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Alinhavos Nº 07 - Outubro - 2021
Alinhavos Nº 07 - Outubro - 2021
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Medo Paralisante
Por Cândida Carneiro
Escuridão tenebrosa
Noite misteriosa
Treva aterrorizante
Medo angustiante
Mente travada
Alma perturbada
Corpo tremulante
Espírito alucinante
Voz embargada
Desarmonia descontrolada
Temor constante
Desequilíbrio algoz
Preocupações
Inquietações
Reclamações
Distorções
Claridade
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Suavidade
Esperança
Respiração amena
Corpo acena
Sorriso aberto
Medo liberto.
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Embaçada... Embaraçada
Por Cristiane Mesquita
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as próprias mãos as fendas do subconsciente, evitando-se saber o que se
é. Foi assim nossa relação, desde o dia em que ele me viu agir. E passar
por ele, ali com aquela bocarra quadrada aberta, pronta para me engolir,
sufocava-me, quase me obrigando a ir a um confessionário para que ou-
tro ser também soubesse o que ele viu.
Coloquei um lençol branco sobre ele, depois que chegou a minha
casa. Porém, a ideia não foi feliz porque ele ficou mais fantasmagórico.
Eu podia perceber isso devido à atenção que ele chamava para si dos
transeuntes que passavam e miravam-se nele, ao descobri-lo. A super-
ficialidade dos outros não o incomodava. Ofuscava a imagem apenas de
quem conhecia.
Passados três meses de sua apoteose na sala que não ficou de bem-
estar, tirei a coberta dele. Parecia mais vívido do que nunca. Suas laterais
estavam mais brilhosas naquela manhã que Verônica viria para levá-lo.
Procurei limpá-lo com cuidado, evitando me olhar. Dobrei o lençol que
o aprisionou pelo período que ficou comigo. Ao retornar, não sei o por-
quê de ter olhado brevemente para ele. Vi o vestido de noiva de Verônica,
manchado pelo café que estava na xícara em minha mão, alguns poucos
minutos antes dela entrar na igreja, no dia de seu casamento, com seu
corpo, dentro de outra vestimenta, que não era o vestido de noiva tão
desejado por ela, devido a um pequeno descuido ... que deveria ser do-
méstico.
Assustada, procurei o vestido. Não estava lá! Olhei novamente para
mim, no espelho. Lá estava eu embaçada diante de seu límpido olhar. A
campainha tocou. Embaraçada, não havia mais jeito, eu me vi no espelho,
hora de confessar.
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Convenção das Flores
Por Felipe Guimarães
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“Pra onde vais?
O que tu tens?
Pra que tu vens?”
Recato-me às flores,
Às transeuntes perfumadas da caixa preta.
Oblitero as opções:
Martirizo-me em minha funda vendetta.
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E, enquanto os ponteiros pulsarem na tela,
Clamarei pela distância das escolhas malditas.
“Não sei...
Não tenho...
Não vou...”
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Para Onde Correm as
Lágrimas
Por Felipe Guimarães
Fugaz
de alma pesada eu sou,
por trás
da ligeireza que me empurra
para a senda de dias vis.
O dia se esvai
cai
e vai.
O dia se esvai
cai
e vai.
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