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Lição 7

10 a 16 de fevereiro

Sua misericórdia se eleva até os céus

Sábado à tarde

Ano Bíblico: RPSP: Jr 13

Verso para memorizar: “Eu Te darei graças entre os povos; cantarei louvores a Ti entre as
nações. Pois a Tua misericórdia se eleva até os céus, e a Tua fidelidade, até as nuvens” (Sl
57:9, 10).

Leituras da semana: Sl 136; 51; 130; 113; 123

Os salmistas estavam cientes de que eram espiritualmente pobres e não tinham nada de
bom a oferecer a Deus; isto é, não tinham nada em si mesmos que os tornasse aceitáveis
perante o santo trono de Deus (Sl 40:17). Entendiam que necessitavam da graça divina,
assim como todos nós necessitamos dela. Em suma, precisavam do evangelho.

Os salmos enfatizam o fato de que somos totalmente dependentes da misericórdia divina.


Felizmente, a misericórdia de Deus é eterna, como evidenciado tanto na criação quanto na
história do povo de Deus (Sl 136). Diante do Deus eterno, a vida humana é tão transitória
quanto a relva, mas Ele Se compadece do ser humano, renova sua força (Sl 103:3, 5, 15), e
Nele temos a promessa da eternidade.

O povo de Deus se consola com o fato de que o Senhor é fiel à Sua aliança. Os apelos do
povo, não importando a urgência deles, são muitas vezes cheios de esperança, pois são
direcionados ao seu compassivo Pai celestial (Sl 103:13; 68:5; 89:26). Novas experiências
da graça e do amor de Deus fortalecem a determinação dele em adorar e servir a Deus e a
ninguém ou a nada mais.

Domingo, 11 de fevereiro

Ano Bíblico: RPSP: Jr 14

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Sua misericórdia dura para sempre

1. Leia o Salmo 136. Qual é a ideia predominante nesse Salmo? Onde o salmista
encontra evidências para suas afirmações?

O Salmo 136 chama os fiéis a louvar ao Senhor por Sua misericórdia revelada na criação
(Sl 136:4-9) e na história de Israel (Sl 136:10-22). “Misericórdia” (hebr. khesed, “constante
amor”) transmite a bondade e lealdade divinas à criação e à Sua aliança com Israel,
mostrando que o poder de Deus está fundamentado em Seu amor. “Deus dos deuses” e
“Senhor dos senhores” são expressões hebraicas que significam “o Deus maior” (Sl 136:1-
3), não que existam outros, mas que Ele é único.

As grandes maravilhas do Senhor, que não podem ser reproduzidas por mais ninguém, são
a demonstração inegável de Seu domínio (Sl 136:4). Deus criou os céus, a Terra e os
corpos celestes, que são adorados pelos pagãos (Dt 4:19). Os salmos, no entanto,
removem a autoridade dos deuses pagãos e, por extensão, de toda fonte de confiança com
base no ser humano. Eles são meros produtos da criação; são apenas coisas criadas – não
o Criador, uma distinção crucial.

A imagem da mão forte e do braço estendido do Senhor (Sl 136:12) enfatiza a eficácia do
poder divino e o domínio de longo alcance de Sua misericórdia.

A misericórdia de Deus na criação e na história deve inspirar Seu povo a confiar Nele e a
permanecer fiel à Sua aliança. O refrão “porque a Sua misericórdia dura para sempre” é
repetido 26 vezes no Salmo 136, dando aos adoradores a certeza de que o Senhor não
muda e repetirá Seus favores passados a cada nova geração. Deus Se lembra de Seu povo
(Sl 136:23) e é fiel à Sua aliança de graça. A crença na misericórdia duradoura do Senhor
está no centro da fé bíblica, que inclui adoração alegre e confiança, bem como serenidade e
arrependimento.

O Salmo 136 (v. 23-25) termina com o cuidado universal de Deus com o mundo. A
misericórdia divina se estende não apenas a Israel, mas a toda a criação. O salmo, portanto,
fala da universalidade da graça salvadora e exorta o mundo inteiro a se juntar ao louvor de
Israel ao Senhor (veja também Lc 2:10; Jo 3:16; At 15:17).

A imagem de Jesus na cruz, morrendo pelos nossos pecados, como nosso Substituto,
revela mais poderosamente que “Sua misericórdia dura para sempre”?

Segunda-feira, 12 de fevereiro

Ano Bíblico: RPSP: Jr 15

Crie em mim um coração puro

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2. Leia Salmo 51:1-5. Por que o salmista apelou à misericórdia divina?

O rei Davi derramou o coração diante do Senhor, pedindo o perdão dos pecados nos
momentos espiritualmente mais sombrios de sua vida (2Sm 12). O perdão é o dom
extraordinário da graça de Deus, o resultado da “multidão das Tuas misericórdias” (Sl 51:1).
O rei Davi apelou ao Senhor que não o tratasse de acordo com o que seu pecado merecia
(Sl 103:10), mas segundo o caráter divino, ou seja, segundo a misericórdia, fidelidade e
compaixão de Deus (Sl 51:1; Êx 34:6, 7).

3. Leia Salmo 51:6-19. Como o perdão dos pecados é retratado aqui? Qual é o objetivo
do perdão divino?

O perdão divino envolve mais do que uma proclamação legal de inocência. Produz uma
mudança profunda, que alcança o íntimo do eu humano (Sl 51:6; Hb 4:12). Produz uma
nova criação (Sl 51:10; Jo 3:3-8). O verbo hebraico bara’, traduzido como “criar”, retrata o
poder criativo divino (Gn 1:1). Só Deus pode bara’; somente Deus pode produzir uma
mudança radical e duradoura no coração da pessoa arrependida (2Co 4:6).

Davi pediu que Deus o purificasse com hissopo (Lv 14:2-8; Sl 51:7). Ele sentia que sua
culpa o mantinha banido da presença do Senhor, da mesma forma que o leproso era banido
da comunidade enquanto estivesse impuro (Sl 51:11). Ele temia que os sacrifícios não
pudessem restaurá-lo plenamente, pois não havia sacrifício que fosse capaz de expiar seus
pecados premeditados de adultério e assassinato (Êx 21:14; Lv 20:10).

Somente a graça divina incondicional poderia aceitar o “coração quebrantado e contrito” de


Davi como sacrifício e restaurá-lo de volta à harmonia com Deus (Sl 51:16, 17). Ao pedir
purificação com hissopo, ele desejava voltar à presença divina.

Se Deus perdoou Davi por adultério, engano e assassinato, há esperança para você, seja
qual for a sua situação diante de Deus?

Terça-feira, 13 de fevereiro

Ano Bíblico: RPSP: Jr 16

Se Tu, Senhor, observares iniquidades

4. Leia o Salmo 130. Como a gravidade do pecado e a esperança para os pecadores


são retratadas?

A grande aflição do salmista estava relacionada aos seus próprios pecados e aos pecados
de seu povo (Sl 130:3, 8). Os pecados do povo eram tão graves que ameaçavam separá-lo
de Deus para sempre (Sl 130:3). As Escrituras mencionam registros de pecados sendo

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guardados para o Dia do Juízo (Dn 7:10; Ap 20:12) e nomes de pecadores sendo removidos
do livro da vida (Êx 32:32; Sl 69:28; Ap 13:8). O salmista apelou a Deus pelo perdão que
erradicaria o registro dos seus pecados (Sl 51:1, 9; Jr 31:34; Mq 7:19). Ele sabia que “Deus
não está irado por natureza. Seu amor é eterno. Sua ‘ira’ é despertada apenas pela falha do
homem em apreciar Seu amor. O propósito de Sua ira não é ferir, mas curar o homem; não
é destruir, mas salvar o Seu povo da aliança” (Os 6:1, 2; Hans K. LaRondelle, Deliverance in
the Psalms [Berrien Springs, MI: First Impressions, 1983], p. 180, 181). Notavelmente, é a
prontidão divina em perdoar pecados, não em puni-los, que inspira reverência a Deus (Sl
130:4; Rm 2:4). A adoração genuína fundamenta-se na admiração do caráter amoroso de
Deus, não no medo da punição.

Os filhos de Deus são chamados a esperar no Senhor (Sl 27:14; 37:34). O hebraico qawah,
“esperar”, significa literalmente “esticar” e é a raiz da palavra hebraica para “esperança”.
Assim, esperar no Senhor não é entregar-se passivamente a circunstâncias miseráveis, mas
um “esticar-se” esperançoso ou aguardar ansiosamente a intervenção do Senhor. A
esperança do salmista não estava fundamentada em seu otimismo, mas na Palavra de
Deus (Sl 130:5). Esperar fielmente no Senhor não é em vão, pois, depois da noite escura,
chega a manhã da libertação divina.

Veja como o apelo pessoal do salmista se tornou o de toda a comunidade (Sl 130:7, 8). O
bem-estar do indivíduo é inseparável do bem-estar de todo o povo. Assim, não se ora
apenas por si mesmo, mas pela comunidade. Como crentes, somos parte de uma
comunidade, e o que impacta uma parte da comunidade afeta a todos.

“Se Tu, Senhor, observares iniquidades, quem, Senhor, poderá escapar?” (Sl 130:3). O que
esse texto significa? O que seria de nós se Deus observasse nossas iniquidades?

Quarta-feira, 14 de fevereiro

Ano Bíblico: RPSP: Jr 17

Louvor ao Deus majestoso e misericordioso

5. Leia os Salmos 113 e 123. Quais dois aspectos diferentes do caráter divino são
descritos nesses salmos?

Os Salmos 113 e 123 louvam tanto a majestade quanto a misericórdia do Senhor. Sua
majestade é revelada na grandeza do Seu nome e no lugar exaltado do Seu trono, que está
acima de todas as nações e acima dos céus (Sl 113:4, 5; 123:1). “Quem é semelhante ao
Senhor, nosso Deus” (Sl 113:5) é uma declaração de fé de que nenhum poder no mundo ou
fora dele pode desafiar o Deus de Israel. As alturas inacessíveis onde o Senhor habita são
ilustradas pelo fato de o Senhor estar disposto a humilhar-Se ou Se inclinar “para ver o que

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se passa no céu e sobre a Terra” (Sl 113:6). A permanência de Deus no alto não O impede
de ver o que ocorre aqui embaixo. A misericórdia do Senhor se manifesta na Sua
disponibilidade de Se envolver com o mundo e salvar os necessitados e pobres de suas
adversidades. Sua mão não está escondida de Seus servos, embora Sua morada esteja em
Céus distantes.

A grandeza e o cuidado divinos, que não podem ser plenamente discernidos na incrível
transcendência de Deus, ficam explícitos nas obras de misericórdia e compaixão divinas. Os
necessitados, os pobres e os oprimidos podem experimentar em primeira mão o poder
soberano de Deus nas notáveis reviravoltas que Ele pode trazer à tona em favor deles. O
Deus exaltado manifesta Sua grandeza usando Seu poder para exaltar os abatidos. O povo
é livre para se aproximar do Senhor, pois Sua soberana majestade e supremacia não
mudam o fato de que Ele é seu gracioso Criador e Sustentador e que os fiéis são Seus
servos, Seus filhos amados.

A adoração é, portanto, motivada, não apenas pela magnificência de Deus, mas também
por Sua bondade. O louvor não se limita ao tempo e ao espaço (Sl 113:2, 3). A grandeza e a
misericórdia divinas são mais bem manifestadas em Jesus Cristo, que Se dispôs a descer
do Céu e ser rebaixado até a morte na cruz, a fim de levantar a humanidade caída (Fp 2:6-
8). Na cruz, temos todas as razões possíveis para adorar e louvar a Deus pelo que fez por
nós.

Detenha-se na cruz e no que aconteceu lá por você, pessoalmente. Do que Jesus o salvou?
Por que é tão importante manter a cruz acima de tudo em sua mente?

Quinta-feira, 15 de fevereiro

Ano Bíblico: RPSP: Jr 18

Não se esqueça de nem um só de Seus benefícios

6. Leia o Salmo 103. Como a misericórdia de Deus é retratada aqui?

O Salmo 103 enumera as múltiplas bênçãos do Senhor, e elas incluem todos os Seus
benefícios (Sl 103:2) para uma vida próspera (Sl 103:3-6). Essas bênçãos estão
fundamentadas no caráter misericordioso de Deus e em Sua fidelidade à aliança com Israel
(Sl 103:7-18). O Senhor Se lembra da fragilidade e transitoriedade humanas e tem
compaixão de Seu povo (ver Sl 103:13-17). Lembrar é mais do que mera atividade
cognitiva. Envolve compromisso que se expressa em ação: Deus liberta e sustenta Seu
povo (Sl 103:3-13). As imagens do Salmo 103:11-16 ilustram a imensurável grandeza da

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graça divina, que só pode ser comparada à infinita vastidão dos céus (Is 55:9). Como as
pessoas devem responder à bondade de Deus? Primeiro, bendizendo o Senhor (Sl 103:1,
2).

Em geral, entende-se que bendizer é o ato de conceder benefícios materiais e espirituais a


alguém (Gn 49:25; Sl 5:12). Visto que Deus é a Fonte de todas as bênçãos, como o ser
humano pode abençoá-Lo? Um inferior pode abençoar um superior como meio de
agradecimento ou louvor (1Rs 8:66; Jó 29:13). Deus abençoa as pessoas ao conceder-lhes
boas coisas, e as pessoas abençoam a Deus louvando-O, isto é, reverenciando-O por Sua
bondade e graça.

Segundo, lembrando-se dos Seus benefícios e de Sua aliança (Sl 103:2, 18-22), assim
como o Senhor Se lembra da débil condição humana e de Sua aliança com Seu povo (Sl
103:3-13). Lembrar-se é crucial no relacionamento entre Deus e Seu povo. Assim como o
Senhor Se lembra de Suas promessas, o povo tem a obrigação de se lembrar da fidelidade
de Deus e responder-Lhe com amor e obediência.

Pense nestas palavras de Ellen G. White: “Faria muito bem para nós se diariamente
passássemos uma hora refletindo sobre a vida de Cristo. Devemos considerá-la ponto por
ponto e deixar que a imaginação tome conta de cada cena, especialmente as finais. Ao
meditar em Seu sacrifício por nós, nossa confiança Nele será mais constante, nosso amor
será fortalecido, e seremos mais semelhantes a Ele. Se quisermos estar salvos no fim,
teremos que aprender ao pé da cruz a lição de arrependimento e humilhação” (O Desejado
de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 58).

Sexta-feira, 16 de fevereiro

Ano Bíblico: RPSP: Jr 19

Estudo adicional

Leia, de Ellen G. White, Caminho a Cristo, p. 17-22 (“Ponte sobre o abismo”). Nos salmos,
as vozes do povo de Deus se unem para repetir o coro “Sua misericórdia dura para
sempre”, em celebração do amor eterno (Sl 106:1; 107:1; 118:1-4, 29; 136). “Não louvar a
Deus significaria esquecer os Seus benefícios, não apreciar Seus dons. Só quem louva não
esquece. Pensar e falar sobre Deus ainda não é louvá-Lo. O louvor começa quando
reconhecemos a majestade e as obras divinas e reagimos com adoração à Sua bondade,
misericórdia e sabedoria” (Hans LaRondelle, Deliverance in the Psalms, p. 178).

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O significado da confissão solene da misericórdia de Deus ganha um tom mais profundo
quando nos lembramos de que o khesed divino – Sua bondade e fidelidade para com Sua
aliança – é imutável em meio ao pecado e à rebelião contra Deus.

“Temos pecado contra Ele e somos indignos de Seu favor; todavia, Ele nos pôs nos lábios a
mais maravilhosa de todas as petições: [...] (Jr 14:21). Quando a Ele formos confessando
nossa indignidade e pecado, Ele Se comprometeu a atender-nos ao clamor [...]” (Ellen G.
White, Parábolas de Jesus [CPB, 2022], p. 81).

Ver como Deus havia sido bondoso com ele (Sl 103:2) encorajou o salmista a dizer que “o
Senhor faz justiça e julga todos os oprimidos” (Sl 103:6, grifo nosso). Assim, o objetivo
último do testemunho pessoal do salmista e do louvor da misericórdia divina em sua vida é
assegurar aos outros da bondade amorosa de Deus para que também abram o coração a
Ele, recebam Sua graça salvadora e O louvem (Sl 9:11, 12; 22:22-27; 66:16).

Perguntas para consideração 1. Se a misericórdia de Deus é eterna, isso significa que


podemos continuar pecando? 2. Como conciliar o perdão dos pecados com a ideia do juízo
divino sobre o pecado? 3. As expressões da misericórdia de Deus no NT se encaixam com
as dos salmos? (Ef 2:4, 5; 1Tm 1:16; Tt 3:5; Hb 4:16)

Respostas e atividades da semana: 1. Deus é bom e fiel, e a Sua misericórdia dura para
sempre. Ele é o Criador e fez maravilhas por Seu povo. 2. Só Deus poderia perdoar os
graves pecados que ele havia cometido. 3. O perdão deve produzir uma mudança radical e
duradoura no coração do arrependido. 4. O pecado é retratado como algo que nos separa
de Deus para sempre. Nossa esperança está na prontidão divina em perdoar, na
misericórdia e no amor de Deus. 5. A majestade e a misericórdia divinas. 6. A misericórdia
de Deus se manifesta no perdão e nas múltiplas bênçãos concedidas a Seu povo.

Resumo da Lição 7

Sua misericórdia se eleva até os céus

ESBOÇO

Introdução: A definição da palavra misericórdia, dada pelo Oxford Language Dictionary


[Dicionário de Linguagem Oxford], é a seguinte: “Compaixão ou perdão mostrado para
alguém a quem está em seu alcance punir ou prejudicar”. Os salmos mencionados nos
textos-chave acima refletem bem essa definição.

Misericórdia é uma palavra surpreendente e que inspira o espírito humano com esperança e
motivação. Qualquer pessoa que sofra as consequências de suas más decisões sente o
peso esmagador da culpa se dissipar quando recebe misericórdia e graça. Quando um

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prazo é prorrogado ou uma dívida é perdoada, experimentamos alívio e gratidão
impressionantes diante da misericórdia oferecida.

Nesta semana, aprenderemos sobre a misericórdia do Criador, conforme revelada em seis


diferentes salmos. A misericórdia é retratada no Livro dos Salmos em sua mais alta
manifestação: a misericórdia do Santo para com o pecador – a misericórdia de um Deus
pronto para perdoar e redimir com base em Sua graça.

Quando lemos esses seis salmos no texto original hebraico, descobrimos que os salmistas
usaram quatro palavras diferentes para se referir ao que chamamos de “misericórdia”.
Compreender essas quatro palavras e suas implicações nos dará uma compreensão mais
profunda do amor de Deus. Ao examinar esses termos hebraicos, medite em como eles
aprimoram seu conceito pessoal de misericórdia.

COMENTÁRIO

Hesed

Hesed é a palavra hebraica mais comum traduzida como “misericórdia” no Antigo


Testamento. Ela pode ser entendida mais exatamente como “bondade amorosa” ou “amor
leal”. O Salmo 109:12 e 16 liga hesed à compaixão manifestada em favor dos pobres, órfãos
e necessitados. Pelo fato de que Deus salva Seu povo de desastres e opressores, os
salmistas louvavam o Seu nome por Suas ações misericordiosas (Sl 31:7, 21; 32:10; 57:3;
59:10; 94:18; 143:12).

Com esse contexto em mente, vamos iniciar nosso estudo de hesed, ou misericórdia,
observando como ela se relaciona com o livramento. Os salmistas pediam misericórdia em
situações como calamidade, perseguição, peregrinação no deserto, doença, tempestade ou
escravidão (Sl 57:1-4; 23:6; 40:11). Os escritores dos salmos também consideravam hesed
como um poder libertador ou como a capacidade de libertar (Sl 31:16, 17; 94:18; 109:26;
62:11, 12; 59:11, 17, 18). Assim, hesed é, em essência, o ato redentor de Deus em favor de
Seu povo. No Salmo 119, o escritor pediu a Deus que o poupasse ou livrasse de acordo
com Sua hesed (Sl 119:88, 149, 159).

Também vemos hesed relacionada à proteção. No Salmo 36:10, 11 e no Salmo 32:10, o


escritor fez um apelo por hesed, ou a proteção de Deus, contra os ímpios e arrogantes.
Hesed também é identificada com a fidelidade de Deus (veja Sl 85; 90).

Além disso, de acordo com o Salmo 6:4, hesed protege nossa existência. Em outro texto, o
salmista apelou ao Senhor para preservá-lo (Sl 119:88, 149), reconhecendo que Seus
preceitos amorosos são um fator importante na preservação e restauração da vida (Sl
119:159).

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Por último, hesed é eterna (Sl 89:2, 28, 33; 103:17; 117:2; 138:8), porque faz parte do
caráter do Todo-poderoso. Essa garantia representa boas-novas para o crente. “Porque o
Senhor é bom, a Sua misericórdia dura para sempre, e, de geração em geração, a Sua
fidelidade” (Sl 100:5; veja Sl 106:1; 107:1).

Os salmos também nos dizem que aquele que pede a hesed de Deus tem um bom
relacionamento com Ele. Os crentes devem expressar confiança no Senhor (Sl 31:14, 17;
119:41, 42; 143:8) e esperança (Sl 33:18, 22; 147:11), a fim de receber Sua misericórdia. A
graciosa misericórdia de Deus é concedida àqueles que esperam no Senhor. Além disso, a
fé é uma condição para receber a hesed de Deus.

Raham

O Salmo 51:1 usa três palavras para se referir à misericórdia:

“Tem misericórdia [hanan] de mim, ó Deus,

por Teu amor [hesed];

por Tua grande compaixão [raham]

apaga as minhas transgressões” (NVI).

Raham vem de um substantivo hebraico que significa “ventre, barriga” (“madre”, Gn 29:31,
ARC; “ventre”, Sl 22:9, NVI), uma palavra que transmite a ideia do carinho da mãe por seu
bebê (veja Jó 24:20). Raham também representa uma emoção que está em contraste com a
ira (Am 1:11; Zc 1:12-17). Essa emoção é uma bondade que excede em muito o que alguém
merece (Gn 43:14; 1Rs 8:50). Nesse contexto, raham significa “ter misericórdia ou
compaixão; manifestar favor” (veja Ne 1:11; Sl 106:46), como alguém que está em posição
superior, e tem bastante poder, e decide mostrar favor a um subordinado. Essa explicação é
a essência da misericórdia de Deus para conosco.

A misericórdia de Deus “significa uma compaixão calorosa, uma compaixão que anda a
segunda milha, que está pronta para perdoar o pecado, substituindo o juízo pela graça”
(New International Dictionary of Old Testament Exegesis [Zondervan, 1997], v. 3, p. 1091).
Além disso, o Senhor mostra Sua compaixão para com aqueles que foram degradados pelo
pecado e que falharam com Ele. Apesar de não merecermos Sua misericórdia, Deus nos
ergue por Sua graça e nos restaura ao Seu favor.

Hanan

Hanan é um verbo que significa “favorecer, ser gracioso ou generoso, ter piedade”.
Normalmente hanan é usado na expressão “encontrou favor [ou graça] aos olhos” de
determinada pessoa (veja Gn 30:27; 39:21; Rt 2:13; 1Sm 20:3). Esse significado se aplica
ao relacionamento entre Deus e Seu povo. Hanan é usado principalmente tendo o Senhor

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como sujeito (isto é, Ele favorece ou é gracioso). Essa palavra revela o caráter e as ações
de Deus para com Suas criaturas. Deus livremente concede Seu favor aos que estão
dispostos a recebê-lo (Gn 6:8, 9; Pv 3:3, 4; Is 30:19). Contudo, Ele pode reter Sua graça
quando a resposta à Sua oferta é rejeitada (Jr 16:13) ou quando não há indicação de
arrependimento por parte de Seu povo (Ne 9:17, 31).

É comum encontrar nos Salmos a súplica: “Tem misericórdia de mim” (Sl 4:1). Os salmistas
faziam esse pedido porque sabiam que o Senhor é misericordioso (Sl 86:15-17) e ouve a
súplica do crente (Sl 6:9; 28:2, 6). O Criador graciosamente provê alimento (Sl 111:4, 5), boa
colheita (Sl 67:1, 6), vindicação (Sl 103:6-8) e, especialmente, como estudamos durante
esta semana, perdão (Sl 51:1; 123:3).

Voltemo-nos ao Salmo 103 para considerar o que mais o salmista tinha a dizer sobre a
natureza da misericórdia do Senhor:

“O Senhor é compassivo [raham] e bondoso [hanan];

Tardio em irar-Se e rico em bondade [hesed].

Não repreende perpetuamente,

Nem conserva para sempre a Sua ira.

Não nos trata segundo os nossos pecados,

Nem nos retribui conforme as nossas iniquidades” (Sl 103:8-10).

Como podemos ver, o Saltério nos ensina que o amor de Deus é compassivo, terno,
ilimitado e infinito.

De que maneira os que seguem a Deus manifestam e demonstram Sua misericórdia para
com os outros? O Antigo Testamento usa a mesma palavra, hanan, para expressar a
bondade de uma pessoa para com seu próximo, especificamente em ajudar os pobres (Pv
28:8), mostrar compaixão pelos que sofrem (Jó 19:21) e cuidar dos idosos (Dt 28:50). Essas
ações não são isoladas, mas um estilo de vida para o crente consagrado (Pv 14:21). Os
salmos apresentam claramente a expectativa de Deus de que Seus filhos serão
misericordiosos, pois “o justo [...] se compadece e dá” (Sl 37:21) e “é sempre compassivo e
empresta” (Sl 37:26). Esse espírito de generosidade caracteriza o justo (Sl 112:4, 5). A lição
é clara: devemos ser bondosos com os outros se quisermos que Deus seja misericordioso
conosco. O Salmo 123:2 declara:

“Como os olhos dos servos estão atentos às mãos dos seus senhores,

E os olhos da serva, à mão de sua senhora,

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Assim os nossos olhos estão atentos ao Senhor, nosso Deus,

Até que tenha compaixão [hanan] de nós.”

Selihah

“Contigo está o perdão [selihah]” (Sl 130:4). Essa palavra vem do verbo hebraico salah
(“perdoar”). O Senhor é o único sujeito desse verbo em todo o Antigo Testamento: selihah
significa que o perdão é um ato realizado somente por Deus. O fundamento desse perdão é
a misericórdia do Senhor (Sl 86:5).

O Salmo 25:11-18 afirma que o perdão é a remoção dos pecados. Daniel acrescentou que o
perdão inclui também não receber a punição pelo pecado (Dn 9:16). Êxodo 34:6 e 7 nos
lembra de que Deus é “compassivo [raham] e bondoso [hanan], tardio em irar-Se e grande
em misericórdia [hesed] e fidelidade; que guarda a misericórdia [hesed] em mil gerações,
que perdoa a maldade, a transgressão e o pecado, ainda que não inocente o culpado”.
Assim, Davi disse que o perdão requer a confissão de culpa (Sl 32:2-5). O Saltério também
conecta “perdão” com outras palavras, como “purificar” (Sl 51:2), “esconder” (Sl 51:9) e
“curar” (Sl 103:3).

Imbuído de espírito de contrição e humildade, o salmista implorou perdão a Deus com a


plena certeza de que seu pecado seria removido (Sl 25:11-18). O salmista louvou a Deus
porque tinha sido absolvido (Sl 103:3, 4). Assim, podemos concluir que o perdão chega à
humanidade apenas por causa da hesed de Deus para com Suas criaturas.

APLICAÇÃO PARA A VIDA

O estudo das palavras hebraicas traduzidas como misericórdia, que consideramos no


estudo desta semana, nos ensina lições claras e essenciais para nossa vida espiritual: (1) A
lição mais evidente é que o Senhor nos concede Sua extraordinária misericórdia, apesar do
fato de não a merecermos. A certeza dessa dádiva deve nos libertar da ansiedade, da
consciência culpada e das sombras do nosso passado. (2) Hesed (misericórdia) é mais do
que um sentimento de ternura no coração de Deus. É livramento e proteção. É uma ação
real da parte de Deus para com Seu povo. (3) A compaixão do Senhor é eterna; ou seja,
sempre está disponível a nós. Se não nos beneficiamos dela, é porque ainda estamos no
pecado e não porque esgotamos os limites do amor de Deus. (4) Outra palavra traduzida
como misericórdia (raham) transmite o conceito de que o Soberano do Universo está
disposto a Se inclinar para nos erguer e nos carregar em Seus braços. De Sua posição
superior, Ele condescende em mostrar Sua compaixão para conosco. (5) “Encontrou favor
[ou graça] aos olhos do Senhor” pressupõe que estamos dispostos e abertos para receber a
graça de Deus. (6) Por último, selihah nos fornece novos vislumbres da profundidade e
largura da bondade do nosso Criador. Contudo, a ideia mais importante que esse termo
enfatiza é que devemos ser tão misericordiosos e gentis com o nosso próximo quanto Deus
é conosco.

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Todas essas lições são magistralmente reunidas por Jesus na parábola do servo impiedoso
(Mt 18:23-35). Ela ilustra a hesed de Deus que o Antigo Testamento apresenta em relação à
nossa condição desesperadora. A narrativa sugere que nós, crentes, somos o homem cruel
e impiedoso da parábola. Essa percepção bastante séria deve nos levar a refletir com
gratidão e humildade sobre a graça e a misericórdia que recebemos gratuitamente de nosso
Pai celestial.

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Uma xícara de chá cara

Índia | Terrance

Terrance ficou acordado a noite toda para terminar uma tarefa importante para uma aula de
enfermagem na Universidade Adventista de Lowry, na Índia. Ele estava fora do campus,
estudando na casa de um amigo. Ele era viciado em chá e bebia a bebida quente a noite
toda para ficar acordado.

Por volta das 4h30, Terrance foi à cozinha tomar outra xícara de chá, mas não havia
sobrado chá. Ele se perguntou o que fazer. Ele estava lutando para ficar acordado e só
precisava terminar a tarefa.

Então, ele se lembrou de que um vendedor vendia chá quente em uma barraca logo adiante
na rua. Ele poderia ir até o vendedor de chá na motocicleta de seu amigo e depois voltar
para terminar sua tarefa. Momentos depois, Terrance descia pela rua principal a 85 km/h.
Ele estava indo a quase o dobro do limite de velocidade de 50 km/h para motocicletas na
cidade de Bengaluru. Ele também não estava usando capacete.

De repente, um carro ficou ao lado dele. Estava na mesma velocidade e cheio de jovens
que bebiam. Os jovens tentaram aproximar o carro de Terrance e sua motocicleta. Terrance
tentou fugir. Os jovens riram e tentaram se aproximar.

Terrance ficou preocupado e buzinou. Os jovens jogaram latas de cerveja. Terrance


começou a ficar irritado e gritou com eles. Os jovens lançaram insultos de volta. Terrance se
esqueceu completamente da rua. Ele estava com raiva! Sua velocidade aumentou para 100
km/h, e ele não viu o que estava vindo à sua frente: uma lombada. Ele bateu na lombada, e
tudo ficou escuro. Em um momento, Terrance estava discutindo, e no próximo era como se
alguém tivesse apagado a luz.

A próxima coisa que Terrance soube foi que ele acordou na cama. Ele olhou para o relógio.
Marcava 8h45. Era hora de ir para a aula entregar sua tarefa de enfermagem.

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Terrance tentou se levantar, mas seu corpo não respondeu. Ele tentou ligar para amigos
pedindo ajuda, mas então percebeu que não estava em seu dormitório. Ele olhou em volta,
tentando se orientar, mas não reconheceu o lugar. Ele viu um calendário. Lembrou-se de
que estivera trabalhando na enfermagem em julho, mas o calendário dizia que era agosto.
Na parede havia uma foto de seus pais e irmão, mas ele só reconheceu seu irmão. Ele
estava em casa, mas não sabia.

De repente, sua mãe entrou na sala. Vendo que Terrance estava acordado, ela chorou e o
abraçou. “Estou tão feliz que você está acordado”, disse ela. Terrance só pôde responder:
“Quem é você?” Suas palavras quebraram o coração de sua mãe.

Uma semana se passou antes que Terrance reconhecesse seus pais. Eles e outras pessoas
o ajudaram a entender o que havia acontecido. Na noite do acidente, o pastor da
Universidade Adventista de Lowry recebeu um telefonema da polícia, dizendo: “Leve o
corpo”.

O número do pastor estava sob o assento da motocicleta emprestada como um número de


contato de emergência. Terrance ficou tão gravemente ferido que demorou para as pessoas
perceberem que o corpo era dele e não de seu amigo cuja motocicleta ele havia pegado
emprestado. Ninguém sabe o que aconteceu com os bêbados no carro.

Terrance ficou delirante por dias, alternando os estados de consciência e inconsciência, e foi
transferido para três hospitais.

Seus pais ficaram chocados quando o viram pela primeira vez. Eles também não tinham
dinheiro para as contas do hospital. Amigos da Universidade Adventista de Lowry ajudaram
com dinheiro e orações. O pastor visitava com frequência. Três meses se passaram desde o
acidente até o retorno de Terrance à universidade.

Hoje, ele é enfermeiro e é grato a Deus, sua família e muitos amigos da universidade por
sua segunda chance na vida. Ele havia adiado a entrega de seu coração a Jesus e
percebeu depois do acidente que não queria esperar mais. “Eu deveria ter sido batizado há
muito tempo, mas estava com medo”, disse ele. “Eu senti que teria que ter cuidado com o
que quer que fizesse, então esperei muito tempo. Depois do acidente, senti que não devia
mais esperar. Você nunca sabe o que vai acontecer a seguir na vida.”

Ele foi batizado na universidade. Terrance disse que outra lição que aprendeu com o
acidente foi parar de beber chá com cafeína. “Se eu tivesse que dar um título à minha
história, eu a chamaria de ‘o chá mais caro da minha vida,’ ” disse ele. “Foi caro. Custou-me
muitas coisas. Mas agora, quando olho para trás, diria que valeu a pena. Eu precisava de
uma lição de Deus. Eu precisava ser trazido de volta ao caminho certo.”

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Seu conselho para outras pessoas, especialmente para os jovens, é simples. “Deus tem um
plano para cada alma aqui na Terra”, disse ele. “Ele não termina com você até que Ele diga
isso. Mesmo que você sinta que não tem futuro, lembre-se de que Ele diz em Jeremias 1:5
[NAA]: ‘Antes de formá-lo no ventre materno, eu já o conhecia.’ Continuei repetindo o
versículo para mim mesmo quando estava me recuperando. Deus tem planos para você
receber graça e misericórdia de maneiras que você nunca esperou ou pensou.”

Parte da oferta deste trimestre ajudará a construir uma igreja inglesa no campus da
Universidade Adventista de Lowry em Bengaluru, Índia. A universidade nunca teve uma
igreja grande o suficiente para seu corpo estudantil em seus mais de 100 anos de história.
Obrigado por sua oferta generosa.

Por Andrew McChesney

Dicas para a história

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bit.ly/sud-2024.

Comentário da Lição da Escola Sabatina – 1º Trimestre de 2024

Tema geral: O Livro dos Salmos

Lição 7 – 10 a 17 de fevereiro

Sua misericórdia se eleva até os céus

Autor: Ezinaldo Ubirajara Pereira

Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br

Revisora: Rosemara Santos

Introdução

Céus e mar são dois extremos usados na Bíblia para descrever algo em extrema distância
ou até mesmo o limite, ou então, o infinito, assim como são usados os polos geográficos do
ocidente e oriente. Na lição desta semana, um dos aspectos considerados em Salmos sobre
a natureza de Deus é a Sua misericórdia. O verso para memorizar aponta a misericórdia
divina se elevando “até os céus” (Sl 57:10), quer dizer, a misericórdia de Deus pode se
estender até o máximo limite possível.

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A largueza ou extensão dessa misericórdia suscitou louvores dos lábios do salmista (Sl
57:9, 10), o qual declarou que um dos motivos para o seu louvor a Deus é a Sua
misericórdia. Esse louvor de gratidão também servia como instrumento evangelístico, pois
essa gratidão seria entoada “entre os povos” ou “nações”.

A misericórdia de Deus ao longo da história de Seu povo – Sl 136

O salmo 136 é conhecido pela sua repetição da frase: “porque a Sua misericórdia dura para
sempre”. A frase é repetida pela mesma quantidade de versículos do capítulo. Essa
repetição fazia parte do recurso didático adotado por Israel, para que inculcasse, na mente
de seus filhos, a Palavra de Deus (Dt 6:6, 7).

As vinte e seis vezes em que a frase é repetida estão em paralelo com o desenvolvimento
histórico da nação de Israel. Os quatro primeiros versículos introduzem a Pessoa de Deus
como “Deus dos deuses” e “Senhor dos senhores” (v. 2, 3), sendo que Ele é “bom” e “opera
grandes maravilhas” (v. 1, 4). A narrativa da semana da criação começa no versículo 5 e se
estende até o versículo 9, sendo que no versículo 10 o salmista já introduz a história de
Israel com a menção de sua libertação do cativeiro egípcio, no envio da décima praga, a
morte dos “primogênitos”. A história se encerra com a posse das nações de Canaã por parte
de Israel (v. 21-25), concluindo com um tributo de louvor “ao Deus dos deuses” (v. 26). A
cada passo da narrativa histórica da nação, a “misericórdia” de Deus é aclamada, dando a
entender que foi a misericórdia divina que conduziu Israel a cada passo do caminho.

A misericórdia de Deus diante do pecado – Sl 51, 130, 113 e 123

A composição do salmo 51 ocorreu depois que Davi foi confrontado pelo profeta Natã por ter
cometido o pecado de adultério com Bate-Seba e mandado assassinar Urias, o marido dela.
Movido por profundo senso de arrependimento, Davi apelou à misericórdia divina para
receber o perdão e ter as suas “transgressões” perdoadas (v. 1). Esse exemplo expõem o
ensino de que o perdão pelos pecados só é comunicado com base na misericórdia de Deus.

Por causa de Sua misericórdia, Deus “cria” no pecador arrependido um novo coração (Sl
51:10). Nesse versículo, o ato de criar carrega o mesmo sentido do “criar” quando Deus
“criou” o Universo (Gn 1:1). A palavra hebraica bara' tem o sentido de “criar do nada”, sem a
menção de matéria preexistente. Esse ato de “criar” só pode ser operado por Deus, o Único
que tem o poder de “criar” do nada. O que representa esse perdão misericordioso de Deus é
que Ele pode refazer a vida desse pecador arrependido, pode oferecer um recomeço do
nada, quer dizer, recriar a pessoa a partir do estágio zero.

No Salmo 130, a “redenção” está atrelada ao ato divino de exercer misericórdia para com o
pecador (v. 7). O “perdão” (v. 4), a “misericórdia” e a “redenção” (v. 7), são apresentados
como elementos pertencentes a Deus, oriundos de Sua Pessoa. Isso faz com que o pecador
tenha que buscar esses elementos não em si mesmo, mas unicamente Naquele que os
possui.

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A transcendência de Deus é relembrada no Salmo 113, que menciona que Ele está
assentado em Seu “trono” que “está nas alturas” (v. 5). No entanto, esse mesmo Deus
transcendente e majestoso “Se inclina para ver o que se passa no Céu e sobre a Terra” (v.
6). Esse ato divino de Se inclinar é justamente um ato de misericórdia para erguer “do pó
[...] o necessitado” de perdão e graça (v. 7). Assim, também, no salmo 123, a
transcendência de Deus é lembrada ao descrever que o Senhor “habita nos Céus” (v. 1), no
entanto, a “misericórdia” de Deus é invocada duas vezes, a fim de salvar e perdoar o
pecador (v. 3).

Essa mesma misericórdia perdoadora é enfatizada no Salmo 103. Dos versículos 3 a 5,


Davi apresenta o perdão de Deus para “todas” as “iniquidades”; em seguida, a “misericórdia”
de Deus é relembrada, e o “SENHOR” é apresentado como “misericordioso e compassivo;
longânimo e assaz benigno” (v. 8). À semelhança do verso para memorizar (Sl 57:9, 10), a
extensão da misericórdia é comparada à altura dos céus (Sl 103:11). Nos versículos 12 a
14, o perdão divino é comparado ao distanciamento entre os dois polos do globo: Oriente e
Ocidente (v. 12). Da mesma forma que esses dois polos estão distantes um do outro, assim
também Deus deseja nos perdoar, distanciando-nos dos nossos pecados. Logo em seguida
a esse bloco de textos, a misericórdia do SENHOR mais uma vez é relembrada, sendo um
atributo extenso como a “eternidade” (v. 17).

Conclusão

A única segurança que temos diante do nosso estado pecaminoso é a misericórdia de Deus.
Confiantes em Sua misericórdia, os pecadores devem se aproximar Dele, crendo que, por
causa de Sua misericórdia, e graças à intercessão e méritos de Jesus Cristo, podemos
obter o perdão e a salvação eterna.

Quando se reconhece essa verdade ou se lembra dela, a pessoa pode esperar (confiar) que
Deus atenderá, segundo as Suas muitas misericórdias.

Conheça o autor dos comentários deste trimestre: Ezinaldo Ubirajara Pereira nasceu na
capital de São Paulo. É graduado em Teologia pelo Centro Universitário Adventista de São
Paulo – campus, Engenheiro Coelho, e Administração de Empresas pela Escola Superior da
Amazônia (ESAMAZ), campus Belém, Pará. Tem pós-graduação em Interpretação Bíblica
pelo UNASP-EC. Possui Mestrado em Teologia com ênfase em Antigo Testamento pela
Universidad Peruana Unión (UPeU – campus Lima, Peru). Atualmente cursa o programa de
Doutorado em Teologia do Antigo Testamento pela UAP (Universidad Adventista del Plata –
Libertador San Martin – Argentina). Atuou como capelão e pastor distrital. Hoje é professor
na Faculdade Adventista de Teologia do UNASP-EC. É casado com Teresa Ramos Pereira,
nascida em Taboão da Serra, SP, mestre em Liderança pela Andrews University. O casal
tem dois filhos: Benjamim Dérek, de 6 anos, e Richard Dérek, de 2 anos.

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