas exclusivas de intestino grosso,
localizadas em toda sua extensão, exceto no reto:
• As fibras musculares longitudinais do intestino grosso, que compõem o
estrato muscular da parede do tubo digestório, se condensam em 3 pontos ao
longo do tubo do intestino grosso. Essa condensação constituí uma estrutura
que é chamada tênia, porque é uma estrutura plana, deixando as camadas
externas do intestino enrugadinhas. Cada gominho do intestino grosso é
chamado de haustro.
Analogia: a tênia é como um elástico que prendemos à um tecido, que, quando esticado, deixa o tecido enrugadinho.
Nesse caso, essas enrugações formam os gominhos, que são os haustros.
• Haustros: são importantes para orientar o trajeto do bolo fecal. São responsáveis por produzir os movimentos
peristálticos: um haustro contrai, empurrando o bolo fecal para o outro haustro, que também contrai, conduzindo o
bolo fecal até o ânus.
• Apêndice epiplóico: são pedaços de gordura recobertos por peritônio e fixados na superfície externa do intestino
grosso. Como gordura é fonte energética, a função desse apêndice é a reserva energética.

Tênias
Nós temos três tipos de tênias:
• Tênia livre: assim chamada porque não há nenhuma estrutura nela fixada (fica no meio do intestino grosso, em toda
sua extensão)
• Tênia omental: o omento maior sai da curvatura maior do estômago e chega ao cólon transverso, onde se fixa, na
tênia omental.
• Tênia mesocólica: corresponde à tênia presente no local de fixação do mesocólon ao intestino grosso.

Irrigação do intestino
Na aorta abdominal há várias ramificações, como o tronco celíaco, seguido da artéria mesentérica superior, seguida pela
artéria mesentérica inferior. As artérias mesentéricas são responsáveis pela irrigação do intestino delgado e grosso. Tem
inúmeras artérias porque o intestino é responsável pela
absorção e digestão de nutrientes, que precisam se
distribuir.
A artéria mesentérica superior dá ramos chamados
artérias jejunoileais, que vão irrigar o jejuno e o íleo
(essas artérias passam entre a lâmina anterior e a lâmina
posterior do mesentélio para chegar na borda do intestino
delgado), artéria cólica média, que irriga o cólon
transverso do intestino grosso. A artéria cólica média dá
origem à artéria cólica direita, que irriga o cólon
ascendente do intestino grosso, e à artéria íleocecal, que
irriga a parte final do ílio e o ceco, com o apêndice cecal.
Existem outros ramos, que não vamos estudar.
A artéria mesentérica inferior também se ramifica,
originando a artéria cólica esquerda, que irriga o cólon
descendente do intestino grosso, as artérias sigmóideas
(2 ou mais), que irrigam o cólon sigmóide, e a artéria
retal superior, que irriga o reto.
Todas essas artérias são acompanhadas por veias de
mesmo nome, que drenam para a veia mesentérica
superior ou veia mesentérica inferior. As veias do lado
esquerdo drenam pra veia mesentérica inferior, que drena para a veia esplênica. As veias do lado direito drenam para a
veia mesentérica superior, que drena para a veia porta hepática.

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Sistema ázigo
Existe um sistema auxiliar de drenagem, chamado de sistema ázigo, que é composto por um
conjunto de veias que drenam a parede dorsal, abdominal e torácica, constituindo uma
drenagem complementar à drenagem da veia cava inferior. Assim, a função desse sistema é
auxiliar as veias cavas superior e inferior na drenagem do tórax, do abdômen e dorso. Os
constituintes desse sistema são as veias ázigo, hemiázigo e hemiázigo acessória.
Perto do íleo pulmonar direito, a veia ázigo se curva para desembocar na veia cava superior,
que chega ao átrio direito do coração, fazendo o retorno do sangue. Assim, a veia ázigo tem
início na veia cava inferior e finaliza na veia cava superior. Logo, há uma anastomose venosa
ligando a veia cava superior à veia cava inferior. A veia ázigo drena a região lombar, a parede
torácica, os órgãos do tórax e a coluna vertebral, auxiliando a drenagem das veias cavas.
A veia hemiázigo também tem início no abdômen, posterior à veia renal esquerda. Suas
tributárias são as veias lombares esquerdas e a veia subcostal, que se anastomosam pra formar
a hemiázigo. Ela sobe e, na altura da 8ª vértebra da coluna, se curva para a direita para
desembocar na veia ázigo, ou seja, seu trajeto final é a veia ázigo.
O último constituinte é a veia hemiázigo acessória, que tem início no 4º espaço intercostal
esquerdo, e chega até o 8º espaço intercostal esquerdo. Nesse trajeto, é formada pelas veias
intercostais posteriores esquerdas e pela veia intercostal suprema. Essa veia também desemboca
na veia ázigo, na altura da 7ª vértebra torácica.
Resumindo, a veia ázigo está à direita da coluna vertebral, até desembocar na veia cava superior. A
veia hemiázigo corre à esquerda da coluna vertebral e, na altura da 8ª vértebra torácica, cruza a
linha mediana e desemboca na veia ázigo. A veia hemiázigo acessória desce (é a única com trajeto descendente) e, na
altura da 7ª vértebra torácica, cruza a linha mediana e desemboca na veia ázigo.
A veia ázigo e a hemiázigo tem início no abdômen e terminam na região torácica. A veia hemiázigo acessória está
restrita à região torácica.
Todas essas terminam na veia cava superior, porque drenam para a veia ázigo, que drena para a veia cava superior.

Boca
A boca constituí a primeira parte do tubo digestório. É formada anteriormente pelos lábios, lateralmente pelas
bochechas, superiormente pelo palato e inferiormente pelo assoalho da cavidade oral, que é formado pelo músculo
milo-hióideo.

Estudo da anatomia de superfície da boca


O lábio superior, que corresponde à região entre as narinas e a abertura anterior da boca, e o lábio inferior, que
corresponde à região entre a abertura anterior da boca e o queixo, que recebe o nome de mento, delimitam entre eles
uma abertura chamada rima labial. Esses lábios se encontram lateralmente, em uma região denominada ângulo da boca
ou comissura da boca.
Existem dois sucos que constituem a anatomia de superfície da boca
• Sulco nasolabial: corresponde ao espaço entre as asas do nariz até a comissura da boca. À medida que envelhecemos,
perdemos colágeno, e esse sulco fica mais profundo
• Sulco mento-labial: separa o lábio inferior do mento (queixo).
No lábio superior, abaixo do septo nasal, existe uma depressão triangular chamada de filtro.

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Composição do lábio e bochecha
A parte externa do lábio é formada por pele, e a parte interna é formada por mucosa. Entre a mucosa e a pele
existe uma camada de músculo estriado esquelético, que tem uma forma orbicular , já que contorna toda a
abertura da boca, fazendo parte tanto do lábio superior quanto do lábio inferior. Esse músculo recebe o nome de
músculo orbicular da boca. É um único músculo, que faz parte dos lábios superior e inferior. Esse músculo é
importante para a realização de ações como assoprar, beijar e sugar e na pronúncia das palavras.
A mucosa labial emite uma prega mediana que se fixa na gengiva correspondente, chamada de freio labial
superior e freio labial inferior. Essas pregas são responsáveis por fixar os lábios nas gengivas correspondentes.
Na bochecha, entre a pele e a mucosa, também há músculo estriado esquelético, que também é classificado como
músculo estriado dérmico, porque uma extremidade se fixa ao esqueleto e outra se fixa na camada mais profunda
da pele. Esse músculo recebe o nome de músculo bucinador.
Os músculos orbicular e bucinador mantêm o alimento na cavidade oral, entre os dentes, auxiliando na
mastigação.

Limites da boca
• Anterior: rima labial
• Posterior: estreitamento da cavidade oral, chamado ístmo orofaríngeo
• Superior: palato
• Inferior: assoalho da cavidade oral, formado pelo músculo milo-hióideo
Ao abrirmos a boca (imagem ao lado), o espaço que visualizamos é o ístmo orofaríngeo, que marca a
transição entre a cavidade oral e a orofaringe. O ístmo é limitado superiormente pela úvula, lateralmente
pelos arcos palatoglosso e inferiormente pelo dorso da língua.

Entre a rima labial e o ístmo faríngeo são identificadas duas regiões da cavidade oral:
• Vestíbulo oral ou vestíbulo bucal: espaço pequeno localizado entre os lábios e as bochechas
externamente e entre dentes e gengivas internamente. Corresponde à entrada da cavidade oral. É onde os
freios labiais estão.
• Cavidade oral propriamente dita: corresponde à maior parte da cavidade oral. É toda a região posterior aos dentes, até
o ístmo orofaríngeo. Tem como limite superior o palato e como limite inferior o músculo milo-hióideo. O principal
componente dessa região é a língua.
A porção anterior e lateral do vestíbulo não tem comunicação com a cavidade oral propriamente dita. O vestíbulo oral
só se comunica com a cavidade oral propriamente dita na sua porção posterior, entre as duas arcadas dentárias.

Palato
É uma prega transversal de constituição ósteomuscular. Os 2/3 anteriores são compostos por osso, e o 1/3 posterior é de
composição muscular. A parte óssea, chamada de palato duro, é formada anteriormente pelo processo palatino da
maxila, e posteriormente pela lâmina horizontal do palatino, que é menor e mais irregular, e é onde o palato mole se
fica.
A parte muscular, denominada palato mole, é formada por 5 músculos, sendo eles:
• Músculo do véu palatino: corre em toda a extensão do palato duro.
• Músculo da úvula: constitui uma prega (músculo) de formato cônico, que sai do centro do músculo do véu palatino.
O músculo véu palatino dá origem à duas projeções laterais em forma de arco, que é o músculo envolvido pela mucosa.
• Arco palato glosso: é uma projeção lateral, mais anterior, do músculo véu palatino, recoberto por mucosa.
• Arco palato faríngeo: é uma projeção lateral, mais posterior, do músculo véu-palatino, recoberto por mucosa.
• Músculo levantador do véu palatino
A função desses músculos é elevar o palato mole, fechando o ístmo faríngeo, impedindo que o alimento atinja a
cavidade nasal durante a deglutição: quando contraem, elevam o músculo da úvula, que fecha o ístmo.
Entre a mucosa oral que recobre o palato duro e o osso é encontrado um conjunto de pequenas glândulas que são
chamadas de glândulas palatinas, que auxiliam na produção da saliva, que é importante para a digestão.

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Língua
O ventre da língua corresponde à parte que fica voltada para a face inferior. É
recoberta por mucosa. Paralelamente, o dorso da língua corresponde à face
superior.
Se fixa no assoalho da cavidade oral através do freio lingual, que é uma prega da
mucosa, que fica na parte média do ventre da língua.
Algumas pessoas tem esse freio mais rígido, curto ou sem mobilidade,
resultando em uma condição chamada anquilo glossia ou, popularmente, língua
presa. Nesse caso há dificuldade de articulação da fala devido à dificuldade de
movimentação da língua.
Toda inervação e vascularização da língua é feita através do ventre da língua. O
conjunto de vasos e nervos é chamado de conjunto vásculo-nervoso, composto
por veia lingual, artéria lingual e nervo lingual. Esse conjunto é responsável pela
irrigação, inervação e drenagem das estruturas da língua.
A língua é o maior e o principal inquilino da cavidade oral. É um órgão
muscular, formado por duas partes:
• Dorso da íngua
- É a região superior, voltada para o palato.
- Tem um ápice, mais anterior, de onde saem duas bordas laterais, que são as margens da língua. Em repouso, o
ápice encosta nos dentes incisivos centrais e inferiores.
- Na porção mais posterior da língua são feitas as principais relações da língua, com a epiglote, através de 3 pregas
da mucosa (glosso epiglótica mediana, glosso epligóticas laterais e palerma epiglótica) e com o arco palato glosso
(prega do m. véu palatino).
- Nessa face, há uma estrutra que lembra a forma de um "V" invertido, chamado de sulco terminal ou V lingual.
- No centro do sulco terminal há um buraco que já foi aberto, durante a embriogênese, chamado de Forame Cego: a
glândula tireóide é formada na cavidade oral e precisa descer por esse forame para descer para o pescoço. Depois
que isso acontece, o forame se fecha.
- O forame cego divide o dorso da língua. A parte mais posterior ao V lingual, que corresponde à menor parte do
dorso lingual, é chamada de raíz da língua ou parte faríngea da língua, pois está voltada para a orofarínge. A maior
região do dorso da língua e a parte mais anterior é chamada de corpo da língua ou parte oral da língua, onde está o
ápice da língua, e é voltada para a cavidade oral. Essas duas porções são diferentes.
- A mucosa emite, na região do corpo da língua, projeções onde há receptores gustativos, chamados
de papilas gustatórias ou papilas linguais, que são responsáveis pela percepção dos sabores.
Existem diferentes tipos de papilas, sendo as principais: papilas filiformes, que predominam e
apresentam a extremidade bem afilada; papilas fungiformes, com extremidade mais arredondada e
papilas circunvaladas, que existe em menor quantidade e estão sempre anterior ao V lingual,
acompanhando o seu formato. Geralmente, as papilas circunvaladas, que têm característica de
uma depressão arredondada, armazenam substâncias, principalmente amargas, e por isso a região
posterior da língua está mais relacionada ao amargo. A substância amarga entra nessa vala, onde
fica por um tempo, até que a saliva consiga limpar, prolongando a sensação amarga (por isso
sentimos a sensação amarga por um tempo maior, em relação à outras). Por isso dizemos que o corpo da língua
tem a função de degustação.
- Na raíz da língua não há papilas gustatórias, mas há tecido linfático infiltrado na mucosa, formando as tonsilas
linguais, que estão relacionadas à defesa imunológica do trato digestório e do trato respiratório.
• Ventre da língua
- É a porção inferior da língua, voltada para o músculo milo-hióideo.
- É onde se localiza o conjunto vásculo-nervoso.

A língua é constituída por dois tipos de músculo: há músculo dentro da língua e tem músculo fora da língua. Logo, eles
se dividem em intrínsecos e extrínsecos.
• Músculos intrínsecos: mantêm a língua fixada no assoalho da cavidade oral. São responsáveis pelos movimentos da
língua, auxiliando na condução do bolo alimentar para a orofaringe. Se dividem em:
- Músculo longitudinal
- Superior (primeira imagem abaixo)
- Inferior (segunda imagem abaixo)
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- Músculo transverso (terceira imagem abaixo)
- Músculo vertical (quarta imagem abaixo)

• Músculos extrínsecos: fixam a língua à estruturas próximas à ela: osso ióide, mandíbula e no processo estióide
(projeção do osso temporal). São eles:
- Músculo hioglosso (primeira imagem abaixo)
- Músculo genioglosso (segunda imagem abaixo)
- Músculo estiloglosso (terceira imagem abaixo)

Dentes
Existem duas dentições: primária, onde há 20 dentes, e secundária (permanente), onde há 32 dentes, que são divididos
em arcada superior (arcada maxilar) e em arcada inferior (arcada mandibular).
Os dentes apresentam uma região visível na cavidade oral, chamada de coroa do dente, e em uma porção implantada,
chamada de raiz do dente, que se encaixa no osso da mandíbula e no osso da maxila.
Os dentes tem o formato da coroa variável, de acordo com sua função:
• Incisivos: têm a função de cortar o alimento, e por isso têm o formato de faca.
• Caninos: têm a função de rasgar o alimento, e por isso a coroa apresenta formato mais cônico.
• Molares e pré-molares: têm a função de triturar o alimento, então a coroa é mais espessa.
O número de raízes de cada dente é variável, entre 1 a 3. A raíz é responsável pela fixação do dente na mandíbula ou na
maxila.

Glândulas salivares
Existem dois tipos de glândulas salivares: as glândulas salivares menores, que são intraparietais e, portanto, estão dentro
da cavidade oral, e as glândulas salivares maiores, que são extraparietais e, portanto, estão
fora da cavidade oral. Essas glândulas são responsáveis pela produção e secreção de saliva.
As glândulas salivares intraparietais são encontradas em várias regiões, como:
• Glândulas palatinas: são encontradas na região do palato, tanto no palato duro, entre o
osso e a mucosa oral que o recobre, quanto no palato mole.
• Glândulas labiais: nos lábios, entre o músculo e a mucosa
• Glândulas bucais: na região da bochecha, entre o músculo e a mucosa
• Glândulas linguais: encontram-se abaixo da mucosa da língua. A glândula salivar lingual
produz uma saliva que tem a enzima lipase lingual, que não digere gordura, mas começa a
prepará-la para a digestão no duodeno, através da lipase pancreática.

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Esses 4 tipos de glândulas são responsáveis pela produção de 5% da saliva, que é lançada diretamente dentro da
cavidade oral.
As glândulas salivares extraparietais são as principais responsáveis pela produção da saliva (95%). Existem 3
tipos, que são pares:
• Parótida: é a maior das glândulas salivares, e estão localizadas à frente e abaixo da orelha e, portanto, são
inferoanteriores às orelhas, que eram chamadas de pavilhão auricular.
Essa glândula se apoia no músculo macéter, da mastigação. Lança secreções na cavidade oral por meio de um
canal, chamado de ducto parotídico. Esse ducto se abre no vestíbulo oral, na altura do segundo molar superior.
Essa região, chamada de papila parotídica, é mais alta, podendo ser identificada. É nessa região que o dentista
coloca algodão durante alguns procedimentos, evitando a saída de saliva.
Apesar de ser a maior das glândulas, a parótida produz apenas 20% do total da saliva. Tem grande quantidade
de células serosas em sua mucosa, e, por isso, a saliva produzida por essa glândula é bem fluída, líquida, e rica
em amilase salivar, que inicia a digestão dos carboidratos, ainda na cavidade oral.
• Submandíbular: se localiza inferiormente ao ângulo da mandíbula (próximo à orelha) e anteriormente à
glândula parótida.
Essa glândula é a principal responsável pela produção, em quantidade, de saliva (70%). Apresenta a mesma
proporção de células serosas e mucosas, então sua secreção é um pouco mais espessa, se comparada à saliva
produzida pela glândula parótida, devido à produção das células mucosas. Também secreta amilase salivar,
mas em menos quantidade que a parótida.
A secreção liberada por essa glândula também precisa alcançar a cavidade oral. Isso é feito por outro canal,
chamado de ducto submandibular, que se abre em uma região chamada papila sublingual ou carúncula
sublíngual, ao lado do freio lingual, onde há uma elevação.
• Sublingual: está localizada inferiormente à língua. Tem uma grande quantidade de células mucosas, então a
saliva é bem espessa, e com pouca amilase salivar.
Essa glândula é responsável pela produção de 5% do total da saliva. Se abre em toda a extensão do assoalho
da cavidade oral: diferentemente das outras glândulas, esta se abre em vários pequenos ductos, que estão
localizados em toda a extensão do assoalho da cavidade oral.

Saliva
Nós produzimos cerca de 1 ou 1,5 litros de saliva diariamente. Essa secreção é composta por água (99,5%), que dilui o
alimento, aumentando a superfície de contato dos receptores gustativos e químicos com as substâncias, e solutos
(0,5%). Essas substâncias diluídas na água são:
• Muco: é produzido pelas células mucosas. Lubrifica o alimento para facilitar sua condução no trato digestório.
• Íons de sódio, de potássio e de cloreto. O cloreto é o mais importante, por criar um meio ácido que possibilita a ação
da amilase salivar.
• Imunoglobulinas A (IgA): impedem o contato de microorganismos com a mucosa
• Lisoenzima: é um bactericida natural do nosso corpo, que impede a proliferação de bactérias na cavidade oral.
A sensação que chamamos de água na boca constitui o aumento da liberação de saliva na cavidade oral, o que é
controlado pelo sistema nervoso autônomo, que pode inibir ou estimular a secreção de saliva: o parassimpático aumenta
e simpático diminui.
Em situações de emergência ou de nervosismo, nossa saliva diminui. Isso porque há liberação de adrenalina,
componente do sistema nervoso simpático, o que diminui a secreção de saliva.

Fígado
O fígado é a maior glândula do nosso corpo. Está localizado na cavidade abdominal, logo abaixo do músculo diafragma
e à direita da linha mediana, predominando na região do hipocôndrio direito. Também ocupa o flanco direito e o
epigástrio. À esquerda do fígado está o estômago e abaixo há o duodeno e o intestino grosso.
Há uma membrana recobrindo a parede abdominal anterior, que é o peritônio parietal. Essa membrana se dobra sobre o
fígado e o recobre, no peritônio visceral. Existe uma prega peritonial que liga o fígado à parede abdominal anterior,
chamada de ligamento falciforme.
O fígado tem duas faces:
• Face superoanterior do fígado: corresponde à posição superoanterior (para cima e pra frente), onde o fígado se
relaciona com o músculo diafragma. Quando essa face está se relacionando com o diafragma, passa a ser chamada de
face diafragmática, onde esse órgão se divide em duas regiões: lobo direito do fígado, que é sempre maior e lobo
esquerdo do fígado.
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Entre esses dois lobos existe uma prega de peritônio, que é o ligamento falciforme, que prende o fígado à parede
anterior do abdômen. As duas lâminas (direita e esquerda) do ligamento falciforme, quando encontram o diafragma, se
separam e coroam o fígado. A separação desse ligamento ao encontrar o músculo diafragma é chamado de ligamento
coronário, que corresponde ao meio de fixação do fígano no músculo diafragma.
Entre as duas lâminas do ligamento falciforme, em sua extremidade anterior, existe o ligamento redondo do fígado,
formado por tecido conjuntivo fibroso. Não é peritônio, e fixa o fígado na parede abdominal anterior, na altura da
cicatriz umbilical. Na fase fetal, esse ligamento fazia parte do cordão umbilical, como veia umbilical. Quando
nascemos, essa veia perde a função, e vai se fechando, através de
tecido conjuntivo fibroso, formando ess ligamento.
Assim, o ligamento falciforme, o ligamento coronário e o
ligamento redondo do fígado são estruturas responsáveis pela
fixação do fígado.O ligamento falciforme e o coronário são de
tecido conjuntivo seroso, e o ligamento redondo é tecido
conjuntivo fibroso.
O fígado é um órgão peritonizado, envolvido por peritônio
visceral em sua face posterior e em sua face anterior, e é o
peritônio visceral quem dá um brilho à ele.
• Face visceral: é inferoposterior e é toda irregular porque é
onde o fígado fica em contato com as vísceras e porque esse
órgão é todo preenchido por sangue (menos firme). Nessa
face, ao contrário da face diafragmática, onde o fígado se
divide em duas regiões, o fígado se divide em quatro regiões:
• Lobo direito
• Lobo esquerdo
E, entre esses dois lobos:
• Lobo caudado
• Lobo quadrado
Essa divisão é marcada por algumas estruturas:
Entre o lobo quadrado e o lobo direito é encontrada a vesícula biliar, cuja função é
armazenar e concentrar amido. É uma bolsa, formada por fundo da vesícula biliar,
corpo da vesícula biliar e uma parte estreita, chamada de colo da vesícula biliar.
Entre o lobo quadrado e o lobo esquerdo há o ligamento redondo do fígado.
Entre o lobo quadrado e o lobo caudado é encontrada uma região do fígado de
onde entram e saem estruturas, chamada de hilo hepático ou porta hepática. Se há
hilo, há pedículo hepático. Se há pedículo, há veia, artéria, nervo e ducto.
Existe um espaço entre os ligamento coronários, que é onde o diafragma se prende
ao fígado. Nessa região não há peritônio, e por isso recebe o nome de área nua do
fígado. Essa região corresponde à todo o contorno superior do fígado.

Pedículo hepático
A primeira estrutura abaixo do lobo caudado é a veia porta hepática, que está entrando no fígado para levar até ele um
sangue rico em nutrientes, que serão metabolizados nesse órgão, e sangue venoso. As tributárias da veia porta hepática
são:
• Veias gástricas (vindas do estômago);
• Veia esplênica (vinda do baço);
• Veia mesentérica superior (vinda do intestino).
Todos esses vasos têm sangue rico em nutrientes, importantes no metabolismo do
fígado. Além da veia porta hepática há, no pedículo:
• Artéria hepática própria, que é um ramo indireto do tronco celíaco. Essa artéria vai
levar sangue arterial para fazer a oxigenação do fígado. A artéria aorta abdominal
dá origem ao tronco celíaco, que dá origem à artéria gástrica esquerda, artéria
esplênica e artéria hepática comum, que, por sua vez, da origem à artéria
gastroduodenal, que vai para o estômago e para o duodeno e artéria hepática
própria, que vai pro fígado, formando parte do pedículo. Por isso a artéria hepática
própria é um ramo indireto do tronco celíaco.

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• Ducto hepático comum direito e ducto hepático comum esquerdo, por onde sai a bile, que foi produzida no fígado. Os
ductos direito e esquerdo se juntam no pedículo, formando o ducto hepático comum (estrutura que está saindo pelo
pedículo). A artéria hepática fica abaixo e à esquerda da veia porta hepática, e o ducto hepático comum fica abaixo e à
direita da veia porta hepática.

Drenagem do fígado
Existem várias veias responsáveis pela drenagem do fígado, chamadas de veias suprahepáticas. Essas veias, próximas
ao forame da veia cava inferior, se juntam em grupo de 3 ou 4 e drenam diretamente para a veia cava inferior (as veias
hepáticas são, portanto, tributárias da veia cava inferior). Essas veias não fazem, então, parte do pedículo, porque não
saem por ele, mas pelo meio do diafragma, drenando diretamente para a veia cava inferior.

Estruturas biliares extrahepáticas


A bile é uma substância, produzida no fígado, importante para a digestão de gordura.
Portanto, só é lançada no duodeno durante a digestão quando há gordura. Entretanto, a
produção da bile ocorre o dia todo. O fígado produz de 800 a 1000 ml de bile por dia.
Os ductos hepáticos direito e esquerdo convergem e lançam a bile para o ducto hepático
comum, que a joga para o ducto cístico, que lança a bile dentro da vesícula biliar, onde a
bile fica armazenada, quando, durante a digestão, não há gordura. O ducto hepatico
comum atravessa o pedículo hepático.
A vesícula biliar é formada pelo colo da vesícula biliar, corpo da vesícula biliar e fundo
da vesícula biliar.
Nas refeições principais, como o almoço, recebemos uma maior carga de gordura. Há
liberação do hormônio colecistocinina, que estimula a contração da vesícula biliar e
consequente expulsão da bile, que também ocorre pelo ducto cístico, por onde ela
entrou. O ducto cístico se junta ao ducto hepático comum, formando o ducto colédoco,
que leva a bile para a segunda porção do duodeno, onde ocorre a digestão de gorduras.
Na bile há sais biliares, água, colesterol e outros. Essas substâncias são importantes para preparar a gordura para a
digestão: quebram a gordura em partes menores para que as enzimas do suco pancreático consigam agir sobre ela para
fazer a digestão.
Logo, as estruturas biliares extrahepáticas são: ducto hepático direito, ducto hepático esquerdo, ducto hepático comum,
ducto cístico e ducto colédoco.

Função do fígado
Na fase fetal, o fígado apresenta função hematopoiética, de produção de células sanguíneas. Entretanto, se o indivíduo
adulto tiver necessidade, o fígado pode voltar a assumir essa função.
Na fase adulta:
•O fígado armazena vitaminas lipossolúveis (A, B, D, E, K), íons de ferro e de cobre e
glicogênio;
•Está relacionado ao processamento de fármacos e hormônios: o fígado desintoxica o corpo do
álcool etílico e elimina alguns antibióticos e hormônios esteróides, aldosterona e tireoidianos,
quando estão em excesso.
•Possui células de Koupfer, que são macrófagos, ou seja, também está relacionado à limpeza.
•Está relacionado ao metabolismo de carboidratos, mantendo o nível de glicemia no sangue
adequado: se há muita glicose no sangue, o fígado a armazena em forma de glicogênio ou
triglicerídeos e, se há pouca, converte o glicogênio em glicose e ácido lático.
• Participa do metabolismo de proteínas: utiliza grupo amino das proteínas para a produção de ATP
• Sintetiza albumina (diretamente relacionada ao controle da pressão arterial), protrombina e fibrinogênio (relacionados
ao processo de coagulação).
• Faz o metabolismo de lipídeos, utilizando ácidos graxos para a produção de ATPs, armazenamento de triglicerídeos e
síntese de colesterol e hipoproteínas.
• Converte amônia em uréia, que é menos tóxica e, portanto, mais fácil de eliminar.

52 BÁRBARA ELLEN
Pâncreas
É a segunda maior glândula do nosso corpo, localizado no arco duodenal, que corresponde à região entre a porção
descendente e a horizontal do duodeno, onde o pâncreas se encaixa.
Esse órgão é formado por cabeça, parte mais dilatada, em contato direto com o arco, corpo, entre a cabeça e a cauda, e
cauda, que é mais fina e voltada para o baço.
O pâncreas tem uma porção endócrina, que precisa de vasos sanguíneos para conduzir
seus hormônios e, por isso, o pâncreas é ricamente vascularizado. Sua vascularização vem
de dois ramos da aorta:
• Ramo indireto do tronco celíaco
• Ramo direto da veia mesentérica superior.
O tronco celíaco dá origem à artéria hepática comum e à artéria esplênica, que vai para o
baço. A artéria hepática comum se ramifica, dando origem à artéria hepática própria, que
vai para o fígado, e à artéria gastroduodenal, que dá origem às artérias
pancreáticoduodenais superiores, que vão irrigar a parte superior do pâncreas. A artéria
mesentérica superior, que tem origem na artéria aorta, por sua vez, origina as artérias
pancreáticoduodenais inferiores.
O pâncreas é uma glândula retroperitonizada, ou seja, está atrás do peritônio parietal.
O pâncreas tem, em seu interior, um canal, chamado de
ducto pancreático principal, que tem início na cauda e termina na cabeça do pâncreas,
onde se une ao ducto colédoco, que veio do fígado, com a bile. Esses ductos se abrem,
então, na segunda porção do duodeno, em uma região chamada papila duodenal maior,
que, normalmente, está 8 a 10 cm abaixo do piloro.
Próximo à cabeça do pâncreas, existe outro ducto, chamado de ducto pancreático
acessório, que também se abre no duodeno, acima da papila duodenal maior, em uma
região chamada papila duodenal menor.
O pâncreas é uma glândula mista, cuja maior parte é exócrina, que produz o suco
pancreático, que é rico em água e, além disso, tem íons de bicarbonato e enzimas. A
água dilui o quimo, deixando-o menos ácido e os íons de bicarbonato funcionam como
um tampão, neutralizando a acidez do quimo, que poderia machucar a estrutura do duodeno. As enzimas liberadas pelo
pâncreas são: amilase pancreática, que termina a digestão dos carboidratos, que teve início na boca; pepsina,
quimiotripsina e carboxielastase, que fazem a digestão das proteínas; lipase pancreática, que faz a digestão de lipídeos e
ribonucleases e desoxirobonucleases, que fazem a digestão dos ácidos nucleicos.
A parte endócrina do pâncreas produz os hormônios insulina, glucagon e somaglustatina. A insulina e o glucagon são
responsáveis pelo controle da glicemia no sangue. A somaglustatina, produzida pelas células beta do pâncreas, controla
a ação da insulina e do glucagon, através da sua inibição.

53 BÁRBARA ELLEN
SISTEMA URINÁRIO

O sistema urinário tem estruturas organizadas dentro da cavidade abdominal e dentro da cavidade pélvica. É constituído
por 2 rins, 2 ureteres, 1 bexiga e 1 uretra, sendo essas duas últimas estruturas diferentes fisiologicamente e
morfologicamente nos homens e mulheres. A função desse sistema é filtrar o sangue, formando a urina, conduzir a urina
e armazená-la na bexiga para depois ser eliminada no meio externo. Sua função, então, está basicamente restrita ao rim.

Rins
Os rins são órgãos pares, localizados lateralmente à coluna vertebral. Em relação à essa estrutura, os rins se
relacionam com a 12ª vértebra torácica, até a altura da 2ª ou 3ª vértebra lombar, em uma região pouco acima da
cintura.
Nessa região, encontramos dois músculos onde os rins se apoiam. O músculo mais lateral é o músculo
quadrado lombar, e o músculo medial é o ilopsoas.
O rim direito é ligeiramente mais baixo que o rim esquerdo. Isso acontece porque à direita da linha mediana
tem o fígado, que é um órgão volumoso. Além disso, a cúpula direita do diafragma é mais baixa, empurrando o
rim direito para a região inferior, fazendo com que ele tenha uma relação menor com o gradil costal: o direito
só se relaciona com a 12ª costela, e o esquerdo estabelece relações com a 12ª e com a 11ª costelas.

Relações peritoniais dos rins


Toda a parede abdominal é recoberta por peritônio parietal. Alguns órgãos, como os rins, são fixados à parede posterior
da cavidade abdominal, e por isso o peritônio não recobre a parede onde eles estão fixados. Assim, os rins se classificam
como um órgão retroperitonizado, ou seja: localizado posteriormente ao peritônio parietal.

Relações dos rins com outras estruturas da cavidade abdominal


Os dois rins se relacionam superiormente com as glândulas suprarenal direita e suprarenal esquerda, dando apoio à
essas estruturas. Além disso, ambos se relacionam anteriormente com o peritônio parietal.
Acima do rim direito, mas sem se apoiar, há o fígado. Medialmente, esse rim se relaciona com a veia cava inferior (esse
vaso se localiza mais próximo à esse rim). Anterior e medialmente se relaciona com o duodeno (com a porção
bulboduodenal e descendente do intestino delgado).
Lateralmente ao rim esquerdo há o baço e, medialmente, esse rim se relaciona com a artéria aorta abdominal. Anterior e
medialmente, o rim esquerdo estabelece uma relação importante com a cauda do pâncreas.

Morfologia externa dos rins


Envolvendo esses órgãos há três cápsulas:
• Cápsula fibrosa: envolve o rim, garantindo o seu formato, que é de feijão. É constituída de tecido conjuntivo denso.
Tem duas funções: dar formato à esse órgão e protegê-lo contra traumas: os rins estão apoiados na parede posterior do
abdômen, onde não há osso, só as costelas, que são estruturas muito laminares, ou seja, qualquer impacto pode
acometer os rins.
• Cápsula adiposa: é rica em tecido adiposo, garantindo uma proteção mecânica contra traumas, já que a gordura
consegue absorver impactos. Além disso, tem a função de ancorar os rins na parede abdominal.
Pessoas muito magras tem essa capsula muito fina, o que pode trazer algumas consequências: o rim pode movimentar
dentro da cavidade (rim flutuante); pode sofrer queda em direção à cavidade pélvica (nefroptose) e também pode
movimentar o ureter e este sofrer uma prega, que acomete o caminho da urina, que pode retornar ao rim, aumentando
sua pressão e podendo acometer as estruturas funcionais dos rins.
• Fáscia renal: é constituída por tecido conjuntivo denso, sendo a cápsula mais externa e a mais espessa. Tem a função
de ancoragem dos rins (fixá-los em estruturas adjacentes à eles). Essa cápsula está em contato, externamente, com o
peritônio parietal.
Assim, o peritônio e as cápsulas adiposa e fáscia renal são responsáveis pela fixação do rim na cavidade.

Posição anatômica dos rins


Um rim adulto normal mede de 10 a 12 cm de comprimento; 3 a 5 cm de largura e 3 cm de espessura, com peso em
torno de 135 a 150g, similar à um sabonete. É formado por uma extremidade superior (polo superior), que é mais
arredondada, e uma extremidade inferior (polo inferior), que é mais afilado.
54 BÁRBARA ELLEN
O ureter, outra estrutura desse sistema, tem posição posteroinferior em relação aos vasos que chegam ou saem do hilo
renal. Assim, o ureter ajuda a determinar a posição anatômica dos rins: nessa posição, o ureter está voltado para o polo
inferior e posteriormente aos vasos do hilo. Assim, se o ureter for a estrutura mais posterior do hilo, a vista dos rins é
anterior. Se o ureter for a estrutura mais anterior, a vista é posterior.
Existem bordas nesses órgãos que unem os polos superior e inferior: borda lateral, que é mais convexa, e borda medial,
que é mais irregular, devido à presença de uma cavidade no centro dessa borda, chamada de hilo renal, por onde
chegam e saem estruturas dos rins. Se a hilo, há pedículo. Se há pedículo renal, há veia renal, artéria renal, nervo renal e
ureter, que obedecem essa sequência no sentido antero-posterior.
A veia renal sai do rim, e é uma das tributárias da veia cava inferior. Posterior à essa veia, há
uma artéria, chamada de ramo da artéria aorta abdominal (artéria renal), que leva sangue rico
em oxigênio e nutrientes para o rim. Atrás desses vasos há o ureter, que sai dos rins,
conduzindo a urina para a bexiga urinária.
O ureter sai do hilo mais dilatado, momento em que é chamado de pelve renal. O hilo renal é
uma abertura, que penetra dentro dos rins. Sua continuidade dentro desses órgãos é chamada de
seio renal.
Os rins possuem face posterior e anterior. A face anterior do rim é mais arredondada, e a
posterior, por estar apoiada no músculo, é mais plana, pois toma o formato do músculo ao qual
se apoia. Também é possível diferenciar essas duas faces pelo ureter: essa estrutura está sempre
mais próxima da face posterior.
Além disso, a costela deixa uma marca nos rins. Como o rim direito se relaciona apenas com a
12ª costela, terá apenas uma marca. Como o rim esquerdo se relaciona com a 12ª e com a 11ª,
ele terá duas marcas. Isso pode ser usado para identificar os rins, além da posição superior e
inferior e a posição dos vasos sanguíneos: a artéria aorta é esquerda e a veia cava inferior é
direita.

Morfologia interna dos rins


Em um corte frontal nos rins, é possível identificar 3 regiões:
• Córtex renal: região mais clara abaixo da cápsula fibrosa. É a parte mais externa do rim, tirando a
cápsula. Esse córtex, de intervalo em intervalo, emite projeções em direção ao centro, chamadas de
colunas renais, que dividem a próxima região em pequenas regiões piramidais, chamadas de
pirâmides renais.
• Medula renal: é formada pelo conjunto de pirâmides renais e, por isso, é uma região fragmentada em
pequenas áreas. Cada pirâmide tem uma região voltada para o córtex, chamada de base da pirâmide,
e uma região afilada, que aponta para o seio renal, chamada de papila renal.
O córtex e a medula renais constituem o parênquima renal, ou seja, constituem a parte funcional do
órgão porque é onde estão localizadas as unidades funcionais que fazem a filtração dos rins.
• Seio renal: é a continuidade do hilo renal dentro do rim, formando uma cavidade que, para ser vista,
deve ser esvaziada, na medida que fica preenchida por estruturas que impedem ou dificultam sua visualização: vasos
sanguíneos, nervos e tecido adiposo.
O espaço vazio no seio é todo preenchido por tecido adiposo, proveniente da cápsula adiposa, com a função de fixar os
cálices maiores e menores na região do seio.
Cada papila é abraçada por uma lâmina de tecido conjuntivo fibroso, chamada de cálice. Cada cálice que abraça uma
papila é chamado de cálice menor ou pequeno cálice. Essas estruturas se juntam e formam o grande cálice ou cálice
maior. Estes se unem e formam, próximo ao hilo renal, a pelve renal, que está saindo do rim e que tem continuidade no
ureter. Essas estruturas (cálices menores, cálices maiores e pelve renal) formam o sistema pielocalicical.
Cada rim tem um número variado de cálices, mas normalmente há de 8 a 10 cálices menores, que se agrupam em 3 a 5
cálices maiores. Pode haver variação, sem comprometimento da função.
Cada pirâmide renal, somada ao córtex acima dela e às colunas em sua lateral, formam um lobo renal, que constitui a
parte funcional do rim.

Vasos renais
A artéria aorta abdominal se ramifica em artéria renal esquerda e direita. Como a artéria aorta está mais
próxima do rim esquerdo, a artéria renal esquerda é mais curta que a artéria renal direita, já que o rim direito
está mais afastado.
O mesmo raciocínio vale para a veia cava inferior: a veia renal direita é mais curta que a veia renal esquerda
porque a veia cava inferior, que dá origem à essas tributárias, está mais próxima do rim direito.

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A artéria renal, que chega ao rim, da origem à 5 artérias segmentares, das quais 4 vão para a região anterior e 1 vai para
a região posterior do rim. Essas artérias recebem nomes específicos, que não iremos estudar, ainda.
As artérias segmentares chegam até as colunas renais, onde se ramificam. Os ramos que correm ao lado das pirâmides
renais são chamados de artérias interlobares, pois correm entre os lobos. Essas artérias chegam à base da pirâmide e se
dobram, recebendo o nome de artérias arqueadas.
Na região cortical, as artérias arqueadas dão origem à várias pequenas artérias, chamadas de artérias interlobulares.
Essas artérias, por sua vez, também se ramificam, originando ramos ainda menores, chamados de arteríolas
glomerulares aferentes.
Para o sangue sair dos rins, percorrem veias que recebem o mesmo nome das artérias que acompanham: arteríolas
glomerulares eferentes, veias interlobulares, veias arqueadas, veias interlobares, veias segmentares, veia renal direita e
veia renal esquerda.

Néfron
A função do rim é filtrar o sangue, e isso é feito por sua unidade funcional, que é o néfron. Temos cerca de um milhão
de néfrons em cada rim. Essa estrutura microscópica é composta por duas porções: corpúsculo renal e túbulos renais.
O sangue entra no glomérulo pelas artérias glomerulares aferentes, que se capilarizam, formando
uma bola enovelada, que é o glomérulo. Da mesma extremidade desse glomérulo sai a arteríola
glomerular eferente.
Fique atenta para não indicar o corpúsculo renal como glomérulo, porque nem sempre este último é
visualizado (ele faz parte do corpúsculo).
Os glomérulos são envolvidos por uma dupla camada epitelial, chamada de cápsula glomerular. O
contato entre os capilares do glomérulo e a capsula glomerular faz com que ocorra a filtração do
plasma sanguíneo: o sangue que está correndo ali dentro cai nesse espaço e passa a ser chamado
filtrado glomerular. O sangue precisa retornar à circulação, e isso é feito através da arteríola
glomerular eferente.
Corpúsculo renal: tem um enovelado de capilares e um envoltório epitelial, que é formado pela cápsula glomerular, que
é composta por uma camada visceral, em contato com o glomérulo, e por uma camada parietal, mais afastada. Entre
essas camadas é que está o espaço glomerular, onde ocorre a filtração do sangue.
Apesar do rim representar apenas 0,5% do peso corporal, o volume sanguíneo que passa por ele é muito alto: passa
cerca de 1,200L de sangue/minuto no rim. Isso forma uma grande quantidade de filtrado glomerular, aproximadamente
180L por dia. Desse volume, 178,5L retornam à circulação, por meio da reabsorção, e só 1,5L é eliminado por meio da
urina.
Depois do corpúsculo renal há um sistema tubular onde ocorre a reabsorção desse filtrado glomerular. O corpúsculo
renal tem extremidade vascular, chamada de polo vascular, e extremidade urinária, ou polo urinário, por onde saem o
túbulo contorcido proximal, a alça renal e o túbulo contorcido distal, estruturas que compõem a porção tubular do
corpúsculo renal. Assim, o néfron é composto por duas partes: corpúsculo renal e porção tubular.
A formação da urina envolve 3 processos: filtração, reabsorção e secreção. Tudo isso ocorre no néfron, sendo que a
filtração acontece no corpúsculo renal e a reabsorção e a secreção ocorrem nos túbulos e na alça renal.
É reabsorvido: íons, moléculas de glicose e algumas proteínas de baixo peso molecular que conseguiram atravessar e
formar o filtrado.
Proteinúria e glicosúria: indicam a presença de proteínas/glicose na urina, o que
representa um mal funcionamento dos rins.
A arteríola que forma o corpúsculo
(arteríola glomerular aferente) envolve os
túbulos renais, como mostrado na imagem
ao lado, o que permite a reabsorção, que
consiste em devolver à circulação aquilo
que ainda pode ser reutilizado. Esses vasos
recebem o nome de vasos peritubulares.
Esse contato também permite a secreção,
que consiste na eliminação daquilo que
precisa ser eliminado do nosso organismo.
Os túbulos contorcidos distal e proximal
predominam na região cortical, e a alça
renal predomina na região medular, como
pode ser visto na imagem ao lado.
A cápsula glomerular também é chamada de cápsula de Bowman, e a alça renal é
conhecida por alça de Henle. Porém, atualmente, na anatomia, não é utilizado nome de
56 BÁRBARA ELLEN
pessoas para nomear estruturas.
Além dessas estruturas, há um tubo comprido que termina na papila renal, chamado de tubo coletor. Esse tubo não faz
parte do néfron, mas é o local onde vários néfrons terminam.
Os túbulos contorcidos distais de vários néfrons chegam até o túbulo coletor, que atravessa a papila renal e fica
gotejando a urina dentro dos cálices menores. A urina passa, então, pelos cálices maiores e pela pelve renal, até chegar
ao ureter.
Funções dos rins
Os rins trabalham para manter a omeostasia do nosso corpo, o que é feito através da execução das suas funções, que
são:
• Regula a concentração iônica do sangue: o rim regula a quantidade de íons presentes no sangue, principalmente os
íons de sódio, de potássio, de fosfato e de carbonato, eliminando-os ou evitando sua eliminação.
• Regula o pH do sangue, de duas formas: 1ª: quando há muito H+, o rim faz a eliminação desses íons, que deixam o
sangue mais neutro; 2ª preservando os íons de HCO3-, porque estes funcionam como um tampão, neutralizando a
acidez.
• Regula o volume do sangue: o que vira filtrado é água, íons e às vezes algumas moléculas de glicose e de proteína.
Então, o volume de água é importantíssimo: se há muita água, o volume de sangue é maior e, consequentemente, a
pressão arterial é maior. O rim pode fazer a eliminação da água, diminuindo o volume de sangue ou retê-la,
aumentando o volume sanguíneo, ao formar o filtrado.
• Regula a pressão arterial. Isso é feito de duas formas: através da regulagem da quantidade de água (quanto mais água
maior a pressão arterial e vice e versa) por meio da reabsorção (ex.: se pressão está baixa, há pouco volume
sanguíneo, então pode reabsorver água para aumentar o volume de sangue, aumentando a pressão arterial) ou na
formação do filtrado glomerular, da seguinte forma: quando o volume de água está baixo, o rim elimina enzima
renina, que estimula o angiotensinogênio, que é produzido no fígado, este é convertido em angiotensina-1 e,
posteriormente, em angiotensina-2, que atua nas arteríolas glomerulares aferentes, causando sua vasoconstricção. Isso
causa a diminuição da saída de filtrado. Além disso, a renina estimula a glândula suprarenal a liberar aldosterona, que
vai agir sob os túbulos renais para aumentar a reabsorção de água e de sódio, auxiliando no controle do volume.
• Mantém a osmolaridade do sangue: através das funções exercidas pelos rins citadas acima. Os rins conseguem manter
constante a quantidade de solutos dentro de determinado volume de solvente.
• Produção de hormônio: os rins liberam o hormônio calcitrol, que é a forma ativa da vitamina D. Esse hormônio regula
a omeostasia de cálcio no sangue. Ele faz isso ativando a paratireóide, que secreta o paratohormônio, que controla a
quantidade de cálcio no sangue. Outro hormônio produzido pelo rim é a eritopoetina, que é responsável pela formação
de novas hemácias no sangue ao estimular sua produção pela medula óssea. É muito comum pessoas que fazem
hemodiálise, devido à grande perda de hemácias na filtragem do sangue, a aplicação de uma injeção de eritopoetina.
• Regulagem do nível de glicose no sangue: o rim converte o aminoácido glutamina em novas moléculas de glicose,
pelo processo de gliconeogênese.
• Excreção de resíduos metabólicos, como ácido úrico (resíduo metabólico do metabolismo de ácidos nucleicos);
bilirrubina (pigmento amarelado liberado na degradação de hemácias antigas); amônia e uréia (resíduos nitrogenados
do metabolismo de proteínas) e creatinina (resíduo produzido da quebra da creatina presente nas fibras musculares).

Ureter
A urina precisa sair dos rins, e esse transporte é feito pelos ureteres, que são tubos musculares que
medem de 25 a 30cm de comprimento. São formados por músculo liso, e, por isso, conseguem
realizar movimentos peristálticos que ajudam na condução da urina, além da força da gravidade. Sua
função é a condução da urina do rim até a bexiga urinária.
Esse ureter nasce no hilo renal, sendo uma continuação da pelve renal, tem trajeto descendente, e
passa sobre o músculo psoas maior; anteriormente aos vasos ilíacos e desce até se desembocar na
parede posterior da bexiga urinária.
Em seu trajeto descendente, é cruzado, anteriormente, em seu ponto médio pelos vasos gonadais
(artéria e veia gonadal). Mais inferiormente, o ureter passa anteriormente aos vasos ilíacos.
Ainda nesse trajeto, identificamos três estreitamentos no ureter, apontados na imagem ao lado.. São
fisiológicos porque controlam a velocidade do fluxo da urina até a bexiga, para não passar de uma só
vez pela bexiga urinária. Esses estreitamentos são:
• Estreitamento pélvico-uretral: quando a pelve renal estreita para continuar no ureter.
• Estreitamento ao cruzar os vasos ilíacos: quando o ureter cruza anteriormente os vasos ilíacos.
• Estreitamento útero-vesical: quando o ureter atravessa a parede posterior da bexiga.

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Bexiga urinária
A bexiga é uma bolsa muscular que tem a função de armazenar e concentrar a urina, através da retirada de água dessa
substância. Esse órgão é diferente na anatomia masculina e na feminina.
Quando vazia, tem um formato piramidal e, nesse momento, se apoia na sínfise púbica. Assim, a bexiga é formada por
uma parede superior, uma parede posterior e duas paredes infero-laterais, direita e esquerda.
As paredes superior e infero-laterais se unem anteriormente, em uma parte mais estreita da bexiga, chamada de ápice da
bexiga urinária. As paredes superior e posterior se juntam e formam o fundo da bexiga urinária.
A bexiga é subperitonizada, porque está abaixo do peritônio parietal e só a parede superior fica em contato com o
peritônio parietal, que depois se dobra para passar sobre o reto.
No homem a bexiga urinária é maior, porque entre a bexiga e o reto não há nenhuma outra estrutura, permitindo seu
aumento. Paralelamente, na mulher, entre a bexiga e o reto, há o útero, que não permite um crescimento maior da
bexiga.
A pelve é um espaço formado entre os ossos ilíacos. Esse espaço não pode ficar aberto pois, caso contrário, nossos
órgãos do abdômen iriam cair. Assim, a região entre a coluna e a sínfise púbica é fechada por músculos, e recebe o
nome de assoalho pélvico, onde a bexiga urinária repousa, nas mulheres. Paralelamente, nos homens, a bexiga repousa
na próstata, que está apoiada no assoalho pélvico.
A bexiga é formada por três camadas:
• Mucosa (a mais interna), onde há epitélio de transição;
• Muscular (média), formada por músculo liso e recebe o nome de músculo detrusor da bexiga;
• Adventícia ou serosa (mais externa): serosa é o periônio, então essa camada está localizada somente na parede
superior da beixga, e o restante é todo coberto pela adventícia.
A bexiga é capaz de armazenar de 1,5L a 2L de urina, que vai sendo eliminada durante o dia. Porém, apesar da alta
capacidade de armazenamento, quando há 200 a 300ml de urina em seu interior, ocorre um reflexo de micção, que é: a
bexiga sofre um estiramento, que é informado à medula espinhal, de onde nascem nervos que chegam até o músculo da
bexiga e causam a contração do músculo detrusor da bexiga. Esse músculo contrai para empurrar a urina para o óstio
interno da uretra, localizado na parede da bexiga, sendo, então, formado por músculo liso, cuja ação é involuntária.
Quando a contração do músculo detrusor acontece, o músculo esfíncter interno da uretra, que está em torno do óstio,
relaxa, e a urina consegue passar para a uretra.

Uretra
A uretra se inicia na bexiga urinária, sendo seu início chamado de
óstio interno da uretra, visualizado no interior da bexiga, em sua
parede infero-lateral, contornado por fibras circulares que
constituem o músculo esfíncter interno da uretra, de contração
involuntária, por ser formado por músculo liso.
Apesar da urina ir para a uretra involuntariamente, urinamos apenas
quando queremos. Isso só é possível porque a uretra tem dois óstios:
o primeiro na passagem da bexiga para a uretra e o outro quando a
uretra está passando pelo assoalho pélvico, que é formado por
músculo estriado esquelético, cuja ação é voluntária. Esse músculo
contrai a uretra, impedindo a micção, quando não queremos urinar,
ou relaxa, abrindo o óstio e permitindo a micção, quando queremos
urinar.

58 BÁRBARA ELLEN
SISTEMA GENITAL

O objetivo do sistema genital é a perpetuação das espécies e, para isso, os seres apresentam órgãos responsáveis pela
produção de gametas. Esses órgão são chamados, de forma geral, de gônadas, sendo o testículo a gônada masculina e o
ovário a gônada feminina.
Esse sistema é composto por órgãos internos, localizados dentro de cavidades, e órgãos externos, que são aqueles
visíveis na superfície do corpo. Nos homens, existem duas cavidades que alojam os órgãos internos: a bolsa escrotal,
que aloja os testículos, os epidídimos e o início dos ductos deferentes, e a cavidade abdominal, que vai comportar os
outros órgãos, que são o ducto ejaculatório, a uretra, a próstata, a glândula bulborretral e a glândula seminal.
Paralelamente, nas mulheres, os órgãos internos estão restritos à cavidade abdominal.
Os órgãos externos do sistema genital masculino são o pênis e a bolsa escrotal, onde há uma das cavidades que alojam
os órgãos internos.

Sistema genital masculino


O sistema genital masculino possui uma glândula própria, formada pelos testículos, responsável pela produção de
testosterona e gametas, e por glândulas acessórias, responsáveis pela produção de secreções que irão nutrir e ativar os
espermatozoides: próstata, glândula bulborretral e glândula seminal (chamada por muito tempo de vesícula seminal).
Na pelve masculina, o peritônio se comporta de forma diferente do peritônio feminino. Nos homens, atrás do músculo
reto abdominal há uma membrana de peritônio parietal recobrindo a parede. Ao encontrar a bexiga, próximo à sínfise
púbica, o peritônio se dobra e a recobre até encontrar o reto, onde se dobra novamente para recobri-lo. Portanto, a
bexiga é subperitonizada, ou seja, localizada abaixo do peritônio
parietal (o peritônio recobre a porção superior e parte da porção
posterior da bexiga) e o reto é retoperitonizado, ou seja, está atrás
do peritônio parietal.
Na cavidade pélvica (região entre os dois ossos ilíacos e o sacro e
o cóccix) masculina há a bexiga e o ânus, o que forma duas
depressões devido ao afundamento do peritônio, chamadas de
escavações. São elas: escavação pubovesical, entre a sínfise
púbica e a bexiga, e escavação vesicoretal, entre o reto e a
bexiga, sendo a escavação mais profunda. Paralelamente,
existem, nas mulheres, 3 escavações.
Para falar da anatomia do sistema genital masculino, vamos
seguir o caminho do espermatozóide.

Bolsa escrotal
A bolsa escrotal é um órgão pendente inferior à sínfise púbica e
posterior ao pênis. A parede da bolsa escrotal é composta por uma
série de camadas:
• Pele (camada externa): é muito pigmentada e tem aspecto mais enrugado.
Pele enrugada: essa característica é para evitar a perda de calor (enrugações diminuem a área de contato) pro
meio porque para formar espermatozoide a temperatura da bolsa escrotal deve estar 2 ou 3 graus abaixo da
temperatura corporal.
• Tela subcutânea: camada de lâmina conjuntiva com pequena quantidade de gordura
• Túnica dartos: formada por fibras de músculo liso associadas à tela subcutânea, cuja função é, também, manter
a temperatura constante: quando o músculo contrai, aumenta a enrugação, diminuindo a área de contato,
evitando a perda de calor.
Essas camadas compõem a bolsa do escroto. Existem outras camadas, mas que não são camadas próprias da bolsa
escrotal.
Para chegar até o testículo existem, além das camadas próprias da bolsa escrotal, outras camadas, que surgem no
desenvolvimento embriológico: a formação dos testículos ocorre dentro da cavidade abdominal, logo abaixo dos rins e,
por volta do final do 7º mês até meados do 8º mês, esses testículos descem na cavidade, passam pelo canal inguinal e
chegam até a bolsa.
Essa descida é importante porque na cavidade abdominal há muita atividade metabólica e consequente liberação de
muito calor, então o espermatozoide não iria sobreviver. Quando descem, arrastam consigo parte da cavidade
abdominal, e por isso o testículo é envolvido por outras camadas, que têm origem em estruturas da cavidade abdominal:
• Túnica espermática externa: tem origem na fáscia do músculo oblíquo externo. Essa camada está em contato com a
camada túnica dartos.
59 BÁRBARA ELLEN
• Túnica cremastérica: tem origem no músculo oblíquo interno, que é músculo estriado esquelético. Quando essa túnica
envolve o funículo espermático recebe o nome de músculo cremáster. Essa camada também controla a temperatura da
bolsa escrotal: em ambientes frios, essa camada se contrai, o que aproxima a bolsa escrotal da superfície do corpo,
fazendo com que essa absorva temperatura do corpo para manter sua temperatura sempre constante.
Assim, os mecanismos/estruturas para controle de temperatura da bolsa escrotal são: pigmentação, enrugação, túnica
dartos e túnica cremastérica.
• Túnica espermática interna: tem origem na fáscia transversal, que é a membrana conjuntiva que recobre o músculo
transverso do abdômen.
• Túnica vaginal (vagina=bainha): o rim é um órgão retroperitonizado e, consequentemente, o testículo também é. Ao
passar pelo canal inguinal, o testículo leva o peritônio junto com ele, formando a camada não própria mais próxima ao
testículo. Essa camada é derivada, portanto, do peritônio e, assim como ele, é formada por duas camadas:
• Túnica vaginal visceral
• Túnica vaginal parietal
Além dessas camadas, o testículo tem uma túnica própria que o envolve, chamada de túnica albungínea. É constituída
por uma espessa lâmina de tecido conjuntivo denso, rico em fibras colágenas, que a deixa com aspecto esbranquiçado.
Essa túnica é a única túnica própria do testículo porque o envolve desde sua origem embrionária. A túnica albungínea
está em contato com a túnica vaginal visceral.
Entre a túnica vaginal visceral e parietal existe um espaço preenchido por líquido para lubrificar as duas camadas,
evitando o atrito entre elas. Situações como pancadas e cirúrgias podem levar ao aumento desse líquido, causando a
hidrocele nesse espaço. Não existe um tratamento específico nesses casos porque o próprio organismo absorve esse
excesso de água, que diminui com o tempo.
A bolsa escrotal é dividida em dois compartimentos: compartimento escrotal direito e compartimento escrotal esquerdo,
que tem uma posição mais inferior em relação ao direito. Isso acontece devido à um cordão que liga o testículo às
estruturas internas, chamado de funículo espermático, que ainda será abordado aqui. Esse cordão é mais longo do lado
esquerdo, causando essa diferença de altura.
O funículo espermático, local por onde passam estruturas que chegam e saem da bolsa escrotal, é composto por vários
elementos, sendo o principal elemento o ducto deferente. Além dele, passam pelo funículo a artéria testicular, que irriga
o testículo e o epididimo, a artéria cremastérica, que irriga o músculo cremaster, e a artéria
deferencial, que irriga o ducto deferente. Também passam por ele pequenas veias
anastomizadas, que compõem o plexo venoso posterior e o plexo venoso anterior, que é maior
que o outro e recebe o nome de plexo pampiniforme. Toda testosterona produzida no saco
escrotal passa por esses plexos para ir para a circulação. Outra estrutura presente no funículo é o
nervo ilioinguinal, responsável por conduzir estimulos sensoriais às estruturas do funículo. Há,
também vasos linfáticos. Essas estruturas formam o funículo, que é envolvido, externamente,
por uma camada muscular chamada de músculo cremaster.
Esse cordão atravessa uma região que marca a transição de tronco para membro inferior,
chamada vulgarmente de virilha e anatomicamente de canal inguínal, mostrado na imagem ao
lado. Esse canal é oblíquo, mede cerca de 3 a 4cm e permite a passagem de estruturas do
funículo, nos homens.
Para permitir essa passagem, as extremidades dessa canal têm duas aberturas, chamadas de anel
inguinal profundo ou anel inguinal adbominal (lateral e superior, localizada na cavidade
abdominal, constituindo uma fenda no músculo transverso abdominal) e anel inguinal
superficial ou anel subcutâneo (medial e inferior, chegando na bolsa escrotal ao atravessar a
fáscia do oblíquo externo).
O motivo pelo qual a bolsa escrotal é dividida em 2 compartimentos é que as camadas dessa bolsa emitem uma prega
para dentro da bolsa, chamada de septo escrotal, separando-a em dois compartimentos. Esse septo não é visto
externamente, mas vemos uma pequena reintrância, chamada de rafi escrotal.

Testículo
O testículo é um órgão par de forma ovóide, cuja função é a produção de gametas e de testosterona, que apresenta uma
extremidade superior e uma inferior, uma borda anterior e uma borda posterior. Para diferenciar essas regiões, podemos
olhar a relação dessa estrutura com o epididimo, que tem três partes, sendo a mais volumosa chamada de cabeça do
epididimo:
• Para diferenciar borda posterior e anterior do testículo: o epididimo está localizado na borda posterior.
• Para diferenciar extremidades superior e inferior do testículo: a cabeça do epidídimo está apoiada na extremidade
superior.
A túnica albungínea emite projeções para o interior do testículo. Cada projeção é chamada de septo testicular, e delimita
áreas triangulares chamadas de lobos testiculares. Existem cerca de 200 a 300 lobos em cada testículo. Dentro de cada
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lobo existem várias estruturas muito finas e enoveladas chamadas de túbulos
seminíferos contorcidos.
Na parede desses túbulos existem dois tipos celulares:
• Células espermatogênicas: as células primordiais do saco vitelínico infiltram-se no
testículo e ali permanecem adormecidas na forma de espermatogônias até a
puberdade, presas na membrana do testículo. Na puberdade, por ação hormonal, essas
células espermatogênicas sofrem divisões celulares e se transformam em
espermatozoides. Portanto, a importância das células espermatogênicas é dar origem
aos gametas masculinos.
• Células sustentaculares, conhecidas como células de Sertolli: estão presas à membrana
dos túbulos, próximas de sua luz, unidas por junções oclusais, formando a barreira
hematotesticular, que impede que as células da linhagem espermatogênica entrem em
contato com as células do sangue, que não as reconheceriam e iniciariam um processo
inflamatório. Além dessa função, são responsáveis pela nutrição das células
espermatogênicas e, na transformação de espermátide para espermatozóide, fagocitam
o excesso de citoplasma das espermátides para que elas se diferenciem. Também
produzem o líquido que é lançado na luz do túbulo seminífero que ajuda os
espermatozóides a se locomoverem.
Além das células presentes na parede desses túbulos existe um outro tipo celular,
chamado de célula interticial ou células de Leydig, que são
responsáveis pela produção da testosterona, andrógeno
masculino responsável pela sensação de prazer (libido) e
pelo desenvolvimento das características sexuais
secundárias, como pelos pubianos, alteração da voz,
alteração da distribuição da gordura e pelo crescimento de
órgãos.
A testosterona só tem ação a partir da puberdade, mas há um
pico de produção antes do nascimento, para induzir a
descida dos testículos para a bolsa escrotal.
Crianças do sexo masculino que nascem antes do 8º mês
comumente apresentam bolsa escrotal vazia, e essa condição
recebe o nome de criptoquirdia (testículos presos).
Normalmente os testículos ficam presos na região do canal
inguinal, que é a região mais estreita que essas estruturas
percorrem durante sua descida. Alguns nenens a termo
também tem esse risco, mas os testículos costumam descer
naturalmente.
Se o testículo não descer é sugerida uma cirurgia para puxar
o testículo, com o funículo e o epididimo, para a bolsa
escrotal, o que deve ser feito imediatamente para não comprometer a fertilidade.
Os túbulos seminíferos contorcidos vão para em direção à borda posterior, se compactam e formam os túbulos
seminíferos retos que, na borda medial e posterior do testículo, se unem e formam a rede testicular, de onde saem cerca
de 8 a 18 pequenos ductos, chamados de ductos eferentes, que se juntam em um único ducto, formando o epidídimo.

Epidídimo
No epidídimo há o armazenamento e o início da maturação de espermatozoides. A maturação é um processo que dura
aproximadamente 14 dias por onde os gametas masculinos ganham mobilidade e são capacitados para fecundar um
ovócito. Essa estrutura, que lembra a letra “c”, está sempre apoiada na borda posterior do testículo, e pode ser dividida
em três porções:
• Cabeça: é a parte mais dilatada, localizada na extremidade superior do epidídimo, por onde confluem todos os ductos
eferentes.
• Corpo: parte alongada, que se apoia na borda posterior e chega até a extremidade inferior, onde se curva nele mesmo
e inicia um trajeto ascendente.
• Cauda: corresponde ao trajeto ascendente. Essa cauda se torna mais retilínea e passa a ser chamada de ducto
deferente.
Nem sempre há ejaculação, então os espermatozóides ficam guardados por até 2 a 3 meses. Se, após esse período, não
houver ejaculação, o próprio epidídimo fagocita os espermatozoides velhos.
A cauda do epidídimo tem continuação em um tubo chamado de ducto deferente, cuja função é conduzir os
espermatozóides até o interior da cavidade abdominal, onde é continuado pelo ducto ejaculatório. O ducto deferente é
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formado por músculo liso e, por isso, é capaz de realizar movimentos peristálticos, importantes para a condução dos
espermatozóides. Esse ducto é formado por três partes:
• Ducto deferente escrotal (dentro da bolsa escrotal)
• Ducto deferente inguinal (passa pelo canal inguinal)
• Ducto deferente abdominal (acompanha a borda superior e lateral da bexiga): é medial ao
ureter e percorre a parede posterior da bexiga, até chegar ao ducto ejaculatório.
Para localização dessas porções na cavidade abdominal usamos como referência o ramo
superior da pubis e o ramo inferior da publis. O ducto deferente escrotal sai da bolsa escrotal e
percorre até o ramo inferior da pubis. O ducto deferente inguinal corresponde a parte entre os
ramos superior e inferior da pubis. O ducto deferente abdominal corresponde ao ducto
posterior ao ramo superior da pubis.
O ducto deferente inguinal passa anteriormente aos vasos ilíacos e curva-se medialmente. O
ducto deferente abdominal é medial ao ureter e vai para a porção posterior da bexiga urinária.

Glândulas acessórias e ductos


Dentro da cavidade abdominal, a parede posterior da bexiga se relaciona com as glândulas
acessórias do sistema genital masculino. O ducto deferente abdominal, atrás da parede posterior da bexiga, se expande,
formando a ampola do ducto deferente, que corresponde à última parte da porção abdominal do ducto deferente.
De cada lado da ampola há uma bolsa toda ondulada, que corresponde à glândula seminal, que é uma glândula par. Sua
localização é, portanto, posterior à bexiga urinária e lateral à ampola do ducto deferente. Essa estrutura produz um
líquido alcalino rico em frutose, que fornece ATP para a mobilidade dos espermatozoides. Além disso, essa substância
contém proteínas de coagulação, que, após 5 minutos da ejaculação, provocam a coagulação do sémen. Não se sabe,
ainda, a importância dessa coagulação, mas acredita-se que proteja os espermatozoides do meio ácido.
Esse líquido, composto por espermatozóides e líquido seminal, corresponde a 60% do volume total do sémen. O líquido
seminal sai das glândulas seminais pelo ducto excretor da glândula seminal, que se une à parte mais afilada da ampola e
essas formam, juntas, um canal comum, chamado de ducto ejaculatório. Esse ducto atravessa uma outra glândula, que é
a próstata.
A próstata, como pode ser visto na imagem ao lado, também é atravessada pela uretra, ou uretra
prostática, onde o ducto ejaculatório se abre, permitindo a comunicação dos sistemas urinário e
reprodutor.
A próstata é uma glândula acessória impar, com formato de coração, situada inferiormente à bexiga
urinária, que se apoia no assoalho pélvico, formado por músculo estriado esquelético, que recebe o
nome de músculo transverso profundo do períneo.
Essa glândula tem crescimento lento durante a infância, e continua a crescer durante a puberdade,
atingindo seu tamanho normal por volta dos 30 anos. Em alguns homens pode ocorrer outro momento
de crescimento, a partir dos 45 anos de idade. Nem sempre esse crescimento indica câncer: pode ser
apenas uma hiperplasia benigna. Ainda não se sabe por que esse segundo crescimento ocorre.
A próstata é responsável pela produção do líquido prostático, que é outro elemento que compõe o sémen, em 25%. Essa
substância é ácida porque tem enzimas PSA e muito ácido cítrico que, assim como a frutose do líquido seminal, fornece
ATP para a mobilidade dos espermatozóides.
A PSA, ou antígeno prostático específico, é uma substância proteolítica utilizada para fazer a
liquefação do sémen no momento da ejaculação. A PSA também é usada para fazer o controle do
crescimento da próstata (em um tumor maligno, esse PSA aumenta muito, então essa substância
é um parâmetro para começar a desconfiar de um câncer).
No líquido prostático também existe um antibiótico natural do corpo, chamado de plasmina
seminal, que evita a proliferação de microorganismos que poderiam impedir a mobilidade desse
sémen.
Essa glândula possui vários ductos para lançar sua secreção dentro da uretra prostática.
Existe, ainda, uma terceira glândula acessócia, chamada de glândula bulborretral, que é uma
glândula localizada inferiormente à próstata, formada por duas estruturas arredondadas, cujo
tamanho se aproxima ao tamanho de uma ervilha, localizadas no assoalho pélvico, inseridas no
músculo transverso profundo. Sua secreção é um líquido alcalino, que tem muco alcalino que ajuda a lubrificar o canal
vaginal para facilitar a penetração do pênis na cavidade vaginal e neutraliza a acidez da uretra, ao percorre-la. O líquido
produzido por essa glândula é lançado em uma parte da uretra denominada uretra esponjosa, por meio do ducto da
glândula bulborretral.
O sémen é enfim formado. É composto, então, pelo líquido seminal, líquido prostático, muco da glândula bulborretal e
espermatozoides. Em uma ejaculação normal há 2,5 a 5ml de sémen. A cada ml há cerca de 50 a 150 milhões de

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espermatozóides. Abaixo de 20 milhões/ml a pessoa é considera infértil, e não consegue fertilizar, naturalmente, uma
mulher.

Uretra
No trigono vesical da bexiga, em sua ponta, há o início da uretra, no chamado óstio interno da uretra. Ao seu redor
existem fibras circulares que formam o músculo esfíncter interno da uretra, de músculo liso, que forma uma região na
parede da bexiga chamada de colo vesical (região que contorna o óstio interno da uretra). O músculo esfíncter da uretra
tem ação involuntária. Quando a bexiga está com cerca de 300ml de urina, ocorre o reflexo de micção, em que o
músculo detrusor da bexiga contrai e o músculo esfíncter interno da uretra relaxa, fazendo com que o óstio interno da
uretra se abra e a urina passe. A urina passa pela uretra prostática, uretra membranosa e uretra esponjosa, saindo para o
meio externo por meio do óstio externo da uretra.
Assim, a uretra masculina é formada por três porções:
• Prostática: em seu centro há uma dilatação, chamada de folículo seminal, por onde o ducto ejaculatório chega, o que
promove uma elevação da mucosa.
• Membranosa: é a menor parte, medindo cerca de 1cm. Corresponde à região em que a uretra passa pelo assoalho
pélvico.
• Esponjosa: corresponde à região da uretra no pênis, se abrindo no óstio externo da uretra.
A função da uretra é dupla nos homens: transporte de urina e de sémen, ou seja: ejaculação e micção.
Assim, a próstata é acompanhada por dois canais: um oblíquo, que é o ducto ejaculatório, e um longitudinal, que é a
ureta prostática.
Também existe o músculo esfíncter externo da uretra, que contorna a uretra membranosa, no assoalho pélvico. Seu
movimento é voluntário. Assim, se não pudermos urinar, esse músculo contrai, fechando a uretra membranosa e
impedindo a condução da urina para a uretra esponjosa. Assim, a uretra possui dois esfíncteres: um interno, no colo
vesical, de ação involuntária, e o externo, no assoalho pélvico, de ação involuntária.

Pênis
É o órgão de cópula masculino, ou seja, é o órgão que transporta o espermatozóide para o corpo feminino. A parte
visível, pendente e anterior à bolsa é chamada de corpo do pênis. A parte escondida, que fixa o pênis à pelve, é chamada
de raíz do pênis.
Esse órgão é constituído por 3 cilindros de tecido erétil: 2 corpos cavernosos, de posição dorso lateral, e 1 corpo
esponjoso, de posição ventro-medial. Ambos são envolvidos por lâminas de tecido conjuntivo, que é a túnica albungínea
(diferente da túnica albungínea dos testículos): há uma túnica envolvendo os corpos cavernosos e outra túnica
envolvendo o corpo esponjoso.
Posição anatômica do pênis: ereto.
O corpo esponjoso tem 2 dilatações, uma anterior, que recebe o nome de glande do pênis, e uma posterior, chamada de
bulbo do pênis, que faz parte da raiz e prende o pênis ao assoalho pélvico. Paralelamente, os corpos cavernosos têm
uma parte que fixa o pênis ao osso isquio chamada de ramo direito e esquerdo do pênis. Assim, a raíz do pênis é
formada pelo bulbo do pênis (corpo esponjoso) e por dois ramos do pênis (corpos cavernosos).
Em um corte transversal do pênis conseguimos identificar a uretra, que passa no meio do corpo esponjoso. Além disso,
percebemos que os três corpos são cheios de espaços em seu interior. Esses espaços são chamados de seios vasculares, e
é onde ocorre o preenchimento do pênis por sangue para promover a ereção e o ingurgitamento desse órgão, fazendo
com que o pênis cresça e endureça.
Posteriormente ao corpo cavernoso há veia dorsal do pênis e a artéria dorsal do pênis, que são responsáveis pela
drenagem e pela irrigação desse órgão.
O contorno inferior da glande do pênis é mais volumoso, e é chamado de coroa da glande. A pele que recobre o
abdômen desce para recobrir o pênis e recobre também a glande, formando, nessa região, uma dupla camada de pele,
que é chamada de prepúcio. O prepúcio possui uma prega mediana que se prende à coroa da glande, chamada de freio
do prepúcio.
Quando o freio do prepúcio é muito curto, o homem não consegue expor a glande, e isso pode gerar o acúmulo da
secreção esplegma, formando um meio de cultura que favorece a proliferação de microorganismos. Ai é necessário fazer
a circuncisão, liberando o prepúcio para que seja feita a higienização dessa secreção: cirurgia de fimose. É comum, nos
judeus, a retirada total desse prepúcio ainda na infância.
Vasectomia: corte no ducto deferente, impedindo que os espermatozoides cheguem a compor o sémen. O homem fica,
então, estéril, mas não impotente. É uma cirurgia de controle de natalidade feita normalmente na bolsa escrotal, já que é
a parte mais superficial onde encontramos esse ducto, permitindo uma cirurgia menos invasiva.

63 BÁRBARA ELLEN
Sistema genital feminino
No sistema genital feminino, os órgãos internos estão exclusivamente dentro da cavidade abdominal (no homem há,
ainda, outra cavidade). Esses órgãos são: ovário, tubas uterinas, útero e vagina. Os órgãos externos constituem um
conjunto de estruturas localizadas na superfície corporal, denominado vulva ou
pudendo (o conjunto).
A cavidade abdominal é recoberta pelo peritônio. No encontro da sínfise púbica com
a bexiga, o peritônio se dobra e vai recobrir a parede superior da bexiga, até
encontrar o útero, por onde se dobra para recobrir a parede superior da bexiga, até
encontrar o útero, por onde se dobra novamente para recobri-lo, ate encontrar e
recobrir o reto. Isso forma 3 escavações peritoniais - formadas pelo peritônio
(homem tem 3 porque não tem útero):
• Escavação pubovesical: entre a sínfise púbica e a bexiga. É comum no homem e na
mulher.
• Escavação vesicouterina: entre a bexiga e o útero .
• Escavação uterorretal ou retouterina (também chamada de fundo de saco de
Douglas): é a escavação mais profunda na pelve feminina. Por isso, quando há
excesso de líquido na cavidade abdominal da mulher, esse líquido se concentra
nessa escavação.

Ovário
O ovário é um órgão par, tem tamanho e forma de uma amêndoa, e normalmente sua superfície é plana, lisa e rosada, do
nascimento até a puberdade. À medida que a ovulação vai ocorrendo, a lâmina que recobre o ovário, chamada de túnica
albungínea do ovário, começa a enrugar devido às rupturas para liberação do ovócito, causando a formação de fissuras e
consequente cicatrização para fechá-las. Esse órgão também se torna mais acinzentado pelo depósito de colágeno (para
a cicatrização).
A função do ovário é produzir o gameta feminino (ovócito), e, por isso, é conhecido como a gônada do sistema genital
feminino. É homólogo aos testículos, e ambos possuem a mesma origem embrionária. Esse órgão também produz os
hormônios femininos (inibina, elastina, progesterona e estrógeno).
A inibina e a elastina têm níveis variáveis no corpo feminino, principalmente a elastina, que é produzida em menor
quantidade durante a ovulação porque, se ocorrer a fecundação do ovócito, esse corpo será melhor recebido e fixado no
útero se ele estiver com a musculatura mais relaxada. Assim, a elastina é liberada em pequena quantidade no período da
ovulação pra permitir a fixação do embrião. Esse hormônio é produzido em grande quantidade na fase final da gravidez
para atuar nas articulações da pelve, permitindo sua dilatação pra facilitar a expulsão do feto durante o parto.
A inibina controla o ciclo hormonal da mulher: inibe a secreção de FSH e LH.
O estrógeno e a progesterona também tem ciclos. A progesterona é responsável pela fixação, desenvolvimento e
manutenção do ovo fecundado durante a gravidez. É produzida pelo corpo lúteo. O estrógeno é responsável pelo
aparecimento das características sexuais secundárias na mulher, como o desenvolvimento das mamas e a distribuição de
gordura e pêlo pelo corpo.
O ovário é o único órgão intraperitonizado, ou seja, localizado entre a lâmina visceral e parietal.
O ovário tem duas extremidades e duas bordas:
• Extremidade uterina: é medial, voltada para o útero
• Extremidade tubária: lateral, voltada para a tuba
• Borda anterior do ovário
• Borda posterior do ovário ou borda livre do ovário
Na sua borda anterior há uma prega de peritônio chamada de mesovário. A borda
posterior é livre, ou seja, não há nada nela fixado.
O ovário não está solto dentro da cavidade abdominal e, por isso, existem
estruturas responsáveis por sua fixação:
• Ligamento útero-ovárico: cordão fibroso que sai da extremidade uterina e se
prende na borda lateral do útero. Logo, sua função é fixar o ovário à extremidade
do útero. Antigamente era chamado de ligamento próprio do ovário.
• Ligamento suspensor do ovário: é um ligamento que sai da extremidade tubária,
passa por trás da tuba e chega na parede lateral da pelve. Também é uma prega
peritonial. Tem 3 importâncias: faz a sustentação do ovário (o prende na parede
lateral da pelve); conduz vasos (por esse ligamento passam a artéria ovariana e a
veia ovariana, que chegam até a borda mesovárica) e aproxima o ovário da tuba durante a ovulação, para facilitar a
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condução do ovócito. Essas funções podem ser exercidas porque entre as duas lâminas de peritônio há algumas fibras
de músculo liso que contraem durante a ovulação para puxar o ovário.
• Ligamento mesovário: não é peritônio. Tem pregas que fixam o ovário na cavidade abdominal
O ovócito produzido pelos ovários precisa ir para a tuba uterina, local de encontro com o gameta masculino.

Tuba uterina
A tuba uterina é um órgão par, que mede aproximadamente 10cm de comprimento, e é
peritonizado, isto é, está em contato total com o peritônio, exceto em sua extremidade.
Tem uma extremidade uterina, ligada ao útero e uma extremidade tubária, que não pode
ser cobrada porque está coberta pelas fímbrias.
A tuba é importante para a fecundação, e pra isso tem que permitir a passagem dos
gametas, que caminham em sentidos opostos: o gameta feminino vai da cavidade
abdominal em direção à tuba e o gameta masculino vai do pênis para a tuba. Para que isso
ocorra é necessária uma abertura, que é chamada de óstio intrauterino, que comunica o
útero com a tuba. É formada por 4 porções:
• Infundíbulo: é a parte mais distal da tuba, que lembra um funil. Tem na sua extremidade
uma abertura (óstio), que aponta para a cavidade abdominal, chamado de óstio
abdominal, que é importante para que o ovócito entre na tuba. O óstio permite que o
ovócito liberado pelo ovário alcance o interior da tuba uterina. Ao redor desse óstio existem alguns “fioszinhos",
chamados de fímbrias, que ficam em constante movimento, que é responsável por pegar o ovócito e conduzi-lo para
dentro da tuba uterina.
• Ampola da tuba uterina: é a parte mais larga, mais espessa e de contorno irregular. É onde, normalmente, o ovócito
encontra com o espermatozóide (fecundação).
• Ístmo da tuba uterina: é a parte que está chegando ao útero (parte mais próxima da parede lateral do útero. É mais
estreita e mais visível.
• Intramural: está atravessando a parede do útero. É mais estreita e mais visível.
A tuba é composta por 3 camadas:
• Túnica serosa (mais exterior)
• Camada de músculo liso, que realiza movimentos peristálticos que ajudam na movimentação dos gametas
• Túnica mucosa (mais interna), onde há 2 tipos celulares: células ciliadas, que auxiliam no movimento dos gametas, e
células não ciliadas, que secretam um líquido que ajuda a nutrir os gametas enquanto estão no percurso da tuba
uterina.

Útero
É um órgão ímpar localizado na linha mediana. Sua função é alojar e permitir o desenvolvimento do ovo fecundado. É
também o órgão que expulsa o endométrio, provocando a menstruação. É peritonizado: o peritônio recobre a maior
parte do órgão, exceto a que está dentro da cavidade vaginal. É dividido em 4 partes:
• Fundo uterino: é a porção mais anterior do útero (característica melhor visualizada no corte sagital mediano). Não tem
cavidade nessa região. Existe uma linha imaginária unindo os dois óstios intrauterinos que auxilia a determinar essa
região: tudo após essa linha, na porção mais anterior, é fundo uterino.
• Corpo do útero: é a parte mais alongada do útero, onde há a cavidade uterina. É o local onde o ovo fecundado se fixa
e se desenvolve durante a gravidez.
• Ístmo do útero: é a porção onde o útero se estreita, o que acontece na região onde o útero se dobra sobre a bexiga. Não
pode ser identificado nos modelos práticos.
• Colo do útero ou cérvix: é a parte após o estreitamento do útero. Tem uma cavidade, chamada de canal cervical, que
se abre pelo óstio uterino, que se abre na cavidade vaginal.
A parede do útero é formada por 3 camadas, que não são cobradas na prova prática:
• Perimétrio: é a camada mais externa, que recobre todo o útero.
• Miométrio: é a camada média, formada por músculos. As fibras musculares estão
dispostas de 3 maneiras distintas: longitudinalmente, circularmente e obliquamente. Essa
diferença na disposição muscular garante a resistência desse órgão para crescer durante a
gravidez e não se romper. É a camada mais espessa.
• Endométrio: é a camada interna, que é formada por 2 estratos:
• Estrato funcional, voltado para a cavidade
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• Estrato basal, agarrado no miométrio
O estrato funcional passa, todo mês, por um processo de angiogênese, no qual ocorre a proliferação dos vasos
sanguíneos que irrigam aquela parede. Isso acontece porque todo mês o útero se prepara para a fecundação. Depois, se
não houver fecundação, esse estrato acaba se soltando e descamando. O estrato basal repõe, então, o estrato funcional.
A posição normal do útero é anti-flexão, no qual o corpo do útero se dobra supero-anteriormente em relacão à parede da
bexiga. Também há uma posição retro-flexão, onde o colo do útero é posteroinferior ao canal vaginal: o colo do útero
está atrás do canal vaginal.
O útero tem 4 meios de fixação na cavidade abdominal: ligamento largo, ligamento redondo, ligamento úterosacro e o
ligamento cardinal:
O peritônio que se dobra sobre o útero é chamado de perimétrio. Na parte superior do útero tem a tuba, e, então, o
peritônio agarrado no útero se expande lateralmente, formando o ligamento largo do útero, que é um dos meios de
fixação do útero.
Esse ligamento é formado por uma lâmina anterior e uma lâmina posterior. O ovário está atrás da lâmina posterior. Por
isso, a porção posterior dessa lâmina pode ser dividida em 3 partes:
• Mesosalpinge: parte que desce da tuba
• Mesovário: parte que dobra e encosta no ovário, se prendendo na sua borda anterior
• Mesométrio: parte que desde do ovário
Então a porção posterior da lâmina não é contínua, como a porção anterior.
Além desse ligamento, outro ligamento responsável pela fixação do útero é o ligamento
redondo do útero, que fica logo abaixo do ístmo da tuba uterina, sobe, atravessa o canal
inguinal e se fixa nos órgãos externos, nos lábios maiores.
O outro ligamento é chamado de ligamento úterosacro, que sai do útero, contorna o reto e
se prende no sacro.
O último ligamento, chamado de ligamento transverso
do útero ou ligamento cardinal, sai da região do colo
do útero, um de cada lado, e vai se prender na parede
lateral da pelve.
Esses ligamentos são tão importante que se houver um
enfraquecimento destes, pode ocorrer um prolapso
(queda) do útero, que tem vários níveis:
• Nível 1 de prolapso uterino: o colo do útero cai
ainda mais dentro do canal vaginal
• Nível 2: o útero desce e o colo do útero aparece
junto com a parede anterior e posterior da vagina
• Nível 3: além do colo do útero, grande parte do
corpo do útero se exterioriza para fora da vulva
Isso acontece por fraqueza dos ligamentos que
sustentam o útero ou pela fraqueza do assoalho
pélvico.
O local normal do endométrio é dentro das cavidades
do útero. Às vezes o endométrio pode passar pelo óstio uterino e atingir o interior da tuba uterina ou, ainda, passar pelo
óstio abdominal e se desenvolver em cima dos órgãos. Essa condição recebe o nome de endometriose. Hoje em dia há
relato de pacientes com endométrio no cérebro ou na retina. Nesse caso, durante a embriogênese, focos do endométrio
se deslocaram e se desenvolveram em outro local.
Como o endométrio sofre ação hormonal, o endométrio em outras regiões também pode se desenvolver. Pessoas com
essa condição podem ser inférteis porque, caso o endométrio se desenvolva muito em regiões inapropriadas, como na
tuba, os gametas não vão conseguir se encontrar. Pode ser feita a raspagem desse endométrio para facilitar a
fecundação.

Uretra e vagina
A uretra feminina mede aproximadamente 4cm de comprimento e é um canal de condução exclusivo da urina. Tem
óstio interno da urina, circundado pelo colo vesical, e o óstio externo da uretra, que se abre para o meio externo. Atrás
da uretra há o canal vaginal.

66 BÁRBARA ELLEN
A parte mais superior da vagina se fixa no colo do útero, que se projeta para dentro do canal vaginal. Isso forma um
espaço em torno do colo do útero e da vagina, chamado de fórnix vaginal, que se divide em fórnix vaginal anterior e
fórnix vaginal posterior, que é mais profundo porque o útero se dobra sobre a bexiga.
O fórnix tem uma grande importância na medicina legal quando estão fazendo avaliação de estupro, na medida que o
sêmen fica armazenado nesse fórnix, podendo ser coletado para identificação do estuprador.
O colo do útero se projeta para dentro da vagina. Portanto, tem uma parte acima do canal vaginal, chamada de colo do
útero supravaginal, e uma parte dentro do canal vaginal, chamada de colo do útero vaginal. A referência para isso é o
fórnix vaginal: abaixo do fórnix é colo do útero vaginal e acima é colo do útero supravaginal.
O espaço entre as duas paredes é chamado de canal vaginal, que se abre no meio externo pelo óstio vaginal. A vagina
tem uma mucosa, que é toda preguiada. As pregas da vagina se entrelaçam para fechar o canal vaginal, impedindo a
entrada de microorganismos para o interior do trato genital.
Dizemos que a pelve feminina é aberta, ao contrário da masculina, porque o óstio vaginal tem comunicação com o meio
externo, permitindo a comunicação com a cavidade abdominal pela vagina. Por isso mulheres são mais suscetíveis à
infecções. No homem, apesar da uretra ter comunicação com o meio externo, internamente não há comunicação com a
cavidade abdominal.
A última prega da mucosa vaginal forma a membrana himenal, ou hímen, que constitui uma barreira física para impedir
a entrada de microorganismos. Esse hímen tem uma abertura para a expulsão do fluxo menstrual.
Quando o hímen é rompido, podem ficar resquícios dessa membrana no canal, que são chamadas de carûncula himenal.

Órgãos externos do sistema genital feminino


O monte púbico é uma elevação acima da sínfise púbica. É formado por uma camada de pele e uma camada espessa de
gordura. Durante a puberdade, essa região passa a ser coberta por pelos, que têm a função de barrar substâncias
dispersas no meio e a entrada de microorganismos.
Do monte púbico partem 2 pregas laterais chamadas de lábios maiores, que têm a mesma constituição do monte púbico.
Os lábios maiores direito e esquerdo se unem nas extremidades, na comissura labial anterior e na comissura labial
posterior. Essas estruturas delimitam uma fenda chamada de rima do pudendo, que se abre e fecha. O lábio maior é
homólogo ao saco escrotal.
Internamente aos lábios maiores há os lábios menores, que são formados por uma dobra de pele e, portanto, são uma
prega cutânea. Normalmente, não é recoberto por pelos. Os lábios menores são homólogos à uretra esponjosa.
Os lábios menores delimitam um espaço chamado de vestíbulo vaginal, que é a entrada pro canal vaginal, onde
encontramos várias estruturas, de anterior para posterior:
• Clitóris: a parte visível é a glande do clitóris, que é homóloga à glande do pênis, então é uma massa de tecido erétil.
Na peça anatômica, é uma massinha vermelhinha. É corpo esponjoso, formado por glande, na parte mais anterior dos
lábios menores, corpo e ramo do clítoris, que o fixa ao assoalho pélvico. Também existe o prepúcio do clítoris.
• Óstio das glândulas parauretrais: estão localizadas atrás do óstio externo da uretra, que se localiza posteriormente à
glande do clitóris. Essas glândulas são homólogas à próstata.
• Óstio vaginal, localizado atrás do óstio externo da uretra. É a parte que exterioriza a vagina no meio. Desse óstio
conseguimos visualizar o hímen, quando ele ainda está presente. Quando há carûncula himenal, esse óstio, no modelo
prático, fica irregular, para representá-la.
• Glândula vestibular maior: encontrada atrás do óstio vaginal. É homóloga à glândula bulborretral no homen. Secreta
um muco, lançado dentro do óstio vaginal que lubrifica o canal vaginal para facilitar a penetração.
• Bulbo do vestíbulo: tecido erétil que contorna o óstio vaginal. Durante a excitação, se enche de sangue, comprimindo
o óstio vaginal, promovendo mais contato da vagina com o pênis para dar maior sensação de prazer.
Durante o parto normal, podem ocorrer 3 procedimentos cuja importância é muito discutida hoje em dia:
• Tricotomia: raspagem dos pelos na região do monte púbico e dos lábios maiores porque eles retém microorganismos,
evitando o contato destes com o bebê
• Lavagem intestinal: é introduzido soro fisiológico, através do ânus, com substância que estimula a contração do
músculo, liquefazendo as fezes, facilitando sua eliminação, e aumenta a motilidade do intestino pra facilitar a
expulsão das fezes
• Episiotomia: corte feito obliquamente a partir do óstio vaginal, aumentando seu diâmetro para facilitar a expulsão do
bebê. Hoje em dia é muito discutido na ginecologia. Como há corte de músculo, se esse procedimento é feito várias
vezes, o músculo diminui a sua capacidade de contração .

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ANATOMIA DA PELVE

A pelve é a região mais inferior do tronco, formada por um anel ósseo. É um anel porque é uma estrutura circular e
ósseo porque é formado pela união de 4 ossos: sacro e cóccix posteriormente e os dois ossos ilíacos anterolateralmente,
que se unem pela sínfise púbica. Popularmente, essa região é chamada de bacia, cadeira ou quartos, e os ossos ilíacos
são chamados de ossos do quadril.

Ossos ilíacos
São ossos laminares, ou seja, têm comprimento e largura aproximadamente iguais e
espessura muito fina. Esse osso pode ser dividido em três partes, que podem ser
visualizadas nas imagens ao lado (a primeira imagem representa a vista anterior -
interior - e a segunda imagem ilustra a vista posterior do osso - lateral):
• Ílio: parte amarela, mais larga e superior.
• Púbis: parte vermelha, abaixo do corpo do íleo, que é mais anterior e mais achatada.
• Ísquio: parte azul, que é inferior e mais posterior, quando comparada à púbis.
Esses ossos apresentam alguns acidentes ósseos, cuja função, na anatomia, é delimitar
as partes da pelve:
Ílio
A parte mais superior desse osso (seu contorno superior) recebe o nome de crista ilíaca,
que é palpável no nosso corpo. Além disso, esse osso tem parte anterior e parte posterior,
que são chamadas de borda: borda anterior do ílio e borda posterior do ílio. Além disso, é
composto pelo corpo do ílio (região mais inferior do ílio e mais estreita) e pela asa do ílio,
que é a porção mais dilatada, e essas estruturas não são cobradas nos modelos práticos. A
asa do ílio tem uma porção posterior (mais lisa), chamada de glútea, e uma anterior.
Na borda posterior do ílio, na vista anterior, conseguimos identificar
algumas estruturas: apresenta uma parte rugosa, chamada de
tuberosidade ilíaca, e uma parte mais lisa, que lembra a forma de uma
orelha, chamada de face auricular do ílio. A tuberosidade ilíaca é mais
áspera porque nela se fixa uma lâmina de conjuntivo fibroso chamada de
ligamento sacro-ilíaco-interósseo, que une o sacro ao osso ilíaco.
Paralelamente, a face auricular é mais polida porque é recoberta por
cartilagem hialina e articula com o sacro.
Na face auricular do ílio há o início de uma elevação com trajeto
descendente, chamada de linha arqueada, que sai da face auricular e
chega ao ramo superior do púbis, onde o contorna, com o nome de linha
pectínea. Essa linha termina em uma elevação lateral do corpo do púbis
chamada de tubérculo púbico.
Na borda anterior do osso ilíaco não há nenhuma estrutura diferenciada,
e seu aspecto é liso.
A parte posterior desse osso, como ilustrado na figura à direita, é toda
lisa, e não apresenta bordas diferenciadas. É nessa região que os
músculos glúteos, que formam o bumbum, se fixam.
Púbis
Essa porção do osso ilíaco é formada por um corpo, que é mais
anterior, achatado e retangular, e duas projeções: desse corpo
partem duas projeções, uma superior, que se relaciona com o ílio, e
uma posterior, que se relaciona com o ísquio, chamadas de ramos:
ramo superior do púbis e ramo inferior do púbis. O tubercúlo
púbico, mencionado anteriormente, é a projeção mais lateral do
púbis.
Ísquio
Essa porção é a mais inferior e posterior do osso ilíaco. Na vista
anterior, conseguimos identificar 3 partes: uma denominada corpo
do ísquio, mais volumosa, uma que se relaciona com o ramo
inferior do púbis, chamada de ramo do ísquio, e outra porção, que é
mais superior, chamada de espinha isquiática (uma pequena
projeção).

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Na vista posterior desse osso, visualizamos uma região mais acidentada, chamada de túber isquiático ou tuberosidade
isquiática, posterior ao corpo do ísquio. A importância dessa estrutura é a sustentação do peso corporal quando estamos
sentados: nessa posição, nosso peso se distribui entre o túber isquiático esquerdo e o túber isquiático direito.

Existe um forame no osso ilíaco, que recebe o nome de forame obturatório ou obturado. Esse forame recebe esse nome
porque é fechado por uma membrana conjuntiva, chamada de membrana obturatória, que serve de fixação de músculos
do glúteo. Não conseguimos, então, visualizar esse forame no raio-X, na medida que este se encontra fechado.
Na região posterolateral e inferior dos ossos ilíacos existe uma grande escavação, chamada de acetábulo, que é onde o
fêmur se encaixa nesse osso, constituindo a articulação do quadril. Tem o formato de uma ferradura. Em uma criança,
não existe, ainda, osso ilíaco, porque o ílio, o púbis e o ísquio ainda não se fundiram. É no acetábulo que essa fusão
acontece e, por isso, essa estrutura é formada pela união desses 3 ossos.

Sacro e cóccix
A coluna vertebral é formada por 33 vértebras. Dessas, as 24 primeiras estão unidas
pelos discos intervertebrais, e por isso essa região recebe o nome de coluna móvel, na
medida que esses discos permitem o deslizamento das vértebras. As 9 últimas vértebras
perdem esse disco e se fundem, formando o sacro (5 vértebras fundidas) e o cóccix (4
vértebras fundidas), que é um resquício da cauda.
Sacro
O sacro tem formato triangular, superfície mais côncava (anterior), chamada de
superfície/face pélvica, e superfície mais irregular (posterior), denominada superfície/
face dorsal.
O sacro é formado pela fusão de 5 vértebras, entre as quais há cicatrizes, formadas pelo
desaparecimento do disco intervertebral, chamadas de linhas transversas, visualizadas na
porção anterior. Nas extremidades dessas linhas há forames (um direito e um esquerdo, a
cada linha transversal), chamados de forames sacro-pélvicos, quando visualizados na
superfície pélvica, e forames sacro-dorsais, quando visualizados na superfície dorsal.
Entretanto, na superfície posterior do sacro, os forames são formados não nas
extremidades das linhas transversais, mas ao lado da crista sacral mediana, formada pela
fusão dos processos espinhosos no sacro, originando uma elevação visualizada na face
dorsal. A função desses forames é permitir a passagem dos nervos sacrais.
O corpo vertebral da primeira vértebra sacral é mais deslocada anteriormente, se
projetando para a região anterior do sacro. Esse contorno, visto somente na superfície
pélvica, é chamado de promontório. Lateralmente, ainda nessa face, visualizamos uma
região mais larga da primeira vértebra sacral, que recebe o nome de asa do sacro, que
pode ser visualizada também na face dorsal.
No contorno lateral da asa do sacro, na face posterior, há uma região recoberta de
cartilagem articular, chamada de face auricular do sacro. Essa superfície articula
com a face auricular do ílio, formando a articulação sacro-ilíaca.
Cóccix
É formado pela fusão de 4 vértebras.

Aberturas da pelve
Na pelve existe uma abertura superior chamada de abertura superior da pelve,
que é circular e limitada pelo promontório, pela asa do sacro, pela lâmina
arqueada, pela linha pectínea, pelo tubérculo púbico e pela sínfise púbica (do
lado direito e esquerdo).
Além disso, há uma abertura inferior da pelve, que não tem contorno circular,
mas de um losango. Seus limites são a sínfise púbica, o cóccix e as duas
tuberosidades isquiáticas. A sínfise púbica é ligada ao túbero isquiático através dos ramos
inferior do púbis e do ramo do ísquio. O sacro e o cóccix se ligam ao túbero isquiático por um
cordão fibroso chamado de ligamento sacrotuberal.
A abertura superior da pelve divide a pelve em duas pelves: a pelve maior, formada por toda
região da pelve acima da abertura, e a pelve menor, que fica entre a abertura superior e a
abertura inferior da pelve. Ambas podem ser visualizadas no corte transversal da pelve,
ilustrado na imagem ao lado.
A pelve maior corresponde à área entre a abertura superior da pelve até as cristas ilíacas. É

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chamada também de falsa pelve porque nessa região há também o cólon ascendente e descendente e, entre eles, o jejuno
íleo, ou seja, aloja parte do sistema digestório. A pelve menor corresponde à porção entre as aberturas superior e inferior
da pelve, e também é chamada de pelve verdadeira porque nela vamos encontrar o reto, os ureteres, a bexiga urinária e
os órgãos genitais masculino e feminino.
Na foto ao lado, em verde claro podemos ver a pelve maior, entre a abertura superior da pelve e as cristas ilíacas. Em
verde escuro vemos a verdadeira pelve, que vai da abertura superior da pelve até a a abertura inferior da pelve.

Diâmetros pélvicos
Existem várias linhas traçadas na pelve, chamadas de diâmetros pélvicos, muito
importante na ginecologia e obstetrícia. Os três mais importantes usam como
referência a sínfise púbica e o promontório.
• Diâmetro anatômico: traçado entre a borda superior da sínfise púbica até o centro do
promontório.
• Diâmetro verdadeiro: é traçado do meio da face interna da sínfise púbica até o centro
do promontório. É a região de menor comprimento na passagem do feto na hora do
parto.
• Diâmetro diagonal: diâmetro entre a borda inferior da sínfise púbica até o centro do
promontório. É referência na clínica de ginecologia: no toque vaginal, o médico
consegue perceber ou não esse promontório ao introduzir o dedo indicador e o dedo
médio no canal vaginal. Se o médico sentir o promontório, com o dedo médio, indica
que a mulher tem a pelve contraída, e não é favorável ao parto normal. Se o médico
não toca o o promontório, a pelve é menor e a pessoa pode ter um parto normal.
• Diâmetro anteroposterior: é o maior diâmetro pélvico, o que facilita o parto. Esse
diâmetro sai do centro da face interna da sínfise púbica e chega até o centro da face pélvica do sacro.

Classificação pélvica
A pelve é classificada de acordo com vários critérios, e um dos mais usados é o
formato da abertura superior, como mostrado na foto ao lado, em que a parte escura
representa a abertura. A pelve ginecóide é mais arredondada e é a que predomina na
pelve feminina e a pelve andróide tem uma abertura que lembra um coração e é a mais
comum na pelve masculina.
Também existem outras classificações, mas menos comuns: a pelve platipelóide, que
tem um contorno mais oval, na qual o maior diâmetro é o diâmetro transverso e a pelve
antropóide, que também tem formato ovalado, mas o diâmetro anteroposterior é o
maior. São variações, que ocorrem em um menor número de pessoas.

Pelve masculina e pelve feminina


A pelve é um instrumento para diferenciarmos os dois sexos, não 100%, mas é um
diferencial. As principais diferenças são:

MASCULINA FEMININA

ESTRUTURA GERAL Compacta e pesada Delgada e leve

PELVE MAIOR Profunda Rasa

PELVE MENOR Estreita, profunda e afunilada Larga, rasa e cilíndrica

ABERTURA SUPERIOR Em forma de coração (andróide) Arredondada (ginecóide)

ABERTURA INFERIOR Pequena Grande (pra favorecer a expulsão do bebê)

ÂNGULO SUBPÚBLICO (região abaixo da Menor que 70º Maior de 80º


sínfise púbica)

FORAME OBTURADO Redondo Oval

ACETÁBULO Grande (pela própria estrutura óssea do Pequeno


homem, para encaixar o fêmur)

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Para medir o ângulo subpúbico, nos homens, é utilizado o dedo indicador e médio e, nas
mulheres, usa-se o polegar e o indicador, como mostrado na imagem ao lado.

Articulações da pelve
Para formar o anel da pelve, os ossos tem que estar em contato, e esse contato é
chamado de articulação. Existem duas:
Articulação sacro-ilíaca: é posterior, e acontece entre o sacro e a face auricular do ílio.
Entre essas estruturas existe uma pequena cavidade preenchida por líquido sinovial, e,
por isso, essa articulação é classificada como juntura sinovial plana, que permite
pequenos deslizamentos entre o sacro e o íleo.
Sínfise púbica: é anterior e acontece entre as duas púbis, na qual o corpo do púbis
direito se liga ao corpo do púbis esquerdo, o que é feito por um anel de fibrocartilagem
chamado de sínfise púbica. Toda vez que uma articulação ocorre através de uma
fibrocartilagem ela é classificada como juntura cartilaginosa sínfise.
Na juntura sinovial também tem, além da cavidade articular e do líquido sinovial, cartilagem articular e cápsula
articular, que é uma membrana acinzentada que vemos ligando o sacro ao íleo, chamada de ligamento sacro-ilíaco. Esse
ligamento é um cordão fibroso responsável por fixar o sacro ao ílio, e é dividido em ligamento sacro-ilíaco anterior e
sacro-ilíaco posterior. Além desses ligamentos há outros 3 ligamentos que auxiliam na estabilidade dessa articulação:
• Ligamento íliolombar: são faixas fibrosas que saem dos processos transversos das vértebras lombares, se fixando no
ílio.
• Ligamento sacro-espinhal: se estende o sacro à espinha isquiática. É mais anterior e menor. Também pode ser
visualizado na porção posterior.
• Ligamento sacrotuberal: sai do sacro e do cóccix e se fixa no túbero isquíatico. Pode ser visto também na vista
posterior.

Paredes pélvicas
A pelve é formada por 3 paredes: parede anterior, parede lateral e parede
posterior.

Parede anterior da pelve (vermelho)


Formada por:
• Ramo do pubis
• Corpo
• Sínfise púbica

Parede lateral da pelve (preto)


É formada por 3 estruturas:
• Membrana obturatória: tem função de fixar músculos. Ocupa o forame

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obturatório.
• Músculo obturatório interno: fixado na membrana obturatória. É formado por músculo estriado esquelético.
Todo músculo estriado esquelético tem uma membrana conjuntiva que envolve suas fibras (fáscia muscular), que recebe
o nome do músculo. O músculo obturatório interno é envolvido pela fáscia obturatória.
A parte mais interna da fáscia é muito espessa, por ser enriquecida com fibras colágenas, e isso forma um arco na pelve,
chamado de arco tendíneo, que separa o assoalho pélvico da parede lateral. É definido como espessamento da borda
medial da fáscia obturatória.

Parede posterior da pelve (azul)


É formado por 3 estruturas:
• Sacro
• Cóccix
• Músculo piriforme, fixado ao sacro. É formado por músculo estriado esquelético.

Assoalho pélvico (diafragma pélvico)


É uma referência para separar as estruturas da pelve: tudo que está acima desse
assoalho é cavidade pélvica, e tudo abaixo é períneo.
A importância desse assoalho é a contenção das vísceras pélvicas, evitando seu
prolapso. Mulheres que passam por muitos partos têm a musculatura do assoalho
enfraquecida, o que pode permitir o prolapso de alguns órgãos, principalmente os que
estão apoiados no assoalho, como o útero e o ânus.
Sabemos que a pelve é feminina quando o assoalho pélvico é atravessado por 3
estruturas: uretra, vagina e reto. Paralelamente, a pelve é masculina quando o
diafragma pélvico é atravessado por 2 estruturas: uretra e reto.
O assoalho pélvico é formado por 2 músculos estriados esqueléticos. O menor
músculo é mais posterior e chamado de músculo coccígeo porque tem uma borda
fixada no cóccix e outra fixada no arco tendíneo. O maior músculo e o mais anterior é
chamado de músculo levantador do anus.
O músculo levantador do ânus é dividido em 3 porções:
• Músculo puborretal: é o mais medial, que sai do púbis, vai em trajeto posterior e
contorna o reto até chegar ao outro lado.
• Músculo pubococcígeo: é lateral ao músculo puborretal. Sai do púbis, tem trajeto posterior, e se fixa ao cóccix.
• Músculo íliococcígeo: é o músculo mais lateral e maior dos três.

Períneo feminino
O assoalho pélvico feminino é atravessado pela vagina, uretra e ânus. Acima dessa
estrutura, há a cavidade pélvica e, abaixo, tem o períneo. Homens e mulheres tem
períneo, ao contrário do que muitos pensam, sendo o das mulheres mais suscetíveis
à problemas por causa da gravidez.
A tela subcutânea, que tem início na parede abdominal anterior, continua na região
do períneo, e passa a ser chamada de tela subcutânea do períneo. A membrana
conjuntiva que reveste o músculo transverso abdominal (fáscia transversal), no
abdômen, também continua no períneo, e passa a ser chamado de membrana
perineal.
Toda região entre a tela subcutânea do períneo e a membrana perineal é chamada
de espaço superficial do períneo. A região entre a membrana perineal e o assoalho
pélvico é chamada de espaço
profundo do períneo.
Existem semelhanças entre
os espaços superficial e profundo do períneo no homem e na
mulher, então eles precisam ser descritos:
Na foto ao lado está representado o períneo feminino, que, assim
como a abertura inferior da pelve, também tem uma abertura em
formato de losango, delimitado pela sínfise púbica, cóccix e
73 BÁRBARA ELLEN
pelos 2 túberos isquiáticos.
Entre os dois túberos isquiáticos existe um músculo, chamado de músculo
transverso superficial do períneo, que divide o períneo em duas regiões
triangulares: uma anterior, chamada de trígono urogenital, que é
atravessado por estruturas do sistema genital e urinário e uma posterior,
chamada de trígono anal, que é atravessado pelo anus. O trígono anal é
idêntico no homem e na mulher.
Na mulher, o trígono urogenital é atravessado pela vagina, que se abre no
óstio vaginal, e pela uretra, que se abre no óstio externo da uretra.
No espaço superficial do períneo feminino encontramos as seguintes
estruturas:
• Músculo transverso superficial do períneo
• Músculo bulboesponjoso
O espaço entre os pequenos lábios é chamado de vestíbulo vaginal, onde é
encontrado o clítoris, o óstio externo da uretra e o óstio vaginal. Ao lado
dos pequenos lábios há uma massa de tecido erétil, que é o bulbo do
vestíbulo, que é recoberto por músculo bulbo esponjoso.
• Músculo ísquio-cavernoso
Do corpo do clitóris (corpo cavernoso) saem duas estruturas laterais que
vão prendê-lo ao assoalho pélvico. Essas projeções são chamadas de ramos
do clitóris, que são envolvidos pelo músculo ísquio-cavernoso.
Esses 3 músculos existem no homem e na mulher só que recobrindo
estruturas diferentes.
• Bulbo do vestíbulo
• Glândula do vestíbulo
No espaço profundo do períneo encontramos as estruturas que ficam acima
da membrana perineal, como mostrado na imagem ao lado, em que essa
membrana foi levantada:
• Músculo transverso profundo do períneo, que dá suporte à uretra, a
vagina e ao anus. Também existe nos homens
• Músculo esfíncter externo da uretra, constituído por fibras circulares ao
redor da uretra
• Músculo esfíncter uretro-vaginal, formado por fibras que saem do contorno externo do músculo esfíncter externo da
uretra e chegam até a vagina.

Períneo masculino
Os músculos são os mesmos do períneo feminino.
No espaço superficial do períneo são encontrados:
• Músculo transverso superificial do períneo
• Músculo ísquio-cavernoso, que
recobre o ramo do pênis. É assim
chamado porque fixa o ramo do
pênis, que é de corpo cavernoso, no
ísquio.
• Músculo bulboesponjoso, que
recobre o bulbo do pênis, assim
chamado porque o bulbo do pênis é
de corpo esponjoso.
No espaço profundo do períneo
masculino, podemos ver que o
trígono urogenital é atravessado somente pela uretra. Ao seu redor existem
fibras circulares musculares que recebem o nome de músculo esfíncter externo
da uretra. Ao seu lado, dispersa no assoalho pélvico, tem a glândula
bulborretral, homóloga à glândula vestibular nas mulheres (no espaço
superficial do períneo feminino).

74 BÁRBARA ELLEN
Inervação e vascularização
Tanto no homem quanto na mulher passam vasos e nervos no espaço profundo do períneo: artérias pudendo e nervo
pudendo, responsáveis pela irrigação e inervação da região.
Esse nervo se divide em nervo pudendo interno, que inerva as estruturas do pudendo (órgãos genitais externos) - e a
maioria do assoalho pélvico, nervo retal inferior, que irriga o músculo esfíncter externo do anus e o nervo perineal irriga
a musculatura do períneo (músculo bulboesponjoso, ísquiocavernoso e transverso superficial e profundo do períneo).

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SISTEMA SENSORIAL

O sistema sensorial tem como função informar ao cérebro as alterações que acontecem no meio externo, preparando o
organismo para reagir em função dessa mudança. Entre os componentes desse sistema, encontramos os olhos e as
orelhas.

Olhos
Os olhos são órgãos pares situados dentro de cavidades do crânio, que recebem o nome de órbitas. As órbitas são duas
aberturas na região anterior do crânio que alojam o vulvo ocular e as estruturas anexas ao globo ocular, que estão
relacionadas com a movimentação e a proteção do globo. O diâmetro da órbita é muito maior que o diâmetro do bulbo
ocular, formando um espaço vazio, que é preenchido por tecido adiposo, que sustenta essa estrutura dentro da cavidade.
O contorno anterior da órbita tem a forma esférica, mas essa cavidade se afunila na região posterior, formando um cone.
É da porção posterior que sai o nervo óptico, 2º par de nervo craniano, que vai levar as informações para o cérebro.

Ossos da órbita ocular


A órbita é constituída por vários órgãos, como mostrado na imagem ao lado, formando assoalho,
teto, parede medial e parede lateral:
• O teto é formado por um osso do crânio chamado de osso frontal.
• O assoalho da órbita é formado por dois ossos, que podem ser vistos na foto: o primeiro osso, em
lilás, constitui uma projeção da maxila, e o segundo osso é o osso zigomático.
• A parede medial é aquela que está localizada mais próxima ao nariz. É constituída por dois
ossos. O primeiro, mais anterior, em roxo, é chamado de osso lacrimal. Posteriormente a esse
osso está localizado o segundo osso, chamado de osso etmóide, dentro do qual estão localizadas
várias células etmoidais.
A lagrima é produzida em um canal chamado ducto lácrimo-nasal, que repousa no osso lacrimal,
que tem uma abertura, chamada de forame lacrimal, por onde a porção inferior do ducto atravessa
o osso, por onde chega ao meato nasal inferior para ser drenado.
• A parede lateral da órbita também é formada por dois ossos, sendo a parte mais anterior formada pelo osso
zigomático, de azul, e a parte posterior, em um roxo mais escuro, formada por osso esfenóide.
Na porção posterior, há uma abertura arredondada chamada de forame ou canal óptico, que dá passagem ao nervo
óptico, que se conecta com o sistema nervoso, e está relacionado à sensibilidade à luminosidade: é responsável por
conduzir ao cérebro as informações luminosas, visuais. Por esse forame também passa uma artéria denominada artéria
oftálmica, que é responsável pela irrigação do globo ocular e das estruturas anexas à ele.
Depois desse forame, são encontrados dois rasgos no osso esfenóide: o osso esfenóide, na órbita, é atravessado por
fendas, que dão a passagem a nervos e vasos, na porção posterior. Essas fendas são chamadas de fissura orbital superior
e fissura orbital inferior, e constituem uma única abertura, com direções opostas, cuja função é dar passagem a outros
nervos cranianos, que inervam os músculos que movem os olhos.

Anexos do olho
Os anexos do olho são estruturas responsáveis pela movimentação dos olhos, pela
formação da lágrima e por proteção. São eles:
• Supercílios (sombrancelhas): são estruturas responsáveis por impedir que o suor da
testa atinja a região do globo ocular, porque o suor é salino, e sal irrita o olho. Ficam
no contorno superior da órbita, chamado de arco superciliar.
• Cílios: constituem uma barreira protetora, evitando que partículas suspensas no ar
atinjam o interior dos olhos. Se fixam na borda livre (superior e inferior) das
pálpebras.
• Pálpebras: têm a função de proteção, ao fechar os olhos, devido ao ressecamento
da córnea. Além disso, o piscar auxilia no espalhamento da lágrima sobre a
córnea, evitando o ressecamento. Existe a pálpebra superior e a pálpebra inferior
(imagem ao lado), cujas bordas se fixam no contorno na órbita, na região medial,
que passa a ser chamada de ângulo medial palpebral, e na região lateral, que passa
a ser chamada de ângulo lateral palpebral. O espaço entre as duas pálpebras é
chamado de rima palpebral.
A pálpebra é formada por várias camadas, que são, de fora para dentro, como representado no
desenho ao lado:
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• Pele
• Tela subcutânea
• Músculo orbicular do olho: se fixa em todo o contorno da órbita. Tem uma parte móvel, que é responsável
pelo piscar.
• Tarso: espessa lâmina conjuntiva, que dá suporte ao músculo
• Camada conjuntiva, que é uma lâmina ricamente vascularizada que fica na porção mais interna do globo
ocular. É por isso que vemos o interior da pálpebra todo vermelho.
A camada conjuntiva não reveste apenas a camada mais interna da pálpebra. Reveste também a parte antero-lateral do
globo ocular. Logo, a camada conjuntiva se divide em conjuntiva palpebral (reveste a região posterior das pálpebras) e
em conjuntiva bulbar (se espalha sobre a esclera até a córnea, na região antero-lateral).
Na extremidade livre da pálpebra são encontrados cílios e, junto deles, glândulas sebáceas e glândulas ciliares, que
secretam uma substância oleosa que forma um filtro na região anterior do globo ocular. Produzimos lágrima o dia
inteiro, que é muito líquida e tende a escorrer no nosso rosto a todo momento. Essa substância produzida pelas
glândulas ciliares evita que essa lágrima escorra, exceto quando há produção de lágrimas em excesso.
• Aparelho lacrimal: conjunto de estruturas responsáveis pela produção da lágrima. Existe uma glândula lacrimal em
cada lado (direito e esquerdo), localizada no contorno supero-lateral da órbita. Da glândula lacrimal saem vários
pequenos ductos, que se abrem imediatamente atrás da conjuntiva palpebral. Esses ductos lançam a lágrima na região
anterior do globo ocular. Ao piscar, espalhamos a lágrima sobre toda a superfície anterior do globo ocular.
Ao mesmo tempo, essa lágrima é conduzida para o ângulo medial do olho, onde ocorre sua
drenagem. É por isso que conseguimos visualizar um pequeno furinho nessa região, superior e
inferiormente, que são chamados de ponto lacrimal superior e ponto lacrimal inferior. Esse
pequeno furinho dá origem a dois pequenos canais, chamados de canalículos lacrimais:
canalículo lacrimal superior e canalículo lacrimal inferior, que “sugam” a lágrima do bulbo
ocular e a levam para uma região chamada saco lacrimal, que fica apoiado em uma depressão
anterior no osso lacrimal, onde se estreita, formando o ducto lácrimo-nasal, que drena para o
meato nasal inferior, onde a lágrima é usada para umedecer o ar inspirado, auxiliando, então,
na hematose.
As pessoas que ficam lacrimejando o tempo inteiro geralmente tem uma obstrução nesses
canalículos, então o filtro oleoso, secretado pela glândula ciliar, não consegue segurar o volume de lágrima.

Músculos que movimentam os olhos


Existem dois tipos de músculos: estriado esquelético, que movimenta os olhos, e músculo
liso, que controla a abertura da pupila para a entrada de luz. Os músculos que
movimentam os olhos são chamados de extrínsecos, porque estão fora do globo ocular,
mesmo que nele estejam fixados. Os músculos que controlam a abertura da pupila são
chamados de intrínsecos porque estão dentro do globo ocular.
Ambos são inervados por nervos que passam pelas fissuras orbital superior e inferior.
Os músculos extrínsecos se dividem em 6 tipos, que são classificados como reto ou
oblíquo. O nome do músculo está relacionado ao tipo de movimento feito:
- Músculos retos: fazem movimento com os olhos no sentido
vertical e no sentido horizontal.
- Superior: movimenta o olho verticalmente para cima
- Inferior: movimenta o olho verticalmente para baixo
- Medial: movimenta o olho horizontalmente para dentro
- Lateral: movimenta o olho horizontalmente para fora
- Músculos oblíquos: movimentam os olhos no sentido oblíquo.
- Superior: sentido oblíquo superiormente
- Inferior: sentido oblíquo inferiormente

Acima do músculo reto superior há um músculo, que é considerado por alguns autores como músculo extrínseco do
olho, mas não vamos considerar, assim como a maioria dos autores. É chamado de músculo levantador da pálpebra
superior, que abre o olho (e ele é fechado pelo músculo orbicular do olho). Não será classificado como extrínseco
porque, ao contrário dos músculos assim chamados, esse músculo não tem fixação do globo ocular (se fixa na pálpebra)
e não é responsável por movimentar os olhos.

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Globo ocular
O globo ocular tem formato esférico, e é constituído por 3 camadas, que também são
chamadas de túnicas. Essas camadas são concêntricas e superpostas, uma sobre a outra:
• Túnica externa/única fibrosa: essa túnica é a parte branca que visualizamos nos nossos
olhos. A maior e mais espessa parte dessa túnica é chamada de esclera, responsável por
manter o formato do globo ocular e é o local de fixação dos músculos. A porção anterior
do globo fica mais convexa, então não há formação de um círculo propriamente dito. Essa
parte, mais anterior e mais convexa da túnica, é chamada de córnea. A córnea é
transparente porque, apesar de ter a mesma composição que a esclera
(tecido conjuntivo fibroso), tem suas fibras dispostas de forma diferente.
Isso é importante porque o raio luminoso, para atingir a retina, tem que
passar por estruturas que convergem os raios de luz focados sobre a
retina, que compõem o sistema dióptrico, como a córnea. Assim, essa
estrutura é responsável por fazer a refração da luz para que ela atinja
uma região específica dos olhos.
Essa túnica é avascular, e por isso há sucesso no transplante de córneas, na
medida que não são reconhecidas como corpos estranhos.
• Túnica média/vascular
A túnica média é composta por 3 partes. A porção maior é
chamada de coróide, e cobre a esclera internamente. O
coróide se fixa entre a esclera e a retina. Essa camada se
espessa próximo à córnea, e passa a ser chamada de corpo
ciliar, que tem como componente um dos músculos
intrínsecos do globo ocular, que é o músculo ciliar. Outro
componente são os processos ciliares (irregularidades na
extremidade do corpo ciliar), que têm duas importâncias:
sustentar filetes fibrosos, que saem dos processos ciliares e se
fixam no cristalino (lente), chamados de ligamento suspensor
da lente e produzir o líquido humor aquoso.
Esse líquido, localizado entre a córnea e a lente (cristalino), é
outro componente do sistema dióptrico. Essa região recebe o
nome de compartimento anterior do olho, e é preenchida pelo
líquido humor aquoso. Esse compartimento é dividido em 2
câmaras: câmara de compartimento anterior, que é maior,
localizada entre a córnea e a íris, e câmara de compartimento posterior, que é
menor, localizada entre a íris e a lente. O processo ciliar está na câmara
posterior, produzindo o humor aquoso, que passa pela pupila e ocupa também a
região da câmara anterior.
Quando há aumento do humor, ele comprime a lente, que comprime as
estruturas posteriores à ela, levando à uma condição chamada glaucoma, que é o
aumento da pressão intracelular. Essa condição será abordada afrente.
O compartimento posterior é preenchido por uma massa gelatinosa transparente
chamada de humor vítreo, que é outro meio dióptrico. É um corpo gelatinoso,
que tem como função manter a retina (túnica interna) presa à coróide.
Quando ocorre desidratação do humor vítreo, ele se solta da retina, e a retina se
descola da coróide. É essa condição que chamamos de descolamento da retina,
podendo ter outras causas.
O humor aquoso é diferente do humor líquido. O humor aquoso é produzido constantemente pelos processos ciliares,
sendo renovado todo tempo. Paralelamente, o humor vítreo não é renovado: é o mesmo desde que nascemos até a
morte.
Outro componente é a lente, ou cristalino, que é uma estrutura biconvexa, tanto
anteriormente quanto posteriormente, e constitui um dos meios dióptricos. Os filetes
fibrosos, que se originam nos processos ciliares, se ligam à lente com a função de fixar a
lente aos processos ciliares, que fazem parte do corpo ciliar, que tem músculo. Logo,
quando esse músculo contrai, estica o ligamento suspensor, aplanando a lente, o que é
importante para a focalização de objetos. Assim, uma das funções do corpo ciliar é a
acomodação visual, ou seja, mudar a forma da lente para focalizar corretamente um
objeto, longe ou próximo de um indivíduo.

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A lente é uma estrutura transparente. À medida que envelhecemos, essa estrutura vai ficando opaca. Essa opacidade é
chamada de catarata.
O último componente da túnica média é a íris, que é uma estrutura circular, com uma abertura central também circular,
que é a pupila (logo, a pupila é um buraco no centro da íris, e recebe a cor preta porque dentro do globo não tem luz). A
íris é constituída por músculos, sendo um deles o músculo esfíncter da pupila, que a fecha em ambientes de muita luz.
Além disso, a íris também tem epitélio, onde são encontrados melanócitos. Quanto maior a quantidade dessas células,
mais escuro é o olho, e quanto menor a quantidade, mais claro é o olho. Assim, o olho preto é o que mais tem
melanócitos, e o olho azul é o que menos tem.
A região da íris é a porção mais anterior da túnica vascular. Essa estrutura tem um contorno
esférico, com músculos circulares, com abertura central, que é a pupila, que, normalmente,
apresenta abertura de 3mm de diâmetro. As fotos ao lado representam a íris sem o epitélio,
apenas com a camada muscular, que é formada por fibras circulares (músculo esfíncter da
pupila), que contornam a pupila e, exteriormente a essas fibras, por fibras radiais. Na primeira
foto, vemos a pupila em seu tamanho normal. Na segunda foto, a pupila diminuiu, o que indica que o indivíduo está em
um ambiente de muita luz e, por isso, o músculo esfíncter da pupila contraiu para diminuir o raio da pupila para evitar a
entrada excessiva dos raios luminosos, que podem comprometer as células fotoreceptoras. Na terceira foto, a luz do
ambiente é muito baixa e, por isso, a pupila deve diminuir. Para isso, as fibras radiais puxam o músculo esfíncter da
pupila, abrindo a pupila.
• Túnica interna/nervosa
A túnica interna também recobre grande parte do globo ocular: recobre toda a coróide, chega até
a região do corpo ciliar, de onde passa pela íris, e chega até o contorno da pupila. Se atravessasse
a pupila, deixaria a córnea opaca, e, então, não haveria a passagem de raios luminosos.
A retina é constituída de 10 camadas celulares, das quais 4 são mais importantes.
A camada da retina presa à coróide é chamada de camada pigmentar, devido à grande quantidade
de melanócitos, que evitam a dispersão dos vasos luminosos e, portanto, absorvem o excesso de
luminosidade que entra no globo.
Depois dessa camada, são encontradas 3 camadas de neurônios, da camada mais externa para a
mais interna:
Camada de células fotoreceptoras, onde são encontrados 2 tipos de células: cones e bastonetes. O
cone é adaptado para a visão diurna, com muita luz, e está relacionado à visão colorida, porque é
onde são encontrados os pigmentos azul, vermelho e verde, e é a mistura dessas cores que nos
fornece uma visão colorida. Paralelamente, os bastonetes não têm pigmentos, estão relacionados
à visão noturna e em preto e branco. Há uma concentração de bastonetes na porção periférica da
retina e uma concentração de cones na porção posterior da retina. Logo, quanto mais posterior
na retina, maior quantidade de cones e, em sua parte periférica, maior quantidade de
bastonetes.
Na parte posterior da retina, existem dois pontos muito importantes: ponto cego do olho e
mácula lútea. A linha pontilhada na imagem ao lado representa o eixo visual do olho, que
passa pelo centro da córnea e pelo centro da lente e chega numa região da retina chamada de
mácula lútea, que é o ponto de maior concentração de cones e, portanto, região de maior
acuidade visual, ou seja, ponto onde imagem é formada com maior nitidez, devido à maior
concentração de células fotoreceptoras do tipo cone. Lateralmente à mácula lútea há outro
ponto na retina, chamado de ponto cedo do olho, pois, nessa região, não há célula
fotoreceptora e, por isso, não há formação de imagem. Também é chamado de disco do nervo
óptico, pois é nessa região que nasce o nervo óptico. No meio do nervo óptico passam vasos,
que são a artéria central da retina e a veia central da retina.
Existe um sistema de drenagem que drena o humor aquoso, chamado de de seio venoso da
esclera. Quando há obstrução desse seio, esse corpo pode se acumular, e comprimir a lente, que
vai comprimir o corpo vítreo, que comprime a retina. Na retina há o disco do nervo óptico, por
onde passam vasos. Quando eles são comprimidos, há aumento da pressão dentro do globo
ocular (intraocular), originando uma condição que se chama glaucoma. Assim, a pressão
intraocular está relacionada à quantidade de humor aquoso que temos.
A segunda camada de neurônios é chamada de célula bipolar, e a última é a célula ganglionar. A
célula ganglionar tem um prolongamento. O conjunto de projongamentos dessas células
converge, formando o nervo óptico.
A luz chega, percorre todas essas camadas, reflete na camada pigmentar e retorna, até chegar nas
células ganglionares, que vão enviar a informação da imagem para o cérebro.

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Orelha
A orelha é um órgão sensorial relacionado à audição e ao equilíbrio. Em uma
visão geral, essa estrutura pode ser dividida em 3 partes:
• Orelha externa, que pode ser dividida em:
• Pavilhão auricular: é o que chamamos de orelha, ou seja, a parte visível
desse órgão, que constitui uma dobra da cartilagem. Essa dobra é um
esqueleto incompleto de cartilagem porque não há cartilagem na parte
mais inferior do pavilhão, que é chamada de lóbulo da orelha. O
pavilhão tem forma de uma concha, o que favorece a condução das
ondas sonoras para uma abertura, que é o início da segunda porção da
orelha externa.
• Meato acústico externo: a parte mais lateral é cartilaginosa, formada
pela cartilagem do pavilhão auricular, que invadiu nessa região. A parte
medial do meato é óssea, e corresponde à região em que o meato entra
no osso temporal. Dentro do meato, encontramos uma mucosa, que é rica
em glândulas seruminosas, que são responsáveis pela secreção da cera. A função da cera é proteger, evitando que
substâncias se acumulem ali ou entrem no meato. Ao usar cotonete, a cera é empurrada e fica apoiada no
tímpano, que tem que ser flexível porque é responsável por transformar a onda sonora em onda mecânica. À
medida que usamos cotonete e a cera vai se aderindo ao tímpano e essa estrutura vai ficando compacta, o que
diminui sua flexibilidade e consequente condução da onda. Esse acúmulo é chamado de rolha ceruminosa, e pode
ser retirado pelo oftalmologista.
Entre a orelha externa e a orelha média existe a membrana timpanica, que é mais conhecida como tímpano. Essa
membrana é formada por tecido conjuntivo, que tem uma concavidade voltada para a orelha externa e uma convexidade
voltada para a orelha média. Sua função é converter a onda sonora em onda mecânica, aumentando a amplitude da onda
para que ela transmita o impulso até o cérebro.
• Orelha média: corresponde à uma cavidade no osso temporal cheia de ar. Nessa cavidade estão localizados os 3
menores ossos (martelo, bigorna e estribo) e os 2 menores músculos do corpo, em uma região denominada cavidade
timpânica. Esses ossos articulam entre si através de uma juntura sinovial, que permite uma maior amplitude de
movimento. À medida que envelhecemos, essas articulações podem calcificar, diminuindo nossa capacidade auditiva.
O osso martelo está diretamente fixado na membrana timpânica que, ao vibrar, vibra o martelo, que faz uma cadeia de
transmissão: vibra o birgorna, que vibra o estribo, que conduz a vibração para a orelha interna. Os dois músculos que
fazem parte da orelha média têm a função de diminuir a condução dessa onda, o que é necessário em locais como uma
balada ou quando é utilizado um fone muito alto, evitando lesão celular. O músculo tensor do tímpano está
diretamente fixado ao martelo. Quando esse músculo contrai, a tensão aumenta, o que evita que o martelo vibre e,
consequentemente, impede a condução do estímulo. O outro músculo é o músculo estapédio. Essa orelha comunica
com o sistema respiratório (nasofaringe), através do óstio faríngeo da tuba auditiva.
• Orelha interna: essa orelha tem o formato todo irregular e, por isso, também é chamada de labirinto. O estribo leva
informação para a orelha interna, que é dividida em labirinto ósseo (cinza), também chamado de rochedo ósseo, e
labirinto membranoso (azul), que fica em seu interior. Entre os labirintos há um líquido, chamado de líquido perilinfa
e, dentro do labirinto membranoso, há outro líquido, chamado de endolinfa. O labirinto ósseo é dividido em três
partes: cóclia, que lembra o formato de um caramujo, 3 canais semi-circulares, formados por 3 semi-anéis e pelo
vestíbulo, que corresponde à região entre a coclia e os canais. No vestíbulo há 2 aberturas: janela oval, que tem a
forma ovalada, onde o estribo se encaixa, fechando a janela; janela redonda, localizada abaixo da janela oval, onde há
uma membrana timpânica secundária, que não tem a função de conduzir o estímulo auditivo, mas de diminuir a
pressão dentro do labirinto ósseo. Ao fazer um corte no labirinto ósseo, vemos que é todo escavado e é nesse espaço
do labirinto ósseo que o labirinto membranoso se encaixa. O labirinto membranoso, na cóclia, se chama ducto coclial.
O labirinto membranoso, no vestíbulo, se chama sacúlo e o labirinto membranoso nos canais semi-circulares se
chama ductos semi-circulares.
A orelha média e a orelha interna estão dentro de uma região do crânio chamada de rochedo temporal, que corresponde
à uma elevação do tubo temporal.
Dentro do ducto coclial, que está dentro da cóclia, existe uma célula ciliada que é chamada de órgão espiral. Quando o
estribo se encaixa na janela oval, se encontra com a perilinfa. Logo, quando o estribo vibra, vibra a perilinfa, que
circunda todo o labirinto membranoso, movimentando-o. Como dentro do labirinto membranoso há endolinfa, essa
vibra, movimentando os cílios das células do órgão espiral. Esse órgão traduz uma onda mecânica em uma onda
elétrica, e a conduz até a área do córtex responsável pela audição.
Na região do sacúlo, da ampola e do utriculo há cristas ambulais, que são células ciliadas que correspondem às células
sensoriais do equilíbrio, que vão informar ao cérebro a posição da cabeça.
Resumindo:

80 BÁRBARA ELLEN
81 BÁRBARA ELLEN

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