Você está na página 1de 6

Atualização sobre as “espécies” de animais que entraram

na Arca
origememrevista.com.br/2017/10/26/atualizacao-sobre-as-especies-de-animais-que-entraram-na-arca/

26 de outubro de
2017

Conforme artigo científico publicado recentemente na Academia Journal of Scientific


Research, do qual eu sou um dos autores, existem cerca de 2 milhões de espécies vivas já
catalogadas, sendo mais de 60 por cento delas insetos. Porém, as estimativas são a de
que existam entre 9 e 100 milhões de espécies ainda não conhecidas.1 Ademais, há 300
mil espécies fósseis do cambriano/edicara ao pleistosceno. É um erro assumir que todas
essas espécies entraram na arca.

Muitos, ainda hoje, interpretam de forma errada a palavra espécie, mal traduzida nas
versões da Bíblia em português. Porém, o criacionista honesto entende que o termo
bíblico espécie nada tem que ver com a unidade básica de classificação utilizada hoje na
Biologia moderna. Noé não foi instruído a embarcar dois exemplares de cada espécie,
como se ele usasse nosso sistema taxonômico. Em vez disso, o termo correto, concebido
por Frank Marsh em 1941, é conhecido por “baramin” que deriva do verbo hebraico bara
2 1/6
(criado) e min (tipo) – referindo-se a tipos básicos criados. 2 Portanto, como informa
Gênesis 7:2, Noé deveria levar apenas um casal de todos os tipos básicos de animais
imundos e sete pares de todos os tipos básicos de animais considerados puros. Logo, o
“tipo” bíblico é o equivalente ao nível “família” da taxonomia moderna (veja a Figura 1).

Conforme Gênesis 7:14, apenas animais


terrestres e que voavam deveriam ser
levados para dentro da Arca. Portanto,
organismos marinhos deveriam ficar de
fora, e não há consenso se seria
necessário levar insetos a bordo (embora
houvesse espaço suficiente para eles). Em
2013, cálculos apresentados em um
estudo realizado por estudantes do
departamento de física da Universidade
de Leicester demonstraram que a Arca de Figura 1 – Tipos básicos equivalem ao nível
Noé poderia flutuar com 70 mil animais a família. Fonte: adaptado de Junker e Scherer
bordo. 3 Embora não tenha havido (2002)
necessidade de entrada de tantos animais
assim conforme atualização das estimativas que mostraremos adiante.

Antes, é necessária uma contextualização a partir de uma retrospectiva a fim de


entendermos quais foram os esforços criacionistas até aqui, diante das evidências
científicas disponíveis para cada época, para montar o cenário ideal relativo ao número
mais realista e aos tipos de animais levados a bordo na arca.

Segundo o Dr. Marcus Ross, geólogo e diretor assistente do Centro de Estudos de


Criação da Liberty University, “a primeira tentativa significativa foi feita pelo matemático
francês Johannes Buteo (1492-1564). Ele passou por todos os animais, incluindo os até
então conhecidos da recém-descoberta América do Norte e do Sul. Ele estimou cerca de
100 “tipos” totais, ou 300 indivíduos (juntamente com 3.650 ovelhas para alimentar os
carnívoros no navio). Todos estes eram mamíferos, porque ele não achava necessário
contar os répteis e as aves separadamente, o que poderia encontrar espaço mais
facilmente. (Ele não sabia sobre os dinossauros!).”.4

Em 1961, John Whitcomb e Henry Morris publicaram o livro The Genesis Flood onde
calcularam o numero de animais que teriam entrado na arca. Conforme menciona o
reverendo Walter Lang (in memoriam), ex-diretor executivo da Bible-Science Association,
“Whitcomb e Morris excluíram todas as formas de vida marinha e agruparam as demais
em 35.000 espécies, reconhecendo a habilidade de diversificação das espécies
principais. Considerando o tamanho médio dos animais como sendo do tamanho de
uma ovelha, eles calcularam que 240 animais poderiam ter sido abrigados em um
espaço do tamanho de um vagão de trem. A Arca, por sua vez, tinha espaço suficiente

2/6
para abrigar o conteúdo de 522 vagões. Assim sendo, seriam necessários apenas 146
vagões para comportar todas as 35.000 variedades de animais, deixando dois terços da
Arca para armazenamento de comida, água, etc.”.5

De lá para cá, nossa compreensão da biologia cresceu de forma constante, levando-nos


mais perto do número verdadeiro. Agora, por exemplo, sabemos mais sobre a
diversidade total de animais terrestres. Também aprendemos que muitas espécies
podem pertencer ao mesmo tipo. Se as espécies podem se cruzar e produzir híbridos,
presume-se que elas descenderam de um par de animais na Arca que poderiam se
cruzar.4

Em 1996, um estudo foi desenvolvido por John Woodmorappe e publicado em seu livro
técnico Noah’s Ark: A Feasibility Study.6 Por causa do argumento, Woodmorappe escolheu
o ranking taxonômico logo acima de espécie – o gênero. Ele estimou que
aproximadamente 16 mil animais vertebrados terrestres (que consistiam em quase 8 mil
gêneros de répteis, mamíferos e pássaros) estavam a bordo. No entanto, estudos
recentes no campo de estudo criacionista chamado de Baraminologia indicaram que os
“tipos” equivalem geralmente ao nível de família na taxonomia moderna.7

Quando o instituto criacionista norte-americano Answers in Genesis (AiG) decidiu


construir e avançar com o projeto Ark Encounter (Arca de Noé em tamanho real
localizada em Kentucky, EUA), a equipe do AiG precisava analisar novamente os “tipos da
Arca”. Em parceria com outros cientistas criacionistas, a equipe Ark Encounter está
trabalhando para uma contagem e descrição completas dos “tipos” provavelmente
representados na arca.

3/6
Ark Encounter

Na primeira fase do projeto, em 2011, o geólogo Dr. Marcus Ross publicou um estudo na
Journal of Creation Theology and Science, Series C, que apresentou dados preliminares de
estimativa do número de famílias vivas e extintas com base em referências
principais.8 Esse artigo sugeriu 719 tipos totais de mamíferos, répteis terrestres e aves,
porém deixou de fora os anfíbios.

A equipe Ark Encounter apenas começou a publicar a estimativa final dos “tipos” da arca
na literatura criacionista revisada por pares há pouco tempo. Em 2012, Jean Lightner,
especialista em baraminologia e professora adjunta da Liberty University, publicou o
primeiro artigo na Answers Research Journal.9 Esta pesquisa obteve uma estimativa
realista dos tipos de mamíferos (classe mammalia) que teriam sido representados na
Arca. Examinando informações sobre espécies vivas hoje, foi estimado que os
mamíferos representam 137 tipos criados. Dado o número de famílias de mamíferos
extintas conhecidas a partir do registro fóssil, o número real na arca poderia ter sido
facilmente superior a 300.

4/6
Figura 2 – Comparação entre número de espécies vivas e tipos básicos baseados em gêneros e
famílias. Fonte: Ross (2013)

Conforme revela o geólogo Dr. Marcus Ross, “até agora, a estimativa atual de famílias
de vertebrados vivos e extintos encontrada no estudo é de cerca de 950 [ver a figura 2].
Enquanto continuaremos a avaliar essas famílias para ver se elas deveriam ser divididas
ou combinadas com outras famílias para nossa estimativa final dos “tipos”, 950 famílias
são uma boa aproximação. Dado que a maioria dos animais foi trazida para a arca em
dois exemplares, enquanto aves e mamíferos “puros” foram trazidos em sete
exemplares, isso significa que Noé cuidou de aproximadamente dois mil animais
vertebrados.”.4

5/6
Porém, fato é que o estudo ainda não foi concluído e, portanto cabe a nós esperarmos o
número total final. Outros artigos ainda serão publicados e cada artigo discutirá os
métodos, os números resultantes de “tipos” para cada grupo de animais e as descrições
de cada um deles. Combinados, esses trabalhos ajudarão a equipe da Ark Encounter a
representar fielmente essas criaturas na réplica em grande escala da arca de Noé.

Nota: Texto extraído do livro Revisitando as Origens.

Como citar:

ALVES, Everton. Atualização sobre as “espécies” de animais que entraram na arca.


In:________. Revisitando as Origens. Maringá: Editorial NUMARSCB, 2018, p.141-145.

Referências:

1. Neto SG, Alves EF, Almeida MC. Speciation in real time and historical-archaeological
and its absence in geological time. Acad. J. Sci. Res. 2017; 5(7):188-196.
2. Frair W. Baraminology: Classification of Created Organisms. CRSQ Quarterly. 2000;
37(2):82-91.
3. Youle O, et al. The animals float two by two, hurrah! Journal of Physics Special
Topics 2013; 12(1):1-2.
4. Ross M. No Kind Left Behind: Recounting the Animals on the Ark. Answers
magazine 2013:8(1):27-29.
5. Whitcomb JC, Morris HM. The Genesis flood: The BiblicalRecord and its Scientific
Implications. Philadelphia: Presbyterian and Reformed Publishing , 1961.
6. Woodmorappe J. Noah’s Ark: A Feasibility Study. Santee, CA: Institute for Creation
Research, 1996.
7. Wood TC, Garner PA. Genesis Kinds: Creationism and the Origin of Species. CORE
Issues in Creation2009; 5:129-161.
8. Beech S, Ross MR. A Preliminary (Re-)estimation of the Ark Kinds. Journal of
Creation Theology and Science, Series C(Geology) 2011; 2:1.
9. Lightner JK. Mammalian Ark Kinds. Answers Research Journal2012; 5:151-204.

6/6

Você também pode gostar