Você está na página 1de 596

Índice

Capa
Página Título
Direitos Autorais
Epígrafo

Raymus por Gary Whitta


O Balde por Christie Golden
A Burocracia dos Sith por Ken Liu
Histórias da Areia por Griffin McElroy
Reirin por Sabaa Tahir
O Vermelho por Rae Carson
Ritos por John Jackson Miller
Mestre e Aprendiz por Claudia Gray
Beru Whitesun Lars por Meg Cabot
O Rodiano Azarado por Renée Ahdieh
Não Parem por Nada por Mur Lafferty
Não Servimos o Seu Tipo Aqui por Chuck Wendig
A Confusão na Cantina da Corneta Kloo por Kelly Sue
DeConnick e Matt Fraction
Músculo Extra por Paul Dini
Você me Deve uma Carona por Zoraida Córdova
Os Segredos de Focinho Longo por Delilah S. Dawson
Nascido na Tempestade por Daniel José Older
Laina por Wil Wheaton
Plenamente Operacional por Beth Revis
Um Relatório de Incidente por Mallory Ortberg
Mudança de Coração por Elizabeth Wein
Eclipse por Madeleine Roux
À Beira Da Grandeza por Pablo Hidalgo
Distante Demais por Jeffrey Brown
O Gatilho por Kieron Gillen
Do MSE-6 e Men por Glen Weldon
Colisão por Ben Acker e Ben Blacker
Fim da Vigília por Adam Christopher
O Batismo por Nnedi Okorafor
Momento da Morte por Cavan Scott
Existe um Outro por Gary D. Schmidt
Palpatine por Ian Doescher
Fagulhas por Paul S. Kemp
Duty Roster por Jason Fry
Filho do Deserto por Pierce Brown
Ancorada por Greg Rucka
Plano de Contingência por Alexeer Freed
O Ângulo por Charles Soule
Por um Sol Qualquer por E. K. Johnston e Ashley Eckstein
Whills por Tom Angleberger

Sobre o Ebook

Sobre os Autores
Ilustrações de Chris Trevas nas histórias: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15,
16, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 28, 29, 30, 31, 32, 33, 34, e 35
Star Wars: Star Wars - De um Certo Ponto de Vista é uma obra de ficção. Nomes,
lugares, e outros incidentes são produtos da imaginação do autor ou são usadas na
ficção. Qualquer semelhança a eventos atuais, locais, ou pessoas, vivo ou morto, é
mera coincidência.Direitos Autorais © 2017 da Lucasfilm Ltd. ® TM onde
indicada. Todos os direitos reservados. Publicado nos Estados Unidos pela Del
Rey, uma impressão da Random House, um divisão da Penguin Random House
LLC, Nova York. Design do Livro por Elizabeth A. D. Eno, adaptado para
ebook. Arte de capa e design: Will Staehle v4.1 ep

TRADUTORES DOS WHILLS


Todo o trabalho de tradução, revisão e layout desta história foi feito
por fãs de Star Wars e com o único propósito de compartilhá-lo com
outras que falam a língua portuguesa, em especial no Brasil. Star
Wars e todos os personagens, nomes e situações são marcas
comerciais e /ou propriedade intelectual da Lucasfilm Limited. Este
trabalho é fornecido gratuitamente para uso privado. Você pode
compartilhá-lo sob sua responsabilidade, desde que também seja
livre, e mantenha intactas as informações na página anterior, e
reconhecimento às pessoas que trabalharam para este livro, como
esta nota para que mais pessoas possam encontrar o grupo de onde
vem. É proibida a venda parcial ou total deste material.Este é um
trabalho amador, não fazemos isso profissionalmente, ou não
fazemos isso como parte do nosso trabalho, nem esperamos receber
nenhuma compensação, exceto, talvez, alguns agradecimentos se
você acha que nós merecemos. Esperamos oferecer livros e histórias
com a melhor qualidade possível, se você encontrar algum erro,
agradeceremos que nos relate para que possamos corrigi-lo. Este
livro digital está disponível gratuitamente no Blog dos Tradutores
dos Whills. Visite-nos na nossa página para encontrar a versão mais
recente, outros livros e histórias, ou para enviar comentários, críticas
ou agradecimentos: tradutoresdoswhills.wordpress.com
— O que foi que eles nos enviaram?
O Capitão Raymus Antilles observou enquanto a Princesa Leia
Organa de Alderaan se afastava dele, segurando o cartão de memória
que ele havia lhe entregue. O cartão de dados pelo qual quase todo o
poder militar da Aliança Rebelde, tanto em solo como em órbita
sobre o planeta Scarif, haviam arriscado tudo para roubar de uma
das mais seguras fortalezas do Império da Galáxia. A grande
estratégia tudo ou nada levou a um único maior engajamento de
combate da história do conflito entre a Rebelião e o Império, e
apesar de grandes perdas resultou em uma aparente vitória: O
cartão, quaisquer que sejam os dados valiosos que continha, foram
entregues a salvo nas mãos de um dos agentes secretos mais capazes
da Aliança. O resto dependia dela.
— Esperança. — Ela respondeu enquanto olhava pra frente, através
da janela da cabine de pilotagem da Tantive IV, para os infinitos
oceanos estrelados a frente.
Sempre tão enigmática, pensou Raymus. Leia nunca dizia mais do
que precisava saber. Isso era para a proteção dos outros mais do que
a dela mesma. Ela havia aprendido bem essa lição, a princesa havia
se tornado Senadora Galáctica, a Senadora que secretamente
arriscava a sua vida inúmeras vezes para ajudar a transformar uma
incipiente Rebelião de um punhado de desordeiros e descontentes
sistemas na organizada e dedicada Aliança existente. Ainda assim,
não era oponente a altura do incrível poder de destruição do
Império, mas suficiente para capturar o mais bem guardado segredo,
numa missão que inclusive Raymus achou impressionante na sua
audácia. Suficiente, talvez só o suficiente para dar as pessoas
oprimidas da Galáxia uma chance de lutar pela liberdade.
Raymus observou as estrelas do lado de fora se esticarem num
túnel caleidoscópico de luz enquanto a nave entrava no hiperespaço.
Então Leia voltou-se para ele e os dois atravessaram a porta da
cabine de pilotagem, para o corredor.
— Será que vamos conseguir? — Ela perguntou. Antes de partirem,
Raymus a havia avisado que a nave não estava em condições
mínimas nem para um voo de rotina para Tatooine, que era, até
recentemente, sua tarefa original. A nave não havia sido capaz nem
de viajar para Scarif com sua própria força, havia sido carregada por
uma outra nave rebelde Profundidade enquanto a equipe técnica
corria para reparar o seu problemático hiperdrive. Desde a hora que
eles chegaram a Scarif, Raymus foi capaz de apenas garantir que a
Tantive IV poderia fazer um salto no hiperespaço, mas não que
poderia sustentar a velocidade da luz por tempo o suficiente para
levá-los para algum destino específico.
— Poderei te dar uma resposta melhor na central de operações. —
Disse a ela.
— Então vamos. — Ela disse, liderando o caminho. Raymus a
seguiu, forçado a apressar o passo para alcançá-la.


Eles chegaram na central de operação da nave e encontrou diversos
oficiais trabalhando freneticamente nas suas estações.
— Estamos mantendo a velocidade da luz, por enquanto. — O
oficial mais próximo o informou. — Resta saber quanto tempo o
motor será capaz de se manter. A equipe de manutenção está fazendo
todo o possível para isso. Se conseguirmos manter a velocidade,
chegaremos à Tatooine dentro da próxima hora. Mas o hiperdrive
ainda está funcionando mal, o motivador pode parar a qualquer
momento.
Raymus assentiu. Sabia de tudo isso. Após o estrago que ocorreu
na última missão, a Tantive IV não estava pronta para uma fuga
desesperada do Império. Por anos tinha manobrado cuidadosamente
a nave, “a sua nave”, por incontáveis bloqueios Imperiais e postos de
controle, sempre sendo capaz de evitar ser detectado ou de levantar
suspeitas. Mas agora eles haviam sidos descobertos fugindo do local
do maior confronto da história da Rebelião, carregando mercadoria
roubada que o Império faria de tudo para recuperar. De repente a
Tantive IV era a nave mais procurada da Galáxia e estava em
péssimo estado. Para a missão de levar o mais crítico segredo
Imperial, dificilmente poderiam escolher uma nave pior e no pior
momento. Mas essa era a realidade que eles estavam e tinham que
lidar com isso, e Raymus não tinha outra opção a não ser fazer o
melhor que podia.
— O problema mesmo é o que estamos deixando pra trás. — O
oficial continuou. — Não podemos exatamente fugir furtivamente
com um hiperdrive que mal está se segurando. Se o Império detectar
algum traço de anormalidade no hiperespaço enquanto nós saltamos
para a velocidade da luz, não irá levar muito tempo para nos
encontrarem.
Raymus suspirou, temia essa possibilidade e avisou a Leia sobre
isso antes de estabelecerem rota de fuga de Scarif. Normalmente
pular para o hiperespaço significava uma fuga limpa, a trajetória de
uma nave na velocidade da luz é impossível de rastrear. Mas o
hiperdrive comprometido deixaria para trás um rastro de energia
que era única, e rastreável. Perguntava-se quanto tempo levaria para
o Império, com todos os seus recursos e sem dúvida já a caminho
para encontrá-los, para perceber o rastro e segui-los. Por esse
motivo, Leia pensou que seria um grande risco retornar para a base
rebelde em Yavin 4. Sem outras opções ela ordenou que Raymus
mudasse o curso para Tatooine, o destino original antes de se
redirecionarem às pressas para Scarif. Ela esperava completar a
missão vital que o seu pai havia lhe confiado mais cedo no mesmo
dia, sabendo que, mesmo se o Império a perseguisse naquele árido
mundo deserto, eles não encontrariam nada exceto de mares
infinitos de areia.
Raymus percebeu uma expressão sombria no rosto do
contramestre da nave, que estava examinando os novos relatórios na
sua estação.
— Não me diga que piorou. — Ele disse.
— A Profundidade sofreu grandes danos quando foi desativada. —
O contramestre relatou. — Os sistemas elétricos dela estavam
sobrecarregados e, desde enquanto ainda estávamos atracados, a
sobrecarga fritou metade da rede também. Nós praticamente não
temos mais defletores ou armas. Se entrarmos em confronto, não
seremos capazes de muita coisa.
Então era assim. Com certeza, só uma questão de tempo até o
Império os encontrar, e poucas chances de se defender, quando
chegasse o momento. Raymus tentou lembrar de algum momento
todas as suas muitas missões de alto risco e fugas se já haviam tido
uma situação tão terrível quanto essa.
— E os pods de fuga? — Ele perguntou.
— Como você ordenou. — Disse Helfun Rumm, o oficial de
segurança da Tantive IV. — Todos seguros e prontos para a partida.
Raymus percebeu Leia o observando inquisitivamente.
— Alteza, se formos parados e abordados pelo Império, a minha
prioridade é levá-la em segurança. — Ele lhe disse. — Nesse ponto, os
pods de fuga podem ser a nossa única saída.
— Com certeza não chegaremos nesse ponto. — Disse Corla
Metonae, o suboficial chefe da Tantive IV e um servo de muitos anos
da casa real de Organa. — Nós ainda estamos voando sob a bandeira
diplomática. O Império não ousaria nos abordar.
Raymus havia considerado isso, tecnicamente isso ainda era
verdade. A Tantive IV era oficialmente uma nave consular que Leia
usava quando estava cumprindo os seus deveres como representante
de Alderaan no Senado Galáctico. Como diplomata, ela tinha certa
proteção legal o que significava que nem o Império poderia abordar,
vasculhar ou impedir a livre passagem da sua nave sem permissão
expressa. Era um privilégio amplo e conveniente, que no passado
havia permitido que Raymus e ela conduzissem atos de espionagem
embaixo do nariz do Império. Mas agora Raymus se encontrava
duvidando de que isso seria suficiente para protegê-los dessa vez,
dada a aparente importância do que foi roubado em Scarif.
— Isso acabou de chegar. — O contramestre relatou olhando pra
cima de sua estação. — O Império lançou uma nota de diretiva
vermelha prioritária. Qualquer nave que batam com a descrição de
uma corveta CR90 devem ser parados e retidos. Diretiva vermelha
significa que todas as ordens e missões são imediatamente
canceladas e colocadas em espera por toda a Galáxia. Nunca havia
visto tanto tráfego de informação. — O Império está inundando todas
frequências com isso. O que quer que seja que a Rogue One nos
enviou de Scarif, eles realmente querem de volta.
Todos os olhos estavam em Leia, enquanto começavam a perceber
a real gravidade da situação. Raymus já havia visto aquela expressão
no seu rosto antes; ela estava preocupada, aflita inclusive, mas
demonstrava de uma maneira que apenas para aqueles que a
conheciam melhor, quem tinha servido com ela por mais tempo,
conseguia notar. Para todos os outros ela projetava apenas resolução
firme perante uma adversidade devastadora. Mas ela sabia o quão
ruim era a última notícia. Tirando a frágil posição consular da nave,
a sua última esperança estava no fato de que a CR90 era um modelo
muito comum pela Galáxia, milhares delas, literalmente, em serviço
e a Tantive IV se parecia com qualquer uma delas. Mas apesar de ser
quase como encontrar uma agulha no palheiro, o Império tinha
recursos, e aparentemente, a determinação, de revirar o palheiro
inteiro para encontrá-los. E protocolo diplomático não iria impedi-
los. Brevemente os pensamentos se voltaram aos outros passageiros
inocentes das corvetas Corellianas que nesse momento estariam
sendo parados e revistados pela tropa Imperial armada. Alguns
poderiam ser tolos o suficiente para resistir.
— Se o Império realmente nos encontrar... — Toshma Jefkin, o
segundo oficial da Tantive IV ponderou em voz alta.
— Então vamos garantir que não nos encontrem. — disse Leia.
Raymus olhou para Jefkin. Eles haviam servido juntos por anos,
compartilhado de muitos combates corpo a corpo com tropas
Imperiais, e sabiam que quase nada o agitava. Ele parecia agitado
agora. O seu rosto estava pálido como um fantasma; as suas mãos
estavam estavam úmidas. E parecia estar encarando o vazio, A
aparência assombrada de alguém que havia visto algo que não
poderia passar despercebido.
— Tosh, o que houve? — Raymus perguntou.
Jefkin olhou com olhos vazios.
— Aquela... coisa. No corredor, enquanto estávamos tentando sair
da Profundidade. Aquilo matou pelo menos uma dúzia dos meus
homens, e os cortava como se não fossem nada. Blasters não tinham
efeito algum, apenas continuava vindo, continuava matando. Era
como se fosse... se fosse um pesadelo. Eu nunca vi nada como aquilo,
era como um anjo da morte.
Raymus e Leia trocaram olhares ao perceberem o que isso
significava. Para recuperar o que foi roubado deles, o Império enviou
ninguém menos que o próprio Darth Vader em pessoa. E essa era a
notícia mais devastadora de todas.

Raymus retornou ao seu alojamento para escrever, enquanto ainda


havia tempo. Como capitão sabia que iria junto com a sua nave se
necessário, mas caso chegasse a isso iria primeiro despachar uma
mensagem final para a sua família em casa. Ele já havia planejado
tudo; enquanto a sua tripulação se amontoa nos pods de fuga da
Tantive IV para fugir do ataque do Império, ele iria entregar a
alguém de confiança um cilindro com informação codificada, com as
instruções para serem levados a sua esposa em Alderaan.
Enquanto se sentava para escrever, o cenário sombrio parecia mais
provável que qualquer outro. Ele tinha um pressentimento ruim
sobre essa missão desde o início. Apressadamente improvisada,
ordens reescritas no último minuto, e agora lá estavam: encurralados
em uma nave quebrada em direção ao limite da Galáxia, carregando
a melhor esperança de sobrevivência da Rebelião, e o Império inteiro
procurando por eles.
Ele escreveria três cartas, uma para a sua amada esposa e outras
duas para cada uma de suas filhas pequenas, para quando elas já
tivessem idade suficiente para entender. Havia tanto o que queria
falar para elas. Acima de tudo, queria que soubessem que embora
elas crescessem sem conhecer o pai, não seria por falta de amor por
elas. Não, era por amá-las tanto, por ele estar tão determinado de dar
a elas a vida que mereciam, que ele havia dado tudo para ajudar a
garantir isso para elas. Essa era a maior ironia da guerra: Os maiores
atos de amor por sua família são aqueles que te separam dela.
Tentou escrever, mas as palavras não vinham. Sabia o que queria
dizer, mas não como dizer, e quanto mais encarava a tela, ficava mais
agonizante o plano de compor as suas palavras finais para quem ele
mais amava. Para a sua esposa queria dizer que sentia muito, por
tudo que ela precisou abrir mão para que pudesse servir a sua
princesa e a Rebelião, frequentemente a deixando sozinha para criar
as filhas por semanas e às vezes por meses. Ele mal tinha visto as
suas duas filhas desde que elas nasceram. Por mais que isso o
machucasse, o sacrifício sempre pareceu que valia a pena para
Raymus, inspirado como ele ficava com a paixão de Leia pela luta por
um futuro em que não só as suas filhas, mas todas as crianças da
Galáxia pudessem crescer livres da tirania do Império, algo que ele
apenas conhecia em livros de história. E Leia, que veio a confiar e
depender de Raymus como a poucos outros, com exceção de seu pai,
havia insistido em garantir que a sua família estivesse sempre bem
provida durante o tempo ao seu lado. Mas nada disso servia de
consolo agora que refletia o quanto do seu precioso tempo havia sido
perdido, e quão pouco poderia agora ter perdido com o Império
apertando o cerco sobre a sua nave.
Foi apenas quando finalmente começou a escrever, que a sua nave
o lançou rapidamente para frente, quase o jogando de sua cadeira.
Reconheceu instantaneamente a desaceleração violenta de uma nave
que sai repentinamente da velocidade da luz. Olhando da sua
escotilha ele viu o túnel de luz azul do lado de fora se dissolver, sendo
substituído por uma escuridão vazia cadenciada por pontos de luz. A
Tantive IV não estava mais no hiperespaço, mas de volta entre as
estrelas. Expostos, facilmente detectáveis por qualquer nave Imperial
que estivesse na área; que certamente estariam procurando por
qualquer nave que batesse com a descrição da sua nave.
Saltou de sua cadeira e correu em direção a porta, deixando para
trás as cartas em branco.

— O que houve? — Raymus perguntou ao entrar na cabine.


— O motivador finalmente se rendeu. — O piloto da nave relatou.
O painel de controle a sua frente e do copiloto estava brilhando com
luzes de aviso que piscavam. — Estamos abaixo da velocidade da luz
o resto do caminho.
— Onde nós estamos?
O copiloto trabalhava no console, pressionou em uma imagem do
local num sensor.
— Estamos perto, em torno de um quarto de parsec de distância.
Raymus seguiu em frente, diretamente por trás dos timoneiros
para que pudesse ver melhor através da janela de exibição da cabine.
E lá estava, quase indistinguível para olhos não treinados, mas
Raymus sabia pelo que procurar. Daquela distância Tatooine não era
mais que uma poeira, minúscula, um círculo laranja pálido próximo
a duas distantes luzes brilhantes, os sóis binários do planeta.
— Quanto tempo nessa velocidade? — Estavam tão perto, mas ao
mesmo tempo tão longe. Se o hiperdrive tivesse aguentado apenas
mais uns momentos, eles já estariam na orbita do planeta. Mas
agora, forçados a se arrastarem o resto do percurso a velocidade
subluz...
— Oito minutos. — O piloto respondeu. — Eu acho que vamos
conseguir. — Havia esperança na voz do homem, e uma sensação de
alivio. O primeiro que Raymus havia ouvido desde a sua escapada de
Scarif. E agora sentia também. Oito minutos. Se eles conseguissem
aguentar apenas mais isso, ele poderia levar todos a superfície e
contrabandear a nave; então em algum dos infames espaçoportos do
planeta, que não questionavam nada, poderia procurar por outra
nave, sem marcas e irrastreável, com a qual levaria a princesa a
segurança. Por um breve momento permitiu que a esperança
retornasse; considerou a possibilidade que talvez, apenas talvez,
havia uma saída dessa situação. Que a princesa poderia ainda estar
segura apesar de tudo, que os dados roubados iriam encontrar seu
caminho de volta a base Rebelde, que e suas amadas iriam ainda...
O impacto balançou a nave com tanta força que lançou Raymus
contra o anteparo da cabine. Como uma brisa passageira, seus
devaneios foram varridos tão rapidamente quanto vieram, e o alarme
estridente da cabine soou.
— Star Destroier! — O piloto exclamou em resposta as novas
leituras do sensor que haviam acabado de aparecer diretamente atrás
deles. — Estão atirando na gente!
— Prepare os turbos lasers e ataque de volta. — Raymus ordenou.
— Coloque tudo o que temos nos escudos defletores traseiros, e nos
leve para aquele planeta.

Ele reuniu a sua tropa de segurança e os deu ordens, mandar todos


homens disponíveis para que pudesse armar as docas frontais e
preparar uma defensiva. Sabia que as suas chances de repelir um
ataque Imperial, abordando a nave com sua força escassa, eram
mínimas, mas ele poderia pelo menos ganhar tempo para retirar os
civis do caminho, e conduzi-los a segurança.
Quando a sua tropa partiu, a nave balançou violentamente
novamente, e uma explosão alta foi ouvida longe por trás de Raymus.
O seu comunicador ligou com um estalo, e ele o ergueu e ouviu vozes
em pânico.
— Senhor, o último tiro sobrecarregou o nosso projetor de escudo;
nós tivemos que desligar o reator principal antes que explodisse. Nós
não podemos manter distância daquele Destroier. Está se
aproximando rápido.
— Distância de Tatooine?
— Ponto sete. — Veio a resposta. Eles não iriam escapar, Raymus
sabia, mas os pods de fuga ainda poderiam.
Raymus ouviu um som metálico abafado ao seu redor, o som do
casco da nave rangendo por pressão externa, e sabia o que
significava. O Destroier havia os prendido no raio trator e os estava
puxando para dentro.
— Senhor, eles acabaram de...
— Eu sei. Vão todos para as pods de fuga! — Ele então correu,
procurando pela princesa desesperadamente. A nave estava
condenada, ele sabia. Mas ele ainda poderia salvá-la.

Não conseguiu encontrá-la em lugar algum. Correu apressado pelos


corredores procurando enquanto os assessores do senado se
empilhavam apressadamente nos pods de fuga. Não seriam
suficientes para todos, ele sabia. Como sempre ocorria com a
Rebelião, eles tinham que fazer o melhor que podiam com o pouco
que eles tinham. E as pessoas boas seriam sacrificadas.
Ouviu uma explosão distante, sabia que tinha vindo da trava de ar
a frente, depois o som de uma furiosa troca de disparos de laser.
Tropas Imperiais estavam agora abordando a nave. Não há muito
tempo. Preciso encontrá-la. Não havia dedicado tanto da sua vida a
protegendo para falhar agora, no momento mais crítico.
Finalmente a viu enquanto contornava um corredor. Ela estava no
final de um corredor de paredes brancas. Sozinha, exceto por uma
unidade R2, soando afirmativamente enquanto ela falava com ele.
— Vossa Alteza!
Quando leia se virou para encará-lo, ela rapidamente apressou o
droide para fora. Raymus ficou intrigado e correu para alcançá-la, se
juntando a ela enquanto ela escapava por um escuro corredor lateral.
— Você tem que vir comigo, preciso te colocar num pod. — Ele
implorou.
— Eu não vou sair. — Ela disse. — Leve o máximo de pessoas em
segurança que você puder. — Raymus sabia pelo tom desafiador da
sua voz que não haveria como dissuadi-la da ideia.
— A transmissão de Scarif...
— Deixe isso comigo. — Ela disse, um brilho decidido em seus
olhos. Atrás dela, a unidade R2 apitava urgentemente.
O som de tiros de blaster estavam se aproximando agora e menos
frequente, enquanto a tropa Imperial esgotava a escassa força
defensiva da Tantive IV. Poucos minutos restavam.
— Vossa Alteza.
— Você recebeu as suas ordens, capitão. Você tem minha gratidão.
Por tudo. — Leia ergueu a sua mão para tocar o rosto de Raymus,
dando um caloroso e agridoce sorriso, de afeição e de tristeza. Ambos
sabiam que seria a última vez que se veriam. E então ela se foi, com o
pequeno droide deslizando para as sombras atrás dela.
Restava pouco para fazer, com a sua nave capturada, repleta de
Stormtroopers Imperiais, todos exceto algumos pods de fuga
restavam agora. Tudo que restava era terminar a sua vida da mesma
forma que sempre viveu, lutando. Apressou-se pelo corredor, se
abaixando atrás de um anteparo ao ver os primeiros stormtroopers
passarem na sua frente, atirando. Raymus mirou e retornou os tiros,
derrubando um Stormtrooper, depois outro. Então a quantidade de
troopers que chegavam, tomando as posições, atirando em sua
direção, rapidamente se tornaram muitos, e sua última alternativa
era correr. Acelerou, sabendo que era o fim, mesmo assim
determinado em fazer o Império gastar todo recurso possível, toda
gota de suor, cada segundo precioso, antes que inevitavelmente o
pegassem. Talvez apenas o suficiente para dar tempo de sua princesa
executar qualquer coisa que estivesse planejando.
Estava quase na junção do corredor que levava de volta aos seu
alojamento quando foi abordado e levado ao chão, três soldados
Imperiais o forçando a se submeter. Lutou, resistindo até o fim, até
que uma estocada da arma na lateral da sua cabeça o atordoou e
esgotou as suas forças.
— Este é o capitão! — Ele ouviu a voz modulada do soldado por
trás da sua orelha direita, enquanto os seus braços eram puxados
para trás. — Precisamos dele vivo! — Então ele estava de pé
novamente, com a sua visão desfocada ao mesmo tempo que sentia
que estava sendo jogado pra frente, com as suas botas sendo
arrastada pelo chão.
— Milorde. — Ele ouviu a voz do soldado por trás dele novamente.
— O capitão.
Raymus sentiu uma sombra iminente descendo sobre ele um
instante antes de algo frio e metálico, como uma prensa, se
prenderem em sua garganta. Enquanto os seus olhos se estreitavam,
notou a sombra negra que se elevava sobre ele, apesar de parecer
apenas um vulto negro, era Darth Vader, e aquele aperto na sua
garganta, era uma mão. Os stormtroopers se moveram os cercando,
como se um lorde Sith precisasse de qualquer assistência.
— Os planos da estrela da morte não estão no computador
principal. — Um soldado recém-chegado relatou.
Então foi isso que nos enviaram. Mesmo em seu estado
desorientado, Raymus agora entendia por que a frota Rebelde havia
arriscado tudo para roubar aquela informação, e porque o Império
havia despachado o mais temido, invencível recurso na tentativa de
recuperá-la. Aquela esfera odiosa que ele havia visto na superfície de
Scarif, imaginável em tamanho, impensável no seu propósito. A
tentativa monstruosa do Imperador de manter o domínio absoluto
sobre uma galáxia começando a encontrar força para se opor a ele.
Os segredos para destruí-la estavam nas mãos da princesa. E ele
morreria para protegê-la.
— Onde estão as transmissões que vocês interceptaram? — Vader
exigiu. — O que vocês fizeram com os planos?
Raymus lutou inutilmente contra os dedos em torno do seu
pescoço, sentiu os seus pés se erguerem do chão enquanto Vader o
levantava sem nenhum esforço, tudo enquanto apertava o punho,
asfixiando-o.
— Nós não interceptamos nenhuma transmissão. — ele disse
engasgando, lutando para respirar. — Essa é uma nave consular.
Estamos em missão diplomática.
— Se essa é uma nave consular. — Raymus ouvia vagamente
enquanto começava a perder a consciência, sua visão se apagando. —
Então onde está o embaixador?
Até quando Raymus se encontrava nos últimos resquícios de vida,
ele se encontrou estranhamente esperançoso novamente. Ele sabia
claro que sua história havia chegado ao fim, que ele nunca iria ver
suas amadas filhas e esposa novamente em Alderaan, e ainda sim,
tinha esperança. Esperança que de alguma forma Leia soubesse de
uma maneira de escapar disso, Esperança que aquele brilho nos
olhos que ele havia visto naquele corredor era a semente de uma
ideia que iria levar a informação chegar a salvo na Rebelião. Ele
esperava que isso os capacitasse a destruir aquela arma odiosa, para
virar a maré da guerra, para trazer mais sistemas para a causa, para
permitir a galáxia a mais uma vez, se libertar.
Em seus momentos finais, teve esperança.
TK-4601 ficou exageradamente agradecido pelo capacete de
Stormtrooper. Primeiro, porque assentou o seu tufo de cabelo loiro
rebelde que nunca obedeceria a um pente ou escova, e que o fazia
parecer ter treze anos. Além do mais, a sua pele clara ficava
avermelhada e empalidecia facilmente, o que significava que, por
mais diligente que ele fosse ao enrijecer as suas expressões, a
coloração da sua pele sempre o traia. Com o capacete, no entanto, e
com o dispositivo que tornava as vozes dos stormtroopers
praticamente idênticas, as suas reações, boas ou más, eram muito
mais difíceis de serem determinadas pelos outros.
Estava especialmente agradecido no dia de hoje, enquanto sorria
como um idiota. Não podia acreditar que a sua primeira missão fora
da Academia havia sido a bordo de um Star Destroier Imperial. E não
só qualquer Star Destroier. TK- 4601, também conhecido como
Tarvyn Lareka, serviu na Devastador, a nave principal do próprio
Lorde Vader. Agora fazia parte da legião pessoal de Vader, “o Punho
de Vader”. Um membro júnior, na verdade, mas ainda era um
membro oficial.
Hoje, uma onda de excitação animou ainda mais as atividades dos
afiados militares que compunham o Punho de Vader. Se o próprio
Lorde Vader, aquele mesmo de armadura preta e brilhante, com
respirações ameaçadoras, de voz profunda e ressonante, e com
comandos insondáveis sobre objetos e pessoas, se ele estava
pretendendo realmente perseguir esta nave que havia se afastado
rapidamente da Batalha de Scarif, então no que diz respeito a TK-
4601, os rumores tinham mais verdades do que ficção.
Atrás do “balde”, como o capacete às vezes era chamado, ninguém
poderia ver a sua sobrancelha franzida em concentração e seus olhos
azuis que se estreitavam. Ninguém poderia ver a alegria que o
tomava por ter realizado uma missão bem-sucedida sem baixas ou
quando estava relutante em seguir as ordens que às vezes pareciam
se aproximar de pura crueldade sem sentido.
Estava aprendendo a abstrair desse tipo de sentimento, afinal.
Mais cedo, o TK-4601 se encontrava em estado de plena atenção
enquanto Vader, parado a apenas meio metro de distância, no
máximo, segurava o capitão Antilles da Tantive IV pelo pescoço,
erguia-o do chão e o interrogava.
— Onde estão as transmissões interceptadas? — Vader tinha
crescido com aquela imponente, mas também terrível voz que a
própria Morte deve usar. — O que você fez com os planos?
— Nós não interceptamos nenhuma transmissão. Esta é uma
nave consular. Estamos em missão diplomática. — a Tantive IV
pertencia à Família Organa de Alderaan. TK-4601 sabia que tanto o
pai quanto a filha daquela família eram membros do Senado
Imperial.
— Se é uma nave consular, então onde está o embaixador?
E no que parecia ser uma progressão não tão incomum aos
padrões de Lorde Vader, ele ficou tão furioso que os seus dedos
esmagaram a traqueia do homem antes mesmo que o desafortunado
capitão pudesse formular alguma resposta.
TK-4601 podia ouvir as vértebras dele estalando como galhos
secos.
Ele engoliu à seco. O balde ocultava tudo.
Vader ordenou que o comandante TK-9091 revistasse a nave.
Despedace esta nave foram as suas palavras exatas. Até que os
planos sejam encontrados. Quanto aos passageiros, diferentemente
do Capitão Antilles, seriam levados vivos.
E assim os quatro stormtroopers foram enviados para procurar
pelos desafortunados passageiros. Eles agora estavam bisbilhotando
em vários corredores, armários e outros lugares distantes em um
jogo de esconde-esconde de vida ou morte.
O coração de TK-4601 ainda estava disparado e podia sentir o
calor em suas bochechas e o sorriso em seu rosto. Deliberadamente
afastou o assassinato casual do capitão para longe de seus
pensamentos, e agora estava no auge da excitação. Estava em êxtase.
Eles não estavam apenas realizando incursões aleatórias em
populações sombrias de mundos distantes. Eles estavam à procura
de algo real. Rebeldes reais, com astúcia real, que conseguiram
roubar planos de uma grande base imperial que deve ser
impenetrável.
Criaturas inteligentes, os Rebeldes, ele pensou. Ele nunca
admitiria isso, mas havia muito para se admirar com relação a eles.
Os boatos, que são doces e agitadas criaturas que sempre mudam
de forma, diziam que o desaparecido embaixador era da realeza
senatorial: a Princesa Leia Organa de Alderaan, para ser mais
específico. Foi uma conclusão lógica, considerando que a Tantive IV
era de propriedade do pai dela. Tanto ela quanto Bail Organa
expressaram publicamente simpatia pela causa Rebelde. Isso não
significava que eles próprios eram Rebeldes, é claro. Mas e se eles
fossem? TK-4601 queria muito conversar com TK-3338, que estava
imediatamente atrás dele em sua varredura, e perguntar a ele se
achava que isso era verdade. Como ela, essa princesa senatorial, era
uma Rebelde? Ela não podia realmente ter só dezenove anos, podia?
Mais jovem que ele, e já senadora. Espantoso. Não seria surpresa
se ela realmente tivesse sido seduzida pelos encantos da Rebelião.
Essa "Defesa dos inocentes”, e esse desafio à ordem oferecida pelo
Império.
Também já teve dezenove anos e lembrou-se do apelo que tais
ideais poderiam ter. Mas ele foi esperto e resistiu a esse chamado.
Ele era leal ao império.
Um Imperador superava uma princesa e os dias do Senado
estavam contados.
— Acha que vamos encontrar algum deles? — perguntou TK-4247,
que estava cobrindo a retaguarda. Ele era ainda mais novo e mais
ingênuo do que o TK-4601 quando se juntou à legião de Vader.
— Lorde Vader ficará satisfeito conosco se o fizermos. —
respondeu TK-9091. Ele não disse o contrário, que Lorde Vader
ficaria descontente se não o fizessem. TK-4601 nem queria pensar
nisso.
— Eu os quero vivos — dissera Vader. Os seus blasters estavam
prontos para matar. Eles estavam em um campo de batalha, mesmo
agora. Havia muitos tripulantes soltos e armados, vagando pela nave
e abrindo fogo, então os stormtroopers não iriam se arriscar. TK-
9091, assumindo que estava do lado da razão, ordenou que
matassem a tripulação, mas mudassem para o modo de
atordoamento assim que avistassem alguém que pudesse ser um
passageiro.
— E se encontrarmos a senadora? — tocou em TK-3338.
— Mesma coisa. Atordoar. Mas não temos certeza de que ela está
aqui. — O comandante respondeu. — Não baixem a guarda. Se esta é
realmente uma nave Rebelde, agora eles estão encurralados e vão
jogar sujo.
Claro que sim. Mentindo descaradamente sobre as suas atividades
ilegais. Escondendo-se nas sombras. Combatentes sujos.
Mas, após a rápida descarga de excitação e expectativa, a rotina de
verificar corredor após corredor revelou o tédio inserido naquela
tarefa.
E então, de repente, todo o tédio foi destruído.
— Tem alguém ali. — disse TK-9091, virando para o TK-4601. —
Ajuste para atordoar.
TK-4601 ajustou instantaneamente a configuração do seu blaster e
virou-se para olhar.
O instante durou menos do que um batimento cardíaco, mas o TK-
4601 sentiu como se tudo houvesse congelado, parado no tempo.
As suas roupas eram tão brancas que quase brilhavam, a sua pele
macia e pálida como creme. Tão pálida quanto a dele, apesar de que
os seus longos cabelos brilhantes, reunidos em elaborados e
eficientes coques em ambos os lados do rosto, de um castanho
quente e luxuoso, serem diferentes dos dele, de um amarelo
brilhante e ensolarado.
E ela era tão... pequena.
TK-4601 imaginava que as mulheres rebeldes eram fortes e
musculosas. Altas, guerreiras poderosas. Essa mal tinha um metro e
meio, e parecia que ela poderia quebrar se segurasse com muita
força.
Mas os olhos dela...
Eles não eram nem um pouco frios, aquelas esferas castanhas. Eles
eram firmes, no entanto, soavam bastante calmos, e disseram-lhe tão
claramente como se tivesse gritado as palavras: eu nunca vou me
render.
Ela agarrou um pequeno blaster portátil, com o cano apontando
pra eles.
E de repente TK-4601 entendeu como essa garota de dezenove
anos era mais mulher do que muitas com o dobro da idade dela.
Entendeu como ela tinha se tornado uma senadora popular, por que
ela tinha simpatia pela rebelião. Por que as pessoas a seguiam.
E naquele instante que durou uma eternidade, também sabia que
eles, membros de elite do punho de Vader, foram muito lentos, que o
seu comandante tinha, muito erroneamente, julgado esta mulher
como inofensiva, reagindo de maneira muito casual e que estavam
prestes a pagar o preço antes que qualquer um deles pudesse reagir.
As mangas brancas caíram dos seus braços magros quando ela
ergueu o blaster.
O TK-9091 caiu, com a sua armadura queimada e soltando
fumaça.
A ação interrompeu TK-4601 de seu devaneio. O tempo, que até
então parecia rastejar, acelerou novamente, correndo para encontrá-
lo, e ele disparou o seu próprio blaster diretamente na mulher que só
poderia ser a princesa Leia Organa.
Ela colapsou instantaneamente, atingindo a superfície fria e cinza
com força, sem nenhuma chance de impedir a sua queda. Ela estava
esparramada no chão, com os seus dedos minúsculos e delicados
ainda segurando o blaster.
O TK-4601 correu em sua direção, subitamente tomado de
preocupação de que ela tivesse batido com muita força, de que ela
estivesse morta. Ele sentiu uma forte, e, ele sabia, falsa, onda de
alívio quando percebeu que não era o caso.
— Ela vai ficar bem. — disse ele. Ele percebeu que as suas palavras
estavam carregadas de inesperada e indesejada emoção. Mas, graças
ao "balde”, elas soaram tão cortadas e precisas como sempre.
Respirou fundo.
— Informe ao Lorde Vader de que temos um prisioneiro.
Pressentia coisas sombrias, se Vader especificamente quisesse
interrogar essa mulher. Ele mesmo encontrara o seu comandante
apenas algumas vezes, e isso já bastara. O que ele faria com ela...
Não. Ele não seria influenciado por um rosto bonito e um
semblante cheio de determinação. A princesa ficaria satisfeita se o
seu tiro tivesse despachado o TK-9091, ou ele mesmo, ou os outros
dois no grupo de patrulha.
— Senhor. — disse-lhe TK-4247. — O comandante está morto.
Morto? Não era possível. Os trajes brancos feitos de plastóides
protegiam os soldados envoltos dentro deles, dispersando disparos
para que a maioria dos tiros não fossem letais.
Mas a princesa tinha mirado bem, e a apenas três metros de
distância. TK-4247 estava curvado sobre ele, e agora ele virava o
rosto com o capacete para o seu novo comandante.
— Ordens, senhor?
Senhor. Com a morte de TK-9091, o papel de comandante passava
para TK-4601. Ele queria subir de cargo, mas não assim.
Por um momento, não respondeu. Conhecia as ordens.
Stormtroopers eram deixados onde haviam caído mesmo depois da
batalha, e TK-9091 não poderia ser exceção a essa regra. O TK-4601
ainda podia ouvir os gritos nos corredores, tanto os agudos sons de
blasters disparando quanto os gritos de agonia de suas vítimas.
Andou a passos largos até onde estava a prisioneira estava caída. O
corpo dela estava mole e o rosto frouxo. Ela estava totalmente
rendida, mas a sua beleza ainda permanecia. Acordaria em alguns
minutos, talvez sentindo um pouco de tontura pelos efeitos do
choque, mas, como ele disse ao grupo.
— Bem.
Ao contrário do TK-9091. O seu comandante. Amigo dele. Aquele
que soltava as piadas mais estúpidas do mundo em suas horas de
folga, mas que se tornava totalmente focado quando vestia o
uniforme. Exceto que desta vez, ele subestimou o inimigo. Um erro
estúpido, demais.
A prisioneira havia se mexido um pouco, grogue e gemendo
baixinho. Fiel ao seu espírito Rebelde, no entanto, a primeira coisa
que ela fez foi começar a erguer a pistola. TK-4601 chutou a arma
para longe com raiva. Ela olhou para ele, piscando rapidamente
enquanto seus olhos lentamente recuperavam o foco. Ao ver o rosto
dele, do seu capacete, uma expressão de desgosto tomou todo o rosto
dela.
Aquele rosto bonito era tão inimigo quanto qualquer outro com
cicatrizes ou barbas. Leia Organa era uma assassina. Ela olhava para
eles e não via pessoas, mas sim, apenas o Império que eles serviam.
Para ela, Tarvyn Lareka não tinha nome, nem rosto, era apenas um
número. Ele não era nada além de um uniforme do inimigo odiável,
que deveria ser baleado e eliminado o mais rápido possível.
Ele se abaixou e a agarrou pelos pulsos, levantando-a. A princesa
lutou, mas TK-3338 pressionou o blaster em suas costas. Ela se
enrijeceu e parou.
— Lorde Vader deseja vê-la, senadora Organa. — disse TK-4601.
Ele colocou um par de algemas de choque ao redor dos pulsos finos
dela. — Você pode vir junto conosco andando, ou a atordoaremos
novamente e a levaremos até ele desta forma. A escolha é sua.
Por um momento, ele pensou que ela iria atacá-lo. Em vez disso,
ela se recompôs.
— Eu vou andando. — disse ela. Sua voz não tremia. Foi tão nobre
e real quanto ela aparentava ser.
Mas TK-4601 pensou nas habilidades de Vader e no droide de
tortura, e ele de repente, abruptamente, não queria ser aquele que a
entregou à absoluta falta de misericórdia que ela receberia nas mãos
de Darth Vader. Ao zumbido sinistro do droide de tortura pairando e
suas inúmeras drogas com as quais ele atormentava os prisioneiros.
Ele disse em seu comunicador:
— Aqui é TK-4601. O TK-9091 está inoperante. Nós temos uma
prisioneira em custódia. Solicito duas tropas adicionais para escoltar
a prisioneira até o Lorde Vader de acordo com as suas instruções.
— Entendido, TK-4601. Localizamos a sua posição. TK-7624 e TK-
8332 estão a caminho.
Os outros dois se entreolharam, e depois olharam para ele.
— Senhor?
Ele os ignorou e continuou falando pelo comunicador.
— Solicito permissão para transferir para unidade de serviço ativo
durante a batalha.
— Permissão concedida. — Veio a voz. — Nada oficial, mas tenho
um palpite de que estaremos enviando alguns troopers para a
superfície se Vader não encontrar o que ele quer aqui. Não teremos
que “revirar pedra após pedra”. — mas pode esperar muita areia lá
embaixo.
— Entendido. — disse TK-4601 imediatamente. — Transfira-me
para essa unidade, caso ela seja realmente implantada. Os olhos de
Leia Organa se estreitaram enquanto tentava compreendê-lo. Sem
dúvida, a sua equipe ficou assustada e se perguntando o que droga
ele estava fazendo. Era um membro do punho de Vader. Poderia
estar aqui lutando, matando os rebeldes, fazendo o que eles haviam
sido treinados para fazer, mas em vez disso, ele solicitou algo que
equivalia a uma espécie de rebaixamento. Eles ficariam ainda mais
chocados se soubessem o que estava pensando.
TK-4601 amava o Império. Acreditava no Império. Sabia que o
Império poderia trazer ordem e paz para a galáxia. Mas também
sabia que não poderia continuar fazendo o que estava fazendo até
então... matando aos rebeldes enquanto olhava em seus rostos, seus
olhos, vendo-os abertos e expostos, emoções despidas para ele,
enquanto eles só viam um plano em preto e branco.
Ainda podia matá-los, mas apenas quando as condições de batalha
fossem justas. Apenas quando não pudesse vê-los, como viu essa
senadora, essa princesa, essa rebelde. Poderia atirar neles do céu, e
atiraria, mas não atiraria neles diretamente no coração.
Os dois novos stormtroopers chegaram. O TK-9091 foi deixado
onde caiu. De acordo com as ordens.
Ele teria entendido.
Os quatro escoltaram a princesa para encontrar o Lorde das
Trevas, cada um deles imponente ante a altura diminuta da
prisioneira. Enquanto o TK-4601 os observava partir, a princesa
virou para olhá-lo com perspicácia.
Espontaneamente, sem pensar, ele removeu o capacete.
A princesa pareceu surpresa ao vê-lo, um homem humano não
muito mais velho que ela, de cabelos louros, olhos azuis, as
bochechas coradas.
Seus olhares se fixaram por um momento, então ela deu um leve
aceno de cabeça e se virou. O TK-4601 não acreditava que ela havia
entendido o gesto, ou que eles tinham feito qualquer tipo de conexão.
Mas, caramba, ele a mostrou que havia uma pessoa dentro da
armadura de plastóide. E mais importante, ele se lembrou.
— Psiu! Arvira, eu preciso da sua ajuda!
Eu levantei os olhos do pequeno texto rolando em minha tela. Por
trás dos montes de tablets balançando em minha mesa apareceu o
rosto ansioso de Bolvan, capitão da artilharia.
— Eu estou no meio de algo aqui. — Eu disse, gesticulando
vagamente para os tablets cheio de gestão de dados. Interrupções
eram parte do meu trabalho, mas com certeza ele poderia ver que eu
precisava de uma chance para me atualizar?
Todo mundo achava que ser o oficial de logística da frota (nível 4)
em um Star Destroier Imperial era um serviço confortável. Mas foi
preciso muita gestão de dados para manter a tripulação de uma nave
enorme como essa alimentada e vestida e em forma para combate.
Os trabalhos administrativos na Marinha Imperial não eram menos
estressantes que os de combate.
— Por favor, eu realmente preciso de você! — Ele persistiu.
Eu suspirei. Oficiais eram como bebês: Quando eles queriam algo,
era sempre a coisa mais importante do mundo.
— Eu não me esqueci dos holos de entretenimento que você
queria. Mas preciso priorizar o processamento da corveta Tantive IV
capturada. Especialmente desde que Lorde Vader...
— Não, não! É outra coisa.
Parei de rolar a tela. Estava claro que ele não iria me deixar no
meu trabalho até que eu cuidasse do problema dele. Tentei fazer o
meu sorriso mais convincente.
— Como eu posso te ajudar?
Ele olhou para o corredor para ter certeza de que estava vazio,
fechou a porta do meu escritório e sentou.
— Er... é o seguinte...
Eu fiquei sentada pacientemente até ele terminar a sua história.
— Então você ordenou Hija a não atirar no pod de fuga? — Eu
perguntei, apenas para confirmar se eu tinha entendido.
— Exato.
— E por que não? Espera, é porque você queria evitar a
burocracia?
Eu não estava brincando. Como todas as forças armadas, a
Marinha Imperial funciona através da burocracia. A maioria dos
oficiais passava mais tempo preenchendo formulários e relatórios do
que atirando em rebeldes. Pela Regulação da Marinha Imperial
132.CAT.ch(22), atirar em um pod de fuga (exceto durante um
conflito armado com intensidade classificada como acima da
Categoria V) requer que o capitão da artilharia apresente um
Formulário XTM-51-CT para explicar porque a ação foi necessária.
Isso foi para evitar dar àqueles senadores exagerados uma desculpa
para dizer que a Marinha Imperial se envolve em crimes de guerra.
Bolvan sempre tentou se safar com o mínimo de burocracia possível.
Ele negou com a cabeça.
Bom, isso era interessante.
— Nós estamos tentando economizar lasers agora?
Ele ignorou o meu sarcasmo, mas o seu rosto ficou vermelho.
— Os sensores não detectaram nenhuma forma de vida a bordo. Eu
pensei... hum... que nós não iríamos conseguir uma morte... então...
É claro; agora as ações dele faziam todo sentido. Estava chateado
com a propaganda rebelde que falava que Imperiais eram mal
atiradores, sinceramente, os stormtroopers poderiam ter mais
exercícios de mira, os burocratas da frota tinham emitido uma nova
política que vinculava as promoções dos oficiais artilheiros às suas
taxas de morte. Tiros disparados a um pod de fuga inocupado seriam
considerados um desperdício, sem dúvida. Na época eu achei que era
uma ideia terrível. Essa nova política iria encorajar alguns artilheiros
ambiciosos a mirar em pilotos rebeldes em naves desativadas do que
em drones perigosos e armados. Mas os superiores nunca pediram a
minha opinião.
— Tudo bem, então você deixou um pod de fuga vazio ir. Qual é o
problema?
— Lorde Vader ordenou que a Tantive IV fosse revirada até que os
planos secretos roubados fossem achados, mas agora eles já
procuraram em cada centímetro na nave e o Comandante Praji ainda
não localizou os planos. Eu... Eu estou com medo...
— Ah... — Eu tinha entendido. — Eu suponho que o pod de fuga
não está apenas à deriva no espaço?
— Não. — Ele disse. — Ele seguiu a trajetória até a superfície de
Tatooine. Eu pensei que era apenas um mau funcionamento, mas
talvez não fosse. E se os planos estivessem a bordo?
— Isso é sem dúvida um problema complicado. — Eu disse
cuidadosamente.
Sempre gostei de Bolvian. Ele nunca fazia exigências absurdas a
corporação logística e era um jogador de cartas terrível, o que
significava que eu geralmente conseguia ganhar créditos extras dele
em jogos privados entre os oficiais. Não queria ver o pobre homem
ser julgado por negligência se os planos estavam de alguma forma no
pod de fuga. Pior ainda, Lorde Vader muitas vezes nem se importava
com um julgamento. Devia ser bom poder ignorar requerimentos
burocráticos sempre que quisesse.
— Foi por isso que vim até você. — Ele disse, com a sua voz
suplicante. — Eu pensei que se tem alguém que saberia como
consertar um problema igual a esse, seria você.
Agora, não sendo arrogante, mas eu realmente tinha uma
reputação de ser experiente em burocracia. Eu sabia os detalhes das
centenas de milhares de formulários em constante mudança e os
questionários e as aplicações e os comunicados de requisição que
mantinham a Marinha Imperial funcionando. Eu sabia exatamente
quais opções marcar para que a minha nave tivesse atendimento
prioritário nas docas, quais as palavras-chave colocar nos
formulários em branco para evitar uma inspeção surpresa e os
segredos para a requisição de holos de entretenimento mesmo
quando toda a banda larga a bordo deveria ser reservada para
transmissões relacionadas a combates.
E eu compartilhava a minha sabedoria generosamente. Oficiais
júnior que queriam evitar colegas de quarto que roncavam vinham
até mim pedir aconselhamento no Requerimento de Acomodação
XPTS-7 (alegue uma propensão a sonambulismo e a socar fontes de
barulho); oficiais sênior que queriam maximizar a sua licença
vinham até mim por ajuda com o Visto SS-VAC-2B (escolha um
porto de partida no outro lado do planeta de férias longe do porto de
chegada); e até o capitão vinha a mim quando era hora de preencher
o orçamento operacional estimado (o truque: ...HÁ, como se eu fosse
contar esse truque aqui). Alguns me chamavam de feiticeira da
burocracia ou até mesmo Jed... Ah, deixa isso pra lá. O ponto é: Eu
gostava de ajudar pessoas e se elas escolhiam me agradecer com
pequenos favores ou presentes ou créditos, seria indelicado dizer
não.
Ah, tudo bem, vou falar de uma vez. Era legal ter pessoas em
dívida com você. Com a situação política volátil como estava, você
nunca saberia quando iria precisar cobrar um favor. Ao ajudar as
pessoas hoje, eu estava me ajudando para o futuro.
Uma boa mestra em burocracia precisava ter pauzinhos suficientes
para o máximo de marionetes... er... quer dizer, estudantes possíveis.
Era prudente.
Depois de refletir sobre o problema de Bolvian por um momento,
eu tive uma ideia.
Eu passei um tablet pra ele.
— Aqui, comece preenchendo isso aqui.
— O que é isso? — Bolvan parecia desconfiado.
— Esse é um Formulário INS-776-TX.
— O que... o que isso faz?
— Você nem se dá ao trabalho de ler as instruções? Ah, tudo bem,
eu explico. Esse é o formulário que você usa para requisitar uma
inspeção de meio-cruzeiro extra-veicular-armamentista imediata.
— Por que eu iria querer fazer isso? Isso vai mandar todos os
artilheiros EV para inspecionar cada uma das armas da Devastador.
Vai levar horas para serem feitos!
— Como o capitão da artilharia, você é um dos poucos oficiais a
bordo com autoridade suficiente para solicitar tal ação e as
regulações Imperiais requerem que o oficial chefe da artilharia esteja
à frente da inspeção. Hija ficará ocupado pelo resto do dia escalando
de canhão em canhão fora da Devastador.
Bolvan ainda parecia confuso.
— Ele vai me odiar. Ele nunca quer ir lá fora... diz que fica com
enjoo espacial...
— Se ele estiver lá fora, — eu disse — então Lorde Vader não irá o
encurralar no corredor e perguntá-lo sobre os pods de fuga! Ele é a
única outra testemunha.
Os olhos de Bolvan se abriram ao entender.
— Ah... Ahhhhhh! O que eu coloco em “Razão para requerer
inspeção”?
— “Relatório de mecanismo de disparo não-responsivo”.
— “Relatório de mecanismo de disparo não-responsivo”.
Os dedos de Bolvan dançaram sob o tablet.
— Eu suponho que isso é para preparar a base para alegar mais
tarde que as armas não estavam respondendo? Inteligente.
— Isso só vai te dar um pouco mais de tempo. — Eu disse. — Não
resolve todo o problema.
Ele olhou para cima, alarmado.
— Então o que mais eu faço?
— Você preenche o Formulário DKS-77-MA(n). — Eu joguei o
formulário em cima do datapad dele.
Bolvan olhou pra mim com os seus olhos marejados e impotentes.
— Esse é o formulário usado para solicitar a lista de passageiros de
qualquer nave não-militar. Nesse caso, já que você estará pedindo
pela lista da Tantive IV, uma nave consular em sua última partida,
você irá precisar adicionar em Apêndice P2, Declaração de
Informação Militar Confidencial.
— O que eu irei fazer com a lista de passageiros da Tantive IV?
Eu joguei outro formulário sobre o seu tablet.
— Você irá preencher o Requerimento SUG-171-TI.
Ele parecia que estava a ponto de desabar em cima dessa
montanha crescente de burocracia.
— E isso é?
— Você não presta atenção nos holos de treinamento? Você
preencheu uma confirmação alegando que assistiu um holo dessa
família de formulários apenas a dois dias atrás.
A expressão confusa de Bolvan me disse que ele provavelmente
assinou a confirmação sem ler só para tirá-la de sua mesa.
— O SUG-171-TI é usado para enviar uma sugestão operacional
para outro oficial. É usado quando você precisa contornar a cadeia de
comando e não há nenhuma emergência militar. O comando da frota
está bem orgulhoso dessa inovação para melhorar as ações de todos
os oficiais
Ele agiu como se quisesse arrancar o seu próprio cabelo, mas se
forçou a ficar calmo.
— Para quem eu estarei fazendo a sugestão e o que eu sugiro?
— Comandante Praji, que igual a você, odeia a papelada. Você
acabou de me dizer que ele revirou cada centímetro da Tantive IV,
mas eu aposto que ele não documentou a sua busca. Eu sei, eu sei,
que quando o Lorde Vader está respirando no seu cangote, a última
coisa que você quer fazer é mais burocracia. Mas confia em mim, se
os planos não forem encontrados, todo mundo vai querer se
certificar de que não têm um alvo nas costas. É por isso que você
quer fazer uma sugestão ao Praji para fazer as tropas dele
preencherem várias cópias do Formulário SRS-98-COMP, Inventário
de Naves Capturadas.
— Mas se os planos estiverem naquele pod de fuga, como
documentar o resto da nave será de alguma ajuda?
Eu sabia agora exatamente como meu professor se sentia quando
eu era criança e não conseguia entender a razão de “mostrar o meu
esforço” em provas. Até feiticeiras da burocracia tinham os seus
momentos vergonhosos.
Eu tinha que ser paciente com ele.
— O objetivo, Bolvan, é deixar Praji ser a pessoa que vai perceber
que os planos desaparecidos podem estar naquele pod de fuga sem
expor o seu papel na fuga da mesma. Então você o manda fazer o
cuidadoso inventário e envie pra ele a lista de passageiros da nave
que você obteve na etapa anterior. Praji irá fazer a comparação e
notar o pod de fuga ausente.
— Mas aí ele irá me perguntar por que eu não atirei no pod quando
ela foi ejetada, o que me coloca exatamente na posição que eu estava
antes.
— Nós ainda não acabamos. — Eu disse. — O truque com
burocracia é usar camadas e elogios.
— Parece que você está falando de moda. — Ele murmurou.
Eu deixei passar.
— O seu objetivo é construir uma estrutura irrefutável para desviar
a responsabilidade para outro lugar, um tipo de pod de fuga para si
mesmo, digamos assim. Até agora eu te ensinei como tirar Hija do
caminho e como guiar Praji para descobrir o pod de fuga ausente e a
única peça faltando é apagar qualquer indício de que você poderia
ser responsável.
— Como? — Ele cuspiu. Eu poderia ver que ele estava a ponto de
pegar pela minha lapela e me sacudir.
Eu intencionalmente desacelerei.
— Você vai preencher um Pedido de Manutenção NIW-59-SUD,
com uma Programação P.
Ele gemeu de modo lamentável. Parecia um homem se afogando
que se preparava para desistir do fio em que estava se agarrando.
— O que... isso irá fazer?
Hora de explicar o golpe final.
— Esse é o formulário usado para relatar janelas e telas com
visibilidade prejudicada e pedir por uma limpeza.
— Uma limpeza?
— Exatamente. Especificamente, uma lavagem nas janelas e telas
perto da sua estação de trabalho.
Ele apenas olhou pra mim.
— Uma lavagem nas janelas? O que...? Como...? Por que...?
— Assim que você mandar o pedido, a manutenção irá despachar
vários droides para a estação que designou, eu sugiro a que você e
Hija estavam posicionados, e eles vão cobrir cada janela e tela com
uma espuma branca espessa. Os droides irão fazer isso de fora das
janelas. É o mais novo agente de limpeza e polimento dos
laboratórios Imperiais, especificamente desenvolvidos para remover
arranhões e queimaduras de batalhas.
Eu olhei o rosto dele ir por estágios de terror, confusão, raiva,
incredulidade, surpresa, epifania e êxtase.
— C-cobrir todas as janelas? — Ele gaguejou.
— Isso aí, todas elas.
— Com uma es-espuma espessa?
— Bem espessa. Não dá pra ver nada através dela. Não dá para ver
as estrelas, ou a Tantive IV ou até mesmo Tatoo...
— Ou nenhum pod de fuga! Ah, Arvira, isso é genial!
— Isso irá explicar porque você não pôde ver nenhum pod de fuga
de onde estava. Praji vai apenas presumir que o pod de fuga foi
ejetada sem ninguém ter detectado.
— E então ele vai ter que levar as más notícias para Lorde Vader e
assumir as consequências.
O sorriso em seu rosto era realmente encantador de se ver. Eu
amava ajudar as pessoas.
— Exatamente. Agora vá e deixe toda a burocracia pronta o mais
rápido possível. Você ainda tem tempo.
Ele se levantou, com o tablet em mãos e correu para a porta. Mas
antes de sair, ele se virou.
— O que eu posso fazer para te recompensar? Um jogo de cartas
amanhã à noite?
Arrá, então ele poderia não saber muito sobre burocracia, mas
sabia mesmo como pagar por um favor sem ser muito óbvio.
— Talvez. Mas sabe, eu sempre quis saber como é atirar uma arma
aqui. Até feiticeiras da burocracia gostam de piu-piu-piu, sabia?
Ele sorriu.
— Tenho certeza que eu posso arranjar uma sessão de prática de
alvo alguma hora.
Acenei pra ele ir e retornei para minha burocracia interminável,
feliz por ter estabelecido outro fio em minha teia invisível de
influência.
Se alguém tentasse descrever perfeitamente como é a vida em
Tatooine, a escassez, a insuportável aridez do lugar, não precisaria
olhar além dos Sandcrawlers que marcavam todos os dias a
superfície do planeta com sua trilha passageira.
Cada centímetro de um Sandcrawler é cuidadosamente projetado
para se adaptar com a função extenuante do transporte; e os
Sandcrawlers têm muitos centímetros. Cada transporte é um
monumento à praticidade, e executam precisamente o trabalho de
cada dia. São indomáveis, e superam com facilidade qualquer risco
existente no ambiente de Tatooine.
No convés superior de um Sandcrawler estacionado no Mar das
Dunas Ocidentais, uma esteira inclinada carregava sucatas içadas
das areias para uma baía de armazenamento situada no pico do
transporte. Por baixo daquela esteira havia uma pequena lacuna
escondida medindo um metro de comprimento, e no ponto de
inclinação mais alto, meio metro de altura, com uma largura que a
maioria dos não Jawa acharia sufocante. Era um compartimento não
planejado num veículo projetado para ter a máxima eficiência em
espaço.
Nessa lacuna metálica, um Jawa chamado Jot sonhava com naves
estelares.
Jot descobriu aquele compartimento por acidente enquanto
trabalhava em seu turno, organizando o fluxo incessante de
destroços metálicos que o Sandcrawler sugava para dentro de sua
poderosa mandíbula magnética. Um dissipador térmico em especial
chamou a sua atenção enquanto colocava em pilhas algumas ligas
velhas de ferro, de acordo com o seu valor ou utilidade para a
tripulação. Mas ao alcançar o dissipador, Jot o viu escorregar entre a
correia e o casco do transporte, caindo lá embaixo, fora de vista.
Jot procurou pelo dissipador desaparecido durante os seus curtos
intervalos, pelos nove dias seguintes, esperando não atrair a atenção
de seus colegas durante a sua caçada incessante. Ao pressionar o seu
leve corpo por trás cilindros pneumáticos, pôde abrir caminho de
bruços e em seguida retirar um painel retangular de alumínio do
alojamento da esteira, dando a ele uma entrada a qual ele poderia só
passar se apertando, contanto que a sua barriga ligeiramente
redonda não se tornasse mais arredondada ainda. Foi um
desajeitado ato de contorcionismo, mas para a sorte de Jot, ele era o
único Jawa a bordo do Sandcrawler que conseguia fazer aquilo.
Isso se dava porque Jot era muito pequeno, até para os padrões
Jawas.
Quando os Jawas aprendem a andar, eles recebem roupas
isolantes que controlam a sua umidade e que os sustentavam durante
toda a vida. Quando crianças, as suas vestes são embainhadas até
quase as axilas, com o tecido dobrado por dentro. Quando adultos, as
bainhas são abaixadas a fim de cobri-los em sua nova altura. A
maioria dos Jawas se mede pelo número de bainhas feitas. O Jawa
médio tem cinco ou seis quando atingem a idade adulta, deixando
algumas estrias reveladoras na grossa casca de sua vestimenta.
A veste de Jot havia sido dobrada duas vezes.
Depois de muitos meses de prática, Jot podia entrar e sair de seu
recinto secreto em segundos. Era vital que mantivesse essa manobra
rápida e furtiva. Não poderia deixar ninguém saber sobre o seu
espaço.
Dizer que o compartimento não era especialmente confortável
seria um desserviço à própria ideia de desconforto. Era, como as suas
dimensões mencionadas antes, apertada, especialmente por conta
das bugigangas que Jot coletava em serviço. Durante os seus turnos,
ele poderia simplesmente colocar itens que lhe chamavam a atenção
na lateral de seu cinto e depois adicionar diretamente em sua
coleção. Devido a esse simples processo, o seu tesouro já havia
crescido exponencialmente.
Esse único benefício compensava todas as desvantagens de seu
esconderijo, que eram muitas.
O cinto de rolamento que servia como teto da lacuna
ocasionalmente cedia sob o peso de grandes pedaços de sucata. A
parede a estibordo do esconderijo era na verdade o casco da parte
exterior do Sandcrawler, que ficava insuportavelmente quente ao
toque de catorze horas ao dia. Havia espaço de sobra lá dentro para
Jot ficar sentado longe daquela parede quente. O calor abrasador não
seria um problema, contanto que Jot não tentasse, distraidamente,
se esticar para ficar confortável enquanto admirava os seus tesouros.
Infelizmente para Jot, perder a concentração era um de seus
passatempos mais honrados. Não era incomum para os transeuntes
ouvirem um grito abafado vindo das fendas do elevador, seguido de
um peculiar e desagradável cheiro de pele de Jawa chamuscada
pairando pelos corredores do Sandcrawler.
Essas falhas não impediam o contentamento de Jot com o seu
alojamento secreto. Silêncio, privacidade e solidão não eram apenas
escassos naquele Sandcrawler; o transporte estava excessivamente
cheio, tanto de carga como de tripulantes, ambos criaram um
ambiente onde o conceito de espaço pessoal era estranho.
Jot nunca soube do quanto precisava daquele espaço até obtê-lo;
agora a ideia de viver sem ele era inimaginável. Não é que ele não
gostasse de sua vida no Sandcrawler, certamente era preferível à
monotonia da vida na fortaleza, mas as suas horas gastas
trabalhando com as sucatas pareciam mais longas e vazias, desde que
descobriu o esconderijo. Cada minuto gasto na triagem de metais
encharcados de areia era um minuto gasto longe de si mesmo, longe
de sua casa, e longe do Contador de Histórias.

As dunas de Tatooine parecem áridas para a maioria dos forasteiros,


os quais, por alguma razão (tipicamente ilícita) ou outra, acabam
visitando. Esta avaliação não é completamente injusta; a vida em
Tatooine é tão difícil quanto você esperaria de um planeta onde a
umidade é tão escassa ao ponto de merecer a sua própria economia.
Mas todo Jawa, especialmente os que embarcam em um
Sandcrawler, conhece a seguinte verdade: A superfície das dunas é
inerte sim, mas as areias estão sempre em expansão. Enterrados na
imensidão infinita e arenosa do lugar haviam mais naves abatidas do
que naves no céu. Havia mais droides do que qualquer fábrica
poderia produzir em um século. Havia mais riqueza, recursos e
história do que jamais poderia ser registrado ou escavado.
Não havia um Jawa sequer em Tatooine que não acreditasse de
todo o coração que havia mais areia abaixo deles do que lá nos céus
acima. A areia, sabiam os Jawas, era mais fértil do que qualquer
forasteiro poderia imaginar; e o vento era o seu lavrador constante.
Muitos Jawas poderiam lhe contar histórias de relíquias
inimagináveis desenterradas pela forte brisa, considerando que você
falasse Negocialês (ou até mesmo Jawaense, o que muito
provavelmente não falasse.). Estranhos meteoros enterrados em seus
envoltórios cristalinos. Cruzadores antigos do tamanho de pequenas
cidades. Por assim dizer verdadeiras cidades pequenas: civilizações
inteiras que há muito haviam sido definhadas pela sede, mortas e
perdidas no tempo.
Jot relatava as histórias de suas descobertas mais vezes do que
poderia contar. Cada momento permaneceu bem vívido na sua
mente, a pequena protuberância de um osso saindo do chão a poucos
metros da casa de sua família. O trauma da dor em seu braço quando
cortou sua mão em algo sob aquela sujeira. Como o vento naquela
noite, junto com o frenesi de sua curiosidade, revelou a descoberta
de Jot na manhã seguinte.
Um dragão krayt. Um dos grandes. O maior que Jot já viu. Ele
aumentava a força da narrativa a cada vez que contava.
Sobre a terra onde Jot nasceu, e milhares de anos antes daquela
descoberta, um dragão krayt morreu e foi preservado pela área
frontal da casa de Jot.
Haviam poucos Jawas conhecidos de Jot que nunca ouviram a tal
história. A maioria no Sandcrawler já tinha ouvido mais de uma vez,
e a outra grande maioria tinha que ter paciência para ouvir as novas
versões.
Por mais que tivesse sido muito importante para ele, Jot também
estava ficando cansado daquela história; as cenas que contava com
tanta exuberância e euforia pareciam ficar menos interessantes a
cada performance. Havia se agarrado bastante em sua história, e
sabia que estava cada vez mais apagando o brilho dela.
Muitas semanas depois de Jot ter descoberto a abertura abaixo da
esteira, o vento soprava ferozmente sobre as dunas perto de seu
Sandcrawler, extraindo uma nova história das profundezas.

A tripulação do Sandcrawler estava adormecida, desfrutando de uma


rara folga noturna enquanto o veículo atravessava uma forte
tempestade de vento que ameaçava encher os motores de areia. Na
manhã seguinte, um cargueiro há muito adormecido foi descoberto
quase tão completamente em uma duna ali perto, que o primeiro
Jawa a vê-lo poderia jurar que havia caído ali enquanto a tripulação
tomava o café da manhã.
Foi o maior prêmio do Sandcrawler em meses, e todos os Jawas a
bordo se deliciaram em saqueá-lo. Em menos de uma hora o
cargueiro já tinha sido completamente despedaçado; pequenas mãos
arrancaram e cortaram cada painel, cada cabo e cada milímetro de
circuito interno. A espécie do piloto, há muito falecido, não era
identificável, mas a sua profissão era evidenciada pelas suas tralhas:
um rifle blaster modificado, detonadores termais, uma antiga
armadura Mandaloriana, e um datapad ainda funcional que exibia
centenas de mandados expirados de diversos criminosos da galáxia.
O piloto era um caçador de recompensas, e baseado na qualidade de
sua equipagem, era um dos melhores.
Jot foi forçado a patrulhar o perímetro do local de escavação
enquanto o resto da tripulação fazia uma limpa no transporte em
busca de objetos valiosos, muitos dos quais acabariam perdidos nos
bolsos espaçosos de suas vestes. Não foi a primeira vez que Jot foi
obrigado pelo seu clã a realizar uma tarefa indesejada. Infelizmente,
o seu tamanho era terrivelmente conveniente para os valentões.
Durante a sua atividade, Jot notou uma figura parcialmente
enterrada no lado oposto da duna onde seu grupo achou o cargueiro
destroçado.
Era um droide astro mecânico. Um volumoso balde preto que não
havia sido tão bem preservado quanto os outros pertences do
caçador de recompensas. Um grande buraco em seu casco central
apresentava sinais de corrosão na célula de fusão, o que
inevitavelmente significava que cada componente em seu chassi
principal estava além de qualquer reparo.
A cúpula do droide, no entanto, era intrigante. Jot já tinha visto
vários droides astro mecânicos passarem pela linha de recolhimento
para serem reparados, limpos e vendidos. Essa unidade era
claramente feita sob medida. O seu holoprojetor foi instalado em
uma unidade de processamento secundária, junto com a sua discreta
unidade de dados e uma fonte interna de alimentação. Todo esse
hardware personalizado em um único dispositivo, até onde Jot
poderia dizer, tornava o processador completamente redundante.
Por alguma razão, aquele caçador de recompensas morto há muito
tempo deu àquele droide um cérebro secundário.
Trabalhando cuidadosamente, verificou os seus controlador
através da emenda superficial abaixo da cabeça cupulada do droide,
garantindo acesso à sua estrutura peculiar, que para a alegria de Jot,
podia facilmente ser deslocada para fora de seu encaixe.
Jot colocou a inteira unidade do holoprojetor nas dobras de seu
manto. Era justo levar para casa um prêmio, ele imaginou.
Jot correu de volta para o Sandcrawler, de volta para a privacidade
de seu compartimento, grato por seus colegas estarem muito
ocupados com o cargueiro para notar a sua tentativa desajeitada de
contrabando. Reservou um lugar para o dispositivo no centro do
compartimento, dando-lhe mais espaço entre as sucatas do que deu a
si mesmo.
Os Jawas não eram reconhecidos por seu senso de estética, e Jot
não era exceção, mas ele ficou muito feliz pelo fato do holoprojetor se
encaixar em seu pequeno espaço. Ele considerava aquele quarto
como seu, e o manteve intensamente em segredo desde que o
descobriu. Agora o esconderijo pertencia ao projetor. Pareciam que
eram feitos um para o outro, pois as suas peças se encaixavam ao
design.
Depois de vários minutos organizando meticulosamente a sua
coleção em pilhas, Jot descobriu um núcleo de memória que havia
encontrado em sua primeira visita ao compartimento. Ele levantou o
núcleo até sua boca e pressionou suavemente a sua língua contra o
contato metálico, e sentiu uma aspereza, assim como um choque
atravessá-lo. Ótimo. A bateria interna do núcleo ainda estava
funcionando, ou seja, significava que os dados lá dentro ainda
estavam provavelmente intactos.
Ele nervosamente inseriu o núcleo de memória na unidade do holo
projetor, e o dispositivo imediatamente zumbiu, dando sinal de vida.
Abaixo da interface visível do dispositivo, não que Jot fosse capaz
de decifrar o processo mesmo se pudesse vê-lo, sub-rotinas
complexas examinaram simultaneamente, contra programaram, e
descriptografaram o conteúdo da memória, exibindo-os segundos
depois através das lentes do holo projetor.
Jot não sabia, mas o software de descriptografação era tão
sofisticado como ilegal. Na verdade, absurdamente ilegal.
Por um momento, o esconderijo foi preenchido de uma luz
cinzenta sem forma. Isso pegou Jot de surpresa, cegando-o
momentaneamente, fazendo com que cambaleasse em pânico, direto
para a parede escaldante do estibordo do compartimento. Em
segundos, a luz recuou para alguns centímetros à frente do projetor,
tomando forma com notável clareza.
Jot recuperou a visão. Ele viu estrelas. Não os rastros do flash. Ele
viu estrelas de verdade.
Viu a curvatura suave de Tatooine perto da base da projeção, a sua
superfície marcada com listras grossas de cor laranja claro, âmbar e
bronzeada, marcada por uma enorme cratera vermelha. Viu a proa
de uma nave estelar se espreitando na projeção, com a parte de trás
da cabeça do piloto quase invisível na ponte. A nave estava rolando
lentamente no sentido anti-horário, mas o piloto a colocou de volta
no alinhamento correto. Então outra rolagem, e outra correção, e
assim por diante.
A nave estava falhando, mas ainda não tinha caído, o que
significava, pelos próximos minutos, pelo menos, que Jot poderia
assistir a sua descida. Aquele componente personalizado do droide
deu a Jot um relato em primeira mão do último e condenado voo de
uma nave através das estrelas.
Quando o Contador de Histórias trouxe aquela imagem à
existência pela primeira vez, os olhos de Jot se encheram de
lágrimas. Por ver a história, as estrelas, o voo, e observar o único
planeta que ele sempre viveu, visto lá de cima a quilômetros de
distância, seus olhos não ficariam secos por um bom tempo.

Jot não conseguia recordar de quando o seu desejo de sair de


Tatooine surgiu pela primeira vez. Quando criança ele amava mexer
em quaisquer dispositivos quebrados que as areias de Tatooine lhe
ofereciam: tabuleiros de holoxadrez, peças de landspeeders,
servomotores de droides e outras coisas do tipo. Ele foi encorajado a
seguir as suas experimentações, mas isso não chegou nem perto de
satisfazer a sua curiosidade. Ansiava pela oportunidade de se
enterrar nas entranhas de uma corveta Corelliana, aperfeiçoar os
propulsores de um caça estelar, reparar o motivador de hiperdrive de
um cruzador galáctico.
Jot, obviamente, não fazia ideia de como fazer qualquer uma
dessas coisas. Mas aquilo não era bem um problema. Naves
estelares, como todas as outras coisas, eram apenas peças. Elas até
poderiam ser interligadas de maneiras indecifráveis, mas, pelos
cálculos de Jot, quando quebradas abaixo do número de níveis
necessário, tudo no universo era feito de peças conectadas.
Sandcrawlers consistiam em sistemas especializados que os
permitiam operar no ambiente hostil de Tatooine. Esses sistemas
eram compostos de máquinas tanto simples como complexas, mas
todas eram feitas de partes interligadas.
Os ossos brancos e reluzentes do dragão krayt de Jot eram apenas
partes de um esqueleto projetado por incontáveis gerações de
implacáveis fundamentações biológicas.
As estrelas, também, eram peças, mas de outro tipo. Jot sabia
tanto sobre astronomia quanto sobre motivadores de hiperdrive de
cruzadores galácticos, mas sabia que as estrelas se moviam pela
galáxia em um conjunto continuamente ordenado.
Se tivesse peças, poderia ser compreendido. Jot sabia disso, com
tempo suficiente dentro de uma nave estelar, ele poderia aprender
sobre os seus componentes e sobre como fazê-los agir. E se ele
conseguisse fazer isso, Jot ganharia o seu lugar nos céus.

Jot agora estava insaciável.


Com o Contador de Histórias e um lugar privado para desfrutar de
seus contos, a falta de entusiasmo pelo trabalho no Sandcrawler se
tornou um problema. Alguns dias depois de descobrir o Contador de
Histórias, Jot perdeu um turno inteiro de trabalho vasculhando o
núcleo de memória que havia recuperado. Havia examinado o
conteúdo diversas vezes, assistindo transações comerciais
arquivadas, apresentação de slides de férias exóticas e mensagens
trocadas entre entes queridos. Ele não entendia uma palavra
daquelas mensagens, mas o seu remetente, um velho homem careca
e risonho, estava sempre soltando risadas alegres e profundas que
traziam um sorriso ao rosto de Jot.
E então ele assistia a gravação final do núcleo, sem fôlego e
nauseado ao ver o transporte daquele homem agradável tombando
em seu local terminal nas dunas, onde iria descansar
profundamente.
Jot valorizava bastante as histórias do núcleo de memória. Mas ele
sabia que elas, quando contadas exaustivamente, perdiam o seu
encanto. Recusou-se com grande esforço a arruinar aqueles registros.
O Contador de Histórias precisava de novas histórias para serem
contadas.
Jot solicitou uma transferência da linha de coleta, a qual o seu
supervisor, frustrado com as recentes faltas de Jot, estava mais do
que feliz de lhe conceder. Jot foi colocado na equipe de preparação
final, operando fora do setor de carga do transporte. Ficava alguns
decks de distância de seu esconderijo, dificultando a Jot usar o
Contador de Histórias em seus intervalos, mas essa posição o
oferecia um benefício que compensou esse inconveniente.
O trabalho que Jot conseguiu era de reparos em firmware, uma
função que consistia em otimizar a velocidade do carregamento dos
núcleos de memória de droides prontos para venda. A maioria dos
Jawas não são exemplos de cientistas da computação, mas
reformatar um núcleo de memória para apagar o seu
armazenamento era uma operação extremamente simples.
Esse tipo de reformatação era uma prática padrão em transportes
de sucata como aquele. Os compradores gostam de pensar em seus
produtos como sendo os mais novos possíveis, apesar de comprá-los
de uma enorme lixeira móvel.
Depois de dois dias de treinamento no trabalho, Jot se destacou
em aumentar a performance da saída de produtos do transporte. A
sua nova supervisora ficou satisfeita com a sua eficiência, mas estava
confusa por Jot recusar fazer o seu trabalho no cais de carga, ao lado
do restante da equipe de preparação. Se ela realmente parasse para
pensar nisso, a supervisora de Jot perceberia que ela mesma mal
sabia onde realmente Jot estava fazendo o seu trabalho.

Os dias de Jot em seu novo cargo foram preenchidos com uma


alegria ininterrupta. Ele podia passar a maioria de seu tempo no
esconderijo, onde iria se deixar levar por um novo núcleo de
memória do Contador de Histórias, o qual iria descriptografar e
explorar. Assistiu novas histórias com muita atenção, tentando
memorizar cada detalhe, prometendo silenciosamente a si mesmo
lembrá-los o quanto conseguisse, de acordo com sua habilidade.
Ele tinha que lembrar, pois depois de visualizar a cada núcleo de
memória, Jot removeu delicadamente o seu invólucro e com cuidado
desconectou a sua bateria interna, instantaneamente apagando o seu
conteúdo, em busca de otimização.
Jot lamentava fazer isso, mas se a sua performance no trabalho
fosse afetada, ele ficaria provado desse infinito suprimento de
histórias. Só podia ver as projeções apenas uma vez, então as
destruía para sempre, passando as horas seguintes reintegrando a
unidade de memória de volta ao droide que a abrigava.
As maravilhas das horas anteriores compensavam a tristeza que
Jot sentia a cada exclusão. As memórias de Jot o levavam para os
confins da galáxia, para lugares os quais os olhos Tatooineanos
nunca testemunharam:
A floresta de imponentes e pontiagudas árvores que cobriam um
planeta inteiro de um verde e carmim exuberantes.
A intocada ponte de um cargueiro imperial, banhado em linhas
pares de um néon claro.
Uma cidade de luzes resplandecentes escondida embaixo de um
mar perfeitamente calmo.
E entre as estrelas. Núcleos de memória de droides astromecânicos
que foram preenchidos com o histórico dos mais espetaculares voos
de seus donos. Nessas histórias, Jot puxava para trás o capuz de seu
manto e levantava o seu rosto rente ao holograma, envolvendo-se
com a ilusão de estar entre as estrelas. Ele podia fechar os seus olhos
enquanto se aproximava da imagem, então os abria, e por um
momento, sua mente poderia enganá-lo fazendo-o pensar que aquele
voo, aquela nave e aqueles céus eram seus.
Aqueles momentos de desilusão foram os mais felizes da vida
terrestre de Jot, naquele planeta.

Foi a preferência de Jot por memórias de droides astro mecânicos


que o levou a reivindicar uma unidade R2 peculiar adquirida pelos
Snatchers nos cânions fora de Mos Eisley.
Ele chamou a atenção de quase todos na equipe de preparação,
principalmente por causa da pouca preparação que, na verdade,
precisava. Muitos droides que chegavam à linha precisavam de um
exaustivo processo de limpeza para dar aos seus chassis enferrujados
um semblante apresentável para os seus compradores. Essa unidade
R2 parecia que nunca havia passado um minuto sequer nas dunas.
Os seus componentes não estavam cheios de areia. As suas esteiras
de locomoção pareciam ter sido trocadas no dia anterior. Seu chassi
azul e branco ainda estava pintado, algo que os ventos do deserto não
teriam permitido por muito tempo. Algumas marcas de queimadura
mancharam seu exterior impecável, não queimaduras de íons vindas
de armas engatilhadas, mas sim de blasters de verdade.
Essa unidade R2 era um mistério para todos a bordo, mas Jot
sabia exatamente como resolver isto.
Com ainda mais reverência do que de costume, Jot removeu o
núcleo de memória da unidade R2 e o invólucro quase perfeito que
abrigava a peça, depois fugiu para o esconderijo. Ele pressionou o
contato metálico com sua língua e, por reflexo, gritou ao levar um
potente choque. Ele apertou uma de suas mãos contra sua boca e
desejou que ninguém o tivesse ouvido, esperando silenciosamente a
garantia de que não havia traído o segredo de seu compartimento.
Depois de vários minutos tensos e silenciosos, ele prosseguiu.
Carregou o núcleo de memória no Contador de Histórias, e pela
primeira vez o droide infrator teve dificuldades de decifrar o seu
conteúdo.
O Contador de Histórias estava zumbindo de forma preocupante,
dedicando mais energia à tarefa do que Jot imaginava que a pequena
estrutura era capaz de produzir.
Mas o Contador de Histórias completou o seu assalto com um
satisfatório som sibilante, expondo a história da unidade R2.
O peito de Jot começava a afundar no interior de sua veste à
medida que se apressava para memorizar a odisseia de informações
que testemunhava.
Assistiu a unidade R2 realizar um reparo ousado na asa de uma
elegante espaçonave prateada, ruindo em chamas em torno de sua
estação, errando-a por centímetros.
Assistiu a unidade R2 correr através de uma enorme fábrica de
droides, uma edificação cavernosa, toda em metal e lava derretida.
Um monólito que deixaria o seu Sandcrawler envergonhado.
Assistiu a unidade R2 testemunhar algum tipo de cerimônia, a
qual um homem vestido de preto e uma mulher com um lindo véu se
beijaram solenemente sobre um lago ao pôr do sol.
Ele viu exércitos de droides além do que a vista alcançava.
Viu espadas feitas de fogo.
Viu pessoas com mantos usando mágica de verdade.
As pessoas mágicas estavam lutando entre si usando as espadas
flamejantes.
Uma dupla derrubou um pelotão inteiro de droides usando a sua
magia.
Jot ficou perplexo. Encantado. Encostou-se ao casco escaldante
por um, dois, três, quatro segundos antes de perceber o que tinha
acabado de fazer.
A imagem tremulou e o Contador de Histórias projetou outra
memória.
Jot viu uma mulher vestida com um longo vestido branco. Seu
cabelo estava enrolado em firmes anéis em torno de suas orelhas. Ela
dirigiu as suas palavras para um público invisível por menos de um
minuto, então se agachou, mudando o seu comportamento calmo
para um aspecto de preocupação pela primeira vez. Seu braço estava
estendido, preparando-se para usar um blaster.
Jot não a entendia, ele não conseguia entender as várias línguas
faladas naquelas histórias. Mas mesmo sem ouvir a sua mensagem,
Jot conseguia decifrar a preocupação em seu rosto tão claramente
como o dia. Isso era um aviso.
E a história final da unidade R2 mostrou a Jot exatamente sobre
do que o aviso se tratava. Uma nave estelar do tamanho de um
planeta. Arredondada, linda e ao mesmo tempo odiosa, com uma
dimensão bem além da compreensão. De todas as imagens
impossíveis vistas por Jot nas memórias desse R2, essa foi a mais
estranha e, por razões incompreensíveis a ele, a mais aterrorizante.
Um medo frio e fervilhante subiu à sua garganta à medida que ele
estudava o diagrama.
A segurança calorosa de seu compartimento secreto foi esvaída, e
pela primeira vez desde que descobriu aquele esconderijo, ele se
sentiu completamente exposto. Ele se sentiu vigiado.
Momentos antes de a imagem sumir, Jot notou uma série de
números no canto, uma data e hora. Aquela história havia sido
copiada para uma fonte de mídia externa naqueles últimos dois dias.
Não era como as outras histórias que Jot havia pego emprestado
dos droides estafados do deserto que ele teve contato. Isso não era
um antigo registro de voo de um cargueiro há muito quebrado, ou os
momentos finais da vida de um droide viajante abandonado. Esta
história, com aquela magia, as espadas de fogo, a mulher agachada e
aquela nave do tamanho de um planeta, estava acontecendo no
agora.
A gravidade dessa constatação sobreveio a Jot de repente. O seu
semblante estava entorpecido.
Durante a sua vida inteira, Jot serviu com prazer como espectador
das histórias que constantemente se decorriam ao seu redor. Até
mesmo no relato de seu dragão krayt, ele não era o protagonista. Os
seus irmãos foram os primeiros a achar o esqueleto naquela manhã.
O seu pai terminou por escavá-lo. Sua mãe adornou o crânio com
uma coroa de flores do deserto. Jot só estava lá.
Mas estar lá não era bom o bastante agora. A próxima parte da
história do droide, se não era um capítulo, mas era apenas uma
linha, era a responsabilidade do droide para com o autor.
Como os ossos cintilantes de seu dragão, como as estrelas no céu,
como cada painel, fibra e alvenaria das máquinas as quais ele havia
trabalhado todos os dias de sua vida, Jot agora era parte de algo. Pela
primeira vez sentiu que não era apenas um observador passivo das
histórias de sua vida. Ele era um participante.
Aquilo era uma iluminação que poucos tinham a sorte de vivenciar
durante toda a vida. Jot por acaso encontrou aquilo em uma falha da
arquitetura em formato de caixão daquela lixeira ambulante.
O Contador de Histórias ejetou o núcleo de memória do droide R2,
com as suas crônicas esgotadas. Jot o guardou nas dobras de seu
manto de bainha dupla, com os seus dados ainda intactos. O
pensamento de executar a limpeza dos dados nem mesmo passou
pela sua cabeça. Jot desacreditava que ele era digno de participar da
história do droide. Ele certamente não merecia um fim sem qualquer
cerimônia.
Jot se contorceu para sair do compartimento, sem nenhuma
preocupação quanto a ser visto ao sair pela entrada secreta à vista de
todos. Ele correu, tropeçando, pelo convés do Sandcrawler e se
engasgou aliviado ao ver o droide R2 ainda desativado na doca de
carregamento. Colocou o núcleo de memória novamente no encaixe.
As suas mãos tremiam de entusiasmo.
Jot sabia que o abandono de seu dever seria a qualquer momento
descoberto por algum infeliz comprador depois que a unidade R2
fosse reativada e colocada no mercado. Ele não ligava. A sua partida
do Sandcrawler era iminente e há muito esperada.
Amanhã sairia do grupo de coleta. Encontraria uma nave em Mos
Eisley ou Anchorhead que o permitiria embarcar da maneira que
fosse.
Veria as estrelas, e escreveria histórias sobre cada uma delas.
Ele se tornaria uma parte insubstituível de mais e mais designs,
até que enfim, poderia encontrar plenamente a máquina feita para
ele.
O garoto falava demais. Se Reirin alguma vez falasse com aquele
desrespeito aos mais velhos, ela estaria agora tratando de um
traseiro machucado e ordenhando banthas até que seus dedos
ficassem permanentemente azuis.
Embora o velho não fosse melhor que ele, hesitava indeciso acerca
dos droides, igual a um Neimoidiano negociando um acordo
comercial. Trrru’uunqa! Por que eles eram tão lentos? Reirin
precisava entrar naquele Sandcrawler, e ela precisava entrar agora.
Reirin passou o seu gaderffii da mão direita para a sua esquerda, e
sacudiu a areia de suas vestes. Escolhe logo alguma coisa, seu velho
tolo. Os Jawas vendiam droides danificados, mas que eram
restaurados se colocasse a quantidade de óleo nos lugares certos.
Reirin bufou. Só mesmo um fazendeiro idiota seria estúpido o
bastante para comprá-los.
Fazendeiros da umidade, especificamente. As mãos de Reirin se
fecharam apertando o blaster em sua cintura. Camponeses fedidos e
suados que pensavam ter mais direito do que ela sobre o deserto e as
suas dádivas.
O fazendeiro se decidiu por uma unidade de protocolo de cor
dourada fosca, que tagarelou a ele com uma voz metálica até que o
velho o obrigou a calar a boca. Típico. Os fazendeiros tratavam como
esterco de bantha qualquer coisa que não era semelhante a eles.
Droides, Saqueadores, Jawas. Tudo era a mesma coisa. De segunda
classe. Inferiores.
Reirin sonhava em prová-los quem, exatamente, era inferior.
Sonhava em pegar o gaderffii de seu pai e causar alguns estragos
sangrentos. E se não, queria apenas provar a si mesma. Provar que
era mais do que alguém que se escondia de dragões krayt nas ruínas,
mais do que uma cuidadora de sua bantha, de seus filhos e de seu
companheiro.
Mas em seu clã as mulheres saqueadoras não participavam das
batalhas, não importava se ela usava o gaderffii melhor do que
qualquer um de seus inúteis primos homens. As mulheres
saqueadoras não lutavam, e as mulheres saqueadoras não foram
feitas para coisas mais importantes, então os devaneios de Reirin
continuariam a serem apenas sonhos.
A menos...
Agachou-se atrás do condensador. Não ousaria pensar nisso, a fim
de que não a levasse à possibilidade de deixar de existir. Não havia
garantia de que conseguiria roubar o item que o comerciante
solicitou sem que os Jawas percebessem, e muito menos entregá-lo
inteiro.
O velho e o garoto finalmente se decidiram quanto a sua segunda
unidade, um droide astromecânico branco e vermelho. As duas novas
aquisições cambalearam pelas areias escaldantes em direção à
propriedade do fazendeiro. Não havia tempo de sobra.
Trrru'uunqa! Ela precisava de uma distração. Quem dera se
tivesse um aliado! Alguém para causar um tumulto para que pudesse
correr para o Sandcrawler, encontrar o item, e voltar, desaparecendo
assim entre os resíduos. Alguém que pudesse recorrer. Alguém que
quisesse sair de sua rocha infernal tanto quanto ela.
Pensou, brevemente, em Qeruru'rr. Ele empunhava o gaderffii com
uma graça natural, tão mortal quanto um krayt faminto. Ele achava
que as mulheres não deveriam ficar em casa durante os saques. E ele
a fazia rir.
Ele era um bom amigo. Reirin gostaria de tê-lo ao seu lado. Pois
não sabia o queencontraria em Mos Eisley quando levasse o item
para o comerciante. Poderia enganá-la, falar a ela que o preço por
uma vaga para fora do planeta subiu. Poderia vendê-la como escrava,
e ela nem saberia, não até ela ser largada em Kessel para morrer de
fome, ser espancada e trabalhar até a morte.
Sim, seria ótimo ter um aliado. E Queruru'rr seria um dos
melhores.
Agora era tarde demais. Tinha ido embora por tempo suficiente
que o seu retorno resultaria em perguntas que ela não poderia
responder. Não sem envergonhar a sua família. Não sem ser
condenada a várias semanas de gélido silêncio do resto de seu clã.
Até mesmo Qeruru'rr não falaria com ela. Não se quisesse ser
envergonhado também.
Como se querer algo além de banthas, calor, e saques fosse
vergonhoso.
Mas tão rápido quanto a raiva de Reirin aumentou, ela
desvaneceu. Os costumes de seu povo lhes permitiram sobreviver
embora eles estivessem cercados de inimigos por todos os lados.
Estava fora por apenas um dia e já sentia falta do pudim de melão
negro de sua mãe, da voz grave de seu pai contando a ela histórias
junto ao fogo.
Ela iria sentir saudade deles. Sabia disso. E não os veria
novamente, pois, se realmente saísse do planeta, nunca mais poderia
voltar à Tatooine.
Não adianta ficar pensando. Você tomou a sua decisão.
Duras palavras ecoaram da planície, e Reirin voltou a sua atenção
de volta aos fazendeiros da umidade e aos Jawas. O fazendeiro velho
estava trocando palavras com o Jawa líder, gesticulando igual a um
louco com o droide astromecânico, o qual levantou uma maldita
nuvem de fumaça negra. O garoto, em pé ao lado do droide dourado,
gesticulou para a outra unidade, rechonchuda e lívida.
Agora Reirin! Enquanto não estão olhando! Desceu devagar,
grata pela máscara simples feita de couro e tecido que usava.
Enquanto os Jawas e os fazendeiros discutiam sobre os droides
Reirin se pôs atrás do condensador nas sombras do Sandcrawler.
Cuidadosamente rastejou para o espaço oco entre os dois enormes
trilhos que permitiam a locomoção do transporte através do terreno
impiedoso de Tatooine.
Então dirigiu a sua cabeça para as entranhas do Sandcrawler,
usando as suas mãos enluvadas para cavar através de fios,
engrenagens e tubos. Tem que ter uma alavanca aqui. Tem que ter.
Tem.
Mas onde?
As vozes elevadas diminuíram, os contratempos lá fora foram
resolvidos. Há qualquer momento, o Sandcrawler se moveria e ela
seria esmagada em seu rastro.
Qual é, Reirin! Suas mãos ficaram mais agitadas até que
finalmente seus dedos se fecharam ao redor de uma longa barra de
metal. Isso! Ela a agarrou, ativou, e momentos depois foi erguida a
um porão de carga escuro. Havia uma luz fraca vindo de uma fileira
de pequenas escotilhas. Lá fora, os fazendeiros escoltaram as suas
novas mercadorias às suas casas. O Sandcrawler rugiu.
Agora! Encontre! Mas por onde começar? O resmungo dos Jawas,
ao entrarem na frente do porão a fez parar até que lhe surgiu o senso
de mergulhar atrás do motor de um cargueiro gigante enferrujado.
Não ouvia os passos dos Jawas, eles andavam tão mansamente
como gatos, mas podia sentir o cheiro dos malditos. Reirin engasgou
por baixo de sua máscara. Eles eram piores do que os fazendeiros,
com o zumbido de moscas sobre eles. Os Jawas manobraram a
mercadoria restante de volta para o porão, e então o fedor
enfraqueceu. O Sandcrawler rumou lentamente para leste, em
direção à Estação Tosche e Anchorhead.
Reirin, a aquela altura, já teria ido embora há muito tempo. Com
isso, voltou a sua atenção para a sua busca, mas foi tragada pela
desesperança. O comerciante não a lhe deu o bastante para
continuar.
Ele a encontrou em Bestine há três semanas, altamente
encapuzada e tentando vender mercadorias roubadas. Ele se
escondeu, apesar de terem se encontrado duas vezes, ela ainda não
tinha visto o seu rosto, e a única coisa que sabia dele é que era um
humanoide.
É algo pequeno, disse a ela. Talvez esteja numa bolsa ou caixa.
Não é maior do que a sua mão e pode ser de uma dessas cores. Azul.
Verde. Roxo. Os Jawas saberão o que é, e pode até ser que esteja
trancafiado.
Reirin vasculhou a pilha de lixo mais próxima antes de
rapidamente a dispensar. Os Jawas eram mais meticulosos com as
suas posses do que com a própria higiene. Eles não deixariam algo de
valor simplesmente jogado por aí. Os olhos dela se ajustaram a
escuridão, mas era quase impossível distinguir em qual direção
deveria olhar, todas as pilhas de lixo pareciam exatamente iguais.
Amaldiçoou os Jawas. Pequenos acumuladores fedorentos.
O seu pescoço formigou e rodopiou, examinando as pilhas atrás
dela. Se houvesse um Jawa andando sorrateiramente por ali, ela
saberia, certo? Farejou o ar. Nada além de óleo velho e ferrugem.
Ali! No canto esquerdo inferior do porão, numa caixa de metal tão
coberta que quase não percebeu. Aproximou-se estremecendo,
tentando não perturbar uma pilha de entulhos, quando uma
minúscula bandeja de engrenagens tintilou alto quando passou.
Ouviu um farfalhar em frente ao porão e se agachou, aguardando. A
voz estridente de um Jawa soou, e naquele momento não se atreveu
nem mesmo a respirar.
Sai... sai! Mas o Jawa não saiu. Em vez disso, moveu-se para mais
perto, murmurando para si mesmo. Podia sentir o cheiro... ouvir as
moscas, ele se viraria a qualquer momento e localizaria o seu
esconderijo. Reirin apertou a mão em seu blaster. Teria que matar a
maldita criatura...
Mas momentos depois, o Jawa desapareceu voltando ao porão
principal, ainda murmurando. O Sandcrawler prosseguiu adiante.
Reirin se moveu rapidamente na direção da caixa. Era quase tão
alta quanto ela, e tinha uma fechadura de um tipo antigo pendurada,
a qual Reirin só ouviu sobre ela nas histórias que seu pai contava.
Reirin a puxou. Deveria ter saído de imediato.
Em vez disso, os seus pulmões ficaram cheios de ferrugem e
reprimiu uma tosse. Trrru’uunqa! Perambulou até achar uma barra
longa e pesada com um entalhe na extremidade. Ela a cravou entre
as duas pontas da fechadura e puxou para baixo com toda a sua
força, bufando através de sua máscara. A fechadura não cedeu.
O Sandcrawler começou a desacelerar, a próxima propriedade não
estava longe, e os Jawas voltariam ao porão, para retirar as suas
mercadorias. Se Reirin fosse encontrar o item do comerciante, ela
precisava fazer isso agora.
Talvez nem esteja aqui! Talvez você esteja perdendo tempo por
nada!
Mas alguma coisa, uma sensação estranha e instintiva, disse a
Reirin que o item que ela precisava estava ali. Assim como conhecia
o toque de sua mãe e os movimentos de seu bantha, sabia que aquela
caixa continha a sua salvação.
O compartimento de carga fez um barulho quando o Sandcrawler
passou por cima de um obstáculo. Reirin pensou, e então pegou o seu
blaster. Deu um passo cauteloso pra trás e, no obstáculo seguinte,
disparou. O tiro resultou na incineração da fechadura, e da metade
da caixa também. Reirin fez um buraco em sua luva puxando a
tampa aberta fumegante.
Depressa! Depressa! Remexeu dentro de alguns sacos de
parafusos, encontrou fios dourados tão finos como cabelo e, algo que
parecia ser ossos de um animal grande.
E então viu um brilho, um verde profundo, como a luz que cruzou
o horizonte de Tatooine ao escurecer.
No momento em que a pedra estava em sua mão, ela se sentiu...
inteira. Como se ela, sem se aperceber durante toda a sua vida,
tivesse perdido um membro de seu corpo e finalmente o teve de
volta. Maravilhou-se com isso: uma coisa minúscula, não tão grande
quanto a palma da mão e com a extremidade incompleta, estava
quebrado. Onde estava a outra metade?
Reirin procurou dentro do cofre pelo restante da pedra, mas
percebeu que não estava lá. Ao som vindo do outro lado do
compartimento de carga, congelou, com terror no estômago, não por
si, mas pela pedra. Eles não tirariam aquilo dela. Aquilo pertencia a
ela. A ninguém mais.
Mas por que esse apego? Por que ela se sentia assim se nunca
havia visto aquela coisa antes? Olhou pra baixo, para a forma como
aquilo brilhava no espaço laranja do porão. Que poder aquilo tinha
sobre ela?
Era disso que sua mãe falava com respeito ao vínculo com o
bantha? Reirin nunca sentiu isso, embora tivesse criado a mesma
besta bem-educada desde criança. Pra ela, era mais um animal de
estimação do que um amigo.
Se a afeição que sentiu por aquela pedra era parecido com o que os
saqueadores deviam sentir por seus banthas, então Reirin entendeu
a razão pela qual a besta era tão reverenciada em seu povoado.
Entendeu o motivo das uniões serem bem ou mal sucedidas com
base na relação entre dois banthas parceiros. Se aquela rocha um dia
fosse tirada dela, travaria uma guerra por ela. E se algum dia
encontrasse o outro pedaço, aquele que o tivesse também possuiria
um pedaço dela, e ela dele.
Então como vou me separar disso? Como, se entregar isso ao
comerciante é o único jeito de fugir desse lugar?
Olhou através das pequenas janelas. A propriedade dos
fazendeiros de umidade já estava bem longe agora. O menino estaria
limpando os droides, preparando-os para o trabalho. Nesse ínterim,
a próxima fazenda estava perto o bastante para que as edificações
ficassem a vista, com suas densas sombras no crepúsculo que
iniciava. A noite era iminente, e Reirin sabia que ela não poderia
viajar com segurança pelo deserto depois do pôr do sol. Ela não tinha
mais tempo para pensar ou ponderar algo. Teve que ir embora.
Reirin encontrou a escotilha e esperou ao lado dela até que o
Sandcrawler reduzisse a velocidade até parar. No mesmo segundo
que isso aconteceu, abriu a escotilha e fugiu, empurrando-a para
fechá-la bem no momento em que os Jawas entraram no porão para
retirar suas mercadorias outra vez.
Com o coração disparando, Reirin escorregou pelos trilhos e ao
redor do transporte. Ela era uma sombra. Não era mais visível para
os fazendeiros que saiam de suas casas como grãos de poeira. Ao
anoitecer, teria invadido uma propriedade próxima para conseguir
um transporte, e pela manhã estaria em Mos Eisley.
Então, a esse ponto, teria que dar a pedra ao comerciante.
Embora, franziu a testa a si mesmo enquanto olhava para o item,
aquilo parecia mais um cristal do que uma pedra.
Não abriria mão daquilo. Não podia.
Você não precisa fazer isso, disse uma voz calma dentro dela. Você
encontrará um jeito, quando chegar a hora certa, de conseguir o
que você precisa. Você chegou até aqui, não é?
Com aquele pensamento para lhe sustentar, Reirin desapareceu na
noite iminente de Tatooine, com o seu sangue cantarolando e o
futuro dela bem seguro em suas mãos.
A areia estava por todo lugar, nas rodas do pequeno droide
vermelho, em suas articulações, e até mesmo nas profundezas de
seus acopladores de ativação. A sujeira endureceu tanto os seus
fotorreceptores, que só conseguia distinguir formas vagas. Não que
isso importasse. O calor extremo dentro do Sandcrawler, seguido por
um repentino esfriamento noturno, havia entortado a sua carcaça
gravemente. Entre isso e a areia molestadora, ele só conseguia virar a
cabeça alguns graus para olhar qualquer coisa que estivesse por ali.
Ainda podia sonorizar, piscar as suas luzes, e mover as suas
pernas. Mas, estava aprisionado nesta maldita esteira rolante por
quatro anos, colocado à venda por Jawas para todos os fazendeiros
de umidade do território, e em todo esse tempo, recebeu pouca ou
nenhuma manutenção. Mais do que qualquer coisa na galáxia, queria
ser vendido. Escapar do Sandcrawler. Cumprir a sua programação
servindo a um novo mestre, alguém que limpe as suas juntas de vez
em quando, ofereça algumas gotas de lubrificante, lhe dar um
propósito. Mas o tempo estava se esgotando. Estava sozinho e estava
morrendo.
Em uma certa noite, o pequeno droide estava abrigado em seu
ninho de sucata, escondido no canto mais agradável e escuro do
porão de carga, quando dois Jawas se aproximaram. Um carregava
um objeto cilíndrico com uma alça. Um atordoante, sem dúvida. Os
Jawas finalmente tinham desistido dele. Eles o eletrocutariam,
arrancariam todas as partes que ainda tivessem valor, e jogariam o
resto dele na fornalha para derreter e transformar em sucata. Ele deu
um chiado triste de resignação, esperando que fosse rápido.
Para a sua surpresa, os Jawas o inspecionaram em vez disso,
tagarelando um com o outro. Eles se comunicavam tanto através do
cheiro quanto pelas palavras, e o droide nunca teve receptores
olfativos, mas ele entendia o suficiente. Algo sobre uma fazenda. Um
droide astromecânico. E claro como um dia em Tatooine, veio aquela
maravilhosa, e gloriosa palavra: venda.
Os Jawas discutiram, mas chegaram a um acordo rapidamente.
Falta um. O outro ergueu o objeto cilíndrico em direção ao droide,
que chiou para os Jawa, com receio de ter esperança. A criatura não
disse nada em resposta. Ele simplesmente inclinou o objeto, e uma
gota fria de lubrificante espesso de repente revestiu o fotorreceptor
esquerdo do droide, embaçando tudo.
Com cuidado, o Jawa usou a ponta da manga para limpar a areia e
a sujeira. Em seguida, colocou generosas gotas de lubrificante em
suas juntas, na sua cabeça giratória, em seus passos, tudo o que tinha
sido molestado por uma morte lenta e terrível na areia, nos últimos
dois anos. O droide vermelho soltou um suspiro estridente. Nada
nunca foi tão bom. Claro, só conseguia se lembrar de quatro anos
antes, o ponto em que sua memória foi apagada, mas tinha certeza
de que nada em toda a sua misteriosa existência havia sido tão
esplêndido quanto isso.
O Jawa raspou a areia de seu compartimento de ferramentas,
limpou os seus outros fotorreceptores, deu-lhe um tapinha na cabeça
e o deixou sozinho em seu ninho de sucata. Ficou olhando para a
criatura, com a sua visão um pouco menos arranhada e embaçada
agora, e se maravilhou com a sua sorte. Se entendeu corretamente,
uma fazenda próxima havia especificamente solicitado um droide
astromecânico, e como os Jawas se deram ao trabalho de limpá-lo
um pouco, tinha uma boa chance de finalmente encontrar um novo
mestre.
O pequeno droide se abrigou em seu ninho e se desligou para
economizar energia. Pela manhã, estaria mais brilhante e mais
limpo.

Poucas horas depois, quando o calor escaldante estava dando lugar


ao frescor da noite, um choque o acordou. Balançou, as arruelas,
molas e sucatas de seu ninho caíram em sua cabeça. Reconheceu o
som estridente e a onda de excitação dos Jawa que se seguiu. O ímã
do Sandcrawler tinha aspirado um novo achado, que agora estava
sendo depositado no porão de carga.
Girou a cabeça para ver melhor, esperando encontrar achados de
décadas antes. Uma forma se materializou na escuridão. Era
pequeno, com pouco mais de um metro de altura, com um topo
abobadado. Um corpo redondo de prata brilhava na luz exígua,
enfeitado com um azul brilhante. Soltou com raiva, ameaças de
morte aos Jawas, caso não recuassem neste segundo.
O droide vermelho ficou tão feliz em ouvir a linguagem binária, a
primeira linguagem de sua programação, que demorou um momento
para a implicância ser registrada. Outro astromecânico. Em boas
condições. Uma unidade de elite R2, nada menos, tão superior a sua
própria linha, quanto um blaster é com relação a um punho raivoso.
Nunca seria vendido agora. Ninguém o escolheria em vez do recém
chegado.
A unidade R2 continuou a protestar quando os Jawas o ajustaram
com um parafuso de restrição. As criaturas ignoraram suas ameaças,
conversando animadamente umas com as outras. Este foi o segundo
droide totalmente funcional que eles retiraram da areia hoje, uma
fortuna sem precedentes. Claramente sua sorte estava mudando. Em
breve, o clã deles seria o mais rico do território.
Quando o parafuso de restrição da unidade R2 foi apertado com
força, ele deu um último bipe indignado, em seguida, deslizou pelo
porão de carga para conversar com a descoberta anterior do
Sandcrawler, um droide dourado com uma voz áspera. Eles pareciam
se conhecer.
Na medida que o pequeno droide vermelho se desligava,
perguntou-se como seria ter luzes brilhantes e um revestimento
elegante, além de uma cabeça giratória que podia girar sem ter dor.
Como seria ter alguém para conversar.

Na calada da noite, foi sacudido pela segunda vez por um braço


mecânico cutucando o seu compartimento de acesso. Ele gritou,
girando o corpo para desacoplar a coisa que o cutucava.
O droide prata e azul estava diante dele, sua pinça balançava no ar.
Ele sibilou um triste pedido de desculpas.
O droide vermelho berrou de indignação. Desculpe por me
sabotar? Ou desculpe por ter sido pego?
Sim, o outro respondeu. Então ele se apresentou: Eu sou R2-D2 e
estou em uma missão importante.
O droide vermelho encarou fixamente. Obviamente, a empolgação
da captura e contenção havia sobrecarregado os circuitos da unidade
R2.
Ainda assim, escolheu responder na mesma moeda. Eu sou R5-D4.
Nenhuma missão, que eu saiba. Minha memória foi apagada há
quatro anos.
R2-D2 continuou como se não tivesse ouvido. Devo ser vendido
amanhã. Preciso escapar deste Sandcrawler. O destino da galáxia
depende disso.
Que droide estranho. É por isso que a sua pinça estava no fundo
do meu compartimento de acesso Ele perguntou. Você estava
sabotando o seu competidor?
Sim. Por favor, a Rebelião precisa da sua ajuda.
A palavra Rebelião desencadeou algo, o fantasma de uma
memória. Uma impressão em os seus circuitos que nenhum
apagamento poderia tocar. Ou talvez ele simplesmente tinha ficado
comovido com a sinceridade de R2-D2. Fosse o que fosse, ele quase
acreditou.
Mas a programação superior das unidades R2 as tornava capazes
de enganar em certas circunstâncias; todo mundo sabia disso. Não
podia confiar em uma única palavra que o droide azul disse.
Por favor, R2-D2 disse novamente.
O droide vermelho não era capaz de enganar, então ele só poderia
dizer a verdade a R2-D2: se eu não escapar deste Sandcrawler e
encontrar um mestre em breve, deixarei de funcionar.
R2-D2 murmurou simpaticamente, mas então disse: eu já tenho
um mestre, e se não o encontrar, a galáxia estará condenada.
Novamente, aquele puxão estranho em seus bancos de memória.
Algo que ele não conseguia processar. Uma verdade estava além de
seus sensores.
Um par de Jawas pararam o que estavam fazendo para olhar em
sua direção. R2-D2 havia perdido a sua chance de ser furtivo.
Não vou tentar machucar você de novo, R2-D2 disse, e com isso,
ele rolou para os recônditos escuros do porão.
O pequeno droide vermelho não se arriscou. Ficou ligado a noite
toda, em estado de alerta máximo.

A manhã chegou, enviando uma luz fraca e empoeirada através das


emendas onde portas e painéis não se encaixavam mais. O crawler
deu uma guinada e parou, e o compartimento de carga se abriu para
um mundo quente e ofuscante. O pequeno droide vermelho ajustou
rapidamente os seus fotorreceptores para compensar.
Os Jawas juntaram um punhado de seus droides mais
apresentáveis e os conduziram pela rampa até a areia suja. R5-D4 era
o segundo na linha, a unidade R2 mais elegante e bonita logo ao lado
dele. O pequeno droide vermelho tinha uma única e tênue esperança:
talvez esta fazenda em particular fosse muito pobre para pagar pelo
outro droide. Talvez, apenas talvez, eles tivessem que se contentar
com ele.
Na parte inferior da rampa, um homem de meia-idade estava
esperando, com as mãos nos quadris, os olhos semicerrados
permanentemente por causa da areia e do sol. Suas roupas para o
deserto e seu cinto de utilidades estavam surrados, mas limpos e
bem remendados. A sua barba era rala e grisalha, mas bem elegante
e aparada. Certamente, um homem tão esforçado seria um bom
mestre. O droide vermelho estava certo disso.
Atrás do fazendeiro, havia uma propriedade rural. Não era muito,
um casebre de barro, alguns buracos no solo e as torres altas e
estreitas de vários vaporizadores de umidade.
Comparado com o balde gigante de ferrugem onde esteve por
quatro anos, parecia o paraíso.
Ao lado dele, R2-D2 dançou para chamar a atenção do fazendeiro.
R5-D4 permaneceu impassível e imóvel, embora os seus circuitos
estivessem disparando tão rapidamente que a sua temperatura
interna estava subindo perigosamente. A sua série era conhecida pela
excitabilidade, pela falta de confiabilidade. Provaria que a sua
reputação estava errada. Permaneceria calmo, se comportando como
um droide perfeito.
O fazendeiro caminhou em direção a ele, com o manto ondulando.
Um menino o seguia, de ombros caídos e mal humorado. Ele recém
tinha saído do estágio da adolescência humana, esbelto e bronzeado,
o cabelo loiro realçado pelos sóis gêmeos de Tatooine.
Os olhos escuros do homem mais velho se concentraram em seus
fotorreceptores e, erguendo o queixo, ele disse:
— Sim, vou ficar com aquele vermelho.
R5-D2 quase estourou seus circuitos. O fazendeiro realmente disse
isso? R5 foi realmente escolhido?
O fazendeiro continuou descendo a linha, dispensando R2-D2 com
um aceno.
— Não, esse não.
Ele o havia escolhido! R5 não acreditava na sua sorte. Tudo o que
ele pôde fazer foi ficar calmo, para não balançar o lugar, enquanto o
menino esbelto se agachava diante dele para inspecionar suas juntas.
O fazendeiro estava entrevistando o droide dourado agora, mas
R5-D4 mal prestou atenção. Depois de quatro longos anos, ele
finalmente teria um novo mestre. O fazendeiro e o menino ficariam
muito contentes por o terem comprado. Ele seria o melhor droide
que já existiu...
Ao lado dele, R2-D2 soltou um suspiro pesaroso.
Você encontrará um mestre, R5-D4 garantiu a ele no binário.
Alguém vai comprar você.
R2-D2 respondeu: Não há tempo.
— Luke — o fazendeiro chamou. Ele indicou o R5-D4 e o droide
alto e dourado — Leve esses dois para a garagem, certo? Eu os quero
limpos antes do jantar.
— Mas eu estava indo para a Estação Tosche para pegar alguns
conversores de energia!
— Você pode desperdiçar o seu tempo depois das suas obrigações.
— disse o fazendeiro. — Vamos, faça o que eu disse.
O menino suspirou.
— Tá legal, vamos. — Ele gesticulou para que o droide dourado o
seguisse, em direção à fazenda. — E você vermelho. Venha.
R2-D2 chiou tristemente. A galáxia está condenada, disse ele.
R5-D4 hesitou. Ele tinha um mau pressentimento.
O menino percebeu que o pequeno droide vermelho não o estava
seguindo
— Anda logo, Vermelho. Vamos!
R5 entrou em ação e cambaleou atrás do menino. Ele seria limpo.
Por seu novo mestre, nada menos. Estava esperando por este
momento fazia quatro anos. Atrás dele, R2-D2 dançava
descontroladamente no lugar. Me ajude, R5! ele implorou. Você é
minha única esperança.
R5-D4 girou a sua cabeça em direção a R2-D2 bem a tempo de
assistir um Jawa levantar uma arma de controle, e acertar o droide
azul. O parafuso de restrição fez seu trabalho, e R2-D2 ficou
silencioso e imóvel.
O sentimento ruim se intensificou.
O menino e o droide dourado continuaram em direção à fazenda.
R5-D4 o seguiu, mas ele se arrastava, com os seus movimentos
pesados pela incerteza. Seus circuitos estavam disparando
rapidamente agora, seus processadores internos agitados e girando,
tentando dizer algo a ele.
A compreensão o atingiu como um ímã de sucção: ele acreditava.
Acreditava que R2-D2 estava em uma missão importante.
Acreditava que o droide era para salvar a galáxia. E algo dentro dele,
uma impressão, uma memória fugaz, algo tão velho e teimoso quanto
as estrelas, insistia em que ele ajudasse.
Porque a causa da Rebelião também era a sua missão.
Sabia o que tinha que fazer. Pela primeira vez em quatro anos de
consciência, ele executaria um artifício.
Como uma mera unidade R5, ele não deveria ser capaz, mas na
fração de segundo que levou para formular um plano, ele não
descobriu barreiras, nem limites. Ele havia sido alterado.
Não há tempo para pensar nisso agora. Tinha que fazer uma
eliminação da energia de emergência, que exigiria sutileza e
concentração. Preparou-se com cuidado, desligando circuitos
desnecessários, afrouxando a dobradiça de sua placa frontal. Todo
aquele lindo e precioso lubrificante que o Jawa lhe deu na noite
anterior circulava por suas juntas, acalmando os seus fios, resfriando
os seus circuitos. Ele redirecionou seu fluxo, reunindo-o em uma
massa logo atrás de seus fotorreceptores. Precisaria de tudo para ser
convincente.
Uma vez pronto, o pequeno droide vermelho não hesitou. Desviou
a energia e descarregou tudo com um único golpe devastador.
A sua placa da cabeça estourou, lançando fagulhas. A fumaça saiu,
o lubrificante superaquecido tornando-se tão espesso e sujo como
uma nuvem de tempestade.
O menino virou com o som.
— Tio Owen! — ele chamou.
— O que é? — disse o fazendeiro.
— Esta unidade Erredois está com um motivador ruim. Olha.
R5-D4 desejou a si mesmo silêncio absoluto. A fumaça continuou a
jorrar de sua cabeça e uma pequena gota do precioso lubrificante
escorregou pelo invólucro.
O fazendeiro se voltou contra os Jawas.
— O que vocês estão tentando nos empurrar? — ele perguntou,
agitando os braços. R2-D2 se recuperou do choque e assobiou baixo
e claro, tentando chamar a atenção de alguém. Quando isso não
funcionou, ele dançou no lugar, balbuciando alto.
Por favor, note o R2, o droide vermelho implorou silenciosamente.
Foi o droide alto com a voz irritante que veio em seu socorro. Ele
bateu um dedo dourado no ombro do menino.
— Com licença, senhor, mas aquela unidade Erredois está em
ótimas condições. Uma excelente barganha.
O menino olhou para R2-D2 como se o visse pela primeira vez.
— Tio Owen! — ele chamou.
— O que é?
— E aquele ali? — O menino indicou o droide azul.
Bastou um olhar.
— E aquele azul? — o fazendeiro perguntou aos Jawas. — Vamos
levar.
Um Jawa deu uma cutucada em R2-D2, e o droide prateado
avançou com um grito de vitória.
Outro grupo cercou R5-D4.
— Sim, tire isso — disse o menino, sacudindo a fumaça do rosto.
O droide vermelho tinha se machucado gravemente, mas ainda
podia funcionar. Ele desligou tudo, exceto os seus receptores
auditivos e fingiu estar morto, permitindo que os Jawas o erguessem
e o carregassem de volta para o escuro e horrível Sandcrawler.
Em baixa potência, cercado por corpos de Jawa, mal conseguia
distinguir o timbre de despedida de R2-D2. Obrigado, amigo, o
pequeno droide azul o chamou. Você pode ter salvo a galáxia hoje.
Nunca te esquecerei.

A história de R2-D2 foi confirmada quando os stormtroopers


Imperiais chegaram. O pequeno droide vermelho se agachou em seu
ninho de sucata, continuando a se fingir de morto, enquanto os
troopers interrogavam os Jawas sobre os dois droides que tinham
acabado de vender.
Posteriormente, os lasers explodiram qualquer coisa que se
movesse, enchendo o Sandcrawler de gritos, tornando o ar úmido e
quente. Os stormtroopers deixaram o crawler em uma ruína
fumegante, cheia de corpos.
Quando teve certeza de que os Imperiais haviam partido para
sempre, R5-D4 se desvencilhou de seu ninho, pressionou o controle
da rampa e rolou para o sol quente do deserto.
Depois de quatro anos com os Jawas, a rota comercial deles era tão
familiar para ele quanto o seu próprio circuito, e sabia exatamente
que caminho seguir. Uma das fazendas de umidade no próximo vale
aceitaria de bom grado um droide de graça. Ele seria reparado.
Limpo. Tornado útil. Mais tarde, se tivesse sorte, ele poderia até
encontrar a Rebelião.
Teria que se apressar, porque seu dano tinha sido crítico. Mas ele
não se arrependeu e não olhou para trás.
R5-D4 era apenas uma partícula na paisagem ocre e estéril
enquanto rolava em direção ao horizonte, livre e cheio de esperança.
O cérebro de um dragão krayt ocupava somente uma pequena
parte de seu esqueleto enorme. O resto do espaço, de acordo com o
credo dos Tuskens, era preenchido por simples e puro ódio, um dom
enviado pelos irmãos dos altos céus.
A’Koba achava que isso era só mais um dos contos bobos, usados
para assustar crianças e os que são fracos demais para empunhar
uma arma. Contudo, ao enfrentar um krayt, em um desfiladeiro no
Deserto de Jundland, o jovem corpulento começou a entender como
a lenda havia surgido. Por quatro vezes, o Tusken havia perfurado,
com a ponta arredondada de seu bastão gaffii, a cabeça do dragão
filhote; por quatro vezes ele não acertou nada vital, desencadeando,
em vez disso, uma torrente de raiva, rangidos de dente e bater de
pés.
Não havia nada misterioso nisso, é claro; qualquer criatura
reagiria assim se buracos fossem feitos em sua cabeça. De toda
forma, ele simplesmente teria que continuar atacando, desde que
conseguisse evitar ser pisoteado.
— Depressa, primo! — chamou outro guerreiro envolto por panos.
Agarrando-se loucamente à cauda da fera, A’Vor havia perdido a
sua arma em meio à areia, como o seu irmão gêmeo que também
estava em algum lugar lá atrás, após ser arremessado pelo poderoso
krayt. Entre os clãs Tuskens, dizia-se que o nascimento de gêmeos
era um mau presságio; quem quer que tivesse inventado esse mito,
definitivamente, conhecera os seus primos. Cabia a A’Koba,
portanto, manter os seus parentes estúpidos com vida.
Com um estrondoso grito de guerra, atacou o gigante que se
debatia, evitando um golpe no último instante. Ele atingiu a lateral
da boca do dragão com o som de traang, a ponta dobrada de sua
arma, fisgando a criatura que, instintivamente, dera uma mordida.
Esta, certamente seria suficiente para acabar com praticamente
qualquer coisa que o krayt fosse encontrar...
..., mas esta refeição não era de carne e osso, mas de duraço,
encontrado pela tribo em algum assentamento antigo. A ponta da
pesada arma foi encharcada com veneno de morcego-da-areia. Com
o efeito deste paralisante de ação rápida, o dragão cambaleou para o
lado, confuso. A’Koba se agarrou à haste do bastão gaffii, forçando a
arma para dentro da boca do monstro. O krayt desabou, levantando
uma grande nuvem de poeira ao se debater por algum tempo.
A’Koba arrancou a arma da boca do dragão e escalou a cabeça
escamosa.
Desta vez, a besta não mais reagiu aos repetidos golpes. O feito
fora cumprido.
— Sim! — A’Vor gritou, na língua furiosa dos Tuskens, liberando-
se da cauda do dragão — somos adultos agora!
— Eu sou. Não sei sobre vocês dois — A’Koba olhou para atrás para
ver o irmão de A’Vor escalando a duna de areia, em sua direção.
Estava ferido, mas não morto. Antes que pudesse repreendê-los por
seu baixo desempenho, avistou os observadores do clã descendo de
um cume para o campo de batalha.
Retirou, enfim, o seu bastão do cérebro do krayt, erguendo-o no
ar.
— Eu sou A’Koba! — gritou, com orgulho, elevando-se sobre a
cabeça gigante do cadáver. — eu matei um dragão krayt. Eu sou um
Tusken!
— Você matou um filhote, no calor do dia. — Disse um dos recém-
chegados. — Não pense que você é um guerreiro lendário.
— Quem... — ele olhou para baixo, onde um reflexo do pôr do sol
denunciava a A’Koba a identidade de quem havia falado.
A’Yark.
Enquanto outros Tuskens tinham dois cilindros metálicos como
visores, o chefe do clã só precisava de um, muito tempo antes, havia
colocado uma joia escarlate no olho direito que não funcionava. Isso
servia, por um lado, para tapar o buraco, mas também tinha como
função lembrar a todos de que estava no comando.
— Desça daí, — disse A’Yark. — olhar para você coça meu pescoço.
A’Koba pensou em cinco respostas diferentes, mas as descartou
por serem imprudentes. Por fim, obedeceu. Os irmãos gêmeos,
cambaleando, reuniram-se próximos a ele.
— Nós vencemos o desafio — disse A’Vor.
— Sim, sim. — respondeu A’Yark, voltando-se para um
companheiro que segurava as armas perdidas pelos gêmeos. — A
nossa lei diz que quem possui duas mãos pode segurar um bastão
gaffii. Não sei qual valor possuem guerreiros que perdem a sua arma
constantemente.
Os irmãos se encolheram de vergonha, mas A’Koba não cedeu.
— Não foi uma vitória pequena, A’Yark — disse, gesticulando em
direção ao cadáver — um krayt dos cânions, o maior de seu clã.
— E se seus pais encontrassem vocês, vocês seriam os mais
esmagados dentre os nossos. — A’Yark respondeu, balançando a sua
cabeça.
— Vou matar toda a família. — A’Koba disse, cerrando seu punho
coberto de panos — Você verá. Eu liderarei o clã em batalha, um dia.
— Isso é o que você diz, — A’Yark passou por ele para avaliar o
krayt — Admito que é um feito digno. Quando me tornei chefe, há
muito tempo, o clã havia se rebaixado tanto que a nossa prole era
forçada a matar logra em seus ritos de passagem.
Ou ratos womp e besouros-do-deserto. No momento de seu
triunfo, A’Koba não estava interessado em ouvir um sermão sobre
como a liderança de A’Yark havia salvo o clã.
— Eu realmente vou realizar o que falo. — Declarou — Não tenho
medo de nada. Ordene e eu liderarei uma caça esta noite.
— Só um tolo não teme nada. — Respondeu A’Yark, virando-se
para trás abruptamente.
— Então ou eu sou um tolho ou você está errado. — disse A’Koba,
olhando ao redor do cadáver, fazendo um espetáculo para os outros.
— O que eu devo temer? Certamente não os colonos e as suas
máquinas. E eu sei que devo manter distância de um sarlacc. —
Apontou para o norte e continuou. — Você estaria se referindo ao
Hutt? Se ele passar um dia aqui no deserto, debaixo dos sóis, ficaria
todo enrugado igual ao Worrt que ele de fato é.
O discurso animou aos seus primos. Os anfíbios Worrts eram raros
de se encontrar em um planeta deserto, mas a maioria dos jovens
Tuskens já havia matado pelo menos algumas dessas criaturas
gorduchas. A’Yark, por sua vez, não estava animado nem intimidado.
— Você fala apenas das ameaças óbvias. — Disse o chefe. — Mas
existem magias, no deserto. Eu vivi muito e vi grandes poderes em
ação, exercidos por seres muito além de nossa compreensão.
— Eu já fiz a minha refeição, não preciso de histórias — A’Koba
apontou para além das dunas. — Com certeza haverá crianças no
acampamento para você assustar.
A’Yark agarrou o ombro do jovem com firmeza e disse:
— É preciso mais que coragem para liderar. É preciso manter a
mente e os olhos abertos!
E eu tenho um a mais que você.
— Suas palavras se apoiam em areia ao vento. — disse A’Koba
bufando.
Ele conteve-se e, dando um passo para trás, acrescentou,
mostrando seu respeito:
— Eu temo apenas você, meu chefe.
— Isso é um começo.
A joia de A’Yark refletiu a luz do pôr do sol.
— Pegue o seu bantha e lidere a sua caçada, — Decidiu o chefe —
Mas antes de atacar qualquer coisa, reporte-se a mim. — E com um
desdém, disse acenando para os gêmeos. — E se esses dois acabarem
perdendo os seus bastões, acabe com eles.

— A’Yark é o verdadeiro tolo. — Ele disse para os gêmeos, em sua


caça noturna. A’Koba não temia falar abertamente sobre isso; a
ambição franca era uma característica da vida de Tusken. Nenhuma
Pessoa da Areia respeitaria um conspirador silencioso. A sua
juventude lhe conferia certa segurança, pois não estava nem um
pouco pronto para um confronto, de forma que A’Yark
provavelmente não se ofenderia.
A’Koba não tinha ideia de quantos anos teria o chefe; sabia
somente que A’Yark ocupou o papel de líder por mais tempo do que
era possível se lembrar. Em outro clã, alguém tão envelhecido teria
problemas ao ser desafiado. Mas não A’Yark, pois se manteve tão
feroz, senão mais feroz, em batalha quanto qualquer outro guerreiro
que A’Koba tenha visto.
E ainda assim, de alguma forma, o chefe parecia hesitante,
principalmente quando A’Koba e os gêmeos voltaram de sua caça
noturna. Eles relataram ter visto um droide vagando ao longo de um
vale, nas proximidades da região sudeste do Jundlad, perambulando
na escuridão, totalmente descuidado. Efígies mecânicas feitas para
falar, os droides eram uma das características mais intrigantes da
vida dos colonos; raramente eram interessantes para os Tuskens, os
quais, de forma geral, não sabiam e nem se importavam com a
maneira como foram construídos.
De todo modo, o droide em forma de tubo tinha, por certo, uma
missão, fazendo dele uma excelente isca. Alguém iria procurá-lo e,
então, A’Koba atacaria...
... se lhe fosse permitido. Mais uma vez, A’Yark se impunha. O
rastro do droide passava perto do local onde, segundo dizia o chefe,
um acampamento inteiro de Tuskens tinha sido misteriosamente
massacrado, durante a noite, haviam muitos ciclos atrás. Vários clãs
evitavam essas ruínas desde então, atribuindo maus presságios à
região.
Mais bobagens que A’Yark levava a sério o suficiente para insistir
em acompanhar o trio naquela manhã, a fim de seguir o rastro do
droide. Levaram consigo banthas, no caso de precisarem se
locomover rapidamente ou carregar despojos, além dos rifles de
blaster.
A sua superstição beira a covardia, A’Koba pensou enquanto ele e
A’Yark observavam o deserto de cima de um rochedo íngreme. Eles
haviam ido a um ponto, na trilha do droide, em que o vale formava
um zigue-zague, oferecendo várias oportunidades para uma
emboscada; havendo, inclusive, lugares seguros na proximidade para
deixar os banthas. Contudo, A’Yark os fez pegar o caminho mais
longo para chegar ao local, além de parar por diversas vezes para
analisar os arredores.
— Nós desperdiçamos uma boa parte do dia — A’Koba disse
enquanto esperavam na encosta, observando, — Poderíamos estar
aqui há muito tempo.
— Há mais a evitar aqui do que você imagina. Um grande poder,
na verdade. Além das montanhas habita...
— Eu não vou ouvir isso! — A’Koba disse repentinamente — O que
poderia acontecer, pelos sóis lá em cima? Não sei o que você está
tentando...
— Quieto! — A’Yark puxou o manto de A’Koba, mas não com a
intenção de afrontá-lo. Ele ouviu o que o chefe havia escutado um
pouco antes: o som de um motor se aproximando. Os dois correram
para um ponto mais elevado, de onde viram um landspeeder, uma
máquina humana infernal, voando pelo vale abaixo.
É isso! Levantando o seu rifle, A’Koba mirou no veículo ainda
distante, conforme este corria da esquerda para a direita, mas
desistiu assim que A’Yark tocou seu ombro. O chefe estava certo,
nesta ocasião pelo menos: o landspeeder estava longe demais e seus
ocupantes estavam vindo pelo droide, ou seja, iriam parar
certamente ao alcançá-lo.
Os guerreiros se moveram rapidamente com seus banthas para o
vale em que haviam visto o droide pela última vez. Uma grande
pedra pontiaguda os separava de suas presas; A’Koba ouviu o motor
sendo desligado. Deixando pra trás as feras de carga peludas, ele e os
gêmeos começaram a escalar a pedra. Havia pouco tempo a perder.
Então, quando outro chamado meio abafado veio de trás de seu
ombro, A’Koba se virou irritado.
— O que foi agora, A’Yark?
O chefe de um olho só parou no meio da encosta, rifle na mão, e
gesticulou para as montanhas ao norte.
— Esse lugar, como tentei te dizer, é próximo à onde mora um
poderoso feiticeiro.
— Um o quê?
— Um humano. Com poderes além de seu corpo físico — A’Yark
respondeu — temos evitado essa área, por anos.
O que é que você não evitou, velho tolo? A’Koba olhou para cima,
onde os gêmeos haviam chegado após a escalada, voltando-se para
A’Ayark, a quem se dirigiu, calmamente:
— Ele possui uma milícia como os colonos?
— Ele não precisa disso. Ele controla as criaturas das areias —
A’Yark fez uma pausa, refletindo. — Não, ele controla o ar em si.
A’Koba o encarou, incrédulo. Então, ele pegou seu cantil, jogando-
o encosta abaixo.
— Você deveria ficar por aqui, chefe, e beber algo. Os sóis devem
ter te apanhado.
— Eu te garanto, o que contei é verdade.
Os dois olharam quando A’Vor voltou declive abaixo.
— O speeder parou. — Relatou quando os alcançou. — Um humano
e um outro droide que é um homem dourado.
— Com o que... o humano se parece? — perguntou A’Yark
erguendo a vista.
— Ele tem cabelo cor de areia. Acho que é jovem como nós. Vestido
como fazendeiro.
A’Koba olhou para seu primo e, erguendo as mãos para o chefe,
disse:
— Viu só? Não é o seu bruxo. Vamos.
A’Yark, entretanto, ficou paralisado, buscando entender.
— Um jovem fazendeiro com os seus droides, vindo até aqui. Aqui?
Não parece um bom presságio.
A’Koba o encarou por um momento, então deu de ombros,
balançou a cabeça e disse:
— Você me desaponta. Desça e permaneça com os banthas.
Traremos o prêmio até você.
— Vá. Pegue o que puder, mas não mate, a menos que seja
necessário.
A’Koba se voltou para o seu primo e, juntos, começaram a escalar a
encosta. Um chefe Tusken, com medo de assombrações e lendas?
Impossível!
Ele pensou que, talvez, fosse necessário desafiar o chefe pela
liderança do clã, muito antes do que havia imaginado.

Os gêmeos jogaram no chão o corpo desfalecido do Cabelo Arenoso.


Fora feito de maneira bem simples, por A’Koba: seu primeiro ataque
como um guerreiro adulto. Ele não havia matado, mesmo se sua
vontade fosse fazê-lo. Contudo, desarmou rapidamente o jovem
fazendeiro, desmaiando-o após causar-lhe um medo terrível. Um
começo auspicioso, pensou A’Koba, para formar uma lenda sobre
mim. Talvez um dia, os ingênuos tremessem ao falar seu nome em
voz baixa. Seus parceiros foram forçados a se contentar em cortar o
braço do homem dourado; o que, na escala de feitos, mal contava.
— Onde está o droide roliço? — perguntou A’Vor.
— Você quer outra morte gloriosa? — Zombou A’Koba. — Esqueça-
o e vá trabalhar.
Juntos, os três vasculharam o conteúdo do speeder, procurando
por qualquer coisa que pudesse ser útil. Olhar tudo rapidamente, era
da natureza dos saqueadores, mesmo que não houvesse pressa
alguma. Aqui, não havia chance de resgate para o viajante ferido.
Nada com que se preocupar...
— Ayooooo-eh-EH-EHH!
O som ressoou pelo vale, alto e terrível, modificando-se conforme
reverberava pelas rochas. Poderia ter vindo de somente uma coisa.
Um krayt no cânion, A’Koba pensou. E não um qualquer, uma
rainha!
O som viera da direção nordeste; os três Tuskens olharam, ao
mesmo tempo, naquele sentido, esperando ver um dos pais
vingativos da besta que mataram no dia anterior. Se assim fosse, no
lugar em que estavam, seriam facilmente mortos.
Contudo, o que eles viram foi muito mais inesperado. Uma figura
envolta em um manto marrom, rosto invisível sob um capuz
pontudo. Uma figura desconhecida que os Tuskens não imaginavam
ser capaz de emitir tal som.
O feiticeiro!
Na fração de segundo que demorou para formar esse pensamento,
A’Koba foi dominado pelo medo, em todos os aspectos parecido com
o medo que acabara de causar no fazendeiro. Imagens passaram por
sua mente. Seus membros entraram em movimento, tirando-o de
perto do landspeeder. Os seus primos estavam já correndo, fugindo.
Ele se apressou em segui-los.
Estava já no alto, quando se atreveu a pensar novamente.
O que havia acabado de ver? E ouvir?

A’Koba nunca antes montara em um bantha com outros dois


guerreiros, mas era assim que estava, no momento. Eles correram
para a montaria mais próxima, com o líder guerreiro seguindo-os
com a outra.
A’Yark alcançou o trio longe do desfiladeiro. Os primos desceram
de sua montaria, e ficaram encolhidos no alto de uma duna,
conversando nervosamente entre si. A’Koba sentou-se na areia, aos
pés do bantha, as rédeas ainda presas fortemente em sua mão. Ele
mal percebeu quando o chefe se aproximou.
— Quando eu ouvi.— A’Yark disse. — eu já estava na sela.
A’Koba não respondeu.
— Você está com medo. — O chefe disse. — A mágica do deserto
ainda não havia te atingido.
— Eu... a senti. — A’Koba não levantou a vista. — Não era só o som.
Eu me senti...
— Na presença de um krayt adulto.
— Buscando se vingar pelo filhote que matei.
— Hummm. E os dragões buscam vingança?
A’Koba se esforçou para processar os pensamentos. Olhou pra
cima e disse:
— Este sim. Eu pude sentir no som. Mas quando olhei, vi aquela
figura... — fez uma pausa, preocupado por parecer um tolo. Havia
falado demais, mas permitiu-se ainda acrescentar: — Eu não
acreditei em meus olhos.
A’Yark o encarou, ajoelhando-se.
— Os colonos o chamam de Ben.
— O que? Como você sabe disso?
— Eu já vi tudo o que vive no deserto, — respondeu A’Yark. — E a
primeira vez que vi Ben, foi antes de você nascer. Ele é um forasteiro,
um bruxo. Ele mora na fronteira do Jundland.
A’Koba ouviu, mas não entendeu.
— Se ele é uma ameaça, por que nunca o atacamos antes?
— A que custo? Era melhor evitar a região. O deserto é grande e
esta área não vale a luta, — A’Yark fez uma pausa, — Aprendemos
que tudo o que vive é inimigo dos Tuskens. Mas isso é simplório
demais. Há coisas que nos deixam em paz se fizermos o mesmo. O
sarlacc não fará uma visita ao nosso acampamento. — Disse o chefe,
levantando-se.
A’Koba assentiu, voltando a respirar normalmente. O jovem
guerreiro, então, olhou para os primos encolhidos, ambos tremendo
ao sol.
Algo não estava certo.
— Não. — A’Koba disse afinal, olhando para o horizonte. — Não
pode parar aqui. Devemos voltar. — Levantou-se.
A’Yark o olhou surpreso.
— Voltar... para o vale?
— Sim, e em maior número. — Limpou a areia e olhou para o
chefe, acrescentando: — Essa é nossa área, por mais odiada que seja.
Devemos mostrar que ninguém pode invadi-la impunemente, nem
mesmo bruxos.
A’Yark o olhou com um novo e evidente respeito.
— Se você quiser, então vá. Você tem minha autorização. Eu devo
decidir pelo clã inteiro. Mas você é um adulto, A’Koba. A sua vida
pertence a você, como as vidas daqueles que se juntarem a você.
— Vou morrer?
— Se você estiver fadado a isso. Mas, se morrer, você será
lembrado como um Tusken.

A’Yark observou o trio desaparecer nas dunas, indo em busca de


reforços, confiante de que não havia possibilidade de, em seu
retorno, encontrarem o bruxo. A vida sob os sóis mudou a aparência
de Ben, mas não deteriorou os seus sentidos. Se o Cabelo Arenoso
fosse alguém com quem o bruxo se importasse, Ben não perderia
tempo em levá-lo para casa com os seus droides.
Portanto, permitir que A’Koba continuasse a sua perseguição fora
um gesto simbólico, não totalmente desprovido de valor. A’Yark
sabia que havia certos ritos que mesmo um chefe deveria performar.
A’Koba perdera o seu orgulho, não havia sentido em desencorajá-lo
ainda mais, não imediatamente após ter se tornado adulto. Tão
poucos guerreiros possuíam o seu impulso, e a rebeldia era o que, no
Deserto de Jundland, separava os assassinos de uma mera carniça.
Hoje, A’Koba aprendera a temer; liderando os seus companheiros em
uma caçada, logo depois de um grande susto, ganharia o respeito
deles.
Uma lição dupla, em um lugar onde tudo projetava duas sombras.
Talvez um dia, A’Koba também usasse o exemplo do bruxo para
ensinar a outros.
Independentemente do que acontecesse, A’Yark acreditava que
Ben estaria por perto. Tempos antes, o chefe esperava que o mago
fosse partir, como muitos colonos com certa sabedoria
eventualmente faziam. Mas ele permanecera, agarrando-se
tenazmente ao limite de sua existência, vigiando um ou outro lugar.
Parecia apegado à terra, como os Tuskens eram, mesmo que de uma
maneira diferente. O Povo da Areia viveu sob uma antiga maldição.
Hoje, existia em algum lugar, um poder superior, capaz de prender
Ben em um deserto. Com uma força assustadoramente grande para
ser imaginado.
Não, o mago poderia escapar, ou se libertar. Mas ele não iria
simplesmente desaparecer nas areias. Tais seres não morriam. Ao
invés disso, moldavam o destino de incontáveis indivíduos, através
das estrelas, em lugares que nenhum Tusken jamais conhecera. Era
inútil pensar no que Ben faria se um dia partisse.
A’Yark sabia somente o que os Tuskens fariam.
Eles saqueariam, pilhariam e atacariam mais lugares e regiões que
antes estavam sob a proteção do feiticeiro. Não porque desejassem
especificamente algo de lá, ou odiassem Ben, ou buscassem vingança,
mas tão somente porque eles eram assim.
Na verdade, era só o que todos eram.
E eles não iriam a lugar algum.
Alguns acreditam que o deserto é estéril. Isso apenas prova que eles
não conhecem o deserto.
Lá no fundo das dunas moram pequenos insetos que tecem teias
para prender uns aos outros, além de cobras escavadoras com
escamas da cor das pedras para que nenhum caçador possa
encontrá-las. Sementes e esporos de plantas há muito tempo mortas
permanecem adormecidas no calor, esperando pela chuva que pode
chegar uma vez por ano, por uma década ou por um século, sendo
esse o momento que elas irão romper em vida viçosa, tão breve
quanto gloriosa. O calor do sol se dissipa nos grãos de areia até eles
brilharem, contendo toda a energia que possibilita tornar a cor do
vidro na cor das joias. Todas essas coisas cantam notas individuais
na grande canção dos Whills.
Nenhum lugar é isento da Força, e aqueles que estão unidos com a
Força sempre acham a possibilidade de vida. A percepção precede a
consciência. O calor é saboreado e absorvido antes que a mente se dê
conta de senti-lo. Em seguida, vem a ilusão do tempo linear. Apenas
então surge a sensação de surgimento da individualidade, uma
lembrança do que é e do que foi, o conhecimento do próprio ser
separado da Força. Isso te dá uma vantagem para experimentar o
mundo físico em todo sua complexidade e seu êxtase, porém a dor
dessa separação apenas é suportável porque a união irá ocorrer de
novo, e em breve.
Essa fratura do todo, essa memória da existência temporal, é
facilmente resumida pela palavra da qual já foi chamada um dia.
Pelo nome.
“Qui-Gon.”
O nome é falado por alguém. Qui-Gon foi convocado. Ele passeia
pelas antigas memórias de si mesmo e toma uma forma, a última
forma a qual teve em vida. Ele sente a carne se materializando
envolta dos ossos, o cabelo e a pele sob a carne, as roupas sob a pele,
e então, com uma naturalidade que parece que fez isso ontem, abaixa
o seu capuz Jedi e olha para o seu Padawan.
— Obi-Wan. — Os percalços até atingir a existência individual já
compensavam somente por dizer esse nome. Então ele, também, diz
o outro nome. — Ben.
O cabelo de Obi-Wan se tornara branco. Rugas marcam a sua
testa, assim como a volta de seus olhos azuis. Ele veste mantos Jedi
tão desgastados e rasgados que se tornam indistinguíveis no meio
das roupas de um pobre ermitão o qual finge ser. A maioria deve ter
passado por esse homem sem olhá-lo novamente. Porém enquanto
Qui-Gon observa como Obi-Wan está fisicamente, ele não está mais
apenas limitado a uma visão humana. Ele também consegue ver o
confiante general das Guerras Clônicas, o jovem e poderoso Padawan
que seguiu o seu mestre em diversas batalhas, até mesmo aquele
pequeno garoto rebelde no Templo que nenhum mestre estava com
pressa para treinar. Todas são partes equivalentes de Obi-Wan, a
cada estágio de sua existência vivido até esse momento.
— Você está preocupado, — diz Qui-Gon. Ele sabe o porquê, os
eventos ocorrendo ao redor são mais claros para ele do que para Obi-
Wan. — Você busca um centro. Você precisa de equilíbrio.
Os vivos acham difícil deixar de contar aos mortos o que eles já
sabem. Obi-Wan nem tenta evitar.
— Podem haver stormtroopers Imperiais esperando por Luke na
fazenda de Lars. Nesse caso...
— Então vá ajudá-lo. — Qui-Gon sorri. — Ou ele pode se ajudar
sozinho. Ou, ao invés disso, a irmã irá achar o irmão.
Obi-Wan não pode ser tão facilmente confortado.
— Ou ele pode ser morto. Morto enquanto ainda é pouco mais do
que um garoto.
Para Qui-Gon, todos as vidas humanas agora parecem
incrivelmente breves.
Anos são irrelevantes. É a jornada através da Força que importa.
Alguns devem batalhar por esse conhecimento por várias décadas;
outros nascem precocemente com ele. Muitos não devem nem
começar essa jornada, não importa quanto tempo vivam.
Mas Luke Skywalker...
— Luke ainda tem uma grande jornada a seguir. Ela não acaba
aqui.
— Você viu isso?
Qui-Gon acena afirmativamente. Isso alivia Obi-Wan mas do que
deveria, já que ele não pode prever como será essa jornada.
Os arredores do mundo físico se tornam claros para Qui-Gon: as
dunas sem fim de Tatooine se estendem em diversas direções, os
destroços de um equipamento atrás deles e uma dúzia de pequenos
Jawas mortos. A memória do medo e desespero deles é lançada na
consciência de Qui-Gon, assim como a falta de sentido de suas
mortes. Embora Obi-Wan esteja cuidando de seus corpos, no
momento os Jawas são cuidados apenas por dois droides. Os droides
confortam um pouco Qui-Gon, pois os reconhece; A Força até
mesmo decidiu trazer esses dois de volta ao lugar onde tudo
começou.
O tempo é um ciclo. O começo é o fim.
Obi-Wan murmura.
— Bail Organa mandou Leia em pessoa me chamar. Quando eu a
vi, notei muito da Padmé nela, e até mesmo um pouco do Anakin, e
soube que o meu exílio estava perto do fim. Você acredita que foi
difícil para eu sair dele?
— Você se adaptou. Precisou se adaptar. Não me surpreendo do
deserto ser seu lar agora, ou que ser um Cavaleiro Jedi tenha se
tornado estranho. Mas isso pode mudar, mas rápido do que você
imagina. — Isso será, na verdade, quase que instantâneo, uma
transformação iniciada e completada da primeira vez que o perigo
iminente aparecer novamente. Qui-Gon aguarda ansiosamente para
testemunhar isso.
— Eu tenho esperado por esse dia por um longo tempo, — diz Obi-
Wan. — Tanto tempo que até parece que esperei por ele toda a minha
vida. Para tê-lo em perigo, principalmente agora, apenas quando a
grande obra começou, com tantos fatores em jogo. Agora o futuro é
difícil de se saber, ainda mais do que antes.
— Você realmente acha que o seu trabalho apenas começou, meu
Padawan? — Eles voltaram a usar esse título entre os dois
novamente, para reconhecer o quanto Obi-Wan ainda precisa
aprender. Ainda é estranho de se pensar que a morte é o começo da
sabedoria.
Obi-Wan considera.
— Houve outros grandes esforços. Grandes desafios. Porém as
Guerras Clônicas foram há muito tempo. Por quase duas décadas, eu
fui apenas um pouco mais do que uma sombra esperando para me
tornar um Cavaleiro Jedi novamente. — Qui-Gon balança a sua
cabeça. A sua forma física parece novamente tão natural para ele que
pode expressar os sentimentos e emoções através de gestos físicos.
— Batalhas e guerras não são ações de um Jedi. Tendo uma arma e
um inimigo, qualquer um pode lutar. Qualquer um pode usar um
sabre de luz, seja por um duro treino ou até mesmo por sorte. Mas
para apenas ficar e esperar... para ter tanta paciência e coragem...
isso, Obi-Wan, é a maior conquista que você pode conseguir. Poucos
teriam chegado a esse ponto.
Ainda menos o teriam feito sem ir para o lado sombrio. Às vezes,
quando Qui-Gon pensa sobre isso, fica admirado pela firmeza de seu
estudante. Todas as pessoas que Obi-Wan amou de verdade, Anakin,
Satine, Padmé e mesmo Qui-Gon, tiveram um fim horrível. Três
deles morreram diante de seus olhos, e o outro teve um destino tão
horrível que a morte seria um presente. A Ordem Jedi que
providenciou toda a estrutura da vida de Obi-Wan foi consumida por
traição e matança. Cada passo dessa longa e insatisfatória jornada
Obi-Wan teve que dar sozinho... e nunca falhou. Enquanto o resto da
galáxia queimava, o seu caminho permaneceu verdadeiro. É o tipo de
vitória que a maioria das pessoas não dão valor, embora seja o
fundamento de toda a bondade.
Até mesmo Obi-Wan não consegue perceber.
— Você me vê de um jeito gentil que a maioria das pessoas não
consegue, velho amigo.
— Eu te devo isso. Eu sou aquele que falhou com você.
— Falhou comigo?
Eles nunca conversaram sobre isso em nenhuma das jornadas de
Qui-Gon no plano mortal para se comunicar com ele. Isso se vem do
fato que Qui-Gon achou os seus erros tão óbvios, tão deploráveis, que
Obi-Wan queria poupá-lo de qualquer discussão sobre eles. Até nisso
ele falhou em dar a justiça ao seu Padawan.
— Você não estava preparado para ser um Mestre Jedi, — Qui-Gon
admite. — Você nem tinha se tornado Cavaleiro quando eu te fiz
prometer que ia treinar Anakin. Ensinar um estudante tão poderoso,
tão velho, tão pouco desacostumado aos nossos costumes... isso
estava fora de alcance até mesmo dos nossos melhores de nós.
Colocar esse fardo nas suas costas quando você não era muito mais
do que um garoto...
— Anakin se tornou um cavaleiro Jedi, — Obi-Wan interrompe,
com uma voz um pouco áspera. — Ele foi valioso nas Guerras
Clônicas. A sua queda para o lado sombrio foi mais uma escolha dele
do que culpa de qualquer um. Sim, eu tenho um pouco de culpa
nisso. E talvez você também tenha... porém Anakin teve o treino e a
sabedoria para escolher um caminho melhor. O qual não quis
escolher.
Tudo isso é verdade, porém nenhum desses fatos é uma absolvição
para os erros de Qui-Gon. Mas é Obi-Wan quem precisa de
orientação agora. Essas coisas podem ser discutidas outra hora,
quando ambos estiveram além da simples linguagem humana. Em
breve, muito em breve.
Os droides começaram a queimar os corpos dos Jawas. Qui-Gon
está tão materializado que consegue cheirar as cinzas. Porém está
com a Força, então ele consegue sentir a dor e o horror de Luke tanto
quanto mesmo o sente. A vista dos corpos queimados de Owen e
Beru Lars é tão clara quanto Obi-Wan parado a alguns centímetros
dele. Owen e Beru adotaram a criança mesmo sabendo de todos os
riscos. Adotaram-na, protegeram-na, amaram-na. É um heroísmo
tão puro quanto aquele que Qui-Gon conheceu.
Obi-Wan também sente isso, Qui-Gon pode ver, mesmo ele
estando limitado a sua forma física. A expressão de sua face cai por
terra, o seu medo é substituído por tristeza. Logo a seguir, vem a
determinação.
— Eu não contei a Luke a toda a verdade sobre Anakin, — Obi-Wan
diz. — Um dia ele terá que saber.
— Você acabou de se tornar alguém familiar para o menino. Se
você tentar contar para ele toda a verdade hoje, isso pode ser um erro
maior do que qualquer outro que já tenha feito. Isso poderia fazer
crescer sementes nele, de... dúvida, confusão, até mesmo raiva, o que
pode levá-lo ao mesmo caminho que o pai.
Com um pouco de seu velho humor descontraído, Obi-Wan diz:
— Ou ele acharia que eu sou tão louco quanto Owen sempre disse e
correria de volta para casa.
Qui-Gon sabe que era uma possibilidade muito real, e o fim para o
qual isso teria-no levado. Luke agora estaria deitado ao lado dos
Lars.
— Quando ele estiver pronto, estável, firme e forte na Força, então
haverá tempo.
Obi-Wan acena, aliviado o suficiente para se concentrar
completamente em Qui-Gon.
— Você está muito próximo do corpóreo. Nunca vi você aparecer
assim.
— É tanto uma questão de aprender a como vir ao mundo físico,
assim como se separar dele, — diz Qui-Gon. Ele não tinha se focado
nesse objetivo inicialmente.
Apenas após a queda de Anakin, ele se esforçou para emergir
completamente. Foi um trabalho de quase uma década. Ele fez isso
por Obi-Wan, para que ele não tivesse que passar todos esses anos
no deserto completamente sozinho.
— É uma questão de achar um centro, de acalmar a sua alma e se
entregar por completo a Força. Alguns Jedi escolhem fazer a
transição entre a vida e a morte desse jeito, algo que eu nem poderia
imaginar enquanto eu estava vivo. Até mesmo depois na morte nós
continuamos a aprender.
— Espero aprender isso um dia. — Diz Obi-Wan. — De preferência
em um futuro distante.
É outra de suas piadas secas, nada mais, porém independente
disso, Qui-Gon se sente tocado. Obi-Wan tem pouco tempo de vida.
Para Qui-Gon, a morte parece inevitável, quase neutra, ele pode até
mesmo antecipar como será o encontro com o seu Padawan.
Mas mesmo depois de todas as suas perdas, todos os seus
sacrifícios, todos esses anos sem fim no deserto, Obi-Wan ainda quer
mais tempo de vida. Isso também é um tipo de coragem. Qui-Gon até
mesmo lembra da vitalidade da vida mortal: uma lembrança
carinhosa, porém distante.
Ao menos ele tem algo melhor para oferecer a Obi-Wan.
— Obrigado, Qui-Gon. — Diz Obi-Wan. — A sua sabedoria sempre
me sustenta.
— Assim como a sua força sempre me sustenta. — Qui-Gon sente
que o garoto está retornando. Daqui a pouco o landspeeder de Luke
irá aparecer no horizonte. Obi-Wan precisa concentrar a sua atenção
nisso. — Nós iremos nos encontrar de novo em breve, meu Padawan.
— Eu nunca irei hesitar em te chamar.
Não é a esse tipo de encontro que Qui-Gon estava se referindo,
mas não há razão para falar sobre isso. A verdade irá se revelar na
hora necessária. Ela sempre se revela.
Qui-Gon permite que a sua consciência se espalhe para além desse
local, até mesmo Obi-Wan é apenas um pedaço da sinfonia da vida
ao redor dele. As cobras escavam bem fundo entre as dunas. Insetos
fazem teias no meio da areia. O sol banha a todos eles com calor até
que pode deixar-se ir completamente, se libertando de seu corpo e
até mesmo de seu nome, se tornando novamente um com a Força.
Assim como Obi-Wan irá aprender logo, a mais bonita forma de
entendimento que é a arte de se deixar ir.
Não é como se eu não estivesse esperando isso. O dia que Ben
Kenobi pôs aquele pequeno bebê em meus braços foi tanto o melhor
quanto o pior dia da minha vida. O melhor porque Owen e eu não
podíamos ter um filho só nosso, e de repente nós o tínhamos.
E o pior porque... bem, eu sabia que a felicidade não ia durar para
sempre.
E eu estava certa, não é?
Olha, eu entendo. Para a maioria das pessoas, eu sou apenas a tia
Beru do Luke Skywalker, a velhinha que está sempre de lá para cá na
cozinha, servindo leite azul para todos. Eu sou aquela que não parava
de irritar o Owen, o tio de Luke, para deixá-lo ir logo para a
Academia.
— Ele não pode ficar aqui para sempre, a maioria dos amigos dele
foram embora. — Eu dizia. — Significa muito pra ele.
Não era porque eu queria que Luke fosse embora. É porque era o
que Luke queria. E eu queria que Luke tivesse qualquer coisa que
quisesse.
E, tudo bem, pode ter tido uma pequena parte de mim que
esperava que se ele fosse, as coisas poderiam dar certo. Talvez se
Owen tivesse me ouvido, nós dois estaríamos vivos hoje... visitando
Luke onde quer que ele esteja agora, mimando os filhos dele, ou
observando aos sóis gêmeos se porem aqui em Tatooine.
Mas eu suponho que nós nunca iremos saber agora.
Olha, eu não estou reclamando. A minha família está no negócio
de fazendas de umidade por gerações. Eu sabia onde estava me
metendo quando me casei com Owen Lars... ou pelo menos eu achei
que sabia.
Quer saber de um segredo? Eu tinha outras opções. Eu tive aulas
de culinária na escola e o meu professor disse que o meu queijo de
leite azul era o melhor que já havia provado... disse que era como se
eu tivesse nascido para fazer queijo de leite azul! Disse que eu
poderia facilmente ter o meu próprio negócio, um café, ou talvez até
um pequeno restaurante, em Anchorhead.
Você consegue me imaginar, Beru Whitesun Lars, com o meu
próprio café?
Eu não irei mentir pra você... eu pensei nisso. Principalmente logo
antes de Luke chegar, quando Owen e eu tínhamos acabado de
descobrir que nós nunca teríamos filhos. Nosso único recurso era
começar a procurar um daqueles droides chiques de fertilidade em
Mos Eisley. Parecia quase que não valia a pena, contanto, quando
você considera o que Mos Eisley era naquela época. Ah, minhas
estrelas, o barulho e a sujeira e toda a violência... você poderia levar
um tiro só de entrar em uma cantina, quanto mais tentar servir um
bom queijo de leite azul para as pessoas de lá.
Graças a Luke, a situação nunca se concretizou.
Ainda assim, houveram vários momentos em que eu me perguntei
se tinha cometido um erro. Naquele dia que o velho Ben Kenobi
apareceu com um bebê, o meu primeiro instinto foi correr. Eu posso
ser uma garota do interior que nunca saiu do planeta, mas até eu sei
que quando um Jedi aparece pra você e diz:
— Aqui, tome esse bebê. — as coisas não vão acabar bem. Uma
parte de mim pensou:
— Beru, ouça o seu professor. Largue esse bebê e vá fazer o que
você nasceu pra fazer!
Mas parece que quando alguém coloca um doce e pequeno recém-
nascido nos seus braços, você não pode dizer não... mesmo se esse
bebê for o sobrinho do seu marido pelo meio-irmão dele que se
rendeu ao lado sombrio. Você sabe que as coisas podem não
terminar bem, mas assim como o queijo de leite azul, você faz o
melhor que pode com a situação que tem.
E acabou sendo a melhor decisão que eu já tomei. Luke era um
menininho tão doce. Ele não me deu nenhum trabalho. Não que ele
não era travesso, sempre com um arranhão ou outro. Mas ele não
tinha nem um pouco de maldade dentro de si... ao contrário de uma
certa pessoa que eu me recordo (tudo bem. Eu falarei quem ele é:
quis dizer, o pai dele).
Quando você passa quase todo minuto de todo dia com alguém por
dezenove anos, fazendo terminar o seu leite que para ajudá-lo a
crescer, e lavando as suas calças, você vem a conhecer aquela pessoa,
e como eu disse ao Owen, Luke tinha muito de seu pai dentro dele...
mas eu me referia a todas as melhores partes... e de sua mãe
também, do pouco que eu sabia sobre ela. Era óbvio pra mim desde o
tempo em que Luke era um bebê que ele iria crescer para fazer algo
incrível, e eu não estou dizendo isso porque eu era sua tia. Eu só
sabia disso.
E eu estava certa.
Não estou tentando levar o crédito pelas conquistas de Luke,
tampouco, embora Owen e eu realmente tentamos dar o nosso
melhor a ele. Sempre achei que era tão triste o que aconteceu aos
pais de Luke e com a sua avó também. Eu estava lá em seu funeral.
Eu servi leite azul (e queijo) pra todo mundo depois. Acho que o meu
professor estava errado: fazer queijo não era o que eu nasci para
fazer. Eu nasci para fazer as pessoas se sentirem bem quando tudo
em volta delas parece péssimo.
Que, se você pensar sobre, é o que bons pais, e donas de cafés,
estão destinados a fazer.
Depois que Luke veio morar com a gente, eu disse ao Owen:
— Nós iremos criar esse menino como se fosse nosso. Ele nunca
terá um dia de infelicidade, para compensar todas as coisas terríveis
que aconteceram antes dele nascer.
Eu realmente acho que consegui... exceto pelo Owen não deixar
Luke ir para a Academia...
E claro, o que aconteceu ao Owen e a mim naquele dia com os
stormtroopers. Eu realmente desejo que Luke não tivesse visto
aquilo.
Por outro lado, se ele não tivesse, ele nunca teria ido com o velho
Ben, conhecido a princesa, destruído a Estrela da Morte e salvado a
galáxia.
Então eu acho que as coisas deram certo no final, não é?
Principalmente agora, porque até esse momento, ninguém nunca
me deu a chance de contar a minha história.
Então, obrigada por isso.
Agora vá tomar o seu leite. E que a Força esteja com você.
Hoje seria o dia. Greedo sabia disso desde a noite anterior,
enquanto observava o pôr do sol binário afundar ao longo do
nebuloso horizonte de Tatooine.
Depois de muitos anos, a justiça seria finalmente servida a Han
Solo.
O caçador de recompensas Rodiano sentiu algo incendiar
profundamente dentro de seu peito e pegar fogo. Uma satisfação há
muito negada. Hoje, Greedo planejava colocar aquela escória
Corelliana arrogante de volta na fossa onde ele pertencia.
Os seus olhos escuros se estreitaram contra uma rajada de areia
enquanto caminhava pelas sinuosas ruas de Mos Eisley, em direção a
uma cantina familiar. Um sorriso quase se curvou em seus lábios
verdes quando a entrada em arco apareceu. Por sorte, a sua presa
fora avistada ontem, procurando serviço no mesmo lugar em que
Greedo costumava fazer os seus próprios negócios. Naturalmente, os
dois tipos de serviços em questão diferiam muito. O covarde
Corelliano era um mero contrabandista, enquanto Greedo lidava com
uma variedade de mortes. Ele até começou a receber recompensas do
maior senhor do crime da Orla Exterior, e Jabba, O Hutt, era
conhecido por ser particularmente bom quando se tratava de seus
associados. Exceto com o covarde do Han Solo, é claro.
Greedo zombou do grupo de Jawas encapuzados do lado de fora da
porta da cantina. Nunca entendera o que a Uncelta achou tão
atraente em Solo todos esses anos. O contrabandista sempre fora um
homem totalmente sem valor, enquanto a Uncelta fora tudo que
Greedo adorava em uma mulher.
Que desperdício.
Chutando o Jawa mais próximo, Greedo passou pela entrada,
tomando cuidado para não fazer contato visual com ninguém
presente. O seu olhar permaneceu fixo no bar no centro empoeirado
da Cantina de Chalmun. Felizmente a banda estava tocando uma
música menos nociva do que o habitual. Detestava esses Bith em
particular, especialmente sem o consolo de várias bebidas em seu
estômago.
Ainda assim, era um cenário apropriado. A sinfonia desafinada dos
Figrin D’an e os Modal Nodes se ajustavam ao lado de uma briga
ocasional. Pelo tempo que pôde se lembrar, o espaçoporto de Mos
Eisley tinha sido um farol para a arte do submundo. Foi o mesmo
submundo da infância de Greedo, quando foi trazido de Rodia para
viver em Tatooine. Por sorte, hoje, a sua presa escolheu morar
temporariamente em um dos lares de Greedo.
Hoje seria o dia.
Greedo se sentou no bar e fez um sinal para pedir uma bebida ao
barman. Observou os tubos de prata e latão que brilhavam acima da
névoa de fumaça de um narguilé.
O copo de cerveja vermelha Corelliana rodopiava em suas mãos
enquanto esperava a sua presa em silêncio. Depois de beber três
canecas, a sua atenção foi direcionada para a chegada de um
Wookiee imponente. Já que o Chalmun, o dono deste
estabelecimento, era um Wookiee, a visão dessas feras enormes não
era nada incomum nessas partes. No entanto este Wookiee em
particular chamou a atenção de Greedo. Os seus longos dedos verdes
se apertaram em torno de seu copo.
Do canto do olho, Greedo via o Wookiee começar a tomar algumas
rodadas. Observou e esperou.
— Ei! — O barman apontou para o ombro de Greedo, com o seu
rosto já desdenhoso contorcido de irritação. — Nós não atendemos o
seu tipo aqui!
Greedo olhou para trás para ver um garoto de olhos arregalados
com dois droides seguindo em sua sombra. O garoto parecia
exatamente o tipo de idiota que não conhecia nada de interessante e
provavelmente morreria por isso antes do dia acabar. Por que
alguém traria droides para ocupar o espaço de alguém vivo, um
cliente respirando, Greedo nunca saberia.
— O quê? — perguntou o menino, seus olhos ridículos ficando
ainda mais largos.
O barman fundamentou a sua réplica.
— Seus droides... eles terão que esperar do lado de fora.
Com os ombros caindo, o garoto murmurou algo ininteligível para
os seus droides. Aliás, esse idiota teria sorte de sobreviver a uma
bebida inteira no Chalmun, nunca que aguentaria mais um ano de
vida.
Forragem de bantha inexperiente.
Bufando pra si mesmo, Greedo se voltou para o bar, continuando a
ignorar a tagarelice idiota dos que estavam sentados nas
proximidades enquanto a banda mudava de tom. O seu olhar se fixou
em uma jovem criatura sedutora do outro lado do caminho, com
olhos que brilhavam como o cano de um blaster recém-polido.
Olhos como os de Uncelta.
Amaldiçoa-a por ser tão tola como aquele rapaz com os dróides.
Greedo a amaria como ela merecia ser amada. Bem diferente
daquele canalha Corelliano que ela tinha escolhido.
Greedo continuou observando o copiloto de Solo de longe,
aguardando a sua chance. Se ele fosse paciente, o Wookiee levaria a
presa de Greedo diretamente para as suas garras. A justiça
finalmente seria feita. Foi distraído de suas reflexões pelas vozes
alteradas. Aquele mesmo garoto desajeitado estava envolvido no
começo de uma briga com exatamente o tipo de criatura que traria o
seu inevitável fim. Que camisa era aquela que o rapaz usava? Quem
seria tão idiota ao ponto de usar branco em um espaçoporto tão sujo
quanto Mos Eisley?
Sem titubear, o garoto voltou para uma mesa ao primeiro sinal de
problemas. Ainda distraído com o tumulto que se seguiu, Greedo se
virou a tempo de ver um homem velho com um manto peculiar
mostrando uma arma que já tinha ouvido falar, mas nunca visto em
pessoa: um sabre antigo feito de uma luz azul brilhante. A arma
rosnou pelo ar e o braço cortado do agressor atingiu o chão quase no
mesmo fôlego.
Em meio aos gritos sufocantes, Greedo riu pra si mesmo. Com
apenas um recuo, o Bith voltou a tocar a sua música desafinada.
Afinal de contas, esse tipo de distúrbio estava longe de ser
incomum em um lugar como a Cantina de Chalmun. De fato, se o
fornecedor do estabelecimento estivesse presente, ele certamente
teria apreciado o espetáculo. Wookiees eram conhecidos por apreciar
um bom desmembramento tanto quanto qualquer Rodiano.
Lembrando-se do porquê de estar ali, Greedo esticou o pescoço
para mais perto daquele Wookiee em particular que havia notado
antes. O estranho gigante peludo havia se arrastado em direção ao
bar e estava agora em meio a uma conversa silenciosa com o velho de
posse do sabre brilhante.
Greedo permaneceu curvado e alerta enquanto o Wookiee
sinalizava para alguém que pairava nas margens mais sombrias da
cantina. O seu estômago se apertou em uma série de nós.
Solo estava a caminho.
Um momento depois, o covarde presunçoso caminhou em direção
a uma mesa à esquerda do bar e começou a conversar com o velho
empunhando o sabre e o menino tolo.
O nó no estômago de Greedo se tornou uma confusão. Antecipação
brilhou através de seu centro, misturando-se com a mesma
satisfação como acender uma chama.
Hoje seria o dia.
Greedo se afundou em sua banqueta, continuando a esperar a sua
hora. Continuando a esperar por sua oportunidade.
Ficou em silêncio e parado enquanto um contingente de tropas
Imperiais se reunia em frente ao bar, atraído pelo alvoroço anterior.
Sem receios, o barman logo apontou na direção do garoto tolo e seu
guarda-costas idoso, que rapidamente se afastou de vista. A ira de
Greedo aumentou. A preocupação cortou a sua explosão anterior de
triunfo. Se os stormtroopers pensassem em deter Solo, a sua
oportunidade seria perdida. Pensou por um momento em confrontá-
lo de uma vez por todas, com pouca preocupação pela presença dos
lacaios do Império, mas o risco era grande demais. E Greedo não
podia arriscar a possibilidade adicional de despertar a raiva de
Jabba.
Se Greedo decidisse agir sem cautela, poderia perder a chance de
encarar o inimigo na cara e sentir a suprema satisfação de ver Solo se
contorcer de medo, como o covarde que era.
Greedo se levantou do bar e foi para as sombras mais próximas da
alcova onde Solo se sentou com o seu copiloto, sorrindo como se não
tivesse nada galáxia com o que se importar.
Um suspiro de alívio passou pelos lábios de Greedo enquanto os
stormtroopers passavam pela mesa e continuaram caminhando.
Assim que o Wookiee saiu e Solo se levantou da mesa, Greedo fez o
seu movimento, arrancando o seu blaster do coldre. Ele não perderia
essa oportunidade.
Hoje seria o dia.
— Indo a algum lugar, Solo? — Ele disse em Huttês enquanto
empurrava o cano do blaster no colete de Solo.
— Sim, Greedo, na verdade, eu estava indo ver o seu chefe agora
mesmo. — O covarde recuou, empurrou para a mesma alcova, com as
mãos levantadas ao seu lado, como se para transmitir um desejo de
paz. — Diga a Jabba que eu tenho o dinheiro dele. — Ele se sentou à
mesa.
— É tarde demais. — Greedo disse enquanto tomava o lugar em
frente a Solo, uma lâmpada branca brilhava diante dele, banhando o
ar entre eles na luz fria.
Solo se jogou no banco de trás, com um meio sorriso irônico
começando a se curvar de um lado do rosto.
Enfurecido Greedo falou:
— Você deveria tê-lo pago quando teve a chance. Jabba colocou um
preço tão grande na sua cabeça, que cada Caçador de Recompensas
na galáxia estará procurando por você. Eu tenho sorte de te
encontrar primeiro. — Ele riu baixinho. Talvez a sorte não tivesse
nada a ver com isso. Fora a sua paciência. A sua intuição. O seu ódio.
Talvez se a Uncelta pudesse vê-los agora, ela não teria cometido o
mesmo erro que havia cometido há muitos anos.
O ódio encheu o buraco ao redor do coração de Greedo.
A visão de Solo pondo a perna em cima da mesa e sorrindo com
arrogância casual só aumentou a ira crescente de Greedo.
A sugestão de uma carranca caiu sobre o rosto de Solo. Foi embora
quase no mesmo instante.
— Sim, mas desta vez eu tenho o dinheiro. — Ele acenou com a
mão esquerda através do ar, mais uma vez a imagem de suprema
arrogância.
— Se você me der, eu posso esquecer que te encontrei. —
Esquecer? Greedo nunca poderia esquecer. Mas ficaria feliz em pegar
o dinheiro daquela escória antes de entregá-lo ao Jabba.
Ou talvez abrisse um buraco no peito de Solo. Assim como Uncelta
fez com ele.
Solo estremeceu de irritação.
— Não está comigo agora. — Ele olhou por cima do ombro e
começou a circular os dedos pela parede áspera em suas costas, como
se estivesse brincando com algo que só ele podia ver. A sua cabeça
pendia contra a braçadeira reluzente acima do banco. — Diga ao
Jabba...
— Jabba rompeu com você. — Uma inconfundível irritação marcou
as palavras de Greedo. — Ele não tem tempo para contrabandistas
que largam as suas remessas ao primeiro sinal de um cruzador
imperial.
— Até eu sou abordado de vez em quando. — A resposta de Solo foi
curta. — Você acha que eu tive uma escolha?
— Você pode dizer isso para o Jabba. Ele pode ficar apenas com a
sua nave. — O dedo de Greedo apertou o gatilho de seu blaster.
A mão esquerda de Solo caiu da parede.
— Só sobre o meu cadáver. — Quaisquer restos de diversão que
permanecera desapareceu de seus olhos quando uma sombra desceu
sobre as suas feições.
— Essa é a ideia. — Triunfo se espalhou por Greedo enquanto a
satisfação começava a criar raízes mais uma vez. — Eu estou ansioso
por isso há muito tempo. — Sorriu, a paz tingindo o ar ao redor dele
com uma doçura estranha. Finalmente, a vingança seria dele. Viveria
para ver Jabba roubar de Han Solo da única coisa que o covarde
valorizava. E isso seria glorioso.
— Sim, aposto que você está. — Solo olhou para o lado como se
estivesse pensando.
A última coisa que o infeliz Rodiano viu foi um lampejo de luz
brilhante.
A sua última lembrança foi a da amarga injustiça.
Trecho de "A Senhora Tem Um Jocimer: A Minha Vida como uma
Modal Node, Uma Auto-biografia de Ickabel G'on.

CAPÍTULO 3: NÃO PAREM POR NADA

Tatooine era o pior lugar da galáxia para um Bith.


Quando a sua pele é branca e rosa leitosa e os seus olhos não
possuem pálpebras nem lágrimas, um planeta com dois sóis, calor
elevado e areia no ar é essencialmente uma sentença de prisão.
Quando Figrin D’an e os Modal Nodes foram contratados para
fazer um show neste planeta, todos nós protestamos.
— A nossa pele vai queimar em nossos crânios! — disse Tech M'or.
— E se entrar areia em nossos olhos, D'an? — Eu exigi. Eu tenho os
melhores olhos de toda a banda, e até mesmo eu me sinto
particularmente sensivelmente irritada. — Como vamos tocar bem
enquanto estivermos cambaleando procurando um colírio? Se é que
eles ainda têm colírio em Tatooine.
Então veio a Mentira de número 1: Fomos convidados a tocar para
o lorde governante de Tatooine. Tenho certeza de que o palácio dele
terá todas as acomodações de que precisaremos.
Ele não disse que o senhor governante era um Hutt, uma espécie
que não é realmente conhecida por espaços hospitaleiros e limpos.
Então veio a Mentira de número 2: Estaremos lá só por uma
semana padrão, no máximo. Estivemos lá por mais de um ano.
Então a melhor Mentira, de número 3: O dinheiro é incrível.
Agora, se eu fosse o D'an, eu teria informado ao grupo desta
maneira: "Eu tenho más notícias. Estou em dívida com um Hutt e
vendi todos vocês em servidão contratada no sovaco de areia da
galáxia. Assim que pagarmos a dívida, teremos que encontrar outros
shows para ganhar dinheiro suficiente para sair do planeta.
Trabalhar para o Hutt será o pior trabalho que vocês terão.
Nós não falamos com ele por semanas depois que a verdade
apareceu. Nós tocamos para o Jabba e os seus acompanhantes
dentro do palácio. (Eles eram acompanhantes? Visitantes?
Prisioneiros? Nós nunca tínhamos certeza.)
— Palácio. — Por favor. Eu vi palácios. Eu me apresentei para reis.
Isto não era um palácio.
Depois de alguns meses, finalmente aceitamos que esse era o
nosso destino na vida, e a boa notícia foi que ainda éramos os Modal
Nodes, o que significava que tocávamos a melhor música da galáxia.
Não importa que fosse para um lorde do crime e os seus lacaios e
escravos, mas isso nos lembrava do nosso humilde começo quando
fazíamos os shows que nos eram oferecidos.
Você também presta mais atenção. Você nunca sabe que tipo de
sujeira você pode conseguir. Nós observávamos as pessoas
bajulando, persuadindo e negociando com Jabba. Uma coisa
interessante sobre os Bith que outras espécies não sabem é que
podemos separar diferentes sons ao nosso redor. É o que nos faz
bons músicos. Podemos ouvir os diferentes instrumentos
separadamente ou em conjunto para garantir que todos estejam
afinados e trabalhando bem juntos.
Também podemos ouvir conversas que, de outra forma, seriam
abafadas para ouvidos menos apurados. Então, ficamos a par de
muitos dos negócios de Jabba que aconteceram enquanto tocávamos,
e ele não fazia ideia. Aprendemos a conhecer e odiar muitos dos
habitantes deste mundo. Uma das minhas pessoas menos favoritas
era Greedo, um caçador de recompensas Rodiano. Foi ele que
encontrou Figrin D'an e o entregou a Jabba.
Nós não sabíamos que D'an tinha um preço por sua cabeça. São
coisas que o seu chefe não lhe diz.
D'an me pediu para ficar de olho em Greedo e encontrar algum
podre dele. Eu apontei para o balde de areia que tinha que tirar dos
meus olhos todas as noites e disse que todos ali eram imundos, era
óbvio, mas ele me disse para superar isso e parar de reclamar. Carta
corajosa para se jogar, afinal, foi ele nos colocou nessa situação, mas
D'an sempre foi um jogador terrível.
Então observava Greedo. Ele traria pequenos criminosos que
deviam a Jabba, recebiam um tapinha na cabeça e um punhado de
créditos, e se afastava, muito orgulhoso de si mesmos. Mantinha o
controle do dinheiro que ele pedia de Jabba, e do dinheiro que ele
recebia, e das vezes que ele entregava as chaves ou as armas para as
suas presas para que eles pudessem escapar, e então ele os traria de
volta por outra recompensa. Ele trouxe um pobre Jawa três vezes.
Quando chegou a hora de pagar a nossa dívida, Jabba pediu mais
do que o dobro do que ele disse que D'an inicialmente lhe devia.
Esperávamos isso, então, D’an ofereceu informações em vez de mais
créditos. Foi quando entregou Greedo. Jabba ficou furioso com o
caçador de recompensas e, na verdade, nos deixou ir...
...para o meio do deserto. Naturalmente. Mas quando uma lesma
gigante cercada por vários homens armados até os dentes te liberta
no meio do deserto, você agradece gentilmente pela liberdade e
começa a andar. Agradecemos as estrelas que ele tenha nos deixado
ir à noite para que pudéssemos pelo menos evitar os sóis. Eu
sinceramente não esperava que ele nos deixasse ir. Então, obrigado
Jabba. Eu te compro uma caneca de gosma na próxima vez que te
vermos.
[Nota de edição: Desde a escrita deste livro, Jabba o Hutt foi
assassinado por um assassino desconhecido dentro de seu palácio.
Jabba o Hutt não pode mais ser agradecido. Ainda assim, a autora
solicitou que deixássemos essa promessa no texto.]
Chegamos a Mos Eisley logo depois que os sóis se levantaram, o
que foi bom porque as minhas mãos estavam começando a ficar
rosadas e os meus olhos estavam queimando. Nós encontramos um
lugar para a banda ficar enquanto D’an, como um bom líder, foi
conseguir um show pra nós.
Tech foi com ele porque queria garantir que o D'an não fosse jogar
fora nossa nova liberdade em busca de mais créditos.
Agora é quando eu imagino que tenho que responder a pergunta o
que você está se perguntando. Por que em toda a galáxia escolhemos
ficar com o D'an? Ele nos colocou em escravidão para um Hutt. Ele
nos deixou abandonados em um planeta que é a antítese dos Bith.
Ele joga como um tio bêbado com azar.
A razão deve ser óbvia: Figrin D'an é o melhor compositor e líder
de banda que você poderá encontrar neste lado da galáxia. Sabíamos
que, se saíssemos, nunca conseguiríamos encontrar outro líder como
ele. Quando estamos sendo lançados aos grilhões ou lavando a areia
dos nossos olhos, é difícil apreciá-lo. Mas quando estamos tocando,
não há ninguém em todos os mundos melhor que ele.
Nós conseguimos dois quartos baratos para manter todos os oito
de nós, e jogamos um jogo de dados de hiller para decidir quem seria
o infeliz a varrer aquele lugar imundo, quem cobriria as janelas, e o
afortunado que poderia sentar e relaxar da viagem horrível. Eu
estava presa ao serviço da janela e, ao desenrolar o tecido preto para
nos proteger do clarão, percebi um focinho verde e esguio saindo
com uma capa correndo pela rua.
Uh-oh
Eu segurei o tecido e perguntei se alguém sabia onde o D’an e Tech
haviam ido. O resto deles deu de ombros e eu peguei o meu manto,
saí do apartamento e voltei para o calor de Tatooine.
Agora que tínhamos um pouco de descanso e um pouco de água
não tão salobra para beber, pude dar uma olhada na nova cidade que
habitávamos. Era ... bem, era melhor que o palácio de Jabba, mas
isso não diz muito. Quente, arenosa, degradada, e ninguém te olharia
nos olhos.
Além disso, os stormtroopers patrulhavam as ruas. Um me parou
com uma mão no meu ombro.
— Estamos procurando por dois droides.
— Eu não vi nada. — eu disse, e então percebi que tinha uma
oportunidade. — Não por aqui, de qualquer maneira. Mas eu passei
algum tempo no palácio de Jabba o Hutt, e tenho certeza que ele
trouxe pelo menos dois novos droides recentemente.
— Como eles são? — Perguntou ele.
— Um, um era verde? Ou talvez azul. — eu disse, adivinhando.
Ele recuou sobre os calcanhares e, embora eu não pudesse ver o
seu rosto, ele exalava um humor de descrença ou relutância. Um
soldado com uma meia manga laranja se aproximou dele.
— O que você encontrou? — ele perguntou.
— Ela diz que viu um droide como aquele na área do domicílio do
Hutt. — disse o seu companheiro, como se não quisesse entregar a
informação.
— Verifique. — disse ele, e saiu.
O stormtrooper que sobrou olhou novamente para mim, e eu pude
sentir a antipatia emanando dele.
— Boa sorte. — eu disse, e corri para longe. Eu tinha ficado de olho
em Greedo enquanto ele sumia na multidão. Eu gostaria de ter
certeza onde o D’an tinha ido, mas eu sabia que ele estava atrás de
um show, então ele estaria em bares e salões de dança.
Mos Eisley não parecia um lugar com muitos salões de dança. Mas
parecia um lugar onde as pessoas precisariam de uma bebida.
Perguntei a uma mulher que passava onde o bar mais próximo ficava
e ela me indicou algumas portas abaixo. Felizmente, Greedo já havia
passado por ali, então entrei no bar.
D'an e Tech estavam lá dentro, conversando com um grande
Wookiee. Um Rodiano descontente, mais alto e de pele mais escura
que Greedo, empacotava uma flauta e fazia um escarcéu. Ele
empurrou D'an rudemente, gritando que ninguém demitia Doda
Bodonawieedo. D'an não melhorou as coisas gritando atrás dele que
Chalmun acabou de demitir Doda Bodonawieedo.
D'an me notou.
— Ickabel, este é Chalmun, dono da...
— ... Cantina de Chalmun, eu percebi. — eu disse. — Podemos
conversar por um segundo? — D’an enviou Tech para falar comigo
enquanto ele se empolgava com o nosso novo chefe.
— Que buraco, hein? — Perguntou Tech. — olhando ao redor da
cantina.
— Melhor do que o do Jabba. — eu disse. A partir de então,
"melhor do que o do Jabba." seria como descreveríamos tudo o que
fosse terrível. E falando nisso, vi Greedo farejando do lado de fora. Se
ele nos encontrar aqui, poderemos ter um problema.
Tech sorriu para mim. O Wookiee diz que ele vem o tempo todo.
Mas este é o lugar mais seguro do planeta. Ele apontou para as
placas na parede, listando, em várias línguas, as regras da cantina.
Examinei as regras e depois as li em um ritmo mais lento. Dei um
tapa em Tech.
— Isso diz: Aplauda a banda, e não e Em nenhuma circunstância
atacar a banda. — eu falei. — Isso não garante a segurança!
— Oh. Você está certa. — disse ele. Ele olhou de volta para D'an,
que estava assinando o contrato. Eu gemi.
— Bem. — disse Tech. — Pelo menos ele não está nos vendendo
para escravidão novamente.
D'an veio com só sorrisos.
— Começamos em uma hora. Traga o resto da banda pra cá.
— Você sabe que Greedo é um cliente regular aqui? E ele não vai
ficar empolgado por você desistir de Jabba . — eu disse.
— Temos um Wookiee do nosso lado! O que pode dar errado?

A Cantina de Chalmun era melhor local que o de Jabba. Isso é o que


poderíamos falar sobre ele.
Quando as coisas correm mal, você pode tentar ver como a
situação o desafia. Nós já tocamos em cerimônias de premiação ao ar
livre, no meio de uma temporal, e para senhores e senhoras cuja a
ideia de diversão seria chicotear prisioneiros e alimentar os rancores.
(Esse último foi o Jabba. Você adivinhou?)
Na cantina, fomos empurrados para um pequeno palanque no
canto, tendo que nos aconchegar um com o outro enquanto
tocávamos as furiosas músicas de D'an. O palco estava apertado e os
clientes não estavam entusiasmados, mas esse é o tipo de desafio que
eu vivo. No entanto, eu não sabia o que mais aconteceria naquela
tarde.
Primeiro, Chalmun, o superseguro Wookiee que nos salvaria de
Greedo, foi pra casa. Ele disse que não estava na cantina o dia todo e
a noite e precisava de um descanso. Ele prometeu que Wuher nos
protegeria, mas com o olhar de soslaio que o garçom nos deu, achei
que era improvável. Então eu mantive os meus olhos na porta
enquanto tocávamos.
Com o passar do dia, a cantina se encheu de vários personagens
desagradáveis. Mas tenho que reconhecer o trabalho de Wuher.
Quando alguém começava a insistir ou algo do tipo, ele dava logo um
basta. Uma briga de bar começou perto de nós, um cliente jogou o
outro no palco. Como não havia espaço livre no palco, nós hesitamos
em uma música enquanto nos esforçávamos para sair do caminho.
D'an ficou furioso e parou a música enquanto pedia que Wuher
ajudasse. O barman jogou ambos os lutadores pra fora, mas depois
nos fixou com um olho sujo.
— Não parem de tocar, não parem por nada. Entenderam?
D'an assentiu. Nós também. Nós respondemos recomeçando a
música na batida com que D’an liderava.
Todas sujas e sombrias, as pessoas nesses lugares tendiam a
parecer terem algo a esconder. Forasteiros se destacavam como...
bem, como um Bith em Tatooine. Então quando dois humanos
entraram no bar que se destacaram mais do que nós, eles me
chamaram a atenção. Wuher grunhiu pra eles manterem os droides
do lado de fora, o droide de protocolo Dourado e o astromêcanico
azul. Eu olhei para D’an e lembrei da regra. Continue tocando.
Sabia que deveria contar aos Imperiais sobre os droides durante o
nosso intervalo. Pode haver uma recompensa que poderia nos tirar
desse planeta infernal. Eu implorei a D'an com os meus olhos para
nos fazer uma pausa, mas ele me ignorou.
Esses droides eram claramente os procurados, mas por que os
stormtroopers lá fora não os encontraram? Eu estava curiosa, mas os
dois homens estavam claramente fazendo algo, tão cuidadosamente
inocentes quanto agiam. Foi a inocência deles que os fez sobressair,
honestamente.
Ironicamente, eles se misturaram assim que foram desafiados por
um enorme brutamontes, e o mais cabeludo dos homens sacou uma
espada de laser e cortou o braço do agressor.
O braço fumegou ligeiramente no chão e o seu antigo dono gritou.
Nós paramos de tocar, claro. Mas então Wuher olhou pra nós e
apressadamente recomeçamos. Então nós deveríamos apenas
continuar com a música enquanto as pessoas estavam perdendo
membros? E eu que pensei que este lugar era melhor que o de Jabba.
(Diga o que quiser sobre a lesma, ele não se importaria se fôssemos
surpreendidos quando matasse alguém.)
Um grande Ithoriano deixou o seu lugar e se dirigiu para o bar, e
eu quase engoli minha palheta quando avistei Greedo. Eu não sei há
quanto tempo o garotinho estava atrás dele. Greedo olhou
diretamente para nós, e eu vacilei por uma nota ou duas, mas não
paramos. Não parem por nada, Wuher havia dito. Não para um
membro decepado, e definitivamente não para um caçador de
recompensas com ressentimento. Greedo foi até o bar e pediu uma
bebida, depois nos observou, sem piscar.
D'an nos instruiu a começar uma nova música, rápida e cativante,
e nós a tocamos, desafiando Greedo. Ele assistiu, impassível, tocando
o blaster em seu quadril.
Nós fomos autorizados a sair se as nossas vidas estivessem em
perigo, certo? Ou isso caiu na regra de não parar por nada? Eu não
sabia. Mas estava entrando na música quando Tech me cutucou pelas
costas. Greedo começou a se mexer. Ele estava andando em volta do
bar (eu me perguntei se alguém havia limpo o braço ou se ele ia
tropeçar. Ele não estava mais lá.) E seguindo em nossa direção. Eu
tentei chamar a atenção de D'an, mas ele estava muito ocupado com
a música.
No meio da música, senti o meu jocimer duplo começar a se soltar
das articulações. Eu não tinha tido nenhuma chance de limpá-lo
corretamente, e eu havia feito uma lambança de óleo para compensar
a areia sempre presente. Agora eu estava com problemas.
Todo mundo tem a sua própria versão da próxima parte, e a
maioria deles tem a ver com:
— Olha como Ickabel era desajeitada! — Mas aqui está o que
realmente aconteceu: Tudo o que você ouviu, eu fiz de propósito. Dei
uma volta rápida ao meu jocimer com ambas as mãos, direções
opostas, e ele se desfez. As válvulas e os tubos voaram, e as juntas
circulares que compunham o corpo e todos os juncos vibrantes
caíram e rolaram em direção a Greedo, que tinha ganhado
velocidade. Ele pisou em uma junta oleosa e escorregou pra trás.
D’an fez uma careta e apontou para a bagunça enquanto ainda
tocava. Não parem por nada, certo. Eu pulei do palco e fiquei no
chão para pegar as peças descartadas do meu instrumento. Greedo
ainda estava caído, esfregando a cabeça, e eu fiquei de olho no
blaster dele. Eu corri para o outro lado do tablado para remontar o
meu finado instrumento.
Os outros fregueses gargalhavam de Greedo, e ele finalmente se
levantou, com um brilho verde de raiva. Ele olhou fixamente pra
mim e depois desviou o olhar. O seu rosto mudou, afrouxou, e então
ele sorriu, se é que você pode dizer que a sua espécie pode sorrir. Ele
se virou e nos deixou sem olhar pra trás. O que o encantou tanto?
Eu vi que ele estava indo em direção a outro homem branco
humano que estava com um Wookiee conversando com Wuher.
Alguém que queria mais que nós; deve ser alguém com uma grande
recompensa ou com quem Greedo tenha um ressentimento maior.
Voltei para o palco e comecei a tocar uma música ainda mais rápida,
uma das favoritas de D'an. Todos pareciam exasperados, mas
satisfeitos por Greedo se distrair.
Eles ainda não acreditam que fiz isso de propósito.
Comecei a pensar novamente sobre os droides e se eles poderiam
nos dar um bom pagamento. D'an não daria à banda uma folga
enquanto o caçador de recompensas estivesse por perto, então eu
não seria capaz de dizer aos troopers do lado de fora até que Greedo
saísse.
O humano e o Wookiee estavam falando com os outros dois
humanos, aqueles com os droides. Todos saíram da mesa, mas o
humano chamou a atenção de Greedo. Greedo se sentou e, assim que
o humano se levantou, encurralou-o com um blaster. Greedo
calmamente o encorajou a se sentar novamente.
O tempo mudou e eu tive que me concentrar em D'an por um
momento, e então a luz brilhou e Greedo caiu na mesa na frente do
humano. Eu não vejo muitos humanos, mas achei que as suas
expressões faciais eram mais expressivas do que esse homem
mostrava. Os fregueses à sua volta olharam alarmados, e Wuher
pareceu pronto para atirar no humano, mas o homem lhe deu alguns
créditos e saiu.
Embora quiséssemos vibrar de alegria, continuamos tocando. Nós
não paramos, não pararíamos por nada. Nós fomos salvos. Jabba nos
deixou ir. Greedo estava acabado. Nosso pote de gorjetas estava se
enchendo, e as coisas poderiam estar melhorando pela primeira vez
em muito tempo.
Enquanto tocávamos outra das músicas mais novas de D’an (o
cativeiro fora estranhamente inspirador pra ele, tenho que admitir),
pensei naqueles droides e nos stormtroopers que procuravam por
eles. Pensei em uma possível recompensa. E então eu decidi que se
aquele humano pode nos fazer um favor sem que nós o
conhecêssemos, poderíamos fazer um favor a outros humanos e não
denunciá-los. Nós estávamos seguros agora e poderíamos continuar
tocando.
O que é realmente tudo que sempre quisemos fazer. Tocar e não
parar. Não parar por nada.
Não bastasse o dia ruim, o maldito detector de droides não estava
funcionando novamente direito. Então quem entra, justamente dois
malditos droides. Um era um antigo e bambo droide de protocolo,
manchado e desgastado pela areia. O outro, um astromecânico com
topo azulado. Ambos provavelmente vieram de um Jawa do
deserto... cada um provavelmente com um circuito a menos que um
droide decente. Uma dupla de sucata que só serve para destruir o
local, como droides fazem. Eles não têm coração. Não tem alma. E
agora estavam ali, na sua cantina.
Eram péssimas notícias em um já péssimo dia. Como um cuspe
com catarro de globba por cima de um sundae de poodoo.
Wuher, o bartender da cantina de Mos Eisley, começou seu dia do
mesmo jeito que sempre começava, antes dos dois sóis nascerem,
cansado de uma noite de sono mal dormida, tomando de caf da
manhã com zucca salgado e larva-de-cascalho pulverizada antes de
subir para a cantina. Ele acendeu todas as luzes. Aqueceu todas as
máquinas. E imediatamente as primeiras más notícias. O estoque de
todas as coisas, que poderiam acalmar os ânimos nesse tórrido
mundo morto, estavam baixos. Sem slurry de gar, sem suco de
fístula, e nada daquela bebida que os Gamorreanos preparam.
Wuher puxou o braço mecânico de baixo do bar, estalando os trincos
e desdobrando o visor com um clique. E claro, isso também não
estava funcionando. Ele teve que assoprar a areia da tela e a estapear
algumas vezes, e tudo que conseguiu foi uma tela defeituosa,
engordurada e com pixels corrompidos. Isso significava que não
poderia ver os horários das entregas.
Tinha certeza de que esse cara, um viajante chamado Bims Torka,
deveria ter entregado várias mercadorias no dia anterior. Talvez até
antes disso. Torka deveria ter entregado as coisas usuais e mais um
carregamento de néctar alcoólico de Jakku, que era a bebida
fermentada mais nojenta que pudesse haver, basicamente um
combustível gasoso de alta octanagem. Fazia as pessoas
ficarem muito mal. Wuher sabia disso, que essa coisa que ele fazia
atrás do balcão do bar, não era arte. Qualquer comedor de areia sem
cérebro poderia fazê-lo. Mas para fazer direito, você tinha que saber
certas coisas, e uma dessas coisas era que você não quer os seus
clientes muito bêbados muito rápido. Se isso acontecesse, eles
estavam fora. Paravam de beber e começavam a brigar. Ou pior,
começavam a vomitar.
Ainda assim eles queriam os produtos, então ele cobrava bem caro
por isso.
Mas agora ele não tinha nada, nada dos produtos. O que ele tinha
eram as sobras, que iriam até ser consumidas, mas os clientes não
iriam gostar. O que significava que teria que os ouvir reclamar, e a
última coisa que queria era ouvir reclamação. Quem pensavam que
ele era? Uma babá? Que tinha que tomar conta dos bebezinhos?
Animais. Animais reclamões.
Era como era, então ele apertou o botão para abrir o portão.
Também não funcionou, então ele pegou uma chave pivô e deu 3
boas marteladas, com o som de uong, uong, uong! Que fez com que
voltasse a funcionar. As fechaduras chiaram. O portão abriu com
uma chacoalhada.
Não demorou muito para a espelunca lotar. Cheio de viajantes e
comerciantes, piratas e contrabandistas. Por todo lado haviam
usuários, traficantes de escravos, mecânicos. O de sempre. Mas não
droides. Droides nunca.
Mais tarde os “Modal Nodes” iriam tocar, e eles eram legais, exceto
por serem Bith, que sejamos sinceros, era bem bizarro... Mas Wuher
odiava a música deles. Era apenas ruído pra ele. Mas, tudo soava
como ruído pra ele.
Pior que os “Nodes” era quem entrava depois: aquele
contrabandista, Solo, e o seu tapete ambulante de copiloto. Wuher
não sabia de onde o peludo havia saído, ele achava que os Wookiees
eram uma espécie de escravos, mas esse não parecia um escravo para
Wuher. O único outro Wookiee que conhecia era o dono da cantina,
que se chamava Chalmun. Também não era escravo. O que não era
um problema para Wuher, ninguém tinha que ser escravo.
Escravidão era a força motriz daquele planeta, graças aos Hutts, e
agora era também a força motriz da galáxia, graças ao Império. Mas
ele não seria parte disso. Claro, poderia ter uma ajuda aqui e ali, se
comprasse um escravo ou outro. Então não seria só ele. Sim, tinha
Ackmena trabalhando algumas noites, mas um par de escravos
tiraria um pouco do seu fardo durante o dia.
Mas não parecia certo. Não mesmo.
Então, Wuher estava bombeando bebidas e ignorando perguntas,
Solo seguiu para um canto escuro da cantina. Como se estivesse
querendo ser visto. Como se estivesse esperando algo ou alguém. O
gigante peludo filhodamãe seguiu para o outro lado do salão, o que
parecia estranho para Wuher. Se você tem um guarda costas
troncudo como esse, você não o deixa sair do seu lado. Solo, sim,
parecia durão o suficiente, mas não durão como um Wookiee.
Além disso, a última vez que Wuher teve notícias, Solo tinha
dívidas na sua conta.
E não uma dívida qualquer.
Uma dívida com um Hutt. "O" Hutt dessas bandas de cá. Jabba.
É o tipo de sabedoria que você iria querer pendurar na parede:
Nunca deva nada ao Jabba, o Hutt. Nada, nunca.
Mas lá estava Solo, devendo ao Jabba, sentando sozinho, com o
Wookiee longe.
Foi aí que os esquisitões do outro lado do bar, um cara chamado
Jerriko, da sua boca soprou fumaça do pela haste, formou alguns
vapores em forma de anel e disse em seu jeito desmerecidamente
condescendente:
— Oh céus. Alguém está encrencado hoje.
Ele levantou o seu queixo para indicar quem entrava pela porta.
Greedo. O Rodiano.
A escória do Caçador de Recompensas. Wuher não se importava
muito com Caçadores de Recompensas e ladrões de fiança. Voltou
para a coisa da escravidão. Pessoas sendo donas de outras pessoas.
Mas ele não podia fechar as portas pra eles (A não ser que fossem
droides. Ele tinha aquele sensor de droide na porta por um motivo).
Se espalhasse a notícia de que ele não servia Caçadores de
Recompensa, ele ganharia uma má fama. E nesse mundo, você não
quer uma má fama se você quer continuar nos negócios.
Greedo entrou, olhou ao redor, sentou-se.
O Rodiano viu Solo. Solo fingiu não ver o Rodiano.
Foi aí que Wuher soube: Ele estaria limpando uma maldita
bagunça em breve. Isso era uma armadilha para o Solo. Ou talvez, ele
pensou: uma armadilha para Greedo.
Wuher sabia que eles logo descobririam a resposta.
— Então... Então! — Ele espiou aquele morcego velho de olhos
esbranquiçados se sentando, com um cara que se chamava Roofoo.
Roofoo estava acompanhado hoje, um Aqualish de olhos tristes a
quem Roofoo apresentou na sua voz irritante:
— Ei, você! Esse é meu amigo Sawukee. Ele bebe de graça!
— Ninguém bebe de graça!
Mas Roofoo continuou falando como se não tivesse ouvido a
resposta:
— Aquele Rodiano que você arrastou pra fora daqui? Eu podia com
ele. Podia tê-lo matado!
— Tenho certeza que podia, — disse Wuher irritado. Grande
falador, esse cara.
— Eu posso matar qualquer um aqui!
— U-hum. Você vai pedir alguma coisa?
Roofoo pediu alguns fizzers pretos pra ele e pro seu amigo
Aqualish, os quais Wuher rapidamente entregou antes de ir para o
outro lado do bar para fazer mais pedidos. Alguém assobiou pra ele.
Argh. O fumante novamente. Jerriko.
— O que? — Wuher perguntou irritado. O homem já tinha uma
bebida. Wuher sempre dizia as pessoas: Se você tem uma bebida nas
mãos, não precisa de mim pra nada. E ainda sim sempre
conversavam com ele. Sempre a tagarelar e incomodar.
— Aquele homem ali. Com o olho ruim e... a cara.
— Sim. Roofoo.
— Esse não é o seu nome. Ele é um assassino. Um cirurgião que
era chamado pelo nome de Dr. Cornelius Evazan. Tome cuidado com
ele. E com o seu parceiro também. O Aqualish. Ponda Baba.
— U-hum.
Jeriko contraiu os lábios. Ele era um sabichão incorrigível.
— Eu o conheci uma vez num banquete. Mas tenho certeza de que
não se lembra. Ele estava diferente, então. Menos... esquisito. Ainda
não estava desfigurado. Mesmo assim, era um assassino. — Foi então
que Jeriko chegou mais perto, e falou em tom conspiratório. — Eu
poderia despachá-lo pra você. Antes que cause problemas. Porque eu
te digo: ele vai causar problemas.
— Eu não dou a mínima para o que você faz, ou o que ele faz, o que
qualquer um faz. Eu só sirvo as bebidas e sou pago.
Jeriko assentiu, com um sorriso debochado no rosto.
— Há, sim, eu te entendo. — Mas a forma como ele disse isso
parecia que tinha interpretado Wuher de outra maneira, e quando
Jeriko se afastou para o outro lado do bar e mais próximo de Evazan.
Como se tudo estivesse desabando em sua cabeça. Wuher se sentiu
quente, suado. E você não se sente suado em uma local seco como
aquele, mas estava, se sentindo grudento, tonto e febril. — Não com
uma doença, mas um momento de grave indecisão sobre a sua vida e
o seu lugar ali. Até mesmo enquanto enchia um copo de “espírito
azul” para um piloto, um pequeno Chadra-Fan que guinchava pra
ele, a realidade da sua situação lhe atingia pelas costas com um taco.
Wuher não tinha ninguém. Ele não tinha nada a não ser esse bar e
essas pessoas, esses malucos, esses viajantes e comerciantes, piratas
e contrabandistas.
Todos os dias mais um corpo caído. Todos os dias, dinheiro para
proteção pago aos Hutts. Ele não tinha visto alguns Imperiais no
lado de fora da porta? Provavelmente significava que logo teria uma
inspeção imperial também.
E foi então, nesse exato momento, que a mais grave indignidade o
atingiu.
Aqueles dois droides apareceram na porta. O droide de protocolo e
o astromecânico.
Eles vieram entrando com o velho eremita que raramente
aparecia, junto com um garoto do deserto de cara nova. Novamente
Wuher sentiu um calor subindo a sua testa: não o calor do dia, o qual
ele já era habituado, mas o calor do ódio. Droides. Droides.
— Ei, — ele rugiu. — Nós não servimos esses tipos por aqui!
O garoto, parecendo aturdido pergunto:
— O que?
— Seus Droides! — Ele rugiu. — Eles vão ter que esperar lá fora.
Nós não os queremos por aqui.
O garoto pareceu ainda mais aturdido, e os droides marcharam de
volta para o calor do deserto, Wuher teve que botar a sua mão para
se equilibrar contra o balcão do bar. As memórias lhe atingiram
como os ventos de uma tempestade de areia.
...Wuher, um então jovem adolescente, pesado ao redor da
cintura, mas ativo o suficiente, correndo pelas galerias da estação
de Arkax, com o chão tremendo, tiros de blasters iluminando a
escuridão atrás dele....
...com os droides, negros e brilhantes, se movendo através da
estação enquanto acabavam com a energia e executavam todos que
encontravam...
...com os seus pais, mortos, ambos atingidos pelos tiros de laser,
os furos ainda fumegantes.
...com o ruído e sibilo dos braços mecânicos atrás dele e os
droides acendiam os olhos, com os seus blasters apontados para ele,
prontos para atirar...
Estremeceu, e de repente frio.
Droides.
Ele odiava droides. As guerras Clônicas o ensinou isso. Não se
podia confiar em sucatas. Eles estavam tão vivos quanto qualquer
outra pessoa, mas ainda mais poderosos: Tão eternos quanto a sua
programação permitia, passando de corpo em corpo. Eles eram
inteligentes. Perigosos. Não importa qual tipo de pino de contenção
você instale neles. Eles não tinham piedade como um ser humano
teria. Eles eram frios. Assassinos, até o último deles. Ou pelo menos
tinham potencial para ser.
Wuher não teve muito tempo para pensar sobre isso, entretanto.
Porque agora o garoto pirralho estava no bar, puxando a manga de
Wuher como uma criança faz com alguém mais velho. Garoto idiota,
provavelmente um caipira das fazendas. Wuher o encarou, alcançou
um copo de água suja do bar, se o garoto quisesse água limpa, ele que
pagasse o preço desse privilégio, como todo mundo.
Próximo ao bar, a bola de pelos do Wookiee estava falando com o
velho eremita. Nenhum deles estava bebendo naquele momento,
claro, só ocupando as cadeiras. Mas do nada, uma comoção
aconteceu. O garoto idiota deve ter trombado com o Aqualish, ou
talvez o Aqualish tenha trombado com o garoto. Não importava,
porque aquele Sawkee, ou Ponda Baba ou qualquer que fosse o seu
nome, ficou apavorado com alguma coisa assustadora. Pior de tudo,
aí vinha o de olhos leitosos, Evazan. Furioso como um rato womp
torrado pelo sol.
— Ele não gosta de você — Evazan disse ao garoto.
O garoto confuso apenas disse:
— Sinto muito.
— Eu também não gosto de você! — Foi então que o de olhos
leitosos ficou ainda mais agressivo: — Você que se cuide. Nós somos
homens procurados! Temos sentença de morte em 12 sistemas!
Wuher pensou: “Quem diz isso? Quem anuncia que está sendo
procurado por crimes com sentença de morte? Poderia então
colocar o número de recompensa na testa, transforme-se em um
alvo para qualquer maluco com uma dívida nas costas.”
— Eu tomarei cuidado. — Disse o garoto, sem tomar cuidado
nenhum. Garoto idiota.
— Você vai morrer! — Evazan disparou, agarrando o garoto e o
rodopiando. E foi então que o velho, o eremita se envolveu.
— Esse jovem não vale o esforço. — Ele disse. Com a sua voz régia,
concisa, nada como das pessoas daquelas partes. O velho eremita
não bebia muito, mas sempre pagava por água limpa. Nunca causava
problemas. Nunca falava muito.
O velho, naquela sua voz regia, ofereceu pagar uma bebida para
Evazan. Evazan rugiu, atirando o garoto de costas em uma mesa. O
garoto despencou contra uma cadeira, caindo como um saco de
pedras. Alguém sacou um blaster; O Aqualish, talvez. Era como estar
de volta em Arkax, e Wuher pensou em sair do caminho.
...com os seus blasters apontados pra ele, prontos pra atirar...
Um raio azulado cortou o ar da cantina, com um som de bzuum,
bzuum.
...atrás dos droides, pares de lanças de luz, azuis e verdes...
Wuher se jogou no chão, em pânico.
Com o som dos gritos, de algo atingindo o chão.
...droides estridentes, com o ruído e o sibilo dos braços mecânicos
enquanto sabres de luz os cortavam aos pedaços...
E então Wuher se ergueu novamente. O desenrolar estava obvio: O
Aqualish agarrado a um toco de braço; Evazan caído em seu banco,
com o seu peito aberto; o garoto encarando, com os olhos
arregalados como os sóis gêmeos. E o velho calmamente acenando e
levando o garoto embora. E assim tudo voltou ao normal. A música
tornou a tocar. Jerriko insatisfeito virou para outro lado,
continuando a fazer anéis de fumaça, lentamente de seus lábios
contraídos. Apenas mais um dia aqui na cantina de Mos Eisley.
Mas não era apenas mais um dia para Wuher. Não agora, não
mais.
A memória desse dia e daquele dia a tanto tempo atrás, passavam
de novo e de novo em sua mente, cada lembrança seguida de outra.
De novo e de novo, num ciclo.
Blasters apontando, droides, pedaços de corpo, sabres de luz.
O caos não havia terminado aquele dia. Longe disso. Não
demoraria para que um par de stormtroopers invadisse, e começasse
a fazer perguntas sobre o que ocorreu ali.
O que Wuher pensou foi isso:
Não sei muito bem o que houve hoje. Sei que eu expulsei dois
droides sujos, porque não se pode confiar em droides sujos. Sei que
havia esse cara esquisito que me disse que se chamava Roofoo e que
o seu amigo era Sawkee, mas na verdade se chamava Evazan, e o
seu amigo Ponda Baba. Sei que eles mexeram com o fazendeiro
errado, porque aquele fazendeiro tinha um amigo: Um eremita que
até agora era só isso, um eremita. Mas eu acho que ele era mais que
um eremita. Acho que ele era um Jedi dos antigos. Achei que
estavam mortos, os Jedi. Eles uma vez salvaram a minha vida, de
um batalhão de droides. Então estou inclinado a deixar essa passar.
E você deveria também.
Não disse nada disso, claro. Sabia que não deveria se envolver ou
falar a coisa errada para os Imperiais. Sabia também que o velho e o
garoto já estavam longe, vendo os troopers entrando. Apontou na
direção das mesas vazias e deu os ombros.
Mais tarde, um único tiro disparou e o Rodiano Greedo caiu morto
nas mesas e o contrabandista, Solo, se levantou e saiu, como se não
fosse grande coisa. Ele jogou alguns créditos a Wuher, disse algo, e
saiu da cantina. Wuher teve que ir até lá, arrastar o corpo para fora
com urgência, esfregar o sangue da mesa.
Mas mesmo enquanto fazia isso, aquelas memorias...
Hoje na cantina e aquele dia na estação Arkax.
De novo, e de novo. Lembranças atrás de lembranças, como dois
skad-claws perseguindo o próprio rabo.
Corpos e sabres. droides e morte.
Eventualmente a lembrança do dia ia diminuir. Wuher entregou a
cantina para o funcionário do turno da noite, um cara fortão
chamado Ackmenta, que morava em Delkin Ridge com a esposa,
Sorschi. E Wuher fez o que sempre fazia, saiu, tomou um copo de
leite azul para acalmar o estomago, e depois para cama. E
contemplava o que o dia seguinte traria. Ele se perguntava se seria
tudo igual ou se essa seria sua chance, como aquela vez há muitos
anos na estação Arkax de mudar o curso, de fazer algo diferente.
Aquela noite mudou tudo. Seus pais mortos, sua vida mudada.
Talvez agora fosse sua chance de mudar o seu destino. Talvez ele
pudesse mudar seu caminho, até mesmo agora. Talvez ele pudesse
achar um lugar seu. Alguém seu.
Talvez ele pudesse mudar o seu destino.
Mas ele iria?
— Há uma lenda, — Kabe começou. — No mundo superior Bith
sobre o lugar que existe após a morte, o Reino de Todas as Luzes, o
Sono Eterno... Não sei como eles chamam, eles são Bith. Alguma vez
já tentou falar com um Bith? Quem sabe. De qualquer forma no
paraíso Bith existe um clube, um clube noturno, e todas as noites os
melhores musicistas Bith que viveram, ou melhor, morreram, se
reúnem para tocar. Eles têm o dom da música, os Bith, o que você
precisa saber para dar contexto, para a anedota fazer sentido,
quando terminar. De qualquer forma, esses mortos, mas lendários
musicistas Bith criam as mais doces melodias da existência. No
palco entretanto, há apenas um banco simples sobre o qual fica
uma corneta de kloo que nenhum cantor ousa encostar, ou mesmo
tocar.
Bom, se você esperar tempo o suficiente e beber só suficiente de
seja lá o que for que os Bith bebem, novamente, te desafio a falar
com um deles e entender qualquer palavra que eles disserem, e eu
não digo “entender” no sentido de ouvir precisamente as palavras,
mas verdadeiramente compreender o significado das coisas que
eles estão dizendo. Mas como reza a lenda Bith, nesse clube você
pode ver “O Estranho”quando ele vier para buscar a sua corneta.
Então você pergunta, quem é esse “O Estranho” e por que eu
haveria de me importar? Bom, eu te digo. É na verdade o propósito
dessa agradável paródia/ piada que eu escolhi para dividir com
vocês como uma introdução dessa reunião. O Estranho entrou nesse
clube noturno do Paraíso e se aproximou do palco. Em reverência e
respeito, todos ficaram em silêncio. O Estranho pegou a corneta,
tocou apenas uma nota, e soou tão divino que todos choram
maravilhados com a apoteose estética do som. Era revelador. Era o
próprio som da luz, do amor. A sua nota única deixa a todos em
prantos, todas às vezes, musicistas e beberrões igualmente, e então
O Desconhecido? Ele sai, acredite você, tão rapidamente e
silenciosamente quanto entra.
Uma noite, O Estranho vêm, pega a corneta, toma o coração de
todos os presentes, e sai como de costume. Então, um cliente
habitual, mas ainda novato em comparação com os mais antigos,
se vira para um habitual, mas das antigas, que iria saber mais, ao
contrário desse novato que indagava, e perguntou (com um pouco
de incredulidade):
— Quem é esse cara? Lirin D’avi?
E o mais antigo respondeu:
— Não, esse é Deus. Ele só acha que é Lirin D’avi.
Kabe aguarda a risada que nunca chegou.
— Você vê, na cultura Bith, Lirin D’avi é mais perfeito
instrumentista que já...
É uma causa perdida. O Sucateiro de frente a ele olha em sua
direção. O olhar significa "criatura com cara de morcego, a sua língua
soa a chiados e estalos pra mim e eu não faço ideia do que você está
falando," e Kabe vê isso em torno de dezessete vezes por dia. Ele
suspira e entrega uma corneta de kloo dourada em cima do balcão do
Sucateiro.
— De qualquer forma, é isso que eu tenho. Me dá cinquenta e
cinco?
Essa é língua que o Sucateiro entende. Ele baixa o ganho de Kobe
para quarenta e oito, o que era na verdade três a mais que Kobe
ousava sonhar em conseguir por aquela porcaria de tubo de som
antigo em primeiro lugar, então o expõe proeminentemente pela
janela da loja de sucata.
Loja de sucatas sempre tem uma corneta Kloo na janela. É bom
pros negócios.

O Muftak e Kabe: governantes do reino da cantina subterrânea, que é


um reino com uma população de dois. A noite Muftak dorme nos
canos cavernosos abaixo do espaçoporto, abaixo do deserto
escaldante da superfície de Tatooine, abaixo da vista dos sóis duplos
que queimam os céus, aproveitando a temperatura naturalmente
mais baixa e a misericórdia que concede à sua pele grossa. Umidade
sempre se acumula nas paredes, que eles coletam e vendem. Kabe
dorme nos túneis porque a escuridão é melhor para os seus olhos e
porque Muftak dorme lá também. E onde Muftak vai, o segurança o
segue. O Muftak e Kabe, um time, agachados juntos já escuridão,
esperando pelo impossível: que um dia a sorte chegue, ou o calor
acabe.
Durante o horário comercial, o Muftak e Kabe espreitam a cantina,
mais escura e fresca, e saqueiam o que eles conseguirem encontrar
dos bêbados e machucados habitantes que cambaleam pelo
espaçoporto, enganando otários por trocados, com os seus
numerosos olhos observando as presas fáceis e o que quer que seja
que conseguirem colocar as mãos. Cercando os turistas e
transeuntes, eles roubam de uma pessoa, vendem para outra, gastam
o dinheiro em algo que um terceiro idiota em algum lugar quer, mas
ainda não sabe como encontrar. Então eles aumentam o preço,
movem a mercadoria, e vivem como reis até o dinheiro acabar. Então
repetem, sempre, para sempre, A-B-C, sempre repetindo, as escuras.
Se sustentando no submundo de Mos Eisley significa bater perna
constantemente, matemática duvidosa, lucro duvidoso, e sempre
sabendo que não importa qual o próximo negócio será, será
exaustivo.
Em Mos Eisley todos tem negócios escusos, mas até Muftak e
Kabe? Até os seus negócios escusos têm negócios escusos.
Ackmena sabe disso, e mantêm todos discretamente, porque que
tipo de atendente ela seria se não soubesse, mas ao mesmo tempo
tinha que haver respeito, e por respeito, Ackmena significa aluguel.
Não muito, mas o suficiente para Ackmena poder entregar algo para
Chalmun, que era dono da coisa toda, enquanto ela forrava seus
bolsos para fazer a viagem pelo submundo valer a pena.
Ela limpou a garganta. O Mutfak, estava dormindo fora de hora,
desperta como se acordasse de um leve caso de paralisia. Kabe, do
seu lado, gorjeia. Kabe gosta de Ackmena, e Ackmena acha que a voz
de Kabe soa como música, e lhe agrada ouvir o seu gorjeio.
— Primeiro dia do mês, meus peludos queridos, — ela diz, não sem
alguma afeição, com a sua voz ressonando na pedra fria do covil,
ecoando na escuridão para sempre.
O Muftak provavelmente gastou todo dinheiro com bebida na
noite anterior. Ackmena despeja muito rápido os amigos. É provável
que ele tenha perdido tudo que restava do seu dinheiro, do dinheiro
deles, para o Sakiyan por causa de uma duvidosa mão de onze cartas.
O Muftak não tinha certeza (apesar de que ele esta realmente muito
certo, vamos por um momento dar a ele esse beneficio da duvida e
pelo menos um pouco de dignidade). De uma forma ou de outra,
Myo estava certamente envolvido ta mudança de sorte de Muftak na
noite anterior.
Myo lhe devia dinheiro? Como alguém pede para um entusiasta da
violência como Myo para pagar? o Muftak tinha muitas perguntas.
Kabe gorgojeia.
O Muftak esfregou os olhos, tentando lembrar do numero de vezes
que a paciente Ackmenas esperou ele pagar. Esfregou a cabeça.
Espera. Onde eu coloquei, ele procura, esperando que aquela
pantomima lhe ganhasse algum tempo.
Kabe gorjeia.
O Muftak apalpa a si mesmo, por bolsos que ele não tem, usa ou
jamais usou calças, ou qualquer artigo de vestuário na verdade, já
que ele sempre viveu a sua vida preso entre uma grossa camada de
pelos em um planeta árido que pode ser de fato, literalmente, um
incêndio.
— Você — o Muftak crocitou para Kabe, com ressonando desse
jeito, sem parar, você vai literalmente me matar se ousar continuar
com esse barulho. Tenha piedade, amigo, porque dentro da minha
cabeça tem uma besta raivosa e violenta me punindo por ter tido
sorte na mesa de jogos ontem a noite.
(o Muftak teve muita má sorte na mesa de jogos ontem a noite)
Ainda assim Kabe gorjeia. E o que ela gorjeia o tempo todo é:
— Eu tenho algum dinheiro.
E todos os 4 olhos de Muftak que olham Kabe, não apenas olham,
mas dão “aquele olhar”. O Muftak é o único que da “aquele olhar”
para Kabe, provavelmente porque o Muftak é o único que irá
entender Kabe, e “aquele olhar” sinaliza eu sei o que você está
dizendo, mas não sei o que te fez dizer uma coisa dessas.
Desnecessário dizer, afinal de contas, que esse olhar silencioso que
trocamos nos momentos fugazes, que iremos falar sobre isso mais
tarde, em companhia mais privada.
Kabe suspira e desencava quarenta e cinco, o que ela conseguiu
pela corneta (menos a sua taxa de serviço e bônus, é claro) e acena
para Muftak. Bobinho.
— Onde você conseguiu isso? — O Muftak percebe. Então percebe
que não importa, e ele realmente não se importa. O Muftak pega o
dinheiro de Kabe e passa para Ackmena. É uma das únicas vezes que
Muftak não extraia sua costumeira taxa de proteção que ele cobra
por cuidar de Kabe, mas ele faz uma nota mental para se
recompensar duplamente no futuro.
Ackmena confere. Ela faz tsk-tsk-tsk.
— Quarenta e cinco? Isso é um pouco mais que a metade, amigos.
E tirando a minha taxa de serviço mais taxas extras, esta faltando
pelo menos sessenta.
Ela olha pra eles. Eles se entreolham. Sabem que ela não ira os
expulsar. Ela sabe que eles sabem que não irá expulsá-los, e
provavelmente não seria nem fisicamente capaz de expulsá-los
mesmo se ela quisesse, o que ela não quer, não de verdade. Sabem
que ela sabe que eles sabem, e ela sabe, eles sabem, e todos eles
sabem que Chalmun, o chefe, o locatário, donos dos bares, fazedor de
bebidas, quebrador de pernas, precisa receber ou ele mandará
alguém lá para baixo para os túneis e fazer uma extração da forma
antiga. Se o seu humor estiver particularmente amargo naquele dia
(o que acontecia com relativa frequência com um Wookiee naquele
deserto) ele poderia escolher exterminar os Muftaks e Chadra-Fans
do seu encanamento, que se dane a perda da renda. Nisso pelo
menos o Muftak e Chalmun tinham em comum, mas não o suficiente
para mantê-los vivos.
Vida não valia muito em Mos Eisley.
— Eu vou conseguir. — Muftak clica ao falar.
Não sabe se Ackmena entende exatamente suas palavras ou não.
Ela pega a ideia da coisa, mas não detalhes.
— Hoje à noite, queridos. Respeito deve ser pago. Vocês sabem
como funciona.
Ela se vira para sair, e o som dos seus passos ecoam pelo
comprimento dos túneis de canos, fazendo a cabeça de Muftak pesar
ainda mais.
— Pequeno amigo, antes de eu morrer, e eu te garanto que
morrerei, hoje com certeza, a noite se tiver sorte, mas com certeza
minha hora agora esta chegando, — o Muftak taktakeava — Por
favor, Kabe, me diga onde e como você encontrou essa pequena
fortuna? Porque pela minha vida, quanto seja que tenho restante,
ou o quão pouco vale, eu podia jurar que você estava em um estado
embaraçoso no que diz respeito aos seus recursos financeiros, e eu,
estou destituído, o que significa que nós, meu amigo, provavelmente
continuaremos nossa maré de azar a não ser que encontremos uma
ventania hoje, o que eu não sei, parece pouco provável.
— Mas há um momento antes você disse que teve sorte, você disse
que teve “muito boa sorte” nas mesas de Sabacc ontem à noite —
Kabe contrapõe.
— Eu posso ter exagerado. Não culpe o vigarista por trapacear. —
Disse o Muftak.
— Eu vendi a corneta Kloo de Lirin Car’n, — gorjeia Kabe.
Uma luz, pequena mas pulsante se acende de dentro do dolorido
crânio de Muftak.
— Pequena, me corrija se eu tiver errado, mas... parece que eu
tenho a vaga lembrança de que Myo, que deve a nós dois uma soma
um tanto quanto significativa, ganhou aquela corneta na noite
passada de Lirin Car’n, então em comemoração, bebeu a ponto de
deixar a corneta para trás na mesa... quando de fato... eu... que
levei o instrumento em questão... — O Muftak clica. — Com a
intenção de converter em fundos hoje mais tarde, em reparação a
dívida de Myo.
— De fato. E sabendo que hoje era o dia de pagar Ackmena, — diz
Kabe — Eu lhe livrei da corneta enquanto você dormia, assim como
você o livrou da corneta que ele livrou de Lirin Car’n previamente, e
assim levei para um Sucateiro que eu sabia que estava comprando
cornetas, especialmente cornetas Kloo douradas.
— Eu desmaiei e você roubou de mim. — o Muftak argumenta
— Eu considero essa interpretação um tanto quanto rude, — o
Chadra-Fan contra-contra — argumenta.
— Pelos sóis abençoados, — o Muftak se enfurece, a ressaca
drenando enquanto a adrenalina o inunda por dentro e ele se põem
de pé. — Myo ira te devorar por isso.
— Não. Myo irá devorar você por isso, a não ser que ele descubra
que foi na verdade eu quem penhorou a coisa. Mas isso... — pia pra
pequena, — é um problema de amanhã. Nosso problema de hoje é
pagar o aluguel.
Kabe vangloria-se na sua certeza. E exceto quando ela roubava
dele, o Muftak geralmente dava razão a Kabe.

Lirin Car’n tremia com raiva, fúria, arrependimento, dúvida,


ansiedade e desespero. Qualquer que seja a palavra quando se bebe
tanto e joga tão mal as cartas que se perde a corneta kloom de seu
pai, que é realmente um sentimento, e um sentimento com um
nome, mas vem dos Bith, que tendem a ser os que sentem isso, como
ninguém fala Bith mesmo, o nome não vem ao caso.
Acredite que o sentimento é real e propício, apesar de raro de ser
sentido, ele existe, e é sentido mais que nunca antes por Lirin Car’n o
Bith, nesse exato momento na cantina Mos Eisley.
— E você quer que eu ache esta coisa pra você? — pergunta Djas
Puhr ao Bith.
— Você é uma caçador de recompensas, não é? Então? Eu estou
colocando uma recompensa na corneta do meu pai. Eu a perdi para
Myo. Myo não a tem. Ele acredita que foi roubada enquanto ele
bebia. Sua solução para o problema é gritar e rosnar e procurar por
algo para matar. Eu acredito que essas negociações são resolvidas
melhor por pessoas de negócio.
— De fato. Na verdade, Myo me pagou o que ele jurou ser seus
últimos créditos para caçar o que quer que seja que ousou roubar
dele em primeiro lugar. Claro que se ele o encontrar antes, ele
matará e então vai cancelar o acordo, mas você entendeu.
— No que me diz respeito — Car’n disse — A corneta parou de
pertencer a Myo no momento que ele deixou de realmente ter a
coisa. Esta, como dizem, perdido no vento. E eu quero de volta.
— Você é um homem de negócios, como diz. Você esta no negócio
de música. Sem a corneta não há música, e sem música não há
negócio. Como vou saber que a recompensa existe? — O Sakiyan
pergunta. Como povo, eles não são nada práticos.
— Eu vou pagar. Eu terei dinheiro pra isso, — Car’n diz. — Depois
que eu puder tocar em apenas uma sessão, um trabalho, eu te
pagarei duzentos.
— Então o acordo é para: duzentos, se eu achar uma corneta de
cinquenta créditos...
— Cinquenta? Como ousa! Você faz ideia de quem foi o meu pai?
Você... faz, ... Você não... Essa corneta... A lenda por trás... Eu...
Você... — Car’n estremece, mas todo protesto cai nos ouvidos não
apreciativos de Sakiyan. — O seu problema, seu... seu... Sakiyan... é
que você não tem apreciação pela arte.
— Os Bith veem poesia na matemática da música, eu vejo poesia na
matemática do dinheiro. Em todo caso ambos apreciam a beleza dos
números. Então... duzentos mais despesas. Isso que é, como dizem,
música para os meus ouvidos.
— Traga minha corneta e te darei o dinheiro.
— E permitirá que o querido e furioso Myo lide com os
intrometidos?
— Exatamente. — Diz Car’n ao diminuir a tremedeira. — Espere,
Intrometidos? No plural?
— Não se preocupe com isso.
Djas Puhr se levanta da escura mesa na alcova, que ele pensa ser
seu lugar habitual e sai para seu dia de trabalho. Ele já sabe o que
aconteceu, e como, e porquê. Ele sabe, ou pode pelo menos intuir,
como essa bagunça com a corneta começou. Não é muito difícil,
conhecendo os tipos que frequentam aquelas mesas, mas como o
único sem gosto pela bebida, Djas Puhr, caçador de recompensas,
tende a ser o que vê as coisas em primeira mão, e se ele for esperto,
tende a ser o que consegue lucrar. A maioria das pessoas em Mos
Eisley pensam no lugar como um porto, bar ou bazar até. Lirin Car’n
pensa nele como um palco.
Para Djas Pur, mais que qualquer outra coisa, Mos Eisley é um
lugar de negócios.


O Muftak cambaleia pela luz do dia de Tatooine, odiando os seus pais
um pouco mais por terem o tido nesse universo onde um calor
miserável podia existir. Seu nome não era “o Muftak”, mas sim
Muftak. E devido a sua espécie: Ao invés de ser “um Muftak” como a
maioria das pessoas assumiam (por isso a adição de um artigo
definido como prefixo), Muftak era um Talz que veio de Orto
Plutonia... Que fica na verdade bem longe de Tatooine, sendo cheio
de gelo e neve e coisas geladas, poderia ser literalmente um molde do
oposto do planeta desértico. Como o Muftak... Muftak ...como um
Talz veio parar em Tatooine é outra história para outro momento,
mas desnecessário dizer, nem Muftak nem outros dos clientes jamais
viram outro como ele. Em certo momento Myo, confuso, como Myo
sempre fica, decidiu Muftak o Talz era apenas “o Muftak” e isso meio
que pegou depois de um tempo, principalmente porque Muftak
cansou de lutar contra isso.
O Muftak faz umas contas na sua cabeça fervilhante: com certas
reduções, tarifas, juros, taxas, custo de entrega e gorjetas, ele achava
que poderia coletar o suficiente para ver os sóis duplos nascerem
mais alguns dias. Primeiro ele teria que encontrar o contrabandista,
depois ele teria que achar o homem Cara de Porco, um humano, ele
achava, ou o homem com Cara de Morsa, um Aqualish, que ele
conhece, e que ele sabe que irá, se os dois estiverem separados, onde
encontrar o Cara de Porco provavelmente humano.
Ninguém gostava do Cara de Porco. Exceto ao que parecia, o Cara
de Morsa. Cedo ou tarde, todos eles acabariam no bar. Em Mos
Eisley cedo ou tarde todos acabam no bar.
Então o Muftak marcha para o bar.

O Muftak cambaleia pela luz do dia de Tatooine, odiando seus pais


um pouco mais por terem o tido nesse universo onde um calor
miserável podia existir. Seu nome não era “o Muftak”, mas sim
Muftak. E devido a sua espécie: Ao invés de ser “um Muftak” como a
maioria das pessoas assumiam (por isso a adição de um artigo
definido como prefixo), Muftak era um Talz que veio de Orto
Plutonia, Que fica na verdade bem longe de Tatooine, sendo cheio de
gelo e neve e coisas geladas, poderia ser literalmente um molde do
oposto do planeta deserto.
Como o Muftak, Muftak, como um Talz veio parar em Tatooine é
outra história para outro momento, mas desnecessário dizer, nem
Muftak nem outros dos regulares jamais viram outro como ele. Em
certo momento Myo, confuso, como Myo sempre fica, decidiu
Muftak o Talz era apenas “o Muftak” e isso meio que pegou depois de
um tempo, principalmente porque Muftak cansou de lutar contra.
O Muftak faz umas contas em sua cabeça fervilhante: com certas
reduções, tarifas, juros, taxas, custo de entrega e gorjetas, ele achava
que poderia coletar o suficiente para ver os sóis duplos nascerem
mais alguns dias. Primeiro ele teria que encontrar o contrabandista,
depois ele teria que achar o homem Cara de Porco, um humano, o
qual achava, ou o homem com Cara de Morsa, um Aqualish, que ele
conhece, e que ele sabe que irá, se os dois estiverem separados, onde
encontrar o Cara de Porco provavelmente humano.
Ninguém gostava do Cara de Porco. Exceto ao que parecia, o Cara
de Morsa. Cedo ou tarde, todos eles acabariam no bar. Em Mos
Eisley cedo ou tarde todos acabam no bar.
Então o Muftak caminha para o bar.

Myo, era um encrenqueiro Abyssin de um olho só, costeletas brancas


e um enorme corte em seu ombro, se enfurece com o Sucateiro. O
Sucateiro, seguro por trás de meio metro de um vidro que se espera
que seja pelo menos a prova de Myo, boceja.
— Grite e berre o quanto desejar, amigo, mas negócios são
negócios. Alguém veio e me vendeu a corneta. Eu coloquei a corneta
na vitrine. Alguém veio e comprou a corneta. Cornetas Kloo são boas
para os negócios, todos sabem disso.
— Mas era minha. — Grita Myo.
— Não, — diz o Scrapper. — Era minha.
Myo pensa. Essa não era a sua maior habilidade, então leva um
tempo.
— Quem... — Ele elabora a pergunta na sua mente, o Sucateiro
pode jurar que via engrenagens se movendo... — Quem comprou?
O Sucateiro responde:
— Como ousa, senhor. A privacidade dos meus clientes e seus
negócios faz parte do nosso serviço. — Mas ao ser dito isso o
Sucateiro ergueu os seus dois dedos para cima e para baixo, duas
vezes, clica com o som pap-pap — o sinal intergaláctico que
significava “vinte”
Myo desliza o dinheiro por baixo da abertura da barreira de vidro
que os separava. Onde havia conseguido o dinheiro era outra
história, além do mais agora não pertencia mais a ele.
— Um Sakiyan. Muito brilhante. Entrou, perguntou por ela como
se estivesse procurando, nem negociou o preço — trezentos.
— Pro inferno que você vendeu aquela coisa por trezentos, — Myo
disse. Ninguém é tão idiota a ponto de acreditar que uma corneta
kloo valeria tanto numa loja de sucatas como essa, nem mesmo Myo.
— Foi por volta disso, trezentos, duzentos e cinquenta,
arredondando, algo assim.
Myo ergueu os olhos.
— E quem vendeu em primeiro lugar?
— Novamente, senhor, eu insisto que respeite a confidencialidade
dos nossos clientes, e blá blá blá... — O Sucateiro diz, novamente
erguendo os dedos, dizendo “me pague”.
Outros vinte passam pela partição.
— Um tipo de... fuinha de morcego...? Eu não sei. Tipo um
Ugnaught com problema de glândula ou algo assim. Eu pensei que
era uma criança peluda no inicio.
— Ela. — Rosna Myo. — Kabe.
Myo mentalmente adiciona 40 no preço que ele vai arrancar da
pequena Chadra-Fan que dorme em túneis abaixo deles, o que
novamente não é a sua melhor habilidade, demora um tempo, o que
o faz ficar mais irritado, e essa é seu forte.

Uma corneta Kloo faria uma bengala nada ridícula, pensa Djas
Puhr, passando pelo espaçoporto em direção a (mais) escura e (mais)
fresca cantina. Pelo menos uma bengala teria algum uso, alguma
utilidade prática, ao invés desse absurdo pedaço de pau que produz
sons agudos que equivalem a “música”. Ainda assim, ele admite a si
mesmo, quando havia música no bar, os espíritos se elevavam, e
igualmente aos copos. Copos cheios significavam clientela bêbada, e
clientela bêbada era oportunidade.
Distraído por esses pensamentos, Djas Puhr não se deu por conta,
ao passar pelo batente do bar, que o contrabandista e o Wookie,
estavam de olho na porta, atentos a ele.
Baixou a sua guarda por um instante, meio instante. Ainda sim, foi
tudo que precisou para o contrabandista o notar.
Han Solo é o gatilho mais rápido que Djas Puhr já viu.
— Você não atiraria em um homem carregando uma corneta Kloo,
atiraria? — Pergunta Djas Puhr.
— Isso depende — responde o contrabandista — Você não atiraria
em alguém procurado pelo Hutt, atiraria?
— Depende do Hutt, Han. — Responde Djas Puhr. — Depende do
quanto ele quer esse alguém.
— Você tem um grande coração. — Han diz. Djas Puhr não deixa
de notar que Han ainda não baixou a sua arma.
— “Gentileza” é algo reservado aos amigos, mas homens como a
gente não podem ter amigos. Eu o considero um sócio com
benefícios mútuos, pela profissão, no máximo.
O Wookiee ruge.
— Sem ofensa.
Solo responde por Chewbacca.
— Não nos ofendemos. Eu ouvi conversa que eu talvez seja um
homem marcado. Marcado significa negócio. Estamos nós aqui
afinal, Puhr. Uma recompensa e um caçador. Um homem de
negócios e uma parte do assunto inacabado. A não ser que me
convença do contrário.
— Eu não cuspiria nesse Hutt em particular, se ele estivesse
pegando fogo na minha frente a pagando por misericórdia, Muito
menos pela fortuna que ele esta oferecendo pela sua cabeça. Longe
de mim virar as costas para uma oportunidade, mas alguns limites,
nem eu vou atravessar. — Como se fosse para deixar claro a
banalidade das suas intenções, ele puxou sem jeito uma nota da
corneta. Han quase riu. Porque Djas Puhr quase fez uma piada, mas
não chegou a fazer, então ele não riu.
Han o considera. Ninguém sabe muito sobre Djas Puhr. Caçador.
Rastreador. E dizem que rastejou de dentro do poços de escravos de
Jabba e nunca mais olhou pra trás.
Agora, Han não gosta de Jabba, e o sentimento no momento com
certeza é mútuo, mas ele mesmo reconhece quanto ódio o Sakiyan
deve ter de seu antigo escravizador. Han faz uma conta rápida em
sua cabeça. Quem Djas Puhr tem mais vontade de ver morto? Quem
ele quer ver morto primeiro? Han guarda a sua arma de volta no
coldre.
— Sinto muito. — ele diz. Han Solo não sente muito, e Djas Puhr
não se importa realmente.
— Dizem que você foi abordado.
Chewbacca ruge em confirmação.
— Foi um passo correto. — Djas Puhr diz — Viver para
contrabandear outro dia e pagar o Hutt é um problema pra amanhã.
Han dá os ombros.
— O que mais poderia te feito?
— Me entristece apenas, que, se minha memória não falha, entre
as coisas que você carregava embaixo do piso, você estava
transferindo um determinado item em meu nome.
Han acena para o Wookiee. Abrindo a sua bolsa, o Wookiee retira
um ovo mármore de ave gwayo. Ele entrega a Djas Puhr, que pega
com a sua mão livre e o admira.
— Abordado ou não, eu ainda sei como cuidar dos meus amigos. —
Han diz, salientando a palavra com seu tom de voz. Djas Puhr
reconhece com um aceno.
Solo poderia ter jogado o ovo junto com o resto do contrabando,
qualquer contrabando que fosse, mas ele escolheu o oposto. Era uma
coisa pequena, uma minúscula gentileza, uma pequena lei
desobedecida, uma regulação de importação e exportação, e o risco
de uma grande penalidade, se não a morte. Um risco por um sócio
com benefícios mútuos pela profissão, pensa Djas Puhr.
— Um gostinho de casa. — ele diz de uma forma como se
oferecendo um brinde, e morde um pedaço do ovo. — E tomem
cuidado. O Hutt subiu a recompensa o suficiente para qualquer
garoto com um blaster se coçar para irem atrás de suas cabeças.
Han acena, um gesto tão curto, tão sutil, existe à beira de ser
visível. Ambos sabem o que houve entre eles, entretanto.
Que terrível decisão de negócios, pensa Djas Puhr, terminando o
ovo no seu lugar usual, na alcova na parte escura do bar. Para os
dois.

Myo sacode Kabe pelo pescoço pra frente e pra trás, pra frente e pra
trás, incipiente, uma fonte de emoções sombrias e frias, todas
articuladas num rugido gutural representadas por rosnados e
rugidos. Kabe produz os sons que alguém produziria ao ser morto
por um Abyssin homicida.
— Você roubou de mim! — Myo grita na cara de Kabe e a Chadra-
Fan sente os seus pelos sendo empurrados para trás pelo ímpeto
furioso da umidade do hálito de Myo.
Kabe regurgita em violento desespero, gesticulando em direção as
mãos de Myo que seguravam firme o seu pescoço.
— Não consigo dizer nada se continuar esmagando minha
traqueia. — Kabe tenta piar, mas ao invés disso ela apenas “pia”.
— Fale! — grita Myo, e Kabe gesticula mais enfaticamente ao
contato de Myo com a sua garganta. Myo percebe o que esta fazendo
e como isso pode ser impeditivo a Kabe responder a pergunta, e a
solta. Kabe cai na escura e fria pedra do chão do túnel.
— Amigo, — Kabe dá um guincho. — amigo, eu nunca, nunca,
nunca iria roubar de um amigo. Eu não sei como alguém poderia
sobreviver em um lugar como esse sem amigos. O meu amigo
Muftak, entretanto...
E numa explosão de calor, Myo se recorda da baforada de Muftak
na noite anterior, e com ambos pulsos firmes soca a parede atrás da
cabeça de Kabe. Pedaços de pedras desabam nos pelos dela. Ela
cobre a cabeça em caso de algo maior cair. Mas não cai.
Quando Myo se cansa ele diz:
— Eu vou matá-lo. — arfante com a pesada e raivosa respiração.
Então algo aconteceu em cabeça dele. Kabe podia jurar que viu
acontecendo.
— Hurmmph, — Resmunga Myo.
Kabe continua assistindo.
— Oh, — Diz Myo, depois pensa por um momento, o que sendo
Myo, talvez se estenda por um tempo maior que qualquer um de nós
consideraria um momento.
— Oh, não. — ele desencarrilha. — A bebida. Difícil lembrar
algumas vezes. Eu acho... — Oh não, pensa Kabe. — ... Talvez eu
devesse algum dinheiro a ele?
Myo encosta na parede oposta.
Kabe exala. Hoje ela vive.
— Ainda assim, não deveria ter roubado de mim — ele diz. Depois
olhando para Kabe, — Nós temos que achar Djas Puhr, antes que ele
encontre vocês e os matem. — Com isso, Myo sai em direção a luz do
dia. Kabe o segue, sem tanta certeza que sobreviveria àquele dia
afinal das contas.

De alguma forma, por mais que parecesse impossível, lá viviam


criaturas com menos sorte que as mencionadas anteriormente: Um
Rodiano que que se considerava não apenas agiota sem importância
em ascensão, mas também um caçador de recompensas de muitos
talentos e prospectos. Se ele alguma vez já conseguiu coletar um
empréstimo ou até mesmo uma recompensa, de fato, se ele alguma
vez na vida já teve algum sucesso caçando qualquer coisa, ninguém
conseguiria afirmar com certeza. O que todos sabem de fato sobre
esse Rodiano em particular é que ele é um idiota com uma arma. Um
lugar como o espaço porto de Mos Eisley fervilha com uma
quantidade de idiotas com uma arma por todos becos, o que o torna
ainda mais banal a não ser que por algum motivo, ele aponte para
você, nesse caso, Hoo, irmão. Boa sorte.
Seu nome, é Greedo, lhe confere uma apropriação irônica
sugerindo que proteção e natureza perambulam juntos, conspirando
contra todos nós num fato consumado, de mãos dadas com um
destino detestável. As mãos de Greedo são particularmente
detestáveis, com seus longos dedos em garra e estranhas ventosas na
ponta. Nesse momento particular em nossa historia, ele espeta uma
triste, capenga enrugada protuberância no peito de Lirin Car’n, o
Bith tocador de corneta, o musicista que ama música, mas odeia
músicos, o pobre idiota que não pode pagar o empréstimo que deve
para, entre todos os seres, Greedo.
Lirin Car’n tem um segredo: Planejou vender a lendária corneta
Kloo do seu pai, naquela manhã de qualquer forma. Odeia tocar em
uma banda. Odeia os seus companheiros da banda. Odeia o líder da
banda. Odeia o estilo de vida sem fim e sem descanso de um
profissional itinerante na qual a única constante é o desconforto.
Nunca poderia imaginar que qualquer coisa na galáxia iria roubar
o prazer da música que tinha, mas acontece que viver a vida de um
musico fez isso. Pelo menos é o que diz a ele mesmo. Que a corneta
pudesse ser convertida em dinheiro que poderia usar para pagar o
que devia ao ardiloso agiota Rodiano era mera coincidência.
Por trás de Greedo estavam o homem Cara de Porco e o com Cara
de Morsa, a quem todos, menos Greedo, sabem que devem evitar.
Eles projetam uma aura de ameaça real que falta no sempre em
desespero Greedo, não importa o quanto tente.
— Dia do pagamento, Bith. — Greedo ronrona e gorjeia em sua
língua nativa.
— Eu não tenho. E na semana que vem? — Pergunta Lirin Car’n,
como se nada disso fosse fora do usual, o criasse alguma necessidade
de tons alterados e violência física. Ao que parecia para Lirin Car’n,
não havia outra solução. Greedo queria algo o que simplesmente não
tinha. Tudo que Lirin Car’n tinha que fazer era achar uma maneira
de conseguir o dinheiro que não envolvesse penhorar o instrumento
do seu pai, que não mais possuía.
Greedo o cutuca com mais força, conseguindo empurrar Lirin
Car’n na parede.
— E porque deveria te dar clemência? Porque deveria te poupar?
Uma dívida é uma dívida. De acordo com os termos, deveria ser
quitada hoje! — Ele grita.
— Eu não posso, Greedo. Porque literalmente eu não tenho... — ele
vira os bolsos do avesso e mostra ao Rodiano — ...Nenhum dinheiro.
Eu fui roubado ontem a noite, veja só, e...
Greedo geme de insatisfação. Ele se aproxima.
— Eu irei apenas aumentar os juros para trinta e cinco porcento e
escolher te deixar viver, — ele sibila — Você tem sorte.
— Eu não me sinto com sorte. — Lirin Car’n diz.
— Bom, você tem, porque hoje é o dia que Greedo sobe de nível, e
eu não tenho tempo de perseguir trapaceiros como você pra cima e
pra baixo pelo espaçoporto.
O Cara de Porco e o Cara de Morsa trocam uma olhar presunçoso,
com o som de dois encrenqueiros prestes a roubar doce de criança.
Lirin Car’n não consegue evitar ao rir da ideia de um caso perdido
como Greedo pertencendo a mesma classe de criminosos violentos
como os outros dois, assim por associação, Lirin Car’n assume que é
a reputação que o Rodiano quer ter. É o tipo de coisa que Greedo
deseja; esses dois idiotas gargalhantes e violentos irradiam as
aspirações de Greedo.
Greedo puxa a sua arma, mas fica presa no coldre, precisando de
um segundo puxão para extrair a coisa. A manobra tão incompetente
no seu mais perfeito absurdo típico Greedoiano, parece digna de riso
para Lirin Car’n e portanto, ele ri novamente, ao invés de fazer o que
qualquer criatura com bom senso faria quando um idiota tenta
apontar uma arma para eles, que é correr. A risada somente piora a
situação.
Antes que Lirin Car’n percebesse, Greedo empurra o blaster contra
o seu peito, mantendo o Bith sob controle contra a parede. A arma
treme na mão de Greedo, palpitante pela antecipação do tipo.
— Hoje eu capturo ou mato o homem mais procurado de Tatooine.
Hoje eu coloco o meu nome na corte do Jabba o grande. Hoje eu
coleto minha fortuna. — Cada vez que diz “hoje”ele pressiona a arma
ainda mais forte contra o peito já côncavo de Lirin Car’n de uma
maneira que seria impossível de considerar outra coisa além de
hostil. Lirin Car’n não consegue parar de olhar para a arma e rir.
Tudo parece tão remoto e surreal.
— Pare com isso! — Greedo grita, cutucando-o com a arma mais
uma ultima vez para dar ênfase. Lirin Car’n agora ferido e
incomodado de verdade, empurra a mão de Greedo pra fora do
caminho como se dissesse, Pare Com Isso, e a estapeia para o lado, o
que manda o pequeno silfo verde para o Cara de Porco. O Cara de
Morsa ri como um motor em ignição e empurra o Bith de volta para a
parede, com força, mantendo o seu pesado braço esquerdo
pressionado a baixo do queixo de Lirin Car’n, e o medo a muito
perdido se inicia por dentro de Lirin Car’n inundando o seu corpo de
uma vez, acendendo ao pânico.
— Orrp-orrp-orrp-orrp, — orrpeia o Cara de Morsa
— Doze sistemas! — O Cara de Porco corrige.
Lirin Car’n sente se estrangulado por um medo verdadeiro,
induzido por pânico naquele momento. Loucura irradiava daqueles
dois, e Greedo... Greedo veste azar como uma nuvem de peido, como
radiação ambiente da superfície, como uma áurea de verdadeiro lixo.
Mera proximidade e é garantido... Garantido! Seu azar vai lhe
contaminar, mais cedo ou mais tarde. Talvez o Cara de Porco e o
Cara de Morsa não saibam, mas Lirin Car’n sabe, e Lirin Car’n agora,
finalmente, quer correr, mas não consegue.
— Tudo certo — Diz Greedo, tocando o Cara de Morsa, que liberta
Lirin Car’n da parede.
Então silêncio. Car’n olha de um para o outro e todos o encaram. O
silêncio continua. E continua.
— Posso ter... Até a próxima semana, então? — Pergunta Lirin
Car’n.
Greedo guarda a sua pistola mais uma vez e resmunga
concordando. Car’n enxerga, ao longo do comprimento do barril da
coisa, um desejo que Greedo rabiscou no metal da arma... a palavra
SOLO.
Desesperado. Desesperado e louco.

Tanto quanto o Muftak soubesse, o Cara de Porco, chamado de Dr.


Evazan pela frente da sua Cara de Porco, não tinha nenhum amigo,
exceto pelo Cara de Morsa, chamado Ponda Baba e, igualmente, e
ainda assim, eles provavelmente não gostam muito um do outro. Eles
apenas conseguiram não se matar porque seria 50 a 50 como uma
luta entre eles se daria, um par de parasitas psicóticos. A vida do
Cara de Porco é um estado constante de dor e ódio. Ninguém sabia
exatamente o que Evazan havia feito com ele mesmo, ou porque, mas
ele desfigurou a sua face, partiu o seu nariz e o tornou quase
impossível de agir racionalmente. Para mitigar a agonia perpétua
que as suas feridas causavam, o médico maluco contava com um
constante carregamento, alternando entre narcóticos e violência
física, e um homem sem amigo nenhum, exceto o Cara de Morsa
tinha muita dificuldade de encontrar o primeiro e muita mais de
encontrar um segundo. O resultado desse ciclo era: Ninguém queria
vender drogas para ele, porque dr. Evazan tinha a tendência de ter
um comportamento burro e perigoso não importava o nível de
substâncias ilícitas fluindo em seu corpo.
Essa vida não terminaria bem para o médico.
O Muftak se esforçava para se agarrar a essa oportunidade. Ele
trabalhava nesse arranjo quase regular, como um intermediário.
Evazan pagava ao Muftak alguns milhares, que cobrava uma taxa de
periculosidade e despesas de ir contra as leis, e pagava o que sobrava
a um contrabandista que, não se importava em perguntar para quem
ou para que para os seus clientes, convertia o dinheiro nos
compostos químicos anódinos procurados pelo bom doutor procura
menos a sua própria não considerável taxa de transporte e entrega,
depois os entrega ao Muftak, que os entrega ao médico e espera que
essa não será a vez que esse acordo o mata.
— Tive que soltar a carga, parceiro. Sinto muito — Diz Solo. —
Interferência Imperial. — Ele da os ombros. — Nada que pudesse ser
feito então, nada que possa ser feito agora. — O Muftak poderia
gritar no sol, em qualquer um deles. Nada ajudaria.
— Mas, mas, mas, — o Muftak pia em pânico — O meu cliente, eu
peguei o dinheiro. Você pegou o dinheiro. Na entrega ele me
pagaria um bônus e taxa de perigo, como o combinado. Você me
deve o dinheiro dele! Você me deve o meu dinheiro que agora ele
não irá pagar, já que não o suprirei com o produto e serviço que ele
requer! O que faremos a respeito disso, Solo?
Solo se vira para o Wookiee, que late e grunhe em ronca uma
tradução.
— Bem, — Diz Solo — Nada. A não ser que você queira reclamar
com o Império, perdemos esse rodada.
Isso não ajuda a acalmar o Muftak.
— Todos perdem as vezes. Até eu.
— Mas eu perco sempre! — O Muftak grita, batendo com os seus
punhos peludos e pesados na mesa.
O Wookiee coloca o seu punho mais peludo e mais pesado na mesa
também, porque algumas coisas podem ser ditas sem dizer nada as
vezes, mesmo que se não possa dizer nada mesmo. O Muftak inspira.
E então expira. A temperatura da mesa cai tão rápido quando subiu.
O Muftak imagina Evazan fazendo com a sua cara o mesmo que fez
com a dele. Ele imagina Ponda Baba empurrando os seus olhos pra
dentro, de uma vez.
Imagina os dois chegando em Kabe, indefesa e sozinha sem a
proteção de Muftak, cega a luz do dia, morrendo pelo calor, e depois,
morrendo por causa deles.
Ele se vira para Chewbacca.
— Poderia eu implorar ao menos isso: venha comigo para eu
explicar ao meu cliente a nossa situação em conjunto, na esperança
que a sua fúria, e não tenhas dúvidas, haverá uma imensa fúria,
possa se encontrar diminuído pela sua majestosa presença e força
física?
O Wookiee ronca. Ele provavelmente disse sim?

Me avise se já tiver ouvido essa antes: Um Chadra-Fan, um Bith, um


Sakiyan, um Abyssin, um Aqualish, um humano, um Rodiano, um
Wookiee, outro humano e um Muftak entram em um bar, cada um
deles tentando, na melhor dos cenários, engambelar o outro, ou
matar o outro no pior cenário.
O Muftak congela. Cada cabeça do seu lugar usual se vira pra ele.
Algumas cabeças parecem alegres, outras furiosas. Apenas o Sakiyan
fala.
— Venha, amigo. Junte-se a nós.
Não era a primeira escolha do Muftak. Acha a recepção que
encontrou na sua mesa usual, uma mistura complicada de reações.
Ninguém na mesa parecia extremamente alegre em vê-lo, exceto
Kabe, claro, que percebe que as chances dela morrer em um futuro
próximo diminuíram pelo menos um pouco. Djas Puhr se levanta,
assim como Lirin Car’n, garantindo que o Muftak não pudesse sair
da mesa com facilidade.
— Que dia você teve.
— Estou condenado. — o Muftak diz.
— Com certeza! — Grita Myo.
— Senhores, não percam as cabeças, — diz Djas Puhr.
— Myo, eu peguei de você um objeto valioso para penhorar em
troca do que você me devia. Não era meu para pegar, mas era
devido.
Sibilando entre os dentes cerrados, esperando que isso fosse
reduzir o volume, Myo se aproxima.
— Não era seu para pegar.
— Eu apenas... — o Muftak olha ao redor para os seus
companheiros. — Não acabei de dizer... sim, Myo, sim. Não era meu
para pegar. Em minha defesa estava coletando uma dívida.
— Eu poderia ter o dinheiro! Você não sabe!
O Muftak honestamente não havia considerado isso.
— Você tinha o dinheiro?
Myo, como um péssimo mentiroso, mente.
— Talvez.
— Podemos tocar num assunto mais importante, Myo, — Diz Lirin
Car’n, dirigindo a sua fúria para o furioso, — Em que eu, embriagado,
tomei uma decisão tola, e você escolheu tirar proveito?
— Tirar lucro, você quer dizer, — Myo diz e ri. Ele olha para os
outros para se juntarem, mas não o fazem. A verdade nua e crua de
cada um encontra lugar na mesa agora, também; a fragilidade da
civilidade de um para com os outros irradia na escura alcova.
— Eu estou particularmente condenado, — o Muftak diz — Hoje
especialmente. — Sons de concordância, em diferentes níveis com
diferentes níveis de entusiasmo, soam uníssonos do grupo.
— Com tantos dias, porquê hoje? Porque não ontem? Porque não
amanhã?
— Solo molha as calças ao primeiro sinal de lixo Imperial e libera
a carga. Parte dessa carga era minha, que eu devia a outro, e agora
eles irão me matar, e mesmo que não, não darão o pagamento, o
que significa que outro irá me matar, já que me encontro
financeiramente atrapalhado no momento e desesperadamente
desprovido de recursos. — O Muftak dispara, apontando para Myo e
Lirin Car’n como ele faz, subentendendo-se que tinha que pagar
aqueles dois de volta, apesar de estritamente falando, nenhum devia
nada a ninguém, não de verdade. — Tudo isso para dizer que não
faço ideia de como resolver o problema da corneta, ou como
reembolsar aqueles que demandam da compensação adequada.
— Ele largou a sua carga, — Djas Puhr diz — Mas ainda sim ele
manteve a minha. Se Solo tivesse sido revistado, adequadamente
revistado, pelos almirantes Imperiais, a posse da carga que ele me
trouxe o teria condenado a morte. E mesmo assim. — Djas Puhr
deixa a noção pairar no espaço entre eles.
O Muftak olha para o teto, sujo e manchado e encrostado com
sujeira de várias gerações, e faz um som, estranhamente, como se
viesse de uma corneta Kloo que inicio toda essa confusão.
— Qual a sua questão? Han Solo gosta mais de você que de mim.
Você tem mais amigos que eu. Bom. Ótimo. Você é uma figura
adorada, Djas Puhr. Eu já morri, eu apenas não sei ainda.
— Eu estou apenas intrigado. Solo fez uma escolha. Talvez não
uma escolha moral, mas ética. — Djas Puhr diz em resposta. —
Talvez ele me considere uma ameaça, então ele decidiu não jogar
fora o meu contrabando. Talvez ele o considere, bem, você é o
Muftak.
O Muftak bate a sua cabeça na mesa.
— Você não é um assassino, é o meu ponto. Talvez os
medicamentos que você arranje para Dr. Evazan...
O Muftak levanta sua cabeça rapidamente.
— Esse... acordo era pra ser discreto.
— Todos sabem. Sinto muito.
Todos na mesa concordam, tão discretos quanto podem, mas
concordando de qualquer forma. O Muftak baixa os ombros um
pouco mais, profundamente e totalmente derrotado, tão ruim como
traficante quanto como jogador, possuidor de dinheiro ou vivendo
sua vida.
— Um momento — Diz Lirin Car’n. — Você não está fornecendo
narcóticos agora, está? Hoje?
— Não. Porque Solo derrubou a carga. Eu não tenho nada para
dar — conclui o Muftak. — Porque?
— Greedo, o Rodiano está fazendo uma emboscada para Solo.
Ponda Baba e Evazan ajudando. Eu pensei por um momento, em um
Evazan humilhado até as guelras, que iria tornar uma situação já
violenta em uma ainda mais, e estava aliviado que ele iria ter que
passar sem isso. Mas agora, dizendo em voz alta, não sei qual Evazan
é melhor? Medicado, ou não?
— Preciso de uma bebida, — Diz Kabe enquanto escapava por
debaixo da mesa para se aproximar do bar.
— Eu vou morrer. — O Muftak diz.
— Então, Muftak, no precipício da morte, que tipo de criatura você
será? Uma que valoriza os amigos? Ou lucro? Por qual código de
honra você viveu?
O Muftak balança seu troco pesado para frente e para trás. Ele olha
ao redor do bar. Vê todos os tipos: Amigos, conhecidos, inimigos,
prospectos financeiros e riscos. Todos dos quais iriam preferir matá-
lo e roubá-lo antes de estender a mão para ajudá-lo. Ele tem certeza
disso.
E então, como sempre, ele vê o melhor de um lugar como Mos
Eisley e se enche de uma nova esperança.
Um garoto adolescente entra, procurando, com os olhos abertos
como estrelas, pele radiante com rajadas da juventude. O Muftak
sabe que ele nunca esteve ali antes porque tenta trazer o seu
interprete droide consigo. Um velho que deveria saber mais entra em
seguida. O Muftak olha para esse garoto e tenta imaginar quanto
dinheiro ele e o seu pai ancião poderiam ter, enquanto poderia
roubar ou fraudar. O prospecto de trabalho novo, um novo projeto,
um novo marco, o anima.
O Muftak olha para Lirin Car’n.
— Lirin Car’n, eu nunca deveria ter aceitado a corneta de seu pai
de Myo...
Batendo na mesa em protesto, Myo se vira.
— Aceitado?
— Deixe-o terminar, — Djas Puhr diz.
— Todos sabemos que a corneta significava mais que qualquer
pagamento representou. Nós deveríamos que tomado conta dela,
todos nós, para você, um para o outro, e não cuidamos. Isso... eu
acho que isso é o que nos separa dos animais.
— Tecnicamente, Muftak, eu acredito que a sua espécie deve ser
animais. — Diz Djas Puhr.
— Ninguém gosta de pedantes. — Diz Muftak.
— Você não é pedante, você é um sabichão. — Myo diz e ruge. A
capacidade intelectual de Myo não impressiona ninguém, muito
menos ele, o que surpreende a todos na mesa, coletivamente.
— Nós somos só grana uns para os outros, e só isso. Hoje ou
amanhã, um dia, um de nós será o pagamento do outro e nos atacar.
Eu peguei a sua coisa estupida, Lirin Car’n, sim. E eu sabia que você
estava bêbado e sabia que você iria querer de volta e sabia que eu
poderia conseguir dinheiro que eu não tinha por ela. Assim como o
Muftak sabia o mesmo e a tirou de mim. E nós dois o faríamos de
novo.
— Eu não tenho tanta certeza, — Diz Djas Puhr, olhando para o
Muftak.
— É assim que o mundo funciona. — um derrotado Lirin Car’n diz.
— Especialmente em Mos Eisley. A vida é barata, cornetas Kloo são
baratas e dinheiro é caro.
— Eu proponho uma aposta, amigos. Diz Djas Puhr. — Eu digo que
Han Solo vive para ver um outro dia, apesar das chances pouco
favoráveis, porque ele é um homem com amigos. Eu digo que Greedo
não coleta a recompensa, pois Greedo não tem amigos e não aqueles
que ele paga.
A mesa considera. A mesa se pergunta porque.
— Vamos apostar na natureza do universo. Quem ganha? O
homem com amigos, ou o homem procurando lucro a qualquer
custo? Se eu estiver certo, Lirin Car’n, eu pagarei a sua dívida com
Myo, Myo, eu pagarei a sua dívida com o Muftak, Muftak, eu pagarei
o que você e Kabe devem a Ackmena em aluguel. E se estiver
errado... bem, Greedo matará Solo, Evazan matará o Muftak, ou
Chalmun irá, ou diabos, talvez até o Myo. Myo irá perceber que Kabe
pegou a corneta do Muftak e a penhorou e provavelmente a matará, e
perderá a chance de matar o Muftak, e Lirin, a sua dívida
permanecerá em debito, então Greedo, exibindo uma pele de
Wookiee no peito e o escalpo de Solo preso na parede, ira te causar
uma grande dor, se não a sua morte, já que ele agora é um assassino
e assassinos não param uma vez tendo começado. Ele irá te drenar
como um poço raso e quando você tiver seco...
Ele não terminou a frase.
— E eu... Eu terei que achar um novo grupo para me juntar, o que é
uma pena, já que passei a gostar dessa mesa. Apesar de tudo.
O grupo refletiu sobre o cenário que Djas Puhr colocou e
perceberam, um por um, que ele falou com inquestionável precisão.
O Muftak suspira.
— Eu vou agora encontrar um homem com Cara de Porco sobre
um carregamento de narcóticos ilícitos derrubado. Ele se vira e para.
— Sinto muito, Lirin Car’n. Sinto muito Myo.
Djas Puhr ergue o copo ao Muftak.

Perambulando pela multidão de Mos Eisley, ninguém se sentia mais


solitário que Muftak. Sentia algo em sua pata.
Uma bebida, entregue a ele por Kabe.
— Acho que você está precisando mais do que eu, amigo. — ela
guincha.
E era verdade. Então ele bebe. É gelado e suave e bom. É um alivio
em um copo alto azul.
Talvez Djas Puhr esteja certo afinal das contas.

No bar, mantendo um olho na porta e outro, se presume, que Djas


Puhr, Dr. Evazan está de pé e ao seu lado Ponda Baba. Logo após
está Chewbacca, pronto para ser apoio a Muftak como prometido,
mas mantendo um longo espaço entre eles, Muftak sabe, por ele
próprio. Tudo que pode fazer é se colocar ali e explicar aos psicopatas
que não tem as drogas nem o dinheiro.
Escolhe acalmar os nervos com uma bebida antes de ser
provavelmente morto e, no tempo que leva para ele começar a abrir a
boca, o jovem garoto e o velhote ocupam o espaço no bar no seu
lugar. O Muftak suspira. A única coisa pior que esperar é ser feito
esperar após estar decidido a fazer algo após esperar o momento
certo, mas agora não teria poder sobre quanto tempo teria que
esperar.
Faz a única coisa que parece sã: Bebe mais devagar.
Antes dele beber a metade, o Aqualish lunático ataca a garoto
adolescente no bar. E antes que isso seja registrado por qualquer um
em Mos Eisley como algo fora do comum e previsível, o velho se
inflama no ar fatia Ponda Baba e o Dr. Evazan com luz pura antes
que eles conseguissem tocar em um fio de cabelo de seu filho. O caos
dura meio Segundo até que os sons sumam e o velhote e o garoto vão
atrás de Chewbacca, na mesa do contrabandista, longe dos lunáticos
caídos.
Chewbacca da os ombros a Muftak. As vezes essas coisas se
ajeitam sozinhas.
Greedo, por trás do velhote e do Wookiee, assistia seus apoios
contratados sangrando no chão da cantina, sentia sua sorte se
esvaindo pelos pés. Greedo ainda era muito estúpido para voltar
atrás, e o Muftak sabia como ele se sentia.


O Muftak retornou a mesa onde Lirin Car’n fervilhava, assistindo a
banda tocar e Djas Puhr observava deliciado.
— Você sabia que isso iria acontecer? — Ele clicou.
— Não. Não é maravilhoso? — Pergunta Djas Puhr, que parecia
genuinamente deliciado.
Djas Puhr se levanta para permitir que o Muftak voltasse para o
assento do canto, mantendo Kabe e o Muftak presos entre um
queixoso Lirin Car’n e o nervoso Myo.
— Eu deveria estar lá. — Disse o Bith.
— Onde? No bar? Você gostaria de brigar também? — Pergunta
Myo, com a atenção se voltando para o meio da explosão de excitação
como se o cheiro de sangue fosse um raio trator que apenas o
Abyssin pudesse sentir.
— O que? Não, o palco, o palco, eu deveria estar tocando. — ele diz.
— Como? Achei que você odiasse música. — Diz o Muftak.
— Eu odeio ser um músico, — continua Lirin Car’n em um
momento de claridade.
— Tem diferença?
O Bith se inclina para ver a banda naquilo que passa por um palco
nessa porcaria, tocando a sua alegre, sincopada, música de marca
registrada.
— Um enche o seu coração e o outro o parte. — Lirin Car’n diz.
— Isso é insano, — Diz Muftak. — Como algo tão belo pode ser um
fardo? Você tem um dom. Um dom de verdade. Se eu tivesse esse
tipo de talento, para qualquer coisa, Eu...
Um blaster soa quebrando o barulho da cantina de Chalmun, e
Greedo, em uma cabine com Han Solo, desaba, esfumaçado, morto.
Todos se viram para encarar, exceto Djas Puhr, que encara o Muftak.
Ele sorri.
O Muftak esfrega a cabeça. Com Greedo, Evaza, e Ponda Baba fora
de cena...
— Você não está com sorte. — Ele se clica para Djas uhr. Djas Puhr
encolhe os ombros. — Porque você está sorrindo? Você perdeu a
aposta e agora deve... deve... deve a todos nós pelo menos algo. Eu
sei que você se dá bem como rastreador, mas nenhum de nós faz
isso bem.
Djas Puhr alcança por baixo da mesa e por trás de suas pernas
puxa a corneta de Lirin Dávi, que deixou ao seu filho Lirin Car’n, que
perdeu para Myo, que perdeu para o Muftak, que perdeu para Kabe,
que vendeu ao Sucateiro, que vendeu a ele. Ele a colocou na mesa e
todos se calaram por alguns segundos.
— Agora isso, — Diz Myo, — É uma piada engraçada.

De noite: O desenrolar dos acontecimentos do dia afetaram o


pescoço de muitos. Alguns escaparam, outros não, e ainda assim,
outros apenas queriam chegar em casa inteiros. O Muftak se sentou
no bar, bebendo, a cada gole um alívio, a cada trago mais agridoce
que o último. Ele se encontra cheio de romance e sentimento em
relação a tudo nesta noite em particular; o Muftak, o qual estava
amando o mundo inteiro, continuou a beber.
A sorte finalmente sorriu pra ele, pelo menos um pouco, na mesa
de Sabacc com os seus amigos. Guardou pelo menos metade do que
Muftak e Kabe deviam a Chalmun para permanecerem nas
tubulações e ganhando o resto ou poucos, erguendo copo após copo
ao prospecto de viver para ver mais um dia. Nada tinha um gosto tão
bom quanto a bebida que Kabe deu a ele naquela tarde, mas o
Muftah tinha intenção de continuar provando até encontrar o seu
igual.
Quando quase cai do banco, o Muftak é expulso. Ao se erguer e
cambalear pelos primeiros de muitos passos incertos em direção a
casa, ele se vê apoiado por Lirin Car’n, que o acompanha, com muito
cuidado, com muita preocupação, em direção a onde ele dormirá,
nos túneis abaixo dos seus pés, sonhando eternamente sobre os
assuntos do dia seguinte, cada um mais certo do que o último sobre
qual virará o jogo e mudará tudo.
Acontece que às vezes, os amigos cuidam um dos outros, até em
lugares como Mos Eisley, e isso faz toda diferença no mundo.
Jabba disse para o encontrá-lo na baía de ancoragem 94. Me disse
que era um trabalho de coleta e que precisava de alguma garantia.
Um olhar para as falsificações que removeu confirmavam isso. Não
era muito profissional. Eu estaria mentindo se eu dissesse que não
tinha gostado dos sussurros de surpresa quando eu me encaminhei
até o local. Certo, rapazes. Fett está aqui. Façam-me o favor de
caírem fora do meu caminho após serem atingidos. Eu realmente não
quero passar por cima dos seus cadáveres estúpidos quando o
tiroteio começar. Desculpem-me... se o tiroteio começar. Não há
razão para se empolgar ainda.
Certo, Wook. Tem duas maneiras de resolvermos isso. Podemos
ter uma ótima conversinha, Jabba fica com o dinheiro do Solo e
todos nós ficamos felizes. Caso contrário, alguém fica inquieto, zip,
zip, Jabba se livra de um vagabundo e eu ganho um novo escalpo
para a minha coleção. Nem precisa adivinhar qual eu prefiro.
Originalmente, não era para eu fazer parte disso. Foi o que eu
consegui, eu acho, perambulando por Tatooine na busca por alguma
moeda imperial. Era para eu estar livre deste fim de mundo
empoeirado ontem, mas eu ouvi alguns troopers cochichando que
Vader estava à procura de um par de droides fugitivos. Percebi que
poderia pegar a minha recompensa e me encontrar com Vader ao
mesmo tempo. Ele ainda está bravo com aqueles espiões rebeldes
que eu torrei em Coruscant. Os idiotas vieram até mim com um
disruptor de íons. O quê?... Eles achavam que eu não estaria
carregando um acelerador de armas? Brilhos, bum, três pequenas
pilhas de cinzas. Tentei os recolher, mas o senhor "Sem
desintegrações!" recusou-se a me pagar sem os corpos. As minhas
palavras não foram boas o suficiente, aparentemente. Calculei que
recompensaria essa perda encontrando os dois droides e os
oferecendo pelo dobro da recompensa.
Não caia nessa. Segui um dos droides até as suas pegadas serem
apagadas por um Sandcrawler dos Jawas. Fui atrás deles até
descobrir que alguém havia eliminado os Jawas. “Alguém” significa
os amadores que tentaram imitar os Tusken. Provavelmente
stormtroopers, jugando pelos tiros de blaster aleatórios. Alguns os
chamariam de precisos. Quanto a mim, diria que eles não seriam
capazes de acertar a extremidade de um bantha. Ao menos eles são
inteligentes o suficiente para dar um jeito em todos que tenham visto
os droides. Azar dos fazendeiros que estavam com os seus corpos
chiando na fazenda de umidade incendiada que eu encontrei. Dei
uma olhada e percebi que haviam três fazendeiros morando ali, não
dois. Aposto que o terceiro fugiu com os droides. Irei procurá-lo nos
arredores assim que acabar aqui. Sim, eu sei, corpos intactos “sem
desintegrações”.
Até então, ficarei aqui, ganhando alguma moral e respeito com o
bando de vagabundos e insetos que Jabba gosta de chamar de
reforço. Descobri que ele nos usaria para dar cabo em Solo, o maior
perdedor da galáxia. Eu poderia me livrar dele somente praticando
tiros, mas nunca trabalho de graça.
Inútil? Você vai mesmo me chamar assim, Solo? Prepare o seu
blaster, amante de Wookiee. Eu vou torcer as suas entranhas por
todo aquele monte de lixo que você chama de nave. Fácil, Bola de
pelos. Patas aqui aonde eu possa as ver. Sem gracinhas. Permaneça
assim, se você quiser começar algo, claro, eu posso deslocar um
pouco a minha arma, mover as tranças de Wookiees até aonde você
as possa ver e então... ai está. Você gosta assim? Dê uma boa olhada.
Seus amigos, talvez? Família? Bicho inteligente. Sem reação. Fique
frio.
Enquanto isso, Solo ganha tempo. O mesmo truque de sempre.
"Eu vou lhe pagar amanhã pela conversa fiada de hoje". Lixo. Ele vai
fugir na primeira oportunidade, e eu irei persegui-lo. Por mim não
tem problema. Quanto mais eu trabalhar, farei com que Jabba me
pague mais pela cabeça do pirata.
Não que eu tenha alguma coisa contra a lesma gigante, o dinheiro
dele é tão bom quanto o de qualquer um é, e melhor do que da
maioria. Mas negócio é negócio, e ambos sabemos usar bem a
vantagem ao nosso favor quando a temos. Mamãe Fett não criou
nenhum otário. Falando sério, a minha mãe foi um pod de
nascimento, mas vocês entenderam o ponto.
Ainda sim, eu não posso deixar de pensar que Jabba me considera
como a coisa mais próxima de um amigo. Bem, mais próximo ainda
do que aquele puxa-saco bizarro do Fortuna ou aquela praga
histérica que ele considera como seu bicho de estimação. Algumas
noites, quando as luzes estão baixas no palácio e a escória de seus
homens está dormindo, Jabba pega uma das garrafas realmente
excelentes da Gardulla, acorda Rebo, ordena que ele toque alguma
coisa triste e em volume baixo e me convida para beber um pouco.
Então eu removo o meu capacete (nunca minha arma) e bebo,
enquanto ele se entrega profundamente à bebida. E o Hutt fala.
Muito. Assuntos pessoais, coisas que ninguém mais ouve. Histórias
de amores perdidos, inimigos vencidos, acordos intermediados que
foram quebrados, arrependimentos, possivelmente, coisas que
corroíam a sua alma, se ele tivesse uma. É claro que eu não entendo
uma palavra que ele diz, mas a bebida é boa e a companhia,
considerando o que Jabba paga, é tolerável.
O que? Terminamos? Jabba, na verdade, deu mais tempo para o
Solo. Inacreditável. Ainda mais depois de Solo ter eliminado Greedo
e pisado nessa calda de lesma que o Hutt tem. Jabba está pegando
leve. É isso ou ele descobriu que Solo deve ter uma ligação com
alguém montado no dinheiro. Deve ser isso. O Hutt sente cheiro de
dinheiro, e ele nunca falha. Você tem uma vida encantada, Solo, e eu
gostaria muito de poder mudar isso. Você também, Wook. Esse seu
couro castanho daria um ótimo de um troféu. Algum dia. Agora
mesmo, Jabba acabou de dizer “Boska”, e quando o chefe diz boska,
nós Boska. Enquanto ele continuar com esse bom humor e
generosidade, aproveitarei para tomar uma caneca daquela bebida
excelente. Depois de hoje, posso tomar uma.
Brea Tonnika não conseguia se lembrar de onde ela estava. Não a
princípio.
O fedor de vinho estragado e o perfume de haliat remanescente em
sua pele a ajudaram a focar nas paredes rachadas do quarto coberto
com manchas, a origem das quais ela não queria tentar adivinhar.
Ainda de ressaca, ela recuou dos raios do meio-dia entrando através
de sua janela e se deixou afundar de volta no colchão duro. Por mais
que tentasse, não conseguia bloquear a cacofonia do falatório dos
comerciantes e os transportes sibilantes. Ao longo dos anos, Brea e a
sua irmã já tinham ficado em alguns lugares estranhos, mas o melhor
quarto para alugar no porto empoeirado de Mos Eisley era apenas
uma fração melhor do que montar uma tenda em uma das vastas
dunas de areia de Tatooine.
A porta se abriu, e Brea alcançou o blaster na mesa de cabeceira.
— Você finalmente acordou. — Senni Tonnika disse.
Brea e Senni Tonnika eram parecidas em muitas coisas. Elas duas
tinham as mesmas pernas magras e musculosas e cabelo escuro
trançado. Os mesmos olhos grandes e expressivos e aquele sorrisinho
rebelde enquanto miravam em um alvo. Mas a semelhança parava
por aí. Às vezes, Brea desejava poder encantar estranhos do jeito que
Senni podia com apenas uma amável virada de cabeça. Senni era
alta, e o seu cabelo a fazia parecer ainda mais alta. Viu-se poderosa
em conseguir olhar para praticamente qualquer um quando
negociava contratos, contratos esses que ultimamente eram poucos e
distantes entre si, e realizá-los não ficou mais fácil com a chegada de
tropas Imperiais xeretando por aí.
Brea sentou e pegou um roupão do chão.
— Por favor, me diz que não é mais pão achatado e feijão.
Senni tirou as suas botas e pendurou a sua capa atrás da porta.
Jogou a sacola pelo através do quarto pequeno. Duas camas, um
chuveiro, e uma mesa para as suas armas. Era tudo que elas
precisavam.
— Não é mais feijão? — Senni disse, tentando manter uma cara
séria enquanto a sua gêmea rasgava a sacola de comida para
encontrar pedaços frescos de pão achatado.
Brea partiu um pedaço e enfiou por entre os seus lábios, ainda
manchados com o seu batom metálico favorito.
— Eu odeio esse lugar. — Ela disse, finalmente saindo da cama.
Sentou-se na mesa coberta com blasters e rifles. Pegou a sua pistola
favorita, o metal era o azul de rosas Ithorianas.
— Nós poderíamos ficar no palácio. — Senni disse. — Você sabe
que o Jabba sempre gostou de você.
— De nós. — Brea disse, mastigando rudemente para fazer a sua
irmã estremecer. — E simplesmente porque a palavra palácio está na
sua descrição de que não faz de lá um palácio.
— Falando da meleca obesa, a Sua Lesma Real tem um serviço.
— O que é?
— Se eu soubesse, não estaria aqui vendo você alimentar a sua
ressaca.
— Eu me sinto perfeita.
— Se não fosse por mim, você teria ficado com um pirata Rodiano
ontem à noite. — disse Senni ao jogar a sua cabeça pra trás e
resmungou.
Brea fez uma careta, tentando de se lembrar da noite. Mas só tinha
escuridão. Escuridão era melhor que as memórias que ameaçavam
abrir o seu caminho na frente de seus pensamentos. Sangue, e armas,
e serviços que correram tão mal que não tinha certeza se um dia se
recuperaria. Memórias assim não tinham lugar no presente. Então
fez o que sua irmã pediu e tomou um banho, a água morna e
cheirando a substâncias químicas que não poderia nomear.
Quando ficou pronta, parou em frente a Senni, que sem falar
fechou o zíper de trás de sua roupa. Cada irmã levava uma pistola em
seu quadril e uma faca em sua bota. Elas colocaram as suas capas e
saíram para a rua seca e sufocante, onde era quase impossível não
inalar poeira.
Elas subiram em um speeder e partiram em direção ao palácio de
Jabba.

Brea e Senni assistiram os sóis se porem de cima da estrutura de


uma pedra. Tatooine poderia ser um deserto baldio desprovido de
quaisquer iguarias culinárias, mas poucas coisas na galáxia se
comparavam ao brilhantismo dos entardeceres.
As irmãs Tonnika seguiram o corredor cavernoso que levava ao
salão úmido onde Jabba mantinha a sua corte. O odor do corpo da
Lesma Real era impossível de não sentir. Brea sempre apertava a
ponte de seu nariz até conseguir suportar os cheiros, mas Senni não
era intimidada por coisas como conforto. Queria avançar com o
próximo serviço, principalmente porque suas contas estavam quase
esgotadas e suas caras estavam em todos os bancos de dados
criminais na galáxia. Então Senni Tonnika manteve sua cabeça
erguida, suas tranças sibilando em volta de seus ombros largos como
uma franja enquanto entrava no lugar.
Elas vestiam trajes de cores diferentes, o de Brea azul e o de Senni
verde-ácido, e atravessavam pela multidão, retornando os acenos
cordiais que eram lançadas em suas direções. Jabba ainda estava
escondido sob as sombras, adormecido do mesmo jeito que ficava
não importava o quão ruidosamente a côrte se agitava em volta dele.
Brea pediu duas bebidas, entardeceres de Tatooine de uma
garçonete, ignorando o olhar de sua irmã, e escolheram um lugar
vazio contra a parede de onde elas podiam observar.
— Argh. — Brea murmurou para si mesma. Desde que elas eram
pequenas, tinham desenvolvido um jeito de falar sem muitas
palavras. Os olhos escuros de Brea correram através do salão onde
Bib Fortuna seguiu em volta da banda. Seus olhos vermelhos claro
conduziram arrepios através da espinha de Brea.
Senni tocou no ombro de sua irmã, mas endureceu as suas feições.
— Não demora muito.
Mas demorou muito tempo antes que Jabba se dignou a acordar,
apesar de ter sido ele quem convocou a reunião. Ninguém o
questionou. Ninguém reclamou por eles terem esperado e esperado,
ou que a banda estava repetindo as músicas que tocavam quando
eles chegaram. Brea bebeu outro drink laranja-e-rosa, sorriu para
um Wookiee com uma cicatriz grande através do rosto, e assistiu a
garota Twi’lek girar seus pulsos delicados no ritmo das cornetas. Não
foi a música que acordou Jabba, mas o rosnado do Rancor que vivia
na cela abaixo de seu trono.
Senni e Brea olharam de relance de uma para a outra, depois para
os outros caçadores de recompensas presentes. Houve um momento
de silêncio. A banda Max Rebo estava absolutamente silenciosa. Um
resmungo profundo ecoou pelo interior do palácio, e Brea sentiu o
seu coração acelerar quando Jabba moveu o seu trono pra trás e
abriu o alçapão. Já tinha visto caçadores de recompensa, escravos de
qualquer e todas as espécies mergulharem dentro das profundezas
escuras abaixo e nunca saírem.
Ao invés de alimentar o seu bichinho, Jabba abriu a fenda ampla
de sua boca cheia de baba e riu.
— Aproximem-se, meus amigos. — Jabba ordenou em Huttês. Ele
voltou seus olhos de serpente para a banda e disse: — Eu pedi para
que parassem de tocar?
Max pôs os seus dedos gordos azuis para tocar as teclas de seu
órgão, e uma canção animada tocava no fundo enquanto todo
caçador de recompensa presente se aproximava do trono de Jabba.
Senni parou em frente a sua irmã, como se pudesse protegê-la com
seu corpo. Ela olhava de um lado a outro para os outros presentes.
Entre os seus colegas, ela não era a irmã de alguém e não era uma
órfã. Não, era uma caçadora e uma ladra e uma contrabandista. Era
capaz de muitas coisas, mesmo que fosse o retrato falado de Brea que
estivesse incluso no banco de dados criminal por assassinato.
Qualquer que fosse esse trabalho, Senni o faria porque elas
precisavam ir para longe onde não seriam reconhecidas e os seus
nomes não estariam sinalizados nas varreduras. Elas poderiam sair
desse mundo e terem uma dita vida normal. Para isso, elas
precisavam de créditos. Muitos créditos, e apenas Jabba oferecia esse
tipo de numerário.
— Como muitos de vocês sabem. — Jabba começou em sua voz
gutural. — Han Solo perdeu a minha carga. Ele tem ignorado as
minhas convocações. Eu quero que ele seja entregue a mim. As
minhas fontes me dizem que ele está procurando sair do planeta o
mais rápido que ele puder. Qualquer um que trouxer o Solo até
mim, vivo, será recompensado.
Houve um bando de murmúrios. Um caçador de cabelo escuro
vestindo uma jaqueta preta olhou para Brea e depois para Senni. Mas
as irmãs permaneceram quietas e esperaram. O Wookiee com a
cicatriz no rosto deu um passo à frente. As irmãs não entenderam o
seu discurso gemido, mas o que ele tenha dito fez Jabba rir de novo.
Brea assistiu a Lesma Real jogar a sua cabeça gosmenta pra trás, a
sua cauda se movendo alegremente, e se perguntou se ele alguma
hora ele pararia de rir. Deslocou-se sob a onda nervosa da multidão,
porque sabia o que viria a seguir.
Senni agarrou a mão de sua irmã e elas deram um passo pra trás. A
trava se abriu debaixo dos pés do Wookiee, e seu grito era a nota
musical de um trompete.
— Tragam-me o Solo. — Jabba disse quando a súplica do Wookiee
diminuiu, e então só haviam as melodias repetidas da banda, e a
trituração de osso entre os dentes do Rancor.

Brea e Senni analisaram o serviço várias e várias vezes durante a


noite e também na manhã seguinte.
— Eu acho que ele não virá com a gente. — Brea disse.
— Ele não pode ainda estar zangado por conta da provação do
Lando. Foi ideia dele.
Brea quis corrigir a sua irmã. Aconteceram muitas coisas entre elas
e o contrabandista arrogante. Talvez não uma amizade, mas havia
uma história. Quando Jabba divulgava um prêmio desses, ele estava
colocando um monte de rancores um contra o outro. Por que as
irmãs não poderiam ser as pessoas que vão se sair triunfantes?
— Não importa. — Brea disse. — Solo vai dar uma olhada na gente
e sair correndo. Ele não vai vir voluntariamente.
— Então nós não vamos trazê-lo voluntariamente. — Senni
provocou lambendo os lábios.
— Você já se esqueceu do Wookiee guarda-costas dele? Senni, é o
Han. Se ele tem um cérebro dentro daquela cabeça dura dele, ele já
está se preparando para fugir. Nós procuraremos outro serviço.
— Ah, é? Quando? — disse Senni ao cruzar os braços e zombou
obstinadamente.
— Eu não sei, mas...
— Mas nada. Quando você começou a pegar tão leve com o Solo,
afinal? Você vem praguejando o nome dele através da galáxia por
anos. Nós precisamos de uma nave rápida e para conseguir isso
precisamos de créditos. Alguém vai entregá-lo. Por que não pode ser
nós?
— Já entendi. — Brea disse, franzindo as sobrancelhas. Estava
surpresa com Senni. — Eu tenho uma dívida a pagar com Solo, mas
eu nunca fui corajosa o suficiente para levar isso adiante. Afinal de
contas, ele foi responsável pela minha maior humilhação, e isso eu
nunca, nunca vou esquecer.
Senni se assustou com o seu próprio descuido. Como ela pôde ter
confundido a hesitação de sua irmã por preocupação?
— Você decide. Essa pode ser a nossa chance de termos o que nós
sempre quisemos.
Em seu quarto apertado no coração de Mos Eisley, Brea e Senni
Tonnika encararam uma a outra da beirada de suas camas. O que nós
sempre quisemos. Liberdade. Paz. Vida. Todo mundo sabia como
pessoas como elas terminavam; destruídas, na prisão, ou de cara
com o lado errado de um blaster.
Então Brea fez aquela cara que sempre fazia quando estava pra
aprontar alguma. Porque elas podiam ter tudo. A liberdade e a paz de
espírito. Tudo.
— Eu tenho uma ideia melhor. — Ela disse a Senni que levantou
uma única sobrancelha.
— Isso não é como a vez em que nós invadimos o palácio da Casa
Organa para roubar as joias reais e tivemos que nos esconder no lixo
por duas noites, não né?
— Pela última vez, eu recebi uma pista errada. Como eu poderia
saber que as criadas domésticas não vestem laranja? — respondeu
Brea ao revirar os olhos.
— Ou da vez...
— Já chega. — Brea disse, e dessa vez sua irmã a ouvir. — Nós
podemos ter tudo, a nave, os créditos, e nós não teremos um
membro arrancado no processo.
— Como?
— Vamos roubar a Falcon.


Quando Brea Tonnika entrou na Cantina do Chalmun, sentiu-se
como em seu primeiro golpe em Kiffex. As palmas das suas mãos
estavam suando e o coração acelerado em seu peito. Naquela época,
ela e Senni estavam tentando tirar uma amiga de um centro de
detenção. Naquela época, não haviam créditos envolvidos, apenas
dever. Tudo tinha corrido bem, até que um guarda retornou a sua
posição antes do esperado e as pegou. Brea ficou para trás para as
dar cobertura, e suas mãos suadas e nervosas atiraram para matar.
Era apenas ela nas gravações.
Depois daquilo elas não tinham outra escolha a não ser ir para
outro mundo. A fugir e continuar fugindo até que chegasse o dia
quando teriam um lugar para chamar de lar que não fosse um quarto
alugado úmido ou uma nave cargueira.
— É a nave mais rápida da galáxia. — Brea implorou a sua irmã.
— Isso é o que o Han diz, e todo mundo é muito medroso pra
desafiá-lo. Além disso, a recompensa do Jabba poderia comprar uma
dúzia de naves rápidas.
Elas olharam para baixo ao mesmo tempo, como se estivessem
dividindo o mesmo pensamento-o rancor devorando o Wookiee no
palácio do Jabba. Não foi a primeira vez que eles viram a criatura em
ação, mas todas as vezes elas torciam para ser a última. Brea se
perguntou se realmente poderia deixar Solo ter aquele destino.
Endureceu o seu coração porque cuidar de Senni sempre viria em
primeiro.
Senni suspirou e disse:
— Eu não sei. Solo provavelmente iria preferir tentar a sorte com o
Império inteiro do que entregar a sua nave.
— Ele é uma crina de ratazana. — Brea disse, e deu uma risadinha.
— Eu sei que ele está em algum lugar dessa pocilga tentando achar
uma nova alma pra enganar. Mas nós temos que agir agora, Sen. Nós
temos que vencer os homens do Jabba pela nave. O lugar está repleto
de stormtroopers. Se isso der errado, eu não vou conseguir emprego
do Império de jeito nenhum. Não depois do que eles fazem com
pessoas do nosso tipo.
— Você é uma caçadora de recompensas. — Senni a lembrou. —
Você não pode escolher de onde o seu serviço vem.
— Se esse é nosso último serviço, então sim, nós podemos
escolher.
Então elas escolheram. Brea cortou caminho através dos
corredores escuros apertadamente cheios da taverna e se acomodou
no bar. Wuther, o bartender, quase olhou na direção delas antes de
puxar a torneira e colocar dois copos altos em frente delas. Sem
gostar de formalidades, ele murmurou seu “oi” e seguiu para atender
outro pedido.
— Lá está ele. — Senni sussurrou no ouvido de sua irmã.
Um par de frequentadores se acomodou ao lado delas, já com os
seus copos, batendo os seus pés no ritmo saltitante da banda. Senni
sorriu e encantou dois frequentadores com histórias de um serviço
que elas tinham feito no Cassino Canto Bight. Enquanto isso, Brea
olhava a aglomeração. Um homem num robe marrom entrou e
iniciou uma conversa com um piloto. Do lado dela, Senni ria e estava
charmosa como sempre.
— Estou te dizendo, eu não consigo fazer nada com esses cabeça-
de-capacete desfilando por aí. — Um dos frequentadores disse a
Brea, babando por seu lábio inferior grosso.
— Nunca vi nada como isto. — O outro disse.
Aquilo despertou o interesse de Senni e ela se juntou a conversa.
De fazendeiros a mercadores, ninguém em Tatooine estava feliz com
a recente chegada dos stormtroopers.
— Do que eles estão atrás? — Ela perguntou.
— Droides, ao que parece. — O homem disse. — Eu tenho uma
bagunça de droides pilhados no meu galpão se eles quiserem alguns.
Brea olhou para a sua irmã e compartilhou uma careta por um
momento antes de recomeçar o seu cuidadoso escaneamento da
cantina. Ele notou um jovem fazendeiro entrar. O seu cabelo era de
uma tonalidade de Dourado batido, e mesmo na escuridão do lugar
ela poderia ver como os olhos dele eram claros. Havia uma inocência
sobre ele quando o mesmo pediu para os seus droides esperarem do
lado de fora, então caminhou para o bar ao lado do homem velho no
robe marrom.
Brea gostou dele, por alguma razão inexplicável. Ele tinha o tipo de
inocência que ela e Senni nunca puderam ter.
Então Brea pegou o braço de sua irmã.
— Hangar noventa e quatro.

— Algo estranho está acontecendo. — Senni disse a sua gêmea


enquanto elas corriam pelas ruas lotadas de Mos Eisley. Cada prédio
de arenito se parecia exatamente igual ao próximo; todas as pessoas
usavam um manto para se proteger da areia e poeira. Era o porto
perfeito para se perder, se você realmente quisesse.
— Algo estranho está sempre acontecendo. — Brea disse. —
Primeiro, há tanto calor neste grão de rocha...
— É um deserto, é claro que está calor.
— Você entendeu o que eu quis dizer. Eu acho que algo terrível
está para acontecer.
Brea se desviou de uma criança pilotando uma hover bike. Ele
teria gritado com ele se não tivesse que estar em outro lugar.
— Me escute. — Ela disse a Senni. — Coisas terríveis vão sempre
acontecer. Elas aconteceram em Kiffex, acontecem em Naboo, e
acontecem em Tatooine. Sempre haverá uma guerra, e sempre
haverá alguém que quer nos prender. Mas a única coisa que nós
podemos fazer é sobreviver, Sen. Sobreviver até quando eles não nos
deixarem.
Elas chegaram ao Hangar 94, e lá estava ela, a Millennium Falcon.
Suja e precisando de um brilho, mas as irmãs Tonnika sabiam o quão
rápido ela poderia ir. Naquele momento elas tiveram a mesma
memória de noites aparentemente intermináveis a bordo do mais
magnífico pedaço de sucata da galáxia. Mas aquilo era passado.
Memórias.
— Você se lembra de como usar os painéis de controle? — Senni
perguntou a Brea.
Brea deu de ombros, mas um tique em seu lábio entregou aos seus
pensamentos.
— Lando me ensinou uma coisa e outra.
Elas deram um passo em direção a Falcon, mas uma risada
familiar fez com que elas congelassem. Jabba. Brea puxou a irmã
para o lado e se esconderam ao redor de uma pilha de caixotes.
— Bomba! — Senni assobiou.
— Quantas? — Brea perguntou.
Senni negou com a cabeça. Escorou-se e olhou de relance por cima
dos caixotes. Estavam Jabba e mais alguns caçadores de
recompensas, vigiando a Falcon igual a um bando de ratos do
pântano. Haviam muitos deles, todos concentrados em volta da
entrada da nave. Roubar a Falcon enquanto havia um preço pela
cabeça de Solo seria como roubar do próprio Jabba, mas valeria a
pena. Brea se xingou por não ter agido mais rápido, por ter deixado
sua hesitação a colocar para baixo. Elas chegaram muito atrasadas.
— Por que mandar caçadores atrás do Solo se ele sabia onde ele
estava esse tempo todo? — Brea questionou.
— Eu te disse. Alguma coisa estranha está acontecendo. Nós temos
que sair desse planeta.
— Nossa carona está um pouco fora de cogitação. — Brea disse em
um sussurro assobiado.
— Nós encontraremos de outra forma. Nós sempre encontramos.
Brea pensou na vez em que se esconderam em uma nave que
pertencia à Gangue Ohnaka ou da vez em que ficaram encalhadas no
espaço profundo ou na vez que reviraram o quarto que estavam em
Coruscant só para se vingar de Lando... Senni estava certa; elas
sempre encontram uma outra maneira.
Brea sorriu para a sua irmã e esperou a barra ficar limpa. Logo que
Jabba e os seus homens não estavam olhando em sua direção, elas
fugiram pela porta para a rua movimentada.
Brea e Senni Tonnika precisavam se reagrupar. Achar outro jeito
de se libertarem. Parecia que aquela vida que queriam estava tão
distante quanto o anel extremo da galáxia. Mas por agora, enquanto
elas se escondiam em uma viela próxima, elas tinham uma a outra.
— Você me deve uma carona. — Senni disse a sua irmã depois de
um longo silêncio.
Brea queria dizer que lhe devia mais do que isso.
Elas esperaram pra ver o próximo passo de Jabba, mas um
tumulto irrompeu na rua. Brea levantou o seu capuz de volta para ver
sobre o que se tratava a comoção. Manteve-se próxima a parede e viu
um grupo de stormtroopers marchar com rifles a postos. A presença
delas iniciou uma onda de tagarelice entre os moradores de rua e a
população local, que as assistiram correr para dentro do Hangar 94.
Na agitação do momento, dezenas de corpos clamavam para ver os
stormtroopers em ação. A distração deles trouxe um brilho aos olhos
de Brea.
Os hangares próximos foram deixados sem tripulação. Qualquer
nave em posição do Jabba seria muito bem vendida, e se essa era a
última chance delas, elas sairiam em grande estilo.
— O que é isso? — Senni sussurrou no ouvido de sua irmã,
esticando seu pescoço como muitos outros.
— Nós sairemos deste fim de mundo.
Brea sorriu enquanto pegava na mão de sua irmã e a conduzia de
volta para a rua, sabendo perfeitamente que elas não poderiam parar
de fugir enquanto não estivessem cercadas pelas estrelas.
— Você sabe qual é o seu problema, Focinho Longo?
O humano me dá uma cotovelada como se não tivesse certeza de
que tem minha atenção, e eu tolero.
— Qual é? — Eu disse. A língua dele é difícil é de se entender, sem
elegância, algo que sai forçado através de dois conjuntos de dentes e
fora do alcance do meu focinho sensível, um órgão que pode
expressar mil emoções na minha própria língua com um simples
movimento.
— Você é um espião metido a besta. Imoral e ao mesmo tempo
arrogante. Veja, você só pode ser um ou outro, não dá pra ser as duas
coisas. — Ele engole o ácido o qual considera uma bebida. A fumaça
faz o meu focinho enrugar. — Você pode até achar que é melhor do
que nós. Fingir que você não é rico. Sentar-se na cantina como se
fizesse parte do local. Mas você não passa de mais um alienígena,
enfiando a sua focinho feio onde não foi chamado.
As rugas em meu focinho emitem um poema elegante, que ele não
consegue ler.
— Vou levar isso em consideração.
O humano solta o ar com raiva e se levanta.
— Sheesh. Você não sabe nem quando está sendo insultado. Não é
inteligente o suficiente nem para se ofender. — Ele se dirige para
outra mesa cheia de humanos estridentes. Eles estão rindo de mim
agora, da estranha criatura com o longo focinho que se esconde
dentro de um grande traje e um visor. Sua espécie me tira do sério.
Barulhentos, rudes, pouco sutis, sem instrução, especialmente nas
regiões mais duras de um planeta como Tatooine. O suor deles fede a
medo e desespero. Eles estão tão presos aqui quanto eu, apesar de
dizerem a si mesmos que escolheram essa vida.
— Sabe qual é o problema de vocês? — Eu disse em meu próprio
idioma, silenciosamente e para mim mesmo. — O problema de vocês
é que toda a sua espécie se considera um sol em torno do qual os
pequenos planetas e luas giram, mas na verdade vocês são apenas
mais uma rocha, condenados a orbitar algo maior, e permanecerem
inconscientes de sua própria insignificância.
Ele não entenderia isso, mesmo se eu dissesse isso no idioma dele.
Em breve, ele descobrirá que a sua bolsa de couro sumiu.
Essa, pelo menos, é uma linguagem que ele entende.

Quando cheguei aqui, eles me chamavam de Focinho Longo.


Ninguém perguntou o meu nome ou a minha espécie, o que, a
princípio, considerei o cúmulo da falta de educação. Logo, eu percebi
que isso era uma medida de segurança entre ladrões e criminosos,
todos escondidos aqui em um planeta em que não vale a pena se
procurar. Eu contei a eles que o meu nome é Garindan ezz Zavor, e
que eu venho de uma colônia respeitável em Kubindi? Ou que o meu
clã é conhecido por criar e cultivar uma espécie altamente procurada
de suculentos besouros picolet? Eu contei a eles que os meus filhos
são senadores, oradores e artistas conhecidos, e que os meus netos
enchem as creches e academias para futuramente trazerem glória à
nossa colônia?
Não, eu não contei.
Por um lado, porque ninguém perguntou. Por outro, porque os
seus pensamentos mesquinhos não importam. Eles são meros
catadores jogados ao chão por um predador maior. O destino colocou
a todos nós aqui, mas não vai me manter por muito mais tempo.
Olho para o meu datapad, verificando as minhas contas. Ontem eu
era rico para todos os efeitos. Então, um espião bem vestido me
ofereceu uma mensagem criptografada de Kubindi. Não escuto a
minha própria língua há anos e estava mais do que disposto a pagar a
quantia substancial que ela exigia.
— Pai, volte para casa. — disse a minha filha, com a sua dor
vibrando em todos os tons.
— Mamãe está morta e a família está com problemas. Nós...
A mensagem foi cortada. O estranho desapareceu. A minha conta
foi reduzida a quase nada.
Eu não me importei.
Depois disso, todo o meu foco mudou.
Antes, eu estava discretamente administrando as minhas contas
nas horas de lazer para voltar para casa com certa quantidade de
riquezas. Então eu poderia dar início ao processo de libertar Kubindi
do controle do mentiroso Império. Agora eu tenho cerca de três dias
para raspar todos os dados e créditos que puder para me tirar deste
planeta e voltar pra casa, onde eu devo enterrar a minha
companheira com todas as honras e recuperar o controle do meu clã.
Mas a minha rede é grande e já arranjei um informante para
fornecer os códigos que preciso para chegar em casa. Está quase na
hora, então eu ajusto o meu capuz e visor e saio da cantina, deixando
meio crédito para o barman, Wuher, um dos humanos menos
ofensivos que conheço.
É um prazer estar do lado de fora, livre do fedor de bêbados, tolos
mal lavados. A luz neste planeta me cegaria se eu tirasse o meu visor,
mas o cheiro do ar noturno é agradável. A areia escorre por entre o
vento limpo, e eu sempre curvo o meu focinho alegremente com a
frescura clara e mineral deste momento. Momentos mais tarde, me
ajeitarei, e o odor dos dewbacks e rontos vai chegar até mim, intenso
e quente, além de fragrâncias menos intensas de Jawas empoeirados
e o ruído oleoso de metal. É como uma sinfonia, a maneira como os
aromas fluem de novo a cada brisa. Mas isso só me faz sentir ainda
mais saudade de Kubindi, os odores que representam o nosso lar. Eu
não como patê suave de leevil ou pernas robustas de beesh há anos.
A única coisa mais doce que isso será esfregar a minha narina com a
dos meus filhos e conhecer os meus novos netos, os quais tenho
certeza que haverão muitos.
Pego uma mariposa no ar e tento engoli-la antes que o gosto vil me
enoje. Eu, tendo que comer mariposas.
O ar fica pesado enquanto corro pelos becos e sob as tendas de
tecido onduladas. Os humanos estreitam os olhos pra mim, a carne
deles irradia o perfume da desconfiança e ansiedade. Eles me veem
como um monstro de seus pesadelos, uma horrenda, e desonesta
criatura que vive para enganá-los e degradá-los. Gostaria que eles
entendessem que eu os vejo exatamente da mesma maneira, mas
com um bônus adicional: escravidão e opressão. Estou aqui apenas
porque o povo deles me trouxe aqui e me abandonou. Eles estão aqui
por opção.
Sou o primeiro a chegar no ponto de encontro e me encosto contra
a dura habitação de barro. Concentrando os meus sentidos na noite
afora, sinto o cheiro de ladrões contando créditos, assassinos com
sangue ainda nas mãos, marginais com blasters fumegando, fêmeas
afogadas em desesperança, crianças famintas e centenas de
diferentes espécies dormindo irritadamente atrás de portas
trancadas. Isso é normal nas favelas de um lugar como Tatooine.
Toda a vida honrosa acontece mais longe, em respeitáveis fazendas
de umidade. As coisas que eu nunca cheirei aqui incluem o cheiro de
tinta a óleo fresco, a resina descascando cordas arrancadas de um
instrumento, tinturas de nozes ou os cosméticos em pó colocados em
atores esperando atrás de cortinas empoeiradas. De todos os lugares
para um Kubaz culto como eu terminar, é irônico que seja em um
planeta desprovido de artes, decoro e educação.
Não que isso importe. Eu vou embora em breve.
Sinto o cheiro do meu informante antes de vê-lo. Ele é humano, e
não há dúvidas de que seja. Nervoso, suando, a sua pele ainda cheira
à armadura que ele usa o dia todo enquanto trota por aí, persuadindo
e intimidando e matando a sua própria espécie por uma ordem que
ele não entende completamente e nunca ousa questionar. Eu nunca
fui tão ingênuo como dessa vez. É da natureza da minha espécie
sempre questionar. Acontece que eu não questionei certas coisas, e
foi assim que vim parar aqui.
Ele está nervoso e ainda está usando um blaster. Quanto menos eu
falar, mais confortável ele vai se sentir, então eu simplesmente
seguro a bolsa de couro de dewback que furtei do meu desagradável
vizinho na cantina, sacudindo-a levemente com a minha luva.
Esse barulho o impulsiona pra frente.
— Tire daí de dentro para que eu possa ver. — ele sussurra.
É uma exigência tola. Estou com muitos créditos aqui, mais do que
eu posso segurar em minhas mãos, mas puxei o suficiente para
satisfazê-lo. Mesmo através do meu visor, eu posso ver os seus olhos
arredondados brilhando. É fato que eu estou querendo algo, mas ele
também quer. Nós dois estamos dispostos a fazer coisas ilícitas para
conseguirmos o que queremos. Eu me pergunto para qual propósito
esse dinheiro servirá. Talvez um chefe do crime tenha roubado a
dançarina que ele acha que ama, ou talvez o seu filho esteja com
alguma dívida no mercado. Talvez ele mesmo, esteja apenas
tentando escapar das mentiras do Império. Não importa. Coloco as
moedas de volta dentro da bolsa, e ele a pega sem tocar na minha
luva e me entrega um pedaço de papel com vários códigos rabiscados
em linguagem comum.
— Com isso eu poderei passar pelo bloqueio? — Eu pergunto.
Ele recua quando ouve a minha voz. Me disseram que ela soa para
humanos como o zumbido de insetos, o que faz sentido, pois sou
descendente de insetos. Eles nunca levam em consideração que me
dei ao trabalho de aprender totalmente a sua língua, enquanto
nenhum deles sequer se deu ao trabalho de aprender o meu nome. Se
eu dissesse a ele que a sua voz soa para mim como os grunhidos
estridentes de um macaco-lagarto kowakiano, ele provavelmente me
daria um tiro.
— Os códigos são válidos, pelo menos por alguns dias. O ideal é
que você pilote uma nave sem armas, algum cargueiro comercial.
Nada que os Rebeldes costumem usar.
Enquanto diz a palavra Rebeldes, cospe na areia, e eu posso sentir
o cheiro da umidade sendo absorvida pelos grãos. Então esse aí,
ainda acha que os seus companheiros são os mocinhos.
— O seu amigo está prestes a ser pego. — Eu o observo, e puxa o
capuz para baixo e se vira. Um baque suave e um murmúrio na
esquina o fazem correr em direção ao seu compatriota que o
observou à distância durante a nossa negociação. O meu trabalho
está feito, e eu sumo na noite.
O cheiro do sangue deles me segue. Mesmo para vilões, este lugar
é perigoso.

Eu moro aqui, mas eu não chamaria este lugar de lar. O meu povo
constrói belíssimos complexos de colmeias; cada um se acomoda em
seus alvéolos apertados à noite para sonhar o sonho das larvas. O
meu casebre em Tatooine parece pequeno demais para ser um lar e
também grande demais para ser um alvéolo. Alguém criava animais
aqui antigamente, e eu prefiro o odor marcante deles do que a dos
humanos e das outras criaturas sencientes ao meu redor. Os animais
têm interesses honestos, a maioria provenientes dos impulsos físicos
ditados pela química de seus corpos. Os seus odores são previsíveis,
inofensivos, confiáveis.
Mas as pessoas emitem milhares de feromônios em suas secreções,
os seus pensamentos e sentimentos são tão agressivos quanto as
conversas sussurradas que estragam um concerto. Tatooine não é
lugar para um ser pensante que depende de comunicação não falada,
especialmente quando os comunicadores não tem ciência do quanto
mentem para eles mesmos. É lamentável que os meus negócios me
forcem a ficar esperando por horas em cantinas, com o ar cheio de
luxúria, ganância e medo. Talvez seja por isso que eles me odeiem:
Em algum lugar, no fundo, eles sabem que alguém está ouvindo.
Tranco a minha porta como todo mundo faz. A luz azul está
ficando menos intensa, e eu solto um suspiro quando finalmente tiro
o meu capuz e visor. Sinto que quando eu retornar à Kubindi, a
minha família e amigos focarão a sua atenção nas marcas pouco
atraentes em minha pele causadas por esse disfarce; as linhas de
couro apertado pressionam em volta do meu focinho e desenham
círculos em volta dos meus olhos. O meu cabelo está em ordem, mas
uma parte de mim sente como se eles estivessem caindo. Entre os
Kubaz, pouco pode ser escondido, e eu estou fora de prática.
Meu datapad toca, me alertando para uma nova recompensa. Eu
devo ser exigente. Para cada um dos meus pontos fortes, há muitas
vulnerabilidades e só seleciono os trabalhos que as mantenham
escondidas. Nenhum combate corpo a corpo. Sem sequestro. Nem
matança. Nenhum serviço de guarda costas. Eu raramente uso o meu
blaster, mas faço questão de deixá-lo à vista para que todos possam
vê-lo. A informação é a minha moeda e, felizmente, é exatamente
isso o que mais se deseja atualmente. O império colocou uma alta
recompensa em qualquer informação que o levasse a dois droides.
Um é dourado, o outro baixinho. Amanhã, pela manhã, eu os
encontrarei. O meu focinho se remexe com alegria. O alto preço deste
último trabalho pagará a minha passagem para fora desse planeta e
de volta para Kubindi. Isso significa que o mesmo Império que me
atraiu para fora de minha casa com falsas promessas está
efetivamente pagando para que eu retorne ao meu planeta.
Na creche, nossos instrutores nos ensinaram sobre a nossa história
com o Império e a Rebelião. O Império era nosso amigo, mas os
rebeldes sabotaram por muito tempo os nossos avanços tecnológicos
para nos manter alheios ao nosso planeta. Se nós os ajudássemos, o
Império nos ajudaria a conquistar uma posição elevada no comércio
galáctico e na política. Os astutos droides de protocolo que falavam
pelo Império em Kubindi eram cuidadosamente banhados em óleo
quente antes de descer pelas rampas das naves para encontrar os
nossos anciãos e orgulhosamente nos levavam ao ventre de seus
grandiosos transportes, enquanto o nosso povo vibrava. Não
conseguimos detectar as suas mentiras.
Eu fui um dos estudantes escolhidos na academia para estudar sob
a tutela do Império como diplomata e depois retornar aos meus
companheiros e colmeia com novas honras. Pelo menos, foi o que
eles nos disseram. Em vez disso, fui contratado e treinado como
espião. A minha habilidade de ler a linguagem corporal, identificar o
cheiro de feromônios e armas e ouvir a longas distâncias se
tornariam uma mera ferramenta na mão da tirania em toda a
galáxia. O meus cinquenta companheiros e eu fomos algemados e
forçados a suportar propaganda, doutrinação e reprogramação.
Eu, como se pode imaginar, não aceitei isso.
Eu escapei durante um dos trabalhos e tentei voltar para Kubindi,
mas o que encontrei lá foi a sua órbita guardada pelo poder de fogo
imperial. Desde então, trabalhei em sigilo e continuamente até
chegar na minha realidade atual.
Após este trabalho, terei créditos suficientes para adquirir uma
nave.
Agora tenho códigos Imperiais para passar pelo bloqueio.
E eu tenho um datapad repleto de informações atualizadas,
diagramas, e manuais sobre tecnologia avançada e viagens no
hiperespaço. Quando eu voltar para Kubindi, o meu povo finalmente
descobrirá que o Império os mantém reféns, alienando-os de um
universo muito mais amplo e sabotando qualquer tipo de tentativa
de sair do planeta. Eu também tenho as informações necessárias
para construir armas que possam destruir seus incômodos TIE
Fighters nos céus.
Amanhã eu encontrarei os droides. Vou recolher a recompensa. E
então eu vou embora.


O meu dia começa na Cantina de Chalmun. Labria, o Devaroniano, já
está ali, escondendo o seu sorriso pontudo e batucando uma música
com os seus dedos que ninguém mais pode ouvir. Eu me acomodo
em uma cabine sombria e peço a única coisa que posso pagar, uma
única dose de hidromel fermentado de Geonosis. Levei meses para
beber a garrafa inteira, mas eu sugiro a Wuher que a mantenha por
perto. Restam apenas algumas doses, e é possível ver alguns vermes
deslizando no fundo do líquido verde. Eu ajeito o meu focinho e
tomo um gole delicado, provando centenas de outras bocas no copo
sujo.
Eu posso ouvir quase tudo o que é dito nesta cantina, e à tarde não
ouvi nada sobre os droides. Eu engulo a minhoca no fundo do meu
copo e saio, só mais uma figura encapuzada desaparecendo pela
porta do Wuher. Lá fora eu faço algo que não costumo fazer e respiro
fundo pelo meu focinho, atraindo cada perfume das redondezas. A
dor lateja atrás dos meus olhos; é demais pra mim. Esse lugar é
muito cheio, muito imundo, cheio de carne. Eu sigo o cheiro de metal
quente, mas é apenas outro Jawa vendendo os seus produtos. O
próximo cheiro de droide me leva a uma pilha de peças fora do
esconderijo de um mafioso. Corro de droide em droide, procurando o
dourado e o baixinho. Minha esperança começa a acabar. Se eles
estiverem no deserto, eu terei problemas para encontrá-los. Mesmo
com o meu visor, aquele excesso de luz amarelado rapidamente me
deixaria esgotado e machucado.
Então, eu sinto um cheiro. Algo novo.
O escapamento de um velho speeder e, com ele, o odor latente de
droides deixados muito tempo ao sol. Eles não estão tão próximos
quanto eu gostaria e, quando chegar até o local de onde vem o cheiro,
eles terão sumido, provavelmente se escondendo em um dos
inúmeros edifícios labirínticos daqui. Eu vasculho a área ao redor da
cantina de Wuher e consigo escutar uma briga que acontece lá
dentro. Ponda Baba e Evazan novamente, incomodando forasteiros.
Eu me escondo nas sombras enquanto eles cambaleiam pra fora, o
braço de Ponda nas mãos de Evazan como se ele estivesse no meio de
uma de suas cirurgias nojentas. O odor de carne carbonizada faz o
meu focinho enrugar de repulsa e sangue vermelho e sujo ainda
escorre das feridas. Eu passo pela porta assim que eles saem e me
encosto numa parede, com o meu capuz puxado pra baixo. Um
perfume estranho circula pelo ar, algo que eu nunca senti antes,
como pedras queimadas e carne cozida, como se um raio tivesse
ganhado vida. Os rastros me levam a três humanos e um Wookiee. É
aquele indivíduo com péssima reputação que se chama Han Solo. Os
humanos recém chegados precisam de transporte para Alderaan
para eles mesmos e dois droides.
Eu quase ri. Esses homens sabem o que é sigilo? Eles estão sendo
procurados, esta cidade está sendo patrulhada por stormtroopers,
mas eles anunciam as suas intenções à vista de todos. É quase fácil
demais. Mas os droides não estão com eles, então eu saio
rapidamente do bar e me agacho em um canto escuro entre a cantina
e a nave em pedaços de Han. Se o acordo entre eles der certo, e vai
dar, porque eu sei que Han precisa de dinheiro e um motivo para sair
de Tatooine, eles virão por aqui.
Em breve serei recompensado por meus esforços. Os homens
passam com dois droides, um dourado e outro baixinho, enquanto se
apressam para a Millennium Falcon. O meu focinho enruga de
prazer, e encontro um lugar tranquilo para comunicar o ocorrido ao
meu contato dentro do Império. Graças aos droides de protocolo que
respondem a este canal, posso falar em Kubaziano, e sinto um
pequeno deleite ao pronunciar na língua de minha casa...
— Encontrei os droides. — Eu disse. — Espaçoporto de Mos Eisley.
Baía de ancoragem Noventa e Quatro.
Uma voz mecanizada responde:
— Entendido. Conta será creditada após a coleta.
Como eu odeio droides. O meu povo comunica o que deseja que se
saiba e os humanos comunicam tudo, mas os droides não
comunicam nada.
Sigo as presas para garantir que eles estejam indo na direção que
relatei. Eles permanecem do lado de fora da rampa, ao invés de
entrarem rapidamente na nave. Eu me apoio despreocupadamente
contra a parede enquanto os troopers aparecem para reivindicar os
droides.
— É na baía de ancoragem noventa e quatro? — um deles me
pergunta.
— Sim, por ali! Por ali! — Eu disse. Mesmo que, na minha emoção,
eu tenha esquecido de falar na língua comum, ele entende o
suficiente e se apressa.
Quando o fogo blasters irrompe, eu fujo. O perfume queima os
pelos no meu focinho, e as luzes me dão dor de cabeça. Eu não fui
feito para este lugar. É agradável deixar alguém fazer o trabalho sujo
pra variar. De volta à cantina, peço outra bebida no Bar. Há algo de
compensador em terminar a garrafa antes de partir, como se isso me
desse evidências concretas de que nenhum Kubaz permanece neste
maldito planeta.
— Duas doses no mesmo dia? — Wuher pergunta, mas eu sei que
ele não está esperando uma resposta.
Ele se afasta, eu tomo um gole e confiro o meu datapad. Os
créditos devem aparecer a qualquer momento, e então eu vou
procurar nesta cantina e selecionar o contrabandista menos terrível
para me escoltar para casa. A maior parte das minhas economias foi
usada para pagar pela mensagem da minha filha, portanto, coletar
essa recompensa é essencial.
— A banda é boa, não é? — Labria comenta, me dando todos os
benefícios de seu sorriso de verdade, mostrando apenas os dentes
pontudos contra a pele vermelha.
Pela primeira vez, respondo honestamente.
— Funcional, mas sem tons mais altos. — disse em linguagem
Básica.
O Devaroniano balança a cabeça, e suas orelhas erguem-se com o
aborrecimento.
— Você não sabe de nada. — ele resmunga.
Mal sabe ele. Uma banda em Kubindi tem pelo menos três vezes
mais integrantes do que este simples grupo de Biths, e os meandros
da nossa música ecoariam sobre seus chifres. Eu já fui um
percussionista talentoso.
— Talvez você esteja correto. — Eu amenizo.
Verifico o meu datapad, mas os créditos ainda não estão lá.
Enquanto olho para a minha conta, uma nova mensagem aparece.
— Os droides evitaram a captura. Recompensa não concedida. —
diz.
E é isso.
O meu focinho esvazia-se e se afunda com a decepção. Eu tenho
um dia ou dois, talvez meras horas para garantir os créditos
suficientes para sair do planeta enquanto os códigos Imperiais ainda
são válidos. Eu percorro as placas, procurando por novas ou
anteriormente escondidas recompensas que eu possa pegar, algum
trabalho fácil que faça cair créditos suficientes em minha conta. Eu
tenho ciência de que, em meu planeta Kubindi, o meu clã é rico o
suficiente para comprar esta cantina e todos os outros
estabelecimentos. Mas a mensagem da minha filha custou tudo o que
eu tinha e eles não podem sair de Kubindi, e eu não consigo enviar
uma mensagem pra eles, então eu tenho que ficar sentado aqui,
cercado pela escória, tão perto e ainda tão longe de poder dizer adeus
aos meus companheiros e ver os meus netos e filhos de novo.
— Más notícias, Focinho Longo? — Labria pergunta.
Balanço a cabeça. Se ele me entendesse, se pudesse ler uma
pequena fração do que estou expressando, ele não precisaria
perguntar. Mas ele olha pra mim e vê um capuz, um visor e um longo
focinho. Nada mais, nada menos.
Não há boas recompensas, nem pedidos simples de informação.
Nada que possa ser realizado apenas com os meus sentidos e a minha
inteligência.
— Eu preciso de um trabalho. — disse para Labria. — Algo rápido.
Pra hoje.
Ele olha para mim com renovado interesse e ouço seus dentes
entrando e saindo enquanto ele pensa.
— Você conhece Derrida, a Ketton? — ele pergunta.
Eu balanço a cabeça em negação.
— Ela precisa de mais alguém para um trabalho. Esta noite.
— Por que você não aceita, então?
Labria solta uma risada e bebe a sua bebida dourada,
considerando.
— É trabalhoso demais.
— Por que ninguém mais aceitou o trabalho?
Ele olha para o bar de uma maneira pretensiosa, e eu puxo meio
crédito. Tenho observado ele o suficiente no meu tempo aqui, então
sei que nada vem de graça.
— É contra a Aliança. Ninguém gosta de escolher lados. — Ele
zomba enquanto olha ao redor da sala. — Os humanos não gostam,
quero dizer. Um mestre é o mesmo que outro.
Ele está errado. Foi essa mesma percepção que me trouxe aqui, o
meu povo foi atraído pelo Império, pensando que a Aliança era nossa
inimiga. Isolados no espaço, nós só podíamos acreditar no que eles
nos disseram. Estávamos tremendamente errados. No entanto,
mesmo sabendo que o Império escravizou o meu planeta e tentou me
transformar em um drone sem cérebro, eu preciso desses créditos.
Preciso deles mais do que da justiça. E além disso, com relação ao
meu entendimento sobre a história intergaláctica, um pequeno
assassinato em um planeta atrasado nunca mudou muita coisa.
— Fale a ela que eu estou dentro. — Eu disse.
Labria envia uma mensagem em seu datapad.
— Está feito. Ela vai te mandar as coordenadas. — Ele bebe a sua
bebida e considera como se estivesse me vendo pela primeira vez. —
Sabe, alguns dizem que você é o melhor espião do espaçoporto de
Mos Eisley. Alguns dizem que você é extremamente rico. Alguns
dizem que você é ganancioso, sem princípios e sujo, e que você faz o
que faz somente pela pura alegria de destruir tantas pessoas de bem.
Então me diga, Focinho Longo. O que você é realmente?
Olho para o bar por um momento antes de perceber que ele não
pode ver os meus olhos através dos visores. Lentamente e com
ênfase, bato no bar com o dedo. Labria ri e repõe o meu meio crédito.
— Estou muito longe de casa. — Eu disse.
Afastando o meio crédito, corro para fora para me preparar para
minha a última recompensa.
CORPO DE STORMTROOPERS DA DIVISÃO DO EXÉRCITO
IMPERIAL MILITAR, IMPÉRIO GALÁTICO

FORMULÁRIO OFICIAL DE RELATÓRIO DE INCIDENTE


IMPERIAL

INSTRUÇÕES:

Por favor, preencha total e completamente. Detalhes nunca são


demais! Às vezes, elementos aparentemente insignificantes podem
mudar toda a história. Sendo assim, não deixe nada de fora. Seja
minucioso! Siga as instruções cuidadosamente e responda às
perguntas feitas nas seções adequadas. Escreva um livro, se for o
caso! E lembre-se, o não cumprimento dos protocolos militares
Imperiais pode resultar em ações disciplinares, incluindo retenção
de salário, perda de equipamento, expulsão e / ou execução
sumária. Lembre-se também de que este é um documento imperial
oficial e qualquer discrepância entre o que você escrever e o que
realmente ocorreu é uma infração aos protocolos das forças
armadas Imperiais. Agradecemos por seu serviço!

Nome: Sardis Ramsin Número Operacional: TD-7556


Corpo: Stormtrooper Divisão: Sandtrooper
Unidade: Patrulha Oficial no
Terrestre 7 Comando: Comandante TD-110

Local do Incidente (Assentamento, Planeta, Região): Mos Eisley,


Tatooine, Orla Exterior

Houve algum outro membro do seu destacamento envolvido neste


incidente? Ah sim. Muitos, mesmo.

Quais? (Seja específico!) Literalmente todos eles.

Houve algum oficial ferido durante este incidente? Não teria como
não haver.

Liste todos os oficiais feridos durante este incidente: Eu realmente


prefiro não listar, para falar a verdade.

Você é um oficial? (Se não, pule a seguinte pergunta): Não.

Você foi ferido neste incidente: ...

Todos os participantes do incidente foram contabilizados


corretamente? Nem tinha como.
Quais foram os eventos iniciais que levaram ao incidente em
questão? (Seja específico!)

Certo, bem, acho que tudo começou no quartel de Mos Eisley,


certo? Fomos enviados como regimento de destacamento específico
designado pelo Grande Moff Tarkin para um planeta que fica
basicamente nos confins da galáxia para recuperar alguns droides
desaparecidos. Pelo menos, foi o que ouvi. Eles realmente não nos
passam muita coisa, sabe? Bem, eu acho que você meio que sabe, não
é, pois eles = você, mas eu discordo e tudo mais. Lá estávamos nós
munidos apenas de nossos protetores de virilha, os quais, a
propósito, já que entramos nesse assunto, funcionam muito bem
quando você está congelando as suas bolas em Faz ou em Rhen Var
ou algo assim, mas nos desertos ensolarados de Tatooine servem
apenas para nos assar completamente junto com a areia quente que
se aloja nos locais mais constrangedores e inacessíveis. Então,
obrigado por isso. Os reguladores de temperatura nesses capacetes
que você nos forneceu também são uma farsa absoluta; tipo, nem
remotamente são funcionais. Então, sabe... talvez você possa dar
uma olhada nisso.
Enfim, lá estávamos nós, de bobeira e aguardando ordens do
Comandante 110.
O comandante TD-4445 havia mudado o seu posto para a cidade
com o seu esquadrão montado (devido a todo o drama que ele
sempre fazia questão de explicitar através de nossos comunicadores).
Eu gostaria de saber se existe alguma dificuldade para quem faz
parte da montaria. Eles venceram na vida, na minha opinião.
Enquanto nós vagamos como hologramas no tabuleiro de dejarik,
esses camaradas sortudos passeiam nobremente pelo deserto,
montados em dewbacks. E olha, esses animais, eu não consigo
explicar. Há algo de gracioso neles. Eles apenas se movem como se
cada partícula deles estivesse perfeitamente alinhada e inteiramente
livre. Eles são capazes de te transportar numa tempestade, ao longo
de um rio, e até dentro de uma construção. Eles são capazes de
arrebentar a cara de qualquer um que entrar no seu caminho. Eles
são basicamente o melhor amigo de um stormtrooper. Antes que
você diga qualquer coisa, sim, eu me candidatei para a montaria e
não, não fui aceito. Não, eu não sei o porquê, mas ainda estou
bastante irritado.
Enfim, eu estava lá, sentado, ponderando sobre isso, por que não
fui designado para a montaria, ao invés de ter que ficar com essa
porcaria de patrulha terrestre. E Tintop estava enchendo o saco
novamente, pelo que me lembro. Ele derrubou algo do TD-787 que o
deixou furioso, daí o TD-787 estava prestes a encher ele de porrada
(de novo!) quando o velho Crag falou, e toda a Unidade 7 sabe que
quando Crag tem algo para dizer, você tem que parar para ouvir.
Mas, sendo honesto, 99% do que essa relíquia fala é que nem urina
de bantha fedida. Mas, beleza; pelo menos quebra a monotonia, eu
acho.
— Vocês sabem de onde tiramos o nosso nome? — Crag tem um
jeito todo misterioso de falar. TD-787 para no meio de sua investida,
quando estava prestes a esganar o inútil do Tintop, e então o TD-787
se vira e responde: — Porque os nossos capacetes tem forma de
baldes, foi o que sempre pensei.
Todo mundo zombou, porque isso seria realmente engraçado se
ele tivesse realmente dito em tom de brincadeira, mas o TD-787
nasceu desprovido até do mais remoto senso de humor, então... bem,
na verdade, fica ainda mais engraçado o fato de ele estar falando
sério, para ser sincero. De qualquer jeito, todos nós rimos muito,
exceto Crag, que fez uma careta, a expressão fixa do velho clone ficou
alterada, e então ele disse:
— Não este nome, seu inútil!
— É porque nascemos na tempestade (storm). — disse o
Comandante 110 na porta. E então, como o 110 sempre tem que dizer
tudo duas vezes, na segunda vez foi mais melancólico: — Nascido na
tempestade. — Mas não posso mentir: ele soava imponente parado
ali com a sua armadura corporal completa, sem o capacete,
iluminado pelos sóis gêmeos de Tatooine, e com a sua sombra
projetada ao longo do chão do quartel.
— Sim. — disse Crag. — A tempestade da história. Como a galáxia
passou do caos para a ordem, nosso regimento foi criado para
manter essa ordem.
— Essa é mais uma versão, de qualquer maneira. — disse o
Comandante 110. Mesmo com minha visão ofuscada pela luz intensa
dos dois sóis, eu poderia dizer que ele estava sorrindo um pouco.
Dava para perceber por sua voz. Ele estava tendo um daqueles
momentos patrióticos inspirados, quando todo o Império Galáctico
parecia brilhar em seus olhos e qualquer missão ridícula que
aparecesse pela frente soaria infinitamente nobre, tudo parte de um
grande apelo estético. E isso tudo é muito bonito, mas o meu traseiro
já estava cheio de areia e o dia não pretendia esfriar, ao menos um
pouquinho, então, francamente, eu gostaria que ele se apressasse e
chegasse logo ao ponto. E então ele chegou:
— Executar ordens, rapazes.
Todo mundo resmungou.
O 110 nos ignorou, sabiamente.
— Vamos mudar o posto para Mos Eisley. (As alocações estão nos
arredores da cidade, aparentemente para desencorajar qualquer
confraternização com os locais, entre outras coisas... sabem o que
quero dizer. Além disso, fora da cidade significa estar mais perto do
infinito e estéril terreno baldio que apodrece com o povo da areia,
banthas e um milhão de outras maneiras de morrer. Também: a
areia. Muita areia. Muita areia mesmo.)
Então, Mos Eisley na verdade não parecia uma coisa tão terrível, se
fossemos comparar. E se aqueles droides estivessem vagando pelo
deserto profundo, eles não teriam voltado à base inteiros, sejamos
realistas. Já é ruim o bastante você fugir para um planeta infestado
de banthas fedorentos com planos secretos ou o que quer que eles
estejam levando. Não vou escrever insultos nesse relatório por me
fazerem lidar com ainda mais areia. Sabe? E, à propósito, os
dewbacks estavam lá. E talvez... bem, um stormtrooper pode ao
menos sonhar.
Então nos preparamos, colocamos a nossa armadura ineficiente,
tecnicamente arcaica e causadora de coceiras no traseiro, pusemos os
nossos capacetes que parecem baldes de lixo que não nos deixam ver
nada, e carregamos esses E-11 que vocês nos forneceram, que exigem
que alguém mire o mais longe possível do que está atirando para ter
meia chance de acertar. Então, obrigado por tudo isso!

Quais ações você tomou com base nos eventos iniciais que
antecederam o incidente em questão?

Nada, nós apenas sentamos lá.


Olha, é sério, meu querido sistema de aplicação interrogativa, que
porcaria de pergunta é essa? O 110 nos deu a ordem para mudarmos
de local, então nós mudamos. Se não tivéssemos feito isso, nós
seríamos sumariamente executados, lembra? Ou então,
estrangulados a longa distância, pelo seu amado chefe com os
poderes dele. Escolha difícil, só que não, obrigado! Então nós nos
equipamos, nos deslocamos, e lá estávamos, no coração de Mos
Eisley, ficando tostados embaixo de todas essas camadas de
armadura e gigantescos collant pretos, e desejando loucamente algo
que aliviasse a sede, e eu não quero dizer o tipo de coisa que
realmente sacia a sede. Quero dizer, algo do tipo que desidrata, de
fato. Uma bebida, especificamente uma que chiasse, para ser mais
preciso. Suco de Jawa, caso eu não tenha sido claro. Eu queria uma
maldita bebida.
E veja: nós não tínhamos pistas, realmente, então que diferença
faz uma direção ou outra nessa bacia de escória apodrecida?
— Eu acho que eles podem ter ido para a cantina. — eu disse,
soando autoritário e não deixando espaço para debate.
Mas é claro que o TD-787 não seria o TD-787 se ele não indagasse
o contrário em qualquer oportunidade, então ele fala:
— O que te faz pensar isso, Sar? — E eu estava prestes a retrucá-lo
quando o 110, O Comandante 110, eu acho — levantou uma mão,
todo sério.
Olha, eu não sei se você já esteve em Mos Eisley, mas é um local
infestado com cerca de oito milhões de seres de peles endurecidas,
contorcidas, viscosas, seres multilobados, às vezes até com
tentáculos, fervendo, ofegando, sangrando (literalmente),
espumando como dementes inúteis além de resíduos de pele e ossos
e, às vezes, equipamentos e dados. E sim, é um espaço porto, mas se
você está procurando o legítimo beco sem saída da galáxia e dos seus
habitantes, não procure mais. Portanto, existem muitos droides de
aparência suspeita. Eles passam mancando, avançam com as suas
rodinhas enferrujadas, tropeçam pelas ruas cobertas de areia. Eles
esperam do lado de fora de lojas de sucata eletrônica e de câmbio,
bipando e arrotando e servindo apenas aos seus pequenos egos.
Eu não gosto de droides, caso você não tenha percebido. Eles me
irritam.
Enfim, foi por isso que ficou marcado na minha memória o fato do
Comandante 110 parecer ter uma forte intuição com relação ao
speeder que vinha em nossa direção com dois droides, um velho e
um garoto dirigindo. Eles não eram notáveis ao meu ver de forma
alguma, realmente, mas o 110 confia nos seus instintos e segue até o
fim com eles, e ele é o único com a ombreira laranja, não eu, então...
ele é quem manda, eu acho.
Nós cercamos o speeder, com aparência séria e rígida, apesar de
sermos os únicos com blasters. Por mais inúteis que fossem os E11,
eles ainda fariam um trabalho rápido com o garoto e o seu avô que
aparentava já estar nas últimas.
O 110 pergunta a quanto tempo eles têm os droides e eles dizem
alguma coisa. Eu não estava realmente prestando atenção, para ser
honesto, porque não estávamos tão longe da cantina, e eu pensei que
isso seria bem rápido, daí daríamos um pulo até lá e eu me
esbaldaria com um suco de Jawa! Mas o bom e velho 110 tinha
outros planos, como sempre, porque é claro que a Aliança Rebelde
iria depositar todas as suas esperanças num coroa pirado e num
adolescente que precisa de um corte de cabelo para transportar a sua
carga ultrassecreta.
O estimado Comandante 110 exige suas Identidades. Se você
pudesse enxergar através desses baldes estúpidos que usamos, você
teria visto meus olhos rolarem pra cima com muita força. Todos os
nossos olhos, provavelmente, exceto os do TD-787, por motivos de:
ele é irritante.
Em seguida, o Velho disse:
— Você não precisa ver a identificação dele — e a primeira coisa
que pensei foi: uau, esse velhote é imperial? Ele passava muita
confiança ao falar, como se ele realmente fosse um de nós, de alguma
forma, apesar de ter um semblante meio mal humorado. Talvez
tenha sido o sotaque. Esse pensamento realmente não durou muito,
porque a próxima coisa que aconteceu foi que eu estava
absolutamente 100% certo de que não precisávamos ver a
identificação dele. Quero dizer, pra ser justo, não parecia tão
necessário para começo de conversa, mas ouça: você teria que me
segurar e enfiar os documentos dele na minha cara (e provavelmente
tirar o meu capacete, se você realmente quisesse que eu enxergasse
alguma coisa) se desejasse que eu conferisse os documentos. O fato é
que eu não estava prestando muita atenção neles, naquele momento.
Na verdade, tudo o que eu queria era me mandar dali. E não apenas
para me esbaldar com um suco de Jawa.
Parece que o Comandante 110 finalmente voltou a si também,
porque então ele disse:
— Não precisamos ver a identificação deles.
Aleluia! Eu quase gritei, mas me contive.
— Estes não são os droides que vocês estão procurando. — diz o
velhote.
E ele estava certo. Ele estava tão certo. Tipo, é claro que não são
eles!
O 110 concordou e, em seguida, o velho disse
— Ele já está dispensado. — e eu penso, sim! Sim, coroa! Diga
isso! E o 110 concorda novamente! Palavra por palavra, de fato!
— Pode ir. — diz esse notável velhote.
O Comandante 110 assente.
— Pode ir. — E então, porque ele é o 110 e ele nunca consegue se
conter, ele repete a mesma coisa como se fosse um bom hábito.

Que ações adicionais você tomou após os eventos iniciais que


culminaram no incidente em questão?

Bem, fomos tomar um bom copo de suco de Jawa, meu rapaz! O


que você acha? A essa altura, já estávamos fartos.
Quando finalmente chegamos à cantina é claro que eles estavam
lá. Não, não os droides que nós estávamos procurando. Os
Dewbacks. Dois lindos e cintilantes Dewbacks. Fêmeas, eu acho;
apenas de pé lá, inspirando e expirando e refletindo sobre as suas
vidas de Dewback, e aproveitando a luz dos dois sóis. Naquele
momento, para ser sincero, eu não estava me importando com os
droides ou o Império Galáctico ou até mesmo o suco de Jawa. Eu só
queria montar num deles, colocar a minha mão naquele focinho,
fechar os meus olhos e relaxar, sabe?
Mas se os dewbacks estavam lá, isso significava que o grupo do
TD-4445 também estava por perto, então tivemos que entrar e
checar o que fosse possível, pois não queríamos que outra unidade
nos passasse a perna e encontrasse os droides antes de nós.
— Animem-se, rapazes. — disse o Comandante 110, e Crag apenas
riu. Então adentramos naquela implacável pocilga e logo já
estávamos cercados por várias formas de escória estelar e
excremento de asteroides, o cheiro sem fim de leite barato e corpos
que ficaram enfiados em naves espaciais que já não viam um banho a
muito tempo.
A primeira coisa que vejo é um ithoriano, e ele parece nervoso,
para ser sincero. Eu não tenho a mínima intenção de encher a cara
desse jeito, e esse ithoriano parecia absolutamente abalado quando
entramos. Eu faço uma cara feia para ele, a qual, é claro, ele não pode
ver, mas isso não importa; de qualquer forma, ele estará indo
embora em breve. Todo o local parece estar em meio a um grande
alvoroço com os murmúrios de alguma confusão que tinha acabado
de acontecer. Uma daquelas aberrações com rostos sofríveis e olhos
redondos está limpando o sangue de alguém no chão, e ouço
sussurros e grunhidos sobre um sabre de luz. Um sabre de luz! Estou
cansado, cara. Eu estou muito cansado. O barman chama a atenção
de TD-787 e 110 e aponta em direção a uma mesa de canto onde
alguns indivíduos envolvidos na bagunça deveriam estar, e eu tento
aproveitar a oportunidade para sinalizar que quero uma bebida. O
barman é um rabugento ranzinza; ele apenas zomba e desvia o olhar.
E então eu percebo que o Tintop realmente conseguiu pegar um
drink. O idiota estava levantando o seu balde para dar alguns goles e
eu estava prestes a xingá-lo quando ouvi um suave e educado "aham"
do assento próximo de mim. Há um Talz sentado nele, sabe, uma
daquelas coisinhas com pelos grisalhos que parecem um Ewok que
levou um soco na cara. Está sentado no bar ao meu lado, coçando o
seu focinho nojento e olhando, acho, para mim. Então ele gagueja
alguma coisa. Não gosto de ser perturbado com idiomas que não
conheço, então apenas balanço a cabeça, e então o barman (falando
de rostos que parecem ter sido socados muitas vezes):
— Ele disse que os droides que vocês estão procurando partiram
para o deserto com o povo da areia.
Então, como se para selar uma espécie de acordo, ele coloca uma
bebida na minha frente. Eu olho por cima de Tintop, que estava
apenas se empanturrando naquele momento, e depois do outro lado
da sala para onde 110, Crag e TD-787 estão abordando a banda. Eu
dou de ombros. Então eu olho para a bebida e o Talz que espera com
os seus pequenos olhos redondos. Estava analisando as informações,
entende?
— Ele sabe há quanto tempo eles foram embora? — Eu pergunto
enquanto levanto a caneca e dou uma boa e longa golada.
O cara cinza resmunga um pouco e depois o barman diz:
— Eles simplesmente se foram pouco antes de vocês entrarem. —
Disse que eles tinham um bantha com eles.
— Um bantha! — Tintop grita de uma maneira que deixa claro que
ele já está bem chocado. Então ele se aproxima um pouco do meu
ouvido e murmura: — Mas podemos confiar no esquentadinho aí?
Você sabe que essa cantina não é lá muito receptiva com Imperiais,
Ram.
Eu dou de ombros. A essa altura, nem eu mesmo tenho certeza de
quão receptivo sou com o império, sendo honesto com você. E eu sou
honesto, aparentemente. Eu odeio a minha unidade; eu odeio o meu
uniforme. Eu odeio o fato de que a qualquer momento eu possa ser
transportado para qualquer lata de lixo galáctica, apenas para
aniquilar algum troglodita unicelular aleatório. É o sentimento
constante de que o mundo poderia se tornar muito, muito mais
bonito de alguma forma, se ao menos alguém pudesse remover as
vendas sujas que nos colocam a partir do momento que nos
tornamos um membro deste exército ridículo.
Tintop também encolhe os ombros, porque mesmo que ele
concorde com todos os meus profundos sentimentos sobre o Império
ou não, Tintop geralmente não se chateia com nada. Especialmente
quando ele está tomando suco.
Crag e 110 voltam para nos avisar que não havia mais ninguém por
lá além de um camarada de aparência presunçosa e o seu Wookiee, e
que o interrogatório da banda não deu em nada. Passamos para eles
as novas informações.
— Desgraçado. — diz 110 enquanto abrimos caminho através da
multidão e fora da cantina. — Droga!

Descreva o incidente em questão. Seja específico!

Ha. Bem, sobre isso... Assim que saímos da cantina, tudo começou
a acontecer muito rápido. Antes de mais nada, aqueles dewbacks
ainda estavam lá, apenas pastando e, talvez, até sorrindo. Um
dewback pode sorrir? Acho que sim. Eles certamente pareciam estar
olhando para nós. Imediatamente, o TD-4445 surge na comunicador:
— Estamos seguindo uma pista de que alguns rebeldes alugaram
uma nave e estão tentando sair de Tatooine com os droides.
— Nossa inteligência diz que eles estão no deserto com alguns
incursores Tusken. — diz 110.
— Quem é a sua fonte?
— Garindan. — vem a resposta em forma de murmúrio.
— Garindan, o Kubaz? — 110 pergunta.
— Afirmativo. Ele está seguindo os suspeitos. Irá nos manter
informados.
Olha, eu não sou intolerante nem nada, mas os Kubaz são um lixo
de espécie. Ponto final, sem exceções. Então, tipo, certo, um ser que
parece uma axila com um longo focinho te passou algumas
informações. Você iria confiar? Prefiro achar que não, francamente.
Eu não confiaria de jeito nenhum. Eu digo isso para 110.
— Independentemente. — O TD-787 deixa escapar, sendo irritante
como sempre — ele é um informante imperial confirmado. Temos
que verificar se a sua pista é válida. Certo, Comandante?
Talvez seja por causa do suco, mas eu estava a ponto de arrebentar
a cara do TD-787 ali mesmo. Eu tenho certeza de que eu estaria
agindo em nome de toda a equipe, se eu tivesse o feito, simples
assim. Quero dizer, aqueles dewbacks ainda estavam ali e, até onde
sabíamos, os rebeldes estavam fugindo enquanto conversávamos,
desaparecendo nas areias sem fim de Tatooine.
O Comandante 110 balança a cabeça e depois assente, inútil como
sempre.
— A informação do contato imperial. — Ele murmura.
— Temos confirmação. — A voz de TD-4445 repentinamente é
reproduzida de maneira meio distorcida no comunicador. — Os
rebeldes estão indo para o hangar! Todas as unidades, dirijam-se
para o atracadouro Noventa e Quatro!
— Aí está a sua resposta. — O Comandante 110 resmunga, e então
partimos antes mesmo que eu tivesse tempo para contestar alguma
coisa, nos esgueirando pelas ruas desordenadas, e empurrando uma
multidão de Jawas fedorentos. Eu sei que isso está errado; eu posso
sentir o quanto é errado por todo o meu corpo. É inevitável. Mas sou
um soldado. Um stormtrooper. Eu sou o punho sem rosto de
execução do Império Galáctico. O que eu posso fazer? Eu sigo com a
minha unidade, tentando ignorar a dor profunda que me puxa como
um raio trator através da multidão e de volta para a frente da
cantina, onde aqueles dewbacks me aguardavam.
— Por aqui! — Crag grita, porque ele sempre tem que ser o único
que sabe tudo. E daí estávamos em algum lugar que simplesmente
estávamos por estar; as sinuosas paredes empoeiradas, becos
arenosos e olhares maliciosos parecem, de certa forma, familiares,
mas todo esse planeta é assim, então e daí? — Agora aqui. — Crag
insiste, e seguimos, porque o que mais devemos fazer? Nós seguimos
ordens. É a razão e a extensão da nossa existência. Diga-nos para
matar, e nós mataremos. Diga-nos para morrer, e nós nos jogaremos
na frente do tiro dos blasters. Observar nossa existência inútil extinta
em comando. Essa brincadeirinha por essas ruelas em ruínas? É um
resumo impiedoso de nossas tristes vidas. Agora está claro que
nenhum de nós tem noção de onde fica esse hangar e isso já não
importa mais, porque os rebeldes provavelmente já deveriam estar
no outro extremo da cidade agora e prestes a irromper nas areias
infinitas.
— Lá. — diz Crag, e parece que ele está ficando sem fôlego, ou
talvez estivéssemos chegando perto. Então percebo que
definitivamente estávamos chegando perto, porque um rosnar de
motores irrompe ao nosso redor e ouço tiros de blaster não muito
distantes. Então um pedaço de sucata velha se projeta acima dos
prédios ao nosso redor e levanta voo. A comunicação se torna difícil
devido a estática e as unidades gritam por reforços, mas eu estava a
uns cem cliques de distância: assim que a nave decolou, algo em mim
ficou mais leve e eu sabia o que tinha que fazer. Não sei como, mas
sabia. Não foi sequer uma decisão consciente, para ser sincero com
você. Antes que percebesse que eu tinha feito um movimento, e me
enfiei novamente por entre as ruas. Eu nem sei como não me perdi
naquela porcaria de cidade; Eu apenas avancei como se algum tipo
de fio invisível estivesse me puxando, e lá estava eu e também
estavam eles, ainda do lado de fora da cantina, exatamente onde os
deixamos, os dois dewbacks, parecendo elegantes e ao mesmo tempo
um pouco impacientes, para dizer a verdade.
Eu estava correndo, eu deveria estar, porque o que estava mais
perto se levantou um pouco e rosnou quando me aproximei, mas
então eu peguei a sela com uma das mãos e logo estava montado
nele, daí eu retirei o cabo de retenção e nós partimos!

Quais foram as suas ações em resposta ao incidente em questão?

Nós andamos pelas ruas de Mos Eisley, eu e o dewback. Éramos


um só naquele momento, uma onda invencível de homem e músculo,
dentes e sela. Contrabandistas e habitantes locais saltaram para fora
do nosso caminho. À frente, o deserto apareceu, insondável e
imenso. Havia algo que eu deveria estar fazendo, eu me lembrava
vagamente. Algo urgente, supostamente. Não parecia importar, no
entanto. Tudo o que importava naquele momento era o sussurro do
vento do deserto contra o meu capacete, a fera trovejante embaixo de
mim, o gigante deserto de areia à frente.
Rebeldes. Droides. É isso mesmo. Nos limites da cidade, reduzi a
velocidade da fera e ergui os meus macrobinóculos. Areia e vazio ao
longo de cliques e mais cliques à minha frente, interrompidos apenas
por algum casebre ocasional ou certas torres de comunicação.
A fera se moveu impaciente embaixo de mim. Ela queria a emoção
do movimento novamente. Eu também. E então, lá! No horizonte, a
forma escura de uma bantha reluzia contra o céu brilhante. Alguns
integrantes do Povo da Areia estavam espalhados ao redor dele. Eles
estavam se movendo sobre o topo de uma duna, e logo
desapareceriam. Eu a chutei com os meus calcanhares contra o
dewback e juntos nos lançamos no deserto.

Quais foram os resultados iniciais de suas ações durante o


incidente? Seja Claro!

É engraçado você perguntar isso. Toda a galáxia ao meu redor,


desde então, resumia-se a areia e dunas. O mundo se tornou
unicamente, um escopo singular da vida, como que esticada em
direção a um vazio de um ciclo interminável. A fera abaixo de mim,
também mergulhou em direção a esse vazio. Peguei meu datapad e
usei-o para transmitir este relatório, que provavelmente será o
último que você ouvirá de mim. Em algum momento, eu já não
estava mais usando meu equipamento, e então os sóis enviaram seus
emissários suaves de luz para dançar através da minha pele, e a areia
transportou-se intensamente através de um vento infernal e feroz
que surgiu do nada e iluminou o mundo em chamas com gritos e
grãos quebradiços do deserto, e tudo isso soou como um suave, e
terrível sussurro que anunciava que este mundo que eu pensava estar
morto é tão vivo, assim como eu: tão vivo, nascido e renascido na
tempestade, e absolutamente livre.
Ryland subiu no mirante e escaneou o céu. Os caças já estavam no
ar, à frente do transporte que estavam escoltando para fora do
sistema. Ele sabia que estava fazendo a coisa certa. Sabia que Eron e
Rhee cuidariam bem de Laina, seriam boas mães pra ela e a criariam
como se fossem sua até que pudessem se reunir. Sabia que era muito
perigoso mantê-la consigo em Yavin, que era um alvo militar
legítimo, caso o Império descobrisse a sua existência. Ele sabia que
poderia ter ido com ela, que ninguém de sua ala teria segurado isso
contra ele, que ele poderia estar segurando a sua jovem filha agora,
enquanto eles escalavam no topo da atmosfera em direção a relativa
paz e segurança.
Ryland sabia que ele não era a única pessoa na base... inferno, ele
não era o único de plantão neste momento, que tinha perdido algo,
desistiu de algo, fez algum sacrifício a serviço da Rebelião contra o
Império. Saber todos esses fatos não tornou o momento mais fácil,
nem menos doloroso.
Ele enxugou as lágrimas, segurou o escâner aos olhos, e disse
adeus à sua filha enquanto via o seu transporte alçar o topo da
atmosfera e desaparecer na escuridão do espaço.
— Aqui é a Torre Dourada para transporte Eco Delta Um. — disse
ele. — Você passou pela atmosfera e têm permissão para entrar no
hiperespaço. Que a Força esteja com você. — Ele não acreditava na
Força, mas hoje, ele faria uma exceção. Ele desligou o rádio. — Cuide
bem da minha garotinha. — Ele disse, suavemente. Sentou-se e
chorou.

Dezoito horas mais cedo

Ryland ajustou a câmera e suavemente limpou a sua garganta. Olhou


para Laina, dormindo inquieta em seu berço. Ela se descobriu até a
sua metade e virou quase inteiramente para o lado do colchão. As
suas pernas chutaram suavemente e os seus olhos piscaram de cada
lado. O que ela estava sonhando, esperava que era algo alegre. Talvez
Fiona estava lá, com ela, talvez os três estavam juntos novamente.
Teria o cuidado de não a acordar.
Voltou a sua atenção para a lente da câmera e começou a gravar.
— Olá, Laina. Estou gravando esta mensagem para você algumas
horas antes de você entrar em um transporte para ir para a sua nova
casa com as suas tias, não sei por quanto tempo e é importante pra
mim que você não tenha que esperar até então para saber quem você
é, de onde você veio, e quem eram os seus pais.
— Quando tiveres idade suficiente para ver isto, e entender, espero
que fiquemos juntos, e espero que possamos rir de como pareço
magro agora. Mas desde que entrei para a Aliança Rebelde, eu disse
adeus a muitos de amigos, a quem tenho sido capaz de dizer adeus...
— Ele segurou profundamente a respiração, viver sob a ocupação
Imperial era terrível, e a Rebelião não estava apenas certa, mas era
necessária. Muitas pessoas boas tinham dado as suas vidas ou, pior,
a sua liberdade no serviço da causa.
— Então. — Ele disse com um sorriso que ele esperava que não
fosse muito forçado. — Se é assim que você vai me encontrar... Olá,
querida. Sou o seu pai. Tenho 38 anos agora, e você quase dois. Eu
não posso lhe dar um monte de informações específicas, porque se o
Império vir isto, pode nos pôr a todos em perigo, mas agora, estamos
em uma base rebelde, e você está dormindo ali. — Ele agarrou a
câmera e apontou para ela. — Essa é você! Você é tão pequena agora!
— Ele olhou para ela, ouviu as suas respirações suaves. Podia sentir
que estava prestes a perder a sua calma, mantê-la com ele em um
lugar que sabia que não era seguro, mas seria pelo menos para
mantê-los juntos, no entanto se os relatórios sobre a estação de
batalha do Império estavam certos... Ele recuperou a sua coragem, e
virou a câmera de volta para si mesmo. — Você e eu viemos aqui
quando tinha apenas seis meses de idade, logo depois que a sua mãe
morreu. Eu vou te contar sobre ela em um segundo, mas primeiro eu
quero que você saiba de onde você veio.
— Você nasceu em uma colônia de mineração subterrânea em uma
lua, em um lugar chamado Orla Exterior. Não há atmosfera na lua,
por isso algumas pessoas que vivem lá agora nunca sequer tenham
visto acima da superfície, e nunca viram as estrelas. Mas onde você
está indo, você vai chegar a ver as estrelas todas as noites. A sua mãe
e eu não somos de lá, e provavelmente não é seguro lhe dizer onde
nós viemos (se nós estivermos assistindo juntos, eu lhe direi. Pause
isso e me pergunte!) mas nós dois éramos mecânicos. Eu ainda sou,
trabalho em Y-Wings em vez de extratores atualmente, e nos
encontramos lá quando trabalhamos no mesmo setor.
Ele levantou um holograma de Fiona e mostrou para a câmera.
— Esta é sua mãe, o nome dela era Fiona, e ela era a minha
humana favorita em toda a galáxia, até que você veio junto. Era
esperta e amável. Compreendeu como as máquinas trabalhavam
melhor do que as pessoas que as projetaram, e ela poderia arrumá-
las mais rápido do que alguém que eu já conheci. Eu a amava tanto
quanto ela te amava, e ela te amava mais do que qualquer coisa.
— Você tem os lindos olhos da sua mãe, mas parece que tens os
meus grandes ouvidos de elefante. Desculpe por isso. — Ele riu. — A
sua mãe amava matemática e música, e quando eras uma bebezinha,
ela cantava “Mama Lua” todo santo dia. — disse com a sua voz presa
em sua garganta e os seus olhos lacrimejados. Ele sente muito a falta
de Fiona.
— Certo. Então. O Império veio à nossa colônia alguns meses antes
de você ter nascido. Um oficial Imperial nos reuniu no núcleo e nos
disse que a companhia trabalhávamos para tinha sido assumido pelo
Império. Ele disse que foi porque a empresa não estava cumprindo
os regulamentos de segurança, mas isso era uma mentira. Ele sabia e
sabíamos também que o Império precisava do doonium, e tínhamos
um monte deles. E se houver uma coisa que você precisa saber e
entender sobre o Império é que ele vai levar o que quiser, quando
quiser. O Império levará tudo e todos que ama, caso você deixe.
Ele percebeu que tinha fechado os punhos também. Esforçou-se
para relaxar, olhou para baixo e abriu as mãos. Tocou o anel que
ainda usava na mão esquerda enquanto o sangue voltava para os
dedos.
— O Império levou a sua mãe para longe de nós, querida. Um
oficial Imperial chamado Duggan matou ela, só porque ele podia. Eu
quero que você saiba disso, então você nunca se esqueça contra
quem estamos lutando, e por que estou te mandando embora.
— Eu também quero que você saiba que nem todo mundo é
corajoso o suficiente para se levantar contra o Império, e essas
pessoas, que chamamos decolaboracionistas, são tão ruins quanto
Império é. Eles podem até ser piores, porque eles devem saber
demais. É por causa de um colaboracionista que a sua mãe não está
aqui. O seu nome era Corbin, e ele tinha sido o nosso amigo por
anos, até que o Império chegou. Acontece tão rápido, Laina, você
nem percebe que isso está acontecendo. Um dia, os seus amigos
estão tomando café da manhã com você na cantina, e quando é hora
do jantar, eles estão vestindo um Uniforme imperial.
Fora de seu quarto, com uma voz abafada anunciou a mudança de
ordem. Ele teve que acordá-la em breve, vesti-la para a viagem. E
dizer adeus.
— O novo uniforme de Corbin lhe servia muito bem. Era como se
ele sempre tivesse querido usar um, porque era como ele poderia se
sentir importante. Mas ele não era importante.
Ele não era mais importante do que o Oficial Duggan que matou a
sua mãe.
Mas preciso que saiba que o Império existe por causa de pessoas
como Corbin, que são muito fracas ou ambiciosas para enfrentar as
pessoas como Duggan, e a rebelião existe por causa de pessoas como
a sua mãe, que estão dispostas a arriscar a sua liberdade e as suas
vidas para os enfrentar aos dois.
— Corbin não tinha uma família antes do Império vir, e quando viu
o quão feliz a sua mãe e eu estávamos por ter você, ele ficou com
ciúmes. Começou a fazer pequenas coisas para nos incomodar, como
me fazer trabalhar turnos extras, e gritava com a sua mãe para que
ela não ficasse contigo na cantina, mesmo que todos da nossa equipe
adorassem quando estava por perto.
— Isto continuou até que um dia a sua mãe perdeu a paciência com
ele e disse para parar de ser um valentão. Bem, mais tarde naquela
noite, Corbin apareceu no escritório onde estava o oficial Imperial no
comando. Corbin tinha dito a Duggan que a sua mãe e eu éramos
secretamente espiões Rebeldes. Nós não éramos Rebeldes até então,
e Corbin sabia disso. Nós éramos apenas pais tentando cuidar de
nossa família, que estavam cansados de ser oprimidos por alguém
com um pouco de poder.
— Eu ainda não sei se Duggan acreditou em Corbin, ou se ele só
queria usar a sua mãe e eu para assustar e intimidar o resto da nossa
equipe. Mas ele e seus Oficiais da Lealdade ordenou que a sua mãe e
eu confessássemos ser espiões rebeldes na frente de todos, e quando
não tínhamos nada para confessar, Duggan a matou. Ele apenas
atirou nela, bem na minha frente, tão tranquilamente quanto apagar
uma luz.
Ryland estendeu a mão e parou de gravar. Será que Laina
realmente precisa saber tudo disso? Se esta fosse a única gravação
dele que ela teria, se ela fosse vai assistir isso como ela cresceu, se ele
queria fazê-la reviver a morte de sua mãe do jeito que ele fez, noite
após noite? Ele tocou a gravação de volta, viu-se a dizer que a
Rebelião existe por causa de pessoas como a sua mãe, que estão
dispostos a arriscar a sua liberdade e as suas vidas para enfrentar
a ambos, e tocou no botão de Gravação novamente.
— Todos nós que aderimos à Aliança Rebelde perdemos algo, ou
alguém, ou algum lugar que amamos. Perdi todos os Três, e não é
fácil para mim me despedir de você hoje. Mas tenho de te mandar
para um local onde estejas segura, onde possa crescer e ter uma
família, se quiseres. Espero que não precisemos da Aliança Rebelde
quando tiveres idade para te juntares a ela, mas se o fizermos, eu
quero que você saiba que está em seu sangue para revidar. Você é
filha de sua mãe.
— Sentirei a sua falta todos os dias, mas sei que estará segura com
a sua tia Rhee e a tia Eron. Elas ajudaram a nossa família a escapar
do Império, e elas me apresentaram aos Rebeldes. Não tenho tempo
para lhe dizer em que parte da história, mas você pode lhes pedir
para te contar, quando você estiver pronta para saber. Elas te amam
muito, e elas vão levá-la para um planeta chamado Alderaan, que é
longe de qualquer luta. Você estará segura lá. Você pode crescer e
fazer amigos, e ter o tipo de vida que eu sempre quis que você tivesse.
Eu vou lutar por você o tempo que for preciso, e vemo-nos em breve.
— Amo-te tanto, Laina, e já sinto a sua falta.
Ele parou de gravar e salvou o arquivo. Ryland foi até a cama da
filha e colocou a mão no ombro dela.
— Querida. — Ele disse gentilmente. — É hora de acordar.

Dezoito horas depois

Quando a sua vigia acabou, Ryland recusou um convite para se


juntar a alguns dos pilotos do Esquadrão Azul na cantina e levou um
transporte de volta para o seu o quarto. Ele permaneceu na porta,
sentiu a mão pesada enquanto a levantava para digitar o código de
entrada. Pela primeira vez desde que chegaram de Burnin Konn há
um ano atrás, ele a abriu para encontrar uma sala vazia do outro
lado.
Estava lá há vários minutos quando Mol Hastur, a seu vizinha,
passou. Ela parou e colocou a mão no ombro dele.
— Você fez o certo. — Ela disse.
— Eu sei. — respondeu ele.
— A Força está com ela. — disse Mol. — E com todos nós.
— Obrigado, Mol. Espero que você esteja certo. — Ele digitou seu
código e entrou. A porta se fechou fortemente atrás dele.
Uma arma era concebida para ser disparada.
Todo militar poderia lhe dizer isso. Trate todas as armas como
carregadas; nunca assuma que um blaster foi definido simplesmente
para atordoar e não matar.
O General Cassio Tagge, Chefe do Exército Imperial, sabia disso.
Enquanto caminhava pelos corredores da maior estação de batalha já
construída nesta ou em qualquer galáxia, ele estava profundamente
ciente de que atravessava o coração de uma arma. A energia fervia
sob o doonium.
Não estava a bordo da Estrela da Morte quando ela passou pelo
teste inicial de tiro em Jedha, mas entrou logo depois e testemunhou
Scarif. Parou agora, com uma mão na parede de metal lustroso,
lembrando o estrondo de energia enquanto a Estrela da Morte
carregava e disparava. Tinha sido uma vibração sutil, algo que
poderia não ter notado se não estivesse procurando por ela. Essa era
uma marca de quão grande era a estação de batalha, poderia matar
metade de um planeta, e a maioria das pessoas que residiam na
estação nem notaria.
Um crédito ao Diretor Orson Krennic, com certeza. Mesmo
quando os Chefes do Estado Maior questionaram a validade de uma
arma tão enorme, e cara, Krennic insistiu que era possível e
necessária. Tagge nunca gostou realmente de Krennic. Achava o
homem obsessivo, mas talvez fosse necessário um homem obcecado
por poder de fogo para criar algo como a Estrela da Morte.
E um homem como Grão Moff Tarkin para assumi-la.
Tagge parou agora, com a mão ainda roçando a parede de metal do
corredor. Ele se endireitou. Sem querer, tinha chegado na sala de
reuniões mais cedo. Com os seus pensamentos, persistindo em
Krennic, recordou da última reunião dos Chefes do Estado Maior
nesta sala, aquela em que Krennic insistira que a Estrela da Morte
poderia fazer mais do que destruir uma cidade pequena como Jedha.
Krennic empurrou a cadeira para o lado, levantando-se e batendo
com o punho na mesa. Tagge, a dois lugares de distância, admirara a
paixão do homem pelo posto de batalha e ficara enojado com a
maneira infantil em que o apresentava.
No final, Krennic conseguiu o que queria. Outro teste de fogo, um
maior. Agora, o assento a duas cadeiras da Tagge estava vazio.
Uma arma deveria ser disparada. Você só tinha que ter certeza de
que estava no final correto dela.
Tagge continuou passando pela porta da sala de reuniões com o
propósito em seus passos. Ele tinha um escritório particular que se
ramificava na sala tática e de lá ele trouxe os relatórios e as filmagens
de Scarif.
Krennic sempre foi um homem muito inconstante para uma
posição de liderança. Tinha coragem, é verdade, mas confiou demais
neles. Tagge era um homem de gráficos, dados, fatos e informações.
Eles eram frios, mas eram verdadeiros.
E a verdade era que o Império tinha um problema.
Os droides de vigilância descobriram que parte da atividade
rebelde na superfície de Scarif tinha sido capaz de transmitir dados
antes de serem destruídos, e Tagge cuidadosamente os compilou. Ao
contrário das pequenas unidades partidárias espalhadas por toda a
galáxia que causavam aborrecimento mediano, na melhor das
hipóteses, Scarif mostrou um esforço concentrado. Mostrou
comunicação. Pegue dez formigas-negras e coloque-as em frascos
separados, e elas não poderão fazer nada. Mas coloque-os no mesmo
pote e eles vibraram em harmonia até o vidro quebrar. As formigas
colmeias não eram sencientes exatamente, mas eram destrutivas.
O mesmo poderia ser dito dos rebeldes.
Tagge acenou com a mão, descartando a filmagem de Scarif.
Voltou a sua atenção para a lista de nomes no Senado Imperial que
ele havia compilado. Alguns eram óbvios, Mon Mothma tinha um
preço por sua cabeça por ser flagrantemente traidora, e Bail Organa
logo teria também, se ele não restringisse as suas tendências
rebeldes. O homem deslizava pelo mundo político como óleo sobre a
água, deslizando para perto da insurgência e confiando em jargões
jurídicos e sorte. A conformidade mal-intencionada ainda era a
conformidade, mas não demoraria muito para que o senador
escorregasse em sua própria borda afiada. Mas havia outros.
Opiniões persistentes, dúvidas contra o Imperador... agora eles
estavam separados em seus pequenos frascos, mas a fuga dramática
de Mon Mothma do Senado abriu as tampas.
O Senado estava agitado.
E depois houve Scarif. Tagge continuava voltando a isso. A
transmissão que vazou. Os planos da Estrela da Morte. Os dados
roubados em algum lugar da galáxia, uma ameaça escondida no
vasto vazio do espaço.
Era difícil pensar que a própria estação de batalha em que estava
agora, tão sólida, tão poderosa, pudesse ter alguma fraqueza. Mas
Tagge se forçou a olhar para os seus dados, não para as sólidas
paredes ao seu redor. Um Senado inquieto aqui, um grupo de
rebeldes visados e com muita interação lá, e aquela maldita fita de
dados... não foi difícil conectar as peças.
Tagge olhou para os dados, classificando-os em sua mente.
Debateu se ousaria ou não pedir ao Imperador acesso aos planos
roubados em Scarif. Todas as outras cópias foram seladas sob a mais
alta segurança, segurança tão alta que mesmo ele, como Chefe do
Exército Imperial, teve acesso negado. Entendeu a preocupação, mas
sabia que, se pudesse examinar os dados lá, poderia encontrar algo
antes que os rebeldes o fizessem...
— General Tagge? — A voz de um oficial júnior soou pelo
interfone.
— Sim? — Tagge respondeu impaciente.
— Almirante Motti está aqui para vê-lo.
Tagge resmungou a sua afirmação, e a porta do escritório se abriu.
— Pensei que eu encontraria você aqui, — disse o almirante Conan
Antonio Motti. O olhar dele passou pela sala. Ele observou as telas
que Tagge estava examinando e, embora não tenha dito nada, o
sorriso de escárnio indicou a sua rejeição às preocupações de Tagge.
— Vamos lá, — disse Tagge rispidamente. Os dois homens não
conversaram enquanto caminhavam pelo corredor até a sala de
reuniões dos Chefes de Estado Maior. Alguns oficiais seniores já
estavam sentados, conversando entre si. Conversas fúteis. Palavras
sem sentido. Tagge se sentou em seu lugar sem falar, com uma
carranca crescendo em seu rosto. Esses homens eram velhos. Eles
tiveram a guerra deles e eles acreditavam que haviam terminado
toda a guerra e com a finalidade dela. Eles se inclinaram em suas
cadeiras, confortáveis, firmes na segurança da estação de batalha ao
seu redor.
Tagge jurou para si mesmo que ele nunca cairia na passividade
assim. Ele inevitavelmente envelhecia e ficaria cinza como os chefes
seniores, ele teve as suas guerras atrás dele como eles, mas ele nunca
se recostava na cadeira e tomava um gole no café e ignorava a
ameaça iminente apenas porque eles não queriam acreditar que ela
estava lá.
— Algo está errado? — um dos consultores seniores perguntou
sobre a carranca de Tagge.
Antes que ele pudesse responder, Motti interrompeu.
— Ele está sendo paranoico, — disse ele em tom de desdém.
Tagge engoliu a sua raiva, mas ele não pôde deixar de insistir na
verdade.
— Até que esta estação de batalha esteja completamente
operacional, nós estamos vulneráveis. — Ele vislumbrou o brilho de
triunfo de Motti por tê-lo atraído com sucesso, mas continuou assim
mesmo. — A Aliança Rebelde está muito bem equipada. Eles são
mais perigosos do que vocês imaginam!
— Perigosos para a sua frota estelar, Comandante. Não para esta
estação de batalha.
Motti foi tão rápido em responder que Tagge estava certo de que
ele estava planejando esse retorno desde que parou na sala tática.
Tagge lançou um olhar furtivo pela sala. Os conselheiros seniores
concordaram claramente com Motti. Eles estavam confortáveis,
Tagge percebeu. Lenientes pela proteção que sentiam dentro das
paredes de doonium. Suave. Fraco.
Não desejando ver que o grande laser redondo no coração da
Estrela da Morte era um alvo tão fácil quanto uma arma.
Uma imagem do diretor Orson Krennic surgiu na mente de Tagge,
e ele teve que resistir à vontade de olhar para o assento que o homem
já ocupara nesta mesma sala. Pensou na maneira enfurecida que o
diretor insistira que a Estrela da Morte estivesse pronta, que ela
revolucionaria a galáxia e acabaria com o pensamento mais fugaz de
rebelião.
Seria preciso as veias saltarem do meu pescoço, saliva voando
dos meus lábios, um olhar enlouquecido nos meus olhos antes que
esses homens escutassem? Tagge pensou.
E então se lembrou do destino de Krennic e pensou: Era isso que
acontecia com os homens que discutiram nesta sala?
Ainda. Ele precisava que eles vissem. Para entender.
— A Rebelião continuará a ganhar apoio no Senado Imperial até
que ...
Grão Moff Wilhuff Tarkin entrou na sala, e as palavras de Tagge
morreram em sua garganta.
— O Senado Imperial não nos preocupará mais. Acabei de receber
a notícia de que o Imperador dissolveu o conselho
permanentemente. Os últimos remanescentes da República foram
varridos.
Uma lasca de gelo desceu pelas costas de Tagge. Sem Senado? ele
pensou. Imaginou as formigas colmeia, cada uma em frascos
individuais, e então imaginou as tampas de cada uma delas
desaparecendo e o enxame subindo.
— Isso é impossível! — Tagge exclamou. — Como o Imperador
manterá o controle sem a burocracia?
Pegou um olhar de desaprovação de um dos conselheiros seniores,
mas ele o ignorou. Não foram as armas que mantiveram as pessoas
obedientes, apesar do que Motti, do que Krennic, do que o próprio
Tarkin acreditava. Armas irritavam as pessoas, lembrando-as de que
elas podiam lutar. Era a mediocridade burocrática que as fez aceitar
o seu destino. Mostre um blaster a um homem, e ele procurará uma
maneira de pegá-lo pra si e virá-lo contra você. Diga a um homem
que pode lutar em um tribunal, e nove em cada dez vezes ele
desaparecerá só para evitar o tédio.
— Os governadores regionais agora têm controle direto sobre os
seus territórios, — Continuou Tarkin, com a sua voz quase ociosa. —
O medo manterá os sistemas alinhados. — Ele lançou um rápido
olhar para Tagge. — Medo desta estação de batalha, — continuou ele,
falando com o resto do grupo.
Tagge ignorou a sutil provocação e a maneira como Motti se
deleitava.
— E o que dizer da rebelião? — ele insistiu. — Se os rebeldes
obtiveram uma leitura técnica completa desta estação, é possível...
ainda que improvável... que eles encontrem uma fraqueza e a
explorem.
Tagge pretendia que Tarkin o respondesse. Em vez disso, a voz
grave e profunda de Lorde Vader encheu a sala.
— Os planos a que você se refere logo estarão de volta em nossas
mãos.
Tagge pensou por um momento que ouvira sons de gritos e berros
distantes, o barulho de uma batalha em uma pequena área, o
sussurro de uma arma que ele não reconheceu. Mas antes que o seu
cérebro pudesse processar completamente os sons fantasmas, eles se
foram.
Quando olhou pra cima, Lorde Vader o encarou. Não pela primeira
vez, Tagge se perguntou o que havia por trás da máscara e depois se
perguntou se ele realmente queria saber. Rangeu os dentes, não
querendo mostrar como o olhar de Lorde Vader o intimidava.
Não respirou até que o lorde vestido de preto voltou a sua atenção
para Motti. Assistiu desapaixonadamente enquanto eles trocavam
palavras, enquanto Vader passava por trás de Tarkin em direção a
Motti. A tensão estalou quando a raiva de Motti explodiu.
Vader levantou a sua mão.
As palavras de Motti gaguejaram em nada além de respirações
ofegantes, desesperadas por ar.
Motti tinha considerado as crenças de Vader antigas e feiticeiras, e
Tagge não pôde deixar de concordar. Nada além de magia poderia ter
feito Motti engasgar enquanto Vader, metros adiante, apenas
levantava a mão e apertava.
Tagge não pôde deixar de levar a sua mão à boca, mas ele sabia
que não devia falar. Os homens ao redor da mesa observaram
enquanto Motti se esforçava para respirar até que Tarkin,
aparentemente entediado, ordenou a sua libertação.
Tagge olhou para a cadeira dois assentos depois do dele, então os
seus olhos encontraram os de Motti. Um fino brilho de suor
pontilhava a sobrancelha de Motti, os olhos ainda esbugalhados
levemente pela asfixia. Mas ele não disse mais nada. E Tagge
também não.
Os seus dados estavam errados, sabia disso agora. Tagge olhou
para os ângulos incorretamente, supôs os resultados com base em
dados incompletos. Assumiu que a maior arma do Império era a
Estrela da Morte.
Mas ele estava começando a perceber que poderia ser apenas o
próprio Lorde Vader.
Isso não deu razão a ele, sabe. Despertou nele a raiva, mostrou a
sua violência, mas não deu razão a ele. Vocês podem já ter
inspecionado a filmagem... é da minha opinião que tentativa de
assassinato numa reunião da Junta de Chefes do Império Galático
merece uma investigação pessoal e completa pelos membros do Alto
Comando, mas os senhores, é claro, devem agir como acharem
conveniente. O ponto é, quaisquer conclusões que tirem do incidente
que ocorreu entre mim e Lorde Vader durante a reunião de ontem
pela manhã, ele estava errado, e tentar esmagar a garganta de
alguém não o torna menos errado, se você já começou a questão
errado. O que foi o caso dele. Eu não concedo o argumento.
Submeterei-me de bom grado a uma ação disciplinar caso eu esteja
errado, mas creio estar correto em dizer que fui apontado o Chefe da
Marinha Imperial. Também acredito estar correto dizendo que a
Marinha Imperial é uma organização militar, que seus objetivos e
metas são de natureza marcial, e que buscamos tanto engajarmo-nos
em hostilidades armadas quanto por fim vencê-las, e que portanto
temos todo direito de colocar a maioria de nossas esperanças na
maravilha tecnológica que é esta estação de batalha, e que não saí da
linha ao sugerir que a dita estação de batalha é tanto uma maravilha
tecnológica quanto o orgulho da Marinha Imperial, e que nossos
melhores resultados surgiriam pelo uso rápido dela, uso tão
frequente quanto for necessário, se não tão frequente quanto for
possível.
Desejo aproveitar esta oportunidade para apontar que não tenho
objeção alguma às crenças religiosas do cavalheiro em questão, nem
objeto à possibilidade futura de trabalhar mais uma vez junto de
Lorde Vader, assumindo que o Império tome todas as precauções
necessárias para assegurar a segurança pública, e com a garantia
pessoal de Lorde Vader de que ele irá se restringir a usar palavras
para vencer debates futuros, como é o adequado a um membro de
alto escalão do Conselho Imperial, e deixar os atos de violência direta
para os membros da Aliança Rebelde. Posso assegurar aos senhores
que não tenho interesse em manter rixas nem rancores, nem em
recriar o tipo de rivalidade mesquinha da tão recente memória que
caracterizava as operações cotidianas do Senado Imperial.
Mais ainda, não sou preconceituoso; é questão de orgulho para
mim que, em meu setor nativo de Seswenna, existem mais de
trezentas tradições religiosas diferentes com praticantes ativos, todas
elas reconhecidas oficialmente por seus administradores Imperiais.
Eu mesmo sou um homem de fé, por assim dizer, e acredito que a
unidade Imperial somente pode ser fortalecida através do diálogo
construtivo e cooperativo entre os cidadãos que sigam tradições
espirituais diversas. Sob circunstâncias mais apropriadas, eu
acolheria a oportunidade de aprender mais sobre a compreensão de
Lorde Vader sobre a Força, e sobre como ela enriquece o cotidiano
deste.
Eu não acolho a tentativa quase literal de Lorde Vader de enfiar as
suas crenças religiosas pela minha goela abaixo. Aquela foi uma
reunião militar numa instalação militar, atendida exclusivamente
por pessoal militar; não pedirei desculpas por pedir a Lorde Vader
que evitasse dominar a discussão para que se tornasse um seminário
sobre a sua devoção religiosa, nem pedirei desculpas por minha
tentativa de dar crédito a homens, mulheres, e neutrois
trabalhadores, cujos anos de dedicação tornaram este dia possível,
elogiando as capacidades da estação Estrela da Morte. É minha
crença que os gestores eficientes devem elogiar pelo menos tanto
quanto criticam.
De qualquer forma, se os senhores já inspecionaram a filmagem, o
que eu fortemente recomendo que façam, irão notar duas coisas. A
primeira, e a mais crucial em meu argumento, é que Lorde Vader
expressa um desdém aberto pelo projeto da Estrela da Morte, diante
de seus subordinados, muitos dos quais dedicaram as suas vidas a
ver a estação completada. No mínimo, foi uma fala que subverte a fé
pública tanto na visão do Império Galático quanto em sua
competência. O Império investiu mais de vinte anos, incontáveis
horas-homem, e mais de um trilhão de créditos no desenvolvimento
da Estrela da Morte. Não preciso lembrar aos senhores que
dificilmente servirá a quaisquer de nossos objetivos ter um membro
da Junta de Chefes desacreditando abertamente a mais ambiciosa e
cara empreitada militar da história recente. Ele teve mais de duas
décadas para expressar quaisquer preocupações relevantes às nossas
equipes de engenharia e desenvolvimento, e sempre esteve livre para
fazer quaisquer sugestões que achasse necessárias sobre a criação de
uma unidade sensitiva à Força, junto ao Grão Moff Tarkin, ou ao
próprio Imperador. Não foi apropriado ao dia em que lançávamos o
projeto militar mais ambicioso da história Imperial; não foi
apropriado ao lugar, a saber, a primeira reunião dos governadores
Imperiais e contra-almirantes.
Cito diretamente dos momentos imediatamente anteriores ao
ataque de Lorde Vader contra mim: "Não fique tão orgulhoso desse
horror tecnológico que vocês construíram. A habilidade de destruir
um planeta é insignificante diante do poder da Força."
(Não é necessário lembrar, aos senhores, que estou perfeitamente
acostumado a ocasionais querelas nas reuniões. Sou um militar. Não
estou pedindo que tenham pena de mim. Estou em perfeitamente
bem. Não peço qualquer tratamento especial.)
Eu quero dizer: "Não ficar muito orgulhoso" da Estrela da Morte?
Da estação de batalha onde estávamos naquele momento conduzindo
a reunião, na qual o próprio Imperador colocou as suas maiores
esperanças? É assim que a liderança Imperial inspira as suas tropas?
Pedindo a estas que dediquem as suas carreiras e vidas à inovação
tecnológica, apenas para dizer-lhes que não fiquem "muito
orgulhosos" quando os seus esforços finalmente gerem frutos? Será
que deixei passar alguma mudança nas normas? Não irei pedir
desculpas por me orgulhar de meu trabalho, nem por encorajar meus
subordinados a orgulharem-se do trabalho deles. Se o Império
desejar repreender-me por isto, que assim seja.
Aquilo, francamente, se fez sentir com um ato de proselitismo em
local de trabalho. Mais uma vez, não tenho objeção alguma à fé
pessoal de Lorde Vader. Porém, devo notar que no momento, o
número de planetas destruídos apenas pelo poder isolado da Força é
zero. O número de planetas destruídos pelo poder da Estrela da
Morte é de um. O número de dias em que a Estrela da Morte esteve
totalmente operacional também é de um.
A segunda coisa que irão notar, senhores, ao assistir à filmagem, é
que Lorde Vader é forçado a dar vários passos em minha direção
antes de, para usar um coloquialismo, e por falta de um termo mais
acurado, de empregar sufocamento da Força contra mim. Por mais
que ele clame que o poder da Força é maior que as capacidades
destrutivas desta Estrela da Morte, me parece um tanto ingênuo,
dado que ele não pode sequer sufocar um único indivíduo à distância
de um aposento. Imagino se Lorde Vader teria de chegar bem perto
do planeta Alderaan mais cedo, caso quisesse demonstrar de fato
como as suas habilidades da Força superam a Estrela da Morte.
Estou divagando, porém. Estou aqui para dar um registro dos
eventos que ocorreram na reunião de ontem, e para submeter-me a
possível correção, nada mais que isto. Estávamos no salão de
conferências principal do deque de oficiais, o Vice-Almirante Tallatz,
o Contra-Almirante Tiaan Jerjerrod, Kendal Ozzel, Comandante
Cassio Tagge, Almirante Nils Tenant, e eu, discutindo os níveis de
poder relativos que enfrentam aos nossos respectivos comandos. O
Comandante Tagge, em minha opinião, foi irritantemente míope
quanto à Aliança Rebelde. Embora eu deva elogiar a sua preocupação
com o bem-estar de nossas tropas, é mínima a ameaça imposta por
uma tropa remendada por caças X-Wing e Y-Wing de segunda mão,
liderada por pilotos de treinamento informal. Não é o mesmo que
dizer que não haja um lugar e momento para discutir a ameaça
rebelde, ninguém jamais venceu uma guerra através do excesso de
confiança, apenas, as preocupações de Tagge não são universais. O
cão que mordisca o calcanhar dele na rua não é ameaça a minha casa
bem guardada e trancada, por assim dizer.
Neste ponto se juntaram a nós o Grão Moff Tarkin e Lorde Vader,
que nos informaram que o Senado Imperial foi formal e
permanentemente dissolvido pelo Imperador. Devo aproveitar a
oportunidade e dizer que há muito era necessária esta providência e
ela pode apenas nos beneficiar como uma organização sempre em
progresso. Tagge, que há poucos momentos temia que o apoio aos
rebeldes dentro do Senado nos destruiria, agora teme o oposto: ao
invés disso, que sem o aparato da burocracia estatal, o Imperador
não conseguiria manter a ordem. Pessoalmente, gostaria de dizer que
não creio que o Imperador precise de tal assistência, e que os
repetidos questionamentos das ações do Imperador feitos por Tagge,
se não abertamente traiçoeiros, no mínimo, denotam uma falta de
adequação ao comando. Talvez uma vez que o Alto comando termine
de investigar o surto de Lorde Vader, passe a atenção à competência,
lealdade, e valor geral de Tagge para a nossa organização.
Foi neste ponto que eu descartei a linha de argumento de Tagge e
Vader (a saber, de que a Rebelião, caso em posse dos plantas da
Estrela da Morte, poderia representar uma ameaça imediata à nossa
segurança) apontando que a mera obtenção de dados técnicos não
seria a mesma coisa que um ataque iminente. Existem plantas de
cada Star Destroier, mansão governamental, palácio Imperial, e
porto naval do Império, e maioria delas têm versões reserva
guardadas em várias instalações de estocagem de dado por toda a
galáxia. Com o argumento, Tagge queria sugerir que a mera
existência de artefatos necessários ao procedimento arquitetônico
representa uma ameaça existencial?
Temos, devo acrescentar, toda uma unidade de inteligência
militar, cujo único serviço é avaliar a credibilidade de possíveis
ameaças. Então encorajo os outros almirantes que, tendo investido
tanto tempo e energia construindo a Estrela da Morte, talvez nos seja
adequado usá-la. Dificilmente preciso dizer aos senhores, que apenas
repeti a Doutrina Tarkin oficial; este ponto dificilmente está em
discussão. Se os rebeldes lançam-se ao ataque, nós nos
defenderemos. Nesse meio tempo, acredito que devamos continuar a
empregar todo e qualquer método à nossa disposição para encerrar a
guerra.
O resto os senhores já sabem. Lorde Vader, por alguma razão,
incomodou-se com a minha ideia de que usássemos a arma que
apenas acabamos de construir, sugeriu que como organização
devamos ter menos orgulho de nossas realizações militares, e mais
uma vez evangelizou em voz alta sobre as suas crenças religiosas
específicas. A minha resposta pode ter sido temperamental, porém
eu estava apenas dizendo a verdade: a devoção de Lorde Vader a uma
fé quase extinta não resultou na recuperação de fitas de dados
roubadas, nem deu a ele qualquer percepção sobre a base secreta dos
rebeldes, nem jamais destruiu um planeta. A sua reação foi
espetaculosa, buscando atenção, certamente, mas ele não conseguiu
refutar nenhum dos meus argumentos. Ele acha a minha falta de fé
perturbadora? Eu nunca disse pertencer à seita dele. Eu acho que a
fé dele nesta instalação militar é perturbadora. Nunca invadi as
cerimônias religiosas de Lorde Vader, exigindo que ele venerasse a
equipe de arquitetos da Estrela da Morte; eu pedi que ele evitasse a
interrupção de minhas reuniões, insistindo que eu me ajoelhe diante
dessa tal Força dele.
Além disso, como mencionei antes, objeto ao sufocamento de que
fui alvo. Eu não admito nada. Mantenho, como sempre manti, que se
vamos construir a Estrela da Morte, devemos usá-la. Deve agradar
aos membros do Alto Comando notar que, no presente momento,
posso confirmar que esta estação de batalha está, na verdade,
totalmente operacional e que até então excedeu todas as esperanças
que nela tínhamos desde sua construção. Não tenho dúvidas de que o
Imperador sentir-se-á gratificado ao ouvir esta notícia. Eu mesmo
iniciei a sequência de tiro sob comando de Grão Moff Tarkin; o
próprio Lorde Vader pode confirmar este fato, se os senhores se
importarem em perguntar a ele. Posso também adicionar que o
planeta Alderaan foi selecionado, alvejado, e destruído, tudo sem a
ajuda da preciosa Força de Lorde Vader; graças totalmente à
competência, diligência, e eficiência da equipe de operações da
Estrela da Morte. Sem mais comentários sobre o assunto.
A parte mais difícil do trabalho era controlar os sentimentos. Não
pode se dar ao luxo de mostrar desconforto, mesmo que a luz fosse
muito brilhante. Era treinado para mascarar a sua resposta à dor
física, ao medo, a surpresa, para qualquer coisa. Não apenas em seu
rosto, mas em seu corpo inteiro. Você também se orgulha disso. De
guarda, você tinha que ser tão frio e imóvel como um droide. E Lorde
Vader sempre saberia se hesitasse, se contraísse um dedo ou mesmo
uma sobrancelha, mesmo que não estivesse o olhando.
Era mais fácil estar nas fileiras blindadas sem rosto dos
stormtroopers, onde ninguém podia ver a sua sobrancelha contraída
sob a máscara branca e dura.
Estar aqui, ao lado de Vader, flanqueando-o, um metro à frente
dele ou um metro atrás, com um parceiro cujo nome você não sabia e
com quem você nunca trocou uma palavra, era uma honra e um
privilégio. O seu rosto estava descoberto. A sua máscara estava
invisível. Você estava em um círculo restrito.
Todos sabiam que era ambicioso; não chegaria aqui de outra
forma. Mas nunca poderia mostrar isso. Não podia mostrar nada.
Você viu coisas, aprendeu coisas, sabia de coisas que ninguém mais
senão o próprio Lorde Vader sabia.
Foi por isso que se alistou; era isto o que buscava, aquilo que te
dava sede: estar aqui na vanguarda da tecnologia militar, estar entre
os primeiros a ver e testemunhar a galáxia entregar os seus tesouros
e os seus segredos ao Império Galáctico, em constante expansão. E
aqui estava você, a bordo da estação de batalha mais poderosa que a
galáxia já viu, ao lado do estrategista mais temido e poderoso do
Imperador.
— E ainda assim, ainda usa toda a sua concentração para manter a
sua boca rígida e a sua testa firme.
Você caminha à frente de Vader, à sua direita, enquanto ele
caminha pelos corredores estéreis do bloco de detenção. Você e seu
parceiro silencioso tiveram que marcar o ritmo com ele, mantendo
um passo perfeito entre nós, um desafio e muitas vezes como um
jogo de habilidade intimidador. Nessa ocasião, porém, depois de
Vader ter introduzido os códigos para abrir a porta, para a
infelicidade do prisioneiro que ele estava prestes a interrogar, entrou
na célula à sua frente.
Não há nenhum convite para segui-lo, mas é claro que você faz isso
automaticamente.
Este era exatamente o tipo de momento que você odeia. Não
importa o quão duro tivesse treinado pra isso, você nunca deixa de
odiar ser tomado pela surpresa.
O prisioneiro era uma jovem garota.
Isso veio como um choque. Você sabia que a Princesa Leia Organa
de Alderaan era membro do Senado Galáctico. Mas não tinha
percebido o quão jovem ela era, e nunca em um milhão de anos me
ocorreria esperar tal beleza premiada.
De constituição pequena, elegante, de rosto redondo, ainda
vestindo o vestido formal e branco de uma diplomata e com os
longos cabelos escuros ainda suavemente enrolados em sua cabeça
com elegância formal, ela se sentava reta e desafiadora contra a
parede fria e lisa de sua cela. Mas esse trabalho o tornou bom em ler
os rostos, e era preciso um único olhar para ver que estava
aterrorizada. Ela estava se controlando, mas não tão bem. Os seus
olhos escuros estavam arregalados e amedrontados, e ela estava
tremendo no canto da cela, mantendo-se preparada enquanto Vader
se aproximava.
Tudo isso o surpreendeu no momento que entrou na pequena sala.
Lorde Vader assomava alto e ameaçador sobre a menina encolhida.
Mas você mantém o rosto imóvel. Você é melhor nisso do que ela.
Não olhe pra ela, você repete a si mesmo; não atraia o olhar dela.
A única unidade composta por você e o seu parceiro se divide e se
afasta, um de vocês em cada lado da porta, de modo que o
ameaçador globo negro do droide de interrogatório pudesse entrar.
Você nem pisca enquanto ela paira perto de sua cabeça, a uma
distância menor do que um braço, a sonda mental hipodérmica
pairando perigosamente perto de seus olhos. Ela não estava aqui por
você.
Os olhos escuros da menina se arregalaram quando viu o droide.
Ela deu um pequeno suspiro de apreensão.
Vader disse a ela:
— E agora, Sua Alteza, vamos discutir a localização da sua base
rebelde escondida.
E a porta da cela deslizou suavemente atrás de você, selando todos
vocês juntos.
A cela lotada nunca foi projetada para comportar tantas pessoas.
Você ficou rígido e passivo e pensou no comando que algum dia você
teria. Você tinha que assistir. Não havia escolha a não ser assistir.
Mas você não se deixaria pensar em nada além do seu próprio futuro
brilhante.
Não funcionou.
Desfaz-se em choque com o quanto reconheceu nesta frágil,
temerosa e desafiadora jovem rebelde com espinha dorsal de aço.
Podia ver, tão seguramente quanto o próprio Vader, que a menina
sabia mais do que estava revelando. Resistia e lutava contra a
intrusão em sua mente, mas não mostrou nenhuma confusão ou
indignação que você esperaria de alguém que não tinha nada para se
esconder. Ela sabia por que estava aqui e, assim como você, ela
estava concentrada em resistir, em se segurar. Todo o seu ser estava
centrado em não deixar Darth Vader ver o que se passava na em sua
cabeça.
Ela era exatamente como você.
Quando a porta pesada se abriu novamente e a sessão exaustiva
chegou a uma pausa, a garota ficou lá sozinha outra vez, reduzida a
um amontoado de colapsos emocionais e físicos.
Mas, ao contrário dela, você não tinha o luxo nem da emoção nem
de colapso.

Ela ainda não havia entregue nada, quando o governador Tarkin


mandou chamá-la.
As suas mãos estavam algemadas, enquanto você marchava com
ela ao atravessar os corredores labirínticos da Estrela da Morte.
Porém, ela estava novamente composta. Não estava evidente se ela se
esforçava para acompanhar; o ritmo imposto por Vader era difícil de
igualar com sua pequena estrutura. Ela ainda parecia estar no papel
da jovem embaixadora em uma missão diplomática, e estava ainda
desempenhando esse papel com compostura inflexível, assim como
você estava desempenhando seu próprio papel.
Sente isso como um soco na boca do estômago quando percebeu
que ela estava acompanhando o seu ritmo.
Estava mais atrás do que seu parceiro por uns poucos centímetros,
e ela estava medindo os passos dela pelos seus, para ajudá-la a
manter a dignidade.
Olhou direto para a frente, sem expressão como sempre.
Não iria ajudá-la.
Sentiu a sua compostura escapar, mesmo que sua expressão não
tivesse mudado. Se Vader não estivesse tão focado na prisioneira, ele
olharia para você e adivinharia?
Foco, disse a si mesmo com ferocidade. Foco! Você forçou o seu
passo rápido para atingir o deque brilhante do corredor em sincronia
perfeito com o passo de seu parceiro. Fingiu que não conseguia ouvir
o tamborilar dos passos suaves das botas brancas da garota,
acompanhando exatamente os seus passos.
O governador Tarkin estava esperando na Sala de Controle com o
Almirante Motti. Além do revestimento da ampla janela curvada,
havia uma tela preta de luz das estrelas e o brilho azul do planeta
Alderaan, flutuando serenamente contra seu pano de fundo.
Você e o seu parceiro recuaram para assumir as suas já esperadas
posições em deferência aos comandantes presentes, e Vader parou,
mas a destemida garota avançou majestosa para enfrentar Tarkin
sozinha. Ela era formal e sarcástica. Ela disse que ele fedia.
Vader deu um passo atrás dela, aproximando-se com toda ameaça
de toda a sua altura. A cabeça dela vinha até a altura do seu peitoral.
Ele colocou uma mão pesada e enluvada em advertência contra as
costas dela, lembrando-lhe que ainda era a sua prisioneira, como se
fosse possível pra ela esquecer, ali na Sala de Controle da Estrela da
Morte, cercada por inimigos e guardas, com as mãos amarradas.
Estava atrás da garota e de Vader, não podia ver rosto dela. Mas
você podia ver o sorriso irônico de Tarkin quando pegou no queixo
dela com a mão e disse-lhe que havia assinado a ordem para a sua
execução.
Novamente, por um momento, deu mais um choque frio no fundo
do seu estômago. Mas você não engoliu; você nem piscou.
Ela também não se curvou. Respondeu a Tarkin, ainda
geladamente formal:
— Que coragem a sua assumir tanta responsabilidade.
Tarkin não se alterou com a pretensiosa provocação. Em vez disso,
ele se afastou dela. Calmamente, ele a convidou para assistir à
cerimônia inaugural de demonstração das capacidades da Estrela da
Morte.
— Agora, nenhum sistema estelar ousará se opor ao Imperador, —
ele a provocou.
Agora você estava focado no jeito desafiador dela que esqueceu
que você não deveria estar ouvindo. Sua indiferença fingida era
treinada; vinha automaticamente.
Mas a garota não teve tal treinamento. Não percebeu como Tarkin
estava jogando com ela. Não sabia que ele havia assumido o seu
interrogatório, e já estava conseguindo tirar informações dela que
nem o Lorde Vader e nem o droide interrogador conseguiram. Tarkin
estava forçando-a a declarar a sua lealdade.
Ela estava tão brava e desafiante e assustada que nem sequer
percebeu que estava fazendo isso. O seu discurso foi apertado e
cortado quando ela se entregou, com a sua voz cheia de orgulho e
ódio:
— Quanto mais aperta o cerco, Tarkin, mais sistemas estelares
escorregarão de seus dedos.
Ele tinha certeza de quem ela era agora. Admitiu a sua lealdade à
Rebelião.
Ele se afastou dela e olhou para o orbe azul brilhante do planeta,
na distância próxima. Ele disse:
— Eu escolhi testar o poder destrutivo desta estação em seu
planeta natal de Alderaan.
E ela quebrou.
Você não, mas ela sim.
— Não! — Ela saltou pra frente, implorando, não mais prestando
atenção em como moldar as próprias palavras.
— Alderaan é pacífico, não temos armas...
Ele se virou abruptamente. Ela ainda estava chorando em protesto,
— Você não pode.
Ele a interrompeu bruscamente, falando por cima da exclamação
dela.
— Você prefere um outro alvo? Um alvo militar? Então nomeie o
sistema!
Isso era, a seu modo, mais doloroso de testemunhar do que o
tormento físico que a jovem princesa suportara com uma
determinação tão feroz, como Vader tinha sondado a sua mente sob
as agulhas famintas do droide interrogador.
Tarkin a desmascarou. O aço se foi. Ela estava assustada e
desesperada. Mas ainda hesitou, ainda não estava disposta a
responder a sua pergunta.
E agora Tarkin, também, estava nos limites de se desmascarar.
Havia uma raiva fria em sua voz quando ele a confrontou.
— Já estou cansado de perguntar isso. — A garota recuou de sua
fúria e foi diretamente para Lorde Vader. — de modo que será a
última vez. Ela se encolheu finalmente. Baixou a cabeça evitando
Tarkin, então se forçou a olhar diretamente para ele de novo quando
ele exigiu, — Onde está a base rebelde?
O seu pequeno corpo estava preso entre o governador Tarkin e
Lorde Vader. Tudo o que você podia ver era a parte de trás da sua
cabeça elegante e brilhante. Mas você não tinha como dizer se ela
não estava olhando para o Tarkin agora. Estava olhando por cima do
ombro dele para o belo planeta azul que flutuava além do amplo
painel de visão, o planeta que era seu lar.
Houve um momento estranho, silencioso em que o tempo pareceu
ter parado, uma pausa na qual a jovem pensou muito e com rapidez
sobre quem iria trair.
— Dantooine. — Disse derrotada, ainda encarando o planeta sobre
o ombro de Tarkin.
Vê o sorriso sombrio e triunfante de Tarkin.
Depois de outro momento, a garota olhou para ele. E então quase
imediatamente, como se não pudesse suportar a vitória em seus
olhos, baixou a cabeça. Ainda não podia ver seu rosto, e agora nem
Tarkin poderia. Ela repetiu vacilante:
— Eles estão na Dantooine.
Ela estava mentindo descaradamente.
O governador Tarkin falou com Lorde Vader sobre a coroa lisa da
cabeça abaixada da princesa:
— Ótimo.
Tarkin se afastou-se de sua posição ameaçadora na frente da
garota encolhida e encolhida, e por apenas uma fração de segundo,
ele foi em sua direção, que está de pé imóvel atrás de Lorde Vader.
Naquela fração de segundo, pensou que ele sabia, também, que ele a
tinha visto mentir, e que ele estava olhando para você buscando
confirmação.
Mas ele não estava te vendo como qualquer coisa além de um
acessório silencioso que sempre foi em presença dele, e em outra
fração de segundo ele se afastou e acrescentou:
— Está vendo, Lorde Vader. Ela pode ser razoável.
Você ficou intacto, sem se mover, sem piscar.
Mas todo o seu ser interior estava tremendo de descrença.
Ele não percebeu.
Ela estava mentindo de boca cheia e o interrogador não via isso.
Vader não viu.
Ninguém viu senão você.
O treinamento te mantém imóvel. O treinamento controla o seu
corpo, mas a sua mente acelera com turbulência.
Você deveria dizer alguma coisa? É um truque para testar a sua
própria lealdade? Alguém já viu através de sua ambição crescente,
adivinhou a hierarquia que gostaria de penetrar, o comando que
tem sede? O que você ganhará ao falar contra ela? Isso mostrará
uma percepção afiada, a sua capacidade de conhecer os
pensamentos de uma prisioneira, o seu próprio potencial
inexplorado como interrogador...?
Não. Através da tempestade de incertezas, sabia que não era um
interrogador latente. Não tinha a habilidade de Tarkin ou o poder de
Vader.
Não estava lendo a mente da garota. Era mais simples do que isso.
Sabe que estava mentindo porque era exatamente o que faria.
— Continue com a operação. — Tarkin deu a ordem de imediato ao
Almirante Motti. — Pode disparar quando estiver pronto.
— O quê? — Gritou a princesa.
Houve uma pequena altercação. Tarkin, voltando para o seu eu
seco e formal, disse a ela:
— Você está muito confiante. — A princesa saltou como se pudesse
de alguma forma detê-lo ou atacá-lo, algemada como estava, mas
Lorde Vader a agarrou pelo ombro e puxou-a de volta contra o duro
invólucro de seu peitoral gigantesco. Ele a manteve indefesa lá e
forçou-a a assistir.
Ninguém o forçava a assistir.
Mas você e sua contraparte silenciosa estavam de frente para a
visão do mundo azul condenado, e assim como na cela da prisão,
você não tinha escolha a não ser assistir.
Você está muito confiante.
Ela não estava confiando, percebeu. Ela pode estar quebrada e
pode estar sob ameaça de execução, mas ainda não havia entregue
nada.
Mesmo para salvar o seu mundo.

A destruição de Alderaan foi cegante. Não houve barulho na sala de


controle da Estrela da Morte; toda a companhia assistiu, silenciosa,
enquanto o brilho terrível eclodia em torno deles.
Você poderia tê-la traído agora.
Quando eles inevitavelmente enviassem os seus batedores e as
sondas para Dantooine, sabia que não encontraria nada lá. Você
poderia ter poupado o esforço, o gasto, a energia desperdiçada.
Poderia ter sido recompensado por isso.
Mas a dúvida floresceu em seu coração, e você hesitou.
Você está muito confiante.
Não havia razão para que o governador Tarkin jamais o
recompensasse.
Por que não a trair, no entanto? Por que não a denunciar ao expô-
la em sua falsidade, só porque você era um fiel guarda imperial?
O brilho queimava os seus olhos. Não ousa piscar.
Fica quieto e não diz nada, momentaneamente cego.
Não a trairia. O seu espírito foi abalado e a sua lealdade mudou. O
seu silêncio fez de você o aliado dela. Estava agora tão condenado
quanto ela estava. Nunca a trairia.
Você se juntou à rebelião dela.
Breha Organa observou o raio de sol aparecer por trás do ombro de
Visaiya. A luz na galeria acima da grande sala de entrada do palácio
se tornara dourada, e depois laranja, sinalizando o final da tarde.
Outro dia sem o marido e sem a filha, chegara ao fim, mas passou tão
devagar quanto toda a sua vida.
Visaiya falou tão devagar, metodicamente lembrando a rainha da
sua agenda do resto do dia. Com cada palavra, cada “então” seguido
por outra tarefa, outro encontro, outro dever, Breha ficou mais e
mais cansada. Uma ruga apertada se formou entre os seus olhos
enquanto observava aquele raio de sol solitário. Chegou furtivamente
através de uma das altas janelas acima delas, um único toque de
Dourado em meio ao esplendor azul prateado do palácio. Mesmo
quando era uma criança, o salão lhe lembrara o interior de uma
concha, suave e lustrosa, sempre um pouco fria, mesmo no auge do
verão.
— Então, você deve encontrar uma escola para os nerfs
desprivilegiados que só querem seguir os seus sonhos e se tornarem
dançarinos...
Breha virou o olhar para longe do raio de sol, olhando com uma
assustada desconfiança para a mulher de meia idade ao lado dela.
Como conselheira, Visaiya era tão importante para ela que Breha
muitas vezes brincava dizendo, que perdê-la seria como cortar uma
das mãos. Tinha mesmo os anéis correspondentes feitos para elas,
pequenas faixas de prata simples que usava cada um nos dedos
indicadores.
— Talvez eu esteja um pouco distraída. — Admitiu Breha,
passando a mão calmante sobre o seu rosto. — Cancele os meus
compromissos pelo resto do dia, por favor; a minha mente está
simplesmente em outro lugar.
Visaiya assentiu, consultando o seu datapad com determinação
renovada.
— Claro. Isso é facilmente de fazer. — Então ela fez uma pausa, e
Breha poderia ter perdido o interesse novamente e deixar a sua
mente vagar, mas algo no rosto da mulher a deixou vigilante. Visaiya
nunca demonstrou preocupação, mantendo sempre uma máscara de
confiança relaxada. Mas agora... agora as suas sobrancelhas escuras
desenhadas, estavam franzidas, e o pé estava batendo embaixo do
seu vestido, ondulando a seda.
— Ainda não há notícias. — disse Breha a ela, estendendo a mão
para tocar o pulso da mulher. Era um gesto excessivamente familiar,
talvez, mas eram tempos incomuns. — O capitão Anderam me pediu
para parar de abordá-lo no espaçoporto. Ele jura que serei a primeira
a saber quando o transporte dele pousar.
Visaiya não parecia aliviada.
— Eu poderia ir e vigiar. Não me importo. — Breha sorriu
gentilmente.
— O capitão Anderam insistiu, que não deve ser incomodado
novamente hoje.
— Ah, mas ele só pediu que você parasse de perguntar por ele. Não
recebi nenhum aviso desse tipo.
E era por isso que Visaiya era a mão direita dela. Breha não estava
acima de admitir para si mesma que, que sem a ajuda dela não teria
resistido à recente tempestade. A dissolução do Senado tinha vindo
como um golpe, transformando cada notícia recebida em uma
possível calamidade. O Império estava muito além da política sutil
agora; eles estavam desesperados para esmagar a Rebelião, e os
animais desesperados eram sempre os mais perigosos. Breha apertou
os lábios brevemente juntos e depois assentiu uma vez.
— Seja discreta, e obrigado. Agora acho que vou me retirar. Nunca
percebi que eu poderia ficar tão cansada.
Visaiya fez a sua reverência e se afastou, com as saias de seda a
seguindo como uma sombra prateada. Desanimada, mas ainda
preocupada, Breha se virou e abriu caminho na galeria.
Normalmente, nada menos que uma catástrofe planetária poderia
fazê-la negligenciar os seus deveres de rainha, mas se sentiu cansada,
cansada até os ossos dela. E, normalmente, ela acolheria com agrado
um dia agitado para manter a sua mente distante das ausências do
seu marido e da filha, mas um dia depois a preocupação a esmagou.
Nunca se sentira velha até recentemente, nunca teve dificuldade em
sair da cama descasada e energizada, mas agora sentiu que a idade
avançava intensamente.
— Sua Majestade? Um minuto do seu tempo, se você pudesse...
A droide assistente da sua filha, WA-2V, aproximou-se
aparentemente do nada, com a luz de cima de seu chassi azulado
brilhando quando ela pulou de trás de uma planta no corredor que
conduzia para os aposentos reais. O droide rolou logo atrás de Breha,
apenas muito próximo da calda do seu vestido.
— É só que... — O droide se apressou, as engrenagens zombavam
enquanto lutava para continuar. — Bem, a festa de gala do equinócio
é em apenas três semanas e o estilista realmente deve saber se a
princesa pode participar e, em caso afirmativo, se ela prefere a seda
ou cetim.
— Mais tarde, TuuVii. — Breha disse suavemente. Encurralada. E
aqui esperava chegar aos seus aposentos sozinha, concedendo, enfim
um, momento de paz. — Os seus compromissos estão sendo
reprogramados. Não devo ser perturbada.
— Majestade? — E agora o ministro das Finanças, correndo para
alcançá-los.
A paz. Não foi possível..
Rápido no encalço do ministro veio outra brilhante cabeça de
cromo, o antigo droide professor de sua filha CZ-7OB, soando cliques
e claques atrás deles em pés de metal. Esse droide era o único deles
que na verdade, tinha um compromisso, e provavelmente era muito
tarde para cancelá-lo. Breha não diminuiu o ritmo, ignorando as
perguntas do ministro tão rapidamente quanto elas vinham. Logo se
aproximaram das portas altas e arqueadas que levavam aos
aposentos reais, e as duas sentinelas blindadas que estavam em cada
lado.
Através das fendas em um capacete esmaltado, ela encontrou os
olhos da sentinela e deu o menor agitar de sua cabeça.
— Mas Sua Majestade! O vestido! — 2V soou prestes a estourar um
servomotor de frustração.
— Afaste-se, droide, quase não há crédito de sobra no orçamento
para tal coisa ridícula...
As portas dos aposentos reais se abriram, e com eles surgiu linho
limpo, ar perfumado, o doce som de sua assistente mais jovem
praticando o seu alaúde e o som ainda mais acolhedor enquanto as
alabardas de seus guardas desciam atrás dela, bloqueando a entrada.
Breha parou no interior do aposento e se virou, abrindo as suas
mãos para eles como em rendição. O ministro Lintreyst e 2V
pararam antes, o droide tutor esbarrou suavemente nas costas da
garota com uma desculpa murmurada.
Finanças. Festas. Sedas. Orçamentos. Leia retornaria a tempo
para o equinócio? Parecia improvável e, no entanto, num canto
pequeno e privado de seu coração que não tinha nada a ver com as
rebeliões ou políticas, Breha esperava que fosse assim. Isso
significaria o seu sucesso ou o seu fracasso se ela retornasse tão
cedo? Qual resultado ela ousou desejar?
Estremeceu e fechou os olhos com força. Era dever de uma mãe se
preocupar, mas a responsabilidade de uma rainha de suportar.
— Isso é o tudo por hoje. — Breha disse a eles em sua voz mais
firme. Odiava a sensação de que estava sendo perseguida, e odiava
ainda mais a sensação de que isso era de algum modo uma retirada.
— Os recursos para a festa de gala foram alocados há meses,
Lintreyst, o que tenho certeza de que você já sabe. TuuVii, o estilista
pode tirar um dos meus vestidos do estoque; a princesa pode não
participar da festa, e seria um desperdício começar uma nova roupa a
partir do zero.
A droide zumbiu com satisfação, mesmo dando uma pequena volta
à sua metade inferior, como se não pudesse conter a sua excitação.
— Poderia... poderia pelo menos adicionar alguns enfeites aqui e
ali? Um cristal ou dois? Talvez bordados ao longo da bainha?
Caminhando para trás em seus aposentos, Breha fechou os olhos
novamente e suprimiu um sorriso.
— Talvez, sim, TuuVii, essa é uma excelente ideia. Tenho certeza
de que a Leia ficará satisfeita.
Lintreyst, ao contrário, não era um servidor empolgado ou
facilmente satisfeito. Ele fez uma careta e se virou em um movimento
veloz, com a sua capa girando atrás dele enquanto seguia de volta
pelo corredor e afastou-se deles. Bem, esse era um problema
resolvido e expedido, pelo menos.
— SeeZee-Seven? Você pode me seguir. — Disse Breha,
gesticulando para a frente do droide.
Então entrou em seus aposentos com determinação, respirando
profundamente enquanto atravessava primeiro a antecâmara,
exuberante com plantas e flores, então o salão de recepção, onde a
sua empregada Falena permaneceu debruçada sobre a sua atuação e,
depois através, de um curto e curvo corredor que a levou ao seu
parapeito privado.
Ar da montanha. Não havia nada igual para os nervos..
Breha fechou os olhos contra o pôr do sol. Tufos cor de rosa de
nuvens esticadas pelo céu, unidas por um pôr do sol em cascata de
laranja e profundo, azul escuro. A neve derretida das Montanhas de
Juran brilhava, uma promessa de meses mais quentes, grandes
grupos migratórios de thrantas saindo das montanhas e em direção a
essas nuvens rosas. Sorriu e lutou contra o mal-estar em seu coração,
desfrutando como sempre a visão desses belos animais, com as asas
cinzentas batendo, batendo no ar enquanto os seus gritos tristes
enchem o vale.
Atrás dela, o droide tutor de sua filha faz claqueou até parar, e
podia ouvir o suave zumbido enquanto o droide se desloca de pé em
pé, esperando.
— Sua Majestade. — O droide começou em sua voz clara e
automatizada. — Lamento informar que descobri uma grave
discrepância nos registros diplomáticos da sua filha. Normalmente,
isso seria simples o suficiente para corrigir, mas como a princesa já
partiu, o erro poderia afetar a sua missão.
Ah sim, a sua missão. Ninguém no palácio, é claro, salvo alguns
espiões e funcionários importantes, sabiam exatamente onde Leia
tinha ido ou porquê. Era crucial manter o verdadeiro motivo de sua
viagem em segredo. Breha assentiu, observando um pequeno
besouro fluorescente atravessar o corrimão do parapeito.
Empurrando um minúsculo tufo redondo de grama, material para
algum ninho em crescimento.
— Qual é a discrepância?
CZ-7OB embaralhou para a frente, juntando-se a ela no parapeito.
Se era possível que um droide de protocolo parecesse nervoso, isto
acontecia quase sempre. Seus olhos mecânicos brilhantes se
lançavam de um lado para o outro, depois para cima e para baixo, e
sua resposta veio após uma longa hesitação. Podia quase ouvir os
circuitos disparando rapidamente na cabeça da coisa.
— De acordo com o seu perfil diplomático, a princesa Leia fala
tanto Huttês quanto Shyriiwook com fluência. Infelizmente, e como
Sua Majestade está profundamente ciente, a princesa é meramente
proficiente em Shyriiwook. Isto é, naturalmente, um fracasso meu e
não da princesa, mas eu me preocupo que tal erro possa causar
embaraço. Oh, isso é muito, muito humilhante.
Breha se permitiu sorrir e se virou, colocando uma mão maternal
no ombro do droide.
— Dificilmente é a sua culpa de que Leia não se aplicou com mais
rigor. Eu não me preocuparia. Estou lutando para imaginar um
cenário em que o Shyriiwook fluente iria beneficiá-la. Os olhos do
droide cintilaram, mais brilhantes, como se estivessem em estado de
choque. — Nesta missão em particular, é claro. — Acrescentou
rapidamente a rainha.
Concordando, CZ-7OB olhou para as suas mãos.
— Talvez seja verdade, Sua Majestade, e é um alívio ao ouvir isso,
mas mais alarmante ainda é a minha descoberta de que... que... — E
aqui o droide se inclinou pra frente, sussurrando: —Eu hesito em
fazer essa acusação, mas a princesa alterou a registro sozinha.
Por trás deles, uma suave risadinha.
— Isso parece com a nossa filha.
Tanto Breha e o droide sobressaltaram surpresos, mas foi a rainha
que ofegou e deixou o seu comportamento real escapar por um
momento. O seu marido tinha voltado, desgastado, talvez, mas tão
bonito quanto sempre em uma capa marrom bem desgastada. Correu
até ele, se lançando com gratidão em seus braços abertos. O ar da
montanha de sua casa era um bálsamo, certamente, mas o abraço de
seu amado era a felicidade em si. A guerra, a Rebelião, a ausência de
sua filha... todos fugiram de sua mente por um único momento.
— Tanto tempo. — ela sussurrou, afastando-se dele e tocando sua
bochecha. — Tanto tempo.
— E aqui novamente. — Respondeu Bail, abaixando-se para beijá-
la. — SeeZee. — Ele disse distraidamente, nunca tirando os olhos do
rosto de Breha. — Vá agora e conserte o registro, e saiba que nós
todos somos gratos por seu... tipo particular de diligência.
O droide balançou por eles, em respeito, os olhos grandes e
brilhantes se foi.
— Eu só espero que minha correção não chegue tarde demais. É
terrivelmente fácil insultar um Wookiee.
— Mas Visaiya deveria ter me contado! — A mente de Breha
revirou. — Você deve ter acabado de cruzar com ela, e aquele maldito
Anderam! Eu disse a ele para me alertar imediatamente...
Bail a segurou a uma certa distância enquanto o droide partiu, mas
o sorriso que ele deu não a convenceu. Algo estava profundamente
errado. Notou novas linhas em seus olhos e maior deslize de cinza
em suas têmporas, e seu coração torceu ao pensar em todos os
perigos que ele havia sobrevivido para retornar a essa varanda.
Segurou-o firme novamente e depois permitiu que ele a conduzisse
até o parapeito, as mãos entrelaçadas no mármore frio. Uma segunda
manada de thrantas apareceu acima, com os seus gritos ecoando o
perímetro do vale e nas alturas do palácio.
— Não fique zangada com nenhum dos deles, coração. Eu disse a
eles que queria que a surpresa fosse minha. Pelas estrelas, como
senti a sua falta e desse lugar. — ele sussurrou, inclinando a cabeça
em direção ao céu.
Breha queria desesperadamente permitir a si mesma ter mais
tempo para se sentir aliviada, mas o seu agarrar na mão apertou.
— Scarif... Os rumores são verdadeiros? Eles não poderiam ser
verdade...
O seu marido olhou para longe dela enquanto abaixava o queixo e
suspirou. Ele parecia ficar mais pálido, um distante, olhar
assombrado veio em seus olhos.
— Você não deve pensar nisso agora. — ele assegurou a ela. Seus
olhos se encontraram e ele forçou metade de um sorriso. — Eu tinha
tanta esperança de fazer esse encontro ser mais feliz, mas as notícias
que eu tenho... — Ele parou, e por um momento ele olhou como se
estivesse doente.
— O Senado foi dissolvido. — Disse ela. — Nós ouvimos há dias,
Bail. É monstruoso. Eu sabia que o Imperador era ousado, mas eu
esperava pelo menos uma medida de sutileza.
— O Senado. — Bail balançou a cabeça, controlando o aperto. —
Não é isso o que devo dizer a você. Eu pensei que sabia o que eu
diria, e é certo que eu sou o único a guardar as notícias, mas chegou a
esse ponto...
Breha ficou em silêncio, aterrorizada de que, se dissesse outra
palavra, ele falharia novamente. No parapeito, ela observou o
pequeno besouro sucumbir a um vento súbito, derrubando-o, todo o
seu trabalho duro perdido e espalhado.
Bail respirou profundamente, e o observou ficar mais estável, mas
ainda pálido adoentado. Eles se conheceram há tanto tempo,
sobreviveram a tanta coisa, mas, em toda a sua mitologia privada,
nunca o viu olhar dessa maneira. O seu marido, um homem de
coragem e fé inabaláveis, agora abalado em seu coração.
— A Tantive está perdida. — ele sussurrou. — Destruída.
Por um momento, Breha não conseguiu ouvir nada. Pânico.
Conhecia bem o sentimento, sabia disso quando as notícias da
dissolução do Senado chegaram, mas isso era outra coisa. Isso não
era só pânico, era um lugar perfeito e oco que se esboçava no peito.
Um alto choro em sua cabeça a deixou surda para qualquer coisa,
mas o sangue latejando em seus ouvidos. Piscou, olhando através do
rosto de seu marido, através do parapeito, através das montanhas...
então os seus olhos finalmente se fixaram naquele pequeno besouro
o qual atravessava o parapeito. Bail caiu de joelhos, e o pouco de sua
força permaneceu, só durando até que pudesse entregar essa
mensagem.
Agora é com você.
Esse vazio em seu peito devia ser preenchido com alguma coisa ou
entraria em colapso por dentro, um pulsar indefeso. Um propósito
poderia preencher o vazio. Por enquanto, pelo menos. Breha juntou
as mãos, apertando-as cada vez mais, como se esse único ponto de
pressão pudesse de alguma forma mantê-la retas e juntas.
— Nós devemos saber mais do que isso. Mande uma outra patrulha
imediatamente. Pods de fuga poderiam ter sido ejetadas. A nossa
filha não é tão fácil de se matar; ela fará todas as tentativas para
sobreviver. Precisamos de um mapa de todos os planetas perto desse
campo de asteroides. É aí que vamos começar a procurar
sobreviventes. E quem relatou isso? Eles podem ser confiáveis? —
Ela exigiu, ouvindo sua voz se elevar até que ela pudesse controlá-la
novamente. — Não vou aceitar nenhum relatório até ter visto os
destroços com meus próprios olhos.
Quase exigiu saber o que exatamente o Senado estava fazendo
sobre isso, mas lembrou que eles estavam sozinhos nisso, perdidos
em uma região selvagem desconhecida.
Balançando a cabeça, Bail pegou as mãos dela apertando e ela o
ajudou a se levantar do chão.
— Eu fiz por merecer isso e ainda mais. — Ele assegurou a ela. —
Nós não podemos mais ter o Senado, mas não estamos sem aliados.
Breha, há um esquadrão procurando, mas estamos em guerra agora.
Você sabe que eu usaria todos os recursos possíveis, mas nossa perda
pessoal deve ser equilibrada em relação as necessidades da Rebelião.
As lágrimas estavam chegando sem serem convidadas, e Breha era
impotente contra elas. Nossa perda pessoal. Inclinou-se até o
marido, encolhendo os ombros até o abraço dele, escondendo o
tremor em seu queixo que sinalizou que o momento de uma decisão
política inflexível, estava desmoronando.
— Não é perda. — disse ela. — Ainda não. Não vou desistir. Mas
Bail, nunca deveríamos em ter concordado com isso, em deixá-la ir...
Ele descansou o seu queixo pesadamente em sua cabeça, e Breha
se sentiu velha de repente e com medo, frágil, maltratada em todos
os lados por uma guerra que ela não conseguia parar e o mal que não
conseguia entender.
— Esta guerra está apenas começando, e devemos fazer aqui os
preparativos que pudermos. Mesmo que não façamos nada além de
procurá-la, mesmo que não façamos senão esperar, a guerra está
aqui. — Disse ele suavemente. — Será travada pela Leia quando a
encontrarmos. Poderíamos tentar mantê-la escondida e segura aqui
em Alderaan, se.... quando... ela for encontrada, mas nós dois
sabemos que ela iria encontrar uma maneira de partir.
— Sim, eu sei. — Ela se afastou, esfregando os olhos com as duas
mãos. — Nós também deveríamos estar lá procurando, também. O
capitão Anderam pode preparar um transporte para nós, devemos
decolar com ele.
— Desculpe. — disse ele. — Você sabe, assim como eu, que é
simplesmente muito perigoso. Se a Tantive pôde ser tomada, então
nós também podemos.
Breha balançou a cabeça e se abraçou, esfregando o calor em
braços já quentes. Sua raiva diminuiu para tristeza, e ela voltou para
o marido, deixando-o dobrá-la por um abraço apertado como o
último toque reconfortante do sol que pairava em seus rostos.
— Claro... Claro que isso é verdade. Mas não posso fazer nada,
amor. Eu me recuso a não fazer nada.
Puxou um pequeno dispositivo holo do bolso de sua saia
volumosas, descobrindo que mesmo essa simples tarefa exigia a
atenção total. Mesmo parada e respirando sentia que essas tarefas
eram injustamente cruéis. Mas se preparou, como foi preparada para
ser uma rainha por um longo momento e uma mãe no momento em
que a chamada seguiu em frente.
A imagem azul do capitão Anderam piscou para vida no holo
enquanto aceitou a transmissão.
— Talvez devêssemos ficar aqui. — disse Breha calmamente. —
Mas nós conseguimos pilotos e agentes, e eles procurarão onde não
podemos.

Saber que não teria sono não facilitou a sua ausência. Um tremor
constante começou em suas mãos, Breha sentiu um único eco em seu
cérebro. Ainda não havia nenhuma notícia de sua filha ainda, não na
direção da vida ou da morte, e a possibilidade de que eles realmente
nunca descobririam o destino de Leia estava se tornando mais
provável a cada dia. Essa possibilidade pendia sobre ela como um
ponto cego e, em certos momentos, esgotando até o ponto de ilusão,
jurou que um verdadeiro buraco negro começava a obscurecer a sua
visão permanentemente.
Cada sinal em cada dispositivo de comunicação a enviou para
outro paroxismo de medo expectante. Não permitiu que ninguém,
além de Bail, visse, ou pelo menos, fez o possível para esconder o
cansaço escurecendo sob os seus olhos e as suas mãos tremendo.
Dois dias. Dois dias se passaram desde o regresso do marido e se
sentiu como se passasse uma vida inteira, a falta de sono turvando
no conjunto das horas até não poder mais descansar na sublime hora
ou dia. A longa câmara abobadada no extremo norte do palácio já
hospedara dignitários, tendo sido o lugar de uma discussão política
sóbria e séria, mas agora se tornou o centro de informação, enquanto
os seus melhores e mais bem treinados agentes procuravam
tranquilamente por Leia. Breha passou muito tempo lá. Comeu lá,
enquanto tinha estômago pra isso. E observou Bail do outro lado da
imensidão da mesa de reunião, com os seus olhos ricocheteando em
cada um. Qualquer olhar persistente e Breha se sentiria caindo em
lágrimas.
Não haveria lágrimas na frente de seus generais.
Viu uma mensagem cruzar o elevado, arco da porta para a mesa se
situando no cotovelo de Bail. A sua troca de sussurro foi perdida
entre as conversas constantes de homens e mulheres ao seu redor e o
fluxo constante de entrada e saídas de chamadas holográficas. Mas
Breha observou de perto, cada novo pedaço de informação trazendo
uma onda de esperança. Pistas, a maioria vaga, pareciam circular
sem parar na mesma conclusão: a Tantive tinha sido aniquilada, e
com ele, cada alma a bordo. Bail balançou a sua cabeça, e notou o
mesmo tremor constante em suas mãos quando ele beliscou a ponte
do nariz em frustração.
— Alguém deve saber alguma coisa. Você me ouve? Volte... — ele
disse, com a sua voz em crescente irritação. — Volte e verifique
novamente, e depois verifique mais uma vez.
A mensagem varreu o chapéu azul da cabeça dele e se curvou para
a saída do corredor, abatido, com o seu rosto doce e jovem ficando
brilhante como carmesim.
Breha se juntou ao marido, encontrando a sua mão debaixo da
mesa e pegando-a. Ele não a olhou, mas ele se inclinou quase
imperceptivelmente em seu ombro.
— Eles estão preocupados, também, Bail. Não se esqueça disso.
— E não devia ter descarregado nele.
Só tinha sorrisos cansados para dar à ele, então ela lhe deu um.
— Ele vai te perdoar.
— Oh, Vossas Majestades! — WA-2V entrou no caos da sala,
tecendo habilmente em meio à multidão preocupada e indo para
onde Bail e Breha estavam. Os seus braços finos estavam carregando
um vestido, um Breha reconheceu imediatamente como o seu. Tinha
sido ligeiramente modificado, o comprimento assumido pelo
pequeno tamanho de Leia, uma brilhante pulverização de joias
acrescentadas à bainha. O droide parou já perto deles e Breha teve
que colocar uma mão para evitar que o vestido caísse das mãos de
2V. Seus dedos roçaram na seda familiar e uma nova onda de luto
culminou.
— Você estava certa, era uma ideia muito melhor para refrescar
um dos seus velhos vestidos. — Disse o droide, mexendo com as
mangas do vestido. — Este é tão especial, e seria uma pena deixar
isso armazenado. Será perfeitamente adequado para a princesa!
— Este não é o momento. — Interrompeu Bail, voltando-se para o
empregado. — Há... outras considerações dignas de nossa atenção.
Mas o droide continuou a olhar para Breha, segurando o vestido
vazio. A rainha se forçou a colocar a mão no rico tecido, anestesiando
a si mesma em nova dor.
— É adorável. — Ela assegurou a empregada. — Quando Leia
retornar, ficará muito satisfeita.
2V rodou para frente e para trás, inquieta, então respondeu com
um chilrear:
— Eu também acho, Majestade, e ela estará em casa em breve para
vê-lo.
Um homem azul brilhava a sua esquerda, com a chegada de um
holocron do capitão Anderam, fazendo-o com que ele brilhasse em
miniatura enquanto gritava freneticamente de seus escritórios no
espaçoporto.
— O que é desta vez? — Bail seguiu para o final da longa mesa, se
encaixando entre dois ministros que se amontoavam sobre o holo.
Breha estava lá um instante depois, inclinando-se para a frente
para falar claramente no dispositivo de gravação.
— Anderam? Você pode me ouvir? Há novidades?
— No alto! — O capitão soou em pânico. — Você pode ver? Algo
está se movendo em posição da órbita, não tivemos nenhum aviso...
— O que você está dizendo? Você não faz nenhum sentido. —
Respondeu Breha, assistindo à chamada começar a falhar. Algo
estava interferindo com a transmissão. — Capitão...
Mas Bail a agarrou pelo pulso, virando-se lentamente para ela,
com seus olhos procurando o chão entre os dois.
— Venha. — Ele sussurrou. — Lá fora. Transfira o capitão para a
minha linha pessoal!
Deixou-o levá-la pra fora e abaixo do corredor em uma corrida, e
Breha segurou as suas saias para manter o ritmo, pegando fôlego em
sua garganta enquanto ele os trouxe correndo pelo palácio e para o
parapeito mais próximo, o refúgio exterior familiar fora de seus
aposentos. Ambos deslizaram até parar, Anderam brotando a vida na
mão de Bail enquanto olhavam para o céu escurecendo.
— Ficar... seguro... — A voz do capitão era apenas um crepitar
agora.
— Pense, Bail. A Tantive desapareceu, as nossas comunicações
estão bloqueadas... — Ela suspirou e observou como a imagem do
capitão estava inteira. — Eles devem saber que era Leia. Isso é uma
retaliação.
O seu marido começou a andar, gotas de suor em suas têmporas
caiam enquanto ele derrubou o comunicador de frustração. A
maioria do que ele murmurou para si mesmo era demasiado brando
para ser ouvido.
— Impossível. Eles não se atreveriam!
Talvez isso fosse uma distração, algum plano Imperial para evitar
que eles procurassem a sua filha. Nada era certo, lembrou-se, que
ninguém deveria acreditar até terem uma confirmação absoluta. E se
a atenção do Império se voltasse para Alderaan, então, melhor deixá-
los distraídos aqui, para poder permitir que a filha escape do
desastre. Enquanto ela sobrevivesse, havia esperança; não importa
quão planeta distante Leia pouse, ela encontraria uma maneira de
entregar os dados e completar a sua tarefa.
Uma sombra caiu sobre o parapeito, cobrindo-os com escuridão
fria e repentina. Pegou Bail instintivamente, colocando-se nos braços
dele enquanto ambos se tornavam em harmonia para encarar o vale.
Breha protegeu os olhos com a palma de sua mão, olhando para o
céu e o objeto imenso que se moveu lentamente à frente do sol. Em
um instante, a coisa tinha-o obscurecido completamente.
— O que poderia ser tão grande? — Breha murmurou. O medo
nodoso apertou em seu estômago, e ela se agarrou mais forte ao
marido. O que ela estava vendo? Ela testemunhou um eclipse uma
vez em Coruscant, mas isso foi muito mais rápido. Tão pouco
natural.
Ao lado dela, Bail suspirou e então pareceu ficar fraco. Ele se virou
pra ela, com olhos vazios, a boca se movendo, mas em silêncio.
Finalmente, encontrou a sua voz e procurou o chão para os seus pés.
— O assassino de planeta.
Lutou contra a onda de náuseas que a golpeou como uma onda
quebrando e colocou as suas mãos em seu rosto, forçando Bail a
olhar pra ela. Não poderia ser verdade. Não Alderaan. Eles estavam
no coração da galáxia, um planeta importante, um bastião de
tradição, paz e prosperidade...
O símbolo perfeito para destruir. A mensagem perfeita para
enviar. Nenhum planeta era muito sagrado, muito populoso...
nenhum planeta estava seguro.
— Meu amor, eles não fariam isso. — Disse ela, mesmo que
soubesse que sim.
Bail alisou as suas mãos sobre a dela e tocaram as suas testas
juntos.
— Pelo menos estaremos juntos.
— Não! — Ela se recusou a acreditar. Como tal mal poderia existir?
— Lá... lá deve haver tempo. O espaçoporto é muito longe, mas
podíamos chegar em nosso transporte privado. Nós... nós
poderíamos evacuar o máximo possível de pessoas! Deve haver algo,
qualquer coisa, que possamos...
O som era inacreditável. Eles se voltaram em direção a ele com
admiração e temor, um sufocante barulho de ar que puxou todo o
ruído em volta deles antes de uma tremenda explosão como um
relâmpago rasgando o ar. Bail puxou-a em seus braços, apertando-a
enquanto os cegavam, um anel de branco que crescia do horizonte,
espalhando-se rapidamente, trazendo árvores, animais e pedras com
ele.
— Ela conseguiu sair. — Breha sussurrou, mãos trêmulas
entrelaçadas em sua capa, com os seus olhos descrentes observando
enquanto o próprio planeta explodiu como mil gêiseres brilhantes e
terríveis. — Eu saberia se ela se fosse, Bail.
— Ela vive. — Ele beijou sua testa, deixando seus lábios lá
enquanto o palácio tremia abaixo deles e as vigas segurando o
parapeito alto gritaram e deram. Os atendentes dentro de seus
aposentos deram um grito de susto, e o castelo caiu sem nenhum
terreno deixado debaixo dele.
Os seus ossos doem. Parecia que eles estavam sendo sacudidos em
pedaços.
— Ela vive. — disse Bail mais uma vez.
Breha fechou os olhos.
— Eu sei.
As montanhas levantaram-se, dobrando-se sobre eles, engolindo-
os inteiros. Sentiu o calor do marido, a respiração no pescoço, depois
o cheiro de cinzas e fumaça, e no próximo momento, o esquecimento.
ANTES:

Atire quando estiver pronto.


Wilhuff Tarkin não era do tipo que ensaiava discursos. Não
costumava ficar diante de um espelho, imaginando os seus
momentos de triunfo, balbuciando ou sussurrando declarações que
ficariam para a história.
Mas essas palavras eram diferentes. Esperou por mais de duas
décadas para dizê-las. Essas palavras dariam início a uma cadeia de
ações e reações nas profundezas da enorme arma que controlava,
desencadeando uma torrente de energia que apagaria os inimigos do
Império, em apenas um abrasador instante.
Incomodou-se com o fato de que o Diretor Krennic tivesse dado a
ordem para disparar o tiro de teste, vaporizando a cidade de Jedha,
mas até tais precauções eram necessárias. E se tivesse falhado? É
melhor que esse constrangimento fosse imputado a Orson Krennic
do que ao Grão Moff Tarkin. O teste de Krennic foi espetacular, mas
o bom diretor estava fadado a somente uma pequena menção, em
nota de rodapé, nos anais do Império, por estar de alguma forma
ligado ao desastre de mineração na antiga lua.
Ao longo dos anos, Tarkin havia cuidadosamente modulado seu
distanciamento do projeto: aproximando-se quando os sinais
indicavam sucesso, afastando-se quando os atrasos consumiam a
paciência do imperador. Naquele momento, sobre Jedha, a Estrela
da Morte passou de conceito a realidade, e Tarkin passou de um
apoiador distante a arquiteto-chefe.
Krennic tentou roubar aquele momento. O que foi que ele disse?
Que eles estavam lá graças à sua conquista? Bobagem. Essas
afirmações eram tão absurdas quanto um pedreiro se orgulhando de
uma construção ordenada por um rei. É o castelo do rei. A glória
sobe sempre em direção ao céu.
Agora Tarkin estava nos altos céus, olhando para Scarif, um
mundo violado por intrusos rebeldes. Um mundo infestado, com os
seus segredos, segredos Imperiais, expostos a vermes rebeldes. Esses
segredos não eram insubstituíveis; haviam cópias dos registros do
desenvolvimento militar em Coruscant e, conhecendo o imperador,
em outros lugares. Isso era irrelevante, pois a ameaça rebelde estava
aqui e agora. O assunto pediu uma decisão executiva.
Os rebeldes não podiam sair de Scarif. A informação precisava ser
eliminada como um membro precisa ser amputado antes que a
infecção se espalhe para outros lugares.
E Krennic estava lá embaixo, não estava? Retornara à Citadela em
Scarif para arrumar a confusão que havia começado. Bem, Tarkin
poderia lhe fazer um favor ao acabar com toda a confusão, com
muito mais eficiência, de onde estava atualmente, dentro da Estrela
da Morte, orbitando bem acima do planeta tropical.
Scarif moveu-se abaixo, trazendo a Citadela à vista.
— Atire quando estiver pronto — Tarkin disse afinal, permitindo-
se um brevíssimo sorriso.
AGORA:

Tarkin estava na ponte de comando da Estrela da Morte, cercado por


instrumentos luminosos e maquinários zumbindo. Assim como o
Almirante Motti, General Tagge aguardava nas proximidades,
examinando os dados em um monitor. Até se poderia perdoar
alguém que não notasse esses oficiais, por conta de outra presença
no ambiente: a imponente forma de Darth Vader, Lorde Sombrio dos
Sith.
— É espantosa a resistência dela à investigação mental. Levará
algum tempo até extrairmos alguma informação. — afirmou Vader,
descrevendo a tenacidade de sua prisioneira, a Princesa Leia Organa
de Alderaan.
Tempo. A palavra ecoou na mente de Tarkin, reavivando memórias
passadas. Você transformou o tempo em aliado da Rebelião. Tarkin
repreendeu aquele idiota do Krennic por questões como essa.
— A checagem final está completa. — disse Motti sorrindo. O
almirante se assegurou que Tarkin ficasse entre ele e o caprichoso
Lorde Sombrio. Motti e Vader, recentemente, tiveram um
desentendimento em questões de espiritualidade e procedimento. —
Todos os sistemas estão ativos. Que curso devemos tomar?
Uma Estrela da Morte operacional e a galáxia inteira ao alcance,
um momento construído por duas décadas, e ainda não poderia ser
totalmente saboreado por Tarkin. Questões zumbiam em sua cabeça,
como um mosquito em um quarto: Onde estavam esses rebeldes? De
onde eles operavam? Onde estava a sua base?
E a pergunta mais pungente: De que adiantava ter a arma mais
poderosa do universo se essa garota podia desafiá-los?
— Talvez devêssemos usar uma forma alternativa de persuasão —
propôs.
O Senado e as suas petições em prol do povo não existiam mais; o
imperador cuidara disso com a há muito aguardada dissolução deste
fórum de litigiosos. Planetas que toleravam traição, mas ainda assim
eram protegidos apelando à simpatia dos cidadãos Imperiais, não
teriam mais voz para recorrer ao povo. Esses mundos precisavam se
lembrar do que era feito o poder supremo.
— O quê, por exemplo? — perguntou Vader, apesar de, sem
dúvidas, já suspeitar o rumo que tomava o pensamento de Tarkin.
— Vamos mostrar o poder total desta Estação — afirmou Tarkin,
virando-se para o jovem almirante — Ajuste o curso para Alderaan.

O salto da Estrela da Morte pelo hiperespaço ocorreu praticamente


sem incidentes. Com efeito, pôr um objeto tão grande em velocidades
acima da velocidade da luz não era uma tarefa fácil, contudo, a
maravilha da engenharia que era esta Estação Bélica funcionou
conforme o esperado. Apenas leves estremecimentos foram sentidos
no escritório espaçoso de Tarkin, formando-se, tão somente, anéis na
superfície da água presente no copo acima da mesa lustrosa.
Tarkin se sentou olhando os relatórios de engenharia rolando em
seu monitor de mesa. Pelos padrões estipulados por Krennic, cada
salto no hiperespaço era acompanhado por uma lista exaustiva,
enumerando o desempenho de cada sistema e subsistema envolvido
no processo. Os dedos ossudos de Tarkin passaram diversas
informações, mas ele logo se desinteressou. A Estação funcionava,
ele não precisava de um exame exaustivo de todos os eventos
mecânicos. Deixe que os engenheiros se preocupem com isso.
Deixou de lado esta série de dados técnicos e trouxe à tela notícias
vindas da Capital. A dissolução do Senado exigia a atenção da mídia.
Os veículos da holonet repetiam obedientemente a narrativa que
conselheiros Imperiais haviam preparado. Dizia-se que traidores
rebeldes haviam se infiltrado no Senado, resultando em um
devastador ataque terrorista, em uma importante instalação militar
do Império, localizada em Scarif. Durante esta emergência, o
Imperador precisaria de controle absoluto para rapidamente
finalizar a ameaça e erradicar os insurgentes que tinham acesso ao
coração burocrático do Império.
Tarkin pensava que uma exibição dramática da principal arma da
Estrela da Morte seria uma maneira perfeita para reafirmar o
decreto, como um exemplo inegável do poder imperial. Tarkin tinha
autoridade para tomar tais decisões. De fato, ele não precisava pedir
permissão a Coruscant para fazer o que planejava.
A campainha eletrônica da porta tocou, interrompendo a leitura de
Tarkin. De sua mesa, ele abriu a porta, convidando o visitante a
entrar. Motti deu um passo à frente.
— Desejo parabenizá-lo, governador, em um tom mais pessoal do
que a formalidade normalmente permitiria. Você alcançou aquilo
que muitos descrestes consideraram impossível. — disse. As narinas
de Motti dilataram-se ao respirar profundamente. — A Estrela da
Morte está pronta e é sua.
— Noto e aprecio o seu sentimento, Motti. Mas eu não tenho
tempo a perder com exibições excessivamente emocionais. —
afirmou Tarkin, observando atentamente o almirante. — Você não
veio aqui apenas para compartilhar estas palavras.
Motti engoliu em seco, depois falou:
— Senhor, com a sua permissão. Esta Estação pode destruir
qualquer planeta que você quiser. Toda frota estelar, em campo de
batalha, não poderia nos parar. Não poderia parar você. Agora você
tem em suas mãos o poder de vida e morte sobre todos os seres vivos
na galáxia.
Tarkin esperou sem dizer nada. Motti continuou:
— Um poder supremo e está com você, agora.
— E com o Imperador, sem dúvidas. — disse Tarkin, cravando o
olhar em Motti.
— Certamente, Governador, — respondeu rapidamente o
Almirante. — é o que eu quis dizer. Mas o Imperador está longe
daqui e você é quem está, de fato, no comando.
Tarkin pegou a sua água, continuando a olhar atentamente a
Motti.
— Esta não é a primeira vez que você fala deste modo, Motti. —
deu um pequeno gole. — diga o que você está pensando.
— Se assim você ordena. — continuou, após uma pequena pausa.
— a Estação Bélica se tornou a principal fonte de poder do Império.
Todo poderio está sob o seu, e somente o seu, comando.
— Você beira à traição, Motti. — alertou Tarkin, que já adivinhava
a que ponto chegaria a conversa, desde o momento em que Motti
apareceu em sua sala.
— É traição pontuar que você poderia pedir uma posição de
autoridade abaixo somente do Imperador? — perguntou o almirante.
— Eu não gostaria de ter o Imperador como inimigo. — afirmou
Tarkin, desfazendo o contato visual com Motti, voltando o olhar para
os relatórios de Coruscant. Com o apertar de um botão, ele apagou a
fonte de dados.
— Mas comandar a Estrela da Morte equipara você ao Imperador.
— Disse Motti. — vocês poderiam compartilhar o domínio da galáxia.
A ligeira ênfase em compartilhar, mostrou claramente para Tarkin
as verdadeiras motivações do Almirante. Ele olhou novamente para
Motti e sorriu com seus lábios finos.
— Com você como meu braço direito?
— Eu sou o seu humilde servidor, Governador Tarkin.
Tarkin se levantou. O ansioso Almirante deu um pequeno passo à
frente, mas o Grão Moff se manteve atrás de sua mesa.
— Obrigado por suas considerações em relação à operação desta
Estação, Almirante. Porém, devemos, agora, retornar à formalidade
de procedimentos e de registro, e continuar a missão que o
Imperador decretou.
Motti assentiu, recuperando a sua postura rígida e o grau de
circunspecção que os protocolos Imperiais ditavam. Todavia, o brilho
em seus olhos se manteve. Tinha sido uma aposta, mas Motti havia
dado, com certo sucesso, o primeiro passo em uma ambiciosa
tentativa de ganhar poder, sem perder a sua patente nem a sua vida.
Tarkin o dispensou com um aceno de cabeça e Motti, virando-se de
costas, saiu do escritório.
Política, pensou Tarkin, foi onde Krennic falhou. O engenheiro,
além de falar em excesso, conhecia bem os meandros dos
hiperpropulsores e das taxas de conversão de energia, mas não havia
compreendido as armadilhas da corte imperial. Krennic quisera
ascender, mas estava totalmente perdido em relação a como escalar.
Tarkin bloqueou cada um de seus caminhos, e nem a Estrela da
Morte permitiu que Krennic se elevasse.
Krennic fora um construtor fingindo ser um líder. No final das
contas, isso foi sua ruína.

Tarkin estava na ponte de comando. Almirante Motti o informara


sobre o sucesso da volta do hiperespaço e, agora, a Estrela da Morte
vagava ameaçadoramente próxima a Alderaan.
Em muitas ocasiões, já havia visitado este mundo que era repleto
de história. Há muito tempo, a sua família real lançara diversas
expedições pioneiras que abriram a galáxia. Tal linhagem se tornou
extremamente importante e uma nuvem de arrogância os cercou. Os
Organas pensaram que poderiam agir impunemente, desafiando os
decretos do Imperador, tão somente por a história ter lhes conferido
um lugar especial nos corações e nas mentes do povo.
Alderaan e os seus membros reais necessitavam urgentemente de
uma lição.
— Governador Tarkin, — disse uma voz altiva envolta em um
sotaque afetado. — Já esperava encontrá-lo segurando a coleira de
Vader. Reconheci seu mau cheiro ao entrar a bordo.
Apesar de sua pequena estatura, totalmente ofuscada pela
opressiva forma sombria de Darth Vader, a Princesa Leia Organa se
manteve aprumada e orgulhosa. Ela tinha bem menos altura e idade
do que Tarkin, mas se manteve firme enquanto trocavam farpas
disfarçadas de brincadeiras. Tarkin se cansou rapidamente desta
troca de gentilezas.
— Princesa Leia, — Disse. — Antes de sua execução, quero que seja
minha convidada na cerimônia inaugural desta Estação Bélica. —
Tarkin abriu os seus braços, observando o perímetro da Estrela da
Morte — Agora, nenhum sistema estelar ousará opor-se ao
Imperador.
Leia o encarou e disse serenamente:
— Quanto mais aperta o cerco, Tarkin, mais sistemas perderá.
— Não depois de demonstrarmos o poder desta Estação. De certo
modo, você determinou a escolha do planeta que será destruído
primeiro. — Disse Tarkin. Ao virar-se para ver a imagem azul de
Alderaan, projetada no monitor. Assim como em Scarif, quando
esteve no controle da Estrela da Morte e sua arma principal.
Contudo, agora, não haveria restrição na operação da Estação Bélica.
— Já que se recusa a nos revelar a localização da base rebelde, eu
decidi testar o poder destrutivo desta Estação no seu planeta natal,
Alderaan. — Disse.
Leia se abalou. Ali estava a brecha inicial. O desmoronamento da
esperança. A morte daquela fagulha rebelde. Leia implorou. Tarkin
se deleitou.
Vader estava impassível e, como sempre, impossível de ser lido.
Desta vez, foi diferente a explosão que emanou do superlaser da
Estação Bélica. Os oito feixes iniciais se afunilaram em um único raio
que reduziu Alderaan a escombros fumegantes. Dezenas de milhares
de anos de história foram dizimados em um instante.
Tarkin viu o seu futuro na brilhante onda de fogo que irradiou pelo
cosmo. Pensou no Imperador distante e em quão pouco importaria a
reação de Palpatine. Pensou na garota, lamentando a destruição de
seu planeta cheio de traições. Pensou nas palavras de Motti. Em seu
momento de triunfo, Tarkin não pode deixar de lembrar de Krennic e
tudo que fora tirado deste homem indigno.

ANTES:

O seu ombro queimava. Carne carbonizada se rachava a cada


movimento seu.
A consciência de Orson Krennic emergiu da escuridão induzida
pela dor. Os seus sentidos voltaram a focar e uma imagem
compreensível se formou da embaçada luz solar. Estava em Scarif,
preso naquilo que só se poderia definir como um pesadelo. Mas isso
não era sonho, era realidade e estava ficando ainda pior.
Krennic olhou para o céu e viu a sua criação: a Estrela da Morte,
ameaçadoramente acima das nuvens, voltando-se lentamente.
Tarkin, pensou Krennic irritado. Tarkin estava agora no controle
dessa Estação Bélica. Ou assim achava.
Você não tem noção do poder que tem em mãos, Tarkin. Você não
sabe como domá-lo.
Se, de fato, os rebeldes conseguiram roubar as informações
técnicas da Estação Bélica, então o que Krennic teria feito, de
imediato, seria ordenar uma revisão completa do projeto. Agora
ciente da traição de Galen Erso, Krennic teria vasculhado os dados
para encontrar qualquer coisa, qualquer detalhe, não importa o quão
insignificante. Iria preencher qualquer lacuna que Erso pudesse ter
feito na blindagem da Estrela da Morte.
Krennic faria isso, embora alguns ainda desacreditassem no
sucesso da Estrela da Morte. Desligaria a Estação para examinar
cada parafuso. Teria resistido às consequências políticas que traria o
ato de privar, por mais um tempo, o Imperador de sua nova arma, a
fim de garantir que o funcionamento fosse perfeito.
Porque Krennic era engenheiro. Tarkin não era e não conseguiria
entender a complexidade dessa criação. Em vez disso, seria
consumido por sua impaciência.
Tarkin era um político fingindo ser um arquiteto. No final das
contas, isso seria a sua ruína, como bem sabia Krennic.
A minha criação será a sua destruição.
E com um lampejo de energia verde, canalizado através de uma
matriz de cristais kyber composta e projetada por Galen Erso, cuja a
filha, poucos momentos antes, havia invadido o cerne dos segredos
Imperiais, Orson Krennic se tornou pó.
Se Aphra não parecesse uma rebelde. Talvez ela não fosse levar um
tiro.
Enquanto rolava pela vegetação rasteira, os espinhos cruéis de
Dantooine a rasgando, percebeu que tudo o que tinha eram os seus
preconceitos sobre como os rebeldes realmente se pareciam.
Imaginou-os com queixos salientes, peitos inchados de orgulho e
cabeças ligeiramente rangendo com um excesso de idealismo mal
colocado. Essa não era Aphra. Dito isso, com dois blasters no quadril,
óculos de proteção empoleirados em seu capacete de piloto
esfarrapado e uma constituição rija, ela parecia mais uma lixeira
bem-sucedida ou uma criminosa malsucedida do que uma doutora
em arqueologia. Seria melhor manter a cabeça baixa, voltar para a
Anjo da Arca e dar o fora deste planeta verde idiota antes que
cruzasse o caminho de uma das patrulhas Imperiais.
Não importava como se parecia. Se eles a encontrassem perto
dessa base rebelde, ficariam desconfiados, inevitavelmente daquele
jeito suspeito e assassino que o Império tanto gostava.
A vida de Aphra alternava entre encontrar artefatos antigos
interessantes e reativar artefatos antigos interessantes, com breves
períodos intersticiais de venda dos artefatos antigos interessantes.
Gostava de se descrever como uma arqueóloga desonesta. Outros
tendiam a descrevê-la como uma traficante de armas. Depois de
passar os melhores anos de seus vinte anos fazendo isso, ela não
podia, de boa fé, argumentar tanto contra isso.
Estava escondida na Cidade de Dantoo, tentando reativar e
atualizar alguns droidekas excedentes de guerra. Ter os campos de
deflexão integrados aos pods de foguete recém-adicionados era um
pesadelo, o seu primeiro experimento levou à detonação da carga útil
no interior do campo. Que Aphra passou duas semanas
reconstruindo os droides do zero. Poderia resolver o problema com
bastante facilidade... se ela tivesse um modulador de campo de pulso
colicoide de 3,23.
Nenhum de seus contatos habituais tinha um, então procurou por
resgate. Pensou que tinha uma pista. Essa base do outro lado de
Dantooine era secreta o suficiente para não chamar a atenção para si
mesma, mas grande o suficiente para não ser escondida de quem
realmente estivesse olhando. Aphra invadiu os dados de uma estação
orbital, o que permitiu que rastreasse o movimento regular e secreto
de caças em órbita e de volta. Presumiu que fossem criminosos ou
criminosos com delírios de altruísmo, como os rebeldes. Mas já
estava quieto há algum tempo. Provavelmente estava abandonado.
Possivelmente rico em recuperação de equipamentos.
A própria base foi elegantemente integrada com a infinita copa das
árvores de Dantooine. Da órbita, provavelmente pensaria que era um
exemplo maior de uma das muitas fazendas de seiva do planeta.
Seria preciso um olho experiente para notar as baías dos caças em
um círculo ao redor de um bunker baixo e principal. Durante o
tempo em que vasculhava a área, Aphra havia aprendido algumas
coisas. Em primeiro lugar, era definitivamente uma base rebelde. Em
segundo lugar, os rebeldes eram preocupantemente eficientes na
limpeza de seus rastros. Tinha certeza de que criminosos de verdade
teriam deixado uma bagunça mais útil. Droga de rebelião.
Aphra tinha... sentimentos complicados em relação à Rebelião. Os
seus instintos eram bons, mas bom, não era bom o suficiente.
Pessoas como os rebeldes, todos de grande coração e de mente
elevada, levaram à Guerra Civil Galáctica. No que diz respeito à
orientação ética de Aphra, foi formada ao crescer à sombra da
guerra. A maioria das pessoas precisava de ordem. Melhor o Império
quando a alternativa era essa. Pessoas fracas morreram aos bilhões
nessa alternativa.
Não que Aphra precisasse de alguém, é claro.
Estava trabalhando no que tinha certeza que era o comunicador
central antes de ser desmontado quando a Anjo da Arca lhe enviou
um alerta. Um sobrevoo de TIE fighters acionou os seus alertas. Teve
tempo suficiente para fugir do complexo e se jogar na vegetação
rasteira selvagem. Então os pods caíram, reluzentes com equipes de
extermínio de stormtroopers se espalhando pela base como insetos.
Aphra decidiu que não precisava tanto do modulador de campo de
pulso colicoide 3,23 e correu de volta para a sua nave através de um
purgatório de espinhos, seiva viscosa e umidade da floresta que
permeia tudo.
Quase irrompeu na vegetação rasteira quando viu a curva
camuflada do nariz curvo incomumente alto de sua viatura de bolso,
apontando sob a teia holo que ela havia deixado para escondê-la.
Aphra conseguiu chegar em segurança.
Um segundo depois, percebeu que não.
Trabalhando sem saber em direção a Anjo da Arca estavam três
stormtroopers, fazendo uma varredura no perímetro. Era um
problema óbvio pra ela. Também era um problema pra eles, pois
estavam prestes a atingir a camada de microminas que havia deixado
para cobrir a abordagem. Um dilema moral. Ou, como Aphra
preferia pensar, dilemas. A “Moral” nunca entrou realmente nisso.
Opção um: ela os deixa atingir as minas. Acaba com qualquer um
que sobrou com os seus blasters. Coloca a Anjo da Arca em órbita,
tentando evitar o inevitável Star Destroier que trouxe todos esses
troopers aqui. Quase certamente teria que abandonar os cascos de
droideka que deixou em Cidade de Dantoo, e teria que queimar outra
identidade de transponder da Anjo da Arca. Ah, e ela mata um
monte de gente também.
Alternativamente...
Aphra suspirou, guardou a arma no coldre e deu um passo à
frente, com as mãos levantadas e um sorriso largo.
— Ei pessoal! — ela gritou. — Como posso ajudá-los, cavalheiros do
Exército Imperial?
Além disso, essas minas eram caras. Não iria desperdiçá-las com
stormtroopers.

Os stormtroopers a interrogaram, revistaram-na e a escoltaram,


porra, arrastaram-na para o complexo. Eles encontraram os dois
blasters e a faca, mas eles a deixaram com as suas ferramentas, o que
provavelmente foi um erro. Se a examinassem, teriam encontrado a
massa explosiva no forro de seu chapéu, guardada com segurança em
dois pacotes inertes. Se ela pudesse arranjar uma desculpa para tirar
o chapéu e brincar com a massa por quase um minuto, isso seria útil.
Talvez pudesse se oferecer para mostrar a eles animais de barro?
Foi empurrada para o que antes era o QG dos rebeldes e agora era
o dos Imperiais. A equipe de suporte circulava, mas Aphra sabia que
eles eram irrelevantes. O único homem que importava na sala estava
de pé, vestido com um uniforme imperial, olhando para os
holomapas da área com uma expressão de desagrado. Aphra não leu
muito sobre isso. Aphra suspeitava que as boas ou as más notícias,
aquela expressão ficaria ali, carrancuda, perpetuamente
desapontada. Ele era uma nuvem cinza em um uniforme cinza.
Ele era um general. Aphra não conseguia interpretar a fileira de
botões coloridos em sua lapela, mas ele cumpria todos os
preconceitos que Aphra tinha do Alto Comando Imperial.
Sentiu a arma ainda nas costas quando o stormtrooper relatou.
— Encontrei-a se esgueirando pelo perímetro externo, general
Tagge, — disse o stormtrooper com uma voz surpreendentemente
fina. — Ela diz que é da Cidade de Dantoo. A sua speeder bike está
escondida a leste da base. Estamos tentando localizá-lo.
A speeder não existia, mas Aphra estava condenada se deixaria
alguém bisbilhotar a Anjo da Arca. Aphra sorriu, tanto para tentar
causar uma boa primeira impressão, quanto porque identificou
corretamente esse Tagge como um general. O seu conhecimento
sobre as patentes militares em qualquer época após a República era,
na melhor das hipóteses, nebuloso.
— Er... eu me rendi. E entreguei as minhas armas. Eu só quero
ajudar, — disse ela com toda a sinceridade que conseguiu reunir.
Tagge olhou para ela. Ele grunhiu, não convencido, e voltou-se para
o mapa.
— Por quê você está aqui?
— Estou roubando coisas. Bem... recuperando, mas acho que
deveria ganhar pontos de bônus por honestidade, certo? disse Aphra.
— A base foi esvaziada a meses atrás, então imaginei que se sobrasse
alguma coisa aqui, era minha.
Tagge olhou pra trás, analisando-a como se fosse uma planilha e
quisesse verificar se as colunas correspondiam ou não.
— Eu encontro você no meio de uma base rebelde abandonada e
você afirma que não sabe de nada? — ele disse.
Aphra fez a sua melhor tentativa de um suspiro inocente. Talvez
tenha atingido o nível de “falso inocente”.
— Certamente de não rebeldes! — ela disse. — Os rebeldes são
pequenos e desorganizados, pouco mais que bandidos. Este lugar
poderia ter abrigado dezenas de naves espaciais. Certamente os
rebeldes não poderiam apoiar uma base como esta?
O rosto de Tagge estava tão imóvel quanto as máscaras dos
stormtroopers.
— Acho que você está confundindo ser inteligente por ser
inteligente, — disse Tagge.
Aphra estremeceu um pouco. Levar um tiro por isso seria
estúpido, mesmo pra ela.
— Eu sinto muito. Ninguém fazia ideia de que esta era uma base
rebelde. Estava abandonada há meses quando cheguei aqui. E.., —
Ela pausou, procurando por um ângulo que lhe permitisse continuar
a sua vida abençoada não ferida por um blaster. — ...esta é a maior
força militar que Dantooine já viu. Dantooine está quieto. A
iluminação interna é uma novidade. Uma demonstração de força
como essa e todos daqui saberão que ninguém poderia sonhar em
resistir ao Império.
Tage bufou, um único ruído agudo. Uma risada, ou o equivalente
de Tagge.
— Eu não acho de que haja qualquer perigo da seriedade do
Império possa ser subestimada, — disse ele, — Hoje, sucateira, o
Império destruiu Alderaan.
A sala estava em silêncio. Tagge deixou o fato pairar no ar,
esperando que o silêncio reinasse. Foi imediatamente derrubado.
— Como? — disse Aphra. — Bombardeio de superfície? Mesmo
com uma frota de Star Destroiers, isso levaria semanas. Ou uma
biopraga, como em Genosha? Esta é a tecnologia da Iniciativa
Tarkin? Eu amei o trabalho que vi vindo dos laboratórios. É como
uma coisa de cidades achatadas, ou uma coisa de deixar os prédios
de pé? Estamos falando apenas de sencientes ou de um evento
completo de extinção da flora/fauna? Sério, como? Ignição
atmosférica? Já vi planos para isso. Ooh... fissura do manto. A
exposição do núcleo de magma pode fazer uma bagunça em uma
civilização. Ou... oh, estou me torturando. O que você quer dizer
exatamente?
Tagge olhou para ela.
— Quero dizer, o planeta é poeira, — disse ele.
Aphra estava vagamente ciente de que esta não era a resposta que
Tagge esperava, mas sua excitação teve seu próprio impulso.
— Como... poeira poeira? Tipo, pedaços de asteroides e pessoas
flutuando no espaço? Isso?
— A Estrela da Morte destruiu Alderaan, — disse Tagge, de alguma
forma sendo arrastado pelo entusiasmo de Aphra.
— Uau, — disse Aphra, — Isso é incrível.
Estava ciente de que estava sendo observada.
— Er... bom trabalho, Império? — disse Aphra.
O silêncio constrangedor foi quebrado quando os outros
stormtroopers entraram na sala, saudando.
— Senhor, — disse o primeiro. — Procuramos a speeder dela e não
a encontramos.
— Claro, — disse Aphra. — Eu escondi. Isso é o que oculto
significa.
O silêncio voltou. A rotina de Aphra tinha sido melhor.
Tagge caminhou lentamente até ela, com os braços atrás das
costas, e a considerou. Mais uma vez, a planilha de Aphra foi
computada enquanto Tagge fazia a sua análise final.
— Eu não acho que você seja um rebelde, — disse ele.
Aphra tentou não rir. Ela ia viver.
— Acho que você é um problema, — disse ele, — e suspeito que o
mundo estaria melhor sem você.
Oh não. Ela não ia viver. Ela ia fazer o oposto disso

Quando Tagge ordenou que o oficial a levasse para as árvores, a


executasse e voltasse para a busca, Aphra teve que lutar contra todos
os impulsos de seu corpo para não correr, chutar e atacar. A sua
cabeça gritou. O seu rosto se contorceu. Se corresse agora, seria
baleada. Se lutasse, seria arrastada por uma multidão. Em vez disso,
obedeceu, e o stormtrooper a guiou. A cada passo, procurava a sua
abertura. Tinha que haver algo. Se a sua sorte a colocou nesse tipo de
situação. A sua sorte a tiraria disso. Era assim que funcionava.
Uma voz dentro dela acrescentou uma provocação, É assim que
funciona até não funcionar mais.
Estremeceu. Sabia que acabaria por ser assim. Talvez seja o fim.
— Então, esta é a primeira vez que você executou alguém? — Ela
perguntou, com a voz embargada.
— Não fale, prisioneiro, — disse o trooper. A sua voz também
estava instável.
Tudo bem. Aphra poderia trabalhar com isso.
Aphra riu nervosamente, olhando lentamente por cima do ombro,
e piscou.
— Ou o que você vai fazer? Atirar em mim?
Eles continuaram em direção à linha das árvores, Aphra era um
modelo de submissão.
— Você estava a bordo da Estrela da Morte? — ela perguntou.
Após uma pausa, ele respondeu:
— Você está muito interessada na destruição planetária.
— Er... quem não estaria? — ela disse, passando por cima de um
tronco enquanto considerava se poderia fazer uma pausa para a
tampa do próximo baú. Não, não podia. Não, a menos que quisesse
fazer isso com um buraco de cinco centímetros nas costas.
— É uma arma como essa, e você está animada com isso? — ele
disse.
— Isso só faz você pensar. Como você projeta algo assim? — ela
disse, antes de olhar para trás para verificar a distância. Ela poderia
apressá-lo? Improvável continuar Não. Mesmo que ela o fizesse, ele
estava a cerca de meio metro à frente dela.
— Quero dizer... você acha que a Estrela da Morte tinha um
gatilho? — ela disse: — Alguém ordenou que fosse disparado, mas
isso é fácil. Alguém realmente teve que puxar o gatilho?
Continuou na floresta. Ele a seguiu, a dois passos mortais atrás
dela.
— Aposto que não foi assim. Aposto que é um monte de gente,
então todos podem ter alguma negação de responsabilidade. Seis
engenheiros, todos carregando câmaras de tiro, e só quando estão
todos energizados é que a arma se engaja. É assim que eu faria.
Porque se alguém tem o peso de saber que matou um planeta inteiro
nele... isso pode quebrá-lo. Eles simplesmente não podiam apertar o
botão.
— É assim que eles fazem os pelotões de fuzilamento em alguns
mundos, — ela continuou, olhando pra trás. — Há alguém cuja arma
não está atirando de verdade, então eles sempre podem pensar, Ei —
talvez eu não tenha feito isso. São essas pequenas ilusões que nos
fazem passar. É mais difícil quando você não tem como se enganar.
— Você está fazendo isso sozinho. Você é tão azarado quanto eu, —
ela continuou. — Bem, quase tão azarado.
Aphra se virou e parou.
— Você já atirou em alguém a sangue frio?
— Vire-se, — ele ordenou.
— Ei, estou tentando ajudar. Eu quero facilitar pra você. Isso vai
ficar dentro de você pra sempre... e se eu vou morrer, eu quero
realmente pensar nisso. Imagine realmente matar Alderaan.
Alderaan de todos os lugares! Alderaan é legal. Quem explodiria
Alderaan? Belo de um lugar. História incrível. Boa cidade festiva.
Inferno, ainda tinha um grande pôr do sol. Agora nem tem céu.
Aphra deu um passo lento em direção a ele, segurando o seu olhar.
— E você está aqui, com uma arma apontada pra uma senhora
tagarela, e você sempre vai se lembrar deste dia...
E meio passo, puxando a ferramenta de sua cintura, tentando
lembrar o código que ela precisava...
— As pessoas vão perguntar a todos nós onde estávamos hoje.
Onde você estava quando Alderaan morreu? E você vai dizer, esse é o
dia em que eu fui dar uma volta em alguns belos bosques em
Dantooine e atirei naquela estranha e lixeira sucateira.
Aphra quase deixou cair a ferramenta e tentou não torcer o rosto
de raiva. Não estrague tudo agora, Aphra.
— Se você estiver se sentindo filosófico, você dirá para adicionar
algo como... — Ela sorri. — ... Toda a inocência morreu naquele dia,
e as pessoas vão concordar e saber que só porque você fez essa coisa
muito ruim, isso não faz de você uma pessoa ruim.
Aphra estendeu a mão, ativando a ferramenta. Luzes acesas, mas
silenciosas. A mão dela tocou a dele, mantendo aquele contato visual,
sabendo que se ele olhasse para baixo e visse a sua ferramenta perto
de seu blaster, tudo estaria acabado...
— Está tudo bem, — disse ela. — Eu perdoou você.
Ele puxou o gatilho. Um clique.
O joelho de Aphra foi em direção a uma virilha quase blindada.
Enquanto ele cambaleava, puxou o blaster de sua mão.
— Você sempre pode induzir um bloqueio nos blasters do modelo
Imperial se você tiver a frequência certa. O que eu fiz, — Ela apontou
sua própria arma para ele. — Reinicia após alguns segundos.
Houve um zumbido baixo quando a arma foi reativada.
— Você nunca atirou em alguém a sangue frio, — disse ela,
apontando o cano pra ele. — Adivinha quem atirou?
O stormtrooper tropeçou, recuou, caiu sobre um tronco e depois
congelou, com as mãos levantadas. Ele fez tudo o que podia pensar
em fazer.
— Não. Por favor, — implorou.
Aphra balançou a cabeça.
— Eles treinam você pra atirar. Eles treinam você pra seguir
ordens. Eles treinam você em... bem, outras coisas. Marchar, eu
acho. Mas eles não ensinam você a implorar por sua vida, — disse
ela. — Tire o capacete.
Aphra estava esperando ter que se repetir, mas ele tirou o capacete
instantaneamente. Eles tinham a coisa das seguintes ordens pregada.
Ele era cerca de uma década mais novo que Aphra, ainda não tinha
saído da adolescência. Nariz muito grande, olhos azuis e assustados.
Suspirou.
— Veja, agora você é um humano. Se você está implorando por sua
vida, você quer que as pessoas saibam que você é uma coisa viva que
respira e não um droide de esmalte estranho. É fácil matar
stormtroopers.
— Porque de todas essas coisas sobre os gatilhos que acabei de te
contar? — ela disse. — Eu não acho que nada disso seja verdade.
Acho que a Estrela da Morte tem um gatilho, porque acho fácil matar
um planeta. É tudo tão abstrato. É por isso que os caras como Tagge
estão bem em enviar exércitos para a morte, enquanto eles ordenam
que seus troopers me tirem de vista para dar um tiro no meu peito.
— Um planeta não tem rosto, — disse ela. — Seria preciso um
monstro de verdade para puxar o gatilho se Alderaan tivesse um
rosto.
Os seus olhos se moveram entre Aphra e o preto do cano da arma.
Aphra sempre defendera o Império como a melhor escolha
disponível, melhor que a anarquia. Hoje o Império havia destruído
um planeta, pior do que o custo de uma guerra em uma tarde. Não
fazia ideia do que fazer com esses sentimentos. Talvez quando eles
tivessem esfriado, ela pudesse justificar isso, o que é um planeta se
ele cimenta uma paz real? Isso soa como o tipo de lógica que
recorreria. As necessidades justificam os fins e tudo mais.
Mas agora, apenas desejava que pudesse haver um Império melhor
e desejava que houvesse alguém que pudesse fazer isso.
O menino estava chorando. Aphra sentiu vergonha e raiva se
misturando dentro dela. A sua excitação era real. A sua raiva era real.
Era tudo real.
Mas estava nublada pela vergonha, vergonha que estava certa.
Poderia ter atirado em um stormtrooper. Ela não ia atirar nesse
garoto com o rosto molhado e olhos aterrorizados.
— Certo, — ela disse, começando a se afastar. — Este é o acordo.
Coloque o capacete de volta. Diga a eles que você atirou em mim. Se
eles perguntarem, diga que eu implorei, mas eles não vão perguntar.
Outra morte hoje não vai exatamente ser avaliada, certo?
Atirou o blaster no chão. Ele pulou volta.
— Esse é o seu pessoal pensando que você fez o seu trabalho, —
disse ela. — Alderaan está morto, e tanto a sucateira quanto o
stormtrooper estão vivos. Parece bom?
Ele assentiu. Ela piscou e então se virou e correu, soltando o
blaster onde ele pudesse encontrá-lo.
Dentro de cem metros, ela ouviu gritos.
Dentro de duzentos, ela ouviu o grito do alarme.
Dentro de cinco minutos, ela estava colocando a Anjo da Arca em
órbita, com TIE fighter na popa, motores gritando, vendo a adaga
branca de um Star Destroier aparecer à sua frente. Enquanto se
atrapalhava com o computador de navegação, procurando uma rota
para o azul seguro do hiperespaço, ela se amaldiçoou por mais um
momento de fraqueza em um universo que não tem nenhuma. Um
dia, ela aprenderia.
ÀS 08:00.01 — SAIR DO MODO DESCANSO.
ÀS 08:01.03 — SINCRONIZAR COM A REDE DS-1OBS.
ÀS 08:02.00 — EXECUTAR AUTO DIAGNÓSTICO:

NOMEAÇÃO: MSE-6-G735Y
FUNCIONALIDADE: Entrega/reparo
ATRIBUÍDO PARA: Unidade de manutenção, setor AA-345, DS-1
Estação Orbital de Batalha.
CHECAGEM DE SISTEMA:
Processador matriz de circuito modular: Otimizado.
Sensores de proximidade: Otimizado.
Sensores do compartimento interno: Otimizado.
Comportas dorsais: Otimizado.
Holo gravador: Otimizado.
Motores dynadrive 9-ES: Otimizado.
Rodas: banda de rodagem esquerda frontal, ABAIXO DO IDEAL.
Requer substituição em 30 ciclos.

ÀS 08:04.12 — ENTRAR NO MODO DE ESPERA.


ÀS 08:15.37 — SENSORES DE APROXIMAÇÃO: bio-assinatura
detectada.
ÀS 08:15.38 — IDENTIFICANDO BIO-ASSINATURA: Nomeação
TK-421. Nível de segurança: Lambda.
— Bom dia, G7.
Às 08:15.40 — COMANDO DE VOZ DA BIO-ASSINATURA: "Bom
dia, G7". REGISTRADO.
Resposta exigida, AFIRMATIVA: Bipebipe.
— Abra para mim.
08:15.45 — COMANDO DE VOZ DA BIO-ASSINATURA: "abra pra
mim". REGISTRADO.
Resposta exigida: desativar a tranca, abrir comportas dorsais.
— Ótimo. Pegue este servo escâner, e leve-o ao TK-450, no Angar
de Ancoragem 228. Você sabe como fazer.
08:15.55 — COMANDO DE VOZ DA BIO-ASSINATURA: — Pegue
este servomotor escâner, e leve-o ao TK-450, no Hangar de
Ancoragem 228. REGISTRADO.
Resposta exigida: Entrega de carga/ sub-rotina de recebimento.
ÀS 08:16.23 — CARGA RECEBIDA DA BIO-ASSINATURA TK-
421.
ÀS 08:16.33 — FECHAR COMPORTAS DORSAIS, ACOPLANDO A
TRAVA.
ÀS 08:16.36 — ACOPLANDO OS SENSORES DO HANGAR
INTERNO.
ÀS 08:16.45 — CARGA A BORDO IDENTIFICADA: Servo, escâner
imperial 97-DX-8.
ÀS 08:16.52 — ROTA TRAÇADA, AUTO NAVEGAÇÃO ATIVADA.
LIGANDO OS MOTORES.

Às 08:44.33 — CHEGANDO AO DESTINO: DB-28.


Às 08:45.04 — SENSORES DE APROXIMAÇÃO: destinatário
detectado.
Às 08:45.10 — ENCONTRAR O DESTINATÁRIO: Nomeação TK-
450. Nível de segurança: Rho.
ÀS 08:45.33 — ALERTA DE CHEGADA AO DESTINATÁRIO:
BipeBipe.
— Oh! Não vi você aí embaixo, amigão.
ÀS 08:45.48 — DESACOPLANDO A TRAVA, ABRINDO
COMPORTAS DORSAIS.
— Aí está. Finalmente. Esperei por 6 ciclos pra ter isso.
ÀS 08:45.55 — INICIAR REGISTRO PARA O DESTINATÁRIO
RECEBER A CARGA.
— Ah, Certo. “TK-450, reconheço que recebi a carga”. — O
destinatário afirmou brevemente, para fins de seguir o protocolo. —
Pronto. De todo modo, você demorou bastante lá embaixo. Nós
estamos com a cópia de segurança. Eu estou com 12 naves
aguardando pelo escâner. O general Tagge esteve aqui ontem. Com
aquela veia pulsando na testa. Vocês realmente deviam começar...
ÀS 08:46.39 — DESATIVANDO O HOLO GRAVADOR.
— Uau, você sabe, eu não havia terminado. Não, quer saber, tudo
bem. Essa é uma situação típica. Consigo ver claramente que o TK-
421 programou você. Você é como ele, ignora as coisas que não quer
ouvir. Tudo bem, carinha. Tanto faz.
ÀS 08:46.46 — FECHANDO A COMPORTA DORSAL,
ACOPLANDO TRANCA.
— Você sabe disso: com toda certeza, o 421 não duraria nem um
minuto aqui. E ele também sabe disso. Ele nunca teve que lidar com
as pessoas. Em todo ciclo, apenas falando com droides que mal
conseguem esfregar dois processadores sinápticos um no outro. Ele
nunca teve um oficial como o Tagge, que fica o tempo todo com a
corda no seu pescoço. Ou Tarkin. Ou o cão de guarda do Tarkin, de
ferro e encapado. Eu queria ver o 421 olhando nos holo visores de
transparaço daquele cara. Ele cairia morto rapidinho...
ÀS 08:46.59 — CONTRIBUIÇÃO IRRELEVANTE NA
ENTREGA/SUB-ROTINA DE RECEBIMENTO, PARÂMETROS
ALCANÇADOS.
ÀS 08:47.00 — ROTA TRAÇADA, AUTO NAVEGAÇÃO ATIVADA;
LIGANDO OS MOTORES.

ÀS 09:12.07 — CHEGANDO AO DESTINO. SETOR DA UNIDADE


DE MANUTENÇÃO AA-345.
ÀS 09:12.10 — SENSORES DE PROXIMIDADE: Bio-assinatura
detectada.
ÀS 09:12.12 — IDENTIFICANDO BIO-ASSINATURA: nomeação
TK-421. Classe: Lambda.
— Essa foi rápida, G7. O droide rato mais rápido da frota. São
aqueles novos rotores que coloquei, já estão surtindo efeito. Sabe de
uma coisa? Você deveria participar de um circuito de corrida. Você
gostaria de tentar?
ÀS 09:12.15 — BIO-ASSINATURA PERGUNTA: “você gostaria de
tentar?”. REGISTRADO. Resposta exigida, AFIRMATIVA: BipeBipe.
— Minha transferência está a caminho, G7. Eu vou levar você
comigo, é uma promessa. Eu e você. Nós ficaremos em Coruscant,
trate de pintar algumas listras de corrida em você. E assim,
começaremos a ganhar créditos. Só espere, amigão. Você vai ver.
ÀS 09:13.33 — COMANDO DE VOZ DA BIOASSINATURA: “Só
espere, amigão. Você vai ver.” REGISTRADO. ANALISADORES
SINTÁTICOS: RETÓRICA. Não é exigido resposta.
— Nós estamos aprisionados nessa estação, G7. Essa é a verdade.
Oh, não me entenda errado: claro, em termos estéticos? É um belo
lugar. Linhas limpas, uma agradável paleta de cores cinza. E a
iluminação, que eu gosto muito, e estou lisonjeando seriamente.
Quando fui designado para a Lasan, havia uma excessiva iluminação.
Urghh. Você consegue imaginar isso?
ÀS 09:14.00 — BIO-ASSINATURA PERGUNTA: “consegue
imaginar isso?”. REGISTRADO. ANALISADORES SINTÁTICOS:
RETÓRICO. Não é exigido resposta.
— Por onde quer que andássemos, nossa aparência era tão...
pálida. Isso é triste. Mas, e aqui? Iluminar somente as paredes, e
sem excesso. Isso é tão inteligente. Esse é o trabalho da engenharia
imperial em ação. Se eu conseguir aquele lugar em Coruscant, G7, eu
definitivamente vou ter que lidar com isso, com todo esse sistema de
iluminação. Sabe, longas, finas e paredes ovais, você conseguiria
lidar com isso? Absolutamente. — O Stormtrooper parou de falar, e
depois continuou.
— E sim, tem aquele vaporizador de planetas do tamanho de uma
lua. Saquei. Eu não estou dizendo que viver em uma máquina orbital
gigante da morte não é excitante. Mas não há tempo para descanso,
esse é o ponto. Você tem que estar o tempo todo disponível. Todos
esses afazeres, essas inspeções de última hora. Eu odeio ter que usar
esse capacete o tempo todo. É péssimo para a pele. G7, você não tem
ideia do quão ruim é. Só olhe pra isso!
ÀS 09:15.02 — COMANDO DE VOZ DA BIO-ASSINATURA “só
olhe para isso”. LOGADO. ANALISADORES SINTÁTICOS:
IMPERATIVO. RESPOSTA EXIGIDA: Ativar holo gravador.
— Eu arranjaria problemas apenas por tirar esse balde estúpido da
cabeça. É disso que estou falando. E esse queixo pontiagudo? Faz
com que eu pareça um macaco-lagarto Kowakiano, honestamente.
Urghh, me sinto tão nojento. Não olhe para mim!
ÀS 09:15.56 — VOZ DE COMANDO DA BIO-ASSINATURA “não
olhe para mim”. REGISTRADO. RESPOSTA EXIGIDA: Desligar holo
gravador.
— Tanto faz. Eu estou divagando. Registre a entrega da carga.
Depois, entre no modo de espera.
ÀS 09:16.03 — MÚLTIPLAS VOZES DE COMANDO DE BIO-
ASSINATURAS. REGISTRADO. Resposta exigida: Registrar a
entrega da carga na base de dados DS-1OBS. Entrando no modo de
espera.

ÀS 13:31.04 — SENSORES DE PROXIMIDADE: bio-assinatura


detectada.
ÀS 13:31.05 — IDENTIFICANDO BIO-ASSINATURA: Nomeação
TK-421. Nível de segurança: Lambda
— Acorda, G7.
ÀS 13:31.09 — COMANDO DE VOZ DA BIOASSINATURA:
“acorda, G7. REGISTRADO. Saindo do modo de espera. Resposta
exigida, AFIRMATIVA: BipeBipe.
— Abra.
ÀS 13:35.45 — COMANDO DE VOZ DA BIO-ASSINATURA:
“abra”. REGISTRADO. Resposta exigida: Desacoplando travas,
abrindo comportas dorsais.
— Entregue isso ao quadrante de detenção.
ÀS 13:44.09 — COMANDO DE VOZ DA BIO-ASSINATURA:
“entregue isso ao quadrante de detenção”. REGISTRADO. Resposta
exigida: Entrega de carga/sub-rotina de recebimento.
ÀS 13:44.15 — CARGA RECEBIDA DA BIO-ASSINATURA TK-421.
ÀS 13:44.18 — FECHANDO COMPORTAS DORSAIS,
ACOPLANDO TRAVAS.
ÀS 13:44.28 — LIGANDO SENSORES INTERNOS.
ÀS 13:44.35 — CARGA IDENTIFICADA: Agulha injetora
hipodérmica C-7R para droide interrogador IT-O.
ÀS 13:44.39 — ROTA TRAÇADA, AUTO NAVEGAÇÃO ATIVADA;
LIGANDO OS MOTORES.

ÀS 14:59.04 — CHEGANDO AO DESTINO: Bloco de detenção AA-


23.
ÀS 14:59.35 — SENSORES DE PROXIMIDADE: Destinatário
detectado. Droide interrogador IT-O também detectado.
ÀS 14:59.40 — IDENTIFICANDO O DESTINATÁRIO: Nomeação
desconhecida. Nível de segurança: Gamma.
— Aí está você. É melhor que você esteja com a minha agulha
hipodérmica, droide rato. A ordem foi dada a dois subciclos atrás.
Seus atrasos são imperdoáveis! Ele está a caminho daqui agora!
Bem? Abra logo, rápido.
ÀS 14:59.49 — COMANDO DE VOZ DO DESTINATÁRIO: “abra
logo, rápido”. REGISTRADO. Resposta exigida: Desacoplando
travas, abrindo comportas dorsais.
— Finalmente! Você tem sorte. Terei tempo suficiente para instalá-
lo antes que ele chegue aqui. Por sua causa, eu preciso me apressar.
Se eu tivesse que adiar esse interrogatório por conta da sua
incompetência...
ÀS 15:00.0 — SENSORES DE PROXIMIDADE: bio-assinatura se
aproximando pelo turbo elevador do corredor sul. Chegada prevista
para 15:00.10.
— É ele! Pronto! Vá embora daqui! Rápido!
ÀS 15:00.03 — PROTOCOLO EM CONFLITO. PROTOCOLO EM
CONFLITO. 1: ENTREGA DE CARGA DE SUB-ROTINA EXIGE
ESTRITAMENTE UMA HOLO GRAVAÇÃO COM O
RECONHECIMENTO DE QUE A CARGA CHEGOU AO
DESTINATÁRIO. 2: COMANDO DE VOZ DA BIO-ASSINATURA:
“vá embora daqui! Rápido!” REGISTRADO. Exigindo resposta para a
resolução do conflito: COMANDO DE VOZ DA BIO-ASSINATURA
EMITIU UMA ORDEM: “vá embora daqui! Rápido!”. SEGUIR A
INSTRUÇÃO DO NÍVEL DE SEGURANÇA GAMA; SOBREPÔ-LA
AO NÍVEL DE SEGURANÇA LAMBDA DA CARGA/ENTREGA DE
SUBROTINA.
RESPOSTA EXIGIDA: RETORNAR IMEDIATAMENTE À
UNIDADE DE MANUTENÇÃO, SETOR AA-345, TODA
VELOCIDADE.
ÀS 15:00.05 — TRAÇANDO ROTA, ATIVAR AUTO NAVEGAÇÃO;
LIGANDO OS MOTORES, ACELERAR.

— Uuulp.
ÀS 15:00.09 — ALERTA DE UM POSSÍVEL ACIDENTE: EM
ROTA DE COLISÃO. ALERTA DE DANOS SOFRIDOS PELA
UNIDADE MSE-6.
— Ah! Você está machucado?
ÀS 15:00.15 — OBJETO DA COLISÃO: Detectado previamente a
aproximação da bio-assinatura.
ÀS 15:00.17 — IDENTIFICANDO BIO-ASSINATURA: Nomeação
desconhecida. Nível de segurança: Alfa Um. ESTADO: Propenso
ÀS 15:00.18 — ALERTA: DETECTADO DANO CATASTRÓFICO
CAUSADO À MATRIZ DO HOLO GRAVADOR DETECTADO.
ÀS 15:00.19 — EXECUTAR A AVALIAÇÃO DE DANOS VIA AUTO
DIAGNÓSTICO.

NOMEAÇÃO: MSE-6-6735Y
FUNÇÃO: Entrega/reparo
ATRIBUÍDO PARA: Unidade de manutenção, setor AA-345,
Estação de Batalha Orbital DS-1.
CHECAGEM DE SISTEMAS:
Processador matriz de circuito modular: Otimizado.
Sensores de Proximidade: A BAIXO DO IDEAL.
Sensores do compartimento interno: Otimizado.
Comportas dorsais: Otimizado.
Holo gravador: A BAIXO DO IDEAL: IMINENTE UM MAL
FUNCIONAMENTO CATASTRÓFICO.
Motores dynadrive 9-ES: Otimizado.
Rodas: banda de rodagem esquerda frontal, ABAIXO DO IDEAL;
requer substituição em 30 ciclos.

— O que... o que está acontecendo?


— Me desculpa, senhor. A unidade MS6 apenas... seguiu direto
para você. Em uma velocidade alta. Não faço ideia do porquê. Deve
ter um péssimo motivo. Realmente sinto muito, senhor.
— Urgh. São como bestas, esses droides ratos. Sempre correndo
sob nossos pés. Por que tem que ser assi...
— Vou mandar derretê-lo até virar sucata, senhor. E o trooper que
o envio nesta condição deplorável, será punido com a maior
severidade.
— Sim. Sim, isso mesmo. Que incompetência grosseira.
— Deixe-me ajudá-lo a se levantar, senhor.
— E ainda em um momento tão crucial para o Império, quando
tanto depende de nosso rigor e disciplina, ahhhh! Argh. Blagg, Eu...
Eu pareço... Eu pareço ter machucado meu quadril, Blagg.
— Me desculpa, senhor.
— Pare de pedir desculpa, e faça algo sobre o que aconteceu.
ÀS 15:00.19 — FALHA NO SISTEMA DE HOLO GRAVAÇÃO
DETECTADA. REPETINDO A GRAVAÇÃO.
ÀS 15:00.20 — INTERROMPER A REPETIÇÃO DE GRAVAÇÃO.
CANCELAR.
— O que está acontecendo com esse droide, Blagg?
ÀS 15:00.22 — REPETIDOR DE GRAVAÇÃO NÃO PODE SER
ABORTADO. CANCELAMENTO INCONCLUÍDO. REPETIDOR DE
GRAVAÇÃO NÃO PODE SER ABORTADO. ANULAR SEM
SUCESSO.
— Eu acredito que ele está tentando ligar o holo gravador, senhor.
— Um... gravador? Para que o registr...
ÀS 15:00.26 — FALHA EM DESATIVAR O REPETIDOR DE
HOLO GRAVAÇÃO.
— Eu arranjaria problemas apenas por tirar esse balde estúpido
da cabeça. É disso que estou falando. E esse queixo pontiagudo? Faz
com que eu pareça um macaco-lagarto Kowakiano, honestamente.
Urghh, me sinto tão nojento. Não olhe para mim!
— O quê?
— Urghh, me sinto tão nojento. Não olhe para mim!
— Vou tentar desligá-lo, senhor.
— Quem é ele? Ele é... lindo!
ÀS 15:01.33 — DESLIGAMENTO DE EMERGÊNCIA DO
SISTEMA DE HOLOGRAVAÇÃO ALCANÇADO.
— O quê? Não! Reproduza a mensagem completamente.
ÀS 15:01.40 — COMANDO DE VOZ DA BIO-ASSINATURA:
“reproduza a mensagem completamente”. REGISTRADO. Resposta
exigida, CONFLITANTE: 1. O COMANDO DE VOZ DA BIO-
ASSINATURA é emitido de um nível de segurança Alfa Um, exigindo
liberação, sobrepondo-se a todos os comandos e sub-rotinas. 2. Holo
gravador não recuperável. É necessário reiniciar e reparar
completamente o sistema. RESOLUÇÃO DO CONFLITO: Resposta
exigida, NEGATIVA: Bipebope.
— Eu não acho que ele consiga obedecer, senhor. Não sem uma
reparação no sistema.
— Entendo.
— Quer tentar proceder com o interrogatório, senhor? Eu ainda
preciso instalar a agulha hipodérmica no droide de tortura.
— Droide interrogador, Blagg.
— Sim, claro, senhor. Desculpa senhor. No... droide interrogador.
E então, nós poderemos continuar.
— Não, Blagg. Não seremos nós que realizaremos o interrogatório.
Esse é o trabalho de Vader. Ele faz isso... é um deleite. Eu só desci
para garantir que você estava programando. Eu tenho que reportar.
— Eu garanto a você, senhor, estou trabalhando para concluir o
mais rápido possível. Estou dentro do cronograma, mas receio que
excederei o prazo para colocar a agulha no droide IT-O.
— Desculpas não me interessam, Blagg. Mas vou ter de dizer o que
você fará. Aquele trooper, na holo gravação.
— O que tem ele, senhor?
— Suponho que foi ele quem despachou este droide terrivelmente
teimoso. Se eu não me engano, é o mesmo trooper que você tentou
culpar pela sua lamentável falta de preparação, certo?
— Sim, eu... sim, senhor.
— Vou retornar aos meus aposentos, Blagg. E eu vou levar esse
pequeno droide horrível comigo.
— Senhor?
— Estou indo colocar algum pedaço de gelo no meu quadril, Blagg.
E eu lidarei pessoalmente com o trooper cuja incompetência é
responsável pelo desagradável inconveniente que eu sofri. Quanto ao
seu prisioneiro, Vader virá interrogá-lo pessoalmente..., porém...
você apenas precisa habilitar o droide interrogador em tempo hábil.
Eu preferiria não ter que apressar você.
— Não, senhor, é claro. Eu garanto que tudo estará pronto, senhor.
— Sua garantia, Blagg, não tem significado. Resultados, Tenente.
Nessa conjuntura, é o que importa. Um belo dia está surgindo para o
Império, Blagg, se conseguirmos controlar falhas como a sua, aqui
nesse hangar. Faça com que ela nos conte o que sabe, Blagg; essa é a
sua única prioridade. Deixe aquele trooper... comigo. Dispensado.
— Sim, sim senhor!
— Agora, você aí, droide.
ÀS 15:04.44 — COMANDO DE VOZ DA BIO-ASSINATURA: “você
aí, droide”. Prioridade Alfa Um, REGISTRADA. Resposta exigida,
AFIRMATIVA: BipeBipe.
— Seu holo gravador está com o sistema possivelmente desativado,
mas eu acredito que os seus outros sistemas estejam funcionando, de
alguma maneira improvisada? Você consegue seguir comandos
básicos, certo? Seu encontro entusiasmado com meu tornozelo
esquerdo, agora a pouco, não danificou catastroficamente o
processador matriz central?
ÀS 15:04.50 — BIO-ASSINATURA PERGUNTA: “você consegue
seguir comandos básicos, certo?”. Prioridade Alfa Um,
REGISTRADO. Resposta exigida, AFIRMATIVA: BipeBipe.
— E as suas funções motoras? Se eu o colocar de volta em pé, sobre
essas suas pequenas rodas imundas, então... você conseguiria se
mexer? Você ainda consegue encontrar sua rota, de preferência sem
bater em transeuntes, sem causar a eles angústia física e mental,
como você fez comigo?
ÀS 15:50.43 — VOZ DA BIO-ASSINATURA PERGUNTA: “você
ainda consegue encontrar sua rota, de preferência sem bater em
transeuntes, sem causar a eles angústia física e mental, como você fez
comigo?”. Prioridade Alfa Um, REGISTRADO. Análise sintática:
Sarcasmo, porém não é retórica. Resposta exigida, AFIRMATIVA:
BipeBipe.
— Excelente. Vá aos meus aposentos imediatamente, e encerre.
ÀS 15:50.43 — COMANDO DE VOZ DA BIO-ASSINATURA: “vá
aos meus aposentos imediatamente, e encerre”. Prioridade Alfa Um,
REGISTRADO. Resposta exigida: Rota traçada, ativar auto
navegação; ligando motores.

ÀS 17:37.22 — CHEGANDO AO DESTINO: alojamento dos oficiais,


setor GM1-A.
ÀS 17:37.23 — Entrando no modo de descanso.

— Aqui estamos. Acorde, MSE-6-G735Y.


ÀS XX:XX. XX — SAINDO DO MODO DE DESCANSO.
ÀS XX:XX. XX — SINCRONIZANDO COM SERVIÇO DE REDE
DS-1OBS; ALERTA: REGISTRO DE PASSAGEM DE TEMPO
CONSTA 2,5 CICLOS NO MODO DE DESCANSO. SINCRONIZAR
COM O TEMPORIZADOR INTERNO.
ÀS 09:44.03 — REALIZAR AUTODIAGNÓSTICO.
NOMEAÇÃO: MSE-6-G735Y
FUNCIONALIDADE: Entrega/reparo
ATRIBUÍDO PARA: Unidade de manutenção, setor AA-345,
estação de batalha orbital DS-1
CHECAGEM DE SISTEMAS:
Processador matriz de circuito modular: ótimo
SENSORES DE PROXIMIDADE: ótimo
Sensores do compartimento interno: ótimo
Comportas dorsais: ótimo
Holo gravador: ótimo
Motores dynadrive 9-ES: ótimo
Rodas: ótimo

— Sim. Eu reparei seus sistemas, na medida em que, um velho


homem lembra-se apenas o básico sobre mecânica de droides, de
seus dias na Academia Imperial.
ÀS 09:44.36 — SENSORES DE PROXIMIDADE: Bio-assinatura
detectada.
ÀS 09:44.38 — IDENTIFICANDO BIO-ASSINATURA: Nomeação
desconhecida. Nível de segurança: Alfa Um.
ÀS 09:44.55 — Alerta do localizado geográfico: alojamento dos
oficiais, setor GM1-A.
— Felizmente, os seus mapas de percurso são tão simples quanto
parecem. Demorei alguns ciclos para conectar seu holo gravador à
rede novamente. Também consegui para você um novo conjunto de
rodas, já que não queria aquelas anteriores, que eram nojentas.
Cheias de graxa e água de lixo, vai saber o que mais você deixou no
meu carpete. O meu adorável novo carpete, não que os seus sensores
primitivos fossem sensíveis o suficiente para ter registro sobre ele,
mas é feito de uma fibra de tecido que veio direto de Coruscant. Um
único centímetro quadrado, vale mais do que 100 droides vermes
como você, juntos
— Pronto. Vamos aos negócios! Agora eu vou gravar uma
mensagem para o seu criador, o Stormtrooper nomeado TK-421. E
eu vou pôr um item dentro do seu compartimento interno, que você
entregará a ele, junto com a holo mensagem que estou prestes a
registrar, assim como explicarei o propósito de ambas. E mais uma
coisa, preste bastante atenção:
— Eu convoco o Protocolo Imperial Alfa Um. Confirmar.
ÀS 09:46.02 — COMANDO DE VOZ DA BIO-ASSINATURA,
ALERTA PARA ANULAR TODAS AS ORIENTAÇÕES
ANTERIORES. REDEFINIR. COMANDO DE VOZ RECEBIDO: “eu
convoco o Protocolo Imperial Alfa Um. Confirmar.” ASSUMINDO
PROTOCOLO PRIORIDADE. RESPOSTA EXIGIDA, AFIRMATIVA:
BipeBipe
— Sim, muito bom. Você não deverá registrar no holo gravador a
essas instruções que acabei de emitir. Sem registro no localizador
geográfico. Sem salvamento de rotina para a rede Imperial. Em vez
disso, você desviará essas instruções, e todas as subsequentes sub-
rotinas relacionadas, para o meu dadoefêmero-neuronuvem, no qual
ficarão hospedados até o momento em que você executar a ordem, e
então, elas serão embaralhadas repetidas vezes, até serem eliminadas
de sua memória. Confirmar.
ÀS 09:46.33 — COMANDO DE VOZ DA BIO-ASSINATURA:
“confirmar”. PRIORIDADE ALFA UM REGISTRADO. RESPOSTA
EXIGIDA, AFIRMATIVA: BipeBipe.
— Então, muito bem. Ligar holo gravador.
ÀS 09:46.40 — COMANDO DE VOZ DA BIO-ASSINATURA: “ligar
holo gravador”. PRIORIDADE ALFA UM, REGISTRADO.
RESPOSTA EXIGIDA: LIGAR HOLO GRAVADOR.
[MEMÓRIA APAGADA]

[MEMÓRIA APAGADA]
XX:XX. XX — DESLIGANDO REPRODUÇÃO DO
HOLOGRAVADOR.
— Bem. Bem, bem, bem. Não é... não é qualquer mensagem, G7.
XX:XX. XX — SINCRONIZAR COM serviço de rede DS-1OBS;
SINCRONIZAR COM O TEMPORIZADOR INTERNO.
ÀS 10:38.16 — ALERTA: MEMÓRIA DESAPARECIDA
ÀS 10:38.16 — ALERTA: LOCALIZAÇÃO DESCONHECIDA;
EXIGINDO LOCALIZADOR GEOGRÁFICO.
ÀS 10:38.17 — ALERTA: ABRINDO COMPORTAS DORSAIS.
COMPARTIMENTO INTERNO VAZIO.
ÀS 10:38.19 — EXECUTAR AUTO DIAGNÓSTICO.

NOMEAÇÃO: MSE-6-G735Y
FUNCIONALIDADE: Entrega/reparo
ATRIBUÍDO PARA: Unidade de manutenção, setor AA-345,
estação de batalha orbital DS-1
CHECAGEM DE SISTEMA:
Processador matriz de circuito modular: ótimo
SENSORES DE PROXIMIDADE: ótimo
Sensores do compartimento interno. Ótimo
Comportas dorsais: ótimo; ALERTA: aberto
Holo gravador: ótimo
Motores dynadrive 9-ES: ótimo
Rodas: ótimo

ÀS 10:38.51 — LOCALIZADOR GEOGRÁFICO: unidade


manutenção, setor AA-345, estação de batalha DS-1.
ÀS 10:38.52 — SENSORES DE PROXIMIDADE: bio-assinatura
detectada.
ÀS 10:38.53 — IDENTIFICANDO BIO-ASSINATURA: nomeação
TK-421. Nível de segurança: Lambda.
— Quero dizer, você não recebe holo mensagens como essa todos
os dias. Parece que eu chamei a atenção de alguém, G7. Me sinto
lisonjeado, não vou mentir. Ainda tenho o jeito! Não sei como isso
aconteceu, mas sinto que você teve algo a ver com isso.
— Hum... tudo bem. Isso... pode ser bom, G7. Muito bom pra nós.
Se eu jogar bem, tomando decisões razoáveis, poderemos ser
transferidos para Coruscant.
— ...E se eu jogar muito bem, tomando as melhores decisões,
poderemos ter qualquer coisa
— Como jogar de modo excelente, é que é a questão. Minha
próxima jogada será crucial, G7. Eu não posso vir muito forte, pois
ele quer estar no controle, isso está muito claro. E ele certamente não
está sendo ardiloso sobre as suas intenções. Então, preciso ser direto,
mas não agressivo, e nem apresentar intenção negociadora. Ainda
assim, eu provavelmente... deveria ser um pouco mais macho, certo?
ÀS 10:39.44 — BIO-ASSINATURA PERGUNTA: “eu
provavelmente deveria ser um pouco mais macho, certo?”
REGISTRADO. ANÁLISE SINTÁTICA: INCONCLUSIVA.
INFORMAÇÕES INSUFICIENTES.
— Sim, eu deveria. Ele é um oficial que passou pela Academia. Eles
sempre buscam pela mesma coisa — Orla exterior, trooper das
periferias da galáxia. Você sabe, esperam por aquela conduta: “Oh,
senhor, eu nunca... fiz algo assim antes”. Acredite em mim, eu
conheço o tipo dele — por fim, o trooper disse — tudo certo. Ligar
holograv... Espera!
ÀS 10:40.23 — COMANDO DE VOZ DA BIO-ASSINATURA: “ligar
hologravaespera”. REGISTRADO. ANÁLISE SINTÁTICA: LIGAR
HOLO GRAVADOR; PARAR GRAVAÇÃO.
— Capacete...desligado, Acho, por isso, G7. Dê-lhe algo para ele
começar... Ali. Certo. Iniciar hologravador.
10:40.39 — COMANDO DE VOZ DA BIO-ASSINATURA: “ligar
hologravaespera”. REGISTRADO. HOLO GRAVADOR INICIADO.
— Senhor! TK-421, recebi a sua ordem. Eu irei aos seus aposentos
o quanto antes, senhor. Assim que eu... tomar banho com isso aqui...
com o sabonete de espuma antibacteriano que o senhor enviou.
Muito atencioso da sua parte, senhor. É uma honra poder reparar a
sua unidade aqualazer, senhor. E eu preciso agradecer, senhor,
muito obrigado por enviar o meu pequeno MSE-6 de volta em um
estado tão bom. Você tem um dom, se não for muito ousado da
minha parte dizer isso, senhor. TK-421 desligando! Desligue o holo
gravador...
ÀS 10:41.40 — COMANDO DE VOZ DA BIO-ASSINATURA:
“desligue o holo gravador”. REGISTRADO. DESLIGANDO HOLO
GRAVADOR.
— Sempre deixe algumas lisonjas no fim, G7. Uma pequena
bajulação como essa, será a última coisa que eles ouvem antes de
desligar, e será a primeira coisa em que pensarão na próxima vez que
você os encontrar. Não custa nada. Certo, agora vá aos aposentos
dele, entregue a mensagem e fique no modo de espera.
ÀS 10:41.45 — MÚLTIPLOS COMANDOS DE VOZ DA BIO-
ASSINATURA REGISTRADOS.
— Eu irei até você em alguns minutos. Por enquanto eu preciso...
ficar mais apresentável. Fazer algumas flexões para me aquecer.
ÀS 10:41.55 — TRAÇANDO ROTA PARA AUTO NAVEGAÇÃO;
LIGANDO OS MOTORES.

ÀS 11:35.33 — CHEGANDO AO DESTINO: aposentos dos oficiais —


SETOR GM1-A
ÀS 11:35.33 — SENSORES DE PROXIMIDADE: bio-assinatura
detectada.
ÀS 11:35.34 — IDENTIFICANDO BIO-ASSINATURA: nomeação
desconhecida. Nível de segurança: Alfa Um.
— Sim? E então? O que ele disse? Ele está vindo?
ÀS 11:35.34 — BIO-ASSINATURA PERGUNTA: “o que ele disse?
REGISTRADO. Reproduzindo holo gravação: “E eu preciso
agradecer, senhor, muito obrigado por enviar o meu pequeno MSE-6
de volta em um estado tão bom. Você tem um dom, se não for muito
ousado da minha parte dizer isso, senhor. TK-421 desligando!”
— Nossa, mas ele está se portando de uma maneira um tanto
estúpida. Ah, bem. Nós vamos jogar.
ÀS 11:36.48 — ENTRANDO NO MODO DE ESPERA.

ÀS 12:03.48 — SENSORES DE PROXIMIDADE: duas bio-


assinaturas detectadas.
ÀS 12:03.49 — Bio-assnatura identificada: 1. Nomeação
desconhecida. Nível de segurança: Alfa Um. 2. Nomeação TK-421.
NÍVEL DE SEGURANÇA: Lambda.
ÀS 12:03.55 — SAINDO DO MODO DE ESPERA.
— Senhor! TK-421 reportando.
— Eu sei quem é você, trooper. Entre.
— Sim, senhor.
— Mas primeiro, remova a sua armadura.
— Senhor?
— A sua armadura. Eu não quero que você espalhe graxa, carbono
de blaster e sabe lá o que mais, em meus aposentos. Acabei de
colocar um novo carpete, e...
— Eu percebi isso, senhor. É um carpete adorável. É fibra de tecido
de Coruscant, não é?
— De fato. Vejo que você sabe mais do que aparenta, trooper.
— Ooh, a sensação na ponta dos dedos é tão boa. Isso é qualidade,
vou te falar, isso é que é técnica artesanal! — O trooper se contém, e
se relembra de seu objetivo. — Enquanto eu trabalho, senhor, onde
devo deixar a minha armadura?
— Na cadeira, próximo a cama, trooper. A propósito, isso é pele de
veermok. Criaturas desagradáveis.
— Caramba! Muito impressionante, senhor.
— De fato. Bem, a unidade aqualesiure está aqui. Você cuida dos
seus negócios. Eu tenho que me preparar para um jantar com os
outros oficiais. Eu estarei... bem aqui.
— Sim senhor.
— Psiu! Droide, vem cá! Execute o Protocolo Imperial Alfa Um.
Confirmar.
[Memória apagada]

[MEMÓRIA APAGADA]
XX:XX. XX — SAINDO DO MODO DE DESCANSO.
XX:XX. XX — SINCRONIZANDO COM O SERVIÇO DE REDE
DS-1OBS; ALERTA: REGISTRO DE PASSAGEM DE TEMPO
CONSTA 7,52 CICLOS NO MODO DE DESCANSO; SINCRONIZAR
COM O TEMPORIZADOR INTERNO.
ÀS 08:33.06 — ALERTA: MEMÓRIA APAGADA
ÀS 08:33.07 — ALERTA: LOCALIZAÇÃO DESCONHECIDA;
EXIGINDO LOCALIZADOR GEOGRÁFICO
ÀS 08:33.10 — ALERTA: EXECUTAR AUTO DIAGNÓSTICO:

NOMEAÇÃO: MSE-6-G735Y
FUNCIONALIDADE: Entrega/reparo
DESIGNADO PARA: Unidade de manutenção, setor AA-345,
Estação de Batalha Orbital DS-1
CHECAGEM DE SISTEMAS:
Processador matriz de circuito modular: ótimo
SENSORES DE PROXIMIDADE: ótimo
Sensores do compartimento interno: ótimo
Comportas dorsais: ótimo
Holo gravador: ótimo
Motores dynadrive 9-ES: ótimo
Rodas: ótimo

ÀS 08:33.15 — LOCALIZADOR GEOGRÁFICO: Unidade de


manutenção, setor AA-345, Estação de Batalha Orbital DS-1.
— Bem vindo de volta ao mundo, G7.
ÀS 08:33.16 — SENSORES DE PROXIMIDADE: bio-assinatura
detectada.
ÀS 08:33.20 — IDENTIFICANDO BIO-ASSINATURA: nomeação
TK-421. Nível de segurança: Beta [NOTA: ATUALIZAÇÃO]
— Sim, eu sei, eu sei. A sua memória está... entrecortada. Não se
preocupe. Você não está funcionando mal, é... bem, ele apenas estava
tendo cuidado. “ Um excesso de cuidado”, de acordo com ele. É assim
que ele fala. À longo prazo, isso é o melhor. Não leva pro lado
pessoal, tá bom? Ele está... sobrecarregado. Há muita pressão nele.
Está estressado...
ÀS 08:33.42 — BIO-ASSINATURA PERGUNTA: “não leva para o
lado pessoal, tá bom?” LOGADO. ANÁLISE SINTÁTICA:
INCONCLUSIVA. Conhecimento insuficiente.
— Ele tem essa concha, sabe. Esse exterior gelado. Ele precisa ser
assim, tudo depende dele. Mas comigo, ele pode abandonar isso, e
ser quem ele é. Conversamos sobre as coisas mais idiotas, G7.
Depois, ele falou algumas vezes, que eu sou o único que consegue
fazê-lo rir. É tão... fofo.
— O que eu quero dizer, G7, é que se você aguentar mais um
pouco, estaremos bem longe daqui.
— E cá entre nós, G7, você só vai ter que confiar em mim nisso...
há algumas coisas que você... não precisa ver, francamente. Coisas de
humanos. É complicado...
— ...Confuso.
— De qualquer forma, boas notícias: consegui a nossa
transferência. Agora, não é para Coruscant... não ainda , mas
estamos chegando perto. Agora eu sou segurança de estação. Do
nível 300. Não é tão atraente... principalmente como guarda, eu
suponho — mas é um trabalho razoavelmente confortável, de acordo
com ele. Eu carregarei um rifle blaster, e darei ordem às pessoas. É
tudo muito machão.
— Vamos deixar o tempo passar um pouco, entenda, depois me
contatará para dar mais detalhes. E então, G7: Coruscant. Você será
um droide do circuito de corrida. Eu vou preparar a cobertura... ele
disse que terá boa iluminação, certo. Mas quero dizer, isso é
reparável. Terá uma varanda que dá para as ruínas do Palácio
Imperial, você sabe. Muito agradável.
— Espere, aguenta firme. Estou recebendo no capacete... uma
transmissão.
— TK-421 aqui. Sim senhor.
— Minha primeira tarefa está chegando, G7! Serviço como
guarda... falei pra você! Guardar um... Comandante, por favor,
repita... é para proteger um cargueiro leve que foi capturado?
Entendido, comandante. Comandante, TK-421 desligando!
— Bem, aí está. Ficarei em algum lugar, perambulando com um
blaster quem sabe por quantos subciclos. Ainda assim, é temporário,
G7. Ok, vá até os aposentos dele. Ele vai exigir seus... serviços,
quando eu chegar lá.
ÀS 08:35.22 — COMANDO DE VOZ DA BIO-ASSINATURA: “vá
até os aposentos dele” REGISTRADO. RESPOSTA EXIGIDA: ROTA
PARA AUTO NAVEGAÇÃO TRAÇADA; LIGANDO MOTORES.

ÀS 09:08.26 — CHEGANDO AO DESTINO: aposento dos oficiais


— SETOR GM1-A.
ÀS 09:08.27 — SENSORES DE PROXIMIDADE: bio-assinatura
detectada.
ÀS 09:08.28 — IDENTIFICANDO BIO-ASSINATURA: nomeação
desconhecida. Nível de Segurança: Alfa um.
— O que você está fazendo aqui? Ele... me enviou algo? Uma
mensagem? Ou... alguma outra coisa?
ÀS 09:08.30 — BIO-ASSINATURA PERGUNTA: “ele me enviou
algo uma mensagem ou outra coisa”. Prioridade Alfa Um
REGISTRADO. Resposta exigida, negativa: Bipebope.
— Então o que você está... quer saber, tanto faz. Não importa. Eu
tive um dia empolgante no trabalho. Fiz uma apresentação
incrivelmente boa. Diria que explosivamente boa. heh heh heh heh...
e agora estou absolutamente, Eu estou bastante tenso..
— Encontre-o. Traga-o aqui. Imediatamente.
ÀS 09:09.13 — COMANDO DE VOZ DA BIO-ASSINATURA:
“encontre-o traga-o aqui imediatamente” Prioridade Alfa um
REGISTRADO. RESPOSTA EXIGIDA: IDENTIFICANDO SUB-
ROTINA GEOLOCALIZADORA. EXECUTAR.
ÀS 09:09.15 — ESTABELECENDO LIGAÇÃO COM SISTEMA DE
REDE DS-1OBS. BUSCANDO PELO GEOSINALIZADOR NO
CAPACETE DO TK-421.
ÀS 09:09.48 — GEOSINALIZADOR DO CAPACETE DA
UNIDADE TK-421 LOCALIZADA: ANGAR 327.
ÀS 09:09.50 — ROTA TRAÇADA, ATIVANDO AUTO
NAVEGAÇÃO; LIGANDO MOTORES, VELOCIDADE MÁXIMA.

ÀS 09:52.21 — ALERTA: EXIGIDA UMA ATUALIZAÇÃO NA ROTA:


GEOSINALIZADOR DO CAPACETE DA UNIDADETK-421 EM
MOVIMENTO, PARTIDA DO HANGAR 327.
ÀS 09:52.30 — ATUALIZANDO ROTA PARA INTERCEPTÁ-LO
NO TURBO ELEVADOR L301-E. LIGANDO MOTORES,
VELOCIDADE MÁXIMA.
ÀS 09:59.02 — APROXIMANDO-SE DO TURBO ELEVADOR
L301-E.
ÀS 09:59.04 — SENSORES DE PROXIMIDADE: três bio-
assinaturas detectadas.
ÀS 09:59.07 — IDENTIFICANDO BIO-SASSINATURAS: 1º.
Wookiee, nomeação desconhecida. Nível de segurança: nenhuma
resposta. Nível de ameaça: desconhecido. 2º. Nomeação TK-710.
Nível de segurança: Zeta. 3º. Nomeação TK-421. Nível de segurança:
Beta (atualizado). Executar ordens: “encontre-o, traga-o aqui
imediatamente”. COMANDO DE VOZ DE PRIORIDADE ALFA UM.
RECUPERAÇÃO DE SUBROT...
ÀS 09:59.08 — ALERTA
ÀS 09:59.09 — ALERTA: ANOMALIA BIOMÉTRICA
DETECTADA NO TK-421. ALERTA: ANOMALIA BIOMÉTRICA
DETECTADA NO TK-421.
ÀS 09:59.10 — TK-421 BIO-REGISTRO EM CONFLITO COM O
REGISTRADO NO SERVIÇO DE REDE IMPERIAL.
ÀS 09:59.11 — EXECUTAR AUTODIAGNÓSTIaodwpdklawdo...
ÀS 09:59.12 — ALERTA display de nível de ameaça do Wookiee.
ALERTA ALERTA NÍVEL DE AMEAÇA: vermelho. ALERTA,
cancelar autodiagnóstico.
ÀS 09:59.13 — ALERTA EXECUTAR AUTOPRESERVAÇÃO/SUB-
ROTINA DE FUGA. PARALISAÇÃO DAS FUNÇÕES MAIS
ELEVADAS. LIGANDO MOTORES, VELOCIDADE MÁXIMA...
ALERTA.
ÀS 09:59.14 — ALERTA ALERTA ALERTA ALERTA ALERTA
ALERTA ALERTA ALERTA ALERTA.

ÀS 10:05.22 — ALERTA ALERTA ALERTA ALERTA ALERTA


ALERTA ALERTA.
ÀS 10:06.23 — NÍVEL DE AMEAÇA: VERDE. DESLIGAR
AUTOPRESERVAÇÃO/SUB-ROTINA DE FUGA. RESTAURAR
FUNÇÕES MAIS ELEVADAS.
ÀS 10:06.38 — EXECUTAR AUTODIAGNÓSTICO.

NOMEAÇÃO: MSE-6-G73Y
FUNCIONALIDADE: Entrega/Reparo
ATRIBUÍDO PARA: Unidade de manutenção, setor AA-345,
Estação de Batalha Orbital DS-1.
CHECAGEM DE SISTEMAS:
Processador matriz de circuito modular: a baixo do ideal. Múltiplas
instâncias de perda de memória detectadas.
SENSORES DE PROXIMIDADE: ótimo
Sensores do compartimento interno: ótimo
Comportas dorsais: ótimo
Holo gravador: ótimo
Motores dynadrive 9-ES: ótimo
Rodas: ótimo

ÀS 10:07.41 — Geolocalização: Unidade de manutenção, setor AA-


345, Estação de Batalha Orbital DS-1.
ÀS 10:47.45 — Entrando no modo de descanso.
[MEMÓRIA APAGADA]

[MEMÓRIA APAGADA]
ÀS XX:XX. XX — SAINDO DO MODO DE DESCANSO
ÀS XX:XX. XX — SINCRONIZANDO COM SERVIÇO DE REDE
DS-1OBS. ALERTA: REGISTRO DE PASSAGEM DE TEMPO
CONSTA 3,73 CICLOS NO MODO DE DESCANSO;
SINCRONIZANDO COM TEMPORIZADOR INTERNO.
ÀS 08:33.03 — ALERTA: MEMÓRIA PERDIDA
ÀS 08:33.07 — ALERTA: LOCALIZAÇÃO DESCONHECIDA;
EXIGINDO GEOLOCALIZAÇÃO.
ÀS 08:33.10 — EXECUTAR AUTODIAGNÓSTICO.

NOMEAÇÃO: MSE-6-G73Y
FUNCIONALIDADE: Entrega/Reparo
Atribuído para: Unidade de manutenção, setor AA-345, Estação de
Batalha Orbital DS-1.
CHECAGEM DE SISTEMAS:
Processador matriz de circuito modular: a baixo do ideal. Múltiplas
instâncias de perda de memória detectadas.
SENSORES DE PROXIMIDADE: ótimo
Sensores do compartimento interno: ótimo
Comportas dorsais: ótimo
Holo gravador: ótimo
Motores dynadrive 9-ES: ótimo
Rodas: ótimo

ÀS 08:33.15 — Geolocalização: aposento dos oficiais — setor GM1-


A.
ÀS 08:33.16 — ALERTA: SENSORES DE PROXIMIDADE: bio-
assinatura detectada.
— O seu mestre, pequeno droide. Está morto.
ÀS 08:33.17 — BIO-ASSINATURA IDENTIFICADA: nomeação
desconhecida. Nível de segurança: Alfa Um.
— Assassinado. Pela escória rebelde. Roubaram o seu traje, e
enfiaram aquele... corpo notável dele num espaço apertado.
— Eu quero que você saiba que... eles vão pagar. Em poucos
segundos, essa estação aniquilará os últimos resíduos lamentáveis da
Rebelião, e o seu mestre será vingado.
— Ele era... mais inteligente do que aparentava. Ele achou que eu
não havia notado, mas... ah bem. Eu tinha... muitos planos pra ele,
você sabe. Pra... pra nós. Muitos planos.
ÀS 08:34.05 — ALERTA: SENSORES DE PROXIMIDADE:
explosão detectada no nível 100, setor GM1-B, corredor L104E.
LEVE OSCILAÇÃO NOS ESCUDOS DE FORÇA DA ESTAÇÃO DE
BATALHA. EXECUTAR SUB-ROTINA DE REPARO. ROTA
TRAÇADA, AUTO NAVEGAÇÃO ATIVADA; LIGANDO MOTORES.
— Onde você pensa que está indo? Espere aqui!
ÀS 08:34.011 — COMANDO DE VOZ DA BIO-ASSINATURA:
“fique aqui”. Prioridade Alfa Um REGISTRADA. Desligando
motores.
— Esse ataque rebelde à Estação é irrelevante. Eles são uma praga,
como os mynocks, estão sendo vaporizados contra nossas defesas
externas. Ignore eles, e qualquer dano mínimo que conseguirem
causar antes de serem extintos.
— Porque hoje, pequenino, hoje você não é um simples droide de
reparo e manutenção. Hoje, e apenas hoje, pelo bem do seu mestre,
você testemunhará o incrível poder destrutivo desta Estação de
Batalha.
ÀS 08:34.49 — ALERTA: SENSORES DE PROXIMIDADE:
explosão detectada no nível 200, setor XR-8, corredor R383E. Micro
ruptura no revestimento de contenção de íon. Não execute a sub-
rotina de reparo, prioridade Alfa Um.
— Idiotas irresponsáveis! Deixe que eles venham! Agora estou indo
para a ponte de comando. Espere trinta segundos e siga-me até lá.
Encontre um bom local para ver a destruição, mas fique fora de vista,
fique longe dos pés dos oficiais, e não demonstre que me conhece.
Entendido?
ÀS 08:35.45 — Múltiplos comandos de voz REGISTRADOS,
prioridade Alfa Um. Resposta exigida, AFIRMATIVA: BipeBipe.
ÀS 08:35.50 — SENSORES DE PROXIMIDADE: bio-assinatura
partiu.
ÀS 08:36.20 — ROTA TRAÇADA, ATIVANDO AUTO
NAVEGAÇÃO; LIGANDO OS MOTORES.

ÀS 08:36.36 — ALERTA ALERTA


ÀS 08:36.37 — ALERTA, REPORTAR INCIDENTE: EXPLOSÃO
EM CURSO... ALERTA, REPORTAR INCIDENTE: EXPLOSÃO EM
CURSO... ALERTA DE DANO SOFRIDO PELA UNIDADE MSE-6.
ÀS 08:36.38 — FONTE DA EXPLOSÃO: parede do corredor.
ÀS 08:36.43 — ALERTA: Dano catastrófico ocorrido ao MSE-6
detectado. Inúmeros sistemas estão paralisados.
ÀS 15:00.19 — Executar avaliação de danos
autodiagnóstNO2xx19h0p
NOMEAÇÃO: MSE-6 hu95rxxseaq45
FUNCIONALIDADE: Entrega/Rep28h3t8940h
Atribuído para: Unidade de manut5y7778j90yu89p
CHECAGEM DE SISTEMAS:
Processor matriz de circuito modular: a baixo do
ideaJ29034th1uht94h
SENSORES DE PROXIMIDADE: a baixo do id29428t7180jg390
Sensores do compartimento interno: fora de rede
Comportas dorsais: fora de Nsquw932jirj
Hologravador: fora de rede
Motor dynadrive 9-ES: a baixo do iden29j-[ifj92gj
Rodas: LF, LR fora de rN0i09iE

ÀS 15:00.26 — DETECTADA EXPLOSÃO ABRANGENTE.


COMPARTIMENTO INTERNO VIOLADO. COMPORTAS DORSAIS
FUNDIDAS, CONCENTRAÇÃO AVANÇADA DE CARBONO NOS
CHASSIS.
— Olhe pra você, pequenino. Você está muito mal pra ser usado.
ÀS 15:00.54 — SENSORES DE PROXIMIDADE: Bio-assinatura
detectada.
ÀS 15:00.58 — IDENTIFICANDO BIO-ASSINATURA:
carregando... carregando...
— Aquele painel da parede te atingiu com tudo quando explodiu.
Pude observar tudo. Achei que você não fosse resistir. Mas não, você
vai conseguir sair dessa. Cara, você é resistente.
ÀS 15:01.13 — IDENTIFICANDO BIO-ASSINATURA:
carregando... carregando...
— Base rebelde ao alcance em 30 segundos.
— Eu preciso ir à minha estação. Eu voltarei, em breve, e o
consertarei.
ÀS 15:01.23 — IDENTIFICANDO BIO-ASSINATURA:
carregando... carregando...
— Porém, não tão bem, certo? Você vai querer manter algumas
cicatrizes de guerra. Elas fazem você parecer durão. Sabe, eu
definitivamente manteria as listras duronas de carbono que estão
concentradas nos chassis, se eu fosse você.
ÀS 15:01.33 — IDENTIFICANDO BIO-ASSINATURA:
carregando... carregando...
— Base rebelde ao alcance.
ÀS 15:01.43 — IDENTIFICANDO BIO-ASSINATURA:
Stormtrooper, nomeação... carregando...
— Engraçado, mas com essa iluminação, você sabe como as faixas
parecem? Lembram as listras de corrid...
Eu voltei à Estrela da Morte dois segundos antes de os alarmes
soarem. Estava com o corpo dolorido e cansado, além disso, sentia
uma dor de cabeça excruciante; todos os meus esforços estavam
direcionados para aguardar pelo fim do meu turno. A minha arma
está quebrada no depósito, e o meu uniforme está na ala de
desintoxicação. Eu deixei o meu capacete na estação de registro, e
estou com tudo pronto para tirar o fedor azedo do deserto de
Tatooine, enquanto escuto isso. Que alarme é esse? Curto, curto,
longo. Curto, curto, longo. Curto, curto, longo. Pausa. Curto, curto,
longo, e de novo e de novo. Alerta de intruso. Ótimo. Se for um
exercício, juro pelos ancestrais que eu mesmo liderarei a revolta. A
minha cabeça está latejando agora, em sincronia com o alarme.
Curto, curto, longo. Ai, ai, aiii.
A câmara de higiene está dez metros à minha frente, chamando
por mim, como um oásis nesse horrível planeta desértico, sendo que
é impossível haver um oásis nele. Estou tão perto que posso sentir o
cheiro dos solventes, mas também posso sentir a ira do Moff
descendo sobre mim. Se eu correr, será que consigo? A minha
panturrilha está tensa. O meus quadríceps estão me impelindo a
correr. Curto, curto, longo. Curto, curto, longo. Clack clack clack. O
som das botas do Moff me fazem congelar. Eu fico em posição de
sentido, com nada cobrindo o corpo além de minha toalha. O Moff
está aqui, entre mim e a porta da câmara de higiene. Ele zomba da
minha toalha, como se houvesse algo desagradável sobre o
Imperador impresso nela.
— Esse alarme — disse o Moff. Ele aponta para o alto, em direção
ao som que está ressoando de todos os lugares. — Você acha que é
para outras pessoas?
O alarme é exatamente para outras pessoas. É para os troopers
que estão iniciando o turno agora, com as armaduras limpas e
reluzentes. O meu turno acabou. Fiquei de serviço por um período
triplamente extra. Estou todo queimado, por conta dos dois sóis que
competiam para ver qual deles acabava comigo primeiro. Ainda
consigo sentir o gosto da areia. Tenho sorte de não ter quebrado a
minha armadura como aconteceu com o TD-422 e o TD-909. O
capacete do TD-328 rachou, e tivemos que permanecer ali, em vez de
sermos despachados para acompanhar a Devastador até Alderaan.
Ele está na enfermaria e não posso afirmar que me sinto muito
melhor. A minha cabeça está latejando. Eu sinto como se fosse cair a
qualquer momento. Estou completamente exausto. Se a ordem fosse
dada, eu poderia dormir bem aqui, em pé como um tauntaun. Eu
daria qualquer coisa para receber tal ordem. Mas ninguém recebe
ordens para dormir.
— Senhor, não senhor, — eu digo, — eu estou ouvindo.
— Ouça isso, TD-110, — ele alerta, — há intrusos na minha base.
Como Moffs sempre parecem fazer, ele está me dizendo algo que eu
já sei. — Nenhum stormtrooper terá indulto, até que esta situação
seja retificada.
Indulto. Retificada. Moffs possuem um vocabulário tão culto. Eles
leem mais do que nós, soldados, que temos poucas chances para ler,
já que estamos sempre lutando a mando deles. Deve ser legal. Algum
dia, espero poder usar a minha inteligência de um modo que não seja
para lidar com fortes, armados e blindados sem medo de ser
explodido no segundo em que as minhas costas estão viradas.
Como sempre, eu esqueço a luta de classe no momento em que
coloco o uniforme. Talvez seja a memória sensorial e a adrenalina de
estar na linha de fogo; ou talvez seja a temperatura fresca e o
oxigênio puro, mas não estou mais exausto. A minha mente está
límpida; a dor latejante está distante, apenas consigo senti-la
enquanto me esforço para escutá-la na região atrás do meu ouvido.
Me sinto forte. Eu estou com as armas em mãos e a minha unidade
está ao meu lado. Quem quer que seja idiota o suficiente para se
infiltrar em uma fortaleza extremamente belicosa cujo nome possui a
palavra Morte, morrerá hoje, e esperamos poder ajudar a matá-los.
A vida sempre foi assim. Eu esqueci quase totalmente do tempo
em que cresci na selva de Parsh, já que fui criado como um selvagem.
O mesmo poderia ser dito sobre todos em Parsh naquela época. Foi
uma infância que parece ter se estendido por toda uma eternidade.
Tribal, faminta e selvagem. O meu tempo como uma pessoa que
necessitava de ajuda foi patética. Eu precisava da proteção de
Alphon, do meu clã, na maioria das vezes, e, portanto, não raramente
eu despertava a sua ira. Este tempo em minha memória não é claro,
já que está tão distante de mim que parece ter acontecido com outra
pessoa. Quando o Império nos encontrou, eles subjugaram os
Alphoni e os colocaram para trabalhar na perfuração de minas. Fui
praticamente ignorado, pois ainda era frágil e inútil para ajudar. O
meu Alphon continuou a me alimentar, pois encontrou um novo
propósito pra mim. Ele soube usar a minha invisibilidade para fazer
com que eu passasse mensagens para os outros Alphoni subjugados.
Sua intenção era a revolução. Foi então que encontrei um novo
propósito para o meu Alphon. Eu relatei sobre ele ao Império. Eu
não era mais inútil ou invisível. Eu neutralizei o meu Alphon com
uma arma que me deram para esse fim. Tamanho e força não são
nada para um blaster. Esse foi o dia em que nasci. O sangue ardente
do meu Alphon foi o meu batismo. O novo Parsh, agora um labirinto
sofisticado de cidades nuvens, brilha como uma joia na coroa do
Império, e eu, com a minha vontade e o meu treinamento, sou uma
luva blindada em seu punho.
Os intrusos, escória rebelde, ouvimos agora que estão no Bloco de
Detenção AA-23. Se dependesse do TD-787, lançaríamos todo o
bloco para o espaço. Eu não tomaria essa decisão. Prefiro olhar os
rebeldes nos olhos enquanto os explodimos em átomos. Observaria,
por um mês inteiro, a gravação no registro. Já fiz isso antes. É
importante rever o que você fez de certo. As gravações que baixamos
para os bancos de informações permitem isso. Vejo uma expressão
nos olhos das minhas vítimas que me satisfaz, como se cada uma
delas finalmente percebesse que não deveria ter recusado o socorro
do Império, mas agora é tarde demais. Resistir aos que são mais
fortes que você, como meu Alphon fez, é estupidez demais, um
desperdício da dádiva da vida. Eu queria ter um registro de meu
Alphon, de quando o enviei para se reunir com os anciões de Parsh.
Eu assistiria sempre.
Enquanto o Moff nos dá ordens, sinto uma coceira no cérebro. A
dor de cabeça havia diminuído quase totalmente, mas agora retornou
como um ridículo formigamento. Adquiri algo em Tatooine? O
resumo da missão não mencionava parasitas cerebrais, mas o
planeta aparenta ser do tipo que tem muitos, e desde quando os
relatórios da missão são perfeitos? Terei que fazer uma visita à
enfermaria, assim que enviar os alvos que estão na AA-23 para
encontrarem os seus ancestrais, seja lá de qual planeta estúpido eles
tenham vindo. Faria isso, caso fosse para onde estávamos sendo
despachados. Fomos enviados para um hangar. A Sala de Controle
327 foi comprometida. Recebemos ordens para investigar a violação
na segurança, e também para deixar novamente os comunicadores
online. Eu espero que os insurgentes que comprometeram a
segurança, ainda estejam lá. A minha unidade os deixará
desativados. Considero o TD-787 o líder desse ataque. Essa coceira,
esse formigamento, está me incomodando, e serei amaldiçoado caso
deixe uma gripe ou parasita de um planeta insignificante
comprometer a missão. Parece que estou prestes a espirrar, mas é
como se fosse sair pela parte de trás da minha cabeça. Se eu
conseguisse espirrar, já me sentiria melhor. Por conta disso é que o
TD-787 está à frente. Não será uma missão complexa. Ele pode lidar
com tudo.
Ele precisa começar a nos liderar.
Se ele não pedir para ficarmos em formação em cinco segundos,
vou tirá-lo da posição.
TD-787 nos chama para entrarmos em formação.
Finalmente.
Passamos por outras unidades, enquanto estávamos a caminho do
bloco de detenção. MG-26 me dá um aceno de cabeça quando passa.
A sua unidade apoiou a nossa em Lothal. Ele é um recruta, mas é
leal. Nós bagunçamos juntos às vezes. Devíamos participar de outra
refeição. Os Moffs não conseguem nos diferenciar. Não sei se eles
sabem que podemos dizer quem é quem, mas tenho certeza de que
não gostariam da ideia. Nós nos reconhecemos pela maneira como
marchamos. Quando corremos, podemos muito bem gritar nossos
registros. Tem o SS-922, talvez o stormtrooper mais preguiçoso, na
retaguarda de sua unidade, o que não é surpresa alguma. Há também
o TA-519, o primeiro stormtrooper que conheci, dedicado e sábio.
PD-528 e eu crescemos juntos. Ele me deve trinta e cinco créditos.
Ele quase tropeça em um droide rato, e quase atira nele. Em nosso
caminho para a sala de controle, vejo unidades ao lado das quais
lutei. Unidades ao lado das quais tenho orgulho de servir. Unidades
que irão exterminar os rebeldes tão completamente e tão
rapidamente que estaremos todos de volta em nossos dormitórios,
assistindo à gravação de quem tiver a sorte de ter matado os
invasores.
Passamos correndo por aquele fanático chamado Darth Vader,
enquanto ele saía do escritório do chefe dos chefes do nosso chefe.
Não acho que Vader seja um bom administrador de pessoas. Estou
constantemente surpreso ao vê-lo falhar lá em cima, mas é assim que
as coisas acontecem. Há tantas mentes militares qualificadas nesta
base, e todas se submetem a ele. Existem muitos rumores sobre qual
deve ser a sua relação com o Imperador para ter tal domínio. Eu sei
que não devo me preocupar muito com o que pode ser verdade.
Ao subirmos as escadas em direção à sala de controle, penso no
quão irônica é a frase "Que a Força esteja com você". Sei plenamente
que nunca existiu, nem jamais existirá algo como "a Força". Ele vira
seu rosto encapuzado para olhar para mim, e a minha mente dispara:
Oh, meus ancestrais, a Força é... a Força é... Uma coincidência é o
que a Força é.
É neste momento que os bloqueios mentais são quebrados. Esse
formigamento, as cócegas em meu cérebro, inundam o meu crânio
até bater na memória. Nossa missão em Tatooine era localizar e
deter um par de droides, e eu vi aqueles droides! Um velho abanou
os dedos para mim e eu, não posso acreditar nisso, deixei-os passar.
Eu nem chequei os seus dados. Eu apenas os permiti passar. Eu
nunca havia desobedecido a uma única ordem e agora eu...
Au! Eu bato minha cabeça na entrada da sala de controle. Isso me
traz de volta ao momento. Há homens mortos por todos os lados.
TK-421 está morto. Eu não conhecia bem o TK-421, mas ele era forte.
Ele não merecia isso. Nenhum deles merecia. Nossos soldados estão
mortos e não há sinal de ninguém para ser punido por isso.
Punição.
Serei punido pelo que fiz em Tatooine. Eu mereço ser. Por que os
deixei passar? Por que eu não chequei a identificação deles? A minha
própria voz ecoa em meus ouvidos. Siga em frente. Devo estar com
um parasita. Talvez eu esteja doente por causa dos dois sóis.
O pânico é desconhecido pra mim. Mal me lembro de quando era
um ajudante, mas agora está voltando. Separado do meu clã, perdido
na floresta enquanto a lua se escondia e a verdadeira escuridão se
aproximava. Passariam horas antes que o primeiro sol aparecesse, e
não havia certeza de que eu o veria. Perco o foco e a sala fica escura,
como a floresta. Volto a prestar atenção; esses capacetes exigem foco
ou pode ser difícil vê-los. TD-787 está fazendo o trabalho, mesmo
que eu não esteja. Ele tirou um par de droides do armário de
suprimentos. Eu os olho superficialmente. Eles não são os droides
que eu estou procurando. Eles nos direcionam para o nível da prisão,
que é onde todos nós queríamos estar. É o pretexto que o TD-787
precisa para levar a unidade à ação.
Ele me deixa de guarda, sozinho com os meus pensamentos. Há
algo que eu possa fazer sobre a minha infração em Tatooine? Devo
me reportar ao Moff agora? No meio de uma missão? Ou deixo para
o meu relatório? Não há como dizer o quão urgente o relatório pode
ser. Esses droides eram importantes o suficiente para enviar um
batalhão para Tatooine, o planeta mais inútil do setor. Pelo que sei,
esses droides possuem a chave para outro milênio de um governo
imperial. Pelo que sei, esses são os droides mais importantes da
história. O droide de protocolo, aquele que eu deveria estar
cuidando, interrompe os meus pensamentos, trazendo-me de volta
de Mos Eisley para a sala de controle. Ele se desculpa e adianta que
precisa ir para manutenção. Você e eu, penso amargamente, e aceno
aos droides em meu caminho.
Novamente.
Acenei para os droides seguirem caminho novamente.
O reconhecimento me atinge soca através do capacete. Aqueles
eram os mesmos droides. Alto, intrometido e dourado, e um
carrancudo azul. O velho em Tatooine deve ter aumentado a minha
permissibilidade de alguma forma. Haverá tempo para me culpar
mais tarde. Por enquanto, eu tenho que pegar aqueles droides!
Antes que eu possa relatar que estou em perseguição, o meu
comunicador ganha vida e recebo a ordem de me apresentar ao
comando. Não sinto mais cócegas na cabeça. Sinto-me quente,
apesar do sistema de refrigeração do meu traje. Eu sei com absoluta
certeza que eles revisaram a minha transmissão. Eles sabem o que eu
fiz.
A minha única esperança é me redimir agora. Lá! O astromecânico
azul rola com velocidade, enquanto o dourado se esforça para
acompanhar. Eu levanto minha arma de fogo. Bastam dois tiros. A
interface do meu comunicador liga novamente. Preparo-me e
começo a mirar. Vou fazer um buraco no azul primeiro...
— TD-110, abaixe a sua arma — O Moff suspira refinadamente. —
E se apresente ao comando. Você está esperando um convite formal?
Esteja avisado — ele olha pra mim com o canto do olho — vá logo.
— Mas... — Digo, e ele me para com um olhar. Estou dividido.
Quero me defender.
Eu sei que meu futuro depende deste momento. Posso resmungar
e reclamar do quanto estou exausto e cansado, mas tudo o que
possuo nesta vida é a necessidade de servir ao Império.
— Não há necessidade de comentários adicionais, TD-110. Tudo o
que é necessário é cumprir com as suas ordens.
Abaixo minha arma, mordo o meu lábio e vejo os dois droides
deixando a doca da estação.
PB-106 me livra de minha arma. Ele e a sua unidade me escoltam
até o comando. Eu sei que é melhor falar de menos do que falar, e
eles sabem que o melhor é não falar comigo. Não consigo ler nada na
marcha de PB-106. Nem simpatia, nem dever, nem raiva. Nunca
conseguirei perguntar, pois os Moffs viram o registro e agora vão me
expulsar da Estrela da Morte. Provavelmente para algum pedaço de
gelo flutuante como Ottinger 7, para passar o resto dos meus dias
tremendo e esquivando-me de tawds lanosos de cauda longa.
Observo os corredores uma última vez. Eu amo esse lugar. Mais do
que qualquer outro lugar em que eu já estive. É o meu lar. Juro pelos
meus ancestrais de Parsh, e pelos sábios do Império, se eu tiver que
lutar por cem anos, vou provar o meu valor. Eu vou voltar para a
Estrela da Morte. Eu juro que lutarei para voltar para casa.
A Comandante Pamel Poul alongou o pescoço e se ergueu da
cadeira de comando, levantando o datapad em sua mão para verificar
as horas.
Faltam só dez minutos. Dez longos, longos minutos para se
encerrar mais um turno de vinte horas repletas de... bem, de quase
nada. Vinte horas de rotina, de protocolo, de respostas a
questionários simples, dar ordens simples. Vinte horas
supervisionando uma tripulação, enquanto monitora uma
semiautônoma rede de sistemas redundantes da maior estação bélica
da história da galáxia.
E isso era perfeito para a Comandante Poul. Poderia ter sido uma
oficial de carreira, dedicada mais à Marinha Imperial do que ao
Imperador, mas não era do tipo guerreira. Diferente de vários de
seus amigos de infância que haviam crescido em setores mais
influentes da ecumenópolis de Coruscant, Poul nunca teve vontade
de se tornar piloto ou oficial de campo. Nunca quis servir nas linhas
de frente, nunca desejou ser heroína. Porque o assunto da Marinha
Imperial era guerra, e na guerra, ser herói significa morrer. Além
disso, a luta do Império contra a insurgência rebelde parecia estar
chegando em seu ápice, morrer em batalha era a última coisa que
Pamel Poul pretendia fazer.
Não. A Comandante Poul era uma administradora. Apreciava as
funções de uma diretora executiva: logística, gestão, supervisão. Sim,
era enfadonho. Até mesmo chato. Mas gostava de seu trabalho e,
mais importante, era boa nisso, boa o suficiente para ter conseguido
rápidas promoções, a ponto de ser designada para a maior conquista
tecnológica do Império, a EM-1 Estação Bélica Orbital, como uma
comandante de estação.
Que a Estrela da Morte não necessitasse de muito comando era
irrelevante. Com 160 quilômetros de diâmetro e uma tripulação
estimada em um milhão, mesmo que o número exato fosse
confidencial, a Estação Bélica era tão vasta que era impossível
controlá-la de um único centro de comando ou sala de controle. A
Estrela da Morte tinha, em vez disso, uma infinidade de postos de
comando, de comunicação e estações de supervisão, espalhados em
vários níveis e setores da estação, todos sob a vigilância de uma das
quatro salas de controle principais, cada uma das quais posicionada
no nível intermediário de um dos hemisférios da Estação. A
Comandante Poul fora designada para o Estação de Controle Oeste e,
embora fosse possível assumir sozinha o controle direto dos sistemas
da Estrela da Morte caso fosse absolutamente necessária, Poul se
orgulhava de que centenas de milhares de tripulantes da estação de
seu hemisfério dependiam de sua vigilância constante.
Após desligar a tela de seu datapad, Poul olhou a sala. A Estação
de Controle Oeste, como as outras três, era uma sala circular repleta
de monitores e consoles, nos quais sentavam-se algumas dezenas de
alferes e oficiais subalternos, olhando pacientemente para telas,
verificando leituras; o ambiente preenchido com o som constante de
murmúrios, enquanto falavam baixinho em seus fones de ouvido.
Acima do anel de consoles, brilhavam quatro enormes telas em
forma de trapézio, uma em cada canto, fornecendo um fluxo
contínuo de informações e status. Os dados eram tantos que por
pouco seria impossível coletá-los, mas Poul apreciava as vertiginosas
atualizações sobre os vários sistemas pelos quais era responsável.
Um dos quais vinha sendo fonte de uma pequena inquietação nos
últimos trinta minutos. Poul desceu da ponte de comando e cruzou
os braços enquanto olhava para a tela em sua frente. Nela, um
enxame de indicadores multicoloridos e sempre se movendo,
representavam o controle de tráfego dos hangares 250 a 350, de
maneira confusa como uma mosca-zess. Contudo, Poul ignorava esta
confusão, concentrando-se, em vez disso, num bloco vermelho que
pulsava no canto esquerdo.
A Doca de acoplagem 327 estava bloqueada, todo o seu tráfego
desviado para as Docas 328 e 329.
Atrasos em voos não eram raros, uma consequência inevitável do
enorme volume de tráfego e coordenação exigidos, tanto
automatizados quanto supervisionados manualmente, entre os
quinhentos hangares e docas de acoplagem distribuídos em toda a
superfície da Estação Bélica. A Doca de Acoplagem 327 estar fora de
ação era, na verdade, nada mais do que um pequeno inconveniente,
mas um alerta irritante permaneceria, manchando seu relatório de
turno, que estava perfeito, a menos que ela pudesse limpar esses
deslizes nos próximos...
Checou novamente o tempo em seu datapad.
... sete minutos.
Poul franziu a testa e foi até a estação de monitoramento abaixo do
visor. Dois tripulantes estavam posicionados em seus consoles: um, o
Alferes Toos, curvado sobre os controles enquanto olhava para uma
pequena tela quadrada à sua frente; e a sua companheira, a
Subtenente Slallen, que se recostava em seu assento, braços
cruzados, balançando a cabeça. Quando Poul se aproximou, nenhum
dos dois pareceu ter notado a sua presença.
— Diga mais uma vez. — disse Slallen. — Para o que eu estou
olhando aqui, mesmo?
Toos estalou a língua e bateu na tela com o dedo indicador.
— Qual é, você está me dizendo que não reconhece um clássico
quando o vê? — ele assobiou baixinho, entre os dentes. — Espere até
eu contar ao seu irmão, quando ele voltar de Scarif.
— O que eu reconheço, Alferes, é um pedaço de lixo quando vejo
um. Estou surpresa que não tenha quebrado quando foi capturado
pelo raio trator. — disse Slallen inclinando a cabeça.
— Pedaço de lixo? Subtenente Slallen, assim você me desaponta,
de verdade. Aquele pedaço de lixo, com você diz, é...
— Um cargueiro leve YT-1300. — disse Poul, apoiando uma mão
nas costas da cadeira de Slallen. — Que, atualmente, está
interrompendo o planejamento da doca de acoplagem.
Slallen e Toos se endireitaram imediatamente, costas retas como
uma vareta. O Alferes pigarreou e disse:
— Sim, senhora. Desculpe, senhora.
— Não se desculpe, Alferes. — Respondeu Poul. — Mas faça a doca
de acoplagem ficar livre, agora.
— Senhora. — disse Slallen. — O Capitão Khurgee ainda tem o
grupo de escaneamento a bordo da nave. Precisamos da liberação
total do convés do hangar antes de podermos suspender o bloqueio.
— Ainda não acabaram de escanear? O que eles estão fazendo lá
embaixo?
Toos e Slallen não responderam nada, os dois jovens oficiais
somente olharam para cima, na direção de sua comandante. Poul
suspirou e disse:
— Tudo bem. Continuem monitorando e me avisem quando o
capitão Khurgee terminar.
Do outro lado da sala de controle, o turboelevador se abriu com
um chiado. Poul se virou e viu seu substituto, aquele que faria o
próximo turno.
— Na verdade não. — disse Poul. — você pode avisar o
Comandante Sheard.
Poul se virou e saudou casualmente Sheard, que retribuiu a
saudação, antes de ir em sua direção. Ela entregou o datapad ao seu
colega oficial e o informou sobre os eventos do último turno. — Em
particular, sobre a situação do cargueiro misterioso que estava
atualmente atrasando a programação da Doca de Acoplagem 327.
Sheard assentiu ao escutá-la, passando o indicador em seu robusto
bigode. Então, ele bateu de leve na cadeira de Toos e disse:
— Mostre-me a nave, na tela principal.
— Sim, senhor.
Alferes Toos virou-se novamente para o seu console. Apertou um
um interruptor, e a visão do cargueiro na doca mostrada na tela de
seu console brilhou na tela da parede principal. Toos e Slallen
sentaram-se e olharam para a imagem, enquanto Poul deu um passo
para trás e tocou com um dedo na borda de seu datapad.
— Eu nem sabia que essas coisas ainda estavam voando, — disse o
comandante Sheard.
Poul assentiu. Ele estava certo, o YT-1300 era uma nave velha,
praticamente uma relíquia. E o exemplo do Hangar 327 não foi
exceção, ela pensou enquanto olhava para a tela. A nave foi golpeada,
o casco marcado com carbono em vários lugares, as placas de
propulsão vetorial que embalavam as principais portas de
acionamento com séria necessidade de não só limpeza, mas de
substituição completa.
Entretanto... havia algo a mais sobre a nave. Poul tinha visto
alguns cargueiros leves da série YT em sua juventude... ambos há
muito ultrapassados e, certamente, não operacionais... e, embora não
conseguisse se lembrar dos modelos exatos, este parecia... diferente.
O disco do sensor não era maior que o padrão? E o armamento do
dorso... era quase um canhão laser quádruplo. Este YT-1300 tinha
armamentos, certo, mas uma arma como essa só tinha que ser sem
licença.
Poul não sabia porque a nave fora capturada e arrastada para a
doca de acoplagem, mas havia muita chance de que fossem
contrabandistas ou piratas. O que fazia sentido. A nave era
modificada, personalizada, muito além das especificações de fábrica.
Não obstante, o que a Estrela da Morte estava fazendo em seu
policiamento das rotas de hiperespaço era uma questão totalmente
diferente.
— O Alferes Toos disse que você tem um irmão em Scarif, Slallen.
Projetista de naves? — perguntou Poul inclinando a cabeça ao olhar
para a tela.
Slallen se virou na cadeira.
— Arquiteto naval, senhora. Fizemos juntos design de naves
estelares como matéria eletiva na Academia, mas era ele quem tinha
o talento. — respondeu e, virando-se e apontando para a tela,
acrescentou. — Não se vê muitas naves antigas como esta em
funcionamento. Vou ter que enviar pra ele um arquivo com estes
dados, assim que acabar a sua operação.
— Qual é a missão dele? — perguntou o Comandante Sheard.
Slallen deu de ombros e respondeu:
— Não sei, senhor. A operação em Scarif é confidencial. Não tenho
notícias dele há quatro semanas. — Ela afundou um pouco na
cadeira. — Ficamos de nos encontrar para uma licença, mais ainda
não soube nada dele. Acho que a sua operação foi estendida.
— É bem provável. — disse Poul, acabando com o assunto, pois
tinha o conhecimento de algo que, obviamente, a Subtenente não
sabia: que a própria Estrela da Morte esteve em Scarif e deixou o
sistema apenas há três dias. Slallen estava certa... a operação no
planeta era confidencial. A Comandante Poul estava em serviço e
possuía um posto superior o suficiente para ser informada sobre o
destino da Estação, mesmo não sabendo ao certo qual era a missão.
Houve uma confusão de informações, mas em uma conversa ouviu
algo sobre ser um segundo teste, dando sequência ao primeiro,
ocorrido sobre a lua de Jedha. Entretanto, Poul só não sabia teste de
quê.
Mas era essa a questão sobre a Estrela da Morte. A Estação Bélica
era tão grande que, exceto se um Star Destroier colidisse com ela, a
maior parte da tripulação não teria nenhuma ideia do que estava
acontecendo. Somente o pessoal essencial para as missões tinha
autorização necessária para saber. Não se tratava apenas de
segurança, mas também de pura logística.
Poul acenou com a cabeça para o comandante Sheard. O seu turno
terminara e era hora de ir embora.
— A Estação de Controle Oeste está...
Um alarme soou do console à frente do Alferes Toos... Poul viu a
luz vermelha piscando nas mãos dele, logo seguida por outra.
Próxima ao alferes, Slallen deu uma olhada em seu próprio console,
verificando os sistemas, enquanto Toos começava a acionar uma
série de interruptores, olhando para o monitor, com uma expressão
séria gravada em seu rosto.
Poul e Sheard trocaram um olhar, então a Comandante se inclinou
sobre o console, entre seus dois subalternos, e disse:
— Há alguma coisa errada?
— Ah... sim, senhora... ah, talvez. — respondeu Toos, acionando
mais alguns interruptores e girando um botão enquanto começava a
passar por uma série de frequências de vigilância, conectadas ao
sistema de segurança da Estação. Em sua pequena tela, a vista da
doca de acoplagem fora substituída por uma sequência de estática
ruidosa, conforme ia passando pelos canais.
Em seu próprio console, Slallen tinha uma mão em seu fone de
ouvido enquanto ouvia,então ela reconheceu a mensagem e virou-se
para os dois comandantes:
— Há um alarme vindo do nível cinco, Pavilhão de Detenção AA-
23. O subcontrole informa que todos os sensores do pavilhão foram
desativados.
— Confirmado. — disse Toos, apontando para a sua tela com
estática. — todas as câmeras estão desligadas.
Poul olhou para o Comandante Sheard, que cruzou os braços e
recuou, dizendo:
— Todo seu, Comandante.
— Obrigada. — ela respondeu antes de se voltar para o Alferes. —
Coloque-me em contato com o pavilhão de detenção.
Toos reiniciou o seu comunicador, abrindo mais uma vez um
canal, mas a luz ao lado do interruptor, em vez de mudar de
vermelho para verde, como era o esperado, mudou para azul.
— Eles estão com o comunicador em modo de segurança. — disse o
alferes erguendo os olhos para a Comandante Poul. — teremos que
esperar que eles respondam.
Poul ergueu seu datapad e rapidamente acessou o diretório da
estação. Seus olhos percorreram os dados e, então, acenando com a
cabeça, disse:
— O Pavilhão de Detenção AA-23 está reservado para prisioneiros
políticos. Portanto, comunicação em modo de segurança é o padrão.
Certo, vamos esperar, então, que eles respondam rapidamente.
Neste momento, o comunicador soou. Toos abriu o canal e Poul se
aproximou do console. O alferes abriu a boca para falar, mas foi
interrompido pelo operador do outro lado da linha que disse:
— Está tudo sob controle. Situação normal.
Poul olhou para Sheard que franziu a testa. Toos e Slallen olharam
um para o outro. Então o alferes respondeu ao comunicador:
— O que aconteceu?
— Ah, um probleminha com as armas. Mas está tudo na mais
perfeita ordem. Está tudo certo. E todos estão bem aqui. Obrigado.
Poul não reconheceu a voz, mas quem quer que fosse parecia
ofegante. Ela começou a checar em seu datapad. Levantou sua cabeça
surpresa, conforme a voz tornava a soar:
— E o senhor?
Toos olhou para Slallen que assentiu. Voltou-se para o
comunicador e disse:
— Mandarei uma equipe aí.
O canal foi acionado novamente.
— Ah, ah, Negativo! Houve um vazamento do reator... e teremos
de consertar. É um vazamento perigoso.
— Quem é o oficial responsável por lá? — perguntou o
Comandante Sheard.
Poul checou no datapad e disse:
— Tenente Childsen.
Toos balançou a cabeça.
— Senhora, não parece o Tenente Childsen falando. — apertou o
botão e falou ao comunicador. — Quem é você? Qual o seu número
de identificação?
— Ah...
Então o comunicador passou a soar um ruído branco que
preencheu a sala de controle. Toos estremeceu e abaixou o volume,
tentando ainda acionar o comunicador.
— Pavilhão de Detenção AA-23, qual é a sua situação? Reporte, por
favor.
Nada além de estática como resposta. Tentou ainda algumas vezes,
acabou desistindo.
— Nada. Comunicação desligada.
Slallen ergueu os olhos para a Comandante Poul e disse:
— Temos que mandar um esquadrão. Tenho uma equipe de
segurança pronta e esperando.
— Mantenha-os em espera. — disse erguendo a mão. Depois,
virando-se para Toos, acrescentou. — Alferes, relatório dos sistemas.
Se houver um vazamento no reator, pode ser sério. Precisaríamos
acionar a engenharia.
Toos abriu os dados em seu console, depois, recostou-se e
balançou a cabeça. Apertou ainda um botão, fazendo com que, na
tela principal, a imagem da doca de acoplagem fosse substituída por
um esquema da rede elétrica deste hemisfério da Estação.
— Sistemas de energia com situações normais. Saída estável.
Nenhuma variável detectada.
— Não há vazamento no reator, então. — disse Slallen. — Senhora,
a equipe está pronta para ir.
— Mande-os entrar. — respondeu Poul, assentindo. — mas
precisamos relatar isso. Coloquem-me em comunicação com o Grão
Moff Tarkin
Slallen assentiu e voltou-se para o seu próprio comunicador,
selecionando o canal antes de chamá-lo.
— Sala de comando na escuta. — disse uma voz feminina.
— Grão Moff Tarkin, por favor.
— Ele está em conferência, no momento.
Comandante Sheard balançou a cabeça e encaminhou-se até a
ponte de comando. Ele se aproximou da cadeira, puxou-a, em
seguida, transferiu a comunicação do terminal de Slallen para o
painel no braço da cadeira.
— Aqui é o Comandante Sheard, da Estação de Controle Oeste.
Isso é um código vermelho prioritário. Passe a chamada para o Grão
Moff imediatamente.
— Um momento, senhor.
O comunicador soou de novo.
— O que foi?
Não era realmente uma questão, mas sim uma afirmação, dita por
um homem velho com um sotaque distinto. Poul estremeceu...
encontrou-se com o Grão Moff Tarkin apenas duas vezes, e já tinha
sido o suficiente. Podia imaginar o cheiro enjoativo de lavallel, a rica
erva de flor roxa que parecia pairar como uma nuvem em torno do
comandante-chefe da Estação de Batalha. Ela e o Comandante
Sheard se olharam, enquanto ele fazia seu relatório ao superior.
— Temos um aviso de emergência no Pavilhão de Detenção AA-23.
— A princesa? Ponha todos em alerta.
Poul sentiu a respiração presa na garganta. Princesa? Que
princesa? E então ela ouviu a voz do homem com quem Tarkin estava
em conferência, a profunda e ressonante voz grave, ecoando pelo
canal de comunicação ainda aberto.
Bem, talvez homem fosse a palavra errada. Pois ninguém sabia o
que estava dentro daquele traje.
— Obi-Wan está aqui. A Força está com ele.
A comunicação foi encerrada.
Lorde Vader. O conselheiro de Tarkin. — seu executor. Poul sabia
que ele estava a bordo da estação, mas mesmo assim, ouvi-lo falar
deu-lhe calafrios em sua espinha. Olhou para Sheard e viu sua
garganta mexer-se enquanto ele engolia em seco. Vader, ao que
parece, tinha esse efeito em muitas pessoas.
Então Poul percebeu que toda a sala de controle havia ficado em
silêncio, o murmúrio constante da tripulação cessou, todos
observavam os comandantes.
Agora foi vez de Poul engolir em seco. No console, Slallen estava
sentada com as costas rígidas, as mãos pairando sobre o console,
pronta para executar a próxima ordem. A seu lado, Toos estava com
postura igual, mas parecia pálido, suas mãos entrelaçadas com força
no colo.
Comandante Poul acenou para a Subtenente, dizendo:
— Mande o esquadrão. Vamos controlar a situação.
Em seguida, encaminhou-se à ponte de comando, deixando atrás
de si, Slallen executando a sua ordem.
— Você é bem-vinda para ficar, Comandante. — disse Sheard,
ficando de pé ao lado da poltrona vazia.
Contudo, Poul revirou o pescoço, respirou fundo e disse, sorrindo,
ao colega:
— Não, obrigada, o meu turno acabou. Boa sorte, comandante.
Dirigiu-se para o turboelevador, pronta para um banho, pegar
alguma coisa para comer e outra para beber... algo bem forte, talvez.
Tentou ignorar a crescente sensação de mal-estar e a bola de frio que
pareciam ter tomado conta de seu estômago.
Poul não sabia o que estava acontecendo... o velho cargueiro, o
pavilhão de detenção... e Tarkin disse princesa, certo? Sobre o que
era aquilo? Mas esse não era mais seu problema. Que Sheard cuide
disso, ela leria seu relatório no próximo turno.
Um turno que, como Poul esperava, seriam outras vinte horas de
um glorioso e rotineiro tédio.
Então, isso seria perfeito.
Há algo vivo aqui.
—Luke Skywalker

Quando eles chegaram, não estava preparada. Estava dormindo,


com a guarda baixa. Vodrans normalmente não chegavam tão longe
no pântano. Eles a cercaram antes que pudesse notar as suas
presenças.
Ainda assim, Omi tinha o espírito de guerreira e começou a lutar
tão logo acordou. As mãos ásperas de Vodrans agarraram cada um
dos tentáculos de Omi, com unhas duras e espessas apertando a sua
pele macia, puxando-a para fora da água. Eles gritaram instruções
uns aos outros, em sua linguagem oleosa que sempre a lembrava da
espuma fina na superfície da água, quando muita luz penetrava pelas
árvores. Debateu-se e agitou o seu corpo transparente, mas não tinha
um tamanho muito maior do que o deles. Torceu-se inteira, tentando
morder membros ou torsos, mas foi capturada. Sentiu, então, uma
picada e um frio inundando o ponto sensível entre dois de seus
tentáculos. A sua força a deixou.
Com os seus sentidos nublados, estava incapaz de impedir sua
captura. Eles enrolaram cada um de seus tentáculos em uma grande
bola, algemando-os com grossos pedaços de metal magnetizado e
brilhante. Estava perdendo a consciência, enquanto erguia o seu olho
alongado, observando todos os rostos duros, protuberantes e
inexpressivos dos Vodrans. A sua vista apagou enquanto vários deles
a puxavam para um tanque esférico, parecido com uma bolha grande
como um corpo, mas que não estouraria. Deveria ter olhado uma
última vez para o pântano, para sua casa. Mas, em vez disso, estava
inconsciente ao se acomodar no fundo do tanque. Sonhou com o seu
lar...
Terras macias pelas quais poderia viajar. Águas quentes e ricas,
lama pesada, gás do pântano, árvores finas. Havia música, jogo e
muita coisa para comer e observar. Omi se movia pelo pântano,
sabendo que ela estava em casa, seu olho girando enquanto
viajava, vendo tanta coisa do mundo. Quando se acomodou para
uma noite de sono profundo, estava segura e aquecida, sua mente
não estava focada em sobreviver, mas em onde ela planejava ir em
seguida...
Omi despertou, instantaneamente lembrando que tinha sido
capturada, e, por instinto, puxou seus tentáculos. Quando teve
certeza que nada a estava agarrando, fez um inventário. Um, dois,
três, quatro, cinco, seis, sete tentáculos. Todos intactos. Assim,
acomodou-se, olhando ao redor.
Estava em uma esfera de cristal espessa e clara, a tampa bem
rosqueada para melhor preservar os gases da água pantanosa. A
esfera fora posicionada contra uma janela, entre várias outras cargas.
Pelo que podia ver, era a única coisa viva neste lugar. Grandes e
pequenos contêineres brancos estavam empilhados até o alto teto;
um caminho estreito conduzia a uma porta aberta. Omi podia ver o
pântano diretamente de sua janela, um pouco além de uma
superfície plana de terra aparentemente dura. Tinha visto essas
bestas de metal voando antes, passando pelo céu, muito acima das
árvores, tão grandes que era possível estar dentro delas e viver lá.
Elas voavam para lá e para cá. Nunca imaginara que seria engolida
por uma, contida em um pote de cristal. Pressionou-se contra a
prisão transparente, tentando chegar o mais perto possível de casa.
Tudo começou a tremer, fazendo barulho, as pilhas de carga
balançando, mas não caindo. A água em seu tanque a jogou de um
lado para outro. Voltou seu olhar para a janela e percebeu que a sua
casa estava se afastando. A princípio devagar, mas depois mais
rápido do que poderia imaginar. Algo parecia a estar puxando pra
baixo. O que aconteceria com o pântano sendo empurrado contra o
solo? Fechou o olho. Essa grande fera acabara de destruir a sua casa?
Foi assim que Omi experimentou a sua primeira sensação de
antigravidade. Começou a flutuar em seu tanque, perdendo o seu
senso de localização. Nada disso é possível, era tudo que conseguia
pensar. Nada disso é possível. Mas está acontecendo.
Era como se ela estivesse em todos os lugares ao mesmo tempo. Se
antes pressionava seu corpo contra a esfera, tentando se manter
perto de casa, agora sentia como se o corpo quisesse estar por todo o
recipiente. Omi tremia de terror e, depois de experimentar essa
intensa emoção por algum tempo, sentiu em seu ser algo profundo
estalando e partindo. Flutuou para cima, virando-se para o que sua
visão indicava ser de ponta-cabeça, mas seus outros sentidos, como o
tato em seus tentáculos, a sensação da água, o peso de seu corpo,
diziam algo diferente.
Conforme flutuava, voltou seu olho para a janela larga e olhou,
pela primeira vez, para o profundo espaço sideral. Seu batimento
cardíaco acelerou. Este era um lugar que ela não deveria ver. Omi
deveria viajar pelo pântano, não nisto... não neste além. Sentiu-se
puxada à força em direção ao espaço. Pressionou-se contra o vidro
redondo de sua prisão. De repente, toda circulação e toda tensão de
seus sete tentáculos e cabeça cessaram.
Silêncio.
Nada.
Mas tudo.
Havia um propósito.
Omi se contraiu. Involuntariamente, o seu corpo se tornou
transparente, depois preto com pontinhos luminosos como as
estrelas. O lar continuará lar, mas você precisa ir, ela sentiu mais
do que ouviu. Soube, então, do fundo do coração, que não morreria.
Não, ela estava no lugar certo. No momento certo.
Continue em seu caminho. Desta vez, ela ouviu as palavras na
linguagem profunda e complexa que seu povo sempre usava, quando
não estavam se alimentando. Falar esta língua espantava os
alimentos próximos, os sons carregados reverberavam intensamente
na água. Ouvir isso, agora, foi como sentir uma última brisa vindo de
casa. Embora estivesse olhando para o espaço, ouviu a voz ressoando
em sua carne. Talvez ela tivesse vindo de dentro dos minúsculos elos
que, conforme seu povo dizia, formavam juntos sua carne.
Omi percebeu de imediato o grande clarão que se seguiu. Estava
certa, pelo menos naquele momento, de que o lugar em que estava
iria pegar fogo. Aquele instante passou e ela não tinha mais certeza
de nada, exceto daquele sentimento de unidade. Mas o que esse
sentimento significava? Não sabia mais. Talvez fosse apenas medo da
morte.
Não há muito tempo antes, havia se sentido igualmente confusa,
quando entrara em batalha com outro membro de seu clã. Lembrou-
se de que este indivíduo havia se identificado como macho.
Encontraram-se enquanto cruzavam um pedaço de terra, indo em
direções opostas. Seu nome era Iduna. Ela ficara intrigada com a
identidade máscula. Sua espécie podia escolher o gênero que
desejasse. Eles eram fisicamente hermafroditas, então tratava-se de
uma escolha pessoal, o que dizia muito sobre a pessoa enquanto
indivíduo. Em sua vida, conhecera várias fêmeas e ainda mais
diangous (o gênero mais comum), mas nunca havia encontrado um
macho até este momento.
Ele queria trocar ovos. Recusou, e foi então que ele se irritou.
Travaram uma batalha violenta e sangrenta. Durante esta batalha,
Omi lutou com grande foco e precisão. Para ela, a batalha fora como
uma discussão que, sob o seu controle, acabara vencendo. Iduna logo
percebera que, se não fugisse, seria morto. Felizmente, ele escolheu
não morrer.
Omi pode ter se surpreendido com as suas incríveis habilidades de
combate, mas enquanto lutava, o terror da experiência, o medo da
morte, deixou-a tão confusa que não conseguia se lembrar de qual
direção tinha vindo. Foi assim que acabou na parte sul de sua terra,
em vez da oeste, cochilando no lugar perfeito para ser sequestrada e
levada para o espaço.

O que pareceram ter passado dias e Omi ainda se questionava se fora


o seu medo intenso que inspirara a visão deste lugar pegando fogo. A
obsessão sobre esta visão era o que a mantinha inquieta e irritada
por ter sido sequestrada. O seu senso de cima e baixo havia
retornado e Omi sentiu que podia pensar claramente. Duas vezes um
Vodran veio e, por um pequeno orifício na tampa, deu-lhe um pouco
de peixe fedorento e levemente seco.
Foi o sabor deste peixe que alimentou a raiva já grande de Omi, o
suficiente para inspirar a sua tentativa de fuga. Lá em sua casa, tudo
tinha sabor: caldo, sal, o tempero da comida que havia sido ingerida
pelos peixes. Mas esses seres, além de a sequestrarem, alimentavam-
na com uma comida absurda. A sua única vista era o espaço sideral
cheio de estrelas, de um lado, e a carga branca do outro. Tinha que
sair daqui.
Tateou a tampa de sua prisão com seus tentáculos, tocando
suavemente cada abertura, mesmo as menores, testando a pressão. A
tampa era feita de uma substância dura e lisa, que nunca sentira
antes, e tinha um cheiro forte de fumaça; o material de que era feita
era fraco. Empurrou e sentiu que algo cedia. Empurrou novamente,
usando as suas ventosas para agarrar e virar. A tampa fez um
barulho e começou a deslizar em círculos, facilmente. Girou e girou
até fazê-la cair no chão com um baque surdo. Esperou um tempo e,
então, alongou o seu olho para fora de sua prisão com água de
pântano. Arrastou-se pra fora.
Em sua casa, movia-se livremente sobre a terra úmida de um curso
d’água para outro. Sair da esfera não foi muito diferente. Em vez de
árvores, contornou contêineres rígidos, feitos do mesmo material
fraco com cheiro esfumaçado. E no lugar do ar úmido e fragrante
acariciando sua pele, a atmosfera seca e crepitante sugava sua carne.
Mas o terreno era plano e ela moveu-se facilmente. Liso e preto.
Quando deslizou para o corredor, fez uma pausa. Tudo era repleto de
ângulos, morto, liso, duro e sombrio. O interior desta besta em que
viajava pelo espaço estava podre ou mesmo morto.
Nunca em sua vida tinha visto um lugar assim. Mas ainda era
bastante jovem, então sempre havia algo a mais para ver. Por um
segundo, retornou àquele momento épico em que olhou para o
espaço e se tornou um com ele. Com isso veio a sua visão de que este
lugar iria pegar fogo. Esta besta estaria, por acaso, voando em
direção ao sol?
Não poderia pensar nisso agora. Seu tentáculo frontal se contraiu.
Algo estava vindo. Sentiu que chegava antes de o ver, através da
vibração no chão. Então se pressionou contra a parede, ficando preta
e brilhante, camuflando-se perfeitamente.
A criatura deslizou pelo corredor como um grande rato preto ou,
mais familiar para Omi, um inseto. De corpo negro em formato
alongado, rápido em seus movimentos; algo ali não estava certo. Omi
se pressionou ainda mais contra a parede. Como a imensa besta em
que estavam viajando, este grande inseto não estava vivo, tinha
certeza disso. Passou sem perceber a protuberância na parede,
mesmo que fosse de mesma cor e brilho. Omi ficou assim por alguns
minutos, enquanto outras criaturas mortas passavam e caminhavam
de um lado e para outro no corredor, algumas pequenas como
tartarugas do pântano, outras altas como Vodrans, além de uma tão
grande quanto um Hutt. Até que viu mesmo um Hutt passar junto ao
que parecia ser um Vodran em um invólucro branco e duro.
Quando o corredor finalmente ficou quieto, Omi percebeu que era
sua chance de escapar. Sentiu o cheiro de umidade nas
proximidades. Estava além das paredes duras e ela tinha que
encontrá-lo antes que ficasse completamente seca. Rolou para o
meio do corredor, com a sua carne dolorida pela falta de umidade.
Modificando sua coloração de preta para o profundo roxo de sempre,
ela deslizou em direção ao cheiro de água. Havia chegado ao final do
corredor quando dois indivíduos que pareciam Vodrans, envoltos em
branco, quase se chocaram com ela.
Um deles exclamou algo em uma língua que não era dos Vodrans.
O outro apontou um objeto preto e alongado para ela. De alguma
forma Omi sabia como se mover antes que o blaster disparasse. Teve
apenas alguns segundos. Para trás. Na direção daquele que estava
mais perto, não do que estava longe. Mais uma vez, estava em um
turbilhão de terror, como durante a luta contra o membro macho de
seu clã. Quando lutava por sua vida.
Com o terror veio aquela doce clareza. Atirou os seus dois
tentáculos dianteiros em direção a seu adversário próximo,
movendo-se como um peixe-zip. Ela devia fazer o impossível. Não
podia errar as partes de corpo dele que precisava agarrar.
Milissegundos. Não podia errar. Não podia morrer ali, neste lugar
frio e morto. Tinha direito a muito mais. Não podia errar.
Lá estava, novamente, aquela voz. Reverberando pelo espaço
durante os milissegundos. Pelo espaço de sua carne. Dizendo-lhe
para confiar. Entregar-se.
Agarrou as pernas do Vodran com as esporas de seu tentáculo e,
em segundos, estava em cima dele. Desta forma, ela ferroou. Não
podia ver onde estava o outro: esta era a fraqueza de ter apenas um
olho. Os seus pontos cegos eram muitos. Mas podia ver de outras
maneiras, às vezes. Sim. O primeiro estava cambaleando para trás,
virando-se para o outro, levantando a sua arma. Podia sentir o cheiro
de fumaça saindo do chão queimado.
Pulou. E quando se virou no ar, em direção ao segundo, todos os
seus tentáculos flutuaram; por um momento, parecia uma enorme
estrela de sete pontas no espaço. O seu tentáculo traseiro golpeou-o
primeiro, seguido por outros três. O quinto e o sexto agarraram-no,
enquanto o sétimo cravou a espora venenosa diretamente no
capacete branco, penetrando a carne macia abaixo. Era como
quebrar a casca de um grande caranguejo.
Omi caiu no chão, com o seu corpo muito dolorido. Olhou para o
que tinha feito. Girou o olho para observar o corredor em uma
direção, depois em outra. Suas ventosas podiam sentir o gosto do
chão. Havia água por perto. Mas será que poderia chegar lá sem ser
descoberta novamente? E a água seria apenas mais um recipiente?
Pela primeira vez, perguntou-se aonde poderia ir ali. Dentro desta
besta que acabaria por queimar.
Omi decidiu voltar por onde veio. Rapidamente. Movendo-se e
escondendo-se. Devagar. Gradualmente. Mesmo quando o caos
eclodiu atrás de si, após os corpos terem sido descobertos, manteve o
seu curso, conseguindo, finalmente voltar para o recipiente esférico
transparente, levantando a sua tampa, fechando-a sobre si. Omi
girou-a até voltar a seu lugar, acomodando-se no fundo do
recipiente, amassando-se em uma bola, assim que os guardas
entraram. Fechou o olho, sentindo-se observada, enquanto eles se
aproximavam. Debaixo d’água, ouviu as suas vozes destorcidas. Eles
se aproximavam do vidro, batendo nele. Preguiçosamente abriu o
olho, fechando-o logo a seguir.
Depois de algum tempo, abriu levemente o olho e viu um deles
verificar a tampa da esfera. Depois de caminhar ao redor do
recipiente e fazer buscas no depósito, os dois partiram. Omi se
encontrou sozinha novamente. Olhou para o espaço. A sua pele
dolorida se recuperou, agora hidratada na água do pântano. Pelo
menos isso.

Depois de um tempo, Omi parou de se importar com a passagem do


tempo. Eles vinham e a alimentavam com peixe fedorento, algumas
vezes picado, outras inteiro. Peixe nojento que não tinha gosto de
nada, diferente das coisas de seu lar. Quando comia, sentia ainda
mais saudades. Colocaram duas barras sólidas de metal sobre a
tampa da esfera, mas somente ela sabia que isso era perda de tempo,
pois não tinha nenhuma intenção de escapar. Não havia para onde
fugir, dentro desta nave... animal vivo ou morto, não fazia a diferença
pra ela.
Tudo que podia fazer era esperar. Talvez, quem sabe, haveria outra
chance de escapar para outro lugar, em algum planeta.
Então ela o viu, primeiro à distância, no espaço, depois cada vez
mais e mais perto. Parecia algo como uma fruta dos mortos.
Suspensa no espaço. Do tamanho de uma lua. Logo aquilo tomou
toda a vista da janela e Omi não conseguia ver por cima, pelos lados
ou por baixo daquilo. Tornou-se o mundo. Para dentro de onde eles
voaram.
Pela segunda vez, Omi sentiu a desorientação em decorrência do
ajuste a outro tipo de gravidade; dessa vez, a da enorme lua morta.
Estava em nenhum lugar; então percebeu qual era a parte de baixo
de seu recipiente e se instalou no fundo. Quando vieram novamente,
estava dormindo. A esfera balançou ao ser puxada por algo que
parecia um grande inseto achatado.
Foi levada pelos corredores estéreis, agora muito além do lugar em
que havia matado os dois indivíduos em sua frustrada busca pela
liberdade. O local em que isso acontecera estava limpo, desocupado.
Eles se dirigiram para o maior ambiente interno que Omi havia visto.
O teto parecia tão alto quanto o céu, mas ainda era um teto. Podia
perceber isso. No topo, mais barras e uma rede de tubos metálicos.
Neste lugar, viu mais pássaros de metal, insetos e seres que pareciam
ser Vodrans vestidos com uma casca branca. Centenas deles. O chão
era macio, como os topos de antigas árvores mortas do pântano que
foram derrubadas pelo vento. Escalara uma destas árvores, certa vez,
por curiosidade. Sua superfície era muito seca e os ventos no topo,
cortantes.
Eles adentraram um corredor estreito e escuro, onde o chão era
poroso e uma luz vermelha brilhava através de pequenos orifícios
perfeitamente quadrados. Não era terra, mas uma espécie de grade
rígida que suportaria todo seu peso. O som dos pés de sua escolta
ressoava na superfície dura enquanto caminhavam. Pararam em um
grande buraco na parede com os rabiscos 3263827 gravados na parte
de cima da entrada; ali teve certeza que morreria. Os símbolos
pareciam imagens de como ficaria o seu corpo se eles a dilacerassem.
Era ali que seria devorada? Podia sentir o cheiro de matéria
orgânica, forte e pungente, de uma forma que a lembrava de sua
casa. O inseto abaixo dela se levantou, de alguma forma levantando
também a grande esfera repleta de água. Isso a lançou, junto com a
sua água pantanosa, em um buraco. Omi estava, então, caindo em
um buraco negro, tentando alcançar algum apoio com os seus
tentáculos, sem sucesso. A sua cabeça foi jogada de um lado para o
outro, com a sua boca com dentes afiados junto. Puxou os seus
tentáculos, o seu olho e a sua cabeça para o mais perto de si possível.
Splash! Mergulhou em uma sopa aquosa, com peças de metal,
coisas não metálicas, mas igualmente mortas, excrementos dos seres
semelhantes a Vodran que comandavam a nave e outros materiais
orgânicos. Enquanto pedaços e mais pedaços acertavam e
pressionavam seu corpo, deixou-se afundar, ainda em uma bola
protetora, até que acertou suavemente o fundo.
Ela esperou. Algumas das coisas que flutuavam ao seu redor eram
duras, algumas macias, nenhuma viva. Sentiu o cheiro das coisas que
podia comer e que eram melhores do que os estranhos peixes
fedorentos. Lentamente, estendeu o seu tentáculo, colocando as suas
ventosas no chão abaixo. Metal, não totalmente liso. Encolheu-se
novamente e ficou assim por horas. Pode, enfim, perceber que o local
era mal iluminado, com luzes fracas no teto, que a água era morna e
que, de vez em quando, lixo cairia, dando a Omi algo novo para
comer. Não era a sua casa, mas era o mais perto que conseguiria
chegar, no meio do espaço.

Com o tempo, Omi passou a perceber que estava em um planeta


morto, que, aliás, nunca esteve vivo. Um planeta pequeno e feito de
materiais que nunca possuiriam vida. Entretanto, coisas que poderia
comer eram jogadas no pântano falso e ela pressupôs que esse era o
motivo para ter sido capturada e mantida ali. Ficou mais forte e
larga. Sentia falta de casa, além de desejar encontrar um tanque
transparente, com janela, de onde pudesse ver a vastidão do espaço.
Nunca se esquecera, contudo, de que tinha um propósito, mesmo
não sabendo qual era.
Omi sobreviveu no pântano falso, memorizando a rotina de suas
paredes. Duas vezes por “dia”, as grossas paredes metálicas faziam
um barulho sutil, seguido por outro barulho que anunciava uma
marcha lenta em direção uma da outra. A primeira vez que isso
aconteceu, Omi não entrou em pânico. Passara horas explorando o
pântano fictício, aprendendo os seus refúgios e a sua profundidade, o
seu perímetro completo, em busca de uma possibilidade de fuga.
Havia um grande cano perto do fundo, cuja abertura era protegida
por uma outra que era praticamente invisível até o momento em que
a velha água era sugada, durante a marcha das paredes. Ademais,
havia também um grande vão, próximo ao fundo onde algo
incrivelmente duro havia feito uma profunda fenda. Quando as
paredes se moveram, ela se espremeu lá, protegida até mesmo no
momento em que todos os destroços que não comera foram
esmagados. Os restos amassados foram ejetados por uma longa
fenda abaixo.
Naquele fatídico dia, uma hora antes de acontecer, Omi viu o
espaço sideral mais uma vez. Mesmo estando sem janela. Mesmo
sendo impossível. Estava em seu esconderijo, enquanto os destroços
comprimidos e materiais mortos eram ejetados. Naquele momento,
tudo pareceu explodir em sua mente. De repente, depois de tanto
tempo sozinha, não se sentiu mais só. O que estava com ela era vasto
e belo. Mais uma vez, involuntariamente, mudou a sua coloração
para o negro do espaço, com manchas das estrelas distantes. E o que
quer que a acompanhasse naquele momento, disse-lhe através de sua
pele que ela tinha uma missão e que seria neste falso pântano. Isso
disse a Omi que estava no lugar certo e na hora certa.
Quando as paredes se separaram, estava novamente sozinha. As
paredes se afastavam, mas ao mesmo tempo pareciam se fechar
sobre Omi. Isso porque, novamente, teve a visão de tudo pegando
fogo e, mais uma vez, teve vontade de escapar de sua prisão.
Contudo, a sua missão vinha primeiro. Mais lixo foi despejado no
pântano fictício e logo encontrou um grande pedaço de carne podre.
Consumiu-o e acomodou-se em um canto, enquanto o lixo recém-
chegado flutuava na água.
Cinco minutos depois, os quatro caíram em sua prisão.
Os tentáculos de Omi se contraíram, pois, imediatamente,
reconhecera algo no macho mais baixo. Sim, aquele era macho, não
apenas por escolha, mas por constituição física. Entretanto, havia
algo nele que se parecia com ela; podia sentir o cheiro nele. Também
ele tinha acabado de sair de casa, como Omi havia feito há muito
tempo. Era isso, mas algo mais também, podia sentir ao ficar
relaxada e se concentrar completamente nele. Havia algo brilhante e
elétrico que sentia em cada parte de sua carne. Não entendia as
línguas deles, mas gostaria de poder. A primeira coisa que teria
perguntado era a razão pela qual ele também se entregaria a Isso.
Uma vez que, se o macho ainda não tivesse se entregado, ele
provavelmente iria, como Omi bem sabia. Assim como fez ao
enfrentar e matar aqueles dois indivíduos de casca branca, quando
estava tentando escapar.
Saiu da água, mudando a sua cor para um cinza sujo, sob a luz
sombria, prendendo-se com as ventosas de seus tentáculos na
parede, a fim de poder ter uma visão melhor. Lá ficou, com os seus
tentáculos espalhados, como uma aranha gigante na parede. Uma era
fêmea com pouco cabelo, três eram machos maiores, um deles
totalmente protegido por pelos. Omi tomaria cuidado com a fêmea,
apesar de sua falta de cabelos. Essa fêmea seria muito selvagem e
esperta, em combate. Se algum deles podia matar Omi, seria ela. Omi
caiu na água com um mínimo de respingos.
Achatou-se e moveu-se furtivamente ao redor dos pés deles.
Quando roçou a perna do macho pequeno, ouviu Isso falar com ela
novamente, com os seus tentáculos formigando com os seus pedidos.
Ela não queria, pois tinha muita comida aqui, carne, osso, caules
verdes e grossos que ela gostava especialmente. E tudo o que sentiu
nesses quatro seres que não podiam vê-la era medo. Omi não tinha
motivos para machucá-los.
Tinha noção do que estava fazendo. Era a sua escolha. Mesmo que
essa escolha fizesse parte de algo maior. Sim. Deslizou suavemente
por baixo d’água, afundou-se e esticou quatro tentáculos à sua frente.
Abriu a boca e, não resistindo, soltou um rugido que veio do fundo de
seu corpo, uma fala estrondosa que reverberou pelo falso pântano, ao
longo das paredes metálicas até o teto. Os indivíduos estremeceram e
conversaram espantados, olhando em volta de si. Ergueu o olho,
precisava ver o rosto dele.
Então, envolveu-o com um tentáculo, puxando-o para baixo. Ele
estava gritando e se debatendo, sufocando. Em sua casa, às vezes o
céu se contorcia, se agitava, e a luz acabava descendo para dentro da
água. Se isso acontecesse perto de onde Omi se escondia, sentia o seu
corpo inteiro ficar tenso, duro como uma pedra, sentia a luz viajando
por seu corpo. Tocá-lo era assim: tudo em seu corpo estava ciente de
tudo nele. Perguntou-se se tudo nele estava ciente de tudo nela.
Perguntou-se se esta criatura poderia ser o seu companheiro, não
para procriar, mas para aventurar-se. Também era o destino dele
partir de casa.
Estava certa de sua missão, mas agora também estava incerta. E se
ele morresse? Algo passou por seu corpo, vermelho e quente. Os
outros estavam atacando. A dor irradiou de um de seus tentáculos e a
água ao redor ficou azul com seu sangue. Soltou-o e jogou-o de volta
à superfície.
O seu tentáculo traseiro pendia frouxamente, um buraco aberto
em seu centro. Contraiu-o para perto de si e uma segunda explosão
de dor, ainda mais poderosa, vibrou através de seu corpo, tão
intensamente que, por um momento, perdeu os sentidos. Mas a
energia nela, em seu entorno e através dela, era mais forte. Omi
tinha uma missão e era agora. Puxou-o novamente pra baixo.
Ele lutou, resistiu, mas era mais forte. Segurou-o firmemente,
envolvendo três tentáculos grossos ao redor dele. Ouviu um barulho
brilhante que reverberou por seu corpo. Pela terceira vez, viu que
este lugar todo, junto com a pequena besta na qual chegara, iria
explodir em chamas.
O que estava acontecendo com ele agora? Enquanto lutava, puxava
os tentáculos, debatia as suas pernas e bolhas de ar escapavam de
sua boca, ele estava se perdendo. Não o material protetor que ele
usava sobre sua carne. Com o seu olhar penetrante, viu: dele se
desprendeu uma sombra, cuja pele era pálida e delicada, nua. Ele
estremeceu, a face de sua versão sombria, com olhos arregalados, a
boca aberta, chocada. Então a sombra se dissolveu na água. A missão
de Omi estava completa. Estava tão preocupada com o que via que
quase se esqueceu de soltá-lo. Quase. Quando o fez, ele nadou
freneticamente para a superfície. As paredes ressoaram.
Fugiu para seu refúgio na parede, sabendo que ele ficaria bem.
Quando as paredes subitamente pararam sua marcha usual para
esmagar todo o metal e os resíduos, não se surpreendeu. Mesmo
quando um dos machos maiores cuspiu mais uma rajada de fogo
pelo falso pântano, depois que eles saíram, não teve medo.
Logo, os quatro se foram e Omi nunca mais viu aquele que se
parecia tanto com ela. Mas confiava que ele continuaria a fazer
grandes coisas, pois ela havia sido escolhida para batizá-lo, por meio
de uma espécie de morte. Para o seu povo, a água era o lugar de onde
surgia a vida. A água era onde se limpavam, quando era a hora de se
limpar. E isso também era verdade para aqueles que não podiam
viver nela.
O tentáculo ferido de Omi caiu e cresceu novamente. Ela
continuou a viver no falso pântano, nadando, comendo seu lixo,
escondendo-se em seu refúgio. Dias, meses, não sabia. Não havia o
mínimo de sol com o qual pudesse marcar o tempo. Não havia os
outros membros de seu clã para lhe dizer as horas. Contudo, de vez
em quando, aquilo que Omi podia sentir em sua carne e além,
conversava com ela, narrando histórias do universo. Falava de povos,
lugares, guerras e lições profundas. Ensinou-a como girar seu corpo
de maneiras que ela não imaginava serem possíveis, até serem
executadas. Naquele lugar escuro, aprendeu a fazer um grande
pedaço de metal retorcido e dois montes de água se elevarem no ar,
como grandes pássaros. Ou talvez Omi estivesse apenas conversando
e ensinando a si mesma, todo esse conhecimento vindo de suas
próprias células.
Quando, afinal, o fogo veio, consumindo cada parte da grande fera
que a engolira, Omi se entregou ao seu destino. O seu último
pensamento foi: Quem eu serei da próxima vez?
Meu nome é Obi-Wan Kenobi e eu estou morto.
Eu sei que o que parece. O velho e doido Ben com as suas histórias
velhas e doidas.
Mas isto não é loucura. Está acontecendo.
Pelo menos eu acho que está.
Um minuto antes, estava no coração da nova estação bélica do
Império, encarando o homem que, para o bem ou para o mal, definiu
os últimos trinta anos da minha vida. Fechei os olhos e esperei;
ouvindo o movimento do sabre de luz dele e...
E o quê?
O que aconteceu depois?
Se você me atingir, ficarei mais poderoso do que pode imaginar.
Eu pronunciei essas palavras? Eu acredito nelas?
Não faço ideia. Não mais.
Isso acontece de novo e de novo. Fecho os meus olhos, espero pelo
inevitável. Ouço o barulho da respiração de Vader, o rangido de sua
armadura, o grito do sabre de luz.
Sinto a dor lancinante em meu ombro.
Olhos. Grito. Sabre. Dor.
Olhos. Grito. Sabre. Dor.
Olhos. Grito. Sabre...
Sento-me, gritando na quietude da sala. Não estou onde estava
antes. A estação de batalha, os stormtroopers, até mesmo Vader...
Todos se foram, como se nunca tivessem existido.
Estou em casa, empoleirado na pedra que me serviu de cama por
quase vinte anos. Onde está o meu colchão? Olho ao redor da sala
apertada. Tudo está como deveria estar, embora algumas das adições
mais novas da casa estejam faltando. A cadeira que construí com
madeira de japor. O conjunto de tigelas de barro retirados dos
destroços de uma caravana de Jawas. O umidificador comprado do
Watto, por um preço muito inflacionado, devo acrescentar.
Teria sido roubado? Não, é assim que a cabana estava nos
primeiros dias do meu exílio, quando eu ainda gravava uma espécie
de calendário na parede acima da minha cama, marcando a
passagem do tempo. Corro minha mão pela superfície esburacada.
Três anos marcados na pedra.
Encontrei esta cabana velha de um garimpeiro, no alto de um
penhasco, estava vazia, há muito abandonada, mas soube
imediatamente que me serviria bem. As paredes eram sólidas, o
telhado bem feito e as cavernas sob o porão, um lugar ideal para
meditação e treinamento. O mais importante: era remota, rodeada
por um vasto mar de dunas. Eu estaria sozinho.
O movimento minhas pernas no áspero chão de pedra. É então que
percebo. Não sinto dor. Pela primeira vez em anos o meu corpo não
se queixa quando me movo para fora da cama. Olho para as minhas
mãos. São as mãos de um homem muito mais jovem. Elas não
tremem, não estremecem. A pele é macia, bronzeada, mais ainda não
afetada pelo brilho constante dos dois sóis. Flexiono os dedos,
esperando ouvir o ranger das articulações reumáticas. Nada. Os
dedos estão fortes. Até mesmo hábeis.
Eu os passo pela barba, um pensamento me ocorre. Corro para os
fundos da modesta casa, passo pelo fogão e a despensa, até o espelho
embaçado pendurado na parede oposta. O rosto no corpo não tem
rugas e a pele é lisa. O emaranhado de cabelo é espesso, apenas a
barba revelando um pouco de cinza.
O mundo cambaleia. Coloco minha mão na parede para me
equilibrar. Isso é passado. O colchão, a cadeira, as tigelas e o
umidificador não estão faltando. Eles simplesmente não chegaram
ainda.
Inclino-me para frente, caindo no ciclo repetitivo da minha morte.
Olhos. Grito. Sabre. Dor.
Olhos. Grito. Sabre. Dor.
Olhos. Grito. Sabre. Dor.
Mas, desta vez, há algo mais. Muito mais.
Um recém-nascido, aconchegado em meus braços, chorando
enquanto a sua mãe dá os seus últimos suspiros.
Qui-Gon caindo de joelhos, fumaça subindo pelo buraco em sua
barriga.
Olhos que me viam como irmão, corrompidos pelo lado sombrio,
queimando amarelo de ódio.
A pira de Maul subindo pelo ar do deserto.
Um braço sendo decepado pela luz do meu sabre.
Túnicas vazias caindo no chão.
Uma voz chamando o meu nome.
Olhos. Grito. Sabre. Dor.
Olhos. Grito. Sabre...
Sento-me, com falta de ar. Estou de volta a minha cama, partículas
de poeira dançando na luz que penetra pelas janelas estreitas da
cabana.
A minha vista se embaralha e estou, agora, no Templo de
Coruscant, do jeito que era, muito antes de Palpatine fazer escárnio
destes corredores. Yoda me encara, do outro lado da câmara, um
sorriso irônico naquele rosto ancião.
— Para tudo, uma razão existe.
— Mas por que aqui? — Grito enquanto deslizo de volta para a
cabana sob o sol — Por que agora?
Não há repostas.
Sento-me na beirada da cama, tentando lembrar o que aconteceu
quando vivi esta manhã específica.
Olho pra baixo, vendo o fantasma do meu jovem ser virando-se
inquieto na cama, tomado por um pesadelo. Ele geme, resmunga,
senta-se tenso, uma única palavra em sua boca, ao acordar.
Um único nome.
— Luke!
Então fico sozinho novamente.
Sei agora em que dia estou. Reconheço o nó no fundo do meu
estômago, a sensação de mau presságio que faz minha pele se
arrepiar. Luke está em perigo. Algo está para acontecer e mudará
tudo.
— Vá atrás dele. — Ecoa uma voz na minha cabeça.
— Sim, Mestre. — Respondo, tampando os meus olhos quando saio
sob a luz do sol. Neda está a minha espera, descansando sob um
abrigo improvisado, feito de peles de animais esticadas em uma
armação frágil. A estrutura sobreviverá por muito tempo após a
pobrezinha ter morrido de velhice, mantendo a capa esfarrapada que
não me deixava dormir à noite com seu balançar incessante sob o
vento. Então, em uma manhã, a estrutura terá desaparecido,
arrancada de seu lugar, ao lado da casa, por uma tempestade do
deserto.
Mas isso ainda não aconteceu. A minha fiel, embora rabugenta,
eopie está viva e bem, farejando na terra, procurando raízes no solo
castigado. Tenho um desejo irresistível de lançar os meus braços ao
redor dela, mas Neda me olha com o seu desdém natural, um bufar
carrancudo como a sua única saudação, antes de retomar a sua busca
infrutífera por alimento.
Tem razão. Assim deveria ser. Mas por ora o seu café da manhã
precisa aguardar um pouco.
Ela não se queixa quando aperto as tiras de couro rachadas em
torno de sua cintura, ignorando-me completamente enquanto subo
na sela.
— Vamos lá, velhinha. Tá na hora de irmos.
Puxo as rédeas e, gentilmente espetando os meus calcanhares em
seu flanco quando ela ainda não responde. Ela grunhe e, finalmente,
obedece, ainda que a contragosto, acelerando o passo conforme
trotamos pelo caminho sinuoso, vale abaixo.
Em breve, estamos avançando pelas planícies salgadas, Neda
bufando enquanto eu a empurro mais forte do que nunca. Os seus
largos pés batem na areia, passando por esqueletos brancos,
despojados pelos abutres-garra. Imagino uma sequência de
possibilidades, uma mais terrível do que a anterior.
Seria o povo da areia? Owen podia lidar com Tusken Raiders,
assim como qualquer um no deserto, mas os nômades tinham um
motivo especial para odiar esta família, um ressentimento ainda não
esquecido e longe de ser perdoado. Eles finalmente teriam a sua
vingança? Os pecados do pai recaíam sobre o filho.
Continuo apertando as rédeas de Neda, fazendo-a continuar.
Claro, existem outras ameaças em Tatooine; a começar pelo
repugnante amontoado de gordura que é Jabba, O Hutt. Owen é um
homem orgulhoso. É provável que lute em vez de pagar o dinheiro de
proteção que Jabba exige da vizinhança. Certamente Owen não seria
tão estúpido, não depois da promessa que fez, certo?
Não, Owen sabe quais batalhas travar. Mas e se a ameaça não vier
de Tatooine, e sim das estrelas acima? Gângsteres e invasores são
uma coisa, o Império é outra. Owen não tinha chance alguma contra
um esquadrão de elite de soldados Imperiais. Teria uma nave já
descido pela atmosfera de Tatooine? Os meus piores medos estão
prestes a se realizar?
Imagino a areia sendo esmagada sob pesadas botas pretas, uma
capa escura ondulando em uma tempestade no deserto, o chiado
mecânico de um respirador.
E assim estou de volta à estação bélica. Vader está esperando por
mim, no corredor à frente, parado e em silêncio, com o seu sabre de
luz vermelho já pulsando. Ele sabia que eu estava chegando, que
estava a bordo de sua máquina de destruição. Ele sabe o que fiz?
Todos os meus esforços foram em vão?
Por que ele não fala nada, tão imóvel quanto uma estátua?
Dezenove anos. Dezenove anos desde que o deixei para morrer.
Dezenove anos revivendo a sua queda, todas as noites em meus
sonhos.
Como ele estaria por baixo desta máscara? O que ele veria através
destas lentes vermelhas?
Um amigo? Um inimigo?
Uma relíquia?
Ele parece tão calmo, tão controlado, mas eu posso sentir a sua
raiva, fervilhando como uma nebulosa de perdição, sob aquela
armadura sem alma. A sua fúria ameaça dominá-lo, como acontecia
sempre, mas agora ele a mantém sob controle. Eu fico realmente
impressionado. O Imperador ensinou bem o meu antigo Padawan.
Eu só posso imaginar o veneno que, desde Mustafar, vem sendo
derramado dos lábios de Palpatine.
Saboreie o seu ódio, meu aprendiz. Alimente-o. Deixe-o aumentar
o seu poder. Deixe-o te trazer força.
Sempre soube que esse dia chegaria. Eu só não sabia quando ou
onde. Certamente nunca imaginei que seria em um lugar como este,
em um destruidor de planetas, algo que a galáxia nunca havia visto.
Milhões de vozes gritando como uma só, passando por mim, com a
sua dor como se fosse a minha.
Finalmente, Vader dá um passo à frente para me encontrar. O meu
sabre de luz acende, a vibração da célula de energia subindo por meu
braço.
— Estava esperando por você, Obi-Wan. Voltamos a nos encontrar.
A voz estava irreconhecível. Quanto do meu velho amigo ainda
resta nele?
Outra memória me toma. Uma mulher deitada em uma cama, com
a respiração fraca, dizendo:
— Há bondade nele...
Ela realmente acreditava nisso, após tudo o que ele fizera? Se sim,
ela não estaria aqui ainda? Não teria sobrevivido? O que pensaria
dele agora?
Não. O meu amigo está morto, disso tenho certeza. A coisa em
minha frente não é o Anakin Skywalker.
— O círculo está completo agora — O usurpador afirma, a sua
arrogância sendo a traição final — Quando o deixei, eu era apenas
um aprendiz.
Quando o deixei.
Cada palavra é um gatilho, me arrastando pra frente e pra trás
através dos anos. Estou de pé sobre uma encosta de cascalhos soltos,
um rio de lava derretida se agitando abaixo. Foi aqui que você me
deixou, Darth? Ou foi ainda mais cedo: quando você saltou em uma
speeder bike e correu noite adentro, ou quando apertou o pescoço de
Padmé?
Sinto a minha própria raiva aumentando, meus anos de
treinamento, de disciplina, esvaindo-se. Mal ouço o que ele diz.
— Agora, eu sou o mestre.
A sua imagem se dissipa, como um holofeed interrompido. Em um
segundo, ele é o gigante blindado que vejo diante de mim, no
próximo, uma casca queimada, arrastando-se por uma encosta
carbonizada. Um rosto impassível e anguloso; o outro, enegrecido e
gritando de agonia. Depois mais coisas se juntam a este ciclo
inconstante. Um adolescente de rosto jovem, ansioso para assumir o
manto Jedi. Um menino escravo espirituoso, com uns óculos de
proteção sujos por sobre seus olhos inocentes. Um destroço
desmembrado boiando em tanque de bacta, pele pálida necrosada,
cheia de cicatrizes. Vejo todas essas imagens de uma só vez: tudo o
que ele era e tudo o que se tornou.
— Apenas um mestre do mal, Darth.
Não posso usar seu nome verdadeiro. Isso me destruiria, mesmo
após todo esse tempo, preso em minha garganta. O tempo de
conversar acabou. Isso deve ser decidido de uma vez por todas.
Ataco primeiro, nossos sabres de luz faiscando ao se chocar. A
iluminação repentina faz surgir outra sombra de Coruscant: Anakin
se defendendo dos bastões de madeira que eu o faço usar, em vez de
armas de energia.
— Eu não sou mais uma criança, Obi-Wan. Por que devemos usar
brinquedos?
— Você precisa ser paciente, meu jovem Padawan. Este é somente
o primeiro passo. Temos tempo.
Não mais. Ataco por baixo e ele bloqueia, antecipando o ataque.
Nossas espadas seguram, campos de energia vibrando enquanto se
chocam. Vejo o meu rosto distorcido na superfície reflexiva de seu
capacete. Velho. Cansado. Perto do fim.
Ele está na defensiva, testando os meus limites. Quer saber o
quanto as minhas habilidades foram diminuídas pelo tempo. Faço o
mesmo com ele, explorando para ver se as articulações cibernéticas
se movem tão suavemente quanto músculos aprimorados por anos
de treinamento. Talvez sejamos mais parecidos do que eu gostaria de
admitir.
Agora ele assume o controle, com os seus golpes vindo mais rápido
e mais forte. Sou forçado a me abaixar, com o seu sabre de luz
fazendo uma cicatriz brilhante na parede de metal.
Chovem fagulhas e eu pisco, tempo suficiente para o tormento
começar de novo. Olhos. Grito. Sabre. Dor. Anakin. Padmé. Qui-
Gon. Maul.
Estou de volta a Tatooine, Neda ofegante após se esforçar.
Demorou tanto para cruzar as planícies, os sóis agora altos no céu.
Não pela primeira vez, amaldiçoo minha decisão de me estabelecer
tão longe da fazenda de umidade. Em que eu estava pensando?
Outra mudança, outra memória: estar na porta de Owen,
explicando o que aconteceu, pedindo a ajuda de estranhos.
Ele deixa os seus termos totalmente claros:
— Nós vamos ficar com ele, mas você não vai ter parte nenhuma
em sua educação. Se tiver mesmo que ficar em Tatooine, mantenha-
se à distância, ouviu? Você não deve ver, nem falar com o menino.
Ele não deve saber nada sobre o pai.
Neda grunhe quando eu a puxo para parar. A fazenda está à frente,
a sua cúpula é o único marco em quilômetros. Tudo está como
deveria. Não há evidência de fogo ou explosões, nenhuma nuvem
escura de fumaça subindo no ar. Permito que os meus ombros
relaxem. Talvez tenha me enganado. Talvez Luke não esteja em
perigo.
Neda resmunga, sacudindo a cabeça para espantar os mosquitos-
da-areia que pousaram em seus longos cílios. Acaricio o seu pescoço,
acalmando-a. Com os meus próprios olhos, faço uma busca pelos
anéis de sensores ambientais e detectores de movimento que formam
uma borda protetora em torno da casa de adoção do menino.
Lá está ele, sentado de pernas cruzadas, ao lado de um vaporizador
de umidade. Está curvado na areia, brincando com algo que não
consigo distinguir a esta distância. Sorrio. Posso adivinhar o que é: a
última de uma longa linha de modelos de naves espaciais. Pergunto-
me se Owen sabe de onde esses brinquedos vêm, ou quem é que os
deixa ao lado da lápide coberta de areia de Shmi, para Beru
encontrá-los. Enquanto estou aqui sentado, observando Luke fazer o
seu caça voar pelo ar, penso na corveta de brinquedo que estou
construindo em minha oficina. Está quase completa. Estou
especialmente satisfeito com os motores iônicos. O meu melhor
trabalho até agora.
Mesmo com apenas três anos, é óbvio que Luke quer voar. É como
ver Anakin de novo. Cabelos loiros rebeldes, brilhantes olhos azuis,
mãos se mexendo sem parar. Luke não se contenta em apenas
brincar com as suas miniaturas. Ele está constantemente
trabalhando, modificando-as, fazendo melhorias.
Tão parecido com o pai.
— Os seus poderes estão fracos, velho.
Os nossos sabres de luz se chocam. Eu tento empurrar para frente,
somente para ser jogado violentamente para trás. É como acertar o
aço. Não há vacilo nos braços de Vader e há em excesso nos meus.
— Não pode vencer, Darth. — Ele quase não reage ao que digo,
pois sabe bem que estou tentando provocá-lo, para fazer sua raiva se
virar contra ele — Se você me atingir, ficarei mais poderoso do que
pode imaginar.
Olhos. Grito. Sabre. Dor.
Olhos. Grito. Sabre. Dor.
Olhos. Grito. Sabre. Dor.
Esse poder existe? Essa tortura? Sou como uma folha levada pelo
vento. O presente e o passado se entrechocam. Não consigo mais
dizer o que é real e o que é uma memória distante trazida de volta.
Luke está seguro.
Luke está em perigo.
Estou em Tatooine.
Estou na estação bélica.
Não deveria ser assim. Não é isso o que o Yoda me prometeu.
Estou sobrecarregado. O passado, o presente, até o futuro. Eu vejo
coisas que ainda não aconteceram. Leia se sentando ao lado de um
console, com o coração partido, o Capitão Solo caindo e caindo
longamente. O mal triunfante, depois vencido, e novamente se
levantando.
E o pior de tudo: Luke, velho como estou agora, sua face enrugada,
olhos assombrados. Ele está afastado daqueles que o amam,
consumido por arrependimento e tristeza. É muito para suportar, um
futuro que não quero ver.
O som estridente de uma sirene me traz de volta ao passado. Os
meus olhos vão de Luke para os invasores que acionaram os
detectores de movimento. Eles usam uma mistura de armaduras e
peles de animais, o seu bando contendo pelo menos meia dúzia de
diferentes espécies. Fala-se de bandidos de Mos Eisley que saqueiam
fazendas e assentamentos, deixando para trás somente devastação e
tristeza. Por que não me atentei aos rumores? Por que não intervi
antes que fosse tarde demais?
Eu sou um Jedi. Era um Jedi. Serei novamente.
Beru chama o seu sobrinho, mas não tem para onde Luke correr.
Se ele tentar voltar para a casa, morrerá. Se ele for em direção às
cavernas, morrerá.
As minhas outras vidas são esquecidas por um instante; a traição
do passado, a luta ainda a acontecer. Tudo o que importa é aqui e
agora. Neda avança, minha mão pegando o sabre de luz em meu
cinto. A lâmina se acende enquanto salto das costas de Neda,
virando-me para aterrissar entre a criança assustada e um enorme
brutamontes usando pele de Rancor.
— Corra, Luke! Corra!
Não sei dizer se o garoto ouviu as minhas palavras. O bandido em
minha frente levanta o seu sabre e eu rebato o seu disparo facilmente
com o balançar de meu sabre. A fazenda é invadida em segundos, os
saqueadores estão por todo lado. Giro, bloqueando disparos de todas
as direções. Pelo menos não estou sozinho na defesa da fazenda.
Owen se junta à briga, rifle na mão. Não há tempo para pensar,
apenas reagir.
Uma mão firme me agarra pelo ombro. Giro, tomando a vida de
quem pretendia me atacar. O meu sabre de luz dança no ar, com o
meu entorno mudando, alternando-se pra frente e pra trás,
assumindo a forma de Vader e voltando. Sob os meus pés está a areia
ou o chão metálico da estação bélica? Os bandidos avançam, assim
como Vader. Estou jovem e estou velho, estou aqui e estou lá.
Bloqueio e desvio, ataco e recuo. Vader é muito forte, os bandidos
são numerosos. São duas lutas contra mim.
Vader ataca pela esquerda e eu giro, apenas a tempo de receber
uma vibro maça em meu peito. Deslizo pela areia, enquanto um
gigantesco javali Gamorreano vem em minha direção, com a sua
arma erguida para me atacar.
Antes que possa responder, algo pequeno e frágil acerta o focinho
achatado do Gamorreano. O bandido hesita, perplexo, dando tempo
suficiente para a minha lâmina separar os seus pés de seus
tornozelos. Rolo para fora do caminho do barulhento javali que
tomba exatamente onde eu estava, algo afiado me espeta. São
fragmentos do caça estelar de brinquedo arremessado na cabeça do
Gamorreano. Luke segura minha mão, tentando me levantar. Ele
salvou minha vida, esta criança notável.
— Luke! Afaste-se daí! — grita Owen do outro lado do
assentamento.
Com um pulo, fico de pé, retornando à luta, que agora estamos
ganhando. A maré mudou e os bandidos foram eliminados um a um,
dizimados por disparos e lâminas de plasma. Enquanto o meu último
oponente esfria aos meus pés, Luke grita em aviso. Um devaroniano
se ergueu atrás de Owen, pronto para acertar a coronha de seu
blaster na cabeça do fazendeiro desavisado. Jogo o meu braço pra
trás e jogo o meu sabre de luz com toda a força. A lâmina gira no ar,
encontrando seu alvo. O Devaroniano cai, seu corpo dividido em
dois. Com a Força, desativo o sabre antes de puxar o cabo de volta
para minha mão aberta.
Luke comemora, correndo em minha direção, com braços tão
largos quanto o seu sorriso. Há um barulho atrás de mim e eu me
viro, o punho de Owen acerta meu nariz. Caio com força no chão,
com o sabre de luz deslizando de minha mão. Com todo o meu
treinamento, toda a minha experiência e um humilde fazendeiro de
umidade consegue o que nem um droide de batalha, nem um Sith
conseguiram: derrubar-me pelas costas.
— Tio Owen! — Luke chora, confuso, enquanto o seu tio o empurra
em direção à tia antes de se virar para me encarar.
— Vai. — ele quase cospe, um dedo acusatório apontando para
mim, enquanto continua firme — Saia daqui. Você e os Jedi já não
fizeram o suficiente com esta família?
— Fazer o suficiente? — Gaguejo, inspecionando, com cuidado, o
meu nariz latejante, em busca de sinais de sangue. — Não tenho
certeza se você percebeu, mas eu estava tentando protegê-lo.
— Não precisamos de sua proteção. Não precisamos de você pra
nada. Eu poderia ter cuidado disso sozinho. Sempre cuidei e sempre
vou cuidar.
— Owen, por favor...
Estou olhando diretamente para o cano de seu rifle. Não tenho
ideia de quanta energia de munição resta e não quero descobrir.
— Eu o vi. — Owen diz, com os dentes cerrados — Ele tentou te
salvar.
Os meus olhos se voltam para Luke, agora seguro nos braços de
Beru.
— Ele é um menino corajoso.
— Ele poderia ter morrido.
Abro a boca, mas nenhuma palavra sai.
Respirando pesadamente, Owen abaixa o seu blaster e se vira de
costas pra mim.
— Eu o protegerei — ele me diz, afastando-se — Eu vou mantê-lo
seguro.
Olho para as costas de Owen. Beru me olha nos olhos, balançando
a cabeça tristemente. Ela conduz Luke de volta para a cabana, Owen
os segue. O menino olha pra trás por um momento, antes que os três
desapareçam da vista. Sou deixado sozinho com os mortos, os sóis
gêmeos sobre mim.
Olhos. Grito. Sabre. Dor.
Olhos. Grito. Sabre. Dor.
Eu sei por que estou aqui, por que revivo este momento repetidas
vezes. Foi o momento em que falhei com Luke, como eu falhei com
seu pai. Sempre acreditei... e esperei... que a raiva de Owen em
relação a mim diminuiria, que, um dia, teria a permissão para treinar
o jovem Luke nos caminhos da Força. Os acontecimentos dessa
manhã fatídica fizeram com que Owen nunca mais me deixasse
chegar perto do menino. Não estava apenas com raiva. Estava com
medo; com medo da expressão que ambos vimos nos olhos de seu
sobrinho. A bravura. O desafio.
Já havíamos visto aquele olhar antes, em outros olhos.
— Você não deveria ter voltado — Vader me diz.
Os meus recursos estão esgotados, o meu corpo grita de dor. Não
tenho esperança de vencer essa luta. Ele se lança contra mim; ataque
e contra-ataque, investida e resposta. O ar está denso com as
descargas de plasma, luzes dançando ao redor da minha vista. Sou
forçado a recuar, músculos queimando, respiração irregular. O
aperto do meu sabre de luz está escorregadio em minhas mãos, os
meus ouvidos zumbem.
Luke está por perto, posso senti-lo. Torço para que Vader não
possa. Tenho muito a ensinar ao jovem. Muito para compartilhar.
Por que ouvi o Owen? Por que esperei tanto tempo?
Você e os Jedi já não fizeram o suficiente com esta família?
Agora é tarde demais. Não há como preparar Luke para o que está
por vir. Com quem o estou deixando? Um contrabandista e um
Wookiee? Mesmo que por algum milagre eles tenham encontrado
Leia, o que eles podem fazer? São pouco mais do que crianças. A
Rebelião não está preparada para uma arma desta magnitude.
Ninguém está. E é tudo minha culpa.
Falhei com Luke mais uma vez. Não consigo aguentar. Acabou.
A menos que...
— Ben?
O grito de Luke ecoa pela doca de acoplagem. Lá está ele,
observando o nosso confronto, a escotilha aberta do cargueiro atrás
de si. Ele bem sabe que não posso vencer. Está paralisado, em
choque, não sabe o que fazer, mas isso não durará muito. Em breve,
o feitiço será quebrado e ele virá correndo. Aqueles olhos corajosos e
desafiadores serão mortos em uma chuva de disparos dos soldados.
Ele precisa mais do que um caça de brinquedo agora. Ele precisa
escapar, para salvar a si mesmo, não a mim.
Vá até ele.
A voz na minha cabeça está mais alta do que esteve nos últimos
anos.
Sim, Mestre.
Eu sou um homem velho. Mesmo se tentasse, eu não conseguiria
fugir de um tiro de blaster, não mais. Eu jamais conseguiria alcançar
Luke em tempo de salvá-lo.
É aqui que começamos.
Eu sou Obi-Wan Kenobi e estou morto.
Olho novamente para Vader e sorrio. Eu não sou capaz de
imaginar o que ele pensa disso. Não tem mais importância. Tudo o
que importa é Luke.
Aprumo minhas costas, fecho meus olhos ao levantar meu sabre à
frente. Não vejo a lâmina cortando o ar, mal ouço o seu barulho.
Imagino Luke, pernas cruzadas na areia, jogando com a sua corveta
de madeira.
Olhos. Grito. Sabre. Dor.
Olhos. Grito. Sabre. Dor.
Olhos. Grito. Sabre. Dor.
— Ben! Não!
Luke grita novamente, tomado pela dor. Vejo tudo de uma só vez.
O blaster em sua mão. Solo eliminando stormtroopers. Leia
chamando seu nome. Os soldados avançando, armas erguidas. Se
Luke ficar, ele morrerá. Se lutar, morrerá.
Não deixei que isso acontecesse antes, não vou deixar acontecer
agora. Sussurro as palavras que disse quando ele era criança,
palavras que só ele poderá ouvir.
Corra, Luke! Corra!
E ele o faz. Luke Skywalker corre sem parar. Eu estou a seu lado.
Deste momento em diante, ele nunca mais estará sozinho. Ele
aprenderá, crescerá e eu o guiarei em cada passo de seu caminho.
Temos todo o tempo de que precisamos.
Yoda estava parado em frente a sua cabana, olhando os raios de luz
retos cortando o cinza do céu.
Virou-se e olhou para dentro.
Depois de volta ao céu.
Já era tempo. Talvez até tenha passado do tempo. As chuvas
cessaram mais de uma órbita atrás. Logo o sol brilharia sobre
Dagobah e as terras altas estariam quentes demais para se suportar,
até para um ser pequeno como ele. Tinha talvez alguns dias. Talvez
menos.
Suspirou. Das duas estações de Dagobah, a seca é de que gostava
mais. A vista das terras altas lembrava-o de... uma época e um lugar
de seu passado. Mas agora as terras baixas estariam secando aos
poucos e as árvores já teriam começado a emergir da água. Em breve
chegaria a hora de plantar nos campos alagados.
Plantar era um incômodo, mas até um Mestre Jedi precisa comer.
Ele olhou para dentro de sua cabana mais uma vez. A idade, pensou,
tem suas vantagens. Mais e mais quer o jovem, menos e menos
necessita o velho. Yoda sentiu-se diminuindo cada vez mais durante
os dois últimos séculos. Havia se livrado de quase tudo agora...
exceto das coisas que mais amava.
A sua bengala, na verdade, começou como uma piada, para
convencer jovens Padawans de que era apenas um velho e fraco Jedi.
Mancava em frente à turma e os seus aprendizes abriam caminho
para que passasse. Então, jogava a sua bengala de lado e, com o seu
sabre de luz, cortava o ar, deixando-os boquiabertos por ver um
Mestre tão velho e cansado golpear com a potência e a velocidade da
Força. E quando a lição terminava, ele retomava sua bengala e
partia... deixando os seus alunos sem saber no que acreditar: ele
precisava ou não da bengala?
Hoje, eles acreditariam que sim.
O cobertor em sua cama, feito com o manto de seu velho amigo.
Quanto tempo se passou desde que Qui-Gon Jinn se tornou um com
a Força? Yoda retornou para dentro e tocou o manto. Às vezes, um
indivíduo forte na Força pode deixar rastros de si naquilo que
possuía, mas muitos anos haviam se passado. Se alguma vez Yoda
sentira algo, dessa vez não sentiu nada.
Por fim, na prateleira acima da cama, a panela arredondada de
Obi-Wan, feita por suas próprias mãos. Yoda esticou-se e puxou o
pote para si. O seu cabo estava frio.
Isso era tudo que, de fato, restara. Antigamente, guardava o seu
sabre de luz como um tesouro, mas a arma se perdera nas ruínas da
câmara do Senado. Estava arrependido. Ficaria satisfeito em passar o
sabre para as mãos da jovem Skywalker. Imaginou-a sentindo o peso
e, de repente, se surpreendendo com a lâmina que surgiria.
Mas não sabia nada sobre a Força e os seus caminhos. Ela não
tivera ninguém para ensiná-la.
Isso, pensou Yoda, havia sido um erro.
Mesmo assim, sorriu. Se os velhos precisavam cada vez menos
deste mundo físico, talvez fosse porque moravam cada vez mais no
mundo da memória e no mundo daquilo que poderia ter acontecido.
Poucas coisas o agradavam mais do que pensar na jovem Skywalker
conhecendo a si mesma, aprendendo sobre os poderes que estavam
profundamente dentro de si e, quem sabe, trazendo para a galáxia
uma nova era, além daquilo que a jovem poderia imaginar.
Mas como ela poderia, se quem ela era, ela não sabia?
Passaram-se muitas e muitas órbitas desde que Yoda havia sido
Mestre de algum Padawan. Mas às vezes ele desejava...
Na cabana, começou a fazer calor. Era hora de embalar aquele
pouco que havia para ser levado e mover-se para as partes baixas,
para longe do hálito quente do sol.
Não demorou muito. Enfiou o que tinha em um saco: uma bolsa de
sementes colhidas ao longo dos anos, um cobertor e a panela por
cima. Pegou a sua bengala e, por um momento, parou na porta,
olhando uma última vez para a cabana que não veria por oito órbitas.
Fechando os olhos, conectou-se na Força para verificar se haviam
droides, pois, certa vez, alguns destes caçaram-no impiedosamente.
Ainda verificava toda vez que deixava a cabana, mas fazia muito,
muito tempo desde que o último droide tinha aparecido. Talvez o
Império o considerasse morto há muito tempo e tivesse parado de
procurar. Ou, mais provavelmente, o Império já nem se importava
mais, tão insignificante um antigo Mestre Jedi havia se tornado.
Suspirou mais uma vez. Talvez o Império estivesse certo. Sobre o
quão insignificante ele havia se tornado, claro.
Começou a descer em direção às terras baixas. Em muitas das
árvores já haviam brotado folhas, embora algumas ainda
permanecessem afundadas na água verde e densa. Mas não
permaneceriam assim por muito tempo. Yoda podia ver a água
recuando sob o brilho do sol, como se tivesse medo da luz. Em breve,
as terras baixas voltariam a ser um pântano e ele plantaria as
sementes da última estação. Então, antes que o sol começasse sua
longa jornada para bem longe, elas brotariam. As nuvens cinzentas
voltariam e reteriam o ar úmido do planeta, os brotos cresceriam,
floresceriam e produziriam seus frutos antes que um quarto de órbita
tivesse passado. E, finalmente, o sol estaria longe o suficiente para
que as chuvas caíssem novamente e as enchentes começassem seu
trabalho de inundação e Yoda voltaria para as terras altas,
carregando atrás de si a comida para a longa estação.
Ele podia até ouvir as vozes dos Padawan de muito tempo atrás:
— Como é a vida de um Mestre Jedi? — perguntariam.
Se ao menos eles pudessem vê-lo agora, pensou.
Passou a mão nos olhos.
Se eles pudessem.
Certamente havia coisas piores do que Dagobah.
Durante boa parte do dia, andou em direção às terras baixas, o
solo de baixo de seus pés ficando cada vez mais quente, até chegar à
beira das grandes inundações, onde a água mal havia sido drenada.
Então, sentiu alguma coisa nos limites de sua percepção.
E ele estava exposto.
É isso que dá não manter a mente onde se está e no que se está
fazendo.
Dirigiu-se, com a sua bengala, a um abrigo formado por três
rochas caídas, que poderiam aguentar um disparo, talvez mais.
Com quase novecentos anos e ainda querendo ter mais tempo.
Tolo, Yoda pensou.
Mas se tivesse mais tempo, gostaria de treinar mais uma Padawan.
Se tivesse, ao menos, o tempo de treiná-la.
Ele chegou às rochas e parou.
Buscou sentir novamente.
Não era um droide. Nem uma das naves Imperiais.
Mais uma vez conectou-se a Força.
Não era sequer pra ele.
E então tudo mudou, era para ele. Aquela sensação antiga e
familiar trazida pela Força, uma vibração constante, calma... não a
calmaria de uma noite tranquila, mas a de um mar que sobe e desce
com segurança e tranquilidade.
Era Obi-Wan.
Yoda se encostou nas pedras e sorriu. O exílio deles fora muito
longo e solitário. Mas se os dois tivessem permanecido juntos, o
Império certamente os teria encontrado. E havia o outro Skywalker
para cuidar... impetuoso, teimoso, indisciplinado e desatento. Era
necessário que Obi-Wan mantivesse os olhos nele. Ao contrário da
outra, cuja vontade, força e clareza se mostravam todas como marcas
de uma grande Jedi.
Ainda assim, mesmo com a vibração pulsando por ele, Yoda sentiu
a solidão crescer. Uma coisa era sentir o lugar de Obi-Wan na Força,
mas como seria bom sentar e conversar, caminhar sob as estrelas,
talvez treinar ainda uma vez... seria um prazer que ele não ousava
nem imaginar.
E então, outra vibração... esta também familiar. Era rígida e forte,
pulsando ferozmente. Em seu ritmo trazia... arrogância. Em seu
ritmo, trazia escuridão.
Em seu ritmo, trazia... pela primeira vez Yoda notou... uma terrível
solidão, raivosa e desesperadora.
Solidão!
Era Anakin... ou o que havia restado dele. E sentia dor. O remédio
que usava para se acalmar era a dor... a dos outros e a de si mesmo.
Yoda levou a mão ao centro do peito.
As duas vibrações se encontraram e os seus pulsos lutaram através
da Força.
Foi então que um droide de busca surgiu, de repente, das terras
baixas, pairando sobre a areia, movendo-se rapidamente acima do
nível de inundação.
Como pôde não o perceber?
A mão de Yoda largou a bengala, dirigindo-se automaticamente ao
cinto, mas não havia nenhum sabre de luz ali, já há muito tempo. O
olho arredondado do droide ainda estava virado para outro lado, mas
não estaria assim por muito mais tempo. Os seus sensores térmicos
captariam até mesmo o corpo pequeno de Yoda, sobretudo com o seu
calor refletindo pela rocha. Lentamente, abaixou o seu saco,
remexendo em seus pertences. A pequena panela de Obi-Wan, fria ao
toque. Esfregou sua mão na lateral do objeto e sentiu seu Padawan,
uma última vez. Então, lentamente, colocou a panela no chão.
O sensor térmico do droide passou de azul para vermelho. O seu
olho redondo começou a girar em sua direção.
Yoda fechou os olhos e sentiu a Força fluindo a seu lado, pela
rocha, ao redor da pequena panela de Obi-Wan e fluindo para a areia
sob seus pés, areia que se ergueu quando Yoda ergueu os braços e
voou em direção ao droide como um vento forte, girando em torno
dele em uma tempestade ofuscante.
E então Yoda ergueu ainda mais seu braço direito. Parou por um
momento, abaixou o braço e direcionou-o ao droide. A panela de
Obi-Wan voou através do redemoinho de areia até o olho robótico,
estilhaçando-o em uma chuva de fagulhas.
A explosão que se seguiu era esperada. Esses droides sempre
tinham um mecanismo de autodestruição que acionavam quando
danificados.
Os barulhos vindos dos pântanos abaixo foram altos e longos.
Explosões eram incomuns no sistema de Dagobah. Mesmo de tão
longe, Yoda pôde ouvir o barulho de pequenas patas e do bater de
asas dos répteis. Estes sons continuaram mesmo depois de os
pedaços do droide, grandes e pequenos, caírem todos do céu.
Yoda pegou sua bengala e se dirigiu aos restos. A panela havia
sumido, desintegrada, sem dúvida.
E foi bem naquele momento, naquele exato momento, que Yoda
sentiu Obi-Wan ficar repentinamente mais e mais forte, depois
partir, numa explosão rápida, para o submundo da Força.
Yoda sentiu Anakin cair ainda mais profundamente na dolorosa
solidão, uma solidão tão terrível que quase fez Yoda sentir pena dele.
Quase desejou conversar com ele, dizer que não precisaria ficar
sozinho, afinal. Havia...
Olhou para o chão e lá estava a alça da panela quebrada; de
alguma forma, ela havia sobrevivido. Mas Obi-Wan havia partido
deste mundo. Yoda se sentiu ainda menor.
Obi-Wan.
E Anakin. Se o que havia acontecido com Anakin não tivesse sido
escondido de todos eles... Não. Isso não era verdade. Se ao menos
Yoda tivesse percebido os caminhos que Anakin estava começando a
seguir. Foi a sua própria falha. Por isso, era muito importante treinar
a jovem Skywalker. O que ela poderia fazer para trazer o seu pai de
volta?
E para a sua decepção, agora Obi-Wan partiu deste mundo. O que
isso significaria para aquele outro Skywalker, cuja a impaciência e a
raiva eram fraquezas terríveis?
Obi-Wan.
Para Yoda, a galáxia estava se tornando cada vez mais vazia.
Talvez tenha sido por isso que só sentiu os dois novos droides
quando estes estavam quase em cima dele, atraídos pela destruição
de seu companheiro.
Mais uma vez, dirigiu-se automaticamente ao seu sabre de luz e
quase sorriu quando a sua mão não tocou em nada. Por um
momento lembrou como era bom lutar com outro Jedi a seu lado,
sentir a Força unindo-os e suas vontades em harmonia.
Yoda viu os droides se dirigindo em sua direção, com os olhos
voltados para ele, sensores treinados para caçá-lo e dispositivos que
zumbiam com um prazer robótico de cumprir uma missão.
Ele estava velho.
Ergueu a mão para...
Um disparo rasgou o ar por cima de seu ombro, atingiu a rocha
atrás dele e ricocheteou para o saco, que explodiu em chamas
imediatamente.
O seu cobertor! O manto de Qui-Gon!
Yoda usou a Força ao redor dos droides, pressionando como que
ao fechar uma cortina.
O vidro dos visores se estilhaçou, os velhos corpos de metal foram
esmagados e os droides caíram, formando uma pilha fumegante.
Yoda rapidamente apagou as chamas e puxou o cobertor do saco.
Chamuscou, mas não muito.
Conectou-se à Força mais uma vez. A bolsa de sementes estava
intacta.
Sentiu Qui-Gon rindo dele, diretamente do submundo da Força.
Tinha que concentrar a sua mente onde estava, e foi isso que fez
pelo resto do dia.
Enterrou os droides. Provavelmente não teria sido necessário, mas
era melhor prevenir.
Embrulhou as sementes no cobertor, amarrando as pontas bem
firme.
Estendeu a mão, com cuidado, desta vez com muito, muito
cuidado, sentindo a atmosfera ao redor do planeta. Sem mais
nenhum droide.
Deixou de lado a solidão. Deixou de lado uma galáxia sem Obi-
Wan.
Desceu e desceu pelas colinas até adentrar nas planícies, com o
solo cada vez mais úmido, pegajoso sob os seus pés... o que, tinha
que admitir, parecia mais fresco e relaxante depois de tantas pedras
e grãos de areia. Passou pelas árvores, as ervas daninhas ainda
escorrendo pelos galhos. Ouviu as vozes de todos aqueles seres que
haviam passado a estação das chuvas hibernando imersos na água, e
que agora se esforçavam para abrir os pulmões, permitindo a entrada
de ar novamente, esticando e batendo asas para secá-las. Yoda teria
de enterrar bem fundo as sementes e usar musgo para encobrir o
cheiro delas.
Encontrou, sem mais problemas, sua casa das terras baixas. A sua
cabana também havia sobrevivido à hibernação sob a água e parecia
estar, em grande parte, intacta. Como sempre, estava meio verde,
com mofo e água pingando, mas ele também estava assim, riu. As
paredes poderiam ser limpas. Do lado de dentro, o piso estava quase
seco; em um ou dois dias estaria completamente drenado. A cama
estava ensopada, é claro, mas um pouco de fogo logo resolveria. Não
demoraria muito para retomar a vida nas terras baixas.
Estava certo, não demorou muito.
Cinco dias depois, a casa estava seca e aprumada, o fogo ardia
intensamente em sua lareira. Havia cortado a parte queimada do
cobertor; não teria problema, pois estava cada vez menor, de
qualquer maneira. Mas agora, a prateleira onde sempre colocava a
panela estava vazia, toda vez que olhava em sua direção, ele sentia
um silêncio onde antes sentia vibração. Recordou-se, dizendo pra si:
— Lamentar, jamais. Sentir falta, jamais. Alegre-se por aqueles
que, ao seu redor, na Força se transformam.
Mas ele estava sozinho.
— Treine a si próprio para se libertar de tudo o que você tem medo
de perder.
Mas ele estava sozinho e velho.
E havia falhado.
Não vira os caminhos que o jovem Padawan Anakin havia
começado a trilhar.
Perdera a oportunidade com a jovem Skywalker.
E o que aconteceria com o outro, o imprudente Skywalker? Aquele
que tinha tanta raiva quanto o seu pai?
Durante os dias seguintes, plantou as sementes e as plantous bem
fundo, enterrando-as com a sua bengala no solo úmido e macio, tão
fundo que poderiam não aparecer mais na superfície. De todo modo,
juntou musgo dos galhos e cobriu a terra. Ao terminar, parecia que
nada havia sido plantado ali, como se nada fosse brotar apesar de
todos os esforços.
Nada mesmo.
Nada mesmo.
Nada mesmo.
Na noite em que terminou o seu trabalho, Yoda se sentou em
frente à lareira, sentindo-se só.
Perdera, mais do que podia contar, velhos e bons amigos.
Então, conectou-se com a Força até o submundo, procurando por
Qui-Gon, mas não conseguiu senti-lo. Tentou novamente, sem
resposta.
— Qui-Gon está ocupado, Mestre Yoda — disse Obi-Wan.
Yoda ergueu os olhos, mesmo que não fosse necessário. De
repente, sentiu a cabana tão cheia de... vida. Tão cheia de Obi-Wan,
que estava sentado de pernas cruzadas na porta, tremeluzindo.
— Nunca antes você entrou em uma sala de maneira tão silenciosa,
Mestre Kenobi.
Obi-Wan assentiu com sua cabeça brilhante e disse:
— Descobri várias novas... habilidades, ultimamente.
— Entrar no submundo da Força, para você desenvolver esta
habilidade, seria necessário.
— Como você diz, Mestre.
Yoda cruzou a sala e sentou-se em sua cama. Não estava mais
molhada como antes.
— Estou velho, Mestre Kenobi.
— Ter novecentos anos parece ser realmente velho. — concordou
Obi-Wan.
— E desgastado.
— Não tanto quanto você imagina, Mestre. Onde está a minha
panela?
Yoda olhou para a prateleira vazia.
— Tive um encontro. — respondeu.
— Um encontro? Não tão complicado, já que conseguiu preservar o
manto de Qui-Gon, pelo que vejo.
— Com você sempre tem que ser ambos. Escolhas difíceis neste
mundo, às vezes devemos fazer.
— Como agora, Mestre.
— Aonde quer chegar?
— Mestre, eu quero que treine outro Padawan.
— Você quer, não é?
— Quero que treine Skywalker.
Yoda sentiu seu coração estremecer. Não havia imaginado que isso
iria acontecer, mas ali estava a oportunidade.
— Sim. — Respondeu, acabou por dizer.
— Vai aceitar tão rápido?
— Há muito tempo desejo treiná-la.
— Mestre, eu quero que treine o Luke.
— Não. — disse Yoda olhando para o rosto tremeluzente. Bateu
com a bengala no chão e continuou: — Não este. Pronto ele não está.
— Quem está realmente preparado?
— Ele não. Um Jedi precisa ter o mais profundo
comprometimento. Ele está sempre olhando de uma nuvem para a
outra. Um Jedi precisa ter a mais séria mente. Ele não consegue
manter o seu pensamento longe de seu speeder. Ele não. Ela!
— Mestre.
— O garoto não terminará o que começou. É imprudente.
— Mestre.
— E sabemos bem o caminho que quem é imprudente toma.
O tremeluzente Obi-Wan se sentou na cama, ao lado de Yoda e
disse:
— Está úmida.
— Ainda te incomoda a umidade, Mestre Kenobi?
— Você ficaria surpreso, Mestre.
— Para alguém com novecentos anos, surpresas não há mais.
— Eu prometo, Mestre — disse Obi-Wan, sorrindo — que você se
surpreenderá.
— Hummm — resmungou Yoda.
Deitou-se na cama, puxando o manto sobre si, e disse:
— Já chegou o tempo de estar com você. Já chegou o tempo de me
tornar um com a Força.
— Ainda não — disse Obi-Wan, balançando a cabeça.
— Para me dizer isto, você veio?
— Eu vim para te dizer isso. — respondeu Obi-Wan, abrindo os
braços, quase como se fosse abraçar seu antigo Mestre.
— Ainda é atrevido.
— Sim, Mestre.
Fez-se um longo silêncio.
— A outra Skywalker eu treinaria. Ela está pronta
Mais uma vez Obi-Wan balançou a cabeça negativamente.
— Exigentes nos tornamos agora, não é? — disse Yoda.
— Perdão, Mestre.
— Se eu tentar ensinar este imprudente, este impaciente, este
menino estúpido nos caminhos da Força e falhar, o que acontecerá?
— Estou me lembrando de um antigo mestre meu. — respondeu
Kenobi, sorrindo — que gostava de falar algo sobre tentar.
— Hummm — resmungou mais uma vez Yoda, puxando mais o
cobertor. Fechou os olhos e Obi-Wan esperou. Finalmente disse, em
uma voz baixa como um sussurro: — Mande-o vir até mim, então.
Obi-Wan estendeu o cobertor até o queixo de Yoda.
— E Obi-Wan...
— Sim, Mestre.
— Pela panela, desculpe-me.
— Ela era velha e feia.
— Assim como eu. — respondeu Yoda, abrindo os olhos.
— Não é verdade, Mestre.
— Olhe, Mestre Kenobi. Olhe. Velho e feio. O que vê você?
— Um ser de luz — respondeu Obi-Wan, aproximando-se.
— Hummm — fez Yoda, fechando mais uma vez seus olhos —
Irritante, usar as palavras de alguém contra ele é. Mau
pressentimento sobre isso, eu tenho.
Mas Obi-Wan já não estava lá para ouvi-lo.
Yoda se aconchegou no manto de Qui-Gon Jinn. Iria dormir agora.
Ao menos, tentar dormir.
Os seus olhos se abriram.
Não conseguiria dormir.
Não era isso o que desejava. Não mesmo. Mesmo assim, pela
primeira vez em muito tempo, estava ansioso pelo próximo dia.
Entra o IMPERADOR PALPATINE, tendo recebido notícias de
DARTH VADER sobre a morte de OBI-WAN KENOBI.

PALPATINE

A comunicação acaba de ser recebida,


Ainda melhor do que nas minhas fantasias concebidas.
Darth Vader, é o meu aprendiz e a minha ferramenta,
O punho intimidante pelo qual o meu governo se apresenta...
Da morte rápida de Kenobi ele falou,
Com profunda surpresa foi que e a notícia me acertou.
Sobre a Estrela da Morte, do Império a última ameaça,
A batalha foi confirmada, os velhos inimigos deram o ar da graça:
Kenobi... frágil, idoso e fracassado...
Veio ousar ao seu ex-Padawan procurar.
Os dois homens, e como fogo e gelo se encontraram e se chocaram,
Darth Vader, porém, num instante as suas forças triunfaram.
De seu sabre vermelho vieram algumas defesas rápidas,
Agora no ar, agora morto... E o velho Kenobi caiu....
Era em Tatooine que nossos troopers agora relatam
Sem ser visto, era onde Kenobi se escondeu,
Em mistério nesses anos viveu,
Enquanto eu, o Imperador, fiz história.
Por que Tatooine? Há tanto tempo e porquê?
Quais são as notas a música de Kenobi que formava?
Que melodia era aquela que ele tocava?
Por que ele ficou tanto tempo nessas ações?
Ele estava projetando seu próprio instrumento?
E por que seus descansos eram tão proeminentes?
Sua morte deve encher um imperador de alegria,
De fato, meu coração deve voar dentro de mim,
No entanto, há algo que ainda a minha mente atormentaria...
Sim, perguntas para essas respostas eu encontraria.
Por exemplo, há isso que ainda perplexo deixaria...
Um enigma que, com ofuscação, irrita.
Darth Vader disse que naquele exato momento...
O segundo, quando ele cometeu o crime,
Quando seu sabre de luz atingiu o manto de Kenobi...
O corpo do Jedi desapareceu do globo.
Nem morto, precisamente, não, mas desaparecido,
O que é suficiente para me deixar com medo.
Depois, também, há as palavras finais dele,
Que Vader transmitiu como se fosse um quiz:
“Se você me derrubar, já agora, ainda aqui,
Eu devo aparecer mais grande e poderoso
Do que você jamais imaginou ser possível”...
Essas palavras são como agulhas no meu crânio.
Isso é uma simples mentira ou um truque Jedi?
Este é o poder da Força? Eu fui estúpido?
Há alguma coisa que possa fazer Kenobi viver?
Há alívio que a lógica ainda pode dar?
E mesmo que Kenobi esteja morto e morto,
Outra preocupação ainda parece difícil:
Embora este Jedi miserável seja destruído,
Por Yoda está o meu intelecto irritado:
Para onde fugiu o covarde errante e verdejante?
Em algum lugar dentro da galáxia sua cabeça
Espera para conhecer a fúria sombria de um Imperador...
A menos que o fraco tenha expirado de idade.
Se Yoda e Kenobi estivessem vivos,
E de alguma forma ao nosso expurgo Jedi sobreviveu,
O que mais existe que desconhecemos?
Que ameaça virá, por terra, mar ou ar?
Eu estaria certo de nosso domínio,
Teria provas da minha proeminência.
Para garantir que eu daria o universo,
No entanto, questiona-me como uma maldição de bruxa.
As respostas para essas coisas ainda são desconhecidas,
E as dúvidas dentro do meu cérebro fazem um sussurro sem fim
Como voz zombeteira que fala,“Palpatine,
Não poderias tirar os teus rivais de cena?"
A morte de Kenobi, então, dá, mas pobre libertação,
Uma vez que as preocupações me perseguem sem cessar.
Estes assuntos me abalam, embora eu me regozije,
Assim, ouvi a proclamação da minha voz:
Este momento marca um tempo que eu vou saborear...
A partir de agora, o poder do Império nunca mais vacilará,
Hoje começa uma era de determinação,
Como totalmente para a escuridão, a nossa evolução.
Nenhum deslize de nosso mau propósito saberemos,
Nenhum passo em falso ameaçará derrubá-los,
Nenhum plano Jedi escondido nos dará uma pausa,
Nenhuma incerteza vil será a nossa causa,
Nenhuma misericórdia tolerada em nossas fileiras,
Nenhuma fraqueza encontrada nos nossos bancos de dados:
Doravante o Império não será atacado,
Impermeáveis seremos, sem culpa será revelado.
Um reino vulnerável é uma raça em extinção;
De fato, este não será do Império a destinação.
Eu terei controle total, o que quer que venha,
E atacar os meus inimigos surdos e mudos.
Começa com o fim da Rebelião,
Onde eu sou o ceifeiro, Darth meu diabão.
A Estrela da Morte, totalmente operacional,
Deve bater com uma força sensacional.
A astúcia do Lorde Vader a base rebelde conseguiu encontrar;
Em breve ele vai trazer destruição do lugar.
Até a Estrela da Morte os bandidos serão apreendidos,
A sua lista de massacres serão estendidos:
Foi Jedha, Scarif, e depois Alderaan,
Próximo Yavin 4, com rebeldes encontrados lá.
Este triunfo não pode acontecer tão cedo agora...
De joelhos, a galáxia deve se curvar.
Venha, Morte, e deixe os rebeldes conhecerem seu poder:
Você sempre foi nosso aliado em uma luta,
Tu és o cavaleiro, o Império é o teu cavalo,
Tu mostras todo o lado sombrio da Força,
Tu és nossa força, nosso talismã, nosso sinal,
Tu és supremo, e tua força total é minha.
Eu te empunharei rapidamente na gangue rebelde,
E traga sobre eles sua dor de conclusão de vida.
Esta notícia de Vader me estimula ainda mais:
Kenobi primeiro, e por minha vontade de ferro
Os rebeldes e toda a galáxia
Deve me chamar de Imperador ou ver sua pira.
Vá, Palpatine, libere seu medo terrível,
Até que cada patife rebelde imundo esteja morto.

Saída.
Dex sentou do lado de seu beliche, com os cotovelos nos joelhos,
encarando o nada, mas pensando em tudo. Com o seu passado
esticado atrás dele, numa linha de eventos muito mais longa do que o
futuro que via a sua frente.
O Império estava vindo, com o seu poder projetado na forma de
uma estação de batalha do tamanho de uma lua que já havia
destruído mais de um planeta e assassinado bilhões. Bilhões. Todo
mundo conhecia alguém que estivera em Alderaan, Scarif ou Jedha.
Dex tinha estado em Alderaan uma vez com os seus pais, anos antes
de a Republica se transformar no Império.
Pensar nas pessoas lá, com as suas vidas obliteradas em um
instante de fogo e dor, o enfurecia e afligia subitamente. Foi uma
atrocidade, e ele queria que o Império respondesse por isso.
Mas ele não era ingênuo. Qualquer resposta que a Aliança Rebelde
forçasse o Império a dar provavelmente se tornaria, em apenas
algumas horas... fútil. Ele sabia como as coisas provavelmente
terminariam. Parecia a ele que as suas escolhas eram fugir da lua de
Yavin e viver, talvez, ou ficar e lutar e morrer.
E ninguém estava fugindo.
Nem uma pessoa. Ninguém.
Alderaan havia dado uma determinação feroz a todos, desde as
tropas de suporte aos pilotos. Estavam cansados de fugir.
A verdade, rumores circulavam entre as equipes de voo de que a
Princesa Organa havia retornado com algum tipo de informação
secreta sobre o Império, mas Dex não via como uma mera
informação podia ajudar. A batalha com a Estrela da Morte se
resumiria a um teste de sangue e metal. E o Império tinha muito
mais de ambos. As forças da Aliança que restavam em Yavin 4 eram
uma coleção maltrapilha de caças estelares e cruzadores leves, quase
nenhuma nave capitânia havia sobrevivido a batalha em Scarif.
Juntos, todos os seus soldados não conseguiriam nem operar uma
fração da Estrela da Morte.
Mas mesmo assim, ninguém estava fugindo. Nem uma pessoa.
Você faz o seu ataque e acerte o que puder, esse era o lema do
Esquadrão Dourado. Dex internalizou isso há muito tempo. Faria o
seu maldito ataque, aconteça o que acontecer.
Ele também tinha seu próprio lema, baseado em algo que sua mãe
sempre dizia.
— Pequenas fagulhas podem começar grandes incêndios.
Pensar em sua mãe o perseguiu em suas trevas internas e o fez
sorrir. Em sua mente, podia vê-la em um de seus vestidos simples
que adorava, cabelos grisalhos em um coque, com o seu dente da
frente torto, exposto em um sorriso.
Respirou fundo, expirou, brincou com o seu traje, e tentou afastar
o seu estado mental. Checou o cronograma. Eles tinham horas, um
pouco menos, e então voaria no seu Y-Wing sobre uma enorme
esfera de metal e armas e fazer o que pudesse.
Você faz o seu ataque.
Pequenas fagulhas.
Um som de cri cri de interrogação o trouxe de volta para o
presente. Sorriu para a unidade R5 marcada pela batalha que esteve
com desde que saíra de Corellia. Apelidou o droide de Fagulhas.
— Estava só pensando, Fagulhas. Só isso.
Um ronronado simpático de Fagulhas. Mais bipes com um ponto
de interrogação no fim.
— Ah, sobre muitas coisas. Principalmente sobre a minha mãe e o
meu pai em Onderon. Não os vejo desde... faz muito tempo. E a
minha irmãzinha, ela teria doze agora. Doze. — Ele balançou a
cabeça. O tempo passara tão rápido, e agora tinha tão pouco
sobrando.
Fagulhas rolou para perto, zumbiu em simpatia.
— Já te contei sobre o que minha mãe dizia sobre pequenas
fagulhas? Foi por isso que te batizei de Fagulhas. Bem, isso e aquele
incêndio que você começou na lua de Utapau. Lembra?
Um gemido envergonhado e uma tremida do Fagulhas.
Dex Sorriu, deu uma tapinha na cabeça do droide, e mentiu.
— Ouça, as coisas vão ficar bem.
Os bipes ambivalentes de Fagulhas sugeriam que ele viu a verdade
através das palavras.
— Vamos fazer o que pudermos, certo? Faremos o nosso ataque.
Fagulhas se animou, apitou em entusiasmado.
— E acertaremos o que pudermos, — Dex disse. — Certo.
Em retrospectiva, percebeu que a frase de sua mãe era um aspecto
comum em sua vida. Tocava em sua mente quando entrou para a
Rebelião, e lhe deu apoio nos tempos sombrios. Ele entrou sabendo
que as coisas pareciam desoladoras, mas sempre se imaginou como
uma fagulha, sempre se imaginou começando o grande incêndio.
Mas parecia que não. Na verdade, parecia que as coisas
terminariam em uma lua no fim do mundo.
Uma voz chegou pelo intercomunicador da estação.
— A estação espacial Imperial entrou no sistema. Reportem a suas
estações. Tripulações de voo para o...
Uma pausa longa. O final usual para aquela frase seria... para o
hangar de lançamento. Afinal, eles já haviam feito a sua instrução
para a missão.
Um estalo no intercomunicador.
— Todas as tripulações de voo reportem imediatamente na sala de
reuniões principal.
Fagulhas zumbiu uma observação.
Dex levantou.
— Concordo, isso é estranho. Vou ver o que é. Vejo você na nave.

A sala de reuniões, cheia de pilotos e tripulantes, caiu em silêncio


enquanto General Dodonna falava, com o seu tom tão sombrio
quanto o de um apologista.
Dex se inclinou para perto enquanto os planos da Estrela da Morte
apareceram na tela da sala de reuniões. General Dodonna explicou a
sua fraqueza, uma pequena porta do exaustor no final de uma
estreita fenda. Alguém teria que colocar um torpedo fotônico
diretamente dentro dela precisamente no ângulo de entrada correto.
Alguns suspiros audíveis responderam a declaração, muitas
cabeças balançaram, um senso penetrante de desânimo. Alguém do
outro lado da sala disse que o tiro não poderia ser feito. Outra
pessoa, uma voz que Dex não reconheceu, respondeu dizendo algo
sobre atirar em ratos womp em Tatooine.
Dex desconsiderou. Já havia gravado os detalhes da reunião na
memória. Sabia que o tiro poderia ser feito. E percebeu que era
exatamente o piloto para fazê-lo.
Podia ver o exaustor em sua mente, como uma imagem vívida. As
palavras de Dodonna não aumentaram o seu desânimo; elas o
dissiparam. Sentiu-se esperançoso pela primeira vez em muitos dias.
Pequena fagulha, pensou. E grandes incêndios.
Eles saíram da sala de reuniões e se apressaram para o convés de
voo, onde a tripulação de solo e os droides haviam preparado a frota
de X-Wings e Y-Wings. Dex correu para o seu caça. Fagulhas já
estava sendo erguido para o seu encaixe. O droide cantarolou e
zumbiu uma melodia enquanto Dex escalava para dentro de sua
cabine e iniciou a checagem de sistema. Sentiu como se estivesse
flutuando, já voando, já soltando um torpedo no rabo daquela
estação Imperial e salvando a Rebelião.
Davish chamou do deque do convés de voo. Estava em seu traje de
voo, com o seu capacete na mão direita, o sorriso habitual estampado
em sua cara desgastada pelo tempo.
— Você vai ser um herói hoje, Dex?
Dex sorriu baixo.
— Tem que ser alguém, Davish.
— Suponha que tenha, — Davish disse.
— Te vejo lá em cima.
— Estarei bem atrás de você, — Davish falou e correu na direção de
sua nave.
Dex percorreu a a sua lista de verificação de pré-voo rapidamente,
viu que tudo estava em ordem. Fagulhas apitou com tudo certo. A
equipe de solo sinalizou que estava pronto para ir. Acionou a
antigravidade e decolou da plataforma.
— Vamos lá pra cima, Fagulhas, — ele disse.
O droide assoviou ansioso em concordância.

Dex atravessou a atmosfera e o azul deu lugar ao preto. Fagulhas


rodou uma breve checagem de instrumentos e armas, apitou que
tudo estava em ordem. Em seguida zumbiu para consultar os sinais
vitais de Dex.
— Não, estou bem, — Dex contou ao droide. Ele estava apenas
tonto. Foi de desesperado a esperançoso tão rápido que ainda estava
girando por causa disso. Fez algumas profundas, relaxantes
respirações, se acalmou e encontrou o foco.
— Comigo, Esquadrão Dourado, — falou o Dourado Líder pelo
comunicador.
Circularam afirmativas.
O esquadrão se pôs em formação de ataque, Dex na ponta a
estibordo do padrão em V. Através do vidro da cabine, viu as X-
Wings dos esquadrões Vermelho e Verde em formação a sua direita,
um pouco atrasados em relação a liderança do Dourado. Eles
aceleraram ao redor e para longe da lua, com as brincadeiras de
sempre se arrastaram pelos comunicadores.
À medida que a Estrela da Morte apareceu, o falatório nos
comunicadores virava um silencio, calado pela enormidade da
estação. Mesmo de longe, Dex podia ver as diferentes estruturas por
toda a superfície da estação, o imenso disco convexo o qual ele sabia
que servia para focar a arma destruidora de planetas da estação. Ele
repassou as linhas gerais do ataque em sua mente: primeiro os turbo
lasers, depois as estações de defletores, e então Dourado e Vermelho
entrariam na fenda em turnos.
— Sem naves de apoio, — ele disse.
— Ainda não, — disse Davish. — Podemos engolir alguns turbo
lasers, primeiro.
A voz severa do Dourado Líder estalou pelo comunicador.
— Menos papo e mais foco. Vocês sabem o seu trabalho. Façam.
— Fazemos o nosso ataque, — Dex falou.
— E acertamos o que pudermos, — Davish respondeu.
A estação aumentou de tamanho à medida que eles aceleraram na
direção dela, até que preencheu o campo de visão de Dex. Fagulhas
escaneou a estação, e alimentou a tela a cima da cabeça de Dex com
as informações pertinentes. Dex observou a localização dos turbo
lasers.
— Acelerem até a velocidade de ataque, — falou o Dourado Líder.
Dex acionou os motores.
— Defletores no máximo, Fagulhas. Aqui vamos nós.
Conforme eles se aproximavam da Estrela da Morte, os turbo
lasers balançaram na direção dele e pintaram linhas vermelhas pelo
espaço. Dex puxou o manche com força, subiu, girou em círculo,
afundou, e abriu suas armas. Os canhões da Y-Wing borrifaram a
superfície da Estrela da Morte dando a luz a plumas de chamas.
Virou bruscamente para a direita, travou em um turbo laser, atirou, e
assistiu a ele explodir. Puxando o manche de volta, atirou bem acima
da superfície da estação de batalha, perseguido pelo fogo do laser.
Olhou pra baixo e viu o resto dos esquadrões Dourado e Vermelho se
arremessando contra a superfície da estação. Os turbo lasers,
projetados como foram para defender a estação contra naves
capitânias e não contra caças, tiveram problemas para seguir os
esguios X-Wings e Y-Wings.
— Me encontre outra coisa para explodir, Fagulhas, — ele falou, e o
droide enviou as coordenadas para uma torre defletora.
Atingiu o leme para baixo e se aproximou da torre, voando direto
para um feixe de fogo de um turbo laser. Girou a nave, dançando
entre as linhas ionizadas, enquanto Fagulhas apitava. Pulverizou o
turbo laser com os seus canhões, o derrubou, e virou bruscamente
para a torre do defletor. Travou, atirou e assistiu ela desabrochar em
chamas.
— Belo tiro, Dourado Dois, — disse Davish.
— Alguém tem que ser o herói, — Dex respondeu.
Arremeteu, foi para o alto, e percebeu que o turbo laser havia
parado de atirar. Eles não podiam ter destruído todos eles tão rápido,
então isso só poderia significar uma coisa.
A voz do Dourado Líder confirmou o seu pensamento.
— Caças chegando. Dourado Dois e cinco comigo para a valeta. O
resto do esquadrão, ataque os TIEs. Segurem eles.
— Ativar escâner, Fagulhas, — Dex disse, rolando seu Y-Wing para
o lado do Dourado Líder e Davish. — Me avise se tivermos alguma
atenção dos TIEs.
Fagulhas apitou em concordância. A baixo deles, elementos do
esquadrão Vermelho batalhavam com os TIEs derramados para fora
da doca de lançamento da estação.
— Vai ser apertado na trincheira, — Dourado Líder disse. —
Mantenham a formação aconteça o que acontecer. Eu lidero. Vocês
dois fiquem atrás de minhas nacelas. Entendido?
— Entendido, — Davish e Dex disseram em sequência.
Um momento de quietude, e então o Dourado Líder disse:
— Vamos.
Os três Y-Wings convergiram para a trincheira. A visão de Dex
destilou até a linha preta daquele corte transversal que atravessava
toda a estação de batalha. Em sua mente, imaginou a porta do
exaustor no final dela. Eles precisavam voar para dentro da fenda
para permitir que os seus computadores de mira calculem
adequadamente o tiro.
— Todos os sistemas estão funcionando, Fagulhas?
O droide apitou afirmativamente.
Os três Y-Wings varreram abaixo, para dentro da sombria
trincheira, Dex e Davish logo atrás das nacelas do motor do Dourado
Líder. O voo era claustrofóbico. Os lados da vala eram, um borrão,
passando como um chicote a uma velocidade estonteante. Dex se
manteve olhando para frente e para os seus instrumentos para não
ficar desorientado.
A distância até a porta do exaustor se mostrou como uma
contagem regressiva seus monitores. Estavam chegando perto.
Pequenas fagulhas, ele pensou. Pequenas fagulhas.
Fagulhas zumbiu um aviso um momento antes do Dourado Líder
dizer:
— Eles estão vindo! Três alvos a duas e dez.
O escâner mostrou TIEs na fenda atrás deles, se aproximando
rápido. Dex comparou a velocidade com que se aproximavam com a
distância até a porta do exaustor.
Vai ser por pouco.
— Motores ao máximo, — Dourado Líder falou. — E mantenham
formação, droga.
Fagulhas ajustou as configurações de potência, aumentando a
saída do motor, e a Y-Wing acelerou.
— Refletores traseiros no máximo, — Dex disse, e Fagulhas
redirecionou potência. Dex estava suando por de baixo do traje de
voo, sua respiração acelerada, segurando-se ao manche. A trincheira
era tão estreita que não dava espaço para manobrar. Encarou a tela
que mostrava a porta do exaustor se aproximando. Estava apenas
esperando pelo computador de mira confirmar que havia travado.
Quase lá. Quase.
Vamos. Vamos.
Um tiro de um dos TIEs atingiu a lateral da trincheira, explodiu, e
a onda de impacto fez a Y-Wing de Dex balançar. Ele raspou a parede
lateral da trincheira, mas se ajeitou.
— Estou bem. — ele disse. — Estou bem.
Os TIEs haviam se aproximado mais rápido do que ele esperava.
Checou o seu monitor mais uma vez. Tão perto.
— Manter formação. — falou o Dourado Líder, sua voz
normalmente sem emoções estava cheia de tensão. — Se balancem o
melhor que puderem, mas não quebrem a formação.
Não havia realmente espaço para balançar a nave, não sem
arriscar uma colisão. Eles teriam apenas que confiar em seus
defletores. Estavam quase na porta.
— Todo a força para os defletores traseiros, Fagulhas.
Mais tiro dos TIEs puseram linhas vermelhas acima de sua cabine.
Quase lá.
A sua nave tremeu com um impacto repentino, como se tivesse
sido chutada por trás. Sirenes gritaram, o aviso de despressurização.
Fagulhas apitou em alerta.
— Fui atingido, — Dex disse, mais calmo do que poderia esperar. —
Defletores desligados. Estou mantendo formação. Estou mantendo.
Fumaça vazava de seu painel de controle, fagulhas saíam de um
curto em algum lugar em seus eletrônicos. O manche parecia pesado
em sua mão, sem resposta. Ficou difícil de respirar.
A nave cambaleava de novo e a onda de pressão de uma explosão
na popa fez com que saíssem fagulhas. Fagulhas soltou um grito de
alerta que foi interrompido.
Dex teve um lampejo de sua mãe, o seu sorriso, o seu pai e o seu
bigode, a risada de sua irmã.
Alguém precisava ser o herói. Alguém tinha que ser...
Um clarão laranja, um breve momento de calor escaldante, o
estrondo em seus ouvidos, sentiu tanto quanto escutou, e então mais
nada.
— Você sabe que eu odeio esse apelido, — Col disse.
Soube imediatamente que havia cometido outro erro, Puck Naeco
era imune ao medo e não tinha inclinação para a misericórdia, fosse
por trás do manche de um caça estelar T-65 ou matando o tempo na
sala de preparo nas profundezas do templo Massassi de Yavin 4.
Um canto da boca de Puck se ergueu. Como havia acontecido
muitas vezes em simulações, Col deixou o piloto mais velho
manobrá-lo em posição para o tiro fatal.
Dois outros pilotos, John D. Branon e Theron Nett, trocaram um
olhar envergonhado.
— O que eu te disse sobre morder a isca? — Puck perguntou Col.
Col suspirou.
— Para não fazer isso?
— E o que você acabou de fazer?
— Mordi a isca. Mas você não consegue pensar em outra coisa?
Quero dizer, não somos nem parecidos.
— Você fez comigo, — resmungou o Mon Calamari tecnologia de
solo Kelemah, com um olho como uma lâmpada girando para cima
de um remendo de oxigênio vazando. — Mas então todos vocês
fazem.
— Muito útil, Kel, — Col murmurou.
— E vocês se parecem exatamente iguais. É incrível, realmente. Eu
juraria que vocês eram a mesma pessoa.
Puck sorriu.
— Ele tem você lá, Fa...
— Não, — Col disse, com a sua voz alta o suficiente para que os
outros pilotos olhassem.
— Falo sério, Puck, — ele disse mais calmamente. — Não. Justo
hoje, não.
De alguma forma isso teve sucesso onde os esforços anteriores não
tiveram. Puck assentiu e levantou as mãos pacificamente.
— Então, o que exatamente o garoto disse que te decepcionou, Col?
— Perguntou John D. — Em toda a agitação que eu perdi.
— Bem, eu acabei de dizer que é impossível atingir um alvo de dois
metros com um torpedo de prótons, mesmo com um computador.
Um olhar passou entre Puck e John D.
— O que? Não me diga que você não estava pensando a mesma
coisa enquanto Dodonna nos mostrava aqueles esquemas.
— Talvez, — John D. disse. — Eu acho que o garoto pensou que era
possível. O que ele disse?
A porta se abriu e outros pilotos começaram a entrar na sala em
dois e três. Col avistou Biggs Darklighter, um recém-chegado cujo
bigode estava cuidadosamente arrumado era outro dos alvos
favoritos de Puck; Elyhek Rue era sombrio, de voz grave; o talentoso
e volátil Bren Quersey; e o legal e analítico Wenton Chan.
E atrás deles, a última pessoa que Col queria ver: Wedge Antilles, o
jovem piloto que tinha certeza de ter sido enviado para Yavin4
apenas para o atormentar.
— Olha, não foi nada, — Col disse a John D. — Esqueça.
— Sério? — Puck perguntou. — Um minuto atrás, você estava
tendo um de seus ataques. — Rue, no final da linha do dispensador
de café, olhou pra cima, ausente.
— O que é isso, Antilles? — ele começou, depois olhou mais de
perto para o Col. — Ah. Desculpe.
Col sabia que o seu rosto estava ficando vermelho antes mesmo
que o riso começasse.
Puck com um braço em volta do ombro:
— E é por isso, Col Takbright, que você é e sempre será conhecido
por aqui como Falso Wedge.

Em seus momentos mais calmos, Col sabia que o apelido havia ficado
preso por motivos além de sua semelhança superficial com Antilles.
Durante as instruções da missão, Antilles se limitou a algumas
perguntas específicas, enquanto Col queria saber se o Comando de
Caças havia analisado todas as alternativas. Até mesmo se os seus
capacetes eram opostos, o de Wedge é um verde fosco e de Col é um
tumulto de listras amarelas.
Garven Dreis, o comandante do Esquadrão Vermelho de rosto
escarpado e olhos tristes, deu um sermão em Col após as suas
explosões. Assim como o General Merrick, que morreu com muitos
outros em Scarif. E veteranos como Puck e John D. tentaram reforçar
a mensagem. Col sabia que a provocação de Puck era para ajudá-lo a
desenvolver uma pele mais grossa.
Col tentara ser mais parecido com os pilotos elogiados por seus
exteriores plácidos, pilotos como Chan e Antilles. Mas,
inevitavelmente, outro sentimento iria se apoderar dele enquanto
estava deitado em seu beliche olhando para o teto de pedra.
Todos os dias, o Império devorava mundos em busca de minério e
combustível e matava aqueles que ousavam se opor a ele. Col tinha
observado a uma agitação crescente enquanto o mal se espalhava
pela galáxia, até que percebeu que não podia passar mais um dia no
seu plácido mundo natal sem fazer nada. Deixou Uquine naquela
noite com alguns créditos, uma mochila e um voto de vingar aqueles
que o Império havia prejudicado.
Talvez, ele ficasse na escuridão e pensasse, que o problema da
Rebelião não era que Col Takbright estivesse com muita raiva. Talvez
pessoas como Wedge Antilles não estivessem com raiva o suficiente.

Os outros pilotos riram, mas Antilles parecia magoado e triste as


costas, Col supôs que ele estava envergonhado por ser confundido
com o bode expiatório do esquadrão.
Rue, enquanto isso, havia abandonado o caf.
— Desculpe, Takbright, — ele disse baixinho. — Eu não estava
tentando ser engraçado. A minha mente estava em outro lugar, só
isso.
— Esqueça isso, — Col disse, sabendo que desta vez Puck não tinha
armado pra ele... a próxima brincadeira que Rue fez seria a sua
primeira.
John D. captou o olhar de Col e inclinou a cabeça, sente-se. Col Col
sufocou sua raiva e fez isso. Um momento depois, Antilles se
acomodou na cadeira ao lado dele com um suspiro.
— Eu acho que é hora de mudar as coisas, — disse ele. — Ei
pessoal, sou eu... o Col Falso.
O primeiro instinto de Col foi derrubar Antilles no chão e mostrar
a todo o esquadrão que a piada acabou aqui.
E isso não seria certo. Col tinha o direito de fazer parte da missão
mais importante da história da Aliança. Não, ele não havia voado em
Scarif, o último lugar da esquadra tinha ido para Pedrin Gaul, que
havia morrido lá. Ele só tinha que manter a calma e esperar pelo
melhor.
— Takbright! Você ainda não nos contou o que o garoto disse.
Aquele era John D. de novo, como um Nek com um osso. Ainda
assim, era melhor do que aquele silêncio constrangedor, ou qualquer
que fosse o tormento que Puck pudesse pensar a seguir.
— Ele me disse que costumava acertar em cheio em algum tipo de
verme em volta de casa. Em... olha isso... um T-16.
Biggs olhou e balançou o dedo para o Col.
— Ei, não bata nos T-16s. Eu aprendi a voar neles, se você pode
lidar com um Skyhopper, você pode lidar com um X-Wing.
— Antes que a nave de Biggs seja outra para os pilotos nobres da
galáxia, eu quero ouvir mais sobre o verme, — Puck disse.
Col franziu a testa.
— Chamou-o de... um rato womp. Seja lá o que é. — Biggs se virou
tão rápido que o caf derramou de sua xícara.
— Um rato womp? Você tem certeza que foi o que ele disse?
— Será que eu inventaria um nome assim?
— De jeito nenhum. Não pode ser.
E então Biggs estava correndo para a porta, quase derrubando
Dreis, enquanto ele entrou na sala de preparo com Zal Dinnes e Ralo
Surrela em seu encalço. O líder do esquadrão deu uma olhada
curiosa na direção de Biggs, os pilotos de que tendiam a correr
quando o Velho chegava, não se apressar... então encolheu os
ombros.
Cadeiras raspavam no antigo chão de pedra enquanto os pilotos se
levantavam. Col observa os músculos da mandíbula trabalhando e os
dedos puxando os uniformes. Esses homens e mulheres dariam toda
a vida em suas cabines, mas essa parte os deixou nervosos. Estes
eram os momentos em que eles saberiam quem voaria e quem seria
deixado na área de embarque, para atacar nos manches e gatilhos
que não estavam lá.
— À vontade, — Dreis disse. — Guarde para zero hora.
Ninguém se sentou.
— Desse jeito, hein? Não posso que culpar vocês. Vamos ao que
interessa. Vocês sabem que temos mais pilotos do que pássaros.
Dadas as nossas perdas em Scarif, estamos tentando descobrir se
podemos até mesmo juntar os esquadrões Verde e Azul. Eu voaria
com qualquer um nesta sala, e todos vocês merecem um lugar neste
embarque. Mas infelizmente isso não pode acontecer.
O silêncio pairou sobre a sala.
— Primeiro grupo, — Dreis começou. — Eu estou voando na
liderança. Theron, ala a estibordo como Vermelho Dez. Puck, a
bombordo como Vermelho Doze.
Como de costume, Nett não teve nenhuma reação. Mas Puckble
soltou a respiração e assentiu pra si mesmo... foi a primeira vez que
Col o viu nervoso.
Col tentou pensar junto com Dreis. Doze X-Wings do Esquadrão
Vermelho foram divididos em quatro grupos de três caças cada.
— Ralo, você irá liderar o segundo voo como Vermelho Onze, —
Dreis disse. — Os alas são Branon e Binli, como Vermelho Quatro e
Vermelho Sete.
Isso também não foi uma surpresa, John D. era um veterano e
Harb Binli tinha voado bem em Scarif.
— Terceiro grupo, — Dreis disse, e Col notou os olhos se
estreitando e as posturas ficando rígidas.
— Zal, você liderará ao voar como Vermelho Oito. Os alas são
Naytaan e Porkins, como Vermelho Nove e Vermelho Seis.
A única reação de Dinnes foi um breve aceno para Nozzo Naytaan
e Jek Porkins.
Um grupo pro final. Os olhos de Col deslizou sobre Antilles e Chan,
Rue e Quersey, e os outros piloto na bolha.
— O quarto voo será liderado pelo novato, Luke Skywalker, —
Dreis disse.
Isso não era esperado. Os pilotos murmuraram e trocaram olhares
assustados.
— O garoto rato womp? — Col exigiu, atraindo um olhar
exasperado de Puck.
— É assim que o estamos chamando? — Perguntou Dreis. — Ele
voará como Vermelho Cinco... Assumindo que o simulador dele está
de acordo. Antes que alguém tenha algo a dizer, lembrem-se que sem
o Skywalker a princesa teria sido executada e nós estaríamos indo
contra aquela estação de batalha com nada além de orações.
Duas vagas restantes no esquadrão. Puck fixou em Col um olhar
severo que não precisava interpretar.
— Darklighter será o ala de estibordo de Luke, voando como
Vermelho Três, — Dreis disse. — Assumindo que alguém possa
encontrar o Biggs quando voarmos.
Um lugar vago. Col rezou para que o velho não o decepcionasse.
— Wedge, você vai voar a bombordo como Vermelho Dois. Mas
veja com Kelemah sobre o seu pássaro... ele tem algumas coisas para
passar pra você.
Col se encostou na parede e olhou para o seu traje de voo,
registrando entorpecido a unidade de suporte à vida montada no
peito e a faixa de sinais em torno de sua perna. Ambos inúteis, não
precisava de equipamento para sentar e esperar enquanto outros
faziam o trabalho que deveria fazer.
— Eu não sou muito de discursos, mas parece que a ocasião pede
um, — Dreis disse. — Vocês sabem que há um alvo difícil esperando
por nós. Assim como vocês sabem que muitas pessoas corajosas,
incluindo os nossos amigos, deram as suas vidas para que tivéssemos
a chance de derrubar esse alvo.
Alguém batia palmas algumas vezes, parando quando ninguém se
juntou a ele.
— Vocês são tão corajosos quanto eles foram, — disse Dreis. — Eu
vi isso apenas alguns dias atrás. Eu sei que na próxima hora eu vou
vê-los novamente. Nós vamos contar uns com os outros lá em cima,
como sempre fazemos. E enquanto fizermos isso, eu vou contra
qualquer coisa na galáxia e gosto de nossas chances. Tudo bem, é
isso. Os técnicos já começaram o pré-lançamento. Vão para os vossos
pássaros em dez minutos e nos vemo lá em cima.
Col permaneceu imóvel enquanto os outros pilotos e técnicos
começaram a sair da sala.
— Falta de sorte, garoto, — disse Puck. — Fique atento, se eles
podem obter mais pássaros voando eles vão precisar de pilotos.
— Mas o Esquadrão Vermelho já tem os seus doze, — Col disse. —
Então, mesmo que isso aconteça, eu estarei no fim da fila.
Puck começou a dizer alguma coisa, mas Col se afastou.
— Me deixar em paz a refeição em paz, — ele disse, inclinando a
testa contra a parede. A pedra antiga era suavemente suave e fresca.
A sala ficou quieta e foi quando Coll olhou pra cima e viu que
estava só. O único som era o zumbido dos purificadores de ar
lutando contra a ação da umidade implacável da lua selva. As
cadeiras estavam irregulares, e embalagens de barras de ração e
copos meio vazios de caf pontilhavam nas mesas.
Alguém precisa limpar isso, se o Coronel vir a sala de preparo
assim, as penalizações voarão.
Exceto que não haveria um próxima instrução. Logo tudo ao seu
redor seria parte de um campo de detritos resfriando nos primeiros
estágios de se tornar um anel de Yavin. Qual era o sentido de limpar?
Qual era o objetivo de fazer qualquer coisa, exceto esperar para
morrer?
A fúria veio de uma vez. Cadeiras voaram, mesas viradas e ainda
Col furioso, à procura de novos alvos. Avistou o seu capacete de voo,
pendurado por sua cinta de queixo em uma prateleira na parede. Isso
faria muito bem, ele pensou, dando um passo em direção ao
capacete e aquele pendurado ao lado dele.
O verde fosco pendurado ao lado.
Oh.
A porta se abriu e Antilles olhou para os destroços e Col estava no
centro, respirando pesadamente.
— Acho que você esqueceu o seu capacete, — Col disse, com a sua
voz baixa e estranha em seus ouvidos.
— Kelemah tinha perguntado onde estava, — Antilles disse,
pisando cuidadosamente sobre num emaranhado de cadeiras caídas.
— Não é a melhor maneira de começar um embarque.
Antilles evitou os olhos de Col enquanto se dirigia para o outro
lado, abaixou o capacete e voltou para a porta. Mas então ele parou e
se virou.
— Sinto muito que você não vai subir conosco, — Antilles disse. —
E não tive nada a ver com esse apelido idiota.
— Você não tem motivos para se desculpar, — Col disse com um
sorriso. — Você pode voar contra o Império, enquanto bons pilotos
como eu se sentam aqui e não fazem nada. Só se lembre que você
está voando por todos nós, e é melhor você não nos decepcione.
Antilles assentiu, mas os seus olhos ficaram duros e cruéis.
— Vou voar por você, Col. E por muitas outras pessoas, também. A
galáxia inteira está contando conosco, sabe. Você não está sozinho
nesta luta... e nunca estará. A menos que você insista em empurrar
todo mundo pra longe.
O som dos passos de Antilles foi ficando cada vez mais fraco e se
perdeu em meio a vozes distantes, máquinas gemendo e anúncios
abafados... a atividade de uma base rebelde pronta para a guerra.
Col escutou por mais um tempo, depois começou a endireitar as
mesas e cadeiras.

Quando ele entrou na sala de guerra, imediatamente avistou a


Princesa Leia, uma figura magra de branco na mesa de comando
principal com Dodonna e outros figurões rebeldes. Ele escaneou a
sala e encontrou um emaranhado de trajes de voo laranja em uma
mesa de visualização: Rue, Chan, Quersey e Kelemah.
Col se preparou para a reação, mas os outros simplesmente
assentiram, com Rue e Chan abrindo espaço pra ele na mesa.
— Estação de batalha está orbitando o gigante gasoso, — Chan
disse. — Menos de quinze minutos para o alcance de tiro.
— Então, quando eles vão ordenar a Ká-Um-Zero? — Col
perguntou.
— Não pense que eles estão planejando evacuar, — disse Quersey.
— A maior parte do equipamento essencial foi deixada com a frota.
Está tudo nas mãos dos pilotos lá em cima.
E não há nada que eu possa fazer sobre isso, Col pensou. Os
pilotos eram a última linha de defesa contra o assassino de planetas
do Império. Precisariam de todas as vantagens que puderem ter... e
muita sorte.
Kelemah digitou dados lidos na tela tática, resmungando sobre o
que viu.
— Problema com um dos quatro pássaros, Kel?
— O estabilizador a bombordo do Vermelho Doze está
desalinhado. Mas Naeco sabe como compensar. Estou mais
preocupado com o Vermelho Dois. Tivemos que fazer um remendo
nas linhas hidráulicas da popa depois de Scarif.
— Wedge pode lidar com isso, — Chan garantiu.
Col refez os esquemas em sua mente e não gostou do que
descobriu.
— Se essas linhas falharem, os seus micro controles de manobras
também desaparecerão.
— Antilles sabe disso e ainda queria ir, — disse Kelemah. — Foi
voar com os remendos ou não voar de jeito nenhum.
— Isso é um grande risco, — Col disse, que atraiu uma gargalhada
de Quersey.
— Olhe em volta, Col. Todos nós fazemos parte do maior risco da
história da galáxia.
Pelos alto-falantes, Dourado Líder anunciou o início do ataque dos
Y-Wings, com o Vermelho Líder direcionando os seus X-Wings para
cortar o eixo da estação de batalha e atrair o fogo dos Imperiais.
Col olhou para a tela tática, tentando combinar os sinais luminosos
que indicavam as posições dos caças com a conversa no canal do
esquadrão. Os X-Wings haviam se dividido em pares e trios,
varrendo a superfície da estação de batalha com fogo laser. Eles eram
uma distração, destruindo as defesas imperiais enquanto os Y-Wings
corriam para a porta de exaustão vulnerável. Os pilotos os quais
tinha servido ao lado estavam arriscando as suas vidas por um ligeiro
aumento nas chances da Aliança.
— Eles estão voando para longe daqueles turbolasers, — Kelemah
grunhiu. — Essas armas são feitas para naves capitais, não para caças
estelares.
Mas então Porkins anunciou que tinha um problema, e o ponto
que representava Vermelho Seis desacelerou. Um grito agonizante
foi afogado em estática, e o ponto desapareceu.
— Até logo, Porquinho, — Ruesa disse baixinho. — Você será
vingado.
Um alarme enviou controladores embaralhados. Kelemah acenou
com a mão manchada em novas luzes piscando na leitura tática.
— TIEs, — Rues disse. — Se o Império está atrapalhando os nossos
sensores, esses caças estarão bem em cima de nossos pássaros antes
que eles sejam detectados.
Um aviso foi dado aos pilotos, e a mesa se tornou uma constelação
móvel de vermelho e verde. Col percebeu que estava segurando a
borda da mesa tão forte que os seus dedos estavam brancos. Disse a
si mesmo para relaxar, então percebeu que os outros pilotos estavam
fazendo a mesma coisa.
Um ponto verde se prendeu a John D., e um momento depois o
veterano rebelde estava morto. Então Skywalker levou um golpe de
relance de um TIE pouco antes de voar para uma zona de fogo
pesado. Ambos os pontos vermelhos e verdes desapareceram, e Chan
se inclinou para mais perto.
— Nós perdemos o garoto?
Os dois sinais reapareceram, e Skywalker chamou Biggs. Mas foi o
Vermelho Dois que vaporizou o perseguidor Imperial.
— Essa é a terceira morte de Antilles, — Kelemah disse.— Desejo
que ele não pilotasse esse remendo tão arduamente.
— Shh, — Chan disse. — O Esquadrão Dourado está começando o
seu ataque.
Col estudou a telemetria dos sensores das Y Wings e balançou a
cabeça.
— Eles não têm espaço para manobrar naquela trincheira. Com
todas essas armas lá embaixo, os seus escudos dianteiros vão levar
uma surra.
Os pilotos de Y-Wing ligaram os seus computadores de alvo, e os
números começaram a contar em uma seção da leitura.
— As armas... elas pararam, — Dourado Dois disse em descrença.
Um momento depois, os TIE fighters avançaram por trás. Col
tentou fazer com que os números de alvos ficassem mais próximos de
zero.
Então Dourado Dois estava morto, seguido por Dourado Líder.
Dourado Cinco, condenado, estava avisando o Esquadrão Vermelho
que os caças tinham vindo por trás. E a Estrela da Morte estava a
menos de cinco minutos de limpar o planeta.
Col percebeu que estava prendendo a sua respiração com um fluxo
irregular. Ele olhou para a leitura tática, tentando contar os pontos.
— As outras Y-Wings estão sendo mastigadas, — Chan disse, vendo
o seu olhar. — E o Vermelho Oito e o Sete foram abatidos por
escaramuças dos TIEs.
Dinnes estava morto, e Binli também. Col se lembrou do orgulho
em seus rostos depois de Scarif, como ele tinha lutado pela chance de
voar com eles.
— O Velho é o próximo, — disse Ruesa. — Ele vai tentar dar esse
tiro, olha.
Col assentiu, tentando se convencer. Dreis não era uma lenda, com
um registro de voo que remonta às Guerras Clônicas? E não tinha o
Theron e o Puck a apoiá-lo? Ele imaginou Puck destruindo a estação
de batalha e se tornando um herói rebelde, e escolhendo Col como
seu ala enquanto a Aliança buscava mais vitórias.
Com a Estrela da Morte a três minutos do disparo, Dodonna disse
a Dreis para manter metade de seu grupo fora do alcance para outro
possível ataque.
— Nós não vamos ter uma terceira chance disso, — Col disse, e
Chans o calou.
Dreis ordenou que Skywalker, Darklighter e Antilles mantivessem
as suas posições enquanto Vermelho Nove e Vermelho Onze
continuaram lutando com os TIEs.
Enquanto os três X-Wings balançavam na trincheira, Col se
encontrou murmurando sob a sua respiração, implorando a Puck
para tomar cuidado e incitando quaisquer forças cósmicas que
formavam o universo para guiar o torpedo de Dreis.
Rue ficou imóvel na mesa tática, com o suor escorrendo pela testa.
Quersey chutou implacavelmente no chão de pedra. Chan mordeu o
lábio inferior.
— São seis mortes para Antilles, — disse Kelemah. — Quando eu
conserto algo, ele permanece consertado.
Col olhou para os três pontos que se aproximavam da cruz
piscante que marcava a porta de exaustão, tentando acelerá-los.
— Mantenha os olhos abertos para aqueles caças, — Dreis disse.
— Vamos, chefe! Vamos! — Col disse.
E então houve um grito e o sinal representando o Vermelho Doze
piscou. Puck estava morto. Col olhou pra baixo, piscando forte.
— É melhor você deixá-la solta! — Nayta exortou. — Estão atrás de
mim!
— Quase lá, — Dreis disse, com a sua voz quase suplicante.
— Eu não posso segurá-los! — Naytaan avisou, e então lamentou
em angústia.
Outro sinal sonoro, Dreis gritou:
— Lá vai, — e dezenas de conversas começaram ao mesmo tempo.
— Teve sucesso? — alguém gritou no canal do esquadrão. Col
olhou fixamente para Quersey, vendo a mesma esperança selvagem
que ele sabia que estava em seu próprio rosto.
— Negativo, — Dreis recorta os pontos verdes fechados em sua
posição. — Não entrou. Chocou-se contra a superfície.
Ele ordenou que o Skywalker se preparasse para o seu ataque. E
então o motor a estibordo do Velho estava um lixo. Dreis uivou até
que sua X-Wing colidiu com a superfície da estação.
Uma voz legal anunciou o tempo de alcance da Estrela da Morte:
um minuto e se aproximando.
— Biggs, Wedge, vamos acabar com eles, — disse Skywalker,
soando muito mais velho do que o jovem de roupas empoeiradas que
estava ao lado de Col. — Vamos entrar. Acelerem tudo. Isso manterá
esses caças longe..
Os três X-Wings correram pela trincheira com Skywalker
liderando e Darklighter e Antilles mais atrás, para impedir os caças
que todos sabiam que estavam chegando. A essa velocidade quase
suicida, Col sabia que qualquer erro enviaria um caça estelar para a
parede da trincheira, ou direto para outro T-65.
Vermelho Nove desapareceu, deixando o Vermelho Onze como um
ícone vermelho solitário cercado por pontos verdes.
— Cai fora daí, Surrel.— Col implorou. — Ele não pode sobreviver a
essas probabilidades.
— Não, — Chan disse. — Mas você pode ganhar um pouco mais de
tempo.
— Caças, — disse Antilles. — Chegando em ponto três.
Enquanto Skywalker está mirando no computador, algo piscou na
leitura tática de Kelemah e a pele marrom do técnico se tornou um
salmão pálido.
— Antilles foi atingido, — disse ele. — Os tiros cortaram as linhas
hidráulicas. Se ele não resolver isso é ele que é um grande perigo tal
como esses TIEs.
Col quase podia ver Wedge lutando contra um caça estelar,
enquanto estava preso na trincheira estreita.
— Diga a ele, Kel! — Col exortou.
— Não pode fazer mais nada agora.
— Não posso ficar com vocês, — Antilles disse de forma sombria, e
o sinal vermelho se afastou da trincheira. Segundos depois, o ponto
representando Surrel desapareceu. O Esquadrão Vermelho foi
reduzido a Skywalker e Darklighter.
— Os TIEs estão acelerando, — Chan disse.
— Depressa, Luke! Rápido! — Darklighter disse, então hesitou.
— Depressa! — ele disse queixoso, meio segundo antes de morrer.
Trinta segundos para o disparo.
Col avistou o ponto vermelho que era Wedge, voltando para a
trincheira com uma nuvem de TIEs Fechando-se.
— O que ele está fazendo?
Kelemah estudou os seus instrumentos.
— Ele carregou o sistema hidráulico auxiliar. Mas isso só lhe dará
um minuto de controle no máximo. Se ele voltar para a trincheira,
nunca mais sairá.
Col silenciosamente implorou Wedge para não jogar sua vida fora,
não depois de ter sobrevivido a tais probabilidades. Mas ele
suspeitou que teria feito a mesma coisa, tentando imprudentemente
voltar à luta ao invés de deixar as pessoas pensarem que iria fugir.
Ninguém que voasse com um T-65 diria isso. Mas será que Wedge
percebeu isso agora? E se as suas posições tivessem sido invertidas,
como Col tinha tão fervorosamente esperado, Col teria percebido
isso?
E então tudo parecia ter acontecido de uma só vez. A Estrela da
Morte está ao alcance do planeta. O computador de mira do
Skywalker se desligou, e o Garoto Rato Womp alegou que nada
estava errado. O cargueiro que havia devolvido a princesa Leia para
Yavin 4 apareceu do nada, dispersando os perseguidores de
Skywalker com uma carga suicida. E Wedge, em vez de cair na
trincheira usando os últimos chuviscos de fluido hidráulico, virou o
seu X-Wing para longe da Estrela da Morte.
Os torpedos de Skywalker dispararam, Col embora tenha ouvido o
jovem piloto suspirar enquanto acendiam, e o ruído na sala de guerra
aumentou em tom e volume.
A Estrela da Morte desapareceu das quadros táticos, deixando
apenas quatro pontos vermelhos contra uma extensão em branco..
Col e os outros pilotos olharam para as leituras. Ninguém respirou.
Ninguém ousou falar.
— Alvo destruído, — disse um controlador, e a sala de guerra caiu
em um pandemônio.Col se encontrou batendo nas costas de Rue,
abraçando Quersey e Kelemah e batendo as mãos com Chan tão forte
que doeu.
Em seguida, ele foi arrastado pela multidão de pilotos, soldados e
técnicos correndo para o hangar principal. Eles chegaram a tempo de
ver o cargueiro pousar do lado de fora do templo, com uma Y-Wing
pousando nas proximidades... e duas X-Wings surradas entrando no
hangar.
A maior parte da multidão se dirigia para o T-65 com as cinco
vigas em cada asa, mas o destino de Col era o X-Wing atendido por
apenas uma dispersão de rebeldes. Estava esperando na parte
inferior da escada quando Wedge desceu lentamente, de costas para
Col.
Wedge removeu o capacete, as suas costas ainda viradas. O seu
cabelo estava emaranhado de suor e os seus ombros subiram e
caíram.
Quando Wedge se virou, viu Col e deu um passo instintivo para
trás.
— Não havia nada que eu pudesse ter feito...
E então Col o envolveu em um abraço de urso.
— Você atirou em seis TIEs, correu aquela trincheira a todo vapor,
manteve o seu pássaro intacto sem os seus sistemas de manobra,
você fez tudo isso e depois tentou voltar, seu tolo louco, — disse ele.
— Você fez tudo que qualquer um poderia ter feito e muito mais.
Quando ele finalmente deixou Wedge ir, o outro piloto olhou pra
ele.
— Eu só espero que todos o vejam do jeito que você vê.
Col jogou um braço em torno de seus ombros.
— Se não o fizerem, digam-lhes que era o Falso Wedge lá em cima,
— disse ele. — Porque eu ficaria honrado em ser confundido com
qualquer um de vocês. Agora vamos lá. Há uma celebração à nossa
espera.
O medo, que eu sei que vai durar até ver a silhueta alada e redonda
dos TIE fighters rasgando apressados em minha direção através do
espaço negro, entra em metástase nas minhas entranhas quando a
instrução de Dodonna chega ao fim. Mas há um outro sentimento, o
mesmo que senti antes do motim na nave Rand Ecliptic.
Paz.
Um sentimento de integralidade serena, como se o caminho
nômade que me levou à Academia Imperial, ao meu primeiro posto
em Rand Ecliptic, e à minha posterior deserção para a Aliança,
chegasse ao fim do ciclo. Como se, a parsecs de Tatooine, a bilhões de
quilômetros da Estação Tosche e as fazendas de umidade da minha
família, eu encontrei a minha casa novamente.
Ouvi a sua voz na reunião de instruções.
Eu vi o seu rosto de garoto fazendeiro, o mesmo que costumava
sorrir pra mim antes de uma corrida no Cânion Beggar ou quando
desperdiçaria um tiro em cheio num rato womp.
Mas ainda não acreditava em meus olhos.
O garoto de mechas cor de areia desaparece pelo túnel, vindo das
instruções de Dodonna como o traseiro de um bantha que foge.
Chamei-o em seguida, mas não ouviu. Soube do Wedge que a
princesa havido sido trazida de volta por um fazendeiro e um
contrabandista, mas há mais sistemas agrícolas sob a bota do
Império do que os grãos de areia em uma praia Mon Calamari.
Mesmo um droide de protocolo de topo de linha não conseguiria
calcular as chances do fazendeiro ser um filho de Tatooine, muito
menos o único às da aviação além de mim que já se enrolou em seu
caminho através da Pedra da Agulha no Cânion Beggar.
Mas tudo parece tão proposital. Tão predestinado.
Assim como o meu caminho me trouxe aqui, até o foco desta crise,
onde eu posso lutar pela liberdade, também trouxe o meu melhor
amigo. Que sorte. É como se todas as histórias que ouvimos quando
crianças fossem verdadeiras.
Forcei o meu caminho através dos oficiais de voo e dos pilotos
rebeldes e me enrosquei com um droide astromecânico, tirando um
pedaço de pele da minha canela esquerda. Gritando de dor, pulei de
lado em uma perna só, esbarrando direto em Jek Porkins. Afundo
contra o lado do homem, e ele joga um braço em volta da minha
cabeça para tentar mexer no meu bigode com os seus dedos, grandes
como presuntos.
— Olha por onde anda, cabeça de laser. — Porkins ri como um
Hutt e eu consigo me libertar de seu abraço pegajoso. A maioria dos
pilotos veteranos da Aliança, por mais vago que esse termo possa ser,
recebiam muito bem os novos recrutas, especialmente tendo em
conta a participação em seus esquadrões de combate. Mas Porkins,
um piloto arrogante de Bestine, parece pensar que é seu dever
instituir um ritual humilhante, mesmo a instantes da batalha.
— Espero que você se saia melhor sob pressão. — ele diz com um
sorriso.
— Isso soa como um convite. — Solto uma risada. — Você quer
tentar isso de novo, Porkins?
Ele sorri e me empurra pro lado.
— Oh, estou bem longe e fora do teu alcance, pastor de nerf.
Não foi antes do hangar que alcancei o meu velho amigo enquanto
ele passa a sua mão ao longo da fuselagem de um T-65 com a mesma
expressão melancólica que tinha quando partimos da Estação Tosche
apenas algumas poucas semanas atrás. Ele está vestido com um traje
de voo agora.
— Ei, Luke! — Gritei.
Ele passa por baixo da nave, um sorriso brilhante de fazendeiros já
estava no seu rosto.
— Biggs?
Eu rio.
— Eu não acredito nisso! — Eu coloco um braço sobre o seu
ombro, perguntas já iam saindo. — Como vai? Como você chegou
aqui? Vai participar da missão?
Ele não deixa dúvidas.
— Claro que estarei lá com vocês! Escute, tenho tanta coisa para
lhe contar...
Ele e eu, nós dois. Como ele acabou por aqui? Não há tempo para
perguntar, e ainda menos tempo para dizer a ele o quão feliz eu estou
por ele estar aqui.
— Skywalker. — Garven Dreis, líder do esquadrão vermelho, se
aproxima por trás faz um sinal para o T-65 enferrujado. — Tem
certeza de que pode pilotar essa nave?
Eu vejo o pânico nos olhos de Luke, e eu cortei antes que ele
pudesse responder.
— Senhor,Luke é o melhor piloto que existe em nosso território.
Garven sorri, sabendo que não dou elogios à toa.
— Então, se dará bem.
Luke sorri.
— Obrigado, senhor. Tentarei.
Garven dirige-se à sua nave enquanto Luke e eu nos dirigimos para
as nossas próprias.
— Vamos embarcar? — Eu digo, desejando ter mais tempo. — A
gente ouve as suas histórias na volta. Certo?
Ele sorri comigo.
— Ei Biggs, eu não disse que conseguiria
Ele conseguiu, e nunca duvidei dele uma só vez. O orgulho me
aquece como o nascer dos sóis gêmeos do deserto, e acho que é
apropriado que estejamos aqui. Dois filhos de Tatooine.
— Será como antigamente, Luke. Ninguém nos segura.
Deixei Luke para trás e encontrei Wedge sentado na escada de
embarque para a cabine.
— Biggs. — ele diz com um sorriso distante. — Quem é o garoto?
— Amigo de casa. — eu disse. — Sempre disse que se juntaria à
Rebelião.
— Pena que não temos mais Corellianos. — Ele sorri. — Teríamos
os Imperiais a concorrer em Coruscant num piscar de olhos.
— Nós os temos exatamente onde os queremos! — Eu disse. — Boa
sorte lá fora, Wedge.
— E você também, Biggs. — Apertamos as mãos.
Embarco em minha X-Wing e começo a lista de verificação de pré-
voo com meu astromecânico. À medida que os técnicos embainham
as suas chave hidráulicas e afastam a escada de embarque de
alumínio, sinto-me feliz. Sabendo que toda a minha competição
infantil e camaradagem com Luke nos trouxe até aqui, preparou-nos
para esse momento.
Deixamos a Base Um para trás, taxiando para longe do antigo
templo, passando os obeliscos de observação, onde as sentinelas
acenam boa sorte, do mar de selva em direção a crescente, gigantesca
e vermelha Yavin. Superamos a órbita, e eu sinto o espaço me
libertando da gravidade. O meu coração acelera no meu peito e, ao
mesmo tempo, parece que meu estômago fez uma migração até a
garganta. Dou graças às estrelas que deixei passar o suco escuro que
Porkins estava tomando na noite passada.
Nosso esquadrão circunda Yavin, e a vemos pela primeira vez.
Uma esfera pálida e cinza pendurada no espaço, como uma lua órfã.
Homens construíram essa coisa. Eu diria que era impossível se eu
não visse com os meus próprios olhos. Nossas trinta pequenas naves
não eram nada perto dela, como mosquitos em um bantha.
A alegria que senti no hangar é corroída pelo medo. Enquanto eu
era o único exposto a essa luta, o medo era algo gerenciável. Algo que
eu poderia empurrar para o fundo do meu estômago e esquecer como
se fosse meu segredo sombrio. Mas com Luke aqui, a memória frágil
de casa, amigos e família parece tão exposta, como se pudesse ser
quebrada a qualquer momento. E o leviatã adiante é o que vai
quebrá-la.
A voz de Garven vem da unidade de comunicação.
— Situação das naves.
— Vermelho Dez, em posição.
— Vermelho Sete, em posição.
— Vermelho Três, em posição — eu digo.
A confirmação passa pelo resto do esquadrão até eu ouvir a voz de
Luke. O medo desaparece. Pode não haver areia sob nossas asas, mas
ainda há de surgir uma corrida que não podemos vencer juntos.
— Travar as asas em posição de ataque — Garven diz. A Estrela da
Morte se expande até que consome toda a minha área de
visualização. Ainda não há sinais de combatentes inimigos. Será que
são tão arrogantes assim? Minha nave começa a tremer; o manche
resiste contra minhas mãos como uma enguia incontrolável. —
Estamos passando pelo campo magnético deles, segurem firme.
Mudem os defletores para frente dupla.
— Olhe só o tamanho daquilo — Wedge murmura. Eu ouço o medo
na voz do meu amigo, o mesmo medo que me roubaria a coragem. O
medo varre o esquadrão enquanto nos dirigimos em direção à
estação da morte. Dentro estão os homens que destruíram Alderaan,
um planeta pacífico, se é que existe algum. Quantos mais sofrerão se
este mal não for derrubado aqui e agora?
— Nada de conversa, Vermelho Dois — Garven diz. — Entrem em
velocidade de ataque. — Me mexo no minha cabine e empurro o
acelerador pra frente. Nós voamos pra mais perto. Mais perto, até
que a estação pareça tudo o que existe, uma gigantesca esfera
impossível de metal cor de osso e as torres de turbo laser e
instalações de defesa que sobressaem da estação como cabelos
penetrados na pele. — É isso aí, pessoal.
— Vermelho Líder, aqui é Dourado Líder. Rumando para a entrada
alvo agora.
— Em posição. Vou atravessar o eixo, atrair os tiros deles. — A X-
Wing de Garven banca um dura descida na diagonal da superfície da
Estrela da Morte. Eu banco minha nave para seguir uma preguiçosa
espiral. Uma fúria de raios laser verdes lançados a partir da
paisagem cinza, queimando o espaço negro. Eles passam inofensivos,
as torres são muito lentas para dar conta de nós, conforme Luke,
Wedge, e eu planamos perto da superfície da estação.
— Bateria pesada a vinte e três graus — alguém diz.
— Estou vendo — Garven responde. — Voe baixo.
Nossas três naves mergulham e tecem através das torres de
comunicação e antiaéreas.
— Aqui é Vermelho Cinco. Vou entrar. — Luke diz enquanto se
afasta de Wedge e eu, e mergulha em direção a uma torre de turbo
laser pesado. Seus lasers queimam através de uma linha de
trincheiras, cavando sulcos no metal. Porém está ficando muito
quente.
— Luke, suba! — Eu grito. No último momento, sua nave gira da
sua rota de colisão com a estação e no limite se afasta. — Você está
bem?
— Estou. Só um pouco assado.
Suspiro de alívio enquanto Luke entra em formação com Wedge e
comigo. Quase não há tempo para redirecionar. O fogo de dezenas de
canhões de turbo lasers lançam um luta aproximação. Garven, é frio
sob pressão, identifica a fonte.
— Há muito fogo vindo à direita da torre de deflexão.
— Estou vendo. — diz Luke, com fome por outro ataque. Ele
sempre era o mais ansioso de nós dois. A tia Beru estava mais do que
uma vaga certeza de que ele ainda ia terminar seus dias à beira do
Cânion Beggar. Para ser honesto, eu também. Mas nunca vi ninguém
com a sorte do que Luke.
Entrei em formação em seu flanco para ajudar com seu ataque
ocorrendo nas torres laser. Eu olho para o monitor para saber quem
está nas proximidades para oferecer suporte.
— Irei entrar. Proteja-me, Porkins.
— Estou bem ao seu lado, Vermelho Três. — O som de sua voz é
um conforto surpreendente. Luke e eu atacamos abaixo do convés,
costurando entre as torres e concentrando nosso fogo na torre laser
que estavam mastigando os parceiros de Garven. Ela pisca e brilhos
quando nossos canhões fundem seus escudos refletores, e então
detona enquanto Luke e eu passamos voando. Exatamente como
alvejar ratos womp. Eu grito de euforia.
Então a voz de Porkins é frenética no comunicador.
— Estou com problemas. — Ele diz de cima. Eu olho para ele no
meu monitor. Ele está preso em um campo sobreposto de fogo e foi
atingido na fuselagem.
— Ejete... — Eu disse.
— Não, posso aguentar. — Um segundo depois, um laser entra na
barriga de sua nave e detonando-o de dentro. Procuro sinal de uma
ejeção, mas não há nenhum. Porkins está morto. Eu quase não tenho
tempo para registrar a perda quando a Base Um nos chama.
— Líderes de esquadrão, captamos novos sinais. Caças inimigos
em sua direção.
— Meu monitor dá negativo. Eu não vejo nada. — Diz Luke. E nem
eu. Eu viro o meu pescoço para examinar o espaço acima de mim,
procurando as bolinhas, os TIEs.
— Faça uma varredura visual.
— Aí vêm eles.
— Cuidado, há um atrás de você.
Uma nuvem de fogo acende e morre enquanto uma X-Wing se
desintegra a estibordo.
— Cuidado, há um atrás de você. — Luke grita comigo. Eu viro
minha cabeça ao redor, correndo e girando para confundir o
computador de mira do TIE. Ainda não o vi.
— Não vejo. — Eu me afastei da Estrela da Morte para ganhar
margem de manobra. Os lasers do TIE passam raspando. Os pelos
dos meus braços estão de pé. Um frio aumenta no meu estômago. Eu
empurrei o manche de controle. Esse cara é bom. — Está muito
perto. Não posso me livrar dele.
— Estou indo. — diz Luke. Eu me equilibro, presenteando o piloto
TIE com um tiro certeiro, tornando-o um alvo mais fácil para o Luke.
Ele aparece por atrás do TIE e envia uma salva de tiros na sua
fuselagem traseira para uma morte limpa.
— Muito bem! Belo tiro, Luke!
— Obrigado, Biggs, mas ainda não estamos fora disso ainda!
Eu desvio minha X-Wing de volta para a Estrela da Morte e
metralho várias torres de turbo laser que estão salpicando as Y-
Wings do Esquadrão Dourado. Duas explodem de modo espetacular.
Acima de mim, Luke pegou um TIE por atrás. Destroços cortam o
topo da X-Wing, logo atrás da cobertura do piloto. Eu não deveria ter
ido para as torres laser. Deixei Luke exposto.
— Não me consigo me livrar! — ele diz.
Em pânico, estou prestes a entrar de baixo do TIE, quando Wedge
vaporiza a nave com uma atrevida onda de ataque frontal e sobe
diretamente através dos destroços. Caramba, esse homem sabe voar.
Volto à formação sobre os dois e verifico o dano causado na nave de
Luke.
— Você tem algum dano aí — eu digo. — Como está o manche?
— Ainda tenho manobrabilidade — diz Luke. — Nós temos que nos
unir. Não há mais como fugir!
— Entendido — eu digo, surpreso e um pouco aliviado que ele
tenha assumido o controle de nossa parceria. Se Wedge não estivesse
lá, Luke poderia ter tido algum problema real. Isso foi culpa minha.
Eu fiquei atiçado para o abate e eu deixei meu parceiro na mão. Não
de novo. Nós entramos em formação.
— Vermelho Líder, aqui é Dourado Líder. Estamos começando
nossa onda de ataque.
— Entendido, Dourado Líder. Mova-se para a posição.
Livre da perseguição das torres laser destruídas, as Y-Wings
mergulham na trincheira. Mais velhos e lentos do que os nossos T-
65, eles são mais vulneráveis aos caças inimigos e mais fortes contra
os elementos entrincheirados. O Esquadrão Vermelho fornece a
cobertura para as Y-Wing enquanto continuam pela trincheira. Luke,
Wedge e eu, lutamos com um trio de TIE fighters. Lasers explodem
contra os meus defletores dianteiros. Eu jogo para cima e solto um
fluxo de fogo, cortando o painel solar do TIE. Ele derrapa de lado
contra o seu parceiro, o qual, Luke despedaça com seus lasers.
Descendo em espiral, Wedge destrói o último TIE fighter ao se dirigir
para as Y-Wings.
Mas, enquanto nós lutamos com eles, três marcas deslizam abaixo
da nossa luta de aproximação e mergulham na trincheira depois das
Y-Wings.
— Três alvos às quatro e dez — eu digo.
— Devemos mantê-los longe das Y-Wings — diz Wedge. Não
chegamos a ter a chance. Outro esquadrão de TIEs aparece em
nossos sensores, em formação enxame, cortando nosso caminho.
Não há tempo de pensar. O papo morre e Luke e eu fluímos juntos
sem palavras através da luta de aproximação como se estivéssemos
unidos com cabos de reboque. Sincronizados com uma precisão
perfeita, um atraindo os TIEs, enquanto o outro os atinge do flanco
ou da retaguarda. Mas mesmo quando destruímos o esquadrão,
ouvimos as Y-Wings morrendo nos comunicadores.
— Dourado Cinco para Vermelho Líder, perdi... Hutch. Veio... por
trás...
— Esquadrão Vermelho, aqui é o Líder Vermelho. Reagrupar em
seis ponto um.
Wedge e eu copiamos. Há apenas seis pilotos do Esquadrão
Vermelho. O resto dos esquadrões foram exterminados pelas armas e
os TIE e aquele que matou o Esquadrão de Dourado na trincheira.
— Luke, pegue Vermelho Dois e Três. Segure-os aqui e espere o
meu sinal para começar sua corrida — diz Garven com seus dois
companheiros de esquadrão na trincheira. Nós formamos no final
deles, onde um buraco havia sido esculpido nas defesas do turbo
laser e observamos os TIEs nos céus. O suor penetra meus olhos. O
tempo vai se esgotando.
O Comunicador de Garven crepita, quase inaudíveis quando ele
desce na trincheira contra o fogo dos turbos lasers. Uma das
chamadas de seus companheiros de esquadrão passa.
— Há muita interferência. Vermelho Cinco... você... pode...
— Chegando no ponto três cinco — diz Luke.
— Eu os vejo.
Um voo de três TIEs mergulhando na trincheira a dezenas de
quilômetros. Um é maior do que os outros, inchado como um
besouro com armadura e sensores avançados. Eles desaparecem na
trincheira e tudo o que podemos fazer é assistir. Esperando a nossa
corrida de ataque, estamos muito longe para ajudar. Eles estão
indefesos lá! Eu quero libertar-me de nosso padrão de espera e voar
atrás deles, mas não há tempo.
— Mantenham-nos aí por alguns segundos... — Ouço pelo
comunicador. — Estou quase lá.... — Uma bola de fogo pisca muito à
frente na trincheira. Uma das X-Wing desaparece dos meus sensores.
Então o segundo vai com ele. Garven está sozinho, sem parceiros,
mas ele está no alcance. Os parceiros haviam-no dado tempo
suficiente.
— Lá vai! — ele grita e sai da trincheira. Seus torpedos de prótons
acertam no orifício de exaustão.
— Teve sucesso?
— Negativo, negativo. Não entrou. Chocou-se contra a superfície.
— Garven diz com severidade. O TIE blindado que destruiu seus
companheiros de Esquadrão o perseguiu para fora da trincheira,
cuspindo laser verde ácido em seus motores.
— Líder Vermelho, estamos acima de você. Mude para ponto cinco,
eu cubro você — diz Luke.
— Fique aí. — Garven dá a ordem. — Acabo de perder meu motor
de estibordo. — Wedge e Luke ficam em silêncio em suas naves. Eu
sinto um arrepio subir a espinha. Garven sabe que ele vai morrer. Se
vamos ajudá-lo, iremos perder a chance. — Preparem-se para o
ataque. — ele diz bravamente. As palavras mal saem da boca quando
ele é cortado na parte traseira por um laser. Ele perde controles
laterais e desloca-se para a superfície da Estrela da Morte, gritando.
Estamos sozinhos. Nosso esquadrão se foi. De trinta naves, apenas
três de nós permanecem, e a Estrela da Morte está se aproximando
de Yavin, apenas alguns segundos antes de que ela possa disparar na
lua e obliterar a Rebelião como ela obliterou Alderaan. Nós somos a
última esperança.
— Biggs, Wedge, vamos acabar com eles. — Disse Luke, há mais
autoridade em sua voz que alguma vez ouvi. Antes de hoje, fomos
amigos, iguais enquanto meninos, embora o mundo sempre me
colocasse acima dele. Eu era mais velho, mais rico, melhor com as
garotas na Estação Tosche. Quando o vi no hangar, pensei em
mostrar-lhe como é que se faz. Mas ele não precisa que eu o ensine
mais. Ele é diferente hoje do menino que conheci no Tatooine. Ele é
um homem agora, e alguma coisa, uma calma estranha enche sua voz
e acalma meus nervos. — Vamos entrar. Acelerem tudo. Isso manterá
esses caças longe.
— Estou com você, chefe. — Wedge diz.
— Luke, a essa velocidade, será que sairá a tempo? — Eu pergunto.
Eu praticamente o ouço sorrir. — Será como em casa, no Cânion
Beggar.
Sorrindo de orelha a orelha, eu o sigo no mergulho em direção à
trincheira, minha nave vibrando enquanto os motores são forçados
aos seus limites. Luke está na liderança agora, focado. Ele sempre foi
melhor na pontaria.
— Ficamos de volta exatamente o suficiente para cobri-lo — eu
digo, lembrando com que facilidade o Esquadrão de Dourado e os
parceiros de Garven foram escolhidos. Eu tenho que ganhar mais
tempo pra eles conseguirem. Ele tem que ter a oportunidade de
atirar. E vai ter que ser um belo tiro.
— Meu monitor mostra a torre, mas não vejo o orifício de
exaustão. Será que o computador acerta? — Wedge pergunta.
Lasers pulverizam abaixo da trincheira em nós.
— Fique de olho. Aumente para velocidade total. — Responde
Luke.
— E quanto à torre? — Wedge pressiona nervosamente.
— Cuide dos caças que eu cuidarei da torre. — Luke estala.
Nós corremos através da trincheira como ratos womp com suas
caudas em chamas. Os lasers queimam além de nós, lanças verdes
enchendo nossas áreas de visualização enquanto jogamos
freneticamente dentro dos confins estreitos da trincheira. É um
milagre que não colidimos uns com os outros nem contra as paredes.
Esforço um olhar através do meu vidro da cabine para procurar os
TIEs inimigos e quase bati na parede. Eu me corrijo e arrisco uma
olhada para trás. Wedge os nota antes de mim.
— Caças vindo em ponto três — ele diz. Eles estão atirando
diretamente em nossos motores, igualando nosso ritmo alucinante.
Seus lasers piscam entre nossas asas antes de se unir com os motores
da nave da Wedge. Sua X-Wing pula de lado, quase colidindo com a
minha. Entre em luta árdua com meu manche e plano muito
próximo das paredes, quase raspando minhas asas da direita. Giro
bem brusco para o centro da trincheira, cauteloso com a nave
cambaleando de Wedge. Ele poderia abater a nós dois com o mau
funcionamento do estabilizador interno.
— Fui atingido. Não posso ficar com vocês. — Ele diz.
— Saia daí Wedge. Não pode fazer mais nada agora. — Responde
Luke.
— Desculpe! — Wedge se retira, e eu estou sozinho. O meus
sensores estão embaralhados pela interferência da trincheira. Eu viro
minha cabeça para ver os TIEs atrás de mim. Eles estão acelerando,
agora não estão apenas igualando minha velocidade, mas superando-
a. E me preparando como uma presa fácil.
— Depressa, Luke, — Eu o apresso. — Estão vindo rápido. Não
posso segurá-los. — Eu poderia me retirar, como Wedge, e eles
poderiam não me seguir. Eu poderia desviar a energia restante do
meu reator sobrecarregado para os meus defletores traseiros para me
manter vivo. Mas sem energia para os motores, eu ficaria para trás.
Eles passariam por mim e atirariam em Luke, derrubando-o. O que
eu faço?
Sinto que uma súbita e inexplicável alegria se abre em mim. Um
poderoso sentimento de propósito, de paz, exortando-me a fazer a
escolha que sempre teria feito: salvar meu amigo.
Eu tiro toda a energia dos meus escudos defletores e armas e
coloco potência em meus motores, disparando-os ao passar do
limite. Minha nave pula pra frente, como um escudo para Luke. Mas
há mais potência no TIE avançado atrás de mim do que na minha X-
Wing. Este acelera me perseguindo. Olho pra trás e ouço o aviso de
um alvo na mira.
A calma se desintegra.
— Espere... — Eu me ouço dizendo. A quem, eu não sei. Um
homem que não pode me ouvir. Não deveria acabar desta forma.
Ainda não posso deixar Luke. Ainda temos muito a fazer. Primeiro a
Estrela da Morte, pensei quando o vi. Então a libertação de casa,
Coruscant, todos os planetas na galáxia. Juntos, seríamos
imparáveis. Mas uma sensação de pavor entra em mim agora,
enquanto vejo os lasers verdes que saltam pelo espaço e colidem com
meus motores. Eles atravessam cortando o casco da minha nave e
saem pelo outro lado. Começa um incêndio nos meus controles.
Então outra salva eviscera minha nave.
Mas, além do terror, além da luz flamejante do meu casco
desintegrando, além do alcance sombrio do Império e do negro
infinito do espaço onde as estrelas queimam como pequenas
promessas de esperança, eu sinto o vento de Tatooine varrendo o
deserto e ouço o chamado de minha mãe para o jantar, e eu sei, sem
sombra de dúvida, que Luke não vai perder.
O medo desapareceu, e então há paz.
Nera Kase sentou em um torpedo fotônico vazio no antigo templo
Massassi em Yavin 4, no qual os rebeldes usavam como o seu hangar
de caças principal, com as suas botas penduradas a oito centímetros
do chão, encarou o nada, e esperou o luto voltar.
Cresceu como uma religiosa, um presente de seus pais, que
veneravam a Força na tradição Phirmista. A sua casa era a sua nave,
e eles não tinham mundo, só os infindáveis, repetitivos transportes
de cargas dos Mundos do Núcleo até a Orla Externa até a Orla Média
e de novo e de novo. Nasceu e viveu a primeira metade de sua vida na
nave deles. Imaginava que morreria na nave deles.
Ao contrário, foram os seus pais que morreram, e a sua nave foi
apreendida pelo Império. No espaço de sete minutos, Nera Kase
perdeu a sua casa e a sua família.
No espaço de sete minutos, o império fez dela a sua inimiga.
Não conseguia se lembrar de nenhuma prece, mas estava tudo
bem, porque uma prece insincera parecia mais do que inútil no
momento.
Era uma mulher pequena de vinte e sete anos, a combinação de
um rosto decididamente jovial e da baixa estatura fazia com que as
pessoas... em particular recém chegadas a Base Um... a
confundissem com alguém muito mais jovem, e por extensão,
alguém de pouca importância e sem autoridade. A sua aparência
geral não fazia nada para corrigir essa suposição. O macacão de
mecânico que vestia habitualmente podia, no melhor dos casos, ser
descrito como "manchado", e apenas o mais caridoso faria um
comentário lisonjeiro sobre a sua estrutura ou a sua figura. Quando
tinha sete anos descobriu... do jeito difícil... que ao rastejar por
lugares apertados com o cabelo comprido acabaria com eles presos
na maquinaria, era dor e desastre. Raspava a sua cabeça desde então,
mas a última semana foi absolutamente implacável, e Kase mal
arrumou tempo para tomar banho e comer, nem se fale em se
arrumar ou dormir. O resultado a sua cabeça parecia tão encardida e
manchada quanto as suas roupas.
Fora as aparências, contudo, haviam aqueles na rebelião... e em
particular, no alto comando... que diriam que Nera Kase era uma das
pessoas mais cruciais da Base Um. Dos quais, pelo menos dois iriam
mais longe, e diriam que é a pessoa mais crucial em toda a aliança
para restaurar a república. Mon Mothma e Bail Organa podem dar o
coração e a alma da liderança, mas Nera Kase, eles diriam, põe o
corpo em movimento.
Kase deslocada na sua caixa, dolorida e cansada, e continuou
esperando. O seu cinto de ferramentas sobrecarregado a ponto de
estar montado em suas costelas ao invés de em sua cintura, fazendo
um barulho sutil em resposta. Apertou a pegada no datapad em sua
mão. Não olho para ele. Teria que olhar em breve.
Adiaria isso tanto quanto pudesse.
O hangar não estava realmente vazio, era apenas a sensação, do
mesmo modo que um armário sem as roupas parece vazio, não
importando quantos cabides continuem lá. Haviam veículos de
serviço e de carga e as empilhadeiras estacionadas por todos os
lados. Módulos de artilharia, a maioria tão vazios quanto o que ela
estava sentada, empilhados contra as paredes. Tubos de combustível
atravessadas pelo chão do hangar, indo das bombas até as células de
combustível, encaracolados em volta das muitas estações espalhadas
de reparos e fabricação usados para manter os caças a postos e
voando. Alguns droides ociosos, cumpriram o seu dever, perdidos em
suspensos sonhos elétricos.
Fora os droides, Nera Kase estava sozinha. As equipes de caça,
todos os sessenta e sete sencientes que coordenava e guiava por cada
uma das horas do dia, dia após dia, saíram pouco depois do último
caça levantar voo. A maioria estava entulhado na sala de reuniões
dos pilotos, onde podiam assistir aos dados de telemetria chegando
ao vivo da batalha que estavam prestes a entrar. Aqueles que não
foram para a sala de reuniões, provavelmente estavam reunidos
dentro ou arredor do próprio centro de comando, ansiando para
fazer o mesmo. Em qualquer lugar que pudessem ver e ouvir os
pilotos voando para dentro da boca do maligno império.
Eles lançaram todos os caças que puderam para a batalha. Não
haveria razão para manter nada na reserva, afinal. Trinta caças
divididos em dois grupos, Vermelho e Dourado... vinte e dois T-65B
X-Wings e oito Koensayr BTL-A4 Y-Wings... contra a maior estação
de batalha que a galáxia jamais vira. Trinta caças contra uma
máquina que poderia destruir um planeta.
Trinta caças contra um Império que destruiriam de novo, e de
novo, e de novo se não forem impedidos. Não havia uma única
pessoa na base, nenhum piloto no céu, que não sabia o que havia
acontecido a Alderaan. Não havia uma pessoa na base que não
entendesse o que se prenunciava nesse exato momento em Yavin 4, e
o que se sucederia a incontáveis outros planetas em seu rastro a não
ser que a rebelião encerrasse isso, aqui e hoje.
Acabaria agora. Ou não acabaria nunca.
Apenas sete espaçonaves restaram no convés, agora: cinco X-
Wings, um Y- Wing, e um U-Wing. Dois dos X-Wings haviam sido
canibalizadas por partes após a batalha de Scarif, e os outros três,
apesar de estarem aptos pro combate, não tinham pilotos que os
tripulassem. O único Y-Wing precisava de mais trinta e seis horas de
esforço só para fazer o seu motor de repulsão voltar a funcionar, sem
falar nos seus propulsores iônicos. O U-Wing era ainda
completamente outra história. Estava pronto para partir, mas havia
sido deixado pra trás durante a batalha na semana passada por falta
de uma tripulação disponível, e teriam sido completamente inúteis
no ataque prestes a começar ao longe, longe a cima de suas cabeças.
Muito, muito acima, mas chegando inexoravelmente mais perto.
Como se em resposta ao pensamento, o sistema de som do hangar
estalou voltando a vida, os autofalantes fazendo um clique alto a
cima dela onde estavam presos ao antigo teto de pedra. Alguém no
centro de comando, provavelmente o controlador de voo, estava
remendando o áudio ao vivo dos caças para o solo. Havia um chiado
que desapareceu em silêncio, então uma fresca ondulação de
estática, e então Kase ouviu a voz do Vermelho Líder.
— Situação das naves.
Vermelho Líder. Vermelho Um a postos. (piloto: Garven Dreis,
21,082 horas de voo, Ás quadruplo, vinte e quatro mortes
confirmadas), Kase pensou automaticamente. Sério, sincero,
preciso. Um dos mais condecorados pilotos que ela já conhecera.
Profissional, essa era a palavra. Teve uma queda por ele por quase
um mês depois que se conheceram, tudo porque ele tomou um
tempo para se abaixar sob a Vermelho Um onde Kase esteve
tentando conseguir uma resposta tátil para compensar
adequadamente os lançadores magnéticos do caça. Eles passaram
vinte minutos lá em baixo, Dreis passando as ferramentas pra ela e
falando sobre as especificações, e quando finalmente terminaram ele
deu um aceno e um sorriso e então se virou e se foi. Enquanto estava
indo, estendeu a sua mão esquerda, bateu na lateral da fuselagem do
caça como se estivesse fazendo carinho em um animal de carga
muito querido. Kase estava certa de que Dreis nem percebeu que o
fez.
Pelo auto falante, um depois do outro e em nenhuma ordem
considerável, cada um dos pilotos do Esquadrão Vermelho se
apresentou.
— Travar asas em posição de ataque. — Disse o Vermelho Líder.
Da mesma maneira que a sua mente relacionava cada piloto com a
sua nave, Kase imediatamente pôde imaginar a manobra sendo
executada sem nenhum pensamento consciente. Cada um dos pilotos
do Esquadrão Vermelho em seu manche, cada um deles se esticando
para acionar o mesmo interruptor em cada uma de suas cabines. A
corrente pulsando enquanto o circuito se fechava, a carga
redirecionada pelos cabos que corriam pela dorsal do casco até o
separador, onde o sinal era redirecionado a bombordo e a estibordo,
requisitando que os atuadores se acionem. A hidráulica ganhava vida
em resposta, injetando fluido nos canais do motivador, os fólios de
ataque se abrem como se cada um dos X-Wing estivesse flexionando
os seus bíceps.
Havia um problema com a hidráulica no caça do Vermelho Sete
após Scarif, Kase se lembrava. Vermelho Sete (piloto: Elyhek Rue,
3,804 horas de voo, Ás, seis mortes confirmadas), nenhum figurão,
mas nenhum tradicionalista por quaisquer parâmetros; o homem
podia fazer qualquer caça que o entregassem torcer, virar e rolar. Ele
voou com dificuldade, em dificuldade em Scarif, e o Vermelho Sete
sempre volta pior do que saiu. Kase perdeu a conta de quantas horas
ela e sua equipe passaram recalibrando sistemas do caça, garantindo
que quando Rue precisasse a nave responderia como pedido.
Eles estavam passando pelo campo magnético. Ela ouviu o
Vermelho Dois (piloto: Wedge Antilles, 1,598 horas de voo, Ás, nove
mortes confirmadas) quebrando o protocolo de comunicação, ouviu
o temor em sua voz, e o Vermelho Um disse para ele liberar o canal.
Kase entendeu que Garvin Dreis não estava exatamente advertindo o
Vermelho Dois, mas usava a oportunidade para devolver o foco aos
pilotos, todos os pilotos, para a tarefa atual.
Kase não sabia o que pensar sobre o Vermelho Dois. A sua
experiencia no manche era enganosa. Ele voou pelo império, treinou
nos TIE, voou antes disso fazendo coisas que ela nem sabia. Ele era
um dos poucos pilotos em Yavin que poderia dizer que tinha tempo
trabalhado em uma A-Wing. A General Syndulla se responsabilizou
por ele. Todos que voaram com ele disse que ele autêntico. Toda vez
que ele falava com Kase, sempre a chamava de madame, sempre
educado ao ponto de deixá-la sem graça na frente de sua equipe.
E já tinha quase um duplo Ás. Kase podia quase... quase... sentir
simpatia por qualquer imperial piloto de TIE que entrasse na mira de
Wedge Antilles.
As vezes são os mais quietos com quem mais precisa se preocupar.
O único piloto que Kase genuinamente não estava certa sobre
quem era o novo Vermelho Cinco (Luke Skywalker, horas de voo
desconhecidas). Antes de Scarif, o Vermelho Cinco era o Pedrin Gaul
(352 horas de voo, uma morte confirmada), estranho e impaciente e
ainda ranqueado como cadete. Ele morreu em Scarif, desintegrado
enquanto atacava a entrada do escudo.
Como tantos outros que morreram em Scarif.
E bem acima deles, nesse momento, Kase sabia que muitos mais
morreriam em Yavin 4.
Com algum esforço, desceu do poleiro, aterrissou com outro
tilintar das ferramentas em sua cintura. A batalha estava prestes a
começar. Precisava estar no centro de comando para essa parte.
O luto a acompanhou, esperando por seu momento.

Os pilotos conhecem a verdade.


São mulheres e homens que testam as suas habilidades, a sua
constituição mental, a sua força física em maquinas que
recompensam até um momento de desatenção ou complacência com
uma cruel... e frequentemente fatal... retribuição. Eles põem as suas
vidas na reta toda vez que sobem, seja em combate ou fora dele. A
glória que eles usam como resultado é comprado caro, e muito
merecida.
Voar em combate é cobrar o corpo de modo que até o soldado
terrestre mais endurecido pelo combate nunca iria entender. É
fisicamente exaustivo, o piloto responde a esforços constantes,
aceleração, desaceleração, a variação da gravidade artificial para
gravidade real. O cheiro que exala da cabine depois de uma batalha é
pesado com suor, adrenalina e medo, todos cozinhados em uma
atmosfera de ar reciclado e eletrônicos superaquecidos.
É mentalmente exaustivo, com demandas constantes, percepção
situacional e multitarefas. Requer uma imagem do campo de batalha
em três dimensões na sua mente, constantemente em movimento,
uma macro visão que nenhum computador jamais replicará
adequadamente. Requer uma atenção obsessiva, incansável aos
detalhes, um entendimento total de não só o próprio veículo do
piloto... como está respondendo, o que ele está tentado te dizer, mas
também, todos aqueles ao redor.
Ainda assim quando visto de longe os pilotos e as suas naves são
vistos não como uma unidade coesa, mas mais como uma massa de
indivíduos. Podem caçar em bandos, mas a crença é que todo piloto
voa sozinho.
Mas os pilotos sabem a verdade. Os pilotos sabem isso:
Eles nunca voam sozinhos.
Toda vez que eles vão aos céus ou às estrelas, os pilotos levam as
suas tribulações com eles. Todo voo, eles carregam consigo os
homens e as mulheres que o fizeram possível, os homens e mulheres
que colocaram o coração e a alma em não só em se se importar com
as suas naves, mas em se importar com os próprios pilotos.
Em Yavin 4, na Base Um, cada caça rebelde dispunha de uma
equipe de cinco ou seis pessoas, dependendo das necessidades da
nave e do seu piloto. Logisticamente, isso significava que cada equipe
de voo trabalhava o triplo, até o quadruplo. Logo, uma única equipe
de solo de cinco era responsável pelo Dourado Dois (Dex Tiree, 3,237
horas de voo, Ás, cinco morte confirmadas), o Vermelho Nove
(Nozzo Naytaan, 1,060 horas de voo, três mortes confirmadas), e o
Vermelho Doze (Puck Naeco, 5,879 horas de voo, duplo Ás, onze
mortes confirmadas). Essas equipes serviam tanto aos caças quanto,
por extensão, aos pilotos em uma relação que era intensamente
pessoal e muitas vezes intima.
Nave, piloto, e equipe se tornam um.
Quando a nave era perdida, quando o piloto era perdido, a equipe
permanecia. E eles sofriam as perdas.
Para Nera Kase, isso era pior. Toda nave, todo piloto, e todo
membro da equipe de solo era responsabilidade dela. Desde os
astromecânicos aos carregadores de artilharia aos mecânicos e até
aos pilotos em si, todos eles pertenciam a ela. Esse era o seu
trabalho.
Chefe Nera Kase, Chefe dos Caças, Base Um.
Suas equipes de voo. Seus caças estelares. Seus pilotos.
Carregava consigo todo piloto caído em combate, e carregava as
suas tripulações, igualmente, carregava o seu luto a cima de seu
próprio.
A sua tristeza quando os seus pilotos falhavam em retornar. A sua
auto recriminação e auto desconfiança, todas as horas perdidas
imaginando se havia algo mais que pudesse fazer, ou deveria ter
feito, ou... pior de tudo, algo que eles fizeram errado. Outro ajuste no
escudo defletor, um reforço extra na eficiência do motor, uma taxa de
ciclo mais alto nos canhões laser.
Fazia alguma coisa, qualquer coisa, que trouxesse os seus pilotos
de volta ao lar em segurança.
Nera Kase perdeu quinze naves e dezenove pilotos e tripulações só
na última semana. Começou com a corrida maluca para deixar o
Esquadrão Azul pronto para Eadu, num voo de sete X-Wings e dois
Y-Wings mexidos rapidamente por ordem do General Draven para
uma missão de ataque e fuga.
Dois nunca voltaram.
Menos de trinta e seis horas depois foi a batalha de Scarif.
Dois do esquadrão azul nunca passaram da entrada do escudo que
protegia o planeta. Outros dois foram abatidos sobre as praias,
incluindo o Líder Azul (General Antoc Merrick, 22,542 horas de voo,
Ás quadruplo, vinte e quatro mortes confirmadas). Mais onze caças,
a maioria dos esquadrões azul e vermelho, havia sido
alternativamente abatido por instalações Imperiais, destruídos por
TIE fighters, ou levados pelo pior de todos os inimigos dos pilotos, o
azar.
Quinze naves, dezenove pilotos e tripulantes. Em apenas uma
semana. Ninguém sob o comando de Nera Kase estava intacto.
Alguns de seus tripulantes sofreram múltiplas perdas ao longo de um
único dia.
Ela sofreu todas elas.

Estava tão parado quanto um necrotério no centro de comando. Kase


entrou silenciosamente, andou ao redor da borda da sala até onde
podia ficar de olho no painel de rastreamento. Três dos chefes de sua
tripulação estavam lá dentro, pressionados contra a parede... Benis,
Ohley, e Wuz. Eles a deram um singelo aceno de reconhecimento.
Ninguém mais a notou. Todos estavam concentrados, escutando.
General Dodonna e Princesa Organa, junto com mais um ou dois
droides de protocolo, estavam reunidos ao redor do mapa exposto no
centro da sala.
Kase olhou para o seu datapad.
Se as naves, os pilotos, e as suas tripulações eram o foco da sua
vida, então o datapad era o núcleo. Nele mantinha tudo relacionado
aos seus deveres. Manifestos de equipamento e munições, uma lista
detalhada de partes sobressalentes para cada marca e modelo de
caças que a Base Um poderia abrigar, os nomes e funções de todos os
membros de sua equipe, com notas em suas especialidades, os seus
pontos fortes, os seus pontos fracos. A troca de fase do fluxo de
entrada da Y-Wing não estava funcionando com eficiência máxima?
Ela colocaria Darton Bailey nisso, ele conseguiria deixar perfeita em
minutos. Montagem de blaster de repetição presa em um U-Wing?
Daria a Benis uma chave hidráulica, e se isso não funcionasse, só
deixá-la golpear o encaixe com a ponta cega até se comportar. Tinha
um inventário de trajes de voo e capacetes, e um guia dos ícones para
o caso do capacete de um dos pilotos se misturasse com o de outro.
Também tinha a lista de todos pilotos.
Kase trocou a sua atenção para o painel de rastreamento dos caças,
ouvindo e observando. O ataque inicial a estação começou,
Esquadrões Dourado e Vermelho cada um fazendo investidas
preliminares para degradar as defesas da Estrela da Morte. Kase
seguiu os pequenos pontos e quadrados, os X-Wings e os Y-Wings, se
movendo em duas dimensões ao longo do vidro marcado. Dourado
Um (Jon "Dutch" Vander, 19,997 horas de voo, Ás quadruplo, vinte
e duas mortes confirmadas) a frente de seu esquadrão, levando
Dourado Dois (Dex Tiree, 5,062 horas de voo, Ás duplo, treze mortes
confirmadas) e Dourado Cinco (Davish "Velhote" Krail, 7,603 horas
de voo, Ás, sete mortes confirmadas) na aproximação da fenda
central. Os cinco Y-Wings restantes se dividiram, se segurando,
enquanto o Líder Vermelho trouxe o seu grupo pelo eixo, tentando
atrair os seus tiros.
O Dourado Sete (Gazdo Woolcob, 4,816 horas de voo, quatro
mortes confirmadas) sumiu do painel sem aviso prévio.
Artilharia antiaérea, Kase disse para si mesmo.
Checou o seu datapad, marcou o nome dele e adicionou em nota:
Fogo antiaéreo.
O Esquadrão Vermelho estava atacando as baterias na superfície, e
agora, tentando liberar o caminho para os membros do Dourado Um.
Vermelho Três (Biggs Darklighter, 5,874 horas de voo, triplo Ás,
dezesseis mortes confirmadas) escolheu o seu alvo, Vermelho Seis
(Jek "Tono" Porkins, 10,499 horas de voo, duplo Ás, quatorze
mortes confirmada) o seguiu e...
— Estou com problemas, — disse Vermelho Seis.
— Ejete! — disse Vermelho Dois.
— Posso aguentar.
Kase procurou no painel onde Wuz, mesmo na luz fraca dos cantos
da sala, empalideceu. Vermelho Seis foi uma das naves tratadas pela
sua equipe. Porkins tinha chegado a Base Um recentemente, muito
recentemente, trazido para assumir a nave de Wes Janson (Sem
designação, 9,869 horas de voo, Ás, oito mortes confirmadas).
Janson tinha expressado preocupações sobre a parte elétrica do caça,
em particular um problema que experienciou com a interface entre
os astromecânicos e o pacote de sensores aprimorados do X-Wings.
Wuz garantiu a Kase que tinha passado pelo caça milímetro por
milímetro aquela nave estava pronta para voar.
— Abandone! — Vermelho Dois, já quase gritando.
— Não, estou bem...
Houve um ruído de estática quando o canal de comunicação do
Vermelho Seis pegou fogo, quase ao mesmo tempo, mas não antes de
todos ouvirem ele começar a gritar.
Wuz olhou para Kase.
Kase olhou para o seu pad, marcou o Vermelho Seis - Porkins, e
adicionou, Falha mecânica?
Quando olha para cima de novo, Wuz se foi.
E então o Império lançou os seus caças.

A batalha sobre a Estrela da morte durou outros dezessete minutos e


meio.
Kase assinalou os nomes em seu datapad sem emoção. Fez
anotações para cada perda, e quando estava incerta da causa,
adicionava um ponto de interrogação. Estava concentrada no seu
trabalho, movendo a sua atenção do pad em suas mãos ao painel de
rastreamento e de volta, de novo e de novo.
TIE.
Antiaéreo.
TIE.
TIE.
TIE.
Antiaéreo. Antiaéreo?
TIE.
TIE.
Antiaéreo.
TIE?
TIE.
TIE.
Antiaéreo.
TIE.
TIE.
TIE.
TIE.
TIE.
TIE.
TIE.
TIE.
TIE.
— Líder Vermelho, estamos em cima de você, — disse Vermelho
Cinco. — Mude para ponto zero cinco, que eu te dou cobertura.
Kase desviou o olhar de seu datapad.
— Você fique aí, — ordenou Vermelho Líder. — Acabei de perder o
meu motor a estibordo. Preparem-se para o ataque.
Garen Dreis. Ela nunca teve a coragem de contar pra ele sobre sua
queda por ele, para dizer nada, para fazer nada.
Ele sempre foi um profissional.
Todo o centro de comando ouviu seu grito quando ele foi abatido.
Kase fez uma anotação.
TIE.

Faltavam quatro naves, só quatro. Dourado Três (Evaan Verlaine,


3,637 horas de voo, quatro mortes confirmadas), Vermelho Dois,
Vermelho Três, e Vermelho Cinco. Dourado Três havia tentado dar a
volta por trás do elemento que levou o Dourado Líder e o Vermelho
Líder, mas o seu Y-Wing não tinha a velocidade necessária nem a
manobrabilidade, ela foi forçada a fazer o que pode de cima,
tentando permanecer viva entre o fogo combinado dos turbolasers da
Estrela da Morte e os TIE fighters que continuavam a caçá-la sobre
as trincheiras.
Em seguida Vermelho Dois arriscou, e Kase moveu a mão, pronta
para fazer sua anotação, então ela ouviu Vermelho Cinco ordenando
que ele desistisse. O arrependimento na voz de Wedge Antillles veio
auto e clara, mas ele fez como ordenado. Kase ficou ligeiramente
surpresa que os TIE o deixaram ir. Seus olhos seguiram seu trajeto
no painel, assistiu enquanto Vermelho Dois manobrou para ajudar
Dourado Três.
A Estrela da Morte estava a alcance de Yavin 4.
Kase olhou para o painel.
Vermelho Três sumiu da tela.
Checou a linha Vermelho Três... Darklighter e duvidosamente
adicionou a palavra TIE.
Vermelho Cinco continuava voando de algum jeito.
Ele foi atingido antes em um duelo com um TIE, e os reparos feitos
por seu astromecânico acabaram de se soltar. Imaginou-o tentando
controlar o X-Wing, imaginando se ele já havia, de fato, voado em
um X-Wing antes, ou em qualquer coisa do tipo. Imaginando se ele
conseguiria manter o caça, agora com uma estabilizador de porta
quebrada, estável o suficiente para dar o seu tiro na entrada do
exaustor sem, ao mesmo tempo, fazer de si mesmo um alvo fácil no
corredor de tiro que a fenda meridional se tornou.
— O computador dele está desligado, — alguém disse. — Luke,
desligou seu computador? O que houve?
Kase ficou tensa. Vermelho Cinco foi uma das naves de Benis,
parte da sua equipe. Se fosse outra falha...
— Nada, — disse Vermelho Cinco. — Estou bem.
Se o centro de comando estava tão parado quanto um cemitério
quando Kase entrou, agora tinha o silencio de um. Ninguém se
movia, cada um processando o que tinham acabado de ouvir.
Havia um ruído de estática, um lamento eletrônico.
— Perdi o R2!
Isso seria o seu astromecânico, então.
Kase encontrou a linha em seu datapad escrita, Vermelho Cinco...
Skywalker.
Não haviam motivos para continuar agora. Havia claramente
acabado. A Estrela da Morte tinha visão de Yavin, estava nesse
mesmo instante se preparando para atirar em Yavin 4. Em alguns
segundos, um minuto, talvez, todos e tudo aqui seguiriam o caminho
de Alderaan: Pilotos, naves, tripulação, datapads, todos eles, tudo
deixaria de existir.
A Rebelião deixaria de existir.
Mas o Império... o Império continuaria.
Uma voz cortou pelo comunicador no centro de comando,
quebrando o silêncio. A voz gritava, mas não era de dor.
Pareceu a Kase muito como alegria.
— Você está livre. Arrebente essa porcaria e vá para casa! — a
voz dizia.
Seus olhos foram do painel de rastreamento até a lista para
Vermelho Cinco. Viu a notificação piscando através do vidro.
Torpedos lançados, dizia.
Ninguém ousava respirar.
E assim, tão silenciosamente quanto e sem alarde, em todos os
monitores que mostravam a representação gráfica da Estrela da
Morte, a imagem piscou e sumiu. A chamada no painel de
rastreamento na frente de Kase foi a última a desaparecer, a imagem
da Estrela da Morte grande demais para ser mostrada no vidro,
representada apenas pelas simples palavras ESTAÇÃO DE BATALHA no
centro do painel.
Então aquelas duas palavras também sumiram.
A voz estava dizendo algo, mas Kase não conseguiu entender.
Ninguém conseguiu entender, porque de repente todo mundo estava
se mexendo, e todo mundo estava fazendo barulho. Abraçando uns
aos outros, pulando pra cima e pra baixo enquanto riam, enquanto
gritavam em triunfo, enquanto derramavam os seus alívios e
alegrias. Kase viu a princesa através do vidro olhando para o céu,
murmurando alguma coisa, e correndo para a saída. General
Dodonna a seguiu, para dentro de uma multidão de homens e
mulheres correndo para deixar a sala, para chegar no hangar, para
receber os pilotos em casa.
Benis e Ohley estavam esperando por ela na porta.
— Eu alcanço vocês, — Kase disse a eles.
Eles acenaram e correram para fora, atrás de todos os outros.
Kase estava sozinha.
Ficou parada por vários segundos, com o datapad na mão. E
Então, bem cautelosamente, ela o desligou e o deixou perto do
console. Tentou dar um passo, e conseguiu, e tentou dar outro, e
falhou, e colapsou com o soluço crescendo nela, e as lágrimas já
começando a cair.
O luto a alcançara.
Em um futuro muito próximo, não mais que amanhã, haverá uma
batalha sobre a quarta lua de Yavin. X-Wings danificadas e furadas
decolarão da selva da lua, com o orvalho calefando em seus cascos
enquanto emergem da atmosfera sob a luz de um gigante gasoso
vermelho. O esquadrão correrá em direção a uma estação espacial
cheia de armas dignas de um pesadelo, sonhadas por velhos
amargurados.
Os pilotos, jovens ambiciosos e de bom coração que já viram a sua
parcela de derramamento de sangue, tentarão explorar uma
vulnerabilidade na estação e explodir o núcleo de seu reator. Mas o
seu plano apressadamente construído não será páreo para as
maquinações dos velhos amargurados. Um por um dos seus caças
serão destruídos. A estação espacial entrará na órbita da lua, onde
emitirá um raio obliterante que desintegrará cada pedra histórica de
um templo antigo e aterrador.
Junto com o próprio templo e os seus habitantes.
E junto com o resto da lua.
Esse não é o futuro que Mon Mothma espera, mas não é um futuro
muito improvável.

— Eu posso te ignorar. — ela diz enquanto diligentemente enquanto


transfere uma pilha de datapads de sua mesa para uma mala
metálica. Revisa os arquivos em cada aparelho antes de guardá-los...
revisa listas de células rebeldes, frequências de contatos codificados,
endereços de casas seguras, documentos Imperiais roubados. Vinte
anos de trabalho reduzidos a um pacote de correio, pensa.
— Me ignorar pra quê? Mesmo se tudo correr bem, não pode nos
ajudar. Vamos ter que desmantelar a base toda.
Jan Dodonna levanta as mãos, claramente infeliz na porta do
escritório de Mon.
— Se as coisas não forem bem. — ele lambe os lábios antes das
palavras se formarem. — Mon, você não vai somente liderar a
Rebelião. Vai ser tudo o que sobrou.
Mon não hesita. Aprendeu a suprimir esse instinto no senado
(quando havia um senado.), mas bate a tampa da mala muito forte.
O som dos fechos trancando ecoa no pequeno cômodo.
— Eu quero todos os droides prontos pra analisar aqueles os
esquemas da estação assim que a princesa aterrissar. Se a estão
seguindo... se o sinal dela foi correto... o Império não vai esperar
muito para seguir.
Já tinha dado aquela ordem antes? Ela pondera. Não dormia há
três dias, e fatos e intenções já se confundiam em sua mente.
Esbarra em Jan, que a segue por alguns degraus de pedra em
direção ao hangar e aos chuviscos errantes da selva. Cianne aparece
ao lado de Mon com um par de mochilas jogadas por cima do ombro.
— Roupas limpas e armas pequenas. — Cianne explica. — Junto
com algumas lembranças.
Cianne serviu a Mon na capital antes dela começar a brincar com
traição; desde então. — desde a sua fuga do Império e o endosso
público da Rebelião. — Ela praticamente não deixara o seu lado. Ela
provavelmente adicionou a evacuação ao meu calendário diário.
— Eu falei com a equipe de comunicação. — Cianne continua. —
Eles chegam na pista sob uma brisa molhada e tépida.
— Vamos contatar a Base Um a cada noventa minutos para
atualizações.
— O Império pode barrar nas nossas transmissões ou tentar traçar
os sinais chegando. — Jan adiciona. — Se não conseguir fazer
contato, não fique tentando para sempre. Ele hesita quando eles se
aproximam de um transporte de passageiros coberto de pichação
pastel desbotada. Mon não reconhece o alfabeto aliem. — Faça o que
for necessário, Comandante.
Ele a saúda. Os pingos de chuva escorrem por entre os seus dedos.
Mon não lembra de já ter visto ele a saudar antes. Interpreta como
um último adeus.
— Agradeça à princesa por mim quando ela chegar. — Mon diz. E
dê os meus pêsames, ela quer adicionar, pois conhecia o pai da
princesa tão bem. Mas de nada adianta pensar em Bail agora.
Abraçaria Jan, mas há equipes de voo olhando, e eles precisam ver
a sua força. Em vez disso sobe no transporte agarrando com as duas
mãos a sua mala de metal. Cianne se levanta pra trás de Mon, fecha a
escotilha e dá as ordens ao piloto. Enquanto o veículo sobe do
tarmac, Mon se pergunta se Jan entende exatamente o que tem de
ser feito.
Como Mon, Jan é simultaneamente prático e idealista. Ele pode
muito bem entender, e esse pensamento parte o coração dela.

No futuro... ou em um futuro, um futuro não muito improvável... a


destruição de Yavin 4 deixará o que resta dos rebeldes em pânico.
Mon tentará restabelecer contato com as células sobreviventes, para
implementar algum tipo de estratégia coerente, mas será deixada
impotente em meio ao caos. O seu transporte pulará de sistema
estelar em sistema estelar, constantemente escapando à perseguição,
e passará horas seguidas escutando estática em seu comunicador e
assistindo o trabalho de sua vida se despedaçar.
Os rebeldes dispersos procurarão refúgio entre os civis, mas não
encontrarão refúgio. A destruição de Alderaan... um mundo pacífico,
amado, lar de bilhões... terá convencido os cidadãos comuns do
Império de que não podem se dar ao luxo de mostrar cumplicidade
nos crimes rebeldes. Afinal, uma coisa é por sua própria vida em
perigo por uma causa; outra coisa é por seu planeta natal inteiro em
perigo. Stormtroopers massacrarão os últimos insurgentes que
restarem, caçando-os sem descanso por desertos e árvores e
asteroides ocos.
Um dia, um esquadrão de execução encontrará Mon Mothma e
Cianne se escondendo em seu transporte no cinto de radiação de um
buraco negro. Os motores desfuncionais do transporte, sem
combustível. Sem escâneres, elas não verão os caças até que seja
tarde demais.
Dentro de uma década, a Rebelião que Mon construiu será
apagada da história e apagada da consciência. Logo depois, até os
censores do Império começarão a esquecer o passado.

— Tem quatro, talvez cinco refúgios seguros na área ao alcance que


acreditamos serem seguras e bem abastecidas. E também tem dois
planetas habitáveis fora dos mapas do Império, se você aceitar não
ter infraestrutura. Os esquadrões móveis não conseguiram se
reagrupar, então talvez não devêssemos contar com eles...
Cianne continua enquanto o assento de Mon vibra com a
turbulência do hiperespaço. Mon só escuta pela metade. Ela sabe de
tudo isso. Tem detalhes que lhe escaparam falta o conhecimento
enciclopédico de bens rebeldes que alguns de seus parceiros no alto
comando possuem, mas ninguém sabe mais das capacidades e
limites da Aliança.
A princesa devia estar chegando em Yavin 4 a qualquer momento
agora.
— Nada de refúgios seguros. Mon descarta a opção com um aceno.
— Nada de se esconder no espaço profundo. Se temos alguma
esperança de sobrevivência, não vamos encontrá-la em isolamento.
O principal dever de Cianne, em seu ponto de vista, é a segurança
da sua senadora. Mon sabe disso porque Cianne já disse isso. Mas
Cianne também sabe quando é inútil discutir, e não o faz agora.
— Tudo bem. — diz. — Poderíamos tentar contatar tropas de chão
nos mundos da orla. — uma aposta, mas seria um começo.
Porque é o que isso significa. Começar de novo.
A exaustão submerge Mon como uma tsunami. Lembra da mala de
metal entre seus pés... os vinte anos de trabalho em um pacote de
correio. Lembra das primeiras reuniões com Bail e os outros,
enquanto era praticamente uma criança e tão certa de sua
experiência e habilidade. Imaginara derrubar o Imperador em uma
questão de meses, não décadas.
— Os mundos da Orla não. — diz. Com a sua voz autoritária, alta o
suficiente para o piloto ouvir. Ele se inspirará nela, mesmo que
Cianne não faça o mesmo.
— Vamos a Coruscant. — O coração do Império, coração da
galáxia.
O piloto solta uma maldição. Cianne hesita, mentalmente juntando
as peças e procurando coerência.
— O Senado, — diz. — Desfeito ou não, é uma voz poderosa. E
depois de Alderaan, os senadores vão ter que apoiá-lo.
— Talvez. — diz Mon. — e nada mais fala. Porque mesmo sendo
boa em mentiras, ela nunca conseguiu desenvolver um gosto por
elas.

Em outro futuro... a Rebelião viverá nos dias após a aniquilação de


Alderaan e Yavin 4... não só viverá, mas crescerá, enquanto as
atrocidades do Império se tornam públicas e Mon Mothma e o
senado em exílio conseguem apoio. A destruição da Base Um se
provará um golpe na estrutura mas não no espírito da Aliança
Rebelde.
Acontecerá uma verdadeira revolução. Revoltas como a galáxia
nunca antes viu irromperão em mundos incontáveis.
Então o Império responderá.
Todo planeta que desafiar o Imperador Galático sera destruído. A
estação espacial, o matador de planetas, será usada, não como uma
ameaça mas como uma arma de terror absoluto. O Imperador e seus
velhos amargurados se provarão mais cruéis que a imaginação de
qualquer um.
Quantos mundos morrerão antes que o sangue apague o fogo da
Rebelião? Os oceanos intermináveis de Mon Cala ferverão? As
espinho-comunidades de Menthusa queimarão? A cidade antiga de
Denon ruirá? Dois, três, doze, cem mundos cairão? A galáxia é
grande. A força do Império é inimaginável. Para os seus líderes, não
há sacrifício grande demais para assegurar a sua sobrevivência.
Mon desistirá eventualmente, claro. Ela não é um monstro.
Aprendeu a aguentar mandar crianças para a batalha, mas nunca
permitirá a perda de mundos inteiros.
Mon Mothma não vê realmente o futuro. Já conheceu pessoas que
podiam, mas o último deles está morto agora também.

— Nenhuma mensagem da base, Senadora. — diz Cianne. Ela está


preparando uma refeição em uma bandeja: feijão guisado e pão e
uma xícara de caf fervendo, tudo vindo de sei lá de onde. Utensílios
batem levemente, e um cheiro argiloso enche as narinas de Mon. —
Sinalizaremos novamente em noventa minutos. Com toda a
informação que temos, talvez o soldado Harge ainda não tenha
entendido a unidade de comunicação.
— Harge? E Lentra?
— Foi para Scarif. — Cianne diz. Ela não adiciona e nunca mais
voltou.
Só pensar em comer deixa Mon doente. Quantas vezes já não
jantou enquanto outros lutavam por suas vidas? As feridas que
carrega não sangram, não tem cicatrizes físicas para lhe assegurar
que sofrera por sua causa. Mon reconhece a autopiedade indulgente
nessa linha de pensamento, mas não consegue inteiramente pará-la.
Ela come. Cianne não.
— Tudo bem ficar de luto. — diz Mon suavemente. — Pode ser que
não tenhamos outra chance tão cedo.
Cianne toca a sua têmpora esquerda.
— Implante regulador de bioquímica. Mantém os meus hormônios
de estresse estáveis. — Ela não olha diretamente para Mon. — Além
do mais, a maior parte dos meus... das pessoas que eu conheço ainda
estão em Yavin. Lamentar seria prematuro.
Até agora, pode não ser, Mon pensa, mas ela sabe que Cianne tem
consciência disso.
Ainda assim, gosta de ouvir Cianne agir com esperança. Isso a
lembra de Bail. Por entre o nevoeiro da insônia imagina o espírito
dele e pergunta, Doeu quando Alderaan pereceu? Você sabia o que
estava acontecendo? Achou que tínhamos perdido?
Mon não termina mais que metade da refeição. Encoraja Cianne
múltiplas vezes até que a sua assistente finalmente janta o feijão e
pão que sobra, com mais vontade que Mon o fizera.
— Devíamos ter esperado pela princesa. — Mon diz. — Tirado ela
também.
Cianne só dá de ombros.
— Ela não teria vindo. E ter tentado poderia ter nos deixado sem
tempo pra escapar.
— Eu devo ao pai dela. — Mon diz.
— Bail devia a você. Ela também. Está pagando esse débito agora.
Mon já ouvira esse tipo de pensamento antes. É um pensamento
que pode perdoar qualquer número de mortes, e quase funciona.
Mas Mon tem outras razões para desejar que a Princesa Leia
tivesse sido evacuada. A garota é jovem, e a galáxia tem mentes
brilhantes velhas e amarguradas o suficiente tentando moldá-la a
suas respectivas visões.

Em outro futuro, Mon andará pelos corredores do Palácio Imperial,


com as suas vestes brancas contrastando com o piso escuro e a
armadura escarlate de sua escolta. Talvez sinta dor por contusões
sofridas em sua captura; mais provável é que esteja em perfeita
saúde. Afinal, ela estará lá por escolha própria.
O Imperador a encontrará na sala do trono não para interrogá-la
(apesar de Mon ter ouvido que ele conduz certos interrogatórios em
pessoa), mas para lançar o seu olhar sobre ela e sorrir aquele sorriso
de cera, desfigurado.
— Senadora Mothma, é tão bom finalmente nos reencontrarmos.
— Ele dirá, ou algo igualmente insincero.
Ela estará a sua mercê para sempre.
A sua Aliança Rebelde, a rebelião que construirá sobre uma
fundação de ossos... deixará de existir. O assassinato de Alderaan, a
derrota em Yavin, e a rendição de sua comandante em chefe serão
pancadas as quais a organização não poderá sobreviver.
Haverão operações Imperiais de limpeza, mas não morrerão mais
planetas. Porquê morreriam se o Imperador tem tudo que sempre
desejou?
Mon será humilhada. Pedirão que renuncie publicamente a sua
causa, e ela o fará. Conhece o Imperador bem o suficiente para que
espere não ser executada, ao contrário, será mantida viva caso ele
precise usá-la como um aviso aos seus inimigos.
Com o tempo, será esquecida.
Com o tempo, os seus erros serão esquecidos. A sua arrogância
será esquecida.
A sua complacência com os bilhões de mortes em Alderaan será
esquecida.
Mon Mothma é responsável por suas próprias faltas. Como pode
acreditar que tem o direito de começar o ciclo todo de novo... de
reconstruir a mesma Rebelião que já fora derrotada antes?
Nesse futuro, viverá a sua vida na escuridão. Com o tempo, talvez
outro alguém encontre uma resposta melhor.

Mon escreve com uma urgência furiosa, digitando palavras em seu


datapad enquanto a sua mala metálica treme entre os seus
tornozelos. Precisa completar o discurso antes de chegarem a
Coruscant, mas não é essa a razão de sua pressa. Em vez disso é
empurrada pela necessidade incontrolável de confessar, de repudiar
o trabalho da sua vida e todos os horrores que ele incitara.
O discurso não é um de seus melhores, e não vai ficar muito
melhor, não tem tempo de reescrever. Não tem ninguém para criticar
o seu estilo e retórica. Não deixará Cianne descobrir a verdade até
que seja tarde demais.
Olha da mala aos seus pés pela cabine, onde Cianne e o piloto se
encurvam sobre o painel principal. Cuidadosamente, coloca o seu
datapad de lado e abre a mala. Transfere os seus conteúdos para o
espaço sob o seu assento. Cianne e o piloto encontrarão os segredos
da Aliança Rebelde enfiados ali depois que Mon se for. Poderão
julgar como usá-los sozinhos.
Como a princesa, são jovens o suficiente para escolher o seu
próprio futuro. Os seus próprios meios de rebelião. Mon revogara
todo o direito de escolher por eles.
Falhou em sua tarefa. Talvez outros farão melhor.
A não ser que...
Não ela diz a si mesma. Não há tempo para sonhos. O próprio Jan
disse: faça o que deve ser feito.
Ainda tem o resto da viagem para mudar de ideia. Para encontrar
outro meio. Não acredita que vai conseguir.
Quando as gargalhadas irrompem da cabine, não consegue
inteiramente compreender. Escuta a voz de Cianne antes do piloto
também entrar. Mon franze a testa quando a sua assistente entra
correndo na apertada sala de passageiros.
— Fizemos contato com a Base Um. — Cianne diz. Os seus olhos
brilham, molhados.
— E? — Pergunta Mon.
— Eles destruíram a Estrela da Morte. Vencemos.

Em um futuro muito próximo, Mon se reunirá com os seus colegas


sobreviventes no Alto Comando. A Aliança se reunirá em sequência a
sua extraordinária vitória, e a sua mensagem se espalhará como a luz
das estrelas por mil mundos. Rebeldes novos demais para conhecer a
democracia, arrependimento ou um beijo de amor atacarão o
Império mais uma vez sob a liderança de Mon.
Nunca falará de seu plano de contingência para Yavin 4.
O conflito não terminará rapidamente. A destruição da estação
espacial do Império só amplificará a violência. Mon assistirá a
carnificina em segurança, de bases escondidas na mata e sob
camadas de gelo, enviando crianças para a morte com o deslizar de
um dedo em um mapa tático. Se a vitória chegar (e talvez não
chegue, tudo ainda poderá se provar sem nenhum fim; ela até poderá
necessitar passar por isso uma segunda vez, com uma segunda
estação espacial) demorará muitos anos.
Mas Mon acredita na vitória novamente.
Enquanto o seu transporte ajusta a trajetória, a sua esperança
recém-encontrada a esmaga como a gravidade e rouba o ar de seus
pulmões. Ela não hesita em deletar a sua mensagem de rendição,
mas sente falta de sua simplicidade... a paz interminável de
submissão ao desespero. Uma nova cicatriz é formada em seu
espírito, o trabalho da maior arma do Império. Ela não chora o seu
fardo. Dá ordens a Cianne e se fortalece para os anos de guerra que
estão por vir.
—Se me perguntarem, Alderaan teve o que mereceu, — disse
Lando Calrissian. — Jogando alto e arriscado, enquanto eles faziam.
— Então acredita nos rumores? — Respondeu Jaff. — Acha mesmo
que os Imperiais destruíram um planeta inteiro?
— Bem, algo transformou Alderaan em pequenas pedras, e parece
o estilo do Império. Percebe o que quero dizer, certo?
Lando olhou através da mesa, só uma varredura rápida através da
pilha de dobras carnudas que o Verosiano chamava de rosto. Jaff
Basan tinha uma aparência estranha, mesmo numa galáxia sem falta
de estranhos. Lando queria pegar a sua reação nessa ultima
declaração, mas, sabe, sem ser obvio sobre isso. Não queria que o
outro cara descobrisse que estava sendo enganado. Jaff não era
amador, embora o seu rosto manteve a mesma expressão branda, o
equivalente Verosiano de agradável, com sorriso sem compromisso,
que tinha mantido em seu rosto durante todo o jogo até agora.
Lando e Jaff se sentaram em uma mesa baixa, bebidas a sua frente,
cercados de todos os lados por uma audiência silenciosa,
degenerados ricos de toda a galáxia. As atividades nas outras
estações de jogo no casino reduziam a propagação da conversa que
estavam tendo ali, um jogo real de Klikklak entre Lando Calrissian e
Jaff Basan.
Klikklak é uma homenagem aos sons feitos por um grande inseto
nativo das florestas do planeta onde o jogo foi inventado. Os insetos
gritam um ao outro klik respondem klak, o som que viaja por
quilômetros entre as árvores. E esse era o jogo: apenas uma
conversa. Cada jogador recebe uma carta do baralho de sabacc
padrão. Então, por um tempo, eles só... conversam. Tiveram uma
pequena conversa sobre o que sentiam, para um observador,
Klikklak geralmente parecia bem leve, bastante casual. Não é.
Quando o tempo atribuído acaba, cada jogador aperta um único
botão na mesa entre eles, bloqueando a única ação exigida pelas
regras do jogo: quando pensavam que a carta era mais alta ou mais
baixa do que a do outro cara. Era isso. O tempo todo. Você ganha por
estar certo quando o seu adversário estiver errado. Se ambos
adivinharem certo ou ambos se enganarem, o jogo continua, mas a
casa ainda tinha a sua comissão de 10 porcento, no pior resultado
possível. Havia alguma dignidade em perder, mas só quando a casa
ganha? Esquecer Alderaan, isso seria uma tragédia.
O truque para Klikklak era a conversa. Você tinha que usar aqueles
dez minutos ou então não somente tentar descobrir o que seu
oponente tinha, alto ou baixo, mas também fazê-lo adivinhar o
caminho que você queria que fosse. Você tinha que entendê-lo e
enganá-lo ao mesmo tempo. Lando amava isso. Se o jogo pudesse ser
chamado de arte, e no que diz respeito à Lando Calrissian,
absolutamente poderia, então Klikklak era na sua expressão a mais
elevada.
Jaff era um oponente difícil, no entanto. Lando não sabia muito
sobre a fisiologia Verosiana. Sempre uma situação difícil,
especialmente por que os humanos estavam entre as espécies mais
comuns na galáxia. Que os tornavam azarados em jogos como o
Klikklak. Jaff provavelmente sabia o que a maioria das expressões
faciais humanas significava, mas Lando estava voando às cegas,
tentando juntar o que um pequeno tremor nas antenas pode
significar, ou lento, piscar de olhos.
Mesmo assim... Você conhece... Emoção.
— O que você quer dizer com isso? — Disse Jaff.
— Bem, o Império não se meteu nos assuntos do seu planeta,
também?
Jaff fazia um tipo de ronco que parecia um riso.
— Esses assuntos são da conta de todos, são?
— Não são meus, — disse Lando. — Eu deixo claro. Esse é o meu
negócio.
— Ah sério? — Disse Jaff. — Pensei que estava perdendo nas
cartas.
Um pouco de respiração contida do público, enquanto esperavam
para ver como Lando responderia. Mas os insultos faziam parte do
jogo, nada com que se preocupar. Lando passou os olhos pela sala,
para os observadores. Seres de mais de vinte mundos diferentes,
unidos por uma única expressão de fascinação. Eles estavam
observando os dois mestres trabalhando, e eles sabiam disso.
Lando sorriu auto depreciativamente, levantando um braço para a
multidão, deixando-se ser o alvo da piada, dando permissão ao
público de rir com ele. Tomou conta do momento, não observando a
reação de Jaff, mas é claro que estava absolutamente assistindo a
reação de Jaff, e lá, lá estava. O menor brilho de verde nas dobras do
pescoço. A mesma descarga que tinha visto quando Lando
mencionou o Império.
Jaff Basan veio de Veros, e Veros já foi um planeta extremamente
rico. Tecnicamente, ainda era um planeta rico, mas essa riqueza
estava agora nas mãos do Império, em vez das contas bancarias das
alianças familiares que governaram o planeta durante séculos, uma
das quais era a venerável Casa de Basan. Tudo aconteceu há décadas,
e Jaff ainda era rico, muito rico, ou não lhe teria sido permitido
entrar nesta sala, mas tinha que haver uma pontada quando ele
pensou sobre o que tinha sido tirado da sua família. Frustração,
expressada em um spray Viridiano em todas as folhas das brânquias
em seu pescoço.
A coisa mais irritante sobre Klikklak era que ter uma carta alta
nem sempre era bom, e baixa nem sempre era mau. A carta de Lando
estava precisamente no meio do baralho, ele nem podia usar as
probabilidades para ajudá-lo. Mas isso não importava, realmente. No
Klikklak, as cartas eram de muitas maneiras, irrelevantes. O jogo era
vir a completar e compreender o outro ser no espaço com uma única
conversa, e se você não puder gerenciar isso, você estava perdido.
Mas Lando não estava perdido. Tinha Jaff nas mãos. Tinha
percebido que o pequeno fluxo de frustração verde, também tinha
visto isto sempre que escorregava referencias para coisas altas, ou
muito altas, acima ou dentro da conversa, pouco significantes
destinados a ser percebido por Jaff como acidental, empurrões
subconscientes para ajudá-lo a pensar que a carta de Lando esta no
lado certo. Sempre que fazia isso, mais um fluxo verde, o que
significava que Jaff estava aborrecido, e que a carta de Jaff tinha que
ser alta também, porque era difícil para decidir se a carta mais alta
do Lando era maior do que a sua carta mais alta. Coloque tudo isso
junto e a aposta do Lando foi fácil. Baixa.
— Podemos? — Disse Lando, gesticulando em direção aos botões
na superfície da mesa, escondido do outro jogador por uma pequena
tela, que foram usados para indicar a aposta alta ou baixa.
Jaff concordou educadamente, e moveu um dos seus apêndices
para trás da sua própria tela.
Lando manteve o seu sorriso suave e a sua respiração firme,
nenhum sinal externo para Jaff ler, mas por dentro, ele já estava
rindo. Era isto. Até que em fim. Com os créditos que estava prestes a
ganhar, podia pagar as suas maiores dividas, investir algum dinheiro
numa nave, se mover novamente, ver que tipo de prazeres a galáxia
tem para oferecer a um homem de habilidades e sensibilidades
únicas como Lando Calrissian.
Tocou no botão na mesa, acariciou, saboreando o momento.
E então, um grito, um comando pronunciado duramente,
comprimido, tom desumano que qualquer um que viva na galáxia do
Império reconheceria imediatamente.
— Mãos bem à vista! Quem se mexer será morto. Não haverá o
segundo aviso. — Disse o stormtrooper.
A sala congelou enquanto todos lentamente se viravam para olhar
para o esquadrão de tropas Imperiais que tinha entrado no pequeno
espaço. Cinco soldados comuns e mais um sargento de ombreira
laranja, mas também, algo incomum, um oficial Imperial preto.
Lando pensou que era um tenente, mas não tinha certeza. Nunca se
preocupou em memorizar insígnias, a politica de Calrissian com
respeito aos Oficiais Imperiais foi o mesmo de cima pra baixo:
escapar.
O rosto do oficial era frio, congelante, firmemente cerrado. Pra
Lando parecia uma raiva contida. Raiva de algum grande ferimento
pessoal.
— Este é um estabelecimento de jogo ilegal, uma violação do
Estatuto Imperial 759.8. Vocês serão todos obrigados a desocupar o
local imediatamente. Qualquer credito que tenham depositado no
caixa será perdido.
Um tumulto de descontentamento se espalhou pela sala. Todo
mundo tinha dinheiro escondido no caixa em troca das fichas de
crédito com que eles costumavam jogar. Lando por si só, em
particular, tinha uma aposta muito grande que tinha colocado no
jogo de Klikklak. Milhares de créditos, que cuidadosamente
acumulou ao longo de longas noites em mesas de jogos muito menos
respeitáveis que esta, um conjunto de shows que estavam tão longe
de seus talentos que quase fisicamente doeu para pegá-los. Estão
prestes a evaporar como fumaça.
Um grande movimento na multidão, o cavaleiro vestido deu um
passo à frente, com anéis em seus dedos brilhando a luz baixa,
queixos pesados levantando um sorriso generoso no presumido
tenente. Luck Luck Freidal, proprietário do cassino, e um homem
com mais potencial a perder naquela noite do que qualquer jogador
neste estabelecimento.
— Meu amigo, há algum engano? — Disse Freidal. — Tudo aqui é
legal. As pessoas estão tendo uma noite agradável.
— Não mais. Isto acabou, — disse o oficial, num tom mais frio do
que o lado escuro de uma lua de gelo.
O sorriso no rosto de Freidal tremia só um pouquinho.
Ah não, cara, pensou Lando. Não faça isso. Não percebe? O
homem só quer uma desculpa.
Mas Freidal aparentemente não viu, ou decidiu que o risco valia a
pena, na esperança desesperada de que este equivoco óbvio pudesse
ser esclarecido, que havia uma maneira de salvar a sua reputação e
seu negócio antes que a noticia se espalhasse que Luck Luck Freidal
não poderia manter a sua casa de apostas ilegais do Império.
Freidal se aproximou do Oficial Imperial e sussurrou algumas
palavras. Lando não conseguiu ouvi-los, mas ele tinha uma boa ideia
do que estava sendo dito: Ei, cara, Já paguei este mês. Que diabo
está fazendo? Não temos um acordo?
Lando viu o rosto do oficial ficar ainda mais frio, que teria dito que
era impossível. Viu Freidal pressionando seu caso, viu os troopers se
agarrarem melhor aos seus rifles. Viu tudo isso, e sabia exatamente o
que ia acontecer.
Lando tinha um blaster sob a sua capa, nas suas costas. Só uma
coisinha, mas deu uma grande pancada. Era melhor com ele do que
qualquer um naquele cassino, do que alguém vivo sabia, de fato.
Podia atirar no tenente, no comandante stormtrooper, talvez até
mesmo num dos armamentos ilícitos da sala que estava fora da capa
e escondida no coldre. Estes Imperiais idiotas não tinham ideia de
como eles estavam aqui, seriam todos mortos num instante. Alguém
tinha que dar o primeiro passo. Alguém tinha que bancar o herói.
Lando Calrissian amava heróis. Pensava que a galáxia lhes devia
alguma coisa. Como ele se interessava, de certo modo, de alguma
forma bizarra que significava que as regras fundamentais da
realidade estavam inclinadas a seu favor. Heróis acreditavam,
honestamente acreditavam que as coisas simplesmente... Trabalham
pra eles.
Os heróis eram os adversários favoritos do Lando na mesa de jogo.
Quanto pior as probabilidades ficavam, mais eles apostavam.
Porque os heróis eram otários.
Lando aos poucos, movia cuidadosamente as mãos acima da borda
da mesa de Klikklak. Estavam vazias.
O Oficial Imperial acenou uma vez, firmemente. Dois tiros rápidos
com o blaster, e então um baque quando Luck Luck Freidal bateu no
chão, com um buraco fumegante onde seu coração esteve. Lando
teria que encontrar o seu próximo jogo em outro lugar.
— Espalhem-se. — ele disse.
Os olhos de Lando se deslocaram para o cofre através da sala onde
Freidal manteve as apostas onde os vários jogos ficavam antes de
serem pagos. Milhões de créditos nesse cofre, muitos deles, há
alguns minutos antes, pertenciam a Lando Calrissian.
Lando fechou os olhos por um momento, suspirou profundamente,
e então se afastou.

Em outro bar, noutro lado da cidade, numa zona menos desejável. O


tipo de lugar onde o Lando esperava sinceramente nunca mais ter
que pisar. Um lugar onde o trabalho pode ser encontrado, para
indivíduos com habilidades únicas, sensibilidades, e moralidades. O
trabalho tinha se tornado de repente muito importante. Lando
precisava de um trabalho para compensar os créditos que tinha
perdido, e rápido, ou estaria em apuros. Muitos apuros.
Lá se vai a esperança, ele pensou, entrando pela porta,
imediatamente sufocado pelo miasma de bebidas derramadas e
sonhos mortos que lugares como estes sempre partilharam.
Lando andou até o bar, sentindo os olhos de quase todos os seres
do lugar o observando. Tinha dívidas com pelo menos metade deles,
desde créditos a sangue. Chegou ao bar, em seguida se virou e sorriu.
— Ei, caras. Quanto tempo, — ele disse. — Que tal uma rodada por
minha conta?
O barman, de uma espécie com muitos olhos, bateu no ombro do
Lando.
— Está pagando uma rodada? Como vai pagar por isso, Calrissian?
— ele disse.
— Põe na minha conta, Okkul, — disse Lando, sem se virar.
— Sua conta? Sua conta? — disse Okkul, o tom dele se tornou um
lamento ofendido que podia perfurar duraço. — Você honestamente
acha que há créditos para você neste bar, depois...
Lando puxou uma ficha de credito do seu bolso e colocou no bar,
dramaticamente. Certificando-se que muitas pessoas o viram fazê-lo.
— Isso deve dar conta do recado. Tudo que lhe devo e a rodada da
casa.
A atitude de Okkul suavizou consideravelmente depois disso, e,
mais importante, significava que Lando estava seguro, pelo menos
pelo tempo que levou para os clientes do bar receberem e
consumirem as suas bebidas. Não se mata o cara que paga a bebida.
Geralmente.
Lando se moveu para trás do bar, onde um homem estava sentado
lendo um datapad. Lando se juntou ao homem, levantando a taça à
boca.
— Bonito gesto, — disse Lobot. — Então você venceu?
Lando tomou a sua bebida, um conhaque ruim local, mas o que se
poderia esperar, realmente, e colocou a sua taça no bar, sinalizando a
Okkul para trazer outra.
— Eu vou precisar de você para cobrir este próximo, Lo, e todos os
outros que pretenderem consumir nesta bela noite. Esses foram os
meus últimos créditos. Lando está oficialmente pelado.
A boca de Lobot apertou numa nota de resignação muito familiar.
— Eu te disse que o jogo de Klikklak era uma má ideia. É muito
difícil de calcular as probabilidades. É muito confuso.
— Não foi o jogo. Eu tinha o jogo. Um bando de Imperiais invadiu,
matou Freidal, correram com todos nós de lá. Tecnicamente, eu não
perdi, vamos ser claros sobre isso, mas confiscaram a minha entrada.
Perdi os meus créditos, mantive minha pele, a historia de Lando
Calrissian, como de costume.
Lobot levantou uma sobrancelha, com os implantes de metal em
ambos os lados de sua cabeça careca piscaram rapidamente
enquanto processou esta nova informação.
— Está brincando, — disse ele. — Freidal pagava todos os meses,
na hora certa. Era uma questão de orgulho pra ele. Comandava o
cassino ilegal mais limpo da cidade. Foi por isso que pode conseguir
o peixe grande. E o peixe menor.
Lobot levantou a sua própria taça, água é claro. Lobot nunca bebeu
ou consumiu nada que pudesse nublar os seus pensamentos, por
medo que permitisse que os seus implantes Imperiais fossem a
janela que precisavam para finalmente assumir a sua mente. As
coisas eram úteis, especialmente quando se tratava de jogos de azar e
calcular probabilidades, eles extraíram uma parte, não há duvidas
sobre isso. Ele inclinou a taça para Lando num brinde simulado.
— Como você.
Lando ignorou o comentário e tomou um gole da sua bebida
fresca. O barman estava parado, aguardando para ver se tinha novos
créditos, e Lando o afastou com um pequeno movimento de enxotar.
— Os Imperiais estavam irritados, — Lando disse quando Okkul já
estava fora do alcance.
— Furiosos, mesmo, e não foram só os stormtroopers. Eles tinham
um oficial superior com eles, também. Não sei o que aconteceu,
mas...
— Eu percebi, — disse Lobot. — Estão tentando afirmar a sua
autoridade. Recuperar um pouco do orgulho.
— Orgulho? De que diabos está falando?
Lobot chamou o barman.
— Okkul, pode passar a imagem outra vez?
O barman acenou amigavelmente e alcançou o controle do grande
holotela montado acima do bar.
— Claro, — disse Okkul. — Você sabe, eu vi essa coisas umas dez
vezes, e ainda não estou farto disso.
Imagens granuladas apareceram na tela, melhorando depois de
alguns bits iniciais de estática. Parecia que foi filmada do ponto de
vista de um Caça, alguma coisa com nariz comprido, sumindo
através do espaço.
— O que é isso? — Perguntou Lando.
— A Rebelião vazou na DarkNet, Está sendo mostrado por todo
lado.
— Mais um dos vídeos de propaganda? Quem me dera que
parassem. Quanto mais se preocupam com a sua causa estupida,
menos interessante fica. Isso é psicologia básica. Acho que eles
perceberam isso.
— Só assista, — disse Lobot, com a sua voz calma, e os seus olhos
focados no holotela.
Lando então assistiu, eram filmagens de uma batalha espacial, um
monte de X-Wings e alguns outros caças de vários modelos, todos
eles olhando como eles deveriam ter sido descartados anos atrás,
desdobrando-se contra a maior estação espacial que já viu, uma
enorme esfera cinzenta, quase que como uma lua em miniatura,
transbordando com torretas de turbolaser de defesa.
— O que é essa coisa? — ele perguntou.
— Eles a chamam de a Estrela da Morte, — respondeu Lobot. —
Um assassino de planetas, se você acredita nos boatos. Como
explodiram Alderaan.
Lando viu os caças fazerem os seus ataques, viu os X-Wings serem
abatidos pelo bando interminável de TIE fighters, viu um monte de
heróis morrerem como os heróis sempre morreram. Idiotas, todos.
— Por que eles liberariam isso? — Disse Lando, tomando cada vez
mais outro gole de sua bebida. — Querem que sintamos pena deles?
Quem disse que isto são imagens reais? Ambos os lados colocam
essas propagandas o tempo todo, e...
E então Lando sabia que era real, porque outra nave tinha
aparecido na tela. Uma muito, nave muito familiar. Um cargueiro
leve Corelliano YT-1300, velho, com certeza, talvez um pouco batido
aqui e ali, mas... Continua lindo. Ela continuava linda.
— Esta é... Esta é a minha nave, — ele disse, saindo um pouco do
seu lugar. — Esta é a Millennium Falcon.
Viu surpreso, a sua bebida a meio caminho de sua boca, enquanto
a Falcon entrava no enquadramento, atrás de um trio de TIEs, um
pouco modificada, talvez um trabalho personalizado... que estavam
seguindo alguns X-Wings correndo por algum tipo de trincheira na
superfície da Estrela da Morte. Disparou o seu laser quadruplo, e ele
os pegou, vaporizando dois e enviando o último, como de costume,
em espiral para o espaço.
A nave... a sua nave... levantou e voou pra longe, fora do
enquadramento. Lando sentiu mais do que todos que sentiram no
bar inclinado para frente. Como se estivessem esperando algo
acontecer.
— Espere, pode voltar um segundo?
Okkul pausou a transmissão, alguns gemidos na sala, e olhou para
o Lando incrédulo.
— Isso não é nada, Calrissian. A melhor parte está chegando.
— Qual é. Basta só passar de volta pra mim.
Lando deu o seu melhor sorriso, o melhor de todos, o que reservou
para ocasiões extremamente especiais. O sorriso que prometia o que
o destinatário quisesse ou precisasse... créditos, amizade, proteção,
amor a curto prazo ou longo prazo, as maravilhas da própria
galáxia... se eles fizessem o que o dono do sorriso queria. O Especial
Calrissian.
O barman balançou a cabeça, mas recomeçou a filmagem.
— Pare, — disse Lando. — Bem ali.
Ele assistiu novamente... a Millennium Falcon salvando o dia,
depois se aproxima e afasta.
— De novo, — disse ele. Okkul nem se quer protestou dessa vez,
apenas voltou.
Lando tinha certeza na primeira vez que ele assistiu, mas precisou
dos próximos dois cliques para processar o que ele tinha visto. Mas
não havia duvida em sua mente. As táticas, as manobras... Já tinha
visto tudo antes. Ninguém pilotava a Falcon assim como Lando
Calrissian, mas um homem chegou o mais perto possível.
— Han Solo está pilotando aquela nave, — disse ele.
— Parece, — disse Lobot.
— Mas isso é impossível, — disse Lando.
Estava vagamente ciente de que as filmagens continuavam de uma
enorme explosão, os aplausos no bar, aplausos que provavelmente
matariam todos aqui se houvesse algum Imperial dentro de certa
distancia, mas não estava prestando atenção.
O que Han Solo estava fazendo com a Rebelião? E não, digo,
contrabandeando pra eles. Tudo bem, claro. Um trabalho era um
trabalho, e combustível não é de graça. Mas isto... Han estava
atacando uma super arma Imperial. Só... Só não fazia sentido.
Lando conhecia muita gente, por toda a galáxia, era uma espécie
de sua marca registrada. Mas poucas, poucas pessoas o conhecia.
Podia contá-las numa mão. Lobot, talvez alguns outros e Han Solo.
Teria dito que era mutuo. Até teria dito que eram iguais, moralmente
falando, mais do que qualquer outra pessoa na galáxia. Eles estavam
fora por si mesmos, porque mais ninguém estava.
E depois dessa coisa de Estrela da Morte. Agora, Lando poderia
entender em ajudar as pessoas de vez em quando, isso fazia todo
sentido. Nunca se sabe quando vai precisar de um favor. Mas isso...
Isso era loucura. Era como duplicar a aposta em sabacc quando o
outro cara tinha a Forma de Idiota. Era como chutar um rancor
dormindo. Não era só abusar da sorte, estava a empurrá-la de um
penhasco e rindo enquanto batia em todas as pedras no caminho
abaixo.
A Rebelião era uma causa perdida. Os rebeldes eram heróis, com
tudo que está implícito. Eles estavam condenados, porque o Império
era a casa, e a casa ganha sempre. E ainda havia a Millennium
Falcon, a sua nave, no meio de uma das batalhas mais feias que já
viu.
Lando teria apostado todos os créditos que tinha, costumava ter,
que Han Solo não era um herói ou era suscetível ao tipo de herói com
ideologias absurdas. Mas lá estava ele, herói disso tudo. Era
preocupante.
Lando encarou a tela. O barman tinha começado o clipe, e ele viu
os heróis começarem o seu ataque impossível mais uma vez. Tentou
entender isso, e não conseguiu. Não conseguia ver o ângulo. Por que
Han faria isso?
Lando se virou para olhar para o bar e levantou a sua taça.
— À memoria do maior contrabandista que já conheci! — ele
gritou, para alguns aplausos indiferentes dos outros clientes.
Olhou novamente para o Lobot, e apontou pra tela, onde Han Solo
estava mais uma vez arriscando a nave de Lando, a sua preciosa,
linda Millennium Falcon, sem razão aparente.
— Se eu fizer algo assim... atire em mim.
— Sem problemas, — disse Lobot.
Enquanto Lando via a Estrela da Morte explodindo, considerou a
única regra dos vigaristas, malandros, apostadores, e charlatões da
galáxia sobre: Se você não pode ver o ângulo, significa que é você que
está sendo enganado. Você é, é fato, o otário.
Lando sentou, pensou, e bebeu bebidas que não tinha dinheiro
para pagar, e se perguntou o que estava perdendo.
Miara Larte respirou e lembrou o quanto amava o ar real. Claro,
uma grande parte do seu coração estava nos céus e no vazio do
espaço além dele, treinando na cabine de um A-Wing antes da
transição para um X-Wing e, eventualmente, um cruzador, mas nada
reciclado através dos purificadores de O2 de uma nave poderia
combinar bem, planeta de ar verde. Mesmo agora, na esteira da
batalha e do horror, uma ou duas respirações profundas foram
suficientes para acalmá-la.
— Agora é realmente o melhor momento pra isso? — Jessamyn
estava com os olhos vermelhos, mas a sua voz era clara e a Miara não
sentia cheiro de álcool. Parecia, que o seu segundo no comando foi
um profissional até o fim.
— Eles têm que fazer alguma coisa, — murmurou um dos novos
atiradores. Hester ou Heattens ou algo assim. Ele foi designado para
Miara recentemente. Como ela, ele estava longe de Alderaan quando
a Estrela da Morte atacou. Diferente dela, ele não tinha estado com
os colegas a tempo.
Atrás deles, posto após posto de soldados rebeldes apresentados
em linhas. Miara e sua tripulação Alderaaneana tinha um lugar
privilegiado na frente, mas isso significava que eles tinham a maior
espera enquanto o quarto enchia. Foi a primeira vez que eles tiveram
que ficar por perto e sem fazer nada, então esperava que alguém
cedesse.
— É tudo tão... — Jessamyn seguiu desligada. Miara alcançou
através do espaço prescrito entre elas e pegou a sua mão.
— Eu sei, — disse ela. — Ninguém pode dizer nada. Perdemos
muito por isso. Mas isso nos lembra de que não perdemos tudo.
Jessamyn estava quieta. Miara se perguntou se ela tinha dito a
coisa certa. Como capitã, ela estava certa disso, mas não tinha
nascido em Alderaan, e às vezes aqueles que tinham sido levados
para o lado pessoal quando reivindicou o planeta como o seu
próprio. Já era suficientemente ruim quando o planeta ainda existia.
Miara imaginou isso, agora, a sua dor pode parecer um novo insulto,
mas Jessamyn só assentiu e chamou a atenção. Elas não falaram
mais, mas Miara podia sentir a sua tripulação ao seu redor e sabia
que eles aguentariam um pouco mais.
Por fim, a grande caverna na base rebelde em Yavin 4 estava
lotada, embora as linhas ordenadas uniformizadas desmentissem a
queda. Miara esqueceu, às vezes, quão grande era a Rebelião. As suas
perdas nas ultimas semanas foram quase catastróficas, e, no entanto,
aqui estava ela, joelhos esticados no descanso da parada, mãos atrás
das costas, ombro a ombro com o que restou da guarda
Alderaaneana.
...o que restou...
Miara se sentiu à deriva em direção à memoria e a puxou de volta.
Poderia fugir com a inquietação da multidão, a torção de seus dedos
escondidos contra a palma das mãos e o deslocamento de seu peso
escondido por suas pernas já dobradas, mas esse não foi o momento
para a sua dor. A Rebelião foi rápida e incansável, passando de
missão em missão com muito pouco tempo de inatividade, no
entanto agora e então uma pausa bocejante apareceu. Miara sabia
que eles estavam à beira de uma agora, esta não foi a primeira vez
que perdeu um planeta, mas eles não estavam lá, ainda não.
Um planeta perdido não a cobriu completamente. Miara poderia
voltar para Raada se quisesse. Está em orbita, caminha pelos campos
mortos, e ir para as cavernas onde Neera salvou a sua vida com um
blarter de atordoamento. Não sobrou nada de Raada a não ser o
próprio planeta. Não sobrou nada de Alderaan além de poeira e
memoria, e que os sobreviventes permaneceram espalhados pelas
estrelas.
Sem virar a cabeça, olhou de lado pra baixo da linha de sua
tripulação. Equipe. Mais uma vez, aquela palavra tinha significado
família e agricultura. Como um piloto, e mais tarde um oficial, Miara
descobriu o que significava uma equipe e um trabalho a fazer em
toda essa bagunça.
O seu povo parecia bem, que era o que ela esperava. Cada linha de
seus uniformes era nítida, e os seus capacetes brilhavam. No sol
brilhante de Yavin 4 de manhã, não restaram quaisquer sinais de
falta de profissionalismo, apesar do fato de que muitos deles tinham
ficado acordados até tarde na noite anterior. A colônia aqui acolheu
refugiados de qualquer mundo atacado pelo Império, lugares como
Fest, Raada, Jedha e agora Alderaan. Não havia falta de
compreensão, não faltam meios pelos quais lembrar os nomes além
da contagem e um mundo que não era mais um mundo.
Antilles, os que tinham a apanhado.
Organa, que lhes tinha dado um lar.
Organa, que tinha dado uma missão.
Organa, que estava aqui diante deles agora e lhes dera esperança.
Todos os olhos eram atraídos para Leia, mesmo que as fileiras de
rebeldes se voltassem a enfrentar uns aos outros. Pequena, com um
vestido branco imaculado, era impossível não ver o cinza implacável
das paredes da caverna. Mais do que isso, ela era convincente do
jeito que a sua mãe tinha sido, e gentil na maneira de seu pai, e até o
mais disciplinado dos olhares se deslocou para ela: em órbita em
torno de uma estrela. Miara tinha ouvido os sussurros, princesa de
gelo, fria, mas não encontrou culpa em como Leia escolheu se portar.
A Rebelião exigia quase tudo da princesa. Se quisesse manter a sua
dor privada, Miara não estava prestes a criticar.
A própria dor de Miara borbulhou novamente com o pensamento
do que a princesa tinha perdido, e novamente, como Leia deve estar
fazendo em plena vista de todos os reunidos, ela se obrigou a recuar.
Em breve, mas ainda é cedo.
Casa sempre foi um lugar que Kaeden tinha. Em Raada, a sua irmã
os mantinha alimentados e vestidos com pura força de vontade. Em
Alderaan, mesmo naquele primeiro campo de refugiados, tinha sido
mais fácil. Isso parecia uma traição, embora Miara não poderia ter
dito de quem, e levou Kaeden à inquietação, e eventualmente para
um programa médico em uma das cidades mais bonitas de Alderaan.
Serviu numa fragata médica da República, e as irmãs não se viam
muito. Pelo menos Kaeden estava viva.
O caminho de Miara para as estrelas tinha sido mais direto.
Os pilotos dos A-Wing que voaram nos céus de Raada quando a
lua foi evacuada estavam com a adrenalina alta quando Miara os
encontrou, quatorze e, apesar da carnificina que ela testemunhou,
destemida agora que estava no céu, e lhe contaram todo o tipo de
histórias no caminho de volta para Alderaan. No momento que eles
desembarcaram, Miara estava certa de que ia voar novamente, mas
da próxima vez com as próprias mãos nos controles.
A Rebelião estava com extrema necessidade de pilotos, então com
o treinamento tinha sido fácil de encontrar. Miara subiu nas fileiras
graças ao seu próprio pensamento rápido e os prodigiosos pilotos da
taxa de mortalidade enfrentados nos primeiros dias, antes que as
várias células rebeldes se aglutinassem em algo mais estável. A sua
promoção a capitã veio a pedido do próprio Senador Organa, embora
a Rainha Breha tenha sido a única a formalizá-la em uma cerimonia
na capital, onde varias outras promoções foram entregues. Foi a
primeira vez que Miara viu a princesa de perto. Aos dez, Leia era
pequena e cheia de fúria digna, uma mistura aparentemente perfeita
do senador e da rainha, de ambos. Miara era muito jovem para uma
promoção, mas tinha entendido por que recebeu a honraria no
momento em que a sua primeira missão secreta tinha chegado: não
havia duvida de que o símbolo do Fulcrum estava ligado a ela. Teve
que dizer a Kaeden pessoalmente, palavras escolhidas
cuidadosamente para evitar comprometer um segredo valioso.
Eles precisariam de mais pilotos novamente, agora. Tantos tinham
morrido em Scarif e na batalha contra a Estrela da Morte. Desertores
Imperiais já estavam aparecendo, o horror despertou pela carnificina
que a super arma do Império agora destruída tinha causado. Sim,
haveriam corpos para as cabines, mãos os controles, almas para
esticar os limites da velocidade e agilidade. Dobrando as X-Wing à
vontade.
A música soou de algum lugar, como um chifre puxando Miara
para fora da memória, pensamento e de volta a caverna com o resta
da tripulação. Ouviu a respiração de Jessamyn quando reconheceu a
canção: outro pedaço de Alderaan que o Império não tinha
arruinado. Foi contra o protocolo, e estranho, dado que Jessamyn
estava de pé atrás dela, mas Miara alcançou de volta o seu segundo
no comando novamente. Por um breve momento, os dedos de
Jessamyn agarraram os dela, e depois Miara voltou à atenção.
Isso deixaria Skywalker ou Solo nervosos para andar todo o
caminho da caverna com os olhos da Rebelião sobre eles, não
demonstraram. Miara assumiu que os Wookiees estavam bem. Não
tinha conhecido Solo, só tinha ouvido o que ele tinha feito após o
fato, mas estava na reunião quando Skywalker falou. Ele a fez se
sentir velha, a fez pensar numa menina em uma pequena lua,
construindo bombas enquanto poderia, ansiosa por lutar em uma
batalha que ainda não entendeu o verdadeiro escopo.
Essa foi a diferença que a Rebelião fez. Tinha levado aquela garota
e a treinado, fez o seu melhor e lhe deu as ferramentas que precisava
para sobreviver. Tinha passado tanto do que sabia quanto podia,
para a sua tripulação, aos outros pilotos, para os idealistas não muito
aleatórios os quais tinha transportado pela galáxia nas missões que
não devia ter falado. Tinha estado sozinha, no final, em Raada, e
estava sem materiais para explodir, mas já não estava sozinha.
Nenhum deles era Skywalker, embora não tivesse ideia do que ele se
tornaria como resultado disso.
O trio passou na frente dela, subiu as escadas para estar diante de
Leia e o que restou do Alto Comando da Aliança. Como um só, os
rebeldes no chão da caverna se viraram, de frente para a princesa. A
música ficou quieta quando Skywalker e Solo se curvaram para
receber as medalhas que a princesa pendia sobre os seus pescoços.
Miara reparou como a forma que a boca de Leia contraiu quando
Solo puxou o rosto dela, mas a princesa permaneceu fria sob
apreciação de centenas. A luz brilhou fora do seu colar, a tradicional
peça Alderaaneana, Miara tinha certeza. Perguntou-se quem tinha
conseguido isso fora do planeta e como tinha encontrado o seu
caminho para Yavin 4.
Houve uma confusão na plataforma enquanto uma pequena
unidade astromecânica avançava para ficar em pé ao lado do droide
de protocolo reluzente da princesa. Ele gorjeou, estranhamente para
um droide, Miara pensou, assim como a música inchou novamente,
só os que estavam na frente da caverna o ouviram. Todos podiam ver
Skywalker rindo, embora, como ele, Solo e o Wookiee se viraram de
frente a multidão. O Wookiee rugiu enquanto a torcida vibrava.
Miara deu outra olhada para seu lado e viu lagrimas escorrendo pelo
rosto de Jessamyn. Sua segunda no comando olhou para ela o tempo
suficiente para um aceno rápido.
Era por isso que tinha que ser agora, por que eles tinham que ficar
neste lugar, neste planeta, e celebrar o que eles tinham, lembrando o
que tinham perdido. Era para o equilíbrio dela, a medida certa para
compensar o mal, mas nenhum deles esquecidos ou apagados.
Quando Miara olhou para a plataforma, Leia estava sorrindo, com
o seu rosto radiante enquanto ela estava no centro das atenções. Não
era um sorriso politico; Miara já tinha visto o suficiente para
conhecê-los. Isso era real.
Miara sentiu algo em seu próprio peito, liberando as emoções que
estava escondendo desde que Alderaan desapareceu em um incêndio,
não tinha certeza se tinha o direito de sentir. Raada tinha
desaparecido. Alderaan tinha desaparecido. A sua irmã sobreviveu.
Ela sobreviveu. Tinha sua equipe, a sua nave e logo teria uma missão
novamente. Estava em Yavin 4 e respirando o ar verde.
Com tristeza em suas bochechas e esperança em seu coração,
Miara Larte acrescentou a sua voz àqueles na caverna que
celebravam os vivos e lembravam os mortos. Seria uma longa noite,
ela sabia. Tinha vivido a muitas noites antes. Mas de manhã, por
qualquer sol, ela se levantaria e iria se rebelar.
Finalmente chegou a hora... Ouvi todas as versões da
história, vi todos os Holocrons e estudei todos os artefatos.
Uma vida inteira de preparação me preparou para esse
nobre dever. Que a Força esteja comigo quando eu começar
a tarefa sagrada de escrever o Diário dos Whills...

Há muito tempo, numa galáxia muito, muito distante....

Bem, quero dizer, não é tão distante assim, é?


Do que você está falando?
"Muito, Muito Distante"? Estou dizendo que é "longe", mas não
tão "longe, longe".
Oh...
Quero dizer, se é algo que eu diria é que “há muito, muito tempo
atrás, em uma galáxia distante”.
Sim, bem, o resto dos Whills me pediram para escrever
isso, e não você.
Então vai dizer...

Há muito tempo, em uma galáxia muito, muito distante...


É um período de guerra civil.

Um “período"? Uau, você realmente gosta de manter as coisas


vagas, não é?
Minha nossa, o que você quer que eu coloque: “É uma
tarde de quinta-feira de guerra civil”?
Não, isso é estúpido. Talvez o problema seja essa voz passiva. "É
uma..." Meio fraco! Você realmente deve começar com um verbo de
ação.
É a primeira frase, cara. Se você escolher cada frase deste
diário, nem chegaremos às batalhas.
Tudo bem, tudo bem. Mantenha-a... Poderia ser melhor, mas...

Partindo de uma base secreta,


naves espaciais rebelde atacamconquistam
sua primeira vitória contra o
perverso Império Galáctico.

Calma, calma, calma... O Império e os rebeldes?


Oh, sim.
Já? E sobre a República?
Que tal isso?
Você vai pular a República? Não me diga que você está pulando as
Guerras Clônicas e todas essas coisas?
Bem, sim...
E quanto a Anakin e Padmé, a areia e...
Eu imaginei que eu poderia apenas fazer algumas
referências misteriosas a tudo isso.
Referências misteriosas? E o Darth Maul? Ele só vai ser uma
referência misteriosa?
Na verdade, não tenho certeza. Eu realmente não estava
pensando em mencioná-lo.
Sem mencionar Darth Maul?!?! Darth? Maul?
Não...
Em seguida, você vai me dizer que não estava planejando
mencionar o capitão Rex, Ahsoka, Ventress, Cad Bane, Savage
Opress, Jar Jar e os Mandalorianos?
Bem... acho que sempre posso voltar e contar as suas
histórias mais tarde.
Fora de contexto? Isso só vai confundir todo mundo!
Eu acho que eles vão descobrir.
Uhum, certo. Espera, eu já sei! Talvez você possa adicionar
números ao início de cada parte. Você sabe, como talvez este comece
"Há muito, muito tempo atrás, em uma galáxia distante: Episódio 4."
Isso parece meio...
Ooh, eu tenho uma ideia! E se você fizesse "IV"? Isso seria mais
chique. E você poderia dar um título a cada episódio. Como,
"Episódio VII: Colheita Azul"!
Bem, isso é estranho, mas se eu prometer chamá-lo de
Episódio IV e pensar em um ótimo título, você me deixará
continuar com isso?
Sim, legal, continue. Você está prestes a entender as coisas boas:
Jyn Erso, Orson Krennic, K-2SO...

Durante a batalha, espiões rebeldes


conseguem roubar os planos secretos
da arma decisiva do Império, a
ESTRELA DA MORTE, uma estação espacial
blindada com poder suficiente para
destruir um planeta inteiro.

Espera, foi isso? E sobre Erso? E o K-2SO?


Estou planejando começar com R2-D2 e C-3PO.
Certo, agora você está só ficando louco. Você vai pular o K-2SO,
o Melhor. Droide. Sempre. E começar com um droide protocolo???
Mas que Hutt, cara?
Quero dizer, R2; sim, ele é incrível; mas se você quiser pular
alguém, pule o C-3PO! Tudo o que ele faz é reclamar.
Eu não posso pular ele; ele é realmente importante em
Endor.
Endor? Espere um minuto, você não está colocando os ursinhos de
pelúcia, está?
Eles não são ursinhos de pelúcia! Os Ewoks são
guerreiros ferozes. O topo da cadeia alimentar em um
planeta selvagem!
Certo, primeiro, eles vivem na lua, não no planeta. Segundo...
Olha, apenas os reserve! Eles não vão estar neste
episódio de qualquer maneira.
Bem, o que há neste episódio? Você está pulando tudo!
Bem, a princesa Leia estará presente se você me deixar
começar.
Certo, legal, bom. Ela é demais!

Perseguida pelos sinistros agentes do Império


a princesa Leia, apressa-se em voltar para casa
a bordo de sua nave estelar zelando os...

Zelando? É sério? As pessoas vão pensar que este é um filme sobre


um zelador!
Oh, meu Jabba! Você está me deixando louco! Você
precisa procurar defeito em cada palavra?!
É apenas uma crítica construtiva. Você não pode mesmo ter um
pouco de crítica construtiva? Quero dizer, se você não pode aceitar
críticas construtivas, talvez você não seja o melhor Whill para o
trabalho.
Acha que você pode fazer melhor?
Honestamente? Sim, eu acho.
Então, por que você não escreve seu próprio diário e me
deixa em paz?
Certo, tudo bem, quer saber? Eu irei! Eu tenho ótimas ideias para
um episódio sobre como a família de Chewbacca comemora o Dia da
Vida!
Certo, ótimo, Aqui vamos nós. Agora, onde eu estava?
Zelando.
Certo...

Princesa Leia, apressa-se em voltar para casa


a bordo de sua nave estelar protegendo os
planos roubados que podem salvar o seu
pessoal e restaurar a liberdade na
galáxia...
STAR WARS / DE UM CERTO PONTO DE VISTA
TÍTULO ORIGINAL: From a Certain Point of View
COPIDESQUE: TRADUTORES DOS WHILLS
REVISÃO: TRADUTORES DOS WHILLS
DIAGRAMAÇÃO: TRADUTORES DOS WHILLS
ARTE E ADAPTAÇÃO: TRADUTORES DOS WHILLS / JOSEPH MEEHAN
ILUSTRAÇÃO: TRADUTORES DOS WHILLS
GERENTE EDITORIAL: TRADUTORES DOS WHILLS
DIREÇÃO EDITORIAL: TRADUTORES DOS WHILLS
ASSISTENTES EDITORIAIS: TRADUTORES DOS WHILLS

COPYRIGHT © & TM 2017 LUCASFILM LTD.


COPYRIGHT © TRADUTORES DOS WHILLS, 2022
(EDIÇÃO EM LÍNGUA PORTUGUESA PARA O BRASIL)
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS.
PROIBIDA A REPRODUÇÃO, NO TODO OU EM PARTE, ATRAVÉS DE QUAISQUER MEIOS.

DE UM CERTO PONTO DE VISTA É UM LIVRO DE FICÇÃO. TODOS OS PERSONAGENS, LUGARES E


ACONTECIMENTOS SÃO FICCIONAIS.
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)
TDW CRB-1/000
Vários Autores
De um Certo Ponto de Vista [recurso eletrônico] / Vários Autores ; traduzido por
Tradutores dos Whills.
80 p. : 2.0 MB.
Tradução de: From a Certain Point of View
ISBN: 978-04-252-8670-8 (Ebook)
1. Literatura norte-americana. 2. Ficção científica. I.Dos Whills, Tradutores CF. II. Título.
2017.352

ÍNDICES PARA CATÁLOGO SISTEMÁTICO:

Literatura : Ficção Norte-Americana 813.0876


Literatura norte-americana : Ficção 821.111(73)-3

tradutoresdoswhills.wordpress.com
SOBRE OS AUTORES

Todos os autores participantes generosamente renunciaram a


qualquer compensação por suas histórias. Em vez disso, seus lucros
serão doados para a First Book, a qual é uma organização líder sem
fins lucrativos que fornece novos livros, materiais didáticos e outros
itens essenciais para educadores e organizações que atendem
crianças carentes. Para comemorar ainda mais o lançamento deste
livro e os relacionamentos de longa data de ambas as empresas com
o First Book, a Penguin Random House doou US$ 100.000 para a
First Book, e a Disney/Lucasfilm doou cem mil livros infantis,
avaliados em US$ 1 milhão, para apoiar a First Book. A Book e a sua
missão de proporcionar igualdade de acesso à educação de
qualidade. Nos últimos dezesseis anos, a Disney e a Penguin Random
House doaram mais de oitenta e oito milhões de livros para a First
Book.

BEN ACKER e BEN BLACKER são os criadores e roteiristas/produtores


do Thrilling Adventure Hour, um show encenado no estilo das rádios
antigas que também é um podcast na rede Nerdist. Na televisão, eles
escreveram para Supernatural da CW, Gato de Botas da Dream
Works/Netflix e Cassius e Clay da FX. Eles também desenvolveram
pilotos originais para Fox, nos EUA (duas vezes), Spike, Paramount,
Nickelodeon e outras entidades. Nos quadrinhos, eles escreveram
para Marvel, Dynamite, Boom! e outros. Acker escreveu para a Wits
do PRI. Blacker é o criador e apresentador do The Writers Panel, um
podcast sobre negócios e processo de escrita, bem como o seu spin-
off, o Nerdist Comics Panel. Ele é o produtor de Dead Pilots Society,
um podcast no qual pilotos de televisão não produzidos por
escritores estabelecidos recebem as leituras de mesa que tanto
merecem.
RENÉE AHDIEH é a autora mais vendida em primeiro lugar na revista
New York Times com The Wrath and the Dawn e The Rose and the
Dagger. Nas horas vagas, ela gosta de dançar salsa e colecionar
sapatos. Ela é apaixonada por todos os tipos de curry, cães de resgate
e basquete universitário. Os primeiros anos de sua vida foram
passados em um arranha-céu na Coreia do Sul; consequentemente,
Renée gosta de ter a cabeça nas nuvens. Ela mora em Charlotte,
Carolina do Norte, com o seu marido e seu o pequeno suserano de
cachorro.

TOM ANGLEBERGER é autor mais vendido da revista New York Times,


USA Today e Wall Street Journal, da série Origami Yoda,bem como
Fake Moustache e Horton Halfpott, ambos indicados ao Edgar
Award, e a série QwikpickPapers. Ele também é o autor do livro
ilustrado de transporte McToad Mows Tiny Island. Tom mora com a
sua esposa, Cece Bell, em Christiansburg, Virgínia.

JEFFREY BROWN é autor de vários livros best-sellers de Star Wars,


incluindo Darth Vader e Filho e a série Academia Jedi de nível
médio. Ele cresceu em Michigan, onde muita neve caía a todo
inverno. Ao contrário dos neandertais, ele nunca aprendeu a fazer
ferramentas de pedra. Ele mora em Chicago com a sua esposa e
filhos.

PIERCE BROWN é o autor nº 1 da revista New York Times com Red


Rising, Golden Son e Morning Star. Enquanto tentava se tornar um
escritor, Brown trabalhou como gerente de mídia social em uma
empresa de tecnologia iniciante, trabalhou como peão um bocado na
ABC Studios da Disney, teve seu tempo como mensageiro na NBC e e
deu à privação do sono um novo significado durante o seu período
como assessor em uma campanha para o Senado dos EUA. Ele mora
em Los Angeles, onde está trabalhando em seu próximo romance.

MEG CABOT é a autora nº 1 da revista New York Times da série


Princess Diaries, com mais de 25 milhões de cópias de seus livros
vendidos em todo o mundo. Nascida e criada em Bloomington,
Indiana, Meg também morou em Grenoble, na França, e Carmel, na
Califórnia, antes de se mudar para Nova York, depois de se formar
em belas artes pela Universidade de Indiana. Ela é autora de vários
livros para adultos e crianças, mas From the Notebooks of a Middle
School Princess é a primeira série que ela ilustrou. Meg Cabot vive
atualmente em Key West com o marido e o gato.

RAE CARSON é a autora da série mais vendida e premiada pela Garota


de Fogo e Espinhos. Os seus livros tendem a conter aventura, magia
e garotas inteligentes que fazem (principalmente) escolhas
inteligentes. Originalmente da Califórnia, Rae Carson agora vive no
Arizona com o marido.

ADAM CHRISTOPHER é um romancista e escritor de quadrinhos. Seu


romance de estreia, Empire State, foi o Livro do Ano do SciFiNow e o
Livro do Ano do Financial Times em 2012. Em 2013, ele foi indicado
ao Prêmio Sir Julius Vogel de Melhor Novo Talento, com Empire
State selecionado para Melhor Romance. Seus outros romances
incluem The Age Atomic e The Burning Dark.

ZORAIDA CÓRDOVA é o autor da trilogia Vicious Deep, da série On the


Verge e da série Brooklyn Brujas. Ela adora café preto, sarcasmo e
ainda acredita em magia. Ela é uma nova-iorquina de coração e está
atualmente trabalhando em seu próximo romance.

DELILAH S. DAWSON is the writer of the Blud series, Servants of the


Storm, Hit, Wake of Vultures (as Lila Bowen), and a variety of short
stories and comics. She’s also a geek, an artist, an adventure junkie,
and a cupcake connoisseur. She writes books for both young adults
and adults that range from whimsical to dark to sexy to horrific to
adventuresome.

KELLY SUE DECONNICK começou na indústria de quadrinhos


adaptando quadrinhos japoneses e coreanos para o inglês. Cinco
anos e mais de dez mil páginas de adaptação depois, ela fez a
transição para os quadrinhos americanos com 30 Days of Night:
Eben and Stella, para Steve Niles e IDW. Trabalho para Image,
Boom, Oni, Humanoids, Dark Horse, DC, Vertigo e Marvel logo em
seguida. Hoje DeConnick é mais conhecido por sucessos
surpreendentes como a reformulação de Carol Danvers como Capitã
Marvel e o faroeste mitológico indicado a Eisner, Pretty Deadly; esta
último foi co-criada com a artista Emma Ríos. O empreendimento
mais recente de DeConnick, a ficção científica soco no rim chamado
Bitch Planet, co-criado com Valentine De Landro, foi lançado com
ótimas críticas em dezembro de 2014. DeConnick mora em Portland,
Oregon, com seu marido, Matt Fraction, e seus dois filhos.

PAUL DINI é um escritor e produtor vencedor de vários Emmy e


Eisner Award que ajudou a redefinir as lendas do Universo DC em
séries como The New Batman/Superman Adventures, Batman
Beyond, Krypto e Justice League Unlimited. Ao fazer isso, ele co-
criou uma das personagens mais populares dos quadrinhos, Harley
Quinn, que se originou como personagem em Batman: The
Animated Series. Nos quadrinhos, ele é o autor de The World's
Greatest Super-Heroes, ilustrado por Alex Ross. Dini também
colaborou com Chip Kidd em Batman Animated para HarperCollins.

IAN DOESCHER, autor da série William Shakespeare em Star Wars,


adora Shakespeare desde a oitava série e nasceu 45 dias após o
lançamento do Episódio IV de Star Wars. Ele é bacharel em música
pela Universidade de Yale, mestre em divindade pela Yale Divinity
School e PhD em ética pelo Union Theological Seminary. Ian mora
em Portland, Oregon, com sua esposa e dois filhos.

Conhecida pelos fãs como a voz de Ahsoka Tano em Star Wars: The
Clone Wars, Rebels e Star Wars: Forces of Destiny, a atriz e
empresária ASHLEY ECKSTEIN também fundou a Her Universe, a
inovadora empresa de moda fangirl e marca de estilo de vida. Ashley
tem sido amplamente reconhecida como empresária e criadora de
tendências fangirl. Ela foi recentemente escolhida pela revista Good
Housekeeping como uma das 25 Mulheres Incríveis de 2016. A Her
Universe licenciadora orgulhosa da Disney/Star Wars e Marvel,
BBC/Doctor Who, CBS/Star Trek, Studio Ghibli, bem como um
crescente lista de propriedades.
Ashley é uma personalidade reconhecida no “mundo geek” e uma
atriz e apresentadora sob demanda estrelando vários especiais de TV,
shows ao vivo, eventos e vídeos para Disney, HSN, Comic-Con HQ e
muito mais. Além de Ahsoka Tano de Star Wars, Ashley também é a
voz de Mia the Bluebird em Sofia the First da Disney, Dagger em
Ultimate Spider-Man da Disney XD e a voz de Cheetah em DC Super
Hero Girls. Ashley também foi ouvida na tela grande em 2016 como
a voz de Yaeko na adaptação em inglês do amado filme do Studio
Ghibli, Only Yesterday, ao lado da atriz de Star Wars Daisy Ridley e
do aclamado ator Dev Patel.
Em outubro de 2016, Her Universe foi adquirida pela Hot Topic,
Inc., e se juntou ao seu grupo de marcas como uma subsidiária
independente, e-commerce e marca de atacado. Ashley continua o
seu papel como fundadora e GMM de Her Universe e na supervisão
de todos os aspectos da empresa.

MATT FRACTION escreve histórias em quadrinhos na floresta e vive


com a sua esposa, a escritora Kelly Sue DeConnick, com seus dois
filhos, dois cachorros, um gato, um dragão barbudo e um quintal
cheio de coiotes e veados. Certamente há uma metáfora aí. Ele
ganhou o primeiro Prêmio Literários PEN USA para História em
quadrinho. Ele, ou os quadrinhos dos quais ele faz parte, ganharam
Eisners, Harveys e Eagles, que são como Oscars, Emmys e Globos de
Ouro dos quadrinhos e todos parecem tão prováveis. Ele é um dos
mais vendidos da revista New York Times com quadrinhos como Sex
Criminals (vencedor do Prêmio Will Eisner de 2014 de Melhor Nova
Série, o Prêmio Harvey de 2014 de Melhor Nova Série e nomeado
Melhor Quadrinho de 2013 da revista Time), com Satellite Sam,
ODY-C, Gavião Arqueiro (vencedor do Prêmio Will Eisner de 2014
de Melhor Edição Individual) e, oh, senhor, outras muitos mais.
ALEXANDER FREED é o autor de Star Wars: Battlefront: Companhia
Crepúsculo e Star Wars: A Velha República: Os Sóis Perdido e
escreveu muitos contos, histórias em quadrinhos e videogames.
Nascido perto da Filadélfia, ele se esforça para trazer o charme
austero da cidade com ele para sua atual casa em Austin, Texas.

JASON FRY é um escritor no Brooklyn, Nova York, onde vive com sua
esposa, filho e cerca de uma tonelada de coisas de Star Wars. Ele é o
autor de The Clone Wars: The Visual Guide, The Clone Wars:
Ultimate Battles e The Clone Wars: Official Episode Guide: Season
1, e escreveu extensivamente para a revista Star Wars Insider e
Wizards of the Coast.

KIERON GILLEN é um escritor baseado em Londres. Em termos de


histórias ambientadas em uma galáxia muito, muito distante, ele
escreveu os quadrinhos Star Wars: Darth Vader e Star Wars:
Doutora Aphra. Em outros lugares nos quadrinhos, ele escreveu
basicamente todos os grandes super-heróis da Marvel que você já
ouviu falar e muito que você não tem, e ele é o co-criador do
premiado The Wicked + The Divine e Phonogram. Ele é amaldiçoado
pelos editores por sua aparente incapacidade de aprender a soletrar
“Wookiee” e “Tatooine”. Ele será disciplinado.

CHRISTIE GOLDEN é a premiada autora mais vendida pela revista New


York Times de mais de cinquenta romances e mais de uma dúzia de
contos nas áreas de fantasia, ficção científica e horror. Seus trabalhos
de mídia incluem o lançamento da linha Ravenloft em 1991 como
Vampire of the Mists, mais de uma dúzia de romances de Star Trek,
várias romantizações de filmes, os romances de Warcraft Rise of the
Horde, Lord of the Clans, Arthas: Rise of the Lich King e Crimes de
Guerra, Assassin's Creed: Heresy, bem como Star Wars: Discípulo
Sombrio e os romances Star Wars: O Destino do Presságio Jedi,
Allies e Ascension.
Em 2017, ela foi premiada com o Prêmio Faust da International
Association of Media Tie-in Writers e nomeada Grandmaster em
reconhecimento por mais de um quarto de século de escrita.

CLAUDIA GRAY é a autora de Star Wars: Legado de Sangue e Desafie


as Estrelas, bem como a série Firebird, a série Evernight e a série
Spellcaster. Ela trabalhou como advogada, jornalista, dj e garçonete
particularmente ineficaz. Seus interesses ao longo da vida incluem
casas antigas, filmes clássicos, estilo vintage e história. Ela mora em
Nova Orleans.

PABLO HIDALGO é um executivo criativo do Grupo de História da


Lucasfilm, uma autoridade residente de Star Wars que ajuda a
garantir a consistência em uma ampla variedade de projetos de
STAR WARS. Ele escreveu vários títulos DK, incluindo o mais
vendido recentemente Star Wars: The Force Awakens: The Visual
Dictionary. Ele mora com a sua esposa em San Francisco, Califórnia.

E. K. JOHNSTON teve vários empregos e uma vocação antes de se


tornar uma escritora publicada. Se ela aprendeu alguma coisa, é que
as coisas ficam estranhas às vezes, e não há muito o que fazer sobre
isso. Bem, isso e como mexer em fanfics estranhas porque é sobre
uma combinação que ela gosta. Quando ela não está no Tumblr, ela
sonha em viajar e lendo Tolkien. Ou escreve livros. Realmente
depende do clima.

PAUL S. KEMP é o autor dos romances mais vendidos da revista New


York Times Star Wars: Corrente Cruzada, Star Wars: A Velha
República: Deceived e Star Wars: Contracorrente, bem como vários
contos e romances de fantasia, incluindo The Hammer and the Blade
e Blade and A Discourse in Steel. Kemp vive e trabalha em Grosse
Pointe, Michigan, com a sua esposa, filhos e alguns gatos.

MUR LAFFERTY é escritora, produtora de podcast, gamer, geek e


artista marcial. Ela é a apresentadora do premiado podcast I Should
Be Writing e a apresentadora do podcast Angry Robot Books. Ela é a
vencedora do Prêmio John W. Campbell 2013 de Melhor Novo
Escritor. Ela adora correr, praticar kung fu (estilo dos cinco animais
de Shaolin do Norte), jogar Skyrim e Fallout 3 e sair com seu
fabuloso marido nerd e a sua filha de onze anos.

KEN LIU é um dos autores mais elogiados no campo da literatura


americana. Vencedor dos prêmios de tradução Nebula, Hugo, World
Fantasy, Locus, Sidewise e Science Fiction and Fantasy, ele também
foi indicado ao Sturgeon Award. Seu conto The Paper Menagerie é a
primeira obra de ficção a ganhar simultaneamente os prêmios
Nebula, Hugo e World Fantasy. Ele também traduziu o romance
vencedor do Prêmio Hugo de 2015, O Três-Body Problem, escrito
por Cixin Liu, que é o primeiro romance a ganhar o Prêmio Hugo em
tradução. The Grace of Kings, seu romance de estreia, é o primeiro
volume de uma série de fantasia épica silkpunk ambientada em um
universo que ele e sua esposa, a artista Lisa Tang Liu, criaram juntos.
Foi finalista do Nebula Award e ganhador do Locus Award de Melhor
Primeiro Romance. Ele mora perto de Boston com a sua família.

GRIFFIN MCELROY é um escritor, produtor de vídeo e podcaster


baseado em Austin e cofundador do site de videogame Polygon. Ele é
co-anfitrião do My Brother, My Brother and Me, um podcast de
conselhos, com... você adivinhou... seus dois irmãos, e atua como
Mestre em Dungeon para o The Adventure Zone, um podcast de
D&D Actual Play que ele criou com a sua família. Ele e sua esposa,
Rachel, apresentam um podcast de recapitulação da franquia
Bachelor chamado Rose Buddies e também recentemente co-
fundaram um bebê humano chamado Henry.

JOHN JACKSON MILLER é o autor mais vendido pela revista New York
Times com Star Wars: Kenobi,: Um Novo Amanhecer, Star Wars
Legends: Tribo Perdida dos Sith e as coleções de romances gráficos
Star Wars Legends: A Velha República da Marvel, entre muitos
outros romances e quadrinhos. O site dele é farawaypress.com.
NNEDI OKORAFOR nasceu nos Estados Unidos de dois pais imigrantes
Igbo (nigerianos). Ela tem doutorado em inglês e é professora de
escrita criativa na Universidade Estadual de Chicago. Ela foi a
vencedora de muitos prêmios por seus contos e livros para jovens
adultos, e ganhou um World Fantasy Award por Quem Teme a
Morte. Os livros de Okorafor são inspirados em sua herança
nigeriana e as suas muitas viagens à África. Ela mora em Chicago
com a sua filha, Anyaugo, e a sua família.

DANIEL JOSÉ OLDER é baseado no Brookly sendo um escritor , editor,


compositor e autor dos romances Bone Street Rumba, incluindo
Midnight Taxi Tango e Half-Resurrection Blues, e o romance YA
Shadowshaper. Ele foi indicado para o Kirkus Prize, os prêmios
Locus e World Fantasy e o Andre Norton Award. Shadowshaper foi
nomeado o Melhor Livro do Ano do New York Times.

MALLORY ORTBERG é "Dear Prudence" de Slate. Ela escreveu para a


revista Gawker, New York, The Hairpin e The Atlantic. Ela é co-
criadora do The Toast, um site de interesse geral voltado para
mulheres. Ela mora na área da baía com o seu laptop e seu gato.

BETH REVIS é a autora mais vendida pela New York Times com a série
Across the Universe, o romance complementar The Body Electric,
um romance contemporâneo sinuoso A World Without You e vários
contos. Natural da Carolina do Norte, Beth está atualmente
trabalhando em um novo romance para adolescentes. Ela mora na
zona rural da Carolina do Norte com os seus filhos: um marido, um
filho e dois cães aproximadamente do tamanho de Ewoks.

MADELEINE ROUX recebeu o seu bacharelado em escrita criativa e


atuação do Beloit College em 2008. Na primavera de 2009,
Madeleine completou um período de honra no Beloit College,
propondo, escrevendo e apresentando um romance de ficção
histórica completo. Pouco depois, ela iniciou o blog de ficção
experimental Allison Hewitt Is Trapped, que rapidamente se
espalhou pela blogosfera, trazendo uma experiência única de ficção
seriada aos leitores. Nascida em Minnesota, ela agora vive e trabalha
em Wisconsin, onde aprecia a cerveja local e se prepara para o
eventual e inevitável apocalipse zumbi.

GREG RUCKA é o autor mais vendido pela New York Times de quase
duas dúzias de romances, incluindo Star Wars: Antes dos Despertar
e Star Wars: Guardiões dos Whills, e ganhou vários prêmios Eisner
por suas HQs. Ele mora em Portland, Oregon, com sua esposa e
filhos.

GARY D. SCHMIDT é professor de inglês no Calvin College em Grand


Rapids, Michigan. Ele recebeu uma Newbery Honor e uma Printz
Honor por Lizzie Bright e Buckminster Boy e uma Newbery Honor
por The Wednesday Wars. Ele vive com sua família em uma fazenda
de 150 anos em Alto, Michigan, onde ele corta madeira, planta
jardins, escreve e alimenta os gatos selvagens que passam.

CAVAN SCOTT é um autor e escritor de quadrinhos para adultos e


crianças. Ele escreveu para um grande número de séries de alto
nível, incluindo Doctor Who, Adventure Time, Judge Dredd, Disney
Infinity e Warhammer 40.000. Ele é o escritor da minissérie Doctor
Who: The Ninth Doctor da Titan Comics e atualmente escreve
Minnie the Minx e Gnasher & Gnipper para o lendário quadrinho
britânico The Beano. Membro da The Society of Authors e do Dennis
the Menace Fan Club, Cavan mora perto de Bristol com sua esposa,
com as duas filhas e um Dalek inflável chamado Desmond.

CHARLES SOULE é um escritor de quadrinhos, músico e advogado do


New York Times, baseado no Brooklyn. Ele é mais conhecido por
escrever Daredevil, She-Hulk, Death of Wolverine (inspiração para o
filme Logan) e vários quadrinhos de Star Wars da Marvel Comics,
bem como a sua série de propriedade do criador Curse Words da
Image Comics e o premiado épico político de ficção científica Carta
44 da Oni Press. Seu romance de estreia, The Oracle Year, será
publicado em 2018 pela HarperCollins.

SABAA TAHIR cresceu no deserto de Mojave, na Califórnia, no motel de


dezoito quartos de sua família. Lá ela passou o seu tempo devorando
romances de fantasia, invadindo o estoque de quadrinhos de seu
irmão e tocando violão muito mal. Ela começou a escrever An Ember
in the Ashes enquanto trabalhava à noite como editora de jornal. Ela
gosta de rock independente estrondoso, meias berrantes e todas as
coisas nerds. Tahir atualmente vive na área da baía de São Francisco
com sua família.

ELIZABETH WEIN nasceu em Nova York, cresceu no exterior e


atualmente mora na Escócia com o marido e dois filhos. Ela é uma
ávida aviadora de pequenos aviões e tem doutorado em folclore pela
Universidade da Pensilvânia. Elizabeth é autora de Code Name
Verity, vencedora do Edgar Award na categoria Jovem Adulto e um
Printz Medal Honor Book; Rose Under Fire, vencedora do Schneider
Family Book Award; e Black Dove, White Raven, vencedora do
Children's Africana Book Award.

GLEN WELDON foi crítico de teatro, escritor de ciência, historiador


oral, professor de redação, balconista de livraria, flack de relações
públicas, apresentador de cinema, biólogo marinho
espetacularmente inepto e um nadador competitivo um pouco
melhor que o apto. Seu trabalho apareceu no The New York Times,
The Washington Post, The Atlantic, The New Republic, Slate e
muitos outros lugares. Ele é um palestrante no Pop Culture Happy
Hour da NPR e revisa livros e quadrinhos para a NPR.

CHUCK WENDIG é romancista, roteirista e designer de jogos. Ele é o


autor de muitos romances, incluindo Star Wars: Aftermath: Marcas
da Guerra; Aftermath: Dívida de Honra; Fim do Império; Melros;
Atlanta Burns; Zer0es; e a série YA Heartland. É co-roteirista do
curta-metragem Pandemic e da narrativa digital indicada ao Emmy
Collapsus. Ele atualmente vive nas florestas de Pennsyltucky com sua
esposa, filho e cachorro vermelho.

WIL WHEATON começou a atuar em comerciais aos sete anos de idade


e, aos dez anos, apareceu em vários papéis na televisão e no cinema.
Em 1986, seu papel aclamado pela crítica em Stand By Me, de Rob
Reiner, o colocou no centro das atenções do público, onde
permanece até hoje. Em 1987, Wil foi escalado como Wesley Crusher
na série de televisão Star Trek: The Next Generation. Recentemente,
Wil ocupou papéis recorrentes em Leverage da TNT e Eureka da
SyFy; atualmente é ele mesmo em The Big Bang Theory da CBS. Ele
interpretou o líder do Axis of Anarchy, Fawkes, na websérie de
Felicia Day, The Guild, e acabou de escrever, produzir e apresentar o
The Wil Wheaton Project no Syfy. Ele também é o criador e
apresentador da multipremiada websérie TableTop, agora em sua
quarta temporada.
Como dublador, Wil foi apresentado em videogames como There
Came an Echo, Broken Age, Grand Theft Auto: San Andreas, Brütal
Legend, DC Universe Online, Fallout: New Vegas e Ghost Recon
Advanced Warfighter. Ele emprestou so seus talentos de voz para
séries animadas, incluindo Family Guy, Legion of Superheroes, Ben
10: Alien Force, Generator Rex, Batman: The Brave and the Bold e
Teen Titans.
Como autor, ele publicou muitos livros aclamados, entre eles: Just
A Geek, Dancing Barefoot e The Happiest Days of Our Lives. Todos
os seus livros surgiram do weblog imensamente popular e premiado
de Wil, que ele criou e mantém na WIL WHEATON ponto NET.
Enquanto a maioria das celebridades ficam felizes em deixar os
publicitários projetarem e manterem os seus sites, Wil tomou um
rumo decididamente diferente quando começou a blogar em 2001,
quando projetou e codificou o seu site por conta própria.
Wil pessoalmente mantém uma presença popular na mídia social,
incluindo um Tumblr popular, uma página do Facebook e uma
página do Google Plus. A sua conta no Twitter frequentemente citada
é seguida por mais de 2,75 milhões de pessoas.
Wil é amplamente reconhecido como um dos blogueiros de
celebridades originais e é uma voz respeitada na comunidade de
blogs. Em 2003, os leitores da Forbes.com votaram no WWdN o
Melhor Weblog de Celebridades. O blog de Wil foi escolhido pela
C|Net para inclusão em seus cem blogs mais influentes e é uma lista
“A”, de acordo com Blogebrity.com. No Weblog Awards de 2002 (os
Blogueiros), Wil ganhou todas as categorias nas quais foi indicado,
incluindo o Weblog do Ano. Em 2007, Wil foi indicado para um
Lifetime Achievement Bloggie, ao lado das potências da Internet
Slashdot e Fark. No Weblog Awards de 2008, Wil foi eleito o melhor
blogueiro de celebridades e, em 2009, a Forbes o nomeou a décima
quarta celebridade da Web mais influente. Isso tudo é divertido para
Wil, que não se considera uma celebridade, mas sim “só um cara,
sabe?”

GARY WHITTA é o ex-editor-chefe da revista PC Gamer e agora é um


roteirista premiado mais conhecido pelo explosivo thriller pós-
apocalíptico The Book of Eli, estrelado por Denzel Washington, e
como co-roteirista de Rogue One: Um História. Ele também co-
escreveu a aventura de ficção científica de Will Smith, After Earth, e
foi escritor e consultor de histórias em The Walking Dead, da
Telltale Games, pelo qual foi co-recipiente de um prêmio BAFTA de
Melhor História. Mais recentemente, ele atuou como roteirista da
série animada de TV Star Wars: Rebels. Ele também escreveu as
adaptações cinematográficas dos quadrinhos de Mark Millar
Starlight e Mouse Guard de David Petersen para a 20th Century Fox,
e o livro de David Fisher, The War Magician, para StudioCanal e
Benedict Cumberbatch. Seu primeiro romance, Abomination, já está
disponível, e sua série de quadrinhos original Oliver chega via Image
Comics em 2017. Nascido e criado em Londres, Inglaterra, Gary
atualmente vive com sua esposa e filha em San Francisco.
Star Wars: Guardiões dos Whills

Baixe agora e leia

No mundo do deserto de Jedha, na Cidade Santa, os amigos Baze e


Chirrut costumavam ser Guardiões das colinas, que cuidavam do
Templo de Kyber e dos devotos peregrinos que adoravam lá. Então
o Império veio e assumiu o planeta. O templo foi destruído e as
pessoas espalhadas. Agora, Baze e Chirrut fazem o que podem
para resistir ao Império e proteger as pessoas de Jedha, mas nunca
parece ser suficiente. Então um homem chamado Saw Gerrera
chega, com uma milícia de seus próprios e grandes planos para
derrubar o Império. Parece ser a maneira perfeita para Baze e
Chirrut fazer uma diferença real e ajudar as pessoas de Jedha a
viver melhores vidas. Mas isso vai custar caro?

Baixe agora e leia


STAR WARS: Episódio VIII: Os Últimos Jedi (Movie
Storybook)

Baixe agora e leia

Um livro de imagens ilustrado que reconta o filme Star Wars: Os


Últimos Jedi.

Baixe agora e leia


Chewie e a Garota Corajosa
Baixe agora e leia

Um Wookiee é o melhor amigo de uma menina! Quando Chewbacca


conhece a jovem Zarro na Orla Exterior, ele não tem escolha a não
ser deixar de lado sua própria missão para ajudá-la a resgatar seu
pai de uma mina perigosa. Essa incrível Aventura foi baseada na
HQ do Chewbacca... (FAIXA ETÁRIA: 6 a 8 anos)

Baixe agora e leia


Star Wars: Ahsoka
Baixe agora e leia

Esse é o Terceiro Ebook dos Tradutores dos Whills com uma


aventura emocionante sobre uma heroína corajosa das Séries de
TV Clone Wars e Rebels: Ahsoka Tano! Os fãs há muito tempo se
perguntam o que aconteceu com Ahsoka depois que ela deixou a
Ordem Jedi perto do fim das Guerras Clônicas, e antes dela
reaparecer como a misteriosa operadora rebelde Fulcro em Rebels.
Finalmente, sua história começará a ser contada. Seguindo suas
experiências com os Jedi e a devastação da Ordem 66, Ahsoka não
tem certeza de que possa fazer parte de um todo maior de novo.
Mas seu desejo de combater os males do Império e proteger
aqueles que precisam disso e levará a Bail Organa e a Aliança
Rebelde....

Baixe agora e leia


Star Wars: Kenobi Exílio
Baixe agora e leia

A República foi destruída, e agora a galáxia é governada pelos


terríveis Sith. Obi-Wan Kenobi, o grande cavaleiro Jedi, perdeu
tudo... menos a esperança. Após os terríveis acontecimentos que
deram fim à República, coube ao grande mestre Jedi Obi-Wan
Kenobi manter a sanidade na missão de proteger aquele que pode
ser a última esperança da resistência ao Império. Vivendo entre
fazendeiros no remoto e desértico planeta Tatooine, nos confins da
galáxia, o que Obi-Wan mais deseja é manter-se no completo
anonimato e, para isso, evita o contato com os moradores locais. No
entanto, todos esses esforços podem ser em vão quando o “Velho
Ben”, como o cavaleiro passa a ser conhecido, se vê envolvido na
luta pela sobrevivência dos habitantes por uma Grande Seca e por
causa de um chefe do crime e do povo da areia. Se com o Novo
Cânone pudéssemos encontrar todos os materiais disponíveis aos
anos de Exílio de Obi-Wan Kenobi em um só Lugar? Após o Livro
Kenobi se tornar Legend, os fãs ficaram sem saber o que aconteceu
com o Velho Ben nesse tempo de reclusão. Então os Tradutores dos
Whills também se fizeram essa pergunta e resolveram fazer esse
trabalho de compilação dos Contos, Ebooks, Séries Animadas e
HQs, em um só Ebook Especial e Canônico para todos os Fãs!!

Baixe agora e leia


Star Wars: Dookan: O Jedi Perdido
Baixe agora e leia

Esse é o Quarto Ebook dos Tradutores dos Whills com uma


aventura emocionante sobre um Vilão dos Filmes e da Série de TV
Clone Wars: Conde Dookan! Mergulhe na história do sinistro Conde
Dookan no roteiro original da emocionante produção de áudio de
Star Wars! Darth Tyranus. Conde de Serenno. Líder dos
Separatistas. Um sabre vermelho, desembainhado no escuro. Mas
quem era ele antes de se tornar a mão direita dos Sith? Quando
Dookan corteja uma nova aprendiz, a verdade oculta do passado do
Lorde Sith começa a aparecer. A vida de Dookan começou como um
privilégio, nascido dentro das muralhas pedregosas da propriedade
de sua família. Mas logo, suas habilidades Jedi são reconhecidas, e
ele é levado de sua casa para ser treinado nos caminhos da Força
pelo lendário Mestre Yoda. Enquanto ele afia seu poder, Dookan
sobe na hierarquia, fazendo amizade com Jedi Sifo-Dyas e levando
um Padawan, o promissor Qui-Gon Jinn, e tenta esquecer a vida
que ele levou uma vez. Mas ele se vê atraído por um estranho
fascínio pela mestra Jedi Lene Kostana, e pela missão que ela
empreende para a Ordem: encontrar e estudar relíquias antigas dos
Sith, em preparação para o eventual retorno dos inimigos mais
mortais que os Jedi já enfrentaram. Preso entre o mundo dos Jedi,
as responsabilidades antigas de sua casa perdida e o poder sedutor
das relíquias, Dookan luta para permanecer na luz, mesmo quando
começa a cair na escuridão.

Baixe agora e leia


Star Wars: Discípulo Sombrio
Baixe agora e leia

Esse é o Quinto Ebook dos Tradutores dos Whills com uma


aventura emocionante sobre um Vilões e Heróis dos Filmes e da
Série de TV Clone Wars! Baseado em episódios não produzidos de
Star Wars: The Clone Wars, este novo romance apresenta Asajj
Ventress, a ex-aprendiz Sith que se tornou um caçadora de
recompensas e uma das maiores anti-heróis da galáxia de Star
Wars. Na guerra pelo controle da galáxia entre os exércitos do lado
negro e da República, o ex-Mestre Jedi se tornou cruel. O Lorde Sith
Conde Dookan se tornou cada vez mais brutal em suas táticas.
Apesar dos poderes dos Jedi e das proezas militares de seu
exército de clones, o grande número de mortes está cobrando um
preço terrível. E quando Dookan ordena o massacre de uma flotilha
de refugiados indefesos, o Conselho Jedi sente que não tem
escolha a não ser tomar medidas drásticas: atacar o homem
responsável por tantas atrocidades de guerra, o próprio Conde
Dookan. Mas o Dookan sempre evasivo é uma presa perigosa para
o caçador mais hábil. Portanto, o Conselho toma a decisão ousada
de trazer tanto os lados do poder da Força de suportar, — juntar o
ousado Cavaleiro Quinlan Vos com a infame acólita Sith Asajj
Ventress. Embora a desconfiança dos Jedi pela astuta assassina
que uma vez serviu ao lado de Dookan ainda seja profunda, o ódio
de Ventress por seu antigo mestre é mais profundo. Ela está mais
do que disposta a emprestar seus copiosos talentos como caçadora
de recompensas, e assassina, na busca de Vos.Juntos, Ventress e
Vos são as melhores esperanças para eliminar a Dookan, — desde
que os sentimentos emergentes entre eles não comprometam a sua
missão. Mas Ventress está determinada a ter sua vingança e,
finalmente, deixar de lado seu passado sombrio de Sith.
Equilibrando as emoções complicadas que sente por Vos com a
fúria de seu espírito guerreiro, ela resolve reivindicar a vitória em
todas as frentes, uma promessa que será impiedosamente testada
por seu inimigo mortal... e sua própria dúvida.

Baixe agora e leia


Star Wars: Episódio IX: A Ascensão do Skywalker:
Edição Expandida

Baixe agora e leia

Leia o épico capítulo final da saga Skywalker com a novelização


oficial de Star Wars: A Ascensão Skywalker, incluindo cenas
ampliadas e conteúdo adicional não visto nos cinemas! A
Resistência renasceu. Mas, embora Rey e seus companheiros
heróis estejam de volta à luta, a guerra contra a Primeira Ordem,
agora liderada pelo líder supremo Kylo Ren, está longe de terminar.
Assim como a fagulha da rebelião está reacendendo, um sinal
misterioso é transmitido por toda a galáxia, com uma mensagem
assustadora: o Imperador Palpatine, há muito pensado derrotado e
destruído, está de volta dos mortos. O antigo Senhor dos Sith
realmente voltou? Kylo Ren corta uma faixa de destruição pelas
estrelas, determinado a descobrir qualquer desafio ao seu controle
sobre a Primeira Ordem e seu destino para governar a galáxia — e
esmagá-la completamente. Enquanto isso, para descobrir a
verdade, Rey, Finn, Poe e a Resistência devem embarcar na
aventura mais perigosa que já enfrentaram. Apresentando cenas
totalmente novas, adaptadas de material nunca visto, cenas
excluídas e informações dos cineastas, a história que começou em
Star Wars: O Despertar da Força e continuou em Star Wars: Os
Últimos Jedi chega a uma conclusão surpreendente.

Baixe agora e leia


Star Wars: Os Segredos Dos Jedi

Baixe agora e leia

Descubra o mundo dos Jedi de Star Wars através desta experiência


de leitura divertida e totalmente interativa. Star Wars: Jediografia é o
melhor guia do universo Jedi para o universo dos Jedi,
transportando jovens leitores para uma galáxia muito distante,
através de recursos interativos, fatos fascinantes e ideias cativantes.
Com ilustrações originais emocionantes e incríveis recursos
especiais, como elevar as abas, texturas e muito mais, Star Wars:
Jediografia garante a emoção das legiões de jovens fãs da saga.

Baixe agora e leia


Star Wars:Thrawn: Alianças

Baixe agora e leia

Palavras sinistras em qualquer circunstância, mas ainda mais


quando proferidas pelo Imperador Palpatine. Em Batuu, nos limites
das Regiões Desconhecidas, uma ameaça ao Império está se
enraizando. Com a sua existência pouco mais que um vislumbre, as
suas consequências ainda desconhecidas. Mas é preocupante o
suficiente para o líder Imperial justificar a investigação de seus
agentes mais poderosos: o impiedoso agente Lorde Darth Vader e o
brilhante estrategista grão almirante Thrawn. Rivais ferozes a favor
do Imperador e adversários francos nos assuntos Imperiais,
incluindo o projeto Estrela da Morte, o par formidável parece
parceiros improváveis para uma missão tão crucial. Mas o
Imperador sabe que não é a primeira vez que Vader e Thrawn
juntam forças. E há mais por trás de seu comando real do que
qualquer um dos suspeitos. No que parece uma vida atrás, o
general Anakin Skywalker da República Galáctica e o comandante
Mitth’raw’nuruodo, oficial da Ascensão do Chiss, cruzaram o
caminho pela primeira vez. Um em uma busca pessoal
desesperada, o outro com motivos desconhecidos... e não
divulgados. Mas, diante de uma série de perigos em um mundo
longínquo, eles forjaram uma aliança desconfortável, — nem
remotamente cientes do que seus futuros reservavam. Agora,
reunidos mais uma vez, eles se veem novamente ligados ao planeta
onde lutaram lado a lado. Lá eles serão duplamente desafiados, —
por uma prova de sua lealdade ao Império... e um inimigo que
ameaça até seu poder combinado.

Baixe agora e leia


Star Wars: Legado da Força: Traição

Baixe agora e leia

Esta é a era do legado de Luke Skywalker: o Mestre Jedi unificou a


Ordem em um grupo coeso de poderosos Cavaleiros Jedi. Mas
enquanto a nova era começa, os interesses planetários ameaçam
atrapalhar esse momento de relativa paz, e Luke é atormentado
com visões de uma escuridão que se aproxima. O mal está
ressurgindo “das melhores intenções” e parece que o legado dos
Skywalkers pode dar um ciclo completo.A honra e o dever colidirão
com a amizade e os laços de sangue, à medida que os Skywalker e
o clã Solo se encontrarem em lados opostos de um conflito
explosivo com repercussões potencialmente devastadoras para
ambas as famílias, para a ordem Jedi e para toda a galáxia. Quando
uma missão para descobrir uma fábrica ilegal de mísseis no planeta
Aduman termina em uma emboscada violenta, da qual a Cavaleira
Jedi Jacen Solo e o seu protegido e primo, Ben Skywalker, escapam
por pouco com as suas vidas; é a evidência mais alarmante ainda
que desencadeia uma discussão política. A agitação está
ameaçando inflamar-se em total Rebelião. Os governos de vários
mundos estão se irritando com os rígidos regulamentos da Aliança
Galáctica, e os esforços diplomáticos para garantir o cumprimento
estão falhando. Temendo o pior, a Aliança prepara uma
demonstração preventiva de poder militar, numa tentativa de trazer
os mundos renegados para a frente antes que uma revolta entre em
erupção. O alvo modelado para esse exercício: o planeta Corellia,
conhecido pela independência impetuosa e pelo espírito renegado
que fizeram de seu filho favorito, Han Solo, uma lenda. Algo como
um trapaceiro, Jacen é, no entanto, obrigado como Jedi a ficar com
seu tio, o Mestre Jedi Luke Skywalkers, ao lado da Aliança
Galáctica. Mas quando os Corellianos de guerra lançam um contra-
ataque, a demonstração de força da Aliança, e uma missão secreta
para desativar a crucial Estação Central de Corellia; dão lugar a
uma escaramuça armada. Quando a fumaça baixa, as linhas de
batalha são traçadas. Agora, o espectro da guerra em grande escala
aparece entre um grupo crescente de planetas desafiadores e a
Aliança Galáctica, que alguns temem estar se tornando um novo
Império. E, enquanto os dois lados lutam para encontrar uma
solução diplomática, atos misteriosos de traição e sabotagem
ameaçam condenar os esforços de paz a todo momento.
Determinado a erradicar os que estão por trás do caos, Jacen segue
uma trilha de pistas enigmáticas para um encontro sombrio com as
mais chocantes revelações... enquanto Luke se depara com algo
ainda mais preocupante: visões de sonho de uma figura sombria
cujo poder da Força e crueldade lembram a ele de Darth Vader, um
inimigo letal que ataca como um espírito sombrio em uma missão de
destruição. Um agente do mal que, se as visões de Luke
acontecerem, trará uma dor incalculável ao Mestre Jedi e a toda a
galáxia.

Baixe agora e leia


Star Wars: Battlefront II: Esquadrão Inferno

Baixe agora e leia

Após o humilhante roubo dos planos da Estrela da Morte e a


destruição da estação de batalha, o Império está na defensiva. Mas
não por muito. Em retaliação, os soldados Imperiais de elite do
Esquadrão Inferno foram chamados para a missão crucial de se
infiltrar e eliminar os guerrilheiros, a facção rebelde que já foi
liderada pelo famoso combatente pela liberdade da República, Saw
Gerrera. Após a morte de seu líder, os guerrilheiros continuaram seu
legado extremista, determinados a frustrar o Império, não importa o
custo. Agora o Esquadrão Inferno deve provar seu status como o
melhor dos melhores e derrubar os Partisans de dentro. Mas a
crescente ameaça de serem descobertos no meio de seu inimigo
transforma uma operação já perigosa em um teste ácido de fazer ou
morrer que eles não ousam falhar. Para proteger e preservar o
Império, até onde irá o Esquadrão Inferno. . . e quão longe deles?
Baixe agora e leia
Star Wars: Catalisador: Um Romance de Rogue One

Baixe agora e leia

A guerra está destruindo a galáxia. Durante anos, a República e os


Separatistas lutaram entre as estrelas, cada um construindo uma
tecnologia cada vez mais mortal na tentativa de vencer a guerra.
Como membro do projeto secreto da Estrela da Morte do Chanceler
Palpatine, Orson Krennic está determinado a desenvolver uma
super arma antes que os inimigos da República possam. E um velho
amigo de Krennic, o brilhante cientista Galen Erso, poderia ser a
chave para a tentativa de vencer a guerra. Como membro do projeto
secreto da Estrela da Morte do Chanceler Palpatine, Orson Krennic
está determinado a desenvolver uma super arma antes que os
inimigos da República possam. E um velho amigo de Krennic, o
brilhante cientista Galen Erso, poderia ser a chave. A pesquisa
focada na energia de Galen chamou a atenção de Krennic e de seus
inimigos, tornando o cientista um peão crucial no conflito galáctico.
Mas depois que Krennic resgata Galen, sua esposa, Lyra, e sua
filha Jyn, de sequestradores separatistas, a família Erso está
profundamente em dívida com Krennic. Krennic então oferece a
Galen uma oportunidade extraordinária: continuar seus estudos
científicos com todos os recursos totalmente à sua disposição.
Enquanto Galen e Lyra acreditam que sua pesquisa energética será
usada puramente de maneiras altruístas, Krennic tem outros planos
que finalmente tornarão a Estrela da Morte uma realidade. Presos
no aperto cada vez maior de seus benfeitores, os Ersos precisam
desembaraçar a teia de decepção de Krennic para salvar a si
mesmos e à própria galáxia.

Baixe agora e leia


Star Wars: Ascensão Rebelde

Baixe agora e leia

Quando Jyn Erso tinha cinco anos, sua mãe foi assassinada e seu
pai foi tirado dela para servir ao Império. Mas, apesar da perda de
seus pais, ela não está completamente sozinha, — Saw Gerrera, um
homem disposto a ir a todos os extremos necessários para resistir à
tirania Imperial, acolhe-a como sua e dá a ela não apenas um lar,
mas todas as habilidades e os recursos de que ela precisa para se
tornar uma rebelde.Jyn se dedica à causa e ao homem. Mas lutar ao
lado de Saw e seu povo traz consigo o perigo e a questão de quão
longe Jyn está disposta a ir como um dos soldados de Saw. Quando
ela enfrenta uma traição impensável que destrói seu mundo, Jyn
terá que se recompor e descobrir no que ela realmente acredita... e
em quem ela pode realmente confiar.

Baixe agora e leia


Star Wars: A Alta República: A Luz dos Jedi

Baixe agora e leia

Muito antes da Primeira Ordem, antes do Império ou antes mesmo


da Ameaça Fantasma . . . Os Jedi iluminaram o caminho para a
galáxia na Alta República. É uma era de Dourado. Os intrépidos
batedores do hiperespaço expandem o alcance da República para
as estrelas mais distantes, mundos prosperam sob a liderança
benevolente do Senado e a paz reina, reforçada pela sabedoria e
força da renomada ordem de usuários da Força conhecidos como
Jedi. Com os Jedi no auge de seu poder, os cidadãos livres da
galáxia estão confiantes em sua habilidade de resistir a qualquer
tempestade. Mas mesmo a luz mais brilhante pode lançar uma
sombra, e algumas tempestades desafiam qualquer preparação.
Quando uma catástrofe chocante no hiperespaço despedaça uma
nave, a enxurrada de estilhaços que emergem do desastre ameaça
todo o sistema. Assim que o pedido de ajuda sai, os Jedi correm
para o local. O escopo do surgimento, no entanto, é o suficiente
para levar até os Jedi ao seu limite. Enquanto o céu se abre e a
destruição cai sobre a aliança pacífica que ajudaram a construir, os
Jedi devem confiar na Força para vê-los em um dia em que um
único erro pode custar bilhões de vidas. Mesmo enquanto os Jedi
lutam bravamente contra a calamidade, algo verdadeiramente
mortal cresce além dos limites da República. O desastre do
hiperespaço é muito mais sinistro do que os Jedi poderiam
suspeitar. Uma ameaça se esconde na escuridão, longe da era da
luz, e guarda um segredo.

Baixe agora e leia


Star Wars: A Alta República: O Grande Resgate Jedi

Baixe agora e leia

Conheça os nobres e sábios Jedi da Alta República!Quando um


desastre acontece no hiperespaço, colocando o povo de Hetzal
Prime em grave perigo, apenas os Jedi da Alta República podem
salvar o dia! Esse ebook é a forma mais incrível de introduzir as
crianças nessa nova Era da Alta República, pois reconta a história
do Ebook Luz dos Jedi de forma simples e didática para as crianças.
(FAIXA ETÁRIA: 5 a 8 anos)

Baixe agora e leia


Star Wars: A Alta República: Na Escuridão

Baixe agora e leia

Muito antes da Primeira Ordem, antes do Império ou antes mesmo


da Ameaça Fantasma... Os Jedi iluminaram o caminho para a
galáxia na Alta República. Padawan Reath Silas está sendo enviado
da cosmopolita capital galáctica de Coruscant para a fronteira
subdesenvolvida, e ele não poderia estar menos feliz com isso. Ele
prefere ficar no Templo Jedi, estudando os arquivos. Mas quando a
nave em que ele está viajando é arrancada do hiperespaço em um
desastre que abrange toda a galáxia, Reath se encontra no centro
da ação. Os Jedi e seus companheiros de viagem encontram refúgio
no que parece ser uma estação espacial abandonada. Mas então
coisas estranhas começaram a acontecer, levando os Jedi a
investigar a verdade por trás da estação misteriosa, uma verdade
que pode terminar em tragédia...

Baixe agora e leia


Star Wars: A Alta República: Um Teste de Coragem

Baixe agora e leia

Muito antes da Primeira Ordem, antes do Império ou antes mesmo


da Ameaça Fantasma... Vernestra Rwoh é mais nova Cavaleira Jedi
com dezesseis anos, mas a sua primeira missão de verdade parece
muito com ser babá. Ela foi encarregada de supervisionar a
aspirante a inventora Avon Starros, de 12 anos, em um cruzador
rumo à inauguração de uma nova estação espacial maravilhosa
chamada Farol Estelar. Mas logo em sua jornada, bombas explodem
a bordo do cruzador. Enquanto o Jedi adulto tenta salvar a nave,
Vernestra, Avon, o droide J-6 de Avon, um Padawan Jedi e o filho
de um embaixador conseguem chegar a uma nave de fuga, mas as
comunicações acabam e os suprimentos são poucos. Eles decidem
pousar em uma lua próxima, que oferece abrigo, mas não muito
mais. E sem o conhecimento deles, o perigo se esconde na selva...

Baixe agora e leia


Star Wars: A Alta República: Corrida para Torre
Crashpoint

Baixe agora e leia

Outra história emocionante da série mais vendida do New York


Times! A Feira da República está chegando! Visitantes de toda a
galáxia estão viajando para o planeta Valo para um festival enorme
e inspirador que celebra a República. Enquanto os seus
companheiros Valons se preparam para a feira, o Padawan Jedi
Ram Jomaram está se escondendo em seu lugar favorito: uma
garagem suja cheia de peças mecânicas e ferramentas. Mas
quando um alarme de segurança dispara no topo de uma colina
próxima, apelidado de Pico Crashpoint, ele se aventura com o seu
confiável droide V-18 para investigar. Lá, ele descobre que alguém
derrubou a torre de comunicações de Valo, um sinal assustador de
que Valo e a Feira da República estão em perigo. Com certeza,
enquanto Ram corre para avisar os Jedi, os temidos Nihil
desencadeiam um ataque surpresa! Cabe a Ram enfrentar o inimigo
na Torre Crashpoint e enviar um pedido de ajuda à República.
Felizmente, ele está prestes a receber ajuda de novos amigos
inesperados... Não perca todas as aventuras de Star Wars: A Alta
República! (Material indicado para crianças a partir de 8 — 12 anos)

Baixe agora e leia


Star Wars: Velha República: Enganados

Baixe agora e leia

“Nossa hora chegou. Durante trezentos anos nos preparamos;


ficamos mais fortes enquanto você descansava em seu berço de
poder... Agora sua República cairá.”Um guerreiro Sith para rivalizar
com o mais sinistro dos Lordes Sombrios da Ordem, Darth Malgus
derrubou o Templo Jedi em Coruscant em um ataque brutal que
chocou a galáxia. Mas se a guerra o coroasse como o mais sombrio
dos heróis Sith, a paz o transformará em algo muito mais hediondo,
algo que Malgus nunca gostaria de ser, mas não pode parar de se
tornar, assim como ele não pode impedir a Jedi desobediente de se
aproximar rapidamente. O nome dela é Aryn Leneer - e o único
Cavaleiro Jedi que Malgus matou na batalha feroz pelo Templo Jedi
era seu Mestre. Agora ela vai descobrir o que aconteceu com ele,
mesmo que isso signifique quebrar todas as regras da Ordem.

Baixe agora e leia


Star Wars: Thrawn: Traição

Baixe agora e leia

Essa foi a promessa que o Grão Almirante Thrawn fez ao Imperador


Palpatine em seu primeiro encontro. Desde então, Thrawn tem sido
um dos instrumentos mais eficazes do Império, perseguindo os seus
inimigos até os limites da galáxia conhecida. Mas por mais que
Thrawn tenha se tornado uma arma afiada, o Imperador sonha com
algo muito mais destrutivo. Agora, enquanto o programa TIE
Defender de Thrawn é interrompido em favor do projeto
ultrassecreto conhecido apenas como Estrelinha, do Diretor Krennic,
ele percebe que o equilíbrio de poder no Império é medido por mais
do que apenas perspicácia militar ou eficiência tática. Mesmo o
maior intelecto dificilmente pode competir com o poder de aniquilar
planetas inteiros. Enquanto Thrawn trabalha para garantir o seu
lugar na hierarquia Imperial, seu ex-protegido Eli Vanto retorna com
um terrível aviso sobre o mundo natal de Thrawn. O domínio da
estratégia de Thrawn deve guiá-lo através de uma escolha
impossível: dever para com a Ascendência Chiss ou a fidelidade
para com o Império que ele jurou servir. Mesmo que a escolha certa
signifique cometer traição.

Baixe agora e leia


Star Wars: Mestre e Aprendiz

Baixe agora e leia

Um Jedi deve ser um guerreiro destemido, um guardião da justiça e


um erudito nos caminhos da Força. Mas talvez o dever mais
essencial de um Jedi seja transmitir o que aprenderam. Mestre Yoda
treinou Dookan o qual treinou Qui-Gon Jinn; e agora Qui-Gon tem
um Padawan próprio. Mas enquanto Qui-Gon enfrentou todos os
tipos de ameaças e perigos como um Jedi, nada o assustou tanto
quanto a ideia de falhar com seu aprendiz. Obi-Wan Kenobi tem
profundo respeito por seu Mestre, mas luta para entendê-lo. Por que
Qui-Gon deve tantas vezes desconsiderar as leis que obrigam os
Jedi? Por que Qui-Gon é atraído por antigas profecias Jedi em vez
de preocupações mais práticas? E por que Obi-Wan não disse que
Qui-Gon está considerando um convite para se juntar ao Conselho
Jedi - sabendo que isso significaria o fim de sua parceria? A
resposta simples o assusta: Obi-Wan falhou com seu Mestre.
Quando Jedi Rael Aveross, outro ex-aluno de Dookan, solicita sua
ajuda em uma disputa política, Jinn e Kenobi viajam para a Corte
Real de Pijal para o que pode ser sua missão final juntos. O que
deveria ser uma tarefa simples rapidamente se torna obscurecido
por engano e por visões de desastre violento que tomam conta da
mente de Qui-Gon. Conforme a fé de Qui-Gon na profecia cresce, a
fé de Obi-Wan nele é testada - assim como surge uma ameaça que
exigirá que o Mestre e o Aprendiz se unam como nunca antes, ou se
dividam para sempre.

Baixe agora e leia


Star Wars: Legado da Força: Linhagens de Sangue

Baixe agora e leia

Uma nova era de aventuras emocionantes e revelações chocantes


continua a se desenrolar, à medida que a lendária saga Star Wars
avança em um novo território surpreendente. A guerra civil se
aproxima enquanto a incipiente Aliança Galáctica enfrenta um
número crescente de mundos rebeldes... e a guerra que se
aproxima está separando as famílias Skywalker e Solo. Han e Leia
retornam ao mundo natal de Han, Corellia, o coração da resistência.
Os seus filhos, Jacen e Jaina, são soldados na campanha da
Aliança Galáctica para esmagar os insurgentes. Jacen, agora um
mestre completo da Força, tem os seus próprios planos para trazer
ordem à galáxia. Guiado por sua mentora Sith, Lumiya, e com o filho
de Luke, Ben, ao seu lado, Jacen embarca no mesmo caminho que
o seu avô Darth Vader fez uma vez. E enquanto Han e Leia
assistem o seu único filho homem se tornar um estranho, um
assassino secreto emaranha o casal com um nome temido do
passado de Han: Boba Fett. Na nova ordem galáctica, amigos e
inimigos não são mais o que parecem...

Baixe agora e leia


Star Wars: A Sombra da Rainha

Baixe agora e leia

Quando Padmé Naberrie, Rainha Amidala de Naboo, deixa sua


posição, ela é convidada pela rainha recém-eleita para se tornar a
representante de Naboo no Senado Galáctico. Padmé não tem
certeza sobre assumir a nova função, mas não pode recusar o
pedido para servir seu povo. Junto com suas servas mais leais,
Padmé deve descobrir como navegar nas águas traiçoeiras da
política e forjar uma nova identidade além da sombra da rainha.

Baixe agora e leia


Star Wars: Amanhecer dos Jedi - No vazio

Baixe agora e leia

No planeta Tython, a antiga ordem Je'daii foi fundada. E aos pés de


seus sábios Mestres, Lanoree Brock aprendeu os mistérios e
métodos da Força, e encontrou seu chamado como um de seus
discípulos mais poderosos. Mas tão fortemente quanto a Força fluiu
dentro de Lanoree e seus pais, ela permaneceu ausente em seu
irmão, que passou a desprezar e evitar os Je'daii, e cujo
treinamento em seus métodos antigos terminou em tragédia. Agora,
de sua vida solitária como um Patrulheira mantendo a ordem em
toda a galáxia, Lanoree foi convocada pelo Conselho Je'daii em
uma questão de extrema urgência. O líder de um culto fanático,
obcecado em viajar além dos limites do espaço conhecido, está
empenhado em abrir um portal cósmico usando a temida matéria
escura como chave - arriscando uma reação cataclísmica que
consumirá todo o sistema estelar. Porém, mais chocante para
Lanoree do que até mesmo a perspectiva de aniquilação galáctica
total, é a decisão de seus Mestres Je'daii de incumbi-la da missão
de evitá-la. Até que uma revelação surpreendente deixa claro por
que ela foi escolhida: o louco brilhante e perigoso que ela deve
rastrear e parar a qualquer custo é o irmão cuja morte ela lamentou
por muito tempo, e cuja vida ela deve temer agora.

Baixe agora e leia


Star Wars: Thrawn: ASCENDÊNCIA (Livro I — Caos
Crescente)

Baixe agora e leia

Além do limite da galáxia estão as Regiões Desconhecidas:


caóticas, desconhecidas e quase intransitáveis, com segredos
ocultos e perigos em igual medida. E aninhada em seu caos
turbulento está a Ascendência, lar dos enigmáticos Chiss e das
Nove Famílias Regentes que as lideram. A paz da Ascensão, um
farol de calma e estabilidade, é destruída após um ousado ataque à
capital de Chiss que não deixa vestígios do inimigo. Perplexo, a
Ascendência despacha um de seus jovens oficiais militares para
erradicar os agressores invisíveis. Um recruta nascido sem título,
mas adotado na poderosa família de Mitth e que recebeu o nome de
Thrawn. Com o poder da Frota Expansionista em suas costas e a
ajuda de sua camarada Almirante Ar’alani, as respostas começam a
se encaixar. Mas conforme o primeiro comando de Thrawn investiga
mais profundamente a vasta extensão do espaço que seu povo
chama de Caos, ele percebe que a missão que lhe foi dada não é o
que parece.

Baixe agora e leia


Star Wars: A Alta República - Tormenta Crescente

Baixe agora e leia

Os heróis da era da Alta República retornam para enfrentar uma paz


destruída e um inimigo terrível, após os eventos dramáticos de Luz
dos Jedi. Na esteira do desastre do hiperespaço e do heroísmo dos
Jedi, a República continua a crescer, reunindo mais mundos sob
uma única bandeira unificada. Sob a liderança da Chanceler Lina
Soh, o espírito de unidade se estende por toda a galáxia, com os
Jedi e a estação Farol Luz Estelar recentemente estabelecida na
vanguarda. Em comemoração, a chanceler planeja a Feira da
República, será uma vitrine das possibilidades e da paz da
República em expansão, uma paz que os Jedi esperam promover.
Stellan Gios, Bell Zettifar, Elzar Mann e outros se juntam ao evento
como embaixadores da harmonia. Mas à medida que os olhos da
galáxia se voltam para a feira, o mesmo ocorre com a fúria dos Nihil.
O seu líder, Marchion Ro, pretende destruir essa unidade. Sua
Tempestade desce sobre a pompa e a celebração, semeando o
caos e exigindo vingança.

Baixe agora e leia


Star Wars: Velha República — Aniquilação

Baixe agora e leia

O Império Sith está em fluxo. O Imperador está desaparecido, dado


como morto, e a tentativa de um ambicioso lorde Sith de tomar o
trono terminou fatalmente. Ainda assim, Darth Karrid, comandante
do temível cruzador de batalha Imperial Lança Ascendente, continua
seus esforços incansáveis para alcançar o domínio Sith total da
galáxia. Mas a determinação implacável de Karrid é mais do que
compatível com a determinação de aço de Theron Shan, cujos
negócios inacabados com o Império podem mudar o curso da
guerra para sempre. Embora filho de uma mestra Jedi, Theron não
exerce a Força... mas, como a sua renomada mãe, o espírito de
rebelião está em seu sangue. Como um importante agente secreto
da República, ele desferiu um golpe crucial contra o Império ao
expor e destruir um arsenal de super arma Sith, o que o torna o
agente ideal para uma missão ousada e perigosa para acabar com o
reinado de terror da Lança Ascendente. Juntamente com a
contrabandista Teff'ith, com quem ele tem uma ligação inexplicável,
e o sábio guerreiro Jedi Gnost-Dural, ex-mestre de Darth Karrid,
Theron deve combinar inteligência e armas com uma tripulação
testada em batalha da escuridão mais fria discípulos secundários.
Mas o tempo é brutalmente curto. E se eles não aproveitarem sua
única chance de sucesso, certamente terão inúmeras oportunidades
de morrer.

Baixe agora e leia


Star Wars — The Clone Wars — Histórias de Luz e
Escuridão

Baixe agora e leia

Um confronto épico entre as forças da luz e das trevas, entre a


República Galáctica e os Separatistas, entre bravos heróis e vilões
brilhantes — o destino da galáxia está em jogo na série de
animação ganhadora do Emmy Award, Star Wars: The Clone Wars.
Nesta emocionante antologia, onze autores que também são fãs da
série trazem histórias de seu programa favorito para a vida.
Reunidos aqui estão momentos memoráveis e aventuras
impressionantes, de tentativas de assassinato a generosidades
roubadas, de lições aprendidas a amores perdidos. Todos os seus
personagens favoritos de The Clone Wars estão aqui: Anakin
Skywalker, Yoda, Obi-Wan Kenobi, Ahsoka Tano, Capitão Rex,
Darth Maul, Conde Dookan e muito mais!

Baixe agora e leia


Star Wars — Tribo Perdida dos Sith: Coletânea de
Histórias

Baixe agora e leia

Finalmente, em um volume único, as oito partes originais da épica


série de e-books Tribo perdida dos Sith... junto com o final explosivo
e nunca antes publicado, Pandemônio, com mais de cem páginas
de novo material! Cinco mil anos atrás. Após uma emboscada Jedi,
a nave mineira Sith Presságio está destruída em um planeta
desconhecido e remoto. Seu comandante, Yaru Korsin, luta contra o
derramamento de sangue de uma facção amotinada liderada por
seu próprio irmão. Encalhados e enfrentando a morte, a tripulação
Sith não tem escolha a não ser se aventurar em seus arredores
desolados. Eles enfrentam inúmeros desafios brutais, predadores
cruéis, pragas letais, tribos que adoram deuses vingativos... e, como
verdadeiros guerreiros Sith, enfrentam-nos com o lado sombrio da
Força. As lutas só estão começando para os orgulhosos e
intransigentes Sith, dirigidos como estão para governar a todo custo.
Eles vencerão os nativos primitivos e encontrarão o caminho de
volta ao seu verdadeiro destino como governantes da galáxia. Mas à
medida que o seu legado cresce ao longo de milhares de anos, os
Sith acabam sendo testados pela ameaça mais perigosa de todas: o
inimigo interno.

Baixe agora e leia


Star Wars — Esquadrão Alfabeto

Baixe agora e leia

O Imperador está morto. A Rebelião é vitoriosa. No rescaldo, Yrica


Quell é apenas um dos milhares de desertores Imperiais que vivem
em uma favela de desertores. Incerta sobre o seu lugar na
República contra a qual ela lutou uma vez, ela começou a perder
qualquer esperança de redenção, até que ela seja selecionada para
se juntar ao Esquadrão do Alfabeto. Formados por uma variedade
eclética de pilotos e caças, os cinco membros da Alfabeto são
encarregados pela própria general da Nova República, Hera
Syndulla. A missão deles: rastrear e destruir o misterioso Shadow
Wing, uma força letal de TIE fighters exigindo uma vingança
sangrenta e impiedosa no crepúsculo de seu reinado. Mas passar
de rebeldes menos favorecidos a heróis célebres não é tão fácil
quanto parece. Os rebeldes guerreiros do Esquadrão Alfabeto terão
que aprender a voar juntos para proteger a nova era de paz que
lutaram tanto para conquistar.

Baixe agora e leia


Star Wars - Comandos da República - Contato Hostil

Baixe agora e leia

Enquanto a Guerra dos Clones se enfurece, a vitória ou a derrota


estão nas mãos de esquadrões de elite que assumem as tarefas
mais difíceis na galáxia, soldados frios que vão aonde ninguém mais
iria, para fazer o que ninguém mais poderia... Em uma missão para
sabotar uma instalação de pesquisa de armas químicas em um
planeta controlado pelos Separatistas, quatro clone troopers operam
sob o nariz de seus inimigos. Os comandos estão em menor número
e com menos armas, bem atrás das linhas inimigas, sem apoio, e
trabalhando com estranhos em vez de companheiros de equipe de
confiança. As coisas não melhoram quando Darman, o especialista
em demolições do esquadrão, se separa dos outros durante a
queda do planeta. Mesmo a aparente boa sorte de Darman em
encontrar uma Padawan inexperiente desaparece quando Etain
admite a sua terrível inexperiência. Para os comandos clones
divididos e o Jedi preso, uma longa e perigosa jornada está à frente,
através de um território hostil repleto de escravos Trandoshanos,
Separatistas e nativos suspeitos. Um único passo em falso pode
significar descoberta... e morte. É uma missão suicida virtual para
qualquer um, exceto para os Comandos da República.

Baixe agora e leia


Star Wars - Alta República - Confronto na Feira

Baixe agora e leia

Muito antes das Guerras Clônicas, do Império ou da Primeira


Ordem, os Jedi iluminaram o caminho para a galáxia em uma era
dourada conhecida como Alta República! Este emocionante livro de
histórias colorido traz à vida um confronto épico entre os Cavaleiros
Jedi e seus misteriosos inimigos, os Nihil. Burryaga, o Wookiee
Padawan e seus companheiros Jedi devem salvar o dia! Esse ebook
é a forma mais incrível de introduzir as crianças nessa nova Era da
Alta República, pois reconta a história do Ebook Tormenta
Crescente do ponto de vista do Padawan Jedi Burryaga, que conta
de forma simples e didática para as crianças. (FAIXA ETÁRIA: 6 a 8
anos)

Baixe agora e leia


Star Wars — A Alta República — Fora das Sombras

Baixe agora e leia

Sylvestri Yarrow vive uma maré de azar sem fim. Ela tem feito o
possível para manter o negócio de carga da família em
funcionamento após a morte de sua mãe, mas entre o aumento das
dívidas e o aumento dos ataques dos Nihil a naves desavisados, Syl
corre o risco de perder tudo o que resta de sua mãe. Ela segue para
a capital galáctica de Coruscant em busca de ajuda, mas é desviada
quando é arrastada para uma disputa entre duas das famílias mais
poderosas da República por um pedaço do espaço na fronteira.
Emaranhada na política familiar é o último lugar que Syl quer estar,
mas a promessa de uma grande recompensa é o suficiente para
mantê-la interessada... Enquanto isso, o Cavaleiro Jedi Vernestra
Rwoh foi convocada para Coruscant, mas sem nenhuma ideia do
porquê ou por quem. Ela e seu Padawan Imri Cantaros chegam à
capital junto com o Mestre Jedi Cohmac Vitus e seu Padawan,
Reath Silas, e são convidados a ajudar na disputa de propriedade
na fronteira. Mas por que? O que há de tão importante em um
pedaço de espaço vazio? A resposta levará Vernestra a uma nova
compreensão de suas habilidades e levará Syl de volta ao
passado... e às verdades que finalmente surgirão das sombras.

Baixe agora e leia


Star Wars - A Alta República - A Estrela Cadente

Baixe agora e leia

Uma e outra vez, os invasores viciosos conhecidos como Nihil


tentaram trazer a era de Dourado da Alta República a um fim
ardente. Repetidamente, a Alta República emergiu desgastada e
cansada, mas vitoriosa graças a seus protetores Jedi, e não há
monumento à sua causa maior do que o Farol Luz Estelar.
Pendurado como uma joia na Orla Exterior, o Farol encarna a Alta
República no ápice de suas aspirações: um centro de cultura e
conhecimento, uma tocha brilhante contra a escuridão do
desconhecido e uma mão estendida de boas-vindas aos confins do
mundo. a galáxia. Enquanto sobreviventes e refugiados fogem dos
ataques do Nihil, o Farol e a sua tripulação estão prontos para
abrigar e curar. Os agradecidos Cavaleiros e Padawans da Ordem
Jedi estacionados lá finalmente têm a chance de se recuperar, da
dor de seus ferimentos e da dor de suas perdas. Mas a tempestade
que eles pensavam ter passado ainda continua; eles são
simplesmente capturados em seus olhos. Marchion Ro, o verdadeiro
mentor dos Nihil, está preparando o seu ataque mais ousado até
agora, um projetado para extinguir a luz dos Jedi.

Baixe agora e leia


Star Wars - Os Segredos dos Sith

Baixe agora e leia

e você conhecesse o poder do lado sombrio! Descubra os caminhos


dos Sith neste livro infantil emocionante, informativo e totalmente
ilustrado. Junte-se ao Imperador Palpatine, também conhecido
como Darth Sidious, nesta exploração dos Sith e dos aliados
malignos do lado sombrio. Star Wars: Os Segredos dos Sith irá
emocionar os jovens fãs com conhecimento do lado sombrio, obras
de arte incríveis e recursos interativos, como pop-ups, livretos e
inserções de levantar a aba. Experimente o poder do lado sombrio :
Narrado pelo Imperador Palpatine, este livro dará aos jovens leitores
uma visão do poder do lado sombrio. Aprenda sobre alguns dos
maiores vilões do lado sombrio de Star Wars : abrangendo filmes,
programas de televisão, livros, quadrinhos e videogames, Star Wars:
Os Segredos dos Sith narra alguns dos praticantes mais infames do
lado sombrio, incluindo Darth Maul, Conde Dookan, Asajj Ventress,
Darth Vader, o Grande Inquisidor e Kylo Ren. Ilustrações originais
incríveis: Star Wars: Os Segredos dos Sith é um livro infantil
lindamente ilustrado que os leitores vão querer revisitar várias
vezes. Cheio de recursos interativos empolgantes: Pop-ups, folhetos
e inserções de levantar a aba vão emocionar os jovens fãs,
proporcionando uma experiência envolvente enquanto investiga as
histórias sobre os Sith. O complemento perfeito para qualquer
biblioteca virtual de Star Wars : Este lindo ebook encadernado é um
item obrigatório para a coleção de qualquer jovem fã.

Baixe agora e leia


Star Wars - A Alta República — Missão para o
Desastre

Baixe agora e leia

Os Jedi acham que os temidos saqueadores Nihil foram todos


derrotados. O seu líder está fugindo e os seus números diminuíram.
A Cavaleira Jedi Vernestra Rwoh espera que isso signifique que ela
finalmente terá tempo para realmente treinar o seu Padawan, Imri
Cantaros, mas os relatos de um ataque Nihil a Porto Haileap logo
frustram essas esperanças. Pois não só os Nihil que atacaram o
pacífico posto avançado, como também sequestraram a amiga de
Vernestra e de Imri, Avon Starros. Os dois Jedi partiram para Porto
Haileap, determinados a descobrir para onde os Nihil levaram a sua
amiga. Enquanto isso, Avon deve colocar a sua inteligência e
habilidades à prova enquanto luta pela sobrevivência entre os Nihil,
e descobre um plano sinistro. Vernestra e Imri podem encontrar a
sua amiga antes que o desastre aconteça?

Baixe agora e leia


Star Wars - Alta República - Batalha Pelo Farol Luz
Estelar

Baixe agora e leia

Muito antes das Guerras Clônicas, do Império ou da Primeira


Ordem, os Jedi iluminaram o caminho para a galáxia em uma era
dourada conhecida como Alta República! Este emocionante livro de
histórias colorido traz à vida uma outra emocionante aventura no
livro de histórias com heróis Jedi e os seus Padawans enquanto
lutam contra os nefastos vilões Nihil!!

Baixe agora e leia


Star Wars - Alta República - Horizonte à Meia Noite

Baixe agora e leia

Séculos antes dos eventos de Star Wars: A Ameaça Fantasma, na


era da gloriosa Alta República, os Jedi são os guardiões da paz e da
justiça na galáxia! Depois de uma série de perdas impressionantes,
a República parece finalmente ter os vilões saqueadores de Nihil em
fuga, e parece que há luz no fim do túnel. Até que venha a notícia
de um suposto ataque de Nihil ao mundo cosmopolita industrial de
Corellia, bem no Núcleo Galáctico. Enviados para investigar estão
os Mestres Jedi Cohmac Vitus e Kantam Sy, juntamente com os
Padawans Reath Silas e Ram Jomaram, todos travando as suas
próprias batalhas particulares após meses de perigo implacável. Em
Corellia, Reath e Ram encontram um descarado jovem especialista
em segurança chamado Crash, cujo amigo foi uma das vítimas do
ataque Nihil, e eles se unem a ela para se infiltrar na elite de Corellia
enquanto os Mestres buscam caminhos mais diplomáticos. Mas se
disfarçar com Crash é mais perigoso do que qualquer um esperava,
mesmo quando Ram puxa seu amigo Zeen para ajudar com um
estratagema elaborado envolvendo uma estrela pop galáctica. Mas
o que eles descobrem em Corellia acaba sendo apenas uma parte
de um plano maior, que pode levar os Jedi à sua derrota mais
impressionante até agora...

Baixe agora e leia


Star Wars - A Alta República - Executora da
Tempestade

Baixe agora e leia

Mergulhe no mundo cruel de um dos maiores inimigos da Alta


República, a impiedosa Lourna Dee, neste roteiro completo para o
áudio original de Star Wars: Executora da Tempestade. A
tempestade Nihil assolou a galáxia, deixando caos e tristeza em seu
rastro. Poucos de seus invasores são tão cruéis quanto a Executora
da Tempestade Lourna Dee. Ela fica um passo à frente da Ordem
Jedi no comando de uma nave com o nome de um dos monstros
mais mortais da galáxia: ela mesma. Mas ninguém pode fugir dos
defensores da Alta República para sempre. Após a derrota de sua
tripulação, Lourna cai nas mãos dos Jedi, mas não antes de
esconder a sua identidade, tornando-se apenas mais uma
condenada de Nihil. Os seus captores não entendem a fera que
encurralaram. Assim como todos os tolos que ela já enterrou, seu
primeiro erro foi mantê-la viva. Lourna está determinada a
subestimá-la pela última vez. Trancada em uma nave correcional da
República, ela é arrastada pela galáxia para reparar os danos que
ela e seus companheiros Executores da Tempestade infligiram. Mas
enquanto Lourna planeja a sua gloriosa fuga, ela faz alianças que se
aproximam perigosamente das amizades. Fora dos Nihil, separada
da sua infame nave, seu terrível arsenal e seu temido nome, Lourna
deve trilhar seu próprio caminho. Mas isso levará à redenção? Ou
ela emergirá como uma ameaça mais mortal do que nunca?

Baixe agora e leia


Star Wars — Legado da Força — Tormenta

Baixe agora e leia

Enquanto a guerra civil ameaça a unidade da Aliança Galáctica, Han


e Leia Solo enfureceram suas famílias e os Jedi ao se juntarem aos
insurgentes Corellianos. Mas os Solos traçam a linha quando
descobrem o plano dos rebeldes para fazer do Consórcio Hapan um
aliado — que depende dos nobres Hapan assassinarem sua rainha
pró-Aliança e a sua filha. No entanto, a determinação altruísta dos
Solos de salvar a rainha não pode dissipar as consequências
inevitáveis de suas ações que colocarão mãe contra filho e irmão
contra irmã nas batalhas à frente. À medida que os poderes
sombrios de Jacen Solo se fortalecem sob o Jedi Negro Lumiya, e
sua influência sobre Ben Skywalker se torna mais insidiosa, a
preocupação de Luke com seu sobrinho o força a uma luta de vida
ou morte contra seu inimigo mais feroz, e Han e Leia Solo
descobrem ficam à mercê de seu inimigo mais mortal... O filho
deles.

Baixe agora e leia


Star Wars: Irmandade

Baixe agora e leia

As Guerras Clônicas começaram. As fileiras de batalha estão sendo


desenhadas por toda a galáxia. Com cada mundo que se junta aos
Separatistas, a paz guardada pela Ordem Jedi está escorregando
por entre os dedos. Depois que uma explosão devasta Cato
Neimoidia, a joia da Federação do Comércio, a República é culpada
e a frágil neutralidade do planeta é ameaçada. Os Jedi despacham
Obi-Wan Kenobi, uma das mentes diplomáticas mais talentosas da
Ordem, para investigar o crime e manter o equilíbrio que começou a
mudar perigosamente. Enquanto Obi-Wan investiga com a ajuda de
uma heroica guarda Neimoidiana, ele se vê trabalhando contra os
Separatistas que esperam atrair o planeta para a sua conspiração, e
sente a mão sinistra de Asajj Ventress nas brumas que cobrem o
planeta. Em meio ao caos crescente, Anakin Skywalker sobe ao
posto de Cavaleiro Jedi. Apesar da ordem de que Obi-Wan viaje
sozinho, e da insistência de seu ex-mestre para que ele ouça desta
vez, A determinação obstinada de Anakin significa que nada pode
impedi-lo de invadir a festa e trazer um jovem promissor, mas
conflitante. Antes um Padawan de Obi-Wan, Anakin agora se
encontra em pé de igualdade, mas incerto, com o homem que o
criou. O atrito persistente entre eles aumenta o perigo para todos ao
seu redor. Os dois cavaleiros devem aprender uma nova maneira de
trabalhar juntos, e devem aprender rapidamente, para salvar Cato
Neimoidia e seu povo dos incêndios da guerra. Para superar a
ameaça que enfrentam, eles devem crescer além de mestre e
aprendiz. Eles devem permanecer juntos como irmãos.

Baixe agora e leia


Skywalker – Uma Família em Guerra

Baixe agora e leia

Descubra os segredos dos Skywalkers: a família que moldou uma


galáxia muito, muito distante... A história de Skywalker tem tudo:
paixão, intriga, heroísmo e feitos sombrios. Esta biografia reveladora
explora cada reviravolta da dinastia Skywalker: a lenta sedução ao
lado sombrio de Anakin; seu casamento condenado com Padmé
Amidala; o heroísmo de Luke e Leia; a queda e redenção do filho de
Han Solo e da princesa Leia, Ben; e as lutas de sua díade na Força,
Rey. Sem deixar pedra sobre pedra ao traçar as provações e
tribulações da dinastia, esta biografia definitiva da primeira família
de Star Wars explora e explica a história mais profunda e pessoal
dos Skywalkers, seus personagens, motivações e, contra
probabilidades aparentemente impossíveis, seu triunfo final.

Baixe agora e leia

Você também pode gostar