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Sumário
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Parte I NUTRiÇÃO,1
1 NutriçãOAdequada,3
2 AvaliaçãoNutr.idonal,11
3 A Nutriçãona Infânciae na Adolescência,43
4 Obesidade- um Enigmaa Decifrar,49
Parte 11 FONOAUDIOlOGIA,61
5 O Início da Atuação Fonoaudiológica Junto aos Pacientes com Obesidade, 63
6 Análise do Processode Alimentação em Pacientes Obesos, 69
7 Atuação Fonoaudiológica: Reeducação Mastigatória, 77
8 Emagrecimento e Voz, 79
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Fonoaudiológica
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' tores, como Coutinho,l Menezes,2 Halpern,3 Vilela,4 Fis-
berg5 e Gião e cais.,6 o acúmulo excessivo de tecido adi-
poso no organismo.
Segundo Mancini7 e Bray,8 a obesidade consiste em
uma doença universal de prevalência crescente, que ten-
mentosespecíficos, como nos casos de pacientes com de a assumir caráter epidêmico, como o principal proble-
obesidade,aperfeiçoando seus conhecimentos e desen- ma de saúde pública na sociedade moderna. Representa
volvendopesquisas científicas que afirmem a necessi- um grande ônus para o paciente, que, além da perda da
(fadede sua intervenção nas diversas áreas da saúde. qualidade de vida, está sujeito a maior morbidade por dia-
A obesidade, recentemente, vem sendo vista como betes, hipertensão e câncer, entre outras doenças.
umdistúrbioorgânico que necessita ser entendido com o Quanto à classificação, Coutinh09 refere várias, como
:intuitode melhorar a qualidade de vida dos seres huma- a que corresponde à gravidade do excesso ponderal, em
.nos.Istoé evidenciado pelo crescente número de pesqui- que a obesidade é denominada leve, moderada ou mórbi-
sasque procuram entender esse fenômeno de maneira daj classificações baseadas em características do tecido
interdisciplinar. adiposo, as quais levam em conta a distribuição anatômi-
Poresseviés, a fonoaudiologia, ciência que busca o ca do tecido adiposo excessivoe sua celularidadej quanto
Bem-estardo homem em uma visão integrada a outras ao número de células, referida como obesidade hiperplá-
ciências,deparou-se, em sua prática clínica, com indiví- sica e hipertróficaj e, finalmente, quanto à distribuição do
duosobesosque apresentavam problemas de mastigação. tecido adiposo (obesidade central e periférica).
Aoverificaro escasso número de publicações da atuação A etiologia da obesidade pode ser favorecida ou cau-
fonoaudiológicajunto aos pacientes com obesidade, sur- sada por vários fatores etiológicos, que podem agir em
giu o desejode pesquisar e escrever sobre o assunto, de- qualquer fator da equação de equilíbrio energético - in-
monstrandoa relevância da intervenção fonoaudiológica gesta e gasto energético, ou ambos.
juntoa essapopulação, excursionando sobre a literatura, No viés fonoaudiológico, a ingesta é relacionada dire-
coma intenção de fornecer apoio bibliográfico para afir- tamente ao processo de mastigação em concordância
.maçãode dados e informações sobre o tema estudado. com Sousa,10que destaca a mastigação incorreta como
um agente causador dos problemas de obesidade.
Dentre as publicações encontradas, seguem-se ou-
tras, referidas para a demonstração da importância do
ato mastigatório e da complexidade dessa função.
A obesidade (do latim obesus, ob = muito e edere = Planasll relata que a nossa alimentação civilizada,
comer)é considerada, do ponto de vista de inúmeros au- mole e pastosa, leva a uma função igualmente mole e
64 PARTE
11 Fonoaudiologia
sem força. Este enfraquecimento funcional pode, segun- Participaram da pesquisa 100 pessoas atendidas na
do Marchesan12e Ferraz,13influir sobre sistemas como o instituição, sem distinção de sexo ou raça. Para inclusão
digestório, o respiratório, o metabólico e o endócrino, já no estudo, esses pacientes precisavam estar sendo aten-
que o sistema estomatognático (também constituído pe- didos no Núcleo do Obeso do Ceará e que tivessem, no
las forças da mastigação, da deglutição e do equilíbrio mínimo, obesidade de grau moderado. Foram excluídos
postura!) é o responsável pela ingestão alimentar. pacientes que se negaram a responder qualquer uma das
Tanigute14afirma que a mastigação é uma função es- perguntas solicitadas no questionário.
sencial para prevençãodos distúrbios miofuncionais, pro- O desenvolvimento dessa pesquisa abrangeu 6 me-
piciando, assim, movimentos precisos e coordenados, ses, com período de vigência de 15 de novembro de
2003 a 15 de maio de 2004.
que serão necessáriospara a deglutição fisiológica normal.
Segundo Tasca,15o tônus muscular da face pode ser No que se refere à ética, conforme a Resolução nQ
alterado, tornando-se mais baixo por causa do processo 196/96, do Conselho Nacional de Saúde (CNS), resguar-
de envelhecimento, ou pela falta de movimentação cor- dou-se a identificação de todos os participantes. 19
reta das funções orofaciais (como os movimentos mas-
tigatórios ineficientes) ou por padrões respiratórios e
Caracterizaçãodo hábitoalimentardos
posturais inadequados.
pacientesobesos- resultados
Foi analisado um total de 100 questionários. O perfil dos
METODOLOGIA pacientes abordados foi o seguinte: 71 % do sexo femini-
no e 29% do sexo masculino, com índice de massa cor-
Para exemplificar melhor a teoria explanada, realizou-se poral (lMC) de 32 a 39, em 22% dos pesquisados, de 40
um estudo baseado na proposta descrita por Santos Fi- a 49, em 61 %, de 12%, para IMC de 51 a 59, e de 5%,
Iho,16 por meio de uma observação direta e extensiva, vi- para IMC de 61 a 69 (Figura 5.2).
sando a uma abordagem quâr1titativa.Segundo Hagette17 Quatro por cento dos pacientes tinham entre 16 e 19
e Minayo,18é fundamental aos est~_dosqu~ objetivam co- anos, 42%, entre 20 e 30 anos, 19%, de 31 a 40 anos,
nhecer fenômenos humanos não visualizá-Ios de forma 24%, de 41 a 50 anos, 10%, de 51 a 60 anos e 1%, en-
isolada. Estes deverão ser considerados um sistema de tre 61 e 70 anos de idade (Figura 5.3).
interações e envolvimentos. A primeira pergunta abordou a auto-imagem. Dentre
Para o desenvolvimento desse capítulo, realizou-se os entrevistados, 99% responderamque se sentiam acima
uma pesquisa de campo, de caráter aplicativo, que a do pesoconsiderado normal e 1% respondemque, mesmo
princípio consistiu em um questionário elaborado para os estando acima do peso, não se considerava como tal
pacientes atendidos em instituição previamente selecio- A seguir, foi questionado o tipo de comida mais fre-
nada para este fim (Figura 5.1), o qual foi aplicado a pa- qüente no cardápio. Nesse item, havia mais de uma op-
ção; por isso, o total ultrapassaria os 100%. Foram
cientes acometidos por.obesidade e atendidos no Núcleo
do Obeso do Ceará, em Fortaleza. Por meio desse ques- coletadas 290 opiniões; tomando-se por base esse nú-
tionário, foi possível identificar as características dessa mero (como referencial de 100%), foi possível observar
população no que se refere ao comportamento alimentar os seguintes percentuais: para massas (tipo pizzas), 21 %;
para massas (tipo lasanha), 19,3%; para as verduras,
e às condições anatomofuncionais do sistema estomatog-
nático. 3,8%; para os doces, 12,8%; para carnes, 13,5%. Para
outras opiniões, foram observados: 10,7% para as tritu-
Com base nos dados coletados, ressaltou-se a ne-
ras; 10,3% para os refrigerantes; 2,4% para os sanduí-
cessidade de intervenção fonoaudiológica junto a esses
ches; 3,8% para arroz e feijão, e, por último, 2,4% para
pacientes, com o objetivo de conhecer melhor o hábito
qualquer tipo de alimento (Figura 5.4).
alimentar dos pacientes com obesidade.
Na pergunta seguinte, foi abordado o tempo em rela-
Pela natureza dessa pesquisa, o questionário foi con- ção à quantidade de comida a ser ingerida (Quadro 5.1).
siderado o instrumento mais adequado para a coleta de Observou-se que, em 9 minutos ou menos, houve uma
dados,por serde fácil aplicação,pelapossibilidadede abran- variação entre 300 e 2.000g no consumo de alimentos
ger um grande número de pacientes e por assegurar a (em 29% das pessoas entrevistadas); entre 10 e 15 mi-
uniformidade das informações. O questionário foi aplica- nutos, a variação foi de 300 a 1.500g (em 53%); entre
do em instituição particular, selecionada e previamente 16 e 20 minutos, a variação foi de 400 a 1.000g (7%);
orientada com relação ao objetivo da pesquisa, bem entre21 e 30 minutos,passoupara600 a 800g (5°{,) e,
como à importância do registro de observações e suges- por mais de 30 minutos, variou de 400 a 1.000g em
tões relacionadas à estrut!.)rae ao conteúdo do mesmo. apenas 6% das pessoas entrevistadas.
---
o Início da Atuação Fonoaudiológica Junto aos Pacientes com Obesidade 65
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,6)Nocê,senteqâe'", I!,o"alimento ~u:usó'engole"?
7) Quando está com probl~masou ansioso, você costuma com~,r algOma coisa?
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8) v,~c~ çon~ec'ha 1c
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como
Figura5.1 Questionário
parapacientes
atendidos
noNúcleodoObesodoCeará
66 PARTE11 Fonoaudiologia
50%
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40% .
3 O % .,.-...........................
20% .
10% .....----
1%
0%
16-19 20-30 31..40 41-50 51-60 61-70 o Sim
Não, engulo
Sim
.partir do questionário (11 pessoas), ou ainda por ter ouvi- 8. BRAY, G.A. Fisiologia e conseqüências da obesidade. Traba-
lhos condensados. Revista Pediatria Atual, v. 15, n. 1/2, p. 6,
do falar sobre mastigação em um spa (uma pessoa). 2002.
Para uma melhor interpretação desse questionário,
9. COUTINHO, W.F. Obesidade: classificação. In: Halpern, A.;
indica-se a percepção do mesmo por um todo, em que Mancini, M. (org.) Manual de obesidade para o clinico. São
cada pergunta complementa e confirma a anterior. Paulo: Editora Roca, 2002.
10. SOUSA, A.M.L. Aleitamento, v. 51, n. 4. Revista da Associa-
ção Paulista de Cirurgiões-Dentistas, jul/ago, 1997. Disponível
também pelo site: www.aleitamento.org.br/odontologia.html
"ON..m:R.tll
~w,>,.&,..11,\11 11. PLANAS, P. Reabilitação neuro-oclusal. Rio de Janeiro: Medsi,
1987.
Neste capítulo, observamos que os hábitos alimentares 12. MARCHESAN, 1.0. Motricidade oral. São Paulo: Pancast, 1993.
das pessoas submetidas à pesquisa aqui apresentada 13. FERRAZ, M.C. Manual prático de motricidade oral: avaliação e
encontravam-se fora dos padrões referentes a uma mas- tratamento. Rio de Janeiro: Revinter, 2001.
tigação eficiente, com alimentos "fáceis" de engolir e 14. TANIGUTE, C.C. Desenvolvimento das funções estomatognáti-
com a afirmação de 81 % dos entrevistados do não-fun- caso In: MARCHESAN, 1.0. Fundamentos em fonoaudiologia:
cionamento correto de sua mastigação. aspectos clínicos da motricidade oral. Rio de Janeiro: Guana-
bara Koogan, 1998, capo 1, p. 01-06.
Devido à falta de eficiência da musculatura para o de-
15. TASCA, S. M.T. Programa de aprimoramento muscular em fo-
senvolvimento das funções estomatognáticas, o indivíduo noaudiologia estética facial. São Paulo: Pró-Fono, 2002.
termina por não obter vigor e velocidade mastigatória satis-
16. PARRA FILHO, O.; SANTOS J.A. Apresentação de trabalhos
fatórios e, com isso, ocorrem alterações nos sistemas corpo- científicos. 4. ed. São Paulo: Futura, 2000.
r~is, como o digestório, que neste caso é o mais afetado. 17. HAGETTE, S.M.F. Metodologias qualitativas na sociologia. Rio
A partir dos resultados apresentados, enfatiza-se que de Janeiro: Vozes, 1987.
a intervenção fonoaudiológica precoce, nesses pacientes, 18. MINAYO, M.C. Construção da identidade da antropologia na
pode propiciar tanto um aumento da mobilidade das es- área de saúde: o caso brasileiro. Rio de Janeiro: Fiocruz, 1998.
truturas do sistema motor bucal., colaborando para a faci- 19. CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE. Resolução 196/96. Dispo-
litação dos períodos pré e pós-cirúrgicos de redução de nível na Internet via WWW URL: http://conselho.saúde.gov.br.
Arquivo capturado em 12/10/2003.
estômago, como um aprimorametltoda propriocepção
das estruturas corporais, contribuindo para um exercício
efetivo da mastigação, bem como para a formação de
uma nova imagem corporal, com o apr:moramento de há- r~~l~.~.M.i~,p~DA
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""'""'-~~'0f';«" >- .....
bitos e posturas.
COMITÊ DE MOTRICIDADEORAL. Documento oficial 03/2003.
SociedadeBrasileirade Fonoaudiologia(SBFa),2003.
LEÃO,M. Definições e riscos da obesidade. Disponívelna Internet
via www URL: <www.obesidademorbida.com.br> Acessoem 12/
10/2003.
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M.A.A. et aI. Transtornos alimentares e obesidade. Porto Ale- 1996.
gre: Artmed, 1998. LOPES FILHO, O.C. et aI. Tratado de fonoaudio/ogia. São Paulo:
2. MENEZES, O.A. Obesidade: motivações inconscientes. São Roca, 1997.
Paulo: Paulus, 1998. MADEIRA, M.C. Anatomia da face: bases anátomo-funcionais para
3. HALPERN, A. Obesidade. Disponível na Internet via www URL: a prática odontológica. São Paulo: Sarvier, 2003.
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Acesso em 25110/2003. Racine. v. 13, n. 77, Novembro/Dezembro, p. 18-24, 2003.
4. VILELA, A.L.M. Obesidade. Disponível na Internet via www PÉRUSSE, L. Obesidade: determinantes genéticos, ambientais e clí-
URL: <www.afh.bio.br/basicos/Digest4.htm> Acesso em nicos. Revista Nutrição em Pauta, V. 10, n. 56, Setembro/Outubro,
2511 0/2003. p. 4-12, 2002.
5. FISBERG, M. et ai. Atualização em obesidade na infância e PINHEIRO, A.R.O.; FREITAS, S.F.T.; CORSO, A.C.T. Uma aborda-
adolescência. São Paulo: Atheneu, 2004. gem epidemiológica da obesidade. Revista de Nutrição, v. 17, n. 4,
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6. GIÃO, P.H.A.; PERISSIONOTO, J.; SOUZA, P.H.V.A. Distúrbios
alimentares e a influência no sistema estomatognático: a obesi- SEIDELL, J.C. Epidemiology: definition and classification of obesity.
dade e a fonoaudiologia. In: FISBERG, M. et ai. Atualização em In: KOPELMAN, P.G. & STOCK M.J. Clinical obesity. London:
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7. MANCINI, M.C. Obesidade: como diagnosticar & tratar. Revista
Brasileira de Medicina: RBM, v. 61, n. NESP, Dezembro, p. VIUNISKI, N. Manejo da obesidade infantil. Revista Pediatria Atu-
84-90, 2004. al, v. 17, n. 1, Janeiro/Fevereiro, p. 46-49, 2004.
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AnálisedoProcesso
deAlimentaçãoem ~J1J,~.d.OIl.Santos;",
ÍiI9,9,Capistrano.
PacientesObesos ""
IOl!~a 8ar~oso
rebrovasculares, alterações da coagulação, doenças arti- ou líquidos da cavidade bucal até o estômago,?8 A deglu-
. Estágiode organização:
o bolo é posicionado sobre a Com a realização do processo cirúrgico - a gastroplas-
língua, e estruturas responsáveis pela ejeção se orga- tia -, fica evidente a necessidade da função mastigatória
nizam culminando com o próximo estágio. após a operação, pois o procedimento adotado e realiza-
. Estágio de ejeção oral: consiste em situação propícia do pela equipe cirúrgica envolve a colocação de um anel
para que ocorra a condução do alimento da cavidade na porção inferior do estômago reconstruído, o que difi-
oral para a região faríngea, através do movimento de culta a passagem do alimento, solicitando ao máximo sua
propulsão (fase faríngea ou involuntária). Posterior- completa trituração e pulverização no plano oral. No pe-
mente, os músculos dessa região irão contrai'r-se, re- ríodo de restabelecimento nutricional, que compreende 3
duzindo a pressão e, após a proteção das vias aéreas meses, o paciente necessita transpor etapas, as qllais
(acesso respiratório), o alimento é deglutido, sendo passam por uma fase de ingestão de líquidos no primeiro
movido para o esôfago (fase esofágica involuntária e mês, evoluindo para uma alimentação pastosa/sólidô no
inconsciente), de onde, por peristaltismo, é conduzido segundo mês e, no terceiro, retorno à nutrição normal,
até o estômago. porém em quantidade proporcionalmente menor àwe
era consumida antes.
Como se pode perceber, esse é um processo complexo Diante dos fatos apresentados e da relação entre a
e, caso algum fator seja executado diferentemente do nor- obesidade e a ciência fonoaudiológica, no que se refere à
mal, podem ocorrer dificuldades significativas no processo alimentação em todos os seus aspectos, percebe-se a ne-
de mastigação e deglutição, variando desde um veda- cessidade da caracterização do processo de alimentação
mento labial ineficiente até uma disfagia, ou seja, a pes- em indivíduos submetidos ao processo cirúrgico de gas-
soa finda por não triturar bem o alimento, mastigando-o troplastia.
.de-maneira rápida e, conseqüentemente, não ocorre o es-
tímulo completo dos receptores localizados por toda a via
digestória, responsáveis por enviar uma mensagem corre- Análise do processo de alimentação - aspectos
ta para o cérebro, e este falha em exibir a saciedade, fa- metodológicos
zendo com que a pessoa ingira maior quantidade de
Com o intuito de analisar a prática, no que concerne à ali-
alimento e, por conseguinte, aumente excessivamente a
mentação do paciente submetido à cirurgia de gastro-
quantidade do mesmo que será àr'mazenada, caracteri-
plastia, foi realizadoum estudotransversal,com abordagem
zando a obesidade.
do tipo quantitativa,12 junto a pacientes selecionados e
Deve-se ressaltar que em momento algum este seria o
encaminhados a partir do Núcleo do Obeso do Ceará.
único fator predisponente à obesidade, mas algo que in-
Esseestudo obteve a aprovação da Comissão Científica e
fluencia, associado a toda a situação específica de cada
Éticada Universidadede Fortaleza- UNIFOR,sob regis-
paciente, para que se possa(m) provar o(s) real(is) moti- tro 04-484, datada de 29/11/2004, como também foi
vo(s) que causa(m) a obesidade.
autorizada pela diretoria da instituição, no mesmo perío-
do, desenvolvendo-se a partir das normas da Resolução
nQ 196/96, do Conselho Nacional de Saúde.13
EXPERIÊNCIA
FONOAIJDlOLÓGICA Efetuou-se a análise de 10 pacientes submetidos à ci-
JUNTOÀ EQUIPEQUE,SEUTILlZA rurgia de redução de estômago, sem distinção de sexc ou
DA GASTROPLASTIA raça. Para inclusão nesse estudo, era necessário que es-
ses pacientes estivessem sob atendimento da equipe da
No que concerne ao tratamento da obesidade, que deve instituição e que tivessem sido submetidos à gastroplas-
objetivar a melhora do bem-estar e da saúde do indiví- tia aproximadamente 1 mês antes, com as devidas auto-
duo, diminuindo os riscos de doença na vida futura,lO fo- rização e liberação pela nutricionista para a alimentação
ram descritos tratamentos dietéticos, que envolvem a pastosa/sólida, compreendidos em uma faixa etária entre
redução do consumo de energia; tratamentos comporta- 20 e 39 anos. Foram excluídos pacientes com alteração
mentais, em que se avalia o comportamento alimentar psicológica importante, que registraram alguma interr.or-
e físico do paciente; exercícios e atividades físicas; os tra- rência dentro desse período estabelecido após a cirurgia,
tamentos alternativos, farmacológicos,3 e o tratamento que necessitaram alguma intervenção diferenciada ou
cirúrgico.ll Este aspecto, explanado neste capítulo, é in- com idade superior a 40 anos.
dicado somente para pacientes obesos mórbidos resis- No que diz respeito à idade, a seleção baseou-se em
tentes ao tratamento clínico ou que tenham índice de um grupo de pacientes o mais homogêneo possível, pois
massa corporal (IMC) superior a 40kglm2 ou IMC entre o fator envelhecimento - como já mencionado - pode in-
30 e 40, quando houver uma patologia associada capaz terferir no padrão morfológico e postural.
de ser melhorada com a perda de peso, entre outros crité- A coleta de dados consistiu em avaliação fonoaudioló-
rios analisados pelo médicç>responsável. gica (Figura 6.1) baseada em motricidade oral,14.15 con-
Análise do Processo de Alimentação em Pacientes Obesos 71
Sexo:
I,,) F!,\'j,o""\lr°
. Postura habItual
I'
I"
) Inclinadp pl E
I f"EsqÚerda Clird~
,.
. Bochechas:
( ) Normal ( ) Alterada ( ) Tremor
labertura): Abertura-
. Mandlbula mm
( ) Normal ( ) Dasviopara D ( ) Desvio para E
. Mandlbula(fechamentol:
( ) Normal ( ) Desvio para D ..) Dasvio para E
. Mandlbu!a Ueterallzeçilol:
( ) À esquerda: ~ mm ) À direita: ~ mm
.ATM:
( ) Sem estalidos ) Com estalidos
. Masseter:
I ) Simétrico ( ) Contração: D e E ) Contraçilo: ~'e D
( ) Tremor I ,) Movimentação reduzida ) Sem movimentação
. Elevaçilo da sobrancelhas:
I ) Normal I ) Movim!,ntação menor à E ) Movimentação reduzida
( ) Tremor ( ) Movimentação menor à D ) Sem movimantação
. Franzir testa:
) Normal ( ) Movimentação menor à E ) Movimentação reduzida
) Tremor ( ) f)/Iovimentaçãomenor à D ) Sam movimentação
. Elevador de lébios e asa do nariz:
) Normal ( ) Movimentação menor à E ) Movimentação raduzida
) Tremor ( ) Movimentação menor à D ) Sem movimantação
. Fachar a abrir os olhos:
) Normal I ) Movimentação menor à E ) Movimentação reduzida
I Tre,mor( I Movimentação menor à D ) Sam movimentação
. Movlmentaçlioda cabaça:
I ) Normal ( ) Diminulda para a E I )'Diminulda para cima I ) Diminulda Incl. pl D
( ) Diminulda para a D ( ) Ditninulda,para baixo ( ) Dimi!"ulda incl. pl E
FUNÇÕES
. Rasplraçlio:
( ) Nasal ( ) Bucal ( ) Buconasal
. Teste do espelho,(,a,splraçlio normal):
I Salda de ar maior à D
( ) Salda de ar bilata"al h) S,alda d~ar,~aior à~,
. Teste do espalho (palayras orais): :'j'
'-', " ""
( ) Sam ascape I ) salda de ar maior à E
( ) Sarda de ar bilateral f ) Salda de ar maior à D
. Teste do espel!1°lplÍl!,vrasn,!,~ais): .,
( ) Sarda da arébilatéral!~ISardadei~r R'l1I1ç'r
à'~í )"Salda da ar maior àD
. Mastigaçilo:
( ) Normal ( )'Bilateral ) Interposição ,de lábio infarior
( I Alterada ( ) Unilateral esquerda ) Participação exagarada da musc. perioral
( ) Lanta (" !i~q.i 1"~!'Jel;di,~~Jta J.Movimentos
,.", ",.'" ",
rotatórios
"
da.mandfbula
"
.
),Interposição de lábio ,Inferior () Projeção alJterior de Irngua
) Engasgo ) ,Ruidos,a I' IProjeção da cabaça
Tipo da voz:
( ) Normal ,~( ) Àlteradii!iiI i'i~ Grà'o:',.
. RessonAncla:
( ) Equilibrada ) Hiper!,asal ) Laringofarlngea ) Oral
. Fala
( ) Normal ) ~Itarad.a!
. Sucçlio:
( ) Eficiante ),Alterada
HÁBITOS BUCAIS
'( ) Onicofag!~
o' '.40 ;'A~é
'<f.J!'i ~ !iluando:~:,
.,.
Dlag,n Ó StICO:"~~ 0.0
,
.."
Encaminhamentos:
COlJeluta;
~ Fonoaudióloga responsável
foi informado(a)
De profissão: "': .~,- ,.,"~< ",~e!;RG:;: ,.","'" , >'" ~" '
normalidade, enquanto 20% se mostravam rígidas e objetivo comum, ou seja, a melhoria de seu estado pato-
10%, fi ácidas. Na musculatura mentual, houve normali- lógico, configurado na obesidade.
dade em 80% e rigidez em 20% dos casos. Quanto à
oclusão, observou-se 60% para classe I, 20% para classe
II e subdivisão I, 10% para classe III com mordida aberta
anterior e 10% para mordida aberta posterior.
'«éfNSl~~RA:ÇÕES"'FINAIS
Quanto à mobilidade, foram verificados I~bios com A partir dos dados obtidos, percebe-se que a maioria dos
40% de normalidade e 60% com flacidez tanto para entrevistados (60%) apresentou diagnóstico com indi-
protrusão como para retração. Na língua, houve 70% de cação para melhora da musculatura orofacial e apri-
normalidade, 20% apresentando fi acidez e 10% com ri- moramento da função mastigatória, podendo acarretar
gidez. Nas bochechas, houve o registro de 80% de nor- dificuldades futuras quanto ao retorno à alimentação sóli-
malidade e 20% de rigidez. Na abertura de boca, houve da normal.
variação entre 40,20 e 73,35mm, com normalidade e
Pelos resultados apresentados, enfatiza-se que a inter-
centralização tanto na abertura como no fechamento. Na
venção precoce fonoaudiológica, nesses pacientes, pode
lateralização de mandíbula para a esquerda, obteve-se
propiciar tanto um aumento da mobilidade das estruturas
variação entre 0,0 e 0,80mm, e para a direita, 0,30 a
do sistema motor bucal como o aprimoramento do con-
1,60mm.
trole e da organização intra-oral, colaborando para facili-
A contração de masseter,concomitante com a muscu-
tar o período pós-cirúrgico de redução de estômago.
latura de mímica facial, foi observada com normalidade e
~jmetria em todos os pacientes analisados.
Após a avaliação das funções, foi observada normali-
dade na respiração em 100% dos pacientes. Na função
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
mastigatória, houve predominância de unilateralidade es-
1. SOUSA,A.M.l. Aleitamento,v. 51, n. 4. Revistada Associa-
querda em 50% dos sujeitos analisados, predominância
ção Paulista de Cirurgiões-Dentistas,jul/ago, 1997. Disponivel
de unilateralidade direita em 20% e normalidade e masti- também pelo site: www.aleitamento.org.br/odontologia.html.
gação bilateral em 30% dos casos'.Quanto à deglutição, Acessoem 2003.
houve normalidade em 50% dos participantes, obser- 2. lOPES FilHO, O.C. et ai. Tratadode fonoaudiologia. São Pau-
vou-se abertura de boca logo após deglutição em 30% e, lo: Roca, 1997.
em 20%, houve participação exagerada da musculatura 3. MANCINI, M.C. Tratamento farmacológico da obesidade me-
perioral. dicamentos calorigênicos. In: HAlPERN, A. et ai. Obesidade.
Ao final das avaliações, foi notificado que 60% (seis São Paulo: lemos Editorial, 1998. p. 297-303.
casos) dos participantes apresentaram alteração em sua 4. MARCHESAN,
1.0.Motricidade oral. SãoPaulo: Pancast,1993.
musculatura orofacial, estabelecendo diagnóstico de alte- 5. BIANCHINI, E.M.G. Mastigaçãoe ATM: avaliaçãoe terapia.ln:
ração miofuncional oral específica para a alimentação, e MARCHESAN,1.0. Fundamentosem fonoaudiologia: aspectos
em 40% (quatro casos>.,D diagnóstico foi de normalidade. clfnicos da motricidade oral. Rio de Janeiro: GuanabaraKoo-
gan,1998. capo 5, p.37-49.
6. MADEIRA,M.C. Anatomia da face: basesanátomo-funclOnais
DISCUSSÃO para a prática odontológica. São Paulo: Sarvier,2003.
o presente estudo é importante para os pacientes subme- 7. FERRAZ,M.C. Manual prático de motricidade oral: avaliaçãoe
tratamento. Rio de Janeiro: Revinter, 2001.
tidos à gastroplastia, pois detecta precocemente alguma
alteração ou possível dificuldade quanto ao ato de ali- 8. TANIGUTE, C.C. Desenvolvimento das funções estomatognáti-
cas In: MARCHESAN, 1.0. Fundamentos em fonoaudio/ogia:
mentar-se. Percebe-se, então, a necessidade de detecção
aspectos clínicos da motricidade oral. Rio de Janeiro: Guana-
precoce de provável alteração. Essa detecção é possível bara Koogan, 1998, capo 1, p. 1-6.
mediante avaliação fonoaudiológica para o aperfeiçoa-
9. COSTA,M.M.B. Dinâmica da deglutição: fases oral e faríngea.
mento e a reabilitação dos aspectos estruturais e funcio- Disponível em: <http://www.fononeuro.net/disfagia.htm>.
nais das regiões orofacial e cervical. Acesso em 4 de janeiro de 2006.
Enfim, é necessário tornar o período pós-operatório o 10. MANCINI, M.C. Obesidade: como diagnosticar & tratar. Revista
mais tranqüilo possível, com evolução progressiva e sem Brasileira de Medicina: RBM, V. 61, p. 84-90, 2004.
alterações para esses pacientes, pois um grande passo foi 11. GARRIDO JR, A.B. Situações especiais: tratamento da obesida-
dado por essas pessoas em busca de uma qualidade de de mórbida. In: HAlPERN, A.; GODOY MATOS, A.F. et ai.
vida melhor e, no intuito de participar desse crescimento, Obesidade. São Paulo: lemos Editorial, 1998. p. 331-341.
toda a equipe multidisciplinar, aliada à ciência fonoaudio-
12. PARRAFilHO, D.; SANTOSJ.A. Apresentação de trabalhos
lógica, toma para si a re~ponsabilidade de chegar a um científicos. 4. ed. São Paulo: Futura, 2000.
74 PARTE
11 Fonoaudiologia
normalidade, enquanto 20% se mostravam rígidas e objetivo comum, ou seja, a melhoria de seu estado pato-
10%, fi ácidas. Na musculatura mentual, houve normali- lógico, configurado na obesidade.
dade em 80% e rigidez em 20% dos casos. Quanto à
oclusão, observou-se60% para classe I, 20% para classe
II e subdivisão I, 10% para classe III com mordida aberta
anterior e 10% para mordida aberta posterior.
'G'Ô'NSIl~,ERAÇÕES'''FINAIS'
Quanto à mobilidade, foram verificados I~bios com A partir dos dados obtidos, percebe-se que a maioria dos
40% de normalidade e 60% com flacidez tanto para entrevistados (60%) apresentou diagnóstico com indi-
protrusão como para retração. Na língua, houve 70% de cação para melhora da musculatura orofacial e apri-
normalidade, 20% apresentando flacidez e 10% com ri- moramento da função mastigatória, podendo acarretar
gidez. Nas bochechas, houve o registro de 80% de nor- dificuldades futuras quanto ao retorno à alimentação sóli-
malidade e 20% de rigidez. Na abertura de boca, houve da normal.
variação entre 40,20 e 73,35mm, com normalidade e
Pelos resultados apresentados, enfatiza-se que a inter-
centralização tanto na abertura como no fechamento. Na
venção precoce fonoaudiológica, nesses pacientes, pode
lateralização de mandíbula para a esquerda, obteve-se
propiciar tanto um aumento da mobilidade das estruturas
variação entre 0,0 e 0,80mm, e para a direita, 0,30 a
do sistema motor bucal como o aprimoramento do con-
1,60mm.
trole e da organização intra-oral, colaborando para facili-
A contração de masseter,concomitante com a muscu-
tar o período pós-cirúrgico de redução de estômago.
latura de mímica facial, foi observada com normalidade e
~imetria em todos os pacientes analisados.
Após a avaliação das funções, foi observada normali-
dade na respiração em 100% dos pacientes. Na função
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
mastigatória, houve predominância de unilateralidade es-
1. SOUSA, A.M.l. Aleitamento, v. 51, n. 4. Revista da Associa-
querda em 50% dos sujeitos analisados, predominância ção Paulista de Cirurgiões-Dentistas, jul/ago, 1997. Disponível
de unilateralidade direita em 20% e normalidade e masti- também pelo site: www.aleitamento.org.br/odontologia.lltml.
gação bilateral em 30% dos casos. Quanto à deglutição, Acesso em 2003.
houve normalidade em 50% dos participantes, obser- 2. lOPES FilHO, a.c. et ai. Tratado de fonoaudiologia. São Pau-
vou-se abertura de boca logo após deglutição em 30% e, lo: Roca, 1997.
em 20%, houve participação exagerada da musculatura 3. MANCINI, M.C. Tratamento farmacológico da obesidade me-
perioral. dicamentos calorigênícos. In: HAlPERN, A. et ai. Obesidade.
Ao final das avaliações, foi notificado que 60% (seis São Paulo: lemos Editorial, 1998. p. 297-303.
casos) dos participantes apresentaram alteração em sua 4. MARCHESAN, 1.0. Motricidade oral. São Paulo: Pancast, 1993.
musculatura orofacial, estabelecendo diagnóstico de alte-
5. BIANCHINI, E.M.G. Mastigação e ATM: avaliação e terapia.ln:
ração miofuncional oral específica para a alimentação, e MARCHESAN, 1.0. Fundamentos em fonoaudiologia: aspectos
em 40% (quatro casos),,Ddiagnóstico foi de normalidade. clínicos da motricidade oral. Rio de Janeiro: Guanabara Koo-
gan, 1998. capo 5, p. 37-49.
o presente estudo é importante para os pacientes subme- 7. FERRAZ, M.C. Manual prático de motricidade
tratamento. Rio de Janeiro: Revínter, 2001.
oral: avaliação e
/
AtuaçãoFonoaudiológica:
ReeducaçãoMastigatória AndtéaCavalcantedos
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Lié!,\Maria,Brasil
Santos
deSouzaBarroso
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