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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP

FERNANDO DOS SANTOS FERRO

ANÁLISE COMPARATIVA DE VANTAGENS E DESVANTAGENS DAS


MODALIDADES DE LICITAÇÃO CONVITE E PREGÃO.

SANTOS
2020
CIP - Catalogação na Publicação

Ferro, Fernando dos Santos


ANÁLISE COMPARATIVA DE VANTAGENS E
DESVANTAGENS DO USO DAS MODALIDADES DE
LICITAÇÃO CONVITE E
PREGÃO / Fernando dos Santos Ferro. - 2020.
68 f.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) apresentado ao


Instituto de Ciência Jurídicas da Universidade Paulista, Santos,
2020.
Área de Concentração: Direito administrativo.
Orientador: Prof. Me. Paulo Sergio Figueiredo
Perassi.

1. Licitações. 2. Convite. Pregão. 3. Análise comparativa. I. Perassi,


Paulo Sergio Figueiredo (orientador). II. Título.

Elaborada pelo Sistema de Geração Automática de Ficha Catalográfica da Universidade


Paulista com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).
FERNANDO DOS SANTOS FERRO

ANÁLISE COMPARATIVA DE VANTAGENS E DESVANTAGENS DO USO


DAS MODALIDADES DE LICITAÇÃO CONVITE E PREGÃO.

Trabalho de Curso para obtenção do título


de graduação em Direito apresentado à
Universidade Paulista – UNIP.

Orientador: Prof. Me. Paulo Sérgio


Figueiredo Perassi

SANTOS
2020
FERNANDO DOS SANTOS FERRO

ANÁLISE COMPARATIVA DE VANTAGENS E DESVANTAGENS DO USO DAS


MODALIDADES DE LICITAÇÃO CONVITE E PREGÃO

Trabalho de Conclusão de Curso para


obtenção do título de Graduação em Direito
apresentado à Universidade Paulista – UNIP.

Aprovado em:

BANCA EXAMINADORA

_________________________/___/____
Prof. (Nome do professor)
Universidade Paulista UNIP

_________________________/___/____
Prof. (Nome do professor)
Universidade Paulista UNIP

_________________________/___/____
Prof. (Nome do professor)
Universidade Paulista UNIP
AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar a DEUS, autor e consumador da nossa fé;

A minha família, por acreditar e terem interesse em minhas escolhas, apoiando-me e


esforçando-se junto a mim, de forma direta a indireta, para que eu suprisse todas elas;

Ao professor Marcelo Aversa, pela dedicação ímpar em suas orientações prestadas na


elaboração deste trabalho, me incentivando e colaborando no desenvolvimento de minhas
ideias, a qual, sem ele, nada o que vos é apresentado o seria.
RESUMO

Este trabalho de curso busca analisar os aspectos usuais das modalidades de licitação de
convite e pregão, praticados pelos órgãos e entidades públicas. O estudo inicia com a
definição precisa de administração pública e licitação. Relaciona os princípios explícitos e
correlatos tratados na Lei nº. 8.666 de 21 de junho de 1993. Além disso, a pesquisa expõe as
modalidades de licitação sobre as quais versa referida legislação e, em específico a Lei nº
10.520 de 17 de julho de 2002, que institui o pregão como modalidade licitatória. Logo após,
descreve o procedimento destas modalidades, revelando as vantagens e desvantagens que o
convite tende a oferecer à Administração Pública. Ademais, a pesquisa adentra na mais nova
modalidade de licitação: o pregão, tanto na forma presencial, quanto eletrônica. Expressa as
vantagens da administração em contratar por pregão.
Busca-se, ainda, o respaldo e entendimento doutrinário e jurisprudencial no que tange ao
posicionamento dos estudiosos e Tribunais acerca das modalidades convite e pregão. Por fim,
conclui-se forma objetiva, fazendo-se a comparação entre duas modalidades licitatórias que
são objeto desta monografia.

Palavras-chave: Licitação. Análise. Comparação. Convite. Pregão.


ABSTRACT

This course work seeks to analyze the usual aspects of the invitation and auction bidding
modalities, practiced by public bodies and entities. The study begins with the precise
definition of public administration and bidding. Lists the explicit and related principles dealt
with in Law no. 8,666 of June 21, 1993. In addition, the survey exposes the bidding
modalities referred to in that legislation and, in particular, Law No. 10,520 of July 17, 2002,
which establishes the auction as a bidding modality. Soon after, he describes the procedure of
these modalities, revealing the advantages and disadvantages that the invitation tends to offer
to the Public Administration. In addition, research enters the newest bidding modality: the
auction, both in person and electronically. It expresses the management's advantages in
contracting through auctions.
It also seeks support and doctrinal and jurisprudential understanding with regard to the
positioning of scholars and Courts regarding the invitation and bidding modalities. Finally, it
is concluded in an objective way, making a comparison between two bidding modalities that
are the object of this monograph.

Keywords: Bidding. Analyze. Comparation. Invitation. Auction.


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

TCU – Tribunal de Contas da União


RDC – Regime Diferenciado de Contração
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 12
2. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ........................................................................................ 14
2.1. Conceito e finalidade ................................................................................................... 14
2.2. Princípios da administração pública .......................................................................... 15
2.2.1. Princípio da legalidade ............................................................................................ 15
2.2.2. Princípio da impessoalidade .................................................................................... 16
2.2.3. Princípio da moralidade .......................................................................................... 16
2.2.4. Princípio da publicidade .......................................................................................... 17
2.2.5. Princípio da eficiência ............................................................................................. 17
3. ASPECTOS GERAIS DA LICITAÇÃO .......................................................................... 18
3.1. Noções gerais ................................................................................................................ 18
3.2. Contratação direta ....................................................................................................... 19
3.2.1. Licitação dispensada ............................................................................................... 20
3.2.2. Dispensa de licitação ............................................................................................... 20
3.2.3. Inexigibilidade de licitação ..................................................................................... 21
3.3. Princípios licitatórios ................................................................................................... 21
3.3.1. Princípio da legalidade ............................................................................................ 22
3.3.2. Princípio da moralidade e da probidade .................................................................. 22
3.3.3. Princípio da impessoalidade .................................................................................... 22
3.3.4. Princípio da isonomia e igualdade .......................................................................... 23
3.3.5. Princípio da vinculação ao instrumento convocatório ............................................ 23
3.3.6. Princípio do julgamento objetivo ............................................................................ 23
3.3.7. Princípio da adjudicação compulsória..................................................................... 24
3.3.8. Princípio da competitividade................................................................................... 24
3.3.9. Princípio da celeridade e eficiência ......................................................................... 25
3.3.10. Princípio da publicidade ........................................................................................ 25
3.4. Modalidades de licitação ............................................................................................. 25
3.4.1. Concorrência ........................................................................................................... 26
3.4.2. Tomada de preços.................................................................................................... 27
3.4.3. Concurso.................................................................................................................. 27
3.4.4. Leilão ....................................................................................................................... 28
3.4.5. Regime diferenciado de contratação – RDC ........................................................... 28
4. MODALIDADE CONVITE .............................................................................................. 29
4.1. Definição legal e aspectos gerais ................................................................................. 29
4.2. Procedimento da modalidade convite ........................................................................ 30
4.3. Vantagens da modalidade convite .............................................................................. 31
4.3.1. Formalidade mitigada em razão do valor ................................................................ 32
4.3.2. Discricionariedade na seleção dos convidados ....................................................... 32
4.3.3. Dispensa de publicidade .......................................................................................... 32
4.3.4. Instrumento convocatório simplificado................................................................... 33
4.3.5. Dispensa de comissão de licitação .......................................................................... 34
4.3.6. Prazos reduzidos...................................................................................................... 34
4.4. Desvantagens da modalidade convite ......................................................................... 34
4.4.1. Participação de licitantes não cadastrados .............................................................. 35
4.4.2. O Problema do número mínimo .............................................................................. 36
4.5. O convite na jurisprudência e doutrina ..................................................................... 40
4.5.1. Convite e o princípio da impessoalidade................................................................. 40
4.5.2. Convite e o princípio da isonomia........................................................................... 41
4.5.3. Convite e o princípio da moralidade ....................................................................... 42
4.5.4. Decisões que evidenciam ilegalidades no convite .................................................. 43
5. MODALIDADE PREGÃO: PRESENCIAL E ELETRÔNICO .................................... 46
5.1. Definição legal e aspectos gerais ................................................................................. 46
5.2. Procedimento da modalidade pregão ......................................................................... 47
5.2.1. Peculiaridades na forma eletrônica ......................................................................... 49
5.3. Vantagens da modalidade pregão .............................................................................. 50
5.3.1. Dispensa de valor limite de contratação .................................................................. 50
5.3.2. Prazo de publicidade ............................................................................................... 51
5.3.3. Designação de um único agente .............................................................................. 51
5.3.4. Inversão de fases no certame ................................................................................... 52
5.3.5. Princípio da oralidade em sessão pública ................................................................ 52
5.3.6. Redução dos requisitos de habilitação .................................................................... 53
5.3.7. Forma eletrônica ...................................................................................................... 53
5.3.8. Sistema de registro de preços .................................................................................. 54
5.4. Desvantagens do pregão .............................................................................................. 55
5.4.1. Qualidade da prestação do objeto............................................................................ 55
5.4.2. Tolerância da administração e a idoneidade do licitante......................................... 56
5.4.3. Empresas de maior poder econômico...................................................................... 56
5.4.4. A prática da “escadinha” e do “mergulho” ............................................................. 57
5.5. O pregão na jurisprudência e doutrina ..................................................................... 58
5.5.1. A definição de objeto comum ................................................................................. 58
5.5.2. Ausência de discricionariedade administrativa ....................................................... 59
5.5.3. Discussões acerca do cabimento de pregão............................................................. 60
5.5.4. Ausência de número mínimo de participantes ........................................................ 61
6. CONCLUSÃO..................................................................................................................... 62
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 63
12

1. INTRODUÇÃO

Esta monografia busca analisar o uso, pela administração pública, das modalidades de
licitações previstas em lei, em especial, o convite e o pregão, em ambas as formas.
Buscar-se-á expor as vantagens e desvantagens do uso das modalidades pelos órgãos,
entidades públicas e, aqueles submetidos aos procedimentos licitatórios.
Far-se-á sob a luz da comparatística, análise entre os institutos da modalidade convite
e da modalidade pregão, além de verificar as vantagens desta em face das modalidades de
licitação tradicionais e, principalmente, frente à modalidade convite. Propomo-nos também a
analisar a conformidade do procedimento destas modalidades citadas com os princípios
licitatórios.
A abrangência da comparatística pressupõe escolha de objetos de um ou mais
ordenamentos jurídicos, objetos do mesmo ordenamento, objetos em períodos históricos
distintos, áreas jurídicas distintas, desde que, contenha em sua essência um grau similar para
análise comparativa.
Deste modo, conforme exposição do Professor Thiago Marrara (2014), existe 05
etapas de comparação, seguidos de suas referências que serão estudadas: 1) a escolha dos
objetos de comparação (modalidades de licitação, sendo convite e pregão); 2) a apresentação
das características e funções jurídicas de cada objeto nos respectivos ordenamentos jurídicos;
3) a contextualização de cada objeto sob a perspectiva macro jurídica (contexto e situações de
uso das modalidades); 4) a comparação em sentido estrito; 5) o exame das diferenças e pontos
comuns encontrados ao longo da comparação e; por fim, item que aduz possíveis
contribuições, 6) a elaboração de críticas aos objetos estudados e de eventuais propostas de
aperfeiçoamento dos sistemas em que eles se inserem com base nas conclusões comparativas
(este, com exposição de juristas e doutrinadores que fundam as teses expostas).
O instituto da comparatística tem como finalidade: extrair, mediante contextualização
e confrontação efetiva, dados que demonstrem as vantagens e desvantagens dos objetos
comparados e, com isso, permitam a formulação de contribuições ao desenvolvimento da
ciência e dos sistemas jurídicos analisados.
Tal pesquisa foi motivada sob a necessidade de tornar mais ágil e econômico o
procedimento licitatório para contratações da administração pública, contudo sem violar
princípios e regras jurídicas pertinentes à mesma.
O estudo desdobra-se ao momento em que se mostra imprescindível à administração
pública realizar suas funções de maneira eficaz e eficiente, compreendidas em todas suas
13

esferas submetidas à referida lei de licitações.


A máquina pública tem a necessidade de adquirir bens e executar obras e serviços de
forma célere, porém sem frustrar os princípios da economicidade e legalidade.
Além de se abordar a Lei de Licitação 8.666/93 e a Lei do Pregão 10.520/02, serão
analisados também o Decreto nº 3.555 de 08 de agosto de 2000, que regulamenta o pregão
presencial para os órgãos federais, e o Decreto nº 5.450 de 31 de Maio de 2005, que
regulamenta o pregão na forma eletrônica.
Subsidia o presente estudo, o caput do artigo 37 da Constituição Federal, que trata da
obediência a administração pública ao princípio da legalidade. Farão parte também do objeto
dessa pesquisa jurisprudências e decisões do Tribunal de Contas da União – TCU.
No deslinde do presente, reproduzimos diversos acórdãos de Tribunais Superiores,
como também, posicionamento de doutrinadores e juristas.
14

2. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

A administração pública é um órgão instituído com o intuito de gerir o interesse


comum. Sendo assim, possui grande responsabilidade junto à sociedade, considerando o nexo
de seus atos a qual maneja desde os bens, até os direitos e garantias do cidadão. Deve,
precipuamente, administrar de forma transparente e ética, e em consonância com os ditames
legais.
Para o presente estudo, faz-se imprescindível obter conhecimento acerca de
administração pública, para que possamos analisara sujeição desta face aos procedimentos
licitatórios.
Portanto, este capítulo tratará de maneira geral o conceito, finalidades e atribuições da
administração pública, bem como os princípios correlatos.

2.1. Conceito e finalidade

O termo administração é passível de amplas definições. A principal consiste em ação


de administrar, de dirigir os negócios públicos ou privados, de gerir bens.
No que concerne atividade administrativa pública, esta tem como objetivo proteger os
interesses sociais e comuns de forma geral, visando à proteção e preservação do patrimônio
coletivo, e de forma paralela, atuando com o intuito de garantir que seja aplicado às regras no
cumprimento dos deveres legais de cada um, bem como dos entes subordinados.
Di Pietro (2019) valoriza o conceito, abrangendo tanto a atividade de planejar, dirigir e
comandar, como também a atividade subordinada de executar.

Em sentido material ou objetivo, a Administração Pública pode ser definida como a


atividade concreta e imediata que o Estado desenvolve, sob regime jurídico de
direito público, para a consecução dos interesses coletivos. Em sentido subjetivo,
como o conjunto de órgãos e pessoas jurídicas a qual a lei atribui o exercício da
função administrativa do Estado (DI PIETRO, 2019, p. 194).

Sublinhe-se que a essência conceitual está centralizada na atividade como um sistema


operacional dirigido aos vários segmentos de uma sociedade na busca organizada dos
interesses sociais, individuais e coletivos.
Quanto ao fim pretendido pela máquina pública, é importante ressaltarmos a
hiperatividade que toma os interesses públicos com relação aos privados, e que
fundamentalmente caracteriza a prática pública.
15

É instituição que tem como fim em si mesmo o bem comum da coletividade, sempre
respeitando os princípios e normas norteadoras.

2.2. Princípios da administração pública

A administração pública direta e indireta de qualquer dos poderes da União, dos


Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, obedecerá aos princípios constitucionais da
legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da publicidade e da eficiência.
Figueiredo (2004, p. 38) nos diz que “os princípios gerais de Direito são normas
gerais, abstratas, não necessariamente positivadas expressamente, porém, às quais todo
ordenamento jurídico, que se construa, com a finalidade de ser um Estado Democrático de
Direito, em sentido material, deve respeito”.
Os princípios básicos da Administração estão previstos na Constituição Federal (art.
37), mas a eles somam-se outros expressos ou implícitos na Carta Magna, e todos de
indispensável aplicação, tanto na elaboração como na aplicação das normas legais. No mesmo
sentido, Cretella Júnior (1995) indica que esses princípios correspondem aos alicerces da
ciência e deles decorre todo o sistema normativo.
A não observância de qualquer dos princípios compromete a atuação administrativa e
pode impor a responsabilização da administração e do agente público. Analisaremos a seguir
cada um dos princípios expressamente previstos.

2.2.1. Princípio da legalidade

O princípio da legalidade significa dizer que todo e qualquer ato praticado pela esfera
pública, tanto em nível federal, como estadual e municipal, deve, precipuamente, estar
embasado em legislação expressa, ou seja, deve ser autorizado pela lei. Se não o for, o ato é
ilícito.
Note-se, o âmbito público e o privado devem comportar-se de maneira distinta, ou
seja, enquanto que o particular faz o que não é proibido em lei, o público só poderá fazer
aquilo que está expressamente autorizado.
Na feliz comparação de Celso Antônio Bandeira de Mello (2014):

Para avaliar corretamente o princípio da legalidade e captar-lhe o sentido profundo


cumpre atentar para o fato de que ele é a tradução jurídica de um propósito político:
o de submeter os exercentes do poder em concreto – o administrativo – a um quadro
16

normativo que embargue favoritismos, perseguições ou desmandos (MELLO, 2014,


p. 103).

Mello (2014, p. 103) ainda sustenta que “o princípio da legalidade é o antídoto natural
do poder monocrático ou oligárquico, pois tem como raiz a ideia de soberania popular, de
exaltação da cidadania”.
Destarte, compreendemos que o princípio em comento busca abolir qualquer requinte
de pessoalidade e improbidade que possa surgir no âmbito público.

2.2.2. Princípio da impessoalidade

Insculpido no artigo 37 da Constituição Federal, o princípio da impessoalidade


concede a obrigatoriedade da realização de atos e procedimentos administrativos livres de
qualquer forma de promoção ou favorecimento pessoal. A atuação da administração deve ter
sempre o objetivo de atender ao interesse público, sendo vedadas, em princípio,
discriminações e privilégios para determinadas pessoas.
Para Oliveira (2013), “é passível de dedução lógica do princípio da impessoalidade,
por exemplo, na exigência de concurso público para ingresso em cargos e empregos públicos,
assim como o é também, a obrigatoriedade de licitação para celebração de contratos da
Administração Pública”.

2.2.3. Princípio da moralidade

Em termos legais, a máquina pública, externada por seus agentes deve,


obrigatoriamente, ser guiada pela moralidade. Pode-se dizer ainda que burlar qualquer outro
princípio estaria consequentemente, ferindo de morte o princípio da moralidade.
Consigna-se o entendimento de Justen Filho (2016), no qual faz referência a uma área
específica da administração pública, qual seja o procedimento licitatório, considerando que os
princípios se aplicam tanto à conduta do agente da administração pública como à dos próprios
licitantes. A moralidade compreende também a boa-fé.
A legislação traz vários mecanismos na busca por este fim, como por exemplo, a Lei
de Improbidade Administrativa1, a Lei da Ficha Limpa2, Súmulas referentes ao nepotismo3, e

1
Lei Federal nº 8.429, de 02 de Junho de 1992.
2
Lei Complementar nº 135, de 04 de Junho de 2010.
3
Súmula vinculante 13, Supremo Tribunal Federal.
17

diversas outras.
De acordo com as palavras de Meirelles (1991, p. 91), “o certo é que a moralidade do
ato administrativo juntamente com a sua legalidade e finalidade, além da sua adequação aos
demais princípios, constituem pressupostos de validade sem os quais toda atividade pública
será ilegítima.”
Possa-se dizer que na atividade administrativa é fato, principalmente para o agente
público, demandar conhecimento e perfil compatível, sendo essas, revestidas de probidade,
eficiência e boa-fé.

2.2.4. Princípio da publicidade

Para facilitar e aprimorar o controle social em âmbito público, o legislador cuidou para
que o princípio da publicidade tivesse previsão expressa na legislação constitucional. É o
princípio da publicidade que propicia acesso amplo da comunidade para com os atos e
contratos administrativos, exceto é claro, os quais obrigatoriamente devem permanecer em
sigilo.
Oliveira (2013) refere que a Lei 12.527 de 18 de novembro de 2011, apresenta uma
mudança de paradigma na administração pública brasileira, implementando a cultura da
transparência, necessária ao combate à corrupção e ao controle social da máquina
administrativa.

2.2.5. Princípio da eficiência

Por este princípio, deve a administração pública cumprir com eficiência e presteza
seus atos, oferecendo à sociedade um serviço público de qualidade.
Meirelles (2000, p. 90) conceitua como “função administrativa, que já não se contenta
em se desempenhar apenas com uma legalidade, exigindo resultados positivos para o serviço
público e satisfatório atendimento as necessidades da comunidade e de seus membros”.
Como em todas as esferas, o agente público possui deveres. No certame licitatório não
é diferente, pois deve a administração pública observar os princípios aos quais se vincula.
18

3. ASPECTOS GERAIS DA LICITAÇÃO

Como visto no capítulo anterior, a administração pública é órgão que possui como
finalidade essencial o interesse da sociedade. Todos os seus atos, no momento em que são
realizados pelo funcionalismo público, devem estar calcados no bem comum.
Para que a administração pública possa alcançar seu objetivo, foram-lhe conferidas
algumas prerrogativas de uso exclusivo, porém, deverá observar deveres quando da prática de
atos de sua competência. A licitação pública constitui-se dever da administração com o intuito
de oferecer maior transparência e garantir um melhor controle social.
Este capítulo trará características deste instituto, analisando as modalidades, no que
estas diferenciam dos tipos, bem como as peculiaridades entre um e outro. Haverá melhor
compreensão quando do aprofundamento da matéria específica do presente trabalho, qual
seja, convite e pregão.

3.1. Noções gerais

O inciso XXI, do artigo 37 da Constituição Federal4, trata da obrigatoriedade de se


realizar procedimento licitatório quando da realização de obras, serviços, compras e
alienações em âmbito público.
É interessante observar que todo objeto, foco de aquisição ou contratação, deve se
submeter ao procedimento previsto na Carta Constitucional, exceto naqueles casos
expressamente dispostos na legislação, os quais serão estudados em tópico específico.
Pois bem, este procedimento pretende garantir o princípio da isonomia e selecionar a
proposta mais vantajosa para a administração pública.
Consoante doutrina de Celso Antônio Bandeira de Mello (2014), licitação é um
certame que as entidades governamentais devem promover e no qual abrem disputa entre os
interessados em com elas travar determinadas relações de conteúdo patrimonial, para escolher
a proposta mais vantajosa às conveniências públicas.
Justen Filho (2016) traz sua opinião e conceito quanto ao tema em comento, vejamos:

4
Art. 37, XXI: ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão
contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes,
com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos
termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à
garantia do cumprimento das obrigações.
19

É um procedimento administrativo disciplinado por lei e por um ato administrativo


prévio, que determina critérios objetivos de seleção da proposta de contratação mais
vantajosa, com observância do princípio da isonomia, conduzidos por um órgão
dotado de competência específica (JUSTEN FILHO, 2016, p. 309).

Importante mencionar que a legislação infraconstitucional, Lei nº 8.666, de 21 de


junho de 1993. As pessoas jurídicas sujeitas aos procedimentos licitatórios constam no artigo
1º da Lei de Licitações nº. 8.666/93. São elas: órgãos da administração direta, os fundos
especiais, as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades de
economia mista e demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados,
Distrito Federal e Municípios. Todos os órgãos e entidades da Administração Pública
necessitam seguir ritos e procedimentos estabelecidos em lei para realização de obras,
serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações e locações.
Em síntese, uma licitação possui, em regra, duas fases, a fase interna e a fase externa.
A primeira trata de situações formais, ou seja, necessidade de contratação,
especificações do objeto, verificação de disponibilidade de dotação orçamentária, elaboração
do instrumento convocatório e demais atos subjetivos, conforme prevê a Lei 8.666/93.
Segunda, a fase externa tem seu início com a publicação do ato convocatório, dando
publicidade do procedimento aos possíveis interessados em contratar com o poder público.
O TCU (BRASIL, 2010) compreende que é na fase interna que a administração
pública poderá sanar eventual vício sofrido até então. Entretanto, verificado qualquer vício na
fase externa, a qual inicia com a publicação do edital, qualquer falha ou irregularidade
constatada, se insanável, levará à anulação do procedimento.
Diante das diversas conceituações, o procedimento licitatório é, sobre tudo, uma
sequência de atos ordenados e vinculados por meio dos quais a administração pública realiza
obras, serviços, compras e alienações, proporcionando, em regra, igualdade na competição,
moralidade nos seus atos e transparência no agir, a fim de selecionar a melhor proposta para o
setor público externada em um contrato administrativo.
Os itens a seguir se dedicarão hipóteses do não uso dos procedimentos licitatórios.

3.2. Contratação direta

De acordo com o mencionado artigo 37, inciso XXI da Constituição Federal, a


obrigatoriedade da licitação comporta exceções, as chamadas contratações diretas, aquelas
que não necessitam da observância de procedimento prévio e rígido. Todavia, não há total
20

escusa de procedimento formal prévio.


As contratações diretas são oriundas de licitação dispensada (art. 17 da Lei
8.666/1993); dispensa de licitação ou licitação dispensável (art. 24 da Lei 8.666/1993); e
inexigibilidade de licitação ou licitação inexigível (art. 25 da Lei 8.666/1993). Vejamos cada
uma delas.

3.2.1. Licitação dispensada

O artigo 17 da Lei 8.666/93 dispõe acerca da alienação de bens móveis ou imóveis da


administração pública, a qual como regra, exige a realização de procedimento licitatório,
sendo no primeiro caso cabível o leilão e no segundo caso cabível a concorrência.
Entretanto, essa regra comporta exceções, sendo elas elencadas no inciso I e II do
referido dispositivo, que estabelece haverá dispensa de licitação quando estivermos diante de
dação em pagamento, doação, permuta, investidura, venda para outros órgãos ou entidades
administrativas entre outros previstos.
É importante indicar que diante das hipóteses previstas no dispositivo citado, o
administrador deverá realizar a contratação direta, pois não se trata de mera
discricionariedade da administração pública, calcada na oportunidade e conveniência, e sim
norma em sentido vinculado.
O TCU (BRASIL, 2010, p. 589) já deliberou a respeito, considerando que nos casos
de licitação dispensada, “diante das peculiaridades do contrato a ser celebrado, ao gestor não
cabe optar pela licitação, mas proceder à contratação direta, na forma da lei”.

3.2.2. Dispensa de licitação

As hipóteses de dispensa de licitação estão elencadas no artigo 24 da Lei 8.666/93.


Nestes casos não se trata da inviabilidade da licitação, pelo contrário, haveria a possibilidade
de competição entre dois ou mais licitantes, porém, o procedimento pode ser afastado pelo
administrador tendo em vista o interesse público envolvido. Contrapondo com a hipótese da
licitação dispensada, neste caso haverá discricionariedade por parte do gestor público,
conferindo a ele a prerrogativa de realizar ou não o procedimento licitatório.
O TCU (BRASIL 2010, p. 590) trata do assunto da seguinte forma: “Em licitação
dispensável admite-se que a Administração contrate diretamente sem licitação, mesmo
quando há possibilidade competição. [...]. Em qualquer caso, deve o gestor buscar obter no
21

mercado do objeto da contratação, no mínimo, três orçamentos”.

3.2.3. Inexigibilidade de licitação

A Lei 8.666/93 trata da matéria em seu artigo 25, quando enumera,


exemplificativamente, algumas hipóteses de inexigibilidade do certame.
Tais hipóteses desobrigam o administrador a realizar o procedimento, pois não
havendo competidores, consequentemente, não haverá competição. Não se trata de exceção à
regra da licitação, mas sim, uma hipótese em que a regra sequer deve ser aplicada.
Em síntese, a inexigibilidade de licitação se diferencia da dispensa justamente porque
naquela as empresas têm chances remotas de competir.

3.3. Princípios licitatórios

O procedimento licitatório, objeto do nosso estudo, consiste em princípio básico da


administração pública, ou seja, realizar a devida licitação pública quando da contratação de
bens, serviços, obras ou alienações em âmbito público é princípio que a esfera pública deve
obediência, excetuando-se os casos de inexigibilidade e dispensa verificada e analisada em
item específico.
De pronto, cito o princípio da indisponibilidade do interesse público, considerando que
os demais, dele decorrerão.
Di Pietro (2019) confirma a ideia que a própria licitação constitui um princípio a que
se vincula a Administração Pública. Ela é uma decorrência do princípio da indisponibilidade
do interesse público e que se constitui em uma restrição à liberdade administrativa na escolha
do contratante. A administração terá que escolher aquele cuja proposta melhor atenda ao
interesse público.
Diante deste contexto, todos os princípios, tanto os constitucionais quanto os
infraconstitucionais, bem como os valores, deverão ser materializados quando da realização
do certame. Mesmo é o entendimento do doutrinador Carvalho Filho (2018, p. 312) que assim
dispõe: “a licitação é norteada por alguns princípios, alguns dos quais expressos em lei, os
quais definem os lineamentos em que se deve situar o procedimento”.
Atualmente, os princípios são observados em todo o corpo da legislação licitatória e
devem se evidenciar quando da aplicabilidade de tais normas, ou seja, diante de casos
concretos.
22

Destarte, a Lei nº 8.666/93, além de transcrever os princípios norteadores da


administração pública, estudados no capitulo 2.2., nos trouxe outros demais, explícitos e
implícitos. Vejamos a seguir de forma conexa.

3.3.1. Princípio da legalidade

A priori no elenco de princípios, citamos a legalidade. Sua importância se faz notória


nos processos de licitação. Considera-se que todo procedimento licitatório está vinculado às
regras constituídas nas normas e princípios em vigor.

3.3.2. Princípio da moralidade e da probidade

Esse princípio tem o objetivo de conservar a honestidade e ética perante os licitantes e


o Estado. É o que se depreende da doutrina de Carvalho Filho (2018, p. 312):“O direito
condena condutas dissociadas dos valores jurídicos e morais. Por isso, mesmo quando não há
disciplina legal, é vedado ao administrador conduzir-se de modo ofensivo à ética e à moral. A
moralidade está associada à legalidade: se uma conduta é imoral, deve ser invalidada”.
Cabe ao administrador público não apenas praticar atos sem violar a lei, mas como
também, cabe a ele observar à moral, os bons costumes, as regras de boa administração e os
princípios de justiça e de equidade. A moral administrativa exige a confirmação do interesse
coletivo, inseparável da atividade competente.

3.3.3. Princípio da impessoalidade

Já tratado em capitulo anterior, o princípio da impessoalidade é extremamente


importante no âmbito das licitações públicas. A escolha da proposta mais vantajosa para a
administração deve estar livre de qualquer resquício de favoritismo ou discriminações.
Conforme considerações feitas por Mazza (2011), o princípio da impessoalidade
estabelece um dever de imparcialidade na defesa do interesse público, impedindo
discriminações (perseguições) e privilégios (favoritismo) indevidamente dispensados a
particular no exercício da atuação administrativa.
A finalidade da licitação, assim como todo ato ou procedimento administrativo, é
inafastável do interesse público, em que não deve haver vontade pessoal a seu favor do agente
público ou a de terceiros.
23

3.3.4. Princípio da isonomia e igualdade

Visto em capitulo anterior, este princípio torna-se fundamental, pois o mesmo impede
as discriminações entre licitantes. É a base necessária para garantir a concorrência em todos
os procedimentos licitatórios.

Por força deste princípio, todos têm direito a tratamento isonômico por parte da
Administração, ou seja, tratamento proporcional e compatível com as qualidades
juridicamente relevantes de cada pessoa. Destarte, não há, por exemplo, igualdade
entre duas pessoas que pretendam participar de determinada licitação se somente
uma delas reunir as condições necessárias para habilitação, desde que naturalmente
as condições para habilitação constantes no instrumento convocatório tenham sido
escolhidas também com observância ao princípio da isonomia. (BLANCHET, 2006,
p. 32-33

Por esta via, é condição indispensável da existência de competição real, efetiva,


concreta. Só existe disputa entre iguais; a luta entre desiguais é uma farsa. Aos licitantes
devem ser asseguradas idênticas oportunidades para participar, por meio de todos os atos por
lei permitida, do certame licitatório.

3.3.5. Princípio da vinculação ao instrumento convocatório

O instrumento convocatório (edital ou carta-convite) faz lei entre as partes, ou seja, o


instrumento convocatório é a lei interna do certame, tendo os licitantes e a administração
pública agir de acordo com os limites estabelecidos no edital. O referido princípio está
insculpido no artigo 3º da Lei 8.666/93, e o artigo 41 da mesma lei repisa tal posicionamento,
assim dispondo, que a administração não pode descumprir as normas e condições do edital, ao
qual se acha estritamente vinculada.
Ele determina que após a publicação do edital de licitação, a administração pública se
encontra vinculado a ele, sendo assim a lei interna daquele processo, não podendo ser exigido,
nada mais do que consta no edital, porém não é só a administração que está vinculada ao
edital, o licitante também, pois o descumprimento de qualquer cláusula pode resultar na
inabilitação ou desclassificação da proposta

3.3.6. Princípio do julgamento objetivo


24

De acordo com o princípio do julgamento objetivo, a administração pública deve


obedecer aos critérios estabelecidos pelo instrumento convocatório, não podendo considerar
os fatores subjetivos, tampouco critérios que não foram exigidos no ato da convocação.
Assim sendo, com relação à escolha realizada pela administração pública, esta não
deverá, nem poderá haver discricionariedade desta, com relação às propostas, sendo que,
obrigatoriamente, deverá seguir os ditames do edital ou carta-convite, mesmo que outra
proposta seja mais vantajosa para a administração.

3.3.7. Princípio da adjudicação compulsória

O princípio da adjudicação compulsória veda que a administração pública adjudique o


objeto da licitação para sujeito diverso do vencedor, também veda a abertura de novo
procedimento licitatório enquanto não houver a adjudicação válida para o idêntico objeto.
Porém, não é obrigada, a administração, a contratar desde logo com o licitante vencedor, mas
é resguardado o direito do mesmo quanto à contratação do objeto em questão.
O § 2ª, do art. 645, da Lei nº 8.666/93 aplica o princípio de modo que haverá o
chamamento, em ordem cronológica, dos demais licitantes caso o vencedor desista da
contratação.

3.3.8. Princípio da competitividade

Para que a administração pública consiga alcançar sua finalidade com relação à
licitação pública, qual seja escolher a proposta mais vantajosa para uma futura contratação, é
necessário que seja dada publicidade ao certame, conferindo assim ampla competitividade.
O TCU (2010) indica alguns requisitos que o administrador deve observar para
aplicação do referido princípio, vejamos:

Nos certames de licitação, esse princípio conduz o gestor a buscar sempre o maior
número de competidores interessados no objeto licitado. Nesse sentido, a Lei de
Licitações veda estabelecer, nos atos convocatórios, exigências que possam de

5
Art. 64. A Administração convocará regularmente o interessado para assinar o termo de contrato, aceitar ou
retirar o instrumento equivalente, dentro do prazo e condições estabelecidos, sob pena de decair o direito à
contratação, sem prejuízo das sanções previstas no art. 81 desta Lei. § 2º É facultado à Administração, quando o
convocado não assinar o termo de contrato ou não aceitar ou retirar o instrumento equivalente no prazo e
condições estabelecidos, convocar os licitantes remanescentes, na ordem de classificação, para fazê-lo em igual
prazo e nas mesmas condições propostas pelo primeiro classificado, inclusive quanto aos preços atualizados de
conformidade com o ato convocatório, ou revogar a licitação independentemente da cominação prevista no art.
81 desta Lei.
25

alguma forma, admitir, prever ou tolerar, condições que comprometam, restrinjam


ou frustrem o caráter competitivo da licitação (BRASIL, 2010, p. 29).

Ainda ao enunciado, o TCU analisa a maneira como devem ser aplicadas as normas,
sendo que o procedimento licitatório deve ser interpretado de forma a proporcionar o maior
envolvimento de participantes possíveis, desde que não comprometam o interesse público e
não causem embaraços aos princípios da isonomia, da finalidade e da segurança na
contratação.

3.3.9. Princípio da celeridade e eficiência

O princípio da celeridade é semelhante ao princípio da razoável duração do processo,


o qual vem disposto no artigo 5º, inciso LXXVIII, da Constituição Federal.
Referido princípio é garantia do cidadão, assim como um dever/obrigação do Estado,
e se relaciona de forma direta com o princípio da eficiência, ou seja, a celeridade é
característica de um procedimento licitatório eficiente, ético, constitucional e necessário.

3.3.10. Princípio da publicidade

Como outros demais princípios aqui replicados, a publicidade tem seu lugar neste
procedimento.
O autor Celso Antônio Bandeira de Mello (2014) relata que este princípio impõe que
os atos e termos da licitação, no que se inclui a motivação das decisões, sejam efetivamente
expostos ao conhecimento de quaisquer interessados. É um dever de transparência, em prol
não apenas dos disputantes, mas de qualquer cidadão.
A iniciativa de transparência é medida que se faz indispensável no fortalecimento da
democracia e melhoria na gestão pública. Em que pese o acesso de qualquer cidadão ao
procedimento licitatório, bem como a oportunidade de impugnar os atos que se encontram em
desconformidade com as normas e princípios vigentes.

3.4. Modalidades de licitação

Para um entendimento acurado da problemática que esta pesquisa se propõe a analisar,


as quais posteriormente adentrarão nos critérios de comparação peculiaridades, requisitos e
fases, visando discutir as vantagens e desvantagens entre as modalidades convite e pregão.
26

Em razão desta delimitação metodológica, este subcapítulo apresenta os conceitos legais das
demais modalidades com objetivo de dar uma visão geral da licitação e auxiliar na
compreensão do nosso estudo.
A Lei de Licitações prevê cinco modalidades possíveis de licitação, costumeiramente
chamadas de tradicionais, são elas: concorrência, tomada de preço, convite, leilão e concurso.
As três primeiras dependem, de regra, do valor do objeto a ser contratado, enquanto, as duas
últimas dizem respeito à alienação de bens da Administração ou quando o objeto a ser
contratado necessite de um trabalho técnico, científico ou artístico, respectivamente.
Outras duas modalidades sobrevieram, sendo o pregão, trazido à tona pela Lei nº
10.520/2002 e o Regime Diferenciado de Contratação (RDC), modalidade de licitação
instituída pela Lei nº 12.462/2011.
Há que se mencionar, no entanto, que além das modalidades previstas, existem
também tipos de licitação, os quais estão dispostos no artigo 45, §1º da Lei Geral de
Licitações, e não devem ser confundidos com as modalidades. Tipos são critérios de
julgamento na escolha das propostas, enquanto que as modalidades são diferentes ritos
utilizados pelo administrador a fim de realizar a licitação.
Podemos dividir os tipos de licitação em: menor preço; melhor técnica e técnica e
preço. O primeiro (menor preço) aponta como critério de seleção da proposta mais vantajosa
o oferecimento do menor preço pelos participantes do certame. Assim, além de oferecer o
menor preço, o licitante vencedor deverá observar os requisitos exigidos pelo instrumento
convocatório.
O segundo tipo de licitação, melhor técnica, atribuirá a qualidade de vencedor ao
participante que apresentar a melhor técnica para elaboração ou fornecimento do objeto
licitado. Referido tipo de licitação é utilizado exclusivamente para serviços de natureza
predominantemente intelectual, conforme estabelece o artigo 46 da Lei 8.666 de 1993.
Já o terceiro tipo de licitação está condicionado à técnica e preço, sendo assim uma
mescla do primeiro e do segundo tipo licitatório. Na valoração da nota será considerada a
maior pontuação conferida aos licitantes.
Passaremos a analisar nos tópicos seguintes, de forma objetiva, cada uma das
modalidades licitatórias.

3.4.1. Concorrência

Concorrência pública é modalidade de licitação obrigatória para contratação de


27

objetos de grande vulto econômico. Grande vulto econômico é uma expressão utilizada pela
Lei 8.666 ao se referir a objetos de grande valor. O artigo 22, §1 da Lei de Licitações,
conceitua a modalidade entre quaisquer interessados que, na fase inicial de habilitação
preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital para
execução de seu objeto.
Tudo que em termos de obras e serviços de engenharia superar R$ 3.300.000,00, tem
de ser contratado por meio de concorrência, e em se tratando de compras e serviços distintos,
a concorrência será obrigatória sempre que tal objeto ultrapassar R$ 1.430.000,00, de acordo
com o previsto no artigo 23, I e II, da referida Lei.
Porém, não é somente o valor que define a utilização dessa modalidade de licitação. A
concorrência, além das hipóteses mencionadas, também é obrigatória nos seguintes casos:
compra de bens imóveis, alienação de bens imóveis para as quais não tenha sido adotada a
modalidade leilão, concessão de direito real de uso, serviço ou obra pública, e licitações
internacionais.

3.4.2. Tomada de preços

Conforme se verifica no artigo 22, § 2º da Lei 8.666, conceitua-se que é a modalidade


de licitação entre interessados devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as
condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia anterior à data do recebimento das
propostas, observada a necessária qualificação.
Complementando o conceito, o art. 23 prevê a referida modalidade para contratações
na qual o objeto, em se tratando de obras e serviços de engenharia, seja de até R$
3.300.000,00, e para compras e serviços diversos, o objeto seja de até R$ 1.430.000,00.
A modalidade tomada de preços, diferentemente da concorrência, abrange objeto de
menor valor, restringindo-se aos interessados que estiverem previamente inscritos no cadastro
de fornecedores do ente que realiza o certame, ou que atendam aos requisitos fixados no edital
até o 3º (terceiro) dia anterior à data do recebimento das propostas.
Uma das diferenças entre as duas modalidades citadas anteriormente está no prazo
para a divulgação do edital, o que confere à tomada de preços, legalmente, um prazo menor.

3.4.3. Concurso

O concurso, modalidade de licitação, não deve ser confundido com o concurso para
28

provimento de cargo público, apesar de ser um erro muito comum. É, por assim dizer, a
mesma palavra utilizada em um contexto similar.
O concurso que se refere à Lei 8.666/93 é utilizado quando da escolha de trabalho
técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou remuneração aos
vencedores, conforme se depreende do artigo 22, § 3º da referida norma.
Para que se proceda na escolha do melhor trabalho, será designada uma comissão
especial, a qual não necessariamente será composta por membros do poder público.

3.4.4. Leilão

O Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para a compra de


bens móveis inservíveis da administração pública ou de produtos legalmente apreendidos ou
penhorados, ou para a alienação de bens imóveis, previsto no art. 19 da Lei nº 8.666/93, a
quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação.
Como se pode observar, esta modalidade é adotada quando a Administração pretende
vender seus bens. Aqui, ao contrário das outras modalidades, busca-se sempre o maior lance,
o qual, neste caso, é o mais vantajoso para o Poder Público.

3.4.5. Regime diferenciado de contratação – RDC

A princípio o RDC seria aplicado apenas às contratações de obras e serviços


necessários aos eventos esportivos realizados no Brasil: Copa das Confederações, Copa do
Mundo e Olimpíadas. Assim, passados os eventos esportivos previstos nos incisos I a III do
art. 1º da Lei 12.462 de 04 de agosto de 2011, não haveria mais cabimento o uso do RDC.
Ocorre que logo após ser publicada, a lei do RDC começou a sofrer alterações.
Essas alterações aumentaram a abrangência de utilização, permitindo seu uso mesmo
após o fim dos eventos esportivos citados.
A Lei 12.462/2011 introduz inovações relevantes no RDC, seja quanto ao certame ou
contrato, sendo: ampliação dos objetivos da licitação; inclusão do princípio da economicidade
e do desenvolvimento nacional sustentável; restrições à publicidade do orçamento estimado;
inversão nas fases de habilitação e julgamento; entre outros que não nos aprofundaremos.
29

4. MODALIDADE CONVITE

Visto, detalhadamente, como funciona o âmbito público, seu conceito, finalidades e


objetivos, os princípios regentes deste instituto, a importância de eles estarem intrínsecos nos
atos e contratos oriundos da esfera pública.
Posteriormente, foi feita uma breve análise do procedimento licitatório em todas as
suas modalidades e diferenciando-as dos tipos de licitação. Obtivemos uma melhor
compreensão de licitação e conseguimos assim, mensurar a importância do trabalho realizado
pelos agentes públicos, os quais deverão, obrigatoriamente, realizar suas atividades almejando
o interesse coletivo e impulsionado pelos princípios constitucionais e infraconstitucionais, os
quais possuem grande importância no plano administrativo.
Neste capítulo estudar-se-á com mais aprofundamento a modalidade convite, objeto
específico do presente trabalho, sendo analisadas suas vantagens e desvantagens, como
também, o posicionamento na jurisprudência e doutrina.

4.1. Definição legal e aspectos gerais

Seguindo a forma de apresentação de modalidades conforme capitulo anterior, o


convite, objeto do nosso estudo, é modalidade de licitação para compras de menor vulto,
compreendidas até o valor de R$ 176.000,00 e em se tratando de obras e serviços de
engenharia até o valor de R$ 330.000,00.
Conforme definido no § 3º do art. 22 da Lei nº 8.666/93, convite é a modalidade entre
interessados do ramo pertinente ao objeto da licitação, cadastrados ou não, escolhidos e
convidados em número mínimo de 03 (três) pela unidade administrativa, a qual afixará, em
local apropriado, cópia do instrumento convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na
correspondente especialidade que manifestarem seu interesse com antecedência de até 24
(vinte e quatro) horas da apresentação das propostas.
No mesmo dispositivo legal, o § 7º aduz em, caso existam na praça mais de 03 (três)
possíveis interessados na realização de um convite para objeto idêntico ou assemelhados a um
já contratado, é obrigatório estendê-lo a, no mínimo, mais um interessado. Portanto, significa
que, numa praça onde seja possível a participação de mais de três concorrentes, sempre que
houver novo convite com objeto idêntico ou assemelhado ao anterior, deve-se escolher pelo
menos outro licitante diferente do que participou do primeiro convite, garantindo uma espécie
de “rodízio”, com objetivo de evitar-se conluio e fraudes, porém é uma medida insuficiente
30

para o que se deseja numa licitação, competitividade.


É importante destacar que, no convite, a administração não está vinculada a uma lista
de possíveis interessados para a escolha dos licitantes. As entidades e órgãos públicos podem
convidar qualquer fornecedor ou prestador de serviço que esteja apto a atender à sua
necessidade, de acordo com artigo 27 da Lei 8.666/93, e que não esteja impedido de realizar
negócios com a Administração, artigo 195 § 3º da Constituição Federal, facilitando, por
conseguinte, o direcionamento da licitação.
Haverá casos em que não será possível a participação de no mínimo três licitantes, seja
por limitações do mercado seja por manifesto desinteresse dos convidados. Nessas ocasiões,
as circunstâncias para a limitação ou desinteresse deverão ser devidamente justificadas no
processo, sob pena de repetição do convite.

4.2. Procedimento da modalidade convite

Como vimos no item anterior, o convite é cabível para contratações de valor reduzido,
bem como o instrumento convocatório utilizado é a carta-convite. Naturalmente, este ato para
a convocação tem menor alcance de divulgação, tendo em vista que a administração
encaminha a carta-convite à pelo menos três possíveis interessados na participação da
licitação. A Lei exige que uma cópia da carta-convite seja afixada em um mural, de fácil
acesso público, da repartição contratante.
O prazo para abertura dos envelopes com as propostas deverá será de no mínimo 5
dias úteis após o envio da carta-convite e da afixação da cópia no mural da repartição.
Diferentemente do que ocorre com a tomada de preço, mesmo que o interessado na licitação
não seja convidado pela Administração, poderá este, desde que cadastrado no órgão,
manifestar interesse em participar do certame ao menos 24 horas antes da sessão pública.
Embora não seja a expressa disposição da Lei, Sundfeld (1994) sustenta que, mesmo
que o licitante cadastrado não tenha manifestado intenção de participar da licitação com a
antecedência mínima requerida, este pode elaborar proposta e apresentá-la antes da abertura
dos envelopes. Revela-se, portanto, que a doutrina é sempre favorável à ampliação da
competição.
Marcada a data da abertura dos envelopes e com oferecimento de no mínimo três
propostas – caso não seja possível essa quantidade deverá ser devidamente justificada, como
vimos anteriormente – proceder-se-á à fase de habilitação. Nesse momento, as licitantes
interessadas deverão dispor de dois envelopes em que um conterá os documentos de
31

habilitação e, noutro, a proposta de preço.


Inicia-se, então, a fase de habilitação, na qual a comissão de licitação verifica se a
licitante sofreu alguma sanção administrativa que a impeça de participar do certame.
Posteriormente, será analisada a capacidade jurídica, regularidade fiscal, qualificação técnica
e econômico-financeira, as quais deverão ser definidas no ato convocatório que, por sua vez,
subsumam-se à Seção II da Lei de Licitações.
Aberto os envelopes propostas e habilitação, passamos para a adjudicação do objeto,
precedida da homologação, que nada mais é do que o ato posterior ao término da classificação
das propostas que encerra o trabalho da Comissão de Licitação, tornando público o resultado
final do certame depois de superada a fase dos recursos.
Cumpre esclarecer que, conforme art. 49 da Lei nº. 8.666/93, o certame pode ser
anulado ou revogado, caso ocorra ilegalidade ou por decisão da Administração,
respectivamente. A revogação ocorrerá quando a autoridade administrativa não considerar a
licitação mais conveniente ao órgão ou entidade pública, obviamente a justificativa deverá
recair sobre o interesse público.

4.3. Vantagens da modalidade convite

O convite tende, por sua natureza, trazer diversos benefícios para a administração
pública. Todavia, sua escolha exige ponderação, considerando a essência procedimental da
modalidade. Na obra ‘Comentários a Lei de licitações e contratos administrativos’, Marçal
Justen Filho, ao iniciar comentários sobre o tema convite, rechaça atenção e cautela na
escolha da modalidade:

A faculdade de escolha pela Administração dos destinatários do convite deve ser


exercida com cautela, diante dos riscos de ofensa à moralidade e à isonomia. Se a
Administração escolher determinados licitantes ou excluir outros por preferências
meramente subjetivas, estará caracterizado desvio de finalidade e o ato terá de ser
invalidado. A seleção prévia dos participantes faz-se no interesse da Administração
para a realização de suas funções. (JUSTEN FILHO, 2014. p. 353).

Destarte, partimos ao elenco dos principais aspectos de serventia, proveito, benefícios


e vantagens de seu uso para a administração, sendo eles, (I) formalidade mitigada em razão do
valor; (II) discricionariedade na seleção dos convidados; (III) dispensa de publicidade; (IV)
instrumento convocatório simplificado; (V) dispensa de comissão de licitação e; (VI) prazos
reduzidos.
32

4.3.1. Formalidade mitigada em razão do valor

O convite, como estudado anteriormente, é destinado para compras e contratações de


menor vulto. Isto demonstra a finalidade do legislador em tornar menos rígido o procedimento
quando se tratam de pequenos valores, com fim de garantir uma maior economicidade à
administração.

5.4 [...] O fato do convite se tornar um procedimento licitatório mais rápido é em


razão de ser menos formal que a concorrência, que exige que os concorrentes
apresentem requisitos mínimos de qualificação, e, portanto maior segurança para a
contratante em razão do volume de recursos envolvido. (Acórdão 25/1999 – Plenário
– TCU).

Este aspecto benéfico da modalidade é mais bem apreciado quando somado com os
demais aspectos elencados nesta seção, considerando as facilidades procedimentais para
pequenas contratações.

4.3.2. Discricionariedade na seleção dos convidados

A seleção prévia dos participantes faz-se no interesse da Administração para a


realização de suas funções. Quando a lei determina que devam ser convidados no mínimo três
interessados, não estabelece um limite máximo. Não exclui a possibilidade de, em casos
concretos, ser efetivada a convocação de número maior de pessoas. Quando existir um grande
número de possíveis interessados, todos eles deverão ser convidados para a licitação.
Para Carvalho (2019), o convite é a modalidade mais restrita de todas as previstas na
Lei de Licitações, pois a administração pública pode escolher potenciais interessados em
participar da licitação.
A escolha dos licitantes é de grande benefício para a administração. Ora, selecionar
três empresas comprometidas, sérias, com responsabilidades e determinações para o fiel
cumprimento das obrigações contratuais, é de grande valia para a prestação do serviço público
num modo geral.

4.3.3. Dispensa de publicidade


33

Ao finalizar a edição do instrumento convocatório em fase interna, a Administração,


partirá à ciência aos licitantes que hão de serem convidados. Em qualquer outra modalidade,
este momento arrastaria diversos dias da publicação do instrumento convocatório para com a
sessão pública, todavia, como já vimos, não há publicação do mesmo, sendo suficiente o lapso
de 05 dias para a sessão, a contar da data do instrumento convocatório. Demais modalidades
variam de 15 a 45 dias para a realização da sessão pública.
Ocorre à dispensa de publicidade ampla, podendo apenas se restringir a fixação do
aviso de sessão pública no quadro de avisos do paço do Poder Público.
Vejamos o posicionamento de Marçal Justem Filho:

A Lei não exige a publicação pela imprensa dos avisos relacionados com convites.
Tem-se questionado acerca da obrigatoriedade da publicação do aviso de convite
pela imprensa. Rigorosamente, a resposta é negativa. É claro que isso não significa
validar licitação sigilosa, o que retrataria verdadeira contradição em termos. É
obrigatório tornar pública a instauração da licitação, mas não é imperioso que o
convite seja objeto de divulgação pela imprensa. (JUSTEN FILHO, 2014, p. 188-
189).

Em síntese, a dispensa de ampla divulgação diz respeito a manter a escolha de


potenciais licitantes, capazes de contratar com a administração pública.

4.3.4. Instrumento convocatório simplificado

A carta-convite é a forma simplificada de ato convocatório, destinada especificamente


a esta modalidade. Deve conter apenas os elementos indispensáveis ao disciplinamento e
processamento do certame, informando o tipo de licitação, o regime de execução ou forma de
fornecimento, normas aplicáveis e condições alusivas à apresentação e conteúdo das
propostas.
Na modalidade convite não há elaboração de edital. O instrumento convocatório é
simplificado e denomina-se carta-convite.

O formalismo é tênue no convite: não só é bastante mitigada a exigência documental


para a habilitação, como também basta o prazo máximo de cinco dias entre a
expedição da carta-convite e o recebimento das propostas ou a realização do evento
(CARVALHO FILHO, 2018, Pág. 344).

O legislador ainda reconhece a simplicidade da modalidade no art. 32, § 2º, que versa
em documentação de habilitação jurídica e fiscal, a qual poderá ser dispensada, no todo ou em
34

parte no instrumento convocatório.

4.3.5. Dispensa de comissão de licitação

Merece relevo o disposto no §1º6 do art. 51 da Lei de Licitações, que desobriga a


administração de constituir comissão de licitação.
No convite, as atribuições que caberiam a uma comissão poderão ser realizadas por
servidor formalmente designado pela autoridade competente. No entanto, a substituição da
comissão pelo servidor somente será admitida, excepcionalmente, nas pequenas unidades
administrativas e em face da exiguidade de pessoal disponível.

4.3.6. Prazos reduzidos

O princípio da celeridade e eficiência, estudado nesta monografia, traz à baila seu


aspecto prático, a redução significativa de prazos procedimentais e processuais.
Ocorrendo a inabilitação ou desclassificação de todas as propostas apresentadas, o
prazo para diligências definidos no art. 48, §3º, da Lei 8.666/93, poderá ser reduzidos de 08
dias úteis para 03 dias úteis, lapso em que, os licitantes se adéquem ao instrumento
convocatório, trazendo novos documentos de qualificação ou apresentando nova proposta,
quando solicitado.
De igual modo, em caso de recursos e impugnações, serão reduzidos para 02 dias
úteis, contrapondo as demais modalidades clássicas que se regem em 05 dias úteis, conforme
art. 109, § 6º da Lei 8.666/93.
Como visto, o convite deixa de lado o aspecto burocrático que paira sob a
personalidade da administração pública e o fixa em patamar de corroborar ao achego
daceleridade processual, seja em atos e prazos, discricionariedade objetiva na escolha de
licitantes, menor rigor na edição do instrumento convocatório, dispensa de publicidade do
certame, entre outros atos correlatos a modalidade.

4.4. Desvantagens da modalidade convite

6
§ 1º: No caso de convite, a Comissão de licitação, excepcionalmente, nas pequenas unidades administrativas e
em face da exiguidade de pessoal disponível, poderá ser substituída por servidor formalmente designado pela
autoridade competente.
35

Apesar de referida modalidade licitatória conferir certa celeridade e economicidade à


esfera púbica, ela é abarcada de ineficiências para a administração pública.
Neste momento, o convite será analisado de forma minuciosa, a fim de verificar se
este procedimento alcança ou não o objetivo pretendido pela máquina pública.
Será apreciada (I) a participação de licitantes não cadastrados, (II) o problema do
número mínimo.
Por óbvio, não existe nenhuma modalidade licitatória que está livre de possíveis
problemas, entretanto, o convite é campeão neste quesito, desta forma, analisaremos a
quantidade de precedentes nos Tribunais Superiores referente ao Convite. Passemos a análise
dos aspectos maléficos e desvantajosos que traduzem em ineficácia de seu uso para a
administração pública.

4.4.1. Participação de licitantes não cadastrados

Este tópico diz respeito ao cadastro que o órgão mantém ativo de seus parceiros
privados interessados. Ele se dá pelo interesse no fornecimento ou contratações futuras com a
Administração.
O convite de participação a empresas em cadastro prévio gera insegurança jurídica aos
participantes convidados da licitação, àqueles cadastrados previamente. O estado de
inseguridade se estende à administração pública.
Marçal internaliza a questão:

O problema mais sério reside na formulação de convite a não cadastrados. É que os


cadastrados não precisam, rigorosamente, ser convidados pela Administração, eis
que poderão participar mediante simples manifestação prévia (com antecedência de
vinte e quatro horas). Tal como se estrutura o convite, o ponto central reside em a
Administração dirigir convite a sujeitos não cadastrados (JUSTEN FILHO, 2014, p.
353).

A tal da insegurança jurídica dos participantes é gerada pela própria administração


pública. Ela diz respeito ao ato de discricionariedade de convidar licitantes que não estejam
previamente cadastrados no órgão.
Para Filho (2014), o cadastro antecipado é o meio no qual o Poder Público filtra a
confiabilidade e a integridade da empresa interessada em futuras contratações, ou seja, com o
prévio cadastro, a idoneidade é presumida. Sem esse ato, possíveis problemas podem aparecer
em sessão pública como, impugnações ou recursos face àquela determinada empresa. Por
36

consequência, gerará morosidade processual e ainda, possibilidade de não se achegar a


proposta mais vantajosa.
O Jurista em comenta, ainda cita o desinteresse do sujeito em participar de certames.
Essa ação pode estar eivada de vícios de habilitação jurídica, fiscal ou afins da empresa.
Àquele particular que se interessar em contratações futuras com a administração pública, sem
dúvidas, fará o cadastro para possíveis certames.

[..] Assim, uma pessoa física pode caracterizar-se como incapaz de fato porque
interditada, encontrando-se impedida de realizar qualquer negócio da vida civil.
Esse problema seria diagnosticado por ocasião do cadastramento aliás, é muito
possível que o sujeito não tenha pretendido cadastrar-se por saber, de antemão, que
não preenchia os requisitos pertinentes para tanto. (JUSTEN FILHO, 2014. p. 353)

Os participantes regularmente cadastrados e convidados, ao se depararem com a


situação de competir com não cadastrado, poderão se valer da manifestação de
inconformidade da decisão, impugnando o certame.

A ausência de motivação da escolha de um particular não cadastrado para receber o


convite autoriza impugnação. Qualquer dos licitantes cadastrados pode opor-se à
decisão da autoridade administrativa, cuja ausência de motivação autorizará
presunção de desvio de poder (JUSTEN FILHO, 2014. Pág. 354).

Por certo, este tipo de situação prejudica o pretendido pela administração pública, não
somente em se tratar da celeridade do procedimento, mas também, de se achegar a proposta
mais vantajosa pelo fato de se convidar terceiro não cadastrado.

4.4.2. O Problema do número mínimo

Tipificada como a principal desvantagem na escolha desta modalidade é a questão do


número mínimo de participantes e a imprescindibilidade de três propostas válidas, sendo o
epicentro da divergência doutrinária e jurisprudencial. O desinteresse de particulares na
participação do certame e as propostas recebidas não estarem eivadas de vícios, são os
principais pontos discutidos em face de estrita validade de três propostas em certame.
O tema em questão foi por anos levado à apreciação dos Tribunais Superiores e órgãos
de controle, gerando jurisprudências uniformes em súmulas.
Entende-se que não há obrigação do particular participar do certame e apresentar sua
proposta. O comparecimento é ato de ‘livre escolha’, e é com base nesta situação que se
afirmar a invalidação do certame e sua repetição em data futura, conforme entendimento do
37

Tribunal de Contas da União:

Súmula 248 do TCU: Não se obtendo o número legal mínimo de três propostas aptas
à seleção, na licitação sob a modalidade Convite, impõe-se a repetição do ato, com a
convocação de outros possíveis interessados, ressalvadas as hipóteses previstas no
parágrafo 7º do art. 22. da Lei 8.666/1993.

Citado em súmula, o art. 22, § 7º7 da Lei nº 8.666/1993 nos diz que, quando, por
limitações do mercado ou manifesto desinteresse dos convidados, for impossível a obtenção
do número mínimo de licitantes exigidos no § 3o do artigo 22, essas circunstâncias deverão
ser devidamente justificadas no processo, sob pena de repetição do convite.
Sendo instaurado o procedimento licitatório, a comissão de licitação (ou o servidor, se
for o caso) promoverá o convite aos particulares, sendo instruída a data que deva ser realizado
o certame. No dia e hora designados, mesmo que compareçam, minimamente, três
interessados, todos deverão estar com suas propostas válidas, ou seja, hão de passar pela
habilitação e posterior verificação de propostas.
Mais uma vez, Justen Filho, admoesta:

Não é compatível com a Lei o entendimento de que o número mínimo de três deverá
ser apurado em relação às propostas válidas. Alguns têm afirmado que, inexistindo
número igual ou superior a três propostas válidas, a licitação deverá ser repetida. Ou
seja, o problema não seria de dirigir o convite para três licitantes, mas de ser por eles
atendido (JUSTEN FILHO, 2014. p. 355).

No mesmo entendimento, Carvalho Filho (2018) alude que, mesmo atendido o convite
por três interessados, e uma das propostas deles estiver eivada de vicio, o ato tende a ser
repetido, considerando que, em primeiro lugar, a lei exige apenas que a convocação se dirija a
três ou mais fornecedores, nenhuma referência fazendo quanto ao comparecimento (art. 22, §
3º). Em segundo lugar, esse dispositivo não tem relação com o art. 22, § 7º, que admite (mas
nem sempre) a repetição do convite. Por último, os interessados que se apresentaram
legitimamente em virtude da convocação têm direito subjetivo à participação e à consequente
apreciação de suas propostas, não se podendo atribuir-lhes culpa pelo desinteresse de outros
convidados.
Carvalho Filho (2018, p. 345) ainda afirma que, “se não for por esta via, poderia
ocorrer desvio de finalidade, permitindo-se à Administração desfazer a licitação somente pelo

7
§ 7º Quando, por limitações do mercado ou manifesto desinteresse dos convidados, for impossível a obtenção
do número mínimo de licitantes exigidos no § 3º deste artigo, essas circunstâncias deverão ser devidamente
justificadas no processo, sob pena de repetição do convite.
38

interesse escuso de propiciar a participação, em nova licitação, de empresa ausente no


certame anterior”.
Lucas Rocha Furtado, Subprocurador Geral do Ministério Público de Contas da União,
exprime o seguinte entendimento sobre a questão:

Entretanto, no meu entender, se for dispensada à carta-convite a publicidade que se


faz obrigatória aos editais elaborados nas demais modalidades licitatórias — tal
como a divulgação do pertinente aviso tanto na imprensa oficial quanto no jornal de
grande circulação, conforme previsto no art. 21 da Lei nº 8.666/93 —, não seria
impositiva a obtenção de três propostas válidas, nem a apresentação da justificativa
prescrita no §7º do art. 22 do citado Diploma Legal — medida que se faria
necessária no caso de não ser obtida na licitação já realizada ao menos uma proposta
válida e vantajosa para a Administração, sob pena de repetição do convite.
(FURTADO, 2015. p. 236)

Aliado ao escólio dos juristas, presenciamos que todos se posicionam defronte ao


entendimento do TCU.
Em síntese, convidar o particular e o mesmo não comparecer, acarretando o
desfazimento da licitação por questão de quantidade de presentes, é de pronto, contraditório
com o conceito inicial da modalidade, enraizada em simples procedimento e celeridade à
administração pública.
A celeuma toma forma trazendo à tona o art. 48, § 3º, a situação fática de apresentação
de propostas válidas, quando todos os licitantes forem inabilitados ou todas as propostas
forem desclassificadas, a administração poderá fixar aos licitantes o prazo de oito dias úteis
para a apresentação de nova documentação ou de outras propostas escoimadas das causas
referidas neste artigo, facultada, no caso de convite, a redução deste prazo para três dias úteis.
Interpretando de forma sistemática o contexto trazido pelo legislador, conjugamos o
art. 22, § 3º e o art. 48, § 3º. Tal interpretação considera que a norma não pode ser vista de
forma isolada, pois o direito existe como sistema, de forma ordenada e com sincronia.
Considerando a presença de os três licitantes, Justen Filho faz duras críticas a este
contexto:

A aplicação do dispositivo põe o intérprete diante de uma situação absurda.


Suponha-se que três propostas sejam apresentadas e, no curso do convite, uma delas
seja desclassificada. Aplicando-se a interpretação ora combatida para o art. 22, § 3º,
o resultado seria a necessidade de repetir a licitação: afinal, haveria apenas duas
propostas válidas e consideráveis. Imagine-se, porém, que todas as três propostas
fossem inválidas. Por força do art. 48, § 3º, bastaria reabrir prazo para renovação das
propostas (JUSTEN FILHO, 2014. p. 355).

Ainda combatendo o tema, o jurista (2014) ainda sustenta que “seria mais eficiente
39

que todas as propostas fossem deficientes do que existir duas propostas válidas. Em suma, a
expressa referência à figura do convite, contida no art. 48, § 3.", impõe o raciocínio de que a
licitação deverá continuar normalmente quando existir pelo menos uma proposta válida e
formalmente aceitável.
Como demonstrado em todos os aspectos fundados pela doutrina, a jurisprudência
caminha diversamente. O entendimento ainda é o mesmo, quando da edição da súmula 248 do
Tribunal de Contas da União:

Tem decidido o Tribunal de Contas da União reiteradas vezes que, para a


regularidade da licitação na modalidade convite, é imprescindível que se apresentem
três licitantes devidamente qualificadas. Não sendo obtido esse número, é
indispensável à justificativa no processo, sob pena de repetição do convite (Cf.
Decisão nº 98/95, Plenário).

“2. Nos termos do art. 22, §§ 3º e 7º da Lei 8.666/1993, imperiosa a repetição da


carta-convite quando não há um número mínimo de três propostas válidas aptas à
seleção” (Acórdão 7.452/2011, 2ª C. Rel. Min. Raimundo Carreiro).

“Este Tribunal, ao prolatar o Acórdão 101/2004-Plenário, determinou àquela


companhia estatal a repetição de outro certame licitatório na hipótese de ausência
de, pelo menos, três propostas válidas em licitações na modalidade convite,
conforme exige art. 22, §§ 3º e 7º da Lei 8.666/1993, c/c o Enunciado 248 da
Súmula de Jurisprudência do TCU. Relevar tal eiva de irregularidade, por mais
diminuta que seja, significa um reforço negativo para a ausência de prevenção de
práticas da espécie e a continuidade da mesma irregularidade em outras licitações do
gênero.” (Acórdão 847/2010, Plenário, rel. Min. Walton Alencar Rodrigues).

“É exigível a apresentação de, pelo menos, três propostas válidas, para a modalidade
convite, a menos que exista justificativa para possível limitação do mercado ou
manifesto desinteresse dos convidados” (Acórdão 473/2009, Plenário, rel. Min.
Raimundo Carreiro).

O Superior Tribunal de Justiça se posiciona da mesma forma em determinado Julgado:

"3. Inexistindo três licitantes hábeis a ofertar e salvo despacho fundamentado da


comissão de licitação atestando a impossibilidade de competição por inexistência de
prestadores do serviço ou desinteresse (d. art. 22, § 3.", da Lei 8.666/1993) é
possível à Administração anular a licitação pela modalidade convite para estender a
oferta da contratação de modo a conferir maior publicidade com vistas à obtenção da
proposta mais vantajosa ao ente público.
4. “Recurso especial provido” (REsp 884.988/RS, V T., rel. Min. Eliana Calmon, j.
em 02.06.2009. DJe de 17.06.2009).

Vide demais jurisprudências e julgados do TCU: Acórdão nº 1.523/10, 1ª Câmara


(convite, propostas válidas); Acórdão nº 1.732/09, Plenário (convite, propostas válidas);
Acórdão nº 925/08, Plenário (convite, propostas válidas); Acórdão nº 3.049/07, 1ª Câmara
(convite, três propostas válidas).
40

Como demonstrado, o entendimento dos Tribunais não coaduna com o


posicionamento da doutrina. As decisões têm reiterado a uniformização da jurisprudência no
dever de proceder à repetição do convite sempre que não for atingido o número mínimo de
três propostas válidas. Assim, cabe o Poder Público seguir o aplicável atual e, sendo
impossível a obtenção das três propostas, desde que motivado e justificado, poderá remeter o
convite para número inferior de particulares.

4.5.O convite na jurisprudência e doutrina

Esse item ora estudado, será divido em subtítulos, pois trataremos da questão subjetiva
da escolha da modalidade. Os princípios estudados anteriormente têm enfoque neste terceiro
aspecto ora apresentado. Analisaremos quais os princípios que causam ambigüidade com
relação ao procedimento da carta-convite, especificando-se cada um.

4.5.1. Convite e o princípio da impessoalidade

É fato que quando da realização de um procedimento licitatório na modalidade convite


a administração pública “busca”, por meio da carta-convite, os participantes do certame. Sob
outro enfoque, a administração discricionariamente escolhe os participantes da licitação.
Com efeito, não é difícil constatarmos que nesta fase o procedimento tem contornos de
pessoalidade.
Como estudado anteriormente, o princípio da impessoalidade busca garantir a
igualdade e isonomia, vedando qualquer tipo de discriminação ou favoritismo, ou seja, deverá
estar isento de conveniências particulares, porém, a fase de escolha dos participantes do
convite, nada mais é, que um procedimento que preserva pessoalidade.
Salta aos olhos, portanto, que o critério subjetivo é intrínseco quando da escolha dos
licitantes, as palavras de Di Pietro (2019) contribuem com esse entendimento:

[…] a administração não pode atuar com vistas a prejudicar ou beneficiar pessoas
determinadas, portanto a Administração, ao escolher discricionariamente os
candidatos aos quais enviará o convite do certame licitatório, estaria ferindo tal
princípio, pois nada impediria que tais propostas sejam direcionadas à determinadas
empresas de interesse pessoal dos administrados, obtendo com isto certa vantagem
sobre possíveis concorrentes, apesar de se exigir que o convite estenda-se em forma
de edital a outros interessados, porém estes teriam que estar em vigília diária perante
os locais de fixação, enquanto que aos outros seria dado o privilégio de
permanecerem tranquilos até o recebimento do certame, perfeitamente acomodados
em seus respectivos endereços (DI PIETRO, 2019, p. 171).
41

Essa coerência de raciocínio parece não estar em concordância com o procedimento


desenvolvido quando da elaboração de uma carta-convite (produção do edital) e no desenrolar
de suas fases, em razão da discricionariedade atribuída ao servidor público na escolha dos
participantes do certame. A delimitação do objeto é ato pré procedimental, é fase interna, mas
ali podem eivar vícios, principalmente quando se pretende convidar empresas com ramo de
atividade distinto do objeto da licitação. Esse assunto é corriqueiro nos Tribunais, conforme
orientação dada em determinado acórdão:

9.2. determinar à Prefeitura Municipal de Pedreiras/MA que nas licitações realizadas


com recursos federais: [...]
9.2.3. deixe de convocar licitantes cujo ramo de atividade econômica seja
incompatível com o objeto da licitação realizada na modalidade de convite, por
força da restrição imposta no §3º do art. 22 da Lei nº 8.666/93 (Acórdão nº 2.363/06,
2ª Câmara, TCU).

Isso fere a impessoalidade, pois, por vezes, o gestor tende a se desdobrar para moldar
o objeto da licitação à determinada empresa.

4.5.2. Convite e o princípio da isonomia

O fundamento para emergir novamente a discussão do referido princípio, está em


conexão intima da discricionariedade da administração pública. O princípio da isonomia é
decorrente do princípio da igualdade constitucional, e é de grande relevância no que tange à
discussão no convite. Di Pietro (2019) se posiciona com relação ao princípio e sua
importância no procedimento:

O princípio da igualdade constitui um dos alicerces da licitação, na medida em que


esta visa, não apenas permitir à Administração a escolha da melhor proposta, como
também assegurar igualdade de direitos a todos os interessados em contratar. Esse
princípio, que hoje está expresso no artigo 37, XXI, da Constituição, veda o
estabelecimento de condições que impliquem preferência em favor de determinados
licitantes em detrimento dos demais (DI PIETRO, 2019, p. 302).

Tal entendimento corrobora com o tópico anterior, considerando que, deverá o gestor
público selecionar no mínimo 03 (três) participantes para o certame, e o critério utilizado para
proceder essa escolha não será questionada, sendo assim, tal escolha poderá estar calcada em
critérios subjetivos.
Conforme esse entendimento haverá margem de discricionariedade quanto à escolha
42

dos participantes do certame.


Segundo Niebuhr (2000, p. 120) “se três potenciais interessados recebem em seus
estabelecimentos um convite para participarem da licitação e outros tantos, talvez inúmeros,
não são sequer avisados, é mais do que palmar o tratamento diferenciado”.
Destarte, quando da escolha da modalidade convite houver tratamento diferenciado
entre as empresas, caracteriza desvio de finalidade e afronta direta ao princípio da isonomia.

4.5.3. Convite e o princípio da moralidade

Conforme exposto, a doutrina exorta os riscos que a escolha do convite tende a trazer
a administração pública, apontando os princípios da moralidade e isonomia.
Segundo lições de Araújo (2010), a moralidade não se trata especificamente de um
princípio, mas sim da ética e moral do agente perante as instituições públicas, sendo que as
atitudes dos servidores frente à administração deverão se pautar na honestidade de propósitos,
como também na impessoalidade e eficiência.
A Lei de Licitações possui na Seção I do Capítulo I, um rol de princípios, os quais, de
certo modo, tratam de resguardar a certeza que o administrado depositou na administração
pública quanto à boa-fé e moralidade, almejando um procedimento licitatório realizado dentro
de um padrão de qualidade eficiente e ético.
Conforme extração do entendimento de Fantin (2015), na escolha da proposta mais
vantajosa para a administração pública, é fato que para alguém adquirir o direito de contratar,
é preciso que haja decisão, exteriorização da vontade concreta da administração pública.
Trago à baila o voto do Ministro relator do Acórdão nº 77/07, 2ª Câmara, do TCU, no
que diz respeito ao princípio da moralidade:

[...] 11 Contudo, entendo que as razões apontadas pela SECEX/MG podem


mitigar a responsabilidade dos membros da comissão de licitação, mas não a
eliminam. Nos misteres que assumiram que pressupõem algum conhecimento
do Estatuto das Licitações, incumbiria àqueles servidores cuidados não
apenas para constatar que não seria possível prosseguir com o convite em
foco diante da ausência do número mínimo de propostas válidas, salvo se
apresentadas as devidas justificativas, mas, também e principalmente, para
verificar que a participação no certame de empresa de que era sócio o
assessor jurídico da prefeitura feria o princípio da moralidade e violava o
comando insculpido no inciso III do art. 9º da Lei nº 8.666/93, cuja cognição,
dada sua clareza, não exige esforço hermenêutico desmesurado (Acórdão nº
77/07, 2ª Câmara, do TCU).

O procedimento licitatório deve ser “alimentado” pela moralidade e probidade do


43

servidor que o conduz, e a sociedade pode e deve ser vigilante quanto a possíveis condutas
imorais praticadas no âmbito das licitações.
Por conseguinte, o legislador reconhece a fragilidade do convite e prevê no art. 23,
§ 4o, que nos casos em que couber convite, a administração poderá utilizar a tomada de preços
e, em qualquer caso, a concorrência.

4.5.4. Decisões que evidenciam ilegalidades no convite

Aqui podemos citar o planejamento administrativo do órgão como forma de corrigir


problemas do cotidiano. O gestor atribui o uso do convite para organizar a atividade
administrativa. A impropriedade do gestor, acarreta casos como seguinte:

[...] 12. Assim, ficou comprovado nos autos que durante os exercícios de 1999,
2000, 2001, e 2002 (parcial), período no qual os citados responsáveis tinham por
competência solicitar, aprovar e homologar as contratações efetivadas, cada um
conforme as competências específicas do cargo, as empresas de propriedade do Sr.
Heron Mendonça Krolow eram sistematicamente convidadas a participar das
licitações na modalidade convite promovidas, vencendo o certame em 95% dos
casos.
13. Em acréscimo a tal constatação, foi verificada a ocorrência de fracionamento de
despesa, com contratações sucessivas das mesmas empresas por meio de dispensa de
licitação por valor exíguo, conforme informação à fl.1087, fugindo ao
enquadramento na modalidade licitatória adequada quando da aquisição de materiais
laboratoriais, com inobservância do disposto no artigo 23 da Lei nº 8.666, de 1993, e
também no §6º do artigo 22 da Lei nº 8.666, de 1993, no que tange à imposição de
que a cada novo convite realizado, para objeto idêntico ou assemelhado, deve ser
convidado no mínimo mais um licitante (Acórdão nº 159/12, Plenário, Voto do
Ministro Relator – TCU).

Ao caso, vemos o fracionamento que, por sua vez, constitui irregularidade e


caracteriza-se pela divisão de despesa com o objetivo de utilizar modalidade de licitação
inferior à recomendada à totalidade do objeto ou para indevidamente justificar a contratação
direta.
Conforme evidenciado em caso concreto acima, o convite foi o pivô para a
evidenciação de irregularidades.
Acrescentando o embasamento acerca do fracionamento, o Plenário do TCU
circunstanciou outro quadro:

1. O fracionamento de despesas, caracterizado pela realização de sucessivos convites


para aquisição de parcelas relacionadas a um mesmo fornecimento ou execução de
uma única obra ou serviço, configura procedimento irregular vedado pelo art. 23,
§§2º e 5º, da Lei nº 8.666/93.
2. É indevido o pagamento antecipado por obras, serviços ou aquisições, salvo em
44

casos excepcionais, devidamente justificados, e para os quais sejam adotadas as


garantias necessárias, nos termos do art. 38 do Decreto nº 93.872/86 (Acórdão nº
48/07, Plenário, TCU).

Ambos os casos podem, corriqueiramente, emanar de processos de convite,


considerando suas vantagens de uso, estudadas anteriormente. Como fulcro desta afirmação:

10. [...] no caso concreto, verifico que as aquisições impugnadas ultrapassaram, em


cada exercício, o limite previsto no inciso II do art. 22 do Estatuto de Licitações, de
forma que não foi correta a aquisição na modalidade Convite, pois deveria ter sido
utilizada a modalidade Tomada de Preços (Acórdão nº 82/05, Plenário, Voto do
Ministro Relator – TCU).

O convite requer muita atenção por parte do gestor público, considerando que deve
haver também a rotatividade de licitantes para o convite.
Não se podem convidar as mesmas empresas constantemente. Fere o disposto no § 6º
do art. 22 da Lei de Licitações. A cada novo convite, realizado para objeto idêntico ou
assemelhado, é obrigatório o convite a, no mínimo, mais um interessado, enquanto existirem
cadastrados não convidados nas últimas licitações, como explorado em momento oportuno
desta monografia.
Por fim, reproduzo outro voto de Ministro relator em acórdão. Neste, houve
diligências no que tange a fraudes, em face de não rotatividade de convite de licitantes:

A ausência de rotatividade para encaminhamento das cartas-convite [...] constitui


irregularidade passível de sanção, uma vez que, em assim agindo, a Administração
fere o princípio da impessoalidade e restringe a competitividade dos certames.
Ademais, ao restringir o universo de participantes, dá azo a possíveis fraudes,
praticadas pelos licitantes. A rotatividade entre os licitantes deve ser promovida na
forma do §6º do art. 22 da Lei nº 8.666/93 [...]. A equipe de auditoria entende que
deveriam ter sido convidados pelo menos dez licitantes ao longo do exercício de
2000 para participar dos oito certames realizados, de forma que, a cada novo
certame, deveria ser excluído da remessa de carta-convite um dos licitantes e
incluído um novo. De início, são possíveis duas interpretações para o citado
dispositivo. A primeira, de que se restringe às empresas efetivamente cadastradas,
ou seja, aquelas que demonstraram, de antemão, atender aos critérios para
habilitação prévia (art. 34 da Lei nº 8.666/93). A segunda hipótese, de que se trata
apenas de uma relação de empresas, constantes de rol da Administração, sem que
necessariamente atendam aos critérios de habilitação. Esta última interpretação, que
me parece a mais adequada, decorre do fato de que a modalidade Convite não se
restringe às empresas cadastradas, já que o §3º do art. 22 estende a possibilidade de
convite a licitantes não cadastrados. Se assim é, a finalidade do rodízio estaria
atendida mediante convite a nova empresa, ainda que não previamente habilitada
(ou seja, cadastrada, na concepção do art. 34). Naturalmente que, nesta hipótese, o
rodízio só se efetivaria se a nova convidada viesse a atender aos requisitos de
habilitação. Caso contrário, não haveria, na prática, rodízio, e, pior, abriria
possibilidade de fraudes, já que seria possível encaminhar convite para empresa que
sabidamente não cumpre os critérios de habilitação, apenas para cumprir uma
formalidade legal (Acórdão nº 901/04, Plenário, Voto do Ministro Relator – TCU).
45

Como examinado, as ilegalidades apresentadas estão intimamente ligadas ao convite.


Sejam por fracionamento de despesa, interesses pessoais do gestor, problemas de gerência
administrativa do órgão ou outros demais que despem as problemáticas do uso de convite ao
cotidiano da administração pública.
46

5. MODALIDADE PREGÃO: PRESENCIAL E ELETRÔNICO

Transcorrido o estudo acerca do convite, dedicamos o momento para análise da


modalidade pregão em sua forma presencial e eletrônica.
De igual modo, trataremos da definição legal e aspectos gerais, procedimento,
vantagens e desvantagens e a modalidade com enfoque na jurisprudência e doutrina.
Conforme será explicitado neste capitulo, apontar e analisar vantagens e, até mesmo,
desvantagens do pregão, por certo é aprazível defronte ao convite. Isto por que, desde sua
criação, até posteriores alterações, a doutrina e os tribunais coadunam posicionamentos.

5.1. Definição legal e aspectos gerais

Em oposto das demais modalidades apresentadas, o conceito e definição de pregão


possui seu cunho histórico, haja vista que não compõe o rol do art. 22, da lei nº 8.666/93.
O pregão passou de forma prévia por um “teste” na Agência Nacional de
Telecomunicações (Anatel), sendo instituído pela Lei nº 9.472 de 16 de julho de 1997. Após o
impacto positivo pelo uso, fora editada Medida Provisória nº 2.026 de 04 de maio de 2000,
para execução no âmbito federal. Assim, adveio pela União o Decreto nº 3.555 de 08 de
agosto de 2000, definindo como os órgãos e entidades da Administração Pública Federal
iriam proceder na aplicação da nova modalidade de licitação.
Posteriormente, com fim de abranger todo território nacional, a Medida Provisória fora
convertida na Lei nº 10.520 de 17 de julho de 2002. Deu-se novo âmbito ao pregão, sendo
hoje admitida a sua utilização, por expressa disposição legal, “no âmbito da União, Estados,
Distrito Federal e Municípios, nos termos do art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal”,
para aquisição de bens e serviços comuns.
O legislador ao editar a Lei de Pregão, optou pela simplificação do texto legal,
abordando apenas 13 artigos. Tipificou no art. 11, a aplicação subsidiaria das normas da Lei n
8.666/93, face ao novo instituto. É importante sublinhar que a nova legislação tem o objetivo
básico de complementar a Lei n 8.666/1993. Não houve, pois, o intuito de revogação desta
última.
Em síntese, pregão é a modalidade de licitação para aquisição de bens e serviços
comuns, qualquer que seja o valor estimado da contratação, em que a disputa pelo
fornecimento é feita por meio de propostas e lances em sessão pública, sempre como critério
de escolha o menor preço.
47

Para Justen Filho (2009), pregão é uma modalidade de licitação de tipo menor preço,
destinada à seleção da proposta mais vantajosa de contratação de bem ou serviço comum,
caracterizada pela existência de fase competitiva inicial, em que os licitantes dispõem do ônus
de formular propostas sucessivas, e de uma fase posterior de verificação dos requisitos de
habilitação e de satisfação das ofertas.
O § 1º do artigo 2º da Lei nº 10.520/02 permite que o pregão seja realizado por meio
da utilização de recursos de tecnologia de informação, nos termos de regulamentação
específica. Essa regulamentação consta do Decreto nº 5.450 de 31 de maio de 2005.
O conceito de bens e serviços comuns provém da própria lei, no art. 1º, parágrafo
único, em que, são aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade possa ser objetivamente
definida pelo edital, por meio de especificações usuais no mercado.
A doutrina e jurisprudência dão margem à discussão de bem ou serviço comum, em
que estudaremos em momento oportuno neste capítulo.
Para o desdobramento do pregão, surge a figura do pregoeiro. O pregoeiro, conforme
citado anteriormente, detém sua definição na lei que instituiu o pregão, lei nº 10.520/2002 e,
suas atribuições estão implícitas, também, no Decreto nº 3.555/2000, que aprova o
regulamento do pregão e, também no decreto nº 5.450/2005, que regulamenta o pregão
eletrônico.
O pregoeiro é responsável por conduzir a fase externa do pregão, que vai desde a
publicação do edital até a adjudicação do objeto à empresa vencedora. É o pregoeiro quem,
auxiliado pela equipe de apoio, recebe as propostas e lances e analisa questões de
aceitabilidade, classificação e habilitação, assim como a adjudicação do contrato.
O pregão versa em duas formas de realização que veremos adiante. Todavia, conforme
Justen Filho (2009, p. 275), “não se trata de modalidades distintas, sendo absolutamente
inviável compreender o pregão eletrônico sem dominar e conhecer o pregão comum”.

5.2. Procedimento da modalidade pregão

Como toda modalidade de licitação enseja preparação, no pregão não é diferente,


atribuído a fase interna e externa.
Em fase interna, como as demais modalidades existentes, delimita o objeto a ser
contratado, justifica a necessidade da contratação ou compra, promove a busca de preços no
mercado para posterior reserva de recursos orçamentários e, por fim, produz o instrumento
convocatório, parametrizado com os critérios de aceitação das propostas a serem
48

apresentadas. Todos os atos emanam autorização de autoridade competente e parecer técnico.


É em fase interna que ocorre, pela autoridade competente, a nomeação do Pregoeiro e equipe
de apoio (quando necessário).
A fase externa toma forma quando da publicação do aviso do edital de convocação,
considerada a primeira etapa de diversos atos.
A publicação do aviso do edital no Diário Oficial do ente respectivo e, em jornal de
grande circulação deverá ser com antecedência mínima de oito dias úteis da entrega das
propostas; é possível também a divulgação por meios eletrônicos (art. 4º, inciso I). Aqui
vemos um aspecto benéfico. O prazo é menor que das demais modalidades de licitação de
maior vulto, tomada de preços e concorrência, 15 e 45 dias, respectivamente.
A segunda etapa é a de julgamento e classificação das propostas; desenrola-se em
sessão pública, na qual são entregues os envelopes contendo a indicação do objeto e do preço
oferecido, procedendo-se a sua imediata abertura e à verificação da conformidade das
propostas com os requisitos constantes do instrumento convocatório.
O julgamento e a classificação das propostas se fazem pelo critério do menor preço, o
que não impede seja analisado os prazos máximos para fornecimento, as especificações
técnicas e parâmetros mínimos de desempenho e qualidade definidos no edital (art. 4º, X).
Mesmo sendo objeto “comum”, a Administração deve realizar exigências específicas
quanto aos outros aspectos mencionados no dispositivo, constituindo-se os mesmos em
condições para aceitabilidade ou não da proposta; o não atendimento das exigências levará à
desclassificação da proposta.
Essa fase apresenta peculiaridade em relação às demais modalidades de licitação,
porque combina proposta escrita com lances verbais num ato de inversão de fases. Os
envelopes contendo as propostas são entregues e abertos na sessão pública referida; haverá
um exame prévio da conformidade das propostas com os requisitos estabelecidos no edital. O
autor da oferta de valor mais baixo e os das ofertas com preços até 10% superior àquela
poderão fazer novos lances verbais e sucessivos, até a proclamação do vencedor (inciso VIII);
embora a lei não o diga expressamente, é evidente que os demais ficam fora do certame. No
entanto, se não houver pelo menos três ofertas nas condições definidas no inciso VIII, os
autores das três melhores propostas poderão oferecer novos lances verbais e sucessivos,
quaisquer que sejam os preços oferecidos (inciso IX).
Escolhido o vencedor, só então o pregoeiro examinará a aceitabilidade da proposta em
função das exigências do edital. Se a oferta for aceita, o licitante será declarado vencedor.
Caso contrário, o pregoeiro poderá negociar diretamente com o proponente para que seja
49

obtido o melhor preço (art. 4º, XVII). Abre-se então a possibilidade de negociação direta entra
a Administração e os possíveis interessados, para obtenção de condições mais vantajosas de
contratação. Não havendo concordância, serão chamados os licitantes subsequentes, pela
ordem de classificação, até a apuração de um que atenda ao edital, sendo o respectivo licitante
declarado vencedor (inciso XVI).
A terceira fase é a referente à habilitação do vencedor, que ocorrerá após a
classificação das propostas. Ela processa-se mediante a abertura do envelope contendo apenas
a documentação do licitante vencedor. Essa documentação compreenderá o que for exigido no
edital; a documentação que pode ser exigida é a concernente aos itens indicados em seu artigo
27 e especificados nos dispositivos subsequentes, ressalva feita quanto à exigência de garantia
de proposta, expressamente vedada pelo artigo 5º, I, da Lei nº 10.520.
Apenas se o primeiro colocado for inabilitado é que o pregoeiro examinará a
documentação do segundo e assim sucessivamente até que um licitante atenda às condições
fixadas no instrumento convocatório.
Declarado o vencedor, qualquer licitante poderá manifestar, imediata e
motivadamente, a intenção de recorrer, sob pena de preclusão desse direito; as razões de
recurso devem ser apresentadas no prazo de três dias, findos os quais os demais licitantes
terão igual prazo para apresentar contrarrazões (art. 4º, XVIII).
A quarta fase é a de adjudicação ao vencedor, que é feita imediatamente após a
decisão dos recursos.
Finalmente, a quinta e última fase é a homologação do procedimento pela autoridade
competente para posterior assinatura de contrato.

5.2.1. Peculiaridades na forma eletrônica

Do mesmo modo que o pregão em forma presencial apresenta peculiaridades distintas


das demais modalidades de licitação, o pregão eletrônico enseja requisitos específicos para
sua análise.
Inicialmente, ressalta-se que ele é realizado em sessão pública, sem a presença física
dos licitantes, que se comunica entre si e com a administração pública via internet.
Para Carvalho (2019, p. 491), “trata-se de sistema moderno que visa facilitar e
desburocratizar ainda mais a contratação de bens e serviços pelo ente estatal”.
Cada ente federativo deverá ter regulamentação mediante decreto especifico para que
possa se utilizar desta forma de licitação.
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A fase interna é a mesma da forma presencial (comum). As peculiaridades ganham


contorno quando da publicação do aviso de edital de convocação. Considerando que, para a
regularidade por via eletrônica, exige-se o credenciamento dos licitantes que pretendam
participar do certame no sistema de pregão exposto no edital. Carvalho (2019, p. 492) indica
que o credenciamento enseja responsabilização e presunção de sua capacidade técnica para
participação no certame. Esse credenciamento acarreta, posteriormente, o uso de chave de
acesso e senha para identificação.
Em dia e horário estabelecido no edital, o pregoeiro e os licitantes acessam o sistema
de execução do pregão eletrônico.
Considerando o credenciamento prévio, parte-se para a formulação do valor de
proposta, a ser registrado no sistema. Após, o pregoeiro dá início a etapa de lances sucessivos,
entre todos os licitantes presentes na sessão virtual. O tempo de lances pode variar sob qual
sistema a licitação está vinculada.
Encerrada a fase de lances, o pregoeiro negocia o valor. Achegado ao passível de
aceitação declara-se o detentor da melhor oferta e parte-se para a fase de habilitação.
A fase recursal tem sua vez de igual modo do pregão presencial, todavia, o licitante
deve assinalar por via internet a opção de recurso para posterior entrega de memoriais. No
demais, os atos do pregão eletrônico se assemelham ao pregão presencial.

5.3. Vantagens da modalidade pregão

Diversas são as vantagens de sua aplicabilidade no dia a dia da Administração Pública.


Parte-se do valor de contratação aos simples procedimentos nas fases do certame. Outrossim,
existe faculdade de adoção da modalidade, ou seja, não há obrigatoriedade (salvo exceções
que veremos adiante) na sua escolha.
Elencamos as vantagens para exame, sendo, (I) dispensa de valor limite de
contratação, (II) prazo de publicidade, (III) designação de um único agente, (IV) inversão de
fases no certame, (V) princípio da oralidade em sessão pública, (VI) redução de requisitos de
habilitação, (VII) forma eletrônica e, (VIII) sistema de registro de preços.

5.3.1. Dispensa de valor limite de contratação

O valor de contratação não é mais uma espécie de divisor de águas. O valor é


irrelevante para definir a utilização desta modalidade de licitação. Não há limites ou
51

parâmetros.

A novidade do pregão diz respeito ao valor do futuro contrato. Não há qualquer


restrição quanto ao valor a ser pago, vale dizer, não importa o vulto dos recursos
necessários ao pagamento do fornecedor, critério diametralmente oposto aos
adotados para as modalidades gerais do Estatuto, cujo postulado básico, como
vimos, é a adequação de cada tipo à respectiva faixa de valor. (CARVALHO
FILHO, 2018, p. 373).

A rigor, o valor estimado do objeto da licitação interfere tão somente na forma de


divulgação a ser utilizada no pregão, nos termos do art. 11, I, do Anexo I do Decreto nº
3.555/00, indicando a determinado limite do valor a ser contratado, ser publicado não somente
no diário oficial, como também, em meios eletrônicos na internet, para promoção de maior
divulgação.

5.3.2. Prazo de publicidade

Outra vantagem notável do pregão diz respeito do prazo de divulgação do instrumento


convocatório.
Deve-se ter em mente que um dos mais importantes propósitos do pregão, além da
busca pela redução dos preços, é a celeridade. Publicado o edital, a sessão pública em que
ocorrerá o julgamento das propostas pode ser realizada no prazo de oito dias úteis. Note-se
que tal prazo é maior do que o do convite, que é de cinco dias úteis, e menores do que o das
tomadas de preços e concorrências, que é de 45, 30 ou 15 dias, conforme a hipótese

5.3.3. Designação de um único agente

Nos termos da Lei nº 8.666/93, para as modalidades nela contidas (convite,


concorrência, tomada de preços etc.), cabe a uma comissão composta por servidores da
unidade administrativa contratante a responsabilidade de conduzir a licitação, devendo esta
comissão habilitar os licitantes e classificar suas propostas (ressalvados os casos de pequenas
unidades administrativas, quanto ao uso de convite, designar um servidor para os trabalhos,
todavia, é regime de exceção). No caso do pregão, a responsabilidade pela condução do
pregão é de um único agente, denominado pregoeiro.
Com a figura do pregoeiro, o certame tende a tomar outra perspectiva. Ele é o agente
capaz, incumbido de dirigir todos os trabalhos, inclusive receber as propostas e lances,
52

negociar, analisar sua aceitabilidade e classificação e, ainda, decidir sobre a habilitação e


proceder à adjudicação do objeto do pregão ao licitante vencedor (art. 3º, IV). A lei prevê,
também, a nomeação da equipe de apoio, cujo dever, versa na assistência ao pregoeiro no
certame.

5.3.4. Inversão de fases no certame

Dentre as vantagens já citadas, e as quais hão de ser a mais atrativa e com veemência,
é a inversão das fases do procedimento no certame.
No certame de pregão, após as empresas se credenciarem na sessão junto ao pregoeiro,
parte-se a abertura dos envelopes de proposta.

A grande vantagem do sistema de pregão é que, diversamente do que ocorre na Lei


n o 8.666/1993, só haverá a necessidade de examinar os documentos de habilitação
relativos ao licitante vencedor. Com isso, resta simplificado, sem qualquer dúvida, o
procedimento de verificação desses documentos, sendo forçoso reconhecer que tal
exame é trabalhoso e demorado se for feito em relação a todos os participantes da
licitação (CARVALHO FILHO, 2018, p. 379).

Furtado (2015) aduz o ato de inversão como o mais importante aspecto do pregão, pois
enquanto nas demais modalidades devem a comissão promover a habilitação ou inabilitação
de todos os licitantes, no pregão, em função de ter ocorrido à inversão de fases, o pregoeiro
somente irá promover a habilitação do licitante melhor classificado.
A inversão de fases, de longe, é bem vista aos doutrinadores e juristas. Considerando
ser certo de afastar a burocracia dos antigos procedimentos, quanto à inabilitação de licitantes
e a repetição de licitações, ou a ocorrência de licitações fracassadas.

5.3.5. Princípio da oralidade em sessão pública

Com esta somatória de vantagens que o pregão nos traz, cumpre expor o princípio da
oralidade, outro acerto do legislador em atribuir este princípio para as sessões públicas.
Gonçalves (2019), em obra do âmbito de processo civil, define que o “princípio da
oralidade determina que certos atos devam ser praticados oralmente, ou seja, recomenda a
prevalência da palavra falada sobre a escrita nos processos. Um exemplo disso é o agravo,
que é aconselhado a ser promovido oralmente”.
53

A particularidade especial da modalidade de pregão reside na adoção parcial do


princípio da oralidade. Enquanto nas formas comuns de licitação a manifestação de
vontade dos proponentes se formaliza sempre através de documentos escritos
(propostas), no pregão poderão os participantes oferecer outras propostas
verbalmente na sessão pública destinada à escolha. (CARVALHO FILHO, 2018, p.
373).

O princípio da oralidade tem sua vez devido à previsão da etapa de lances verbais.
Assim, após a abertura dos envelopes de propostas, o pregoeiro dá início às ofertas de redução
de preços, por meio de lances.

Essas particularidades do pregão fazem com que ele seja a modalidade de licitação
mais célere, além de ser a que mais favorece a redução de preços. Estas são, então,
as duas principais características do pregão: 1 Celeridade em seu processamento; e 2
Redução de preço nas propostas dos licitantes. (FURTADO, 2015, p. 437)

Por óbvio que com o diálogo entre as partes na sessão, é possível se achegar a redução
de preços atrativa a administração pública, considerando a atribuição do poder de negociação
dado ao pregoeiro (art. 4º, XVII) e a aceitabilidade das propostas apresentadas.
Ressalta-se que a negociação é a vantagem da vantagem, uma vez que se trata
diretamente de redução de valores, aspecto vantajoso à administração pública.

A ideia de negociação envolve a formulação de razões orientadas ao convencimento


de alguém no sentido de modificar uma orientação anterior. Em outras palavras,
muito mais adequado ao pregoeiro insistir quanto à redução dos valores ofertados
em vista de razões lógicas ou econômicas (JUSTEN FILHO, 2009, p.365).

A oralidade não se ofusca na forma eletrônica, considerando que os licitantes e o


pregoeiro mantêm o dialogo via chat virtual.

5.3.6. Redução dos requisitos de habilitação

Tal vantagem é aduzida por Justen Filho (2009), indicando que contratação por via do
pregão traz a ideia de suprir necessidade simples órgão, considerando a facilidade de se achar
em mercado o objeto comum, assim, dispensam-se maiores complexidades de requisitos para
os licitantes. Em síntese, é a dispensa desobrigação de apresentação de garantias,
qualificações econômicas e ademais.

5.3.7. Forma eletrônica


54

Dado as considerações suscitadas acerca do procedimento do pregão na forma


eletrônica, apontamos como extrema vantagem o uso pela administração pública e pelos
licitantes.
A atratividade do uso da tecnologia faz com que a obra doutrinária de José dos Santos
Carvalho Filho, aborda o préstimo:

O pregão eletrônico apresenta algumas vantagens em relação ao presencial.


Primeiramente, reduz-se o uso de papel, já que os atos se produzem pela Internet.
Depois, há menor sobrecarga para o pregoeiro, já que há menos documentos para
analisar. Ainda: o pregão eletrônico é mais célere e eficaz quando se trata de
licitação por itens ou lotes. Por fim, os recursos da tecnologia da informação
aproximam as pessoas e encurtam as distâncias, permitindo atuação com maior
eficiência por parte da Administração (CARVALHO FILHO, 2018, p. 373).

Ora, existe flexibilidade, tanto do pregoeiro, quanto do licitante em participarem do


pregão eletrônico, consoante a economia em logística, preparativos de certame e emissões de
documentos e papeis. Licitantes de qualquer lugar do Brasil podem participar do certame em
tempo real; isso reduz o risco de acordos reprováveis entre os licitantes e amplia a
possibilidade de obtenção de propostas mais vantajosas.
A forma de processamento do pregão exclui inúmeras variáveis que sempre poderão
ocorrer no curso de outras modalidades de licitação. Isso conduz à simplificação
incomparável do procedimento licitatório.

5.3.8. Sistema de registro de preços

A outra vantagem, além do uso do procedimento eletrônico, é a admissão de sistema


de registro de preço. Todavia, não vamos nos aprofundar na matéria do registro de preços.
A previsão para a contratação por meio do sistema de registro de preços se encontra na
Lei nº 8.666/93 que, em seu art. 15, estabelece as regras gerais acerca do funcionamento do
sistema. A regulamentação dessa modalidade de contratação é feita pelo Decreto nº 7.892, de
23 de janeiro de 2013 que, conforme o art. 7º, somente é passível o instituto, por meio das
modalidades de concorrência pública e pregão (presencial ou eletrônico).
A rigor, as características dos bens e serviços a serem contratados por meio dessa
sistemática se encontram previstas no art. 3º8 do mencionado Decreto nº 7.892/13.

8
Art. 3º O Sistema de Registro de Preços poderá ser adotado nas seguintes hipóteses:
I - quando, pelas características do bem ou serviço, houver necessidade de contratações frequentes; II - quando
for conveniente a aquisição de bens com previsão de entregas parceladas ou contratação de serviços
remunerados por unidade de medida ou em regime de tarefa; III - quando for conveniente a aquisição de bens ou
55

Pela simples interpretação textual, o sistema de registro de preços indica que os


interessados serão convidados a apresentar suas propostas. Estas se destinam à formação de
cadastros com a indicação dos bens e serviços, dos seus respectivos preços, bem como dos
seus fornecedores, a serem chamados para o fornecimento ou prestação do serviço, dentro do
determinado prazo legal.
É evidente, no entanto, que somente poderá adotar-se o pregão quando o registro de
preços envolverem bens comuns, exigindo-se a presença dos requisitos apropriados.

5.4. Desvantagens do pregão

Como visto em todas as vantagens apresentadas pelo pregão, este nos dá margem à
fuga da morosidade dos procedimentos da lei n° 8.666/93. No entanto, é necessário
reconhecer que o pregão apresenta vulnerabilidades, que propiciam desvantagens relevantes.
Entre elas, apresentamos: (I) qualidade da prestação do objeto, (II) tolerância e a idoneidade
do licitante, (III) preponderância de empresas de maior poder econômico, (IV) a prática da
escadinha e do mergulho.

5.4.1. Qualidade da prestação do objeto

Vimos que o pregão privilegia o menor preço e conduz a administração pública a obter
o preço mais reduzido possível. Por outro lado, o pregão versa sobre “objeto comum”, o que
conduz que todos os produtos disponíveis no mercado sejam ofertados à administração. Tem-
se então o enorme risco que Justen Filho (2009) aponta, de o pregão conduzir à seleção de
uma proposta de valor reduzido para contratação de um objeto de qualidade imprestável.
Com o valor abaixo de custo, os fornecedores costumam entregar produtos ou realizar
serviços de baixíssima qualidade.
Ainda no entendimento de Justen Filho (2016, p. 559) “Um dos problemas mais sérios
propiciados pelo pregão é a redução da qualidade dos produtos, o que acarretou a
generalização da exigência de amostras”.
Justen Filho (2009) ainda nos traz um ponto de equilíbrio para não eivar em
desvantagem a seleção da proposta mais vantajosa, aduzindo que, acarreta a necessidade de

a contratação de serviços para atendimento a mais de um órgão ou entidade, ou a programas de governo; ou IV -


quando, pela natureza do objeto, não for possível definir previamente o quantitativo a ser demandado pela
Administração.
56

precauções relevantes em etapas diversas da atividade administrativa. É necessário adotar,


quando na elaboração do instrumento convocatório, edital, parâmetros de qualidade mínima,
precisos e adequados, de modo a dispor de critérios objetivos para identificar objetos
imprestáveis. Depois, é necessário examinar, ao longo da licitação, a qualidade do objeto
ofertado pelo licitante. Por fim, é indispensável controlar a execução do contrato pelo
particular, para assegurar que o objeto entregue seja compatível com as exigências do edital e
reflitam a proposta apresentada na licitação.

5.4.2. Tolerância da administração e a idoneidade do licitante

Para adentrar neste tema, lembremo-nos de que o pregão se desdobra primeiramente


com a seleção da proposta mais vantajosa, após passa-se ao julgamento dos requisitos de
habilitação do licitante que ofertou a melhor proposta. A desvantagem citada decorre da
inversão de fases, em que, com um possível problema de requisito de habilitação da licitante
detentora da melhor oferta, a administração tolera o vício e prossegue aos atos seguintes.

O conhecimento do valor ofertado pelo licitante contamina de modo inquestionável,


a isenção para avaliar o preenchimento dos requisitos de habilitação. As vantagens
econômicas ofertadas pelo licitante incentivam a Administração a ignorar defeitos e
tentar “salvar” uma proposta que, em outro cenário, seria sumariamente rejeitada.
(JUSTEN FILHO, 2009, p. 19).

Em virtude da transigência por parte da administração, pode-se perceber que poderão


ocorrer problemas no decorrer do contrato.
Para escape, conforme visto em capítulos anteriores deve a administração manter
calcado no vínculo do instrumento convocatório e aos princípios que norteiam as atividades
administrativas desempenhadas.

5.4.3. Empresas de maior poder econômico

Por ordem geral, compreende-se que as grandes empresas estão sempre em condições
de ofertar os menores preços, em virtude de uma lei econômica inafastável.
Essa condição inviabiliza a disputa de pequenas e médias empresas, considerando a
larga escala de atuação da grande empresa em praticar preços reduzidos.
Torna-se condição desvantajosa o uso do pregão, consoante a um aspecto
socioeconômico, pois afasta os pequenos empresários de sagrarem-se vencedores de licitações
57

públicas.
Para tanto, Justen Filho (2009) aponta que a edição da Lei complementar nº 123 de 14
de dezembro de 2006, veio com a finalidade de neutralizar os efeitos produzidos pelo pregão,
em especial, o eletrônico, considerando que a legislação aborda tratamento diferenciado em
favor de micro e pequenas empresas em licitações públicas.

5.4.4. A prática da “escadinha” e do “mergulho”

Trata-se de práticas totalmente reprováveis, trazidas por Justen Filho (2009), de sorte
que aborda o conluio entre licitantes partícipes.
Em síntese, “escadinha” é a conjugação de empresas diversas para formulação de
propostas de modo articulado e preordenado. Todas formulam propostas de valor próximo,
com a perspectiva de monopolização da etapa de lances. Desse modo, excluirão a participação
de outros licitantes na disputa efetiva, impondo à administração pública a frustração da
competição.
Em muitos casos, a “escadinha” é acompanhada do chamado “mergulho”, em que um
dos licitantes formula lance absolutamente inexeqüível – destinada apenas para produzir a
ausência de uma pluralidade de sujeitos classificados para a fase subsequente. Daí, a
“disputa” se faria entre o autor da proposta inexeqüível e outros licitantes a ele vinculados.

Essas práticas têm conduzido muitos a preconizarem a ampliação da participação na


disputa a outros licitantes, mesmo que não preenchendo os requisitos previstos em
lei ou no regulamento. Essas propostas afiguram-se como problemáticas – a prática
pelos licitantes de irregularidades não autoriza a administração a alterar a disciplina
normativa (JUSTEN FILHO, 2009, p. 363)

A “escadinha” acarreta-se do pregão presencial, já o mergulho, do pregão eletrônico,


considerando que, com o lançamento do lance, significativamente reduzido, o sistema
bloqueia lance superior ao da melhor oferta, aduzindo assim o encerramento da etapa.
Posteriormente, o licitante convocado despreza a assinatura do contrato, sendo convocado o
segundo colocado, aquele vinculado ao conluio.
Em suma, a prática dos temas citados, aduz desvantagem para a administração, como
sendo possivelmente afastada da proposta mais vantajosa de outro licitante.
Em diante, veremos o tratamento do pregão na jurisprudência e doutrina.
58

5.5. O pregão na jurisprudência e doutrina

Permeado pelas vantagens e desvantagens, partimos a análise da doutrina e


jurisprudência acerca do pregão, em suas duas formas.
Abordaremos as discordâncias dissonantes da jurisprudência em face de doutrinadores
e entre os próprios juristas. A de se discorrer sobre os temas: (I) a definição do objeto comum,
(II) obras e serviços de engenharia, (III) contratações na área de informática, (IV)
discricionariedade e cabimento do pregão e, (V) ausência de número de participantes.

5.5.1. A definição de objeto comum

Partimos da premissa que pregão é a modalidade adequada para obtenção de


fornecimento de bem ou serviço comum, conforme disposição legal. Todavia, a doutrina
reluta em intentar definir qual seja o bem ou serviço comum.
Reputa-se a questão tendo como base a distinção de bens “padronizados” e produzidos
“sob encomenda”. Conforme Justen Filho (2009) o pregão destinou-se a solucionar as
necessidades administrativas relacionadas a bens padronizados, destituídos de similaridades e
complexidades descritivas. Ou seja, a necessidade da administração pública pode ser satisfeita
por um bem ou serviço disponível no mercado, fácil de localizar em um universo de
fornecedores e que apresente configuração mais ou menos invariável.
Tido de outro caso, Justen Filho (2009) sustenta que, quando a administração precisar
de um objeto ou serviço único, a qual sobressai o termo “sob encomenda”, não poderemos
suscitar o termo comum, considerando a diferenciação e especificação para produção do
objeto. Com efeito, restringe o universo de fornecedores que estão no mercado, já que nem
todos disporão de condições para satisfazer o interesse estatal.
Justen Filho (2009) evidencia bem ou serviço comum como conceito jurídico
indeterminado, tendo em vista a compreensão que determinados objetos são tidos como
certeza cabal de comum e outros como total certeza de não comum e, aqueles que pairam sob
zona cinzenta de certeza, levados a avaliação dos seguintes aspectos para determinar-se a
essência comum.
Há três aspectos elencados por Justen Filho (2009), sendo, a disponibilidade no
mercado próprio, padronização e ausência de peculiaridades. O primeiro significa a
possibilidade de aquisição e fornecimento a qualquer tempo, tendo em vista a existência de
atividade empresarial estável; o segundo versa que podem ser reputados como objetos comuns
59

aqueles que possuem uma predeterminação uniforme de padronização, de modo objetivo que
versem na qualidade e atributos essenciais do bem ou serviço; o terceiro envolve a aptidão do
bem padronizado, destituído de peculiaridades complexas, é apto para satisfazer a necessidade
da administração.
Destarte, Justen Filho (2009, p. 37) adota a definição de que “bem ou serviço comum
é aquele que se encontra disponível a qualquer tempo num mercado próprio e cujas
características padronizadas são aptas a satisfazer as necessidades da Administração Pública”.

5.5.2. Ausência de discricionariedade administrativa

O ponto de partida reside em reconhecer que a Lei nº 10.520 não instituiu competência
discricionária para a determinação das hipóteses de cabimento do pregão. O arcabouço
jurídico atribui margem de autonomia para o agente administrativo optar entre pregão ou
outra modalidade da Lei nº 8.666, o que não deixa de caracterizar discricionariedade.
Todavia, Justen Filho (2009) deixa claro que deve ser observada a formula do bem ou
serviço comum, para, assim, submeter a controle e limite de cabimento. Logo, não é passível
de salutar que a administração pública se afirme titular do poder de adotar o pregão para
hipóteses em que não se configurar um bem ou serviço comum.
Por conseguinte, somente depois de comprovada a existência de um bem ou serviço
comum é se que poderá cogitar discricionariedade.
Segundo Justen Filho (2009, p. 33) é “imperioso assinalar que o Poder Público deve
analisar as questões que permeiam o caso concreto, considerando o demandado de valores ou
as dificuldades do mercado ou outras características que aconselham solução mais
conservadora”.
Desta forma, analisado todo pano de fundo do caso concreto do dia a dia da
administração pública, deve o gestor ter controle e limite do cabimento de determinada
modalidade.
Destarte, é trazido à baila um caso concreto julgado pela 1º Câmara do TCU, tendo o
Ministro Relator fundado suas teses na estrita escolha da modalidade em questão.

Independentemente da ausência de obrigatoriedade, o gestor deverá justificar sempre


que deixar de utilizar a modalidade pregão, se, tecnicamente, havia condições para
tanto. [...] O argumento de que o convite era a opção legal é relativo. A
discricionariedade do administrador está jungida pelo princípio da indisponibilidade
do interesse público. O legislador, ao disponibilizar ferramenta de comprovada
eficácia e atribuir prioridade para a sua aplicação, imbuiu a Administração do dever
60

de utilizá-la. Sua preterição deve ser fundamentada, porque, via de regra, o pregão
tem se mostrado a opção mais econômica na aquisição/contratação de bens ou
serviços (Acórdão nº 1.547/04, 1ª Câmara, TCU).

Como visto, a Corte de Contas vislumbra de forma aprazível o cabimento do pregão


no cotidiano do Poder Público. As razoes são óbvias. A característica de celeridade
procedimental, decorrente da inversão das fases de habilitação e da abertura das propostas de
preços, é apenas a parte mais perceptível do processo. Há outras questões relevantes que
recomendam, peremptoriamente, a sua adoção e, afastando ainda, o uso das demais
modalidades, em especial o convite.

5.5.3. Discussões acerca do cabimento de pregão

Posterior à publicação da legislação do pregão, surgiram questionamentos acerca do


cabimento da modalidade em obras e serviços de engenharia e, aquisições na área de
informática.
Foram transcorridos diversos julgados ao longo dos anos que, por agora, aparenta
estarem pacificados as controvérsias. O problema sempre girou em torno do objeto comum.
Em primeiro momento, obras e serviços de engenharia e aquisições na área de
informática, não se enquadram num conceito de objeto comum (estudado anteriormente). O
próprio TCU julgou nesse sentido, porém, o Norte do deslinde da celeuma foi caracterizar e
padronizar o quisto pela administração, destituindo o objeto de maiores complexidades.
Vemos abaixo que o TCU alterou seu entendimento, tendo em vista a natureza comum do
objeto, em face de ambos os problemas.

5. Em relação ao mérito, recordo que este tribunal de fato decidiu que a modalidade
de licitação Pregão não deveria ser utilizada para contratação de serviços de
engenharia, mesmo quando se tratar de serviços de manutenção (item 8.2. da
Decisão nº 557/2002-TCU - Plenário). 6. Todavia, o posicionamento mudou
prevalecendo o entendimento no sentido de que o foco deve estar em se identificar o
bem ou o serviço como aquele cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser
objetivamente definidos pelo edital, por meio de especificações usuais no mercado.
7. O Tribunal, em decisões mais recentes, vem-se manifestando no sentido de que a
Administração deve dar preferência a essa modalidade (pregão), não obstante o
caráter facultativo que lhe confere a Lei nº 10.520/2002, e que a adoção de outra
opção deve ser devidamente justificada. Isso, em função das vantagens que esse
sistema vem trazendo para o Setor Público com a redução dos preços praticados, a
simplificação dos procedimentos e maior celeridade dos certames, até mesmo em
uma área mais sensível como pode ser considerada a de bens e serviços de
informática (Acórdão nº 2.272/2006, Plenário, TCU).

É muito mais provável a existência de um objeto comum quando se tratar de serviços


61

de engenharia. Assim se passa porque existem alguns serviços que são destituídos de
características diferenciadas.
No que tange a área de informática, é muito provável que Joel de Menezes Niebuhr
(2006, p. 92) tivesse razão quando afirmou que o disposto no art. 45, § 5º, da Lei n 8.666,
“explica-se em razão do fato da referida Lei provém do início da década de noventa, época
em que bens e serviços de informática ainda guardavam mística aos olhos do público em
geral”. Mas tal como por ele apontado, a evolução tecnológica conduziu a generalização dos
bens e serviços de informática.
Por conseguinte, Justen Filho (2009) ratifica o entendimento, indicando que é
perfeitamente possível que algumas contratações nessa área sejam qualificáveis como
comuns, para efeito de aquisição por meio de licitação do tipo menor preço, regida pelo
pregão.

5.5.4. Ausência de número mínimo de participantes

Aqui podemos citar comparatística direta à modalidade convite, considerando o


“Problema do número mínimo”, estudado no item 4.4.2.
O ordenamento jurídico do pregão não cogita a hipótese de não comparecerem
licitantes em número igual a três, assim, não condiciona a validade do pregão à participação
de número mínimo de licitantes.
Justen Filho (2009) recomenda que a administração deva se atentar se o objeto se
revestida da coisa comum, aquela passível de disponibilidade no mercado próprio,
padronização e ausência de peculiaridades e, ainda, se não houvera vício na veiculação da
publicidade do aviso do pregão.

Dito de outro modo, o problema do número reduzido de participantes não é ofensa à


Lei, mas o surgimento de indício de que a modalidade de pregão é inaplicável e
redundará em contratação pouco vantajosa para os interesses buscados pela
Administração (JUSTEN FILHO, 2009, p. 170).

Conforme exposto pelo jurista, o problema que vem à tona é a vantajosidade da


contratação. Se não houver interesse da licitante em reduzir seu preço, pode a Administração
optar por revogar a licitação, em observância ao interesse público, não havendo concorrência
desejada. A ocasião vai defronte à modalidade convite, a qual nega a continuidade do
prosseguimento se não houver o número mínimo de três propostas válidas.
62

6. CONCLUSÃO

Conforme estudado, o convite possui simplificação no seu procedimento. Dadas as


facilidades, a modalidade se reveste de vantagens à administração pública. Em mesma forma,
o convite detém desvantagem cabal, sendo participação de licitante não convidado e
impossibilidade de prosseguimento sem três propostas válidas.
Podemos adentrar no que a doutrina e jurisprudência dizem a respeito do convite,
considerando os princípios do direito que a modalidade tende a ferir e as ilegalidades providas
deste. Em suma, tanto a doutrina como os julgados, tendem a admoestar ao gestor público
para o correto uso da modalidade convite, considerando os diversos efeitos negativos que ela
pode surtir na sociedade e na esfera administrativa.
No que tange a modalidade pregão, esta sobreveio com fim muito claro, minorar a
morosidade dos procedimentos licitatórios até então instituídos.
Em defronte a doutrina e jurisprudência, o pregão tomou discussões no cabimento e
delimitação de objeto. Não encontramos posicionamento doutrinário indicando aspecto
burocrático ou retardador do uso do pregão na esfera pública. Muito pelo contrário. Diversos
julgados aconselham a administração pública a tomar o pregão como conceito de licitação,
fazendo seu uso rotineiro para contratações e aquisições.
Em comparação ao convite, compreendemos com o deslinde deste trabalho a aceitação
jurisprudencial e doutrinária do pregão em ambas as formas, presencial ou eletrônico.
É notório que a cada contexto que se apresenta dispõe-se de uma modalidade distinta
de procedimento licitatório. A situação em que cada um se aplica dependerá do objeto em
questão e das normas relacionadas a cada um deles. Assim, há de se mencionar os
fundamentos da escolha a ser feita, sendo que esta tarefa cabe ao gestor.
Quer-se ainda afirmar que o convite detém grau de vulnerabilidade no seu
procedimento, acabando por deixar a desejar no que tange à boa prática pública, em
comparação estrita com o pregão.
Conforme exposto em diversos momentos, o Poder Judiciário, quando da apreciação
de lides que envolve o convite, sugerem o uso do pregão, considerando todas as suas
vantagens para o achego da proposta mais vantajosa para a administração pública. Sendo
ainda estabelecido como o quisto do legislador no que tange garantir probidade e eficiência ao
certame, com finalidade pretendida, sendo oportuna a sua utilização quando da contratação
pela administração pública.
63

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(33.000.167/0001-01).Responsáveis: Petróleo Brasileiro S.A. - Petrobras (33.000.167/0001-
01), Rosemary Santos Di Cavalcanti (***.482.274-**) e Laerte Barbalho Júnior
(***.543.564-**), Ângela Maria Araújo Lira de Menezes (***.013.974-**); Gilson Simões
de Macêdo (***.487.214-**) e Marcos Vasconcelos Cavalcanti (***.451.674-**). Relator:
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***.617.483-**); Dijane Maria Freitas dos Santos (CPF ***.499.541-**); Luiz Carlos
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Thorow (CPF ***.937.500-**); Jose Carlos Poppl Filho (CPF ***.327.920-**); José Carlos
Pinheiro da Silva (CPF ***.565.645-**); Leandro Lemos de Lima (CPF ***.776.898-**);
Marcos Alexandre de Avila Leivas (CPF ***.112.540-**); Rodrigo Elpidio da Silva (CPF
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