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CAP'fuLO IZ.Z
/ l ' .
AHlistór+4 dasLlilhag:ens
325
326- Capítuloll
Classificando a Biodiversidade
Ctassq:icações Epoltltiuãé
h.
Repelia )ÓI
Amphibia r'
Chondüch- Figura ll.l
thyes
Uma classiâcação'le reconstrução da filo-
genia de vertebrados viventes do clássico
trabalho dç A. S. Romer. A espessura dos
ramos indica a diversidade. aproximada
dos grupos através do tempo. O grau (ra-
zão) de;divergência evolutiva do ances-
tral- comum e o tempo de divisão são con-"
liderados para agrupar os organismos
em táxons. Observe que os peixes cartila-
ê.g ginosos(Chondrichthyes), peixes ósseos
(Osteichthyes), anfíbios, répteis, pássaros
V
(Aves) e Mamíferos são todos reconheci-
dos comlo unidades equivalentes a uma
dada categoria dê Classe.Compare essa
figura com a reconstrução filogenética
ou classiâcação cladística na.Figura 11.2.
(Segundo Romer 1966.)
Filogenia Sistemática
Anfíbios
Peixes' Aves "Répteis" Mamíferos
n' N '{ 8
Q. 'C' h-. a
'
a)
2
'a
G 8
8
2 Ó
u. E ã
ljigura 11(2
Uma classificação cladística ou filogenética .de vertebra-
dos Viventes. O método cladístico foi utilizado.para re-
construir essahistória hipotética da divisão das linhagens,
mas a taxa de evolução subseqüentenão foi considerada.
Quando isso é feito, as aves são classificadascomo "rép-
teis!';,:com intimas afinidades com os crocodilianos, e os
peixes" não são reconhecidoscomo uma categoria taxo-
nâmic.a,porque o ancestralcomum das várias linhagéns
de peixes também foi o .ancestral comum de todos os ou-
tros vertebrados. Compare essediagramla dom a classifica-
ção evolutiva ria Figura ll.l. (SegundoNêlson 1969b.)
Boxll.l
hipotético de.cladógênese
O exemplo,.seguinte a((im- Espécie
punhado do diagrama i[ustra. '] fiação novamente.produzindo
a espécie 3, sem nenhuma mu-
mo o pensamentode Hennig
de como o padrão de ramificação dança adicional, e a espécie4;
filogenéticá deixa seu legado rias Ca- com a mudança de FparaF'
racterísticasderivadas de formas con:~ Esse exemplo ilustra coma
temporâneas. Suponha que temos cinco as mudanças nos estados dos
especies contemporâneas, numeradas B'. h'B'CDEF caracteres, ae plesiofnórfico
de 0 a 4. Designaremos a espécie 0 Como para ;apomórfico. acumulam-se
à medida que os ramosdas linha:
sendo o grupo. externo, intimamente À'BCDEF
Bens e cada ancestral dá origem aos
nlacionado{ mas fora da linhagem das
descenderües. Esses estados de caráter
quatro-ç?pécies:jcujas linhagens serão «BCDÉF
acómpaí\dadas;-; Acompanharemos .a distintamente caracterizam naoapenas
etolúção de seis caracte;es.de A-F. espécies viventes. mas tambón seus an=
O grupo externo e o ancestral comum cestrais agora extintos; i:epresentados
os estadosABCDEF. Após essa primeira poF.cada nó: .Entretanto, esse exemplo é
que elê compartilha com o dado(locali- divisão, a .segundalinhagem evolui um
zado ho ponto de raíílificação basal 'ou muito simplificado e considera apenas
novo estadoapomórfico Ã', do caráterA.
nó, da árvore), tem o estaÉlo .ancestral.
ou plesiomórfico de cada caráter. Quan:
do.um caráter evolui para ym novo es-
como indicado pela marca na linha. En:
tão a espécie com os estados }A'BCDEF
;;W.e==:'#::
nf
apomófficos, não existe aqui nenhum
sofre .uma nova especiaçãó, dando Z)ri.
tado derivado, ou apomórfico, indica-
mos isso coh\ um sinal de apóstrofe(por
exemplo,A
-'>A')' '? ?' ;, g "
gem a duas linhagens: u;na que sóbré-
vive sem nenhuma mudança adicional,
m:'J:='ni;::f s:iit
nesses caracteres poderiam preserva r
tomando-se a espi$ie le a outra na qual claramente as evidências de 'ramifica
.começar com o ancestral, que B evolui para B;l.Essaúltima linhagem
tem os estados de caráter ABCDEF e se- ção dàs linhagens.
se divide novamente, ,e uma das linha- : Agora, tendo-se apontado como; essa
gue-se Éua evoluçãol E.le sofre especia- gens sofri a mudança de E para E', an-
çãõ e uma linhagem dá origem aÓgrupo gem e os caractéres dessasespécies
externo semnenhuma mudança nos seis tes dando,origem à espécie2, enquanto evoluíram, veremos no Bdx,;11.2-como
caracteres,assim a espéc.ie0 também tem essa fllogenia pode' . ser reconstruída
a, e.de
C' p'" Ds
.''i'OD pam O'. mudanças, de C&P.-
E«tão- ela sof« para' através da análise Cladística.
::
reconstruída das transições dos caracteres, podemos prol'er ês.características
(estado dos caracteres) de cada espécie ancestral em cada pó:Inicialmente. os
cladogramas eram construídos.con base apenas has características morfológi-
cas, mas como outros tipos de características foram documentadas por esttldoÉ
biológicos, em geral eles foraql incorporados às análises filogenéticas: ..
,4 História das Lítzbagens - 331
Box 11.2
Como construir um cladograma: .üiÜ exemplo hipotético
Aqui serãoutilizados os caracteresdas es- Espécie 2 Espécie 3y Espécie 4 Novamente, :enfatizqhos: que esses são
pécies hipotéticas cuja evolução cladogênica .A'B'CDE'F A'B'C'D'EF ü A'B't'l)'EF' exemplos hipotéticos. simplificados. Eles
foi abordada no Box 11. 1, para reconstruir o
foram construídospara ilustrar a lógica
padrão de ramificação âlogenético, aplican-
do as téêhicas de análise cladística simplificada, que -.éa base para ó método
cladístico:',de reconstruçãofilogenética.
Começa-secom um grupo de quatro es-
Nesses exemplos, todas as mudanças de
pécies,,numeradas de la 4; com seis carac-
caracteres são internamento consistentes.
teres,de A a F, cada um dos quais podendo Finalmente," observa-Ée que a espécie.l
assim,S'a. ramiâcação . de . cada linhagem,
exibir um de dois estados.A primeira coi- .compartilhaapenasumaapomorfia,
A', com poderia ser explicada por um único cla.
sa necessária a ger deita é detemiinar quais asoutrasi assim é conectadaa um ramo an- dograma. Em .casos reais, mais caracteres
estados de caráter são ancestrais, ou plesio- terior e pode ser colocada no grupo extemo, seriam utilizados -e' alguns poderiam exi-
mórficos, e quais'são derivados, ou apomót- a espécie0, dividindo-se da espécie l airída bir mais' que uin estado apomórâco.:Além
ficos:.Para fazer isso é necessário.identiâcar mais *anteriorlDente, se desdar, -resultando
disso, poderia ocorrer casos de reversões
um grupo extemó, uma espécie intimamen- no seguinte cladograma.' ou evolução independente dos estados de
te relacionada.às espécies l a 4, mas cuja caracteres, embora sejais..ta-
linhagem divergiu em um tempo anterior. Espécie.0 Espécie 3
ABCDEF A'B'C'D'EF Á'B'C'D'EF
ras;f Se consideramlosçtodas
Nesse caso, o grupo çxtemo é a espécie 0
F: essas possibilidades,' é possí-
e ele possui os estados de caráter ABCDEF.
:vel derivar vários diagramas
Assim,' supomos que os estados de caráter altemativós; de árvoresl. Por-
sem apóstrofes são plesiomóríicos e aqueles tanto, é necessário utilizar
com apósü'aros são apomóríicosl
B'. 'B'CDEF algum procedimentoformal.
Agora, devemos agrupar as espécies atra.i
como a análise ãa parcimónia
vés do número de caracteres apomóríicos
A Â'BCDEF ou a máxima verossimilhança,
que elas compartilham. O modo mais fácil é
preparar uma matiz, como a ilustrada ábái. para determinar qual Õ'diagra
ma preferido. Não há nenhum
xd.:A primeira coluna fenece os',estadosde
problema com os procedimen-
caráterparo cadaespécie«As.outrasentradas,
tos utilizados, lhas é essencial
em negrito, mostram o número de caracteres
lembrar que o-çladograma é
apomórÊcos. compartilhados(siíiapomórfi- Note .que :esta é a .mesma áworé cqo apenas uma hipótese sobre o curso pro:
cos) para cada par de espécies, seguido por padrão IÚstórico de ramiâcação foi exibido
vável da cladogênese: a evolução poderia
aqueles estadosde caráter em parênteses. no,Box 11.1. Esse exercício mostra como n4 verdade ter seguido um dos caminhos
Da tabela, é aparente que as espécies 3 e 4 podemosreconstruir a história.dessa linha- altemativQS menos comuns
compartilham o maior número de estadosde gem conhecendo-se apenasos estados de
caráter das espécies e pelo uso de ym grupo
Figural1.3
Um cladograma, ou reconstrução hipo-
tética: d«s relações filogenéticas, para
os gêneros de mosquitos da subfamília
Podonominae. Os círculos representam
géneros viventes: .(círculosácheios, aci:
ma) e seus supostos ancestraiscomuns
(círculovazio, athixo). Os retângülos n
numerados exibem os padrões dos es- =
2 n
30
tadas de caracteres :- Compartilhados, 3
24
utilizados para gerar ójãcladograma. 25
Cada número refere-se a unia Câráter 26::>t=:] Ç%%
Sistemática Mlotecutar
A'segunda ruptura na sistemática que começou nos anos de 1960 foi a difusão
t do uso de !étnicas e dados da genética molecular. Em 1953, Watson e Crick /
n a
W. 8ymnolÍPPÍum
Á. grayanum A.
.4. hzzense
W..ÂI/mlzoxjPhjt m
W. hobdyi
de DNA êm uma sequência'particular. Uma vez que sabemos hoje que diferentes
genes evoluem em taxas diferentes, os sistematas moleculares podem escolher
um ganeque provavelmenteofereceo grau desejadode resolução:um gene que
evolui rápido para trabalhar com-as relações entre espécies recentemente deri-
vadas e intimamente r.elaci$nadas, ou um gene mais conservador, para trabalhar
com ramos basais mais antigos de linhagens menos relacionadas entre si.
Inicialmente, a maioria dos. estudos em sistemática molecular simplesmente
agrupava os táxons em um esquema hierárquico de medidas quantitativas de simi-
latidade genética. Entretanto, crescentes-métodos.explicitamente cladísticos para
analisar e interpretar dados moleculares estão sendo desenvolvidos. Esses métodos
requerem algilma so6sticação, porque:existem muitos tipos de mudanças possíveis
em séqüências..deDNA(isto é, inversões, inserções.é deleções de uÚ'ou mais nu-
cleotídeos; bem como simples pontos de mutação de 'uMa base pára outh),:que
diferem em suas probabilidades de oconerem repetidamenteou Jevérsivelmente.
A rapidez do progresso têm sido.incrivelmente rápida.'A tecnologia para o seqüen .
ciumento de genes'tem se tomado cada vez mais simples e automatizada, enquanto
algorítmos computacionais e métodos estatísticos aperfeiçoados estão sendo desen-
volvidospara a cansa.uçãode cladogramas a parta de dados moleculares.
Tod(H esses avanços têm possibilitado qu'ê mais e melhores informações sobre as
relaçõesâlogenéticas estqam disponíveis para auxiliar os biogeógtafos em seus
esforçospara rec.instruir a história de distribuição dos organismos(ver Riddle
1996; Capítulo 12). En#etanto, é importante que os biogeógmfos"compreendam
as limitações das classificações e reconstruções cladística9. Antes de tudo. um cla.
dograma éuma hipótese sobre as re]3ções âlogenética!.::Ele é tão váliddquanto ps
pressupostos, os dados e os métodos analíticos utilizados .para construí-lo. Existe
certa probabilidade de que qualquer cladograma contenha erros. Em geral, os prin-
cipais ramos de uma linhagem são bastante bem resolvidos, mas pode haver incer-
tezas sobre a conâguração exata dos ramos terminais..Programas de computadores,
como PAUP, que constroem cladogramas a partir de Úm conjunto de dados, come-
cem um tipo de estiniátiva de incertezas: eles não apenasconstroem temaárvore
consensual, ou uma árvore aom a máxima precisão possível, mas também indicam
o númer(i de árvores tipológicas que são consistentes, ou .quase tão consistentes,
com-cis dados('úer Figura 11..4).Existem outros 'tipos de incertezas: por exemplo,
bancos de dados que contêm infomlãções sobre diferentes caracteres, bu diferentes
algoritmos computacionais, podem gerar várias tipologias de árvores.
Além disso; existem alguns problemas conceituais mais profundos em relação
reconstiuçõeg.cladísticqs. A maioria dos métodos cladísticos assume um pa-
drão de ramiâcação ao iiiyés de.uni padrão reticulado de divérsificação~êvolutiva.
Enquanto essa suposição pode ser justificada caú. íleqüência em alguns tipos de
organismoscomo as plantas, a hibridização é comum (ver Capítulo'8). Algumas
vezes a hibridização pode ocorrer entre espécies.pouco relacionadas,'entredife-
rentes géneros é até mesmo entre famílias. E sabe:se que algths miçróbiosÜ plas-
e vírus -=inserem seu próprio DNÀem gehomas hospedeiros para transferir
material genético entre hospeileiros variados.' E fácil imaginar como a reunião dos
ramo.sdecorrenteda hibridização, ou da transferência lateral de característicasge-
caq.entre ramos por micróbios, poderia complicar os''esfolço$ na reconstrução
das relações âlogenéticas -- e como tais eventos evolutivos reticulatios, se não de'
tentados, poderiam causar anos na construção e interpretação dos cladogr'amas.
Um problema íihal com as reconstruçõesfilogenéticas conceme à interpre'
tação dps .cladogramasem um contexto históricoJA maioria dos cladogramas, e
todos aquelesbaseadosem dados moleculares, lihcluem apenasorgànishos con-
temporâneos. Então, ó que faremos com o [egistro fossilífero? Algunicladistas
Á História das LÍ/t/ gene - 335
O Registro Fossílífero
A tarefa de reconstruir as histórias evolutivas de o;ganismostradicionalmente
tem sido realizada por dois grupos diferentes de cientistas. Já foi visto.:como os
stçtematas au os taxonomistas tentam classiâcar os organismos em grupos' hie-
rárquicos(táxoíis) que resumem os padrões de ramificação genética e as relações
evoluüivag.Ao mesmo tempo, paleontólogos e paleóbiólogos vêm estudando
as histórias evolutivas dós organismos ditetahente do registro fossilíferoíf Os
ã ..z
Figura 11.5
Uma hipótese filogenética para as relações em
nível de famílias e para'a história evolutiva de
marsupiais sul-americanos. O registro fossilífero
\
Embora possa parecer mais direto se basear nos fósseis do que nos cladogramas
construídos,o registro fossilífero tem seu própria .conjunto de problemas práticos
e lógicosi O registro fossilífero conhecido é incompleto e.sua interpretação pode
ser difícil. Existem muitas incertezas na datação de fósseis, como a sua coloca-
ção em grupos taxonõmicos, a compreensão de como os organismos vivos eram
estruturados e como funcionavam e a reconstrução de seus palQoambientes.
Apenas uma diminuta fração dé todos os organismos e espécies quejá vive-
ram foi encontrada como fósseis. A tafonomia é uma subdisciplina da paleonto-
logia que lida com os processospelos quais os restos dê seresvivos se fossiliza-
ram e com a maneira na qual essesprocessospodem influenciar oregistro fóssil
ou causar problemas de interpretação (Óor exemplo, Behrensmeye{ et al. 1992)..
Animais seu tecidos rígidos oü lilantas sem componentes químicos estáveisem
suas paredes .celulares são desproporcionalmente pouco {epresêntadog no regis-
tro fossilífero, porqueeles são facilmente decompostos.Alguns organismossão
conhecidos apenas a partir dé: seus restos químicos distintos, tais como os calcá-
rios formados a partir.de.recifes dé.corais e o carvão e o óleo formados a partir de
biomassas não-decompostas em antigos pântanos e mares rasos. Alguns animais,
especialmente formas decorpo mole, são co.nhecidos apenas por suas trilhas ou
escavações, denominados rastros fósseis Desses fósseis,, muitos são destruídos
pela erosão ou por processos tectónicos e .ínuitós outros são inacessíveis, escon-
didos em estratos profundos: O registro fossilífero relativamente recente é o mais
completo (Figura 11.6), sendo uma razão do porquê se conhece muito mais sobre
os organismose seusambienteídurante o Pleistoceno (Ver Capítulo 7), do que
duranteos períodosiniciais da história da Terra(ver Capítulo 6).
Mesmo quando os organismos foram fossilizados e essesfósseis descobertos,
ainda há os problemas de interpretação. Muitos fósseis são depositados sob a
água e preservados em sedimentos. Os lestos podem.ter sido transportados pelo
vento ou por correntes de ribeirões, rios,-lagos e oceanos,e depositadoslonge
de onde originalmente viveram. .Um exemplo intrigante 'são os restos.:depeixes
mortos recentemente.que são âeqüentemente arrastadospara as praias do Lago
Salgado;. Um observador-ingênuo poderia' facilmente concluir que. esses peixes
viveram no lago, De fato, o contrário é verdadeiro: o peixe morreu no lago. Eles
foram mortos- quando tempestades empurraram as-.águashipersalinas do lago
para pântanos de água doce e ribeirões onde viviam e seus cor.posflutuaram até
o lago, sendo por fim empurrados para as margens.
Uma conseqüência de tal üansporte de restos por longas distâncias; antes da
6ossilização, é que as espécies que ocorrem juntas em depósitos fossilíferos podem
não ter coexistido localmente nas.mesmas comunidades: Fósseis pleistocênidos de
pequenos invertebrados encontrados em depósitos no fundo de rios e cavemas ü.e-
qüentemente representam mais espécies do que ocorrem juntas em habitats únicos
hoje,:porque em parte,: eles provavelmente coram coletados de uma grande área. E
fácil imaginar como um rio poderia coletar sedimentos de uma grande bacia e que
uma cavema secapoderia.conter'fósseis apenas de animais das vizinhanças imedia-
tas. Entretanto, muitos dos fósseis:dé pequenos vertebrados preservados em caver-
nas foram trazidos por comyas, que regurgitavam os ossos de suaspresas capturadas;
ern.seustemtórios,:os quais poderiam atingir 'vários quilómetros quadrados em umà
área; incluído uma variedade de tipos de habitat. Assim, a mensagem da lição pode
ser desapontadora:o regisü'o fossilífero é inõuenciado em favor de organismos mais
facilmente preservávéis,'é temporal e geograficamente desigual e ainda não.foi am-
plamente explorado, sendo algumas vezes diHicil,.deser interpretado.
['. (A) Área ?«':«: ]
Figura 11.6
Área estimada (A) e:volume
.(B) de estratos geológicos se-
dimentares potencialmente
.portadores de fósseis de idas
600 500 400 300 200 '100 0
des variadas (aqui medidos
como área ou volume de ro-
IS)Volume cha por ano do passado pre-.
servido).. Observe que a área
das rochas expostas decresce
com' a idade, introduzindo
umâ yimportante influência
da amostrageçl dolregistro
fossilíferol:.Apesar de .alguns
estratos antigos serem,} ex-
tensos e ricos em fósseis, em
gera:l#existe :Fsimplesmente
menor oportunidade de se
encontrar fósseis de períodos
600 500 400« l ü"::j300 :.'! ,r #200 .100' 0 geológicos mais antigos. (Se-
Milhões de altos atrás gundo Raup 1976;)
T8bcl& ll.l
Fósseismais antigos conhecidos de táxons selecionados
Táion Fóssil mais Idade Número de
üntigoconhecido (10'' anos atrás) espécies atuais
Plantas Vasculares Cooksonia. Pridólianà,
(Tracheophytà) Siluriano Superior(405) 232.000
Ginkgoáceas (Ginkgoales) Sphaerobaiera Pemiiano Supe$or (240)
AngiospemtaÉ (Annonopsida). Retimonoêotpites Barremiiano 220.000
(e outras)
Família de Girassóis Echitricolpórites Mioceno Inferior (20) 21.000
(Asteraceaê)
,4rc/zaeopreWX
pode não ter gado'um ancestral direto dascavesviventes como
antes se pensava (Feduccia 1996). Seus fósseis jurássicos perfeitamente preser-
vados mostram a especial combinaçãode característicasavianas e Teptilianas,
encontradas em uma ave que Viveu a 150 milhões de anos atrás.'Conhecer todas
as características dos-representantes iniciais permite testar suposições cladísti-
cas sobre os tipos e direções das mudanças em estado.sde caráter que ocorreram
durante a evolução de unia.linhagem.
Além disso, fósseispodem ser datados (ver Capítulo'6) para'fomecer infor-
mações bastante precisas de quando os representantes pré-históricos de uma li-
nhagem-que apresentavam graus'particulares de diferenciação Viveram na Tema.
Tais dataçõespermitem que os cladogramas, os quais ilustram apenastempos re-
lativos dã ramificação das linhagens, sejam calibrados em relação a tempos reais.
Essacalibração é valiosa, porque o tempo e taxas de diversificaçãoforam muito
diferentes entre gruposde plantas e de.animais, é até mesmo entre diferentes sub-
clados dentro do mesmo grupo. Tais informações podem ter impoúantes impli-
caçõespara a biogeografia. Por exemplo, em um depósito fossilífeto datado em
cerca de 15 milhões de anos, do Cenozóico Médio da Bacia do Rio Magdalena,
na Colâmbia,América do Sul, Lundberg et.alí(1 986), foram encontradosrestos
pedeitameütepreservadosde um peixe que foi identificado como uma espécie
vivente,.*Co/assoma mac/upomz/m, a qual ocorre hoje nas bacias kío Orinoco e do
Amazonas.I : A descoberta de fósseis deste é de outros.peikqs no lado oeste dos
Andes, onde eles não ocorrem mais, permitiu que fossem feitas datações míni-
mas para eventos de esbeciação e extinção e também para a dispersão entre'os
corpos d'água hoje isolados (yer também Lundberg e ChemoH lg92).
.AlÍístórladasLínhage?zs
: 339
Figüral1.7
Localidades com fósseis de camelos (família Cameli=
dae) do Pleistoceno no oestede América do Noite. Os
registros mostram que essestipos dé mamíferos.eram
amplamente distribuídos ao sul dos lençóis de gelo
continental (área/ sombreada) até sofrerem extinção
abrupta - PK)vavelmente devido à influência humana
:- a menos de 20.000anos atrás.,A extinção 'produziu
uma distribuição disjunta de camelídios, com guana-
cos e vicunhas na América do Sul e dromedários e ca-
melos no Velho Mundo.(De Hay 1927.)
340 - CaPÍfu7o
]l
E] ikpidosseriformes'
eFósseisdeceratodon
Figural1.8
Informações do registro fossilífeto é essencial para a interpretação da história bio-
geográfica: As áreas sombreadas mostram a anual distribuição dos relictos de peixes
pulmonados(Lepidoseriformes), em três continentes do Hemisfério Sul. Os círculos
mostram localidades com fósseisde uma das três famílias de peixes pulmonados, Ce-
ratodontidae: Essa família contémapenas uma espécie sobrevivente (Neocerafoduslos-
ferí), que é.restrita a Queensland, ao norte da Austrália, mas que çra distribuída quase
que pelo mundo inteiro no. Mesozóico. Datações precisas desses fósseis ob'viamente
são cruciais na determinação de como os eventos tectónicos, tais como a quebra do
Gondwana, afetaram a distribuição dos peixes..(SegundoSterbá 1966;Keast 1977a.)
a Hisfórfa das Lí7zhagelzs- 341
e.g
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b Õ
Figural19
Distribuição global
de calcários indicando
as localidades pretéritas
de águas marinhas rasas e
de ,tecifês de coral., Observe
que muitas dessas' formações
calcárias ocorrem longe . das +
Ü
3
#
\
T Á ]lísfórfa dízs Lí?z/zage7zs - 343