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APICULTURA E AGRICULTURA COMO FERRAMENTAS DE

CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTÁVEL

Hudson Henrique Carvalho Pinto¹, Jawanne Leonor Lyra²


Orientador: Francisco Carlos de Lucena³
1
Discente do Curso Técnico em Apicultura. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande de
Norte (IFRN) – Campus Pau dos Ferros. E-mail: hudson.carvalho@escolar.ifrn.edu.br
2
Discente do Curso Técnico em Apicultura. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande de
Norte (IFRN) – Campus Pau dos Ferros. E-mail: jawanne.lyra@escolar.ifrn.edu.br
³Docente do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande de Norte (IFRN) – Campus Pau
dos Ferros. Email: francisco.lucena@escolar.ifrn.edu.br

RESUMO

O propósito desta pesquisa consiste em averiguar o perfil rurais, empenhadas na manutenção e proliferação dos
sustentável vigente nas atividades agrícola e apícola do agroecossistemas, na erradicação da fome e na edificação
Perímetro Irrigado de Pau dos Ferros, Rio Grande do de economias sustentáveis e solidárias, visou-se por
Norte. Em prol disso, utilizou-se como fonte de análise visibilizar as necessidades, inovações e empecilhos que
as declarações, vivências e saberes dos camponeses dessa afligem esse grupo, interligados de forma unitária ao
comunidade, culturalmente e socialmente diversificada. meio rural, e vinculados intimamente à natureza, fonte
Ademais, tendo em vista as problemáticas modernas que primordial das rendas e subsistência das famílias. Esse
afligem transversalmente tanto o universo social como o trabalho visa contribuir para a visibilização da classe de
ambiental, visou-se por averiguar as alternativas opostas trabalhadores rurais, cujos direitos e a própria cidadania
ao padrão de avanço destrutivo e antiecológico, vigoram em comunhão com a natureza, enaltecendo em
responsável pela defasagem dos ecossistemas e a conjunto a importância da agricultura e apicultura para a
fomentação da desigualdade. Assim, levando em consciência ambiental dos profissionais desses universos.
consideração o papel fundamental das comunidades

PALAVRAS-CHAVE: Apicultura, agricultura, sustentabilidade, natureza, sociedade.

APICULTURE AND AGRICULTURE AS TOOLS FOR ENVIRONMENTAL


AND SUSTAINABLE AWARENESS
ABSTRACT

The purpose of this research is to investigate the current maintenance and proliferation of agroecosystems, the
sustainable profile in the agricultural and apicultural eradication of hunger, and the building of sustainable and
activities of the Irrigated Perimeter of Pau dos Ferros, solidarity-based economies, the goal was to highlight the
Rio Grande do Norte. For this purpose, the declarations, needs, innovations, and obstacles affecting this group,
experiences, and knowledge of the peasants in this united in a unitary way with the rural environment and
culturally and socially diverse community were used as a closely linked to nature, the primary source of income
source of analysis. Furthermore, considering the modern and subsistence for families. This work aims to
issues that affect both the social and environmental contribute to the visibility of the rural working class,
realms, the aim was to examine alternatives to the whose rights and citizenship are in communion with
standard of destructive and anti-ecological progress nature, collectively emphasizing the importance of
responsible for the depletion of ecosystems and the agriculture and apiculture for the environmental
promotion of inequality. Thus, taking into account the awareness of professionals in these fields.
fundamental role of rural communities committed to the

1
KEYWORDS: Beekeeping; Agriculture; Sustainability; Nature; Society.

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1. INTRODUÇÃO

Ao longo de todo desenvolvimento humano, a natureza esteve presente como uma fonte de
recursos e trabalhos primordiais para a formação e o avanço social. A agricultura e a apicultura são
duas atividades que refletem essa relação, práticas agropecuárias essenciais para a transformação da
identidade humana. Além da importância econômica, ambas as profissões estabelecem uma relação
mútua entre natureza e sociedade, na qual, o ambiente se torna uma tecnologia rentável e
sustentável para seus investidores (Lima e Rocha, 2012). Estas práticas se fazem presentes nas
zonas rurais e carregam uma mutualidade de saberes.
A partir disso, percebe-se como é fundamental compreender e analisar as perspectivas de seus
profissionais, refletindo quanto ao papel que estes trabalhadores desempenham. Para isso, a
pesquisa redigida neste artigo preza pelo estudo dos saberes e experiências interligadas entre as
práticas agrícolas e apícolas. Além disso, é necessário salientar quanto às formações e contextos nos
quais essas profissões se estabelecem, comparando as semelhanças e diferenças de cada trabalho e
profissional.
Desse modo, a criação de abelhas se torna uma atividade profissional e sustentável basilar
para o equilíbrio da natureza. Além de um meio de produção e renda, a apicultura perfilha aspectos
cruciais ao meio ambiente, como o cultivo e a proliferação de espécies através da polinização.
Sendo assim, a natureza se torna uma fonte de conhecimento ambiental basilar para a
conscientização dos profissionais que trabalham com ela, construindo, portanto, uma relação
harmônica entre sociedade e ecossistema (Santos e Ribeiro, 2009).
De acordo com Iracema Graef (2011, p.13), pesquisadora do papel ecológico, social e
ambiental da apicultura para sociedade, a atividade apícola é uma intensa formadora técnica e
prática de profissionais conscientes. Em suas palavras: "Hoje, a apicultura é considerada a atividade
agrícola mais sustentável e grande aliada na preservação ambiental [...] transforma o apicultor em
'ecologista prático'".
Outrossim, a agricultura apresenta causas e efeitos similares. Sua prática está relacionada à
produção de recursos essenciais para a humanidade, tendo como destaque o abastecimento e a
coleta de materiais, sejam alimentos primários ou matérias-primas usadas para o consumo ou
comércio. Em meio a essa ambivalência entre a capitalização e o meio natural, faz-se necessário
atingir uma mutualidade entre os fatores sociais e ambientais. Para isso, a educação ecológica se
torna um alicerce determinante, formando profissionais conscientes e atuantes contra os prejuízos
irreversíveis ao ecossistema, e consequentemente, à humanidade.
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Além do papel ecológico, a agricultura é uma atividade fundamental para infraestrutura
brasileira. Segundo o Censo Agropecuário do IBGE, efetuado em 2017, a agricultura familiar foi
responsável por 70% dos produtos alimentícios cultivados e importados em todo Brasil. Desse
modo, a valorização profissional de famílias e comunidades agrícolas é uma necessidade social e
ecológica, pois estes cidadãos empenham, de modo plural, a erradicação da fome e dos impactos
ambientais.
Através deste artigo, torna-se perceptível como a conjuntura das práticas agrícolas e apícolas
ramificam uma protocooperação entre sociedade e meio ambiente. Em razão disso, compreender
seus papéis e influências é primordial para a sobrevivência humana e a preservação ambiental,
tendo em conta que ambas configuram meios sustentáveis para a autorregulação do mundo sócio-
natural. Assim, a construção de um elo entre essas atividades e o ensino ecológico produz um
caminho para formação e valorização de profissionais conscientes.
Com base nisso, as análises e estudos efetuados nesta pesquisa visam identificar as
perspectivas e transformações das atividades rurais no contexto socioambiental. Ademais, procura-
se analisar através das ações e opiniões destes trabalhadores, as capacidades que a agricultura e a
apicultura têm de expandir o ensino ecológico. Em suma, a primazia é comparar as visões ativas e
teóricas de seus correlacionados, agricultores e apicultores, quanto ao papel ecológico, educacional
e social de suas profissões.

2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo geral


· Comparar a percepção dos agricultores apicultores e agricultores não apicultores sobre suas
perspectivas acerca da importância e prática da sustentabilidade ambiental em suas
atividades.

2.2. Objetivos específicos

●1 Analisar a influência do conhecimento e da prática agrícola e apícola para o


desenvolvimento da consciência ambiental do indivíduo.
●2 Identificar a visão dos profissionais apícolas e agrícolas sobre a sustentabilidade ecológica.

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●3 Descrever o contexto socioeconômico da agricultura familiar na comunidade do perímetro
irrigado - Pau dos Ferros-RN.

3. MATERIAL E MÉTODOS

Esta pesquisa foi realizada na Vila Perímetro Irrigado, situada nas coordenadas 6°07’ de
latitude Sul e 38°13’ de longitude Oeste, disposta 190 metros acima do nível do mar (DNOCS,
2012 apud Souza et al., 2014). A mesma consiste em uma comunidade rural localizada no
município de Pau dos Ferros, Rio Grande do Norte, na mesorregião Oeste Potiguar.
Especificamente a cerca de 9,2 km da Prefeitura Municipal de Pau dos Ferros, na Rodovia 226,
mediando a conexão entre Pau dos Ferros e Antônio Martins.
A pesquisa tem como fundamentação metodológica a abordagem qualitativa, baseada nas
perspectivas subjetivas, opiniões e saberes dos camponeses do perímetro irrigado. Por se tratar de
uma abordagem qualitativa, realizou-se uma pesquisa de campo, utilizando entrevistas
semiestruturadas como técnica de coleta dos dados (Manzini, 2004). As entrevistas foram realizadas
com auxílio de três questionários utilizados como roteiro para os diálogos.
No total, foram feitas onze entrevistas, sendo uma sobre a caracterização socioeconômica da
comunidade e 10 sobre as perspectivas dos camponeses relativas à apicultura e a sustentabilidade
ambiental. Os três questionários configuram focos distintos. O primeiro caracteriza o universo
social da comunidade, sua população, rede de ensino e as relações profissionais desenvolvidas no
âmbito da agropecuária, cultivo e criação de animais, estabelecidas no campo de estudo. Assim, a
entrevista primária aborda os aspectos identitários dos entrevistados, analisando a dinâmica entre os
agentes rurais e a realidade em que se encontram inseridos, o meio ambiente.
Os outros dois questionários, diferentemente do primeiro, enfatizam não somente os saberes
profissionais e ambientais, mas representam também as singularidades e diversidades presentes no
campo. Nesse intuito, cada questionário reflete distintos perfis identitários, deliberados com base na
etnia, gênero, grau de ensino e renda dos pesquisados (Richardson, 2017). Ademais, foram
abordados os saberes laborais adotados por cada apicultor e agricultor – métodos de manejo e
cultivo – juntamente com suas concepções quanto ao papel ambiental destas práticas.
Por fim, através dos dados coletados e designados pelos moradores do Perímetro Irrigado,
será efetuada uma análise de conteúdo fundamentada nos posicionamentos, posturas e concepções

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enfatizadas por cada entrevistado (Severino, 2014). Assim, as mensagens e significados obtidos em
campo permitirão estruturar, com base nos conhecimentos e perfis dos sujeitos pesquisados, as
interpretações sobre a realidade desses camponeses acerca da relação: sustentabilidade, agricultura e
apicultura.

4. QUADRO TEÓRICO

4.1 Sustentabilidade Ambiental


Para discernir sobre a sustentabilidade e seu papel transformador, é necessário avaliar de
forma crítica a presente relação entre sociedade e meio ambiente. Principalmente quando essa é
estabelecida dentro de uma civilização com forte ênfase no consumo, articulada à base do
extrativismo desmedido (Jacobi, 2005). Compreender tais problemas é o princípio para que o
desenvolvimento ecológico deixe de ser uma alternativa contra as condutas da realidade moderna, e
se torne uma projeção desta. Em síntese, é preciso questionar o modelo insustentável que configura,
segundo Guimarães (2001, p.51) apud Jacobi (2005): “um estilo de desenvolvimento
ecologicamente predador, socialmente perverso, politicamente injusto, culturalmente alienado e
eticamente repulsivo”. Nesse sentido, a sustentabilidade abrange tanto o meio natural, biomas e
climas, como os contextos humanos, direitos e liberdades, conjugando-os em uma relação
mutuamente benéfica. Esse “mutualismo socioambiental” é produto de uma equidade entre os
meios humanos e naturais.
Contudo, o oposto dessa relação se projeta nos padrões de consumo difundidos pela
economia capitalista e suas políticas de exploração ambiental. Estas, além de fragilizarem a
estrutura democrática, pois debilitam os direitos e difundem desigualdades, afetam a funcionalidade
de ecossistemas, afinal, priorizam o lucro e negligenciam as necessidades humano-ambientais. Um
exemplo é o racismo ambiental, o abandono de grupos vulneráveis expostos há mazelas
socioambientais (Filgueira, 2021), sem saneamento, em terras degradadas e poluídas, como lixões e
barrancos. A exclusão de grupos socioeconomicamente fragilizados, dispersos em realidades
ambientais degradadas, infere uma profunda relação entre ambiente e indivíduo (Cidreira-Neto e
Rodrigues, 2017 apud Gomes e Martins, 2020).
Os atingidos são, em sua grande maioria, grupos excluídos ou marginalizados, quilombolas,
indígenas e agricultores familiares. Nitidamente, todos estabelecem uma relação íntima com a
natureza, pois adotam desta, não como mero produto cujo fim é o lucro, mas como uma base para

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sobrevivência, dependendo deste como fonte sustentável e renovável para suas vidas. A existência
dessas sociedades é uma expressão verídica de como a sustentabilidade ambiental conecta o bem-
estar dos ecossistemas com o fortalecimento da cidadania. Ademais, são os quilombolas, indígenas
e agricultores familiares um impasse contra a atividade capitalista, mecanizada e moderna, mas
exauridas de qualquer relação mútua com a natureza, sua principal fonte de recursos. Essas minorias
configuram subpolíticas que surgem perante a letargia das instituições contra os problemas
socioecológicos (Beck, 1997 apud Jacobi, 2005).
Em contraste com a sustentabilidade institucionalizada, o desenvolvimento sustentável
adotado pelas minorias gera a conscientização cidadã e ecológica estruturada a partir de suas
experiências. Percebe-se então o papel transformador que as práticas sustentáveis inferem sobre a
identidade de seus agentes, gerando qualidade de vida, independência, trabalho e liberdade
juntamente com a preservação de zonas ambientais e a valorização de seus recursos. Assim, o
desenvolvimento dessas sociedades reflete uma contrapartida ao avanço imprudente da
industrialização e capitalização de terras e bens naturais. Ademais, percebe-se o paralelismo entre
ecologia e justiça existente dentro da sustentabilidade, (Redclift, 2005), visto que ambos os
contextos sofrem prejuízos equivalentes e consecutivos. Um exemplo são as economias industriais
que fomentam a exploração indevida dos ecossistemas, incentivam a mão de obra barata e a
necropolítica (Mbembe, 2011), instaurada por essas práticas as quais marginalizam inúmeros
grupos dependentes do meio natural e, em sua maioria, excluídos do centro político.
Logo, nota-se a polivalência da sustentabilidade ambiental, responsável por aliar as lutas
sociais com a valorização das necessidades humano-ecológicas (Jacobi, 1997 apud Jacobi, 2005).
Além disso, a sustentabilidade foi por muito tempo um tema negligenciado pelos poderes políticos,
tendo sido pautada tardiamente em 1970, quando uma possível finitude dos recursos ambientais e a
degradação dos biomas, problemas advindos pelo capitalismo, foram institucionalizados (Jacobi,
2005). Assim, sua real matriz se faz presente e ativa nas realidades integradas à natureza, como os
quilombos, reservas indígenas e zonas de agricultura familiar.
Estas e outras dimensões concentram uma diversidade de saberes fundamentais para a
reestruturação das políticas vigentes. A degradação ambiental e humana são fatores mútuos e
inseparáveis propagados pela atual “sociedade de risco”, uma modernidade autodestrutiva, reflexo
de uma população não consciente, individualizada e omissa às crises ecológicas (Ulrich Beck, 1992
apud Jacobi, 2005, p.240). Assim, a sustentabilidade se torna um interconector de saberes e
experiências identitárias, proativas e coletivistas (Jacobi, 2003). Para isso, o contato direto com os

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agentes socioambientais, agricultores, apicultores e demais profissionais, é um passo fundamental
para essa mudança.

4.1.2. Apicultura e sustentabilidade

A qualidade de vida das pessoas é o princípio básico para o avanço da sustentabilidade,


dado que seria inconcebível perpetuar um padrão de vida excludente. O bem-estar ecológico, por
sua vez, se relaciona com esse princípio, posto que, o bem-estar social depende do ecossistema, já
que é o responsável pelo sustento da vida (Guijt; Moiseev; Prescott-Allen, 2001 apud Lourenço e
Cabral, 2016). A partir dessa correlação, é possível entender que o desenvolvimento sustentável é
fundamentado a partir de uma ideia muito delicada, no qual é definido, segundo a Comissão
Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD) o desenvolvimento sustentável é
“aquele que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações
futuras de satisfazer suas próprias necessidades” (CMMAD, 1987, p. 16).
Nessa perspectiva, seguindo o mesmo pensamento de Sachs, 2009, apud Lourenço e
Cabral, 2016 p. 2), o aumento no Produto Interno Bruto (PIB) é uma necessidade crucial, entretanto,
sua consecução deve ser realizada de maneira ambientalmente responsável, adotando métodos que
sejam simultaneamente amigáveis ao meio ambiente. Em lugar de favorecer uma incorporação
predatória do capital natural ao PIB, é imperativo implementar estratégias que respeitem os
princípios da sustentabilidade ambiental.
Nesse contexto, Lourenço e Cabral (2016) ressaltam que as formas convencionais de
agricultura estão sendo repensadas, e abordagens inovadoras alinhadas com os princípios do
desenvolvimento sustentável estão sendo incorporadas. Um dos exemplos mais concretos disso, é a
atividade da apicultura, visto que é uma prática econômica comprovadamente sustentável e
rentável.
Ademais, Alcoforado Filho (1998) salienta que a atividade apícola se destaca como uma
das raras práticas agropecuárias que atendem integralmente aos pilares da sustentabilidade. No
aspecto econômico, é uma fonte de renda para os agricultores, seja ela, a principal fonte de renda ou
renda extra; no âmbito social, promove a ocupação da mão-de-obra familiar no campo, reduzindo o
êxodo rural; e no contexto ecológico, destaca-se por não requerer desmatamento para a criação de
abelhas.
Entendendo a apicultura como uma atividade sustentável, ela também possui a capacidade
de ensinar a preservar a natureza de uma forma natural. Os agricultores apicultores relatam que a
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partir do primeiro contato com a apicultura, foi conseguindo desenvolver uma consciência
ambiental que antes não tinham. De acordo com que criam e manejam as abelhas, eles começam a
entender que esse animal é completamente dependente da natureza, das floras e árvores, para
produzir seus principais produtos, como a cera, mel e própolis, produtos esses, que são
comercializados e consumidos pela população. Portanto, preservar a natureza é preservar as abelhas
e sua produtividade.
Portanto, a apicultura e a sustentabilidade são dois termos que se relacionam muito bem no
papel de manter o ecossistema vivo e saudável, promovendo o bem-estar ecológico e
consequentemente, o bem-estar social. Além de ser uma atividade econômica, social e ecológica,
desempenha uma função importante na educação ambiental.

4.1.3. Sustentabilidade na Agricultura Familiar

A agricultura familiar conjuga, dentro de um espaço ecológico, diversos perfis sociais que
dependem da regulamentação ambiental para sua subsistência. Nesse contexto, a natureza se torna
um instrumento basilar para a vida dos agricultores, além de edificar e sustentar faunas, floras e
famílias inteiras que necessitam da oferta de seus bens. Logo, os indivíduos inseridos nessa
realidade aderem a uma perspectiva mais atuante, tendo em vista que suas ações e conhecimentos
refletem diretamente na preservação e transformação do mundo natural (Zakrzevski, Vargas &
Decian, 2020 apud Gomes e Martins, 2020).
Averiguar a consciência desses profissionais quanto ao papel sustentável de suas ações é
uma forma de analisar o perfil educacional dessa atividade. Aprofundar-se no modo como cada
campesinato internaliza a atividade de campo em suas vidas, relacionando-a com sua saúde, renda e
alimentação, também confere um modelo de aprendizado ambiental e conscientização político-
social inerentes à prática. Ainda segundo Rodrigues et al., (2012) apud Gomes e Martins (2020), a
percepção dos agricultores é um suporte para institucionalização de novas gestões ambientais.
Além disso, apesar das adversidades financeiras, os agricultores familiares desempenham
um importante papel – tanto para a economia interna quanto para a agropecuária nacional. Sua
participação no mercado interno, através do fornecimento de alimentos e empregos para nação
brasileira reflete o impacto social desse modelo. Sua atividade produtiva, embora pouco
remunerada, é tão significativa quanto o agronegócio, tendo em vista que, a sua produção por
hectare alcança em média R$104/ha/ano, enquanto a agricultura patronal estabeleceu uma produção
de R$44/ha/ano (Guanziroli e Cardim, 1999 apud Assad e Almeida, 1999).
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Não obstante, a partir dos dados supracitados, percebe-se certo sucateamento da agricultura
familiar, invisibilizada pelo Estado e inserida em um mercado de trabalho excludente e desigual.
Esses fatores, no entanto, não reduzem seu perfil sustentável, afinal, sua execução se dá por meio do
manejo de policulturas, que geram a manutenção e diversificação dos agroecossistemas (Gonçalves
et al., 2020). Assim, os pequenos produtores detêm 75% dos insumos agrícolas, produzem 80% dos
itens alimentícios e abastecem 70% da população brasileira (FAO, 2020 apud Gonçalves et al.,
2020). Essa congruência entre a preservação dos recursos ambientais e a erradicação da fome,
espelha uma face sustentável intrínseca na agricultura familiar.
Para Rodrigues et. al (2012) a atividade agrícola projeta relações de manejo e gestão
ambiental, o que fomenta a integração entre comunidades e natureza. Ainda assim, a realidade rural
se faz composta por diversas identidades e visões que influenciam as práticas sustentáveis, como
escolaridade, renda, etnia e vivência, basilares para consolidação da consciência de cada agricultor.
Ademais, a acessibilidade aos saberes e ferramentas ecológicas é crucial para a conversão da
agricultura convencional, que perdura com insumos nocivos e tecnologias hostis, em um sistema
eficiente para os produtores e resiliente à natureza.
Ademais, a incidência de problemas ambientais intensificados pelo uso exponencial de
agrotóxicos e a mecanização dos campos, culminou no presente modelo insustentável que gera
vicissitudes aos agroecossistemas (Gonçalves et al., 2020). Em conjunto com as transfigurações
físicas das paisagens, a mutação genética e química dos alimentos e seus mananciais, houve a
defasagem da mão de obra rural devido a intensificação da utilização de tecnologias, além da
insegurança alimentar e do êxodo rural causados pela marginalização dos agricultores mais pobres,
desamparados com a desigualdade fundiária (Wanderley, 2014).
Nesse sentido, percebe-se como a natureza e a agricultura familiar são universos tangenciados pelos
mesmos problemas e unidos em uma transformação mútua. A luta sindical dos camponeses, a
constante cobrança por uma reforma agrária e o desenvolvimento de práticas não convencionais,
como a agroecologia e a agricultura orgânica, geram benefícios para o meio ambiente, junto com o
fortalecimento da cidadania e autonomia dos agricultores (Jacobi, 2005). Assim, a sustentabilidade
vigora na luta social e ambiental dos campesinos.

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1 – A caracterização do estudo

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O presente estudo foi executado através das visitas de campo e entrevistas semiestruturadas
destinadas aos agentes agrícolas e apícolas da Vila Perímetro Irrigado, localizada no município de
Pau dos Ferros, Rio Grande do Norte. Primeiramente, é preciso caracterizar a comunidade rural,
suas características geográficas e sociais para que em seguida se adentre nos perfis de cada
participante. A zona rural onde se desenvolveu a pesquisa foi fundada em 1979 (Costa, 2014), tendo
sido criada com o objetivo de combater a seca e a fome que perduraram nesse período (Silva, 2010).

Ademais, a comunidade se encontra a 9,2 km de distância da sede municipal de Pau dos


Ferros, estando localizada mais precisamente na Rodovia Estadual 226 que interliga Pau dos Ferros
e Antônio Martins. Apesar da prevalência de homens na amostra, a população do Perímetro Irrigado
é constituída por uma extensão de grupos familiares balizados pelas figuras de ambos os sexos. A
comunidade é composta por aproximadamente 200 famílias, constituídas por jovens, adultos e
idosos. Muitos destes permanecem vinculados à atividade rural através dos laços familiares,
herdando ou se encarregando dos terrenos de outros parentes.

A pesquisa foi realizada com dez (10) camponeses, divididos em duas categorias, cinco
agricultores e cinco apicultores. Todas as entrevistas foram executadas em campo, nos domicílios
dos camponeses, sem um padrão de tempo, tendo como principal variável de duração a construção
do processo de interação pesquisador/sujeitos entrevistados. Dentre os cinco agricultores, dois eram
do sexo feminino e três do sexo masculino. Já os apicultores eram todos do sexo masculino,
havendo, contudo, a participação das esposas e filhas que demonstraram bastante experiência com o
campo de estudo.

Através da pesquisa de campo, entrevistas e diálogos efetuados, foi possível estabelecer as


semelhanças e singularidades dos agricultores e apicultores. Os questionários semiestruturados
englobaram idade, sexo, etnia, escolaridade, renda, moradia e profissão, características que
contribuem para a compreensão da visão de mundo de cada indivíduo. Assim, a presente pesquisa
buscou relacionar os perfis sociais com as realidades em que se fazem inseridos, trabalhando suas
mútuas influências.

De acordo com os dados coletados, todos os cinco agricultores destacaram um


intenso convívio no meio rural desde as suas infâncias, entre os 6 e 14 anos de idade. Essa realidade
abrange mulheres e homens, demonstrando o caráter familiar presente no campo.

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“Trabalho desde criança, minha infância foi agricultura.”
(agricultor 2).

“Nasci nesse meio, com 7 anos acompanhava meu pai.”


(agricultor 5).

Os dados coletados apresentam um padrão comum aos agentes do campo, um vínculo entre
natureza, trabalho e lazer, unificados pelos laços familiares. Essa relação se consolida,
principalmente, através da produção para autoconsumo, que transforma os trabalhos agrícola e
apícola em fontes de renda e subsistência para quem os efetua (Grisa, Schneider e Gazolla, 2010
apud. Gonçalves et al., 2020).

Com relação ao nível de educação formal, dos 10 entrevistados: 5 não concluíram o ensino
fundamental; 2 fizeram ensino médio incompleto; 2 finalizaram a segunda etapa do ensino básico
brasileiro, Ensino Médio; e 1 terminou o ensino superior, sendo técnico em apicultura e formado em
Agronomia. Em relação a formação técnica, isto é, sobre a realização de algum curso profissional
agrícola: Somente um trabalhador teve acesso ao ensino técnico, os demais desenvolveram suas
experiências e saberes através da prática e da relação familiar, práticas essas que começaram a ser
despertadas ainda na infância dos participantes, tendo em conta que muitos já lidavam com a
cobrança do trabalho, dedicando seu tempo para auxiliar a família, gerando alimento e renda.
Essa caracterização não consiste em uma particularidade do universo analisado, mas trata de
um padrão dos espaços rurais brasileiros (Wanderley, 2015). Os dados apresentados pelo Censo
Agropecuário de 2017, realizado pelo IBGE, ajudam a materializar essa realidade. A pesquisa
efetuada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística retratou a baixa escolaridade que aflige
as populações do campo, cujo ensino é inviabilizado pela pobreza e omissão estatal. Segundo os
dados, 23% dos produtores brasileiros eram analfabetos, 15,5% nunca frequentaram a escola e
43,4% (2.913.348) frequentaram até o fundamental, sendo que 66,5% destes não o concluíram.

A educação é um mecanismo fundamental para o desenvolvimento do campo, a qualificação


dos trabalhadores e a conscientização dos mesmos quanto aos seus papéis, como agentes políticos, e
seus direitos. Dessa forma, um ensino inacessível não apenas priva as oportunidades desses
indivíduos como também os torna reféns de trabalhos precários, principalmente os profissionais
autônomos inseridos em um mercado excludente (Gonçalves et al., 2020). Desse modo, apresenta-

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se essa questão social e política nos espaços rurais que, apesar de estrutural para a sociedade, tem
seus atores marginalizados em várias dimensões da cidadania.

Já com relação à faixa etária, foi predominante acima dos 50 anos, havendo indivíduos já
aposentados, mas ainda inseridos no trabalho do campo. De acordo com a coleta de dados, dos dez
entrevistados, cinco pertencem à faixa dos 62 aos 67 anos, três dos 42 aos 50, e apenas dois com 22
e 29 anos. Tendo em vista os aspectos do trabalho agrícola e apícola, os quais exigem o desgaste
físico e a exposição ao calor cotidianos, a prevalência da população idosa significa uma força de
trabalho mais vulnerável para desenvolver as atividades (Ferreira et al., 2012 apud Gomes e
Martins, 2020).

Para entender como essas influências se articulam entre os camponeses e seus contextos
sociais e ambientais, primeiramente se questionou sobre as propriedades onde cada família trabalha.
O tamanho das propriedades variou entre 9, a menor propriedade, e 22,5 hectares, a maior
registrada. Apenas 2 agricultores e 2 apicultores desempenham seus trabalhos nas propriedades dos
familiares, sogros (as), mães e avós. Os 6 restantes têm a posse das terras onde realizam o plantio
ou o manejo dos apiários. Assim, o contingente de trabalhadores rurais do Perímetro Irrigado, que
se dedicam integralmente ao cuidado das terras, têm seu alcance produtivo sumarizado em
pequenos lotes.

A partir das características supracitadas, nota-se como as condutas e saberes se fazem em


função das vivências de cada indivíduo, cujas vidas permanecem entrelaçadas pelas relações de
trabalho, afetos e conflitos familiares. No entanto, como afirma Marx (1844): “o homem não é um
ser abstrato, acocorado fora do mundo”. Outrossim, os agricultores e apicultores entrevistados ao
mesmo tempo em que modelam a realidade social e ambiental, são também delimitados e
influenciados por elas. Desse modo, o vínculo primordial para a discussão em vigor é a mútua
influência entre trabalhadores, trabalhadoras e a natureza onde desempenham suas funções.
Para entender como essas influências se articulam entre os camponeses e seus contextos
sociais e ambientais, primeiramente se questionou sobre as propriedades onde cada família trabalha.
O tamanho das propriedades varia – entre 9, a menor propriedade; e 22,5 hectares, a maior
registrada. Apenas 2 agricultores e 2 apicultores desempenham seus trabalhos nas propriedades dos
familiares (sogros (as), mães e avós). Os 6 restantes têm a posse das terras onde realizam o plantio
ou o manejo dos apiários. Segundo o Censo Agropecuário de 2017, embora 77% dos
estabelecimentos agrícolas pertencessem aos agricultores familiares, apenas 23% da área agrícola
total estava em posse dos mesmos. Seguindo esse padrão, o contingente de trabalhadores rurais do

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Perímetro Irrigado, que se dedicam integralmente ao cuidado das terras, têm seu alcance produtivo
sumarizado em pequenos lotes. Ademais, as relações desenvolvidas entre os agricultores/
apicultores com os recursos e territórios disponíveis, são de grande importância para uma produção
sustentável e proveitosa.
Por conseguinte, visando determinar a sustentabilidade que vigora no campo de estudo,
questionou-se sobre as fontes de renda de cada trabalhador e seus consecutivos salários. Essa
caracterização é determinante para definir a existência de uma sustentabilidade no Perímetro
Irrigado, e se a mesma vigora apoiada em 2 dos três pilares fundamentais: equidade social e
eficiência econômica (Gro-Brundtland, 1998). De acordo com as respostas coletadas, 4 dos 5
agricultores recebem uma renda mensal de um salário-mínimo (R$1360,00), variando de acordo
com a produção e comercialização de seus produtos. Desses quatro agricultores, três se dedicam
unicamente ao campo, tendo como fonte de renda a produção e venda de seus cultivos, sem a
criação de animais. O único agricultor em que a receita atinge dois salários-mínimos (R$2640,00),
considera a agricultura uma renda extra.
Em contrapartida, a caracterização econômica dos apicultores sofre com discrepâncias, mais
visíveis. Dos 5 entrevistados, 2 possuem um rendimento de quatro salários-mínimos (R$5280,00), 1
recebe dois salários-mínimos (R$2640,00), 1 tem uma renda mensal mínima (R$1360,00), e apenas
1 encontra-se abaixo de uma renda salarial mínima. Os apicultores mais bem remunerados, com 4
salários, executam profissões externas ao campo apícola, comércio e consultoria técnica, sendo
ambas as principais fontes de renda para cada entrevistado. Assim, o universo de análise se mostra
categorizado em dois perfis: aqueles que se integram unicamente no trabalho rural, e outros que
encontram um apoio externo.
Com base nas rendas citadas, é perceptível a desigualdade social que prevalece entre ambos
os grupos e aflige, principalmente, os agentes do campo. A ausência de uma rede de apoio capaz de
estabelecer equilíbrio entre a força de trabalho, agricultores e apicultores, e o comércio, retrata uma
dissociação das atividades rurais com as bases da sustentabilidade, tendo em vista a desvalorização
dos profissionais e a baixa eficiência econômica, que gera disputas e exclusividades entre os
trabalhadores, culminando na desigualdade social. Segundo Gomes e Martins (2020), a integração
das práticas sustentáveis e a consolidação de economias solidárias, podem aumentar a obtenção de
lucro através da cooperação e troca de experiências, gerando a preservação ambiental e valorização
profissional.

14
5.2 - A percepção dos agricultores sobre o meio ambiente

Os perfis e singularidades apresentados no tópico 5.1 retratam as experiências de


cada entrevistado e ajudam a compreender como as características e identidades influenciam as
relações do campo. Com base nisso, as questões agora pautadas tangenciam os agricultores e a sua
relação com a natureza, demonstrando como ambos se relacionam em uma construção mútua, que
se reflete nas condutas e mentalidades de cada pessoa (Oliveira, 2006 apud Gomes e Martin, 2020).

Desse modo, percebe-se como os dois campos de análise presentes na pesquisa


convergem do princípio ao fim, sendo basilares para a agropecuária brasileira. Não obstante, a
totalidade que configura o presente é fruto das oposições que o antecedem, dessa mesma forma, as
características, saberes e ações que modelam a atual agricultura familiar são decorrentes das
inúmeras divergências que ainda perduram neste espaço. A concentração de terras e a sujeição da
mão de obra camponesa aos grandes latifundiários (Wanderley, 2014) reflete o modo como estes
mundos se influenciam, sofrendo com empecilhos similares.

Em decorrência disso, as primeiras questões da pesquisa abordam a relação entre trabalhador


e terra, contextualizando-a no Perímetro Irrigado através das ações de cada agricultor e suas
percepções quanto ao uso de agrotóxicos e seus efeitos na natureza. Primeiramente, é necessário
apresentar o modelo antecessor que transformou os campesinos e suas produções. Tendo sido
originado entre 1960 e 1970 através da Revolução Verde, a lógica de uma agricultura tecnificada
sem as características manufatureiras, conservadas no meio familiar, e embasada no uso de
agroquímicos foi a força motriz que subtraiu os saberes e práticas familiares e alavancou a
industrialização do campo, visando uma maior produção (Matos, 2010 apud Wachekowski et al.,
2020). Essa alteridade se revela na resposta do entrevistado a seguir:

“Tem um agrotóxico usado no feijão contra uma praga que prejudica a flora. Não
faço uso de nenhum material sustentável nem natural.”
(Agricultor 6).

Ao analisar a fala do agricultor - 6, pode-se perceber uma compreensão de que o uso de


agroquímicos acarreta determinados danos ao meio ambiente, ao mesmo tempo em que afirma uma
preocupação não muito forte com a sustentabilidade ambiental. Essa postura retrata as mudanças
lógicas e práticas decorrentes da industrialização do campo, causadas pela introdução dos
agroquímicos e a adequação dos pequenos produtores a estes insumos. Com base nisso, nota-se a

15
transformação dos laços agricultor-natureza, a adoção da agricultura tecnificada e mudanças nos
saberes e práticas familiares.

Não obstante, existem técnicas de produção alternativas transmitidas hereditariamente no


meio familiar ou disponibilizados por políticas públicas e instituições de ensino. Essas práticas se
enquadram perfeitamente como metodologias sustentáveis pois priorizam a preservação dos
recursos naturais e fornecem saberes ambientais aos agentes do campo, fortalecendo a reciprocidade
entre os profissionais e a natureza (Gonçalves et al., 2020). sobre a questão da agricultura
sustentável, notou-se que uma diminuta parcela da amostra adere a agricultura sustentável, como a
agricultora - 7:

“Atualmente aderimos ao uso de inseticidas naturais e artesanais mais acessíveis,


fabricados a base de sabão, detergente, óleo de comida, que misturados criam um
pulverizante para plantas.”
(Agricultora 7).

Baseado na fala supracitada, percebe-se como as experiências e conhecimentos da


camponesa são características fundamentais para sua autonomia. Diferentemente do primeiro
entrevistado, a agricultora alega ter renunciado ao uso de agrotóxicos e se adequado à produção
artesanal de inseticidas capazes de conservar as lavouras sem, no entanto, demarcar nocividades nas
terras e biomas campestres. Ademais, os inseticidas manejados por essa trabalhadora atendem a 3
dos 5 critérios da sustentabilidade agroalimentar (FAO, 2019 apud Gonçalves et al., 2020), são eles:
conservação da diversidade ecossistêmica, pois evita o manejo e a dispersão de venenos, viabilidade
econômica, sendo mais acessível e de fácil fabricação, e resiliência para com os recursos da terra,
ou seja, não encadeia prejuízos contra natureza.

Apesar da diversidade de práticas adotadas pelos agricultores, o uso de agroquímicos é a


técnica que prevalece. Por conseguinte, a questão subsequente perpassa o campo da ação e se
aprofunda nas subjetividades de cada agricultor, questionando suas convicções e percepções quanto
à compatibilidade entre a natureza e os insumos industriais. Segundo Peres, Moreira e Dubois
(2003) apud Wachekowski et al., (2020, p. 2), os agrotóxicos são agentes químicos usados para
“prevenir, destruir ou expulsar, direta ou indiretamente, qualquer agente patogênico, de vida animal
ou vegetal, que seja prejudicial às plantas.” Porém, quando aplicados às lavouras, seus efeitos

16
desencadeiam comorbidades à saúde dos trabalhadores e deturpam a cadeia alimentar, humana e
ambiental.

Consonante Silva et al., (2005), o manejo destes produtos químicos causam a exposição
ocupacional e contaminação ambiental. Além disso, quando mal manuseados podem causar uma
contaminação em cadeia, dispersando-se por solos e aquíferos ou atingindo familiares e vizinhos. A
presença desses produtos se intensificou entre os anos de 1975 e 1979, quando o Plano Nacional de
Desenvolvimento (PND) passou a incentivar o uso de químicos, postulando-os como instrumentos
rentáveis e adequados para a plantação (Wachekowski et al., 2020). Essa perspectiva vigora até os
dias de hoje, estando presente nas falas dos seguintes participantes que, embora cientes dos perigos,
aderem ao uso:

“É prejudicial, porém dentro de nossa realidade e clima é o melhor mecanismo de


proteção contra pragas e possíveis perdas.”
(Agricultor 6).

Em contrapartida, uma parcela menor da amostra repudiou veementemente o uso de


venenos, reconhecendo suas nocividades à própria saúde e à qualidade dos alimentos. De acordo
com Wolinsk (1999) apud Wachekowski et al. (2020), a agricultura orgânica é fundamental para o
fortalecimento das plantas contra pragas e doenças, enquanto o uso de fertilizantes ou adubos
sintéticos enfraquecem a autoimunidade natural das lavouras, gerando a dependência química e a
suscetibilidade a doenças e pragas do campo. Não obstante, poucos agricultores se mostraram
cientes dessas desproporções, baseando-se na ideia de melhor eficiência dos agrotóxicos. Ainda
assim, mesmo que em menor instância, resistem os saberes ecológicos, que fundamentam a
agricultura e estabelecem uma conexão equilibrada e recíproca entre os agricultores e a terra
(Gliessman, 2013 apud Gonçalves et al. 2020). Esses benefícios e saberes se expressam nas falas a
seguir:

“Não uso agrotóxicos, mas utilizo adubos e faço a produção de um inseticida com
materiais orgânicos, sabão, esterco, óleo, é inclusive um pulverizante comum aqui
na comunidade, é melhor que os venenos porque protege e não danifica, têm alguns
venenos muito pesados para as vegetações.”
(Agricultor 8).

17
Com base nas visões e práticas analisadas, nota-se como a cultura agrícola permanece sujeita
às influências econômicas e políticas estabelecidas pela Revolução Verde, a qual preza
majoritariamente pelo lucro sem visibilizar as necessidades sociais e ambientais do campo. Ainda
assim, muitos agricultores reconheceram o vínculo entre natureza e agricultura, embora poucos
tenham de fato desenvolvido técnicas sustentáveis. Não obstante, para se aprofundar na perspectiva
ambiental, as questões consecutivas exploram o desenvolvimento sustentável da comunidade.

Nesse sentido, é fundamental evidenciar o que é o desenvolvimento pautado por esta


pesquisa, considerando a ambivalência do conceito de progresso e enfatizando sua relação com a
natureza. Segundo Sen (2004) apud Jacobi (2005), o desenvolvimento é um processo que perpassa
os aspectos econômicos e delimita avanços culturais e sociais aos seus agentes, culminando em um
beneficiamento coletivo de toda realidade por ele tangenciada. Diferente do senso comum sobre um
avanço alicerçado pela unilateralidade do lucro e da tecnologia, o desenvolver utiliza destes dois
aspectos, técnica e renda, como meios e não finalidades. Logo, seu real desígnio é fomentar as
capacidades criativas, inovadoras e benéficas.

Todos esses aspectos são assimilados pela agricultura familiar e se expandem para a
natureza, tendo em vista a sinergia entre o meio ambiente e os agricultores, unidos de forma social,
nas famílias e comunidades, econômica, renda e profissão, e ecológica, subsistência, os três pilares
da sustentabilidade (Elkington, 1994). Em vista disso, o esfacelamento dos ecossistemas gera um
retrocesso na qualidade de vida dos camponeses, cuja saúde, renda e direitos imperam através do
manejo ambiental. Assim, a atividade agrícola acaba por formar agentes ambientais interligados aos
agroecossistemas e atuantes na manutenção de seus recursos. Essas características se manifestam
nas declarações seguintes:

“Utilizamos folhas e galhos como adubo para fertilizar a terra, então acaba sendo
um método sustentável ao meio ambiente.”
(Agricultor 7).

“Com certeza, eu tomo cuidado com o lançamento de resíduos e os retiro da terra,


mas infelizmente uns tomam cuidados e outros não fazem nada. Não deveria ter
desmatamento na agricultura, essa condição de seca, pouquíssima chuva e muito
calor é reflexo dessa prática.”
(Agricultor 8).

18
5.3 - A percepção dos agricultores apicultores sobre o meio ambiente

5.3.1 Organização da atividade apícola

As perguntas selecionadas do modelo de entrevista destinado aos agricultores apicultores,


foram pensadas para obter informações que evidenciem o trabalho cotidiano na agricultura e
apicultura, por essa razão, foram questões subjetivas, deixando os entrevistados livres para
expressar seus conhecimentos. Além dos ensinamentos que a prática dessa atividade proporcionou
sobre o meio ambiente, em geral, a sustentabilidade ambiental como fenômeno intrínseco.

Os agricultores foram submetidos a questionamentos abrangentes acerca de sua iniciação na


apicultura, contemplando todo o processo e suas experiências cotidianas no âmbito rural.
Adicionalmente, considerando a apicultura como uma atividade que prescinde, por vezes, de
formação técnica formal, os entrevistados compartilharam informações sobre os métodos pelos
quais adquiriram competências e conhecimentos relacionados à prática apícola, como é relatado
pelo apicultor 1:

“Desenvolvi meus conhecimentos na prática, sem nenhum conhecimento técnico.”


(apicultor 1).

Em relação a execução do trabalho na apicultura, como é realizado e o que é feito para


organizar a produção apícola, os apicultores relataram que em certo período de tempo, realizam a
vistoria, manutenção e manejo das colmeias. O apicultor 2 expõe:

“Eu tiro um dia na semana, para organizar, para acompanhar e fazer o manejo.”
(apicultor 2).

Além disso, os entrevistados citaram a técnica da alimentação artificial com xarope de água
e açúcar em épocas de seca, a utilização de caixas iscas para capturar as abelhas e a limpeza e
manutenção dos quadros e caixas:

19
“Eu limpo as caixas, troco a cera dos quadros, faço caixa isca para capturar
abelhas.”
(apicultor 3).

Dentre os apicultores entrevistados, um deles é técnico da comunidade do Perímetro


Irrigado, responsável por 3 apiários e pelo ensino técnico ambiental dos demais apicultores da vila.
Quando questionado sobre o manejo e as técnicas utilizadas para manter a organização da produção
apícola, respondeu que:

“Desenvolvemos todo o trabalho de manejo das abelhas dentro de cada período do


ano, eu realizo partes da atividade com o auxílio de minha esposa, objetivamos
desenvolver todos os manejos para que tenhamos um bom resultado na produção
de mel, no presente momento não exploramos nenhum outro produto, tenho cerca
de 63 colmeias com o total de 55 povoadas. Essas 63 colmeias estão divididas em 3
apiários, cada um com 20 colmeias, todas organizadas com espaçamento de 1m ou
1,5m. Eu procurei fazer essa estrutura organizacional dentro das propriedades,
obedecendo aos requisitos das colmeias.”
(apicultor 4).

Com base nos dados obtidos, é evidente que a apreensão dos conhecimentos relativos à
apicultura ocorre por meio de diversas formas. Predominantemente, a aquisição de saberes acontece
mediante a experiência prática direta no campo, em sua maioria, orientada por familiares e/ou
amigos com maior experiência no setor, estabelecendo assim uma transmissão intergeracional de
conhecimento. No contexto do contato direto com o ambiente de trabalho e as abelhas, os
apicultores desenvolvem uma compreensão acerca das práticas apícolas, comportamentos das
abelhas, logística organizacional das caixas e quadros, assim como técnicas fundamentais para a
proliferação e manutenção das colônias, a exemplo da alimentação artificial utilizando xarope à
base de açúcar e água, e a metodologia empregada na captura de enxames, mediante o uso da caixa
isca.

Alternativamente, a aquisição de conhecimentos pode se dar por intermédio de profissionais


técnicos, participação em palestras, cursos e outras iniciativas formativas. Tais modalidades de
aprendizado proporcionam informações mais estruturadas e técnicas, abarcando uma gama mais
ampla de conhecimentos e tecnologias aplicadas à prática da apicultura. Isso implica na
compreensão da importância da preservação ambiental para otimizar a produção agrícola e apícola,
destacando a interdependência entre a atividade humana e o ecossistema.

20
5.3.2 – Percepção dos apicultores sobre os aspectos educacionais da atividade
apícola em relação a preservação da natureza

Quando questionados, sobre a relevância da atividade apícola como meio de preservação


ambiental, os apicultores manifestaram clareza e uniformidade em suas respostas. Todos os
entrevistados concordaram de forma que consideram a prática apícola como um instrumento
significativo para o fomento da consciência ambiental e preservação do ecossistema. Entretanto, as
razões que embasaram tais opiniões variaram entre os apicultores, alguns destacaram a importância
econômica da apicultura, já que é uma fonte de renda extra de muito valor para os mesmos.

“Sim, tanto incentiva a preservação como é um meio de ganhar renda extra.”


(apicultor 2).

“É uma fonte de renda exponencial para as famílias e um espaço de trabalho muito


educativo aos seus executores.”
(apicultor 4).

“Sim. Eu trabalho a muito tempo nesse ramo da apicultura, e eu vejo essa atividade
como uma fonte de renda extra, que melhora muito minha renda. Além de ajudar a
natureza.”
(apicultor 5).

Com base nas declarações dos apicultores, evidencia-se que os entrevistados não apenas
reconhecem a importância da apicultura para o meio ambiente, mas também ressaltam sua
significância como uma prática essencial de subsistência, visto que, pode proporcionar efeitos
consideráveis no incremento da renda dos agricultores que dependem da agricultura familiar
(Paschoal e Paschoal, 2013).

Ademais, destacaram o notável papel da preservação ambiental na criação de abelhas


melíferas, enfatizando a interdependência intrínseca entre o meio ambiente e as principais agentes
polinizadoras. Esta interconexão se fundamenta na importância crucial da polinização realizada
pelas abelhas, um fator determinante na manutenção e proliferação das espécies vegetais.
Prosseguindo com a concepção da apicultura não somente como uma atividade econômica, mas
21
como uma alternativa pedagógica, salienta-se seu potencial para fornecer conhecimentos
ecossistêmicos e promover o desenvolvimento da consciência ambiental nos indivíduos.

Os entrevistados explicitaram, ainda, a dinâmica de transmissão de saberes entre apicultores


experientes e novatos nesse domínio, sublinhando a importância desta contínua troca de
conhecimento, na qual os mais experientes orientam os menos experientes. Essa relação simbiótica
fortalece não apenas a prática apícola, mas também a preservação do conhecimento acumulado ao
longo do tempo, estabelecendo uma rede de aprendizado na qual o ensinamento é perpetuado de
forma contínua e progressiva.

“Acho importante, porque se não cultivar a natureza não tem como praticar a
apicultura, já que as abelhas dependem da natureza.”
(apicultor 1).

“Sim. Porque nós que estamos a mais tempo nesse ramo da apicultura, muitas
vezes, aparece pessoas mais novas que não possuem tanto conhecimento, servimos
para ensinar e ajudar nessa atividade. Então é um aprendizado que passamos de
pessoa em pessoa.”
(apicultor 3).

As falas dos apicultores evidenciam uma compreensão profunda da interconexão entre


apicultura, preservação ambiental e a transmissão de conhecimento que essa atividade pode
promover. É possível perceber que, mesmo que os entrevistados não possuam um conhecimento
técnico mais aprofundado, os mesmos reconhecem a importância da preservação da natureza em
relação a possibilitar a prática proveitosa da apicultura, demonstrando assim que a atividade apícola
transforma o agricultor em um “ecologista prático”, uma vez que contribui positivamente para o
equilíbrio ambiental (Graef, 2011). Além de enfatizar sua relevância integral na interação entre
seres humanos, abelhas e ambiente.

Adentrando na análise do impacto da atividade apícola sobre seus praticantes, foi


questionado aos agricultores apicultores acerca de suas experiências na apicultura e se estas
propiciaram conhecimentos relativos à preservação ambiental, bem como quais foram esses
conhecimentos. Como será elucidado a seguir, todos os entrevistados responderam afirmativamente.
No que refere aos motivos e à natureza dos aprendizados adquiridos nesse ramo, os apicultores,
predominantemente, adotaram uma abordagem objetiva em suas respostas, apresentando distintos
contextos que evidenciam seus saberes adquiridos, como nas declarações abaixo.

22
“A preservação da natureza está relacionada com a prática da apicultura.”
(apicultor 1).

“Quanto mais plantação e flora, mais as abelhas têm capacidade de produzir mel.”
(apicultor 3).

Os depoimentos de alguns entrevistados, situados acima, revelaram a obtenção de


conhecimentos ligados à interação entre a ecologia e a prática apícola, evidenciando o
reconhecimento da considerável influência da flora na produtividade melífera das colônias de
abelhas. Assim como argumenta Graef (2011, p. 24) “Para que a atividade apícola é de vital
importância que as abelhas tenham uma boa fonte de pólen e néctar o ano inteiro, será preciso que o
apicultor e ou agricultor invista na produção de árvores e plantas que possam florescer o ano inteiro,
alternadamente”

Nesse contexto, a relação entre a quantidade de néctar e pólen na vegetação apresenta uma
proporcionalidade direta com a capacidade de produção de mel pelas abelhas. Consequentemente, o
aumento da disponibilidade desses recursos naturais consiste em uma alta correlação na capacidade
produtiva das colmeias. Em contrapartida, a diminuição dessa disponibilidade de néctar e pólen
resulta em uma diminuição proporcional na capacidade de produção melífera das abelhas.

Ainda em relação aos aprendizados derivados da experiência na prática agrícola, um dos


entrevistados delineou abrangentemente seu processo de aquisição de conhecimento técnico e as
implicações desse conhecimento em sua perspectiva sobre a natureza e preservação ambiental. O
técnico em questão afirmou:

“Quando comecei a estudar sobre Biologia da Abelha, quando comecei a


compreender o comportamento das abelhas foi fascinante, a partir disso adquiri
interesse pela apicultura e desenvolvi uma visão técnica do ambiente e da
preservação.”
(apicultor 4).

Com base na declaração apresentada, é possível inferir que a apicultura ainda é uma prática
amplamente "desconhecida" em termos técnicos. Os conhecimentos comumente associados à
apicultura são percebidos como vagos e escassos. À medida que essa atividade é introduzida no
23
contexto educacional e o conhecimento técnico é disseminado, torna-se evidente que a apicultura é
uma prática de grande interesse e importância no âmbito social, econômico e ambiental. Conforme
(Freitas, 1999 apud Amarante, 2019) a prática da apicultura, por sua vez, pode oferecer alternativas
ecologicamente conscientes e autossustentáveis para explorar ambientes naturais ainda não
degradados.

Além disso, o consultor técnico discorreu sobre a importância de um ensino e


acompanhamento técnico para o desenvolvimento de um trabalho ambiental conjunto, transferindo
a devida orientação e segurança dentro de suas atividades agrícolas. Ademais, destacou a recorrente
situação em que agricultores familiares exercem suas ocupações no campo sem possuírem o
conhecimento e orientação adequada em relação ao manejo ecológico.

“Atualmente eu trabalho como consultor técnico para o SENAI, atendendo uma


turma de 30 produtores de Pau dos Ferros, Francisco Dantas e Paraná, que hoje
recebem esse incentivo técnico, o acompanhamento de 2 anos para a construção de
um trabalho ambiental conjunto e que essas pessoas tenham uma orientação e
segurança dentro de suas atividades. Atualmente a agricultura no Brasil tem uma
população de agricultores familiares que não recebem nenhum ensino ambiental
técnico, que executam suas atividades sem orientação, sem métodos de manejo
ecológico.”
(apicultor 4).

Por fim, a análise mostra que a apicultura possui potencial significativo como objeto
educacional para promover a compreensão do meio ambiente e sua preservação, fornecendo
conhecimentos abrangentes em diferentes esferas. Contudo, a presença de saberes práticos sem uma
vinculação técnica foi notada em alguns casos, indicando uma lacuna nesse aspecto. Isso implica
dizer que a prática e o ensino da atividade apícola podem acontecer e ser transmitidas de maneiras
diversas, mas a inclusão de conhecimento técnico é crucial para o desenvolvimento da
conscientização ambiental do indivíduo, permitindo a realização de um manejo adequado e seguro,
além de proporcionar uma base sólida em técnicas e métodos essenciais para o melhoramento da
produção apícola.

Tendo em vista a capacidade educacional da apicultura, foi questionado aos apicultores se a


preservação do meio ambiente é uma preocupação efetiva na vida dos mesmos, e se existe alguma
prática ou ação relevante realizada por eles que instiguem a conservação ambiental. Muitos
entrevistados se declaram bem prevenidos contra a queimada e descarte da florada, verifica-se tal
postura nas afirmações que se sucedem:
24
“Procuro evitar as queimadas e evitar derrubar árvores”.
(apicultor 1).

“Eu mantenho a propriedade com muito cuidado, evitando derrubar árvores.”


(apicultor 3).

De acordo com os dados coletados, os agricultores responderam que a preservação da


natureza, é sim uma preocupação para eles, tendo em vista a enorme necessidade da vegetação
diversa e ativa para a produção apícola. Levando em consideração, o fato de que com a
possibilidade do extermínio da vegetação, consequentemente, as abelhas e outros agentes
polinizadores entraram em extinção também, daí a necessidade de dar uma maior visibilidade a
atividades que abrangem a conservação ambiental (Graef, 2011).

Em relação às ações ativas praticadas pelos apicultores em suas propriedades agrícolas para
a manutenção da natureza, ou atitudes que os mesmos não realizam para não causar danos ao meio
natural, as respostas mais frequentes envolvem desmatamento e queimadas. Os entrevistados
relatam que evitam ao máximo derrubar as árvores, com exceção em necessidades pessoais, como a
produção de cercas produzidas a partir da madeira.

No que se refere às queimadas, foi mencionado por um dos apicultores, uma norma exigida
na comunidade do Perímetro Irrigado que diz respeito à proibição de queimadas nas áreas da vila.
Além disso, uma prática muito eficiente e necessária para evitar os incêndios no campo, foi
exemplificada por um dos entrevistados, o mesmo relatou que em épocas de seca, a qual o mato
habitualmente fica seco, e consequentemente, muito vulnerável a queima, ele manda fazer uma
limpeza na mata presente ao redor da propriedade do mesmo.

“Na vila é proibido queimadas, os cuidados são mínimos.”


(apicultor 5).

“Sempre que chega o período da seca, eu mando fazer uma limpeza ao redor da
propriedade para evitar queimadas''.
(apicultor 2).

25
Além disso, foi destacado a emergente necessidade de recursos essenciais para a execução
proveitosa de atividades agropecuárias e apícolas, como a carência de matas nativas, sombreamento
suficiente para a prática das tarefas, floras ricas e diversas, fonte de água próximo e entre outros.
Complementando com a significativa diferença que a implantação de projetos ambientais faria para
os ambientes de trabalho que carecem de espaços adequados para realizar suas tarefas de forma
eficiente, como projetos de reflorestamento e cultivo de floradas que tenham a capacidade de
adaptação do clima do semiárido.

“Em questão da preservação existe o desmatamento, as elevadas temperaturas e


secas e a ausência de uma mata nativa, um sombreamento e flora, fontes de água,
tudo isso é declinante para práticas de agropecuária e apicultura. A falta de projetos
de reflorestamento, cultivo de floradas adaptadas à seca que se adequem ao clima
de nossa região seria um fortalecedor para as atividades agrícolas e apícolas”.
(apicultor 4).

Baseado na análise das falas obtidas com a questão abordada, é possível notar que, a integra
dos entrevistados, reconhecem a conservação do meio ambiente como uma necessidade
incontestável, porém em termos relacionados às práticas executadas pelos menos em prol de manter
a vegetação viva, percebe-se que os apicultores adotam critérios básicos de preservação da natureza,
ainda que, em diferentes níveis. Foram relatados apenas questões relacionadas a manutenção das
árvores já existentes e cuidados com as queimadas, mas não temas mais abrangentes, como
poluição, reciclagem, descarte correto e entre outros. Com isso, a apicultura em si é reconhecida
como “a atividade agrícola mais sustentável e grande aliada na preservação ambiental” (Graef,
2011, p. 13), porém, é importante adotar outros meios e práticas cruciais para a preservação da
natureza. Tendo em vista que, (Santos e Ribeiro, 2009, p. 4) argumenta: “A conservação e o uso
racional destas áreas representam a manutenção da vida na região, motivo pelo qual a
implementação da atividade apícola é tão importante”.

5.3.3 – Percepção dos apicultores sobre a relação do uso de agrotóxicos com a


prática da atividade apícola e a produção

Considerando os tópicos anteriormente abordados, a organização apícola e a percepção dos


apicultores sobre os aspectos educacionais da atividade apícola em relação à preservação da

26
natureza. É considerável questionar no que se refere ao uso de agrotóxicos, tendo em vista que os
apicultores também são agricultores, logo, a aplicação de agroquímicos para controlar as pragas nas
áreas produtivas é bastante recorrente na agricultura. Em vista disso, é interessante tomar
conhecimento sobre a percepção dos entrevistados acerca da utilização de agrotóxicos no plantio e
se essa prática é compatível com a atividade da apicultura.

Frente a isso, indagou-se aos entrevistados sobre a compatibilidade percebida, em sua visão,
entre o uso de agrotóxicos no cultivo agrícola e a prática da apicultura. Adicionalmente, foi
questionado se esses apicultores utilizam agroquímicos, e em caso afirmativo, quais são eles, e se
refere-se a produtos de natureza industrial ou inseticidas derivados de substâncias naturais.

De acordo com as respostas obtidas, todos os entrevistados reconhecem que o uso desses
produtos não é compatível com a atividade apícola, justificando que, são muito prejudiciais para a
natureza, e especialmente, para as abelhas, ressaltando que são animais muito sensíveis a esse tipo
de substância.

“Não, prejudica muito a natureza. Porque as abelhas são muito sensíveis a esses
produtos químicos, qualquer veneno mata a abelha”
(apicultor 5).

Em relação ao uso recorrente de agrotóxicos por esses apicultores e a procedência desses


produtos, as argumentações oscilaram entre, a não utilização dos agroquímicos em suas lavouras e o
uso de forma moderada, utilizando apenas em alguns tipos de culturas agrícolas que necessitam de
uma maior conservação para sua produção suceder. Todos que afirmaram usar agrotóxicos,
responderam que os mesmos são de procedência industrial, com exceção de um, que declarou a
utilização habitual de defensivos agrícolas derivados de produtos naturais em seu ambiente de
produção vegetal.

“Não faço uso de agrotóxicos industriais, eu mesmo produzo os produtos a base de


produtos naturais (folha do ninho, casca de ovo, pó de café, esterco de gado, leite,
cansanção, carrapateira, cinza de churrasqueira). Todos esses materiais ajudam
muito na capacidade reprodutiva das plantas, além de combater alguns tipos de
pragas.”
(apicultor 5).

27
“Sim, moderadamente, já que o feijão, principalmente, necessita do uso de
agrotóxicos, pois se não usar, não produz”
(apicultor 1).

“Sim, muito pouco, só quando é necessário. O agrotóxico Barrage e o veneno do


feijão. São industriais”
(apicultor 3).

Ademais, conforme os dados obtidos, evidencia-se que os apicultores possuem o


conhecimento básico em respeito a ofensividade do uso dos agrotóxicos no campo, tendo em vista
que, a utilização de agrotóxicos resulta em contaminação de diferentes ambientes, contaminando o
ar, solo, as águas superficiais e subterrâneas, e consequentemente, ocasiona em mudanças na fauna,
flora e desequilíbrio ambiental. Portanto, o uso desses inseticidas tem efeitos diretos na conservação
de todos os polinizadores, envolvendo as principais agentes dessa área, as abelhas (Caldas, Portela
Pinho e Zaluski, 2018).

Tendo conhecimento disso, é possível identificar um conflito inerente à atividade agrícola.


Conforme relatado pelos informantes, a aplicação de agrotóxicos é considerada uma exigência em
determinadas culturas vegetais que demandam medidas intensivas de conservação para otimizar a
produção. Contudo, segundo as informações apresentadas, a utilização desses agentes químicos
revela-se prejudicial para os polinizadores, notadamente as abelhas. Surge, assim, um paradoxo em
que a pulverização de agrotóxicos é necessária para a produção vegetal, visando o controle de
pragas e, consequentemente, a viabilização da colheita. Paradoxalmente, grande parte das plantas
depende crucialmente da polinização efetuada pelas abelhas para alcançar seu potencial produtivo,
tornando-se inviável quando esses polinizadores são impactados adversamente pelos agroquímicos.

Além das respostas expostas, é importante destacar a opinião do agrônomo e apicultor


entrevistado em prol dessa pesquisa:

“Eu não sou desfavorável pois sei das necessidades que os produtores possuem
para determinadas culturas agrícolas que necessitam de uma conservação maior,
contudo também sou favorável à agricultura orgânica com materiais de base
ecológica”
(apicultor 4).

28
Portanto, é viável adotar práticas e aplicação da agricultura, conhecida como agricultura
orgânica, a qual se refere a uma atividade de produção que visa assegurar a saúde do solo, do meio
ambiente e das pessoas, a começar com a não utilização de agrotóxicos e métodos violentos para a
terra, vegetação e animais (Mattei e Michellon, 2021). Para assim, manter o potencial produtivo da
vegetação, mantendo também a polinização crucial para o desenvolvimento saudável dos frutos,
sem prejudicar as abelhas, o solo, consumidores e agricultores efetivos no campo. Tendo em vista,
os impactos ambientais causados pelo contemporâneo modelo agrícola brasileiro, pautado na
aplicabilidade de agroquímicos com potencialidade tóxica a natureza, atinge pontualmente os
apicultores por serem, na maior parte dos casos, trabalhadores autônomos afetados pela redução
contínua e pela diminuição da disponibilidade do pasto apícola, essencial para as abelhas melíferas.
(Cerqueira e Figueiredo, 2017).

Ademais, é possível perceber que o conhecimento técnico sobre a natureza e a apicultura


firma um meio influente na capacidade de produção agrícola e apícola, possibilitando um cultivo
saudável, produtivo e sustentável. A partir disso, foi questionado aos entrevistados acerca da
percepção dos mesmos sobre a importância da compreensão do meio ambiente no melhoramento da
produção, e seus motivos vinculados a essa afirmação.

Os dados obtidos a partir desse questionamento foram uniformes, todos os entrevistados


expressaram concordância quanto a afirmação de que com a compreensão do meio ambiente
possibilita um desenvolvimento na produção. Os relatos mais comuns destacam a importância da
preservação do solo, plantas e flores, estabelecendo uma correlação com a saúde da terra e
vegetação e a capacidade de produção das mesmas.

“Sim. Porque sem as plantas e as floras diminui muito a capacidade de produção,


principalmente de mel.”
(apicultor 3).

“É fundamental que haja o equilíbrio, não podemos nos beneficiar de nenhuma


atividade tornando o ambiente em que a realizamos desamparado.”
(apicultor 4).

“Sim, auxilia. Porque no que você evita queimadas e desmatamento, preserva o


solo e consequentemente, mantém uma terra mais forte e boa para plantar.”
(apicultor 5).

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Com fundamento nos dados alcançados, compreende-se que os participantes da pesquisa
possuem entendimento dos princípios básicos relacionados à preservação da natureza e
sustentabilidade. Isso engloba o reconhecimento da importância da conservação das plantas, bem
como o conhecimento sobre os impactos adversos causados pelo uso de agrotóxicos tanto para as
plantas como para as abelhas, além da percepção da associação desses fatores com a produção
agrícola e apícola. Visto que “a apicultura não incentiva o desmatamento, nem as queimadas, nem a
prática inadequada da agricultura, nem uso inadequado de agrotóxicos, mas sim contribui com o
equilíbrio da biodiversidade e a sustentabilidade das propriedades rurais.” (Graef, 2011, p. 14).

5.4 – As percepções dos agricultores e dos agricultores apicultores sobre o meio


ambiente: uma possível comparação

A partir dos resultados supracitados, os quais se referem a percepção dos agricultores e dos
agricultores, que também são apicultores, sobre o meio ambiente, é possível estabelecer
semelhanças e diferenças no que se relaciona aos entendimentos adquiridos, com as práticas em
campo, sobre o meio ambiente e sustentabilidade. Tendo em vista que, a efetivação da prática
apícola dentro da agricultura é um fator de alta relevância em aspectos ambientais.

A partir dessa ideia, os questionários destinados para cada um dos grupos analisados,
agricultores não apicultores e agricultores apicultores, possuem questões muito semelhantes, no
intuito de identificar características parecidas nas duas práticas, e o que se assemelha e se difere em
relação a associação das duas atividades realizadas, o impacto da apicultura imposta na agricultura
sobre a preservação do meio ambiente e a sustentabilidade ambiental.

Diante disso, foi questionado aos apicultores e agricultores não apicultores, sobre o uso de
agrotóxicos no plantio, identificando esses produtos, se são industriais ou feitos a base de produtos
naturais, e se essa prática é compatível ou não com a natureza.

De acordo com os dados coletados, percebe se que no grupo dos agricultores, existem
exceções que alegam renunciar o uso desses produtos nocivos, optando por alternativas mais
sustentáveis e que não agrida potencialmente a natureza. Entretanto, como foi analisado no tópico:
“A percepção dos agricultores sobre o meio ambiente”, majoritariamente existe sim uma
preocupação em relação aos danos causados pelos agroquímicos, mesmo que minimamente, porém
a influência econômica e política imposta pela Revolução Verde continua a moldar a cultura

30
agrícola, priorizando predominantemente o lucro sem considerar de maneira evidente as demandas
sociais e ambientais do meio rural.

“Tem um agrotóxico usado no feijão contra uma praga que prejudica a flora. Não
faço uso de nenhum material sustentável nem natural.”
(Agricultor 6).

“Não, eles são prejudiciais à natureza. Nós usamos porque é preciso, se não
perdemos as colheitas e os legumes para as pragas. Mas, eu não acredito que seja
bom não, eu acredito que prejudica o meio ambiente.”
(Agricultor 9).

Adentrando no grupo dos apicultores, observa-se que a utilização de agroquímicos por esses
profissionais também decorre de uma concepção e necessidade relacionada às mencionadas pelos
agricultores. Ambos discorrem sobre os produtos químicos, como um categórico essencial para a
manutenção do plantio, entretanto reconhecem os malefícios causados por estes ao meio ambiente.
Isso mostra que os conhecimentos em relação a alternativas e práticas sustentáveis na agricultura,
essas que não necessitem dos agroquímicos, é pouco conhecida no âmbito dos agricultores
familiares, a única alternativa vista por eles, é o uso dos defensivos agrícolas.

“Sim, moderadamente, já que o feijão, principalmente, necessita do uso de


agrotóxicos, pois se não usar, não produz.”
(apicultor 1).

“Sim, muito pouco, só quando é necessário. O agrotóxico barragem e o veneno do


feijão. São industriais.”
(apicultor 3).

Ambos os grupos admitem a utilização de agroquímicos em suas práticas, embora as


motivações e a intensidade variem. Como é percebido, enquanto alguns agricultores manifestam
uma compreensão dos danos ambientais causados pelos agroquímicos, ainda optam por utilizá-los
devido a influências econômicas e práticas estabelecidas. Em contrapartida, os apicultores
demonstram uma postura mais cautelosa, muitas vezes evitando ou utilizando agroquímicos de
forma moderada, com um foco específico nas culturas que necessitam dessa prática.

31
Além disso, é possível notar a diferença entre as duas coletividades em relação a origem dos
agroquímicos, enquanto os agricultores se referem, predominantemente, ao uso de agroquímicos de
procedência industrial, os apicultores variam em suas fontes, com alguns utilizando produtos
industriais e outros optando por defensivos agrícolas derivados de produtos naturais.

“Tem um agrotóxico usado no feijão contra uma praga que prejudica a flora. Não
faço uso de nenhum material sustentável nem natural.”
(Agricultor 6).

“Não faço uso de agrotóxicos industriais, eu mesmo produzo os produtos a base de


produtos naturais (folha do ninho, casca de ovo, pó de café, esterco de gado, leite,
cansanção, carrapateira, cinza de churrasqueira). Todos esses materiais ajudam
muito na capacidade reprodutiva das plantas, além de combater alguns tipos de
pragas.”
(apicultor 5).

Contudo, com base nos dados apresentados anteriormente, embora ambos os grupos
enfrentam desafios relacionados ao uso de agroquímicos, suas posturas e abordagens indicam
diferenças significativas nas práticas agrícolas e na conscientização sobre alternativas sustentáveis.
A partir disso, é possível concluir que tanto os agricultores quanto os apicultores compartilham uma
compreensão, mesmo que mínima, dos impactos adversos dos agroquímicos no meio ambiente,
reconhecendo os riscos associados a essas substâncias.

Entretanto, os apicultores demonstraram uma postura mais cautelosa em relação aos


agroquímicos, muitas vezes evitando ou utilizando-os moderadamente. Esta diferença de
abordagem sugere uma maior consciência ambiental entre os apicultores, destacando a prática
apícola como uma eficaz forma de ensinar a preservar a natureza. De acordo com Luci Cleide
Farias Soares Souza, em sua dissertação: “Sustentabilidade da apicultura: aspectos socioeconômicos
e ambientais em assentamentos rurais no Semiárido Paraibano”, estimou-se “que após a
implantação da apicultura, nos assentamentos rurais os produtores tendem a reduzir o uso de
agrotóxicos para evitar mortalidade das abelhas, e a contaminação do mel” (Sousa, 2013, p. 14).
Evidenciando assim, a influência da apicultura como um meio prático no desenvolvimento de
consciência ambiental dos praticantes, além de salientar a necessidade de promover conhecimentos
sobre alternativas sustentáveis, ainda pouco difundidos entre os agricultores familiares.

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6. CONCLUSÃO

Este estudo visou compreender as percepções de dois grupos inter-relacionados, agricultores


e apicultores do Perímetro Irrigado, em relação à sustentabilidade e meio ambiente. Com o objetivo
de identificar se a apicultura exerce uma influência relevante no meio agrícola. Observou-se que,
embora ambos os grupos possuam conhecimento individual sobre natureza e sustentabilidade em
escalas diferentes, os apicultores demonstraram um entendimento mais refinado de práticas e
conceitos sustentáveis, especialmente em relação ao uso de agrotóxicos.

Portanto, é crucial destacar que práticas sustentáveis e o desenvolvimento da consciência


ambiental entre os agricultores familiares devem ganhar cada vez mais destaque nesse contexto.
Isso permitirá que, com o conhecimento apropriado, tais práticas sejam implementadas com maior
segurança, produtividade e sustentabilidade.

Por fim, espera-se que esta pesquisa contribua para aumentar a visibilidade da apicultura
em seu papel ambiental. A atividade não apenas atua como uma forma prática de educação no meio
agrícola, mas também destaca sua função essencial na conservação ambiental, dada sua significativa
capacidade sustentável.

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