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Capítulo

“Missão”

(Partes 13 a 37 – Sobre a Kotekitai)

Nova Revolução Humana


Daisaku Ikeda
A sinfonia da esperança executada pelos anjos da paz do Corpo de Tambores e Flautas (Kotekitai)
ecoava pelos céus de Santa Mônica, cidade vizinha a Los Angeles, nos Estados Unidos da América.

No dia 27 de julho de 1968, um público de mais de cinqüenta mil pessoas lotou a avenida Ocean para
assistir à parada da Kotekitai do Japão e dos EUA em comemoração da 6a Convenção Norte-Americana
da Soka Gakkai.

A parada iniciou-se na esquina das avenidas Ocean e Califórnia e percorreu cerca de 1,5 quilômetro até
chegar ao centro cívico municipal de Santa Mônica. Teve a participação de 140 componentes da Fuji
Kotekitai, do Japão, que marchou imponentemente sob o intenso aplauso do público. Contou também
com as apresentações da Kotekitai e Ongakutai (banda masculina) dos EUA, de vários blocos folclóricos
e carros alegóricos organizados pelos membros americanos, totalizando aproximadamente dois mil
figurantes.

O evento teve o apoio dos órgãos públicos municipais e foi aberto pelo prefeito de Santa Mônica, que
desfilou pela avenida num automóvel conversível escoltado por um batalhão de motocicletas da
polícia.

Além do desfile da Kotekitai e do Ongakutai, um dos blocos representou episódios marcantes da


história americana, retratando o velho oeste com índios e cowboys e o primeiro presidente dos EUA,
George Washington, marchando na avenida montado em um cavalo branco. Apresentaram-se também
blocos de danças folclóricas escocesa e havaiana, carros alegóricos com a maquete do congresso
americano, uma réplica do foguete Apolo 11, e outros.

A marcha da Fuji Kotekitai era aguardada com muita expectativa por ser uma delegação de jovens
vindas do Japão especialmente para se apresentar na ocasião. O público não poupou aplausos pela
elegância de gestos da marcha, pelo som altivo e firme de seus tambores e flautas. Era a primeira vez
que o público americanos assistia a primorosa técnica da Fuji Kotekitai.

Os anjos da paz sentiram a reação do público americano. Com o êxito e a vitória nas mãos, cada uma
delas percebeu que todo o esforço e labor transformaram-se em uma gloriosa experiência.

A parada percorreu lentamente a avenida Ocean, uma alameda de palmeiras de folhas verdejantes. De
um lado, estendiam-se a praia de areias brancas e o mar de águas azuis. Das janelas e varandas dos
prédios situados na outra margem da avenida, os moradores aplaudiam e acenavam para os
participantes.

O público se entusiasmou. Havia pessoas sobre as cabines de telefone, nas árvores e nas sacadas dos
prédios.

Uma das pistas da avenida foi interditada para o trânsito de veículos. Contudo, como os motoristas que
trafegavam na outra pista reduziam a velocidade para ver a parada, o congestionamento foi
inevitável.

Muitas equipes de reportagem cobriram o evento. Uma emissora de televisão local utilizou um
helicóptero para a transmissão ao vivo. Os jornais locais noticiaram o evento na edição do dia seguinte,
retratando as impressões do público: “Assisti pela primeira vez um espetáculo magnífico aqui em Santa
Mônica!”, “Foi uma parada maravilhosa, digna de uma instituição budista!”, “Nunca vi uma parada tão
bem organizada e cheia de alegria!”.

Quando a Kotekitai encerrou a apresentação diante do centro cívico de Santa Mônica, um japonês de
quase sessenta anos aproximou-se de Fumiko Takamura, coordenadora da Fuji Kotekitai. Muito
emocionado e com lágrimas nos olhos, disse:

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— Foi realmente uma apresentação espetacular. No bairro onde moro residem cerca de 150 famílias
japonesas e sofremos várias formas de discriminação. Nunca tivemos uma vida tranqüila até agora,
aqui na América. Contudo, o dinamismo da marcha de vocês despertou uma nova confiança, coragem e
orgulho em meu coração. Vocês representam a esperança do Japão. Gostaria até de convidá-las para
uma festa em nossa comunidade como forma de manifestar a nossa gratidão. Como não é possível fazer
isso repentinamente, tomei a iniciativa de pelo menos expressar os meus agradecimentos. Muito
obrigado!

Com a emoção estampada em seu rosto, ele se curvou várias vezes para as jovens da Kotekitai.

As integrantes da Fuji Kotekitai haviam desembarcado no Aeroporto Internacional de Los Angeles às


7h30 da manhã de 25 de julho com o objetivo de participar de diversas atividades da Soka Gakkai dos
EUA.

Apresentaram-se no dia seguinte no palco da 6a Convenção, que contou com a presença de dez mil
membros vindos do Canadá, México e dos cinqüenta estados americanos.

No início da convenção, a mensagem enviada pelo presidente Yamamoto foi lida em japonês e em
inglês.

“O ser humano conseguiu realizar o grande feito de descer na superfície da Lua tripulando a Apolo 11,
o que pode ser considerado a cristalização dos esforços da inteligência humana. O sonho acalentado
pela humanidade foi finalmente concretizado. Nesta oportunidade, desejo manifestar meu profundo
respeito ao povo americano por abrir uma nova era na exploração do espaço.”

O módulo da Apolo 11 desceu na superfície lunar no dia 20 de julho de 1969 e dois de seus tripulantes
registraram os primeiros passos do ser humano na Lua. No dia 24, retornaram para a Terra e foram
resgatados sãos e salvos no Oceano Pacífico. Essa notícia teve uma ampla repercussão e foi recebida
com muita euforia em todos os cantos da Terra.

Na mensagem, o presidente Yamamoto enfatizou: “Embora o homem tenha realizado o grande feito de
descer na Lua, os problemas que afligem a humanidade, como a pobreza, a fome e a doença,
continuam sem qualquer solução.

“Os seres humanos devem se conscientizar de que são habitantes da mesma Terra e unir seus esforços
superando as diferenças de nacionalidade, raça ou ideologia a fim de encontrar soluções para essas
questões.

“É preciso superar o ódio e a discriminação para transformar o mundo de conflitos e rivalidades em um


mundo de confiança e harmonia. Isso é possível a partir do esforço de semear a filosofia budista que
expõe a igualdade e o respeito absoluto à dignidade da vida.

“Por esta razão, espero que todos tenham a consciência de que chegou o exato momento de promover
o Kossen-rufu do Budismo de Nitiren Daishonin ao mundo inteiro.”

Na mensagem, Shin-iti disse também: “O Budismo Nitiren pode ser praticado e comprovado por todas
as pessoas de todas as nacionalidades por ser uma religião universal. Tenho a plena convicção de que,
por meio da prática deste budismo, será possível despertar o humanismo e extrair a criatividade
inerente na vida das pessoas e assim revitalizar o mundo atual visando à construção do século da vida.
A comprovação da felicidade individual conduzirá toda a América para a felicidade e esse aspecto
servirá de exemplo para outros países. Cada um dos membros americanos que abraçou o Budismo
Nitiren e atua em prol do Kossen-rufu com esperança e jovialidade é, de fato, pioneiro da construção
da paz mundial.”
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Shin-iti encerrou a mensagem desejando que todos fossem dignos “porta-estandartes da paz do mundo”
e “sol da esperança da humanidade”.

Um forte e estrondoso aplauso repercutiu por algum tempo pelo recinto da convenção.

Os EUA formam um Estado multirracial. Se os povos que lá vivem conseguirem criar fortes laços de
amizade e confiança, aí se estabelecerá um modelo da paz mundial.

Shin-iti desejava que os membros americanos se tornassem realmente vanguardistas da promoção da


paz do mundo e sugeriu a realização de uma convenção como primeiro passo desse movimento.

Paz não indica apenas ausência de guerra. As pessoas devem estar ligadas pelos laços de confiança e
sua vida cheia de alegria, dinamismo e esperança. É dessa forma que se combate o ódio e a
intolerância que deflagram a guerra e colocam a vida em perigo.

A expectativa de Shin-iti era de que a convenção fosse realizada com muito entusiasmo. Providenciou
então todo o apoio necessário. Um deles foi o plano de enviar a Fuji Kotekitai para os Estados Unidos a
fim de criar uma ponte de paz nipo-americana por meio da amizade e da música.

Durante a convenção, foi apresentado o relatório de resultados obtidos nas atividades realizadas no
decorrer do último ano e teve a apresentação de novos dirigentes, além dos cumprimentos da
coordenadora da Divisão Feminina de Jovens, Yumie Fujiya, e do diretor Yasushi Morinaga.

A convenção encerrou-se às 19h20 e, na seqüência, foi realizada uma confraternização pela amizade
nipo-americana.

A iluminação do recinto foi apagada e os tambores rufaram no escuro: era o início do festival. As luzes
dos holofotes percorreram pelo grande palco e iluminaram a entrada da Kotekitai dos EUA pelas
laterais. Quando a Kotekitai do Japão surgiu no palco pela entrada principal, fortes aplausos soaram
intensamente por todo o grande auditório. Era também um aplauso em louvor e agradecimento aos
anjos da paz que atravessaram o Oceano Pacífico para se apresentar em terras americanas.

Dando abertura ao evento, a coordenadora da Kotekitai americana proferiu suas palavras em japonês,
e a coordenadora japonesa falou em inglês.

Fumiko Takamura disse representando as companheiras da Fuji Kotekitai:

— Graças ao apoio e orações de todas as companheiras da Kotekitai do Japão, temos o privilégio de


estar aqui compartilhando o espírito desbravador dos americanos. Por meio deste encontro, desejamos
unir nosso coração para avançar juntos e cumprir a nobre missão em prol da paz mundial.

O palco ficou escuro novamente para exibição de imagens da confraternização nipo-americana da


Kotekitai realizada um ano antes. No dia 16 de agosto de 1968, 3.500 componentes da Fuji Kotekitai e
200 da Kotekitai dos EUA encontraram-se no Ginásio de Esportes de Tóquio para realizar um festival de
amizade e de confraternização.

Na tela, apareceram as cenas da troca dos bastões das regentes das bandas de ambos os países, e
também os momentos compartilhados com o presidente Yamamoto. Foram momentos inesquecíveis que
selaram o juramento de marcharem juntas em prol da paz unindo o mundo por meio da música.

As integrantes das duas bandas voltaram sob as luzes do palco e suas coordenadoras subiram num
tablado com o formato do Monte Fuji onde efetuaram a troca dos bastões de regência com a decisão de
criar um novo avanço.

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Seguiram-se as apresentações das jovens instrumentistas, ora em conjunto ora separadamente. Todas
executaram as músicas com o forte sentimento de abrir os caminhos da paz e tocaram o coração dos
espectadores.

No final do evento, um dos convidados relatou sua impressão:

— Estou muito emocionado. Meus aplausos não são suficientes para louvar a atuação dos “anjos da
paz.” Eu também vou me esforçar ainda mais para cumprir a minha missão.

A parada pelo centro de Santa Mônica, onde se localiza a Sede Central da Soka Gakkai dos EUA, foi
realizada no dia seguinte da convenção e do festival de confraternização. Foi uma marcha para a paz
que demonstrou a alegria e a esperança na vida que surgem da crença na mais correta filosofia
religiosa.

As integrantes das duas bandas, após o término do desfile, trocaram abraços pelo sucesso da
apresentação. Todas estavam com o rosto corado e com lágrimas nos olhos.

Antes de partir do Japão, os membros juraram entre si não chorar e aquela que chorasse pagaria uma
multa. Porém, nenhuma pôde conter a emoção e as lágrimas rolaram pelo rosto. Era a emoção pelo
triunfo alcançado com desafio e forte oração.

Uma delas, empunhando alto a sua flauta, bradou para os céus:

— Vovó, eu consegui! Foi um grande sucesso! Muito obrigada!

Era Yoshimi Tatikawa. Sua avó tinha falecido dois meses antes. Fora ela quem a incentivara a entrar na
Kotekitai.

Sua família morava em Tóquio, no bairro de Katsushika. Seu pai tinha uma oficina de aparelhos
elétricos e veio a falecer acometido de câncer quando Yoshimi estava com sete anos. Além de sua mãe,
vivia com os avós maternos, uma irmã e um irmão. Entretanto, sua mãe não era saudável e
freqüentemente estava hospitalizada. Por esse motivo, foi a avó que cuidou dos afazeres domésticos e
da educação das crianças.

O lar sem pai e a ausência da mãe fez com que Yoshimi se tornasse uma menina triste e sem sorriso. A
tristeza acentuou-se com a morte do avô um ano depois da morte de seu pai.

Certo tempo depois, sua avó ouviu sobre a Soka Gakkai e toda a família abraçou o Budismo Nitiren.

Quando Yoshimi começou a estudar no ginásio, uma colega que fazia parte da Kotekitai levou-a para
assistir ao ensaio. Participou também de uma reunião geral da Divisão Feminina de Jovens, realizada
num ginásio de esportes, onde viu uma apresentação oficial da Kotekitai.

O sorriso e a energia das integrantes da Kotekitai sacudiram o coração de Yoshimi.

“Quero fazer parte da Kotekitai!” — este foi o desejo que despertou no coração de Yoshimi. Ela soube
que um dos critérios para ingressar na Kotekitai era saber o Gongyo. Precisava também obter a
indicação das líderes da Divisão Feminina de Jovens.

Yoshimi aprendeu logo a recitação do Gongyo e freqüentou assiduamente as reuniões da DFJ. Outra
preocupação era a despesa de condução e lanche para ir aos ensaios. Como sua mãe continuava em
tratamento no hospital, foi consultar a sua avó, que lhe disse:

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— Se você deseja tanto entrar na Kotekitai, terá todo o meu apoio. Além de aprender a tocar, espero
que você se empenhe firmemente na prática da fé. A nossa situação financeira não é boa, mas darei
um jeito. O que posso deixar como herança para você é somente a prática da fé.

Yoshimi entrou finalmente na Kotekitai. Os ensaios, além de aulas de música ministradas com muita
seriedade, eram um verdadeiro treinamento para se capacitar como um digno anjo da paz. Ela
aprendeu sobre a importância da união e da responsabilidade e se esforçou com o único desejo de
corresponder à expectativa de sua avó.

As líderes da Kotekitai conduziam os ensaios com muito rigor. Não deixavam escapar qualquer erro na
execução de uma música. Uma delas disse a Yoshimi quando tinha dificuldade de emitir notas na
flauta.

— Se você pensar que ninguém perceberá seu erro, está completamente enganada. O sucesso será
alcançado somente quando todas estiverem em perfeita harmonia sonora. Seu erro se refletirá no
conjunto e atrapalhará as demais integrantes.

Apesar do rigor, as líderes ficavam muito felizes quando ela conseguia dominar uma música. Esse calor
humano aqueceu o coração de Yoshimi e ela foi recuperando gradativamente a alegria em seu coração
e o sorriso voltou a embelezar seu rosto.

“Eu não estou mais sozinha. Tenho inúmeras irmãs na Kotekitai!” — Yoshimi foi se desenvolvendo como
uma jovem radiante e de iniciativa em todas as tarefas. Os laços de amizade e de confiança
ampliaram-se em sua volta como um dos mais valorosos tesouros da juventude.

Sua avó, que era o esteio da família, sofreu derrame cerebral quando Yoshimi estava no segundo ano
do ensino médio. Ela orou com a determinação de salvá-la da enfermidade. Embora tivesse escapado
da morte, sua avó ficou com a metade do corpo paralisada. Conseqüentemente, todos os serviços
domésticos e o trabalho na oficina de aparelhos elétricos ficaram sob seu encargo.

Sua irmã havia terminado o ensino fundamental e ingresssou no ensino no período noturno para ajudar
no atendimento aos clientes da oficina durante o dia.

Yoshimi era responsável de bloco e cuidava de pouco mais de vinte membros. Porém, devido aos novos
afazeres, era difícil participar das atividades da Kotekitai e da DFJ. Ela orava para superar essa
situação. Ao mesmo tempo, sentia o quanto era importante essa participação para preencher sua vida
de alegria e dinamismo.

“Vou conseguir sem falta melhores condições para participar das atividades. Vou orar com toda a
firmeza para devotar-me inteiramente em prol do Kossen-rufu!” — essa era sua determinação.

Após a formatura do ensino médio, ela consultou os familiares e resolveu fechar a oficina e alugar o
espaço. Yoshimi conseguiu também seu primeiro emprego.

Com essa mudança, voltou às atividades da DFJ e aos ensaios da Kotekitai com renovada disposição.

A jornada da vida não é somente por caminhos planos. O ser humano, por esforçar-se em transpor os
aclives das provações, consegue aumentar o grau de felicidade.

Quando foi anunciado o plano de viagem da Kotekitai aos Estados Unidos, Yoshimi desejou fazer parte
desse intercâmbio. Contudo, não havia qualquer possibilidade de conseguir o dinheiro necessário para
custear as despesas da viagem. Mesmo assim, edeterminou que iria para os EUA e orou ao Gohonzon.

Após dois anos de uso, o espaço da oficina que havia alugado para o funcionamento de um restaurante
de comida chinesa ficou vago, pois o dono resolver mudar para outro local. O contrato de locação era
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por cinco anos e Yoshimi já havia recebido o total do aluguel por esse período. Contudo, o dono do
restaurante recusou a devolução do dinheiro pelo fato de estar mudando por iniciativa própria.

O local foi rapidamente alugado por uma loja de roupas e Yoshimi recebeu um valor extra pelo novo
contrato de locação.

Após o início dos ensaios da Kotekitai visando à viagem para os EUA, sua avó veio a falecer aos 77
anos.

Yoshimi disse para a avó, que parecia estar dormindo:

— Vovó, muito obrigada por ter cuidado de mim. Graças à senhora, tive o privilégio de conhecer a
Gakkai. Apesar de nossas dificuldades financeiras, a senhora me apoiou totalmente e pude entrar na
Kotekitai. Muito obrigada por deixar-me a mais preciosa herança. Muito obrigada por tudo.”

Na manhã do dia da partida para os EUA, após recitar o Gongyo e o Daimoku, em seu coração Yoshimi
fez um juramento à falecida avó:

— Vovó, já estou de partida. Vou esforçar-me ao máximo e conseguir um grande sucesso. Conto com
sua torcida!

Yoshimi desembarcou no Aeroporto Internacional de Los Angeles e marchou pelo centro de Santa
Mônica.

Em seu coração, a jovem sempre lembrava a avó:

— Vovó, estou desfilando na tão sonhada terra americana! Veja o meu novo uniforme! Muito obrigada!
Graças à senhora, eu consegui vencer gloriosamente!

Enquanto marchava, Yoshimi sentiu-se feliz como se sua avó saudasse seu grande êxito.

Noriyo Sada era uma outra integrante da Kotekitai que viajara para os Estados Unidos. Ela era
responsável pelo setor de acordeão.

Um mês antes da viagem, Noriyo sentiu uma forte dor no joelho direito durante o ensaio da marcha.
Ela foi levada imediatamente para um hospital. Após os exames de radiografia, constatou-se distensão
nos nervos da perna e problema de curvatura na coluna vertebral causado por carregar peso excessivo.
O médico recomendou repouso e a proibiu de esforçar-se.

O acordeão pesava cerca de dez quilos. Devido à viagem para os EUA, os ensaios foram intensificados
nos dois últimos meses. Quase todos os dias, Noriyo foi para os locais de ensaio carregando o pesado
instrumento. Isso acarretou um esforço maior nas pernas e na coluna vertebral.

Faltava apenas um mês até a partida. Era impossível recuperar-se. Além disso, sem poder carregar o
instrumento e sem participar dos ensaios, não teria sentido viajar para os Estados Unidos.

Noriyo ficou muito triste. Sentiu que não conseguiria resolver o problema em tão pouco tempo. A única
coisa a fazer era recitar Daimoku e, muitas vezes, acabava chorando diante do Gohonzon.

Seu pensamento era pessimista no começo. Porém, à medida que foi se fortalecendo com a recitação
de Daimoku, seu coração foi mudando e se cobrindo de otimismo.

“Deve haver algum significado na situação que estou passando. É certamente uma provação para que
eu me torne uma pessoa forte e imbatível. Mesmo que não consiga tocar o acordeão, deve haver

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alguma tarefa que eu possa fazer pelo sucesso da viagem da Kotekitai!” — quando começou a pensar
dessa forma, a tristeza foi embora e ela não chorou mais.

A partir de então, Noriyo se prontificou a efetuar tarefas que não afetassem o seu corpo, como copiar
partituras, examinar os uniformes e organizar os detalhes da viagem.

As pessoas em geral, quando enfrentam um grande obstáculo, desanimam facilmente e abandonam o


espírito de desafio. Na verdade, a derrota não acontece confrontando o obstáculo, mas, antes disso,
dentro de si mesmo, na resignação.

Com o tratamento, as dores na perna foram amenizando gradativamente. O médico chegou a autorizar
a viagem e permitiu a execução de músicas no acordeão desde que ficasse sentada. Só não permitiu a
participação no desfile.

Noriyo participou do festival da amizade nipo-americana tocando o seu acordeão e no desfile atuou
como fotógrafa para registrar o sucesso de suas companheiras.

A Kotekitai dos EUA era composta de membros de várias descendências. Todas estavam felizes,
choravam de alegria e abraçavam umas às outras pelo êxito no desfile.

Noriyo tirou as fotos dessas cenas emocionantes e pensou consigo mesma: “O conflito racial é um grave
problema nos EUA. Contudo, na Gakkai, vejo que todas se respeitam como filhas do Buda e estão
ligadas com os laços de confiança de companheiros da Lei Mística. Estou vendo uma prova real de
igualdade e harmonia entre pessoas de diversas origens. Com toda a certeza, vou atuar ainda mais em
prol do Kossen-rufu a fim de ampliá-lo para o mundo inteiro.”

Depois de terminar o ensino médio, Noriyo matriculou-se numa escola especializada em língua inglesa.
Foi um passo mais concreto em direção ao seu desejo de servir em prol do Kossen-rufu mundial.

Seis anos depois, Noriyo casou-se com um rapaz da Micronésia que se encontrava no Japão e se tornou
Noriyo Rodrigues. Ele também era membro da Gakkai.

Logo após o casamento, foram morar numa pequena ilha da Micronésia chamada Pohnpei. Não havia
eletricidade, gás nem água encanada. O fogão era a lenha e Noriyo cozinhava, lavava pratos, roupas e
banhava-se com a água do rio. A luz de lampião de querosene iluminava as noites nessa ilha quase
perdida no meio do Oceano Pacífico.

Apesar dessas dificuldades para uma pessoa habituada com a vida em uma grande metrópole como
Tóquio, Noriyo sentiu-se confortada pela beleza da natureza e pelo calor humano de seus vizinhos. Ela
decidiu que construiria um jardim de felicidade nessa terra, recitou Daimoku e esforçou-se na
propagação do budismo.

Depois de alguns anos, seu marido fundou um banco com um sócio japonês a fim de atender a
necessidade da população e também oferecer melhores condições de vida à sua esposa e filhos.
Contudo, seu sócio o enganara e causara-lhe sua falência.

Em 1984, quando Noriyo estava no Japão para dar à luz, seu marido veio a falecer repentinamente por
infarto. Ela retornou para Pohnpei tão logo foi possível levando no colo seu filho recém-nascido. Seus
cunhados e parentes ajudaram-na no sustento dos filhos.

Quando seu coração ficava amargurado no silêncio da noite escura, Noriyo pegava o acordeão e tocava
as canções da Gakkai para encorajar a si mesma.

“Naquela viagem aos EUA consegui vencer os obstáculos com a força do Daimoku. Mesmo agora, com a
ajuda dos meus filhos, vou vencer sem falta. Eu sou ainda uma integrante da orgulhosa Kotekitai!
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Jamais serei derrotada!” — o orgulho de ter sido membro da Kotekitai a ajudou a superar os momentos
de tristeza.

O primeiro distrito da Soka Gakkai na Micronésia foi fundado em 1992 como fruto dos esforços de
Noriyo Rodrigues como mãe do Kossen-rufu da Micronésia. Era o resultado do treinamento recebido em
sua juventude como integrante da Kotekitai e a prova de que nada pode derrotar o espírito forjado
com as provações da vida.

Noriyo atuava disposta a contribuir para o bem da sociedade, como uma digna budista. Organizava
concertos e oficinas de música para as crianças da comunidade. Como fruto de seus esforços, a SGI foi
gradativamente sendo reconhecida no seio da sociedade.

Em março de 2001, a Federação dos Estados da Micronésia outorgou pela primeira vez em sua história o
título de cidadão honorário micronesiano a Shin-iti Yamamoto e a sua esposa Mineko. Esse título foi
concedido por iniciativa do próprio presidente da República em reconhecimento aos esforços do casal
Yamamoto em prol do desenvolvimento da paz, da cultura e da educação em âmbito mundial.

Em julho desse mesmo ano, uma delegação de representantes da Câmara Legislativa da Ilha de Pohnpei
esteve no Japão para homenagear o casal com o Diploma de Suprema Honra ao Mérito de Pohnpei. Na
cerimônia de entrega, o filho de Noriyo Rodrigues atuou como intérprete. Dentre seus cinco filhos, três
se formaram na Universidade Soka e todos se tornaram brilhantes valores humanos da SGI da
Micronésia.

O ponto primordial de Noriyo na jornada do Kossen-rufu mundial foi a sua viagem aos Estados Unidos da
América como integrante da Fuji Kotekitai.

Na tarde do dia 27, quando ocorreu o desfile pela avenida central de Santa Mônica, os membros da Fuji
Kotekitai visitaram um hospital de Los Angeles e realizaram uma apresentação musical no pátio
interno, com o propósito de encorajar os pacientes.

Apesar de não haver tempo para descanso, todas atuaram com a disposição de cumprir plenamente a
missão de estreitar os laços de amizade nipo-americana. A consciência da missão fortalece a vitalidade
e supera o cansaço.

Durante a apresentação de várias músicas e coreografias, as representantes da Fuji Kotekitai


entregaram colares de garça feitos de dobraduras de papel para os pacientes que vieram prestigiar a
visita dos anjos da paz. Esses colares foram confeccionados pelos membros da Kotekitai que ficaram no
Japão, orando pelo sucesso de suas companheiras.

Alguns pacientes ficaram emocionados e receberam os colares com lágrimas nos olhos. “Vocês nos
presentearam com a sinfonia da esperança!”, “Recebi uma forte injeção de ânimo!”, “Vou vencer sem
falta a minha enfermidade!” — foram as impressões que os pacientes transmitiram aos membros da
Kotekitai.

Na Praia Del Rei em Los Angeles foi realizado um jantar de confraternização entre os membros da
Kotekitai do Japão e dos EUA na noite do dia 28. Em torno de uma fogueira, os membros conversaram
saboreando um churrasco e outros pratos preparados pelas integrantes da Divisão Feminina.

Não era possível ver as águas do Oceano Pacífico devido à escuridão da noite, somente o barulho do
quebrar das ondas ecoava pela praia.

Uma integrante da Kotekitai americana disse:

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— O Japão fica do outro lado deste oceano, onde se encontram a sede da Gakkai e o presidente
Yamamoto. Por isso, este oceano está ligado com o nosso mestre. Ele já veio várias vezes para o nosso
país e nos ensinou o budismo. Como membro da Divisão Feminina de Jovens e da Kotekitai, estou
consciente de que o presidente Yamamoto é o mestre da minha vida. Por isso, quando estou passando
por alguma dificuldade, venho até aqui, molho os pés na praia e grito bem alto: “Mestre! Eu não vou
ser derrotada! Vou lutar com todo o meu esforço!” Apesar da distância que nos separa, eu converso
dessa forma constantemente com o presidente Yamamoto.

Seus olhos estavam cheios de lágrimas.

Entre as jovens que se emocionaram com essas palavras estava Yoriko Kida, a única representante da
Província de Akita.

Por morar numa localidade longe de Tóquio, Yoriko sentia uma certa distância em relação ao
presidente Yamamoto. Porém, ao ouvir a sua companheira americana, sentiu um novo horizonte se
abrir diante de seus olhos. Ela refletiu consigo mesma: “Os EUA são incomparavelmente mais longe.
Akita é como se fosse uma vizinha de Tóquio. Apesar da distância, o sentimento dos membros
americanos é muito mais forte e bem mais próximo do coração do presidente Yamamoto. A relação de
mestre e discípulo não se mede pela distância que os separa, nem pelo cargo ou posição na
organização. Depende única e exclusivamente do meu espírito de procura e da minha determinação.”

Yoriko renovou sua decisão de sintonizar seu coração cada vez mais aos ideais propostos pelo
presidente Yamamoto.

A noite da confraternização foi uma oportunidade para um aprimoramento da prática da fé e do


espírito de membros da Gakkai, cada uma renovando o juramento de atuar por toda a vida em prol do
Kossen-rufu.

Os relatórios da realização da convenção e das atividades da Fuji Kotekitai eram transmitidos


diariamente para o presidente Yamamoto por telefone. Após receber as informações sobre o sucesso
das principais atividades, Shin-iti disse com satisfação às líderes da Divisão Feminina de Jovens:

— A viagem da Kotekitai para Los Angeles foi um grande sucesso. Elas criaram uma nova página na
história da Gakkai. Os membros da Kotekitai dos Estados Unidos e a população de Santa Mônica ficaram
muito felizes. A Kotekitai da Gakkai é a primeira do mundo e o grande orgulho de todos os
companheiros. Elas se esforçaram muito para o sucesso da viagem. Quando voltarem, procurem
incentivá-las ao máximo.

Shin-iti ficou muito feliz com o sucesso da Kotekitai que fora fundada pessoalmente por ele.
Emocionou-se ao imaginar a Kotekitai marchando e tocando a sinfonia da paz, cumprindo
brilhantemente a tarefa de estreitar os laços de amizade entre o Japão e os EUA.

A Kotekitai foi fundada em 22 de julho de 1956. Alguns meses antes, Shin-iti, que era responsável da
secretaria da Divisão dos Jovens, recebeu em sua casa a visita de líderes da Divisão Feminina de
Jovens. Entre vários assuntos sobre o futuro da DFJ, Shin-iti propôs a fundação da Kotekitai.

Desde a criação da banda Ongakutai em maio de 1954, Shin-iti viera pensando na fundação da
Kotekitai.

Quando Shin-iti tomou a iniciativa de fundar a banda masculina, nenhum dos dirigentes veteranos foi a
favor da idéia, alegando que um grupo musical não tinha nada a ver com a prática da fé.

Apesar dessa oposição, Shin-iti insistiu que uma suprema religião propicia o surgimento de uma
excelente arte e cultura, cujo desenvolvimento serve como prova da grandiosidade do budismo. Além
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disso, tinha plena convicção de que a Ongakutai cumpriria a grande tarefa no ideal de construir a paz
do mundo pelo fato de a música unir o coração das pessoas, superando as barreiras de raça, idioma e
nacionalidade. Estava ciente também que o som vigoroso da Ongakutai encorajaria
extraordinariamente a disposição dos companheiros na atuação em prol do Kossen-rufu.

Shin-iti procurou defender a necessidade e a importância da fundação da banda com todas as letras,
numa tentativa de convencer os dirigentes veteranos.

Shin-iti contou apenas com o apoio do presidente Toda. “Faça do jeito que você achar melhor!” — essa
era a confiança que Toda depositava em seu discípulo.

A Ongakutai foi fundada em 6 de maio de 1954, logo após o término da reunião de dirigentes da Divisão
Masculina de Jovens realizada no Centro Cívico de Shibuya, em Tóquio.

A participação da Ongakutai executando as canções da Gakkai ocorreu três dias depois, por ocasião da
peregrinação geral da Divisão dos Jovens. Os dezesseis componentes tinham certo conhecimento de
música, porém a maioria não possuía instrumento próprio. Nesses três dias de preparativos
conseguiram alguns instrumentos emprestados de seus amigos e ensaiaram algumas canções.

No dia da primeira apresentação, todos tocaram as músicas com muito entusiasmo debaixo de chuva e
recepcionaram os participantes da peregrinação. Seus companheiros ficaram segurando guarda-chuvas
para proteger os instrumentos.

“A primeira apresentação é a mais importante. Ela decidirá o futuro da Ongakutai!”, “Não devemos
fracassar diante da chuva. Mesmo com chuva, podemos alcançar um grande sucesso e deixar registrada
a primeira página da nossa história!” — os pioneiros da banda tocaram as músicas com elevada
disposição sem se importar com o mau tempo.

Shin-iti estava ciente de que somente alguns membros possuíam instrumento. Por isso, adquiriu alguns
com seu próprio dinheiro para organizar a formação musical da banda.

Os membros se empenharam exaustivamente nos ensaios para corresponder à expectativa de Shin-iti


Yamamoto.

Algum tempo depois, a banda tornou-se presença indispensável nas principais atividades, transmitindo
um forte encorajamento a todos os participantes com a vigorosa execução das músicas.

Paralelamente, na Divisão Feminina de Jovens crescia o desejo de fundar a Kotekitai. Quando Shin-iti
foi consultado sobre essa idéia, disse:

— Eu já pensei nesse projeto. Vamos fundar a Kotekitai. Porém, a questão é como conseguir os
instrumentos. Vou comprá-los sem falta. Por favor, me dêem um pouco mais de tempo.

As líderes da DFJ sentiram o brilho de uma nova esperança nas palavras de Shin-iti.

Nessa época, a Gakkai não possuía condições financeiras para adquirir os instrumentos. Por essa razão,
Shin-iti pretendia comprá-los com seu próprio dinheiro.

Pouco tempo depois, Shin-iti solicitou a Takeshi Arimura, o primeiro responsável da Ongakutai, que
providenciasse a aquisição de instrumentos para organizar a fundação da Kotekitai.

Takeshi visitou os quartéis do exército americano e escolheu flautas e tambores em bom estado de uso
e os adquiriu.

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No dia 22 de julho de 1956, data da fundação da Kotekitai, algumas integrantes da Divisão Feminina de
Jovens compareceram na sede da Soka Gakkai com a finalidade de fazer parte desse grupo musical.
Contudo, a maioria segurava uma flauta ou um tambor pela primeira vez.

O responsável pela banda masculina Ongakutai, Takeshi Arimura, se dispôs a ensinar os primeiros
passos da música. Todas estavam ansiosas para emitir as primeiras notas, embora não soubessem ler
partituras nem notas musicais. Cada uma pegou uma flauta e encostou os lábios seguindo as instruções
de Takeshi. Inflaram os pulmões e sopraram pelo bocal. Porém, contrariando a expectativa, ouviram
apenas o som do ar escapando do instrumento. Persistiram por algum tempo até que ficaram meio
zonzas pela falta de ar.

A partir desse dia, iniciava-se um novo desafio. Embora fossem leigas na técnica de musical,
mantiveram a forte disposição de superar qualquer tipo de dificuldade.

Os membros do grupo de tambores não podiam ensaiar a qualquer hora e em qualquer lugar devido ao
barulho. Por isso, treinavam o ritmo emitindo o som pela boca. Ou, então, depois de voltar para casa,
colocavam uma toalha sobre a mesa para abafar o som e treinavam os toques do tambor.

Todas as integrantes esforçavam-se para comparecerem aos ensaios, apesar de dividirem o tempo
entre trabalho, escola e outras atividades da Gakkai. Elas estavam conscientes de que era natural
canalizar um esforço maior num novo desafio.

A primeira apresentação da Kotekitai ocorreu pouco mais de um mês depois, no dia 3 de setembro, por
ocasião da Reunião de Dirigentes da Divisão Feminina de Jovens, realizada no Centro Cívico de Nakano,
em Tóquio. A responsável pela Kotekitai, Mieko Koga, foi nomeada nessa oportunidade. Ela trabalhava
como professora de ensino fundamental e freqüentava uma faculdade de música no período noturno.

A Kotekitai se apresentou com trinta e três componentes, sendo dez tambores e vinte e três flautas, e
executou algumas músicas populares e canções da Gakkai. Apesar do empenho nos ensaios com muita
seriedade, a metade das integrantes do grupo de flautas ainda não conseguia emitir o som de seus
instrumentos. Além disso, como não tinham aprendido a ler partituras, haviam escrito “do, ré, mi, fa,
...” sobre as respectivas notas musicais.

No caso do grupo de tambores, por não terem o cinto para prender o instrumento ao corpo, tocaram
apoiando o instrumento no palco. Isso fez com que o som saísse abafado.

Por ser a primeira apresentação, todas estavam no palco com o rosto tenso. As mãos que seguravam os
instrumentos e as pernas tremiam sem parar. Apesar da seriedade e do esforço na execução das
músicas, elas ainda estavam longe de merecer os aplausos. Por não conseguirem emitir os sons, alguns
membros chegaram a caçoá-las, chamando a Kotekitai de “su-su-tai” em alusão ao barulho do ar que
saía das flautas.

Quando as líderes comentaram esse fato para Shin-iti, ele disse sorrindo:

— A Kotekitai está apenas no seu início. Não se preocupem com o que estão dizendo agora. O
importante é que será a melhor do mundo no futuro. Tenho a plena convicção nisso. Sabem por quê?
Para tornar-se a melhor do mundo, é preciso ter um sublime objetivo. Se o objetivo não estiver
claramente definido, as pessoas não conseguem evidenciar seu verdadeiro potencial. No caso da nossa
Kotekitai, ela existe para o Kossen-rufu, isto é, seu objetivo maior é promover a paz no mundo e a
felicidade de todas as pessoas. Portanto, a nossa Kotekitai possui o mais sublime objetivo do mundo.
Por isso, quando suas integrantes tomarem consciência da missão e do objetivo, evidenciarão uma
grande força, embora achem que são incapazes no momento. Isso será conquistado com repetidos
ensaios e esforços além do normal. Em qualquer tarefa, o sucesso é conseqüência do esforço. Se

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esperam superar outras bandas de música, é preciso dobrar os esforços nos ensaios. A força motriz
desse desafio é a prática da fé.

No dia 23 de setembro, vinte dias depois da primeira apresentação, a Kotekitai participou do Terceiro
Encontro Esportivo da Divisão dos Jovens, denominado “Festival dos Jovens” e realizado no campo de
esportes Nitidai, em Tóquio.

As integrantes da Kotekitai compareceram ao local com a disposição de realizarem uma boa


participação, já que era a sua primeira apresentação diante do presidente Toda e de Shin-iti
Yamamoto.

Por ter ouvido que a Kotekitai era chamada de “su-su-tai”, Toda foi encontrar-se com seus
componentes pouco antes da abertura do festival.

— Vocês estão dispostas? Já aprenderam a tocar os instrumentos?

Toda sorriu satisfeito ao ouvir a resposta animada das meninas e propôs tirar uma foto com elas. Ele
também acalentava uma grande expectativa pelo desenvolvimento da Kotekitai.

O uniforme da Kotekitai era simples: blusa creme, saia preta e tênis branco. Elas tiveram de pintar o
tênis com giz branco ou com pasta de dente para camuflar o barro que sujara durante o ensaio geral
realizado sob a chuva do dia anterior.

No dia do festival, a chuva havia parado e o campo estava mais seco. Era a primeira vez que a Kotekitai
se apresentaria marchando pelo campo. Era um novo desafio.

Comparando com a primeira apresentação, os membros da Kotekitai desfilaram pelo campo tocando as
músicas com mais desenvoltura. Apesar do desenvolvimento alcançado em pouco tempo, não
conseguiram, porém, mudar o rótulo de “su-su-tai”.

Shin-iti sabia disso e não poupou palavras de incentivos.

— Vocês conseguiram transmitir o esforço e a seriedade com que estão construindo a Kotekitai. Foi uma
apresentação cheia de vigor. Muito obrigado por terem mostrado um desenvolvimento em tão pouco
tempo.

Em reconhecimento pelos sues esforços, Shin-iti presenteou cada componente com um novo tênis
branco.

Shin-iti sabia que o caloroso incentivo como uma brisa primaveril é o que favorece significativamente o
desenvolvimento do potencial das pessoas.

A Kotekitai seguiu sua trajetória de crescimento tanto em termos de técnica musical como de criação
de valores humanos, ao mesmo tempo em que foi abrilhantando vários eventos como a convenção
anual da Soka Gakkai e da Divisão Feminina de Jovens.

Seis meses após a fundação, a Kotekitai tornou-se uma estrela da esperança para todos os membros e
ninguém mais a chamou de “su-su-tai”. Toda vez que Shin-iti se encontrava com elas, falava de sua
expectativa de criar a melhor Kotekitai do mundo e que no futuro tocariam com as integrantes do
exterior.

Embora ouvissem essas palavras como um sonho distante, nenhuma delas achava que fosse impossível
alcançá-lo. Elas se esforçaram ainda mais nos ensaios com a decisão de corresponder à expectativa de
Shin-iti.
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Na semente chamada “decisão” está contida o fruto chamado “concretização”. Isto é exposto pelas
palavras de Nitiren Daishonin: “Se deseja saber que resultados serão manifestados no futuro, observe
as causas no presente.” (Os Escritos de Nitiren Daishonin, vol. IV, pág. 197.)

Além disso, onde existe decisão, há também um forte desafio e esforços redobrados. Se uma decisão
não for acompanhada de firme atuação, não passará de mero conto de fadas.

Um ano após a fundação da Kotekitai em Tóquio, essa banda feminina foi criada também na região de
Kansai em outubro de 1957.

Nesse mesmo mês foi realizado o primeiro curso de treinamento da Kotekitai no Templo Principal,
ocasião em que Shin-iti dedicou um lema às suas integrantes: “Ser alegre como o sol e ter a serenidade
do luar.”

Por outro lado, no diálogo que manteve no decorrer do treinamento, Shin-iti comparou a Kotekitai ao
Bodhisattva Som Maravilhoso (Myo’on Bosatsu). Esse bodhisattva habita no mundo chamado Jokoshogon
(Terra Adornada com Radiância Pura), seu aspecto é magnificente, seu rosto é muito mais belo do que
um bilhão de luas juntas, seu corpo resplandece como ouro puro e possui o imensurável poder de
beneficiar as pessoas.

De acordo com o 24o capítulo do Sutra de Lótus (Myo’on), o Bodhisattva Som Maravilhoso anuncia ao
Buda Jokeshukuoti (Rei da Sabedoria da Constelação da Flor Pura) que irá ao mundo saha para fazer
oferecimentos a Sakyamuni. Esse buda recomenda-lhe que não menospreze o mundo saha mesmo que
encontre muitas impurezas e que respeite os budas e bodhisattvas desse mundo mesmo que tenham um
corpo pequeno e fraco. Ele ensinou-lhe que as pessoas que atuam numa terra cheia de adversidades em
prol da propagação da Lei Mística são as mais nobres e dignas do mais alto respeito. Em outras
palavras, recomendou-lhe que não julgassem as pessoas por sua aparência.

Shin-iti comparou a Kotekitai ao Bodhisattva Som Maravilhoso com o desejo de que suas integrantes
prezassem e respeitassem os companheiros da Gakkai que atuavam abnegadamente em prol do Kossen-
rufu, transmitindo-lhes a sinfonia da coragem e da esperança.

No caminho em direção ao mundo saha, as terras tremeram por onde o Bodhisattva Som Maravilhoso
passou, as flores de lótus carregadas de sete tipos de gemas caíram como chuva e músicas celestiais
ecoaram pelo espaço, simbolizando assim os benefícios provenientes da prática do Sutra de Lótus. Isso
demonstra que os benefícios da prática budista devem ser comprovados na vida real, caso contrário o
budismo se confinaria no fanatismo.

Shin-iti estava convicto de que a Kotekitai seria como o Bodhisattva Som Maravilhoso, difundindo a
grandiosidade do budismo pelo mundo por meio da sinfonia celestial.

As integrantes da Kotekitai se conscientizaram de sua missão ao receber a orientação do presidente


Yamamoto sobre o Bodhisattva Som Maravilhoso.

Nessa época, o número de componentes da banda alcançava aproximadamente cem jovens. Havia
aquelas que ingressaram nos conservatórios para se especializar nos estudos da música,
proporcionando, conseqüentemente, o aprimoramento técnico para as demais companheiras. O grupo
foi se tornando, gradativamente, uma presença indispensável nas principais atividades da Gakkai.

No dia 1o de março de 1958, a Kotekitai se destacou notavelmente na cerimônia de inauguração do


Grande Auditório (Daikodo) construído pela Soka Gakkai no Templo Principal Taissekiji. Duas semanas
depois, no dia 16, participou também da cerimônia do Kossen-rufu realizada em torno do presidente
Toda e no funeral desse grande líder, cuja morte ocorreu no dia 2 de abril desse mesmo ano. A
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Kotekitai e a Ongakutai marcharam na vanguarda do cortejo fúnebre executando a sinfonia do
juramento de herdeiros.

A banda feminina foi fundada sucessivamente nas regiões de Hokkaido (maio), Tohoku (julho) e Kyushu
(agosto).

A primeira reunião geral da banda feminina foi realizada no mês de dezembro, no bairro de Shinagawa,
em Tóquio, com a presença de Shin-iti Yamamoto, que na época era coordenador de planejamento da
Divisão dos Jovens. Esse evento contou com a participação de 152 membros de Tóquio, 55 de Kansai,
17 de Kyushu, 16 de Hokkaido e 20 de Tohoku, totalizando 260 jovens.

Nessa ocasião, Shin-iti reforçou, em suas palavras, a expectativa de que a Kotekitai se tornasse o maior
e o melhor grupo musical feminino do mundo e explicou o verdadeiro propósito da arte.

Após o término da reunião geral, Shin-iti reuniu-se com as representantes da Kotekitai das cinco
localidades para incentivá-las e ouvir seus relatórios de atuação.

Shin-iti tinha ciência de que as integrantes da banda estavam se esforçando nos ensaios, dividindo o
tempo entre o trabalho, a escola e outras atividades da Gakkai. Apesar da dificuldade financeira, não
deixavam de comparecer aos ensaios a fim de se aprimorarem na execução das sinfonias de paz e
esperança.

Ele procurava incentivá-las como se reverenciasse o Bodhisattva Som Maravilhoso, encorajando-as com
todo o seu calor humano. Shin-iti sabia que ser um hábil incentivador era uma das principais
características de um líder, e que o incentivo estimula a vitalidade e a coragem para dissipar as
aflições da vida diária.

A Kotekitai participou da Convenção da Soka Gakkai realizada no dia 3 de maio de 1960 e dignificou a
posse de Shin-iti Yamamoto como terceiro presidente. Nessa nova partida da Soka Gakkai, a banda
desfilou pela primeira vez pelas ruas de Tóquio nas imediações do Auditório Nitidai, com uniforme
composto de uma blusa, saia, tênis brancos e uma gravata borboleta vermelha. Esse desfile era um
novo desafio na proposta de desenvolvimento como o maior e melhor grupo musical feminino do
mundo.

Em novembro de 1961, por ocasião da 9a Convenção da Divisão Feminina de Jovens realizada no Campo
de Atletismo de Mitsuzawa, localizado na cidade de Yokohama, a Kotekitai apresentou pela primeira
vez diversas coreografias diante de 85 mil jovens.

Até então, o desfile da banda era apenas uma marcha em linha reta, sem qualquer outro movimento. O
novo desafio era criar uma coreografia com diversas evoluções, mantendo, ao mesmo tempo, a
cadência na marcha e a harmonia na execução das músicas.

As líderes da Kotekitai conheciam algumas bandas que faziam apresentações com coreografias, porém
eram grupos pequenos, de algumas dezenas de componentes. O que elas pretendiam criar era uma
coreografia para um grupo de centenas de jovens. A única maneira era idealizarem as próprias
coreografias.

As jovens que ficaram encarregadas de planejar a coreografia passaram dias e noites pensando nesse
assunto. Elas se inspiravam nos desenhos de bordados, de crochês ou nos movimentos das luzes de néon
nos painéis de propaganda. Quando se reuniam numa lanchonete, os talheres eram utilizados como
instrumentos para demonstrar sobre a mesa as idéias de coreografia. Elas discutiam cada uma das
idéias procurando aprimorá-las ao máximo. Sabiam que o desafio era o fator primordial para criar um
novo avanço e a glória para o futuro. Caso contrário, sucumbiriam ao conformismo e à estagnação.

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Outra dificuldade que enfrentaram era conseguir um local suficientemente amplo para realizar os
ensaios com todas as componentes.

Todos esses esforços floresceram como uma bela e exuberante flor no centro do gramado e abrilhantou
a 9a Convenção da Divisão Feminina de Jovens.

A Kotekitai participou nesse dia com 720 integrantes, apresentando diversas coreografias que
surpreenderam os milhares de jovens presentes a esse evento.

A beleza das apresentações da banda começou a repercutir na sociedade japonesa, cujo


reconhecimento era manifestado nos convites de participação em diversos eventos. A primeira
experiência de se apresentar numa atividade fora da Gakkai foi em 1962, na cerimônia de abertura do
torneio amistoso de futebol americano entre as seleções do Japão e da França.

Por outro lado, muitas pessoas mudaram o conceito sobre a Soka Gakkai ao conhecer a sua elevada
técnica musical e o radiante sorriso no rosto de suas componentes. Os laços de simpatia e de
compreensão se ampliaram em torno de suas apresentações. Além de ministrar o aprimoramento
técnico, a banda exercia também o papel de cultivar a amizade e a união, forjando as jovens para a
vida real.

Shoko Onoda foi uma das integrantes que participou da viagem aos Estados Unidos da América e
tornou-se mais tarde a terceira responsável da Kotekitai.

Foi a irmã quem a incentivou a entrar no grupo quando cursava o primeiro ano do ensino secundário.
Algum tempo depois, foi indicada para a função de comunicadora das datas, horários e locais de ensaio
para um grupo de componentes.

Ela manteve as comunicações em ordem, avisando sem nenhuma falha. Mesmo que alguém não
comparecesse, ela não se importava porque havia cumprido a sua função de avisá-las. Shoko pensava
que a falha era unicamente da pessoa que deixava de ir aos ensaios.

Contudo, ela se espantou ao ver a dedicação de outras meninas que exerciam a mesma função. Além
de cumprir a tarefa de avisar a agenda de ensaios, elas se preocupavam com o comparecimento de seu
grupo. Se caso alguém faltasse, iam visitá-la logo depois dos ensaios para saber se tudo estava bem.

Sem entender essa dedicação, Shoko perguntou:

— Por que você se empenha tanto e se preocupa com as outras?

Sua amiga respondeu prontamente:

— Se elas vierem para os ensaios e conseguirem participar de uma apresentação, criarão uma
inesquecível recordação. Essa emoção ficará gravada para o resto da vida. Creio que todas entraram na
Kotekitai com o sonho de fazer parte de uma apresentação, e eu quero ajudá-las a concretizá-lo. Eu
não quero trair a mim mesma justificando de forma conveniente a ausência de minhas companheiras.

Shoko ficou envergonhada. Ao mesmo tempo, aprendeu que o sentimento da Gakkai é pensar mais nos
outros do que em si mesma.

Shoko se emocionava toda vez que via as líderes da Kotekitai se esforçando em torná-la a maior e a
melhor do mundo, embora não fossem especialistas na arte da música.

Sentindo essa disposição, Shoko pensou também sobre o que poderia fazer para concretizar esse sonho:
“O que a Kotekitai mais necessita no momento é aprimorar-se tecnicamente. Não sei até onde sou
capaz, mas vou cursar uma faculdade de música para contribuir para o desenvolvimento da Kotekitai!”
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Cada pessoa possui uma missão pessoal. Quando cada uma se levantar para cumpri-la, aí se origina a
união para a construção de uma nova história.

Shin-iti estava satisfeito com o desenvolvimento da banda, inclusive com o seu aprimoramento técnico.
Ele desejava colocá-la no palco do mundo e também promover o intercâmbio com outros países.

Com esse sentimento, Shin-iti propôs a realização da viagem para os EUA em julho de 1969, logo após o
intercâmbio nipo-americano no Japão em agosto de 1968.

Logo depois que ficou definido o grupo de 140 participantes para a viagem aos EUA, a banda se
apresentou na Reunião Nacional de Dirigentes realizada em março de 1969 no Ginásio de Esportes de
Tóquio.

A apresentação foi tecnicamente perfeita, porém a platéia não se sensibilizou durante a execução de
algumas músicas. O público sentiu que não era a mesma Kotekitai que emocionava e empolgava o
coração das pessoas na atuação em prol do Kossen-rufu.

Shin-iti comentou essa impressão com os líderes da Divisão dos Jovens:

— Não senti o espírito de luta que caracteriza as apresentações da Kotekitai. Não havia seriedade em
estimular a disposição dos companheiros da Gakkai. Parece-me que elas perderam o rumo...

Essas palavras foram transmitidas imediatamente para os membros da Kotekitai e cada uma procurou
refletir profundamente. A proposta de viajar para os EUA e o desejo de fazer uma bela apresentação
havia se tornado uma espécie de vaidade e fizeram com que se preocupassem apenas com a técnica
musical. Descuidaram-se também porque estavam convencidas de que haviam ensaiado o suficiente até
então e que eram totalmente capazes de fazer uma bela apresentação em qualquer ocasião. Tudo isso
se refletiu nas músicas executadas nessa reunião.

As integrantes da Kotekitai realizaram uma reunião para reformular sua atuação voltando ao ponto
primordial da prática da fé e deram início ao desafio de intensificar a recitação de Daimoku. Elas
confirmaram também que a missão da banda era a de executar uma sinfonia que acendesse e
estimulasse as chamas da alegria e coragem nas pessoas. Mas, para isso, era preciso primeiro estimular
o próprio espírito por meio da ardente chama da prática da fé.

As participantes da viagem aos EUA empenharam-se quase diariamente nos ensaios, estudando ao
mesmo tempo os escritos de Nitiren Daishonin e as orientações sobre a prática da fé para fortalecer a
consciência de sua missão. “Espero que meus discípulos ponderem esse assunto reduzindo o seu sono à
noite e diminuindo seu lazer durante o dia. Não passe a sua vida em vão para arrepender-se pelos dez
mil anos futuros.” (END, vol. V, pág. 154.) — esta frase do escrito “O problema para ser ponderado dia
e noite” tornou-se uma diretriz comum a todas as integrantes.

Elas mantiveram o rigor no aprimoramento técnico, não se deixando vencer pelas dificuldades.
Ninguém se lamentava, mesmo que os lábios ficassem inchados tocando instrumentos de sopro, ou que
suas mãos ficassem cheias de bolhas tocando os tambores. Além disso, empenharam-se no trabalho
com toda a eficiência e seriedade para conseguirem a dispensa durante o período da viagem aos EUA.
Outras iam trabalhar uma hora mais cedo e encurtaram o horário de almoço para compensar os dias de
folga.

Esses esforços chegaram ao conhecimento de Shin-iti. Por isso, em meados de julho, ele foi ao
encontro das líderes da Kotekitai que estavam reunidas num local próximo à sede central.

— Boa noite! Posso entrar?

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Todas ficaram surpresas com a repentina presença de Shin-iti.

— Soube que vocês estão se esforçando muito. Por isso, vim convidá-las a se apresentarem na próxima
reunião nacional de dirigentes.

Uma luz de decisão brilhou no rosto corado das líderes.

A reunião de dirigentes foi realizada no Auditório Nitidai, no dia 20 de julho, com a presença de mais
de quinze mil representantes vindos de diversas localidades do Japão.

Os membros da Kotekitai apresentaram-se com o novo uniforme confeccionado para a viagem de


intercâmbio aos EUA. Conseguiram reverter a decepção anterior num êxito extraordinário, encantando
os participantes com coragem e vigor por meio da sinfonia executada com base nos esforços
alicerçados na prática da fé.

Após a execução, um estrondoso aplauso ecoou por todo o grande auditório. Shin-iti aplaudiu de pé a
mudança obtida em pouco tempo e já podia considerar que a viagem aos EUA seria um grande sucesso.

A verdadeira vitória é alcançada somente com esforços que desafiam romper os limites da capacidade
individual. São felizardas as pessoas que tiveram a oportunidade para forjar a si mesmas durante a
juventude. A felicidade é o esplendor do espírito de jamais ser derrotado, qualquer que seja a situação
enfrentada.

A infelicidade não é criada pelos outros ou pelas questões circunstanciais. Antes de mais nada, ela é
produto da fraqueza da própria pessoa. Infelizes são aquelas que não cultivam a esperança nem a
coragem e logo desistem da luta quando surge um problema. Não têm vitalidade em sua vida, são
rancorosas com os outros e menosprezam a si mesmas. Portanto, forjar-se na juventude é um fator
extremamente importante para caminhar pela jornada da vida em direção à felicidade.

Ao receber as informações da participação da Kotekitai nos eventos realizados nos EUA, Shin-iti pensou
consigo mesmo: “Se a decisão, o espírito, a missão e os esforços dos membros que atuaram na terra
americana forem herdados sucessivamente, a Kotekitai será certamente a maior e a melhor banda do
mundo. Além disso, cada integrante será também uma grande vitoriosa no curso da vida. Viva a maior e
a melhor Kotekitai do mundo!” Orou também pela saúde das componentes, lembrando o semblante de
cada uma delas.

A viagem para os EUA foi o primeiro passo em direção ao palco do mundo. Uma outra significativa
participação foi a apresentação em Moscou, quando a banda acompanhou Shin-iti Yamamoto em sua
viagem à capital da ex-União Soviética. As apresentações da Kotekitai contribuíram para estreitar os
laços de amizade transpondo as barreiras ideológicas. Além disso, a banda sagrou-se campeã por várias
vezes em concursos nacionais realizadas no Japão.

Atualmente, a Fuji Kotekitai é composta de vinte mil integrantes. Fora do Japão, a Kotekitai foi
fundada em 26 países, cujos anjos da paz fazem ecoar altivamente a sinfonia da esperança pelos céus
do século XXI.

Nova Revolução Humana – Daisaku Ikeda

Brasil Seikyo de 23 de julho de 2005 a 03 de setembro de 2005

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