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Andréa Cavalcante dos Santos

Fonoaudióloga Clínica Graduada pela Universidade de


Fortaleza (UNIFOR).
Pós-graduada em Disfagia pela UNIFOR.
Membro Integrante da Equipe do Núcleo do Obeso do
Ceará.
Membro da Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ).
Membro da Comissão Científica de Fonoaudiologia da
Revista Brasileira de Queimaduras.
Pesquisadora Voluntária no Centro de Tratamento de
Queimados(CTQ)do HospitalInstituto Dr. JoséFrota-
Fortaleza.
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Sumário

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Parte I NUTRiÇÃO,1
1 NutriçãOAdequada,3
2 AvaliaçãoNutr.idonal,11
3 A Nutriçãona Infânciae na Adolescência,43
4 Obesidade- um Enigmaa Decifrar,49

Parte 11 FONOAUDIOlOGIA,61
5 O Início da Atuação Fonoaudiológica Junto aos Pacientes com Obesidade, 63
6 Análise do Processode Alimentação em Pacientes Obesos, 69
7 Atuação Fonoaudiológica: Reeducação Mastigatória, 77
8 Emagrecimento e Voz, 79

Parte 111 PSICOLOGIA,85

9 Avaliação Psicológica para Cirurgia Bariátrica, 87


10 Tratamento Psicológico Individual e em Grupo na Cirurgia Bariátrica, 89
11 Características Psicológicas Observadas no Pré- e no Pós-operatório, 95
12 Acompanhamento Pré- e Pós-operatório, 99
13 Critérios para Liberação para Cirurgia Plástica, 103

Parte IV ENDOCRINOlOGIA, 105


14 Obesidade: Conceito, Etiologia e Classificação, 107
15 Síndrome Metabólica e Obesidade, 111
16 Alterações Hormonais na Obesidade, 115
17 Tratamento Não-farmacológico da Obesidade, 123
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o Infci.o
daAtuação
Fonoaudiológica
Juntoaos
PacientescomObesidade

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nhosdiversos,consolidandosua..ação iflterdisciplinar
desdea clínica até hospitais e organizações de atendi-
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' tores, como Coutinho,l Menezes,2 Halpern,3 Vilela,4 Fis-
berg5 e Gião e cais.,6 o acúmulo excessivo de tecido adi-
poso no organismo.
Segundo Mancini7 e Bray,8 a obesidade consiste em
uma doença universal de prevalência crescente, que ten-
mentosespecíficos, como nos casos de pacientes com de a assumir caráter epidêmico, como o principal proble-
obesidade,aperfeiçoando seus conhecimentos e desen- ma de saúde pública na sociedade moderna. Representa
volvendopesquisas científicas que afirmem a necessi- um grande ônus para o paciente, que, além da perda da
(fadede sua intervenção nas diversas áreas da saúde. qualidade de vida, está sujeito a maior morbidade por dia-
A obesidade, recentemente, vem sendo vista como betes, hipertensão e câncer, entre outras doenças.
umdistúrbioorgânico que necessita ser entendido com o Quanto à classificação, Coutinh09 refere várias, como
:intuitode melhorar a qualidade de vida dos seres huma- a que corresponde à gravidade do excesso ponderal, em
.nos.Istoé evidenciado pelo crescente número de pesqui- que a obesidade é denominada leve, moderada ou mórbi-
sasque procuram entender esse fenômeno de maneira daj classificações baseadas em características do tecido
interdisciplinar. adiposo, as quais levam em conta a distribuição anatômi-
Poresseviés, a fonoaudiologia, ciência que busca o ca do tecido adiposo excessivoe sua celularidadej quanto
Bem-estardo homem em uma visão integrada a outras ao número de células, referida como obesidade hiperplá-
ciências,deparou-se, em sua prática clínica, com indiví- sica e hipertróficaj e, finalmente, quanto à distribuição do
duosobesosque apresentavam problemas de mastigação. tecido adiposo (obesidade central e periférica).
Aoverificaro escasso número de publicações da atuação A etiologia da obesidade pode ser favorecida ou cau-
fonoaudiológicajunto aos pacientes com obesidade, sur- sada por vários fatores etiológicos, que podem agir em
giu o desejode pesquisar e escrever sobre o assunto, de- qualquer fator da equação de equilíbrio energético - in-
monstrandoa relevância da intervenção fonoaudiológica gesta e gasto energético, ou ambos.
juntoa essapopulação, excursionando sobre a literatura, No viés fonoaudiológico, a ingesta é relacionada dire-
coma intenção de fornecer apoio bibliográfico para afir- tamente ao processo de mastigação em concordância
.maçãode dados e informações sobre o tema estudado. com Sousa,10que destaca a mastigação incorreta como
um agente causador dos problemas de obesidade.
Dentre as publicações encontradas, seguem-se ou-
tras, referidas para a demonstração da importância do
ato mastigatório e da complexidade dessa função.
A obesidade (do latim obesus, ob = muito e edere = Planasll relata que a nossa alimentação civilizada,
comer)é considerada, do ponto de vista de inúmeros au- mole e pastosa, leva a uma função igualmente mole e
64 PARTE
11 Fonoaudiologia

sem força. Este enfraquecimento funcional pode, segun- Participaram da pesquisa 100 pessoas atendidas na
do Marchesan12e Ferraz,13influir sobre sistemas como o instituição, sem distinção de sexo ou raça. Para inclusão
digestório, o respiratório, o metabólico e o endócrino, já no estudo, esses pacientes precisavam estar sendo aten-
que o sistema estomatognático (também constituído pe- didos no Núcleo do Obeso do Ceará e que tivessem, no
las forças da mastigação, da deglutição e do equilíbrio mínimo, obesidade de grau moderado. Foram excluídos
postura!) é o responsável pela ingestão alimentar. pacientes que se negaram a responder qualquer uma das
Tanigute14afirma que a mastigação é uma função es- perguntas solicitadas no questionário.
sencial para prevençãodos distúrbios miofuncionais, pro- O desenvolvimento dessa pesquisa abrangeu 6 me-
piciando, assim, movimentos precisos e coordenados, ses, com período de vigência de 15 de novembro de
2003 a 15 de maio de 2004.
que serão necessáriospara a deglutição fisiológica normal.
Segundo Tasca,15o tônus muscular da face pode ser No que se refere à ética, conforme a Resolução nQ
alterado, tornando-se mais baixo por causa do processo 196/96, do Conselho Nacional de Saúde (CNS), resguar-
de envelhecimento, ou pela falta de movimentação cor- dou-se a identificação de todos os participantes. 19
reta das funções orofaciais (como os movimentos mas-
tigatórios ineficientes) ou por padrões respiratórios e
Caracterizaçãodo hábitoalimentardos
posturais inadequados.
pacientesobesos- resultados
Foi analisado um total de 100 questionários. O perfil dos
METODOLOGIA pacientes abordados foi o seguinte: 71 % do sexo femini-
no e 29% do sexo masculino, com índice de massa cor-
Para exemplificar melhor a teoria explanada, realizou-se poral (lMC) de 32 a 39, em 22% dos pesquisados, de 40
um estudo baseado na proposta descrita por Santos Fi- a 49, em 61 %, de 12%, para IMC de 51 a 59, e de 5%,
Iho,16 por meio de uma observação direta e extensiva, vi- para IMC de 61 a 69 (Figura 5.2).
sando a uma abordagem quâr1titativa.Segundo Hagette17 Quatro por cento dos pacientes tinham entre 16 e 19
e Minayo,18é fundamental aos est~_dosqu~ objetivam co- anos, 42%, entre 20 e 30 anos, 19%, de 31 a 40 anos,
nhecer fenômenos humanos não visualizá-Ios de forma 24%, de 41 a 50 anos, 10%, de 51 a 60 anos e 1%, en-
isolada. Estes deverão ser considerados um sistema de tre 61 e 70 anos de idade (Figura 5.3).
interações e envolvimentos. A primeira pergunta abordou a auto-imagem. Dentre
Para o desenvolvimento desse capítulo, realizou-se os entrevistados, 99% responderamque se sentiam acima
uma pesquisa de campo, de caráter aplicativo, que a do pesoconsiderado normal e 1% respondemque, mesmo
princípio consistiu em um questionário elaborado para os estando acima do peso, não se considerava como tal
pacientes atendidos em instituição previamente selecio- A seguir, foi questionado o tipo de comida mais fre-
nada para este fim (Figura 5.1), o qual foi aplicado a pa- qüente no cardápio. Nesse item, havia mais de uma op-
ção; por isso, o total ultrapassaria os 100%. Foram
cientes acometidos por.obesidade e atendidos no Núcleo
do Obeso do Ceará, em Fortaleza. Por meio desse ques- coletadas 290 opiniões; tomando-se por base esse nú-
tionário, foi possível identificar as características dessa mero (como referencial de 100%), foi possível observar
população no que se refere ao comportamento alimentar os seguintes percentuais: para massas (tipo pizzas), 21 %;
para massas (tipo lasanha), 19,3%; para as verduras,
e às condições anatomofuncionais do sistema estomatog-
nático. 3,8%; para os doces, 12,8%; para carnes, 13,5%. Para
outras opiniões, foram observados: 10,7% para as tritu-
Com base nos dados coletados, ressaltou-se a ne-
ras; 10,3% para os refrigerantes; 2,4% para os sanduí-
cessidade de intervenção fonoaudiológica junto a esses
ches; 3,8% para arroz e feijão, e, por último, 2,4% para
pacientes, com o objetivo de conhecer melhor o hábito
qualquer tipo de alimento (Figura 5.4).
alimentar dos pacientes com obesidade.
Na pergunta seguinte, foi abordado o tempo em rela-
Pela natureza dessa pesquisa, o questionário foi con- ção à quantidade de comida a ser ingerida (Quadro 5.1).
siderado o instrumento mais adequado para a coleta de Observou-se que, em 9 minutos ou menos, houve uma
dados,por serde fácil aplicação,pelapossibilidadede abran- variação entre 300 e 2.000g no consumo de alimentos
ger um grande número de pacientes e por assegurar a (em 29% das pessoas entrevistadas); entre 10 e 15 mi-
uniformidade das informações. O questionário foi aplica- nutos, a variação foi de 300 a 1.500g (em 53%); entre
do em instituição particular, selecionada e previamente 16 e 20 minutos, a variação foi de 400 a 1.000g (7%);
orientada com relação ao objetivo da pesquisa, bem entre21 e 30 minutos,passoupara600 a 800g (5°{,) e,
como à importância do registro de observações e suges- por mais de 30 minutos, variou de 400 a 1.000g em
tões relacionadas à estrut!.)rae ao conteúdo do mesmo. apenas 6% das pessoas entrevistadas.
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o Início da Atuação Fonoaudiológica Junto aos Pacientes com Obesidade 65

Idade:

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( ) Mastigo bem ( ) Nã9, eu engulo


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7) Quando está com probl~masou ansioso, você costuma com~,r algOma coisa?

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8) v,~c~ çon~ec'ha 1c
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( ) Sim

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como

1O) Existe algo que qu!!ira>jacr~~çel:l~lIrq!fe não foi perguntadp?


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Figura5.1 Questionário
parapacientes
atendidos
noNúcleodoObesodoCeará
66 PARTE11 Fonoaudiologia

80% Quanto ao intervalo entre as refeições, foram obtidos


61%
60% os seguintes resultados: 19% dos pesquisados relataram
intervalo menor que 1 hora entre as refeições, 23%, inter-
40%'''''''''''''''''''''''''''''' ..........................
valo entre 1 e 2 horas, e 59%, intervalo maior que 3 horas.
20% ,...... Na questão posterior, perguntou-se à pessoa se ela te-
ria sensibilidade ao sabor da comida. Como resultado,
0%
85% responderam que sentiam o sabor da comida e
32-39 40-49 51-59 ',61-69
15%, que não (Figura 5.5).
Figura 5.2 índicede massacorporal(IMC)dos participantes

50%
....-........._..........................
40% .

3 O % .,.-...........................

20% .
10% .....----
1%
0%
16-19 20-30 31..40 41-50 51-60 61-70 o Sim

Figura 5.3 Idadedosparticipantes O Não

Figura 5.5 Sensibilidade paraa comida


,.

A pergunta seguinte referia-se ao desempenho da


mastigação. Como resultado, foi observado que apenas
13% das pessoas mastigavam bem; 6% não mastigavam
tão bem assim; e um total de 81 % das pessoas responde-
ram que sua mastigação se dava de maneira muito rápi-
da, não sendo eficaz (Figura 5.6).

Não tão bem

Não, engulo

Sim

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Figura 5.4 Cardápio


dosparticipantes Figura 5.6 Mastigação
dosalimentos

A sétima pergunta visava constatar o referido pela bi-


Quadro 5.1 bliografia, ou seja, se os momentos de ansiedade provo-
Tempox quantidade
dealimentosx pacientes cam hiperfagia. Em 83% das pessoas, o resultado foi
Até 9 minutos: positivo; em 17%, negativo.
Variaçãodepeso:300a 2.000g 29% dos entrevistados Essas pessoasforam questionadas quanto ao que sa-
biam sobre a atuação do fonoaudiólogo de uma maneira
De 10 a 15 minutos:
dos entrevistados
geral. Oitenta e nove por cento dos entrevistados afirma..
Variaçãodepeso:300a 1.500g
ram que conheciam e 11% que não conheciam ou que
De 16a 20 minutos: nunca ouviram falar sobre a profissão. A seguir, foi in-
Variaçãodepeso:400a 1,000g ?:ro dosentrevistados vestigada a atuação do fonoaudiólogo no tratamento da
De 21 a 30 minutos: obesidade; 80% das pessoas não sabiam em que o fo-
Variaçãodepeso:600a 800g 5% dos entrevistados noaudiólogo poderia ajudar e 20% ouviram falar, pois
Mais de 30 minutos:
haviam participado de reuniões realizadas na instituição
(cinco pessoas), ou por indicação de profissionais do Nú-
Variaçãode peso:400a 1,000g 6% dos entrevistados
cleo do Obeso (três pessoas), ou por própria conclusão a
o Início da Atuação Fonoaudiológica Junto aos Pacientes com Obesidade 67
.........

.partir do questionário (11 pessoas), ou ainda por ter ouvi- 8. BRAY, G.A. Fisiologia e conseqüências da obesidade. Traba-
lhos condensados. Revista Pediatria Atual, v. 15, n. 1/2, p. 6,
do falar sobre mastigação em um spa (uma pessoa). 2002.
Para uma melhor interpretação desse questionário,
9. COUTINHO, W.F. Obesidade: classificação. In: Halpern, A.;
indica-se a percepção do mesmo por um todo, em que Mancini, M. (org.) Manual de obesidade para o clinico. São
cada pergunta complementa e confirma a anterior. Paulo: Editora Roca, 2002.
10. SOUSA, A.M.L. Aleitamento, v. 51, n. 4. Revista da Associa-
ção Paulista de Cirurgiões-Dentistas, jul/ago, 1997. Disponível
também pelo site: www.aleitamento.org.br/odontologia.html
"ON..m:R.tll
~w,>,.&,..11,\11 11. PLANAS, P. Reabilitação neuro-oclusal. Rio de Janeiro: Medsi,
1987.
Neste capítulo, observamos que os hábitos alimentares 12. MARCHESAN, 1.0. Motricidade oral. São Paulo: Pancast, 1993.
das pessoas submetidas à pesquisa aqui apresentada 13. FERRAZ, M.C. Manual prático de motricidade oral: avaliação e
encontravam-se fora dos padrões referentes a uma mas- tratamento. Rio de Janeiro: Revinter, 2001.
tigação eficiente, com alimentos "fáceis" de engolir e 14. TANIGUTE, C.C. Desenvolvimento das funções estomatognáti-
com a afirmação de 81 % dos entrevistados do não-fun- caso In: MARCHESAN, 1.0. Fundamentos em fonoaudiologia:
cionamento correto de sua mastigação. aspectos clínicos da motricidade oral. Rio de Janeiro: Guana-
bara Koogan, 1998, capo 1, p. 01-06.
Devido à falta de eficiência da musculatura para o de-
15. TASCA, S. M.T. Programa de aprimoramento muscular em fo-
senvolvimento das funções estomatognáticas, o indivíduo noaudiologia estética facial. São Paulo: Pró-Fono, 2002.
termina por não obter vigor e velocidade mastigatória satis-
16. PARRA FILHO, O.; SANTOS J.A. Apresentação de trabalhos
fatórios e, com isso, ocorrem alterações nos sistemas corpo- científicos. 4. ed. São Paulo: Futura, 2000.
r~is, como o digestório, que neste caso é o mais afetado. 17. HAGETTE, S.M.F. Metodologias qualitativas na sociologia. Rio
A partir dos resultados apresentados, enfatiza-se que de Janeiro: Vozes, 1987.
a intervenção fonoaudiológica precoce, nesses pacientes, 18. MINAYO, M.C. Construção da identidade da antropologia na
pode propiciar tanto um aumento da mobilidade das es- área de saúde: o caso brasileiro. Rio de Janeiro: Fiocruz, 1998.
truturas do sistema motor bucal., colaborando para a faci- 19. CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE. Resolução 196/96. Dispo-
litação dos períodos pré e pós-cirúrgicos de redução de nível na Internet via WWW URL: http://conselho.saúde.gov.br.
Arquivo capturado em 12/10/2003.
estômago, como um aprimorametltoda propriocepção
das estruturas corporais, contribuindo para um exercício
efetivo da mastigação, bem como para a formação de
uma nova imagem corporal, com o apr:moramento de há- r~~l~.~.M.i~,p~DA
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""'""'-~~'0f';«" >- .....
bitos e posturas.
COMITÊ DE MOTRICIDADEORAL. Documento oficial 03/2003.
SociedadeBrasileirade Fonoaudiologia(SBFa),2003.
LEÃO,M. Definições e riscos da obesidade. Disponívelna Internet
via www URL: <www.obesidademorbida.com.br> Acessoem 12/
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M.A.A. et aI. Transtornos alimentares e obesidade. Porto Ale- 1996.
gre: Artmed, 1998. LOPES FILHO, O.C. et aI. Tratado de fonoaudio/ogia. São Paulo:
2. MENEZES, O.A. Obesidade: motivações inconscientes. São Roca, 1997.
Paulo: Paulus, 1998. MADEIRA, M.C. Anatomia da face: bases anátomo-funcionais para
3. HALPERN, A. Obesidade. Disponível na Internet via www URL: a prática odontológica. São Paulo: Sarvier, 2003.
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Acesso em 25110/2003. Racine. v. 13, n. 77, Novembro/Dezembro, p. 18-24, 2003.
4. VILELA, A.L.M. Obesidade. Disponível na Internet via www PÉRUSSE, L. Obesidade: determinantes genéticos, ambientais e clí-
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6. GIÃO, P.H.A.; PERISSIONOTO, J.; SOUZA, P.H.V.A. Distúrbios
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PacientesObesos ""
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FBQC1~$:$;g,~ mente ao referir-se à deglutição), e, portanto, impossíveis


de separar em sua realização concreta.
!11)E.Çj;~iljl,j'~3~'" Segundo Marchesan4 e Bianchini,5 a mastigação e a
deglutição passam por fases, as quais descritas são a se-
No capítulo anterior, foi explanado um pouco da literatura
guir:
sobre a inserção fonoaudiológica na obesidade. Faz-se
necessário, agora, saber um pouco do processo que en- . Fase de incisão: o alimento é apreendido e posiciona-
volve a alimentação inata a qualquer pessoa. do entre as superfícies oclusais de pré-molares e mo-
Entre as causas que contribuem para a obesidade po- lares, levados por movimentos coordenados da língua
e das bochechas.6
dem-se citar, dentre outras, o fator genético, o sedenta ris-
mo e a má alimentação, esta se desvirtuando por dois . Fase de trituração: o alimento é transformadoem
aspectos: a falta de organização no cardápio e a mastiga- porções pequenas.
ção incorreta, como encontrado em Sousal e Lopes Fi- . .Fase de pulverização: o alimento é decomposto em
Iho.2 As conseqüência;'-ta~bém denominadas fatores de partículas ainda menores.
comorbidade, podem variar de simples mudança nas ta-
xas de níveis séricos à capacidade de alcançar situações A partir desse momento inicia-se o ato da deglutição,
extremas, com o aparecimento de doenças crônicas, que é uma seqüência reflexa de contrações musculares
como diabetes melito, dislipidemia, doenças cárdio e ce- ordenadas, objetivando levar o alimento (bolo alimentar)

rebrovasculares, alterações da coagulação, doenças arti- ou líquidos da cavidade bucal até o estômago,?8 A deglu-

culares degenerativas, neoplasias, esteatose e apnéia do


tição é igualmente regida por fases, como as descritas
mais adiante.
sono, dentre outras.3
Com o auxílio da língua, o alimento percorre toda a
Partindo do princípio de que a alimentação é algo in-
cavidade oral (fase oral ou voluntária da deglutição), onde
dispensável para qualquer ser que tenha vida e que, para
o alimento passa por quatro estágios, segundo Costa:9
se alimentar bem, necessita obter alimentos com níveis
nutricionais excelentes, para que esse nível seja bem . Estágio de preparação: em que o alimento é triturado
aproveitado pelo organismo será preciso que o mesmo e umidificado para a formação do bolo, ocorrendo a
passe por processos inatos - a mastigação e a deglutição. mastigação.
Neste capítulo, para fins didáticos, esses processos . Estágiode qualificação:intrínseco ao anterior, neste,
são descritos separadamente, mas evidencia-se que tan- o bolo é percebido em seu volume, consistência, den-
to a mastigação como a deglutição são seqüenciais, ora sidade, grau de umidificação, entre outras caracterís-
voluntárias (no tocante a a1')1
bos), ora involuntárias (so- ticas físicas e químicas, para sua ejeção adequada.
70 PARTE
11 Fonoaudiologia

. Estágiode organização:
o bolo é posicionado sobre a Com a realização do processo cirúrgico - a gastroplas-
língua, e estruturas responsáveis pela ejeção se orga- tia -, fica evidente a necessidade da função mastigatória
nizam culminando com o próximo estágio. após a operação, pois o procedimento adotado e realiza-
. Estágio de ejeção oral: consiste em situação propícia do pela equipe cirúrgica envolve a colocação de um anel
para que ocorra a condução do alimento da cavidade na porção inferior do estômago reconstruído, o que difi-
oral para a região faríngea, através do movimento de culta a passagem do alimento, solicitando ao máximo sua
propulsão (fase faríngea ou involuntária). Posterior- completa trituração e pulverização no plano oral. No pe-
mente, os músculos dessa região irão contrai'r-se, re- ríodo de restabelecimento nutricional, que compreende 3
duzindo a pressão e, após a proteção das vias aéreas meses, o paciente necessita transpor etapas, as qllais
(acesso respiratório), o alimento é deglutido, sendo passam por uma fase de ingestão de líquidos no primeiro
movido para o esôfago (fase esofágica involuntária e mês, evoluindo para uma alimentação pastosa/sólidô no
inconsciente), de onde, por peristaltismo, é conduzido segundo mês e, no terceiro, retorno à nutrição normal,
até o estômago. porém em quantidade proporcionalmente menor àwe
era consumida antes.
Como se pode perceber, esse é um processo complexo Diante dos fatos apresentados e da relação entre a
e, caso algum fator seja executado diferentemente do nor- obesidade e a ciência fonoaudiológica, no que se refere à
mal, podem ocorrer dificuldades significativas no processo alimentação em todos os seus aspectos, percebe-se a ne-
de mastigação e deglutição, variando desde um veda- cessidade da caracterização do processo de alimentação
mento labial ineficiente até uma disfagia, ou seja, a pes- em indivíduos submetidos ao processo cirúrgico de gas-
soa finda por não triturar bem o alimento, mastigando-o troplastia.
.de-maneira rápida e, conseqüentemente, não ocorre o es-
tímulo completo dos receptores localizados por toda a via
digestória, responsáveis por enviar uma mensagem corre- Análise do processo de alimentação - aspectos
ta para o cérebro, e este falha em exibir a saciedade, fa- metodológicos
zendo com que a pessoa ingira maior quantidade de
Com o intuito de analisar a prática, no que concerne à ali-
alimento e, por conseguinte, aumente excessivamente a
mentação do paciente submetido à cirurgia de gastro-
quantidade do mesmo que será àr'mazenada, caracteri-
plastia, foi realizadoum estudotransversal,com abordagem
zando a obesidade.
do tipo quantitativa,12 junto a pacientes selecionados e
Deve-se ressaltar que em momento algum este seria o
encaminhados a partir do Núcleo do Obeso do Ceará.
único fator predisponente à obesidade, mas algo que in-
Esseestudo obteve a aprovação da Comissão Científica e
fluencia, associado a toda a situação específica de cada
Éticada Universidadede Fortaleza- UNIFOR,sob regis-
paciente, para que se possa(m) provar o(s) real(is) moti- tro 04-484, datada de 29/11/2004, como também foi
vo(s) que causa(m) a obesidade.
autorizada pela diretoria da instituição, no mesmo perío-
do, desenvolvendo-se a partir das normas da Resolução
nQ 196/96, do Conselho Nacional de Saúde.13
EXPERIÊNCIA
FONOAIJDlOLÓGICA Efetuou-se a análise de 10 pacientes submetidos à ci-
JUNTOÀ EQUIPEQUE,SEUTILlZA rurgia de redução de estômago, sem distinção de sexc ou
DA GASTROPLASTIA raça. Para inclusão nesse estudo, era necessário que es-
ses pacientes estivessem sob atendimento da equipe da
No que concerne ao tratamento da obesidade, que deve instituição e que tivessem sido submetidos à gastroplas-
objetivar a melhora do bem-estar e da saúde do indiví- tia aproximadamente 1 mês antes, com as devidas auto-
duo, diminuindo os riscos de doença na vida futura,lO fo- rização e liberação pela nutricionista para a alimentação
ram descritos tratamentos dietéticos, que envolvem a pastosa/sólida, compreendidos em uma faixa etária entre
redução do consumo de energia; tratamentos comporta- 20 e 39 anos. Foram excluídos pacientes com alteração
mentais, em que se avalia o comportamento alimentar psicológica importante, que registraram alguma interr.or-
e físico do paciente; exercícios e atividades físicas; os tra- rência dentro desse período estabelecido após a cirurgia,
tamentos alternativos, farmacológicos,3 e o tratamento que necessitaram alguma intervenção diferenciada ou
cirúrgico.ll Este aspecto, explanado neste capítulo, é in- com idade superior a 40 anos.
dicado somente para pacientes obesos mórbidos resis- No que diz respeito à idade, a seleção baseou-se em
tentes ao tratamento clínico ou que tenham índice de um grupo de pacientes o mais homogêneo possível, pois
massa corporal (IMC) superior a 40kglm2 ou IMC entre o fator envelhecimento - como já mencionado - pode in-
30 e 40, quando houver uma patologia associada capaz terferir no padrão morfológico e postural.
de ser melhorada com a perda de peso, entre outros crité- A coleta de dados consistiu em avaliação fonoaudioló-
rios analisados pelo médicç>responsável. gica (Figura 6.1) baseada em motricidade oral,14.15 con-
Análise do Processo de Alimentação em Pacientes Obesos 71

Sexo:

r?ã!f!mefjto re'aliz~~b: I "~,;.(, .

'!J .(. )itli1(~;~i~ú~glco'iCiJW9j,a,W


I ) Cirúrglc~, há .Huantos'diaS? .~ ;<
ASPECTOS MÓRFObÓGlCOS,E'POSTURÁ' :1,\'" ;;,
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.Lábios;!
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t. ) Dificu!d,~de~e ve~ame.~to .1 .,.)"Sup.,erio~,,~nc.~ado. I" ,) I ~)Infer.!.pr eveftido


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. Postura habItual
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) Inclinadp pl E

I f"EsqÚerda Clird~

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ubdivisã (' .;).Classe 11.- Subdivisão 11


... '11"'."'" ,ií,.' '" """ ..
.post, 'u li. I li ) Mordida ab, posto uni. dir,
I .[ .,,)Mprdida c~uz,.post. uni: dir.
(

Figura 6.1 Avaliação


fonoaudiológica
dopacientedoNúcleodoObesodoCeará(continua)
72 PARTE
11 Fonoaudiologia

. Bochechas:
( ) Normal ( ) Alterada ( ) Tremor
labertura): Abertura-
. Mandlbula mm
( ) Normal ( ) Dasviopara D ( ) Desvio para E
. Mandlbula(fechamentol:
( ) Normal ( ) Desvio para D ..) Dasvio para E
. Mandlbu!a Ueterallzeçilol:
( ) À esquerda: ~ mm ) À direita: ~ mm
.ATM:
( ) Sem estalidos ) Com estalidos
. Masseter:
I ) Simétrico ( ) Contração: D e E ) Contraçilo: ~'e D
( ) Tremor I ,) Movimentação reduzida ) Sem movimentação
. Elevaçilo da sobrancelhas:
I ) Normal I ) Movim!,ntação menor à E ) Movimentação reduzida
( ) Tremor ( ) Movimentação menor à D ) Sem movimantação
. Franzir testa:
) Normal ( ) Movimentação menor à E ) Movimentação reduzida
) Tremor ( ) f)/Iovimentaçãomenor à D ) Sam movimentação
. Elevador de lébios e asa do nariz:
) Normal ( ) Movimentação menor à E ) Movimentação raduzida
) Tremor ( ) Movimentação menor à D ) Sem movimantação
. Fachar a abrir os olhos:
) Normal I ) Movimentação menor à E ) Movimentação reduzida
I Tre,mor( I Movimentação menor à D ) Sam movimentação
. Movlmentaçlioda cabaça:
I ) Normal ( ) Diminulda para a E I )'Diminulda para cima I ) Diminulda Incl. pl D
( ) Diminulda para a D ( ) Ditninulda,para baixo ( ) Dimi!"ulda incl. pl E
FUNÇÕES
. Rasplraçlio:
( ) Nasal ( ) Bucal ( ) Buconasal
. Teste do espelho,(,a,splraçlio normal):
I Salda de ar maior à D
( ) Salda de ar bilata"al h) S,alda d~ar,~aior à~,
. Teste do espalho (palayras orais): :'j'
'-', " ""
( ) Sam ascape I ) salda de ar maior à E
( ) Sarda de ar bilateral f ) Salda de ar maior à D
. Teste do espel!1°lplÍl!,vrasn,!,~ais): .,
( ) Sarda da arébilatéral!~ISardadei~r R'l1I1ç'r
à'~í )"Salda da ar maior àD
. Mastigaçilo:
( ) Normal ( )'Bilateral ) Interposição ,de lábio infarior
( I Alterada ( ) Unilateral esquerda ) Participação exagarada da musc. perioral
( ) Lanta (" !i~q.i 1"~!'Jel;di,~~Jta J.Movimentos
,.", ",.'" ",
rotatórios
"
da.mandfbula
"

( ) Rápida I )Lábios~bertb~ ) Movimantos verticais de mandlbula


( ) Ruidosa ( ) Lábios fechados ) Cantralização do alimento
. Deglutiçilo:
Tipo de "lImel)t,,:
, .,""-,, '". 1I1"t"""""~""'"''~''' ,'''' ,« ' T"",
) Nor 1 "( )Particigaçãoda mu,sco periOral ) Projação lataral de Ilngua
) Alterada

.
),Interposição de lábio ,Inferior () Projeção alJterior de Irngua
) Engasgo ) ,Ruidos,a I' IProjeção da cabaça
Tipo da voz:
( ) Normal ,~( ) Àlteradii!iiI i'i~ Grà'o:',.
. RessonAncla:
( ) Equilibrada ) Hiper!,asal ) Laringofarlngea ) Oral
. Fala
( ) Normal ) ~Itarad.a!
. Sucçlio:
( ) Eficiante ),Alterada
HÁBITOS BUCAIS

( ,) C,h!;Jf,~ta.?,p~u~;, ri, .. í~~.1gi~,~J!P~9~~'t


I) Chupeta o!,todO!'tica ~t'ééiu'andO:.
( ) Dedo ,~té qy!,ndo:
( ) Mamadeira Até quando:'- '1'

'( ) Onicofag!~
o' '.40 ;'A~é
'<f.J!'i ~ !iluando:~:,
.,.
Dlag,n Ó StICO:"~~ 0.0
,

.."
Encaminhamentos:
COlJeluta;

~ Fonoaudióloga responsável

Figura 6.1 Avaliação


fonoaudiológica
dopacientedoNúcleodoObesodoCeará(continuação)
Análise do Processo de Alimentação em Pacientes Obesos 73

siderada instrumento mais adequado para coleta pela RESULTADOS


possibilidade de abranger maior número de pacientes e
A partir da análise das 10 avaliações, o perfil dos pacien-
por assegurar a uniformidade das informações, visto que
tes abordados ficou assim constituído: 60% do sexo mas-
esta avaliação aborda aspectos relacionados às condi-
culino e 40% do sexofeminino, com idade compreendida
ções morfológicas, posturais, funcionais e de mobilidade
entre 23 e 39 anos. O IMC variou entre 30,4 e 44,8.
dos participantes.
Esses pacientes se encontravam no primeiro mês após a
A análise dos dados consistiu na apreciação dessa cirurgia.
avaliação fonoaudiológica, caracterizando, assim, o pro- Quanto à morfologia e à postura de estruturas orofa-
cesso de alimentação atuante nesses indivíduos. ciais, observou-se normalidade em todos os pacientes.
Quanto aos preceitos éticos, a pesquisa é moldada à No que se refere à funcionalidade, pôde-se observar
Resolução nQ 196/96, que regula investigação com seres que os lábios apresentaram um percentual de 40% com
humanos, tendo ficado claro para os sujeitos que eles tive- flacidez em ambos (superior e inferior), 20% para flaci-
ram uma participação voluntária, não incorrendo em riscos dez apenas em lábio superior e normalidade em 40%. Na
ou prejuízos de qualquer natureza, como também havendo língua, normalidade foi encontrada em 80% dos pacien-
o resguardo da identificação de todos eles por meio de ter- tes, enquanto 10% apresentavam flacidez e 10%, rigi-
mo de consentimento livre e esclarecido (Figura 6.2). dez. Quanto às bochechas, houve o registro de 70~o de

Termo decqns(!l;!~imep~o,livr(!keêsc::larecido db,lJa~icipà.nte


~ ,;a
~ ~
NomeSrla),; '1;
,'~~ '''''',', ,..,.~ ~..-
~. ~, ",. , ,'i'>" .~ '",~, ,J~
Idade: Sexo: Natl:lrahdade:~ I!, ~J
,~."""., '"
" "
Domiciliado e/'r1: ~ ''" ~,

foi informado(a)
De profissão: "': .~,- ,.,"~< ",~e!;RG:;: ,.","'" , >'" ~" '

detalhadamente;;obre 'a ~es9\Jisa,'irWtula<ll!l"Arátise do l?J"oce,ssode ):>.liq,entação de Pacientes Submetidos à

Gastroplastia noNÚcleodpÓbesodoC~a~~/!i, '" ';t, <i!'~

o (a) sr(al., f()iRlenamentéê~9,I~r ,9~~Ç;iii~~t~~lliC.íPéÍf~çI'1I


~~aJia~ã9i'f9i1~~\Jdiq.l6gicêq\Je'bompõe.esta,pesquisa,
est:rá :a~icipa~<iod~1,~~e!l\J~ ,, . t9~;~Pj~~fD"Ç°Ir°~~~JEI~voc,~racterizar
~ processo de _alimentação
em I,ndlvfduosSUl;>mJ3~!,q?~~tQ~~rg,,~f9u~cleq;d!J QbEl,sO;jjoi.Geará
e, por ser um estudo, nao é possfvel
prever osbElrleffcios'a9Urt9;,Br,a~o:ii!.
~ ,,"'"
Elyi~.!!~(J~,lElI)JagõEÇF',,,
" .,
~
Er:nborao(a),sr(a)'. Venhâataôéifar- aQ'ai'J:ião nesta<pesqJisá, está garantido que p(a) sr(a). poderá desistir a
"""'''''''.' "'.~6'-""" "",,"", ")"""" 'é" ,,' ,', ,',. ','. ',..,. "",,""
q\Jalquer mornento,jp61 '~s,lim~~@hJIlrn~rrQilivoi~bastaf)dôpa~~,isso'infprrnarstía deCisãq de desistência, de maneira
maisconvenient~.J7õie I!rl'!çj~ofai,f;)dltqpe,fPoJi~,!3.r úIT!ap~r;t,ici!?aç.iiq~Y<?ful?táriae, sem interes~e,.finaQceiro, o(a) sr(a).
não terá dkeitoa;l?ep!1ÜrTjil re,r!1ürl!"r!c;:ã.ó.A~a~jçi,Ra90~Ó 'né:lJ)esqúi~a não incorrerá em riscos ou prejufzos de qualquer

natureza. ,',' ,,> ,P": " ~:I"~';', , ' ,~ ~ ~~, ~

Os dados refereQte~"ao<'s,~(ar':§!!r~O'!3i~.!IOSQ~ ,!~g;~'i,~,~~'9<?~q~e,,9J.iI)qj)SJl~~)H'?"!!I~~'!3~I~~itar',iQform,aC;:geS


durante
todasa~ fases,da,'"pesq!;J,isil, ~rj9J;Ü~jY~"B'p6!. ,~bJicaç~~o 'qa:'Ili,!1!39'iI".A ç""QleJac:Ie d'ados pilra a pesquisa será

des,enVOIYida,atrilVé!3de",aY~J.I~.ç~e!s~~iQ.c:lj~jcjt.l~:/'~~r~nl~lldo'ieéri~I3P!c:I'~(jê}età'collficjêr1çia ,ci1ts.#!n(órm,ações" e será


realizada'pelaEoQQayqjóJ~Qf!..A;j.d~~a:Z,,!;'~~:CJ,,~~;~aJ~q'!3' \oba. WBJ!r~;isiio .9a"prQfessQraSilvia de Fátima Santiago
Capistrano. ~ ' ,..,~ ~i ",~"r" ':~ :~" ;;I! §!

Se hoUver dbvic:l\~s9qrê7i~;é~!q~da ~WÇ.P!i)la:~Pi,9Qrn)g~CJ)Jnjtê.d~:êiica,ern;ResquisadeUN IFOR (Av.


Wash!pgl()f), S9i1.r1',si11:;3~:<lh6.Q".§~
,~'. Ceará)!o~cc:iética.@\JpifQr.br'é "I'
" "'."" ..,..'., ,.'" .',~,~ t4, ~~j., jg", ~..; "<jjff ~
Ap6slerestas 'if)fqrlTlac;:!1í~!3}~:ter 9~~' ~UfJci~[1ternente;e~clarecidàspelo pesquisador, concordo em
'" ~o/1[' '(, "" ii< '~11 iI1
participar,deformavolur),t~rfarr")~~fé ~fq~Qi" *1'
.'lII' ,~ ~.
Fortaleza;-+---,--de" ~ ~ i\jj " ~
~ ~ "" ',. !;J

~ ,~,,;,.. 'O'" j11h,~',", "i" " m ~ '"' ''''


:\},,"," 'Z"" :ea:rticipante do estudo

Figura 6.2 Termodeconsentimento


74 PARTE
11 Fonoaudiologia

normalidade, enquanto 20% se mostravam rígidas e objetivo comum, ou seja, a melhoria de seu estado pato-
10%, fi ácidas. Na musculatura mentual, houve normali- lógico, configurado na obesidade.
dade em 80% e rigidez em 20% dos casos. Quanto à
oclusão, observou-se 60% para classe I, 20% para classe
II e subdivisão I, 10% para classe III com mordida aberta
anterior e 10% para mordida aberta posterior.
'«éfNSl~~RA:ÇÕES"'FINAIS
Quanto à mobilidade, foram verificados I~bios com A partir dos dados obtidos, percebe-se que a maioria dos
40% de normalidade e 60% com flacidez tanto para entrevistados (60%) apresentou diagnóstico com indi-
protrusão como para retração. Na língua, houve 70% de cação para melhora da musculatura orofacial e apri-
normalidade, 20% apresentando fi acidez e 10% com ri- moramento da função mastigatória, podendo acarretar
gidez. Nas bochechas, houve o registro de 80% de nor- dificuldades futuras quanto ao retorno à alimentação sóli-
malidade e 20% de rigidez. Na abertura de boca, houve da normal.
variação entre 40,20 e 73,35mm, com normalidade e
Pelos resultados apresentados, enfatiza-se que a inter-
centralização tanto na abertura como no fechamento. Na
venção precoce fonoaudiológica, nesses pacientes, pode
lateralização de mandíbula para a esquerda, obteve-se
propiciar tanto um aumento da mobilidade das estruturas
variação entre 0,0 e 0,80mm, e para a direita, 0,30 a
do sistema motor bucal como o aprimoramento do con-
1,60mm.
trole e da organização intra-oral, colaborando para facili-
A contração de masseter,concomitante com a muscu-
tar o período pós-cirúrgico de redução de estômago.
latura de mímica facial, foi observada com normalidade e
~jmetria em todos os pacientes analisados.
Após a avaliação das funções, foi observada normali-
dade na respiração em 100% dos pacientes. Na função
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
mastigatória, houve predominância de unilateralidade es-
1. SOUSA,A.M.l. Aleitamento,v. 51, n. 4. Revistada Associa-
querda em 50% dos sujeitos analisados, predominância
ção Paulista de Cirurgiões-Dentistas,jul/ago, 1997. Disponivel
de unilateralidade direita em 20% e normalidade e masti- também pelo site: www.aleitamento.org.br/odontologia.html.
gação bilateral em 30% dos casos'.Quanto à deglutição, Acessoem 2003.
houve normalidade em 50% dos participantes, obser- 2. lOPES FilHO, O.C. et ai. Tratadode fonoaudiologia. São Pau-
vou-se abertura de boca logo após deglutição em 30% e, lo: Roca, 1997.
em 20%, houve participação exagerada da musculatura 3. MANCINI, M.C. Tratamento farmacológico da obesidade me-
perioral. dicamentos calorigênicos. In: HAlPERN, A. et ai. Obesidade.
Ao final das avaliações, foi notificado que 60% (seis São Paulo: lemos Editorial, 1998. p. 297-303.
casos) dos participantes apresentaram alteração em sua 4. MARCHESAN,
1.0.Motricidade oral. SãoPaulo: Pancast,1993.
musculatura orofacial, estabelecendo diagnóstico de alte- 5. BIANCHINI, E.M.G. Mastigaçãoe ATM: avaliaçãoe terapia.ln:
ração miofuncional oral específica para a alimentação, e MARCHESAN,1.0. Fundamentosem fonoaudiologia: aspectos
em 40% (quatro casos>.,D diagnóstico foi de normalidade. clfnicos da motricidade oral. Rio de Janeiro: GuanabaraKoo-
gan,1998. capo 5, p.37-49.
6. MADEIRA,M.C. Anatomia da face: basesanátomo-funclOnais
DISCUSSÃO para a prática odontológica. São Paulo: Sarvier,2003.

o presente estudo é importante para os pacientes subme- 7. FERRAZ,M.C. Manual prático de motricidade oral: avaliaçãoe
tratamento. Rio de Janeiro: Revinter, 2001.
tidos à gastroplastia, pois detecta precocemente alguma
alteração ou possível dificuldade quanto ao ato de ali- 8. TANIGUTE, C.C. Desenvolvimento das funções estomatognáti-
cas In: MARCHESAN, 1.0. Fundamentos em fonoaudio/ogia:
mentar-se. Percebe-se, então, a necessidade de detecção
aspectos clínicos da motricidade oral. Rio de Janeiro: Guana-
precoce de provável alteração. Essa detecção é possível bara Koogan, 1998, capo 1, p. 1-6.
mediante avaliação fonoaudiológica para o aperfeiçoa-
9. COSTA,M.M.B. Dinâmica da deglutição: fases oral e faríngea.
mento e a reabilitação dos aspectos estruturais e funcio- Disponível em: <http://www.fononeuro.net/disfagia.htm>.
nais das regiões orofacial e cervical. Acesso em 4 de janeiro de 2006.
Enfim, é necessário tornar o período pós-operatório o 10. MANCINI, M.C. Obesidade: como diagnosticar & tratar. Revista
mais tranqüilo possível, com evolução progressiva e sem Brasileira de Medicina: RBM, V. 61, p. 84-90, 2004.
alterações para esses pacientes, pois um grande passo foi 11. GARRIDO JR, A.B. Situações especiais: tratamento da obesida-
dado por essas pessoas em busca de uma qualidade de de mórbida. In: HAlPERN, A.; GODOY MATOS, A.F. et ai.
vida melhor e, no intuito de participar desse crescimento, Obesidade. São Paulo: lemos Editorial, 1998. p. 331-341.
toda a equipe multidisciplinar, aliada à ciência fonoaudio-
12. PARRAFilHO, D.; SANTOSJ.A. Apresentação de trabalhos
lógica, toma para si a re~ponsabilidade de chegar a um científicos. 4. ed. São Paulo: Futura, 2000.
74 PARTE
11 Fonoaudiologia

normalidade, enquanto 20% se mostravam rígidas e objetivo comum, ou seja, a melhoria de seu estado pato-
10%, fi ácidas. Na musculatura mentual, houve normali- lógico, configurado na obesidade.
dade em 80% e rigidez em 20% dos casos. Quanto à
oclusão, observou-se60% para classe I, 20% para classe
II e subdivisão I, 10% para classe III com mordida aberta
anterior e 10% para mordida aberta posterior.
'G'Ô'NSIl~,ERAÇÕES'''FINAIS'
Quanto à mobilidade, foram verificados I~bios com A partir dos dados obtidos, percebe-se que a maioria dos
40% de normalidade e 60% com flacidez tanto para entrevistados (60%) apresentou diagnóstico com indi-
protrusão como para retração. Na língua, houve 70% de cação para melhora da musculatura orofacial e apri-
normalidade, 20% apresentando flacidez e 10% com ri- moramento da função mastigatória, podendo acarretar
gidez. Nas bochechas, houve o registro de 80% de nor- dificuldades futuras quanto ao retorno à alimentação sóli-
malidade e 20% de rigidez. Na abertura de boca, houve da normal.
variação entre 40,20 e 73,35mm, com normalidade e
Pelos resultados apresentados, enfatiza-se que a inter-
centralização tanto na abertura como no fechamento. Na
venção precoce fonoaudiológica, nesses pacientes, pode
lateralização de mandíbula para a esquerda, obteve-se
propiciar tanto um aumento da mobilidade das estruturas
variação entre 0,0 e 0,80mm, e para a direita, 0,30 a
do sistema motor bucal como o aprimoramento do con-
1,60mm.
trole e da organização intra-oral, colaborando para facili-
A contração de masseter,concomitante com a muscu-
tar o período pós-cirúrgico de redução de estômago.
latura de mímica facial, foi observada com normalidade e
~imetria em todos os pacientes analisados.
Após a avaliação das funções, foi observada normali-
dade na respiração em 100% dos pacientes. Na função
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
mastigatória, houve predominância de unilateralidade es-
1. SOUSA, A.M.l. Aleitamento, v. 51, n. 4. Revista da Associa-
querda em 50% dos sujeitos analisados, predominância ção Paulista de Cirurgiões-Dentistas, jul/ago, 1997. Disponível
de unilateralidade direita em 20% e normalidade e masti- também pelo site: www.aleitamento.org.br/odontologia.lltml.
gação bilateral em 30% dos casos. Quanto à deglutição, Acesso em 2003.
houve normalidade em 50% dos participantes, obser- 2. lOPES FilHO, a.c. et ai. Tratado de fonoaudiologia. São Pau-
vou-se abertura de boca logo após deglutição em 30% e, lo: Roca, 1997.
em 20%, houve participação exagerada da musculatura 3. MANCINI, M.C. Tratamento farmacológico da obesidade me-
perioral. dicamentos calorigênícos. In: HAlPERN, A. et ai. Obesidade.
Ao final das avaliações, foi notificado que 60% (seis São Paulo: lemos Editorial, 1998. p. 297-303.

casos) dos participantes apresentaram alteração em sua 4. MARCHESAN, 1.0. Motricidade oral. São Paulo: Pancast, 1993.
musculatura orofacial, estabelecendo diagnóstico de alte-
5. BIANCHINI, E.M.G. Mastigação e ATM: avaliação e terapia.ln:
ração miofuncional oral específica para a alimentação, e MARCHESAN, 1.0. Fundamentos em fonoaudiologia: aspectos
em 40% (quatro casos),,Ddiagnóstico foi de normalidade. clínicos da motricidade oral. Rio de Janeiro: Guanabara Koo-
gan, 1998. capo 5, p. 37-49.

6. MADEIRA, M.C. Anatomia da face: bases anátomo-funclOnais


DISCUSSÃO para a prática odontológica. São Paulo: Sarvier, 2003.

o presente estudo é importante para os pacientes subme- 7. FERRAZ, M.C. Manual prático de motricidade
tratamento. Rio de Janeiro: Revínter, 2001.
oral: avaliação e

tidos à gastroplastia, pois detecta precocemente alguma


alteração ou possível dificuldade quanto ao ato de ali- 8. TANIGUTE, C.C. Desenvolvímento das funções estomatognátí-
cas In: MARCHESAN, 1.0. Fundamentos em fonoaudi%gia:
mentar-se. Percebe-se, então, a necessidade de detecção
aspectos clínicos da motricidade oral. Rio de Janeiro: Guana-
precoce de provável alteração. Essa detecção é possível bara Koogan, 1998, capo 1, p. 1-6.
mediante avaliação fonoaudiológica para o aperfeiçoa-
9. COSTA, M.M.B. Dinâmica da deglutição: fases oral e faringea.
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nais das regiões orofacial e cervical. Acesso em 4 de janeiro de 2006.
Enfim, é necessário tornar o período pós-operatório o 10. MANCINI, M.C. Obesidade: como diagnosticar & tratar. Revista
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alterações para esses pacientes, pois um grande passo foi
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toda a equipe multidisciplinar, aliada à ciência fonoaudio-
12. PARRAFilHO, D.; SANTOSJ.A. Apresentação de trabalhos
lógica, toma para si a re~ponsabilidade de chegar a um científicos. 4. ed. São Paulo: Futura, 2000.
Análise do Processo de Alimentação em Pacientes Obesos 75

13. MINISTÉRIODA SAÚDE.ConselhoNacional de Saúde - Reso- MARCHESAN,I.Q. Avaliandoe tratando o sistemaestomatognático.


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/
AtuaçãoFonoaudiológica:
ReeducaçãoMastigatória AndtéaCavalcantedos
.".
Lié!,\Maria,Brasil
Santos
deSouzaBarroso

"Devemos beber os sólidos e mastigar os líqUidos"


(Cobra, 2004)3

como proceder em algumas situações que são pertinen-


tINTRO[)UÇÃ"O tes ao paciente pós-cirúrgico de redução de estômago.
Neste capítulo, será abordad'3 a prática da reeducação Antes de iniciar, é interessante tecer algumas conside-
mastigatória no período pós-operatório. rações:
A partir da experiência com a clínica da obesidade e
com os pacientes submetidos à cirurgia de redução de es-
. É de suma importância explicar e conscientizar o pa-
ciente de suas dificuldades ou de alterações observa-
tômago (gastroplastia - técnica mais utilizada em nossa
das no decorrer da avaliação, procurando sempre
equipe), observou-se que a queixa mais comum, entre es-
trabalhar em cima da causa, e não do sintoma.l
ses pacientes, é a de '~oãomastigar corretamente, com
mastigação rápida, e acabar entalando ou necessitando . Durante a avaliação, é preciso considerar a ausência
vomitar" . dentária, a qual influenciará profundamente o resul-
Essehábito - o vômito - pode, em alguns momentos, tado do acompanhamento; por isso, o paciente recebe
dar uma sensação de alívio, porém, se não tratado, sur- orientações e é encaminhado aos serviços odontológi-
gem problemascapazesde evoluir para alteraçõespsicoló- cos para reposição dos dentes ausentes.
gicas graves, como a bulimia e a anorexia, dentre outros. . Outrofatoré a idade, pois, com o aumento desta, per-
Devido ao número quase inexistente de publicações cebe-se uma flacidez fisiológica que se agrava pelo
nessa área, serão apresentados alguns recursos e técni- fato de o paciente perder muito pesoem pouco tempo.
cas obtidos e adaptados de livros que abrangem não so-
. Todas as etapas de acompanhamento do paciente
mente a ciência fonoaudiológica, mas também obras que,
pás-cirúrgico devem ser supervisionadas pelo fonoau-
de alguma maneira, nos ajudam, quando tratam do ato
diálogo, para não sobrecarregar a musculatura orofa-
da alimentação. Embora, até esse momento, alguns des-
sesrecursos e técnicas ainda não tenham sido comprova- cial e debilitar a função mastigatária.
dos cientificamente, esta situação nos mostra o quanto . Portanto, a melhor conduta a ser tomada consiste na
essa é uma temática nova e passível de comprovação. avaliação individual de cada caso, utilizando-se do ra-
Ressalte-se a idéia de que não se quer fomentar ne- ciocínio clínico perante determinado paciente, a fim
nhuma receita para qualquer que seja o caso, mas ape- de objetivar seu restabelecimento e prevenir possíveis
nas dar uma idéia, para o pr.ofissional fonoaudiólogo, de alterações em seu período pós-cirúrgico.
78 PARTE11 Fonoaudiologia

da mastigação, pois seu intuito é melhorar a função mas-


TERAPIA~DA,RE tigatória, e não sobrecarregá-Ia.
- RECUR$OStT O paciente precisa perceber o objeto que tem dentro da
boca e aprimorar sua sensibilidade intra-oral, conhecen-
o principal objetivo da reeducação mastigatória é trazer à
do as estruturas pelas quais ele está passando, os ciclos
consciência os atos mastigatórios automáticos2 e remo-
mastigatórios necessários para fazê-Io movimentar-se por
dulá-Ios para uma forma mais correta, ainda em cons-
todos os dentes e em quais porções (anterior e posteriores
ciência, a fim de que, com a nova postura,.o paciente
direita ou esquerda) intra-orais a força é maior.
lance mão de um hábito eficiente, 'para que este seja
O garrote é mais utilizado nos pacientes que já apre-
aprendido e permaneça como seu automático.
sentam força muscular ideal, mas não conseguem dimi-
Nesta linha de raciocínio, se trabalharmos diretamen-
nuir a velocidade de mastigação.
te com o alimento, o paciente se utilizará de sua mastiga-
Outra técnica utilizada consiste na associação do
ção automática, o que, na maioria das vezes, ocorrerá de
exercício de respiração com o ato mastigatório, baseado
maneira rápida e sem apreciar os elementos químicos
em Cobra3 e adaptado para os pacientes na clínica fonoau-
pertinentes ao alimento (sabor, consistência, temperatu-
diológica: enquanto ocorrem os movimentos mastiga-
ra), porém, se utilizarmos algo não comestível, a pessoa
tórios, solicita-se ao paciente que inspire e expire mais
precisará dar atenção àquele novo processo. Isto é aplica-
profundamente e perceba, durante a expiração e a rnasti-
do quando utilizamos o garrote.
gação, o sabor do alimento. Segundo o autor, é quando se
O material empregado tem a seguinte descrição: gar-
expira que se sente bem o gosto dos alimentos.
rote Pró-Fono@ 11 mm, diâmetro externo (Código 7060).
A partir da aplicação dessa técnica, observa-se um au-
. Utilizamos o garrote não-estéril, transpassado por um
mento do tempo do trânsito oral, como também dos ciclos
. 'fio dental (Figura 7.1), de tamanho que possibilite ao pa-
mastigatórios, em detrimento da diminuição da velocidade
ciente segurá-Io fora da boca (enquanto o movimenta
mastigatória, além do aumento - subjetivo - da sensibili-
com ciclos mastigatórios), assegurando-se de que ele não
dade para a produção de saliva e do sabor dos alimentos.
o engolirá de maneira errônea, causando riscos. É neces-
Utilizam-se também os exercícios já conhecidos da tera-
sário cautela ao utilizar essetipo de objeto para a função
pia de motricidade oral, dentre os quais podemos citar, por
exemplo, exercícios de lábio (protrusão, retração), de Ilngua
(circular, pontos cardeais) e de bochechas (inflar, sugar). A
opção pela aplicação de cada um deve basear-se na difi-
culdade apresentada pelo paciente, e o mesmo deve 11lan-
ter-se objetivado para seu aprimoramento.
A sessão fonoaudiológica é dividida em dois momen- I
tos: no primeiro, o paciente realiza os exercícios de me-
~
lhoramento muscular; no segundo momento, quando o
mesmo associa os exercícios realizados com a introdução
do alimento, em uma situação contextualizada, torna-se
mais fácil a percepção das modificações na função pro-
priamente dita.

. ?BI8~IOGR~FICAS

1. FERRAZ, M.C. Manual prático de motricidade oral: avaliação e


tratamento. Rio de Janeiro: Revinter, 2001.
2. BIANCHINI, E.M.G. Mastigação e ATM: avaliação e terapia. In:
MARCHESAN, I.a. Fundamentos em fonoaudio/ogia: aspectos
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4. lOPES FilHO, O. et ai. Tratado de fonoaudio/ogia. São Paulo: j


Roca, 1997.
5. GIÃO, P.H.A.; PERISSINOTO, J.; SOUZA, P.H.V.A. DistlJrbios I
alimentares e a influência no sistema estomatognático: a obesi-
~
dade e a fonoaudiologia.ln: FISBERG, M. et ai. Atualizaçdo em i
obesidade na infância e adolescência. São Paulo: Atheneu, i1
Figura 7.1 Garrote Pró-Fono@. 2004, p. 143-150.
~
I
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