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1

UNIDADE

A diversidade
da vida

Filhote de tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta)


fotografada na Bahia. Essa é uma das espécies
brasileiras ameaçadas de extinção.

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Fabio Colombini/Acervo do fotógrafo
Já foram descritos e nomeados cerca de 2 milhões de
espécies de seres vivos em toda a Terra, mas ainda não
se sabe seu número total, que pode variar de 10 milhões
a 100 milhões.
Todos os organismos dependem uns dos outros para
sobreviver. Por isso, a exploração dos recursos naturais
deve ser feita de modo que preserve a imensa biodiver-
sidade de nosso planeta. Com isso, evitamos desequilí-
brios ecológicos e preservamos espécies, muitas das
quais ainda desconhecidas, que podem ser fonte de me-
dicamentos e de outros produtos importantes. Mas,
além das razões utilitárias, ecológicas e estéticas, há
também uma justificativa de ordem ética: a de não des-
truirmos outras espécies ou o ambiente em que vivemos.
Nesta unidade, vamos estudar como os cientistas
classificam e dividem os seres vivos e vamos fazer uma
breve introdução aos principais reinos, que serão vistos
nas unidades seguintes.

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1
CAPÍTULO

Classificação dos
seres vivos

Você não deve estar reconhecendo o animal da foto abaixo (figura 1.1). Ele já apareceu em alguns filmes fa-
mosos: é o dinossauro conhecido como velocirraptor. Talvez você esteja achando estranha a presença de penas.
Essa reconstituição foi feita com base em estudos de fósseis, que encontraram evidências de que muitas
espécies de velocirraptor tinham o corpo coberto de penas. E essa é mais uma
Como os cientistas
evidência de que eles são parentes evolutivos das aves, o único grupo de animais
classificam os seres
atual que possui penas. Trata-se de uma constatação de que as aves descendem vivos?
de um grupo de dinossauros.
O que é uma espécie?
Da próxima vez que você comer um sanduíche com peito de frango, talvez
lhe ocorra que você possa estar comendo um “dinobúrguer”.

Roger Harris/SPL/Latinstock

Figura 1.1 Reconstituição


artística de um velocirraptor
(gênero Velociraptor; cerca
de 1 m de altura. Cores
fantasia).

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Veja a figura 1.2. Lineu criou a nomenclatura binomial
1 Objetivos da para as espécies, como veremos adiante. Além disso,
classificação ele agrupava as espécies de maneira hierárquica, em
grupos cada vez mais abrangentes: gêneros, ordens,
Dada a grande variedade de seres vivos, os cientis-
classes e reinos.
tas os organizaram para facilitar o seu estudo e esta-
No entanto, Lineu não agrupava as espécies de
belecer uma árvore filogenética, isto é, um esquema
acordo com o parentesco evolutivo, mas sim pela se-
com a possível sequência de origem dos diversos se-
melhança anatômica. Isso estava de acordo com o
res vivos. A árvore filogenética, portanto, é a repre-
pensamento da maioria dos naturalistas de sua épo-
sentação de uma hipótese de filogênese (phylon =
ca, que apoiavam a teoria fixista (ou fixismo), isto é,
grupo; genos = origem) ou filogenia, que é a história
que acreditavam que as espécies eram imutáveis e
evolutiva suposta de cada grupo.
não evoluíam.
Desse modo, é possível descobrir o grau de paren-
Os sistemas de classificação que se baseiam em
tesco evolutivo entre os diversos grupos de seres vi-
relações evolutivas são chamados sistemas naturais,
vos. Para isso, os cientistas analisam certos tipos de
enquanto os que não se baseiam nessas relações são
semelhanças no desenvolvimento embrionário, na
sistemas artificiais.
estrutura celular e bioquímica, na anatomia e na fi-
siologia de seres vivos atuais ou extintos (por meio de
seus fósseis). Categorias taxonômicas
A parte da Biologia que identifica, nomeia e classi- A categoria taxonômica básica é a espécie, for-
fica os seres vivos é a Taxonomia (taxis = arranjo, or- mada por um grupo de indivíduos capazes de se cru-
dem; nomos = lei), e a que, além disso, estuda as rela- zar e originar filhos férteis, mas que não são capazes
ções evolutivas entre eles é a Sistemática. de cruzar com outros grupos. Por exemplo, todos os
O fundador da Taxonomia científica foi o médico leões pertencem à mesma espécie, e isso também
sueco Carl von Linné (1707-1778; Lineu, em português). ocorre com todos os indivíduos da espécie humana e
todos os gatos domésticos. Essa é uma das formas
Sheila Terry/SPL/Latinstock

de definir espécie: é o chamado conceito biológico


de espécie, muito utilizado no estudo da evolução.
No entanto, essa definição tem limitações: não pode
ser usada, por exemplo, para fósseis, visto que não
podemos observar sua reprodução, nem para os or-
ganismos que possuem apenas reprodução assexua-
da. Nesses casos, podemos identificar uma espécie
por semelhanças na anatomia, na fisiologia ou no
DNA de seus indivíduos.
As espécies são reunidas de acordo com o grau de
parentesco evolutivo. Espécies que são parentes bem
próximas formam um segundo grupo taxonômico, o
gênero. Gêneros aparentados evolutivamente formam
famílias, e estas são agrupadas em ordens, que são
reunidas em classes. As classes, por sua vez, consti-
tuem os filos ou divisões, e estes, os reinos (figura 1.3).
Por causa da complexidade de certos grupos, foi ne-
cessário estabelecer grupos intermediários: sub e su-
pergêneros, sub e superfamílias, sub e superordens,
etc. À medida que se afasta da espécie em direção ao
reino, o grau de parentesco evolutivo entre os organis-
mos de cada grupo diminui. Um grupo de organismos,
Figura 1.2 Lineu como Mammalia, Carnivora, etc., é chamado táxon.

Capítulo 1 • Classificação dos seres vivos 13

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Fotos: Dean Pennala/Shutterstock/Glow Images (urso-pardo)/Papilio Corbis/Latinstock (gato selvagem europeu)/Fabio Colombini/Acervo do fotógrafo (on•a-pintada, lobo-guar‡, capivara, harpia, r‹-touro, borboleta, mico-le‹o-dourado)/Ehtesham/Shutterstock/Glow Images (tigre)

onça-pintada tigre lobo-guará urso-pardo capivara gato selvagem


europeu Reino Animalia

harpia rã-touro borboleta mico-leão-dourado

onça-pintada tigre lobo-guará urso-pardo gato selvagem europeu


Filo Chordata

capivara harpia rã-touro mico-leão-dourado

onça-pintada tigre lobo-guará gato selvagem Classe


europeu Mammalia

capivara urso-pardo mico-leão-dourado

Ordem Carnivora

onça-pintada tigre lobo-guará urso-pardo gato selvagem europeu

Família Felidae

onça-pintada tigre gato selvagem europeu

Gênero Panthera

onça-pintada tigre

Espécie Panthera
onca

onça-pintada

Figura 1.3 Classificação da onça-pintada (Panthera onca; 1,90 m a 2,10 m de comprimento). Nas fotos aparecem também
(tamanhos aproximados): o tigre (Panthera tigris; 1,40 m a 2,80 m de comprimento), o lobo-guará (Chrysocyon brachyurus;
cerca de 80 cm de altura), o urso-pardo (Ursus arctos; 2,5 m de comprimento), a capivara (Hydrochoerus hydrochaeris; até 1,30 m
de comprimento), o gato selvagem europeu (Felis silvestris; 65 cm de comprimento), a harpia (Harpia harpyja; cerca de 90 cm de
altura), a rã-touro (Rana catesbeiana; 15 cm de comprimento), a borboleta (Morpho anaxibia; 15 cm de envergadura) e o mico-
-leão-dourado (Leontopithecus rosalia; 20 cm de comprimento).

14 Unidade 1 • A diversidade da vida

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Biologia
e sociedade
A importância da Sistemática
A Sistemática nos possibilita conhecer a história evolutiva da vida e a distribuição dos seres vivos no plane-
ta. Esse conhecimento permite acompanhar se as espécies estão ameaçadas de extinção e ajudar na preserva-
ção da biodiversidade. O estudo da Sistemática pode ajudar ainda na pesquisa de novos produtos, como medi-
camentos originados de plantas e de outros seres vivos, e na busca de novas espécies para o cultivo ou o
cruzamento com espécies domésticas.
A análise sistemática nos ajuda a compreender, por exemplo, como a Aids começou e como ocorreu a evolu-
ção do vírus HIV, por meio da comparação das sequências de nucleotídeos de várias linhagens desse vírus. A
análise mostra que o HIV é semelhante aos vírus do grupo SIV (Simian Immunodeficiency Virus), encontrados em
chimpanzés e outros macacos. Assim, o vírus pode ter sido adquirido quando alguns seres humanos foram mor-
didos ou arranhados ao caçar chimpanzés infectados.

Regras internacionais 2 Classificação e


de nomenclatura evolução
Para que a classificação seja uniforme, foi conven-
Chama-se cladogênese (klados = ramo, divisão; ge-
cionada uma série de regras que devem ser seguidas
nos = origem) o conjunto de processos que promovem
por todos os cientistas. Vejamos algumas:
a especiação, isto é, a separação de uma população
• Todos os nomes científicos devem ser escritos em
em duas e a subsequente formação de novas espé-
latim; se foram derivados de outra língua, deverão
cies. A anagênese (aná = para cima) corresponde ao
ser latinizados. A justificativa é que o latim não so-
acúmulo de mudanças que uma população sofre ao
fre modificações ao longo do tempo e, além disso, a
longo do tempo, originando uma espécie com carac-
nomenclatura passa a não privilegiar nenhuma na-
terísticas diferentes, sem que haja separação de po-
ção atual.
pulações (figura 1.4).
• Os termos que indicam gênero até reino devem ter
Luis Moura/Arquivo da editora

inicial maiúscula; o gênero deve ser escrito em itáli-


co, quando em texto impresso, ou sublinhado,
quando escrito à mão.
• O nome das espécies é duplo (binomial) e escrito
em itálico, quando em texto impresso, ou sublinha-
do, quando escrito à mão: Homo sapiens (ser huma-
no), Felis catus (gato doméstico), Musca domestica
(mosca). A primeira palavra indica o gênero, e a se-
gunda, o termo específico (ou epíteto específico)
escrito com inicial minúscula. Em um texto, a partir
da segunda ocorrência, o nome da espécie pode ser
abreviado. Por exemplo, neste texto, uma nova
ocorrência do nome Musca domestica poderia apa- anagênese
recer assim: M. domestica.
• A nomenclatura de uma subespécie (populações da cladogênese
mesma espécie geograficamente isoladas, que po-
Figura 1.4 Na anagênese, há um acúmulo de mudanças
dem, no futuro, formar novas espécies) é trinominal hereditárias que alteram as características de uma espécie. Na
(ou trinomial): Crotalus durissus terrificus (cascavel cladogênese, uma população se divide em duas e origina duas
novas espécies que não cruzam mais entre si (borboletas têm
encontrada na Amazônia), Crotalus durissus duris- de 1,3 cm a 30 cm da ponta de uma asa à ponta da outra,
sus (cascavel encontrada na Guiana). conforme a espécie).

Capítulo 1 • Classificação dos seres vivos 15

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O objetivo da classificação é identificar grupos de caracteres derivados. Por exemplo, a coluna vertebral
organismos que descendam, por evolução, de um está presente em peixes, anfíbios, répteis, aves e ma-
mesmo ancestral mais recente, exclusivo do grupo. míferos; mas, dentro do grupo dos vertebrados, só os
Cães e lobos pertencem ao gênero Canis, o que signi- mamíferos têm pelos. Portanto, a presença de pelos,
fica que eles são parentes próximos que evoluíram estruturas exclusivas do grupo dos mamíferos, é uma
dos mesmos antepassados. condição derivada, enquanto a coluna vertebral é
Para determinar o grau de parentesco evolutivo en- uma condição primitiva.
tre os grupos podem ser usadas características anatô- As relações filogenéticas entre os grupos podem
micas, fisiológicas, comportamentais ou moleculares. ser apresentadas com diagramas na forma de árvores,
as árvores filogenéticas. Um dos tipos mais comuns
Sistemática filogenética de árvore filogenética é o cladograma (figura 1.5).
O sistema de classificação mais aceito atualmente Nesses diagramas, as bifurcações (ou nós) indicam o
é a sistemática filogenética (phylon = tribo; genos = processo em que uma espécie ancestral hipotética ori-
origem) ou cladística (klados = ramo), proposta pelo gina novas espécies (especiação) ou novos grupos, que
entomologista (cientista que estuda insetos) alemão ficam nos ápices dos ramos (ou terminais). A base de
Willi Hennig (1913-1976). onde partem os ramos é a raiz do diagrama. Os ramos
A sistemática filogenética busca identificar grupos representam as relações entre os organismos.
monofiléticos (monos = um), isto é, que incluam todos Reveja a figura 1.5. O diagrama indica que chim-
os descendentes de um ancestral comum exclusivo panzés e gorilas são os parentes evolutivos mais pró-
(que não é ancestral de outros grupos). Por exemplo, o ximos da espécie humana. Mas análises de sequên-
grupo dos vertebrados é um grupo monofilético: todos cias de DNA mostram que os chimpanzés estão mais
os seus descendentes herdaram uma coluna vertebral próximos de nós do que os gorilas. Mas, atenção: isso
de um ancestral comum exclusivo deles. Um grupo de não quer dizer que o ser humano descende dos chim-
organismos em que todos são descendentes de um panzés atuais, e sim que ele e os chimpanzés descen-
único ancestral comum é chamado clado. dem de um mesmo ancestral. A linhagem que origi-
Os clados menores são formados com todos os nou o ser humano e a que originou o chimpanzé po-
descendentes de um ancestral exclusivo que compar- dem ter se separado há cerca de 6 milhões de anos. A
tilham uma ou mais aquisições ou “novidades evolu- partir daí, ambos evoluíram separadamente e acu-
tivas”, também chamadas condições derivadas ou mularam diversas modificações ao longo de milhões
Luis Moura/Arquivo da editora

chimpanzé ser humano gorila chimpanzé ser humano gorila

nós
raiz
nós raiz
Figura 1.5 Duas formas de esquematizar um cladograma indicando o parentesco evolutivo entre a espécie humana, o chimpanzé
(70 cm a 90 cm de altura) e o gorila (Gorilla gorilla; 1,30 m a 1,90 m de altura). Há duas espécies de chimpanzés: o chimpanzé
comum (Pan troglodytes) e o bonobo (Pan paniscus). Os elementos ilustrados não estão na mesma escala. Cores fantasia.

16 Unidade 1 • A diversidade da vida

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de anos. Já a linhagem que daria origem ao gorila se protozoários (heterotróficos), como a ameba, e a
separou da linhagem que daria origem ao chimpanzé maioria das algas unicelulares (autotróficas), como
e ao ser humano há cerca de 10 milhões de anos. as diatomáceas. Depois, o grupo passou a incluir
Além de mostrar as relações filogenéticas, as novi- também algas pluricelulares (algas verdes, verme-
dades evolutivas podem ser indicadas nos ramos dos lhas e pardas). Alguns pesquisadores propuseram
cladogramas. Observe na figura 1.6 que o lobo é um reunir tanto os seres unicelulares quanto os multi-
parente mais próximo, no sentido evolutivo, do jabuti celulares que não se encaixavam nas definições de
do que do sapo-cururu ou dos demais animais da fi- animais, plantas ou fungos em um reino chamado
gura. Isso porque ambos compartilham um ancestral Protoctista, em substituição ao reino Protista. Mais
comum mais recente. Dois grupos são tão mais apa- recentemente, foi também proposta a substituição
rentados filogeneticamente quanto mais recente for do reino Protista por vários novos reinos;
o último ancestral comum. • Plantae ou Metaphyta (meta = além de; phyton =
planta) – constituído pelas plantas terrestres, orga-
nismos eucariontes, pluricelulares e autotróficos.
3 Reinos e domínios Alguns autores colocam aqui também as algas ver-
Em 1969, o cientista estadunidense Robert Whit- des, que possuem um ancestral comum exclusivo
taker (1924-1980) agrupou os seres vivos em cinco rei- com as plantas; nesse caso, as algas vermelhas e
nos, com base na organização celular e no tipo de nu- pardas ficariam em novos reinos;
trição. Vejamos as características de cada um (você • Animalia ou Metazoa (meta = além de; zoon = ani-
vai estudar os representantes desses reinos nos próxi- mal) – compreende os eucariontes pluricelulares e
mos capítulos). heterotróficos por ingestão (ingerem moléculas
• Monera (moneres = único, solitário) – formado pe- orgânicas complexas retiradas do corpo de outros
las bactérias, organismos unicelulares procariontes seres vivos);
(sem envoltório nuclear); muitas são heterotróficas • Fungi – inclui os fungos, seres eucariontes, unicelu-
e algumas, autotróficas (as cianobactérias também lares ou pluricelulares e heterotróficos por absor-
pertencem a esse reino); ção (absorvem moléculas orgânicas simples do am-
• Protista (protos = primeiro) – reúne os seres unice- biente); a maioria vive da decomposição da matéria
lulares eucariontes (com envoltório nuclear): os orgânica do ambiente.

Casa de Tipos/Arquivo da editora


anfioxo lampreia atum sapo-cururu jabuti lobo (1 a 1,5 m,
(cerca de 6 cm) (até cerca de 1,2 m) (até cerca de 4,3 m) (14 a 18 cm) (até 70 cm) fora a cauda)

pelos
âmnio

pernas
ru
maxilas xo reia -curu uti
anfio lamp atum sapo jab lobo
vértebras
pelos
notocorda âmnio
pernas
maxilas
vértebras
notocorda

Figura 1.6 Diagramas simplificados representando relações filogenéticas entre alguns vertebrados (animais com coluna
vertebral). Os vertebrados fazem parte do filo dos cordados, animais com notocorda, e possuem uma estrutura em forma de
bastonete na região dorsal. O âmnio é uma bolsa com um líquido que protege o embrião contra choques e evita sua desidratação
(as medidas indicam o comprimento aproximado de cada animal, que estão desenhados em diferentes escalas; cores fantasia).

Capítulo 1 • Classificação dos seres vivos 17

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Os três domínios de temperatura, salinidade ou pH desfavoráveis à so-
brevivência dos outros organismos.
Mais recentemente, os seres vivos têm sido agru- No domínio Bacteria estão as bactérias, incluindo
pados em três domínios (como se fossem “super-rei- as cianobactérias.
nos”): Archaea (arqueas), Bacteria (bactérias) e No domínio Eukarya estão as plantas, os animais,
Eukarya (eucariontes). os fungos e os organismos que já foram classificados
O domínio Archaea (arkhe = primitivo) reúne pro- como protistas (ou protoctistas) e que, por esse siste-
cariontes que já foram colocados no mesmo domínio ma, estão divididos em vários reinos, uma vez que o
das bactérias (eram chamados arqueobactérias). reino Protista, assim como o reino Monera, não forma
Hoje, porém, em razão da composição da parede celu- um grupo monofilético.
lar e outras características bioquímicas exclusivas Para simplificar, e por falta de um consenso na divi-
desse grupo, eles são classificados em domínio pró- são em reinos, vamos incluir os protozoários e as algas
prio. Muitos arqueas são encontrados em condições no grupo protista – um grupo sem valor taxonômico.

Aprofunde
seus conhecimentos
Híbridos
Algumas espécies podem cruzar entre si, mas os os burros são animais com a força semelhante à de
filhos são quase sempre estéreis. É o caso do cruza- um cavalo, e ao mesmo tempo são resistentes e dóceis,
mento do jumento, asno ou jegue (Equus asinus) com como o asno. O cruzamento do cavalo com a jumenta
a égua (Equus caballus), que origina a mula (fêmea) e o origina o bardoto, de tamanho menor e mais difícil de
burro ou o mulo (macho). Veja a figura 1.7. As mulas e criar.
Fabio Colombini/Acervo do fotógrafo

Dennis Donohue/Shutterstock/Glow Images

Fabio Colombini/Acervo do fotógrafo

Jumento (até 2,70 m de Égua (cerca de 2,20 m de Mula (até 2,70 m de comprimento, fora a
comprimento, fora a cauda) comprimento, fora a cauda) cauda)

Figura 1.7 O cruzamento de um jumento com uma égua dá origem a uma mula (ou a um burro).

ATENÇÃO!
Atividades Não escreva no
seu livro!

Aplique seus conhecimentos meno ocorrido ao longo da história da vida. Qual é esse
fenômeno?
1. Classificar objetos facilita o nosso cotidiano. Por exem-
plo, se os livros de uma biblioteca estiverem organiza-
2. Em termos evolutivos, o urso-polar (Ursus maritimus) é
dos por assunto, título, autor ou algum outro critério
fica mais fácil encontrar aquele que procuramos. A clas- mais próximo do urso-cinzento (Ursus arctos) ou do urso
sificação dos seres vivos, porém, vai além da organiza- panda gigante (Ailuropoda melanoleuca)? Justifique sua
ção pura e simples, pois procura representar um fenô- resposta.

18 Unidade 1 • A diversidade da vida

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3. Veja a seguir os nomes comuns e científicos de alguns a) há maior grau de parentesco entre Crassostrea rhizo-
anfíbios (sapos, rãs e pererecas) brasileiros. phora e Crassostrea brasiliana que entre Crassostrea
• sapinho-de-barriga-vermelha: Melanophryniscus dor- rhizophora e Rhizophora mangle.
salis. b) há maior grau de parentesco entre Crassostrea rhizo-
phora e Rhizophora mangle que entre Crassostrea
• sapinho-narigudo-de-barriga-vermelha: Melanophry-
rhizophora e Crassostrea brasiliana.
niscus macrogranulosus.
c) entre Crassostrea brasiliana e Rhizophora mangle
• perereca: Hyla cymbalum, Hyla izecksohni.
evidencia-se uma relação de parentesco ao nível de
• perereca-verde: Hylomantis granulosa.
ordem.
• rãzinha: Adelophryne baturitensis, Adelophryne ma-
d) entre Crassostrea rhizophora e Rhizophora mangle
ranguapensi, Thoropa lutzi, Thoropa petropolitana.
evidencia-se uma relação de parentesco ao nível de
a) Quantos gêneros e espécies diferentes aparecem
gênero.
nessa lista?
e) Crassostrea brasiliana e Crassostrea rhizophora são apa-
b) Qual a vantagem da utilização, pelos cientistas, dos
rentadas, embora pertençam a famílias diferentes.
nomes científicos, em vez dos nomes comuns, para
identificar as espécies? 7. (Vunesp-SP) Três populações de insetos, X, Y e Z, habi-
tantes de uma mesma região e pertencentes a uma
4. (UPE) Dentre as categorias taxonômicas apresentadas
mesma espécie, foram isoladas geograficamente. Após
abaixo, assinale aquela na qual os indivíduos apresen-
vários anos, com o desaparecimento da barreira geográ-
tam maior grau de características semelhantes.
fica, verificou-se que o cruzamento dos indivíduos da
a) ordem população X com os da população Y produzia híbridos
b) classe estéreis. O cruzamento dos indivíduos da população X
c) família com os da população Z produzia descendentes férteis, e
d) reino o dos indivíduos da população Y com os da população Z
e) gênero não produzia descendentes. A análise desses resultados
5. (Mack-SP) Na figura abaixo, que mostra a filogenia de permite concluir que:
alguns grupos de primatas, incluindo o homem, é incor- a) X, Y e Z continuaram pertencendo à mesma espécie.
reto afirmar que: b) X, Y e Z formaram três espécies diferentes.
c) X e Z tornaram-se espécies diferentes e Y continuou
homem chimpanzé gorila orangotango
a pertencer à mesma espécie.
d) X e Z continuaram a pertencer à mesma espécie e Y
tornou-se uma espécie diferente.
e) X e Y continuaram a pertencer à mesma espécie e Z
tornou-se uma espécie diferente.
8. (UFRGS-RS) Considere os quatro táxons a seguir relacio-
nados.
1. Bufo dorbignyi
2. Lystrophis dorbignyi
a) os quatro grupos tiveram um ancestral comum.
b) o homem evoluiu a partir do chimpanzé. 3. Didelphis albiventris
c) o chimpanzé é mais próximo (evolutivamente) do 4. Didelphis marsupialis
homem do que do gorila. Em relação a eles, é correto afirmar que:
d) o chimpanzé é mais próximo (evolutivamente) do
a) todos pertencem à mesma espécie.
homem do que do orangotango.
b) há, entre os quatro táxons, apenas duas espécies di-
e) o gorila é mais próximo (evolutivamente) do orango-
ferentes.
tango do que do chimpanzé.
c) os táxons 1 e 2 são de gêneros diferentes, mas da
6. (UFBA) Crassostrea rhizophora, Rhizophora mangle e mesma espécie.
Crassostrea brasiliana são os nomes científicos de três d) os táxons 3 e 4 são de espécies diferentes, mas do
espécies vegetais. Com base nos princípios da nomen- mesmo gênero.
clatura biológica, pode-se concluir que: e) os táxons 1 e 2 são da mesma subespécie.

Capítulo 1 • Classificação dos seres vivos 19

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2
UNIDADE

Vírus e seres de
organização mais
simples

Imagine a seguinte situação: um rapaz acorda e per-


cebe que está gripado e com febre. Escova os dentes e
volta para a cama. Come pouco naquele dia. Apenas um
sanduíche de queijo.
Você ficaria perplexo com os seres envolvidos nessa
situação. Para começar, temos o próprio rapaz doente,
o trigo de que foi feita a farinha do pão e a vaca que
fornece o leite para o queijo. Além disso, a gripe do rapaz
é causada por um vírus. Quando escovou os dentes, es-
tava impedindo o crescimento de bactérias em sua boca,
e o pão e o queijo de seu sanduíche foram produtos de
atividades de bactérias e fungos.
Nesta unidade estudaremos os vírus – que não pos-
suem estrutura celular – e os organismos de estrutura
simples, sem tecidos nem órgãos: bactérias, protozoá-
rios, algas e fungos.

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James Cavallini/Photo Researchers/Latinstock

Vírus da gripe (cerca de 100 nm de


diâmetro) microscópio eletrônico
(imagem colorizada por computador).

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2
CAPÍTULO

Vírus

Entre 1918 e 1920, a gripe espanhola, que surgiu na Ásia, espalhou-se pelo Você sabe como os
mundo e matou cerca de 40 milhões de pessoas. No Brasil, provocou cerca de vírus se reproduzem e
300 mil mortes, incluindo a do então presidente da República, Rodrigues Alves, se propagam?
que acabara de ser reeleito. Por que
Hoje dispomos de vacinas contra a gripe e contra várias outras doenças cau- é importante estudar
sadas por vírus. esse assunto?

Figura 2.1 Trabalhador em Nova York, Estados Unidos, usando máscara durante a epidemia de gripe
espanhola. Foto de 1919.

Bettmann/Corbis/Latinstock

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não são considerados seres vivos, pois não possuem
1 Características gerais metabolismo próprio (para estes, seriam “agentes
O cientista alemão Adolf Mayer (1843-1942), preo- patogênicos”, por causarem doenças). Outros consi-
cupado com a doença mosaico do tabaco, mostrou deram que a capacidade de replicação, a hereditarie-
em 1883 que o caldo extraído das folhas doentes do dade e a evolução já são suficientes para considerá-
tabaco transmitia esse mal a plantas sadias e levan- -los seres vivos.
tou a hipótese de que algum tipo de bactéria, muito
pequena, seria a causa da doença.
Foi apenas em 1935, que o bioquímico estaduni-
2 Estrutura e reprodução
dense Wendell Meredith Stanley (1904-1971) foi capaz Os vírus medem entre 0,01 µm e 0,9 µm e são for-
de cristalizar o vírus do tabaco, e em 1939 esse vírus mados por uma cápsula de proteína, o capsídeo (cap-
pôde ser observado ao microscópio eletrônico. sa = caixa), com várias subunidades, os capsômeros
Os vírus (virus = veneno) não possuem organiza- (meros = parte). Veja a figura 2.2. No interior do capsí-
ção celular e só conseguem se reproduzir no interior deo há um ácido nucleico (DNA ou RNA). A esse con-
de células vivas, causando doenças no ser humano e junto damos o nome de nucleocapsídeo.
em outros seres vivos. Eles são parasitas (para = ao Em alguns vírus, o capsídeo é coberto por uma
lado; sitos = alimento) intracelulares obrigatórios. membrana lipídica, constituída pela membrana plas-
Isso significa que os vírus instalam-se nas células de mática da célula invadida. Proteínas virais podem es-
um ser vivo, provocando doenças, e que se reprodu- tar mergulhadas nessa membrana (figura 2.2).
zem no interior das células. Quando estão fora das Como não possuem todas as estruturas necessá-
células, são inertes, capazes até mesmo de cristalizar- rias para a duplicação de seu ácido nucleico e para a
-se como alguns minerais. síntese de proteínas da cápsula, precisam usar o
Os vírus não pertencem a nenhum dos cinco rei- equipamento metabólico de uma célula viva para se
nos ou dos três domínios e, para muitos cientistas, multiplicar.
Ingeborg Asbach/Arquivo da editora

capsômeros RNA RNA

DNA
cabeça
capsídeo
capsídeo

Vírus da poliomielite Vírus do tabaco


cauda

glicoproteína

proteína enzimas
proteínas
e RNA fibras caudais

Bacteriófago: vírus
lipídios que ataca bactérias
lipídios
RNA

proteínas
Vírus da gripe HIV, vírus da Aids

Figura 2.2 Estrutura de alguns vírus (medem entre 0,01 µm e 0,9 µm; os elementos da ilustração não estão na mesma escala;
cores fantasia).

Capítulo 2 • Vírus 23

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Reprodução de um vírus Reprodução de vírus
de DNA, o bacteriófago de RNA
Um dos vírus mais estudados é o bacteriófago, ou Em alguns tipos de vírus que apresentam RNA
fago (phagein = comer), que ataca bactérias, reprodu- como material genético (como os vírus da gripe, do sa-
zindo-se em seu interior. rampo, da raiva e da poliomielite), esse ácido nucleico
O processo começa com o encaixe das fibras da orienta – dentro da célula hospedeira – a produção de
cauda do vírus na membrana da bactéria. A cauda se uma molécula de RNA que vai comandar a síntese de
contrai e injeta o DNA na célula. A cápsula, vazia, fica proteínas da cápsula e de novas moléculas de RNA.
do lado de fora (figura 2.3 A). No interior da célula, o Já no grupo de vírus de RNA conhecidos como re-
DNA do vírus comanda a produção de uma enzima trovírus (retro = atrás), esse ácido sintetiza uma molé-
que inativa o DNA da bactéria, assumindo o comando cula de DNA (ao contrário do que acontece no processo
do metabolismo celular e usando os nucleotídeos e de transcrição dos seres vivos em geral; por isso, a enzi-
as enzimas da célula para fabricar cópias de seu pró- ma que permite esse processo é chamada transcripta-
prio DNA, além de comandar a síntese de proteínas se reversa), que poderá orientar a produção de novas
da cápsula (figura 2.3 B). As novas cápsulas se asso- moléculas de RNA virais e das proteínas da cápsula. É o
ciam às cópias do DNA, e de cem a duzentos novos caso do vírus da Aids, que estudaremos mais adiante.
vírus são formados (figura 2.3 C). Um dos genes do
vírus produz, então, uma enzima que digere a parede
bacteriana, provocando a ruptura e a morte da célula 3 Defesas contra vírus
(figura 2.3 D). Cada novo vírus formado pode infectar
Quando um vírus ou outro microrganismo invade
uma nova bactéria.
o corpo, há produção de anticorpos, moléculas que
atacam o invasor (figura 2.4).
Ilustrações: Luis Moura/Arquivo da editora

Em alguns casos, os anticorpos produzidos após a


B primeira infecção fornecem proteção permanente, e
a pessoa dificilmente fica doente de novo. É o que
ocorre no sarampo, na rubéola e na caxumba, por
exemplo. Mas a reação do organismo para produzir
C anticorpos leva certo tempo, que varia de acordo com
a doença (o tipo de vírus) e o estado geral da pessoa
(se está bem alimentada ou não, por exemplo).
Embora os vírus não sejam atacados por antibióti-
A
cos, há vacinas, soros terapêuticos e outros medica-
mentos específicos contra certos tipos de vírus, como
o do herpes, o da gripe e o da Aids.

D anticorpos

anticorpos

bactéria
Figura 2.3 Esquema que mostra a reprodução do bacteriófago
(bacteriófagos medem cerca de 0,04 µm por 0,1 µm; os Figura 2.4 Esquema simplificado de anticorpos atacando
elementos da ilustração não estão na mesma escala; cores bactérias invasoras (cerca de cem vezes maior que os
fantasia). anticorpos; cores fantasia).

24 Unidade 2 • Vírus e seres de organização mais simples

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No caso da gripe, a vacina oferece uma proteção
4 Doenças causadas por limitada, de cerca de um ano. Isso acontece porque
vírus os vírus da gripe sofrem tantas mutações que, de-
pois de um ano, novos vírus mutantes já estarão no
É grande o número de viroses, ou seja, de doenças
ambiente. O governo fornece gratuitamente a vaci-
causadas por vírus: hepatite viral, herpes, sarampo,
na para maiores de 60 anos. Mas o médico também
rubéola, catapora (varicela), caxumba (parotidite) e
pode indicá-la para pessoas de outras idades (a par-
mononucleose, entre outras.
tir de 6 meses).
Antes de estudarmos algumas viroses, vejamos a
Na gripe A (vírus H1N1), também chamada de gri-
classificação dos tipos de disseminação de doenças e
pe suína, os sintomas podem ser mais severos, cau-
alguns termos importantes para a sua compreensão.
sando até insuficiência respiratória.
Epidemia (epi = sobre; demos = povo) é toda doen-
ça que surge de forma súbita e se espalha rapidamen-
te em uma região, acometendo, por tempo limitado,
Poliomielite
um número de pessoas maior que o habitual. É o caso Na maioria das pessoas, essa virose causa apenas
da gripe. febre e mal-estar. Em algumas, pode atacar o sistema
Se uma doença persiste por vários anos em um lu- nervoso e provocar paralisia, podendo mesmo levar à
gar, ela passa a ser considerada endemia (en = den- morte (o nome “poliomielite” vem do grego poliós,
tro). Portanto, afeta de forma permanente um núme- ‘cinzento’, mielos, ‘medula’ e ite, ‘inflamação’, uma vez
ro constante de pessoas. A malária, doença causada que o vírus ataca as células na parte cinzenta da me-
por um protozoário, é endêmica na Amazônia. dula). O vírus penetra por meio de água ou alimentos
A pandemia (pân = todo) é o aparecimento de um contaminados ou por contato com a saliva ou fezes
número fora do comum de casos dessa doença em de um doente. Para evitar a doença, é muito impor-
todo o mundo. tante as crianças serem vacinadas na época recomen-
Veja mais alguns termos importantes: agente etio- dada pelo médico. Também são importantes o sanea-
lógico ou patogênico (pathos = doença; genos = ori- mento básico e medidas de higiene para evitar a pro-
gem) é o organismo capaz de causar infecção. Parasita pagação do vírus.
(para = ao lado; sitos = alimento) é um organismo que
se instala no corpo de outro, o hospedeiro, passando a Dengue
extrair alimento dele e causando-lhe prejuízos (doen- O vírus (gênero Flavivirus) é transmitido pela pica-
ças). Vetor é o ser vivo que transmite o agente patogê- da de duas espécies de mosquito: o Aedes aegypti e o
nico. Reservatório é qualquer ser vivo em que um Aedes albopictus. No Brasil, só ocorre a primeira espé-
agente infeccioso vive habitualmente e se multiplica, cie. O mosquito é, portanto, o vetor da dengue.
sem causar grandes danos e do qual ele pode ser O Aedes aegypti é pequeno, de cor escura, vive nas
transmitido a outros organismos. Profilaxia é o con- regiões urbanas e tem hábitos diurnos (figura 2.5).
junto de medidas para a prevenção de doenças.
Martin Dohrn/Sciene Photo Library/Latinstock

Gripe e resfriado comum


Embora sejam doenças causadas por vírus dife-
rentes, seus sintomas são semelhantes: coriza, obs-
trução nasal, tosse e espirro; em geral, a febre só apa-
rece nos casos de gripe. Em ambas, os vírus são trans-
mitidos por gotículas eliminadas pelas vias respirató-
rias (fala, espirro, tosse, etc.).
A gripe, também chamada influenza (nome de ori-
gem latina e que significa ‘influência’, pois, no século
XIV, se achava que ela surgia por influência dos cor-
pos celestes), é causada por variedades de vírus do Figura 2.5 Aedes aegypti (4 mm a 6 mm de comprimento),
gênero Influenzavirus. o mosquito transmissor da dengue.

Capítulo 2 • Vírus 25

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Dengue é uma palavra de origem espanhola e sig- mélias, que acumulam água na parte central da plan-
nifica ‘dengoso’ ou ‘requebrado’, uma vez que, por ta. A larva do mosquito da dengue se desenvolve nes-
causa das dores nos músculos e nas articulações, os sa água parada (figura 2.6). Por isso, caixas-d’água,
doentes da dengue balançam um pouco o corpo ao poços e cisternas devem estar sempre cobertos e de-
andar. A dengue pode se apresentar de duas formas: ve-se impedir que os objetos retenham água parada,
clássica e hemorrágica. Na dengue clássica, alguns esvaziando-os, não deixando-os expostos à chuva e
dias depois da picada (período de incubação), a pes- colocando areia grossa nos pratos sob os vasos de
soa apresenta febre alta de quatro a sete dias, dores plantas. Evite ter bromélias em casa: substitua-as por
musculares e articulares, dores na cabeça e nos olhos outras plantas que não acumulem água.
(pode haver fotofobia, ou seja, aversão à luz), infla-

Fabio Colombini/Acervo do fotógrafo


mação na garganta e sangramento na boca e no na-
riz. Podem surgir, ainda, manchas avermelhadas na
pele semelhantes às do sarampo. Cerca de uma se-
mana depois, essas manifestações começam a desa-
parecer. Mas é preciso acompanhamento médico por-
que, em pessoas subnutridas e debilitadas, a doença
pode levar à morte. O médico geralmente receita an-
titérmico, para baixar a febre, e repouso. É importante
também beber bastante líquido ou produtos indica-
dos pelo médico para manter o organismo hidratado,
Figura 2.6 Larva do Aedes aegypti (1 mm a 6 mm de
como o soro de reidratação oral. No entanto, não se comprimento, conforme o estágio larval) na água parada.
deve tomar medicamentos contra a dor e a febre à
base de ácido acetilsalicílico, porque essa substância O combate à dengue e a muitas outras doenças
favorece hemorragias. depende de ações sociais, de uma interação entre go-
Quem já teve dengue, mesmo de uma forma as- verno e sociedade, envolvendo campanhas de vacina-
sintomática, ou quem é portador de doença crônica, ção, medidas de saneamento, conscientização da po-
como diabetes, artrite reumatoide ou lúpus, pode pulação, entre outras medidas de cunho social (estu-
contrair dengue hemorrágica, provocada por outro dadas também em Sociologia e em outras disciplinas).
tipo de vírus. Essa forma começa do mesmo modo,
mas, quando termina a fase febril, os sintomas se Febre amarela
agravam, com queda da pressão arterial, hemorragias
O vírus é transmitido pela picada do mosquito
da pele, intestino e gengivas (há aumento da permea-
Aedes aegypti e do mosquito do gênero Haemagogus
bilidade dos capilares sanguíneos), e aumento no
(nas matas), entre outros. O doente apresenta febre,
tamanho do fígado. Nesse caso, as pessoas devem
vômito, dor no estômago e lesões no fígado, o que
permanecer em observação no hospital, uma vez que,
torna a pele amarelada (icterícia). A doença pode se
se não houver assistência médica, a doença pode le-
apresentar de forma leve, e até sem sintomas, ou de
var o paciente à morte em 10% dos casos.
forma grave, podendo levar à morte. A prevenção é
O combate ao mosquito é a medida mais impor-
feita com combate ao mosquito e vacinação, princi-
tante para a prevenção da dengue. Esses mosquitos
palmente das pessoas que habitam ou visitam as re-
atacam durante o dia, ao contrário do mosquito co-
giões onde a doença é endêmica.
mum (gênero Culex), que costuma picar durante a
noite. O Aedes é mais escuro que o mosquito comum
e possui listras brancas pelo corpo e pelas pernas. Raiva
Machos e fêmeas alimentam-se de seiva das plantas, Trata-se de uma doença fatal que ataca o sistema
mas a fêmea precisa de sangue para desenvolver os nervoso. A contração dos músculos responsáveis pela
ovos. A postura é feita em águas paradas e limpas deglutição torna o ato de comer e beber muito dolo-
perto de habitações, como caixas-d’água, poços, cis- roso – daí a hidrofobia (hydro = água; phobos = medo),
ternas, latas, pneus, garrafas, vasos de plantas e bro- típica da doença.

26 Unidade 2 • Vírus e seres de organização mais simples

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O vírus é transmitido pela mordida de animais do- deficiência adquirida) é causada pelo vírus da imuno-
mésticos infectados, principalmente do cão e do gato; deficiência humana (HIV, do inglês human immuno-
por isso, é obrigatória a vacinação desses animais to- deficiency virus).
dos os anos e o recolhimento daqueles soltos na rua. No continente africano existem dois tipos de HIV:
O vírus pode ser transmitido também por morcegos o HIV-1 e o HIV-2. Análises comparativas dos genomas
hematófagos (que se alimentam de sangue) e por ra- desses vírus e dos vírus SIV (simian immunodeficiency
tos. Quando uma pessoa é mordida por qualquer ani- virus) sugerem que o HIV-1 surgiu do vírus SIVcpz, que
mal, deve-se lavar o local da ferida várias vezes com afeta os chimpanzés da subespécie Pan troglodytes
água e sabão e procurar imediatamente um posto de troglodytes, já que os genomas desses dois vírus são
saúde para, se necessário, receber soro, vacina antir- quase idênticos. Por sua vez, o genoma do HIV-2 é
rábica e outros medicamentos. quase idêntico ao do SIVsm, um vírus encontrado no
macaco-verde africano (Cercocebus torquatus atys),
Condiloma acuminado ou do qual se originou.
verruga genital A explosão demográfica, as migrações para as ci-
dades, a aplicação de medicamentos sem condições
É uma doença causada pelo HPV (vírus do papilo-
ideais de higiene, entre outros fatores, teriam espa-
ma humano). Esse vírus provoca lesões em forma de
lhado o vírus pelo continente africano. A partir da dé-
“verrugas” na vulva, na vagina e no pênis, e é transmi-
cada de 1970, a agressividade do vírus aumentou, es-
tido (o vírus) pelo ato sexual. A lesão deve ser retirada
palhando-se rapidamente pelo mundo, por meio de
com bisturi elétrico ou produtos químicos. Mulheres
relações sexuais, do uso de drogas injetáveis e de
que tiveram ou têm o vírus devem fazer exames gine-
transfusões sanguíneas. À medida que se espalhava,
cológicos periódicos, pois alguns subtipos têm rela-
seu código genético sofria mutações e surgiam novas
ção com o câncer no colo do útero.
variedades.
A mulher que teve condiloma e engravidar deve
A história da Aids demonstra que a disseminação
avisar o médico, pois no momento do parto o vírus
de várias doenças é influenciada não apenas por fa-
pode passar para a criança e provocar-lhe problemas
tores biológicos, mas também por fatores sociais e
respiratórios.
culturais (estudados em Sociologia, entre outras dis-
ciplinas).
Herpes
O doente apresenta pequenas vesículas cheias de HIV: o vírus da Aids
líquido que, quando arrebentam, formam feridas nas Medindo apenas 0,1 µm, ele é formado por uma
mucosas ou na pele, com mais frequência nos lábios cápsula esférica de glicoproteínas mergulhadas em
(herpes simples) ou na região genital (herpes genital). uma dupla camada de lipídios e proteínas, sendo, por
Embora as feridas cicatrizem em poucos dias, o vírus isso, classificado como vírus envelopado. No seu inte-
permanece no organismo e pode provocar novas le- rior, há duas moléculas de RNA e enzimas (transcrip-
sões. Sua transmissão se dá por contato direto com o tase reversa, integrase e protease).
portador. A proteína mais externa do HIV, chamada de
Há medicamentos que diminuem os sintomas e a gp120, encaixa-se à glicoproteína CD4 da membrana
duração da doença, embora não eliminem o vírus. do linfócito T4. Esse linfócito, também denominado
Uma pessoa com herpes deve evitar tocar a área con- CD4+ ou auxiliar, é a principal célula atacada pelo
taminada ou, quando o fizer, lavar as mãos para evi-
vírus.
tar contaminar outras pessoas. Não deve ter relações
Após o encaixe, a cápsula do vírus se funde à mem-
sexuais durante as recaídas (as fases mais contagio-
brana da célula e o material genético viral penetra em
sas) do herpes genital.
seu citoplasma. Com o auxílio da enzima transcripta-
se reversa, o RNA sintetiza uma molécula de DNA, que
Aids lhe é complementar, e em seguida é destruído. Essa
A Aids ou Sida (siglas de acquired immunodefi- molécula de DNA produz outra de DNA, complemen-
ciency syndrome, em inglês, ou síndrome da imuno- tar, e as duas se unem, formando uma dupla cadeia,

Capítulo 2 • Vírus 27

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Ingeborg Asbach/Arquivo da editora

a infecção pelo HIV começa com a o HIV injeta na célula seu material o DNA integra-se ao o DNA produz RNA, que
fusão do vírus com uma célula genético e algumas proteínas cromossomo da célula vai para o citoplasma

gp120 os novos vírus


são formados e
CD4 saem da célula

o RNA produz
proteínas do vírus

transcriptase reversa produz DNA DNA entra no núcleo

Figura 2.7 Na ilustração, esquema mostrando a entrada do HIV (cerca de 0,1 µm de diâmetro) na célula e sua multiplicação (os
elementos não estão na mesma escala; cores fantasia).

que migra para o núcleo e se incorpora ao material ge- Objetos que possam entrar em contato com san-
nético da célula (figura 2.7). gue, como lâmina de barbear, tesoura, alicate de unha,
Como é o RNA que sintetiza uma molécula de instrumentos usados por médicos e dentistas (bistu-
DNA, ao contrário do que acontece no processo de ris, pinças, alicates, seringas, etc.) ou por tatuadores e
transcrição dos seres vivos em geral, o HIV é classifi- acupunturistas, tudo isso pode transmitir o vírus se
cado no grupo dos retrovírus. tiver sido utilizado anteriormente em pessoas infecta-
O DNA do vírus pode desencadear a síntese de no- das. Antes de serem usados de novo, esses instrumen-
vas moléculas de RNA, que orientam também a sínte- tos devem ser esterilizados. A transmissão também
se de proteínas da cápsula e das enzimas virais. Assim, pode ocorrer por transfusão de sangue contaminado
formam-se novos vírus, que migram para a periferia (embora a fiscalização dos bancos de sangue pelo go-
da célula, são envolvidos pela membrana e compõem verno tenha diminuído muito esse problema), por per-
brotos que se soltam da célula. Esses novos vírus po- furação com agulha contaminada (problema frequen-
dem, então, infectar outras células. te entre usuários de drogas injetáveis) e em trans-
O resultado desse processo é a progressiva dimi- plantes de órgãos.
nuição da quantidade de linfócitos T4, o que, com o Durante as relações sexuais, o vírus presente no sê-
tempo, compromete todo o sistema imunitário. men contaminado pode penetrar na mucosa da vagi-
Dessa forma, o organismo fica sem defesa contra di- na ou do reto. A transmissão da vagina ou do reto para
versos microrganismos, e o doente pode morrer víti- o pênis pode ocorrer através da uretra masculina ou de
ma de uma série de infecções. lesões microscópicas ocasionadas no pênis durante a
relação. Por isso, na relação entre duas pessoas, qual-
Transmissão e prevenção quer uma delas pode ser infectada, e a melhor preven-
O HIV pode ser transmitido por vários fluidos cor- ção é o uso da camisinha durante toda a relação sexual,
porais contaminados – sangue, sêmen, secreção vagi- seja a masculina, geralmente de látex, seja a feminina,
nal, leite materno, líquido cerebrospinal, líquido am- de poliuretano. A limitação do número de parceiros e,
niótico –, quando eles entram em contato com muco- claro, a abstinência também diminuem o risco de con-
sas, como a da boca, a do ânus e a da vagina, ou com tágio. É importante ressaltar ainda que a inseminação
a pele (se esta apresentar cortes ou perfurações). artificial pode ser uma forma de transmissão.

28 Unidade 2 • Vírus e seres de organização mais simples

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O vírus pode ser transmitido da mãe para o filho linfonodos da cabeça, do pescoço e das axilas (íngua);
durante a gestação, o parto ou o aleitamento. Por erupções (feridas) na pele, na boca e nos órgãos geni-
isso, mulheres grávidas devem fazer o teste de Aids. tais; diarreia; dores abdominais; falta de apetite e per-
Alguns estudos indicam que, se a gestante se tratar da de peso; náusea; vômitos. Esses sintomas, porém,
com medicamentos e o bebê tomar os remédios cor- variam muito e não são específicos da Aids. Por isso,
retos nas primeiras semanas depois do nascimento, o apenas o médico tem condições de diagnosticar a sín-
risco desse tipo de transmissão é de 2%. Porém, se es- drome. Há também portadores que não apresentam
ses cuidados não forem tomados, o risco é de 27%. sintomas por longo tempo. Ainda assim, podem trans-
Não há evidências de que o vírus seja transmitido mitir o vírus a outras pessoas, até mesmo para o filho,
por suor, urina, saliva ou lágrima. Ou seja, não há con- no caso de uma mulher soropositiva que engravide.
tágio por apertos de mão, abraços, beijos sociais, tos- Com a contínua multiplicação do vírus no organis-
se, espirro, uso de piscinas ou uso comum de roupas, mo, pode chegar um momento em que o número de
toalhas, copos, talheres ou louças, pentes e objetos linfócitos diminui bastante e começam a aparecer in-
caseiros. Havendo feridas ou sangramento das gengi- fecções por germes oportunistas (que vivem no am-
vas, o vírus poderia ser transmitido no caso de beijos biente, na pele ou em cavidades do corpo e normal-
prolongados com muita troca de saliva. mente não causam problemas em indivíduos saudá-
Também não se adquire o vírus tomando vacinas, veis): tuberculose, pneumonia, diarreias crônicas pro-
sendo picado por mosquitos ou entrando em contato vocadas por amebas, giárdia e outros germes, menin-
com animais domésticos. gites, herpes cutâneo, candidíase oral (sapinho).
Embora não destruam completamente os vírus, os
Diagnose, sintomas e tratamento medicamentos atuais podem retardar a evolução da
Por meio de exames feitos em clínicas especializa- doença e combater as infecções oportunistas. Além
das, o paciente pode saber se é portador do HIV, ou de medicamentos que atacam as infecções oportu-
seja, se é HIV-positivo (também chamado de soropo- nistas, há também os chamados antirretrovirais, que
sitivo). É necessário fazer mais de um exame para inibem a reprodução do HIV no sangue. Um dos
confirmar o resultado, que pode ser falso negativo, maiores problemas para o desenvolvimento de uma
isto é, apresentar resultado negativo para uma pes- vacina é a capacidade de o vírus sofrer mutações mui-
soa contaminada; ou falso positivo, isto é, apresentar to rapidamente. Como a vacina tem de ser específica,
resultado positivo para alguém que não está conta- ela poderia não atuar sobre as demais variedades.
minado. Em caso de confirmação de resultado positi-
vo, a pessoa deve consultar um médico para saber, ATENÇÃO!

com segurança, como se tratar.


Para mais informações, procure
Muitos portadores do vírus podem apresentar sin- orientação médica.
tomas como: febre e suores noturnos; inflamação dos

ATENÇÃO!
Atividades Não escreva no
seu livro!

Aplique seus conhecimentos 3. (Enem) A partir do primeiro semestre de 2000, a ocor-


rência de casos humanos de febre amarela silvestre ex-
1. Vários microrganismos patogênicos podem ser cultiva- trapolou as áreas endêmicas, com registro de casos em
dos em laboratório, em condições especiais denomina-
São Paulo e na Bahia, onde os últimos casos tinham
das “meio de cultura”, isto é, um meio (sólido ou líqui-
ocorrido em 1953 e 1948. Para controlar a febre amarela
do) contendo os nutrientes (açúcares, gordura,
silvestre e prevenir o risco de uma reurbanização da doen-
proteínas, etc.) adequados ao microrganismo, que se
ça, foram propostas as seguintes ações:
multiplica e pode ser estudado. Por que essa técnica
não funciona no caso dos vírus? Explique. I. Exterminar os animais que servem de reservatório
do vírus causador da doença.
2. Que fato explica tanto a dificuldade de se conseguir II. Combater a proliferação do mosquito transmissor.
produzir uma vacina contra o HIV como a necessidade III. Intensificar a vacinação nas áreas onde a febre é en-
de se repetir a vacinação contra a gripe todos os anos? dêmica e em suas regiões limítrofes.

Capítulo 2 • Vírus 29

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É efetiva e possível de ser implementada uma estratégia das pessoas recém-infectadas não haviam sido subme-
envolvendo a(s) ação(ões): tidas a nenhum tratamento e, mesmo assim, não res-
a) II, apenas. d) II e III, apenas. ponderam às duas principais drogas anti-Aids. Dos pa-
b) I e II, apenas. e) I, II e III. cientes estudados, 50% apresentavam o vírus FB, uma
c) I e III, apenas. combinação dos dois subtipos mais prevalentes no país,
F e B”. (Adaptado de: Jornal do Brasil, 2/10/2001.)
4. (Enem) Durante as estações chuvosas, aumentam no
Brasil as campanhas de prevenção à dengue, que têm Dadas as afirmações acima, considerando o enfoque da
como objetivo a redução da proliferação do mosquito prevenção, e devido ao aumento de casos da doença em
Aedes aegypti, transmissor do vírus da dengue. Que pro- adolescentes, afirma-se que:
posta preventiva poderia ser efetivada para diminuir a
I. O sucesso inicial dos coquetéis anti-HIV talvez tenha
reprodução desse mosquito? levado a população a se descuidar e não utilizar me-
a) Colocação de telas nas portas e janelas, pois o mos- didas de proteção, pois se criou a ideia de que esses
quito necessita de ambientes cobertos e fechados remédios sempre funcionam.
para a sua reprodução. II. Os vários tipos de vírus estão tão resistentes que não
b) Substituição das casas de barro por casas de alvena- há nenhum tipo de tratamento eficaz e nem mesmo
ria, haja vista que o mosquito se reproduz na parede qualquer medida de prevenção adequada.
das casas de barro. III. Os vírus estão cada vez mais resistentes e, para evi-
c) Remoção dos recipientes que possam acumular tar sua disseminação, os infectados também devem
água, porque as larvas do mosquito se desenvolvem usar camisinhas e não apenas administrar coquetéis.
nesse meio. Está correto o que se afirma em:
d) Higienização adequada de alimentos, visto que as larvas
a) I, apenas.
do mosquito se desenvolvem nesse tipo de substrato.
b) II, apenas.
e) Colocação de filtros de água nas casas, visto que a
c) I e III, apenas.
reprodução do mosquito acontece em águas conta-
d) II e III, apenas.
minadas.
e) I, II e III.
5. (Enem) Estima-se que haja atualmente no mundo 40
7. (Unirio-RJ) A representação a seguir sintetiza o chamado
milhões de pessoas infectadas pelo HIV (o vírus que cau-
dogma central da Biologia celular:
sa a Aids), sendo que as taxas de novas infecções conti-
nuam crescendo, principalmente na África, Ásia e Rússia. replicação do ADN transcrição
ARN tradução
peptídio
Nesse cenário de pandemia, uma vacina contra o HIV
teria imenso impacto, pois salvaria milhões de vidas. Esse fluxo unidirecional de informações torna-se exce-
Certamente seria um marco na história planetária e ção nos retrovírus, como o da Aids, pois esses vírus:
também uma esperança para as populações carentes a) têm a capacidade de sintetizar um peptídio direta-
de tratamento antiviral e de acompanhamento médico. mente a partir do ADN.
TANURI, A.; FERREIRA JUNIOR, O. C. Vacina contra Aids: b) possuem transcriptase reversa que, a partir do ARN-m,
desafios e esperanças. Ciência Hoje (44) 26, 2009 (adaptado).
orienta a tradução.
Uma vacina eficiente contra o HIV deveria: c) têm a capacidade de sintetizar ARN-m a partir do
ADN viral.
a) induzir a imunidade para proteger o organismo da
d) possuem transcriptase reversa que, a partir do peptí-
contaminação viral.
dio, orienta a síntese do ARN-m.
b) ser capaz de alterar o genoma do organismo porta-
e) têm a capacidade de sintetizar ADN a partir de ARN.
dor, induzindo a síntese de enzimas protetoras.
c) produzir antígenos capazes de se ligarem ao vírus, impe- 8. (Ufscar-SP) Determinado medicamento tem o seguinte
dindo que este entre nas células do organismo humano. modo de ação: suas moléculas interagem com uma de-
d) ser amplamente aplicada em animais, visto que es- terminada proteína, desestabilizando-a e impedindo-a
ses são os principais transmissores do vírus para os de exercer sua função como mediadora da síntese de
seres humanos. uma molécula de DNA, a partir de um molde de RNA.
e) estimular a imunidade, minimizando a transmissão Esse medicamento:
do vírus por gotículas de saliva. a) é um fungicida.
6. (Enem) Uma nova preocupação atinge os profissionais b) é um antibiótico com ação sobre alguns tipos de bac-
que trabalham na prevenção da Aids no Brasil. Tem-se térias.
observado um aumento crescente, principalmente en- c) impede a reprodução de alguns tipos de vírus.
tre os jovens, de novos casos de Aids, questionando-se, d) impede a reprodução de alguns tipos de protozoários.
inclusive, se a prevenção vem sendo ou não relaxada. e) inviabiliza a mitose.
Essa temática vem sendo abordada pela mídia: 9. (Uerj) Pandemias graves de gripe por vírus influenza repe-
“Medicamentos já não fazem efeito em 20% dos infec- tem-se, no mundo, a determinados intervalos de tempo,
tados pelo vírus HIV. Análises revelam que um quinto causando milhões de mortes. Cientistas da OMS alertam

30 Unidade 2 • Vírus e seres de organização mais simples

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para o fato de que a gripe aviária, surgida no Sudeste d) eliminação dos insetos vetores do vírus causador
Asiático, pode provocar uma nova pandemia. O controle dessa doença.
do alastramento desse vírus é problemático, não só devido e) distribuição de antibióticos contra a bactéria causa-
às facilidades de transporte no mundo, mas, também, por- dora dessa doença.
que as vacinas produzidas para combatê-lo podem perder
13. (Mack-SP) O ser humano tem travado batalhas constan-
a sua eficácia com o tempo. Essa perda de eficácia está as-
tes contra os vírus. A mais recente é contra o vírus H1N1,
sociada à seguinte característica dos vírus influenza:
que causa a “gripe suína”.
a) sofrer alterações em seu genoma com certa frequência. A respeito dos vírus, assinale a alternativa correta.
b) inibir com eficiência a produção de anticorpos pelo
a) São todos endoparasitas celulares.
hospedeiro.
b) Os antibióticos só são eficazes contra alguns tipos.
c) destruir um grande número de células responsáveis
c) Todos eles possuem o DNA e o RNA como material
pela imunidade.
genético.
d) possuir cápsula protetora contra a maioria das defe-
d) Atualmente existem vacinas contra todos os tipos.
sas do hospedeiro.
e) Alguns deles possuem reprodução sexuada.
10. (UFSC) Apesar das campanhas divulgadas em todos os
veículos de comunicação, a dengue tem se espalhado 14. (UFC-CE) A Aids é uma doença infecciosa que afeta o sis-
para áreas onde antes não ocorria. Sobre a dengue, assi- tema imunológico e cujo agente etiológico é o vírus HIV.
nale a(s) proposição(ões) correta(s). Assinale a alternativa que apresenta duas formas de
01. Como prevenção, existem vacinas que atuam imu- transmissão do vírus da Aids.
nizando totalmente as pessoas. a) Inalação de ar contaminado; uso de seringas não es-
02. É uma doença infecciosa. terilizadas.
04. Sua forma de transmissão se dá pela picada de um b) Transfusão de sangue contaminado; ingestão de
tipo de mosquito. água contaminada.
08. Tem como sintomas febre alta, moleza, dores mus- c) Picada de inseto; contaminação do bebê por meio da
culares e de cabeça, entre outros. amamentação.
16. Já foi descartada a eliminação do mosquito trans- d) Contato sexual sem o uso de preservativo; uso de ta-
missor da doença como forma de combatê-la, pois é lheres e copos contaminados.
um método ineficaz. e) Contaminação do feto, pela mãe, por meio da pla-
32. Em alguns casos podem ocorrer hemorragias fatais. centa; contato sexual sem o uso de preservativo.
Indique a soma dos números das respostas corretas.
11. (UFRGS-RS) O influenza A foi responsável por algumas
pandemias no século XX, tais como a gripe espanhola Trabalho em equipe
em 1918 e a gripe asiática em 1957. No ano passado, Em grupo, escolham um dos temas abaixo para pes-
ocorreu uma nova pandemia, a da gripe A. quisar. Depois, apresentem o resultado do trabalho para
Considere as afirmações a seguir sobre a gripe A. a classe e para a comunidade escolar (alunos, professo-
I. Um importante sintoma é a inflamação severa dos res, funcionários da escola e pais ou responsáveis).
pulmões, que pode levar à insuficiência respiratória. a) Os números da Aids: casos de Aids no Brasil e no
II. O tratamento é feito com antibióticos. mundo e projeções para os próximos anos.
III. É causada por bactérias, podendo ser prevenida por Medidas que foram tomadas pelo governo brasi-
vacinação. leiro e o que ainda precisa ser feito no mundo
Quais estão corretas? para prevenir e combater a infecção.
a) Apenas I. b) A situação da poliomielite no Brasil e no mundo;
b) Apenas II. as diferenças entre a vacina Salk e a vacina Sabin.
c) Apenas I e III. c) A Revolta da Vacina: qual era a situação social do
d) Apenas II e III. Rio de Janeiro em 1904, quem foi o médico en-
e) I, II e III. volvido na campanha de vacinação, etc.
d) Príons e as doenças que eles causam.
12. (PUC-RJ) A dengue continua sendo um problema de saú- e) A história da descoberta da Aids e a identificação
de pública para o estado do Rio de Janeiro. Assim, conhe- do HIV como vírus responsável por essa síndrome.
cendo-se o causador da dengue e seu vetor, podemos f) Escolham uma das viroses abaixo para realizar
usar como medidas profiláticas a: uma pesquisa sobre o agente causador, modo de
a) vacinação em massa da população contra a bactéria transmissão, prevenção, etc.
causadora dessa doença. 1. Gripe aviária.
b) exterminação de ratos vetores do vírus causador des- 2. Sars.
sa doença. 3. Gripe A (“gripe suína”).
c) eliminação dos insetos vetores da bactéria causado- 4. Varíola.
ra dessa doença.

Capítulo 2 • Vírus 31

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