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MESTRADO EM CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO

ESTUDOS DE MÉDIA E JORNALISMO

O Assassinato de George Floyd: Elementos


Discursivos Noticiosos e Perceções Mediáticas
à Luz dos Estudos Culturais

José Luís Peixoto

M
2022
José Luís Peixoto

O Assassinato de George Floyd: Elementos


Discursivos Noticiosos e Perceções Mediáticas
à Luz dos Estudos Culturais

Dissertação realizada no âmbito do Mestrado em Ciências da Comunicação, orientada


pela Professora Doutora Helena Laura Dias de Lima

Faculdade de Letras da Universidade do Porto

2022
José Luís Peixoto

O Assassinato de George Floyd: Elementos


Discursivos Noticiosos e Perceções Mediáticas
à Luz dos Estudos Culturais

Dissertação realizada no âmbito do Mestrado em Ciências da Comunicação, orientada


pela Professora Doutora Helena Laura Dias de Lima

Membros do Júri

Professor Doutor (escreva o nome do/a Professor/a)


Faculdade (nome da faculdade) - Universidade (nome da universidade)

Professor Doutor (escreva o nome do/a Professor/a)


Faculdade (nome da faculdade) - Universidade (nome da universidade)

Professor Doutor (escreva o nome do/a Professor/a)


Faculdade (nome da faculdade) - Universidade (nome da universidade)

Classificação obtida: (escreva o valor) Valores


”Agradeço à vida a oportunidade de viver,

e ao tempo a sorte de recomeçar.”

Mari Né
Sumário

Declaração de honra .....................................................................................................................4

Agradecimentos ............................................................................................................................5

Resumo .........................................................................................................................................6

Abstract .........................................................................................................................................7

Índice de Tabelas...........................................................................................................................8

Índice de Gráficos ..........................................................................................................................9

Lista de abreviaturas e siglas.......................................................................................................10

Introdução ...................................................................................................................................11

Capítulo 1 - Os Estudos Culturais ................................................................................................12

1.1. Breve Contextualização Histórica ....................................................................................12

1.2. Estudos Culturais e a sua Constituição Teórica ................................................................15

1.3. Os Termos Cultura, Ideologia, Identidade, Hegemonia e Representação .......................20

1.4. Os Estudos Culturais Aplicados às Questões Étnico-Raciais ............................................24

Capítulo 2 - Os Meios de Comunicação Social ............................................................................28

2.1. A Importância da Comunicação .......................................................................................28

2.2. A Formação da Opinião Pública .......................................................................................29

2.3. O Discurso Noticioso ........................................................................................................31

Capítulo 3 - Jornalismo Mainstream no Tratamento da Comunidade Negra .............................36

3.1. Uma Visão sobre o Panorama Noticioso Americano .......................................................36

3.2. O Jornalismo Mainstream Online e as suas Questões Raciais .........................................38

Capítulo 4 – Estudo de Caso ........................................................................................................42

4.1. O Assassinato de George Floyd ........................................................................................42

4.2. Objeto, Objetivos e Hipóteses de Investigação ...............................................................45

2
4.3. Metodologia.....................................................................................................................47
4.3.1. Amostra ....................................................................................................................49
4.3.2. Métodos Qualitativos e Quantitativos .....................................................................53
4.3.3. Análise de Discurso (Método Qualitativo) ................................................................55
4.3.4. Análise de Conteúdo (Método Quantitativo) ...........................................................60

Capítulo 5 – Resultados Obtidos .................................................................................................63

5.1. CNN International ............................................................................................................63


5.1.1. Análise de Conteúdo.................................................................................................64
5.1.2. Análise de Discurso ...................................................................................................68

5.2. The New York Times ........................................................................................................73


5.2.1. Análise de Conteúdo.................................................................................................73
5.2.2. Análise de Discurso ...................................................................................................79

5.3. Fox News ..........................................................................................................................84


5.3.1. Análise de Conteúdo.................................................................................................85
5.3.2. Análise de Discurso ...................................................................................................91

Conclusão ....................................................................................................................................98

Referências Bibliográficas .........................................................................................................100

Apêndices ..................................................................................................................................109

Apêndice 1 – Amostra da CNN Internacional .......................................................................109

Apêndice 2 – Amostra do The New York Times ....................................................................114

Apêndice 3 – Amostra da Fox News .....................................................................................120

3
Declaração de honra

Declaro que a presente dissertação é de minha autoria e não foi utilizado previamente
noutro curso ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As referências a outros
autores (afirmações, ideias, pensamentos) respeitam escrupulosamente as regras da
atribuição, e encontram-se devidamente indicadas no texto e nas referências
bibliográficas, de acordo com as normas de referenciação. Tenho consciência de que a
prática de plágio e autoplágio constitui um ilícito académico.

Porto, setembro

José Luís Peixoto

4
Agradecimentos

Fi-lo por vocês, não por mim.


Obrigado por nunca desistirem de mim.

Um especial obrigado à Professora Doutora Helena Laura Dias de Lima pela sua
orientação e benevolência para comigo. Não será esquecida.

5
Resumo

A redação deste projeto de dissertação consiste em tentar explorar como o jornalismo


mainstream online desenvolve a comunidade negra, sendo o objeto de estudo o
assassinato de George Floyd – acontecimento presente na agenda mediática até aos dias
que correm. Assim, a investigação incidiu-se em saber como três páginas informativas
da Internet (CNN International, The New York Times e Fox News), detentores de um
amplo alcance público, produziram e escolheram matérias relacionadas com o caso
selecionado. E, consequentemente, a maneira que o indivíduo afro-americano foi
abordado pelos ciberjornais. Num primeiro momento, pretendeu-se exibir um corpus
teórico fundamentado pelas várias camadas constituintes dos estudos culturais,
algumas vertentes dos meios de comunicação social e como o jornalismo mainstream
online representa a comunidade negra. Em seguimento, foram analisados o conteúdo e
o discurso dos três veículos de comunicação pertencentes à amostragem, de modo a
sustentar a informação recolhida e responder ao objetivo primordial da investigação.

Palavras-chave: George Floyd, Media Mainstream Online, Comunidade Negra, Estudos


Culturais.

6
Abstract

The writing of this thesis consists in trying to explore how mainstream online journalism
develops the black community, the object of study being the murder of George Floyd –
an event present on the media agenda to this day. Therefore, the investigation focused
on how three informative websites on the Internet (CNN International, The New York
Times and Fox News), with a wide public reach, produced and chose articles related to
the chosen case. And, consequently, the way that the African American individual was
approached by the online newspapers. At first, it was intended to show a theoretical
corpus grounded by the various constituent layers of cultural studies, some aspects of
the media and how mainstream online journalism represents the black community.
Subsequently, in order to support the information gathered and respond to the primary
purpose of the investigation, the content and discourse of the three communication
vehicles belonging to the sample were analyzed.

Key-words: George Floyd, Media Mainstream Online, Black Community, Cultural


Studies.

7
Índice de Tabelas

Tabela 1 – Identificação da Amostra............................................................................................52


Tabela 2 – Dados de 2020 sobre a palavra-chave “George Floyd” na CNN International............111
Tabela 3 – Dados de 2021 sobre a palavra-chave “George Floyd” na CNN International............113
Tabela 4 – Dados de 2022 sobre a palavra-chave “George Floyd” na CNN International............114
Tabela 5 – Dados quantitativos da CNN Internacional.................................................................66
Tabela 6 – Frequência de palavras na amostra da CNN International..........................................68
Tabela 7 – Categorias mais frequentes durante o período de dois anos no The New York
Times...........................................................................................................................................76
Tabela 8 – Dados de 2020 sobre a palavra-chave “George Floyd” no The New York
Times.........................................................................................................................................117
Tabela 9 – Dados de 2021 sobre a palavra-chave “George Floyd” no The New York
Times.........................................................................................................................................119
Tabela 10 – Dados de 2022 sobre a palavra-chave “George Floyd” no The New York
Times.........................................................................................................................................120
Tabela 11 – Dados quantitativos do The New York Times............................................................77
Tabela 12 – Frequência de palavras na amostra do The New York Times.....................................79
Tabela 13 – Dados de 2022 sobre a palavra-chave “George Floyd” na Fox News.......................123
Tabela 14 – Dados de 2022 sobre a palavra-chave “George Floyd” na Fox News.......................125
Tabela 15 – Dados de 2022 sobre a palavra-chave “George Floyd” na Fox News.......................126
Tabela 16 – Categorias mais frequentes durante o período de dois anos na Fox News................88
Tabela 17 – Dados quantitativos da Fox News.............................................................................89
Tabela 18 – Frequência de palavras na amostra da Fox News......................................................91

8
Índice de Gráficos

GRÁFICO 1 – Número de artigos sobre a palavra-chave “George Floyd” na CNN International....64

GRÁFICO 2 – Número de artigos sobre a palavra-chave “George Floyd” no New York Times.......73

GRÁFICO 3 – Número das categorias com mais publicações sobre a palavra-chave “George
Floyd” no New York Times...........................................................................................................75

GRÁFICO 4 – Número de artigos sobre a palavra-chave “George Floyd” na Fox News.................85

GRÁFICO 5 – Número das categorias com mais publicações sobre a palavra-chave “George
Floyd” na Fox News......................................................................................................................87

9
Lista de abreviaturas e siglas

CCCS ………………………………………. CENTRE FOR CONTEMPORARY CULTURAL STUDIES


BLM ........................................... BLACK LIVES MATTER
AFD............................................ ANÁLISE FOUCAUDIANA DE DISCURSO
ACD........................................... ANÁLISE CRÍTICA DO DISCURSO
NYT............................................ THE NEW YORK TIMES
ICE………………………………………..… IMMIGRATION AND CUSTOMS ENFORCEMENT

10
Introdução

O presente projeto de dissertação foi concebido para que seja alcançado o grau
de mestre no Mestrado em Ciências da Comunicação, na área de especialização em
Estudos de Média e Jornalismo, da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. No
entanto, o tema escolhido exige a sua devida justificação.
A comunidade negra ao longo da história da humanidade foi vítima de
discriminação racial na sociedade. Assim, o racismo tornou-se uma problemática a
analisar que criou o objetivo principal deste estudo: compreender como o jornalismo
mainstream online desenvolve a comunidade negra, aos olhos de um estudo de caso
mediático e três websites de cariz jornalístico norte-americanos de grande acesso.
A morte de George Floyd, a 25 de maio de 2020, transformou-se num evento
mundial que remontou para reafirmar a discriminação racial na sociedade
contemporânea. Fortemente divulgado pelos canais jornalísticos online, foram
selecionados três veículos de comunicação de destaque e consumo pelos internautas
norte-americanos e o mundo para perceber como é representada a comunidade negra,
concretamente o caso do assassinato de George Floyd, nos media mainstream online
como o CNN International, The New York Times e a Fox News, no período de 26 de maio
de 2020 a 26 de maio de 2022 (data que determina o começo da cobertura mediática
do caso e a data que consagra os seus dois anos).
No que concerne à víeis teórica, explorou-se, primeiramente, a importância dos
Estudos Culturais nas questões étnico-raciais. De seguida, foi importante a redação de
alguns temas relacionados com os meios de comunicação social e, por fim, terminou-se
a pesquisa bibliográfica com foco no jornalismo mainstream online e suas questões
raciais. Após o estudo de todos os tópicos para uma base teórica completa, passou-se
para o desenvolvimento metodológico da investigação.
Assim, para sustentar a informação recolhida e procurar responder ao objetivo
primordial deste projeto, foram analisados o conteúdo e o discurso da amostra definida.
Por último, foram reveladas as conclusões e propostas futuras que derivaram de toda a
análise concretizada ao longo de vários meses.

11
Capítulo 1 - Os Estudos Culturais

1.1. Breve Contextualização Histórica

Campo de investigação de grande visibilidade pública, os estudos culturais


passaram por múltiplas transformações geográficas e institucionais ao longo dos anos,
tornando os seus métodos respeitados e criticados por diferentes vertentes políticas
(Morley & Chen, 1996, p. 71). É uma teoria que acredita na existência de diferentes
leituras de um texto, de acordo com a experiência de cada indivíduo (Ibid.: 88). E, à
medida que se tornou algo a ser ensinado, adquiriu uma complexidade de cursos, livros
didáticos, bases institucionais e alunos de ensino superior (Barker & Jane, 2016, p. 7).
Consequentemente, é importante abordar os “pais fundadores” destes estudos.
Na sua composição destacam-se Raymond Williams (1921-1988), Richard Hoggart
(1918-2014) e Edward Palmer Thompson (1924-1993), auxiliados por Stuart Hall (1932-
2014). Quanto à posição crítica dos escritores, à exceção de Hoggart, foram
influenciados pela filosofia do marxismo1 (Ibid.: 72). Assim, Hoggart fundou, em 1964, o
Centre for Contemporary Cultural Studies (CCCS) na Universidade de Birmingham, Reino
Unido. Deu aos estudos culturais uma forma institucional, prática e reuniu indivíduos
que tornaram este projeto um desenvolvimento intelectual social (Hall, 2016, p. 12).
Já no percurso do galês Williams, membro ativo do Partido Comunista, fez
grandes críticas a Karl Marx (1818-1883) e aos seus seguidores britânicos do século XX,
apontando para a falta de ênfase sobre a importância da estrutura económica na
compreensão da cultura (Morley & Chen, 1996, p. 73). O terceiro dos fundadores,
Thompson, mais abertamente marxista e ativo politicamente, conduziu um grupo de
jovens intelectuais de origens diversificadas do qual Hall fazia parte (Ibid.: 77). Hall, por
outro lado, estendeu-se muito além dos textos que redigiu. Além de escritor, professor
e ativista, foi um dos responsáveis cruciais pela definição e institucionalização dos

1
O marxismo, que se focou no desenvolvimento e na prática do capitalismo e do conflito de classes, é
uma filosofia emancipatória da igualdade (Barker & Jane, 2016, p. 641).

12
estudos culturais durante o seu mandato no CCCS (1972-1979) (Ibid.: 152). Inclusive,
colocou a classe trabalhadora como privilegiada, onde as práticas culturais deveriam ser
teoricamente compreendidas e politicamente justificadas (Ibid.: 377).
Não obstante, o CCCS tornou-se importante para dar resposta às mudanças
sociais e culturais significativas que caracterizaram a vida britânica do pós-guerra (por
exemplo, a imigração, o impacto da cultura americana, o “desaparecimento” da classe
trabalhadora, as novas relações internacionais, etc.) e os desafios políticos que elas
representavam (Grossberg, 2010, p. 11). Historicamente, os estudos culturais surgiram,
em grande parte, após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), devido à grande
variedade de disciplinas e projetos intelectuais (Ibid.: 7).
Os estudos culturais transformaram-se num lar intelectual para as vozes não
dominantes de raça, género e etnia, seguindo a formulação teórica de que não existe
uma cultura na sociedade, mas que qualquer sociedade corresponde a uma puridade de
culturas organizadas em relações de dominação e subordinação (Ibid.: 376).
A década de 1950 foi marcada pela queda das tradicionais culturas de classe
britânica, a entrada tardia da Grã-Bretanha no mundo moderno e o declínio do império
britânico (Ibid.: 375). Portanto, associava-se à corrente marxista dos estudos culturais
uma metodologia, onde a experiência era central para a estrutura teórica (Ibid.: 81).
Falar ou criticar a teoria marxista era bastante perigoso para os intelectuais. Existia uma
relação complexa entre a tradição marxista e outras tradições no período de formação
dos estudos culturais. A New Left2, surgida em 1956 como movimento político, era uma
dessas vertentes que debatia as inadequações de certas posições marxistas e procurava
criar uma nova linguagem analítica (Ibid.: 22). (Hall, 2016, p. 22).
Na década de 1960, numa versão progressista dos estudos culturais, centrada no
CCCS, o marxismo já se começava a sentir ausente. O tema comum da investigação
metodológica era a relação entre as abordagens literárias e as ciências sociais,
ocorrendo igualmente a mudança dos paradigmas “culturalistas” (estudo da cultura que

2
Movimento político que consistiu na campanha por parte de ativistas do mundo ocidental, de um vasto
conjunto de problemas sociais como os direitos cívicos e políticos, o feminismo, os direitos de indivíduos
homossexuais, os direitos ao aborto, os papéis de género e a reforma política de drogas (Wikipedia, 2021).

13
destaca uma análise antropológica e historicamente informada (Barker & Jane, 2016, p.
634)) para os “estruturalistas” (a compreensão estruturalista da cultura está focada com
os “sistemas de relações” de uma estrutura em que a sua forma gramática torna-se o
significado possível (Ibid.: 648)). Trata-se da época que reconhece teoricamente a arte
pop, a música pop e a cultura popular (Hall, 2016, p. 201).
Os anos de 1964 a 1967 foram intensos e produtivos no Centro – que começou
a desenvolver uma boa reputação. O ensino era realizado através de tutoriais individuais
e seminários semanais e o problema do método foi colocado em primeiro plano,
enquanto que a análise detalhada de textos e práticas tornou-se uma componente
essencial do estudo cultural (Davis, 2004, p. 27). Estes estudos derivavam das
preocupações com a classe e a raça – o feminismo e as questões de género tornavam-
se igualmente pertinentes (Ibid.: 28).
Os anos sessenta são definidos pelo surgimento de lutas políticas (pelo poder
negro, pela libertação anticolonial, pelo feminismo, pelo ambientalismo, etc.)
(Grossberg, 2010, p. 10). As tensões em volta da imigração negra tornaram-se uma
questão de extrema preocupação e a discriminação racial foi alvo de sucessivos
governos ao longo das décadas de 1960 e 1970 (Davis, 2004, p. 70). Além disso, o
aumento dos preços mundiais do petróleo, do desemprego, das taxas de juros e da
dívida pública, fez com que o capitalismo entrasse em crise no mundo (Ibid.: 70).
A década de 1980 foi marcada pela alteração do terreno de investigação dos
estudos culturais marxistas (Morley & Chen, 1996, p. 96). Trata-se igualmente da época
do “Pós”: pós-modernismo3, pós-estruturalismo4, pós-marxismo5, pós-feminismo6

3
É um estilo cultural marcado pela intertextualidade, ironia e indefinição de género. Um movimento
filosófico que rejeita explicações universais da história (Barker & Jane, 2016, p. 644).
4
O significado é sempre adiado. Repudia igualmente a procura das origens, do significado estável e da
verdade universal (Ibid.: 644).
5
O marxismo já não é a principal narrativa explicativa da época. No entanto, é visto como uma forma de
marxismo antiessencialista baseado na teoria do discurso (Ibid.: 644).
6
As escritoras pós-feministas sugeriram que a maioria das barreiras sistemáticas ao avanço das mulheres
foram removidas no Ocidente e que não são necessariamente oprimidas por serem mulheres. O pós-
feminismo opõem-se à ideia de que as mulheres são vítimas passivas do patriotismo (Ibid.: 644).

14
(Ibid.: 201). Aqui, os estudos culturais, procuraram focar-se teoricamente em eventos
históricos concretos e lutas políticas como o racismo e cultura (Ibid.: 164).
Já os novos tempos proporcionaram um envolvimento com o trabalho, a
economia, as questões dos mass media e as novas identidades culturais (Ibid.: 246).
Existem diferentes praticantes de estudos culturais em todos os cantos do globo –
embora o encerramento do CCCS, em 2002 (Barker & Jane, 2016, p. 7), o próprio sucesso
reflete-se na dificuldade em definir apenas uma única linha de pensamento. Se no
princípio existiam intelectuais a trabalhar isoladamente em temas semelhantes, hoje o
campo é bastante vasto (Morley & Chen, 1996, p. 96).

1.2. Estudos Culturais e a sua Constituição Teórica

A mudança histórica no ritmo da sociedade e o aparecimento de um novo


conjunto de relações, trouxeram consigo problemáticas que as velhas teorias revelaram-
se inadequadas para responder. Assim, os estudos culturais surgem na esperança de
criar novas teorias através da abordagem de questões com base nas experiências e
entendimentos de intelectuais, relativamente a problemas políticos, para compreender
e responder ao que se estava a passar (Hall, 2016, p. 2).
É um projeto que ao longo dos anos acumulou diferentes discursos, histórias,
metodologias e posições teóricas (Morley & Chen, 1996, p. 262). E que descrevem como
a vida quotidiana dos indivíduos é estruturada em sintonia com a cultura. É um campo
que investiga como as pessoas são empoderadas e desempoderadas pelas estruturas e
forças particulares que fazem parte das suas vidas de forma contraditória, mas também
como as suas vidas são articuladas pelas trajetórias económicas, sociais, culturais e
sociais. Além disso, exploram as possibilidades históricas de modificar as realidades
vividas pelos indivíduos e as relações de poder, confirmando o papel indispensável do
trabalho cultural e intelectual para a imaginação e execução de tais probabilidades.
Pretendem perceber as organizações de poder para encontrar possibilidades de
sobrevivência, luta, resistência e mudança (Grossberg, 2010, p. 8). Acreditam que a

15
contestação, nos momentos convenientes, é uma suposição essencial para a presença
do trabalho crítico, a oposição política e a mudança histórica (Ibid.: 9).
Os estudos culturais são uma forma de ocupar a posição de professor, artista e
intelectual, um modo de atribuir um caráter político à teoria e teorizar a política.
Esforça-se para descobrir uma prática intelectual que seja responsável pela mudança do
contexto em que trabalha (condições geográficas, históricas, políticas, intelectuais e
institucionais), recusando a verdade universal, absoluta, completa e perfeita (Ibid.: 11).
No entanto, não podem assumir, independentemente das aparências, que os
interesses políticos ou de qualquer contexto particular estão certos. O poder opera nas
instituições, no Estado, onde as pessoas vivem e nos espaços que frequentam. Os
estudos culturais interessam-se em como o poder se infiltra, limita e fortalece as
possibilidades das pessoas em viver de maneira justa, digna e segura (Ibid.: 29).
Acreditam que as práticas culturais ou discursivas são fulcrais para a construção de
contextos e formas específicas da vida humana (Ibid.: 23). Por isso, a cultura importa (é
uma dimensão chave da realidade) e é necessário saber em que cultura se vive, quais as
práticas culturais usadas e quais as formas culturais inseridas na realidade (Ibid.: 24).
Os estudos culturais são uma formação discursiva, constituídos por uma maneira
regulada de falar sobre objetos com base em conceitos, ideias e preocupações chave
(Barker & Jane, 2016, p. 6). Atualmente, existe um campo mais amplo do seu estudo: no
contexto académico britânico, a lista inclui os estudos de comunicação, cinema,
homossexualidade, mulheres e género; já nos Estados Unidos, apontam-se os estudos
afro-americanos e hispânicos (Johnson et al., 2004, p. 20).
O investigador destes trabalhos tem um papel principal na determinação do
estudo, é o sujeito que desenvolve a investigação e todos os passos que a compõem,
sendo considerada a sua credibilidade e caráter subjetivos. Deve identificar a
problemática, colocar uma questão e estabelecer objetivos que irão orientar o estudo.
É necessário encontrar auxílio na revisão bibliográfica, de forma a fomentar o diálogo
entre a teoria e a prática que circundam a problemática determinada. Só através deste
processo é exequível achar respostas ou soluções, tanto teóricas como práticas e
levantar a cortina para novas oportunidades de investigação (Maia, 2016, p. 547).

16
Não obstante, no CCCS, os estudos culturais baseavam-se em um sentimento de
desconforto, uma vez que lutava para reunir os vários corpos de especialização. Como
resultado, teriam de ser interdisciplinares (relações entre várias disciplinas ou áreas do
conhecimento) e antidisciplinares (ir contra a sabedoria aceite de uma disciplina) (Ibid.:
24). Houve pelo menos duas interrupções no trabalho do centro: a primeira em torno
do feminismo e a segunda em torno das questões raciais (Hall, 2019, p. 79). De facto,
colocar as questões críticas raciais, a política racial e a resistência ao racismo na agenda
dos estudos culturais foi uma luta teórica (Ibid.: 80).
Nas últimas décadas, os estudos culturais foram discutidos de diversas maneiras
por diferentes disciplinas, destacando-se quatro abordagens teóricas. A primeira advém
da linguística e ao uso da linguagem como um modelo do funcionamento da cultura.
Argumenta que a diferença é importante visto que é essencial ao significado, sem ela o
significado não conseguiria existir. O significado de preto é conhecido, não pela
existência da essência de “negritude”, mas porque podemos contrastá-lo com o seu
oposto, o branco (Hall, 2016a, p. 153). Porém, as oposições binárias (branco/preto) são
um modo reducionista de estabelecer significados. Por exemplo, numa fotografia em
preto e branco não há um puro preto e branco, mas vários tons cinzas (Ibid.: 154).
A segunda abordagem, derivada igualmente das teorias da linguagem,
argumenta que a diferença é precisa já que só é possível contruir significado através do
diálogo com o “outro”. A língua era estudada, não como um sistema objetivo, mas
conforme o significado é sustentado no diálogo entre dois ou mais falantes (Ibid.: 155).
O lado negativo passa pelo significado não poder ser comandado apenas por um grupo.
Por exemplo, o significado de ser britânico, não pode ser completamente controlado
pelos britânicos, russos ou qualquer outra nacionalidade. O terceiro tipo de abordagem
é antropológico. Aqui, a cultura resulta do significado atribuído às coisas. As oposições
binárias são imprescindíveis para toda a classificação, porque se estabelece uma
distinção entre coisas a fim de classificá-las. Por exemplo, dar significado aos alimentos
é dividi-los em dois grupos: os “crus” e os “cozidos” (Ibid.: 156). Neste caso, o que
incomoda a ordem cultural são a presença de coisas na categoria errada (Ibid.: 157).

17
Por fim, o quarto tipo de abordagem é psicanalítico e compara-se ao papel da
diferença na vida psíquica. O argumento aqui é que o “outro” é necessário para a
formação do self dos sujeitos e para a identidade sexual. A consolidação da definição de
self da identidade sexual depende da forma como os sujeitos são construídos, sobretudo
no estágio de desenvolvimento inicial (Ibid.: 158). Entretanto, embora os estudos
culturais necessitem do trabalho teórico, eles veem a teoria como um recurso a ser
utilizado para responder a problemas, lutas e contextos particulares (Grossberg, 2010,
p. 27). Ao lidar com a teoria, este campo de investigação procura ajudar a fundamentar
o envolvimento da sociedade com o que a confronta (Morley & Chen, 1996, p. 114).
Os estudos culturais operam com o método, mas associado à prática (Ibid.: 115).
A articulação liga essa prática a esse efeito, efeito: a esse texto, texto: a esse significado,
significado: a essa realidade, realidade: a essa experiência e experiência: a essas políticas
(Ibid.: 116). A articulação é fundamental para entender como os teóricos culturais
explicam, analisam e participam no mundo. Teoricamente, sugere uma estrutura
metodológica para perceber qual a função de um estudo cultural. Epistemologicamente,
pensa nas estruturas conhecidas pelo indivíduo como um jogo de relações,
dissemelhanças e contradições. Politicamente, coloca em primeiro plano o poder e as
relações de dominação e subordinação. Estrategicamente, fornece um mecanismo para
intervir dentro de uma determinada formação social, situação ou contexto (Ibid.: 113).
No entanto, os métodos aplicados são vistos como o elemento crucial a garantir
o rigor e a qualidade dos resultados nesta área do conhecimento. Destacam-se assim a
metodologia etnográfica (trabalha com problemas de tradução e justificação,
procurando a compreensão do significado mais profundo dos discursos e das
representações sociais e culturais), a abordagem textual (apresenta resultados diversos
de acordo com os diferentes modos de tratar o texto), a abordagem desconstrucionista
(tenta surpreender os pares hierárquicos clássicos da cultura ocidental, distinguindo o
que um texto diz e significa) e os estudos de receção (parte do pressuposto de que o
sentido do texto é ativado pelo leitor, audiência ou consumidor) (Ibid.: 458).
Inicialmente influenciados pelas questões do marxismo como projeto teórico,
esta vertente colocava em pauta o poder; o alcance global; a questão da classe; as

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relações entre poder; a questão de uma teoria geral que pudesse conectar diferentes
domínios da vida, política e teoria, teoria e prática, questões económicas, políticas,
ideológicas, etc.; e a noção de conhecimento crítico e a produção do conhecimento
crítico como prática. Eram questões importantes e centrais para entender, trabalhar,
trabalhar contra e desenvolver o marxismo (Morley & Chen, 1996, p. 264).
Já os estudos culturais e o pós-modernismo chocaram em vários momentos,
porém, a distância entre as duas posições não era tão grande quanto parecia. Eles
partilhavam uma série de compromissos fundamentais: ambos são antiessencialistas
(não há garantias de identidade ou efeitos fora das determinações de contextos
particulares) (Ibid.: 165); e ambas as posições estavam comprometidas com a mesma
estratégia epistemológica e política: a verdade de uma teoria só pode ser definida pela
sua capacidade de intervenção – deve ser conquistada (Ibid.: 166).
A relação entre a agenda da cultura como poder e os movimentos sociais, são
outra relação de destaque nos estudos culturais. Os movimentos surgiram como
contradição da modernidade (promessas de progresso que reforçavam as
desigualdades) e contexto onde as questões de representação assumiram um novo
significado político. Os participantes destes movimentos eram os socialistas, estudantes
radicais, feministas, ativistas negros, intelectuais anticoloniais, ativistas anticapitalistas
e ambientalistas (Johnson et al., 2004, p. 14). Contudo, o caso da SIDA é uma das
questões que, além de despertar o interesse dos intelectuais críticos em produzir efeitos
reais no mundo, permite-nos perceber a função dos estudos culturais. Aqui, o seu
objetivo passa por analisar certos aspetos da natureza constitutiva e política da própria
representação, e sobre as suas complexidades, efeitos na linguagem e a textualidade
como lugar de vida e morte (Ibid.: 273).
No ramo jornalístico, os jornalistas constroem as notícias, mas geralmente não
constroem os eventos sobre os quais escrevem ou transmitem (Windschuttle, 1998, p.
8). No entanto, a maioria dos teóricos dos estudos culturais têm experiência direta na
indústria dos media apenas pelo o que veem na televisão, o que leem impresso, etc.
(Ibid.: 9). As teorias dos estudos culturais oferecem aos futuros jornalistas modelos

19
alternativos de definir os media, que vão além das noções descuidadas de verdade e
objetividade para entendimentos mais complexos de poder e informação (Ibid.: 21).
Ao abordarem questões como a ideologia, identidade, representação ou
hegemonia, não significa que este campo de investigação passa apenas pelos termos
nomeados. Porém, geralmente tratam destas questões (Grossberg, 2010, p. 43).

1.3. Os Termos Cultura, Ideologia, Identidade, Hegemonia e


Representação

O conceito de cultura foi apresentado, não como resposta a uma grande questão
teórica, mas como resultado de um problema político concreto e a uma pergunta: O que
aconteceu à classe trabalhadora nas condições de abundância económica? (Hall, 2016,
p. 5). A “alta cultura” versus “cultura popular” foi, durante muitos anos, o método
clássico de levantar o debate sobre cultura (alto = bom, popular = desprezível). Nos
últimos anos, e já num contexto próximo das ciências sociais, a palavra passou a ser
empregue para se referir a tudo o que seja característico do “modo de vida” de um povo,
comunidade, nação ou grupo social (Hall, 2016a, p. 19).
A cultura está ligada a todas as práticas que não são geneticamente programadas
por um indivíduo, mas que carregam sentidos e valores que precisam de ser
interpretados por outros (Ibid.: 21). O mapa conceitual que cada pessoa carrega pode
ser diferente de outra, o que as leva a interpretar ou dar sentido ao mundo de maneiras
totalmente diversas. Entretanto, existe a capacidade de comunicar porque se partilha
praticamente os mesmos mapas, dando sentidos ou interpretações mais ou menos
semelhantes – isto é o que significa pertencer “à mesma cultura” (Ibid.: 36).
No que diz respeito à ideologia, esta implica a existência de práticas culturais
particulares para representar a realidade. Porém, não é a realidade representada e
construída, mas sim a relação da pessoa com ela e a maneira como a vive. A ideologia
constrói o campo e as estruturas de experiência dos indivíduos, ligando identidades
sociais específicas a experiências particulares (Morley & Chen, 1996, p. 159).

20
Desde a sua concessão moderna, o conceito de “ideologia” faz referência direta
ao papel das ideias (Hall, 2019, p. 113), sendo articulada e construída através da
linguagem (Morley & Chen, 1996, p. 158). Assim, o trabalho de Louis Althusser (1918-
1990) foi significativo para elevar o debate sobre ideologia à vanguarda do pensamento
dentro dos estudos culturais (Barker & Jane, 2016, p. 74). A premissa de Althusser estava
na compreensão da ideologia como algo que é internalizado e racionalizado (Kellner,
1995, p. 48). Por um lado, a ideologia estabelece as condições reais de vida das pessoas
e não é falsa, por outro é concebida como um conjunto mais elaborado de significados
que dão sentido ao mundo de maneiras, que desconhecem e representam mal o poder
e as relações de classe - a ideologia é falsa (Barker & Jane, 2016, p. 73).
Num primeiro sentido, a ideologia cria as visões do mundo pelas quais o
indivíduo vive. Aqui, a ideologia não é falsa, porque forma as próprias categorias e
sistemas de representação pelos quais os grupos sociais tornam o mundo acessível – é
uma experiência vivida. No entanto, no segundo uso, diz-se que a ideologia representa
a relação imaginária dos indivíduos com as suas condições reais de existência. Deste
modo, se eles confundirem as relações de exploração de classe dentro do capitalismo
com as suas relações livres e iguais dos humanos entre si, estão sujeitos às ilusões e
desilusões da ideologia (Ibid.: 73).
Pensar sobre a articulação ideológica de “negro” claramente exige reconhecer as
suas relações com as questões de classe, ideologias de classe e lutas de classes, mas de
forma que não reduza a especificidade da raça, dos conceitos e práticas racistas, bem
como das lutas contra o racismo como campo potencial de contestação ideológica. Cada
apropriação e posicionamento do sujeito negro em relação a termos como índio,
imigrante ou afro-caribenho, todos possíveis no campo da ideologia, é diferente. Um
conjunto desigual de práticas políticas segue de cada um e cada um depende de um
conjunto divergente de condições históricas (Hall, 2016, p. 187).
No que concerne à identidade, esta “[...] é uma representação estruturada que
só alcança o seu positivo através do olhar estreito do negativo. Tem que passar pelo
buraco da agulha do outro antes de se poder construir” (Hall, 1991, p. 21). É sempre um
efeito temporário e instável de relações, onde a ênfase encontra-se na multiplicidade

21
de identidades e diferenças e não na identidade singular, conexões ou articulações entre
os fragmentos ou diferenças (Grossberg, 1996, p. 89). Consequentemente, “[...] marca
o encontro do nosso passado com as relações sociais, culturais e económicas nas quais
vivemos agora [...] é a interseção das nossas vidas quotidianas com as relações
económicas e políticas de subordinação e dominação” (Rutherford, 1990, p. 20).
Hall, ao enfatizar a fluidez da identidade, afirma que há duas formas diferentes
de se pensar a identidade cultural. A primeira reflete-se na busca de determinada
comunidade em recuperar a “verdade” sobre o seu passado representada, por exemplo,
numa forma cultural como um filme, de modo a reforçar e reafirmar a identidade. A
segunda, não nega o passado da identidade, mas reconhece que, ao reivindicá-la, o
passado é reconstruído e sofre uma transformação (Silva et al., 2014, p. 28).
As identidades são contraditórias e cruzam-se ou deslocam-se umas às outras,
mudando de acordo com a forma como os sujeitos são abordados ou representados
(Barker & Jane, 2016, p. 274). A casa, por exemplo, é um espaço onde se vive uma
identidade familiar. É um dos locais onde se é espectador das representações que os
media produzem determinadas identidades – através da narrativa das telenovelas, dos
anúncios e técnicas de venda, etc. (Silva et al., 2014, p. 30). Existem várias “identidades”
envolvidas em diferentes ocasiões (participar de uma entrevista de emprego ou ir a uma
festa ou a um jogo de futebol) (Ibid.: 31).
A migração também assume uma posição importante na identidade. Muitas
cidades apresentam exemplos de comunidades e culturas diversificadas (Ibid.: 22). Além
disso, as mudanças e transformações globais nas estruturas políticas e económicas no
mundo contemporâneo, colocam em relevo as questões da identidade e as lutas pela
afirmação e manutenção das identidades nacionais e étnicas. As identidades em conflito
estão localizadas nas mudanças sociais, políticas e económicas (Ibid.: 25).
Relativamente à hegemonia, é uma forma de poder baseada na liderança de um
grupo em vários campos de atividade de uma só vez, para que a sua ascendência force
o consentimento generalizado e pareça natural e inevitável (Hall, 2016a, p. 193). Envolve
a mobilização do apoio popular, por parte de um determinado bloco social, para a ampla
gama dos seus projetos sociais – o povo apoia determinada ordem social e sistema de

22
poder. É uma luta pelo “popular” entre a sociedade civil, o Estado (como lugar de poder)
e o setor económico (Morley & Chen, 1996, p. 164). Porém, a hegemonia não exerce
influência apenas nos campos económicos e administrativos, mas abrange os domínios
críticos da liderança cultural, moral, ética e intelectual (Ibid.: 426).
É uma questão que não apaga a diferença entre os que governam e não
governam e a linha que separa as classes subordinadas das que estão em posição
dominante. Porém, permite que os povos subordinados e excluídos desenvolvam
práticas políticas e espaços sociais próprios – desde que contidos no horizonte de
práticas políticas e sistemas ideológicos de representação que os colocam sempre na
posição subordinada (Hall, 2016, p. 170). A hegemonia é sobre liderança e não apenas
sobre dominação, sem nunca recorrer à repressão (Ibid.: 171). Repousa na ideia de que
o poder é negociado por membros de uma classe capazes de persuadir outras classes de
que partilham os mesmos interesses (Davis, 2004, p. 47).
De um modo geral, a “representação” diz respeito à produção de sentido pela
linguagem. Significa simbolizar alguma coisa, pôr-se no seu lugar, ser uma amostra (Hall,
2016a, p. 32). É através dos significados produzidos pelas representações que o
indivíduo dá sentido à sua experiência, àquilo que é e no que se pode tornar.
Compreendida como um processo cultural, estabelece identidades individuais e
coletivas, e os sistemas simbólicos nos quais se baseia, fornecendo possíveis respostas
às questões: Quem sou eu? O que poderia ser? Quem eu quero ser? (Silva et al., 2014,
p. 18). O conceito de representação é uma parte essencial do processo pelo qual o
significado é produzido e trocado entre os membros de uma cultura, envolvendo o uso
da linguagem, de signos e imagens que representam (Maia, 2016, p. 15).
Por outro lado, Moscovici (1976, p. 75), focado numa posição mista entre a
sociologia e a psicologia, aponta três características à representação: na primeira, e mais
superficial, a representação é expressa por grupos sociais; na segunda, qualificar uma
representação significa optar pela hipótese de que ela é elaborada coletivamente; na
terceira, as representações são sociais porque contribuem para os processos de
formação dos comportamentos e de orientação das comunicações sociais.

23
Boa parte dos estudos culturais está centrada nas questões da representação
(como o mundo é socialmente construído e representado em maneiras significativas).
Além disso, as representações e significados culturais têm uma certa materialidade –
estão introduzidos em sons, objetos, imagens, livros, revistas e programas televisivos.
Elas são produzidas, encenadas, usadas e compreendidas em contextos sociais
específicos (Barker & Jane, 2016, p. 10).
Não obstante, as representações mediáticas de indivíduos que não fossem
brancos, aumentaram durante as décadas de 1980 e 1990, focando a atenção nos tipos
de representações detentoras de etnia e raça. Na América, o primeiro programa de
televisão a apresentar afro-americanos foi “Amos ‘n’ Andy”, uma comédia que se tornou
símbolo de degradação do povo negro através do uso do humor baseado em
estereótipos. De facto, a indústria do cinema e televisão americana têm uma longa
história de apresentação de imagens estereotipadas de pessoas negras (Ibid.: 322).

1.4. Os Estudos Culturais Aplicados às Questões Étnico-Raciais

As questões culturais passaram a ser mais centrais nos movimentos políticos a


partir da década de 1960, à medida que a complexa relação entre poder e representação
começou a ser reconhecida. Haviam, no entanto, sempre dois lados relacionados a esse
questionamento. O primeiro, das experiências de ser deturpado e mal reconhecido nos
media (como mulher, homem homossexual, pessoa negra) ou nas formas comerciais
(como a publicidade, as versões políticas da nação, o conhecimento académico). Essa
experiência comum possibilitou um tipo de estudo cultural que questionou as
representações dominantes e as formações culturais hegemónicas. O segundo, da
representação de grupos, espaços ou temas marginalizados ou subordinados de várias
maneiras. Abrangeu a elaboração cultural de uma identidade política emergente
(Johnson et al., 2004, p. 15). Um dos exemplos mais marcantes foi a luta extensa e
multifacetada pela autorrepresentação negra na América (Ibid.: 16).
A mão de obra negra e asiática na década de 1970 estava concentrada nas
indústrias de manufatura pesada e nas de transporte e serviços (trabalho mal

24
remunerado) (Davis, 2004, p. 116). Compreender a própria natureza das contradições
inerentes ao racismo da classe trabalhadora era apenas uma das tarefas urgentes que a
sociedade enfrentava. Como Hall e os seus colegas do centro deixaram claro ao longo
das suas análises, a raça era o prisma através do qual o capitalismo britânico reproduziu
formações da classe social (Morley & Chen, 1996, p. 440). A natureza contraditória da
ideologia, que podia ser vista a trabalhar na construção e manutenção das
subjetividades negras e asiáticas, trancou estas comunidades na rede de suposições,
expectativas, ações e proibições racistas (Davis, 2004, p. 171).
Hall, analisou, dentro da história narrativa do pós-colonialismo, que ser
“imigrante” e “negro” são duas identidades baseadas na diferença. Enquanto que o
“imigrante” coloca problemas reais para a integração, o “negro” proporciona um
poderoso senso de diferença, que o autor reconhece como parte da sua própria “longa
e importante educação política” (Hall, 1987, p. 45). Além disso, a difusão de imagens e
temas imperiais na Grã-Bretanha na publicidade de mercadorias das décadas finais do
século XIX, permitiu o racismo como bem comercial (Hall, 2016a, p. 163).
O continente africano era visto como palco de selvajaria, de canibalismo, de
adoração ao diabo, de depravação e foi lançado um argumento biológico, baseado nas
diferenças fisiológicas e anatómicas que supostamente explicavam a inferioridade física
e mental. Havia o medo dos brancos relacionado à miscigenação (relações sexuais e
cruzamentos entre as raças) (Ibid.: 168).
As mudanças na estrutura institucional do financiamento público no Reino Unido
foram provocadas a partir de 1980, como resultado de uma luta social e política para
garantir os direitos da comunidade negra. A consequente exigência da representação
negra, permitiu mudanças na política multicultural e de “igualdade de oportunidades”
entre instituições (Morley & Chen, 1996, p. 454). Não obstante, a cultura
cinematográfica desta época foi marcada por reconfigurações inconstantes nas relações
de “raça” e representação (Ibid.: 452).
As personagens negras, hispânicas e asiáticas das plataformas de streaming são
outro meio de se fazer representar diferentes etnias (Barker & Jane, 2016, p. 323). Já o
“racismo institucional” reconhece até que ponto as organizações são, apesar das suas

25
políticas de igualdade de oportunidades, governadas pelas mesmas atitudes racistas que
permeiam toda a sociedade em que funcionam. Em 1999, o relatório MacPherson
concluiu que existia uma cultura de racismo dentro das forças policiais: “Além disso, tais
atitudes podem prosperar numa comunidade unida, de modo que pode haver uma falha
coletiva em detetar e proibir esse tipo de racismo. A cantina da polícia pode facilmente
ser o seu terreno fértil” (Cathcart, 2000, p. 413).
O racismo não é tratado como uma característica geral das sociedades humanas,
mas como algo historicamente específico. Em geral, é uma “abstração racional” na
medida em que “realmente traz à tona e fixa o elemento comum e nos poupa da
repetição” (Hall, 2019, p. 210). Assim, pode ajudar a distinguir aquelas características
sociais que fixam as diferentes posições de grupos e classes sociais com base na
atribuição racial (definida biologicamente ou socialmente) de outros sistemas que têm
uma função social semelhante (Ibid.: 211).
As ideologias do racismo permanecem estruturas contraditórias, que podem
funcionar tanto como veículos para a imposição de ideologias dominantes, como formas
elementares para as culturas de resistência (Ibid.: 218). Aqui, é preciso a investigação
das diferentes maneiras pelas quais as ideologias racistas foram construídas e operadas
pelas várias condições históricas (os racismos da teoria mercantilista e da escravidão, de
conquista e colonialismo, do comércio e do “alto imperialismo”, do imperialismo
popular e do “pós-imperialismo”). Em cada caso, o racismo como configuração
ideológica foi restabelecido pelas relações de classe dominantes e retrabalhado
cuidadosamente (Ibid.: 217). A própria campanha de Hall contra o racismo na vida
pública, assumiu várias formas diferentes (Davis, 2004, p. 104).
A prática de reduzir as culturas do povo negro à natureza ou naturalizar a
“diferença”, foi típica das políticas racializadas da representação. Se as desigualdades
entre os negros e os brancos são “culturais”, então podem ser modificadas e alteradas.
Todavia, se são “naturais”, são fixas e permanentes. A “naturalização” é, portanto, uma
estratégia representacional que visa fixar a “diferença” e ancorá-la para sempre. A
escravidão, a propriedade e a servidão são mostradas como tão “naturais” a ponto de
não precisarem de comentários - faziam parte da ordem natural das coisas (Hall, 2016a,

26
p. 171). No caso dos estudos culturais, conseguir que colocassem na sua agenda as
questões críticas de raça, a política de raça, a resistência ao racismo, as questões críticas
da política cultural, foi em si uma luta teórica profunda – resultado de uma longa e
amarga luta interna contra um silêncio inconsciente (Morley & Chen, 1996, p. 269).
A “experiência negra”, vista como uma estrutura singular e unificadora, baseada
na construção da identidade através das diferenças étnicas e culturais entre as
diferentes comunidades, tornou-se hegemónica sobre outras identidades étnico-raciais.
Culturalmente, esta análise formulou-se na crítica de como os negros eram posicionados
como o “outro” invisível nos discursos estéticos e culturais dos brancos – baseou-se na
marginalização da experiência negra na cultura britânica (Ibid.: 442). As políticas e
estratégias culturais que se desenvolveram à volta desta posição preocuparam-se com
o acesso aos direitos à representação dos artistas e trabalhadores culturais negros, com
a contestação da marginalidade, da qualidade estereotipada e da natureza fetichizada
das imagens da comunidade negra (Ibid.: 443).
Na condição pós-moderna, as suposições racistas são frequentemente baseadas
em noções fixas, por exemplo, na ideia de que os negros só se destacam no desporto e
música. A presença na cultura ocidental de muitos artistas e desportistas negros de
sucesso parece assegurar essa “verdade” racista. Entretanto, se a sociedade ocidental
espera que as crianças negras sejam superdotadas apenas em determinadas áreas,
outras oportunidades de realização podem estar fechadas para elas (Davis, 2004, p.
180). O destaque dado aos desportistas afro-americanos e negros britânicos nas
Olimpíadas ou no basquetebol e futebol, é de dois gumes. Por um lado, é uma
celebração e aceitação do sucesso negro. Por outro, faz parte de um processo pelo qual
o êxito negro limita-se ao desporto. Mais uma vez, o retrato estereotipado como seres
principalmente físicos e não mentais (Barker & Jane, 2016, p. 326).
A representação de “pessoas de cor” na América e na Grã-Bretanha está repleta
de oposições. Os negros são, ao mesmo tempo, caracterizados como participantes dos
polos de criminalidade e do sucesso da classe média. A raça é considerada um
“problema” atual e o racismo algo do passado (Ibid.: 326). Como observa Hall, as
pessoas, de alguma forma significativamente diferentes da maioria, são

27
frequentemente expostas a uma forma ordinária de representação, através de extremos
binários opostos: bom/mau, civilizado/primitivo, feio/atraente. E, muitas vezes, são
obrigados a serem as duas coisas ao mesmo tempo (Hall, 1997, p. 229).

Capítulo 2 - Os Meios de Comunicação Social


2.1. A Importância da Comunicação

A comunicação, “[...] processo através do qual as relações humanas existem e se


desenvolvem” (Cooley, 1909, p. 61), é uma atividade humana reconhecida por todos,
mas que poucos conseguem defini-la com precisão – é falar com os outros, é a televisão,
é a divulgação de informação: a lista é ilimitada (Fiske, 1990, p. 1).
Toda a comunicação envolve signos (artefactos ou atos que referem algo
diferente de si mesmos), códigos (sistemas onde os signos são organizados e que
determinam como os signos se relacionam uns com os outros) (Fiske, 1990, p. 1) e
símbolos (representação arbitrária de qualquer coisa – pode ser um objeto, ideia, lugar,
pessoa, relacionamento, som, etc.) (Duck & McMahan, 2018, p. 50). O meio pelo qual
uma mensagem é transmitida também é importante na comunicação, uma vez que pode
afetar o seu significado. Este, pode incluir a própria visão, mensagens de texto, redes
sociais, etc. (Ibid.: 59). Todavia, quando se estuda a comunicação num grupo ou
organização, é necessário ter em conta a sua cultura (Sousa, 2006, p. 70). As práticas
quotidianas são expressões comunicacionais da cultura, algo evidente no consumo de
produtos culturais como os telejornais, livros, filmes, etc. (Ibid.: 71).
De facto, existem diversas formas de categorizar a comunicação. Quando se
comunica para influenciar, entra-se no domínio da comunicação persuasiva (a
publicidade, a propaganda e a comunicação interpessoal). Na comunicação informativa,
o objetivo principal é informar, algo visível no jornalismo. Na comunicação de
entretenimento, tangível na ficção audiovisual, a intenção da mensagem é entreter. A
comunicação popular incide-se nas tradições da cultura de uma pessoa através, por
exemplo, do folclore ou do artesanato (Ibid.: 26). Atualmente, a comunicação online

28
assume um grande papel, pois permite que os indivíduos mantenham, aprimorem,
revigorem e criem novos relacionamentos (Duck & McMahan, 2018, p. 540).
A comunicação nunca é neutra e transmite a perspetiva ou visão do mundo da
pessoa que envia a mensagem, podendo ser representativa (descreve factos ou
transmite informações) ou apresentacional (apresenta a sua versão dos factos ou
eventos) (Ibid.: 69). Não obstante, existem duas escolas principais no estudo da
comunicação: a escola do “processo” e da “semiótica”. A primeira vê a comunicação
como a transmissão de mensagens (uma pessoa afeta o comportamento ou estado de
espírito de outra) e recorre às ciências sociais, psicologia e sociologia. A segunda observa
a comunicação como produção e troca de significados (preocupa-se com a forma de
como as mensagens ou textos interagem com as pessoas para produzir significados) – é
o estudo do texto e da cultura, recorrendo à linguística e às artes (Fiske, 1990, p. 2).
Como outras ciências, as Ciências da Comunicação surgem como producão de
conhecimento científico sobre a realidade. Contudo, o seu objeto de estudo é impreciso
devido à polissemia do termo "comunicação" e ao amplo número de fenómenos que
podem ser comunicativos, tornando-a interdisciplinar (Sousa, 2006, p. 95). Os processos
comunicativos percorrem "toda a extensão das ciências humanas", pois a comunicação
é um fenómeno social (Martino, 2001, p. 28). Portanto, o conceito de estudo científico
nas Ciências da Comunicação equivale a uma "[...] investigação sistemática, controlada,
empírica e crítica de proposições hipotéticas sobre as possíveis relações entre
fenómenos observados" (Marín et al., 1999, p. 39).

2.2. A Formação da Opinião Pública

Para a opinião pública “[...] não existe uma definição geralmente aceite do
termo” (Davison, 1968, p. 188). Mas, ao mesmo tempo, é “[...] um dos conceitos mais
vitais e duradouros das ciências sociais” (Price, 1992, p. 1). O Estado da Arte sobre o
conceito é constituído por variadas áreas do conhecimento, o que pode explicar a
complexidade e dificuldade definir o tópico (Ferreira, 2015, p. 66).

29
A expressão “opinião pública” faz parte do vocabulário quotidiano e, “[...] apesar
de se tratar de um conceito que se aproxima já de meio século de rodagem no circuito
académico e científico” (Esteves, 2015, p. 277), há muitas visões onde esta, “[...] não
coincide com a verdade, precisamente por ser uma opinião, por ser doxa e não
episteme; mas, na medida em que se forma e fortalece no debate, expressa uma
atividade racional, crítica e bem informada” (Bobbio, Pasquino & Matteuccini, 2010, p.
842). No entanto, Bourdieu (1979, p. 128) não acreditava na sua existência: a formação
de uma opinião não está ao alcance de qualquer cidadão; nem todas as opiniões têm o
mesmo valor; nem todos os temas são da curiosidade das pessoas.
Baseado igualmente no fenómeno coletivo, Tarde (1992, p. 80) defendia que a
opinião pública assenta nas perspetivas e juízos individuais, porém, nem sempre
concebe a unanimidade do grupo, mas sim um consenso na produção da opinião.
Entretanto, ao analisar o impacto da cobertura dos media na opinião pública, aparecem
três conceitos distintos a ter em consideração. No conceito quantitativo, a opinião
pública é vista como distribuidora de opiniões individuais dentro de uma população. No
conceito qualitativo, concentra-se na opinião de cidadãos interessados e bem
informados nas questões políticas (Donsbach & Traugott, 2008, p. 192).
No conceito funcional, é considerada um meio que reduz o número ilimitado de
temas possíveis a um número limitado de questões que podem ser discutidas em público
(Ibid.: 193). Apesar da heterogeneidade de conceitos e autores, “[...] todos concordam
que a opinião pública surge com a ascensão da classe média, [...] ao desenvolvimento
de instituições democráticas, ao aumento das taxas de alfabetização e [...] ao lugar de
destaque dos meios de comunicação de massa na sociedade” (Ferreira, 2015, p. 64).
O interesse crescente pela deliberação, devido aos fóruns online e outras
discussões eletrônicas na Internet, contribuíram para uma nova esfera pública.
Caracterizadas como sem censura, bem informadas e direcionadas ao consenso, a
deliberação pode expandir o conhecimento dos indivíduos sobre uma questão, força-las
a considerar e defender os seus pontos de vista, promover a compreensão de vários
pontos de vista e aumentar a tolerância aos opostos (Ibid.: 26).

30
“As opiniões públicas devem ser organizadas para a imprensa para que sejam
sólidas, não pela imprensa como é o caso hoje” (Lippmann, 1922, p. 19), esta é uma
prática defeituosa da democracia que deve ser abordada. Os media não vigiam as
irregularidades e ajudam a manter os cidadãos a par dos assuntos públicos – espera-se
que assumam um papel de liderança na organização do debate público. Entretanto, o
conteúdo das notícias é um indicador imperfeito do que os cidadãos pensam e fazem. É
uma versão seletiva da realidade que leva os jornalistas a fornecer retratos limitados e,
às vezes, falsos da opinião pública (Donsbach & Traugott, 2008, p. 34). Porém, a
expectativa é que o jornal sirva apenas a verdade (Lippmann, 1998, p. 321).
A competência por parte dos media em salientar determinados acontecimentos
e os colocarem na agenda pública para sejam o foco da atenção do público, é a fase
inicial da formação da opinião pública (McCombs, 2018, p. 2). Logo, o agenda-setting
está relacionado com a formação da opinião pública, já que nos conteúdos dos jornais e
na televisão, entre outros, as pessoas prestam atenção ou negligenciam e dão
importância ou ignoram certos assuntos da esfera pública. Ou seja, o público inclui ou
exclui do seu conhecimento aquilo que os media incluem ou excluem dos seus
conteúdos (Shaw, 1979, p. 96). Portanto, parte-se do pressuposto que os média
programam os temas da agenda pública com o intuito de incentivar o debate público.

2.3. O Discurso Noticioso

Pensar que o jornal seleciona os eventos noticiados e os envolve


conscientemente numa linguagem repleta de valores que o leitor absorve
passivamente, parece ser uma “teoria da conspiração” que daria grande poder ao jornal
e pouco ao leitor – as práticas de seleção e apresentação de notícias são habituais e
convencionais como precisas e controladas (Fowler, 1991, p. 41).
Um discurso é um conjunto de ideias, imagens e práticas que produzem
variedades no falar, formas de conhecimento e condutas relativas a um tema particular,
atividade social ou lugar institucional na sociedade. Estas “formações discursivas”
definem o que é ou não oportuno sobre um determinado tema ou área de atividade

31
social; as práticas relacionadas a tal área ou tema; o tipo de conhecimento que é
considerado útil, relevante e “verdadeiro”; e o género de indivíduos ou “sujeitos” que
personificam essas características (Hall, 2016a, p. 26).
O discurso incide-se na produção do sentido pela linguagem. Porém, “[...] uma
vez que todas as práticas sociais implicam sentido, e sentidos definem e influenciam o
que fazemos – a nossa conduta – todas as práticas têm um aspeto discursivo” (Hall,
1992, p. 291). Neste conceito, o discurso não é puramente “linguístico”, engloba a
linguagem e a prática, tenta superar a tradicional distinção entre o que um “diz”
(linguagem) e o que o outro “faz” (prática) (Hall, 2016a, p. 80).
Contudo, estes eventos discursivos “[...] referem-se ao mesmo objeto, partilham
o mesmo estilo e [...] apoiam uma estratégia [...] em uma direção e padrão institucional,
administrativo ou político comuns” (Cousins & Hussain, 1984, p. 84). O conceito de
discurso não é apenas sobre se as coisas existem, mas de onde vem o seu sentido (Hall,
2016a, p. 81), ou seja, “[...] nós usamos [o termo discurso] para enfatizar o facto de que
toda a configuração social tem sentido” (Laclau & Mouflfe, 1990, p. 100).
Existem três discursos disciplinares: as “ciências” (o sujeito como objeto de
investigação), as “práticas de divisão” (separam o louco do são e o criminoso do cidadão
cumpridor da lei) e as “tecnologias de si” (os indivíduos tornam-se sujeitos) (Foucault,
1977, p. 198). O discurso é o meio pelo qual o indivíduo entende o que são os corpos
materiais. Por exemplo, “[...] corpos sexuados são construções discursivas, mas
indispensáveis, que formam sujeitos e regem a materialização dos corpos”. Deste modo,
“os corpos serão indissociáveis das normas reguladoras que regem a materialização e a
significação desses efeitos materiais” (Butler, 1993, p. 2).
Não obstante, surgem três questões que requerem atenção. A primeira, “[...] que
tipos de participantes ocorrem na posição de sujeito e de objeto?”. As pessoas com
autoridade são tratadas como sujeitos enquanto que aqueles com menos poder
ocorrem como objetos. A segunda, “[...] com que tipos de verbos as várias categorias de
participantes estão associadas?”. Aqui, o discurso distingue os poderosos dos
desfavorecidos. A terceira, “[...] que tipos de expressões (nomes, rótulos ocupacionais,

32
etc.) são usados para referir-se aos participantes?”. Em causa estão questões de poder,
distância, formalidade, solidariedade, intimidade, casualidade (Fowler, 1991, p. 98).
Os analistas críticos do discurso focam-se nos termos da categoria dos media
como uma forma de exemplificar as suas afirmações sobre o caráter ideológico (Cramer,
2011, p. 19). Por exemplo, Trew (1979, p. 123) na análise da cobertura mediática do
Carnaval de Notting Hill de 1977, estava preocupado com as categorias que os jornalistas
usaram para descrever os seres humanos como “povos britânicos”, “negros”,
“multidão” e “polícia”, juntamente com os termos que os jornalistas se referem a
eventos, como “motim”, “violência na guerra” e “as ruas”. A análise crítica baseava-se
nos dados textuais para explicar como a estrutura detalhada do discurso contribuiu para
a formação da controvérsia nos textos noticiosos (Cramer, 2011, p. 19).
As transcrições do discurso falado são o resultado de um processo de
entextualização7. Por isso, ajustar o evento e o objeto de estudo não é uma boa forma,
os investigadores precisam de perceber que o objeto de estudo é a transcrição e não o
evento, que a transcrição é o dado em análise. Embora necessárias para a análise,
reduzem um evento de várias maneiras, através do foco no comportamento verbal e
distante do comportamento não-verbal (Ochs, 1979, p. 44).
O processo de construção do diálogo requer a entextualização de algum
fragmento do discurso para que o possa selecionar, moldar e marcar os limites contra o
fluxo maior de fala ou texto. Os diálogos construídos do discurso noticioso tipicamente
colocam em primeiro plano o discurso jornalístico dos jornalistas – uma das suas funções
como autores que se comprometem com a veracidade das reportagens, sem se
envolverem como diretores, com crenças e posições (Cramer, 2011, p. 141).
Estes profissionais procuram relatos de diversos comentários e pontos de vista
que podem ser atribuídos a interlocutores individuais ou coletivos. O foco é encontrar
uma fonte que “[...] exerça autoridade real sobre o assunto em questão” (Macdowall,
1992, p. 137). Devem manter um papel que os posicionem como autores em nome dos

7
Impõe limites ao discurso, identifica começos e fins, e decide quais as partes relevantes para incluir ou
preservar na forma de, por exemplo, um texto visual manipulável, textos escritos, editados e publicados
profissionalmente, como livros e artigos (Silverstein & Urban, 1996, p. 3).

33
compromissos de outros e atuem como repórteres das declarações das suas fontes,
incorporando-as nos textos de uma organização de notícias (Bell, 1991, p. 40).
No início do século XX, o jornalismo posiciona o repórter como profissional e
experiente, cuja formação e experiência são importantes para produzir um relato
preciso dos acontecimentos (Cramer, 2011, p. 66). Embora desenvolvidos e controlados
por diferentes comunidades discursivas, o artigo científico e a notícia são géneros
monológicos destinados a relatar objetivamente eventos (Swales, 1990, p. 61).
No entanto, os artigos noticiosos demonstram um grau alto de abstração,
especialmente tendo em conta a sua finalidade de relatar eventos (Biber, 1988, p. 192).
Os textos no registo informativo inclinam-se para a densidade nos substantivos,
preposições pesadas e muitos adjetivos atributivos (Ibid.: 104). Os pronomes de
primeira e segunda pessoa, em companhia de verbos cognitivos, no presente,
interrogativos, contrações e modais de possibilidade, são algumas características
comuns do discurso falado, permitindo estabelecer “[...] um alto nível de interação e
afeto pessoal” (Ibid.: 131). Contudo, a noticiabilidade é um padrão crucial que ajuda a
determinar os eventos visíveis e relevantes para as notícias (Cramer, 2011, p. 69).
No estilo da notícia, esperar-se uma distância em relação ao leitor geralmente
implícito, onde são grandes grupos às vezes definidos por lealdades políticas,
ideológicas, conhecimentos, crenças, normas e valores similares (Dijk, 1988, p. 74). O
discurso noticioso é também impessoal porque não é desenvolvido e expresso apenas
por um único indivíduo, mas por organizações institucionalizadas públicas ou privadas.
De acordo com a ideologia dominante das notícias, pretende-se prestar declarações
impessoais dos factos – o "eu" pode estar presente apenas como observador imparcial.
É claro que existem diferenças entre os tipos de jornais, países e culturas. Crenças e
atitudes não são tão facilmente eliminadas e podem aparecer indiretamente no texto:
seleção de tópicos, elaboração de tópicos, hierarquias de relevância, uso de categorias
esquemáticas e palavras escolhidas para descrever os factos (Ibid.: 75).
A escolha de palavras específicas, associadas ao estilo do discurso, podem
sinalizar o grau de formalidade, a relação entre os interlocutores, a inserção grupal ou
institucional do discurso e, principalmente, as atitudes e ideologias do falante. Se o

34
jornal seleciona “terrorista” ou “combatente da liberdade” para definir a mesma pessoa
não é tanto uma questão de semântica, mas uma expressão indireta de valores
implícitos incorporados em significados partilhados de palavras (Ibid.: 80). O que para
um jornalista é uma ação ou política "dura" ou "forte" pode ser "agressiva" ou "ofensiva"
para outros (Ibid.: 82). A escolha lexical é um aspeto eminente de discurso noticioso que
pode desenvolver opiniões ou ideologias ocultas (Ibid.: 177).
Escolher as palavras e frases que são usadas para categorizar as pessoas e
atribuir atributos, pode culminar numa base discursiva para práticas de discriminação
(Fowler, 1991, p. 93). O estereótipo pode ser expresso como um conjunto de
proposições do “senso comum” que a cultura tem, mas que raramente expressa. A
linguagem, ao dar nomes às categorias, faz com que o discurso fale e escreva essas com
frequência, fomentando a sua aparente realidade e atualidade (Ibid.: 94).
Todavia, no caso do vocabulário, ao dividir “atriz” de “ator”, marca “atriz” como
um caso especial e incomum. Ao redigir “imigrante” destaca-o como um grupo especial
e divergente. Porém, não é apenas o vocabulário que contribui para a reprodução da
discriminação no discurso, há também estruturas sintáticas prontas para enunciar os
supostos atributos de membros de categorias, como o estilo proverbial de sintaxe de
“cavalheiros preferem loiras”, ou seja, “loiras burras” (Fowler, 1991, p. 94).
Os textos que ocorrem com frequência e/ou são processados rotineiramente
dentro das instituições, como o discurso noticioso, muitas vezes têm um padrão
canónico: Resumo (Título e Lead), Principais Acontecimentos, Fundos (Contexto
Histórico), Consequências (Eventos ou ações consequentes e Reações Verbais) e
Comentários (Avaliação e Previsão). Algumas dessas categorias são obrigatórias
(Resumo e Evento Principal), enquanto outras são opcionais (Ibid.: 178). O discurso
noticioso é dirigido a diferentes tipos de público-alvo de acordo com fatores sociais
como a educação, visões políticas, idade, género, etc. (Caple & Bednarek, 2012, p. 26).
A análise linguística encontrou uma série de características lexicais e sintáticas
particulares da escrita jornalística. Os substantivos são muito comuns, em contraste, os
pronomes pessoais são incomuns (Ibid.: 85). Já os verbos modais são frequentemente
utilizados (Ibid.: 87). Os advérbios de tempo e de lugar são constantes na redação de

35
jornais, enquanto que os advérbios de ligação são raros. Outra característica da redação
jornalística é a atípica ocorrência de perguntas, uma vez que se concentram nas
respostas das fontes e mesmo quando as perguntas são incluídas normalmente são de
forma indireta (Ibid.: 89). Por fim, as frases curtas que compõem um parágrafo é mais
uma característica da redação do jornal, sobretudo online (Ibid.: 90).

Capítulo 3 - Jornalismo Mainstream no Tratamento da


Comunidade Negra
3.1. Uma Visão sobre o Panorama Noticioso Americano

A presença das notícias no quotidiano do ser humano é tão antiga quanto a


própria linguagem. Eram divulgadas de tribo em tribo, família em família, por líderes e
historiadores. A primeira notícia que se tem registo foi desenvolvida por Júlio César,
intitulada por Acta Diurna (latim para “eventos diários”), e publicada nos espaços
públicos e edifícios em Roma a 59 a.C. (Campbell et al., 2016, p. 271). Mais tarde, além
de informar os cidadãos sobre a relação com as outras tribos e vizinhanças, o
desenvolvimento da imprensa no século XV permitiu acelerar a capacidade da sociedade
em enviar e receber informações. Hoje, os jornais continuam a documentar a vida
quotidiana e a testemunhar eventos ordinários e extraordinários (Ibid.: 272).
O cenário jornalístico recente nos EUA foi marcado pela cobertura da pandemia
COVID-19 e as eleições presidenciais de 2020 que culminaram num acerto de contas
racial através de protestos no país e um ataque ao Capitólio entre apoiantes de Donald
Trump. O próprio consumo, interesse e confiança nas notícias sofreu uma redução em
2020, onde mais de 30,000 mil empregos no setor dos media foram perdidos. Já em
2021, foi reportado o encerramento superior a 60 redações locais. Estes declínios
aumentaram os pedidos de financiamento público para atribuir status a organizações
de notícias sem fins lucrativos e a criação de subsídios para suportar novos projetos
jornalísticos. No entanto, a situação não é apenas desfavorável, o The New York Times
conseguiu um recorde de 2,3 milhões de assinaturas digitais em 2020 e, pela primeira
vez, a receita digital ultrapassou a da impressa (Newman et al., 2021, p. 111).

36
Todavia, a morte de George Floyd, de 46 anos, provocada por quatro ex-polícias
de Minneapolis, atraiu milhões de indivíduos que se deslocaram às ruas de todo o país
para protestar, o que chamou a atenção do público jornalístico. A gravidade da situação
provocou mudanças nas próprias redações, destacando-se: o caso do editor da página
editorial do NYT, que renunciou o cargo após os protestos da equipa sobre uma coluna
do senador Tom Cotton de Arkansas, onde pedia para “enviar as tropas” contra os
manifestantes; e dos editores da Variety e Bon Appetit que abandonaram o cargo devido
à falta de diversidade nas redações. Os apelos por uma representação nas redações e
na cobertura de notícias permitiram o surgimento do The 19th*, uma agência de notícias
sem fins lucrativos racial comandada exclusivamente por mulheres (Ibid.: 111).
No que toca à confiança nas notícias, 44% acredita nos veículos que acompanha,
29% confia na sua generalidade, 22% crê nas notícias que aparecem numa pesquisa e
apenas 13% aceita como verdadeiro as notícias que vê nas redes sociais. A confiabilidade
nas marcas é outro aspeto a ser tomado em consideração quando 58% acredita nas
notícias locais e 20% não, destacando-se pelo o seu primeiro lugar. Já a CNN alcança o
sétimo lugar com 45% de confiança e 37% de desconfiança, o NYT em oitavo possui 44%
de confiança e 33% de receio e a Fox News com 35% de confiança e 46% de incerteza,
situa-se em décimo terceiro lugar (Ibid.: 112).
Academicamente, as dimensões raciais das notícias violentas receberam pouca
atenção até 1990. Estudos de Chicago, Los Angeles, Filadélfia e outros mercados em
todo o país começaram a documentar o crime e a violência racial que existia nos
noticiários da televisão local (Entman & Rojecki, 2000, p. 78). A representação da
comunidade negra com enfoque nos papéis criminais, transformava-a em símbolos de
ameaça (Ibid.: 81). A frequente associação ao crime, burla, violência e baixa
autodisciplina, ajudou a sustentar as ligações amplamente inconscientes que
orientavam o processamento de informações (Ibid.: 208).
A notícia, ao apresentar uma face que se compara desfavoravelmente com os
brancos, pode aumentar o medo destes a entrar nos bairros negros, uma vez que reduz
a sua simpatia pela comunidade (Ibid.: 209). Não obstante, o jornalista, ao cobrir
histórias sobre indivíduos negros, pode estar a selecionar exemplos ou protótipos que

37
representem a categoria “Negros” e sejam comparados com as imagens que os
indivíduos caucasianos possuem (Ibid.: 210).

3.2. O Jornalismo Mainstream Online e as suas Questões Raciais

Os mass media, no decorrer dos anos, sempre se inclinaram para apoiar o poder
dominante, apresentando ao público discursos altamente negativos e emocionais
através de imagens dos grupos minoritários (Luther et al., 2012, p. 322). As notícias, as
informações e o entretenimento transmitidos pela TV aos indivíduos no conforto das
suas casas, revolucionou a sociedade, no entanto, a Internet, ao tornar-se uma rede de
comunicação de massa completa na década de 1990, ofereceu um novo controlo sobre
o mundo da comunicação de cada pessoa (Hanson, 2019, p. 76). Agora, os membros da
audiência escolhem o conteúdo que irão consumir e quando (Ibid.: 78).
O jornalismo é uma instituição social que se aproveita das oportunidades
proporcionadas pelo ciberespaço (Hall, 2001, p. 206). Porém, todos os jornalistas devem
analisar os pontos fortes e fracos dos principais media. A imprensa física permite uma
entrega mais detalhada e várias versões de uma história, mas o espaço do jornal é
limitado, muitas vezes, pela quantidade de publicidade. O broadcasting (transmissão ao
vivo das notícias e as emoções de um evento) da televisão e rádio são efémeras, é fácil
perder informações e os horários de transmissão limitam o número de histórias que
podem ser cobertas. Já o jornalismo online oferece imediatismo, é interativo (senso de
ligação com o público) e possibilita um leque infinito de notícias, embora seja
contestável se isso é uma força ou fraqueza (Quinn & Lamble, 2008, p. 76).
As notícias móveis são, de facto, mais rápidas e interativas, o que facilita o
processo de alcançar o público mais jovem (Ibid.: 77). Há, efetivamente, em maior
quantidade, informações disponíveis na Internet comparativamente à rádio, televisão,
jornais impressos ou qualquer outro repositório de informações na história do mundo.
Ao lidar com o espaço virtual, cabe ao jornalista aumentar o seu grau de ceticismo,
averiguar os factos, confiar em fontes fiáveis e verificar a sua pesquisa (Ibid.: 88).

38
O gatekeeping ao ser definido como o “[...] processo global através do qual a
realidade social transmitida pela news media é construída” (Shoemaker et al., 2001, p.
233) e “[...] selecionar, escrever, editar, posicionar, programar, repetir e de outra forma
massagear informações para se tornarem notícias” (Shoemaker et al, 2008, p. 73), torna
o papel do jornalista como gatekeeper apoiado no acesso privilegiado dos profissionais
aos meios de produção e divulgação da informação – função prejudicada pelas
tecnologias dos média digitais que permitem aos utilizadores criar e distribuir
informações, segundo as suas observações ou opiniões (Singer et al., 2011, p. 15).
Desta forma, os websites jornalísticos decidiram apostar nas diversas formas de
participação dos utilizadores no acesso e observação da produção das notícias. O e-mail,
por exemplo, permitia que enviassem dicas de notícias ou sugestões de histórias. Era
uma ferramenta apreciada entre os leitores, principalmente durante grandes eventos
noticiosos. O método mais difundido no processo de produção de notícias, consistia no
envio de fotos e vídeos para os jornalistas (Ibid.: 19).
A produção de notícias multimédia online também possui benefícios financeiros
nas parcerias e fusões entre diferentes empresas que possibilitam, por exemplo, que a
NBC News divulgue notícias em três meios: televisão aberta, cabo e na Internet, através
da MSNBC (Hall, 2001, p. 43). Além disso, vários jornais permitem que os utilizadores
distribuam links de notícias nas suas plataformas digitais (Singer et al., 2011, p. 23).
Porém, existiu a necessidade por parte do mainstream em promover opções adicionais
para criar uma experiência de notícias mais pessoal e social. A participação da audiência
nos jornais online tornou-se cada vez mais uma prioridade das redações, onde se
incentiva a opinião dos utilizadores nas notícias daquele dia. Ferramentas como os
enquetes são mais simples e imediatos, e atraem grande volume de participação, uma
vez que a votação pode ser anónima e exige menos esforço do indivíduo (Ibid.: 24).
Os media, inclusive, o jornalismo mainstream online, favorecem uma visão
consensual de qualquer problema representa atitudes e experiências predominantes da
classe média, desqualificando um retrato genuíno da comunidade negra. Assim,
privilegiam os especialistas e testemunhas – os indivíduos negros são geralmente um
grupo externo, fora do consenso; refletem os pontos de vista organizados da maioria e

39
da minoria – os negros são relativamente desorganizados; são sensíveis aos modos de
vida da classe média – a comunidade negra pertence à classe trabalhadora qualificada e
semiqualificada; beneficiam o articulado – os negros são relativamente
incompreensíveis e a sua raiva e frustração conseguem ultrapassar os termos do debate
educado; defendem as instituições sagradas da sociedade – os negros que encontram
problemas nessas áreas de poder: emprego, discriminação pública, moradia, legislação
parlamentar, governo local, lei e ordem, polícia, etc. (Hall, 2021, p. 51).
O desenvolvimento de um conteúdo jornalístico deve garantir que o público
possa entender algo como a verdade e deixar de acreditar em inverdades verificáveis,
como a noção de que os negros executam mais de 60% dos crimes violentos nos Estados
Unidos. Existem factos pertinentes para as relações raciais, como estatísticas de crimes
e orçamentos de bem-estar, amplamente disponíveis – dados que os jornais
direcionados para as grandes massas devem ter em consideração (Entman & Rojecki,
2000, p. 214). No discurso noticioso, através da análise linguística, facilmente se
consegue identificar as formas diretas e indiretas de suposições discriminatórias quando
o crime ou a justiça criminal são relatados (Sentas, 2018, p. 364).
Por exemplo, as formas mais evidentes de racismo no jornalismo (impresso e
online) ocorrem quando a linguagem e os estereótipos difamatórios ou humilhantes são
utilizados para retratar um indivíduo ou grupo de indivíduos em virtude da sua origem
étnica ou racial e ligações a uma criminalidade (Ibid.: 361). Os textos jornalísticos servem
como uma fonte para a compreensão das “maneiras de ver” a raça e as formas pelas
quais estes racializam o crime. Maioria das abordagens críticas que invadem o discurso
noticioso estão ligados às teorias construtivistas sociais da raça como cultural e
historicamente estipulada (Ibid.: 364). Contudo, não existe uma estrutura universal ou
geral para o racismo, apenas “racismos” historicamente específicos (Hall, 2002, p. 56).
As notícias comunicam aos leitores muito pouco sobre as condições sociais e o
contexto estrutural da violência e do crime nas comunidades. Ao reforçar os
estereótipos negativos da comunidade negra, o jornalismo dá aos membros brancos
uma “vantagem de identidade” sobre os membros negros (Crichlow & Lauricella, 2018,
p. 311). Porém, o movimento #BlackLivesMatter, viu uma oportunidade de expor as suas

40
próprias definições e questões políticas através dos mass media como o jornalismo. A
capacidade que o jornalismo mainstream possui, permite enquadrar notícias
importantes para moldar a opinião pública e servir como base para o discurso público.
No entanto, as notícias demonstram, na sua predominância, uma cultura geral de
violência, com histórias de armas e gangues (Ibid.: 313).
As social media, especificamente o Twitter, também têm sido aproveitadas para
ampliar e promover o ativismo em todo o mundo, criando uma sincronia entre fazer
notícias e ser consumidor de notícias. O engajamento dos afro-americanos na rede
social, tornou-se uma oportunidade para que estes tenham um espaço onde possam
conversar e citar exemplos de racismo violento (Sanders, 2015, p. 120).
A aceitação universal das redes sociais como uma fonte de notícias válida só
pareceu chegar depois da eleição de Barack Obama como presidente em 2008, após
este recorrer às plataformas digitais para reunir a sua base de apoiantes, enquanto que
a maioria dos republicanos não conseguia envolver mulheres e eleitores de minorias de
maneira comparável. Aqui, entra a Fox News que se tornou o equivalente republicano
das redes sociais para as mulheres e indivíduos de cor – um veículo que detém um
público mais velho, masculino e branco (Ibid.: 127).
Enquanto que nos média tradicionais são as corporações que mandam no
conteúdo desenvolvido pelos jornalistas, no ciberespaço as coisas são um pouco mais
confusas. A Internet dá aos consumidores poder para escolher o que consumir mas,
ainda assim, os problemas que incomodavam o antigo sistema – mercantilismo,
consolidação e centralização – foram transferidos para a esfera digital (Ibid.: 127). A
brevidade é um enorme trunfo e um dano para o jornalismo mainstream online, onde a
simplificação excessiva de assuntos complicados como raça e género é descontrolada.
A inovação do digital acaba também por se tornar um perigo para que os discursos
noticiosos não ofereçam velhos estereótipos (Ibid.: 128).

41
Capítulo 4 – Estudo de Caso

4.1. O Assassinato de George Floyd

As imagens da câmara de segurança do restaurante Cup Foods e dos


espectadores presentes no local, divulgadas nos novos media e estendidas nos meios de
comunicação tradicionais, foram fatores que contribuíram para a magnitude mundial do
caso em análise. Deste modo, é importante uma contextualização de um acontecimento
que marcou a América e o mundo num momento pandémico provocado pela Covid-19.
Tudo começou às 19h57h quando dois funcionários do restaurante Cup Foods,
em Minneapolis, Minnesota, confrontam Floyd e os seus companheiros sobre uma
suposta nota falsa de 20 dólares que usou para comprar cigarros. Sem que a sua
devolução fosse feita, os funcionários decidiram chamar a polícia. Segundo a transcrição
do 911, um funcionário disse que Floyd estava “awfully drunk” e “not in control of
himself”. Rapidamente as autoridades chegaram ao local e os ex-polícias Thomas Lane
e J. Alexander Kueng aproximaram-se do SUV azul de Floyd (Arango et al. [ESD], 2022).
Segundos depois, Lane retirou a sua arma e mandou Floyd colocar as mãos no
volante, recolocou a arma no coldre e ambos puxaram-no para fora do carro,
algemando-lhe as mãos. Kueng levou-o até à parede do restaurante e, até aquele
momento, sabia-se que os ex-profissionais pensavam que estavam a lidar com um
indivíduo bêbado e fora do controlo. Porém, Floyd não reagiu violentamente e parecia
encontrar-se em perigo. Seis minutos após a sua apreensão, os dois polícias deslocaram-
se para o seu veículo com Floyd. À medida que se aproximavam do carro, Floyd caiu no
chão. Conforme as denúncias criminais apresentadas contra os polícias, o indivíduo
afirmou sofrer de claustrofobia, daí ter recusado entrar no veículo (ESD, 2022).
Nove minutos depois, chegaram ao local Tou Thao e Derek Chauvin (ambos com
registos de queixas passadas: Thao por atirar um homem ao chão e bater-lhe e Chauvin
por se ter envolvido em três tiroteios, um deles fatal). Chauvin juntou-se a Kueng para
colocar Floyd no carro, pois Kueng estava com dificuldades. Chauvin decidiu então tirá-
lo do banco traseiro e puxá-lo para a rua, nisto, duas testemunhas começaram a filmar.

42
Os quatro ex-polícias reuniram-se em torno de Floyd (deitado com a cara virada para o
chão), onde três aplicaram pressão no seu pescoço, tronco e pernas (ESD, 2022).
Neste cenário, decidiram transmitir por rádio um Código 2 (pedido de assistência
médica não emergencial, para uma lesão na boca de Floyd), que depressa se
transformou num Código 3 (pedido de assistência médica de emergência). Apesar dos
pedidos de ajuda médica, Chauvin manteve Floyd preso por mais sete minutos. Nos
vídeos dos espectadores, ouviu-se Floyd a dizer que não conseguia respirar: “I can’t
breathe”. Mas Chauvin não tirava o joelho – movimento proibido na maioria dos
departamentos policiais – mesmo quando Floyd pareceu ficar inconsciente (ESD, 2022).
Contudo, o Departamento de Polícia de Minneapolis, ao prestar declarações,
afirmou que se pode recorrer ao movimento quando alguém está “actively resisting”.
Vinte minutos após a sua apreensão, uma ambulância chegou ao local. Os técnicos de
emergência médica verificaram o pulso de Floyd e Chauvin manteve na mesma o joelho
no pescoço por quase mais dois minutos, retirando-o quando os técnicos o mandaram.
Esteve 8 minutos e 46 segundos nessa posição (ESD, 2022).
A ambulância saiu do local, mas Floyd entrou em paragem cardiorrespiratória e
acabou por ser declarado morto num hospital próximo, às 21:25h. A cidade rapidamente
demitiu os quatro ex-polícias e, como já referido, a revolta nas pessoas foi tão elevada
que levou a uma onda de protestos por toda a América contra a brutalidade policial e
um acerto de contas desde monumentos públicos a nomes de equipas desportivas. Foi
um movimento de justiça racial da mesma magnitude que o movimento dos direitos
cívicos da década de 1960, onde a Guarda Nacional foi ativada em 21 estados e as
cidades anunciaram toques de recolher enquanto os manifestantes enchiam as ruas
para manifestações que, por vezes, se tornaram destrutivas. Não obstante, a chamada
das autoridades foi criticada por responder aos protestos: recorreram ao uso de força,
gás lacrimogéneo, balas de borracha e apreensões em massa (ESD, 2022).
Chauvin, preso a 29 de maio de 2020, foi acusado de assassinato em segundo
grau, assassinato em terceiro grau e homicídio culposo em segundo grau. E, em junho
de 2021, considerado culpado de todas as três acusações e condenado a 22 anos e meio
de prisão, menos 30 anos do que os promotores de justiça pediram, mas muito mais do

43
que os seus advogados solicitaram: liberdade condicional e o tempo que já havia
cumprido (ESD, 2022). O próprio atual presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, elogiou
o veredicto num dos seus discursos nacionais, chamando-o de um passo “too rare” para
proporcionar “basic accountability” aos afro-americanos (Arango et al. [ESD], 2022).
Relativamente a Kueng, este foi condenado a três anos e Thao a três anos e meio
de cadeia, por duas acusações de violação dos direitos cívicos de Floyd, a 27 de julho de
2022 – assassinato não intencional em segundo grau e homicídio culposo em segundo
grau (Silva [ESD], 2022). Já Lane, a 18 de maio de 2022, tinha-se declarado culpado da
acusação de homicídio culposo em segundo grau e concordado com uma sentença de
três anos, à qual foi condenado a 21 de setembro de 2022 (Hutchinson [ESD], 2022).
A morte de Floyd resume muitas questões raciais no sistema de justiça criminal
americano. O estilo de apreensão utilizado pelo ex-polícia Chauvin, ajudou a realizar
uma viagem no tempo na história para perceber a similaridade com a execução que os
senhores dos escravos usavam para assassinar os indivíduos escravizados. A falta de
emoções positivas por parte do indivíduo e o seus colegas presentes no local, bem como
o afastamento de quem tentou intervir na situação, é uma lembrança das mesmas
emoções sentidas que caraterizavam o período de assassinato de escravos. Assim, igual
à era da escravidão (em que dificilmente se convencia um senhor a não matar um
escravo), os espectadores no local não conseguiram salvar Floyd (Iheme, 2021, p. 170).
Os protestos despertados com a sua morte colaboraram para o despertar de
flashbacks históricos sobre as rebeliões de escravos, após o assassinato de entes
queridos que foram, naturalmente, submetidos a força pesada e armas. Como foi o caso
do ex-presidente Donald Trump que propôs o uso da força militar para conter os
manifestantes negros que designou como “bandidos” e “saqueadores”. Ser negro na
América é então seguido por uma série de desvantagens e estereótipos negativos,
especialmente ao interagir com o sistema de justiça criminal (Ibid.: 170).
Porém, mesmo com a execução testemunhada ao vivo pelo mundo, o relatório
de autópsia concluiu que a doença cardíaca, a intoxicação por opioides (fentanil) e uso
recente de metanfetaminas contribuíram na sua morte – argumentos que poderiam
considerar Chauvin de ter matado Floyd intencionalmente. A maneira de como a sua

44
morte foi tratada (acusações usuais dos media e a atitude dos médicos legistas),
permitiu que os observadores imparciais reconsiderassem a solidez das desculpas
fornecidas pelos departamentos da polícia e os relatórios forenses dos médicos legistas
em assassinatos anteriores da comunidade negra, com a intenção de obter uma visão
mais clara dos eventos: por exemplo, perceber se existem interesses económicos e
políticos nas prisões e na detenção de pessoas negras (Ibid.: 163).

4.2. Objeto, Objetivos e Hipóteses de Investigação

O corpus teórico explorou uma breve abordagem das implicâncias em torno dos
estudos culturais, o papel preponderante dos meios de comunicação social na sociedade
contemporânea, mas sobretudo como o jornalismo mainstream online comporta-se
perante questões raciais, de forma a impedir a perpetuação de estereótipos e abordar
um assunto bastante visível nos dias que correm.
Afirmar que os media são um veículo essencial para a vida de qualquer indivíduo
é, mais do que nunca, uma alegação praticamente irrefutável e o jornalismo mainstream
online ao atingir as variadas massas, permite que as informações ligadas às camadas
raciais, contribuam para fortalecer ou transformar a opinião pública (Crichlow &
Lauricella, 2018, p. 313). Aliás, são os média que desenvolvem muitas vezes a
representação social do cidadão negro. O modo como os jornalistas constroem a peça
noticiosa pode motivar reações por parte dos leitores, comportamentos esses
fundamentados por factos credíveis ou repletos de ideias preconcebidas por parte dos
profissionais da redação (Sentas, 2018, p. 364).
Do ponto de vista técnico-metodológico, a investigação pretende focar-se
significativamente no assassinato de George Floyd, ocorrido a 25 de maio de 2020 em
Minneapolis (cidade em Minnesota, nos Estados Unidos), de acordo com três veículos
jornalísticos digitais: CNN International, The New York Times e Fox News. O afro-
americano foi acusado de ter pago um maço de tabaco com uma nota falsa de vinte
dólares. As unidades policiais ao chegarem ao local, algemaram-no e ao exprimir
dificuldade a respirar dentro do carro da polícia, estes retiraram-no do veículo e

45
colocaram-no no chão. Continuamente a manifestar a falta de ar, o ex-polícia Derek
Chauvin decide posicionar o joelho no seu pescoço por oito minutos e 46 segundos,
levando-o à sua morte. O sucedido tornou Floyd num símbolo representativo de um
racismo que afeta inúmeros cidadãos de ascendência africana (Hill et al. [ESD], 2021).
Após a divulgação do vídeo do ocorrido nos media digitais (sobretudo nas redes
sociais) e tradicionais, uma forte quantidade de protestos, comentários de revolta e,
mais tarde, mudanças legislativas, permitiram que este fosse um acontecimento de
assunto mundial durante muitos meses – uma cobertura mediática que até à finalização
do projeto, continuou a desenvolver conteúdos jornalísticos.
Logo, foi neste processo que surgiu toda a problemática para a investigação. A
importância em analisar como é que o jornalismo de massas cobriu o ataque policial,
associado às questões raciais de que os Estados Unidos sofrem, revela-se acrescida, num
contexto onde assistimos a múltiplos casos de violência e estereotipação pela sociedade
e pelos media a indivíduos com descendência africana. Posto isto, deseja-se, através das
matérias mais preponderantes ligadas à palavra-chave “George Floyd”, analisar as
publicações feitas em cada website jornalístico escolhido, de modo a perceber quais os
discursos utilizados e os conteúdos presentes nas três redações de enfoque online.
O racismo é um indicador de preconceito e discriminação que pode ou não ser
transmitido pelos media noticiosos, com base numa linguagem e estereótipos
degradantes para representar um indivíduo ou um grupo em virtude da sua origem
étnica ou racial (Sentas, 2018, p. 361), foi considerado o seguinte objetivo primário de
estudo: compreender como o jornalismo mainstream online desenvolve a comunidade
negra, aos olhos de um estudo de caso mediático e três websites de jornais norte-
americanos de grande acesso. É fulcral entender como estas três páginas redigiram e
selecionaram os assuntos referentes a George Floyd, e, consequentemente, à
comunidade afro-americana. Os objetivos inerentes ao objetivo primordial são então:
A) Averiguar indicações de racismo na cobertura do assassinato de George Floyd;
B) Perceber quais os temas e subtemas associados ao estudo de caso;
C) Verificar possíveis alterações dos pontos de vista na cobertura mediática;
D) Pesquisar a etnia e género de quem redigiu sobre Floyd;

46
E) Indicar o posicionamento dos jornais face ao assunto.
Depois da atribuição de um problema resolvível, a próxima etapa passa por
propor uma solução possível a partir de uma proposição que se manifestará verdadeira
ou falsa no final da investigação. A esta proposição atribui-se o nome de hipótese –
proposição testável que pode tornar-se a resposta do problema (Fonseca, 2012, p. 30).
Deste modo, destacam-se hipóteses relacionadas aos objetivos deste trabalho:
H1- Existem elementos discursivos utilizados pelos jornais online que apontam
para a perpetuação de uma conotação negativa da comunidade negra;
H2- O conteúdo publicado apela com frequência para o lado sensacionalista;
H3- Os meios de comunicação social procuram justificar os atos dos polícias;
H4- Grande parte dos jornalistas que cobrem o assunto são brancos.
Contudo, para aprimorar as questões referidas e responder à principal finalidade
da investigação, será desenvolvida uma grelha metodológica de análise de discurso e
conteúdo dos três veículos jornalísticos no online.

4.3. Metodologia

Construído o enquadramento teórico para que seja possível compreender com


maior claridade o fenómeno em investigação, neste capítulo serão desenvolvidas as
opções metodológicas pertinentes para determinar qual o modelo de análise do projeto.
No entanto, a sua elaboração teve como ponto de partida outros trabalhos de
cariz académico, aos quais se destacam a tese de doutoramento de Camila Craveiro da
Costa Campos e Queiroz: “Os estereótipos também envelhecem? Uma análise
descolonial das intersecções entre racismo, sexismo e idadismo, a partir das vivências
de migrantes brasileiras em Portugal” (2018); de Carla Alexandra Delgado Vieira: “O
envelhecimento na imprensa portuguesa: uma Visão genderizada dos idosos” (2018);
de Letícia Sarturi Isaia: “A revolução fashion: os blogs como instrumentos de
consolidação da identidade plus size” (2015); de Sandra Sá Couto: “O Presidente
Celebridade” (2019); e a investigação de Sara Vidal Maia, Maria Manuel Baptista e

47
Moisés de Lemos Martins: “Quando a análise de conteúdo “vai mais além”: análise de
textos escritos por mulheres n'O Ilhavense” (2017).
A magnitude da metodologia, “[...] conjunto de diretrizes que orientam a
investigação científica” (Lessard-Hébert, Goyette & Boutin, 1990, p. 15), é defendida por
Fonseca (2012, p. 14) como uma “[...] condição fundamental de seu amadurecimento
como personalidade científica. Quando o cientista segue um método específico,
promove o espírito crítico, capaz de realizar a autoconsciência do trajeto feito e por
fazer”. É “[...] uma disciplina instrumental ao serviço da pesquisa; nela, toda a questão
técnica implica uma discussão teórica” (Martins, 2004, p. 291). Já para Coutinho (2004,
p. 438) “[...] carregam em si mesmas, interesses que condicionam os resultados
procurados e encontrados, razão pela qual o investigador deverá procurar identificar os
interesses humanos que estão sempre por detrás das diferentes formas de investigar”.
Todas as pesquisas precisam obrigatoriamente de um método que estabeleça e
estruture a técnica apropriada a aplicar para “[...] selecionar as técnicas adequadas,
controlar a sua utilização, integrar os resultados parciais obtidos” (Almeida & Pinto,
1995, p. 92). Os métodos são as próprias práticas de investigação – retratam um certo
nível de domínio interno e formal à medida que as pesquisas se desenvolvem (Ibid.: 93).
Na investigação, quando uma teoria não se mostra adequada, é fundamental
explorar outra opção que seja antagónica com a anterior, de modo a solucionar o
problema que essa desenvolveu (Kuhn, 1962, p. 131). Portanto, as revoluções científicas
tornam-se necessárias para criar paradigmas constantes, uma vez que “[...] nos ensinam
coisas diferentes acerca da população do universo e sobre o comportamento dessa
população” (Ibid.: 137). Um paradigma serve para unir e validar a investigação nos
aspetos concetuais e metodológicos, funcionando como um reconhecimento do
investigador face à partilha de conhecimentos específicos e atitudes para determinar
problemas, recolher dados e interpretá-los (Coutinho, 2011, p. 10).

48
4.3.1. Amostra

A respeito do processo de desenvolvimento da amostra é preciso recolher um


certo número de documentos para, em seguida, se realizar “[...] uma arrumação, uma
operação de classificação, criando um olhar específico e tentando construir sentido
sobre um mundo que se apresenta sempre de maneira fragmentada” (Barbosa, 2020,
p.116). A investigação foi por isso alicerçada em publicações online que lidavam, direta
ou indiretamente, com a palavra-chave “George Floyd”.
Na amostra devem ser empregues os conceitos diversidade e saturação, pois
garantem a representatividade e a generalização da análise. A diversidade (externa ou
interna), permite que exista a heterogeneidade dos eventos em análise. A diversidade
externa implica a variação de indivíduos ou situações num contexto social que, neste
estudo de caso, ocorre com a seleção dos três veículos de comunicação para que a
amostra seja formada pela diversidade dos elementos. Porém, já a diversidade interna
propõe-se quando o investigador pretende “[...] explorar a diversidade de um conjunto
homogéneo de sujeitos ou situações” (Guerra, 2010, p. 41), ou seja, o foco passa pela
diversidade interna de um certo grupo ou acontecimento.
A saturação, por sua vez, entende-se que quanto maior for a diversidade dos
elementos, mais difícil será alcançá-la – ambos os conceitos se contrastam. O propósito
da saturação é revelar ao investigador quando deve parar de recolher dados, mas
também generalizar os resultados da pesquisa. Desta maneira, os dois conceitos
contribuíram para a definir a amostra do estudo: a amostra teórica (Ibid.: 41).
Todavia, a amostra teórica baseou-se igualmente nas quatro normas/regras que
Bardin (2011, p. 126-127) considera como centro da amostra qualitativa (empregue
igualmente na investigação): exaustividade, representatividade, homogeneidade e
pertinência. Por outras palavras, os dados utilizados derivaram de uma vasta pesquisa e
atenta seleção, que proporcionaram uma leitura/análise apropriada e representativa de
uma realidade característica de um contexto particular. Na regra da exaustividade, ao
ser definido o corpus (entrevistas de um inquérito, respostas de um questionário,
editoriais de um jornal em determinada data, etc.), é fulcral ter em conta todos os seus

49
elementos – “Em outras palavras, não se pode deixar de fora qualquer um dos
elementos por esta ou aquela razão [...] que não possa ser justificável no plano do rigor”.
Na regra da representatividade, a amostra só é rigorosa se uma parte for
representativa: “[...] os resultados obtidos para a amostra serão generalizados ao todo”
(Ibid.: 127). Já na regra da homogeneidade, “[...] os documentos retidos devem [...]
obedecer a critérios precisos de escolha e não apresentar demasiada singularidade fora
desses critérios” (Ibid.: 128). Enquanto que na regra de pertinência “[...] devem ser
adequados, enquanto fonte de informação, de modo a corresponderem ao objetivo que
suscita a análise” (Ibid.: 128).
Portanto, a amostra focou-se nos seguintes jornais online: CNN International,
NYT (assinada a subscrição para aceder a mais conteúdos) e Fox News. Pretendeu-se
estudar todas as publicações que envolvessem a palavra-chave “George Floyd” direta
ou indiretamente. Sendo estipulado o seguinte campo temporal: período de 26 de maio
de 2020 a 26 de maio de 2022 (data que assinala o início da cobertura do caso pelos
media e a data que determina os seus dois anos).
Deste modo, achou-se pertinente caracterizar sucintamente cada um dos jornais
escolhidos para se ter uma ideia prévia do que esperar na realização da coleta de dados.
Logo, a Cable News Network (CNN), fundada em 1980 por Richard E. “Ted” Turner III, foi
o primeiro serviço de cabo nos Estados Unidos em que as notícias passavam durante 24
horas, sete dias por semana (Vaughn, 2008, p. 75). É uma rede televisiva que se tornou
uma força dominadora na cobertura de notícias, principalmente de notícias
internacionais. O seu sucesso foi refletido na cobertura do desastre do vaivém espacial
Challenger em 1986, das demonstrações democráticas da Praça Tiananman na China em
1989 e a Guerra do Golfo em 1991 (Ibid.: 75).
Em 2003, mais de um mil milhões de indivíduos tinham acesso à CNN em todo o
mundo, o que permitiu o surgimento do “efeito CNN”, uma visão que com a exibição do
sofrimento humano em tempo real, criou pressão nos líderes dos Estados Unidos para
intervir em outras partes do mundo. A sua difusão ajudou a definir a agenda da política
externa dos Estados Unidos, destacando-se os protestos na praça em Pequim em 1989
e o assassinato de militares norte-americanos na Somália, em 1993 (Ibid.: 76).

50
Outra visão do “efeito CNN” argumentava que o canal de notícias a cabo
desempenhou um papel na determinação de uma esfera pública global e que os líderes
da maioria das nações tinham as mesmas fontes de informação e o mesmo meio de
discurso. Era mais um meio para a extensão do poder e da política americana do que
para a criação de agenda ou um fórum para uma diversidade de interesses e ideologias
nacionais (Ibid.: 76). No caso do NYT, fundado em 1851, no início do século XX, era visto
como um dos grandes jornais dos Estados Unidos (Emery, 1965, p. 522). Hoje, é uma
empresa privada em que a produção de notícias está fortemente ligada à componente
económica: “Commercial newspapers or media are produced to make money for the
owners (for example The New York Times) and provide not only all the news that fit to
be print, but news that readers want” (Lacy & Riffe, 2003, p. 257).
O prestígio do diário construiu-se na fidelidade do “facto”, que se diferencia pelo
o seu “interesse geral” na experiência coletiva de toda a comunidade e não pelo seu
apoio na experiência humana individual (como havia acontecido na imprensa popular).
O NYT defende um modelo informativo baseado no rigor e exatidão dos factos
(González, 1999, p. 98). Relativamente à Fox News, criada em 1996, os Estados Unidos
(e o mundo) desfrutam bastante do seu papel na vida política americana. Sabendo que
os media ideológicos não são novidade, a Fox não esconde a tendência para uma
imprensa partidária (Yglesias, 2018, p. 1).
A sua existência expõe uma viés conservadora e as qualidades de propaganda
explicam o sucesso da “claridade ideológica” que proporciona aos consumidores de
notícias clareza nas suas narrativas de marketing e programação (Brock & Rabin-Havt,
2012, p. 58). Por um lado, parece exercer uma espécie de órgão de propaganda para a
liderança do Partido Republicano, por outro serve como um jogador que tenta
influenciar a direção do partido (Yglesias, 2018, p. 1).
Este relacionamento próximo e duvidoso entre a Fox e o Partido Republicano
tornou-se mais nítido com a campanha de 2016 e ascensão de Donald Trump ao cargo
de presidente. O próprio é conhecido por ser um consumidor da Fox News e existem
relatórios de confiança que apontam para a tentativa de influenciar deliberações
internas na Fox (Ibid.: 1). Todavia, além de um ator político, é uma empresa de media

51
que funciona em par com a concorrência, pois decide imitar os padrões e práticas do
jornalismo americano (Ibid.: 2).
A escolha destes veículos noticiosos deveu-se à sua procura e influência online
pelos internautas em todo o mundo. Segundo o Digital News Report 2021, no solo
americano (foco da pesquisa), o acesso ao website da CNN encontra-se em primeiro
lugar, do The New York Times em terceiro e da Fox News em quarto (Newman et al.,
2021, p. 112). Assim, a tabela abaixo exibe a quantidade de publicações e o número de
palavras dos três jornais recolhidos para a amostra do projeto (Tabela 1).

Número de Publicações Número de Palavras


CNN International 5 5,913
The New York Times 5 7,148
Fox News 5 6,376
TOTAL 15 19,437
Tabela 1 – Identificação da Amostra.
Fonte: Elaboração própria.

Para a CNN International foram retiradas 5 publicações consideradas legitimas


para a investigação, que originaram um total de 5,913 palavras elegíveis para análise.
Para o The New York Times foram coletadas 5 publicações vistas como válidas para o
estudo, que resultaram num total de 7,148 palavras elegíveis para análise. Para a Fox
News foram reunidas 5 publicações apropriadas para a investigação, que se
converteram num total de 6,376 palavras convenientes para análise.
Decidida a composição amostral, foram desenvolvidas tabelas que serviram de
modelo para estruturar as informações/dados das análises de discurso e conteúdo.
Tabelas essas que, contendo os resultados levantados, só serão exibidas no próximo
capítulo (dedicado às análises). O próximo passo destinou-se a abordar os métodos de
investigação escolhidos para a composição metodológica.

52
4.3.2. Métodos Qualitativos e Quantitativos

Do ponto de vista técnico-metodológico, achou-se pertinente começar pelo


desenvolvimento do tipo de pesquisas optadas: a pesquisa de métodos mistos. Uma
abordagem da investigação que enquadra ou associa as formas qualitativas e
quantitativas (Creswell, 2010, p. 27). Neste sentido, um dos paradigmas utilizados na
investigação é o qualitativo (também denominado por interpretativo, hermenêutico,
naturalista ou construtivista). Empregue pela primeira vez na década de 60 e começado
a ver várias pesquisas na de 70, orienta-se por uma “[...] epistemologia subjetivista que
valoriza o papel do investigador/construtor do conhecimento, justificando-se por isso a
adoção de um quadro metodológico incompatível com as propostas do positivismo e
das novas versões do pós-positivismo” (Coutinho, 2011, p. 16).
Segundo Latorre, Rincón & Arnal (1996, p. 1): “[...] a metodologia construtivista
tem como objetivo descrever e interpretar os fenómenos sociais e está interessado no
estudo dos significados e intenções das ações humanas a partir da perspectiva dos
próprios agentes sociais”. Logo, o seu objetivo passa por descrever e interpretar os
fenómenos sociais, interessando-se pelo estudo dos significados e intenções das ações
humanas (Latorre et al., 1996, p. 2). O investigador propõe-se a participar, compreender
e interpretar as informações através de métodos como as entrevistas, observações,
questionários abertos, interpretação de expressão visual como fotografias e pinturas, e
estudos de caso – todos eles procedimentos interpretativos (Fonseca, 2012, p. 35).
Na contemporaneidade, os investigadores sociais e das humanidades assumem
a importância interpretativa dos métodos, recorrendo com regularidade a metodologias
qualitativas que “[...] são projetadas para explorar e avaliar coisas que não podem ser
facilmente resumidas numericamente” (Priest, 1996, p. 5). O próprio termo “pesquisa
qualitativa” está ligado a “[...] qualquer tipo de pesquisa que produza resultados não
alcançados através de procedimentos estatísticos ou de outros meios de quantificação”
(Strauss & Corbin, 2009, p. 23). Estes dados “[...] consistem em descrições detalhadas
de situações com o objetivo de compreender os indivíduos em seus próprios termos”

53
(Goldenberg, 2004, p.53). A ideia passa por retirar sentido ou interpretar significados
que os outros atribuem ao mundo (Creswell, 2010, p. 31).
O estudo de caso entra, desta forma, como uma estratégia de investigação, onde
o investigador analisa um programa, evento, atividade, processo ou um ou mais sujeitos.
Aqui, cabe ao indivíduo recolher informações detalhadas de um determinado período
prolongado de tempo (Ibid.: 38).
A investigação qualitativa pode ser apontada como um notável método de
seleção e análise de dados, todavia é de realçar que o uso deste estudo possui as suas
limitações interpretativas (Wimmer & Dominick, 1996, p. 146). Recolhe muitas críticas
por assumir o investigador como a única fonte de interpretação dos dados, pois pode
não obter a compreensão científica precisa para tal desempenho. Ao impingir a sua
subjetividade na hora de analisar os resultados, pode impedir a replica do estudo
elaborado, visto que outro investigador pode não considerar os mesmos aspetos do
investigador original. O essencial é seguir sempre o rigor científico ao longo da pesquisa
e a conformidade total com os objetivos preestabelecidos (Fonseca, 2012, p. 36).
No que diz respeito à pesquisa quantitativa, é um método que se fundamenta
nos dados mensuráveis das variáveis e que procura averiguar e explanar a sua presença,
relação ou influência sobre outra variável. Analisa igualmente a frequência de
ocorrência para medir a existência ou não de veracidade na investigação – é um
percurso que requer um número acrescido de participantes para que seja possível
desenvolver os dados (Ibid.: 36). Nesse sentido, a pesquisa de levantamento surge de
modo a possibilitar uma descrição quantitativa ou numérica de tendências, atitudes ou
opiniões de uma população, estudando a amostra da mesma (Creswell, 2010, p. 37).
Inclusive, foi, durante um longo período de tempo, o único método científico
“fiável”. Alicerçado ao paradigma positivista (em que a realidade só é possível ser
explicada através da objetividade e neutralidade da investigação, proporcionada pela
matemática), são visíveis duas consequências principais. Na primeira, o conhecer sugere
quantificar. O rigor científico confere-se pelo rigor das medições. Os atributos
intrínsecos do objecto são ignorados e passam a dominar as quantidades em que

54
hipoteticamente se podem traduzir. Na segunda, o método científico assenta na
diminuição da complexidade (Santos, 1987/2008, p. 27-28).
Em suma, os dois métodos, ao serem complementados, concebem resultados
que podem ser cruzados em diferentes etapas de outras pesquisas. Ou seja, dados
derivados de análises quantitativas podem colaborar com estudos qualitativos (Fonseca,
2012, p. 36). Sousa (2006, p. 660) afirma igualmente que “[...] para se chegar à
substância de um discurso, o mais útil é complementar a análise quantitativa com a
análise qualitativa”. Assim, os métodos mistos permitem ao investigador misturar dados
qualitativos e quantitativos para uma análise mais vasta da problemática em estudo,
coletando as duas formas de dados ao mesmo tempo (Creswell, 2010, p. 39).

4.3.3. Análise de Discurso (Método Qualitativo)

A análise de discurso, associada ao paradigma qualitativo, é um dos métodos


mais utilizados nas Ciências Humanas e Sociais, especialmente nas Ciências da
Comunicação. De maneira a desenvolver os textos publicados nos jornais, escolheu-se
esta metodologia – o método que se achou mais pertinente para a pesquisa produzida.
O discurso dos media relaciona-se com as interações que se dão nas suas plataformas,
sejam elas faladas ou escritas, onde este é direcionado ao leitor ou telespetador: “O
discurso dos media é uma forma de interação pública, manufaturada, e “on record”
(O’Keefe, 2011, p. 441). É precisamente por ser manufaturado que se considerou
relevante compreender como o discurso é construído.
No que toca a esta análise, existem inúmeros estilos que partilham de “[...] uma
rejeição da noção realista de que a linguagem é simplesmente um meio neutro de
refletir, ou descrever o mundo, e uma convicção da importância central do discurso na
construção da vida social” (Gill, 2002, p. 244). Pode dizer-se que pretende entender o
sentido da língua enquanto trabalho simbólico, fazendo esta parte do homem e da sua
história (Orlandi, 2013, p. 15). Por isso, a análise do discurso não atravessa o texto para
descobrir um sentido do outro lado, a questão que coloca é: “[...] como este texto
significa?” (Ibid.: 17) – não é "o quê" mas "como" (Ibid.: 18).

55
A fim de responder, não lida com os textos “[...] apenas como ilustração ou como
documento de algo que já está sabido em outro lugar e que o texto exemplifica” (Ibid.:
18). Gera sim “[...] um conhecimento a partir do próprio texto, porque o vê como tendo
uma materialidade simbólica própria e significativa, como tendo uma espessura
semântica: ela o concebe em sua discursividade” (Ibid.: 18). Já de acordo com Gee &
Handford “[...] o estudo dos significados que damos à linguagem e às ações que
utilizamos quando usamos a linguagem em contextos específicos” (2012, p. 1).
Pode ser também “[...] definida como o estudo da linguagem acima do nível de
uma frase, das formas como as frases combinadas criam um significado, uma coerência
e alcançam um propósito” (Ibid.: 1). No entanto, “[...] uma frase apenas pode ser
analisada como “comunicação” ou como uma “ação” e não apenas como uma estrutura
cujo “significado natural” deriva da natureza da gramática” (Ibid.: 1). A análise do
discurso tem como propósito “[...] desvelar a substância de um discurso entre o mar de
palavras” e mostrar que o enunciado tem “[...] inferências entre essa substância e o
contexto em que o discurso foi produzido” (Sousa, 2006, p. 660).
Ao ser feita a análise de um texto “[...] estamos a avaliar os vários significados de
um texto e a tentar compreender como as palavras, as imagens ou a linguagem falada
nos ajuda a criar as nossas realidades sociais” (Brennen, 2013, p. 194). São avaliadas
“[...] as forças, fraquezas, exatidão ou inexatidão dos textos, a análise qualitativa procura
as práticas sociais, representações, assunções e histórias acerca das nossas vidas que
são reveladas nos textos” (Ibid.: 194).
Não existe a procura do sentido verdadeiro “[...] através de uma "chave" de
interpretação. Não há esta chave, há método, há construção de um dispositivo teórico.
Não há uma verdade oculta atrás do texto”. Existem, porém, “[...] gestos de
interpretação que o constituem e que o analista, com seu dispositivo, deve ser capaz de
compreender” (Orlandi, 2013, p. 26). Os distintos processos de significação no texto
permitem ao leitor “[...] compreendê-lo enquanto objeto linguístico-histórico” e “[...]
explicitar como ele realiza a discursividade que o constitui” (Ibid.: 70).
Não obstante, as diferentes abordagens de análise de discurso são importantes
para uma melhor contextualização do método adequado para a investigação. Destacam-

56
se assim a visão de Michel Pêcheux, a Análise Foucaudiana de Discurso (AFD) e a análise
crítica do discurso. Fundada pelo filosófico na França no final da década de 60, Pêcheux
(1988, p. 60) começa por dizer que o sentido do texto “[...] não pertence à própria
palavra, não é dado em sua relação com a 'literalidade do significante'; ao contrário, é
cletenninaclo pelas posições ideológicas que estão em jogo no processo sócio-histórico
no qual as palavras, expressões e proposições são produzidas".
O discurso é feito “[...] a partir de condições de produção dadas”. Explica que um
deputado ao pertencer a um partido político que participa ativamente no governo ou
num partido de oposição é um “[...] porta-voz de tal ou tal grupo que representa tal ou
tal interesse”, ou seja, acaba por ser “[...] impossível analisar um discurso como um
texto”, pois fala-se de uma sequência linguística “[...] fechada sobre si mesma, mas que
é necessário referí-lo ao conjunto de discursos possíveis a partir de um estado definido
das condições de produção” (Pêcheux, 1993, p. 77-9).
A respeito da formação discursiva de Michel Foucault, a Análise Foucaudiana de
Discurso (AFD) é a análise “[...] das identidades e relações de poder com vista à mudança
pessoal e social” (Magalhães, 2011, p. 104). Preocupa-se com a linguagem e a sua
utilização, “[...] faz perguntas sobre a relação entre o discurso e como as pessoas
pensam ou sentem (subjetividade), o que elas podem fazer (práticas) e as condições
materiais nas quais tais experiências podem ocorrer” (Willig, 2003, p. 172). Na sua
execução, os investigadores podem trabalhar com qualquer sistema simbólico invés de
se dedicarem apenas na análise das palavras (Ibid.: 172).
Existem ainda os seguintes três modos de aplicar a AFD: desafio, treino e
empoderamento. O desafio porque tenta desvendar instituições sociais, como os media,
e consciencializar os seus intervenientes para a mudança social. O treino permite que os
indivíduos desenvolvam a construção pessoal de discursos que se foquem em ações de
resistência à vitimação, opressão e/ou marginalização (Magalhães, 2011, p. 111).
Por fim, a análise crítica do discurso (ACD), surgiu institucionalmente no início
dos anos 90. Enquanto que a análise de discurso dos anos 70 se focava no aspeto formal
da linguagem, a ACD vê a linguagem como um fenómeno social. Contudo, e dependendo
dos sujeitos, a noção de “crítico” advém ou da Escola de Frankfurt ou do criticismo

57
literário ou das teorias de Karl Marx: “Basicamente, “crítico” deve ser entendido como
tendo a devida distância dos dados que queremos observar, misturando esses dados
com a realidade social” (Wodak, 2001, p. 10).
Assim, estuda “[...] em primeiro lugar, o modo como o abuso do poder social, a
dominância e a desigualdade são postos em prática”, mas também a forma como “[...]
são reproduzidos e o modo como se lhes resiste, pelo texto e pela fala, no contexto
social e político...tem como objetivo oferecer “um modo” ou uma “perspetiva” diferente
de teorização, análise e aplicação através do campo completo” (Dijk, 2005, p. 19).
Na prática, a ACD lida com a relação entre o discurso e o poder, mais
especificamente o poder social de grupos e instituições, como é caso do discurso dos
media, que tem “um poder inegável”: “[...] é geralmente simbólico e persuasivo, no
sentido em que estes têm principalmente o potencial de controlar, até certo ponto, as
mentes dos leitores ou telespetadores, mas não o de controlar diretamente as suas
ações”. Os indivíduos mudam a maneira de pensar voluntariamente: “[...] não se
apercebem da natureza ou das implicações de tal controlo e quando “mudam as suas
mentes” de forma voluntária, como ocorre quando os relatos noticiosos como sendo
verdadeiros, ou as opiniões jornalísticas como sendo legítimas e corretas” (Ibid.: 75).
No que concerne aos procedimentos da análise de discurso: “A análise feita a
partir de etapas têm, como seu correlato, o percurso que nos faz passar do texto ao
discurso, no contato com o corpus, o material empírico” (Orlandi, 2013, p. 77). O
investigador deve determinar os objetivos dos enunciadores que aparecem no texto
“[...] fazendo um levantamento dos vocábulos, frases, etc. que indiciem esses objetivos”
(Sousa, 2004, p. 61). Algo possível devido à observação que permite perceber e expor
como funciona a “[...] máquina de fabricar sentido social, engajando-se em
interpretações cuja relatividade deverá aceitar e evidenciar” (Charaudeau, 2006, p. 29).
A pré-análise, a exploração do material e o tratamento dos resultados foram
então etapas consideradas na concessão do projeto. Na pré-análise, fase de
organização, estabeleceu-se qual o esquema de trabalho e na exploração do material
foram feitas as decisões tomadas na fase anterior. No tratamento dos resultados e
interpretação “[...] interessa ao pesquisador para além do conteúdo latente, o sentido

58
que se encontra por trás do imediatamente apreendido” (Godoy, 1995, p. 25). A
interpretação dos dados requer “[...] uma visão holística dos fenómenos analisados,
demonstrando que os fatos sociais sempre são complexos, históricos, estruturais e
dinâmicos. O enfoque da interpretação varia, podendo ser feito a partir de uma ênfase
sociológica, psicológica, política ou, até mesmo, filosófica” (Ibid.: 57).
O primeiro passo deve passar por entrar em contacto com a publicação e ver
nesse texto a sua discursividade, desconstruindo a ideia de que o que foi dito só poderia
sê-lo feito daquela maneira (Orlandi, 2013, p. 77). Os discursos observados ajudam a
perceber que certas palavras podem significar x ou y. No segundo passo, apoiado pelo
mecanismo parafrástico, é recomendado observar os efeitos metafóricos que consistem
em objetivar “[...] o modo de articulação entre estrutura e acontecimento” (Ibid.: 78).
O investigador deve “[...] individualizar, circunscrever e definir os itens que vai
analisar nos documentos que se propõe analisar” (Sousa, 2006, p. 679). Registar os
dados de cada documento, frase ou palavra para captar “[...] a emotividade dos títulos,
o recurso a figuras de estilo e outras modalidades de significação nos textos, a utilização
de linguagem de recorte literário” (Ibid.: 679). No campo do discurso jornalístico, é
importante definir os jornais a serem considerados, tal como “[...] as circunstâncias do
fenômeno que está a ser estudado e o conhecimento científico relevante para a
interpretação dos dados recolhidos durante a pesquisa” (Sousa, 2004, p. 5).
Feito o delineamento teórico que serviu como ponto de partida para a
investigação tangível, começou-se por selecionar as publicações online mais pertinentes
dos três jornais e a criação de grelhas que ajudaram no processo de estratificação dos
dados reunidos durante a leitura. De referir que todos os textos coletados foram
assinalados na respetiva categoria (processo melhor desenvolvido na análise de
conteúdo). Tenciona-se questionar os sentidos determinados nas várias formas de
produção do conteúdo, que encaminham os internautas para uma interpretação.
No tratamento e interpretação dos dados, e tendo em conta os “riscos
metodológicos” e os “desvios na aplicação”, pois podem levar a resultados erróneos, foi
fulcral descrever os eventos a partir da observação, classificação e categorização dos
elementos percebidos nos textos (Moreira, 2011, p. 275). Assim, e novamente, através

59
da análise de conteúdo, que permitiu expor as palavras mais vezes repetidas dos
veículos de comunicação em análise, foi possível compreender o significado de cada
palavra mediante as interpretações feitas aquando a leitura dos textos.
Contudo, é necessário esclarecer que após terminada a proposta qualitativa por
intermédio da análise de discurso dos três jornais online, os resultados não são
conclusivos. O propósito é mostrar como ocorreu a cobertura do assassinato de George
Floyd nos media mainstream online – quais as realidades discursivas dos três jornais
durante o período de análise definido para esta investigação.

4.3.4. Análise de Conteúdo (Método Quantitativo)

O método quantitativo foi marcado pela abordagem da análise de conteúdo que,


em termos conceituais, a análise do discurso quantitativa pode ser designada de análise
de conteúdo. Porém, e para uma fácil e rápida distinção entre ambas, foi decidido
estipular a análise do discurso como qualitativa e análise de conteúdo como
quantitativa. Relativamente ao seu campo metodológico é “[...] um conjunto de técnicas
de análise das comunicações” (Bardin, 2011, p. 37).
A análise de conteúdo visa atingir “[...] por procedimentos sistemáticos e
objectivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não)
que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de
produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens” (Ibid.: 48). Não obstante,
nesta análise foram considerados o método de dedução frequêncial e a análise por
categorias temáticas.
Enquanto que a dedução frequêncial pretende enumerar a ocorrência constante
do mesmo signo linguístico (palavra), a análise por categorias temáticas (prática mais
antiga e utilizada) tenta descobrir “[...] uma série de significações que o codificador
detecta por meio de indicadores que lhe estão ligados; “[...] codificar ou caracterizar um
segmento é colocá-lo em uma das classes de equivalências definidas, a partir das
significações”. É preciso que o investigador detenha qualidades psicológicas “[...] como

60
a fineza, a sensibilidade, a flexibilidade”, pois a categorização depende do seu
julgamento (Pêcheux, 1993, p. 65).
Para fazermos um estudo do código de um texto é então preciso, convenções -
o número total de palavras presentes ou "ocorrências"; o número total de palavras
diferentes ou "vocábulos". Esses vocábulos representam o vocabulário que o autor do
texto usa; e a relação ocorrências/vocábulos (ou O/V) que dá conta da riqueza (ou da
pobreza) do vocabulário que o autor da mensagem utilizou, uma vez que exibe o número
médio de repetições por vocábulo no texto (Ibid.: 82). Deste modo, as palavras foram
contabilizadas através da secção “Word Frequency Counter” do website WriteWords.
A tabela de palavras-chave foi outra ferramenta que auxiliou na procura dos
textos no espaço virtual. Usada para facilitar o processo de pesquisa, o uso da palavra
“George Floyd” revelou-se de extrema importância. Aplicada nos mecanismos de busca
dos jornais referidos na amostra, a ideia era que o filtro por palavras-chave favorecesse
no processo inicial de pesquisa para que posteriormente fosse realizada uma leitura
para perceber se os textos se enquadravam nos critérios metodológicos definidos.
Posto isto em prática, e após a leitura cuidada dos textos, iniciou-se o processo
de categorização: “[...] uma operação de classificação de elementos constitutivos de um
conjunto, por diferenciação e, seguidamente, por reagrupamento segundo o género
(analogia), com os critérios previamente definidos”. As categorias são consideradas
““[...] rubricas ou classes, que reúnem um grupo de elementos (unidades de registro, no
caso de análise de conteúdo) sob um título genérico, agrupamento esse efectuado em
razão dos caracteres comuns destes elementos” (Ibid.: 147).
Todavia, o critério de categorização pode ser semântico (categorias temáticas:
por exemplo, todos os temas que equivalem a ansiedade ficam agrupados na categoria
"ansiedade”), sintático (os verbos, os adjetivos), léxico (classificação das palavras de
acordo com o seu sentido, sinónimos e sentidos próximos) e expressivo (por exemplo,
categorias que classificam as várias perturbações da linguagem) (Ibid.: 147). As
categorias devem igualmente possuir as seguintes qualidades: a exclusão mútua – cada
elemento só pode existir em apenas uma divisão (Ibid.: 149); a homogeneidade – um
único princípio de classificação deve comandar a sua organização; e a pertinência – uma

61
categoria é considerada pertinente quando é compatível com o material de análise
selecionado, espelhando as intenções da investigação, as questões do investigador e/ou
estar em conformidade com as características das mensagens (Ibid.: 150);
A objetividade e a fidelidade – as partes divergentes de um material igual, “[...]
ao qual se aplica a mesma grade categorial”, precisam de ser codificadas da mesma
maneira, sobretudo quando subjugadas a muitas análises. As distorções derivadas da
subjetividade não acontecem se a seleção e definição das categorias forem bem
decididas; e a produtividade – um conjunto de categorias é fértil se proporcionar
resultados produtivos (Ibid.: 150).
Esta análise permitiu sintetizar os dados e categorizá-los, o que acabou por
facilitar o processo de interpretação. Assim, e com ajuda da tese de Vieira (2018),
retiraram-se e alteraram-se categorias que pareceram ser adequadas ao projeto: 1)
Descrição; 2) Tipo de Título; 3) Género Jornalístico; 4) Tema; 5) Espaço; 6) Fotografia,
Vídeo, Infografia, Gráficos; 7) Género e Etnia dos Redatores; 8) Tipo de Discurso.
Cada categoria seguiu os seguintes parâmetros: 1) Descrição – Data (dia, mês,
ano); 2) Tipo de Título – assunto de cada peça que foi subdividido por títulos nas
categorias: Informativo indicativo (apenas informativo com foco nas questões: Quem?
O Quê? Onde? e Quando?), Informativo explicativo (informativo, mas que explica certo
acontecimento, tem enfoque no Como?), Expressivo apelativo (através da linguagem
procura ser atrativo), Expressivo formal ou lúdico (através da linguagem poética expõe
os factos conhecidos e pretende despertar sensações ou dramatizar), Expressivo
interrogativo (coloca questões de modo a estabelecer uma relação com o leitor),
Categorial (indica a categoria ou tema sem sintetizar o assunto) e Declarativo (recorre a
uma afirmação de alguém envolvido na notícia).
3) Género Jornalístico (subdivide-se nas seguintes categorias) – Notícia,
Reportagem, Entrevista, Editorial, Fotolegenda, Crónica, Artigo, Comentário; 4) Tema
(subdivide-se nas seguintes categorias) – All CNN, Opinion, U.S., Fox News Flash, Crime;
5) Espaço (espaço em parágrafos que a peça ocupa) – Um a Três parágrafos, Três a seis
parágrafos, Seis a nove parágrafos, Mais de nove; 6) Fotografia, Vídeo, Infografia,
Gráficos – Informativo, Sensacionalista, Ilustrativo, Sem elemento visual; 7) Género e

62
Etnia dos Redatores – Homem Branco, Homem Negro, Mulher Branca, Mulher Negra,
Misto (protagonistas de género e/ou etnia diferentes), Não se aplica (ex: não
identificado na publicação), Pseudónimo sem género, Outro.
8) Tipo de Discurso (subdivide-se entre as seguintes categorias) –
Essencialmente positivo (discurso positivo e otimista, mas contém alguns aspetos
negativos); Essencialmente negativo (discurso negativo e pessimista no seu global, mas
contém alguns aspetos positivos), Sensacionalista (discurso que apela a exageros,
omissões propositadas de informações importantes e mentiras), Reivindicativo (cujo
conteúdo reivindica algo para o indivíduo negro ou em relação ao racismo), Informativo
(cujo conteúdo seja apenas informativo, contando os factos sem quaisquer
considerações acerca do assunto), Explicativo (cujo conteúdo passe por justificar factos
relacionados com o caso George Floyd).
Apesar disso, pretendeu-se ainda registar a quantidade mensal e anual das
publicações durante do período temporal estabelecido.

Capítulo 5 – Resultados Obtidos

Realizado o enquadramento metodológico, o capítulo em questão incidiu-se na


exploração e desenvolvimento das ideias delineadas anteriormente. Assim, de modo a
serem respondidas as perguntas traçadas, cada website de teor jornalístico foi separado
para se proceder com a sua análise de conteúdo e de discurso.

5.1. CNN International

Na cobertura da CNN Internacional, é necessário apontar que, em primeiro lugar,


serão expostos os dados quantitativos recolhidos e, posteriormente, os qualitativos,
mediante o desenrolar cronológico dos eventos. Todavia, todas as publicações
selecionadas podem ser encontradas no “Apêndice 1 – Amostra da CNN Internacional”.

63
5.1.1. Análise de Conteúdo

Neste método, começa-se por informar que na busca da palavra-chave “George


Floyd”, identificaram-se 3,425 publicações. A contabilizar de 27 de maio de 2020 a 31
de dezembro de 2020 foram lançadas 1,987 publicações. No ano seguinte, em 2021, e
tendo em conta os dozes meses, contaram-se 1,281 publicações. Já de 1 de janeiro de
2022 a 26 de maio de 2022, encontraram-se 157 resultados. Desse total, foram
observadas 24 publicações e selecionadas para a investigação 5 publicações, que
resumiram sucintamente todos os acontecimentos e criaram o retrato procurado da
comunidade negra (Gráfico 1).

3000
2000
1000 1987
1281 157
0
2020 2021 2022

Número de publicações sobre George Floyd

GRÁFICO 1 - Número de artigos sobre a palavra-chave “George Floyd” na CNN International.


Fonte: Elaboração própria.

Antes de proceder com a categorização das cinco publicações, através da tabela


desenvolvida por elaboração própria, é pertinente expor a quantidade mensal e os
assuntos mais abordados durante o período de dois anos na CNN. Deste modo, foi
possível observar que, em 2020, o mês com mais publicações foi o de junho com 1,033
conteúdos publicados (51,99%), onde se destacaram os seguintes temas: continuação
de críticas a Donald Trump face aos protetos de Floyd; protestos pacíficos e violentos
entre protestantes e a Guarda Nacional; as primeiras acusações oficiais dos 4 ex-polícias;
estátuas de teor racista começaram a ser removidas; e o caso Breonna Taylor ganhou
destaque (ver Tabela 2 no “Apêndice 1 – Amostra da CNN Internacional”).
Em 2021, destaca-se o mês de abril com 360 publicações (29,13%), devido à
continuidade do julgamento de Derek Chauvin; à morte de Daunte Wright pela polícia
em Minnesota; aos protestos gerados em nome de Wright; e ao veredito final de

64
Chauvin (ver Tabela 3 no “Apêndice 1 – Amostra da CNN Internacional”). Já no ano de
2022, o mês encarregue de publicar mais informações relacionadas com a palavra-chave
“George Floyd” foi o de fevereiro com 59 matérias (37,58%), das quais se ressaltaram o
julgamento dos três ex-polícias; a declaração de culpado de Derek Chauvin por violar os
direitos cívicos de George Floyd; e a condenação de dois anos de prisão de Kim Potter
pelo assassinato de Wright (ver Tabela 4 no “Apêndice 1 – Amostra da CNN
Internacional”). Na generalidade das publicações, foi assumida pela CNN uma posição
política democrata e feitas várias críticas ao ex-presidente Donald Trump, dado o seu
posicionamento face às manifestações por todo os Estados Unidos.
Independentemente de o falecimento de George Floyd ter ocorrido no dia 25 de
maio de 2020, é importante avisar que a CNN começou a sua cobertura online no dia 27
de maio de 2020, dois dias depois do sucedido. De acordo com os parâmetros que
estipulam e categorizam os géneros textuais de vários websites jornalísticos, como os
outros dois veículos de comunicação escolhidos, as publicações encontradas na barra
de pesquisa não estavam identificadas por diversas categorias. Assim, todo o conteúdo
recolhido inseriu-se em grande parte na categoria presente: “All CNN”, que
ocasionalmente identificava se aquela publicação era um vídeo (“VIDEO”) ou uma
galeria de imagens sobre determinado assunto (“GALLERY”).
Não identificava as categorias das notícias, o que impossibilitou uma melhor
organização das notícias publicadas. Outro fator menos positivo que pode ser apontado
é a sua desorganização, tanto no ponto referido anteriormente como também pela
mistura de notícias de 2020 com 2021, não possuindo uma boa ordem cronológica dos
eventos. No entanto, percebeu-se que os eventos marcados como 2021 nas publicações
davam seguimento aos eventos situados em 2020, só que dispunham de um mês e ano
diferentes. Foram, contudo, contabilizadas as datas registadas no website analisado.
Porém, na abertura das publicações foi possível identificar com pouca
frequência, ao lado do autor(a), os temas “Opinion” e “Analysis”. Ainda que os restantes
textos publicados procedessem com temas mais específicos e a sua categorização não
era mencionada, decidiu-se inseri-los por abrangerem a palavra-chave estudada e

65
contribuírem para o estudo. Logo, os dados associados aos cinco textos que constituem
o universo amostral da CNN Internacional são os seguintes (Tabela 5):

Categorias Resultados Percentual


27 de maio de 2020

13 de junho de 2020 3 60%


1.Descrição
9 de novembro de 2020

23 de março de 2021 1 20%

28 e abril de 2022 1 20%

Informativo indicativo 2 40%

Expressivo formal 1 20%


2. Tipo de Título
Expressivo interrogativo 1 20%

Declarativo 1 20%

3. Género Jornalístico Artigo 5 100%

4. Tema All CNN 4 80%


Opinion 1 20%
5. Espaço Mais de nove parágrafos 5 100%
6. Fotografia, Vídeo, Informativo 2 40%
Infografia, Gráficos Ilustrativo 3 60%
7. Género e Etnia dos Homem negro 1 20%
Redatores Misto 3 60%
Outro 1 20%
8. Tipo de Discurso Essencialmente negativo 1 20%
Reivindicativo 2 40%
Explicativo 2 40%
Tabela 5 – Dados quantitativos da CNN Internacional.
Fonte: Elaboração própria.

A amostra para o CNN, a nível temporal, foi composta por três publicações
divulgadas em 2020, uma em 2021 e outra em 2022. No que diz respeito ao tipo de

66
título, foram identificados dois informativos indicativos (“Minneapolis cops fired after
video shows one kneeling on neck of black man who later died”, “Chauvin trial witness
sums up what George Floyd means for Black people in America”), um expressivo formal
(“The race-related things that have changed since protests began around George Floyd's
death”), um expressivo interrogativo (“Black voters led America in the winning direction.
Now what?”) e um outro declarativo (“State probe after George Floyd's killing finds a
decade of 'discriminatory, race-based policing' in Minneapolis”).
Na sua composição textual, a amostra foi definida pelo género jornalístico artigo,
sendo possível perceber, com base na opinião dos redatores da CNN, o seu
posicionamento e pensamento em relação ao caso George Floyd e à comunidade negra
durante uma fase de contestação nos Estados Unidos. Além disso, todos os textos foram
acompanhados por vídeos informativos e imagens ilustrativas alusivas ao que era
abordado no conteúdo analisado. Relativamente ao género e etnia dos redatores, as
publicações em que os seus protagonistas eram mais do que um indivíduo na elaboração
da matéria foram as que mais se destacaram (três publicações), representando 60% da
amostra. Vale indicar que estavam sempre acompanhadas por um homem afro-
americano. Não obstante, um homem negro foi o único redator da publicação, enquanto
que num outro texto terá sido uma mulher de descendência latina a redigi-lo.
No tipo de discurso destacaram-se dois textos essencialmente reivindicativos (o
conteúdo reivindica algo para o indivíduo negro e remete para o racismo), dois
explicativos (o conteúdo passa por justificar factos relacionados com o caso George
Floyd) e um essencialmente negativo (discurso pessimista no seu global, mas contém
alguns aspetos positivos). Desta forma, as publicações analisadas sempre procuraram
trazer aos seus leitores dados e reforçar ideias sobre o assassinato de Floyd, e o que é
que a sua morte trouxe para a comunidade negra, mas também para o povo americano.
Todo o discurso das cinco publicações tentou expor uma realidade sem diminuir os
protagonistas da investigação (Floyd e a comunidade negra).
Por fim, e de forma simbólica, achou-se pertinente mencionar as palavras mais
correntes na amostra. Portanto, dentro das 5,913 palavras, destaca-se em primeiro
lugar a palavra “black”, referida 70 vezes (palavra empregue para discutir a comunidade

67
pertencente à amostra), logo de seguida a palavra “police”, o grupo culpado pelo
incidente que levou à morte de Floyd, com 69 repetições, em terceiro a palavra “Floyd”
(vítima da brutalidade policial) referenciada 44 vezes, no quarto lugar evidencia-se a
palavra “Minneapolis” (28 vezes), cidade onde ocorreu o crime, e em quinto a palavra
“people”, utilizada para indicar as pessoas de cor (evidenciada 25 vezes).
As restantes palavras (“vídeo”, “racial”, “racism”, “protests” e “white”) são
igualmente interessantes, pois fazem referência ao vídeo dos momentos antes da morte
de Floyd, às causas raciais debatidos nos textos, aos protestos por toda a América e à
comunidade branca que, segundo a amostra coletada, precisava de ganhar consciência
da brutalidade policial para com a comunidade negra (Tabela 6).

Palavra Frequência
black 70
police 69
floyd 44
officers 38
minneapolis 28
people 25
death 19
video 18
racial 15
racism 11
protests 11
white 13
Tabela 6 – Frequência de palavras na amostra da CNN International.
Fonte: Elaboração própria.

5.1.2. Análise de Discurso

Na análise de discurso é de referir que o tópico irá incidir-se na identificação,


transcrição e análise cronológica de cada um dos cinco textos selecionados no website
da CNN Internacional. Novamente, as publicações abordadas podem ser encontradas no
“Apêndice 1 – Amostra da CNN Internacional”.

68
O primeiro texto (“4 Minneapolis cops fired after video shows one kneeling on
neck of black man who later died”), foi publicado no dia 27 de maio de 2020, dois dias
após o falecimento de George Floyd e redigido por um homem latino, um homem negro
e uma mulher de descendência asiática (CNN Internacional, 27 de maio de 2020). É uma
publicação que se enquadra no género jornalístico artigo e utiliza um discurso
maioritariamente negativo – o título procura informar e o texto explicar o sucedido.
Aqui, o título não enuncia o nome da vítima, mas sim o seu tom de pele e género “black
man”. O que demonstra a falta de relevância que o nome George Floyd, até então, tinha.
Nos seus elementos visuais e audiovisuais ilustrativos destacam-se: um vídeo do
ex-polícia com o joelho no pescoço de Floyd, duas fotografias (do mayor de Minneapolis
Jacob Frey e do chefe da polícia de Minneapolis, Medaria Arradondo) e um tweet da
senadora Amy Klobuchar. Quanto à leitura e análise da notícia, foram feitas as seguintes
observações: o texto procura informar e explicar ao leitor o sucedido sem qualquer juízo
de valor, “Officers handcuffed the man, who "appeared to be suffering medical
distress””, “After several minutes of pleading with an officer pressing a knee to the back
of his neck”; evidenciar a ocorrência de um protesto devido à sua morte: “The death of
George Floyd, 46, drew hundreds of people to the streets of Minneapolis”;
E mostrar declarações de diferentes indivíduos dos órgãos públicos, como a do
chefe da polícia Arradondo: “The right decision for our community", do presidente
municipal Frey, "Being black in America […] should not be "a death sentence"”, da
senadora de Minnesota Klobuchar, "[...] yet another horrifying and gutwrenching
instance of an African American man dying.", e do advogado de direitos cívicos Benjamin
Crump, "This abusive, excessive and inhumane use of force cost the life of a man who
was being detained by the police for questioning about a non-violent charge".
A nível histórico, os comentários de Frey "Being black in America […] should not
be "a death sentence"” e Klobuchar "[...] yet another horrifying and gutwrenching
instance of an African American man dying", relacionam-se, dando enfase para uma
América em que os seus indivíduos afro-americanos não tratados em pé de igualdade.
O próximo texto, publicado a 23 de junho de 2020, intitulado por “The race-
related things that have changed since protests began around George Floyd's death” foi

69
redigido por dois indivíduos do género feminino (um norte-americano branco e outro
afro-americano) e, embora não seja categorizado pela CNN como artigo, o próprio texto
identifica o género jornalístico. Além disso, a produção textual é acompanhada por três
imagens ilustrativas: dois polícias de Minneapolis de costas, uma estátua de Cristóvão
Colombo decapitada em Boston e Hattie McDaniel na adaptação cinematográfica de
1939, "Gone With The Wind".
De teor reivindicativo, a publicação expôs algumas das mudanças provocadas
pela morte de Floyd, como o próprio título indica (CNN Internacional, 23 de junho de
2020). Na produção textual pode-se apontar mudanças no departamento da polícia:
“Minneapolis has banned the use of choke holds, as have Washington, DC, Chicago and
Denver”, “[...] Derek Chauvin and the other three officers involved were charged”, “[…]
investigation into the death of Breonna Taylor after local public pressure”.
Na vida pública: “Some city governments and universities are removing
monuments to Confederate leaders, slave owners or known racists”, “Walmart stops
selling guns and locking up black hair care product”, “Juneteenth a paid holiday […] an
official paid holiday for employees”. O artigo permite-nos concluir que a atitude
premeditada de Derek Chauvin tornou Floyd num símbolo de luta e resistência que
trouxe consigo ramificações positivas para uns e negativas para outros, dependendo do
ponto de vista do indivíduo. Consequências que a CNN exibe aos seus leitores como uma
conquista para a comunidade negra.
A seguinte publicação, lançada a 9 de novembro de 2020, pertence a um período
eleitoral entre Joe Biden e Donald Trump, onde Biden saiu vitorioso com o título de
“46th U.S. President”. Contudo, a sua conquista “pode” e “deve” ser um passo
importante para os indivíduos afro-americanos. Assim, trata-se de um texto opinativo,
acompanhado por um vídeo do discurso de Kamala Harris em Wilmington, redigido por
um indivíduo masculino negro que apresenta o seguinte título: “Black voters led America
in the winning direction. Now what?”. Além do seu título expressivo interrogativo, é um
texto que se destacou pelo seu discurso reivindicativo: “The election [...] now offers
America a once-in-a-generation opportunity to jump-start the process of confronting
systemic racism and renewing democracy” (CNN Internacional, 9 de novembro de 2020).

70
Inclusive, a vice-presidente fez história ao se tornar a primeira mulher e afro-
americana nesse cargo. Um passo na história do país e na comunidade negra que o autor
sublinhou como motivo para futuras mudanças: “[...] example of the power of
representation and the importance of Black women organizers, activists, thought
leaders and citizens”. Não obstante, referiu que a derrota do ex-presidente Donald
Trump não anulava a influência que os seus apoiantes mantêm na sociedade: “[...] the
battle for the soul of the Democratic Pary continues”, mas que o partido democrático,
por vezes, também ele “[...] loves Black votes without loving Black people”.
Acreditava que o povo americano encontrava-se num período de grandes
incertezas: “America started a long road toward a better future, but it's far from
guaranteed”. O texto termina com um pedido a Biden e Harris para que ouvisse e
aprendesse com a comunidade negra e agisse em conformidade com as suas
necessidades: “Now the nation and the Biden-Harris administration need to listen, learn
and take action”. Situado no ano de 2021, o quarto texto selecionado para análise
(publicado a 31 de março de 2021), foi publicado na época do julgamento de Derek
Chauvin, acusado de assassinar Floyd. Redigido por um elemento feminino latino da
CNN, a autora busca humanizar o indivíduo que Floyd foi para as pessoas mais próximas
de si, relacionando essas características com as informações transmitidas na sala do
tribunal (CNN Internacional, 31 de março de 2021).
A notícia “Chauvin trial witness sums up what George Floyd means for Black
people in America”, ao recorrer a um título que informa o leitor do possível significado
de Floyd para a comunidade negra e dezasseis curtos vídeos informativos que traçavam
o julgamento de Chauvin, explora, no decorrer de um discurso explicativo, que a visão
da testemunha Darnella Frazier (adolescente que filmou o assassinato de 2020) era, para
muitos, recíproca: “Her words were a reminder that Floyd represents the burden of
being Black in America”, afirmou a autora da peça. Desta forma, quando Frazier
testemunhou: “When I look at George Floyd,...I look at my dad”, a jornalista aproveitou-
se do seu depoimento, através do subtítulo: “He was a father”, para destacar o
comentário feito pela família de Floyd, em relação à sua filha: “[…] some of Floyd’s
relatives [...] said he is deeply missed by his daughter.

71
Ao testemunhar que vê igualmente os seus irmãos, “I look at my brothers”
(trecho do testemunho de Frazier), a autora relaciona o próprio irmão de Floyd,
Philonise Floyd, e aponta para o que a vítima de brutalidade policial representava para
ele: “He was a protector, he was someone who we can go to when we were in trouble
and in need of anything". Para finalizar, mostra o impacto de Floyd para alguns
elementos da comunidade negra: "Four black leaders among the largest 500 companies
in the United States said Floyd's death was “personal” and they could have just as easily
been Floyd”, “Experts said Floyd's killing also helped humanize Black people in the minds
of White people”, "[…] turned Black men into human beings for White people, and he
did that by calling out for his mother".
A última publicação selecionada (“State probe after George Floyd's killing finds a
decade of 'discriminatory, race-based policing' in Minneapolis”), recorreu a um título
declarativo (afirmação visível no texto) para captar a atenção do leitor. Na companhia
de uma imagem ilustrativa (ombro de um polícia no qual se presencia um emblema da
polícia de Minneapolis), é um artigo de teor essencialmente negativo no seu discurso,
em que os dois autores do texto (homem latino e um homem negro) exploram o lado
pessimista de se ser negro na América, mais concretamente, em Minneapolis (cidade
onde Floyd foi vítima dos atos policiais) (CNN Internacional, 28 de abril de 2022).
Em 2020, foi anunciado que seria feita uma investigação no departamento da
polícia de Minneapolis. Dois anos mais tarde, em 2022, trouxe consigo conclusões que
já seriam esperadas e vividas por uma grande parte dos indivíduos negros: um padrão
de "discriminatory, race-based policing". Mas não só, o relatório apresentou uma falta
de treino por parte dos agentes: “[...] flawed training which emphasized a paramilitary
approach to policing". Curiosamente, nos 19% da população, 78% das acusações de
2017 a 2020, envolvem indivíduos afro-americanos e seus os veículos: “Black residents
represent about 19% of the population yet 78% of all police searches from 2017 to 2020
involved Black residents and their vehicles”.
Os dados encontrados pelo relatório citado no texto, preocupam e conduzem a
um espírito de mudança por parte do presidente de Minneapolis, que afirmou na sua
declaração o seguinte: "We have a hell of a lot of work to do as a city. We have a hell of

72
a lot of work to do in this nation". Até porque logo depois da morte de Floyd, outro
indivíduo negro (Amir Locke) perdeu a sua vida pelas mãos da polícia de Minneapolis.

5.2. The New York Times

Relativamente ao levantamento dos dados no The New York Times, é de reforçar


que a análise de conteúdo e de discurso passarão a ser exibidas e que todos os textos
escolhidos estão organizados no “Apêndice 2 – Amostra do The New York Times”.

5.2.1. Análise de Conteúdo

No que concerne ao NYT, foram contabilizados 4,357 resultados ao procurar pela


palavra-chave “George Floyd” na barra de pesquisa fornecida pelo website. A cobertura
do jornal começou um dia após o seu falecimento (dia 26 de maio de 2020), sendo o
único da amostra a iniciar mais cedo a reportagem dos eventos e com base numa
explicação detalhada do ocorrido, que foi atualizada ao desenrolar dos eventos.
Deste jeito, de 26 de maio de 2020 a 31 de dezembro de 2020, foram redigidas
2,554 matérias que referiam direta e indiretamente o nome Floyd. Em seguimento,
apuraram-se 1,507 publicações durante o ano de 2021. E, no último ano de investigação,
de 1 de janeiro de 2022 a 26 de maio de 2022, foram achados 296 posts. Mediante os
18 textos ponderados, contabilizaram-se cinco publicações de foco diversificado no que
toca às ramificações positivas e negativas causadas pela morte Floyd (Gráfico 2).

4000

2000
2554
1507 296
0
2020 2021 2022

Número de publicações sobre George Floyd

GRÁFICO 2 - Número de artigos sobre a palavra-chave “George Floyd” no New York Times.
Fonte: Elaboração própria.

73
Apurado que o mês de junho de 2020 destacou-se pela maior cobertura de
eventos com 1,124 publicações (44,01%), apontaram-se temas como: a continuação dos
protestos por toda a América e mundo; os comentários negativos de Trump sobre os
protestantes e as críticas à sua atitude; o ataque policial e apreensão de jornalistas; a
retirada de estátuas de cariz racista; a acusação de assassinato em segundo grau de
Derek Chauvin; a comparação de Manuel Ellis com Floyd; o memorial e funeral de Floyd;
e o caso Breonna Taylor foi trazido à tona (ver Tabela 8 no “Apêndice 2 – Amostra do
The New York Times”).
No ano de 2021, as 442 matérias do mês de abril (29,33%), tornaram-no o mais
concorrido entre os restantes devido aos assuntos: o desenrolamento do julgamento de
Chauvin; a morte de Daunte Wright em Minneapolis durante o julgamento de Chauvin;
o encontro de Biden com a família de Floyd; e o veredito de Chauvin como culpado por
matar Floyd (ver Tabela 9 no “Apêndice 2 – Amostra do The New York Times”). No último
ano de análise, o mês de março de 2022 (88 publicações), com 29,73%, destacou-se pela
cobertura de eventos como: o júri de Colorado concede 14 milhões de dólares a
manifestantes feridos em protestos de Floyd; e o polícia associado a Breonna Taylor foi
absolvido de colocar em risco os vizinhos de Breonna numa operação (ver Tabela 10 no
“Apêndice 2 – Amostra do The New York Times”).
Além de ser o website da investigação com maior número de publicações, o NYT
foi muito vocal em relação às implicações negativas e positivas que o caso George Floyd
originou, esforçando-se para publicar inúmeras matérias sobre o assunto, de modo a
mostrar-se como um “aliado à causa” racial que deveria ser mudada. Entendeu-se, da
mesma forma, um posicionamento democrata e uma crítica às atitudes do 45º
presidente, Donald Trump, face ao seus comentários considerados “irresponsáveis” e
“perigosos” nas suas redes sociais relativamente aos protestantes.
Quanto às categorias mais abordadas, o NYT beneficiou de uma categorização
organizada, sendo fácil de identificar o grupo em que estavam inseridas as publicações.
Assim, serão identificadas as suas cinco categorias mais frequentes, bem como a
quantidade de conteúdos redigidos para as mesmas (Gráfico 3). Destacam-se: U.S.

74
(1,222 publicações), Politics (476 publicações), New York (355 publicações), Opinion
(337 publicações) e Briefing (226 publicações).
A categoria “U.S.” foi a líder das matérias produzidas para essa secção, devido à
localização geográfica do tema: Estados Unidos. Aqui eram visíveis os mais variados
assuntos, desde o desenvolvimento do caso Floyd, aos protestos por todo o país, às
estátuas retiradas à força pelos protestantes, ao acompanhamento do julgamento de
Chauvin, ao anúncio de vítimas provocadas pelas forças policiais pós e antecedente a
George Floyd, entre muitos. A categoria “Politics”, com 476 conteúdos, mostrou-se
posicionada em segundo lugar, isto porque, além das ramificações políticas provocadas
pela morte de Floyd (como a reforma da polícia para melhorar o seu treinamento e
assistência a crimes), foram as eleições presidências nos Estados Unidos (em 2020) e o
assunto George Floyd foi tópico tanto na campanha eleitoral de Joe Biden como na de
Donald Trump. Além disso, foi uma categoria recorrente para abordar os tweets e
posicionamentos “polémicos” de Trump face aos protestos.
A secção “New York” revelou-se em terceiro lugar por o NYT ser um jornal diário
sediado na cidade de Nova Iorque, o que acabou por ser natural uma maior cobertura.
Em penúltimo, observou-se a categoria “Opinion”, género predominante na amostra
qualitativa, que buscou reportar a situação do país ao longo dos anos de forma subjetiva
e particular, e consciencializar os seus leitores sobre temas que poderiam ser
desconhecidos por uma ampla camada de indivíduos americanos: como é o caso do
Juneteenth (feriado que pela sua relevância durante os eventos de Floyd, acabou por
ser oficializado pelo atual presidente dos EUA, Joe Biden, em feriado nacional no país).

1500
1000 1222
500
476 355 337 226
0
U.S. Politics New York Opinion Briefing

Número das categorias com mais publicações sobre a palavra-chave


“George Floyd

GRÁFICO 3 - Número das categorias com mais publicações sobre a palavra-chave “George Floyd” no
New York Times.
Fonte: Elaboração própria.

75
Não obstante, foi possível conferir que, de facto, nos anos de 2020 e 2021, a
categoria mais frequente foi a “U.S.”, tendo sido preparados 553 conteúdos em 2020 e
608 posts em 2021. Porém, o foco do NYT, em 2022, consistiu na cobertura de eventos
relacionados com a cidade natal do jornal, que mencionavam direta ou indiretamente
Floyd – a vandalização da estátua de Floyd em Manhattan, por exemplo (Tabela 7).

2020 2021 2022


• U.S. - 553 • U.S. - 608 • New York - 67
• Politics - 336 • Politics - 119 • U.S. - 61
• Opinion - 213 • Briefing - 105 • Briefing - 42
• New York - 203 • Opinion - 97 • Opinion - 27
• Briefing - 79 • New York - 85 • Politics - 21
Tabela 7 – Categorias mais frequentes durante o período de dois anos no The New York Times.
Fonte: Elaboração própria.

Terminada a abordagem geral dos dados e à sua categorização geral, foi possível,
mediante uma basta gama de publicações associadas à palavra “George Floyd”,
selecionar e especificar a amostra do The New York Times (Tabela 11).

Categorias Resultados Percentual


1 de junho de 2020 2 40%
3 de julho de 2020
1.Descrição 24 de abril de 2021 2 40%
24 de dezembro de 2021
16 de maio de 2022 1 20%
2. Tipo de Título Expressivo formal 5 100%

3. Género Jornalístico Artigo 5 100%

4. Tema U.S. 4 80%


Opinion 1 20%
5. Espaço Mais de nove parágrafos 5 100%
6. Fotografia, Vídeo, Informativo 1 80%
Infografia, Gráficos Ilustrativo 4 20%

76
7. Género e Etnia dos Homem negro 1 20%
Redatores Mulher Negra 1 20%
Misto 2 40%
Pseudónimo sem género 1 20%
Essencialmente negativo 1 20%
8. Tipo de Discurso Reivindicativo 2 40%
Informativo 2 40%
Tabela 11 – Dados quantitativos do The New York Times.
Fonte: Elaboração própria.

Os cinco textos dividem-se por duas datas referentes a 2020, outras duas
pertencentes a 2021 e uma relativa a 2022. Com este distanciamento temporal, foi
possível perceber os eventos iniciais, as suas ramificações e onde se situa num tempo
recente. Assim, estes procuraram por entre títulos expressivos formais, expor factos
que despertassem sensações aos seus leitores (“America’s Protests Won’t Stop Until
Police Brutality Does”, “Black Lives Matter May Be the Largest Movement in U.S.
History”, “How the Trial Over Floyd’s Death Flipped the Script for Black Victims”,
“Despite Uproar Over Floyd’s Death, the Number of Fatal Encounters With Police Hasn’t
Changed”, “Buffalo Shooting Highlights Rise of Hate Crimes Against Black Americans”).
A formação textual da amostra foi, na maioria, marcada pelo género jornalístico
artigo, o que permitiu, novamente, uma melhor compreensão do sentimento dos
autores mediante os acontecimentos no país. Não obstante, 80% das publicações eram
acompanhadas por imagens, em que uma das publicações optou pela imagem preto e
branco. Apesar disso, um dos textos não foi seguido pelas imagens ilustrativas, mas sim
auxiliado por gráficos ilustrativos que completavam a informação transmitida.
Em relação ao género e etnia dos redatores, assim como na amostragem da CNN,
também se confirmaram protagonistas eram mistos. Nas duas publicações apuradas,
numa constavam três indivíduos do género masculino (um branco, um de descendência
asiática e outro de descendência indiana) e na outra um homem e mulher caucasianos,
e um homem negro. Por fim, um dos textos foi desenvolvido por um pseudónimo sem
género, chamado de “The Editorial Board”. Um grupo de catorze jornalistas de opinião
composto por sete homens, um deles negro, e sete mulheres, duas delas negras.

77
O discurso escolhido pelos autores divide-se em dois textos reivindicativos
(conteúdo voltado para a reivindicação do indivíduo negro e em relação ao racismo),
duas publicações informativas (limitou-se a informar e transmitir os factos) e um texto
essencialmente negativo. Os textos considerados para a amostra manifestaram uma
similaridade com a CNN, no sentido em que ambas proporcionaram aos seus leitores,
conteúdos com opiniões fundamentadas em dados concretos. Expuseram o lado
positivo e negativo, e o lado a ser procurado para melhorar o sistema americano. E,
consequentemente, a qualidade de vida dos cidadãos americanos, neste caso, da
comunidade afro-americana.
Por último, foram escolhidas as palavras de maior interesse para a investigação.
Nas 7,148 palavras, tornando-se a amostra com maior número de vocábulos, foram
encontradas com maior periodicidade a palavra “police” 73 vezes (o grupo
responsabilizado pelo incidente da investigação), seguida por “floyd” com 51 repetições
(vítima mortal do projeto). Entretanto evidenciou-se a palavra “officers” com 42
repetições (sinónimo da palavra polícia e aplicada com o mesmo significado que
“police”), a palavra “black” com 40 palavras (empregue para discutir a comunidade), a
“protests” com 29 repetições (consequência da morte de Floyd), “chauvin” surgiu 27
vezes (autor principal do crime), “crimes” foi mencionada 26 vezes, a palavra “hate” foi
vista nos textos 24 vezes (emoção atribuída à comunidade negra americana), a palavra
“violence” com 21 repetições (referência à brutalidade policial), acompanhada pela
palavra “people” (comunidade afro-americana) que foi verificada 28 vezes. Não menos
importante, a palavra “murder” (ato ilegal provocado pela polícia americana) foi notada
20 vezes e a “white” 18 (comunidade privilegiada pelo sistema americano) (Tabela 12).

Palavra Frequência
police 73
floyd 51
officers 42
black 40
protests 29
people 28

78
chauvin 27
crimes 26
hate 24
violence 21
murder 20
white 18
Tabela 12 – Frequência de palavras na amostra do The New York Times.
Fonte: Elaboração própria.

5.2.2. Análise de Discurso

Antes de partir para a análise das publicações no NYT, é oportuno reforçar a ideia
de se trata de um método qualitativo em que é pretendido identificar, transcrever e
analisar de modo cronológico cada um dos cinco textos. Assim, as publicações
mencionadas podem ser vistas no “Apêndice 2 – Amostra do The New York Times”.
O primeiro texto eleito para estudo teve a sua publicação no dia 1 de junho de
2020, uma semana após o falecimento de George Floyd. Nele, foi explorado um assunto
que retomou a ganhar destaque com o assassinato de Floyd: a brutalidade policial.
Intitulado por “America’s Protests Won’t Stop Until Police Brutality Does”, este título
expressivo formal (expõe os factos conhecidos e pretende despertar sensações) na sua
composição possuiu um elemento visual: imagem ilustrativa preta e branca (estética
adotada muitas vezes no website) dos manifestantes a enfrentar a polícia de Nova
Iorque num protesto (The New York Times, 1 de junho de 2020).
Seguido por um discurso reivindicativo, o texto foi redigido por um pseudónimo
sem género, o The Editorial Board: grupo de catorze jornalistas de opinião cujos pontos
de vista passam pela experiência, pesquisa, debate e certos valores de longa data. No
que toca à sua etnia e género, no grupo identificam-se sete homens, um deles negro, e
sete mulheres, duas delas negras. Prestados os esclarecimentos iniciais, o foco da
produção textual pretende manifestar um crime vivenciado ao longo das gerações da
comunidade negra: “Black Americans brutalized or killed by law enforcement officers,
who rarely if ever face consequences for their actions”.

79
Floyd foi outro caso, mas que, diferente de muitos outros, trouxe consigo um
mediatismo inesperado. Era o exemplo mais recente e adequado para se discutir a
violência por parte das autoridades policiais. Porém, antes dele, identificaram-se outros
indivíduos no texto: “Breonna Taylor it was Laquan McDonald. And Eric Garner. And
Michael Brown. And Sandra Bland. And Tamir Rice. And Walter Scott. And Alton Sterling.
And Philando Castile. And Botham Jean. And Amadou Diallo”. Trata-se de mais uma
prova de que a própria constituição não protegia um dos valores do ser humano: “[...]
the right to life”. Ao identificar as necessidades dos manifestantes, “[…] a country where
bad cops are fired rather than coddled. […] where the police protect the right of their
fellow Americans to gather in public and seek redress for their grievances”, o texto acusa
os próprios polícias de provocarem os piores cenários: “[…] sometimes the police
themselves who make matters worse by instigating physical confrontations,
manhandling elderly people and pepper-spraying children”.
Finalmente, identificaram passos a serem considerados para que o país e os seus
cidadãos não vivessem com medo “[…] of those charged with serving and protecting
them”, dos quais se destacaram os seguintes: a implementação de políticas de uso da
força (“[…] police officers should be required to try de-escalation before resorting to the
use of force.”), a transparência por parte do departamento policial (“[…] getting rid of
provisions like Section 50-a of New York’s civil rights law, which prevents the release of
police personnel and disciplinary records and allows bad officers to continue abusing
their power with impunity”), a responsabilidade (“Police officers enjoy a web of
protections against the consequences of their behavior on the job. […] it is nearly
impossible for a plaintiff to get any justice”) e os contratos sindicais (“[…] powerful police
unions negotiate favorable contracts that shield the police from investigation […] Cities
are under no obligation to agree to these terms, and they shouldn’t”).
Intitulado por “Black Lives Matter May Be the Largest Movement in U.S. History”,
um título expressivo formal, o artigo publicado a 3 de julho de 2020 por três indivíduos
do género masculino (um branco, um de descendência asiática e outro de descendência
indiana), procurou informar os leitores, mediante “Four recent polls”, quatro infografias
e um vídeo informativo (timelapse de um protesto em Philadelphia onde participaram

80
80,000 mil pessoas), que possibilitaram uma leitura mais apelativa e fácil de
compreender, a dimensão que o movimento BLM atingiu com a morte de George Floyd:
“[…] about 15 million to 26 million people in the United States have participated in
demonstrations over the death of George Floyd and others in recent weeks” (The New
York Times, 3 de julho de 2020).
Tratava-se de um acontecimento histórico que o professor Neal Caren revelou
nunca ter presenciado em estudos anteriores: “I’ve never seen self-reports of protest
participation that high for a specific issue over such a short period”. Assim, e não tendo
um papel direto nos protestos, o BLM, além de se unir a organizações públicas como a
NFL e a NASCAR, “[…] provides materials, guidance and a framework for new activists”,
afirmou o Professor Woodly. Curiosamente, é apontado nas quatro pesquisas que 95%
dos condados que protestaram são na maioria compostos por indivíduos brancos: “[…]
nearly 95 percent of counties that had a protest recently are majority white, and nearly
three-quarters of the counties are more than 75 percent white”. Algo que o professor
Douglas McAdam rebate: “[…] were comparatively few, and certainly nothing like the
percentages we have seen taking part in recent weeks”.
Por fim, foram mencionadas as mudanças provocadas pelos protestos contra o
racismo e a violência policial num “pequeno período de tempo”. Em Minneapolis a
Câmara Municipal “[…] pledged to dismantle its police department”, em Nova Iorque
“[…] lawmakers repealed a law that kept police disciplinary records secret”, as cidades
e estados americanos “[…] passed new laws banning chokeholds” e em Mississippi “[…]
lawmakers voted to retire their state flag, which prominently includes a Confederate
battle emblem”. A terceira publicação, cujo título expressivo formal “How the Trial Over
Floyd’s Death Flipped the Script for Black Victims” teve a sua data de publicação no dia
24 de abril de 2021, foi um texto reivindicativo e opinativo escrito por três indivíduos:
um homem e uma mulher brancos e um homem negro.
É um texto composto pelas seguintes seis imagens ilustrativas: a celebração na
George Floyd Square após o ex-polícia Chauvin ser culpado pela morte de Floyd; Chauvin
algemado depois da leitura do veredicto de culpado no julgamento da morte de Floyd;
a jurada suplente Lisa Christensen a levar flores à George Floyd Square; um comício do

81
BLM em Kenosha; os manifestantes ajoelhados na homenagem a Philando Castile em
2020; e os manifestantes fora do Centro Governamental do Condado de Hennepin logo
após a Chauvin ser considerado culpado (The New York Times, 24 de abril de 2021).
Na publicação, os autores apontam para a importância do movimento BLM
durante o julgamento de Chauvin “[…] the presence of the Black Lives Matter
movement, which demands that all Black people be seen for their full humanity, was felt
throughout the proceedings”. E que o guião (“script”) mudou contra Chauvin. Enquanto
Floyd foi visto como uma “[…] three-dimensional character” que se mudou para
Minneapolis em busca de um “[...] fresh start”, Chauvin é caracterizado como uma figura
fria e distante, perseguido pelo vídeo onde se encontrava ajoelhado no pescoço de
Floyd: “[…] remained an aloof figure”. Não obstante, referem que os atos passados
considerados maus relativos às vítimas e acusados não devem ser permitidos no tribunal
para que os jurados não façam “[…] judgments based on past behavior”.
Porém, existem exceções que são retratadas na publicação como o próprio caso
de Floyd, onde o advogado de defesa de Chauvin, Eric J. Nelson, argumentou que
precisava expor as apreensões passadas e o consumo de drogas da vítima para exibir
um padrão comportamental da mesma “[…] he needed to present Mr. Floyd’s past
arrests to show a pattern of behavior. And evidence of Mr. Floyd’s drug use”. Algo que
foi rejeitado várias vezes pelo juiz Peter Cahill: “Judge Cahill rejected many of the
defense’s attempts to present evidence of Mr. Floyd’s drug use and past arrests”.
O uso de drogas e constantes apreensões da comunidade negra são, como foi
possível verificar no enquadramento teórico, um estereótipo associado ao indivíduo
negro. Assim, as intenções do advogado não são claras, mas achou-se apropriado fazer
este parêntesis. O penúltimo texto “Despite Uproar Over Floyd’s Death, the Number of
Fatal Encounters With Police Hasn’t Changed”, publicado a 24 de dezembro de 2021, é
um artigo que, por intermédio de título expressivo formal, focou-se num discurso
essencialmente negativo. Redigido por um homem branco, o texto foi acompanhado por
várias imagens ilustrativas: um memorial de homenagem às vítimas de violência policial
em Minneapolis, um protesto em abril relativo a Daunte Wright que faleceu nas mãos

82
da polícia, um memorial de homenagem a Breonna Taylor e um outro em homenagem
a George Floyd (The New York Times, 24 de dezembro de 2021).
O autor começou por reconhecer o impacto significativo do assassinato de Floyd
na sociedade americana, porém, no que diz respeito às questões de brutalidade policial
“[...] very little is different”. Ao comparar a condenação de Chauvin com a de Kimberly
Potter (culpado pela morte de Daunte Wright), que foi acusado de homicídio culposo,
afirmou que o tempo que o caso demorou a ser resolvido (“[...] a year and a half after
America’s summer of protest”) mostra que a responsabilidade dos polícias é instável, tal
como os protestos de Floyd não alteraram a taxa de mortalidade de vítimas pelas forças
policiais: “[...] accountability for officers who kill remains elusive and that the sheer
numbers of people killed in encounters with police have remained steady at an alarming
level”, “[...] The murder of Mr. Floyd [...] drew millions to the streets in protest and set
off a national reassessment on race [...] But on the core issues [...] — police violence and
accountability — very little has changed”.
Ao ser indicado que desde a morte de Floyd 1,646 indivíduos foram mortos pela
polícia, o autor vai fazendo referência a casos como de Daunte Wright, Breonna Taylor,
Adam Todelo e Fanta Bility, que têm algo em comum, a falta de justiça: “All of these
cases remain under investigation, and no charges have been filed against the officers
involved”. No que concerne ao último texto escolhido para analisar, este ao recorrer a
um título expressivo formal “Buffalo Shooting Highlights Rise of Hate Crimes Against
Black Americans”, exibe três imagens ilustrativas no seu corpus: uma mulher a orar na
Igreja Batista em Buffalo pelas vítimas do tiroteio no supermercado, uma marcha pelo
bairro de Buffalo e vários indivíduos a rezar no local onde Ahmaud Arbery foi morto na
Georgia, em 2020.
Desenvolvida por um indivíduo do género feminino afro-americano, a publicação
publicada a 16 de maio de 2022 identifica-se como um tipo de discurso informativo.
Logo, procura expor, recorrendo a dados concretos, o crescimento dos crimes de ódio
contra os afro-americanos a quase dois anos da morte de George Floyd (The New York
Times, 16 de maio de 2022). O seu ponto de partida foi então o tiroteio racista (“racist
slaughter”) numa mercearia em Buffalo que culminou na morte de dez indivíduos e

83
ferimento de três pelas mãos de um “[...] white 18-year-old armed [...] and a white
supremacist ideology embraced during the idle hours of the pandemic”, fazendo um
parêntesis com Floyd, pois independentemente da onda de ramificações positivas que
trouxe para a comunidade negra, nesse mesmo ano de 2020: “[...] the F.B.I. reported a
surge in hate crimes targeting African Americans”. Tratam-se de crimes de ódio
diretamente ligados à comunidade afro-americana: “About 64.9 percent of the 8,052
reported hate crime incidents that year were based on race, ethnicity or ancestry bias,
according to the F.B.I. [...] Black Americans made up more than half of the victims”.
Segundo a FBI, os especialistas acreditam que os crimes de ódio nunca pararam:
“About a third of the nation’s historically Black colleges and universities were targeted
with bomb threats this year”. Tema esse que voltou a ser discutido quando “[…] three
white Georgia men were convicted of federal hate crimes for chasing down and killing
Ahmaud Arbery because he was African American”.
Posto isto, a autora inseriu o tiroteio que motivou a redação da publicação, em
outros acontecimentos de índole racista: “[…] other racial violence born from white
supremacy, such as the massacres in a Black church in Charleston, S.C., a Pittsburgh
synagogue and a Walmart in El Paso where the shooting suspect complained of Hispanic
“invasion””, e focou-se na Jeannine Bell, professora e especialista em crimes de ódio,
que afirmou que estes crimes contra a comunidade negra foram uma reação face aos
protestos dados com a morte de Floyd: “[…] the recent rise in anti-Black hate crimes in
part to a backlash against the protests following the murder of George Floyd”. Protestos
que trouxeram consigo apoio de muitos, mas muita “raiva” de outros: “[…] anything that
angers white supremacists, it’s seeing African Americans being seen sympathetically”.

5.3. Fox News

Por fim, mas não menos importante no processo investigativo, a recolha e


desenvolvimento da amostra da Fox News, dividida por uma análise de conteúdo e
discurso dos acontecimentos, será agora exibida. De reforçar que todas as publicações
escolhidas podem ser visualizadas no “Apêndice 3 – Amostra da Fox News”.

84
5.3.1. Análise de Conteúdo

Tal como a CNN, a publicação de conteúdos relacionados com a palavra-chave


“George Floyd” só começou no dia 27 de maio de 2020, nos quais se revelaram 2,985
resultados. Por conseguinte, de 27 de maio de 2020 a 31 de dezembro desse ano, foram
registadas 2,355 publicações que indicam o nome do caso de estudo em investigação.
No ano de 2021 foram apuradas 564 matérias, enquanto que de janeiro a 26 de maio de
2022 redigiram-se 66 publicações. Contudo, dos 14 textos considerados, selecionaram-
se cinco para a amostragem (Gráfico 4).

3000

2000 2355
1000
564 66
0
2020 2021 2022

Número de publicações sobre George Floyd

GRÁFICO 4 - Número de artigos sobre a palavra-chave “George Floyd” na Fox News.


Fonte: Elaboração própria.

Na recolha dos dados, foi possível identificar que o mês de junho de 2020, com
1,677 publicações (71,21%), dispôs de uma maior quantidade de conteúdos ao noticiar
assuntos como: os ferimentos dos serviços secretos provocados pelos protestos na Casa
Branca; a destruição de cidades americanas causada pelos protestos ligados a Floyd; a
colaboração da polícia em marchas pacíficas; críticas a democratas de como lidaram com
os protestos nas suas cidades; as alegações de Donald Trump que acreditava ter feito o
Juneteenth famoso; e o apelo dos republicanos para se protegerem os monumentos
históricos das cidades americanas.
No entanto, no mesmo ano, é possível começar a entender que dos três
websites, a Fox News começa a publicar uma quantidade reduzida de assuntos
referentes à palavra-chave, algo que se evidenciou a partir do mês de setembro e foi
sempre diminuindo (50 posts: 2,12%) (ver Tabela 13 no “Apêndice 3 – Amostra da Fox

85
News”). Nos doze meses de 2021, destacou-se o abril pelas suas 240 publicações
(42,55%). Neste mês foram lançadas: críticas dos republicanos a Maxine Waters por a
congressista ter dito aos manifestantes para ficarem conflituosos mediante o veredito
de Chauvin; Chauvin é julgado pelo tribunal e considerado culpado de todas as
acusações na morte de Floyd; foi reportado que o júri atribuído no julgamento de
Chauvin sentiu uma grande pressão para chegar a um sentença considerada correta;
aumento dos protestos após veredito de Chauvin; e é coberto a história pessoal de
Chauvin (ver Tabela 14 no “Apêndice 3 – Amostra da Fox News”).
Por último, em 2022, o mês de fevereiro soma um número maior de publicações
(18 matérias que representam 27,27%), das quais se apontam temas como: o
julgamento dos três ex-polícias envolvidos no caso Floyd e o desfecho dos mesmo como
culpados de violar os direitos cívicos de Floyd (ver Tabela 15 no “Apêndice 3 – Amostra
da Fox News”). Diferenciada da CNN e do NYT, a Fox News distancia-se pelo seu foco em
dar voz aos ideais e representantes do partido republicano nas publicações observadas.
Além de enaltecer e justificar os comportamentos e atitudes do ex-presidente Donald
Trump em vários momentos, procurou glorificar e compreender o posicionamento das
forças armadas americanas (algo que será constatado na análise qualitativa da amostra).
Acerca das categorias privilegiadas, foi percebido que a Fox News indica as
secções em que se encontram inseridas as publicações retiradas. Deste modo, as
categorias George Floyd (625 publicações), Fox News Flash (397 publicações), Opinion
(178 publicações), Police And Law Enforcement (142 publicações) e Media (106
publicações), representam as cinco categorias às quais foram produzidos mais
conteúdos ao longo de dois anos (Gráfico 5). Em relação à categoria “George Floyd”,
principal segmento abordado pela Fox News, podem ser lidas publicações relativas ao
desenvolvimento do caso (divulgação do vídeo, detenção dos culpados, protestos,
homenagens, julgamentos), como também críticas aos protestantes, posicionamentos a
favor de Donald Trump e as suas atitudes polémicas, mas mais importante, pretendem
enaltecer as forças armadas e como elas são fulcrais para a prosperidade da América.
Entretanto, a “Fox News Flash” é uma categoria criada exclusivamente pela Fox,
de modo a promover notícias e opiniões específicas dos elementos que compõem a

86
companhia. Aqui, podem ser vistos depoimentos de apresentadores e comentadores
sobre os acontecimentos que foram decorrendo no auge do assassinato de Floyd. Na
“Opinion”, acaba por seguir a índole da “Fox News Flash”, mas enquanto que uma
reporta e comenta, a outra - “Opinion” - limita-se a comentar.
A “Police And Law Enforcement”, é uma categoria voltada para a polícia
americana, onde, ao contrário da CNN e NYT, focou-se em exibir um lado mais humano
e não um ataque constante aos profissionais, como afirmou que vários veículos de
comunicação o fizeram. Por fim, a atenção da “Media”, era voltada para cobrir assuntos
diversos como os outros meios de comunicação (como a CNN e o NYT) e política (críticas
entre republicanos e democratas).

700
600
500 625
400
300 397
200
100 178 142 106
0
George Floyd Fox News Flash Opinion Police And Law Media
Enforcement

Número das categorias com mais publicações sobre a palavra-chave “George Floyd

GRÁFICO 5 - Número das categorias com mais publicações sobre a palavra-chave “George Floyd” na Fox
News.
Fonte: Elaboração própria.

A tabela desenvolvida posteriormente, permite confirmar o posicionamento da


categoria “George Floyd” em primeiro lugar durante o período de análise definido na
metodologia, perceber que a cidade onde Floyd foi vítima (Minneapolis-ST. Paul)
substitui a categoria “Media” em 2021, mas igualmente a categoria “Fox News Flash”
em 2022. De mencionar que os conteúdos desenvolvidos que mencionavam Floyd,
foram perdendo interesse por parte da redação virtual da Fox (Tabela 16).

87
2020 2021 2022
• George Floyd - 431 • George Floyd - • George Floyd - 23
171
• Fox News Flash - • Opinion - 21 • Minneapolis-ST. Paul -
358 7
• Opinion - 156 • Police And Law • Crime - 4
Enforcement -
29
• Police And Law • Fox News Flash • Police And Law
Enforcement - 118 - 38 Enforcement - 3
• Media - 91 • Minneapolis- • Media - 3
ST. Paul – 50
Tabela 16 – Categorias mais frequentes durante o período de dois anos na Fox News.
Fonte: Elaboração própria.

Terminado o levantamento dos dados gerais discutidos, é pertinente passar à


categorização dos conteúdos reconhecidos como pertinentes para o projeto. Porém, a
insuficiente quantidade de publicações relativas ao ano de 2022 provocou a seleção de
textos publicados nos anos 2020 e 2021 (Tabela 17).

Categorias Resultados Percentual


31 de maio de 2020
3 de junho de 2020 3 60%
1.Descrição 31 de julho de 2020
29 de março de 2021 2 40%
21 de abril de 2021
Expressivo formal 2 40%
2. Tipo de Título
Expressivo apelativo 2 40%

Declarativo 1 20%

3. Género Jornalístico Artigo 4 80%

Notícia 1 40%

4. Tema Fox News Flash 1 20%


Crime 1 20%
Opinion 3 60%

88
5. Espaço Seis a nove parágrafos 1 10%
Mais de nove 4 80%
6. Fotografia, Vídeo, Informativo 5 100%
Infografia, Gráficos
7. Género e Etnia dos Homem branco 4 80%
Redatores Mulher Branca 1 20%
Sensacionalista 4 80%
8. Tipo de Discurso Informativo 1 20%
Tabela 17 – Dados quantitativos da Fox News.
Fonte: Elaboração própria.

Logo, os cinco textos partem de três datas relativas a 2020 e duas publicadas em
2021. Aqui, ressalta-se um título declarativo: “Jason Riley: Blanket media coverage
giving false impression that Floyd incident 'happens to black people every day'”; dois
títulos apelativos: “Tom Homan: Message to all the good cops out there – Americans
stand with you”, “Tucker Carlson: Derek Chauvin verdict seals devil's bargain between
America and BLM”; e dois “expressivo formal”: “David Limbaugh: George Floyd’s murder
was outrageous — but rioting, looting and violence must end”, “Tucker Carlson: Unsafe
cities, divisive mainstream media the real legacy of George Floyd's death”.
O corpus da amostra é predominantemente assinalado pelo género jornalístico
artigo (4 publicações), o que possibilitou uma abordagem contrária ao que foi visto pelos
outros dois veículos noticiosos em pesquisa (CNN e NYT), que será explorada na análise
do discurso. Todavia, uma notícia está presente na amostragem da Fox, mas que a sua
informação vai de encontro ao pensamento dos artigos. No que diz respeito aos
conteúdos visuais, todos os textos foram acompanhados por vídeos informativos
referentes ao assunto tratado.
Os textos são também eles assinados por uma mulher branca (que transmite a
opinião de um elemento negro da Fox News) e três homens. Contudo, duas publicações
são da autoria do mesmo autor do género masculino. Quanto ao discurso optado pelos
redatores, identificaram-se quatro matérias de cariz sensacionalista, onde os
responsáveis pela sua escrita expõem factos sem identificar fontes concretas, além de
ataques e ofensas diretas a manifestantes assumidos como “violentos” e até mesmo aos

89
democratas. E uma publicação informativa – a jornalista transmite a informação de um
colaborador da Fox News relativamente ao incidente de Floyd.
As matérias da amostra abordadas permitiram conhecer um ponto de vista
contrário àquele que foi visível tanto na CNN como no NYT, o que tornou a investigação
mais heterogénea. Nelas, as forças policiais são colocadas num patamar elevado e que
não devem ser prejudicadas por uma percentagem reduzida de brutalidade. E, que,
invés de trazerem consigo resultados positivos, os protestos provocados pela morte de
Floyd vieram destruir uma América que prosperava.
Antes de explorar a análise qualitativa da Fox News, podem ser apontadas as
palavras com mais repetições nos cinco textos. São 6,376 palavras das quais identificam-
se as seguintes por ordem de maior evidência: 31 vezes as palavras “george” e ”floyd”
(protagonista dos acontecimentos negativos na América), 39 vezes a palavra “people”
(atribuída maioritariamente para criticar ou vitimizar algum grupo de indivíduos), 27
vezes a palavra “police” (defendidos os seus valores e funções), 23 vezes a palavra
“country” (duplo significado: tanto é empregue para enaltecer como acusar a sua
destruição), 16 vezes as palavras “death” (morte de Floyd, morte do país, morte de
pessoas inocentes) e “chauvin” (indivíduo que deve ser condenado mediante e apenas
pelo sistema de justiça), 15 vezes a palavra “america” (reforça a ideia de que existe uma
tenacidade de patriotismo), 14 vezes a palavra “rioters” (utilizada com frequência para
recriminar indivíduos que decidem “destruir” o país americano) e 13 vezes as palavras
“protests” (culpados de prejudicar a América) e “blm” (movimento que sofre críticas
pelos autores dos textos) (Tabela 18).

Palavra Frequência
george 31
floyd 31
people 39
police 27
country 23
death 16
chauvin 16
america 15

90
rioters 14
protests 13
blm 13
Tabela 18 – Frequência de palavras na amostra da Fox News.
Fonte: Elaboração própria.

5.3.2. Análise de Discurso

Guiado pela identificação, transcrição e análise cronológica, todas as publicações


apuradas para o método qualitativo da amostra recolhida na Fox News, podem ser
confirmadas no “Apêndice 3 – Amostra da Fox News”.
A primeira matéria jornalística optou por seguir um título declarativo: “Jason
Riley: Blanket media coverage giving false impression that Floyd incident 'happens to
black people every day'”. Publicado a 31 de maio de 2020 e assinado por uma mulher
de etnia branca, é um texto informativo acompanhado por dois vídeos igualmente eles
com o intuito de informar os seus espectadores (a declaração de Jason Riley sobre os
protestos a nível nacional após a morte de Floyd e a presença de um veículo em chamas
causado pelos protestos em Philadelphia) (Fox News, 31 de maio de 2020).
Neste discurso informativo é importante referir, e ter em mente, que as
alegações de Riley são de um indivíduo negro que colabora com a Fox News. Além de
defender a aplicação de leis (Guarda Nacional) durante os protestos de Floyd, assume
que a "blanket media coverage" não representa o verdadeiro "police behavior" e o que
uma pessoa negra “[...] go through on a daily basis". Enquanto que órgãos de
comunicação como o próprio NYT e a CNN relacionavam o vídeo que provocou a morte
de Floyd à brutalidade policial nos Estados Unidos, Riley acreditava que o
comportamento do ex-polícia Chauvin no vídeo que levou à morte de Floyd, não
representava o que a comunidade negra passava diariamente na américa: "I don’t think
that what I saw is representative of either police behavior or what black people go
through on a daily basis".
O argumento utilizado para reforçar a ideia de que os media exageravam na
cobertura da realidade, foi dizer que a violência policial acontece com menos frequência

91
desde os anos de 1970: “[...] since the early 1970’s so these events happen less
frequently and yet because when they do happen they get more attention, people have
the opposite impression". Avisou igualmente que esta “[...] misrepresentation by the
media” poderia levar à morte de indivíduos inocentes. O texto termina com a sua
demonstração de preocupação face às consequências dos protestos, receando a
despreocupação da polícia para com a comunidade negra: “[...] these communities will
not get the policing that they need and they deserve going forward, and then you'll see
more black lives lost as a result".
O próximo texto, “Tom Homan: Message to all the good cops out there –
Americans stand with you”, tratou-se de um artigo de opinião redigido a 3 de junho de
2020 por um homem branco (Fox News, 3 de junho de 2020). Cujo o título apelativo é
complementado por um vídeo informativo na sua composição: a cobertura sobre a
negação dos protestantes de Nova Iorque em relação à hora de recolher.
Deste modo, e mediante um discurso sensacionalista, o autor iniciou o texto com
a sua indignação face ao vídeo de Floyd e afirmou que os responsáveis serão julgados
por um dos melhores sistemas de justiça do mundo: “[...] will be held accountable based
on the facts presented through a criminal justice system that is one of the best in the
world”. Continuou o seu raciocínio ao dizer que era a favor de protestos pacíficos e que
são necessários para uma mudança social, reforçando, pela segunda vez, que isso faz da
América “[...] one of the greatest in the world”. No entanto, criticou quem protestou
com violência “[...] it is just plain wrong”, alegando que conhece a diferença entre um
protestante e um criminoso devido à sua função na Immigration and Customs
Enforcement (ICE).
Ao recordar uma situação por si vivenciada num dos edifícios da ICE em
Washington, onde trabalhava, assume uma posição de vergonha, uma vez que
ocorreram protestos e o diretor na época não o deixou intervir: “I could not believe that
federal law enforcement officers were expected to hide inside the building during a legal
protest. What were we afraid of?”. Este comentário foi feito para a seguir dizer que
quando foi nomeado ao cargo de diretor da ICE, por Donald Trump, o modo de atuação
perante uma situação dessas não era a mesma: “I didn’t want our law enforcement

92
officers to fear any peaceful protest. We will not hide and we will not be victimized by
such demonstrations. It is America in action”.
Acredita que qualquer americano tem o direito a protestar, mas acha errado o
ódio exibido à polícia dos protestos, quando a sua função era proteger o interesse
comum da sociedade: “Spitting on them, calling them names, shoving them, or worse,
is not peaceful protest [...] They are standing there trying to keep the peace and do their
jobs”. Assim, segundo o autor, a polícia está do lado do cidadão americano: “They see
you trying to defend our communities, our lives and our property, and they stand
shoulder to shoulder with you in spirit”. E que os protestantes ditos “violentos” eram
“criminals” que estavam a destruir a América: “There is absolutely NO JUSTIFICATION
for rioting and these criminals need to be held accountable. They need to be arrested
and charged”, concordando com o até então atual presidente dos Estado Unidos Donald
Trump quanto à restauração da ordem americana: “I agree with President Trump that
we must restore law and order now with all legal means available”.
Para terminar a análise texto, expor que este disse haverem mais americanos
contra a violência dos protestantes do que propriamente manifestantes: “There may be
thousands of rioters out there but there are millions of Americans who are disgusted by
that behavior”; aponta para alguns casos de brutalidade contra a polícia por parte dos
protestantes: “[...] one federal guard has been killed in Oakland, and another critically
injured. [...] Numerous other police officers have been injured, as well as many Secret
Service agents”; e atribui a culpa dos protestos violentos aos políticos que pretendem
com isso, manchar a imagem do ex-presidente, Donald Trump: “I have said it many times
and I will continue to say it: They hate this president more than they love this country”.
A terceira publicação priorizada, lançada a 31 de julho de 2020, foi intitulada por:
“David Limbaugh: George Floyd’s murder was outrageous — but rioting, looting and
violence must end”. Seguida de um título expressivo formal, o texto foi acompanhado
por uma imagem do Republicano Jim Jordan com as duas mãos levantas pelos ombros.
Trata-se de um artigo de opinião de um homem branco que recorre a um discurso
sensacionalista (Fox News, 31 de junho de 2020). Posto isto, o autor começou por dizer
que não é justo condenar todos os polícias mediante uma ação cometida por uma

93
minoria das autoridades, que praticavam atos de violência contra a comunidade negra:
“It isn't fair to condemn all cops for the actions of a statistically small minority”.
Ao referir que não conheceu ninguém que tivesse contestado o “[...] horrible
video of the event”, inclusive o próprio Donald Trump que “[...] himself condemned it
within hours”, volta a reforçar a ideia de que não achava correta a condenação de todos
os agentes devido a uma atitude cometida por uma parte pequena dos agentes,
acrescentando que seria ridículo mudar a lei e ordem do país por sua causa: “But it is
not fair to condemn all cops for the actions of a statistically small minority. And it is
lunacy to dismantle law and order because of them”. Todavia, espera uma punição para
quem destabilizava os protestos: “I would hope, however, that we would have more
widespread condemnation of the rioters, looters and anarchists who have leveraged
racial tension to justify violence in American cities”, pois o objetivo desses indivíduos
era prejudicar o sistema americano: “It's obvious that the rioters don't seek racial justice
or harmony. They aim to overturn the American system”.
Ao recorrer a Vladimir Lenin para chamar os manifestantes de “rioters” e “useful
idiots”, o rumo do texto mudou. Se antes o autor estava focado apenas a criticar os
protestantes “violentos”, este passou a associá-los ao partido democrata. Descreveu-os
como indivíduos que não aceitavam que a sua visão fosse desafiada e que anulavam por
completo a ideologia conservadora das suas redes sociais: “Today's leftists, predictably,
share Marx's totalitarian mindset. [...] Their views are absolutely mandated. [...] A leftist
oligarchy suppresses conservative speech throughout its social media platforms. What
is worse than their censorship is what it reveals about their mindset”.
A publicação termina com a indicação de que o texto foi redigido por um
indivíduo republicano que culpa os democratas pela demolição do país: “Leftists here
regularly justify their totalitarian views and increasingly heinous acts by vilifying groups
and classes of people”, e que pretendiam destruir o sistema americano, sugerindo que
o partido não tinha as condições necessárias para liderar o povo norte-americano: “We
must get about the business of healing, but we'll make no progress as long as those
whose goal is unrest, upheaval and disharmony are in the driver's seat”.

94
O próximo artigo de opinião composto no dia 29 de março de 2021, recorreu a
um título expressivo formal, “Tucker Carlson: Unsafe cities, divisive mainstream media
the real legacy of George Floyd's death”, e foi escrito por um homem do género
caucasiano (Fox News, 29 de março de 2021). Na sua composição textual, a publicação
é acompanhada por dois vídeos de teor informativo (um segmento do programa
televisivo “Tucker Carlson Tonight” emitido na Fox News e apresentado pelo autor do
texto; e o local no qual Floyd foi apreendido pela polícia). Não obstante, o apresentador
utilizou um discurso sensacionalista para abordar o legado “pessimista” da vítima.
A nível histórico, o texto situou-se no decorrer do julgamento de Chauvin, em
que o autor começou por criticar a exaustiva cobertura do assunto, alegando que o
intuito seria gerar ódio e desunião: “If your job is to make Americans hate each other, if
your job is to divide the country (and that's how they see their job)”. A título
exemplificativo, recorreu à CNN para justificar o que disse anteriormente, “CNN spent
hours airing footage of prosecutors questioning one of the emergency dispatchers who
happened to be on duty the day that George Floyd died”. Segundo o autor, o objetivo
da emissora era exibir um falso interesse pela causa: “It's not about George Floyd,
obviously; […] no one on CNN actually cares about George Floyd now. What they care
about is you and your role in the systemic racism that supposedly killed George Floyd”.
Prosseguiu alegando que o julgamento de Chauvin já estava definido, pois a sua
absolvição só iria proporcionar mais tumultos e possíveis mortes: “If the Floyd trial ends
in acquittal, there could be riots. We accept that as a fact of life in this country. No
civilized country should, but suddenly we do. If there are riots, innocent people may
die”, voltando a proferir a CNN e o seu aproveitamento se hipoteticamente existissem
esses óbitos: “CNN will downplay those deaths or justify them as they did this summer
and as they have so many times before when those deaths are politically convenient”.
Além disso, criticou ironicamente a falta de posicionamento por parte dos
presidentes de câmara que nada fizeram, além de se esconderem nas suas residências,
“It's not the job of the mayor you hired to protect you and who sits barricaded in her
home, surrounded by a massive security detail you pay for as the city she's supposed to

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protect descends into chaos”. E, remata ao dizer aos leitores da publicação que se
encontravam abandonados nesta fase do país: “No, it's up to you. You're on your own”.
Assim, o caso Floyd, na visão do apresentador, trouxe consigo consequências
negativas, as quais apontou o aumento de tiroteios, roubos e furtos: “[...] carjackings
are up all over the city, [...] Shootings, robberies and theft are rising, too”; a redução do
orçamento policial: “[…] the D.C. City Council voted to cut $15 million from the police
budget”, “Chicago Mayor Lori Lightfoot mayor called for an $80 million reduction in the
police budget”; o aumento de homicídios dos cidadãos americanos: “Thousands of
Americans have been murdered thanks to the policy changes justified by the death of
that man”. Todos esses tumultos provocados pela morte de um único indivíduo: “This is
happening everywhere is we advance toward a full year of mourning the death of a
single man on the sidewalk in Minneapolis”, sublinhou.
De realçar ainda que existiu um agradecimento sarcástico ao movimento BLM,
atribuindo também a sua culpa relativamente à situação do país, que enquanto
financiada por organizações, as pessoas estavam a morrer: “BLM did this to us while the
people who are funding them were posturing about how great they are and how this is
going to make America more equitable. Poor people were paying the price with their
lives”. Escrita pelo mesmo autor, a última publicação possui o seguinte título apelativo
“Tucker Carlson: Derek Chauvin verdict seals devil's bargain between America and BLM”.
Publicado a 21 de abril de 2021, o texto é auxiliado por dois vídeos informativos (um
referente ao programa televisivo “Tucker Carlson Tonight” emitido na Fox News e
apresentado pelo o autor deste artigo; e outro que informa ao espectador o veredito
final do julgamento de Derek Chauvin) (Fox News, 21 de abril de 2021).
O texto, essencialmente sensacionalista, começou por informar que Chauvin foi
condenado por todas as acusações num julgamento que ultrapassou um mês. Um
julgamento que descreve como “[...] complex and technical”, que seria extremamente
complicado de não ser julgado devido à presença de tão fortes imagens: “[...] even if no
one outside the courtroom had ever seen that tape, it’s possible that Derek Chauvin still
would have been convicted. The tape is that powerful”. Nesse sentido, afirmou que
entidades políticas aproveitaram-se do vídeo para manipular e alterar a América: “[...]

96
Political actors harnessed the emotion over that video and Floyd’s death to control the
country and change it forever”.
Considerou ter sido um julgamento parcial, num país onde o sistema deveria ser
sempre imparcial: “[...] no matter how popular or unpopular a particular defendant
might be. It applies no matter what the alleged crime is”. No caso de Chauvin, o
apresentador deu a entender que houve intimidação do júri, o que ameaçou o resultado
final do julgamento, algo que num país civilizado como a América não era habitual
acontecer “[...] They don’t allow the threat of violence to influence the outcome of a
trial, ever. […] That would be the opposite of justice. That would be mob rule”, “America
used to strive hard to be like that”, completou.
Terminou este raciocínio ao culpar o atual presidente Joe Biden, o membro dos
representantes dos Estados Unidos, Maxine Waters e a própria cidade de Minneapolis
de ajudarem na falha do sistema jurídico do país: “[...] we saw the President of the
United States throw his backing behind Chauvin’s prosecution even as the jury in
Minneapolis was still deliberating the case”, “We saw one of the most powerful
members of Congress tell a group of angry people they should act out in violence if the
jury dared to acquit”, “We watched the city of Minneapolis concede responsibility for
the death of George Floyd right in the middle of the trial, before Chauvin’s lawyer could
even sum up his case”.
Em suma, acusou o movimento BLM de um período de violência e intimidação
em que Chauvin serviu como sacrifício do país: “After 11 months of mostly unrestrained
violence and intimidation from BLM, Americans decided to pay the ransom. They
understood Derek Chauvin as a sacrifice for the sins of a nation”. E atribuiu o julgamento
do ex-polícia como uma sentença para a história, cultura e sistema da América: “It’s not
just Chauvin, one cop from Minneapolis on the stand. It’s all of us — our history, our
culture, our system”.

97
Conclusão

Terminada a elaboração do projeto e realizada a análise de como o jornalismo


mainstream online desenvolveu a comunidade negra, em específico o assassinato de
George Floyd, tornou-se fundamental expor as conclusões retiradas.
No corpus teórico foi possível perceber que os estudos culturais permitiram o
desenvolvimento de trabalhos de cariz cultural e social, uma vertente de estudo
científica que pode ser escolhida por estudantes académicos, conforme se sucedeu
nesta dissertação. A importância do enquadramento teórico permitiu a fomentação do
diálogo entre toda a teoria e a prática que envolveram a problemática estabelecida
(Maia, 2016, p. 547). Através da abordagem de questões como a representação negra
nos media online, procurou-se compreender e responder a como este grupo de
indivíduos, ligados ao caso Floyd, foi tratado nos três websites jornalísticos.
Foi ainda possível perceber que os meios de comunicação social perpetuam qual
a representação do indivíduo negro na sociedade. A construção da peça noticiosa,
fundamentada por factos credíveis ou repleta de ideias preconcebidas, ao conseguir
causar reações nos leitores (Sentas, 2018, p. 364), pode reforçar os estereótipos
negativos associados a indivíduos negros (violentos, drogados, criminosos), oferecendo
aos membros brancos uma “vantagem de identidade”, como também enaltecer causas
e conquistas relativas à comunidade negra (Crichlow & Lauricella, 2018, p. 311).
Quanto às hipóteses traçadas na investigação, a primeira: “Existem elementos
discursivos utilizados pelos jornais online que apontam para a perpetuação de uma
conotação negativa da comunidade negra”, não existiu uma indicação direta, mas sim
tonalidades que podiam induzir para tal. Na amostra de publicações da Fox News, o
indivíduo negro estava sempre associado a algum assunto negativo e os protestos eram
vistos como destruidores da nação, quando o objetivo das manifestações eram mostrar
o descontentamento da população face à brutalidade policial afro-americana.
A segunda, “O conteúdo publicado apela com frequência para o lado
sensacionalista”, foi confirmada, novamente, pela Fox News que na sua composição
textual atacou diretamente os protestantes e os democratas pela destruição da nação.

98
Na amostra das 15 publicações, foi o único veículo de comunicação que com quatro
publicações recorreu a esse tipo de discurso – fundamentado essencialmente pela
opinião pessoal de quem redigia e assumida como verdade absoluta e incontestável.
Na terceira hipótese, “Os meios de comunicação social procuram justificar os
atos dos polícias”, apenas a Fox News procurou publicar conteúdos relacionados com a
temática. Além de dar voz aos ideais e representantes do partido republicano, existia
um sentimento de patriotismo patente na forma como glorificou e compreendeu o
posicionamento das forças armadas americanas. Contrariamente, a CNN (posição
política democrata), buscou oferecer dados e corroborar ideias sobre o assassinato de
Floyd. Todo o discurso da amostra mencionou uma realidade sem diminuir os
protagonistas da investigação (Floyd e a comunidade negra). Assim como a CNN, o The
New York Times, ligado a uma vertente democrata, esforçou-se para promover vários
conteúdos sobre o assunto, a fim de se mostrar como espécie de “aliado à causa” racial.
Ambos disponibilizaram matérias com opiniões apoiadas em dados concretos.
Na última hipótese, “Grande parte dos jornalistas que cobrem o assunto são
brancos”, foi deduzido que na totalidade da amostra, oito pessoas eram afro-
americanos. Porém, e excluindo as publicações da Fox News em que dos cinco textos,
todos os autores eram homens caucasianos, só uma publicação da CNN foi produzida
unicamente por um indivíduo negro, as restantes (NYT, incluída) eram acompanhadas
sempre por outro indivíduo de etnia e/ou género oposto.
As conclusões exibidas são resultado de uma análise preliminar do tema, uma
vez que a amostragem dos conteúdos jornalísticos examinados não era
quantitativamente extensa o necessário para obter resultados finais concretos e,
principalmente, porque se trata de um assassinato. É então natural, por exemplo, que
os membros da comunidade negra relacionados à palavra-chave “George Floyd” sejam
retratados, na sua generalidade, como vítimas. Para uma abordagem mais sólida, seria
favorável uma futura pesquisa que, além da análise do conteúdo e discurso,
considerasse materializações da reação do público – como comentários online redigidos
nas publicações, entrevistas ou inquéritos.

99
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108
Apêndices

Apêndice 1 – Amostra da CNN Internacional

Número total de publicações selecionadas: 5

Data: 27 de maio de 2020

Título: “4 Minneapolis cops fired after video shows one kneeling on neck of black man who later died”

Link: https://edition.cnn.com/2020/05/26/us/minneapolis-police-encounter-death-trnd/index.html

Data: 23 de junho de 2020

Título: “The race-related things that have changed since protests began around George Floyd's death”

Link: https://edition.cnn.com/2020/06/13/us/changes-from-protests-george-floyd-trnd/index.html

Data: 9 de novembro de 2020

Título: “Back voters led America in the winning direction. Now what?”

Link: https://edition.cnn.com/2020/11/09/opinions/black-voters-led-biden-harris-what-now-
joseph/index.html

Data: 31 de março de 2021

Título: “Chauvin trial witness sums up what George Floyd means for Black people in America”

Link: https://edition.cnn.com/2021/03/30/us/witness-derek-chauvin-trial/index.html

Data: 28 de abril de 2022

Título: “State probe after George Floyd's killing finds a decade of 'discriminatory, race-based policing' in
Minneapolis!”

Link: https://edition.cnn.com/2022/04/27/us/minneapolis-police-practices-investigation/index.html

109
2020 Publicações Assuntos Abordados
• Morte e causa de George Floyd;
maio 91 (4,58%) • Surgimento de protestos em prol de Floyd;
• Reação e crítica a Donald Trump face aos
protestos.
• Continuação de críticas a Donald Trump;
• Protestos pacíficos e violentos entre
protestantes e a Guarda Nacional;
junho 1,033 (51,99%) • As primeiras acusações oficiais dos 4 ex-polícias;
• Estátuas de teor racista começaram a ser
removidas;
• Caso Breonna Taylor ganhou destaque.
• Dois meses de protestos pacíficos e violentos;
• Destaque de vítimas da brutalidade policial;
julho 262 (13,19%) • Breonna Taylor e Freddie Gray;
• Família de Floyd abriu processo de direitos
cívicos com os quatro ex-polícias de Minneapolis.
• Anuncio de Kamala Harris como Vice-Presidente
de Joe Biden;
• Quarenta monumentos retirados após a morte
de George Floyd;
188 (9,46%)
agosto • Donald Trump foi reprimido pelo Twitter;
• Jacob Blake foi vítima morte a tiro pela polícia;
• Derek Chauvin pediu ao tribunal para não ser
acusado de assassino.
• Referência ao tiroteio e morte de Aaron J.;
setembro 171 (8,61%) • Breonna Taylor completou 6 meses desde a sua
morte;
• Oficializado o George Floyd Square.
• Retirada a acusação de assassinato em terceiro
outubro 110 (5,54%) grau contra o ex-polícia Derek Chauvin;
• Trump começou a desenvolver estratégia para
atrair a comunidade negra.
• Joe Biden foi eleito 46º presidente dos Estados
novembro 78 (3,93%) Unidos;

110
• Primeira vice-presidente negra, Kamala Harris
ganhou as eleições ao lado de Biden;
• Vandalização do busto de Breonna Taylor, em
Oakland.
• Primeiras especulações relativamente ao
dezembro 54 (2,72%) julgamento dos ex-polícias do caso George Floyd.

Tabela 2 – Dados de 2020 sobre a palavra-chave “George Floyd” na CNN International.


Fonte: Elaboração própria.

2021 Publicações Assuntos Abordados


• Caso Jacob Blake, baleado por polícia em
Wisconsin;
janeiro 84 (6,80%) • Invasão dos apoiantes de Trump ao Capitólio dos
Estados Unidos;
• Anunciado o julgamento separado de Chauvin
devido à Covid-19.
• Movimento BLM nomeado ao Nobel da Paz;
fevereiro 56 (4,53%) • Projeto de reforma da polícia nomeado “The
George Floyd Justice in Policing Act” em sua
homenagem;
• Desejo do Juneteenth como feriado nacional.
• Novamente atribuído assassinato em terceiro
grau a Chauvin;
• Lugar onde Floyd morreu, lembrado como local
março 293 (23,71%) sagrado;
• Pedido de adiamento do julgamento de Chauvin
negado;
• Inicia-se o julgamento de Chauvin.
• Continuação do julgamento de Derek Chauvin;
• Morte do afro-americano Duante Wright pela
polícia em Minnesota;
abril 360 (29,13%) • Protestos em nome de Wright;
• Chauvin culpado por matar Floyd;
• Anunciado o julgamento dos três ex-polícias para
agosto de 2021;
• Vandalização do mural de Floyd em Houston.

111
• Ocorrido tiroteio perto do local onde Floyd foi
morto;
maio 116 (9,39%) • Aniversário de um ano desde a morte de Floyd;
• Biden encontrou-se com a família de Floyd na
Casa Branca, para celebrar o primeiro aniversário
da sua morte.
• Pedido novo julgamento para Chauvin;
• Assassinato de Winston Boogie Smith Jr. Pela
polícia americana;
• Protestos gerados pela morte de Boogie Smith;
junho 103 (8,33%) • Atribuído prémio Pulitzer a Darnella Frazier que
filmou o assassinato de Floyd;
• Oficializado o dia 19 de junho (Juneteenth) como
feriado nacional;
• Inaugurada estátua de Floyd em nova York;
• Chauvin é sentenciado a 22,5 anos de prisão.
• Mural em Ohio de Floyd colapsou;
julho 42 (3,40%) • Minneapolis decide se substitui o departamento
da polícia por um departamento de segurança
pública.
• Ex-polícias envolvidos no caso George Floyd
agosto acusados de violar os seus direitos cívicos.
18 (1,46%)
• Ex-polícias acusados de violar os direitos cívicos
de George Floyd, declararam-se como inocentes;
setembro 39 (3,16%) • Estrangulamentos por oficiais são banidos;
• Biden criticou os republicanos do Senado após as
negociações sobre a reforma policial terminarem
sem acordo.
• Conselho do Texas votou em unanimidade para
recomendar perdão a título póstumo a Floyd
sobre condenação por drogas em 2004;
outubro 47 (3,80%) • Busto de Floyd em Nova Iorque vandalizado;
• Julgamento do caso Ahmaud Arbery deu início;
• Jurados de Chauvin relembraram a experiência
traumática do julgamento.

112
• Arrependimento pela retirada de fundos da
polícia por parte dos partidos políticos;
novembro 45 (3,64%) • Anunciado o pagamento de 15 milhões de
dólares à família de Elijah McClain, que faleceu
em 2019, após os seus assassinos serem
acusados pelo tribunal.

dezembro 33 (2,67%) • Kim Potter foi acusada de matar Daunte Wright.

Tabela 3 – Dados de 2021 sobre a palavra-chave “George Floyd” na CNN International.


Fonte: Elaboração própria.

2022 Publicações Assuntos Abordados


• Sobrinha de 4 anos de Floyd foi atingida em
tiroteio;
• Advogados pedem para adiar o julgamento dos 3
janeiro 30 (19,11%) ex-polícias;
• Assassino de Ahmaud Arbery sentenciados a 25
anos de prisão;
• Iniciado o julgamento dos 3 ex-polícias.
• Referência aos 73 monumentos removidos
desde os protestos de Floyd 73 em 2021;
• Juiz aprovou acordo em Minnesota que impede
as autoridades policiais de prender ou ameaçar
jornalistas;
• Os três ex-polícias são culpados por violar os
fevereiro 59 (37,58%) direitos cívicos de George Floyd;
• Ex-polícia Tou Thao testemunha que o uso do
joelho para conter suspeito foi ensinado na
formação policial;
• Derek Chauvin declara-se culpado no tribunal
por violar os direitos cívicos de George Floyd;
• Ex-polícia Kim Potter foi condenada a 2 anos de
prisão pelo assassinato de Daunte Wright.
• Brett Hankison, ex-polícia, dissolvido das
março 22 (14,01%) acusações de ter colocado em perigo os vizinhos
de Breonna Taylor em um ataque fracassado;

113
• Júri de Denver concedeu 14 milhões de dólares a
manifestantes feridos nos protestos de Floyd.
• Os três ex-polícias acusados pela morte de
George Floyd rejeitaram o acordo judicial;
abril 22 (14,01%) • Chauvin pediu ao Tribunal de Apelações que
anulasse a sua condenação pelo assassinato de
Floyd.
• Juiz federal aceitou o acordo judicial e Chauvin
maio 24 (15,29%) para condená-lo a 20/25 anos.
• Estudantes de ensino médio em Georgia entram
com ação civil alegando discriminação racial por
parte da escola e do distrito.
Tabela 4 – Dados de 2022 sobre a palavra-chave “George Floyd” na CNN International.
Fonte: Elaboração própria.

Apêndice 2 – Amostra do The New York Times

Número total de publicações selecionadas: 5

Data: 1 de junho 2020

Título: “America’s Protests Won’t Stop Until Police Brutality Does”

Link: https://www.nytimes.com/2020/06/01/opinion/george-floyd-protest-
police.html?searchResultPosition=64

Data: 3 de julho de 2020

Título: “Black Lives Matter May Be the Largest Movement in U.S. History”

Link: https://www.nytimes.com/interactive/2020/07/03/us/george-floyd-protests-crowd-
size.html?searchResultPosition=347

114
Data: 24 de abril de 2021

Título: “How the Trial Over Floyd’s Death Flipped the Script for Black Victims”

Link: https://www.nytimes.com/2021/04/24/us/george-floyd-black-
victims.html?searchResultPosition=801

Data: 27 de dezembro de 2021

Título: "Despite Uproar Over Floyd’s Death, the Number of Fatal Encounters With Police Hasn’t Changed"

Link: https://www.nytimes.com/2021/12/24/us/police-killings-
accountability.html?searchResultPosition=739

Data: 16 de maio de 2022

Título: “Buffalo Shooting Highlights Rise of Hate Crimes Against Black Americans”

Link: https://www.nytimes.com/2022/05/16/us/hate-crimes-black-african-
americans.html?searchResultPosition=976

2020 Publicações Assuntos Abordados


• Anunciado o despedimento dos quatro polícias
após provocarem a morte de Floyd;
• Surgiram protestos em Minneapolis devido à
morte de Floyd;
• Intervenção da guarda nacional nos protestos;
maio 142 (5,56%) • Tweet de Trump provocou revolta;
• Derek Chauvin acusado de assassinato;
• Protestos espalharam-se pelos Estados Unidos;
• Trump ameaçou protestantes na Casa Branca;
• Protestos começaram na Europa;
• Grandes empresas apoiaram o movimento BLM.
• Os protestos por toda a América e mundo
continuaram;
• Trump prosseguiu com comentários insultuosos
aos protestantes;

115
• Jornalistas da CNN apreendidos enquanto
reportavam protestos;
• Retiradas estátuas de cariz racista;
• Chauvin acusado de assassinato em segundo
grau;
junho 1,124 (44,01%) • O caso Manuel Ellis foi comparado com Floyd (“I
can’t Breathe”);
• Memorial de Floyd;
• Caso Breonna Taylor é relembrado;
• Fiança de Chauvin anunciada até 1,25 milhões de
dólares;
• Funeral de Floyd;
• Abordado o Juneteenth;
• Tiroteio perto do local onde Floyd morreu deixou
uma pessoa morta e 11 feridas.
• Apenas funcionário brancos eram permitidos
vigiar Chauvin;
• Caso Elijah Mcclains, de 2019, relembrado;
• Protestos violentos e calmos por todo o mundo;
julho 421 (16,48%) • Trump continuou a mostrar desagrado face aos
protestos;
• Acusação de racismo por funcionários da ESPN;
• Família de Floyd abriu processo contra os ex-
polícias;
• Mais de 45 dias de protestos;
• Chauvin foi acusado de vários crimes
relacionados a impostos.
276 (10,81%) • Fox News liderava o horário nobre;
agosto • Novas filmagens de Floyd reveladas.
• Daniel Prude, morto por polícias foi relembrado;
• Descoberto que Chauvin já teria recorrido à
setembro 204 (7,99%) mesma técnica que usou com Floyd;
• Marco de 100 dias de protestos;
• Caso do tiroteio que envolve Jacob Blake.
• Chauvin foi libertado sob finança;
outubro 181 (7,9%) • Caso Breonna Taylor relembrado.

116
• Mississippi aprovou bandeira com magnólia em
novembro 93 (3,64%) vez do símbolo alusivo à escravatura, racismo e
supremacia branca.
• Conselho de Minneapolis votou para remover 8
milhões do investimento policial;
dezembro 113 (4,42%) • Polícia que disparou em Breonna Taylor é
despedido;
• Primeira morte cometida por polícia em
Minneapolis desde Floyd - Dolal B. Idd.

Tabela 8 – Dados de 2020 sobre a palavra-chave “George Floyd” no The New York Times.
Fonte: Elaboração própria.

2021 Publicações Assuntos Abordados


janeiro 71 (4,71%) • Publicado vídeo da morte de Dolal B. Idd.
• Vítimas de Chauvin, além de Floyd, deram o seu
fevereiro 79 (5,24%) testemunho;
• Anunciado o júri do julgamento de Chauvin;
• Um ano de Breanna Taylor desde a sua morte.
• Aprovada reforma com o nome de Floyd para
combater a discriminação racial e uso excessivo
da força;
• Julgamento de Chauvin;
• Aprovada a acusação de assassinato em terceiro
março 227 (15,06%) grau que fora retirada;
• Família de Floyd fechou processo contra
Minneapolis por 27 milhões de dólares;
• Advogado de Chauvin pediu para o julgamento
ser adiado;
• Dois jurados foram removidos depois de dizerem
que não poderiam ser imparciais após um
pagamento de 27 milhões de dólares à família de
Floyd;
• Juiz negou o pedido para adiar o julgamento;
• Promotores disseram que Derek Chauvin
ajoelhou-se sob George Floyd durante 9 minutos
e 29 segundos.

117
• Continuado o julgamento de Chauvin;
• Médico legista afirmou que o polícia causou a
morte de Floyd;
abril 442 (29,33%) • Daunte Wright foi morto por polícia em
Minneapolis durante o julgamento de Chauvin;
• Encontro de Biden com a família de Floyd;
• Chauvin culpado de matar Floyd;
• Morte de Andrew Brown Jr. pela polícia.
• Família de Brown acolhida por familiares de
Floyd e Wright no funeral;
• Advogado de Chauvin pede novo julgamento
após veredito culposo;
maio 227 (9,89%) • 4 ex-polícias acusados de violar os direitos
cívicos de Floyd;
• Aprovada a reforma policial após a morte de
Floyd;
• Marcado um ano após a morte de Floyd;
• Biden encontrou-se com família de Floyd no
aniversário da sua morte.
• Minneapolis remove memoriais e barricadas do
“George Floyd Square”;
• Juneteenth oficializado por Biden como feriado
junho 104 (6,90%) federal;
• Estátua de Floyd em Brooklyn vandalizada;
• Chauvin sentenciado a 22 anos e meio pela
morte de Floyd.
julho 62 (4,11%) • ONU formou painel para investigar o racismo
sistémico na polícia.
• Polícia de Louisiana bateu em homem negro,
Aaron Larry, com lanterna;
agosto 65 (4,31%) • Polícia que matou Mauris DeSilva, em 2019, foi
acusado de assassinato.
• Três polícias e dois paramédicos acusados por
setembro 80 (5,31%) matar Elijah McClain;

118
• Soldados de Minnesota eliminaram textos e
emails após protestos de Floyd; onde os
soldados.
• Estátua de Floyd vandalizada em Manhattan;
outubro 85 (5,64%) • Conselho do Texas recomendou perdão a George
Floyd sobre condenação por drogas em 2004.
• Eleitores rejeitam o desmantelamento do
novembro 82 (5,44%) departamento de polícia local em Minnesota.
• Chauvin declarou-se culpado por violar os
direitos de Floyd;
dezembro 61 (4,05%) • Conselho do Texas disse que cometeu “erros de
procedimento” quando emitiu a recomendação
por condenação por drogas em 2004 de Floyd.

Tabela 9 – Dados de 2021 sobre a palavra-chave “George Floyd” no The New York Times.
Fonte: Elaboração própria.

2022 Publicações Assuntos Abordados


• Julgamento dos 3 ex-polícias associados ao caso
janeiro 42 (14,19%) Floyd;
• Julgamento adiado após caso positivo à Covid-19
de um dos ex-polícias.
• Polícias de Austin foram acusados por conduta
fevereiro 73 (24,66%) imprópria em protestos contra a justiça racial;
• Os 3 ex-polícias (Thao, Lane e Kueng) foram
condenados por violar os direitos cívicos de
Floyd.
• Júri de Colorado concedeu 14 milhões de dólares
março 88 (29,73%) a manifestantes feridos em protestos de Floyd;
• Polícia foi absolvido de colocar em risco vizinhos
de Breonna Taylor em operação.
• Polícias de Minneapolis envolvidos em
abril 43 (14,53%) policiamento racista.

• Polícias do Texas acusados de agressão como


maio 50 (16,89%) resposta aos protestos de Floyd;
• Dois anos após a morte de Floyd;

119
• Biden emitiu ordem de policiamento no segundo
aniversário da morte de Floyd.

Tabela 10 – Dados de 2022 sobre a palavra-chave “George Floyd” no The New York Times.
Fonte: Elaboração própria.

Apêndice 3 – Amostra da Fox News

Número total de publicações selecionadas: 5

Data: 31 de maio de 2020

Título: “Jason Riley: Blanket media coverage giving false impression that Floyd incident 'happens to black
people every day”

Link: https://www.foxnews.com/media/jason-riley-blanket-media-coverage-floyd-incident

Data: 3 de junho de 2020

Título: "Tom Homan: Message to all the good cops out there – Americans stand with you"

Link: https://www.foxnews.com/opinion/message-good-cops-americans-with-you-tom-homan

Data: 31 de julho de 2020

Título: "David Limbaugh: George Floyd’s murder was outrageous — but rioting, looting and violence must
end"

Link: https://www.foxnews.com/opinion/george-floyd-rioting-david-limbaugh

Data: 29 de março de 2021

Título: "Tucker Carlson: Unsafe cities, divisive mainstream media the real legacy of George Floyd's death"

Link: https://www.foxnews.com/opinion/tucker-carlson-george-floyd-trial-derek-chauvin-mohammad-
anwar

120
Data: 21 de abril de 2021

Título: “Tucker Carlson: Derek Chauvin verdict seals devil's bargain between America and BLM”

Link: https://www.foxnews.com/opinion/tucker-carlson-derek-chauvin-verdict-devils-bargain-us-blm

2020 Publicações Assuntos Abordados


• LeBron James e outros atletas falam sobre a
morte de Floyd;
• Atleta Michael Porter disse para rezar pela polícia
envolvida na morte de Floyd;
• Protestos surgem e tornaram-se virais nas redes
sociais;
maio 231 (9,81%) • McEnany, ex-secretária de imprensa da Casa
Branca, disse que Trump ficou muito chateado ao
ver vídeo de George Floyd;
• Protestos começaram a tornarem-se violentos;
• Twitter censura Trump por ter glorificado a
violência;
• Equipa da CNN presa durante a cobertura dos
protestos de Floyd;
• Presidente da câmara de Mississippi não via nada
de mal na morte de Floyd.
• Serviços secretos agentes foram magoados
durante os protestos na Casa Branca;
• Roubos e destruição ligados aos protestos de
Floyd causaram destruição em cidades
americanas;
• Polícia de New Jersey ajudaram a liderar uma
marcha pacifica;
junho 1,677 (71,21%) • Guarda nacional ajudou a limpar Califórnia após
noite de protestos;
• Polícia da Filadélfia disparou gás lacrimogéneo
contra multidão;
• Democratas criticaram o NYT por notícia a
favorecer Trump;

121
• Repórter da NYT Magazine sugeriu que destruir
propriedade “não é violência”;
• Ex-polícias de Nova Iorque disseram que a nova
lei de reforma policial era benéfica para ladrões;
• Celebridades assinam carta a pedir para
reduzirem o investimento policial;
• Presidente de Washington chamou os
manifestantes do BLM de “domestic terrorists”;
• Trump afirmou ter feito o Juneteenth famoso;
• Republicanos apelaram pela proteção dos
monumentos.
• CNN ridicularizada por reportagem sobre frases
quotidianas com conotações racistas;
• Reforma da polícia após a morte de Floyd;
julho 232 (9,85%) • Família de Floyd entrou com ação civil contra os
polícias de Minneapolis acusados pela sua morte;
• O xerife de Nevada disse para não ligar para a
ambulância se apoiassem o BLM.
• Polícia de Minneapolis ofereceu conselhos de
segurança de modo a promover a proteção dos
agosto cidadãos;
96 (4,08%)
• Trump criticou os manifestantes de Portland;
• Advogado do polícia Lane, disse que Floyd
morreu de overdose e que as acusações deviriam
ser retiradas.
• Departamentos da polícia opuseram-se a
mudanças radicais apoiadas pelo partido
democrático;
setembro 50 (2,12%) • Vários trabalhadores demitidos após os registos
médicos de George Floyd serem vistos sem
autorização;
• Advogado, William Barr critica o movimento
BLM.
• Ex-polícia Chauvin pagou fiança de 1 milhão de
dólares;

122
• Guarda nacional de Minnesota ativada após a
outubro 36 (1,53%) libertação do ex-polícia de George Floyd;
• Movimento “Defund Police” levou polícias em
direção a Trump;
• Chauvin é acusado de assassinato em segundo
grau.
novembro • Minneapolis tencionava procurar ajuda externa
17 (0,72%) sem recorrer às forças policiais;
• Seis meses após a morte de George Floyd.
dezembro 16 (0,68%) • BLM acusou Biden de ignorá-los.

Tabela 13 – Dados de 2022 sobre a palavra-chave “George Floyd” na Fox News.


Fonte: Elaboração própria.

2021 Publicações Assuntos Abordados


• Promotores de Minneapolis no julgamento de
janeiro 14 (2,48%) George Floyd pediram adiamento devido à Covid-
19;
• Ex-polícia de Minneapolis Derek Chauvin será
julgado separadamente no caso Floyd.
• Minnesota começou a preparar-se para possíveis
distúrbios relacionados ao julgamento de George
fevereiro 22 (3,90%) Floyd;
• Apenas polícias brancos lidavam com Chauvin na
prisão;
• Minnesota aumentou a segurança para o
julgamento de Derek Chauvin.
• Tiroteios em Minneapolis perto do “George Floyd
Square”;
• Manifestantes de Minneapolis marcharam pela
cidade na véspera do julgamento de Chauvin;
março 73 (12,94%) • Júri do julgamento de Chauvin demitido com
medo dos possíveis ataques dos manifestantes
de Floyd;
• Restabelecida a acusação de assassinato de
terceiro grau contra Chauvin.

123
• Defesa de Derek Chauvin foi apoiada por 1 milhão
de dólares em fundo do sindicato da polícia de
Minneapolis;
• Julgamento de Chauvin;
• Daunte Wright, o homem negro, foi morto em
tiroteio;
• Esquadra da polícia de Albany atacada por
manifestantes contra a polícia;
• Republicanos criticaram a política Maxine Waters
abril 240 (42,55%) por ter dito aos manifestantes para se tornarem
mais conflituosos no julgamento de Chauvin;
• Chauvin foi considerado culpado de todas as
acusações na morte de George Floyd;
• Celebridades reagiram ao veredito do julgamento
de Chauvin;
• CNN celebrou o veredicto de culpa de Chauvin;
• Protestos em Nova Iorque aumentaram após
veredito de Derek Chauvin;
• Chauvin esteve detido na prisão de segurança
máxima de Minnesota enquanto aguardava a
sentença;
• A história pessoal de Derek Chauvin;
• Mural de George Floyd no Texas foi vandalizado
com insultos raciais.
• Morte de Daunte Wright;
• Escola alegou que George Floyd morreu de
ataque cardíaco;
• Advogado de Thao disse que o médico legista foi
pressionado a alterar o resultado da autopsia de
maio 102 (18,09%) Floyd;
• Biden encontrou-se com a família de George
Floyd no primeiro aniversário do seu assassinato;
• Tiroteio no aniversário de um ano de Floyd no
George Floyd Square.
• Departamentos da polícia lutaram para recrutar
desde o assassinato de George Floyd;

124
• New Jersey inaugurou estátua de George Floyd;
junho 40 (7,09%) • Estátua de George Floyd vandalizada em Nova
York;
• Ex-polícia de Minneapolis condenado a 22,5 anos
de prisão pelo assassinato de George Floyd.
• Nova Iorque superou Chicago na taxa de
julho 13 (2,30%) homicídios;
• Mural de George Floyd desmoronou após
testemunhas dizerem que raio o atingiu.
• Ex-polícias acusados pela morte de Floyd pediram
agosto julgamento separado de Chauvin.
7 (1,24%)

• Ex-polícias de Minneapolis acusados de violar os


setembro 9 (1,60%) direitos de George Floyd declararam-se
inocentes.

• Conselho de liberdade condicional do Texas


recomendou perdão a George Floyd;
outubro 14 (2,48%) • Derek Chauvin negou pedido de defensor público
em processo de apelação pela Suprema Corte de
Minnesota.
• Cinco homens da Geórgia foram presos por
novembro 15 (2,66%) queimar carro de polícia durante protesto de
Floyd;
• Os quatro ex-polícias de Minneapolis que
enfrentaram acusações federais pela morte de
George Floyd foram julgados juntos,
• Chauvin declarou-se culpado no caso de direitos
dezembro 15 (2,66%) cívicos de George Floyd;
• Floyd foi removido da consideração por perdão
póstumo no Texas.

Tabela 14 – Dados de 2022 sobre a palavra-chave “George Floyd” na Fox News.


Fonte: Elaboração própria.

125
2022 Publicações Assuntos Abordados
• Sobrinha de George Floyd atingida por tiroteio no
ano novo;
janeiro 14 (21,21%) • Júri selecionado em caso federal sobre os direitos
cívicos de Floyd;
• Julgamento dos 3 ex-polícias de Minneapolis
remarcado para junho.
18 (27,27%) • Ex-polícias de Minnesota foram considerados
fevereiro culpados de violar os direitos de Floyd.
• Homem foi condenado a 5 anos de prisão após
março 5 (7,58%) incendiar a câmara municipal de Nashville
durante os protestos de Floyd.
• Juiz de Minnesota negou câmaras em direto no
tribunal para o julgamento contra os polícias
abril 12 (18,18%) acusados;
• Derek Chauvin procurou novo julgamento pela
morte de George Floyd.
• Thomas Lane, ex-polícia, declarou-se culpado na
acusação de homicídio culposo de Floyd;
• Líder ativista do BLM enfrentou acusações de
maio 17 (25,76%) fraude por supostamente aproveitar-se das
doações em 2020;
• Floyd completou dois anos do assassinato;
• Biden assinou ordem executiva de reforma da
polícia no aniversário do assassinato de George
Floyd.
Tabela 15 – Dados de 2022 sobre a palavra-chave “George Floyd” na Fox News.
Fonte: Elaboração própria.

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