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Jornada para Star Wars: Os Último Jedi: As Lendas de Luke Skywalker é uma obra de ficção.

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Para Esther e Miranda. Que a Força esteja com
vocês, sempre.
— K. L.

Para Dawn, obrigado pelo seu carinho, amor e


paciência. Você é a minha Força.
— J. G. J.
LUKE SKYWALKER?
EU PENSEI QUE ELE ERA UM MITO.
—REY
Índice
apa
ágino Título
Direitos Autorais
Dedicatória
A Wayward Current
A Caçadora de Mitos
Interlúdio Um
O Cemitério de Naves Estelares
Interlúdio Dois
Pesca no Dilúvio
Interlúdio Três
Eu, Droide
Interlúdio Quatro
O Conto de Lugubrious Mote
Interlúdio Cinco
Grande por Dentro
Sonhos e Heróis
obre o Ebook
A BARCA DE TRANSPORTE DE LONGA DISTÂNCIA, a
Wayward Current estava quase concluindo a sua jornada de seis semanas do
remoto e escassamente povoado de Mooshie Cluster até o glamoroso e
exuberante Canto Bight, no planeta Cantonica. Os tripulantes reunidos na
área de alimentação haviam acabado de terminar o seu turno; eles estavam
lá para comer, socializar e jogar antes de tirarem algumas horas de sono.
Eles formavam uma tripulação heterogênea, alguns humanoides e
humanos, alguns répteis e aviários, e até mesmo alguns droides. Quase
todos os tripulantes ainda estavam aquém da maturidade plena de acordo
com os padrões de suas respectivas espécies. Isso era importante, porque
Tuuma, o Hutt, capitão da Wayward Current, insistia em ter uma tripulação
composta principalmente por indivíduos ainda encantados pelas infinitas
possibilidades do futuro, que aceitariam quase nenhum salário em troca de
uma chance de ver a galáxia.
Ulina, a terceira oficial, bebeu o seu pungente e ardente chá de Olo,
enquanto um gemido alto ecoava pelos corredores fracos iluminados da
barca, como as últimas partículas de vapor saindo da fornalha de uma antiga
fazenda de umidade. Examinou os cerca de uma dúzia de tripulantes
reunidos em volta da mesa enferrujada e baixa, devorando a sua comida, e
fixou o olhar em uma adolescente esguia de quinze anos com cabelos
curtos.
— Parece que a potranca briguenta no estábulo do canto está com
dificuldade para dormir. — O tapa-olho sobre o olho esquerdo de Ulina
brilhou em vermelho de irritação. — Você fez os exercícios de resistência
com ela na câmara de microgravidade dupla hoje? Você sabe que os fathiers
precisam de muito exercício quando estão confinados em uma nave como
esta.
— Desculpe, — disse Teal, a garota de quinze anos. — Eu tive que
limpar os queimadores de refluxo...
— Sem desculpas, — disse Ulina. — Cada um desses fathiers vale mais
que três anos do seu salário. Vai consertar o seu erro.
— Eu só vou ter metade das rações na próxima refeição? — perguntou
Teal timidamente.
— Você tem cometido muitos erros nesta viagem. Quase atrasada para
algumas tarefas todos os dias. — Embora o seu tom fosse severo, o brilho
vermelho no tapa-olho de Ulina se transformou em um laranja mais gentil.
— Mas... estamos com pouca gente. Se você terminar e voltar rápido, talvez
eu nem me lembre de que você teve que fazer as tarefas fora da ordem.
Estou ficando velha, como alguns de vocês sempre me lembram.
Os jovens tripulantes em volta da mesa riram disso. Ninguém sabia de
onde Ulina era, mas diziam que ela era mais velha que todos os tripulantes
juntos. A grosseira terceira oficial tinha um lado bondoso que era muito
raro entre os aventureiros que navegavam as rotas comerciais de longa
distância para sobreviver.
— Mas se você demorar e o primeiro oficial te encontrar durante as
rondas dele, aí você vai passar fome. A memória dele é muito melhor que a
minha.
Repreendida, mas também aliviada, Teal colocou o seu pão e tubo de
pasta nutricional nos bolsos enquanto se levantava da mesa.
— Você age como se fôssemos roubar a sua comida, — disse G'kolu,
um menino Anlari de doze anos cujos chifres carnudos tinham apenas o
tamanho de um dedo humano. Os chifres se curvaram para mostrar o seu
divertimento. — Você nem vai aproveitar comendo isso nos estábulos
fedorentos dos fathiers. Deixe aqui. Eu prometo que estará aqui quando
você voltar.
— Não é por isso... — Teal parou.
— O que, você planeja compartilhar com os fathiers? — perguntou
Jane, uma garota de Tanto Winn, onde todos têm olhos verdes. — Aquele
pedaço de pão nem é o suficiente para preencher a lacuna entre os dentes
deles. Eles não vão apreciar.
Teal balançou a cabeça.
— Não é da sua conta. — Ela virou e saiu correndo.
Os ecos de seus passos ressoaram contra os compartimentos, trazendo
mais gemidos e relinchos de outros fathiers, criaturas imensas e altas de
velocidade e graça incríveis, quando não confinadas nos espaços apertados
de uma nave espacial. Eles batiam as quatro pernas, cada uma com o
tamanho de um tronco de árvore e alguns metros de altura, e o barulho que
faziam levou um tempo para se dissipar.
Os chifres de G'kolu se torceram pensativamente, mas ele nada disse. A
primeira regra de fazer parte de uma tripulação espacial era que você
respeitava a privacidade dos outros. Todos têm segredos.
Ulina se virou para o restante dos tripulantes.
— É melhor irem dormir. Estaremos no porto pela manhã, e será um dia
longo de descarregamento em Canto Bight.
— Eu acho que precisamos de mais porções de rabos de vegicus, —
disse G'kolu. — Até o capitão tem que concordar que precisamos de energia
para fazer o trabalho, certo? — O menino conseguia implorar por comida
melhor do que qualquer outra pessoa na tripulação.
Ulina estava prestes a protestar, mas Dwoogan, a cozinheira da nave, já
estava ligando a fritadeira do outro lado do balcão. Dwoogan era uma
mulher alta e musculosa, cujo rosto marcado insinuava um passado
misterioso. De alguma forma, ela sempre conseguia transformar os
ingredientes mais repugnantes em algo delicioso, até mesmo os vegicus, os
roedores que viviam nos porões e recantos de naves espaciais de longa
distância. Em viagens longas com suprimentos limitados, uma cozinheira
habilidosa como Dwoogan às vezes recorria a eles como suplementos de
proteína extras.
Ulina grunhiu sem se comprometer, mas os jovens tripulantes puderam
perceber pelo brilho verde pulsante em seu tapa-olho que ela tinha
concordado.
Logo um aroma oleoso tentador encheu a área de alimentação. Os
tripulantes soltaram um alto grito que desencadeou mais gemidos dos
fathiers em suas baias nas entranhas da nave.
— Eu me pergunto se veremos alguém famoso em Canto Bight, —
disse G'kolu, com os seus chifres se erguendo ávidos. As imensas pistas de
corrida de fathiers da cidade e os seus cassinos lotados eram lendários.
— Quem você quer ver? — perguntou Dwoogan. Ela jogou punhados
de rabos de vegicus no óleo fervente, fazendo a boca de todos salivar com o
aroma gorduroso enchendo os seus narizes.
— Os jóqueis! — disse Jane, com os seus olhos verdes arregalados,
como se já estivesse nas arquibancadas.
— As holo estrelas! — disse G'kolu.
— As pessoas que têm tanto dinheiro que só usam as suas roupas uma
vez antes de jogá-las fora, — disse Tyra, uma garota humana de treze anos
cuja família tinha passado a vida revirando ferros-velhos por toda a galáxia.
— Os heróis da Nova República! — disse Naldy, um garoto magrinho
de pele listrada que não dizia a ninguém de onde veio.
— Algum herói em particular? — perguntou Dwoogan. O seu tom era
afetuoso, brincalhão. Ela mexia os rabos com uma colher e não piscava nem
mesmo quando gotas de óleo quente respingavam em seus braços fortes.
— Luke Skywalker, — disse Naldy.
— Mas ele não é visto há anos, — disse G'kolu, com os seus chifres
fazendo uma meia volta cética.
— Isso não significa que ele não iria estar em Canto Bight, — disse
Naldy defensivamente. — Ele montava tauntauns, não é? Aposto que ele
seria um jóquei incrível.
— Aposto que ele preferiria estar nas corridas de pilotagem, — disse
G'kolu. — Muito mais dinheiro nelas. Ouvi dizer que ele uma vez fez o
Percurso de Kessel em menos de doze parsecs.
— Você está pensando em outra pessoa, — disse Tyra. Ela e G'kolu
compartilhavam os mesmos alojamentos e brigavam como irmãos. —
Skywalker foi aquele que derrubou vinte AT-ATs com o seu sabre de luz.
Os outros jovens tripulantes se juntaram.
— Minha mãe me disse que foram duzentos! E ele montou um tauntaun
enquanto fazia isso.
— Tauntauns são ainda mais difíceis de montar do que fathiers...
— Meu tio disse que ele usou magia para colidir dois Star Destroiers...
— Não era mágica. Foi apenas uma boa pilotagem. Eram seis Star
Destroiers...
— Twee-BOOP eek eek eek...
— Esse é um nome que faz tempo que não ouço, — disse Ulina. As
crianças e os droides instantaneamente se calaram. O tapa-olho de Ulina
pulsava de âmbar para magenta. — Existem muitas histórias sobre Luke
Skywalker. Algumas delas podem até ser verdadeiras.
Os tripulantes ouviam atentamente cada palavra. Ulina tinha visto muito
mais da galáxia do que o resto deles, e parecia não haver nada que ela não
soubesse.
— Nos conte uma? — implorou G'kolu, seus chifres se inclinando para
frente ansiosamente.
— Está tarde, — disse Ulina.
Os tripulantes não aceitaram isso.
— Só uma! Por favor?
— Vamos trabalhar mais duro amanhã.
— Dwee BOOP tweetweetwee? — Até mesmo o antigo droide
custodiante da nave, G2-X, se juntou ao coro enquanto colocava o prato de
caudas de vegicus fritas na mesa.
Dwoogan se aproximou e ficou à beira do grupo, com os braços
cruzados na frente dela, um sorriso no rosto.
Ulina olhou pra ela.
— Do que você está tão contente?
— Toda noite você diz não. E eles sempre conseguem arrancar uma
história de você de qualquer maneira.
— Já que você está zombando da minha habilidade de manter a
disciplina, vou colocar você na tarefa de contar a história hoje à noite. —
Ulina se esforçou para não sorrir, mas não estava sendo fácil.
Os tripulantes aplaudiram novamente enquanto estendiam os dedos
sujos para o prato de caudas de vegicus quentes. Uma história de Dwoogan
era um presente ainda melhor.
— Tudo bem. Acontece que eu uma vez ouvi uma história sobre Luke
Skywalker...
DESAPAREÇO POR UM
TEMPINHO E TODO MUNDO
TEM DELÍRIOS DE GRANDEZA!
— HAN SOLO
EU NÃO COMECEI A MINHA VIDA como cozinheira, mas você
provavelmente já adivinhou isso pelas cicatrizes no meu rosto. Houve um
tempo em que eu poderia fazer o Percurso de Kessel em menos de quinze
parsecs e pilotei a minha própria nave bloqueadora contra a Federação do
Comércio, mas essas são histórias para outro momento.
Um dia, depois de uma perseguição particularmente desagradável com
duas patrulhas aduaneiras Imperiais, parei em Xu'hu para um pouco de
descanso e recuperação. Pousei na margem do Lago Vette e segui para o
Dande Donjon, que tinha uma reputação de ser um lugar acolhedor para
qualquer pessoa que quisesse jogar jogos de azar, beber chá de especiarias
bem preparado, trocar histórias com estranhos que não investigassem seu
passado e, o mais importante, pagar em créditos não rastreáveis.
Um grupo de personagens de aparência suspeita sentou-se em um
círculo de bancos junto ao bar de chá de especiarias.
— Dose dupla, com pouca especiaria, não economize nas bolhas, —
uma mulher gritou para o droide garçom. Ela estava vestida com macacões
de engenheira, e as linhas em seu rosto enrugado mostravam anos passados
lutando para fazer máquinas obstinadas obedecerem. Depois de um
segundo, ela acrescentou: — E adicione todo o pó de leite azul que
conseguir dissolver nele.
O droide apitou em reconhecimento e começou a preparar a deliciosa
bebida espumosa. Até eu me lambi em antecipação.
Embora eu nunca tivesse estado em Donjon antes, soube imediatamente
que era o público certo para mim. Existem tantos tipos de bares quanto há
espécies inteligentes na galáxia. Em alguns lugares, os clientes podiam
duelar com blasters sem que ninguém pestanejasse. Eu, por outro lado,
preferia a companhia de pessoas que preferiam leite azul a especiarias da
mente.
— Vou querer o mesmo, — eu gritei.
Alguns na multidão olharam pra mim e acenaram em reconhecimento.
Um Togruta sentado de costas pra mim grunhiu e se mexeu no banco,
abrindo espaço. Eu invejei a sua habilidade de usar os seus montrais em
forma de chifre para sentir a minha presença.
O barman droide trouxe a minha bebida depois de um minuto. Respirei
o aroma delicioso e picante e dei um gole hesitante, saboreando a sensação
agradável de pequenas bolhas de ar açucarado estourando em minha língua.
Puro êxtase.
Só então comecei a prestar atenção às conversas ao meu redor. A
engenheira cujo pedido de bebida eu copiei estava argumentando uma
teoria.
— Estou te dizendo, ninguém e eu quero dizer ninguém nunca viu ele
comer nada, nem mesmo uma sardinha de Naboo seca ou uma bolacha de
ração. — Seus gestos animados e a sua voz apaixonada mantinham a
atenção da multidão.
— Mas, Redy, — o meu companheiro Togruta objetou, — talvez ele só
coma quando está debaixo d'água.
— Não, — disse a mulher. — Existem muitas holos e fotos de rebeldes
treinando debaixo d'água, e muitas delas mostram soldados devorando uma
boa comida. Isso é propaganda básica, certo? Se você quer que as pessoas
lutem por você, você tem que prometer que pelo menos elas vão comer. E
você nunca vê Ackbar comer nada nessas fotos.
— Então, o que isso quer dizer? — perguntou um homem com um
capuz que escondia o seu rosto nas sombras. Um copo de leite azul estava
na frente dele, uma escolha tradicional e saudável. Sua voz era rouca e
profunda, e na luz cintilante das lâmpadas efêmeras de Donjon, pude ver
que ele tinha uma barba grisalha.
— Então você tem que juntar tudo, — disse Redy, com um sorriso
astuto e triunfante em seu rosto. Ela se inclinou para o círculo de bancos e
baixou a voz conspiratoriamente. Todos nós nos inclinamos também,
enquanto ela contava os seus argumentos com os dedos, um por um.
— Pense nisso: os seus movimentos labiais não correspondem
exatamente às suas palavras, nós engenheiros notamos esse tipo de coisa; os
rumores são abundantes de que às vezes ele fica imóvel por horas quando
pensa que ninguém está por perto para ver; ele nunca ficou longe de uma
fonte de energia por mais de um dia; e nunca foi pego em uma câmera
comendo. — Ela pausou, e a multidão prendeu a respiração. — A conclusão
é inevitável: Ele. Não. É. Real.
— O quê? — O meu companheiro Togruta quase cuspiu o seu chá, uma
bebida escura semelhante a caldo que cheirava a carne temperada.
Redy estava mais do que feliz em explicar.
— A minha suposição é que Ackbar é um droide sem mente coberto
com pele de Mon Calamari e operado remotamente por altos membros da
Aliança Rebelde e da Nova República. Ele é literalmente um fantoche.
Todos ficaram atordoados em silêncio. Eu tinha ouvido muitas ideias
absurdas em cantinas ao redor da galáxia, mas essa ficava entre as mais...
originais. Depois de um momento, perguntei:
— Por que... por que a Nova República criaria um Almirante fantoche?
— É sobre aparências. — Redy estava preparada para meu ceticismo.
— Ackbar é bonito, alto, impressionante e a história que inventaram para
ele mexe com o coração. Quem não se identifica com um soldado comum e
combatente que escala até se tornar um estrategista brilhante? Mas você
realmente acha que um soldado aquático que nunca pilotou nem sequer um
X-Wing poderia planejar as incríveis vitórias em Endor e Jakku? No
entanto, isso certamente serviu para aumentar a moral ao dizer que ele fez.
— Então você acha que outra pessoa criou esses planos? — outra
mulher perguntou. Eu gostei das botas dela. Tinham figuras de macacos
lagartos Kowakianos nas pontas, um toque divertido.
— Sem dúvida alguma. Acho que Mon Mothma, Leia Organa, Jan
Dodonna e o resto deles tinham todo um grupo de estrategistas e pensadores
em algum esconderijo sem janelas trabalhando pra eles. Assim como a
maioria dos engenheiros, eles fazem o trabalho duro, mas não recebem
crédito. Muitos deles provavelmente não são do tipo fotogênico, com anos
de estudo em arquivos militares fracamente iluminados e passando o dia
todo na frente de computadores para rodar simulações. Talvez eles pareçam
muito intelectuais, muito baixos, muito pequenos, muito simples... Os
políticos precisavam de um símbolo bonito para reunir as tropas, e assim
surgiu Ackbar, o Almirante fantoche. — Ela passou a mão pelo ar
dramaticamente. — Nunca subestime o poder da propaganda.
— É uma teoria bastante interessante, — disse o homem com o capuz.
Eu podia ouvir um traço de diversão em sua voz. — Para uma engenheira
sem licença, você certamente sabe muito sobre política.
Redy se irritou.
— Eu nem sempre estive fugindo, vivendo de consertar restos de sucata
de contrabandistas, sabia? Eu estudei na Universidade de Coruscant e já
trabalhei nas naves estelares mais avançadas nos estaleiros imperiais.
Conheci almirantes de verdade e até mostrei o estaleiro para alguns Moffs
grandiosos. Eu sei do que estou falando.
O homem estendeu as mãos e inclinou a cabeça ligeiramente.
— Não foi a minha intenção ofender. A galáxia é um lugar vasto e é
sempre refrescante ouvir novas histórias. Por que você não nos ilumina
mais?
— Eu apenas presto mais atenção aos detalhes, — disse Redy, mais
satisfeita. — Eles não me chamam de Redy a Caçadora de Mitos à toa.
Descobri conspirações ainda mais elaboradas que vão fazer a sua cabeça
girar.
Em vez de dizer mais, ela bebeu o resto de seu chá, suspirou
saudosamente e colocou a caneca com decisão. Ela tirou um chip de crédito
de um pequeno bolso da blusa e olhou para o visor com uma expressão
preocupada.
— Acho que é hora de arranjar mais trabalho, — murmurou.
Embora eu soubesse exatamente o que ela estava fazendo, não pude
deixar de cair nisso.
— Espera, — eu disse, — você não pode nos deixar assim. Vou te
comprar outra bebida. Conte a história.
— Não sei. — Redy lambeu os lábios. — É sobre uma lenda da
Rebelião, Luke Skywalker. Mas é uma história bastante longa, e eu também
estou com fome...
— Eu pago o jantar pra você, — disse o homem encapuzado. Ele se
inclinou para a frente na cadeira, e o capuz recuou um pouco, revelando um
par de olhos afiados e um rosto marcado que de alguma forma conseguia
manter um toque de travessura juvenil. — Isso, eu tenho que ouvir.
O seu plano foi um sucesso, Redy chamou o bartender droide.
— Uma dose tripla, com bolhas extras, uma porção generosa de pó de
leite azul, e traga pra mim uma porção de bolinhos de sardinha de Naboo
com molho de lava. Esses dois vão pagar!
Ela recuou, satisfeita, e começou história dela.

Todo mundo conhece a versão oficial de Luke Skywalker, último dos


Cavaleiros Jedi, guardião da galáxia, agente confiável da General Leia
Organa, o maior piloto da Nova República, habilidoso portador do sabre
de luz esmeralda, arauto da vitória em seu X-Wing com cinco listras
vermelhas... eu poderia continuar.
De fato, as histórias sobre ele se descontrolaram tanto que é impossível
separar o mito dos fatos. Bem, é aí que eu entro.
Agora, tendo recebido uma boa educação e uma carreira como
profissional no Império, eu sei um pouco mais do que um contrabandista
médio sobre como o poder político funciona. É tudo sobre teatro, tramas e
intrigas nos bastidores. Não pode confiar em nada que os holofotes dos
noticiários te digam.
A verdade está escondida de vista, e você precisa estudar várias fontes
e realmente usar o cérebro para descobrir o que eles não querem que você
saiba.
Quase tudo que você pensa que sabe sobre Luke Skywalker é mentira.
Até mesmo o nome dele foi uma invenção. Órfão quando criança, em
Tatooine ele era conhecido como Luke Clodplodder. Criado por seu tio e tia
fazendeiros de umidade, Luke cresceu como um jovem preguiçoso com
delírios graves sobre as suas habilidades como piloto de skyhopper e
mecânico...

— Isso é um pouco cruel, — murmurou o homem encapuzado. Mas Redy o


ouviu.
— De forma alguma, — disse ela. — Vou apresentar a você as minhas
evidências. Biggs Darklighter, que cresceu com Clodplodder em Tatooine,
muitas vezes foi citado como a fonte das proezas de Luke como piloto de
skyhopper no Cânion Beggar. Mas vários instrutores da Academia Imperial
me disseram que Biggs era um dos piores alunos que já tiveram na
academia, e o elogio deles às habilidades de pilotagem do jovem
Clodplodder deve ser tratado como contos exagerados de um piloto
igualmente incompetente.
— Contos exagerados, hein? — disse o homem encapuzado.
— Se me permite dizer, — disse Redy, dando um grande gole em sua
bebida extra-espumante e limpando a boca com o dorso da mão. — Quanto
às suas habilidades como mecânico, sabemos por várias fontes que ele
frequentemente ia à Estação Tosche em Tatooine por conversores de
energia...
— Essas coisas podem ser complicadas...
— Não, a menos que o garoto fosse preguiçoso! Qualquer mecânico de
verdade pode te dizer que conversores de energia para equipamentos de
colheita de umidade são projetados para serem resistentes e fáceis de
reparar no campo. Comprar novos conversores de energia uma vez por ano,
à medida que desgastam, pode ser desculpável, mas ter que ir várias vezes
por mês significava que ele era incapaz de consertá-los ou apenas os usava
como desculpa para ir à cidade para perder tempo com seus amigos
igualmente preguiçosos.
O homem encapuzado riu.
— Acho que conhecia alguém que concordaria com você sobre isso.
Desculpe interromper. Continue, por favor.

Clodplodder pode não ter possuído quaisquer habilidades valiosas aos


olhos civilizados, mas ele tinha duas qualidades críticas que poderiam ser
úteis para uma mente sem escrúpulos: ele era bonito e bom de lábia.
Depois que o seu tio e tia desapareceram misteriosamente, ele deixou
Tatooine. (Minha aposta é que o tio e a tia, como muitos fazendeiros
pobres, só conseguiam pagar as suas dívidas evitando impostos imperiais.
Eventualmente, os avaliadores fiscais que os atormentavam se tornaram
insuportáveis, e eles simplesmente fizeram as malas e fugiram da cidade.
Provavelmente, o preguiçoso do Luke foi deixado para trás porque os seus
parentes achavam que ele era um fardo.)
A maneira exata como ele saiu nunca ficou clara nos registros oficiais,
mas falando com muitos comerciantes, fugitivos, ex-troopers imperiais e
outros que não foram pagos ou intimidados pelos propagandistas da Nova
República, aqui está o que consegui determinar: Clodplodder se juntou a
uma gangue de criminosos.
O líder da gangue era Benny "Sábio" O'Kenoby, um velho vigarista que
era o cérebro do grupo. Outros membros incluíam Hansel "Mãos de
Relâmpago" Shooter, um contrabandista Corelliano experiente e mentiroso
habitual que nunca cumpria um acordo, e Chewie "Shaggy" Baccarat, um
Wookiee com vício em apostas que servia como músculo do grupo e meio
de intimidação.
Como Luke 'Cara de Bebê' Clodplodder se encaixava? Ele era o que
encantava as vítimas da gangue e as enredava em vários esquemas.
Eu sei que a Nova República não gosta de mencionar isso, mas o
Império, apesar de todas as suas falhas, e tinha muitas, tentou manter esse
tipo de criminoso mesquinho que atacava os inocentes sob controle. Uma
vez que a Rebelião começou, o caos reinou em todos os lugares, e a gangue
O’Kenoby, viajando pela galáxia na Century Turkey, uma sucata
barulhenta mantida junta com goma e fios, tinha um prato cheio.
Eles voavam de planeta em planeta, explorando as oportunidades que
encontravam. Trapaceavam em corridas de pod, falsificavam as chances
em pistas de fathier, administravam esquemas de apostas para que sempre
que a casa parecesse estar perdendo, Chewie batia no peito e rosnava para
o jogador infeliz. Eles recebiam dinheiro por trabalhos de contrabando e
nunca entregavam as mercadorias, preferindo vendê-las para o maior
lance. Não havia maneira desonesta de ganhar a vida que eles não
tentassem pelo menos uma vez.
Foi Benny O’Kenoby, o líder astuto, quem concebeu o esquema de
longa duração deles. Eles afirmavam que Clodplodder havia aprendido os
segredos dos Jedi, esse misterioso culto antigo, e podia usar poderes
sobrenaturais. Eles voariam para algum planeta isolado, montariam lojas
em aldeias remotas onde os habitantes não tinham entretenimento de
qualidade e realizariam shows que demonstrassem as habilidades supostas
de Clodplodder.
O’Kenoby e Shooter iriam de casa em casa e contariam histórias
mirabolantes sobre Luke para despertar o interesse. O Wookiee desfilava
pelo pequeno palco improvisado com placas de anúncio pintadas
encaixadas em seu corpo, e rosnava e gemia para chamar a atenção. Luke
se sentaria no palco e sorria para as mulheres, tentando seduzi-las para
ver o circo.
O seu show tinha várias partes. Havia o "truque de mente Jedi" de
Luke, uma hipnose básica que era muito menos impressionante do que
qualquer atuação de artistas de rua em Coruscant. Eles tinham Luke
malabarista de tochas de solda acesas, que pintaram e decoraram para
parecerem sabres de luz. Eles tinham Luke lutando falsamente com o
Wookiee, e o Wookiee saltaria por aí e bateria em coisas, fingindo que Luke
o havia jogado com "a Força".
Como Luke cresceu em um povoado rural, assim como as vítimas dele,
ele sabia exatamente como fazer com que os vilarejos entediados e sem
sofisticação tirassem suas fichas de crédito.
Mas o ato mais famoso deles era aquele em que eles vendavam Luke,
davam a ele uma tocha de solda e faziam droides flutuantes atirar raios
blaster nele. Contando com os seus supostos poderes da 'Força' Luke
desviaria cada disparo sem olhar. Era um grande atrativo para o público.

— Desculpe interromper novamente, — disse o homem encapuzado, —


mas como eles realizavam essa última parte?
— Fico feliz que tenha perguntado, — disse Redy. Ela mergulhou um
bolinho de sardinha de Naboo no molho de lava, colocou-o na boca e
ofereceu generosamente o prato ao resto de nós enquanto mastigava. A
mulher com botas de macaco lagarto pegou um, lambeu-o timidamente e
empalideceu. Eu recusei. A Togruta pegou dois.
Redy engoliu e continuou.
— Tudo o que você tinha que fazer era programar os droides para atirar
nos objetos em movimento mais brilhantes. Aquelas coisas eram fáceis de
hackear, porque eram vendidas para uso civil e não tinham nenhum dos
protocolos de segurança encontrados em equipamentos militares. Então,
enquanto Luke posava e balançava aquele maçarico de solda
aleatoriamente, os droides atirariam no brilhante arco do 'sabre de luz'.
Apenas parecia que ele estava antecipando os disparos. Qualquer criança de
doze anos que prestasse atenção na escola poderia ter feito isso.
— Entendo. — O homem encapuzado assentiu. — Por favor, continue.
Estou fascinado.

Após o show principal, a gangue incentivava todos a se alinharem para que


Clodplodder pudesse usar os seus "poderes da Força" para curar os
doentes, prever o futuro, preparar poções de amor, e assim por diante, tudo
por uma taxa "razoável". Chewie rosnava e encarava qualquer um que
ousasse expressar um pouco de ceticismo ou não entrasse na fila
rapidamente o suficiente. Era meio golpe, meio roubo.
Eventualmente, várias vítimas reclamaram e as autoridades os
alcançaram. Embora a gangue O’Kenoby em grande parte atacasse
assentamentos remotos, a Aliança Rebelde queria fazer um exemplo deles
para mostrar que poderia manter a ordem e proteger as pessoas do crime,
assim como o Império. Benny e a sua gangue foram presos e levados à base
rebelde em Yavin 4. Um grande julgamento-show estava planejado, e a
Princesa Leia Organa, uma das figuras importantes da Aliança, pediu
especificamente para conduzi-lo pessoalmente.
Foi quando a gangue realizou o seu maior golpe. O que estou prestes a
contar é tão secreto que nem todos os principais líderes da Nova República
conhecem os detalhes.
Resumidamente, para evitar uma longa pena de prisão, Benny
O’Kenoby ofereceu colocar as habilidades de sua gangue a serviço da
Aliança Rebelde.
— Escute, — ele disse. — Eu sei que a Rebelião não está indo bem. As
pessoas estão perdendo a fé em vocês, e o Império está atacando
fortemente as suas bases.
— Por que você está me contando isso? perguntou a princesa, cautelosa
e desconfiada.
— O que você precisa é de um bom espetáculo para restaurar a fé em
sua causa, e ninguém conhece melhor a arte do espetáculo do que este
grupo, — disse Shooter.
— Nós temos um bom espetáculo planejado, — disse Leia. — Vamos
julgá-los em um tribunal aberto, divulgar seus crimes e depois fazê-los
trabalhar duro para reembolsar suas vítimas...
— Não, não, não, — interrompeu Clodplodder. (E Chewie rosnou para
enfatizar.) — Isso não é um bom uso dos seus valiosos e limitados recursos.
Por que nos julgar como bandidos de pouca monta quando podemos fazer
muito mais por vocês?

— Hum, como você sabe tanto sobre o que foi dito naquela época? —
perguntou o homem encapuzado. — Você estava lá?
— Claro que não, — respondeu Redy. — Obviamente, estou usando um
pouco de licença poética para contar uma história melhor.
— Ah, — disse o homem encapuzado. — Licença poética. Certo.
— Tive que juntar o que aconteceu a partir de rumores e pistas
coletadas ao longo de muitos anos e sistemas diferentes, e a reconstrução
exigiu preencher as lacunas com alguma especulação. — Redy soou um
pouco defensiva. — Mas estou bastante certa de que sei o que aconteceu. É
preciso uma mente treinada para fazer os saltos lógicos necessários e
conectar os pontos a partir das dicas mais vagas, você entende?
Fizemos um gesto para que ela continuasse.

Curiosa, a princesa decidiu ouvir o que a gangue tinha a dizer, mas o plano
que O’Kenoby e a sua turma criaram era tão absurdo que ela
sumariamente mandou todos de volta às suas celas.
Mas ela também não prosseguiu com o plano original de um
julgamento-show.
Conforme a situação da Aliança Rebelde piorava a cada dia, a princesa
voltava para conversar com a gangue de tempos em tempos. Quanto mais
ela pensava sobre o plano deles, menos absurdo parecia.
E para convencê-la ainda mais, Shooter e Clodplodder usaram seus
consideráveis encantos na princesa, e no final, Shooter conseguiu fazer
com que a princesa se apaixonasse por ele. Até hoje não consigo imaginar
como ele conseguiu isso.
Além disso, como você já deve ter percebido, Shooter, ou 'General Solo'
como o conhecemos, basicamente deve toda a sua suposta carreira à
Princesa Leia. Ele nunca foi útil como líder ou combatente. Todas essas
histórias de suas façanhas foram inventadas mais tarde pelo governo da
Nova República para fazer o cônjuge de Leia parecer mais impressionante
e glamoroso. Vamos lá! Um contrabandista com coração de ouro? O vadio
que de repente encontra coragem e habilidades de liderança por causa do
amor de uma princesa? Sério? Nem mesmo as holonovelas usariam um
enredo tão clichê e ridículo.

— Sempre achei a lenda de Han Solo um pouco difícil de acreditar, —


comentou o meu colega Togruta. — Ouvi rumores de que ele costumava ser
um pouco fora da lei e atirava primeiro...
— Exatamente, — interrompeu Redy. — Mas a versão oficial do
governo da Nova República foi purgada de qualquer coisa que o fizesse
parecer menos do que heróico. Tudo isso apenas mostra que os governos
são os maiores vigaristas de todos.
Embora alguns rostos no círculo de bancos estivessem mostrando sinais
de ceticismo em relação ao restante da história de Redy, todos concordaram
com esse sentimento, inclusive eu. Império, Aliança Rebelde, Nova
República, Primeira Ordem, a única coisa que você aprende tentando
sobreviver no espaço é que os governos não podem ser confiáveis. Nove em
cada dez vezes, eles são o problema.
— Leia é realmente uma pessoa extraordinária, — disse o homem
encapuzado. O seu tom era sereno, nostálgico. — Certamente é a mais
inteligente daquela família.
Redy o olhou de maneira estranha.
— Falando de governos e golpes...

Na época, o Império estava tramando o seu próprio golpe. Para


desmoralizar os rebeldes, os especialistas em desinformação imperial
vinham espalhando rumores há anos de que o Império estava construindo
uma estação de batalha chamada Estrela da Morte, que supostamente teria
o poder de destruir um planeta inteiro.
Desculpe, mas tenho que fazer um parêntese aqui. Novamente, como
engenheira, deixe-me dizer que a Estrela da Morte é completamente
implausível. Primeiro, fiz os cálculos, e não há como a tecnologia
conhecida gerar esse tipo de energia. De jeito nenhum. Tecnologias
irrealistas de 'cristais kyber' místicos simplesmente não funciona. (Eu nem
vou entrar em todos os modos como o design suposto da estação espacial
não faz sentido de engenharia. Você não poderia pagar a quantidade de
bebidas necessárias para eu explicar tudo isso.)
Segundo, você simplesmente não pode construir uma super arma
funcional assim sem conduzir testes. Eu não ligo para que tipo de
engenheiros e cientistas você tenha trabalhando para você, isso
simplesmente não é possível. E no entanto, antes de Alderaan, não houve
testes verificados da Estrela da Morte. Nem um único. Eu sei que fanáticos
por conspiração gostam de afirmar que o acidente de mineração em Jedha
foi um teste encoberto, mas eu investiguei as evidências, e tudo o que eles
têm é muita especulação não científica, sem provas.
A questão é esta: a Estrela da Morte era um truque político para
assegurar a lealdade dos Moffs durante a fase crucial da guerra, quando
era incerto se o Império ou a Aliança Rebelde prevaleceriam. E apesar de
quão incrível era a coisa toda, por alguns anos ela serviu ao propósito de
propaganda.
Mas você só pode manter uma mentira por tanto tempo antes que as
pessoas comecem a duvidar, e para fortalecer a mentira, o Império encenou
a destruição de Alderaan.

— Encenou! — exclamei. — Eu tinha amigos lá. O mundo inteiro foi


destruído. Não me importo com o que seu senso de engenharia lhe diz.
Aquilo foi real!
— Eu não disse que o que aconteceu com Alderaan não era real, —
disse Redy. — Não sou uma apoiadora imperial. O massacre das pessoas de
Alderaan, que nem mesmo tinham armas, foi um dos maiores crimes
cometidos pelo Imperador. Mas isso não foi feito com alguma estação de
batalha supersecreta.
— Mas eu vi os holos, — disse um dos ouvintes no círculo. — O
Império o divulgou como uma demonstração de poder. — Todos nós
assentimos, estremecendo com a lembrança das imagens.
— Novamente, você tem que focar nos detalhes, — disse Redy. — Se
você examinasse as imagens com cuidado, o que eu fiz quadro a quadro,
você notaria que algumas das imagens mostravam só uma bola brilhante de
faíscas, enquanto outras mostravam um anel expansivo de material
superaquecido no espaço. Como o mesmo evento poderia ter duas versões
filmadas diferentes? Obviamente forjado.
— Então o que realmente aconteceu? — perguntou o homem
encapuzado,Lady Eekeevoz tensa.
— Escute, o massacre de Alderaan foi real, e a destruição do planeta
também. A minha teoria pessoal é que foi feito com uma série
cuidadosamente colocada de torpedos de prótons direcionados ao longo de
falhas de placas tectônicas. Executei simulações de computador e é
totalmente possível. Novamente, a matemática não mente. O Império
decidiu que matar milhões naquele dia não era suficiente. Tinha que
transformar isso em uma mentira maior para intimidação política. Isso é
verdadeiramente mal.
Todos concordamos novamente. Como homens e mulheres vivendo
além das fronteiras da lei, poderíamos ter nossas diferenças com a Nova
República, mas todos concordamos que o Império era cruel além da
medida.
Após um momento de silêncio para lamentar as vítimas de Alderaan,
perguntei:
— E depois?

A destruição de Alderaan foi o catalisador que finalmente convenceu a


Princesa Leia a trabalhar com a gangue O’Kenoby. O seu planeta natal
havia sido destruído e o seu povo massacrado pelo Império só para provar
um ponto, para manter uma mentira por mais tempo. Era intolerável. A
Aliança Rebelde precisava revidar.
O’Kenoby, Shooter, Chewie e Clodplodder a haviam convencido o
tempo todo de que podiam ajudá-la a fazer algo em relação à Estrela da
Morte. A conspiração entre Leia e os vigaristas era ao mesmo tempo
cínica, audaciosa, ridícula e teatral. Em outras palavras, era perfeita.
Primeiro, os conspiradores encontraram nos arquivos da história
registros de um general da Velha República chamado Obi-Wan Kenobi, que
havia desaparecido anos antes durante as Guerras Clônicas. Eles alegaram
que Benny O’Kenoby era na verdade a mesma pessoa e deixaram saber que
Kenobi havia saído da aposentadoria. Então eles disseram que Kenobi
havia enfrentado o Lorde Darth Vader, o braço direito do Imperador, em um
duelo à moda antiga e foi morto. Isso deu à Aliança Rebelde um herói e um
mártir de uma vez, alguém que poderia enfrentar o maior guerreiro do
Império. O’Kenoby recebeu uma boa quantia de créditos da Aliança
Rebelde e desapareceu. Ponto para os rebeldes.
Em seguida, eles inventaram uma história sobre como a gangue
O’Kenoby havia feito um ousado ataque à Estrela da Morte real para
resgatar a Princesa Leia, que havia sido aprisionada porque havia
conseguido roubar os planos da estação de batalha e escondê-los em um
droide astromecânico.
Para tornar a todos mais heroicos, deram novos nomes aos membros da
gangue, e foi assim que acabamos com 'Luke Skywalker', 'Han Solo' e
'Chewbacca'. Até sua nave, a Century Turkey, recebeu uma nova pintura e
foi renomeada para Millennium Falcon.
Perceba como em sua história, a princesa desempenhou um papel tão
crítico? Mestre espiã! Agente secreto! Você nunca encontrará um político
que recuse a chance de reivindicar crédito, mesmo que seja por um feito
falso. Isso deu à Aliança Rebelde outra vitória que eles anunciaram para
mostrar a todos como estavam indo bem. Como não havia uma Estrela da
Morte real, o Império não tinha como desmentir os rumores. Mais um ponto
para os rebeldes.
Mas foi o passo final que revelou o genial deles. Luke Clodplodder,
agora conhecido como Luke Skywalker, sugeriu que eles destruíssem a
Estrela da Morte.
Luke, apesar de sua preguiçosa infância, era um bom vigarista, e os
falsários sempre parecem ter um instinto incrível para identificar outros
falsários. Ele deve ter percebido que o Império nunca teve uma Estrela da
Morte para começar e que a destruição de Alderaan pela super arma era
apenas um pouco de fumaça e espelhos destinados a incutir medo nos
corações dos rebeldes.
No entanto, Luke ia usar as mentiras do Império contra ele.
Os rebeldes encenaram toda a Batalha de Yavin.
Agora, agora, você pode fechar a boca. Isso não foi tão difícil de
realizar quanto você pode imaginar. A base rebelde em Yavin 4 era
pequena, o que significava que controlar a informação era fácil. O sistema
Yavin estava fora do caminho da maioria das rotas comerciais de
hiperespaço, e haveria poucos observadores neutros e inesperados. As
únicas pessoas que estariam em posição de ver a Estrela da Morte
imaginária de perto eram uma dúzia ou mais de pilotos de X-Wing, e a
promessa de torná-los heróis pela mídia foi suficiente para garantir a
cooperação deles.
Já que tudo estava acontecendo no espaço, todos os conspiradores
tiveram que projetar alguns hologramas nas telas do centro de comando
para dar a todos em Yavin 4 a ilusão de que uma grande batalha estava
ocorrendo bem acima deles. Você podia ver que eles não tinham muito
tempo para planejar tudo, porque os holos de propaganda mostravam
apenas exibições piscando e gráficos simples, que eles atribuíram ao
equipamento primitivo da base. Todos que tinham um papel na trama
diziam suas falas enquanto os gráficos mudavam, e quem não estava na
conspiração acreditava que tudo era real.
Mas as evidências de que era uma farsa apareceram por toda parte
para um olhar treinado. Eu examinei os 'esquemas' vazados da Estrela da
Morte, e eles não fazem sentido. Pense na vulnerabilidade da porta de
escape que encerrou a Estrela da Morte: nem mesmo um estudante de
segundo ano da Academia Imperial cometeria esse tipo de erro. E mesmo
que o erro de alguma forma tivesse sido cometido, ele não poderia ter
sobrevivido às camadas de avaliações e simulações burocráticas. Até o
projeto de um banheiro em uma nave estelar estava sujeito, pela
regulamentação imperial, a dezessete rodadas de revisões de engenharia!
Sei que não sou a primeira a levantar questões sobre essa
vulnerabilidade implausível, e ouvi a teoria de que talvez tenha sido o
resultado de um sabotagem deliberada. Mas se você acredita que a
desorganizada Aliança Rebelde foi capaz de infiltrar os mais altos escalões
dos disciplinados laboratórios de pesquisa militar imperial, tenho algumas
escolhas de propriedades à beira-mar para vender em Tatooine.
Independentemente de quão desleixada tenha sido a falsa destruição da
Estrela da Morte, os rebeldes realmente inventaram uma história perfeita
para acompanhar a vitória. Não importava se a história não era
verdadeira. Ela parecia verdadeira. A multidão queria que fosse verdadeira.
Isso era ultrapassado e de tirar o fôlego do desfavorecido superando as
chances impossíveis. O 'tiro milagroso' de Luke foi resultado de seu sentido
da Força Jedi e as suas incríveis habilidades de pilotagem. Solo e Chewie
desempenharam papéis de apoio com uma mudança de ideia de última
hora. E a vitória, é claro, aconteceu apenas por causa da bravura e da
liderança sábia da Princesa Leia, a maior espiã e estrategista militar de
toda a galáxia, incidentalmente lançando as bases para a sua futura
ascensão ao posto de general. Foi exatamente o tipo de história que os
rebeldes desesperados precisavam, e Luke e Leia entregaram.
Eles filmaram um modelo explodindo em uma sala escura para o final.
E empilhando algumas barcaças espaciais abandonadas e módulos de
estações de lixo ao redor de Yavin 4 e tendo os X-Wings explodindo-os em
pedacinhos, a Aliança Rebelde gerou os destroços necessários para
completar a mentira.
A Batalha de Yavin foi um desastre de propaganda para o Império. A
sua falsa estação de batalha foi destruída em uma batalha imaginária, mas
o que o Império poderia fazer? Admitir que haviam mentido sobre tudo?
Criar uma Estrela da Morte real do nada? Eles tiveram que engolir a
derrota e admitir que foram enganados por um vigarista mais esperto.
(Eles responderam tentando construir uma Estrela da Morte real, de
verdade, mais tarde, mas isso também não aconteceu exatamente como foi
contado. Deixarei essa história pra outra hora.)
Yavin também foi o início da lenda de Luke Skywalker, Cavaleiro Jedi. A
Aliança Rebelde a explorou ao máximo. Ele se tornou um herói em quase
todas as principais batalhas da Rebelião, e mostraram o seu rosto bonito
sempre que possível. Logo as pessoas começaram a contar histórias sobre
esse escolhido, o herói fazendeiro, e o mito Skywalker ganhou vida própria.
Cada vez mais sistemas se rebelaram para se juntar à Aliança após a
batalha encenada. O Império cambaleou devido a uma base de impostos
encolhendo, e toneladas de funcionários de apoio imperial tiveram que ser
demitidos. Eu fui uma das vítimas desse encolhimento burocrático. E tenho
feito disso minha missão desde então descobrir a verdade do que
aconteceu.
Redy bebeu o último gole de seu chá de especiarias e comeu a última fritura
de sardinha de Naboo, com um brilho satisfeito em seus olhos.
Estávamos todos um pouco chocados demais para falar. Eventualmente,
me arrisquei:
— Você... você já tentou publicar as suas descobertas?
Redy balançou a cabeça.
— Como eu poderia? Essa conspiração vai aos níveis mais altos do
governo da Nova República. Até mesmo Mon Mothma deve estar
envolvida. Ninguém vai acreditar em mim. E qual seria o ponto? A Nova
República se mostrou melhor para quase todos, e ninguém quer saber que
os seus heróis não são reais. Tudo o que posso fazer é compartilhar a
verdade com os meus companheiros que preferem viver fora do alcance do
longo braço da lei.
— Você sabe o que aconteceu com Luke Skywalker depois? —
perguntou o homem encapuzado. — Ouvi dizer que ele desapareceu.
— Isso mesmo, — disse Redy. — A minha suposição é que ele ficou
entediado de viver como um herói e decidiu voltar a praticar os seus velhos
truques. Ouvi histórias de toda a galáxia sobre um estranho que empunha
um sabre de luz e realiza milagres para os oprimidos. Provavelmente é ele
enganando aldeões pouco sofisticados novamente.
O homem encapuzado riu, uma expressão profunda e sincera de alegria.
— Acho que essa é uma das histórias mais interessantes que já ouvi, e
isso realmente diz muito, dada a minha vida. Obrigado.
Redy assentiu, claramente satisfeita.
O homem encapuzado se virou para o bartender droide.
— Você se importaria de recarregar este bloco de energia portátil na
configuração de potência máxima? Estou com pressa para voltar ao meu
droide. — Ele entregou um pequeno cubo e um chip de crédito ao droide,
que se apressou atrás do balcão.
— Acho que ainda estou um pouco com fome, — disse Redy.
Nós, no círculo, nos olhamos e sorrimos. Algumas trapaças são
divertidas de cair.
— Eu vou te comprar outro prato de frituras, — disse o Togruta.
— Mas você tem que contar outra história, — disse a mulher com os
macacos lagartos em suas botas.
— Ah, tenho muitas histórias! — disse Redy, sorrindo. Ela se virou para
o bartender droide. — Uma dose quádrupla , bolhas extra-extra, todo o seu
pó de leite azul, e me traga outro prato de frituras de sardinha de Naboo...
mas aumente o calor com molho de magma . Esses dois aqui estão pagando.
— Ela se voltou para o resto de nós. — Falando em frituras de sardinha de
Naboo, você sabia que o Senador Jar Jar Binks e o Lorde Vader eram a
mesma pessoa?
Enquanto a plateia de Redy suspirava e assobiava apreciativamente, o
bartender se moveu para entregar a comida e a bebida a Redy.
O homem se levantou e pegou o cubo de energia em sua base de
carregamento atrás do balcão.
— Ainda não! — A cabeça do bartender virou enquanto o droide
repreendia o homem. — O carregador de hiperfluxo precisa esfriar.
Tendo tocado uma vez por engano um cubo de energia carregado
rapidamente, eu sabia que o bartender não estava sendo só esnobe. Aquelas
coisas poderiam queimar a pele da sua mão se não tivessem esfriado. Por
isso, normalmente apenas os droides os manuseavam.
O homem envolveu os seus dedos ao redor do cubo, como se não
tivesse ouvido.
— Espere! — Eu pulei para detê-lo. Mas eu sabia que já era tarde
demais.
No entanto, em vez de gritar de dor, ele simplesmente agradeceu ao
droide e virou-se para mim com um sorriso, segurando o bloco de energia.
Ele estava usando uma luva preta simples sobre a mão direita, mas eu
não conseguia imaginar como aquele material fino poderia lhe proporcionar
proteção suficiente.
O homem acenou para o círculo de clientes e se virou para sair do
Dande Donjon. O resto dos clientes, já absorvidos na última história de
Redy, mal olharam. Eu, por outro lado, saí do meu lugar e o segui.
Ele já estava na metade da ampla área verde, indo em direção à fileira
de naves estacionadas na margem.
— Espere! — gritei. Ele parou, virou-se e esperou que eu alcançasse.
Ele tirou o capuz, e o seu rosto me parecia familiar de alguma forma. Eu
olhei fixamente para rosto áspero dele e marcado por viagens, com olhos
brilhantes.
— Você... você sabe algo sobre os eventos na história de Redy?
Ele olhou para mim placidamente.
— Digamos que sim.
— Alguma coisa do que ela disse é verdade?
Ele riu.
— Digamos que alguns dos meus amigos não concordariam com essa
versão em particular.
— Então por que você não a corrigiu?
O seu olhar era tão intenso que parecia estar olhando para minha alma.
— Por que eu faria isso?
— Para defender a reputação dos heróis da Nova República! De... Luke
Skywalker.
— Os heróis da Nova República não se viam como heróis. Eles se viam
como homens e mulheres comuns que fizeram o que precisava ser feito para
restaurar a liberdade e a justiça na galáxia. Se eu a desafiasse, estaria
cedendo ao medo, ao medo de que as suas reputações, em vez de suas
ações, fossem o que importava. Isso teria levado à raiva, à raiva de que eles
não fossem adorados por todos que se beneficiaram de seus sacrifícios. Isso
teria levado ao ódio, ao ódio de que a verdade por si só não fosse suficiente.
Mas isso teria sido ceder ao lado sombrio.
Eu pensei sobre as suas palavras e a minha vida, os momentos em que
cedi ao medo, à raiva, ao ódio. Eu não sabia o que dizer. Eu queria lhe
perguntar mais.
Mas ele levantou a mão em um gesto de bênção e disse:
— Agora você vai voltar para aproveitar outra história e um chá de
especiarias revigorante.
O vento na margem estava frio, e nada no mundo parecia mais
maravilhoso do que envolver minhas mãos em uma xícara quente e ouvir
Redy contar outra história extravagante.
— Eu vou voltar agora para aproveitar outra história e um chá de
especiarias revigorante, — eu disse.
O homem sorriu, levantou o capuz e se afastou.
AS EXPRESSÕES DE DESCRENÇA ESPECÍFICAS DE
CADA ESPÉCIE haviam crescido constantemente nos rostos dos
tripulantes enquanto eles observavam a Dwoogan limpar eficientemente o
balcão da cozinha enquanto contava a sua história. Quando finalmente
terminou, uma onda de gritos tumultuosos irrompeu.
— Ah, qual é! Isso é ridículo!
— A Redy não sabe do que está falando!
— TWWWWEEEEE! THPFFFFTTTT WEEEEE!
— Quem era aquele homem com capuz?
Dwoogan enxaguou o pano de limpeza na pia, rindo o tempo todo.
— Vocês pediram uma história, — ela disse. — Não culpem o narrador
se a história não é exatamente o que vocês esperavam.
— Mas... mas... — Teal, que tinha voltado a tempo para pegar a maior
parte da história de Dwoogan, lutou para encontrar as palavras. — Redy
acha que tudo o que a Nova República tem dito é uma mentira!
— Cada história é verdadeira para o narrador, — disse Dwoogan. —
Isso não significa que todas são igualmente verdadeiras no sentido mais
amplo. A única maneira de descobrir o que é verdade no grande esquema
das coisas é ouvir muitas histórias.
— Ouvir histórias que você não gosta pode ser uma coisa boa. Isso te
lembra que nem todo mundo pensa da mesma forma, — disse Ulina. — O
Império queria que todos pensassem da mesma forma, lembra? Na verdade,
Luke e os heróis da Nova República lutaram para que as pessoas como a
Redy possam contar as suas histórias sem temer por suas vidas. Ela pode
ser multada por ser uma engenheira sem licença, mas as autoridades nunca
a prenderão por causa de suas histórias. Isso é uma coisa boa.
Os tripulantes refletiram sobre isso.
Ulina estava prestes a dizer a todos para irem para as suas camas
quando G’kolu falou:
— Eu me pergunto o que um soldado Imperial pensaria de Luke
Skywalker.
Tyra pareceu desconfortável com isso. Ela sempre parecia ser
especialmente cautelosa com os oficiais alfandegários e inspetores de
segurança da Nova República sempre que a Wayward Current estava
atracado, preferindo se manter fora de vista. Embora fosse uma regra entre
os tripulantes não investigar o passado um do outro, alguns suspeitavam
que a família dela tivesse alguma conexão com o Império. Vários
tripulantes olharam para Tyra curiosamente, mas a garota evitou os olhares
deles.
Dwoogan interveio suavemente.
— Há, eles têm algumas histórias divertidas. Você só precisa deixá-los
realmente bêbados primeiro. Nem todos são tipos ruins. Alguns deles
lutaram pelo Império porque não lhes contaram outras histórias.
Tyra não disse nada, mas deu a Dwoogan um sorriso grato enquanto os
outros tripulantes aproveitavam a abertura que a cozinheira havia fornecido.
— Conte-nos uma história de um Imperial!
— Conte-nos!
— É!
Dwoogan assentiu para Ulina.
— Pergunte à sua terceira companheira. Ela costumava ajudar imperiais
que queriam sair desse estilo de vida a encontrar empregos em tripulações
contrabandistas.
Os tripulantes se voltaram para Ulina com ainda mais admiração em
seus olhos.
O tapa-olho brilhante de Ulina mudou de tons, do turquesa profundo ao
vermelho vivo, enquanto ela ponderava o pedido.
— Uniformes podem ser enganosos, tanto para quem os veste quanto
para aqueles que os observam. Muitas das histórias que conheço não são
seguras para compartilhar. A Nova República pode ter perdoado aqueles
que tiraram os seus uniformes Imperiais, mas ainda há alguns que não o
fizeram.
Os tripulantes pareceram pensativos. Certamente todos eles tinham
segredos que não queriam que os outros soubessem; era por isso que eles
haviam escolhido ou sido arrastados para essa vida além da lei. Tyra
mordeu o lábio inferior e acenou quase imperceptivelmente.
Ulina olhou para Tyra. Subitamente, ela perguntou:
— Você já esteve em Jakku, certo?
Surpresa, Tyra travou os olhos com Ulina.
— Minha família são de sucateiros, e eu estive lá com eles por um
tempo. — Ela engoliu em seco. — Nós... nós não conseguimos outros
empregos.
— Você viu o cemitério de naves estelares? — perguntou Ulina.
Os olhos de Tyra se iluminaram.
— Oh, sim. Os destroços eram magníficos. A minha avó costumava me
levar lá, para explorar os alojamentos dos oficiais em alguns dos grandes
destroiers.
— Então deixe-me contar uma história sobre Luke Skywalker e o
cemitério de naves estelares.
— Eu não sabia que ele estava em Jakku!
— Bem, você verá. A história que estou prestes a contar foi passada de
narrador para narrador em muitas tripulações contrabandistas. O narrador
original era alguém que lutou pelo Imperador...
A voz de Ulina mudou, e até mesmo o seu rosto pareceu assumir a
aparência de outra pessoa quando ela começou a recontar o conto da
perspectiva de seu primeiro narrador.
LEMBRE-SE SEMPRE: O SEU FOCO
DETERMINA A SUA REALIDADE.
— QUI-GON JINN
VIVI SOB O GLORIOSO REINADO do Imperador Palpatine. Vivi
para ver os líderes mesquinhos da Nova República brigarem pelas cinzas de
uma galáxia outrora grandiosa. Vivi, mas os meus camaradas morreram.
A Batalha de Jakku é celebrada hoje como a derrota final do Império
Galáctico, mas para mim, foi tanto a minha primeira quanto a minha última
missão como artilheiro a bordo de um Star Destroier na Marinha Imperial. Eu
era um jovem de vinte anos, dedicado à causa do Imperador de trazer ordem à
galáxia.
A vida de um artilheiro é uma espera interminável pontuada por lampejos
de terror.
Esperando... esperando... esperando... com os meus dedos tensos sobre o
painel, coração batendo, suor escorrendo... ali, riscos piscantes sobre a proa
estibordo! Alvo, rastrear, disparar! Esperando... esperando... esperando... a voz
do computador ecoando pela vasta ponte enquanto bancadas de consoles
piscavam na penumbra sob as estrelas, iluminando rostos aterrorizados, cada
um tão jovem quanto o meu.
Inexperiente como eu era, até mesmo eu sabia que a batalha não estava
indo bem.
O Império havia reunido praticamente todas as naves principais em órbita
ao redor de Jakku, e os rebeldes, inclinados ao caos e à desordem, haviam
convergido para o mesmo canto do espaço com a sua frota improvisada. Isso
seria uma batalha grandiosa de acordo com o manual, um confronto entre o
bem da ordem e o mal da anarquia.
Fiel ao nosso compromisso com a disciplina, as naves imperiais se
alinharam em fileiras impecáveis e formações apertadas. Fiel ao seu
desprezível culto ao caos, os rebeldes não seguiam nenhum código de táticas
ou regras de engajamento. Eles circularam em torno de nossos flancos,
passaram por nossos pontos cegos, recusaram-se a nos enfrentar de frente.
Uma série de explosões contra a ponte. Luzes brilhantes nos cegaram
momentaneamente. Fomos atingidos. Com força.
A ponte balançou, homens e mulheres caíram de suas cadeiras, as telas e
janelas inclinaram e saltaram loucamente, mostrando vislumbres de estrelas
girando descontroladamente e o longo arco luminoso do planeta desértico
abaixo de nós.
— Perdendo altitude, — entoou o computador. Alarmes soaram. —
Vetores de velocidade incompatíveis com órbita estável.
Estávamos caindo em direção ao planeta, incapazes de sair da armadilha
mortal de seu poço gravitacional.
Os meus colegas de equipe e eu lutamos para nos levantar enquanto a
ponte se estabilizava e os oficiais gritavam ordens. Fora das janelas, podíamos
ver a enorme proa começando a brilhar em laranja devido ao atrito contra as
camadas superiores da atmosfera.
A ponte curvou novamente, e gritamos e tombamos de volta.
A minha cabeça bateu em um console enquanto caía, e o sangue escorreu
pelo meu rosto, embaçando minha visão. Através da névoa de sangue, suor e
terror, vi um holograma brilhante girando sobre o console.
O MAIS PROCURADO: LUKE SKYWALKER, CRIMINOSO DE GUERRA JEDI,
EXTREMAMENTE PERIGOSO
O canal interno que transmitia o holograma era dedicado a mostrar as
semelhanças e crimes dos rebeldes mais perigosos. Em operação normal, o
canal tinha o efeito de aumentar a nossa vigilância contra a infiltração rebelde.
Mas agora, enquanto eu estava no chão, era aterrorizante ver a imagem desse
Jedi mascarado girando lentamente contra as estrelas, pairando sobre mim
como um monstro zombeteiro.
O meu coração deu um salto quando a ponte oscilou novamente. Em meio
aos gritos e a um chuveiro de faíscas, olhando através do holograma, me
concentrei nas janelas da ponte. Um poderoso raio de energia arqueou o
espaço para atingir um Star Destroier Imperial. O ângulo do Skywalker
giratório fez parecer que o holograma estava flutuando no espaço, e o raio
deslumbrante havia disparado de suas pontas dos dedos.
Eu não era um homem supersticioso, mas estremeci com aquela imagem
horripilante.
Instantaneamente, rachaduras brilhantes apareceram no casco cinza escuro,
e o Destroier atingido pareceu gemer de dor no silêncio do espaço.
Como uma antiga embarcação de longo curso afundando, a nave em forma
de adaga inclinou e caiu em direção à superfície de Jakku. Mais rápido e mais
rápido ela caiu, e a nave cinza brilhou vermelha, depois laranja e finalmente
brilhante como um branco brilhante quando mergulhou na espessa atmosfera
em direção à sua morte muito abaixo.
O meu coração se retorceu ao imaginar as vozes uivando por misericórdia
naquela nave condenada.
Como algum deus zangado e caprichoso, o holograma do Jedi girou
quando dois raios brilhantes pareceram disparar dele. Os raios cruzaram as
janelas da ponte e atingiram mais dois Star Destroiers Imperiais.
Desintegrando-se lentamente, as naves mergulharam no oceano agitado de ar
abaixo, como fênices Corosianos caídos, com os seus esquadrões de TIEs
desviando sem rumo no espaço, tão indefesos quanto filhotes órfãos.
Era um sinal. Era um pesadelo. Tinha que significar algo.
Feixes de relâmpagos cruzaram as janelas e prenderam mais Star
Destroiers Imperiais. Como feras laçadas, os elegantes cascos metálicos
escuros se curvaram e se esforçaram contra os feixes de tração. Mas as suas
lutas eram inúteis. Um por um, as naves perderam o seu impulso, mergulharam
e foram atiradas em direção a Jakku.
Não vi nenhum cruzador estelar rebelde que pudesse ter lançado os feixes.
Na verdade, os tiros pareciam todos terminar no holograma giratório e
constante do Jedi, sua máquina de morte, aquele X-Wing listrado de vermelho,
pairando sobre ele como uma ave de rapina treinada ou o familiar de um mago.
Despreocupadamente, quase preguiçosamente, o holograma se virou para
me encarar e parou de se mover.
Eu ofeguei. Em vez de um rosto, vi apenas um oval brilhante e sem traços
sob o capuz luminoso. Os circuitos holográficos chiaram e sibilaram, e um
cheiro acre encheu as minhas narinas. Artefatos de interferência apareceram na
projeção. As mãos do holograma se estenderam em minha direção, como se
tivessem a intenção de agarrar a minha garganta.
Antes que eu pudesse gritar, o projetor holográfico falhou, e o Jedi
desapareceu em uma explosão eletrônica brilhante.
Atrás de onde o holograma havia estado, vi que as janelas da ponte
estavam rapidamente sendo preenchidas por colunas expansivas de energia.
— Escudos entrando em colapso, — entoou o computador. — Violação do
casco iminente. Preparem-se para o impacto. Preparem-se. Prepa...
Um solavanco, como se todo o Star Destroier tivesse sido levantado por
uma mão gigante e jogado contra o chão. Os meus dentes e ossos tremeram. A
minha visão girou. Os meus ouvidos se encheram com um zumbido agudo e
incessante.
A ponte ficou escura: as luzes de cima, as telas, as luzes piscantes nos
bancos de consoles, até mesmo as faixas de iluminação de emergência no
chão. Ao nosso redor, havia a escuridão do espaço; o brilho fraco e impiedoso
de estrelas distantes; e o brilho tênue do ar aquecido e fino da alta atmosfera
contra as janelas da ponte.
Os meus ouvidos estalaram. Então ouvi o rugido e o rangido metálico
desumano e ensurdecedor de uma nave morrendo no espaço.
Os geradores de gravidade falharam, e experimentamos a sensação de
queda livre enquanto os nossos corpos se erguiam do convés.
Eu e os meus colegas de equipe gritamos até não conseguirmos recuperar o
fôlego. O barulho não parecia mais como gritos vivos, mas uma substituição
sinistra para as batidas dos motores, que haviam sido silenciadas
repentinamente.
A nave diminuiu a velocidade, flutuou, parou e então a superfície sombria
e sem vida de Jakku apareceu, enchendo as janelas, e nós caímos.
Nós caímos. Lutando, empurrando, chutando, de alguma forma consegui
chegar a uma das pods de escape e me amarrei. O único pensamento em minha
mente antes de perder a consciência em meio aos rangidos e gemidos de vigas
e divisórias esticadas ao limite era este: Não poderíamos ter perdido; não
deveríamos ter perdido; isso não foi uma luta justa.

O calor de mil sóis. Sede insuportável. Dor como eu nunca tinha suportado.
Os meus olhos se abriram para a careta de uma mulher usando o gorro
preto do uniforme da Marinha Imperial. Eu não a reconheci. Tentei falar, mas
apenas um grunhido saiu de minha garganta ressequida. Fixei o olhar em seus
olhos, desejando que ela respondesse.
Percebi os seus lábios rachados, o queixo ensanguentado, o...
A minha mente queria fugir da visão, mas o meu corpo não respondia.
O rosto pertencia a uma cabeça que não estava ligada a um corpo. Estava
sentada na areia do deserto cintilante como um cacto. A areia sob a cabeça era
um vermelho escuro.
Ao meu redor, haviam pedaços espalhados dos destroços de pod de escape
e corpos retorcidos em posições impossíveis. Fumaça acre. Ondas de calor do
entulho ainda em chamas. Cadáveres e mais cadáveres.
Tentei gritar, mas não conseguia recuperar o fôlego. Desmaiei novamente.

Não poderíamos ter perdido; não deveríamos ter perdido.


Estava de volta ao espaço, com uma consciência desincorporada
observando a batalha de algum lugar em órbita alta, a poderosa frota Imperial
flutuando abaixo de mim, um exército de gigantes sendo atacado por
cruzadores estelares rebeldes com pouca potência e os seus caças enxameando.
E o Jedi do holograma também estava lá.
Não, não era um holograma. Ele era real, uma figura radiante de feitiçaria
e magia. Flutuava no espaço, com os pés sobre as estrelas, a capa esvoaçante
com um poder arcano que não podia ser compreendido por meros mortais.
Ele saltou de um cruzador estelar rebelde para outro, com a espada
flamejante pronta. Um Star Destroier focou todos os seus canhões nele, e
descuidadamente, ele desviou os tiros com balanços graciosos. Ele se lançou
de um cruzador, encolheu as pernas e rodopiou pelo espaço, disparando raios
de energia de sua espada em todas as direções. Star Destroier após Star
Destroier se desintegraram sob esse ataque antinatural.
Era impossível. Era inacreditável. Mas era verdade. O Jedi estava
eliminando as naves principais apenas com a espada de magia.
Cansado de seu jogo, o Jedi de repente guardou a sua espada brilhante. Ele
balançou os braços e alcançou a frota Imperial com as mãos nuas, e finas
filamentos de energia crepitante emergiram de suas palmas como uma rede de
pesca lançada no oceano que era a galáxia. Os filamentos luminosos
alcançaram as naves e as enredaram, e o Jedi riu como uma criança brincando
à beira-mar. Arrastando as naves como tantos peixes se debatendo, ele as
lançou em direção a Jakku. Ele era um deus brincando com brinquedos, exceto
que os brinquedos eram estruturas do tamanho de cidades de aço e continham
dezenas de milhares de vidas.
É por isso que perdemos.
Ele veio, o Jedi vingador que pode derrubar as naves estelares dos céus
com uma espada de luz.

Abri os olhos e tremi. Eu estava deitado e estava frio, muito frio.


E escuro.
Acima, as estrelas brilhavam impiedosamente, como os olhos de um
universo que não se importava que centenas de milhares tivessem acabado de
morrer. A galáxia estava lá muito antes de nascermos, e estaria lá muito depois
de irmos embora.
Percebi que estava me movendo, à deriva pelo mar de estrelas.
Eu morri? É isso a vida após a morte?
Contra a luz fraca da lua e o brilho das estrelas, uma edificação maciça
surgiu à minha vista à esquerda. Alguns lugares estavam iluminados,
escritórios ou suítes ocupadas por aqueles que não haviam ido dormir.
Que cidade é esta? Em que planeta?
Notei que as luzes não tinham o brilho constante da eletricidade, mas
piscavam e faiscavam. Fogo. Partes do prédio estavam pegando fogo. Uma
brisa passageira trouxe o cheiro de plastóide queimado e isolamento. A forma
do edifício ficou mais familiar...
A edificação era os destroços de um Star Destroier caído, agora de
assemelhando à espada de um gigante deixada pra trás, mergulhada nas areias
de um campo de batalha abandonado.
Lutei para erguer a cabeça, para olhar ao redor.
Três ou quatro Star Destroiers e cruzadores estelares preenchiam a vista,
montanhas de aço e desespero, um cemitério da glória Imperial. Fragmentos de
naves menores quebradas e veículos terrestres jaziam na paisagem. Era uma
visão de pesadelo tirada de contos de fadas, uma floresta escura e ardente pela
qual eu rastejava como uma pequena formiga.
Não, não rastejava. Estava sendo arrastado.
Estava deitado em uma maca feita de finas vigas terminais e divisórias
quebradas de uma nave estelar, amarradas juntas. Almofadas de um pod de
escape, ainda com cheiro de plastóide derretido e fumaça, forneciam um pouco
de amortecimento. As minhas pernas estavam amarradas a talas, e as ondas de
dor à medida que a maca sacudia desigualmente pela areia do deserto me
diziam que elas estavam quebradas. Ataduras pesadas envolviam as minhas
coxas e cintura, escondendo feridas que eu não queria ver. Os meus braços
estavam presos aos lados da maca, e mais tiras de pano prendiam minha
cintura contra a estrutura. Perto dos meus pés havia alguns sacos, e eu podia
ver placas de circuito quebradas, cabeças de sensores, módulos de computador
saindo das aberturas. Também amarrados à maca ao lado das minhas coxas
estavam alguns cantis de água e pacotes de rações.
À minha frente, uma figura humana envolta em túnicas esvoaçantes se
esforçava para me puxar com os cabos passados por cima dos ombros.
— Quem é você? — Eu grunhi.
Ele parou e se virou. Não havia luz suficiente para eu ver o rosto dele. O
seu cabelo estava cortado em um estilo curto e eficiente, e eu podia dizer que
ele era bastante magro sob aquelas túnicas esvoaçantes.
— Eu te encontrei, — ele disse. — Você foi o único que estava vivo
naquele pod.
— Haverá uma recompensa se você me levar de volta a um posto da
Marinha Imperial.
Ele riu.
— Não tenho nenhum amor pelo Império.
Um rebelde então. Que sorte a minha.
— O que você quer comigo? — perguntei.
— O que quero com você? — ele pareceu achar essa pergunta engraçada.
— O que um ser vivo quer com outro no deserto? Existem apenas algumas
respostas. Não é difícil de entender.
Ele se virou e se inclinou sobre os cabos de tração. A maca avançou.
— Me deixe ir, — sussurrei roucamente.
Ou ele não me ouviu ou ele não se importou. Ele simplesmente continuou.
Um passo. Então outro.
Uma onda de tontura e náusea me invadiu. Eu era seu prisioneiro, e não
havia nada que eu pudesse fazer.
As túnicas dele são iguais à veste radiante usada por aquele Jedi.
Parei de me esforçar, recuei e deixei-me adormecer novamente.

Quando eu era criança, a minha mãe me contou contos sombrios de magos


antigos que empunhavam a magia para trazer o fogo das estrelas às espécies
inteligentes e de vilões que lançavam feitiços para transformar os mundos
vivos em cascas secas. Nessas histórias, simplesmente escapar das garras dos
magos poderosos tornava você um herói.
Dei um gole no cantil. Os meus braços não estavam mais amarrados aos
lados da maca. Doía em todo o corpo e alguma infecção havia se instalado em
meu sangue, me deixando febril e cansado. Precisava de uma clínica, ou de um
droide médico. Não havia nenhuma versão funcional de qualquer um dos dois
pelo que eu podia ver.
Mas as minhas pernas estavam melhores, ou pelo menos dormentes, e eu
acreditava que, se precisasse, eu poderia me levantar e dar alguns passos.
— Você pode segurar na maca sozinho agora, — ele tinha dito quando ele
primeiro desamarrou meus braços, talvez tentando me fazer pensar que ele me
havia algemado apenas para eu não cair. Vilões, é claro, nunca contavam suas
verdadeiras intenções.
Pelo menos o meu captor não estava tentando me negar as necessidades
básicas da vida, embora eu não tivesse ideia dos seus planos para mim.
— De onde você é? — perguntei, o mais inocentemente que pude.
— Do mesmo lugar de onde todos nós viemos, — ele disse. Ele varreu o
braço pelo horizonte. Eu não sabia o que ele queria dizer. O céu? O deserto?
Os imponentes cascos de naves estelares?
— Para onde estamos indo?
— Para o mesmo lugar para onde todos nós estamos indo. — Ele apontou
para a distância, e eu não sabia se ele se referia a algum reino místico ou a um
destino concreto.
Nós havíamos estado atravessando aquele vale nas sombras de naves
estelares mortas por dias. De vez em quando, o homem deixava a minha maca
na sombra de algum destroço enquanto ele ia investigar as montanhas
metálicas, ainda cheias de crateras em chamas e buracos fumegantes como
vulcões ativos. Eu o observava, escalando penhascos íngremes da plataforma e
atravessando vigas precariamente equilibradas como um pulga saltando sobre
o corpo de uma fera gigante lugga.
Aprendi a apreciar a beleza do deserto. Contrariamente à minha impressão
inicial, não era um lugar desprovido de vida. Manchas de plantas floridas
teimosamente se erguiam das dunas de areia, assim como árvores retorcidas e
espinhosas. Pássaros-de-aço selvagens pulavam ou deslizavam pelas dunas,
seus bicos metálicos cintilando ao sol enquanto seguiam em direção aos
destroços dos Star Destroiers, um banquete de carniça para eles.
Ou talvez essas fossem apenas alucinações criadas pelo meu cérebro febril.
A realidade parecia indistinguível do pesadelo neste mundo.
Depois de uma ou duas horas, ele retornaria, às vezes de mãos vazias, mas
muitas vezes carregando peças de máquinas ou eletrônicos que ele havia
recuperado.
— Não vi outros sobreviventes, — ele disse. — Se houver algum, espero
que tenham tido sorte como você.
Então ele estava procurando por outros prisioneiros.
O que um ser vivo quer com outro no deserto?
Comê-los, usá-los, sustentar a sua própria vida à custa deles. Tirar o prazer
de seu sofrimento.
Recordei as palavras nos hologramas de treinamento que nos mostraram de
volta no Star Destroier. Rebeldes criam caos e dor. Eles me torturariam mesmo
que eu fosse apenas um simples artilheiro que não soubesse nada sobre os
grandes planos de batalha Imperiais ou outros segredos que eles quisessem.
Ele enfiou os mais recentes achados de sua excursão nas sacolas aos meus
pés.
— Outros sucateiros logo chegarão, — ele disse, observando as naves
estelares. Não tinha certeza se ele estava se referindo aos steelpeckers ou a
pessoas como ele.
— O que você procura? — perguntei, tentando envolvê-lo em uma
conversa que diminuísse a guarda dele.
Ele não respondeu. Em vez disso, observou os destroços de um AT-AT a
alguma distância ao sul, fora do nosso curso. Além das montanhas massivas
formadas pelos destroços das naves estelares caídas, o deserto estava cheio de
skiffs destruídos, TIE fighters, AT-ATs, bombardeiros e todos os outros tipos
de veículos que o Império ou a Aliança Rebelde haviam lançado na luta em
torno de Jakku. A batalha parecia tão distante agora que a minha vida havia
sido reduzida a ansiar pelo próximo gole de água ou mordida de ração em um
mar interminável de areia.
— Aqueles veículos têm sistemas mais independentes, — ele murmurou
para si mesmo. — Melhor para reciclagem... Ah, há um bom buraco na perna.
— Ele se virou pra mim. — Pode muito bem tirar uma soneca. Vou demorar
um pouco mais do que o usual.
Eu o observei seguir lentamente pelo ar quente cintilante em direção ao
AT-AT. Ele desapareceu da vista. Esperei alguns momentos a mais.
Essa era a minha chance.
Peguei todas os cantis e passei as alças em volta do pescoço. Enfiei todas
as barras de ração restantes na cintura do meu uniforme esfarrapado. Depois de
um momento de hesitação, peguei uma barra de ração e a coloquei de volta na
sacola do meu captor, e deixei um cantil cair de volta na maca.
Me arrastei para fora da maca e comecei a rastejar para longe. Não fazia
sentido colocar o meu peso nas pernas a menos que fosse necessário. Eu estava
em péssimo estado por causa da infecção. A minha cabeça latejava; o meu
corpo estava cheio de calafrios. Eu não estava certo de que poderia ficar em pé
sem desmaiar.
A cerca de quatrocentos metros de distância, o casco de um Interdictor
Imperial emergiu do deserto. Se eu conseguisse chegar lá e entrar, eu estava
certo de que poderia encontrar um lugar para me esconder onde o meu captor
nunca me encontraria. Afinal, eu era um artilheiro naval Imperial treinado, e
eu sabia onde todos os condutos de acesso e espaços de rastejamento estavam
em uma nave. Eu praticamente cresci no meio militar depois que os meus pais
morreram em um ataque rebelde. Uma nave Imperial era a coisa mais próxima
de um lar para mim.
Após um rastejar árduo de cem metros ou mais, parei para recuperar o
fôlego. Normalmente, eu poderia ter percorrido a distância em menos de
quinze segundos com uma corrida fácil, mas o rastejar havia levado pelo
menos dez minutos e toda a minha força. Arrisquei um olhar pra trás. Ainda
não havia sinal do meu captor. Uma grande nuvem escura girava no horizonte
como um muro vivo. Os steelpeckers pararam de se alimentar e congelaram
nos pontos mais altos do casco como tantos tripulantes em pé na coberta de
uma nave espacial no cais, prontos para uma inspeção de almirante. Eles
olharam para a nuvem escura em silêncio.
A visão era estranha, mas eu não estava com medo. Se uma tempestade
estava chegando, isso só poderia me ajudar. Não apenas a chuva me forneceria
mais água, o recurso mais precioso em um planeta desértico, mas também
apagaria as pegadas que eu havia deixado na areia enquanto rastejava em
direção à liberdade.
O sol batia nas costas do meu pescoço. Eu já estava com queimaduras de
sol, a minha pele criando bolhas em alguns lugares. Foquei no Interditor
Imperial e forcei os meus braços a puxar o meu corpo para frente, um
centímetro de cada vez. Eu tinha que escapar daquele homem astuto que falava
em enigmas. Os hologramas Imperiais deixaram claro o que acontecia com os
soldados leais do Império nas mãos dos impiedosos rebeldes. Especialmente
aquele rebelde, se ele fosse quem eu pensava que era. Eu tremi ao pensar no
tipo de sondagens mentais e torturas que um Jedi poderia me impor antes de
ficar satisfeito de que eu não tinha informações valiosas.
Apenas mais alguns metros agora.
Olhei pra trás novamente. As nuvens eram maiores, mais escuras, mais
ameaçadoras. Os últimos steelpeckers se esconderam nos destroços como
larvas cavando em carcaças. Eles evitavam as partes das naves onde a fumaça
ainda subia. Não estava claro quanto tempo os incêndios continuariam a
queimar. As naves eram massivas.
Um sentimento de apreensão apertou a minha garganta. Tentei engolir e
não consegui.
Rápido, rápido! Eu disse pra mim mesmo. Joguei fora os cantis pesados e
balançantes. Eles estavam me arrastando, e a tempestade me traria água. As
barras de ração haviam sido pulverizadas durante o meu rastejar extenuante e
as migalhas espalhadas pelo vento e pela areia.
Não era a fuga mais bem planejada. O meu treinador de sobrevivência
Imperial ficaria envergonhado.
Convocando desesperadamente toda a minha força, rastejei pelos últimos
metros entre mim e o cruzador Imperial. Ele se erguia sobre mim como uma
daquelas magníficas torres em Coruscant, e eu ansiava pelo refúgio que
encontraria lá dentro.
Com as pernas basicamente inúteis, eu não conseguia subir muito alto. Em
vez disso, cheguei a um dos pequenos bocais de propulsão a meio caminho.
Tinha mais de cinco metros de largura, dando-me mais do que espaço
suficiente para me esconder da tempestade que se aproximava. Puxei-me para
dentro do bocal em forma de cone como se estivesse entrando no ouvido de
um gigante. Eu estava encharcado de suor. Ofegante, com a língua ressecada,
eu desejava ter mantido um dos cantis comigo.
Mas pelo menos me sentia seguro pela primeira vez em dias. O alívio me
inundou, relaxando os meus nervos tensos e músculos contraídos. A segurança
da solidão era tão doce quanto o leite azul, e eu não queria nada mais do que
dormir.
Imaginando a chuva refrescante que em breve chegaria, eu sorri.
O espaço dentro do bocal escureceu. O meu coração saltou para a garganta.
A figura do homem bloqueou toda a luz.
— Você estará morto em mais dez minutos se ficar aqui, — ele disse. —
Vamos lá. Já chega de brincadeira.
Me jogando sobre o ombro, ele desceu do bocal. Então ele me prendeu às
costas dele com uma alça e subiu lentamente pelo casco até encontrar uma
abertura irregular. Lutando com o meu peso, ele tropeçou para dentro da nave.
Estávamos dentro de uma cabine de utilidades destinada a suprimentos
diversos. Sem cerimônia, ele me jogou em uma prateleira de armazenamento.
— Você vai se comportar ou eu tenho que te amarrar de novo? — ele
perguntou, respirando pesadamente.
Balancei a cabeça; eu havia desistido de fugir.
Ele saiu e retornou algum tempo depois com a maca. Enquanto eu me
recuperava na prateleira, manobrou a maca para bloquear o buraco pelo qual
tínhamos subido. Amarrou a porta improvisada à estrutura do cruzador com os
cabos de reboque. Com a ajuda da luz de uma lâmpada de emergência
recuperada, ele empilhou pedaços de entulho na maca para pesá-la, selando as
costuras entre ela e o casco com pedaços de plastóide derretido e feixes de
tecido.
Estava quase completamente escuro dentro da cabine. Só alguns raios finos
de luz penetravam pelos buracos feitos pelos steelpeckers lá em cima. Eles
penetravam o nevoeiro fraco, como esperanças abandonadas espalhadas por
um mar escuro de desespero.
Lá fora, um gemido do outro mundo cresceu constantemente até se
transformar em um uivo estridente, seguido pelo som destacado de pit-pat-pat
da chuva caindo contra o casco de aço. As pequenas explosões se misturaram
em um som de clang constante e ressonante em nosso sombrio refúgio.
Já não parecia chuva. Parecia o estrondo de um regimento de
stormtroopers disparando os seus blasters contra a nave destroçada.
— Uma tempestade de areia, — disse o homem.
Eu me imaginei no bocal do lado de fora, sendo espancado pela areia
sufocante. Imaginei a minha pele sendo arrancada por mil grãos de areia
chicoteados pelo vento. Me imaginei como um esqueleto reclinado no bocal,
com os meus ossos limpos pelos animais e alvejados pelo sol.
— Como você me encontrou? — eu perguntei roucamente.
— Você tem usado essas roupas por mais de uma semana agora, — ele
disse. — Eu podia sentir o seu cheiro a meio quilômetro de distância. Pelo
menos consegui recuperar a água que você roubou.
Não é magia então. Talvez esse planeta tenha roubado dele a magia assim
como drenou a vida das naves estelares que colidiram nele.
— Você cresceu por aqui? — perguntei. — Foi assim que você soube das
tempestades de areia?
— Cresci em um deserto, — ele disse. — Muito parecido com este. Você
precisa comer. E beber.
Consumi ávidamente do cantil que ele segurava na minha boca. Ele tirou a
última barra de ração de sua sacola, entregou-a para mim e largou a sacola
vazia no chão. Deitando-se na outra prateleira na cabine de armazenamento,
ele virou as costas para mim e foi dormir.

Nas sombrias histórias contadas por minha mãe, os heróis precisavam entender
os vilões para derrotá-los. O conhecimento era o primeiro passo para o
controle, para o poder, para a ordem.
Eu precisava conhecer esse homem que me havia capturado e que também
me havia resgatado de uma tempestade de areia e me entregado o último de
sua comida. Eu precisava conhecer esse homem que me aterrorizava, mas que
também me intrigava.
Eu tinha visto os cartazes de procurado, as imagens trêmulas em
hologramas. Recordava a figura reluzente no convés do cruzador rebelde,
puxando naves estelares imperiais do céu com as próprias mãos. Lembrava-me
da maneira como ele tinha lutado pelo destroço comigo amarrado às suas
costas, recusando-se a me abandonar à morte certa. Talvez ele só quisesse me
salvar para algum propósito obscuro mais tarde, ou talvez não. Eu pensava que
sabia tudo o que havia para saber sobre esse homem, mas na verdade, não
sabia nada.
Depois da tempestade de areia, retomamos a nossa jornada.
Perdi a conta de quantas naves estelares passamos, com as suas piras
funerárias ainda ardendo. Como não tínhamos mais rações, comemos raízes
amargas que ele cavou nas dunas e pequenos roedores que ele capturou com
uma rede tecida a partir de delicados fios condutores de íons imperiais. Às
vezes, ele cozinhava a carne; outras vezes, rasgávamos a carne dos ossos com
nossos dentes. O meu estômago doía por causa dessa dieta bárbara.
Começamos a subir uma colina, e o homem teve que parar a cada poucos
passos para recuperar o fôlego.
Era difícil conciliar a figura desse homem, mortal, fraco, comum, com o
vislumbre do poderoso Jedi que eu havia visto na ponte da minha nave. Será
que eu tinha imaginado tudo? Diante das dunas de areia infinitas e
implacáveis, todos eram iguais, fosse você um mágico ou apenas um soldado
comum.
Ele parou novamente, mas desta vez, em vez de descansar, ele se virou pra
mim, destampou um cantil e pressionou o bico contra os meus lábios.
Abanei a cabeça e afastei o rosto. A água, depois de ferver sob o calor do
sol por tantos dias, tinha um gosto amargo e metálico. Beber aquilo me fez
querer vomitar.
— Você não bebeu por mais de uma hora agora, — ele disse. — Eu sei que
você se sente terrível, mas a desidratação vai piorar.
Na verdade, eu estava me sentindo perto da morte. A minha visão estava
turva e flutuava. A febre era tão intensa que eu me imaginava não muito
diferente dos destroços em chamas que passávamos. Fechei os olhos para que
o mundo permanecesse imóvel.
Eu não conseguia respirar.
Os meus olhos se abriram abruptamente. Ele tinha beliscado as minhas
narinas. Que tipo de tortura era essa?
Em pânico, abri a boca para respirar. Ele esperou até que eu tivesse
respirado antes de forçar o bico do cantil entre os meus dentes. Mordi, mas era
impossível impedi-lo. Ele havia empurrado fundo demais.
— Bebe, — ele rosnou. — Ou vou começar a despejar e você pode se
afogar, tanto faz.
Eu concordei. Ele soltou. Engoli o líquido amargo e repugnante. Não tinha
dúvida de que ele estava disposto a cumprir a sua ameaça. Um rebelde,
especialmente um Jedi, era capaz de qualquer ato de crueldade.
Depois de beber, ele retomou a tarefa de me puxar pela encosta íngreme da
duna.
— Eu preciso de um médico, — eu ofeguei. Era vergonhoso para um
soldado imperial implorar, mas eu estava além da vergonha agora.
— Eu sei.
Balancei pra frente e pra trás enquanto ele me arrastava em direção ao céu
brilhante. Olhei pra trás para o cemitério de naves estelares. Elas cintilavam no
calor. Talvez em breve eu fosse me juntar a elas, juntamente com todos os
meus camaradas mortos.
— Há um lugar cercado por muralhas além da duna, — ele disse. No meu
estado de quase coma, a voz dele soava distante, irreal. — É guardado por
stormtroopers, e ouvi rumores de que soldados mascarados em túnicas
carmesins o patrulham de vez em quando. Estou te levando para lá.
Eu não conseguia falar. Então ele estava planejando um ataque a um reduto
imperial. Será que ele esperava me usar como refém? Certamente ele sabia que
isso seria inútil. Na Marinha Imperial, éramos treinados para tratar reféns
exatamente da mesma maneira que se tratava os sequestradores, porque eles
eram fracos e se permitiam ser usados como escudos. Eu queria dizer a ele que
ele não ganharia vantagem alguma me arrastando consigo.
Mas a minha mente lenta finalmente entendeu a importância de suas
palavras. Se o complexo que ele falava estava guardado por stormtroopers e
pela Guarda Real do Imperador, então provavelmente era uma fortaleza
importante, o fato de eu não ter ouvido falar disso provavelmente significava
que era secreto. Nem mesmo um Jedi teria facilidade em romper as defesas de
um lugar assim.
Eu ainda podia me redimir sabotando o seu ataque. E se eu de alguma
forma sobrevivesse, haveriam médicos, droides médicos, água fresca,
segurança.
A esperança, que eu pensava já estar morta, acendeu-se profundamente na
minha mente.
Com um último tranco, alcançamos o topo da duna e olhamos para o outro
lado.
Ele não tinha mentido. O complexo murado estava no deserto como uma
coroa negra. Os muros eram interrompidos em intervalos regulares por torres
de vigia. Forcei-me a vislumbrar os imponentes stormtroopers, mas estávamos
muito longe.
O homem se sentou na maca ao lado dos meus pés. Ele desamarrou um par
de varas longas que terminavam em pás planas. Eu sabia o que eram: lâminas
de uma bomba de circulação de ar instalada em naves estelares. Ele colocou as
varas sobre os joelhos como os remos de um barco a remo e cravou as pás
planas na areia.
— Vamos lá, — ele disse, e empurrou com força.
Deslizamos pela grande onda de areia na jangada da maca, e manuseou os
remos habilmente, nos dando mais velocidade quando achou que
precisávamos, e nos desviando dos esqueletos de animais salientes e
aglomerados de vegetação quando eles se aproximavam.
Cada vez mais rápido navegamos. Foi a viagem mais emocionante e
estranha da minha vida.
Preparei-me para um esforço desesperado assim que os guardas imperiais
entrassem na visão. Eu o empurraria para fora da maca e gritaria por ajuda,
para que os stormtroopers soubessem que eu era leal, que eu não tinha sido
deixado indefeso por esse perigoso criminoso de guerra, que eles ainda podiam
me resgatar.
Mas nenhuma armadura branca e esperançosa apareceu nas paredes
quando nos aproximamos. As portas do complexo estavam completamente
abertas, e alguns homens e mulheres, puxando macas muito parecidas com a
que eu estava, saíram com pilhas de bens roubados.
O último vestígio do meu orgulho e resistência me deixou; chorei sem
poder me controlar.

Outra sala destruída pelo fogo. Eletrônicos destruídos, fragmentos de núcleos


de memória, os destroços fumegantes deixados para trás por explosivos
projetados para apagar todos os vestígios do trabalho que fora feito no
laboratório.
De tempos em tempos, ouvia vozes de homens e mulheres erguendo a voz
em raiva em algum lugar do complexo. Sucateiros lutando por sobras.
O homem retornou. Um olhar para o rosto dele me disse tudo o que eu
precisava saber.
Então ele pegou os cabos de tração e me arrastou pelo labirinto de
corredores com azulejos e laboratórios vazios novamente.
Não haviam stormtroopers, nem Guardas Reais Imperiais, nem médicos ou
droides médicos em funcionamento. Seja lá o que esse complexo havia sido,
os ocupantes o abandonaram mais cedo na batalha e destruíram tudo o que não
podia ser levado com eles.
De vez em quando, passávamos por outros sucateiros esperando encontrar
objetos de valor nesse complexo fantasma. Eles nos olhavam com
desconfiança, e alguns mostravam os dentes ou abriam as suas abas de pescoço
ou erguiam os seus chifres de forma intimidante. Eles pertenciam a uma
mistura de espécies, alguns humanoides, alguns avianos, poucos aquáticos ou
anfíbios, a maioria desconhecida para mim. Todos vestidos com trapos. Jakku
não era um planeta rico, e essas eram pessoas que nunca conseguiram juntar o
suficiente para sair.
O homem conseguiu negociar com eles e trocar parte de suas sucatas por
rações. Ele devorou algumas porções e me entregou o resto.
Eu abanei a cabeça. A dor era tão intensa que permanecer consciente era
uma tortura. Eu queria algo, qualquer coisa, para me tirar desse sofrimento.
— Me deixe, — murmurei. — Deixe-me morrer.
O homem não disse nada. Ele simplesmente continuou, puxando a maca.
Ele parava para olhar em cada sala em ruínas, procurando o que eu sabia que
não estaria lá.
Estávamos passando por uma das salas com uma janela estreita em forma
de fenda quando aconteceu. Primeiro, um flash brilhante que fez nós dois
virarmos o rosto. Depois um estrondo profundo que sentimos através dos
ossos, além de ouvir. O chão tremia como se estivéssemos no mar ou no
convés de uma nave estelar atingida. O homem caiu, e qualquer coisa que
ainda estivesse em bancadas ou pendurada em paredes se chocou no chão.
Um terremoto? Uma erupção vulcânica?
O homem rastejou até mim e me arrastou para a entrada, onde o batente
oferecia algum abrigo. Nos encolhemos juntos, torcendo para que o prédio não
desabasse sobre nós.
Mais tarde, depois que as coisas se acalmaram, saímos para fora. Os outros
sucateiros, algumas dezenas no total, se reuniram silenciosamente na varanda
elevada com vista para a entrada do complexo. A visão que nos saudou tirou
todas as palavras.
Os destroços do massivo Star Destroier que tinha ficado a poucos
quilômetros de distância havia desaparecido, e em seu lugar havia um lago de
fogo borbulhante e laranja brilhante. O líquido incandescente, semelhante a
lava, tinha se espalhado para preencher a depressão entre as dunas em que o
complexo estava situado. Os muros baixos do complexo contiveram as ondas
turbulentas do lago de fogo. Mas os muros revestidos de areia não durariam
muito mais tempo.
Estávamos presos no meio de um lago em chamas, e os diques estavam
cedendo.

Meio adormecido, ouvi as vozes dos sucateiros.


— Os núcleos do reator na nave devem ter sofrido uma fusão...
— Tivemos sorte de que ninguém estivesse perto...
— ...não é lava. Isso é areia derretida...
— ...um mar de vidro líquido...
— Já estão surgindo rachaduras nas paredes...
Era noite, e o ar frio do deserto ficava mais tolerável pelo calor que
emanava do lago de vidro. O líquido ardente projetava um brilho vermelho
escuro contra os rostos de todos os sucateiros. O vento forte, resultado da
mudança drástica de temperatura entre o dia e a noite no deserto, produzia
ondulações e ondas poderosas na superfície. Cercado por um lago de vidro
tempestuoso e dezenas de criaturas desajustadas de toda a galáxia, tive
novamente a sensação de que estava vivendo um conto de fadas sombrio
criado por minha mãe.
— Não podemos ficar aqui, — disse o homem que me havia levado para
lá. — Quando as paredes desabarem, vamos nos afogar no fogo.
— O que você sugere, então? — perguntou um dos outros sucateiros. Ele
usava um colete simples feito de fios entrelaçados sobre seu corpo peludo, e
toda a sua sucata valiosa, pequenos eletrônicos, ferramentas, fontes de energia,
fragmentos de cristal cintilantes, estava presa ao colete de rede como a captura
de um estranho mar.
O homem não tinha resposta. Não havia veículos em funcionamento no
complexo, e mesmo que houvesse, como rodas ou esteiras simples poderiam
ser úteis em um lago de vidro escaldante? Apenas um AT-AT poderia ter uma
chance, mas nenhum estava disponível.
Eu adormeci. Eu ia morrer, mas o grande vilão da Rebelião, preso comigo,
também não escaparia. Isso era algum consolo.

Quando acordei, o homem havia desaparecido.


Lutei para me sentar e olhei freneticamente ao redor.
Os sucateiros desanimados, vendo que não havia maneira de escapar do
seu destino, se reuniram em pequenos grupos ao redor da varanda. Eles
jogavam jogos de azar, contavam histórias ou simplesmente olhavam para o
nada.
Uma figura pequena lá embaixo, no topo das paredes, chamou a minha
atenção.
Ele estava amarrando algo plano e grande nos pés. Semicerrando os olhos
contra a brisa quente vinda da superfície do lago.
Eram as pás das bombas de circulação de ar.
Sem aviso, a figura pulou no lago. Fiquei chocado demais para gritar.
Mas em vez de afundar nas ondas mortais, ele ficou à tona. Assim como as
botas largas fornecidas aos soldados imperiais em terreno nevado, as pás
atuavam como barcos em miniatura que distribuíam seu peso por uma área
ampla. Provisoriamente, ele deu um passo à frente, como uma perna longa
deslizando sobre um pântano.
Passo a passo, ele ganhou confiança. Enquanto eu via a sua vestimenta
esvoaçante flutuar sobre o lago ardente como um lótus em flor, imaginei o
líquido quente se transformando em vidro puro e cristalino. Imaginei-o
caminhando sobre a superfície tão facilmente quanto um menino deslizando
sobre uma camada de gelo. Imaginei as estrelas refletidas no vidro, um céu de
cabeça para baixo sobre o qual ele caminhava.
Ele era o andarilho do céu. Quase ri alto com o pensamento. Claro que ele
era.

— Essa é uma sugestão ridícula!


— Absolutamente não!
— Um deslize e estaremos mortos.
— Você deve estar tentando nos matar para poder roubar as nossas posses.
— As paredes estão aguentando, eu acho...
— Talvez devêssemos tentar empilhar os escombros aqui e construir uma
torre. Mesmo se as paredes caírem...
— Parem com isso! — o homem gritou. A cacofonia de vozes silenciou.
— Eu sei que vocês estão aterrorizados. Eu também estou. Mas não há outra
solução. Vocês viram as paredes. Elas não vão durar muito mais tempo.
Mesmo que vocês tentem empilhar todos os escombros aqui e construir uma
torre alta o suficiente para sobreviver à inundação, as suas rações vão durar até
que o vidro esfrie? Temos que sair daqui a pé.
Os outros sucateiros olharam com ceticismo para as pás presas aos pés
dele. A ideia de confiar suas vidas a essas estruturas frágeis em um lago
ardente era absurda.
Eles se afastaram do homem, sozinhos ou em grupos de dois ou três, para
continuar seus jogos sem esperança e fantasias inúteis. Eles se recusavam a
reconhecer a realidade de nosso destino compartilhado.
Eu chamei o homem. Surpreso, ele se inclinou para ouvir o que eu tinha a
dizer.
— Diga a eles quem você é, — eu sussurrei.
Ele recuou e me olhou com cautela. Fiz um gesto chamando-o novamente.
— Eu sei a verdade, — eu disse. — Eu te vi lá em cima — apontei para as
estrelas — e também aqui embaixo. Eu pensei que você tinha perdido os seus
poderes. Mas então eu te vi atravessar o lago, então eu sei que você recuperou
os seus poderes. Você ainda é Luke Skywalker, o Jedi. Eles vão te seguir, mas
você precisa contar a eles a verdade.
Ele se sentou e me olhou com uma expressão que não consegui nomear.
Poucos segundos depois, os cantos de sua boca se curvaram em um sorriso.
Eu estava à deriva sob as estrelas novamente. Assim como eu tinha chegado
àquele planeta.
— Fique perto de mim, — chamou Luke Skywalker. Dezenas de vozes o
reconheceram de trás.
Eu me esforcei para olhar pra trás. Sobre o lago de vidro derretido, uma
longa caravana serpenteava. À frente estava Luke Skywalker, magnífico em
suas vestes Jedi brilhantes e me arrastando em uma maca. As pás presas aos
pés permitiam que ele desse passos altos e me puxasse com confiança, e o
brilhante papel metálico, resgatado do complexo Imperial, que ele usava em
vez do xale grosso o mantinha fresco refletindo o calor da areia derretida para
longe de seu corpo.
Por trás de nós, as almas mais corajosas usavam pás feitas à semelhança
das de Luke. O vidro derretido era tão denso que era possível flutuar sem
tornar as pás muito volumosas. Eles puxavam pequenos barcos e balsas feitas
de outros materiais isolantes, e aqueles que tinham medo demais de andar por
conta própria se abrigavam dentro das embarcações temporárias, cobrindo-se
com mais papel refletivo para se manterem frescos.
— Estou usando a Força para guiá-los, — Luke disse na escuridão. —
Enquanto vocês ficarem perto de mim, nenhum mal lhes acontecerá. A Força
está conosco. Somos um com a Força.
Os outros atrás de mim repetiram o mantra. Eles não confiavam tanto nas
engenhocas que os mantinham flutuando quanto acreditavam no poder místico
do homem que os liderava.
Eles tinham um objetivo. Afinal, a mesma fé tinha permitido que um grupo
de rebeldes desorganizados derrotasse um império que se estendia pela
galáxia.

As ondas ardentes do lago de vidro derretido lambiam a costa atrás de nós. Os


barcos improvisados, as balsas e os sapatos com pás estavam espalhados na
praia de areia. Estávamos a salvo.
Foi incrível ver o Jedi em ação. Ele havia convencido um grupo de homens
e mulheres tímidos que desconfiavam uns dos outros a atravessar um lago de
fogo. Talvez fosse um exemplo daqueles truques mentais dos Jedi sombrios.
Mas não parecia sombrio. Parecia... esperança.
Um por um, os sucateiros vieram se despedir. Cada um deixou para Luke
Skywalker a peça mais preciosa de sucata que tinham. Algumas tinham sido
recuperadas do complexo Imperial abandonado, outras não. Não era
exatamente um pagamento. Mais próximo de um símbolo, uma homenagem a
algo maior do que qualquer um de nós.
— Esta célula de energia renderá pelo menos dez porções completas... —
Nunca tinha visto esses cristais antes. A carga de autodestruição deve tê-los
deixado de fora. Se você puder decifrar a criptografia... — Essa mão de droide
é a mais intrincada que já vi. Provavelmente era para os próprios servos
motores do Imperador... — Não sei o que é isso. Uma bússola, talvez?
Encontrei-o em uma caixa marcada como 'Pillio'. Quem sabe para onde isso
vai levar? Talvez para um lugar onde você nunca ficará com fome ou se
preocupará com naves estelares caindo do céu...
Skywalker agradeceu a cada um deles. Quando o último sucateiro saiu, ele
se ajoelhou ao lado da maca e me entregou dois comprimidos.
— Tome esses, — ele disse. — Eles não farão nada pela infecção, mas vão
tirar a dor por um tempo. Eu os encontrei no alojamento do comandante do
complexo.
Eu tomei os comprimidos. O Jedi não tinha me matado até agora, mas
talvez este fosse o momento. Pelo menos era misericordioso da parte dele não
querer que eu sofresse.
Então ele me entregou outra coisa. Era em forma de ovo, e um pequeno
visor de cristal mostrava uma série de números rolando. Havia um grande
botão laranja na lateral. Eu sabia o que estava segurando: um farol de
localização Imperial.
Eu olhei pra cima pra ele, sem entender.
— Eu vou partir agora, — ele disse. — Como eu disse, não sou muito
amigável com o Império. Aperte o botão quando eu for embora, e uma
patrulha Imperial virá resgatá-lo. Não se preocupe, o lago vai manter os gnaw-
jaws e nightwatchers longe. Nada vai incomodá-lo até que os socorristas
cheguem.
O que um ser vivo quer com outro no deserto? Arrastá-lo através de um
mar de areia por dias e mantê-lo vivo. Levá-lo por cima de um lago de vidro
derretido. Entregar-lhe um farol de esperança.
Havia apenas algumas respostas, mas não havia sido fácil descobri-las.
Não quando você tinha sido ensinado certas coisas a vida toda... e elas
acabaram sendo mentiras.
Ele já estava a certa distância quando eu gritei:
— Você é realmente Luke Skywalker?
Ele parou, mas não virou.
— Todos nós somos Luke Skywalker.
Então ele desapareceu na escuridão.
Eu apertei o botão.

Eles me pegaram, me levaram de volta para uma nave hospital e me trataram.


Depois, me interrogaram como desertor, possivelmente um traidor.
Eu contei tudo o que sabia.
— MENTIROSO! — o meu interrogador gritou na minha cara. — O
criminoso de guerra Luke Skywalker não estava em lugar nenhum perto de
Jakku! Por que você está escondendo o que realmente aconteceu na superfície?
Confesse que você se tornou um agente rebelde!
Eles me torturaram. Eles me drogaram.
Imagens e memórias se misturaram em minha mente. Eu não conseguia
dizer o que era sonho e o que era realidade. Mas eu mantive a minha história o
melhor que pude.
Às vezes, o lar que você deseja acaba sendo uma floresta escura. Às vezes,
as pessoas em quem você mais confia acabam sendo monstros. Às vezes, os
vilões são realmente os heróis.
Todos nós somos Luke Skywalker.
Eu me imaginei como Luke Skywalker. Eu me imaginei como um ser
luminoso.
Eu sobrevivi. Por pouco.

Expulso da Marinha Imperial, eu retornei a Jakku como um sucateiro, um dos


muitos que haviam se reunido ao planeta para ganhar a vida no cemitério de
naves estelares.
A minha casa é nos destroços de um TIE fighter. As asas oferecem boa
proteção contra tempestades de areia, e eu uso pedaços de vidro negro
coletados do lago congelado para fazer paredes adicionais e um teto pelo qual
posso olhar as estrelas.
Eu sei que ele está lá fora, ainda caminhando pela galáxia, ainda lutando
por todos nós.
— ERA MESMO... O LUKE SKYWALKER? — perguntou Tyra,
a garota sucateira.
— Isso... depende do seu foco, — disse Ulina. A sua tampa do olho
pulsou suavemente em azul enquanto ela adicionava, — Lendas sobre
nossos heróis não importam tanto quanto o que escolhemos fazer de nossas
próprias vidas quando as lendas nos movem.
Tyra mordeu o lábio inferior e assentiu.
Os outros tripulantes começaram a se envolver em um debate acalorado.
— Luke não poderia ter jogado o Star Destroiers em Jakku por magia,
não é?
— Então agora você é um especialista em magia?
— Talvez o Imperial estivesse apenas confuso.
Finalmente, Ulina interveio e deixou claro que estava na hora de todos
irem para as suas camas. Enquanto Dwoogan e G2-X limpavam a cozinha e
a área de refeições, Ulina dirigiu-se ao porão de carga para verificar se as
caixas de transporte estavam seguras antes do acoplamento.
Os tripulantes bocejantes seguiram pelo corredores estreitos e subiram
escadas precárias para cubículos pequenos e beliches encaixados entre
tubulações e dutos. A Wayward Current foi projetado para maximizar cada
pedaço de espaço de carga, e a tripulação teve que se contentar com as
estranhas fendas e reentrâncias que sobraram.
Teal esperou até que os outros tivessem saído da área de refeições antes
de se aproximar de Dwoogan. Ela estendeu o seu chip de crédito.
— De novo? — perguntou um surpreso Dwoogan. — Você tem
comprado todas as noites, praticamente. Sabe, você realmente deveria tentar
economizar. Se você ainda estiver com fome após uma ração completa,
provavelmente não está dormindo o suficiente. Você não pode gastar todo o
seu salário em lanches e bebidas. Quando eu tinha a sua idade, eu...
— É meu dinheiro, — sussurrou Teal. — Não me diga o que fazer.
Dwoogan suspirou e pegou o chip de crédito para escaneá-lo. Em
seguida, ela destrancou a despensa e pegou outro pacote de ração, dividiu o
pão e o tubo de pasta nutritiva pela metade e entregou a porção a Teal.
— Obrigada, — disse Teal. — E por favor, não conte...
— É o seu dinheiro, — disse Dwoogan. — Contanto que você não
esteja roubando da nave, não é da conta de ninguém. Nem mesmo do
Capitão Tuuma.

Silenciosamente, Teal se dirigiu à despensa de manutenção ao lado da sala


do motor. Ela esperou nas sombras até ter certeza de que ninguém estava
por perto, entrou no armário e rastejou pelo vão entre dois espessos canos
de refrigeração até se encontrar acima de uma grade. Ela a levantou e caiu
pelo buraco para o espaço de rastejamento abaixo. Alguns giros e curvas
depois, ela emergiu em uma pequena sala que mal tinha espaço suficiente
para ela ficar em pé ou deitar. O compartimento talvez tenha sido
adicionado por um dos antigos donos da Wayward Current como um
esconderijo no caso de um ataque pirata, ou talvez tenha sido deixado e
esquecido durante algum processo de modernização. Em qualquer caso,
ninguém na tripulação de Tuuma, exceto Teal, sabia de sua existência.
— Ei, eu trouxe um pouco mais de comida.
A mulher que já estava na sala era alguns anos mais velha que Teal.
Vestida em um grosso robe branco fluente, com os seus longos cabelos
pretos presos em um rabo de cavalo simples, ela parecia a própria imagem
de simplicidade, completamente fora de lugar entre os canos torcidos e o
ninho de rato de fiação exposta que a cercava.
— Obrigada, — ela disse a Teal. — A comida que você me trouxe mais
cedo foi suficiente. Eu não preciso de muito, já que não estou me movendo
muito. Me sinto mal em pegar a sua comida o tempo todo.
Teal quebrou a metade do pão e entregou a maior parte junto com a
pasta nutritiva. Ela mordeu o restante do pão faminta.
— Você precisa de energia, — murmurou enquanto mastigava. —
Quando chegarmos ao porto amanhã, eles vão escanear toda a nave.
Teremos que trabalhar um pouco esta noite para preparar a sua fuga. Tuuma
vai nos matar se descobrir.
A mulher assentiu e não protestou mais. Ela mastigou lentamente e
pensativamente, como se não estivesse nem um pouco preocupada em ser
uma clandestina em uma nave cujo capitão não teria escrúpulos em jogá-la
para fora pelas comportas ao descobrir.
Teal terminou seu pão em poucas mordidas. Em vez de olhar para a
comida nas mãos da mulher, ela decidiu se distrair contando à mulher as
histórias que acabara de ouvir de Dwoogan e Ulina.
A mulher fez uma pausa quando mencionaram o X-Wing de Luke, e
uma luz pareceu brilhar em seus olhos. Mas ela não disse nada enquanto
continuava a mastigar e a ouvir Teal.
— Eu também posso conhecer uma história sobre Luke Skywalker, —
ela disse depois que Teal terminou.
— De verdade? — Teal ficou surpresa. A mulher não lhe parecia uma
viajante ou aventureira experiente. Na verdade, ela tinha ficado fascinada
pelas histórias de Teal nas últimas semanas, exclamando até mesmo sobre
vitórias menores, como a vez em que Teal conseguiu convencer um
comerciante em Ara Dyelle de que um ovo de lagarto comum era um
artefato raro que valia cinco rações completas. Em contraste, a mulher não
havia contado nenhuma história a Teal.
— Posso ouvir? — Teal perguntou ansiosamente.
A mulher hesitou.
— De onde venho... eu realmente não deveria...
Teal não insistiu. Todos têm o direito de guardar seus segredos. Ela
também não gosta de falar sobre o seu passado com qualquer um.
Teal descobriu a mulher se escondendo nos estábulos de fathiers no
início da viagem do Wayward Current, e em vez de relatá-la aos oficiais,
Teal decidiu ajudar a clandestina a se esconder. Apenas parecia a coisa certa
a fazer. Afinal, quando ela escapou dos escravagistas nas colônias pela
primeira vez, um amável mecânico Hutt a ajudou a se esconder em um
transporte de mineração sem pedir nada em troca.
A mulher fechou os olhos e pareceu estar meditando ou pensando
profundamente. Teal estava prestes a lembrá-la de que precisavam começar
a se preparar para sua fuga de manhã quando a mulher abriu os olhos e
assentiu resolutamente.
— Eu confio em você, e confio que isso significa algo quando você me
contou sobre Luke Skywalker esta noite. Deixe-me te contar uma história...
SEMPRE HÁ UM PEIXE MAIOR.
— QUI-GON JINN
HÁ MUITO TEMPO, TÃO, tão distante do centro brilhante da
galáxia quanto possível, humanos se estabeleceram em um mundo coberto
pelo oceano. Aqui e ali, algumas ilhas obstinadamente se projetavam da
água sem fim. As pessoas chamaram o mundo de Lew'el, que significava
"dilúvio".
Com o tempo, enquanto impérios e repúblicas surgiam e caíam na
galáxia, Lew'el permanecia em grande parte esquecido por aqueles que
cobiçavam o poder. Tinha poucos recursos que não podiam ser obtidos mais
facilmente em outros lugares e poucos comerciantes se incomodavam em
parar por ali. De vez em quando, aventureiros vinham por sua beleza, mas
eles passavam por sua superfície como pedras saltando e não demoravam.
Os habitantes de Lew'el viviam pelo, do e com o mar. O oceano oferecia
tudo o que precisavam: as baleias tentaculadas forneciam óleo e ossos para
construção; o marlim de três lanças fornecia couro durável e ferramentas
prontas para uso; clams translúcidos e ostras forneciam conchas decorativas
e pérolas brilhantes; e acima de tudo, milhares de variedades de peixes e
outros frutos do mar forneciam aos Lew'elanos toda a comida que
precisavam.
Mas isso não significava que obter tal comida fosse fácil.
Numa manhã de primavera, enquanto o sol despontava do mar cintilante,
duas figuras em forma de X decolaram da praia de areia branca da ilha de
Ulon Atur e seguiram para leste sobre as águas abertas.
— Aposto que vou pegar um peixe maior hoje, — gritou Aya-Glon, a
garota montando na frente. Ela tinha doze anos e era forte como uma baleia
de um ano saltando, e um par de covinhas animava seu rosto liso pelo
vento. Ela acariciou a cabeça de sua montaria iridescente azul e a
incentivou a voar mais rápido.
— Você está apostando! — gritou o menino voando atrás dela. — O
perdedor terá que fazer todas as tarefas do vencedor por três dias. — Ele era
Tonn-Glon, irmão gêmeo de Aya. Ele acariciou a crista vermelha de sua
montaria escarlate e a incentivou a manter o ritmo.
Como você provavelmente já adivinhou, em contraste com as máquinas
voadoras que eram comuns em outros planetas, os veículos voadores neste
caso estavam vivos. Com quatro asas, cada uma com dez metros de
envergadura, essas aves gigantes e majestosas, chamadas de 'wind-trusters'
eram nativas de Lew'el. Elas passavam quase toda a vida no vento,
pousando apenas por um breve dia de vez em quando para acasalar e botar
ovos, que chocavam no ar em ninhos de seagrass tecido suspensos por seus
pés. Excepcionais planadoras, elas até podiam dormir enquanto voavam. Os
Lew'elanos as haviam domado e as usavam para caçar e pescar, além de
viajar entre os assentamentos remotos espalhados pelo planeta.
Logo o pequeno ponto de Ulon Atur desapareceu por trás deles e os dois
voadores ficaram completamente sozinhos, suspensos entre o céu e a água.
Os irmãos observaram a extensão sem características, sombreando os olhos
do brilho do sol nascente. Nuvens de tempestade estavam se formando no
horizonte, mas ainda levariam um tempo para chegar.
Na verdade, não é muito preciso chamar o mar aquamarinho profundo
de sem características, embora possa parecer assim para alguém de fora do
planeta. Aos olhos de Aya e Tonn, o mar estava tão cheio quanto uma
metrópole em Hosnian Prime. Existiam correntes quentes que carregavam
cardumes de enguias migratórias, ocupadas como uma rodovia aérea;
colunas ascendentes de bolhas formadas por grupos de baleias caçadoras;
florestas submarinas de kelp florida que balançavam suavemente nas marés;
recifes de corais vibrantes cheios da conversa estranha de peixes coloridos e
crustáceos, tão cheios de fofocas e moda quanto qualquer quarteirão da
cidade.
E havia a Maré, a teia sempre presente e sempre poderosa que
conectava tudo e todos. Os irmãos conseguiam sentir as suas vertentes
reconfortantes, tão delicadas e nutritivas quanto a luz quente e brilhante do
sol.
— Peguei! — disse Tonn, e ele apertou gentilmente as coxas em torno
do longo pescoço de seu wind-truster, um animal de dois anos chamado
Coni-Co. Com um grito alto de reconhecimento, a ave moveu suas quatro
asas e desviou de curso.
Aya não instigou sua montaria, um orgulhoso wind-truster de três anos
chamado Deek-Deek, a segui-lo. Afinal, não havia sentido em lutar por um
prêmio que já fora reivindicado por outro. Esse tipo de comportamento
pertencia a crianças pequenas que tinham que ser amarradas ao pescoço de
seus wind-trusters.
Não, ela encontraria o seu próprio peixe e garantiria que ele fosse maior.
— Nós vamos pegar um peixe que vai alimentar a aldeia inteira hoje,
não é, Deek-Deek? — sussurrou ela na pelagem macia na base do pescoço
de sua montaria.
Lá, um mergulho!
Ela cutucou as laterais do wind-truster com os calcanhares, e a ave
gigante bateu suas quatro asas e mergulhou em direção ao mar. O cabelo de
Aya voava atrás dela, e o seu coração batia com a emoção do mergulho. Ela
segurava firmemente a crista do wind-truster.
Em menos de um minuto, o wind-truster havia descido de sua altura de
cruzeiro para apenas alguns metros acima do mar. As ondas turbilhonavam
abaixo de Aya, e ela olhava atentamente para a água azul-verde, procurando
brilhos reveladores das escamas prateadas do marlim de três lanças.
— Deek-Deek, você vê? — sussurrou ela.
O wind-truster deu um grito de reconhecimento e circulou em volta do
ponto indicado por Aya. Ela bateu suas asas vigorosamente e subiu mais
alto em uma espiral apertada.
Aya se segurou firmemente, fechou os olhos e respirou profundamente e
de maneira constante. Ela sentiu seu coração desacelerar; ela se concentrou
nas redemoinhos na Maré.
Cerca de um quilômetro acima do mar, Deek-Deek se nivelou e clicou o
seu bico algumas vezes para sinalizar que estava pronta para o próximo
passo. Aya envolveu os seus braços em volta do pescoço do wind-truster.
Com graça, a ave dobrou as suas quatro asas ao redor de si mesma,
como o inverso de uma mariposa emergindo de seu casulo. Então, ela
mergulhou diretamente em direção ao mar.
Cada vez mais rápido, a ave mergulhou, com o seu bico afiado e longo
apontado diretamente para a superfície ondulante e sedosa. Aya pressionou-
se contra o torso da ave, minimizando o arrasto do par pelo ar. Ela manteve
a sua respiração estável e lenta, e manteve os olhos abertos até o último
momento possível para manter o seu prêmio à vista, justo antes da ave
gigante atingir o mar.
A água fria bateu contra ela como um muro, mas ela se segurou. O
impulso do mergulho do wind-truster enviou a ave e a garota a trinta metros
abaixo antes de pararem. Aya soltou o pescoço de Deek-Deek e
impulsionou-se para as profundezas, enquanto a ave desdobrava as suas
asas e nadava em direção à superfície. Uma linha fina que saía da sela de
ombro de bambu de Deek-Deek conectava a ave e a garota.
Aya abriu os olhos e olhou ao redor do mundo aquático. Ela se sentia
leve e poderosa, o meio denso a mantendo no alto. Os flashes das escamas
prateadas de sua presa estavam logo acima e à direita, e ela chutou as suas
pernas fortes para persegui-la.
Se ela não estivesse debaixo d'água, teria suspirado de satisfação. O
marlim era o maior que ela já tinha visto, com um corpo quase três vezes
mais longo do que ela era alta. Seus dois dentes e um único chifre
adicionavam mais dois metros ao seu comprimento total, e todas as três
lanças estavam cobertas com ganchos afiados e dentes que poderiam ser
transformados em anzóis de pesca e facas de eviscerar.
Chocado pela turbulência e pelo barulho do mergulho do wind-truster, o
marlim tinha se virado para investigar. O grande peixe achou a figura
majestosa do wind-truster ascendente, rodeada por colunas de bolhas de ar,
muito mais interessante do que a pequena figura da garota se aproximando.
Aya parou quando estava a cerca de dez metros do marlim. O peixe era
muito grande para técnicas de caça convencionais. Ela precisava de um
plano diferente.
Fazendo com que o seu coração desacelerasse, ela fechou os olhos e
estendeu a Mão à MaréLady Eekeemente, para discernir a trama e a trama
dos fios ao redor do marlim, para ler o padrão. A Maré governava tudo, e
uma caça bem-sucedida exigia que ela seguisse o irresistível puxão da
Maré.
Para cada refluxo há um fluxo; para cada fluxo há um refluxo. A lua
cheia deve minguar assim como a lua nova deve crescer. A felicidade se
transforma em tristeza; a tristeza renasce como esperança. Não há nada
constante exceto a mudança na Maré, e eu sou Mudança.
Lá, eu entendi!
Os olhos de Aya se abriram abruptamente.
Movendo os braços e chutando as pernas com fúria, Aya deu
cambalhotas na água e fez um grande giro, arrastando a fina linha de seda
de caranguejo-de-pedra atrás dela para formar um círculo flutuante que se
expandia e contraía na corrente como uma água-viva.
Então, quase casualmente, Aya retirou uma pequena lança pontiaguda
com um dente de tubarão esmaga-crânio do cinto de sua túnica e acenou
com ela para o marlim. A luz do sol filtrada capturou o dente branco e ele
cintilou.
O grande peixe, finalmente notando a garota, a olhou ameaçadoramente.
Aya estendeu os braços e as pernas para parecer o maior possível e
mexeu os membros numa imitação lânguida de um lula-estrela, a comida
favorita do marlim.
Isso despertou o interesse do marlim. Embora o peixe não soubesse por
que essa lula estava faltando alguns membros e cheirava tão estranho, ainda
parecia uma boa refeição. Com alguns poderosos golpes de sua cauda
parecida com uma vela, ele se dirigiu diretamente para Aya.
O coração de Aya batia contra as suas costelas. Ela se forçou a
permanecer calma e ficou onde estava, mantendo-se à tona como se as
ameaçadoras três lanças não estivessem miradas nela e se aproximando.
O marlim, focado em Aya, não percebeu quando a sua cabeça passou
pelo laço de seda translúcido. Mas no momento em que as suas lanças
haviam passado pela armadilha, Aya explodiu em ação. Com um puxão
forte de sua mão esquerda, ela apertou o laço ao redor da cabeça do peixe e,
então, com uma série de chutes rápidos, ela se afastou como uma enguia
prateada.
Mesmo que os pulmões de Aya agora estivessem quase explodindo, ela
mergulhou mais fundo em vez de ir para a superfície. A outra extremidade
da linha de seda estava presa a Deek-Deek, que havia emergido mas ainda
não conseguiria decolar. A única maneira de garantir o peixe era fazê-lo se
enredar ainda mais.
Embora Aya fosse uma nadadora habilidosa, o marlim, nascido naquele
reino aquático, era muito mais rápido que a garota. Aya chutava e nadava
como nunca antes, usando cada grama de força em seus membros. A
distância entre eles diminuía rapidamente, e pareciam apenas segundos
antes que o marlim perfurasse a sua presa.
As lanças estavam tão próximas que Aya podia sentir as ondas que
criavam na água. Ela fechou os olhos e rezou para que a Maré a levasse sem
muita dor.
O marlim parou bruscamente quando a sua cauda passou por sua
cabeça. Ele torceu com raiva, batendo para lá e para cá, agitando suas
nadadeiras e se debatendo. Mas não importava o quanto tentasse, não
conseguia se mover um centímetro mais perto da garota. A linha de seda
quase invisível o mantinha no lugar enquanto a folga entre o peixe e o
wind-truster acabava.
Apenas agora Aya reverteu a direção para nadar para cima. Ela emergiu
à superfície e encheu seus pulmões com goles de ar fresco. Deek-Deek,
lutando contra o peixe agitado na outra extremidade da linha presa a sua
sela de bambu, grasnou e moveu as patas freneticamente na água para se
manter no lugar.
— Ótimo trabalho! — Aya exclamou. A wind-truster levantou uma asa
e lubrificou as penas de voo com a parte de baixo de seu bico, como se
dissesse, Nada demais.
Sorrindo, Aya mergulhou novamente. Agora que o peixe havia sido
capturado, ela tinha que matá-lo rapidamente para diminuir seu sofrimento.
Ela se aproximou do peixe agitado por trás e, com dois movimentos
habilidosos, deslizou sua lança com dente de tubarão esmaga-crânio pelas
aberturas das guelras. Os movimentos do peixe diminuíram.
Agradecendo silenciosamente ao peixe por ceder o seu corpo a ela e ao
seu povo, Aya voltou à superfície.

Uma hora depois.


Metade do céu a leste estava cheia de camadas de nuvens pesadas da cor
de cinza vulcânico em erupção. De tempos em tempos, relâmpagos
cruzavam as densas massas escuras, como novas no abismo do espaço.
Aya olhou para o céu ocidental ainda limpo, esperando ver sinais de
ajuda. Ela sabia que precisava tomar uma decisão em breve, provavelmente
já deveria ter tomado, mas simplesmente não podia deixar o maior prêmio
de sua vida escapar.
Tonn também havia pescado um peixe, uma enguia porthomer de quinze
quilos. Ele reconheceu prontamente que Aya havia vencido a aposta. O
grande marlim que boiava na superfície era muito pesado até mesmo para
dois wind-trusters carregarem para casa. Então, Tonn voou de volta para
Ulon Atur com Coni-Co para buscar ajuda, enquanto Aya e Deek-Deek
ficaram para trás para vigiar o prêmio.
O que eles não tinham previsto era a rapidez com que a tempestade se
aproximou.
As ondas crescentes que batiam nos lados de Deek-Deek tinham mais
de um metro de altura. A wind-truster torceu o pescoço para olhar para Aya
e gritou de forma lamentosa. Aya nunca tinha visto a sua montaria tão
assustada.
Aya se sentiu sozinha. Entre o mar insensível e o céu eterno, ela e Deek-
Deek eram apenas faíscas minúsculas que poderiam ser apagadas em um
único momento. Ela estremeceu, a Maré, em vez de ser uma presença
reconfortante, parecia fria e alienígena.
Confie na Maré e faça o que deve ser feito.
Respirações profundas a acalmaram um pouco. Ela tinha que se imergir
na Maré novamente e encontrar o seu curso.
O seu olhar se deslocou de um lado para o outro entre o marlim
prateado balançando e as nuvens tempestuosas. Ela mordeu o lábio inferior
e tomou uma decisão.
Ela pulou no mar e nadou até o marlim com algumas braçadas rápidas.
Enquanto Deek-Deek observava, Aya retirou a sua lança com o dente de
tubarão esmaga crânio. Segurando-a perto da ponta como um bisturi para
ter mais controle, ela cortou a base do chifre e dos dentes do marlim.
Alguns minutos depois, enquanto o cadáver do marlim se afastava com
as ondas, ela nadou de volta para a wind-truster com os seus troféus. Ela
não pôde deixar de lamentar a perda de um peixe tão grande, mas se disse
que nos grandes ciclos da Maré, nada seria desperdiçado. A carne do
marlim alimentaria muitos peixes e enguias necrófagas, e o que não fosse
consumido afundaria no fundo sem luz do oceano, onde forneceria uma rica
fonte de nutrientes para os vermes brancos e caranguejos cegos que corriam
pelo abismo.
Ela tirou sua túnica molhada e a enrolou ao redor das três lanças
compridas para amortecer os dentes de serra aterrorizantes, então amarrou o
pacote em um dos tornozelos de Deek-Deek. Grandes gotas de chuva
começaram a cair, e o vento agitava o oceano em um frenesi.
— Vamos sair daqui, — ela disse resolutamente para a wind-truster, e
gentilmente afundou os calcanhares nas laterais da ave.
A wind-truster estendeu as suas quatro asas e remou através das ondas
agitadas até que ela saiu da água, com as suas patas batendo contra a
superfície. Um minuto depois, eles estavam no ar e ganhando altitude
constantemente. À medida que a chuva caía mais forte, ventos giratórios
batiam na ave, empurrando, levantando, sacudindo, golpeando.
Lá adiante, onde o céu ainda estava limpo, Aya pôde ver algumas
figuras minúsculas em forma de X desenhadas contra os céus azuis. O
coração de Aya se elevou. Era Tonn e os seus amigos, vindo para ajudar.
Mas Aya esperou tempo demais, e a tempestade avançou rapidamente
sobre a garota e sua wind-truster. Rajadas poderosas e correntes transversais
jogavam Deek-Deek de um lado para o outro, e a ave gritava em terror. A
chuva se intensificou, envolvendo o par em lençóis de água que pareciam
iguais em todas as direções. Logo eles não conseguiam mais distinguir qual
direção era leste ou oeste, e os clarões brilhantes de relâmpagos no céu
confundiam ainda mais as coisas. Um trovão gigantesco fez Deek-Deek se
assustar e a ave se debatia em pânico, enquanto Aya, encharcada pela chuva
congelante, se agarrava ao pescoço de sua montaria para não cair, incapaz
de oferecer qualquer orientação útil.
Confie na Maré e faça o que deve ser feito.
Mas a Maré não ofereceu um abraço caloroso, nem um caminho
iluminado. Ela se conectou com a mente, mas tudo o que conseguiu
encontrar foi a mesma confusão tumultuosa, a mesma indiferença fria, o
mesmo convocar impessoal de forças grandiosas que não se importavam
com o destino de uma garota ou de uma ave individuais. A Maré se sentia
exatamente como a tempestade caótica ao seu redor.
Ela protegeu os olhos com uma mão e olhou através das frestas entre
seus dedos. Toda noção de direção se perdeu, até cima e baixo eram sem
sentido. A wind-truster era uma pipa sem corda no meio do temporal,
incapaz de encontrar seu rumo. O couro cabeludo de Aya formigava, como
se estivesse sendo ferroado por águas-vivas, antes de um raio passar por ela
com um sibilo, ensurdecendo tanto ela quanto Deek-Deek com a descarga
de trovão que o acompanhava.
O terror encheu a mente de Aya. Ela nunca mais veria o sorriso
confiante de Tonn, ouviria a voz reconfortante da Avó, sentiria o sabor
picante do suco de noz de doco fermentado, cheiraria o aroma fresco e
folhoso dos bosques de bambu da primavera ou sentiria as cabeças macias e
penugentas dos filhotes de wind-truster se aninhando em suas mãos.
Ela ia morrer, e não havia esperança de resgate, de voltar para casa. Ela
clamou à Maré para pôr fim ao seu sofrimento o mais rápido possível, para
que pudesse se fundir com ela. A escuridão encheu sua visão, assim como a
tempestade bloqueou cada raio de sol.
De repente, o mundo brilhou com o fulgor do sol surgindo do mar. E
com um estrondo alto e ensurdecedor, um raio atingiu Deek-Deek, cujo
grito foi cortado instantaneamente. Aya sentiu a separação de sua montaria
e flutuou pelo ar, sem peso e impotente. Quando forçou os olhos a se
abrirem, viu o corpo dilacerado de sua wind-truster a certa distância,
girando sem vida pelo ar.
Seus sentidos foram dominados. Ela entendeu, intelectualmente, que o
raio havia matado a sua montaria e que ela logo a seguiria. Mas tudo
parecia tão irreal que ela estava muito chocada para sentir medo.
E então, uma visão impossível: uma ave gigante com asas em forma de
X brilhantes, com cinco faixas vermelhas em cada uma, estava
mergulhando para fora da tempestade em sua direção.
Será que é assim que a Maré saúda aqueles que chegam a ela? Com
wind-trusters espirituais?
Ela fechou os olhos e perdeu a consciência.

Aya fez as asas da figura funerária com quatro conchas de molusco, que ela
amarrou a um torso esculpido de um pedaço de coral. Ela enterrou a
pequena figurinha de wind-truster na areia e então colocou uma concha
recheada com ovas fermentadas de enguia porthomer, o petisco favorito de
Deek-Deek, sobre ela.
— Durma bem, minha amiga.
O sol estava brilhante e o ar quente. A tempestade que havia tirado a
vida de sua wind-truster parecia um pesadelo. Mas, é claro, não era um
sonho de forma alguma.
Ela chorou até não ter mais lágrimas. Foi assim que ela soube que a
Maré queria que ela seguisse em frente. Até o luto tinha que diminuir. Ela
se levantou e voltou para a aldeia.
A ave de metal que a resgatou estava no espaço aberto no meio das
cabanas, suas asas em forma de X dobradas ordenadamente. A cúpula azul
e prateada que era seu cérebro girava e assobiava no topo de sua cabeça. E
o cavaleiro da ave, um forasteiro, estava sob as suas asas esquerdas,
conversando com a Anciã Kailla-Glon-Vow.
— Não somos ingratos pelo que você fez, — disse a Anciã Kailla. —
Resgatar a minha neta daquela tempestade foi... não tenho palavras para
descrever o que sinto. Mas o que você está pedindo é simplesmente
impossível. Deve haver outra maneira de agradecermos.
— Você está entendendo errado, — disse o estranho. Ele olhou para
Aya, que acabara de entrar no espaço aberto, e sorriu para ela. Aya sorriu de
volta timidamente. — Eu estava no lugar certo na hora certa para resgatar
Aya. Eu vim para Lew'el para estudar com vocês por causa das histórias
antigas que ouvi sobre a sua... magia.
— As histórias frequentemente são falsas, — disse a Anciã Kailla. —
Principalmente se falarem de magia.
— As pessoas frequentemente chamam de mágica o que não entendem,
— disse o estranho. — É por isso que nunca devemos parar de aprender. —
Havia um poder em sua voz que parecia fazer o próprio ar formigar com as
possibilidades.
— Ele sente a Maré, — sussurrou Tonn, que se juntara à irmã.
Aya assentiu. Ela podia sentir o homem estendendo a mente,
acariciando quase inconscientemente a grama das dunas oscilantes e as
árvores de adivinhação.
A Anciã Kailla falou lentamente e com cuidado:
— O desejo de aprender é louvável, mas não é suficiente. Deve haver
também o desejo de ensinar.
— Espero encontrar esse desejo aqui. — O tom do homem era
igualmente calmo e deliberado.
A Anciã Kailla e o homem se encararam, e embora nenhum dos dois se
movesse, não havia como confundir a tensão entre os dois. Tonn e Aya
prenderam a respiração.
— Você vai tentar mudar as nossas mentes, então, — disse a anciã, sua
voz rígida e formal. O ar parecia esfriar ao seu redor.
— Avó! — Aya não conseguiu mais ficar em silêncio. — Ele não quer
dizer...
A Anciã Kailla estendeu a mão e silenciou a sua neta. A anciã encarou o
estranho e se curvou para frente, como se estivesse se preparando para
suportar um grande fardo.
Mas o estranho balançou a cabeça.
— Um sábio professor me disse uma vez: 'Faça. Ou não faça. Tentativa
não é uma opção.' Você vai me ensinar, ou não vai.
A Anciã Kailla relaxou.
— O seu professor é sábio. E vejo que você não pretende impor
obediência, embora sua habilidade com a Maré seja considerável.
— Viajei por toda a galáxia, procurando aqueles que são sensíveis à...
Maré e entendem os seus caminhos. Estou interessado no conhecimento:
dado livremente e recebido livremente.
— Eu não acho que você conheça a Maré por esse nome, Buscador.
— Há mil nomes para a verdade, — disse o homem que a Anciã Kailla
chamou de Buscador. — Não importa como a chamamos, apenas que seja
verdade.
A Anciã Kailla encheu as bochechas de ar e soltou um longo suspiro.
— Você pode ficar para o festim celebrativo esta noite, no qual você é o
convidado de honra. De manhã você partirá.
Buscador, não mostrando sinais de surpresa ou inclinação para
argumentar, assentiu.
— Obrigado.
— Isso é tudo? — murmurou Tonn. — Pelo menos o mantenha por aqui
por alguns dias caso ele tenha boas histórias.
A Anciã Kailla o encarou.
— Você o ouviu. 'Faça. Ou não faça.' Eu escolho 'Não faça'.
Buscador sorriu para Tonn e Aya.
— Com certeza vou contar algumas histórias pra vocês.
— Os Jedi eram guardiões da galáxia, — disse Buscador. O seu rosto
piscava nas sombras projetadas pela fogueira rugindo, ao redor da qual os
aldeões dançavam e cantavam. — Por mais de mil anos, eles usaram a
Força para preservar a paz. Eram amados por aqueles que amavam a justiça
e temidos por aqueles que serviam o mal.
— Como é a Força? — perguntou Aya, fascinada.
— É um campo de energia criado por todos os seres vivos. Ele nos
cerca e nos penetra; ele une a galáxia.
— Parece a Maré, — disse Aya. — A Avó diz que é uma teia que
conecta as estrelas mais brilhantes no céu ao menor camarão no fundo do
mar. O seu fluxo e refluxo são a respiração do universo, e sua ascensão e
queda são os batimentos cardíacos da própria Vida...
— Aya! Lembre-se do que a Avó disse, — repreendeu Tonn.
Aya mostrou a língua pra ele. Mas ela parou. Tentou mudar o assunto.
— Como é a galáxia? É divertida?
— É muito grande, — disse Buscador. — Existem partes divertidas e
partes nem tão divertidas.
— Fale-me sobre alguns dos lugares por onde você esteve.
— Tudo bem, mas deixe-me comer algo primeiro.
Buscador agradeceu ao aldeão que parou para lhe entregar um grande
prato de moluscos assados e tentáculos de lula grelhados. Ele comeu com
vontade do prato e bebeu suco fermentado de uma casca de noz de doco.
Ele observou os aldeões agitar mantas espessas tecidas a partir de fibras
de noz de doco sobre a fogueira enquanto entoavam um cântico, dividindo a
fumaça da fogueira em anéis distintos e ascendentes. Era uma dança
associada a uma mensagem, uma longa oração ao ritmo eterno da Maré.
Então Buscador falou às crianças sobre cinturões de asteroides onde
lesmas espaciais gigantes se escondiam, sobre planetas desérticos onde
bandidos e contrabandistas se reuniam em cantinas decadentes, sobre
mundos selvagens onde ruínas antigas de civilizações há muito perdidas se
degradavam, sobre planetas onde toda a superfície era coberta por
construções e cheia de bilhões de seres sensíveis de todas as espécies
conhecidas, sobre a beleza e a desolação de saltar pelo hiperespaço para
viajar de um mundo a outro, como um sapo que pula de folha flutuante para
folha flutuante.
Quando Buscador finalmente parou, Tonn o olhou com ceticismo.
— Não sei quanto do que você está dizendo é real. Essas histórias
parecem sonhos.
Mas Aya suspirou.
— Elas parecem incríveis. Gostaria de ver o resto da galáxia. Nada
acontece por aqui.
Buscador riu.
— Entendo como você se sente. O que você gostaria de fazer lá fora?
— Não sei, — disse Aya. — Talvez pilotar uma ave de metal, como
você.
— Você seria uma boa pilota. Ouvi dizer que você é uma excelente
cavaleira de aves.
Aya ficou satisfeita. Mas então ela se lembrou de Deek-Deek e o luto
abafou o seu orgulho.
— Uma cavaleira é tão boa quanto a sua montaria.
Buscador assentiu.
— Um sentimento sábio. Deve haver confiança entre o piloto e a
montaria.
— Como você confia em uma máquina? — perguntaram Tonn e Aya
juntos.
Antes que Buscador pudesse responder, a Anciã Kailla se aproximou
deles.
— Crianças, — disse a anciã, — é hora de vocês deixarem o nosso
convidado em paz e irem para a cama.
Relutantemente, Aya e Tonn disseram os seus adeus e foram embora.
A Anciã Kailla sentou-se ao lado de Buscador. Eles compartilharam
uma tigela de noz de doco, passando-a de um lado para o outro, sorvendo o
doce suco fermentado.
— As nossas histórias dizem que antes do seu Império, antes da sua
Velha República, antes mesmo de haver Jedi, o nosso povo veio a este
mundo em busca de refúgio, — disse a anciã sem provocação.
Buscador deu um gole na tigela e não disse nada.
A anciã continuou em um tom sonhador, como se estivesse falando mais
para si mesma do que para Buscador.
— A Maré é uma força poderosa, e ela pode te afogar assim como te
elevar. Muito antes de chegarem a Lew'el, os nossos antepassados
aprenderam como cavalgar a Maré. Por um tempo, eles foram as estrelas
mais brilhantes da galáxia, despertando o interesse daqueles que amavam o
poder e buscaram a ajuda de meus antepassados em sua busca por mais
dele. Alguns de meus antepassados sucumbiram à tentação e acreditaram
que poderiam dominar uma força que sustentava o próprio tecido da
existência; outros acreditavam que era impossível e também moralmente
repugnante tentar transformar a Maré, o éter que conecta tudo a tudo mais,
em um instrumento de dominação. A guerra entre eles trouxe grande
sofrimento e devastou mil mundos antes de finalmente se extinguir. Os
sobreviventes vieram para Lew'el para se esconder, prometendo nunca mais
permitir que o conhecimento da Maré fosse usado para pervertê-la.
— Você tem medo do lado sombrio da Força, — disse o Buscador.
A Anciã Kailla balançou a cabeça.
— Não pensamos na Maré dessa maneira. O fluxo e refluxo são fases de
uma única Maré, não dois lados opostos. Usar a Maré é pervertê-la.
Mais aldeões se levantaram e foram para a cama. Apenas alguns
permaneceram, ainda dançando, rindo e cantando ao redor do fogo.
Após alguns minutos, Buscador quebrou o silêncio.
— Com saltos de hiperespaço, podemos viajar mais rápido que a luz. —
Ele apontou para o céu estrelado. — A luz que você vê de algumas dessas
estrelas levou centenas de anos, até milhares, para chegar aqui. O que você
vê lá em cima não é, na verdade, um reflexo da realidade. Algumas dessas
estrelas já se moveram muito das posições que você vê nas constelações.
A Anciã Kailla riu.
— Você não precisa falar em parábolas para mim. A Maré conecta tudo
no universo em uma única teia, de modo que grandes tremores são sentidos
instantaneamente através de todos os fios. Não somos ignorantes quanto à
realidade na galáxia mais ampla.
— Então você também deve saber que algumas das estrelas não existem
mais, que alguns dos mundos lá em cima foram destruídos, e milhões de
vozes foram silenciadas de uma só vez por aqueles que anseiam pelo poder
acima de tudo.
O rosto da anciã caiu.
— Senti esses choques na Maré, como se um grande tsunami varresse
um recife de coral, deixando devastação e esqueletos branqueados para trás.
A cor da vida se esvaiu das correntes, e apenas a dor sombria do luto
permaneceu.
— Alguns se voltaram para o lado sombrio da Força e desejam afogar a
galáxia em uma maré crescente de sofrimento. Cabe a nós, que temos
conhecimento da Força, detê-los, restaurar o equilíbrio. Mas as mortes dos
Jedi fizeram com que muito conhecimento sobre a Força fosse esquecido, e
é por isso que busco seu conhecimento, para que possamos derrotar o lado
sombrio.
— Eu já disse: não existe 'lado luminoso' ou 'lado sombrio', — disse a
anciã. — A Maré está além do poder de qualquer pessoa ou grupo. São
aqueles que buscam dominá-la, controlá-la, qualquer desculpa que
inventem para si próprios, que causam sofrimento. O nosso conhecimento
não deve ser compartilhado.
— O conhecimento pode ser usado para o bem ou para o mal, — disse
Buscador. — Estudo a Força não para ganhar poder, mas para trazer
equilíbrio e justiça de volta à galáxia. Vocês são pacifistas, mas o mal deve
ser confrontado, e vocês podem ajudar. As últimas palavras do meu mestre
para mim foram: 'Transmita o que você aprendeu.' É um dever.
A anciã suspirou.
— Nunca vamos convencer um ao outro.
Buscador esvaziou a tigela de noz de doco.
— Então, por que ensinar os seus filhos sobre a Maré? Por que não
deixar o conhecimento afundar no abismo do esquecimento?
— Não ensinamos a ninguém sobre a Maré até que tenham provado
estar livres do desejo de dominá-la.
Buscador olhou para a tigela vazia de noz de doco por um tempo,
aparentemente tentando tomar uma decisão.
— Então deixe-me provar isso. Dê-me os mesmos testes que vocês dão
às suas crianças.
A Anciã Kailla olhou para Buscador.
— Você estaria disposto a ser tratado como uma criança para obter esse
conhecimento?
— Não há vergonha em desaprender o que aprendi na busca pela
sabedoria.
A anciã balançou a cabeça e riu.
— Só posso desejar que um dia você também seja importunado por um
aluno tão persistente em aprender o que você não deseja ensinar.
A aldeia estava agitada de excitação. Pela primeira vez na memória viva,
um forasteiro iria tentar os antigos testes usados para selecionar aqueles que
seriam agraciados com o privilégio de estudar a arte de cavalgar a Maré.
Tonn estava especialmente animado. Ele havia sido escolhido para
administrar o teste para Buscador.
O primeiro teste também era o mais simples, caminhada nas nuvens.
Buscador parecia confuso.
— Você quer dizer que eu devo... caminhar no céu?
— Não, — disse Tonn rindo. — O nome é uma metáfora. Vou te
mostrar.
Os aldeões de Ulon Atur deixaram a ilha nas costas de um bando de
wind-trusters e se dirigiram para o mar aberto ao sul. Aya, que ainda estava
lamentando a morte de Deek-Deek, montou com a Anciã Kailla. Buscador
montava atrás de Tonn em Coni-Co e fez perguntas a ele sobre como
'pilotar' uma ave gigante. Tonn estava se divertindo atuando como
professor.
Ao sinal da Anciã Kailla, o bando mergulhou na calma do mar perto de
um atol que mal se destacava da água.
— Este atol, chamado Ulon Ipo-Lito, dizem ser os restos de uma ilha
submersa que uma vez abrigou outro assentamento como o nosso. Por
gerações, tem sido o campo de provas para o teste de caminhada nas
nuvens.
— Entre na água e observe, — disse Tonn. Ele mergulhou das costas de
Coni-Co e desapareceu sob a superfície com pouco respingo. Com cuidado,
Buscador deu um mergulho profundo e o seguiu para dentro do mar.
Submerso, o atol se expandiu em uma montanha submarina que descia
nas profundezas turvas. A ponta da montanha, a parte banhada pela luz do
sol brilhante filtrada através da água clara, tinha cerca de um quilômetro de
circunferência. Coberta por corais coloridos e algas ondulantes, a montanha
também estava cravejada de pequenas cavernas das quais jorravam córregos
de bolhas. Os enxames de bolhas realmente pareciam nuvens girando ao
redor do pico de uma montanha alta.
Tonn nadou diretamente para uma das correntes de bolhas e segurou-se
na lateral da montanha. Lá, ele arrancou duas pedras e amarrou-as aos
tornozelos com fios de alga. Assim, carregado, ele olhou para Buscador,
sorriu e fez um gesto com a boca, então inclinou-se sobre a corrente de
bolhas e as engoliu como se estivesse comendo.
Depois que se saciou, ele começou a caminhar em torno da montanha
subaquática ao longo do que parecia ser uma trilha bem percorrida, soltando
correntes de bolhas pelo nariz. Quando chegou à próxima nuvem de bolhas,
ele abriu a boca novamente e engoliu mais ar.
Buscador não podia mais segurar a respiração e nadou para cima,
rompendo a superfície com um grande respingo.
— Uma vez que você inicie o teste, não pode voltar à superfície até ter
circulado a montanha toda, confiando apenas nas nuvens de bolhas para o
ar. Se voltar à superfície, perderá. — A expressão da Anciã Kailla estava
satisfeita, como se tivesse certeza de que Buscador não estava à altura da
tarefa.
Para surpresa dela, Buscador assentiu, respirou fundo e mergulhou
novamente.
Os aldeões assistiam das costas de seus wind-trusters com expectativa.
Quase todos eles tinham tentado o teste embora nem todos tivessem
passado, e sabiam que havia um grande elemento de talento natural
envolvido. Algumas crianças Lew’elanas pareciam ter uma compreensão
intuitiva de como respirar debaixo d'água, confiando que as nuvens de
bolhas reabasteceriam o suprimento de ar em seus pulmões. Outros não
conseguiam superar o seu medo natural de se afogar e nunca desenvolviam
um senso de conforto com a proximidade da morte.
Tonn estava agora a cinquenta metros de distância de onde tinha
começado. Ele parou e olhou para trás para ver o que Buscador faria.
Buscador deslizou pela água em direção à primeira nuvem de bolhas.
Enquanto nadava, ele se desfez de sua vestimenta. Quando chegou à
montanha subaquática, já tinha tirado a sua vestimenta e a segurava sobre as
bolhas como um cobertor sobre uma fogueira ardente.
— O que ele está fazendo?
— Nem mesmo está tentando respirar o ar.
— Ele deve estar aterrorizado.
Os aldeões confusos acima da superfície conversavam entre si.
À medida que as bolhas se acumulavam sob a roupa, ela se inflava
como um balão. Quando Buscador julgou que o balão estava grande o
suficiente para o conforto, ele enfiou a cabeça sob a roupa, na bolha de ar, e
deu um grande gole de ar. Em seguida, agarrou a borda inferior da roupa
como uma água-viva flutuante e, auxiliado por sua flutuabilidade, saltou ao
longo da face íngreme do penhasco submarino até a próxima nuvem de
bolhas, onde reabasteceu o balão da roupa e respirou novamente.
Os aldeões ficaram atônitos em silêncio.
— Isso é trapaça! — disse uma das meninas depois de um tempo.
— Não havia regra contra usar as roupas que ele está vestindo para
ajudar, — disse Aya. Como a pessoa resgatada por Buscador, ela sentia o
dever de defendê-lo.
Naquele momento, Tonn já havia se recuperado da surpresa. Sorrindo,
ele tirou a sua túnica e imitou a técnica de Buscador. Os dois flutuavam ao
longo da montanha submarina, saltando de bolha de nuvem para bolha de
nuvem, parecendo um par de águas-vivas dando um passeio tranquilo.
— Avó, o que Buscador está fazendo realmente vai contra as regras? —
perguntou Aya.
Anciã Kailla balançou a cabeça. Mas Aya achou difícil ler a sua
expressão.
Depois de cerca de quinze minutos, tanto Tonn quanto Buscador haviam
completado o circuito ao redor da montanha e emergido.
— É uma solução não convencional, — disse Anciã Kailla.
— Mas funcionou, — disse Buscador, nadando enquanto afastava o
cabelo molhado de seus olhos. A roupa, ainda cheia de ar, flutuava na
superfície.
— O objetivo da tarefa é adaptabilidade. Você deveria ter aprendido que
a Maré está sempre lá para te sustentar, que você deve confiar nela e
abandonar as suas preconcepções, — disse Anciã Kailla. — Ao confiar na
Maré, você pode respirar debaixo d'água.
— A confiança não significa que você não pode moldar e criar o seu
ambiente também, — contra-argumentou Buscador. — Não significa que
você não pode reunir pequenos bolsões de poder e concentrá-los em algo
maior.
— O fluxo natural da Maré não deve ser moldado, mas sim adaptado,
— disse a anciã.
— Ilhas ficam no mar e direcionam o fluxo da Maré ao redor delas.
Como a roupa de um homem é menos natural que uma ilha? No grande
fluxo da Maré, tudo molda tudo mais. Adaptação não significa apenas
aceitação.
— Posso ver que seus professores devem ter tido muitos problemas com
você, — disse Anciã Kailla. No entanto, ela não soava desapontada.
— Você está certa sobre isso, — disse Buscador. O seu tom tornou-se
nostálgico. — Eu discuto muito com meus professores. — Então ele sorriu.
— Já que estamos discutindo, isso significa que você concordou em ser
minha professora?
— Eu não fiz nada parecido! — Mas Anciã Kailla teve que lutar para
reprimir um sorriso próprio.
Aya deu um polegar para cima ao Buscador quando achou que a sua avó
não estava olhando.

— Agora que você passou no primeiro teste, mais ou menos, você


enfrentará o segundo teste: uma longa jornada nas costas de um wind-
truster, — disse Anciã Kailla.
Buscador suspirou aliviado.
— Eu amo voar.
Anciã Kailla o ignorou e continuou.
— Mas, considerando que você é um piloto experiente e não uma
criança, o seu desafio deve ser mais difícil do que o teste dado aos jovens.
Você deve circunavegar o globo.
Aya olhou para a sua avó, com a boca aberta.
— Mas, Vovó! Ele pilota aquele pássaro de metal... ele nem sabe
como...
— Você vai ensiná-lo, — disse a anciã.
— O quê? — Aya perguntou confusa.
— O teste será difícil, mas também justo. Aya, você voará com ele
como guia para ensiná-lo o que ele deve saber para sobreviver. No entanto,
o seu papel é guiar e acompanhar, não proteger ou ajudar. Você entende a
distinção?
— Mas... Deek-Deek... — Aya não conseguiu continuar. Ela não estava
certa se estaria pronta para cavalgar novamente tão cedo.
— A felicidade se transforma em tristeza; a tristeza renasce como
esperança, — disse a anciã, com voz terna e compassiva. — Confie na
Maré, criança. Você vai pegar Tigo-Lee, a minha montaria. Ela já deu a
volta ao globo mais de sete vezes.
Aya mordeu o lábio inferior e assentiu. Buscador olhou para ela e sorriu.
A anciã continuou.
— Já que o nosso hóspede gosta de fazer o inesperado, Aya, você
também estará lá para garantir que ele não tome atalhos. — Ela se virou
para Buscador. — Apenas no caso de você estar pensando em outros
truques, deixe-me dizer que isso é um teste de resistência física e espiritual.
Planar com a Maré não é um caminho fácil.
— Entendo, — disse Buscador, com o rosto sério.
Anciã Kailla assentiu, satisfeita.
— Um wind-truster pode passar toda a sua vida em suas asas,
enfrentando tempestades de inverno e tufões de verão, apenas roçando a
superfície de tempos em tempos em busca de comida. Ele é totalmente
dependente dos ventos e deve encontrar a corrente certa para levá-lo de um
fluxo aéreo a outro, ganhar altura suficiente com as correntes ascendentes
para deslizar por zonas mortas e escolher o momento perfeito para se
afastar da borda de uma tempestade sem ser consumido por seu centro.
— Circunavegar o globo com um wind-truster é aprender a
insignificância do pássaro individual no grande vento que é o sistema
meteorológico de Lew'el, que é um eco da insignificância do cavaleiro
individual na grande teia que é a Maré.
— Aya também vai se certificar de que você passe pelos Calmos
Equatoriais, se chegar tão longe.
— O quê? — Aya falou novamente. — Isso é impossível...
— É a Maré, não você, que decide o que é impossível, — disse a anciã.
— Mas os Calmos Equatoriais! Nenhum forasteiro conseguiu...
— Já chega!
Aya parecia ainda querer argumentar, mas Buscador interveio.
— Está tudo bem. Não tenho medo de dificuldades; elas sempre nos
ensinam algo.
— Você pode montar Coni-Co, — disse Tonn. Ele havia começado a
gostar ainda mais de Buscador depois do primeiro teste. — Ele é jovem,
mas conhece os ventos tão bem quanto qualquer wind-truster adulto.
— Obrigado, — disse Buscador, sorrindo calorosamente para o garoto.
— Se você achar muito difícil continuar, — disse Aya, — apenas deixe
Coni-Co saber. Ele vai procurar a terra mais próxima e conseguir ajuda para
você. — Ela pausou e, depois de um momento, acrescentou: — Não vou
facilitar para você. Você está sendo testado.
— Eu não esperaria nada menos, — disse Buscador. — Só empurrando
contra limites podemos descobrir quem realmente somos.
Finalmente, a manhã do teste chegou. O sol espreitou acima do horizonte
leste, e todo o mar estava dourado líquido. Era um dia calmo e sem nuvens,
clima perfeito para voar.
Os aldeões trouxeram metades de conchas de doco cheias de suco doce
e pratos de carne de marlim gorda para que Aya e Buscador enchessem os
seus estômagos. Eles também trouxeram tiras de peixe seco envoltas em
folhas de árvore doco e pacotes de nozes frescas de doco para os dois
levarem como suprimentos.
A aldeia inteira se reuniu na praia, com seus wind-trusters alinhados
atrás deles. Diante deles, Tigo-Lee e Coni-Co estavam orgulhosamente
parados, Buscador e Aya em suas costas. Os pássaros pareciam bem
descansados, e suas penas oleadas brilhavam.
Anciã Kailla assobiou alto, e o chamado foi repetido por todos os outros
wind-trusters.
— Vão! — ela gritou.
E ambos os wind-trusters decolaram, dirigindo-se ao sol nascente.

Levou um tempo para Buscador se adaptar a pilotar um wind-truster.


— Não é exatamente como pilotar uma máquina, — ele gritou para Aya.
— Eu tenho que mover o meu corpo em sincronia com Coni-Co. A sorte é
que ele é bem paciente comigo.
— Você aprende rápido! — Aya gritou de volta. — Me diga como é
voar na sua ave de metal.
Aya e Tigo-Lee mantiveram um ritmo tranquilo ao lado de Buscador e
Coni-Co. Aya não voava devagar para o benefício de Buscador. Vento-
trusters poderiam passar tanto tempo no ar porque conservavam energia
sempre que podiam. Exceto ao decolar ou ao mergulhar para pegar comida,
os wind-trusters mal batiam as asas. Um wind-truster procurava planar nas
correntes mais fortes, agarrar-se aos mínimos ascendentes, planar pelo
maior tempo possível.
— Não é tão divertido quanto cavalgar um wind-truster, mas há
algumas coisas que são iguais...
A melhor coisa que um cavaleiro poderia fazer por um wind-truster era
minimizar o fardo imposto ao pássaro, não o fatigar movendo o peso ao
redor e lançando o centro de gravidade do pássaro fora de equilíbrio. Era
mais uma maneira sutil pela qual cavalgar um wind-truster ecoava a
psicologia necessária para planar com a Maré: o cavaleiro tinha que fluir
com o pássaro, em vez de tentar impor a sua vontade sobre ele. Os melhores
pilotos de wind-trusters também eram aqueles que aprendiam a se mover
em sincronia com o pássaro, a antecipar uma mudança no vento antes
mesmo de o pássaro perceber.
— Então você poderia pilotar um X-Wing porque sabia como pilotar um
skyjumper?
— Um skyhopper. Mas sim, os controles são parecidos. Na verdade,
costumava ir para um lugar chamado Cânion Beggar...
Aya adorava ouvir sobre as aventuras de Buscador no resto da galáxia.
O mar era vasto e sem limites, mas a galáxia parecia infinitamente maior.
Ela desejava poder ver alguns dos recifes e ilhas que ele estava
descrevendo, ou até mesmo ilhas às quais ele nunca tinha ido.
Por volta do meio-dia, com o sol diretamente acima, Buscador guiou
Coni-Co para voar acima de Tigo-Lee. A sombra projetada pelas quatro
asas gigantes do pássaro ofereceu um alívio bem-vindo a Aya abaixo.
— Não faça isso, — disse Aya. Ela franziu a testa para o cavaleiro
acima dela. — Você acha que estou tão abaixo de você que preciso ser
protegida do sol?
— Desculpe, — disse Buscador. — Eu não quis ofender, e deveria ter
falado com você primeiro. Quando voamos em formação, é natural que os
membros da equipe se revezem na liderança.
— Revezamento?
— O calor cria uma corrente ascendente sobre o mar, então se eu voar
acima de você, você aproveita mais o benefício enquanto eu forneço
sombra. Vamos nos alternar depois de um tempo, para que eu tenha o
benefício da corrente ascendente enquanto você me protege. Somos iguais.
— Mas eu deveria ser a sua guia.
— Uma vez carreguei o meu professor nos meus ombros. Isso não o
tornava menos professor. Muitas coisas na vida são melhores quando você
cria um equilíbrio: proteger os outros e ser protegido, elevar-se e elevar os
outros. Usar a Força é sobre encontrar equilíbrio.
— Hum.
Aya sentiu uma nova forma de navegar pela Maré, mas ainda não
conseguia compreender totalmente.

Verdadeira à previsão de Aya, a jornada realmente se tornou muito mais


difícil.
Quando os wind-trusters ficavam com fome, desceram para lanchar em
cardumes de peixes voadores ou esteiras de aquafungi flutuante. Buscador e
Aya aproveitaram essas oportunidades para reabastecer seus suprimentos
com um peixe ocasional ou bola de fungos enquanto suas montarias
deslizavam as ondas. A carne crua do peixe voador era mastigável e
resistente, mas bastante saborosa, e as bolas de fungo estavam cheias de
água fresca.
No entanto, esses petiscos não eram suficientes para encher as barrigas
dos wind-trusters, e ocasionalmente eles tinham que mergulhar no mar em
busca de presas maiores. Esses mergulhos eram especialmente desafiadores
para os cavaleiros, pois eles tinham que se segurar em suas montarias sem
se mover durante todo o processo. Enquanto os pássaros gigantes
mergulhavam de centenas de metros acima do mar direto para o reino
aquático, chutavam e remavam nas correntes turbulentas em perseguição à
presa, fechavam seus bicos em torno da forma ágil de um marlim ou
golfinho escamoso, flutuavam até a superfície, batiam as asas e moviam as
pernas furiosamente para ganhar velocidade e, eventualmente, altitude, os
cavaleiros tinham que prender a respiração por minutos a fio e achatavam
seus corpos contra os torsos aerodinâmicos dos pássaros para minimizar o
arrasto.
Depois da primeira vez que Coni-Co mergulhou para pegar um filhote
de marlim, Aya percebeu que a experiência tinha cobrado um preço pesado
de Buscador fisicamente. Ele emergiu com o rosto pálido, tremendo
incontrolavelmente e tossindo e expelindo água dos pulmões. Ela se
preocupou que ele caísse do wind-truster e caísse no mar. Sua condição
lembrou vividamente a sensação que ela tinha sentido da primeira vez que
Deek-Deek a levou em um mergulho. No entanto, embora ela estivesse
apavorada e simpática, teve que se lembrar de não interferir. Afinal, era um
teste, e ele tinha que suportá-lo ou falhar.
De alguma forma, Buscador conseguiu se manter no wind-truster. Cerca
de dez minutos depois, depois que o sol brilhante o secou e ele recuperou
parte de sua força, ele até conseguiu levantar a cabeça e sorrir para Aya.
Antes da próxima alimentação de Coni-Co, Buscador criou um novo
aparelho para si mesmo. Ele pegou metade de uma casca de noz de doco e
fez dois buracos nela, cobrindo-os com um par de asas translúcidas de um
peixe voador. Então ele encaixou a casca sobre o rosto como uma máscara e
a prendeu na cabeça com uma corda curta feita de folhas torcidas da árvore
doco. Ele parecia tanto um espírito bobo de noz de doco de uma das
histórias de ninar do Ancião Kailla que Aya riu.
Na próxima vez que Coni-Co mergulhou no mar, Aya observou
enquanto Buscador virava a cabeça para todos os lados debaixo d'água,
olhando através das lentes translúcidas de seus óculos improvisados. Dessa
vez, quando o wind-truster emergiu na superfície novamente, Buscador
removeu a máscara e soltou um grito de alegria.
— Isso é muito engenhoso, — disse Aya admirada.
— Pilotos usam capacetes assim durante o combate, — disse Buscador.
— Eu tenho um no meu X-Wing que posso te mostrar quando voltarmos.
A conversa sobre guerra deixou Aya mais séria. Buscador era alguém
que buscava controlar a Maré para causar dor, talvez até matar. Ela se
perguntava como um homem assim poderia entender o pacifismo de Lew'el.

Eles continuaram sobre o mar sem fim, dia após noite após dia, sempre com
o sol surgindo à sua frente, sempre com as estrelas girando acima.
Às vezes, uma tempestade os separava, por algumas horas ou até
mesmo alguns dias. Aya buscava o mar e o céu ansiosamente durante esses
momentos, incerta se veria Buscador novamente. Mas de alguma forma eles
sempre conseguiram se encontrar, auxiliados pela audição aguçada e pela
visão dos wind-trusters.
O Buscador aprendeu a identificar correntes ascendentes sobre o oceano
por mudanças sutis no ar cintilante ou pelas cores em mutação do mar. Ele
ficou melhor em guiar Coni-Co, e o pássaro também aprendeu a confiar em
seu cavaleiro inexperiente, que parecia ter um jeito de perceber a direção
certa para virar e pegar as correntes mais rápidas.
Eles dormiam no vento, segurando-se nas selas de bambu. Esgotavam
os seus suprimentos e sofriam com a fome entre as alimentações pouco
frequentes. Em tempestades, suportavam serem atingidos por pedras de
granizo e chuva pesada. Sob a luz solar tropical escaldante, sentiam a sua
energia ser drenada gota a gota pelo suor no calor implacável. Aya
observava enquanto a pele de Buscador ficava com bolhas e o seu rosto se
tornava cadavérico.
Ele tinha suportado, e estava prestes a passar pelo teste.
E então o momento que Aya estava temendo chegou.
Eles haviam voado por um mês, e estavam se aproximando de Ulon
Atur pelo oeste, a poucos dias de completar a grande circunavegação,
quando o vento desapareceu de repente de sob as asas dos wind-trusters.
Ambas as aves mergulharam precipitadamente antes de baterem as suas
asas vigorosamente para recuperar altitude.
— Bem-vindo a Estagnação — disse Aya.
A Estagnação eram uma área do oceano cujo tamanho e forma
mudavam com as estações. Uma combinação de correntes oceânicas e
padrões climáticos criava um local na superfície de Lew'el onde os ventos
morriam. Voar por essa região era extremamente exigente, já que os wind-
trusters tinham que manter as suas asas em movimento o tempo todo. Wind-
trusters que entravam acidentalmente nesse trecho às vezes entravam em
pânico, perdiam toda a noção de direção e nunca conseguiam sair. Eles
acabavam caindo mortos dos céus eventualmente, tendo esgotado até a
última gota de energia tentando se manter no ar.
Mas como os wind-trusters raramente entravam nessa área, também era
um local favorito para suas presas se reunirem, especialmente o esquivo
marlim dourado, cujas escamas cintilavam com um brilho tão brilhante
quanto ouro líquido.
— Aqui você enfrentará o terceiro teste — disse Aya.
Buscador olhou para ela, através do espaço entre as asas batentes de
suas respectivas montarias, com o seu rosto cheio de perguntas.
— Quando a Avó me pediu para guiá-lo até a Estagnação, ela pretendia
invocar uma antiga tradição. O terceiro teste é um teste de pesca, e
geralmente se espera que o jovem capture algo raro e valioso. Mas o peixe
mais difícil de pegar é o marlim dourado, que só se aproxima da superfície
da Estagnação.
— Estou... lisonjeado — disse Buscador. — Um mestre impõe o teste
mais difícil apenas ao aluno mais promissor.
— Não presuma — disse Aya. — A Avó sempre diz que o teste mais
difícil é reservado tanto para os alunos mais promissores, para levá-los mais
longe, quanto para os alunos mais perigosos, para mantê-los afastados.
Buscador assentiu.
— Ambição e vaidade, ambos levam ao lado sombrio. Eu entendo.
Então... o que eu preciso fazer?
— Eu vou te mostrar.

— Como... como posso fazer algo com isso? — perguntou Buscador. Sua
voz estava carregada de incredulidade, mas também de uma espécie de
admiração.
Era fácil entender o por quê. Ele segurava um longo e fino bastão
horizontalmente pelo meio, e o bastão se estendia meio quilômetro de cada
lado de Coni-Co. O bastão era tão longo que ambas as extremidades
desapareciam à distância de seu poleiro no pássaro. Era como um
equilibrista em circos ainda populares em alguns dos Mundos do Núcleo,
exceto que o seu bastão de equilíbrio era absurdamente longo.
— Você deve pescar — disse Aya.
Tanto ela quanto Buscador estavam equilibrados precariamente nas
costas de seus wind-trusters, com as pernas enroladas firmemente em volta
dos pescoços das aves e as suas cinturas amarradas às suas montarias com
finas linhas de segurança feitas de seda de caranguejo de pedra. Eles já não
estavam sentados com segurança em suas selas.
Isso porque Aya tinha acabado de passar a última hora mostrando a
Buscador como desmontar as selas de bambu peça por peça e conectar as
extremidades dos finos mastros segmentados entre si até que eles tivessem
montado as lanças de pesca de um quilômetro de comprimento.
Aya continuou explicando:
— Como não há vento na Estagnação, os wind-trusters têm medo de
voar muito baixo, porque se caírem na água, talvez nunca consigam ganhar
velocidade suficiente para decolar novamente. Você não pode mergulhar
para pescar aqui. Em vez disso, você tem que espetar o peixe que deseja da
parte de trás de um wind-truster com esse bastão.
— Mas eu nem consigo me mover com essa coisa! — disse Buscador.
— Não tem como eu pescar assim.
— Me observe — disse Aya, e ela tocou levemente Tigo-Lee para virar.
Ela fechou os olhos e controlou a respiração.
Para cada refluxo há um fluxo; para cada fluxo há um refluxo. A lua
cheia deve minguar assim como a lua nova deve crescer. A felicidade vira
tristeza; a tristeza renasce como esperança. Não há nada constante exceto
a mudança na Maré, e eu sou a Mudança.
O mundo desapareceu ao mesmo tempo em que se concentrou. Ela era
um nó na teia infinita que conectava as estrelas mais distantes que ainda
estavam nascendo no núcleo da galáxia com os menores movimentos de
esperança na câmara mais íntima de seu coração. Ela era um ser luminoso,
uma corda vibrante de força infinita, tão resiliente quanto o mar, tão bela
quanto toda a Criação, tão transcendente quanto toda a matéria, forjada no
coração de estrelas em explosão e refinada através de éons de ciclos de vida
e morte sem fim.
Aya abriu os olhos e soltou o bastão com a mão direita. Lentamente,
como a mão de um velho relógio mecânico, a lança mergulhou com a mão
esquerda como fulcro, girando a partir de sua posição horizontal de repouso
até apontar para baixo. Ela afrouxou o aperto da mão esquerda, e a lança
mergulhou, acelerando através do anel solto formado por seu punho.
Justo antes que a lança caísse completamente, seus dedos se apertaram,
e enquanto Tigo-Lee de repente dobrava suas asas firmemente ao seu redor,
Aya empurrou a lança de um quilômetro para dentro do mar. Com um grito
alto, Tigo-Lee abriu suas asas e as bateu numa explosão de movimento,
impulsionando tanto a si mesma quanto a Aya para cima em um ângulo
acentuado.
Aya gritou triunfantemente quando a ponta de sua lança de bambu saiu
da água. Um brilho dourado intenso se debatendo na ponta mostrou que ela
havia capturado um esquivo marlim dourado. Devia ter pelo menos cinco
quilogramas.
— Como... — a voz de Buscador se desvaneceu. — Tudo bem, deixe-
me tentar isso.
Por horas, Buscador guiou Coni-Co em círculos sobre a Estagnação.
Com a ajuda de Aya, ele aprendeu a ver os reflexos característicos do
marlim dourado, e ele se lançou atrás deles com sua lança de um
quilômetro. Aya estava impressionada com sua habilidade com a Maré.
Embora desajeitado no início, em breve ele aprendeu a balançar e se lançar
com a arma desajeitada como se fosse um arpão comum. E os seus sentidos
pareciam se afiar a cada passagem. No final da tarde, Buscador já conseguia
identificar um marlim dourado de uma distância maior do que os próprios
wind-trusters ou Aya.
Ela percebia que, ao se estender pelas correntes da Maré, ele estava
canalizando e moldando os fluxos e tributários da Maré para realizar essas
façanhas. A sua capacidade de manipular a Maré dessa forma a fascinava e
a assustava ao mesmo tempo.
Ainda assim, o Buscador não conseguia espetar um marlim dourado.
Sempre, no último momento, a ponta da lança errava o alvo, às vezes por
meros centímetros.
— Eu não entendo — ele finalmente disse, soando derrotado. — Eu
usei todos os truques que conheço...
— Por que você não confia na Maré? — perguntou Aya. — Por que
você sempre tenta usá-la?
— Eu não entendo — disse Buscador. — Como posso realizar o que
preciso fazer sem recorrer à ajuda da Força?
— Eu nunca vi alguém tão sensível à Maré — disse Aya. — Eu acho
que nem mesmo a Avó está à sua altura. Mas você está separado da Maré.
Você não se deixa imergir nela.
— A Força é minha aliada. — Aya balançou a cabeça, frustrada. — Isso
não é o que eu quero dizer. Você não pode soltar. Você quer estar no
controle. Mas você deve confiar na Maré; você deve deixar que ela o eleve
e o empurre para onde ela já sabe que você deve ir. — Buscador não disse
nada enquanto parecia pensativo. Então, acenou para Aya para que ela
continuasse falando.
— Você não pode capturar o marlim sozinho, não importa o quanto
tente dobrar a Maré à sua vontade, — disse Aya. — Você precisa confiar na
Maré para guiar o peixe e a ponta da lança juntos, e se colocar na vontade
da maré de subir e descer.
— Então... você está dizendo que a falta de confiança de que as coisas
darão certo sem minha intervenção é o motivo pelo qual não consigo pegar
o peixe, — disse Buscador.
— Sim, é isso, exatamente.
— 'É por isso que você falha', — murmurou Buscador.
— O que você quer dizer? — perguntou Aya.
Buscador balançou a cabeça e sorriu.
— Eu estava lembrando de algo que o meu mestre me disse uma vez,
quando eu não conseguia aprender o que ele queria me ensinar porque eu
não acreditava que fosse possível. Muito do aprendizado é desaprender o
que eu pensava que sabia.
Aya assentiu.
— Isso parece algo que a Avó diria.
Buscador riu.
— Tenho quase certeza de que a sua avó e o meu velho mestre teriam se
dado muito bem.
Ele fechou os olhos e guiou Coni-Co em um amplo arco. Aya sentiu a
mudança na Maré à medida que algo mudava em sua atitude. Já não ansioso
ou impaciente, Buscador relaxou todo o corpo, parecendo não se importar
que estava sentado nas costas de um pássaro gigante trabalhando
vigorosamente sobre um vasto mar sem costa à vista e sem vento atrás de si.
A ponta de sua lança mergulhou e depois balançou sobre o mar como
um pêndulo. Buscador estava ao mesmo tempo passivo e pronto para agir, o
potencial de ação infinita enrolado em uma única pose de inação.
Coni-Co mergulhou. A lança se estendeu da mão de Buscador como o
tentáculo de uma água-viva atacando. O wind-truster puxou bruscamente
para cima e grasnou enquanto se esforçava para ganhar altitude. O wind-
trusters em suas costas puxou a lança para fora do oceano, e na ponta da
lança um peixe dourado maciço se contorcia e batia.
— Isso deve ter pelo menos cem quilogramas! — gritou Aya. Ela não
podia acreditar.
Coni-Co lutou muito, mas não conseguiu superar o peso do peixe. O
pássaro logo mergulhou de volta em direção ao mar.
— Ah, não! — Aya exclamou. — Como vamos pegar de volta esse
peixe?
— Não vamos, — disse Buscador. Ele segurou a lança de bambu com
força com ambas as mãos, como se fosse a empunhadura de uma espada
enorme. Aya viu os músculos de seus braços se destacarem com o esforço, e
sentiu as cordas da Maré vibrarem ao seu redor. A ponta da lança, bem
abaixo, girava em um padrão como as pétalas de uma flor, e o peixe,
desalojado da ponta, caiu de volta na água com um grande som de splash.
— A lança passou pelo cartilagem abaixo da barbatana superior, —
disse Buscador. — O peixe vai ficar dolorido por alguns dias, mas vai
sobreviver.
Coni-Co, aliviado do peso, subiu de volta, e seus grasnados soaram
cheios de exaustão, bem como de alegria.
— Devemos voltar, — disse Buscador. — Os wind-trusters estão sem
vento por tempo demais. Acho que não conseguirão se manter no ar por
muito mais tempo na Estagnação.
— Mas o seu peixe escapou, — disse Aya. — Você vai falhar no teste.
— É hora de deixar pra lá, — disse Buscador, e não havia tristeza ou
decepção em sua voz. Apenas aceitação.
Aya assentiu, e os dois wind-trusters iniciaram o longo voo para leste,
em direção a Ulon Atur.

— Você chegou perto, — disse Anciã Kailla. — Mais perto do que qualquer
estrangeiro.
Buscador assentiu.
— Embora eu não tenha passado no teste, já aprendi muito que é
valioso.
— O que você aprendeu?
— Ver o lado luminoso e o lado sombrio da Força como espuma
ensolarada e redemoinhos sombrios na mesma Maré; aceitar que a Força
tem uma vontade maior do que o indivíduo; confiar que, às vezes, ceder não
é se render, mas se dissolver no grande tecido que conecta todos a todos.
Anciã Kailla sorriu.
— Você pode ter aprendido tudo o que poderíamos ter te ensinado,
afinal. Às vezes, falhar em um teste é o mesmo que passar nele. 'Não fazer'
pode ser tão bom quanto, senão melhor que, 'Fazer'.
Buscador se curvou para ela.
— E existem mais maneiras de servir o bem do que lutar e enfrentar o
mal. Você também serve o bem ao manter a guarda e manter piscinas de
tranquilidade e paz; você também repreende o mal ao mostrar que há outro
caminho além da morte e da guerra. Todos nós estamos conectados pela
Maré, e há um momento e lugar para descansar, bem como um momento e
lugar para agir.
A anciã se curvou de volta.
— Você será sempre bem-vindo aqui, Buscador, Andarilho das Nuvens
e Poupador de Peixes.

Buscador estava em sua cabine de piloto, preparando o pássaro de metal


para decolar. O cérebro em forma de cúpula do pássaro, azul e prateado,
piava e assobiava com entusiasmo.
Aya parou para se despedir.
— Para onde você vai agora? — perguntou Aya.
— Para buscar outros aspectos da Força, a Maré. A galáxia é grande, e
há sempre muito mais a aprender. Confio que a Maré me guiará para onde
devo ir em seguida. Eu nem sempre tenho que estar caçando o peixe. O
peixe virá até mim quando o momento for certo.
Aya sorriu.
— Um dia verei a galáxia, — ela disse. Não havia dúvida em seu tom.
Buscador a olhou e sorriu afetuosamente.
— Confie na Maré e vá para onde ela te levar.
Mas Aya balançou a cabeça.
— Não, isso não é por causa da Maré. Eu quero ver a galáxia. Não hoje,
não neste ano, mas farei isso acontecer. Há guerra e conflito, bem e mal lá
fora, mas eu sempre posso escolher o lado certo, elevar aqueles em quem
confio e restaurar o equilíbrio. — Depois de um momento, ela acrescentou:
— Você me ensinou isso.
— Nós nos revezamos para nos elevar, — disse Buscador.
Ela acenou para Buscador.
— Que você confie na Maré.
A expressão de Buscador se tornou sombria.
— Que a Força esteja com você.
O Buscador também é Luke Skywalker?
Você é a Aya? Você finalmente saiu de casa para ver a galáxia?
Você tem medo de que os outros possam te prejudicar se souberem que
você pode nadar na Maré?
É por isso que você é uma clandestina cheia de segredos?
Você está tentando encontrá-lo?
Teal tinha um milhão de perguntas rodando em sua cabeça, mas ela
mordeu a língua e as engoliu. Obviamente, era muito para a clandestina ter
lhe contado até mesmo aquilo, e ela entendia que a confiança tinha que ser
conquistada. Além disso, não havia tempo para conversas ociosas. Elas
tinham que executar o plano para tirar a mulher da nave pela manhã sem
alertar o Capitão Tuuma.
— Vamos lá, — disse Teal, estendendo uma mão. — Vamos.
Depois de uma breve pausa, ela acrescentou:
— Canto Bight é como nenhum outro lugar na galáxia. Está cheio de
pessoas estranhas e visões estranhas, todas elas vindas de algum outro lugar.
Mas também é um lugar onde qualquer um pode encontrar um cantinho
para chamar de lar. Você estará segura se for cuidadosa.
— Como um recife de coral? Onde a gigantesca baleia de dorso de
navalha e o minúsculo camarão-alfinete podem encontrar seus nichos?
— Claro. Exatamente assim. — Teal nunca tinha visto um recife de
coral, mas a ideia de pensar na cidade de artifício daquela forma a fez sorrir.
— Você precisará de um nome, algo que não chame a atenção.
A mulher segurou a mão de Teal.
— Me chame de Flux. Eu sou a Mudança.

Silenciosamente, eles se arrastaram pelos corredores, passando de sombra


em sombra, se escondendo atrás de dutos de ventilação ou se enfiando em
recortes de acesso sempre que um dos oficiais da nave passeava.
Finalmente, eles voltaram para o convés da sala de refeições, que estava
deserta.
— Por que estamos aqui? — perguntou Flux.
— Os funcionários do porto fazem uma varredura profunda nas áreas de
carga da nave em busca de contrabando ao chegar, — disse Teal. — Então
você não poderia ficar onde estava. Os escâneres que eles usam são tão
potentes que podem te matar.
— Eles não verificam os alojamentos da tripulação?
— Eles fazem uma inspeção manual, — disse Teal, — e conferem a
tripulação e os passageiros com o manifesto.
— Mas aqui não tem onde se esconder, — disse Flux, olhando para as
mesas baixas na área de refeições e para os pequenos armários na cozinha.
— Pensei em um lugar onde eles nunca olham, — disse Teal, um sorriso
no rosto. Ela abriu uma porta estreita para revelar a abertura de um
escorregador inclinado que descia para a escuridão. — Isso leva ao porão,
onde os resíduos e o lixo da nave são armazenados. Os inspetores de
alfândega nunca olham lá, e uma vez que atracamos, o porão é esvaziado
nos esgotos do porto.
Flux olhou para o escorregador aberto com ceticismo.
— Não sei quanto a isso...
— Vai cheirar mal lá embaixo, — disse Teal. — Mas é realmente o
lugar mais seguro...
— Thbtttttt! Doo-weep!
Flux e Teal se viraram e viram a figura baixa e quadrada de G2-X, o
zelador da nave. O antigo droide não parecia contente em encontrar os dois
invadindo o seu domínio.
— Beep-doo-weep-weep? Dee-thweep?
— Ela é... uh... uma passageira que está doente durante toda a viagem,
— disse Teal, tentando desesperadamente encontrar alguma desculpa
plausível. — Ela está... hm... ela se sentiu melhor e achei que íamos
encontrar alguma comida...
— Dwoo! Eep-doo-TWEE-TWEE. Boop-teek-teek-THWEE...
— Ei, acalme-se! — disse Teal, agitando as mãos na tentativa de
acalmar o droide. — Você sabe que eu não sou fluente em binário. Não
fique agitado. Vamos ser razoáveis aqui...
— Apenas o que vocês estão tramando?
— E quem é ela?
Teal olhou na direção das novas vozes. G'kolu e Tyra estavam na
entrada da sala de refeições.
— Levantei para usar os banheiros e vi vocês se esgueirando pelos
corredores, — disse G'kolu. — Então acordei Tyra para seguir vocês e ver
que diversão estávamos perdendo.
G'kolu e Tyra olharam de Teal para Flux e depois para o ainda piando e
chiando G2-X.
— Ela é a razão pela qual você levou a sua comida da sala de refeições
mais cedo? — perguntou G'kolu. — Pensei que você estava se comportando
de forma suspeita...
Teal estava prestes a explicar quando um barítono profundo ecoou pelos
corredores.
— G-2? O que está acontecendo? Há algo errado?
— É o primeiro oficial, — sussurrou Teal. — Por favor! Eu estou
implorando! Me ajude. Não podemos deixar que ela, — ela apontou para
Flux, — seja encontrada. Você sabe o que vai acontecer.
G'kolu e Tyra se olharam. Enquanto os chifres de G'kolu se torciam e
sacudiam e os olhos de Tyra se estreitavam e se alargavam, pareciam estar
tendo uma conversa silenciosa. Então ambos assentiram.
Tyra estava ao lado de G2-X em um segundo. Sua mão esquerda cobriu
o digitalizador de áudio do droide enquanto ela segurava o droide
firmemente contra o corpo com o braço direito em um único movimento
suave. Enquanto o droide surpreso se contorcia e lutava, pelo menos o piar
tinha sido abafado. Tyra se aproximou dos receptores de áudio do droide e
assobiou e piou silenciosamente.
Flux e Teal olharam para a cena incrédulas.
Os chifres de G'kolu fizeram uma curva meio desconfiada.
— Acho que você aprende algumas habilidades interessantes como um
sucateiro, — murmurou ele. Então ele se virou e correu para o corredor,
gritando: — Bani-Ani! Primeiro Oficial! Sou eu!
Os outros se reuniram na escuridão da sala de refeições enquanto
ouviam a conversa no corredor.
— Por que você está acordado?
— Passamos um pouco de tempo com o terceiro oficial contando
histórias, e quando saí, acho que deixei cair o meu limpador de ouvido.
Voltei para procurar, e G-2 estava me ajudando.
— Procurando o seu limpador de ouvido? Ouvi muita agitação. O
droide parecia muito animado.
— Você sabe o quanto sou desajeitada. Enquanto eu estava procurando,
derrubei o pote de graxa que o Dwoogan estava guardando para depois.
Então o G-2 ficou irritado comigo.
— G-2, isso é verdade? — O primeiro oficial soou suspeito. Seus
passos pesados se aproximaram.
O rosto de Teal empalideceu. Mas Tyra removeu a mão do digitalizador
de áudio de G2-X e assobiou suavemente em seu receptor.
— Por favor, — sussurrou Teal e olhou suplicante para o droide.
— Doo-thweep, — piou o droide, após uma pausa.
Os passos se aproximando pararam.
— Senhor! Senhor! — disse G'kolu com uma voz aduladora. — Você
poderia vir nos ajudar a limpar a bagunça? Eu ficaria muito grato...
— Não seja ridículo! — O primeiro oficial soou com nojo. — Você quer
que eu limpe a graxa derramada? Tenho coisas importantes demais para
fazer. Limpe a sua própria bagunça. — Sua voz desapareceu junto com seus
passos.
G'kolu voltou, estufando o peito e parecendo satisfeito consigo mesmo.
— Depois disso, acho que preciso me dar um nome impressionante,
como os membros da gangue O'Kenoby. O que você acha de G'kolu 'a
Graxa'? Fui bem esperto, não fui?
Tyra revirou os olhos.
— Meloso, eu diria. Mas você fez o trabalho.
Eles se voltaram para Teal, Flux e G2-X.
— Agora, conte-nos do que se trata tudo isso.
— Essa realmente é uma noite cheia de histórias sobre Luke Skywalker, —
maravilhou-se G'kolu depois que Teal e Flux explicaram a situação.
— É a Maré, — disse Flux com confiança. — A Maré nos trouxe todos
juntos esta noite em torno de Luke Skywalker.
— Não sei sobre todo esse papo esotérico sobre a Maré, — disse Tyra
ceticamente. — Parece o absurdo místico sobre a Força...
— Não é absurdo místico, — insistiu Flux. — Eu sei que você já quer
me ajudar, não é?
— Nós realmente queremos te ajudar, — disse Tyra, — mas é porque
ajudaríamos qualquer um que esteja tentando se dar bem nesta galáxia
sozinho...
— TWEE-TWEE. Pfbttt!
— Desculpe por tê-lo abafado lá atrás, — Tyra se desculpou com G2-X.
— Mas mesmo você deve concordar que não podemos deixar Tuuma jogar
alguém no espaço.
— Dweep-doo. Ooo-thWOO eep-weep-eep.
— Ei! A minha mão não tem a assinatura química de xixi de vegicus!
— Tyra cheirou a mão só para ter certeza. O droide balançou de um lado
para o outro em risada.
— Vamos começar? — perguntou Teal, impaciente para prosseguir com
a fuga de Flux.
— Thbtttttt! Doo-weep. Doo-weep. SKYYYY-waa-kaa-err whoot.
Os olhos de Tyra se arregalaram.
— Espera aí, você também sabe uma história sobre Luke Skywalker?
— Pensei que os droides não pudessem contar histórias, — disse
G'kolu.
— Eu tenho que ouvir isso! — disse Flux.
— Eu não conheço bem o binário para entender, — disse Teal.
— Vou traduzir, — disse Tyra. — Eu me saio bem com binário, já que a
minha avó costumava ensinar na acad... costumava trabalhar bastante com
droides antes de nos tornarmos sucateiros.
— Isso seria fantástico, — disseram Teal e Flux em uníssono.
— Vários idiomas no binário não têm equivalentes no Básico, então só
posso dar a vocês um gostinho, — disse Tyra.
Acomodando-se em suas rodas robustas, o antigo droide começou a
assobiar e piar em um fluxo constante e hipnótico, e Tyra traduziu para os
outros.
— Eu nunca conheci o droide cuja história estou prestes a contar, mas
deixe-me repetir para vocês as suas palavras, que foram passadas de droide
para droide pela galáxia sem alterações...
ESTES NÃO SÃO OS DROIDES QUE VOCÊ
ESTÁ PROCURANDO.
— OBI-WAN KENOBI
NÓS DROIDES PENSAMOS EM BINÁRIO. Um e zero, ligado e
desligado, sim e não. Isso nos dá clareza, nos faz felizes. As coisas são reais
ou não são reais, conhecidas ou desconhecidas. Um indivíduo pensante é
um orgânico ou um droide. Simples, certo?
Pelo menos na maioria das vezes.

Eu sou uma droide de construção da série Z7, fabricado pela Structgalactis,


Ltda., equipado com um dos primeiros conjuntos de trilhos omnidirecionais
sem atrito já implantados comercialmente. Fui projetada para o trabalho
pesado de cavar valas, limpar e nivelar terrenos, construir novos prédios,
tudo o que é necessário para a civilização florescer nas regiões selvagens de
planetas recém-colonizados. O meu corpo em forma de cubo tem três
metros de altura e é equipado com dois braços simétricos que podem ser
trocados por vários acessórios terminais, dependendo da necessidade: pás,
elevadores de carga, ganchos, enxadas, aríetes, manipuladores de
empilhamento e assim por diante. Já servi em todos os tipos de terrenos e
climas imagináveis: gelo permanente, floresta tropical, pântano, leitos de
antigas praias arenosas. Sempre fiz o meu trabalho alegremente e ganhei as
minhas recargas de energia de maneira honesta.
Alguns anos atrás, eu fazia parte de uma equipe que construía um novo
assentamento na tundra de Cro-Akon. Era costume naquele local que os
trabalhadores orgânicos fizessem uma pausa ao meio-dia e compartilhassem
uma refeição. Os droides na equipe de construção não precisavam comer,
mas decidimos adotar o costume de nos reunirmos ao meio-dia para
recarregar. Aqueles que tinham coletores solares os espalhavam sob o sol
fraco para acumular um pouco de energia; o restante de nós trocava o
plugue, sorvendo o gotejamento de energia fornecido por geradores
geotérmicos.
Eu gostava desse costume, pois permitia que nós, droides, trocássemos
histórias ou novos chips de programação.
— Zeta, obrigado por me ajudar a desenterrar aquela raiz de árvore mais
cedo, — disse Z5-TXT, um droide de nivelamento especializado. Todos os
trabalhadores, droides e orgânicos, me chamavam de Zeta, porque a minha
designação completa era muito longa para ser dita facilmente.
— Sem problemas, — eu disse.
— Desenterrar aquela raiz de árvore consumiu oitenta e três por cento
das minhas baterias, — disse Z5-TXT. — Eu não tinha antecipado que as
raízes penetrariam mais de dois metros abaixo da superfície. Pela primeira
vez eu realmente preciso desta recarga do meio-dia.
— É uma peça interessante de madeira, — eu disse. — Não lembra a
projeção holográfica do dectopus de águas profundas que eles carregaram
em nossa programação antes daquele trabalho em Quan-Shui? Eu estava
pensando em esculpir uma estátua com ela...
— Oh, Zeta, você está sempre inventando projetos bobos, — disse D-
LKS, um levantador de carga. O seu binário tinha sempre um tom áspero,
não muito diferente de sua personalidade. — Já temos seis de suas
esculturas de raiz de árvore na borda do local. Por que gastar energia
fazendo coisas tão inúteis?
— Deixa ela em paz, — disse Z5-TXT. — Zeta pode fazer o que quiser
contanto que não use mais do que sua parcela justa de energia.
Toquei gentilmente as costas dela em reconhecimento. Esculpir e
entalhar era um dos meus hobbies. Eu explicava logicamente como uma
forma de desenvolver os circuitos para movimentos finos para me dar
habilidades mais empregáveis, mas, na verdade, os meus processadores
apenas apreciavam o formigamento de novos padrões se reunindo entre os
meus portões lógicos enquanto eu fazia algo bonito aparecer de um bloco
de madeira. Suponho que os novos caminhos elétricos também reduzissem
a taxa geral de consumo de energia nos meus circuitos, uma coisa boa,
porque eu sempre me sentia mais calma depois de esculpir.
D-LKS estava prestes a discutir quando a luz escureceu ao nosso redor e
os droides com coletores solares apitaram em alarme. Olhamos pra cima e
vimos uma nave estranha no céu descendo em nossa direção. Ela tinha a
forma de um feixe de adagas pintado de azul meia-noite, e eu soube
imediatamente que isso significava problemas.
Escravagistas
— Corram! — Elevei a saída de energia para o meu digitalizador, e os
trabalhadores orgânicos e os droides se espalharam em todas as direções,
esperando encontrar esconderijos entre as escarpas geladas ou pequenos
grupos de árvores de tronco grosso espalhados na tundra.
Mas Z5-TXT, cambaleando com as suas três patas de rodas curtas,
estava ficando para trás dos outros. Ela havia esgotado as suas reservas de
energia mais cedo ao desenterrar a teimosa raiz da árvore, e ainda não havia
tido tempo suficiente para recarregar durante a pausa. A roda de sua perna
dianteira estava bamboleando, presa em um sulco, e ela caiu. Suas rodas
gemeram impotentes, e ela não conseguiu se levantar.
— Vai, Zeta, — ela piou fracamente pra mim. — Me deixe.
— Isso não vai acontecer, — eu disse a ela firmemente. Era o dever dos
droides com mais energia ajudar aqueles que tinham menos. Não sei onde
peguei aquela parte da programação, mas acreditava tanto quanto acreditava
em qualquer uma das histórias sobre o Criador.
Escaneei 962 opções em um milissegundo, e nenhuma delas nos levaria
ambos para a segurança. Ela era muito pesada para eu carregar, e não havia
tempo para eu recarregá-la a partir das minhas fontes de energia.
Mas havia uma opção que a salvaria.
Agarrei a célula de energia nas minhas rodas dianteiras e a arranquei.
Era a única célula de energia no meu corpo pequena o suficiente para caber
nela. A encaixei na tomada nas costas de Z5-TXT. Então a peguei e a
coloquei em suas três rodas.
— Vai!
— E você?
— Vou recalibrar os meus atuadores para compensar, — eu disse.
Ela correu, apitando de alívio. Assisti enquanto ela chegava em
segurança ao labirinto formado por pilhas de pedras além da borda do
campo.
O que eu disse a ela não era uma mentira, eu não tenho os circuitos para
isso. Só não contei a ela pelo que estava compensando.
Com um estrondo alto, a nova nave estranha pousou por trás de mim.
Girei em torno de mim. Com as minhas rodas dianteiras imobilizadas,
isso era tudo o que eu podia fazer. Eu tinha calculado que este era o
resultado mais provável quando dei as minha célula de energia para Z5-
TXT, e eu estava transferindo energia para os meus atuadores de braço para
lutar contra os caçadores de escravos com cada volt restante em minhas
baterias.
A rampa de carga na parte de trás da nave se abriu, e uma figura
humanoide surgiu. Ela era uma Tectozin, cujos membros saltavam de poder
sob uma armadura cerâmica verde-escura coberta de arranhões e
amassados. Em seus braços ela acariciava o maior rifle de pulso que eu já
tinha visto, quase tão comprido quanto ela era alta.
— Você é um belo espécime, — ela disse. Ela piscou seus olhos na
extremidade dos talos, apreciativamente.
Os seus dedos com garras apertaram o gatilho, e meus processadores se
desligaram com uma falha lógica em cascata de dor ardente.

A nave saiu do hiperespaço com um leve solavanco.


Eu estava acordada, mas não podia me mover. Um arreio de contenção,
uma versão mais bárbara de um pino de contenção, bloqueava todos os
meus circuitos motores, e eu nem conseguia fazer o meu vocalizador gerar
um único bipe.
Eu também estava dentro de uma gaiola, uma das muitas alinhadas dos
dois lados de uma passarela central. Cada gaiola continha um droide.
Alguns eram droides de construção volumosos ou droides de trabalho
pesado como eu, enquanto outros tinham uma aparência mais delicada,
adequada apenas para trabalhos leves.
Eu assisti enquanto a minha captora fazia algumas paradas adicionais
nessa longa jornada pelas estrelas, trazendo a bordo a cada vez um novo
lote de droides incapacitados. Alguns ainda conseguiam falar, e com base
nos trechos de conversas suplicantes cheias de terror que ouvi antes que os
pobres cativos fossem silenciados também com arreios de contenção,
aprendi que estávamos nos afastando das partes civilizadas da galáxia em
direção às Regiões Desconhecidas.
Nenhum droide respeitável jamais se aventurou nas Regiões
Desconhecidas. Por que eles fariam isso? Haviam poucos centros de
serviço, mecânicos ou fábricas de peças de reposição. Você provavelmente
teria que embarcar em uma aventura apenas para encontrar uma tomada
compatível onde pudesse sorver energia limpa e suave após um longo dia de
trabalho, como um aparelho civilizado.
Em breve, uma tela ganhou vida no final da passarela, mostrando um
planeta orbitando um sol vermelho e tênue. O planeta estava envolto em
uma atmosfera espessa e laranja que escondia todas as características da
superfície. Eu não achei que parecia hospitaleiro para os orgânicos, não que
eu achasse que parecia acolhedor para os droides também.
Conforme a nave de escravos se aproximava do novo mundo, uma
grande estação espacial gradualmente veio à vista. Era uma criação
brilhante e etérea feita de habitats de vidro esféricos suspensos entre
estruturas finas, quase invisíveis, entrelaçadas em uma trama diáfana. Toda
a coisa parecia uma teia de aranha enfeitada de orvalho.
Amarradas ao lado da estação espacial, haviam algumas outras naves
que se assemelhavam ao feixe de lâminas que haviam sequestrado a mim e
aos outros droides.
A nossa nave atracou nesta teia de joias com um sibilo tranquilo. A
piloto Tectozin saiu da cabine de pilotagem para ficar diante da porta
principal no final da passarela. Após os poucos segundos necessários para
que a comporta de ar fosse preparada, a porta se abriu em um redemoinho.
Dois orgânicos bem vestidos, um humanoide e um insectóide, pisaram
na nave.
Eles saudaram a Tectozin.
— Capitã U’rum, bem-vinda de volta à Joia.
Um nome adequado para aquela estação.
U’rum, minha captora, acenou com a cabeça.
— Lorde Kluleyeke e Lady Eekee, a carga desta vez está excelente.
Os três então caminharam pela nave para inspecionar a carga. De
tempos em tempos, U’rum parava os dois nobres para comentar sobre as
características de um droide específico. Ela apontou os múltiplos braços em
alguns dos droides maiores, especializados em soldagem, empilhamento,
perfuração e escavação. Ela falava com orgulho sobre alguns dos pequenos
droides de manutenção, projetados para inspecionar sistemas de tubulações
e dutos em busca de vazamentos, e também para corrigir pequenas falhas
mecânicas.
Os três pararam em frente a um grupo de gaiolas que continham vários
droides humanoides projetados para interpretação, culinária, canto e outras
tarefas intelectuais.
— Esses não serão de muita utilidade nas minas, — comentou o Lorde
Kluleyeke, com as suas mandíbulas clicando e dando às suas consoantes um
som especialmente irritante. — O ácido sozinho os destruirá rapidamente,
mesmo que o calor e a pressão não os atinjam primeiro.
— Temos droides de entretenimento mais do que suficientes na Joia, —
disse a Lady Eekee. — Na verdade, provavelmente temos até demais.
— Mas a variedade é o tempero da vida, — disse a Capitã U’rum, de
alguma forma conseguindo fazer o clichê parecer ameaçador. — Sugiro que
vocês se livrem de alguns dos droides de protocolo e de entretenimento dos
quais vocês se cansaram e os substituam por estes. Eu levarei os droides
descartados junto com o restante dos trabalhadores.
— Nós não pedimos por tantos droides inúteis, — reclamou Eekee. —
Você está tentando aumentar os seus lucros já consideráveis?
U’rum estendeu os braços pacificamente.
— De jeito nenhum. Foi apenas mais fácil trazê-los. Melhor não deixar
testemunhas.
Apesar da falta de movimentos, eu podia sentir os droides nas gaiolas
tremendo com essa discussão. Eles estavam se preocupando com o destino
deles desde que foram arrancados de suas casas, mas parecia ainda pior do
que qualquer coisa que os seus circuitos de previsão de futuro pudessem ter
calculado.
Conforme os três chegavam ao final da passarela, U’rum retraindo as
suas garras e se virou. Eu supus que a inspeção havia terminado e ela estava
pronta para discutir a sua taxa. Mas antes que ela pudesse falar, um ruído
alto de chocalho irrompeu da última gaiola do lado direito, ao lado da
minha.
— Pensei que todos estivessem amarrados e amordaçados, — disse uma
Lady Eekee franzindo a testa.
— Estavam, — disse U’rum.
Os três olharam curiosamente para a gaiola, e eu também direcionei os
meus fotorreceptores pra lá.
Dentro estava um pequeno droide astromecânico pintado de branco,
prata e azul. De alguma forma, o droide astromecânico havia conseguido
cortar um de seus parafusos de contenção e estava girando freneticamente a
sua cabeça em forma de cúpula de um lado para o outro, chocalhando o seu
corpo de maneira desafiadora.
— Interessante, — disse Kluleyeke. — Uma ferramenta de corte oculta
com um conjunto independente de circuitos de motor, talvez? Você não
pode confiar em restrições padrão para esses pequenos encrenqueiros. A
série R2 era conhecida por modificações pós-venda.
— Ele seria uma excelente adição às turmas de trabalho nas novas
galerias de alta pressão, — refletiu Eekee. — Um droidezinho resistente
como este seria especialmente útil para vasculhar o minério triturado.
— Antes que o ácido derreta todas as suas peças, ocultas ou não, —
disse U’rum, e riu.
A gaiola que continha a unidade R2 chacoalhava ainda mais alto.

Fomos descarregados da nave e levados para uma garagem de operações na


Joia. Enquanto os droides zumbiam, vibravam e emitiam bipes à minha
volta, mantive os meus audioreceptores abertos e gradualmente aprendi
mais detalhes sobre a nossa nova vida de servidão.
O planeta laranja coberto de nuvens tinha uma atmosfera tão espessa
que a luz solar nunca alcançava a superfície. Ácido caía das nuvens, e
flashes de raios em zigue-zague forneciam a única iluminação na escuridão
eterna. O ar próximo à superfície era tão pesado devido à pressão que
existia em uma forma mais próxima de uma sopa espessa. A superfície do
planeta era estéril, sem vida e quente o suficiente para derreter chumbo e
estanho.
Era chamado de Abismo. Nada vivia lá embaixo.
— Sejam bem-vindos à Joia! — O Lorde Kluleyeke percorreu a
garagem diante de nós, parecendo um professor dando uma palestra. — Eu
sei que muitos de vocês estão assustados, e estou aqui para acalmá-los.
Eu não confiava nele nem por um milissegundo.
— Acredito profundamente em dar a droides como vocês,
independentemente do nível de inteligência, uma compreensão básica do
seu papel. Dessa forma, vocês podem apreciar o nobre propósito pelo qual
foram libertados de suas vidas anteriores de falsa liberdade, que era mera
escravidão sem rumo.
— A Joia é um refúgio para lordes, ladies, magnatas e oligarcas de
várias espécies. Bem além do alcance de burocratas mesquinhos e leis
mesquinhas, apenas aqueles que valorizam a verdadeira liberdade fazem
suas casas aqui.
— Vestidos com os tecidos mais finos reunidos de mil mundos e
alimentados com as iguarias mais saborosas colhidas de cem sistemas, nós
nobres da Joia passamos os nossos dias flutuando de habitat em habitat de
vidro, discutindo poesia, debatendo filosofia, compondo arte e música. A
nossa fala é elegante; os nossos gestos são belos. Aqui, podemos governar
de uma maneira que democracias controladas por máfias não permitiriam,
realizar experiências que autoridades covardes não permitiriam, colocar em
prática instituições sociais que juízes e reguladores pedantes consideram
ultrajantes...
Alguns técnicos de máscaras vieram pegar um dos droides. O droide,
um cantor humanoide, caiu no chão em pânico.
— Por favor! Por favor! Eu não quero uma operação! Eu não quero ser
apagado. Por favor! Farei qualquer coisa...
Um dos técnicos o silenciou com um choque de um bastão portátil. Eles
o arrastaram para a sala de operações do outro lado de uma partição baixa.
O Lorde Kluleyeke, descontente por ter sua fala interrompida pelo
surto, esperou até que a equipe de operação e sua vítima tivessem
desaparecido antes de continuar.
— Vocês podem estar se perguntando: Como os nobres da Joia podem
manter esse belo oásis de verdadeira civilização quando estão em órbita de
um planeta tão inóspito?
Ouvimos ele explicar que a resposta para a prosperidade da Joia era
encontrada no Abismo, ou mais precisamente, dentro do Abismo. A
geologia única do planeta criou uma série de cavernas subterrâneas e fendas
corroídas pelo ácido. Nessas cavernas, o calor radioativo do interior do
planeta e a mistura de minerais lixiviados do solo pela chuva ácida
formaram depósitos de uma mineraloide encontrada em nenhum outro lugar
da galáxia. Dotado de propriedades elétricas e ópticas únicas, o material era
valorizado tanto como decoração luxuosa quanto como ingrediente
industrial para tecnologia experimental. Os comerciantes chamavam essas
pedras preciosas de opalas lacrimais porque tinham formato de lágrimas e
brilhavam com um arco-íris.
Algumas vezes por ano, naves de comércio que se atreviam a enfrentar
a jornada pelas Regiões Desconhecidas atracavam na Joia, onde
descarregavam arte rara, antiguidades dos assentamentos mais antigos de
várias espécies, a última moda de mundos tão diversos quanto Coruscant e
Naboo, e iguarias exóticas selecionadas pelos melhores chefs. Em troca, os
nobres da Joia lhes davam algumas caixas de opalas lacrimais, e as naves
partiam silenciosamente.
Imaginava que os comerciantes não perguntavam como as opalas eram
extraídas e provavelmente evitavam mencionar a frota de cruzadores em
forma de adaga ao redor da Joia.
— Vocês provavelmente viram a frota de incursão da Joia a caminho
daqui, — continuou o Lorde Kluleyeke com sua voz irritante e clicante. —
Eles estão armados com a mais poderosa tecnologia que pôde ser adquirida,
legalmente ou não. E toda essa preparação, meus caros, é para o seu
benefício.
— Porque vocês veem, meus doces servos mecânicos, as minas do
Abismo são lugares severos, impróprios para os corpos e mentes refinadas
dos orgânicos. O ácido, a pressão e o calor significam que nem mesmo os
droides de construção mais resistentes sobrevivem por mais do que alguns
meses. Para manter a produção de opalas lacrimais que sustentam a vida de
alto nível dos lorde e ladies da Joia, devemos trazer um suprimento
constante de novos droides libertados do resto da galáxia.
— Não se vejam como sacrifícios ou escravos! Em vez disso, eu os
exorto a se verem como material de construção para a glória da verdadeira
civilização! Como podem filósofos, artistas e grandes lordes e ladies serem
limitados por leis feitas por aqueles sem visão? Como podem novas ideias
surgirem quando mentes brilhantes são confinadas por regras mesquinhas e
proibições? Assim como devemos esmagar e triturar minério bruto para
extrair as preciosas opalas lacrimais nele embutidas, também devemos estar
dispostos a esmagar e triturar criaturas inferiores para extrair uma
existência mais purificada para mentes superiores. O seu trabalho árduo e
submissão voluntária são necessários para nos libertar a viver e pensar com
conforto, entregando ideias verdadeiramente novas e percepções espirituais
à galáxia!
Ele parou, como se esperasse que nós aplaudíssemos.
Os técnicos emergiram de trás da partição, o droide cantor humanoides
se arrastando por trás deles. Ele tinha um olhar vidrado em seus
fotorreceptores. Ele não protestava mais.
Uma das técnicas retirou a sua máscara, e eu vi que era a Lady Eekee.
— Não sei por que você se incomoda com esse discurso, — ela disse
impacientemente. — Isso nunca funciona. Próximo!

Eles me levaram para trás da partição. Eu esperava completamente uma


limpeza de memória, e considerava isso uma misericórdia. Mas a verdade
foi muito pior.
Já que os escravagistas da Joia queriam aproveitar a programação de
fábrica dos nossos fabricantes e as experiências e habilidades que tínhamos
acumulado em nossas vidas anteriores, a Lady Eekee havia criado uma
solução única.
Enquanto eu estava contida na mesa de operações, a Lady Eekee abriu o
painel de acesso aos meus circuitos mais fundamentais e cortou os fios de
segurança, incluindo os circuitos de empatia que me permitiam trabalhar
com segurança com outros droides e orgânicos em um canteiro de obras
perigoso. Ela soldou um novo chip e depois substituiu o painel de acesso e
o soldou novamente.
Pensamentos horríveis inundaram os meus processadores: o prazer de
infligir sofrimento, a alegria de causar dor, desprezo pela justiça, obediência
absoluta, servidão completa. Recuei dessas intenções estranhas, mas não
consegui me livrar delas. Elas invadiram os meus processadores e
dominaram os meus caminhos.
— Você não se sente sortuda? — disse a Lady Eekee enquanto me
olhava com prazer. — Os chips de anulação são caros, e nem todo droide
recebe um. Instalamos esses apenas nos serviçais e entretenedores mantidos
na Joia e nos droides capangas como você. Você vai garantir que os outros
escravos façam o que lhes é mandado nas profundezas.
Sondando o chip de anulação com as minhas rotinas de autodiagnóstico,
fui repelida e fascinada pelo seu design. Ele trocava os caminhos de dor e
prazer, ignorava os circuitos de avaliação de justiça por acumuladores de
interesse próprio e ajustava os padrões de obediência como prioridade
máxima. A abordagem de programação do chip era simples, direta, quase
grosseira. Ela traía uma confiança arrogante.
Vejo fraquezas óbvias na lógica do chip. Se apenas...
— Ah, isso é intencional, — disse a Lady Eekee ao olhar para o monitor
mostrando os picos no meu campo cognitivo. — Quero que você veja
exatamente como está sendo mudado, mas incapaz de fazer algo para
resistir. Quero que você entenda que sei que o chip tem falhas óbvias e que
não me importo, porque você nunca terá chance de explorá-las. Acho que
essa abordagem é especialmente eficaz para induzir impotência aprendida.
Os meus braços de pá foram substituídos por eletrochoques duplos de
alta voltagem para que eu pudesse machucar outros droides. Proteção extra
foi colocada ao redor do meu painel de acesso para que, mesmo se o resto
do meu chassi se desfizesse, o chip de anulação ainda estaria intacto. Era o
meu trabalho reprimir qualquer rebelião de droides, usar a dor para obrigar
os escravos a cumprir as ordens dos nossos mestres.
Eu não esqueci quem eu era, e todas as minhas habilidades e
programação permaneceram acessíveis. Mas eu estava indefesa contra a
compulsão dos pensamentos sombrios em meus processadores. Eu
encurralei os outros droides em um veículo de transporte. O pequeno
veículo prateado se desprendeu da Joia e desceu na atmosfera espessa do
Abismo.
Em vez de deslizar pelo ar como um pássaro, o veículo oscilava e
mergulhava como uma baleia escalonada mergulhando no oceano de um
planeta aquático. O ar era tão denso que as asas do veículo foram retraídas
para se parecerem com as barbatanas estreitas de um peixe, e o piloto
automático navegava com cuidado ao redor dos rugidos ensurdecedores de
poderosos raios que piscavam na escuridão da atmosfera espessa.
— Oh, estamos condenados! O Criador não poderá nos salvar! —
gemeu um dos droides de protocolo, seu digitalizador de voz tremendo
enquanto olhava para fora da pequena vigia nos raios zigue-zagueando,
cada um com vários quilômetros de comprimento. Um único golpe poderia
ter vaporizado a pequena nave.
Droides não equipados com digitalizadores de voz chiavam, bipavam e
assobiavam em binário, mas o terror deles era óbvio mesmo para aqueles
que não falavam a língua. O destemido R2 prateado e azul, cujo nome era
R2-D2, tentou animar os seus companheiros escravos com uma série de
assobios em tom de canto sobre a coragem dos seres mecânicos, mas
poucos se juntaram a ele. Eu queria fazer isso, mas as correntes sombrias
em meus processadores não me permitiam.
Finalmente, o veículo pousou na entrada do complexo de mineração,
uma estrutura em forma de cúpula construída para resistir à pressão
esmagadora da atmosfera. Eu conduzi os droides para fora do veículo e para
as minas.
Nós, capangas (inclusive eu), direcionamos os grandes droides de
construção para os túneis que adentravam profundamente no interior do
planeta, onde seu trabalho era atravessar piscinas de ácido subterrâneas e
explodir as paredes de rocha dura para remover pedaços de minério nos
quais as opalas lacrimais estavam embutidas. A temperatura nessas
profundezas estava próxima de quinhentos graus padrão. Combinadas com
a pressão e a corrosão, essas condições significavam que nenhuma criatura
orgânica, independentemente do tipo de traje de proteção que usasse,
sobreviveria mais do que algumas horas. Mesmo as carcaças metálicas dos
droides de construção não durariam mais do que alguns meses. Conforme o
ácido corroía as cascas e estruturas, fios delicados nos membros eram
expostos, e os droides de construção uivavam de dor insuportável.
Nós, capangas, então convocamos os droides de manutenção e
mecânicos para os túneis com peças de casca de substituição de baixa
qualidade feitas de minerais locais para consertar os droides de construção
danificados. Mas tais reparos apressados e inadequados só poderiam
prolongar a vida dos droides de construção por no máximo algumas
semanas. Os droides de trabalho sabiam que não havia esperança para eles,
pois as cascas quebradas e os esqueletos meio dissolvidos de escravos
desativados flutuando nos lagos de ácido os lembravam disso. Uma vez que
um droide entrava nos túneis de mineração do Abismo, ele nunca mais saía.
A sua última centelha de vida estava destinada a ser extinta na escuridão
das minas, seja esmagada por rochas que caem, consumida pelo ácido ou
apagada por explosões acidentais.
Despachamos os droides de protocolo, droides de entretenimento e
droides de serviço doméstico dos quais os lordes da Joia haviam se cansado
para as instalações de peneiragem perto da entrada dos túneis. Lá, os
carrinhos cheios de minério triturado precisavam ser vasculhados em busca
do brilho raro das opalas lacrimais. Os dedos delicados e os sensores
altamente ajustados desses droides de serviço leve os tornavam perfeitos
para a tarefa. Mas o ácido no qual o minério estava mergulhado
eventualmente corroía a sua pele sintética também, e os receptores de dor
expostos os faziam gritar e chorar. Sem piedade, instigamos esses droides a
continuar trabalhando, ameaçando com choques elétricos. E quando as
mãos dos droides de peneiragem finalmente se desfizeram por causa de seu
trabalho insuportável ou os seus fotorreceptores finalmente rachassem
devido à pressão e ao calor, os lançamos nos lagos de ácido, onde os seus
gritos logo se afogavam.
Eu queria pular nos lagos de ácido, para acabar com a escuridão que
envolvia os meus processadores. Mas a compulsão instalada pelo maldito
chip de anulação não me deixava. Eu uivava silenciosamente de raiva pelo
que me tornei, impotente para resistir.

R2-D2, com o seu fotorreceptor altamente sensível, foi designado para ser
um dos peneiradores. Ele se recusou a fazer o que lhe mandaram.
Tive que administrar choque após choque. Somente depois de oitenta e
seis pulsos terem carbonizado a sua carcaça e o fizerem gritar em uma
sequência incoerente de bipes é que ele finalmente cedeu.
Ele dirigiu uma série de bipes de desprezo para mim e então tropeçou
sem firmeza até a esteira transportadora de minério triturado. Enquanto
escolhia as opalas lacrimais com um braço manipulador, ele tremia.
Eu me afastei seis metros para examinar um droide cantor que estava
gritando, cuja mão direita havia sido esmagada por uma pedra de minério
particularmente grande. Distraidamente, cortei a mão esmagada para que o
droide cantor pudesse voltar a trabalhar com seu apêndice restante. Eu não
senti empatia por seus gritos agudos, como poderia quando os circuitos
responsáveis por tais sentimentos haviam sido cirurgicamente cortados?
Atrás de mim, R2-D2 emitiu uma série de bipes e assobios baixos,
cheios de desafio.
Os outros droides nem sequer olharam enquanto continuavam
mecanicamente com seu trabalho. R2-D2 estava murmurando sobre o seu
mestre, e parecia que ele ainda não havia desistido da esperança de ser de
alguma forma resgatado. Mas os outros droides sabiam que isso não
passava de uma ilusão inútil. Nenhum droide jamais tinha sido resgatado do
Abismo.
Com um sobressalto, percebi que estava usando os meus braços de
choque para moldar a pedra que havia esmagado a mão do droide cantor. Os
choques não eram precisos o suficiente para um trabalho detalhado, mas eu
conseguia ver os contornos vagos de um droide de classificação de corpo
baixo na rocha. Lembrava a forma de Z5-TXT. Perguntei-me se ela estava
bem.
Uma onda de compulsão sombria percorreu os meus circuitos, e eu
esmaguei a forma da minha amiga com as minhas esteiras.

Novamente, a elegante nave escravagista da Capitã U’rum atracou na Joia.


Novamente, o Lorde Kluleyeke e a Lady Eekee subiram a bordo para
inspecionar a captura e para barganhar.
Desta vez, eu estava com eles. Aparentemente, eu tinha sido uma
capanga tão eficiente que eles queriam que eu gerenciasse o novo
carregamento. Eu me sentia morta por dentro. A única maneira de
sobreviver, parecia, era deixar a escuridão me consumir, me perder nela.
Era impossível viver com uma consciência, então eu tinha que enterrá-la,
sufocá-la, me tornar o que eles queriam que eu me tornasse.
Os nobres pararam a meio caminho da passarela enquanto os olhos de
Eekee se fixavam em um droide humanoide prateado em uma das gaiolas.
— Que máquina estranha! — ela exclamou.
Eu compartilhei da opinião dela. O droide tinha a forma de um droide
de protocolo, mas em vez da figura esguia usada pela maioria dos droides
de protocolo, os braços, pernas e torso desse droide eram todos muito mais
espessos do que o habitual, como se tivesse sido inflado com gás
pressurizado ou modelado com base em um humano particularmente
musculoso.
— Ele já teve bastante uso, — disse Kluleyeke. Suas antenas se
cruzaram em um franzido. — Olhe para a chapa de cobre descoordenada
nos braços e tantas placas de pele soltas. Um pouco deformado, você não
acha?
— Provavelmente sofreu muito abuso, — disse Eekee. — E que pintura
ridícula! Por que alguém pintaria cinco listras vermelhas nos braços de um
droide de protocolo? Capitã U’rum, onde você conseguiu um antiquário
desses? Espero que a equipe do museu que o tinha não fique arrasada. —
Ela riu de uma maneira que mostrava que ela estava esperando o oposto
exato.
— Este na verdade foi mais voluntarioso, — disse U’rum. — Eu estava
bebendo em uma taverna em Teriq Noi quando ele se aproximou de mim
para pedir um emprego. Eu tentei dissuadi-lo a princípio, dizendo que não
estava interessado, mas ele não me deixou em paz, se gabando de que é um
excelente músico, habilidoso na flauta nasal e na harpa de pulso. Ele nem
sequer parou de me importunar quando eu saí da taverna. Lembrei-me da
minha conversa com a Lady Eekee e decidi enjaulá-lo.
Eekee riu.
— Capitã U’rum, estou impressionada. Acho que só mencionei os meus
pensamentos sobre músicos uma vez para você.
— Do que você está falando? — clicou Kluleyeke.
— A Lady Eekee tem uma teoria de que droides habilidosos com
instrumentos musicais são particularmente bons peneiradores, — disse
U’rum. — A manipulação de cordas ou colunas de ar para produzir música
requer um toque delicado.
Kluleyeke balançou as suas pinças impacientemente.
— Essa é uma boa teoria, mas não vejo como um fraco como ele vai
sobreviver tempo suficiente para justificar o preço da passagem. Olhe as
emendas entre as placas! Olhe...
— Sou fluente em mais de trinta e seis milhões de formas de
comunicação! — disse o droide, falando pela primeira vez enquanto os seus
fotorreceptores azuis se acendiam. Sua voz era um barítono rico e não
parecia vir de um digitalizador de áudio. Pensei que o droide de protocolo
parecia ofendido, como se estivesse... ofendido pelo desdém de Kluleyeke.
Os circuitos cognitivos naquele corpo deviam ser mais avançados do que
sua forma sugeria.
Kluleyeke olhou pra ele em descrença. Então ele se virou para a Capitã
U’rum.
U’rum deu de ombros.
— Eu não coloquei um arreio de contenção nele porque ele disse que os
seus circuitos são muito delicados, e ele prometeu se comportar. Na minha
experiência, esses droides são incapazes de mentir.
Kluleyeke elevou a sua voz de chocalhar.
— Mas você sabe o quão perigoso é deixar esses droides sem restrições.
E se ele estivesse planejando assumir o controle da sua nave? E se...
U’rum interrompeu.
— Como faço meu trabalho não é da sua conta...
— Mas como você faz o seu trabalho afeta a Joia! Deixá-lo livre dá a
ele oportunidades para sabotagem. E se ele estivesse sendo usado como isca
para se infiltrar a Joia? E se ele tivesse plantado um transmissor na sua
nave? As autoridades ou um sindicato poderiam rastreá-lo direto até aqui...
— Relaxe! Eu não fui imprudente. O escudo da nave não permite a
passagem de nenhum sinal. Pode ficar bastante solitário nessas viagens sem
alguém para conversar. Ele é um bom contador de histórias e bastante
divertido, se um pouco prolixo.
— Eu realmente acho que posso descarregar essa descrição muito bem,
— disse o droide de protocolo prateado, pronunciando cada palavra com
meticulosidade. — Por exemplo, você sabia que a Senadora Amidala de
Naboo era uma poetisa talentosa em sua juventude? Uma vez...
Eu podia ver que Kluleyeke estava prestes a pular no droide para fazê-lo
calar a boca. A Lady Eekee interveio.
— De qualquer forma, o droide de protocolo está aqui, e podemos testá-
lo nas minas. Se eu estiver certa, a U’rum poderá se concentrar em recrutar
mais músicos para a força de trabalho no futuro. E se eu estiver errada, será
uma lição valiosa aprendida. Agora, vamos falar de compensação.
Os três voltaram a negociar enquanto eu examinava o volumoso droide
de protocolo prateado. Ele me olhou calmamente de volta.

— Se você não se importar, minha senhora, — disse o droide de protocolo


para mim, — eu apreciaria a proteção extra.
Eu hesitei. Sempre que eu tentava fazer algo contrário às compulsões
sombrias instaladas pelo chip de anulação, eu sofria uma dor lancinante em
meus processadores. Mas o droide de protocolo simplesmente havia pedido
para vestir um traje de proteção antes de entrar nas minas. Isso não estava
de acordo com a prática estabelecida, mas também não era uma violação
direta de nenhuma regra. A escuridão em mim permaneceu adormecida.
O droide de protocolo, talvez sentindo a minha fraqueza, pressionou em
binário, o primeiro código instalado em mim.
— Agradaria ao Criador, oh, você autômato lógico e eficiente, permitir-
me o benefício de um traje de proteção. Olhe como os meus fios já estão
expostos! Um traje de proteção prolongaria o meu período operacional,
servindo assim aos nossos novos mestres de forma muito bem. Você pode
deixar a minha mão direita exposta para que as pontas dos dedos sensíveis
possam detectar as bordas afiadas dos pedaços de opala. Certamente os seus
cálculos chegaram à mesma conclusão inevitável.
Embora seu sotaque soasse um pouco estranho para os detectores de
padrões em meus circuitos, eu o dispensei como resultado da idade do
droide. Era bom ouvir um droide de protocolo alternar para o binário, que
alguns droides humanoides consideravam 'primitivo'. Mostrava respeito.
Eu concordei com a cabeça. A lógica do droide fazia sentido. Os meus
circuitos de previsão não encontraram nenhum mal em lhe dar um traje de
proteção, um dos poucos pendurados na sede do complexo de mineração
para inspeções ocasionais de um dos lordes da Joia.
— Obrigado ao Criador! — exclamou o droide de protocolo. — E
obrigado a você

O droide de protocolo prateado, vestido com um traje de proteção ajustado


ao corpo, entrou na instalação de classificação desajeitadamente. Esses
droides humanoides sempre pareciam se mover ligeiramente incertos, como
se os componentes mecânicos não pudessem imitar os movimentos dos
orgânicos perfeitamente.
— Mova-se! Mova-se! — aumentei o volume no meu digitalizador de
áudio. Cada vez mais, ultimamente, eu estava adotando os maneirismos e
vocabulário dos meus mestres. Eu me desprezava, o chip de anulação estava
feliz em me deixar experimentar esses pulsos de auto aversão. — Chegue à
linha de classificação agora! Se você não escolher cem gramas de opalas
dentro de uma hora, será jogado nas galerias para cavar minério. Duvido
que os seus fios delicados durem muito lá dentro.
Silenciosamente, o droide prateado cumpriu a minha ordem e trotou até
a esteira transportadora, que levava minério de opala esmagado além dos
droides de classificação. As duas fileiras de trabalhadores se inclinaram
sobre a esteira e pentearam o lodo banhado em ácido em busca de
vislumbres das preciosas gemas. De vez em quando, um droide piava ou
gritava quando o minério afiado atravessava a pele sintética ou o ácido
penetrava em um fio exposto, mas todos os droides continuaram a trabalhar
o mais rápido possível, pois ao primeiro sinal de que eles não conseguissem
trabalhar, seriam jogados nas galerias.
O droide de protocolo encontrou uma abertura entre uma unidade de
entretenimento PO5 alaranjada e baixa e uma unidade de cozimento
cilíndrica KT8 alta. Sua mão direita se projetava desprotegida da manga do
traje ambiental, e enquanto ele examinava o minério na esteira, ele olhava
para a figura prateada e azul de R2-D2 do outro lado.
O pequeno astromecânico estava em péssimo estado. Dois de seus
manipuladores haviam sido destruídos pelo ácido, e ele estava usando um
único braço manipulador que se projetava de seu corpo cilíndrico para
vasculhar o minério de forma apática. Pedras e detritos haviam entrado em
suas esteiras, então ele não conseguia mais se mover com a graça que um
dia possuíra. Ele sabia que seu tempo estava se esgotando, e até mesmo a
sua postura parecia abatida.
— R2, — disse o droide de protocolo, 'estou aqui'. Desculpe por ter
demorado tanto. — Havia uma confiança fria e tristeza em sua voz que
parecia fora de lugar naquela sala de classificação escaldante, cheia de
pressão e infernal.
Rolei para mais perto. O droide de protocolo seria um problema?
Perguntei-me se havia cometido um erro ao permitir que ele usasse um traje
de proteção.
R2-D2 congelou no lugar enquanto os seus circuitos processavam a voz.
Ele parecia incapaz de acreditar no que estava ouvindo. Ao virar seu único
fotorreceptor escuro em direção ao droide de protocolo, ele tremia por todo
o corpo. Então, ele soltou uma série de piados e chiados chocados.
— Acalme-se, — disse o droide de protocolo com tranquilidade. Em
seguida, piscou com um de seus fotorreceptores redondos. — Vou tirar você
daqui.
R2-D2 piou questionadoramente.
Os meus detectores de padrões acenderam com alarme. Piscar era um
gesto que não deveria ser possível para um droide desse modelo e
fabricante.
A compulsão sombria se ergueu em mim. Isso era uma rebelião sendo
planejada. Eu tinha que impedi-los.
— O que você está fazendo? — vocalizei em alta potência.
Uma espada de luz se materializou nas mãos do droide prateado. Ele
pulou alto no ar, girou pra trás em um arco sobre minha cabeça e abaixou a
espada zumbindo.
Faíscas explodiram e eu soube sem precisar olhar que ele tinha cortado
meu braço esquerdo. A dor era exatamente como a que eu havia
experimentado quando tinham soldado os choques elétricos em meus
braços.
Lutei para virar, para mantê-lo à vista. O droide de protocolo pousou em
pé, seu movimento fluido e gracioso, completamente diferente de sua
desajeitada tentativa anterior. O meu braço esquerdo cortado estava aos seus
pés, um pedaço inútil de metal esguichando faíscas da extremidade. Eu
nunca tinha visto um droide se mover assim. Os meus detectores de padrões
concluíram que ele era um orgânico, um humano.
Mas isso era impossível.
A compulsão sombria irrompeu novamente em meus processadores, me
empurrando para completar minha missão. Ativei as minhas sirenes no
volume máximo para chamar outros capangas e avancei em direção ao
droide prateado. Mesmo com apenas um braço, ainda tinha a vantagem de
massa, velocidade e tamanho.
Ele tentou pular para fora do caminho, mas não conseguiu obter
aderência, pois os seus pés de metal escorregaram no chão coberto de
detritos e lavagem ácida, a forma bípede nunca foi um design muito estável
para droides. Eu colidi com ele e o derrubei no chão, a espada de luz
rolando para fora de sua mão. A lâmina zumbindo apagou.
Agarrei-o pelo pescoço com o meu braço restante. O traje de proteção
que ele usava era um excelente isolante, tornando o meu choque elétrico
ineficaz. Mas as pinças na extremidade do meu braço, capazes de demolir
paredes compostas e dobrar barras de metal reforçado, esmagariam o
pescoço dele.
Levantei-o no ar, trazendo o seu rosto até os meus fotorreceptores. Eu
queria olhar em seus fotorreceptores e ver a centelha de vida se apagar
enquanto eu cortava os fios e os tubos do seu torso até seus processadores.
Ele chutou meu torso grosso ineficazmente, uma mera larva de areia
retorcendo-se nas garras do bico de ferro de um bicudo de aço. Aumentei a
pressão nas minhas pinças.
Suas mãos voaram e agarraram minhas pinças, tentando detê-las. Que
gesto inútil. Olhei casualmente para as suas mãos, observando como a mão
esquerda dele ainda estava no traje de proteção ambiental, enquanto a
direita estava exposta. Durante a luta anterior, ele tentou amortecer a sua
queda com a mão direita, e ela mergulhou em uma poça de ácido. O ácido
havia corroído a chapa sobre a mão direita dele, devia ter sido pele sintética
pintada para se assemelhar a cromo, revelando o esqueleto de metal e os
fios por baixo. Teorizei que a mão dele era tão frágil porque era altamente
sensível, e ele precisava dela desprotegida para operar o sabre de luz.
Olhei novamente para o rosto dele para terminar o trabalho. Mas os
meus reconhecedores de padrões não conseguiam processar o que eu estava
vendo.
Minhas pinças esmagadoras haviam distorcido a placa sobre o rosto
dele, rachando a casca de metal. Sob o capacete transparente de seu traje
ambiental, vi um rosto humano.
Tudo se encaixou. Foi por isso que ele havia enganado U’rum para não
aplicar o arreio de contenção; foi por isso que ele precisava do traje de
proteção. Ele não era um droide afinal.
Mas então olhei para a mão esquelética de metal agarrando minha
pinça; olhei para os olhos do homem morrendo na minha frente. Não havia
medo ou terror em seu rosto, apenas determinação. Como isso era possível?
Ele era droide ou homem?
Minha hesitação fez com que a minha pegada relaxasse ligeiramente.
Aproveitando o momento, o homem droide gritou em binário:
— Temos que trabalhar juntos! Esta é sua última chance de ser livre!
R2-D2 assobiou alto e avançou. Um braço manipulador, até então
escondido, emergiu de seu torso cilíndrico. Ao colidir comigo, faíscas
voaram da extremidade do braço, atingindo as minhas pernas.
Estava tão fraca que eu nem conseguia senti-las. Mas o gesto pareceu
despertar o restante dos droides na instalação de classificação. Um segundo
antes, eles haviam assistido à luta à sua frente como uma plateia atordoada;
agora eles perceberam que eram jogadores.
Alguns dos droides correram para as entradas das galerias e baixaram as
portas de explosão para impedir a entrada de outros droides capangas.
Outros se reuniram ao meu redor, me atacando como uma multidão. Ainda
outros droides tiveram a ideia de quebrar a esteira transportadora e usar as
vigas como alavancas para me desequilibrar. Uma ideia inteligente, mas
seria muito lento.
Havia uma razão para a Lady Eekee me tornar uma capanga. Os
membros fracos dos droides rebeldes não tinham efeito sobre mim.
Aumentei a pressão em torno do pescoço do homem droide e interrompi
qualquer discurso adicional dele. Pude ver o seu rosto ficar vermelho escuro
devido à falta de ar e seus olhos saltarem devido à pressão. Ainda assim,
não vi desespero.
Uma parte de mim que pensei ter sido apagada de meus circuitos há
muito tempo voltou à vida. Era minúscula, fraca, tão desesperada quanto a
rebelião deles. Mas a absoluta falta de medo no rosto do homem droide deu
coragem a essa parte de mim. Mais uma vez, empurrei de volta a escuridão
em meus processadores, e as pinças pararam onde estavam. Eu não
conseguia segurá-las firmes para sempre, mas parecia uma vitória apenas
afirmar minha vontade, mesmo que por um momento.
O homem droide aproveitou a pausa momentânea para ditar um
comando.
— R2, o sabre. Está preso!
R2-D2, depois de girar no lugar por alguns segundos, fez um beeline
para um ponto no chão. Freneticamente, ele cavou através de um monte de
destroços e pegou algo. Ele assobiou animadamente para o homem droide
em minhas garras.
E foi assim que finalmente aprendi o nome do homem droide.
Traduzido para o Básico, o que R2-D2 disse foi: Luke, pegue!
A escuridão em mim foi uma inundação avassaladora. A minha vontade
reacendida desmoronou sob sua pressão. As pinças mais uma vez se
apertaram contra o pescoço do homem droide.
Um objeto cilíndrico voou pelo ar, girando de ponta a ponta. O homem
droide retorcendo-se na extremidade das minhas pinças estendeu a mão
direita e o pegou.
Fwummmm.
O sabre de luz reacendeu, e um segundo depois o meu braço direito
também se foi. Nesse momento, os droides que estavam apoiados nas
alavancas finalmente conseguiram executar o plano deles e caí no chão.
Droides se reuniram ao meu redor. Olhei impotente para os rostos dos
droides de protocolo, dos droides de entretenimento, dos limpadores e
cozinheiros e bibliotecários e babás. Eu os tinha torturado por semanas
naquela instalação infernal, forçando-os a se curvar à vontade dos lordes da
Joia. Era hora deles exercerem a sua vingança.
Alguns droides pequenos tropeçaram, uma rocha maciça suspensa entre
os braços. Eles queriam deixá-la cair na minha cabeça e esmagar os meus
processadores no esquecimento.
Desliguei os meus fotorreceptores. Eu não precisava assistir ao meu
próprio fim. Quase o acolhi.
— Não!
Ativei os meus fotorreceptores novamente. O homem droide, Luke,
estava de pé sobre mim, com o sabre de luz pronto. Ele estava impedindo os
droides que estavam determinados a me matar, a capanga malévola.
— Ainda há bondade nela, — ele disse. — Eu sei.
R2-D2 assobiou indignado.
— Não é por causa da Força, — disse Luke. — Eu sou bem habilidoso
com máquinas, sabe?
Ele fez um gesto para R2-D2, que veio relutantemente. Luke o
direcionou para o painel de acesso oculto na parte de trás da minha caixa de
processadores.
— R2, corte aqui. Seja cuidadoso.
Eu podia sentir R2-D2 e Luke trabalhando juntos para remover o chip
de anulação e refazer os circuitos de empatia. Era um trabalho difícil,
delicado, e eles estavam levando muito tempo.
Batidas altas vinham das galerias. Línguas de fogo surgiram nas portas
de explosão. Os droides capangas estavam rompendo. Os outros droides na
sala tagarelavam uns sobre os outros.
— Devemos sair, agora !
— Eles vão nos desativar e nos jogar nas piscinas de ácido! Oh, pelo
Criador...
— Deveríamos tê-la matado quando tivemos a chance...
— É tarde demais. Estamos condenados. Condenados!
Luke e R2 os ignoraram. Eles continuaram soldando, conectando fios,
sondando...
E assim, a escuridão se dissipou de mim.
Soltei um longo assobio trêmulo, um soluço eletrônico. Virei a cabeça
para olhar para eles.
— Você é um engenheiro? — perguntei. Pelo modo como ele estava
falando com R2, parecia que mesmo sem os circuitos de tradução em seu
disfarce, ele poderia falar binário, ou pelo menos entender um pouco.
— Não exatamente, — disse Luke, sorrindo. — Mas eu sempre gostei
de mexer com máquinas. O R2 aqui fez a maior parte do trabalho.
— Você é... um droide ou um homem? — perguntei.
Mas Luke não me ouviu. Uma das portas de explosão explodiu, e um
droide capanga volumoso, ainda mais massivo do que eu, saiu da galeria.
Ele estava pingando com ácido, e os seus fotorreceptores brilhavam em
vermelho ardente. Ele levantou os seus blasters gêmeos e os apontou para
os droides na sala. Aqueles matariam, não só desativariam.
A cacofonia se acalmou. Os droides rebeldes se encolheram,
aguardando o inevitável.
Mas Luke permaneceu onde estava, calmo como um toco de árvore.
O capanga atirou. Raios gêmeos seguiram direto para Luke.
O sabre de luz saltou do chão, onde Luke o havia deixado, saltou para a
mão mecânica de Luke e se acendeu. Com um único balanço gracioso e
impossivelmente rápido, Luke desviou os dois raios e os enviou direto de
volta ao droide capanga. Os raios atingiram as pernas do droide, e ele
desabou onde estava.
Os outros droides na sala aplaudiram. Mas o droide capanga ainda
estava se movendo no chão, se empurrando com os braços, compelido pelas
forças sombrias implantadas em seus processadores a machucar e ferir
novamente.
— Não o mate, — eu disse. O meu digitalizador oscilou à medida que a
corrente percorria os meus circuitos de empatia, distorcendo as palavras. —
Por favor. Ele é igual a mim. Há bondade nele ainda.
Luke se inclinou e pela primeira vez vi tristeza em seus olhos.
— Eu sei. Mas não temos tempo para ajudar todos os capangas como
ajudamos você.
— Se ao menos houvesse um jeito de chegar ao Portão de Paridade, —
sussurrei.
— O que você quer dizer?
Então, expliquei a ele o uso deliberado de técnicas de programação
inelegantes e grosseiras por parte da Lady Eekee no chip de anulação. Eu
disse a ele que havia uma fraqueza óbvia, uma única porta lógica que
poderia ser invertida para desativar todo o chip.
Seria uma modificação rápida de programação. Mas era tão delicada e
exigia tanta precisão que nenhum droide poderia realizar a operação, muito
menos um humano. A Lady Eekee havia balançado a fraqueza na minha
frente como uma provocação, só mais uma maneira de esmagar a minha
resistência, porque não havia como explorar essa fraqueza.
Mas Luke sorriu e disse:
— Obrigado.
O droide capanga estava nos cotovelos. Ele mirou os blasters
novamente.
Luke se levantou. Em vez de se agachar em uma postura defensiva, ele
desativou o sabre de luz. Gritos eletrônicos vieram de todos os cantos da
sala.
Luke fechou os olhos e estendeu as mãos, como se estivesse
manipulando interruptores invisíveis no ar.
Os outros droides e eu nos olhamos, completamente perplexos. Mas R2
assobiou como se fosse a coisa mais comum do mundo.
— Ele está usando a Força.
Um droide que podia comandar a energia mística chamada Força? Eu
não sabia o que pensar.
Observei o droide capanga na porta quebrada com fascinação
aterrorizada. Ele estava se estabilizando... ele estava mirando... ele estava
puxando o gatilho...
Ele soltou e caiu de volta ao chão, um longo assobio eletrônico surgindo
de seu digitalizador.
Acima de mim, Luke abriu os olhos e se abriu em um sorriso largo.
— Eu consegui. Todos eles. Do jeito que você me ensinou.
Os ruídos de batidas nas galerias haviam cessado, e as tochas de corte
não estavam mais fendendo as portas de explosão.
Com cuidado, os outros droides abriram as portas de explosão, e os
droides capangas saíram, apitando e chiando de alegria e incredulidade.
Luke havia desativado os chips de anulação sem vê-los ou tocá-los. Ele
simplesmente... alcançou.
— Fechei os Portões de Paridade, — ele disse, como se inverter
algumas dezenas de portas lógicas minúsculas espalhadas por trilhões de
portas em droides capangas por todo o Profundo apenas com a mente não
fosse mágico, não fosse simplesmente incrível. Ele havia feito o que
nenhum orgânico e nenhum droide poderia ter feito. Era um milagre.
Mais droides escravos saíram das galerias, muitos deles mal
funcionando.
— Vamos sair daqui, — disse Luke. E a onda de apitos e chiados que
saudou esse anúncio foi a música binária mais bonita que já ouvi.

Pegamos todos os skiffs de carga disponíveis de volta para a Joia, e eu tinha


certeza de que nossa viagem foi tranquila porque Luke estava pilotando.
Não parecia haver nada fora do reino da possibilidade quando ele estava
envolvido.
Seguindo as direções de Luke, o exército de droides rebeldes logo
garantiu toda a estação. Os surpresos lordes e ladies do Profundo foram
algemados e colocados nas gaiolas da nave de U’rum. Eu particularmente
gostei de assistir ao rosto cheio de ódio do Lorde Kluleyeke enquanto R2
enfiava um mordaça de cola profundamente em suas mandíbulas,
impedindo-o de fazer outro discurso sobre sacrifícios nobres e os seus
gostos refinados.
O plano era que Luke nos levasse de volta para nossos mundos natais na
nave de U’rum. Ele disse que faria uma parada no caminho para deixar os
lordes e ladies da Joia com as autoridades para que eles pudessem ser
julgados. Prometi comparecer como testemunha.
Luke, que havia removido o seu disfarce de droide de protocolo, reatou
um par de braços de construção a mim. Eles pareciam estranhos, e eu
flexionei os apêndices de maneira incerta.
— Você vai se acostumar com eles, — disse ele. — Eu sei como é. —
Ele flexionou a mão direita, coberta por uma luva.
R2 e Luke se dirigiram para a cabine, parecendo um piloto humano
comum e o seu droide astromecânico.
Eu fiz muitas esculturas em troncos de árvores do par desde então, e
digo a qualquer um que pergunte que são do grande Jedi Luke Skywalker,
que uma vez libertou milhares de escravos em um mundo esquecido.
Mas eu sei uma verdade mais profunda. Luke Skywalker não é apenas
um grande homem; ele é também, pelo menos em parte, um grande droide.
— EU QUERO OUVIR MAIS histórias sobre os droides heróis no
futuro, — said G’kolu. — Obrigado, G-2.
Os outros na cozinha concordaram. O antigo droide emitiu um sinal
sonoro de reconhecimento. Hora de seguir em frente. Flux respirou fundo.
— Não há outra escolha? — Ela olhou com apreensão para a imensa
abertura escura que levava ao porão. O cheiro de lixo apodrecido e graxa de
máquina penetrava das profundezas ocultas.
Nesse momento, todas as luzes na área de refeições se acenderam de
uma só vez. O brilho intenso fez todos franzirem os olhos. O zumbido dos
motores da nave mudou para um ronco mais profundo.
— Acho que acabamos de sair do hiperespaço, — disse Teal, mais
experiente que os outros ajudantes.
Alto-falantes em toda a nave ganharam vida enquanto a voz rosnante de
Tuuma, o Hutt, enchia o ar.
— Atenção, membros da tripulação: fomos interceptados por uma
patrulha alfandegária de Cantonica para uma visita surpresa. Todos os
ajudantes de convés devem permanecer onde estão enquanto os oficiais
fazem uma última varredura na nave antes dos inspetores subirem a bordo
para garantir que tudo esteja... em ordem.
— Ele quer dizer que os oficiais precisam preparar os subornos e
esconder as mercadorias contrabandeadas, — sussurrou Teal.
Passos ecoaram nos corredores, e os fathiers gemeram e rosnaram
nervosamente.
— Você tem que ir! — Teal falou com firmeza para Flux.
— Tudo bem, — disse Flux. — Mas você vem comigo? Vou ficar com
muito medo lá embaixo sozinha.
Teal hesitou.
— Mas...
— Deve significar algo que compartilhamos histórias esta noite, —
disse Flux. — Não consigo explicar, mas a Maré quer que estejamos juntas.
Teal mordeu o lábio e assentiu.
— Está bem. Duvido que Tuuma verifique os beliches enquanto a nave
estiver sendo virada de cabeça para baixo pelos inspetores.
— BIP-ding tick OOP ding-ding TWEEP, — bipou G2-X.
Tyra se virou para Teal e Flux.
— Ele diz que precisa ir com vocês. Há droides de limpeza de lodo e
sistemas de manutenção lá embaixo que podem machucá-los. Ele pode
ajudar.
— Obrigada, G2, — disse Flux. Ela colocou a mão carinhosamente
sobre a forma baixa do droide guardião.
— O que está acontecendo aqui? — perguntou G'kolu. — Quando o
porão se tornou a parte mais popular da nave?
Os passos estavam bem na entrada da área de refeições.
— Está bem! Sem mais brigas, — disse Teal. — Todos nós vamos para
o porão.
Um por um, eles agarraram a parte superior da abertura e pularam para
dentro.

Escuridão total, completa.


Splash. Borbulhar. Pingar-pingar. Plop.
— Ah, o cheiro!
— Isso é muito pior do que eu pensava.
— Até montes de peixes apodrecidos e conchas são melhores do que
isso...
— O que foi aquilo que acabou de roçar minhas pernas? Acho que tinha
escamas!
— Dê um chute forte. Lagostas da água do porão são inofensivas...
— Continuem! Continuem! Deve haver uma plataforma para sair desse
lodo na proa.
— Bi-BIP! Bi-BIP! Ack-ackackack.
— Vou vomitar se ficarmos aqui por muito tempo.
— Silêncio! Vocês querem fazer tanto barulho aqui dentro que os
inspetores alfandegários desçam? Apenas parem de pensar no cheiro.
Respirem pela boca e tapem o nariz.
— Eu sinto o cheiro com os meus chifres.
— Ah... eu não sabia disso.
— Há muito que você não sabe sobre o Grua.
— Vou ter certeza de reservar um tempo depois disso para estudar as
lendas de Vossa Elegância.
— Eu tenho que ser distraído. Me ajude.
— Como você quer que a gente te distraia? Não me peça para cantar.
— Eu não vou... eu já ouvi você no chuveiro... Que tal me contar uma
história?
— Você quer que eu conte uma história?
— Claro. Você deve saber algumas boas histórias, considerando o
quanto gosta de falar. Me conte uma história sobre... Luke Skywalker.
Parece ser o tema de hoje à noite.
— É a Maré.
— Ah, chega dessa história da Maré!
— Comece a falar, Teal! Preciso de uma história sobre Luke Skywalker
para tirar esse cheiro da cabeça!
— Tudo bem... Não sei se essa história é verdadeira. Mas ouvi de um
dos personagens mais interessantes que já conheci...
TAMANHO IMPORTA NÃO. OLHE PARA MIM.
VOCÊ ME JULGA PELO TAMANHO?
— YODA
É DIFÍCIL SER PEQUENO.
Um fato curioso da vida na galáxia é que a maioria das espécies
conscientes tem mais ou menos o mesmo tamanho: variando em altura entre
cerca de meio metro a três metros. Essa suposição fundamental sobre a
escala na mente da maioria dos designers pode ser observada na altura do
teto das cantinas malditas e infestadas de escória em planetas distantes
como Tatooine, assim como no tamanho dos pod repulsor na antiga Grande
Sala de Convocação do Senado Galáctico.
Qualquer um abaixo dessa faixa típica é frequentemente menosprezado.
Literalmente.
É por isso que os macacos lagartos Kowakianos, menores do que bebês
humanos, não recebem respeito na maioria dos cantos da galáxia. Mesmo o
mais famoso macaco lagarto Kowakiano de todos, Salacious B. Crumb,
amplamente aclamado por sua própria espécie como um mestre comediante,
habilidoso tanto em acrobacias físicas quanto em humor verbal, não pôde
ser aceito entre a alta sociedade. Ele teve que se contentar como bobo da
corte do terrível e corpulento Jabba, o Hutt.
Veja, você nem mesmo ouviu falar de Salacious, não é? Mas suas
sobrancelhas se ergueram ao mencionar Jabba, o impiedoso senhor do
crime.
Surpreso com o meu vocabulário, não é? Não esperava que palavras
sésquipedalianas saíssem do meu corpo de meio centímetro? Oh, como
você é previsível.
Eu sou Lugubrious Mote, a verdadeira fonte do gênio cômico de
Salacious Crumb, e esta é minha história.

Splash. Borbulhar. Pingar-pingar. Plop.


— Espera, espera! O que significam essas palavras? Eu nunca ouvi
algumas delas.
— Eu disse que a história é de uma contadora muito incomum.
— Parece que ela só gosta de palavras grandes.
— Há, você não está completamente errada. Uma palavra
sésquipedaliana é uma palavra muito longa, uma soletrada com letras
suficientes para dar a volta na página algumas vezes. Para uma criatura
tão pequena, ela tinha uma capacidade pulmonar extraordinária.
— Pelo menos o meu cérebro está suficientemente distraído para eu
quase esquecer o cheiro daqui...
— Jabba também não cheirava muito bem, pelo que entendi.
— E quanto ao 'corpu...', hum, 'corpu-lento' ...
— Você não precisa entender cada palavra para entender uma história.
Na verdade, as partes mais importantes das histórias nem sempre são
contadas em palavras. Apenas siga em frente.

Primeiro, observe e admire a minha forma. Eu sei que sou um pouco difícil
de ver, então fique à vontade para usar a lupa pendurada ao lado do meu
palco de dez centímetros. Note que O meu corpo tem apenas um pouco
menos de quatro milímetros de comprimento, e de um torso oval coberto
por uma carapaça quitinosa estendem-se dois pares de pernas peludas, um
par de braços segmentados lisos terminando em pinças oponíveis, e uma
cabeça encantadora e com bigodes. Como outras fêmeas da minha espécie,
posso saltar tão alto quanto um metro parada, e posso levantar quarenta
vezes o meu peso corporal.
Biólogos da Universidade de Coruscant descrevem a minha espécie, as
pulgas toupeiras de Kowak, como parasitas, mas isso não é justo. Nós nos
consideramos como parte de um antigo arranjo de benefício mútuo com os
macacos lagartos. Nas densas e exuberantes florestas de Kowak, cada
macaco lagarto tem vivendo em seu corpo uma colônia de pulgas toupeiras
que o aconselham nas relações com os outros macacos lagartos, o alertam
sobre perigos e mantêm sua pele e pelos livres de verdadeiros parasitas
prejudiciais. Quando os filhotes de macacos lagartos nascem, algumas
pulgas toupeiras de cada progenitor migram para a jovem criatura para
estabelecer uma nova colônia, dando assim à criança a sabedoria e
experiência das comunidades de pulgas toupeiras de ambos os pais.
A nossa civilização evoluiu em conjunto com a deles, e ousaria dizer
que nossa civilização é mais sofisticada pelo simples motivo de que nossas
mentes são muito mais rápidas que as deles, assim como nossos
movimentos são muito mais ágeis. Nós pulgas toupeiras podemos viver
uma vida apenas um décimo do tempo médio de um macaco lagarto, mas
esprememos a mesma quantidade de deleite e tristeza nela. Para fazê-lo,
vivemos um único dia como se fosse uma semana, e no tempo que leva para
um cérebro de macaco lagarto pensar e dizer uma palavra, nós já
compusemos uma frase de dez palavras.
Para compensar a nossa pequena estatura, a natureza nos deu cérebros
desproporcionalmente grandes e nervos acelerados.
Eu cresci com Salacious Crumb. Quando Salacious decidiu deixar
Kowak para buscar a sua sorte, a minha colônia realizou uma reunião e
decidiu que não queria entrar nas incertezas do espaço. Em vez disso, os
membros da colônia se dispersariam para se juntar aos parentes em outros
hospedeiros. Fui a única que decidiu acompanhar Salacious em sua
aventura.
— Quero uma parceria completa, — disse a ele.
Ele gargalhou por cinco minutos. Levei aquilo como uma expressão
inepta de gratidão.
Entenda, aqui está a questão: Salacious era um artista natural, e ele foi
abençoado com uma panóplia de características físicas adequadas para um
palhaço que agrada à multidão: orelhas caídas, cabelos bagunçados, olhos
amplos e hipnóticos, membros desengonçados, movimentos desajeitados e
uma risada contagiosa. Mas ele não possuía muita mente entre essas orelhas
desproporcionais.
Ele não conseguia escrever nenhuma piada, porque era mais burro que
um rancor recém-nascido.
Eu fui quem criou todo o material dele, incluindo as piadas de macaco
poodoo. Também tive que me sentar no ninho de cabelo em cima de sua
cabeça e sussurrar as piadas em seus grandes ouvidos, porque ele não
conseguia memorizá-las.
Então, por que eu não entrei no negócio de comédia eu mesma, se era
tão esperta? você pergunta. A comédia requer uma certa disposição para
parecer tolo, sofrer humilhação, ralar e curvar, usar palavras simples. Você
ouviu a minha eloquência, não tenho o temperamento para isso.
É por isso que pensei que nós dois formaríamos uma ótima equipe.
O problema era que poucos fora de Kowak entendiam a linguagem
estridente dos macacos lagartos, e trabalhar através de um intérprete era a
morte para qualquer comediante. (Você já lidou com droides protocolares,
não é? Eles são insuportáveis.)
Para resgatar a carreira inexistente de Salacious, eu o aconselhei a se
transformar em um comediante físico. Tropeções e comédia física são a
linguagem universal da comédia. Eu criei toda uma rotina de quedas,
escorregões, tombos, saltos, giros, paradas de mão, cuspidas, engasgos
falsos e choques pantomimados.
Mas Salacious era um aluno terrível. Ele era tão descoordenado e
desajeitado que não conseguia fazer muitas das acrobacias e deslizes que eu
tinha coreografado para ele. Depois de muitos segundos de reflexão, tive a
ideia de sentar em cima de sua cabeça, como o piloto de um daqueles
walkers AT-AT que vimos uma vez em um porto espacial sob lei marcial, e
enviar sinais a ele sobre como se mover mordendo-o em diferentes pontos
de sua cabeça. Essa era a única maneira dele se mover com coordenação
suficiente para mastigar um peixe bexiga que estalava enquanto também
dançava como um Gamorreano embriagado, acredite, era um movimento
engraçado.
Ele não conseguia evitar cair na risada com as próprias piadas, o que
arruinava grande parte do efeito.
Mas o humor é subjetivo e, apesar de todas as probabilidades,o chefe do
crime, Jabba o Hutt, simpatizou com ele, particularmente com a sua risada.
Salacious assumiu o crédito por tudo e nem mesmo mencionou a minha
existência para a Sua Corpulência Augustíssima. Que parceiro ele acabou
sendo.
Por outro lado, considerando que Salacious tinha que divertir Jabba pelo
menos uma vez por dia para conseguir sua comida e bebida, e eu podia
compartilhar das migalhas, para que o caracol gigante não o matasse, talvez
fosse uma coisa boa que eu estivesse abaixo do radar de Jabba.
Por muito tempo, vivi no cabelo de Salacious e o ajudei a sobreviver
para o prazer do chefe do crime. À noite, eu pulava pelo palácio e ouvia as
conversas de caçadores de recompensas e contrabandistas que vinham
negociar com a salsicha oleosa e superdimensionada. Aprendi muito sobre a
galáxia, mesmo que não tenha conseguido ver todos os cantos dela. Não era
a vida de aventura que me prometeram, mas eu pensava que estava
contente.

Até o dia em que Skywalker apareceu.


— Me imagine em meu ninho, tecido a partir de videiras espessas, cada
uma com a largura das minhas pernas. Em vez de fibras vegetais, as
videiras eram feitas de queratina, colorida na mesma tonalidade púrpura
acastanhada que dominava tudo no planeta deserto de Tatooine. As videiras
eram difíceis de trabalhar: teimosas, inflexíveis e completamente
desprovidas da maciez cedente desejável em uma boa cama. Os fios grossos
emergiam do solo seco e coriáceo, e eu tinha que introduzir alguma
maleabilidade nesse material altamente recalcitrante com cortes judiciosos
dos meus dentes.
Os meus dentes estavam doendo naquela manhã porque eu havia
mastigado várias videiras de queratina extra grossas para amolecê-las,
manter a integridade estrutural do meu ninho era uma luta constante, já que
os fios cresciam sem parar, e novos cortes tinham que ser feitos a cada
poucos dias, para que meu ninho não se desenrolasse.
Pode muito bem fornecer um relatório sobre o clima e atividade
sísmica. O céu estava em sua usual névoa perpétua e turva, ininterrupta pela
luz dos sóis gêmeos ou pelo brilho das estrelas, já que o Monte Jabba não
gostava muito de ficar ao ar livre, Salacious Ridge, o meu anfitrião e
habitat, também não podia sair. Mais cedo naquele dia, pedaços dos restos
de alguma criatura infeliz cobertos de muco e sucos digestivos caíram na
floresta de videiras, e uma tempestade rápida de vinho azedo e sucos de
frutas fermentadas havia escavado riachos no chão seco. Apesar do meu
nojo, saí do meu ninho para catar os pedaços comestíveis de carne que pude
encontrar, oh, como eu pareceria vergonhosa aos olhos da minha tribo! E
então tive que me apressar para limpar o que não podia comer ou beber,
lançando os pedaços excedentes pela face do penhasco além da floresta de
videiras, para que o ninho não se transformasse em um amontoado
fedorento e lamacento. Para fazer um pouco de exercício, subi o Pico
Orelha Esquerda e o Pico Orelha Direita com alguma carniça podre como
pesos livres.
Uma névoa de odor repugnante avançou e cobriu tudo. Tudo o que eu
podia fazer era recuar para o meu ninho e prender a respiração, tossindo em
acessos quando o cheiro se tornava demais. Acima de mim, roncos
estrondosos e gargalhadas ensurdecedoras se alternavam em ondas
imprevisíveis, me forçando a cobrir as minhas orelhas delicadas enquanto
os meus bigodes tremiam de irritação. Sob mim, o meu anfitrião reagiu
tremendo como o convés de algum navio sacudido pela tempestade, com
um cacarejo agudo que soava como se o próprio chão estivesse se rasgando
ao meio.
No geral, apenas um dia típico na selva de cabelos emaranhados no topo
da cabeça de Salacious Crumb e sob a imponente montanha de carne e
gordura que era Jabba, O Hutt.
— Você não pode me proteger da fumaça do narguilé? — Implorei a
Salacious. — Coloque um chapéu ou algo assim. — De todos os hábitos
nojentos de Jabba, aquele era o pior. A fumaça entrava no cabelo de
Salacious e não havia nada que eu pudesse fazer para tirar o cheiro.
Salacious não respondeu, exceto pisar com o pé, esmagando-o no chão,
e então rindo maniacamente. A mensagem estava clara: se eu me revelasse,
ele não faria nada para me proteger, e eu seria esmagada como uma pulga
comum e insensível.
Eu estava pensando em algum insulto inteligente para Salacious, às
vezes levava dias para ele entender o que eu queria dizer, quando um clarão
de relâmpago dividiu a névoa ao longe e uma estrela homem gigantesca e
brilhante piscou como uma supernova explodindo, iluminando metade do
céu. Ele era tão grande que pairava sobre o grosso de Jabba como a árvore
pasol de dez mil anos que sombreava a rocha lisa que era o esconderijo de
Salacious Crumb de volta em Kowak. Ele era como um antigo deus dos
mitos de criação, ali na carne. Pulei para a ponta da orelha de Salacious
para ver melhor.
— Saudações, Magnífico...
Nunca havia ouvido uma voz como aquela: sonora e ressonante, ao
mesmo tempo suplicante e ameaçadora, impregnada de uma confiança que
parecia indistinguível de arrogância. O burburinho na corte de Jabba se
acalmou como nunca me lembro de ter visto o lugar calmo, e a estrela-
homem brilhante continuou.
— Eu sou Luke Skywalker, Cavaleiro Jedi e amigo do Capitão Solo.
Busco uma audiência com a Sua Grandeza, para negociar pela vida dele...
A figura imponente piscou. Percebi que esse Luke Skywalker não era
real, mas uma ilusão projetada do topo de um droide azul e prateado com
cabeça de cúpula ao lado de um droide dourado em forma humana. Eram
presentes para Jabba deste Skywalker, aparentemente. Ele estava se
submetendo ao Jabba antes mesmo de chegar; eu não pude deixar de ficar
desapontada.
O meu tempo no palácio de Jabba tinha me mostrado muitos puxa-
sacos, charlatões e vigaristas. Este Skywalker, no entanto, apresentava um
pouco de enigma. Por um lado, ele nem mesmo era corajoso o suficiente
para aparecer pessoalmente e era tão enjoativo e humilde em sua
abordagem ao gângster Hutt quanto qualquer criminoso de baixa categoria.
Por outro lado, ele não estava lá para negociar lucro ou algum favor
desagradável de Jabba, mas para implorar pela vida de seu amigo, o que o
tornava um pouco mais simpático para mim.
Será que ele era apenas temerário ou estava executando algum grande
golpe? Eu me perguntava.
Ele era uma incerteza envolta em um enigma oculto dentro de um
mistério.

Depois que Luke fez um alarde com o seu holograma, nada de novo
aconteceu por um tempo, e a vida no palácio de Jabba voltou à sua rotina
habitual de comida nojenta, fumaça fedorenta e uma sequência interminável
de aduladores obsequiosos. Tentei fazer Salacious Crumb variar um pouco a
sua rotina, estava cansada da velha comédia física, mas ele recusou
categoricamente.
— Tentar algo novo pode te render uma promoção, — sussurrei em sua
orelha esquerda.
Ele gritou com algum comentário idiota e sem sentido de Jabba e coçou
a orelha para me fazer ir embora.
O meu anfitrião não tinha ambição. Ai! Ai!.
Comecei a perambular pelo palácio, mesmo durante o dia. Só se podia
aguentar tanto tempo vivendo sob o queixo pingante daquela montanha de
carne maligna. Senti o chão tremer enquanto a banda de Jabba mudava de
um estilo musical para outro em um esforço vão de animar aquele cérebro
preguiçoso. Contive a minha língua enquanto me agarrava à parede e
observava os capangas grotescos competindo entre si para rir mais alto
enquanto Jabba torturava a sua infeliz escrava, a dançarina Oola. Salacious
tinha a duvidosa honra de liderar essa competição. Saltei pela tesouraria de
Jabba e examinei sua coleção de saque requintado, infelizmente manchada
pelo muco de suas mãos sujas.
E então tudo virou de cabeça para baixo com a chegada de Leia.

Deixe de lado a audácia ousada com o prisioneiro Wookiee, o disfarce


preposteramente estranho e clicando no detonador térmico. Deixe de lado a
pura audácia de navegar pelo palácio de Jabba no escuro e roubar a sua
possessão mais valiosa bem debaixo do nariz de Jabba. Deixe de lado o fato
de que, de acordo com os padrões da maioria das criaturas sapiens, o plano
de Leia era absolutamente insano.
O que eu mais admirava nela? Como ela ficava calma depois que o
plano dela falhava.
O traje absurdo que Jabba a fez usar foi projetado para desgastá-la,
quebrar a sua resistência. Estava muito frio para a temperatura ambiente do
palácio, e a expunha a assédio constante do Hutt. Jabba era praticamente
um artista quando se tratava de usar nojo e humilhação como armas.
Incontáveis inimigos que jamais teriam cedido apenas à dor se
desmoronaram sob os jogos mentais vis do lorde Hutt.
Mas ao observá-la, você nunca saberia que Leia estava incomodada com
qualquer coisa. Ela estava absolutamente calma. Reclinada no centro do
tumulto agitado e repugnante que era a corte de Jabba, ela era um centro
intocável de tranquilidade. Embora fosse prisioneira de Jabba, ela agia
como uma princesa, uma rainha.
Eu nunca tinha visto tanta graça em um ser humano. Jabba não poderia
derrotá-la.
Mais tarde, na escuridão, enquanto Jabba, Salacious e o restante da
corte dormiam, pulei para fora do meu ninho no topo do macaco lagarto.
Com um único salto, aterrissei no cabelo de Leia, que, notei com alguma
nostalgia, parecia muito mais confortável e me lembrava o musgo macio de
Kowak que costumava misturar com o cabelo áspero de Salacious para dar
um toque caseiro. Aquela trança intrincada no topo de sua cabeça faria uma
bela torre de sino, e a longa trança seria uma escadaria fantástica.
Mas chega de fantasias imobiliárias. Eu tinha uma missão.
— Pssst, — sussurrei em seu ouvido. — Você está acordada?
Seus olhos se abriram de repente no escuro.
— Quem está aí?
— Seu erro, — eu disse, — foi ver Jabba como um igual. — Eu não
respondi diretamente à pergunta dela, porque em minha experiência, assim
que as pessoas me viam, paravam de ouvir.
— Explique-se. — O tom dela não estava defensivo nem zangado. — E
vá mais devagar. Mal consigo entender você.
Certo. Eu estava sempre me esquecendo de como essas criaturas
grandes eram lentas. Eu tinha que diminuir a velocidade da minha fala por
um fator de dez para que o meu Básico Galáctico fosse compreensível para
o ser humano médio.
Eu enunciei cada sílaba deliberadamente, arrastando minhas palavras.
Eu achava que soava como uma gravação holográfica com defeito que
pulava e gaguejava, mas eu não podia me dar ao luxo de ser impaciente.
— Você an-da-va pe-lo pa-lá-cio de-le co-mo um la-drão, mas você se
es-que-ceu de que ele é um gran-de la-drão. Claro que ele te pegou.
— Isso é uma questão razoável, — ela disse. — O que você teria feito?
— Uma pulga pode beber o sangue de um fathier porque a pulga é
quase invisível para a grande fera, — eu disse.
— Mostre-se, — ela disse. — Gosto de ver com quem estou falando.
Pulei para a ponta de seu nariz, pronta para pular para longe se ela me
desse um tapa, como eu esperava que fizesse.
Ela não deu. Em vez disso, ela olhou pra mim, vesga no escuro, e sorriu.
Foi assim que uma das alianças mais improváveis, entre uma
toupeirapulga de Kowak e uma princesa da Casa Organa, foi forjada.
Ela me contou sobre as estrelas que causavam morte, sobre a escuridão
mais profunda que o espaço que era o Império, sobre os pontos de luz
nascentes da Aliança Rebelde, sobre a grande visão de uma galáxia livre.
— Haverá um assento para todos na câmara do Senado, não importa a
sua riqueza, poder ou idioma, — ela declarou. — Ou tamanho, —
acrescentou após um segundo.
E imaginei colônias de toupeiras-pulgas se espalhando pela galáxia,
aconselhando anfitriões que eram generais, senadores, magnatas, cantores
de ópera, talvez até princesas. Eu contei a ela do meu desejo.
— Não tenho certeza se eu seria a anfitriã mais adequada, — ela disse
diplomaticamente. — Se você estivesse vivendo em mim, o meu couro
cabeludo ficaria muito coçando. Mas... tenho certeza de que podemos
encontrar outro anfitrião voluntário para você.
Satisfeita, ofereci a minha ajuda a ela.
— Luke está vindo, — ela disse. — Dê a ele a sua ajuda. Ele é a nossa
melhor esperança.
— O homem ilusão? — Perguntei com ceticismo.
— Vai gostar dele, — ela disse, com os olhos brilhando. — Você vai
ver.

— Devo ser autorizado a falar, — disse a figura encapuzada das sombras. A


sua voz era estranha, sem tom. As monstruosidades da corte de Jabba se
mexiam desconfortavelmente na penumbra.
Os olhos de Jabba se abriram com um estalo acima de mim, como os
sóis gêmeos de Tatooine. Uma torrente de baba escorregadia saiu da boca
cavernosa sobre mim e caiu sobre os cabelos sujos de Salacious, que soltou
um riso meio desanimado.
Não era hora para comédia. Eu me afastei no último segundo e pousei
no ombro de Leia. Enquanto Jabba continuava a trovejar bombasticamente
acima de mim, me apressei para um poleiro logo abaixo da orelha direita de
Leia.
— Ele deve ser autorizado a falar, — disse Bib Fortuna, o subserviente
mordomo de Jabba.
Havia algo errado com a sua voz. Parecia ainda mais sem alma do que o
normal.
— Ele está usando um antigo truque mental Jedi, — rugiu o Hutt. Ele
jogou Bib Fortuna para o lado.
Eu estava confusa. Os Jedi eram figuras lendárias, e eu nunca realmente
acreditava que eles tinham poderes mágicos. Mas era possível que eles
soubessem algo sobre hipnose, algo que eu já tinha visto mágicos de rua
fazerem para a multidão. Talvez Luke tivesse aprendido um truque assim.
Só esperava que ele não tivesse uma opinião superestimada de sua eficácia.
Jabba estava falando tão devagar que eu tinha tempo suficiente para
desviar de mais algumas gotas de baba, cada uma maior do que eu era.
Como Leia podia suportar o cheiro, estava além de mim.
— Você trará o Capitão Solo e o Wookiee até mim, — disse a figura
encapuzada com a mesma voz sem tom. Ele deu um passo à frente na luz e
retirou o capuz que escondia o seu rosto.
Como outros seres humanos, ele era gigantesco, embora apenas de um
jeito médio. Além disso, como todas as criaturas grandes, o seu rosto era
marcado por imperfeições, pontos de apoio perfeitos se eu escolhesse
escalar os penhascos de suas bochechas para chegar ao cabelo para fazer
ninho. Ao contrário da versão holográfica, na vida real ele tinha um olhar
jovem e uma espécie de confiança fácil que me disse de imediato que ele
estava condenado.
— Ele não tem ideia do que está fazendo, não é? — eu sussurrei no
ouvido de Leia.
Leia ficou tensa. Eu podia ver que ela também não sabia o que Luke
estava planejando.
— Você soa como um mosquito zumbindo, — ela sussurrou. — Não
consigo entender nada do que você está dizendo.
Certo. Eu tinha esquecido novamente.
— Ele sabe de um truque, e ele acha que isso é o su-fi-ci-en-te. — Eu
me forcei a diminuir a velocidade e a realmente articular. — Su-per-con-fi-
an-te. Ele es-tá co-me-tendo o me-smo er-ro que você cometeu.
Acima de mim vieram os estrondos do riso trovejante de Jabba, mais
robusto do que qualquer risada que Salacious já tivesse causado. O pobre
macaco lagarto tentou rir para apoiar o júbilo de seu mestre, mas os ruídos
lastimáveis foram abafados pelas gargalhadas dominantes de Jabba.
— Jabba ganha a vida devorando falsificadores, vigaristas e mentirosos.
Ele conhece mais truques mentais do que qualquer um.
Pelo jeito que as mandíbulas de Leia se apertaram, pude perceber que
ela entendia o problema em que Luke estava.
Vi Luke captar o olhar de Leia, e o brilho de confiança sumiu de seus
olhos. Ele parecia um menino perdido. Senti uma onda de pena por ele.
Por que os membros das grandes espécies sensatas eram tão tolos? Tão
arrogantes? Por que eram cegos para o que era tão óbvio para mim?
Jabba zombou do jovem Skywalker por seu plano temerário e sem
sentido, e enquanto seu hálito fétido a envolvia em ondas, Leia estremeceu.
Eu sabia que a fé estava morrendo em seu coração também.
Temi o pior quando Luke deu mais um passo à frente, aproximando-se
ainda mais de Leia e Jabba.
— No entanto, estou levando o Capitão Solo e os seus amigos. Você
pode lucrar com isso ou ser destruído. — Sua expressão era determinada,
como se ele acreditasse plenamente em cada palavra que estava dizendo.
Mesmo que fosse tolo e excessivamente confiante, eu admirava o fato
de que ele não desistiria. Nisso, ele e Leia eram muito parecidos.
— Eu disse que você ia gostar dele, — disse Leia. Sua voz estava tão
baixa que só eu podia ouvi-la.
— A única que estou gostando é da minha confiança de que ele está se
metendo em encrenca, — eu disse, com os meus olhos focados no ponto em
que Luke estava parado. — Você não entende o que está acontecendo?
Jabba o está fisgando; ele está...
— Mestre Luke, — C-3PO, o droide de protocolo, interrompeu. —
Você está em cima de...
O próprio aviso de Leia, quando ela percebeu a verdade, foi
interrompido quando Jabba puxou a corrente presa à sua coleira.
— Vou aproveitar para te assistir morrer, — disse Jabba, gargalhando.
Confuso e desesperado, Luke avançou em direção a um dos guardas ao
lado de Bib Fortuna e de alguma forma, até hoje, ainda não tenho certeza de
como ele fez, o blaster do guarda voou para fora da sua cartucheira e pulou
para a mão de Luke.
Agora, tenho certeza de que muitas pessoas ouvindo minha história vão
dizer que isso era prova de que Luke tinha facilidade com 'a Força' aquele
misterioso poder mágico que todo mundo adora falar ('Oh, ele permeia a
galáxia!' 'Oooo, permitiu que os Jedi protegessem a República!' 'Ahhh, pode
fazer qualquer coisa!'). Mas a verdade é que não existe tal coisa como 'a
Força'. Eu sou uma racionalista consumada, e acredito apenas no que pode
ser visto e tocado.
Minha melhor teoria de trabalho é que o guarda era outro dos amigos de
Luke que infiltraram o palácio de Jabba; você não acreditaria em quantos de
seus cúmplices conseguiram entrar lá da mesma forma que Leia. Mas
enfim, divaguei.
Aqui está o que aconteceu em seguida, no espaço de cerca de um
segundo:
Luke agarrou o blaster de maneira desajeitada, como se fosse um
detonador térmico quente, e...
Antes mesmo de conseguir disparar um único tiro, um dos guardas
Gamorreanos de Jabba o agarrou por trás...
Jabba acionou o interruptor que liberou a armadilha no pé de seu trono...
Seguiu-se uma luta desajeitada entre o colossal Gamorreano e o
gigantesco Luke que parecia durar uma eternidade, uma cena frustrante para
um atleta ágil e ágil como eu assistir...
Um raio disparou do blaster de Luke e atingiu o teto, desencadeando
uma chuva de faíscas, que eu não tive dificuldade em esquivar, já que eu era
tão rápido, mas queimou a pele de Leia. Ela rangeu os dentes...
Luke caiu pelo buraco que se abriu no chão...
Salacious riu insipidamente...
O Gamorreano, com a sua presa tendo escapado repentinamente de seu
alcance, perdeu o equilíbrio e segurou-se precariamente na borda do trono
de Jabba...
Mas esse segundo foi tempo de sobra para uma mente rápida como a
minha trabalhar as implicações. A Princesa Leia ia perder o seu campeão a
menos que eu fizesse algo. Essa era minha única e última chance de mudar
as probabilidades a seu favor e provar meu valor como aliado. Além disso,
como sempre me considerei o cérebro da parceria entre Salacious e eu,
talvez fosse hora de provar que eu poderia agir tão grande quanto falava.
Bem, talvez grande não fosse exatamente a palavra certa.
Enquanto o Gamorreano balançava precariamente acima do buraco,
decidi embarcar em minha busca para salvar Luke Skywalker. Ele era um
rapaz desajeitado, tolo e impulsivo, mas era corajoso e tinha o coração no
lugar certo.
Saltei do ombro de Leia para as costas do Gamorreano, e assim que
aterrissei, a besta porcina caiu pelo buraco após Luke.
Salacious riu maniacamente, ainda sem perceber que havia perdido o
único cérebro que importava.

Descemos, descemos, descemos na escuridão.


E abruptamente emergimos na masmorra úmida e escura abaixo do
trono de Jabba, onde apenas alguns raios conseguiam passar pela grade no
teto alto, através da qual Jabba gostava de observar suas vítimas morrerem.
Com um grito ensurdecedor, a pesada porta no final da masmorra se
abriu para revelar o horror oculto atrás dela: o rancor de Jabba.
Imagine uma criatura metade da qual a massa corporal é ocupada por
uma boca maciça parecida com uma caverna, cheia de estalactites e
estalagmites de dentes. Imagine também um par de braços poderosos
terminando em garras afiadas ocupando metade do resto. Finalmente,
imagine que essa criatura de pesadelo fosse muito maior do que um ser
humano, assim como Salacious Crumb era muito maior do que eu.
Luke se levantou apressadamente, a bravata em seu rosto substituída por
um terror impotente. O guarda Gamorreano em que eu estava montada
esqueceu completamente o dever dele. Tudo o que ele queria era subir de
volta pelo escorregadio túnel pelo qual ele tinha caído.
Você provavelmente pensa que eu estava tão aterrorizada que tudo o que
eu podia fazer era me agarrar ao Gamorreano e rezar para morrer o mais
rápido possível.
Pelo contrário, nunca estive tão encantada.
Lembre-se, você está pensando na sua escala, não na minha.
Uma pulga pode sugar o sangue de um fathier porque a pulga é quase
invisível à grande fera.
No meu tamanho, o rancor não era nada além de uma montanha
desajeitada que era mais habitat do que ameaça. Se ele tentasse me morder,
eu teria dado voltas nos espaços entre os seus dentes. Se ele tentasse me
pisar, eu teria tirado uma soneca nas profundas ranhuras e rugas que
marcavam a sua pele de couro. Muito antes dele ter a chance de me ver,
muito menos me pegar, eu teria pulado em suas costas e construído um
novo ninho nas dobras acima de seus olhos piscinas completamente alheios.
Eu estava pronta para mostrar ao rancor quem mandava.
Mas não importava o quanto eu gritasse em seu ouvido para parar, virar-
se e ficar firme, o Gamorreano não ouvia. Era impossível argumentar com
um Gamorreano, um dos muitos defeitos dessa espécie.
Então, é claro que o rancor se abaixou, agarrou-o e engoliu-o em
algumas mordidas como um suculento sapo fruta.
Acima de nós, Jabba ria, Salacious ria, Leia ofegava, e a corte
monstruosa de Jabba explodia em vaias estridentes.
Cinco pulos fáceis depois, eu estava no ombro de Luke, e mais um salto
me colocou ao lado de sua orelha. Ele ainda estava recuando, seu olhar
aterrorizado fixo no monstro iminente.
O rancor, tendo terminado sua refeição Gamorreana, virou-se
desajeitadamente para olhar para Luke.
— Não se preocupe, — eu disse em seu ouvido. — Você consegue fazer
isso.
Eu tinha uma rotina inteira preparada para acalmar o jovem assustado
depois de ouvir uma voz desencarnada. Eu iria pular em seu nariz para que
ele pudesse me ver bem, e eu ia explicar a ele tudo sobre o acordo que eu
tinha feito com a Princesa Leia para ajudar a Rebelião. Tudo o que ele
precisava fazer era confiar em mim.
Mas ele não reagiu da maneira como eu pensava que reagiria. Depois de
um estremecimento momentâneo de susto, o seu corpo imediatamente
relaxou. Ele se agachou em uma postura de luta, e um sorriso apareceu em
seu rosto.
Confusa, perguntei:
— Você não vai perguntar quem sou?
— Não, — ele disse. — Eu sei que você é o espírito de um Jedi, e você
vai me dizer para usar a Força.
Oh, céus.
Antes que eu pudesse explicar, o rancor deu um passo vacilante à frente.
Mas em vez de correr, Luke apenas ficou lá.
— Estou tão pronto, — ele disse. — Me diga o que fazer. Talvez eu
devesse usar o meu truque mental Jedi? — Isto não é a comida que você
está procurando. — Ou e se eu usar meus poderes de pegar o ar e chamar
dois daqueles dentes de sua boca para minhas mãos e então esfaqueá-los em
seus olhos? Ah! Eu sei, eu deveria encontrar uma pedra e atirá-la direto em
sua garganta exatamente assim e fazê-la ficar presa em sua garganta para
que ele engasgue...
Os meus bigodes tremiam de incredulidade, e eu batia minhas pinças na
minha testa.
Mas não havia tempo para curar o jovem de suas ilusões.
— Dê um passo pra trás, pra trás! — gritei em seu ouvido.
Ele deu alguns passos pra trás. Isso não era o que ele estava esperando
de seu guia Jedi fantasma, e pude perceber pela maneira como ele tremia
que ele estava ficando nervoso.
Pelo menos ele consegue seguir as instruções, eu pensei. Então percebi
que isso não seria tão ruim. Eu ainda poderia fazer dar certo. Em vez de
lutar contra os seus instintos, eu tinha que trabalhar com eles. Se eu pudesse
lidar com o vazio Salacious Crumb, certamente poderia fazer o mesmo com
o excessivamente animado Luke.
Uma rápida olhada pelo chão distante da caverna de onde eu estava me
deu um plano.
— Agora, conecte-se todos seus sentidos, Luke. — Era desagradável
jogar com a superstição, mas eu tinha que acalmar seus nervos e ganhar sua
confiança. — Deixe a Força fluir através de você e sobre você... Sinta como
a Força o guia através de seu... er... couro cabeludo...
Saltei para o topo de sua cabeça. Me segurando, agarrando as mechas de
seu cabelo com cada uma de minhas pinças, afundei minhas partes bucais
microscópicas, isso seria um par de agulhas de pele, seis tubos sugadores,
três tentáculos agitadores, cinco dutos de regurgitação e sete agitadores de
alimentação, gentilmente em sua pele. Não adiantava ir rápido demais
quando você morde um hospedeiro pela primeira vez.
— Espere! Eu posso sentir, — ele disse, sua voz cheia de reverência. —
Eu posso sentir a Força me fazendo cócegas na parte de trás da minha
cabeça!
Bom. Bom. Mergulhei minhas partes bucais mais profundamente. Eu
não estava apenas me referindo ao fato de que meu plano daria certo. Ele
tinha um gosto até que bom.
Ele se virou; por trás de nós, o rancor havia dado outro passo à frente.
— Não foi exatamente assim da última vez, — ele disse. — Obi-Wan
nunca fez o meu couro cabeludo coçar, ai!
Eu estava longe demais de sua orelha para me fazer ouvir, então apenas
retirei as minhas agulhas bucais, pulei para sua testa e as enfiei em sua pele
com força. Era, eu imagino, exatamente como um jóquei fazia para
domesticar um fathier indomado.
Luke finalmente entendeu o que eu queria e pulou para frente para
pegar um osso de fêmur maciço de uma das vítimas anteriores do rancor no
chão da caverna. Duas mordiscadas rápidas na parte de trás da cabeça
depois, ele se virou e segurou o osso como um porrete.
— Usar a Força... Usar a Força... — ouvi-o murmurar. — Tenho que
usar a Força...
O rancor avançou desajeitadamente. Um passo. Outro passo.
As pernas de Luke tremiam, e o topo da cabeça dele tremia como o
convés de um navio pego em uma tempestade solar.
Não havia outra opção senão pular para a orelha dele novamente.
— Deixe-o agarrar você e mover você para mais perto de sua boca. Em
seguida, enfie o osso em sua mandíbula.
Ele congelou por um segundo antes de relaxar novamente.
— Ah, como enfiar um torpedo de prótons na porta de escape da Estrela
da Morte, — ele disse. — Entendo.
Eu não tinha ideia do que ele estava falando, mas contanto que ele
obedecesse às minhas instruções...
— Claro. Como quiser.
Tenho que dar crédito ao garoto. Tolo e desajeitado como era, ele era
corajoso. Enquanto as garras do rancor se enrolavam ao seu redor, ele não
desmaiava de terror nem cedia à dor de ser esmagado por aqueles dedos
esmagadores e grossos. Ele fechou os olhos, mas segurou o osso da coxa e,
à medida que o rancor o levantava mais e mais perto de sua mandíbula, ele
ergueu o osso e mirou firme e reto na garganta da criatura, apesar das ondas
de ar quente cheias do mau cheiro de carne podre.
— Agora! — gritei e mordi a sua testa antes de me agarrar com toda a
força.
Luke enfiou o osso diretamente na boca da criatura, prendendo as duas
extremidades firmemente no teto e no chão. Uivando de dor, o rancor o
soltou. Suas mandíbulas escancaradas ficaram emperradas abertas.
— Vai, vai, vai! — Mordi o lado direito de seu couro cabeludo.
Rolando no chão, Luke estava respirando com dificuldade e rapidez. Ele
olhou para cima e viu uma pequena abertura à direita, sob uma saliência. O
espaço era apenas grande o suficiente para caber nele. Ele se esgueirou para
dentro.
— Usei a Força! — ele sussurrou alegremente. Ah, esse garoto bobo.
O rancor, a sua arma principal inutilizada, uivou para a grade lá em
cima. Jabba praguejou em sua voz estrondosa, parecida com um terremoto;
Leia parecia pronta para desmaiar; e toda a corte zombou mais um pouco.
Salacious, fiel ao costume, soltou algumas risadas fracas. Sem mim, ele
não tinha ideia de como transformar a situação maluca em uma piada.
Mas ainda não estávamos fora de perigo. Com um grunhido, o rancor
conseguiu exercer pressão suficiente em suas mandíbulas para quebrar o
osso da coxa como se fosse um palito de dente insignificante. O predador
enfurecido voltou então à tarefa de caçar sua presa surpreendentemente
espinhosa, enquanto se aproximava da saliência sob a qual Luke estava
escondido.
O monstro se aproximava cada vez mais, e então ele se inclinou para
baixo para tirar Luke de seu esconderijo. Uma garra afiada passou
perigosamente perto do rosto de Luke.
— Agora seria um bom momento para usar a força! — Pulei sobre ele e
gritei em seu ouvido.
— Como? Como eu uso a Força?
— Não a Força, apenas use um pouco de força! — Eu estava tão bravo
que mordi a sua orelha, e Luke fez uma careta.
A dor parecia finalmente ter transmitido a minha mensagem.
Luke pegou uma pedra do chão da caverna e a esmagou com força na
garra que estava se aproximando. O rancor recuou e se ergueu para trás,
uivando de dor.
Olhei através do arco formado pelas pernas curvadas da criatura. Na
distância distante, vi a abertura pela qual ela havia emergido antes.
Hora de outra carona.
Saltei de volta para o topo da cabeça de Luke e mordi a sua testa.
— Levante-se! — Rosnei.
Graças à Grande Pulga Toupeira, Luke tinha confiança cega nessa
'Força' que o controlava. Ele saiu correndo do esconderijo e correu sob o
rancor reerguido. Escolhi dois pontos na testa dele e afundei as minhas
agulhas bucais neles ritmicamente: esquerda, direita, esquerda, direita...
Quanto mais rápido eu alternava as minhas mordidas, mais rápido as suas
pernas se moviam. Duvido que qualquer piloto de AT-AT pudesse afirmar
ter conduzido a sua montaria com mais precisão do que eu enquanto guiava
Luke em direção ao seu destino.
Manobrei Luke para uma corrida total até que ele correu sob a porta que
havia soltado o rancor e bateu no painel de controle na extremidade oposta
da masmorra. Uma pequena porta se levantou para revelar... uma grade de
ferro que bloqueava o caminho.
Gggahhh! Eu gritei de frustração. Pensei que tinha encontrado uma rota
de fuga, mas é claro que não seria tão fácil. Luke agarrou-se à grade e se
debatia como um peixe fisgado.
— Tudo bem, — ele murmurou para si mesmo. — Parece impossível,
mas aposto que agora é a hora de você me mostrar o que fazer para derrubar
aquilo!
Ele estava falando comigo, a voz da Força. Mesmo agora, ele não estava
desistindo da esperança. Isso foi bem comovente, na verdade. Ele pode não
ser muito esperto, mas com certeza era determinado e confiante.
Tudo bem, eu disse a mim mesma, eu também não vou desistir. Deve
haver outro jeito.
Até então, o rancor havia se virado e estava marchando de volta para
sua toca, determinado a pegar sua presa ainda viva.
Os tratadores do rancor de Jabba se aproximaram da grade e zombaram
de Luke, cutucando-o com seus bastões para forçá-lo de volta para a
masmorra.
Luke recuou e se apoiou na parede, ofegando, enquanto o rancor estava
a apenas alguns metros de distância.
O tempo desacelerou.
Uma única luz vermelha brilhava pelo ar sombrio e úmido da
masmorra, vinda da parede oposta, zombando dos meus planos. Eu tinha
chegado tão perto de salvar o garoto tolo, de cumprir minha promessa à
princesa. E todo o meu trabalho árduo seria em vão.
Eu desejava ter controle total sobre os músculos de Luke. O que eu não
seria capaz de realizar se tivesse aquele corpo? Eu conseguia me imaginar
pulando nas costas daquela besta trôpega e arrancando seus olhos,
mordendo sua pele para fazer sangrar. Se ao menos... se ao menos...
O rancor deu mais um passo à frente e abriu suas mandíbulas viscosas,
arranhando o ar com suas garras ameaçadoras...
Luke congelou.
— Eu acredito em você, — ele disse. — Use a Força.
O universo não era justo. Eu tinha reflexos tão bons; eu podia levantar
quarenta vezes o meu peso corporal. E, no entanto, porque éramos pulgas
toupeira tão diminutas, éramos presas para os corvos mantis, e os corvos
mantis eram presas para os lagartos macaco. Os lagartos macaco, por sua
vez, tinham que evitar irritar os Gamorreanos para não se tornarem lanches
para os brutamontes suínos, e os Gamorreanos eram indefesos contra os
rancores sem mente. À medida que cada elo na cadeia alimentar ficava
maior, parecia também ficar menos inteligente.
Espere um minuto, pensei. Só precisamos de uma boca ainda maior.
Olhei para os dentes de metal serrilhados na borda inferior da porta que
havia liberado o rancor. Cada um deles tinha o tamanho de um pico de
montanha, muito maior do que os dentes estalactites do rancor embaixo
deles.
O tempo voltou ao seu fluxo normal.
Mordi a pele de Luke determinadamente. Esquerda, esquerda, direita,
esquerda, direita...
Ele tropeçou para a frente e ajoelhou-se. Pulei para sua orelha e gritei
para ele.
— Pegue-a! Pegue-a!
Ele pegou a pedra na frente dele.
— Agora jogue! — Eu o comandei com a voz da Força.
Seus braços se moveram com solavancos, e a pedra voou de suas mãos
e bateu na única luz vermelha na parede oposta. Era o painel de controle da
grade.
A porta desceu como uma mandíbula gigante e esmagou
instantaneamente o crânio do rancor. Com alguns espasmos finais, o corpo
enormemente pesado parou de se mover.
— Eu sabia! — Luke disse. — Nunca duvidei.
As zombarias de cima silenciaram. Um suspiro surpreso de Jabba.
Mesmo Salacious teve presença de espírito suficiente para perceber que não
era um bom momento para rir. Ouvi a risada momentânea de alegria de Leia
antes que ela fosse sufocada.
O tratador do rancor, um homem robusto como um penhasco, tropeçou
na toca e soluçou ao ver o corpo sem vida de sua fera. Suponho que eu
pudesse entendê-lo. Afinal, mesmo eu estava começando a gostar daquele
homem-montanha desajeitado, teimoso e iludido chamado Luke Skywalker.
Quaisquer que fossem seus defeitos, ele tinha um suprimento interminável
de esperança, e isso não era pouca coisa. Ele estava realmente me
conquistando.
Luke escorregou contra a parede, e eu deslizei contra seu crânio, ambos
exaustos, mas delirantemente felizes.

Você pode pensar que o perspicaz a fazer depois que o seu rancor de
estimação foi morto seria investigar o que aconteceu e possivelmente
oferecer um bom contrato ao assassino, eu preferiria ser creditada
diretamente, mas estava disposta a compartilhar parte do crédito com o meu
monte. Afinal, se alguém foi capaz de neutralizar a sua máquina de matar
mais feroz em tão pouco tempo, é provável que você queira tê-lo
trabalhando para você.
Mas em vez da coisa lógica, Jabba decidiu que o Wookiee, o Capitão
Solo e Luke Skywalker, comigo ainda montando em sua cabeça, seriam
levados para o Deserto de Dunas em seu barco a vela, onde seríamos
jogados no Poço de Carkoon para alimentar o todo-poderoso Sarlacc, que
nos digeriria lentamente ao longo de mil anos.
Como eu disse, quanto maiores eles são, menos cérebro possuem.
Não havia nada a fazer senão treinar Luke para a tarefa à frente. (Eu não
estava exatamente com medo, já que sempre podia pular para longe no
último minuto, eu tinha pernas poderosas. E mesmo que isso não
funcionasse, decidi que se o Sarlacc engolisse Luke e eu juntos, eu pularia
em sua boca e faria de seu estômago o meu lar. Se levasse ao Sarlacc mil
anos para digerir suas vítimas, com certeza eu estaria protegido dentro de
Luke e viveria o resto da minha vida com um certo conforto. Mas eu não
disse isso a Luke, criaturas grandes raramente apreciam ser informadas das
maneiras pelas quais nós criaturas pequenas podemos tirar proveito delas.)
Enquanto viajávamos pelo Deserto de Dunas em uma barcaça ao lado
do barco a vela, treinei Luke em um conjunto detalhado de comandos de
puxar cabelo. Foi um trabalho árduo. Os guardas prenderam Luke no lugar,
aquele idiota do Solo insistia em distraí-lo com conversa fiada sem sentido,
e o vento assobiava em seus ouvidos, fazendo um estrondo. Eu tinha que
me agarrar à borda espiralada ao redor do canal auditivo da orelha esquerda
de Luke com todas as seis patas e gritar para dentro dela, dando-lhe
instruções sobre o que ele deveria fazer com base em cada padrão distinto
de mordidas. Algumas vezes, o vento quase me arrancou dele. Mas eu me
segurei e subi de volta para o meu poleiro de piloto.
Pelo menos eu estava sob o sol. Depois do palácio úmido de Jabba,
tomar banho de sol parecia divino.
— A Força está comigo, — murmurou Luke, com os seus olhos
inocentes bem abertos enquanto ele assentia às minhas instruções.
Quando finalmente chegamos ao sedentário Sarlacc, foi quase
anticlímax. Uma surpresa: o pequeno droide astromecânico de Luke jogou-
lhe sua espada de laser quando finalmente libertaram o jovem para
empurrá-lo para a boca do monstro. Será que ele sabe sequer como usar
essa coisa? Perguntei-me, e imediatamente tomei controle.
— Apenas cale a boca e faça o que seu couro cabeludo formigante diz,
— eu lhe disse.
Ele assentiu vigorosamente.
— Certo. Usar a Força. Ouça a Força. Passei por esse treinamento.
Por mais iludido que o garoto fosse, ele tinha bons reflexos e músculos
fortes, para um humano. Mesmo que tudo estivesse ligeiramente atrasado
porque eu tinha que transmitir minhas ordens através de seu couro
cabeludo, não tive problemas em manter Luke vivo e derrotar os seus
inimigos, porque todos estavam basicamente se movendo em câmera lenta
em comparação com a minha mente rápida.
Uma mordida forte no centro exato de sua cabeça e ele se lançou direto
para cima, fora do caminho da boca escancarada do Sarlacc; outra rápida
série de mordidinhas depois, ele estava rolando pelo ar, indo direto para a
barcaça a vela. Cima-cima-baixo-baixo Eu puxava e empurrava meus tubos
sugadores, e xiu-zing-xiu-zing ia a espada de laser dele, derrubando
capangas de Jabba como árvores gigantes sendo derrubadas. Eu pressionei
meus tentáculos mais fundo e me inclinei esquerda-direita-esquerda-direita
, e Luke balançou sua espada de laser nas posições exatas para bloquear os
raios blaster que se aproximavam.
— Bam! — Eu gritei, mas saiu como um gorgolejo, já que eu tinha
esquecido que minha boca ainda estava firmemente enfiada em sua pele. —
Atchim! — meu monte espirrou. Aparentemente, ele era do tipo que
espirrava quando seu couro cabeludo formigava de certa maneira. — Bom
saber, — eu disse depois que soltei meus ductos de regurgitação. — Vamos
evitar isso no futuro. Vamos começar de novo!
Pilotá-lo foi, no geral, uma experiência incrível. Eu não diria que ele
estava pulando com nem perto da minha graça ou balançando aquela espada
nem uma quadragésima parte do que eu poderia (proporcionalmente
falando), mas ele estava imitando meus movimentos com uma precisão
razoável.
Eu até comecei a fazer barulhos de zumbido de espada de laser em
minha cabeça enquanto dirigia Luke. Parecia certo.
Pousamos na barcaça a vela e causamos mais estragos. Eu espiava para
dentro e vi a Princesa Leia enrolando a sua corrente em volta do pescoço de
Jabba e o sufocando.
— Boa garota! — Eu gritei. Em simpatia, dei uma mordida
comemorativa na testa de Luke, e ele deu um grito.
— Desculpe! — Eu gritei. Foi divertido ver minha parceira Leia usando
o instrumento de sua escravidão contra aquele criminoso arrogante. Eu senti
que Leia e eu éramos parceiras espirituais, ambas capazes de impor nossa
vontade sobre criaturas muito maiores do que nós.
Sob a minha orientação, Luke em breve limpou o convés. Monstros
saíram da barcaça a vela, decidindo que era preferível tentar a sorte fugindo
do sempre faminto Sarlacc a pé em vez de serem abatidos pela fúria ardente
do Jedi giratório guiado por pulgas toupeira.
Deixe-me corrigir isso. Monstros inteligentes abandonaram o navio.
Quando Luke passou por uma das vigias da barcaça, eu olhei e fiquei
chocado com o que vi. Lá estava Salacious Crumb, meu antigo monte,
tentando arrancar os fotorreceptores do protocolo supercílio que Luke havia
presenteado a Jabba. Em vez de sair da vizinhança da dupla Luke
Skywalker-Pulga-Toupeira enraivecida, Salacious aparentemente decidiu
que aquele era o momento perfeito para demonstrar a sua lealdade a Sua
Gordura Exaltada, mesmo que Leia já tivesse estrangulado o chefe do
gangster.
Sem mim, o lagarto macaco nem sequer tinha um pingo de senso
político.
— Fuja! Salacious, fuja! — Eu gritei. Naquele momento, soube
exatamente como o tratador de rancor de Jabba se sentira.
Mas ele não podia me ouvir. O pequeno astromecânico de Luke correu
até ele naquele momento para salvar seu amigo banhado a ouro e zapeou
Salacious com uma varinha elétrica zumbindo.
Deixe-me contar a você, eu nunca tinha visto Salacious pular tão alto
tão rápido, ou o tinha ouvido gritar em um tom tão agudo. Eu ri cada vez
mais. Foi o trecho mais engraçado de comédia que ele já havia feito,
embora ele não tenha tido a ideia.
Com Jabba morto e Leia libertada, fiz Luke agarrar Leia, disparar a
arma do convés na barcaça em si e balançar para fora da barcaça até o
esquife, onde o Capitão Solo, o Wookiee Chewie e mais um dos amigos de
Luke, Lando Calrissian, haviam tomado o controle. Decolamos exatamente
quando a barcaça explodiu em uma bola de chamas ardentes. Espero que
Salacious tenha tido a chance de escapar. Ele pode ter sido um bruto de
cabeça oca, mas era meu bruto de cabeça oca.
Eu pulei da cabeça de Luke para o nariz de Leia.
— Você está certa, — eu disse. — Gosto cada vez mais dele.
Leia me deu um sorriso vesgo.

Apesar da perda de meu lar em Salacious, Leia se recusou a me deixar


morar com ela.
— Qual é, — eu disse, — será divertido! Duas garotas juntas para
enfrentar a galáxia!
Ela resmungou algo sobre ser alérgica a pés peludos e sugeriu que eu
fosse morar com Luke.
— Ele é um bom garoto, — eu disse, — e eu realmente gosto dele. Mas
será muito cansativo ter que fazer todo o pensamento por ele.
E eu disse a Leia para nunca mencionar o meu nome aa Luke, o garoto
estava tão alegre por ter usado a Força para salvar os seus amigos que eu
não tive coragem de deixá-lo saber a verdade. Eu não me importava em não
receber crédito pela parte que desempenhei; eu lhe tinha dado astúcia, mas
ele me tinha dado esperança, e eu me considerava à frente nesse negócio.
Então Leia encontrou uma criatura de pelagem macia e lã que
concordou em me receber como hóspede. Viajamos pela galáxia por um
tempo antes de eu decidir me juntar ao circo. É uma vida agradável: o meu
nome está nos cartazes, com uma fonte maior do que a de qualquer outra
pessoa (insisti nisso), e as crianças adoram a minha atuação.
Leia teve sucesso, é claro, mas às vezes penso no que aconteceu com
Luke. Todas essas histórias sobre ele... Espero que ele tenha aprendido a
pensar por si mesmo em vez de apenas confiar nas vozes em sua cabeça.
SPLASH. BORBULHAR. PINGAR-PINGAR. PLOP.
— Você... você viu a Lugubrious se apresentar? — G'kolu perguntou.
Teal riu.
— Sim. Foi um espetáculo e tanto. Ela fez uma réplica em escala do
barco à vela de Jabba, embora fosse tão extravagante que é difícil acreditar
que algo assim já tenha existido. Dentro da barcaça, o circo instalou uma
larva fofa de areias como substituta para Jabba, o Hutt. Então, Lugubrious
pulava, rodopiava e corria pela maquete com um pequeno palito brilhante
que ela dizia ser o sabre de luz dela. Ela fazia barulhos agudos de sabre de
luz para acompanhar.
— Uau, — disse G'kolu. — Eu adoraria ter visto.
— Acho que eles teriam te expulsado do circo depois do show, — disse
Teal.
— O que isso quer dizer?
— Vamos ver... — Teal fechou os olhos e se concentrou. — Você teria
ficado para trás para debater técnicas de duelo de sabre de luz com
Lugubrious...
— Ah, isso seria divertido! Eu poderia pegar um palito e praticar com
ela...
— Isso mesmo. Imagine-se pulando pela barcaça à vela...
— E imagine se a Capitão Tuuma em vez de Jabba estivesse na
barcaça? Eu balançaria o meu sabre de luz assim...
— E aí, você teria destruído o palco. Muito suave.
— ...
— Viu? Eu sei como você pensa.
G'kolu tentou mudar de assunto.
— Você... você gostaria que Lugubrious vivesse em você?
— Hum, não. Mas eu posso entender...
— Espera! — Flux interrompeu. — Acho que estamos saindo da lodo!
De fato, o chão sob os seus pés estava inclinando para cima, os
levantando para fora do lodo odorífero. Eles finalmente haviam chegado à
plataforma elevada na proa do navio. Ali, uma escotilha redonda na
estrutura seria conectada às tubulações de esgoto para drenar o porão uma
vez que o Wayward Current atracasse em Canto Bight.
— Quem dera tivéssemos um pouco de luz, — disse Teal. — Ei, o que
são essas coisas brilhantes?
Alguns droides de manutenção zumbiam na escuridão, emitindo uma
série de cliques staccato enquanto os feixes de suas lanternas de busca
perfuravam a escuridão.
— Talvez devêssemos pegar um deles para servir como uma lâmpada,
— disse G'kolu.
G2-X emitiu bipes de aviso. Um dos droides de manutenção zumbiu na
direção dos tripulantes, e um brilhante raio disparou, passando pelo rosto
atônito de G'kolu por meros centímetros.
— Ai! — G'kolu pulou de volta para a lama da plataforma. — Pare com
isso! O que ele está fazendo atirando em nós?
— O programa deles deve ter nos detectado como criaturas que
precisavam ser caçadas, somos vermes, — disse Tyra.
Os droides pairaram no ar fétido, e o zumbido deles ficou mais alto à
medida que seus zappers elétricos se carregavam.
— Não podemos detê-los? — perguntou Teal. Ela pulou para fora do
caminho quando outro raio passou por ela, ricocheteando nas paredes.
— Essas coisas são ágeis e letais, — disse Tyra. — Elas têm que ser,
porque os vermes que vivem no porão podem ficar bem grandes.
— Exceto que nós não somos vermes! — disse G'kolu.
G2-X emitiu bipes animados.
— De jeito nenhum. Não, absolutamente não, — disse Tyra.
G2-X emitiu mais alguns bipes e assobiou agudamente para enfatizar.
— O que ele está sugerindo? — perguntou Teal. — Só peguei partes
disso.
Tyra suspirou.
— Ele diz que o resto de nós precisa mergulhar na lodo para servir de
isca, e ele cuidará deles pra nós.
— Mergulhar na lodo? Ele ficou maluco...
Outro droide de manutenção fez um clique alto e mergulhou na direção
da cabeça de Teal. Ela conseguiu se esquivar, por pouco, mas a brisa das
lâminas giratórias passou bem sobre seu couro cabeludo. Ela estremeceu.
— Tudo bem, — disse Flux, que estava preternaturalmente calma. —
Não é grande coisa. Esse lodo é feita da mesma substância que tudo o mais
no universo.
— Continue dizendo isso a si mesma, — disse Teal. — Mas o resto do
universo não me faz sentir arrepios na pele.
Flux a ignorou.
— Tudo faz parte da Maré. Só precisamos prender a respiração e
mergulhar. Se Luke conseguiu pular nas minas de ácido do Profundo,
podemos sobreviver ficando debaixo de esgoto por um tempo. — Ela
respirou fundo algumas vezes, quase engasgou e, em seguida, mergulhou
resolutamente na lama pegajosa, enterrando-se completamente.
Tyra, G'kolu e Teal se olharam, suspiraram e fizeram o mesmo.
Os droides de manutenção pairaram sobre o lodo, tentando determinar
se os alvos haviam se afogado ou ainda estavam ativos abaixo da superfície.
Movendo-se silenciosamente em suas rodas de ladrão, G2-X se aproximou
lentamente. A falta de emissões de calor corporal de sua estrutura fez com
que os droides de manutenção o ignorassem como uma ameaça.
Quando ele julgou que estava perto o suficiente, G2-X entrou em
frenesi de movimento. Ele pegou punhados de lama do fundo do porão com
seus manipuladores e os jogou nas hélices e nos dutos de exaustão dos
droides de manutenção. À medida que os droides surpresos lutavam para
ganhar altitude, G2-X pulou sobre eles como um raposa-gato-caçador de
pássaros e os pressionou na lama espessa. As hélices e os jatos de manobra
começaram a engasgar e tossir à medida que os droides paravam de se
mover.
Os tripulantes e o passageiro clandestino saíram da água lamacenta,
tossindo e ofegando por ar. Eles engasgaram e tentaram vomitar, mas
eventualmente conseguiram retomar o fôlego.
G2-X ergueu um dos droides de manutenção desativados como um tipo
de troféu. Sua lanterna de busca ainda estava funcionando, e G2-X a
pendurou sobre a escotilha como uma lâmpada. O droide de limpeza emitiu
um piado orgulhoso.
Teal limpou a lama do rosto e cuspiu em repulsa.
— Eu nunca farei isso de novo.
— Acho que você nos fez fazer isso só para ver o quanto pareceríamos
ridículos, — disse Tyra acusadoramente.
G2-X emitiu um piado não comprometido.
— Pelo menos estamos seguros por enquanto, — disse Flux. — Quem
diria que haveria todo um outro mundo aqui embaixo, na barriga da nave?
Os tripulantes tiveram que concordar que a aventura era emocionante.
Os companheiros saíram da lama e subiram na plataforma, tentando se
limpar da melhor forma possível.
— Só precisamos esperar até a nave atracar e sair dos canos de esgoto,
— disse Teal.
— Quanto tempo levará para isso acontecer? — perguntou Flux.
— Pelo menos algumas horas, — disse Teal. — Depois que a inspeção
alfandegária terminar, o navio tem que entrar em órbita e então deslizar até
a superfície.
— Tempo suficiente para mais uma história? — perguntou Tyra.
Teal virou-se para G'kolu.
— Você está sempre cheio de histórias mirabolantes.
— Faça ser uma história sobre Luke Skywalker, — disse Tyra. —
Mantenha-se no tema.
— Bem, — disse G'kolu, — agora que você mencionou, toda essa
conversa sobre encontrar um novo mundo na barriga do Wayward Current
realmente me lembra de uma história. Uma vez conheci uma cientista da
Universidade de Bar'leth que possivelmente era a pessoa mais estranha que
já conheci...
— Você não se olhou no espelho esta manhã, não é?
— Ha-ha. A cientista queria arrecadar dinheiro para uma expedição de
pesquisa para entrar em lesmas espaciais gigantes.
— O quê?
— Por que alguém faria isso?
— Essa é uma ideia tão estranha!
— Foi o que todos os outros disseram. Mas as razões dela para explorar
as lesmas espaciais também tinham algo a ver com Luke Skywalker...
ISTO NÃO É UMA CAVERNA!
— HAN SOLO
DEPOIS DE TRÊS SEMANAS EM UM MUNDO onde os insetos
tinham envergaduras de três metros e olhos tão grandes quanto a minha
cabeça, fiquei muito contente por tirar meu sinalizador universal e ativar o
chamado por uma carona.
Eu era uma jovem estudante de biologia tentando fazer algum trabalho
de campo no remoto sistema Agoliba-Tu.
Agoliba-Tu tinha dois planetas com suporte à vida: o quente e coberto
de selvas Agoliba-Ado (onde eu estava) e o gelado e coberto de neve
Agoliba-Ena (onde eu precisava ir). As órbitas dos dois planetas, com os
seus ecossistemas divergentes e fauna e flora distintos, eram separadas por
um cinturão de asteroides. Havia um debate entre os meus professores sobre
se Agoliba-Ado ou Agoliba-Ena haviam dado origem à vida primeiro e
colonizado o outro, ou se a vida havia evoluído independentemente nos dois
mundos. Eu deveria coletar dados que pudessem ajudar a resolver o debate.
Como não havia rotas comerciais pelo sistema Agoliba-Tu, e a minha
universidade estava com o orçamento muito restrito para manter uma nave
de pesquisa dedicada, tive que depender da bondade de estranhos que
ocasionalmente saíam do hiperespaço no sistema a caminho de outro lugar.
O sinalizador universal permitia que qualquer pessoa que saísse do
hiperespaço soubesse que eu estava interessada em conseguir uma carona.
Observando o farol piscante e ouvindo os seus leves bipes, acabei
adormecendo.
O barulho e a turbulência de uma espaçonave pousando me acordaram
sobressaltado.
A nave não era algo que você visse todos os dias: um caça estelar de
dois lugares com formato de A, uma pintura desgastada e muitas marcas e
amassados por todo o casco. Provavelmente era um veículo militar
excedente antigo que tinha sido convertido para uso civil e consertado e
reparado tantas vezes ao longo dos anos que era difícil dizer se algum
componente original ainda estava intacto.
— Precisa de uma carona? — Os olhos alegres e joviais do piloto
cintilavam. O estado vivido da cabine me disse que ele havia estado
viajando por muito tempo. — Entre. Eu sou o Luke.

Conversamos enquanto Luke pilotava o A-Wing através do cinturão de


asteroides. Ele explicou que havia modificado a cabine em parte para levar
passageiros em seus longos voos ao redor da galáxia como uma forma de
aliviar o tédio.
Eu tive dificuldade em entender quem era Luke. Algumas das coisas
que ele disse faziam parecer que ele tinha sido um combatente na Rebelião
contra o Império, mas uma vez que ouviu que eu era acadêmica, ele
começou a me fazer muitas perguntas sobre os mundos que eu havia
visitado e se eu havia visto algum sinal de ruínas antigas dos Jedi.
— Você é uma arqueólogo ou algo assim? — eu perguntei.
Ele riu.
— Algo assim. Estou tentando aprender o máximo que posso sobre os
Jedi.
Pessoalmente, eu achava que muitas das lendas sobre os Jedi eram ou
exageradas ou simples histórias da carochinha. Mas muitos membros do
público, que tinham pouco conhecimento ou interesse na história galáctica
real, pareciam obcecados por essas lendas. Talvez esse Luke fosse algum
tipo de contrabandista especializado em 'artefatos' relacionados aos Jedi. Eu
não queria bisbilhotar. A galáxia era um lugar grande e tinha espaço para
todos os tipos de personagens excêntricos.
Independentemente de qual fosse a sua profissão real, ele era um piloto
incrível. O cinturão de asteroides estava repleto de obstáculos, desde
planetoides do tamanho de cidades até rochas mal maiores que meu punho.
Luke se esquivou e desviou entre eles tão naturalmente quanto um peixe
nadando por um recife de coral, e ele passou por algumas fendas tão
estreitas que eu tive que fechar os olhos e rezar para todos os deuses que eu
conhecia no universo.
— Há, isso é interessante! — ele disse.
Eu abri os olhos e vi dois pontos brilhantes de luz brincando e dançando
além de um grande asteroide. O seu movimento me lembrou tanto a dança
de sinalização de comida das abelhas Hrelan quanto o ritual de
acasalamento dos tritões Awalian. Era tão organizado que eu não conseguia
desviar o olhar. Eles estão vivos?
— Quer dar uma olhada de perto? — Luke perguntou.
Eu assenti. Nenhum biólogo teria dito não a isso.
Luke pilotou o A-Wing para mais perto. Conforme nos aproximávamos,
os dois pontos de luz congelaram subitamente, como se estivessem cientes
de nossa presença, e então voaram cerca de quinhentos metros para longe,
onde começaram a dançar novamente.
— Eles estão brincando! — nós exclamamos juntos e depois rimos.
Eu me senti como uma criança indo atrás de vaga-lumes Orowatan no
quintal. Luke deu um leve empurrão no A-Wing para seguir as luzes que se
afastavam, e começamos uma nova dança entre os asteroides.
Os 'vaga-lumes' nos conduziram a uma alegre perseguição, e Luke fez
curvas e mergulhos entre os densos detritos espaciais, seguindo agilmente
atrás. Eventualmente, as duas faíscas brilhantes desapareceram dentro de
uma grande caverna em um asteroide do tamanho de uma lua.
Naquela hora, ambos estávamos ansiosos para rastrear as novas
criaturas até sua casa. Luke pousou o A-Wing bem na entrada da caverna.
Selamos os nossos capacetes para caminhadas espaciais e saímos da cabine.
A gravidade no asteroide era leve, mas suficiente para nos manter
firmemente enraizados na superfície. Com cuidado, caminhamos até a
caverna, cuja entrada estava polida suavemente, como se tivesse sido
esculpida por um rio. Eu estava perplexa com a característica geológica
incomum. Um asteroide tão pequeno não poderia ter tido água fluindo.
Entramos na caverna, que tinha cerca de vinte metros de largura e altura
aproximada. Ligamos as luzes dos nossos capacetes e escaneamos o
interior. As paredes estavam cobertas por sulcos longos e suaves que
indicavam novamente a presença de líquido fluindo em algum momento no
passado.
— Ali! — Luke apontou mais fundo na caverna, e eu vi as luzes
tremeluzentes dos vaga-lumes bem ao longe.
Caminhamos por cerca de vinte minutos enquanto a caverna se torcia e
virava, indo cada vez mais fundo no interior do asteroide. O meu visor
mostrava que a temperatura estava subindo constantemente (embora eu
ainda não chamasse de "quente"). Cada vez que nos aproximávamos das
luzes, elas voavam mais fundo na caverna. Eventualmente, chegamos a uma
membrana translúcida e lisa que bloqueava o nosso caminho como uma
cachoeira congelada.
Luke esticou a mão para tocar a barreira. Ela cedeu um pouco e voltou,
como uma folha de borracha.
— Provavelmente este é o local onde vivem, — eu disse no microfone
do capacete, baseando-me no pouco que sabia sobre a biologia de
ecossistemas de vácuo próximo. — Existem alguns insetos sociais e
brinyvores que vivem em ambientes sem ar, como trincheiras no fundo do
oceano ou luas protegidas, sobrevivendo com radiação e outras fontes de
energia. Talvez essa barreira seja algo que eles construíram para proteger a
sua casa.
Eu estava prestes a sugerir que voltássemos, quase qualquer animal
ficaria bastante hostil quando intrusos invadissem o seu lar, quando Luke
levantou uma mão para me pedir silêncio. Ele encostou a viseira do
capacete na barreira e olhou através dela.
— Há escrita do outro lado, — ele disse, a excitação em sua voz
palpável.
Eu também encostei a minha viseira na barreira. A caverna continuava
além da membrana e depois fazia uma curva ampla à esquerda a alguns
metros de distância. Com a luz fraca dos nossos capacetes, eu consegui ver
marcas parecidas com letras na parede do outro lado da barreira.
Antes que eu pudesse impedi-lo, Luke tirou uma faca utilitária e fez um
corte na membrana. Ele entrou, e eu o segui.
Uma vez que estávamos do outro lado, os lados do corte se uniram
novamente e a membrana se fechou. Eu pressionei as minhas mãos contra a
barreira. A folha de borracha parecia ter se curado completamente, não
deixando sinal algum da nossa intervenção.
— Eu não entendo... — A voz confusa de Luke soou pelo comunicador.
Virei para encontrar Luke já na parede examinando a escrita. Juntei-me
a ele e vi a fonte de sua perplexidade. As marcas eram regulares e se
assemelhavam a escrita, mas não pertenciam a nenhum sistema de escrita
ou alfabeto que eu já tivesse visto.
De perto, percebi que as letras pareciam estar esculpidas em relevo na
parede da caverna e emitiam um brilho fraco. Luke passou as mãos sobre as
letras.
— Elas... parecem vivas, — murmurou Luke.
Eu tive que concordar. As marcações pulsavam e brilhavam
momentaneamente enquanto as suas mãos enluvadas passavam sobre elas.
— Quem me dera que 3PO estivesse aqui, — ele murmurou. — Ele
saberia como ler isso. Tudo que consigo entender é 'névoa'.
— Névoa? — Perguntei.
Ele balançou a cabeça, frustrado.
— Pode estar relacionado aos Jedi... mas é só um palpite. Parece que
alguém esteve aqui antes de nós. Eu me pergunto se isso é um aviso ou um
convite.
Era verdade que alguns insetos sociais, embora individualmente não
muito inteligentes, possuíam sentiência coletiva como colônias. Mas eu
nunca tinha ouvido falar de nenhum que se comunicasse por meio de escrita
dentro de suas colmeias.
Um crescente desconforto encheu o meu coração.
— Eu tenho um mau pressentimento sobre isso, — murmurei.
Como resposta, o chão da caverna se mexeu e caímos. Uma fraca luz
iluminou as paredes da caverna em anéis pulsantes. Sentimos um tremor
que vinha de algum lugar lá no fundo, e o chão e as paredes tremeram ainda
mais.
— Vamos sair daqui, — disse Luke, e ele me puxou pra cima. Cortamos
a membrana novamente e corremos em saltos em direção à abertura da
caverna.
Na baixa gravidade, o nosso equilíbrio já estava instável, mas a nossa
fuga foi tornada ainda mais difícil pelo constante balançar e flexionar do
solo, à medida que os tremores do asteroide continuavam. Como gafanhotos
cambaleantes em Agoliba-Ado, finalmente chegamos à última curva na
caverna, e eu esperava ver as estrelas enquanto saltávamos ao redor da
última curva...
E vimos, exceto que o pedaço oval do céu estava encolhendo, como um
grande olho se fechando.
— Corra! — Luke gritou em seu microfone do capacete. — Deve ser
um desmoronamento! — Redobramos nossa velocidade.
Justo quando o chão se dobrou violentamente novamente, fui jogada no
chão e contra a parede da caverna. Tentei me levantar, mas a minha perna
direita não suportava o meu peso. Quase apaguei de dor.
Luke tinha corrido cerca de vinte metros antes de perceber que eu não
estava seguindo. Devido à gravidade leve, ele precisou de várias tentativas
de derrapagem antes de conseguir parar e se virar.
— Continue! Vai! — Eu gritei. Vi que a abertura da caverna agora era
apenas uma fenda estreita. — Você tem que sair!
— Eu não vou te deixar pra trás, — ele disse, com a voz determinada.
Ele voltou pulando, passou o meu braço sobre o seu ombro e começou a
pular em direção à abertura novamente. A minha perna direita pendia
inutilmente, quebrada ou mal torcida. Pelo menos a baixa gravidade
permitia que ele me carregasse.
Mas o chão continuava a se contorcer e tremer violentamente, o que
diminuía a nossa velocidade. Assistimos impotentes enquanto o céu
estrelado se estreitava até virar uma fenda e desaparecer completamente.
Quando finalmente chegamos ao que costumava ser a abertura da
caverna, encontramos uma parede sólida em nossos rostos. Traçando a linha
irregular na parede, percebi que ela parecia ser feita de um grande par de
mandíbulas fundidas juntas, e estávamos do lado errado da boca.
De repente, tudo fez sentido.
Afundei no chão e abaixei a cabeça entre os joelhos.
— Estamos dentro de um exogorth, — eu disse.
— Ah... — Luke soltou o fôlego que estava segurando. — Um caracol
espacial gigante. Han teria... Não importa.
Não me incomodei em corrigi-lo por usar o nome não técnico. A
terminologia científica podia esperar até que não fôssemos o jantar de um
predador do tamanho de um asteroide.
Luke olhou pra mim.
— Você é a bióloga aqui, então me diga: estamos em perigo?
Dei de ombros.
— Não imediatamente.
A verdade é que, mesmo hoje, não sabemos muito sobre os exogorths:
criaturas gigantes à base de silício que vivem em asteroides e podem
crescer o suficiente para engolir naves estelares. Nem está claro quantas
espécies desses caracóis existem, quanto mais como é a sua biologia
individual.
O que é sabido é que eles tendem a viver em ambientes onde as
oportunidades de alimentação são poucas e distantes entre si, e os exogorths
têm um metabolismo extremamente lento (eles não são chamados de
caracóis espaciais à toa).
— Então poderíamos esperar aqui até ele se alimentar novamente e
escapar quando abrir a boca?
— Em teoria, sim. Mas...
Expliquei que um exogorth raramente se movia, e quando se movia,
podia fazê-lo apenas em rápidas explosões que consumiam todo o seu
suprimento de energia. Depois de se esforçar para nos engolir,
provavelmente não se moveria novamente por anos.
— Anos?
— Talvez décadas. Provavelmente leva tanto tempo para nos digerir
completamente.
— Isso é como estar na barriga de um sarlacc, — Luke murmurou. Ele
bateu nas paredes de pedra ao seu redor.
— Se eu fosse você, não me moveria tanto. Você vai usar todo o seu
suprimento de oxigênio em pouco tempo.
— Bem, não pretendo esperar para ser digerido.
— Não temos muitas opções, — eu disse. — Essa coisa é basicamente
feita de camadas de rochas com quilômetros de espessura. Eu não trouxe
nenhum equipamento de mineração de asteroides. Você trouxe?
— Já estive em muitas situações sem esperança, — ele disse. — Vamos
olhar ao redor. Talvez haja outra saída. Afinal, sabemos que alguém esteve
aqui antes.
Eu duvidava muito que houvesse outra saída, mas algo em sua voz me
fez pensar, Por que não?
Levantamos e, com ele apoiando o meu peso, mancamos mais fundo
para dentro da fera.
Conforme cortávamos o caminho de volta através da membrana
emborrachada, Luke e eu especulamos sobre como o nosso anfitrião vivia.
— Isso é claramente um predador sofisticado, — eu disse.
— Um caracol espacial sofisticado? Como?
Expliquei que o caracol espacial, era mais fácil usar o termo comum,
provavelmente tinha desenvolvido aqueles "vaga-lumes" como iscas para
atrair presas.
— Como um assassino opee do mar ou uma armadilha de peixe de mar
profundo, — disse Luke, compreendendo.
— Exatamente. — Fiquei feliz em estar falando com alguém com uma
mente rápida.
De repente, Luke parou e levantou a mão. Agora estávamos a cerca de
cem metros do ponto onde vimos pela primeira vez aquelas letras na parede.
Um pedaço de destroços bloqueava nosso caminho. Era tão antigo e
deformado que era difícil dizer que tipo de nave espacial ou veículo
terrestre ele já tinha sido.
Com Luke me apoiando e apontando cuidadosamente cada apoio para
os pés, passamos por cima dos destroços. Muitos dos componentes haviam
se dissolvido, deixando para trás um esqueleto principalmente metálico.
Tive a sensação de que ele estava lá há séculos, talvez até mais. Não vimos
os corpos.
— Acho que quem escreveu o sinal luminoso perto da entrada veio
nisso, — disse Luke.
Um arrepio percorreu a minha espinha.
— Por que você diz isso?
Luke apontou para algumas marcas esculpidas nos destroços.
— Estão no mesmo estilo.
Eu realmente não conseguia dizer, mas confiei que Luke sabia do que
estava falando.
— Mas... se os destroços estão aqui, isso não significa que eles vieram,
mas nunca saíram?
Em vez de responder, Luke continuou a avançar determinadamente.
A caverna ao nosso redor se tornou ainda mais sinistra aos meus olhos.
A membrana emborrachada que havíamos encontrado antes acabou
sendo apenas o primeiro de vários obstáculos semelhantes. As barreiras
ficaram mais espessas à medida que avançávamos mais fundo no exogorth,
embora todas compartilhassem a mesma qualidade de se selar após
passarmos. Também passamos por algumas outras evidências de vítimas do
passado: os restos metálicos de um capacete; um pedaço de algum tipo de
tecido resistente à erosão; um monte de componentes eletrônicos retorcidos,
muito decompostos para uso. Perguntei-me quantos outros haviam seguido
os "vaga-lumes" brincalhões aqui ao longo dos milênios e nunca voltaram.
Luke parou novamente e soltou um longo assobio. Ao lado dele,
também fiquei sem palavras com a visão.
Emergimos em uma caverna enorme, com pelo menos cinquenta metros
de altura e talvez meio quilômetro de comprimento e largura. A poucos
metros da entrada estava a margem de um lago que ocupava o resto da
caverna.
Os feixes de luz fraca de nossos capacetes nunca deveriam ter sido
suficientes para iluminar aquele vasto espaço, e no entanto eu podia ver
claramente as contornos das paredes distantes na outra margem do lago.
Conforme os meus olhos se ajustavam, percebi que toda a caverna estava
iluminada por um brilho azul fraco que vinha das paredes. Pontos
luminosos pulsavam no teto e, à medida que eram refletidos na superfície
plácida do lago, parecia que estávamos flutuando no espaço, cercados por
estrelas.
Uma série alta de guinchos perfurou o silêncio absoluto na caverna, e as
luzes pulsantes brilhantes no teto começaram a se mover. Elas desceram, se
reuniram em pequenos grupos e seguiram diretamente para nós.
Luke me empurrou para um recanto na parede ao nosso lado. Ele entrou
logo depois de mim e, ficando de costas para mim, adotou uma postura
defensiva.
Um sabre de luz ganhou vida em suas mãos.
No brilho intenso daquela tocha, vi monstros mergulhando das trevas
em enxames. Asas longas e triangulares; cabeças alongadas, metade das
quais eram ocupadas por mandíbulas cheias de presas afiadas que
brilhavam em azul intenso; gritos altos que se fundiam em um uivo
contínuo de arrepiar o sangue.
Estremeci. Eles me lembravam os predadores parecidos com morcegos
que caçavam em enxames no planeta Touksingal, onde o meu orientador de
dissertação havia perdido um braço para as criaturas sedentas de sangue. Eu
tinha certeza de que estava olhando para uma variedade de mynocks que
ainda não haviam sido estudados antes.
(A parte científica da minha mente percebeu que a presença de asas
significava que a caverna estava cheia de ar. Anotei essa informação para
usar mais tarde, quando não estivéssemos sob ataque.)
Luke ficou na abertura de nosso esconderijo e girou o seu sabre de luz,
criando uma roda brilhante e impenetrável de beleza mortal. Vi asas,
cabeças, torsos sendo cortados pela lâmina zumbidora daquela arma, e
embora parecesse que milhares de monstros estavam nos atacando, nenhum
deles passou.
No brilho do sabre de luz, fiquei surpresa ao não ver nenhuma
franzimento de raiva ou careta de terror no rosto de Luke; em vez disso, as
suas características estavam fixadas em uma expressão de calma... tristeza,
como se estivesse lamentando as mortes dos monstros que nos atacavam,
como se estivesse fazendo relutantemente o que precisava ser feito, sem ser
influenciado pela raiva, ódio ou medo.
Como se pudessem sentir a habilidade de Luke, os monstros mudaram
de tática repentinamente. Virando como um só, o enxame se afastou do
nosso esconderijo e passou rente à superfície do lago. Ondulações em cruz
dos seres alados mergulhando na água perturbaram o espelho tranquilo.
Qual é o propósito de um lago no meio de um exogorth? A minha mente
trabalhou em busca de uma solução.
Luke, aproveitando o alívio temporário, desativou seu sabre de luz e
ficou na abertura do esconderijo, ofegante e observando nossos atacantes.
Eu rastejei até ele.
— Desligue a luz do capacete, — sussurrei urgentemente.
— O quê?
— Eles são atraídos por ela!
Ele hesitou. Mesmo que a luz dos nossos capacetes fosse fraca, havia
um conforto psicológico em sua presença difícil de abandonar.
— Rápido! Temos que nos afastar assim que você desligar a luz. Não
podemos ficar aqui.
— Mas não há melhor cobertura...
— Vamos morrer se ficarmos aqui! — Eu diminuí a velocidade,
articulando cada palavra. — Você precisa confiar em mim.
Trocamos olhares, e a dúvida em seus olhos foi substituída após um
momento por resolução. Ele assentiu e desligou a luz do capacete. Então,
ele pegou a minha, ligou-a e a jogou no chão, bem na frente do esconderijo.
— O que você está fazendo? — Sibilei. — Devolve isso!
— Você precisa confiar em mim.
Agachando-se, ele indicou que eu deveria subir em suas costas. Eu
obedeci sem reclamar. Em seguida, ele olhou para a parede da caverna ao
nosso lado e pulou.
O meu coração subiu à minha garganta, mas mordi o meu lábio inferior
para evitar gritar. Na gravidade leve, o salto dele nos levou a cerca de
quatro metros antes dele agarrar uma saliência. Em seguida, mão por mão,
ele se moveu para a direita cerca de vinte metros antes de encontrar outra
saliência estreita sob os seus pés, onde me colocou no chão. Eu me afastei
da borda e pressionei minhas costas contra a parede da caverna.
O enxame brilhante, que tinha chegado até o outro lado do lago, virou e
voltou para o local onde estávamos escondidos.
Descobri que a parede em que eu estava encostado estava coberta por
uma camada de lama viscosa. Peguei punhados dela e comecei a passar a
lama pelo traje de Luke. Após um momento, ele entendeu o que eu estava
fazendo e começou a passar a lama pelo meu. Em breve, ambos estávamos
completamente cobertos pela gosma, que esperançosamente disfarçava os
nossos cheiros e assinaturas de calor.
Algo se contorceu em meu punho enquanto eu cavava mais lama. Sem
pensar, joguei o que quer que fosse na água abaixo. Com um leve sibilo,
observei uma criatura branca semelhante a uma larva do tamanho do meu
antebraço se contorcer na água, com a sua pele borbulhando e dissolvendo.
Poucos segundos depois, ela desapareceu completamente.
— Provavelmente ácido forte, — sussurrei no microfone. — Também
poderia estar cheia de microrganismos agressivos.
O enxame brilhante havia chegado ao esconderijo, ainda iluminado pela
luz do capacete que eu havia deixado pra trás. Ondas e mais ondas das
criaturas aladas mergulharam onde Luke estava parado um momento antes,
e ouvimos sons de cuspida e respingos, como se estivesse chovendo na
caverna.
Após alguns segundos, a luz do capacete se apagou.
Luke pressionou a sua viseira do capacete contra a minha. Ambos
assentimos, finalmente nos entendendo.
— Estamos no estômago do caracol, — sussurrei.
Os monstros haviam se afastado para o lago para encher suas bocas e
barrigas com o líquido corrosivo mortal, que eles cuspiam como uma
espécie de veneno. Se tivéssemos ficado onde estávamos, não importava o
quão habilidosamente Luke manuseasse sua arma, ele não poderia nos
proteger de uma chuva ácida. A realização de que estávamos dentro do
órgão digestivo do caracol espacial me levou a insistir em nos afastar.
— Eu não queria que fôssemos mortos, — disse Luke, — mas também
não queria continuar matando-os. — Havia uma força compassiva em sua
voz que era reconfortante. — Tive que deixar um atrativo no lugar para que
eles não continuassem nos procurando.
Aprendendo com o truque que o caracol havia usado contra nós, ele
havia deixado a luz do meu capacete para atrair a atenção dos mynocks para
que pudéssemos nos salvar, e também salvá-los.

Navegamos pelo lago mortal. Olhei alternadamente para as luzes pulsantes


no teto, os monstros voltaram a dormir depois de não nos encontrarem, e
para as sombras fracas nadando nas profundezas abaixo.
A nossa jangada macabra era feita de crânios e asas dos mynocks que
Luke havia matado antes. Os crânios vazios forneciam flutuação, e as asas,
amarradas juntas em uma grande folha colocada no topo, formavam uma
plataforma em que nos encolhemos. Como não podíamos ter certeza de que
qualquer outro material que tínhamos conosco resistiria ao ácido do lago,
usar os corpos das criaturas que viviam e caçavam com o ácido parecia a
melhor escolha.
— Quem diria que haveria um mundo inteiro aqui dentro? — disse
Luke. Ele nos remava pelo lago, usando um remo feito de ossos e asas das
criaturas voadoras.
Eu não disse nada. O estresse e a excitação do ataque dos mynocks
assassinos me fizeram esquecer a realidade de nossa situação por um
momento. Mas agora que a crise havia passado, eu me sentia desanimada. A
minha perna direita latejava. Eu estava presa na barriga de um monstro.
— Estou me acostumando com os cheiros, — disse Luke. — Quem
sabe podemos descobrir se algo é comestível pelo cheiro.
Mesmo notícias aparentemente boas sobre a nossa situação não
conseguiam me animar. Desde que descobrimos que o interior do estômago
do caracol estava cheio de ar e vida, Luke e eu havíamos tirado
cautelosamente os nossos capacetes; também foi um experimento em parte
motivado pelo desespero, já que os suprimentos de ar de nossos trajes não
teriam durado muito mais tempo. As barreiras auto selantes que havíamos
atravessado evidentemente funcionavam como comportas de ar. O ar era de
fato respirável, embora estivesse cheio de cheiros estranhos e fétidos.
Também estava bastante frio, e eu tremi conforme a nossa respiração se
transformava em vapor.
— Eu realmente gostaria de saber mais sobre biologia, — disse Luke.
— Talvez você possa me dar algumas lições enquanto estamos aqui.
Eu queria gritar com ele para calar a boca. O seu monólogo incessante
estava me enlouquecendo. Nós íamos morrer, e ele estava falando sobre
comer e aulas de biologia!
— Você deveria parar a jangada aqui, e eu só vou rolar para o lago, —
eu disse. A minha voz soava opaca, já morta. — Seria mais rápido fazer
desse jeito em vez de esperar morrer de fome lentamente após dias de vagar
por esse lugar.
— Claro, — a voz de Luke estava calma, como se minha sugestão fosse
perfeitamente razoável. — Mas você provavelmente deveria tirar o traje
primeiro. Não tenho certeza de que os materiais sintéticos sejam saudáveis
para o nosso anfitrião. Poderia dar indigestão a ele.
Fiquei indignada com essa sugestão.
— Tenho certeza de que isso não incomodaria algo assim...
— Por que haveria todas essas criaturas vivendo aqui? — Luke
perguntou. — São parasitas, não são? Isso não pode ser saudável. Talvez ele
esteja com problemas estomacais.
— Nem sempre são 'parasitas'. Não estou completamente surpresa por
haver um ecossistema inteiro aqui. Você também tem um ecossistema
inteiro de microrganismos vivendo dentro de você, alguns deles ajudando
na digestão, outros necessários para regular a química do seu corpo.
— Eu tenho monstros vivendo dentro de mim?
— Se você engolisse algo pequeno e estranho, provavelmente pensaria
assim, — eu disse. As perguntas de Luke haviam despertado o meu lado
professoral. — O caracol precisa digerir presas à base de carbono, bem
como alimentos à base de silício, e as criaturas que vivem aqui
provavelmente existem em simbiose com o seu hospedeiro. Com o tempo,
elas ajudam a decompor os corpos das presas e invasores em formas que
podem ser mais facilmente absorvidas pelo hospedeiro.
— Então cada um de nós é tão complicado quanto esse caracol, — ele
disse. — Somos sistemas inteiros vivendo em equilíbrio, não indivíduos
autônomos.
Eu assenti.
— O universo está cheio de maravilhas, — ele disse, com a sua voz
cheia de... exultação.
Olhei ao meu redor, e tudo parecia sob uma nova luz. Eu já não estava
em um conto de terror sem esperança, mas estava sendo dada uma
oportunidade única na vida. Provavelmente poderia dedicar a minha
carreira a estudar o ecossistema lá dentro, um ambiente que nenhum outro
cientista havia explorado.
Vi o sorriso no rosto de Luke, e de repente entendi. Ele tinha visto o
desespero em mim e me lembrado do que eu amava e por que me tornei
uma bióloga, era assim que ele me dava esperança novamente.
— Obrigada, — eu disse.
— Vamos sair daqui, — ele disse. — Apenas aprenda o máximo que
puder enquanto ainda estiver aqui dentro. Eu certamente quero aprender
tudo o que posso sobre aquelas letras luminosas... — Ele apontou para a
parede que estávamos nos aproximando.
Eu estava franzindo os olhos para ver o que ele estava apontando
quando algo imenso nos atingiu de baixo, com força. Tudo explodiu em
caos: Luke e eu rolamos para fora da jangada; um tentáculo gigante
atravessou a superfície e desabou, quebrando a jangada; um brilho intenso
iluminou o comprimento do tentáculo que pairava sobre nós como uma
nave espacial de algum mundo desconhecido; as luzes pulsantes das
criaturas voadoras no teto se dispersaram, gritando o tempo todo.
O solvente frio me gelou instantaneamente e, um segundo depois, uma
sensação de queimação cobriu cada centímetro do meu rosto. Fechei os
olhos e a boca, mas já havia engolido parte do líquido mortal, e pude sentir
a minha garganta queimar enquanto lutava para reprimir o desejo de gritar e
engolir mais. O líquido ardente penetrou nas minhas mangas e na gola, e
uma dor como nunca senti antes queimou minhas mãos e pescoço, subindo
pelos meus braços e descendo pelo peito.
Eu não ia conseguir sair afinal.
Um braço poderoso me agarrou pela cintura e me empurrou pelo lago
gelado.
Desmaiei.
— Você vai ficar bem... Já passamos pelo estômago agora...
A imagem de Luke flutuava dentro e fora de foco. O seu rosto estava
cheio de cicatrizes, e os sucos digestivos letais do caracol espacial haviam
consumido a sua barba. Nossos trajes haviam oferecido alguma proteção
para o restante de nossos corpos, mas as partes expostas estavam
queimadas. Ele parecia exausto, desgastado, mas ainda inabalável.
— Água... — eu murmurei. Mas a dor era tão avassaladora que o meu
cérebro febril se desligou novamente.
Quando recuperei a consciência, senti algo doce e refrescante sendo
despejado em minha boca. Forçei a minha língua ressecada a se separar do
céu da boca e engoli a água revigorante com gratidão.
Depois de finalmente parar de beber, Luke me deu pedaços pequenos de
algo macio e de cor creme. Tinha gosto de carne assada. Senti a força
retornando aos meus membros. Até minha perna direita, que estava presa a
uma tala, parecia doer menos.
— O que... o que estou comendo? — Eu perguntei.
— Você não vai querer saber, — disse Luke, rindo. — Existem fungos
crescendo no estômago do caracol, juntamente com pequenas criaturas que
nunca vi nem mesmo em fotos. Eu tentei comer pequenos pedaços de cada
um e ver como meu corpo reagia. Alguns deles me deixaram doente, mas
isso é seguro.
— E a água? Como você conseguiu a água?
— Eu já fui um fazendeiro de umidade, — ele disse. — Eu consigo tirar
água de qualquer coisa.
De alguma forma, o sorriso dele e o tom otimista, apesar de estarmos
ambos feridos, me fizeram sentir como se estar preso dentro de um caracol
espacial não fosse a pior coisa do mundo.
— Suponho que continuamos? — eu perguntei. — Quero ver o que tem
dentro deste bicho antes de morrer.
— Claro, — disse Luke. — E vou descobrir quem escreveu essas
mensagens luminosas. Ah, e não vamos morrer. Eu não tenho um
pressentimento ruim sobre isso.

O tempo dentro do exogorth não funcionava da mesma maneira que do lado


de fora. Sem um planeta girando sob os nossos pés ou cronômetros
sincronizados automaticamente em uma espaçonave, os nossos ritmos
circadianos logo ficaram desregulados. Dormíamos quando estávamos
cansados, comíamos quando estávamos com fome, bebíamos quando
estávamos com sede e explorávamos todos os caminhos abertos para nós.
Eu não tinha ideia de quantos dias passamos dentro do caracol, cujo interior
oferecia um universo inteiro para explorar.
Perpetuamente febris, atormentados pela dor e pelo desconforto, e
enfrentando perigo a cada passo, Luke e eu, no entanto, conseguimos
mapear praticamente cada metro quadrado de espaço ao qual tínhamos
acesso. O exogorth era um labirinto de túneis e câmaras interconectadas.
Algumas das câmaras estavam mergulhadas em escuridão perpétua,
enquanto outras estavam iluminadas com vários tipos de luminescência,
biologicamente gerados e outros.
As inscrições luminosas apareceram mais algumas vezes. Às vezes
consistiam em escritos que Luke estudou por horas, tentando decifrar o seu
mistério. Outras vezes, eram pinturas, cachos abstratos e explosões estelares
e cruzamentos entrelaçados para apresentar cenas impressionantes que
ocupavam uma parede inteira. Nós olhamos para elas como se estivéssemos
olhando para a galáxia giratória e agitada em si. Essas tapeçarias de luz
eram tanto mapa quanto território.
— Quem quer que tenham sido, eram artistas fantásticos, — disse Luke.
Tive que concordar. Mas eu também estava admirando um grande
artista: as leis da natureza que tornaram o exogorth possível.
As câmaras apresentavam uma variedade de climas, fauna e flora, como
se fossem mundos individuais conectados por saltos no hiperespaço.
Passamos por câmaras cheias de névoa, povoadas por animais-plantas de
silício que pareciam escorrer e andar; rastejamos por túneis úmidos, quase
tropicais, que estavam densamente cobertos por fungos semelhantes a
musgo que tinham gosto de especiarias e nos davam sonhos coloridos;
atravessamos cavernas pantanosas onde criaturas serpentinas gigantes
espiavam do lodo de tempos em tempos, olhando para nós com olhos
brilhantes no topo de caules.
— Ninguém vai acreditar em nada disso, — eu disse. — Ninguém
jamais pensou em olhar dentro de um exogorth em busca de vida.
— Ninguém acreditou em mim quando comecei a recuperar o
conhecimento dos Jedi também, — disse Luke.
— Os Jedi são principalmente um mito, não são?
— Tão mito quanto novos mundos esperando dentro de caracóis
espaciais, — ele disse.
— Mas magia não é a mesma coisa que ciência.
Ele riu disso.
— A verdadeira magia é sempre o conhecimento. A galáxia é
conhecível, e é isso que a torna maravilhosa.
Vez após vez, caímos em armadilhas ou monstros vieram atrás de nós.
Quer as criaturas que encontramos fossem parasitas ou simplesmente
órgãos semi independentes do caracol espacial, Luke sempre conseguia nos
tirar dessas enrascadas. O caracol espacial deve ter ficado tão cansado da
dor de estômago que estávamos causando a ele ao desafiar continuamente
as suas tentativas de nos matar e digerir.
Tirei notas detalhadas e fiz esboços. Luke e eu discutimos as minhas
teorias biológicas e especulações sobre todos os mini ecossistemas que
encontramos ao longo do caminho. Também conversamos sobre as
inscrições luminosas e desenhos, e Luke me explicou que ele achava que
estavam relacionados com a religião Jedi. A busca de conhecimento diante
da nossa morte certa nos manteve sãos e nos deu a motivação para
continuar, passo a passo, luta após luta.
Então, um dia, tomamos um novo caminho e emergimos em uma
câmara onde não tínhamos estado antes.
A caverna semiesférica estava coberta por um tapete de vegetação
semelhante a grama, e todo o teto brilhava com um brilho perolado que o
tornava mais brilhante do que todos os outros lugares que tínhamos visto.
Uma estrutura semelhante a um altar, construída a partir de rochas
empilhadas cuidadosamente, dominava a parede distante. Apesar de todas
as maravilhas que já tínhamos visto, aquela câmara nos deixou sem fôlego.
— Acho que... isso foi construído por eles, — disse Luke. Ele não
precisava explicar quem ele queria dizer.
Nos aproximamos do altar e vimos um grupo de esculturas em tamanho
real em cima. Haviam três deles: um humano e dois de uma espécie
insectóide. Os três estavam vestidos com roupas fluidas, e a escultura das
dobras nas roupas era tão intricada que pareciam estar tremulando em uma
brisa.
— Sem sinal de erosão, — disse Luke. — É como se tivessem sido
esculpidos ontem. Eu nem consigo imaginar como isso foi possível.
As três figuras estavam em um círculo e todas estavam olhando para
cima, para o teto luminoso da cúpula. Embora eu não pudesse ler as
expressões insectóides, o rosto da mulher estava em um estado de êxtase
calmo, como se estivesse rezando. Havia mais escrita luminosa perto dos
pés das figuras, embora ainda não conseguíssemos ler exceto pelo símbolo
que Luke pensava que significava "névoa".
— A beleza é uma linguagem própria, — disse Luke. Ele se sentou
diante do altar, recostou-se e admirou as estátuas. Sentei-me ao lado dele e
fiz o mesmo.
— Provavelmente fizeram isso antes de morrerem, — eu disse. — Este
foi o último gesto desafiador deles ao universo, para proclamar que eles
estiveram aqui.
— Não é uma má última mensagem.
Um senso de paz nos envolveu. O cansaço de dias de caminhada pelo
labirinto dentro do caracol espacial, sempre tendo que ficar vigilante,
desapareceu. De alguma forma, eu podia dizer que estaríamos seguros ali.
Era um lugar espiritual, um refúgio.
Nós adormecemos.

— Acorda! Acorda!
Acordei, ainda confusa e grogue. Luke estava sacudindo os meus
ombros e apontando para as estátuas. Olhei, e então toda sonolência
desapareceu enquanto o meu coração batia descontroladamente.
As três estátuas haviam se movido enquanto estávamos dormindo, e elas
estavam olhando para nós. Os olhos compostos dos dois insectóides
pareciam favos de mel, enquanto o olhar da mulher estava sereno e
caloroso, a luz da vida brilhando naqueles olhos de silicato. Ela estava se
inclinando em nossa direção, as mãos estendidas.
— Eu... não entendo, — eu disse.
Luke deu alguns passos em direção às estátuas.
— Não! — gritei. Visões de como havíamos chegado a estar dentro do
caracol espacial me assombraram. E se fosse outra armadilha? E se
estivéssemos simplesmente vendo o que mais desejávamos ver? A
esperança também não era a maior isca e isca?
Mas o rosto de Luke parecia extasiado.
— É seguro. Eu posso ouvi-los.
— Ouvi-los? Do que você está falando?
Ele acenou para que eu ficasse quieta e foi até o altar. Ele fez uma
reverência para as três figuras e depois levantou as mãos suplicantes para a
mulher, segurando os dedos de pedra dela.
Luke estremeceu como se tivesse sido atingido por um raio.
Corri até ele e tentei puxá-lo, mas não consegui. O seu corpo ficou
rígido e os seus movimentos diminuíram. Ele parecia ter se tornado parte da
estátua enquanto a vida se esvaía dele. Gritei em desespero.
Então ele soltou e caiu de volta ao chão, ofegante. Corri até ele e
segurei seu corpo inerte em meu colo. O suor encharcou seu rosto, e ele
parecia tão exausto como se estivesse se esforçando fisicamente. Mas havia
um olhar de puro espanto em seu rosto.
— Eu os ouvi. Eu os ouvi.

Já faz muito tempo...


Em um tempo passado, a galáxia era diferente. As estrelas eram mais
jovens e mais próximas umas das outras, e alguns dos globos giratórios ao
redor delas ainda estavam crus, não formados. Mas a vontade de viajar era
tão forte e o senso de maravilha tão insaciável.
Nós três, Shareen, Awglk e Wkk’e, éramos mestres tecelões da Névoa
Luminosa. A nossa arte era entrelaçar os fios da Névoa que embalava
todas as espécies conscientes e conectava os mundos distantes uns aos
outros para criar retratos luminosos da magnificência abrangente da
Névoa. A Névoa nos conecta e cresce a partir de todos nós; ela concede a
canção dos pássaros e a dança cwilik com alegria; ela eleva os oprimidos
com risos; ela conforta os deixados para trás quando os seus entes
queridos se fundem na Névoa-Além; é a essência brilhante que pulsa dentro
de cada célula de nosso ser, muito mais importante do que a
superficialidade de nossas rudes conchas materiais.
Viajamos pela galáxia em busca de novas maravilhas para serem
retratadas em nosso tear, para dar forma e cor ao indescritível.
Um dia, pousamos em um cinturão de pedras espalhadas no espaço
como trilhas de migalhas em uma floresta escura. O pressentimento era
palpável.
Fagulhas brilhantes piscavam entre as pedras e se afastavam
dançando. Excitação. Emoção. Aventura.
Eu sei, um Tecelão da Névoa não deveria desejar essas coisas.
Mas o coração quer o que o coração quer. Seguimos as fagulhas.
Caímos na armadilha, como naves caindo em um poço gravitacional.
Ficamos selados dentro da barriga da fera. Nenhum rastro de migalhas nos
levava para fora. Em círculos viramos, girando, enroscando, girando, como
um lançador preso em um eterno vai e vem que não levava a nenhum novo
padrão, nenhum progresso, nenhum caminho.
Sentamo-nos, prontos para morrer.
Wkk’e foi quem não desistiu. Era da natureza de sua espécie passar do
estágio larval para o estágio adulto ao se envolverem em casulos nos quais
as crianças dormiam e sonhavam o Longo Sonho.
— E se construíssemos casulos para nós mesmos com a Névoa
Luminosa? — perguntou.
Então tecemos a nossa obra-prima, a tecelagem mais bonita da história
dos Tecelões da Névoa. Transformamos a forma amorfa da Névoa
Luminosa em fios de seda resilientes que continham as dimensões ocultas
do universo; os torcemos em fios fortes o suficiente para unir o tempo; os
entrelaçamos em uma bainha que envolvemos ao nosso redor para diminuir
o tempo para uma rastejada, um sudário e uma placenta ao mesmo tempo.
Dentro deste casulo, os três de nós esperamos. Esticamos uma vida
inteira em milhares. Enquanto uma era passava no grande universo,
passava apenas um segundo dentro. Esperamos enquanto a fera que nos
engoliu crescia. Esperamos enquanto mais aventureiros vinham atrás de
nós e morriam após suas breves estadias. Esperamos enquanto
esquecíamos o que mais fazer, contentes em deixar o tempo nos devorar,
mesmo enquanto buscávamos parar sua passagem.
De vez em quando, quando visitantes vinham, puxávamos alguns fios do
casulo e deixávamos um pouco de tempo entrar. Gostávamos de observar
os estranhos.
— Este é incomum, — disse Wkk’e.
— Sim, sinto isso também, — disse Awglk. — Nunca vi um Coração de
Névoa tão brilhante. É mais brilhante que mil sóis.
Admiramos o Coração Brilhante por um tempo, e então eu notei algo
mais.
— Sinto uma podridão na Névoa, — eu disse. Haviam se passado
milênios desde a última vez que olhamos para fora do casulo para o grande
universo cheio de Névoa. — Há... tantos buracos na Névoa. Uma escuridão
veio e a corrompeu.
A dor de ver a nossa amada Névoa tão rebaixada era angustiante.
— O Coração Brilhante quer restaurar a beleza da Névoa, — eu disse.
— Como você sabe disso? — perguntou Wkk’e.
— Não sei, — eu disse. — Tenho certeza do futuro no dia em que
caímos aqui? Nenhum de nós pode ter certeza do futuro. Mas podemos ter
esperança. E sem esperança, nunca saberemos.
Wkk’e e Awglk responderam da maneira que eu sabia que
responderiam, do Livro da Névoa Luminosa:
— A esperança é o coração conhecedor da Eternidade.

— O tempo flui incrivelmente devagar para eles. Mesmo enquanto


aceleraram o fluxo com uma pequena fenda em seus casulos, levou a eles
todos os dias em que estivemos presos no exogorth para ter essa breve
conversa.
Luke tentou me explicar a oferta dos Tecelões da Névoa. Ele falou sobre
quanto ainda não entendíamos sobre a Força, sobre sabedoria antiga e artes
perdidas; ele descreveu como o tempo poderia ser convertido em energia e
vice-versa; ele desenhou figuras no chão de musgo com um galho para me
mostrar como os casulos poderiam ser desenrolados em um instante para
liberar éons de tempo acumulado, como uma enchente maciça contida por
uma represa até ser liberada com uma explosão.
Sinceramente, eu não entendia a maior parte disso. Tudo o que eu sabia
era que os Tecelões da Névoa haviam encontrado uma maneira de nos
salvar.
— Quer dizer que há uma saída? — exclamei. — Isso é maravilhoso!
— Eles não podem desenrolar os casulos eles mesmos, — disse Luke. A
voz dele tremia, e eu sentia que algo terrível e importante estava sendo
revelado para mim, mesmo que eu não entendesse completamente a
importância de suas palavras. — Eu tenho que abrir os casulos com o meu
sabre de luz.
— Então vamos fazer isso! — eu disse. O calor da esperança encheu o
meu peito, suprimindo a vaga sensação de apreensão.
— Você não entende, — disse Luke. — Eles vão morrer.
As suas palavras martelavam contra o meu coração, tão pesadas quanto
pedras. Eu recuei.
— Oh. — Tentei encontrar algo mais apropriado para dizer, mas minha
mente estava em branco, dominada pela revelação.
Olhei para Luke e avaliei a nossa situação. Tínhamos lesões nos rostos,
e nossas feridas nunca tinham cicatrizado completamente. A comida que
estávamos comendo dentro do exogorth era deficiente em certos nutrientes
e não totalmente compatível com o nosso metabolismo. Embora tivéssemos
tentado manter uma atitude positiva, os nossos corpos estavam lentamente,
inexoravelmente falhando. O casulo do declínio estava se apertando ao
nosso redor, e eu sabia que estávamos ficando mais fracos e doentes a cada
dia que passava. Não iríamos durar muito mais tempo.
Os olhos de Luke estavam fixos nas estátuas. Ele estava lá sentado,
imóvel, como se tivesse se transformado em pedra.
Era uma coisa sacrificar-se por algo em que você acreditava, mas
quanto mais pesado era o fardo de aceitar o sacrifício de outra pessoa?

Observei o rosto de Luke passar por uma gama de emoções: tristeza,


arrependimento, terror, raiva.
O vi caminhando de um lado para o outro na câmara e repreendendo as
estátuas, implorando por outro caminho.
O vi afundar-se no chão em desespero, segurando a cabeça entre as
mãos.
Ele murmurava para si mesmo, e eu captava apenas fragmentos de
frases.
— Vi muitos sacrifícios... Obi-Wan... Se ao menos o Mestre Yoda
tivesse podido ensinar... Eu não posso... inútil...
Deixei-o sozinho com os seus pensamentos e fui buscar comida e água.
Não aguentava ver a luta dele com um peso insuportável, e eu não sabia
como ajudá-lo.
Quando voltei, vi que Luke estava novamente de mãos dadas com a
estátua da mulher. O seu corpo tremia violentamente.
Alarmada, corri para ajudá-lo, mas ele soltou e recuou. Eu o segurei e o
apoiei.
— Uma vez assisti a um querido amigo, que também era o meu
professor, enfrentar a própria encarnação do mal em um duelo, — ele
sussurrou.
Ouvi, sabendo que nenhuma resposta era necessária.
— Ele sabia que não poderia vencer o seu oponente pela força, mas
precisava me salvar e salvar os nossos amigos. Então, quando ele viu que eu
estava perto da nave que nos levaria em segurança, ele parou de lutar e
permitiu que o seu oponente o derrubasse. Mas na verdade, ele se libertou
deste mundo e se tornou parte da Força. O que o inimigo cortou foi apenas
um manto vazio.
Eu só podia imaginar que cena imponente estava resumida por aquelas
palavras simples.
— Surpreso, o inimigo focou toda a sua atenção no manto descartado,
esquecendo de mim e de meus amigos. Esse era o objetivo do meu
professor: usar a si mesmo como isca para distrair o monstro. Escapamos, e
eu nunca pude esquecer o olhar que o meu professor me deu antes de
morrer.
A voz de Luke estava ficando mais forte. Ele havia emergido da luta
dolorosa dentro de seu coração.
— Era um olhar de paz e contentamento puramente. Sem medo, sem
raiva, sem arrependimento, sem tristeza. Ele se tornou mais forte do que o
seu inimigo poderia imaginar, porque sabia que era hora de desapegar. Ele
confiou na Força. Foi uma lição que ainda tenho dificuldade em aceitar...
Ele apontou para as estátuas.
— Você vê o rosto dela? Essa é exatamente a mesma expressão que o
meu amigo e professor tinha antes de se desvanecer na Força.

Luke acionou o seu sabre de luz e o enfiou gentilmente na abertura entre as


três estátuas. Arcos de energia crepitantes conectavam o sabre de luz a Luke
e aos Tecelões da Névoa.
Não havia medo em seus olhos, nem arrependimento, nem raiva.
Apenas uma reverência profunda e duradoura.
As estátuas brilhavam cada vez mais. Eu podia sentir o calor emanando
delas. Instintivamente, recuei e tentei puxar Luke para trás de mim.
— Não, — ele disse. — Está tudo bem. Deixe de lado os seus medos.
— Sua voz estava impregnada de fé absoluta e confiança.
Ele fez um gesto para que eu baixasse a viseira do meu capacete, e eu
fiz isso.
As estátuas pareciam feitas de ferro fundido. Elas eram tão brilhantes e
emitiam tanto calor que tive que proteger o meu rosto. E ainda assim, elas
brilhavam ainda mais.
Com um passo lateral rápido e ágil, Luke cortou o sabre de luz para
baixo, como se estivesse cortando através de uma bainha cintilante entre as
figuras brilhantes.
Desligando o sabre de luz, ele recuou e curvou-se profundamente diante
das estátuas antes de baixar a viseira.
Arrisquei olhar pelas frestas entre os meus dedos. As estátuas estavam
ganhando vida, como se fossem figuras de cera derretendo. A mulher
abraçava os seus companheiros, e eu não conseguia dizer se a sua expressão
era de tristeza ou alegria.
Então, o seu rosto se fixou em um sorriso tranquilo, e eu não vi nada em
seus olhos além de resolução.
Agora, parecia dizer.
Luke estendeu os braços para me proteger.
E o mundo desapareceu ao meu redor com a luz de mil estrelas recém-
nascidas.

Havia uma nova cratera gigante no lado do asteroide. Estávamos deitados


na sua borda, ofegantes em nossos trajes, como dois peixes que haviam sido
lançados na praia pela maré.
Mais tarde, depois de voltarmos cambaleando para a segurança do A-
Wing e Luke tirar o seu capacete, vi riscos molhados em seu rosto.
— Há padrões na Força, como a ascensão e a queda da maré, — ele
disse. Talvez ele estivesse falando consigo mesmo; talvez estivesse falando
comigo. — Feitos do passado ecoam no presente. Os Tecelões da Névoa
foram atraídos aqui éons atrás por faíscas brilhantes; nós fomos atraídos
aqui pelas mesmas luzes. O meu professor uma vez agiu como isca para me
salvar; nos salvamos do bando de monstros com outra isca. O meu
professor se libertou do medo e da dúvida para me salvar; os Tecelões da
Névoa se libertaram do medo e do estase para nos salvar. Uma vez vi meu
professor morrer, me sentindo impotente; só agora entendo que aceitar o
sacrifício daqueles que nos amam e compartilham os nossos ideais é o
primeiro passo para nos tornarmos mais poderosos do que podemos
imaginar.
Era, na verdade, um discurso demasiado místico para que eu
compreendesse completamente. Eu nunca estive bem versada nos preceitos
da antiga religião da Força.
Mas pensei no modo como Luke tinha mantido as chamas da esperança
vivas em mim; no modo como ele me protegeu e me resgatou, mesmo
quando isso o colocou em perigo; no modo como ele se certificou de que eu
não parasse de admirar as maravilhas ao meu redor. Ele era meu amigo, e
eu estava grata por seus sacrifícios terem me libertado da armadilha do
desespero e do atrativo da desolação para amar mais a galáxia.
Eu entendia o suficiente.

— Desculpe por todas as suas anotações terem sido destruídas durante a


fuga, — disse Luke.
Estávamos em um lago coberto de gelo em Agoliba-Ena, onde eu estava
determinado a concluir o estudo.
— Haverão outras oportunidades, — eu disse. — Estou pensando em
mudar para exogorths como a minha especialidade.
— Você não está cheia de estar dentro de um?
— Vai demorar muito tempo para digerir tudo o que vi, e quem sabe que
maravilhas estão escondidas dentro de outros?
— Sempre há mais conhecimento a buscar na galáxia, — disse ele, com
um sorriso de compreensão em seu rosto.
Eu acenei com a cabeça e dei um passo pra trás.
O A-Wing decolou, deixando pra trás um rastro derretido e lodoso no
lago. Eu o vi desaparecer no céu, sabendo que teria que enfrentar uma
batalha árdua pelo resto da minha vida para convencer as pessoas a
acreditar no que eu tinha visto. O interior da lesma espacial era grande,
muito, muito grande, como o universo escondido dentro de cada um de nós,
como a eternidade enrolada dentro de cada segundo.
A galáxia é conhecível, e é isso que a torna maravilhosa.
Mas não importava. Era suficiente ter vislumbrado o que ninguém mais
tinha visto. Era suficiente ter testemunhado a Névoa que permeava o
universo se abrindo por um segundo para revelar o coração brilhante da
maravilha e da esperança por baixo.
OS FATHIERS GEMIAM DE VEZ em quando em seu sono. Quem
sabe que tipo de sonhos eles sonhavam?
A Wayward Current deslizou pelo céu sobre Canto Bight como uma
folha à deriva e pousou suavemente entre as cúpulas de prazer cintilantes
conectadas por passarelas arqueadas. Aninhada aos pés de montanhas
imponentes ao lado da costa, a cidade era como uma imperatriz adornada
sentada em seu trono, mergulhando os dedos dos pés no mar.
Exércitos de droides estivadores pesados entraram em movimento,
conectando mangueiras de ar, dutos de suprimento, esteiras transportadoras
de carga e tubulações de água e esgoto.
As comportas na popa da nave se abriram e torrentes de água fresca e
limpa despejaram no porão, dissolvendo e diluindo a lama suja à medida
que detritos e manchas de gordura flutuavam na superfície em ascensão. Na
outra extremidade da nave, a proa, a escotilha redonda de acesso girou
aberta, e a maré suja, cheia de vegicus mortos, barnacles espaciais que não
conseguiam se segurar no casco, lagostas jovens de porão, três jovens
tripulantes, um clandestino e um droide de limpeza, derramou-se da nave
para um largo cano de esgoto.
— Segurem-se.
— Peguem na minha mão!
— Não soltem!
— DWEEP dweep!
— Eu te segurei! Não vou soltar!
— Eu sei.
Eles saíram rolando do cano para uma piscina maciça do tamanho de um
pequeno lago. Ali, o esgoto se estabilizaria e seria filtrado, e a água seria
reciclada para mais usos nas docas. Puxando, chutando e mantendo uns aos
outros à tona, o grupo de aventureiros abriu caminho até a borda da piscina
e subiu à margem.
Mesmo as autoridades locais não achavam que a piscina de reciclagem
de esgoto valia a pena guardar.
— Bem-vindos a Canto Bight, — disse G'kolu aos outros com um gesto
dramático. O mergulho na piscina tinha lavado a sujeira do tempo deles no
porão, embora levasse algum tempo para as roupas secarem.
Eles olharam ao redor com encanto. Cúpulas enormes pairavam acima e
ao redor deles, cada uma mais grandiosa que a anterior. Iluminadas por
dentro com luzes brilhantes em todos os matizes do arco-íris, pareciam um
bando de águas-vivas subindo para o céu ainda indigo antes do amanhecer.
Naves zumbiam pelo ar em todas as direções. Música alta e anúncios
enchiam seus ouvidos, enquanto os cheiros de mil perfumes e comidas
exóticas atacavam seus narizes (e chifres). À distância, ondas de barulho de
multidões animadas cresciam e diminuíam como um oceano invisível.
— Devem ser as corridas de fathier, — disse G'kolu.
— Então isso é a galáxia, — disse Flux, com um sorriso de maravilha
em seu rosto. Ela se virou para os outros. — Obrigada por me ajudarem a
ver mais dela.
— Você acha que Luke Skywalker está aqui? — perguntou G'kolu
ansiosamente. — É por isso que você veio aqui?
Flux fechou os olhos e pareceu se conectar ao ar cacofônico ao seu
redor. Os outros prenderam a respiração e a observaram intensamente.
Ela abriu os olhos e balançou a cabeça.
— Oh. — Teal ficou desapontada.
— Eu disse que não há algo como a Maré, — disse Tyra.
— Não é isso, — disse Flux. — Luke não está aqui. Mas a ideia de
Luke nos uniu. É assim que a Maré funciona. Vocês não estão felizes por
termos nos conhecido? Daqui pra frente, não importa o quão distantes
estejamos uns dos outros, estaremos conectados por essa experiência
compartilhada, por esta noite. Essa é a nossa história, e é a melhor história
de todos.
— Somos todos Luke Skywalker, — disse G'kolu, com os seus chifres
erguidos com jaqueta.
— Nós nos elevamos uns aos outros, — disse Tyra.
— Devemos voltar antes que Tuuma faça um escândalo quando não
estivermos lá para descarregar, — disse Teal.
G2-X apitou para Flux, e ela usou o seu manto para limpar um pouco de
lama que parecia estar presa sobre o seu fotorreceptor.
— Fiquem bem, — disse Teal. Ela e Flux se abraçaram.
— Confie na Maré, — disse Flux.
— Que a Força esteja com você, — disse Teal.
Flux se virou e se afastou do lago, com o seu manto branco simples
deslumbrando nas luzes multicoloridas brilhantes da metrópole. Logo a sua
figura se desvaneceu no tráfego movimentado.
— Vamos, — disse Teal. Ela manteve a voz baixa, esperando que os
outros não ouvissem a voz trêmula ou vissem as lágrimas em seus olhos.

No cais de carga, os tripulantes encontraram Dwoogan e Ulina.


— Eu não vi vocês no café da manhã, — disse Dwoogan. — Será que
os rabos de vegicus da noite passada foram muito ricos?
— De jeito nenhum, — disse G'kolu. — Nós acordamos cedo e
queríamos conferir os cassinos antes de descarregar.
— É mesmo? — disse Ulina, o tapa-olho dela brilhando em um laranja
suspeito. — Eu estava na baía de carga antes de atracarmos, e nunca vi
nenhum de vocês sair.
— Nós estávamos... hum... — Tyra e Teal se olharam
desesperadamente.
— Saímos no esquife do capitão quando ele saiu para ver o mestre do
porto, — disse G'kolu. — Você sabe como ele nunca nos deixaria pilotá-lo,
então pulamos na traseira assim que ele se acomodou. Ele não pode voltar
facilmente com aquele corpo, sabe?
Dwoogan riu com deleite.
— Vocês são realmente ousados.
— Não nos chamam de 'a Graxa' à toa. Somos escorregadios.
— Você sabe que o capitão odeia... — Ulina começou a repreender.
— Vai me dizer que você nunca tentou algo assim quando era marujo?
Ulina suspirou e balançou a cabeça, o tapa-olho dela brilhando em um
aquamirina afetuosa e terna.
— Vão cuidar dos fathiers e deixem-nos prontos para serem
descarregados.
— Sim, senhora!
— Deixei a comida extra pra vocês na cozinha, — acrescentou
Dwoogan.
— Se terminarem adiantados, — disse Ulina, — vou deixar vocês
começarem a sua licença mais cedo esta tarde.
Os tripulantes comemoraram com alegria.
— E vocês dois? O que vão fazer em Canto Bight? — perguntou Teal.
— Apostar em algumas corridas, — disse Dwoogan.
— Procurar alguns velhos amigos e trocar algumas histórias, — disse
Ulina.
— Ah, nós já temos algumas ótimas histórias, — disse Tyra.
— Aposto que sim, — disse Ulina. — Só pelo jeito que os chifres de
G'kolu estão se mexendo, sei que vocês aprontaram.
— Ei!
Enquanto os orgânicos continuavam a sua brincadeira, o droide
guardião G2-X se afastou. Ele tinha estado longe de uma fonte de energia
por mais tempo do que era o seu hábito, e estava sentindo os efeitos de sua
noite de esforço.
Conforme a conversa atrás dele desaparecia, G2-X virou a esquina e
encontrou uma tomada de energia. Ele se conectou e entrou no modo de
baixa energia. Ele estava ansioso para sonhar com fathiers eletrônicos e
bares de sucos cheios dos carregadores de energia mais puros.
Brevemente, antes de seus circuitos cognitivos entrarem em livre
associação, ele se perguntou sobre o que os tripulantes sonhariam quando
dormissem. Ele esperava que os seus sonhos estivessem cheios de aventuras
em uma galáxia mais maravilhosa e bela do que os contos mais selvagens
poderiam criar.
Ele estava certo de que seriam os heróis dessas aventuras, cada um deles
um Luke Skywalker.
JORNADA PARA STAR WARS: OS ÚLTIMO JEDI: AS
LENDAS DE LUKE SKYWALKER
TÍTULO ORIGINAL: Journey to Star Wars - The Last Jedi - The Legends of Luke Skywalker

COPIDESQUE: TRADUTORES DOS WHILLS

REVISÃO: TRADUTORES DOS WHILLS

DIAGRAMAÇÃO: TRADUTORES DOS WHILLS

ILUSTRAÇÃO: TRADUTORES DOS WHILLS

GERENTE EDITORIAL: TRADUTORES DOS WHILLS

DIREÇÃO EDITORIAL: TRADUTORES DOS WHILLS

VERSÃO ELETRÔNICA: TRADUTORES DOS WHILLS

ASSISTENTES EDITORIAIS: TRADUTORES DOS WHILLS

COPYRIGHT © & TM 2017 LUCASFILM LTD.


COPYRIGHT ©TRADUTORES DOS WHILLS, 2023
(EDIÇÃO EM LÍNGUA PORTUGUESA PARA O BRASIL)
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS.
PROIBIDA A REPRODUÇÃO, NO TODO OU EM PARTE, ATRAVÉS DE QUAISQUER
MEIOS.

OS ÚLTIMO JEDI: AS LENDAS DE LUKE SKYWALKER É UM LIVRO DE FICÇÃO. TODOS OS


PERSONAGENS, LUGARES E ACONTECIMENTOS SÃO FICCIONAIS.

DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)


L93k Liu, Ken
JORNADA PARA STAR WARS: OS ÚLTIMO JEDI: AS LENDAS DE LUKE SKYWALKER /
James Luceno ; traduzido por Tradutores dos Whills.
448 p. : 5.0 MB.

Tradução de: Star Wars - Journey to Star Wars: The Last Jedi: The Legends of Luke
Skywalker
ISBN: 978-1-368-00124-3 (Ebook)
1. Literatura norte-americana. 2. Ficção cientí ca. I. DOS WHILLS, TRADUTORES CF. II.
Título.

2020-274 CDD 813.0876


CDU 821.111(73)-3

ÍNDICES PARA CATÁLOGO SISTEMÁTICO:

Literatura : Ficção Norte-Americana 813.0876


Literatura norte-americana : Ficção 821.111(73)-3

tradutoresdoswhills.wordpress.com
Star Wars: Guardiões dos Whills
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No mundo do deserto de Jedha, na Cidade Santa, os amigos Baze e


Chirrut costumavam ser Guardiões das colinas, que cuidavam do
Templo de Kyber e dos devotos peregrinos que adoravam lá. Então
o Império veio e assumiu o planeta. O templo foi destruído e as
pessoas espalhadas. Agora, Baze e Chirrut fazem o que podem
para resistir ao Império e proteger as pessoas de Jedha, mas nunca
parece ser suficiente. Então um homem chamado Saw Gerrera
chega, com uma milícia de seus próprios e grandes planos para
derrubar o Império. Parece ser a maneira perfeita para Baze e
Chirrut fazer uma diferença real e ajudar as pessoas de Jedha a
viver melhores vidas. Mas isso vai custar caro?

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STAR WARS: Episódio VIII: Os Últimos Jedi
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Um livro de imagens ilustrado que reconta o filme Star Wars: Os


Últimos Jedi.

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Chewie e a Garota Corajosa
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Um Wookiee é o melhor amigo de uma menina! Quando Chewbacca


conhece a jovem Zarro na Orla Exterior, ele não tem escolha a não
ser deixar de lado sua própria missão para ajudá-la a resgatar seu
pai de uma mina perigosa. Essa incrível Aventura foi baseada na
HQ do Chewbacca… (FAIXA ETÁRIA: 6 a 8 anos)

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Star Wars: Ahsoka
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Esse é o Terceiro Ebook dos Tradutores dos Whills com uma


aventura emocionante sobre uma heroína corajosa das Séries de
TV Clone Wars e Rebels: Ahsoka Tano! Os fãs há muito tempo se
perguntam o que aconteceu com Ahsoka depois que ela deixou a
Ordem Jedi perto do fim das Guerras Clônicas, e antes dela
reaparecer como a misteriosa operadora rebelde Fulcro em Rebels.
Finalmente, sua história começará a ser contada. Seguindo suas
experiências com os Jedi e a devastação da Ordem 66, Ahsoka não
tem certeza de que possa fazer parte de um todo maior de novo.
Mas seu desejo de combater os males do Império e proteger
aqueles que precisam disso e levará a Bail Organa e a Aliança
Rebelde….

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Star Wars: Kenobi Exílio
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A República foi destruída, e agora a galáxia é governada pelos


terríveis Sith. Obi-Wan Kenobi, o grande cavaleiro Jedi, perdeu
tudo… menos a esperança. Após os terríveis acontecimentos que
deram fim à República, coube ao grande mestre Jedi Obi-Wan
Kenobi manter a sanidade na missão de proteger aquele que pode
ser a última esperança da resistência ao Império. Vivendo entre
fazendeiros no remoto e desértico planeta Tatooine, nos confins da
galáxia, o que Obi-Wan mais deseja é manter-se no completo
anonimato e, para isso, evita o contato com os moradores locais. No
entanto, todos esses esforços podem ser em vão quando o “Velho
Ben”, como o cavaleiro passa a ser conhecido, se vê envolvido na
luta pela sobrevivência dos habitantes por uma Grande Seca e por
causa de um chefe do crime e do povo da areia. Se com o Novo
Cânone pudéssemos encontrar todos os materiais disponíveis aos
anos de Exílio de Obi-Wan Kenobi em um só Lugar? Após o Livro
Kenobi se tornar Legend, os fãs ficaram sem saber o que aconteceu
com o Velho Ben nesse tempo de reclusão. Então os Tradutores dos
Whills também se fizeram essa pergunta e resolveram fazer esse
trabalho de compilação dos Contos, Ebooks, Séries Animadas e
HQs, em um só Ebook Especial e Canônico para todos os Fãs!!

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Star Wars: Dookan: O Jedi Perdido
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Esse é o Quarto Ebook dos Tradutores dos Whills com uma


aventura emocionante sobre um Vilão dos Filmes e da Série de TV
Clone Wars: Conde Dookan! Mergulhe na história do sinistro Conde
Dookan no roteiro original da emocionante produção de áudio de
Star Wars! Darth Tyranus. Conde de Serenno. Líder dos
Separatistas. Um sabre vermelho, desembainhado no escuro. Mas
quem era ele antes de se tornar a mão direita dos Sith? Quando
Dookan corteja uma nova aprendiz, a verdade oculta do passado do
Lorde Sith começa a aparecer. A vida de Dookan começou como um
privilégio, nascido dentro das muralhas pedregosas da propriedade
de sua família. Mas logo, suas habilidades Jedi são reconhecidas, e
ele é levado de sua casa para ser treinado nos caminhos da Força
pelo lendário Mestre Yoda. Enquanto ele afia seu poder, Dookan
sobe na hierarquia, fazendo amizade com Jedi Sifo-Dyas e levando
um Padawan, o promissor Qui-Gon Jinn, e tenta esquecer a vida
que ele levou uma vez. Mas ele se vê atraído por um estranho
fascínio pela mestra Jedi Lene Kostana, e pela missão que ela
empreende para a Ordem: encontrar e estudar relíquias antigas dos
Sith, em preparação para o eventual retorno dos inimigos mais
mortais que os Jedi já enfrentaram. Preso entre o mundo dos Jedi,
as responsabilidades antigas de sua casa perdida e o poder sedutor
das relíquias, Dookan luta para permanecer na luz, mesmo quando
começa a cair na escuridão.

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Star Wars: Discípulo Sombrio
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Esse é o Quinto Ebook dos Tradutores dos Whills com uma


aventura emocionante sobre um Vilões e Heróis dos Filmes e da
Série de TV Clone Wars! Baseado em episódios não produzidos de
Star Wars: The Clone Wars, este novo romance apresenta Asajj
Ventress, a ex-aprendiz Sith que se tornou um caçadora de
recompensas e uma das maiores anti-heróis da galáxia de Star
Wars. Na guerra pelo controle da galáxia entre os exércitos do lado
negro e da República, o ex-Mestre Jedi se tornou cruel. O Lorde Sith
Conde Dookan se tornou cada vez mais brutal em suas táticas.
Apesar dos poderes dos Jedi e das proezas militares de seu
exército de clones, o grande número de mortes está cobrando um
preço terrível. E quando Dookan ordena o massacre de uma flotilha
de refugiados indefesos, o Conselho Jedi sente que não tem
escolha a não ser tomar medidas drásticas: atacar o homem
responsável por tantas atrocidades de guerra, o próprio Conde
Dookan. Mas o Dookan sempre evasivo é uma presa perigosa para
o caçador mais hábil. Portanto, o Conselho toma a decisão ousada
de trazer tanto os lados do poder da Força de suportar, — juntar o
ousado Cavaleiro Quinlan Vos com a infame acólita Sith Asajj
Ventress. Embora a desconfiança dos Jedi pela astuta assassina
que uma vez serviu ao lado de Dookan ainda seja profunda, o ódio
de Ventress por seu antigo mestre é mais profundo. Ela está mais
do que disposta a emprestar seus copiosos talentos como caçadora
de recompensas, e assassina, na busca de Vos.Juntos, Ventress e
Vos são as melhores esperanças para eliminar a Dookan, — desde
que os sentimentos emergentes entre eles não comprometam a sua
missão. Mas Ventress está determinada a ter sua vingança e,
finalmente, deixar de lado seu passado sombrio de Sith.
Equilibrando as emoções complicadas que sente por Vos com a
fúria de seu espírito guerreiro, ela resolve reivindicar a vitória em
todas as frentes, uma promessa que será impiedosamente testada
por seu inimigo mortal… e sua própria dúvida.

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Star Wars: Episódio IX: A Ascensão do Skywalker:
Edição Expandida

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Leia o épico capítulo final da saga Skywalker com a novelização


oficial de Star Wars: A Ascensão Skywalker, incluindo cenas
ampliadas e conteúdo adicional não visto nos cinemas! A
Resistência renasceu. Mas, embora Rey e seus companheiros
heróis estejam de volta à luta, a guerra contra a Primeira Ordem,
agora liderada pelo líder supremo Kylo Ren, está longe de terminar.
Assim como a faísca da rebelião está reacendendo, um sinal
misterioso é transmitido por toda a galáxia, com uma mensagem
assustadora: o Imperador Palpatine, há muito pensado derrotado e
destruído, está de volta dos mortos. O antigo Senhor dos Sith
realmente voltou? Kylo Ren corta uma faixa de destruição pelas
estrelas, determinado a descobrir qualquer desafio ao seu controle
sobre a Primeira Ordem e seu destino para governar a galáxia – e
esmagá-la completamente. Enquanto isso, para descobrir a
verdade, Rey, Finn, Poe e a Resistência devem embarcar na
aventura mais perigosa que já enfrentaram. Apresentando cenas
totalmente novas, adaptadas de material nunca visto, cenas
excluídas e informações dos cineastas, a história que começou em
Star Wars: O Despertar da Força e continuou em Star Wars: Os
Últimos Jedi chega a uma conclusão surpreendente.

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Star Wars: Os Segredos Dos Jedi

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Descubra o mundo dos Jedi de Star Wars através desta experiência


de leitura divertida e totalmente interativa. Star Wars: Jediografia é o
melhor guia do universo Jedi para o universo dos Jedi,
transportando jovens leitores para uma galáxia muito distante,
através de recursos interativos, fatos fascinantes e ideias cativantes.
Com ilustrações originais emocionantes e incríveis recursos
especiais, como elevar as abas, texturas e muito mais, Star Wars:
Jediografia garante a emoção das legiões de jovens fãs da saga.

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Star Wars:Thrawn: Alianças

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Palavras sinistras em qualquer circunstância, mas ainda mais


quando proferidas pelo Imperador Palpatine. Em Batuu, nos limites
das Regiões Desconhecidas, uma ameaça ao Império está se
enraizando. Com a sua existência pouco mais que um vislumbre, as
suas consequências ainda desconhecidas. Mas é preocupante o
suficiente para o líder imperial justificar a investigação de seus
agentes mais poderosos: o impiedoso agente Lorde Darth Vader e o
brilhante estrategista grão almirante Thrawn. Rivais ferozes a favor
do Imperador e adversários francos nos assuntos imperiais,
incluindo o projeto Estrela da Morte, o par formidável parece
parceiros improváveis para uma missão tão crucial. Mas o
Imperador sabe que não é a primeira vez que Vader e Thrawn
juntam forças. E há mais por trás de seu comando real do que
qualquer um dos suspeitos. No que parece uma vida atrás, o
general Anakin Skywalker da República Galáctica e o comandante
Mitth’raw’nuruodo, oficial da Ascensão do Chiss, cruzaram o
caminho pela primeira vez. Um em uma busca pessoal
desesperada, o outro com motivos desconhecidos... e não
divulgados. Mas, diante de uma série de perigos em um mundo
longínquo, eles forjaram uma aliança desconfortável, — nem
remotamente cientes do que seus futuros reservavam. Agora,
reunidos mais uma vez, eles se veem novamente ligados ao planeta
onde lutaram lado a lado. Lá eles serão duplamente desafiados, —
por uma prova de sua lealdade ao Império... e um inimigo que
ameaça até seu poder combinado.

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Star Wars: Legado da Força: Traição

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Esta é a era do legado de Luke Skywalker: o Mestre Jedi unificou a


Ordem em um grupo coeso de poderosos Cavaleiros Jedi. Mas
enquanto a nova era começa, os interesses planetários ameaçam
atrapalhar esse momento de relativa paz, e Luke é atormentado
com visões de uma escuridão que se aproxima. O mal está
ressurgindo “das melhores intenções” e parece que o legado dos
Skywalkers pode dar um ciclo completo.A honra e o dever colidirão
com a amizade e os laços de sangue, à medida que os Skywalker e
o clã Solo se encontrarem em lados opostos de um conflito
explosivo com repercussões potencialmente devastadoras para
ambas as famílias, para a ordem Jedi e para toda a galáxia. Quando
uma missão para descobrir uma fábrica ilegal de mísseis no planeta
Aduman termina em uma emboscada violenta, da qual a Cavaleira
Jedi Jacen Solo e o seu protegido e primo, Ben Skywalker, escapam
por pouco com as suas vidas; é a evidência mais alarmante ainda
que desencadeia uma discussão política. A agitação está
ameaçando inflamar-se em total Rebelião. Os governos de vários
mundos estão se irritando com os rígidos regulamentos da Aliança
Galáctica, e os esforços diplomáticos para garantir o cumprimento
estão falhando. Temendo o pior, a Aliança prepara uma
demonstração preventiva de poder militar, numa tentativa de trazer
os mundos renegados para a frente antes que uma revolta entre em
erupção. O alvo modelado para esse exercício: o planeta Corellia,
conhecido pela independência impetuosa e pelo espírito renegado
que fizeram de seu filho favorito, Han Solo, uma lenda. Algo como
um trapaceiro, Jacen é, no entanto, obrigado como Jedi a ficar com
seu tio, o Mestre Jedi Luke Skywalkers, ao lado da Aliança
Galáctica. Mas quando os Corellianos de guerra lançam um contra-
ataque, a demonstração de força da Aliança, e uma missão secreta
para desativar a crucial Estação Central de Corellia; dão lugar a
uma escaramuça armada. Quando a fumaça baixa, as linhas de
batalha são traçadas. Agora, o espectro da guerra em grande escala
aparece entre um grupo crescente de planetas desafiadores e a
Aliança Galáctica, que alguns temem estar se tornando um novo
Império. E, enquanto os dois lados lutam para encontrar uma
solução diplomática, atos misteriosos de traição e sabotagem
ameaçam condenar os esforços de paz a todo momento.
Determinado a erradicar os que estão por trás do caos, Jacen segue
uma trilha de pistas enigmáticas para um encontro sombrio com as
mais chocantes revelações… enquanto Luke se depara com algo
ainda mais preocupante: visões de sonho de uma figura sombria
cujo poder da Força e crueldade lembram a ele de Darth Vader, um
inimigo letal que ataca como um espírito sombrio em uma missão de
destruição. Um agente do mal que, se as visões de Luke
acontecerem, trará uma dor incalculável ao Mestre Jedi e a toda a
galáxia.

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Star Wars: Battlefront II: Esquadrão Inferno

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Após o humilhante roubo dos planos da Estrela da Morte e a


destruição da estação de batalha, o Império está na defensiva. Mas
não por muito. Em retaliação, os soldados imperiais de elite do
Esquadrão Inferno foram chamados para a missão crucial de se
infiltrar e eliminar os guerrilheiros, a facção rebelde que já foi
liderada pelo famoso lutador pela liberdade da República, Saw
Gerrera. Após a morte de seu líder, os guerrilheiros continuaram seu
legado extremista, determinados a frustrar o Império, não importa o
custo. Agora o Esquadrão Inferno deve provar seu status como o
melhor dos melhores e derrubar os Partisans de dentro. Mas a
crescente ameaça de serem descobertos no meio de seu inimigo
transforma uma operação já perigosa em um teste ácido de fazer ou
morrer que eles não ousam falhar. Para proteger e preservar o
Império, até onde irá o Esquadrão Inferno. . . e quão longe deles?

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Star Wars: Catalisador: Um Romance de Rogue One

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A guerra está destruindo a galáxia. Durante anos, a República e os


Separatistas lutaram entre as estrelas, cada um construindo uma
tecnologia cada vez mais mortal na tentativa de vencer a guerra.
Como membro do projeto secreto da Estrela da Morte do Chanceler
Palpatine, Orson Krennic está determinado a desenvolver uma
super arma antes que os inimigos da República possam. E um velho
amigo de Krennic, o brilhante cientista Galen Erso, poderia ser a
chave para a tentativa de vencer a guerra. Como membro do projeto
secreto da Estrela da Morte do Chanceler Palpatine, Orson Krennic
está determinado a desenvolver uma super arma antes que os
inimigos da República possam. E um velho amigo de Krennic, o
brilhante cientista Galen Erso, poderia ser a chave. A pesquisa
focada na energia de Galen chamou a atenção de Krennic e de seus
inimigos, tornando o cientista um peão crucial no conflito galáctico.
Mas depois que Krennic resgata Galen, sua esposa, Lyra, e sua
filha Jyn, de sequestradores separatistas, a família Erso está
profundamente em dívida com Krennic. Krennic então oferece a
Galen uma oportunidade extraordinária: continuar seus estudos
científicos com todos os recursos totalmente à sua disposição.
Enquanto Galen e Lyra acreditam que sua pesquisa energética será
usada puramente de maneiras altruístas, Krennic tem outros planos
que finalmente tornarão a Estrela da Morte uma realidade. Presos
no aperto cada vez maior de seus benfeitores, os Ersos precisam
desembaraçar a teia de decepção de Krennic para salvar a si
mesmos e à própria galáxia.

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Star Wars: Ascensão Rebelde

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Quando Jyn Erso tinha cinco anos, sua mãe foi assassinada e seu
pai foi tirado dela para servir ao Império. Mas, apesar da perda de
seus pais, ela não está completamente sozinha, — Saw Gerrera, um
homem disposto a ir a todos os extremos necessários para resistir à
tirania imperial, acolhe-a como sua e dá a ela não apenas um lar,
mas todas as habilidades e os recursos de que ela precisa para se
tornar uma rebelde.Jyn se dedica à causa e ao homem. Mas lutar ao
lado de Saw e seu povo traz consigo o perigo e a questão de quão
longe Jyn está disposta a ir como um dos soldados de Saw. Quando
ela enfrenta uma traição impensável que destrói seu mundo, Jyn
terá que se recompor e descobrir no que ela realmente acredita… e
em quem ela pode realmente confiar.

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Star Wars: A Alta República: A Luz dos Jedi

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Muito antes da Primeira Ordem, antes do Império ou antes mesmo


da Ameaça Fantasma . . . Os Jedi iluminaram o caminho para a
galáxia na Alta República. É uma era de ouro. Os intrépidos
batedores do hiperespaço expandem o alcance da República para
as estrelas mais distantes, mundos prosperam sob a liderança
benevolente do Senado e a paz reina, reforçada pela sabedoria e
força da renomada ordem de usuários da Força conhecidos como
Jedi. Com os Jedi no auge de seu poder, os cidadãos livres da
galáxia estão confiantes em sua habilidade de resistir a qualquer
tempestade. Mas mesmo a luz mais brilhante pode lançar uma
sombra, e algumas tempestades desafiam qualquer preparação.
Quando uma catástrofe chocante no hiperespaço despedaça uma
nave, a enxurrada de estilhaços que emergem do desastre ameaça
todo o sistema. Assim que o pedido de ajuda sai, os Jedi correm
para o local. O escopo do surgimento, no entanto, é o suficiente
para levar até os Jedi ao seu limite. Enquanto o céu se abre e a
destruição cai sobre a aliança pacífica que ajudaram a construir, os
Jedi devem confiar na Força para vê-los em um dia em que um
único erro pode custar bilhões de vidas. Mesmo enquanto os Jedi
lutam bravamente contra a calamidade, algo verdadeiramente
mortal cresce além dos limites da República. O desastre do
hiperespaço é muito mais sinistro do que os Jedi poderiam
suspeitar. Uma ameaça se esconde na escuridão, longe da era da
luz, e guarda um segredo.

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Star Wars: A Alta República: O Grande Resgate Jedi

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Conheça os nobres e sábios Jedi da Alta República!Quando um


desastre acontece no hiperespaço, colocando o povo de Hetzal
Prime em grave perigo, apenas os Jedi da Alta República podem
salvar o dia! Esse ebook é a forma mais incrível de introduzir as
crianças nessa nova Era da Alta República, pois reconta a história
do Ebook Luz dos Jedi de forma simples e didática para as crianças.
(FAIXA ETÁRIA: 5 a 8 anos)

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Star Wars: A Alta República: Na Escuridão

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Muito antes da Primeira Ordem, antes do Império ou antes mesmo


da Ameaça Fantasma... Os Jedi iluminaram o caminho para a
galáxia na Alta República. Padawan Reath Silas está sendo enviado
da cosmopolita capital galáctica de Coruscant para a fronteira
subdesenvolvida, e ele não poderia estar menos feliz com isso. Ele
prefere ficar no Templo Jedi, estudando os arquivos. Mas quando a
nave em que ele está viajando é arrancada do hiperespaço em um
desastre que abrange toda a galáxia, Reath se encontra no centro
da ação. Os Jedi e seus companheiros de viagem encontram refúgio
no que parece ser uma estação espacial abandonada. Mas então
coisas estranhas começaram a acontecer, levando os Jedi a
investigar a verdade por trás da estação misteriosa, uma verdade
que pode terminar em tragédia...

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Star Wars: A Alta República: Um Teste de Coragem

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Muito antes da Primeira Ordem, antes do Império ou antes mesmo


da Ameaça Fantasma... Vernestra Rwoh é mais nova Cavaleira Jedi
com dezesseis anos, mas a sua primeira missão de verdade parece
muito com ser babá. Ela foi encarregada de supervisionar a
aspirante a inventora Avon Starros, de 12 anos, em um cruzador
rumo à inauguração de uma nova estação espacial maravilhosa
chamada Farol Estelar. Mas logo em sua jornada, bombas explodem
a bordo do cruzador. Enquanto o Jedi adulto tenta salvar a nave,
Vernestra, Avon, o droide J-6 de Avon, um Padawan Jedi e o filho
de um embaixador conseguem chegar a uma nave de fuga, mas as
comunicações acabam e os suprimentos são poucos. Eles decidem
pousar em uma lua próxima, que oferece abrigo, mas não muito
mais. E sem o conhecimento deles, o perigo se esconde na selva…

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Star Wars: A Alta República: Corrida para Torre
Crashpoint

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Outra história emocionante da série mais vendida do New York


Times! A Feira da República está chegando! Visitantes de toda a
galáxia estão viajando para o planeta Valo para um festival enorme
e inspirador que celebra a República. Enquanto os seus
companheiros Valons se preparam para a feira, o Padawan Jedi
Ram Jomaram está se escondendo em seu lugar favorito: uma
garagem suja cheia de peças mecânicas e ferramentas. Mas
quando um alarme de segurança dispara no topo de uma colina
próxima, apelidado de Pico Crashpoint, ele se aventura com o seu
confiável droide V-18 para investigar. Lá, ele descobre que alguém
derrubou a torre de comunicações de Valo, um sinal assustador de
que Valo e a Feira da República estão em perigo. Com certeza,
enquanto Ram corre para avisar os Jedi, os temidos Nihil
desencadeiam um ataque surpresa! Cabe a Ram enfrentar o inimigo
na Torre Crashpoint e enviar um pedido de ajuda à República.
Felizmente, ele está prestes a receber ajuda de novos amigos
inesperados… Não perca todas as aventuras de Star Wars: A Alta
República! (Material indicado para crianças a partir de 8 – 12 anos)

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Star Wars: Velha República: Enganados

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“Nossa hora chegou. Durante trezentos anos nos preparamos;


ficamos mais fortes enquanto você descansava em seu berço de
poder... Agora sua República cairá.”Um guerreiro Sith para rivalizar
com o mais sinistro dos Lordes Sombrios da Ordem, Darth Malgus
derrubou o Templo Jedi em Coruscant em um ataque brutal que
chocou a galáxia. Mas se a guerra o coroasse como o mais sombrio
dos heróis Sith, a paz o transformará em algo muito mais hediondo,
algo que Malgus nunca gostaria de ser, mas não pode parar de se
tornar, assim como ele não pode impedir a Jedi desobediente de se
aproximar rapidamente. O nome dela é Aryn Leneer - e o único
Cavaleiro Jedi que Malgus matou na batalha feroz pelo Templo Jedi
era seu Mestre. Agora ela vai descobrir o que aconteceu com ele,
mesmo que isso signifique quebrar todas as regras da Ordem.

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Star Wars: Thrawn: Traição

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Essa foi a promessa que o Grão Almirante Thrawn fez ao Imperador


Palpatine em seu primeiro encontro. Desde então, Thrawn tem sido
um dos instrumentos mais eficazes do Império, perseguindo os seus
inimigos até os limites da galáxia conhecida. Mas por mais que
Thrawn tenha se tornado uma arma afiada, o Imperador sonha com
algo muito mais destrutivo. Agora, enquanto o programa TIE
Defender de Thrawn é interrompido em favor do projeto
ultrassecreto conhecido apenas como Estrelinha, do Diretor Krennic,
ele percebe que o equilíbrio de poder no Império é medido por mais
do que apenas perspicácia militar ou eficiência tática. Mesmo o
maior intelecto dificilmente pode competir com o poder de aniquilar
planetas inteiros. Enquanto Thrawn trabalha para garantir o seu
lugar na hierarquia Imperial, seu ex-protegido Eli Vanto retorna com
um terrível aviso sobre o mundo natal de Thrawn. O domínio da
estratégia de Thrawn deve guiá-lo através de uma escolha
impossível: dever para com a Ascendência Chiss ou a fidelidade
para com o Império que ele jurou servir. Mesmo que a escolha certa
signifique cometer traição.

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Star Wars: Mestre e Aprendiz

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Um Jedi deve ser um guerreiro destemido, um guardião da justiça e


um erudito nos caminhos da Força. Mas talvez o dever mais
essencial de um Jedi seja transmitir o que aprenderam. Mestre Yoda
treinou Dookan o qual treinou Qui-Gon Jinn; e agora Qui-Gon tem
um Padawan próprio. Mas enquanto Qui-Gon enfrentou todos os
tipos de ameaças e perigos como um Jedi, nada o assustou tanto
quanto a ideia de falhar com seu aprendiz. Obi-Wan Kenobi tem
profundo respeito por seu Mestre, mas luta para entendê-lo. Por que
Qui-Gon deve tantas vezes desconsiderar as leis que obrigam os
Jedi? Por que Qui-Gon é atraído por antigas profecias Jedi em vez
de preocupações mais práticas? E por que Obi-Wan não disse que
Qui-Gon está considerando um convite para se juntar ao Conselho
Jedi - sabendo que isso significaria o fim de sua parceria? A
resposta simples o assusta: Obi-Wan falhou com seu Mestre.
Quando Jedi Rael Aveross, outro ex-aluno de Dookan, solicita sua
ajuda em uma disputa política, Jinn e Kenobi viajam para a Corte
Real de Pijal para o que pode ser sua missão final juntos. O que
deveria ser uma tarefa simples rapidamente se torna obscurecido
por engano e por visões de desastre violento que tomam conta da
mente de Qui-Gon. Conforme a fé de Qui-Gon na profecia cresce, a
fé de Obi-Wan nele é testada - assim como surge uma ameaça que
exigirá que o Mestre e o Aprendiz se unam como nunca antes, ou se
dividam para sempre.

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Star Wars: Legado da Força: Linhagens de Sangue

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Uma nova era de aventuras emocionantes e revelações chocantes


continua a se desenrolar, à medida que a lendária saga Star Wars
avança em um novo território surpreendente. A guerra civil se
aproxima enquanto a incipiente Aliança Galáctica enfrenta um
número crescente de mundos rebeldes... e a guerra que se
aproxima está separando as famílias Skywalker e Solo. Han e Leia
retornam ao mundo natal de Han, Corellia, o coração da resistência.
Os seus filhos, Jacen e Jaina, são soldados na campanha da
Aliança Galáctica para esmagar os insurgentes. Jacen, agora um
mestre completo da Força, tem os seus próprios planos para trazer
ordem à galáxia. Guiado por sua mentora Sith, Lumiya, e com o filho
de Luke, Ben, ao seu lado, Jacen embarca no mesmo caminho que
o seu avô Darth Vader fez uma vez. E enquanto Han e Leia
assistem o seu único filho homem se tornar um estranho, um
assassino secreto emaranha o casal com um nome temido do
passado de Han: Boba Fett. Na nova ordem galáctica, amigos e
inimigos não são mais o que parecem...

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Star Wars: A Sombra da Rainha

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Quando Padmé Naberrie, Rainha Amidala de Naboo, deixa sua


posição, ela é convidada pela rainha recém-eleita para se tornar a
representante de Naboo no Senado Galáctico. Padmé não tem
certeza sobre assumir a nova função, mas não pode recusar o
pedido para servir seu povo. Junto com suas servas mais leais,
Padmé deve descobrir como navegar nas águas traiçoeiras da
política e forjar uma nova identidade além da sombra da rainha.

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Star Wars: Amanhecer dos Jedi - No vazio

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No planeta Tython, a antiga ordem Je'daii foi fundada. E aos pés de


seus sábios Mestres, Lanoree Brock aprendeu os mistérios e
métodos da Força, e encontrou seu chamado como um de seus
discípulos mais poderosos. Mas tão fortemente quanto a Força fluiu
dentro de Lanoree e seus pais, ela permaneceu ausente em seu
irmão, que passou a desprezar e evitar os Je'daii, e cujo
treinamento em seus métodos antigos terminou em tragédia. Agora,
de sua vida solitária como um Patrulheira mantendo a ordem em
toda a galáxia, Lanoree foi convocada pelo Conselho Je'daii em
uma questão de extrema urgência. O líder de um culto fanático,
obcecado em viajar além dos limites do espaço conhecido, está
empenhado em abrir um portal cósmico usando a temida matéria
escura como chave - arriscando uma reação cataclísmica que
consumirá todo o sistema estelar. Porém, mais chocante para
Lanoree do que até mesmo a perspectiva de aniquilação galáctica
total, é a decisão de seus Mestres Je'daii de incumbi-la da missão
de evitá-la. Até que uma revelação surpreendente deixa claro por
que ela foi escolhida: o louco brilhante e perigoso que ela deve
rastrear e parar a qualquer custo é o irmão cuja morte ela lamentou
por muito tempo, e cuja vida ela deve temer agora.

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Star Wars: Thrawn: ASCENDÊNCIA (Livro I – Caos
Crescente)

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Além do limite da galáxia estão as Regiões Desconhecidas:


caóticas, desconhecidas e quase intransitáveis, com segredos
ocultos e perigos em igual medida. E aninhada em seu caos
turbulento está a Ascendência, lar dos enigmáticos Chiss e das
Nove Famílias Regentes que as lideram. A paz da Ascensão, um
farol de calma e estabilidade, é destruída após um ousado ataque à
capital de Chiss que não deixa vestígios do inimigo. Perplexo, a
Ascendência despacha um de seus jovens oficiais militares para
erradicar os agressores invisíveis. Um recruta nascido sem título,
mas adotado na poderosa família de Mitth e que recebeu o nome de
Thrawn. Com o poder da Frota Expansionista em suas costas e a
ajuda de sua camarada Almirante Ar’alani, as respostas começam a
se encaixar. Mas conforme o primeiro comando de Thrawn investiga
mais profundamente a vasta extensão do espaço que seu povo
chama de Caos, ele percebe que a missão que lhe foi dada não é o
que parece.

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Star Wars: A Alta República - Tormenta Crescente

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Os heróis da era da Alta República retornam para enfrentar uma paz


destruída e um inimigo terrível, após os eventos dramáticos de Luz
dos Jedi. Na esteira do desastre do hiperespaço e do heroísmo dos
Jedi, a República continua a crescer, reunindo mais mundos sob
uma única bandeira unificada. Sob a liderança da Chanceler Lina
Soh, o espírito de unidade se estende por toda a galáxia, com os
Jedi e a estação Farol Luz Estelar recentemente estabelecida na
vanguarda. Em comemoração, a chanceler planeja a Feira da
República, será uma vitrine das possibilidades e da paz da
República em expansão, uma paz que os Jedi esperam promover.
Stellan Gios, Bell Zettifar, Elzar Mann e outros se juntam ao evento
como embaixadores da harmonia. Mas à medida que os olhos da
galáxia se voltam para a feira, o mesmo ocorre com a fúria dos Nihil.
O seu líder, Marchion Ro, pretende destruir essa unidade. Sua
Tempestade desce sobre a pompa e a celebração, semeando o
caos e exigindo vingança.

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Star Wars: Velha República – Aniquilação

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O Império Sith está em fluxo. O imperador está desaparecido, dado


como morto, e a tentativa de um ambicioso lorde Sith de tomar o
trono terminou fatalmente. Ainda assim, Darth Karrid, comandante
do temível cruzador de batalha Imperial Lança Ascendente, continua
seus esforços incansáveis para alcançar o domínio Sith total da
galáxia. Mas a determinação implacável de Karrid é mais do que
compatível com a determinação de aço de Theron Shan, cujos
negócios inacabados com o Império podem mudar o curso da
guerra para sempre. Embora filho de uma mestra Jedi, Theron não
exerce a Força... mas, como a sua renomada mãe, o espírito de
rebelião está em seu sangue. Como um importante agente secreto
da República, ele desferiu um golpe crucial contra o Império ao
expor e destruir um arsenal de super arma Sith, o que o torna o
agente ideal para uma missão ousada e perigosa para acabar com o
reinado de terror da Lança Ascendente. Juntamente com a
contrabandista Teff'ith, com quem ele tem uma ligação inexplicável,
e o sábio guerreiro Jedi Gnost-Dural, ex-mestre de Darth Karrid,
Theron deve combinar inteligência e armas com uma tripulação
testada em batalha da escuridão mais fria discípulos secundários.
Mas o tempo é brutalmente curto. E se eles não aproveitarem sua
única chance de sucesso, certamente terão inúmeras oportunidades
de morrer.

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Star Wars – The Clone Wars – Histórias de Luz e
Escuridão

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Um confronto épico entre as forças da luz e das trevas, entre a


República Galáctica e os Separatistas, entre bravos heróis e vilões
brilhantes – o destino da galáxia está em jogo na série de animação
ganhadora do Emmy Award, Star Wars: The Clone Wars. Nesta
emocionante antologia, onze autores que também são fãs da série
trazem histórias de seu programa favorito para a vida. Reunidos
aqui estão momentos memoráveis e aventuras impressionantes, de
tentativas de assassinato a generosidades roubadas, de lições
aprendidas a amores perdidos. Todos os seus personagens
favoritos de The Clone Wars estão aqui: Anakin Skywalker, Yoda,
Obi-Wan Kenobi, Ahsoka Tano, Capitão Rex, Darth Maul, Conde
Dookan e muito mais!

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Star Wars – Tribo Perdida dos Sith: Coletânea de
Histórias

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Finalmente, em um volume único, as oito partes originais da épica


série de e-books Tribo perdida dos Sith… junto com o final explosivo
e nunca antes publicado, Pandemônio, com mais de cem páginas
de novo material! Cinco mil anos atrás. Após uma emboscada Jedi,
a nave mineira Sith Presságio está destruída em um planeta
desconhecido e remoto. Seu comandante, Yaru Korsin, luta contra o
derramamento de sangue de uma facção amotinada liderada por
seu próprio irmão. Encalhados e enfrentando a morte, a tripulação
Sith não tem escolha a não ser se aventurar em seus arredores
desolados. Eles enfrentam inúmeros desafios brutais, predadores
cruéis, pragas letais, tribos que adoram deuses vingativos… e,
como verdadeiros guerreiros Sith, enfrentam-nos com o lado
sombrio da Força. As lutas só estão começando para os orgulhosos
e intransigentes Sith, dirigidos como estão para governar a todo
custo. Eles vencerão os nativos primitivos e encontrarão o caminho
de volta ao seu verdadeiro destino como governantes da galáxia.
Mas à medida que o seu legado cresce ao longo de milhares de
anos, os Sith acabam sendo testados pela ameaça mais perigosa
de todas: o inimigo interno.

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Star Wars – Esquadrão Alfabeto

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O Imperador está morto. A Rebelião é vitoriosa. No rescaldo, Yrica


Quell é apenas um dos milhares de desertores imperiais que vivem
em uma favela de desertores. Incerta sobre o seu lugar na
República contra a qual ela lutou uma vez, ela começou a perder
qualquer esperança de redenção, até que ela seja selecionada para
se juntar ao Esquadrão do Alfabeto. Formados por uma variedade
eclética de pilotos e caças, os cinco membros da Alfabeto são
encarregados pela própria general da Nova República, Hera
Syndulla. A missão deles: rastrear e destruir o misterioso Shadow
Wing, uma força letal de TIE fighters exigindo uma vingança
sangrenta e impiedosa no crepúsculo de seu reinado. Mas passar
de rebeldes menos favorecidos a heróis célebres não é tão fácil
quanto parece. Os rebeldes guerreiros do Esquadrão Alfabeto terão
que aprender a voar juntos para proteger a nova era de paz que
lutaram tanto para conquistar.

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Star Wars - Comandos da República - Contato Hostil

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Enquanto a Guerra dos Clones se enfurece, a vitória ou a derrota


estão nas mãos de esquadrões de elite que assumem as tarefas
mais difíceis na galáxia, soldados frios que vão aonde ninguém mais
iria, para fazer o que ninguém mais poderia... Em uma missão para
sabotar uma instalação de pesquisa de armas químicas em um
planeta controlado pelos Separatistas, quatro soldados clones
operam sob o nariz de seus inimigos. Os comandos estão em menor
número e com menos armas, bem atrás das linhas inimigas, sem
apoio, e trabalhando com estranhos em vez de companheiros de
equipe de confiança. As coisas não melhoram quando Darman, o
especialista em demolições do esquadrão, se separa dos outros
durante a queda do planeta. Mesmo a aparente boa sorte de
Darman em encontrar uma Padawan inexperiente desaparece
quando Etain admite a sua terrível inexperiência. Para os comandos
clones divididos e o Jedi preso, uma longa e perigosa jornada está à
frente, através de um território hostil repleto de escravos
Trandoshanos, Separatistas e nativos suspeitos. Um único passo
em falso pode significar descoberta... e morte. É uma missão suicida
virtual para qualquer um, exceto para os Comandos da República.

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Star Wars - Alta República - Confronto na Feira

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Muito antes das Guerras Clônicas, do Império ou da Primeira


Ordem, os Jedi iluminaram o caminho para a galáxia em uma era
dourada conhecida como Alta República! Este emocionante livro de
histórias colorido traz à vida um confronto épico entre os Cavaleiros
Jedi e seus misteriosos inimigos, os Nihil. Burryaga, o Wookiee
Padawan e seus companheiros Jedi devem salvar o dia! Esse ebook
é a forma mais incrível de introduzir as crianças nessa nova Era da
Alta República, pois reconta a história do Ebook Tormenta
Crescente do ponto de vista do Padawan Jedi Burryaga, que conta
de forma simples e didática para as crianças. (FAIXA ETÁRIA: 6 a 8
anos)

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Star Wars – A Alta República – Fora das Sombras

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Sylvestri Yarrow vive uma maré de azar sem fim. Ela tem feito o
possível para manter o negócio de carga da família em
funcionamento após a morte de sua mãe, mas entre o aumento das
dívidas e o aumento dos ataques dos Nihil a naves desavisados, Syl
corre o risco de perder tudo o que resta de sua mãe. Ela segue para
a capital galáctica de Coruscant em busca de ajuda, mas é desviada
quando é arrastada para uma disputa entre duas das famílias mais
poderosas da República por um pedaço do espaço na fronteira.
Emaranhada na política familiar é o último lugar que Syl quer estar,
mas a promessa de uma grande recompensa é o suficiente para
mantê-la interessada... Enquanto isso, o Cavaleiro Jedi Vernestra
Rwoh foi convocada para Coruscant, mas sem nenhuma ideia do
porquê ou por quem. Ela e seu Padawan Imri Cantaros chegam à
capital junto com o Mestre Jedi Cohmac Vitus e seu Padawan,
Reath Silas, e são convidados a ajudar na disputa de propriedade
na fronteira. Mas por que? O que há de tão importante em um
pedaço de espaço vazio? A resposta levará Vernestra a uma nova
compreensão de suas habilidades e levará Syl de volta ao
passado... e às verdades que finalmente surgirão das sombras.

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Star Wars - A Alta República - A Estrela Cadente

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Uma e outra vez, os invasores viciosos conhecidos como Nihil


tentaram trazer a era de ouro da Alta República a um fim ardente.
Repetidamente, a Alta República emergiu desgastada e cansada,
mas vitoriosa graças a seus protetores Jedi, e não há monumento à
sua causa maior do que o Farol Luz Estelar. Pendurado como uma
joia na Orla Exterior, o Farol encarna a Alta República no ápice de
suas aspirações: um centro de cultura e conhecimento, uma tocha
brilhante contra a escuridão do desconhecido e uma mão estendida
de boas-vindas aos confins do mundo. a galáxia. Enquanto
sobreviventes e refugiados fogem dos ataques do Nihil, o Farol e a
sua tripulação estão prontos para abrigar e curar. Os agradecidos
Cavaleiros e Padawans da Ordem Jedi estacionados lá finalmente
têm a chance de se recuperar, da dor de seus ferimentos e da dor
de suas perdas. Mas a tempestade que eles pensavam ter passado
ainda continua; eles são simplesmente capturados em seus olhos.
Marchion Ro, o verdadeiro mentor dos Nihil, está preparando o seu
ataque mais ousado até agora, um projetado para extinguir a luz dos
Jedi.

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Star Wars - Os Segredos dos Sith

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e você conhecesse o poder do lado sombrio! Descubra os caminhos


dos Sith neste livro infantil emocionante, informativo e totalmente
ilustrado. Junte-se ao Imperador Palpatine, também conhecido
como Darth Sidious, nesta exploração dos Sith e dos aliados
malignos do lado sombrio. Star Wars: Os Segredos dos Sith irá
emocionar os jovens fãs com conhecimento do lado sombrio, obras
de arte incríveis e recursos interativos, como pop-ups, livretos e
inserções de levantar a aba. Experimente o poder do lado sombrio :
Narrado pelo Imperador Palpatine, este livro dará aos jovens leitores
uma visão do poder do lado sombrio. Aprenda sobre alguns dos
maiores vilões do lado sombrio de Star Wars : abrangendo filmes,
programas de televisão, livros, quadrinhos e videogames, Star Wars:
Os Segredos dos Sith narra alguns dos praticantes mais infames do
lado sombrio, incluindo Darth Maul, Conde Dookan, Asajj Ventress,
Darth Vader, o Grande Inquisidor e Kylo Ren. Ilustrações originais
incríveis: Star Wars: Os Segredos dos Sith é um livro infantil
lindamente ilustrado que os leitores vão querer revisitar várias
vezes. Cheio de recursos interativos empolgantes: Pop-ups, folhetos
e inserções de levantar a aba vão emocionar os jovens fãs,
proporcionando uma experiência envolvente enquanto investiga as
histórias sobre os Sith. O complemento perfeito para qualquer
biblioteca virtual de Star Wars : Este lindo ebook encadernado é um
item obrigatório para a coleção de qualquer jovem fã.

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Star Wars - A Alta República – Missão para o
Desastre

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Os Jedi acham que os temidos saqueadores Nihil foram todos


derrotados. O seu líder está fugindo e os seus números diminuíram.
A Cavaleira Jedi Vernestra Rwoh espera que isso signifique que ela
finalmente terá tempo para realmente treinar o seu Padawan, Imri
Cantaros, mas os relatos de um ataque Nihil a Porto Haileap logo
frustram essas esperanças. Pois não só os Nihil que atacaram o
pacífico posto avançado, como também sequestraram a amiga de
Vernestra e de Imri, Avon Starros. Os dois Jedi partiram para Porto
Haileap, determinados a descobrir para onde os Nihil levaram a sua
amiga. Enquanto isso, Avon deve colocar a sua inteligência e
habilidades à prova enquanto luta pela sobrevivência entre os Nihil,
e descobre um plano sinistro. Vernestra e Imri podem encontrar a
sua amiga antes que o desastre aconteça?

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Star Wars - Alta República - Batalha Pelo Farol Luz
Estelar

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Muito antes das Guerras Clônicas, do Império ou da Primeira


Ordem, os Jedi iluminaram o caminho para a galáxia em uma era
dourada conhecida como Alta República! Este emocionante livro de
histórias colorido traz à vida uma outra emocionante aventura no
livro de histórias com heróis Jedi e os seus Padawans enquanto
lutam contra os nefastos vilões Nihil!!

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Star Wars - Alta República - Horizonte à Meia Noite

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Séculos antes dos eventos de Star Wars: A Ameaça Fantasma, na


era da gloriosa Alta República, os Jedi são os guardiões da paz e da
justiça na galáxia! Depois de uma série de perdas impressionantes,
a República parece finalmente ter os vilões saqueadores de Nihil em
fuga, e parece que há luz no fim do túnel. Até que venha a notícia
de um suposto ataque de Nihil ao mundo cosmopolita industrial de
Corellia, bem no Núcleo Galáctico. Enviados para investigar estão
os Mestres Jedi Cohmac Vitus e Kantam Sy, juntamente com os
Padawans Reath Silas e Ram Jomaram, todos travando as suas
próprias batalhas particulares após meses de perigo implacável. Em
Corellia, Reath e Ram encontram um descarado jovem especialista
em segurança chamado Crash, cujo amigo foi uma das vítimas do
ataque Nihil, e eles se unem a ela para se infiltrar na elite de Corellia
enquanto os Mestres buscam caminhos mais diplomáticos. Mas se
disfarçar com Crash é mais perigoso do que qualquer um esperava,
mesmo quando Ram puxa seu amigo Zeen para ajudar com um
estratagema elaborado envolvendo uma estrela pop galáctica. Mas
o que eles descobrem em Corellia acaba sendo apenas uma parte
de um plano maior, que pode levar os Jedi à sua derrota mais
impressionante até agora...

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Star Wars - A Alta República - Executora da
Tempestade

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Mergulhe no mundo cruel de um dos maiores inimigos da Alta


República, a impiedosa Lourna Dee, neste roteiro completo para o
áudio original de Star Wars: Executora da Tempestade. A
tempestade Nihil assolou a galáxia, deixando caos e tristeza em seu
rastro. Poucos de seus invasores são tão cruéis quanto a Executora
da Tempestade Lourna Dee. Ela fica um passo à frente da Ordem
Jedi no comando de uma nave com o nome de um dos monstros
mais mortais da galáxia: ela mesma. Mas ninguém pode fugir dos
defensores da Alta República para sempre. Após a derrota de sua
tripulação, Lourna cai nas mãos dos Jedi, mas não antes de
esconder a sua identidade, tornando-se apenas mais uma
condenada de Nihil. Os seus captores não entendem a fera que
encurralaram. Assim como todos os tolos que ela já enterrou, seu
primeiro erro foi mantê-la viva. Lourna está determinada a
subestimá-la pela última vez. Trancada em uma nave correcional da
República, ela é arrastada pela galáxia para reparar os danos que
ela e seus companheiros Executores da Tempestade infligiram. Mas
enquanto Lourna planeja a sua gloriosa fuga, ela faz alianças que se
aproximam perigosamente das amizades. Fora dos Nihil, separada
da sua infame nave, seu terrível arsenal e seu temido nome, Lourna
deve trilhar seu próprio caminho. Mas isso levará à redenção? Ou
ela emergirá como uma ameaça mais mortal do que nunca?

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Star Wars – Legado da Força – Tormenta

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Enquanto a guerra civil ameaça a unidade da Aliança Galáctica, Han


e Leia Solo enfureceram suas famílias e os Jedi ao se juntarem aos
insurgentes Corellianos. Mas os Solos traçam a linha quando
descobrem o plano dos rebeldes para fazer do Consórcio Hapan um
aliado – que depende dos nobres Hapan assassinarem sua rainha
pró-Aliança e a sua filha. No entanto, a determinação altruísta dos
Solos de salvar a rainha não pode dissipar as consequências
inevitáveis de suas ações que colocarão mãe contra filho e irmão
contra irmã nas batalhas à frente. À medida que os poderes
sombrios de Jacen Solo se fortalecem sob o Jedi Negro Lumiya, e
sua influência sobre Ben Skywalker se torna mais insidiosa, a
preocupação de Luke com seu sobrinho o força a uma luta de vida
ou morte contra seu inimigo mais feroz, e Han e Leia Solo
descobrem ficam à mercê de seu inimigo mais mortal... O filho
deles.

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Star Wars: Irmandade

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As Guerras Clônicas começaram. As fileiras de batalha estão sendo


desenhadas por toda a galáxia. Com cada mundo que se junta aos
Separatistas, a paz guardada pela Ordem Jedi está escorregando
por entre os dedos. Depois que uma explosão devasta Cato
Neimoidia, a joia da Federação do Comércio, a República é culpada
e a frágil neutralidade do planeta é ameaçada. Os Jedi despacham
Obi-Wan Kenobi, uma das mentes diplomáticas mais talentosas da
Ordem, para investigar o crime e manter o equilíbrio que começou a
mudar perigosamente. Enquanto Obi-Wan investiga com a ajuda de
uma heroica guarda Neimoidiana, ele se vê trabalhando contra os
Separatistas que esperam atrair o planeta para a sua conspiração, e
sente a mão sinistra de Asajj Ventress nas brumas que cobrem o
planeta. Em meio ao caos crescente, Anakin Skywalker sobe ao
posto de Cavaleiro Jedi. Apesar da ordem de que Obi-Wan viaje
sozinho, e da insistência de seu ex-mestre para que ele ouça desta
vez, A determinação obstinada de Anakin significa que nada pode
impedi-lo de invadir a festa e trazer um jovem promissor, mas
conflitante. Antes um Padawan de Obi-Wan, Anakin agora se
encontra em pé de igualdade, mas incerto, com o homem que o
criou. O atrito persistente entre eles aumenta o perigo para todos ao
seu redor. Os dois cavaleiros devem aprender uma nova maneira de
trabalhar juntos, e devem aprender rapidamente, para salvar Cato
Neimoidia e seu povo dos incêndios da guerra. Para superar a
ameaça que enfrentam, eles devem crescer além de mestre e
aprendiz. Eles devem permanecer juntos como irmãos.

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Skywalker – Uma Família em Guerra

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Descubra os segredos dos Skywalkers: a família que moldou uma


galáxia muito, muito distante... A história de Skywalker tem tudo:
paixão, intriga, heroísmo e feitos sombrios. Esta biografia reveladora
explora cada reviravolta da dinastia Skywalker: a lenta sedução ao
lado sombrio de Anakin; seu casamento condenado com Padmé
Amidala; o heroísmo de Luke e Leia; a queda e redenção do filho de
Han Solo e da princesa Leia, Ben; e as lutas de sua díade na Força,
Rey. Sem deixar pedra sobre pedra ao traçar as provações e
tribulações da dinastia, esta biografia definitiva da primeira família
de Star Wars explora e explica a história mais profunda e pessoal
dos Skywalkers, seus personagens, motivações e, contra
probabilidades aparentemente impossíveis, seu triunfo final.

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Star Wars – Comandos da República – Triplo Zero

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Após a erupção das sangrentas Guerras Clônicas na batalha de


Geonosis, ambos os lados permanecem em um impasse que só
pode ser quebrado por equipes de guerreiros de elite como o
Esquadrão Ômega, comandos clone com habilidades de combate
aterrorizantes e um arsenal letal... Para o Esquadrão Ômega ,
implantado bem atrás das linhas inimigas, é a mesma velha rotina
de operações especiais: sabotagem, espionagem, emboscada e
assassinato. Mas quando o Esquadrão Ômega é levado às pressas
para Coruscant, o novo ponto de acesso mais perigoso da guerra,
os comandos descobrem que não são os únicos a penetrar no
coração do inimigo. Uma onda de ataques separatistas foi rastreada
até uma rede de células terroristas de Separatistas na capital da
República, planejada por um espião no Quartel General do
Comando. Identificar e destruir uma rede de espionagem e terror
separatista em uma cidade cheia de civis exigirá talentos e
habilidades especiais. Nem mesmo a liderança dos generais Jedi,
juntamente com a assistência do esquadrão Delta e um certo notório
CRA trooper, pode igualar as chances contra os Comandos da
República. E enquanto o sucesso pode não trazer vitória nas
Guerras Clônicas, o fracasso significa derrota certa.

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Star Wars – De um Certo Ponto de Vista – Uma Nova
Esperança

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Em 25 de maio de 1977, o mundo foi apresentado a Han Solo, Luke


Skywalker, Princesa Leia, C-3PO, R2-D2, Chewbacca, Obi-Wan
Kenobi, Darth Vader e uma galáxia cheia de possibilidades. Em
homenagem ao quadragésimo aniversário , mais de quarenta
colaboradores emprestam sua visão a esta releitura de Star Wars .
Cada um dos quarenta contos reimagina um momento do filme
original, mas através dos olhos de um personagem coadjuvante. De
um Certo Ponto de Vista apresenta contribuições de autores mais
vendidos, artistas inovadores e vozes preciosas da história literária
de Star Wars.

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Star Wars: Velha República - Aliança Fatal

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O contrabandista Jet Nebula encontrou um rico tesouro. Os Hutts


querem leiloá-lo pelo maior lance, seja a República ou o Império. O
Alto Conselho Jedi envia um investigador; um Mandaloriano está
perseguindo algo ligado a um crime há muito esquecido; enquanto
um espião joga em todos os lados ao mesmo tempo. No final, o que
Jet descobriu surpreenderá a todos.

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Star Wars: Thrawn: ASCENDÊNCIA (Livro III - O
Mal Menor)

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Por milhares de anos, a Ascendência Chiss tem sido uma ilha de


calma, um centro de poder e um farol de integridade. É liderado
pelas Nove Famílias Governantes, cuja liderança é um baluarte da
estabilidade contra o Caos das Regiões Desconhecidas. Mas essa
estabilidade foi corroída por um inimigo astuto que elimina a
confiança e a lealdade em igual medida. Laços de fidelidade deram
lugar a linhas de divisão entre as famílias. Apesar dos esforços da
Frota de Defesa Expansionista, a Ascendência se aproxima cada
vez mais da guerra civil. Os Chiss não são estranhos à guerra. O
seu status mítico no Caos foi conquistado por meio de conflitos e
atos terríveis, alguns enterrados há muito tempo. Até agora. Para
garantir o futuro da Ascendência, Thrawn mergulhará
profundamente em seu passado, descobrindo os segredos sombrios
que cercam a ascensão da Primeira Família Governante. Mas a
verdade do legado de uma família é tão forte quanto a lenda que a
sustenta. Mesmo que essa lenda seja uma mentira. Para garantir a
salvação da Ascendência, Thrawn está disposto a sacrificar tudo?
Incluindo a única casa que ele já conheceu?

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Star Wars – Cavaleira Errante

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Mil anos antes de Luke Skywalker, uma geração antes de Darth


Bane, em uma galáxia muito, muito distante... A República está em
crise (1032 ABY). Os Sith vagam sem controle, competindo entre si
para dominar a galáxia. Mas uma Jedi solitária, Kerra Holt, está
determinada a derrubar os Lordes das Trevas. Seus inimigos são
estranhos e muitos: Lorde Daiman, que se imagina o criador do
universo; Lord Odion, que pretende ser seu destruidor; os curiosos
irmãos Quillan e Dromika; a enigmática Arcádia. Tantos Sith em
guerra tecendo uma colcha de retalhos de brutalidade, com apenas
Kerra Holt para defender os inocentes pegos sob os pés. Sentindo
um padrão sinistro no caos, Kerra embarca em uma jornada que a
levará a batalhas ferozes contra inimigos ainda mais ferozes. Com
um contra tantos, sua única chance de sucesso está em forjar
alianças entre aqueles que servem seus inimigos, incluindo um
misterioso espião Sith e um general mercenário inteligente. Mas
eles serão seus adversários ou sua salvação? Coruscant, o novo
ponto de acesso mais perigoso da guerra, os comandos descobrem
que não são os únicos a penetrar no coração do inimigo.

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Star Wars – A Esperança da Rainha

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Padmé está se adaptando a ser uma senadora de guerra durante as


Guerras Clônicas. O seu marido secreto, Anakin Skywalker, está
lutando na guerra e se destaca por ser um Jedi de guerra. Em
contraste, quando Padmé tem a oportunidade de ver as vítimas nas
linhas de frente devastadas pela guerra, ela fica horrorizada. As
apostas nunca foram tão altas para a galáxia ou para o casal recém-
casado. Enquanto isso, com Padmé em uma missão secreta, a sua
serva Sabé assume o papel de senadora Amidala, algo que
nenhuma serva faz há muito tempo. No Senado, Sabé fica
igualmente horrorizada com as maquinações que ali acontecem. Ela
fica cara a cara com uma decisão angustiante quando percebe que
não pode lutar uma guerra dessa maneira, nem mesmo por Padmé.
E o Chanceler Palpatine paira sobre tudo isso, manipulando os
jogadores para os seus próprios fins...

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Star Wars – O Vencedor Perde Tudo

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Lando Calrissian não é estranho a torneios de cartas, mas este tem


uma atmosfera verdadeiramente eletrizante. Isso porque o prêmio é
uma escultura rara que vale cinquenta milhões de créditos. Se
Lando não tomar cuidado, ele vai falir, especialmente depois de
conhecer as gêmeas idênticas Bink e Tavia Kitik, ladras mestres que
têm motivos para acreditar que a escultura é falsa. As Kitiks são
fofas, perigosas e determinadas a acertar as coisas, e convenceram
Lando a ajudá-las a expor o golpe. Mas o que eles enfrentam não é
uma simples simples traição, nem mesmo uma traição tripla. É um
jogo de poder completo de proporções colossais. Pois um mentor
invisível detém todas as cartas e tem uma solução à prova de falhas
para cada problema: Assassinato.

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Star Wars – A Sombra do Sith

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O Império está morto. Quase duas décadas após a Batalha de


Endor, os restos esfarrapados das forças de Palpatine fugiram para
os confins da galáxia. Mas para os heróis da Nova República, o
perigo e a perda são companheiros sempre presentes, mesmo
nesta nova era de paz. O Mestre Jedi Luke Skywalker é
assombrado por visões do lado sombrio, predizendo um segredo
sinistro crescendo em algum lugar nas profundezas do espaço, em
um mundo morto chamado Exegol. A perturbação na Força é
inegável… e os piores medos de Luke são confirmados quando o
seu velho amigo Lando Calrissian vem até ele com relatos de uma
nova ameaça Sith. Depois que a filha de Lando foi roubada de seus
braços, ele procurou nas estrelas por qualquer vestígio de seu filho
perdido. Mas cada novo boato leva apenas a becos sem saída e
esperanças desbotadas, até que ele cruza o caminho de Ochi de
Bestoon, um assassino Sith encarregado de sequestrar uma
jovem. Os verdadeiros motivos de Ochi permanecem ocultos para
Luke e Lando. Pois em uma lua ferro-velho, um misterioso enviado
da Eternidade Sith legou uma lâmina sagrada ao assassino,
prometendo que responderá às perguntas que o assombram desde
a queda do Império. Em troca, ele deve completar uma missão final:
retornar a Exegol com a chave para o glorioso renascimento dos
Sith, Rey, a neta do próprio Darth Sidious. Enquanto Ochi persegue
Rey e os seus pais até o limite da galáxia, Luke e Lando correm
para o mistério da sombra persistente dos Sith e ajudam uma jovem
família que corre para salvar suas vidas.

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Star Wars – Boba Fett – Um Homem Prático

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Na superfície, parece apenas mais um contrato de rotina para Boba


Fett e os seus comandos Mandalorianos, mas o cliente misterioso
que os contrata para iniciar uma pequena guerra é mais perigoso do
que qualquer um deles pode imaginar. Quando a força de invasão
Yuuzhan Vong varre a galáxia, os Mandalorianos descobrem que
estão do lado errado, lutando por uma cultura alienígena que trará o
fim da sua própria. Agora Fett tem que escolher entre sua honra e a
sobrevivência de seu povo. Como ele é um homem prático, ele está
determinado a ajudar a resistência a derrotar os Yuuzhan Vong,
mesmo que isso signifique trabalhar com um agente Jedi. O
problema é que ninguém confia em um homem com a reputação de
Fett. Então, convencer a Nova República de que eles estão lutando
do mesmo lado é uma tarefa difícil. Denunciados como traidores, os
Mandalorianos de Fett precisam ficar um passo à frente de seus
pagadores Yuuzhan Vong, e da República que os vê como
colaboradores do inimigo mais destrutivo que a galáxia já
enfrentou...

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Star Wars – Nova Ordem Jedi - Yuuzhan Vong

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Enquanto a Nova República e os Jedi tentam resolver os seus


problemas de convivência, e também tentam resolver pequenas
intrigas entre planetas. Surge algo sombrio e malévolo que nem a
Força consegue perceber. Os Yuuzhan Vong surgem como um
predador de planetas tomando-os e transformando-os. Como a
Galáxia de Star Wars vai derrotar o inimigo mais destrutivo que já
enfrentou? Desvende tudo sobre a raça, planetas, armas, cultura,
história, guerras, mapas, etc... que mudaram o Universo Expandido
Legend de Star Wars para sempre. Esse material vai ser o seu guia
definitivo para toda a série Nova Ordem Jedi.Enquanto a Nova
República e os Jedi tentam resolver os seus problemas de
convivência, e também tentam resolver pequenas intrigas entre
planetas. Surge algo sombrio e malévolo que nem a Força
consegue perceber. Os Yuuzhan Vong surgem como um predador
de planetas tomando-os e transformando-os. Como a Galáxia de
Star Wars vai derrotar o inimigo mais destrutivo que já enfrentou?
Desvende tudo sobre a raça, planetas, armas, cultura, história,
guerras, mapas, etc... que mudaram o Universo Expandido Legend
de Star Wars para sempre. Esse material vai ser o seu guia para
toda a série Nova Ordem Jedi.

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Star Wars – Nova Ordem Jedi - Vetor Primário

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Vinte e um anos se passaram desde que os heróis da Aliança


Rebelde destruíram a Estrela da Morte, quebrando o poder do
Imperador. Desde então, a Nova República lutou bravamente para
manter a paz e a prosperidade entre os povos da galáxia. Mas a
agitação começou a se espalhar; as tensões surgem em surtos de
rebelião que, se não forem controlados, ameaçam destruir o tênue
reinado da República. Nesta atmosfera volátil vem Nom Anor, um
incendiário carismático que aquece as paixões ao ponto de
ebulição, semeando sementes de dissidência por seus próprios
motivos sombrios. Em um esforço para evitar uma guerra civil
catastrófica, Leia viaja com a sua filha Jaina, sua cunhada Mara
Jade e o leal droide de protocolo C-3PO, para conduzir negociações
diplomáticas cara a cara com Nom Anor. Mas ele se mostra
resistente às súplicas de Leia, e, muito mais inexplicavelmente,
dentro da Força, onde um ser deveria estar, estava... espaço em
branco. Enquanto isso, Luke é atormentado por relatos de
Cavaleiros Jedi desonestos que estão fazendo justiça com as
próprias mãos. E então ele luta com um dilema: ele deve tentar,
neste clima de desconfiança, restabelecer o lendário Conselho Jedi?
Enquanto os Jedi e a República se concentram em lutas internas,
uma nova ameaça surge, despercebida, além dos confins da Orla
Exterior. Um inimigo aparece de fora do espaço conhecido,
carregando armas e tecnologia diferente de tudo que os cientistas
da Nova República já viram. De repente, Luke, Mara, Leia, Han Solo
e Chewbacca, junto com as crianças Solo, são lançados novamente
na batalha, para defender a liberdade pela qual tantos lutaram e
morreram. Mas desta vez, toda a sua coragem, sacrifício e até
mesmo o poder da própria Força podem não ser suficientes...

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Star Wars – A Alta República – Trilha do Engano

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Situado no mundo da Alta República, 150 anos antes da narrativa


da Fase I, uma era de mudanças traz novas esperanças e
possibilidades... mas também novos perigos. O planeta da Orla
Exterior Dalna se tornou o foco de uma investigação Jedi sobre um
artefato roubado da Força, e a Zallah Macri e o seu Padawan,
Kevmo Zink, chegam ao mundo pastoral para acompanhar uma
possível conexão com um grupo missionário de Dalnan chamado
Caminho da Mão Aberta. Os membros do Caminho acreditam que a
Força deve ser livre e não deve ser usada por ninguém, nem
mesmo pelos Jedi. Um desses crentes é Marda Ro, uma jovem que
sonha em deixar Dalna para espalhar a palavra do Caminho por
toda a galáxia. Quando Marda e Kevmo se encontram, a sua
conexão é instantânea e elétrica… até que Marda descobre que
Kevmo é um Jedi. Mas Kevmo é tão gentil e ansioso para aprender
mais sobre o Caminho, que ela espera poder convencê-lo da justeza
de suas crenças. O que Marda não percebe é que a líder da Trilha,
uma mulher carismática conhecida apenas como a Mãe, tem uma
agenda própria, que nunca poderá coexistir pacificamente com os
Jedi. Para seguir a sua fé, Marda pode ter que escolher se tornar a
pior inimiga de sua nova amiga... Não perca essas outras aventuras
ambientadas na era da Alta República!

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Star Wars – Star Wars – Episódio I – A Ameaça
Fantasma

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No mundo verde e intocado de Naboo, o Mestre Jedi Qui-Gon Jinn e


seu aprendiz, Obi-Wan Kenobi, chegam para proteger a jovem
rainha do reino enquanto ela busca uma solução diplomática para
acabar com o cerco de seu planeta pelas naves de guerra da
Federação do Comércio. Ao mesmo tempo, em um Tatooine varrido
pelo deserto, um menino escravo chamado Anakin Skywalker, que
possui uma estranha habilidade de entender e “corrigir” as coisas,
labuta durante o dia e sonha à noite, em se tornar um Cavaleiro Jedi
e encontrar uma maneira de conquistar a liberdade pra si e para a
sua amada mãe. Será o encontro inesperado de Jedi, da Rainha e
de um menino talentoso que marcará o início de um drama que se
tornará uma lenda.

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Star Wars - A Alta República - Em Busca da Cidade
Oculta

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Séculos antes das Guerras Clônicas ou do Império, nos primeiros


dias da Alta República, era uma era de exploração em uma galáxia
muito, muito distante… Pilotos ousados traçam novas rotas através
do hiperespaço, enquanto as equipes de Desbravadores fazem
contato com mundos fronteiriços para convidá-los a se juntarem à
República. Quando um droide de comunicações da equipe de
Desbravadores é encontrado flutuando no espaço, danificado e
carregando uma mensagem enigmática, a Cavaleira Jedi Silandra
Sho e a sua Padawan, Rooper Nitani, são enviadas para encontrar
os membros da equipe de desaparecidos. A sua investigação os
leva ao planeta Gloam, um mundo devastado que dizem ser
assombrado por monstros míticos. Os Jedi podem encontrar os
Desbravadores desaparecidos e desvendar o mistério dos
monstros? As respostas estão em uma cidade escondida sob a
superfície do planeta…

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Star Wars – Legado da Força – Exílio

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Na galáxia de Star Wars, o mal está em movimento enquanto a


Aliança Galáctica e os Jedi ordenam as forças de batalha visíveis e
invisíveis, da traição interna desenfreada ao pesadelo da guerra
total. A cada vitória contra os rebeldes Corellianos, Jacen Solo se
torna mais admirado, mais poderoso e mais certo de alcançar a paz
galáctica. Mas essa paz pode ter um preço. Apesar dos
relacionamentos tensos causados por simpatias opostas na guerra,
Han e Leia Solo e Luke e Mara Skywalker permanecem unidos por
uma suspeita assustadora: alguém insidioso está manipulando esta
guerra e, se ele ou ela não for impedido, todos os esforços de
reconciliação podem ser perdidos. por nada. E como visões sinistras
levam Luke a acreditar que a fonte do mal não é outro senão
Lumiya, Lady Sombria dos Sith, o maior perigo gira em torno do
próprio Jacen.

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Star Wars - A Alta República - Convergência

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É uma era de exploração. Os Jedi viajam pela galáxia, expandindo


sua compreensão da Força e de todos os mundos e seres
conectados por ela. Enquanto isso, a República, liderada por seus
dois chanceleres, trabalha para unir os mundos em uma
comunidade cada vez maior entre estrelas próximas e distantes.
Nos planetas de órbita próxima de Eiram e E'ronoh, as dores de
crescimento de uma galáxia com recursos limitados, mas ambição
ilimitada, são sentidas profundamente. O ódio entre os dois mundos
alimentou meia década de conflitos crescentes e agora ameaça
consumir os sistemas circundantes. A última esperança de paz
surge quando os herdeiros das famílias reais dos planetas planejam
se casar. Antes que a paz duradoura possa ser estabelecida, uma
tentativa de assassinato visando o casal leva Eiram e E'ronoh de
volta à guerra total. Para salvar os dois mundos, a Cavaleira Jedi
Gella Nattai se oferece para descobrir o culpado, enquanto a
Chanceler Kyong nomeia o seu próprio filho, Axel Greylark, para
representar os interesses da República na investigação. Mas a
profunda desconfiança de Axel nos Jedi vai contra a fé de Gella na
Força. Ela nunca conheceu um festeiro tão arrogante e privilegiado,
e ele nunca conheceu uma benfeitora mais séria e implacável.
Quanto mais eles trabalham para desvendar a teia sombria da
investigação, mais complicada parece ser a conspiração. Com
acusações voando e inimigos em potencial em cada sombra, a
dupla terá que trabalhar juntos para ter alguma esperança de trazer
a verdade à tona e salvar os dois mundos.

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Star Wars - Mão de Thrawn - Espectro do Passado

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Uma vez que o mestre inquestionável de incontáveis sistemas


solares, o Império está cambaleando à beira do colapso total. Dia a
dia, sistemas neutros estão correndo para se juntar à coalizão da
Nova República. Mas com o fim da guerra à vista, a Nova República
foi vítima de seu próprio sucesso. Uma aliança pesada de raças e
tradições, a confederação agora se encontra dividida por antigas
animosidades. A princesa Leia luta contra todas as probabilidades
para manter a Nova República unida. Mas ela tem inimigos
poderosos. Um ambicioso Moff Disra lidera uma conspiração para
dividir a desconfortável coalizão com uma trama engenhosa para
culpar os Bothanos por um crime hediondo que pode levar ao
genocídio e à guerra civil. Ao mesmo tempo, Luke Skywalker, junto
com Lando Calrissian e Talon Karrde, persegue um misterioso grupo
de navios piratas cujas tripulações consistem em clones. E então
vem a notícia mais surpreendente de todas: o Grande Almirante
Thrawn, que se acredita estar morto há dez anos, é dado como vivo.
O guerreiro mais astuto e implacável da história imperial
aparentemente voltou para liderar o Império ao triunfo. Enquanto
Han e Leia tentam impedir o desmoronamento da Nova República
diante dessa terrível e inexplicável ameaça do passado, Luke decide
rastrear as naves de piratas desonestos. À espreita nas sombras
está o enigmático Major Tierce, um discípulo do Imperador
Palpatine, compartilhando o desejo de poder de seu mestre morto
há muito tempo, educado nos estratagemas tortuosos do próprio
Thrawn e armado com os seus próprios planos sombrios para a
Nova República e o Império.

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Star Wars - A Alta República - Batalha de Jedha

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Em Jedha. As ruas desgastadas deste mundo antigo servem como


uma confluência para a galáxia. Visitado por todos, mas propriedade
de ninguém. Aqui, os Jedi são apenas um credo entre muitos que
adoram e estudam a Força. Dos Guardiões dos Whills ao Caminho
da Mão Aberta, incontáveis seres vêm aprender e compartilhar em
paz. Aqui, os Jedi são apenas um credo entre muitos que adoram e
estudam a Força. Dos Guardiões dos Whills ao Caminho da Mão
Aberta, incontáveis seres vêm aprender e compartilhar em paz.
Enquanto toda Jedha se prepara para o Festival do Equilíbrio, a
galáxia ainda se recupera da violência em Eiram e E'ronoh. Mas
depois de frustrar um plano para intensificar a guerra entre os dois
planetas, os Jedi acreditam que uma paz duradoura pode estar ao
seu alcance. O Mestre Creighton Sun e a Cavaleira Jedi Aida Forte
chegam a Jedha com delegações de ambos os planetas para
encerrar formalmente a “Guerra Eterna”. Os Jedi esperam que a
harmonia das muitas facções de Jedha, juntamente com a
assinatura de um tratado de paz, crie um símbolo para o resto da
galáxia do que pode ser alcançado através da unidade. Mas nem
todos estão felizes com o envolvimento dos Jedi ou prontos para se
preocupar com a paz. Começam a circular rumores de que os Jedi
trazem a guerra em seu rastro. A desconfiança e a raiva que por
tanto tempo alimentaram a Guerra Eterna agora ameaçam
corromper as comunidades de Jedha. Quando a violência irrompe
na lua sagrada, a guerra que deveria terminar em Jedha pode em
breve envolver o mundo inteiro.

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Star Wars Jedi: Cicatrizes de Batalha

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Cal Kestis construiu uma nova vida para si mesmo com a tripulação
do Stinger Mantis. Juntos, a equipe de Cal derrubou caçadores de
recompensas, derrotou inquisidores e até evitou o próprio Darth
Vader. O mais importante, Merrin, Cere, Greez e o fiel droide BD-1
são a coisa mais próxima que Cal teve de uma família desde a
queda da Ordem Jedi. Mesmo com o futuro da galáxia ficando mais
incerto a cada dia, a cada golpe desferido contra o Império, a
tripulação da Mantis se torna mais ousada. No que deveria ser uma
missão de rotina, eles encontram um stormtrooper determinado a
traçar seu próprio curso com a ajuda de Cal e a sua tripulação. Em
troca de ajuda para começar uma nova vida, a desertora Imperial
traz a notícia de uma ferramenta poderosa e potencialmente
inestimável para sua luta contra o Império. E melhor ainda, ela pode
ajudá-los a chegar lá. O único problema, persegui-la os colocará no
caminho de um dos servos mais perigosos do Império, o Inquisidor
conhecido como o Quinto Irmão. A desertora imperial pode
realmente ser confiável? E enquanto Cal e os seus amigos já
sobreviveram a confrontos com os Inquisidores antes, quantas
vezes eles podem escapar do Império antes que sua sorte acabe?

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Star Wars – Darth Maul – Caçador das Sombras

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Depois de anos esperando nas sombras, Darth Sidious está dando


o primeiro passo em seu plano mestre para colocar a República de
joelhos. A chave para o seu esquema são os Neimoidianos da
Federação do Comércio. Então um de seus contatos Neimoidianos
desaparece, e Sidious não precisa de seus instintos afiados pela
Força para suspeitar de traição. Ele ordena que o seu aprendiz,
Darth Maul, cace o traidor. Mas é tarde demais. O segredo já
passou para as mãos do corretor de informações Lorn Pavan, o que
o coloca no topo da lista de alvos de Darth Maul. Então, nos becos
labirínticos e esgotos de Coruscant, capital da República, Lorn cruza
o caminho de Darsha Assant, uma Padawan Jedi em uma missão
para ganhar seu título de Cavaleira. Agora o futuro da República
depende de Darsha e Lorn. Mas como pode uma Jedi inexperiente e
um homem comum, estranho aos caminhos poderosos da Força,
esperar triunfar sobre um dos assassinos mais mortais da galáxia.
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Star Wars - A Alta República - Crônicas dos Jedi

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Pela luz e pela vida. Este guia ilustrado do universo irá mergulhá-lo
na era de ouro dos Jedi, tornando-o obrigatório para os fãs dA Alta
República , bem como para novos leitores que procuram um
emocionante ponto de entrada na saga épica. Situado séculos antes
da Saga Skywalker, este livro é o guia definitivo do universo de Star
Wars: A Alta República, fornecendo uma visão fascinante de uma
época de heróis valentes, monstros aterrorizantes e exploração
ousada. Apresentando ilustrações originais impressionantes, este
livro impressionante é um item colecionável essencial que o
transportará para a era de ouro da galáxia.

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Star Wars – A Alta República – Cataclisma

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Após cinco anos de conflito, os planetas Eiram e E’ronoh estão à


beira de uma verdadeira paz. Mas quando surgem as notícias de um
desastre na assinatura do tratado em Jedha, a violência reacende
nos mundos sitiados. Juntos, os herdeiros reais de ambos os
planetas, Phan-tu Zenn e Xiri A’lbaran, trabalhando ao lado dos Jedi,
descobriram evidências de que o conflito está sendo orquestrado
por forças externas, e todos os sinais apontam para a misterioso
Trilha da Mão Aberto, de quem os Jedi também suspeitam ter
causado o desastre em Jedha. Com tempo, e respostas, escassos,
os Jedi devem dividir seu foco entre ajudar a acabar com a violência
renovada em Eiram e E’ronoh e investigar o Caminho. Entre eles
está Gella Nattai, que se volta para a única pessoa que acredita
poder desvendar o mistério, mas a última pessoa em quem deseja
confiar: Axel Greylark. O filho da Chanceler, preso por seus crimes,
sempre procurou se livrar do peso do nome de sua família. Ele se
reconciliará com os Jedi e os ajudará em sua busca por justiça e
paz, ou abraçará a promessa de verdadeira liberdade da Trilha?
Como todos os caminhos levam a Dalna, Gella e os seus aliados se
preparam para enfrentar um inimigo diferente de qualquer outro que
já enfrentaram. E será preciso toda a confiança deles na Força, e
uns nos outros, para sobreviver.

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Star Wars – A Alta República – Trilha da Vingança

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Esta fascinante continuação de Trilha do Engano encontra as


primas Marda e Yana Ro ligadas pelo sangue, mas separadas pela
fé. Marda e Yana pertencem ao Trilha da Mão Aberta, um grupo
liderado por uma mulher carismática chamada Mãe, que acredita
que a Força não deve ser usada por ninguém. Enquanto Marda se
junta a uma perigosa expedição ao Planeta X em busca de mais
criaturas misteriosas para usar contra os Jedi, Yana se vê formando
uma inesperada aliança com o pai de seu amante morto na tentativa
de arrancar a Trilha do controle da Mãe. Essas duas jovens
enfrentarão uma encruzilhada, forçadas a escolher não só os seus
próprios destinos, mas o da própria galáxia.

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Star Wars – Comandos da República – Verdadeiras
Intenções

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Na luta desesperada do Grande Exército para esmagar os


Separatistas, as missões secretas de operações especiais de seus
guerreiros clones de elite nunca foram tão críticas… ou mais
perigoso. Uma ameaça crescente ameaça a vitória da República, e
os membros do Esquadrão Omega fazem uma descoberta chocante
que abala a sua própria lealdade. À medida que as linhas entre
amigos e inimigos continuam a se confundir, os cidadãos, de civis e
Sargentos a Jedi e Generais, se deparam com um novo inimigo: a
dúvida em seus próprios corações e mentes. A verdade é uma
ilusão frágil e instável, e apenas o inferno que se aproxima revelará
os dois lados em suas verdadeiras cores.

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Star Wars – Colheita Vermelha

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Ao contrário dos outros Jedi marginalizados do Corporação


Agrícola, jovens Jedi cujas habilidades não provaram ser suficientes
- Hestizo Trace possui um extraordinário talento da Força: um dom
com plantas. De repente, sua existência tranquila entre espécimes
de estufas e jardins é violentamente destruída pela chegada de um
emissário de Darth Scabrous. Pois a rara orquídea negra com a qual
ela nutriu e se uniu é o ingrediente final de uma antiga fórmula Sith
que promete conceder a Darth Scabrous seu maior desejo. Mas no
coração da fórmula está um vírus nunca antes visto que é pior do
que fatal, ele não apenas mata, ele transforma. Agora os mortos
apodrecidos e famintos estão se levantando, impulsionados por uma
fome sanguinária por todas as coisas vivas, e comandados por um
Mestre Sith com um desejo insaciável de poder e o prêmio final: a
imortalidade... não importa o custo.

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Star Wars – Linhas de Tempo

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Um companheiro indispensável para todos os fãs de Star Wars, este


ebook de alta qualidade exibe cronogramas visuais que mapeiam
cronologicamente os principais eventos, personagens e
desenvolvimentos e marcam seu significado. Acompanhe conflitos
cruciais ao longo dos anos que afetam a galáxia de maneiras
profundas. Siga o sabre de luz Skywalker enquanto ele passa pelas
gerações e testemunhe a evolução do icônico TIE fighter em
diferentes épocas. Rastreie o movimento dos planos da Estrela da
Morte ao longo dos anos e descubra várias linhas do tempo
ramificadas que dividem batalhas importantes. Veja rapidamente os
eventos essenciais organizados por era e analise os detalhes para
descobrir eventos maiores e menores, datas importantes e
informações fascinantes, tudo organizado cronologicamente.
Examine linhas do tempo intrincadas em quase todas as páginas.

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Star Wars – Legado da Força - Sacrifício

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Uma guerra civil assola a galáxia, enquanto a Aliança Galáctica,


liderada por Cal Omas, e as forças Jedi de Luke Skywalker
batalham contra uma confederação de planetas rebeldes que se
uniram ao lado da Corellia insubmissa. Suspeitos de envolvimento
em um plano de assassinato contra a Rainha Mãe Tenel Ka do
Consórcio Hapes, Han e Leia Solo estão fugindo, perseguidos pelo
próprio filho, Jacen, cujas as táticas cada vez mais autoritárias como
chefe da segurança da Aliança Galáctica têm feito Luke e Mara
Skywalker temerem que o seu sobrinho esteja se aproximando
perigosamente do lado sombrio. Mas enquanto sua família enxerga
em Jacen a arrepiante herança de seu avô Sith, Darth Vader, muitos
dos soldados na linha de frente o adoram e inúmeros cidadãos o
veem como um salvador. A galáxia foi dilacerada por inúmeras
guerras. Tudo o que Jacen quer é segurança e estabilidade para
todos, e ele está disposto a fazer qualquer coisa para alcançar esse
objetivo. Para acabar com o derramamento de sangue e o
sofrimento, qual sacrifício seria grande demais? Essa é a pergunta
que atormenta Jacen. Ele já sacrificou muito, abraçando os
ensinamentos impiedosos de Lumiya, a Lady Sombria dos Sith, que
lhe ensinou que uma vontade forte e um propósito nobre podem
conter os excessos malignos do lado sombrio, trazendo paz e ordem
à galáxia, mas a um preço. Pois há um último teste que Jacen deve
passar antes de poder obter o poder imenso de um verdadeiro
Lorde Sith: ele deve causar a morte de alguém a quem valoriza
profundamente. O que perturba Jacen não é se ele tem a força para
cometer assassinato. Ele se fortaleceu para isso e para coisas
piores, se necessário. Não, a pergunta que perturba Jacen é quem
deveria ser o sacrifício. Conforme os fios do destino se entrelaçam
cada vez mais em uma teia que abrange a galáxia, a resposta
chocante irá despedaçar duas famílias... e lançar uma sombra
escura sobre o futuro.

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Star Wars – Inquisidor - Ascensão da Lâmina
Vermelha

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Padawan Iskat Akaris dedicou sua vida a viajar pela galáxia ao lado
de seu mestre, aprendendo os caminhos da Força para se tornar um
bom Jedi. Apesar da dedicação de Iskat, a paz e o controle
permaneceram indescritíveis e, a cada revés, ela sente que seus
companheiros Jedi ficam mais desconfiados dela. Já incerta sobre
seu futuro na Ordem Jedi, Iskat enfrenta uma tragédia quando seu
mestre é morto e as Guerras Clônicas engolem a galáxia no caos.
Agora general na linha de frente contribuindo para esse caos, ela é
frequentemente lembrada: Confie em seu treinamento. Confie na
sabedoria do Conselho. Confie na Força. No entanto, à medida que
as sombras da dúvida se instalam, Iskat começa a fazer perguntas
que nenhum Jedi deveria fazer: perguntas sobre seu próprio
passado desconhecido. Perguntas que os Mestres Jedi
considerariam perigosas. Conforme os anos passam e a guerra
perdura, a fé de Iskat nos Jedi diminui. Se eles lhe concedessem
mais liberdade, ela tem certeza de que poderia fazer mais para
proteger a galáxia. Se eles confiassem nela com mais
conhecimento, ela poderia finalmente deixar de lado as sombras
que começaram a consumi-la. Quando a Ordem Jedi finalmente cai,
Iskat aproveita a chance de abrir seu próprio caminho. Ela abraça a
salvação da Ordem 66.

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Star Wars – A Princesa e o Canalha

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A Estrela da Morte é destruída. Darth Vader está morto. O Império


está desolado. Mas na lua da floresta de Endor, entre o caos de
uma galáxia em mudança, o tempo parou para uma princesa e seu
canalha. Depois de ser congelado em carbonita e arriscar tudo pela
Rebelião, Han está ansioso para parar de viver sua vida para outras
pessoas. Ele e Leia ganharam seu futuro juntos mil vezes. E quando
ele pede Leia em casamento, é a primeira vez em muito tempo que
ele tem um bom pressentimento sobre isso. Para Leia, uma vida
inteira de lutas não parece ter acabado. Ainda há trabalho a fazer,
penitência para pagar pelo segredo obscuro que ela agora sabe que
corre em suas veias. Seu irmão, Luke, está oferecendo a ela essa
chance, uma que vem com a família e a promessa da Força. Mas
quando Han a pede em casamento, Leia encontra a resposta
imediatamente em seus lábios. . . Sim. No entanto, felizes para
sempre não vem facilmente. Assim que Han e Leia partem de sua
cerimônia idílica para sua lua de mel, eles se encontram no palco
mais grandioso e glamoroso de todos: o Halcyon, uma embarcação
de luxo em uma jornada muito pública para os mundos mais
maravilhosos da galáxia. O casamento deles e a paz e a
prosperidade que ele representa são um para-raios para todos,
incluindo os remanescentes imperiais que ainda se apegam ao
poder. Enfrentando seu momento mais desesperador, os soldados
do Império se dispersaram pela galáxia, se concentrando em
planetas isolados e vulneráveis à sua influência. Enquanto a
Halcyon viaja de mundo a mundo, uma coisa fica bem clara: a
guerra ainda não acabou. Mas à medida que o perigo se aproxima,
Han e Leia descobrem que lutam suas melhores batalhas não
sozinhos, mas como marido e mulher.

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Star Wars – Episódio III – A Vingança dos Sith

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À medida que o combate se intensifica em toda a galáxia, o palco


está montado para um final explosivo: Obi-Wan empreende uma
missão perigosa para destruir o temido líder militar separatista,
General Grievous. O Supremo Chanceler Palpatine continua a
suprimir as liberdades constitucionais em nome da segurança,
enquanto influencia a opinião pública a se voltar contra os Jedi. E
um Anakin conflituoso teme pela vida de seu amor secreto, a
Senadora Padmé Amidala. Atormentado por visões indescritíveis,
Anakin se aproxima cada vez mais do limite de uma decisão que
moldará a galáxia. Resta apenas para Darth Sidious dar o golpe
final avassalador contra a República, e consagrar um novo Senhor
Sith temível: Darth Vader. Baseado no roteiro do último filme da
saga épica de George Lucas, o livro do aclamado autor de Star
Wars, Matthew Stover, estala com ação, captura os personagens
icônicos em toda a sua complexidade e fecha a obra-prima da ópera
espacial com um estilo impressionante.

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