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Como fazer o aproveitamento total dos alimentos

Dados divulgados pelo IBGE apontam que a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de
Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ficou em 0,83% em maio deste ano, taxa superior ao
0,31% de abril e a maior para um mês de maio desde 1996 (1,22%). Tendo em vista o aumento
contínuo no preço dos alimentos desde o começo da pandemia, toda iniciativa que pode
render alguma economia no orçamento mensal é válida. Uma maneira de economizar, por
exemplo, é na refeição diária e por meio do aproveitamento integral dos alimentos.

Além de auxiliar na redução do orçamento mensal, tal medida evita o desperdício e contribui
para uma alimentação saudável. Receitas preparadas a partir da utilização das sobras, talos,
cascas, sementes, frutas e legumes amassados, considerados por muitas pessoas impróprios
para o consumo por apresentarem uma aparência “feia”, grãos, folhas, flores e até mesmo
plantas alimentícias não convencionais são algumas das opções para diminuir os gastos
financeiros com a alimentação.

Roseli Rodrigues Ferreira, docente da área de gastronomia e alimentação do Senac São Paulo,
destaca que medidas simples como usar o alimento em sua totalidade pode contribuir para
uma dieta mais nutritiva, além de reduzir os gastos do orçamento mensal.

“Há algumas partes dos alimentos que podem ser aproveitadas e que costumamos descartá-
las como as cascas, talos, sementes e folhas externas, que contém muitos benefícios
nutricionais pelo valor aumentado de vitaminas, minerais e fibras, sendo uma ótima escolha
no desenvolvimento de receitas para compor as refeições diárias. Essa prática também otimiza
a redução de desperdício principalmente de frutas e vegetais, diminuição do lixo produzido e
produção de gases poluentes, além de diminuir os gastos financeiros com a alimentação”,
afirma Roseli.

A profissional listou algumas dicas importantes para quem busca iniciar na prática do
aproveitamento integral dos alimentos (AIA), além de alternativas que irão auxiliar na
economia mensal:

Identifique se o alimento está adequado para consumo

Leve em consideração os aspectos de cada alimento. Frutas e legumes precisam apresentar


aspecto, odor, cor e sabor característico, bem como as cascas devem estar íntegras e lisas. Se
apresentarem manchas cinzas, brancas ou verdes, com mudanças em sua textura estando mais
amolecidas, não estão próprios para o consumo.
Com as hortaliças folhosas é necessário prestar atenção nas características como cor viva,
hidratação das folhas e ausência de folhas secas. Mas a alface, por exemplo, que apresentar
pequenas bolinhas pretas pode ser consumida.

Já a cenoura, batata e pimentão que apresentarem fissuras ou buracos não são indicados para
o consumo, pois essas alterações permitem a entrada de microrganismos, fungos e bactérias
que podem contaminar todo o alimento.

Aproveite o alimento em sua totalidade

desperdício de alimentos

O alimento possui 6 partes: casca, entrecasca, folha, talo, sementes e polpa. Geralmente
consumimos somente uma e descartamos cinco delas. Quando utilizamos todo o alimento
dessa forma estamos economizando. Portanto, faça uso do alimento em sua totalidade,
aproveite os talos e cascas de verduras para o preparo de suflês, escondidinho, molhos,
recheios, tortas e omeletes. Outras opções do que pode ser feito com as diferentes partes:

• Cascas das frutas: podem ser usadas na preparação de bolos, sucos, compotas, mousses,
sorvetes, chás ou para serem consumidas na versão cristalizada;

• Folhas de verduras: podem substituir ervas, serem consumidas como saladas e ou utilizadas
no preparo de sucos;

• Água de cocção: pode ser usada no preparo de purês, fundos cremes, cereais e sopas;

• Sementes: são ótimos como petiscos, preparação de biscoitos, paçocas e triturar para utilizar
em receitas.

Congelamento como uma alternativa para evitar o desperdício

Além de facilitar na correria do dia a dia, a técnica de congelamento é uma grande aliada para
evitar o desperdício de alimentos. Por meio dela é possível aumentar a vida útil de hortaliças
sem reduções significativas no valor nutritivo e sabor.
No Brasil existem hortaliças frescas todo ano, considerando sempre os alimentos da época,
mas nem todas podem ser congeladas como aquelas que são consumidas cruas como alface,
rúcula e agrião. Já as folhas que são cozidas como espinafre, couve-de-bruxelas, por exemplo,
podem ser congeladas.

Todas as frutas também podem passar por este processo, porém necessitam de alguns
cuidados para manterem os nutrientes e aumentar a vida útil. Como elas perdem a textura
com o congelamento, o ideal é utilizá-las em preparos de vitaminas, sucos, sorbet, smoothies e
outras receitas.

Uma dica importante é fazer uma lista e checar a dispensa antes de ir as compras, isso evitará
o gasto além do necessário e o desperdício.

Não esqueça de etiquetar os alimentos com a validade antes do congelamento, que pode
variar de 2 a 12 meses.

Varie o cardápio com as Plantas Alimentícias Não Convencionais

As PANCs – Plantas Alimentícias Não Convencionais – vêm ganhando grande conceito e por
falta de conhecimento ainda são pouco consumidas. Porém são muito fáceis de serem
encontradas em jardins, hortas, quintais e até mesmo em calçadas de rua. Elas podem ser
nativas, exóticas e silvestres. Não são transgênicas e normalmente são orgânicas, elas crescem
espontaneamente em qualquer ambiente. Para saber identificá-las é necessário a busca por
informação de fontes seguras, pois existem plantas parecidas com as PANCs, porém são
venenosas.

Algumas espécies que podem ser incluídas no cardápio:

Ora-pro-nóbis – Conhecida como “carne de pobre”, contém alto teor de proteína, muito
encontrada no Sudeste, entretanto está presente também em outras regiões. Suas folhas são
sua parte comestível.

Ora-pro-nóbis

Ora-pro-nóbis | Foto: Andréia Bohner | Flickr

Bertalha – Trepadeira com folhas e caules verdes, suculentos e carnosos e é semelhante ao


espinafre. Rica em vitamina A, além de fornecer vitamina C, cálcio e ferro. Devem ser
consumidos frescos em substituição a couve e espinafre.
Taioba – Muito presente na culinária mineira, rica em vitamina A, B e C, e em minerais como
cálcio e fósforo. Não deve ser consumida crua, possui alta concentração de cristais de oxalato
de cálcio.

Existem outras variações tais como, capuchinha, chicória-do-campo, picão, vinagreira entre
outras espécies que podem ser encontradas em diversos locais do Brasil.

Para quem tem interesse em aprender mais sobre o tema, o Senac São Paulo oferece diversos
cursos na área de gastronomia e alimentação.

Em um momento crítico como este de pandemia, em que a fome e o desemprego têm


assolado os lares de muitos brasileiros, medidas simples como o aproveitamento integral dos
alimentos podem fazer toda a diferença. Com a proposta de expandir a rede de solidariedade,
o Senac São Paulo entra como parceiro na Ação Urgente Contra a Fome, campanha de
arrecadação de alimento promovida pelo Sesc São Paulo. As duas instituições se unem para
atender às necessidades básicas de pessoas em dificuldades e diminuir os impactos negativos
agravados pela pandemia novo coronavírus.

Para detalhes sobre a ação, onde e como doar acesse https://www.sp.senac.br ou


doemesabrasil.sescsp.org.br.

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