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RESUMO
O propósito desta pesquisa consiste em averiguar o perfil rurais, empenhadas na manutenção e proliferação dos
sustentável vigente nas atividades agrícola e apícola do agroecossistemas, na erradicação da fome e na edificação
Perímetro Irrigado de Pau dos Ferros, Rio Grande do de economias sustentáveis e solidárias, visou-se por
Norte. Em prol disso, utilizou-se como fonte de análise visibilizar as necessidades, inovações e empecilhos que
as declarações, vivências e saberes dos camponeses dessa afligem esse grupo, interligados de forma unitária ao
comunidade, culturalmente e socialmente diversificada. meio rural, e vinculados intimamente à natureza, fonte
Ademais, tendo em vista as problemáticas modernas que primordial das rendas e subsistência das famílias. Esse
afligem transversalmente tanto o universo social como o trabalho visa contribuir para a visibilização da classe de
ambiental, visou-se por averiguar as alternativas opostas trabalhadores rurais, cujos direitos e a própria cidadania
ao padrão de avanço destrutivo e antiecológico, vigoram em comunhão com a natureza, enaltecendo em
responsável pela defasagem dos ecossistemas e a conjunto a importância da agricultura e apicultura para a
fomentação da desigualdade. Assim, levando em consciência ambiental dos profissionais desses universos.
consideração o papel fundamental das comunidades
The purpose of this research is to investigate the current maintenance and proliferation of agroecosystems, the
sustainable profile in the agricultural and apicultural eradication of hunger, and the building of sustainable and
activities of the Irrigated Perimeter of Pau dos Ferros, solidarity-based economies, the goal was to highlight the
Rio Grande do Norte. For this purpose, the declarations, needs, innovations, and obstacles affecting this group,
experiences, and knowledge of the peasants in this united in a unitary way with the rural environment and
culturally and socially diverse community were used as a closely linked to nature, the primary source of income
source of analysis. Furthermore, considering the modern and subsistence for families. This work aims to
issues that affect both the social and environmental contribute to the visibility of the rural working class,
realms, the aim was to examine alternatives to the whose rights and citizenship are in communion with
standard of destructive and anti-ecological progress nature, collectively emphasizing the importance of
responsible for the depletion of ecosystems and the agriculture and apiculture for the environmental
promotion of inequality. Thus, taking into account the awareness of professionals in these fields.
fundamental role of rural communities committed to the
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KEYWORDS: Beekeeping; Agriculture; Sustainability; Nature; Society.
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1. INTRODUÇÃO
Ao longo de todo desenvolvimento humano, a natureza esteve presente como uma fonte de
recursos e trabalhos primordiais para a formação e o avanço social. A agricultura e a apicultura são
duas atividades que refletem essa relação, práticas agropecuárias essenciais para a transformação da
identidade humana. Além da importância econômica, ambas as profissões estabelecem uma relação
mútua entre natureza e sociedade, na qual, o ambiente se torna uma tecnologia rentável e
sustentável para seus investidores (Lima e Rocha, 2012). Estas práticas se fazem presentes nas
zonas rurais e carregam uma mutualidade de saberes.
A partir disso, percebe-se como é fundamental compreender e analisar as perspectivas de seus
profissionais, refletindo quanto ao papel que estes trabalhadores desempenham. Para isso, a
pesquisa redigida neste artigo preza pelo estudo dos saberes e experiências interligadas entre as
práticas agrícolas e apícolas. Além disso, é necessário salientar quanto às formações e contextos nos
quais essas profissões se estabelecem, comparando as semelhanças e diferenças de cada trabalho e
profissional.
Desse modo, a criação de abelhas se torna uma atividade profissional e sustentável basilar
para o equilíbrio da natureza. Além de um meio de produção e renda, a apicultura perfilha aspectos
cruciais ao meio ambiente, como o cultivo e a proliferação de espécies através da polinização.
Sendo assim, a natureza se torna uma fonte de conhecimento ambiental basilar para a
conscientização dos profissionais que trabalham com ela, construindo, portanto, uma relação
harmônica entre sociedade e ecossistema (Santos e Ribeiro, 2009).
De acordo com Iracema Graef (2011, p.13), pesquisadora do papel ecológico, social e
ambiental da apicultura para sociedade, a atividade apícola é uma intensa formadora técnica e
prática de profissionais conscientes. Em suas palavras: "Hoje, a apicultura é considerada a atividade
agrícola mais sustentável e grande aliada na preservação ambiental [...] transforma o apicultor em
'ecologista prático'".
Outrossim, a agricultura apresenta causas e efeitos similares. Sua prática está relacionada à
produção de recursos essenciais para a humanidade, tendo como destaque o abastecimento e a
coleta de materiais, sejam alimentos primários ou matérias-primas usadas para o consumo ou
comércio. Em meio a essa ambivalência entre a capitalização e o meio natural, faz-se necessário
atingir uma mutualidade entre os fatores sociais e ambientais. Para isso, a educação ecológica se
torna um alicerce determinante, formando profissionais conscientes e atuantes contra os prejuízos
irreversíveis ao ecossistema, e consequentemente, à humanidade.
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Além do papel ecológico, a agricultura é uma atividade fundamental para infraestrutura
brasileira. Segundo o Censo Agropecuário do IBGE, efetuado em 2017, a agricultura familiar foi
responsável por 70% dos produtos alimentícios cultivados e importados em todo Brasil. Desse
modo, a valorização profissional de famílias e comunidades agrícolas é uma necessidade social e
ecológica, pois estes cidadãos empenham, de modo plural, a erradicação da fome e dos impactos
ambientais.
Através deste artigo, torna-se perceptível como a conjuntura das práticas agrícolas e apícolas
ramificam uma protocooperação entre sociedade e meio ambiente. Em razão disso, compreender
seus papéis e influências é primordial para a sobrevivência humana e a preservação ambiental,
tendo em conta que ambas configuram meios sustentáveis para a autorregulação do mundo sócio-
natural. Assim, a construção de um elo entre essas atividades e o ensino ecológico produz um
caminho para formação e valorização de profissionais conscientes.
Com base nisso, as análises e estudos efetuados nesta pesquisa visam identificar as
perspectivas e transformações das atividades rurais no contexto socioambiental. Ademais, procura-
se analisar através das ações e opiniões destes trabalhadores, as capacidades que a agricultura e a
apicultura têm de expandir o ensino ecológico. Em suma, a primazia é comparar as visões ativas e
teóricas de seus correlacionados, agricultores e apicultores, quanto ao papel ecológico, educacional
e social de suas profissões.
2. OBJETIVOS
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●3 Descrever o contexto socioeconômico da agricultura familiar na comunidade do perímetro
irrigado - Pau dos Ferros-RN.
3. MATERIAL E MÉTODOS
Esta pesquisa foi realizada na Vila Perímetro Irrigado, situada nas coordenadas 6°07’ de
latitude Sul e 38°13’ de longitude Oeste, disposta 190 metros acima do nível do mar (DNOCS,
2012 apud Souza et al., 2014). A mesma consiste em uma comunidade rural localizada no
município de Pau dos Ferros, Rio Grande do Norte, na mesorregião Oeste Potiguar.
Especificamente a cerca de 9,2 km da Prefeitura Municipal de Pau dos Ferros, na Rodovia 226,
mediando a conexão entre Pau dos Ferros e Antônio Martins.
A pesquisa tem como fundamentação metodológica a abordagem qualitativa, baseada nas
perspectivas subjetivas, opiniões e saberes dos camponeses do perímetro irrigado. Por se tratar de
uma abordagem qualitativa, realizou-se uma pesquisa de campo, utilizando entrevistas
semiestruturadas como técnica de coleta dos dados (Manzini, 2004). As entrevistas foram realizadas
com auxílio de três questionários utilizados como roteiro para os diálogos.
No total, foram feitas onze entrevistas, sendo uma sobre a caracterização socioeconômica da
comunidade e 10 sobre as perspectivas dos camponeses relativas à apicultura e a sustentabilidade
ambiental. Os três questionários configuram focos distintos. O primeiro caracteriza o universo
social da comunidade, sua população, rede de ensino e as relações profissionais desenvolvidas no
âmbito da agropecuária, cultivo e criação de animais, estabelecidas no campo de estudo. Assim, a
entrevista primária aborda os aspectos identitários dos entrevistados, analisando a dinâmica entre os
agentes rurais e a realidade em que se encontram inseridos, o meio ambiente.
Os outros dois questionários, diferentemente do primeiro, enfatizam não somente os saberes
profissionais e ambientais, mas representam também as singularidades e diversidades presentes no
campo. Nesse intuito, cada questionário reflete distintos perfis identitários, deliberados com base na
etnia, gênero, grau de ensino e renda dos pesquisados (Richardson, 2017). Ademais, foram
abordados os saberes laborais adotados por cada apicultor e agricultor – métodos de manejo e
cultivo – juntamente com suas concepções quanto ao papel ambiental destas práticas.
Por fim, através dos dados coletados e designados pelos moradores do Perímetro Irrigado,
será efetuada uma análise de conteúdo fundamentada nos posicionamentos, posturas e concepções
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enfatizadas por cada entrevistado (Severino, 2014). Assim, as mensagens e significados obtidos em
campo permitirão estruturar, com base nos conhecimentos e perfis dos sujeitos pesquisados, as
interpretações sobre a realidade desses camponeses acerca da relação: sustentabilidade, agricultura e
apicultura.
4. QUADRO TEÓRICO
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sobrevivência, dependendo deste como fonte sustentável e renovável para suas vidas. A existência
dessas sociedades é uma expressão verídica de como a sustentabilidade ambiental conecta o bem-
estar dos ecossistemas com o fortalecimento da cidadania. Ademais, são os quilombolas, indígenas
e agricultores familiares um impasse contra a atividade capitalista, mecanizada e moderna, mas
exauridas de qualquer relação mútua com a natureza, sua principal fonte de recursos. Essas minorias
configuram subpolíticas que surgem perante a letargia das instituições contra os problemas
socioecológicos (Beck, 1997 apud Jacobi, 2005).
Em contraste com a sustentabilidade institucionalizada, o desenvolvimento sustentável
adotado pelas minorias gera a conscientização cidadã e ecológica estruturada a partir de suas
experiências. Percebe-se então o papel transformador que as práticas sustentáveis inferem sobre a
identidade de seus agentes, gerando qualidade de vida, independência, trabalho e liberdade
juntamente com a preservação de zonas ambientais e a valorização de seus recursos. Assim, o
desenvolvimento dessas sociedades reflete uma contrapartida ao avanço imprudente da
industrialização e capitalização de terras e bens naturais. Ademais, percebe-se o paralelismo entre
ecologia e justiça existente dentro da sustentabilidade, (Redclift, 2005), visto que ambos os
contextos sofrem prejuízos equivalentes e consecutivos. Um exemplo são as economias industriais
que fomentam a exploração indevida dos ecossistemas, incentivam a mão de obra barata e a
necropolítica (Mbembe, 2011), instaurada por essas práticas as quais marginalizam inúmeros
grupos dependentes do meio natural e, em sua maioria, excluídos do centro político.
Logo, nota-se a polivalência da sustentabilidade ambiental, responsável por aliar as lutas
sociais com a valorização das necessidades humano-ecológicas (Jacobi, 1997 apud Jacobi, 2005).
Além disso, a sustentabilidade foi por muito tempo um tema negligenciado pelos poderes políticos,
tendo sido pautada tardiamente em 1970, quando uma possível finitude dos recursos ambientais e a
degradação dos biomas, problemas advindos pelo capitalismo, foram institucionalizados (Jacobi,
2005). Assim, sua real matriz se faz presente e ativa nas realidades integradas à natureza, como os
quilombos, reservas indígenas e zonas de agricultura familiar.
Estas e outras dimensões concentram uma diversidade de saberes fundamentais para a
reestruturação das políticas vigentes. A degradação ambiental e humana são fatores mútuos e
inseparáveis propagados pela atual “sociedade de risco”, uma modernidade autodestrutiva, reflexo
de uma população não consciente, individualizada e omissa às crises ecológicas (Ulrich Beck, 1992
apud Jacobi, 2005, p.240). Assim, a sustentabilidade se torna um interconector de saberes e
experiências identitárias, proativas e coletivistas (Jacobi, 2003). Para isso, o contato direto com os
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agentes socioambientais, agricultores, apicultores e demais profissionais, é um passo fundamental
para essa mudança.
A agricultura familiar conjuga, dentro de um espaço ecológico, diversos perfis sociais que
dependem da regulamentação ambiental para sua subsistência. Nesse contexto, a natureza se torna
um instrumento basilar para a vida dos agricultores, além de edificar e sustentar faunas, floras e
famílias inteiras que necessitam da oferta de seus bens. Logo, os indivíduos inseridos nessa
realidade aderem a uma perspectiva mais atuante, tendo em vista que suas ações e conhecimentos
refletem diretamente na preservação e transformação do mundo natural (Zakrzevski, Vargas &
Decian, 2020 apud Gomes e Martins, 2020).
Averiguar a consciência desses profissionais quanto ao papel sustentável de suas ações é
uma forma de analisar o perfil educacional dessa atividade. Aprofundar-se no modo como cada
campesinato internaliza a atividade de campo em suas vidas, relacionando-a com sua saúde, renda e
alimentação, também confere um modelo de aprendizado ambiental e conscientização político-
social inerentes à prática. Ainda segundo Rodrigues et al., (2012) apud Gomes e Martins (2020), a
percepção dos agricultores é um suporte para institucionalização de novas gestões ambientais.
Além disso, apesar das adversidades financeiras, os agricultores familiares desempenham
um importante papel – tanto para a economia interna quanto para a agropecuária nacional. Sua
participação no mercado interno, através do fornecimento de alimentos e empregos para nação
brasileira reflete o impacto social desse modelo. Sua atividade produtiva, embora pouco
remunerada, é tão significativa quanto o agronegócio, tendo em vista que, a sua produção por
hectare alcança em média R$104/ha/ano, enquanto a agricultura patronal estabeleceu uma produção
de R$44/ha/ano (Guanziroli e Cardim, 1999 apud Assad e Almeida, 1999).
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Não obstante, a partir dos dados supracitados, percebe-se certo sucateamento da agricultura
familiar, invisibilizada pelo Estado e inserida em um mercado de trabalho excludente e desigual.
Esses fatores, no entanto, não reduzem seu perfil sustentável, afinal, sua execução se dá por meio do
manejo de policulturas, que geram a manutenção e diversificação dos agroecossistemas (Gonçalves
et al., 2020). Assim, os pequenos produtores detêm 75% dos insumos agrícolas, produzem 80% dos
itens alimentícios e abastecem 70% da população brasileira (FAO, 2020 apud Gonçalves et al.,
2020). Essa congruência entre a preservação dos recursos ambientais e a erradicação da fome,
espelha uma face sustentável intrínseca na agricultura familiar.
Para Rodrigues et. al (2012) a atividade agrícola projeta relações de manejo e gestão
ambiental, o que fomenta a integração entre comunidades e natureza. Ainda assim, a realidade rural
se faz composta por diversas identidades e visões que influenciam as práticas sustentáveis, como
escolaridade, renda, etnia e vivência, basilares para consolidação da consciência de cada agricultor.
Ademais, a acessibilidade aos saberes e ferramentas ecológicas é crucial para a conversão da
agricultura convencional, que perdura com insumos nocivos e tecnologias hostis, em um sistema
eficiente para os produtores e resiliente à natureza.
Ademais, a incidência de problemas ambientais intensificados pelo uso exponencial de
agrotóxicos e a mecanização dos campos, culminou no presente modelo insustentável que gera
vicissitudes aos agroecossistemas (Gonçalves et al., 2020). Em conjunto com as transfigurações
físicas das paisagens, a mutação genética e química dos alimentos e seus mananciais, houve a
defasagem da mão de obra rural devido a intensificação da utilização de tecnologias, além da
insegurança alimentar e do êxodo rural causados pela marginalização dos agricultores mais pobres,
desamparados com a desigualdade fundiária (Wanderley, 2014).
Nesse sentido, percebe-se como a natureza e a agricultura familiar são universos tangenciados pelos
mesmos problemas e unidos em uma transformação mútua. A luta sindical dos camponeses, a
constante cobrança por uma reforma agrária e o desenvolvimento de práticas não convencionais,
como a agroecologia e a agricultura orgânica, geram benefícios para o meio ambiente, junto com o
fortalecimento da cidadania e autonomia dos agricultores (Jacobi, 2005). Assim, a sustentabilidade
vigora na luta social e ambiental dos campesinos.
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
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O presente estudo foi executado através das visitas de campo e entrevistas semiestruturadas
destinadas aos agentes agrícolas e apícolas da Vila Perímetro Irrigado, localizada no município de
Pau dos Ferros, Rio Grande do Norte. Primeiramente, é preciso caracterizar a comunidade rural,
suas características geográficas e sociais para que em seguida se adentre nos perfis de cada
participante. A zona rural onde se desenvolveu a pesquisa foi fundada em 1979 (Costa, 2014), tendo
sido criada com o objetivo de combater a seca e a fome que perduraram nesse período (Silva, 2010).
A pesquisa foi realizada com dez (10) camponeses, divididos em duas categorias, cinco
agricultores e cinco apicultores. Todas as entrevistas foram executadas em campo, nos domicílios
dos camponeses, sem um padrão de tempo, tendo como principal variável de duração a construção
do processo de interação pesquisador/sujeitos entrevistados. Dentre os cinco agricultores, dois eram
do sexo feminino e três do sexo masculino. Já os apicultores eram todos do sexo masculino,
havendo, contudo, a participação das esposas e filhas que demonstraram bastante experiência com o
campo de estudo.
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“Trabalho desde criança, minha infância foi agricultura.”
(agricultor 2).
Os dados coletados apresentam um padrão comum aos agentes do campo, um vínculo entre
natureza, trabalho e lazer, unificados pelos laços familiares. Essa relação se consolida,
principalmente, através da produção para autoconsumo, que transforma os trabalhos agrícola e
apícola em fontes de renda e subsistência para quem os efetua (Grisa, Schneider e Gazolla, 2010
apud. Gonçalves et al., 2020).
Com relação ao nível de educação formal, dos 10 entrevistados: 5 não concluíram o ensino
fundamental; 2 fizeram ensino médio incompleto; 2 finalizaram a segunda etapa do ensino básico
brasileiro, Ensino Médio; e 1 terminou o ensino superior, sendo técnico em apicultura e formado em
Agronomia. Em relação a formação técnica, isto é, sobre a realização de algum curso profissional
agrícola: Somente um trabalhador teve acesso ao ensino técnico, os demais desenvolveram suas
experiências e saberes através da prática e da relação familiar, práticas essas que começaram a ser
despertadas ainda na infância dos participantes, tendo em conta que muitos já lidavam com a
cobrança do trabalho, dedicando seu tempo para auxiliar a família, gerando alimento e renda.
Essa caracterização não consiste em uma particularidade do universo analisado, mas trata de
um padrão dos espaços rurais brasileiros (Wanderley, 2015). Os dados apresentados pelo Censo
Agropecuário de 2017, realizado pelo IBGE, ajudam a materializar essa realidade. A pesquisa
efetuada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística retratou a baixa escolaridade que aflige
as populações do campo, cujo ensino é inviabilizado pela pobreza e omissão estatal. Segundo os
dados, 23% dos produtores brasileiros eram analfabetos, 15,5% nunca frequentaram a escola e
43,4% (2.913.348) frequentaram até o fundamental, sendo que 66,5% destes não o concluíram.
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se essa questão social e política nos espaços rurais que, apesar de estrutural para a sociedade, tem
seus atores marginalizados em várias dimensões da cidadania.
Já com relação à faixa etária, foi predominante acima dos 50 anos, havendo indivíduos já
aposentados, mas ainda inseridos no trabalho do campo. De acordo com a coleta de dados, dos dez
entrevistados, cinco pertencem à faixa dos 62 aos 67 anos, três dos 42 aos 50, e apenas dois com 22
e 29 anos. Tendo em vista os aspectos do trabalho agrícola e apícola, os quais exigem o desgaste
físico e a exposição ao calor cotidianos, a prevalência da população idosa significa uma força de
trabalho mais vulnerável para desenvolver as atividades (Ferreira et al., 2012 apud Gomes e
Martins, 2020).
Para entender como essas influências se articulam entre os camponeses e seus contextos
sociais e ambientais, primeiramente se questionou sobre as propriedades onde cada família trabalha.
O tamanho das propriedades variou entre 9, a menor propriedade, e 22,5 hectares, a maior
registrada. Apenas 2 agricultores e 2 apicultores desempenham seus trabalhos nas propriedades dos
familiares, sogros (as), mães e avós. Os 6 restantes têm a posse das terras onde realizam o plantio
ou o manejo dos apiários. Assim, o contingente de trabalhadores rurais do Perímetro Irrigado, que
se dedicam integralmente ao cuidado das terras, têm seu alcance produtivo sumarizado em
pequenos lotes.
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Perímetro Irrigado, que se dedicam integralmente ao cuidado das terras, têm seu alcance produtivo
sumarizado em pequenos lotes. Ademais, as relações desenvolvidas entre os agricultores/
apicultores com os recursos e territórios disponíveis, são de grande importância para uma produção
sustentável e proveitosa.
Por conseguinte, visando determinar a sustentabilidade que vigora no campo de estudo,
questionou-se sobre as fontes de renda de cada trabalhador e seus consecutivos salários. Essa
caracterização é determinante para definir a existência de uma sustentabilidade no Perímetro
Irrigado, e se a mesma vigora apoiada em 2 dos três pilares fundamentais: equidade social e
eficiência econômica (Gro-Brundtland, 1998). De acordo com as respostas coletadas, 4 dos 5
agricultores recebem uma renda mensal de um salário-mínimo (R$1360,00), variando de acordo
com a produção e comercialização de seus produtos. Desses quatro agricultores, três se dedicam
unicamente ao campo, tendo como fonte de renda a produção e venda de seus cultivos, sem a
criação de animais. O único agricultor em que a receita atinge dois salários-mínimos (R$2640,00),
considera a agricultura uma renda extra.
Em contrapartida, a caracterização econômica dos apicultores sofre com discrepâncias, mais
visíveis. Dos 5 entrevistados, 2 possuem um rendimento de quatro salários-mínimos (R$5280,00), 1
recebe dois salários-mínimos (R$2640,00), 1 tem uma renda mensal mínima (R$1360,00), e apenas
1 encontra-se abaixo de uma renda salarial mínima. Os apicultores mais bem remunerados, com 4
salários, executam profissões externas ao campo apícola, comércio e consultoria técnica, sendo
ambas as principais fontes de renda para cada entrevistado. Assim, o universo de análise se mostra
categorizado em dois perfis: aqueles que se integram unicamente no trabalho rural, e outros que
encontram um apoio externo.
Com base nas rendas citadas, é perceptível a desigualdade social que prevalece entre ambos
os grupos e aflige, principalmente, os agentes do campo. A ausência de uma rede de apoio capaz de
estabelecer equilíbrio entre a força de trabalho, agricultores e apicultores, e o comércio, retrata uma
dissociação das atividades rurais com as bases da sustentabilidade, tendo em vista a desvalorização
dos profissionais e a baixa eficiência econômica, que gera disputas e exclusividades entre os
trabalhadores, culminando na desigualdade social. Segundo Gomes e Martins (2020), a integração
das práticas sustentáveis e a consolidação de economias solidárias, podem aumentar a obtenção de
lucro através da cooperação e troca de experiências, gerando a preservação ambiental e valorização
profissional.
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5.2 - A percepção dos agricultores sobre o meio ambiente
“Tem um agrotóxico usado no feijão contra uma praga que prejudica a flora. Não
faço uso de nenhum material sustentável nem natural.”
(Agricultor 6).
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transformação dos laços agricultor-natureza, a adoção da agricultura tecnificada e mudanças nos
saberes e práticas familiares.
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desencadeiam comorbidades à saúde dos trabalhadores e deturpam a cadeia alimentar, humana e
ambiental.
Consonante Silva et al., (2005), o manejo destes produtos químicos causam a exposição
ocupacional e contaminação ambiental. Além disso, quando mal manuseados podem causar uma
contaminação em cadeia, dispersando-se por solos e aquíferos ou atingindo familiares e vizinhos. A
presença desses produtos se intensificou entre os anos de 1975 e 1979, quando o Plano Nacional de
Desenvolvimento (PND) passou a incentivar o uso de químicos, postulando-os como instrumentos
rentáveis e adequados para a plantação (Wachekowski et al., 2020). Essa perspectiva vigora até os
dias de hoje, estando presente nas falas dos seguintes participantes que, embora cientes dos perigos,
aderem ao uso:
“Não uso agrotóxicos, mas utilizo adubos e faço a produção de um inseticida com
materiais orgânicos, sabão, esterco, óleo, é inclusive um pulverizante comum aqui
na comunidade, é melhor que os venenos porque protege e não danifica, têm alguns
venenos muito pesados para as vegetações.”
(Agricultor 8).
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Com base nas visões e práticas analisadas, nota-se como a cultura agrícola permanece sujeita
às influências econômicas e políticas estabelecidas pela Revolução Verde, a qual preza
majoritariamente pelo lucro sem visibilizar as necessidades sociais e ambientais do campo. Ainda
assim, muitos agricultores reconheceram o vínculo entre natureza e agricultura, embora poucos
tenham de fato desenvolvido técnicas sustentáveis. Não obstante, para se aprofundar na perspectiva
ambiental, as questões consecutivas exploram o desenvolvimento sustentável da comunidade.
Todos esses aspectos são assimilados pela agricultura familiar e se expandem para a
natureza, tendo em vista a sinergia entre o meio ambiente e os agricultores, unidos de forma social,
nas famílias e comunidades, econômica, renda e profissão, e ecológica, subsistência, os três pilares
da sustentabilidade (Elkington, 1994). Em vista disso, o esfacelamento dos ecossistemas gera um
retrocesso na qualidade de vida dos camponeses, cuja saúde, renda e direitos imperam através do
manejo ambiental. Assim, a atividade agrícola acaba por formar agentes ambientais interligados aos
agroecossistemas e atuantes na manutenção de seus recursos. Essas características se manifestam
nas declarações seguintes:
“Utilizamos folhas e galhos como adubo para fertilizar a terra, então acaba sendo
um método sustentável ao meio ambiente.”
(Agricultor 7).
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5.3 - A percepção dos agricultores apicultores sobre o meio ambiente
“Eu tiro um dia na semana, para organizar, para acompanhar e fazer o manejo.”
(apicultor 2).
Além disso, os entrevistados citaram a técnica da alimentação artificial com xarope de água
e açúcar em épocas de seca, a utilização de caixas iscas para capturar as abelhas e a limpeza e
manutenção dos quadros e caixas:
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“Eu limpo as caixas, troco a cera dos quadros, faço caixa isca para capturar
abelhas.”
(apicultor 3).
Com base nos dados obtidos, é evidente que a apreensão dos conhecimentos relativos à
apicultura ocorre por meio de diversas formas. Predominantemente, a aquisição de saberes acontece
mediante a experiência prática direta no campo, em sua maioria, orientada por familiares e/ou
amigos com maior experiência no setor, estabelecendo assim uma transmissão intergeracional de
conhecimento. No contexto do contato direto com o ambiente de trabalho e as abelhas, os
apicultores desenvolvem uma compreensão acerca das práticas apícolas, comportamentos das
abelhas, logística organizacional das caixas e quadros, assim como técnicas fundamentais para a
proliferação e manutenção das colônias, a exemplo da alimentação artificial utilizando xarope à
base de açúcar e água, e a metodologia empregada na captura de enxames, mediante o uso da caixa
isca.
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5.3.2 – Percepção dos apicultores sobre os aspectos educacionais da atividade
apícola em relação a preservação da natureza
“Sim. Eu trabalho a muito tempo nesse ramo da apicultura, e eu vejo essa atividade
como uma fonte de renda extra, que melhora muito minha renda. Além de ajudar a
natureza.”
(apicultor 5).
Com base nas declarações dos apicultores, evidencia-se que os entrevistados não apenas
reconhecem a importância da apicultura para o meio ambiente, mas também ressaltam sua
significância como uma prática essencial de subsistência, visto que, pode proporcionar efeitos
consideráveis no incremento da renda dos agricultores que dependem da agricultura familiar
(Paschoal e Paschoal, 2013).
“Acho importante, porque se não cultivar a natureza não tem como praticar a
apicultura, já que as abelhas dependem da natureza.”
(apicultor 1).
“Sim. Porque nós que estamos a mais tempo nesse ramo da apicultura, muitas
vezes, aparece pessoas mais novas que não possuem tanto conhecimento, servimos
para ensinar e ajudar nessa atividade. Então é um aprendizado que passamos de
pessoa em pessoa.”
(apicultor 3).
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“A preservação da natureza está relacionada com a prática da apicultura.”
(apicultor 1).
“Quanto mais plantação e flora, mais as abelhas têm capacidade de produzir mel.”
(apicultor 3).
Nesse contexto, a relação entre a quantidade de néctar e pólen na vegetação apresenta uma
proporcionalidade direta com a capacidade de produção de mel pelas abelhas. Consequentemente, o
aumento da disponibilidade desses recursos naturais consiste em uma alta correlação na capacidade
produtiva das colmeias. Em contrapartida, a diminuição dessa disponibilidade de néctar e pólen
resulta em uma diminuição proporcional na capacidade de produção melífera das abelhas.
Com base na declaração apresentada, é possível inferir que a apicultura ainda é uma prática
amplamente "desconhecida" em termos técnicos. Os conhecimentos comumente associados à
apicultura são percebidos como vagos e escassos. À medida que essa atividade é introduzida no
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contexto educacional e o conhecimento técnico é disseminado, torna-se evidente que a apicultura é
uma prática de grande interesse e importância no âmbito social, econômico e ambiental. Conforme
(Freitas, 1999 apud Amarante, 2019) a prática da apicultura, por sua vez, pode oferecer alternativas
ecologicamente conscientes e autossustentáveis para explorar ambientes naturais ainda não
degradados.
Por fim, a análise mostra que a apicultura possui potencial significativo como objeto
educacional para promover a compreensão do meio ambiente e sua preservação, fornecendo
conhecimentos abrangentes em diferentes esferas. Contudo, a presença de saberes práticos sem uma
vinculação técnica foi notada em alguns casos, indicando uma lacuna nesse aspecto. Isso implica
dizer que a prática e o ensino da atividade apícola podem acontecer e ser transmitidas de maneiras
diversas, mas a inclusão de conhecimento técnico é crucial para o desenvolvimento da
conscientização ambiental do indivíduo, permitindo a realização de um manejo adequado e seguro,
além de proporcionar uma base sólida em técnicas e métodos essenciais para o melhoramento da
produção apícola.
Em relação às ações ativas praticadas pelos apicultores em suas propriedades agrícolas para
a manutenção da natureza, ou atitudes que os mesmos não realizam para não causar danos ao meio
natural, as respostas mais frequentes envolvem desmatamento e queimadas. Os entrevistados
relatam que evitam ao máximo derrubar as árvores, com exceção em necessidades pessoais, como a
produção de cercas produzidas a partir da madeira.
No que se refere às queimadas, foi mencionado por um dos apicultores, uma norma exigida
na comunidade do Perímetro Irrigado que diz respeito à proibição de queimadas nas áreas da vila.
Além disso, uma prática muito eficiente e necessária para evitar os incêndios no campo, foi
exemplificada por um dos entrevistados, o mesmo relatou que em épocas de seca, a qual o mato
habitualmente fica seco, e consequentemente, muito vulnerável a queima, ele manda fazer uma
limpeza na mata presente ao redor da propriedade do mesmo.
“Sempre que chega o período da seca, eu mando fazer uma limpeza ao redor da
propriedade para evitar queimadas''.
(apicultor 2).
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Além disso, foi destacado a emergente necessidade de recursos essenciais para a execução
proveitosa de atividades agropecuárias e apícolas, como a carência de matas nativas, sombreamento
suficiente para a prática das tarefas, floras ricas e diversas, fonte de água próximo e entre outros.
Complementando com a significativa diferença que a implantação de projetos ambientais faria para
os ambientes de trabalho que carecem de espaços adequados para realizar suas tarefas de forma
eficiente, como projetos de reflorestamento e cultivo de floradas que tenham a capacidade de
adaptação do clima do semiárido.
Baseado na análise das falas obtidas com a questão abordada, é possível notar que, a integra
dos entrevistados, reconhecem a conservação do meio ambiente como uma necessidade
incontestável, porém em termos relacionados às práticas executadas pelos menos em prol de manter
a vegetação viva, percebe-se que os apicultores adotam critérios básicos de preservação da natureza,
ainda que, em diferentes níveis. Foram relatados apenas questões relacionadas a manutenção das
árvores já existentes e cuidados com as queimadas, mas não temas mais abrangentes, como
poluição, reciclagem, descarte correto e entre outros. Com isso, a apicultura em si é reconhecida
como “a atividade agrícola mais sustentável e grande aliada na preservação ambiental” (Graef,
2011, p. 13), porém, é importante adotar outros meios e práticas cruciais para a preservação da
natureza. Tendo em vista que, (Santos e Ribeiro, 2009, p. 4) argumenta: “A conservação e o uso
racional destas áreas representam a manutenção da vida na região, motivo pelo qual a
implementação da atividade apícola é tão importante”.
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natureza. É considerável questionar no que se refere ao uso de agrotóxicos, tendo em vista que os
apicultores também são agricultores, logo, a aplicação de agroquímicos para controlar as pragas nas
áreas produtivas é bastante recorrente na agricultura. Em vista disso, é interessante tomar
conhecimento sobre a percepção dos entrevistados acerca da utilização de agrotóxicos no plantio e
se essa prática é compatível com a atividade da apicultura.
Frente a isso, indagou-se aos entrevistados sobre a compatibilidade percebida, em sua visão,
entre o uso de agrotóxicos no cultivo agrícola e a prática da apicultura. Adicionalmente, foi
questionado se esses apicultores utilizam agroquímicos, e em caso afirmativo, quais são eles, e se
refere-se a produtos de natureza industrial ou inseticidas derivados de substâncias naturais.
De acordo com as respostas obtidas, todos os entrevistados reconhecem que o uso desses
produtos não é compatível com a atividade apícola, justificando que, são muito prejudiciais para a
natureza, e especialmente, para as abelhas, ressaltando que são animais muito sensíveis a esse tipo
de substância.
“Não, prejudica muito a natureza. Porque as abelhas são muito sensíveis a esses
produtos químicos, qualquer veneno mata a abelha”
(apicultor 5).
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“Sim, moderadamente, já que o feijão, principalmente, necessita do uso de
agrotóxicos, pois se não usar, não produz”
(apicultor 1).
“Eu não sou desfavorável pois sei das necessidades que os produtores possuem
para determinadas culturas agrícolas que necessitam de uma conservação maior,
contudo também sou favorável à agricultura orgânica com materiais de base
ecológica”
(apicultor 4).
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Portanto, é viável adotar práticas e aplicação da agricultura, conhecida como agricultura
orgânica, a qual se refere a uma atividade de produção que visa assegurar a saúde do solo, do meio
ambiente e das pessoas, a começar com a não utilização de agrotóxicos e métodos violentos para a
terra, vegetação e animais (Mattei e Michellon, 2021). Para assim, manter o potencial produtivo da
vegetação, mantendo também a polinização crucial para o desenvolvimento saudável dos frutos,
sem prejudicar as abelhas, o solo, consumidores e agricultores efetivos no campo. Tendo em vista,
os impactos ambientais causados pelo contemporâneo modelo agrícola brasileiro, pautado na
aplicabilidade de agroquímicos com potencialidade tóxica a natureza, atinge pontualmente os
apicultores por serem, na maior parte dos casos, trabalhadores autônomos afetados pela redução
contínua e pela diminuição da disponibilidade do pasto apícola, essencial para as abelhas melíferas.
(Cerqueira e Figueiredo, 2017).
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Com fundamento nos dados alcançados, compreende-se que os participantes da pesquisa
possuem entendimento dos princípios básicos relacionados à preservação da natureza e
sustentabilidade. Isso engloba o reconhecimento da importância da conservação das plantas, bem
como o conhecimento sobre os impactos adversos causados pelo uso de agrotóxicos tanto para as
plantas como para as abelhas, além da percepção da associação desses fatores com a produção
agrícola e apícola. Visto que “a apicultura não incentiva o desmatamento, nem as queimadas, nem a
prática inadequada da agricultura, nem uso inadequado de agrotóxicos, mas sim contribui com o
equilíbrio da biodiversidade e a sustentabilidade das propriedades rurais.” (Graef, 2011, p. 14).
A partir dos resultados supracitados, os quais se referem a percepção dos agricultores e dos
agricultores, que também são apicultores, sobre o meio ambiente, é possível estabelecer
semelhanças e diferenças no que se relaciona aos entendimentos adquiridos, com as práticas em
campo, sobre o meio ambiente e sustentabilidade. Tendo em vista que, a efetivação da prática
apícola dentro da agricultura é um fator de alta relevância em aspectos ambientais.
A partir dessa ideia, os questionários destinados para cada um dos grupos analisados,
agricultores não apicultores e agricultores apicultores, possuem questões muito semelhantes, no
intuito de identificar características parecidas nas duas práticas, e o que se assemelha e se difere em
relação a associação das duas atividades realizadas, o impacto da apicultura imposta na agricultura
sobre a preservação do meio ambiente e a sustentabilidade ambiental.
Diante disso, foi questionado aos apicultores e agricultores não apicultores, sobre o uso de
agrotóxicos no plantio, identificando esses produtos, se são industriais ou feitos a base de produtos
naturais, e se essa prática é compatível ou não com a natureza.
De acordo com os dados coletados, percebe se que no grupo dos agricultores, existem
exceções que alegam renunciar o uso desses produtos nocivos, optando por alternativas mais
sustentáveis e que não agrida potencialmente a natureza. Entretanto, como foi analisado no tópico:
“A percepção dos agricultores sobre o meio ambiente”, majoritariamente existe sim uma
preocupação em relação aos danos causados pelos agroquímicos, mesmo que minimamente, porém
a influência econômica e política imposta pela Revolução Verde continua a moldar a cultura
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agrícola, priorizando predominantemente o lucro sem considerar de maneira evidente as demandas
sociais e ambientais do meio rural.
“Tem um agrotóxico usado no feijão contra uma praga que prejudica a flora. Não
faço uso de nenhum material sustentável nem natural.”
(Agricultor 6).
“Não, eles são prejudiciais à natureza. Nós usamos porque é preciso, se não
perdemos as colheitas e os legumes para as pragas. Mas, eu não acredito que seja
bom não, eu acredito que prejudica o meio ambiente.”
(Agricultor 9).
Adentrando no grupo dos apicultores, observa-se que a utilização de agroquímicos por esses
profissionais também decorre de uma concepção e necessidade relacionada às mencionadas pelos
agricultores. Ambos discorrem sobre os produtos químicos, como um categórico essencial para a
manutenção do plantio, entretanto reconhecem os malefícios causados por estes ao meio ambiente.
Isso mostra que os conhecimentos em relação a alternativas e práticas sustentáveis na agricultura,
essas que não necessitem dos agroquímicos, é pouco conhecida no âmbito dos agricultores
familiares, a única alternativa vista por eles, é o uso dos defensivos agrícolas.
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Além disso, é possível notar a diferença entre as duas coletividades em relação a origem dos
agroquímicos, enquanto os agricultores se referem, predominantemente, ao uso de agroquímicos de
procedência industrial, os apicultores variam em suas fontes, com alguns utilizando produtos
industriais e outros optando por defensivos agrícolas derivados de produtos naturais.
“Tem um agrotóxico usado no feijão contra uma praga que prejudica a flora. Não
faço uso de nenhum material sustentável nem natural.”
(Agricultor 6).
Contudo, com base nos dados apresentados anteriormente, embora ambos os grupos
enfrentam desafios relacionados ao uso de agroquímicos, suas posturas e abordagens indicam
diferenças significativas nas práticas agrícolas e na conscientização sobre alternativas sustentáveis.
A partir disso, é possível concluir que tanto os agricultores quanto os apicultores compartilham uma
compreensão, mesmo que mínima, dos impactos adversos dos agroquímicos no meio ambiente,
reconhecendo os riscos associados a essas substâncias.
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6. CONCLUSÃO
Por fim, espera-se que esta pesquisa contribua para aumentar a visibilidade da apicultura
em seu papel ambiental. A atividade não apenas atua como uma forma prática de educação no meio
agrícola, mas também destaca sua função essencial na conservação ambiental, dada sua significativa
capacidade sustentável.
7. REFERÊNCIAS
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Desenvolvimento. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora da Fundação Getúlio Vargas, 1988.
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Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.
Comissão Mundial Sobre Meio Ambiente. Nosso futuro comum. Rio de Janeiro: Editora Fundação
Getúlio Vargas, 1991.
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Proposta metodológica de acompanhamento. 2. ed. Brasília: IBAMA, 2012. 88 p.
NOSSO FUTURO COMUM (Relatório Brundtland). Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento. Rio de Janeiro: Editora da Fundação Getulio Vargas, 1988.
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35
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paradigmáticas e sustentabilidade do desenvolvimento. 12. ed. Fortaleza: BNB, 2010. 276 p.
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uma combinação perigosa para a saúde do trabalhador rural. Ciência & Saúde Coletiva, v. 10, n. 4,
p. 891-903, nov./dez. 2005.
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