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Comandos da República - Verdadeiras Intenções é uma obra de ficção.

Nomes, lugares, e outros


incidentes são produtos da imaginação do autor ou são usadas na ficção. Qualquer semelhança a
eventos atuais, locais, ou pessoas, vivo ou morto, é mera coincidência. Direitos Autorais © 2007 da
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pela Del Rey, uma impressão da Random House, um divisão da Penguin Random House LLC, Nova
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Para Christian Stafford, TC 1219, da 501ª Legião,que
deixou este mundo aos oito anos, 6 de março de 2005,
e cuja coragem continua a inspirar a todos nós.
Nu kyr’adyc, shi taab’echaaj’la:
não se foi, apenas marchou para longe.
Índice
Capa
Página Título
Direitos Autorais
Dedicatória
Dramatis Personae
Epígrafo
Prólogo

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20

Glossário
Sobre o Ebook
Sobre a Autora
Agradecimentos
Dramatis Personae
Comandos da República:

Esquadrão Ômega:

Niner: Clone Trooper CR-1309


Darman: Clone Trooper CR-1136
Fi: Clone Trooper CR-8015
Atin: Clone Trooper CR-3222

Esquadrão Delta:

Chefe: Clone Trooper CR-1138


Scorch: Clone Trooper CR-1262
Fixer: Clone Trooper CR-1140
Sev: Clone Trooper CR-1207
Corr: Clone Trooper CT-5108/8843
Levet: Comandante Clone CC-3388/0021
General Bardan Jusik: Cavaleiro Jedi (humano)
Sargento Kal Skirata: Mercenário (Mandaloriano)
Sargento Walon Vau: Mercenário (Mandaloriano)
Capitão Jaller Obrim: Força de Segurança de Coruscant (humano)
General Etain Tur-Mukan: Cavaleira Jedi (humana)
Jinart: espiã Qiilurana (Gurlanin fêmea)
General Arligan Zey: Mestre Jedi (humano)
Rav Bralor: caçadora de recompensas Mandaloriana (humana)

Troopers CRA Nulos


Mereel: N-7
Jaing: N-10
Ordo: N-11
A’den: N-12
Maze: Capitão A-26
Sull: A-30
Besany Wennen: Investigadora do Tesouro da República (humana)
PRÓLOGO
Mygeeto, Orla Exterior, os cofres de Banco Mercantil
Dressian Kiolsh, 470 dias após a Batalha de Geonosis

E stamos ficando sem tempo.


Estamos ficando sem tempo, todos nós.
— Sargento, — Scorch olha as fechaduras de segurança na escotilha do
cofre com o olhar avaliador de um especialista em quebrar o inquebrável.
Foi assim que eu o treinei: ele é o melhor. — Sargento, conseguimos o que
procuramos. Por que estamos roubando um banco?
— Você não está roubando. Eu estou roubando. Você está apenas abrindo
uma porta, — Isso é sobre justiça. E aliviar os Separatistas de sua riqueza
os impedi-los de gastá-la em armamentos, afinal. — E eu sou civil agora.
Não parece. Delta ainda é meu esquadrão. Não vou tão longe quanto
Kal Skirata e os chamo de meus garotos, mas... garotos, eles são.
Scorch tem cerca de doze anos. Ele também tem 24 anos, medido em
quanto tempo ele realmente está no caminho da morte, que é a única
definição que me interessa. Ele está ficando sem tempo mais rápido do que
eu. Os Kaminoanos projetaram os clones comandos da República para
envelhecer rapidamente, e quando penso neles como as crianças pequenas
que conheci pela primeira vez, é de partir o coração, sim, até pra mim. Meu
pai não matou completamente o último pedacinho de emoção em mim.
Scorch coloca interruptores de circuito contra as travas espaçadas ao
redor da moldura da porta, uma por uma, para fritar os sistemas e criar um
sinal falso que convence o alarme que não há nada fora de ordem. Ele
congela por um momento, com a cabeça inclinada, lendo a indicação na tela
do capacete.
— O que tem aí, sargento?
Não estou roubando por ganho. Eu não sou um homem ganancioso. Eu
só quero justiça. Entende? A minha armadura Mandaloriana é preta, a cor
tradicional da justiça. As cores Beskar'gam quase sempre têm significado.
Todo Mando que me vê entende imediatamente a minha missão na vida.
— Parte da minha herança, — eu digo. — Papai e eu não concordamos
com os meus planos de carreira.
Justiça pra mim; justiça para as clones troopers, usadas e jogadas fora
como guardanapos flimsi.
— As bebidas por sua conta, então, — diz Chefe, sargento da Delta. —
Se soubéssemos que você estava cheio da nota, teríamos incomodado você
antes.
— Estava cheio da nota. Estou vazio sem um crédito de estanho.
Nunca contei a eles sobre a minha família ou o meu título. Acho que a
única pessoa que contei foi Kal, e depois tive toda a sua retórica da guerra
de classes.
Sev, o atirador silencioso da Delta, o que pode significar desaprovação,
ou não, treina o seu rifle DC-17 nos corredores desertos que levam ao
labirinto de cofres e depósitos que guardam a riqueza e os segredos dos
mais ricos e poderosos da galáxia, incluindo a minha família.
Fierfek, está quieto aqui em baixo. Os corredores não são feitos de gelo,
mas são lisos e brancos, e não posso deixar de pensar que foram escavados
diretamente neste próprio planeta congelado. Faz o local parecer dez graus
mais frio.
— Em três, — diz Scorch. — Mas eu ainda prefiro um bum big bang.
Três, dois... um, — Eu sei que ele está sorrindo, de capacete ou não. —
Buum. Barulho. Tinido.
Os bloqueios cedem silenciosamente e abrem em uma sequência: clack,
clack, clack. Sem alarmes, sem contramedidas contra roubo para tirar as
nossas cabeças, sem guardas correndo com blasters. As portas do cofre
retrocedem para revelar fileiras e mais fileiras de caixas de depósito de
duraço polido, iluminadas por uma luz verde doentia. Lá dentro, dois
droides de segurança permanecem imóveis, os circuitos interrompidos a
cada trava aqui, os braços das armas frouxos ao lado.
— Então? — Fixer pergunta no comunicador. Ele está na superfície a um
quilômetro de distância, lembrando-se do snowspeeder que usaremos para
nos extrair de Mygeeto. Ele obtém as imagens de ícones de todos os nossos
sistemas de capacete, mas está impaciente. — O que tem lá?
— O futuro, — digo a ele. O futuro dele também, espero. Quando toco
as portas do cofre, elas se abrem e o seu conteúdo brilha, ou sussurra, ou...
cheira estranho. É uma coleção e tanto. Chefe entra e pesca um pequeno
retrato em moldura dourada que não vê a luz do dia há... bem, quem sabe?
Os três comandos o encaram por um momento. — Que desperdício de
créditos, — Scorch, que nunca expressou desejo de nada além de uma
refeição decente e mais sono, verifica os droides, cutucando-os com a sonda
ancorada no cinto. — Você tem até a próxima patrulha para limpar o que
precisa, sargento. Melhor se apressar.
Como disse, todos nós estamos ficando sem tempo, alguns de nós mais
rápido que outros. O tempo é a única coisa que se não pode comprar,
subornar ou roubar quando precisar de mais.
— Vai em frente, saia daqui, — Ando pelo corredor repleto de riquezas
inimaginavelmente excessivas: metais preciosos raros, com fichas de
crédito não rastreáveis, joias de valor inestimável, antiguidades, segredos
industriais, material de chantagem. Créditos comuns não são as únicas
coisas que fazem a galáxia girar. A caixa da família Vau está aqui. — Eu
disse dispensado, Delta.
Chefe se mantém firme.
— Você não pode carregar tudo sozinho.
— Eu posso carregar o suficiente, — Eu posso carregar um pacote de
cinquenta quilos, — Eu posso carregar o suficiente. — Consigo transportar
um pacote de cinquenta quilos, talvez não tão facilmente quanto os jovens
como eles, mas estou motivado e isso reduz anos da minha idade. —
Dispensado. Suma. Agora. Esse é problema meu, não seu.
Há muitas coisas aqui. Vai demorar mais do que pensava.
Tempo. Você simplesmente não pode comprá-lo. Então você tem que
agarrá-lo da maneira que puder.
Vou começar agarrando isso.
CAPÍTULO 1
Olha, tudo o que sei é isso. Os Separatistas não podem ter tantos droides quanto a
Inteligência diz, vimos isso quando sabotamos as suas fábricas. E se eles têm zilhões deles em
algum lugar, por que não invadir toda a República agora e acabar logo com isso? Por falar
nisso, por que o Chanceler não ouve os generais e apenas esmaga os principais alvos dos
Separatistas em vez de arrastar a guerra, espalhando-nos do Centro para a Orla? Adicione esse
lixo à mensagem que Lama Su enviou pra ele reclamando do contrato de clones expirando em
alguns anos, tudo fede. E quando cheira mal, nos preparamos para correr, porque é a nossa
chance aqui em jogo. Compreendido?
— Sargento Kal Skirata, dos CRAs Nulos, discutindo o futuro à luz de novas informações
reunidas durante a sua infiltração não autorizada na cidade de Tipoca, 462 dias após Geonosis

Nave auxiliar da frota da República Core Conveyor, a caminho de Mirial, o 2º Batalhão


Paraquedista (212º Batalhão) e o Esquadrão Ômega embarcaram, 470 dias depois de
Geonosis

muito gentil da sua parte se juntar a nós, Ômega, — disse o


—É sargento Barlex, com uma mão enrolada no parapeito da nave e
outra mão em volta do trilho de fixação no hangar da nave. — E posso ser o
primeiro a dizer que vocês parecem um bando de idiotas completos?
Darman esperou que Niner dissesse a Barlex para onde devolver a sua
opinião, mas ele não mordeu a isca e continuou ajustando a mochila a jato
pouco familiar. Era apenas a bravata de sempre que se estava com medo e
se empolgava para uma missão.
Certo, então o bloco padrão dos sky troopers não se encaixava
confortavelmente na armadura Katarn dos comandos da República, mas,
para precisão de inserção, ainda era melhor do que parapente. Darman tinha
lembranças vívidas e dolorosas de um salto de emergência em Qiilura que
não acertara no alvo, a menos que você contasse árvores. Por isso, estava
bem com um par de asas brancas, mesmo que fossem o pior item da história
das compras no Grande Exército da República.
Fi ativou o seu mecanismo de asa e as duas lâminas giraram na posição
horizontal com um assobio hidráulico, quase batendo no rosto de Barlex. Fi
sorriu e bateu os braços.
— Quer ver a minha impressão de um geonosiano?
— O que, caindo no chão em um borrifo de insetos depois de eu dar uma
volta por você? — disse Barlex.
— Você é tão magistral.
— Eu sou tão sargento, soldado...
— Você não poderia pelo menos conseguir pra nós os pretos foscos? —
Fi perguntou. — Não quero mergulhar no meu destino com acessórios
descoordenados. As pessoas vão falar.
— Você vai ter branco e vai gostar, — Barlex era o suboficial do
Esquadrão Parjai, tropas aéreas com reputação de missões de alto risco que
o capitão Ordo chamou de "assertivas para missões de alto risco fora de
alcance assertivo". A novidade de apoiar forças especiais claramente se
desgastara. Barlex empurrou as lâminas de voo de Fi de volta para a
posição fechada e manteve uma carranca.
— Enfim, eu pensei que vocês eram Mandalorianos nascidos de novo.
Mochilas a jato devem fazer você se sentir em casa.
— Sair para caf e bolos depois?
Barlex ainda estava com o rosto rígido e sem sorrir.
— As ordens são para retirar material extra e outros lastros inúteis, o que
significa vocês, e depois de reduzir as nossas chances de sobrevivência
novamente, entrem para uma conversa com os Separatistas em Mirial.
Fi agiu com a preocupação ferida, com as mãos cruzadas sob o queixo.
— É a coisa Mando que está entre nós, prezado?
— É só a minha apreciação da ironia de estarmos combatendo
mercenários Mando em alguns lugares.
— É melhor manter você longe do sargento Kal, então...
— Sim, é melhor, — disse Barlex. — Perdi dez irmãos graças a eles.
Os clones troopers poderiam ter sido capazes de cantar "Vode An", mas
estava claro que a orgulhosa herança Mandaloriana não havia percolado
todas as fileiras. Darman decidiu não contar a Skirata. Ele ficaria
mortificado. Ele queria que todos os clones de Jango Fett tivessem as suas
almas salvas pelo manda por alguma consciência das únicas raízes frágeis
que tinham. A hostilidade de Barlex partiria o seu coração.
O compartimento ficou quieto. Darman flexionou os ombros,
imaginando como os Geonosianos lidavam com asas: eles dormiam de
costas, ou se penduravam como morcegos, ou o quê? Ele só tinha visto os
insetos se mexendo ou mortos, por isso continuava sendo uma outra
pergunta sem resposta. Ele tinha muitas dessas. Niner, sempre atento ao
humor de seu esquadrão, caminhou ao redor de cada um deles e verificou as
correias de segurança improvisadas, puxando com força o arnês que
passava entre as pernas de Fi. Fi gritou.
Niner deu o Fi aquele olhar silencioso de três batidas do coração, como
Skirata.
— Não quer que nada se desprenda, filho?
— Não, sargento. Não antes que eu tivesse a chance de experimentar, de
qualquer maneira.
Niner continuou o olhar por mais um tempo.
— Relatório da situação informando em dez, então, — Ele indicou a
escotilha e inspecionou o interior do capacete.
— Não vamos deixar o general Zey esperando.
Barlex ficou em silêncio como se estivesse lutando para lhes contar
alguma coisa, depois deu de ombros e tomou a indicação de Niner de que o
que estava para seguir não era para os seus ouvidos. Darman fez o que
sempre fazia antes de uma inserção: ele se sentou em um canto para
verificar novamente a calibração do seu traje. Atin inspecionou os clipes do
mochila a jato de Fi com uma expressão crítica.
— Eu poderia tricotar acessórios melhores do que estes, — murmurou.
— Você acha que poderia tentar ser alegre e otimista algum dia. At'ika?
— Fi perguntou.
Niner se juntou ao ritual de inspeção. Era tudo atividade de
deslocamento, mas ninguém jamais poderia acusar o Esquadrão Ômega de
deixar as coisas ao acaso.
— Tudo o que precisa fazer é permanecer ligado o Fi até ele aterrissar,
— disse ele.
Fi assentiu.
— Isso seria legal.
Atin colocou o holo receptor criptografado que estava segurando em
uma borda da antepara e trancou as escotilhas do compartimento. Darman
não conseguia imaginar nenhum clone trooper sendo um risco à segurança,
e se perguntou se eles ficariam ofendidos por serem excluídos das
instruções das Operações Especiais como se fossem civis. Era assim que
eram treinados desde o nascimento: tinham o seu papel e os comandos da
República, o que os Kaminoanos lhes haviam dito, de qualquer maneira.
Mas não era inteiramente verdade. O trooper Corr, o último homem
sobrevivente de toda a sua companhia, estava agora na força da Brigada de
OE e parecia estar se divertindo carregando em volta da galáxia que os
CRAs Nulos. Estava se fazendo uma dupla com o tenente Mereel; eles
compartilhavam o gosto pelos pontos mais delicados das armadilhas. Eles
também gostavam de explorar a cena social, como dizia Skirata, de todas as
cidades pelas quais passavam.
Corr se encaixa muito bem. Aposto que todos podem, dada a chance e o
treinamento.
Darman vestiu o capacete e recuou para o seu próprio mundo,
comunicadores fechados, exceto pela substituição de prioridade que
deixaria o esquadrão entrar no circuito e alertá-lo. Se deixasse a mente
vagar, a exibição de luzes rolantes da tela se tornaria a paisagem noturna de
Coruscant, e ele poderia mergulhar na preciosa memória daqueles breves e
ilícitos dias na cidade com Etain. Às vezes, sentia como se ela estivesse em
pé atrás dele, um sentimento tão poderoso que olhava por cima do ombro
para verificar. Agora reconhecia a sensação do que era: não era a sua
imaginação ou desejo, mas uma Jedi, a sua Jedi, alcançando-o na Força.
Ela é a general Tur-Mukan. Você está saindo da linha, soldado.
Sentiu o toque dela agora, apenas a consciência fugaz de alguém ao lado
dele. Ele não podia voltar atrás: apenas esperava que, por mais que a Força
funcionasse, isso a deixaria saber que sabia que ela estava pensando nele.
Mas por que a Força falava com tão poucos seres, se era universal? Darman
sentiu uma pontada de ressentimento leve. A Força era outro aspecto da
vida que estava fechado pra ele, mas pelo menos isso era verdade para
todos mundo. Não o incomodou nem de longe com a percepção de que não
tinha o que a maioria dos outros tinha: uma pequena escolha.
Uma vez perguntou a Etain o que aconteceria com as clones troopers
quando a guerra terminasse, quando elas vencessem. Não conseguia pensar
em perder. Para onde eles iriam? Como seriam recompensados? Ela não
sabia. O fato de que não sabia também alimentou uma crescente
inquietação.
Talvez o Senado não tenha pensado tão longe.
Fi virou-se para pegar o capacete e começou a calibrar a tela, a expressão
em seu rosto distraído e nada feliz. Fi estava desprotegido: nada engraçado,
nem uma piada e sozinho com os seus pensamentos. O capacete de Darman
o deixou observar o seu irmão sem provocar uma resposta. Fi havia mudado
e aconteceu durante a operação em Coruscant. Darman sentiu que Fi estava
preocupado com algo que o resto deles não podia ver, como uma alucinação
sobre a qual você nunca contaria a ninguém, porque pensava que estava
ficando louco. Ou talvez você estivesse com medo de que ninguém mais
admitisse. Darman tinha a sensação de que sabia o que era, então nunca
falou sobre Etain, e Atin nunca falou sobre Laseema. Não era justo com Fi.
As unidades da Core Conveyor tinham uma frequência muito
reconfortante. Darman acomodou-se naquela luz cochilando onde ele ainda
estava consciente, mas os seus pensamentos vagavam livres de seu controle.
Sim, Coruscant era o problema. Dera a todos um vislumbre de um
universo paralelo em que as pessoas viviam vidas normais. Darman era
inteligente o suficiente para perceber que a sua própria criação não era
normal, que havia sido criado para lutar, nada mais... mas o seu intestino
dizia algo completamente diferente: que não era justo.
Teria se voluntariado, tinha certeza disso. Eles não teriam que forçá-lo.
Tudo o que queria no fim era algum tempo com Etain. Não sabia o que mais
a vida tinha para oferecer, mas sabia que havia muito disso que nunca
viveria para ver. Estava vivo há onze anos, chegando aos doze. Tinha vinte
e três ou vinte e quatro anos, dizia o manual. Não era tempo suficiente para
viver.
O sargento Kal disse que fomos roubados.
Fierfek, espero que Etain não consiga me sentir com raiva.
— Eu gostaria de poder sentar aí e apenas relaxar como você, Dar, —
disse Atin.
— Como você fica tão calmo? Você não aprendeu com Kal, isso é certo.
Há apenas o sargento Kal, Etain e os meus irmãos. Ah, e Jusik. O
general Jusik é um de nós. Ninguém mais se importa.
— Eu tenho uma consciência limpa, — disse Darman. Depois de anos de
treinamento enclausurado em Kamino, foi uma surpresa pra ele descobrir
que muitas culturas da galáxia o consideravam um assassino, algo imoral.
— Ou isso, ou eu estou cansado demais para me preocupar.
Agora estava indo para Gaftikar para matar mais alguns. Os CRAs Alfa
podem ter sido enviados para treinar os rebeldes locais, mas o Ômega
estava sendo inserido para derrubar um governo. Não foi o primeiro e
provavelmente não seria o último.
— Atenção, pessoal, aqui vamos nós, — Niner ativou o receptor. A holo
imagem azul saltou do projetor e o corpulento e barbudo general Jedi
Arligan Zey, diretor de forças especiais, estava subitamente sentado no
compartimento com eles.
— Boa tarde, Ômega, — disse ele. Era o meio da noite pra eles. — Eu
tenho uma boa notícia pra vocês
Fi estava de volta ao comunicador seguro do capacete agora. O ícone de
áudio vermelho da tela de Darman indicava que apenas ele podia ouvi-lo.
— O que significa que o resto é ruim.
— Isso é bom, senhor, — disse Niner, impassível. — Localizamos o
CRA Alfa Trinta?
Zey pareceu ignorar a pergunta.
— O sargento Nulo A'den enviou coordenadas seguras da zona de queda,
e vocês estão autorizados a entrar.
O comunicador de Fi apareceu no ouvido de Darman novamente.
— Aí vem o mas.
— Mas, — continuou Zey, — o trooper CRA Alfa Trinta agora precisa
ser tratado como DEC. Ele não aparece há dois meses e isso não é
incomum, mas a resistência local disse ao sargento A'den que eles perderam
contato quase ao mesmo tempo
A'den era um dos CRAs Nulos de Skirata. Ele havia sido enviado alguns
dias antes para avaliar a situação e, se não conseguisse encontrar o trooper
CRA desaparecido, então o homem estava definitivamente perdido, como
um morto perdido. Darman se perguntou o que poderia ter acontecido com
um CRA. Eles não eram exatamente fáceis de matar. Os Nulos tratavam os
seus irmãos Alfa como trapaceiros, mas eram puros Jango Fett,
geneticamente inalterados, exceto pelo rápido envelhecimento, e haviam
sido treinados por ele pessoalmente: homens duros, engenhosos e perigosos.
Ainda assim, mesmo os melhores poderiam ter azar. Isso significava que
treinar e motivar a resistência dos Gaftikari agora era trabalho de A'den.
Darman esperava que não acabasse sendo o trabalho dele. Tudo em que
conseguia pensar era quanto tempo ficaria preso lá e quando poderia ver
Etain novamente. Cartas contrabandeadas e sinais de comunicador não
eram suficientes.
Então, o que eles podem fazer conosco? E daí se alguém descobrir?
Darman realmente não sabia o quão dura o Grande Exército ou o
Conselho Jedi poderiam tornar a vida dele ou de Etain. Sempre havia a
chance dele nunca mais a ver. Não tinha certeza de que poderia lidar com
isso. Sabia que ela era o seu único gosto na vida real.
— Então, estamos começando de novo, general? — Niner perguntou.
A mesa de Zey não estava visível na holo imagem, mas estava sentado e
olhou por cima do ombro como se alguém tivesse entrado na sala.
— Não inteiramente. As milícias rebeldes são competentes, mas ainda
precisam de ajuda para desestabilizar o governo de Gaftikari. E precisam de
equipamentos como os DCs que estamos derrubando, — Zey fez uma
pausa. — Sem especificações completas, é claro.
— Vejo que confiamos neles implicitamente, senhor...
— Tivemos uma ou duas operações de socorro saindo pela culatra,
sargento, admito. Não faz sentido sobrecarregá-los para que eles possam se
virar e usar o kit em nós. Isso faz o trabalho.
— Alguma atualização geral de informações sobre Gaftikar?
— Não. Desculpe. Vocês terão que preencher as lacunas.
— Números?
— A'den diz que cerca de cem mil tropas rebeldes treinadas.
Darman piscou para ativar o seu banco de dados tela e verificou a
população estimada de Gaftikar. Bilhão em Haifa: capital Eyat, população
quinhentos mil. Ele estava acostumado a probabilidades assim agora.
— Bem, pelo menos Alfa Trinta estava ocupado enquanto ele estava lá,
senhor, — disse Niner.
— Os rebeldes são muito bons em treinamento em cascata. Treine dez,
eles treinam dez cada, e assim por diante.
— Dados os nossos números limitados, senhor, você já pensou sobre a
implantação de todo o GER dessa maneira? A guerra terminaria muito mais
rápido.
— É uma estratégia, eu sei, — Zey sempre tinha aquela nota em sua voz
ultimamente, que o fazia parecer envergonhado e embaraçado. Ninguém
tinha que perguntar se era assim que ele queria tocar as coisas. Era outro
objetivo do Chanceler na lista de ordens tome-este-planeta-e-não-dê-
desculpas. — Mas tudo o que vocês precisam fazer é remover a liderança
do governo Eyat, e o resto segue. Então vocês preparam o campo de batalha
para a infantaria. Habilitem os rebeldes.
Façam o que puderem, rapazes, porque não posso dispensar mais
homens para ajudá-los. Ótimo...
— Entendido, — disse Niner. Às vezes, Darman queria levar a paciente
aceitação de seu sargento pela garganta. — Ômega desligando.
Ninguém precisou lembrar a Zey a dispersão de todas as forças da GER,
especialmente as Operações Especiais. Eles estavam treinando soldados
regulares para funções de comando agora: o GER tinha menos de cinco mil
comandos da República. Inadequado nem chegava perto. Era uma piada.
Darman esperou que Niner terminasse com uma saudação
surpreendentemente superficial e fechasse o vínculo, e esse não era o bom e
velho Niner. Foi o mais perto que ele chegou de mostrar a sua frustração ao
esquadrão.
Talvez a República estivesse melhor com os droides, afinal. Eles não são
cortados do que está acontecendo com eles.
E eles não se apaixonavam.
— Vou tentar olhar pelo lado positivo, visto que esse é o meu trabalho.
— disse Fi. — Da última vez que nos inserimos no território inimigo sem
informações decentes e com os números totalmente inadequados, fizemos
muitos novos amigos interessantes. Talvez eu seja aquele a ter sorte desta
vez.
Darman ignorou a piada sobre Etain.
— As rebeldes Gaftikar não são do seu tipo, Fi. Elas são lagartos.
— Assim como Falleen.
— Quero dizer lagartos, lagartos. Mala nas pernas.
— Eles também têm uma população humana...
— Otimista.
Niner mudou de assunto com uma delicadeza incomum.
— Qual é, sempre nos inserimos sem informações suficientes, — Ele
não disse o Fi para calar a boca em séculos, como se sentisse inteligência.
— Ele não disse o Fi para calar a boca em tempos, como se sentisse pena
dele agora. — É assim que o mundo funciona. Certo, baldes. Estaremos
sobre Eyat em vinte minutos.
O hangar de carga da Core Conveyor era um vazio gritante com uma
trava de ar em uma das extremidades. Era um cargueiro armado, um dos
muitos comandados pela frota mercante, captado pelo comércio, apelidado
de TUFTies e foi construído simplesmente para transportar veículos e
suprimentos e, às vezes, homens, e descarregá-los discretamente onde
necessário. Darman imaginou como seria a sua carga em tempos de paz.
Como as pequenas naves de interdição de tráfego, ele se disfarçou como
uma embarcação civil neutra para operações secretas. TUFTies poderiam
ser implantados em planetas onde a chegada de um Aclamador receberia o
tipo errado de atenção.
O hangar estava cheio de speeder bikes e caixas. Darman abriu caminho
através deles, seguindo Atin até as portas do hangar, onde um mestre de
carga em armadura de piloto de guarnição amarela, sem o capacete, dirigia
caixas em repulsores em direção à rampa e as alinhava.
— DCs, — disse o gerente de carga, sem levantar os olhos do datapad.
— E algumas E-Webs e uma grande peça artística.
— Quantas Webs? — Atin perguntou.
— Cinquenta.
— É o melhor que podemos fazer?
— Nós os armamos há um ano. Só uma recarga — O mestre de carga
parecia satisfeito por ter as remessas corretas e encarou os comandos com
um olhar cauteloso. Ele alcançou o trilho que corria ao longo da antepara e
conectou a sua linha de segurança a ele. — Se é algum conforto, vocês
parecem bem sinistros naquele equipamento preto. Mesmo com as asas
brancas. Eu não acho que vocês são um bando de esquisitos superestimados
de Mandoloving...
Fi fez uma reverência.
— Que todas as suas implantações futuras estejam com os fuzileiros
navais galácticos em novos detalhes, ner vod.
Mas Atin nunca poderia passar as coisas com uma piada.
— Qual é o seu problema, amigo?
— Só estou me perguntando, — disse o mestre de carga.
— Perguntando o que!
— Mandos. Vocês já lutaram com esses caras? Eu já. Eles continuam
aparecendo nas forças Separatistas. Eles nos matam. E vocês foram criados
como bons garotos Mando. É isso que vocês sentem que são?
— Vamos colocar dessa maneira, — disse Fi. — Eu não me sinto um
cidadão da República, porque nenhum de nós é, caso você não tenha
notado. Nós não existimos. Sem voto, sem documentos de identificação,
sem direitos.
Niner empurrou Fi pelas costas.
— Um-cinco, cale a boca. Mestre de carga, cubra o pescoço e não
questione a nossa lealdade, ou terei que dar um tapa em você. Agora vamos
ao trabalho
Foi a primeira vez que Darman se lembrou do senso de irmandade entre
os clones, todos os clones, independentemente da troca de unidades. O 2º
Paraquedista obviamente teve um problema com os Mandalorianos, e talvez
o mais próximo que eles pudessem chutar foram os Comandos da República
criados, treinados e educados principalmente por sargentos Mandalorianos
como Skirata, Vau e Bralor. Ele achou que era um mau presságio para a
missão. Sim, o sargento Kal ficaria muito chateado ao ver isso.
A Core Conveyor estava baixa o suficiente agora para que eles pudessem
ver a paisagem abaixo de uma das janelas. Darman pôde ver pelo ícone da
tela do campo de visão de Niner que não estava olhando para a zona de
queda, mas estava absorvido em seu datapad. Era apenas uma massa de
números. Atin, no entanto, estava lendo uma mensagem e, embora Darman
tentasse não ser intrometido, ele não pôde deixar de notar que era de
Laseema, a sua namorada de Twi'lek, e era... educacional.
Dizem que são os mais quietos que querem assistir...
Darman tentou se concentrar em Gaftikar. Parecia um lugar agradável
mesmo à noite. Não era um terreno baldio vermelho e empoeirado como
Geonosis, ou um deserto gelado como Fest. Do alto, a cidade de Eyat era
um mosaico de parques iluminados e ruas movimentadas e retas, cercadas
por casas regularmente espaçadas, salpicadas de luz dourada. Um rio
vagava pela paisagem, visível como uma fita preta brilhante. Parecia o tipo
de lugar onde as pessoas tinham vidas normais e se divertiam. Não parecia
um território inimigo.
Darman entrou no circuito pessoal de Fi para falar, mas ficou
instantaneamente ensurdecido com o volume da música glimmik. Era assim
que Fi lidava com as coisas: uma parede espessa de barulho e tagarelice
para calar o momento seguinte. Darman cortou o circuito novamente.
O mestre de carga abaixou a viseira e colocou a mão sobre o painel de
controle.
— Certo, lembrem-se, deixem-se cair como um parapente normal por
alguns segundos e ativem os jatos. Não desliguem. Abertura em cinco...
quatro...
— Prefiro saber se a mochila jato não funciona quando eu ainda
estivesse com as botas no convés, — disse Fi.
— ... dois... e... vão.
As portas da carga deslizaram pra trás e uma rajada feroz de ar
pulverizou poeira contra a viseira de Darman. Os gráficos estavam sobre a
densa floresta agora; o mestre de carga tinha uma mão na liberação da carga
e a sua cabeça girada em direção ao holo carro projetado no painel de
controle. Mostrava terrenos abertos alguns quilômetros adiante. Quando a
Conveyor sobrevoou, o espaço aberto acabou sendo grama curta e seca.
Apareceu claramente no filtro de visão noturna de Darman.
— Vão embora, — disse o mestre de carga, liberando as linhas estáticas.
Os caixotes escorregaram da rampa um a um e deslizaram em direção à
terra em parapentes de extração que pareciam exóticas flores brancas
abrindo durante a noite. O último recipiente diminuiu até um pontinho
embaixo deles, atingindo a grama em uma nuvem de poeira.
A nave subiu um pouco e a rampa subiu para uma plataforma plana.
— Esta é a sua parada, Ômega. Fiquem seguros, certo?
Darman, como todos os comandos, haviam feito muitos saltos em queda
livre. Eles nem conseguia se lembrar de quantos, mas ainda sentia uma
breve explosão de adrenalina enquanto observava Atin andar calmamente
para o fim da rampa e desaparecer. Darman o seguiu, segurando o seu DC-
17 contra o peito na tipoia.
Um, dois, três, quatro passos e depois cinco, de cinco, não havia nada
sob as solas das botas. Ele caiu e o seu estômago parecia colidir com os
seus pulmões, forçando a respiração deles por um batimento cardíaco. Ele
apertou o botão liga/desliga do jato no cinto, com três. As asas ejetaram da
carcaça: o motor bateu. Ele não estava mais caindo. Ele estava voando, com
a fraca vibração dos jatos fazendo o seu peito coçar. A imagem iluminada
de verde da charneca de Gaftikar se espalhava abaixo dele e, quando virou a
cabeça, viu o fraco perfil de calor dos jatos de Atin. A Conveyor se fora. O
caixote tinha muito mais aceleração do que pensara.
— Olha, Mãe, — disse a voz desencarnada de Fi no canal seguro. —
Sem as mãos.
— Você não tem mãe, — disse Darman.
— Talvez uma boa velhinha me adote. Eu sou muito amável.
Darman não podia ver os outros agora, apenas os ícones do ponto de
vista na tela do capacete. O esquadrão se separou, cada homem seguindo
uma trajetória de voo diferente para o ponto de PE, caindo o mais baixo
possível e abraçando os contornos da terra. O plano era atingir o chão
correndo literalmente, assim que o terreno mudasse para bosques, eles
poderiam usar como cobertura. Darman não fez o pouso limpo que
esperava. Deu um salto mortal na ponta de uma asa, pousando em arbustos
baixos e frios.
Niner deve ter visto o ícone da tela.
— Você nunca consegue cair de pé, Dar?
— Osik. — Darman estava mais envergonhado do que magoado. Pelo
menos não havia incendiado a vegetação: os jatos pararam com o impacto.
Ele se levantou e se reorientou. — Estou bem.
Não sabia dizer onde Fi e Atin estavam da vista nos ícones da tela. Mas
podia ver que estavam se movendo rapidamente e os seus identificadores
convergiam nas coordenadas da DV, quadrados azuis em direção a uma cruz
amarela sobreposta em um gráfico da zona de queda. Percebeu que ainda
tinha cinquenta metros para correr com a mochila jato, com as asas abertas
como um inseto.
— Tudo limpo, — Niner grunhiu como se estivesse se esforçando para
sair do arnês. — Apenas comunicação de curto alcance a partir de agora,
Ômega. Onde...
— Sabe, sobre Urun Cinco, os locais colocavam você em cima de uma
árvore festiva como decoração.
Uma voz desconhecida interrompeu o circuito de comunicação de
Darman. Agora podia ver uma forma em sua visão noturna, um contorno
fraco que não se transformou em um homem até que estivesse bem em
cima. Podia ver quem era agora, um homem que se parecia muito com ele,
exceto que, como todos os Nulos, eram mais largo e pesados. Os
Kaminoanos haviam brincado com o genoma de Fett um pouco demais a
princípio. Darman imaginou quantas outras experiências tentaram antes de
acertar a mistura.
A'den, CRA Nulo N-12, agarrou-o pelo braço e o chamou para segui-lo.
Ele estava vestindo roupas de trabalho rudes, sem capacete, sem placas e
sem kama distintivo como o kit. Darman não esperava encontrá-lo entre os
civis.
E enquanto percorria a vegetação rasteira, amaldiçoando as asas
estúpidas que agora não se retraíam porque havia dobrado o mecanismo na
queda, também não esperava ver pequenas figuras velozes com os olhos
reflexivos brilhantes emergindo com rifles DC-15.
Eles eram lagartos, lagartos, tudo bem.
Base do GER. Teklet, Qiilura, 470 dias após Geonosis, prazo para retirada de colonos
humanos

A general Etain Tur-Mukan nunca sentiu menos vontade de cumprir um


dever de um dia em sua vida. Mas o faria. Precisava.
Do lado de fora do prédio do quartel-general do exército, uma casa
modesta que antes pertencia a um escravo Trandoshano, que já fora muito
tempo com o restante das forças Separatistas ocupantes, uma multidão de
agricultores ficou em silêncio. Parou na frente das portas e se preparou para
sair para discutir com ela.
Você tem que sair. É o acordo que fizemos, lembra?
— Eu não acho que você deveria lidar com isso, madame, — disse o
comandante da guarnição, Levet. Com o seu capacete debruado amarelo
estava enfiado debaixo de um braço; um homem de barba por fazer,
barbado e preto, com vinte e poucos anos, tão parecido com Darman que
doía. — Deixe-me falar com eles.
Ele era um clone, como Dar, exatamente como Dar, exatamente como
todos os outros clones do Grande Exército da República, embora sem a
expressão permanente de Dar, de paciente bom humor. Ele tinha os mesmos
olhos escuros que deram a Etain uma pontada de solidão e anseio pela
lembrança constante de que Dar estava... onde? Naquele momento, não
tinha ideia. Podia senti-lo na Força, como sempre, e ele estava ileso. Isso
era tudo que sabia. Fez uma anotação mental para entrar em contato com
Ordo mais tarde para verificar a sua localização.
— Madame, — disse Levet, um pouco mais alto. — Você está bem? Eu
disse que vou fazer isso.
Etain fez um esforço consciente para parar de ver Darman na cara de
Levet.
— Responsabilidade do posto, comandante, — Por trás dela, ouviu um
leve farfalhar de seda como um animal se movendo. — Mas obrigada.
— Você precisa ter cuidado, — disse uma voz baixa e líquida. — Ou
teremos o seu sargento desagradável para responder.
Jinart passou pelas pernas de Etain. A transmorfa Gurlanin estava em sua
verdadeira forma de um carnívoro preto e elegante, mas ela poderia
facilmente se transformar no que poderia se transformar na réplica exata de
Levet ou Etain.
Sargento desagradável. O sargento Kal Skirata, baixo, feroz, zangado, a
havia exilado aqui por alguns meses. Caiu em desgraça com ele. Agora que
estava grávida de vários meses, começava a entender o porquê.
— Estou sendo cuidadosa, — disse Etain.
— Ele me considera responsável por sua segurança.
— Você está com medo dele, não está?
— E você também, garota
Etain colocou as vestes marrons cuidadosamente para disfarçar o volume
crescente da gravidez e puxou outro casaco solto por cima. Teklet estava
nas garras do inverno, o que também era bom: a desculpa para roupas
volumosas era bem-vinda. Mas mesmo sem a camada superior, ela não
parecia visivelmente grávida. Ela só sentia isso, cansada e sozinha.
Ninguém aqui saberia ou se importaria com quem era o pai.
— Não há necessidade de você supervisionar a evacuação pessoalmente,
— disse Jinart. — Quanto menos te virem, melhor. Não tente o destino.
Etain a ignorou e as portas se abriram, deixando uma rajada de neve no
ar. Jinart disparou na frente dela como uma pantera de areia e saltou através
dos montes.
— Insanidade, — o Gurlanin assobiou. Ela progrediu em saltos fluidos.
— Você tem um filho com o que se preocupar.
— Meu filho, — disse Etain, — está bem. E não estou doente, estou
grávida.
E devia a suas tropas. Devia a eles como devia a Darman, RC1136, cuja
última carta, uma carta real, escrita em flimsi em uma mão precisa e
disciplinada, uma mistura de fofocas sobre o 'seu esquadrão e pequenos
anseios por um tempo com ela’, era processada com leitura constante e
dobrou-se e manteve-se segura dentro da túnica, não no cinto. A neve
triturava sob as suas botas enquanto caminhava pela estrada cortada pelos
desvios pelo tráfego constante. Era um dia brilhantemente ensolarado,
ofuscantemente brilhante, um dia adorável para passear, se essa fosse uma
vida normal e fosse uma mulher comum.
É difícil não contar a ele. É difícil não mencionar o bebê quando ele
pergunta como eu estou. O bebê dele.
Mas Skirata a proibiu de dizer a ele. Quase entendia o porquê.
Jinart continuou a sua progressão de saltos controlados. Provavelmente
ela caçava dessa maneira, pensou Etain, atacando pequenos animais
enterrados no fundo da neve.
— Skirata ficará furioso se você abortar.
Talvez não. Ele estava com raiva o suficiente quando descobriu que eu
estava grávida.
— Não vou arriscar perturbar Kal. Você conhece a política disso
— Eu sei que ele está falando sério. Ele mandará uma nave de guerra
reduzir Qiilura a escória derretida se eu cruzar com ele.
Sim ele faria isso. Etain acreditou nele também. Skirata abriria um
buraco na galáxia se isso melhorasse o porção das clones troopers sob os
seus cuidados.
— Pouco menos de três meses, e então eu não serei mais um problema
seu.
— Meses locais ou meses do Padrão Galáctico?
Etain ainda se sentia enjoada todas as manhãs.
— Quem se importa? Isso importa?
— O que os seus mestres Jedi fariam com você por se relacionar com
um soldado?
— Me expulsar da Ordem, provavelmente.
— Você tem medo de coisas triviais. Deixe-as.
— Se eles me expulsarem, — sussurrou Etain, — Terei que renunciar ao
meu comando. Mas tenho que ficar com as minhas tropas. Não posso ficar
de fora dessa guerra enquanto eles lutam, Jinart. Você não entende isso?
A Gurlanin bufou, deixando pequenas nuvens de ar gelado.
— Trazer deliberadamente uma criança para esta galáxia durante uma
guerra, ter que mantê-la escondida e depois entregá-la a isso...
Etain levantou a mão pedindo silêncio.
— Ah, então você e Kal estão conversando, não é? Eu sei. Eu era louca,
egoísta e irresponsável. Eu não deveria ter aproveitado a ingenuidade de
Dar. Vá em frente. Você não estará dizendo nada que Kal não fez, menos o
abuso Mando'a.
— Como ele pode criar o filho para você? Aquele mercenário? Aquele
assassino?
— Ele criou os dele e criou os Nulos,
— Você não quer isso, acredite em mim.
— Ele é um bom pai. Um pai experiente
Etain estava muito à frente de Levet para que ele ouvisse, mas tinha a
sensação de que ele seria convenientemente surdo para fofocas de qualquer
maneira. Agora podia ver a multidão de agricultores reunidos nos portões
da cerca, silenciosos e sombrios, com as mãos enfiadas nos bolsos. Assim
que a viram, o coro estridente de reclamação começou. Sabia o porquê.
Nós os armamos.
Eu e o general Zey... nós os transformamos em um exército de
resistência, os treinamos para lutar contra os Separatistas, os tornamos
guerrilheiros quando nos convinha, e agora... não nos serve mais. Jogue-os
fora.
Foi por isso que teve que enfrentá-los. Usara-os, talvez não
conscientemente, mas eles não se importariam com esse ponto acadêmico.
— Comandante Levet, — disse ela. — Só abra fogo se sentir que os seus
homens estão em perigo.
— Na esperança de evitar isso, senhora.
— Eles têm quinze DC, lembre-se. Nós os armamos.
— Não é uma especificação completa, no entanto.
Um cordão de clones troopers estava entre Etain e a multidão, branco e
brilhante como a neve ao seu redor. Ao longe, podia ouvir o barulho de
engrenagens quando um veículo blindado da AT-TE bateu em torno do
perímetro do campo temporário criado para supervisionar a evacuação
humana. Os clones troopers, cada homem com o rosto docemente familiar
de Darman, tinham as suas ordens: os fazendeiros tinham que sair.
Eles lidavam com missões humanitárias surpreendentemente bem para
homens criados apenas para lutar e não tinham ideia de como era a vida
familiar normal. Bem, não eram muito diferente de mim, então. Quando
apareceu por detrás deles, eles se separaram sem nem virar a cabeça. Era
uma daquelas coisas que você poderia fazer com sensores de capacete de
360 graus.
Na frente da multidão, reconheceu um rosto. conhecia quase todos eles,
inevitavelmente, mas os olhos de Hefrar Birhan eram os mais difíceis de
encontrar.
— Você tem orgulho de si mesma, garota?
Birhan olhou pra ela, hostil e traído. Ele lhe dera abrigo quando fugira da
milícia local. Devia a ele mais do que uma expulsão à força, afastando-o da
única casa que ele já conhecera.
— Prefiro fazer o meu próprio trabalho sujo do que contratar outra
pessoa, — disse Etain. — Mas vocês podem começar de novo, e os Gurlan
não podem.
— Oh-ah. Essa é a linha do governo de repente, já que cumprimos o
nosso propósito e limpamos o planeta para vocês.
Os fazendeiros tinham armas, como sempre, a maioria dos quais eram
rifles antigos para lidar com os gdans que atacavam pastagens de merlie,
mas alguns também tinham os seus DCs, da República. Eles os seguravam
casualmente, alguns apenas segurando em suas mãos, outros descansando
nas dobras de seus braços ou pendurados nas costas, mas Etain podia sentir
a tensão aumentando entre eles e a linha de troopers. Perguntou-se se o seu
filho ainda não nascido já podia sentir essas coisas na Força. Esperava que
não. Ele já tinha guerra suficiente o esperando.
— Eu preferia que vocês ouvissem de mim do que de um estranho, —
Não é verdade: ela estava aqui para esconder a sua gravidez. Ela não pôde
deixar de pensar que o terrível dever lhe servia direito de enganar Darman.
— Vocês têm que sair, vocês sabem disso. Vocês vão receber ajuda
financeira para começar de novo. Existem fazendas estabelecidas esperando
por vocês em Kebolar. É uma perspectiva melhor do que Qiilura.
— Não é nossa casa, — disse um homem um pouco atrás de Birhan.
— E nós não vamos.
— Todo mundo saiu semanas atrás.
— Com exceção de dois mil de nós que não vamos, garota, — Birhan
cruzou os braços: o som do AT-TE havia parado e todo barulho violento
continuava no ar frio e parado. Qiilura estava muito, muito quieta em
comparação com os lugares que esteve. — E você não pode nos mudar se
não quisermos ir.
Etain levou um momento para perceber que ele queria dizer violência, e
não força de persuasão, e sentiu um pouco de ansiedade em algumas tropas.
Ela e Levet foram autorizados, ordenados, a usar a força, se necessário.
Jinart deslizou para a frente entre as tropas e sentou-se, e alguns dos
agricultores a encararam como se fosse um animal de estimação exótico ou
animal de caça. Claro: eles provavelmente nunca viram um Gurlanin, ou
pelo menos não perceberam que viram. Restavam poucos deles. E poderiam
assumir qualquer forma que quisessem.
— A República o removerá, fazendeiro, porque eles têm medo de nós,
— disse Jinart. — Nesta guerra, vocês agora contam para nada. Usamos o
poder que temos. Então vão enquanto podem.
Birhan piscou para o Gurlanin por alguns momentos. As únicas espécies
de quatro patas que os agricultores viram foram os seus animais, e nenhum
deles respondiam.
— Este é um grande planeta. Há muito espaço para todos nós.
— Não é o suficiente para vocês. Vocês destruíram as nossas caças. Nós
passamos fome. Vocês estão nos destruindo ao destruir a nossa cadeia
alimentar, e agora é a nossa vez...
— Chega de matar, — Etain retrucou. Levet diminuiu através da linha de
tropas e ficou um pouco à sua frente, à esquerda: ela podia sentir a
prontidão dele para intervir. Gurlanins não tinham armas, mas a natureza os
tornava assassinos eficientes. Todos eles viram muitas evidências. — Estes
são tempos difíceis, Birhan, e ninguém tem um final feliz. Vocês estarão
muito mais seguro para onde estão indo. Vocês me entendem?
O olhar dele se fixou no dela. Ele estava frágil e exausto, com os olhos
lacrimejantes e avermelhados pela idade e pelo ar frio e cortante. Ele
poderia ter apenas a mesma idade que Kal Skirata, mas a agricultura aqui
era uma existência brutal que tinha seu preço.
— Você nunca atiraria em nós. Você é uma Jedi. Você está cheia de paz,
pena e outras coisas.
— Tente pensar em mim como uma oficial do exército, — ela disse
suavemente. — E você pode ter uma imagem diferente. Última chance.
Havia apenas tantos ultimatos que poderia lhes dar, e esse foi o último.
Os portões compostos abriram com um arranhão metálico, e Levet moveu
as tropas para frente, afastando a multidão. Estava frio; eles se cansavam e
voltariam casa mais cedo ou mais tarde. Por um momento, a sensação de
ódio e ressentimento na Força foi tão forte que Etain achou que os
quiluranos poderiam começar um tumulto, mas parecia ser apenas uma
competição de encarar, que era invencível contra tropas cujos olhos eles não
podiam ver. Havia também a pequena questão de penetrar em uma parede
de armadura de liga de plastóide.
A voz de Levet ecoou pelo projetor de voz em seu capacete. Etain
poderia jurar que galhos próximos tremiam.
— Voltem para as suas fazendas e prepare-se para partir, todos vocês.
Apresentem-se à pista de pouso em setenta e duas horas. Não deixem isso
mais difícil do que já está.
— Para vocês ou pra nós? — alguém gritou da multidão. — Vocês
abandonariam tudo o que tinham e começaria de novo?
— Gostaria de trocar de lugar com você, — disse Levet. — Mas eu não
tenho a opção.
Etain não pôde deixar de estar mais interessada no comandante clone por
um momento. Foi um comentário estranho, mas sentiu que ele estava
falando sério e isso a perturbava. Estava acostumada a ver Darman e os
outros comandos como camaradas com necessidades e aspirações que
ninguém mais esperava que tivessem, mas nunca ouvira um soldado regular
expressar abertamente o desejo de algo além do GER. Foi unicamente
pungente.
Todos eles preferiam estar em outro lugar, mesmo que não tenham
certeza de qual. Todos eles, como Dar, como eu, como qualquer um.
Sentiu o breve embaraço de Levet por sua própria franqueza. Mas não
houve gesto ou movimento da cabeça para indicar a mais alguém que ele
estava sendo literal.
Não consigo mais pensar em toda a galáxia. Os meus pensamentos estão
com esses soldados escravos, e isso é o máximo de carinho que posso
controlar agora. Eu quero que eles vivam. Desculpe, Birhan, sou uma má
Jedi, não sou?
Etain havia feito esse acordo mental há muito tempo. Não era o caminho
dos Jedi, mas nenhum Jedi jamais se viu diante de liderar um exército
convencional e tomar decisões de combate brutalmente pragmáticas
diariamente. Nenhum Jedi deveria ter, tanto quanto estava preocupada, mas
estava nisso agora, e faria a diferença que poderia para os homens ao seu
redor.
— Vou lhe dar mais três dias para informar a área de desembarque com
as suas famílias, Birhan. — Etain queria parecer um pouco mais imponente,
mas era pequena, magra e desconfortavelmente grávida: a postura das mãos
nos quadris não ia dar certo. Em vez disso, colocou uma mão no punho do
sabre de luz e convocou uma pequena ajuda da Força para pressionar
insistentemente algumas mentes em torno de Birhan. Eu queria dizer isso.
Eu não vou recuar. — Se você não obedecer, ordenarei que as minhas
tropas os removam por todos os meios necessários.
Etain ficou esperando a multidão se separar. Eles discutem, reclamam,
esperam até o último momento e depois desmoronam. Dois mil deles: eles
sabiam que não podiam resistir a várias dezenas de soldados bem treinados
e bem armados, muito menos a uma companhia inteira deles. Esse foi o
restante da guarnição. Eles estavam ansiosos para terminar o trabalho e
voltar ao batalhão, a 35ª Infantaria, era uma daquelas coisas que Etain
achou mais tocante sobre esses troopers: eles não queriam fazer o que
chamavam de trabalho "confortável, — enquanto os seus irmãos estavam
lutando na linha de frente.
Conhecia a sensação muito bem.
Birhan e o resto dos agricultores pararam por alguns instantes, a alguns
metros da linha de troopers, depois se viraram e se afastaram na direção de
Imbraani, silenciosos e sombrios. Jinart observou-os como uma daquelas
estátuas de mármore preto no edifício Shir Bank em Coruscant.
Level inclinou a cabeça.
— Eu não acho que eles vão ficar quietos, madame. Pode ficar
desagradável.
— É mais fácil carregar droides de batalha do que civis. Se o fizer, nós
os desarmamos e os removemos corporalmente.
— Desarmar pode ser difícil.
Sim, era mais rápido e mais simples de matar. Etain não gostava do
pragmatismo amoral que sempre a dominava ultimamente. Como perdeu o
foco no tapete de neve à sua frente, pensou que as manchas negras que
começaram a aparecer em seu campo de visão eram os seus olhos fazendo
os truques de sempre, apenas células flutuando no fluido. Então eles
cresceram maiores. O cobertor branco se abaulou e, de repente, as formas
começaram a se formar, se mover, se transformando em uma dúzia de
criaturas negras brilhantes exatamente como Jinart.
Eles eram Gurlanins, provando que podiam estar em qualquer lugar, sem
serem detectados. Etain estremeceu. Eles correram atrás dos fazendeiros,
que pareciam não perceber até que alguém se virou e soltou um grito de
surpresa. Então toda a multidão se virou, em pânico como se estivesse
sendo perseguida. Os Gurlanins pareciam derreter na neve novamente,
achatando-se instantaneamente em piscinas negras reluzentes que pareciam
vazios e depois se fundiam perfeitamente com a paisagem branca. Eles
desapareceram de vista. Vários fazendeiros estavam segurando os seus
rifles, mirando aleatoriamente, mas não abriram fogo. Eles não tinham um
alvo.
Era uma ameaça clara. Vocês não podem nos ver, e nós vamos buscá-los
no final. Jinart havia mostrado o que aquilo significava quando se vingou de
uma família de informantes. Gurlanins eram predadores, inteligentes e
poderosos.
— Você não pode senti-los na Força, pode, senhora? — Levet sussurrou.
Um dos clones troopers parecia checar a ótica de seu rifle, claramente
irritado por ele não ter visto os Gurlanins com a ampla gama de sensores na
arma e no capacete. — Pelo menos estamos trabalhando com as mesmas
limitações para uma mudança.
— Não, eu não posso detectá-los, a menos que me deixem, — Certa vez,
Etain confundiu as criaturas telepáticas com usuários da Força, sentindo a
sua presença formigando em suas veias, mas podiam desaparecer
completamente em todos os sentidos quando escolhessem, silencioso,
invisível, sem perfil térmico, além do alcance do sonar... e a Força. Ainda a
alarmava "Espiões perfeitos."
Levet apontou para um dos troopers e o pelotão se espalhou para além da
cerca do perímetro.
— Sabotadores perfeitos.
O general Zey também pensava assim. O mesmo fez o Conselho de
Segurança do Senado. Os Gurlanins estavam em Coruscant, no coração da
máquina de inteligência da República, talvez em cem ou até mil lugares
onde não podiam ser vistos, e onde podiam causar imensos danos. Se a
República não honrasse o seu acordo com eles mais cedo ou mais tarde,
eles poderiam, e lançariam uma enorme chave hidráulica nas obras, e
ninguém os veria chegando.
— Eu sou nova nisso, — disse Etain. — Por que parecemos criar
inimigos pra nós mesmos? Recrutar espiões e depois aliená-los? Não é
como entregar o seu rifle a alguém e dar-lhe as costas?
— Acho que também sou novo nisso, — disse Levet. Eles voltaram para
o prédio da sede. Pobre homem: ele tinha visto apenas uma dúzia de anos
de vida, e tudo o que já conhecera era combate. — Fico longe da política.
Tudo o que posso fazer é lidar com o que acontece com a gente.
Etain teve que perguntar.
— Você realmente trocaria de lugar com um fazendeiro?
Levet encolheu os ombros. mas o seu gesto casual não enganou os seus
sentidos Jedi.
— A agricultura parece bastante desafiadora. Gosto dos espaços abertos,
— Eles costumavam dizer isso, esses homens foram gerados em
incubadoras de vidro.
O irmão de Dar, Fi, adorava negociar os estonteantes desfiladeiros de
edifícios em Coruscant; os Troopers Nulos CRA como Ordo não se
importavam com espaços confinados. Etain deixou Levet seguir em frente e
diminuiu a velocidade para se concentrar na criança dentro dela,
imaginando se ele também ficaria um pouco claustrofóbico.
Não é genético. É?
Mas ele vai morrer antes do tempo? Ele herdará o envelhecimento
acelerado de Dar?
Preocupou-se primeiro com Darman e depois por si mesma, mas as suas
ansiedades eram agora amplamente absorvidas pelo bebê e por todas as
coisas que ela não sabia. Kal Skirata estava certo. Não tinha pensado.
Estava tão empenhada em dar a Darman um filho que, guiada pela força ou
não, haviam muitas coisas que não havia considerado com cuidado o
suficiente.
Acelerar a gravidez é conveniente pra mim, mas e pra ele?
Não tinha mais escolha. Concordou em entregar o bebê ao Kal'buir,
Papai Kal. Ele deve ter sido um bom pai; os seus clones claramente o
adoravam, e ele os tratava como se fossem sua própria carne e sangue. O
filho dela, e tomava toda a sua força para não o nomear, ficaria bem com
ele. Ele tinha que ficar. A sua consciência da Força lhe disse que o seu filho
tocaria e moldaria muitas vidas.
Kal nem me deixa dar um nome pra ele.
Poderia fugir, mas sabia que Kal Skirata a encontraria onde quer que se
escondesse.
Eu quero tanto esse bebê. É apenas temporário. Quando a guerra
acabar, eu o recuperarei e... ele vai me conhecer?
Jinart passou por suas pernas, lembrando-a repentinamente do animal de
caça de Walon Vau, um strill meio selvagem chamado Lorde Mirdalan.
A Gurlanin olhou pra ela com olhos laranja vívidos
— O último dos agricultores sairá em alguns dias, garota, e depois disso,
você se concentra em produzir um bebê saudável. Nada mais.
Havia muito mais com o que se preocupar, mas Jinart estava certa, era o
suficiente para continuar. Etain voltou para a casa, estabeleceu-se em
meditação e não resistiu em alcançar a Força para tocar Darman.
Ele a sentiria. Sabia que sentiria.
Mygeeto, Orla Exterior, cofres do Banco Mercantil Dressian Kiolsh, 470 dias após
Geonosis

Walon Vau gostava de ironia, e não havia nada mais profundo do que
tomar como soldado a herança que o seu pai negara por querer se juntar ao
exército.
Na porta de metal do cofre, um armário com um conjunto de prateleiras
deslizantes, havia uma placa gravada que dizia:
VAU, CONDE DE GESL.

— Quando o velho chakaar morrer, serei eu, — disse Vau. — Em teoria,


pelo menos. Passará para o meu primo, — Ele olhou por cima do ombro,
embora os sensores em seu capacete Mandaloriano lhe dessem uma visão
abrangente.
— Eu não disse nada, Delta? Mexa-se.
Vau não estava acostumado a nada além de obediência instantânea de
seus esquadrões. Ele os tocara em Kamino, da maneira mais difícil quando
necessário. Skirata pensou que não se constrói soldados das forças especiais
com guloseimas e tapinhas na cabeça, mas só produz fracotes. Os
esquadrões de Vau tiveram as menores taxas de baixas, porque reforçou que
o animal sobreviverá em todos os homens. Estava orgulhoso disso.
— Você disse, — disse Chefe, — mas parece que precisa de uma mão.
De qualquer forma, você não é mais nosso sargento. Tecnicamente falando.
Sem desrespeito... Cidadão Vau.
Eu era duro com eles porque me importava. Porque eles tinham que ser
duros para sobreviver. Kal nunca entendeu isso, o tolo.
Vau ainda tinha dificuldade em respirar alguns dias, graças ao nariz
quebrado que Skirata lhe dera. O pequeno chakaar maluco não entendeu o
treinamento.
A próxima patrulha dos droides não viria por aqui por algumas horas. Os
droides de segurança passeavam constantemente pelo labirinto de
corredores nas profundezas do gelo Mygeetan, uma fortaleza bancária que
os Muuns alegavam que nunca poderia ser violada. Ainda fazia sentido sair
mais cedo ou mais tarde. E o Delta já deveria ter surtado; eles haviam
convocado ataques aéreos e sabotado as defesas terrestres, e os fuzileiros
navais de Bacara estavam entrando novamente. Eles haviam cumprido a sua
missão, e era tempo de extração.
— Eu deveria ter pensado mais em você, então, — disse Vau. Desdobrou
um lençol plastóide e amarrou os cantos. Sempre era uma má ideia não
planejar a situação mais extrema: tinha certeza de que só aceitaria o que era
o seu por direito, mas isso era bom demais para deixar passar. — Certo,
você e Scorch seguram isso entre vocês enquanto eu o preencho.
— Nós podemos esvaziar o...
— Eu roubo. Você não.
Era uma questão delicada, mas importava para Vau. Skirata pode ter
levantado um bando de hooligans, mas os esquadrões de Vau eram
disciplinados. Até Sev... Sev era psicótico e não possuía nem mesmo as
graças sociais mais básicas, mas não era um criminoso.
Quando Vau jogou a primeira caixa de aparência provável nos
contêineres improvisados, créditos e títulos em dinheiro, o que seria muito
bom, o cheiro de almíscar oleoso anunciou a chegada de seu strill, Lorde
Mirdalan. Fixer recuou para deixar o animal passar.
— Mird, eu disse para você esperar na saída, — disse Vau. Todos os
Strills eram inteligentes, mas Mird era especialmente inteligente. O animal
caminhou pela passagem estreita em silêncio aveludado e olhou pra cima
com expectativa, de alguma forma conseguindo não babar no chão pela
primeira vez. Fixou Vau com um olhar intenso e conhecedor de ouro,
impossibilitando qualquer raiva: quem não poderia amar um rosto assim?
Esse strill o apoiava desde a infância, e qualquer um que não visse o seu
espírito milagroso não tinha decência ou coração comuns. Diziam que os
Strills fediam, mas Vau não se importava. Um pouco de almíscar natural
nunca faz mal a ninguém. — Você quer ajudar, Mird'ika? Aqui, — Ele tirou
o lança-chamas do cinto. — Leve isso. Bom Mird!
O strill pegou o cano da arma em suas mandíbulas enormes e recostou-se
nas ancas. A baba correu para o guarda-mato e caiu no chão.
— Que gracinha, — Sev murmurou.
— E inteligente, — Vau fez um sinal para Mird vigiar a porta e deslizou
as gavetas do cofre de Vau de seus corredores. — Quem não gosta do meu
amigo Mird pode slana'pir.
— Sargento, é a coisa mais feia da galáxia, — disse Scorch. — E já
vimos muita coisa feia.
— Sim, você tem um espelho, — disse Sev.
— Feiura é uma ilusão, senhores, — Vau começou a classificar a sua
herança disputada. — Como beleza. Como cor. Tudo depende da luz, — A
primeira coisa que chamou a sua atenção no cofre da família foi a safira de
shoroni impecável de sua mãe, do tamanho de uma impressão digital
humana, colocada em um alfinete e ladeada por duas pedras menores. Em
alguns tipos de luz, eles eram de um azul cobalto vibrante, enquanto em
outros ficavam verde floresta. Bonito: mas florestas reais foram destruídas
para encontrá-los, e escravos morreram minerando-os. — A única realidade
é ação.
Sev grunhiu do fundo na garganta. Ele não gostava de perder tempo e
não era bom em esconder isso. O seu ícone da tela mostrava que ele estava
observando Mird cuidadosamente.
— Tudo o que você disser, sargento.
O cofre forte tinha um tesouro de coisas portáteis, facilmente ocultas e
não rastreáveis que poderiam ser convertidas em créditos em qualquer lugar
da galáxia. Vau tropeçou em apenas uma caixa de depósito cujo conteúdo
era inexplicavelmente inútil: um maço de cartas de amor amarradas com
fita verde. Ele leu a linha de abertura das três primeiras e os jogou de volta.
Fora essa caixa, o restante era o cinto de emergência de um homem rico, o
equivalente ao kit de sobrevivência do soldado de uma linha de pesca,
lâmina e uma dúzia de itens essenciais compactos para permanecer vivo por
trás das linhas inimigas.
A mochila de cem litros de Vau tinha espaço suficiente para alguns
extras. Tudo, pedras preciosas, maços de títulos flimsi, créditos em
dinheiro, moedas de metal, pequenas caixas de joias lacadas que ele não
parou para abrir, foram derrubadas sem a menor cerimônia. Delta ficou
parado, sem acostumar-se à ociosidade enquanto o cronômetro estava em
contagem regressiva.
— Eu te disse você me deixar aqui, — Vau ainda conseguia controlar a
voz da ameaça. — Não me desobedeça. Você sabe o que acontece.
Chefe pendurou virilmente no final da folha de plastóide, mas a sua voz
estava trêmula.
— Você não pode nos dar uma ordem, cidadão Vau.
Eles eram as melhores tropas das forças especiais da galáxia, e aqui
estava Vau, ainda incapaz de administrar o agradecimento ou o bem que
eles mereciam. Mas, por mais que quisesse, o coração sombrio e frio de seu
pai, o seu verdadeiro legado, sufocou todas as tentativas de expressá-lo.
Nada era bom o suficiente para o seu pai, especialmente ele. Talvez o velho
não tenha conseguido dizer isso, e quis dizer o tempo todo.
Não, ele não quis. Não dê desculpas pra ele. Mas os meus garotos me
conhecem. Eu não tenho que explicar isso pra eles.
— Eu devia atirar em você, — disse Vau. — Você está ficando
desleixado.
Vau verificou o cronômetro na placa do antebraço. A qualquer momento,
os fuzileiros navais galácticos de Bacara começariam a atacar a cidade de
Jygat com caça-glaciares. Ele tinha certeza de que sentiria isso como um
choque sísmico.
— Procurando por algo em particular? — Sev perguntou.
— Não. Só oportunismo aleatório, — Vau não precisava encobrir os seus
rastros: o seu pai não sabia nem se importava se estava vivo ou morto. A
sua decepção com um filho voltou, Papai. Você nem sabia que eu
desapareci para Kamino por dez anos, sabia? Não havia nada que o
hut'uun senil pudesse fazer a respeito. Vau era o mais capaz de dar um soco
incapacitante nos dias de hoje. — Apenas para balançar um soco
incapacitante nos dias de hoje, — Apenas uma cortina de fumaça. E faça
valer a pena a viagem. —
Ele sabia qual seria a próxima pergunta, se eles tivessem perguntado.
Eles nunca perguntavam o que sabiam que não precisavam ser informados.
O que ele faria com tudo isso?
Não podia contar a eles. Era demais, muito cedo. Entregaria tudo a um
homem que o mataria por um betall, exceto o que era dele por direito.
— Não estou planejando viver no exílio de luxo, — disse Vau.
Scorch passou por Mird e parou na porta, com DC pronto.
— Doando para o Tesouro, então?
— Será usado com responsabilidade.
A mochila de Vau agora estava recheada de sólido e pesado o suficiente
para fazê-lo estremecer quando a levantou sobre os ombros. Amarrou o
lençol plastóide em um embrulho, um embrulho no valor de milhões,
talvez, e o jogou no peito. Ele esperava que não caísse, ou nunca mais se
levantaria.
— Oya, — ele disse, apontando para as portas. — Vamos lá.
Mird se preparou visivelmente e depois disparou para o corredor. Sempre
respondia à palavra oya com entusiasmo selvagem e barulhento, porque isso
significava que eles estavam caçando, mas era inteligente o suficiente para
saber quando ficar em silêncio. Mirdala Mird: inteligente Mird. Era o nome
certo para o strill. A Delta avançou pelo corredor em direção aos dutos e à
sala de controle ambiental que impedia o banco subterrâneo de congelar,
seguindo o rastro de Mird, que, até Vau tinha que admitir, era marcado por
uma trilha de saliva. Strills gotejavam. Era parte de seu charme bizarro,
como voo, seis pernas e mandíbulas que podiam triturar ossos.
Sev derrapou em cuspe de strill.
— Fierfek...
— Podia ser pior, — disse Scorch. — Muito pior.
Vau seguiu pela retaguarda, o sensor panorâmico do capacete mostrando
a vista nas costas. Havia uma arte em avançar com essa imagem à sua frente
na tela, uma imagem que fazia os incautos tropeçarem. Como os homens
que treinara, Vau podia ver além das coisas desorientadoras que o visor
exibia.
Eles estavam a cinquenta metros dos respiradouros que os levariam de
volta à superfície, e Fixer esperava o snowspeeder quando a luz verde
aquosa piscou e Mird derrapou até parar, com as orelhas erguidas. Vau
julgava pela reação do animal, mas Sev confirmou os seus piores medos.
— Haste ultrassônica, — disse ele. — Não sei como, mas acho que
disparamos um alarme.
A voz de Fixer encheu os seus capacetes.
— A unidade está correndo. Estou trazendo o boneco de neve o mais
perto possível da abertura de ventilação.
Chefe se virou para encarar Vau e estendeu a mão para o pacote.
— Vamos, sargento.
— Eu posso gerenciar. Vão na frente.
— Você primeiro.
— Eu disse para irem, Três-Oito.
Sem apelidos: isso dizia ao Chefe que Vau queria dizer negócios. Sev e
Scorch correram pelo trecho final até as portas do compartimento os
separarem novamente. A voz da máquina de rotores e bombas inundou o
corredor silencioso. Todo mundo parou por uma fração de segundo. Eles
ouviram o barulho dos droides se aproximando e dos guardas orgânicos,
com o barulho aumentado pela acústica dos corredores. Vau estimou os
minutos e segundos. Não era bom.
— Levante-se seus shebse antes que eu vaporize todos vocês, — Vau
retrucou. Osik, eu os coloquei em perigo, tudo por esse passeio idiota, tudo
por uns míseros créditos. — Agora! — Ele empurrou Chefe com força pelas
costas, e os três comandos fizeram o que sempre faziam quando ele gritava
com eles e usava um pouco de força: obedeciam. — Desloquem-se, Delta.
A abertura era um poço vertical íngreme. A escada de serviço do lado foi
projetada para droides de manutenção, com pequenos apoios para os pés
embutidos e um trilho central. Chefe olhou pra cima, avaliando.
— Vamos trapacear, — ele disse, e disparou a sua linha de rapel pra
dentro do poço. O gancho bateu contra o metal, e ele puxou para verificar
se a linha estava segura. — Espere...
O eixo pode suportar apenas uma linha de cada vez. Chefe disparou pelo
poço com o seu guincho da talha, batendo as solas das botas contra a
parede, no que pareciam saltos dramáticos, até que ele desapareceu.
O guincho silenciou. Houve um momento de silêncio pontuado pelo
ruído das placas de armadura.
— Limpo, — a sua voz ecoou. Sev atirou na linha verticalmente; fez um
som de sopro como uma flecha em voo enquanto passava. O metal retiniu e
o cabo de fibra ficou apertado. — Linha segura, Sev.
Sev se levantou com uma técnica de derrapagem desajeitada. Scorch
esperou o claro e depois o seguiu. Vau foi deixado de pé no fundo do poço
com Mird, enfrentando uma longa subida. Mird podia voar, mas não em um
espaço tão confinado. Vau disparou a sua linha, não esperou em um espaço
tão confinado. Vau disparou a sua linha, esperou por um dos comandos para
protegê-la e, em seguida, anexou o pacote de objetos de valor a ela. Então
ele estendeu as mãos para Mird para tirar o lança-chamas da boca.
— Bom Mird, — ele sussurrou. — Agora, oya. Pronto, suba, Mird'ika.
— O strill poderia se agarrar à linha apenas pelas mandíbulas, se
necessário. Mas Mird apenas se queixou de dissidência e sentou-se com
toda a determinação aborrecida de uma criança humana. — Mird! Vai! Será
que nenhum shabuir me ouve? Vão!
Mird ficou parado. Ele nunca vai me deixar. Não até o dia em que
morrer. Vau desistiu e puxou a linha como um sinal para os comandos irem
embora. Não tinha tempo de discutir com um strill.
— Se eu não sair daqui em dois minutos, — disse ele, — leve todas
essas coisas para o capitão Ordo. Entendido?
Houve um breve silêncio no comunicador do capacete de Vau.
— Entendido, — disse Chefe.
Os próximos momentos pareciam se estender para sempre. O ruído
estridente dos guardas droides que se aproximavam ficou mais alto. Mird
retumbou ameaçadoramente e olhou para as portas, apoiado nas ancas como
se fosse saltar no primeiro droide a aparecer.
Defenderia Vau até o fim. Sempre defendeu.
Eventualmente, o comprimento da fibra fina serpenteava de volta pelo
poço e batia no chão. Chefe parecia um pouco sem fôlego.
— Você vem, sargento.
Vau recolocou a corda no cinto e pegou Mird nos dois braços, esperando
que o guincho suportasse o peso extra. Quando se levantou, afastando-se da
parede do poço, a máquina gemeu e cuspiu. Ele podia ver a maquinaria
cinza fria gemer e cuspir. Ele podia ver a luz cinza fria acima dele e um
capacete não muito diferente do seu visor em forma de T Mandaloriano,
olhando pra ele, destacado em um brilho azul misterioso.
Agora podia ouvir o pulsar do propulsor do snowspeeder, Fixer estava
logo acima deles. Quando Vau apertou os ombros pelo topo da abertura,
Mird saltou para longe. Scorch e Sev caíram na neve dura com os seus DC-
17 presos em algo que Van ainda não conseguia ver. Quando se levantou,
um projétil passou por sua cabeça e ele se viu no meio de um tiroteio. Um
vento feroz rugia em seu microfone.
Vau fechou a grade do respiradouro e a chamuscou com o seu blaster
Merr-Sonn personalizado, soldando o metal firmemente ao revestimento.
Então ele jogou uma pequena granada de prótons no poço através de uma
fenda. A neve tremia com a explosão abaixo. Ninguém ia aparecer atrás
deles.
Mas todo mundo e o seu animal de estimação também sabiam que o
banco de Dressian Kiolsh tinha invasores, troopers da República.
Um buum distante seguido pelo som de whop-whop-whop da artilharia
quase abafou o fogo dos blasters e do vento uivante. Os fuzileiros navais
galácticos chegaram na hora certa.
— Certo, Bacara começou, — disse Scorch. — Foi gentil da parte dele
encenar uma diversão.
A paisagem incansavelmente branca de Mygeeto não dava ideia de que
abrigava cidades nas profundezas. Apenas algumas eram visíveis na
superfície. A neve acumulada de eras era perfurada por montanhas
irregulares que formavam cânions de vidro como esculturas de gelo
extravagantes. Uma patrulha de superfície, seis droides com pés parecidos
com raquetes de neve, dez orgânicos que provavelmente eram Muuns sob o
clima frio, os cortaram do snowspeeder a poucos metros de distância.
Círculos dispararam do snowspeeder, a poucos metros de distância.
Círculos dispararam e saíram da fuselagem da nave; Fixer, ajoelhado ao
lado, devolveu um granizo de fogo azul do DC que mantinha a patrulha de
segurança imobilizada.
Se esse snowie for danificado, nunca sairemos dessa rocha.
Vau verificou a sua visão panorâmica. Mird estava perto ao seu lado,
pressionando contra ele. Podia ver apenas a patrulha; nada mais aparecia
em seus sensores. Isso não significava que não havia mais se aproximando
deles, no entanto.
O grande monte de pilhagem estava na neve onde Delta a derrubara.
Naquele momento, era simplesmente uma capa conveniente, Vau rastejou
por trás de sua bolsa de areia de vários milhões de dólares e mirou. O som
dos bdapp-bdapp-bdapp dos blasters e a respiração irregular encheram o
seu capacete, o dele, o do Delta, mas não houve conversa. O Esquadrão
Delta trocou poucas palavras durante os compromissos recentemente. Eles
nasceram juntos, cresceram juntos e chegaram tão perto de conhecer os
pensamentos um do outro quanto qualquer humano normal. Agora eles
estavam deitando fogo exatamente como ele os treinara enquanto Fixer
defendia a nave de fuga, tudo sem dizer uma palavra.
Como os Muuns explicariam uma luta Mandaloriana com as forças da
República Vau não tinha certeza, mas todos sabiam que Mandos lutaria por
alguém pelo preço certo.
Scorch prendeu um transporte de granadas em seu DC.
— Não é bom, — disse ele. — Mais droides.
Vau agora viu o que Scorch podia. A sua tela pegou formas movendo-se
em formação rígida, quase invisível ao infravermelho, mas definitivamente
aparecendo no espectro eletromagnético. Então os viu rodeando um
afloramento de cristal brilhante, fazendo coisas ridículas com focinhos
compridos, um pelotão deles. Scorch disparou a granada, batendo na
primeira fila de quatro. Uma erupção de neve e fragmentos de metal se
espalhou no ar e foi levada pelo vento. O posto atrás foi capturado pelos
estilhaços de seus camaradas; e dois tombaram, decapitados por pedaços de
metal retorcidos.
Mas o resto continuou chegando. Vau verificou a topografia em sua tela.
Eles estavam se aproximando de um barranco de gelo quase em frente ao
local da primeira patrulha, prestes a atravessar o caminho entre Fixer e o
resto deles, e isso significava que o único caminho para o speeder agora era
correr por entre o inimigo.
Sev e Chefe começaram a trabalhar em direção ao snowspeeder próximo,
parando para disparar granadas no alto das pedras de gelo e depois subindo
mais alguns metros enquanto os droides paravam e os Muuns se abrigavam.
Tiros assobiaram ao redor dos comandos enquanto os projéteis raspavam a
tinta das placas e atingiam a neve, vaporizando-a. Um tiro raspou do
capacete de Vau com um chiado audível. Ele sentiu o impacto como um
tapa na cabeça.
Tudo o que ele sentiu naquele momento foi... tolice: sem medo, sem
medo de sua vida, apenas estúpido, estúpido por errar. Era pior que terror
físico. Ele exagerou a sua mão. Ele colocou Delta neste local. Ele tinha que
tirá-los.
— Você é notável nessa armadura negra, sargento, — disse Scorch
gentilmente. — É pior do que ter Ômega ao lado. O que você me diz de sair
daqui e me deixar lidar com isso?
Se alguém iria fazer alguma participação, era Vau.
— Vontade de um velho, — Ele procurou no cinto uma granada PEM. —
Eu paro os droides, você tira os Molhados, — Molhados. Orgânicos. Ele
estava falando como Ômega agora. — Então todos nós corremos.
Combinado?
Scorch girou o lançador de granadas para um lado e mudou o seu DC
para automático, forçando os guardas Muun a se dispersarem. Dois caíram
atrás de um afloramento congelado. Ele atirou de novo, quebrando o gelo,
que acabou sendo uma rocha frágil e cristalina que lançou estilhaços
voando como flechas. Houve um grito de agonia que se transformou em um
grito ofegante. Ecoou nas paredes do cânion.
Ele resmungou, aparentemente satisfeito.
— Parece que faltam nove úmidos em jogo.
— Oito, se alguém está cuidando dele, — disse Vau.
— Os Muuns não são tão bons.
— Fixer, você está bem? — Vau esperou por uma resposta. O mundo
ficou subitamente silencioso, exceto por aquele Muun que gritava. Os
droides pareciam se reagrupar atrás de um pedaço de dez metros de gelo
cinza escuro. — Fixer?
— Tudo bem, sargento.
— Certo, aqui vai.
Vau disparou. Essa granada PEM tinha energia explosiva suficiente para
causar uma bagunça em uma pequena sala, mas o seu pulso era o que
realmente causava o dano em uma área muito maior. Fritava circuitos
droides. A pequena explosão ecoou e espalhou pedaços de gelo, e então
houve um longo silêncio pontuado apenas pelo martelar distante do canhão
enquanto os fuzileiros navais galácticos abriam caminho em Jygat.
Vau voltou a se concentrar na imagem EM em sua tela. Arrastou-se até o
embrulho, arrastando-o para a tampa e amarrando-o de volta ao peito. Era
demais para carregar, e ele não conseguia se mover adequadamente.
Ajoelhou-se de quatro como se não pudesse se mover adequadamente.
Ajoelhou-se de quatro como uma mulher muito grávida tentando se
levantar. — Eu não vejo movimento.
— Está tudo bem, sargento, eles estão feridos.
— Certo, apenas os lenços para terminar, então, — Ele voltou ao
infravermelho. Os guardas Muun apareceriam como faróis. — Eu vou
esquentá-los enquanto você faz um movimento.
Vau puxou o lança-chamas, ajoelhou-se e abriu a válvula. Mird inclinou
a cabeça, com os olhos fixos na arma.
— Onde você conseguiu isso, sargento? — Scorch perguntou.
— Emprestado de um trooper flame.
— Ele sabe?
— Ele não vai se importar.
— Essa coisa pode derreter droides.
— Eu estava economizando combustível para um local apertado, —
Ainda não havia movimento; Vau calculou que a patrulha ainda estava no
cânion, talvez procurando uma maneira de contornar atrás deles. O Muun
que havia sido ferido agora estava silencioso, inconsciente ou morto. —
Assim. Eu deveria ter um minuto de combustível, então quando eu começar
a correr. Você também, Mird, — Apontou Mird em direção ao speeder e
apontou para o lança-chamas. — Vai, Mird. Siga Chefe.
Foi apenas um caso de uma corrida às cegas. Eu não sou tão rápido
quanto costumava ser. E eu estou carregando muita coisa. Mas uma parede
de chamas era um instrumento contundente e aterrorizante contra quase
qualquer forma de vida. Vau levantou-se e acendeu a chama.
O jato estridente cuspiu à sua frente quando chegou ao nível do pequeno
passo onde a patrulha Muun estava escondida; então a folha de chamas
cegou-os para o que estava além dela. Apenas ouviu os gritos e viu o flash
nos ícones em sua tela enquanto o Esquadrão Delta corria em busca do
snowspeeder. Vau recuou, contando os segundos restantes de seu
suprimento de combustível, pronto para trocar para o blaster quando
acabasse.
Ninguém esperava um lança-chamas em uma patrulha no gelo. Surpresa
era metade da batalha.
Vau virou-se e correu, ofegando. Não era uma má rotação de velocidade
para a sua idade, nem um pouco ruim no gelo e tão carregado, e havia Mird
à sua frente, tendo ouvido pela primeira vez, e o speeder estava chegando...
E o gelo se abriu embaixo dele.
Levou um momento para perceber que estava caindo em um túnel
inclinado e não apenas afundando na neve macia e inesperada. Fixer
chamou, mas mesmo com o som que enchia o capacete de Vau, ele não
entendeu o que foi dito. As duas bolsas do saque o derrubaram.
— Afastem-se! — Vau gritou, embora não precisasse com um
comunicador de capacete. — Isso é uma ordem...
— Sargento, não podemos.
— Calem a boca. Vão. Se vocês voltarem por mim, se alguém voltar, eu
atiro em vocês à primeira vista.
— Sargento! Nós poderíamos...
— Eu os criei para sobreviver. Não me humilhe ficando mole.
Não acredito que eu disse isso.
Delta não discutiu novamente. Vau estava na penumbra agora, com a sua
tela rolando com os ícones da visão da Delta sobre o campo de gelo
embaixo do speeder enquanto ele se afastava.
— ... comitiva ... — disse uma voz em seu capacete, mas ele perdeu o
resto da frase, e a conexão se transformou em estática pura.
A última coisa que direi a eles é: calem a boca. Saída nobre. Vau...
O perigo mortal era uma coisa engraçada. Ele tinha certeza de que iria
morrer, mas não estava aterrorizado nem preocupado com mais patrulhas.
Estava mais preocupado com o que ele havia caído: uma vaga lembrança
voltou. Enquanto ele descia mais alguns metros, tentando impedir a queda
com os calcanhares mais por instinto do que por intenção, prevalecia uma
sensação de curiosidade: era assim que era realmente morrer. Então ele se
lembrou.
O gelo de Mygeeto era alvejado por túneis, túneis feitos por minhocas
carnívoras gigantes. Ele parou com um baque no que parecia uma borda.
— Osik, — ele disse. Bem, se não estivesse morto, logo estaria. —
Mird? Mird! Onde você está, verd'ika?
Não houve resposta, a não ser o triturar e gemer do gelo que se
deslocava. Mas ele ainda tinha o produto do roubo preso a ele, tanto o seu
objetivo quanto o seu destino.
Vau ainda não planejava morrer. Agora era rico demais para deixar a
vida de lado.
CAPÍTULO 2
Os indivíduos clones no estudo mostraram uma variação mais acentuada na idade biológica
e mutação genética do que a observada em gêmeos zigóticos de ocorrência natural. No grupo
de 100 em gêmeos zigóticos que ocorrem naturalmente. No grupo de 100 homens clonados com
24 anos de idade cronológica e que poderia razoavelmente apresentar-se como o equivalente a
um humano não clonado de 48 anos, os principais biomarcadores mostraram um intervalo de
34 a 65 anos com uma mediana de 53 anos. Mais pesquisas são necessárias, mas a exposição a
contaminantes do campo de batalha e altos níveis de estresse sustentado parecem acelerar a
mutação genética normal em homens já projetados para envelhecer com o dobro da taxa
normal. Quando os clones de Kamino atingem o equivalente aos 40 anos, essas mutações são
muito aparentes e, como zigóticos naturais, elas se separam.
— Dr. Bura Veujarij, Instituto Imperial de Medicina das Forças Armadas, — Envelhecimento
e degeneração de tecidos em tropas Kaminoanas clonadas, — Análise Médica Imperial 1675

Bloco de Administração da República, Distrito do Senado, Coruscant, 470 dias após


Geonosis

— O sportas
tiras não podem movê-los? — disse o guarda de segurança nas
principais dos escritórios do Tesouro da República. Ele
olhou para a agente do Tesouro Besany Wennen, algo que muitos homens
não conseguiam, com uma expressão no rosto que dizia sentir os
manifestantes bagunçando o seu belo pátio arrumado. — Quero dizer, eles
são simpatizantes dos Separatistas, não são? E os tiras estão lá, sem fazer
nada.
Besany não sentira falta dos manifestantes. De fato, se interessara por
eles, mas de maneira discreta, porque a guerra com os Separatistas se
tornara intensamente pessoal para ela. Estes eram Krantianos expatriados,
protestando contra as pancadas que o seu planeta neutro havia sofrido em
uma batalha recente.
Eles haviam assumido uma posição oposta ao que viam como um dos
centros do esforço de guerra, o prédio da administração do Departamento
de Defesa, onde pareciam achar que poderiam ter algum impacto. Vários
escritórios do governo cercaram o cruzamento de pedestres. Os
funcionários do escritório apareceram nas janelas para vigiar por um tempo,
depois voltaram para as suas mesas porque não era a guerra deles, ainda
não. Eles tinham um exército para protegê-los.
— Eles são neutros, na verdade, — disse Besany. — Então, como eles
protestariam contra os separatistas?
O guarda olhou pra ela, visivelmente intrigado. Holotelas pontilhavam a
parede atrás dele, dando-lhe uma visão de todos os andares e corredores do
edifício.
— O que você quer dizer?
— Eles estão aqui porque podem estar. Para onde eles iriam se
quisessem fazer lobby com a CEI?
A pergunta parecia ter surpreendido o guarda. Ele encolheu os ombros.
— Quer que eu a veja em segurança, madame?
— Eu não acho que eles sejam uma ameaça, mas obrigada, — Besany se
perguntou como iria passar a noite, mas sabia o que a ocuparia: se
preocupar com um capitão dos CRA Nulos chamado Ordo, um homem com
quem ela estava com muito medo de entrar em contato, porque não fazia
ideia se ele estava em uma missão a qualquer momento e se uma mensagem
em seu comunicador comprometeria a sua segurança. — Eu vou arriscar.
Entrou no clima temperado e controlado de Coruscant, no ar do começo
da noite, e deu ao pequeno protesto uma ampla distância. Dois oficiais da
FSC, de uniforme azul escuro, estavam assistindo o protesto de uma porta;
Alguém a reconheceu com um aceno de cabeça. Não conseguiu reconhecê-
lo porque o capacete branco obscurecia muito o rosto dele, mas teve contato
ocasional com a Força de Segurança de Coruscant durante as investigações,
e obviamente achou fácil reconhecê-la. Assentiu com a cabeça e apertou a
bolsa com mais firmeza sob um braço.
A vida continuava em Coruscant, apesar da guerra. O protesto aqui era
uma pequena pedra em um rio de normalidade, e a corrente de
trabalhadores de escritório e compradores se separava no local e se fundia
novamente rio abaixo como se nada tivesse interrompido sua rotina. Besany
imaginou se eles fluiriam ao seu redor da mesma maneira alheia; ela era
outro afloramento isolado da guerra. Oitenta e três dias atrás, era uma
oficial de auditoria, e os detalhes exatos eram o seu trabalho, um general
Jedi atirara nela com um disparo não-letal, e havia mergulhado em uma
pequena comunidade unida de troopers das forças especiais. Era uma janela
para um mundo de guerra sem regras, heroísmo anônimo e um carinho
extraordinário e totalmente inesperado.
E esse era o segredo dela. Nem o Tesouro sabia disso.
Tinha feito coisas que os seus Chefes do Tesouro não teriam aceitado.
Como dar códigos de dados críticos, a segurança do Tesouro substitui um
sargento de comando; como falsificar os seus relatórios para cobrir o fato de
que ela deixara forças especiais entrarem em a sua investigação.
É tarde demais para se preocupar com isso agora.
Besany ficou preocupada de qualquer maneira. Caminhou rapidamente,
ansiosa para chegar em casa e fechar as portas do apartamento atrás dela,
outro dia em que não fora presa e poderia verificar o calendário.
Não é como eu afinal. Tornando uma operação arriscada em confiança.
Nem estava ciente de alguém andando atrás dela. Mas uma mão tocou o
seu ombro, e ofegou. A culpa a fez girar para descobrir que estava olhando
para o visor reflexivo de um dos policiais da FSC.
O seu estômago revirou. Oh não, não, não...
— Agente Wennen, — disse ele. O sotaque era familiar. — Há quanto
tempo.
Mas não o conhecia, tinha certeza.
— Você tem a vantagem, oficial, — Os homens a afetavam muito menos
do que a maioria das pessoas imaginava. Sabia que estava impressionada,
mas também sabia que era uma perspectiva assustadora por causa disso. Até
Ordo, extremamente confiante, sem medo, a tratava com cautela. A sua boa
aparência era uma maldição na maioria das vezes. — O que posso fazer por
você?
O tira estava com os punhos nos quadris. Ele não parecia que iria sacar a
arma.
— Bem, eu sei que não sou tão inesquecível quanto o meu irmão, mas
pensei que você pelo menos diria: Oi, Mereel, como estão as coisas?
— Oh. Oh — Mereel: um dos cinco irmãos Nulos CRA de Ordo, tenente
Mereel. O intestino de Besany balançou de uma maneira diferente, e não se
incomodou em esconder o seu alívio. — Sinto muito, Mereel. Estava fora
de contexto...
— Então você não me reconheceu com as minhas roupas, então? —
Alguns transeuntes se viraram para encarar. Ele riu para si mesmo. —
Quero dizer, a armadura. Faz um cara parecer diferente. De qualquer forma,
que tipo de operador secreto eu seria se fosse tão fácil de identificar? Vamos
lá, não posso ficar aqui com olhares esquisitos a noite toda. Ande por este
caminho e eu farei valer a pena
— Certo — E lá estava ela de novo, apenas largando tudo e vagando
para fazer a licitação de uma unidade de operações especiais. Não era assim
que a equipe de investigação do Tesouro funcionava. Ela tinha regras. —
Posso perguntar...
— Ordo está bem e envia os seus melhores desejos. Ele está fazendo um
pequeno trabalho com Kal'buir no momento, — Mereel poderia ser um
clone, mas era tão individual quanto qualquer homem. Ele não andava
como Ordo, e não falava como ele. — Vou tentar ensinar-lhe alguns
traquejos sociais quando ele voltar. Ele não faz ideia de como tratar uma
dama.
Besany caminhou ao lado dele, trabalhando com base em que parecer
que isso era rotina era a melhor maneira de evitar atrair atenção.
— Eu só quero saber que ele está seguro
— Somos troopers. Nunca estamos seguros.
— Mereel...
— Olhe deste modo, — Dirigiu-se para um speeder de patrulha da FSC
na plataforma de pouso público com vista para a pista do céu. — O outro
lado está em muito mais perigo do que nós.
Besany deslizou no banco do passageiro e não perguntou como ele havia
adquirido o speeder e o uniforme. FSC gostava dos Clones de operações
especiais. O Chefe antiterrorista, Jailer Obrim, era muito amigo do sargento
Skirata, Kal'buir... Papai Kal. Favores foram feitos e perguntas não foram
feitas. Besany invejava essa maravilhosa proximidade conspiratória.
Kal'buir parecia se safar de assassinato.
— Você tem permissão para me dizer como estão todos? — ela
perguntou.
— Você realmente se preocupa conosco, não é? — Mereel dirigiu o
speeder em direção ao seu bloco de apartamentos. Não se lembrava de lhe
contar onde morava. — Certo, Ômega foi enviado para a Orla Exterior,
onde alguém precisa de ajuda com a mudança de regime. A Delta está
ajudando a colocar os fuzileiros navais. Eu esqueci de alguém?
Besany sentiu uma pontada de culpa. Ela tinha que perguntar sobre o
primeiro clone que ela já conhecera, o soldado paciente de descarte de
bombas que acabou com um trabalho temporário depois de perder ambas as
mãos.
— Como está o oficial Corr lidando com a vida como um comando?
— Oh, ele está bem. Ele está aprendendo alguns truques picantes com o
meu irmão Kom'rk. Bom homem, Corr.
— E os dois oficiais Jedi?
— Etain está evacuando os colonos de Qiilura e o Bard'ika... desculpe, o
general Jusik deve voltar esta semana, — Haviam enormes lacunas na
explicação de Mereel: lugares e horários desapareceram. Ele pareceu editar
os detalhes sensíveis sem problemas enquanto avançava. — Quer saber
sobre Vau? Ele está com o Delta. Ninguém está morto. Confusos, cansados,
solitários, entediados, famintos, assustados, sem graça, até se divertindo,
mas não mortos. O que é uma vantagem, — O speeder subiu e disparou
entre as skylanes para se virar na frente do prédio. Sim, Mereel
definitivamente sabia exatamente onde ela morava: ele pousou o speeder na
plataforma certa, na varanda dela, e abriu as escotilhas. — Então, você
ainda vai nos dar alguns favores? Sem os seus Chefes descobrem?
Mereel foi a linha de frente de uma guerra que a maioria dos Coruscanti
nunca viu e não estava lutando. Besany perguntou a si mesma, como fizera
na primeira noite, se as suas regras pequenas e importantes importavam
mais do que a vida de um homem. Mereel tirou o capacete e ficou olhando
pra ela com expectativa, Ordo, e ainda não Ordo, e Corr também. A
existência de Corr, não tinha outra palavra para isso, e resumia tantos
aspectos da vida de um clone, a havia acabado, deixando-a chateada, da
vida de um clone, a havia acabado, deixado-a chateada, zangada, traída e,
sim, culpada. O seu governo poderia tê-la decepcionado como cidadã e
funcionária, mas havia traído totalmente esse exército de escravos.
Estou deixando a emoção atrapalhar. Mas a emoção não é a maneira
como podemos dizer o que é realmente certo e errado?
— Vamos conversar, — disse ela.
Mereel andou pelo apartamento com uma verificação de comunicação,
procurando dispositivos de vigilância.
— Todo o cuidado é pouco. Mas então você sabe tudo sobre este jogo,
sendo um fantasma do Tesouro.
— Você ficaria surpreso com a seriedade com que as pessoas tentam
evitar a regulamentação financeira.
— Eu gostaria, — Ele hesitou ao lado do sofá dela, como se pudesse se
sentar, mas ficou em pé como se lembrasse de que não podia entrar nos
móveis. Ele a olhou. — E você ainda não está armada. Você precisa fazer
algo sobre isso.
— Bem...
— Pergunta simples. Você está disposta a fazer alguma investigação pra
nós?
— Que tipo de investigação?
— Despesas de defesa e previsões de orçamento.
Não poderia ser assim tão simples.
— Esses são documentos públicos de qualquer maneira.
— Não acho que todos os detalhes que eu preciso estejam neles.
— Ah.
— É uma coisa muito sensível. Pode envolver o escritório do Chanceler.
Besany sentiu o seu couro cabeludo apertar quando a adrenalina inundou
a sua corrente sanguínea. Também não sentia que poderia se sentar, agora
não.
— Você pode restringir o que eu poderia estar procurando? Fraude de
compras? Subornos?
— Você pode achar isso, — disse Mereel, — mas estou mais interessado
em transações envolvendo Kaminoanos e nas programações de pagamento.
Besany não podia imaginar nada que aparecesse, exceto fraude, ou talvez
a República estivesse armando alguém que alegou que não estava. A
investigadora nela lhe disse para fazer mais perguntas, mas o funcionário
público perguntou se realmente precisava ou queria saber mais dessa vez.
— Eu posso detalhar as transferências de crédito individuais, — disse ela
finalmente. — O que pode lhe dar tanta informação que não leva a lugar
algum.
— Não se preocupe. Eu sou bom em agrupamento.
Respirou fundo. Estava nisso até o pescoço agora. Mais alguns
centímetros não fariam muita diferença.
— Por que você está confiando em mim nisso?
— Bem, para começar, eu sei onde você mora, — Mereel sorriu com
humor genuíno, mas ela também viu o quão rápido e educado Ordo poderia
se tornar um assassino sem pensar duas vezes. — E não tomamos
prisioneiros. Mas as nossas vidas podem depender dessa informação, que é
o que realmente faz a diferença para você. Não é?
Era uma escolha ética entre regras ou vidas, e as regras nem sempre se
traduziam no que era certo.
— Você sabe que sim.
— Então estaríamos especialmente interessados em qualquer evidência
de pagamentos planejados a Kaminoanos para mais clones além, digamos,
do final do próximo ano fiscal. Ou não.
Besany imaginou que esse era o momento em que ela deveria ter
decidido que não precisava saber mais.
— Tudo bem. O que você não está me dizendo?
Mereel deu de ombros.
— Que eu corri um grande risco de obter as informações que me levaram
a pedir mais informações.
— Qual é a visão do Kal sobre isso? — Ela nem precisou perguntar se
Kal Skirata sabia. Os Nulos não pareciam respirar sem perguntar a ele
primeiro. A lealdade deles era com ele, não com a República; mas, embora
pudesse entender o poder de seu carisma agressivo, não tinha certeza se era
uma boa ideia. — E o que acontece se eu for pega?
— Um, ele confia em você, — disse Mereel, inexpressivo. — Dois? Eles
provavelmente vão atirar em você.
Ele não estava brincando agora. Sabia disso.
— Tudo bem, — ela disse. — Vou começar de manhã. Como entro em
contato com você?
— Comunicador. — Ele estendeu a mão e ela soltou o comunicador na
palma da mão dela. Então ele abriu a maleta, franziu a testa para o interior
do aparelho e pegou um minúsculo kit de ferramentas que parecia um
brinquedo na palma da mão. — Depois que eu garantir isso... céus, oh
céus... senhora, me diga que você não pediu para Ordo por isso.
— Não, eu não pedi, — Ela se sentiu inútil e ingênua. — Eu pensei que
isso poderia comprometer a segurança dele.
Mereel olhou pra cima por um momento, com as sobrancelhas erguidas.
— Certo Mereel olhou pra cima por um momento, com as sobrancelhas
levantadas, — Resposta certa. É por isso que confiamos em você. — Ele
cutucou o comunicador por um tempo e depois fechou o gabinete
novamente, — Totalmente seguro agora, pelo menos uma vez que você usar
o prefixo que eu vou lhe dar. Você pode até ligar para Ordo
— Ele pode estar desativando uma bomba ou algo assim quando eu ligar,
— Besany sempre pensava nas coisas em uma sequência meticulosa, o que
a deixava ainda mais horrorizada ao ver com que facilidade ela dava esse
perigoso salto de fé. — Vou esperar que ele me ligue, obrigado.
— Viu? Kal'buir disse que você fazia as coisas certas.
— Senso comum.
— Tem uma irmã?
— Não.
— Pena, — Ele recolocou o capacete e de repente se tornou apenas mais
um policial da Cidade Galáctica. — Enfim, tenho que ir. Alguma
mensagem para o Ordo?
Deveria ter pensado na frente. Stang. O que posso dizer? Ela e Ordo não
eram exatamente um modelo romântico. Eles tinham acabado de tomar uma
bebida no bar da FSC e depois uma série de conversas embaraçosas e
constrangedoras quando tudo estava implícito e não havia muito o que
dizer. Mas o vínculo era forte, e o dever dela era fazer a coisa certa pelos
irmãos dele.
— Diga a ele que sinto a sua falta. Pergunte a ele qual é a sua refeição
favorita e diga que eu vou cozinhar pra ele quando voltar.
— É salsicha roba com molho, e ele é exigente com o óleo de pimenta.
— Espere, — Besany olhou em volta procurando algo para enviá-lo, mas
não havia nada no apartamento de uma mulher que pudesse ser útil ou
divertido para um soldado. Havia comida, no entanto. Os clones estavam
sempre com fome, todos eles. Remexeu no conservador e pegou um bolo
cheffa tamanho família cujo topo era polvilhado com nozes cristalizadas,
algo que mantinha para o caso de convidados inesperados aparecerem, mas
nunca o fizeram. — Você tem espaço para algo pequeno?
— Quão pequeno?
Não era nada, se não exata.
— Certo, diâmetro de vinte e cinco centímetro.
— Vou avisá-lo para não engolir tudo, — Mereel enfiou o recipiente
debaixo de um braço, depois enfiou a mão dentro da jaqueta. Ele retirou um
pequeno blaster. — Kal'buir insistiu que eu fizesse você carregar isso.
Cuidado, senhora.
Besany pegou, entorpecida, enquanto uma voz no fundo de sua mente
perguntava se havia perdido os sentidos. Ele saiu para a plataforma e,
alguns instantes depois, o oficial saltou pelo céu noturno, desaparecendo em
um borrão de luzes traseiras.
Trancou as portas da sacada e fechou as persianas, a pistola ainda estava
na mão. Ela se sentiu observada. Não havia outra palavra para isso. Mas
essa era sua consciência irritante. Quando ela olhou para os dedos enrolados
em torno da arma, parecia a mão de outra pessoa, e nada a ver com ela.
Então ele acha que talvez eu preciso usar isso.
Melhor descobrir como vou cobrir os meus rastros.
Era uma auditora forense. Sabia como descobrir os rastros ocultos de
outras pessoas, todos os lugares em que escondiam dados, salgavam
créditos ou lançavam fumaça pela trilha de auditoria. Era apenas uma
questão de reverter o processo para cobrir os seus.
A única complicação era que a trilha poderia levar ao mais alto nível de
governo.
Nunca esteve tão assustada, e sozinha, em sua vida.
Só podia começar a imaginar o que Ordo e o resto das forças de
comando enfrentavam diariamente.
Calna Muun, Agamar, Orla Externa, 471 dias após Geonosis

— Então, Mando, você gosta dela?


Uma bolha de transparaço levemente curvada balançava na superfície da
água, parecendo um daqueles pequenos submersíveis transparentes que
mostravam aos turistas as maravilhas do fundo do oceano de Bil Da'Gari.
Mas, em seguida, levantou-se lentamente, revelando algo muito, muito
maior e não muito voltado para o lazer.
O sargento Kal Skirata observou a água escorrer do casco em ascensão e
se perguntou se havia perdido sua mirshe, vindo até aqui para comprar um
submersível. O preço era mais do que o previsto. Mas se caçava
Kaminoanos, precisava de capacidade aquática, por mais que isso custasse.
E estava caçando uma ardilosa: a cientista chefe Ko Sai.
— Não é do seu gosto? — perguntou o comerciante Rodiano.
Skirata grunhiu por trás da máscara impenetrável de seu capacete
dourado. A coisa prática de ser um Mandaloriano fazendo negócios era que
você não precisava manter uma cara séria, e apenas os terminalmente
estúpidos tentavam enganar você. Eles só tentavam uma vez também.
— Tudo bem, eu suponho
— É uma fera, — disse o Rodiano, pulando no cais como um acrobata
demente. Rodianos sempre achavam que Skirata parecia inofensivo,
totalmente em desacordo com a sua verdadeira natureza, e foi por isso que
tinha uma lâmina extra pronta na manga, apenas no caso de precisar. —
Todos únicos e artesanais, os melhores de Mon Cal. Não será preciso muito
trabalho para tornar isso um...
— É um cargueiro. Eu pedi um caça.
— Eu posso jogar alguns canhões extras.
— Quanto tempo isso vai levar?
— Isso é para o esforço de guerra?
Skirata podia ver o Rodiano subindo mentalmente o preço, na
expectativa de que o projeto fosse cumprido por um governo ou outro.
Lucros e guerra andavam de mãos dadas.
— Não, — disse Skirata. — Eu sou pacifista.
O Rodiano olhou o rifle personalizado Verpine pendurado no ombro.
— Você é um Mandaloriano...
Skirata deixou a sua faca de três lados cair da placa do antebraço direito,
apontar primeiro e pegou o punho na mão.
— Você começaria uma briga comigo?
— Não...
— Viu? Eu sou uma força pela paz, — Ele girou a faca e deslizou-a de
volta para a bainha montada acima do pulso. — Qual é o alcance máximo
dela, então?
— Profundidade, um quilômetro. Na atmosfera velocidade de mil
cliques, — O cargueiro estava acima da linha d'água agora, quarenta e cinco
metros de curvas suaves de verde escuro com quatro coberturas
hemisféricas salientes acima da popa como um espanador de juntas. Era
uma nave Mon Calamari classe Profundidade. — Noventa toneladas de
carga, oito tripulantes. Tem um canhão defensivo decente. Hiperdrive é...
O Rodiano parou e olhou para um lado de Skirata. Ordo veio andando
pelo cais e parou ao lado do cargueiro, com o polegar esquerdo preso no
cinto. Exceto por sua marcha, sempre o capitão trooper CRA, com as costas
ligeiramente arqueadas, como se ele tivesse as duas pistolas da GER,
coldre, ele era apenas mais um Mando em armadura marcada por batalhas.
O Rodiano ficou inquieto quando Ordo inspecionou os mancais à distância
e depois saltou com um baque oco do cais para o casco.
— Eu não gosto da cor, — murmurou Ordo. Ele cutucou a biqueira na
substituição manual da escotilha do porto e abriu os selos. — Vou apenas
inspecionar o estofamento.
Skirata virou-se para o Rodiano.
— O meu garoto é exigente, eu sou receoso. Eu perdi a conta dos
caixotes que olhamos esta semana
— Eu poderia lhe dar um Explorador de Hidrosfera se você estiver
preparado para esperar algumas semanas, — O comerciante baixou a voz.
— Um sub repulsor ubrikkiano. Um V-Fin. Um submarino da Federação do
Comércio, até mesmo.
— Sim, eu realmente adoraria os garotos do Comércio virem atrás de
mim quando encontrarem um pouco da marinha desaparecida.
— Vocês são tão desconfiados, Mandalorianos.
— Você não está lá muito errado. Quanto?
— Cento e cinquenta mil.
— Eu não quero comprar toda a frota, filho. Apenas um casco.
— Difícil de encontrar, esses Profundidades.
— Sabe, essa ideia da Federação do Comércio não era ruim. Talvez eu
devesse ir ver o pessoal de compras, porque se eu comprasse um submarino
real, direto do fabricante, em vez deste excursionista...
Skirata ouviu a voz de Ordo em seu fone de ouvido.
— Kal'buir, acho que Prudii pode obter este enlatado bem...
Não queria um submarino comum de qualquer maneira. Precisava de
uma embarcação polivalente, como a banheira Mon Cal aqui. O Rodiano
não tinha ideia do que queria ou o quanto queria, ou mesmo se poderia
pagar. Skirata mexeu as suas fichas de crédito na bolsa do cinto, dando um
som mais sedutor para suavizar a resistência do Rodiano, caminhando
lentamente pra cima e para baixo no cais como se estivesse pensando em
outra coisa.
— Qual é, ad'ika, — disse ele a Ordo, deixando o comerciante ouvir. —
Ainda tenho cinco naves para examinar. Não tenho o dia todo
— Apenas verificando a integridade do casco. — disse Ordo.
Boas coisas, eram os capacetes: ninguém podia ouvir o que estava sendo
dito no comunicador no lado de fora, a menos que você os deixasse. Ordo
estava usando todos os seus sensores de armadura de última geração para
procurar por desgaste do metal, vazamentos e outras falhas mecânicas.
Skirata notou que as leituras estavam sendo transmitidas para a sua nova
tela, uma pequena e necessária extravagância paga por terroristas mortos.
Eles eram bons quando estavam mortos, ele pensou.
Ordo soltou um longo suspiro.
— Parece um pouco... manchado por dentro, mas, caso contrário, esta é
uma nave em bom estado. Eu aceitaria se fosse você.
Eu ainda vou derrubar o preço.
— Oh. O vazamento está ruim? — Skirata perguntou, teatralmente alto.
— Que vazamento? — o Rodiano exigiu. — Não há kriffing de
vazamento.
— O meu garoto diz que há danos causados pela água, — Skirata parou
para fazer efeito. — Ord'ika, venha e conte a ele.
Ordo saiu da escotilha e ficou de pé no casco com as mãos nos quadris,
com a cabeça levemente para o lado.
— O deque e os estofamentos. Tem manchas de água.
— É um submarino, — retrucou o Rodiano. — É claro que tem manchas
de água. O que você quer, um barco a vela ou algo assim? Pensei que os
Mandos deviam ser difíceis, e aqui você está reclamando como os Neimies
sobre as manchas de água.
— Agora, isso não é muito focado no cliente, — disse Skirata. Ele
enfiou a mão lentamente na bolsa do cinto e retirou um punhado de créditos
em dinheiro, todas as grandes denominações com os seus valores
visivelmente tentadores. Poucos comerciantes de naves podiam resistir à
atração de uma cunha pronta, e a gratificação adiada não se parecia com o
traje forte do Rodiano. — Acho que vou levar meu cliente para outro lugar.
O Rodiano podia ter ficado boquiaberto, mas ele não foi desafiado
matematicamente. Os seus pequenos olhos redondos dispararam sobre as
lascas.
— Você teria um problema em conseguir um desses em qualquer outro
lugar. Os Mon Cals não estão vendendo para os Separatistas.
Se o Rodiano queria pensar que eles estavam trabalhando para os
Separatistas, tudo bem. Ninguém esperava ver um Mandaloriano
trabalhando para a República, e o Rodiano não havia perguntado. Skirata
entortou o dedo para acenar a Ordo, e o Nulo caminhou pra trás, com as
botas esmagando as tábuas lixadas do píer. O truque era afastar-se rápida e
propositalmente. Ambos eram muito bons nisso, mesmo que a perna de
Skirata estivesse se recuperando e estivesse mancando mais do que o
normal. Havia um momento, um segundo crítico, em que um ou o outro
lado racharia. Se eles continuassem andando, seria o Rodiano.
E os Jedi pensavam que eles eram os únicos que podiam exercer um
pouco de influência mental, não é?
— Cento e vinte, — o Rodiano chamou por ele.
Skirata não quebrou o passo. Ordo também não.
— Oitenta, — ele chamou de volta.
— Cento e dez.
— Eles custam apenas cem agora.
— Tem extras.
— Precisaria ser banhado a ouro para valer a pena.
Eles ainda estavam andando. Ordo deu um grunhido, mas era difícil
dizer se estava irritado ou se divertindo.
— Certo, noventa, — o Rodiano chamou.
— Oitenta créditos em dinheiro, — disse Skirata, sem se virar. De fato,
ele acelerou. Contou até dez e chegou até oito.
— Tudo bem, — disse o Rodiano, finalmente. — Espero que você fique
feliz com isso.
Skirata diminuiu a velocidade e depois se virou para voltar, contando
casualmente seus créditos. Ordo pulou no casco e desapareceu pela
escotilha aberta.
— Oh, voltarei bem rápido, se não ficar, — disse Skirata. — É por isso
que não preciso de garantia.
Os motores da Profundidade ganharam vida, enviando espuma branca
agitando o porto. O cais tremia.
— Ele sabe dirigir isso? — o Rodiano perguntou.
— O meu garoto sabe fazer quase tudo. Aprende rápido.
Skirata deslizou pelo casco molhado e fechou a escotilha atrás dele.
Ordo já estava na posição de piloto na cabine estreita, com o capacete no
console, parecendo falar sozinho enquanto tocava cada um dos controles em
sequência. Ele tinha uma memória eidética, como todos os Nulos: apenas
um galope rápido no manual antes de partirem, e Ordo tinha a teoria
desatualizada. Skirata estava ferozmente orgulhoso dele, como todos os
seus garotos, mas se ressentia do dano que os Kaminoanos haviam causado
a eles na criação do que tinham certeza do que seriam os soldados perfeitos.
O seu brilho teve um preço. Todos eles eram almas problemáticas,
imprevisíveis e violentas, o produto de muita adulteração genética e uma
infância brutal. Skirata socaria qualquer tolo que ousasse chamá-los de
malucos, mas eles eram demais até pra ele algumas vezes.
Mas eles eram a vida dele. Ele os criou como filhos. Os Kaminoanos
queriam exterminá-los como um experimento fracassado, e só de pensar
nisso Skirata ainda ansiava por vingança. Todos os Kaminoanos eram
vermes sádicos no que dizia lhe respeito, e contava a vida deles tão barato
quanto os clones criados. Ko Sai seria uma das sortudas: precisava dela
viva, por um tempo, pelo menos.
Então, os meus garotos eram excedentes aos requisitos, não eram?
Assim será, querida.
Ordo deslizou ao empurrar o acelerador e a Profundidade estava a
caminho, produzindo espuma. O Rodiano diminuiu ao tamanho de uma
boneca, depois para um pontinho em um píer recuado, e eles estavam em
mar aberto além dos limites do porto.
— Vamos pegar uma isca de aiwha, então, — Skirata se perguntou por
que ele estava preocupado em mergulhar em um submarino quando ficava
perfeitamente feliz em voar no espaço frio e duro. Afinal, já havia feito
exercícios marítimos suficientes em Kamino.
— Teve notícias de Mereel?
— Sim, ele está a caminho, ele conseguiu que a agente Wennen fizesse o
trabalho, e sim, ele lhe deu o blaster.
Agente Wennen? Qual é, filho. Você tem uma vida curta o suficiente. Vai
em frente.
— Ela é durona. Or'atin'la.
Ordo não mordeu a isca.
— Mer'ika diz que ela me enviou um bolo cheffa.
Ordo era comoventemente ignorante sobre as mulheres. Skirata sabia
que havia falhado com ele na área da educação emocional.
— Você está bem aí, filho. Garota esperta e durona, — Ela era uma loira
de pernas marcantes também, mas isso estava mais abaixo na lista dos
Mandalorianos, depois da capacidade e resistência. Ela era realmente bonita
demais para que as pessoas se sentissem confortáveis ao seu redor, e Skirata
contou ao garoto pobre entre a sua crescente coleção de estranhos e rejeitos
sociais. — Você merece o melhor.
— Se ao menos houvesse um manual para mulheres, Kal'buir.
— Se houver, nunca recebi a minha cópia.
Ordo virou a cabeça e deu a Skirata um olhar que dizia que não era
consolo ouvir isso. Ordo agora sabia o que Skirata guardara dos clones por
tanto tempo: que o seu casamento havia afundado e os seus dois filhos o
declararam dar'buir, não mais pai, o divórcio de um pai, possivelmente a
maior vergonha da sociedade Mandaloriana... Era a única coisa que ele
escondia dos Nulos, além da gravidez de Etain Tur-Mukan.
Isso preocupa Ordo? Ele acredita em mim? Eu tive que desaparecer.
Todos nós tivemos que treinar nossos clones em segredo. Meus filhos eram
homens crescidos. Deixei pra eles todos os créditos que tinha, não foi?
Shab, os meus clones precisavam de mim mais do que eles sabiam. Eles
precisavam de mim apenas para permanecer vivos.
Ele também tinha uma filha, e o nome dela não estava no edital. Ele não
tinha notícias dela há anos. Um dia... um dia, ele pode encontrar a coragem
de ir procurá-la. Mas agora tinha negócios mais urgentes.
— Vai ficar tudo bem, filho, — disse Skirata. — Se for a última coisa
que faço, você terá uma vida útil completa. Mesmo que eu tenha que
eliminar essas informações de Ko Sai uma linha de cada vez.
Especialmente se for preciso.
Ordo parecia ter um interesse repentino e intenso nos controles do
submarino.
— A única razão pela qual estamos vivos é porque você impediu o
gihaal de nos derrubar como animais, — Por um momento, Skirata pensou
que estava tentando dizer outra coisa, mas mudou de rumo. — Certo, vamos
ver se posso pelo menos seguir o manual deste, — Ordo pressionou a
alavanca do acelerador com força. O nariz da Profundidade levantou um
pouco, e a aceleração enquanto ela queimava na superfície das ondas deu
um tapa em Skirata no banco de trás. À vista traseira da câmera de
segurança montada no casco, uma esteira de spray branco e espuma agitou-
se como uma nevasca. A barra de situação vermelha no console mostrou
que a velocidade estava se aproximando cada vez mais do cursor azul
piscando rotulado como IMPULSO OTIMIZADO.
A estrutura da nave vibrou, as unidades gritaram e, em seguida, o
intestino de Skirata despencou quando a Profundidade se separou da
superfície do mar.
— Oya! — Ordo sorriu. A nave disparou e ele ficou subitamente tão
animado quanto um garotinho. A novidade sempre o encantava. —
Kandosii!
Atrás deles, a nevasca no monitor dava lugar ao mar azul acinzentado.
Skirata admitiu um leve alívio para si mesmo e observou Ordo fazendo um
curso para o ponto de PE, maravilhado com a sua proficiência instantânea.
— Você confia muito em mim, Kal'buir, — disse ele. — Eu nunca havia
pilotado um híbrido como esse antes.
— Eu vejo dessa maneira, filho. Se você não pode, ninguém pode, —
Ele bateu na mão de Ordo, que ainda estava segurando a alavanca do
acelerador. — Eu nomeio esta nave... Certo, alguma ideia?
Ordo parou, olhando à frente.
— Aay'han.
— Tudo bem... é Aay'han, — Foi uma escolha reveladora: não havia
tradução para a linguagem Básica da palavra, porque era uma característica
peculiar.
Conceito Mandaloriano. Aay'han era aquele momento perfeito e pacífico
cercado por familiares e amigos e lembrando-se de entes queridos mortos,
sentindo falta deles ao ponto da dor, um estado de espírito agridoce
dificilmente começaria a cobrir. Era sobre a intensidade do amor. Skirata
duvidava que os aruetiise, não-Mandalorianos, acreditassem que tal
profundidade de sentimento existisse em um povo que viam como um
bando de bandidos mercenários. Engoliu em seco para pigarrear e conceder
ao nome o respeito que merecia. Descobriu que estava pensando em seu pai
adotivo, Munin, e em um clone comando adolescente chamado Dov, cuja
morte no treinamento foi culpa de Skirata, uma dor que fez com que ele
ficasse especialmente pungente.
— Esta nave será conhecida e lembrada como Aay'han para sempre.
— Gai be'bic me'sen Aay'han, meg ade partayli darasuum, — repetiu
Ordo.
— Oya manda.
Sinto muito, Dov. Seria melhor haver uma manda para você, algum tipo
de imortalidade, ou não haverá vingança suficiente na galáxia pra mim.
Skirata voltou a sua atenção para os vivos novamente. Esta não era uma
nave ruim, e ela só tinha que completar uma missão, a mais crítica, para
encontrar Ko Sai e aproveitar a sua tecnologia para deter o envelhecimento
acelerado dos clones. Passou pela porta dupla até a sala da tripulação para
conferir os detalhes cosméticos. Um cheiro de líquido de limpeza, comida
estragada e mofo o atingiu.
Os banheiros e a Enfermaria ficavam a estibordo, depósitos e galera a
bombordo, e os armários de cozinha estavam completamente vazios.
Anotou os suprimentos que precisariam colocar na primeira parada,
rabiscando lembretes no prato do antebraço ccom um digitalizador.
Realmente não importava como era a acomodação, desde que a Aay'han
voasse ou mergulhasse inteira, mas verificou as cabines de qualquer
maneira: a mesma guarnição cinza e amarela do resto do interior e pouco
dano por água. Nada mal, nada mal.
Cutucou os colchões nos beliches, calculando. Oitenta mil créditos, mas
gastamos quatro milhões enganando os terroristas, e ninguém nunca
sentirá falta disso. Dezesseis beliches, então, e se precisassem, havia muito
espaço de carga que poderia ser usado para a tripulação, talvez o suficiente
para trinta pessoas. Então, se precisarmos sair com pressa, é amplo espaço
para os meus garotos, Corr, Esquadrão Ômega e qualquer uma das
senhoras, com lugares de sobra. E então havia todos os outros esquadrões
de comando da República que treinara, ainda mais de oitenta homens no
campo, os seus garotos e a sua responsabilidade tanto quanto Ômega, e os
estava negligenciando. Eles também precisariam de um refúgio quando a
guerra acabasse, talvez até antes disso.
Eu fiz o suficiente?
Eu posso fazer a diferença agora, rapazes. O Shab Tsad Droten...
amaldiçoa a República.
Skirata ainda estava recolocando Aay'han em sua mente quando Ordo
apareceu na escotilha.
— Acho que precisamos mudar de rumo, — disse ele.
— Vai em frente, então, filho.
— Quero dizer, precisamos nos desviar para fazer uma extração, —
Skirata suspirou. Certo, eles estavam no horário da República, e ele estava
na República, mesmo que os clones não estivessem. É melhor que sejam os
nossos rapazes. Eu odeio cada segundo que passo com civis. Confiou na
avaliação de necessidade de Ordo e voltou-se para a cabine. Ordo
simplesmente estendeu um comunicador crepitante.
— É Delta, — disse Ordo. — Eles tiveram que sair de Mygeeto com
pressa e Vau foi deixado pra trás.
Skirata pegou o comunicador, com toda a animosidade entre ele e Vau
esquecida. Apontou para Ordo de volta para a cabine, falando com ele.
— RC um-um-três-oito aqui, sargento, — Era Chefe. — Desculpa pela
interrupção.
Skirata deslizou para o assento do co-piloto, tentando não imaginar o
quanto as coisas tinham ido mal se Vau estivesse preso atrás das linhas
inimigas. Ele era um artista de fuga.
— Onde vocês estão?
— Reunimos a frota na estação. Queríamos recuperá-lo, mas o general
Jusik diz...
— ... estamos a caminho. Relatório da situação?
— Cerca de vinte quilômetros de Jygat. Estávamos saindo do banco de
Dressian Kiolsh quando encontramos alguma resistência e ele caiu numa
fenda.
— Banco? — Eles estiveram lá para localizar nós de comunicação para
os fuzileiros navais. — Ficou sem créditos, não é? Precisou de uma
pequena mudança?
— É uma longa história, sargento, e é por isso que o general Jusik
pensou que você seria... uma escolha mais sábia.
— Então de quem?
— Do que contar ao general Zey.
— Não vou perder tempo perguntando o que vocês estavam fazendo em
um banco, — Jusik: ele era um rapaz inteligente, Bard'ika. Fosse o que
fosse, os Jedi haviam decidido que a extração precisava ser mantida em
silêncio. — Vau está vivo?
— Não confirmado. Perdemos o sinal. Ele tinha um estojo que o general
Jusik achou que você gostaria de recuperar.
— Que estojo?
— Ele limpou um cofre de banco. Créditos, joias, títulos, obras. Duas
sacolas.
Vau roubou um banco? Skirata foi pego de surpresa. O velho e miserável
di'kut estava disposto a infringir qualquer lei, mas simplesmente roubo,
nunca. Esse era o estilo de Skirata, não o de Vau.
— Última posição conhecida?
— Enviando as coordenadas agora, com a nossa última boa varredura
por radar de solo do terreno.
— O strill ainda está com ele, é claro.
— Sim. Nós não o vimos cair.
Isso era alguma coisa. Skirata nunca confiaria no animal, mas os levaria
a Vau, se já não tivesse localizado o seu corpo e o arrastado pra fora. Se
encontrasse o strill, encontraria Vau.
— Diga ao general Jusik que vamos resolver isso, Delta, — disse ele, e
fechou a conexão.
Ordo parecia totalmente imóvel, pairando a mão sobre os controles do
motor do hiperespaço.
— Não faz sentido pedir ao comandante Bacara que se afaste de nós, não
é?
Não, não fazia. Quanto menos pessoas souberem que estão vindo,
melhor. Seria difícil explicar por que dois homens de armadura
Mandaloriana estavam perambulando por um planeta separatista na guia da
República sem autorização, mas quanto menos registros de conversas, mais
fácil era fazer os eventos desaparecerem. E Bacara não era do tipo de pedir
identificação primeiro.
Skirata não queria que o seu inútil General Jedi Ki-Adi Mundi no
circuito também. Jedi Hipócritas. Não há problema para o Cabeça de Cone
ter uma família, mas eles jogariam Etain na corporação Agrícola por isso.
Skirata se arriscaria.
— Não, só salve a shebs de Walon e saia daí, — Skirata disse. Se ele
ainda estiver vivo. — Salte.
Aay'han cambaleou no espaço estrelado. Ela estava se segurando muito
bem.
Caftikar, Borda Externa, base rebelde, 471 dias após Geonosis

Darman decidiu que o sargento Nulo A'den era um homem segundo o


seu próprio coração.
— Não consigo pensar direito com o estômago vazio, — A'den atirou o
aparelho em um ninho de aparas de galhos para acender a fogueira. O sol
estava nascendo, eles haviam perdido uma noite de sono, e os Gaftikari,
parecidos com lagartos, ainda trotavam de um lado para o outro em linhas
retas, transportando as armas que haviam coletado da queda. — Sobrou um
ensopado de ontem à noite. Não pergunte o que está nele, porque eu não
perguntei.
O Esquadrão Ômega estava sentado de pernas cruzadas em volta do
fogo, de sub traje preta, com as placas de armadura empilhadas para o lado.
Atin segurou a mochila jato de Darman no colo e dobrou a dobradiça da asa
de volta à forma com um par de alças sem ponta. Odiava deixar que as
coisas mecânicas o dominassem.
— Então, o que aconteceu com o CRA?
— DEC, — disse A'den. O seu tom era totalmente neutro e a sua
expressão vazia: também não era o seu comportamento habitual, porque
Darman podia ver as linhas brancas na pele profundamente bronzeada ao
redor dos olhos e da boca. A'den geralmente sorria muito, mas não estava
sorrindo agora. — Então, eu fiz um reconhecimento de Eyat e elaborei o
plano mais completo dos prédios do governo possível.
— Ataque de força Separatista? — Niner perguntou.
— Além dos locais, mínima.
— Eu pensei que este era um foco de atividades de Separatistas que
precisava ser neutralizado imediatamente.
— Oh, céus, ner vod, você está recebendo as informações pelo valor
nominal de novo, não é? — A'den acendeu o fogo com cuidado meticuloso,
empilhando galhos e ervas secas no monte e vendo as chamas crescerem. —
É melhor curá-lo disso.
Fi espiou dentro da panela de ensopado.
— Está tudo bem, eu tenho ensinado a ele sarcasmo. Ele estará pronto
para o exagero cômico em breve.
— Parece um lugar tranquilo e agradável, — disse Atin. — Não é
exatamente estratégico.
— Eyat? — A'den mexeu a panela com um pau. Realmente cheirava
bem. — Cidade adorável. Prédios limpos e bonitos, muita diversão
inofensiva para desfrutar. E de nenhuma utilidade militar pra nós.
Darman ficou de olho nos Gaftikari. Agora que o sol estava nascendo,
podia ver que as suas escamas bege claras eram levemente iridescentes.
Eles tinham focinhos afiados e pequenos olhos negros com perturbadoras
pupilas vermelhas como fendas. E ele nunca tinha visto tantas armas
variadas amarradas em um cinto: elas estavam mais armadas do que o
sargento Kal de mau humor. As suas lâminas, blasters e barras de metal
tilintaram como sinos de vento. Um lagarto alto forneceu o seu próprio
acompanhamento musical enquanto caminhava, balançando a cauda para se
equilibrar sob uma carga de partes de E-Web.
— Vejo que você os ensinou tudo sobre furtividade, então, — disse Atin.
A'den olhou pra ele.
— Prudii me avisou que você era um cliente estranho.
— Engraçado, Ordo avisou a Prudii que eu discutia.
— A sua reputação o precede, então, — disse A'den. — Eles são bons
lutadores. Confie em mim.
— Estou ouvindo, mas estou chegando, — disse Niner. — Somos
especialmente treinados para ouvir isso chegando a cem cliques.
— Mas, — A'den colocou o ensopado em suas latas de bagunça. Quando
Darman estava com tanta fome, ele comia caixas de embalagem de flimsi.
— Sim, mas é que isso vai acabar em lágrimas. Cidade Eyat-humana. Todas
as cidades são assentamentos humanos. Mas... pequenas aldeias
desarrumadas, terra de lagartos
— Então, quem são os Gaftikari?
— Todos eles são. Nenhuma das espécies é nativa. Os colonos humanos
trouxeram os rapazes lagartos para construir o local, e agora os lagartos
querem fazer o espetáculo, devido ao seu número. Na verdade, os lagartos
são marits.
— Por que os Separatistas estão apoiando os humanos, então?
— Porque a República quer os depósitos de kelerium e norax aqui, ou
pelo menos a Mineração Shenio, e os humanos ficam mais felizes sem
Shenio se mudar.
— Estou perdido, — disse Niner.
— Os Separatistas se ofereceram para salvar Gaftikar de nós.
— Então, vamos dar a eles algo a que se opor?
— Eu não faço política. Eu apenas treino guerrilheiros e pego bandidos.
Eles ficaram em silêncio e comeram o ensopado, que era realmente
extraordinariamente saboroso. Os rebeldes, os Marits, começaram a montar
uma E-Web sem o manual, e a maneira como um grupo deles se aglomerou
ao redor do pesado blaster e lidou com os componentes deu a Darman a
impressão de que eles se aglomeravam sobre os seus inimigos. Havia algo
nos movimentos rápidos e coordenados que o lembravam das seitas e o
enervavam.
— Por que você é sargento e o resto dos Nulos são oficiais? — Fi
perguntou. — Você não passou no seu quadro de promoções?
A'den não parecia ofendido. Era difícil dizer o que provocaria um Nulo;
às vezes, não era preciso nada.
— Eu preferia ser um sargento. Se é bom o suficiente para Kal'buir, é
bom o suficiente pra mim.
Fi parecia satisfeito com a explicação. Atin estava concentrado em seu
ensopado, e Niner observava os marits enfrentando a grande peça de
artilharia.
— Eles são bons em montar coisas, — disse A'den. — Boa capacidade
visual espacial.
Era a primeira vez que qualquer um deles conhecia A'den, e Darman
estava sempre disposto a medir outro Nulo de Skirata. Como ele conseguiu
mantê-los separados dos comandos durante o treinamento por tantos anos?
Os jovens Nulos aterrorizaram os Kaminoanos correndo pela cidade de
Tipoca, e foi a única vez que os esquadrões de comando os viram: roubando
equipamentos, sistemas de sabotagem, e Darman nunca esqueceram disso,
até mesmo escalando os suportes dos enormes tetos abobadados,
balançando centenas de metros acima do chão e atirando com blaster a
centímetros dos técnicos Kaminoanos. Os Nulos nunca se importaram,
nunca pareciam ter medo: mesmo assim, eles respondiam apenas ao Kal
Skirata, e os Kaminoanos não ousariam cruzar Kal'buir.
Kal'buir disse que os Kaminoanos haviam atrapalhado os Nulos e,
portanto, eles mereciam o que tinham. Se os Kaminoanos se queixassem,
ele disse, ele os classificaria. Skirata costumava classificar como
eufemismo qualquer forma de violência, o seu assunto especializado..
Uma Marit trotou e espiou dentro do ensopado, a cabeça tremendo um
pouco como um droide.
— Você gosta disso?
Atin, ajoelhado para se servir de outra porção, ergueu os olhos
inocentemente. A cicatriz em seu rosto, a que Vau havia lhe dado, era uma
fina linha branca agora.
— É muito saboroso.
— Minha bisavó! — a Marit sorriu. Era estranho ver um lagarto sorrir
como um humano. Pareciam ter uma fila dupla de pequenos dentes
triangulares. — Ela ficará feliz.
Darman notou A'den deslizar um pouco para a frente e tentar interromper
a troca.
— Atin...
Mas Atin estava de folga, sendo educado com os habitantes locais e
levando a sério seu papel de corações e mentes.
— É a receita dela, então?
— Atin...
— É ela, — disse a Marit, e se afastou. Atin olhou para a tigela. Houve
um momento de completo silêncio, e A'den suspirou. Fi colocou os nós dos
dedos na boca para reprimir o riso nervoso, mas não funcionou. Niner parou
de mastigar. Darman tentou ser culturalmente sensível e tudo mais, mas
estava com fome, e a Marit parecia satisfeita por estarem saboreando a
refeição.
— Oh, fierfek, — Atin colocou o seu capacete no chão e recostou-se nos
calcanhares. Ele fechou os olhos com força e, a julgar pela forma como seus
lábios se comprimiam, estava em séria crise digestiva, como Ordo chamava.
Então ele se jogou sobre os calcanhares, levantou-se e correu para os
arbustos mais próximos.
— Ele vai vomitar, — disse Niner, e continuou comendo. O fraco som de
vomitar confirmou o seu diagnóstico.
A'den encolheu os ombros. — Não é como se eles a matassem para
comê-la. É assim que eles eliminam os seus mortos. Eles gostam de pensar
que fazem bem às famílias depois que se foram. É rude não se envolver.
— A diversidade cultural é uma coisa maravilhosa, — observou Fi, mas
ele parecia bastante pálido. — O que eles fazem para sobremesas?
Niner pescou um pedaço de carne magra e olhou pra ele, depois o
colocou na boca e mastigou, pensativo. Darman não sabia que poderia ser
tão ousado.
— Eu nunca pensei que iria recorrer ao canibalismo.
— Não é canibalismo pra nós, Niner, — disse A'den. — Apenas pra eles.
— Esse é o Grande Exército pra você, — O rosto de Fi voltou à sua cor
normal novamente. — Veja a galáxia, conheça novas espécies fascinantes e
lanche-as.
— Bem, nós não estaríamos sozinhos, — A'den ergueu os olhos, todo
preocupado, enquanto Atin voltava instável dos arbustos, limpando a boca.
— Você está bem?
— Você fez isso deliberadamente. Você poderia ter me dito antes de eu
começar a comer.
— Eu disse, não pergunte, e eu não disse que tinha.
Atin, quieto e metódico, Atin, era de uma das companhias de
treinamento de Vau, não a de Skirata. Mostrou. A'den olhou para Atin, e
Atin olhou de volta. Niner revirou os olhos como se estivesse se preparando
para separá-los, e não seria a primeira vez que Atin precisava sair de um
confronto. Havia algo na maneira como Vau treinava os seus homens que
lhes dava um núcleo violento, uma total incapacidade de ver sentido e
recuar quando pressionados demais.
A'den quase abriu um sorriso.
— Você tentou usar a vibro lâmina em Vau, não tentou? Todos nós
ouvimos sobre isso.
Atin deu-lhe o tratamento silencioso. Darman esperou que A'den
perdesse a paciência e desse um tapa em Atin, como Fi gostava de dizer,
mas ele apenas deu de ombros e remexeu nos bolsos.
— Tudo bem, — disse A'den. Ele encontrou o que procurava e jogou
uma barra de ração para Atin, que a pegou. — Primeiro, você pode cultivar
uma barba shabla. Porque você terá que filtrar Eyat, e eles não estão
acostumados a ver quadríceps. Misture-se um pouco e escolha quem deve
ficar com a aparência normal.
Fi se animou imediatamente.
— Vou me vestir de lagarto se puder fazer uma viagem à cidade.
— Feito, — disse A'den. — Mas esfregue a aparência escamosa, porque
Marits não vão para as cidades agora, exceto para atirar nos locais. É por
isso que um humano é mais adequado para fazer assassinatos. Depois de se
orientar, eu quero que vocês dois vejam Eyat novamente e plantem algumas
câmeras de espionagem. Os Marits não podem passar despercebidos, e
qualquer informação que Sull juntou foi com ele.
— Sull? — disse Fi.
— Alfa trinta, — disse A'den. — Esse era o nome dele. Sull.
Darman terminou o seu ensopado e observou A'den. Ele não estava
satisfeito, isso era óbvio. Talvez estivesse tendo que seguir um Alfa CRA
quando pensou que tinha negócios mais importantes. Talvez fosse apenas
uma irritação normal por ter sido encarregada de realizar uma missão que
parecia inútil e sem recursos. Ele trabalhava sozinho, e isso afetava a
vontade de qualquer homem.
Niner pegou a sua capacete e o enxaguou com água da garrafa.
— Acho que deveríamos concentrar as nossas forças em expulsar o osik
dos principais mundos Separatistas, — disse ele de repente. — Porque, se
continuarmos assim, reduziremos a um clone por planeta, mostrando aos
locais um manual de campo sobre como jogar pedras.
A'den virou a cabeça lentamente e separou os lábios como se quisesse
falar. Ele fez uma pausa. Ele parecia estar medindo as suas palavras.
— Você está em boa companhia, — disse ele. — Muitos de nós sim,
incluindo o general Zey. Mas o Chanceler quer evitar muitos danos
colaterais. Sem bater, sem alfinetadas, sem ofender os cidadãos.
— Sem recursos.
— Recursos suficientes para não perder, mas não o suficiente para
vencer, — disse A'den. — Ele está apenas alimentando um impasse, o
idiota.
Darman pensou que era hora de começar a fazer amizade com os marits.
Levantou-se e caminhou até os lagartos, se perguntando se poderia haver
algo em Eyat que pudesse adquirir para Etain. Era difícil pensar em
qualquer coisa que uma Jedi pudesse querer. Eles evitavam posses.
— Você sabe o que está me incomodando? — A voz de Fi flutuou pelo
centro do campo. Os marits haviam terminado do outro lado do centro do
campo. Os marits haviam terminado de calibrar a peça de artilharia e a
admiravam. — E se a guerra tivesse eclodido quando tínhamos cinco anos
em nosso treinamento, em vez de oito, nove... dez?
— O que? — A'den perguntou.
— Ninguém sabe quando uma guerra começará, nem nos próximos anos.
Não é como se você pudesse fazer uma reserva com antecedência. Então, lá
estamos, totalmente treinados e tudo começa. Muita sorte. E se tudo tivesse
acabado? fazer poodoo anos antes? E se tivéssemos sido meio treinados,
ainda sendo só crianças?
— Então nós teríamos lutado de fraldas, — Atin murmurou. — Porque a
República não tinha nenhum outro exército que valha o traseiro de um mott.
Fi levantou uma sobrancelha.
— Shabla, com sorte, se você me perguntar.
— Hora de mudar isso, — disse A'den bruscamente, e Darman suspeitou
que estivesse rompendo a especulação por um motivo. A julgar pela
expressão no rosto de Fi, ele sentiu isso também. — Eu o atualizo com a
situação local, e você pode passar o resto do dia conhecendo nossos aliados.
Quanto mais a guerra continuava, menos sentido fazia para Darman.
Depois de anos de clara certeza no treinamento, sabendo o que ele tinha que
fazer e por que teria que fazê-lo, porque nunca houve qualquer dúvida na
mente de alguém de que um dia eles seriam implantados, a realidade da
guerra não correspondia a nada disso. Organização simbólica, liderança
indecisa do topo e... muitas áreas cinzentas. Quanto mais lugares ele foi
enviado, mais coisas Darman viu que o levaram a perguntar por que eles
não deixaram os planetas cederem para a República. A vida continuaria.
O pensamento de Fi estava chegando nele. Todo pensamento agora
começava com um porquê.
Fique ocupado. Não havia nada que pudesse fazer agora, exceto
continuar o seu trabalho. Ele sorriu para os marits.
— Eu sou Darman, — disse ele, estendendo a mão de acenar. — Quer
que eu lhe mostre como fazer estilhaços de um droide?
CAPÍTULO 3
Não, a cientista chefe do General Zey, Ko Sai, é uma prioridade tanto quanto localizar o
General Grievous. A nossa sobrevivência depende de um exército forte, e isso significa que o
recrutamento dos clones da mais alta qualidade para cidadãos comuns é um segundo ruim e
seria politicamente inaceitável. Encontre-a, apenas para negar aos Separatistas a sua
experiência. Você tem os melhores ativos de inteligência que a República já conheceu. Então, eu
não aceito desculpas.
— Chanceler Palpatine, ao General Jedi Arligan Zey, Diretor de Forças Especiais, Grande
Exército da República

Nave da classe Profundidade Aay'han, espaço de Mygeeto, 471 dias após Geonosis

— F ierfek. — Skirata suspirou, observando os identificadores


mapeados no holograma da cabine. O piquete das naves ao redor
de Mygeeto fazia parecer que estava cercado por sua própria constelação.
— Eu sei que Bacara os está mantendo ocupados lá, mas ainda é um grande
desafio de enfrentar.
— E nós somos uma nave de carga de quarenta e cinco metros, — disse
Ordo. — Só com um canhão de laser como armamento. Tripulação
Mandaloriana em beskar'gam completo. Definitivamente não é uma nave
da República.
— O que você acha, é simplesmente chegar?
— Poderia ser. Nada nos liga à República. E eu sempre carrego uma
variedade de códigos de identificador atuais, então é uma solução fácil.
— Bem, não venceremos uma batalha com uma nave de guerra, então
essa é a escolha que fizemos pra nós.
— Claro, os sensores de um submersível são perfeitos para obter uma
varredura tridimensional precisa do local.
— Entramos, então, Ord'ika.
Ordo estudou a varredura orbital de longo alcance do local de pouso. Era
uma vasta geleira em uma paisagem de gelo e rocha cristalina. A varredura
penetrante mostrou poucas fendas, mas o lençol estava cheio de túneis
irregulares que serpenteavam um ao redor do outro como fios emaranhados
e ocasionalmente se cruzavam. Os contornos retos e uniformes dos poços
de ventilação eram fáceis de identificar pelo contraste. Ao redor dos poços
quentes, formaram-se lagos subterrâneos de água derretida, cobertos por
lençóis de gelo mais finos. Ordo copiou a seção do holograma para o seu
datapad e nem precisou fazer os cálculos para perceber que a busca em cada
túnel no local que Delta havia indicado levariam dias.
É muito tempo.
Uma ideia formou-se imediatamente em sua mente, bem como uma
teoria sobre o que havia acontecido com Vau. Ele pode ter caído no
labirinto de túneis, ou através do gelo na água abaixo.
Não era bom de qualquer maneira.
— Túneis de vermes de cristal, — disse Ordo. — É fascinante como as
formas de vida sobrevivem mesmo nos lugares mais extremos.
— Se Vau estiver nessas temperaturas, — disse Skirata, — ele não será
um deles. Já faz horas. Mesmo em seu beskar'gam, as vedações não
impedirão esse tipo de frio indefinidamente.
Ordo tirou a sua maleta de ferramentas eletrônicas da manga e tirou uma
sonda de sobreposição. Ele selecionou um código identificador gerado
aleatoriamente com um prefixo de Mandalore e Aay'han deixou de se
registrar como licenciado em Mon Calamari.
— Certo, Kal'buir, é agora ou nunca.
Manobrou a Aay'han em uma trajetória de pouso e se perguntou se
deveria ousá-lo fazendo ping no controle de tráfego de Mygeeto e
solicitando permissão para pousar. Sem água a bordo, uma embarcação civil
que qualquer um poderia escanear para confirmar a sua configuração, ele
classificaria isso no momento em que saíssem daqui, e alguns mercenários
errantes no leme: mesmo com uma batalha acontecendo, ele poderia fora
com isso.
Ele abriu a frequência de tráfego.
— TC de Mygeeto, este é a nave de carga Mandaloriano Aay'han.
Solicitando a permissão para pousar para reabastecimento.
A pausa foi mais longa do que ele esperava.
— Aay'han, aqui é TC de Mygeeto. Para Mandalorianos, você é
notavelmente lento para perceber que temos hostilidades em andamento.
— Mygeeto, examine os nossos tanques em busca de água.
A pausa seguinte foi ainda mais longa.
— Aay'han, notamos que os seus tanques estão zerados. Infelizmente, as
nossas instalações da cidade estão fechadas. Lembra das hostilidades?
Se foi rejeitado agora, estragou tudo. Eles chamaram a atenção de
Mygeeto pra eles.
— Mygeeto, parece haver água logo abaixo da superfície a oeste das
hostilidades, e Mandalore dá assistência ao CSI. Vamos reabastecer por
nossa conta e risco.
— Aay'han, certo, vai em frente e não tente nos processar se sofrer danos
ou ferimentos. Certifique-se de estar fora do planeta em duas horas padrão.
Ordo sentiu os músculos do ombro relaxarem. Não tinha percebido que
os tinha tenso.
— Entendido, Mygeeto.
Fechou a conexão. Skirata piscou pra ele e sorriu. Kal'buir tinha orgulho
dele, e isso o fazia se sentir tão seguro e confiante agora quanto quando era
criança.
— É incrível como raramente você precisa usar a força, — disse ele,
aliviado.
Sem as coordenadas do Delta, Ordo sabia que não saberia por onde
começar a busca por Vau. A superfície de Mygeeto era uma paisagem de
gelo varrida pelo vento, deslumbrantemente bonita por alguns minutos e
depois fatalmente desorientadora. Ordo colocou a Aay'han no chão entre
penhascos na beira do lago subterrâneo e selou a sua armadura, e quando
abriu a escotilha o vento gritou e uivou. Deslizou pra fora do casco e
Skirata caiu ao lado dele.
— Ele está aqui há quatro horas, Kal'buir. Ordo ativou o filtro
infravermelho de seu capacete, ajustou-o para a sua configuração mais
sensível e lançou uma busca quadrada por uma grade de vinte metros. — Se
ele estiver morto, ainda posso detectar um diferencial de temperatura, mas é
improvável.
Skirata percorreu a grade imaginária com deliberação lenta e silenciosa,
varrendo um escâner portátil pela superfície para localizar buracos e
fissuras e, em seguida, escaneando as mudanças de temperatura. Ordo de
repente se perguntou se não tinha tato e que Kal'buir poderia estar chateado
com a ideia de Vau estar morto. Os dois homens brigavam um com o outro
desde que conseguia se lembrar, mas também remontavam a muito tempo,
incluindo todos aqueles anos treinando clones em Kamino, apagados da
galáxia e mortos para todos que os conheciam.
— Sinto muito, Buir, — disse ele.
— Não sinta. — Skirata verificou uma leitura em sua placa de antebraço.
— Estou procurando metais. Isso detecta vinte metros abaixo.
Skirata pode ter ficado genuinamente impassível, interessado apenas nos
lucros do roubo. Pela primeira vez, Ordo não sabia dizer, mas duvidava.
Skirata sentia tudo com nervos à flor da pele. Eles andavam lentamente,
inclinando-se contra o vento, e Skirata parecia estar passando por suas
frequências de comunicação porque Ordo estava captando picos em seu
sistema. Vau pode ter deixado uma conexão aberta. Valia a pena tentar.
— Sem pegadas, — disse Skirata. — O vento provavelmente os levou
embora.
Ordo mudou de infravermelho para o sensor de penetração. Era como
checar caixas de correio, uma progressão tediosa de um buraco para o
outro. Uma queda recente de neve estava caindo, preenchendo as
depressões.
— Ele pode estar em qualquer lugar. Ele pode até ter saído e encontrado
abrigo.
Skirata inclinou a cabeça para baixo como se estivesse ouvindo. Ordo
captou uma rajada de áudio no comunicador compartilhado.
— Se estiver, os sistemas de seu capacete estão inoperantes.
— Estou captando estática.
— Ele pode estar muito fundo.
Ordo estava começando a sentir o frio penetrando nas juntas de sua
armadura. Se este fosse o seu traje do GER, teria controle de temperatura,
mas o seu beskar'gam Mandaloriano era mais básico. Consertaria isso assim
que tivesse a chance, assim como havia atualizado o seu capacete. Não era
como se ele passasse muito tempo trabalhando nisso. Nunca pensou em
verificar como o traje de Vau estava configurado: era apenas preto fosco,
uma imagem que temia quando criança, e agora perturbadoramente como o
equipamento Katarn da Ômega. Preto era a cor da justiça. A armadura de
Kal'buir era ouro areia, a cor da vingança. Ordo havia optado por pratos
vermelho escuros simplesmente porque gostava da cor.
Mas preto ou dourado, se Vau não tivesse impermeabilização ou alguma
outra proteção, estaria morto agora.
— Não ria, filho, — Skirata disse, — mas vou tentar algo antiquado.
Assim como você conseguiu passar pelo piquete.
Ficou com os braços ao lado do corpo e gritou.
— Mird! Mird, seu babaca, você pode me ouvir? — O vento abafava a
sua voz. Ele cerrou os punhos e tentou novamente. — Mird!
Ordo juntou-se a ele chamando o nome do strill. Ele quase esperava ver
uma patrulha se aproximando deles, mas os sensores de seu capacete não
mostraram nada.
— Strills podem ficar frios, — disse Skirata, parando para recuperar o
fôlego. — E eles têm uma audição melhor do que os humanos. Valeu a
tentativa. — Ele apertou os controles do antebraço, ajustando o projetor de
voz do capacete ao máximo. — Mird!
Como eles ouviriam o animal se ele respondesse às suas chamadas?
Ordo estava prestes a voltar e começar a usar os sistemas de sensores da
nave para sondar mais fundo no gelo, mas ouviu Skirata dizer:
— Osi'kyr! — de surpresa e quando se virou, a neve estava tremendo. A
fina crosta quebrou. Uma cabeça peluda de ouro se projetava como uma
muda horrivelmente feia, uma espessa camada de geada branca em seu
focinho.
— Mird, eu nunca vou te xingar novamente, — Skirata disse, e se
ajoelhou para retirar os pedaços de gelo. O animal ganiu lamentavelmente.
— Ele está lá embaixo, Mird? Vau está aí? Ele hesitou e então esfregou as
dobras de pele solta em seu focinho. — Mapeie o túnel pra mim, Ord'ika.
O holograma pairava no ar, um modelo 3-D do gelo abaixo deles. O
túnel do qual Mird lutou para sair descia em um ângulo de trinta graus e
fazia uma curva perto da margem do lago antes de serpentear novamente e
desaparecer do mapa na direção de Jygat.
— Tem cerca de sessenta metros até a curva, e o diâmetro ali é de apenas
um metro, — disse Ordo. — Se ele caiu, é provável que tenha parado na
curva.
— Uma longa descida. — Skirata tinha os seus braços ao redor de Mird,
e Ordo não tinha certeza se ele estava abraçando o animal ou tentando
protegê-lo. Foi uma mudança marcante de atitude, visto que ele havia
atirado a faca nele mais de uma vez no passado. — Mird, encontre Vau.
Mird Bonzinho. Aqui. — Ele tirou um pedaço de corda de fibra do cinto e
amarrou-o no pescoço de Mird. — Vai encontrá-lo. Você não poderia
arrastá-lo pra fora, poderia? Ele está preso? Encontre-o.
Mird lutou para descer o túnel, fazendo ruídos ásperos com as suas
garras como um patinador, e então houve silêncio novamente.
— Mird é inteligente, mas um strill não pode dar nó, — disse Ordo. —
Então, se Vau está morto ou inconsciente, o que você está fazendo?
— Medindo, — disse Skirata. Ele tinha um aperto firme na linha,
observando-a atentamente. Eventualmente, ficou tenso. — Fierfek, nunca
há um Jedi por perto quando você precisa de um, não é? Bard'ika poderia
ter feito as suas coisas da Força e localizado Vau imediatamente. Ele puxou
a linha. — Volte, Mird. Volte. — A linha voltou a ficar frouxa. — Dada a
quantidade de linha que estou segurando, menos o laço, Vau está a
cinquenta e oito metros.
— Se Mird o alcançasse.
— Ficaria com Vau. Confie em mim, parou onde está o Vau quando a
linha ficou tensa. Agora tudo o que temos a fazer é chegar até ele.
A solução era óbvia para Ordo.
— Abrimos o túnel no ponto mais fino do gelo, que é onde corre
próximo ao lago, e tem menos de oito metros de espessura.
— E inundar o túnel...
— Não.
— Ou jogá-lo no lago e perdê-lo. De qualquer maneira, ele está morto.
— De qualquer forma, — disse Ordo, totalmente aliviado por ter se
lembrado de todas as linhas do manual Profundidade, — alinho a nave para
estibordo e trabalho através do gelo com o tubo de embarque da eclusa de
ar. Entrada seca.
Skirata olhou pra ele por um momento. Ordo não precisava ver seu rosto
para saber o que ele estava pensando.
— Você ainda consegue me surpreender, filho. Você realmente faz.
— Só espero que não batamos em rocha.
Mird rastejou pra fora do túnel e caiu aos pés de Skirata, ofegante. Foi
uma luta colocar o strill em Aay'han, provavelmente porque pensou que
eles estavam deixando Vau pra trás, mas estava fraco e congelado, e isso
significava que Skirata e Ordo poderiam subjugá-lo entre eles.
Ordo pousou a nave na superfície congelada do lago. Se o gelo rachasse
e eles caíssem, tudo bem, porque isso o pouparia do trabalho de quebrar.
Mas isso não aconteceu.
Escudos. O que ele disse sobre escudos ao mergulhar? Reconfigurar. Ele
digitou os comandos e esperou. Os indicadores âmbar mudaram um a um
para verde. Certo, agora evitar impactos sérios...
Ordo levantou a Aay'han da superfície, subiu abruptamente e disparou
um laser no lago no que esperava estar a uma distância segura da parede de
gelo. O vapor subiu sob ele como um gêiser. Um pedaço de gelo ergueu-se
verticalmente e balançou por um segundo antes de deslizar pra trás
novamente.
O lago congelaria rapidamente.
— Prepare-se para mergulhar, — disse ele, e a levou em um mergulho
lento.
— Osik.
— Oh sim...
Outras pessoas vivem as suas vidas assim? Eles correm esses tipos de
riscos?
Não era hora de se preocupar com isso. Ordo ainda não havia encontrado
um problema que não pudesse resolver ou uma situação à qual não pudesse
sobreviver. A Aay'han empurrou a superfície quebrada e, mesmo em baixa
velocidade, parecia colidir com a rocha sólida. Por um momento, Ordo
pensou que tinha entendido muito errado, mas o lento impacto do gelo não
foi nem de longe tão violento quanto o fogo das armas, e o escudo
aguentou. Pedaços rasparam e guincharam enquanto ela passava pela
camada de lama, e então tudo ficou quieto na água clara de crepúsculo. Eles
estavam no próprio lago. Agora tinha que alinhar a eclusa de ar com a
posição de Vau.
— Você sabia que o casco aguentaria isso, certo, Ord'ika? — Skirata
saltou do assento do co-piloto e tirou o capacete. Ele parecia abalado.
— Claro que sim. Bem, noventa por cento de certeza.
— Certo, perto o suficiente. Vamos escanear.
A câmara de ar tinha quase dois metros de diâmetro. Ordo o alinhou na
posição aproximada de Vau e usou os sensores de penetração para procurar
uma massa densa. Skirata entrou no compartimento de carga de estibordo
com o seu escâner de metal e abriu a escotilha interna da fechadura de ar. A
luz de advertência acendeu no console e a voz de Skirata crepitou no
interfone da nave.
— Grande massa imóvel de duraço e beskar com cerca de seis metros de
profundidade, — disse ele. — O bom e velho ferro Mandaloriano. Você não
pode bater o material. Esse é o Vau.
Seis metros: era uma parede bem fina entre o túnel e a água. Pelo menos
não havia atividade de vermes, mas não havia como saber se a onda de
choque do projétil de laser os atrairia.
— Deixe-me reposicionar. Estou a um metro de distância.
— Não sei dizer se ele está vivo.
— Certo, temos que cortar esse gelo agora.
— Aqueça, — disse Skirata.
— Podemos liberar a água derretida pelos tanques.
— Cerca de oitenta metros cúbicos. Talvez menos.
— Certo. — Ordo aumentou o termostato nos controles ambientais: eles
precisavam aumentar a temperatura do gelo exposto do outro lado da
comporta de ar de qualquer maneira que pudessem. — Talvez uma
combinação de calor e corte.
— E TC de Mygeeto quer que saiamos daqui em... cerca de uma hora e
meia.
Ordo estendeu o anel de ancoragem externo até senti-lo encaixar na
parede do lago.
— Saia da câmara de ar, Kal'buir. Preciso testar se há vazamentos.
Claro?
— Claro. Vou ver o que temos no armário de ferramentas.
— Certo, fechando a fechadura de ar interna. — A luz de status mudou
para verde novamente. Ele colocou Aay'han no leme automático para
mantê-la firme contra a parede de gelo. — Abrindo escotilha externa.
Os sensores não apresentaram vazamentos. Quando Ordo manobrou a
câmera de segurança dentro da câmara de bloqueio de ar, viu um disco liso
e vítreo de gelo sujo. A poucos metros do outro lado, estava Walon Vau. Se
eles errassem enquanto tentavam cortar a parede, a água inundaria e
afundaria Aay'han. Era muito trabalho para conseguir alguns créditos e um
homem que ambos não gostavam.
Em muitas ocasiões, Ordo desejou que Vau morresse. Agora se viu
desejando que o chakaar permanecesse vivo.
Quartel General da Brigada de Operações Especiais, Coruscant, General Arligan
Escritório de Zey, 471 dias após Geonosis

Sev pensou que era bom que tivesse uma reputação de ser pouco
comunicativo. O General Zey andava de um lado para o outro na curta fila
de quatro comandos como se estivesse fazendo uma inspeção, parando
ocasionalmente para observar um detalhe de sua armadura ou olhar em seus
olhos.
Se o Jedi pensasse que isso iria descontrolar o Esquadrão Delta, teria
uma longa, longa caminhada pela frente.
Sev olhava para a frente, com as mãos cruzadas atrás das costas, botas
plantadas firmemente na largura dos ombros. Em sua visão periférica, o
general Jusik estava sentado em uma mesa balançando as pernas. A sua
imagem desgrenhada de Padawan não enganava ninguém. Sev tinha estado
em operações suficientes com ele para saber que ele poderia fazer Scorch
parecer excessivamente cauteloso. O ajudante do Trooper CRA de Zey,
Capitão Maze, rondava a sala como se não estivesse ouvindo o
interrogatório. No geral, Sev preferia os CRA Nulos. Eles entendiam de
uma forma que os homens treinados por Fett simplesmente não entendiam.
Zey parou na frente de Chefe e ficou com o nariz quase tocando o dele.
— Eu não sou estúpido, — disse ele calmamente. — Sou, sargento?
— Senhor, não senhor! — Chefe latiu.
— Quer me dizer o que deu errado com a sua extração?
— Senhor, encontramos alguma resistência e fomos forçados a sair do
complexo por uma passagem não reconhecida, senhor.
Sev sentiu pena de Chefe. Todos eles decidiram ficar com Vau, mas
Chefe era... o Chefe. Então ele pegou no pescoço. Sev achava perturbadoras
as viagens ocasionais de volta ao QG. Queria voltar ao campo apenas com
os seus irmãos como companhia, porque Coruscant não era o mundo deles,
e já estava farto disso.
Zey ainda estava de frente com Chefe.
— Isso não teria nada a ver com Skirata, não é, Três-Oito?
— Senhor, não senhor!
Bem, isso era verdade. Ninguém realmente mentiu para Zey ainda,
porque o Jedi tinha uma maneira de saber se alguém estava mentindo. Zey
deu um passo pra trás, parecia estar reprimindo um sorriso, e então
balançou a cabeça.
— Bem, — disse ele finalmente, sentando-se atrás de sua elegante mesa
de lapiz incrustada. — Bom resultado em Mygeeto. O general Ki-Adi-
Mundi enviou os seus elogios.
Não se importe. O que aconteceu com o Sargento Vau?
— Podemos comer, senhor? — Scorch perguntou, sério.
— Sei que você voltou com uma pressa indecente, Delta. — Zey virou-
se para Maze. — Capitão, assim que terminar esta reunião, leve o Delta
direto para o refeitório e fique de pé sobre eles enquanto comem a ingestão
diária recomendada.
Maze, parecendo menos do que entusiasmado com os seus deveres de
babá, grunhiu:
— Senhor. — Jusik, que estava olhando pela janela, de repente se
encolheu como se alguém invisível tivesse caminhado por trás dele. Os Jedi
eram estranhos.
— Mas antes de comerem, cavalheiros, aqui estão as suas novas
instruções. — Zey deu vida a um holograma, e a familiar grade cravejada
de planetas pousou no ar sobre a mesa de reunião. — E isso vem direto do
Chanceler, uma ordem pessoal direta. Encontrar a cientista chefe Ko Sai.
Chefe ainda estava falando, o que agradou Sev muito bem, porque estava
muito mais interessado no destino de Vau e agora estava observando Jusik
cuidadosamente. O garoto era como um holo receptor. Ele pegou todos os
tipos de coisas de eventos distantes. Talvez ele tivesse detectado algo agora.
Ele certamente parecia distraído.
— E quando a encontrarmos, senhor?
— Traga-a de volta inteira.
— Chatice. — resmungou Fixer. — Senhor.
Zey conseguiu dar um sorriso.
— Eu sei que vocês têm pouco pelo que amar os Kaminoanos,
cavalheiros, mas eu não faço as regras. Lama Su insiste que Ko Sai desertou
e que ela não morreu. Ele não dará as suas razões, mas isso provavelmente
não importa, porque o Chanceler quer uma cientista kaminoana mansa para
nosso próprio uso, então não devemos ficar em dívida com Tipoca, caso
eles mudem de ideia sobre nosso status de cliente favorito. O general
balançou a cabeça como se estivesse discutindo consigo mesmo. — Então
traga-a de volta aqui. Alta prioridade. Ele me ordenou que colocasse a
melhor equipe nisso.
Sev aceitou que era verdade. Eles eram melhores do que o Ômega
porque não eram brandos e desviados por questões pessoais. Eles tinham
que agradecer a Vau por isso.
— Ela se foi há um ano, senhor. Por que fazer a mudança tão tarde? —
Chefe perguntou.
— Eu não estou a par dessa informação, Sargento, — Zey disse
cuidadosamente. — Mas as informações que temos, por meio dos
Kaminoanos, sugerem que ela passou por Vaynai nos últimos seis meses.
Sev não sabia que os Kaminoanos tinham algum tipo de espionagem,
visto que eles quase nunca deixavam o seu mundo natal, mas eles podiam
claramente comprá-la de fora. Ele atribuiu Ko Sai à longa lista de objetivos
que o Delta havia estabelecido e tentou aceitar os seus medos sobre Vau.
Chefe quebrou a posição e caminhou até o holograma para localizar
Vaynai.
— Quem vai rastreá-la, senhor?
— Você.
— Entendido.
— O relatório veio de Ryn, que faz trabalhos ocasionais para a
República. Ela provavelmente se foi há muito tempo, mas esta é a primeira
pista positiva que tivemos.
Sev deu uma olhada furtiva em Jusik. Algo definitivamente o distraiu, e
não era o que estava acontecendo na parada. O Jedi olhou pra ele e deu-lhe
um discreto sinal de positivo.
O que isso significa? Alegria? Seu time de bola gravitacional venceu? Vau
está bem?
Chefe, Scorch e Fixer estavam absortos na discussão sobre o significado
de Vaynai, muito oceano, e ela provavelmente não estaria se escondendo em
Tatooine, e Sev apenas ficou lá, com os olhos apontando na direção
apropriada para parecer que ele estava acompanhando o debate.
Medo. Sim, era medo. Todos ficaram com medo, mas isso era diferente:
um vazio oco e corrosivo em seu estômago. Decepcionava Vau quando
importava. Se Vau sobrevivesse, ele derrotaria Sev com um sopro de vida.
Se ele não o fizesse, ele iria assombrá-lo. Tente mais, Sev. Você decepcionou
os seus irmãos, você me decepcionou, você deixou todo o exército Shabla
no chão. Tente mais, seu pequeno preguiçoso chakaar, ou da próxima vez
realmente vai doer.
Sev se esforçou tanto que caiu em seu beliche na maioria das noites sem
nem mesmo tirar o uniforme, e então teve que colocar a roupa em dia nas
primeiras horas da madrugada, quando o toque de alvorada fez o seu
coração quase pular do peito e se levantou com a cabeça ainda zumbindo
com a falta de sono.
Tinha cinco anos. Não tinha esquecido.
Sev era agora o melhor atirador do Grande Exército porque não queria
decepcionar ninguém.
— ...e isso fica dentro desta sala, senhores, porque esta é a implicância
do Chanceler. — O tom de Zey trouxe Sev de volta ao presente. —
Ninguém mais nas Operações Especiais sabe disso, e eu realmente não
quero que Skirata saiba, porque... por mais que seja um bom homem, ele
tem um problema com os Kaminoanos. Qualquer homem que se refira a
eles como tatsushi e realmente se vanglorie de receitas provavelmente deve
ficar fora do circuito. Dispensado.
Scorch riu com aprovação enquanto eles seguiam pelo corredor em
direção à confusão com Maze em seus calcanhares.
— Você acha que Skirata realmente comeria um Kaminoanos?
Fixer conseguiu uma sentença, o que foi bom pra ele.
— Só se ele tivesse molho picante.
— O que você acha que eles nos servem? Isso não é rollerfish no menu.
Scorch meio que se virou enquanto caminhava, tentando arrastar Sev para a
conversa. — Você está bem, Sev?
— Maravilhoso. — Eles não podiam mencionar Vau na frente de Maze.
No que dizia respeito a Zey, Vau havia feito o reconhecimento Mygeeto e
batido retirada. Ele certamente não havia roubado um banco e mergulhado
em algum buraco no gelo para morrer congelado, se já não tivesse quebrado
o pescoço. — Melhor impossível.
O som de botas andando rapidamente pelo corredor atrás deles se
transformou em um barulho. Jusik o alcançou, parecendo corado e quase
satisfeito consigo mesmo.
— Vou manter esse bando na linha, capitão, — disse ele a Maze. —
Tenho certeza que você tem coisas melhores para fazer do que fazê-los
terminar as suas verduras.
Maze virou imediatamente e começou a caminhar de volta para o centro
de comando.
— O que quer que esteja fazendo, — disse ele, — obrigado por não me
envolver nisso, senhor.
Maze não era estúpido. Não queria ficar entre dois generais Jedi jogando
um jogo. Ninguém em sã consciência faria isso. Chefe recuou para deixar
Jusik entrar na bagunça primeiro.
— Bem, general?
— Sinto que o Vau está vivo.
— E nós o deixamos pra trás, — Sev disse. — Nós não fazemos isso.
Jusik pegou o braço de Sev discretamente e aplicou um pouco de
pressão.
— E você estava sem opções, soldado. Se ele quisesse extrair, ele teria
pedido.
Scorch pegou um prato de pães de semente e os jogou na mesa para
marcar o seu território. Poucos dos outros comandos sentavam perto de
Delta na hora das refeições porque eram um dos últimos esquadrões
completos que haviam sido decantados juntos na cidade de Tipoca e
permaneceram juntos até agora. Grandes baixas nos primeiros dias da
guerra, Sev se odiou por acreditar em toda aquela bobagem sobre os Jedi
serem gênios militares invencíveis, significava que a maioria dos
esquadrões de comando havia sido reformada pelo menos uma vez e
simplesmente não tinha aquela coesão extra que o Delta tinha. Sev tinha
certeza. Todos os esquadrões de Vau, exceto um, permaneceram inteiros;
ele pode ter sido um instrutor violento, mas foi tudo para o bem deles. Ele
disse isso. Era a verdade.
— E agora, senhor? — Chefe perguntou. — Como fazemos isso
desaparecer? O tráfego de voz com Skirata?
— Não se iluda dizendo que Zey não sabe que algo aconteceu. — Jusik
poderia mudar de um garoto pateta para um homem duro em um instante.
Ele parecia estar aprendendo muito com Skirata. — Ele tem que pelo menos
fingir que segue as regras. Deixa comigo. Esses registros de comunicador
desaparecerão antes que alguém saiba que eles existem.
— Obrigado, senhor.
— Você fez a escolha certa para passar o problema pra mim em vez de
Zey, — disse Jusik. — Você pode se sentir desleal, mas o que ele não sabe
oficialmente não pode causar problemas pra ele.
— Você vai nos avisar quando o encontrarem?
— Claro que sim. Se alguém pode extraí-lo, Kal'buir e Ord'ika podem.
— Jusik pegou um pão de sementes do prato de Scorch e se levantou para
sair. — A Força me diz que as coisas vão dar certo.
Sev o observou partir. Se a Força fosse tão tagarela, deveria estar
contando aos Jedi sobre coisas estratégicas úteis, não vagas adivinhações.
— Kal'buir, — Fixer zombou.
Chefe não parecia muito chateado com Vau para comer.
— Uau, ele está mal, pequeno Jusik, não está?
— Pequeno Mando'ad normal...
— Ei, o nosso sargento está desaparecido. — Sev cerrou os dentes para
manter a voz o mais baixa possível. — Vau pode estar morto, e você pode
comer e brincar? Nós o abandonamos. Nós o deixamos para morrer. Nunca
deixamos um homem pra trás, pessoal.
Os outros três o olharam como se ele estivesse contando algo que eles
não sabiam.
— Calma, Sev. Estamos todos preocupados.
— A melhor coisa que podemos fazer, — disse Scorch, — é fazer o
nosso trabalho e deixar que todos façam o deles.
— Você conseguiu essa joia de sabedoria de um rótulo de pacote de
ração? — Sev estalou.
— Cale a boca e coma. Você vai pensar melhor com o estômago cheio e
algumas horas de sono. — Scorch agarrou um droide garçom que passava.
— Café da manhã completo da Corrie para o jovem psicopata aqui, lata.
Sev comeu rápido demais para sentir o gosto da comida, mas pelo menos
encheu um buraco, como Fi teria dito se o idiota irritante estivesse aqui. Sev
não tinha certeza se sentia falta do Ômega ou não. Em suma, ele tinha.
E foi tudo por alguns créditos. Não haviam créditos suficientes na
galáxia para valer a pena deixar um camarada pra trás. Sev não poderia
imaginar nada pior.
Se voltasse a ver Vau com vida, perguntava-se se teria coragem de se
desculpar com ele.
Mygeeto, submersível Profundidade Aay'han, profundidade de cinquenta e oito metros,
471 dias após Geonosis

Skirata não tinha certeza se o fluido que escorria de seu nariz e queixo
era borrifo do gelo derretido ou de seu próprio suor.
Eles estavam cortando a face de gelo por uma hora agora, e o espaço era
muito confinado para os dois trabalharem ao mesmo tempo. Eles se
revezaram. Skirata descobriu que precisava: era um trabalho quente, úmido
e entorpecente. Derreter era inútil. Parecia estar congelando novamente tão
rápido quanto descongelava. Colocou todo o seu peso contra um hidro
cortador inadequado e tirou outro pedaço de gelo do que viu como um túnel
de seis metros. As suas mãos estavam dormentes e formigando com a
vibração.
Estou ficando muito velho pra isso.
Vau, porque shab estamos mesmo nos incomodando? Coloquei o meu filho
em risco por isso?
Ordo deu um tapinha no ombro dele.
— Pare, Kal'buir.
Skirata colocou o cortador em modo de espera e descobriu que mal
conseguia mover as pernas. Ordo, com aquela perfeita compreensão
silenciosa, agarrou-o pelas botas e puxou-o pra fora do tubo da eclusa de ar.
Skirata se encostou na antepara e então deslizou exausto. As suas mãos
pareciam sem vida. Sacudiu-os com força para parar o formigamento.
Não era altura de dizer que podiam ter saído do Vau. Ambos estavam no
estágio em que não conseguiam pensar em muito além do próximo minuto e
o próximo pedaço de gelo se soltou e foi empurrado para o convés. O
convés do compartimento de carga estava coberto de cascalho úmido
liberado pelo derretimento: a paisagem branca imaculada disfarçava a
quantidade de detritos que havia na neve comprimida.
Houve outro baque da câmara de ar como um tijolo caindo de uma
parede. Skirata lutou para se levantar e entrou para limpar o gelo do
caminho de Ordo. Nem mesmo o barulho do disco cortante abafava os
ganidos de Mird, e se perguntou se o strill iria arranhar a escotilha para sair
do compartimento de armazenamento trancado. Mesmo que ninguém mais
amasse Vau, aquele animal certamente amava.
O bom do trabalho físico repetitivo e desesperado era que impedia que
especulasse muito sobre coisas como o gelo que havia congelado
novamente no lago, a possibilidade de que a parede do lago desmoronasse
sob o peso da água de qualquer maneira e que, trabalhando agora sem suas
armaduras seladas, eles se afogariam se o tubo de embarque cedesse.
Clunk.
Ordo era jovem, forte e em forma. Ele estava removendo o gelo muito
mais rápido do que Skirata poderia.
— Reaquecimento, — Ordo gritou. Skirata estava parcialmente surdo
por muito tempo gasto em explosões altas sem capacete, mas ele podia
ouvi-lo. — Quando tirarmos Vau de lá, ele provavelmente terá hipotermia,
por melhor que seja a sua armadura. Tenho que descongelá-lo.
— O que?
— Respiração boca a boca. Ar quente nos pulmões. Boca a boca.
Skirata não estava pensando rápido o suficiente.
— Osik.
— Talvez Mird possa fazer isso...
A única coisa que eles tinham agora era água quente. Os tanques
estavam cheios. Vau poderia pelo menos ter compressas mornas.
— Água morna com açúcar. — Ordo grunhiu com esforço e houve outro
baque. Ele estava indo bem. — É tudo uma questão de aumentar a
temperatura central.
Skirata quebrou o seu pacote de ração. Ele nunca imaginou que daria a
Walon Vau os seus últimos blocos de energia. Aqui estava ele, preocupado
com um chakaar que havia espancado os seus homens o suficiente para
colocá-los em um centro médico, quando ele tinha os seus filhos, Jusik,
uma grávida Etain, e agora Besany Wennen para se preocupar, e todos eles
mereciam os seus esforços um muito mais do que Vau.
— Chakaar, — ele disse para si mesmo.
— Um crio droide pode ser um bom investimento.
— O que?
— Eu disse, acho que um crio droide pode ser um bom investimento.
Quebra gelo. — A broca abafou a voz de Ordo por um tempo. — Deve ser
capaz de derreter o gelo mais rápido do que isso.
Foi uma longa meia hora. Os breves feitiços na face do gelo estavam
ficando cada vez mais difíceis, e eles precisavam economizar os seus blocos
de energia para Vau. Skirata sentiu sua força diminuindo mais rápido. O
cascalho solto do gelo se cravou nas palmas de suas mãos quando ele se
arrastou pra dentro do tubo, mas agora elas estavam tão dormentes que ele
mal podia senti-lo. Eventualmente, ele recorreu ao seu blaster, e o vapor fez
o compartimento parecer um vaporizador sani.
Ordo verificou a espessura do gelo.
— Quase lá. Pelo menos está quente aqui.
— Sinto muito, filho. Colocar você nisso.
— Bom treino. Nunca fiz isso antes.
— Você deveria estar na cidade com a sua garota na sua idade, não...
— Não me sinto bem em usar Besany para espionar pra nós.
Foi do nada. Ordo fazia isso de vez em quando, revelando o que estava
pensando e fazendo Skirata perceber que não sabia tudo sobre ele, nem
mesmo agora. Ele devia estar mastigando enquanto se arrastava no gelo.
— Mereel não a forçou, filho. Ela sabe o resultado.
— Eu quis dizer que não esperava me sentir mal com isso.
Então, novamente, Skirata sabia ainda menos sobre Ordo do que
pensava. Decidiu não comentar e apenas deixar o rapaz divagar, mas Ordo
ficou quieto novamente e mais pedaços de gelo sujo e arenoso caíram no
convés enquanto o cortador gemia. Ele deu a sua opinião.
A República usa você, filho, mas agora estamos usando a República. Não
posso deixar um ativo como Besany Wennen ir para o lixo.
Uma lufada de ar frio queimando em seu rosto e um grito de Ordo
tiraram Skirata de um transe exausto e, de alguma forma, a sua adrenalina o
colocou de pé novamente.
— Nós terminamos. Eu o vi. — Não havia espaço suficiente para os dois
no tubo. Ordo golpeou freneticamente o buraco que aumentava
rapidamente. Quando se inclinou pra trás para pegar uma corda de fibra,
Skirata pôde ver uma forma negra que não parecia um homem por um
momento, mas então pôde distinguir parte da viseira em forma de T do
capacete de Vau. — Estou liberando as suas mochilas.
A operação agora era mais como entregar um bezerro nerf. Depois de
muito xingar e ofegar, Ordo saiu do tubo de embarque, puxando Vau por
uma linha em torno de um ombro. Parecia que ele estava arrastando um
caixão. Vau caiu no convés do compartimento de carga em uma pilha, com
a sua armadura tão fria que queimou os dedos de Skirata enquanto tirava o
capacete do homem.
O rosto duro e magro de Vau estava quase azul. Skirata empurrou as suas
pálpebras pra trás para verificar as suas pupilas: elas reagiram à luz. Os
humanos sobreviveram a baixas temperaturas mesmo quando parecia
morto, e Vau estava definitivamente vivo. Skirata listou mentalmente todos
os procedimentos que tinha que seguir, como procurar o pulso, contar as
respirações, não esfregar as extremidades e desviar o sangue mais quente do
centro.
— Osik, Walon, seu shabuir, não se atreva a ir e morrer comigo agora...
de Vau rolou e ele resmungou de volta para Skirata.
— Mird, — disse ele. — Mird...
Skirata foi atrás de Vau pelo menos duas vezes em sua vida com a
intenção de matá-lo. O seu instinto, por mais engraçado que fosse, agora o
concentrava totalmente em salvar o homem. Ordo deslizou pra trás pra fora
do tubo novamente, arrastando o braço de Vau, a birgaan e um grande feixe
de folhas de plastóide que estalavam.
— Respiração de resgate, Kal'buir, — ele ofegou. O esforço até cobrou o
seu preço de Ordo. Ele agarrou Vau e meio arrastou, meio carregou-o para a
enfermaria, jogando-o no beliche. Skirata seguia atrás com as sacolas. —
Eu sei que os seus xingamentos podem gerar alguns quilowatts de calor,
mas não estão atingindo os pulmões dele.
— Ele está consciente e respirando. Nada de RCP.
— Certo. Seco. Ele está seco. Roupas molhadas lixiviaram o calor
rapidamente. — O traje resistiu.
Skirata tirou a armadura de Vau e pegou tudo o que pôde encontrar no
armário para envolvê-lo. Os seus dedos não mostravam sinais de
congelamento: frios como cadáveres, mas ainda macios. Isso era alguma
coisa.
— Deixe Mird sair.
Mird disparou pra fora do compartimento do armazenamento e quase
derrubou Skirata. O animal era bom e quente. Se alguém ia se aconchegar
em Vau e transferir calor, Mird era a melhor escolha. Ordo observou o strill
cair sobre o seu mestre com pequenos guinchos e estrondos encantados,
babando em seu rosto. Ordo pareceu achar isso engraçado de repente.
— Obrigado, Mird, — disse ele. — Você nos salvou de um destino pior
que a morte. Continue, assim strill. — Ele se virou para Skirata. — É hora
de se fechar e sair daqui.
— Como você vai quebrar o gelo da superfície?
Ordo encolheu os ombros.
— Torpedo.
— Bem, o laser não atraiu nenhuma atenção indesejada, então vai em
frente, filho. Vou colocar um pouco de líquido quente em Vau.
— Segure-o no beliche, porque vamos sair daqui em um bom ângulo.
Você pode querer esperar o líquido quente até que estejamos estáveis
novamente.
Ordo nunca exagerou. Quando ele disse um bom ângulo, provavelmente
quis dizer vertical. Alguns momentos depois que o choque de um torpedo
explosivo ricocheteou contra eles, tudo o que não tiveram tempo de guardar
com segurança deslizou para as anteparas e Mird uivou, as garras cravadas
profundamente no alojamento do beliche. Aay'han niveladou. Os objetos
soltos caíram de volta no convés.
— Beba isso, — Skirata disse, levantando a cabeça de Vau com uma
mão e segurando um copo de água quente adoçada em cubos em seus
lábios. Mird deu a Skirata algum espaço relutante, mas se espalhou ao
longo do corpo de Vau.
— Coloque-o em suas entranhas, Walon, ou terei que aquecer as suas
entranhas enfiando um blaster em sua garganta.
Vau tossiu, espirrando um fino jato de saliva no rosto de Skirata.
— Vou... contar a todos... que chakaar molenga você é, Kal.
Bem, as suas funções cognitivas estavam ótimas. Nenhuma divagação
confusa lá; Skirata assinalou mais um sintoma da lista de primeiros
socorros.
— Você pode sentir algum ferimento?
— Ainda não... você parece pior do que eu...
— Qual é. — Skirata derramou mais líquido em sua boca. Ele se sentia
destruído agora. — Desça isso você.
— Dizer ao Delta?
— Certo, sim. — Vau tinha algumas graças salvadoras: ele sabia que os
seus rapazes ficariam muito preocupados com ele e que eles precisavam
saber que ele havia sido extraído. — Vai dizer. Agora, por que valeu a pena
quase congelar até a morte?
— O que diabos, — Vau disse com voz rouca, — ganhou em quase... se
matar... para me salvar?
— Eu queria a sua armadura. Selos ambientais melhores que os meus,
obviamente. Você poderia sobreviver a um sarlacc nisso.
Vau realmente sorriu. Ele não fazia isso com frequência. Ele tinha dentes
brancos e muito uniformes que provavam que ele teve uma infância
saudável e bem alimentada.
— Birgaan... dê uma olhada lá dentro...
A voz de Ordo cortou o sistema de comunicação da nave.
— Estou indo para o ponto dos reboques, Kal'buir. Eu informei o
General Jusik que Vau está a bordo.
— Bom rapaz, — disse Skirata.
— Bom rapaz, — disse Vau em coro. — Quanto esse submarino custou
pra você?
— Cale a boca e beba.
Skirata esperou até que ele tivesse forçado três copos de cubos de
energia diluída na garganta de Vau antes de ceder a uma curiosidade animal
que anulou cada dor de cansaço e distensão muscular. Ele desamarrou o
pacote. Enquanto o conteúdo se espalhava pelo convés da enfermaria, havia
apenas uma palavra que poderia dizer.
Wayii!
Vau fez um som de tosse que poderia ser uma risada. Não teve muita
prática nisso. Skirata ficou paralisado pela maré de objetos de valor, tanto
que as suas mãos tremiam quando abriu o sortimento de bolsos da mochila.
O que saiu abafou qualquer outro comentário. Ele se ajoelhou no convés,
sabendo que a sua antiga lesão no tornozelo estava gritando por um
analgésico, mas muito absorto em separar o saque para dar-lhe tempo.
Tinha muito aqui, muito. Centenas de milhares de créditos no valor.
Estendeu a mão e remexeu com cautela. Não... milhões.
Skirata começou a fazer um inventário mental quase sem pensar nisso.
Velhos hábitos custam a morrer.
Quando olhou por cima do ombro, Vau estava o olhando, com os olhos
meio abertos como se estivesse cochilando. Mird manteve a guarda,
fungando ocasionalmente.
— Exceto pelo bolso interno, — disse ele, — você pode ficar com o
bastante.
— O que você quer dizer com ficar com o bastante?
— Eu não sou um ladrão. Peguei o que era meu por direito. O resto é...
uma doação para o fundo de fundo social clone.
— Walon, — Skirata disse calmamente, — isso é algo em torno de
quarenta milhões de créditos, pelo menos. — Atordoado ou não, ele sempre
conseguia se recompor o suficiente para realizar uma avaliação
incrivelmente precisa. — Você quase morreu para conseguir. Tem certeza
disso? Você ainda está em choque. Você...
— Claro.
— Claro?
— Claro.
— Você liberou para os rapazes? Walon, isso é...
— Eu liberei para cobrir as minhas shebs, — disse Vau.
Skirata assentiu, de repente incapaz de encontrar os olhos de Vau por
mais tempo.
— Claro que sim.
— Se os únicos itens que faltam... são da caixa de depósito de Vau, isso
restringe os suspeitos. — Vau estendeu a mão para o béquer e conseguiu
levá-lo aos lábios. Ele derramou muito, mas tudo bem. Ele estava se
recuperando rápido. — Apenas fez parecer um bom ladrão aleatório à moda
antiga.
— O seu pai não poderia tocar em você, mesmo que descobrisse que
você voltaria.
Foi claramente uma admissão longe demais para Vau. Ele estava
definitivamente envergonhado, não com raiva.
— Olhe, Kal, quando você estava sobrevivendo em borrats mortos e
cascalho, e bancando o mártir da classe trabalhadora, ninguém te ensinou a
roubar como um profissional?
Vau geralmente não precisava fazer muito para deixar Skirata louco por
uma luta: respirar normalmente era o suficiente. Desta vez, Skirata
simplesmente se ajoelhou com o queixo abaixado, lutando para encontrar as
palavras certas para dizer a Vau que estava comovido com a sua
generosidade.
— Obrigado, — disse ele, mexendo em um lingote de aurodio
espetacular. — Obrigado, ner vod.
Ner vod. Ele nunca ligou para Vau como irmão sem uma boa dose de
sarcasmo. Quarenta milhões de créditos percorreram um longo caminho
com Skirata.
— Mas lembre-se dos meus homens também, Kal. Se eles precisarem de
ajuda quando chegar a hora... espero que seja dada.
— Walon, isto é para todos os clones que precisam de ajuda. Não apenas
os meus rapazes. Eu compraria todos os três milhões deles se pudesse.
— Desde que nos entendamos.
— Vou pedir a Ordo para inventariar isso. Ele é bom nisso.
Eles não tinham uma migalha de comida a bordo do Aay'han, mas
eram... ricos. Ou pelo menos os planos de rápida expansão de Skirata para
garantir o futuro dos clones, os seus clones, os clones de Vau, qualquer
clone shabla que pudesse tirar do GER no final, foram bem financiados.
Ordo se sentou à mesa de tratamento na enfermaria com Skirata e trabalhou
o seu caminho através do transporte com um datapad e uma carranca
distraída.
— Isso é algum renascimento Mandaloriano que você está planejando,
Kal? — Vau perguntou.
Estava começando a parecer. Realmente não tinha pensado tão à frente.
— Se eu criar um lugar para todos eles, então pode muito bem ser
Mandalore.
— Sim, — Vau disse. — Pode ser.
Mird, cobrindo Vau como um casaco de pele malfeito, observava Ordo
com um olho vermelho. A outra estava bem fechada. Ordo nunca esqueceu
que Vau colocou Mird nele quando criança, e parecia que Mird não havia
esquecido que Ordo havia apontado um blaster entre seus olhos. Ele
retumbou profundamente em sua garganta, aparentemente seguro de que
ambas as mãos de Ordo estavam ocupadas com o produto do roubo.
Ordo pegou um analisador espectral de seu kit de ferramentas de cinto e
passou o feixe sobre as gemas, observando diligentemente a composição e o
peso de cada peça em seu datapad com uma pequena carranca de
concentração como um contador fortemente armado. Skirata prendeu a
respiração.
Alguns dos itens na bolsa eram antiguidades de valor inestimável.
— Ícone ancestral de Beshavo, — disse Ordo, e ergueu um quadrado de
pergaminho dourado manchado pelo tempo. Os colecionadores atirariam
alegremente em suas mães por isso. Eles certamente atiraram um no outro.
— Espero que você conheça uma rede confiável no mundo das belas artes,
Kal'buir, porque vamos precisar de uma.
— As artes plásticas, — disse Skirata, lutando contra uma vontade
histérica de rir, — são o meu território natural.
— Você é um violento inculto, — disse Vau. — Mas você salvou os
meus shebs. Aqui, Ordo, me ajude com o meu cinto.
Ordo levantou uma sobrancelha.
— Você deveria ir com calma, sargento.
— Abra esta bolsa. Vamos.
Skirata fez isso por ele. Vau se atrapalhou e puxou uma peça de
joalheria, um alfinete de ouro com três pedras azuis vivas de corte quadrado
de tamanho extravagante colocadas ao longo de seu comprimento. Ele
poderia ter trocado por um apartamento de cobertura na República. Skirata
nunca tinha visto nada parecido.
— A bugiganga da minha mãe, — disse Vau. Ele jogou para Ordo, que o
pegou com uma mão. — Dê para aquela a sua linda garota, capitão. Ela fará
justiça.
Ordo, sempre uma estranha mistura de ingenuidade e experiência
precoce, olhou para ela com visível consternação. Ele não tinha ideia de
como aceitar um presente como aquele: mas Skirata também não. Foi um
empecilho. As únicas pessoas que lhe deram bens, mesmo que
remotamente, o fizeram sob a ponta de sua faca. Vau parecia totalmente
indiferente à riqueza, mas talvez se você começasse a vida tão rico, ela
deixaria de ter sentido.
Ordo escaneou as pedras... dimensões, claridade, refração, densidade... e
digitou no datapad.
— Aproximadamente cento e quarenta e três quilates. — Seu olhar ainda
estava fixo nas safiras como se fossem explodir. — O valor de mercado
atual das gemas não engatilhadas é de dez milhões. Mas é a sua herança.
Ele parecia um garotinho de novo, e o fato de ser propriedade roubada não
entrava na objeção. — É muito valioso, receio.
— Pegue, Ordo. Dá-me imenso prazer saber que a Mãe Vau já não a tem,
e que uma mulher melhor a tem.
Pode ter sido simplesmente uma fanfarronice envergonhada, mas Skirata
sentiu que privar os seus odiados pais de algo era exatamente o que Vau
queria. Ele era um órfão voluntário. Era um contraste gritante com Skirata,
um órfão que valorizava a família mais do que qualquer coisa. Tentou ser o
melhor pai possível para homens que foram criados sem o conforto de
nenhuma mãe, boa ou má.
Ordo, como sempre, educou Skirata novamente. O rapaz estava cheio de
surpresas.
— É muito gentil da sua parte, sargento Vau, — disse ele, e guardou o
alfinete com cuidado no bolso da camisa. Ele poderia ser um cavalheiro,
assim como Skirata o ensinou. — Obrigado. Garanto-lhe que será
valorizado.
Demorou mais uma hora para contabilizar todos os itens, e alguns ainda
desafiavam a avaliação: mesmo assim, Skirata estava olhando para
cinquenta e três milhões e meio de créditos, se não contasse as safiras
shoroni de Ordo, metade delas em títulos garantidos não registrados que
poderiam ser convertidos em créditos em qualquer lugar. Enquanto Vau
dormia e Ordo pilotava a nave, Skirata admirou o transporte por um tempo,
imaginando todos os esconderijos, rotas de fuga e novos começos que
poderia comprar para os clones que decidiram que haviam completado o
seu serviço à República.
Não estava encorajando a deserção. Estava libertando escravos. Os
homens que não se alistavam não tinham juramento ou contrato a honrar no
que dizia respeito a ele.
Eventualmente, ele deixou Vau dormindo, enrolado em uma bola fetal
com Mird ainda mantendo vigília sobre ele, e foi até a cabine para se sentar
com Ordo.
Ordo estendeu o alfinete com joias.
— Olha. Elas ficam verdes com esta luz. Ele parecia mais fascinado pela
química delas. — O que vou fazer com elas, Kal'buir?
Skirata deu de ombros.
— Como Vau diz, dê-as a Besany.
— Eles são roubadas. Isso a compromete.
— Deixe-me pensar em algo.
— Eles comprariam muitas terras e uma base segura. Vau ficará
ofendido?
— Não enquanto a Mãe Vau não voltar a usá-los.
— Que terrível odiar tanto os seus pais. Mas então os pais fazem coisas
terríveis com os seus filhos, não é? Como a pobre Etain. Entregue a
estranhos. Ordo teve pena da Jedi. Isso estava se tornando um tema
recorrente em sua conversa. — Tenho sorte de encontrar um pai que me
quis. Todos nós temos.
Ele acha que eu era um péssimo pai para os meus próprios filhos? Ele
nunca disse.
— Eu mataria por você, filho, — Skirata disse. — É simples assim.
Ordo era um bom rapaz. Um rapaz maravilhoso. Poderia pilotar uma
nave totalmente desconhecida, até mesmo encenar um resgate
impressionante, apenas na intuição e uma olhada no manual, depois sentar e
equilibrar as contas. Skirata, sufocado pelo silêncio pelo orgulho e amor
paternal avassalador, inclinou-se sobre o assento do piloto e deu-lhe um
abraço. Ordo piscou, claramente satisfeito consigo mesmo, e agarrou o
braço de Skirata.
A paternidade era uma bênção. Seria uma bênção para Darman, quando
chegasse a hora de descobrir, e agora Skirata tinha riqueza e a perspectiva
da tecnologia de Ko Sai para garantir um futuro decente para todos eles.
Mas o futuro era um conceito frágil para os Mandalorianos. O amanhã
nunca era dado como garantido pelos soldados, e a palavra Mando'a para
isso, vencuyot, transmitia otimismo em vez de uma escala de tempo. Venku
era um nome Mandaloriano bom e positivo para qualquer filho. Caberia
muito bem no bebê de Darman e Etain.
Sim, Venku. Isso mesmo: Venku.
— Eu nunca adotei você formalmente, — Skirata disse. Isso o
incomodava nos últimos dias, desde que começou a pensar na guerra como
tendo um prazo definido. — Qualquer um de vocês.
— Isso importa?
Skirata agora sentia que sim. Nenhum Mando'ad iria criticar o vínculo
entre ele e os seus filhos, e no que dizia respeito à República, os clones nem
mesmo se qualificavam como pessoas, mas os seus planos para dar-lhes um
futuro decente agora se tornaram muito, muito específicos. A descoberta da
mensagem concisa de Lama Su para Palpatine há pouco mais de uma
semana adiantou tudo.
— Sim, — disse ele. Ele estendeu a mão para segurar a mão de Ordo e
recitou o curto gai bal manda,— nome e alma, — tudo o que era necessário
para desvendar a história e dar a uma criança uma nova paternidade.
Mandalorianos eram adotantes habituais. As linhagens eram apenas
detalhes médicos. — Ni kyr'tayl gai sa'ad, Ordo.
Ordo olhou para as suas mãos entrelaçadas por um momento. Ele tinha
um aperto esmagador.
— Eu sou o seu filho desde o dia em que você salvou a minha vida pela
primeira vez, Buir.
— Acho que vocês, rapazes, salvaram, — disse Skirata. — Não quero
imaginar onde estaria sem vocês.
Skirata agora estava ocupado se odiando por não ter feito isso antes, não
assumido o compromisso final, e ele se preocupava com os seus outros
cinco Nulos espalhados pela galáxia. Às vezes, ele os via novamente como
crianças de dois anos esperando para serem abatidos... mortos... porque não
atendiam às especificações que os Kaminoanos queriam. Intransponível.
Perturbado. Defeituoso.
E aruetiise pensava que os Mandalorianos eram selvagens, não é?
A galáxia estava cheia de hipócritas.
CAPÍTULO 4
Decreto E49D139.41: É proibida toda a clonagem não militar de sencientes, e a clonagem
militar deve ser confinada. Instalações licenciadas pela República, como as do governo de
Kamino e quaisquer outras designadas pela República agora ou a qualquer momento durante a
duração das hostilidades. Essa proibição abrange o fornecimento de equipamentos de clonagem;
a contratação ou recrutamento de tecnólogos de clonagem e engenheiros genéticos com o
objetivo de executar técnicas de clonagem; e a aquisição de organismos clonados sencientes.
Isenções: Khomm, Lur, Columns e Arkania podem continuar a clonagem médica terapêutica
com licença apropriada, caso a caso.
— Procedimentos do Senado, República Revisão Legal

Caftikar, caminho para Eyat, 473 dias após Geonosis

ntão, qual é a sua estratégia? — Darman perguntou ao lagarto,


—E tentando construir relacionamentos. — Como você vai assumir?
O sargento Kal disse que você tinha que trabalhar com os habitantes
locais e usar as suas estruturas sociais para fazer o trabalho, não tentar fazê-
los trabalhar do jeito da República. Atin caminhou ao lado de Darman e do
Marit, com as mãos nos bolsos, sem sinais reveladores de sua armadura
leve sob as roupas de trabalhador que A'den lhe dera. Estava chovendo e o
caminho entre as árvores estava enlameado e cheio de poças, mas pelo
menos eles tinham uma desculpa para cobrir a cabeça com capuzes. Atin
tinha uma viseira e uma barba escura de dois dias. Em um olhar superficial,
poucos perceberiam que eram idênticos.
— Nós esmagamos Eyat, — disse a lagarto. O nome dela era Cebz e ela
tinha um babado de pele escarlate sob o queixo, aparentemente um sinal de
que ela era dominante e não aceitaria nenhuma resposta de lagartos
inferiores. Ela cheirava a folhas esmagadas e carregava um formidável
blaster SoroSuub pendurado no peito. — Concentramos os nossos esforços
na capital e, quando ela cair, os governos regionais não conseguem resistir,
e tomamos o próximo nível de cidades, depois as próximas menores e assim
por diante. Temos os números do nosso lado.
— Acho que o nosso Chanceler gostaria de ouvi-la, — disse Atin, mais
para si mesmo do que para ela. — Ele gosta de começar em todos os
lugares ao mesmo tempo, para que ninguém se sinta excluído da guerra.
— É assim que construímos, por processo em cascata, — disse Cebz. —
Também podemos desconstruir da mesma forma.
A sua cauda balançava de um lado para o outro para manter o equilíbrio
enquanto caminhava. O som de whush-whush-whush e a corrente de ar
eram perceptíveis.
— Vocês podem se aproximar das pessoas? — Darman perguntou.
Cebz parou de balançar o rabo e a sua marcha tornou-se um pouco mais
lateral, mas agora ela se movia silenciosamente.
— Sim.
— Então vocês construíram as cidades aqui.
— Sim. A ajuda contratada.
— Mas vocês não tem voz no governo.
— Não recebíamos tanto quanto os humanos. Não podemos viver nas
belas casas que construímos. Se ter voz significa mudar isso, então sim,
queremos ter voz no governo. O seu outro camarada de saia ficou muito
aborrecido com isso, antes de desaparecer.
— O primeiro CRA? Sim, posso ver como isso deixaria o Alfa Trinta
irritado...
— Você Entende. Você também não tem direitos. Se você me perguntar,
é loucura treinar um exército e não mantê-lo feliz. Isso vai se virar contra
você no final.
Atin tossiu discretamente.
— Você fala a linguagem Básica muito bem.
— Sempre compensa falar o idioma do cliente.
Ela parou repentinamente, imóvel. O instinto de Darman foi se agachar e
sacar a sua arma. Atin fez o mesmo. Cebz olhou pra eles, perplexa.
— E aí?
— Você parou de repente, — Darman sussurrou, perdendo os sensores
de seu capacete. — Contato inimigo?
— Não, mas isso é o mais longe que eu vou. Muito perto da cidade. Os
marits se destacam. Cabeças podemos cobrir, mas as caudas são um
problema. Ela se virou e começou a caminhar de volta para o acampamento.
— Boa sorte.
Espécies reptilianas tinham essa tendência de congelar e então explodir
em movimento novamente, disse o manual do GER. Saber disso não
impediu Darman de reagir todas as vezes. Atin observou Cebz ir e se virou
para Darman novamente com um encolher de ombros.
— Apenas um reconhecimento inicial e talvez a aquisição de veículo,
certo? — ele disse. — Basta avaliar o local. Basta olhar em volta.
— Eu juro, — disse Darman. Ele tinha uma identidade falsa, créditos e
as excelentes plantas da cidade dos Marits em seu datapad. — Certifique-se
de que nada mudou desde a última vez que os dados foram atualizados.
Veja até onde podemos entrar legitimamente no complexo do governo.
A primeira coisa que o impressionou sobre a cidade foi que ela era
claramente definida, sem engrossamento gradual dos subúrbios, sem
desenvolvimento de faixas, e se ele não fosse capaz de ver as formas dos
edifícios do perímetro, ele teria pensado que era um baluarte murado. Havia
pouco tráfego entrando e saindo, e era quase inteiramente feito de grandes
embarcações, empilhadores repulsores e transportes. Os cidadãos de Eyat
não se aventuraram muito longe.
— Cerco em tudo menos no nome, — Atin disse. — Eles estão com
medo dos Marits.
— Então, como explicamos que entramos?
Atin bateu com o seu blaster.
— Somos jovens, durões e loucos.
— Eu vou comprar isso.
— E de fora da cidade.
— A'den poderia ter mencionado isso.
— Nós sobrevoamos a área. Devíamos ter pensado nisso.
— Vai ser mais fácil da próxima vez, quando tivermos um veículo.
— Contratar ou comprar?
— Pensei em liberar um caixote, mas é uma cidade pequena e
provavelmente levam mais a sério o roubo de speeders do que no Triplo
Zero.
— Dar, você realmente gosta de roubar coisas, não é?
— Não é roubado, — disse Darman. — É adquirido de forma diferente.
Não possuía nada; nenhum clone possuía, porque tudo o que os
Kaminoanos achavam que precisavam havia sido fornecido pra eles. O que
sabia sobre propriedade foi aprendido com o sargento Kal, e então o mundo
da posse explodiu sobre ele quando foi solto em uma galáxia onde os seres
não só possuíam coisas, eles queriam muitas coisas, mais do que jamais
poderiam usar, e toda a sua existência consistia em adquirir mais por todos
os meios que pudessem.
Uma coisa era entender a teoria e outra era senti-la. Darman estava feliz
por ter o melhor kit que pudesse conseguir, quartos confortáveis e o
máximo de comida que pudesse comer, mas nada mais material o fazia
querer arriscar a sua vida para obtê-lo.
— Você já se perguntou o que aconteceu com os quatro milhões de
créditos que o sargento Kal roubou dos terroristas? — Atin perguntou. Eles
estavam nos limites da floresta agora. Eyat tinha uma faixa de terra aberta
ao seu redor: eles estavam prontos para os lagartos. — Você acha que ele
entregou ao General Zey?
— Não, — disse Darman. — Não é de admirar.
Eles finalmente se esconderam e passearam como um casal de jovens
comuns e superconfiantes em direção à rota principal para a cidade. As
defesas mencionadas nos relatórios da inteligência agora eram visíveis,
torres de vigia com canhões de laser. Os Marits não tinham recursos aéreos
além dos speeders. Eyat foi criado para repelir um ataque de infantaria
simples.
Não esperava o Grande Exército da República. Se fosse, a evidência de
seus aliados Separatistas estava longe de ser vista.
Eles estavam andando ao ar livre por alguns minutos quando um
caminhão repulsor saiu do curso e parou ao lado deles. O motorista se
inclinou pra fora da cabine: humano, de meia-idade, moreno, barbudo.
— Vocês estão loucos? — ele gritou. — Vocês não podem andar fora da
cidade, como vocês chegaram aqui?
Darman assumiu o papel sem esforço e deu de ombros.
— Tive que largar a speeder bike quilômetros atrás.
— Entrem. — Ele apontou para a parte traseira do caminhão. — Vou
deixar você dentro da fronteira. Vocês não são daqui, são?
— Não. Procuramos por trabalho.
O motorista abriu as escotilhas e Atin entrou, dando uma mão a Darman.
Assim que encontraram um lugar para sentar entre as caixas de comida, o
caminhão parou. Um punho bateu na antepara. Darman se inclinou pra fora
da escotilha e descobriu que eles estavam dentro de Eyat, em um
cruzamento com uma estação de transporte rápido em um canto do
quadrante.
— Vão embora e certifiquem-se de conseguir transporte de volta para
casa, onde quer que seja, — disse o motorista, e balançou a cabeça. — A
coisa mais idiota que já vi...
— Obrigado. — Darman acenou. O veículo decolou e desapareceu no
cruzamento. — At'ika, este é apenas um teste. Vamos ver até onde
chegamos hoje.
Atin consultou o seu datapad. O bom dos rebeldes era que eles
construíram Eyat e ainda tinham os planos, canais de drenagem e serviço,
bem como a infraestrutura de superfície.
— Transporte mais rápido para o centro da cidade.
— E pegue um airspeeder registrado na cidade na saída. Mais fácil voltar
na próxima vez.
Era, como Darman havia decidido na baía da Core Conveyor, um lugar
comum onde as pessoas cuidavam de suas vidas. Era uma cidade pequena
em comparação a Coruscant, cheia de prédios baixos e casas modestas:
conseguia entender a escala. Isso não o dominou. Observou do visor do
transporte veloz, com a cabeça apoiada no transparaço, e viu os seres
humanos como ele.
E estou lutando por uma espécie diferente, por lagartos, contra
humanos. O sargento Kal diz que as espécies não importam para os
Mandalorianos. Por que o fato de eu ser humano não importa para os seres
humanos em Coruscant?
Darman conhecia apenas uma comunidade onde se sentia em casa, e era
com os seus irmãos e os poucos não-clones que haviam se juntado a eles. O
resto da galáxia era alienígena, independentemente da espécie.
Agora ele finalmente entendeu o conceito de aruetiise.
— Olhe bem, Dar. — Atin cutucou-o nas costelas. — Esta é a nossa
parada. — Ele enfiou o datapad de volta no bolso. — Até agora tudo bem.
Nada mudou no que diz respeito ao layout.
— Bem, os seus construtores não apareceram por um tempo, não é? Não
é de admirar que nada tenha mudado.
De acordo com os planos, o prédio do governo... a Assembleia... tinha
uma galeria pública. Darman e Atin ficaram em frente ao pórtico,
admirando a colunata com a devida reverência de fora da cidade e
protegidos da chuva enquanto liam o aviso ao lado das enormes portas.
— Então, as sessões começam às 14:00, Dar.
— São dez e quarenta.
— Tempo livre.
Não era tempo perdido. Eles tiveram tempo de dar uma volta no
quarteirão, plantar algumas holocâmeras de vigilância do tamanho de
contas do lado de fora da Assembleia e avaliar o ponto de entrada para os
políticos que participavam das sessões parlamentares. Eles se posicionaram
em um tapcaf em frente ao prédio e se acomodaram para comer até ficarem
parados enquanto observavam as idas e vindas de naves de entrega e
speeders de aparência oficial. Darman sentou-se de lado na janela; Atin
olhou para a estrada.
— Nunca mais vou comer carne, — Atin murmurou, olhando para o
fluxo de tráfego. — Jamais.
— O que é isso na sua mão, então?
— Pastel de peixe. Peixe não conta.
— A carne de réptil é muito parecida com o peixe.
Atin olhou para o hambúrguer, suspirou, colocou-o de volta no prato e
virou-se para convocar um droide garçom. Ele parecia muito mais feliz
quando uma pilha de pastéis doces apareceu.
Duas horas para ir.
Darman digitou algumas observações sobre as rotas de saída em seu
datapad, mastigando alegremente um tubo de massa embalado com roba
picado e especiarias, e se perguntando quando poderia obter uma janela de
comunicação para entrar em contato com Etain. Skirata estava certo:
concentrar-se nas pessoas que você ama pode mantê-lo são em uma guerra
ou distraí-lo, e pensou ter encontrado o ponto de equilíbrio. Tinha algo pelo
que esperar, pelo qual viver, mesmo que não tivesse ideia do que
aconteceria com o exército quando ganhassem a guerra.
— Nós temos que pegar o Fi e resolver, At'ika.
— Conseguir um encontro pra ele, você quer dizer?
— Laseema não tem um amiga ou algo assim? Odeio vê-lo assim.
— Talvez Agente...
Darman esperou, distraído com o seu datapad, mas Atin não terminou.
— Agente o quê?
Atin estava olhando para o tráfego novamente, os lábios ligeiramente
entreabertos.
— Não olhe pela janela. Apenas afaste-se lentamente.
— Certo... — Darman mudou de posição. Ele estava começando a odiar
operações à paisana; ele ansiava por seus sensores de capacete mais uma
vez. — O que é?
Os lánbios de Atin mal se moveram. Darman se esforçou para ouvi-lo
por causa do barulho no tapcaf.
— Eu pensei que estava olhando para o meu próprio reflexo por um
segundo até que lembrei que estou disfarçado... e tenho cicatrizes.
Levou um momento para Darman entender.
Atin tinha visto outro clone, de perto. Ele teria reconhecido Fi, Niner ou
A'den, e não deveria haver nenhuma outra trooper aqui, exceto A-30, Sull.
— Tem certeza que não é um Nulo?
— Os únicos que não conheci são Jaing e Kom'rk, e eles ainda estão
atrás de Grievous.
— Disse Kal...
— Qualquer que seja. Esse não é um deles. Ele estava a um metro de
mim. Ele está se mexendo agora.
Darman manteve a sua posição por mais um pouco. Atin pousou a
comida e dirigiu-se para as portas, seguido por Darman. Não era o que eles
tinham vindo fazer no Eyat, mas um CRA que desertou era... impossível.
Jango Fett os havia criado e treinado pessoalmente, com ênfase na lealdade
absoluta à República. O sargento Kal disse que Jango era um shabuir
desequilibrado, mas sempre cumpria o seu contrato, e esse contrato incluía
a criação de um exército leal e totalmente confiável.
Darman tinha ouvido rumores em contrário, e os Nulos eram a prova
viva de que um clone trooper poderia ser tão excêntrico e rebelde quanto
qualquer humano aleatório, mas nada havia sido confirmado.
— Está vendo ele, At'ika?
As costas largas em um casaco de couro preto desapareceram em uma
multidão de pedestres, mas um momento depois o chicote preto ultracurto
do CRA surgiu um pouco acima das cabeças da multidão. Atin tocou o dedo
na orelha, ativando o comunicador em miniatura aninhado lá no fundo; com
sensores sob o queixo e em cada lado da cartilagem tireoide captaram os
impulsos nervosos de seu cérebro e converteram a subvocalização
silenciosa em fala audível.
Demorou um pouco de prática para pensar em palavras e não falar em
voz alta, mas agora Darman descobriu que era como falar consigo mesmo.
— Nove, mudança de plano... — disse Atin. — Apenas dei uma olhada
em nosso DEC.
Darman captou a voz de Niner em seu fone de ouvido.
— Eu tenho as suas coordenadas. Precisa de reforços?
— Vamos ver para onde ele vai.
Darman interrompeu.
— Verifique com Jusik. Veja se há algo sobre o qual não fomos
informados.
— Zey disse DEC, — disse Niner. — A menos que isso seja uma
fachada para outra missão.
A voz de A'den interrompeu com aquela indignação grave que o marcou.
— Se for, então eu também não sei.
Darman não gostou do que parecia isso. Havia necessidade de saber,
negação de informações e não saber onde outras forças especiais foram
colocadas atingiu Darman como sendo o último. E os Nulos sempre
pareciam ouvir sobre tudo, fossem eles planejados ou não.
— Isso seria mais fácil no Triplo Zero, — disse Atin.
— Ele é um CRA. Não seria fácil em lugar nenhum.
Sull, aparentemente estava à vontade em Eyat, desceu a um passeio
arborizado e desceu um lance de escadas. Os dois comandos aceleraram o
passo.
Uma coisa era seguir um trooper CRA. Outra coisa era descobrir o que
fazer quando você o alcançasse.
Ponto de Encontro: Mong'tar Cantina e Brasserie, Bogg V, sistema Bogden, 473 dias
após Geonosis

— Você está atrasado, disse Mereel.


— Tivemos que pegar mantimentos. — Ordo montou na cadeira e
apoiou os braços cruzados nas costas. — E o Vau teve que passar no banco
para pegar alguns créditos.
— A próxima rodada é com ele, então. — Mereel se recostou no assento,
com as pernas esticadas à sua frente. Era uma cantina barulhenta e
decadente, do tipo que Mereel parecia gostar. Um droide e um jovem
humano também estavam à mesa, concentrados em seus datapads. Ninguém
piscou com a presença de Mandalorianos em um lugar como este, mas os
dois estranhos estavam em um mundo próprio de qualquer maneira. —
Então o Velho Psicopata está bem agora? aqui está ele? Onde está o
Kal'buir?
— Protegendo o sho'sen. — Ordo não queria soletrar submarino na
frente de estranhos. Mando'a era quase desconhecido entre os aruetiise,
então era um código discreto para usar. — Vau e Mird estão de guarda.
— Não fique agitado, mas Bard'ika está planejando se juntar a nós mais
tarde.
Ordo reservava-se o direito de um pouco de ansiedade sobre o general
Jusik, que podia passar de um Jedi com sabedoria eterna a um lunático
temerário como Mereel.
— Por que?
— Algo importante que ele quer discutir e não quer comprometer com o
tráfego de voz.
— Ele é tão louco quanto você. Zey vai pegá-lo um dia. — Ordo se
perguntou por um momento se eram notícias de Etain e da sua gravidez,
mas haviam maneiras de passar isso discretamente sem a necessidade de um
encontro cara a cara. Ele indicou o droide com um golpe de seu polegar. —
Pensei que você já tivesse visto latas suficientes para uma vida inteira.
— Apenas tendo um discurso fascinante sobre a expansão da economia
do lazer com os meus colegas aqui, que são...
— TK-zero, — disse o droide sentado à esquerda de Mereel. Ele parecia
uma versão mais alta e blindada de um astromecânico R2. — E o meu
estimado mecânico e agente, Gaib.
— Sempre um prazer, — disse Gaib, sem tirar os olhos do datapad. —
Mas lembre-se que sem mim, ele é apenas sucata chique.
Ordo mudou para o comunicador de seu capacete. A vida era muito mais
fácil com um buy'ce. O aparente silêncio que se seguiu para os forasteiros
parecia dois Mandos esperando por um camarada para mostrar e, em seu
jeito Mandaloriano pouco comunicativo, não tendo muito o que discutir por
meio de arte e filosofia. A realidade inédita no comunicador privado era
algo completamente diferente.
— Certo, Mer'ika, por que mudar o PE para aqui e o que você está
fazendo com os turistas?
Mereel virou a cabeça como se estivesse olhando para o bar e ignorando
o irmão.
— O lata e o seu ajudante são especializados em equipamentos e dados
industriais roubados. Caçadores de recompensas de alta tecnologia. Eles
foram solicitados a fornecer... Eu amo essa palavra, não é?.. fonte... como
adquirir... tão flexível... de qualquer forma, eles foram solicitados a
encontrar alguém que fornecesse equipamento de laboratório não rastreável
para vencer a proibição da clonagem. Suprimentos de forro seco, cubas,
sistemas de sala limpa, além de droides especializados para caber tudo,
pagos em créditos em dinheiro e sem registros.
— Ko Sai?
— Presumo que sim.
— Onde?
— Dorumaa, palácio de prazer tropical da Orla Média.
Ordo consultou o seu banco de dados planetário enquanto rolava a sua
Tela de Alerta.
— Água. Água, em todos os lugares...
— Oceanos, quase todos inexplorados. E provavelmente permanecerá
assim por algum tempo, por causa da adorável vida marinha que foi
revivida da camada de gelo quando eles terraformaram o local. Férias
tropicais. Nenhuma outra indústria. Mas era para lá que o material ilegal do
laboratório estava indo.
— Ela está montando um novo centro de pesquisa. Quem está
financiando isso?
— Não sei ainda. Certo, vamos trabalhar nisso. Batalha de Kamino,
Forças separatistas a atacam. Ela já retirou os seus dados críticos do
computador central de Tipoca, alguns dos quais pude reconstruir a partir da
cópia que fiz na outra semana, então ela esperava ir embora. Os Separatistas
então a levam para Neimoidia, ela endurece com eles, corre e acaba em
Vaynai. — Mereel cruzou os braços e olhou para o outro lado, fazendo uma
boa mímica de tédio exasperado. — De Vaynai, ela volta para o espaço
Separatista, último lugar que eles esperavam que ela corresse, e segue para
o sistema Cularin, especificamente Dorumaa.
— Evidência?
— O meu pequeno amigo entregou as coisas no porto de carga aqui.
Lata, gostando de um pequeno seguro para o caso do cliente pular sem
pagar, verifica o plano de voo e, com algumas transferências no caminho,
tudo acaba em Dorumaa.
— Então, por que ele está dizendo a você?
— Ele estava comprando itens pra mim. Poder de fogo extra e ir mais
rápido para o submersível.
— Você tem uma dúzia ou mais de canalhas que poderia pedir por
equipamento.
Mereel estava sorrindo. Ordo podia ouvi-lo em sua voz.
— Não aqueles que também aparecem fazendo negócios com Arkania.
Ordo teve que admirar a capacidade de Mereel de filtrar dados. Os genes
de correr riscos se expressaram ainda mais nele do que no resto deles, mas
teve uma tenacidade paciente surpreendente assim que se apegou ao cheiro.
Ele poderia dar ao Mird uma corrida pelo seu dinheiro.
— Então, precisamos arrancar a localização de alguém.
— Assim que eu encontrar o piloto que entregou as remessas. Ninguém
está falando. Não me importa o quanto as pessoas sejam caladas, alguém
sempre fala, mais cedo ou mais tarde. Um detalhe, uma palavra, algo
sempre escorrega.
Mais cedo ou mais tarde era o problema, como sempre. O tempo era o
inimigo em todos os níveis. Ko Sai não teria só os Separatistas a caçando.
Os Kaminoanos deviam saber que ela tinha omitido os seus dados porque,
se Mereel pudesse ver que estava faltando, eles teriam resolvido isso um
ano atrás. Mas eles não ousariam dizer ao seu principal cliente... a
República... que estavam com problemas. Eles iriam querer recuperá-la
silenciosamente e sem problemas. Eles também teriam contratado caçadores
de recompensas, se tivessem algum bom senso. A sua economia dependia
disso.
E os Arkanianos, o rival mais próximo de Kamino, sabiam que ela estava
desaparecida. Todos que importavam, sim; a fofoca na indústria era difícil
de controlar. A clonagem era clandestina para vencer a proibição, e haviam
muitas empresas que queriam a melhor isca de aiwha em sua equipe, então
os Nulos poderiam estar empurrando uma dúzia de perseguidores pra fora
do caminho para chegar até ela se eles não ficarem à frente do pacote.
— Ela está fugindo de pelo menos três partes interessadas, então, —
disse Ordo. — Isso está ficando louco. Você acha que Lama Su está usando
a desculpa do fim do atual contrato de clonagem para encobrir o fato de que
ele perdeu os dados dela e agora é hora da crise? Quão crítico é para a
produção?
— Eu não me importo, — disse Mereel, — contanto que eu coloque
minhas as mãos em seu pescoço magro e grisalho e ela entregue o que for
preciso para dar a você, a mim e a todos os nossos vode uma vida plena.
TK-0 cutucou Mereel.
— Estamos entediando vocês? Vocês estão muito quietos...
— Estamos meditando, — disse Mereel. — Somos pessoas muito
espirituais, nós Mando'ade. Comungar com o manda.
— Eu posso sentir isso daqui, — disse Gaib. — Quando recebemos o
pagamento?
Mereel jogou duas fichas de cinquenta mil créditos na mesa.
— Vocês podem ficar com o troco se encontrar o piloto do cargueiro que
entregou o equipamento em Dorumaa.
— Os Arkanianos podem nos pagar mais.
— Mas não tanto quanto os Kaminoanos...
— É pra quem você está trabalhando?
— Olha, — disse Mereel. Ordo se preparou: o seu irmão tinha aquele
tom de voz que geralmente precede a patinação no gelo muito fino pela
pura emoção. Sempre foi ele quem gostou de pular corda do ponto mais alto
da cidade de Tipoca, e tinha ossos quebrados para provar isso. — Só os
Kaminoanos podem clonar legalmente. Todo mundo é um chakaar que
ameaça os seus interesses comerciais. Entendeu?
— Na verdade não.
Mereel soltou um pequeno sopro de exasperação. Ordo se preparou para
calá-lo com um retorno agudo e ensurdecedor no áudio de seu capacete.
— Tudo bem, somos agentes da República... — disse Mereel, cansada.
— Erradicar a clonagem ilegal onde quer que a encontremos. Porque
Mando'ade se preocupa com a lei e a ordem.
Eu vou dar um tapa no osik um dia, Mer'ika. Não faça isso comigo.
TK-0 se irritou, o que não era tarefa fácil para um droide.
— Este dificilmente é o momento para ficar arrogante e organicista, não
é? Eu só estava perguntando. Se você tem um acordo com Kamino, tudo
bem.
— Eu acho que é hora de você apertar as bolas dele, — disse Ordo a
Gaib. — Já que você é o mecânico dele.
— Encontre-me o piloto que fez a última etapa da viagem, TK, meu
pequeno beskar'ad, e eu também os pagarei. — Mereel pegou uma das
fichas de crédito da mesa e a jogou entre os dedos enluvados como um
truque de mágica antes de fazê-la desaparecer em sua manga. — Sem
penalidades. Não é culpa do piloto. Entendeu? Isso é problema da
República, não nosso.
— Certo. Pode fazer.
— E eu quero quando terminar as modificações em nossa nave.
— Aii, espere... — disse Gaib.
— Quarenta e oito horas. — Mereel colocou a moeda restante de
cinquenta mil créditos em uma ponta e a sacudiu com o dedo indicador.
Gaib agarrou-o com uma velocidade impressionante. — De volta aqui.
Nome e localização do piloto.
— Não dê ouvidos a ele, nós faremos isso, — disse Gaib, verificando o
chip com um escâner falsificado e rebatendo o braço manipulador estendido
do TK-0. — Confie em nós.
— Eu confio. — Mereel deu um tapinha na carcaça de duraço do TK-0
com ênfase lenta, fazendo-o soar como um gongo. — Estou muito
confiante.
Ordo voltou ao comunicador interno.
— Pare enquanto você está ganhando, ner vod...
Os dois caçadores de tecnologia se levantaram para sair. Tudo o que
Ordo conseguia pensar era que o tempo estava perdendo, e mais partes
interessadas pareciam ter um motivo para caçar Ko Sai todos os dias.
Mas para quem ela está trabalhando? Quem a está financiando?
Se os incubatórios Tipoca descobrissem que não poderiam substituir a
tecnologia crítica e a República não tivesse pago a próxima parcela, havia
vários empreiteiros esperando para preencher essa lacuna.
— Uau! — TK-0 disse, girando sua seção craniana 180 graus para
treinar os seus fotorreceptores nas portas. — Mais de ti? Alguém acabou de
abrir uma nova caixa de Mandalorianos?
Ordo ergueu os olhos no mesmo instante em que Mereel o fez. Skirata
estava atravessando a cantina com alguém vestido com a armadura Munin
de seu pai.
— Sim, é Bard'ika, — disse Mereel. — Eu não pude impedi-lo de vir.
O General Jedi Bardan Jusik não apenas mostrou compreensão e
compaixão para com as tropas de suas forças especiais; ele se tornou um
nativo. Ele usava a armadura Mandaloriana que Skirata o emprestou para se
disfarçar de sobrinho durante uma operação oficial elaborada com uma
célula terrorista Jabiimi. Ordo sabia que era mais inteligente do que entrar
na cantina em seu equipamento completo de Jedi, mas não era segredo
agora que Jusik gostava disso.
— Vode, — disse Jusik, tirando o capacete. Ele estendeu o braço e
Mereel o apertou com aquele aperto de mão no cotovelo que era uma
saudação mando comum. O cabelo loiro despenteado de Jusik ainda
precisava ser cortado, mas pelo menos ele havia aparado a barba. — Nós
realmente temos que conversar.
Eyat, Gaftikar, 473 dias após Geonosis

A chuva tinha parado e o sol tinha saído, o que era um problema.


Darman e Atin não podiam mais confiar em seus capuzes para se disfarçar
enquanto seguiam o Trooper CRA A-30, Sull, pela cidade.
O CRA estava caminhando rapidamente, indo para o norte. Duas vezes
ele parou para comprar comida em uma barraca de rua e enfiou os
embrulhos dentro do casaco. Então ele entrou no enorme saguão
transparaço do terminal uni trilho, forçando-os a segui-lo.
— Até onde vamos levar isso? — Darman sussurrou.
— Pensei em apenas segui-lo e ver aonde ele vai.
— Lembra-se do sargento Kal dando uma bronca em Sev e Fi por
seguirem um suspeito não planejado e quase estragar toda a operação?
— Skirata está a anos-luz de distância.
Darman se perguntou por que ele pensou que Atin era o quieto e
pensativo.
— Isso não vai detê-lo. Ele não tem apenas olhos nas costas, ele tem
transceptores de hiperespaço.
— Certo, qual é a alternativa? Encontre um vod que está DEC, diga
Então, quem diria isso? e continuar conversando?
Darman não tinha certeza de onde terminava a improvisação prudente e
onde começava a gambiarra; as operações especiais eram uma mistura de
planejamento tedioso e chato e momentos do que só conseguia pensar como
insanidade à beira da morte. Mas Atin estava certo, DEC era DEC, e Sull
não era nem D nem foi em EC naquele momento, e ele tinha informações
de que eles precisavam.
O terminal tinha um teto alto e abobadado que lembrava Darman da
cidade de Tipoca. Sull pegou uma ficha de passagem com a facilidade
casual e inconsciente de alguém que fazia essa viagem com frequência,
depois sentou-se em um banco distante das barreiras de passagem, olhando
para o quadro de horários em constante mudança enquanto desembrulhava
um dos pequenos pacotes que 'd comprou em sua caminhada e começou a
comer o conteúdo. Parecia bolinhos de algum tipo. Darman e Atin vagaram
pelas pequenas vitrines no saguão do terminal depois de pegarem suas
passagens, olhando as vitrines para os outros viajantes.
— Ele tem cinco linhas de uni trilho para escolher, — disse Atin. —
Você acha que ele nos viu?
— Ou ele é melhor em vigilância do que nós, e ele é, ou ele demora a se
comprometer com uma direção por hábito. — Era o tipo de coisa que um
CRA teria sido treinado para fazer: mover-se sem chamar a atenção para si
mesmo ou dar a um perseguidor qualquer aviso sobre uma mudança de
direção de última hora. Darman começou a especular sobre o que Sull
estava fazendo nos últimos meses. Fierfek, o homem parecia que morava
aqui. A própria frase deixou Darman desconfortável de uma forma que
achou difícil de definir, até que percebeu que era uma inveja perplexa de
um mundo que tinha mais opções do que sabia como lidar. — Então, tudo
isso faz parte do disfarce? Que nem mesmo os rebeldes conseguem
encontrá-lo e não sabem o que ele está fazendo, então não podem
comprometê-lo se forem pegos?
— Ou se forem traidores...
— Isso é loucura. Zey iria saber. Zey supervisionaria as suas tarefas.
— Dar, acho que há muitas coisas que Zey nunca contou. Talvez Sull
receba as suas instruções diretamente de Palpatine.
— Como alguém pode conduzir uma guerra dessa maneira?
Atin não respondeu. A guerra era confusa, suja e caótica, eles
aprenderam, mas esta foi a primeira vez que Darman enfrentou a
possibilidade de que soldados irmãos pudessem estar fazendo coisas que
atrapalhavam a sua própria missão.
Os dois comandos passaram um pouco mais de tempo parados na vitrine
de uma loja, especulando sobre por que alguém poderia querer um estojo de
negócios roxo vívido, observando Sull refletido na vitrine de aço
transparente: então houve um leve estalido quando o quadro de partidas
mudou e o CRA fez um movimento para um ponto de partida.
— O que você está carregando? — Darman perguntou, seguindo o
caminho de Sull.
— Vibro espada, blaster e fio de garrote. — Atin embarcou no vagão e
sentou-se várias fileiras atrás de Sull. — Talvez eu devesse ter trazido o E-
Web...
— CRAs não são invencíveis. De qualquer forma, o que te faz pensar
que ele vai ficar violento?
— Se colidirmos com uma operação secreta dele, ele nos usará para
praticar tiro ao alvo.
Darman se lembrou de Mereel dizendo que nunca confiou muito nos
CRAs, porque eles estavam prontos para matar crianças clones durante a
Batalha de Kamino, em vez de deixá-los cair nas mãos Separatistas. Então,
remover dois comandos que estavam em seu caminho não faria Sull perder
o ritmo.
O vagão estava meio cheio e Eyat não era Coruscant. A população era
uma pequena fração da Cidade Galáctica. Este não era um mar anônimo de
estranhos que não prestavam atenção em pele azul, presas ou qualquer outra
característica distinta de uma vasta gama de espécies residentes
movimentando-se por toda parte. As pessoas aqui percebiam, tudo bem.
Darman e Atin recebiam olhares ocasionais porque, presumiu, havia
pequenos detalhes que os marcavam como não locais.
Ou talvez alguns pensassem que haviam acabado de passar por outro
homem que se parecia exatamente com Darman.
Sull, sentado de costas pra eles, tirou uma holo revista. Darman leu todos
os anúncios nas paredes da cabine do uni trilho e anotou algumas agências
de aluguel de speeder e um empórios de speeders usados. Do lado de fora
do vagão, Eyat passou correndo; prédios de apartamentos bem conservados,
naves pousando no espaçoporto, colinas ao longe. Darman seguiu a rota do
uni trilho em seu datapad e tentou pensar nesta cidade como um alvo que
estava preparando para um ataque. Não conseguia pensar em outra missão
em que estivera onde essa perspectiva o perturbasse. Este era um lugar onde
poderia... viver, mas os Marits que assumiriam não eram nada parecidos
com ele.
Nunca considerou se tinha um lado para estar além de seus irmãos.
Todas essas coisas sobre a República e a liberdade eram apenas palavras
que não havia começado a entender completamente até recentemente. A
última coisa em que pensou sob ataque era a República; era sempre o irmão
ao lado dele, e a esperança de que os dois ainda estivessem vivos amanhã.
O vagão diminuiu a velocidade ao se aproximar de outro ponto de parada
e Sull parecia ainda estar lendo. Mas assim que parou, ele se levantou e
disparou para a saída mais próxima. Atin e Darman correram para alcançar
as portas antes que o vagão partisse novamente.
— Sim, ele faz isso para viver, tudo bem, — disse Atin.
— Falando nisso, como ele come?
— Vou parar de especular e apenas perguntar a ele.
— Sim, talvez ele nos faça uma xícara de caf e nos conte sobre os locais
de interesse em Eyat.
O ponto de saída de Sull os trouxe para um bairro menos abastado do
que o centro da cidade, mas ainda era limpo e organizado. Nem de longe
eram os níveis mais baixos. Eles seguiram o CRA até um prédio baixo com
um gramado bem cuidado na frente, onde ele subiu as escadas externas,
caminhou por uma varanda de acesso e entrou em um apartamento no
segundo andar.
Darman e Atin passaram devagar, fingindo conversar, e deram a volta no
quarteirão para verificar as saídas traseiras. Era onde eles estavam mais
vulneráveis. Não havia onde se esconder para vigiar o apartamento, e este
não era um centro comercial onde eles pudessem ficar sem ninguém
perguntando por quê. Darman enfiou a mão em sua túnica e tirou um
sensor. Então ele abriu a conexão para Niner.
— Tem as nossas coordenadas, sargento? Transmitindo agora...
Niner respondeu instantaneamente. Darman podia imaginá-lo esperando,
andando de um lado para o outro e dificultando a vida de Fi enquanto se
preocupava.
— Entendido, Dar.
— Apartamento sete.
— O que você está planejando?
Darman olhou para Atin.
— Vamos caminhar até a porta. Faremos uma varredura para ver se ele
tem companhia. Se gostarmos das probabilidades, batemos à porta. Se não o
fizermos, vamos embora, colocamos uma câmera espiã em frente ao prédio
e voltamos para repensar e monitorar. Tudo bem, sargento?
— Eu diria que não é isso que viemos fazer, Dar, mas um CRA à solta
sem explicação poderia arruinar toda a missão, então podemos esclarecer
tudo.
Darman teve um pensamento incômodo. Tinha que desabafar.
— Pergunte a A'den por que ele não entrou em Eyat e confira.
O Nulo estava no teatro há apenas alguns dias. Mesmo que tivesse feito
um reconhecimento, não havia nada para dizer que ele teria visto Sull.
Darman se arrependeu da pergunta imediatamente e esperava que A'den não
tivesse ouvido.
— Vou fazer isso, — disse Niner. — Deixe seu comunicador aberto,
certo?
Darman e Atin atravessaram a rua e foram até o apartamento. Darman
segurou o sensor o mais discretamente que pôde, juntando as mãos à sua
frente como se esperasse que Sull atendesse a porta, e varreu-o lentamente
de um lado para o outro.
Ele manteve sua voz no nível sub auditivo, deixando os sensores em sua
garganta transmitirem no comunicador.
— Eu só estou pegando um corpo lá, At'ika.
— Pena que você não é um Jedi.
— Sim... talvez eles devessem ter criado clones sensíveis à Força, e
então poderíamos ter descartado metade do jogo.
— Certo. Hora do bate e volta...
Darman ficou ao lado das portas, com a mão discretamente em seu
blaster, e Atin apertou a campainha.
Silêncio.
Eles esperaram. O sensor mostrou alguém se movendo para um lado da
porta, mas não houve barulho. Sull era um homem cuidadoso: um Trooper
CRA não poderia ser outra coisa. Então as portas se abriram.
Sull obviamente não tinha uma holo câmera de segurança instalada. Por
uma fração de segundo, ele ficou de lado na entrada, com o rosto chocado,
então o seu braço surgiu e Darman girou instintivamente quando um tiro de
blaster raspou a sua bochecha. Atin passou por ele com uma pancada
repugnante de osso. Sull caiu pra trás com Atin em cima dele e Darman
bateu nos controles da porta. Nos momentos seguintes, eles lutaram,
tentando colocar Sull de bruços para prender os seus braços, mas o CRA fez
jus à sua reputação, acertando o joelho com força na virilha de Atin e
acertando um soco no rosto de Darman. Por fim, eles o pegaram de bruços e
Darman tentou o velho truque de enganchamento de dois dedos nas narinas
de Sull e empurrou pra trás com força. Deve ter doído bastante, mas não foi
metade do que feriu Darman quando o comando afrouxou o seu aperto e
Sull afundou os dentes com força em sua mão.
Desmoralizante, doloroso e causa infecção grave. Isso foi o que Skirata
disse sobre mordidas humanas. Darman rugiu de dor e bateu com o punho
na nuca do CRA. Atin atacou novamente e o acertou uma chave de braço
com o joelho nas costas.
— Certo, — Atin ofegou. Ele tinha a ponta de sua lâmina vibratória
pressionada na cavidade na base do crânio de Sull. — A menos que você
queira isso através de sua medula espinhal, ner vod, embale-o e ouça.
— Faça isso, então, — disse Sull. — Eu prefiro morrer. Eles enviaram
vocês para me matar, não foi? Prossiga. Acabe comigo, se tiver coragem.
Darman, com sangue jorrando de suas marcas de mordida, colocou uma
amarração de plastóide em volta dos pulsos de Sull e se ajoelhou para
cuidar de sua mão latejante. Bacta. Limpe a ferida. O que ele estava
falando, eles enviaram vocês para me matar?
— Nós definitivamente vamos ter que conseguir um speeder para movê-
lo, Dar, alugar um ou algo assim, — Atin disse. — Você está bem?
— Sim.
A voz de Niner interrompeu o comunicador.
— Relatório da situação, Ômega...
— O que você quer dizer, Sull? — Darman perguntou. — O que você
quer dizer com eles nos enviaram? Quem são eles?
— Quem é você?
— RC um-um-três-seis, Darman, Esquadrão Ômega. Nós pensamos que
você estava desaparecido. Você é o Alfa Trinta, certo?
— Sai fora, — disse Sull. — Só acabe com isso.
Atin amarrou os tornozelos do CRA com fita plastóide e se levantou.
— Bem, acho que você precisa bater um papo com um colega nosso...
Darman estendeu o seu datapad.
— Aluguel de speeder, At'ika. Eu fiz uma anotação. Você pega o
transporte, eu fico aqui.
— Certo, você pode manter o capitão Carisma quieto por um tempo.
— Ômega... — Niner soou no limite de sua paciência. — O que diabos
aconteceu?
— Alfa Trinta pensa que vamos matá-lo, sargento. Vamos trazê-lo de
volta à base até resolvermos isso.
— Idiota. — Sull parecia mais desafiador do que nunca. — Você não
fazideia, não é?
— Do que?
— Vocês são homens mortos.
Ele não disse isso como uma ameaça. Sull disse isso como Skirata faz.
Isso era o que Skirata costumava chamá-los de volta ao treinamento: os
seus homens mortos. Tudo fazia parte de seu verniz pouco convincente de
abuso, porque toda a companhia sabia que o sargento Kal daria a eles sua
última gota de sangue, mas as palavras agora fizeram Darman estremecer.
— Todos nós estamos, mais cedo ou mais tarde, — disse ele.
Era mais cedo para os clones do que para a maioria.
CAPÍTULO 5
Ordem 4: No caso de o Comandante Supremo (Chanceler) ser incapacitado, o comando geral
do CAR cairá para o vice-presidente do Senado até que um sucessor seja nomeado ou uma
autoridade alternativa identificada conforme descrito na Seção 6 (IV).
Ordem 5: No caso de o Comandante Supremo (Chanceler) ser declarado incapaz de emitir
ordens, conforme definido na Seção 6 (II), o Chefe da equipe de defesa assumirá o comando
GER e formará uma célula estratégica de oficiais seniores (consulte a página 1173, parágrafo
4), até que um sucessor seja nomeado ou uma autoridade alternativa identificada.
— De ordens de contingência para o Grande Exército da República: Início de ordens, ordens
de 1 a 150, documento GER (CO) 56-95

Pista de pouso GER, Teklet, Qiilura, 473 dias após Geonosis

E tain estava parada na pista de pouso deserta ao lado do transportador


de tropas, até os tornozelos em uma nova queda de neve.
As únicas pegadas eram as dela e as solas estriadas das botas do exército,
cujas impressões eram tão maiores que as dela que por um momento se
sentiu como uma criança insignificante.
Os fazendeiros não iriam aparecer. Não esperava que eles o fizessem;
agora o seu dever era inevitável. Deu-lhes duas horas extras, enganando a si
mesma que eles poderiam ter dificuldade em passar por estradas bloqueadas
pela nevasca, mas o prazo havia passado e Levet estava caminhando em
direção a ela do edifício HQ, com datapad em uma mão enluvada. Virou-se
e caminhou de volta para poupá-lo da viagem.
— Uma última tentativa, Comandante, — ela disse. — Estou indo para
Imbraani para fazer o discurso de agora ou nunca.
Levet entregou a ela o seu datapad.
— Pedidos acabados de chegar, senhora. Direto do Zey. Os Gurlanins
apenas lhe deram uma pequena demonstração da intenção.
Etain engoliu em seco para se recompor antes de ler.
Zey tinha um estilo de mensagem conciso. Poderia ter falado com ele
pelo comunicador, até mesmo teve uma reunião cara a cara virtual, mas ele
enviou uma mensagem a Levet... direto ao ponto, e não deixando nenhuma
oportunidade para discussão.

OS GURLANINS REIVINDICAM A RESPONSABILIDADE POR INFORMAÇÕES CLASSIFICADAS SOBRE

MOVIMENTOS DE TROPA E STATUS DE PRONTIDÃO DIVULGADOS HOJE AOS COMANDANTES DO CSI.

VAZAMENTO RESULTOU EM 10.653 VÍTIMAS: A CORE GUARDIAN DA FROTA DESTRUÍDA COM TODA A

TRIPULAÇÃO ENQUANTO O CANHÃO DEFENSIVO ESTAVA DESATIVADO DURANTE MANUTENÇÃO NÃO

PROGRAMADA. REMOVA O CONTINGENTE DE QIILURA IMEDIATAMENTE. VÍTIMAS CIVIS ACEITÁVEIS

.
SE OS COLONOS USAREM FORÇA LETAL.

Etain devolveu o datapad a Levet e viu dez mil soldados mortos em sua
mente antes de ver fazendeiros, mortos ou não. Isso a atingiu com força. A
sua imaginação se apagou e foi substituída por um foco frio e duro nos
próximos passos para remover os fazendeiros remanescentes.
— Ele não é um campista feliz, senhora.
— Eles avisaram que poderiam estar em qualquer lugar e se passar por
qualquer um. — Etain continuou andando. Por que não os senti morrendo
na Força? Estou tão fora de alcance? — Portanto, há um pequeno lembrete
do dano que eles podem causar quando quiserem. Vai aumentar. Vamos
acabar com isso.
— Você poderia ter evitado as mortes, — disse uma voz atrás dela.
Jinart apareceu do nada, galopando como um arco de óleo preto. Ela
poderia ter sido um monte de neve, uma peça de maquinário ou até mesmo
uma das árvores sem folhas no perímetro da faixa antes de se
metamorfosear em sua verdadeira forma. Ela disparou um pouco à frente de
Etain e Levet, deixando pegadas redondas sem traços característicos atrás
dela. Os Gurlanins podem deixar rastros falsos, tornando-os impossíveis de
caçar. Eles eram, como muitos diziam, espiões e sabotadores perfeitos,
desde que estivessem do seu lado. Se eles fossem o inimigo, eles pareciam
muito diferentes.
— Vocês não tinham que matar troopers. Vocês não acham que eles já
têm vidas bastante curtas? — Etain tentou não perder a paciência, mas era
difícil. Ela não queria que o bebê sentisse nada dessa feiúra. — Estamos
expulsando os colonos de qualquer maneira. Você poderia ter esperado.
— Você não tem estômago para matar, a menos que seja encurralada,
garota, — disse Jinart. — Ao contrário daquele seu soldado. E eu sei onde
ele está.
Era uma coisa arriscada de se dizer na frente de Levet, mas ele não
reagiu. Etain levou um momento para perceber que Jinart estava fazendo
uma ameaça velada. A sua pulsação começou a martelar em sua garganta.
— Se alguma coisa acontecer com ele, — ela disse, — você sabe o que
Skirata fará com você.
— Então agora você sabe o que está em jogo e o que nós duas temos a
perder...
A raiva de Etain jorrou em sua garganta, sufocando qualquer resposta
coerente. Parou, a mão indo direto para o sabre de luz sem nenhum
pensamento consciente, e um desejo cego de matar tomou conta dela. Não
era a reação de um Jedi. Era de uma mulher... de uma mãe, de um amante.
Levou todo o seu autocontrole para não sacar o sabre de luz.
O seu mestre morto, Kast Fulier, teria entendido. Sabia que ele faria.
— Eles estão saindo hoje. — Ela pensou nos colaboradores Separatistas
capturados por Gurlanins não muito longe daqui, gargantas arrancadas
como convinha a uma matança de carnívoro. — Mas vocês não podem lidar
com eles sozinhos, podem? Apenas dois mil humanos, e isso é demais para
vocês enfrentarem. O que me diz quão poucos de vocês realmente existem.
Jinart diminuiu a velocidade e olhou pra trás por cima do ombro. Duas
presas de duas pontas se estendiam quase até o queixo. Quando ela falou,
eles deram a ela um ceceio estranhamente cômico que quase diminuia sua
ameaça.
— Se fôssemos muitos, não haveria mais fazendeiros para você remover.
O que você precisa lembrar, Jedi, é onde podemos estar e que, como o seu
pequeno exército de clones, uma força muito pequena aplicada de forma
inteligente pode causar sérios danos...
Levet interrompeu no momento certo. Como o comandante Gett, ele
tinha o dom de desarmar situações.
— Permissão para colocar os homens em posição, general?
— Os agricultores já se dispersaram. Nem todos estarão em Imbraani.
— Eu sei, mas temos que começar em algum lugar. Vamos seguir em
frente e limpar os retardatários área por área.
Jinart galopava à frente.
— Vamos localizá-los para vocês.
Os Gurlanins eram predadores. Etain não tinha dúvidas de que rastrear
humanos era fácil pra eles. Observou Jinart desaparecer na distância, e
então ela realmente desapareceu, fundiu-se na paisagem, derreteu. Era
perturbador assistir. A metamorfose era um espetáculo bastante chocante,
mas a maneira como as criaturas podiam simplesmente deixar de existir a
perturbava mais do que tudo.
Não tinha ideia se havia alguém logo atrás dela ou em seu quarto em
seus momentos mais privados.
— Conheço todos os lugares que os colonos costumavam se esconder
durante a ocupação Separatista, — disse ela a Levet. — Zey e eu também
os usamos. Ainda tenho os gráficos.
O comandante abaixou a cabeça e colocou a mão ao lado do capacete por
um momento, como se estivesse ouvindo o seu comunicador interno.
— Então, senhora, como você está interpretando a força letal? Podemos
atirar assim que eles tentarem nos matar, ou temos que esperar até que eles
realmente o façam?
Até um ano atrás, Etain teria uma resposta clara com base na visão de
mundo de um Jedi, onde os perigos eram percebidos com antecedência e as
intenções claramente percebidas: ela sabia quem pretendia prejudicá-la e
quem não. Agora ela via a guerra através dos sentidos de homens humanos
comuns, que foram treinados para reagir instantaneamente e cujo
movimento longo treinado acabou contornando o pensamento consciente.
Se alguém os mirasse, seu reflexo defensivo entrava em ação. Às vezes,
eles erravam ao atirar; às vezes eles erraram ao hesitar. Mas ela não tinha
intenção de prejudicá-los, esperando que fossem capazes de fazer as
decisões que ela podia. Zey poderia promulgar todas as regras de
engajamento que quisesse. Ele não estava aqui, na linha de fogo.
— Assim que eles abrirem fogo contra você, — disse Etain, — devolva-
o. Eles não podem ser civis e se envolver em conflitos armados. A escolha é
deles.
Acertaria as contas com Zey. Se não pudesse, seria muito ruim. Era uma
ordem dela, e arcaria com as consequências. Levet convocou uma speeder
bike e subiu na garupa atrás dele. Eles partiram para Imbraani à frente de
uma coluna de speeder bus blindados e speeder bikes enquanto um
transportador AT-TE passava por cima para enviar tropas para o leste da
cidade.
— Você está usando alguma armadura, senhora? — Levet perguntou.
A placa do peito não se encaixava corretamente agora, mas não podia
dizer a ele que a sua barriga estava atrapalhando. Inclinou-se um pouco pra
trás para que ele não sentisse a pressão contra ele. Pra ela, parecia enorme,
mas ninguém parecia ter notado ainda.
— Placas variadas, sim. E um comunicador.
— Bom. Duas coisas de que não gosto: um general que não consegue se
comunicar comigo e um general que está morto.
— Bem, eu serei uma general viva que ouve e toma conhecimento de
seus comandantes em campo.
— Gostamos desse tipo de general.
E Etain gostava dos clones. A única coisa que todos tinham em comum
era a aparência... embora estivessem começando a envelhecer de forma
diferente, podia ver isso agora... e o que a República havia feito com eles.
Além disso, eles eram indivíduos com toda a gama de virtudes e hábitos da
humanidade aleatória, e agora se sentia completamente em casa com eles.
Se tinha um lado nesta guerra, este foi o que escolheu: as fileiras
desprovidas de direitos, irracionalmente leais e dolorosamente estoicas de
homens manufaturados que mereciam mais.
— Nós vamos ficar sem Jedi se esta guerra se espalhar para mais
planetas, Levet, — ela disse, não tendo certeza se o nó subindo em sua
garganta era sua agitação hormonal ou pena pelos clones levando a melhor
sobre ela. — Você se importaria de fazer um desvio pelo curso do rio?
— Muito bem, senhora.
Levet sinalizou para os líderes do comboio seguirem em frente e virou
para a esquerda. Logo eles estavam serpenteando por entre duas fileiras de
árvores entre as quais o rio Braan formava uma estrada congelada.
Conheceu Darman aqui: sentiu uma criança no escuro, mas ficou cara a cara
com o que pensava ser um droide ou o capanga Mandaloriano dos
Separatistas, Ghez Hokan. Não imaginava que estava conhecendo o futuro
pai de seu filho.
Sinto sua falta, Dar.
Pegou-se pensando em Hokan com mais frequência ultimamente e
achando irônico que a sua primeira morte fosse de um Mandaloriano, e que
ele estivesse lutando contra comandos que encontravam consolo em uma
tênue herança Mandaloriana. Perguntou-se por que os Mandalorianos se
incomodavam em lutar nas guerras de outros mundos quando poderiam ter
se unido para a sua própria vantagem.
— Quinhentos metros até a cidade, senhora. — Levet deslizou acima da
água congelada. Não havia olhos gdan refletindo para ela de tocas e
recantos: estava muito frio pra eles se aventurarem. — Você está sentindo
alguma coisa?
Oops. Etain se concentrado novamente.
— Medo. Raiva. Mas você não precisa de um Jedi para lhe dizer isso.
— Senhora, eles não me chamam de Comandante Tático à toa...
— Certo. — Alguns dos fazendeiros estariam na cantina no centro da
cidade. Tinha porões; era fortificada. As casas de fazenda na área eram
construídas em madeira e um único tiro de laser de artilharia era suficiente
para reduzir uma a carvão. Os fazendeiros que não estavam na cantina
teriam se dispersado para as colinas ou ido para o próximo assentamento,
um vilarejo chamado Tilsat. — Vamos acabar com isso.
Imbraani não era bem uma cidade. O centro era um terreno baldio aberto
onde os merlies pastavam e as crianças locais brincavam de perseguir,
embora estivesse muito frio hoje. O comum era cercado por prédios em
ruínas, algumas lojas de suprimentos agrícolas, uma cantina, dois
veterinários e uma ferraria. Os speeders já haviam pousado e um pelotão de
troopers havia desembarcado, alguns deles ajoelhados em uma linha
defensiva com os DCs prontos.
Etain balançou o speeder, triturando uma fina camada de gelo em neve
compactada e, pela primeira vez, sentiu um chute forte do bebê.
Era muito cedo. Teve outro pensamento aleatório louco: o seu filho já
estava envelhecendo tão rápido quanto Darman? Tinha piorado as coisas
usando os seus poderes da Força para acelerar a gravidez? Todas as mães de
primeira viagem se preocupam com cada pontada e contração? Quase caiu
pra trás no speeder e recebeu uma curiosa inclinação da cabeça de Levet.
— Aguente, senhora.
— Escorreguei no gelo, — disse ela. Não havia sinal de atividade, mas
um fino fio de fumaça subia da chaminé da cantina. Este era um mundo de
fogos de madeira e baixa tecnologia. A alta tecnologia que os Qiilurans
tinham era o armamento fornecido pela República. — Ah bem.
Conhecemos as suas táticas e sabemos a capacidade de seu equipamento,
porque os treinamos e os fornecemos.
O procedimento normal era realizar a limpeza da casa, propriedade por
propriedade, mas Etain precisava dar aos fazendeiros uma última chance
para a sua própria paz de espírito, embora agora soubesse que era inútil.
Era, percebeu, seu acordo com a sua consciência para que pudesse abrir
fogo e não ser torturada pela culpa mais tarde.
Parou nas portas e sacou o seu sabre de luz; A arma de Mestre Fulier
ainda estava pendurada em seu cinto.
— É isso, — ela chamou. — Vocês saem, juntam todo mundo e nós
carregamos você nos transportes. — Ela fez uma pausa e ouviu. — Vocês
não saem, nós entramos e os arrastamos pra fora, os algemamos e os
colocamos nos transportes. A sua decisão.
Ainda havia silêncio, mas sentiu o perigo, a preparação de dezenas de
armas e o pânico ofegante de pessoas que pensavam que este era seu último
dia.
Isso seria uma batalha.
— Sinto muito, — ela gritou, olhando para as pequenas janelas para o
caso de ter um vislumbre de um rosto. — Eu tenho que fazer isso, e tem que
ser agora.
Etain se virou para Levet e deu o sinal para trazer as equipes de entrada
rápida. Os troopers se empilharam de cada lado das portas, alguns com
pistolas de gás de dispersão, e Etain colocou uma máscara respiratória sobre
o rosto.
Poderia ter deixado tudo para os seus homens.
Estou louca. Estou grávida e liderando um ataque. Eu confio tanto assim
na Força? Sim, acho que sim.
Etain manuseou os controles de seu sabre de luz e a lâmina azul ganhou
vida. Visualizando uma bola de energia crescendo em seu peito, exalou e
apontou um enorme impulso de Força nas portas para rasgá-las. Dois
soldados dispararam recipientes de gás pra dentro e recuaram; o resto do
pelotão invadiu. O estalar e o gemido dos tiros de blaster estilhaçaram o ar
parado e gelado, e o gás subiu da entrada.
Correu atrás de Levet, pensando que deveria ter entrado primeiro,
sabendo que não era assim que se fazia, e procurando oportunidades de usar
a Força para acabar com isso o mais rápido que pudesse. A armadura
branca estava por toda parte, fazendo aquele som distinto de claque claque
quando os soldados se colocavam em posição de tiro ou se chocavam contra
as paredes para se proteger. A cantina era um labirinto de quartos e
passagens.
Foi quando desviou o tiro de blaster com o seu sabre de luz e ouviu
alguém gritar que era uma traidora, uma kriffing de assassina, que a
realidade afundou.
O barulho era ensurdecedor; gritos, berros, tiros. O cheiro de ar
queimado pelo blaster, madeira carbonizada e fermento velho, cerveja,
pensou, a fez engasgar. Levet preso por ela, segurando-a em um ponto com
uma mão firme em sua cabeça.
— Vocês são todos iguais! Vocês são todos iguais!
Dois troopers arrastaram um homem de meia-idade passando por ela. Ele
estava vivo e xingando, com lágrimas induzidas pelo gás escorrendo pelo
rosto, tentando mirar chutes.
Os dias claros de amigos e inimigos se foram, se é que algum dia
existiram. Etain ansiava por uma simples luta moral do bem contra o mal,
mas não conseguia sentir que a República era totalmente boa nem que os
Separatistas não tinham um caso. Agora estava sitiando ex-aliados para
aplacar espiões que ajudaram a matar clones.
Era demais para resolver. Tudo o que importava era permanecer viva
para o seu filho ainda não nascido e cuidar dos homens ao seu redor. Ela
pegou o sabre de luz do Mestre Fulier e se preparou para avançar, com uma
lâmina de luz azul em cada mão.
Escritórios da Divisão de Auditoria do Tesouro da República, Investigação, Auditoria e
Seção de Execução, Coruscant, 473 dias após Geonosis

A melhor coisa era se manter ocupada, decidiu Besany, e não construir a


sua vida em torno dos boletins de notícias do HNE sobre a guerra. Se Ordo
tivesse algo a dizer a ela, ele diria a ela. Se alguma coisa tivesse acontecido
com o círculo incomum de amigos militares que adquiriu quase
instantaneamente, então Kal Skirata contaria a ela. Ele precisava mantê-la
meiga para obter a sua informação, e sabia disso.
E tinha muito com o que se ocupar. As lacunas nas contas e nas trilhas de
auditoria do Grande Exército confundiram a sua mente forense. A sua
introdução à contabilidade do exército tinha sido uma simples investigação
de fraude de compras alguns meses antes, quando Ordo entrou em sua vida.
Sentou-se com os cotovelos apoiados na mesa, com a testa apoiada nos
dedos estendidos, e descobriu que estava fazendo ruídos involuntários de
frustração em cada tela que aparecia em seu monitor. O Grande Exército
surgiu há 473 dias, e o ciclo orçamentário da República era de três anos:
estimativas, alocação e gastos.
Mas não havia nenhuma indicação de um orçamento de gastos alocado
para a criação do Grande Exército.
Então Ordo nasceu por volta de... onze ou doze anos atrás. Achou difícil
aceitar isso mesmo agora, e simplesmente passou os olhos por cima
novamente. Isso significa que o financiamento teria que estar disponível
pelo menos três anos antes disso, a menos que houvesse um orçamento de
emergência...
Besany retrocedeu cada vez mais no arquivo, mas não havia nenhum
registro financeiro de um exército de milhões sendo encomendado aos
Kaminoanos. Antes da Batalha de Geonosis, as forças armadas mínimas da
República eram um item orçamentário muito pequeno em um balanço de
quatrilhões, alguns anos, até quintilhões, de créditos.
O quê, os Kaminoanos nos deram um exército de graça? E as naves e
outros equipamentos? Quem pagou por isso? Quem pagou Rothana e EPK
pela frota inicial?
Era um buraco negro nos livros. Besany não era uma mulher que se
sentia confortável perto de buracos negros e omissões inexplicáveis.
Certo, então eles esconderam o financiamento. Não vamos perguntar
o por que no momento. Vamos perguntar quanto, porque isso me diz o
tamanho do tapete sob o qual precisa ser varrido.
Recostou-se na cadeira e tentou estimar. Não sabia quanto a cidade de
Tipoca cobrava pelos clones, mas havia alguns milhões deles. Além disso,
só as naves de guerra custam bilhões. Portanto, foi no mínimo um trilhão de
créditos, e provavelmente muitas vezes isso. Em uma única transação, isso
poderia ser constatado até mesmo no orçamento anual da República. Era
um grande caroço debaixo do tapete.
Mas não o havia encontrado. Ou não havia aparecido, o que era uma
contabilidade fraudulenta em uma escala impensável, ou havia se espalhado
em itens de linha por uma dúzia de departamentos do governo... o que ainda
contrariava os regulamentos financeiros.
Então, de que outros serviços um grande exército permanente
precisaria? Bem, nenhuma infraestrutura para acompanhar as famílias,
não para aqueles pobres clones. Que tal... saúde?
Espalhados por dez ou mais anos antes de Geonosis...
O Grande Exército apareceu literalmente da noite pro dia. Alguns
detalhes de projetos secretos de defesa tinham que ser escondidos dos olhos
do público, aceitava isso. Mas não o financiamento. Em algum lugar,
alguém teve que obter aprovação para comprar um exército inteiro da
prateleira, e isso levou muito mais tempo do que o ano de disputas sobre o
Ato de Criação Militar antes de Geonosis. Não havia nada nos registros do
comitê antes dessa data que sequer sugerisse isso.
Isso a estava deixando louca.
Saúde. Enfermarias, droides médicos especializados, treinamento. A
República nunca teve um exército instantâneo, nem um tão grande na
memória viva. Isso teria, deveria ter, procurado conselhos sobre a formação
de um corpo médico e como lidar com a triagem, tratamento e cuidados
posteriores de um grande número de baixas. Alguém pode ter deixado esse
detalhe no sistema e então pode ter um nome, uma data ou algum outro
dado concreto para rastrear.
Besany verificou o seu índice para a Administração de Saúde de
Coruscant e identificou o escritório de planejamento de políticas. Não
pretendia falar com mais ninguém enquanto vasculhava os registros de uma
investigação ilícita... chamar do que é, espionagem, por que não?, porque
acrescentava mais uma referência cruzada para alguém que poderia estar
verificando em cima dela. Mas falar com servidores públicos de todos os
departamentos todos os dias era rotina, e milhares de funcionários o faziam.
— O que você quer dizer com providenciamos suporte médico para o
Grande Exército? — disse o Nimbanel no planejamento de políticas. — Se
tivéssemos sido solicitados, lembraríamos. Trabalho aqui há trinta anos.
Não me lembro de nada disso.
Besany não deveria ter ficado surpresa. Se a aquisição de um exército
tivesse tão bem sido escondida, o mesmo aconteceria com os seus serviços
auxiliares. Decidiu começar do outro lado, os dias atuais. — Então, o que o
ASC realmente fornece para o exército agora?
— Nada.
— Então, o que acontece se um soldado for enviado de volta a Coruscant
para tratamento?
— ASC não lida com eles. Só civis. Se forem tratados em algum lugar,
será nas unidades médicas do GER.
Besany encerrou a conversa e voltou aos registros do Tesouro que já
havia vasculhado na última investigação. Podia rastrear todas as transações
rotineiras de suprimento e aquisição desde Geonosis, armamentos,
alimentação, arrendamento de naves mercantes, contratos de manutenção,
reabastecimento, mas ainda não havia nada que a apontasse para transações
com Kamino.
O seu estômago roncou e a lembrou que estava nisso há horas. Já havia
passado do seu horário habitual de almoço. Só mais uma rede de arrasto,
então eu vou quebrar. Voltar com um novo olhar. Fazer um pouco de
trabalho real para cobrir a minha falta de produção hoje. Tentaria outro
caminho: a Alfândega. Poderia haver impostos a pagar sobre alguma coisa,
licenças de exportação, qualquer coisa que lhe desse uma pista de auditoria
entre a Cidade de Tipoca e a Cidade Galáctica.
Mas já obteve a resposta de Mereel. Não há nada nas estimativas
orçamentárias para pagar por mais clones no próximo ano ou no ano
seguinte. Não há nenhuma indicação se ou como os Kaminoanos estão
sendo pagos.
Isso era estranho por si só. A única razão que conseguia pensar era que
os custos eram muito mais altos do que qualquer um imaginava. Era uma
razão muito boa para fazer desaparecer o orçamento.
— Almoço, Bez?
Besany deu um salto. Jilka Zan Zentis, Execução Fiscal Corporativa,
conhecida dos contribuintes que queriam reduzir a sua responsabilidade por
meio de um blaster, enfiou a cabeça pela porta de Besany. Fechar as portas
parecia suspeito, mas ninguém parecia querer saber no que você estava
trabalhando se pudessem entrar e espiar por cima do seu ombro.
— Ocupada... relatórios de monitoramento pra fazer...
— Você está bem?
Besany tentou memorizar onde estava no balanço.
— Você continua me perguntando isso ultimamente.
— Você não tem sido você mesma por um tempo.
Desapareça. Preciso detalhar esse orçamento. É a única coisa que posso
fazer que é útil agora.
— O meu... namorado está servindo no Grande Exército, — disse
Besany. Pronto: havia dito a palavra com N pra si mesma e agora para Jilka.
Se chamasse Ordo de qualquer outra coisa, teria provado a si mesma que
tinha vergonha do que ele era, tornando-o menos que humano. — E passo
os meus dias esperando ouvir que ele não está morto. Certo?
Jilka se endireitou como se Besany a tivesse esbofeteado.
— Me desculpe, eu não percebi. Não temos tantos cidadãos servindo,
não é?
O bom senso de Besany lutou com a sua consciência. Não, não vou
negá-lo.
— Clones não conseguem cidadania.
As duas mulheres se encararam por um momento, e Jilka desviou o olhar
primeiro. Foi um momento terrível: e talvez Besany tivesse falado demais,
revelando que tinha contato demais com o Grande Exército.
— Uau, — disse Jilka, esquivando-se pra fora da porta. — Você deve ter
se divertido mais fazendo aquela investigação no centro de logística do que
eu pensava.
Besany esperou que o barulho dos sapatos de Jilka descendo o corredor
desaparecesse no silêncio e apoiou o queixo nas mãos. Isso iria se espalhar
pelo prédio como um incêndio.
E daí? Eu não estou envergonhada.
Havia perdido o apetite agora. Voltou ao menu de contas públicas do
sistema do Tesouro e começou a trabalhar na alfândega, digitando KAMINO,
TIPOCA e CLONAGEM. E trouxe muito mais documentos do que esperava,

principalmente a proibição comercial do fornecimento de aparelhos e


serviços de clonagem sob o Decreto E49D139.41. Kamino não apareceu
muito, mas Arkania sim.
Micro Arkanian deve estar trabalhando em todos os tipos de desvios
para contornar isso. Grande parte de suas exportações, perdidas em uma
única emenda.
Havia uma seção grande e monótona marcada como LICENÇAS DE ISENÇÃO MÉDICA.
A sua curiosidade natural dizia que deveria ver quais itens conseguiram
burlar a proibição de clonagem e, quando o fez, não pôde deixar de notar o
grande volume das transações: trilhões de créditos. Foram de muitos órgãos
e enxertos de pele. Ou...
Ou...
Besany verificou os códigos. Sempre foi possível que os códigos
estivessem errados ou falsificados, mas pareciam ser licenças de importação
para a própria Coruscant com um código de destino para Centax II,
especialmente Centax II. Era apenas uma das luas de Coruscant: uma esfera
estéril usada para preparação militar e manutenção da frota. Por um
momento, Besany fez uma conexão mental e se perguntou se havia um
centro médico do exército lá, e era por isso que a Autoridade de Saúde de
Coruscant não aceitava pacientes militares: talvez o GER tivesse a sua
própria unidade de cuidados intensivos em Centax II, e os tecidos clonados
eram destinado a isso.
Certo, o governo não quer que o público veja quantas tropas são
trazidas de volta muito gravemente feridas, mesmo para as Unidades
Cirúrgicas Móveis e as naves médicas tratarem. Ruim para o moral dos
cidadãos. Mantenha tudo fora do mundo.
Mas Kamino não precisava de licenças, não é? E se alguém queria
órgãos clonados para restaurar a saúde dos soldados, Kamino era a fonte
óbvia. Foi o que os Kaminoanos fizeram. A República agora era seu único
cliente graças ao decreto.
Um pequeno sino começou a tocar no fundo da mente de Besany.
Conhecia o som disso: era o instinto afinado, familiar a qualquer um que
passou um tempo descobrindo o que os outros queriam manter coberto. Não
tinha dúvidas de que o capitão Obrim e os seus colegas da FSC conheciam
aquele sino muito bem.
O que estava acontecendo aqui?
Besany transferiu os dados para o seu próprio dispositivo, muito mais
seções do que realmente precisava para disfarçar quais informações estava
interessada, apenas no caso de a movimentação de dados estar sendo
monitorada. Precisava falar com Mereel, mas aquele não era o lugar.
Guardou o datapad no bolso e almoçou tarde longe do prédio do
Tesouro.
Área de pouso 76B, Bogg V, Sistema Bogden, 473 dias após Geonosis

A Aay'han sentou-se em seus amortecedores, parecendo desalinhado. Ela


ficou na água por muito tempo em um estágio de sua vida: ainda havia uma
marca de maré definida de crescimento incrustado, mesmo depois de
algumas reentradas atmosféricas abrasadoras. Mereel riu e bateu com a
manopla na placa da coxa. Jusik apenas ficou parado e olhou.
— É um submarino híbrido, General. — Skirata pegou um pedaço de
raiz ruik da bolsa do cinto e mastigou pensativo. Não gostou do sabor
perfumado, mas a textura era reconfortante. — Eu não a cobro do
orçamento da brigada, se é isso que está preocupando Zey.
— É quando você me chama de general que me preocupa, sargento...
Jusik realmente não parecia um Jedi naquele momento. O que quer que
fosse sobre a Força que lhe dava um ar de serenidade iluminada, havia
desaparecido. Ele parecia terrivelmente mundano.
— Bard'ika. — Skirata ofereceu ao garoto um pedaço de raiz, mas ele
acenou para o lado. — Você percorreu um longo caminho para apenas uma
conversa, filho.
Jusik respirou fundo e avançou como se soubesse como entrar em uma
Profundidade.
— As coisas estão saindo do controle. Eu tive que fazer algo que... foi
uma decisão difícil.
Skirata era um ímã para desamparados e desgarrados; se alguém
procurasse um sentimento de pertencimento, Skirata poderia fazê-los sentir
que pertenciam como ninguém. Era a habilidade necessária de um sargento,
alguém que pudesse unir tropas com a intensidade de uma família, mas
também era a autoridade de um pai, e muitas vezes ele não sabia onde
começava uma e terminava a outra. Não tinha certeza se isso importava.
Jusik, inteligente, solitário e cada vez mais em desacordo com a política
Jedi, irradiava uma necessidade de aceitação: o resultado era inevitável.
Skirata lutou para encontrar a linha entre tirar proveito da vulnerabilidade
do Jedi e conseguir o melhor negócio para os seus clones.
Kal seguiu Jusik.
— Você só pode fazer o que acha certo, ad'ika.
— Então eu preciso que você nivele comigo.
— Certifique-se de que você quer ser sobrecarregado com a resposta,
então.
A escotilha de carga a bombordo se abriu e Skirata conduziu Jusik pra
dentro. Mereel resmungou com a interrupção de seu comunicador e fez uma
pausa para responder.
No salão da tripulação, Vau estava sentado esfregando a cabeça de Mird
que estava em seu colo, e parecia com uma cor muito mais saudável do que
horas antes. Ele assentiu seriamente. O produto do roubo não estava à vista.
Skirata se sentou em uma das mesas baixas, e Ordo e Mereel se
posicionaram um de cada lado de Jusik em um dos sofás. Jusik, a altura de
Skirata, a uma cabeça mais baixa do que qualquer clone, foi inundado por
Munin a armadura verde de Skirata. Verde para dever, preto para justiça,
dourado para vingança: Mereel havia optado por azul escuro e Ordo por
vermelho escuro, simplesmente uma questão de gosto, mas quando eles
decidiam que tinham uma causa específica, podiam mudar a farda e
adicionar sigilos. A palavra uniforme não tinha muito significado para os
Mandalorianos.
Mereel estava imerso em uma conversa com o seu comunicador
pressionado em seu ouvido, e tudo o que Skirata ouviu foi:
— ... isso é útil de qualquer maneira... não se preocupe... sim, o que você
conseguir... — Então ele entregou o comunicador para Ordo. Pela maneira
como o rosto do rapaz se iluminou, ficou claro que Mereel estivera
conversando com Besany Wennen. Skirata chamou a sua atenção e
gesticulou pra ele dizendo que estava dispensado e que poderia atender a
ligação em outro lugar. Ordo levantou-se para ficar ao lado da escotilha de
engenharia, parecendo estranhamente envergonhado.
Skirata atraiu a atenção de volta para a conversa.
— Pergunte, Bard'ika.
O rosto de Jusik era todo relutante.
— Não posso continuar protegendo você a menos que saiba o que está
fazendo, Kal. E eu sei que você não está me contando coisas.
— Você quer dizer que não contou a Zey sobre o pequeno acidente em
Mygeeto.
— Não há como contar às pessoas porque você não quer comprometê-las
e não contar porque você não confia nelas.
— Eu confio em você por ser um homem bom e decente, — Skirata
disse suavemente. — Mas eu não confio nos eventos, e uma vez que você
sabe de algo, isso molda tudo o que você faz, mesmo que você nunca diga
uma palavra. Isso é difícil para você na melhor das hipóteses, perigoso na
pior das hipóteses. Fierfek, Walon não conhece metade do osik que eu faço
e vice-versa. Ei, Walon?
Vau assentiu. Mird bocejou massivamente, parecendo um poço sarlacc
em miniatura.
— E eu prefiro assim.
— Eu disse a Zey que estava fazendo uma visita moral a alguns dos
esquadrões de Bralor em campo, — disse Jusik. — O que é parcialmente
verdade.
— Então, qual parte não é?
Jusik era um general e tinha os seus próprios problemas no QG. Skirata
teve que se lembrar disso ocasionalmente. Ele nem sempre estava fora do
gráfico e fazendo o que queria; ele comandava cinco companhias, todo um
grupo de comandos, quinhentos homens que operavam no campo sem ele,
mas que ainda precisavam receber objetivos, instruções e apoio. Havia
muito que Jusik sabia que não compartilhava. Havia muito disso.
— Que vou desobedecer a uma ordem e lhe dar informações que você
não deveria ter.
— Tem certeza de que quer me contar, filho?
— Sim. — Mesmo assim, Jusik hesitou por um momento, olhando para
as suas mãos. — O Chanceler ordenou que Zey encontrasse Ko Sai,
prioridade máxima.
O estômago de Skirata deu um nó. Sempre havia a chance de alguém
chegar até ela primeiro, e nunca poderia deixar isso acontecer. — Todos
estão procurando por Ko Sai desde que ela desapareceu na Batalha de
Kamino. Então?
— Ele está enviando o Delta para fazer isso. Eles foram avistados em
Vaynai. Jusik estendeu o seu datapad. — Leia você mesmo. Esse é todo o
tráfego de voz e mensagens entre Zey e Palpatine, e a reunião do Delta. Zey
especificamente não queria que você soubesse.
O estômago de Skirata afundou. Zey não era tolo e tinha uma boa ideia
do que um Mandaloriano com rancor pessoal poderia fazer com a sua presa.
— Você está se arriscando ao me mostrar isso, Bard'ika.
Às vezes, Jusik tinha a aparência de um homem velho e cansado. Ele
estava em seus vinte e poucos anos, tudo dele, exceto os seus olhos.
— Eu sei. Você nunca me perdoaria se eu não o fizesse, e eu também não
teria me perdoado.
Jusik havia mostrado as suas verdadeiras intenções, então. Skirata se
maravilhou novamente com o fato de que a maioria dos cidadãos da
República viam os clones como droides de alta especificação,
convenientemente disponíveis para salvar os seus shebse, e ainda outros
colocariam tudo em risco para ajudá-los. Skirata se levantou para pegar o
datapad, leu sem comentários e passou para Mereel.
— Obrigado, Bard'ika. — Skirata bagunçou o cabelo de Jusik. Ele não
tinha certeza de como se sentiria se o garoto tivesse divulgado as suas
informações críticas para Zey, no entanto. — Então você e o Chefe acham
que eu vou atrás de Ko Sai também.
— Eu sei que você vai. Você disse mais de uma vez que, se pudesse,
pegaria um Kaminoano e o forçaria a projetar uma expectativa de vida
normal para os clones.
— Eu acho que você saiu pelo pescoço fino e cinza.
— Então?
— Sim. Pretendo encontrá-la.
— É isso que você está fazendo agora? Com um submersível? E por que
a urgência?
Skirata não piscou. Como poderia esperar que Jusik não resolvesse isso?
Todos eles lutaram juntos: eles podiam pensar como o outro com uma
facilidade surpreendente. E, fierfek, Jusik era um Jedi. Ele podia sentir as
coisas.
Skirata decidiu ceder. Jusik saberia que ele estava se segurando, e a
confiança mútua seria corroída.
— Certo, Bard'ika, eu comprei um híbrido porque pretendo encontrar Ko
Sai e espancá-la até que ela entregue a biotecnologia que impedirá que os
meus garotos envelheçam rapidamente. Sendo um pedaço inútil e arrogante
de isca de aiwha, Ko Sai pode muito bem fugir para um ambiente marítimo
como um lar doce lar. Daí o sho'sen. O qual estarei reformando em breve
com sensores de nível militar e sistemas de armas, às minhas próprias
custas, embora eu possa disponibilizá-lo para negócios da República como
um gesto de boa vontade. Isso responde à sua pergunta?
Jusik parecia um pouco aflito.
— Eu só não sabia o quão... iminente essa caçada era.
Skirata não contou a ninguém sobre a mensagem de Lama Su para
Palpatine que Mereel hackeou em Kamino. Era estritamente entre ele e os
Nulos e, inevitavelmente, Besany Wennen, que era esperta o suficiente para
resolver as coisas se tropeçasse em qualquer prazo final para financiamento
de clones.
— Estou quebrando a cabeça com isso, — disse Skirata finalmente, —
porque os meus garotos correm contra o tempo duas vezes mais rápido do
que você ou eu.
— Não quero que você encontre o Delta e tenha problemas, só isso.
Vau olhou pra cima.
— Eu também gostaria de evitar isso.
Ordo parecia ter terminado a sua conversa. Devolveu a Mereel
comunicador e sentou-se novamente com uma expressão vidrada, desta vez
em um assento separado. Os seus pensamentos estavam em outro lugar.
Skirata se perguntou se deveria atualizar Jusik sobre a caçada a Ko Sai, mas
decidiu esperar. Isso realmente colocaria um fardo sobre ele, e ele irradiaria
culpa sempre que Zey chegasse perto dele. Melhor que ele ainda não
soubesse.
— Então me diga o motivo do roubo. — Jusik parecia querer mudar de
assunto. — Não é típico de nenhum de vocês colocar os seus homens em
risco para ganho pessoal.
— Bem, isso é uma questão minha, — disse Vau. — Eu recuperei algo
que me era devido, mas a maior parte da carga é para os nossos homens
quando eles deixarem o exército. Você deve ter notado que a República não
providenciou pensões pra eles.
— Também não previu que eles se aposentassem, — disse Jusik. — Eu
acho que entendi.
— Vau me entregou o material, Bard'ika. — Skirata também teria que
contar a Vau sobre o aparente fim do contrato de Kamino. Ele tinha
comandos no campo que tinham uma chance na vida tanto quanto qualquer
um. Quanto mais o plano de Skirata tomava forma detalhada, mais pessoas
haveria que precisavam saber das coisas, e isso sempre o incomodava. — O
que você não sabe não pode sobrecarregá-lo, filho. Se tudo for shu'shuk,
você pode pelo menos olhar nos olhos de Zey e dizer que não tinha ideia do
que eu estava fazendo.
Jusik recostou-se na cadeira.
— Diga-me onde você vai estar e tentarei impedir que o Delta caia sobre
você.
— Eu posso monitorar o Delta, Bard'ika, — Skirata disse. — Se eu os vir
em uma direção de colisão, vou enviar uma localização para você. Certo?
Jusik parecia ferido. A ideia de que Skirata não confiava nele depois de
tudo que eles passaram em Coruscant deve ter doído.
— Fui útil uma vez...
Skirata bagunçou o seu cabelo novamente.
— Você é um dos meus garotos, Bard'ika. Eu disse que você tinha um
pai em mim, se você quisesse um, e eu falo sério.
Jusik olhou pra ele por um tempo, e Skirata não conseguia descobrir se
ele estava ferido ou apenas preocupado.
— Acho que posso adivinhar de qualquer maneira, — disse ele. —
Etain... você sabe, se houver alguma coisa que você precise que eu faça...
Ordo olhava para a frente, mas o olhar de Mereel abria um buraco na
lateral de seu rosto. Vau olhou pra cima também e Mird ergueu a cabeça em
resposta ao interesse de seu mestre.
— E Etain? — Vau perguntou.
— Eu sei, Kal, — disse Jusik. Ele parecia envergonhado. — Eu posso
sentir essas coisas. Não se preocupe com o Conselho Jedi. Eles não sabem.
— Não é com eles que estou preocupado, — disse Skirata. Shab. Talvez
ele devesse ter dito a todos os Nulos que Etain estava carregando o bebê de
Darman, não só a Ordo. — São os Kaminoanos.
— Fascinante. — Vau suspirou. — Quem não sabe o que você sabe, ou o
que Kal sabe, e isso eu não sei, mas os Kaminoanos também não sabem,
mas se eles soubessem, então Kal sabe que eles seriam um problema?
— Não é engraçado, Walon, — Skirata disse. Mereel ia ficar irritado
quando percebesse que Ordo havia escondido dele algo de tanta
importância. — Temos uma questão de pessoal que precisamos levar em
consideração em tudo isso.
— Eu gostaria de nunca ter te ensinado todas essas palavras difíceis.
— Certo, Etain está grávida. É curto o suficiente para você?
Vau fez um ruído na garganta que soou notavelmente como a objeção
gargarejada de Mird a ser removido do sofá.
— Vou começar a tricotar, — disse ele. — Obviamente a Força não
estava com ela.
Ninguém perguntou quem era o pai. O romance não era segredo: até o
Delta sabia.
— Ela está em Qiilura até dar à luz, — disse Skirata. — E ninguém diz
uma palavra para os garotos.
— Nem mesmo entre nós, — murmurou Mereel.
— Não, Mer'ika, nem mesmo você. Porque então você não pode
acidentalmente colocar a sua grande bota nele, como o general acabou de
fazer.
— Desculpe. — Jusik baixou a cabeça. — Achei que pelo menos os
Nulos saberiam.
— Certo, vou informar o resto deles, — disse Skirata. — Mas Darman
não sabe, e continua assim até que ele esteja em posição de ser capaz de...
bem, processar a notícia. No momento, tudo o que ele faria é se preocupar
em vez de manter a mente no trabalho.
— Isso não é justo com o homem, — disse Vau. — Não se você acha
que ele é um homem, e não uma criança indefesa. Ou um simplório.
— Certo, mir'sheb, você tem uma ideia melhor?
Vau piscou algumas vezes.
— Não, não acho que nenhuma resposta seja a certa aqui, além da
retrospectiva.
— Ela queria dar a ele um filho, algum tipo de futuro. E se a jogada é
inteligente ou não, estou fazendo o mesmo, então talvez seja minha culpa
por colocar ideias na cabeça dela.
Jusik levantou-se.
— É melhor eu ir. Tem que parecer legítimo alcançando o Esquadrão
Vevut. — Ele deu um tapinha nas costas de Skirata. — Zey está falando
sobre trazer Rav Bralor de volta para treinar mais soldados em habilidades
de comando, se ele puder encontrá-la. Você manteve contato com os seus
colegas de Cuy'val Dar, não foi?
— Alguns deles. — Skirata seguiu Jusik até a escotilha, não querendo
ser visto para apressá-lo, mas eles tinham muito o que fazer agora. — Se
Zey achar que sou problema, ele terá um choque desagradável se conseguir
Rav de volta. Você sabe como são as Mando.
— Não, na verdade, mas posso imaginar...
— Que treinamento ele quer fazer?
— Operações secretas.
— Experimente Wad'e Tay'haai ou Mij Gilamar, então. Eles seriam um
pouco mais tolerantes com o osik do topo. Não muito, mas pelo menos Zey
não vai acertar uma Vibro espada em um ponto sensível se usar o garfo
errado no jantar.
— Você pode entrar em contato com eles?
Skirata já havia procurado alguma ajuda de Mandalore, incluindo alguns
daqueles que desapareceram da face da galáxia a mando de Jango Fett para
treinar o exército de clones em segredo. Cuy'val Dar: aqueles que não
existem mais. Era irônico que aqueles que não existiam agora ajudassem os
que não existiam para a República, pelo menos não como homens.
— Deixa comigo, — disse Skirata.
Jusik fechou a escotilha atrás dele. Mereel deu a Ordo um olhar
cauteloso.
— Então talvez eu não deva contar a você o que a agente Wennen
desenterrou, visto que não posso confiar em mim para saber que temos um
Jedi impregnado de clone...
— Pare com isso, Mer'ika, — Skirata disse. — É minha culpa, não de
Ordo. Então, o que Besany descobriu?
— Algo confirmando que Palpatine está construindo instalações
alternativas de clonagem. A mensagem de Lama Su mencionou Coruscant,
mas ela encontrou evidências de que algo está acontecendo em Centax II
também. Muitos equipamentos, ela acha, e a Micro Arkanian teve muitas
licenças de isenção para clonagem 'médica'.
— Palpatine quer o controle direto da produção de clones, então ele quer
os seus próprios cientistas como Ko Sai. Ele está tirando os Kaminoanos de
cena.
— E se ele não pagar pelo próximo contrato de Tipoca, a produção do
clone terá que mudar para uma nova fonte naquele momento.
Ordo tinha estado muito quieto até então. Skirata atribuiu isso a algum
problema emocional na conversa com Besany para o qual ele não estava
preparado.
— Então, o que acontece com os clones em Kamino no momento? Os
que ainda não estão maduros? E onde fica a instalação de Coruscant? Não,
Ordo estava fazendo um jogo de guerra em sua cabeça. Besany parecia ter
sido esquecido assim que devolveu o comunicador. — Ele está recebendo o
equipamento de Kamino? Não, porque o gihaal saberia que ele estava se
preparando para deixá-los em paz. Ele está tendo clones com maturidade
incompleta movidos para Coruscant, ou está começando do zero
novamente? Se assim for, ele tem um prazo de dez anos para se preocupar.
No ritmo atual de perdas, ele não terá um exército sobrando em cinco anos,
muito menos em dez.
— A menos que ele não vá usar a tecnologia Kamino, — disse Mereel.
Mird fez um barulho excepcionalmente alto de vento escapando e olhou
para a criatura. Vau não parecia incomodado. — Você não tem classe, Mird,
sabia disso?
Vau olhou para Skirata e murmurou.
— Microtech.
Era a única alternativa óbvia: Micro Arkaniantech. Os Kaminoanos
faziam isso melhor, mas devagar. A tecnologia de clonagem Arkaniana era
muito mais rápida, um ano ou dois, talvez, embora os resultados não fossem
tão bons.
— Portanto, devem haver clones atingindo a maturidade de implantação
a cada ano, mas não estamos vendo esses números subindo nas fileiras, —
disse Skirata. — Então, o que a República planeja fazer com eles?
Vau encolheu os ombros.
— Talvez haja um problema com a qualidade. Eles ficaram sem Jango
fresco.
— Kamino certamente não gosta dos resultados da clonagem de segunda
geração, — disse Mereel. — Descobri isso quando analisei a pesquisa deles
pela primeira vez.
— Bem, talvez a República esteja com problemas financeiros e esteja
feliz com soldados de segunda categoria, — disse Skirata. Ele sabia que
esta era uma informação crítica, e que os homens produzidos seriam
escravos explorados tão merecedores de ajuda quanto seus próprios filhos.
Mas ele estava impaciente, imaginando Delta já no encalço de Ko Sai.
Antes de mais nada. — Talvez o Palpatine tenham uma nova estratégia
militar então. Números acima da qualidade. De qualquer forma, não
queremos estar por perto quando isso acontecer.
— A agente Wennen ainda não descobriu nada sobre como os
Kaminoanos foram pagos ou se há algo no orçamento para outro contrato
nos próximos dois anos, — disse Mereel, levantando-se. — Mas ela vai
continuar. Assim como eu, porque agora temos atualizações para caber
neste bela nave dentro de quarenta e oito horas. Ele fixou Mird com um
olhar antipático. — Incluindo um purificador de ar para serviço pesado.
— Eu disse a ela para não correr riscos. — Ordo parecia melancólico.
— O que ela disse sobre isso? — Skirata perguntou.
— Ela me disse que pararia de correr riscos quando eu parasse.
— Ela é uma boa pessoa, filho. Mandokarla. — Sim, Besany Wennen
definitivamente tinha o material certo, um coração de Mando. — Ela vai
ganhar essas safiras.
— E quem disse a ela que eu gosto de linguiça roba?
Mereel parou na escotilha.
— Fui eu, Ord'ika...
Vau empurrou Mird para o convés e seguiu Mereel para começar a
encaixar as novas armas na nave. Skirata foi deixado com Ordo na sala da
tripulação, de repente sem saber o que dizer a ele. Eles ficaram ali por tanto
tempo em contemplação que o som de batidas e raspagens começou a ecoar
pelo casco quando Mereel trouxe as ferragens para bordo.
— Ela vai ficar bem, Ord'ika. — Era óbvio que ele estava preocupado
com a possibilidade de Besany ser pega. — Ela está acostumada a
investigar fraudes sem que ninguém perceba.
— Ela está perto de investigar o Chanceler, Kal'buir. Isso é o mais
perigoso possível em sua linha de trabalho.
— Vamos retirá-la ao primeiro sinal de problema, eu prometo.
— E fazer o que?
Os eventos estavam ultrapassando Skirata a uma velocidade vertiginosa.
Parte de sua mente estava pensando se o Delta tinha o que era necessário
para chegar a Ko Sai, possivelmente, porque Vau os treinou, e parte estava
preocupado com Etain, a quem ele não verificava há um dia. Sentiu-se
culpado pela maneira como a intimidou.
E parte de sua atenção agora estava no fato de que três pessoas haviam
se colocado em risco por causa de seu esquema e talvez precisassem ser
levadas para um local seguro ou receber refúgio muito rapidamente. Os
seus planos para um refúgio seguro, uma rota de fuga, precisavam ser
firmados imediatamente. Ele teria que entrar em contato com os camaradas
de Cuy'val Dar nos quais ele mais podia confiar.
— Nós exploramos pessoas como Jusik, Etain e Besany, ou damos a eles
algo de que precisam? — Ordo perguntou. — Essas pessoas que gravitam
em torno de nós, elas querem tanto uma comunidade, uma família, e isso é a
única coisa que temos em abundância. Mas não sei onde traçar a linha. Eu
só me sinto mal por eles.
— Família é sobre estar disposto a fazer isso, Ord'ika, — Skirata disse, e
o guiou em direção ao acesso ao poço de armas. — Sem se segurar.
Também damos tudo o que temos.
— E se ela não quiser vir conosco?
— Besany?
— Sim. Estamos planejando desertar, não estamos? Vai ser uma vida em
fuga. E se ela disser: Desculpe, Ordo, gosto demais da minha vida em
Coruscant? E se ela me disser para sumir?
Os dois pareciam muito distantes desse tipo de compromisso, mas os
Nulos saíram da manipulação genética dos Kaminoanos com uma
capacidade de devoção instantânea e inabalável. Se eles gostassem de você,
eles morreriam por você. Se não o fizessem, você era carne morta. Foi o
que aconteceu quando os genes que influenciaram a lealdade e o vínculo
foram cozidos demais. Mas era uma tendência Mandaloriana existente que
os Kaminoanos haviam explorado, e Ordo estava apenas tomando a mesma
decisão rápida sobre qual parceiro ele queria que Skirata e a maioria dos
outros machos Mando tomavam.
Besany teve que apoiar Ordo. Kal não suportava ver o coração do rapaz
partido. Ele queria tanto pelo garoto, por todos eles.
— Ela não vai te decepcionar, filho, — Skirata disse.
Ela não poderia mesmo se quisesse. Ela agora estava nisso até o pescoço.
Coruscant nunca mais seria o mesmo lar seguro para Besany Wennen.
CAPÍTULO 6
Temos leis sobre como tratamos espécies sencientes. Temos leis sobre como tratamos animais
e semi sencientes. Temos até leis que protegem as plantas. Mas não temos absolutamente
nenhuma lei que governe o bem-estar das tropas humanas. Eles não têm status legal, direitos,
liberdades e representação. Todos vocês aqui que aceitaram este exército sem murmúrios
deveriam abaixar a cabeça em vergonha. Se essas são as profundezas em que nós, como
República, podemos mergulhar em nome da democracia, dificilmente me surpreende que a CEI
queira se afastar. O fim nunca pode justificar meios como este.
— Senador Den Skeenah, de Chandrila, dirigindo-se ao Senado dezoito meses após a Batalha
de Geonosis, depois de estabelecer um apelo de caridade para financiar a única instituição de
bem-estar dos veteranos na República

Campo rebelde, Gaftikar, 473 dias após Geonosis

F i encarou Darman e Atin enquanto eles puxavam Sull pra fora do


speeder e o carregavam até o centro do acampamento. O Trooper CRA
estava paralisado, mas isso não o impediu de dar um bom chute em Atin
quando o colocaram no veículo. Ele parecia pronto para matar agora.
Darman se sentiu culpado. Eu estaria fazendo o mesmo. Eu não deixaria
ninguém me levar vivo.
Fi ficou com as mãos nos quadris.
— Então ele te seguiu até em casa, e agora você quer ficar com ele? —
Ele olhou Sull de cima a baixo e resmungou alto. — Acho que você não
conseguiu resistir aos seus grandes olhos atraentes.
Atin tirou a mordaça de Sull.
— Vai se danar, — rosnou o CRA.
Darman ergueu a mão enfaixada. Estava inchado e latejante, apesar da
bacta e de uma dose única de antibiótico.
— Ele morde também.
— Só não deixe ele subir nos móveis. — Fi virou-se para os prédios do
acampamento, com dois dedos na boca, e soltou um assobio penetrante. —
Agora observe A'den perder a paciência. É muito divertido.
A'den veio correndo de um dos prédios, agora vestindo a sua armadura
CRA com o seu acabamento de sargento verde escuro, capacete preso na
parte inferior das costas e chocalhando contra o cinto de seu kama. Sull
ficou olhando. Um pequeno círculo de curiosos Marits começou a se
formar.
O Nulo derrapou até parar e girou sobre eles, o rosto como um trovão.
— E vocês podem ir embora. Isso é assunto de soldado. Sumam!
Usenye!
Até os lagartos dominantes com os seus babados vermelhos se
espalharam como se ele tivesse lançado uma granada entre eles. A'den tinha
essa vantagem, assim como Ordo e os outros, o olhar e o tom que diziam
que ele era um homem que iria explodir em violência imprevisível: até
mesmo os não-humanos perceberam e atenderam ao aviso.
— Então... vocês fizeram um prisioneiro, — A'den disse, ainda mais
assustador por ser falado de repente em voz baixa. — Vocês pensaram
nisso? Vocês fazem disso um hábito. Ouvi dizer que foi Fi quem trouxe
animais de rua da última vez.
— Avaliação de risco dinâmica, — disse Fi.
— Inventando na hora.
— Mesma coisa.
— Di'kut.
Mas Darman fez o que tinha que fazer. Não planejava se desculpar por
isso.
— Ele deveria ser DEC, não ASP.
— Bem, ele estava desaparecido e está em ação. Só não para a
República. — A'den examinou Sull e Darman se perguntou se estava
procurando ferimentos ou apenas encontrando um novo local para fazer um
hematoma. — E você não pode estar ausente sem licença se não tiver
licença. Então ninguém mentiu para você, não é?
Atin pareceu entender alguns momentos depois de Darman.
— Você sabia que ele tinha ido para os Separatistas?
— Algumas coisas são melhores deixadas em paz, — disse A'den. — Eu
resolvi isso.
— Claro que sim. — Sull parecia se apegar a A'den como um irmão
CRA e decidiu que comandava o show. Virou as costas para Darman. — Eu
não fui para o outro lado, como você disse. Só não estou mais lutando pela
República.
— Ponto de vista sutil. Você vai ter que explicar.
— Então, agora que você me pegou, o que você vai fazer? Você não tem
uma longa lista de opções para um desertor.
Desertor. Darman desejou que A'den tivesse atirado nele. De alguma
forma, Sull teria parecido mais honrado se tivesse pegado em armas para os
Separatistas em vez de ficar de fora da guerra enquanto os irmãos clones
como Sicko, ele nunca esqueceu Sicko, nenhum deles, morreu na linha de
frente. Mas Sull não parecia um covarde. Niner correu pela clareira em seu
traje preto, com a toalha enrolada no pescoço, e Darman se preparou para
uma palestra sobre como fazer as coisas de acordo com o livro. Fi moveu-se
para interceptá-lo.
— O que eu faço a seguir depende de quanta dor você criará pra mim e
os meus irmãos, — A'den disse. Ele deu uma olhada nos pulsos amarrados
do CRA como se estivesse pensando em desamarrá-los e então pareceu
mudar de ideia. — Então podemos ficar aqui como o cabaré no Forasteiro,
divertindo os Marits, ou discutir isso em particular.
Sull não se deixou abater.
— Por que simplesmente não atira em mim agora enquanto ainda estou
amarrado, espião? Porque não vou voltar para o GER. Se você quiser me
obrigar, um de nós vai ter que matar o outro.
— Fierfek, o que são vocês dois? — disse Niner. — Aranhas Hibel?
Corte o osik. Os regulamentos são claros. Ele é um traidor. Nós o levamos.
— Niner, cale a boca. — A'den pegou uma lâmina vibratória, abaixou-se
e cortou a fita plastóide ao redor dos tornozelos de Sull. — E qualquer
chute ou mordida, ner vod, e removerei algo ao qual você é muito apegado.
Bate-papo civilizado, como camaradas. Entendido?
Sull fez uma pausa, pareceu considerar o desmembramento e então
assentiu.
Eles tinham uma plateia de novo. Os rebeldes Marit se aproximaram, um
lagarto de cada vez, e agora estavam ao alcance da voz com as cabeças
inclinadas pra frente e pra trás curiosos. A'den se virou com uma ameaça
lenta e eles se espalharam novamente. Ele não havia dito que Ômega não
poderia segui-lo, então os quatro marcharam atrás dele e se sentaram no
longo banco da sala de operações escassamente mobiliada para assistir à
conversa. Era um grande nome para o lugar. Os Marits construíram o seu
acampamento como construíram as casas para os humanos em Eyat, e o
prédio do QG era uma casinha confortável com paredes internas deslizantes
e persianas feitas de casca de luet translúcida, totalmente antimilitar em
todos os aspectos. Ele desapareceria em uma bola de fogo se algo maior do
que uma bala atordoante o atingisse.
Acampamento rebelde? Era uma aldeia. As armas e peças de artilharia
eram reais, porém, e os cidadãos de Eyat não pareciam se aventurar fora de
suas fortalezas na cidade.
A'den arrastou uma cadeira pelo chão de tábuas e sentou Sull, com as
mãos ainda amarradas nas costas, enquanto andava pela sala. Ele deu ao
Ômega um olhar que dizia que eles estariam observando em silêncio e
fazendo anotações.
— Então, — ele disse. — Diga-me quando você perdeu o entusiasmo
por uma carreira militar de longo prazo no glorioso Grande Exército da
República.
— Deixe-me ver. — Sull olhou teatralmente para um ponto acima e à
direita. — Eu acho que foi quando eles estouraram os miolos do meu
amigo. Sim, acredito que sim.
— Quem são eles? — Darman perguntou. — Você continua
dizendo eles.
A'den levantou uma sobrancelha.
— Estou fazendo o interrogatório.
— Ele perguntou se eles tinham me enviado, sargento.
— Certo. — A'den deu um tapinha na cabeça de Sull, mais como um par
de tapas lentos como forma de advertência. — Responda ao homem.
— Você é um da ralé indisciplinada de Skirata, não é?
— Tenho orgulho em dizer que sim.
— Você não tem nenhum amor pela República, então. Já se perguntou o
que acontece conosco quando não termos mais utilidade?
— Sim. Mas eu não sabia que você se perguntava...
Darman tinha certeza de que todos os clones se faziam. Pensava nisso
quase tanto quanto pensava em Etain, o que era muito. Prendeu a
respiração, esperando por alguma ideia. De alguma forma, sabia que não
seria uma boa notícia.
— Alfa zero-dois também, — disse Sull. — Lembra dele? Spar? O
primeiro a sair da linha de produção.
— Eu tenho memória perfeita, — disse A'den. — Claro que me lembro.
Ele desapareceu mais de um ano antes de embarcarmos para Geonosis. E
vocês foram o segundo lote, depois de nós.
Darman ficou maravilhado com a capacidade de qualquer soldado de sair
de Kamino. Ele deve ter recebido ajuda, e Darman poderia pensar em pelo
menos duas pessoas que teriam feito exatamente isso.
Sull se inclinou ligeiramente pra frente, incapaz de se sentar por causa de
suas algemas.
— Spar viu o que estava por vir e achou melhor arriscar fora. E assim
que soubemos que ele havia partido... bem, alguns de nós começaram a
pensar.
— Ouviu falar dele desde então?
— Não.
— Ele está fazendo um pouco de caça de recompensas e trabalho
mercenário agora. — Os Nulos pareciam ouvir sobre tudo de uma forma ou
de outra. Darman nunca perguntou como ou por quê, mas o comentário
parecia destinado a mostrar a Sull que A'den tinha informações melhores do
que ele. — Negócios de família. Ele não está exatamente treinado para
fazer qualquer outra coisa, está?
— A República enviou alguém atrás dele para matá-lo.
— Tem certeza?
— Tenho. Eles não o pegaram, mas o meu camarada Tavo decidiu fugir
alguns meses atrás, e eles o pegaram. Então eles estouraram os seus miolos.
— Eles.
— Agentes da Inteligência da República. Os assassinos de aluguel do
Chanceler. Sull não parecia preocupado em escapar agora. A sua mente
estava nos eventos, e olhou além de A'den como se houvesse alguém parado
ao seu lado. Ele viu fantasmas; Darman e todos os comandos que perderam
irmãos próximos também os viram. — Não somos os únicos empregados
contratados na cidade.
Ele é como nós.
Darman percebeu que não conhecia os CRA Alfas. Comandos e
Troopers CRA levaram vidas totalmente separadas em Kamino durante o
treinamento, exceto o contato necessário nos exercícios. Apesar de fazer
parte da companhia de Skirata, Ômega nunca passou tempo com os Nulos
durante esses anos, e eles pareciam tão assustadores e alienígenas quanto os
CRA Alfas.
Então os CRA Alfas tinham amigos. De alguma forma, via-os como
máquinas de matar solitárias, incapazes de formar laços como os
esquadrões de comando coesos, e então...
É assim que todos nos veem.
Darman percebeu que tinha feito o que a maioria dos civis parecia fazer.
Traçou uma linha além da qual alguém era menor que ele, assim como os
cidadãos pensavam que todos os clones eram máquinas de carne, droides
molhados como Skirata costumava chamá-los, coisas enviadas para morrer
porque não eram como pessoas reais e assim era. Certo.
Se for tão fácil pensar dessa maneira...
Niner arriscou um comentário.
— Então esse é o castigo por pular o muro. Não tenho certeza se
devemos ficar surpresos.
— Não, amigo, você entendeu errado, — disse A'den. — Isso não é
punição. É, Sul?
Toda a luta parecia ter se esgotado no CRA. Talvez estivesse apenas
esperando para morrer.
— Não, porque a punição é um impedimento. E para dissuadir alguém,
eles precisam saber o que vai acontecer com eles. Mas ninguém é
informado sobre os CRAs que são executados.
— Morto porque eles sabem demais? — Atin perguntou.
— Mortos porque são cães de batalha nek. — A'den passou a ponta de
sua lâmina vibratória sob as unhas e inspecionou a manicure. — Uma vez
que eles estão muito velhos para lutar, eles não podem ser domesticados
como animais de estimação. São coisas perigosas e selvagens. Eles têm que
ser abatidos. Não é, Sull'ika?
— Você pode deixar de lado a sua camaradagem Mando, — disse Sull,
— mas você está certo. E eles virão atrás de vocês também, quando vocês
não puderem, ou não quiserem, lutar mais, garoto Nulo. Ninguém deixa o
Grande Exército. O que você acha que eles tinham em mente pra nós
quando não tínhamos mais utilidade, colocar-nos para procriar?
— Bem, eu meio que esperava... — Fi disse melancolicamente.
— Não temos nenhum uso especial como banco de DNA. Somos o
Jango de segunda geração. Eles também podem obter material novo dos
soldados. Eles são menos problemáticos.
Darman não queria olhar para os seus companheiros de esquadrão. Sabia
o que se passava na cabeça deles. Devia ser o mesmo pavor: que essa vida
limitada fosse tudo o que haveria pra eles.
Não parecia importar na cidade de Tipoca. Nenhum deles tinha visto o
mundo lá fora. Agora eles viviam em cidades, conheciam garotas legais e
viam como outros seres viviam as suas vidas. E eles sabiam o que estavam
perdendo.
Eu não. Eu não vou acabar assim.
Niner estalou os dentes em aborrecimento.
— Ele correu. A maioria dos Troopers CRA ainda está cumprindo o seu
dever. Você vai me perdoar se eu não ficar sentimental sobre a sua agitação
interna.
— Sim, tanto faz, — Niner. A'den girou a lâmina e olhou para a ponta.
— Bem-vindo ao complexo mundo da moralidade. — Ele fez uma pausa,
então se curvou para enfrentar Sull quase nariz com nariz. Darman esperava
ouvir um estalo de osso quando o CRA deu uma cabeçada nele, mas os dois
homens apenas olharam. — Então, o que você estava fazendo em Eyat?
— Eu consegui um emprego. Um apartamento.
— Tipo de emprego militar? Aconselhando o inimigo?
— Dirigir táxis repulsores. E Eyat não é o inimigo. Eles são apenas
pessoas mais comuns que serão derrotadas em outra guerra.
— Mas se você quisesse ficar lá, teria se assegurado de que eles não
perdessem, não é?
— Estou lá há alguns meses. Não vou entrar direto, dizer a eles que
estou desertando e mostrar-lhes os planos, vou?
— Mais cedo ou mais tarde, Sull, você terá que tomar partido, antes que
o golpe de Marit aconteça. O ataque para o qual você estava treinando os
lagartos.
— Então?
— Você quer sair?
— Quer que eu desenhe para você?
— Você não pode ficar aqui. Não posso arriscar você do lado de fora,
dando aos Eyati os códigos e substituições, e matando mais clones. E você
não vai voltar pra dentro. Então...
A'den se endireitou com a lâmina vibratória e, por um momento, Darman
pensou que mataria Sull na hora. Mas ele cortou as algemas de plastóide e
então segurou a ponta da lâmina logo abaixo do queixo de Sull,
pressionando a carne.
O CRA esfregou os seus pulsos.
— Você está esperando por algo?
— Saia do planeta, — A'den disse. Ele tirou alguns créditos em dinheiro
do bolso do cinto. — Isso é o suficiente para prepará-lo novamente. Vou
consertar o seu transporte para ir longe de Gaftikar, com a condição de que
você não comprometa a segurança de outro clone.
Sull deu de ombros. A oferta de A'den parecia tê-lo pego desprevenido.
— Essa solidariedade fraterna é comovente, mas cada um de nós deve
cuidar de si mesmo.
A'den olhou para o seu cronômetro.
— Coloque de outra forma, — disse ele. — Você sai desta rocha e fica
fora da guerra, ou eu te coloco fora de circulação de forma permanente.
— Eu gosto daqui.
A'den olhou pra cima e apontou o polegar na direção das portas.
— Ômega, espalhem-se. Vamos bater um papo de CRA para CRA.
Sobre modas kama ou algum tipo de osik.
Niner levantou-se sem protestar e fez um gesto de siga-me. O esquadrão
saiu atrás dele e sentou-se, com as costas apoiadas na parede do prédio do
QG.
— Ele ainda é um traidor, — disse Niner por fim.
Darman olhou pra frente sem foco. Os Marits construíram uma maquete
de uma casa e pareciam estar ensaiando uma entrada rápida, menos
artilharia. Eles pararam de olhar de volta, então voltaram para o
treinamento, mas a chegada de Sull chamou a sua atenção. Eles sabiam
quem ele era? Darman se perguntou se eles poderiam diferenciar um clone
do outro, exceto pelo uniforme.
— Ele simplesmente não confia na República, — disse Darman.
— Também não confio na República. — Atin pegou uma folha de grama
e a estudou atentamente. — Mas isso não significa que eu me juntaria aos
Separatistas.
— Então, o que há para não confiar? — perguntou Fi. — Além do fato
de que eles nos criaram para morrer e nos tratam como lixo? Aii, qualquer
um pode cometer um erro...
— Todo aquele osik sobre a ameaça droide, para começar. Fui naquela
missão de sabotagem com Prudii. Eu vi a fábrica. Eu vi a contagem da
produção. Estão faltando algumas casas decimais. É falso, mas ainda não
sei onde a Inteligência a conseguiu.
— At'ika, todo mundo mente como um ovo peludo sobre a força das
tropas, equipamentos e outras coisas, — disse Darman. Ele sabia que
Skirata nunca contou a eles toda a história, ele disse isso, mas quanto mais a
guerra avançava, mais Darman percebia que era tudo mentira sobre mentira,
de ambos os lados. Nada nunca foi somado. Havia muito poucos droides
por perto para suportar o tipo de número que saía da Inteligência da
República. As alegações do CSI eram infundadas. — Propaganda. Era tudo
parte do arsenal.
E útil para conseguir que o Senado aprove gastos cegamente. Sim,
Darman podia entender a política agora.
No dia em que você souber o que realmente está acontecendo em uma
guerra, filho, saberá que está assistindo a um holo vídeo. Isso é o que
Skirata disse. As guerras eram baseadas tanto em mentiras e propaganda
quanto em munições. Tudo o que você poderia realmente saber era o que
estava bem diante de seus próprios olhos e, mesmo assim, estava aberto à
interpretação.
Mesmo assim, os Nulos pareciam... diferentes na última semana. Foi
logo depois que Atin voltou resmungando que Kal e Ordo o mandaram para
casa após a missão de sabotagem. Disseram que Atin não precisava saber o
que eles estavam fazendo. Eles negaram que estivesse conectado à caça ao
General Grievous.
Darman achava que Skirata navegava muito perto do vento ultimamente.
Era parte do que o tornava um amado buir, mas também mantinha Darman
acordado algumas noites.
Não me importo de levar um tiro. É ter um governo que mente pra mim
que eu odeio.
O som de clump-clump-clump das botas vibrou pela estrutura do prédio,
e Darman o sentiu nas costas. A'den e Sull estavam saindo. Ele verificou se
a sua arma estava totalmente carregada.
— Mestre Sull deixará Gaftikar em alguns dias, — A'den anunciou, sem
olhar para ninguém do esquadrão. Sull seguiu atrás dele, parecendo
sombrio. — Mantenha-o totalmente entretido até que o seu transporte
chegue.
Niner simplesmente não conseguia manter a boca fechada. Defender o
que você acreditava era ótimo, mas às vezes era apenas perder o objetivo.
— Mas...
— Trooper CRA tenente Alfa Trinta morreu de seus ferimentos após um
incidente desconhecido, certo? — A'den anunciou incisivamente. — Ele
estava muito decomposto para determinar a causa da morte. Mas recuperei
a sua armadura e estou devolvendo a sua contagem para a Brigada de OE
para fins de registro. Entendido? Porque se você não entendeu, eu posso
repetir ainda mais devagar.
Fi ergueu uma sobrancelha.
— Ele parece bastante decomposto pra mim. Daremos a ele um enterro
decente. Posso ficar com as botas e o kama dele?
Mas Niner não estava cedendo a A'den sem um discurso. Aquele era
Niner por toda parte. Darman suspeitava que teria dado a Ordo um tempo
igualmente difícil. A sua decência ultra estreita ancorou o esquadrão.
Às vezes, porém, ele só precisava olhar para o outro lado e calar a boca.
— Em que ponto a improvisação se transforma em colapso total da
disciplina, ner Vod?
A'den olhou pra ele como se tivesse acabado de notá-lo.
— Você acha que eu deveria colocá-lo sob acusação de deserção e
devolvê-lo a Zey para o devido processo.
— É o que dizem os regulamentos...
A'den desviou o olhar por um momento, como se tivesse se interessado
repentinamente pelos Marits, que agora conseguiram demolir a casa de
treinamento mesmo sem artilharia. Eles emitiam pequenos guinchos
excitados e triunfantes, totalmente em desacordo com a sua ferocidade.
Então o Nulo tirou o seu comunicador do cinto e o estendeu para Niner.
— Certo, mir'sheb, por que você não mostra a Zey e diz a ele que temos
um CRA renegado em nossas mãos? — Ele se cansou de esperar que Niner
pegasse o comunicador, abaixou-se para pegar a sua mão e bateu a coisa na
palma da mão. — Prossiga.
Niner respirou fundo, com os nós dos dedos brancos enquanto segurava
o dispositivo. Darman chamou a atenção de Fi e se perguntou se algum
deles iria parar o seu sargento. Atin parecia cuidadosamente neutro.
— Vai lá, Tagarela, — disse A'den. — Entregue-o, se você tiver o gett'se
para fazê-lo.
— Você não me respondeu. — Niner manteve a sua posição. — Onde
está a linha entre quebrar as regras por bom senso e falhar em nosso dever?
— Dever os meus shebs.
— Não me refiro ao dever para com a República. Estou falando do nosso
próprio dever. Então, algum CRA pode escolher fugir porque ele é tão
independente, mas os pobres soldados dos fuzileiros navais galácticos têm
que ficar e aguentar? Quando eles podem escolher?
A'den agachou-se ao nível de Niner. Agarrou o seu pulso e forçou a mão
de Niner e o comunicador até a boca do comando.
— Então conte ao Zey. Você quer saber o que acontece a seguir? Isto não
é como um exército adequado. Sull não terá uma corte marcial. Ele não será
preso ou rebaixado. Eles vão colocar um blaster na cabeça dele, porque não
podem confiar nele novamente e não podem ter um CRA à solta.
Niner e A'den estavam congelados, com os olhos fixos um no outro.
— Talvez seja isso que merece alguém que deixa os seus amigos para
lutar, — disse Niner.
— Então vai em frente. Termine isso.
A'den soltou o pulso de Niner como se o estivesse jogando fora e se
levantou. Sull caminhou a uma curta distância, de cabeça baixa, com os
braços cruzados, olhando para todo o mundo como se estivesse ouvindo
conversas de comunicador em um capacete inexistente. Darman de repente
se viu preocupado com incógnitas que Skirata nunca havia abordado no
treinamento: quem dispararia o tiro? Quem executou renegados? Ele não
conseguia imaginar um irmão clone ou um oficial Jedi puxando o gatilho.
Talvez eles chamem a Inteligência da República.
Eles certamente não poderiam chamar a FSC para fazer isso. FSC agora
era muito amigável com clones em geral, graças ao Skirata.
— Shabii'gar, — Niner estalou, e jogou o comunicador de volta para
A'den. Então ele se levantou e saiu andando. Niner não estava emburrado.
Darman sabia que estava fugindo da tentação de atingir o Nulo, porque
nunca o tinha ouvido usar uma linguagem assim antes. — Apenas lembre-
se disso se você espera que tiremos seus shebs do fogo.
A'den o observou ir e balançou a cabeça. Ele tinha uma pele castigada
pelo tempo que o fazia parecer mais velho que Ordo e Mereel, e um ar
claramente paternal.
— Você não entendeu? — Ele se virou para os três comandos restantes.
— O que acontecerá com qualquer clone que não puder ser corrigido e
implantado novamente? Ou quando ficarmos velhos demais para lutar?
Darman se viu imobilizado pelo olhar intenso de A'den. Ele tinha que
responder.
— Sim, eu penso muito sobre isso.
— E? Você notou algum plano de pensão ou aposentadoria? — A'den
revirou os olhos. — Fez algum curso de reassentamento de carreira, não é?
Em momentos de silêncio com Etain, os momentos em que começou a
ter um vislumbre do que estava destruindo Fi, Darman tentou não pensar
nisso, porque não havia nada que pudesse pensar em fazer que não
significasse deixar os seus amigos em apuros. e, estatisticamente,
provavelmente não estaria por perto para se preocupar com a velhice
prematura de qualquer maneira.
Mas a ideia de estar muito ferido para valer a pena salvá-lo o
incomodava. Gostava da vida, tudo bem. Ele amou. Qualquer um que
pensasse que os clones não tinham um senso de medo ou mortalidade era
um tolo, ou talvez um civil justificando que não havia problema em usá-los,
porque eles não eram como os humanos de verdade.
Todo o esquadrão ficou em silêncio. A'den parecia estar ficando
exasperado.
— Vocês são im-pres-cin-dí-veis, — ele disse, toda deliberação lenta,
enfatizando cada sílaba. — Todos os soldados são, sempre foram, mas
vocês são extra dispensáveis. Sem direitos, sem voto, sem famílias para
reclamar do seu tratamento e sem conexão com qualquer comunidade que
lute por você. Criados, usados e descartados quando vocês estão além do
reparo econômico ou mostra muita discordância. Tudo bem, sejam nobres
mártires, mas façam isso porque vocês escolheram isso, não porque vocês
são um nun criado em gaiolas e não sabe pensar de outra forma.
Fi geralmente era aquele com toda a conversa e um talento especial para
desarmar situações, mas estava perturbadoramente silencioso agora. Ele
parecia ter um relacionamento cada vez mais difícil com o mundo exterior.
Ele ansiava por isso, Darman quase podia sentir o gosto da inveja quando Fi
vislumbrava a vida de outros seres, mas parecia que ele também tentava
tirar isso da cabeça, talvez porque tivesse certeza de que nunca teria uma
vida além da GER. Niner provou ser muito melhor em encerrar as coisas do
que Fi.
Deve ter sido mais fácil para os soldados rasos. Eles não viram quase
nada do mundo além do campo de batalha. Eles não foram criados por
figuras paternas como Skirata ou Vau, então eles se agarraram um ao outro.
Era tudo o que eles tinham. Sim, nuna criado em gaiolas, e a gaiola pode
parecer um porto seguro quando a deixa. Era uma boa comparação. O
mundo exterior era desconhecido e assustador. Neurose institucional, como
Skirata a chamava.
— O problema com as guerras, — Fi disse finalmente, com a voz
repentinamente estranha, — é que elas mostram às pessoas o que elas
realmente podem fazer quando se dedicam a isso, e isso torna a paz bastante
desconfortável para os governos quando ela finalmente chega. Você não
pode colocá-los de volta na caixa.
— Você não sabe nada sobre paz, — disse Atin. — Nenhum de nós sabe.
Darman tentou aliviar o clima.
— Ordo está contando histórias pra ele de novo. — Sull ainda estava
esperando lá. Darman se perguntou se teria puxado o gatilho do CRA se
tivesse recebido ordens para isso. — Nunca ensine clones a ler.
— Ordo também não sabe nada sobre a paz, — disse Atin.
Darman sentiu que era igualmente ignorante, mas se reservou ao direito
de continuar pensando nisso. Se o objetivo era vencer a guerra, então
alguém deve ter pensado no que aconteceria com o exército depois.
— Você acha que Sev tem namorada? — Fi perguntou.
— Se ele tem, ela provavelmente escapou da unidade de criminosos
violentos da Cidade Galáctica. — Darman cutucou o seu irmão. Qual é, Fi,
não fique obcecado. — Não é o seu tipo.
— Eu nunca usaria isso contra uma garota por ser uma psicopata. — Fi
fez um esforço visível para ser seu outro eu. — Não se pode ser muito
exigente.
— Bem, por mais que eu adore absorver a sabedoria de seus grandes
filósofos, tenho coisas para fazer. — A'den gesticulou para Darman se
levantar. — Vá buscar o equipamento de Sull. Ele lhe dirá onde o enterrou.
Enquanto isso, ele vai me contar tudo o que sabe sobre Eyat. Combinado,
Sull?
O CRA deu de ombros.
— Então você pode eliminá-los melhor?
— Se você tem um amiguinho em Eyat que deseja resgatar, agora é a
hora de mencioná-lo.
Sull balançou a cabeça.
— Ninguém. Engraçado, nem os lagartos me reconhecem agora. Devo
causar uma grande impressão.
— Você vai perguntar sobre Eyat ou não?
Sull pareceu considerar isso.
— Certo, mas não há nada que você já não tenha dos caras que
construíram o lugar.
Darman desviou para encontrar Niner em seu caminho para desenterrar a
armadura de Sull. Ele estava parado ao lado de uma árvore olhando para a
escarpa, com os dedos enganchados na cintura traseira de sua roupa de
baixo, e não se virou quando Darman se aproximou por trás dele e colocou
a mão em seu ombro.
— Armadura, sargento. Vamos encontrar o equipamento de Sull.
Niner se virou e Darman esperava ver algum resquício de raiva. Mas
parecia mais chateado do que reprimindo a fúria. Era como se ele tivesse
más notícias.
— Tudo bem... — disse ele, ainda distraído.
— Você está bem, vod'ika?
— Posso te fazer uma pergunta?
Esse não era o Niner. Ele não contornava os problemas. Darman sentiu-
se inquieto.
— Bem... sim, vai em frente.
— Se você pudesse ir agora, se você pudesse pegar um transporte e ir
aonde quisesse, sem consequências, até levar Etain com você, você iria?
— Deixar o exército?
— Deixar o esquadrão. Deixar-nos pra trás.
Darman mastigou a ideia e isso fez o seu estômago revirar. Esses não
eram os homens com quem havia sido criado em seu primeiro grupo de
quatro clones: cada membro do Ômega era o único sobrevivente de seu
último esquadrão. Mas estes ainda eram os seus irmãos de armas, homens
que sabiam exatamente o que estava pensando, como se sentia sobre tudo, o
que o deixaria irritado, o que gostava de comer, cada mínimo detalhe de
cada respiração tomada a cada dia. Nunca teria esse grau de intimidade com
mais ninguém, talvez nem mesmo com Etain. Dificilmente poderia
imaginar um dia sem eles. Não tinha certeza de como isso se encaixaria na
vaga ideia de estar com Etain em algum estado de felicidade doméstica que
não entendia e apenas vislumbrava ao seu redor, mas sabia que ficar
separado de seus irmãos abriria um buraco em sua vida que nunca iria curar.
Nunca aceitou a perda de Vin, Jay e Taler, quando todos faziam parte do
Esquadrão Theta, e, assim como Delta, mesmo agora, pensava que a morte
acontecia com outros esquadrões, nunca com eles.
Isso foi antes de enfrentarem a verdadeira guerra. Foi quando uma morte
acidental no treinamento os deixou em silêncio por dias.
Niner ainda estava esperando por sua resposta.
— Não se trata de servir a República, Dar. Eu nem sei o que a República
é agora ou porque é melhor que os Separatistas. Só sei que saio todos os
dias tentando não ser morto e cuidando para que vocês também não
morram, nada mais do que isso. Então... o que preenche esse espaço quando
você deixa os seus irmãos pra trás?
Niner ainda estava pensando em Sull e por que ele poderia ir embora
enquanto os seus companheiros ficavam. Era mais do que lealdade à
República e toda aquela besteira que Jango havia martelado neles.
— Você não preferiria estar em algum lugar legal, fazendo algo diferente
de lutar? — Darman perguntou.
— Dar, você iria embora?
— Isso não vai acontecer, — disse Darman finalmente. Isso é sim ou
não? Ele não tinha certeza. Ele nem tinha certeza do que seria um Darman
fora do exército, muito menos separado de seus irmãos. — Então nem
pense nisso.
Mas Darman continuou pensando sobre isso enquanto eles verificavam a
sua posição e caçavam a armadura de Sull. Ele tinha certeza de que Niner
também estava pensando nisso.
Tilsat, Qiilura, terceiro dia da evacuação, 476 dias após Geonosis

— Isto, — disse Levet, — é o que acontece quando você dá muito


equipamento poderoso e facilmente portátil para os locais que conhecem o
terreno melhor do que nós.
Etain sabia que os fazendeiros usariam todos os truques que o General
Zey havia ensinado durante a resistência, mas isso não tornava a captura
deles muito mais fácil. Até agora, os troopers haviam capturado cerca de
quinhentos vivos e os empacotado em transportes; o resto havia se
espalhado em pequenos grupos, levando consigo a abundância de armas
fornecidas pela República.
Se os fazendeiros fossem Separatistas, o planeta já teria sido limpo. Mas
as mãos estavam atadas. Estes eram cidadãos da República, e este era o
planeta dos Gurlanins, o que significava que não poderia ser reduzido a um
terreno baldio.
Não era assim que nenhum deles queria lutar, exceto talvez ela.
Mas até agora a luta tinha seguido um padrão. Depois que os fazendeiros
sofreram algumas baixas, eles se renderam. Eles pareciam sentir que tinham
feito seu ponto de vista, e agora que estavam com medo e exaustos, eles
queriam acabar com isso. Com isso em mente, Etain seguiu a estratégia de
escolher alguns em cada grupo e convidar a rendição.
Não parecia estar funcionando desta vez.
O pelotão foi imobilizado no vale do rio ao norte de Tilsat. Os outros
sete pelotões foram dispersos, perseguindo os maiores grupos rebeldes que
haviam se separado. Cinco para um parecia uma probabilidade fácil para os
clones troopers, mas a complicação de tentar remover os colonos inteiros os
prejudicou muito, e o tempo se aproximava rapidamente quando Etain
desistiria disso como um trabalho ruim.
— Chegando!
Uma rodada de artilharia esmagou as árvores atrás da posição de Etain,
cobrindo a linha de tropas com fragmentos de gelo e galhos. Ela se abaixou
instintivamente, com a Força ou sem a Força.
Levet, geralmente colado ao lado dela, correu pra trás da parede
defensiva que tinha sido um galpão merlie e caiu de joelhos para operar um
blaster de repetição E-Web que agora estava parado em seu tripé. O
artilheiro estava esparramado com a perna em um ângulo estranho; outro
oficial tentava freneticamente tirar o capacete. Levet atirou enquanto dois
clones trabalhavam nos ferimentos de seu irmão caído, e Etain percebeu
que não poderia mais priorizar como um comandante deveria.
Tudo o que podia ver era o soldado ferido.
Quem é ele?
Sempre se esforçou para aprender os seus nomes, eles sempre tiveram
nomes entre si, não apenas os números que os seus mestres Kaminoanos
lhes deram, e este escapou dela. Sentiu que o estava negando. Não podia
deixá-lo ser um estranho. Mas agora tinha que fazer isso.
Você tem que lutar. Você não pode recuar e bancar a médica.
Os fazendeiros estavam espalhados pela encosta acima do pelotão,
escondidos em penhascos e buracos cobertos de gelo, e em algum lugar lá
em cima eles tinham uma pequena mas devastadora peça de artilharia,
fornecida pela República para ajudá-los a expulsar os Separatistas. Eles
também tinham muitos rifles blaster, e o que era eficaz contra droides
também podia ser letal aplicado a armaduras regulares de soldados. O seu
sabre de luz e poderes da Força eram de uso limitado para atacar fogo
disperso. Tudo o que podia fazer era se defender de projéteis e detritos,
porque a sua concentração havia desaparecido. Antes, poderia ter se
centrado e visualizado a ameaça, absorvendo a própria estrutura do ar, da
terra e da água, e desviado raios de plasma ou enviado atiradores contra as
rochas. Agora tentou localizar cada posição de tiro para se concentrar
apenas nisso.
A gravidez me mudou. Não que eu fosse tão forte na Força para
começar.
À sua esquerda, Levet direcionou o fogo para a encosta, colocando
rodadas de E-Web em uma sequência organizada que enviou pequenas
avalanches colina abaixo, expondo grama e rocha. Os troopers estavam
alinhados ao redor dela, visando posições de atiradores em cada
extremidade do vale. Esperou que ele parasse de atirar e ajustou o
comunicador do fone de ouvido.
— Baixas, comandante? — Ela deveria ter um tenente no comando ou
um capitão no máximo, não os serviços de um comandante completo, mas
todo general Jedi tinha um, até mesmo os Cavaleiros Jedi insignificantes
como ela. — Quando isso começa a custar muito caro, acho que prender
não é uma opção.
— Dez homens feridos, dois graves.
— Faça com que eles sejam evacuados para casa.
— Nós teríamos que chamar o AT para fazer isso no momento, senhora,
e há a pequena questão de onde nós os evacuamos de qualquer maneira. Se
os droides médicos e bacta não puderem consertá-los, ninguém poderá.
Alguns generais podem ter pensado que dez homens de um pelotão de
trinta e seis eram aceitáveis, mas Etain não.
— Vamos pegar a encosta, então.
— Deixe-me confirmar que... você não quer mais fazer prisioneiros?
Etain mal podia acreditar no que ela estava dizendo.
— Eles são fazendeiros. Vocês são tropas de elite. Com as luvas
desligadas, isso não teria demorado nada.
— Você quer uma última tentativa de acalmá-los, senhora?
Levet a conhecia melhor do que pensava. Ele parecia entender que se
culparia mais tarde se não oferecesse a eles uma última chance de se render.
Quantas vezes mais tinha para oferecer, não tinha ideia. Eles deixaram as
suas intenções claras.
— Certo. Traga o AT.
As trocas de blasters continuaram, mas os troopers pareciam estar
lutando em completo silêncio. Eles podiam ouvir o circuito de comunicação
em seus capacetes; ela não podia. Houve apenas o estalo dos disparos de
blaster e a chuva de solo congelado quando os disparos de canhão atingiram
as terras agrícolas ao redor deles. Quando se lembrou de estalar os dentes
para ativar o circuito de comunicação do pelotão, as vozes ligaram em seu
fone de ouvido e mergulhou no barulho caótico da batalha, de homens
chamando posições, alcance e elevação, e uma voz repetindo:
— Ele está bem? Ven está bem? Ven está bem?
Ven. Ele tinha um nome. Sabia disso agora.
Etain voltou para o seu circuito fechado com Levet.
— Quanto tempo falta para o A-T estar ao alcance, comandante?
— Doze minutos padrão, senhora.
— Certo. — Ela se concentrou na encosta oposta, pensando nas mentes
dos homens e mulheres que ela conheceu, treinou, e tentou persuadi-los
pela influência do pensamento de que eles estavam hesitantes, incertos se
queriam continuar com isso, ansiosos para partir para um lugar melhor.
vida. — Cessar fogo. Espere.
Os troopers baixaram os seus blasters imediatamente e se afastaram da
parede, alguns arrastando camaradas feridos. Um deles não mostrava
nenhum sinal de movimento. Ven estava um pouco afastado do E-Web, com
o capacete ao lado dele, sangue escarlate brilhante vazando na neve e
derretendo-a. O seu camarada ainda estava bombeando o peito com as duas
mãos.
O tiroteio da encosta diminuiu até o silêncio.
Etain podia sentir as emoções ao seu redor como manchas de luz
colorida; amarelos agudos de medo, a intensidade pulsante azul branca da
vida em declínio e algo que só conseguia identificar como infantil, fraco e
cinza. Era um eco do que sentiu pela primeira vez em Darman. Não era
inocência, porém: parecia perdido e necessitado.
O bebê chutou novamente. Por um momento pensou que era ele. Um dia
ele precisaria saber que a sua mãe havia feito de tudo para dar uma saída
aos fazendeiros.
— Birhan? — ela gritou. — Birhan, você está aí fora?
O vale ecoou. Na zona rural de Qiilura, os sons são transmitidos por um
longo caminho. Pensou que podia ouvir o distante som de ee-unk ee-unk do
errante de ataque abrindo caminho pelos campos em direção à estrada.
— Não é o Birhan. — A voz que a chamava era de uma mulher.
— Vocês podem parar com isso agora. Vocês todos podem sair daqui. —
Houve uma longa pausa.
— Vocês são os que estão isolados dos dois lados...
— E somos nós que tentamos lhes pegar vivos... até agora. — A gritaria
estava deixando a garganta de Etain dolorida. Checou o seu cronômetro. —
Vou lhe dar cinco minutos padrão para depor as suas armas e se render.
Silêncio. Silêncio absoluto, além do pano de fundo de sons selvagens
que Darman rotulou de NPQ... Normal para Qiilura.
— Eu suspeito que isso vai ser um não, — disse Etain.
Esperou, olhando para o seu cronômetro de vez em quando. Estava tão
quieto que podia ouvir as rajadas de neve batendo nas armaduras dos
troopers, chocalhando como feijões. Levet trabalhou o seu caminho de volta
até ela e sinalizou para verificar à frente.
Estreitando os olhos contra a neve, podia ver o movimento. Das encostas
mais baixas da colina, figuras em roupas de trabalho pardas, rostos envoltos
em lenços, levantaram-se lentamente e ergueram as mãos em sinal de
rendição. Graças à Força. Finalmente algum sentido. Procurou
cuidadosamente por armas, mas eles realmente pareciam ter jogado os seus
rifles no chão. Arriscou ficar de pé, com o sabre de luz na mão.
— Senhora, quando você vai aprender a manter a cabeça baixa? — Levet
disse bruscamente. — Jedi não significa invulnerável.
— Eu tenho uma armadura, — ela disse, — e posso desviar os tiros do
blaster se eles derem um tiro certeiro em mim. — Parecia
desnecessariamente agressivo ativar o seu sabre de luz, mas o fez mesmo
assim. Não estava se arriscando. Enquanto avançava, com a arma afastada
do corpo, mais figuras surgiram dos penhascos cobertos de neve, algumas
com as mãos na cabeça, outras simplesmente segurando blasters e rifles no
alto. Os fazendeiros nas encostas mais baixas começaram a descer em
direção à estrada.
A sua resistência parecia ser um gesto agora. Eles só queriam mostrar
alguma luta, manter as aparências e poder dizer aos filhos que não haviam
ido em silêncio. O orgulho era importante pra eles. Entendeu isso.
— Certo. — Ela avançou mais alguns metros e os chamou. — Você não
tem nada a temer. Sem represálias, eu juro. Nós só vamos pegar as suas
armas.
Não houve resposta. Eles pareciam estar demorando muito para descer a
encosta, mas a neve era mais como gelo compactado e traiçoeiramente
escorregadio. Ela se virou para Levet, acenou com a cabeça e então acenou
para alguns membros do pelotão avançarem para liberar os fazendeiros de
suas armas. Quinze soldados avançaram pelo que havia sido um campo de
grãos de casca de árvore no verão, fantasmas contra a paisagem branca
destacada pelo preto de seus trajes visíveis entre as placas de liga plastóide
e o único brilho verde de um sargento.
Etain verificou mais uma coisa em sua lista mental. Foi devagar, mas
eles estavam chegando lá.
— Levet, evacue o...
Isso foi o máximo que conseguiu. Uma explosão salpicou o seu rosto
com sujeira e levantou dois troopers metros no ar. Um caiu gritando, e o
outro não conseguiu porque foi despedaçado.
Minas.
O pelotão congelou, preso em um campo minado desconhecido.
Armadilha. Você não faz isso, você simplesmente não se rende e atrai
aos meus homens para a morte...
O senso de Etain evaporou. Viu alguns dos fazendeiros pegarem as suas
armas novamente, e um instinto a dominou que não era Jedi, um instinto de
matar por este ato de traição. Levet estava gritando pelo comunicador
enquanto os homens restantes ainda atrás da cobertura abriram fogo com
rifle e E-Web.
Etain levantou o seu sabre de luz antes mesmo de perceber que tinha
visto o clarão de um disparo de blaster, rebatendo-o. O seu comunicador
estava cheio de uma cacofonia de ordens e respostas, algumas do assaltante.
Outra mina detonou. Outro homem gritou. Os tiros de Blaster e balas de
artilharia choveram da encosta.
Etain levou um momento para perceber que era a sua própria voz
chamando fogo do Walker de ataque.
— AT, rumo cinco-cinco-seis-zero, tire, repito, tire...
Não deve atrapalhar Levet. Ele é o comandante. Ele sabe o que está
fazendo. Eles estão matando os meus homens. Eles vão pagar por isso.
Não havia nenhum argumento moral deixado nela sobre quem havia
traído a confiança de quem aqui. Tudo o que restou foi a sua vontade de
sobreviver e salvar os seus companheiros. Era tão visceral, tão rígido, tão
não-Jedi. Não tinha noção de mais ninguém ao seu redor, exceto os
soldados mortos e feridos; não tinha noção de nada além de parar o fogo
que se aproximava e descarregar essa raiva ardente que a estava sufocando
e apertando uma faixa em volta de sua testa.
Nem percebeu que havia entrado no campo minado. Sentiu que podia ver
através da neve e do solo os dispositivos abaixo, dispositivos que eles
deveriam ter detectado, não, eram minas anti droides personalizadas,
plastóides e armadas remotamente. De alguma forma estava evitando todos
eles, mas os troopers não tinham tais sentidos de Força e simplesmente se
ajoelharam onde foram forçados a parar e responderam ao fogo.
De todas as coisas que viu naquele dia, essa foi a mais extraordinária:
homens presos em um campo exposto, ainda lutando, quando o menor
movimento poderia detonar uma mina invisível ao lado deles. Nenhum
deles foi paralisado pelo pânico. Não é de admirar que os tolos pensassem
que os clones não sentiam medo.
— Senhora, pare! Calma, pelo amor de fierfek! — A voz de Levet tocou
em seu comunicador. Não, ela não ia parar. Ela não podia. A encosta à
frente dela explodiu em uma enorme nuvem de neve e terra que se ergueu
no ar e caiu novamente como granizo. Então houve um som estrondoso.
Uma seção da encosta cedeu, levando pedras e solo com ela. A camada de
neve compactada deslizou como glacê se separando de um bolo e parou
como uma avalanche.
O Walker atirou novamente, estremecendo com o recuo, e o cume
rochoso perto da crista quebrou como se um punho tivesse perfurado uma
folha de transparaço. A explosão a ensurdeceu por alguns momentos e
então ela sentiu areia e gelo salpicar o seu rosto e se abaixou. Houve uma
segunda explosão, e uma terceira, e quando ela ergueu a cabeça novamente,
não conseguiu ver a colina através da tempestade de detritos que rolava em
sua direção como uma onda gigante de espuma. O solo abaixo dela tremeu
tão intensamente quanto um terremoto. E então os destroços no ar
começaram a atingir o solo, a enorme onda ondulante desmoronando,
deixando pra trás uma colina remodelada e uma estrada bloqueada por
rocha, solo e gelo.
O fogo rebelde agora vinha apenas da posição ao sul deles, não da
colina. E os homens ainda estavam presos no campo minado.
— Senhora, eu disse para ficar onde está, — Levet gritou.
— Não, você fique onde você está, Comandante. — A raiva de Etain
sempre levou a melhor sobre ela. Ela nunca aprendeu a controlá-lo. Se o
lado negro a queria agora, então poderia demorar enquanto ela conseguisse
limpar o seu povo. — Tire a outra posição de artilharia. Apenas a suprima.
Certo?
E estou grávida. Estou louca? Estou arriscando a vida do meu filho.
Não é meu risco.
Mas o AT-TE já estava em ação, atingindo a posição sul na outra
extremidade do pequeno vale com o seu canhão. Parecia que um holo vídeo
estava tocando ao fundo, algo totalmente diferente do que estava
acontecendo no campo minado. E era: não havia nada que pudesse fazer por
eles além de suprimir o fogo. Estava em um campo minado cercada por
homens encalhados, alguns deles sangrando até a morte.
Foi o som que a levou ao limite. Eles disseram que os feridos choravam
por suas mães, mas os troopers não tinham mães; eles nem tinham uma
figura paterna como Skirata. Eles chamavam aos seus irmãos.
Sabia agora porque alguém estava fazendo exatamente isso. Ele estava
chamando por Bek, ou pelo menos parecia isso. Bek não estava
respondendo. Talvez Bek fosse um dos mortos.
Isso partiu o seu coração e os seus últimos laços frágeis com os Jedi.
Olhou por cima do ombro: Levet estava avançando pelo campo minado.
Não apenas tentou influenciar a sua mente. Colocou todo o seu esforço para
fazê-lo parar de repente. Ele hesitou por um momento, mas continuou
vindo.
— Você não pode detectar essas minas com os seus sensores, Levet. Não
tente. — Ela acenou pra ele de volta. — Eu posso sentir o que você não
pode. Estou bem. Não faça isso.
Algo pegou a sua visão periférica, um lampejo de movimento, nada
mais. Olhou, e então a neve pareceu ondular como um mar coberto de óleo.
Formas emergiram dela, formas brancas de Gurlanin, e uma dúzia ou mais
penetrou no campo minado.
Gurlanins podiam sentir variações na densidade do solo. Claro. Jinart
localizou túneis gdan para ela durante a primeira missão do Ômega, para
que pudessem detectar as minas terrestres enterradas. Um dos Gurlanins foi
até ela na ponta dos pés.
— Jinart, — Etain sussurrou. — Tenha cuidado...
— Valaqil, — disse o Gurlanin. Era consorte de Jinart, uma vez espião
pessoal de Zey. — Você não consegue nem nos diferenciar?
— Não consigo nem ver você na metade do tempo.
— Vamos marcar um caminho livre para que você possa resgatar os seus
feridos. Eu conduzirei os seus outros homens pra fora daqui.
— Eu lhe devo.
— Sim, deve, Jedi, e se alguma coisa acontecer com você, podemos
pagar o preço, então cale a boca e siga-me.
— Posso sentir onde estão as minas. Estou bem.
— Pena que você não sentiu que eles estavam lá antes de enviar os seus
homens.
Era brutalmente verdade. O momento de alívio qualificado de Etain foi
destruído pela vergonha e pela culpa. Isso foi culpa dela. Ela causou a
morte desses soldados por sua própria incompetência, e não por
incompetência militar: ela não usou os seus próprios sentidos da Força bem
o suficiente.
Mas não tinha o luxo da autopiedade agora. Chamou os troopers
encalhados que ainda podiam andar, sem saber se as minas anti droides
também haviam emitido pulsos EM.
— Vocês ainda podem me ouvir?
— Sim, senhora.
— Sigam os Gurlanins. Caminhe em suas pegadas. Eles podem levá-los
pra fora.
Ia ser mais difícil mover os homens feridos, mas ela o faria. Ela não ia
deixar um único homem pra trás, vivo ou morto.
Levet clicou de volta em seu circuito de comunicador.
— Senhora, um larty estará aqui em alguns minutos. Nós vamos
guinchá-los para longe. Saia daí... por favor.
— E a corrente descendente? Pode detonar mais alguns dispositivos.
— Eu tenho ordens, senhora. A segurança da minha general vem em
primeiro lugar.
— Não, não. — Etain pensou novamente em seu filho, mas o seu pai era
um desses homens. Nenhuma de suas vidas poderia contar menos do que a
dela, ou não haveria sentido em ter este bebê. — Eu sou uma Jedi. Eu posso
fazer isso.
Havia um homem que poderia alcançar facilmente. Ele estava a dez
metros de distância, imóvel, mas sentiu que ele estava vivo. A sua perna
direita foi retalhada abaixo do joelho. O seu senso de perigo da Força estava
totalmente alerta agora, e quando olhou para a neve, agitada com detritos e
sangue, podia ver onde estavam as minas, como uma névoa de calor em seu
campo de visão. Colocou as botas com cuidado. Se pudesse segurá-lo,
levantá-lo com a ajuda da Força seria relativamente fácil.
Havia uma área segura de um metro de largura que podia ver. Manter o
equilíbrio seria um problema, mas se pudesse colocá-lo sobre os ombros,
poderia levantá-lo. Assistiu Darman levantar Atin rolando sobre ele
primeiro, mas não tinha espaço seguro suficiente para fazer isso. Tudo o
que podia fazer era ajoelhar-se com cuidado, com um pé a um palmo de
uma névoa que indicava uma mina e colocar a cabeça e os ombros sob o
corpo dele.
Emitiu um som quando o ar foi expelido de seus pulmões, mas não
estava consciente; ele havia perdido muito sangue. Estava presa agora, com
todo o peso dele em suas costas, e quando arrastou as pernas em uma
posição ajoelhada, ela quase o rolou pra fora da zona segura. Foi preciso um
pouco mais de manobra para chegar onde pudesse se endireitar e tentar o
movimento que precisava de muita ajuda da Força, ficar de pé com um
homem de oitenta quilos nas costas.
Depois disso, foi fácil. Relativamente.
Etain respirou fundo e estava vagamente ciente do som do TABA/i à
distância enquanto contava até três, apertou mais as margens das placas de
armadura e depois empurrou pra cima, travando os joelhos. Por um
momento, os tendões pareciam que nunca iriam se esticar. Ela cambaleou
um pouco. Então ela recuperou o equilíbrio e se virou com muito cuidado
para caminhar, curvada a quarenta e cinco graus, entre as manchas
brilhantes na neve que só ela podia ver.
O peso saiu de seus ombros e agarrou com mais força, pensando que o
estava derrubando, mas descobriu que estava fora do campo minado e
alguns de seus camaradas simplesmente o puxaram de suas costas.
Levet a pegou pelo ombro.
— Chega, senhora. Mesmo que eu tenha que bater em você, você não vai
fazer isso de novo. Entendido? Deixe isso para a equipe de resgate.
Não se sentia tão esperta agora. Pesava quarenta e cinco quilos e admitia
até para si mesma que era magra.
— Certo. — Ela olhou em volta para pequenas cenas separadas de
desespero, troopers recebendo os primeiros socorros de camaradas enquanto
o droide médico do AT-TE pairava entre eles. Nem tinha notado o enorme
Walker de seis pernas se aproximando. Agora la podia ver o trooper
atingido antes, Ven, e o seu amigo ajoelhado sobre ele, com o rosto
contraído e amarelo de frio. Depois que os troopers tiraram os seus
capacetes para tentar a ressuscitação boca a boca, eles ficaram tão
vulneráveis às condições de congelamento quanto qualquer um. Caminhou
até ele, sentindo-se instável, e agachou-se.
— Não consigo sentir o pulso, senhora, — ele disse calmamente.
— Ele não está morto. — Ela colocou a mão na testa de Ven e sentiu a
vida nele, fraca, mas segurando. Não podia ver onde ele havia sido atingido.
Os pontos vulneráveis eram as lacunas entre as seções da armadura. — O
frio extremo melhora as chances de sobrevivência com alguns ferimentos.
O droide médico estará com ele em alguns minutos. A pele de Ven parecia a
de um cadáver. Sabia exatamente como era um cadáver. — Certo?
— Certo, senhora. Obrigado.
Já havia estado nesse estágio antes: entorpecida, não totalmente
consciente de seus arredores e sem saber quanto tempo havia se passado. O
tiroteio havia parado, então os fazendeiros sobreviventes... se é que houve
algum depois do bombardeio de canhão do AT-TE... devem ter seguido em
frente. A maioria dos Gurlanins havia desaparecido, exceto os poucos que
ajudaram o guincho da canhoneira ao colocar um arnês nos mortos e feridos
restantes.
Era estranho observá-los. Eles podiam assumir qualquer forma que
quisessem, qualquer coisa, mas em vez de se transformar em algo com
mãos, eles permaneciam no que considerava a sua forma animal. Era como
se eles sentissem que não precisavam mais mudar. Eles tiveram o seu
planeta de volta, quase. Parecia uma espécie de nacionalismo físico onde
eles poderiam ser eles mesmos novamente.
— Você está bem agora, senhora? — disse Levet.
Etain observou o Walker se agachar na posição baixa para abrir as suas
escotilhas e receber os feridos em macas repulsoras. A pele de Ven era
como cera pálida; outros homens sofriam de trauma de explosão, sacudidos
dentro de suas armaduras por minas ou projéteis de artilharia. Mesmo um
capacete não impedia lesões cerebrais, e a sua armadura não era a cara ultra
endurecida. Tipo de Katarn que permitiu que Fi se jogasse em uma granada
e saísse do encontro bastante abalado. O droide médico estava injetando
medicamentos para parar o inchaço intracraniano; um homem estava tendo
uma derivação temporária inserida em seu crânio para drenar o fluido.
— Eu não estou ferida, se é isso que você quer dizer. — Ela se virou
para olhar para Levet, incapaz de julgar o seu grau de aborrecimento na
Força. Ele era um mar calmo de autocontrole com correntes ocultas tão
profundas que não poderia dizer se eram violência, tristeza ou paixão. —
Desculpe. Eu não queria te causar ansiedade.
Veja, todos esses detalhes médicos horríveis que eu sei agora? Eu não
queria aprender isso da maneira mais difícil. Talvez quando eu sair, eu
possa usar isso, ser uma médica... não uma Jedi, não depois desta guerra.
Não se, mas quando.
Era mais do que se preocupar com Darman. Eram todos eles: o clone
trooper que amava, aqueles que conhecia como amigos, aqueles que não
conhecia e nunca conheceria. Ele a ultrapassou agora. Temia que a sua
ansiedade prejudicasse o bebê e deslizou os braços dentro de sua capa para
colocar uma mão sub-reptícia em sua barriga e enviar uma sensação de
conforto pra ele. Ele estava agitado. O estado de espírito dela o estava
afetando. Ele parecia quase... zangado.
Vai ficar tudo bem...
Mas não tinha um nome pra ele. Não ousou. E se ele estava com raiva,
era algo que ele herdou dela.
— Nós terminamos, — Levet disse. Ele ficou escutando, com um dedo
erguido pedindo silêncio, e Etain ouviu um único grito... um homem, uma
mulher, ela não sabia dizer... à distância. Os Gurlanins estavam pegando os
fazendeiros rebeldes que escaparam do bombardeio.
Eu pedi isso. Eu comecei. Eu fiz isso. Eu cometi o erro sobre o campo
minado.
Etain ficou simplesmente consternada ao fazer um balanço da pessoa que
se tornou e até que ponto o seu treinamento Jedi, contemplação, razão, não
violência, havia diminuído na distância.
— Senhora? Hora de seguir em frente e rastrear os outros. Este vai ser
um trabalho longo e complicado.
— Certo. — Etain precisava de um momento. Olhou para a neve rosa
comprimida onde Ven estava deitado enquanto os seus amigos trabalhavam
para mantê-lo vivo. Havia mais sangue do que esperava, mas era difícil
dizer quando manchou a neve e se espalhou. Sangue na água ou lama
sempre parecia pior do que era. — Estarei com você em breve.
Ficou pensando em Darman, imaginando-o para que o bebê pudesse ver
o que viu na Força, e então se dirigiu para a aeronave TABA/i. Os
transportes velozes já haviam saído vazios, sem fazendeiros para evacuar.
Levet foi atrás.
— Senhora, — disse ele. — Espere.
— O que?
— Você foi atingida, senhora. Olhe...
Etain virou-se para encarar o comandante e viu o que ele havia visto:
havia deixado um rastro de gotas de sangue em seu rastro. Instintivamente,
procurou por ferimentos, sabendo como era fácil ser anestesiada por eles até
que a adrenalina passasse.
Então se deu conta. O sangue não vinha de um ferimento, mas de sua
perna. Podia sentir seu breve calor agora enquanto esfriava em sua pele e
congelava onde encharcava as suas roupas. Uma cãibra lancinante tomou
conta dela e a dobrou.
Estava com hemorragia. Estava perdendo o bebê.
Companhia Marítima Nar Hej, Napdu, quarta lua de Da Soocha, espaço Hutt, 476 dias
após Geonosis

Sev ficou de um lado da entrada, encarando Fixer do outro lado, como


fizera tantas vezes antes.
Não conseguia se lembrar da última vez que havia atravessado uma porta
desconhecida sem explodi-la, abri-la com um chute ou derreter as suas
fechaduras com um ferrolho de desintegrador. Um dia usaria os controles
como todo mundo. Scorch se ajoelhou entre os dois, enfiando as lâminas
finas do espalhador hidráulico na fresta entre as duas metades da porta.
— Preciso de uma solução explosiva, — disse Scorch. — Estou farto de
abrir as coisas discretamente.
— Não queremos um público chegando para admirar o seu trabalho.
— Sev, eu sou um cirurgião entre os artistas de entrada rápida. —
Scorch grunhiu com o esforço enquanto segurava o espalhador contra o
peito e se apoiava nele. As lâminas finalmente deslizaram para a abertura.
— Você é um açougueiro de nerf.
— Quer estar no cardápio também?
— Paciência. Ou vamos trancá-lo em um quarto com Fi e deixá-lo falar
com você até a morte.
Fixer soltou um longo suspiro, um de seu repertório eloquentemente
amplo de respostas não verbais, e ergueu a mão para fazer uma contagem
regressiva muda: quatro, três, dois...
Um.
Scorch bombeou o sistema hidráulico e as lâminas se separaram,
deslizando ao longo do comprimento da barra. As portas agora estavam
abertas o suficiente pra ele colocar o aríete hidráulico entre elas e abri-las.
Sev passou por cima dele, focado em não deixar o rastro de Ko Sai esfriar.
Então... eles não podiam deixar Skirata saber disso.
Ou Ômega, chegar a esse ponto
Isso incomodava muito Sev. Entendia a necessidade de saber e não saber,
mas algo que tinha que ser escondido de pessoas específicas que conhecia e
em quem confiava, e quem não confiaria em um irmão de comando? Isso o
incomodava.
Não somos como homens comuns. Somos profissionais. Nós não
jogamos jogos.
Mas o que mais o intrigou foi a ordem de não contar também a Vau.
Talvez Zey pensasse que Skirata iria arrancar isso dele. Os Jedi certamente
não confiavam nos Mandalorianos, mas talvez isso fosse inevitável, dada a
natureza livre das atividades de operações especiais de Vau e Skirata. Eles
podiam ser velhos, mas ainda eram garotos completamente maus.
O escritório estava às escuras. A lâmpada do capacete de Sev destacou as
mesas, tapetes sujos no chão e as portas que levavam ao que os seus
sensores lhe diziam ser um longo espaço oco, um corredor. Provavelmente
levou aos alojamentos. Não era incomum que os comerciantes morassem no
mesmo prédio de seus escritórios em Napdu, porque era apenas um ponto
de parada para o frete do setor, sem bairros residenciais agradáveis. Sev
sabia disso porque o seu banco de dados vinculado a Tela de Alerta dizia
isso, sob um cabeçalho vermelho brilhante que dizia CONDIÇÕES LOCAIS. Viu
muito pouco do dia a dia da galáxia para julgar por si mesmo, então ele
ainda confiava na inteligência. Ele podia ver a visão de Scorch e Fixer do
escritório escuro em seus ícones na Tela de Alerta, e Fixer já estava
hackeando os registros do computador.
E o rastro de Ko Sai chegou até aqui, depois de ter sido abalado e
espancado por informantes relutantes. Vaynai, mundo aquático e paraíso
dos contrabandistas, parando em Aquaris, outro mundo aquático repleto de
pirataria e outras escórias, para... Napdu.
Fixer tirou uma sonda de seu cinto e deslizou-a na porta de entrada do
computador, então ficou em uma pose de concentração congelada enquanto
observava a tela.
— Os negócios estão crescendo, — disse ele. — Eles realmente
deveriam desligar o sistema à noite e proteger com senha a inicialização.
Scorch rondava, tirando flimsi dos arquivos. Qualquer um que ainda
usasse o flimsi tinha dados que não queria comprometer em um meio
divisível ou era neurótico quanto a manter cópias de segurança para a
repartição de finanças.
— E isso iria atrasá-lo por quanto tempo, exatamente? Trinta segundos?
Fixer grunhiu significativamente. Sev, metade de sua atenção nos pontos
de entrada e saída, e a outra metade da visão na Tela de Alerta de Fixer das
planilhas de rolagem, podia ouvir Chefe pigarreando. O sargento deles
estava a cem metros de distância, esperando em um EIT, uma embarcação
de interdição de tráfego das operações especiais, que se disfarçava de
mensageiro de pacotes, e o som desencarnado de alguém tossindo e
engolindo em seco irritou muito Sev.
— Chefe...
— Problema, Sev?
— Você, Chefe...
— Quando eu puder tirar o meu capacete, vou gargarejar com bacta.
Peguei um resfriado. Certo?
Fixer voltou à vida.
— Esse é o conteúdo de seu armazenamento de dados copiados. Scorch?
Scorch ainda estava vasculhando uma pilha de flimsi, movendo-a de uma
pilha para outra e parando para olhar cada folha. Ele estava escaneando o
conteúdo de seu hologravador na Tela de Alerta.
— Isso é só uma coisa velha. Posso muito bem pegar o que puder, no
entanto.
A voz de Chefe raspou no comunicador.
— Esta fossa está orbitando outro mundo aquático, Delta... Da Soocha.
Vê uma tendência?
Sev ouviu um rangido fraco e caminhou até as portas internas. Ouviu
com atenção, então pressionou um sensor de som nos painéis.
— Prepare-se para arrasar. Eu detecto sinais de vida pouco inteligente, e
não é Scorch...
Fixer desligou o computador, pegou um enfeite inútil, um vaso de cristal
falso de lembrança da Cidade Galáctica com insetos mortos há muito tempo
empilhados no fundo, e abriu uma caixa de crédito em dinheiro para
embolsar o conteúdo. Vau os havia ensinado a fazer infiltrações parecerem
roubos, se pudessem, e Sev ficou impressionado com o olho infalível de seu
antigo sargento de treinamento para os cofres de depósito mais escolhidos
em Mygeeto. O que quer que Vau tenha feito, ele o fez excepcionalmente
bem.
Ele é o melhor. Por que ele deveria esperar menos de nós? Ele me fez o
que eu sou. Ele se importa, não importa o que Skirata pense.
— Certo, nós partimos, — disse Fixer, e desapareceu pelas portas com
Scorch. Sev recuou atrás deles, DC-17 apontado, caso o proprietário
entrasse e se tornasse outra estatística infeliz em um setor sem lei. Os
assaltantes geralmente não usavam armadura de Katarn; teria sido difícil
deixar uma testemunha viva.
Os três comandos correram pela estrada, sem iluminação pública, com
todas as propriedades fechadas, sem olhares indiscretos, e por um beco
escuro para alcançar o Chefe. O EIT estava parado como um animal
agachado em um espaço entre dois empilhadores repulsores. A escotilha se
abriu e eles se amontoaram lá dentro.
— Certo, vamos reduzir e analisar os dados. — Chefe digitou as
coordenadas para levar o EIT para uma via de carga até Nar Shaddaa e
estendeu a mão para o chip de dados.
— Vamos, Fixer. Tenho que transmiti-lo de volta à base para o general
Jusik examinar.
Fixer o deixou cair na palma da mão do Chefe.
— Aposto que eu encontro antes dele.
— Vocês podem ter uma corrida de técnicos entre vocês, — disse
Scorch, tirando o capacete e rolando a cabeça para relaxar os músculos do
pescoço. — Ele está bem, velho Jusik.
Fixer atacou o chip assim que Chefe transmitiu o conteúdo e o inseriu
em seu datapad. Sev, deslizando pelo banco no compartimento da tripulação
para se apoiar em seu ombro, notou que havia uma enorme quantidade de
transações de carga e passageiros.
Fixer encolheu os ombros.
— Sai pra lá. Vá importunar Scorch. Sev ouviu o seu comunicador clicar
e Fixer estava em um mundo próprio, procurando por todo o tráfego que
veio ou se conectou com Vaynai nos últimos seis meses.
Sev tirou o capacete e olhou para a paisagem estelar. Foi bonito. Havia
coisas lá fora que ele queria ver e fazer, e provavelmente nunca faria, mas
ele estava determinado a não pensar nisso ou então acabaria como um
chorão como Fi, sempre se arrependendo do que não poderia ter. A sua vida
foi muito curta para desperdiçá-la assim. Foi preciso um esforço para evitar
a especulação e o desejo, mas Sev se orgulhava de sua obstinação mesmo
quando doía, especialmente quando doía.
— Então, qual é o problema de Zey com Skirata? — Scorch perguntou,
chutando o assento de Sev. Os bancos eram dispostos um atrás do outro. —
Ele não confia nele?
— Não confia nele para não fazer a tatsushi de Ko Sai, — Chefe
murmurou. — Papai Kal começou mal com os Kaminoanos...
Scorch continuou batendo a sua bota contra a armação de metal.
— É verdade que ele matou um?
— Quem sabe? Ele é louco o suficiente.
— Então, o que Vau vai fazer com o seu estoque?
Sev se virou, agarrou o tornozelo de Scorch e torceu para mostrar o
ponto.
— Talvez ele pague por um bom sabre de beskar pra mim, para que eu
possa remover a fonte dessa irritação.
— Qual é, você sentiria a minha falta se eu morresse...
— Ninguém vai ser morto. Exceto por mim.
— Calem a boca, vocês dois. — Chefe teve um súbito interesse intenso
na tela retificadora do EIT. — Via movimentada. Não distraia o piloto.
Fixer, com o olhar grudado em seu datapad, de repente se mexeu e tirou
o capacete.
— Pagamento.
— O que? — Sev perguntou.
— Quinze voos reservados com origem em Aquaris ou Vaynai. Cinco
deles passaram por ambos. Dois desses cinco foram para Da Soocha. Um
pago em créditos em dinheiro.
Chefe murmurou para si mesmo.
— Via muito movimentada...
— Embarcações? — Scorch perguntou.
— Uma embarcação de pesquisa hidrográfica, um fretamento privado. A
nave droggy foi a transação de crédito em dinheiro.
— Então ela está fazendo o grande passeio do mundo aquático. — Sev
imaginou o layout aproximado da galáxia, traçando mentalmente um curso
de Kamino, depois para Vaynai, depois para Aquaris, depois para Da
Soocha. Parecia que Ko Sai havia se dirigido ao longo da margem da Orla
Exterior em direção ao Braço Tingel e depois feito uma volta, talvez para
cobrir os seus rastros, talvez para evitar algo. O que quer que ela estivesse
fazendo, ela estava pulando de um mundo oceânico para outro. — A
procura uma casa nova com piscina?
— Melhor encontrar o piloto e avisá-lo sobre a viagem.
— E se não for Ko Sai? — Sev estava distraído com o fato de que Chefe
não estava participando. — Suponho que recomeçamos de Aquaris, se o
informante estiver nos dizendo a verdade.
— Faremos uma visita a ele se a sua memória precisar de ajuda. —
Scorch revirou os olhos. — Quantos Kaminoanos você acha que andam
vagando pela Orla Exterior, Sev?
Chefe interrompeu.
— Eu odeio estragar os seus planos de viagem, senhores, mas esta é uma
via de carga mais movimentada do que qualquer um poderia esperar.
Confira o coringa que está nos seguindo.
Todos os quatro comandos se espremeram para olhar a tela retificadora.
Havia uma embarcação pequena e rápida bem na cauda, tão perto que, se
tivessem ventilado o tanque de lixo, respingaria na tela. Não era o tipo de
coisa que pilotos ruins faziam. Era o que alguém em perseguição fazia.
— É uma grande galáxia, — disse Sev, puxando o seu capacete e selando
o colar para o vácuo. Sentiu o seu estômago apertar e o seu pulso
martelando em sua garganta. — Ele poderia ultrapassar...
Scorch também colocou o capacete.
— Talvez ele queira o seu autógrafo.
Chefe voltou para a base. Os sensores mostraram que as armas da nave
estavam carregando, e o rastreamento do identificador indicava DESCONHECIDO.
A bala de canhão que passou raspando a bombordo era definitivamente
conhecida, no entanto. Tinha problemas escritos por toda parte.
CAPÍTULO 7
Mestre Windu, respeito os clone troopers tanto quanto qualquer Jedi, e talvez até mais em
alguns casos. Mas é necessária uma certa distância de nossas tropas, clones ou não. A general
Secura está se aproximando demais do comandante Bly e, embora eu aplauda a sua dedicação
aos homens sob o seu comando, isso só pode terminar em lágrimas.
— Jedi General Arligan Zey, diretor de forças especiais, saindo de sua área de
responsabilidade em conversa com o mestre Mace Windu.

Aay'han, ancorada em Bogg V, 476 dias após Geonosis

O rdo observou a um estranho quadro se desenrolando na sala de estar


da tripulação da Aay'han enquanto trabalhava no ajuste das armas
aprimoradas na nave.
Enquanto passava chaves hidráulica e conectores para Mereel na seção
de engenharia, ficou de olho em Skirata e Vau pela escotilha aberta. Estava
pronto para intervir e interromper uma discussão, porque o embaraço e o
degelo parcial de Kal'buir em relação ao seu antigo camarada não duraria.
Os Nulos cresceram com o ato de Skirata e Vau, discutindo, brigando, até
lutando; a única coisa que os dois tinham em comum na maioria das vezes
era a armadura e a habilidade militar. Skirata achava que Vau era um esnobe
sádico, e Vau via Skirata como um bandido inculto e excessivamente
emocional.
Mas, pelo menos por enquanto, havia uma trégua. Era desconfortável,
como pegar emprestada a roupa de outra pessoa. Skirata estava tentando ser
educado e grato, e nenhum dos dois parecia saber como lidar com isso. A
conversa afetada de repente deu lugar a uma discussão muito focada e
intensa em vozes que Ordo não conseguia ouvir.
Deu um tapinha no joelho de Mereel. As pernas de seu irmão se
projetavam do duto de acesso aberto enquanto testava os engates elétricos.
Aay'han iria dar mais impacto quando Mereel terminasse.
— Cuidado com o alojamento do atuador, vod'ika. — Ordo colocou a
placa de metal no convés. — Eu preciso verificar Kal'buir. Algo está
acontecendo.
— Ligue-me se precisar separá-los...
Vau e Skirata estavam sentados um de frente para o outro no quadrado de
sofás e ambos conversavam em seus comunicadores. Eles também pareciam
estar se ouvindo em um bizarro quebra-cabeça de uma conversa a quatro.
— Você é um bom rapaz, Bard'ika, e aprecio o risco que está correndo.
— O que você quer dizer com nenhum droide médico?
— Então, onde eles estão agora?
— Levet já deveria tê-los retirado. Eles são só fazendeiros.
— Atiraram? Quem sabia que eles estavam lá?
— Kal vai ter outro colapso.
Skirata fez uma pausa e olhou fixamente para Vau.
— Bard'ika, você pode esperar um momento? — Vau estendeu a mão e
eles trocaram comunicadores. — Então, Jinart, por que exatamente vou
ficar com raiva?
Skirata ouviu, de cabeça baixa, e então fechou os olhos. Ordo olhou para
Vau, que balançou a cabeça.
— Delta, — ele balbuciou, e gesticulou com a voz de Skirata. Eles
seguiram Ko Sai até Napdu e então se depararam com alguma competição.
Nenhum outro contato.
Napdu estava um estágio atrás deles na caçada; os eventos estavam
ficando fora de controle. Ordo ficou ao lado do assento de Vau e tentou
acompanhar as duas conversas, o que de repente ficou muito mais difícil
agora que sabia alguns dos fatos e o seu cérebro estava tentando preencher
muitas lacunas. A sua mente não estava na segurança do Delta, e se sentia
culpado por isso. De alguma forma, achar Ko Sai parecia muito mais
importante. Afinal, milhões de vidas dependiam dela.
— Precisamos dar um passo à frente, — disse ele. Ele olhou para o seu
cronômetro; TK-0 e Gaib tiveram mais algumas horas para encontrar o
piloto que transportou Ko Sai para Dorumaa, mas ele precisava dessa
informação agora. Se o Delta estivesse tão perto, eles estavam fisicamente
mais perto de Dorumaa do que a Aay'han, de fato, então eles teriam uma
chance de chegar lá primeiro, desde que fizessem a conexão. — Não estou
jogando fora essa pista.
O líder seria... um piloto. Era difícil movimentar os Kaminoanos e
encontrar acomodação pra eles sem que alguém percebesse, mesmo que não
reconhecessem a espécie.
Skirata parecia estar ficando cada vez mais chateado do que com raiva.
Ele tinha uma mão protegendo os olhos como se para ignorar as distrações;
tudo o que Ordo podia ouvir eram grunhidos e suspiros ocasionais, como se
Jinart estivesse lhe contando más notícias em detalhes extremos.
Finalmente ele falou.
— Certo, estou enviando Ordo... não, não a deixe mover um músculo,
Levet é perfeitamente capaz de fazer o trabalho sem ela... ele
provavelmente ficará mais feliz com ela fora do caminho, na verdade. Eu
ligo mais tarde.
Skirata devolveu o comunicador para Vau, que retomou a sua conversa
com Jusik. Mereel se aproximou e ficou ao lado de Ordo.
— Aonde eu vou? — Ordo sabia perfeitamente para onde estava indo,
mas não queria ir, não com Ko Sai ao seu alcance. Ele queria estar no final
da caçada. — Buir? Eu ouvi Jinart, então presumo que seja Qiilura.
Skirata se levantou e deu a ambos os Nulos um empurrão brincalhão,
mas indiferente no peito.
— Ad'ike, — ele disse, — eu preciso que Etain saia de lá rápido. Ela está
sangrando onde não deveria, e os fazendeiros se prepararam para uma briga.
Eles estão tendo que abatê-los um de cada vez, pedindo-lhes que se rendam
muito educadamente a cada vez.
— Não é de admirar que não estejamos ganhando, se é assim que os Jedi
lutam as guerras, — disse Mereel.
— Regras de combate, filho... último recurso.
Ordo também nunca entendera isso. Ele poderia recitar qualquer estatuto
ou regulamento, incluindo todas as 150 Ordens de Contingência para o
Grande Exército, que todos os oficiais clones tinham que saber de cor, com
toda a facilidade concedida por sua memória fotográfica. Mas entender as
regras era outra questão. Por que começar uma guerra de matança se você
fosse pisar no freio e declarar uma maneira de matar alguém moralmente
preferível a outra?
— Eles vão acabar matando todos eles de qualquer maneira, — disse
Ordo. Ele nunca iria desobedecer a seu pai, e ele o amava demais para
permitir que ele ficasse um pouco desapontado, mas ele tinha que pelo
menos pedir. — Kal'buir, você tem certeza que me quer em Qiilura? Posso
ser mais útil para você encontrar Ko Sai.
Pai. Sim, ele sempre se sentiu como o filho de Skirata, mas agora... ele
realmente era.
— Etain está acostumada com você, Ord'ika. Skirata havia prometido
que nunca mentiria para os seus homens, mas admitiu não ter contado tudo
a Ordo. Talvez ele não estivesse nivelando com ele agora. — Ela pode ser
gedin'la se Mereel ou Vau aparecerem. Você sabe como as mulheres ficam
rabugentas quando estão grávidas.
— Não, eu não.
— Bem, elas são. Hormônios. E Etain é mal-humorada o suficiente para
começar.
Vau olhou pra cima e colocou o seu comunicador de volta na bolsa do
cinto.
— Eu me dei muito bem com a jovem quando trabalhamos juntos pela
última vez, na verdade.
Skirata deu a Vau o olhar longo, aquele que dizia que ele não achava que
o comentário acrescentava nada útil à soma do conhecimento da galáxia.
Vau deu de ombros e levantou-se para passear chamando por Mird, que
havia saído para explorar, deixando apenas o seu aroma pungente para
manter o sofá aquecido.
— Vamos, Mer'ika, — Skirata disse. — Vamos entrar em contato com o
seu pequeno amigo e encontrar o piloto. Tempo é essencial.
Ordo não podia desobedecer. Kal'buir tinha os seus planos, e era aqui
que Ordo se encaixava. Não precisava ficar feliz com isso, no entanto.
Estava recebendo um trabalho fácil, um trabalho de babá, do tipo que
sempre fazia quando os seus irmãos corriam pela galáxia realizando
qualquer coisa, desde assassinatos até elaboradas fraudes financeiras.
Eles se ressentem de mim? Talvez tenham pena de mim.
— Sim, Kal'buir, — disse Ordo. — Vou tratar isso como uma emergência
médica.
Mereel jogou pra ele um chip de identidade, do tipo que abre fechaduras
de segurança.
— Pegue o transporte que usei para chegar aqui. Deixei ao lado da
cantina.
Eles viviam esse tipo de vida. Créditos, transporte, suprimentos, o custo
não era problema: se a República não bancava, roubava, direta ou
indiretamente. Ordo não tinha mais desejo pessoal de riqueza do que os
seus irmãos. Estava acostumado a encontrar todas as suas necessidades
atendidas, mas as suas necessidades não pareciam nem de longe tão ricas e
variadas quanto as dos seres ao seu redor. Tudo o que ele queria naquele
momento era um pedaço do bolo cheffa que Besany havia enviado pra ele,
então ele pegou metade da cozinha, cortou-o em dois pedaços com a sua
lâmina vibratória e deixou o resto para os outros, até mesmo Mird, se os
strills comem tal coisas. Então saiu em busca do transporte, apenas mais um
mercenário vagando em um planeta sem lei, e sentou-se na cabine
mastigando o bolo por alguns minutos.
Era seco e picante contra a sua língua, como lamber veludo perfumado.
O efeito de conforto era imediato e de outro tempo e lugar.
Às vezes, Ordo se sentia exatamente como quando era uma criança
pequena e Skirata se elevava acima dele: parte dele era competente muito
além de sua idade, e o resto era um terror vazio porque os kaminiise iam
matá-lo, mas Skirata o havia raptado e os seus irmãos para um lugar seguro
e os alimentou com uj'alayi, um bolo Mandaloriano doce e pegajoso. Foi
um poderoso ato de salvação, que definiu Ordo. Ele o sentia tão fresco
agora quanto antes. Era o bolo. Era isso. O bolo trouxe tudo de volta.
Sentiu-se seguro novamente.
E era isso o que sentia sobre Besany Wennen. Ela o estava salvando
também, à sua maneira.
Ordo dobrou os restos do bolo em um pedaço de pano de limpeza,
colocou-o no bolso na coxa de seu traje de vôo e disparou os propulsores da
nave para ir até Qiilura. Não tinha ideia, ainda, do que fazer com uma Jedi
grávida que mostrava sinais de aborto em um planeta distante, muito longe
de ajuda ginecológica competente, mas descobriria.
Ele era o Ordo. Nada estava além dele.
Espaço Hutt, 476 dias após Geonosis

— Ele não consegue acertar um tiro, — disse Chefe. — Mas ele estragou
a minha pintura.
O EIT desviou novamente para evitar disparos de canhão da nave que o
perseguia. Sev verificou através das holocâmeras externas e lá estava: um
caça da classe Crusher. Ele perseguiu o EIT, fechando e caindo pra trás
várias vezes, perdendo tiros de canhão para um lado e depois para o outro.
— Você poderia tê-lo eliminado agora, Chefe. — Sev não tinha certeza
do que o seu sargento estava jogando. — Ou talvez apenas hiper pulado
daqui. Esqueceu para que serve o Grande Botão Vermelho?
— Curiosidade é o sinal de inteligência, Sev. — Scorch tinha um aperto
firme no cinto de segurança. — Eu não sou tão curioso.
— Pense nisso. — Chefe rolou o EIT como se estivesse gostando. — Se
esse cara não nos matou, ou ele não pode, ou ele nos quer inteiros porque
temos algo que ele quer. Quero saber quem ele é.
— Às vezes é melhor deixar um pouco de mistério em um
relacionamento, — disse Scorch.
Sev sentiu a batida constante de seu coração, nada mais. Havia passado
do ponto do medo e o seu corpo estava no piloto automático; se preparou
para uma reentrada difícil em algum lugar quase sem pensar nisso.
— Então pouse e veja se ele segue.
— Você chega lá eventualmente, não é?
Nar Shaddaa era a próxima parada planetária, a menos que eles
pousassem em Da Soocha, e ninguém nunca pousou lá, nem mesmo os
Hutts que o nomearam. Isso seria aconchegante. O planeta era todo oceano,
exceto por algumas pequenas ilhas que surgiram na superfície. Mas o Delta
já havia feito o seu trabalho e transmitido os dados, então, se algo desse
errado, outro esquadrão poderia continuar de onde pararam.
Eu tranquei meu armário de novo no quartel? Eu tenho a chave do
código aqui. Fierfek, eles vão ter que forçar a porta se eu for morto...
Sev não tinha ideia de por que estava pensando sobre a morte ou focado
em uma preocupação tão trivial. A morte não havia passado por sua cabeça
com tanta frequência antes, não de uma forma concreta. Além disso... não
era como se o Chefe não pudesse lidar com uma escaramuça com um
turista, não é? Qualquer um que não fosse do Grande Exército era um
turista, por definição... um amador.
O Crusher estava arriscando, chegando muito perto. Se ele tentasse
aquela manobra de utilização não autorizada novamente, um deles acabaria
com uma brecha no casco.
Scorch pareceu intrigado com a ideia.
— E se ele pensar que realmente somos uma nave de entrega e estiver
planejando um roubo?
Fixador ganhou vida.
— Em um caça?
— Ele poderia ter roubado o caça também.
— Oh sim. Aposto que isso acontece o tempo todo...
— Nós fazemos isso.
— Somos forças especiais.
— Certo. Acabou o tempo. — Chefe inclinou para estibordo e o
conjunto de luzes no visor de navegação se inclinou para mostrar um curso
para o planeta mais próximo, a terceira lua. — Vamos descobrir.
Scorch passou pelo ritual de verificar a integridade do selo de seu traje
novamente.
— Você tem mapas desse lugar, Chefe?
— Ninguém tem. Vamos fazer alguns.
A terceira lua de Da Soocha tinha massas de terra. Sev podia vê-las
enquanto o EIT se aproximava da atmosfera. Se o perseguidor do Crusher
realmente pensasse que a sua presa era um transporte de correio, dirigir-se a
este pedaço de rocha deserta o teria avisado de que não era; mas ele ainda
estava atrás deles. Sev fechou os olhos e cerrou os punhos na reentrada,
sempre o incomodava ver a temperatura do casco subindo no visor do
console, e pensou que era bom Scorch não provocá-lo sobre as suas fobias.
Ele nunca teve.
— Vai ser divertido quando pousarmos. — Scorch estava passando pelos
movimentos de apertar a trava de liberação em suas restrições e trocar os
modos de disparo em seu DC, repetidamente, como se fosse tudo um ritual
de meditação Ooriffi. — Vence quem desembarcar primeiro.
— Não, — disse Fixer. Ele estava quase tagarela hoje. — Aquele que
desembarcar primeiro é um bom alvo.
Chefe trouxe o EIT para um pouso acidentado no pasto, derrapando
cinquenta metros na chuva forte e girando para o lado antes de parar. Sev,
concentrando-se no nível de carga de seu DC, viu os jatos do Crusher quase
preencherem a janela frontal quando ele caiu na frente deles e pousou com
o nariz voltado pra eles. Houve uma pausa estranha.
— Ele está carregando canhões... — O EIT balançou. Chefe xingou e,
por um momento, Sev não sabia se a embarcação havia sido atingida ou se
Chefe havia atirado. De qualquer forma, o Crusher claramente não esperava
que o EIT fosse outra coisa senão uma embarcação levemente armada,
porque de repente havia uma nuvem de vapor se formando abaixo dele
enquanto acionava os seus propulsores novamente. Então a sua asa de
bombordo se partiu em fragmentos, lançando uma bola de fogo no ar
úmido. — Vai, vai vai!
Sev foi o primeiro a sair quando a escotilha de estibordo se abriu, caindo
na grama que chegava até seus ombros e manchando sua viseira com água.
O chão foi esmagado sob suas botas. Ele correu com a cabeça baixa,
protegido pela grama, e o Delta entrou em uma sequência que eles haviam
treinado centenas de vezes: atacar uma embarcação inimiga. Uma vez que
eles estavam perto do caça, havia pouco que ele pudesse fazer, e com uma
asa faltando, não iria a lugar nenhum com pressa. Scorch disparou uma
linha de rapel para enganchar na superestrutura, então se ergueu para
colocar uma faixa de carga flexível ao redor da escotilha.
— Eu batia, — Scorch disse, descendo novamente e mergulhando para
se proteger, — mas acho que eles vão ficar chateados com a asa...
Bang.
A escotilha explodiu, arremessando metal retorcido no ar, e Sev desviou
de um pedaço que passou zunindo por seu capacete. As suas pernas se
moveram antes que o seu cérebro se envolvesse e se inclinou parcialmente
pela escotilha, de repente ficou cara a cara com uma piloto humana que
tinha um blaster impressionante. O tiro o jogou pra trás, mas o tiro de
blaster não foi suficiente para penetrar na armadura de Katarn, e ele
simplesmente se sacudiu e levantou o seu DC novamente, encontrando a
sua mente completamente em vazia, exceto pelo único propósito de
responder ao fogo.
Sev disparou. Não havia nada como voar em alguém ou atirar na perna, o
que quer que os holo vídeos representassem, e ele fazia o que fora treinado
para fazer. A cabine estava cheia de fumaça, a piloto dobrada em um ângulo
estranho sobre o assento. Foi só quando a fumaça começou a se dissipar que
Sev percebeu que havia um copiloto, um homem, e ele também estava
morto.
— Shab, — Sev disse. — Talvez eu pudesse ter feito isso melhor.
Scorch olhou pra dentro da cabine.
— Vamos tentar de novo sem a parte morta, certo?
— Eu queria bater um papo com eles... — disse Chefe. Ele puxou Sev
pra trás pelo ombro e o atingiu no peito. — Agora, como vou descobrir
quem são eles?
— Deixa comigo. — Fixer passou por eles e subiu na cabine, puxando os
corpos pra fora do caminho e empurrando-os para a grama com um baque
úmido. — Pelo menos posso interrogar o computador de bordo e dizer de
onde eles vieram.
Chefe e Scorch contemplaram os corpos na grama, virando-os e
vasculhando seus trajes de voo. Agora que a adrenalina estava diminuindo,
Sev sentiu uma mistura de vago pavor inundá-lo, assim como quando ele
errou no treinamento. Não havia nenhum sargento Vau por perto para lhe
dar uma boa surra por sua incompetência, mas agora estava tão ruim quanto
antes. Da próxima vez que visse Vau, ele sabia que o seu antigo sargento
veria o fracasso em seu rosto e o lamentaria por isso. Não havia bom o
suficiente. Só havia perfeito. Sev não tinha desculpa para não ser perfeito,
porque foi projetado desde o genoma para ser o melhor da galáxia.
Qualquer coisa que errasse era por preguiça.
Não havia desculpas. Vau disse isso.
Era como esperar que o golpe doesse.
— Bem — disse Fixer. — Interessante. — Ele saltou do Crusher e
brandiu seu datapad. — Eles passaram por Kamino. E eles transmitiram
dados de volta. Vou desembaralhar isso mais tarde.
Scorch chupou os dentes ruidosamente.
— Tipoca não é exatamente a encruzilhada da Orla Exterior...
Então os Kaminoanos enviaram alguém atrás deles, atrás de Ko Sai, na
verdade. Ninguém apareceu em Cidade de Tipoca sem ser convidado ou
parou para reabastecer. Você só ia lá se tivesse negócios com os
Kaminoanos.
— Caçadores de recompensa? — Sev perguntou.
Chefe examinou um punhado de fichas e Flimsi.
— Podemos decifrar os chips de identidade mais tarde. O importante é
que sabemos que não somos os únicos que rastrearam Ko Sai até aqui, e a
isca de aiwha já deve saber tudo sobre Da Soocha.
Sev estava começando a ficar ansioso. Eles estavam definitivamente
enfrentando os Kaminoanos e os Separatistas agora. Ia ser uma corrida.
Tipoca enviaria outra pessoa assim que soubesse que o Crusher estava
faltando, se já não soubesse.
— É melhor se mexer, — disse Scorch. — Sem dizer quem mais teremos
que tirar do caminho.
Sev seguiu os outros de volta ao EIT, ainda inquieto e zangado consigo
mesmo por não ter levado a tripulação do Crusher viva.
— Não, — disse ele. — Pode ser qualquer um.
CAPÍTULO 8
Soldados do Grande Exército, em homenagem à sua coragem e o serviço na luta contra a
opressão, nada desejarão, e se tornarão instrutores da próxima geração de jovens para
defender a República.
— Chanceler Palpatine, em uma mensagem a todos os troopers CRA, comandantes e
unidades de comando da GER no dia da República.

Caftikar, 477 dias após Geonosis

D arman estava se certificando de que os Marits soubessem como fazer


acusações de entrada rápida, eles sabiam, muito bem, quando a
mulher entrou no acampamento.
Não podia dizer que era uma mulher a princípio porque estava usando
um equipamento de piloto de cargueiro, um macacão cinza com vários
bolsos que a engolfava e um pesado par de botas de segurança com tampa
de duraço. Mas quando abaixou a gola que protegia a metade inferior de seu
rosto do vento, pôde ver que era uma humana da idade de Skirata, cabelo
castanho claro e um rosto magro que lhe deu a sensação de que ela
verificou o mais recente em blasters em vez da moda.
Ela não andava como nenhuma das mulheres que conhecia, mas talvez
fossem as botas. Pegou o seu DC antes de perceber que A'den não seria tão
preguiçoso na segurança a ponto de permitir que qualquer um se
aproximasse.
Mesmo assim, Darman verificou a carga em seu DC e ficou parado por
precaução. Se um CRA Alfa pudesse ser pego desprevenido, sempre havia a
chance de que os Nulos também não fossem tão onipotentes quanto todos
pensavam. A'den caminhou em direção a ela, Sull caminhando atrás dele
com as mesmas roupas de trabalho monótonas.
Fi e Atin saíram do prédio principal para observar. Fi segurou a kama de
couro cinza de Sull em uma mão com metade da borda do tenente azul
removida. Ele insistiu em tê-lo. Com os pedaços azuis não escolhidos, ele
disse, combinava com a armadura vermelha e cinza que ele resgatou de
Ghez Hokan. Fi gostava de ordem em seu guarda-roupa.
— Quem é ela? — Atin perguntou.
— K'uur! — Darman se esforçou para ouvir. — Não consigo ouvir com
você latindo.
A'den obviamente a conhecia. Ele apertou a mão dela, indicou Sull com
um aceno de cabeça e entregou algo a ela, que ela recusou, mas A'den o
enfiou no bolso de cima. Tudo o que Darman ouviu de sua resposta foi:
— ... prefiro ter notícias de...
O vento levou o resto. Havia uma tempestade chegando. Pelo menos
Darman tinha o speeder para levá-lo a Eyat para limpar o apartamento de
Sull, em vez de caminhar pela chuva novamente. Sull parecia estar ouvindo
atentamente a conversa entre A'den e a mulher, e então os dois se viraram
pra ele e A'den deu um tapa em suas costas. A expressão de Sull estava
definida no que Darman agora considerava o padrão do CRA:
deliberadamente vazio, com uma sobrancelha ligeiramente levantada como
se em desdém pelo resto da galáxia. Isso provavelmente resumiu muito bem
os CRAs.
— Qual é, aqui está um bom garoto, — disse a mulher, e acenou para
Sull segui-la. Surpreendentemente, ele o fez. — Temos um longo caminho
pra percorrer.
A'den a chamou.
— Farei o que puder, Ny, certo?
Então o nome dela era Ny, e isso poderia ser todo, ou abreviação de
qualquer número de nomes. Ela fez uma pausa para olhar para o esquadrão
como se nunca tivesse visto clones juntos antes... provavelmente não,
pensou ele... e seguiu o seu caminho.
Darman só podia imaginar que ela era o transporte de Sull pra fora do
sistema, e isso garantia a sua obediência pelo menos por um tempo. Mas se
um CRA quisesse deixar Gaftikar por conta própria, poderia ter encontrado
várias maneiras de fazê-lo. O que quer que A'den tenha lhe dito durante
aquele bate-papo de CRA para CRA deve ter sido muito persuasivo.
Fi observou o par incongruente desaparecer entre as árvores na beira do
acampamento. A mulher parecia uma criança ao lado de Sull.
— Talvez seja a mãe dele, — Fi disse, experimentando o kama com uma
carranca crítica. — E ele está de castigo por um mês por não fazer as suas
tarefas.
— Pare de falar sobre mães. — Atin parecia ter perdido o interesse. —
Você não sabe o que isso significa. Está tudo fora dos holo vídeos. Como
uma nova espécie alienígena aprendendo sobre os humanos.
— Sim, bem, talvez seja isso que somos. — Fi soltou o capacete da parte
de trás do cinto e o enfiou na cabeça, fechando o mundo novamente. A sua
voz emergiu do projetor de áudio. — Aliens em uma sociedade de seres
humanos. Com licença, senhores? Eu tenho que ir brincar com alguns
lagartos.
Cebz, a Marit dominante, correu pelo acampamento, mas parecia estar de
olho no time. Ela podia, afinal, contar, e talvez estivesse curiosa sobre o
número flutuante de clones na área. Se A'den não tivesse nivelado com ela,
então Darman também não.
— É melhor eu ir e limpar qualquer evidência da casa de Sull, —
Darman disse a Atin. Ele cutucou o irmão no queixo, bem no final da fina
cicatriz branca que cruzava o seu rosto na testa oposta. Ainda era visível
através de sua barba. — Porque eu posso parecer com ele e você não.
— Você diz isso como se fosse uma coisa boa...
Essa era outra vantagem de ser um clone. Era fácil ocupar o lugar de um
irmão; poucas pessoas seriam mais sábias, exceto aquelas que realmente o
conheciam. Darman vestiu as roupas originais de Sull, notou que elas
estavam largas nele, havia perdido tanto peso?, e partiu no speeder para
Eyat.
Durante a viagem, ponderou sobre a natureza das mães e como seria ter
uma, concluindo que devia ser como ter o sargento Kal por perto o tempo
todo. Kal'buir disse que todos sentiram falta do carinho necessário de um
pai quando mais precisavam quando eram bebês. Darman sempre se
perguntava se teria sido um homem diferente se tivesse sido criado... o que
quer que isso significasse em termos reais..., mas não conseguia sentir o que
faltava em sua vida, apenas que algo faltava.
Muitas coisas faltavam, de fato. Só sabia o que algumas delas faltavam
quando tocou Etain pela primeira vez. E Fi parecia ver muito mais coisas
que estavam faltando do que ele.
Não se pode mudar o passado. Era o que o sargento Kal disse. Só o
futuro, que é o que você escolher fazer.
Darman não podia sentir raiva da decisão de Sull de fugir, apenas uma
vaga inveja e uma incerteza sobre se ele teria feito o mesmo.
Não posso deixar os meus irmãos na mão. Eles colocam as suas vidas
em risco por mim, e eu faço o mesmo por eles.
Tirou isso da cabeça e se concentrou na estrada, sabendo que se ele se
aventurasse mais nesses pensamentos, as coisas começariam a ficar
confusas e dolorosas. Ele se distraiu tentando encontrar a rota para o
apartamento de Sull novamente, invertendo a rota que havia feito ao sair de
Eyat.
Quase sem pensar, Darman colocou o speeder para baixo um pouco
longe do apartamento, andou ao redor da quadra para verificar se estava
sendo seguido, e depois correu até a escada externa para deixar-se entrar.
Um homem humano vindo ao longo da passagem de acesso em direção a
assentiu em reconhecimento a Darman, como se ele o conhecesse.
— O seu Chefe estava aqui, batendo na sua porta, — disse ele, sem
parar. Ele continuou falando e andando enquanto olhava para Darman. —
Você esteve fora?
Darman estava muito mais confiante sobre as suas habilidades de
atuação desde a implantação de Coruscant.
— É... acho melhor eu me explicar pra ele...
O homem deu de ombros e seguiu o seu caminho. Até agora, tudo bem.
Dentro do apartamento, o lugar estava como haviam deixado após a briga
com Sull: Darman não o havia esvaziado enquanto esperava que Atin
voltasse com o transporte, em parte porque não sabia se eles teriam precisa
usar o local para cobertura em um futuro próximo. As costas de sua mão
ainda mostravam as depressões roxas da mordida sem barreiras de Sull.
Não era o tipo de lugar que escolheria para morar, decidiu Darman. Não
havia saída traseira e as janelas estavam mal posicionadas para vigiar. Sull
deve ter se sentido extraordinariamente seguro para se arriscar a viver em
um local tão indefensável, e isso por si só era inesperado em um trooper
CRA.
Sull não acumulou muitos bens nos poucos meses que viveu aqui. Tinha
duas mudas de roupa no armário, kit de higiene básico no banheiro e uma
geladeira cheia de comida, como se gastasse todo o seu salário nisso. É
assim que todos nós somos, não é? Não faço ideia do que fazer com os
pertences, mas sempre estamos com fome. Darman procurou por qualquer
outra coisa que pudesse identificar o CRA como sendo um oficial do GER e
encontrou um pacote de biscoitos quebradiços e muito doces que estavam
irresistivelmente cobertos com algum tipo de semente. Mastigava
alegremente enquanto vasculhava o apartamento. O lugar era militarmente
arrumado e anônimo, exceto por uma pilha organizada de holo revistas ao
lado de uma pilha igualmente organizada de fichas holo vídeo que
mostravam que Sull ficava em casa à noite.
Nuna enjaulado. Sim, até mesmo um CRA achou difícil sair da gaiola
quando alguém a abriu. Talvez Sull estivesse experimentando o mundo
exterior à distância, por meio do entretenimento que as pessoas comuns
consideravam natural. Darman se perguntou onde Sull estava agora: bem
longe do espaço de Gaftikar, de qualquer maneira.
O comunicador do apartamento piscava com mensagens não
respondidas. Quando Darman os reproduziu, eles eram, previsivelmente,
um fluxo interrompido de injúrias raivosas de uma voz masculina exigindo
saber por que Cuvil, não Sull para os seus novos conhecidos, então, não
apareceu para trabalhar novamente. Houve também algumas chamadas
silenciosas, cliques breves antes que alguém fechasse o comunicador
novamente. Darman se perguntou onde Sull havia escolhido o nome Cuvil e
continuou vasculhando lixeiras e outros esconderijos em busca de qualquer
ligação reveladora com o Grande Exército.
Não era o Gaftikari que estava tentando tirar do rastro de Sull. Era o seu
próprio lado. De repente, isso o incomodou, porque agora todos eles eram
cúmplices em ajudar o homem a desertar, e isso era muito mais sério do que
violar as suas regras de combate no Triplo Zero para eliminar alguns
terroristas. Não havia como isso ser interpretado como a realização do
trabalho.
Darman ainda estava verificando os holo vídeos para ter certeza de que
não havia nenhum código de aluguel neles que levasse de volta a Sull
quando os seus instintos aguçados lhe disseram que algo não estava certo.
Era como o silêncio lá fora parecia... pesado.
Às vezes, havia o tipo de silêncio que era apenas um som ambiente sem
nada para perturbá-lo. Então havia o que considerava um esforço para ficar
em silêncio. Isso era o que podia sentir agora. Em algum lugar de seu
subconsciente, o seu cérebro havia processado algo que nem havia
percebido ouvir e disparou o alarme.
Havia alguém lá fora.
As persianas ainda estavam fechadas. Darman se ajoelhou no chão e
colocou um sensor nos ladrilhos expostos, tentando detectar a menor
vibração. As barras vermelhas da leitura mostravam picos ocasionais que
geralmente significavam passos, embora ele não pudesse ouvir movimento
quando se concentrava. Pegou o seu blaster, verificou a carga e se agachou
atrás de uma cadeira para ver o que acontecia a seguir, prendendo a
respiração.
Quando as portas se abriram, muito silenciosamente, não ousou olhar ao
redor da cadeira e expor sua posição. Quem quer que tenha entrado manteve
as duas seções da porta separadas para que não se fechasse com um leve
estalo característico, mas recuou lentamente. Então cheirou algo muito
familiar: o leve cheiro de óleo lubrificante, do tipo usado em blasters e
Vibro espadas.
Darman se perguntou por um momento se Sull havia dado seu código-
chave para uma namorada e não mencionou isso, mas sabia como as
mulheres cheiravam e isso não era feminino. Perguntou-se que tipo de
empresa Sull mantinha no trabalho, e se o seu chefe havia perdido a
paciência e enviado alguém para ensiná-lo o que acontecia com os não
comparecimentos.
Mas Eyat não parecia ser esse tipo de lugar. As pessoas aqui pareciam...
quase amigáveis.
Darman observou uma sombra cair sobre o tapete contra a luz nebulosa
filtrada pelas persianas. Então outro se juntou a ele, e houve um leve
rangido.
Eles sabiam que estava aqui.
Mas talvez fosse a polícia local, e o vizinho percebeu que não era Sull,
afinal, e os alertou sobre um intruso.
— Então, Alfa Trinta, você pensou em tentar uma nova carreira, não é?
Pensou que conhecia aquela voz.
Não, isso não era algo com que os policiais de Eyat se importassem. O
leve farfalhar do tecido e a respiração ofegante ocasional se aproximaram.
Darman agachou-se com a arma apoiada em ambas as mãos. Então a
sombra caiu sobre ele.
Olhou para um rosto mascarado, com os olhos cobertos por uma viseira
solar, e ele estava olhando para o cano de um blaster enquanto atirava.
Puxou o gatilho antes mesmo de registrar conscientemente o blaster
apontado pra ele, porque o seu treinamento, bom senso e instinto cru diziam
às partes primitivas e auto protetoras de seu cérebro que um homem
mascarado se esgueirando era um péssimo sinal. Atirou no rosto dele. Foi
um simples reflexo.
O homem caiu pra trás com um grunhido e um brilho azul. Outro tiro
passou zunindo pela orelha de Darman, mas o seu cérebro não se preocupou
em se envolver quando a sua mão apontou por vontade própria e disparou
raios blaster, um, dois, três, em outro objeto em movimento que estava no
lugar errado no lugar errado na hora errada.
Os tiros devem ter atingido o segundo intruso: Darman sentiu cheiro de
cabelo queimado. Instintivamente caiu e se viu deitado no chão ao lado do
corpo inerte do primeiro homem que atirou, uma figura de macacão preto
com um capuz carbonizado cobrindo o rosto. Esforçou-se para agarrar a
arma caída do homem, uma pistola DC-15, e se abrigou atrás do ângulo de
uma parede, ouvindo o movimento.
A pistola DC o incomodava, porque também tinha uma; mas Sull não.
Não foi emitido para CRAs, não que eles não adquirissem o que quisessem.
Dobrou a revista e a enfiou no cinto.
Agora não havia como sair do apartamento a não ser pelas portas, ou por
uma das janelas da frente. Ficar encurralado era um erro estranho para um
assassino cometer. Darman estava preso em um apartamento com alguém
que estava tentando matá-lo, ou Sull para ser mais preciso.
Darman sabia que deveria ter simplesmente atacado o segundo homem,
disparando os dois blasters, mas havia perdido o ímpeto. Se fosse a
Inteligência da República, o nome deles estava muito errado. Eles não
tinham feito um reconhecimento do apartamento.
Está mais para Estupidez da República.
Ou talvez eles tivessem certeza de que poderiam levar Sull de qualquer
maneira.
Os diretores de Holo vídeos teriam ficado desapontados, sabia, mas não
se preocupou em desafiar o outro homem. Levantou-se e saiu atirando,
porque não havia onde se esconder em um lugar tão pequeno e nenhuma
proteção real oferecida pela mobília. Era simplesmente uma questão de
quem acertou quem primeiro.
Darman atirou, atirou e atirou.
O homem, todo de preto, saiu da alcova perto da porta e levou a rajada
de blaster em cheio no peito. Isso o derrubou alguns passos, mas não caiu, e
foi aí que Darman soube que estava em apuros e simplesmente o atacou.
Derrubou o homem com força bruta e segurou a sua cabeça, puxando-a com
tanta força para o lado que houve um estalo abafado e úmido e o homem
ficou mole.
Tudo o que Darman podia ouvir agora era a sua própria respiração. Caiu
sobre os calcanhares e escutou com atenção, caso houvesse mais homens
chegando. Mas não havia nada.
Os vizinhos ouviram? A polícia estava a caminho?
Tinha dois homens mortos em suas mãos. Não era uma situação
incomum para um comando, mas era uma má notícia em uma cidade que
não deveria saber que havia sido infiltrada.
Antes de decidir se deveria fugir, porém, havia algo que precisava
descobrir. Blaster apontou diretamente para a cabeça, verificou cada corpo,
agarrando a máscara em forma de capuz pela costura no topo e soltando-a.
Fazer isso com uma mão foi mais difícil do que parecia. O primeiro homem
que atirou era difícil de identificar com o rosto enegrecido e quebrado, mas
tinha um cabelo preto familiar. O segundo, era reconhecível, tudo bem:
assim como a armadura de bronze e roxa disfarçada por seu macacão.
Era o rosto que Darman via todas as manhãs quando se barbeava.
Atirou em dois clones, homens como ele até o último par de
cromossomos. Ele matou dois troopers de operações secretas.
O GER estava enviando clones assassinos atrás de seus próprios homens.
Cidade de Mong'tar, Bogg V, sistema Bogden, 477 dias após Geonosis

— Eu acho que você deveria deixar isso comigo, — Vau disse o mais
gentilmente que pôde. Estabelecer a lei nunca funcionou com Skirata. —
Uma pequena distância fria pode ser necessária.
Skirata se apoiou no parapeito da ponte com uma mão enquanto afiava a
sua faca de três lados no metal. O som fino e áspero deixou os dentes de
Vau no limite; Mird resmungou com aborrecimento a cada arranhão
também. Por baixo deles, o mais sujo e poluído rio que o Vau alguma vez
vira tentava correr como leite coalhado. Havia mais detritos do que líquido.
— Não estou afiando para o piloto, — disse Skirata.
— Foi isso que eu quis dizer. Kaminoanos não respondem a perguntas
quando estão em fatias.
Skirata não olhou pra cima. A sua cabeça estava inclinada para baixo
como se o seu foco estivesse fixo na lâmina, embora fosse sempre difícil
dizer para onde um homem de capacete estava olhando. Por fim, depois de
mais uma dúzia de arranhões irritantes da faca, ele a embainhou na placa de
seu antebraço direito e caminhou ao longo da ponte, depois voltou.
Mereel estava atrasado e não tinha falado com Skirata.
— Ele estará aqui, — disse Vau.
— Eu sei.
— Mesmo que ele não consiga o piloto, você tem o planeta.
— Ele vai pegar o piloto.
Talvez não importasse se Mereel não o encontrasse. Dorumaa era 85%
oceano, exceto pelas ilhas artificiais, então qualquer pouso era fácil de
rastrear. Também não havia nenhum lugar onde Ko Sai pudesse esconder
um laboratório na superfície; ela teria que ir debaixo d'água.
Isso explicava o equipamento sendo transportado. Ko Sai estava
procurando construir um laboratório hermeticamente fechado, e talvez não
apenas porque ela queria que fosse hiper limpo.
Skirata abriu seu datapad e o enfiou sob o nariz de Vau.
— De qualquer forma, existem as cartas hidrográficas.
Vau tentou entender o labirinto tridimensional de contornos coloridos.
— Lembre-se que só desce até cinquenta metros. Os desenvolvedores
estavam com muito medo de arriscar uma pesquisa mais profunda.
— Então o mesmo vale pra ela. E ela teria que escolher uma formação
rochosa natural para se esconder, ou precisaria importar muita engenharia
pesada para escavar alguma coisa.
— É melhor torcer para que esteja a cinquenta metros de profundidade,
então...
— Kaminiise não é uma espécie de águas profundas. — Skirata estendeu
a mão para o datapad. — Se eles fossem completamente aquáticos ou
pudessem lidar com profundidades, eles não teriam sido quase
exterminados quando o planeta inundou. Eles apenas gostam de estar perto
da água, de preferência sem muito sol. Então... que lugar melhor para se
esconder do que um belo resort ensolarado? Quem vai procurá-la lá?
Vau bufou.
— Esquadrão Delta... os Separatistas... nós...
— Eu não disse que ela tinha bom senso. Típica cientista. Toda teórica.
Não faço ideia de como os caçadores de recompensas funcionam.
— Bem, ela evitou você por mais de um ano.
— Sim? E agora ela está sem estrada.
Vau não desgostava de Tipoca nos oito anos em que lá esteve confinado.
Dentro da primitiva cidade de palafitas, poderia ser qualquer ambiente
urbano; não sentia falta de compras e entretenimento, por isso era
praticamente indistinguível de Coruscant, embora a falta de caça
incomodasse Mird. Em vez disso, o strill perseguiu os Kaminoanos. Ele até
pegou um uma vez, mas a sua presa era apenas a variedade de olhos azuis, a
casta genética mais baixa de Kamino, e a elite de olhos cinzentos parecia
apenas irritada com a perda de um servo.
Sim, esse foi provavelmente o dia em que a ambivalência de Vau em
relação aos Kaminoanos evaporou, e se juntou a Skirata ao pensar neles
como isca de aiwha.
— E o que você vai fazer quando conseguir pegá-la?
— Pegar a pesquisa dela.
— E?
— E o que?
— Você acha que ela tem um arquivo marcado como FÓRMULA SECRETA PARA

INTERROMPER O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO EM CLONES, NÃO COPIE?

Skirata estalou os dentes, impaciente.


— Ela precisará ser persuadida.
— Não, você precisará fazê-la trabalhar para você. Isso significa cortar e
fatiar.
— Ou chamar outro geneticista para o caso.
— Claro. São dez por crédito. Eles fazem fila nos centros de emprego.
— Olha, Walon, eu não sou estúpido. Sei que haverá uma lacuna a
preencher entre conseguir a pesquisa e transformá-la em algo que meus os
garotos possam usar.
— Só verificando a realidade.
A voz de Skirata tinha um tom de sorriso malicioso.
— E posso colocar as minhas mãos em uma geneticista que conhece o
genoma de Fett.
Vau manteve o olhar no caminho à beira do rio, ligeiramente distraído
por um golo alto quando algo saltou do rio abaixo e arrebatou uma criatura
voando baixo que poderia ser ave ou insectóide. De qualquer maneira, era
almoço agora.
— Diga-me que você não está pensando o que eu acho que você está
pensando, — ele disse lentamente.
Skirata ejetou a faca de seu antebraço novamente e voltou a afiar.
— Atin quase foi morto carregando os seus shebs de volta de Qiilura.
Pode muito bem fazer valer a viagem.
— Oh, você está pensando nisso. Você é insano. Dr. Uthan é mantido
sob forte segurança da República. Nível do gabinete do Chanceler.
Skirata apenas riu. Vau suspeitava que não tinha ideia de quais eram os
seus limites e que seria morto descobrindo da maneira mais difícil. O tolo
deveria ter superado isso na idade dele.
— A última vez que ouvi, — disse Skirata, — foi que ela estava
entediada e reduzida a tentar cruzar moscas soka em sua cela para se manter
sã. Eles não se importam para quem trabalham, essas pessoas. Sem
ideologia. Eles só querem brincar com os seus brinquedos. Se ela pode
desenvolver um patógeno específico de clone para os Separatistas, ela pode
aplicar a pesquisa de Ko Sai, se você pode desmontá-lo, pode reconstruí-lo,
certo?
Vau teve que entregá-lo a Skirata. Ele sempre pensou fora da caixa.
— Vou considerar isso um incentivo para que Ko Sai faça o trabalho.
Skirata embainhou a sua faca novamente, e os dois se inclinaram no
parapeito da ponte para contemplar os males gêmeos de hidrovias poluídas
e ter que esperar tanto tempo em suas vidas. Mird perambulou, esfregando
as suas bochechas nos balaústres da ponte para marcar o seu território.
— Lá vem ele, — disse Vau.
Mereel havia adquirido outro meio de transporte. Ele gostava muito de
speeder bikes, e parecia estar pilotando uma diferente toda vez que Vau o
via. Não tinha ideia se Mereel passou por eles legalmente ou não, mas o
trooper Nulo tinha um passageiro na garupa desta vez, e quando o speeder
se aproximou, ficou claro que o ser sentado atrás dele era um Twi'lek verde
muito assustado. Vau podia dizer pela maneira como seu lekku parecia
rígido. Era o equivalente Twi'lek de articulações brancas.
— Ele é muito persuasivo, né Mer'ika. — Skirata saiu da ponte e ficou
bloqueando o caminho, com as mãos nos quadris. — Então você parou para
tomar um caf com bolo em algum lugar, filho?
— Tive que receber uma ligação de A'den, Kal'buir. — Mereel
gesticulou para o Twi'lek desmontar. — Mas eu pensei que você gostaria de
uma conversa cara a cara com nosso estimado colega aqui. — Ele deslizou
pra fora do speeder e cutucou o Twi'lek. — Tudo bem, Leb, conte a
Kal'buir sobre o seu trabalho em Dorumaa.
— Foi legal, — o Twi'lek disse. — Eu não fiz nada de errado.
— Claro que não. — Skirata sempre parecia mais ameaçador quando
estava fazendo seu ato de razão paterna. — Só me conte sobre isso.
— Entreguei uma remessa de seis droides de construção e materiais de
forro seco para uma barcaça a meio quilômetro da costa do Resort da Ilha
de Tropix.
Vau inclinou a sua cabeça para Mird, e o strill entrou em sua rotina de
amaciamento, andando ao redor do Twi'lek, roçando em suas pernas, e
ocasionalmente parando para olhá-lo e exibir uma boca cheia de dentes
bocejando. Era um espetáculo sóbrio. Isso deixou o Twi'lek sóbrio
imediatamente.
— Você pode me mostrar neste gráfico?
Leb, o Twi'lek, agarrou o datapad oferecido por Skirata e digitou
freneticamente na tela pequena, com o lekku tremendo.
— Pronto, — disse ele. — Eu verifiquei as coordenadas. A barcaça
estava lá. Ancorado no mar.
Skirata segurou o datapad trêmulo pra ele.
— Você coletou alguma coisa depois?
— Não. Nada. Viagem só de ida.
— Como era a barcaça? Alguma unidade de propulsão nele?
— Apenas um repulsor de manobra. Do tipo que os hotéis resort usam
para reunir as embarcações de recreação depois de uma tempestade.
Vau começou a calcular de cabeça.
— E você se lembraria do peso dos materiais que entregou.
— Tive que fazer várias viagens desde o resort porque a barcaça não
dava conta de tudo de uma vez.
— Então a barcaça foi descarregada algumas vezes? — Skirata
perguntou.
— Oh sim.
— Quanto tempo isso levou?
— Eu esperei talvez vinte, trinta minutos padrão após cada entrega.
— E quem coletou o material?
— Humano, não muito velho, cabelo castanho...
O Twi'lek parou, com os olhos indo de Skirata para Vau e Mereel como
se ele fosse fugir. Era fácil esquecer o quão intimidador um capacete
Mandaloriano parecia para quem estava de fora quando eles eram privados
de todas as pistas visuais da expressão facial e não conseguiam calcular o
quão bem as suas informações haviam sido recebidas.
Skirata levou a mão ao cinto e Leb se encolheu. Pareceu surpreso ao
receber um chip de crédito em vez de um blaster no rosto.
— Obrigado por sua cooperação, filho, — Skirata disse, e deu um
tapinha na bochecha dele com cuidado exagerado.
Leb hesitou e então pulou no speeder. Afinal, era dele: Mereel virou-se
para vê-lo partir.
— Que sujeito prestativo, — disse Vau. — Você vai desenhar o raio de
busca no holograma ou devo eu?
— Bem, é melhor descobrir a velocidade máxima de uma barcaça do
resort Dorumaa primeiro. — Mereel tirou o capacete e coçou a bochecha.
— Estou pilotando, sim?
Skirata assentiu.
— Você está bem com isso?
— Se Ord'ika pode conduzir o caixote diretamente do manual, eu
também posso. Vamos nos mexer. E... A'den tinha notícias preocupantes.
Skirata parou em seu caminho.
— Que preocupante? Por que ele não me ligou?
— Ele me ligou. É tangencial, digamos.
— Fale logo, Mer'ika.
— Alguém enviou dois soldados de operações secretas atrás do CRA que
sumiu em Gaftikar. Enviado após, como em assassinato, mas eles
encontraram Darman e ele encaixou os dois. Ele está muito chateado.
Vau não precisou ver o rosto de Skirata para adivinhar o que ele estava
pensando. Eles voltaram para Aay'han em silêncio e selaram as escotilhas,
preparando-se para a decolagem. Skirata sentou-se no assento do copiloto e
ligou os interruptores.
— Quem ordenou isso, Mer'ika? — ele perguntou baixinho.
Mereel apoiou o seu datapad no console, olhando pra ele enquanto
verificava os instrumentos.
— Não sei, mas não é necessariamente Zey.
A notícia era uma pequena e desagradável bomba-relógio. Tangencial,
não, pela primeira vez Mereel estava errado. Não era nada tangencial. Era
sobre confiança e lealdade. Era o tipo de revelação que os atormentaria cada
vez mais com o passar do tempo e, combinado com o que quer que Mereel
tivesse descoberto sobre Kamino sobre os planos futuros para o reforço das
tropas, provou que nenhum deles tinha uma visão tão completa quanto eles
imaginaram, e também que haviam coisas nas quais eles não eram
confiáveis.
Como não saber que o Delta está indo atrás de Ko Sai.
Vau se amarrou na terceira posição da cabine e tentou não pensar na
identidade dos infelizes troopers das operações secretas, porque havia uma
boa chance de que Prudii, CRA Nulo N-5, os tivesse treinado. Eles eram só
soldados comuns que se mostraram um pouco promissores para o trabalho
sujo, selecionados nas fileiras para preencher algumas das funções que, de
outra forma, teriam recaído sobre os esquadrões de comando da República.
— Se fosse Zey, — Vau disse cuidadosamente, — o chakaar deveria ter
nos dito que eles estavam operando no mesmo território que Ômega
simplesmente para a segurança de todos.
— As operações secretas são incumbidas pelo GER regular, bem como
pelo SO, Walon. — Skirata geralmente era rápido em atacar qualquer falha
percebida dos Jedi: talvez ele estivesse desenvolvendo um ponto fraco por
Zey, que parecia notavelmente compreensivo com o estilo idiossincrático de
comando de Skirata, um comando que Skirata não possuía tecnicamente.
Ele era um sargento que empurrava os generais. — Ou talvez Zey saiba
exatamente como vou expressar a minha desaprovação em derrubar clones
quando eles ficam com pensamento muito livre, então esqueceu de
mencionar isso.
— Então, novamente, talvez seja a Inteligência da República.
— Mas aquele bom Chanceler Palpatine garantiu aos nossos rapazes que
eles teriam um futuro seguro em reconhecimento à sua lealdade e sacrifício.
Mereel teve um interesse exagerado nos controles e levantou a Aay'han
da pista de pouso.
— De qualquer forma, nós, garotos clones, sabemos o quanto a
República nos ama quando chega a hora, não é? E não vamos esquecer isso
com pressa.
Skirata pôs a mão no ombro de Mereel.
— Só podemos confiar nos nossos, filho.
— Como os caras das operações secretas...
— Você acha que eles tinham todos os fatos na frente deles? Você acha
que eles tiveram alguma escolha?
Esses eram quase certamente os homens que eles conheciam, e isso
tornava difícil de engolir. Vau se perguntou se eles ainda teriam cumprido
as suas ordens se tivessem sido enviados atrás de Prudii... ou Mereel, ou
Ordo, ou qualquer um dos homens de Operações Especiais ou instrutores
Mandalorianos que ensinaram aos soldados as suas habilidades de
comando. Vau ficou maravilhado com a capacidade contínua de Skirata de
absolver os clones de toda a culpa, mas ele tinha razão.
— Humanos seguem ordens, — disse Vau. — Até agentes humanos da
Intel da República, é claro. Somos animais de rebanho. Todos nós optamos
por treinar.
— Bem, estou deixando de cumprir as minhas. — Skirata deu alguns
puxões em seu cinto de segurança, como se não confiasse na capacidade de
Mereel de executar uma aceleração suave até o ponto de salto. — Que está
cobrindo as minhas shebs e as dos meus garotos.
— Como exatamente? — Vau perguntou.
— Porto seguro, alguns créditos, coloque-os em uma linha de trabalho
melhor. Nova identidade e uma nova vida.
— Sim, eu sei de tudo isso, mas como você vai fazer isso? Você não
pode exatamente colocar um anúncio. — Vau traçou o contorno de um holo
quadro imaginário no ar com os dedos. — Troopers! Fartos de sua vida no
Grande Exército? Sentindo-se desvalorizados e não amados? Liguem para o
Kal!
Skirata coçou a testa.
— A notícia se espalha.
— A notícia também chega às pessoas erradas...
— As redes de fuga sempre correram esse risco.
— Isso não é uma resposta.
— Vou ter que escolher a minha rede com muito cuidado, então, não é?
Aay'han estava livre da atmosfera agora, manobrando cuidadosamente
através do labirinto de campos gravitacionais no sistema Bogden para
alcançar um ponto de hiper salto seguro. Mird, que nunca gostou de
decolagens e aterrissagens, subiu no colo de Vau e enterrou a cabeça
debaixo do braço dele com muitos ganidos e bufadas para garantir que ele
sabia que estava descontente. Esfregou as costas do strill para tranquilizá-lo
e ficou maravilhado com a capacidade de Mereel de pilotar uma nave como
um Profundidade com apenas o manual aberto no console e um pouco de
intuição. Eles eram realmente garotos espertos, esses Nulos.
Acho que gosto mais de clones do que de seres normais. Eles são
superiores em todos os sentidos. Talvez devêssemos mantê-los em casa e
enviar a humanidade aleatória da República para ser a bucha de canhão.
Vau tinha pouco tempo para mais ninguém, independentemente da
espécie, mas os homens do Grande Exército eram uma questão diferente.
Percebeu que era uma das duas coisas que impediam que ele e Skirata se
matassem: o respeito mútuo pelos clone troopers que haviam tomado conta
de suas vidas e o fato de os Mandalorianos deixarem de lado as suas
divergências quando apresentados a uma ameaça comum dos aruetiise.
— Você percebe, — disse ele a Skirata, — que se os troopers tivessem
uma escolha, a maioria optaria por permanecer no exército de qualquer
maneira?
— Percebo. Todos nós preferimos o conforto do que conhecemos
melhor.
— Eles estariam tão mortos como voluntários quanto como escravos,
Kal.
— Mas eles teriam uma escolha, e é isso que nos torna homens livres.
— Na verdade, isso é um monte de osik. Muitos seres livres na galáxia
não têm direito a voto e não podem escolher o que fazer a cada dia. Há uma
linha muito tênue entre escravidão e dependência econômica.
— É, bem, se você quer discutir sobre a continuação da opressão, os
clones ainda estão no extremo do gráfico. Então vou me concentrar neles e
não nas massas oprimidas, obrigado.
A paisagem da lealdade estava mudando a cada dia que passava.
Primeiro, era uma questão de se preocupar com o que aconteceria com os
troopers quando a guerra terminasse. Agora eles estavam discutindo sobre
homens que desertaram enquanto a luta ainda estava acontecendo.
— Kal, você prefere lutar pelos Separatistas?
— Ideologicamente? Você sabe que eu faria. A República é, na melhor
das hipóteses, uma burocracia em ruínas e, na pior, uma fossa de corrupção.
Mas entrei pelos créditos e fiquei pelos meus garotos. Qual é a sua
desculpa?
Vau não podia alegar que havia se juntado pelos créditos, embora muitas
vezes levasse uma existência bastante precária desde que renunciou à sua
herança. Mas ficou pela mesma razão que Skirata, mesmo que não tivesse
intenção de admitir isso pra ele.
Mird, satisfeito com o fim da decolagem, puxou a cabeça de debaixo do
braço de Vau e depositou um novelo de baba em seu colo.
— Pensando bem, — disse Vau, procurando um pano para enxugar as
calças, — acho que é o estilo de vida elegante.
Teklet, Qiilura, 477 dias após Geonosis

Ordo conhecia as suas limitações, e aprender obstetrícia com um manual


era muito mais arriscado do que pilotar uma nova nave da mesma maneira.
Requisitar um droide médico de primeira linha de uma base de suprimentos
no caminho custou-lhe tempo, mas melhoraria muito as chances de Etain
levar o seu filho até o fim.
E se o droide não pudesse dar conta do recado, então... não, ele
enfrentaria isso se fosse necessário, e não antes. Correu pela neve da pista
de pouso com o droide lutando atrás dele. Era grande e pesado, e não
adaptado para terrenos acidentados.
— Capitão, ainda preciso saber qual procedimento devo realizar, —
disse ele, irritado. Era um modelo 2-1B, e ele, ele, tinha um ego profissional
em escala com a sua extensa experiência cirúrgica. — Eu estava
aguardando o desdobramento para um teatro de guerra mais significativo.
Onde estão os meus auxiliares de enfermagem?
Ordo alcançou a porta do prédio do QG conforme indicado em seu
gráfico de datapad e contornou as travas de segurança quase sem pensar.
— Você não faz algum tipo de juramento para ajudar os doentes e
feridos, 2-1B?
— Não. E é Doutor.
— Vou preparar uma para você, então... Doutor. — Quando as portas se
abriram, Ordo ficou cara a cara com um comandante clone em uniforme
amarelo. — Começa com, prometo manter o meu vocalizador desligado o
máximo possível.
— Capitão, — disse o comandante. — Eu não sabia que você traria um
droide médico.
— Coisas especializadas, senhor. — Então este era Levet: Ordo lembrou
a si mesmo que ele estava superado aqui, tecnicamente. — Não podemos
perder mais nenhum Jedi. Leva mais tempo para fazê-los do que para nos
cultivar. Onde está o General Tur-Mukan?
Levet fez um gesto pra cima.
— Boa sorte. Ela parece não perceber que eu sei que ela está yaihadla.
Ordo sempre ficava surpreso ao encontrar qualquer clone fora das
fileiras de Operações Especiais que conhecesse mais Mando'a do que
apenas as palavras de "Vode An". Ele ficou especialmente surpreso por
alguém com fluência suficiente para saber a palavra”grávida".
— Ah, — Ordo disse evasivamente. Levet de alguma forma ganhou o
apelido de Comandante Tático, e agora sabia o porquê. Mando'a não era um
dos idiomas geralmente programados em droides médicos. — Sério.
— Eu a agradei, mas ela tem os seus motivos para não discutir o assunto,
e nunca discuto com uma general se puder evitar. — Levet colocou o
capacete. — O Conselho Jedi não gosta de confraternização dentro de suas
fileiras, então imagino que a pobre mulher esteja apavorada.
Ordo esperou que a próxima bomba caísse, mas Levet não foi mais longe
em sua análise e parecia contente em pensar que outro Jedi era o futuro pai.
Talvez ele não tivesse considerado a possibilidade de um clone humilde,
embora houvesse muita especulação sobre outros generais e a natureza de
suas vidas sociais.
— Serei diplomático, — disse Ordo.
Havia a pequena questão de garantir que o droide médico mantivesse o
seu vocalizador fechado, mas isso era um detalhe técnico. Depois de tratar
Etain, precisaria de uma limpeza de memória completa. Ordo ainda não
havia mencionado isso pra ele.
Etain estava apoiada em travesseiros, olhos fechados e mãos cruzadas no
colo, e não havia nenhum sinal óbvio do metamorfo. Ela olhou além dele
para o droide, então suspirou.
— Olá, Ordo, — ela disse calmamente. — Desculpe, você teve que ser
arrastado até aqui. Eu sei que Kal está preocupado comigo quando ele
mandou você.
Ela sempre conseguia distinguir um clone do outro, mesmo sem olhar, só
pela impressão que ele causava na Força. Ordo sabia que ela o achava
perturbador. Talvez fossem os pesadelos acordados e a frustração que girava
em torno de seus pensamentos desprotegidos: poderia esconder isso, mas
ela sabia que estava lá com a mesma certeza de Kal'buir.
— E como vai, general? — Era um lugar tão bom para começar quanto
qualquer outro. — Você ainda está sangrando?
— Acho que deveria estar fazendo essas perguntas, — disse o droide.
Ele passou por Ordo e se inclinou sobre Etain, ejetando uma série de
sensores e sondas de seu peito. Ela o encarou incrédula. — Alguma dor? Eu
tenho que examinar você...
O braço de 2-1B parou repentinamente e Ordo pensou que ele estava
com defeito. Ele parecia estar lutando para se mover.
Etain deu a ele um olhar de olhos estreitos. Ela aparentemente recusou a
ajuda dos outros droide médicos, mas isso era o equivalente ao Chefe da
cirurgia.
— É melhor você aquecer esses os seus apêndices primeiro, lata...
— Ah. Você é uma Jedi. Claro. — Houve um gemido ameaçador de seus
servos e o mais leve cheiro de superaquecimento. — Quanto mais cedo
você me liberar, mais rápido poderei concluir o exame.
— Fico feliz que nos entendemos. — Os braços do droide estremeceram
de repente e ele cambaleou ligeiramente. O uso da Força por Etain parecia
ser muito mais preciso atualmente. — Estou grávida de noventa dias.
— Não fui informado disso.
— Bem, agora você sabe. Tenho acelerado a gravidez com um transe de
cura, então provavelmente estou no quinto mês em termos de
desenvolvimento.
— Os meus bancos de dados não mencionam que Jedi é capaz de fazer
isso. Como?
— Não é uma ciência precisa. Eu apenas medito, na verdade. Ele está
chutando, então estou imaginando o quão longe as coisas progrediram.
— Ele. Então você esteve sob os cuidados de um médico, fez exames de
rotina...
— Não, eu sou uma Jedi e podemos detectar essas coisas. — Etain olhou
para Ordo como se estivesse pedindo apoio. — O bebê está reagindo
fortemente e sei que ele está chateado com a luta, ou pelo menos com a
minha reação a ela.
— Impossível, — 2-1B disse. — As funções cerebrais superiores não
aparecem até a vigésima sexta semana, e mesmo com aceleração...
— Olha, você vai ter que acreditar na minha palavra. E ainda estou
perdendo um pouco de sangue e tendo cólicas.
Ordo ficou pra trás para assistir ao show. O droide e Etain pareciam estar
tendo um impasse, olhando um para o outro como se ela o desafiasse a
colocar manipuladores nela. Então 2-1B pegou um escâner e passou por sua
barriga.
— Oh, céus, — disse ele afetadamente. — O meu banco de dados sugere
que isso é o equivalente a um feto de seis meses.
— Te avisei...
2-1B hesitou e então separou o manto pesado ao qual Etain ainda estava
agarrado. Havia uma protuberância visível sob sua túnica, mas nada que
fizesse alguém parar e olhar.
Ordo se viu repentinamente fascinado de uma maneira macabra. Não
havia batimento cardíaco de mãe no útero artificial dos tanques transparaço
em Kamino, e nenhuma escuridão reconfortante. Ordo sabia que deveria ter
começado sua vida como a criança dentro de Etain, e por que a atmosfera
de silêncio, isolamento e luz ininterrupta, com apenas as batidas de seu
coração para se agarrar, ajudou a torná-lo do jeito que ele era.
Ele se lembrava demais. Talvez fosse uma má ideia ficar por aqui
enquanto os detalhes estavam sendo discutidos. Mas Kal'buir disse a ele
para garantir que Etain estivesse bem e a salvo, e isso significava esperar.
— Ordo...
Como aprendemos a ser humanos? Se as linhagens e genomas não
importam para Mando'ade, o que me torna um humano?
— Ordo? — Etain deu a ele um olhar significativo.
— O que?
— Eu sei que nada te incomoda, mas... bem, eu prefiro que você espere
do lado de fora enquanto o droide médico completa o exame. Preciso
desenhar pra você?
Ordo entendeu a dica e saiu pela porta, ainda ao alcance da voz, caso
algo desse errado. Houve momentos em que percebeu o quão longe estava
da humanidade normal, e a gravidez de Etain, uma condição humana
universal que mostrava o quão mundano e limitado pela biologia até mesmo
uma Jedi poderia ter, simplesmente o lembrou o quanto realmente era um
estranho.
Nem tinha mãe.
Tinha um pai, porém, e Kal'buir compensou tudo.
O burburinho da conversa e a ocasional voz elevada... a de Etain...
pararam de repente. O droide abriu a porta.
— Você pode entrar agora.
Ordo não tinha certeza do que iria ver, mas Etain estava apenas sentada
na beira da cama, esfregando a dobra do braço.
— Então?
— Tenho problemas com a placenta, — disse ela. — E os meus
hormônios do estresse estão nas alturas, o que não está ajudando.
— Ela não deveria estar lutando uma guerra em sua condição, e ela não
deveria acelerar esta gravidez ainda mais, — 2-1B disse, dirigindo-se a
Ordo como se ele fosse de alguma forma responsável e o seu guardião. —
Eu dei a ela medicação para estabilizá-la, mas ela deve deixar a natureza
seguir o seu curso e encontrar um ambiente menos estressante durante o
período.
— Entendido, — disse Ordo. Isso estava claro o suficiente. — Ela
precisa de mais medicação?
— Pelas próximas setenta e duas horas, sim. — 2-1B tirou da bolsa um
pacote de perfurocortantes descartáveis. — Normalmente, eu não deixaria
um ser destreinado para administrá-los, mas você teve treinamento médico
de emergência, não?
— Oh sim. — Ordo pegou a sua coleção de interruptores elétricos e
chaves de corte de dados de sua bolsa de cinto. Eles pendiam de um cordão
plastóide como um colar desarrumado. — Primeiros socorros no campo de
batalha.
2-1B não esperava por isso e ele nunca viu isso acontecer. Ordo enfiou o
disruptor na porta de dados do droide e 2-1B parou, incapaz de processar
quaisquer sinais ou dados.
— O que você está fazendo? — Etain parecia horrorizada. — Você não
pode simplesmente desativá-lo assim.
— Uh-huh. — Ordo verificou o diagnóstico na chave de hackeamento e
encontrou o ponto de tempo na memória de 2-1B onde ele foi informado
pela primeira vez que estava sendo levado para Qiilura para tratar uma
mulher Jedi por problemas ginecológicos não especificados. Isso era tudo
que ele precisava saber para baixar os recursos de dados apropriados. Agora
ele não precisava saber disso, e certamente não precisava saber que esteve
aqui e tratou uma Jedi grávida. — Estes não são dados que você quer que
fiquem no sistema, General.
Ordo apertou o comando EXCLUIR & SOBREGRAVAR com a sua unha do polegar.
2-1B nunca esteve aqui, no que diz respeito ao droide.
— Ele é um médico, droide ou não. A confidencialidade do paciente faz
parte de sua programação.
— Infelizmente, não faz parte de mais ninguém, senhora. Os dados
armazenados são dados que podem um dia ser encontrados. A existência de
seu filho deve permanecer em segredo. Se você precisar de mais tratamento,
vamos começar de novo.
— Ordo, ele é autoconsciente, mesmo que seja inorgânico. — Etain
tinha aquela expressão de piedade profissional que realmente irritava Ordo
quando se tratava da maioria dos Jedi que ele conheceu. Os políticos às
vezes tinham aquele mesmo olhar. Disse que eles sabiam melhor e que ele
não entendia. — Você não pode simplesmente remover um pedaço de sua
memória contra a sua vontade. Isso o está violando.
— Não, é como não contar a ele sobre informações secretas, apenas
retroativamente. Acontece com os soldados todos os dias. Ordo verificou se
os segmentos de memória foram realmente apagados. — Você vai
mencionar a ironia dos clones maltratando droides, senhora? Porque eu
sempre acho isso divertido.
— É tentador.
— Você já esfregou a memória de um ser orgânico? Eu sei que alguns
Jedi podem. Bard'ika me contou.
— Só em treinamento, para prática, e somente com consentimento, e...
— Bem então.
— Você nunca me perdoou por brincar com aquele comando de parada,
não é?
— Se quer dizer se eu confio em você para não usá-lo novamente
quando for conveniente para você e efetivamente me desligar como um
droide por uma fração de segundo, não. Se você quer dizer que guardo
rancor... não, não guardo.
Ordo agora teve que mover 2-1B para um local plausível para reativá-lo.
Isso ia ser difícil, a menos que o lata andasse, porque ele era muito pesado
para levantar.
— Eu sugiro que você vá e se esconda em outra sala enquanto eu o
ascendo novamente e preencho as lacunas.
— E depois?
— Estou removendo você de Qiilura por enquanto. Pegue seu
equipamento.
— Não posso simplesmente pegar leve aqui?
— E o que você vai fazer quando ouvir a artilharia e Levet voltar para
relatar as baixas do dia?
Etain olhou para 2-1B como se buscasse inspiração, então assentiu. Ela
se levantou e desapareceu no patamar para outro quarto.
— Certo, doutor, hora de acordar... — Ordo reiniciou o 2-1B e ficou pra
trás para observar a sua reação.
— Eu falhei? — perguntou o droide, claramente desorientado. — Tenho
um setor ilegível em minha memória.
— Dados corrompidos, — disse Ordo casualmente. Era verdade, de uma
perspectiva de qualquer maneira. Ele definitivamente o havia corrompido,
tanto que era irrecuperável. — Eu reiniciei você. Você está em Qiilura. Eles
estão com pouco suporte médico, então eu designei você para o
Comandante Levet. Você pode ter que lidar com as baixas da milícia local
também.
— Um paciente é um paciente, capitão. — Ele pressionou os painéis de
diagnóstico em seu braço. — Muito perturbador. Espero não ter perdido
nenhum dado significativo.
2-1B parecia um pouco mais humilde do que antes. Se Ordo não
soubesse melhor, ele teria dito que o droide estava preocupado com o seu
lapso de memória, assustado, até. Todos diziam que droides não podiam
sentir medo.
O que é o medo afinal? Um mecanismo para salvá-lo do perigo e da
destruição. Todos os droides eram programados para evitar riscos
desnecessários para si mesmos, e apenas o nível de necessidade variava de
acordo com o modelo. Se isso não era medo, Ordo não sabia o que era.
Teria que pensar sobre droides de forma diferente a partir de agora. Mas
isso não significava que não iria explodi-los em estilhaços se eles entrassem
em seu caminho.
Entregou 2-1B para Levet, que ainda estava esperando no andar de
baixo, e o comandante despachou o droide para a área de pouso para
aguardar as naves que chegavam.
— Eu gostaria de manter a condição da general entre nós dois, para
poupá-la do constrangimento, — disse Ordo. — O droide foi apagado. Você
nunca pode ser muito cuidadoso. Pessoas engraçadas, os Jedi.
— Na verdade, eles são. — Levet projetou o holograma sobre a mesa na
sala apertada que usava como escritório. Ainda cheirava muito fortemente a
Trandoshanos para o gosto de Ordo. — Agora, o que foi isso sobre a
general? Desculpe. Tenho uma memória terrível.
Levet sabia, e havia apenas uma maneira de limpar permanentemente
uma memória humana em que Ordo confiava. Mas a sua consciência, as
regras de decência que Kal'buir havia incutido nele, diziam para deixar o
homem, este irmão, em paz.
— Eu vou ter que removê-la por um tempo. Presumo que você esteja
feliz em continuar a remoção dos colonos aqui por conta própria.
— Ah, acho que a gente pode errar junto...
— Quanto tempo até o planeta ser limpo?
— Mais uma semana, talvez, dependendo de como eles reagirem.
Estamos perdendo muitos homens para as minas. Os locais são muito bons
em escondê-los dos sensores com palha de metal, então estamos ajustando
as nossas táticas.
— Ou eles saem em silêncio e embarcam nos transportes...
— Ou vamos chamar o apoio aéreo. — Levet traçou a ponta do dedo
através da representação tridimensional do Braço Tingel e dos quadrantes
nordeste. — O Trigésimo Quinto deve participar do ataque a Gaftikar, então
precisamos limpar aqui, mesmo que isso signifique ficar um pouco pesado.
Não havia melhor momento para mover Etain. Assim que soubesse como
as coisas estavam ficando difíceis para Darman, ela ficaria tentada a
procurá-lo. Gaftikar estava relativamente perto de Qiilura.
Ordo parou no corredor para verificar as mensagens em seu datapad.
Jusik relatou a última posição do Delta a caminho de Da Soocha; Kal'buir
estava a caminho de Dorumaa.
Ordo pensou em ligar para Besany, mas parecia uma indulgência egoísta
enquanto Etain e Darman não tinham contato de rotina. E Kal'buir havia
deixado mais uma mensagem:
Sugira que o nome Venku é muito bom, filho.
Dar um nome à criança parecia uma concessão inofensiva à ansiedade de
Etain. Se Darman ou a própria criança não gostasse do nome no devido
tempo, ele sempre poderia ser mudado. Ordo tentou imaginar como Darman
reagiria ao saber que ninguém lhe havia contado sobre o bebê e que ele foi
o último a saber. Ordo tinha certeza de que ficaria chateado se estivesse na
mesma situação, por mais necessário que fosse.
— General? — Ordo subiu as escadas. — Você está pronta para partir?
Etain surgiu com uma bolsa áspera sobre o ombro que parecia ter uma
muda de roupa nela. Os Jedi não tinham muitos bens, assim como os
clones.
— Preciso me despedir de Levet, — disse ela.
— Ele sabe que você está grávida, a propósito. Ele não é cego ou
estúpido.
Etain parou na escada por um momento.
— Oh.
— E... — Vamos, o nome é importante pra ela, e é importante para
Kal'buir, ou ele não teria passado para você. — Kal diz que Venku é um
bom nome.
Etain pareceu totalmente distraída por um segundo e os seus lábios se
moveram.
— Venku, — ela disse finalmente. — Venku. Tem algum significado?
— É derivado da palavra 'futuro', vencuyot.
— No sentido de...
— Um futuro positivo.
— Ah. — Ela assentiu com a cabeça e conseguiu dar um sorriso. O
futuro era obviamente tão tentadoramente frágil para ela quanto para
qualquer clone. — Diga a Kal que é um nome excelente.
Ordo esperou pelo transporte de Mereel e absorveu o silêncio limpo da
neve enquanto esperava que Etain se despedisse. Cada vez que tentava ser
civilizado com ela, parecia não conseguir fazê-lo funcionar. Não era como
se ele não gostasse dela. Ele simplesmente não conseguia encontrar um
terreno comum, apesar dos paralelos em suas vidas.
Ela emergiu do prédio e se arrastou pela neve, procurando o caminho já
desgastado pelas botas.
— Para onde vamos, então?
Ordo abriu a escotilha.
— Uma praia de resort.
— Você está me enrolando, não é?
— Não. É o que eu acredito que eles chamam de paraíso tropical. Vou
comprar uma muda de roupa para você.
Etain se acomodou no assento do copiloto e parecia que estava tendo
problemas para absorver tudo. Ordo de repente teve uma visão da mente de
uma Jedi que não se sentia confortável com autoridade como Zey, ou feliz
sendo uma das pessoas comuns como Jusik era.
Ela nunca fez isso. Ela nunca esteve em algum lugar apenas para
relaxar. Ela está internada como qualquer clone trooper. E não há Kal'buir
para cuidar dela.
Sim, ele tinha pena dela, como já havia dito antes. Surpreendeu-o que ele
pudesse, se ser grato por ele não ser ela era uma pena.
— Não me sinto bem em ir a um resort quando os homens ainda estão
brigando, Ordo.
— E se entregar à autoflagelação quando você está grávida e corre o
risco de perder o filho não serve para nada.
— Acho que essa é a sua maneira única de me dizer para ser mais gentil
comigo mesma...
Era muito mais fácil conversar com Besany. Ela era uma mulher precisa
e infinitamente paciente quando ele não entendia algum ponto delicado da
etiqueta civil.
— Dorumaa, — disse Ordo, esforçando-se pelo amor de Darman. —
Mereel diz que é um excelente lugar para relaxar.
Kal'buir apenas disse a ele para garantir que Etain estivesse segura e
bem. Ele não lhe disse para não voltar à caça de Ko Sai.
Como Etain, Ordo não gostava de ficar sentado em seus abrigos
enquanto as pessoas de quem ele gostava corriam perigo.
CAPÍTULO 9
Milhões de nós foram varridos quando o mar subiu e tomou Kamino. Sobrevivemos como
espécie porque estávamos dispostos a pensar o impensável. Algumas características genéticas
nos ajudaram a sobreviver à fome e à superlotação, e outras não, e não havia espaço para
sentimentos ou fracos. Nós cortamos; nós refinamos; nós selecionamos. A perspectiva de
extinção nos forçou a ser a espécie que projetamos, a expressão mais pura do espírito
Kaminoanos e a um nível de maturidade social que as espécies vira-latas mais fracas nunca
alcançarão, porque não têm coragem de abater. Somos os mestres da genética e os únicos
árbitros do nosso destino, para nunca mais estar à mercê do acaso.
— Memórias preliminares da ex-cientista chefe Ko Sai, sobre a eugenia Kaminoana e a
conveniência do sistema de castas; nunca publicado.

Cidade de Eyat, Caftikar, Orla Exterior, 477 dias após Geonosis

O s corpos dos dois troopers das operações secretas eram muito mais
pesados do que Darman esperava.
A espera pela chegada de Niner e Fi, foram as duas horas mais longas de
sua vida, e cada rangido e clique o fazia pensar que a polícia de Eyat estava
cercando o apartamento. Quando os seus irmãos finalmente chegaram, se
sentiu inexplicavelmente culpado, como se tivesse que se explicar.
Niner ficou olhando para os dois troopers.
— Você os arrumou, Dar?
Darman tinha feito o seu melhor. Além do dano ao que atirou no rosto,
ambos pareciam bastante pacíficos agora. Eles se pareciam com ele, mas
mortos, e estava tendo dificuldade em lidar com isso. Os seus braços
estavam perfeitamente ao lado do corpo, as pernas retas.
— Eu me senti mal por deixá-los espalhados como carne. O que vamos
fazer com eles?
Fi encolheu os ombros.
— Não posso deixá-los aqui como aromatizadores de ar...
— Fi, eles são dos nossos. — Darman não aguentou mais olhar para os
rostos e pegou um cobertor do quarto. — Temos que descartá-los
adequadamente.
— Temos a armadura deles, — Fi disse. — O sargento Kal vai querer os
registros. Ele é engraçado sobre isso.
— Certo, deixe-me colocar de outra forma, e se fosse a sua carcaça ali?
O que você gostaria que fosse feito com ela?
— Eu gostaria que alguém balançasse a cabeça e dissesse: Que
desperdício de um jovem tão bonito e estiloso! e então me dê um grande
funeral de estado, — Fi disse, pegando o cobertor das mãos de Darman e
enrolando um dos troopers secretos nele. — Com muitas mulheres
chorando por nunca terem tido a chance de experimentar os meus encantos.
Mas, fora isso, eu não daria a mínima para mott, não é? É apenas uma casca
temporária. Apenas a armadura dura.
Niner deu uma espiada pela janela.
— Vai escurecer em uma hora ou mais. Vamos levá-los de volta ao
acampamento e enterrá-los. Descartar a armadura em algum lugar remoto.
— E dizer aos lagartos para não desenterrá-los e comê-los.
— Dar, Marits não comem outros sencientes. Apenas os seus próprios
mortos.
— Oh, tudo bem, então.
— Dar, esses caras tentaram te matar...
— Não, eles vieram atrás de Sull, Sargento, e isso é exatamente o que
você estava pronto para fazer não muito tempo antes, lembra? — Darman
não tinha nenhum problema em matar. Era o trabalho dele, ele se
acostumou com isso, e nem mesmo teve os sentimentos ruins e pesadelos
depois que eles disseram que os humanos geralmente têm. Mas matou os
seus próprios camaradas, não um inimigo. As circunstâncias não o fizeram
se sentir melhor. — Eu não acho que eu poderia ir atrás do meu assim, não
importa o quê. Não, a menos que fosse pessoal e eles tivessem feito algo
terrível pra mim.
Percebeu que estava tagarelando. Até Fi lhe deu um olhar estranho.
Niner embrulhou o segundo soldado em um cobertor e Darman o ajudou.
Os músculos dos soldados mortos ainda não haviam enrijecido, e quando
Darman curvou um deles, o movimento forçou o ar dos pulmões do
homem; ele emitiu um ruído de suspiro angustiante que o fez soar como se
tivesse voltado à vida. Darman tinha visto algumas coisas desagradáveis na
batalha, mas aquele momento ficou gravado em sua memória como algo
que sabia que nunca esqueceria.
No momento em que os corpos foram amarrados com corda de fibra, eles
poderiam ter passado por tapetes encaroçados com pouca iluminação.
— A'den foi informado de que o ataque a Eyat provavelmente acontecerá
em uma semana, — disse Niner, parecendo despreocupado. — Portanto,
não importaria se os deixássemos aqui.
— Não, nós os enterramos.
— Está bem, está bem.
— Quero dizer.
— Dar, estou discutindo?
Teria feito mais sentido fugir; quanto mais eles esperassem aqui, mais
riscos eles corriam. Não estava quente lá fora, e com os controles
ambientais do apartamento virados para baixo e as janelas fechadas, poderia
levar algumas semanas até que os vizinhos sentissem que algo estava
errado.
Mas isso não era bom o suficiente, mesmo que eles tivessem sido
enviados para atirar em Sull.
Fi entrou na cozinha. A porta da geladeira se abriu e depois fechou
novamente; ele saiu com um prato de comida em uma mão e um único bolo
frito na outra, que ele ergueu para Darman.
— Coma, — disse ele. — Continue, ou eu vou ficar de mau humor.
Darman aceitou o bolo e mastigou, mas ficou preso na garganta como
serragem. Teve vontade de ligar para Etain. Era a primeira vez que ele
sentia a necessidade de buscar conforto em alguém de fora, e não em seu
círculo imediato de irmãos, e isso o fazia se sentir desleal, como se a
segurança e o apoio deles não fossem mais suficientes pra ele.
— Você deveria falar com Kal'buir, — disse Niner calmamente. — Ele
matou um comando por acidente. Lembra? Ele provavelmente sabe melhor
do que ninguém pelo que você está passando.
— Não estou passando por nada. — Darman de repente se sentiu
transparente e exposto. — Estou ficando nervoso esperando os policiais
aparecerem. Como ninguém ouviu o barulho do blaster eu nunca saberei.
— O lugar é bem isolado, — Fi disse gentilmente. — Muito bem à prova
de som, exceto pelo ranger do piso.
Darman sabia que não estava enganando ninguém e retirou-se para a
cozinha para esperar que escurecesse com o pretexto de esvaziar os
armários. Sim, ele falaria com Skirata. O que quer que Kal tenha passado
foi pior: ele atirou em um comando em treinamento durante um exercício
de tiro real, um de seus próprios garotos, e mesmo que todos soubessem que
acidentes como aquele aconteciam, Skirata nunca mais foi o mesmo depois.
Deve ser muito, muito mais difícil viver causando a morte de alguém de
quem você gosta. Os troopers das operações secretas eram relativamente
estranhos.
Mas Darman tinha ouvido falar que os troopers CRA estavam prontos
para matar crianças clones em vez de deixar as forças de Set levá-los
durante o ataque a Kamino, não para o seu próprio bem ou para salvá-los de
qualquer coisa, mas para negá-los como ativos para o inimigo. Sull teria
hesitado em matar um irmão clone que estava em seu caminho? Darman
duvidou.
Tudo estava ficando muito confuso e confuso ultimamente. Ele ansiava
pelos bons velhos tempos, quando o inimigo era apenas minúsculo e muito
fácil de detectar.
— Certo, vamos fazer um movimento, — disse Niner.
Niner trouxe um speeder até a frente dos apartamentos, então foi isso que
levou duas horas, então, adquirindo mais transporte, e eles moveram os
corpos como rolos de carpete. Algumas pessoas estavam na rua, mas não
perceberam, provavelmente pensando que alguém estava mudando de casa.
Então Fi foi buscar o speeder de Darman enquanto Niner e Darman
esperavam no veículo com os corpos na parte de trás.
Foi apenas uma simples viagem de volta ao acampamento. Darman
sentiu que poderia fazer isso e começou a se preocupar em cavar sepulturas
no escuro. Certamente não planejava deixar os cadáveres durante a noite.
Tinha uma imagem dos Marits fazendo um ensopado com eles, e não era
nada engraçado. Isso o perturbou de uma forma que não tinha pensado ser
possível, fazendo a sua boca se encher de saliva indesejável como se fosse
vomitar, mas teve que se segurar o tempo suficiente para trabalhar com os
lagartos até que o ataque a Eyat começasse.
— Uma boa xícara de caf forte quando voltarmos, — disse Niner. A sua
voz tinha todas as entonações que a de Skirata tinha, toda segurança e
preocupação. — Você vai ficar bem, Dar.
E se eles não fossem realmente me matar? Eu nunca esperei para
descobrir.
— Sargento, você acha que eles vieram prender Sull?
— Não, — disse Niner com firmeza. — Eles vieram para executá-lo. E
mesmo que eles tivessem te prendido, eles só estariam levando você de
volta para que outra pessoa pudesse te matar. Portanto, pare de repetir o
holo vídeo em sua cabeça e aceite que eram eles ou você, ner vod'ika.
Às vezes, Darman pensava que só ele sabia o que se passava em sua
mente, e então um de seus irmãos lhe dizia exatamente o que ele estava
pensando. No geral, exposto ou não, se sentia mais confortado em saber que
não estava sozinho ou enlouquecendo.
Eles dirigiram pra fora da cidade com Darman ocasionalmente dirigindo
Niner, que estava trabalhando no holograma em seu datapad. Fi seguiu atrás
no outro speeder. Estava tudo indo bem, pelo menos, dadas as
circunstâncias, até que as luzes estroboscópicas vermelhas e verdes do
veículo de patrulha policial local passaram por eles.
— Ele está com pressa — disse Niner.
— Atrasado para a pausa para o caf... — Era o que o capitão Obrim
sempre dizia quando via um de seus speeders FSC se comportando mal.
Darman olhou pelo retrovisor para verificar se Fi não havia ficado muito
pra trás. — Não parece que eles tem muitos problemas neste lugar. Não
exatamente os níveis mais baixos do Triplo Zero.
— Todo lugar tem seus níveis mais baixos, Dar.
Sentiu que se continuasse conversando como uma pessoa normal, tudo
ficaria bem. Pensou isso até o momento em que o speeder da polícia freou e
parou, com a matriz iluminada entre seus jatos traseiros piscando uma única
palavra: PARE.
— Osik, — Niner murmurou. — Eu acho que ele quer dizer nós.
— Diga-me que isso não é roubado, ner.
— Não é. E também não ultrapassamos o limite de velocidade.
Niner diminuiu a velocidade. Darman podia ver Fi ficando mais pra trás
para parar do lado de fora de um tapcaf.
— Agora, bom e calmo, — disse Niner.
— Vamos torcer para que ele pense que somos gêmeos.
— Quantas pessoas sabem como são os clones, afinal? Especialmente
aqui. Niner ativou o comunicador no fundo de seu ouvido, clicando com os
dentes de trás; Darman sentiu o seu próprio fone de ouvido embutido vibrar
por um momento quando começou a receber o sinal. Então Niner abaixou o
visor lateral e assumiu a sua expressão sensata, mas vazia, enquanto o
oficial de uniforme vermelho caminhava até o speeder com uma mão no
desintegrador em seu cinto. — Boa noite, oficial. Qual é o problema?
— Mantenha as suas mãos onde eu possa vê-las, senhor, e me mostre o
que você tem na traseira. — O oficial inclinou-se ligeiramente para olhar
para Darman. — Você, saia do veículo e coloque as mãos no teto.
Por um momento, Darman pensou que Niner fosse escancarar a porta e
derrubar o cara, mas cerrou os dentes e abriu a porta traseira.
A voz de Fi encheu o crânio de Darman.
— Ele está sozinho, Dar. Posso soltá-lo daqui.
— Espere...
Darman saiu do speeder lentamente e deixou a porta aberta para uma
retirada rápida, mas se afastou o suficiente para ficar de olho em Niner. O
oficial se inclinou para o pequeno espaço de carga na parte de trás do
speeder, ainda mantendo a mão na coronha de seu blaster como se fosse
algum conforto pra ele. Não parecia perceber que virar as costas para um
suspeito, dois suspeitos, na verdade, era arriscado, e Darman olhou
atentamente para ver se tinha algum fone de ouvido ligando-o a outro
policial por perto.
Mas não havia nada. Simplesmente não estava acostumado a lidar com
criminosos sérios, ou comandos.
— Recebi um relato de um speeder sendo usado para remover itens de
uma residência, senhor, — disse o policial. A sua voz estava abafada
quando ele se inclinou, uma mão segurando um pouco de seu peso na porta
traseira. — Este, na verdade. Agora, o que você acha que tem aqui...
No momento em que o policial moveu a mão para o corpo bem
embrulhado na área de carga, o seu destino foi selado. Era quase como se
tivessem treinado para isso: Niner saltou sobre ele e o prendeu no chão, de
bruços, com o braço fechado em volta de sua garganta para silenciá-lo,
enquanto Darman interveio e verificou se havia comunicadores. Fi estava
agora bem atrás deles no outro speeder, protegendo a luta de vista.
Ao contrário dos holo vídeos, não houve golpe rápido na cabeça para
deixar alguém convenientemente inconsciente enquanto você fugia, sem
causar nenhum dano além de uma dor de cabeça quando recobrou a
consciência. Este era apenas um pobre policial, como qualquer um da
equipe de Obrim. Ele havia parado os homens errados na hora errada. Os
olhos de Darman encontraram os de Niner, e ele sabia que deveria ter
simplesmente atirado no policial como seu instinto lhe dizia, mas não podia.
Fi entrou e vasculhou o conjunto de armas no cinto do oficial.
— Ah, — ele disse — a única palavra dita em todo o incidente, e
selecionou um bastão de choque. Ele o enfiou na axila do policial; estalou
assim que Niner o soltou. O homem parou de lutar e convulsionou algumas
vezes.
— Ali, — disse Fi. Ele puxou o policial para o meio-fio, onde ele caiu
como um saco, escondido do tráfego que se aproximava pelo outro
motorista. — Desculpe por isso, Sargento.
— Está tudo bem, quebrei o contato antes de dar um choque...
— Hora de sair, rápido.
— Desculpe. — Darman saltou de volta para o banco do passageiro.
Havia mais tráfego ao redor do que esperava, mas Niner disparou direto pra
ele e disparou em direção à saída da cidade. — Desculpe, eu deveria ter...
— Não se preocupe, — disse Niner.
Fi os alcançou e desapareceu na distância. Darman pegou o seu DC-15 e
o manteve no colo, verificando o retrovisor até que estivessem fora dos
limites da cidade. Ele estava começando a se preocupar por ter perdido a
coragem. Ele nunca hesitou antes de dar um tiro antes. O seu processo de
pensamento não deveria entrar em ação e começar a discutir com a sua
avaliação de risco.
Eu poderia ter comprometido esta missão. E isso significa que coloco os
meus irmãos em risco.
— Se você tivesse atirado nele, seria outra bagunça para limpar, — disse
Niner, desviando da estrada e serpenteando por entre as árvores. — Não
posso deixar policiais civis mortos por toda parte. Não é a Cidade
Galáctica, é?
— Você é telepático, Sargento.
— Eu estava pensando no que Skirata teria dito, na verdade.
— Ainda deixamos um policial em Eyat que nos viu de perto.
— Bem, da próxima vez que ele nos vir, vamos usar nossos capacetes,
então isso vai ser muito bom pra ele.
A'den e Fi já estavam esperando na sala de operações improvisada
quando chegaram ao acampamento rebelde, que parecia estar na escuridão
como o resto da base. Todas as janelas eram protegidas por material de
escurecimento. Dentro da casa de aparência frágil, os dois estavam sentados
à mesa e olhando tristemente para um datapad, e A'den tinha a mão contra a
orelha como se estivesse se concentrando em um sinal que mal conseguia
ouvir.
Fi não ergueu os olhos. A'den sim.
— Uau, você é bom, — o Nulo disse cansado. — Quantos cadáveres
você acumulou esta noite? Dois troopers e um policial. Você vai bater o seu
próprio recorde estúpido nesse ritmo.
— Nunca matamos um policial, — disse Niner.
Fi simplesmente olhou por cima do ombro pra eles.
— Eu não planejei. Bastões de choque são coisas complicadas se você
não conhece o histórico médico de seu alvo.
— Ah, ótimo. Ótimo.
Fi digitou o seu datapad, e um fluxo de áudio crepitante encheu a sala:
era o tráfego de voz de uma sala de controle da polícia, a julgar pelo jargão
e códigos.
— Diga novamente, três-sete. A última chamada mostrada no registro de
bordo foi uma parada de veículo em Bidean Way.
— Nenhuma visão clara do holo câmera de vigilância disponível...
— Confirme a identificação do speeder suspeito. Aluguel, identidade
falsa usada para protegê-lo...
— Ei, alguém sabia que ele tinha um problema de coração?
Fi silenciou novamente e se levantou.
— Atin está cavando um buraco. Eu irei ajudá-lo. Sou bom em cavar
buracos, bem profundos.
A'den deu de ombros e voltou a ouvir o circuito.
— Acho que os policiais ficaram empolgados quando encontraram o
bastão de choque queimado em seu amigo. Juntar os pontos para descobrir
que na verdade era uma equipe de comando secreta limpando um
vazamento é um passo longe demais pra eles, felizmente. Ele se inclinou
pra trás o máximo que a sua cadeira permitia e pegou outro datapad. —
Agora dê uma olhada nessas imagens de reconhecimento aéreo.
Darman pegou o bloco, mas Niner ainda estava focado na edição
anterior.
— Então, sargento, o que você teria feito diferente?
— Eu teria atirado no policial, — disse A'den.
— E isso teria resolvido o problema como, exatamente?
— Não teria mudado nada. Só me preocupa que você coloque ser bom
antes de fazer o trabalho direito. Fazemos coisas extremas. Isso significa
que alguns idiotas azarados são pegos como dano colateral. Lide com isso.
Darman sabia que A'den estava certo e estava preocupado com o fato de
ter hesitado; estava reagindo a um modelo interno da polícia como tipo de
Jaller Obrim, aliados, camaradas, amigos, e isso era totalmente errado e
uma receita para o desastre em algum momento no futuro. Não podia se dar
ao luxo de julgar ninguém pelo uniforme. Não podia nem assumir que todos
os Jedi estavam do seu lado agora. Se descobrisse que Zey estava
encarregando o pessoal de Operações Especiais para lidar com desertores
assim, não tinha certeza de como reagiria.
— Eu sei que você é o homem da artilharia explosiva, — A'den disse, —
mas você não consegue interpretar imagens aéreas?
Darman saiu de seus pensamentos.
— Certo.
— Então?
Darman olhou fixamente para as imagens planas que pareciam o mapa
bidimensional de uma cidade, com um cronômetro mostrando que elas
foram gravadas algumas horas antes. Fazia parte do Eyat, não como um
esquema da construção que os Marits haviam feito, mas como uma imagem
real. Podia ver pequenos pontos se movendo ao longo das estradas. Um
grande complexo no coração da cidade estava cheio de empilhadores
repulsores e veículos blindados de vários tipos que não estavam lá alguns
dias antes quando o Ômega foi inserido. Havia até canhão antiaéreo móvel.
Entregou o datapad para Niner para inspeção.
— Eles estão se preparando para a nossa visita, então...
A'den assentiu.
— Sem dúvida, os seus aliados Separatistas têm reconhecimento aéreo
do acúmulo de lembranças da República que demos aos lagartos. Podemos
espionar um ao outro, quando sabemos onde procurar.
Então Eyat estava se preparando para um ataque Marit.
— Outras cidades? — Darman perguntou.
— Todos fazendo o mesmo. Não tenho certeza se eles entendem como os
lagartos aqui espalham as coisas. Mas é improvável que eles saibam sobre
Niveladora até que ela esteja procurando uma vaga para estacionar.
Uma nave de guerra foi identificada para implantar em Gaftikar, então.
Era iminente.
— Niveladora.
— Com alguns milhares dos melhores embarcados da República, a
Trigésima Quinta Infantaria e a Décima Blindados. Apenas para suavizar
Eyat e algumas outras grandes cidades para permitir que os Marits se
mudem, e depois saiam quando a poeira baixar.
Eyat não foi bem defendido. Pelo que Darman tinha visto, até mesmo
uma nave era um exagero.
— A Mineração Shenio tem recursos suficientes para derrubar Eyat e o
governo por conta própria, sem qualquer apoio militar, se quiser minar o
local com tanta força.
— Sim, mas você sabe como as empresas gostam de parecer que foram
convidadas legalmente, ou então as pessoas gritam que é invasão
corporativa.
— É invasão corporativa, — disse Darman.
— Talvez haja alguma estratégia, algum quadro geral do qual não
tenhamos conhecimento, — disse A'den. — Mas, no final, todas as guerras
são sobre alguém querer algo que o outro tem. Se eu pensasse que colocar
um chave hidráulica nas obras mudaria a natureza da galáxia, eu o faria,
mas é assim que a vida funciona, amigo. Vamos apenas fazer o trabalho e
esperar que fiquemos vivos o tempo suficiente para seguir em frente.
Niner não parecia incomodado. Ele parecia muito mais interessado nos
dados de reconhecimento. Darman deixou os dois sargentos por conta
própria, recuperou a sua ferramenta de entrincheiramento de sua mochila e
foi em busca de Fi e Atin.
No ar tranquilo da noite, era fácil acompanhar o som de uma pá
perfurando o solo com aquele familiar som metálico de tilintar. Fi e Atin,
totalmente em silêncio, estavam cortando uma clareira cercada por
pequenos arbustos, em algum lugar onde as raízes seriam menos
problemáticas. Darman fez uma pausa para olhar para os dois corpos e
juntou-se à escavação pela luz fraca e protegida de uma haste luminosa
colocada no chão.
Dois metros era mais fundo do que parecia. Os três finalmente pararam
para olhar para o poço.
— Deveríamos ter cavado duas sepulturas? — Atin perguntou.
— O sargento Kal disse que os Mando'ade usam valas comunais, se é
que enterram. — Darman vasculhou o seu cérebro, tentando lembrar o que
mais Skirata havia ensinado a eles sobre a eliminação de camaradas caídos.
Não se importava com o que o livro dizia sobre ocultar sinais de que eles já
estiveram lá. Tratava-se de respeito pelos homens que estavam a um
simples prefixo de designação de ser ele. — E nenhum soldado quer se
separar de seus irmãos.
— A menos que sejam particularmente di'kutla, — Fi disse.
Atin agachou-se sobre os corpos.
— Certo, vamos enrolá-los.
— Não podemos descer reverentemente em vez disso? — Darman foi até
a pilha de armaduras roxas e tirou os registros de identificação dos
peitorais. Quando passou o seu sensor de bolso sobre eles, eles lhe deram as
leituras CT-6200/8901 e CT-0368/7766. Não havia nenhuma indicação de
como eles realmente se chamavam, é claro; o Grande Exército não dava a
mínima para como os clones gostavam de ser tratados, pelo menos no
registro. Ele fez o que vinha evitando nas últimas horas e interrogou a cópia
do banco de dados dos Nulos que Ordo havia dado a todos no Triplo Zero.
Assim que soubesse seus nomes verdadeiros, ele se sentiria ainda pior. Mas
precisava fazer isso se quisesse dar a eles algum tipo de rito de despedida.
— Eles são... Moz e Olun. — E esta era a pior parte. — Jaing os treinou
uma vez.
Se Moz e Olun tivessem ambições além de sobreviver à guerra, Jaing
poderia ser o único que sabia o que eram. Esses sonhos provavelmente não
incluíam ser morto por outro clone. Fi e Atin os baixaram no poço, ainda
embrulhados.
— Ni su'cuyi, gar kyr'adyc, ni partayli, gar darasuum, — disse Darman.
Era a lembrança ritual dos falecidos, recitada diariamente com os nomes de
todas as pessoas que o enlutado se comprometeu a imortalizar: eu ainda
estou vivo, você está morto, eu vou lembrar de você, então você será eterno.
O sargento Kal disse que Mando'ade foi direto ao ponto, mesmo em
questões espirituais. — Moz e Olun.
Fi jogou alguns punhados de terra no buraco e pegou a sua pá.
— Você sabe que tem que recitar isso todos os dias pelo resto de sua vida
agora, não é?
— Eu sei, — disse Darman, jogando terra solta de volta no túmulo.
E quantos nomes mais quando esta guerra acabar? Não seria difícil
lembrar deles. Iam ser muitos, muito mais difícil de esquecer.
Terminal de minério, Cidade Kerif, Bogg V, 478 dias após Geonosis
Twi'leks eram muito mais pesados do que pareciam. Talvez fosse o
lekku, porque aquele tecido tinha que ser bem denso; ou talvez fossem
todos músculos. De qualquer maneira, levou um pouco mais de esforço do
que Sev esperava para conter um.
— Oh céus, oh céus, — disse ele, agarrando Leb Chura em uma chave
de braço e jogando-o contra a parede do armazém. — Você anda por aí, não
é, entregador?
O Twi'lek atingiu as lajes de permacreto com um grunhido alto e úmido,
e Sev teve certeza de que tinha um bom controle sobre ele até que o piloto
se desvencilhou e correu pela pista de pouso escura como breu.
Sempre foi um desafio quando você não conseguia imobilizar os alvos
da maneira mais rápida. Mas o Delta precisava deste aqui vivo e falando.
Sev o rastreou em seu visor de visão noturna, com uma figura verde
desfocada pela velocidade com a cabeça e o rabo batendo enquanto ele
corria.
— Indo em sua direção, Fixer...
Leb correu a todo vapor em direção a sua nave na plataforma de carga, e
Sev correu atrás dele. Uma desvantagem da armadura de Katarn era que ela
era pesada, boa para corridas curtas em pânico, mas a qualquer distância
desacelerava um homem, e Leb estava abrindo distância entre eles.
Sem problemas. Fixer e Scorch estavam esperando.
O Twi'lek disparou contra uma parede sólida de comando, plastóide e
DC enquanto os dois homens o interceptavam da maneira mais difícil. Sev
ouviu o som do ar expelido de seus pulmões. Leb foi derrubado de costas
antes de ser içado e preso entre Fixer e Scorch.
— Eu sei que Sev é esquisito, amigo, mas é falta de educação fugir
quando ele tenta ser sociável. — Scorch podia colocar um olhar encantador
e ameaçador em sua voz que Sev não conseguia imitar. Os seus dedos
enluvados apertaram lentamente o pescoço do Twi'lek. — Ele não quer
morder. Ele está apenas sendo brincalhão.
— O que vocês querem? — Leb engasgou, recuperando o fôlego. — Eu
não fiz nada. Tudo legítimo. De qualquer modo, quem são vocês?
Mandalorianos? Porque eu tenho...
Chefe atravessou a pista de pouso.
— Não quebre nada. General no convés. — Ele inclinou a cabeça para
indicar que Sev deveria olhar pra trás. — Bard'ika em seu seis... muito
ansioso para fazer alguns interrogatórios.
— Leb, agora é a hora de aproveitar a hospitalidade da República, —
Scorch disse, puxando o Twi'lek em direção a nave de interdição de tráfego
do Delta. — Só queremos fazer algumas perguntas inofensivas sobre o seu
itinerário.
— Sim, as perguntas podem ser inofensivas, mas vocês não são... — Leb
agora olhou além de Scorch e viu Jusik correndo pelo permacreto, as vestes
Jedi esvoaçantes. — Ah sim, agora o Jedi vai me eletrocutar com os seus
poderes da Força, não é? Enfiar um sabre de luz em...
Jusik os alcançou. Ele sempre parecia que uma brisa forte iria derrubá-lo.
— Não é necessário sabre de luz, meu amigo. Você não tem nenhum
motivo para reter informações, tem?
Quando Jusik usava aquele tom especialmente quieto e razoável, e ele
nunca levantava a voz de qualquer maneira, Sev não tinha certeza se ele
estava usando a influência da mente Jedi ou não. Sempre houve algo
perturbador sobre os Jedi, mesmo os acessíveis como Jusik. O sargento Vau
disse que era uma boa ideia nunca virar as costas para um. Eles não eram
como pessoas comuns.
Eu saberia se ele estava usando essa coisa mental em mim?
Sev pensava nisso cada vez mais ultimamente. Ele ainda gostava de
Jusik, no entanto.
Era um ajuste apertado no compartimento da tripulação do EIT agora,
quatro comandos blindados, um Twi'lek assustado e o General Jusik, e Leb
parecia não perceber que era difícil dar um bom esconderijo a um
prisioneiro em um espaço tão confinado. Os seus olhos foram de viseira em
viseira. Ele realmente não tinha ideia de quem eles eram. Mas poucos seres
chegaram a ver um comando da República de perto, e o capacete sempre
parecia incomodá-los quando o faziam. O contato visual era tudo para a
maioria das espécies humanoides. Sem isso, eles não poderiam avaliar em
quantos problemas estavam.
— Então você está entregando equipamentos especializados enviados de
Arkania, — disse Chefe. — E você não tem permissão para isso.
— Eu não preciso de um. Preciso?
— Você é de Ryloth, então você é um cidadão da República, e isso torna
o comércio de equipamentos de clonagem ilegal.
— Não estou negociando nada e não procuro nas caixas...
— Arkania. Eles não exportam frutas, não é?
— Sou entregador, como você disse.
— O seu nome apareceu numa lista que temos.
— Certo, me prenda, então.
Chefe virou a cabeça lentamente para Sev, com a sua deixa silenciosa
para tocar o terror. Jusik apenas observava, impassível.
— Nós não fazemos prisões, — Sev disse. — Nós obtemos respostas.
Dê-nos uma e iremos embora.
— Ou...?
— Ou ficarei muito chateado. — Sev poderia fazer seus dedos estalarem
de forma alarmante apenas fechando o punho. — Diga-me onde você levou
a remessa.
O olhar de Leb vagou para a escotilha como se estivesse calculando o
que teria que fazer para escapar. Talvez tenha sido apenas um reflexo. Os
seus lekku estavam se movendo levemente em alguma reação sem palavras.
— Por que todo mundo está tão interessado nessas coisas? É realmente
glitterstim ou algo assim? Os Mandalorianos me perguntaram a mesma
coisa, para onde eu levei. Eu pensei que eram apenas cubas e permacreto e
outras coisas.
— Que Mandalorianos?
— Três deles. Um jovem, dois mais velhos, a julgar pelas vozes... porque
eles têm capacetes como você, não é?.. e eles estavam usando...
Jusik interrompeu, de repente muito concentrado na pergunta.
— Armadura verde. Eles usavam armadura verde escura, não é?
Leb piscou.
— Sim. — Ele desfocou por um momento como se estivesse tentando
visualizar algo. — Sim, eles usavam verde escura. Como você sabia?
— Um palpite, — disse Jusik. Sev quase foi empurrado para o lado
agora. O que quer que Jusik tivesse em mente, qualquer informação que ele
tivesse, ele não havia compartilhado com eles. Ele tinha estourado um
estômago para chegar aqui, no entanto. — Eu posso descobrir quem eles
são. Agora me diga onde você levou o equipamento.
— Dorumaa.
Jusik se recostou como se tivesse sua resposta, como se a identidade de
quem quer que tivesse abalado Leb importasse mais pra ele do que o
destino da entrega, a provável localização de Ko Sai. Sev estava distraído
com aquilo, tentando construir um cenário em que aquela informação
importasse mais.
— Você quer definir isso? — Chefe perguntou e indicou Sev. — Ou
deixo meu colega perguntar a você?
— Resort da ilha de Tropix. — Leb parecia fluente, como se tivesse
ensaiado, ou pelo menos dado as mesmas respostas antes. — Você quer as
coordenadas? Aqui estão eles. — Ele colocou a mão dentro da túnica e
congelou. — Ei, é só um datapad... vá com calma...
Sev percebeu que devia estar parecendo que ia bater nele. Ele se
perguntou como conseguia dar a impressão de ser mais violento que os seus
irmãos, porque qualquer comando blindado com um DC parecia uma má
notícia. Ele não estava tentando agir como um psicopata, qualquer que fosse
o reforço que Chefe lhe deu, mas as pessoas não se sentiam à vontade em
dividir um espaço com ele, e o que quer que ele pretendesse não parecia
afetar isso.
— Vou pegar os dados, — Jusik disse calmamente. Ele estendeu a mão
para o datapad de Leb, tocou nos controles e digitou algo em seu próprio
dispositivo. Então ele o devolveu.
— Ei! — Leb olhou horrorizado para o seu datapad. — Você apagou!
— Sou tão desajeitado, — disse Jusik. — Vamos. Vamos vê-lo em
segurança no seu caminho, certo?
— Mas os meus dados...
Jusik apontou o dedo para Sev para acompanhá-lo, e eles tiraram Leb do
EIT tão rápido que ele quase caiu da escotilha. Os dois seguraram um braço
cada um e o conduziram em direção ao cargueiro.
— Não recebo alguns créditos pelo meu problema? — Leb disse.
Jusik colocou algo na palma da mão.
— Não é só isso, cidadão, vou fazer o problema desaparecer também. —
Ele encarou o rosto do Twi'lek e colocou a sua mão espalmada em seu peito
por um momento. — Em alguns minutos, as coisas voltarão ao normal para
você. Agora vai embora.
Leb ficou ao pé da escada até a sua cabine e parecia estar contemplando
o conteúdo de sua palma enquanto Jusik e Sev corriam de volta para o EIT.
Havia um pequeno transporte de aparência anônima a uma pequena
distância dele, um que Sev tinha visto Jusik usar antes.
— O que você deu a ele, senhor? — Sev perguntou.
— Algumas centenas de créditos e um pouco de amnésia.
— O que?
— Eu o perturbei mentalmente.
— Oh, você pode fazer isso também, pode?
— Não adianta apagar os registros em seu datapad se ele se lembra deles
e se lembra de nós.
Houve um estrondo baixo por trás deles. Sev se virou para ver a nave de
Leb ganhando força, lançando nuvens de poeira e areia no ar com a corrente
descendente de seus propulsores.
— Mas quem está atrás de Ko Sai ainda pode encontrá-lo, exceto que
não será capaz de dar uma resposta desta vez, então como isso resolve o seu
problema?
— Eu não disse que resolveria o dele, — disse Jusik. — Mas certamente
resolve alguns dos nossos.
Não era muito Jedi da parte dele, mas talvez Sev não entendesse
completamente suas crenças.
— E aqueles Mandalorianos? Parecia que você sabia de alguma coisa.
Jusik deu de ombros e abriu a escotilha de sua nave com um gesto de sua
mão. Pode ter sido algum truque da Força ou simplesmente um controle
remoto.
— Vamos apenas dizer que Ko Sai está em demanda.
— Mas quem são eles?
— Concorrência. Falo com você mais tarde.
Sev aceitou a necessidade de saber mesmo que isso o irritasse. Observou
Jusik desaparecer no transporte e se juntar ao Delta no EIT, tentando
descobrir o que sentia sobre os Mandalorianos e se todos eram como ele.
— O general mexeu no cérebro do Twi'lek, — ele disse, caindo em um
assento e prendendo seu cinto de segurança para a decolagem. — Então ele
não vai discutir os seus planos de viagem com mais ninguém, pelo menos.
Chefe resmungou em aborrecimento.
— Devíamos ter pedido a ele um pouco mais de detalhes sobre onde ele
fez a queda. Mas Jusik parecia realmente ansioso para se livrar dele.
— Bem, ele sabe algo que nós não sabemos.
Ninguém disse isso, mas Sev sabia que eles estavam pensando nisso.
Mandalorianos. Era sempre preocupante encontrá-los, ou mencioná-los, e
descobrir que estavam do lado dos Separatistas, ou de nenhum lado, mas
não dos aliados da República. Como a maioria dos comandos, o Esquadrão
Delta foi criado e treinado por sargentos Mandalorianos; homens como
Walon Vau fez o que gerações de pais Mando fizeram, criando os seus
filhos para serem guerreiros autossuficientes, transmitindo uma cultura
Mandaloriana que criava exércitos fortes e unidos.
Sim, mas há Mando, e há Mando. Que tipo sou eu? Isso é quem eu
realmente sou? E como os verdadeiros Mandos nos veem?
O Ômega era muito Mando agora. Todos os esquadrões de Skirata eram;
ele era um verdadeiro linha-dura, o velho Kal, todo tradição,
sentimentalismo emocional e, se alguém se interpusesse em seu caminho,
violência total e sem limites. Às vezes Sev preferia a distância fria de Vau,
porque era para o bem deles. Mas houveram momentos em que invejou o
Ômega; Vau disse que Skirata era muito mole e fazia soldados fracos, mas
tudo o que Sev viu foi alguém de quem não precisava ter medo e que o
deixaria cometer erros.
Tarde demais para pensar nisso agora.
— Certo, é Dorumaa, — disse Chefe. — Espero que você tenha
guardado a roupa de banho, Fixer...
Resort da Ilha de Tropix, Dorumaa, sistema Cularin, 478 dias após Geonosis
Tropix era um paraíso manufaturado com todas as facilidades que um
visitante em busca de sol poderia desejar, e tão longe da ideia de felicidade
de Skirata quanto poderia imaginar.
Tudo era cores brilhantes, barulho e calor. As árvores Lulari importadas
de Hikil tilintavam como sinos de vento na brisa, e o seu cheiro inebriante
era pungente o suficiente para lhe dar o início de uma dor de cabeça. Mird
disparou ao longo do caminho pavimentado à beira-mar à frente de Vau,
chicoteando o rabo e choramingando de excitação enquanto captava novos
cheiros estranhos.
Era um planeta Separatista, pelo menos até onde o sistema Cularin era
leal aos Separatistas. Skirata sentiu que todo lugar era território inimigo,
independentemente de ser vermelho, azul ou amarelo nas paradas, e não
deixou que o idílio estereotipado enfraquecesse a sua guarda.
— Bem, isso é elegante, — disse ele. Seres de várias espécies
descansavam em uma praia de areia branca banhada por um mar turquesa
de um azul tão vívido que poderia ter sido tingido. Garçonetes Twi'lek cuja
pele quase combinava com ela vagavam entre os turistas com bandejas de
bebidas. Droides circulavam entre eles, varrendo a areia e de alguma forma
conseguindo não deixar rastros atrás deles. — Imagine ficar preso aqui por
duas semanas. O que você acha, Mer'ika?
Mereel deu de ombros. Sem armadura, em uma camisa branca lisa e
calça bege, de repente parecia tão comum, tão civil, que Skirata só
conseguia pensar em todas as coisas rotineiras que lhe eram negadas.
— Eu provavelmente poderia encontrar algo para me ocupar, — disse
Mereel. — Vocês dois percebem o quanto se parecem com traficantes de
glitterstim?
Vau olhou pra trás por cima do ombro, um esplêndido blaster incrustado
de pérola brilhando em seu coldre.
— Eu estou indo para o olhar casual, mas ameaçador. Ainda bem que
consegui...
— É o especial Arakyd, Walon. Diz mais sobre você do que os créditos
jamais poderiam. A aparência de gângster era menos visível aqui do que a
armadura Mandaloriana completa. A ideia era parecer que eles tinham
vindo para a pesca esportiva, de modo que submergir a Aay'han no mar não
atraísse o tipo errado de interesse. — Parece bastante caro.
— Outra bugiganga da caixa do Vau. Diz-se que o meu bisavô atirou em
um criado por servir o seu caf quente demais.
Skirata quase mordeu a isca.
— Você só está dizendo isso para me deixar com raiva, não é?
A expressão de Vau era ilegível.
— Você sabe que eu nunca faria uma coisa dessas.
Mereel pôs uma mão restritiva no ombro de Skirata quando ele o
alcançou. O terrível sobre Vau e a sua família é que isso era perfeitamente
possível. Em vez disso, Skirata tentou se concentrar no inexplicavelmente
generoso Vau, o homem que acabara de lhe dar milhões pelo propósito
francamente sentimental e altruísta de resgatar clones, em vez do sádico
martinete que quase matou Atin para fortalecê-lo.
— Udesii, — Mereel murmurou. — Calma, Kal'buir.
Skirata fez o seu melhor. Respirou fundo ao entrar no saguão do enorme
complexo hoteleiro do resort e concentrou-se em ser um barão do
glitterstim em um curto intervalo. Era um homem indefinido, baixo, de
cabelos grisalhos, de meia-idade, que podia passar despercebido como um
vagabundo com as roupas certas, ou paralisar uma sala simplesmente
andando com o grau certo de arrogância.
Hoje poderia interpretar um príncipe. Tinha uma fortuna no cofre a
bordo do Aay'han, então pensar como o rico ocioso e de má reputação era
fácil. Era ambos.
Uma fêmea alta Rek o olhou. Skirata os tinha visto trabalhando como
caçadores de recompensas, com os seus corpos ultrafinos semelhantes a
chicotes eram úteis para acessar locais estranhos, mas foi uma surpresa
encontrar um no ramo de hospitalidade.
Esta não parecia ter senso de humor. Decidiu pular as piadas sobre dieta.
— Precisamos de uma licença para pescar aqui, senhora? — Skirata
perguntou inocentemente. — Viemos para a pesca de rifi.
— Sim, — disse ela, não exatamente personificando hospitaleira. Ela o
fixou com um olho roxo perturbador. — Vocês são convidados?
— Não, temos uma embarcação marítima atracada aqui.
— Bem, haverá uma taxa para atracar. Vocês também desejam contratar
equipamentos?
— Ah, viemos muito bem preparados, obrigado...
— E vocês terão que assinar um termo de responsabilidade, porque
Tropix Resorts não pode ser responsabilizado por qualquer morte, lesão,
dano ou outro incidente desagradável causado por, ou relacionado a, caça,
pesca ou exploração em qualquer área com mais de dez metros no mar alto,
ou além de uma profundidade de cinquenta metros...
Skirata sorriu com indulgência, embora fosse uma perda de tempo, e
pegou uma caneta.
— Estamos acostumados a correr riscos, senhora. Onde eu assino?
— Quanto tempo essa licença precisa cobrir?
Quanto tempo para encontrar o esconderijo que Ko Sai havia criado para
si mesma? Talvez horas. Talvez dias. Se eles não tivessem sorte, semanas, e
quando o encontrassem, sempre havia uma chance de que a isca de aiwha
tivesse se mudado novamente.
— Dê-me um passe de uma semana, — Skirata disse, batendo seu chip
de crédito na mesa. — Se descobrirmos que temos... mais tempo para matar,
vou estender isso.
A Rek verificou o chip em seu escâner.
— Obrigado, Mestre Nessin. — Skirata se encolheu com a identidade
falsa. — Devo aconselhar cautela se você pescar além dos limites de
quinhentos metros. Nós temos pessoas desaparecidas de tempos em tempos
quando elas ignoram os avisos. Mas isso faz parte do apelo de muitos
pescadores e mergulhadores que vêm para cá.
Vau fez o seu sorriso gelado de eu-sei-algo-você-não-sabe.
— A pesca esportiva não é esporte, a menos que você corra o risco de
ser pego, não é?
— Há sempre o relaxamento na praia, — disse a Rek. — Ou um
agradável passeio pelo porto.
Ela parecia tê-los classificado como dois velhos tentando redescobrir a
sua juventude por meio de um machismo destrutivo, talvez com Mereel
como o jovem cuidador adequado que poderia tirá-los de problemas. Era
perfeito: quem quer que Ko Sai tivesse como contato aqui, e ela precisaria
de um, apenas para obter suprimentos, não seria avisado do fato de que
caçadores de recompensas Mandalorianos estavam na cidade.
Aay'han não parecia muito visível em um dos pontões que se estendia na
água azul. A maioria das embarcações ao lado não mostrava sinais de ter
escapado de suas amarras, mas havia algumas embarcações mais robustas
que eram claramente de outro mundo. Skirata pegou o seu datapad e
apontou o escâner discretamente na direção deles para verificar os
identificadores passivos, apenas por precaução. Não encontrou registros que
o preocupassem.
— Você tem que reconhecer o grupo de investimento aqui, — disse ele
enquanto tentavam parecer casuais. — Eles pegam um desastre e o
transformam em uma PVU.
— Você é tão grosseiro, — Vau murmurou.
— O que é uma PVU? — perguntou Mereel.
— Ponto de venda único, filho. Tipo, eles fizeram um shu'shuk completo
quando terraformaram o lugar, sem saber exatamente que tipo de vida
selvagem estava no gelo quando descongelaram o planeta. Existem alguns
verdadeiros nojentos à espreita debaixo d'água, mas em vez de dizer, Ooh,
isso é muito perigoso, vamos acabar com a ideia do resort, o conselho de
turismo apregoa isso como uma oportunidade para uma aventura selvagem.
Eu tenho que respeitar esse tipo de resiliência nos negócios.
Mereel sorriu pra si mesmo.
— Até que os processos rolassem.
— Só custos operacionais, — disse Skirata. — Despesas.
Os três homens subiram na Aay'han e sentaram-se em uma seção plana
de sua carcaça, com as costas apoiadas na curva do compartimento de carga
a bombordo, olhando para o mar. Mird sentou-se com o nariz apontando
para o vento, farejando alegremente. Skirata não sabia muito sobre pesca
esportiva, embora pudesse conseguir pescar se fosse necessário, e esperava
que não houvesse algum sinal de um pescador de verdade que estivesse
visivelmente desaparecido. Se a situação fosse difícil, ele sempre poderia
bancar o barão do estimulantes em sua primeira pescaria.
— A isca de aiwha tem que ter uma rota de reabastecimento, — disse
ele. — Ela não pode simplesmente ir para o chão aqui e não ter contato com
ninguém. Como ela consegue a sua comida? Ela não é do tipo que vive da
terra. Ela está acostumada a ter lacaios.
— Mar, — disse Mereel.
— O que?
— Viva do mar, não da terra.
— Bem, disciplina Kaminoana ou não, ela tem que comer alguma coisa.
— Vamos explorar um pouco, — disse Vau. — Nós temos o gráfico.
Oya, Mird!
Mird se levantou, com as patas escorregando no casco liso, e olhou em
volta freneticamente ao comando para caçar. O strill não conseguia sentir
nenhuma presa. Vau se inclinou e agitou as suas dobras soltas de pêlo
dourado, apontando para a água. Strills podiam voar e planar, mas nadar
não era o forte deles. Mird rugiu com frustração e desapontamento.
— Tudo bem, Mird, eu vou deixar você caçar kaminiise em breve, —
Skirata disse. Ele se perguntou se estava ficando mole: ele sempre não
gostava do animal, mesmo que não pudesse culpá-lo por sua selvageria
dado um mestre como Vau. Agora via os seus talentos, se não o seu charme.
— Em breve. Certo?
Olhos de Mird tinham aquele foco e intensidade que sugeriam que
entendia Skirata perfeitamente, e ele se acomodou novamente com a sua
enorme cabeça no colo de Vau. Mereel colocou o guarda sol no lugar e
recostou-se na curva do casco, com os dedos entrelaçados atrás da cabeça.
— Vamos restringir o alcance da busca primeiro, — disse ele,
apontando. — Olha. Confira a velocidade.
Atravessando a bombordo, bem dentro das seguras águas rasas azul-
turquesa, havia uma barcaça motorizada com mergulhadores aquáticos se
preparando para explorar o mundo subaquático, vestindo uma variedade
bizarra de trajes de banho de cores vivas que diziam que eles não
mergulhavam para viver. O casco parecia as barcaças amarradas em pontões
próximos com as cores do resort Tropix: era isso que a equipe aqui usava
para contornar a cadeia de ilhas perfeitamente planejada e espaçada de
maneira ideal, e era isso que os Twi'lek devem terem usado para mover o
equipamento de Ko Sai e droides para o mar.
Se eles calculassem a velocidade que as barcaças poderiam navegar, e
considerando o peso da carga que o Twi'lek havia entregue, eles obteriam
um raio dentro do qual procurar.
Skirata apontou o seu datapad, colocando-o sobre o joelho e deixando-o
rastrear a barcaça.
— Nunca fui muito bom nisso... Era apenas uma questão de cronometrar
em uma distância definida, usando o datapad como um daqueles aparelhos
que a FSC às vezes usava para rastrear os speeders. — Bem, eu faço quinze
quilômetros por hora.
Mereel deslizou ao longo do casco e olhou por cima do ombro.
— Isso significa que se a barcaça saiu para algum ponto de RV e voltou
em meia hora, estamos olhando para um alcance máximo de talvez dez
quilômetros, se estivesse se movendo mais rápido, e isso é ser otimista.
— Vamos levar a busca ao raio de quinze quilômetros, então, só para ter
certeza.
Vau digitou os dados e projetou o holograma no casco.
— Isso é tridimensional, lembrem-se. — Um gráfico de relevo côncavo
formado como uma cesta de malha na luz azul que era difícil de ver à luz do
sol. — Essa é a topografia subaquática em um raio de quinze quilômetros
das coordenadas que o Twi'lek nos deu.
Mesmo nessas condições de iluminação, Skirata podia ver as
reentrâncias das bocas das cavernas sob a linha d'água. Os gráficos só
desceram até cinquenta metros.
Era um lugar tão bom quanto qualquer outro para começar a procurar.
— Quem fez a hidrografia para os desenvolvedores? — perguntou
Mereel. — Eles colocaram esse limite de cinquenta metros por um motivo,
porque deviam saber o que havia abaixo dele. Eles não pararam de procurar
porque era hora de uma pausa para o caf.
— Acho que não há o equivalente a uma prefeitura aqui, — disse
Skirata. — Não podemos simplesmente entrar e perguntar ao Chefe de
planejamento local se podemos examinar o seu banco de dados. Esse é o
problema com planetas de propriedade comercial.
Vau abriu a escotilha superior e fez sinal para que Mird entrasse.
— Onde está o seu espírito de aventura, Kal? Tem um híbrido
Profundidade superfaturado, vai explorar...
— Comprei esta banheira por um bom preço. — Insultar a capacidade de
Skirata de fazer um acordo era um pouco pior do que questionar a sua
coragem, e percebeu que Vau o havia enganado novamente. — E eu me
pergunto o que você faria consigo mesmo se não tivesse a mim para me
atormentar.
Vau ergueu uma sobrancelha, agora, isso era uma insolência burra
irritante, realmente era, mas Skirata ignorou o impulso, pensou na fortuna
que Vau havia lhe entregue como se fosse um chip de crédito que encontrou
na rua e ficou parado acima. Mereel soltou o cabo de amarração e se
preparou para partir.
As ilhas eram construídas no topo de picos naturais que se projetam do
mar, como coroas de porcelana nos tocos de dentes. Uma vez submerso, era
simplesmente uma questão de fazer o que se faria em terra se estivesse
caçando um animal em um covil: procurar por sinais de atividade, verificar
as bocas das cavernas e aventurar-se lá dentro.
Era apenas um reconhecimento, apenas um mergulho discreto para
sondar a topografia que não aparecia em nenhuma das cartas, para que
pudessem voltar mais tarde para encenar um ataque planejado. Mas se uma
oportunidade se apresentasse, eles a aceitariam.
Do lado de fora da bolha transparaço que formava uma clara cúpula
sobre a cabine, um folheto turístico de um mundo subaquático passava por
eles em uma serenidade de cores vivas. Mird parecia fascinado,
pressionando um nariz ranhoso no transparaço e fazendo barulhos de
resmungos excitados, e Skirata arriscou estender a mão para puxar o estribo
de volta pelo colarinho e limpar a janela de visualização. Coisa imunda,
mas tem sua utilidade, assim como nós. Vau entendeu a dica e acenou para
Mird sentar em seu colo.
As relações definitivamente relaxaram entre Skirata e Vau. Houve um
tempo em que brigavam menos.
Aay'han desceu abaixo de sessenta metros, além da profundidade
mapeada. A água estava surpreendentemente clara; ervas daninhas rendadas
balançavam graciosamente nas correntes. Peixes rosas e amarelos brilhantes
como fitas se entrelaçavam entre as folhas, exibindo luzes como um cassino
de Coruscant.
— Assim já gosto mais, — disse Mereel, parecendo satisfeito. Os
monitores de navegação desnudavam a camada de vida marinha e
mostravam uma paisagem tridimensional de encostas marcadas por fissuras
e canais que penetravam profundamente na face da montanha submersa
formando uma ilha dentro da zona de quinze quilômetros. A Aay'han veio
ao lado de uma sombra profunda que apareceu como um buraco nos
sensores.
— Vale a pena dar um ping, — disse Mereel. — Vamos só para alinhar
os sensores e ver até onde podemos mapear esse recurso.
— Você está bem com isso, filho?
— Sim, Kal'buir. — Ele virou a embarcação noventa graus e apontou o
nariz da Aay'han para a abertura para uma varredura profunda. — Agora,
isso é provável. Volta pelo menos cem metros. Marque isso na ficha, por
favor, Sargento Vau. — Ele se virou para Skirata. — Estou várias páginas à
frente de Ordo no manual agora...
Haveria uma competição mais tarde, Skirata poderia dizer. Ordo e
Mereel, um ato duplo desde o momento em que os conheceu como crianças
clones de dois anos de idade, sem nomes, apenas números e já manuseando
blasters, às vezes se entregavam a um pouco de rivalidade e superioridade.
Isso explicava o amor de Mereel por correr riscos. Ele tinha que sair da
sombra de Ordo de alguma forma.
Eles trabalharam ao longo dos trinta quilômetros da costa submersa,
verificando e escaneando caverna após caverna. Alguns ficaram
imediatamente óbvios como becos sem saída quando a varredura do sonar
foi mapeada na visão tridimensional, apenas depressões na rocha que não
levavam a lugar nenhum. Algumas eram tão profundas e retorcidas que o
sonar não encontrava fim, e essas eram marcadas. Enquanto Mereel
conduzia a Aay'han através da extraordinária floresta de ervas daninhas e
criaturas marinhas, algumas das quais batiam com bocais semelhantes a
ventosas na bolha da cabine como se testassem o sabor da nave, Skirata
mantinha-se atento a sinais de perturbação no ambiente que poderiam
indicar recentes trabalho de construção. Se Ko Sai estava aqui, ela só
residia há alguns meses. Sinais de atividade ainda podem estar por aí, rocha
recém-cortada, destroços da boca das cavernas, vários sinais reveladores de
que ela mandou construir um esconderijo aqui embaixo.
Vau também olhou pra fora da cúpula, com Mird espelhando a sua
postura exatamente como um animal de seis patas jamais poderia, piscando
de vez em quando e parando uma ou duas vezes pra se virar e olhar para o
seu mestre antes de dar-lhe uma lambida entusiasmada e babada. no rosto
com uma língua cinza pingando.
Skirata estremeceu. Mas pelo menos havia um ser na galáxia que amava
Vau incondicionalmente. Fierfek, se começou a sentir pena do chakaar
depois de tantos anos, era um mau sinal. A fortuna eram só créditos para os
quais Vau não tinha utilidade, disse Skirata a si mesmo, algo que ele queria
negar à sua própria classe privilegiada e que simplesmente era útil no plano
de resgate de clones, uma reflexão tardia.
Mas não é verdade, é? Ele é um Mando também. A mesma coisa que o
atraiu para Mandalore é a mesma que me manteve lá. Nós o escolhemos.
Talvez eu o odeie por causa das partes dele que são muito parecidas
comigo.
— Todos parem, — Vau disse de repente.
Mird enrijeceu, sempre sensível às reações de Vau. O strill estava
caçando, mesmo que não pudesse sair por aí e sentir os cheiros e as
correntes. Mereel parou a nave e ela flutuou, silenciosa, exceto pelo
zumbido dos escudos e controles ambientais.
Vau apontou para a frente, ligeiramente a bombordo.
— Naquela floresta de ervas daninhas. Olhem.
As holocâmeras externas da Aay'han apontaram na direção do dedo de
Vau e do focinho de Mird. A erva daninha era densa e povoada por
cardumes de discos laranja brilhantes que poderiam ser peixes, minhocas ou
crustáceos nadadores. A impressão era de um pátio de tapcaf enfeitado com
luzes decorativas.
Nem toda a erva era verde pálida. Alguns pareciam brancos à luz azul
marinha. Skirata se esforçou para focar, e então uma corrente moveu a erva
um pouco mais e percebeu que não estava olhando para a erva, mas para os
ossos.
Era um esqueleto.
— Shab, — murmurou Mereel. — Acho que estamos muito atrasados
para ressuscitação, Kal'buir.
— Espero que ele tenha comprado um seguro de viagem. — Skirata não
conseguiu ver nenhuma marca nos ossos a essa distância. — Ou ela.
Quem morreu aqui? E porque?
O esqueleto balançava na corrente como se dançasse com a erva. Era
definitivamente um humanoide de algum tipo, limpo e tão branco quanto
um espécime anatômico, embora uma inspeção mais detalhada, o mais
próximo que eles puderam chegar sem deixar o recipiente, mostrou algumas
colônias de protuberâncias amarelas pálidas que pareciam com cracas de
sombra fechadas. Era difícil ver o que o estava segurando. Se a carne havia
sumido, o tecido conjuntivo que mantinha os ossos juntos também deveria
ter sumido. Skirata não conseguia pensar em uma espécie que se encaixasse
no perfil, mas não importava. Ele, ou ela, não iria a lugar nenhum.
— Mergulhador que ignorou os avisos de perigo? — Vau perguntou.
O instinto de Skirata para sinais ruins era mais confiável do que qualquer
sonar.
— Que tipo de vida marinha come um traje de mergulho e aparelhos,
além da carne?
Mereel, absorto nos controles do holo câmera de segurança externa,
soltou um longo suspiro.
— E quando foi a última vez que você viu um peixe com dedos? — ele
disse baixinho, mudando a imagem do holo câmera para um dos grandes
monitores. — Olhem.
A visão de perto do canteiro de ervas daninhas que balançava em torno
dos tornozelos do esqueleto como um tapete felpudo mostrava um toque de
laranja brilhante. Quando Mereel ampliou a imagem e fez uma
aproximação, Skirata percebeu o que era.
Mereel estava certo. Não havia muitas espécies marinhas que pudessem
pegar um pedaço de corda de fibra e prender um corpo a uma rocha.
A visão de perto no monitor mostrou um nó: uma curva de ancoragem de
Keldabe competente, antiderrapante, de livro didático. Em uma galáxia de
anéis ao girar, painéis de preensão e uma centena de maneiras com a alta
tecnologia de prender as coisas, poucas pessoas se preocuparam em
aprender a amarrar os nós corretamente, muito menos um tão distinto e
complexo como esse.
Muito poucas pessoas de fato: apenas clones trooper, e Mandalorianos.
CAPÍTULO 10
Naasad’guur mhi,
Naasad’guur mhi,
Naasad’guur mhi,
Mhi n’ulu.
Mhi Mando’ade,
Kandosii’ade,
Teh Manda’yaim,
Mando’ade.
Ninguém gosta de nós,
Ninguém gosta de nós,
Ninguém gosta de nós,
Nós não nos importamos.
Nós somos Mandos,
Os garotos de elite,
Garotos Mando,
De Mandalore.
— Canção de beber Mandaloriana, vagamente traduzida; dito de dados banidos de
mercenários Mandalorianos que bebem em tapcafs locais, quando empregados pelo governo
de Geris VI

Edifício do Tesouro da República, Coruscant, 478 dias após Geonosis.

B esany fechou as portas de seu escritório e obscureceu as paredes de


transparaço com um toque de botão em sua mesa. Não queria ser
incomodada.
Centax II. Será que eu me concentro nisso?
Acariciou o blaster que Mereel lhe dera e se perguntou o que seria
necessário para fazê-la usá-lo; nunca tinha disparado um com raiva. Nem
tinha sido treinada para atirar, mas agora parecia um bom momento para
aprender. Então começou a tentar descobrir como poderia dar uma olhada
mais de perto em Centax II, pessoalmente ou à distância, e descobrir o que
estava acontecendo. Era uma área militar e nenhum membro do público
podia entrar ali sem avisar. Não haviam muitas desculpas para fazer uma
visita, mesmo para uma agente do Tesouro.
As contas públicas mostravam uma série de empreiteiros que prestavam
serviços ao Grande Exército que podiam ser relacionados à Centax, e um
deles, a Logística Dhannut, também aparecia no orçamento da saúde. Valeu
a pena dar uma olhada, desde que estivesse pensando na Enfermaria.
Eu poderia estar totalmente fora de foco, é claro.
E consegui a resposta de Mereel mesmo assim. Eu deveria me afastar
disso.
Mas não podia, porque Ordo não podia ir embora, e nem Corr, ou
qualquer um dos outros. Percebeu o quão vazia a sua vida deve ter sido para
se encher tão rápido e tão facilmente com pessoas que, possivelmente, não
pensavam nela, exceto como um contato útil.
Eu não sou estúpida, Kal.
Mas eles também tinham algo que queria, e não era apenas Ordo. Queria
uma parte de sua proximidade, aquele pertencimento e camaradagem, e um
fim para a sensação de que estava do lado de fora da vida.
Pensou de repente em Fi, e como, assim disse Ordo, ele sabia que faltava
um elemento completo em sua existência, e ele se ressentia disso. Pelo
menos sabia qual era o elemento dela e onde poderia obtê-lo.
Mas também havia a atração de um erro a ser corrigido, e sabia que não
estava sozinha nisso. O senador Skeenah de Chandrila estava falando muito
sobre as condições do Grande Exército e os direitos de clone. Ele pode
provar ser uma desculpa útil para investigar mais.
O seu comunicador privado a olhou da palma de sua mão, desafiando-a a
escolher entre ligar para Ordo e entrar em contato com o senador. Ainda
com medo de ligar enquanto Ordo estava apostando se deveria cortar um fio
vermelho ou azul enquanto um detonador fazia a contagem regressiva,
enviou a ele uma mensagem atrasada. Ele poderia escolher quando e se
quisesse lê-lo.
Espero que tenham gostado do bolo. O que mais poderia dizer? Não
tinha ideia de quem mais poderia vê-lo, conexão segura ou não. Você tem
que experimentar a minha comida caseira quando voltar. Podia imaginar
Ordo lendo-o com o cenho franzido, aceitá-la como boa, enquanto Mereel,
que parecia estar levando uma vida totalmente diferente e se deliciando com
isso, teria lhe dado um sorriso astuto.
Besany enviou a mensagem com um clique de sua miniatura nas teclas e,
em seguida, digitou o código da central telefônica do Senado.
Não adianta deixar uma trilha de auditoria no comunicador do
escritório, só por precaução. Ele é um conhecido ativista antiguerra. Eles o
estarão observando, quem quer que sejam.
O droide administrativo do Senador Skeenah marcou um compromisso
para ela encontrá-lo mais tarde naquele dia, o que indicava o quão poucos
lobistas estavam cortejando um homem que se opunha à guerra, e perguntou
se ela preferia "externamente".
— Estou no prédio do Tesouro, — disse ela. Visitar o Senado era rotina
para um funcionário do governo; chamaria menos atenção do que um
encontro em um bar ou restaurante. Ela seria apanhada em qualquer uma
das dezenas de holocâmeras de segurança enquanto se movia pela Cidade
Galáctica, e até mesmo pelos satélites de vigilância que vigiavam
Coruscant. — Vou ao escritório dele.
No caminho para a reunião, sentada no banco de trás de um táxi aéreo,
sentiu que o pequeno blaster em seu bolso era visível para todo o planeta.
Nem sabia que tipo era. Era um azul escuro elegante com um cano verde
acinzentado e uma pequena luz vermelha que mostrava que estava
carregado, um objeto bastante bonito. Quando olhou para a placa gravada
na coronha, tinha certeza de que a ponta da empunhadura se chamava
assim, podia ver as palavras MERR-SONN.
— Senhora, você está me deixando nervoso, — disse o taxista. — Você
vai assassinar alguém?
Besany não tinha percebido que podia ver tão longe atrás do assento,
mas havia muito que não sabia sobre o campo visual dos olhos facetados de
um Rodiano. Deslizou o blaster de seu colo e de volta em seu bolso.
— Eu me misturo com personagens desagradáveis, — disse ela.
Os taxistas tinham opinião sobre tudo.
— O Senado está cheio deles... eles são chamados de políticos.
Também pensava assim, mas então percebeu que nunca havia conhecido
um socialmente. De onde tirou essa ideia? Dos holo noticiários? Dos
tribunais? O poder dos estereótipos era surpreendente. Perguntou-se como
poderia obter algum progresso em fazer Coruscanti ver os troopers
anônimos lutando na guerra por eles como homens vivos, respirando.
Não podia nem dizer que todos eram filho, marido, pai ou irmão de
alguém. Eles estavam totalmente fora da sociedade. O tamanho da tarefa
quase a esmagou.
Um passo de cada vez, garota. Faça o que puder.
O senador Skeenah a conheceu em uma das salas de entrevistas privadas
semelhantes a celas mantidas para os senadores encontrarem membros do
público. Ele era muito mais comum do que imaginara, não era muito bem
vestido, mas tinha uma paixão intensa que a atingiu como um maremoto.
Outro estereótipo colidiu e queimou.
— Claro que estou preocupado com o que acontecerá com esses homens,
— disse ele. — O que quer que outros planetas membros possam fazer,
Coruscant não tolerou a escravidão por milênios. É intolerável que o
adotemos agora simplesmente porque é conveniente. Mas sou uma voz
isolada.
Besany tomou isso com cuidado.
— Estou tendo alguma dificuldade em identificar provisões médicas para
o Grande Exército, Senador. Posso identificar despesas com o que
considero instalações médicas, mas não são... digamos que a trilha de
auditoria não seja transparente.
Esse comentário cuidadoso significava muito no código político se o
ouvinte quisesse interpretá-lo. Skeenah parecia interpretar.
— Sim, perguntei repetidamente sobre as baixas, as unidades médicas de
campo são lamentavelmente inadequadas e não consigo descobrir o que
acontece com os mortos em ação. Tanto quanto sei, os corpos não eram
recuperados. Não há retorno de heróis para esses pobres homens. Então, se
você vê grandes somas alocadas para o bem-estar dos clones, posso garantir
que não há sinal de que sejam usadas para esse fim.
Besany teve uma sensação de pavor como água fria derramando em seu
colo. Era algo que poderia ter descoberto facilmente com Ordo; ele sabia o
que eles faziam com os corpos, mas era uma de uma longa lista de coisas
que nunca pensou em perguntar. A inferência era que os troopers eram
simplesmente descartados como lixo, e isso alimentou a sua raiva. Estava
prestes a perguntar a Skeenah se ele sabia alguma coisa sobre as instalações
do Centax II e decidiu que era muito perigoso ter esse tipo de discussão
com um homem que não conhecia.
— Eu audito algumas das contas do Grande Exército, — disse ela. Isso
era verdade, e dificilmente um segredo se a notícia de sua reunião chegasse
aos seus Chefes. Tirou um cartão de contato plastóide do bolso e o colocou
na mão dele. — Se houver alguma coisa que você ache que eu deveria
examinar, discretamente, é claro, porque eu estaria investigando outros
servidores públicos, me avise.
— Ah, você é a polícia interna...
— Eu cuido dos créditos dos contribuintes.
— E aqui estava eu pensando que você poderia estar preocupado com o
bem-estar de nosso exército.
Besany mordeu a língua por hábito, mas era um comentário muito
doloroso para deixar passar.
— Oh, mas eu estou, — disse ela. — Eles não são apenas casos teóricos
de caridade pra mim. Estou namorando um policial.
Skeenah pareceu surpresa por um momento, e não tinha certeza se ele
estava reagindo ao seu comentário cortante ou ao detalhe pessoal não
solicitado.
— Bem, — ele disse, — não faz sentido eu discursar sobre o fato de que
eles são todos humanos como quaisquer outros, não é?
Era hora de um pouco de humildade.
— Eu conheço muitos clones, pelos padrões da maioria das pessoas, e
sim, eu me importo com o que acontece com eles.
— Você deve saber, então, o que acontece com eles.
— Em que sentido?
— Quando eles estão feridos, mas não podem retornar ao serviço ativo.
Veja bem, posso descobrir o que acontece nas estações médicas de Rimsoo,
ou pelo menos recebo algumas respostas limitadas da equipe da Defesa,
mas não estou obtendo respostas sobre os homens que não podem ser
remendados e enviados de volta.
Besany pensou em Corr, temporariamente designado para tarefas de
escritório depois que um dispositivo que ele estava desarmando explodiu e
levou as suas mãos com ele. Ele estava esperando a chegada de próteses
especializadas, e se Skirata não o tivesse agarrado para treinamento de
comando, ele teria voltado para disposição de munições.
— Imagino que eles morram, — disse Besany. — O exército parece ter
muitos problemas para mandá-los de volta.
— Ah, mas a vida não é tão organizada assim, — disse Skeenah. Ele
baixou a voz, embora as portas estivessem fechadas. — Haverão ferimentos
aos quais um homem pode sobreviver, mas isso significa que ele nunca
mais estará apto para o serviço. Não posso acreditar seriamente que algo
assim não tenha acontecido em mais de um ano desta guerra. E, no entanto,
não há casas para esses homens, que certamente devem existir, e sabemos
que eles não acabam sendo cuidados pela família, porque não têm. Então,
para onde eles vão?
Besany nem queria pensar nisso, mas precisava. A única resposta que
conseguiu pensar naquele momento foi que os mais gravemente feridos que
poderiam ter sido salvos eram deixados para morrer.
Mas algumas unidades cirúrgicas móveis tinham conselheiros Jedi.
Nenhum Jedi deixaria tal coisa acontecer... deixariam?
Tinha que falar com Jusik. Ele diria a ela.
— Vou ver se consigo descobrir, — disse Besany.
— E vou continuar pressionando por instalações adequadas para
cuidados prolongados. — Skeenah parecia perturbada. — Enquanto isso,
também vou ajudar a arrecadar fundos para caridade. Existem alguns
cidadãos por aí que querem ajudar, você sabe.
— Vou mantê-lo informado, — prometeu Besany.
Fez a longa caminhada de volta ao prédio do Tesouro, parando para um
caf no caminho, e descobriu que a pergunta do senador agora a estava
consumindo. Sim, isso só poderia significar que os clone troopers viveram
ou morreram, e não havia meio termo ou provisão para invalidez. A guerra
ainda não havia atingido a marca de dezoito meses. Os governos sempre
eram ruins em pensar sobre as coisas, especialmente quando as guerras os
pegaram em flagrante.
Talvez fosse isso que a Logística Dhannut estava fazendo então:
instalações de atendimento fora dos olhos do público para esconder os
sinais de que a guerra poderia não estar indo tão bem ou tão limpa quanto
os cidadãos civis imaginavam, assim como havia pensado inicialmente.
Decidiu verificar os seus outros projetos quando voltou para a sua mesa,
mas enquanto tomava o seu caf, os verificou por meio de seu datapad
simplesmente para obter um endereço no diretório.
E foi aí que as coisas começaram a ficar interessantes.
Não houve entrada no banco de dados público para Dhannut. Poderia ser
uma subsidiária de outra empresa, é claro, ou mesmo uma que não fosse
baseada em Coruscant; mas, de qualquer forma, teria que ser registrado para
concorrer a contratos governamentais e teria que se registrar para tributação
corporativa, mesmo que estivesse fora do mundo, e, portanto, exigiria um
número de isenção fiscal.
Jilka pode ser útil agora. Ela era a fiscal; ela era uma especialista em
encontrar empresas que obtiveram receita e não pagaram os seus impostos
integralmente.
Besany Wennen, que jogou as coisas de acordo com o livro toda a sua
vida até que se envolveu com uma multidão de desajustados e homens que
não existiam, colocou a sua melhor cara de mentirosa e se preparou para
contar uma história plausível para Jilka, cruzando a linha de simplesmente
acessar registros por motivos não autorizados a entrar em um mundo de
mentira, com consequências que sabia que nunca poderia imaginar.
Acampamento rebelde, perto de Eyat, Gaftikar, 478 dias após Geonosis

Os Marits estavam correndo por toda parte em um estado de excitação, e


havia muito mais deles hoje do que Darman tinha visto antes.
Encostou-se na porta da cabana, escovando os dentes, com a tigela de
plastóide dobrável em uma das mãos enquanto contemplava o que seriam
alguns dias agitados.
— Mude isso, Dar. — Niner estava com armadura completa. Ele tinha
avisado, então: eles estavam entrando. — O trigésimo quinto está se
movendo. Eles estão terminando em Qiilura. Vamos garantir que eles
tenham uma porta aberta.
Qiilura. Darman cuspiu espuma na tigela.
— Tenho tempo para ligar para Etain?
— Você precisa fazer isso?
— Bem, eu posso ser morto, e...
A expressão de Niner estava escondida atrás de seu visor, mas Darman
conhecia cada nuance de sua respiração agora, cada som fraco que indicava
engolir ou lamber os lábios, cada clique da mandíbula quando as palavras
não surgiam.
— Você ficará bem, — disse Niner por fim, e deu um tapa em seu
ombro. Ele estava interpretando o reconfortante ruus'alor, o sargento; a
palavra derivava de ruus, uma rocha, e resumia muito bem o seu papel
fundamental. — Mas ligue pra ela de qualquer maneira. E diga oi por mim.
Niner se afastou em direção aos Marits. Ele nunca falou muito sobre o
que queria da vida. Ele nunca confidenciou aos irmãos sobre os medos e a
solidão, nem falou sobre garotas, nem deu qualquer sinal de que não achava
a guerra uma boa ideia. Foi a última parte que mais preocupou Darman.
Niner provavelmente manteve os seus anseios pra si mesmo para manter o
moral, ele achava que eles não sabiam isso?, mas todos se queixavam da
guerra e de todos os seus aspectos por hábito e costume. Era a única
margem de manobra que os clone troopers tinham, expressar opiniões de
que o comando não fazia ideia, que a comida era lixo, que o equipamento
era osik e que era tudo uma perda de tempo, mas era melhor do que ser um
civil. E era um verniz, uma espécie de ritual de união para mostrar o quanto
você não se importava, quando na realidade você estava com medo, sem
sentido, sempre com fome e geralmente desorientado. Ser o melhor exército
da galáxia não impedia nenhum desses sentimentos. A princípio, Darman,
como todos eles, pensou que o seu papel na vida era nobre e inevitável;
agora a doutrinação havia se esgotado ao ver a galáxia além de Kamino, e
até mesmo alguns CRAs estavam desertando. A base estava resmungando,
em particular. Se eles tivessem para onde ir e os laços fossem mais fracos,
Darman suspeitava que muito mais teriam desaparecido das fileiras.
Mas eles ficaram por seus irmãos. Ficaram porque a sua única fonte de
autoestima era serem os melhores no que faziam.
E eles não tinham para onde ir.
Mais uma vez, eles descobriram o que acontecia com aqueles que não
podiam, ou não queriam, lutar mais, o que aconteceria?
— Sim, o GER poderia ter ficado melhor com as latas. Eles nunca
resolveram as coisas.
— Quantos dentes você tem, Dar? — Niner gritou. Ele parou para olhar
pra trás. Darman fez uma pausa com o pincel ainda na boca. — Porque
você está demorando muito para limpá-los.
Darman murmurou com a boca cheia de espuma.
— Desculpe, Sargento.
Voltou para os banheiros para enxaguar a boca e se limpar, depois trocou
o uniforme pelo macacão antes de lavar a roupa na pia do banheiro com um
pedaço duro como pedra do sabão local e sacudi-lo para que secasse em
minutos. Hábito, ritual, era uma coisa reconfortante. No momento em que
prendeu as suas placas de armadura ao macacão, o uniforme estava seco e
poderia dobrá-lo firmemente em um pequeno rolo que colocou em sua
mochila.
Nem se lembrava de ter colocado as placas. A sua mente estava em
Etain. Fechou a porta e a criticou.
Demorou um pouco para responder. Estava prestes a gravar uma
mensagem quando ouviu a voz dela e se sentiu instantaneamente tolo,
choroso e excitado. Era apenas áudio, sem holoprojeção, mas nunca
questionou isso porque ela estava em missão e tinha os seus motivos para
não mostrar aonde estava.
Preocupou-se de qualquer maneira. Queria vê-la novamente,
literalmente. Estava preocupado em esquecer o rosto dela.
— Você pode falar? — ele perguntou.
Houve uma breve pausa.
— Você está bem, Dar?
— Estou bem. Fui mordido por um soldado CRA.
— Isso é nojento. Eles são venenosos?
Ela parecia pensar que estava brincando. Darman se perguntou se
deveria deixar escapar que Sull havia sido condenado à morte, mas decidiu
que esse tipo de coisa precisava ser dito pessoalmente.
— Está tudo bem, eu apenas suguei o veneno e atirei nele. De qualquer
forma, Fi queria a sua armadura. Ei, eu sinto a sua falta. O que está
acontecendo em Qiilura?
Outra pausa.
— Não é bom. A maioria deles foi discretamente, mas alguns insistiram
e... bem, você sabe.
— Vítimas?
— Sim.
— Ah.
— Não sou uma, obviamente.
— Estou feliz. — Ele captou uma nota em sua voz que dizia que ela
estava se contendo; talvez houvesse alguém com ela. Os holo vídeos
mostraram casos de amor clandestinos emocionantes, mas Darman apenas
achou o segredo miserável. — Como é Levet?
— Cara sólido.
— Em breve estaremos trabalhando com o batalhão dele. Isso significa
que você voltará ao Triplo Zero? Desculpe, eu não deveria perguntar.
Apenas pensei que você estaria acabado lá, e...
— Vai demorar mais alguns meses. Três, talvez.
— Oh. — Onde? Por que? — Certo.
— Eu também sinto a sua falta, Dar. Pense em algo que gostaria de fazer
quando nos encontrarmos. Não sou boa em planejar coisas assim.
Darman também não. Suspeitava que ela não queria beber de um copo
sujo na cantina sórdida de Qibbu pelos velhos tempos.
— Mereel pode ter algumas ideias. Ele parece conhecer cada tapcaf entre
a Cidade Galáctica e a Orla Exterior.
— Certo. Não me importo, desde que você esteja lá.
— Eu também. — Darman se preocupou por não ter nenhuma conversa
inteligente ou falas espirituosas. Ele soava como um di'kut total, ele sabia
disso.
Houve uma batida forte na porta.
— Dar? — Era Fi. — Dar, você está aí?
Darman revirou os olhos e se dirigiu ao éter.
— O quê foi, Fi?
— Você vai ficar aí o dia todo? Não vou cavar uma latrina porque você
ainda está penteando o seu cabelo...
— Está bem, está bem. Me dê um momento. — Ele baixou a voz. —
Sinto muito, cya'ika, tenho que ir.
— Eu ligo pra você daqui a pouco. Fique seguro. Eu te amo.
— Cuide-se. — Darman estava se preparando para dizer que também a
amava, quando a conexão se fechou em sua extremidade do canal e o
momento se foi. Respirou fundo antes de abrir a porta, com o coração
partido por nunca ter a chance de contar a ela. Tinha um mau
pressentimento sobre o próximo ataque a Eyat. Era vago e irritante,
provavelmente só a sua crescente consciência e ressentimento de como as
coisas eram, mas possivelmente, só possivelmente, um presságio. Misturar
com Jedi fazia você quase acreditar nesse tipo de coisa. — Fi, vou quebrar
o seu pescoço shabla...
Fi deu um passo pra trás com as mãos erguidas em falsa submissão.
— Calma, ner vod.
— Você realmente escolhe seus momentos.
— Eu quero usar os 'nheiros'.
— Sim, e eu estava... — Darman se interrompeu. Não fazia sentido
reclamar de Fi por interromper uma ligação para Etain. Seria
particularmente falta de tato. — Certo. — Ele deu um tapinha na bochecha
de seu irmão com cuidado exagerado e percebeu que estava fazendo uma
coisa muito parecida com Skirata. — Vou verificar a munição novamente.
— Atin já passou por isso duas vezes.
— Então farei isso pela terceira vez.
— Dar...
— O que?
— Você pode falar sobre Etain, sabe. Não vou chorar nem nada.
Fi fechou a porta atrás de si e Darman ouviu o som de água corrente. Fi
não era estúpido e provavelmente ouviu cada palavra de qualquer maneira,
mas Darman ainda se sentia culpado por ter uma parte de sua vida limitada
que colocava qualquer tipo de barreira entre eles.
Do lado de fora da cabana, Niner e Atin estavam arrumando o
equipamento, verificando-o e não dando atenção à discussão espirituosa de
A'den com um dos Marits. Era outro dominante com um babado vermelho
na garganta, mas não era Cebz. Os lagartos estavam se reunindo: onde havia
menos de cem no acampamento, agora havia alguns milhares na área,
chegando ao ponto de encontro de aldeias espalhadas pelo campo.
Darman olhou para a pilha de artilharia. Haviam detonadores térmicos
suficientes para remover uma grande parte do planeta.
— Exagero, — disse ele.
Atin ergueu os olhos.
— O que aconteceu com A de abundância?
— Você viu Eyat. Eles têm triplo A e guardas de trânsito, não
Aclamadores. Então nós os martelamos com o trigésimo quinto e então os
lagartos os atacam. Você não acha que isso é um desperdício de recursos?
— Dar, ainda é uma capital, — disse Niner. — E não estamos apenas
lutando contra os Gaftikari. Estamos negando o lugar aos Separatistas.
— E também não estamos pagando a conta por isso, — disse Atin.
Darman ponderou qual seria o possível uso deste planeta para qualquer
pessoa, exceto para as empresas de mineração. Eles usavam Kelerium e
Norax para construir droides? Talvez fosse a República fazendo um favor
para Mineração Shenio em troca de serviços prestados em outro lugar. A
galáxia parecia funcionar dessa maneira. Ajude-nos na guerra, amigo, e
veremos você quando se trata de aumentar os seus lucros.
E isso não importava pra ele. Não tinha nenhuma participação nisso,
nenhum interesse e nenhuma consequência pra ele, exceto a sua vida e a
vida de seus irmãos em jogo, que era simplesmente o trabalho que fazia.
Abaixou-se para pegar uma pequena garrafa térmica e a enrolou nas
mãos, vendo o pequeno restaurante em frente ao prédio do governo de Eyat.
Os rolos de massa de roba picados regados com caf doce estavam
deliciosos; uma carga desse tamanho, detonada em um raio de vinte metros,
quebraria a fachada transparaço do restaurante em mil lâminas e as lançaria
voando a três mil metros por segundo em qualquer coisa e qualquer pessoa
dentro de um alcance de mil metros. Às vezes valia a pena não pensar muito
nisso.
— Posso fazer a estação de energia? — ele perguntou.
Niner não virou a cabeça.
— Você recebeu a área dos prédios do governo.
— Não significa que eu não possa destruir a estação.
— Não gosto de mudar de planos tão perto da hora.
— Que planos? Nem concluímos o primeiro reconhecimento. Limpamos
os assassinatos. Vamos correr os mesmos riscos.
Niner não respondeu. Eles ficaram tão acostumados a fazer as coisas na
hora com pouco ou nenhum planejamento que Darman começou a se
perguntar se eles estavam ficando desleixados. As Operações Especiais
eram tanto, não, mais, sobre vigilância detalhada, observação e ensaio do
que entrar com DCs incendiando e explodindo coisas.
— A'den vai nos informar em cerca de uma hora, — disse Niner por fim.
— Ótimo. — Darman jogou e pegou o detonador não preparado como
um brinquedo algumas vezes e depois o colocou de volta na folha de tecido
com o resto da munição. — Vou caminhar.
Niner sempre conseguia se lembrar dele. Ele enfiou o capacete na
cabeça, selou-o e caminhou para o acampamento, vendo o mundo através
do filtro da Tela de Alerta de seu visor novamente, alvos em um ambiente
em vez de seres em uma paisagem. Skirata disse que eles estavam no
estágio da vida em que faziam conexões emocionais que as pessoas comuns
faziam muito cedo na infância, sendo capazes de se imaginar nas situações
que criaram. Mas, disse ele, era difícil imaginar a si mesmo como o cara
passando pelo restaurante no momento em que a carga detonou quando
você nunca fez coisas comuns como essa e recebeu apenas uma
compreensão acadêmica imparcial de raios de explosão, sobrepressões e
velocidades de fragmentos.
O Esquadrão Ômega, como todo o exército de clones, era pouco mais
que crianças altamente treinadas, supereficientes e ultra ajustado quando a
guerra começou. Ocorreu a Darman que eles estavam vivendo a vida da
maneira errada, dada a capacidade máxima de lutar muito antes de terem a
experiência de se identificar com os seres na ponta da luta.
Tarde demais para se preocupar com isso. O que vou fazer, avisar Eyat?
Juntar-me aos Separatistas? Chorar por estranhos mortos?
Não havia mais nada que pudesse fazer além de lutar para vencer e
sobreviver para... o quê, exatamente? A pergunta nunca foi embora.
Quando ganhamos, o que acontece? O que soldados como nós fazem em
tempos de paz? Talvez acabasse ajudando os refugiados. Etain disse que so
Jedi faziam isso às vezes. Talvez eles ainda acabem trabalhando juntos.
Marits tagarelas e excitados com escamas semelhantes a joias que não
pareciam estar ansiosos com o ataque que se aproximava. Eles estavam
cercando peças de artilharia, perfurando com E-Webs. Isso era claramente
algo que eles esperavam há muito tempo.
Darman fez uma pausa para observá-los, percebendo que o seu principal
medo era ser morto antes de dizer a Etain que a amava, e se perguntou onde
os humanos restantes se encaixariam em uma sociedade dirigida por Marits
eficientes e ordeiros, cujas as vidas parecem fluir como fluxogramas.
Gesticulou para o lagarto chefe de babados vermelhos vir até ele. Eles
não pareciam ofendidos por serem convocados.
— O que vai acontecer quando você assumir? — Darman perguntou. —
O que vai acontecer com as pessoas em Eyat?
Chefe Lagarto fez um pouco de confusão com a cabeça e olhou como se
estivesse calculando.
— Haverão papéis pra eles em proporção à sua população, é claro.
Darman percebeu que deveria ter esperado uma resposta numérica e
sensata como essa.
— Portanto, nada de derramamento de sangue. Sem expurgos. Nenhuma
limpeza de espécies.
— Não por si só, não. Qual é o propósito da destruição arbitrária? Só
queremos o que merecemos. Nós somos a maioria.
— E se eles se recusarem a se encaixar nisso?
— Isso, — disse Chefe Lagarto, — seria inútil.
— O que você vai mudar quando tomar o poder?
— Nada. Exceto que viveremos nas cidades e teremos a maioria dos
cargos eleitos de acordo com nossa população.
Darman agora podia ver a incompatibilidade entre os humanos Gaftikari
e a sua força de trabalho Marit. Eles não estavam nem mesmo competindo
pela mesma coisa, um bom e arrumado duplo eu-quero-o-que-você-tem. Os
lagartos pensavam diferente. Os dois pontos de vista não se sobrepunham, e
os lagartos estavam muito mais preocupados em serem representados
proporcionalmente do que em ter poder.
Nem sempre entendia de política e ficava feliz com isso. Esse era o
ponto em que preferiu a ordem de ir lá e explodir aquilo.
— Deveríamos ter feito um governo conjunto uma condição para
construir as suas cidades, — acrescentou o chefe Lagarto, quase como uma
reflexão tardia. — Da próxima vez, vamos nos lembrar de fazer isso.
Eles nasceram engenheiros, todos os procedimentos e proporções.
Darman assentiu com a cabeça e caminhou para o terreno árido ao sul do
assentamento. Agora podia ver o terreno plano por quilômetros: a fumaça
de aglomerados dispersos de cabanas à distância abria caminho para o céu
claro, e o ocasional speeder antigo rastreava o seu campo de visão,
lançando dados de alcance e velocidade em sua Tela de Alerta.
Pensou nas imagens aéreas de reconhecimento de Eyat, com os seus
modestos recursos de defesa se preparando para um ataque, e se perguntou
quanto tempo levaria.
Onde eu pertenço? Onde é a casa?
Com certeza não era Cidade de Tipoca. Na maioria dos dias nem
pensava que era Coruscant.
Darman ficou olhando o sol do fim da tarde se inclinando sobre a
charneca, imaginando como seria ter um emprego onde você poderia parar
de trabalhar no final da tarde e fazer o que quisesse, quando a conexão de
áudio ganhou vida em seu capacete.
— Niner para Dar, RTB. Separatistas chegando.
Ativou os seus monitores da Tela de Alerta, esperando ter dados
remendados pra ele. A imagem que preencheu o seu campo de visão era um
mapa do sistema Gaftikar, bem perto do Braço Tingel, tão perto de Qiilura,
perto o suficiente que levaria apenas algumas horas para chegar a Etain, e
salpicar de pontos vermelhos de a luz mostrou as naves Separatistas em um
curso para Gaftikar.
Havia algumas luzes azuis também. Eles foram gerados pelos
identificadores das embarcações da República: o Terceiro e o Quarto
Batalhões da 35ª Infantaria embarcaram na Niveladora, outras duas
companhias do mesmo regimento não muito longe do espaço de Qiiluran, e
uma frota auxiliar convergindo no mesmo ponto a 180 graus em
velocidades subluz.
— Tempo estimado de chegada? — Darman disse. A vida caiu
imediatamente em siglas e jargões, a linguagem do comunicador militar.
— Naquelas velocidades... um dia.
— O que está prendendo eles?
— O oficial comandante, um capitão não clone chamado Pellaeon, diz
que é uma atitude temerária.
— De volta em dez...
— Estamos cavando. Vigilância por satélite mostra que Eyat está
trazendo combatentes de fora.
— Quantos?
— Seis. E isso pode não ser um problema para um nave de ataque, mas é
uma má notícia pra nós, então volte aqui.
Isso, pelo menos, respondeu à pergunta de Darman sobre a utilidade de
Gaftikar para alguém. Além dos interesses da mineradora, era apenas mais
um lugar conveniente para uma briga.
E eles estavam enviando os mestiços agora, não clones, alguns do
pessoal de serviço da frota. Pellaeon. Quem diabos era ele? Darman se
perguntou quem poderia ser o general Jedi do 35º, porque não era Etain.
Ela disse que eles terminaram em Qiilura.
Fosse o que fosse, para onde quer que a estivessem enviando, ela poderia
lhe contar, não poderia? Talvez ela não quisesse preocupá-lo. Claro que
estou preocupado. Estou sempre preocupado. Ordo... sim, perguntaria a
Ordo. Ordo sempre obedecia, sempre recebia as mensagens e cartas de
alguma forma.
O acampamento rebelde tinha assumido um ar diferente quando Darman
voltou, e só tinha ido embora por trinta minutos. Os Marits haviam
diminuído, e E-Webs e canhões estavam escondidos sob a rede de
camuflagem. Correu para o prédio principal, percebendo, mesmo enquanto
se dirigia para as portas, que era tão frágil que era melhor do lado de fora.
— Sargento? — Darman clicou nas frequências na conexão de seu
capacete. — Sargento?
— Sala de operações, — Niner latiu.
Darman entrou, tirou o capacete e ficou de pé sobre a mesa de operações,
tentando dar uma olhada melhor no holograma que A'den havia projetado
nela. Mostrava toda a região central, com as aldeias dos Marit espalhadas e
a ocasional cidade Gaftikari, como pequenos planetas ao redor de sóis.
Quando ele ampliou o Eyat e sobrepôs as últimas imagens de
reconhecimento aéreo sobre ele, os preparativos repentinos ficaram claros.
— Isso foi há quinze minutos, — disse A'den.
Os limites de Eyat estavam rodeados de veículos e embarcações, e não
havia nenhuma procissão constante de civis pra fora da cidade, como era de
costume quando se esperavam ataques. Não havia outro lugar para o
Gaftikari ir. Eles foram abandonados em ilhas em um oceano de inimigos.
Tudo o que eles podiam fazer era cavar.
— Você acha que eles realmente sabem o que está por vir? — Atin
perguntou. — Quero dizer, realmente sabem?
A'den, totalmente blindado, inclinou a cabeça como se estivesse ouvindo
um comunicador de capacete separado.
— Não. Nenhum palpite.
— São eles reagindo aos Separatistas reagindo às nossas naves
chegando, sim?
— Essa é a única fonte de vigilância deles, — disse A'den. — Não tenho
certeza com quem eles estão mais preocupados, nós ou os Marits. Mas eles
sabem que estamos chegando, então não estou preparado para arriscar um
esquadrão lá para preparar o campo de batalha se tivermos dois batalhões,
um esquadrão de Torrentes e os grandes canhões do capitão Pellaeon
chegando em um dia. A menos que Eyat tenha alguma super arma
escondida que não conseguimos localizar, o lugar é apenas um grande alvo.
Darman ainda não conseguia entender por que as duas forças-tarefa não
podiam simplesmente se engajar no espaço e deixar o planeta em paz. Mas
tomar Eyat sem um pouco de músculo e canhões por trás deles significava
uma luta muito confusa se não houvesse cobertura aérea para tomar o local.
Não tinha certeza de qual era o pior resultado para os civis.
— Não somos realmente o principal jogo da cidade agora, somos? —
disse Niner. — Vamos avançar com o Trigésimo Quinto?
A'den deve ter trocado a sua alimentação de áudio do Niveladora para o
circuito geral, porque o capacete de Darman ficou repentinamente cheio do
tráfego de voz entre as embarcações. Eles pareciam mais preocupados em
ficar de olho na flotilha Separatista, esperando que ela se energizasse para o
hiper salto. A'den cortou a conexão novamente e ficou sentado em silêncio,
como se estivesse olhando para o holograma perdido em pensamentos.
Estava esperando por instruções.
— Quem é o Jedi no comando? — Darman perguntou.
A'den olhou pra cima.
— General Mas Missur. Você queria ficar no circuito?
— Não...
— É aquela sua mulher, não é?
— Ela não quis me dizer onde estava, mas está com Levet há alguns
meses, então sim, quero saber se ela está com aquela flotilha e não me
contou.
Negócios pessoais não importavam à beira de uma batalha, mas ninguém
discutia com ele. A'den mudou para outro canal, com a cabeça mal se
movendo. Darman ouviu o leve estalo quando trocou, e imaginou que o
Nulo estava em uma conexão seguro com alguém, descobrindo ou
perguntando por que ele tinha sido sobrecarregado com um comando que
não podia salvar a sua vida privada nas horas de folga.
— Levet diz que ela não está com o Trigésimo Quinto e ela não está em
uma zona de combate, — A'den disse, extraordinariamente gentil. — Então
pare de se preocupar.
Darman poderia ter ligado para ela. Tinha um vínculo seguro: não era
como se fosse entregar uma posição ao inimigo. Hesitou, tentando decidir
se entraria no banheiro e falaria com ela discretamente, só para ter certeza
de que ela não estava em um lugar ainda pior. Só queria dizer a ela...
Niner, como sempre, parecia ler a sua mente. Empurrou Darman com a
sua placa de ombro.
— Vai em frente, — disse ele calmamente. — Seja rápido sobre isso, no
entanto.
Darman saiu pelo corredor, abriu a conexão do capacete com algumas
piscadas e ativou o código de Etain por voz. A exibição em seu capacete lhe
disse o que podia ouvir: SEM RESPOSTA. Continuou ligando o sistema por alguns
minutos, dizendo a si mesmo que ela poderia estar tomando banho ou até
mesmo dormindo, e então deixou uma mensagem. Era difícil dizer as
palavras pelo ar frio e morto em vez de para ela parada na frente dele.
— Sou eu, Et'ika, — ele disse. — Eu nunca te disse que te amo.
Ao fechar a conexão sentiu-se envergonhado, mas o fez, porém de forma
deselegante. Se alguma coisa aconteceu com ele, pelo menos ela sabia.
A'den e Niner saíram da sala de operações, as cabeças movendo-se em
uma conversa que não podia ser ouvida fora de seus capacetes. Fi e Atin
seguiram. O circuito de áudio de Darman disparou novamente.
— Mudança de plano, Dar, — a voz de Niner disse em seu ouvido. — O
general quer que joguemos o controle aéreo avançado. Assim que escurecer,
iremos para a periferia e reconheceremos as posições do triplo A móvel
deles. Levet diz que a Niveladora estará na estação algumas horas antes do
amanhecer.
— Adorável, — disse Fi. — Tudo vai acabar na hora do caf da manhã.
O esquadrão passou a hora seguinte removendo o speeder alugado para
abrir espaço para alguns E-Webs. Atin removeu o seu identificador e
colocou uma variedade de sondas nele para embaralhar os detalhes do
registro.
— Só para o caso de precisarmos entrar na cidade. — Ele ergueu um
pequeno retângulo de plastóide. — Nós vamos ter um trabalho duro
entrando vestidos assim.
— Ainda acho que devo entrar e explodir a central elétrica principal, —
disse Darman. — Se apenas para nos dar a cobertura da escuridão completa.
A'den caminhou até eles, obviamente escutando o seu circuito.
— Vou colocar algumas cargas de PEM em pontos sensíveis ao redor de
seus centros de comunicação, porque não queremos que eles conversem
com os Separatistas assim que isso começar. Tudo o que você precisa fazer
é convocar os ataques aéreos. Certo? Uma vez que tenhamos neutralizado
os grandes alvos como o triplo A deles, e a Niveladora tenha feito alguns
buracos na infraestrutura, o esquadrão Torrente pode fornecer apoio aéreo
para os Marits entrarem nesse plano.
— Sim, onde estão os lagartos? — Fi perguntou, endireitando-se. — Eu
pensei que esta era a grande noite deles.
— Ah, estão todos aqui...
Já estava quase escuro e, quando Darman olhou para Eyat, não
conseguiu ver a cidade. Nas últimas noites, ele se acostumou com o brilho
da iluminação da rua, ainda mais perceptível por estar no meio de um local
rural sem iluminação. Mas estava na escuridão esta noite. Passou o visor
pelas configurações de ampliação e visão noturna e ainda não conseguiu ver
muito. Mesmo no infravermelho, era apenas uma pálida cúpula verde de
calor.
— Eles desligaram a iluminação, — disse ele. — Eles estão esperando
ataques aéreos.
— É uma pena que eles vão ser derrotados, — Fi disse. — Parecia um
lugar tão legal.
Ninguém disse isso, mas Darman pensou: não havia razão para lutar
aqui, além do fato de que a República havia feito uma reivindicação por
meio do apoio aos Marits, e então os Separatistas sentiram que deveriam
enfrentar também. Darman se perguntou se era traição pensar dessa forma
ou apenas uma diferença de opinião sobre estratégia.
— Eu me pergunto onde Sull está agora, — disse ele, mas ninguém
respondeu. Ele olhou por cima do ombro para a floresta raquítica em um
lado do acampamento, o visor de visão noturna ainda no lugar, e pensou que
estava com defeito até perceber que os pontos de luz, milhares deles, como
se a tela tivesse uma interferência maciça, eram realmente olhos.
Eram os Marits. De repente, eles eram um exército, silencioso e imóvel,
esperando o sinal para matar.
Sete quilômetros ao sul da ilha de Tropix, 478 dias após Geonosis

Mereel saiu do bloqueio de ar drenado vestindo somente as suas roupas


de baixo e puxou o respirador aquata de sua boca. Então ele se sacudiu
como Mird, despejando água no compartimento de carga e enfiou uma
caveira fria e molhada nas mãos de Vau.
— Se vamos fazer testes de DNA, — disse ele, — isso parece ter dentes
nele. — Skirata entregou a ele uma toalha e ele se esfregou. — Nenhum
pedaço de carne ou roupa na coisa. Quem quer que tenha sido, imagino que
tenha sido despojado de qualquer identificação e amarrado a uma âncora
para que o corpo não flutuasse à superfície e para que a fauna local pudesse
remover tecidos moles e tudo o mais que o identificasse. Aliás, é ele. Dei
uma olhada na pélvis.
— Morto primeiro? — Vau virou a caveira nas mãos enquanto Mird
observava. Pode ter importado; um descarte era um crime e uma motivação
diferentes de colocar alguém para se afogar. Nem todos os humanoides se
afogaram rápido também. — Ou punição?
Skirata deu de ombros.
— Eu não acho que ele morreu de velhice, então provavelmente é
irrelevante.
Mereel pareceu ansioso por um momento, como se tivesse decepcionado
Skirata simplesmente por ser incapaz de lhe dar uma resposta.
— Eu não posso dizer, Kal'buir. Sem fraturas óbvias ou marcas nos
ossos.
— Está tudo bem, filho. Vista-se, porque precisamos continuar
procurando.
Mereel afastou-se, batendo com a palma da mão na orelha para sacudir o
resto da água. Eles precisavam de trajes de mergulho adequados se fossem
trabalhar fora do casco por um longo período. Vau colocou na sua lista de
coisas a adquirir.
— Vou adivinhar, — disse ele, — e você sabe que não faço isso com
muita frequência, mas aposto que descobriremos que esta é a última pessoa
a ver Ko Sai.
— O que te faz dizer isso?
— O Twi'lek. Ele entregou o equipamento para quem estava pilotando a
barcaça, e se fosse um kaminoano, ele teria notado. Alguém tinha que
entregar as coisas, o que significava ver ela ou o local. Não alguém com um
trabalho habilidoso como Ko Sai gostaria de estragar o seu disfarce.
Skirata limpou a água do convés.
— Quando desembarcarmos de novo, verei se algum funcionário
desapareceu. Não consigo ver Ko Sai tendo um ajudante humano.
— Bem, talvez ela não tenha, não por muito tempo, de qualquer maneira.
— Vau ouviu atentamente e ouviu um bipe fraco. — Esse é o alarme da
cabine?
Skirata fez uma pausa e se endireitou, franzindo a testa. A sua audição
foi prejudicada por ficar muito perto da artilharia ao longo dos anos,
embora conseguisse esconder o fato.
— A menos que você saiba que não é, por que você está parado fazendo
a pergunta?
Dirigiram-se para a cabine, mas Mereel já estava inclinado sobre o
assento do piloto, falando com uma voz familiar do outro lado do
comunicador aberto. Vau captou a palavra Delta no momento em que se
espremeu no compartimento.
— É o general Jusik, — disse Mereel. — O Delta está vindo pra cá. Quer
falar com ele, Kal'buir?
— Osik. — Skirata passou os dedos pelo cabelo. — O que aconteceu,
Bard'ika?
— Eles alcançaram o piloto Twi'lek. Não pude fazer muito, mas pelo
menos o impedi de dar muitos detalhes.
— O que você fez, atirou nele antes que ele pudesse falar?
— Um pouco da velha magia Jedi. Ele chegou a dizer que havia contado
a alguns Mandalorianos sobre Dorumaa, então sugeri que eles usavam
armaduras verdes. Se ele tivesse dito ouro, preto e... bem, o Delta conhece a
sua armadura, Kal.
Skirata fechou os olhos.
— Obrigado.
— E eu me certifiquei de que ele não chegasse ao ponto de dar a eles as
coordenadas para a descida. Mas eles sabem que é Dorumaa e tiveram que
desviar para pegar algumas armaduras de mergulho. Calculo que você tenha
de dez a doze horas, mas estarei lá em seis.
Vau interrompeu.
— Para fazer o quê, exatamente? Não que não apreciemos a sua ajuda,
mas...
— Você ainda não encontrou Ko Sai, não é?
— Estamos perto, — disse Skirata.
— Bem, se você não a encontrou em seis horas, eu vou te ajudar.
Vau cutucou Skirata nas costelas.
— E se não a encontrarmos quando Delta chegar aqui, você os manterá
ocupados. Como eles planejam inserir, afinal?
— Aterrar durante a noite e apenas se fazer passar por mergulhadores
esportivos, se for necessário.
— Obrigado, Bard'ika.
Eles não podiam esperar que o Delta estivesse muito atrás. O problema
de caçar alguém era que a própria caçada tendia a trazer detritos para a
superfície, e mesmo que o Delta não tivesse o notável acesso à informação
dos Nulos, eles haviam sido treinados nas mesmas técnicas. Vau sentiu um
pouco de orgulho por seu esquadrão não ter se saído tão mal em
comparação com os garotos preciosos de Skirata e todos os seus
aprimoramentos genéticos, mas decidiu não esfregar isso.
— Vamos, — Skirata disse cansadamente. — Mais cavernas para pingar.
— Ele se acomodou no assento do copiloto.
Quaisquer que fossem as diferenças que Vau tivesse com ele, o homem
tinha uma tenacidade extraordinária; o tamanho da tarefa à frente era tão
grande, com as chances tão frágeis, que qualquer pessoa sã nunca teria se
dado ao trabalho de começar. Não era só uma questão de encontrar um
kaminoano que não quisesse ser encontrado. Vau se perguntou se ela era
capaz de fazer o que Skirata queria.
Se tudo isso for um esforço desperdiçado... como é que o chakaar vai
reagir?
A busca, oh sim, era uma busca, um chamado sagrado para Skirata
agora, parecia sustentá-lo. Era tão poderoso quanto a religião. Ele estava tão
preocupado com o bem-estar de seus garotos que parecia não ter planos pra
si mesmo, e a sua definição de quem se qualificava como os seus garotos
agora era tão abrangente que parecia correr o risco de sugá-lo até secar. Era
mais do que os Nulos, que eram os seus filhos de fato, senão de nome,
desde o dia em que os conheceu. A sua obsessão então se espalhou para os
comandos, e agora para qualquer trooper perdido que entrasse em sua
órbita, como Corr. Era como se Skirata estivesse desesperado para evitar
qualquer pensamento sobre si mesmo, para se apagar a cada momento
acordado.
Talvez as suas memórias fossem mais infelizes do que Vau imaginava;
parecia estar se reinventando dia após dia, e raramente falava sobre o seu
passado agora, nem mesmo sobre o seu pai.
Nunca fala sobre a sua mãe. E além da faca, lembra-se de alguma coisa
de seus pais biológicos?
Por mais tóxicas que fossem, Vau ainda achava as famílias interessantes.
A melhor coisa que já fez foi fugir de si mesmo. Como se fosse uma deixa,
Mird apareceu ao seu lado e subiu em seu colo, a única família que ele
tinha, e talvez a melhor.
— Você já pensou em pedir a Micro Arkanian para dar uma olhada em
algum tecido clonado? — Vau perguntou. — Só por precaução.
— Pensei. — Skirata estava olhando diretamente para a exibição
tridimensional do escâner de mapeamento de sonar, refletida na janela de
exibição transparaço. — Mas será o meu último recurso. Assim que tiverem
um genoma para brincar... bem, não quero ver mais nenhum rapaz criado
para morrer.
— E se não fossem os clones de Jango?
— O que?
— Os Mando'ade não se importam com linhagens. E se fossem de um
doador Corelliano ou Kuati? Ainda te machucaria vê-los usados?
Mereel parecia estar fazendo questão de ficar fora da conversa. Skirata
chupou os dentes pensativamente.
— Se eu os tivesse conhecido como crianças prestes a serem
exterminadas, acho que teria feito o mesmo. — Ele parecia distraído com a
ideia, como se nunca tivesse considerado isso. — Ser o sangue de Jango
apenas tornou isso mais relevante. Mas do Jango ou não, eles ainda
precisariam de um sentimento de pertencimento, não é? E ainda teria sido o
meu dever entregá-lo a eles. E isso os tornaria Mando'ade.
— Formações interessantes à frente, — disse Mereel. Vau pensou que ele
poderia estar tentando mudar de assunto, mas talvez não. — Indo para um
olhar mais atento.
Vau olhou Mereel de perfil e tentou ver Jango nele, mas foi
surpreendentemente difícil. Por mais estranho que isso pudesse soar para
alguém de fora, era verdade: os clones geralmente não o lembravam de
nada de Jango Fett. Parte disso foi viver entre eles por anos e ficar cego
para a superficialidade da aparência, mas haviam muitas maneiras pelas
quais eles nem se pareciam com o seu progenitor. Jango, nascido de pais
que viviam precários, subnutridos quando jovem, não era muito mais alto
que Skirata, mas os Kaminoanos administraram a nutrição dos clones
cuidadosamente desde o dia em que o óvulo era fertilizado, e eles
transformaram em altos e musculosos. De centenas de outras maneiras, eles
não eram réplicas exatas de Fett.
Nem o seu filho, Boba. Pobre criança: era uma idade terrível para perder
um pai, e o garoto não tinha mais ninguém na vida. Ele estava pior do que
qualquer trooper. Se conseguisse sobreviver, Vau previu que ele se tornaria
o shabuir mais duro, amargo e confuso deste lado de Keldabe.
Até eu tive um segundo pai para me adotar... tarde demais, talvez, mas
melhor do que nunca...
— O que é isso? — Skirata disse de repente. Ele apontou para a frente.
— Muitos entulhos.
Eles estavam no quadrante noroeste da plataforma da ilha, e a encosta a
estibordo era pontilhada de depressões escuras que poderiam ser cavernas.
Espalhada pelo leito liso do mar havia uma área nitidamente delineada de
pequenos fragmentos. Eles eram visíveis mesmo sob a luz do sol filtrada,
mas quando Mereel apontou a lâmpada externa para a frente da
embarcação, eles se destacaram em relevo nítido.
— Isso não é uma queda de rochas, — disse ele. — Se fosse cascalho,
cobriria toda a área desde a base da encosta, porque escorrega. Mas há uma
lacuna, cerca de dez metros. Pedra não pula, não é?
Mereel levou a Aay'han pra cima vinte metros e manobrou até parar logo
acima dos escombros. Das holocâmeras externas, a vista aérea projetada no
monitor da cabine lembrou Vau de um saco de farinha jogado no chão
limpo.
— Relativamente recente também, — disse Skirata. — Ou o lodo o teria
coberto.
— Parece que alguém deixou cair um monte de entulho de uma
escavação muito tempo depois que a ilha foi terraformada.
Vau realmente se sentiu animado. Era uma caçada estranha, mas tão
emocionante quanto uma perseguição. Mird percebeu a sua excitação e
deslizou pra fora de seu colo, roncando em antecipação.
— É muito tentador, — disse Vau, — descobrir uma direção de viagem a
partir da forma desse despojo...
Os três homens se entreolharam.
— Vamos em frente, — disse Mereel, com um grande sorriso.
Eles estavam acima do limite de cinquenta metros agora, e enquanto
Aay'han circulava lentamente acima da plataforma da ilha, os sensores
captaram o pulsar das propulsões e os sons agitados das unidades de
propulsão de submersíveis e embarcações de superfície que exploravam os
baixios azul-turquesa. A varredura os mostrou como pontos de luz, a
maioria dentro da zona de segurança de dez quilômetros. Eles não seriam
incomodados aqui embaixo.
— Eu nunca completei o curso de mergulho, — Skirata disse de repente.
— Eu apenas pensei que você deveria saber disso.
— Talvez nem precisemos molhar os pés, Kal'buir. — Mereel levou a
Aay'han mais fundo, de frente para o penhasco submerso. — Olhe para a
varredura em três dimensões.
De frente, o sonar mostrou um padrão complexo de buracos, embora
nenhum deles parecesse se estender muito pra dentro da rocha. Mas havia
uma saliência que estava mais ou menos alinhada com o pedaço de entulho.
Mereel roçou o fundo do mar, espalhando lodo na água límpida, e
aproximou-se da plataforma saliente de rocha coberta de ervas daninhas.
E lá estava. Desse ângulo, a varredura detectou um túnel profundo, quase
todo escondido da inspeção casual pela saliência, mas agora visível como
um poço retangular com cantos arredondados e uma abertura de cerca de
oito metros por cinco. Aay'han tinha uma viga de vinte metros.
— Então. — Skirata deu de ombros. — Não podemos simplesmente
entrar, podemos?
— Você é tão náutico, — disse Vau.
Mereel ainda tinha aquele sorriso no rosto.
— Sempre há a chance de descobrirmos que é apenas uma saída de lixo
e que há uma coisa faminta com o dobro do tamanho de um dianoga
vivendo lá.
— Vamos descobrir.
— Se Ko Sai estiver lá, ela usará o transporte para entrar e sair. Vamos
voltar para o resort e ver o que eles têm para alugar.
— Isso significa mergulhar, não é?
— Não necessariamente, Kal'buir.
O que quer que Mereel tivesse em mente, isso o divertia. Coisas
perigosas geralmente aconteciam. Vau levantou uma sobrancelha.
— Vou colocar Mird em terra, se estiver tudo bem pra você.
— Confie em mim, — disse Mereel.
Aay'han emergiu bem longe do porto e deslizou pela abertura nos
quebra-mares em direção ao seu cais. À medida que se aproximavam dos
pontões e diminuíam a velocidade quase até parar para chegar ao lado,
Mereel apontou para o outro lado da água.
— É disso que precisamos, — disse ele. — Eu sabia que eles os teriam
aqui. Perfeito.
Vau e Skirata seguiram o seu dedo, mas Vau não conseguiu ver nada,
exceto ondas agitadas. Então algo saiu da superfície, como uma brecha de
Whaladon, e fez um arco de três metros no ar antes de cair novamente no
mar. A princípio, Vau pensou que fosse um enorme peixe prateado, mas
quando ele avançou pelo porto em saltos extravagantes e saca-rolhas, ele
conseguiu se concentrar na coisa por tempo suficiente para ver que era uma
nave extraordinário em forma de tubarão firaxa, menos a barbatana
principal. Tinha cinco metros de comprimento com um brilho escarlate
brilhante em um flanco e as palavras CAÇADOR DE ONDA destacadas em ouro.
Fierfek, parecia divertido. Vau mal conseguia se lembrar de diversão. A
nave também passaria perfeitamente pela entrada do que ele esperava ser o
laboratório de Ko Sai, bem como a escotilha de carga de Aay'han.
— Vamos alugar um, — disse Mereel. — Eles têm dois lugares e
atingem uma velocidade máxima de vinte e cinco quilômetros por hora.
Não que eu tenha pesquisado antes, é claro.
Skirata apenas parecia em branco. Era a expressão que ele usava quando
queria dizer nu draar, a mais vívida e enfática das recusas de Mando'a, mas
sentia que precisava manter as aparências.
— Hum.
— Alguém tem que pilotar Aay'han, porque essas coisas não terão muito
alcance, — disse Vau. — E eu estou me voluntariando. Eu tive minha crise
de meia-idade há cerca de dez anos, então você pode brincar de piloto desta
vez, Kal...
— Shabuir, — Skirata murmurou, mas ele parecia nervoso.
Os Caçadores de Ondas estavam à venda ou eram alugados. O preço há
muito deixou de ser um problema para qualquer um deles agora que o
tempo era a coisa mais rara e preciosa que se possa imaginar, então Skirata
comprou um.
— Bom explorador para a Aay'han, — ele disse, olhando para as suas
botas. — E se amassarmos a coisa, não teremos nenhuma explicação a dar
para a locadora. — Então ergueu os olhos para Mereel, uma cabeça mais
alta que ele, e deu um tapa na palma da mão do Nulo com a senha. — Todo
seu, filho. Já era hora de você possuir algo legal.
Vau geralmente era imune aos extremos polares de emoção de Skirata,
mas por alguns segundos o velho chakaar e o seu filho substituto
simplesmente se entreolharam como se não houvesse mais nada que
importasse na galáxia, e Vau sentiu uma inveja genuína.
Não era a Skirata que invejava. Era Mereel, por ter um pai que o adorava
tanto que não poderia fazer nada de errado. Como o tempo, era algo que a
sua riqueza nunca havia comprado pra ele.
CAPÍTULO 11
Há uma coisa que me incomoda, senhor. Dizem que Mestre Yoda se referiu à guerra como a
Guerra dos Clones logo após a Batalha de Geonosis. Foi a primeira batalha da guerra. Por
que ele identificou a guerra dessa maneira, pelos clones que a estão combatendo? Já dissemos
a Quinta Guerra da Frota ou a Guerra da Brigada Corelliana de Baji? O que ele sabe que nós
não?
— General Bardan Jusik, confiado ao General Arligan Zey

Trasporte, a caminho de Dorumaa de Qiilura, 478 dias Geonosis

que significa cyar'ika? — Etain perguntou, olhando para algo na


—O palma de sua mão.
Ordo podia adivinhar para onde isso estava indo e, como eles estavam
presos na cabine de um pequeno transporte espacial, ele não teve outra
opção a não ser conversar. Temia que as coisas se desviassem para áreas
onde ele se sentia terrivelmente ignorante, e não ter as respostas sempre o
incomodava. Esperava ser perfeito.
— Significa 'querida', — disse ele. — Docinho. Amado. Adorada.
Etain engoliu em seco de forma audível e não ergueu os olhos.
— E está tudo bem para uma mulher usar essa palavra para um homem?
— Você pode usá-lo para qualquer um, — disse Ordo. Ah, ela estava
tateando no campo minado de um relacionamento em uma língua
estrangeira. — Qualquer um ou qualquer coisa que você ama. Filho,
cônjuge, animal de estimação, pai.
— Oh. — Houve uma ligeira queda em seu tom, como se ela não
esperasse ouvir isso. — Certo.
— Se Darman usa isso, não é porque ele considera você como o seu
strill, General...
Ela fez um pequeno som como se estivesse tentando rir, mas tivesse
esquecido como fazê-lo.
— Então, todo mundo sabe sobre o bebê, exceto Dar?
— Apenas Kal'buir, sargento Vau e os meus irmãos. E Bard'ika,
obviamente. Ordo respeitava a capacidade de Jusik de se sentar nas notícias
por tanto tempo quanto ele, mas isso o fez se perguntar o que mais a Jedi
não lhe dissera. Ansiava por um dia em que nenhum desses subterfúgios
fosse necessário. — Porque temos o dever de cuidar de você.
— Eu... eu aprecio a sua preocupação.
— Sem dor?
— Não.
— Mais algum sangramento?
— Não... Bardan sabia antes de eu contar a Kal, na verdade. Ele sentiu
isso. — Ela soltou um longo suspiro e juntou as mãos na barriga como se
fosse muito maior do que realmente era. — Ele ainda está com raiva de
mim?
— Você saberia se ele estivesse. Kal'buir apenas se esforça demais para
consertar a galáxia pra nós, mas não pode ser feito, e não é o trabalho dele
fazer isso agora que somos homens adultos.
— Você já disse isso a ele?
— Não com essas palavras, exatamente.
— Então você também tem medo dele.
— Não. Tenho medo de não ser digno dele.
— Sem pressão, então...
Era difícil quando alguém dedicava a vida inteira ao seu bem-estar, uma
dívida crescente que nunca era paga. Ordo queria ver Kal'buir ter uma noite
de sono decente em uma cama adequada e consertar o tornozelo. Queria que
ele encontrasse uma boa mulher pra cuidar dele; na verdade, queria todas as
coisas para o seu buir que o homem queria para os seus filhos, mais ou
menos.
— É melhor eu avisá-lo de que estamos chegando quando sairmos do
hiperespaço.
— Por que você não ligou pra ele antes?
— Porque ele teria me dito para levá-la de volta para Coruscant, e eu
nunca iria desobedecê-lo.
— Mesmo se ele estiver errado?
Ordo nem sempre concordou com Skirata, mas isso estava muito longe
de estar errado.
— Ele precisa de mim lá.
— E eu vou ser útil assim?
— Você não precisa ser útil.
— Qual é o problema com Dorumaa afinal? Porque eu sei que Kal nunca
tiraria uma licença, muito menos no meio de uma guerra.
Não fazia sentido esconder isso dela. Ela descobriria assim que
aterrissassem.
— Ko Sai.
— O que tem ela?
— Acho que eles a encontraram, e isso significa que a pesquisa dela
também.
Etain de repente ficou muito quieta. Podia ouvir a respiração dela, mas
manteve os olhos na paisagem estrelada à sua frente.
— Kal não estava apenas reclamando, então.
— Não. — Ela não o entendia nada. — Mereel a está rastreando há
meses. Infelizmente... — Ordo se perguntou se seria sensato contar a ela
que Jusik havia avisado Skirata. Não era. Se eles queriam confiar um no
outro como Jedi, isso dependia de Bard'ika. — Infelizmente, Delta alcançou
um de seus informantes e eles estão indo para Dorumaa também, sob as
ordens pessoais do Chanceler para capturá-la.
Desta vez olhou para Etain, e ela parecia uma criança assustada. A sua
boca estava ligeiramente aberta e ela estava com uma cor horrível, quase
cinza; nunca deveria ter mencionado isso. A última coisa que ela precisava
em seu estado era outra coisa para se preocupar, mas se ela não se
preocupasse com isso agora, ela teria que se preocupar com isso quando
eles pousassem, e não poderia tê-la deixado em Qiilura em nenhum
momento. mais tempo para se preocupar apenas com os metamorfos como
companhia.
— Vocês realmente são louco, não são? — disse Etain.
— Eu pessoalmente?
— Kal e os Nulos indo contra o Delta... e desafiando Palpatine?
Lutou para tranquilizá-la.
— Não estamos lutando contra o Delta. Estamos apenas chegando lá
primeiro. Sem danos causados.
— Ordo, essa coisa de exército privado tem que parar. Vocês não podem
fazer isso. Vocês vão acabar levando um tiro por traição.
Isso tocou todos os sinos errados com Ordo. Ela pode ter dito isso como
um aviso geral, mas era um pouco próximo demais da realidade oculta de
Sull e dos outros Troopers CRA que queriam sair do GER.
— Então você sabe que eles nos sacrificam como animais, não é?
— Eu só estava...
Queria esclarecer as coisas: os Jedi sabiam sobre as execuções? Eles já
discutiram o que aconteceu depois que as batalhas terminaram? Mas ele
sabia que Kal'buir ficaria com raiva se ele aumentasse a pressão sanguínea
de Etain e machucasse a criança, então ele mordeu o lábio, literalmente, e
deixou a sua raiva e desconfiança passarem.
Ela é apenas uma criança. Ela é como Bard'ika, só que não tão confiante
e tão boa no trabalho. Você tem que recuar.
Foi um esforço físico calar a boca. Ordo sentiu gosto de sal e metal,
sangue molhado em seu lábio.
— Desculpe. — Ele se concentrou no que Skirata iria querer e lutou
contra o impulso de descontar o seu ressentimento e frustração em Etain,
não porque fosse injusto, mas porque poderia levar a eventos que
perturbariam Kal'buir e Darman. Queria perguntar a ela por que apenas um
punhado de Jedi se opunha a um exército de escravos e por que eles podiam
alegar acreditar na santidade de toda a vida e ainda tratar algumas vidas
como isentas desse respeito. Era uma pergunta que deveria ter feito a Zey
também. Em vez disso, abriu os lábios e se ouviu dizer:
— Vamos mudar de assunto. Se Besany se ofereceu para preparar o
jantar pra mim, ela quer dizer jantar ou...
Parou. Etain estava olhando pra ele com o olhar de alguém que tinha
visto um acidente terrível, e ele não tinha ideia de como formular a pergunta
de qualquer maneira, mas queria saber a resposta. A largura da cabine era
de pouco mais de dois metros. Etain estendeu a mão e agarrou o seu braço
com tanta força que se encolheu.
— Podemos reverter isso um pouco, Ordo? Por favor? Quem está
eliminando os clones? Zey sabe disso? — Ele não precisava ser sensitivo à
Força para saber que ela estava perturbada com o que disse. — Vendo que
são troopers CRA sendo caçados por troopers de operações secretas, talvez
Zey autorize isso, mesmo que não estejam todos em sua cadeia de
comando. Não demorou a dar o sinal para Kal'buir para realizar
assassinatos ilegais que não podem ser rastreados até ele, não é? Ordo
limpou o lábio com as costas da mão. — Eu simplesmente não sei. E eu não
deveria ter contado a você.
— Mas você contou, e agora estou brava com isso.
— Ninguém deixa o Grande Exército exceto em um saco para cadáveres,
Etain. — Ele decidiu amenizar o impacto diminuindo o posto dela, o que
soaria como uma acusação naquele momento. — Depois que essa história
se espalhar, o que você acha que isso fará com a lealdade, muito menos com
o moral?
Etain parecia estar formulando palavras difíceis.
— Ordo, não posso deixar de ser uma Jedi. Nunca tive mais escolha do
que você, e não posso desligar as minhas habilidades da Força mais do que
você pode desligar o seu cérebro. Então você me assusta, porque eu posso
sentir o lado sombrio em você, toda a violência e raiva, mas tudo é
reprimido, e eu só me pergunto quando você finalmente vai explodir e
perder o controle.
Não era nada que já não soubesse. Kal'buir disse que você não pode criar
homens como os Kaminoanos faziam e esperar qualquer outra coisa, e a
isca de aiwha não tinha interesse em produzir clones felizes e bem
ajustados, apenas letais e disciplinados. Não era como se eles fossem ficar
por aqui tempo suficiente para refletir sobre o significado de sua existência
e descobrir que eles tinham feito um mau negócio.
É isso que Besany vê? Um psicopata? Ela nunca parece ter medo de
mim. Ela diria se fosse?
— Etain, você não é responsável por toda a Ordem Jedi, — ele disse. —
Mas não sinto muito quando mato, porque é apenas algo que precisa ser
feito, e não mato por diversão. Acho que nem toda vida merece respeito. Eu
só me importo comigo e com os meus. Se isso significa matar um pouco
mais, não vou perder o sono.
— Se isso ajuda, — disse Etain, — cheguei ao ponto em que não me
importava quantos fazendeiros fossem mortos em Qiilura, contanto que
nenhum dos meu troopers o fizesse. Não acho que o Conselho Jedi
aprovaria isso, mas vou aprender a conviver com isso. Acho que eles
justificam fechar os olhos para a realidade do exército pelo processo
inverso.
Como conversa fiada, foi uma das piores experiências que Ordo já teve.
Não tinha mais nada a dizer e girou alguns graus em seu assento para
verificar o curso e revisar o ponto de desaceleração para sair do
hiperespaço. Não é de admirar que os Mandalorianos geralmente tenham
ficado do lado separatista nesta guerra: a República estava apodrecendo do
núcleo pra fora, mole e corrupta, separada de tudo fora da órbita de
Coruscant, a menos que pudesse ordenhá-la. Mas descontar o seu desgosto
em uma garota grávida e assustada que era tão desprivilegiada quanto ele,
desprivilegiada, era isso, não era o jeito de Mando. Ordo sentiu-se
profundamente envergonhado, como se a sua raiva tivesse sido uma pessoa
totalmente separada por aqueles poucos momentos, nem mesmo parte dele.
Sempre fazia isso quando levavam a melhor sobre ele. Etain tinha razão.
— O que você vai fazer se Venku for sensível à Força? — ele perguntou,
lutando por uma trégua.
— Ele será. — Etain deu um tapinha em sua barriga. — Eu posso dizer.
E não vou deixar que ele seja levado como eu fui. Vou ensiná-lo a lidar com
os poderes que desenvolve, se Kal deixar, mas ele não será um Jedi. Não
preciso que Kal me proíba.
— Você percebeu que ele provavelmente terá uma vida normal?
— Desculpe?
— Mereel está hackeando os dados do Tipoca há algum tempo, para ver
quais genes eles estavam mirando no processo de envelhecimento
acelerado.
— Eu não tinha ideia de que vocês estavam fazendo isso.
— Não é algo que gostaríamos de anunciar, não é?
— Diga-me. Por favor. Eu preciso saber.
— Alguns dos genes que eles usam para acelerar o envelhecimento são
recessivos e outros precisam ser ativados e desativados quimicamente. O
kaminiise nos adaptou em cada estágio, você vê. Se fôssemos plantas
híbridas, diriam que não nos reproduzimos de verdade. Essa é a coisa
interessante sobre a epigenética...
Ordo parou porque Etain colocou a mão na boca e os seus olhos estavam
bem fechados. O seu pensamento imediato foi que ela estava abortando e,
embora nunca usasse a palavra pânico, estava preso entre os sistemas em
uma pequena nave auxiliar com apenas um kit de primeiros socorros e a sua
lembrança fotográfica do manual da enfermaria.
Então percebeu que ela estava chorando e tentando não chorar alto. Ela
nunca lhe pareceu do tipo que chora. Kal'buir teria corrido para confortá-la,
mas Ordo não estava preparado para isso. Por fim, ela abriu os olhos e
enxugou o rosto com a manga de seu puído manto Jedi marrom.
— Sinto muito, — disse ela. — Tenho me preocupado muito com isso.
Kal está certo, sobreviver aos seus filhos é a pior coisa que se possa
imaginar. Posso lidar com o que quer que aconteça, desde que Venku tenha
uma vida normal.
— Confie em mim, a isca de aiwha não iria querer que os seus rivais
fossem capazes de reproduzir características de clones como essa, eles
iriam querer controle total sobre seu produto. Mas Mereel está ficando
muito hábil nisso, então ele sabe o que testar.
O alívio foi transformador. O rostinho franzido de Etain se suavizou em
algo que se aproximava da beleza, e ela se recostou no assento do copiloto
com um sorriso beatífico nos lábios. Ordo pensou em todas as vezes que
Kal'buir disse a ele como ser um pai para os Nulos tinha sido sua salvação;
talvez fosse o mesmo pra ele, embora tivesse uma cadeia de montanhas para
escalar antes que isso pudesse ser mencionado a Besany Wennen, a quem
nunca havia beijado, apesar do forte vínculo entre eles.
— Você acha que Kal alguma vez se perguntou onde está a sua primeira
família? — Etain perguntou. — Parece tão injusto com ele. Ele estava
divorciado há anos.
Era um ponto delicado, o único segredo que Kal escondia de seus filhos
Nulos: que os seus filhos biológicos o declararam dar'buir, não mais um
pai, divórcio parental estilo Mando, quando ele desapareceu da galáxia com
o resto de os sargentos de treinamento Mandalorianos. O exército à espreita
em Kamino era tão secreto que eles não podiam contar a ninguém para onde
tinham ido.
Sim, os filhos de Skirata ainda o denunciaram por ter desaparecido,
embora eles já fossem homens adultos naquela época. Dois filhos e uma
filha: Tor, Ijaat e Ruusaan.
— Ele deu a eles todos os créditos extras que tinha após o divórcio, —
disse Ordo. — Por anos. É por isso que ele teve que aceitar o contrato de
Kamino.
— Mandalorianos levam os deveres familiares ao extremo, não é?
— É melhor do que a alternativa.
— Ordo, quaisquer que sejam as discussões que tive com Kal, respeito o
compromisso dele com todos vocês. Não tenho certeza se teria coragem de
deixar os meus filhos me denunciarem em vez de contar a eles sobre o
programa de clonagem.
— É difícil viver sendo a causa disso.
— Talvez, mas ter alguém que se preocupa tanto com o seu bem-estar é
uma coisa maravilhosa.
Etain e Jusik eram os únicos Jedi que Ordo conheceu que pareciam
ansiar pela família imaginária da qual foram tirados, porque Zey, Camas e
Mas Missur pareciam perfeitamente satisfeitos com a sua sorte na vida,
assim como todos os pequenos Padawans que dançaram presença deles.
Pelo que Etain sabia, sua mãe poderia ter sido uma fanática religiosa e o seu
pai um bruto dominador, como os pais de Walon Vau. Talvez os Jedi
tenham feito um favor a ela. Ela nunca saberia.
— Não muito mais longe, — disse ele, lutando para aprender habilidades
sociais desconhecidas. — Então posso comunicar Kal'buir e encontraremos
você em algum lugar para relaxar enquanto cuidamos dos negócios.
— Você sabe o que me faria sentir melhor, Ordo?
Ah, uma tábua de salvação. Agarrou.
— Só diga.
— Eu gostaria de saber exatamente onde Darman está e o que está
acontecendo com ele. Eu costumava ligar ou pelo menos obter informações
do QG da Brigada, mas é difícil falar com ele sem sentir aquela vontade de
contar a ele sobre Venku.
— Vou verificar assim que sairmos abaixo da velocidade da luz.
— Obrigado.
— Sem problemas.
— E ela não significa só jantar.
— Quem não quer?
— Besany. Você perguntou.
— Ah. Então eu perguntei.
Ordo pensou se deveria pedir conselhos a Mereel, que era o especialista
nesse tipo de coisa, e de repente descobriu que os indicadores de néon no
console do transporte eram absolutamente fascinantes em momentos como
aquele. Eventualmente, ele trouxe a nave para a velocidade do subleve para
sair da Rota Corelliana, e a galáxia parou quando as estrelas voltaram a ser
pontos de luz. Não importa quantas vezes tenha feito isso, ainda sentiu
como se estivesse caindo pra frente por alguns momentos depois. Corrigiu o
curso para Dorumaa e pegou o seu comunicador.
— Antes que você pergunte, Kal'buir, — ele disse, — Etain está melhor.
Não há mais sangramento ou dor.
Skirata parecia sem fôlego.
— Onde você está?
— Não em Qiilura...
— Algo deu errado?
— Não, mas Etain pode descansar mais confortavelmente em Dorumaa
do que em Qiilura. Levet acabou lá e você precisa de toda a ajuda que
conseguir.
— Você é um garoto travesso, Ord'ika.
— Sinto muito, Buir.
— Ah, qual é. — Houve um grunhido alto como se alguém tivesse
vencido Skirata em uma luta, então uma série de baques ocos. — Você sabe
que sempre fico mais feliz quando você está por perto.
— Se importa se eu perguntar o que você está fazendo?
— Mereel tem um brinquedo novinho em folha para caçar kaminiise.
Isso me fez vomitar. Estamos apenas praticando com ele.
Ordo tentou imaginar uma arma que viraria o estômago de duraço de
Skirata.
— Alguma notícia?
— Oh, sim. É só uma questão de infiltração.
— Ela está lá? — A euforia fez o seu estômago revirar. — Isso está
confirmado?
— Alta probabilidade. Não certeza.
— Quando vamos entrar?
— Agora mesmo.
Mas a nave ainda estava a algumas horas de distância de Dorumaa. Ordo
levou um momento para registrar isso e se sentiu estranhamente traído,
então instantaneamente envergonhado por abrigar o menor ressentimento. O
meu pai está se arriscando de novo para nos salvar, como fazia quando
éramos crianças. Não tenho o direito de ficar chateado. Convocou todas as
habilidades de atuação que aprendeu enquanto se passava pelo trooper Corr
para não arruinar o momento de triunfo de Skirata.
— Tenha cuidado, Kal'buir. Ela não estará sozinha.
— É ela que precisa ter cuidado. Sou eu quem tem as receitas de
tatsushi.
— Vamos chegar lá assim que pudermos.
— Sinto muito por não podermos esperar por você, filho. O Delta estará
aqui em menos de um dia.
— Entendo. Onde está Bard'ika agora?
— A caminho para desviar o Delta quando eles chegarem aqui, só por
precaução.
— Você identificou um lugar para manter Ko Sai enquanto a
persuadimos a pensar da nossa maneira?
— O plano é levá-la pra fora do mundo assim que pudermos. Estava
pensando em Mandalore. Rav Bralor me deve uma. Assim como Vhonte
Tervho. Ainda há alguns Cuy'val Dar por aí.
— É melhor transmitir a localização e um PE, caso você já tenha
desmaiado quando pousarmos.
— Transmitirei. Lamento não ter acompanhado os esquadrões. Quando
conseguirmos esta shabuir, vou reservar um tempo para checar com todos
eles.
— Diga ao Mereel para aproveitar o seu brinquedo, seja ele qual for.
Ordo esperava que o seu desapontamento não transparecesse em seu
rosto. Mas Etain era uma Jedi e não precisava de linguagem corporal para
entender esse tipo de coisa.
— Eu nunca odiei ninguém assim, — ela disse. — Não devemos ter
paixões extremas, nós Jedi.
— Provavelmente é melhor que eu não esteja lá quando eles a
encontrarem. — Ko Sai decidiu quais clones atendiam aos padrões de
controle de qualidade e quais não. Ela proferiu uma sentença de morte pra
ele e os seus irmãos, dois anos depois de suas vidas; Mereel discutiria as
muitas maneiras pelas quais ele queria matá-la. — O extermínio é bastante
pessoal.
— Ele não está brincando sobre as receitas, está?
— O que te faz achar isso?
— Mandos. — A gíria emprestada soava estranha naquela pequena voz
Jedi formal que ela tinha. — Eles... vocês gostam de seus troféus. Vocês
mantém a armadura de entes queridos mortos. Ouvi dizer que alguns usam
escalpos e... outras coisas em seus cintos.
Era assim que aruetiise via os Mandalorianos: selvagens, mas úteis
quando se precisava deles para lutar por você. Não é de admirar que os
clones se apeguem a essa identidade com tanta facilidade.
— Houve um tempo em que não podíamos enterrar os nossos mortos, ou
os de qualquer outra pessoa. Mas não tenho certeza se alguma vez caímos
no canibalismo. Músicas altas para beber, talvez. Sempre era preocupante
ouvir um estereótipo de si mesmo. — Me disseram que kaminii tem gosto
de carne de jaal, porém, uma mistura de carne e peixe.
A julgar pela expressão dela, Etain levou alguns segundos para perceber
que ele estava brincando. Mas o corpo era uma casca, uma coisa para fazer
ações e transmitir conhecimento, e uma vez que o seu propósito foi
cumprido, não parecia importar se era enterrado, comido ou deixado para os
necrófagos.
Ordo queria saborear a vida tanto quanto o próximo ser, mas parte dele
estava aliviado pelo pensamento de que se ele não sobrevivesse a seu pai,
ele seria poupado da dor de perdê-lo um dia. Era um pensamento egoísta. A
vida sem Kal'buir era inimaginável.
— Engraçado, perdi o gosto por carne quando engravidei, — disse Etain.
Eles estavam no espaço inimigo agora. Ordo vasculhou uma pilha de
falsos chips de identidade e inseriu um em seu datapad para reprogramá-lo
com novos detalhes. Passou-se por parceiro de Etain antes em vigilância;
eles poderiam até agir como um casal cansado que ficou sem coisas para
descobrir um sobre o outro.
Etain estudou as informações sobre a nova mulher que ela seria em
Dorumaa.
— Se você e Besany se casarem, ela vai ter que fazer a coisa toda de
Mando, não vai?
Ordo evitou pensar tão à frente.
— Comer prisioneiros e usar os seus dentes como colares, você quer
dizer?
— Sério. Só me ocorreu que... bem, eu tenho que fazer isso também. Por
Dar. Isso certamente irá perturbar os Mestres Jedi.
— Você terá que se atualizar com Bard'ika.
— O que se espera de uma esposa Mandaloriana?
— Lutar oito horas, parar para dar à luz, depois colocar o jantar do seu
velho na mesa. Exceto no seu dia de folga, é claro.
— Sério...
— Pode ser uma vida muito difícil. Nada que perturbaria uma Jedi como
você, no entanto. Basta se acostumar a trançar o cabelo. Me disseram que
cabe melhor sob um capacete.
Os Jedi tinham mais em comum com Mando'ade do que queriam
admitir. Ordo observava o crono com crescente frustração, esperando que
Kal'buir pudesse se atrasar uma hora ou mais para que eles pudessem estar
lá para o sequestro, e decidiu que se a visita a Dorumaa fosse cancelada, o
melhor lugar para Etain se esconder até o nascimento era Mandalor.
Skirata sempre conseguia persuadir Zey de que ela precisava de alguns
meses para verificar se os Separatistas estavam recebendo beskar, ferro
Mandaloriano super resistente, de Keldabe. Zey sabia quando não fazer
muitas perguntas.
Certamente não perguntou a eles sobre o trooper CRA A-30, Sull.
Plataforma insular, a aproximadamente nove quilômetros da ilha de Tropix, Dorumaa,
478 dias após Geonosis

Skirata verificou as suas armas com um ritual que era um hábito


inconsciente desde que ele tinha seis anos, quando Munin Skirata o
encontrou encolhido nas ruínas de um prédio bombardeado em Surcaris,
segurando a faca de três lados de seu pai morto.
As armas haviam mudado ao longo dos anos: tecnologia, créditos e
experiência significavam que agora preferia um equipamento pequeno e
silencioso, especialmente se trabalhasse com roupas aruéticas. Mas agora
estava blindado para o combate. Queria que Ko Sai entendesse que ela
estava lidando com Mando'ade.
Também havia a possibilidade dela ter proteção. Aqueles droides que o
Twi'lek havia transportado tinham que ir para algum lugar, e não havia
como saber quais contra medidas estavam esperando em seu covil.
Assuma o pior.
Se fosse apenas uma dianoga à espreita em uma saída de esgoto, estava
determinado a não deixar que a decepção o atrasasse nem por um único
batimento cardíaco. Voltaria à caça, porque aquele gihaal repugnante
definitivamente havia passado por este planeta. Podia sentir isso.
Mas seria bom não ter que ficar desviando de Zey. Estou cansado de
beijar os seus shebs. Estou cansado da República.
— Ajuste apertado? — disse Mereel. Ele parecia estar se divertindo
muito, e Skirata ficou feliz em saber que o garoto poderia encontrar alegria
nas situações mais improváveis. — Não é realmente construído para dois
homens de armadura, não é?
Skirata passou pela litania, faca em seu ejetor de placa de antebraço,
arma de estilhaçamento Verpine de curto trajeto, blaster WESTAR
personalizado, soqueiras, corrente de duraço. Não contou as granadas de
efeito moral e artilharia nas bolsas de seu cinto, apenas os pequenos itens de
autodefesa.
— Vomitar no capacete não é algo que eu recomendaria, não...
— Você não...
— Cheguei perto.
— Vou tentar não girar muito ela.
— Ko Sai?
— Esta nave.
— Ah. — Foi definitivamente o girar, aquele movimento em saca-rolhas,
que fez o seu estômago revirar para a saída. — Onde você conseguiu o
arpão?
— Estava no armário de ferramentas da Aay'han.
Sim, Mereel estava em sua melhor forma. E ele realmente odiava Ko Sai.
Skirata amava os seus filhos sem reservas, mas às vezes eles o deixavam
nervoso, e os seus intelectos fenomenais não garantiam que, apenas
ocasionalmente, eles não ficariam fora de controle.
É um milagre que sejam tão normais. Mas estarei pronto para intervir se
ele perder o controle com ela.
Os dois assentos do Caçador de Ondas ficavam um atrás do outro, como
na cabine de um caça, e havia um pequeno compartimento de carga na
popa, cerca de quatro metros cúbicos, para pequenos itens como comida e
equipamento de mergulho. Era apenas uma embarcação esportiva.
Transferir Ko Sai para um local adequado para um bom bate-papo amigável
seria um desafio logístico, mas a nave inteira tinha menos de dois metros de
largura, o que significava que ela poderia passar pela comporta de ar com os
seus hidroplanos dobrados. Shab, se fosse necessário, ele atordoaria a isca
de aiwha com a coronha de seu blaster, enfiaria um respirador aquata em
sua boca e a arrastaria para debaixo d'água se fosse necessário.
De uma forma ou de outra, Ko Sai não sairia daqui.
Vau seguia a uma distância discreta da Aay'han. Skirata só sabia onde ele
estava porque o blip apareceu em sua Tela de Alerta, e Vau estava no
circuito de comunicação. Não havia como se virar nesta cabine apertada
para dar uma olhada.
O chakaar também parecia estar fazendo um bom trabalho em pilotá-la.
— Não danifique aquele barco, Walon, — Skirata disse.
— Ah, você está aprendendo. Vau parecia terrivelmente alegre hoje.
Talvez ele não gostasse de Ko Sai mais do que Skirata sabia. — É
realmente um barco neste modo. Não uma nave.
— Quando você se tornou tão exigente com a terminologia naval?
— O meu pai era um Almirante da Marinha Imperial Irmenu. — Vau
tinha um sotaque especial de desdém que reservava para referências à sua
família original, uma maneira de arrastar o ar pela laringe e girar o som
pelas narinas, de modo que emergisse como metal raspando na alvenaria.
Isso sempre deixava os dentes de Skirata nervosos. O ódio tinha o seu
próprio som. — Eu já mencionei isso? Uniforme cerimonial como as
cortinas de um bordel Hutt e uma lâmina vibratória de cinco séculos. Eu
queria me juntar, você sabe. Ele disse que eu não era bom o suficiente.
— Mas a marinha de Mando aceita qualquer osik antigo, certo?
— Já tivemos uma marinha marítima?
— A nossa, ou uma que pegamos emprestado? Por que, você quer
comprar uma?
— Só por curiosidade. Conversando um pouco antes de dizer que
consegui invadir o computador central de serviços públicos de Dorumaa, e
a rede de fornecimento mostra uma quantidade bastante extravagante de
energia sendo canalizada para um local que, se eu mapeasse em um gráfico,
se alinharia muito bem com a área ao redor da entrada da caverna.
Mereel riu.
— Talvez o dianoga assista muito a HoloNet.
Skirata sorriu.
— Lady precisa de muita iluminação, refrigeração, autoclave e poder de
computação para pesquisa de clonagem, eu diria... existe alguma outra
grande instalação na superfície nesse ponto?
— Apenas o campo de bolo-ball, e isso não está consumindo muita
energia. Não como bombas... iluminação... refrigeração... você entendeu.
— Oya! — Enjoado ou não, a caçada de Skirata agora adquiriu uma
atmosfera de celebração, e esperava que isso não fosse excesso de
confiança.
Oya. Vamos caçar.
Era uma palavra tão pequena, mas estava embutida na psiquê
Mandaloriana como tudo de positivo na vida: de vamos a boa sorte a
parabéns a... é a melhor notícia que recebi em anos.
O Caçador de Ondas não tinha sonar embutido ou holocâmeras externas,
então, uma vez em posição, navegavam por mapa e Globo Ocular Mark
Um, como gostava de chamar. A embarcação, agora apelidada de Gi'ka,
Pequeno Peixe, deslizou para a sombra da saliência da rocha e se alinhou
com o túnel em forma de fenda.
— Você verificou o quão profundo essa coisa pode ir? — Skirata
perguntou, notando o rangido ocasional do casco.
— Profundidade de esmagamento?
— Esse é um termo tão deprimente, filho.
— Duzentos metros. Sem problemas. Udesii.
— Certo.
— Passe-me o sensor.
Era mais fácil dizer do que fazer. Skirata passou pelo espaço entre o
ombro de Mereel e o anteparo para poder agarrá-lo. Skirata ainda estava
ensaiando mentalmente a broca para tirar o capacete e inserir o respirador
aquata se o casco fosse rompido, aceitando que a água o incomodava muito.
Mereel apontou o sensor, uma pequena arma de sonar e um ícone da
leitura apareceu na Tela de Alerta de Skirata. Vale cada crédito. Eu deveria
ter feito essa atualização anos atrás. Quando ampliou a imagem, parecia
um beco sem saída no fundo do poço, anormalmente suave e, se a
calibração estivesse correta, teria quase cem metros de comprimento.
— Minha aposta, — disse Mereel, — é que isso é um poço, como na
exploração de cavernas, mas projetado como uma barreira. — Ele respirou
fundo: então Mer'ika não estava tão confiante quanto ele parecia. — Oya.
Gi'ka se arrastou para a boca do poço, silencioso, exceto pelos leves sons
borbulhantes de seu caminho, e agora eles estavam em total escuridão com
apenas o sonar para lhes dizer onde estava a próxima superfície dura.
Devagar, devagar...
A voz de Vau era um sussurro nos comunicadores do capacete.
— Tudo limpo neste final. O tempo estimado de chegada de Ordo é de
cinquenta minutos, o de Jusik, duas horas.
— Qual é o do Delta?
— Cinco, talvez seis.
Em uma missão como essa, com tantas incógnitas, essa pista pode
evaporar.
— Pode perder nosso sinal, Walon. O ponto de abortar é...
— Eu não faço abortos, Kal. Vou esperar aqui até acabar o oxigênio. São
dois meses... pelo menos.
— Espero que você tenha trazido uma holo revista para ler, então...
— Oh, eu não vou ficar entediado. Estarei contando os seus lucros com o
roubo.
Vau sempre soube como provocá-lo, mas deixar claro era o mais
próximo que o homem poderia chegar de ser amigável. Skirata podia sentir
o suor escorrendo em seu lábio superior, do tipo que o resfriamento dentro
do capacete shabla nunca poderia evitar. Pensou que a água estava ficando
mais clara. Mas era a sua imaginação.
Se houvesse algum alarme, eles disparariam sem saber...
Não, a água estava ficando mais clara. Podia ver um brilho verde
definido agora.
— Mer'ika, o que é isso?
— Se for uma fossa, — disse Mereel, — haverá um poço vertical que
conduz a uma zona seca.
— Você é um rapaz esperto.
— Eu sei como os kaminiise pensam. Lembra-se da secção mais antiga
de Tipoca? Como eles construíram as palafitas pela primeira vez quando o
planeta inundou?
— Eu não explorei tanto quanto vocês, crianças. Na verdade, ainda não
conheço todos os lugares que vocês conseguiram acessar.
Os Kaminoanos odiavam os Nulos. Incontroláveis, disse Orun Wa.
Divergentes. Perturbados. Ko Sai até enviou a Jango Fett um pedido de
desculpas por quão inadequado o seu produto havia se mostrado,
prometendo colocá-lo no lote Alfa depois que eles”recondicionassem” as
falhas.
Seria bom vê-la novamente e mostrar a ela como o seu”produto” havia
crescido.
Agora a embarcação estava em águas turvas, a metros do que parecia ser
uma brecha no teto do túnel, e finalmente eles avançaram para uma poça de
luz. Mereel esticou o pescoço.
— Aí está, Kal'buir.
Acima do dossel de transparaço da cabine havia um poço cheio de água,
e era claro o suficiente para distinguir a superfície. Não parecia cinquenta
metros, no entanto. Trinta, talvez. Uma forma escura estava imóvel no topo:
um casco.
— Então isso vai consumir um pouco da força de bombeamento, —
disse Skirata.
— Sim, acho que está abaixo do nível do mar. Pode ser limitado pela
geologia, o que duvido, dada a terraformação. Pode ser projetado para
inundar a câmara interna em caso de emergência.
— Vamos decifrá-lo, — disse Skirata.
— É aqui que fica interessante, então.
Skirata checou o seu blaster e lâmina novamente e sentiu seu estômago
revirar e então se acalmar, do jeito que sempre acontecia quando ele estava
pronto para lutar.
— Leve-nos pra cima, Mer'ika.
Era difícil dizer se havia alguém lá em cima esperando por eles ou se
havia alguma armadilha. Mas não havia dianoga, apenas crescimentos rosa
alaranjados brilhantes na pedra, e quando Gi'ka irrompeu a superfície e a
água escorreu do dossel em riachos, Skirata pôde ver que eles estavam em
uma câmara vazia como uma piscina com bordas de azulejos e um banco de
iluminação no teto. Uma nave cinza opaca um pouco maior que o Caçador
de Ondas estava na água, preso por uma linha e balançando levemente
enquanto Gi'ka fazia ondas.
Mereel pegou o seu blaster, Kal se preparou para pular atrás dele e o
dossel se abriu.
Gi'ka não era estável na superfície. Ameaçou rolar como uma canoa até
que Mereel atingiu algo no console e ela se estabilizou. Ele a trouxe ao
longo do cais e enrolou a sua linha de fibra em torno de uma grande
presilha colocada na borda de permacreto. Se precisassem fazer uma saída
rápida da nave, estariam sem sorte. Skirata saiu do casco e desceu no cais.
Houve momentos em que a diferença de idade pesou muito.
— Acho que vamos entrar aqui... — Mereel indicou uma única e grande
escotilha de anteparo instalada em uma das paredes e olhou em volta em
busca de controles, que se revelaram colocados atrás de uma placa à prova
d'água. Abriu-a enquanto Skirata estava pronto para enfrentar o que quer
que estivesse do outro lado.
— Pronto?
— Pronto, filho.
— Toc, Toc...
Mereel empurrou um interruptor de circuito no painel de controle. A
escotilha se abriu, levantando-se da borda inferior e recuando para um
recesso no topo. Skirata, com uma arma em cada mão, percorreu a gama de
opções de visor de infravermelho a EM e descobriu que estava olhando
diretamente para outro túnel, mas cujas paredes eram revestidas com canos;
no final, parecia um entroncamento em T, com uma passagem para cada
lado. Ele se moveu ao longo dela com Mereel, cada um cobrindo o outro
quando chegaram ao final e checaram os dois lados.
O garfo esquerdo parecia muito mais promissor. O piso liso parecia um
pouco menos brilhante, como se tivesse muito mais tráfego de pedestres, e
havia portas convencionais em uma das extremidades. Eles haviam acabado
de passar pelo que parecia ser uma barreira contra inundações e agora
estavam entrando no complexo propriamente dito.
— Aposto que o Corpo de Bombeiros de Dorumaa não tem esquemas
disso, — disse Skirata.
Mereel resmungou.
— Em momentos como este, você percebe o quão útil Bard'ika é. Ele
teria elaborado o layout e aberto as escotilhas à força.
— Eu nunca disse que Jedi não era útil. — Skirata se aproximou das
portas, enfiando o seu Verpine no cinto. — Tem uma granada PEM pronta?
— Se este lugar é todo à prova de falhas eletrônicas, prefiro tentar a
força bruta em qualquer pedacinho primeiro. Pode fritar as portas
trancadas...
— Certo.
— Deve ser difícil ter metade dos piores inimigos da galáxia atrás de
você.
Skirata não podia mais ouvir o estalo fraco no comunicador por mais
tempo: Vau estava fora de alcance. Ele passou pelas frequências com uma
série de piscadas, tentando ouvir qualquer coisa aqui embaixo que pudesse
captar.
— Abra as portas, filho.
Mereel exibiu o seu disruptor.
— Se pegarmos a casa errada, apenas pedimos desculpas e corremos,
certo?
— Confundir as estradas, sim...
— O tornozelo está bem?
— Já estive pior.
— Em três, então... dois... um.
A luz brilhante e as paredes brancas brilhantes que os deslumbraram
quando as portas se abriram eram familiares; eles não tinham o endereço
errado. Isso era Tipoca chique, branco liso apenas para seres sem a visão
hepta cromática dos Kaminoanos. Anteparas caíram no chão em algum
lugar atrás deles, e o corredor à frente ecoou com um carrilhão distante que
não parecia urgente o suficiente para um alarme.
Então houve um silêncio que não parecia... silencioso. Skirata podia
sentir alguém por perto, um sentido animal que fez a sua nuca formigar.
Quase não precisou da imagem granulada de seu sensor da Tela de Alerta
para saber que haviam figuras do outro lado do arco, a apenas seis metros
de distância, duas pressionadas contra a parede à esquerda e uma à direita,
formas de rifle levantadas, com os seus arcos de fogo sobrepostos.
Shab.
Se ambos morressem aqui onde estavam, Vau estava esperando e Ordo
estava a caminho, então ainda não havia saída para Ko Sai. A boca de
Skirata estava seca. Firmou o seu Verp com uma mão e tateou em busca de
uma granada de aerossol dissipadora de laser. Nesse espaço apertado, uma
névoa instantânea de Aerossol Dissipado a Laser reduziria o disparo do
blaster a um estalo doloroso, mesmo em armaduras de duraço.
E temos as Verps, projéteis. O ADL não pode fazer nada para impedir
isso...
Neste espaço confinado, ia haver um combate corpo a corpo de
proximidade... pessoal, sujo e desesperado. Mereel acenou na direção do
gargalo e pegou uma granada de detonite.
— Talvez precise cozinhar também... — ele disse no comunicador do
capacete. Ele quis dizer detonar a granada antes que ela atingisse o solo. —
Segure o seu buy'ce, Kal'buir...
Skirata se resignou a mais do que alguns hematomas quando a coisa
detonou.
— É só dor. — Cozinhar fora era arriscado, mas ele e Mereel tinham
pratos de beskar, então se arriscariam com lesões percussivas. O Nulo
disparou para a parede oposta. Esta era a limitação de danos, e os caras
menos danificados sobreviveram. — Em três. Um, dois...
Skirata lançou o cilindro de ADL. Ele ganhou vida com um estalo alto,
embaçando o ar no momento em que raios azuis cortaram a névoa em
ângulos cruzados. Os tiros de blaster dissipados atingiram Skirata no peito,
mas apenas o derrubaram um passo, como um bêbado em uma cantina que
não conseguiu acertar um soco; ele respondeu ao fogo para cobrir Mereel
por alguns segundos extras, ouvindo as balas do Verpine quebrarem os
ladrilhos da parede.
Eles terão que fechar a lacuna. Eles terão que se apresentar agora...
— Cobertura! — Mereel se lançou pra frente e jogou o detonador na
nuvem. — Pra baixo!
Skirata caiu mais do que se abaixou, sentindo uma sensação de frio
queimando em seu joelho e sentindo gosto de sangue em sua boca, mas
estava de pé novamente de alguma forma, batendo contra a armadura de
Mereel enquanto eles invadiam a névoa ADL. Tropeçou em algo sólido no
chão, um corpo, um homem caído, mas manteve a altura de Verp. Então a
imagem encheu o seu visor ao mesmo tempo em que a sua mira escravizada
pela Tela de Alerta lhe mostrou o contorno de um...
O visor de fenda em forma de T. Shab, eles são Mandos como nós.
O seu corpo pensou e atirou de perto. Mereel disparou em uma figura
que era apenas um contorno na Tela de Alerta de Skirata; Skirata ouviu o
som de pa-dack-pa-dack de duas balas batendo no metal, mas o
Mandaloriano bloqueando o seu caminho, fierfek, eles são vode; eles são
nossos, apenas cambalearam como se tivessem levado um soco e voltaram
até Skirata com uma manopla pontiaguda. As suas placas colidiram peito a
peito. Beskar tinha um som como nenhum outro metal, toda solidez pesada
e opaca, sem altas frequências metálicas como duraço quando atingido.
Skirata levou um soco sob a mandíbula que encheu os seus seios nasais com
o que parecia metal derretido. A sua faca caiu de seu alojamento em sua
mão e a ergueu com força sob o único lugar realmente vulnerável em um
traje de beskar'gam, o selo de tecido endurecido entre o gorjal e o queixo.
A luta se moveu em câmera lenta e silenciosa, e não houve grito, apenas
o começo de um ganido e então engasgo, e sangue por toda parte, mas sabia
que não era dele e naquele momento era tudo com o que se importava. O
homem agarrou o punho de Skirata enquanto apontava o Verp com uma
mão para o buraco e atirava à queima-roupa.
Skirata achava que nunca esqueceria o som, não um estalo balístico, mas
um lençol molhado batendo em um vendaval. O homem caiu. Skirata lutou
para liberar a sua faca, imaginando por que ainda podia ouvir gorgolejos e
ofegos em sua saída de áudio, então o silêncio pontuado por um baque
surdo.
— Kal'buir! Você está bem? — Mereel parecia sem fôlego. — Três a
menos. Tudo limpo.
Os sons do blaster pararam, mas Skirata ainda podia ouvi-los como um
eco abafado. Mereel saiu do nevoeiro que se dispersava e se condensava no
chão e nas paredes e agarrou-o pelo ombro.
— Shab, — disse Skirata. Os poucos segundos de alívio por não ser o
morto deram lugar a uma vaga raiva. Ele ajustou os seus sensores da Tela
de Alerta. Nada se moveu. — Isso é tudo, então.
Haviam três corpos em armadura Mandaloriana no chão. Uma morte foi
dele, a outra foi de Mereel, e a terceira deve ter sido morta pela explosão.
Onde estava Ko Sai?
Não deveríamos estar nos matando. Isso é uma loucura.
Mereel recuou ao longo da parede, com o rifle erguido, verificando
visualmente.
— Não estou captando mais nenhuma atividade.
— Certo, porta por porta agora, Mer'ika. — Skirata colocou a sua auto
aversão de lado. — Ela está aqui.
— Aposto que o lugar fecha quando o alarme dispara, — disse Mereel,
tentando abrir a primeira porta. Ele pegou um sensor e procurou circuitos de
segurança enquanto Skirata ouvia sinais de vida.
Talvez devesse ter gritado para Ko Sai sair e enfrentá-los. Ela devia
saber que eles estavam lá. Um tiroteio entre Mando'ade não era o tipo de
coisa que você perdia porque estava fazendo um bule de caf.
E era definitivamente um laboratório.
Isso lembrou Skirata da cidade de Tipoca, todas as superfícies brancas
clínicas e áreas estéreis, portas com selos herméticos, um templo de ordem
e perfeição e desrespeito a vida. Não podia sentir o cheiro com o capacete,
mas sabia que, se o tirasse, sentiria aquele leve formigamento nas narinas e
sentiria o cheiro do fluido esterilizante.
— As portas estão em dois circuitos, Kal'buir, disse Mereel. — Vou fritar
um conjunto de cada vez. Isso significa que todas as portas se abrem ao
mesmo tempo.
— Então ela pode fugir, — disse Skirata. — Ou vai esper que a
arrastemos pra fora.
Não havia pra onde ela ir. Skirata pensou que isso poderia ser uma isca e
que a bifurcação à direita perto da entrada era onde eles deveriam estar, mas
Mereel acenou pra ele e indicou um painel de segurança. Era do tipo que
tinha um esboço da planta baixa com pequenas luzes indicando o status de
cada compartimento ou cômodo.
— Gerador de emergência, — disse Mereel, batendo com a ponta do
dedo no painel. — Essa é a sala das plantas do lado direito. Esta é a única
acomodação.
— Ela não tem um exército aqui, então.
— Provavelmente apenas guarda-costas suficientes para cobrir três
turnos. Quanto mais gente aqui embaixo, mais suprimentos ela terá de
trazer. Mas podemos verificar os quartos.
— Você acha que o próximo turno vai começar logo?
— Certifique-se de recarregar.
— Vamos apenas encontrar a shabuir e arrastá-la pra fora.
— Eu preciso retirar os dados de seus sistemas também.
Agarrar alguém na rua era um trabalho básico para qualquer caçador de
recompensas, rápido, embora arriscado. Sequestrar uma cientista e roubar
toda a sua pesquisa, tudo, nada para cair nas mãos erradas, era uma tarefa
muito maior se estivesse com pressa.
Bard'ika, vamos ver se você convence o Delta a parar para jantar, e
talvez tomar um holo vídeo também.
— Dez portas de cada lado, Kal'buir
Todo o lugar era um gigantesco tanque à prova d'água com divisórias
internas, então, a menos que tivesse entendido tudo errado, havia apenas
uma saída, e isso estava além dele.
Skirata tirou o capacete com uma mão por um momento e inalou
profundamente. Sempre afirmou que podia sentir o cheiro dos Kaminoanos,
mas o que atingiu o fundo de seu paladar o galvanizou quase tanto: o lugar
cheirava como os laboratórios da cidade de Tipoca. O lembrete trouxe de
volta mais ressentimento e ódio do que conseguia se lembrar. A adrenalina
o inundou novamente, e encontrou o seu segundo fôlego.
— Grande sorteio, Mer'ika. Frite-os.
Mereel enfiou o disruptor no painel. As luzes piscaram e dez pares de
portas se abriram. Skirata nunca tinha visto um Kaminoanos com um
blaster, mas não descartou a capacidade de Ko Sai de usar um. Aproximou-
se do lado de cada porta e disparou pra dentro, com o blaster pronto.
Haviam filas de conservadores, caixas transparaço seladas com aparelhos
de controle remoto, tanques vazios, não sabia como teria reagido se
houvesse algo vivo neles, e uma sala cheia do que parecia ser
armazenamento de computador, raque após raque disto. A genética exigia
muita análise de dados.
— Eu sei que você está aqui, sua shabuir sádica, — Skirata gritou. Ele
arriscou deixar o capacete fora. Ele queria que ela visse seu rosto, seu ódio,
sua vingança prometida acontecer. — Você vai sair? Ou posso ter o prazer
de arrastá-la pra fora? Porque não sou um homem legal e a idade não está
me amolecendo.
Mereel abriu uma bolsa em seu cinto com uma das mãos, tirando os
dados em branco, pronto para retirar as informações do laboratório de Ko
Sai até a última planilha e lista de compras.
— Dê a ordem, Kal'buir.
— Abra as escotilhas.
As últimas dez portas fizeram um barulho de estalo quando as
fechaduras se abriram. Skirata deslizou o conjunto de soqueiras sobre a sua
manopla esquerda e flexionou os dedos. Então caminhou lentamente pelo
corredor de salas, blaster erguido na altura de seu ombro, confiante de que
poderia atirar antes que ela pudesse. Matava para viver.
Ela também, à sua maneira.
Chegou ao nível da quinta porta e olhou pra dentro.
Ko Sai não tinha uma arma. Ela estava sentada à escrivaninha, com a sua
escrivaninha branca e limpa, como costumava ter na Cidade de Tipoca,
olhando pra ele com aqueles olhos cinzentos perturbadores. Ela ainda usava
os grossos punhos pretos que mostravam a sua posição como cientista chefe
de todo o programa de clonagem, embora tivesse abandonado Kamino e
deixado o seu governo em apuros.
Havia algo de repulsivo em alguém que usava um posto ao qual não
tinha mais direito, especialmente quando trabalhava sozinha. O seu status
era a sua vida.
— E quem te mandou? — ela exigiu. — Lamu Su? Dookan? Aquela
criatura iludida do Palpatine?
— Aposto que é bom ser a garota mais popular da escola, — disse
Skirata. Sempre atirava primeiro e insultava o cadáver depois. Mas não
podia matá-la, ainda não. Ela tinha trabalho a fazer. — Posso escolher
nenhuma das opções acima?
— Serão créditos, — ela disse. Não havia nada que Skirata pudesse
gostar nos Kaminoanos. Onde outros ouviram vozes gentis e flautas, ele
ouviu condescendência e arrogância. — Quanto você quer para ir embora?
Skirata não podia acreditar que ela não se lembrava dele. Mas então ele
era apenas outro pedaço de carne humana, e talvez ela realmente não o
conhecesse de Vau ou Gilamar, ou dos Mandalorianos mortos em seu chão
branco brilhante.
— Eu gostaria de toda a sua pesquisa, por favor.
— Oh, Micro Arkanian. Claro.
— Corte o osik. Você sabe exatamente quem eu sou.
— Por um momento pensei que você fosse um dos capangas de
Palpatine. Todo mundo contrata Mandalorianos. Vocês são pessoas tão
baratas, facilmente compradas.
Skirata queria ver choque em seu rosto, ou pelo menos ódio. Ficou
desapontado. Não, estava furioso. Acenou para Mereel.
— Tira o capacete, filho. Diga olá para a boa cientista.
Mereel parou por um momento, mas quando tirou o elmo estava
sorrindo, com um maravilhoso sorriso ingênuo que o fazia parecer um rapaz
inofensivo que não sabia nada sobre as armas que trazia penduradas em sua
armadura. Ele caminhou para frente e encostou-se no batente da porta.
Skirata podia ver as suas pupilas dilatadas. Ela jogou a cabeça pra trás.
Oh sim, está tudo inundando de volta agora. Vamos todos ficar
nostálgicos, certo?
E Mereel se lembrava, porque ele tinha uma memória perfeita, muito,
muito antes de quando ele era um bebê, antes mesmo de Skirata conhecê-lo.
O sorriso branco perfeito de Mereel nunca vacilou. Ele tirou um bastão
curto de seu cinto, um bastão elétrico do tipo que os fazendeiros usavam
para arrebanhar nerfs.
— Oi, mamãe, — disse ele. — O seu garotinho está de volta.
Escritórios do Tesouro, Coruscant, 478 dias após Geonosis

As trilhas de auditoria eram o tecido da vida de Besany Wennen. Eram


como as leis da física: não havia transação sem uma transação igual e
oposta. Onde os créditos foram gastos, alguém recebeu. E quando alguém
despejou muito dinheiro em um projeto, não foi algo que eles fizeram
sozinhos.
Não havia monopólio da informação. Se uma coisa existisse, alguém a
projetou, fabricou, entregou ou de alguma forma a tocou. E com tempo e
esforço suficientes, então esse alguém poderia ser encontrado.
Besany entrou no escritório de Jilka Zan Zentis da maneira mais casual
que pôde e pousou o traseiro no arquivo baixo.
— Tenho que lhe pedir um grande favor, — disse ela. — E você pode
dizer não.
Jilka olhou pra cima lentamente.
— Se envolve dobrar um encontro, eu me lembro da última vez...
Besany pensou em Fi por um momento.
— Na verdade, não, mas se isso fechar o negócio, posso apresentá-lo a
um jovem muito agradável.
— Deixe-me pensar sobre isso. Qual é o favor?
— Preciso saber sobre uma empresa chamada Logística Dhannut. Eles
chamaram a minha atenção, mas não consigo descobrir onde eles estão
baseados, embora sejam um empreiteiro aprovado pela República.
— Oh, você simplesmente não sabe onde procurar, querida. — Jilka
adorava um desafio. Ninguém em sã consciência teria feito um trabalho
como o dela, a menos que gostasse de caçar inadimplentes de impostos
corporativos e todos os riscos que isso acarretava. — Se eles estão pegando
os nossos créditos, nós vamos espremer o imposto corporativo deles. E se
não estivermos, terei o maior prazer em apresentá-los à experiência de
preencher o formulário dois-barra-nove-sete-Alfa-oito-alfa.
— Logística Dhannut, — disse Besany. — D, H, A, N, N, U, T. Eles
provavelmente constroem instalações médicas.
— E quanto foi despejado em seus cofres do bolso do infeliz
contribuinte?
— Posso identificar cerca de cinquenta bilhões.
Os olhos de Jilka brilharam. Ela tinha os seus momentos engraçados:
talvez Fi gostasse dela.
— Isso é só um pouquinho acima do limite de receita tributável, não é?
Vamos ver o que posso encontrar.
Besany só queria uma pista. Não queria que Jilka começasse a cavar
muito, porque quanto menos pessoas soubessem, melhor. Mas Jilka estava
fora e correndo, percorrendo registros e até consultando outra tela de
computador.
— Você está certa, — ela disse, soando um pouco desapontada. — Sem
endereço. Mas eles pagaram o imposto integralmente, e tenho os detalhes
do contador aqui. Estranho.
— Por que?
— Você não deveria poder fazer uma declaração de imposto sem o
endereço da sua sede, mas isso passou pelo sistema.
— Vou te dizer que isso não me surpreende.
— Equipamento médico, você diz?
— Instalações. Estou supondo construção ou montagem especializada.
Talvez eles nem sejam baseados no Triplo Zero.
— Triplo o quê?
— Desculpe, gíria da frota. Aqui. Coruscant.
— Oh, eles estão baseados aqui, tudo bem. De outra forma, eles não
preencheriam as declarações na Cidade Galáctica. Isso tem um código
CCGC.
— Alguma chance de me passar o endereço do contador?
Jilka rabiscou em um pedaço de flimsi.
— Eu não disse uma palavra. Não passou pelo sistema de mensagens. E
eu nunca vi você antes na minha vida.
— Se surgir mais alguma coisa... Dhannut, alguém lidando com
Dhannut... me avise?
— Certamente. Você me deixou intrigada agora. O que tocou a sua
campainha? Fraude?
— Acho que é uma fachada para outra atividade. Porque também estou
perdendo os detalhes deles no banco de dados de empreiteiros aprovados da
República. O que também não deveria ser possível.
— Parece sujo. Percebi que você está carregando um blaster agora. Ideia
sensata.
— Apenas pense nisso. Dhannut aparece em dois bancos de dados nos
quais não deveria ser possível entrar. Se não for legítimo e eles não
invadiram o sistema, então alguém com acesso do governo os deixou entrar.
— Você simplesmente não consegue o bastão hoje em dia.
— E as pessoas pensam que apenas embaralhamos arquivos o dia todo...
— Então, eu fico com o jovem muito agradável? Ele é gostoso?
— Ele está muito em forma e você certamente não perderia o apetite
olhando pra ele.
— Fechado.
— Vou perguntar a ele na próxima vez que o vir.
— Se ele é tão maravilhoso, por que você não ficou interessada
— Tenho um igualzinho a ele.
— Ah. Ah.
— Não critique até experimentar.
A expressão de Jilka caiu uma fração, repentinamente séria.
— Você mudou, Bez. E também não quero dizer que você parece estar
apaixonado.
Besany deu o seu sorriso descomprometido, aquele sorriso levemente
frio que reservava para suspeitos quando não havia reunido evidências
suficientes, mas tinha certeza de que o faria, com o tempo.
— Obrigada, Jilka. Te devo uma.
Decidiu desviar para o escritório do contador de Dhannut a caminho de
casa, em vez de passar mais tempo no prédio do Tesouro; não estava em
uma investigação no momento, apenas envolvida em relatórios anuais para
o comitê do Senado, e a atenção de seus chefes era a última coisa de que
precisava agora.
E tinha ido muito mais longe do que Mereel jamais lhe pedira.
O quadrante T-15 estava bem fora de sua área. Olhou para o flimsi,
elaborou uma rota sinuosa, algumas trocas de táxi, intercaladas com
caminhada para esfriar a trilha, e tentou esquecer até a hora de partir, mas
quando as coisas começaram a comê-la, ela as encontrou. difícil de largar.
Era a sua persistência obstinada que a tornou boa em seu trabalho. Também
a mantinha acordada à noite.
O problema dela era que ela era notável. As pessoas se lembravam dela:
ela era alta, muito loira e atraente. Às vezes isso era uma vantagem nas
investigações, porque as pessoas tendiam a subestimá-la, mas também
dificultava o trabalho secreto. Precisava diminuir um pouco o brilho.
Skirata chamou de cinza. Ele tinha o dom de se comportar e se vestir de
maneira a passar completamente despercebido, sem chamar a atenção. Ele
também poderia parar o trânsito, se quisesse. Homenzinho engraçado; Ordo
o adorava. Ele certamente tinha um carisma feroz.
Ao cruzar as passarelas que ligavam o distrito de alimentação a uma das
zonas de varejo que pareciam todas iguais agora onde quer que estivessem
no planeta, tomou o cuidado de ficar de olho em problemas.
Gabinete do Chanceler. Bem, se a mancha for tão alto...
Não, isso era estúpido. Nunca tinha sido intimidada antes, e se recusava
a ser agora. Mais uma corrida de táxi e uma caminhada de dez minutos a
levaram ao Quadrante T-15. Pensou ter encontrado a estrada, mas então
percebeu que não poderia ser a certa; era uma longa série de unidades de
manufatura têxtil, não de escritórios. Seguiu em frente, mas os números do
setor estavam aumentando, então estava indo na direção errada. Refez os
seus passos.
Ainda não parecia certo.
Besany digitou o endereço em seu datapad para verificar as coordenadas,
mas era inflexível, este era definitivamente o lugar certo. Caminhou por
toda a extensão, de ambos os lados, e se viu olhando para a Unidade 7860,
que deveria ser uma torre de escritórios, mas obviamente era uma fábrica
têxtil. Algumas das portas do nível da passarela estavam abertas; podia ver
as máquinas e, ocasionalmente, alguns trabalhadores passando pelas portas.
Contador inexistente. Empresa inexistente. Créditos reais. O que estava
acontecendo aqui?
Fosse o que fosse, agora era claramente ilegal, embora ainda não tivesse
ideia de quão trivial ou sério poderia ser. Os regulamentos diziam que
deveria ter registrado imediatamente, mas não podia, não agora. Nem tinha
certeza se deveria contar a Jilka, porque um conhecimento como esse
também poderia colocá-la em risco.
Besany manteve a mão no blaster, no fundo da bolsa, durante todo o
caminho de volta para o apartamento. Quando enfiou o chip de identidade
na fechadura e as portas se fecharam atrás dela, sentiu-se capaz de respirar
novamente.
Olhou para o cronômetro: era tarde, muito tarde, tarde demais para
comer, ou então nunca conseguiria dormir. Resmungando consigo mesma,
serviu um copo de suco e assistiu às manchetes dos holo noticiários, sem
realmente entender, mas notando que a cobertura da guerra estava agora
muito abaixo na lista por trás da vida amorosa de celebridades decadentes e
brigas de cantina envolvendo jogadores de grav-ball. Um dos canais de
notícias mais sóbrios tinha um analista de defesa do Instituto de Estudos da
Paz da República apresentando teorias sobre a natureza da ameaça droide
Separatista, mas parecia que as pessoas queriam passar os olhos pelas
notícias deprimentes o mais rápido possível. Também estava ficando mais
difícil encontrar relatórios de linha de frente, de orgânicos ou droides,
ultimamente. Para Coruscant, era normal, então quem se importava em lutar
na Orla? O oficial Corr não concordava com ela e disse que era mais feliz
sem uma holo câmera espiando por cima do ombro, mas ela se importava.
Queria saber tudo sobre a guerra. Era como se observá-lo desse a ela algum
poder protetor sobre as ameaças que Ordo e os seus irmãos enfrentavam.
Não assistir a todas as notícias era como fugir do serviço de sentinela, o que
só podia imaginar.
— Idiota, — ela murmurou na tela. A analista estava lançando números,
enormes, e como o seu negócio eram números, pegou uma caneta e
rabiscou alguns números no datapad mais próximo. — Aposto que nem se
sabe quantos zeros tem um quintilhão.
Ela sabia, porém, e os números a confortaram, então considerou o
argumento dele. Então começou a se perguntar quanto metal havia em um
droide de batalha, quarenta quilos, no mínimo, e multiplicou por um
quintilhão apenas por curiosidade, e então começou a se perguntar de onde
vinha todo aquele metal se 90 por cento do planeta rochoso médio era
sílica, e nem todos os 10% restantes eram o tipo certo de metal, ou
poderiam ser extraídos de qualquer maneira, e a mineração e o
processamento de minério consumiam muitos recursos...
Não, quintilhões de droides não pareciam viáveis. Mas era um grande
número adorável e improvável de ser jogado fora para assustar as pessoas.
Estava se preparando para examinar todos os números do analista quando
ouviu um som de arranhão que a sobressaltou.
O seu apartamento ficava no quinquagésimo andar, e os ratos blindados
não entravam em seu bairro, muito menos sabiam como usar o
turboelevador. Olhou em volta, percebendo que havia deixado o blaster
sobre a mesa, e quando o seu olhar passou pelas portas deslizantes de
transparaço pela varanda, o viu: um salky, uma versão domesticada do Kath
hound, um animal de estimação popular entre os modernos ambientado na
Cidade Galáctica porque não soltava pelo e não precisava andar muito. O
animal olhou pra ela, com a cabeça inclinada para o lado, e colocou uma
pata contra o vidro em um apelo mudo para ser deixado entrar.
Deve ter saltado de uma varanda adjacente. Algumas pessoas não tinham
ideia de como cuidar de seus animais de estimação. Besany resmungou alto
e abriu as portas apenas o suficiente para falar com ele sem deixá-lo entrar.
Ele enfiou o focinho pela abertura, choramingando e tentando lamber a mão
dela.
— Aii, querida, de onde você veio? — Salkies tinham uma juba espessa
que cobria toda a cabeça, dos ombros aos olhos, e pareciam uma criatura
muito mais fofa do que o predador selvagem do qual foram criados. —
Algum bobo deixou as portas abertas? Onde está a sua coleira? — Ela
arriscou vasculhar a sua crina para procurar alguma etiqueta de
identificação; essas criaturas eram caras, então era certo ter uma. — Vamos
conseguir alguém para buscá-la, querida. Você apenas fica parado...
— O que é isso? — disse o salky em uma voz masculina líquida rica. —
Seu prédio tem uma regra de proibição de animais de estimação ou algo
assim? Deixe-me entrar antes que alguém me veja.
Besany gritou e pulou pra trás, atordoada. Antes que pudesse entrar em
pânico com alucinações, a salky se deformou em uma massa lisa e disforme
e se espremeu pela abertura como metal derretido antes de mudar de cor.
Agora Besany estava olhando para uma poça de material preto brilhante que
se transformou em uma criatura de quatro patas e presas como uma pantera
de areia.
— Fierfek, — ela disse, e essa não era uma palavra que ela usava com
frequência. — É você.
O Gurlanin estreitou os olhos laranja brilhantes e caminhou até o sofá.
— Eu não sou a Jinart, mas suponho que todos nós parecemos iguais pra
você. Posso subir na mobília?
— Olha, eu...
— Não se preocupe com o nome. — Ele cheirou ao redor da sala como
se estivesse procurando por algo. — O seu povo manteve a sua parte do
acordo. O último humano deixou Qiilura. Então, como um gesto de boa
vontade de despedida para aqueles encantadores troopers, tenho algumas
informações pra você.
Os Gurlanins disseram que poderiam estar em qualquer lugar e ninguém
saberia. Quase perguntou a este se ele tinha pensado em uma carreira em
Auditoria do Tesouro, então teve um pensamento assustador de que um
Gurlanin poderia estar trabalhando ao lado dela ou a seguindo na rua a
qualquer momento. O que se diz a um espião metamorfo?
— Isso é muito gentil.
— Primeiro, certifique-se de manter aquele blaster com você o tempo
todo, porque o seu encontro com o senador Skeenah não passou
despercebido, e você está sob vigilância da Inteligência da República, e não
me refiro aos homens do sargento Skirata. Refiro-me ao mais alto nível do
governo. — Enfiou o focinho na cozinha e fungou de novo. — Dois, você
não encontrará a Logística Dhannut, porque eles não existem. Eles são uma
fachada para movimentar créditos dentro das finanças da República. Você
fez bem em encontrar a conexão com o Centax II, mas se continuar
batendo, será pega, então vou poupar o seu tempo. Sim, agora existem
clones sendo produzidos em instalações fora de Kamino, alguns aqui, a
maioria em Centax, e muitos deles. Não, o comando do Grande Exército
não foi informado, porque aqueles generais Jedi vão querer que os homens
extras sejam implantados imediatamente, mas não os receberão. Então você
pode passar isso para o seu contato.
Besany não achava que ela estava em qualquer lugar. Ela estava
mortificada.
— Por que eu deveria acreditar em você?
— Porque Qiilura tem uma ecologia frágil e sabemos que Skirata é um
pequeno pedaço de verme vingativo que realmente poderia persuadir a frota
a derretê-lo em escória. Queremos ficar sozinhos agora. Realmente sozinho.
— Entendo.
— Vamos manter presença aqui, a título de segurança, — disse o
Gurlanin. — Não que você fosse notar.
— Tudo bem, mas posso perguntar...
— Não.
— Só para...
— Eu disse não. E não fique tentado a cavar mais, porque você não tem
ideia do que realmente está lidando. — O Gurlanin se sentou de cócoras e
parecia estar encolhendo os ombros, contraindo músculos longos, e então
percebeu que ele estava mudando de forma novamente. — As coisas
sempre podem piorar muito.
— Eu realmente bati por aí?
— Na verdade, você se saiu excepcionalmente bem, para um ser
humano. Mas isso não vai ser bom o suficiente. E as coisas podem estar
ficando muito perigosas até mesmo pra nós.
Ele ficou em silêncio sem explicar o que isso significava, e então se
tornou um pedaço disforme de mármore antes de se transformar, não havia
outra palavra pra isso, em um homem, reto e muito familiar.
Gurlanins eram mímicos perfeitos. Tinha visto um se passando por um
funcionário civil com quem trabalhava e nunca o viu. Eles poderiam passar
por qualquer um e qualquer coisa.
Parecia que eles também podiam se passar por clone troopers. Besany
olhou de volta para um homem de armadura branca que poderia ser Ordo,
exceto que ele não estava se comportando como ele e não tinha capacete. A
réplica sorriu friamente para ela; seu estômago revirou, e precisou de todas
as forças para se impedir de pensar nas implicações daquele pequeno truque
arrepiante.
— Vou sair pela porta da frente, — disse ele. — Não é como se as
pessoas não soubessem sobre Ordo agora, não é?
Por muito tempo depois que o Gurlanin saiu, Besany não suportou sentar
no sofá ou mesmo usar o banheiro, porque não tinha mais ideia do que era
real e do que era ilusão. Andava de um lado para o outro, horrivelmente
acordada, sem perspectiva de conseguir dormir esta noite, e se perguntou o
que poderia fazer e dizer com segurança, mesmo dentro de sua própria casa.
Mas tinha o seu comunicador seguro e precisava confiar em algo naquele
momento.
Digitou o código de Ordo e tentou não pensar no Gurlanin que poderia se
metamorfosear nele tão rápido, tão facilmente e tão convincentemente.
Periferia de Eyat, Gaftikar, 478 dias após Geonosis

Um aglomerado de formas em T iluminadas em azul oscilou em sua


direção na escuridão, e Darman verificou o cronômetro em sua Tela de
Alerta.
— Luzes apagadas, vode, — disse Niner, e as luzes azuis desapareceram.
O Esquadrão Ômega agora era invisível para varreduras de infravermelho e
EM, e quase invisível a olho nu também, embora ainda fosse mais fácil vê-
los do que detectá-los com sensores. — Torrentes se aproximando do sul,
tempo do alvo oito minutos padrão.
— Estou trocando o controle remoto, — disse Atin. — Há atividade no
lado leste da cidade, veículos em movimento. A Niveladora já conseguiu
alguma varredura de alta altitude ativada?
A exibição da Tela de Alerta de Darman era uma massa de ícones de
imagem: as visualizações do controle remoto que eles enviaram
anteriormente para observar o posicionamento do canhão antiaéreo móvel,
as telas de ponto de vista de cada um de seus irmãos, o de Fi estava
tremendo ligeiramente em um ritmo definido, mostrando que ele estava de
volta ao seu mundo privado de música glimmik ensurdecedoramente alta, e
uma tela composta da Niveladora, atualmente exibindo a visão de um piloto
da Torrente de uma abordagem de baixo nível sobre o campo intocado.
Darman nunca gostou de ter tempo para pensar muito, especialmente
agora. Não parava de ver o restaurante e as mini lojas na estação ferroviária.
A'den lhe disse que estava super identificando como parte do ajuste à
presença do mundo civil, vendo o que ele poderia ter sido naquele mundo, e
que voltaria a se preocupar com os seus próprios shebs muito, muito rápido.
Esperava que sim.
Niner abriu a conexão para Niveladora.
— Niveladora, aqui é Ômega, vocês já têm alguma imagem em tempo
real que possa nos mostrar?
— Ômega, temos, e estamos tentando identificar o quartel-general da
defesa civil e a estação de comunicação.
— Niveladora, temos unidades antiaéreas se movendo por aqui. Por
favor, avise ao Torrentes.
— Ômega, você pode confirmar esta coordenada marcada como a
estação de comunicação?
— Niveladora, afirmativo, mas isso agora é um alvo?
— Ômega, apenas para forças terrestres. Estamos mirando o satélite de
retransmissão em órbita.
Niner fez o seu barulho impaciente de Skirata, estalando os dentes.
— Niveladora, gostaríamos de conexões de voz para os Torrentes. Por
favor, informe sobre a frequência.
Não era para ser feito dessa forma porque confundia o tráfego de voz,
mas Niner sempre quis a opção de abortar um ataque ele mesmo, em vez de
confiar em um relé através da nave. A extremidade da conexão da
Niveladora ficou em silêncio.
— Espero que ele esteja pedindo permissão a Pillion ou seja lá qual for o
nome dele, e seja rápido, — disse Fi. — Seis minutos para o alvo.
Atin bufou.
— Duas unidades Triplo A em movimento, sargento. Estou transmitindo
as coordenadas de qualquer maneira.
— Niveladora, — disse Niner, — unidades Triplo A em movimento.
Você deve ter novas coordenadas. Você pode confirmar que os identificou?
— Ômega, confirmado.
— Niveladora, vou percorrer a faixa de frequência e identificar o canal
Torrente...
— Ômega, por favor, evite comunicação direta por causa do risco de
ordens conflitantes. Aguardem o sinal.
Niner foi para a conexão do esquadrão fechado por um breve momento
de raiva.
— Em seus sonhos, di'kut. Se eu travar, você não pode me bloquear. —
Então ele voltou para a conexão da nave. — Niveladora, entendido. Ômega
desliga.
— Mir'osik, — Fi murmurou. — Somos nós que estamos no chão.
Niner verificou o seu DC.
— Vamos ter que ensiná-los a respeitar as forças especiais algum dia.
— Etain acha que o Comandante Levet é um bom vod, — disse Darman.
— Mas eu ainda me sentiria mais feliz se pudesse interromper e apontar se
eles estavam acertando o alvo errado. Às vezes fica um pouco frenético no
centro de comunicação.
— Atenção, larties chegando... — A voz de A'den cortou o circuito.
O Nulo estava a cerca de mil metros a leste deles com um grupo de
Marits, que trouxe uma impressionante gama de canhões e artilharia, bem
como milhares de soldados. Quando Darman focou com o seu visor na
sensibilidade máxima, a área parecia um mar ondulante, e então ele
percebeu que era na verdade a massa de lagartos se preparando para invadir
a cidade. Isso o incomodava. Ele não sabia nem se importava com quem
estava certo na disputa estranhamente contida deste planeta, contida até
agora, de qualquer maneira, mas ajudar isso a acontecer não o agradou, e
foi a primeira vez que sentiu isso tão claramente..
Podia ouvir os canhões TABA/i agora, os larties, um som de chonker-
chonker maravilhosamente reconfortante que dizia extração, apoio aéreo e
rostos amigáveis.
— Isso é como usar detonadores térmicos em insetos, — Fi disse, mais
para si mesmo do que qualquer coisa. — Eles podem derrubar alguns
Torrentes se tiverem sorte.
— Não costumamos ter tanta vantagem, ner vod, — disse Niner. —
Aproveite isso enquanto você pode.
A nota sufocante dos larties foi sobreposta agora com impulsos muito
mais agudos, o som igualmente familiar dos caças V-19 Torrente que se
elevou a um crescendo ensurdecedor enquanto voavam baixo. O áudio do
capacete de Darman foi desligado brevemente para proteger a sua audição.
Segundos depois, a primeira bola de fogo subiu no céu noturno acima da
estrada de acesso leste e a batalha começou.
Darman achou perturbador ficar esperando enquanto outras tropas
avançavam. Ômega estava acostumado a ser o primeiro a entrar, suavizando
a posição, sabotando, preparando o campo de batalha. O controle aéreo
avançado, se eles estivessem cumprindo esse papel com o Niveladora em
órbita, era algo que um droide poderia fazer: observar, confirmar,
retransmitir coordenadas e dados precisos. Eles não precisavam de recursos
escassos como um esquadrão de comando para fazer isso.
Adrenalina sem saída era uma coisa ruim. Darman se preocupou.
Cinquenta metros a oeste deles, um dos larties pousou e um esquadrão da
35ª Infantaria saltou.
— Vocês querem uma carona? — disse o sargento. — Estamos
protegendo o centro da HoloNet. Não queremos quebrá-la antes de
podermos enviar todas aquelas mensagens edificantes da República, não é?
— Tivemos uma ordem de operação uma vez, — disse Niner, fingindo
melancolia, — mas obviamente algum oficial perdeu a coisa. Shab, por que
não? Caso contrário, estamos apenas assistindo ao programa. Ele abriu a
conexão para Niveladora. — Niveladora, Ômega solicitando confirmação
de que deseja que tomemos o centro HoloNet...
O oficial de comunicação na linha não parecia um clone. Ele soou sob
muita pressão, no entanto.
— Ômega, confirmado.
Niner correu atrás do sargento do 35º; O escâner de contagem de
Darman mostrou-o como Tel.
— Ele é um homem de poucas palavras.
— Isso porque ele não conhece muitos, — disse Tel. — Nós temos
oficiais mestiços agora, pelo amor de Deus, e aquele só passou pela
Academia porque o seu pai é um capitão de patente. Se pudesse ler um
gráfico, seria perigoso. Você deveria ouvir Pellaeon tentando atacá-lo. Tel
fez uma pausa. — Mas Pellaeon está bem. Nem todos são inúteis.
Ômega entrou na canhoneira pelo lado aberto e Darman agarrou uma
alça de segurança. Mestiços: mais oficiais não clones, então. Não tinha
contato com muitos. Fi e Atin espiaram pra fora do compartimento da
tripulação com a confiança nascida da armadura que poderia suportar muito
mais punições do que a de um soldado comum. Darman observou a ligeira
inclinação das cabeças de capacete branco enquanto a infantaria verificava
o equipamento dos comandos, como sempre faziam. Quando era o único
foco em sua vida, você tendia a perceber o equipamento que os outros
tinham e você não.
— Aquele equipamento preto fosco, — disse um dos soldados. — É para
que possamos escrever coisas interessantes nele em marcadores luminosos?
— Eles te ensinam a escrever? — Fi fingiu choque cômico. — Não
adianta ser tão super qualificado, ner vod. É por isso que vocês andam em
trios?
— O que?
— Aquele que sabe ler, aquele que sabe escrever e aquele que gosta da
companhia de intelectuais...
— Diga-me isso de novo quando eu estiver no guincho da sua linha de
rapel, sim?
Era tudo brincadeira. Ninguém os chamava de esquisitos amantes de
Mando, de qualquer maneira. O larty zigue-zagueava entre os fluxos de
triplo A e as trilhas de fumaça dos sinalizadores.
— Só para o seu bloco de notas, — Niner disse calmamente, —
normalmente entramos e protegemos os alvos estratégicos antes do início
do tiroteio. É idiossincrático, eu sei, mas parece funcionar.
— Diga ao vira-lata de uniforme elegante, — disse Tel, cansado. — Eu
só vou quando enviado.
Era uma experiência surreal. O larty pousou brevemente para deixar os
esquadrões em uma praça de mercado vazia iluminada pelo brilho amarelo
de fogueiras nas proximidades. Não havia um ser humano à vista: nenhum
exército de defesa, nenhum civil em fuga, nada. Mas eles sabiam que o
ataque era iminente, e os Marits disseram que havia uma extensa rede de
passagens de serviço subterrâneas que funcionariam como abrigos. Darman
se sentiu um pouco melhor com isso. Eles correram para o prédio da
HoloNet que foi identificado por uma grande placa dizendo HOLOGAFTIKAR
CANAL DEZ.

Tel verificou o datapad em sua placa do antebraço.


— Bem, eles ainda estão transmitindo. O satélite deveria estar
neutralizado, no entanto.
Atin disparou uma garra sobre a borda do telhado e puxou a linha,
testando o peso.
— Vou ver o que posso desabilitar na ligação de qualquer maneira. —
Ele se levantou, e Niner e Fi empilharam cada lado da entrada com o 35º
enquanto Darman desenrolou uma tira de fita adesiva com um floreio e a
prendeu nas portas para formar uma carga de moldura.
— Cobertura! — Ele fez uma contagem regressiva enquanto todos se
afastavam da direção da explosão. — Fogo!
As portas se abriram em uma explosão de fumaça e escombros. Niner
respirou fundo antes de Tel, salvando um pouco do orgulho do esquadrão, e
o processo de limpeza do prédio começou da maneira mais difícil pelas
escadas de emergência porque o turboelevador estava preso entre os
andares. Darman cobriu Niner enquanto ele abria as portas dos escritórios,
não encontrando ninguém lá dentro.
— Eles podem transmitir dias de programação a partir de um conjunto
de chips de dados, sargento, — disse Darman. — Eles podem ter feito isso.
A voz de Fi veio na conexão da Tela de Alerta.
— Acho que encontrei o estúdio.
— Por que?
— Está escrito ESTÚDIO DOIS na porta.
— Bem, sabemos que há um Estúdio Um também.
Darman consultou o banco de dados de construção meticulosamente
mapeado que os Marits haviam dado ao Ômega quando chegaram, mas não
estava claro nas plantas baixas quais eram as áreas de registro e quais eram
de transmissão. Talvez não importasse se a retransmissão do satélite
estivesse comprometida e Atin pudesse desabilitar a ligação.
— Se este lugar ainda tiver funcionários, — disse ele, — haverá o herói
solitário obrigatório mantendo as mensagens de resistência patriótica
enquanto derrubamos a porta.
— Tente não danificar o equipamento, só isso, — disse Tel. — Caso
contrário, teremos que enviar substitutos antes que a propaganda e os
espiões das operações psicológicas possam se mover.
Darman teve outro momento de se perguntar como tudo isso se
encaixava em sua missão geral, então subiu as escadas correndo para
encontrar Fi. Ele estava agachado do lado de fora das portas do estúdio,
segurando um sensor contra o metal.
— Há um sinal de transmissão saindo daqui, — disse ele. — É melhor
bater.
Darman olhou pra cima.
— Luz vermelha. Significa transmissão ao vivo, não entrar e assim por
diante, não é?
— Sim, — Fi concordou, e colocou alguns raios do DC no painel de
controle ao lado. — Sim.
Darman nunca descobriu se havia o último locutor corajoso em Eyat
ainda sentado no console, espalhando mensagens desafiadoras para repelir
os invasores. A próxima coisa que soube foi que estava sendo jogado de
costas, indo em direção ao teto, e que os seus circuitos de áudio foram
cortados com um estalo quando uma bola de luz o ergueu. De alguma
forma, esperava que uma explosão fosse muito mais alta. O teto correu para
encontrá-lo e se chocou contra ele, sentindo-se imóvel no ar por um
momento antes de cair de volta e sentir seu peito bater em algo muito duro
quando caiu. Estava ciente de que descia um lance de escada de costas,
desamparado, lutando para agarrar qualquer coisa para impedir sua queda.
Quando finalmente parou de se mover, não conseguia ouvir nada, exceto a
chuva de detritos caindo em seu capacete.
A Tela de Alerta ainda estava funcionando. Só não tinha áudio. Tentou
os canais de comunicação e não conseguiu nada, mas tinha o ícone de Ponto
de Vista de Niner e o de Atin, e eles estavam se movendo: tremiam como a
visão de alguém trabalhando freneticamente para mover alguma coisa.
Parecia alvenaria quebrada e vigas de duraço. Havia um filtro de poeira ao
seu redor tão espesso quanto fumaça.
Mas o ícone de Fi não estava se movendo. A horizontal estava inclinada
em um ângulo acentuado, como se Fi estivesse deitada no chão de um lado.
Os detritos estavam visíveis, borrados como se estivessem muito longe do
alcance do foco, pressionados contra a câmera de entrada do visor.
— Fi? — Nada bom: ele não o ouviria. Darman tirou o capacete,
sabendo que estava machucado, mas sem sentir nada. — Fi? Fi! — ele
gritou. A sua boca se encheu de poeira e cuspiu, pingando um pouco no
peito. — Fi, vod'ika, você está bem?
Mas não houve resposta. Darman prendeu o capacete no cinto e começou
a vasculhar os escombros, procurando por Fi.
CAPÍTULO 12
Eles crescem leais à República, ou não crescem.
— Trooper CRA A-17, preparando-se para destruir as crianças clones da cidade de Tipoca
durante a Batalha de Kamino, três meses após a Batalha de Geonosis

Centro de pesquisa de Ko Sai perto da ilha de Tropix, Dorumaa, 478 dias após Geonosis

S kirata teve uma antipatia instantânea pelos Kaminoanos no dia em que


se viu preso em um contrato indefinido para treinar um exército secreto
de clones na cidade de Tipoca. Depois disso, o relacionamento com eles
piorou a cada dia.
Mas comparado com Mereel... não, ele não havia entendido
completamente a profundidade da aversão dos Nulos até agora. E foi a
primeira vez que ouviu um grito Kaminoano. Foi um grito longo e agudo
que saiu da escala audível e fez os seus seios nasais doerem.
— Calma, filho. — Skirata manteve a voz baixa e segurou o braço de
Mereel, aplicando pressão suficiente para mostrar que estava falando sério.
— Ainda não.
Mereel parecia um estranho; com o rosto sem sangue, juntas brancas,
pupilas dilatadas. Ele sempre pareceu o rapaz mais despreocupado dos seis
Nulos, aquele que podia ser mais charmoso, sociável e divertido. O aperto
de Skirata parecia puxá-lo pra trás da fronteira de um terreno baldio
sombrio e desconhecido. Ele desligou o eletro bastão com o polegar.
— Eu não vou matá-la, — ele disse, a voz rouca. — Eu sei muito sobre a
fisiologia Kaminoana para cometer um erro como esse.
Ele não estava blefando. Ko Sai, afundada em sua cadeira, parecia mais
esquelética e frágil agora do que elegante. O seu longo pescoço cinza estava
curvado para baixo como o caule de uma flor murcha. Era incrível o que
alguns volts podiam fazer.
— Eu disse que vocês eram selvagens, e eu estava certa. — Ela ergueu a
cabeça e fitou Mereel com aqueles olhos horríveis. Foi a esclera negra que
fez isso: se as áreas de pigmento estivessem invertidas, íris escura sobre
uma esclera pálida, ela poderia ter uma expressão serenamente benigna.
Como era, para um humano ela parecia permanentemente enfurecida. —
Torturar-me não vai torná-lo mais digno de sobrevivência. Você é
geneticamente inferior. Você enfraquece a sua espécie.
As suas pupilas cinzentas a marcaram como a casta governante, criada
para governar. Mereel voltou a ligar o bastão elétrico e enfiou-o na axila. As
convulsões não eram uma visão bonita.
— Você criou a receita para o meu genoma, querida. — Ele parecia
muito mais controlado agora. — E olha só o que você me fez fazer.
Mereel recuou e ficou acionando o botão para frente e pra trás com o
polegar. Skirata ainda não tinha ouvido todos os detalhes do que aconteceu
com os Nulos antes de conhecê-los dois anos depois de seu
desenvolvimento, o equivalente a quatro ou cinco anos de idade, mas já
sabia muito sobre como eles foram maltratados. E a tentativa fracassada de
melhorar o genoma de Jango Fett deu a eles uma série de problemas além
de traumas e perturbações. Ko Sai estava finalmente obtendo uma avaliação
prática de seu experimento.
— Nós tivemos um geneticista sujo como você uma vez, — Skirata
disse. — Sim, um cientista louco Mando. Gostava de experimentar com
crianças. Ele é pó há milênios, mas ainda sabemos o que significa o nome
Demagol. A ironia é que pode significar 'escultor de carne' ou 'açougueiro',
então acho que vocês dois teriam tido muitas conversas aconchegantes
sobre como estragar os seres vivos.
— Acho a ideia de um Mandaloriano acadêmico bastante divertida, —
disse Ko Sai, com todo veneno e xarope. Ele odiava aquela voz. — Vocês
não são uma cultura de pensadores.
— Que vergonha, cientista chefe. Você esqueceu o erudito Walon Vau?
Se você acha que Mereel é um garoto malvado com um bastão de nerf ,
você precisa conhecer Walon...
— As suas ameaças são previsíveis.
Skirata gesticulou para Mereel.
— Comece a retirar os dados, filho. Limpe o computador central.
— Micro Arkanian não saberá o que fazer com isso, — disse Ko Sai. —
Eles não têm experiência.
— Então, quem sabe? Quem está bancando você, isca de aiwha?
— Ninguém.
— Tudo isso veio de doações de caridade, então?
— Recebi créditos para fazer as minhas pesquisas, sim, mas não trabalho
pra ninguém agora. A ciência não pode respirar com um tesoureiro
pressionando-a.
— E é por isso que você tem os Separatistas e o seu próprio governo
atrás de você. Você os enganou, daí os guarda-costas Mando. Você fez um
corredor com os créditos.
— Frase encantadora. — A sua arrogância endurecida começou a
quebrar um pouco. A mais leve nota de preocupação tingiu a sua voz, e ela
balançou aquele pescoço longo e magro, assim como os que Skirata tentou
agarrar tantas vezes, para observar o que Mereel estava fazendo com os
seus preciosos dados. — Se você não é paga pela Micro Arkanian, então
deve estar trabalhando para o Chanceler Palpatine.
Mereel realmente riu, mas continuou conectando os porta chips e as
chaves de derivação nos encaixes do sistema de Ko Sai. A parede do
escritório era prateleira após prateleira de armazenamento de dados.
— Sim, — disse Skirata. — Aposto que ele pensa que trabalhamos pra
ele também. O que te fez deixar Kamino? Quanto eles pagaram a você?
— Eu não saí por uma taxa insignificante.
— Você também não partiu para um clima mais ensolarado.
— Saí para evitar que a minha pesquisa seja explorada por espécies
inferiores.
— Oh, você quer dizer aqueles que mantêm a sua economia funcionando
comprando exércitos de escravos de você?
Mereel resmungou, agora totalmente absorto na transferência dos
arquivos. As luzes indicadoras dançavam e estremeciam, acrescentando um
bem-vindo arco-íris de cores à estéril decoração branca.
— Kal'buir, apenas bata nela, certo? Você não pode ter um debate ético
significativo com a coisa.
Ko Sai parecia genuinamente indignado. Mesmo sentada, ela conseguia
se erguer a uma altura impressionante. Skirata se perguntou onde acertar um
soco em algo tão magro.
— O seu Chanceler queria que eu usasse a minha pesquisa sobre
envelhecimento para prolongar a sua própria vida indefinidamente. Eu disse
a ele que era um enorme desperdício de minhas habilidades fazer isso para
uma espécie tão corrompida e doente.
Isso era interessante. Não, era mais do que interessante: era bizarro.
— Aposto que caiu muito bem. Você precisa trabalhar na forma de se
comunicar com os pacientes, Professora.
— Ele é um homem muito perturbador.
— Sim, ele é um político. — E ela era uma vaidade profissional de ponta
a ponta. Valia a pena. — Você poderia mesmo fazer isso?
A cabeça de Ko Sai balançou como uma cobra quando ela olhou para as
costas de Mereel. Talvez ela pensasse que não poderia burlar a sua
criptografia. Ela parecia não ter ideia de que ele tinha feito isso no Tipoca
também.
— Você acha que eu diria isso avocê? — Sua atenção estava fixada em
Mereel, e ela parecia tão preocupada quanto uma Kaminoana poderia
parecer. — Você vai corromper esses dados, clone.
— Eu não sou o seu clone, — disse ele, com uma pontada em sua voz. —
Eu tenho um nome.
— Passei a minha vida reunindo isso. É único. Você pode destruir o
corpo de pesquisa genética mais avançado da galáxia. Não há cópias dele.
Mereel começou a rir.
— Agora, isso é engraçado. Nenhuma cópia dos dados de clonagem? —
Ele olhou por cima do ombro para ela e deu-lhe aquele sorriso inofensivo
novamente. — Mas é por isso que viemos vê-la, mamãe. Na verdade, eu
queria te perguntar uma coisa. Somos clones de células somáticas, certo?
Então, de onde vieram os ovos enucleados originais? Você os fabricou de
alguma forma? Ou houve um doador principal? Não, não me diga. Eu
odiaria pensar que você encontrou uma maneira de usar ovos kaminii.
Skirata assistiu com horror fascinado enquanto Mereel conseguia apertar
todos os botões do painel eugenista de Ko Sai. A emoção Kaminoana era
tão sutil que era invisível para a maioria dos humanos, mas viver entre eles
durante aqueles anos ensinou muito a Skirata. Ela ficou ofendida.
— Isso é repelente, — disse ela. As palavras não combinavam com
aquela voz gentil. — Nunca poluiríamos o tecido Kaminoano dessa
maneira.
— Ótimo, disse Mereel. — Apenas checando.
— Você não entende.
— Eu entendo bem.
— A única razão pela qual sobrevivemos à catástrofe ambiental em
nosso planeta foi que encontramos coragem para eliminar todas as
características que não nos tornavam mais fortes. Vocês Mandalorianos são
tão diferentes? Quanto vocês sabem sobre os seus próprios genomas? Vocês
também criam seletivamente por qualidades, quer vocês saibam disso ou
não. Vocês até adotam para adicionar esses genes ao seu agrupamento.
— Mas não descartamos os defeituosos, — disse Skirata. — Não
matamos crianças inocentes.
Skirata olhou para o rosto dela. Sentiu pena de apenas uma kaminoana
em toda a sua vida: uma mulher que gerou uma criança com olhos verdes.
Encontrou-a escondida na área de treinamento dos clones, escapando para
encontrar comida durante as horas de inatividade. Olhos verdes não eram
permitidos. Cinza, amarelo, azul, essa era a hierarquia que dizia aos
Kaminoanos onde eles se posicionavam e permaneciam no esquema das
coisas, se eram geneticamente perfeitos para administração, trabalho
especializado ou trabalho braçal. Não havia espaço para nenhuma outra cor.
Traía uma diferença genética intolerável.
A isca de aiwha a encontrou, claro, mas só mataram o garoto. Os olhos
azuis da mãe significavam que ela poderia viver.
— Não consigo entender como você pode nos julgar por sermos
seletivos, — disse Ko Sai, — quando você permitiu que os clones que dizia
amar como filhos fossem mortos.
Não era apenas Mereel que sabia como atingir os nervos à flor da pele,
então. Pela primeira vez, Skirata conseguiu ignorar a isca.
— Deixe-me oferecer-lhe um acordo, Ko Sai. — Ele não deveria ter feito
isso na hora, mas não tinha escolha: era quase impossível fazer uso de seus
dados a menos que alguém com a sua experiência pudesse colocá-los em
ação. Não era como seguir uma receita de uj'alayi. — Nós temos os seus
dados de qualquer maneira. Nada que você possa fazer sobre isso. Mas
gostaria da sua experiência também.
— Não até você me dizer para quem você está trabalhando.
Ela não era uma porta fechada, então.
— Não estou trabalhando pra ninguém. Isto é, pra os meus garotos. Eu
quero parar o envelhecimento acelerado para que eles possam viver uma
vida normal.
Mereel não se virou. Ele apenas retirou chips de dados completos e
inseriu novos.
— Sim, vamos falar sobre troca de genes. Rapaz, você tem muitos dados
aqui. Mais do que o computador central de Tipoca. Você levou muito com
você quando fugiu.
Ko Sai não respondeu. Skirata verificou o crono e testou o sinal para a
Aay'han. Estava funcionando novamente.
— Walon?
— Eu me perguntei quando você se lembraria de mim.
— Tatsushi vai sair, em breve.
— Ahhhh. Dê meus cumprimentos à boa senhora. Suíte privada
esperando por ela.
— Alguma notícia do Ordo? — Skirata perguntou.
— Ainda não. Mas você precisa se mexer.
— Entendido.
Ko Sai estava ficando abalada agora. Kal podia ver isso.
— Como estamos indo, Mer'ika?
— Mais dez minutos, mesmo com essa transferência rápida. Então eu
tenho que apagar todas as camadas só pra garantir. Quando isso acabar,
acabou.
Skirata voltou-se para Ko Sai e tirou um conjunto de algemas da bolsa de
seu cinto.
— Ou estou mais surdo do que de costume, ou você não me respondeu.
— Você não pode me fazer trabalhar para você.
— Eu não acho que você pode fazer isso.
— E você também não pode manipular a minha autoestima.
— Certo, vou deixar isso para o Chanceler, porque um de seus
esquadrões de comando pessoalmente encarregados está vindo até você em
algumas horas, mas a necessidade de meus garotos é maior do que a dele,
seja lá o que for. — Skirata podia ver pelo movimento da cabeça que
Palpatine realmente a perturbou. — Talvez ele queira que você mostre a sua
produção secreta de clones em Coruscant. — Nenhuma resposta: ela sabia
disso? — O que fez o Tipoca concordar em exportar a tecnologia?
— Um erro grave.
— Deve precisar muito dos créditos da República.
— Usando a clonagem de segunda geração, a República também pode
contratar a Micro Arkanian...
Mereel interrompeu.
— Sim, eles teriam que fazer isso, com Jango morto. Não foram tão bem
sucedidos. Foram?
— Sem dúvida, você também adivinhou isso no banco de dados de
Tipoca, — disse Ko Sai. — Mas não consigo pensar em nada que você
poderia me oferecer que me persuadisse a cooperar com você.
— O que importa para você se os clones vivem ou morrem? — Skirata
decidiu deixar os Nulos exorcizarem os seus demônios nela se ela se
mostrasse inútil no final. — Você pode até aprender algo ao interromper o
processo.
A sua cabeça parou aquele balanço lento. Ele chamou a atenção dela por
um momento, o que sugeriu que era um desafio que poderia atraí-la.
— Eu não tenho que arrancar de você, é claro, — Skirata disse
lentamente. — Muitas pessoas por aí que podem extrair informações por
métodos farmacêuticos.
— E se eles fossem especialistas o suficiente para entender a bioquímica
Kaminoana , você não precisaria de mim para desvendar a sequência de
envelhecimento.
— Vamos ver. — Skirata gesticulou com as restrições. — Agora seja
uma boa menina e deixe-me colocar isso em você, e não me tente a fazer
você usá-los.
Ela parou por alguns momentos, então ofereceu os pulsos com a graça de
uma dançarina. Não era hora de negociar com ela; havia uma montanha de
dados para avaliar antes que ele pudesse ter certeza de que precisava dela, e
se ela fosse levada a fazer essa pesquisa sem querer lucrar com isso, então a
perspectiva de poder continuar com isso poderia provar ser suficiente.
Mas poderia testar isso.
— Você terminou agora, Mer'ika?
Mereel tinha uma pequena pilha de chips de dados em uma das mãos,
tilintando-os como se fossem créditos enquanto esperava.
— Só esperando que este programa de apagamento seja executado em
todo o sistema. Acho que ninguém vai recuperar os dados depois de
destruirmos o lugar, mas não adianta ser descuidado.
Sempre fez parte do plano vago, negação de ativos, mas Skirata não
tinha certeza se Mereel estava jogando o jogo psicológico. Foi um momento
tão bom quanto qualquer outro, no entanto. Skirata tirou alguns detonadores
térmicos de seu cinto e os examinou, ajustando os controles com a unha do
polegar.
— Vinte minutos devem ser tempo suficiente para cair fora.
Mereel balançou a cabeça.
— Ponha meia hora. Não queremos ainda estar no planeta quando isso
acontecer. Vai chamar a atenção.
— Bom argumento.
Ko Sai os observava como espécimes de laboratório.
— Você está blefando.
Skirata definiu os pontos para detonação remota, então colocou um no
centro do chão e o outro na saída. Ko Sai não saberia a diferença entre um
dispositivo de cronometragem e um gatilho remoto. Mereel observou-o com
um leve ar de divertimento, depois voltou a colocar o capacete.
— Fierfek, não. Não posso deixar nada que o Delta possa recuperar.
Vamos.
Skirata levantou Ko Sai, ela tinha mais de dois metros de altura, então
não era uma manobra elegante, e a empurrou para frente dele, com os
blaster nas costas. Se ela reagisse agora, tudo bem. Se ela não o fizesse, eles
estariam fora daqui.
E agora tinha que passar pelos corpos de três Mandalorianos. De alguma
forma, tirou isso da cabeça enquanto sacudia Ko Sai. Agora tinha que olhar
pra eles, imaginar quem poderiam ser e descobrir como informaria os seus
parentes mais próximos.
— Segure-a, Mer'ika, — ele disse. — Eu tenho de fazer algo.
Agachou-se e tirou os capacetes, possivelmente uma das tarefas mais
desagradáveis e angustiantes que já teve. Não, não conhecia nenhum deles;
e uma era uma mulher muito jovem. Isso acabou com algo nele. Esperava-
se que as mulheres lutassem, e muitas vezes era difícil dizer apenas pela
armadura se o usuário era homem ou mulher, mas isso o deixava com uma
sensação de vazio. Nem conseguia se lembrar se foi ele quem a matou. Uma
busca em seus bolsos revelou pouco, então pegou os capacetes para rastreá-
los através de seus brasões de clã mais tarde, e para dar a suas famílias algo
como lembrança.
Mandalorianos acabaram matando uns aos outros por todos os tipos de
razões, pessoais e incidentais. Ainda não deu certo. Os soldados de
operações secretas enviados atrás de Sull, agora esses estranhos, o
pensamento de cães nek voltou pra ele, cachorros caçando cachorros por
esporte, ou apenas uma máquina de matar para cumprir as ordens do
mestre. Skirata sentiu que era hora de Mando'ade parar de ser o nek de
todos.
Mereel lhe deu um tapinha nas costas.
— Era nós ou eles, Buir.
— Eles ainda são nossos.
Skirata empilhou os capacetes e os carregou com o seu. Seria um ajuste
apertado, mesmo com duas embarcações para fazer a curta viagem de volta
ao túnel.
Ko Sai parou de repente.
— Espere.
— Detonadores estão em contagem regressiva. Isso não é uma boa ideia.
— Este é um jogo tolo. — Ko Sai se virou. — Eu tenho que voltar.
— Por que?
— Tenho materiais que preciso remover.
— Ótimo, — disse Skirata. — Você poderia ter mencionado isso antes.
Mas Mereel a empurrou.
— Se isso não me ajudar a chegar a uma idade avançada, então pode
ficar aqui.
— Mas...
— Mexa-se.
— Não! Insisto em recuperá-lo.
Skirata caminhou à frente para a área do cais.
— Tarde demais.
— É material biológico.
Ele fez uma pausa.
— Vivo?
— Células em criostase.
— Você tem dez segundos para fazer melhor do que isso.
— É um modelo para um novo exército, melhor que...
Skirata acenou para que Mereel continuasse. Nem queria saber de quem
eram as células.
— Não, vocês não podem destruí-las, vocês devem...
— É aqui que para, Ko Sai. — Ele pensou em dizer a ela que havia
nomeado todos os doze CRA Nulos, mesmo os seis que morreram antes de
serem reconhecidos como embriões, mas esta criatura não entenderia o
porquê, e ela não valia a explicação. Chutou a corda de amarração de seu
submersível explorador com a biqueira. — Mer'ika, abra esta caixa pra
mim, sim? Empurre-a pra dentro e eu dirijo. Eu consigo seguir Gi'ka.
Ela ainda estava repreendendo-o quando os dois submersíveis emergiram
do túnel para a água ensolarada, e Skirata se perguntou como ele já havia
resistido a um planeta oceânico por anos. A embarcação de Ko Sai era
grande demais para atracar em Aay'han, então eles emergiram e fizeram
uma transferência apressada pelas escotilhas superiores.
Vau sorriu silenciosamente para Ko Sai, apontou para uma das cabines e
a conduziu pra dentro.
— Mird, — ele disse, — mantenha-a lá. Entendido? — Ele indicou a
linha imaginária que separava a cabine do restante do convés. — Se ela
cruzar... — Ele estalou os dedos, e parecia ser um código entre eles, porque
Mird ficou muito excitado e pulou pra cima e pra baixo, ganindo como um
cachorrinho. — Entendido? Mird inteligente!
Mird se lembrava dela, isso estava claro. Vau trancou a escotilha de
qualquer maneira.
— Se você vai ter o hábito de sequestrar, Kal, nós realmente precisamos
investir em uma prisão.
— Eu provavelmente jogaria fora as chaves.
— O que você vai fazer com ela?
— Ela nunca pode esquecer o que sabe, — disse Skirata. — E eu não
posso mantê-la por perto pra sempre. O que você acha?
Vau encolheu os ombros.
— Apenas checando.
Skirata seguiu Mereel até a cabine e se acomodou no assento com uma
sensação de fechamento parcial. Recusou-se a acreditar que Ko Sai era o
única geneticista que poderia manipular o envelhecimento, e nunca poderia
ter certeza de que qualquer solução que ela oferecesse não fosse uma
armadilha biológica. Uma vez que alguém que soubesse o que estava
fazendo tivesse examinado todos os dados, decidiria se precisava dela.
Aay'han passou pelo esqueleto sem cabeça amarrado quando ela
emergiu, e Skirata se sentiu expurgado de toda a culpa no que dizia respeito
a Ko Sai.
No final, era simplesmente uma questão de quando e onde.
— Estou feliz por não termos que preencher um manifesto de carga,
Mer'ika. — O quebra-mar estava à vista agora e, além dele, uma praia
branca salpicada com a sombra de guarda-sóis berrantes e árvores
perfumadas e sinuosas. Esperava que houvesse pelo menos um dia de
descanso aqui para o seu heterogêneo clã, se eles tivessem alguma ideia do
que fazer com isso. — Milhões de créditos em mercadorias roubadas e uma
cientista sequestrada.
— E dados industriais roubados.
— Oh sim...
— É melhor não ser parado pela polícia.
Aay'han veio ao lado do pontão entre dois barcos de recreio. Skirata se
sentiu mal por Ordo correr pela galáxia para estar aqui e depois ter que se
virar novamente, mas pelo menos ele teria a satisfação do olhar no rosto de
Ko Sai e uma bebida colorida em uma cantina cafona como qualquer
normal rapaz. Talvez não importasse para onde eles levaram Ko Sai no
final, porque todos queriam um pedaço dela.
— Aqui. — Skirata entregou a Mereel o controle remoto dos
detonadores térmicos. Se o sinal não funcionasse daqui, teria que voltar e
explodir a entrada do túnel, porque não estava disposto a voltar andando em
um detonador vivo. — Você deveria fazer isso. Muito catártico.
— O prazer é meu. Declaro esta instalação... fechada. — Mereel fechou
os dedos em torno do pequeno cilindro e pousou o polegar no botão. —
Mas ainda não acabou. — Ele apertou lentamente. — Oya manda.
O botão clicou, e então houve um momento de silêncio antes que um
som como uma tempestade instantânea e distante perturbasse a
tranquilidade da praia. Alguns turistas pararam para olhar em volta como se
esperassem ver algum espetáculo. E então acabou: o legado de Ko Sai havia
desaparecido em chamas e rochas, sem ser visto, e o único arquivo do
trabalho de sua vida era uma pilha de chips de dados nos bolsos do cinto de
Mereel.
— Foi melhor do que eu esperava, — disse ele. — Obrigado, Kal'buir.
Às vezes, apenas às vezes, até o mais pragmático e racional dos homens
precisava colocar os seus fantasmas com um pequeno gesto simbólico.
O sorriso de Mereel, inofensivo, encantador e que não indicava o seu
estado de espírito, ainda não vacilou.
Cidade de Eyat, Gaftikar, 478 dias após Geonosis

— Médico! — gritou Darman, mas não houve resposta, e sabia que era
estúpido esperar um.
Abriu o lacre no capacete de Fi e o tirou. Os diagnósticos de armadura
embutidos diziam que o seu irmão tinha pulso e estava respirando, mas ele
não estava respondendo. Não havia uma marca nele, nenhum sinal de
ferimento penetrante e nenhum sangramento na boca, nariz ou orelhas, mas
Darman não sabia dizer sobre o resto de seu corpo. A armadura Katarn era
selada contra o vácuo, o que significava que também era uma boa proteção
contra ondas de pressão letais. Darman conseguia se lembrar de toda a
terrível palestra durante o treinamento.
— Vod'ika, fale comigo. — Darman empurrou as pálpebras de Fi: uma
de suas pupilas reagiu muito mais que a outra. Isso não era bom, ele sabia.
Então Fi ergueu os braços e afastou a mão de Darman.
— Ouu, — ele disse. — Estou bem... estou bem.
— Você consegue sentir as suas pernas? — Darman perguntou. Fi
obviamente podia mover seus braços, então pelo menos aquela parte de sua
coluna estava intacta. — Vamos. — Ele tirou as caneleiras de Fi e bateu em
sua tíbia. — Sente isso?
— Uau. Estou bem. — Fi dobrou os joelhos e tentou rolar para se
levantar. — Só... eu caí? O que aconteceu?
— Não sei se foi uma armadilha ou o quê. A parede inteira sumiu.
Vamos, vamos tirar você daqui antes que mais alguma coisa desmorone.
— Talvez esteja pior lá fora.
Surpreendentemente, Fi se levantou com o mínimo de ajuda de Darman
e conseguiu colocar o capacete. Ele tropeçou algumas vezes tentando abrir
caminho sobre os escombros, mas estava se movendo por conta própria.
Darman sabia que isso não significava muito quando se tratava de ferimento
de explosão, mas Fi uma vez testou a armadura Mark III da maneira mais
difícil, jogando-se em uma granada, então seria preciso muito para matá-lo.
Ele está bem. Ele está bem.
— Onde está o Niner? — O fogo ardia do lado de fora, mas estava
estranhamente quieto, o barulho de tiros e explosões abafado pela distância.
Darman descobriu que a frente do prédio havia sumido e lembrou que Atin
estava no telhado. — At'ika? Atin, é Dar. É você aí?
A voz de Atin estalou no comunicador.
— Acho que quebrei o meu tornozelo shabla. Eu posso ver Niner. Ele
está prestando primeiros socorros.
Eles foram todos contabilizados, então. Darman poderia pensar na 35ª
Infantaria agora que sabia que os seus irmãos estavam vivos. O larty voltou
para extraí-los; pousou no meio da estrada, com a escotilha de bombordo do
compartimento das tropas fechada e bloqueando a linha de visão entre a
holostação em ruínas e os prédios opostos. Os soldados lutaram para frente
carregando camaradas entre eles, mas um trooper ainda estava deitado de
costas enquanto Niner lutava para colocar um curativo hemostático em seu
ferimento no peito.
— Eu deveria estar fazendo isso, — Fi murmurou. — Eu farei isso. Eu
sou o médico do esquadrão...
Atin apareceu, mancando muito.
— Bem, nós paramos as transmissões inimigas muito bem. Acho que
isso estava chegando.
— Nossa ou deles? — Darman perguntou. Atin segurou o braço de Fi,
mas ele tropeçou e Darman teve que segurá-lo. — Ei, você está bem?
Fi balançou um pouco.
— Apenas tonto.
— Você deveria verificar isso. Parece uma concussão. Você é o médico
do esquadrão, Fi, deveria saber disso.
— Foi o que eu disse, não foi?
— Fi?
— Certo.
— O que há de errado, Fi?
— Eu vou vomitar.
Darman começou a ficar com medo naquele momento. Esse não era Fi.
Ele tinha visto Fi sob estresse, com dor e em todos os outros extremos, mas
nada como isso. Fi conseguiu chegar a menos de cinco metros do larty e
então parou para arrancar o capacete, jogá-lo de lado e apoiar as mãos nos
joelhos para vomitar. Isso foi o máximo que conseguiu sozinho. Darman e
Atin conseguiram puxá-lo para o compartimento da tripulação, e Niner foi
brevemente esquecido quando eles apoiaram Fi no banco estreito ao longo
da antepara traseira e tentaram mantê-lo falando.
O sargento Tel estava gritando com Niner para trazer o caso de ferimento
no peito pra dentro. O que quer que estivesse acontecendo em Eyat e
arredores, a permanência do Esquadrão Ômega em Gaftikar havia acabado.
Darman tentou comunicar a A'den para atualizá-lo, mas não obteve
resposta.
Ele provavelmente está ocupado, não morto. Preocupe-se com Fi. Fi é
quem está com problemas.
Ambas as escotilhas de segurança desceram para selar o compartimento
da tripulação e agora era uma evacuação completa para a Niveladora,
apenas alguns minutos da decolagem à atracação, sempre minutos demais.
Darman reviveu a extração de Qiilura, com a primeira missão do Ômega
como um esquadrão reformado, que quase terminou com a morte de Atin.
Atin conseguiu. A Fi também. É o que acontece, não é? Todos nós perdemos
nossos esquadrões na primeira vez e isso não pode acontecer novamente.
— Qual é, Fi. — Atin deu um tapinha em sua bochecha para mantê-lo
consciente. — Continue falando. Eu nunca tive que pedir para você fazer
isso antes. — Fi estava quase incoerente agora, resmungando sobre algo
que ele havia deixado pra trás no acampamento e reclamando que tudo
estava borrado. Contra a antepara oposta, o droide IM-6 a bordo estava
ocupado com a lesão no peito. Niner não conseguia se mover pelo convés
por causa do número de feridos e ficou pendurado em uma alça de
segurança.
Todos eles fizeram o treinamento básico; eles sabiam o que estava
errado. Quase nada penetrava na armadura de Katarn, mas era uma caixa
selada, nada mais, e ser sacudido em uma caixa com força suficiente ainda
causaria lesões cerebrais. Isso combinava com as pupilas irregulares e o
vômito. Darman olhou pelo lado positivo. Ao menos agora sabia que tinha
que fazer a equipe de triagem tratar Fi como uma prioridade.
O comunicador do capacete clicou.
— Dar, eu não me importo com quem eu tenho que chutar pra fora do
caminho, — disse Niner, — mas ele é visto primeiro, assim que atracarmos.
— Você entendeu.
Mas não foi nada disso. Quando o larty vomitou os seus feridos, o
convés do hangar estava quase vazio, porque eles não estavam sofrendo
pesadas baixas em Gaftikar. A Niveladora já havia paralisado um nave de
ataque Separatista e sofrido danos mínimos. A batalha no chão parecia
completamente artificial, divorciada do tamanho do combate ou da
importância do planeta abaixo. Foi uma escaramuça patética e sem sentido
para Fi se machucar. Parecia mais um azar sem sentido.
Niner e Dar atacaram o droide médico imediatamente.
— Traumatismo craniano, — eles disseram em coro. — Perda de
equilíbrio, dor de cabeça, vômitos, perda gradual da fala e da coerência. —
Fi, sem marcas e parecendo que estava simplesmente se acomodando
novamente depois de se debater em um pesadelo, deitou-se sobre o repulsor
enquanto o droide mapeava o seu crânio com um pequeno escâner. Atin
tentou mancar para se juntar a eles, então desistiu e pulou o resto da
distância.
— Correto, — disse o droide. — A pressão intracraniana está
aumentando. Vamos esfriá-lo e inserir uma válvula para drenar o fluido
antes de colocá-lo no tanque de bacta. Isso reduzirá o inchaço no cérebro.
Darman sentiu-se instantaneamente desanimado, confrontado com a
cooperação quando estava cheio de adrenalina e medo, preparado para lutar.
O repulsor foi para a enfermaria e Darman o acompanhou, dizendo o Fi que
tudo ficaria bem, mesmo que não pudesse ouvi-lo agora, até que as portas
gêmeas se fecharam em seu rosto e o deixaram indefeso. Niner pôs a mão
em seu ombro e conduziu-o de volta ao hangar.
— Não se preocupe, — disse ele. — Diagnóstico preciso e tratamento
rápido. Ele vai conseguir. Agora vamos cuidar de At'ika. E faça um exame
também.
— Sim, Sargento.
— Não podemos fazer mais nada agora.
Havia mais uma coisa, mas Darman não queria ligar para Skirata e
preocupá-lo quando só tinha meia história para contar. Ordo, porém, o
mataria se não fosse informado; ele tinha se afeiçoado o Fi de uma maneira
cegamente devota, à maneira dos Nulos. Ele também era o homem certo
para julgar quando o sargento Kal deveria ser informado.
Darman foi relutantemente ao droide médico quando o último homem do
35º foi avaliado e se perguntou quem ocuparia o lugar de Fi no esquadrão
até que ele se recuperasse. Teria sido o soldado Corr, um recruta acidental
para as fileiras dos comandos que se adaptou ao modo de vida das forças
especiais com notável facilidade.
E seria temporário.
Tinha que ser.
Tropix, Dorumaa, 478 dias após Geonosis

Etain sentiu algo assustada e abandonada ondulando pela Força, como se


alguém corresse atrás dela e chamasse o seu nome, mas que nunca estava lá
quando se virava.
Não é o Dar. Não pode ser, não agora. Eu tenho que vê-lo novamente.
Tentou identificar o seu significado enquanto caminhava pelas tábuas
esbranquiçadas da marina em direção ao ancoradouro onde a nave de
Skirata estava atracada. Fosse o que fosse, estava infeliz e viria em sua
direção, então diminuiu a velocidade, concentrando-se para ter certeza
absoluta de que nada havia acontecido com Darman.
— Ordo, — ela disse, — algo está realmente errado.
Ele parecia ter aprendido muita contenção muito rápido. O vago aviso
não provocou uma diatribe sobre por que ela precisava reduzir o alcance e
trabalhar para tornar a Força um pouco mais específica.
— Aqui ou em outro lugar?
— Não estou sentindo perigo imediato.
— Vou verificar o status de todos, só para ter certeza. — Ele checou o
seu comunicador. — Recebi uma mensagem perturbadora hoje e duvido que
seja a última.
Atracada na extremidade mais distante do pontão estava uma
embarcação aerodinâmica verde escura com uma cúpula curva de
transparaço, com cerca de quarenta e cinco metros de comprimento,
subindo e descendo nas ondas. Da posição, mais perto da foz do porto,
Etain teve a ideia de que Skirata estava sempre pronto para uma fuga
rápida. Ordo se aproximou como se estivesse entrando em uma briga,
deixando um rastro de raiva, infelicidade e mais medo do que jamais havia
detectado nele antes.
— Também não estou ansioso para vê-la, Ordo.
— Eu não quis dizer Ko Sai. Mas consigo pensar em maneiras melhores
de ocupar o meu tempo do que implorar por ajuda. Ela já teve o poder da
vida e da morte sobre nós, e não vou devolvê-la agora.
— Esta é a primeira vez que encontro uma kaminoana, — disse Etain.
Darman os mencionou muito raramente, e geralmente em termos de manter-
se fora de seu caminho, como uma Mestra mal-humorada na academia Jedi.
— Mas eu provavelmente posso te dizer se ela está mentindo. A única
utilidade dela pra você é se ela souber como parar o envelhecimento
acelerado, não é? Porque você já tem toda a pesquisa dela. Você poderia
contratar outra pessoa para analisar as sequências genéticas.
— Ah, ela também sabe disso.
Realmente era um belo final de tarde. O sol estava baixo no horizonte,
com nuvens douradas suficientes para adicionar um pouco de pontuação ao
céu. Havia algo em ver a beleza enquanto lutava com pensamentos
sombrios que era exclusivamente perturbador, como ser excluído do mundo.
Etain não conseguia parar de se preocupar com a perturbação na Força que
estava perto de Darman. Ela teria que entrar em contato com ele ou ficaria
louca de preocupação, mas enquanto isso se contentava em procurá-lo,
esperando que ele não estivesse preocupado demais para sentir isso.
Enquanto seguia Ordo até o pontão que se estendia para o porto, podia
ver as luzes fracas da cabine da nave.
— O que significa Aay'han, Ordo?
— É um estado de espírito. Uma emoção. — Ele caminhou um pouco à
frente dela agora, não um capitão clone, apenas um jovem de calça azul
lisa, camisa esporte e pala de sol que poderia ter sido um dos treinadores
profissionais de slingball do resort. Com a maioria de suas feições
obscurecidas, até mesmo Zey poderia não tê-lo reconhecido, exceto por
aquele andar muito ereto. — Aproveitar o tempo com os entes queridos,
mas de repente relembrar aqueles que passaram para o manda, e ainda
sentir a dor, mas abraçá-la.
O conceito atingiu Etain com força suficiente para provocar um chute no
bebê. Não tinha certeza se aay'han a aborrecia ou se ansiava por aquela
intensidade emocional, mas parecia o oposto da evitação Jedi do apego, e
lhe deu uma visão de por que a antiga desconfiança entre os Jedi e os
Mandalorianos nunca foi curada. As duas comunidades pareciam ter apenas
áreas em que eram idênticas e áreas em que eram diametralmente opostas,
sem regiões de neutralidade ou apatia. Isso criava relações desconfortáveis.
Ordo saltou para a seção plana do invólucro da Aay'han e alcançou uma
escotilha aberta. Alguém que não podia ver passou pra ele uma longa tira de
chapa de duraço, e ele enganchou a ponta curva sobre a braçola da escotilha
para formar uma sobrancelha no pontão.
— Suba, vamos, — disse ele, gesticulando para pegar a mão dela. —
Não posso permitir que você pule no convés no momento.
Etain poderia facilmente ter saltado à força por todo o pontão e pousado
com segurança, grávida ou não, mas foi um gesto tão tocante que aceitou
graciosamente e caminhou para o casco. Ordo teve os seus momentos. Do
outro lado da cúpula da cabine, Mereel e Skirata estavam sentados com as
pernas estendidas, encostados no transparaço e passando uma caixa de
bebida entre eles. Ambos os homens estavam olhando para o mar, perdidos
em pensamentos.
Não era bem assim que Etain esperava encontrá-los, considerando o que
Ordo lhe disse que estava esperando lá embaixo.
E esta foi a primeira vez que viu Skirata desde a sua briga ardente
quando disse a ele que se permitiu conceber sem que Darman soubesse, e
ele a exilou em Qiilura. Sentia-se estúpida e egoísta agora, pensando em
como esperava que ele fosse o avô instantaneamente amoroso, mas uma
coisa permanecia certa: a Força lhe mostrou que estava certa em ter esse
filho.
Preparou-se para uma recepção fria ou um discurso renovado sobre as
suas deficiências, uma das quais era ser uma Jedi. Skirata olhou pra cima.
— Ad'ika!, — disse ele, sem dar a entender que eles já haviam discutido.
— Como você está, garota?
Ah.
— Eu estou... bem, Kal, considerando todas as coisas.
— Olha, sinto muito, Qiilura foi para osik. Eu nunca teria sugerido isso
se pensasse que os vhette iriam lutar. — Ele se levantou e a encarou com o
ar desajeitado de quem tenta não notar ou comentar sobre a sua barriga, mas
isso pareceu desencadear nele uma certa ansiedade. Mereel ainda parecia
estar meditando. — Jusik interceptou o Delta. Ele não pode afastá-los de
Tropix, não desde que o nosso tagarela Twi'lek mencionou isso a eles, mas
ele está dando a eles um resumo muito incoerente e inespecífico sobre a
geologia das ilhas.
O comunicador de Ordo tocou e ele caminhou alguns metros à ré para se
sentar na capota da entrada de bombordo para atendê-lo. Mereel levantou-se
e foi juntar-se a ele.
Etain esperava que Skirata ficasse o mais longe possível de Dorumaa.
— O Delta não vai chamar a atenção com o seu equipamento de Katarn
completo em uma ilha tropical, no espaço Separatista?
— Se você viu algumas das modas que vimos desfilando na última hora,
ad'ika, eu diria que eles podem se safar.
— Não entendo por que você ainda está aqui.
— Você acha que estaremos mais seguros em Coruscant?
— Talvez...
— Adivinha de quem Ko Sai estava fugindo.
Etain levou alguns momentos antes que a luz se acendesse.
— Oh. Do nosso respeitado líder?
— Tá na frente da fila. Mais o governo Kaminoanos, os Separatistas e
nós. Coruscant é o último lugar onde posso escondê-la.
Etain não achava que isso seria um problema para Skirata devido aos
seus contatos comerciais.
— O seu associado Wookiee não pode encontrar para ela num
apartamento à prova de som onde Vau possa bater nela sem incomodar os
vizinhos? Como da última vez?
— Ela está explorando outros locais, ad'ika. Além disso, Vau não vai dar
uma olhada. Os meus garotos não têm boas lembranças de Ko Sai.
— Estou perdendo alguns detalhes nisso, não estou?
— É por isso que acho que devemos descer e ter uma discussão
tranquila, todos nós.
A escotilha situada atrás da cabine acabou por ter uma rampa em vez da
escada que Etain temia. Um cheiro pungente de strill veio de baixo. Pensou
que Skirata estava logo atrás dela, mas quando olhou, ele ainda estava lá em
cima, e Walon Vau estava esperando por ela com Mird, que parecia se
lembrar dela se os resmungos excitados e fungadas servissem de guia. A
cabine da tripulação era estranhamente diferente de uma nave, com um
quadrado de sofás desalinhados um de frente para o outro em torno de uma
mesa baixa aparafusada ao convés. Sentou-se e Mird deitou a cabeça em
seu colo, babando alegremente.
Mas havia algo mais a bordo. Os sentidos da Força de Etain detectaram o
que ela só conseguia articular como um vazio frio: a forma tridimensional
que evocava em algum lugar por trás de seus olhos era um côncavo suave,
não as impressões onduladas, multicamadas e coloridas que recebia da
maioria dos seres. Não precisava saber quem ou o que estava em uma das
cabines da tripulação que se abriam para o salão principal da tripulação. Ko
Sai estava em um dos compartimentos, desdenhosa e impenitente enquanto
esperava os seus captores.
— O meu pai teria chamado isso de convés do refeitório, — disse Vau.
Quando lhe convinha, ele tinha um charme patrício sem esforço que era
difícil de conciliar com a forma como disciplinava os seus homens. —
Admito que ainda estremeço quando ouço Kal usando termos como
atrasado e numa nave. Eu também admito que é confuso ter uma
embarcação que é tanto marítima quanto aérea.
— Então, o que você planeja fazer com ela?
— Ko Sai ou a Aay'han?
— Ko Sai.
— É como observar a um rato kragget perseguir uma speeder de entrega
nos níveis mais baixos. Se eles pegam uma, eles percebem que não têm
ideia do que fazer com ela, e apenas afundam as suas presas no pára-
choque.
— Ah, acho que Kal sabe o que fazer.
— Etain, estou bastante acostumado a julgar quem vai querer divulgar os
seus pensamentos mais íntimos comigo depois de um pouco de persuasão, e
não acho que a cooperação dela seja provável.
— O que ela está esperando? — Etain agora estava ligeiramente
distraída com o atraso no topo, e o pressentimento que sentiu antes agora
era sólido e se espalhando como uma mancha de óleo. — O que o tempo de
vida de um clone importa pra ela, afinal?
— Ego profissional, minha querida. Ela pode criar vida, ou moldá-la de
acordo com o seu projeto, ou apagá-la. Esse poder divino distorce qualquer
um. Ela não está barganhando conosco.
— Você tem tudo pelo que ela trabalhou.
— Sim, deve ser preocupante pra ela perceber que só precisamos de uma
fração disso e não nos importamos com o resto.
Etain notou o nós.
— Kal não vai vendê-la... vai?
— Absolutamente não. Ele é muito arrogante com a propriedade dos
outros, mas isso se tornou a causa de sua vida. É literalmente fazer ou
morrer por ela. — Vau franziu ligeiramente a testa e foi até o pé da rampa
para espiar a luz que se esvaía. — O que eles estão fazendo lá em cima?
Delta vai passar por aqui e vê-los, e isso vai explodir tudo. — Ele deu
alguns passos pela rampa e os chamou. — Homens especiais do serviço
marítimo para as estações, protejam todas as escotilhas...
Vau estava quase sorrindo, claramente de bom humor e bancando o
marinheiro, mas aquele sorriso desapareceu quando Ordo desceu a rampa
com o seu comunicador apertado em seu punho. Mereel e Skirata o
seguiram, todos com aquele mesmo olhar atordoado.
Etain podia ver suas más notícias chegando. Eu saberia se fosse Dar. Eu
realmente gostaria. Não é Dar. Não pode ser. Esperou, com uma mão
descansando em sua barriga, recusando-se a sequer considerar isso, caso
pensasse que isso aconteceria.
— Quem é esse? — ela perguntou baixinho,
— Fi, — disse Ordo. — Ele foi ferido. Ele está em coma.
Etain descobriu que de repente mudou de aceitar a realidade da guerra
para acreditar que nunca aconteceria com os homens que conhecia, e que
não era justo quando finalmente acontecia.
— Era Darman ligando. — Ele disse que eles foram pegos numa
explosão durante o ataque a Gaftikar, e Fi levou uma surra. Ele está no
enfermaria da Niveladora, em bacta de baixa temperatura. Baço rompido
também, mas é principalmente o traumatismo craniano. Ele está estável.
Isso é um bom sinal. Realmente, é. É apenas uma questão de esperar até que
ele recupere a consciência.
Ordo estava se tranquilizando. Não parecia ter ocorrido a ele deixar
Darman falar com Etain, mas o fato dele ter passado por ela disse a ela que
tudo estava bem. Sentiu raiva de si mesma por pensar em Dar primeiro e
não se concentrar em Fi. Agora estava dolorosamente ciente da aflição de
Ordo. Ele e Fi eram próximos.
— Melhor deixar Bard'ika saber, — Skirata disse. — A Niveladora
ficará de plantão na Orla por mais alguns dias, então se você me der uma
ordem, General Tur-Mukan, chamarei Corr de volta e ele poderá compensar
o número para o Ômega até que Fi esteja apto novamente.
— Claro, o que você precisar fazer. — Skirata geralmente fazia o que
queria, mas ele estava em um estado de espírito conciliador hoje. — Onde
ele está, afinal?
— Fazendo alguma negação de ativos com Jaing.
— Tive que pesquisar os dados sobre Gaftikar quando soube onde Dar
estava implantado, — disse Etain. — Que coisa marginal pra nós nos
envolvermos. De alguma forma, sempre pensei que as baixas seriam nas
grandes batalhas.
A reunião assumiu um tom sombrio e todos ficaram sentados tentando
não se olhar nos olhos. Por fim, Ordo quebrou o silêncio.
— Vou visitá-lo assim que ele for transferido da Niveladora.
— Para qual instalação as tropas são levadas? — ela perguntou. — Fi
acaba em uma unidade neurológica?
— Não sei. — O olhar no rosto de Ordo dizia que era mais do que
apenas estar incerto em qual dos muitos hospitais de Coruscant o receberia.
— Os homens normalmente são tratados por unidades móveis ou no teatro.
Eles se recuperam ou morrem.
— Atin foi tratado na base de Ord Mantell da última vez, — disse
Skirata. — A propósito, ele está com um osso lascado no tornozelo. Dar
está bem. Niner está bem. A'den também está bem.
— Eu não tinha esquecido deles, Kal. — Ele parecia um pouco aguçado.
Etain ainda estava processando a frase anterior, sentindo-se desconfortável.
— Mas eu não entendo o sistema médico. Eles têm esse nível de cuidado
dentro do Grande Exército? Os Jedi fofocam tanto quanto as tropas, e ouvi
dizer que as unidades móveis estão seriamente sem recursos. Eu odiaria
pensar em Fi esperando em uma longa fila para ser curado por um Jedi
exausto.
Etain não sabia por que não havia feito a pergunta antes. Perguntou o que
acontecia com os corpos daqueles que morreram em ação e não teve
resposta; mas a partir desse ponto estava trabalhando com forças especiais,
e, após a desastrosa taxa inicial de baixas quando eles foram mal
posicionados por generais Jedi novatos, eles não perderam muitos homens.
A pergunta foi embora. Mas agora estava de volta.
Ordo olhou para Skirata como se pedisse permissão para mencionar algo
e recebeu um aceno quase imperceptível.
— Há o senador Skeenah que se tornou um estorvo exigindo respostas
sobre o que acontece com homens gravemente feridos e sobre as provisões
de longo prazo para tropas em geral. — A impressão de Ordo na Força
ainda estava marcada pelo medo, mas era mais como ansiedade pelo bem-
estar dos outros. Etain o conhecia bem o suficiente para descobrir quem
estava no topo da lista. — Mas, de alguma forma, não acho que a sua
campanha bem-intencionada para criar lares de caridade pra nós quando
estamos perdidos esteja realmente resolvendo o problema.
— Claro, — disse Skirata, — não sabemos se ele está ciente de que a
República envia pistoleiros para executar clones que querem tentar a sorte
na Rua Civvy também.
Vau observava a conversa com ar de tédio, o que normalmente
significava o contrário. Ele continuou olhando para a única cabine fechada,
que devia ser a cela de Ko Sai, e exalando impaciência.
— Se você transmitisse isso na hora, o dia todo na HNE, ninguém se
importaria, Kal. Eu garanto.
— Eles vão se importar se os Separatistas começarem a atacar Coruscant
e interromper a sua visão holo vídeo, certo.
— Mas não haverá essa onda massiva de protestos em nome de Nossos
Bravos Rapazes. Você será derrubado pela onda de apatia. Meu Deus, nosso
exército de escravos, criado para lutar, eliminado quando há muitos
problemas? Que sistema sensato! Bom para o Chanceler! É para isso que
pagamos os nossos impostos! — Vau abandonou o ato de tédio e chegou
muito perto de expor a emoção pela primeira vez. — Isso evita que todos os
civis tenham que cuidar de sua própria democracia. O máximo que você
conseguirá são alguns créditos deixados em uma caixa de caridade no
aniversário de Geonosis. Nenhum senador vai mudar nada.
Skirata apontou o polegar na direção da porta da cabine.
— É hora de termos outra conversa com Ko Sai, agora que temos nosso
detector de mentiras alimentado pela Força a bordo.
Etain se irritou.
— É bom se sentir valorizada, Kal.
— Você pode fazer algo que nenhum de nós pode, ad'ika. Sim, é isso
valorizado.
Mereel se levantou para abrir a cabine e Mird atravessou o convés para
interceptar. Etain notou o eletro bastão pendurado no cinto do Nulo. Eu nem
estou chocada. Eu sei que deveria estar, mas se ele me entregasse aquela
coisa e dissesse que um pouco de encorajamento faria Ko Sai entregar
informações que dariam a Dar e a todos os outros uma vida normal, eu sei
que usaria isso. Foi aí que o apego levou, então. Não conseguiu reunir
muita culpa.
Mas também fez coisas impensáveis para estranhos, como o terrorista
Nikto, e o caminho escorregadio para isso começou quando foi treinada
como uma Jedi para usar truques como influência mental e apagar a
memória.
Enquanto ele deslizava a tranca magnética, Mereel estava formando um
pequeno vórtice preto na Força, não muito diferente da primeira impressão
que Etain teve de Kal. Ordo pareceu esquecer Fi por um momento quando a
porta se abriu e a figura alta, magra e de pele cinza em um uniforme
monocromático com punhos pretos entrou no centro do compartimento da
tripulação.
— Quanto mais vocês me segurarem aqui, — disse Ko Sai, — maior o
risco que vocês correm de alguém me encontrar.
Esta foi a primeira Kaminoana que Etain viu em carne e osso. Era difícil
acreditar que essa espécie graciosa e de fala mansa pudesse ser tão
monstruosa. Mas só tinha que olhar para Mereel e Ordo, irradiando ódio, e
o desprezo combinado de Skirata e Vau para ver as cicatrizes que Ko Sai
havia deixado na vida dos outros.
— Sente-se, Ko Sai, — disse Skirata. — Vamos continuar de onde
paramos. Você pode, ou não, desligar os genes que causam o
envelhecimento acelerado?
Ko Sai cruzou as suas longas mãos de dois dedos no colo como se
estivesse meditando.
— É possível.
— Mas você pode fazer isso?
— Sargento, você sabe perfeitamente que eu identifiquei os genes
relevantes para cada característica que queríamos introduzir no genoma
básico de Fett, então você sabe que eu posso ligar genes onde há genes que
precisam de ativação. Você também sabe que eu tenho uma experiência
única que nenhum outro Kaminoano tem, ou você não seria um dos muitos
que me perseguem.
Não foi uma resposta. Ela faria Skirata, ou Mereel, mais provavelmente,
vasculhar petabytes de dados para encontrar os grupos de genes relevantes.
Etain se concentrou em Ko Sai e deixou a impressão da Força passar por
ela. A sensação de que a Kaminoana estava certa era imensa, mas não
subjugava um distanciamento tão total que, se Etain não tivesse visto as
pessoas ao redor de Ko Sai, poderia ter pensado que a cientista estava
falando consigo mesma. Skirata, Vau e definitivamente Ordo e Mereel, eles
não se registraram como seres vivos em Kamino. Eram objetos, não
diferentes de Mird ou da mesa. Sempre houve conexões na Força entre os
seres, o elemento que o cérebro de Etain interpretou como fios e cabos, e
foi a completa ausência deles em torno de Ko Sai que fez Etain notar. Era
como ver buracos recortados em uma bela pintura. O que não estava lá era
mais impressionante do que o que estava.
Isso assustou Etain mais do que qualquer sinal de violência à espreita em
Skirata. Era o vazio que sentia e explicava tudo. Não é de admirar que os
Kaminoanos não mostrassem nenhum indício de brutalidade ou raiva: eles
simplesmente não viam as outras espécies como nada além de um
fascinante quebra-cabeça vivo cujas as peças podiam ser desmontadas e
remontadas de acordo com a sua ideia de perfeição.
Skirata não chegaria a lugar nenhum, Etain sabia disso. Era possível
arrancar informações básicas das pessoas se elas as tivessem, mas qualquer
resposta complexa, ou tentativa de forçá-las a fazer um trabalho complexo,
precisava de um pouco de cooperação.
— Ko Sai, em que outros projetos de clonagem o seu pessoal trabalhou?
— Etain perguntou.
— Vários exércitos, bem como forças de trabalho civis, mineiros para
Subterrel, trabalhadores agrícolas para Folende, até mesmo trabalhadores de
materiais perigosos. A nossa especialidade é a produção de grande volume
e alta especificação para indústrias de mão-de-obra intensiva, onde os
droides são inadequados, e um produto adaptado exatamente às
necessidades do cliente.
— Toda essa tagarelice sobre vendas está no seu folheto? — perguntou
Mereel. — Porque eu acho que vou vomitar. Talvez você queira que eu
aproveite a sua sinergia com minha lâmina vibratória.
Ordo pôs uma mão restritiva no braço de seu irmão e não disse nada.
Etain chamou a atenção de Skirata; ele deu de ombros e a deixou continuar.
Ko Sai nunca via seres vivos em suas incubadoras, só produtos, e então
nunca poderia se sentir pressionada por culpa ou vergonha.
Ela era, no entanto, indecentemente orgulhosa de sua reputação como a
melhor geneticista da galáxia. Era uma grande altura para descer.
— Então, o que a sua reputação pessoal ganharia ou perderia se você
apenas nos dissesse como o processo de envelhecimento pode ser
normalizado? — disse Etain. — Ou trata-se de proteger um processo
industrial secreto?
— Cada instalação de clonagem sabe como amadurecer clones
rapidamente, — disse Ko Sai. — Mas não adianta acrescentar uma
funcionalidade que o cliente não pede para incorporar.
O temperamento de Etain nunca foi totalmente controlado pela disciplina
Jedi, e a turbulência hormonal nos últimos meses não ajudou.
— Não é o seu papel aconselhá-los sobre as opções?
— A expectativa de vida em uma guerra está comprometida para todos.
— Se você deseja criar um exército ideal, porém, posso entender o
rápido amadurecimento, mas parece estranho permitir que essa deterioração
continue quando o produto está no auge. — Etain jogou o discurso de
negócios imparcial de Ko Sai de volta para ela. — Você não gostaria que o
produto mantivesse a eficiência ideal pelo maior tempo possível? Preservá-
los no seu melhor? Acho que você não interrompeu o processo porque não
tem ideia de como. E, nesse caso, não temos utilidade para você.
Saiu da boca de Etain antes que pudesse impedir. Skirata não contraiu
um músculo, mas Ko Sai não estava olhando pra ele de qualquer maneira.
Ela estava piscando e balançando a cabeça levemente, toda graça etérea, e
Etain nunca a teria escolhido na multidão como uma supremacista e uma
sádica atormentadora de crianças.
— Nosso cliente não estava preocupado com a sua longevidade, — disse
ela. — Só que eles deveriam estar prontos quando ele precisasse deles.
Etain sentiu a atitude defensiva e o ressentimento da Kaminoana.
Empurrou com cuidado, tentando levar aquele intelecto arrogante a pensar e
acreditar no que ela sugeria. A influência da mente Jedi era uma arma
legítima.
— E o seu produto não é tão confiável quanto você diz ao seu cliente, é?
Você não consegue identificar todos os clones defeituosos para seleção.
Eles não são cegamente obedientes de qualquer maneira. Alguns até
desertam. Você exagerou no fator genético e não mencionou que os seres
humanos não são tão previsíveis.
Ko Sai não respondeu. Talvez ela estivesse considerando a ideia de que
não era perfeita, o que deve ter doído um pouco. Mas não se tratava de
ganhar uma discussão no parquinho. Etain teve que ajudar Skirata a
determinar se Ko Sai poderia desfazer o que ela havia feito, e então se ela
poderia ser forçada a fazê-lo.
O que Ko Sai realmente temia? Onde essa alavanca poderia ser colocada
para deslocá-la?
— Acho que já chega, — disse Ordo. Ele se levantou do sofá e deu a
volta por trás dele, depois se inclinou sobre Mereel com a mão estendida.
— Dê-me os chips de dados, ner vod.
Mereel abriu o bolso em seu cinto e entregou-lhe um bloco bem
embrulhado de mídia de armazenamento, embrulhado como um pequeno
tijolo colorido. Etain observou Ordo cautelosamente: ele caminhava sobre
uma linha tênue entre o autocontrole e o caos com muito mais frequência do
que qualquer um parecia perceber, e as notícias da condição de Fi não
ajudavam.
— Você vai reunir os arquivos? — perguntou Mereel.
— Não. — Ordo desembrulhou o tijolo de plastóide em sua mão. —
Apenas tendo um momento de clareza. — Ele olhou para Ko Sai. — O
trabalho de toda a sua vida contido em mil centímetros cúbicos de plastóide,
cientista chefe. Não muito diferente da minha, na verdade.
Ordo dobrou o embrulho novamente e entrou na passagem que separava
a cabine do piloto do compartimento da tripulação. Etain pensou que ele
estava indo para o terminal de computador no compartimento de
armazenamento, mas ela ouviu o mecanismo da escotilha abrir e o baque de
suas botas enquanto ele subia a rampa.
— Ordo? — Sem resposta. — Ordo?
A compreensão deve ter atingido Skirata no mesmo momento em que a
atingiu. Todos correram para a escotilha, amontoando-se na passagem curta,
até mesmo Ko Sai. Olhando pra cima através do dossel, Etain observou
com horror quando Ordo sacou o seu blaster, jogou o pacote de chips de
dados para o alto e disparou contra ele como um tiro de disco de argila.
Fragmentos de plastóide queimaram e choveram como uma exibição
pirotécnica.
Não conseguia ver Skirata ou Mereel desse ângulo. Mas Ko Sai soltou
um longo suspiro e caiu contra a antepara, balançando a sua elegante cabeça
de um lado para o outro em estado de choque. Todas as preciosas linhas de
pesquisa se foram.
— Ah, shab..., — disse Vau, com as mãos na cintura, e abaixou a cabeça.
Etain estava atordoada demais para falar. — Shab.
Não foi apenas toda a vida e propósito de Ko Sai que acabaram de se
transformar em brasas atingindo a água. Era de Darman também.
CAPÍTULO 13
Claro que Ordo está bagunçado. Eles estão todos confusos. Usaram munições reais nos
exercícios aos cinco anos de idade, travaram a sua primeira guerra aos dez anos e os poucos
sortudos tiveram o seu primeiro beijo como homens crescidos aos onze anos. Quase todos esses
milhões morrerão sem nunca ter ouvido alguém dizer:
— Bem-vindo ao lar, querido, senti a sua falta, Você acha que seria totalmente saudável
depois de tudo isso?
— Kal Skirata ao Capitão Jailer Obrim, FSC Anti-Terrorista, discutindo a vida de uniforme

Marina, ilha de Tropix, Dorumaa, 478 dias após Geonosis

— O rd'ika?
Skirata tentou não mostrar o seu choque, mas não estava
funcionando. A sua voz ficou presa na garganta e lutou para se soltar.
Ordo ficou à frente da escotilha, olhando para o mar no crepúsculo
crescente, e cruzou os braços.
— Sinto muito, Kal'buir.
O que eu vou fazer? Como shab posso começar de novo agora?
Tínhamos, tínhamos tudo, estávamos tão perto...
— Apenas... apenas me diga por que, filho. — Como ele pode fazer isso
comigo? O que eu fiz para derrubá-lo? — Sei que você está chateado. Eu
sei que você está preocupado com o Fi.
Mereel segurou o braço de Skirata.
— Não há nada que você possa fazer, Buir. Vamos começar de novo e
tirar tudo de Ko Sai.
Skirata resistiu ao puxão de Mereel em sua manga.
— Dê-me um minuto, filho. Vai aquecendo ela pra mim. Preciso falar
com o Ordo.
Skirata sabia que não adiantava ficar zangado com o rapaz: era tudo
culpa dele. Era tão fácil ver apenas o lado inteligente, corajoso e leal de
Ordo e dos seus irmãos, todas as suas qualidades maravilhosas, e esquecer o
quanto todos eles estavam danificados em seu âmago. Nenhuma quantidade
de amor poderia apagar o que foi feito a eles em um momento crítico de seu
desenvolvimento. Tudo o que podia fazer era consertá-los, e estava disposto
a fazer isso até o dia de sua morte.
Ficou ao lado de Ordo e colocou o braço em volta dele, sem saber se isso
resultaria em uma torrente de lágrimas ou em um soco.
— Filho, você sabe o quanto eu te amo, não é? Nada jamais mudará isso.
— Sim, Buir.
— Eu só preciso saber por que você fez isso depois de todo o trabalho
que tivemos para obter esses dados.
Os músculos da mandíbula de Ordo se contraíram. Ele não olhou nos
olhos de Skirata como costumava fazer.
— Isso é tudo sobre ter uma escolha. É isso que importa, não é? Mas
mesmo agora, ainda estamos sob o controle de uma Kaminoana porque ela
tem informações que não quer nos dar. Bem, prefiro viver cinquenta anos
nos meus próprios termos do que cem nos dela. E agora ela saberá. A
informação que ela está retendo é inútil. Eu tirei o poder dela para sempre.
— Mas eu só queria te dar uma vida plena. Você merece isso.
— Mas somos homens, Kal'buir, e sei que você desistiu de tudo por nós,
mas não pode continuar tomando decisões por nós como se fôssemos
crianças.
Isso doeu. A dor física no peito de Skirata, como uma pedra pesada
pressionando por dentro, piorou um pouco.
— Mas e os seus irmãos, Ord'ika? E todos os ad'ike que não puderam
escolher?
— Haverão outras maneiras de contornar isso.
Não adianta discutir. Ele vai se sentir mal o suficiente com isso quando
voltar a si.
— Claro. Vamos esquecer isso por enquanto e nos concentrar em Fi e no
bebê de Etain, e então teremos que repensar. Ko Sai não é a única
geneticista da galáxia. Ela é?
Mas mesmo os Kaminoanos precisam recuperá-la, e eles são os
melhores. Acabou. Vou continuar tentando, mas a menos que haja um
milagre...
A galáxia não faz milagres. Ela só dá a você o que se tira dela. Skirata
era persistente ao ponto de uma obsessão desperdiçada, e talvez até além,
mas até ele chegou a um ponto em que afundou sob o peso de uma tarefa.
Tinha havido muitas más notícias hoje. Talvez amanhã seja melhor.
Eles ainda tinham uma fortuna para recorrer.
Ordo se virou, parecendo um garotinho assustado novamente pela
primeira vez em anos. Não havia nada que Skirata não pudesse perdoá-lo.
— Eu machuquei você, Kal'buir, e não posso desfazer isso. Mas vou
compensar você, eu juro.
— Não precisa, filho. — Esqueci que eles não tinham visto Ko Sai de
perto desde que ela terminou de testá-los e disse que eles seriam abatidos.
Eu coloquei crianças abusadas na frente de seu agressor e esperava que
eles lidassem com isso. O que eu estava pensando? — Você não me deve
nada.
Lá embaixo, Ko Sai estava em péssimo estado. Skirata não ficou
chocado ao se sentir satisfeito em vê-lo. Ela estava se comportando como
um humana enlutada, com a cabeça baixa, fazendo um pequeno som de
arrulho, choramingando, na verdade. Se alguém pensava que a isca de
aiwha não tinha emoção, estava enganado. Só que coisas diferentes
importavam pra eles. Ela olhou para o rosto dele e soube que, pela primeira
vez, eles entenderam que compartilhavam a mesma emoção, embora por
razões muito diferentes, perda insubstituível.
Etain e Vau recuaram para o assento no lado oposto do compartimento
da tripulação, deixando Mereel para lidar com o Kaminoano. Ele ficou na
frente dela, com os braços cruzados.
— Quanto mais cedo você parar de chafurdar na autopiedade, mais cedo
poderá começar a reconstruir esse trabalho, — disse ele. — Se você for
legal comigo, eu te darei uma mãozinha.
Ela levantou a cabeça lentamente.
— Foram décadas do meu trabalho, seu imbecil. Décadas.
— Ori'dush, — disse Mereel. — Muito ruim. Mas é isso que você ganha
por nos deixar loucos. Tem certeza de que não quer começar a gravar tudo
de novo? É melhor fazer isso enquanto a sua memória ainda está fresca.
— Não consigo nem acessar o material sobre Kamino.
— Talvez eu deva garantir que eles também não possam, da próxima vez
que eu aparecer. A segurança da cidade de Tipoca não é melhor do que
quando eu era criança...
— Vocês são selvagens. Por que eu deveria cooperar com vocês agora se
não o fiz antes?
— Porque você está presa em uma nave com quatro pessoas
criativamente sádicas que odeiam as suas entranhas cinzentas, e talvez o
strill e a Jedi também não gostem muito de você, e tudo o que você tem são
as roupas que você veste... Nem mesmo um pedaço de flimsi para fazer
anotações. Veja quanto tempo você dura...
Skirata encontrou os olhos de Ko Sai. Ela olhou pra frente e pra trás dele
para Mereel e Ordo algumas vezes como se estivesse calculando alguma
coisa, nem pense nisso, isca de aiwha, e então se fixou em Mereel
novamente.
— E você vai me matar de fome até a submissão, você acha.
— Oh, você vai se alimentar bem, — disse Mereel. — Quero você
saudável por muito tempo, para poder ver você sofrer. Posso não ter uma
vida longa, mas ver você enlouquecer é limpar um pouco de osik do meu
coração que está lá há muito tempo.
— Catártico, — disse Ordo. — É realmente. — Ele se virou para a
cabine. — Eu preciso verificar a condição de Fi, e então temos que fazer
um movimento, Kal'buir. Alguma preferência?
O único lugar que Skirata poderia garantir para encontrar alguma
acomodação à prova dos Separatistas, à prova da República e à prova de
Jedi era Mandalore. Ele tinha negócios para cuidar lá também. Ele se virou
para Etain.
— Quer ver o território nacional, ad'ika? Visitar Manda'yaim?
Ela ainda parecia em estado de choque. Não havia médicos chiques da
Cidade Galáctica em Mandalore, mas muitas mulheres que sabiam como
lidar com uma gravidez.
— O que eu digo ao Zey? — ela perguntou. — Ele estava convencido da
tua história que eu ia ficar depois de Qiilura ser libertada para ajudar os
Gurlanins durante alguns meses.
— Eu vou pensar em algo. Eu sempre penso.
Ela deu de ombros.
— Certo. Nunca vi Mandalore. Como é?
— Eu gostaria de dizer que é o paraíso, — disse Skirata. — Mas é tão
áspero quanto o traseiro de um bantha, e metade bonito.
— Eu nunca gostei de férias na praia de qualquer maneira.
Vau estendeu a mão para Ordo.
— É melhor me dar a chave de código do seu transporte. Vou levá-lo de
volta para Coruscant e encontrar todos vocês lá, conforme necessário.
Talvez Vau tivesse negócios a resolver. Ele tinha sua herança, afinal, e
provavelmente haviam itens que queria negociar, porque tinha as suas
despesas como todo mundo. O transporte também precisava ir pra casa; eles
não podiam continuar abandonando pequenas embarcações e cobrando
novas no orçamento do GER. Enacca, o Wookiee, não conseguiu recuperar
tudo o que foi forçado a despejar.
— Obrigado, Walon, — Skirata disse.
— Posso fazer um desvio em Aargau, na verdade...
O seu banco estava em Aargau. Negócios, então. Isso era bom.
Skirata se amarrou no terceiro assento da cabine para que Ordo pudesse
assumir a posição do co-piloto com Mereel no leme. Ordo agora estava
falando diretamente com a Niveladora, cujo oficial de comunicação parecia
pensar que ele estava ligando do Quartel Arca em Coruscant. Um
embaralhador de código era uma coisa maravilhosa.
Vau soltou os cabos de amarração e deu ao Skirata uma saudação
simulada do pontão, e Mereel levou a Aay'han além do quebra-mar,
acelerando-a gradualmente até a velocidade em que ela subiria em
flutuadores e então sairia da água. Skirata abriu o seu comunicador e
digitou o código de Jusik.
— Estamos fora daqui, Bard'ika. Obrigado.
— Obrigado por me manter informado, — Jusik disse rigidamente.
Então tinha uma audiência: o Delta devia estar com ele. — Está tudo bem?
— Não. Mas estará.
— Niner me informou sobre Fi.
— Ordo está cuidando do caso. Não se preocupe. E você também não
precisa mais se preocupar com Ko Sai.
— Certo...
— Me ligue quando puder falar livremente. Vamos para Mandalore.
Jusik era um bom rapaz, refletiu Skirata. Ele tinha sido bom desde o
início. Eles tiveram sorte de encontrar alguns aruetiise com esse tipo de
lealdade.
Aay'han decolou em uma tempestade de borrifos, erguendo-se no céu
noturno. Ao passar sobre a ilha que já abrigou a base de Ko Sai em suas
entranhas, Skirata verificou os sensores e não pôde deixar de notar que
agora havia uma área de subsidência no campo de esportes, uma tigela rasa
de cerca de cem metros de diâmetro. Podia até ver; a sombra criada pelos
ilumigrids fazia com que parecesse um grande lago negro.
— A de abundância, — disse Skirata. — Acho que derrubamos o teto.
Mereel verificou por si mesmo.
— Oops.
— Você está levando isso muito bem. — Skirata agora se preocupava
com o que estava acontecendo por trás do verniz arrogante de Mereel,
porque subestimou muito o que estava acontecendo dentro de Ordo.
— Há sempre um lado bom, — disse Mereel. — Um dia, vamos olhar
pra trás e rir de tudo isso.
Skirata duvidou. Mas uma coisa, pelo menos, foi resolvida: ele não
precisava mais caçar Ko Sai.
Ele só tinha que descobrir o que faria com ela.
Tropix, Dorumaa, 479 dias após Geonosis

— Então é assim que a outra metade vive, — Sev disse.


O Esquadrão Delta, vestido com os macacões maçantes, mas
abrangentes, de uma equipe de manutenção de serviços públicos, tentava
parecer rotineiro enquanto caminhavam ao longo da costa coletando lixo.
Não havia muito, mas a gerência gostava que a areia branca parecesse
imaculada antes que os hóspedes do hotel saíssem depois do caf da manhã.
Algum pobre di'kut estava até mesmo penteando-o com um grande ancinho.
— Estou feliz por estar nesta metade, então, — disse Chefe. — A
novidade de limpar depois dos civis passaria rapidamente.
— Eu quis dizer a parte de relaxar ao sol.
— Superestimado. — Fixer espetou um pedaço de embrulho flimsi com
uma vara afiada especial projetada para fazer exatamente isso, embora Sev
pudesse pensar em usos muito melhores para ela. Foi o primeiro contato
inimigo que Fixer teve por um tempo. Sev considerou solicitar uma
transferência para a infantaria, onde eles pareciam estar recebendo mais
ação droide. — Estraga a sua pele. Dá bolhas. Você tem que se cobrir com
um filtro solar viscoso para impedir que ele te mate no final.
Scorch recuou e o deixou matar outro pedaço de lixo.
— Então, há quanto tempo você promove os benefícios de férias em
Tropix?
— Olha, qualquer trabalho seria melhor que o meu, porque agora sinto
que estou perdendo o meu tempo. — Fixer enfiou o dedo com força no
ouvido, ajustando o ponto de comunicação oculto. — Isso é chato. Até o
canal de comunicação da polícia é tedioso. Bêbados, objetos de valor
perdidos e colisões entre motoristas de aluguel de carro.
Jusik finalmente os soltou na própria ilha. Fixer e Chefe não ficaram
felizes com o atraso, mas o Jedi tinha razão: era difícil se misturar aqui em
uma armadura de Katarn, e eles não tinham o que ele chamava de
habilidades sociais do Esquadrão Ômega. Scorch o ajudou a liberar alguns
uniformes da equipe de manutenção durante a noite, uma tarefa tão fácil
que era quase um insulto à habilidade deles de entrar em lugares onde não
deveriam. Quanto às fechaduras, ele poderia tê-las arrombado apenas
fazendo uma careta para elas. Era patético.
Foi uma pena o que aconteceu ao Fi, no entanto.
Sev não gostou da ideia de estar em coma, apenas no caso de ser um
daqueles conscientes onde você sabe o que está acontecendo ao seu redor,
mas não consegue responder. O que quer que acontecesse com ele, decidiu,
seria rápido e definitivo; sem ficar por perto. Em um ponto ele pensou em
conversar sobre isso com o resto do esquadrão, mas eles notaram o estado
de Fi e então fecharam a conversa, então Sev sabia que eles estavam tão
assustados quanto ele.
— Eu sei que os Jedi sentem coisas, — Chefe disse cuidadosamente, —
e que os generais estão a par de informações que não recebemos, mas tenho
a sensação de que Bard'ika não está nivelado conosco.
— Talvez ele esteja com vergonha de nos dizer que nos trouxe até aqui
para comprar um sundae neuviano, — disse Scorch. — Parte deste novo
impulso de gestão para nos fazer sentir valorizados.
— Será que Zey sabe que está tendo uma crise de identidade? — Chefe
perguntou.
— Quem disse que ele é?
— Ah, qual é... a síndrome da roupa íntima de duraço?
— Então ele gosta de coisas Mandalorianas, — disse Scorch. — Talvez
seja reconfortante para caras que não podem ter sentimentos violentos. Ele
pode atuar um pouco.
— Ele tem um sabre de luz. Ele age com violência muito bem com isso.
Sev não tinha um radar da Força Jedi, mas certamente tinha um sexto
sentido de soldado para um oficial se aproximando. Assim que ele olhou
pra cima da areia branca ofuscante, sentindo-se inquieto, ele viu Jusik
caminhando pelo calçadão no que Sev considerava o seu ”meio Jedi" a
anônima túnica branca e calças que todos eles usavam sob as camadas de
mantos.
— Por que você não expõe sua teoria a ele, então, Dr. Scorch? — disse
Sev. — Vai em frente, pergunte a ele.
— Sim, sempre me perguntei onde ele guarda o sabre de luz quando se
veste assim.
— Ótimo, — Fixer murmurou.
Sev cutucou-o com a vara de areia.
— O que?
— Conversa na frequência da polícia. — Isso foi o mais próximo que
Fixer chegou de empolgação. — As pessoas estavam ligando dizendo que
tinham ouvido uma explosão misteriosa, mas sem localização. Agora eles
receberam um relatório de um campo de esportes afundando na próxima
ilha.
— Como em explosão subterrânea?
— Talvez. O Serviço de Resgate está passando para verificar.
Jusik os alcançou.
— Eu aluguei uma embarcação de pesca para que possamos mover as
nossas operações longe de olhares indiscretos. Como está o negócio de
manutenção?
— Explosivo, — disse Scorch. — Fixer diz que os moradores relataram
uma explosão seguido por um buraco no chão não muito longe daqui. E
como este não é um planeta do tipo explosivo, podemos verificar a pista.
— Boa ideia, — disse Jusik.
— Senhor, você está bem?
— Minhas desculpas, Scorch. A minha mente não está totalmente no
trabalho. Se alguém quiser uma atualização sobre a condição de Fi, me
avise. — Ele olhou ao seu redor, quase como se tivesse ouvido algo e
estivesse tentando descobrir de onde vinha, mas era apenas um de seus
maneirismos. — Não? Certo, vamos dar uma olhada neste buraco no chão.
Fixer ainda estava escutando as frequências do comunicador da polícia.
— Que cobertura vamos usar?
— Não há necessidade. Sobrevoe-o no EIT, obtenha algumas
coordenadas dele e depois descubra uma maneira de avaliar o ponto da
explosão.
— Pode não ter nada a ver com Ko Sai, é claro.
— Quer fugir disso?
— Não senhor. Mas talvez o Twi'lek estivesse nos enganando.
Jusik pegou um pedaço de lixo, examinou-o e jogou-o no saco coletor
que Fixer carregava.
— O que te faz achar isso? Ele correu para salvar a sua vida de forma
bastante convincente.
O Chefe interrompeu.
— Porque não descobrimos nada, senhor, exceto o gerente de tráfego
aqui que se lembra de alguém alugando uma barcaça para uma entrega no
mar, e então foi encontrada à deriva sem o funcionário.
— E ninguém foi procurá-lo.
— Quando eles dizem para não ultrapassar os limites de segurança, eles
falam sério. Eles não têm ideia do que está escondido sob a superfície e não
estão muito interessados em descobrir.
Jusik deu de ombros.
— Ainda bem que somos feitos de material mais resistente. Que atitude
mesquinha em relação ao bem-estar dos funcionários.
Sev já tinha visto Jusik caçando alvos antes, e ele se comportou como
um homem com uma missão: obstinado, engenhoso e tenaz. Em Coruscant,
ele até preocupou Sev com as suas táticas descontroladamente arriscadas.
Agora ele estava se comportando de maneira diferente. O fogo havia saído
dele. Era como se ele não se importasse em encontrar Ko Sai.
Pode ser que ele não quisesse encontrá-la, e isso preocupava Sev por
todos os tipos de razões diferentes. Mas talvez fosse, como ele disse, porque
estava preocupado com Fi. Isso era preocupante à sua própria maneira,
porque um oficial que estava distraído quando um homem de seu grupo de
comando de quinhentos foi ferido realmente não tinha o que era necessário.
— Sim senhor, — Sev disse.
A vista aérea do resort esportivo da ilha ao sul de Tropix, Mundo da
Ação, um nome que Sev achou hilário devido à sua extensa gama de
medidas de segurança para visitantes, foi educacional. Sim, era um lago
instantâneo, sem a água. Do EIT, ele podia ver como o chão havia desabado
sob a grama sem quebrar muito da superfície. Algo embaixo havia
desmoronado.
— Não muito baixo, Chefe, — disse Jusik. — O que nosso identificador
está dizendo ao controle de vôo?
— Entregando sobremesas geladas, senhor, — disse Scorch, verificando
a carga em seu DC. — Sim, coloque um pouco de xarope e nozes trituradas
nisso.
As pessoas não usavam mais os olhos. Elas acreditavam em tudo que os
seus dispositivos diziam. Sev estudou o gráfico em seu banco de dados,
mapeado na posição da subsidência, e o comparou com o gráfico
hidrográfico dos mergulhadores.
— O buraco pode não estar diretamente acima do que quer que tenha
explodido, — disse ele, — mas é uma suposição justa. Isso nos dá uma área
de busca debaixo d'água.
— Você está morrendo de vontade de usar aquele equipamento de
mergulhador, não é? — disse Scorch.
Sev não respondeu. Estava começando a se perguntar o que diria a Ko
Sai quando a encontrasse. Ela ainda era uma figura assustadora, um nome
que até os Kaminoanos costumavam mencionar em voz baixa, e não só por
causa de sua perícia; ela tinha o poder sobre a vida e a morte, a autoridade
para dizer quem se arriscava e quem não. Agora que Cidade de Tipoca
estava muito atrás dele, ele estava começando a perceber por que isso não
era uma boa ideia.
Estava se tornando um dia longo e lento. Transferir o equipamento do
EIT para a embarcação de mergulho sem ser localizado levou algumas
horas, e então eles tiveram que elaborar um padrão de busca sem nem
mesmo saber o que estavam procurando, exceto talvez um monte de rochas.
E aqueles trajes de mergulho apenas processaram o oxigênio da água ao
redor. Não havia desculpa para voltar à superfície porque estavam ficando
sem ar.
Fixer e Chefe assumiram o primeiro turno, transmitindo imagens ópticas
e de sensor de volta para a embarcação. Sev, Scorch e Jusik sentaram-se na
ponte, observando as telas de saída.
— Vamos, Sev, anime-se. — Scorch o cutucou. Ele estava vestido,
batendo suas nadadeiras no convés em um ritmo que irritava Sev mais a
cada golpe. — Isso é melhor do que a maioria das coisas que eles mostram
na HNE. É uma rocha muito interessante. Ótimas ervas daninhas também.
Se eles não encontrassem Ko Sai, Vau teria algo a dizer sobre isso.
Certo, ele não sabia que eles estavam no caso, mas descobriria mais cedo ou
mais tarde se eles falhassem.
De alguma forma, isso importava pra ele mais do que nada para o
Chanceler Palpatine.
Chefe e Fixer emergiram depois de uma hora e Sev e Scorch caíram
sobre a amurada na água cristalina. Sev tinha feito o curso obrigatório de
mergulho como parte de seu treinamento básico, e por que chamá-lo de
obrigatório, ele se perguntou, quando tudo era obrigatório para um clone?,
mas só porque ele podia fazer isso não significava que ele gostava.
Ele não gostava. Scorch sim.
— Nossa isso é incrível. Olha pra isso!
— É um peixe, Scorch. Você vai superar isso. O mesmo acontecerá com
os peixes.
— Qual é, quantas pessoas conseguem fazer isso? Saboreie o privilégio,
cara.
— Eu vou, da próxima vez que eu estou tomando na minha shebs.
Sev queria dizer muito mais naquele momento: um terrível momento de
descuido o emboscou, e queria deixar escapar que estava farto de ouvir
aquela voz interior dizendo que não era bom o suficiente quando estava
quase sangrando com o esforço, e que queria... fierfek, não sabia o que
queria, mas sabia que não tinha.
Foi quando percebeu porque Fi o incomodava tanto, porque Fi fazia as
perguntas que não conseguia enfrentar. E Fi tinha um sargento que era um
pai, que o achava ótimo em qualquer coisa que fizesse ou por mais que
estragasse tudo.
Portanto, os peixes semelhantes a joias e os corais luminosos ao seu
redor tinham um longo caminho a percorrer para compensar aquele vazio
corrosivo em seu peito. Ele os ignorou e nadou sem auxílio de jato para
evitar a agitação do lodo, examinando o fundo do mar da plataforma da ilha
e as formações rochosas ao seu redor em busca de sinais de atividade
recente.
À frente, havia uma pilha de rochas inclinada que se estendia do
penhasco que não estava no gráfico. Enquanto Sev nadava sobre ele, não
podia ver nada crescendo ali; nenhuma planta, incrustações ou qualquer
outra forma de vida que fosse rápida para colonizar todas as superfícies.
Como eu sei disso? Nunca mergulhei em lugar nenhum assim. É tudo de
bancos de dados em meus sistemas de capacete. Coisas aprendidas rápido.
Coisas em que fui treinado para confiar, invisíveis. A face oposta da rocha
estava igualmente desgastada, como se essa pilha fosse o grande pedaço
que se estilhaçou e caiu dela.
— General Jusik, senhor, — Scorch disse, — alguma dessas coisas está
aparecendo em seu medidor de perturbação na Força?
— Eu vejo isso.
Sev pegou alguns dos fragmentos menores e os moveu, verificando se
havia algum entulho que não fizesse parte do que a natureza pretendia. Isso
levaria uma eternidade: ele deixou a pedra cair e nadou para longe do
penhasco para ter uma perspectiva geral, talvez até ver algum canal aberto
para o mar. Foi quando estava se afastando que esbarrou em alguma coisa e
se virou, pensando ter pegado folhas de ervas daninhas, e se viu olhando
para algo branco e vagamente familiar.
Não tinha cabeça, mas o resto era um esqueleto humanoide.
— Fierfek...
— Sev?
— Está tudo bem, Scorch. — Mas todos eles podiam detectar que a sua
pulsação disparou, porque a armadura sempre tinha um pequeno sistema
sorrateiro para monitorar os sinais de vida. — Parece que os transportes
velozes ficam muito atrasados aqui, a julgar pelo tempo que esse cara está
esperando...
Scorch nadou até ele, com pedras e explosões esquecidas no momento.
— O que foi? — Jusik perguntou. — Não consigo ver.
Scorch ajustou os controles desconhecidos da câmera do capacete que
ligavam o seu ponto de vista ao sistema de comunicação.
— Viu?
— Ah. — Jusik suspirou. — Algum sinal do que o matou, Scorch?
— Vamos perguntar a Sev. Ele é um especialista em cadáveres.
Sev, sentindo-se envergonhado por sua reação, examinou os ossos. O
braço esquerdo saiu em sua mão.
— Sim, ele está morto, sim.
Scorch chupou os dentes ruidosamente. Era extra amplificado nos
capacetes dos troopers mergulhadores.
— Tem certeza que não quer uma segunda opinião, doutor?
— Nem, estou preparado para arriscar. — Sev mergulhou e recuperou o
braço da erva ao redor dele. Ele seguiu o comprimento do cordão de fibra
laranja até sua origem, que acabou sendo um antiderrapante. Curva de
ancoragem de Keldabe amarrada em algum tipo de anel de ancoragem. —
Mas posso dizer quem garantiu que ele não flutuasse, mais ou menos.
Consegue ver isso, senhor?
— É um nó, — disse Jusik.
— Um especial. Mandaloriano. Usado apenas por Mandos e pessoas
treinadas por Mandos.
O primeiro pensamento de Sev foi o piloto Twi'lek, Leb, dizendo que
havia contado a alguns Mandalorianos sobre a sua rota de entrega. Havia
uma conexão aqui, e teria sido muito mais fácil fazê-la se Jusik não tivesse
apagado a memória do piloto um pouco cedo demais para o gosto de Sev.
— Recupere o braço, — disse Jusik. — Podemos pelo menos tentar
identificar o proprietário. Faça todas as varreduras penetrantes que puder da
face da rocha e nós a examinaremos mais tarde.
Sev e Scorch olharam para a face do penhasco em silêncio. A partir
daqui, o volume de rocha derrubada era aparente, e eram mais de dois ou
até cinco homens que poderiam se mover na esperança de encontrar algo
por trás dela.
Se Ko Sai havia construído um laboratório de pesquisa escondido lá
atrás, e ela estava em casa quando a explosão aconteceu, então ela não iria a
lugar nenhum, nunca. Se alguém mais a tivesse encontrado antes de
destruírem as instalações, como o misterioso Mando'ade, provavelmente
não se ofereceriam para realocá-la em uma boa unidade no parque
empresarial de Keldabe.
Não seria uma boa notícia para Palpatine. Mas então Sev não era o único
que tinha que dar a notícia a ele.
CAPÍTULO 14
Deixe-me ver... pela sua lógica, é aceitável usar esses clones e passar a vida deles, porque
eles foram criados apenas para a guerra e não existiriam de outra maneira. O problema que
tenho com isso. Tenente, é que eles existem, para que saibam o quanto a vida é doce, mesmo por
sua experiência limitada, e, portanto, as suas vidas valem tanto pra eles quanto a nossa pra
nós. Então, tenho certeza de que você não vai se opor ao acompanhar os homens no próximo
ataque terrestre, e eu quero dizer no chão. Você oporia?
— Capitão Gilad Pellaeon, comandante do Niveladora, discutindo sobre os clone troopers
com um tenente júnior

Nave de ataque da República Niveladora, Orla Exterior, 480 dias após Geonosis.

D arman estava acostumado a ir aonde queria a bordo de uma nave,


então a tentativa do droide médico de impedi-lo de entrar no
enfermaria foi uma surpresa.
— Pessoal não autorizado, — dizia. — Você é um risco de infecção.
— Eu quero ver o meu irmão, — disse Darman. — CR-oito-zero-um-
cinco, Fi. Ferimento na cabeça.
O droide encaixou uma de suas sondas no console do posto de
enfermagem, verificando o banco de dados central.
— O registro de admissão mostra que ele ainda está em bacta e ainda
não recuperou a consciência. Compartimento Oito.
— Sei que ele não vai ficar sentado na cama fazendo piadas, mas quero
vê-lo. E se ele estiver em um tanque, como posso infectá-lo?
— Não é com ele que estou preocupado, — o droide disse. — São as
outras baixas.
— Certo. — Darman tirou a sua própria sonda do cinto e a encaixou no
console. — Prioridade substitui cinco-cinco-alfa. — O droide recuou para
deixá-lo passar. — E eu prometo que não vou chegar perto de nenhum outro
paciente, certo?
As forças especiais não deveriam usar o comando de anulação de acesso,
exceto em emergências, mas isso contava como uma aos olhos de Darman.
Não fazia sentido ser membro das forças especiais se você tivesse que
preencher formulários pedindo permissão para visitar os banheiros. Ele foi
em busca do compartimento 8, passando pelo que agora eram enfermarias
lotadas. Parou para olhar por um momento, surpreso com os números.
O droide o havia seguido.
— Ele não está lá. Siga em frente.
— De onde todos eles vieram? Não era de Gaftikar. Isso era um passeio
no parque. Mas não para Fi: isso era irritante, e Darman ainda não sabia se
tinha sido uma armadilha ou uma bala de canhão, fogo hostil ou amigo. Por
alguma razão, isso importava muito, embora ele soubesse que não
adiantaria saber a resposta. — Eles não deveriam ser enviados para
Rimsoos?
— Não, muito poucas baixas foram sofridas em Gaftikar, — disse o
droide. — Esses homens são de vários combates neste quadrante. As
Unidades Cirúrgicas Móveis não podem lidar com mais nada no momento,
então eles estão enviando-os para as sua naves com capacidade de reserva
médica.
Assim, a República poderia encomendar um exército de primeira linha e
todo o seu equipamento, mas não conseguiu fornecer o apoio médico.
Darman queria colocar um pouco de bom senso na República, mas não
sabia com quem começar, mesmo que pudesse.
— Mostre-me o compartimento oito, — disse ele.
Darman tentou não olhar para nenhum dos lados dele, mas ele o fez, e
em uma das baias de emergência, droide médicos estavam trabalhando em
um soldado. Ele não podia ver o tipo de ferimento porque o homem estava
deitado e os droides estavam obscurecendo sua visão, mas ele podia ver o
convés da baía, e estava coberto de sangue. Um pequeno droide de limpeza
estava limpando-o, trabalhando no equipamento sem ser notado.
Por alguma razão, a cena parou Darman em seu caminho. Um esfregão.
Eles estavam usando um esfregão doméstico para limpar o sangue. De
alguma forma, isso resumia o quão rotineiro isso era, o quanto fazia parte
da rotina diária, o quão mundano, que os homens sangrassem suas vidas e
os droides de limpeza continuassem mantendo a nave em perfeito estado.
Onde estava a HNE e as suas holocâmeras agora? Essa cena nunca se
intrometeu nos boletins dos holo noticiários. Todos os vagos ressentimentos
e medos de Darman de repente encontraram um foco nítido, e ele estava
com raiva de uma forma que nunca havia estado antes.
— Compartimento Oito, tanque um-um-três, — o droide médico ao lado
dele disse bruscamente. — Tenho pacientes esperando.
Pelo menos Fi tinha sido o primeiro na fila para um tanque bacta. O
droide deixou Darman em uma floresta de tubos transparentes iluminados
em azul cheios de homens e, pela primeira vez desde que conheceu Fi,
Darman teve a sensação de pânico de não ser capaz de reconhecê-lo; o
fluido se distorceu como uma lente e os homens lá dentro estavam sedados,
então não havia como reconhecê-lo pela expressão facial ou pelas
cicatrizes. Mas ele tinha o número do tanque.
Os ferimentos de Fi foram todos internos. Darman gostaria de ter dito o
mesmo para alguns dos troopers pelos quais passou: bacta podia curar
muito, mas regenerar membros não era uma de suas propriedades.
No tanque 113, Fi estava suspenso em um arreio cirúrgico, com a
máscara de respiração mantida no lugar por filamentos enrolados atrás das
orelhas, um rastro muito regular de bolhas subindo lentamente até a
superfície da bacta; estava em respiração assistida, então. Ele parecia em
paz. Mas Darman não gostou disso porque já tinha visto muitos mortos com
aquele mesmo ar de serenidade ausente.
— Ei, Fi, — ele disse calmamente. Ele colocou a mão espalmando o
transparaço. Eles disseram que os pacientes em coma frequentemente
ouviam o que estava acontecendo ao seu redor, então Darman tratou Fi
como se estivesse consciente. — Você vai ficar bem, ner vod. Melhor voltar
logo, porque Corr está no seu lugar e você não quer que ele pegue todas as
garotas, quer?
Darman observou Fi por um tempo, tamborilando suavemente no vidro
com os dedos. Todos eles começaram a vida em um tanque assim. Darman
estava determinado que Fi não terminaria em um. Agora que ele podia ficar
de fora de tudo isso, ele podia vê-lo como a desculpa sem amor, isolada e
estéril para a vida que tinha.
Alguém caminhou por trás dele, com muito cuidado. Ele conhecia o
andar de Niner em qualquer lugar.
— O droide médico está ficando irritado com a nossa presença aqui, —
sussurrou Niner, passando o braço sobre o ombro de Darman. — Fi está
estável. Eles dizem que pararam o inchaço no cérebro, então vão drená-lo e
retirá-lo da sedação em alguns dias e fazer exames. Então eles saberão em
que forma ele está. Vamos voltar para o Triplo Zero de qualquer maneira,
mesmo que a Niveladora não volte, temos que nos encontrar com Corr e
colocar um novo esquadrão em forma.
— Por que eles precisam sedá-lo quando ele está em coma?
— Caso ele acorde naquela coisa e comece a se debater.
— Ah.
— Ele vai ficar bem.
— O que acontece se ele não ficar? E se ele ainda estiver em coma? O
que acontece depois?
Era aqui que ficava difícil. Homens eram feridos o tempo todo, alguns
morriam, outros sobreviviam e eram mandados de volta para as suas
unidades. Era a primeira vez que Darman se perguntava por que tudo estava
tão arrumado.
— Não sei — disse Niner. — Vou perguntar ao sargento Kal.
Darman sabia por que não havia feito a pergunta antes, no entanto. A
resposta era brutalmente pragmática. Se fosse preciso muito esforço para
salvar um homem, ele não era uma prioridade. Ele morria.
Darman pensou na experiência cirúrgica disponível para a República e
em quanto era medicamente possível hoje em dia, contanto que você não
fosse uma lata de carne como eles.
Achei que éramos ativos caros. Você pensaria que valeria a pena gastar
um pouco mais em reparos.
— Vamos, Dar. — Niner o puxou para longe, enfiando os dedos na parte
de trás do cinto. — Voltamos mais tarde. — Darman, relutante em deixar Fi
neste lugar frio e solitário, colocou a mão no tanque novamente. — Eu não
estou abandonando você, vod'ika. Você não me abandonou em Qiilura, e eu
não vou deixar você. Certo? Estou voltando. Eu prometo.
Fi não reagiu, mas então Darman sabia que não ia. A questão era que
disse isso, e isso significava que faria isso. Relutantemente, seguiu Niner de
volta ao convés do refeitório e encontrou um canto tranquilo para abrir o
seu coração em uma mensagem para Etain.
Poderia ter desabafado com os seus irmãos, mas todos eles sabiam o que
estava pensando de qualquer maneira.
Kyrimorut, norte de Mandalore, 480 dias após Geonosis

Etain saiu da escotilha de carga da Aay'han e olhou para um deserto de


árvores antigas se amontoando para se aquecer contra um vento cortante
que varria a planície. A paleta de cores do pôr do sol era muito parecida
com a ilha tropical que acabara de deixar, todas intensas de violeta e âmbar,
mas a diferença de temperatura era de trinta graus.
Apesar do que Skirata havia dito, não era pouco atraente. Era
assustadoramente isolado.
— Tudo bem, não é Coruscant, — disse Mereel, estendendo a mão pra
ela. — Você não pode pedir ao tapcaf local uma entrega de banquete à sua
porta. Mas nos meses mais quentes, é lindo. É realmente.
Etain tentou acreditar nele. De qualquer forma, não importava: estaria
fora daqui em três meses, no máximo. Por alguma razão, congelar os seus
corpos aqui, essa era a palavra certa, corpos, sabia disso agora, era muito
melhor do que ser exposta às mesmas temperaturas em Qiilura. Tinha uma
ligação com aquele lugar, por mais tênue que fosse. Havia algo certo em ter
o bebê aqui. Entendia tudo sobre a linhagem e a geografia contando pouco
com Mandalorianos, mas importava para ela porque esta era, tecnicamente,
a casa de seu filho.
Mas não conseguia ver nenhuma casa. Não havia luz ou estrada lá fora,
apenas a paisagem selvagem.
— Eles têm casas na árvore aqui, não é? — ela disse, percebendo
lentamente. A acessibilidade era um problema para uma mulher com uma
cintura em rápida expansão. — Como os Wookiees.
Mereel riu. Para um homem cujo irmão louco acabara de desperdiçar a
sua chance de uma vida normal, ele não parecia muito arrasado. — Só em
alguns lugares. Aqui, você precisa de algo um pouco mais substancial no
inverno. Pense nisso como o seu retiro particular à beira do lago. Pescar,
preparar caminhadas pelo campo por algumas centenas de quilômetros...
Skirata enfiou a cabeça pra fora da escotilha. Ele tinha o comunicador
em uma das mãos e parecia estar falando com alguém que havia despejado
mais más notícias sobre ele. Ele fez uma pausa, sem saber que estava
bloqueando a saída, e esfregou a testa, olhos fechados. Ele estava de volta
em sua armadura dourada agora, um Mando regular em casa.
Território inimigo. Lembre-se disso. Essas pessoas lutam pelos
Separatistas.
Etain ouviu a palavra Fi algumas vezes. Ele não está morto. Eu saberia
se ele estivesse. Então Skirata encerrou a conexão e digitou outro código,
saindo e vagando pela área de pouso com a mão livre no fundo do bolso,
com a perna esquerda arrastando um pouco.
— Ah, — disse Mereel, erguendo o dedo indicador e inclinando a cabeça
na direção do som de um speeder que se aproximava. — Nosso gracioso
facilitador.
— Kal tem uma casa aqui? — ela perguntou.
— Até agora não, — respondeu Mereel.
— Eu não entendo.
— Ele está olhando para propriedades de aposentadoria, digamos. Nesse
ínterim, Rav Bralor está cuidando de seus interesses.
Isso não significava absolutamente nada para ela.
— Quem é ele?
— Ela. Outra Cuy'val Dar.
Skirata só confiava em si mesmo. Etain não podia culpá-lo: era uma
galáxia perigosa, e Skirata estava jogando um jogo muito arriscado mesmo
aqui. Ela se perguntou como ele financiou tudo isso e suspeitou que o
general Zey levaria um choque de parar o coração um dia, quando os
auditores examinassem as contas da Brigada de OE.
Mas Skirata tinha Besany Wennen no time agora, o que era...
conveniente. Uma agente do Tesouro sempre vinha a calhar.
E eu acho que Kal está se arriscando? Sou uma general Jedi grávida, e
aqui estou em território inimigo, fazendo uma visita social, procurando por
um porto seguro neles. Força nos preserve...
Um speeder respingado de lama parou ao lado deles, e uma figura em
beskar'gam, a tradicional armadura Mandaloriana, saltou da escotilha.
— Rav'ika, — disse Skirata. Eles se abraçaram com um estalo metálico.
— Te devo uma.
— Você está certo, seu velho shabuir. — Bralor tirou o capacete,
revelando grossas tranças castanhas com mechas grisalhas e uma pele
surpreendentemente sem rugas, e examinou Etain com olhos experientes. —
Então essa é a mãezinha, hein? Shab, garoto, você precisa colocar um
pouco de carne em seus ossos rápido. O bebê dela precisa disso. — Ela se
aproximou de Mereel e deu um tapinha em sua bochecha. — Você parece
em forma, ad'ika. Bom te ver de novo.
— Mereel, — ele solicitou.
— Faz um tempo. Eu sempre conseguia diferenciar vocês naquela época.
Bralor era tudo o que Skirata disse que as mulheres Mando deveriam ser.
Se ela tivesse filhos, Etain não tinha dúvidas de que ela havia suportado um
trabalho de parto de cinco dias em silêncio estoico, entregado um blaster ao
recém-nascido e depois eletrocutado Trandoshanos com o bebê sob o braço.
Ela parecia assustadoramente em forma.
Venku, é aqui que você quer estar?
— Obrigado por sua hospitalidade, — disse Etain, sem ter ideia se
Bralor sabia quem era o pai. — Sei que isso não deve ser fácil para você.
— Está tudo bem, garota. — Bralor tinha carcaças de lâminas vibratórias
em suas manoplas, ambas. — Eu sei o que você é. Kal e eu voltamos muito
antes de Kamino. Sem problemas. Quando você se junta a esta equipe,
ninguém se importa de onde você veio. Apenas o que você faz de agora em
diante.
Isso não respondeu à pergunta, mas Etain fez uma anotação mental para
verificar com Kal quem sabia o quê. Era impossível acompanhar agora.
— Tudo bem, — disse Bralor, — siga-me. Cinco minutos, no máximo.
— Há algo mais, — Skirata disse.
— Sempre há, Kal'ika...
— Isso.
Ordo emergiu da escotilha com Ko Sai algemada. A expressão de Bralor
era uma imagem. Ela não ficou boquiaberta, mas abriu os lábios como se
fosse falar e então apenas riu loucamente.
— Wayii! Trazer carne para o churrasco? — Ela segurava o capacete
abraçado contra o peito, uma postura estranhamente juvenil para uma
comandante veterana. — Isso é um pouco abaixo do seu nível, Chefe
Cientista, não é? Misturando-se com a ralé. Bem bem.
Skirata parecia subitamente exausto, como se estivesse preocupado com
a reação de Bralor e agora pudesse relaxar.
— Ko Sai estava um pouco relutante em nos acompanhar.
Bralor sorriu.
— Você a sequestrou?
— Sim. Suponho que você poderia chamar assim.
— Oya! Ninguém pode dizer que você não conseguiu, Kal. Você sabe
qual é a recompensa por essa isca de aiwha?
— Ah, sim, — Skirata disse. — Mas eu gostei tanto dela que decidi ficar
com ela.
— Então, quanto tempo eu tenho para escondê-la?
— Até que ela me diga o que eu quero saber.
— Sem problemas, Kal'ika. Vou cuidar bem dela enquanto você estiver
fora. Tenho certeza de que podemos encontrar muitas coisas femininas para
conversar sobre os tempos de Tipoca. — Bralor colocou o capacete de
volta. — Você ainda fala, não é, Ko Sai? Eu costumava gostar de nossas
conversas.
A Kaminoana ainda parecia atordoada. Etain quase teve pena dela: no
topo de sua profissão, perdendo em termos de poder apenas para o seu
primeiro-ministro, e depois fugindo, caçada e humilhada e finalmente
reduzida a refém sem sequer uma muda de roupa. Mas Skirata e Bralor
obviamente não viam dessa forma. Bralor estava gostando.
— A única coisa que posso dizer, — disse Ko Sai finalmente, — é que
vocês são selvagens ignorantes, e eu não era um geneticista tão habilidosa
quanto pensava, porque falhei em criar isso fora de sua espécie.
— Tomo isso como um elogio, — disse Bralor. Ela apontou para o
speeder. — Me siga.
A propriedade de Bralor era cercada por árvores, aparentemente em total
escuridão até que eles colocaram a Aay'han em um campo de restolho na
parte de trás da casa. O prédio em si era circular, parcialmente submerso no
solo com um estranho telhado de grama que o camuflava do ar, mas luzes
bruxuleantes eram visíveis através de janelas semelhantes a fendas quando
se aproximou das portas principais.
Era um bastião. Etain lembrou a si mesma que essa era uma cultura
guerreira e sabia que, mais cedo ou mais tarde, descobriria por que estava
cravada no solo e não em um ponto alto.
A casa estava deserta, cheirava a fumaça de madeira assim como Qiilura
e parecia parcialmente abandonada. Parecia estar em processo de
restauração. Bralor levou-os para a sala principal no centro do edifício e
deu-lhes uma rápida orientação. Os aposentos ficavam ao redor da sala
principal como um aro ao redor do centro de uma roda.
— Não espero que vocês tenham problemas, — disse ela, — mas se
tiverem, a saída é aqui. — Ela apontou para um ponto no chão coberto por
esteiras semelhantes a cordas. Ah, túneis. Fazia sentido agora. — E o
melhor lugar com chave para colocá-la é o arsenal. Muito espaço livre.
Ordo estava vagando pelo local, fazendo anotações em seu datapad por
razões que ele mesmo conhecia. A cabeça de Ko Sai caiu. Ou ela estava
totalmente desmoralizada ou estava dando uma olhada sorrateira na saída
do túnel. Etain decidiu ficar de olho nela.
Bralor parecia estar de olho nela também, mas esteve presa em Kamino
há oito anos, assim como Skirata e Vau, e provavelmente tinha os seus
motivos.
— Então, que informação você vai arrancar dela, Kal?
— Como desligar o envelhecimento acelerado nos clones.
Bralor bufou.
— Se ela pudesse fazer isso, ela já teria tentado. Você sabe como essa
demagolka amava os seus experimentos. — Ela deu um tapinha no ombro
de Skirata. — Eu sei que você falou sobre isso, mas eu nunca pensei que
você realmente faria isso. Kandosii, ner.
— Você ficaria surpresa, — Skirata disse calmamente. — Vamos, ad'ike.
Tem sido um longo dia. Vamos comer e depois descansar um pouco.
Ko Sai olhou para Etain enquanto Bralor a levava embora.
— O genoma do seu filho será fascinante.
Então resolveu. Skirata estava certo. Os Kaminoanos tinham poucas
expressões faciais que Etain pudesse reconhecer, mas reconhecia a avareza
quando a sentia. Ko Sai não conseguia pensar em nada além de um novo
quebra-cabeça para resolver e reconstruir. Então o fogo daquele novo
entusiasmo diminuiu na Força, e Etain suspeitou que ela se lembrava de que
a sua pesquisa pessoal agora era fragmentos plastóides derretidos no lodo
de um idílico porto de cristal do outro lado do Núcleo.
Etain tirou o sabre de luz do bolso e simplesmente deixou Ko Sai ver o
cabo.
— Chegue perto de mim ou do meu filho, — ela disse, — e você
descobrirá o quão pouco eu abracei a paz e a serenidade que eles tentaram
me ensinar na academia.
Skirata piscou pra ela.
— Mandocarla...
Mereel sentou Etain em um banco largo e profundamente estofado contra
a parede e empurrou algumas almofadas pra trás.
— Ele diz que você tem o material certo.
Então estava de volta ao lado bom de Skirata, por enquanto de qualquer
maneira. A refeição acabou sendo uma variedade de bolinhos, grãos e
macarrão cobertos com vários molhos picantes, carnes em conserva e uma
panela de pequenas frutas vermelhas nadando no que parecia ser uma calda,
a única coisa que não experimentou. Bralor parecia ter invadido o conteúdo
de seu armário para alimentar os seus convidados. Etain devorou-o com
pleno conhecimento de que o seu estômago se rebelaria mais tarde.
A refeição foi tomada em silêncio sombrio, o que poderia ser exaustão,
mas Etain sentiu que Skirata estava mais arrasado do que cansado. Ele
esvaziou um pouco da calda da panela em um pequeno copo e bebeu.
— Rav ainda faz um bom tihaar, — ele disse com a voz rouca, e então
começou a tossir. Era o álcool de fruta incolor e que queimava a garganta
que ele gostava. — Melhor analgésico que existe.
— Você não tem tomado a sua dose diária, Kal'buir. — Ordo parecia um
pouco tenso, como se a percepção do que ele tinha feito para a pesquisa de
Ko Sai agora o alcançasse.
— Descobri que poderia dormir sem ele. — Skirata limpou o seu prato
com um pedaço de bolinho de massa espetado em um garfo e mastigou
como se isso o machucasse. — De qualquer forma, hora de um relatório da
situação. Descubra o que faremos a seguir. Temos Fi no bacta, temos que
voltar ao material de pesquisa de Tipoca e ver onde podemos pegar, e temos
a confirmação de que a República tem o seu próprio programa de clones
sem o envolvimento de Kamino. E preciso persuadir Jinart a continuar
fingindo que Etain está ajudando os Gurlanins a se reerguerem agora que os
fazendeiros foram embora.
— Ela vai fazer isso, — disse Etain. — Ela realmente acha que você
manobraria Zey para destruir o planeta se ela não cooperasse.
Skirata terminou o seu último bolinho.
— Oh, eu realmente destruiria.
— Deixe a pesquisa comigo, — disse Mereel. — Acho que sei por onde
começar a abalar Ko Sai. Vou examinar os dados do Tipoca com ela e ver o
que a desencadeia. Ela está arrasada por perder o seu próprio material. Isso
realmente a quebrou.
— Você não pode simplesmente comparar o genoma dos troopers com o
de Jango e ver o que há de diferente? — Etain perguntou.
— Isso apenas nos diz quais genes foram adicionados, modificados ou
removidos, — disse Mereel. — Ele não nos diz o que foi ativado ou
desativado. Você pode até recusá-los e fazê-los funcionar um pouco. Trata-
se de expressão, como a máquina é construída a partir de um projeto, e isso
é confuso, porque se você mexer em um gene, pode ter um efeito em outro
conjunto que não tem nada a ver com a área em que você está trabalhando.
E depois há a identificação do que realmente é o envelhecimento, porque
não é só um fator. Já estou entediando você?
— Não, — disse Etain, mas não tinha certeza se queria ficar ainda mais
deprimida com o tamanho da tarefa. Teria sido assustador o suficiente antes
mesmo de Ordo destruir os chips de dados. — Mas suponho que se fosse
fácil, a Micro Arkanian também estaria fazendo isso, e Kamino não seria
capaz de cobrar o preço mais alto.
— Ela não pode ser a única na galáxia que pode fazer esse tipo de
trabalho, — disse Skirata. — Tem que haver outros.
— O ideal é procurar um gerontologista e um embriologista com
interesse em genética. Mas vai custar.
Skirata deu de ombros.
— Se eu investir o fundo certo, poderemos comprar quantos cientistas
precisarmos.
A palavra fundo preocupou Etain.
— Zey vai descobrir o buraco negro no orçamento mais cedo ou mais
tarde, Kal.
— Não é do orçamento do GER, ad'ika. — Ele deu a ela um sorriso
conhecedor. — Certo, é hora do 'sabacc na mesa'. Eu tenho um fundo de
caixa. Créditos do meu pagamento em Cuy'val Dar, investidos de forma
sensata. Os créditos da célula terrorista Jabiimi os quais me foram pagos
naquela operação dos explosivos. E agora mais de quarenta milhões de uma
pequena expedição do Vau, que preciso converter em créditos de caixa e
lavar rápido para render juros e ser investido novamente.
Etain não era contadora, mas não pareciam muitos créditos em
comparação com os muitos trilhões necessários para comandar um exército.
A palavra lavar foi registrada por ela, mas não a chocou mais.
— Isso vai ser o suficiente?
— Para estabelecer um esconderijo aqui e uma rota de fuga? Sim.
Desenvolver uma terapia gênica para combater o envelhecimento? Não sei.
Possivelmente não. Então vou acumular o máximo que puder nos cofres.
Etain teve que admirar a sua determinação. Não tinha ideia do que ele
havia passado da raiva e do desejo para o cálculo e a ação. A Força não
tinha lhe mostrado o homem inteiro, apenas os seus destaques.
Venku chutou novamente e colocou a mão na barriga.
— Você está bem? — Skirata perguntou, toda preocupação instantânea.
— Ele está chutando, — disse ela.
— Ah, ele vai ser um jogador de limmie. Meshgeroya. O jogo bonito.
— Acho que ele está permanentemente com raiva por eu estar fazendo
ele passar por tanta coisa, na verdade.
Pensou na maneira como Ko Sai olhou para ela, aquela curiosidade
clínica, e entendeu a raiva inicial de Skirata. Isso a assustou também.
Ordo e Mereel se revezaram para dar tapinhas no ombro de Skirata antes
de retornar a Aay'han para passar a noite, talvez porque fosse mais
confortável, ou eles poderiam estar guardando os seus objetos de valor, e
Skirata se acomodou em uma das cadeiras com as suas armas colocadas em
uma pequena mesa ao lado dele. Ele não usava uma cama, descobriu Etain,
não desde os seus primeiros dias em Kamino. Não deve ter sido bom pra
ele. Não é de admirar que o seu tornozelo tenha incomodado tanto.
— Vou passear por aqui, — disse Etain, arrependida de engolir tanta
comida com o estômago cada vez mais dolorido. — Dar tempo para a
minha refeição se acomodar.
— Você deveria estar fazendo muito mais disso agora. Comendo e
descansando. — Ele abriu um olho. — Dar ao bebê a melhor forma.
Decidiu arriscar.
— Só queria dizer que estou aprendendo muito com você sobre ser pai.
Você é tão paciente com Ordo.
— Ele é o meu garoto. Eu o amo, mesmo quando ele se torna um
estranho. Você vai entender quando segurar o seu pela primeira vez.
— O seu favorito.
— Você não pode ter favoritos. Mas ele é provavelmente aquele que eu
superprotejo mais, sim.
— O que você vai fazer se tiver sucesso com esse esquema e eles... bem,
saírem de casa?
— Eu não tenho ideia, ad'ika. — Skirata esfregou o rosto cansadamente
com ambas as mãos. — Eu esqueci como ser Kal Skirata há muito tempo.
Provavelmente é melhor que ele nunca volte.
A redenção vinha das fontes mais estranhas; talvez fosse mais fácil
encontrar no escuro, lugares extremos que forçavam um homem a afundar
ou nadar. Etain caminhou ao redor da propriedade, que era ainda maior do
que pensava, mais uma cadeia de redutos conectados do que uma casa de
fazenda, e quando pressionou o rosto nas inserções de transparaço em uma
das paredes, poderia distinguir os limites fracos de campos de apoio para o
complexo.
Era o local perfeito para desaparecer sem deixar vestígios. Era
exatamente o que os Cuy'val Dar, soldados tão desconectados da vida
normal que podiam sair dela indefinidamente a qualquer momento,
pensariam como um porto seguro. Era um local remoto e bem defendido em
um planeta remoto com uma população menor do que a maioria dos bairros
do mundo central, quanto mais cidades.
Ocorreu-lhe então que esta não era a casa de Rav Bralor.
Era de Skirata. Esta era a propriedade de aposentadoria a que Mereel
havia aludido. Bralor estava cuidando disso pra ele. Se ela morasse lá, teria
todas as características de uma casa de verdade, yaim'la, essa era a palavra.
Habitada, calorosa, familiar. Aquilo era um canteiro de obras.
Etain percebeu que havia andado em círculo e agora estava de volta à
entrada principal. Puxando a capa sobre a cabeça e a boca para se proteger
do frio, saiu para verificar se a Aay'han ainda estava lá, com os Nulos,
nunca poderia prever nada, e viu Ordo e Mereel. Eles estavam sentados na
braçola da escotilha aberta a bombordo, conversando sob a fraca luz
amarelada do compartimento de carga, com as suas respirações emergindo
como névoa. Eles realmente são loucos, está congelando aqui fora. Captou
uma ou duas palavras da conversa antes que eles a notassem.
O que quer que eles estivessem falando, Ordo estava dizendo que quase
desejou não ter começado, porque partiu o seu coração ver Buir'ika assim.
Mereel garantiu que Kal'buir entenderia.
Buir'ika. Poderia descobrir, mesmo com um conhecimento superficial da
linguagem Mandaloriana, que era uma palavra afetuosa para ”pai”. Todos
pareciam estar chafurdando na culpa esta noite.
— Eu não me importo o quão geneticamente superior você é, — ela
disse em voz alta. — Vão para a cama como bons garotos.
Mereel riu. Ordo apenas parecia desconfortável. Sim, Buir, disse Mereel.
Era a mesma palavra para ”mãe” ou ”pai”. A língua Mando'a não se
importava com o gênero.
— Vamos escovar os dentes também.
Etain esperou que eles fechassem a escotilha antes de fechar as portas e
voltar para o coração do complexo. Skirata estava dormindo, ou pelo menos
naquele cochilo do qual parecia acordar tão rapidamente. Encontrou um
cobertor, sacudiu a poeira e o colocou sobre ele, como uma vez vira Niner
fazer isso.
Talvez não fosse uma coisa tão terrível entregar Venku pra ele, afinal.
Enfermaria, nave de ataque da República Niveladora, 482 dias após Geonosis

— Não estou acostumado a trabalhar com público, — disse o droide. —


Por favor, deixe-me continuar com a minha tarefa.
Atin assumiu o papel de executor hoje. O droide médico não parecia se
importar com qual clone estava discutindo. Darman e Niner ficaram um de
cada lado de Atin, deixando claro que seria mais fácil ceder do que discutir
com eles quatro vezes ao dia.
— Passei muito tempo no bacta, — disse Atin. — Duas vezes. Não tenho
lembranças felizes disso, então, quando Fi acordar, quero que ele veja os
seus irmãos assim que abrir os olhos. Tranquilidade. É uma experiência
assustadora pra nós. Nos lembra os tanques de gestação.
O droide só se moveu parcialmente.
— Quão primitivo. Mova-se pra trás da tela de observação, então.
— Certo.
— E depois de danos cerebrais como este, ele pode ficar muito
desorientado. Você entende? Ele pode ter problemas até para reconhecê-lo
no início.
Darman não se importava se Fi dava um soco e pensava que eles eram
contadores Neimoidianos, desde que ele estivesse consciente. Eles
poderiam resolver o resto mais tarde.
— Nós entendemos, — disse Atin.
Os três comandos saíram pela passagem, segurando os capacetes com
uma das mãos, e espiaram através do transparaço como estudantes de
medicina observando um cirurgião mestre.
— Pena que Bard'ika não está aqui, — disse Niner. — Ele teria resolvido
tudo isso.
Darman sentiu-se um pouco magoado com a omissão.
— Ou Etain. Mas os Jedi não podem influenciar droides.
— Eu quis dizer um ponto de hackeamento criativo. Às vezes acho que
ele é melhor do que eu.
Os droides técnicos moveram o tanque bacta pra fora de posição nos
repulsores e para uma plataforma rebaixada na área de tratamento. Com a
máscara de respiração de Fi ainda no lugar, pendurou-se mais pesadamente
nas tiras de suspensão enquanto o líquido azul claro era bombeado para
longe e o tanque cilíndrico descia abaixo do nível do convés. Os droides
colocaram uma maca repulsora no lugar e manobraram Fi para ela,
colocaram um sensor de temperatura em algum lugar que teria levantado
uma objeção alta se ele estivesse consciente, então o cobriram com um
embrulho azul acolchoado. A máscara ainda respirava por ele.
— Ele parece horrível, — disse Darman. Ele colocou o antebraço no
transparaço e descansou a testa contra ele. Bacta não te deixou enrugada e
branca como a água pura, mas Fi parecia morto; o contraste entre sua
palidez e o seu cabelo preto era gritante. — Ele ainda está com frio?
Niner deu de ombros.
— Bem, essa coisa azul pode ser uma almofada de aquecimento.
Eles esperaram. Um droide continuou pairando pra trás para verificar a
leitura do sensor e, eventualmente, Fi não parecia com uma cor amarela de
cera.
— Aqui vamos nós. — Darman não estava interessado em ver uma
agulha entrar na carne, a sua ou a de qualquer outra pessoa, mas se obrigou
a observar enquanto o droide médico sênior se movia com uma cânula e a
enfiava na veia nas costas da mão de Fi. O que Darman poderia ter feito se
tivesse visto algo dar errado, ele não tinha ideia, mas ele tinha que ficar de
olho pelo bem de Fi. O droide pegou uma seringa e começou a injetar um
líquido amarelo pálido na cânula. — Então essa coisa reverte a sedação?
Atin assentiu.
— Eu me recuperei rápido, mas ele pode não ter se recuperado, lembre-
se disso.
O olhar de Darman disparou entre o cronômetro em sua placa de
antebraço e Fi, e o desejo de protegê-lo, de quê, de um droide médico?, era
difícil de suprimir. Os minutos passaram no visor e o droide foi
acompanhado por outro. Os dois começaram a colocar sensores no couro
cabeludo de Fi, raspando mais pequenas mechas de cabelo, ah, ele ficaria
muito bravo quando visse o que fizeram com o seu penteado, e colocando
os discos no lugar. Eles pareciam estar verificando a atividade cerebral.
— Quanto tempo isso vai levar? — disse Niner. — Ele não deveria pelo
menos estar consciente agora?
Mas ele não estava. O droide médico sênior reposicionou os sensores,
verificou a leitura e então voltou ao modo de processamento por alguns
momentos, com o painel em seu peito piscando através de uma sequência.
Em seguida, desenganchou os filamentos da máscara de respiração e
removeu o tubo da garganta de Fi. Darman não conseguiu entender o que
estava acontecendo a princípio. Mas o peito de Fi não estava se movendo,
sem subir e descer de respirações constantes, e esse foi o ponto em que
Darman começou a pensar em ir lá e ressuscitar como ele havia aprendido.
O droide parecia estar observando Fi atentamente. Em seguida, voltou-se
para o carrinho cheio de instrumentos, colocando itens na bolsa de
esterilização para esterilizar em autoclave.
— É isso, eu vou...
E então Fi respirou fundo e tossiu. O droide girou como se não esperasse
nada disso. Fi estava respirando sozinho de novo, mas certamente não
estava consciente.
Darman estava a um passo das portas quando Niner entrou em seu
caminho e passou à sua frente.
— Droide, — ele disse, — você quer me dizer o que está acontecendo?
O que aconteceu lá? Ele está bem?
O droide médico colocou mais sensores em Fi, desta vez em seu peito e
garganta.
— Ele está respirando sem ajuda e eu não esperava esse resultado.
— Então, por que você tirou o shabla do tubo dele? — Darman estalou.
Ele pegou o panorama agora, tudo bem. Eles pensaram que Fi estava morto.
— Sobre o que é isso?
O droide apenas seguiu os seus protocolos. Lidava com um fluxo
constante de homens feridos e moribundos todos os dias, e Fi não era mais
especial pra ele do que o próximo soldado. Não era nada pessoal.
— O seu exame cerebral mostrou atividade insuficiente.
— Quer dizer que você desligou ele?
— Eu o avaliei como com morte cerebral. Essa ainda é minha opinião
profissional. O protocolo médico é que não continuamos com o suporte de
vida se um paciente ainda estiver exibindo exames isoelétricos após 48
horas. O droide fez uma pausa. — Ter uma paragem cardíaca, acredito que
você chame isso.
As palavras atingiram Darman como um soco no estômago. Não era para
ser assim. A assistência médica da República era a melhor que havia:
membros protéticos, bacta, microcirurgia, nano farmacêuticos, você
escolhe, o material com o qual eram feitas recuperações milagrosas. Fi não
poderia acabar assim. Darman se recusou a aceitá-lo.
Niner tinha o punho cerrado contra a perna. Por um momento, Darman
pensou que o seu sargento iria furar o droide médico como ele havia feito
com tantas latas de combate. Mas Niner sempre conseguia manter o
controle.
— O que acontece em uma Enfermaria regular? — ele disse, com a voz
embargada.
— Eles têm protocolos médicos separados. O Grande Exército opera sob
condições diferentes.
E Darman não precisava saber quais eram. Queria descontar no droide
médico, mas era apenas uma máquina e não tinha mais direitos do que ele.
— Você não pode simplesmente deixá-lo lá. O que você vai fazer?
— Isso nunca aconteceu antes durante o meu serviço. Não tenho
instruções para manter um paciente em suporte prolongado de vida nessas
circunstâncias. Esta enfermaria é apenas para emergência e cuidados
intensivos.
— Vou levar isso como um não sei, certo? — disse Niner. — Coloque-o
de volta no suporte de vida.
— Ele está respirando sem ajuda.
— Então mantenha-o hidratado, porque se não o fizer, isso é um
primeiro socorro básico de combate pra nós. Se você não colocar uma linha
na cânula IV, nós o faremos. Entendido?
O droide estava genuinamente perplexo. Ele tinha uma especialidade
muito específica, e o que ele enfrentava agora não era como fazer algo
inteligente, mas se deveria fazê-lo. Darman não esperou e se colocou entre
Fi e o droide. Se o lata chegasse perto dele com qualquer coisa além de uma
sugestão útil, ele usaria um PEM na coisa. Atin passou por ele e pegou uma
grande caixa de sacos salinos, e entre eles eles ligaram Fi a um soro.
— Agora, ou ele fica lá, ou você nos deixa levá-lo para uma baía
tranquila e agradável, onde podemos ficar de olho nele até voltarmos ao
Triplo Zero, — disse Niner pacientemente, com o punho relaxado. — Eu
acho que uma baía seria melhor. Vamos liberar aquela maca repulsora e
movê-lo, se estiver tudo bem para você.
Se Darman não estivesse tão focado na situação de Fi, ele poderia ter
sentido pena do droide.
— Os clones podem ser muito prejudiciais para o funcionamento
ordenado desta unidade, — disse. — Eu cansei de explicar os nossos
protocolos para você, e é por isso que costumo barrar a sua espécie nas
áreas de tratamento. — Portanto, esta não foi a primeira discussão que o
droide teve com os camaradas de um homem. — Mas não tenho autorização
para transferir um paciente neste estado para qualquer instalação, então o
que acontece com o CR-oito-zero-um-cinco quando transferimos os feridos
está fora de minha autoridade.
Niner recuou para permitir que Darman e Atin conduzissem a maca até
as baias de tratamento. Eles agora tinham uma audiência de droides e
feridos ambulantes.
— Quer dizer que não sabe o que fazer com ele.
— Foi o que eu disse, não foi?
O droide os deixou levar Fi. Era um droide ocupado que não tinha tempo
para discutir com os CRs que não aceitariam um não como resposta, e
Darman sentiu uma breve culpa por amarrar recursos quando havia feridos
vode com menos influência em extrema necessidade. Mas Fi era o seu
irmão, e se Darman não cuidasse dele, todo o tecido de seu mundo unido, o
pequeno círculo de pessoas que eram sua vida, não significava nada.
Niner fechou as persianas para dar ao Fi alguma privacidade, e os três
homens se amontoaram o melhor que puderam, as ombreiras raspando umas
nas outras. Eles também não tinham ideia do que fazer com Fi, exceto
colocá-lo em uma posição de coma, certificar-se de que a sua linha salina
estava limpa, Sargento Gilamar o curso de médico de combate em Tipoca
estava enraizado neles, e entrar em contato com alguém que seria capaz de
varrer a burocracia e voltar para Coruscant: Kal Skirata.
CAPÍTULO 15
A dificuldade é não saber em quem confiar, em ninguém, em absolutamente ninguém, mas
quem pode saber o quanto de uma determinada situação. Não é segredo que mantemos muito
sobre uma determinada situação. Não é segredo que mantemos a Dra. Uthan em uma prisão da
República, e a suposição é de que precisamos de sua experiência para impedir que os
Separatistas criem outro vírus anti clone como o dela ou forçá-la a criar uma contramedida.
Mas prefiro pensar nela como a minha apólice de seguro. Se algum dia eu precisar remover o
Grande Exército, se os clones não forem tão leais quanto os Kaminoanos afirmam, e todos nós
sabemos que os mercadores afirmam que tenho os meus meios.
— Chanceler Palpatine, memórias particulares, sobre os usos de cientistas inimigos

QG da Brigada de Operações Especiais, Coruscant, 482 dias após Geonosis

ntão era uma grande pilha de rochas, — disse o general Zey.


—E — Sim senhor. — Jusik conseguia ficar calmo como ninguém,
e parecia estar afetando o seu chefe. — Eu estimo algumas toneladas.
Jusik se sentou completamente composto, com os dedos entrelaçados
enquanto as suas mãos descansavam na adorável mesa azul de Zey. Sev, no
modo "vou esperar para ser mencionado" como o resto do Esquadrão Delta,
sentou-se à sua direita, com o capacete no colo, olhando pra frente,
conseguindo sentir que a conversa não envolvia ele ou o seu irmãos em
tudo. Era, disse Vau, provavelmente como um Jedi em estado de meditação:
consciente, mas não distraído. Era útil ser capaz de fazer isso quando seu
OC estava sendo criticado sutilmente por seu Chefe bem na sua frente.
— Mas não temos nenhuma confirmação de que havia uma instalação
sob aquela ilha, — disse Zey, olhando pela janela de costas pra eles. — Ou
que Ko Sai usou. E mesmo que tivesse, não sabemos se ela estava em casa
quando Mestre Desastre veio nos visitar, não é?
— Não sabemos, senhor.
Se Zey se apoiasse em Sev, não seria capaz de dizer nada diferente de
Jusik, mesmo que quisesse. Foi exatamente assim que aconteceu, um
resultado muito insatisfatório, e agora eles estavam de volta à estaca zero e
procurando novas pistas, se Ko Sai algum dia tivesse deixado Dorumaa, foi
isso.
Não, eles estavam de volta a menos um. Antes de Dorumaa, eles pelo
menos tinham certeza de que a isca de aiwha ainda estava viva.
Era engraçado como essa frase pegou. Isca de Aiwha. Todo o
Mandaloriano Cuy'val Dar a usava no final. Mesmo alguns dos sargentos
de treinamento não Mando o fizeram. Os Kaminoanos não eram adoráveis
quando você os conhecia.
— Então, se a instalação foi explodida, para usar a frase técnica, alguém
a alcançou antes de nós ou ela fez isso para nos desviar de seu rastro? —
Zey perguntou. — Porque estou sendo muito maltratado pelo Chanceler,
com o seu jeito educado e encantador, e se não é ele nas minhas costas,
então é mestre Windu, e não sei o que está me causando mais dor.
— Nós simplesmente não sabemos, senhor. Tudo o que sabemos é que
ela tinha uma dupla de caçadores de recompensa atrás dela, que quase
certamente foram encarregados pelo governo de Kaminoano, e que muitos
equipamentos que poderiam ser usados para clonagem foram enviados para
Dorumaa...
— ...ou isso poderia ter sido usado para conservar vegetais.
— ...e que encontramos um corpo com sinais de atividade Mandaloriana
ao lado de uma explosão muito recente.
— Qualquer um pode aprender a dar um nó Mandaloriano se quiser
deixar uma mensagem para os confiantes dizendo: Está tudo bem, ela está
morta, os Mandalorianos a pegaram... não podem?
Jusik parecia imóvel, exceto por uma leve contração nos músculos da
mandíbula. Sev estava no ângulo certo para vê-lo.
— Eles poderiam, senhor, — Jusik disse finalmente. — Mas nós
derivamos alguma certeza na Força, não é?
— Nós sim, mas o Chanceler Palpatine não lida com a certeza da Força,
nem com a Força. Ele a quer, de preferência viva, mas se conformará, com
relutância, embora sem dúvida sinta a sua relutância, com uma prova
definitiva da morte. E não me refiro a algum Twi'lek idiota dizendo que
tinha certeza de que largou o corpo dela, mas não consegue se lembrar
onde. Sev sentiu a Força naquele momento, tudo bem, e provavelmente foi
uma onda de choque amplamente gasta em comparação com a que Zey
deve ter recebido de cima. A calma de Jusik quase o abandonou, e ele
piscou algumas vezes. — Encontre-me algo sólido.
— Significa escavar.
— Então escave.
— Mas se ela aparecer novamente, ela mostrará a sua mão quando
começar a reequipar um laboratório. Ela não pode trabalhar com um
datapad e uma caneta sozinha.
— A menos que ela vá trabalhar ilegalmente para Micro Arkanian ou
qualquer um dos outros mestres clonadores. Ela tem alguma pesquisa que
Cidade de Tipoca não conhece, você acha?
— Eu não faço ideia.
Zey virou-se para Chefe.
— Três-Oito, você considera o cadáver que encontrou como
significativo?
— Apenas a natureza do nó, senhor. Especialmente porque era muito
difícil encontrarmos o local com base no que o Twi'lek nos disse. Se alguém
sinalizou, foi sutil.
— Eles devem ter sabido que vocês não eram estúpidos. — Uau, o velho
estava de bom humor hoje. — Não há opção a não ser voltar ao último
contato bom e começar de novo. Embora eu não goste da ideia de cavar
buracos sob campos esportivos nas profundezas do território inimigo na
chance de haver um Kaminoanos esmagado sob os escombros, isso é tudo
que temos. Talvez eu devesse ter colocado Skirata no circuito sobre isso,
afinal.
Não importava por que ele disse isso: poderia ter falado de forma
benigna, sincera ou rancorosa. Mas o resultado final era o mesmo. Foi um
tapa na cara de todos. Jusik pode ter considerado isso como parte da curva
de aprendizado de ser um general bebê, mas o Delta não falhou. Pavor
rastejou através de Sev como o início de um músculo tenso. Pelo menos
ainda não estavam na fase em que Vau teve que descobrir que não dava para
cortar.
Não. Que eu não poderia cortá-lo.
— Deixe com a gente, senhor. — Jusik deu toda a impressão de estar
bem com a repreensão, os Jedi nunca gritavam ou xingavam, embora eles
tivessem uma linha violenta em eufemismo humilhante, mas ele tinha que
estar machucado agora. Ele já havia dito a eles mais de uma vez que nunca
levaria ao Conselho Jedi. Ele não parecia ser o tipo de homem que queria
esse tipo de posição de qualquer maneira. — Existe um prazo pra isso?
— Ontem, o mais tardar, — disse Zey. — Posso repetir a explicação
desde o início, se quiser.
— Não há necessidade, senhor. Recursos?
— Você aprendeu o seu ofício com Skirata, jovem. Custe o que custar.
Ele fez uma pausa. — Se você realmente acha que não está chegando a
lugar nenhum, posso aceitar investigar o ângulo Mandaloriano por meio
dele ou de Vau.
Jusik conseguiu devolver algum fogo verbal.
— Eles não vão gostar de descobrir que não eram confiáveis ao saber
sobre isso, senhor.
Zey apenas levantou uma sobrancelha.
— Faça isso agora, — disse ele. — Quero poder dizer ao Palpatine que
você ainda está trabalhando no caso, e não mentir. Eu nem disse a ele onde
você estava. Apenas no caso dele ter outras ideias.
— Sim senhor.
Jusik se dispensou e acenou para o esquadrão seguir. Eles marcharam
atrás dele em silêncio.
— Nós o decepcionamos, senhor, — disse Chefe. — Desculpe por isso.
— Não se preocupe, Chefe, não é sua culpa. — O comunicador de Jusik
bipou pedindo atenção e ele olhou para a tela, parando por um momento
como se fosse desconcertante ou importante. — O general Zey estava
apenas expressando a sua frustração. É um trabalho mais adequado para a
Inteligência, e ele sabe disso. Eles devem fazer o rastreamento e chamá-lo
quando precisarem de algum soldado sério. Olha, vocês podem me dar meia
hora? Eu tenho que cuidar de algo antes de irmos.
Parecia que Jusik estava dizendo que eles eram bons apenas para a força
bruta do trabalho. Mas talvez ele tivesse percebido que o esquadrão queria
estar na linha de frente.
— Teremos o EIT pronto na plataforma de pouso em trinta minutos
padrão, senhor.
— Chefe sabia como dar um prazo ao Jusik da maneira mais gentil. — E
um guarda-roupa apropriado.
Jusik parecia agitado, girando o seu comunicador repetidamente em suas
mãos.
— Excelente. — Ele fez uma pausa. — Ao mencionar que ele pode
trazer Skirata e Vau, o General Zey me deu um aceno e uma piscadela para
fazer isso de maneira negável?
— Não é uma pergunta que estejamos qualificados para responder,
General, — disse Chefe. — Embora se alguém possa descobrir o que um
bando de Mandalorianos está fazendo, seriam eles. Ou os Nulos.
— Você fala como se Mandalorianos fossem estranhos para você, Chefe.
— Bem, eles são. Alguns deles, pelo menos.
— Desculpe, eu não coloquei isso muito bem. Eu quis dizer, você se
considera Mandaloriano de alguma forma?
— Provavelmente tanto quanto você se considera um Jedi, senhor.
Criado dessa forma, mais ou menos, mas o entusiasmo depende se a sua
própria espécie está colocando você na linha de fogo ou não.
Ai. Sev estremeceu, esperando pela reação. Nenhum veio. Jusik assentiu
como se isso significasse alguma coisa e disparou em direção à área
administrativa.
Jusik estava levando essa coisa toda de Mando longe demais; o garoto
não tinha noção do perigo. Ele se vestiria naquele beskar'gam e acabaria
com a garganta cortada, Jedi ou não, porque mesmo que Skirata gostasse
dele e o tratasse como um da família, o Mando médio o tomaria por espião
Jedi que ele certamente o faria ser.
— O que deu nele? — Fixer perguntou enquanto eles faziam as
verificações finais no EIT.
— Difícil dizer com um Jedi, — disse Scorch. — Tenho a sensação de
que algo está acontecendo, e Zey sabe que Jusik não está nivelando com
ele, mas tudo está acontecendo em algum plano superior, enquanto soldados
como nós apenas observam ao show externo dos negócios como sempre.
Você nunca pode dizer o que eles estão captando na Força enquanto sorriem
educadamente.
Era isso. Nunca sabendo o que Jedi podia ver e você realmente não
conseguia chegar a Sev, e ia além do conjunto de habilidades diferentes,
como Jusik insistia em chamá-lo. A palavra poderes incomodava o general,
mas eram poderes. O esquadrão continuou a conversa em voz baixa, como
se Jusik pudesse ter algum método da Força para espioná-los.
Scorch acabou de confirmar o mau pressentimento de Sev.
— Ele vai se matar. Skirata e Vau podem jogar esses jogos, mas já
existem há muito, muito tempo.
— Todos nós vamos nos matar. — Sev sabia o que ele queria dizer, no
entanto. — Está na descrição do trabalho. A linha que diz para não fazer
nenhum empréstimo a longo prazo.
— Você acha que ele prefere ser Bard'ika ou General Jusik? — Scorch
perguntou.
— Você está perguntando se eu acho que ele é leal?
— Eu suponho que sim.
Sev não gostou do pensamento.
— Ele é leal a nós.
— É ótimo tê-los ao seu lado, os Jedi.
Fixer jogou uma caixa de suprimentos na área de carga apertada do EIT.
— Gostei mais quando simplesmente explodimos coisas e espalhamos
Geonosianos. Todo esse pensamento está fadado a terminar em lágrimas.
— Sim, mas não as suas, — disse Scorch, pegando seu datapad. — Vou
calcular quanto plastóide térmico seria necessário para lançar o Mundo da
Ação em órbita.
— Ou cavar um buraco.
— Você gosta do seu hobby, Fixer, e deixe-me aproveitar o meu.
Sev sentou-se em uma das caixas e calibrou o seu DC novamente, algo
que começou a ver como um hábito nervoso. Zey, pensou, estava sendo
muito duro com Jusik. Não podia dar a um novo oficial esse tipo de latitude
sem apoio e ainda esperar que não fizesse besteira. Certo, todos estavam
sobrecarregados ultimamente, e toda vez que Sev olhava para o gráfico de
implantação e calculava onde todos os Jedi estavam no teatro, eles
realmente estavam ficando cada vez mais dispersos, mais fisicamente
separados uns dos outros. Mas isso não era desculpa para não pegar um
comunicador e dar a Jusik um bate-papo de como vai você. Skirata chamou
todos os seus esquadrões, todos os noventa homens ou quantos fossem
agora, pelo menos uma vez por mês apenas para ver o que eles precisavam.
Sabia o que eles estavam fazendo operacionalmente de qualquer maneira.
Disse que não bastava ter uma porta aberta: se os verificasse regularmente,
eles não precisavam se preocupar se ele os acharia fracos ou chorões por
levantar uma preocupação. E às vezes eles só precisavam saber que alguém
ainda se importava se eles viviam ou morriam.
Provavelmente foi por isso que Jusik gravitou em Skirata. Zey só tinha a
si mesmo para culpar se o garoto gostasse de brincar de Mando agora. Essa
sutil diferença em lidar com os soldados era o motivo pelo qual os
Mandalorianos faziam exércitos melhores.
Jusik vai se meter em confusão um dia, e se Zey não tiver tempo de ficar
de olho nele quando Skirata não estiver por perto, então teremos que fazer
isso. E se fizer algo estúpido, bem, Zey o deixa sair e fazer isso.
Sim, seria para baixo para Zey. Antes de entregar o poder a alguém, você
tinha que se perguntar se ficaria feliz com a pior coisa que alguém poderia
fazer com isso.
Cidade Galáctica, Coruscant, 482 dias após Geonosis

Pode ter sido alguém na porta, ou o cronômetro, ou mesmo um aviso dos


controles ambientais, mas o bipe acordou Besany. Então percebeu que era o
comunicador em sua mesa de cabeceira fazendo um som que raramente
ouvia.
Configurou-o para emitir um som diferente quando as chamadas
chegassem de qualquer um de seus códigos de segurança, ou seja, Ordo,
principalmente. Não queria sentir falta dele se ele tentasse entrar em contato
com ela. A situação de Fi a fez perceber mais do que nunca que tinha que
aproveitar mais o tempo que tinha com Ordo. Mas quando procurou o
dispositivo e respondeu, era Skirata.
— Esqueci a hora em Coruscant, — ele disse. — Desculpe. Acordei
você, não acordei?
— Tudo bem. Só vou dormir cedo. — Ela se sentou e se sacudiu para
tentar clarear a cabeça. — O que foi?
— Fi. Não se preocupe, ele ainda está inteiro. Mas preciso que você me
faça um favor.
Nem lhe ocorreu hesitar.
— Deixe-me pegar o meu datapad. — Ela tateou a mesa em busca dele e
jogou um copo d'água no tapete. — Pronta.
— Estamos tendo um pequeno problema com o cuidado dele, e se você
pudesse ficar de olho nele, ficaria grato.
— Claro. Qualquer coisa. — O alarme que soou agora era real, mas
silencioso, no fundo de sua cabeça: provavelmente sabia mais sobre a
ausência de suporte médico do que Skirata.
— Onde ele está?
— Jusik conseguiu interná-lo na principal unidade neurológica da
Enfermaria Central da República fazendo algumas ligações, mas agora há
alguma discussão sobre mantê-lo lá, e você é a mais próxima da Enfermaria
para resolver isso. Eu não despejaria isso em você se pudesse levar um dos
meus rapazes mais rápidos, Bes'ika.
Você é muito bom em me fazer sentir como alguém da família. Quão bem
você me conhece.
— Eu faria isso de qualquer maneira, Kal, mesmo sem as operações
psicológicas. Considere-me cooptada por motivo de vulnerabilidade, o
desejo geral de fazer o que é certo e o fato de que me apaixonei por seu
filho.
Houve uma pausa. Talvez tenha sido franca demais.
— Eu não quis dizer isso. — Skirata parecia desgastado; as coisas
provavelmente eram piores do que ele estava deixando transparecer. —
Desculpe. Eu nem sei o que estou fazendo isso metade do tempo. Mas se eu
não confiasse em você para fazer o que eu mesmo faria se estivesse lá
agora, não pediria. É apenas uma coisa burocrática.
— Vou garantir que Fi receba o melhor atendimento médico, custe o que
custar. Eu sou boa em burocracia...
— Ordo atualizou você, então.
— Eu sei que ele está em coma, só isso. Que nível?
— Niner disse resposta zero a estímulos da última vez. — Tudo havia
caído no mundo sem emoção do jargão médico. — Sem atividade cerebral,
mas ainda respirando sem ajuda. Estou enviando a você os detalhes da
identificação do paciente agora para que você possa passar pelo droide
recepcionista.
— Vou para lá imediatamente.
— Obrigado, Bes'ika. Tudo nos atingiu de uma vez desta vez, caso
contrário...
— A qualquer momento. Não precisa se desculpar.
— Tenha cuidado com as outras coisas, certo? — Ele se referia à
investigação dela sobre a atividade de clonagem. — Você nos deu algumas
informações de ouro sólido, mas não vale a pena ser morta por isso.
— Não é esse o risco que todos vocês correm?
Outra pausa.
— Mesmo um velho chakaar manipulador como eu se sente culpado às
vezes. Custe o que custar, você sabe que posso pagar.
Ou o General Zey pode.
— Ligarei para você assim que resolver o problema, — disse ela. Era a
linguagem do Tesouro, mas havia mudado para aquela persona agora. — O
que for preciso. Não é nada que um código de orçamento não resolva.
Poderia ter sido pior, disse a si mesma, vestindo automaticamente o traje
de trabalho. Poderia ser três da manhã, quando estaria muito confusa com o
sono para ser útil. Prendeu o cabelo em um rabo de cavalo severo porque o
cabelo loiro solto chamou a sua atenção instantânea, pegou a sua bolsa, e o
blaster, porque Skirata não estava brincando, e chamou um táxi aéreo.
O CMR era uma pequena cidade de uma Enfermaria com o seu próprio
sistema de tráfego, e foram necessárias várias passagens pelas skylanes
internas para que o piloto encontrasse a entrada da unidade de neurologia.
Besany não gostava de centros médicos e, no momento em que entrou em
toda aquela modernidade antisséptica e bem iluminada, sentiu-se agitada.
Foi onde o seu pai morreu. Isso era tudo que seria para ela, e nenhuma
quantidade de flores frescas requintadas nos saguões poderia mudar isso.
Skirata provavelmente sabia que ele preencheu alguma lacuna em sua vida,
mas ele não poderia saber o quão bem.
— Novas admissões, — ela disse ao droide de orientação, segurando seu
datapad anônimo até sua porta. Havia muito a ser dito sobre saber como
cobrir os seus rastros. — Aqui está a identificação do paciente.
A droide digeriu o código e quando retirou o datapad, o texto SKIRATA, FI:
NÍVEL 96, ALA 5, BAÍA A/4 apareceu na tela. Então Fi não era mais um número, mas

um homem com um sobrenome inevitável. O sistema de sensores substituiu


o droide e Besany seguiu um fluxo de instruções, desde um lembrete do
turboelevador para DESCER AQUI até os sensores nos corredores direcionando-a
pra esquerda e pra direita por meio do datapad. Uma cidade planeta de um
trilhão de seres precisava de centros médicos em escala industrial, mas
havia algo esmagador em um complexo tão vasto que precisava de seu
próprio sistema de posicionamento global. Não era um lugar para estar
quando você estava doente, assustado ou morrendo.
Mas o GPS funcionou. Besany se viu diante de uma pequena sala em
uma enfermaria lateral com SKIRATA, FI, NOVAS ADMISSÕES DNR visível na tela ao lado
das portas.
Eles se abriram assim que ela deu um passo à frente, e lá estava Fi com
uma linha conectada nas costas da mão, deitado em travesseiros brancos
sem dobras com os braços cuidadosamente sobre os cobertores como um
homem recém-morto esperando uma visita final da família. A única
diferença do que lembrava todos aqueles anos antes era que Fi estava
conectado a sensores, com os seus sinais vitais exibidos em um pequeno
painel na parede.
Ele realmente parecia muito jovem. Besany não tinha imaginado isso, e
de alguma forma esperava ver ferimentos visíveis, embora Ordo tivesse dito
que não havia nenhum. Parecia perverso que Fi pudesse parecer tão
perfeitamente inteira e ainda estar tão perto da morte.
— Fi, — ela disse. — É Besany. Kal me enviou para ficar de olho em
você. Só verificando se você está bem.
Ficou lá por um tempo, pensando no que iria dizer aos administradores, e
então as portas se abriram atrás dela.
— Esta é uma entrada não autorizada, — disse o droide médico. —
Quem é você?
Besany fez isso mais por hábito do que intencionalmente. Puxou a sua
identidade da República e a colocou na frente dos fotorreceptores do droide,
mas não a colocou no encaixe de dados para que pudesse identificá-la ou a
seu departamento. Algo lhe dizia que teria que quebrar as regras
novamente, e não queria ser rastreada.
— Negócios do governo. O que está acontecendo com esse paciente?
— Parece que houve um erro administrativo, Agente...
Besany deixou a pausa pairar.
— Que tipo? Cobrança? — Quase sempre era, e podia consertar isso. —
Notificação?
— Você é do Departamento de Defesa?
Foi tudo puro reflexo agora.
— Eu discutiria isso com você se eu fosse? Apenas atualize-me sobre
este paciente. Entendo que houve alguma dificuldade em tratá-lo aqui.
— Ele não pode ficar aqui.
— Se isso é sobre códigos orçamentários, o meu departamento ficará
muito descontente.
— Não, temos que terminar o tratamento.
— Você tem uma linha de solução salina no braço dele e não há nada na
tabela de medicamentos. Você não está com falta de camas. Que
tratamento? Não vejo o chefe da neurocirurgia aqui.
— Ele não é um cidadão. Ele é um clone trooper.
— Eu sei. E?
— Não temos acordo para cuidados de longo prazo com o Grande
Exército. Na verdade, no que diz respeito à República, esse paciente não
existe e, como ele foi declarado com morte cerebral pela equipe
neurocirúrgica de plantão, normalmente interromperíamos o suporte de
vida, exceto que ele ainda está respirando, o que é altamente anormal. O
droide fez uma pausa como se para verificar se Besany estava seguindo a
sua linha de lógica com o seu cérebro orgânico inadequado. — A retirada
do suporte de vida no caso dele significa a retirada da hidratação ou
alimentação, ou ambos.
— Morrendo-o de fome, pra nós, leigos.
— De fato. Isso é claramente eticamente indesejável, então a eutanásia
será administrada.
Besany achou que tinha ouvido mal, mas não.
— Não, — ela disse, ouvindo a sua voz como se estivesse do lado de
fora de si mesma. — Não, não será administrado. Vou autorizar os cuidados
dele. Na verdade, vou transferi-lo para um atendimento particular.
Eu ouvi isso certo? Eles realmente humilham os pacientes assim? Como
animais de estimação doentes?
— Ele é propriedade do Grande Exército, então, a menos que você tenha
uma requisição da Defesa, você não pode tomar posse dele.
— Ele é um ser humano.
— Eu não faço as regras.
— O nome dele é Fi. Se ele não tivesse sido projetado e chocado, ele
teria cerca de vinte e quatro anos. Ele é um atirador. Ele é um médico de
combate treinado. Ele gosta de música glimmik. Ele é um soldado de elite.
— Ele está com morte cerebral.
— Ele está respirando.
— Eu disse que este era um caso desconcertante.
— Bem, se você ou algum de seus colegas quiser tentar sacrificá-lo, ou
qualquer outro eufemismo que você use para matar pessoas em suas camas,
você terá que passar por mim.
— Você não é do Departamento de Defesa, é?
— Sou do Tesouro. Se ele é propriedade do governo, ele é meu. Então eu
vou levá-lo.
— Não posso permitir isso.
— Tente me parar.
Besany raramente dizia coisas das quais se arrependia, mas ela percebeu
que agora estava aterrorizada. Com o quê? Lesão? Se meter em problemas
com meu chefe? O quê, exatamente, enquanto Fi está deitado ali? Mas os
seus instintos defensivos primários, por si mesma, por Fi, haviam assumido
o controle, e a sua boca estava seguindo a sua própria agenda nervosa.
— Você tem que sair agora, — disse o droide.
Se saísse daqui agora e o abandonasse, Fi definitivamente estaria morto,
realmente morto. Ele estava respirando bem. Não se importava com as
definições de morte cerebral ou profundidade de consciência. Isso era sobre
o que acreditava e achava certo, desde o momento em que conheceu o
oficial Corr e percebeu o que o seu governo sancionou em seu nome.
Se eu não me posicionar agora, de que adianta esperar que o senador
Skeenah faça a diferença?
— Então você vai precisar me expulsar, corporalmente. — Besany
enfiou a mão dentro da jaqueta e sacou o blaster que Mereel lhe dera.
— Não vou tranquilamente e não vou embora sem o Fi.
Apontou a arma diretamente para a seção central do droide médico, onde
os pacotes de energia estavam localizados, e sacudiu o indicador de carga
para que pudesse ver que estava falando sério sobre usá-lo.
Não tinha ideia de como tiraria Fi daqui. Não tinha amigos ou família
para chamar, e o seu pequeno grupo de contatos das forças especiais estava
espalhado pela galáxia; estava sozinha. Ordem e planejamento preciso
sempre foram as suas palavras de ordem, mas não havia tempo para isso
agora, e o melhor que podia esperar era ganhar tempo, tempo para quê e por
quanto tempo?
— Estou chamando a segurança, — disse o droide, e voltou para a porta.
Besany podia ver que já havia, ou pelo menos alertado alguém sobre a
discussão: havia uma pequena multidão de figuras de jaleco branco e
droides do lado de fora no corredor. Seguiu-o até a soleira com o blaster
apontado e, quando a equipe do lado de fora o viu, o pandemônio começou.
Eles correram até isso. Alguns gritaram. O alarme de segurança soou e
piscou ao longo do corredor.
Besany fechou as portas e queimou a fechadura do painel com o blaster,
algo que não acreditava que realmente funcionaria, mas que Ordo havia
mencionado de passagem. Funcionou, tudo bem. Agora estava presa no
quarto com Fi.
Certo, eu fiz isso agora. Eu vou ser presa. Vou perder o meu emprego. O
que acontece com o Fi então? Mas o que acontece com o Fi se eu ceder a
eles?
Era preocupante pensar o quão bom era o fio da navalha entre uma
madrugada após um holo vídeo chato e mergulhar em um abismo de
anarquia onde puxou um blaster em um droide médico e se opôs a um
sistema que fedia.
Besany puxou uma cadeira e sentou-se ao lado da cama de Fi, com o
blaster ainda na porta, e colocou a mão livre na dele. Parecia quente e
surpreendentemente suave, mas os comandos sempre pareciam usar luvas.
— Desculpe, Fi, — ela disse. — Mas eu perguntei a Jilka se ela queria
um encontro. Ela é legal quando você a conhecer.
As chances eram de que ele nunca a veria, mas ele não iria sair daqui
com o resto do lixo médico. Precisava de ajuda, e só havia uma pessoa em
quem poderia pensar que poderia ajudá-la. Soltou a mão de Fi e abriu o seu
comunicador para ligar para Skirata.
— Não quero preocupar você, Kal, — ela disse calmamente, — mas eu
comecei um cerco armado na Enfermaria. Eu tenho o meu blaster, e Fi está
bem por enquanto, mas se você tiver algum conselho... eu o aceitaria agora.
Kyrimorut, Mandalore, 482 dias após Geonosis

— Temos que ir, Etain. — Skirata pegou um pedaço de carne da mesa e


o embrulhou apressadamente antes de enfiá-lo em uma das bolsas de seu
cinto. Ordo estava na porta, vestindo sua armadura de capitão CRA para
variar. — Precisamos voltar para Coruscant rápido. Besany está em apuros.
Etain estava vasculhando a lista de membros da Academia de Genética
da República, identificando prováveis cientistas para discussões futuras,
voluntárias ou não, enquanto Mereel estava enfurnado em uma sala com Ko
Sai. A Kaminoana não estava se ajustando bem ao cativeiro e não estava se
sentindo tagarela.
— Que tipo de problema?
— Ela estava tentando liberar Fi da Enfermaria e teve alguns problemas.
Problemas normalmente não significavam "administrativos" no
vocabulário de Skirata.
— Diga-me que ambos estão bem.
— Eles estarão. Só pedi a Jaller para ajudá-la. Se Skirata pediu um favor
a Jaller Obrim, o Chefe da Unidade Antiterrorista da FSC, então não eram
só problemas administrativos. Ele hesitou, parecendo culpado, o que Etain
achou doloroso dadas as circunstâncias. — Certo, Besany começou um
cerco armado. Eles iam acabar com o Fi.
O declínio do valor da vida na galáxia pessoal de Etain a deprimia mais a
cada dia. A guerra parecia estar corroendo a decência de todos, ou talvez
sempre tivesse sido assim, mas estava percebendo isso perto de casa agora.
Darman brincou que os droides eram mais valiosos do que os clones porque
tinham um valor de sucata, mas não era mais engraçado. Mal sabia como
reagir a isso.
E como Jedi, devemos defender esta República?
Etain optou pelo pragmatismo em vez da indignação.
— Kal, ela é uma mulher muito competente, mas não tem experiência
com armas de fogo. Ela vai se machucar.
— Jaller resolverá as coisas. Ele sempre faz isso.
— Então por que você não ligou pra ele primeiro? E o Vau não está por
aí?
— Vau estava em Aargau, mas está voltando agora... e pensei que isso
fosse apenas uma discussão sobre códigos orçamentários. Não vamos
abandoná-la, ad'ika. Tenho que ir. Vou mantê-la atualizada.
Ordo estava completamente em silêncio. Observou as suas costas
recuando e imaginou que ele passaria algumas horas difíceis no trânsito,
preocupado com Besany e Fi e lutando com os seus próprios sentimentos
sobre os chips de dados. Podia provar a sua culpa. Toda vez que a pegava
olhando para Skirata, era com um arrependimento que a comia viva.
Mas Skirata era, como pensou ao conhecê-lo pela primeira vez, um gdan,
um dos sortimentos de animais selvagens carnívoros de Qiilura, criaturas
muito pequenas e agressivas armadas com dentinhos terríveis e que
atacariam qualquer presa, independentemente de seu tamanho. Feisty não
começou a cobri-lo. E Skirata, como gdans, se recuperou de uma surra
rápida.
Mereel saiu do que Etain começou a pensar como a sala de interrogatório
e colocou alguns datapads sobre a mesa.
— Eu ouvi direito? A adorável Agente Wennen começou um tiroteio?
— Você deu a ela o blaster...
— Apenas mirando na leviandade, embora eu não tenha vontade. — Ele
rolou pelas telas do datapad enquanto cortava um pedaço da perna do nerf
com uma mão e mastigava pensativamente. Os assados pareciam ficar na
mesa a maior parte do dia, perdendo um pedaço ou uma fatia de vez em
quando, e apenas o osso sobrava à noite. — É engraçado como assustar
alguém em um interrogatório pode ser mais eficaz do que dar uma boa
surra.
— Você está falando de um interrogador profissional para outro, é claro.
— Você fez um bom trabalho com o Nikto, pelo que me lembro, quando
Vau não tinha feito muito progresso.
— Então, o que assusta Ko Sai? Já encontrou?
— Anonimato.
— Ela é uma Kaminoana . Eles não aceitam anúncios em horário nobre
na HNE.
— Quero dizer que ela não entrará para a história dela como uma das
grandes. Sem o trabalho, ela não é nada. Mesmo quando ela traiu o seu
governo e traiu os seus segredos industriais mais lucrativos, ela ainda se
considerava uma das maiores geneticistas de todos os tempos, talvez a
maior. Agora ela não tem nada para mostrar por seu trabalho. Destruímos o
laboratório dela e as últimas culturas de células também. Ela foi
efetivamente apagada da história da ciência, o que provavelmente é pior do
que estar morta pra ela.
— Então, o que você oferece a alguém para fazê-la cooperar quando já
pensa que perdeu tudo?
— Reconstruir o laboratório dela aqui e colocá-la de volta no mapa.
— Mas ela sabe que nunca poderá aplicar o que descobriu. Você não vai
deixá-la. Ela conhece você bem o suficiente para isso.
— Ela está bastante interessada na genética Jedi...
— Oh não. Não. Absolutamente não. — Etain ficou instantaneamente
furioso. — Como você pôde?
Mereel parecia genuinamente magoado.
— Eu estava apenas mentindo pra ela.
— Você está usando o meu filho como moeda de troca!
— Estou usando a ideia de seu filho como uma forma de dar ao pai uma
vida normal, General.
— Você quer que eu entre lá, não quer? Você quer que eu trabalhe nela.
Mereel deu de ombros.
— Aqui está o meu problema. Acho difícil separar o que quero fazer
com ela do que quero tirar dela. Ela machucou gravemente a mim e aos
meus irmãos desde o dia em que nascemos, até o dia, dois anos depois,
quando Kal'buir apareceu e a deteve. Eles realmente não entendem a dor e o
estresse humanos, exceto escritos em flimsi como alguma teoria, e eles não
se importam de qualquer maneira, desde que a máquina de carne que eles
constroem funcione. Pense em seu filho e depois pense em como você se
sentiria se ela lhe fizesse o que fez a nós. E isso sem ser derrubado no final
do experimento por revidar.
Mereel sempre soube como direcionar os seus piores pesadelos.
Provavelmente foi por isso que Skirata o soltou em Ko Sai: ele sabia como
machucar e era muito mais sutil do que Vau.
Etain não respondeu.
— Então, Et'ika, você pode ver porque manter a minha mente na
cooperação é difícil.
Que mal isso poderia fazer? Ko Sai não podia tocá-la e Darman tinha
tudo a perder.
— Tudo bem, — disse ela. — Mas você vai trabalhar um monte de babá
para compensar isso.
— Eu adoraria isso, — disse ele. Ele sorriu, e tinha um sorriso tão
ingênuo e genuinamente alegre que era difícil conciliar o que ele fazia com
o que ele era. — Vai ser maravilhoso.
Etain passou alguns minutos se recompondo antes de entrar naquela sala.
Percorreu o caminho circular pelos corredores que rapidamente se tornaram
a sua rotina nos últimos dias, concentrando-se em um vínculo da Força com
o bebê. Podia senti-lo crescendo agora: antes, estava no controle de acelerar
a gravidez em transes de cura, mas agora era como se ele tivesse tomado as
rédeas e decidisse o seu próprio ritmo. Tinha a sensação mais forte de que
ele estava impaciente, de querer estar no mundo e fazer as coisas, e isso a
alarmou. Era como se ele sentisse que ela era um lugar perigoso do qual ele
precisava escapar antes que o levasse para mais batalhas ou o trocasse por
um acordo com um cientista cuja ética era repulsiva.
Venku, vivemos em uma era de caos. Você vai mudar muitas vidas. Talvez
seja aqui que você começa, salvando o seu pai e os seus tios antes mesmo
de nascer.
Podia jurar que ele se acalmou um pouco dentro dela. Venku era o
futuro, e Skirata agia como se soubesse disso, ou pelo menos era um
instrumento da Força.
— Certo, isca de aiwha.
Etain respirou fundo e entrou na sala. Ko Sai não parecia tão
impressionante ou elegante em um vestido emprestado e disforme, que era
tudo o que Bralor conseguira encontrar para cobrir um ser de mais de dois
metros de altura. Provavelmente tinha sido um tecido costurado às pressas:
as mulheres Mandalorianas não usavam vestidos. Sem o traje bem cortado e
justo com a sua espetacular gola alta, Ko Sai parecia levemente ridícula,
como uma serpente tau tentando escapar de um saco.
— Ouvi dizer que Mereel tem falado sobre o meu bebê, — disse Etain,
sentando-se à sua frente com um esforço ligeiramente exagerado que
anunciava o quão grávida ela estava. Também deixou Ko Sai ver que ela
não tinha um, mas dois sabres de luz em seu cinto. — Sendo uma Jedi, sou
muito pragmática. Somos treinados para encontrar compromissos pacíficos.
— Você é realmente uma Jedi? Você não é exatamente o General
Kenobi...
Etain concentrou-se na Força mais poderosa que conseguiu e jogou uma
cadeira de um lado da sala para o outro, quebrando-a em estilhaços contra a
parede.
— Sou Jedi o suficiente para você? — ela perguntou. Ela deu um tapinha
na barriga. — Eu poderia repassar a minha lista, mas estou com azia, então
podemos dar como lida?
— Impressionante. — Ko Sai nunca poderia soar impressionada, então
Etain considerou isso como sem mais explicações. — É difícil dizer pela
aparência.
— Mas você não está interessada em meus truques de mágica, está?
Você quer decifrar um genoma Jedi e dar uma olhada naqueles midi-
chlorians.
— Seria fascinante.
— E em vez de ser a cientista chefe que encerrou a sua carreira em
desgraça e obscuridade, você poderia ser a autoridade preeminente em
genética de usuários da Força.
— Por que você se importa com o conhecimento científico?
— Eu não, a menos que possa ajudar as pessoas que amo.
— Acho impressionante que alguém possa destruir tanto conhecimento
precioso por um capricho.
Ko Sai significava Ordo. Se ele tivesse tentado criar uma maneira de
realmente se vingar dela, não poderia ter encontrado uma melhor do que
vaporizar aqueles chips de dados.
— Sim, isso foi um choque, — disse Etain.
— Eu pensei que era um dos joguinhos de Skirata até que vi o efeito que
teve sobre ele. Ele também perdeu muito, ou você não estaria aqui, estaria?
— Não. — Etain levantou-se e caminhou lentamente pela sala, apenas
para dar a Ko Sai algo para refletir. Quanto mais interessada a Kaminoana
parecia, e ela exalava uma poderosa curiosidade, mais ousada Etain se
sentia. — Se isso significa dar a você algumas células para brincar em troca
dos clones terem uma vida normal, vale a pena pra mim. Não uma vida
extra prolongada. Não seja o que o Chanceler queria que você fizesse por
ele. Apenas desfaça o que você fez, por esses poucos homens, e ninguém se
importará com o que você fará no futuro.
— Skirata se importa.
— Skirata é um homem prático que ama os seus filhos, não um filósofo
moral.
Ko Sai a olhou nos olhos. Etain entendeu o que Skirata quis dizer
quando disse que eles eram assustadores. Era uma boa descrição: sem calor,
sem compreensão, apenas escrutínio intenso e impiedoso.
— Todos nós nos vendemos no final, — disse ela.
— Até eu, — disse Etain.
— O pai de seu filho é uma das unidades clones, não é?
Etain nunca tinha ouvido eles serem chamados de unidades antes. Mas
Darman, todos eles, eram apenas máquinas orgânicas construídas sob
encomenda no que dizia respeito aos Kaminoanos: produto, mercadoria,
unidades.
— Sim. Imagine. Um genoma que você conhece intimamente,
combinado com outro que você nunca conseguiu colocar em suas mãos.
O rosto de Ko Sai não se iluminou exatamente, mas Etain sentiu uma
leve melhora em seu humor sombrio.
— Como posso confiar em você?
— Vou lhe dar uma amostra crio suspensa do meu sangue agora. —
Etain não tinha certeza de onde poderia conseguir um crio contentor aqui,
mas Rav Bralor saberia. Era o tipo de equipamento que até os veterinários
mantinham para enviar amostras de gado para testes, então a próxima
fazenda poderia ter alguns. — Você me dá uma lista de alguns dos genes
que você regulou para atingir um envelhecimento rápido e como eles são
alterados para reverter o processo. Eu nem estou pedindo por todos eles
nesta fase. Apenas uma demonstração de que entendemos que ambos temos
algo a perder e ganhar com isso.
— E depois disso?
— Quando o bebê nascer? Células-tronco multipotentes, talvez, do
cordão umbilical.
Ko Sai pareceu surpresa com isso.
— Você fez a sua lição de casa, Jedi.
Bem, Mereel tinha, mas Etain tinha certeza de que ainda poderia agir de
forma convincente.
— Nós temos um acordo? Realmente vale a pena esperar apenas para
lembrar alguns clones de que você tinha esse poder sobre o tempo de vida
deles, quando poderia entrar em uma área totalmente nova de pesquisa?
Ko Sai ficou muito quieta e fez aquele movimento estranho de sua
cabeça, para frente e pra trás, muito parecido com uma cobra. Pareceu a
Etain o equivalente a um humano tamborilando com os dedos na mesa
enquanto pensava muito.
— Muito bem, — disse ela. — Tem muita coisa que posso citar de
memória, mesmo sem a pesquisa de Tipoca.
Etain sentou-se e tentou não parecer triunfante. A azia ajudou muito. Ko
Sai marcou tela após tela em seu datapad e depois entregou a Etain.
— Essas são as primeiras sequências que podem ser revertidas com
zinco e metilação, — disse ela. — Mereel deve ser capaz de verificar se
eles são válidos.
— Obrigado. — Etain ainda se perguntava se o cientista realmente já
conhecia toda a solução, mas mesmo que não soubesse, eles agora tinham
algo extra que não tinham antes. — Eu vou pegar o recipiente de sangue, e
você pode manter a amostra com você. Ela nunca precisa sair de sua vista.
Posso servi-la em algo mais?
Ko Sai balançou a cabeça.
— Sem minha conexão de datapad com a HoloNet, tenho pouco para ler.
Você poderia obter a última edição do Jornal do Instituto de
Endocrinologia da República pra mim?
— Tenho certeza que posso.
Etain fechou as portas atrás dela e respirou novamente.
Desculpe, Venku, mas ela nunca conseguirá usá-lo, não é? Quando
entrou na sala principal, que passou a pensar como um cruzamento entre
uma cozinha e um salão, Mereel estava terminando o nerf. Perguntou-se se
retardar o processo de envelhecimento reduziria o apetite prodigioso dos
clones.
— Aqui, — disse ela, colocando o datapad na frente dele. — Tudo o que
você precisa fazer é oferecer a ela o seu primogênito e ela vale ouro.
Mereel parou de mastigar e engoliu em seco. Ele olhou para os dados.
— Et'ika, — ele disse, — você não é boa apenas para abrir portas, é?
— Estamos dando um passo de cada vez.
— O que você ofereceu a ela? Seriamente?
— Primeiro pagamento? Uma amostra criogênica do meu sangue e uma
holo revista, o Jornal de Endocrinologia.
— Talvez ela sinta falta da página de piadas.
— Vamos mantê-la tão doce quanto podemos manter uma Kaminoana,
certo?
— Sério, muito bem, Etain.
— Coisas Jedi. — Ela estava começando a se sentir bem novamente, útil
e competente. — E descobri que a maioria dos seres não consegue desviar o
olhar de uma fêmea grávida. A empolgou um pouco, especialmente
considerando o trabalho de sua vida.
Foi um trabalho bem feito, por enquanto. Mereel preparou para ela um
pote de shig, uma tisana feita de uma planta chamada behot, antes de
começar a examinar os dados.
— Vou ter que verificar isso, — disse ele, — e isso significa cultivá-lo
em seções para que eles não saibam no que estou trabalhando, mas é um
começo esperançoso.
Etain tomou um gole. O shig tinha sabor cítrico e era mais suave para o
estômago do que caf. — É uma pena que todos os outros dados tenham
sido... perdidos.
Parecia muito cruel dizer explodido em pedaços por seu irmão louco.
— Sim, — disse Mereel, e agachou-se ao lado de seu assento. Ele levou
o dedo aos lábios pedindo silêncio e abriu uma das bolsas do cinto. Então
ele pegou um recipiente, do tipo que armazenava chips de dados, pegou a
mão dela e colocou-a sobre a caixinha. — De fato.
— Mereel...
— Você não faz sempre um backup, Etain? Tut, tut...
— Não brinque com isso, Mereel. — Ela estava começando a ficar
irritada com ele. Skirata ficou mortificado com isso. — É isso que eu acho
que é?
— Podemos ter problemas comportamentais, mas não somos estúpidos.
Todos intactos. Ordo quis dizer o que disse, mas não usou o verdadeiro
conjunto de fichas.
O alívio extático de Etain foi instantaneamente abatido ao recordar o
rosto de Skirata.
— Como você pôde fazer isso com Kal? E se ele tivesse tido uma
convulsão ou algo assim? Ele ficou arrasado.
Mereel recolocou os chips de dados e se levantou.
— Eu sei eu sei. Ordo e eu discutimos sobre isso, mas era a única
maneira de fazer Kal'buir agir como se fosse real. Ele geralmente é um
ótimo atorzinho, o nosso buir, mas nem sempre é bom em luto. Ko Sai
provavelmente teria percebido.
— Pobre homem.
— Vou comunicar Ordo e deixá-lo saber que ele pode contar a Kal'buir.
— Kal vai ficar furioso. Ele se culpa.
— Oh, Ord'ika pode escapar impune de um assassinato. Ele é o filho
número um. — Mereel voltou ao datapad e sorriu novamente. — E isso
quebrou Ko Sai, não foi?
Sim. Mas quase quebrou Skirata também, e Etain podia ver isso.
E eu apenas menti e usei o meu filho ainda não nascido para fazer um
acordo que sei que não será honrado, então onde isso me deixa?
Eles estavam vivendo em tempos desesperados. Se isso significava que
as regras não se aplicavam mais, ou que os tempos em que viviam
dependiam de pessoas comuns abandonando essas regras para começar,
Etain não tinha certeza.
CAPÍTULO 16
Não sei por que eles estão me mantendo aqui. Eles não exigiram informações minhas ou
tentaram me forçar a criar um antídoto para os nanovírus. Estou entediada com nenhum
trabalho para fazer, mas ninguém nunca morreu de tédio. Às vezes me pergunto se o homem de
capa, aquele que encomendou minha pesquisa, está tentando me alcançar, mas eles levaram ao
meu holo receptor.
— Dra. Ovolot Qail Uthan, bioengenheira e geneticista, criadora do nanovírus F36, focado no
genoma, atualmente detida em uma prisão de segurança máxima da República em algum lugar
de Coruscant.

Unidade de Neurologia Posto Médico Central da República, Coruscant, 483 dias após
Geonosis

u disse para se mexer, não disse? Você é surdo ou algo assim?


—E Limpe o corredor! Polícia armada!
Botas ressoaram do lado de fora e Besany ouviu o som de portas abrindo
e fechando, gritos de "Limpo!" e as ordens familiares de um homem que
uma vez a entreteve regiamente no Clube de Oficiais da FSC
O capitão Jaller Obrim, ex-guarda do Senado, adorava tanto o seu
trabalho na UAT que havia ficado. As portas se abriram e estava olhando
para o cano de um blaster da polícia com um laser vermelho cegando-a.
Ordo disse que o laser era teatral para assustar os alvos, e nenhum franco-
atirador sério revelaria a sua posição com um. Isso certamente a assustou.
Mas queria ter certeza de quem estava levando a sua rendição antes de
largar o seu blaster.
— Capitão Obrim?
— Agente Wennen, abaixe o desintegrador, sim? — Ele não abaixou a
arma, e ela percebeu que ele pensou que ela poderia abrir fogo contra ele.
— Vamos, sou eu. Jaller. Kal ligou.
Ela confiava nele. Se ela estivesse errada, não, ela tinha que confiar nele,
e em Skirata também. Ela baixou o desintegrador, acionou a trava de
segurança e tornou a colocá-lo na jaqueta.
— Assim é melhor, — disse Obrim. Ele segurou o seu blaster na posição
de segurança e se inclinou pra fora da porta. — Limpo, rapazes. Abaixe-se.
Prepare-se para transportar um detido. Paramédicos... aqui.
— Sinto muito por isso, capitão. — Besany podia sentir as pernas
tremendo enquanto a adrenalina terminava o seu trabalho. Quase se sentou
na beirada da cama de Fi para se recuperar, mas as coisas pareciam muito
urgentes agora. — Eu não tinha ideia do que mais fazer.
Obrim olhou para Fi e segurou a sua mão com força.
— Fierfek, eles querem apenas acabar com ele? Eu tive oficiais se
recuperando de ferimentos na cabeça quando não deveriam, e alguns que
morreram quando não deveriam, então, embora eu possa vê-lo respirando,
quero uma segunda opinião. Mesmo um terço. Quantos forem necessários.
Ele se endireitou. — Onde está aquela maca?
— Para onde vamos levá-lo? — Besany perguntou. — Parece que estou
roubando propriedade do governo. Ele pode ficar no meu quarto de
hóspedes, mas preciso encontrar alguém para...
— Eu tenho um local seguro, não se preocupe. E cuidado. Os
paramédicos da FSC se aproximaram e começaram a separar Fi dos
sensores e envolvê-lo em cobertores. — Se eles querem jogar este jogo,
tudo bem. Eu posso jogar mais alto.
Obrim estava chateado e com raiva. Só tinha visto o lado cansado do
mundo dele, nunca perturbado por nada, mas isso era muito pessoal pra ele
e mostrava. Ele e Skirata eram um par combinado. Ele pode ter sido o único
amigo aruético que Skirata tinha. Eles certamente viram a galáxia da
mesma maneira.
— É melhor eu ligar para o meu chefe e avisá-lo que ele receberá uma
mensagem desagradável da Saúde de Coruscant, — disse Besany. —
Precisa de algum funcionário na FSC? Porque eu vou ser demitida pela
manhã.
Obrim se moveu para enfiar uma ponta solta do cobertor sob o corpo de
Fi enquanto a maca era afastada.
— Não se preocupe. Ele nunca vai ouvir sobre isso.
— Meio difícil de ignorar, um de seus investigadores seniores invadindo
um centro médico e mantendo os pacientes como reféns.
— Farei com que desapareça, — disse Obrim. — Eu sou da FSC. Posso
fazer todos os tipos de coisas desaparecerem quando preciso.
Do lado de fora, a equipe médica começou a voltar, alguns droides e
alguns orgânicos, e os oficiais da FSC abriram caminho para a maca chegar
ao turboelevador. Obrim parecia ter mobilizado meio turno para extrair Fi
da unidade. Um droide médico, cuja identificação mostrava que era o
administrador de plantão, pairou no caminho de Obrim.
— Insisto que devolva o paciente aos nossos cuidados, — dizia. —
Depois que admitimos alguém, temos que ser capazes de prestar contas por
eles e mostrar que eles receberam alta adequadamente.
— Decida-se, — disse Obrim, conduzindo Besany para além do droide.
— Em um minuto ele é um paciente e no próximo ele é propriedade do
governo.
— Você não pode levá-lo. Somos responsáveis por ele.
— Até você dar a injeção nele cheio de latheniol, sim. Ele se deu alta
sozinho.
— Ele é incapaz de fazer isso.
— Certo, eu sou UAT. Eu o prendi por me olhar de forma engraçada.
Agora mova-o, ou eu vou autuá-lo por me obstruir.
— Então prenda aquela mulher por ameaçar a minha equipe também.
— A menos que você queira sentir seus rebites, latinha, saia do meu
caminho.
— Isto é um ultraje. Haverá uma reclamação formal para os seus
superiores.
Obrim inclinou-se ligeiramente para enfatizar o droide. Ele tinha peso e
seriedade ao seu lado.
— Antes de fazer isso, — ele disse calmamente, — pergunte ao seu
chefe executivo sobre o interesse dele nas atividades artísticas Twi'lek todo
quarto dia do mês, e se ele gostaria que eu desse a sua adorável esposa holo
vídeos de vigilância policial das visitas ao centro cultural. A decisão é sua.
O droide fez uma pausa, então recuou e pairou para longe.
— Vamos ver, — disse.
Besany caiu pra trás contra a parede do turboelevador, com o coração
batendo forte novamente. Nunca teria a sua vida de volta, sabia disso. Não
tinha certeza se isso importava.
— Pra onde vamos, capitão? Quem vai cuidar dele? Farei o que puder.
— Antes de mais nada, minha querida. Vamos acomodá-lo. Podemos nos
preocupar com o resto depois.
— Você não respondeu. Onde estamos indo?
— Casa, — disse Obrim.
Ele não estava brincando. No compartimento do speeder, um transporte
FSC sem identificação estava esperando com a porta traseira aberta. Os
paramédicos colocaram Fi a bordo e entraram ao lado dele. Obrim seguiu
em seu próprio speeder com Besany.
— É incrível o que você pode alugar, — disse ele, como se nada do
drama tivesse ocorrido a alguns minutos antes. — Você pode alugar droides
médicos para cuidar da vovó em casa. Então eu aluguei um para Fi. Quero
dizer, eu mesmo cuidaria dele, mas não sei como colocar tubos de
alimentação e solução salina nele.
— O que a sua esposa vai dizer?
— Não sei. Eu só disse que estava trazendo alguém pra casa sobre o qual
ela tinha que ficar quieta. Ela está bastante acostumada com algumas das
irregularidades neste trabalho.
— Obrigada, capitão. Muito obrigada.
— É Jaller. Acho que nos conhecemos bem o suficiente agora, não é?
— Sim. Eu acho que sim.
O primeiro obstáculo foi superado. Conseguiu colocar Fi em segurança,
em grande parte graças à consciência de um grupo de policiais que estavam
se arriscando, independentemente do que Obrim dissesse. Mas a verdadeira
luta estava por vir e poderia não ter fim por muito, muito tempo.
Fi ainda estava em coma profundo e, no que dizia respeito à medicina,
ele estava morto.
Mas ele ainda estava respirando. Besany estava se acostumando a ver o
impossível acontecer. Pode acontecer de novo.
Quartéis Arca, QG da Brigada de OE, Coruscant, 483 dias após Geonosis

Corr tinha o ar de um homem culpado, e Darman se lembrava daquele


sentimento de quando entrou pela primeira vez no Esquadrão Ômega,
depois que as brigadas de comando sofreram perdas massivas nas primeiras
semanas da guerra e os esquadrões foram reformados quando os homens
morreram.
Mas Corr era CR-5108/8843 agora, um membro do Esquadrão Ômega
propriamente dito, e não só ligado a eles. Ele entrou na sala de recreação do
quartel em sua nova armadura, equipamento de Fi, capacete debaixo do
braço, mas não parecia confortável nela.
Todo o sistema de designação tinha ido por água abaixo com Corr
também. Ele não era apenas um dos muitos soldados agora treinados em
habilidades de comando; ele era um garoto brilhante, um verdadeiro
comando da República, e Skirata insistiu que ele tivesse o código para
combinar, mesmo que os seus números não servissem.
Darman estava determinado a agradá-lo.
— Cuy, vod'ika. Ele deu um tapa no assento ao lado dele. — Estacione
os seus shebs pra lá. Nós serviríamos para você um pouco do caf da edição
GER, mas gostamos muito de você pra isso. Estamos esperando o sargento
Kal.
Corr sentou-se conforme ordenado, e Niner e Atin se inclinaram para
segurar o seu braço.
— Você pode vestir algo mais confortável, — disse Niner, indicando os
seus macacões. — Aquele plastóide pode cravar nos lugares importantes
depois de um tempo.
Corr começou a remover as placas como se o estivessem queimando.
— Alguma notícia sobre Fi? — ele perguntou.
— Estamos esperando para saber o que aconteceu na Enfermaria. —
Niner passou a ele uma caixa de biscoitos de nozes de guerra, o que era
uma aceitação incondicional no que dizia respeito ao Ômega. Darman notou
que Corr não estava usando o revestimento de carne sintética em suas mãos
protéticas, então ele tinha algum ponto que precisava fazer. — A última vez
que ouvimos, o sargento Kal havia enviado um pessoal da pesada.
— Ordo?
— Agente Wennen e o Capitão Obrim.
— Ah.
Darman estremeceu. Corr tinha sido o objeto do interesse de Besany até
que Ordo assumiu o seu lugar, literalmente. Se o ex-soldado sentiu que o
capitão Nulo havia se intrometido em sua garota, ele não deu nenhum sinal
disso. Ela tinha sido muito gentil com ele enquanto ele estava se
recuperando das tarefas de escritório, ele disse. Isso foi tudo.
Seria preciso muito mais do que a bondade de Besany para colocar Fi de
pé novamente.
Corr estava inquieto. Era inevitável.
— Eu só queria dizer uma coisa antes de prosseguirmos.
— Tire isso do seu peito, ner vod, — disse Atin.
— Não vou tentar substituir o Fi. — Corr deixou escapar como se
estivesse pensando nisso há muito tempo e agora quisesse acabar logo com
isso. — Posso usar a armadura, mas não sou o cara e não vou competir com
ele. Quando ele estiver em forma, eu saio de novo, certo?
Talvez ele estivesse sendo diplomático, ou talvez não tivesse percebido
como as coisas estavam ruins. Darman não explicou.
— Está tudo bem, — disse Atin. — Fui um dos estagiários do Vau.
Juntar-me a este grupo foi um pouco difícil.
— Não foi, — murmurou Niner. Ele nunca foi de dar boas risadas, mas
tentou arduamente, dolorosamente arduamente, porque o moral era o
trabalho do sargento no que dizia respeito a ele. — Era champanhe
Daruvvian o tempo todo.
Darman tentou se juntar à alegria determinada, mas Corr ainda tinha o
amassado em seu peitoral onde Fi teve um desentendimento com uma
granada, e não havia nenhuma piada compartilhada sobre isso. Ia ser muito
difícil sem o Fi.
— Então você desfrutou de uma rica educação social com Mereel e
Kom'rk, não é? — Darman nunca sentiu que poderia falar sobre isso na
frente de Fi, porque Fi queria desesperadamente uma garota legal, como ele
disse, e qualquer conversa sobre relacionamentos o afetava. Agora ele
nunca teria a chance. — Eu vi Kom'rk uma vez, mas ele não parece como...
E isso foi o máximo que Darman conseguiu. A dor o emboscou.
Descobriu que tudo o que podia fazer era se sentar com os cotovelos
apoiados nos joelhos, ambas as mãos na boca para impedir que a dor
lancinante na garganta e nos olhos se transformasse em soluços
incontroláveis. Ele congelou, com medo de se mover, caso isso o
desencadeasse. Eventualmente, Corr bagunçou o seu cabelo com força,
assim como Skirata fez, e Darman conseguiu controlar a sua respiração o
suficiente para falar.
— Isso é o que realmente mexe comigo, — disse ele. — Ele não
conseguiu o que realmente queria, alguém para amá-lo, e agora nunca
conseguirá, e estou com raiva.
— Certo, Dar. — Atin juntou-se ao despentear do cabelo. — Udesii.
Você não pode fazer nada sobre isso agora.
— Ele não está morto, — disse Niner calmamente.
Darman podia sentir isso pairando sobre eles, a conversa que parecia boa
quando eles não perceberam quanto dano ele havia sofrido, mas agora não
podia ser falada em voz alta porque era horrível demais. O que não estava
morto? Como os médicos sabiam que Fi não podia sentir o que estava
acontecendo ao seu redor? Pessoas com morte cerebral às vezes recobravam
a consciência e então relatavam o que tinham ouvido durante o coma, e
Darman não conseguia pensar em nada mais terrível naquele momento do
que Fi estar presa em alguma paralisia terrível, mas sentindo tudo. Morto
era melhor. Ele queria um final mais claro do que Fi.
— Ligue para Etain, — sugeriu Niner. — Ela sempre te anima.
Mas Darman não queria ligar pra ela apenas para se enfurecer sobre
como as coisas eram injustas. Acomodou-se com uma holo revista para que
ninguém falasse com ele por um tempo, e os outros jogavam lâminas,
atirando facas em um alvo dividido em argolas e quadrantes. Quando
chegasse a um acordo com isso, teria algo mais positivo para dizer a ela.
Eles poderiam falar sobre para onde iriam quando tivessem uma licença
juntos.
Não consigo imaginar uma missão sem Fi agora.
As portas se abriram. Skirata entrou vestido com os seus trajes civis,
jaqueta de couro de bantha marrom, com Ordo, Vau e Mird atrás, e
simplesmente caminhou até cada um do esquadrão e os abraçou em
silêncio. Então Jusik entrou e todos se viraram para olhar.
— Pensei que você ainda estivesse com Delta quando falei com você, —
Skirata disse, e era óbvio que ele não tinha planejado encontrá-lo aqui. — O
que aconteceu?
— Delta pode lidar com Dorumaa sem mim. — Jusik também não
parecia o que era antes: ele geralmente era a essência do bom humor, por
mais que as coisas ficassem ruins, mas ele não parecia remotamente sereno
ou receptivo agora. O seu rosto parecia duro em vez de magro; ele era todo
determinação rígida. — Eu estava lá apenas para atrasá-los da última vez.
Fi precisa mais de mim.
— O que você quer dizer com Fi precisa mais de você?
— Vou tentar curá-lo.
Ninguém disse uma palavra. Os Jedi podiam curar, mas não faziam
milagres. Skirata baixou a voz daquele jeito que ele fazia quando as coisas
estavam indo muito mal e ele precisava dar a notícia gentilmente.
— Certo, filho, — disse ele. — Mas Zey vai te esfolar vivo. Ele mandou
você de volta para fazer o trabalho de Dorumaa novamente. Ele não vai
gostar de você sair assim.
— Com respeito, Zey pode enfiar.
— Tem certeza disso, Bard'ika? Quando a guerra acabar, você ainda será
um Jedi e ele ainda será seu chefe.
— Ah, não, é aí que somos diferentes, Kal. Esquecemos o que é ser Jedi.
Então, vou fazer um verdadeiro trabalho Jedi agora e ajudar alguém com
problemas, em vez de falar de grandes conceitos e dar recados para
políticos. Cadê o Fi?
— Jaller encontrou um lugar seguro pra ele. — Skirata virou-se para o
esquadrão. — Você nunca ouviu essa conversa. As coisas ficaram um pouco
complicadas na Enfermaria, e Besany teve que... bem, blasters estavam
envolvidos. E Jaler. E metade dos rapazes da UAT.
Era o ponto em que Fi teria feito alguma observação espirituosa se ele
estivesse lá. O silêncio era doloroso.
— Quanto mais cedo eu começar, mais chances eu tenho, — disse Jusik.
— Leve-me até lá, Kal. Por favor.
— Eles vão te expulsar da Ordem, filho. Contanto que você consiga
encarar isso, tudo bem.
— Olha, se você não vai me levar, eu vou achar ele sozinho, porque eu
sou muito bom nisso, não sou? Um dos meus usos. Escaneamento Jedi.
— Está bem, está bem. — Skirata recebeu um olhar de Vau que Darman
só poderia descrever como decepção. Ele provavelmente pensou que
Skirata estava sendo gentil com Jusik. — Vamos então. Ordo, você também.
— Vou esperar aqui, — disse Vau. — Quer que faça qualquer coisa que
queira para atrasar o Zey se ele aparecer?
— Não sei. Delta não vai contar a ele que Jusik sumiu, vai? E eles
podem demorar semanas.
— Vai ser uma breve conversa, então.
Skirata, Ordo e Jusik saíram tão rapidamente quanto entraram. Darman
lutou para não ter muitas esperanças; não pôde deixar de pensar que
ninguém realmente entendia o que os Jedi podiam fazer, muito menos os
Jedi, ao que parecia, e Skirata poderia simplesmente estar aplacando Jusik.
O general queria muito imitar Skirata, exceto com os bits Jedi adicionados
como algum tipo de kit de primeiros socorros e sistema de alerta precoce.
Evitar o apego e a raiva não dava a mínima para esses dias.
Mas esse era o desafio, não era? Se você tivesse poderes assim, ficar
longe dos negócios confusos da vida seria apenas evitar as decisões difíceis.
Jusik confrontou o dele.
— Fierfek, — disse Corr, afiando as facas de arremesso nas seções de
duraço de seus dedos, — é sempre assim neste esquadrão? E quanto tempo
de trânsito vocês registram?
Vau riu.
— Ah, a clareza do recém-chegado.
— O que ele quis dizer, ele estava lá só para desacelerar o Delta? —
Darman perguntou.
— Você sabe como ele é auto depreciativo. — Vau deu um biscoito a
Mird. — Um homem modesto.
Não tinha soado assim, mas então Darman aceitou que ele não estava
mais distante hoje. Era uma pena que Etain não estivesse aqui: ele sentia
falta dela, como sempre, mas ela também poderia ter ajudado Jusik na cura,
como fizera quando Jinart foi baleado.
Não adiantava se preocupar. Etain estaria de volta quando a sua missão
estivesse completa, Jusik faria tudo o que um Jedi poderia fazer para ajudar
Fi, e a sua própria tarefa era permanecer vivo o tempo suficiente para ver as
duas coisas acontecerem. No final, foi Fi quem ficou em sua mente hoje,
não Etain, mas ela entenderia o porquê.
Ela tinha tanto tempo pela frente. O tempo de Fi havia sido curto para
começar e acabou muito mais curto do que jamais poderia imaginar.
Residência de Jaller Obrim, Rampart Town, Coruscant, 483 dias após Geonosis

— Tem algo que preciso te dizer, Kal'buir.


Ordo precisava tirar isso do peito. Lidar com a situação de Fi já era
difícil o suficiente, mas saber que Skirata foi arrastado ainda mais pela
aparente perda da pesquisa de Ko Sai era algo com o qual ele tinha que lidar
mais cedo ou mais tarde, para que pudesse se concentrar na tarefa em mãos.
— O que, filho? — Eles esperaram com Jusik no impressionante saguão
de segurança do apartamento de Obrim, passando por varreduras
automatizadas, que mostraram quantos criminosos tinham contas a acertar
com o policial.
— Eu vou entender se você não puder me perdoar por isso.
— Não pode ser tão ruim.
— Mereel enviou uma mensagem, Ko Sai deu a Etain algumas das
sequências genéticas.
Isso chamou a atenção dele.
— Etain? Sério?
— Ela leva jeito.
— Essa é a melhor notícia que ouvi em algum tempo. Obrigado, filho.
Skirata fechou os olhos por um momento. — É tudo que a isca de aiwha se
lembra?
— Isso se transformou em um jogo de negociação, mas ainda há mais
por vir.
— Isso é bom. Muito bom.
— E eu fiz algo terrível pra você, Buir. Temos os dados dela, todos eles.
Eu só fiz isso para abalá-la. Ela está completamente arrasada com o
pensamento de que isso se foi, e isso se tornou uma alavanca para obter
mais dela. Você a convenceu de que estava realmente destruído.
Pronto. Agora ele havia confessado. Skirata conseguiu um sorriso de
alguma forma, mas permaneceu calmo. A sua voz estava rouca.
— Sim, sou muito mais convincente quando estou à beira de um ataque
cardíaco.
— Sinto muito. Nunca pensei que faria qualquer coisa para te machucar,
mas quando é conveniente, é exatamente o que eu faço.
A verificação de segurança pareceu satisfeita por não serem pistoleiros
do Sol Negro, e as portas se abriram. Jusik tinha uma bolsa grande que
retiniu quando ele caminhou e acionou um detector de metais dentro do
corredor. Ordo teve uma ideia do que era, mas se perguntou o que Jusik
faria com isso.
— Grande aposta, filho, — Skirata disse finalmente. — Sim, foi um
choque desagradável. Mas funcionou.
— Você pode confiar em mim de novo?
— Com a minha vida, — disse Skirata. — E eu deveria estar mais feliz
com isso, mas é difícil no momento, com Fi e tudo mais.
— Eu disse que compensaria você, Buir. Eu vou.
Jaller Obrim tinha uma esposa agradável chamada Telti e dois filhos
adolescentes que eram, em termos reais, mais velhos que Ordo. Os garotos
os cumprimentaram educadamente e depois foram para os seus quartos
como se tivessem sido treinados para desaparecer quando assuntos
estranhos estavam sendo discutidos. Obrim estava de plantão hoje, mas sua
esposa parecia completamente calma por ter ficado com um estranho em
coma e um droide médico.
— Ele está por aqui, — disse Telti. Ela os levou para uma suíte de
hóspedes, onde Fi parecia não mais que um homem dormindo, exceto pelo
tubo nasogástrico e uma gota de solução salina alimentando a sua mão.
Besany estava sentada ao lado da cama, com a cabeça apoiada em uma das
mãos; o droide médico estava desativado, acomodado no canto. — Jaller
fala muito sobre você. Fi pode ficar aqui o tempo que precisar.
Havia pessoas boas em todos os lugares, pensou Ordo, mas não o
suficiente. Ele caminhou até Besany e colocou a mão em seu ombro, e ela
se afastou como se ele a tivesse acordado.
— Eu cochilei, — disse ela.
— Você esteve aqui a noite toda?
— Sim. Liguei para o escritório para dizer que estava doente. Então
percebi que era o fim de semana.
— Você fez um bom trabalho. Provavelmente com menos danos à
propriedade do que se o tivéssemos extraído também.
Jusik colocou a sua bolsa no canto da sala com um baque alto.
— Você pode ficar e assistir se quiser, mas é chato.
— Eu vi você curar Jinart, — disse ela.
— Talvez eu não alcance os mesmos resultados, — disse Jusik, — mas
não será por falta de tentativa.
Ordo queria saber como ele começou a fazer isso: o que passou por sua
mente, como ele se concentrou, como as energias pareciam enquanto isso
acontecia. Agora, porém, era apenas Jusik sentado na cama, com uma mão
na testa de Fi e os olhos fechados, como um ato de bênção congelado no
tempo. Ordo observou por uma hora, depois aceitou que não estava
contribuindo com nada.
— Por que você não leva Besany para casa? — disse Skirata. — Volte
mais tarde. Se houver alguma mudança eu te ligo.
— Sinto que o estou abandonando.
— Tudo bem, mas descanse um pouco. Quando você dormiu pela última
vez, Ord'ika?
Ordo também não queria deixar Skirata sozinho, mesmo que os Obrims
estivessem lá para mantê-lo alimentado e hidratado. Foram duas semanas
cansativas; Kal'buir não era jovem.
— Tudo bem, — disse Ordo. — Vou fechar os olhos por alguns minutos.
Pensou que sim. Tirou o kama e a ombreira e colocou-os sobre o
espaldar de uma cadeira, depois recostou-se no sofá perto da janela. Era a
coisa estofada mais profunda em que já havia se sentado, e sentiu que
estava se afogando nela. A próxima coisa que percebeu foi acordar e
encontrar a cabeça de Besany em seu ombro, imaginando como ela poderia
dormir com uma placa plastóide dura pressionando contra o seu rosto, e
Kal'buir batendo suavemente nas costas de sua mão. Quatro horas se
passaram.
— Você precisa ver isso, — Skirata sussurrou. — Você realmente
conseguiu.
Jusik se levantou e se espreguiçou, com as juntas estalando com estalos
alarmantes.
— O tecido cerebral é capaz de uma grande quantidade de regeneração,
mesmo o tipo humano.
Besany se mexeu.
— O que foi?
— Mostre a eles, Bard'ika, — Skirata disse.
Jusik bagunçou o cabelo de Fi e ele se moveu. Ele fez isso mais algumas
vezes; a reação foi consistente.
— Não fique muito animado, — disse Jusik. — Ele não está em coma
tão profundo agora. Isso está muito longe de estar consciente, mas ele
também não está com morte cerebral.
— Você curou tanto tecido?
Jusik deu de ombros.
— Oh, os médicos diagnosticam erroneamente a morte cerebral o tempo
todo. Só estou relutante em desistir. Sempre foi um mau perdedor.
Mas Ordo sabia quando Jusik estava satisfeito consigo mesmo. Era a
mesma diversão silenciosa de quando ele fazia alguma engenhoca
inteligente. Jusik era bom em consertar as coisas e parecia que também
podia consertar as pessoas. Ele se deliciava com o contentamento da
solução bem-sucedida de problemas.
— Isso tudo é adivinhação, mas pela primeira vez vou usar o místico
método Jedi na Enfermaria, — disse Skirata. — Quanto tempo você acha
que vai ter que manter isso?
— Dias. Talvez semanas.
— Zey vai perceber mais cedo ou mais tarde. O Delta não pode ficar em
Dorumaa indefinidamente.
— Eles vão levar uma semana até para começar a trabalhar nas
instalações de Ko Sai, a menos que queiramos arriscar perfurar lá com
grandes maquinários de tamanho industrial, — disse Jusik. — Posso tirar
alguns dias de distância de Fi e alcançá-los. Mas eu não confiaria em Zey
fechando os olhos para eu quebrar as regras com Fi, e prefiro ter problemas
por não obedecer às ordens na busca de Ko Sai do que indicar a Zey que sei
onde Fi está.
— Mais cedo ou mais tarde, — Skirata disse, — ele vai perceber que
está tirando muito menos dos Nulos também. Talvez seja a hora de dizer a
ele que Jaing sabe onde Grievous está.
— Ah, pensei que você poderia... — Jusik disse calmamente.
— Bem, todos nós temos os nossos segredinhos pra negociar agora, não
é? Sim, Jaing sabe, e ele acha que foi fácil demais para ser verdade. Daí o
meu silêncio sobre o assunto.
— Que galáxia suja em que vivemos.
Ordo fez alguns cálculos aproximados.
— Acho que podemos contar que o Delta ficará presa em Dorumaa por
semanas, e não só por causa dos coquetéis. Eles estão fazendo o equivalente
a escavar com uma colher.
— Eles não são um esquadrão do tipo que gosta de coquetel, — disse
Jusik, soando quase arrependido. — Eles não vão tirar vantagem disso. Por
alguma razão, isso me deprime.
Era um jogo de espera agora em ambas as áreas que mais importavam
pra eles, a recuperação de Fi e a revelação gradual de Ko Sai sobre o que
ela poderia fazer para regular os genes do envelhecimento. Enquanto Jusik
trabalhava em Fi, Skirata usou o tempo para se atualizar por comunicador
com cada comando em sua antiga empresa de treinamento e cada um dos
Nulos implantados. Ele tinha um senso de urgência sobre ele, como se
houvesse coisas que ele não queria deixar não ditas como tinha feito com
Fi.
Ordo levou Besany de volta ao apartamento dela e debateu se aquele era
o momento certo para fazer o que o sargento Vau lhe dissera.
Mas ela já tinha uma semana e tanto quando se tratava de patinar no gelo
fino legal. Espionar projetos secretos de defesa e sequestrar pacientes em
ponta de bala era o suficiente.
Ele esperaria alguns dias antes de envolvê-la no mundo sombrio de
roubo a banco e de safiras shoroni.
CAPÍTULO 17
Senhor, conseguimos colocar um filamento de tira na câmara desmoronada usando o
mecanismo a partir de uma carga de montagem automática. Levará semanas para remover
material suficiente para procurar restos orgânicos, mas uma coisa que a câmera pegou é o que
parece ser uma placa torácica da armadura Mandaloriana. Vou deixar que você decida se
deseja passar essas informações para o general Zey.
— Relatório da situação de CR-1138, Chefe, para General Jusik

Kyrimorut, Mandalore, 499 dias após Geonosis

ocê disse que queria um laboratório. — Mereel estava perdendo a


—V paciência e conseguiu mostrar uma quantidade notável para Ko
Sai, já que queria matá-la. — Isto é um laboratório.
A cientista Kaminoana não conseguiu entrar na estrutura. Etain tentou
encorajá-la.
— Isso é o melhor que você vai conseguir por enquanto, — ela disse. —
E isso significa que você não precisa esperar que um laboratório
convencional seja construído. Afinal, aqui é Mandalore.
— É um reboque agrícola. — Ko Sai parecia arrasada. Etain estava
acostumada com todas as nuances sutis em seu tom agora, e a voz da
Kaminoana não era totalmente doce e a serenidade mais do que o seu
personagem era. Era apenas mais difícil para um ser humano ouvir. — Isso
é usado por animais.
— Não me tente a dizer o óbvio, — disse Mereel. — É uma unidade
móvel de genética, e não vejo que diferença faz se são odupiendos de
corrida ou humanos que você está avaliando. Exceto que os dupies valem
muito mais.
Etain achou que Mereel tinha feito bem em se apossar dele. Mas Ko Sai
tinha padrões Tipoca. Lembrá-la de que ela poderia extrair DNA com as
panelas, frigideiras e produtos químicos domésticos na cozinha não iria
ajudar. Ela abaixou a cabeça e voltou para casa.
Mereel balançou a cabeça.
— Etain, é isso que eles usam nas pistas. Esses caras são tão rigorosos na
identificação do genoma quanto qualquer Kaminoano, junto com os testes
de drogas. Esta é apenas uma mini versão do que uma universidade meio
decente teria.
— Eu sei, — ela disse. Ele parecia um marido que comprou um presente
totalmente inadequado para a esposa e ficou magoado ao descobrir que ela
não gostou. — Essa é a desvantagem de encontrar a única coisa que a
motiva e tira todo o resto.
— Tudo bem, poderíamos construir um laboratório como o que ela fez
em Dorumaa, mas ainda faltam meses.
— E nós realmente não pretendemos que ela faça nenhuma pesquisa
valiosa sobre o genoma Jedi, não é?
— Não, mas certamente queremos que ela crie um sistema de entrega
para regular os meus genes.
— Eu acho que ela está desmoronando.
Mereel ergueu as mãos como se não quisesse ouvir.
— Desculpe-me enquanto eu engasgo.
— Ela não tem utilidade pra nós, louca.
— Se você tem alguma ideia para acalmar a sua alma perturbada, além
de ligar para Kamino ou os Arkanians e negociar um acordo, ou até mesmo
fazer o mesmo com o Chanceler, então você está se saindo melhor do que
eu.
Etain estava aprendendo mais do que gostaria sobre genética. Muitos
genes, Ko Sai gostava de lhe contar, controlavam o envelhecimento. Etain
não apenas viu a enormidade da tarefa que Mereel enfrentava; também viu
quantas coisas poderiam dar errado para o seu filho ainda não nascido. Em
ambos, tudo o que podia fazer era viver um dia de cada vez. Foi atrás de Ko
Sai e tentou injetar um pouco de entusiasmo nela.
— Você conseguiu com o seu laboratório em Dorumaa, — disse Etain.
— E isso era bem pequeno também. Você tem todo o material de imagem e
análise. Isso não é um começo?
A Kaminoana sentou-se no quarto que havia transformado em santuário,
um depósito sem janelas onde podia evitar a luz direta do sol, e embaralhou
os seus datapads em uma pilha organizada. Não precisava mais ser
trancada. Não demonstrava nenhuma inclinação para escapar e nunca
deixava o prédio a menos que Mereel a obrigasse; era muito claro e seco
aqui para o seu gosto.
— Esse é o problema, Jedi, — ela disse. — É um começo. Não uma
progressão ou uma continuação. Começar de novo é muito difícil às vezes.
Etain se perguntou quanta diferença faria se ela soubesse que a sua
própria pesquisa ainda existia, e então imaginou a reação de Mereel se ela
estragasse um de seus principais pontos de negociação. Ela quase deu uma
dica. Quase.
— Há sempre um laboratório comercial como o Micro Arkanian...
— Eles nunca usariam a minha metodologia. É muito lento pra eles. Eles
são produtores em massa. Todos nós temos o nosso nicho no mercado.
Etain se perguntou quais incubadoras que poderiam produzir alguns
milhões de clones contavam como se não fossem grandes, então. Mas Ko
Sai estava certa: dez anos era mais do que a maioria dos clientes queria
esperar.
— O que você gostaria, idealmente? — Etain perguntou.
— Melhor equipamento de imagem, mais poder de computação e droides
de laboratório.
Etain tirou um datapad de suas vestes e o deslizou na frente do cientista.
Era uma pesquisa recém-publicada de um embriologista eminente sobre a
expressão de algum gene cujo número de código Etain não conseguia nem
memorizar, mas era o tipo de material que era tão excitante para Ko Sai
quanto a última holo revista de fofoca de celebridade seria para a maioria
dos fãs Coruscanti de holo vídeos. Isso a distraiu. Ela olhou para o nome do
autor.
— Ele é medíocre na melhor das hipóteses, — ela disse docemente. —
Vou saborear corrigindo isso.
— Claro, você nunca publicou pesquisas, não é? Os acadêmicos nem
sabiam que Kamino estava lá.
— Houveram momentos em que isso era... irritante, admito.
— Vou falar com Mereel. Ele está fazendo o seu melhor, acredite em
mim.
— Talvez ele devesse ter considerado o seu melhor antes que ele e
aquele selvagem que o corrompeu destruíssem o trabalho da minha vida. —
Ko Sai enrolou a sua longa mão em forma de garra gentilmente ao redor do
braço de Etain. — Você entende, no entanto. Você entende o que é ter tanto
conhecimento e, ainda assim, ter tão poucas saídas para aplicá-lo.
Etain teve aquela conexão repentina com outra espécie, como às vezes
quando olhava nos olhos de Mird, quando sentia que realmente sabia quem
estava lá. ela entendeu? Ela podia adivinhar o que motivou Ko Sai,
imaginar o que era ser ela e até pensar como ela pensava até certo ponto.
Talvez ela até tenha pena dela, totalmente sozinha e nunca podendo ir para
casa, ou mesmo se misturar com os seus colegas profissionais.
Espere, esta é alguém que constrói crianças para projetar especificações
e as mata se não atenderem aos padrões de controle de qualidade.
Era um pensamento desagradável para qualquer futura mãe. Etain
sacudiu a pena e lembrou a si mesma que os monstros não eram uma
espécie separada, ou mesmo totalmente diferente do resto deles, e era isso
que os tornava monstruosos.
— Eu não trocaria de vida com você, cientista chefe, — disse ela. — Eu
simplesmente não entendo por que você não concede uma pequena coisa a
um punhado de homens que não significam nada para você de qualquer
maneira.
— Skirata venderia esse conhecimento pelo lance mais alto.
Mandalorianos são amorais. Olhe para o nosso doador de clones, Fett.
Ko Sai parecia não ter ideia do quanto isso estava se tornando uma
cruzada para Skirata. Ele ultrapassou rapidamente o foco de apenas salvar
os seus filhos: agora sentia repulsa por toda a ideia de clonagem.
— Eu não acho que ele faria isso, — Etain disse. — Ele não é um
modelo de virtude, mas acho que ele usaria isso apenas em seus troopers e
depois as destruiria. Ele nunca o venderia.
Esperava que isso pudesse amolecer Ko Sai. Acontece que era a verdade,
e às vezes a verdade era tão inesperada em um mundo desonesto que era
uma arma de choque. Etain a deixou pensando nisso e voltou para a unidade
móvel de tecnologia genética estacionada do lado de fora. Mereel estava
limpando as superfícies com fluido esterilizante como um droide agitado.
— Eu não acho que a minha iniciativa de coração e mente está
funcionando com ela, Mer'ika, — ela disse.
— Isso porque ela está perdendo um dos componentes essenciais dessas
duas. Vou te dar alguns nanossegundos para descobrir qual deles.
— Eu acho que ela está finalmente chegando ao fim de suas forças
depois de ficar longe de Kamino e de todas as suas zonas de conforto por
um ano. Acho que ela não pensou direito quando fugiu.
Mereel recuou para admirar a sua obra, visivelmente subjugada. Aos
olhos leigos de Etain, o laboratório parecia bastante impressionante, mas
não tinha ideia do que a Cidade de Tipoca reservava para os seus cientistas.
O planeta inteiro dependia inteiramente das exportações de clonagem.
— Como se eu não tivesse pensado no que poderia acontecer se
conseguíssemos a pesquisa, pegássemos o cientista e depois pensássemos
que tínhamos todo o equipamento para encontrar uma solução para o
problema, — disse Mereel por fim. — Mesmo os Nulos julgam mal as
situações. É por isso que somos humanos e não droides.
— Acho, — disse Etain, — que você agarrou uma oportunidade porque
não fazia sentido ignorá-la e começou a acreditar demais nela. Como todos
nós fazemos às vezes.
E nenhuma mulher que concebeu um bebê como ela poderia julgar
qualquer clone por se apoderar do que podia. Às vezes, as coisas davam
certo.
A Força a fez ter certeza de que algo positivo, ainda não sabia o que,
viria de tudo isso.
Tinha que vir.
Residência de Jaller Obrim, Rampart Town, Coruscant, 499 dias após Geonosis

— Como está Fi hoje? — Besany perguntou. — Eu trouxe Dar para vê-


lo.
Jaller Obrim recuou para deixá-los entrar.
— Vejam por si mesmo. E se conseguir fazer Bardan relaxar um pouco,
estará se saindo melhor do que eu. — Ele deu um tapinha no ombro de
Darman. — Bom te ver de novo. Como Corr está se adaptando?
— Tudo bem, senhor. Ele explodiu uma instalação de armazenamento de
gás em Liul na semana passada e ficou muito satisfeito consigo mesmo.
Uma espécie de qualificação dele para o time, se ele precisasse de uma.
— Fico feliz em ver que vocês, garotos, sabem se divertir.
Fi estava quase na vertical agora, mas os tubos ainda estavam no lugar, e
o droide médico, um que foi programado apenas para enfermagem,
felizmente, checou o gotejamento de soro antes de deixá-los com ele. Jusik
parecia de volta ao seu estado relaxado.
— Eu esperei por você, — disse Jusik. — Hora da próxima fase.
Darman se empoleirou na beirada da cama de Fi e pegou a sua mão.
Todo mundo fazia isso automaticamente agora. Jusik abriu a bolsa que
trouxera na primeira noite e começou a retirar um conjunto de armadura
Mandaloriana.
— Eu invadi o seu armário, — disse ele. — Você sabe o quanto isso
significou pra ele.
O Jedi colocou um kama de couro cinza como uma toalha de mesa onde
Fi poderia olhar diretamente pra ele e colocou um capacete vermelho e
cinza e placas de armadura em cima dele.
— Vê isso, Fi? — Jusik sentou-se na outra ponta da cama e inclinou a
cabeça de Fi um pouco para que, se ele estivesse consciente de alguma
coisa, ele pudesse ver a coisa que mais valorizava: um conjunto de
armadura que ele havia roubado em Qiilura de um mercenário chamado
Hokan. Besany achou estranho que eles não parecessem achar perturbador
matar um Mandaloriano. — Você continua olhando pra isso, ner vod.
Porque você vai usá-lo assim que estiver de pé. Eu prometo. Você é um
homem livre agora.
Jusik se inclinou e olhou para o rosto de Fi como se esperasse que
respondesse, mas os movimentos dos olhos do comando pareciam
aleatórios e descoordenados. Jusik se acomodou ao lado de Fi novamente e
colocou uma mão em seu couro cabeludo, fazendo todos os esforços para
reparar o tecido danificado em seu cérebro.
Besany achou que era hora de deixar Darman com o seu irmão por um
tempo. Obrim ficou parado na porta por um longo tempo e acabou se
rendendo ao puxão dela em sua manga. Ela podia jurar que havia lágrimas
em seus olhos; certamente havia lágrimas nas dela. Ficaram parados na
cozinha e o capitão se ocupou fazendo caf, errando a xícara e espalhando os
grãos por toda parte.
— Ele nunca vai voltar ao normal, não é? — disse Obrim, com a voz
embargada. — Mesmo que volte a ser noventa por cento do que era, ainda
será difícil pra ele.
— Eu descobri que os clones têm uma definição muito alta de normal.
Eles também são incrivelmente resistentes.
— Aquele garoto ali... aquele garoto salvou os meus homens de uma
granada durante um cerco, jogando-se sobre ela. Digo que vale mais do que
um agradecimento e algumas cervejas no Clube de Oficiais da FSC. Ele
pode ficar aqui o tempo que precisar. Certo?
Besany já tinha ouvido essa história tantas vezes de tantos oficiais da
FSC, a maioria dos quais nem havia estado presente durante o incidente,
que estava começando a entender como as reputações e as lendas eram
feitas. Obrim era um dos homens duros da vida e não chorava com
facilidade. Mas Fi havia se tornado um ícone de alguma forma, um símbolo
para a polícia, pelo menos, de todos aqueles fardados que faziam o trabalho
sujo e não recebiam agradecimentos. Ele havia se tornado um herói. E,
como Ordo mencionava toda vez que usava a frase, os Mandalorianos não
tinham uma palavra para "herói".
— Certo, — disse Besany. — E estou feliz que Kal tenha um amigo a
quem ele pode recorrer.
— Alguém da idade dele para brincar, hein? — Obrim chacoalhou as
xícaras e não disse nada, com a mesma expressão no rosto que vira no rosto
de Skirata. Era o rosto de um homem descobrindo quem ele precisava
machucar para acertar as coisas com a galáxia. — É isso que elegemos?
— O que?
— Nós dois trabalhamos para a fiscalização do governo. Somos cidadãos
de Coruscant. É isso que pensávamos que estávamos recebendo como parte
do acordo? O que está acontecendo com a República?
— Eu sei. Eu me perguntei a mesma coisa...
— Cumpri vinte e oito anos na Guarda do Senado antes de me transferir
para a FSC. Tirei os olhos da bola? Eu me pergunto se isso aconteceu no
meu turno e eu não percebi.
— A polícia só pode lidar com a lei. Não é ética.
— Mas essas decisões estão sendo tomadas por políticos que conheço e
que protejo há anos. Isso torna... uma traição pessoal, suponho. — Obrim
parecia se concentrar no refeitório novamente. — Tecnicamente, por lei, nós
apenas roubamos propriedade do governo. Como tirar equipamentos de
escritório antigos de uma lixeira de departamento, não um homem vivo e
respirando com direitos. Como deixamos isso acontecer?
— Não aconteceu da noite para o dia. Isso se arrastou até nós.
— Mas quem vai fazer algo a respeito? O Senado está sorrindo e
concordando, e até mesmo o Conselho Jedi — certo, eu falo demais com
Jusik.
— Ele vai se rebelar, não vai?
— Ele não está feliz vestindo o roupão, posso te dizer isso. Garoto muito
cheio de moral. Muito moral. Nada disso de ver as coisas de um certo ponto
de vista. Sem ambiguidade. Ele chama isso como ele vê.
Besany se perguntou se Skirata sabia, e então pensou que provavelmente
percebeu as tendências de Jusik desde o início. Ele era bom nisso.
— Eles podem sair? Jedi podem renunciar?
— Não faço ideia. Talvez eles façam com que eles entreguem o cinto e o
sabre de luz ou algo assim.
— Nós vamos descobrir. Ordo diz que haverá um confronto com o seu
chefe em breve.
Besany deixou Darman o máximo que pôde, de olho no cronômetro
porque agora estava encaixando isso em seus intervalos para o almoço.
Jusik ainda estava sentado lá com a mão na cabeça de Fi, fazendo o que
quer que os Jedi fizessem quando curavam os outros, e falando baixinho
com ele. Ele olhou pra ela, distraído por um momento, e pegou a mão livre
de Fi. Viu-se segurando nervosamente as pontas dos dedos dele, não
sentindo nenhuma reação, e sentindo que estava de alguma forma se
intrometendo ao tocá-lo quando ele não estava ciente disso, ou pelo menos
incapaz de responder a ela. Com as suas feições frouxas, olhos
semicerrados e piscando com frequência, ele parecia mais um completo
estranho agora do que quando estava completamente indiferente.
— Eu volto mais tarde, Fi, — ela disse. — Um dos outros Nulos está
vindo para vê-lo em breve. A'den.
Jusik deu um tapinha na mão dela, sem olhar pra cima. Pediu o táxi
aéreo para deixar Darman no quartel e depois desceu alguns quarteirões de
seu escritório para pensar por alguns minutos. O seu foco estava se
ampliando novamente agora, abrangendo a cidade ao seu redor e os seres
que passavam por ela a pé e em speeders, e teve um momento de clareza
assustadora.
Usei um blaster na equipe da Enfermaria e sequestrei um paciente. Ou
roubei propriedade do governo. Qualquer que seja. Eu fiz isso. E isso está
além do hackeamento de dados. Eles vão me demitir, se quem estava me
observando não atirar em mim primeiro.
Estava profundamente envolvida na situação para perder a coragem
agora, e dane-se de qualquer maneira. Se ia cair em desgraça, o que estava
acontecendo, então não pioraria as coisas se usasse todos os freios.
Eu costumava ser sensata.
Besany se sentou à sua mesa e se conectou ao sistema de controle
contábil, com a atmosfera rarefeita onde os auditores podiam observar as
transações à vontade. Tinha sido honesta toda a sua vida, escrupulosamente.
Era o seu trabalho erradicar a desonestidade entre os outros. Mas era hora
de a República pagar as suas dívidas, e poderia começar com Fi, CR-8015,
que não existia agora, e nunca existiu na lei.
Tinha os códigos de acesso e a capacidade de cobrir a trilha de auditoria
que a levava até ela. Era uma questão relativamente direta cortar o banco de
dados do Grande Exército e registrar que o CR-8015 havia sido encerrado
após receber ferimentos dos quais era improvável que ele se recuperasse.
Entre alguns milhares de comandos, escondidos entre alguns milhões de
homens, ninguém acima de seu próprio comandante, General Zey, se daria
ao trabalho de verificar. O seu lugar no Esquadrão Ômega já estava
preenchido e os clones morriam todos os dias.
Apertou a tecla EXECUTAR, e Fi era um homem livre pela primeira vez em
sua curta e trágica vida.
Escritório do Diretor de Forças Especiais, QG da Brigada de OE, Coruscant, 503 dias
após Geonosis

Skirata nunca gostou de ser chamado ao escritório de ninguém, mas


parecia ansioso para responder ao General Zey hoje. Ordo o acompanhou.
Não havia sido convocado, mas se Zey quisesse expulsá-lo, poderia tentar.
O Jedi parecia um homem sob crescente pressão.
— Eu dei muita folga pra você, sargento, — Zey disse. — Uma galáxia
de folga. Um orçamento de folga. Agora, onde está? E o que Jusik está
jogando?
Kal'buir foi o último homem a ser intimidado por alguém, e Zey não
conseguia nem chegar perto disso. Ordo chamou a atenção de Maze e
descobriu que ambos estavam tensos para intervir para apoiar o seu mestre,
como um par de strills. Sim, é exatamente isso que somos. Animais
treinados para matar, e nunca podemos confiar em nós para não nos
tornarmos selvagens novamente. Maze e Ordo tinham um entendimento, no
entanto. Talvez Maze tenha entendido muito melhor desde que foi educado
sobre o seu irmão CRA, Sull.
— A Fi está morto, senhor, — Skirata disse. — Diz isso no banco de
dados.
— Ou seja, para usar a sua frase, um monte de osik.
— Sério? — Os braços de Skirata estavam ao seu lado, o que nunca era
um bom sinal. — Bem, ele estava em coma e os cuidados médicos foram
suspensos. Visto que a República é muito legal e civilizada para deixar uma
criatura que não consegue se alimentar morrer de fome, os droide médicos
estavam prontos para... qual é o eufemismo? Eutanásiar ele. Então, de uma
forma ou de outra, ele está morto, pois a República lavou as mãos dele
agora que ele não é mais útil e o CR-oito-zero-um-cinco não existe mais.
Senhor.
Zey parecia mortificado. Ele não era um homem insensível. Ele nem
mesmo trotou todas as banalidades Jedi usuais. Mas Ordo ainda pensava
mal dele por não ser como Bardan Jusik.
— Sargento, eu vi o registro. Não sei como você fez isso, mas sei que
fez, e quero prestar contas do paradeiro dele.
— Preciso saber, General. E você não.
— Este não é seu exército particular, Skirata.
— Exceto quando lhe convém.
— Sargento, você ainda é um membro do Grande Exército da República
e temos uma cadeia de comando aqui.
— Isso é uma ameaça?
— Eu poderia removê-lo de seu posto.
— Você pode tentar, mas mesmo que me expulse, ainda estarei por perto,
e a minha influência, redes e... habilidades para atuar permanecerão
inalteradas em tudo, menos no nome. Você precisa de mim dentro do
quartel, não do lado de fora jogando pedras.
Zey provavelmente entendeu que ele havia criado o Skirata fora de
controle parado na frente dele e que não havia como colocar o homem de
volta em sua caixa. Ordo estava, como sempre, orgulhoso de seu pai e
inspirado por sua recusa em ser intimidado. A única opção de Zey era matar
Skirata, assim como um trooper CRA que não andava mais na linha, e Ordo
não dava muito pelas chances de Zey fazer isso. Então a luta começou.
— Bem, só para manter os seus registros organizados, aqui está a
contagem de armaduras dele. — Skirata coletava as contagens de identidade
dos clone troopers caídos sempre que podia, um eco do hábito
Mandaloriano de manter uma peça de armadura como um memorial. Muitas
vezes, Mando'ade não tinha tempo, lugar ou oportunidade para sepulturas.
— Existe algum lugar em particular que você gostaria que eu empurrasse?
Zey fez uma pausa, quase rangendo os dentes por trás daquela barba
grisalha, então estendeu a mão para Skirata colocar a pequena aba de
plastóide em sua palma. Os seus olhos se encontraram por um momento, e
Ordo desejou que Zey desviasse o olhar primeiro. Ele desviou. A honra
ficou satisfeita. Kal'buir... inferior, superado, sem poderes da Força, ainda
era o macho alfa.
— Olha, sinto muito pelo Fi, — Zey disse calmamente. — Sinto muito
por cada clone que perde a vida ou fica ferido. Como Jedi, nos esforçamos
para tratar toda a vida senciente com compaixão. Não pense que não
sofremos com isso. Eu estava discutindo isso com o General Kenobi apenas
o...
— É assim que você fala sobre os animais, senhor. Não os homens. Se
você quis dizer esse tolo paternalista, insistiria que os soldados tiveram a
opção de permanecer como voluntários ou partir. Skirata fez uma pausa,
mas, a julgar pela maneira como engoliu, não foi para causar efeito. — E eu
não quero dizer com a ajuda de um de seus esquadrões da morte de
operações secretas, também.
Zey olhou para Skirata como se isso fosse novidade pra ele. Poderia
muito bem ter sido: os generais Jedi pareciam estar fora do circuito no que
diz respeito à condução da guerra, tanto em termos do que o Chanceler lhes
disse quanto do quanto ele deu atenção aos seus conselhos.
— Há algo que você queira me dizer, sargento?
— Ou você sabe, ou precisa saber, que os troopers CRA que saem da
linha acabam executados, e tenho provas de que pelo menos um foi alvo de
nossos próprios troopers de operações secretas.
Zey não parecia muito feliz. Não era o olhar de um homem culpado
pego, no entanto. Era um homem zangado cujo rosto estava iluminado pela
compreensão que começava.
— Não sei nada disso.
— Então está na hora, — Skirata disse, — de vocês Jedi tirarem as suas
cabeças de seus shebse, pararem de contemplar os seus midi-chlorians, e
fazerem uma checagem da realidade. Você vai levar um choque
desagradável um dia, General. Nós lhes falamos sobre as alegações
imensamente infladas de números de droides inimigos, e as táticas não
mudaram. Nós lhes dissemos que deveríamos concentrar forças em alguns
teatros principais, limpando antes de seguir em frente, e não dispersando
forças para que nunca tivéssemos forças para erradicar o inimigo.
Novamente, nada mudou. Nada disso é ganhar a guerra. É só continuar.
Então eu me pergunto o quanto vale a pena arriscar os nossos pescoços para
descobrir para você, se essa informação não for usada.
Zey estalou. Bateu com as duas mãos na mesa, um homem comum no
limite de sua resistência agora, não um Jedi. Ordo não vacilou, mas viu o
desconforto no rosto de Maze.
— Skirata, o comando Jedi não comanda esta guerra! — Zey rugiu. —
Os políticos sim, e o Chanceler diz que é assim que lutamos. Fim da
história.
— Isso não te assusta demais?
— Claro que sim. O que você pensa que somos, idiotas? Mas aprendi
que é assim que as guerras sempre funcionam, os políticos não ouvem os
militares, todos mentem loucamente sobre os seus bens e nunca há tropas
suficientes para todos. Talvez os Mandalorianos vivam em uma realidade
diferente.
— Você tem muitos ativos, na verdade...
Ordo teve um segundo de pânico cheio de adrenalina de que Skirata
mencionaria os clones de Centax, mas ele não expandiu, e Zey agora estava
com raiva demais para se impedir de interrompê-lo.
— Eu comprometi totalmente toda a brigada, Skirata, embora eu tenha
que perguntar o que os seus CRAs são realmente encarregados de fazer às
vezes.
— Você queria pessoal de operações especiais como eu para fazer o
trabalho sujo. Este é o preço da sujeira, senhor.
Skirata não esperou para ser dispensado e saiu quase sem mancar. Ordo o
seguiu. Eles caminharam pelo corredor, com as botas ecoando, até
chegarem à saída do pátio de desfiles. Lá fora estava um dia
agradavelmente ameno e eles se sentaram na parede baixa do perímetro
para se lavar com água quente. Era uma frase adorável para descobrir o que
o shab tinha dado errado, um daqueles eufemismos militares que o pobre Fi
gostava tanto.
— Zey não sabia sobre os esquadrões da morte, — disse Ordo. — Ele
realmente não sabia.
— Ele é o chefe das forças especiais. — Skirata remexeu nos bolsos de
sua jaqueta de couro e tirou a raiz ruik e algumas frutas cristalizadas, o ruik
pra ele e os doces para Ordo. Ele mastigou selvagemente, com o olhar
ligeiramente desfocado. — Ele deveria se preocupar em saber.
— E acho que foi sensato não mencionar os novos programas de
clonagem. Zey realmente iria cobrar para exigir que Windu obtivesse
respostas sobre isso. Eu preferiria que o gabinete do Chanceler não nos
notasse.
— Besany fez um bom trabalho lá, mas não quero que ela seja morta. —
Skirata cutucou Ordo nas placas com o cotovelo. — Ela é boa em todos os
aspectos, aquela. Mas tire-a de seu sofrimento, dê-lhe as safiras e pergunte
se ela gosta da ideia de viver no meio do nada com uma Kaminoana
deprimida como hóspede. Certo?
— Eu vou dizer a ela que eles são roubados. Ela é sensível a esse tipo de
coisa, sendo do Tesouro.
— Ord'ika, apenas tire alguns dias e passe um tempo de qualidade com
ela. Você sabe o que eu estou dizendo.
— Sim, Kal'buir.
Skirata cuspiu os restos fibrosos da ruik no canteiro próximo à parede.
— Daqui a um ano, se ainda tivermos um ano, então quero tudo pronto
para um ba'slan instantâneo. shev'la.
Significava 'desaparecimento estratégico' uma tática Mando para se
espalhar e desaparecer de vista, apenas para se unir em um exército
novamente mais tarde. Para eles, significava ir até o bastião de Mandalore e
ajudar quaisquer clones com ideias semelhantes que pudessem.
Eles nunca chegaram a falar sobre Jusik. Zey perceberia isso e voltaria
para a segunda rodada com Skirata mais cedo ou mais tarde. Mas ao
contrário de Skirata, ele não tinha o luxo de ba'slan shev'la.
Talvez precisasse pensar sobre isso. Todos precisavam de um Plano B,
até mesmo os Jedi.
CAPÍTULO 18
Levei muito tempo para entender que vencer uma guerra geralmente não tem nada a ver com
acabar com ela, pelo menos para os governos.
— General Arligan Zey, diretor de Forças Especiais do Grande Exército da República, sobre
o seu recente interesse na história militar

Bastião de Kyrimorut, norte de Mandalore, 539 dias após Geonosis

ão, não quero que você fique chateada, — disse Vau, — mas Fi
—N não é como você se lembra dele.
Etain assentiu gravemente enquanto esperavam que a Aay'han pousasse.
Vau não tinha certeza se um choque emocional era uma boa ideia para uma
mulher grávida tão perto do fim, mas ele tinha Rav Bralor aqui se alguma
daquelas coisas femininas precisasse de atenção. Mird seguiu Etain,
olhando fascinado para a sua barriga.
— Ele ainda é o Fi e acho que entendo a recuperação pós-coma agora, —
disse Etain. — Você não tem ideia de quanta literatura médica eu li
recentemente. Mas Mird está me preocupando.
Bralor estalou a unha do polegar contra a coronha de seu blaster, fazendo
Mird virar a cabeça para olhar maldosamente pra ela.
— E eu posso preocupar a Mird. Não posso, minha pequena erva fedida?
Vau sentiu necessidade de defender o camarada.
— Strills têm sentidos muito aguçados, lembre-se. Ele sabe que o bebê
está chegando.
— Como na oportunidade de lanche?
— Como na parentalidade, Rav. Mird é hermafrodita, lembre-se. É
capaz de ser mãe também, e você sabe como as fêmeas dos animais são
mães de qualquer coisa.
— Até você, Walon...
Etain olhou para o primeiro pulsar distante de uma desaceleração para a
aterrissagem.
— Eu realmente gostaria que Darman soubesse agora. Eu realmente o
amo.
— Quase lá, garota, — disse Bralor, apertando os seus ombros. —
Haverá um momento certo. Em breve.
Mas provavelmente nunca houve um momento certo para ela ver Fi
novamente. Aay'han pousou em seus amortecedores, tiquetaqueando e
rangendo enquanto os motores esfriavam, e a escotilha de carga se abriu.
Jaing saiu, conduzindo Fi em uma cadeira repulsora.
— Eu estava apenas de passagem, — disse Jaing, — mas esse maluco do
Mando'ad disse que reservou férias aqui.
Etain nem parou. Correu até Fi, a uma velocidade respeitável para uma
mulher carregada de carga, e lançou os braços ao redor dele. Mas ele não
teve coordenação para responder e simplesmente passou o braço por cima
do ombro dela.
Ele estava usando a armadura de Ghez Hokan, pelo menos na parte
superior do corpo. As placas das pernas provavelmente precisavam ser
estendidas; Hokan era um homem muito mais baixo. Jusik entendia muito
bem a motivação.
— Nós vamos ter que alimentá-lo, — disse Etain. — Você é todo osso
agora.
— Fizz, — Fi disse indistintamente.
— Ele quer dizer fisioterapia, — explicou Jaing. — Você pode se
esforçar para entender o discurso dele, mas dê a ele uma caneta e ele
conseguirá escrever muito do que não pode dizer. Ele também tem que
apontar para objetos, ele não consegue encontrar as palavras certas. Ah, e
ele esquece muito. Mas para um homem morto, ele está indo muito bem.
Vau achou particularmente cruel que Fi, um rapaz engraçado e eloquente,
tivesse sido efetivamente silenciado pelo ferimento. Mas foi muito cedo.
Bralor foi até ele também, mas Fi notou que Etain havia encorpado bastante
na seção intermediária. Ele apontou.
Etain deu de ombros.
— Então sua visão está ótima, Fi.
— Nuncassss...
— Eu te conto mais tarde, — ela disse. — Vamos mostrar a você a suíte
presidencial e ver o que o droide cuidador pode fazer.
— Está tudo bem, Fi. — Bralor assumiu. — Eu estarei por perto, ou
então o filho da minha irmã estará. Comida caseira Mando adequada. Isso
vai colocá-lo no lugar mais rápido do que qualquer um desses aruetyc osik.
Mas Fi ainda estava olhando para a barriga de Etain, e Vau sabia que ele
tinha memória suficiente para tirar a conclusão óbvia. Sem um grande
movimento facial como um sorriso, era difícil avaliar o seu estado
emocional, mas Vau não pôde deixar de pensar que era um pouco
reprovador e que ele poderia estar tentando dizer: Você nunca disse.
Era muito fácil atribuir pensamentos e palavras a ele. Eles teriam que ir
devagar.
Vau deixou Jaing e as senhoras para cuidar de Fi e foi verificar Ko Sai.
Mird, de volta ao seu ambiente nativo, olhou pra ele com uma expressão
esperançosa que implorava permissão para fazer o que mais gostava: caçar.
— Tudo bem, Mird'ika. Eu tenho que ver Ko Sai de qualquer maneira.
— Vau apontou para as árvores. — Oya! Oya, Mird!
O strill disparou em alta velocidade e desapareceu no bosque ao norte, e
Vau seguiu o seu caminho. O bastião tinha começado a adquirir uma rotina
como um verdadeiro domicílio, e agora que Vau, Skirata ou um dos Nulos
estava por perto a maior parte do tempo, Bralor estava supervisionando o
trabalho de construção de Skirata. Estava definitivamente sentindo yaim'la,
e era um complexo muito maior do que Vau havia pensado inicialmente. A
terra ainda estava livre na escassamente povoada Mandalore, contanto que
você não quisesse se amontoar em Keldabe. Aqui no norte, um clã pode se
espalhar.
Mas eu não faço parte disso. Estou só de passagem, entendeu?
A única parte do bastião que não tinha aquela sensação de calor ocupado
e com cheiro de fumaça de madeira eram os aposentos de Ko Sai, onde
parecia que ela havia criado uma zona de exclusão que era tão hostil quanto
na Cidade de Tipoca sem administrar o ser clínico, branco ou brilhante.
Ela parecia estar pendurada em sua mesa... Kaminoanos, com toda
elegância fluida, não se dobrava. Eles se curvaram. Com a cabeça baixa
enquanto fazia anotações, ela parecia prestes a cair completamente.
— Como tá indo? — ele perguntou.
— Outro dia em que lamento a falta de dados do meu trabalho do ano
passado, mas se você quer dizer que registrei mais informações sobre a
regulação dos genes do envelhecimento...
— Não vamos insultar a inteligência uns dos outros. Eu quero.
— Então eu tenho.
— Bem, minha pergunta não é sobre isso. É sobre o motivo. Ainda não
entendo por que você está retendo essa informação, porque nunca fez
exigências.
— Extremidade errada do escopo, possivelmente. Talvez seja porque eu
quero ficar viva o máximo possível, na esperança de que algo nas
circunstâncias mude, e eu possa retomar meu trabalho sem ser molestada.
— O Chanceler Palpatine foi o que mais te incomodou, não foi? Foi isso
que fez você se esconder.
— Qualquer um que crie tecnologia poderosa tem a responsabilidade de
não entregá-la a quem fará mau uso dela.
— Eu posso sentir que você não é de Rothana, de alguma forma...
— Depende da sua definição de uso indevido. — Ko Sai nunca pareceu
tão imponente quanto em Kamino, e não era apenas o guarda-roupa
limitado agora. O exílio estava corroendo a sua determinação. Pode chegar
um momento em que ela simplesmente ceda. — Mas posso perguntar por
que é tão importante para você restaurar o envelhecimento normal desses
clones? Você não é um homem irracionalmente emocional como Skirata. É
um empreendimento comercial para você?
— Vou correr para Arkania com isso e aceitar propostas? Não. Sem valor
comercial, exceto para aqueles interessados em subverter a gestão dos
direitos genéticos, que tendem a não ser os mais capazes de pagar de
qualquer maneira.
— Curiosidade, então, ou para provar as suas habilidades de
interrogatório?
— Não, é porque é injusto privá-los de uma vida plena. Esmagar os
fracos é a marca registrada de uma mente pequena.
— A Jedi disse que Skirata também não venderia os dados e
provavelmente os destruiria depois de usá-los.
— Esse é o Kal, tudo bem, — disse Vau. — Tudo o que ele quer é
consertar os seus filhos.
Vau tentou descobrir o que se passava na cabeça dela, mas mesmo depois
de anos entre os Kaminoanos, e conhecendo este melhor do que jamais
imaginou que conheceria, lembrou a si mesmo que usar motivos humanos
como base para entendê-los provavelmente era um erro. Além do orgulho,
não poderia mapear as preocupações humanas nos Kaminoanos. A
incompatibilidade foi provavelmente o que fez Mereel pensar que eles eram
desonestos.
— Eu vou indo então, — disse ele. — Veja o que Mird arrastou da
floresta.
— Você vai me avisar quando a Jedi tiver o seu filho, não vai?
— Oh, você provavelmente vai ouvir isso por todo o bastião...
— Ela me prometeu uma amostra de tecido.
Não, Vau não achava que Ko Sai estava se oferecendo para tricotar as
botinhas. Quando voltou para a área central, pôde ver Mird ocupado em
alguma atividade frenética no campo do lado de fora. Bralor e Jaing
estavam assistindo, paralisados. Ele tinha que ir e olhar.
Mird havia construído um ninho. Strills fez isso. Não apenas construiu o
ninho para a futura mamãe, mas também abasteceu a despensa. Um shatual
enorme, morto e mutilado jazia ao lado das espirais de grama seca
lindamente arranjadas.
— Deixa lá, a intenção é que conta. — disse Jaing.
Bralor riu.
— Essa é a coisa mais fofa que eu já vi, — disse ela. — Fofo e strill na
mesma frase... bem, você aprende algo novo todos os dias.
— Quanto tempo eles vivem? — Jaing perguntou. — Eu ouvi três ou
quatro vezes mais do que um ser humano normal.
— É verdade, — disse Vau. — Isso me preocupa, porque não tenho
família para passar os cuidados de Mird.
— Você é um grande molenga, sargento.
— Você consideraria levar Mird se alguma coisa acontecesse comigo?
Você nunca pareceu tão repelido por isso quanto os seus irmãos.
Jaing puxou a sua expressão de estou pensando nisso e balançou a
cabeça um pouco.
— Sim, sempre tive problemas de sinusite. Certo.
— Tenho a sua palavra?
— Sim. Você tem.
Vau sentia-se muito mais positivo do que em anos, o que lhe mostrava o
quanto se preocupava com o animal. Naquela noite, ele se sentiu
positivamente benigno, juntando-se aos outros na sala principal para
especular sobre o nascimento.
A sobrinha de Bralor, Parja, uma mecânica e ganhando uma boa vida
para uma jovem, apareceu para examinar Fi pela primeira vez.
— Jaing diz que vale a pena consertar você, — ela disse, agachando-se
para olhá-lo nos olhos. — Eu acredito que ele está certo.
Teria soado impensavelmente insensível para qualquer um que não fosse
um Mandaloriano, mas ela disse isso com um sorriso e passou a noite
inteira sendo maravilhosamente atenciosa com ele. Parecia muito mais do
que tato ou pena. Etain, observando protetoralmente, deu a Vau uma
piscadela totalmente incomum do outro lado da sala. A Jedi parecia ter um
radar para essas coisas. O contentamento pode ser encontrado em algumas
das situações menos prováveis, pensou Vau.
Dormiu bem naquela noite, com Mird enrolado em seus pés em cima dos
cobertores. Foi apenas o som de uma mulher em trabalho de parto que o
acordou e, apenas seis horas depois, Venku Skirata nasceu, sem dúvida o
bebê mais enrugado e com aparência de raiva.
Bralor e Parja estudaram Venku sem sentimentalismo.
— Kandosii, — disse Bralor, pegando o bebê nos braços. — É um garoto
muito saudável.
Vau refletiu sobre o tipo de futuro que Venku poderia enfrentar, ou criar
para si mesmo, e entregou a Etain seu comunicador.
— Continue, — ele disse. — Você sabe o que tem que fazer a seguir.
Etain, chorosa e exaustão, pegou o aparelho e mexeu nos controles. Ele
nem precisou lembrá-la. Ela digitou o código de Skirata imediatamente, e
quando ele atendeu, ela conseguiu apenas uma palavra.
— Ba'buir, — ela disse, e começou a chorar.
Avô.
Bastião de Kyrimorut, norte de Mandalore, 541 dias após Geonosis

Durante todo o caminho de Coruscant, Skirata permaneceu convencido


de que tiraria Venku dos braços de Etain sem pensar duas vezes, até que ele
entrou no quarto dela e viu aquele olhar lamentável em seu rosto.
— Está tudo bem, — disse ela. — Estou cansada e os meus hormônios
estão descontrolados, então se eu começar a chorar, continue como se nada
tivesse acontecido. Não mudei de ideia nem nada.
Skirata se inclinou para olhar para Venku, então Etain segurou o garoto
pra ele pegar.
— Aí está, Ba'buir.
— Venku é lindo, — Skirata disse. — Ele realmente é. — Seus filhos
biológicos já deviam ter suas próprias famílias, e talvez ele tivesse bisnetos
em algum lugar, mas este era o primeiro neto que ele poderia realmente
segurar e chamar de seu. — Venku. Sim, é você, não é? Sim, é, Venku! —
O bebê era muito jovem para responder a arrulhos e cócegas. Skirata se
contentou em apenas segurá-lo como um cristal frágil, uma mão apoiando a
sua pequena cabeça. Pelo menos ele se lembrava do exercício. — Ele é
perfeito, Etain. Você conseguiu. Estou tão orgulhoso.
— É bom poder rolar na cama de novo sem ficar presa, — disse ela, em
lágrimas.
— Você realmente precisa descansar, ad'ika.
— Isso não é o que eu pensei que sentiria. Nada disso.
Ela soava como Ippi. A sua falecida esposa também disse que não era
assim que eles descreviam nos holo revistas da família. Dadas as grandes
reviravoltas pelas quais Etain havia passado no ano passado, o fato de mãe
e filho terem sobrevivido era surpreendente. Havia muito a ser dito sobre o
sangue Jedi.
Mereel entrou e espiou por cima do ombro de Skirata.
— Ele é muito quieto, não é?
— Eles dormem muito nessa fase.
— Você acha? — Etain disse cansadamente.
Venku parecia um bebê normal com nada de notável nele, exceto talvez a
sua cabeça de cabelos escuros e finos, e essa normalidade era a coisa mais
maravilhosa que Skirata poderia imaginar. Fazia muito tempo que não
pegava um recém-nascido e ficava atordoado com ele. E partiu o seu
coração saber que Darman não poderia estar fazendo isso.
Eu estava errado. Shab, eu estava errado. Não posso manter o rapaz
longe de seu filho.
— Você não tem que passar por isso, — Skirata disse. — Eu sei o que
disse antes, mas você pode criá-lo aqui se deixar a Ordem Jedi. Rav está por
perto, estamos todos passando regularmente, você pode até ir para Keldabe
e ter muitos vizinhos ao seu redor...
— Mas e Dar? — ela perguntou.
— Preciso repensar isso.
— Não quero ficar aqui me preocupando enquanto ele luta, Kal.
— Mulheres com filhos pequenos fazem isso, Etain. É difícil ser a
retaguarda de um homem na frente, mas elas fazem isso.
— É diferente quando estou servindo. Sinto que tenho algum controle
sobre a situação, mesmo que não tenha.
— E quem precisa mais de você agora?
Skirata não podia culpá-la por hesitar e mudar de ideia. Teve os seus
próprios filhos e adotou muitos mais, mas até descobriu que o mundo era
um lugar diferente quando a criança estava ali na sua frente. Isso mudou
tudo.
E Etain não parecia a Jedi ingênua e bem-intencionada que o enfureceu
por pensar que era uma boa ideia dar um filho a Darman, omitindo dizer a
ele que ela estava correndo riscos. Ela era uma criança pequena e magra
que parecia exausta por causa da gravidez e cujo único erro foi nascer com
o conjunto errado de genes em um mundo que lhe impôs um destino desde
o nascimento. Ela era como Darman. Nunca poderia culpá-la agora.
— Você não me perguntou nada, — ela disse.
— Peso ao nascer?
— Você não quer saber se ele é forte na Força?
Skirata pisou com tato. Descobriu que estava determinado a não pensar
em Venku como um Jedi em espera. Isso nunca poderia acontecer.
— Ele é? Não é um dado adquirido, é?
— Não, não é. Mas ele será um usuário da Força. Depende de como ele
é treinado para lidar com isso.
Ela poderia estar tendo dúvidas sobre o futuro dele. Tudo o que ela
conhecia antes do início da guerra era um clã Jedi como família; o estresse
pode fazer com que as pessoas sigam o que elas conhecem melhor
— E quem vai treiná-lo?
— Eu vou. Posso me arrepender de ter tirado a sua escolha de ser um
Jedi, mas prefiro oferecer a ele o mundo mais amplo.
Houveram momentos em que ela realmente parecia uma Jedi, da mesma
forma que Jusik, simultaneamente criança e sábio antigo, envolto naqueles
mantos marrons e bege opacos. Skirata tentou imaginá-la como uma jovem
normal de sua idade, fazendo coisas sem sentido como se preocupar com
moda, e sentiu uma culpa agonizante pelas coisas duras que ele disse a ela
quando ela disse que estava grávida.
Estava feliz por ela ter feito isso. Darman teve um filho.
Iria matá-la ficar longe de seu bebê, porém, e encobrir o fato de que ela
havia dado à luz. Tinha tanta certeza de que era certo Darman não saber
sobre Venku até que estivesse pronto para a notícia. Mas agora não tinha
tanta certeza.
Tirei a sua chance de nomear o seu próprio filho. Então, onde isso me
deixa?
E Venku era uma mistura de Jedi que usava a Força e de soldado
perfeito, uma mercadoria valiosa. A cooperação contínua de Ko Sai estava
sendo comprada com um frasco de sangue e tecido. Não havia nada que a
isca de aiwha pudesse fazer com ele, mas ela o queria muito. Skirata iria
entregá-lo a ela.
— Et'ika, vamos escolher nosso momento e contar a Darman, — ele
disse. — Vamos ver se ele está à altura. Eu saberei.
— Mas não tenho certeza de como vou enfrentá-lo depois de mentir pra
ele assim.
— Eu vou contar a verdade a ele. Eu fiz você fazer isso.
— Mas você estava certo, Kal. Já é uma situação perigosa, faça o que
fizer. Não tem jeito. — Etain estendeu as mãos para pegar Venku
novamente e o colocou na curva de seu braço. — Uma vez que algumas
pessoas souberem qual é o seu parentesco, o problema começa. A menos
que Dar e eu desertemos, isto é, e ele não fará isso. Ela limpou a boca do
bebê. — Eu também não acho que posso. Não posso brincar de família feliz
enquanto esta guerra está acontecendo, não desse jeito, de qualquer
maneira.
Skirata viu seu ponto e se perguntou como ele reagiria na mesma
posição.
— Fi sabe agora.
— Sim. Mas ele não está exatamente em posição de deixar escapar para
ninguém.
— É melhor eu falar com ele.
— Acho que ele não entende por que não contei a Dar.
— Deixe comigo. Antes de mais nada, acho... a Ko Sai.
Skirata não a via há algum tempo, e quando ele e Mereel entraram na
unidade móvel de laboratório que ela finalmente se dignou a usar, ela o
lembrou de alguém definhando que conseguiu reunir um pouco de força
para cumprimentar um amigo. Mas não havia nada de amigável nela. Ela
estava ansiosa para brincar com aquela amostra.
Mas ela deve saber que nunca poderá fazer disso um supersoldado.
Imagine ter tanta fome de conhecimento que tudo o que você quer fazer é
descobrir, mesmo que nunca vá usá-lo.
Skirata não estava se arriscando. Se ela escapasse de Kamino, então ela
poderia tentar fugir daqui, mesmo agora. Desde o momento em que ela
tirou a amostra das mãos dele, ela foi trancada e sob vigilância.
— Ouvi dizer que o bebê está saudável e bem, — disse ela.
— Sim. — Skirata ergueu o frasco. — Agora você me diz o quão
saudável.
— Eu nem preciso testar para envelhecimento anormal, sargento, — ela
disse. — Qualquer gene modificado herdado de seu pai será projetado para
ser recessivo, e aqueles que ocorrem naturalmente no genoma de Fett foram
regulados quimicamente. Além de qualquer exotismo herdado de sua mãe
Jedi, o bebê crescerá normalmente, a menos que tenha tido muito azar na
loteria da vida.
— Você faz isso soar tão maravilhoso. — Skirata olhou para o frasco. —
E você deu uma boa pesquisada no genoma de Etain, imagino.
— Sim. Fascinante.
— Portanto, este coquetel apenas mostra como eles interagem.
— Não apenas. Esta é a parte mais fascinante de todas.
E Venku não precisava disso. Skirata poderia ir embora agora, se ele
acreditasse nela. Mas ele teve que fazer os testes dela também. Ele não era
um geneticista.
Mereel cutucou-o.
— Ko Sai manteve a sua palavra antes, e não é como se isso pudesse
fazer algum mal agora.
Skirata não tinha certeza se Mereel estava bancando o policial simpático
e desagradável com a Kaminoana, mas entregou a amostra.
— Divirta-se, — disse ele, e eles foram embora.
O bastião estava tomando forma. Os droides de Bralor construíram um
átrio circular protegido fora do centro principal, com um teto que deslizava
pra trás nos dias em que ninguém se importava com o que poderia ser visto
do ar; era ideal para assados ao ar livre.
— Eu digo para começarmos a massacrar aquele shatual se Rav ainda
não o preparou, Mer'ika. Refeição comemorativa perfeita, se tivéssemos
todo o clã aqui.
— Você disse clã.
— É isso mesmo, não é?
— Realmente é, Buir. Mereel sorriu. — A guerra um dia vai acabar.
— Vai acabar pra nós, — Skirata disse. — E o resto da galáxia pode
fazer o que quiser. Enquanto isso, preciso fazer amizade com alguém
confiável que trabalhou na Micro Arkanian.
— Mas não antes de assar um pouco de shatual, hein? — Mereel sorriu.
— Eu sou um tio agora. Eu tenho que fazer as coisas direito. — Tio.
Ba'vodu.
Era uma linda palavra de família. Foi aqui que o futuro começou; esses
dias, Skirata tinha certeza, marcavam o início da esperança para os seus
garotos, até para Mandalore.
Sim, Micro Arkanian poderia esperar mais algumas horas.
Bastião de Kyrimorut, norte de Mandalore, 545 dias após Geonosis

— Como as mulheres Mandalorianas transportam os seus bebês? —


Etain perguntou. — Tenho certeza de que elas não viajam com essa
quantidade de equipamentos só para um passeio de algumas horas pela Via
Hydian.
Na verdade, não conseguia lidar com a sacola de fraldas, leite e mudas
de roupa. E pensar que já havia carregado um rifle LJ-50 para a batalha:
agora ea estava esgotada simplesmente levantando uma bolsa de viagem e
forçada a recorrer a um repulsor auxiliar.
Bralor deu uma última espiada em Venku.
— Mochila, — disse ela. — Mas, dadas as circunstâncias, eu diria que
trapacear é bom. Lembre-se, Mando'ade não gosta de dor e sofrimento, nós
apenas somos melhores em suportá-las do que os aruetiise. Seja gentil
consigo mesma. Esta não é uma competição de resistência.
— Voltarei sempre que puder.
— A qualquer hora, vod'ika. Tem certeza que quer continuar com isso?
De volta ao quartel?
— Sempre posso mudar de ideia.
— Bem, por mais banal que pareça... estamos aqui. Só espero que
Darman esteja pronto pra tudo. Bralor esticou o pescoço para olhar pela
fresta estreita da janela. — Eles são rapazes maravilhosos, mas não
conseguem deixar de ser ingênuos em algumas áreas. Claro, os Nulos
tiveram a ideia rapidamente, exceto talvez Ordo...
— O que você está procurando?
— Parja e Fi. Ela está fazendo ele andar hoje. O equilíbrio dele é
disparado para Haran, mas ela tem corrimãos configurados, droides em
espera, o que você quiser. Essa garota nunca desiste de um conserto ou de
filhotes de nuna órfãos.
Etain ainda via o que Fi tinha e depois perdeu: uma vez um homem
perfeitamente feito, extremamente apto, agora alguém que lutava para ter
uma conversa básica, esquecia onde estava, precisava de ajuda para comer e
estava aprendendo a andar corretamente novamente. Parja, nunca tendo
conhecido aquele Fi perfeito para usar como referência, apenas viu quem
ele era agora e pareceu descobrir que ele tocou nela. Ela parecia incansável
em sua devoção.
Eu não iria contrariar essas pessoas, mas se eu tivesse que escolher em
quem confiar se minha vida dependesse disso...
Mas havia escolhido e não ficou desapontada.
— Vou me despedir de Ko Sai, — disse Etain. Ainda soava totalmente
inacreditável para ela, como se este fosse apenas uma vizinha que tinha que
agradar pelo bem da harmonia. Era preocupante pensar em como até
mesmo os seres mais repulsivos poderiam parecer normais se você se
acostumasse com os seus costumes passando tempo com eles. A escuridão
rastejou silenciosamente sobre os incautos. — Eu me pergunto que tipo de
bondade genética posso inventar para mantê-la entretida e cooperativa.
Bralor retomou o seu tom profissional novamente.
— Você sabe que Kal vai ter que atirar nela um dia, não é?
— Acho que sim.
— Pessoalmente, eu faria isso agora, levaria os arquivos que você tem
para outro mestres clonadores e trocaria com eles, porque todos eles sabem
como envelhecer clones rapidamente em algum estágio. Ou apenas levae a
shabuir até Arkania e deixar que eles o tirem dela para você. Bralor colocou
um grande pacote flexível no saco de Etain. — Se ela souber de algo que
valha a pena, é isso. Esse é o shatual, aliás, assado e fatiado. Compartilhe
com Darman e os garotos. A maneira certa de comemorar o nascimento de
um filho, mesmo que você ainda não possa contar.
Etain caminhou pelo lado de fora do bastião até o laboratório de Ko Sai,
Venku segurou perto dela e avistou Parja guiando Fi entre dois trilhos de
cerca. Fi caiu; Parja o içou com a ajuda de um droide e eles recomeçaram.
Fi uma vez deixou uma impressão na Força de ressentimento e solidão
desnorteada, constantemente se perguntando por que ele não poderia ter a
liberdade e o companheirismo na vida que todos os outros ao seu redor
pareciam ter. Mas quando Etain o alcançou na Força para ver o que ele
irradiava agora, a mistura era diferente, assustada, confusa e buscando o seu
antigo eu, mas a solidão havia desaparecido.
Por fim, Fi não se sentia mais sozinho. Ele pagou um preço terrível para
chegar a esse estado, mas parecia mais em paz do que nunca. A Força
equilibrava os seus livros de maneiras estranhas.
Segurando Venku em seu braço esquerdo, Etain bateu nas portas.
— Ko Sai, é Etain. Posso entrar?
Era só diplomacia. A porta trancada estava codificada, e Etain podia
entrar e sair quando quisesse. Mas não adiantava esfregar isso no nariz de
Ko Sai. Ver Venku pode prejudicar ainda mais a sua determinação.
— Ko Sai?
Não houve resposta. Etain teve um súbito pânico: a Kaminoana havia
fugido com as amostras de tecido.
Não seja estúpida. Ela não pode escapar. Ela está apenas absorta em
alguma coisa.
Etain digitou o código e entrou de qualquer maneira.
Ko Sai realmente fugiu: mas ela escapou para onde ninguém poderia
segui-la, levando consigo qualquer conhecimento que tivesse.
Ela pendurou uma corda em uma das vigas transversais.
Etain levou a mão à boca, mas não gritou. Tinha visto muito no campo
de batalha para reagir. Eu sei o que fazer. Eu chamo Kal. Oh não, não,
não... Pegou-se xingando com uma voz soluçante enquanto invocava
Skirata pelo comunicador, e olhou para a nota no datapad que ainda estava
iluminado na bancada.
Obrigado, Etain. Foi fascinante.
Mais uma vez, Ko Sai, geneticista sem igual, teve a última palavra.
CAPÍTULO 19
Maze, se você achar que deseja seguir uma carreira alternativa, me informe em particular.
Tenho certeza de que poderia adquirir alguns recursos para ajudá-lo... a realocar.
— General Arligan Zey ao seu ajudante, capitão do CRA, capitão Maze, depois de receber
respostas inconclusivas sobre o que pode acontecer com as clones troopers que desejam deixar o
exército após a guerra.

Bastião de Kyrimorut, Mandalore, 545 dias após Geonosis

E ntão a isca de aiwha ainda estava puxando a sua corrente, embora ela
estivesse morta.
Skirata se encostou no batente da porta e olhou para o corpo de Ko Sai,
imaginando o que havia perdido. Vau e Mereel verificaram cuidadosamente.
— Eu não faço autópsias completas, nem mesmo por hobby, — disse
Vau, — mas não consigo ver como alguém poderia ter chegado perto o
suficiente de Ko Sai aqui para assassiná-la, mesmo sabendo que a
estávamos segurando..
— Ela estava ficando cada vez mais ocupada com a vida a cada dia. —
Mereel removeu a ligadura. — Ela devia saber que não estava indo para
casa. Mas nunca considerei os Kaminoanos como suicidas. Autoestima
excessiva. Pode ter sido o último ato de desprezo por nós.
Vau cutucou o cadáver pensativo.
— Mas eles não são as espécies mais cosmopolitas e viajadas. Grande
coisa pra eles deixarem Kamino. Pessoalmente, não estou surpreso que ela
tenha saído dos trilhos.
— Eu teria pegado o desintegrador com cabo de pérola e feito a coisa
certa há séculos, — murmurou Mereel. — Mas então eu não sou um pedaço
xenófobo arrogante de tatsushi.
Skirata só podia ver um fluxo tênue de dados que finalmente secou.
— Fico feliz em ver que isso não traumatizou vocês, rapazes, — ele
disse amargamente. O seu choque não demorou muito para dar lugar à
raiva. — Eu estava ficando preocupado que isso pudesse ter marcado vocês
para o resto da vida.
Ela já tinha feito isso com Mereel, é claro.
— Ela pode ter ficado sem informações para nos dar.
— Ela pode, — disse Skirata, — esteve puxando a nossa corrente o
tempo todo.
— Bem, eu sei o que vou fazer no futuro próximo. Recolhendo o que
temos e encontrando outro geneticista ou três para me aconselhar. Mereel
inseriu uma sonda no computador. — Apenas verificando se ela não
destruiu os dados... não, ela pensou que o seu trabalho era muito sagrado até
mesmo para ter um ponto final apagado. Que garota. Eliminar a teoria como
o último ato de desacato, então.
— Ainda acho que devemos arriscar e fazer um acordo com a Micro
Arkanian, — disse Vau. — Todo clonador precisa lidar com o
desenvolvimento acelerado. É com isso que eles funcionam.
— Mas são baratos e desagradáveis, — disse Mereel.
— Então? Não estamos comprando deles. Nós só queremos que eles
digam: Ei, esses são os genes que você precisa para ligar e desligar, e então
obtemos o regulador fabricado por uma empresa farmacêutica.
— Eu tenho isso em mãos, — Skirata disse, incapaz de tirar os olhos da
Kaminoana morta. Ele meio que esperava que ela estivesse se fingindo de
morta, não um cadáver. — Antes de mais nada.
— Assim que soubermos o que é, também temos, — disse Mereel. —
Estamos sentados no equivalente de clonagem do Pergaminho Sagrado de
Gurrisalia e não podemos ler o idioma, não bem o suficiente, de qualquer
maneira.
Eles ainda tinham uma Kaminoana morta para se livrar também. Skirata
se perguntou que uso poderia fazer dela agora. Ninguém jamais acreditaria
que não a matou, não tinha certeza de por que não o fez, no final, então
talvez houvesse alguma vantagem a ser obtida aqui. Se ela não pudesse ser
útil pra ele viva, ela ganharia o seu sustento morta.
— O Delta ainda está cavando sob a ilha Mundo da Ação, não está?
— Sim, Kal'buir.
— Acho que eles precisam encontrar o que estão procurando. Por a
mente do Chanceler em repouso. Tirá-lo de nossas áreas de interesse, por
assim dizer.
— Como vamos plantá-la lá? — Vau perguntou.
— Não vamos, — disse Skirata. — Vou dar uma palavrinha com o Delta.
Mereel balançou a cabeça.
— Eles não são nós. Eles seguem as regras. Eles vão contar ao Zey.
Vau pareceu ofendido.
— Não subestime o quão diplomáticos eles podem ser, Kal. Eles não
contaram a ele sobre o roubo a banco, contaram?
— Certo, Walon, vou esclarecer a minha história para que não joguemos
Jusik nela como o vazamento de Ko Sai, e fornecerei alguns exames
forenses pra eles baterem na mesa de Zey.
— Feito. Agora, e o corpo?
— Não estou ansioso por isso. — O ódio de Skirata por Ko Sai e a sua
espécie não se estendia para tornar mais fácil o que ele tinha que fazer a
seguir. — Mas me ajude a levá-la para o celeiro. Eu farei o meu próprio
trabalho sujo.
— Acho que Jaing e eu deveríamos fazer isso, na verdade, Buir. Mereel
conduziu os dois homens mais velhos pra fora do laboratório. — Ko Sai e
nós... nós remontamos a um longo caminho.
Skirata sempre pode contar com os Nulos. Um dia eles poderiam falar
sobre isso, mas por enquanto estava simplesmente grato por eles terem se
oferecido como voluntários e se perguntou se agora haveria algum tipo de
encerramento pra eles.
— Você está... doando o corpo inteiro para o Delta? — Vau perguntou.
— Não, — Skirata disse, de repente tendo uma ideia totalmente nova, e
não gostando de si mesmo por isso. Ela tinha família? Depois de todos os
anos que passou em Kamino, ainda não sabia. — Não faria nenhum mal a
Lama Su pensar que nós a pegamos no final. Acho que vou fazer a coisa
certa e mandar a maior parte dela pra casa.
— Eles vão gostar disso... — disse Vau.
— Munit tome'tayl, skotah iisa, — Skirata disse. Memória longa, pavio
curto: era o que dizia o personagem Mandaloriano. — Eu odiaria que
Kamino nos esquecesse.
Mas talvez, um dia, eles possam esquecer Kamino.
— Vou chamar Jaing e Ordo. Mereel pegou uma vibrolâmina. — Este é
um trabalho que está há muito tempo no planejamento.
Mereel não deu detalhes e Skirata não perguntou. Ele pegou o cotovelo
de Vau e o conduziu pra fora.
Ko Sai não era a única pessoa que Skirata não conhecia tão bem quanto
achava que deveria.
Apartamento de Besany Wennen, Coruscant, 547 dias após Geonosis

Besany sempre levava o seu blaster consigo quando atendia a porta


ultimamente, e não a abria até que fizesse todas as verificações de
segurança que Ordo e Mereel haviam instalado para ela. Mas hoje era só o
Kal Skirata quem apareceu, carregando algo em seus braços.
— Desculpe, Kal, — ela disse. — Eu sempre espero que você apareça na
pista de pouso, como Ordo faz.
— Eu não queria deixar você em pânico. — Ele indicou o pacote com
um aceno de cabeça. — Não com esse amiguinho a bordo.
— Se eu não soubesse, eu diria que você está carregando um — oh, você
está. É um bebê...
Skirata respirou fundo e colocou o pacote de cobertores, cinza pérola
liso, muito macio, em seu sofá, então se inclinou sobre ele e descascou as
camadas de tecido com cuidado lento.
— Ele não é lindo? — Sua voz era um sussurro. — Eu posso precisar
que você cuide dele. Nem sempre, mas às vezes.
O bebê era recém-nascido, com uma cabeleira de cachos escuros e
sedosos, profundamente adormecido. Besany não tinha certeza do que
dizer; ela gostava tanto de Skirata que faria qualquer coisa por ele, mas não
sabia nada sobre bebês e ainda tinha um emprego regular. Pegou a mão dela
sem desviar o olhar da criança adormecida e apertou-a delicadamente como
se os dois estivessem compartilhando uma piada maravilhosa.
— É o filho de Darman e Etain, — disse ele. — Venku.
— Oh. Oh. — A informação flutuou em uma corrente de descrença antes
de afundar e chocá-la. — Oh céus.
— Isso vai ser um pouco estranho por um tempo. Darman não tem ideia
de que é pai. Ainda estou decidindo se ele está pronto para descobrir.
Besany não conseguia tirar os olhos do bebê. Ele era real, um bebê de
verdade, deitado no sofá dela. Ela ainda tinha problemas para aceitar isso.
— Então é por isso que Etain está fora de contato por um tempo. Eu
nunca teria adivinhado.
— Ela quer continuar como general. — Venku acordou e começou a se
preocupar, dando pequenos chutes ineficazes. Skirata o pegou novamente
com toda a facilidade de um pai que já havia feito isso antes, muito tempo
atrás. — Se o Conselho Jedi descobrir que ela está envolvida com Dar, ela
será expulsa. Então, no que diz respeito a todos, exceto você, eu, Bard'ika,
Vau, os Nulos e alguns poucos selecionados em Mandalore, este é meu
neto.
— O que ele é, realmente.
— Tenho um passado doméstico tão complicado que não surpreenderá
ninguém se a minha família largar uma criança em cima de mim.
— Suponho que tê-lo criado em Mandalore estava fora de questão.
— Se o pai dele não pode criá-lo, — disse Skirata, — então o dever recai
sobre mim.
Besany ainda tinha muito a absorver sobre o costume Mandaloriano.
— Mas você está no serviço ativo. Você mora no quartel, não é?
— Exatamente. Agora, aluguei um lugar para Laseema perto do
restaurante Kragget, então vou me mudar para lá por enquanto e ver como
nos damos.
Skirata era um consertador compulsivo que podia fazer qualquer coisa
acontecer por meio de sua extensa rede de contatos. Um dia, Besany
perguntaria com tato sobre a sua vida antes do Grande Exército, mas já
sabia que isso a deixaria sem dormir.
— Você alugou um apartamento pra ela?
— Você acha que eu a deixaria presa na casa de Qibbu? Você sabe como
as garotas Twi'lek são exploradas em cantinas assim. Ela é a senhora de
Atin, e isso significa que ela é da família. Sou frequentador regular do
Kragget e há muitos rapazes da FSC usando o local, por isso é seguro.
Ele parecia um pouco envergonhado. Talvez ele estivesse preocupado
que Besany achasse que falhou por não estabelecer Laseema em um bairro
elegante como o dela.
Eu estou louca. Eu realmente deveria dizer não. O que eu sei sobre
crianças?
— Certo, só tenha em mente o meu horário de expediente. Você também
pediu ao Jaller?
— Eu pedi muito a ele ultimamente. Prefiro evitar pedir novamente. Mas
é o melhor compromisso em que pude pensar que ainda permite que Etain
veja Venku quando ela não estiver implantada.
— Nós vamos fazer isso funcionar, — disse ela. Parecia a promessa mais
louca que já tinha feito. Mas então havia sequestrado um comando em coma
da Enfermaria e feito muitas outras coisas ridiculamente perigosas
recentemente; este foi apenas mais um ato de loucura em uma lista
crescente.
Skirata deu ao bebê um sorriso exagerado e o beijou na testa.
— É normal que os garotos Mando acompanhem o pai no campo de
batalha desde os oito anos de idade, mas acho que Venku será um dos
primeiros a começar.
Besany tentou reconciliar a aversão de Skirata pelos Kaminoanos por
expor garotos pequenos a armas de fogo com a tradição Mandaloriana, mas
talvez a diferença residisse em saber que o seu pai estava ensinando você a
sobreviver, não condicionando você como um produto. Perguntou-se se as
crianças sentiram a diferença. Era uma pergunta para fazer a Ordo.
— Então, o que acontece agora, Kal?
— Você se importaria se eu trouxesse o Esquadrão Ômega aqui para...
bem, apresentá-lo? Não posso levá-lo para o quartel. Zey pode senti-lo. Eles
podem sentir um ao outro na Força, os Jedi.
Oh céus, sim. A mãe dele é uma Jedi. Ele é... um sensitivo à Força. Oh
garoto. Reunimos o conjunto completo de problemas.
— Claro que você pode. — Besany pensou instantaneamente em qual
comida de bufê ela poderia colocar na mesa. Ela estava sempre pronta para
receber convidados que nunca vinham e sabia que ansiava por pertencer; a
atração da gangue de Skirata era que ela nunca se sentia como uma estranha
lá. — Eles estão de volta à cidade?
— Eu tento garantir que eles recebam as missões mais curtas, sim. —
Ele ergueu as mãos defensivamente. — Eu sei, eu sei, tenho a maior parte
dos noventa garotos do meu lote original em campo, mas o Ômega é
especial.
— Um dia, você vai ser sincero comigo sobre tudo?
— Mesmo as coisas que é melhor você não saber?
— Estou sob vigilância da Inteligência da República e estou vasculhando
arquivos que são muito próximos do Chanceler. — Uma vida inteira
sabendo o que não precisava perguntar e o que era melhor negar foi direto
pela janela. — Eu também posso saber o pior.
— Certo.
Skirata pegou Venku e caminhou pelo apartamento com a criança
embalada em seu ombro, gentilmente dando tapinhas em suas costas e
fazendo barulhos de avô amoroso. Agora não seria a hora que teria as
explicações, então. Talvez fosse necessário um programa de interrogatório
de um dia inteiro para cobrir uma longa carreira de remoção de pessoas e
coisas, ou arrastá-las gritando para um cliente. Não tinha ilusões. Conhecia
a companhia que Skirata mantinha.
Ele veio de um mundo sujo, assim como Ordo. Mas ainda se sentia mais
limpa no mundo deles do que nos corredores lustrosos do Senado, ou
mesmo na rua cercada por cidadãos que estavam preocupados demais com
o último holo vídeo para perguntar o que estava acontecendo com a sua
sociedade ultimamente.
— Aqui, — disse ela, estendendo os braços para pegar o bebê. —
Mostre-me como segurá-lo. Apresente-o a sua tia Besany.
Escritório do General Arligan Zey, Diretor das Forças Especiais, QG da Brigada de OE,
Coruscant, 547 dias após Geonosis
Etain sabia que isso seria ruim, apesar do arranjo informal de cadeiras
confortáveis no escritório e o refeitório na mesinha, mas aguentou.
Não havia absolutamente nada que o General Zey pudesse dizer ou fazer
para mudar o medidor com ela agora. Certo, pode ficar chorosa, mas esse
era o caos hormonal pós-parto dela. Não tinha vergonha disso.
Teve um filho e isso mudou a maneira como via toda a galáxia.
Jusik, também convocado para a conversa de reorientação, sentou-se
com os braços cruzados sobre o peito como um pequeno Skirata, exalando
desafio silencioso. A sua barba estava bem curta, ele havia trançado o
cabelo firmemente em um rabo de cavalo e, de repente, não parecia tanto
com um Jedi, apesar das vestes e do sabre de luz. Ele parecia um homem,
idade desconhecida, que já viveu o suficiente.
Etain deu a ele um toque gentil na Força. Vai ficar tudo bem. Ele virou a
cabeça ligeiramente e sorriu, e ficou claro que não ficaria.
— Estou muito feliz por vocês dois terem conseguido, — disse Zey. Seria
o sarcasmo de grau de armas hoje, então. — Dadas as suas agendas muito
ocupadas. — Ele deu a Etain um olhar especialmente longo. — Os
Gurlanins me agradeceram por seu excelente trabalho na evacuação de
Qiilura, General Tur-Mukan e... sua ajuda no processo de reconstrução.
Você não pode me tocar. Eu tenho um filho. Tudo o que temo é pelo bem-
estar dele e do pai. Não meu.
— Fiz o que pude, senhor.
— A inteligência relata que alguns dos fazendeiros deslocados já se
juntaram à resistência Separatista.
— Nunca seria uma decisão popular e, sim, sofri mais baixas fora do
GER do que gostaria. — Costure uma etiqueta nisso, Zey. — O comandante
Levet merece um general mais experiente.
Zey ainda estava examinando-a de perto. Sentiu-o alcançá-la Força,
procurando o que não podia detectar com os seus sentidos comuns. Tudo o
que conseguiu foi o cansaço e a sensação de dever cumprido, mas
interpretou tudo errado.
— Posso ver que isso afetou você.
— Sim, senhor.
— E você, general Jusik... peço desculpas por arrastá-lo de volta de
Dorumaa, mas estou preocupado com você.
— Estou bem, senhor.
— E não tenho ideia de onde você esteve nas últimas semanas, mas
duvido que tenha sido gasto em Dorumaa, não importa o quão leal o Delta
seja em sua cobertura.
Jusik não respondeu, mas não foi um silêncio culposo. Zey olhou de
Jusik para Etain e vice-versa, como se procurasse uma brecha na parede da
conspiração, e obviamente não encontrou nenhuma. Ele optou por bater na
parede no típico estilo Zey.
— Quero que vocês dois ouçam com atenção. Estamos muito
sobrecarregados, e se eu tivesse Jedi de sobra, já teria tirado vocês dois do
serviço ativo. Vocês dois são competentes e não duvido de suas boas
intenções, mas vocês dois estão saindo dos trilhos. — Ele fez uma pausa.
Foi a pausa do tipo vou-deixar-isto-se-afundar e, por alguma razão, fez
Etain se arrepiar. — Agora, eu entendo a sua camaradagem com Skirata.
Ele é um excelente soldado, mas vocês são Jedi, e estamos nos
aproximando rapidamente do ponto em que não posso mais lhes dar folga.
Voltem ao quadro. Comecem seguindo alguns procedimentos. Skirata não é
o seu modelo. Ele é um Mandaloriano.
— Sim, senhor, — disse Etain.
Zey não conseguiu arrancar uma palavra de Jusik.
— General? Isso faz sentido para você?
— Acho que discordamos sobre as definições, senhor, — disse Jusik
com cuidado. — Como Jedi.
— Qual é?
— Estou sendo um Jedi, senhor. É algo que você vive em cada interação
que tem com cada ser vivo, não uma filosofia que você discute em termos
abstratos. E não tenho certeza se o tipo de Jedi que o Conselho quer que
sejamos seja bom o suficiente.
— Bem, você não seria o primeiro Cavaleiro Jedi ou Padawan a se
rebelar. É normal. Eu fiz isso na sua idade.
— Então por que você não está fazendo isso agora, senhor?
— E contra o que eu me rebelaria? A guerra?
— É um bom lugar para começar.
— Jusik, não estou cego para as concessões que temos que fazer, mas
tenho que responder ao Conselho e ao Senado, então não posso me dar ao
luxo de travar pequenas cruzadas nas margens.
— Mas é isso que devemos fazer, senhor, fazer a diferença como
indivíduos. Sinto muito, mas o principal dever de um Jedi não é manter um
governo no poder. É para ajudar, para curar, para trazer a paz, para defender
os vulneráveis, e quando esses são apenas slogans que lançamos por aí, e
não como tratamos os indivíduos, é pior do que sem sentido. — Jusik não
parecia ter suado e deixou uma impressão de uma calma triste na Força.
Etain podia sentir uma força crescente emanando dele como um ímã. —
Então... — Ele fez uma pausa e engoliu em seco. — Então, estou
solicitando uma transferência, senhor. Quero renunciar à minha comissão e
servir como médico de combate.
O choque de Zey era palpável. A sua expressão suavizou, e qualquer
repreensão que ele estava se preparando para descarregar em Jusik parecia
ter evaporado. Etain também não esperava por isso. Este era um estranho
sentado ao lado dela: mas o Jusik que sempre conheceu estava lá em algum
lugar.
— Não tenho certeza se existe um mecanismo para isso, Jusik, — Zey
disse finalmente.
— Certo. — Jusik acenou com a cabeça algumas vezes, olhando para o
colo por um momento. — Pensei muito nas consequências de não liderar os
meus homens no campo e se estou piorando a situação deles ao fazer isso,
mas não posso mais viver com isso. Nós sancionamos o uso de um exército
de escravos. É contra todos os princípios de nossa crença e é uma mancha
em nós, e um dia pagaremos o preço de nossa hipocrisia. Isto está errado.
Portanto, tenho que deixar a Ordem Jedi.
E acabei de deixar o meu bebê aos cuidados de outras pessoas porque
quero ficar.
Etain estava em crise. Sentia-se tão forte quanto Jusik, mas não
conseguia sair agora. De repente, não conseguia ver as raízes de seus
próprios motivos; toda a certeza que construiu com tanto cuidado, certeza
preciosa, a coisa que ela ansiava desde os primeiros dias, quando se sentia
tão insegura de sua capacidade de ser uma boa Jedi, desmoronou, e se
sentiu covarde por não se levantar como Jusik o fez, mas incapaz de se
afastar de suas tropas.
— Você tem certeza disso, — Zey disse. Não era uma pergunta.
— Eu tenho, senhor.
— Então que a Força esteja com você, Bardan Jusik. E me arrependo de
ter perdido você. O que você vai fazer agora?
Jusik parecia como se um fardo enorme tivesse sido tirado dele. Ele
também parecia assustado pela primeira vez.
— Sempre pensamos que as escolhas disponíveis para um usuário da
Força são lado bom ou lado sombrio, Jedi ou Sith, mas acredito que há um
número infinito de escolhas além dessas, e vou fazer uma. — Ele se
levantou e abaixou a cabeça educadamente. — Posso ficar com o meu sabre
de luz, senhor?
— Você construiu. Você fica com ele.
— Obrigado, senhor.
As portas se abriram e depois fecharam com um sibilo atrás dele. Etain
foi deixado em um terreno baldio. Zey soltou um longo suspiro.
— Eu me arrependo disso, — disse ele. — Eu realmente faço. Muito
bem, General. Demitido.
Etain caminhou até as portas e se virou quando elas estavam fechando.
Ela teve um vislumbre de Zey com os cotovelos sobre a mesa, a cabeça
apoiada nas mãos, e soube que não era a resignação de Jusik que o havia
esvaziado, mas que ele havia feito e respondido à pergunta que quase todos
os outros Jedi escolheram fazer. ignorar.
Era uma mancha, de fato. E todos eles podiam ver isso.
Apartamento de Besany Wennen, Coruscant, 548 dias após Geonosis

— Você não está um pouco velho para cuidar de bebês, Sargento? —


Niner perguntou, abrindo caminho através de um prato batatas fritas de
musgo crocantes.
Skirata deu a ele aquele gesto especial de mão Mando em desacordo
amigável, aquele que ensinou aos seus garotos a nunca usar na frente de
uma companhia educada.
— Eu criei vocês, não foi?
— Mas nós éramos um pouco mais velhos, e você tinha uma equipe de
droides cuidadores, e você era dez anos mais jovem.
Besany encheu a tigela de batatas fritas enquanto Darman olhava para o
bebê. Com o seu cabelo escuro ralo, Venku não se parecia muito com
Skirata, mas ninguém tinha visto os seus filhos e todos eles estariam na casa
dos trinta ou quarenta agora. Ele se perguntou o que teria acontecido para
que eles entregassem uma criança pequena como aquela para um homem
lutando em uma guerra.
Mas isso era os Mandalorianos para você. Eles eram adotantes
compulsivos e, se alguém estava com problemas, todos ajudavam. Skirata
certamente parecia obcecado. Envolveu a criança em um cobertor com as
mãos hábeis de um homem que sabia como lidar com bebês e embalou o
embrulho contra o peito com um grande sorriso. Etain e Besany estavam
fazendo um show para manter a comida chegando, e Etain parecia chateada.
Bem, Jusik havia saído da Ordem Jedi. Foi um choque para todos.
Skirata engoliu em seco como se fosse começar a chorar. Era tão duro
que não se importava com quem via as suas emoções, e Darman admirava
isso.
— O nome dele é Venku.
— Isso é bom, — disse Atin. — Como você chamaria um filho, Corr?
— Não é Sev, para começar... — Eles gargalharam. — Eu escolheria
Jori.
— Esse não é um nome Mando.
— Ainda estou me atualizando sobre as coisas de Mandalorianos,
pessoal. Apenas um cara de branco que foi promovido, certo?
Darman pensou na pergunta.
— Kad, — disse ele. Ele estava ciente de Etain e Skirata olhando pra ele.
Talvez ele não estivesse demonstrando interesse suficiente. — Kad é um
nome bonito.
Ele se aproximou um pouco mais; Etain parecia desconfortável e olhou
para as suas botas. Talvez ela não achasse os bebês tão fascinantes quanto
Skirata, mas era o neto dele. Era de se esperar.
— Posso segurá-lo? — Darman perguntou.
Ele queria mostrar algum entusiasmo, porque Skirata era... fierfek, este
era o seu próprio pai em todos os sentidos da palavra que importava, o
homem que o criou. Era rude não admirar o neto. Darman estendeu os
braços e Skirata hesitou com uma expressão em seu rosto que Darman não
conseguia entender. Parecia tristeza.
— Aqui está, filho. — Skirata colocou o bebê nos braços de Darman,
colocando-os em posição. Havia uma técnica para segurar o bebê,
aparentemente. — Eles não reagem muito nessa idade. Eles basicamente
comem, dormem e... precisam trocar as fraldas.
Darman, surpreso com o peso do pacote, inalou com cautela. O pequeno
Venku cheirava vagamente a pó e pele. Mas o bebê reagiu : abriu os olhos e
tentou virar a cabeça, desfocado e totalmente descoordenado. Os seus olhos
eram verde azulados claros e vidrados.
— Ele tem os seus olhos, sargento, — disse Darman, sem saber o que
dizer. O que ele realmente queria deixar escapar era tão fútil que ele não
ousava: que os bebês eram tão pequenos, tão indefesos, que ele não
conseguia imaginar terem sido tão pequenos. Tinha uma vaga lembrança de
bebês em cubas de vidro na cidade de Tipoca, mas isso era diferente. Este
era um garoto vivo de verdade em seus braços, e não tinha ideia do que
fazer a seguir.
— Seus olhos mudam de cor, — disse Skirata. Sim, havia uma certa
rouquidão na voz de Kal'buir, o que geralmente significava que ele estava
emocionalmente carregado com alguma coisa. — Eles são todos azuis no
início, muito bem. Pode ser totalmente diferente em algumas semanas.
— Certo, — disse Darman. — Você o quer de volta agora?
— Você pode segurá-lo o tempo que quiser, filho.
— Eu não acho que ele está confortável comigo.
— Ah, não sei. Acho que ele está bem...
Darman sentiu-se inexplicavelmente inquieto. O bebê parecia estar
fazendo o possível para se contorcer em sua direção e, por um momento, ele
sentiu como se Etain o estivesse alcançando com a Força, mas isso era
impossível. Ela estava ali, ao lado dele, olhando para as portas como se
quisesse sair da sala o mais rápido que pudesse.
— Eu daria um péssimo pai, não é? — Darman disse.
Skirata o olhou diretamente nos olhos, ainda com aquela mesma
expressão que estava em algum lugar entre lágrimas e contentamento.
— Dar'ika, você será um ótimo pai, acredite. Um ótimo pai.
— Sim, talvez, mas ainda não. — Foi a primeira coisa que veio à cabeça
de Darman. O bebê o assustava, e não estava acostumado com os medos
que não conseguia aceitar ou eliminar. — Eu preciso crescer um pouco
primeiro. Aqui, leve-o antes que eu o deixe cair.
Ótimo. Que coisa estúpida para deixar escapar. Sempre fica chateado
quando falo em envelhecer.
Skirata apenas sorriu tristemente e estendeu os braços para pegar Venku.
Etain parecia desconfortável e disparou pela porta. Ela estava com pressa
para chegar a algum lugar, e Skirata sacudiu a cabeça para Darman para
segui-la.
— Vá e passe algum tempo juntos, — disse ele, enfiando a mão no bolso
para tirar algo. — Apenas vá e faça coisas normais de casal. Tem muitos
créditos neste chip. Aqui. Vão se divertir por alguns dias. Comeremos toda
a comida e falaremos sobre vocês quando vocês virarem as costas.
Skirata era um homem tocantemente generoso. Darman pegou os
créditos e apertou o seu ombro. Esta era a sua família, o seu sargento, os
seus irmãos, e por mais que ele quisesse estar com Etain, ele precisava deles
também. Então Niner teve a sua resposta.
— Obrigado, Kal'buir.
Skirata sorriu.
— Ni kyr'tayl gai sa'ad.
Darman entendeu o que isso significava. Mas realmente não precisava
dizer, porque Skirata havia assumido a responsabilidade de ser o pai dos
comandos há muito tempo.
— Você sabe o que isso significa, Dar?
— Você me adotou. Formalmente, quero dizer.
— Sim. — Ele deu um tapinha na bochecha de Darman com a mão livre.
— É hora de adotar todos vocês.
— Você é rico, Sargento? — Corr perguntou. — Eu sempre quis um pai
rico.
— O homem mais rico vivo, — Skirata disse, meio sorrindo. — Você
ficará surpreso com o que vou deixar para você em meu testamento.
Skirata às vezes tinha as suas pequenas piadas, e os comandos nem
sempre as entendiam. Darman não gostava de pensar em seu sargento
escrevendo um testamento. Era muito cedo para isso, mas ele era um
soldado, e essas coisas tinham que ser resolvidas mais cedo ou mais tarde.
— Preferimos ter você, Kal'buir, — disse Niner. — Embora uma
propriedade rural em Naboo seja uma segunda escolha razoável...
Eles encontraram refúgio no riso novamente. Darman deixou Skirata
com o seu neto e foi procurar Etain.
Ele a encontrou esperando no saguão, sentada no braço estofado de um
dos sofás, os braços cruzados contra o peito. Ela parecia chateada.
— O que está errado?
Etain deu de ombros.
— É tristeza, só isso.
— Ele está feliz. — Darman mostrou a ela o chip de crédito. — Ele
adora crianças. Ele estará em seu elemento. Olha, ele me deu isso e disse
para sair e me divertir um pouco. Em qualquer lugar que você queira ir?
Etain tinha a mesma expressão que acabara de ver no rosto de Skirata.
Ele sabia que devia ter dito algo errado, mas não tinha certeza do quê. Ele
descruzou os braços dela com uma leve pressão e pegou a sua mão.
— O bebê está chateado de alguma forma, não é? — ele disse. Claro;
sendo uma Jedi, Etain nunca teria conhecido os seus pais. — Isso te lembra
de ter sido tirado de sua família?
— Não, vamos pensar onde podemos ir. — Ela acionou aquele
interruptor e voltou a ser o pequeno general, seus cabelos castanhos
ondulados balançando enquanto ela caminhava rapidamente à frente dele,
puxando-o pela mão. — Você já viu os jardins botânicos no Skydome?
Plantas incríveis lá, um lugar legal onde você pode comer, todo tipo de
coisa.
Darman sabia tudo sobre plantas. Ele tinha seu banco de dados GER de
tudo o que poderia comer com segurança se tivesse que viver da terra em
uma missão, planeta por planeta. Era uma novidade pensar nas plantas
como algo fascinante de se admirar. Mas sua boca parecia conectada de
alguma forma a pensamentos descontrolados que o afundavam ainda mais
nessa lama emocional. Ele tinha que dizer isso. Ele sabia o que a estava
incomodando agora: ela queria que ele tivesse uma vida normal e
provavelmente pensava que ele queria um filho agora que tinha visto
Venku, porque os Mandalorianos amavam suas famílias e era assim que ela
o via.
— Se é o bebê que está incomodando você, — disse ele, — você nem
precisa pensar em ter um por muito tempo. Não durante uma guerra. Não é
um bom momento, não é? Não para nenhum de nós.
Pronto. Disse isso, e ela se sentiria melhor agora, livre de problemas.
Não fazia sentido insistir em sua vida encurtada. Nenhum deles sabia o que
estava por vir ao virar da esquina. Tiraria a pressão dela, porque era a coisa
responsável a fazer.
— Você está certa, — disse ela. — Não é o momento certo.
Os jardins do Skydome eram tão bonitos e fascinantes quanto Etain
havia prometido. Poderia dizer que ela estava tentando ser alegre e
entusiasmada com eles, mas havia algo triste e ferido nela que ele não sabia
como melhorar.
Evacuar Qiilura deve ter sido pior do que ela deixou transparecer. Mas
ela contaria a ele em seu próprio tempo.
CAPÍTULO 20
Ordem 65: No caso de (I) uma maioria no Senado declarar o Comandante Supremo do
Senado (Chanceler) inapto para emitir as ordens, ou (II) o Conselho de Segurança declarando-
o inapto para emitir ordens e uma ordem autenticada recebida pelo GER, os comandantes serão
autorizados a deter o Comandante Supremo, com força letal, se necessário, e o comando do
GER cairá para o Chanceler interino até que um sucessor seja nomeado ou uma autoridade
alternativa identificada conforme descrito na Seção 6 (IV). Ordem 66: No caso de oficiais Jedi
agindo contra os interesses da República e depois de receber ordens específicas verificadas
como vindas diretamente do Comandante Supremo (Chanceler), comandantes GER removerão
esses oficiais por força letal, e o comando da GER reverterá para o Comandante Supremo
(Chanceler) até que uma nova estrutura de comando seja estabelecida.
— De ordens de contingência para o Grande Exército da República: Início de ordens, ordens
de 1 a 150, documento GER (CO) 56-95

O restaurante durante todo o dia em Kragget, níveis mais baixos, Coruscant, 548 dias
após Geonosis

u sempre disse que você era um bom oficial, Bard'ika, — Skirata


— E disse. — Eu sinto que isso é minha culpa.
Ele deslizou para o banco e encarou Jusik do outro lado da mesa; a
garçonete Twi'lek estava lá em um piscar de olhos. O Kragget tinha
funcionários de verdade, pelo menos para os seus frequentadores regulares,
e este lugar era 90 por cento comercial regular.
— Bloqueador Arterial de sempre, Sargento Kal? — perguntou a
Twi'lek, cujos dias de dança haviam acabado, mas que ainda iluminava o
seu dia. — Ovo extra?
— Por favor. E encher o caf para o meu jovem amigo magro aqui
também. — Skirata esperou que ela fosse embora. — Bard'ika, sinto muito
por ter chegado a esse ponto.
— Eu não sinto, — disse Jusik brilhantemente. Também não havia
arruinado o seu apetite. Na verdade, ele parecia expurgado. — Certo, é
assustador sair, mas eu fiz isso e tive que fazer. A única coisa pela qual me
sinto mal é deixar o meu comando, não que os homens precisem de mim
segurando as suas mãos e não estando mais do lado de dentro pra vocês.
Skirata há muito decidiu que Jusik era um homem exemplar, mas um
oficial potencialmente letal. Ele não via os homens como recursos a serem
gastos em batalhas para vencer guerras, um preço que vale a pena pagar; ele
se importava demais e ficava muito perto, portanto nunca seria um
estrategista eficiente. Skirata o amava por isso e sabia que ele era um risco,
então fez uma promessa silenciosa de manter o garoto vivo, custe o que
custar.
Jusik se posicionou por puros princípios, a decisão de um homem que
tão poucos de seus superiores pareciam ter coragem de tomar. Isso foi
mandokarla.
— Filho, eu preciso de você agora do lado de fora mais do que você
pode imaginar. De qualquer forma, você não deixou os seus filhos mais do
que eu. Você verá muitos deles. Você só... bem... mudou de lado para uma
capacidade de consultoria independente. Certo?
— Tenho que arrumar um emprego e um lugar para morar pela primeira
vez na minha vida. A Ordem Jedi não prepara você para a vida do lado de
fora. Nenhum pacote de reassentamento, assim como os clones, mas pelo
menos ninguém envia um esquadrão de ataque atrás de nós.
— Você tem um trabalho para entrar. — Era uma sincronia tão estranha
que Skirata decidiu não fazer mais comentários sobre a Força, ou talvez ele
fosse apenas um oportunista cinco estrelas. — E uma casa, se você não se
importa em dividir um espaço comigo e com Laseema. Ah, e Venku. Na
verdade...
— Sim. Obrigado.
— Ele vai precisar de alguém por perto com as suas habilidades
especiais para ajudá-lo a lidar com as suas próprias habilidades. Etain não
estará lá com frequência suficiente.
— Eu adoraria. Eu realmente gostaria. Mas ainda posso ser útil na
guerra.
— Oh eu sei. Pobre velho Zey. Ele acha que se confiscar o seu chip de
identidade, você será bloqueado. Ele realmente não entende.
— Acho que ele acha o contrário, — disse Jusik, — mas não quer ser
lembrado disso. — A garçonete voltou com mais pratos quentes e jarras de
caf. — Venku, então.
— Acho que precisamos chamá-lo de Kad.
— Por que?
— Os rapazes estavam conversando sobre nomes, e Darman disse que
gostava de Kad. Ele realmente deveria escolher o nome do filho, mesmo
que ainda não o saiba.
Jusik mastigou, contemplando.
— Chame-o de Kad, então. Kad'ika. Você não era chamado de Kal
quando foi levado por Munin. Não significa que ele não possa ser Venku
também, se quiser.
— Viu? Você é um verdadeiro solucionador de problemas. Já está
ganhando o seu sustento.
— E eu posso levá-lo para Manda'yaim quando visitar Fi.
— Fechado.
Eles terminaram a refeição em um silêncio relativamente feliz. Não
havia nada tão ruim que não pudesse ter algo valioso extraído dele, e boa
sorte era simplesmente uma questão do que você decidisse fazer com a mão
que recebia. Skirata havia saído das profundezas do desespero das últimas
semanas e estava de volta ao ataque, fazendo as coisas acontecerem.
Ko Sai, ela definitivamente não riu por último, nem de longe. Nu draar.
Estava feliz que o Kragget nunca pediu aos seus clientes para abrirem as
suas malas para verificações de segurança, porque aquela simpática
garçonete Twi'lek provavelmente nunca mais o veria da mesma maneira.
— Aqui está uma chave codificada para o apartamento, Bard'ika, — ele
disse, — mas avise a Laseema que você está vindo, porque ela ainda está
um pouco nervosa com visitantes inesperados. Preciso fazer um favor ao
Delta.
— Eles não se reportaram a Zey ainda. Pedi a eles que esperassem até
que você estivesse pronto.
— Bom rapaz.
O olhar de Jusik cintilou e pousou na bolsa.
— Está aí?
— Uh-huh.
— Nojento. — Mas Jusik continuou comendo. Era uma encenação, mas
ele provavelmente estava se esforçando para não pensar nos pensamentos
Jedi sobre compaixão. — Qualquer coisa que eu possa fazer enquanto
Kad'ika está dormindo?
— Sim. — O garoto era uma joia, ele realmente era. Skirata era grato por
tudo o que colocou bons homens, bons filhos, em seu caminho. — Veja o
que você pode descobrir sobre prisões de alta segurança aqui. Há uma certa
cientista Separatista que eu gostaria de visitar, uma que sabe muito sobre os
genomas dos clones de Fett. A Dra. Uthan deve estar morrendo de tédio
agora.
— Prático que Ômega a trouxe de volta de Qiilura, não é? — Jusik
piscou. — Uma espécie de... destino.
— Eu prometo, — disse Skirata. — Chega de piadas sobre a Força. Não
é hora de fazer novos inimigos.
Skirata saiu para uma passarela suja de níveis inferiores, carregando o
seu prêmio em uma caixa criostática em uma bolsa, e descobriu que estava
assobiando.
Não, ela não ia rir por último.
Quartel da Companhia Arca, QG da Brigada de OE, Coruscant, 548 dias após Geonosis

O Esquadrão Delta ainda estava esperando no EIT na pista de pouso


quando Skirata chegou lá, e Sev não ficou muito feliz com isso.
— É melhor que seja bom, sargento, — disse Scorch, parecendo
desgrenhado e precisando cortar o cabelo quando tirou o capacete. — Não
comemos há doze horas.
— Bem, obrigado por não assinar ainda. — Skirata colocou a bolsa no
convés do compartimento apertado e puxou a caixa. Ele entregou o pacote
para Sev. — Adivinha quem é.
Sev olhou para a caixa com desconfiança.
— Este não é o pacote tamanho família de nozes de guerra picantes, é?
— Não. Definitivamente não. Mas se for abri-la, tome cuidado para não
deixá-la cair. Vai fazer uma bagunça.
Sev engoliu em seco.
— E por que você está nos dando isso, Sargento?
— Quero que você entre no escritório de Zey, coloque isso na mesa dele
e diga a ele que a encontrou. Ele pode fazer com que Cidade de Tipoca
verifique os registros de DNA dos Kaminoanos.
— Dela?
— Você sabe quem eu quero dizer.
— Ko Sai?
— Não, a Rainha Mãe de shabla Hapes. Quem você acha? Claro que
estou falando de Ko Sai.
— Ela está morta, então.
— Ou isso, ou ela exagerou na dieta. — Skirata revirou os olhos e
colocou o selo na criobox. Sev segurou-o, mas o cheiro o atingiu, e ele deu
uma breve olhada antes de fechá-lo novamente. — Eu fiz parecer que ela
teve um encontro com artilharia para incontinentes, então isso se encaixa na
sua história. E é uma parte do corpo que ela não poderia prescindir, não
algo como um dedo que qualquer chakaar amador poderia cortar. É a prova
absoluta de que ela está morta.
Sev parou de contar as mortes que fez, e não tinha mais certeza se os
minúsculos superavam os molhados na contagem. Mas isso o abalou, talvez
porque Ko Sai tenha sido uma figura de autoridade durante a maior parte de
sua curta vida, e porque o nó Mandaloriano que encontrou ancorando o
esqueleto sem cabeça agora fazia sentido.
— Então você a matou, sargento. Era o seu nó.
— Não, filho. Não. — Skirata estava olhando em volta como se
esperasse companhia. — Ela tinha guarda-costas Mando, no entanto. E eu
não a matei. Acabamos de encontrar o corpo, juro. Eu diria a você se tivesse
feito isso, porque não me importo mais e, francamente, teria gostado de
cortá-la, o sádico hut'uun. Mas não o fiz. E isso é tudo que você precisa
saber, para o seu próprio bem.
Skirata se virou para ir embora. Chefe segurou o seu braço.
— Ouvi dizer que perdemos o General Jusik.
— Você o verá por aí...
— E o que aconteceu com o Fi?
Skirata olhou pro lado, como se estivesse inventando a sua linha oficial.
Sev conhecia aquele olhar agora.
— CR-oito-zero-um-cinco está morto, rapazes. Ligue-me se precisar de
alguma coisa.
Eles o observaram ir e fecharam a escotilha atrás dele.
— O shab Fi está morto, — disse Chefe. — Eu adoraria saber o que
realmente aconteceu lá.
— Não, você não faria isso, porque não precisamos, — disse Fixer. —
Vai entregar o seu presente para o velho, então, Sev. Vamos encerrar todo
esse exercício de perda de tempo.
Sev segurou a caixa cuidadosamente com as duas mãos, apenas no caso
de derramar algo embaraçoso, e seguiu pelo corredor até o escritório de
Zey. Ele se perguntou se deveria contar a Zey o que havia no recipiente ou
apenas deixá-lo abri-lo e pedir que ele desse um palpite. Sev iria se divertir
por alguns momentos com a reação de seu general, de qualquer maneira.
Acabamos de encontrar o corpo. Juro. Eu diria a você se eu tivesse.
— Sim, claro que você fez, Kal, — Sev murmurou. — Eu acredito em
você.
Sev teria ficado desapontado se Skirata tivesse feito algo menos do que
cumprir todos os votos que fez para cortar a Kaminoana em uma isca de
aiwha. Passou pela cabeça de Sev que isso também permitia que ele olhasse
Vau nos olhos e não tivesse que sentir que havia falhado com o seu
sargento.
Sim, Skirata era um bandido, um ladrão e até um pouco maluco, mas ele
tinha o seu senso de honra e decência no que dizia respeito aos troopers.
Este foi um favor muito generoso para fazer por todos eles.
Sev largou a caixa, bateu com os nós dos dedos de sua manopla contra as
portas de Zey e esperou, então enfiou o capacete debaixo de um braço e a
cabeça bem embrulhada de Ko Sai sob o outro. Ele acenou com a cabeça
para os outros em um gesto de deixe-me com isso.
As portas se abriram. O general estava sentado em sua mesa, batendo em
um datapad na borda dela em aborrecimento distraído por algo diferente da
interrupção de Sev.
— Zero-Sete, — ele disse. — Você voltou.
— Senhor.
— Eu gostaria de algumas notícias positivas, se você tiver alguma.
Sev colocou a caixa na frente de Zey e deu um passo pra trás.
— Não tenho certeza se é positivo, general, — disse ele. — Mas é
certamente definitivo.
Zey olhou para o pacote por um tempo. Então ele olhou para Sev.
— Ah, — ele disse.
Jedi tinha aquele sexto sentido assustador. Talvez Zey já soubesse o que
estava lá dentro. Mas ele olhou de qualquer maneira e não recuou, embora
seu rosto tenha ficado nitidamente pálido quando ele levantou o selo
interno.
— Eu acho que ela está morta, senhor, — disse Sev.
Zey fechou a caixa.
— Você acha? Você deveria estudar medicina, meu rapaz.
— Você pode verificar o DNA com os Kaminoanos. Pelo menos o
Chanceler tem uma resposta definitiva, mesmo que não seja a que ele
esperava.
— Você se importaria de preencher algum dos detalhes? Porque
Palpatine vai me perguntar como esse... troféu chegou às minhas mãos.
— Abrimos caminho até o laboratório que ela construiu. Ele desabou
após uma explosão. Bagunçado.
— Ko Sai não era do tipo descuidada...
— Não, mas ela tinha muitas pessoas de pavio curto atrás dela.
— Morta quando você chegou até ela, você diz.
— Nós não a matamos, senhor. Você disse viva. Podemos viver bem...
quando nos esforçamos muito.
Zey encarou o rosto de Sev, então suspirou.
— Eu sei que você está dizendo a verdade. Se você tiver alguma
informação sobre quem chegou até ela primeiro, tenho certeza de que o
Chanceler adoraria saber.
Sev levou a sua aparente honestidade um pouco mais longe no perigoso
território da fraude e esperava que a omissão não aparecesse na Força.
— Não tenho nenhuma prova de quem a matou, senhor, — disse ele. —
Mas eu acho que os Kaminoanos tiveram uma visão obscura de seu salto da
nave com os seus segredos comerciais assim.
— Falando nisso...
— Nada senhor. — Era tudo verdade, tudo isso. Sev podia ver Zey
medindo cada palavra que ele dizia, uma pequena carranca franzindo sua
testa. — Os computadores dela foram totalmente destruídos. Nenhum sinal
de quaisquer dados.
— E presumivelmente os Kaminoanos saberiam o que estavam
procurando.
— No entanto, encontramos alguns Mandalorianos mortos.
— Ah.
— Sem identificação. Podem ter estado lá para protegê-la, ou podem ter
sido pegos em seu próprio ataque. De qualquer maneira, sem Ko Sai e sem
dados. Fizemos o possível, senhor.
Os ombros de Zey cederam. Ele era um homem grande, mas de repente
parecia menor que Skirata.
— Eu sei, Zero-Sete. Eu sei. Você fez bem em encontrá-la. Tirem um dia
de folga, todos vocês. Dispensados.
Sev não esperava elogios. Sempre sentiu que estava decepcionando
alguém, geralmente Vau, então o comentário o pegou desprevenido. Ele
também não sabia o que fazer com um dia de folga, mas dormir e comer
demais foram as primeiras coisas que lhe vieram à mente. Cumprimentou,
virou-se rapidamente para a porta e então parou.
— Lamento muito saber que o General Jusik nos deixou, senhor.
Zey ainda estava olhando para a caixa em sua mesa.
— Eu também. É sempre um golpe perder um bom homem, mas é pior
perder um bom Jedi quando precisamos manter nosso foco.
Sev não tinha ideia do que ele queria dizer, mas assentiu com simpatia.
Então ele saiu e colocou distância entre o escritório e ele mesmo o mais
rápido que pôde. Chefe e os outros o emboscaram no meio do corredor.
— Então? — Scorch exigiu. — Ele caiu nessa?
— Eu acho que sim.
Fixer bufou.
— Não há muito mais que ele possa fazer, não é?
— Nós temos um dia de folga, — Sev disse. — O que é melhor do que
uma surra do Vau, então cale a boca e aproveite ao máximo.
Delta pegou um atalho pelo pátio de desfiles para chegar aos seus
alojamentos. Sob o sol do fim da tarde, o recém-formado Esquadrão
Ômega, não Darman, mas com o novo cara da EOD que podia fazer truques
de faca realmente perigosos com as suas mãos protéticas, estava jogando
limmie com Ordo e Mereel. Skirata se juntou a eles. Eles jogaram duro, o
que Vau chamou de maneira Mando, investindo com o ombro e atacando
um ao outro com total desconsideração por lesões, chutando a bola esférica
para o alto. Era mais ou menos do tamanho da cabeça de um homem, Sev
olhou duas vezes para ter certeza de que não era uma cabeça de verdade, e
disparou contra a parede do quartel com altos gritos e gritos de:
— Oya! Ori'mesh'la!
Nenhum deles, exceto Skirata, usava armadura. Eles nem mesmo
usavam uniformes vermelhos do GER, apenas roupas civis variadas que
deviam ter adquirido na última missão. Não havia cores da equipe. Se Sev
não os tivesse reconhecido como seus irmãos clones, ele os teria tomado
por Mandalorianos, passando o tempo entre a invasão e a pilhagem, em vez
de outros comandos desabafando.
Eles de repente lhe pareceram muito estrangeiros, e isso o surpreendeu:
Vau havia ensinado o Delta todos os costumes e a linguagem Mandaloriana,
assim como Skirata havia ensinado os seus esquadrões de comando, mas de
alguma forma naquele momento Ômega e os Nulos pareciam muito mais
mercenários Mandalorianos do que homens do Grande Exército.
— Então, — disse Chefe, como se estivesse lendo sua mente, — se
tivéssemos uma briga com um bando de verdadeiros Mando'ade, de que
lado você acha que eles estariam?
Sev deu de ombros.
— Quem você acha que matou os Manda'ade que encontramos no
esconderijo de Ko Sai?
— Você não sabe quem fez isso, — disse Fixer.
— Sim, e nem você.
Scorch acabou com as especulações.
— Vode An. Irmãos, todos. Certo?
Cada um do Esquadrão Delta conseguiu um reconhecimento casual e
Sev esperava que Skirata tentasse convencê-los a entrar no jogo, mas ele
não o fez. Os seis homens continuaram, alheios, com gritos ou comentários
ocasionais em Mando'a, e eles poderiam muito bem estar em Keldabe, não
na Cidade Galáctica.
Era... inquietante. Também era estranhamente tentador de uma forma
que Sev não queria pensar.
Comandos estavam todos do mesmo lado. Sev tinha certeza disso. E, por
enquanto, os Nulos também estavam, embora fossem uma lei para si
mesmos. Quaisquer excentricidades que tivessem, eles eram totalmente
leais, obedecendo a Skirata ao pé da letra.
Skirata fez uma pausa, prendendo a bola sob uma bota, e pareceu notar
Sev pela primeira vez.
— Copaani Geroy? — ele perguntou, totalmente em Mando. Quero
jogar?
— Não, obrigado, — Sev disse. — Vou me ater ao meu bordado. Parece
um pouco áspero. Eu me machuco fácil.
O Esquadrão Delta seguiu em frente, deixando pra trás uma cena que por
alguns momentos poderia facilmente estar se desenrolando em Mandalore,
e não no coração da República.
— Ainda bem que estão do nosso lado, — disse Chefe.
— Sim, — disse Sev. — Isso é.
GLOSSÁRIO

A
a (ah) Mando’a: mas

a’den (AH-den) Mando’a: fúria, furor

AA: antiaéreo

Triplo A: artilharia antiaérea

ad (ahd, s.); ade (AH-day, pl.) Mando’a: filhos/filho, filha

ad’ika (ah-DEE-kah, s.); ad’ike (ah-DEE-kay, pl.) Mando’a: filhos/filho, filha (usado
carinhosamente)

adenn (AH-tenn) Mando’a: impiedoso

aliit (ah-LEET) Mando’a: família, clã

an (ahn) Mando’a: todos

aruetii (ah-roo-AY-tee, s.); aruetiise (ah-roo-ay-TEE-say, pl.) Mando’a: estrangeiro, forasteiro,


traidor

ASP: Ausente Sem Permissão

atin (ah-TEEN) Mando’a: teimoso

B
baatir (BAH-teer, v.) Mando’a: cuidar, se preocupar

baay shfat: uma obscenidade de origem desconhecida sobre os Hutt

bal (bahl) Mando’a: e

Bal kote, darasuum kote, / Jorso’ran kando a tome. / Sa kyr’am Nau tracyn kad, Vode An. (Bahl
KOH-day, dah-RA-soom KOH-day, Jor-so-RAHN, KAHN-do ah TOh-may, Sah-kee-RAHM now
trah-SHEEN kahd VOH-day ahn) Mando’a: E glória, glória eterna, / Suportaremos seu peso juntos. /
Forjados como o sabre no fogo da morte, Irmãos todos. (antigo canto de guerra Mandaloriano)
birgaan (bergen) mochila

bucha de canhão: soldado (gíria)

buir (boo-EER) Mando’a: pai

buy’ce (BOO-shay, s.); buy’cese (pl.) Mando’a: capacete

buy’ce gal (BOO-shay gahl) Mando’a: caneca de cerveja (literalmente, os conteúdos de um capacete)

Buy’ce gal, buy’ce tal / Vebor’ad ures aliit / Mhi draar baat’i meg’parjii’se / Kote lo’shebs’ul narit
(BOO-shay gahl, BOO-shay tahl Vair-BOR-ahd OO-rees AH-leet Mee DRAHR bah-TEE mayg-
PAR-jee-SEH Koh-TAY loh SHEBS-ool-NAH-reet) Mando’a: Uma caneca de cerveja, um litro de
sangue / compra homens sem um nome / Nós nunca nos importamos com quem ganha a guerra /
Então você pode manter sua fama (canto bebendo de mercenários Mandalorianos)

C
ca (kah) Mando’a: noite

chakaar (cha-KAR, s.); chakaare (cha-KAR-ay, pl.) ladrão, ladrão de túmulos (termo geral de
insulto)

Cip-Quad: Quad blaster recíproco

CSI: Confederação de Sistemas Independentes

con: manobrar uma nave

conc (konk): rifle de concussão

CTP: Controle de Tráfego Perlemiano

Coruscanta (KOH-roo-SAN-ta) Mando’a: Coruscant

CRA: Comando de Reconhecimento Avançado

cuir (KOO-eer) Mando’a: quatro

cuun (koon) Mando’a: nosso

Cuy’val Dar (koo-EE-vahl dahr) Mando’a: aqueles que não existem mais (o termo é usado para um
grupo de instrutores de comandos clone escolhidos a dedo por Jango Fett)

cuyir (KOO-yeer, v.) Mando’a: ser, existir

D
D e R : Descanso e Recuperação
dar (dahr) Mando’a: não mais

dar’buir (DAHR boo-EER) Mando’a: não é mais um pai

dar’manda (dahr-MAHN-da) Mando’a: um estado de ser “não Mandaloriano”; não um forasteiro,


mas alguém que perdeu a sua herança, e assim sua identidade e alma

darasuum (dah-RAH-soom) Mando’a: eterno, para sempre

DEC: Desaparecido Em Combate

DC: um modelo de rifle-DC (gíria)

det: detonador

dha (dah) Mando’a: escuro

di’kut (dee-KOOT, s.); di’kute (dee-KOOT, pl.); di’kutla (dee-KOOT-lah, adj.): idiota (indelicado)

dinuir (DEE-noo-eer, v.) Mando’a: dar

draar (drahr) Mando’a: nunca

dralshy’a (drahl-SHEE-ya) Mando’a: mais forte, mais poderoso

droten (DROH-ten) Mando’a: pessoas, público

DV: Distância vertical

E
e’tad (EH-tad) Mando’a: sete

ehn (ayhn) Mando’a: três

EM: electromagnético

eniki Huttês: entendi

EPK: Estaleiros de Propulsores de Kuat

F
FSC: Força de Segurança de Coruscant

G
gar (gahr, s. & pl.) Mando’a: você

Gar ru kyramu kaysh, di’kut: tion’meh kaysh ru jehaati? (Gahr roo keer-AH-moo kaysh, dee-KOOT:
tee-ON-mey-kaysh roo je-HAHT-ee) Mando’a: Você matou, seu idiota: e se ele estivesse mentindo?

GBV: Grande Botão Vermelho (no original, BRB: Big Red Button (selo de emergência))

GER: Grande Exército da República

ge’verd (ge-VAIRD) Mando’a: quase um guerreiro

gihaal (gee-HAAL) Mando’a: farinha de peixe

granada de luz: granada de atordoamento (gíria)

gra’tua (gra-TOO-ah) Mando’a: vingança

H
HNE: HoloNet Notícias e Entretenimento

hukaat’kama (hu-KAHT-kah-MAH) Mando’a: proteja a minha retarguarda

hut’uun (hoo-TOON, s.); hut’uune (pl.); hut’uunla (hoo-TOON-lah, adj.) Mando’a: covarde

I
-ika (EE-kah, s.); -ike (EE-kay, pl.) Mando’a: sufixo para uso afetuoso (diminutivo)

INTMIL: inteligência militar

J
j’hagwa na yoka Huttês: sem problema

jatne (JAT-nay) Mando’a: melhor

jatne’buir (JAT-nay boo-EER) Mando’a: melhor pai

jetii (JAY-tee) Mando’a: Jedi

jetiise (jay-TEE-say) Mando’a: Jedi no plural, República

jorso’ran (jor-so-RAHN) Mando’a: deve suportar (arcaico)

jurkadir (JOOR-kahd-EER, v.) Mando’a: atacar, ameaçar, mexer com alguém


K
k’uur (koor) Mando’a: silêncio, quieto

kad (kahd) Mando’a: sabre, espada

kama (KAH-ma, s.); kamas (KAH-maz, pl.) or kamase (kah-MAH-say) Mando’a: cinto de armas

kando (KAHN-do) Mando’a: importância, peso

kandosii (kahn-DOH-see) Mando’a: bom, perverso, bem feito, elegante, nobre

kar’tayli ad meg hukaat’kama (kar-TIE-lie ahd mayg hu-KAHT-KA-mah) Mando’a:


aproximadamente "saiba quem está cuidando de você"

kar’taylir (kar-TIE-leer, v.) Mando’a: saber, guardar no coração

kaysh (kaysh) Mando’a: ele, ela

ke nu’jurkadir sha Mando’ade (keh NOO-joor-kahd-EER shah Mahn do-AH-day) Mando’a: não
mexa com Mandalorianos

kit: engrenagem, equipamento (gíria)

kom’rk (KOM-rohk) Mando’a: manopla

kote (KOH-day, KOH-tay, pl.) Mando’a: glória

kyr’am (kee-RAHM) Mando’a: morte

L
larty: uma embarcação, TABA/i

lo (loh) Mando’a: into

LIC: Lamentavelmente Incapaz de Comparecer

M
Mando (MAHN-do, s.); Mando’ade (Mahn-doh-AH-day, pl.) Mando’ad: Mandaloriano, filho/filha
de Mandalore

Mando’a (Mahn-DOH-ah): termo para a própria linguagem Mandaloriana

meg (mayg) Mando’a: que, o qual

meh (mey) Mando’a: se


mhi (mee) Mando’a: nós

MEA: morto em ação

Mirdalo Mird’ika!; Mando’a: esperto!

MEC: morto em combate

MAI: muito arrependimento, incapaz (gíria)

molhados; molhados: forma de vida orgânica (gíria)

N
N’oya’kari gihaal, Buir. (Noy-ah KAR-ee gee-HAAL, boo-EER): Eu tenho caçado farinha de peixe,
pai.

NAR: nave de ataque da República

nar dralshy’a (NAR-drahl-SHEE-ya) Mando’a: Ponha mais força nisto, esforçar-se mais

narir (nah-REER, v.) Mando’a: agir, fazer

naritir (nah-ree-TEER, v.) Mando’a: colocar

nau’ur (now-OOR, v.) Mando’a: iluminar

ner (nair) Mando’a: eu

ni (nee) Mando’a: eu, meu

ni dinui (NEE DEE-noo) Mando’a: eu dou

ni kar’tayl gar darasuum (nee kar-TILE garh dah-RAH-soom) Mando’a: Eu te amo

Niktose (neek-TOH-say, pl.) Mando’a: Nikto

NME: neutralização de materiais explosivos (desarmar bombas)

nynir (nee-NEER, v.) bater, golpear

O
BGD OE: Brigada de Operações Especiais

OCC: oficial de cenas de crime, oficial forense

OE: Operações Especiais


OITs: operações de interdição de tráfego

OPA; Opa: oficial principal de armas

ori; Mando’a: muito, excepcionalmente, extremamente

osik (OH-sik) Mando’a: bosta (indelicado)

osik’la (oh-SIK-lah) Mando’a: muito errado, horrível, confuso, ferrado, nojento

oya (OY-ah) Mando’a: vamos caçar

P
parjir (par-JEER, v.) Mando’a: vencer, ser vitorioso

PIM (s.); PIMs (pl.): Posição e movimento pretendido (termo naval para onde uma nave está e para
onde ele está indo)

PEP: pod de projétil de energia pulsada

palavra Kaminoana para esquadrão

POA: principal oficial de armas

PE: ponto de encontro (gíria)

PEM (s.); PEMs (pl.): pulso electromagnético

Q
QG: quartel general

R
rayshe’a (ray-SHEE-ah) Mando’a: cinco

recce (s.); recces (pl.); recce (v.): reconhecimento, para o reconhecimento (militar)

resol (reh-SOL) Mando’a: seis

Rothana: Engenharia Pesada de Rothana

ruik: é uma raiz mastigável e com sabor agridoce.


S
sa (sah) Mando’a: como, enquanto (comparativo)

SDB: super droides de batalha

sh’ehn (shayn) Mando’a: oito

shabiir (sha-BEER, v.) Mando’a: estragar (indelicado)

shabla: ferrado; adjetivo enfático indelicado em Mando’a

shabu’droten: palavrão em Mando’a sem tradução

shag Huttês: escravo

she’cu (SHAY-koo) Mando’a: nove

shebs (shebs, s.); shebse (SHEB-say, pl.) Mando’a: bunda, nádegas, idiota

shebse: é idiota no plural em Mando'a; idiotas

sho'sen: (SHOW-sen) submarino, submersível

solus (SOH-loos) Mando’a: um

SPC: solicitar o prazer de sua companhia (gíria)

Strill: mamífero carnívoro de cheiro pungente natural de Mandalore

su’cuy (soo-KOO-ee) Mando’a: oi

slana'pir: Cair fora! desaparecer! (muito mal educado)

T
t’ad (tahd) Mando’a: dois

TABA/c: transporte de ataque a baixa altitude/carga

TABA/i: transporte de assalto a baixa altitude/infantaria

ta’raysh (ta-RAYSH) Mando’a: dez

Tagwa, lorda. Huttês: Sim, senhor.

takisir (TAH-kees-eer, v.) Mando’a: para insultar

tal (tahl) Mando’a: sangue

taung sa rang broka!/jetiise ka’rta: “A cinza do Taung/Bate forte no coração dos Jedi”.
te (tay) Mando’a: o/a (raro)

TEC: tempo estimado de chegada

tihaar (TEE-har) Mando’a: bebida alcoólica; um espírito forte e claro feito de fruta

tion (TEE-on) Mando’a: prefixo para indicar uma pergunta

tion’meh (tee-ON-mey) Mando’a: e se

tome (TOH-may, pl.) Mando’a: juntos

tracyn (trah-SHEEN) Mando’a: fogo

traje branco: clone trooper (gíria)

Verdadeiras Intenções: coordenadas galácticas de Coruscant

troch (troch) Mando’a: certamente

tsad (sahd) Mando’a: aliança, grupo

U
udesii (oo-DAY-see) Mando’a: calma, relaxa

ures (oo-REES) Mando’a: sem, falta

urpghurit: obscenidade em um idioma desconhecido

usenye (oo-SEN-yay) vá embora (muito rude; da mesma raiz que osik)

V
vaii (vay) Mando’a: onde

vaiigar ru’cuyi (VAY gahr roo KOO-yee) Mando’a: onde você esteve

vasculhar: um exame, uma busca de uma nave (gíria)

verborir (VAIR-bor-EER, v.) Mando’a: comprar, contratar

verd (vaird, s.); verda (VAIR-dah, pl.) Mando’a: guerreiro, guerreiros (plural arcaico)

vod (vohd, s.); vode (VOH-day, pl.); vod’ika (voh-DEE-kah, affectionate) Mando’a: irmão,
irmã, camarada, colega

vor’e (VOHR-ay) Mando’a: obrigado


Vermelho Zero: pedido de extração imediata (militar)

Y
yaihadla (yai-HAHD-lah) Mando’a: grávida

W
werda (WAIR-dah) Mando’a: sombras (furtividade), plural arcaico
STAR WARS / COMANDOS DA REPÚBLICA - VERDADEIRAS
INTENÇÕES
TÍTULO ORIGINAL: Star Wars - Republic Commando - True Colors

COPIDESQUE: TRADUTORES DOS WHILLS

REVISÃO: TRADUTORES DOS WHILLS

DIAGRAMAÇÃO: TRADUTORES DOS WHILLS

ILUSTRAÇÃO: TRADUTORES DOS WHILLS

GERENTE EDITORIAL: TRADUTORES DOS WHILLS

DIREÇÃO EDITORIAL: TRADUTORES DOS WHILLS

VERSÃO ELETRÔNICA: TRADUTORES DOS WHILLS

ASSISTENTES EDITORIAIS: TRADUTORES DOS WHILLS

COPYRIGHT © & TM 2007 LUCASFILM LTD.


COPYRIGHT ©TRADUTORES DOS WHILLS, 2023
(EDIÇÃO EM LÍNGUA PORTUGUESA PARA O BRASIL)
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS.
PROIBIDA A REPRODUÇÃO, NO TODO OU EM PARTE, ATRAVÉS DE QUAISQUER MEIOS.

COMANDOS DA REPÚBLICA - VERDADEIRAS INTENÇÕES É UM LIVRO DE FICÇÃO. TODOS OS PERSONAGENS,


LUGERES E ACONTECIMENTOS SÃO FICCIONAIS.

DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)


T93k Traviss, Karen
Star Wars - Comandos da República - Verdadeiras Intenções [recurso eletrônico] / Karen
Traviss;traduzido por Victoria Franco Nogueira
448 p.: 3. 0 MB.
Tradução de: Star Wars - Republic Commando - True Colors
ISBN: 978-0-307-79593-9 (Ebook)
1. Literatura norte-americana. 2. Ficção científica. I. Dos Whills, Tradutores CF. II. Título.
2020-274 CDD 813. 0876
CDU 821. 111(73)-3

ÍNDICES PARA CATÁLOGO SISTEMÁTICO:

Literatura: Ficção Norte-Americana 813. 0876


Literatura norte-americana: Ficção 821. 111(73)-3

tradutoresdoswhills. wordpress.com
SOBRE A AUTORA

KAREN TRAVISS é romancista, roteirista e escritora de


quadrinhos. Também a autora de cinco romances de Star
Wars: Comandos da República, com: Contatos Violentos,
Verdadeiras Intenções, Cores Reais, Ordem 66 e
Comandos Imperiais: 501ª; três romances da série Star
Wars Legado da Força: Linhagens de Sangue, Revelações
e Sacrifício; dois romances da série Star Wars: Romance
Clone Wars: Clone Wars e Sem Prisoneiros; dois
romances de Gears of War: Aspho Fields e Jacinto’s
Remnant; escreveu também a sua premiada série Wess’har
Wars, City of Pearl, Crossing the Line, The World Before,
Matriarch, Ally e Judge; e um romance de Halo: Human
Weakness. Ela também é a redatora principal do terceiro
jogo Gears of War. Ex-correspondente de defesa e
jornalista de TV e jornal, Traviss mora em Wiltshire, na
Inglaterra.

karentraviss.com
Twitter: @karentraviss
AGRADECIMENTOS

Meus agradecimentos vão para as editores Keith Clayton (Del Rey) e Sue
Rostoni (Lucasfilm); meu agente Russ Galen; a equipe do jogo LucasArts
Comandos da República; Bryan Boult e Jim Gilmer... primeiros leitores
perspicazes; Mike Krahulik e Jerry Holkins, da Penny Arcade, por me
proporcionarem frescor e me alimentarem; Ray Ramirez (Co. A 2BN 108ª
Atiradores de infantaria, ARNG), por conselhos técnicos e amizade
generosa; O oficial Antony Serena, Departamento do Xerife do Condado de
Los Angeles, pela excelente aquisição de nave estelar; Lance e Joanne, da
501ª Dune Sea Garrison, pela experiência prática e inspiradora em
armaduras; Wade Scrogham, por informações confiáveis; Sam Burns, pela
contribuição de sólido bom senso; e a todos os meus bons amigos da 501ª
Legião.
E neste ano do vigésimo quinto aniversário da guerra das Malvinas, os
meus agradecimentos especiais vão para todos os veteranos desse conflito
que compartilharam as suas experiências comigo nos anos seguintes.
Star Wars: Guardiões dos Whills
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No mundo do deserto de Jedha, na Cidade Santa, os amigos Baze e


Chirrut costumavam ser Guardiões das colinas, que cuidavam do
Templo de Kyber e dos devotos peregrinos que adoravam lá. Então
o Império veio e assumiu o planeta. O templo foi destruído e as
pessoas espalhadas. Agora, Baze e Chirrut fazem o que podem
para resistir ao Império e proteger as pessoas de Jedha, mas nunca
parece ser suficiente. Então um homem chamado Saw Gerrera
chega, com uma milícia de seus próprios e grandes planos para
derrubar o Império. Parece ser a maneira perfeita para Baze e
Chirrut fazer uma diferença real e ajudar as pessoas de Jedha a
viver melhores vidas. Mas isso vai custar caro?

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STAR WARS: Episódio VIII: Os Últimos Jedi
(Movie Storybook)
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Um livro de imagens ilustrado que reconta o filme Star Wars: Os


Últimos Jedi.

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Chewie e a Garota Corajosa
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Um Wookiee é o melhor amigo de uma menina! Quando Chewbacca


conhece a jovem Zarro na Orla Exterior, ele não tem escolha a não
ser deixar de lado sua própria missão para ajudá-la a resgatar seu
pai de uma mina perigosa. Essa incrível Aventura foi baseada na
HQ do Chewbacca… (FAIXA ETÁRIA: 6 a 8 anos)

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Star Wars: Ahsoka
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Esse é o Terceiro Ebook dos Tradutores dos Whills com uma


aventura emocionante sobre uma heroína corajosa das Séries de
TV Clone Wars e Rebels: Ahsoka Tano! Os fãs há muito tempo se
perguntam o que aconteceu com Ahsoka depois que ela deixou a
Ordem Jedi perto do fim das Guerras Clônicas, e antes dela
reaparecer como a misteriosa operadora rebelde Fulcro em Rebels.
Finalmente, sua história começará a ser contada. Seguindo suas
experiências com os Jedi e a devastação da Ordem 66, Ahsoka não
tem certeza de que possa fazer parte de um todo maior de novo.
Mas seu desejo de combater os males do Império e proteger
aqueles que precisam disso e levará a Bail Organa e a Aliança
Rebelde….

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Star Wars: Kenobi Exílio
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A República foi destruída, e agora a galáxia é governada pelos


terríveis Sith. Obi-Wan Kenobi, o grande cavaleiro Jedi, perdeu
tudo… menos a esperança. Após os terríveis acontecimentos que
deram fim à República, coube ao grande mestre Jedi Obi-Wan
Kenobi manter a sanidade na missão de proteger aquele que pode
ser a última esperança da resistência ao Império. Vivendo entre
fazendeiros no remoto e desértico planeta Tatooine, nos confins da
galáxia, o que Obi-Wan mais deseja é manter-se no completo
anonimato e, para isso, evita o contato com os moradores locais. No
entanto, todos esses esforços podem ser em vão quando o “Velho
Ben”, como o cavaleiro passa a ser conhecido, se vê envolvido na
luta pela sobrevivência dos habitantes por uma Grande Seca e por
causa de um chefe do crime e do povo da areia. Se com o Novo
Cânone pudéssemos encontrar todos os materiais disponíveis aos
anos de Exílio de Obi-Wan Kenobi em um só Lugar? Após o Livro
Kenobi se tornar Legend, os fãs ficaram sem saber o que aconteceu
com o Velho Ben nesse tempo de reclusão. Então os Tradutores dos
Whills também se fizeram essa pergunta e resolveram fazer esse
trabalho de compilação dos Contos, Ebooks, Séries Animadas e
HQs, em um só Ebook Especial e Canônico para todos os Fãs!!

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Star Wars: Dookan: O Jedi Perdido
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Esse é o Quarto Ebook dos Tradutores dos Whills com uma


aventura emocionante sobre um Vilão dos Filmes e da Série de TV
Clone Wars: Conde Dookan! Mergulhe na história do sinistro Conde
Dookan no roteiro original da emocionante produção de áudio de
Star Wars! Darth Tyranus. Conde de Serenno. Líder dos
Separatistas. Um sabre vermelho, desembainhado no escuro. Mas
quem era ele antes de se tornar a mão direita dos Sith? Quando
Dookan corteja uma nova aprendiz, a verdade oculta do passado do
Lorde Sith começa a aparecer. A vida de Dookan começou como um
privilégio, nascido dentro das muralhas pedregosas da propriedade
de sua família. Mas logo, suas habilidades Jedi são reconhecidas, e
ele é levado de sua casa para ser treinado nos caminhos da Força
pelo lendário Mestre Yoda. Enquanto ele afia seu poder, Dookan
sobe na hierarquia, fazendo amizade com Jedi Sifo-Dyas e levando
um Padawan, o promissor Qui-Gon Jinn, e tenta esquecer a vida
que ele levou uma vez. Mas ele se vê atraído por um estranho
fascínio pela mestra Jedi Lene Kostana, e pela missão que ela
empreende para a Ordem: encontrar e estudar relíquias antigas dos
Sith, em preparação para o eventual retorno dos inimigos mais
mortais que os Jedi já enfrentaram. Preso entre o mundo dos Jedi,
as responsabilidades antigas de sua casa perdida e o poder sedutor
das relíquias, Dookan luta para permanecer na luz, mesmo quando
começa a cair na escuridão.

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Star Wars: Discípulo Sombrio
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Esse é o Quinto Ebook dos Tradutores dos Whills com uma


aventura emocionante sobre um Vilões e Heróis dos Filmes e da
Série de TV Clone Wars! Baseado em episódios não produzidos de
Star Wars: The Clone Wars, este novo romance apresenta Asajj
Ventress, a ex-aprendiz Sith que se tornou um caçadora de
recompensas e uma das maiores anti-heróis da galáxia de Star
Wars. Na guerra pelo controle da galáxia entre os exércitos do lado
negro e da República, o ex-Mestre Jedi se tornou cruel. O Lorde Sith
Conde Dookan se tornou cada vez mais brutal em suas táticas.
Apesar dos poderes dos Jedi e das proezas militares de seu
exército de clones, o grande número de mortes está cobrando um
preço terrível. E quando Dookan ordena o massacre de uma flotilha
de refugiados indefesos, o Conselho Jedi sente que não tem
escolha a não ser tomar medidas drásticas: atacar o homem
responsável por tantas atrocidades de guerra, o próprio Conde
Dookan. Mas o Dookan sempre evasivo é uma presa perigosa para
o caçador mais hábil. Portanto, o Conselho toma a decisão ousada
de trazer tanto os lados do poder da Força de suportar, — juntar o
ousado Cavaleiro Quinlan Vos com a infame acólita Sith Asajj
Ventress. Embora a desconfiança dos Jedi pela astuta assassina
que uma vez serviu ao lado de Dookan ainda seja profunda, o ódio
de Ventress por seu antigo mestre é mais profundo. Ela está mais
do que disposta a emprestar seus copiosos talentos como caçadora
de recompensas, e assassina, na busca de Vos.Juntos, Ventress e
Vos são as melhores esperanças para eliminar a Dookan, — desde
que os sentimentos emergentes entre eles não comprometam a sua
missão. Mas Ventress está determinada a ter sua vingança e,
finalmente, deixar de lado seu passado sombrio de Sith.
Equilibrando as emoções complicadas que sente por Vos com a
fúria de seu espírito guerreiro, ela resolve reivindicar a vitória em
todas as frentes, uma promessa que será impiedosamente testada
por seu inimigo mortal… e sua própria dúvida.

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Star Wars: Episódio IX: A Ascensão do Skywalker:
Edição Expandida

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Leia o épico capítulo final da saga Skywalker com a novelização


oficial de Star Wars: A Ascensão Skywalker, incluindo cenas
ampliadas e conteúdo adicional não visto nos cinemas! A
Resistência renasceu. Mas, embora Rey e seus companheiros
heróis estejam de volta à luta, a guerra contra a Primeira Ordem,
agora liderada pelo líder supremo Kylo Ren, está longe de terminar.
Assim como a faísca da rebelião está reacendendo, um sinal
misterioso é transmitido por toda a galáxia, com uma mensagem
assustadora: o Imperador Palpatine, há muito pensado derrotado e
destruído, está de volta dos mortos. O antigo Senhor dos Sith
realmente voltou? Kylo Ren corta uma faixa de destruição pelas
estrelas, determinado a descobrir qualquer desafio ao seu controle
sobre a Primeira Ordem e seu destino para governar a galáxia – e
esmagá-la completamente. Enquanto isso, para descobrir a
verdade, Rey, Finn, Poe e a Resistência devem embarcar na
aventura mais perigosa que já enfrentaram. Apresentando cenas
totalmente novas, adaptadas de material nunca visto, cenas
excluídas e informações dos cineastas, a história que começou em
Star Wars: O Despertar da Força e continuou em Star Wars: Os
Últimos Jedi chega a uma conclusão surpreendente.

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Star Wars: Os Segredos Dos Jedi

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Descubra o mundo dos Jedi de Star Wars através desta experiência


de leitura divertida e totalmente interativa. Star Wars: Jediografia é o
melhor guia do universo Jedi para o universo dos Jedi,
transportando jovens leitores para uma galáxia muito distante,
através de recursos interativos, fatos fascinantes e ideias cativantes.
Com ilustrações originais emocionantes e incríveis recursos
especiais, como elevar as abas, texturas e muito mais, Star Wars:
Jediografia garante a emoção das legiões de jovens fãs da saga.

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Star Wars:Thrawn: Alianças

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Palavras sinistras em qualquer circunstância, mas ainda mais


quando proferidas pelo Imperador Palpatine. Em Batuu, nos limites
das Regiões Desconhecidas, uma ameaça ao Império está se
enraizando. Com a sua existência pouco mais que um vislumbre, as
suas consequências ainda desconhecidas. Mas é preocupante o
suficiente para o líder imperial justificar a investigação de seus
agentes mais poderosos: o impiedoso agente Lorde Darth Vader e o
brilhante estrategista grão almirante Thrawn. Rivais ferozes a favor
do Imperador e adversários francos nos assuntos imperiais,
incluindo o projeto Estrela da Morte, o par formidável parece
parceiros improváveis para uma missão tão crucial. Mas o
Imperador sabe que não é a primeira vez que Vader e Thrawn
juntam forças. E há mais por trás de seu comando real do que
qualquer um dos suspeitos. No que parece uma vida atrás, o
general Anakin Skywalker da República Galáctica e o comandante
Mitth’raw’nuruodo, oficial da Ascensão do Chiss, cruzaram o
caminho pela primeira vez. Um em uma busca pessoal
desesperada, o outro com motivos desconhecidos... e não
divulgados. Mas, diante de uma série de perigos em um mundo
longínquo, eles forjaram uma aliança desconfortável, — nem
remotamente cientes do que seus futuros reservavam. Agora,
reunidos mais uma vez, eles se veem novamente ligados ao planeta
onde lutaram lado a lado. Lá eles serão duplamente desafiados, —
por uma prova de sua lealdade ao Império... e um inimigo que
ameaça até seu poder combinado.

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Star Wars: Legado da Força: Traição

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Esta é a era do legado de Luke Skywalker: o Mestre Jedi unificou a


Ordem em um grupo coeso de poderosos Cavaleiros Jedi. Mas
enquanto a nova era começa, os interesses planetários ameaçam
atrapalhar esse momento de relativa paz, e Luke é atormentado
com visões de uma escuridão que se aproxima. O mal está
ressurgindo “das melhores intenções” e parece que o legado dos
Skywalkers pode dar um ciclo completo.A honra e o dever colidirão
com a amizade e os laços de sangue, à medida que os Skywalker e
o clã Solo se encontrarem em lados opostos de um conflito
explosivo com repercussões potencialmente devastadoras para
ambas as famílias, para a ordem Jedi e para toda a galáxia. Quando
uma missão para descobrir uma fábrica ilegal de mísseis no planeta
Aduman termina em uma emboscada violenta, da qual a Cavaleira
Jedi Jacen Solo e o seu protegido e primo, Ben Skywalker, escapam
por pouco com as suas vidas; é a evidência mais alarmante ainda
que desencadeia uma discussão política. A agitação está
ameaçando inflamar-se em total Rebelião. Os governos de vários
mundos estão se irritando com os rígidos regulamentos da Aliança
Galáctica, e os esforços diplomáticos para garantir o cumprimento
estão falhando. Temendo o pior, a Aliança prepara uma
demonstração preventiva de poder militar, numa tentativa de trazer
os mundos renegados para a frente antes que uma revolta entre em
erupção. O alvo modelado para esse exercício: o planeta Corellia,
conhecido pela independência impetuosa e pelo espírito renegado
que fizeram de seu filho favorito, Han Solo, uma lenda. Algo como
um trapaceiro, Jacen é, no entanto, obrigado como Jedi a ficar com
seu tio, o Mestre Jedi Luke Skywalkers, ao lado da Aliança
Galáctica. Mas quando os Corellianos de guerra lançam um contra-
ataque, a demonstração de força da Aliança, e uma missão secreta
para desativar a crucial Estação Central de Corellia; dão lugar a
uma escaramuça armada. Quando a fumaça baixa, as linhas de
batalha são traçadas. Agora, o espectro da guerra em grande escala
aparece entre um grupo crescente de planetas desafiadores e a
Aliança Galáctica, que alguns temem estar se tornando um novo
Império. E, enquanto os dois lados lutam para encontrar uma
solução diplomática, atos misteriosos de traição e sabotagem
ameaçam condenar os esforços de paz a todo momento.
Determinado a erradicar os que estão por trás do caos, Jacen segue
uma trilha de pistas enigmáticas para um encontro sombrio com as
mais chocantes revelações… enquanto Luke se depara com algo
ainda mais preocupante: visões de sonho de uma figura sombria
cujo poder da Força e crueldade lembram a ele de Darth Vader, um
inimigo letal que ataca como um espírito sombrio em uma missão de
destruição. Um agente do mal que, se as visões de Luke
acontecerem, trará uma dor incalculável ao Mestre Jedi e a toda a
galáxia.

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Star Wars: Battlefront II: Esquadrão Inferno

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Após o humilhante roubo dos planos da Estrela da Morte e a


destruição da estação de batalha, o Império está na defensiva. Mas
não por muito. Em retaliação, os soldados imperiais de elite do
Esquadrão Inferno foram chamados para a missão crucial de se
infiltrar e eliminar os guerrilheiros, a facção rebelde que já foi
liderada pelo famoso lutador pela liberdade da República, Saw
Gerrera. Após a morte de seu líder, os guerrilheiros continuaram seu
legado extremista, determinados a frustrar o Império, não importa o
custo. Agora o Esquadrão Inferno deve provar seu status como o
melhor dos melhores e derrubar os Partisans de dentro. Mas a
crescente ameaça de serem descobertos no meio de seu inimigo
transforma uma operação já perigosa em um teste ácido de fazer ou
morrer que eles não ousam falhar. Para proteger e preservar o
Império, até onde irá o Esquadrão Inferno. . . e quão longe deles?

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Star Wars: Catalisador: Um Romance de Rogue One

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A guerra está destruindo a galáxia. Durante anos, a República e os


Separatistas lutaram entre as estrelas, cada um construindo uma
tecnologia cada vez mais mortal na tentativa de vencer a guerra.
Como membro do projeto secreto da Estrela da Morte do Chanceler
Palpatine, Orson Krennic está determinado a desenvolver uma
super arma antes que os inimigos da República possam. E um velho
amigo de Krennic, o brilhante cientista Galen Erso, poderia ser a
chave para a tentativa de vencer a guerra. Como membro do projeto
secreto da Estrela da Morte do Chanceler Palpatine, Orson Krennic
está determinado a desenvolver uma super arma antes que os
inimigos da República possam. E um velho amigo de Krennic, o
brilhante cientista Galen Erso, poderia ser a chave. A pesquisa
focada na energia de Galen chamou a atenção de Krennic e de seus
inimigos, tornando o cientista um peão crucial no conflito galáctico.
Mas depois que Krennic resgata Galen, sua esposa, Lyra, e sua
filha Jyn, de sequestradores separatistas, a família Erso está
profundamente em dívida com Krennic. Krennic então oferece a
Galen uma oportunidade extraordinária: continuar seus estudos
científicos com todos os recursos totalmente à sua disposição.
Enquanto Galen e Lyra acreditam que sua pesquisa energética será
usada puramente de maneiras altruístas, Krennic tem outros planos
que finalmente tornarão a Estrela da Morte uma realidade. Presos
no aperto cada vez maior de seus benfeitores, os Ersos precisam
desembaraçar a teia de decepção de Krennic para salvar a si
mesmos e à própria galáxia.

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Star Wars: Ascensão Rebelde

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Quando Jyn Erso tinha cinco anos, sua mãe foi assassinada e seu
pai foi tirado dela para servir ao Império. Mas, apesar da perda de
seus pais, ela não está completamente sozinha, — Saw Gerrera, um
homem disposto a ir a todos os extremos necessários para resistir à
tirania imperial, acolhe-a como sua e dá a ela não apenas um lar,
mas todas as habilidades e os recursos de que ela precisa para se
tornar uma rebelde.Jyn se dedica à causa e ao homem. Mas lutar ao
lado de Saw e seu povo traz consigo o perigo e a questão de quão
longe Jyn está disposta a ir como um dos soldados de Saw. Quando
ela enfrenta uma traição impensável que destrói seu mundo, Jyn
terá que se recompor e descobrir no que ela realmente acredita… e
em quem ela pode realmente confiar.

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Star Wars: A Alta República: A Luz dos Jedi

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Muito antes da Primeira Ordem, antes do Império ou antes mesmo


da Ameaça Fantasma . . . Os Jedi iluminaram o caminho para a
galáxia na Alta República. É uma era de ouro. Os intrépidos
batedores do hiperespaço expandem o alcance da República para
as estrelas mais distantes, mundos prosperam sob a liderança
benevolente do Senado e a paz reina, reforçada pela sabedoria e
força da renomada ordem de usuários da Força conhecidos como
Jedi. Com os Jedi no auge de seu poder, os cidadãos livres da
galáxia estão confiantes em sua habilidade de resistir a qualquer
tempestade. Mas mesmo a luz mais brilhante pode lançar uma
sombra, e algumas tempestades desafiam qualquer preparação.
Quando uma catástrofe chocante no hiperespaço despedaça uma
nave, a enxurrada de estilhaços que emergem do desastre ameaça
todo o sistema. Assim que o pedido de ajuda sai, os Jedi correm
para o local. O escopo do surgimento, no entanto, é o suficiente
para levar até os Jedi ao seu limite. Enquanto o céu se abre e a
destruição cai sobre a aliança pacífica que ajudaram a construir, os
Jedi devem confiar na Força para vê-los em um dia em que um
único erro pode custar bilhões de vidas. Mesmo enquanto os Jedi
lutam bravamente contra a calamidade, algo verdadeiramente
mortal cresce além dos limites da República. O desastre do
hiperespaço é muito mais sinistro do que os Jedi poderiam
suspeitar. Uma ameaça se esconde na escuridão, longe da era da
luz, e guarda um segredo.

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Star Wars: A Alta República: O Grande Resgate Jedi

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Conheça os nobres e sábios Jedi da Alta República!Quando um


desastre acontece no hiperespaço, colocando o povo de Hetzal
Prime em grave perigo, apenas os Jedi da Alta República podem
salvar o dia! Esse ebook é a forma mais incrível de introduzir as
crianças nessa nova Era da Alta República, pois reconta a história
do Ebook Luz dos Jedi de forma simples e didática para as crianças.
(FAIXA ETÁRIA: 5 a 8 anos)

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Star Wars: A Alta República: Na Escuridão

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Muito antes da Primeira Ordem, antes do Império ou antes mesmo


da Ameaça Fantasma... Os Jedi iluminaram o caminho para a
galáxia na Alta República. Padawan Reath Silas está sendo enviado
da cosmopolita capital galáctica de Coruscant para a fronteira
subdesenvolvida, e ele não poderia estar menos feliz com isso. Ele
prefere ficar no Templo Jedi, estudando os arquivos. Mas quando a
nave em que ele está viajando é arrancada do hiperespaço em um
desastre que abrange toda a galáxia, Reath se encontra no centro
da ação. Os Jedi e seus companheiros de viagem encontram refúgio
no que parece ser uma estação espacial abandonada. Mas então
coisas estranhas começaram a acontecer, levando os Jedi a
investigar a verdade por trás da estação misteriosa, uma verdade
que pode terminar em tragédia...

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Star Wars: A Alta República: Um Teste de Coragem

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Muito antes da Primeira Ordem, antes do Império ou antes mesmo


da Ameaça Fantasma... Vernestra Rwoh é mais nova Cavaleira Jedi
com dezesseis anos, mas a sua primeira missão de verdade parece
muito com ser babá. Ela foi encarregada de supervisionar a
aspirante a inventora Avon Starros, de 12 anos, em um cruzador
rumo à inauguração de uma nova estação espacial maravilhosa
chamada Farol Estelar. Mas logo em sua jornada, bombas explodem
a bordo do cruzador. Enquanto o Jedi adulto tenta salvar a nave,
Vernestra, Avon, o droide J-6 de Avon, um Padawan Jedi e o filho
de um embaixador conseguem chegar a uma nave de fuga, mas as
comunicações acabam e os suprimentos são poucos. Eles decidem
pousar em uma lua próxima, que oferece abrigo, mas não muito
mais. E sem o conhecimento deles, o perigo se esconde na selva…

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Star Wars: A Alta República: Corrida para Torre
Crashpoint

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Outra história emocionante da série mais vendida do New York


Times! A Feira da República está chegando! Visitantes de toda a
galáxia estão viajando para o planeta Valo para um festival enorme
e inspirador que celebra a República. Enquanto os seus
companheiros Valons se preparam para a feira, o Padawan Jedi
Ram Jomaram está se escondendo em seu lugar favorito: uma
garagem suja cheia de peças mecânicas e ferramentas. Mas
quando um alarme de segurança dispara no topo de uma colina
próxima, apelidado de Pico Crashpoint, ele se aventura com o seu
confiável droide V-18 para investigar. Lá, ele descobre que alguém
derrubou a torre de comunicações de Valo, um sinal assustador de
que Valo e a Feira da República estão em perigo. Com certeza,
enquanto Ram corre para avisar os Jedi, os temidos Nihil
desencadeiam um ataque surpresa! Cabe a Ram enfrentar o inimigo
na Torre Crashpoint e enviar um pedido de ajuda à República.
Felizmente, ele está prestes a receber ajuda de novos amigos
inesperados… Não perca todas as aventuras de Star Wars: A Alta
República! (Material indicado para crianças a partir de 8 – 12 anos)

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Star Wars: Velha República: Enganados

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“Nossa hora chegou. Durante trezentos anos nos preparamos;


ficamos mais fortes enquanto você descansava em seu berço de
poder... Agora sua República cairá.”Um guerreiro Sith para rivalizar
com o mais sinistro dos Lordes Sombrios da Ordem, Darth Malgus
derrubou o Templo Jedi em Coruscant em um ataque brutal que
chocou a galáxia. Mas se a guerra o coroasse como o mais sombrio
dos heróis Sith, a paz o transformará em algo muito mais hediondo,
algo que Malgus nunca gostaria de ser, mas não pode parar de se
tornar, assim como ele não pode impedir a Jedi desobediente de se
aproximar rapidamente. O nome dela é Aryn Leneer - e o único
Cavaleiro Jedi que Malgus matou na batalha feroz pelo Templo Jedi
era seu Mestre. Agora ela vai descobrir o que aconteceu com ele,
mesmo que isso signifique quebrar todas as regras da Ordem.

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Star Wars: Thrawn: Traição

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Essa foi a promessa que o Grão Almirante Thrawn fez ao Imperador


Palpatine em seu primeiro encontro. Desde então, Thrawn tem sido
um dos instrumentos mais eficazes do Império, perseguindo os seus
inimigos até os limites da galáxia conhecida. Mas por mais que
Thrawn tenha se tornado uma arma afiada, o Imperador sonha com
algo muito mais destrutivo. Agora, enquanto o programa TIE
Defender de Thrawn é interrompido em favor do projeto
ultrassecreto conhecido apenas como Estrelinha, do Diretor Krennic,
ele percebe que o equilíbrio de poder no Império é medido por mais
do que apenas perspicácia militar ou eficiência tática. Mesmo o
maior intelecto dificilmente pode competir com o poder de aniquilar
planetas inteiros. Enquanto Thrawn trabalha para garantir o seu
lugar na hierarquia Imperial, seu ex-protegido Eli Vanto retorna com
um terrível aviso sobre o mundo natal de Thrawn. O domínio da
estratégia de Thrawn deve guiá-lo através de uma escolha
impossível: dever para com a Ascendência Chiss ou a fidelidade
para com o Império que ele jurou servir. Mesmo que a escolha certa
signifique cometer traição.

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Star Wars: Mestre e Aprendiz

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Um Jedi deve ser um guerreiro destemido, um guardião da justiça e


um erudito nos caminhos da Força. Mas talvez o dever mais
essencial de um Jedi seja transmitir o que aprenderam. Mestre Yoda
treinou Dookan o qual treinou Qui-Gon Jinn; e agora Qui-Gon tem
um Padawan próprio. Mas enquanto Qui-Gon enfrentou todos os
tipos de ameaças e perigos como um Jedi, nada o assustou tanto
quanto a ideia de falhar com seu aprendiz. Obi-Wan Kenobi tem
profundo respeito por seu Mestre, mas luta para entendê-lo. Por que
Qui-Gon deve tantas vezes desconsiderar as leis que obrigam os
Jedi? Por que Qui-Gon é atraído por antigas profecias Jedi em vez
de preocupações mais práticas? E por que Obi-Wan não disse que
Qui-Gon está considerando um convite para se juntar ao Conselho
Jedi - sabendo que isso significaria o fim de sua parceria? A
resposta simples o assusta: Obi-Wan falhou com seu Mestre.
Quando Jedi Rael Aveross, outro ex-aluno de Dookan, solicita sua
ajuda em uma disputa política, Jinn e Kenobi viajam para a Corte
Real de Pijal para o que pode ser sua missão final juntos. O que
deveria ser uma tarefa simples rapidamente se torna obscurecido
por engano e por visões de desastre violento que tomam conta da
mente de Qui-Gon. Conforme a fé de Qui-Gon na profecia cresce, a
fé de Obi-Wan nele é testada - assim como surge uma ameaça que
exigirá que o Mestre e o Aprendiz se unam como nunca antes, ou se
dividam para sempre.

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Star Wars: Legado da Força: Linhagens de Sangue

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Uma nova era de aventuras emocionantes e revelações chocantes


continua a se desenrolar, à medida que a lendária saga Star Wars
avança em um novo território surpreendente. A guerra civil se
aproxima enquanto a incipiente Aliança Galáctica enfrenta um
número crescente de mundos rebeldes... e a guerra que se
aproxima está separando as famílias Skywalker e Solo. Han e Leia
retornam ao mundo natal de Han, Corellia, o coração da resistência.
Os seus filhos, Jacen e Jaina, são soldados na campanha da
Aliança Galáctica para esmagar os insurgentes. Jacen, agora um
mestre completo da Força, tem os seus próprios planos para trazer
ordem à galáxia. Guiado por sua mentora Sith, Lumiya, e com o filho
de Luke, Ben, ao seu lado, Jacen embarca no mesmo caminho que
o seu avô Darth Vader fez uma vez. E enquanto Han e Leia
assistem o seu único filho homem se tornar um estranho, um
assassino secreto emaranha o casal com um nome temido do
passado de Han: Boba Fett. Na nova ordem galáctica, amigos e
inimigos não são mais o que parecem...

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Star Wars: A Sombra da Rainha

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Quando Padmé Naberrie, Rainha Amidala de Naboo, deixa sua


posição, ela é convidada pela rainha recém-eleita para se tornar a
representante de Naboo no Senado Galáctico. Padmé não tem
certeza sobre assumir a nova função, mas não pode recusar o
pedido para servir seu povo. Junto com suas servas mais leais,
Padmé deve descobrir como navegar nas águas traiçoeiras da
política e forjar uma nova identidade além da sombra da rainha.

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Star Wars: Amanhecer dos Jedi - No vazio

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No planeta Tython, a antiga ordem Je'daii foi fundada. E aos pés de


seus sábios Mestres, Lanoree Brock aprendeu os mistérios e
métodos da Força, e encontrou seu chamado como um de seus
discípulos mais poderosos. Mas tão fortemente quanto a Força fluiu
dentro de Lanoree e seus pais, ela permaneceu ausente em seu
irmão, que passou a desprezar e evitar os Je'daii, e cujo
treinamento em seus métodos antigos terminou em tragédia. Agora,
de sua vida solitária como um Patrulheira mantendo a ordem em
toda a galáxia, Lanoree foi convocada pelo Conselho Je'daii em
uma questão de extrema urgência. O líder de um culto fanático,
obcecado em viajar além dos limites do espaço conhecido, está
empenhado em abrir um portal cósmico usando a temida matéria
escura como chave - arriscando uma reação cataclísmica que
consumirá todo o sistema estelar. Porém, mais chocante para
Lanoree do que até mesmo a perspectiva de aniquilação galáctica
total, é a decisão de seus Mestres Je'daii de incumbi-la da missão
de evitá-la. Até que uma revelação surpreendente deixa claro por
que ela foi escolhida: o louco brilhante e perigoso que ela deve
rastrear e parar a qualquer custo é o irmão cuja morte ela lamentou
por muito tempo, e cuja vida ela deve temer agora.

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Star Wars: Thrawn: ASCENDÊNCIA (Livro I – Caos
Crescente)

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Além do limite da galáxia estão as Regiões Desconhecidas:


caóticas, desconhecidas e quase intransitáveis, com segredos
ocultos e perigos em igual medida. E aninhada em seu caos
turbulento está a Ascendência, lar dos enigmáticos Chiss e das
Nove Famílias Regentes que as lideram. A paz da Ascensão, um
farol de calma e estabilidade, é destruída após um ousado ataque à
capital de Chiss que não deixa vestígios do inimigo. Perplexo, a
Ascendência despacha um de seus jovens oficiais militares para
erradicar os agressores invisíveis. Um recruta nascido sem título,
mas adotado na poderosa família de Mitth e que recebeu o nome de
Thrawn. Com o poder da Frota Expansionista em suas costas e a
ajuda de sua camarada Almirante Ar’alani, as respostas começam a
se encaixar. Mas conforme o primeiro comando de Thrawn investiga
mais profundamente a vasta extensão do espaço que seu povo
chama de Caos, ele percebe que a missão que lhe foi dada não é o
que parece.

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Star Wars: A Alta República - Tormenta Crescente

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Os heróis da era da Alta República retornam para enfrentar uma paz


destruída e um inimigo terrível, após os eventos dramáticos de Luz
dos Jedi. Na esteira do desastre do hiperespaço e do heroísmo dos
Jedi, a República continua a crescer, reunindo mais mundos sob
uma única bandeira unificada. Sob a liderança da Chanceler Lina
Soh, o espírito de unidade se estende por toda a galáxia, com os
Jedi e a estação Farol Luz Estelar recentemente estabelecida na
vanguarda. Em comemoração, a chanceler planeja a Feira da
República, será uma vitrine das possibilidades e da paz da
República em expansão, uma paz que os Jedi esperam promover.
Stellan Gios, Bell Zettifar, Elzar Mann e outros se juntam ao evento
como embaixadores da harmonia. Mas à medida que os olhos da
galáxia se voltam para a feira, o mesmo ocorre com a fúria dos Nihil.
O seu líder, Marchion Ro, pretende destruir essa unidade. Sua
Tempestade desce sobre a pompa e a celebração, semeando o
caos e exigindo vingança.

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Star Wars: Velha República – Aniquilação

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O Império Sith está em fluxo. O imperador está desaparecido, dado


como morto, e a tentativa de um ambicioso lorde Sith de tomar o
trono terminou fatalmente. Ainda assim, Darth Karrid, comandante
do temível cruzador de batalha Imperial Lança Ascendente, continua
seus esforços incansáveis para alcançar o domínio Sith total da
galáxia. Mas a determinação implacável de Karrid é mais do que
compatível com a determinação de aço de Theron Shan, cujos
negócios inacabados com o Império podem mudar o curso da
guerra para sempre. Embora filho de uma mestra Jedi, Theron não
exerce a Força... mas, como a sua renomada mãe, o espírito de
rebelião está em seu sangue. Como um importante agente secreto
da República, ele desferiu um golpe crucial contra o Império ao
expor e destruir um arsenal de super arma Sith, o que o torna o
agente ideal para uma missão ousada e perigosa para acabar com o
reinado de terror da Lança Ascendente. Juntamente com a
contrabandista Teff'ith, com quem ele tem uma ligação inexplicável,
e o sábio guerreiro Jedi Gnost-Dural, ex-mestre de Darth Karrid,
Theron deve combinar inteligência e armas com uma tripulação
testada em batalha da escuridão mais fria discípulos secundários.
Mas o tempo é brutalmente curto. E se eles não aproveitarem sua
única chance de sucesso, certamente terão inúmeras oportunidades
de morrer.

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Star Wars – The Clone Wars – Histórias de Luz e
Escuridão

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Um confronto épico entre as forças da luz e das trevas, entre a


República Galáctica e os Separatistas, entre bravos heróis e vilões
brilhantes – o destino da galáxia está em jogo na série de animação
ganhadora do Emmy Award, Star Wars: The Clone Wars. Nesta
emocionante antologia, onze autores que também são fãs da série
trazem histórias de seu programa favorito para a vida. Reunidos
aqui estão momentos memoráveis e aventuras impressionantes, de
tentativas de assassinato a generosidades roubadas, de lições
aprendidas a amores perdidos. Todos os seus personagens
favoritos de The Clone Wars estão aqui: Anakin Skywalker, Yoda,
Obi-Wan Kenobi, Ahsoka Tano, Capitão Rex, Darth Maul, Conde
Dookan e muito mais!

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Star Wars – Tribo Perdida dos Sith: Coletânea de
Histórias

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Finalmente, em um volume único, as oito partes originais da épica


série de e-books Tribo perdida dos Sith… junto com o final explosivo
e nunca antes publicado, Pandemônio, com mais de cem páginas
de novo material! Cinco mil anos atrás. Após uma emboscada Jedi,
a nave mineira Sith Presságio está destruída em um planeta
desconhecido e remoto. Seu comandante, Yaru Korsin, luta contra o
derramamento de sangue de uma facção amotinada liderada por
seu próprio irmão. Encalhados e enfrentando a morte, a tripulação
Sith não tem escolha a não ser se aventurar em seus arredores
desolados. Eles enfrentam inúmeros desafios brutais, predadores
cruéis, pragas letais, tribos que adoram deuses vingativos… e,
como verdadeiros guerreiros Sith, enfrentam-nos com o lado
sombrio da Força. As lutas só estão começando para os orgulhosos
e intransigentes Sith, dirigidos como estão para governar a todo
custo. Eles vencerão os nativos primitivos e encontrarão o caminho
de volta ao seu verdadeiro destino como governantes da galáxia.
Mas à medida que o seu legado cresce ao longo de milhares de
anos, os Sith acabam sendo testados pela ameaça mais perigosa
de todas: o inimigo interno.

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Star Wars – Esquadrão Alfabeto

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O Imperador está morto. A Rebelião é vitoriosa. No rescaldo, Yrica


Quell é apenas um dos milhares de desertores imperiais que vivem
em uma favela de desertores. Incerta sobre o seu lugar na
República contra a qual ela lutou uma vez, ela começou a perder
qualquer esperança de redenção, até que ela seja selecionada para
se juntar ao Esquadrão do Alfabeto. Formados por uma variedade
eclética de pilotos e caças, os cinco membros da Alfabeto são
encarregados pela própria general da Nova República, Hera
Syndulla. A missão deles: rastrear e destruir o misterioso Shadow
Wing, uma força letal de TIE fighters exigindo uma vingança
sangrenta e impiedosa no crepúsculo de seu reinado. Mas passar
de rebeldes menos favorecidos a heróis célebres não é tão fácil
quanto parece. Os rebeldes guerreiros do Esquadrão Alfabeto terão
que aprender a voar juntos para proteger a nova era de paz que
lutaram tanto para conquistar.

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Star Wars - Comandos da República - Contato Hostil

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Enquanto a Guerra dos Clones se enfurece, a vitória ou a derrota


estão nas mãos de esquadrões de elite que assumem as tarefas
mais difíceis na galáxia, soldados frios que vão aonde ninguém mais
iria, para fazer o que ninguém mais poderia... Em uma missão para
sabotar uma instalação de pesquisa de armas químicas em um
planeta controlado pelos Separatistas, quatro soldados clones
operam sob o nariz de seus inimigos. Os comandos estão em menor
número e com menos armas, bem atrás das linhas inimigas, sem
apoio, e trabalhando com estranhos em vez de companheiros de
equipe de confiança. As coisas não melhoram quando Darman, o
especialista em demolições do esquadrão, se separa dos outros
durante a queda do planeta. Mesmo a aparente boa sorte de
Darman em encontrar uma Padawan inexperiente desaparece
quando Etain admite a sua terrível inexperiência. Para os comandos
clones divididos e o Jedi preso, uma longa e perigosa jornada está à
frente, através de um território hostil repleto de escravos
Trandoshanos, Separatistas e nativos suspeitos. Um único passo
em falso pode significar descoberta... e morte. É uma missão suicida
virtual para qualquer um, exceto para os Comandos da República.

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Star Wars - Alta República - Confronto na Feira

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Muito antes das Guerras Clônicas, do Império ou da Primeira


Ordem, os Jedi iluminaram o caminho para a galáxia em uma era
dourada conhecida como Alta República! Este emocionante livro de
histórias colorido traz à vida um confronto épico entre os Cavaleiros
Jedi e seus misteriosos inimigos, os Nihil. Burryaga, o Wookiee
Padawan e seus companheiros Jedi devem salvar o dia! Esse ebook
é a forma mais incrível de introduzir as crianças nessa nova Era da
Alta República, pois reconta a história do Ebook Tormenta
Crescente do ponto de vista do Padawan Jedi Burryaga, que conta
de forma simples e didática para as crianças. (FAIXA ETÁRIA: 6 a 8
anos)

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Star Wars – A Alta República – Fora das Sombras

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Sylvestri Yarrow vive uma maré de azar sem fim. Ela tem feito o
possível para manter o negócio de carga da família em
funcionamento após a morte de sua mãe, mas entre o aumento das
dívidas e o aumento dos ataques dos Nihil a naves desavisados, Syl
corre o risco de perder tudo o que resta de sua mãe. Ela segue para
a capital galáctica de Coruscant em busca de ajuda, mas é desviada
quando é arrastada para uma disputa entre duas das famílias mais
poderosas da República por um pedaço do espaço na fronteira.
Emaranhada na política familiar é o último lugar que Syl quer estar,
mas a promessa de uma grande recompensa é o suficiente para
mantê-la interessada... Enquanto isso, o Cavaleiro Jedi Vernestra
Rwoh foi convocada para Coruscant, mas sem nenhuma ideia do
porquê ou por quem. Ela e seu Padawan Imri Cantaros chegam à
capital junto com o Mestre Jedi Cohmac Vitus e seu Padawan,
Reath Silas, e são convidados a ajudar na disputa de propriedade
na fronteira. Mas por que? O que há de tão importante em um
pedaço de espaço vazio? A resposta levará Vernestra a uma nova
compreensão de suas habilidades e levará Syl de volta ao
passado... e às verdades que finalmente surgirão das sombras.

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Star Wars - A Alta República - A Estrela Cadente

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Uma e outra vez, os invasores viciosos conhecidos como Nihil


tentaram trazer a era de ouro da Alta República a um fim ardente.
Repetidamente, a Alta República emergiu desgastada e cansada,
mas vitoriosa graças a seus protetores Jedi, e não há monumento à
sua causa maior do que o Farol Luz Estelar. Pendurado como uma
joia na Orla Exterior, o Farol encarna a Alta República no ápice de
suas aspirações: um centro de cultura e conhecimento, uma tocha
brilhante contra a escuridão do desconhecido e uma mão estendida
de boas-vindas aos confins do mundo. a galáxia. Enquanto
sobreviventes e refugiados fogem dos ataques do Nihil, o Farol e a
sua tripulação estão prontos para abrigar e curar. Os agradecidos
Cavaleiros e Padawans da Ordem Jedi estacionados lá finalmente
têm a chance de se recuperar, da dor de seus ferimentos e da dor
de suas perdas. Mas a tempestade que eles pensavam ter passado
ainda continua; eles são simplesmente capturados em seus olhos.
Marchion Ro, o verdadeiro mentor dos Nihil, está preparando o seu
ataque mais ousado até agora, um projetado para extinguir a luz dos
Jedi.

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Star Wars - Os Segredos dos Sith

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e você conhecesse o poder do lado sombrio! Descubra os caminhos


dos Sith neste livro infantil emocionante, informativo e totalmente
ilustrado. Junte-se ao Imperador Palpatine, também conhecido
como Darth Sidious, nesta exploração dos Sith e dos aliados
malignos do lado sombrio. Star Wars: Os Segredos dos Sith irá
emocionar os jovens fãs com conhecimento do lado sombrio, obras
de arte incríveis e recursos interativos, como pop-ups, livretos e
inserções de levantar a aba. Experimente o poder do lado sombrio :
Narrado pelo Imperador Palpatine, este livro dará aos jovens leitores
uma visão do poder do lado sombrio. Aprenda sobre alguns dos
maiores vilões do lado sombrio de Star Wars : abrangendo filmes,
programas de televisão, livros, quadrinhos e videogames, Star Wars:
Os Segredos dos Sith narra alguns dos praticantes mais infames do
lado sombrio, incluindo Darth Maul, Conde Dookan, Asajj Ventress,
Darth Vader, o Grande Inquisidor e Kylo Ren. Ilustrações originais
incríveis: Star Wars: Os Segredos dos Sith é um livro infantil
lindamente ilustrado que os leitores vão querer revisitar várias
vezes. Cheio de recursos interativos empolgantes: Pop-ups, folhetos
e inserções de levantar a aba vão emocionar os jovens fãs,
proporcionando uma experiência envolvente enquanto investiga as
histórias sobre os Sith. O complemento perfeito para qualquer
biblioteca virtual de Star Wars : Este lindo ebook encadernado é um
item obrigatório para a coleção de qualquer jovem fã.

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Star Wars - A Alta República – Missão para o
Desastre

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Os Jedi acham que os temidos saqueadores Nihil foram todos


derrotados. O seu líder está fugindo e os seus números diminuíram.
A Cavaleira Jedi Vernestra Rwoh espera que isso signifique que ela
finalmente terá tempo para realmente treinar o seu Padawan, Imri
Cantaros, mas os relatos de um ataque Nihil a Porto Haileap logo
frustram essas esperanças. Pois não só os Nihil que atacaram o
pacífico posto avançado, como também sequestraram a amiga de
Vernestra e de Imri, Avon Starros. Os dois Jedi partiram para Porto
Haileap, determinados a descobrir para onde os Nihil levaram a sua
amiga. Enquanto isso, Avon deve colocar a sua inteligência e
habilidades à prova enquanto luta pela sobrevivência entre os Nihil,
e descobre um plano sinistro. Vernestra e Imri podem encontrar a
sua amiga antes que o desastre aconteça?

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Star Wars - Alta República - Batalha Pelo Farol Luz
Estelar

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Muito antes das Guerras Clônicas, do Império ou da Primeira


Ordem, os Jedi iluminaram o caminho para a galáxia em uma era
dourada conhecida como Alta República! Este emocionante livro de
histórias colorido traz à vida uma outra emocionante aventura no
livro de histórias com heróis Jedi e os seus Padawans enquanto
lutam contra os nefastos vilões Nihil!!

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Star Wars - Alta República - Horizonte à Meia Noite

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Séculos antes dos eventos de Star Wars: A Ameaça Fantasma, na


era da gloriosa Alta República, os Jedi são os guardiões da paz e da
justiça na galáxia! Depois de uma série de perdas impressionantes,
a República parece finalmente ter os vilões saqueadores de Nihil em
fuga, e parece que há luz no fim do túnel. Até que venha a notícia
de um suposto ataque de Nihil ao mundo cosmopolita industrial de
Corellia, bem no Núcleo Galáctico. Enviados para investigar estão
os Mestres Jedi Cohmac Vitus e Kantam Sy, juntamente com os
Padawans Reath Silas e Ram Jomaram, todos travando as suas
próprias batalhas particulares após meses de perigo implacável. Em
Corellia, Reath e Ram encontram um descarado jovem especialista
em segurança chamado Crash, cujo amigo foi uma das vítimas do
ataque Nihil, e eles se unem a ela para se infiltrar na elite de Corellia
enquanto os Mestres buscam caminhos mais diplomáticos. Mas se
disfarçar com Crash é mais perigoso do que qualquer um esperava,
mesmo quando Ram puxa seu amigo Zeen para ajudar com um
estratagema elaborado envolvendo uma estrela pop galáctica. Mas
o que eles descobrem em Corellia acaba sendo apenas uma parte
de um plano maior, que pode levar os Jedi à sua derrota mais
impressionante até agora...

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Star Wars - A Alta República - Executora da
Tempestade

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Mergulhe no mundo cruel de um dos maiores inimigos da Alta


República, a impiedosa Lourna Dee, neste roteiro completo para o
áudio original de Star Wars: Executora da Tempestade. A
tempestade Nihil assolou a galáxia, deixando caos e tristeza em seu
rastro. Poucos de seus invasores são tão cruéis quanto a Executora
da Tempestade Lourna Dee. Ela fica um passo à frente da Ordem
Jedi no comando de uma nave com o nome de um dos monstros
mais mortais da galáxia: ela mesma. Mas ninguém pode fugir dos
defensores da Alta República para sempre. Após a derrota de sua
tripulação, Lourna cai nas mãos dos Jedi, mas não antes de
esconder a sua identidade, tornando-se apenas mais uma
condenada de Nihil. Os seus captores não entendem a fera que
encurralaram. Assim como todos os tolos que ela já enterrou, seu
primeiro erro foi mantê-la viva. Lourna está determinada a
subestimá-la pela última vez. Trancada em uma nave correcional da
República, ela é arrastada pela galáxia para reparar os danos que
ela e seus companheiros Executores da Tempestade infligiram. Mas
enquanto Lourna planeja a sua gloriosa fuga, ela faz alianças que se
aproximam perigosamente das amizades. Fora dos Nihil, separada
da sua infame nave, seu terrível arsenal e seu temido nome, Lourna
deve trilhar seu próprio caminho. Mas isso levará à redenção? Ou
ela emergirá como uma ameaça mais mortal do que nunca?

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Star Wars – Legado da Força – Tormenta

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Enquanto a guerra civil ameaça a unidade da Aliança Galáctica, Han


e Leia Solo enfureceram suas famílias e os Jedi ao se juntarem aos
insurgentes Corellianos. Mas os Solos traçam a linha quando
descobrem o plano dos rebeldes para fazer do Consórcio Hapan um
aliado – que depende dos nobres Hapan assassinarem sua rainha
pró-Aliança e a sua filha. No entanto, a determinação altruísta dos
Solos de salvar a rainha não pode dissipar as consequências
inevitáveis de suas ações que colocarão mãe contra filho e irmão
contra irmã nas batalhas à frente. À medida que os poderes
sombrios de Jacen Solo se fortalecem sob o Jedi Negro Lumiya, e
sua influência sobre Ben Skywalker se torna mais insidiosa, a
preocupação de Luke com seu sobrinho o força a uma luta de vida
ou morte contra seu inimigo mais feroz, e Han e Leia Solo
descobrem ficam à mercê de seu inimigo mais mortal... O filho
deles.

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Star Wars: Irmandade

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As Guerras Clônicas começaram. As fileiras de batalha estão sendo


desenhadas por toda a galáxia. Com cada mundo que se junta aos
Separatistas, a paz guardada pela Ordem Jedi está escorregando
por entre os dedos. Depois que uma explosão devasta Cato
Neimoidia, a joia da Federação do Comércio, a República é culpada
e a frágil neutralidade do planeta é ameaçada. Os Jedi despacham
Obi-Wan Kenobi, uma das mentes diplomáticas mais talentosas da
Ordem, para investigar o crime e manter o equilíbrio que começou a
mudar perigosamente. Enquanto Obi-Wan investiga com a ajuda de
uma heroica guarda Neimoidiana, ele se vê trabalhando contra os
Separatistas que esperam atrair o planeta para a sua conspiração, e
sente a mão sinistra de Asajj Ventress nas brumas que cobrem o
planeta. Em meio ao caos crescente, Anakin Skywalker sobe ao
posto de Cavaleiro Jedi. Apesar da ordem de que Obi-Wan viaje
sozinho, e da insistência de seu ex-mestre para que ele ouça desta
vez, A determinação obstinada de Anakin significa que nada pode
impedi-lo de invadir a festa e trazer um jovem promissor, mas
conflitante. Antes um Padawan de Obi-Wan, Anakin agora se
encontra em pé de igualdade, mas incerto, com o homem que o
criou. O atrito persistente entre eles aumenta o perigo para todos ao
seu redor. Os dois cavaleiros devem aprender uma nova maneira de
trabalhar juntos, e devem aprender rapidamente, para salvar Cato
Neimoidia e seu povo dos incêndios da guerra. Para superar a
ameaça que enfrentam, eles devem crescer além de mestre e
aprendiz. Eles devem permanecer juntos como irmãos.

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Skywalker – Uma Família em Guerra

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Descubra os segredos dos Skywalkers: a família que moldou uma


galáxia muito, muito distante... A história de Skywalker tem tudo:
paixão, intriga, heroísmo e feitos sombrios. Esta biografia reveladora
explora cada reviravolta da dinastia Skywalker: a lenta sedução ao
lado sombrio de Anakin; seu casamento condenado com Padmé
Amidala; o heroísmo de Luke e Leia; a queda e redenção do filho de
Han Solo e da princesa Leia, Ben; e as lutas de sua díade na Força,
Rey. Sem deixar pedra sobre pedra ao traçar as provações e
tribulações da dinastia, esta biografia definitiva da primeira família
de Star Wars explora e explica a história mais profunda e pessoal
dos Skywalkers, seus personagens, motivações e, contra
probabilidades aparentemente impossíveis, seu triunfo final.

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Star Wars – Comandos da República – Triplo Zero

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Após a erupção das sangrentas Guerras Clônicas na batalha de


Geonosis, ambos os lados permanecem em um impasse que só
pode ser quebrado por equipes de guerreiros de elite como o
Esquadrão Ômega, comandos clone com habilidades de combate
aterrorizantes e um arsenal letal... Para o Esquadrão Ômega ,
implantado bem atrás das linhas inimigas, é a mesma velha rotina
de operações especiais: sabotagem, espionagem, emboscada e
assassinato. Mas quando o Esquadrão Ômega é levado às pressas
para Coruscant, o novo ponto de acesso mais perigoso da guerra,
os comandos descobrem que não são os únicos a penetrar no
coração do inimigo. Uma onda de ataques separatistas foi rastreada
até uma rede de células terroristas de Separatistas na capital da
República, planejada por um espião no Quartel General do
Comando. Identificar e destruir uma rede de espionagem e terror
separatista em uma cidade cheia de civis exigirá talentos e
habilidades especiais. Nem mesmo a liderança dos generais Jedi,
juntamente com a assistência do esquadrão Delta e um certo notório
CRA trooper, pode igualar as chances contra os Comandos da
República. E enquanto o sucesso pode não trazer vitória nas
Guerras Clônicas, o fracasso significa derrota certa.

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Star Wars – De um Certo Ponto de Vista – Uma Nova
Esperança

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Em 25 de maio de 1977, o mundo foi apresentado a Han Solo, Luke


Skywalker, Princesa Leia, C-3PO, R2-D2, Chewbacca, Obi-Wan
Kenobi, Darth Vader e uma galáxia cheia de possibilidades. Em
homenagem ao quadragésimo aniversário , mais de quarenta
colaboradores emprestam sua visão a esta releitura de Star Wars .
Cada um dos quarenta contos reimagina um momento do filme
original, mas através dos olhos de um personagem coadjuvante. De
um Certo Ponto de Vista apresenta contribuições de autores mais
vendidos, artistas inovadores e vozes preciosas da história literária
de Star Wars.

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Star Wars: Velha República - Aliança Fatal

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O contrabandista Jet Nebula encontrou um rico tesouro. Os Hutts


querem leiloá-lo pelo maior lance, seja a República ou o Império. O
Alto Conselho Jedi envia um investigador; um Mandaloriano está
perseguindo algo ligado a um crime há muito esquecido; enquanto
um espião joga em todos os lados ao mesmo tempo. No final, o que
Jet descobriu surpreenderá a todos.

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Star Wars: Thrawn: ASCENDÊNCIA (Livro III - O
Mal Menor)

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Por milhares de anos, a Ascendência Chiss tem sido uma ilha de


calma, um centro de poder e um farol de integridade. É liderado
pelas Nove Famílias Governantes, cuja liderança é um baluarte da
estabilidade contra o Caos das Regiões Desconhecidas. Mas essa
estabilidade foi corroída por um inimigo astuto que elimina a
confiança e a lealdade em igual medida. Laços de fidelidade deram
lugar a linhas de divisão entre as famílias. Apesar dos esforços da
Frota de Defesa Expansionista, a Ascendência se aproxima cada
vez mais da guerra civil. Os Chiss não são estranhos à guerra. O
seu status mítico no Caos foi conquistado por meio de conflitos e
atos terríveis, alguns enterrados há muito tempo. Até agora. Para
garantir o futuro da Ascendência, Thrawn mergulhará
profundamente em seu passado, descobrindo os segredos sombrios
que cercam a ascensão da Primeira Família Governante. Mas a
verdade do legado de uma família é tão forte quanto a lenda que a
sustenta. Mesmo que essa lenda seja uma mentira. Para garantir a
salvação da Ascendência, Thrawn está disposto a sacrificar tudo?
Incluindo a única casa que ele já conheceu?

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Star Wars – Cavaleira Errante

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Mil anos antes de Luke Skywalker, uma geração antes de Darth


Bane, em uma galáxia muito, muito distante... A República está em
crise (1032 ABY). Os Sith vagam sem controle, competindo entre si
para dominar a galáxia. Mas uma Jedi solitária, Kerra Holt, está
determinada a derrubar os Lordes das Trevas. Seus inimigos são
estranhos e muitos: Lorde Daiman, que se imagina o criador do
universo; Lord Odion, que pretende ser seu destruidor; os curiosos
irmãos Quillan e Dromika; a enigmática Arcádia. Tantos Sith em
guerra tecendo uma colcha de retalhos de brutalidade, com apenas
Kerra Holt para defender os inocentes pegos sob os pés. Sentindo
um padrão sinistro no caos, Kerra embarca em uma jornada que a
levará a batalhas ferozes contra inimigos ainda mais ferozes. Com
um contra tantos, sua única chance de sucesso está em forjar
alianças entre aqueles que servem seus inimigos, incluindo um
misterioso espião Sith e um general mercenário inteligente. Mas
eles serão seus adversários ou sua salvação? Coruscant, o novo
ponto de acesso mais perigoso da guerra, os comandos descobrem
que não são os únicos a penetrar no coração do inimigo.

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Star Wars – A Esperança da Rainha

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Padmé está se adaptando a ser uma senadora de guerra durante as


Guerras Clônicas. O seu marido secreto, Anakin Skywalker, está
lutando na guerra e se destaca por ser um Jedi de guerra. Em
contraste, quando Padmé tem a oportunidade de ver as vítimas nas
linhas de frente devastadas pela guerra, ela fica horrorizada. As
apostas nunca foram tão altas para a galáxia ou para o casal recém-
casado. Enquanto isso, com Padmé em uma missão secreta, a sua
serva Sabé assume o papel de senadora Amidala, algo que
nenhuma serva faz há muito tempo. No Senado, Sabé fica
igualmente horrorizada com as maquinações que ali acontecem. Ela
fica cara a cara com uma decisão angustiante quando percebe que
não pode lutar uma guerra dessa maneira, nem mesmo por Padmé.
E o Chanceler Palpatine paira sobre tudo isso, manipulando os
jogadores para os seus próprios fins...

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Star Wars – O Vencedor Perde Tudo

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Lando Calrissian não é estranho a torneios de cartas, mas este tem


uma atmosfera verdadeiramente eletrizante. Isso porque o prêmio é
uma escultura rara que vale cinquenta milhões de créditos. Se
Lando não tomar cuidado, ele vai falir, especialmente depois de
conhecer as gêmeas idênticas Bink e Tavia Kitik, ladras mestres que
têm motivos para acreditar que a escultura é falsa. As Kitiks são
fofas, perigosas e determinadas a acertar as coisas, e convenceram
Lando a ajudá-las a expor o golpe. Mas o que eles enfrentam não é
uma simples simples traição, nem mesmo uma traição tripla. É um
jogo de poder completo de proporções colossais. Pois um mentor
invisível detém todas as cartas e tem uma solução à prova de falhas
para cada problema: Assassinato.

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Star Wars – A Sombra do Sith

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O Império está morto. Quase duas décadas após a Batalha de


Endor, os restos esfarrapados das forças de Palpatine fugiram para
os confins da galáxia. Mas para os heróis da Nova República, o
perigo e a perda são companheiros sempre presentes, mesmo
nesta nova era de paz. O Mestre Jedi Luke Skywalker é
assombrado por visões do lado sombrio, predizendo um segredo
sinistro crescendo em algum lugar nas profundezas do espaço, em
um mundo morto chamado Exegol. A perturbação na Força é
inegável… e os piores medos de Luke são confirmados quando o
seu velho amigo Lando Calrissian vem até ele com relatos de uma
nova ameaça Sith. Depois que a filha de Lando foi roubada de seus
braços, ele procurou nas estrelas por qualquer vestígio de seu filho
perdido. Mas cada novo boato leva apenas a becos sem saída e
esperanças desbotadas, até que ele cruza o caminho de Ochi de
Bestoon, um assassino Sith encarregado de sequestrar uma
jovem. Os verdadeiros motivos de Ochi permanecem ocultos para
Luke e Lando. Pois em uma lua ferro-velho, um misterioso enviado
da Eternidade Sith legou uma lâmina sagrada ao assassino,
prometendo que responderá às perguntas que o assombram desde
a queda do Império. Em troca, ele deve completar uma missão final:
retornar a Exegol com a chave para o glorioso renascimento dos
Sith, Rey, a neta do próprio Darth Sidious. Enquanto Ochi persegue
Rey e os seus pais até o limite da galáxia, Luke e Lando correm
para o mistério da sombra persistente dos Sith e ajudam uma jovem
família que corre para salvar suas vidas.

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Star Wars – Boba Fett – Um Homem Prático

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Na superfície, parece apenas mais um contrato de rotina para Boba


Fett e os seus comandos Mandalorianos, mas o cliente misterioso
que os contrata para iniciar uma pequena guerra é mais perigoso do
que qualquer um deles pode imaginar. Quando a força de invasão
Yuuzhan Vong varre a galáxia, os Mandalorianos descobrem que
estão do lado errado, lutando por uma cultura alienígena que trará o
fim da sua própria. Agora Fett tem que escolher entre sua honra e a
sobrevivência de seu povo. Como ele é um homem prático, ele está
determinado a ajudar a resistência a derrotar os Yuuzhan Vong,
mesmo que isso signifique trabalhar com um agente Jedi. O
problema é que ninguém confia em um homem com a reputação de
Fett. Então, convencer a Nova República de que eles estão lutando
do mesmo lado é uma tarefa difícil. Denunciados como traidores, os
Mandalorianos de Fett precisam ficar um passo à frente de seus
pagadores Yuuzhan Vong, e da República que os vê como
colaboradores do inimigo mais destrutivo que a galáxia já
enfrentou...

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Star Wars – Nova Ordem Jedi - Yuuzhan Vong

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Enquanto a Nova República e os Jedi tentam resolver os seus


problemas de convivência, e também tentam resolver pequenas
intrigas entre planetas. Surge algo sombrio e malévolo que nem a
Força consegue perceber. Os Yuuzhan Vong surgem como um
predador de planetas tomando-os e transformando-os. Como a
Galáxia de Star Wars vai derrotar o inimigo mais destrutivo que já
enfrentou? Desvende tudo sobre a raça, planetas, armas, cultura,
história, guerras, mapas, etc... que mudaram o Universo Expandido
Legend de Star Wars para sempre. Esse material vai ser o seu guia
definitivo para toda a série Nova Ordem Jedi.Enquanto a Nova
República e os Jedi tentam resolver os seus problemas de
convivência, e também tentam resolver pequenas intrigas entre
planetas. Surge algo sombrio e malévolo que nem a Força
consegue perceber. Os Yuuzhan Vong surgem como um predador
de planetas tomando-os e transformando-os. Como a Galáxia de
Star Wars vai derrotar o inimigo mais destrutivo que já enfrentou?
Desvende tudo sobre a raça, planetas, armas, cultura, história,
guerras, mapas, etc... que mudaram o Universo Expandido Legend
de Star Wars para sempre. Esse material vai ser o seu guia para
toda a série Nova Ordem Jedi.

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Star Wars – Nova Ordem Jedi - Vetor Primário

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Vinte e um anos se passaram desde que os heróis da Aliança


Rebelde destruíram a Estrela da Morte, quebrando o poder do
Imperador. Desde então, a Nova República lutou bravamente para
manter a paz e a prosperidade entre os povos da galáxia. Mas a
agitação começou a se espalhar; as tensões surgem em surtos de
rebelião que, se não forem controlados, ameaçam destruir o tênue
reinado da República. Nesta atmosfera volátil vem Nom Anor, um
incendiário carismático que aquece as paixões ao ponto de
ebulição, semeando sementes de dissidência por seus próprios
motivos sombrios. Em um esforço para evitar uma guerra civil
catastrófica, Leia viaja com a sua filha Jaina, sua cunhada Mara
Jade e o leal droide de protocolo C-3PO, para conduzir negociações
diplomáticas cara a cara com Nom Anor. Mas ele se mostra
resistente às súplicas de Leia, e, muito mais inexplicavelmente,
dentro da Força, onde um ser deveria estar, estava... espaço em
branco. Enquanto isso, Luke é atormentado por relatos de
Cavaleiros Jedi desonestos que estão fazendo justiça com as
próprias mãos. E então ele luta com um dilema: ele deve tentar,
neste clima de desconfiança, restabelecer o lendário Conselho Jedi?
Enquanto os Jedi e a República se concentram em lutas internas,
uma nova ameaça surge, despercebida, além dos confins da Orla
Exterior. Um inimigo aparece de fora do espaço conhecido,
carregando armas e tecnologia diferente de tudo que os cientistas
da Nova República já viram. De repente, Luke, Mara, Leia, Han Solo
e Chewbacca, junto com as crianças Solo, são lançados novamente
na batalha, para defender a liberdade pela qual tantos lutaram e
morreram. Mas desta vez, toda a sua coragem, sacrifício e até
mesmo o poder da própria Força podem não ser suficientes...

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Star Wars – A Alta República – Trilha do Engano

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Situado no mundo da Alta República, 150 anos antes da narrativa


da Fase I, uma era de mudanças traz novas esperanças e
possibilidades... mas também novos perigos. O planeta da Orla
Exterior Dalna se tornou o foco de uma investigação Jedi sobre um
artefato roubado da Força, e a Zallah Macri e o seu Padawan,
Kevmo Zink, chegam ao mundo pastoral para acompanhar uma
possível conexão com um grupo missionário de Dalnan chamado
Caminho da Mão Aberta. Os membros do Caminho acreditam que a
Força deve ser livre e não deve ser usada por ninguém, nem
mesmo pelos Jedi. Um desses crentes é Marda Ro, uma jovem que
sonha em deixar Dalna para espalhar a palavra do Caminho por
toda a galáxia. Quando Marda e Kevmo se encontram, a sua
conexão é instantânea e elétrica… até que Marda descobre que
Kevmo é um Jedi. Mas Kevmo é tão gentil e ansioso para aprender
mais sobre o Caminho, que ela espera poder convencê-lo da justeza
de suas crenças. O que Marda não percebe é que a líder da Trilha,
uma mulher carismática conhecida apenas como a Mãe, tem uma
agenda própria, que nunca poderá coexistir pacificamente com os
Jedi. Para seguir a sua fé, Marda pode ter que escolher se tornar a
pior inimiga de sua nova amiga... Não perca essas outras aventuras
ambientadas na era da Alta República!

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Star Wars – Star Wars – Episódio I – A Ameaça
Fantasma

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No mundo verde e intocado de Naboo, o Mestre Jedi Qui-Gon Jinn e


seu aprendiz, Obi-Wan Kenobi, chegam para proteger a jovem
rainha do reino enquanto ela busca uma solução diplomática para
acabar com o cerco de seu planeta pelas naves de guerra da
Federação do Comércio. Ao mesmo tempo, em um Tatooine varrido
pelo deserto, um menino escravo chamado Anakin Skywalker, que
possui uma estranha habilidade de entender e “corrigir” as coisas,
labuta durante o dia e sonha à noite, em se tornar um Cavaleiro Jedi
e encontrar uma maneira de conquistar a liberdade pra si e para a
sua amada mãe. Será o encontro inesperado de Jedi, da Rainha e
de um menino talentoso que marcará o início de um drama que se
tornará uma lenda.

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Star Wars - A Alta República - Em Busca da Cidade
Oculta

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Séculos antes das Guerras Clônicas ou do Império, nos primeiros


dias da Alta República, era uma era de exploração em uma galáxia
muito, muito distante… Pilotos ousados traçam novas rotas através
do hiperespaço, enquanto as equipes de Desbravadores fazem
contato com mundos fronteiriços para convidá-los a se juntarem à
República. Quando um droide de comunicações da equipe de
Desbravadores é encontrado flutuando no espaço, danificado e
carregando uma mensagem enigmática, a Cavaleira Jedi Silandra
Sho e a sua Padawan, Rooper Nitani, são enviadas para encontrar
os membros da equipe de desaparecidos. A sua investigação os
leva ao planeta Gloam, um mundo devastado que dizem ser
assombrado por monstros míticos. Os Jedi podem encontrar os
Desbravadores desaparecidos e desvendar o mistério dos
monstros? As respostas estão em uma cidade escondida sob a
superfície do planeta…

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Star Wars – Legado da Força – Exílio

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Na galáxia de Star Wars, o mal está em movimento enquanto a


Aliança Galáctica e os Jedi ordenam as forças de batalha visíveis e
invisíveis, da traição interna desenfreada ao pesadelo da guerra
total. A cada vitória contra os rebeldes Corellianos, Jacen Solo se
torna mais admirado, mais poderoso e mais certo de alcançar a paz
galáctica. Mas essa paz pode ter um preço. Apesar dos
relacionamentos tensos causados por simpatias opostas na guerra,
Han e Leia Solo e Luke e Mara Skywalker permanecem unidos por
uma suspeita assustadora: alguém insidioso está manipulando esta
guerra e, se ele ou ela não for impedido, todos os esforços de
reconciliação podem ser perdidos. por nada. E como visões sinistras
levam Luke a acreditar que a fonte do mal não é outro senão
Lumiya, Lady Sombria dos Sith, o maior perigo gira em torno do
próprio Jacen.

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Star Wars - A Alta República - Convergência

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É uma era de exploração. Os Jedi viajam pela galáxia, expandindo


sua compreensão da Força e de todos os mundos e seres
conectados por ela. Enquanto isso, a República, liderada por seus
dois chanceleres, trabalha para unir os mundos em uma
comunidade cada vez maior entre estrelas próximas e distantes.
Nos planetas de órbita próxima de Eiram e E'ronoh, as dores de
crescimento de uma galáxia com recursos limitados, mas ambição
ilimitada, são sentidas profundamente. O ódio entre os dois mundos
alimentou meia década de conflitos crescentes e agora ameaça
consumir os sistemas circundantes. A última esperança de paz
surge quando os herdeiros das famílias reais dos planetas planejam
se casar. Antes que a paz duradoura possa ser estabelecida, uma
tentativa de assassinato visando o casal leva Eiram e E'ronoh de
volta à guerra total. Para salvar os dois mundos, a Cavaleira Jedi
Gella Nattai se oferece para descobrir o culpado, enquanto a
Chanceler Kyong nomeia o seu próprio filho, Axel Greylark, para
representar os interesses da República na investigação. Mas a
profunda desconfiança de Axel nos Jedi vai contra a fé de Gella na
Força. Ela nunca conheceu um festeiro tão arrogante e privilegiado,
e ele nunca conheceu uma benfeitora mais séria e implacável.
Quanto mais eles trabalham para desvendar a teia sombria da
investigação, mais complicada parece ser a conspiração. Com
acusações voando e inimigos em potencial em cada sombra, a
dupla terá que trabalhar juntos para ter alguma esperança de trazer
a verdade à tona e salvar os dois mundos.

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Star Wars - Mão de Thrawn - Espectro do Passado

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Uma vez que o mestre inquestionável de incontáveis sistemas


solares, o Império está cambaleando à beira do colapso total. Dia a
dia, sistemas neutros estão correndo para se juntar à coalizão da
Nova República. Mas com o fim da guerra à vista, a Nova República
foi vítima de seu próprio sucesso. Uma aliança pesada de raças e
tradições, a confederação agora se encontra dividida por antigas
animosidades. A princesa Leia luta contra todas as probabilidades
para manter a Nova República unida. Mas ela tem inimigos
poderosos. Um ambicioso Moff Disra lidera uma conspiração para
dividir a desconfortável coalizão com uma trama engenhosa para
culpar os Bothanos por um crime hediondo que pode levar ao
genocídio e à guerra civil. Ao mesmo tempo, Luke Skywalker, junto
com Lando Calrissian e Talon Karrde, persegue um misterioso grupo
de navios piratas cujas tripulações consistem em clones. E então
vem a notícia mais surpreendente de todas: o Grande Almirante
Thrawn, que se acredita estar morto há dez anos, é dado como vivo.
O guerreiro mais astuto e implacável da história imperial
aparentemente voltou para liderar o Império ao triunfo. Enquanto
Han e Leia tentam impedir o desmoronamento da Nova República
diante dessa terrível e inexplicável ameaça do passado, Luke decide
rastrear as naves de piratas desonestos. À espreita nas sombras
está o enigmático Major Tierce, um discípulo do Imperador
Palpatine, compartilhando o desejo de poder de seu mestre morto
há muito tempo, educado nos estratagemas tortuosos do próprio
Thrawn e armado com os seus próprios planos sombrios para a
Nova República e o Império.

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Star Wars - A Alta República - Batalha de Jedha

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Em Jedha. As ruas desgastadas deste mundo antigo servem como


uma confluência para a galáxia. Visitado por todos, mas propriedade
de ninguém. Aqui, os Jedi são apenas um credo entre muitos que
adoram e estudam a Força. Dos Guardiões dos Whills ao Caminho
da Mão Aberta, incontáveis seres vêm aprender e compartilhar em
paz. Aqui, os Jedi são apenas um credo entre muitos que adoram e
estudam a Força. Dos Guardiões dos Whills ao Caminho da Mão
Aberta, incontáveis seres vêm aprender e compartilhar em paz.
Enquanto toda Jedha se prepara para o Festival do Equilíbrio, a
galáxia ainda se recupera da violência em Eiram e E'ronoh. Mas
depois de frustrar um plano para intensificar a guerra entre os dois
planetas, os Jedi acreditam que uma paz duradoura pode estar ao
seu alcance. O Mestre Creighton Sun e a Cavaleira Jedi Aida Forte
chegam a Jedha com delegações de ambos os planetas para
encerrar formalmente a “Guerra Eterna”. Os Jedi esperam que a
harmonia das muitas facções de Jedha, juntamente com a
assinatura de um tratado de paz, crie um símbolo para o resto da
galáxia do que pode ser alcançado através da unidade. Mas nem
todos estão felizes com o envolvimento dos Jedi ou prontos para se
preocupar com a paz. Começam a circular rumores de que os Jedi
trazem a guerra em seu rastro. A desconfiança e a raiva que por
tanto tempo alimentaram a Guerra Eterna agora ameaçam
corromper as comunidades de Jedha. Quando a violência irrompe
na lua sagrada, a guerra que deveria terminar em Jedha pode em
breve envolver o mundo inteiro.

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Star Wars Jedi: Cicatrizes de Batalha

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Cal Kestis construiu uma nova vida para si mesmo com a tripulação
do Stinger Mantis. Juntos, a equipe de Cal derrubou caçadores de
recompensas, derrotou inquisidores e até evitou o próprio Darth
Vader. O mais importante, Merrin, Cere, Greez e o fiel droide BD-1
são a coisa mais próxima que Cal teve de uma família desde a
queda da Ordem Jedi. Mesmo com o futuro da galáxia ficando mais
incerto a cada dia, a cada golpe desferido contra o Império, a
tripulação da Mantis se torna mais ousada. No que deveria ser uma
missão de rotina, eles encontram um stormtrooper determinado a
traçar seu próprio curso com a ajuda de Cal e a sua tripulação. Em
troca de ajuda para começar uma nova vida, a desertora Imperial
traz a notícia de uma ferramenta poderosa e potencialmente
inestimável para sua luta contra o Império. E melhor ainda, ela pode
ajudá-los a chegar lá. O único problema, persegui-la os colocará no
caminho de um dos servos mais perigosos do Império, o Inquisidor
conhecido como o Quinto Irmão. A desertora imperial pode
realmente ser confiável? E enquanto Cal e os seus amigos já
sobreviveram a confrontos com os Inquisidores antes, quantas
vezes eles podem escapar do Império antes que sua sorte acabe?

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Star Wars – Darth Maul – Caçador das Sombras

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Depois de anos esperando nas sombras, Darth Sidious está dando


o primeiro passo em seu plano mestre para colocar a República de
joelhos. A chave para o seu esquema são os Neimoidianos da
Federação do Comércio. Então um de seus contatos Neimoidianos
desaparece, e Sidious não precisa de seus instintos afiados pela
Força para suspeitar de traição. Ele ordena que o seu aprendiz,
Darth Maul, cace o traidor. Mas é tarde demais. O segredo já
passou para as mãos do corretor de informações Lorn Pavan, o que
o coloca no topo da lista de alvos de Darth Maul. Então, nos becos
labirínticos e esgotos de Coruscant, capital da República, Lorn cruza
o caminho de Darsha Assant, uma Padawan Jedi em uma missão
para ganhar seu título de Cavaleira. Agora o futuro da República
depende de Darsha e Lorn. Mas como pode uma Jedi inexperiente e
um homem comum, estranho aos caminhos poderosos da Força,
esperar triunfar sobre um dos assassinos mais mortais da galáxia.

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Star Wars - A Alta República - Crônicas dos Jedi

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Pela luz e pela vida. Este guia ilustrado do universo irá mergulhá-lo
na era de ouro dos Jedi, tornando-o obrigatório para os fãs dA Alta
República , bem como para novos leitores que procuram um
emocionante ponto de entrada na saga épica. Situado séculos antes
da Saga Skywalker, este livro é o guia definitivo do universo de Star
Wars: A Alta República, fornecendo uma visão fascinante de uma
época de heróis valentes, monstros aterrorizantes e exploração
ousada. Apresentando ilustrações originais impressionantes, este
livro impressionante é um item colecionável essencial que o
transportará para a era de ouro da galáxia.

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Star Wars – A Alta República – Cataclisma

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Após cinco anos de conflito, os planetas Eiram e E’ronoh estão à


beira de uma verdadeira paz. Mas quando surgem as notícias de um
desastre na assinatura do tratado em Jedha, a violência reacende
nos mundos sitiados. Juntos, os herdeiros reais de ambos os
planetas, Phan-tu Zenn e Xiri A’lbaran, trabalhando ao lado dos Jedi,
descobriram evidências de que o conflito está sendo orquestrado
por forças externas, e todos os sinais apontam para a misterioso
Trilha da Mão Aberto, de quem os Jedi também suspeitam ter
causado o desastre em Jedha. Com tempo, e respostas, escassos,
os Jedi devem dividir seu foco entre ajudar a acabar com a violência
renovada em Eiram e E’ronoh e investigar o Caminho. Entre eles
está Gella Nattai, que se volta para a única pessoa que acredita
poder desvendar o mistério, mas a última pessoa em quem deseja
confiar: Axel Greylark. O filho da Chanceler, preso por seus crimes,
sempre procurou se livrar do peso do nome de sua família. Ele se
reconciliará com os Jedi e os ajudará em sua busca por justiça e
paz, ou abraçará a promessa de verdadeira liberdade da Trilha?
Como todos os caminhos levam a Dalna, Gella e os seus aliados se
preparam para enfrentar um inimigo diferente de qualquer outro que
já enfrentaram. E será preciso toda a confiança deles na Força, e
uns nos outros, para sobreviver.

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Star Wars – A Alta República – Trilha da Vingança

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Esta fascinante continuação de Trilha do Engano encontra as


primas Marda e Yana Ro ligadas pelo sangue, mas separadas pela
fé. Marda e Yana pertencem ao Trilha da Mão Aberta, um grupo
liderado por uma mulher carismática chamada Mãe, que acredita
que a Força não deve ser usada por ninguém. Enquanto Marda se
junta a uma perigosa expedição ao Planeta X em busca de mais
criaturas misteriosas para usar contra os Jedi, Yana se vê formando
uma inesperada aliança com o pai de seu amante morto na tentativa
de arrancar a Trilha do controle da Mãe. Essas duas jovens
enfrentarão uma encruzilhada, forçadas a escolher não só os seus
próprios destinos, mas o da própria galáxia.

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