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Meio Ambiente e Sustentabilidade

Orientação hegemônica do crescimento econômico enquanto construção do meio-


ambiente. Políticas de desenvolvimento e de meio-ambiente, normas e diretrizes
ambientais como elementos estratégicos de desenvolvimento. Desenvolvimento local e
sociedades sustentáveis.

III. A FLORA E A FAUNA

A exploração desordenada dos recursos naturais tem conseqüências desastrosas.


Florestas devastadas, rios e mares poluídos, extinção de espécies nativas,
contaminação do ar, da água e dos alimentos. O desenvolvimento desordenado
provoca migração de grandes contigentes humanos para as cidades, com
precarização das condições de vida.

A relação da espécie humana com a natureza, ao longo da história, tem sido de


dominação, apropriação e destruição. Como o filósofo e matemático René Descartes
propôs em 1647: “o homem como senhor e proprietário da natureza”.

Acreditava-se que a natureza tinha poder ilimitado de depuração e regeneração.


Que podia digerir todas as agressões humanas. E que as descobertas da ciência
corrigiriam possíveis danos.

Mas o que observamos? Incêndios, florestas devastadas, rios assoreados e poluídos


e espécies em extinção. Sobreviverá o homem? Ou desaparecerá, também, vítima
de sua própria depredação?

Segundo a União Internacional pela Conservação da Natureza, existem cerca de 5


mil espécies em extinção, muitas das quais com habitat em nosso país. O direito à
vida humana é, por extensão, o direito à vida de todas as espécies no planeta. O
respeito à biodiversidade (variedade de espécies vivas existentes no planeta) é
uma questão de sobrevivência.

Os animais necessitam dos vegetais, que são capazes de converter a luz do sol em
fonte de alimento. Já as plantas necessitam dos animais para transportar seu pólen
e fecundá-las. A maioria dos animais só sobrevive se suas presas sobreviverem.
Este é o fenômeno de interdependência dos seres vivos.

Existem cerca de 5 mil espécies


em extinção, muitas das quais
com habitat em nosso país.
A exploração abusiva da natureza ameaça mais de 1/3 das
espécies. A caça e a pesca predatórias (que não respeitam as
necessidades de sobrevivência da espécie), realizadas inclusive
nos períodos de reprodução, são responsáveis por algumas
extinções. Muitos produtos - de origem animal e vegetal -
foram explorados até o limite, provocando o desaparecimento de outras espécies,
vítimas da ganância, do capricho e da vaidade humana. Madeiras nobres, marfim,
peles e penas são alguns exemplos. A principal causa da extinção ou degradação da
vida das espécies é a perda ou fragmentação dos habitats naturais.

As florestas tropicais úmidas (como a Mata Atlântica e a Floresta Amazônica), as


áreas pantanosas e os manguezais são os ecossistemas (sistemas de relações de
dependência entre seres vivos e o meio em que habitam) mais desenvolvidos e
ricos para a proliferação da maioria das espécies. Calcula-se que 40 a 90% delas
vivem nestes locais.

Nas áreas pantanosas e de mangues, por exemplo, vivem microorganismos,


plantas, invertebrados, moluscos, batráquios, peixes, pássaros e mamíferos. A
pouca profundidade e o intercâmbio com rios, planícies e regiões costeiras
permitem uma saudável produção de nutrientes para a alimentação, reprodução e o
crescimento das espécies.

Essas áreas são permanentemente ameaçadas pela urbanização desordenada:


invasões, aterros ilegais e descarte de dejetos industriais, matéria orgânica e
plásticos. O garimpo de ouro também compromete os rios e as áreas pantanosas.

Desmatamento

Mais da metade das florestas tropicais do planeta já está destruída. O


desmatamento cresceu muito a partir dos anos 60 e continua crescendo, no ritmo
de 1 a 2% ao ano.

No Brasil restam apenas 10% da Mata Atlântica original. Calcula-se que, até 1997,
cerca de 10% da cobertura florestal da Amazônia Legal já havia desaparecido. Isso
sem contar a avassaladora destruição dos cerrados. E quais são as causas? Fatores
como existência de madeireiras, carvoarias, queimadas, formação de grandes
latifúndios, garimpo, agropecuária e loteamentos concorrem para degradação
ambiental. Como conseqüência ocorre o empobrecimento dos solos. Os grandes
latifúndios provocam desequilíbrio ambiental porque implantam a monocultura ou a
pecuária em vastas regiões.

O Brasil foi considerado o maior responsável pelo desmatamento, na América


Latina, na década de 80. O Estado do Rio de Janeiro conserva apenas 16% de sua
mata original.

Com o desmatamento, a água das chuvas não são retidas. O solo, então, é varrido
e torna-se pobre em nutrientes. Além disso, as chuvas levam sedimentos para os
leitos e calhas dos rios.

A conseqüência é o assoreamento, que faz o rio transbordar, causando inundações,


com perdas de vidas humanas e grandes danos materiais.

Impactos sobre a biodiversidade


Tanto a comunidade científica internacional quanto governos e entidades não-governamentais
ambientalistas vêm alertando para a perda da diversidade biológica em todo o mundo, e,
particularmente nas regiões tropicais. A degradação biótica que está afetando o planeta
encontra raízes na condição humana contemporânea, agravada pelo crescimento explosivo da
população humana e pela distribuição desigual da riqueza. A perda da diversidade biológica
envolve aspectos sociais, econômicos, culturais e científicos.

Em anos recentes, a intervenção humana em hábitats que eram estáveis aumentou


significativamente, gerando perdas maiores de biodiversidade. Biomas estão sendo ocupados,
em diferentes escalas e velocidades. Áreas muito extensas de vegetação nativa foram
devastadas no Cerrado do Brasil Central, na Caatinga e na Mata Atlântica. É necessário que
sejam conhecidos os estoques dos vários hábitats naturais e dos modificados existentes no
Brasil, de forma a desenvolver uma abordagem equilibrada entre conservação e utilização
sustentável da diversidade biológica, considerando o modo de vida das populações locais.

Como resultado das pressões da ocupação humana na zona costeira, a Mata Atlântica, por
exemplo, ficou reduzida a aproximadamente 10% de sua vegetação original. Na periferia da
cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, são encontradas áreas com mais de 500 espécies de
plantas por hectare, muitas dessas são árvores de grande porte, ainda não descritas pela
ciência.

Os principais processos responsáveis pela perda da biodiversidade são:

1. Perda e fragmentação dos hábitats;


2. Introdução de espécies e doenças exóticas;
3. Exploração excessiva de espécies de plantas e animais;
4. Uso de híbridos e monoculturas na agroindústria e nos programas de reflorestamento;
5. Contaminação do solo, água, e atmosfera por poluentes; e
6. Mudanças Climáticas.

As inter-relações das causas de perda de biodiversidade com a mudança do clima e o


funcionamento dos ecossistemas apenas agora começam a ser vislumbradas.

Três razões principais justificam a preocupação com a conservação da diversidade biológica.


Primeiro porque se acredita que a diversidade biológica seja uma das propriedades
fundamentais da natureza, responsável pelo equilíbrio e estabilidade dos ecossistemas.
Segundo porque se acredita que a diversidade biológica representa um imenso potencial de
uso econômico, em especial pela biotecnologia. Terceiro porque se acredita que a diversidade
biológica esteja se deteriorando, inclusive com aumento da taxa de extinção de espécies,
devido ao impacto das atividades antrópicas.

O Princípio da Precaução, aprovado na Declaração do Rio durante a Conferência das Nações


Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento - CNUMAD (Rio-92), estabelece que devemos
agir já e de forma preventiva, ao invés de continuar acomodados aguardando a confirmação
das previsões para então tomar medidas corretivas, em geral caras e ineficazes.

Para saber mais sobre esses assuntos:

 mudanças climáticas - Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas


 gestão de biotecnologia

Gestão de biotecnologia

Artigo 19 da Convenção sobre Diversidade Biológica


Biotecnologia significa qualquer aplicação tecnológica que utilize sistemas biológicos,
organismos vivos, ou seus derivados, para fabricar ou modificar produtos ou processos para
utilização específica. (Artigo 2 da Convenção sobre Diversidade Biológica.

O potencial de utilização sustentável da biodiversidade é dependente da disponibilidade de


matéria prima, tecnologia e mercado. Exemplificando, um parente silvestre do trigo originário
da Turquia proporcionou genes resistentes a doenças para as variedades comerciais de trigo
resultando em ganho anual de US$50 milhões, somente nos Estados Unidos. Uma variedade
de cevada da Etiópia forneceu um gene que protege, atualmente, a cultura da cevada na
Califórnia contra um vírus fatal, proporcionando economia de US$ 160 milhões. Nos Estados
Unidos, 25% dos produtos famacêuticos receitados, atualmente, contêm ingredientes ativos
derivados de plantas e existem mais de 3000 antibióticos derivados de microrganismos. A
exploração farmacológica da biodiversidade brasileira está em seu início e, a julgar pelos
resultados obtidos em outros países, acredita-se que exista um vastíssimo campo para a
produção de fármacos ainda desconhecidos.

Na área da agricultura o Brasil tem exemplos, de repercussão internacional, sobre o


desenvolvimento de biotecnologias que geraram riquezas por meio do adequado emprego de
componentes da biodiversidade. Este é o caso do programa de controle biológico, por meio de
Baculovirus anticarsia utilizado no combate à lagarta da soja (Anticarsia gemmatalis), que gera
economia da ordem de 200 milhões de dólares anuais, para os produtores brasileiros. Exemplo
semelhante e já rotineiro na exploração de cana-de-açúcar é o uso de parasitas para controlar
a cigarrinha (Diatraea saccharalis), prática que representa economia anual superior a 100
milhões de dólares. De importância estratégica para a produção de soja no Brasil, com reflexos
diretos na nossa pauta de exportações, é a economia obtida com as pesquisas que
possibilitaram a substituição de fertilizantes nitrogenados por associações simbióticas da planta
com bactérias fixadoras de nitrogênio. Este trabalho científico liderado pela pesquisadora Dra.
J. Dobereiner tem proporcionado uma economia à agricultura brasileira da ordem de 1,6
bilhões de dólares anuais. Outros exemplos poderiam ser ascrescentados 1.

1CAMPANHOLA, C.; MORAES, G.J.de; SÁ, L.A.N. de. Review of IPM in South America. IN:
MENGECH, A.N.; SAXENA, K.N.;

GOPALAN, H.N.B. Integrated Pest Management in the Tropics: Current Status and Future
Prospects. John wiley & Sons, Chichesster, England, 1995. p. 121-152.

Para saber mais sobre esses assuntos:

 Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA


 Centro Nacional de Pesquisa em Recursos Genéticos e Biotecnologia - CENARGEN.
 Biotecnologia Ciência e Desenvolvimento - On Line
 Comisssão Técnica Nacional de Biossegurança- CTNBio
 RedBio Brasil
 Convenção sobre Diversidade Biológica

Convenção sobre Diversidade Biológica-CDB


Texto da CDB
Clearing-House Mecanism-CHM
Conferência das Partes - COP
Órgão Subsidiário de Assessoramento Científico, Técnico e Tecnológico SBSTTA
Pontos focais da CDB
Outras convenções

Ponto Focal Brasileiro para o Serviço de Intermediação de Informações para a Convenção


sobre Diversidade Biológica
CHM - Clearing-House Mechanism
Ponto focal da Rede de Informação em Biodiversidade - BINBr
A Convenção Sobre Diversidade Biológica (CDB) já foi assinada por 175 países, dos quais 168
a ratificaram, incluindo o Brasil. O alcance da CDB vai além da conservação e utilização
sustentável da diversidade biológica. Ela abrange, também, o acesso aos recursos genéticos,
objetivando a repartição justa e equitativa dos benefícios gerados pelo seu uso, incluindo a
biotecnologia.

A biodiversidade deve ser uma preocupação comum da humanidade. A CDB estabelece


objetivos a serem atingidos pelas Partes (países que a assinaram). Cabe às Partes determinar
como implementar a CDB para proteger e usar sua biodiversidade de uma maneira sustentável
para não comprometer, hoje, a possibilidade de seu uso para amanhã. A Convenção é aberta,
não estabelece, por exemplo, uma lista de espécies a serem protegidas. O Artigo primeiro da
CDB estabelece os objetivos da Convenção. O Artigo sexto exige das Partes a criação de
estratégias e programas nacionais para o uso sustentável da diversidade biológica. Os demais
artigos estabelecem diretrizes.

A CDB leva, também, em consideração o fato de que hoje, a biodiversidade está distribuída de
forma desigual no mundo. O Norte, empobreceu sua biodiversidade esgotando a matéria bruta
ao longo dos anos, mas, por outro lado, cresceu sua tecnologia e economia formando o grupo
de países mais desenvolvidos. O Sul, menos desenvolvido é rico em biodiversidade, porém
pobre em tecnologia. Cabe então ao Sul , o grande e vital desafio de conciliar o
desenvolvimento com a conservação e utilização sustentável da diversidade biológica. Esta
tarefa não terá êxito, no entanto, sem a ajuda tecnológica e financeira que o Norte pode -- e
deve -- propiciar. Por outro lado, o norte não pode fazer pesquisas sem os recursos genéticos
do Sul. A CDB trata dessas assimetrias e propõe diretrizes para equalizá-las.

A CDB estabeleceu pela primeira vez, no relacionamento entre as Partes, a ligação entre a
conservação da biodiversidade e o desenvolvimento da biotecnologia, reconhecendo o
princípio do rateio dos benefícios advindos da comercialização dos produtos resultantes do
intercâmbio Norte/Sul, isto é, da integração das tecnologias mais desenvolvidas com o acesso
aos recursos genéticos indispensáveis à consecução dos produtos almejados. A Convenção
estabeleceu ainda, o princípio de rateio dos custos de conservação da biodiversidade, com os
países mais ricos se comprometendo a arcar com parcelas significativas do custo da
conservação.

Nasce assim, a parceria entre países.

Convenção Sobre Diversidade Biológica


Artigos
Anexo I - Identificação e Monitoramento
Anexo II-1 - Arbitragem
Anexo II-2- Conciliação
Cópia do texto da CDB em PDF (português)
Cópia do texto da CDB em PDF (inglês)

Atos do Poder Executivo

Decreto No 2.519, de 16 de Março de 1998

Promulga a Convenção sobre Diversidade Biológica, assinada no Rio de Janeiro, em


05 de junho de 1992.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe confere o art. 84, inciso VIII,
da Constituição,

Considerando que a Convenção sobre Diversidade Biológica foi assinada pelo governo
brasileiro no Rio de Janeiro, em 05 de junho de 1992;
Considerando que o ato multilateral em epígrafe foi oportunamente submetido ao Congresso
Nacional, que o aprovou por meio do Decreto Legislativo n° 02, de 03 de fevereiro de 1994;

Considerando que a Convenção em tela entrou em vigor internacional em 29 de dezembro de


1993;

Considerando que o Governo brasileiro depositou o instrumento de ratificação da Convenção


em 28 de fevereiro de 1994, passando a mesma a vigorar, para o Brasil, em 29 de maio de
1994, na forma de seu artio 36,

DECRETA

Art. 1 A Convenção sobre Diversidade Biológica, assinada no Rio de Janeiro, em 05 de junho


de 1992, apensa por cópia ao presente Decreto, deverá ser executada tão inteiramente como
nela se contém

Art. 2o O presente Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 16 de março de 1998; 177o da Independência e 110o da Repúlica. FERNANDO


HENRIQUE CARDOSO
Luiz Felipe Lampreia

ANEXO AO DECRETO QUE PROMULGA A CONVEÇÃO SOBRE DIVERSIDADE BIOLÓGICA


/ MRE

A Ecologia das Populações

Para abordar populações de seres vivos, é essencial alguma discussão sobre os


termos "ecologia" e "dinâmica do ecossistema". A ecologia pode ser definida
como o "estudo biológico das relações entre organismos e seus ambientes".
Esta relação é determinada pelos fluxos de energia e recursos entre
organismos e ambientes.

Ecossistema é definido como "uma unidade funcional estável, formada pela


comunidade biótica (seres vivos) e pelo ambiente físico, com estruturas
bióticas bem definidas e ciclagem de material entre as duas partes". Portanto é
no ecossistema que temos o fluxo de energia e recursos entre organismos e
ambientes.

Do ponto de vista de ecologia, os organismos são produtores e consumidores


de recursos e usuários e destruidores de nichos habitáveis. O fluxo de energia
no ecossistema se dá pela interação entre as populações de produtores e de
consumidores. Dessa forma o estudo de populações de um ecossistema é a
princípio uma extensão do estudo dos recursos energéticos do ecossistema.
Serão feitas assim, no momento oportuno, considerações energéticas no
estudo de populações relacionadas a ecossistemas, em especial na análise do
modelo predador-presa.

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