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Comandos da República - Triplo Zero é uma obra de ficção.

Nomes, lugares, e outros incidentes são


produtos da imaginação do autor ou são usadas na ficção. Qualquer semelhança a eventos atuais,
locais, ou pessoas, vivo ou morto, é mera coincidência. Direitos Autorais © 2006 da Lucasfilm Ltd.
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Índice
Capa
Página Título
Direitos Autorais
Dedicatória
Dramatis Personae
Epígrafo
Prólogo

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25

Glossário
Sobre o Ebook
Sobre a Autora
Agradecimentos
Dramatis Personae
Sargento Kal Skirata: Mercenário (Mandaloriano)
Sargento Walon Vau: Mercenário (Mandaloriano)
Capitão Ordo: Trooper CRA N-11 (Nulo)
Tenente Mereel:Trooper CRA N-7 (Nulo)
Comandos da República:
Esquadrão Omega:
Niner: Clone Trooper RC-1309
Darman: Clone Trooper RC-1136
Fi: Clone Trooper RC-8015
Atin: Clone Trooper RC-3222
Esquadrão Delta:
Chefe: Clone Trooper RC-1138
Scorch: Clone Trooper RC-1262
Fixer: Clone Trooper RC-1140
Sev: Clone Trooper RC-1207
Corr: Clone Trooper CT-5108/8843
General Bardan Jusik: Cavaleiro Jedi (humano)
Capitão Jaller Obrim: Guarda do Senado, destacado para a Unidade Anti-Terrorismo da Força de
Segurança de Coruscant (humano)
General Etain Tur-Mukan: Cavaleira Jedi (humana)
General Arligan Zey: Mestre Jedi (humano)
Qibbu: Assistente de Skirata (Wookiee fêmea)
Laseema: Empregada de Qibbu (Twi’lek)
Besany Wennen: Uma funcionária de logística do GER (humana)
Para a companhia do navio HMS Dunedin, incluindo o meu tio Albert
Edward Traviss, que morreu no naufrágio do cruzador em 24 de novembro
de 1941, um garoto de dezessete anos incapaz de ingressar na Marinha Real
por causa da deficiência visual, mas que insistiu em servir como assistente
NAAFI de um navio de guerra, e assim deu a sua vida por seu país antes
que mal tivesse começado.
PRÓLOGO
Inserção secreta dos Comandos da República em Fest, setor Atrivis, Orla Exterior, dez meses
após Geonosis.

Diário particular do CR-8015, “Fi”.

V ocê tem que ver o lado engraçado das coisas no exército. Eu acho que
eles também têm um senso de humor nas Aquisições de Defesa.
— Então. — eu pergunto. — Há quanto tempo vocês fizeram um pedido
de armadura furtiva preta?
— Sete meses-padrão. — diz Darman, olhando a tripulação da baía do
caça para uma planície ininterrupta de neve. Neve branca. O vento gelado
está lançando rajadas para o compartimento aberto. — Quando voltamos de
Qiilura.
— E só agora eles emitiram isso para nós? Para um ataque em Fest? O
planeta inteiro está coberto de neve de polo a polo.
Eu posso ouvir o piloto do caça rindo no circuito do comunicador. Ele
não consegue resistir.
— Quer a minha armadura emprestada? Ela é bonita e branca.
Sim, eles nos puseram em armaduras Katarn pretas. Seria necessário um
impacto direto de canhão a laser para nos machucar, mas seria muito bom o
conforto da camuflagem quando atingirmos o chão.
Até Atin está rindo. Mas o Niner, que tenta substituir o Sargento Kal e
garantir que tudo ficará bem, não. Ele está preocupado que tenhamos ficado
sem sorte para esta missão.
E eu também. As perdas dos Comandos da República no primeiro ano de
guerra estão em 50%. Hoje, nós temos que nos infiltrar em uma fábrica
Separatista que está desenvolvendo um novo supermetal chamado phrik, o
que quer que isso seja, e realizar uma pequena subtração de ativos,
conhecida no negócio como explodir coisas. Não é uma missão complicada:
evitar droides, entrar, colocar cargas na planta de processamento e fundição,
evitar droides, sair. E então pressionar o detonador.
Um dos irmãos CRA Nulos do Capitão Ordo encontrou este local:
Unidades de Inteligência Clone, eles os chamam. Devo escrever para
agradecer ao di'kut qualquer hora dessas.
Por isso, eu mantenho o esquadrão rindo, porque isso impede a nossa
mente de calcular as probabilidades.
— Certo. — eu digo. — O que todos nós mais queremos agora?
— Bife de Roba. — diz o piloto.
— Camo branco. — diz Niner.
— Uma fatia muito grossa de bolo uj. — diz Atin.
Darman faz uma pausa por um momento.
— Ver uma velha amiga novamente.
Eu? Gostaria de voltar ao quartel da Companhia Arca em Coruscant.
Quero ver Coruscant antes de morrer e até agora não vi quase nada no lugar.
Alguém prometeu me comprar uma cerveja lá uma vez.
O piloto está deslizando alguns metros acima da neve, levando-nos a
uma passagem limitada para evitar a detecção. Agora tudo são montanhas e
desfiladeiros. E neve.
— Eu tenho o visual da fábrica. — diz o piloto. — E vocês não vão
gostar.
— Por que? — Niner pergunta.
— Porque há uma enorme quantidade de droides de batalha lá.
— Eles são feitos de phrik?
— Acho que não.
— Não tem problema, então. — diz Niner. — Vamos estragar o dia
inteiro deles.
A canhoneira diminui o suficiente para nós saltarmos, e ficamos de neve
até os joelhos para assumirmos uma posição à margem do afloramento. Não
há nada como um rápido olá de um lançador de foguetes Plex para mostrar
aos droides quem é que manda. Não, eles definitivamente não são de phrik.
Eu recarrego o Plex e continuo transformando os droides em estilhaços,
enquanto Darman e Atin seguem o seu caminho para terrenos mais altos
para chegar à fábrica.
Sim, uma boa cerveja em Coruscant, no Triplo Zero. Sonhos assim
mantêm você em movimento.
CAPÍTULO 1
Encontre Skirata. Ele é o único que pode convencer esses homens. E não, eu não vou destruir
um quarteirão inteiro apenas para neutralizar seis CRAs. Então me traga Skirata: ele não pode
ter viajado muito longe.
— General Iri Camas, Diretor de Forças Especiais, da Força de Segurança de Coruscant, do
Controle de Incidentes de Cerco, Quartel da Brigada de Operações Especiais, Coruscant, cinco
dias após a Batalha de Geonosis.

Cidade de Tipoca, Kamino, oito anos antes de Geonosis.

K al Skirata cometera o maior erro de sua vida, e já cometera alguns


bem grandes em seu tempo.
Kamino era úmido. E a umidade não ajudava nem um pouco o tornozelo
quebrado. Não, era mais do que úmido: não era nada além de um mar
revolto de polo a polo, e desejou ter pensado nisso antes de responder à
oferta da Jango Fett de uma implantação lucrativa e de longo prazo em um
local que o seu antigo camarada não tinha exatamente especificado.
Mas essa era a menor das suas preocupações agora.
O ar cheirava mais a um hospital do que a uma base militar. O local
também não parecia um quartel. Skirata se apoiou no corrimão polido que
era tudo o que o separava de uma queda de quarenta metros em uma câmara
grande o suficiente para engolir um cruzador de batalha e perdê-lo.
Acima dele, o teto iluminado abobadado se estendia até o abismo abaixo.
A perspectiva da queda não o preocupava nem a metade em comparação a
não entender o que estava vendo agora.
A caverna, limpa cirurgicamente, duraço polido e permavidro, estava
cheia de estruturas que pareciam quase fractais. À primeira vista, pareciam
toróides gigantes empilhados em pilares; então, enquanto olhava, as
toróides se transformavam em anéis menores de recipientes de permavidro,
com recipientes dentro e dentro destes também.
Não, isso não estava acontecendo.
Dentro dos tubos transparentes havia fluido e dentro deles havia
movimento.
Levou vários minutos olhando e focando um dos tubos para perceber que
havia um corpo ali, e estava vivo. De fato, havia um corpo em cada tubo:
fileira após fileira de corpos minúsculos, corpos de crianças. Bebês.
— Fierfek. — disse ele em voz alta.
Pensou que tinha chegado a esse buraco abandonado pela Força para
treinar comandos. Agora sabia que tinha entrado em um pesadelo. Ouviu
botas atrás dele na passarela do pórtico e se virou bruscamente para ver
Jango vindo lentamente em sua direção, com o queixo abaixado como se
estivesse em reprovação.
— Se está pensando em fugir, Kal, você conhecia o acordo. — disse
Jango, e se inclinou no parapeito ao seu lado.
— Você disse...
— Eu disse que você treinaria tropas das forças especiais, e você irá.
Eles só os estão cultivando.
— O quê?
— Clones.
— Como Fierfek você se envolveu com isso?
— Cinco milhões e alguns extras por doar meus genes. E não pareça
chocado. Você teria feito o mesmo.
As peças se encaixaram para Skirata e se deixou chocar de qualquer
maneira. Guerra era uma coisa. A ciência estranha era outra questão
inteiramente diferente.
— Bem, estou mantendo minha parte do negócio? — Skirata ajustou a
lâmina de quinze centímetros e três lados que ele sempre mantinha
embainhada na manga da jaqueta. Dois técnicos Kaminoanos atravessaram
serenamente o piso da instalação abaixo dele. Ninguém o revistou e ele se
sentiu melhor por ter algumas armas localizadas para facilitar o uso,
incluindo o pequeno dispositivo de arremesso dobrado no punho da bota.
E todas aquelas criancinhas em tanques...
Os Kaminoanos desapareceram de vista.
— O que essas coisas querem com um exército, afinal?
— Eles não querem. E você não precisa saber de tudo isso agora. —
Jango o chamou para segui-lo. — Além disso, você já está morto, lembra?
— Parece que sim. — disse Skirata. Ele era o Cuy'val Dar, literalmente,
“aqueles que não existem mais”, cem soldados especialistas com uma dúzia
de especialidades que responderam à convocação secreta de Jango em troca
de um monte de créditos... desde que estivessem preparados para
desaparecer da galáxia completamente.
Seguiu Jango pelos corredores de duraplástico branco ininterrupto,
passando pelos Kaminoanos ocasionais com o seu longo pescoço cinza e
cabeça de cobra. Estava aqui há quatro dias normais agora, olhando pela
janela de seus aposentos para o oceano sem fim e vislumbrando
ocasionalmente os aiwhas subindo nas ondas e batendo no ar. O trovão era
totalmente silenciado pelo antirruído, mas o raio se tornou um pulso
irritantemente irregular no canto do olho.
Skirata soube desde o primeiro dia que não iria gostar dos Kaminoanos.
Seus frios olhos amarelos o incomodavam, e ele também não se
importava com sua arrogância. Eles encaravam a sua marcha mancando e
perguntavam se ele se importava de ser defeituoso.
O corredor forrado de janelas parecia percorrer toda a cidade. Lá fora,
era difícil ver onde o horizonte terminava e as nuvens de chuva
começavam.
Jango olhou pra trás para ver se ele estava acompanhando.
— Não se preocupe, Kal. Me disseram que há tempo bom no verão... por
alguns dias.
Certo. O planeta mais sombrio da galáxia, e ele estava preso ali. E o seu
tornozelo estava doendo. Ele realmente deveria ter investido em consertá-lo
cirurgicamente. Quando, se, ele saísse dali, teria os ativos para obter o
melhor cirurgião que os créditos poderiam comprar.
Jango desacelerou com tato.
— Então, Ilippi te expulsou?
— Sim. — A sua esposa não era Mandaloriana. Esperava que ela
adotasse a cultura, mas não o fez: ela sempre odiava ver o velho ir para a
guerra de outra pessoa. As brigas começaram quando quis levar os dois
filhos para a batalha com ele. Eles tinham oito anos, idade suficiente para
começar a aprender o seu ofício; mas ela recusou e logo Ilippi, os garotos e
a filha não estavam mais esperando quando voltou da última guerra. Ilippi
se divorciou dele do jeito Mando, da mesma forma como eles se casaram,
em um voto breve, solene e privado. Um contrato era um contrato, escrito
ou não. — Ainda bem que tenho outra tarefa para me ocupar.
— Você deveria ter casado com uma garota Mando. Aruetiise não
entendem a vida de um mercenário. — Jango parou como se esperasse uma
discussão, mas Kal não ia começar uma. — Os seus filhos não falam mais
com você?
— Não frequentemente. — Então eu falhei como pai. Não esfregue na
cara. — Obviamente eles não compartilham da perspectiva da vida
de Mando, assim como a mãe.
— Bem, eles não vão falar com você agora. Não aqui. Nunca mais.
Ninguém parecia se importar se tivesse desaparecido de qualquer
maneira. Sim, ele era bom morto. Jango não disse mais nada e eles
caminharam em silêncio até chegarem a um grande saguão circular com
salas que os conduziam como raios de uma roda.
— Ko Sai disse que algo não estava certo no primeiro lote de testes de
clones. — disse Jango, conduzindo Skirata à sua frente para outra sala. —
Eles testaram e não acham que vão dar resultado. Eu disse a Orun Wa que
daríamos a eles o benefício de nossa experiência militar e daríamos uma
olhada.
Skirata estava acostumado a avaliar homens e mulheres combatentes.
Sabia o que era necessário para formar um soldado. Era bom nisso; ser
soldado era a sua vida, como era para todos os Mando'ade, todos os filhos e
filhas de Mandalore. Pelo menos haveria alguma familiaridade na qual se
agarrar neste deserto oceânico.
Era apenas uma questão de ficar o mais longe possível dos Kaminoanos.
— Cavalheiros. — disse Orun Wa em seu tom monótono. Ele os recebeu
em seu escritório com uma inclinação graciosa da cabeça, e Skirata notou
que ele tinha uma barbatana óssea proeminente atravessando o topo do
crânio da frente pra trás. Talvez isso significasse que Orun Wa era mais
velho, ou dominante, ou algo assim: ele não se parecia com os outros
exemplos de iscas de aiwha que Skirata tinha visto até agora. — Eu acredito
sempre em ser honesto sobre os contratempos em um programa. Nós
valorizamos o Conselho Jedi como cliente.
— Eu não tenho nada a ver com os Jedi. — disse Jango. — Sou apenas
um consultor em assuntos militares.
Oh, Skirata pensou. Os Jedi. Ótimo.
— Eu ainda ficaria mais feliz se você confirmasse que o primeiro lote de
unidades está abaixo do padrão aceitável.
— Traga-os, então.
Skirata enfiou as mãos nos bolsos do paletó e se perguntou o que veria:
má pontaria, resistência fraca, falta de agressão? Não se esses fossem clones
de Jango. Estava curioso para ver como os Kaminoanos poderiam ter
conseguido produzir homens combatentes baseados naquele modelo.
A tempestade atingiu a janela transparente, a chuva batendo forte e
depois diminuindo novamente. Orun Wa recuou com um movimento
gracioso dos braços, como um dançarino. E as portas se abriram.
Seis garotos idênticos, de quatro, talvez cinco anos, entraram na sala.
Skirata não era um homem que facilmente se tornava vítima do
sentimentalismo. Mas isso fez o trabalho muito bem.
Eles eram crianças: nem soldados, nem droides, nem unidades. Apenas
criancinhas. Eles tinham cabelos pretos encaracolados e estavam todos
vestidos com túnicas e calças azuis escuras idênticas. Esperava homens
crescidos. E isso já seria ruim o suficiente.
Ouviu Jango inalar bruscamente.
Os garotos se amontoaram, e isso rasgou o coração de Skirata de uma
maneira que não esperava. Duas das crianças se agarraram, olhando pra ele
com olhos enormes, escuros e sem piscar: outra se moveu lentamente para a
frente do amontoado, como se estivesse impedindo o caminho de Orun Wa
e protegendo as outras.
Ah, ele estava. Estava defendendo os seus irmãos. Skirata ficou
arrasado.
— Essas unidades estão com defeito e admito que talvez tenhamos
cometido um erro ao tentar realçar o modelo genético. — disse Orun Wa,
totalmente indiferente à sua vulnerabilidade.
Skirata tinha descoberto rápido que os Kaminoanos desprezavam tudo o
que não se encaixava no ideal de perfeição da sociedade intolerante e
arrogante. Então... eles pensavam que o genoma de Jango não era o modelo
perfeito para um soldado sem um pequeno ajuste, então. Talvez fosse a sua
natureza solitária; seria um soldado de infantaria ruim. Jango não era
jogador de equipe.
E talvez eles não soubessem que muitas vezes era a imperfeição que
dava aos humanos uma vantagem.
O olhar das crianças disparou entre Skirata e Jango, e a porta, e por toda
a sala, como se estivessem procurando uma fuga ou pedindo ajuda.
— O Cientista Chefe Ko Sai pede desculpas, assim como eu. — disse
Orun Wa. — Seis unidades não sobreviveram à incubação, mas elas se
desenvolveram normalmente e pareciam atender às especificações;
portanto, foram submetidas a algumas instruções e ensaios rápidos.
Infelizmente, os testes psicológicos indicam que eles simplesmente não são
muito confiáveis e falham em atender ao perfil de personalidade necessário.
— Que é...? — disse Jango.
— Que eles podem cumprir ordens. — Orun Wa piscou rapidamente: ele
parecia envergonhado pelo erro. — Posso garantir que nós vamos resolver
esses problemas na atual execução de produção Alfa. Essas unidades serão
recondicionadas, é claro. Você gostaria de perguntar algo?
— Sim. — disse Skirata. — O que você quer dizer com
recondicionadas?
— Nesse caso, exterminadas.
Houve um longo silêncio na sala agradável, pacífica, de paredes brancas.
O mal deveria ser preto, preto-azeviche; e não era para ter fala mansa.
Então Skirata registrou exterminadas e seu instinto reagiu antes de seu
cérebro.
Seu punho cerrado foi pressionado contra o peito de Orun Wa em um
segundo e a coisa vil e insensível sacudiu a cabeça para trás.
— Se você tocar em uma daquelas crianças, sua aberração cinzenta, e eu
vou te esfolar vivo e te dar como comida para os aiwhas...
— Calma. — disse Jango. Ele agarrou o braço de Skirata.
Orun Wa piscava para Skirata com aqueles terríveis olhos amarelos
reptilianos.
— Isso é desnecessário. Nós nos preocupamos apenas com a satisfação
de nossos clientes.
Skirata podia ouvir seu pulso latejando na cabeça e tudo o que poderia se
preocupar era em rasgar Orun Wa em pedaços. Matar alguém em combate
era uma coisa, mas não havia honra em destruir crianças desarmadas.
Arrancou o braço do aperto de Jango e recuou um passo na frente das
crianças. Elas estavam completamente silenciosas. Ele não ousou olhar para
elas. Ele se fixou em Orun Wa.
Jango agarrou o seu ombro e apertou com força o suficiente para doer.
Não. Deixe isso comigo. Foi o seu gesto de aviso. Mas Skirata estava com
muita raiva e nojo para temer a ira de Jango.
— Nós poderíamos fazer alguns curingas. — disse Jango
cuidadosamente, movendo-se entre Skirata e os Kaminoanos. — É bom ter
algumas surpresas na manga para o inimigo. Como são realmente essas
crianças? E quantos anos elas têm?
— Quase dois anos de crescimento padrão. Altamente inteligentes,
anticonvencionais, perturbados e não comandáveis.
— Podem ser ideais para o trabalho da Inteligência. — Era um blefe
puro: Skirata podia ver o pequeno tremor muscular na mandíbula de Jango.
Ele também estava chocado. O caçador de recompensas não podia esconder
isso do seu antigo associado. — Eu digo para nós os mantermos.
Os Dois? Os garotos pareciam mais velhos. Skirata se virou para olhá-
los, e seus olhares estavam fixos nele: era quase uma acusação. Desviou o
olhar, mas deu um passo para trás e colocou a mão discretamente atrás para
colocar a palma da mão na cabeça do garoto que defendia seus irmãos,
como um gesto de consolo.
Mas uma pequena mão se fechou firmemente em volta dos dedos.
Skirata engoliu em seco. Dois anos de idade.
— Eu posso treiná-los. — disse ele. — Quais são os nomes deles?
— Essas unidades são numeradas. E devo enfatizar que não respondem
ao comando. — Orun Wa persistiu como se estivesse conversando com um
Weequay particularmente estúpido. — Nosso controle de qualidade os
designou como classe Nula e deseja começar...
— Nula? Como sem nenhum di'kutla uso?
Jango respirou discretamente, mas de forma audível.
— Deixe isso comigo, Kal.
— Não, eles não são unidades. — A mãozinha estava segurando a dele
pela sua vida. Ele voltou com a outra mão e outro garoto se pressionou
contra sua perna, agarrando-se a ele. Era lamentável. — E eu posso treiná-
los.
— Desaconselhável. — disse Orun Wa.
O Kaminoano deu um passo deslizante para a frente. Eles eram criaturas
tão graciosas, mas eram repugnantes em um nível que Skirata simplesmente
não conseguia compreender.
E então o garotinho que segurava a sua perna repentinamente arrancou o
blaster da bota de Skirata. Antes que pudesse reagir, o garoto o jogou para
quem estava agarrado à mão em aparente terror.
O garoto o pegou de maneira limpa e apontou-o com as duas mãos para
o peito de Orun Wa.
— Fierfek. — Jango suspirou. — Abaixa isso, garoto.
Mas o rapaz não estava disposto a se afastar. Ele ficou bem na frente de
Skirata, completamente calmo, com o blaster erguido no ângulo perfeito, os
dedos colocados com a mão esquerda firmando a direita, totalmente focado.
E mortalmente sério.
Skirata sentiu a sua mandíbula cair um bom centímetro. Jango congelou,
depois riu.
— Eu acho que isso prova o meu ponto. — disse ele, mas ele ainda
estava com os olhos fixos no pequeno assassino.
O garoto clicou na trava de segurança. Ele parecia estar verificando se
estava desligado.
— Está tudo bem, filho. — disse Skirata, o mais gentilmente possível.
Ele não se importava muito com o fato de o garoto fritar o Kaminoano, mas
se importava com as consequências para o garoto. E ele ficou instantânea e
totalmente orgulhoso dele, de todos eles. — Você não precisa atirar. Eu não
vou deixar ele tocar em qualquer um de vocês. Apenas me devolva o
blaster.
A criança não se mexeu; o blaster não vacilou. Deveria estar mais
preocupado com brinquedos fofinhos do que com um tiro certeiro nesta fase
de sua jovem vida. Skirata se agachou lentamente atrás dele, tentando não o
levar a atirar.
Mas se o garoto estava de costas pra ele... então o considerava confiável,
não é?
— Qual é... abaixe, bom rapaz. Agora me dê o blaster. — Ele manteve a
voz o mais suave e nivelada possível, quando na verdade estava dividido
entre torcer e fazer o trabalho ele mesmo. — Vocês estão seguros, eu
prometo.
O garoto fez uma pausa, com olhos e mira ainda fixos em Orun Wa.
— Sim, senhor. — Então ele abaixou a arma para o lado. Skirata colocou
a mão no ombro do garoto e o puxou de volta com cuidado.
— Bom rapaz. — Skirata tirou a pistola de seus dedos e o pegou nos
braços. Ele baixou a voz para um sussurro. — Bom trabalho, também.
Os Kaminoanos não demonstraram raiva, simplesmente piscavam,
covardes, desapontados.
— Se isso não demonstrar a sua instabilidade, então...
— Eles virão comigo.
— Esta não é sua decisão.
— Não, é minha. — interrompeu Jango. — E eles têm as coisas certas.
Kal, tire-os daqui e eu resolvo isso com Orun Wa.
Skirata mancou em direção à porta, ainda se certificando de que estava
entre os Kaminoanos e as crianças. Estava no meio do corredor com a sua
bizarra escolta de pequenos desviados antes que o garoto que carregava se
contorcesse desconfortavelmente em seus braços.
— Eu posso andar, senhor. — disse ele.
Ele era perfeitamente articulado, fluente: um pequeno soldado muito
além de seus anos.
— Tudo bem, filho.
Skirata o pôs no chão e as crianças foram para trás dele, estranhamente
quietas e disciplinadas. Eles não pareciam perigosos ou desviados, a menos
que você contasse como roubar uma arma, puxar uma finta e quase atirar
em um Kaminoano como desviado. Skirata não contava.
As crianças estavam apenas tentando sobreviver, como qualquer soldado
tinha o dever de fazer.
E eles pareciam ter quatro ou cinco anos, mas Orun Wa definitivamente
disse que eles tinham dois. De repente, Skirata quis perguntar a eles quanto
tempo haviam passado naquelas terríveis e sufocantes incubadoras
transparentes, tanques duros e frios que não eram nada como o conforto
escuro de um útero. Deve ter sido como se afogar. Eles podiam se ver
enquanto flutuavam? Eles entendiam o que estava acontecendo com eles?
Skirata alcançou as portas de seus aposentos austeros e os conduziu para
dentro, tentando não insistir naqueles pensamentos.
Os garotos se alinharam contra a parede automaticamente, com as mãos
cruzadas atrás das costas e esperaram antes que fossem pedidos.
Eu criei dois filhos. Quão difícil pode ser cuidar de seis crianças por
alguns dias?
Skirata esperou que reagissem, mas eles simplesmente o encararam
como se esperassem ordens. Ele não tinha nenhuma. A chuva açoitava a
janela que corria por toda a largura da parede. Um raio flamejou. Todos se
encolheram.
Mas ainda estavam em silêncio.
— Vou lhes dizer uma coisa. — disse Skirata, perplexo. Ele apontou para
o sofá. — Vocês sentam lá e eu vou pegar algo para vocês comerem. Certo?
Eles pararam e depois subiram no sofá, aconchegando-se novamente.
Encountrou-os tão completamente desarmado que teve que sair rapidamente
para a área da cozinha para reunir seus pensamentos enquanto colocava o
bolo uj em um prato e o dividia em seis pedaços. Se era assim que ia ser
por... por anos...
Você está preso, amigo.
Você pegou os créditos.
E este é o seu mundo inteiro pelo futuro próximo... e talvez para sempre.
Nunca parava de chover. E estava escondido com uma espécie que
detestou à primeira vista e que pensava que era bom em descartar unidades
que na verdade eram crianças que viviam, falavam, andavam. Passou os
dedos pelos cabelos e se desesperou, com os olhos fechados, até que de
repente percebeu alguém olhando pra ele.
— Senhor? — o garoto disse. Era o atirador corajoso. Ele poderia ter
sido idêntico a seus irmãos, mas seus maneirismos eram distintos. Ele tinha
o hábito de fechar um punho ao seu lado enquanto a outra mão estava
relaxada. — Podemos usar o banheiro?
Skirata se agachou, de frente para o garoto.
— Claro que podem. — Era bastante patético: eles não eram nada como
os seus próprios filhos animados e barulhentos. — E eu não sou senhor. Eu
não sou um oficial. Sou sargento. Você pode me chamar de Sargento se
quiser, ou pode me chamar de Kal. Todo mundo chama.
— Sim... Kal.
— Isso aí. Você pode fazer isso por conta própria?
— Sim, Kal.
— Eu sei que você não tem um nome, mas eu realmente acho que vocês
deveriam ter um.
— Eu sou o Nulo Onze. Ene-um-um.
— Você gostaria de se chamar Ordo? Ele era um guerreiro
Mandaloriano.
— Somos guerreiros Mandalorianos?
— Pode apostar. — O garoto era um combatente natural. — Em todos os
sentidos da palavra.
— Eu gosto desse nome. — O pequeno Ordo considerou o piso de
azulejos brancos por um momento, como se estivesse avaliando o risco. —
O que é Mandaloriano?
Por alguma razão aquilo doeu acima de tudo. Se essas crianças não
conheciam sua cultura e o que fazia de alguém um Mando, então eles não
tinham propósito, orgulho e nada para mantê-los e o seu clã juntos enquanto
o lar não era um pedaço de terra. Se você fosse um nômade, a sua nação
viajava em seu coração. E sem o coração Mando, você não tinha nada, nem
mesmo a sua alma, em qualquer nova conquista que se seguisse à morte.
Skirata soube naquele momento o que tinha que fazer. Ele tinha que parar
esses garotos de serem dar'manda, eternos Homens Mortos, homens sem
alma Mando.
— Eu posso ver que preciso te ensinar muito. — Sim, esse era o seu
dever. — Também sou Mandaloriano. Somos soldados, nômades. Você sabe
o que essas palavras significam?
— Sim.
— Rapaz inteligente. Certo, vocês vão se arrumar nos banheiros, e eu
quero que vocês todos se sentem no sofá em dez minutos. Então, vamos
escolher nomes para todos. Entendido?
— Sim, Kal.
Então Kal Skirata, mercenário, assassino e pai fracassado, passou uma
noite tempestuosa em Kamino compartilhando bolo com seis menininhos
perigosamente inteligentes que já podiam lidar com armas de fogo e falar
como adultos, ensinando-lhes que eles vinham de uma tradição guerreira e
que tinha uma língua e uma cultura, e muito do que se orgulhar.
E explicou que não havia uma palavra Mandaloriana para "herói". Era só
não ser aquele que tinha a sua própria palavra: Hut'uun.
Havia uma enorme quantidade de hut'uune na galáxia, e Skirata
certamente contava os Kaminoanos entre eles.
As crianças, agora tentando se acostumar a serem Ordo, A'den, Kom'rk,
Prudii, Mereel e Jaing, estavam sentados devorando tanto a sua nova
herança quanto o bolo doce e pegajoso, com os olhos fixos em Skirata
enquanto recitava listas de palavras Mandalorianas. E eles as repetiam de
volta.
Trabalhou com as palavras mais comuns, com dificuldade. Não tinha
ideia de como ensinar um idioma para crianças que já sabiam falar
fluentemente o Básico. Então, ele simplesmente listou tudo o que conseguia
se lembrar que parecia útil, e os pequenos CRAs Nulos ouviram, sombrios,
recuando em conjunto a cada clarão de raio. Depois de uma hora, Skirata
sentiu que estava simplesmente confundindo algumas crianças muito
assustadas e muito solitárias. Elas só o encaravam.
— Certo, hora de recapitular. — disse ele, exausto por um dia ruim e
pela percepção de que havia um número incognoscível de dias como esse se
estendendo à frente. Ele beliscou a ponta do nariz em um esforço para se
concentrar. — Vocês podem contar de um a dez para mim?
Prudii, N-5, abriu os lábios para respirar rapidamente e de repente os seis
falaram ao mesmo tempo.
— Solus, t'ad, ehn, cuir, rayshe'a, resol, e’tad, sh'ehn, she'cu, ta'raysh.
O intestino de Skirata virou brevemente e ele ficou atordoado. Essas
crianças absorviam informações como uma esponja. Eu só contei os
números para eles uma vez. Só uma vez! A memória deles era perfeita e
absoluta. Decidiu tomar cuidado com o que dissesse a eles no futuro.
— Agora isso é inteligência. — ele disse. — Vocês são rapazes muito
especiais, não são?
— Orun Wa disse que não poderíamos ser medidos. — disse Mereel,
totalmente sem orgulho, e empoleirou-se na beira do sofá, balançando as
pernas quase como uma criança normal de quatro anos. Todos eles podiam
parecer idênticos, mas as suas personalidades individuais pareciam distintas
e... óbvias. Skirata não tinha certeza de como conseguira, mas agora podia
olhar para eles e ver que eram diferentes, distinguidos por pequenas
variações nas expressões faciais, gestos, carrancas e até tom de voz.
Aparência não era tudo.
— Você quer dizer que vocês pontuaram muito alto para ele contar?
Mereel assentiu gravemente. O trovão retumbou na cidade da
plataforma: Skirata sentiu sem ouvir. Mereel ergueu as pernas novamente e
se aconchegou contra os seus irmãos num instante.
Não, Skirata não precisava de um hut'uunla Kaminoano para lhe dizer
que aquelas eram crianças extraordinárias. Elas já podiam lidar com um
blaster, aprender tudo o que jogava contra elas e entender muito bem as
intenções dos Kaminoanos: não era de admirar que a isca de aiwha
estivesse com medo delas.
E eles seriam soldados verdadeiramente fenomenais se pudessem seguir
algumas ordens. Ele trabalharia nisso.
— Querem mais uj? — ele disse.
Todos eles assentiram com entusiasmo em uníssono. Era um alívio. Pelo
menos isso deu a ele alguns minutos de descanso da implacável atenção
silenciosa deles. Eles comeram, ainda adultos em miniatura. Não havia
conversas ou bom humor.
E eles se encolhiam a cada raio.
— Vocês estão com medo? — perguntou Skirata.
— Sim, Kal. — disse Ordo. — Isso é errado?
— Não, filho. De modo algum. — Era um momento tão bom para
ensiná-los como qualquer outro. Nenhuma lição seria desperdiçada com
eles. — Ter medo é bom. É a maneira do seu corpo de prepará-lo para se
defender, e tudo que você precisa fazer é usá-lo e não deixar que ele te use.
Você entende isso?
— Não. — disse Ordo.
— Certo, pense em ter medo. Como é?
Ordo desfocou um pouco como se estivesse olhando algo em uma Tela
Visualização Frontal a qual não tinha.
— Frio.
— Frio?
A'den e Kom'rk entraram na conversa.
— E espinhoso.
— Certo... Certo. — Skirata tentou imaginar o que eles queriam dizer.
Ah. Eles estavam descrevendo a sensação de adrenalina inundando os seus
corpos. — Isso é bom. Vocês só precisam se lembrar de que esse é o seu
sistema de alarme e precisa notá-lo. — Eles tinham a mesma idade que os
garotos da cidade de Coruscant que lutavam para rabiscar letras rudes em
flimsi. E aqui estava ele, ensinando-lhes psicologia de batalha. A sua boca
estava estranhamente seca. — Então você diz a si mesmo, certo, eu posso
lidar com isso. O meu corpo agora está pronto para correr mais rápido e
lutar mais, e eu vou ver e ouvir apenas as coisas mais importantes que
preciso saber para ficar vivo.
Ordo passou de seu olhar sombrio de olhos arregalados para um leve
desfoque novamente por um momento e assentiu. Skirata olhou para os
outros. Eles tinham a mesma concentração perturbadora. Eles também
haviam empilhado os pratos na mesa lateral baixa. Ele nem tinha notado
que eles fizeram isso.
— Tente pensar em seu medo da próxima vez que houver um raio. —
disse Kal. — Use-o.
Voltou para a área da cozinha e vasculhou os armários em busca de
algum outro lanche para mantê-los em movimento, porque pareciam
famintos. Quando ele voltou para a sala principal com uma bandeja branca
de comida cortada que parecia ainda menos apetitosa que a própria bandeja,
alguém zumbiu na porta.
Os Nulos imediatamente entraram em um padrão defensivo. Ordo e
Jaing flanquearam a porta, encostaram-se com força na parede e os outros
quatro se esconderam atrás dos móveis esparsos. Skirata se perguntou por
um segundo que programa de aprendizado instantâneo lhes havia ensinado
isso, ou pelo menos esperava que tivesse sido aprendizado instantâneo.
Afastou-os da porta. Eles hesitaram por um momento até que o homem
sacou a sua arma de Verpine; então pareceram satisfeitos que tinha a
situação sob algum tipo de controle.
— Vocês me assustam. — disse Skirata suavemente. — Agora se
afastem. Se alguém está atrás de vocês, eles precisam passar por mim
primeiro, e não vou deixar isso acontecer.
Mesmo assim, a reação deles o levou a ficar de lado enquanto batia no
painel para abrir as portas. Jango Fett estava parado no corredor do lado de
fora com uma criança sonolenta nos braços. A cabeça encaracolada do
garoto descansava em seu ombro. Ele parecia mais jovem que os Nulos,
mas era o mesmo rosto, o mesmo cabelo, a mesma mãozinha segurando o
tecido da túnica de Jango.
— Mais um? — Skirata disse.
Jango olhou para o Verp.
— Você está ficando nervoso, não está?
— Os Kaminoanos não melhoram o meu humor. Quer que eu o leve?
Enfiou a pistola no cinto e estendeu os braços para pegar o garoto. Jango
franziu o cenho levemente.
— Este é o meu filho, Boba. — ele disse. Puxou a cabeça pra trás e
olhou com carinho para o rosto da criança cochilando. Este não era o Jango
que Skirata conhecia antes; era pura indulgência paterna agora. — Apenas
tentando acalmá-lo. Está tudo em ordem agora? Eu disse a Orun Wa para
ficar longe de você.
— Estamos bem. — disse Skirata. Perguntou-se como iria fazer a
pergunta, e decidiu que deixar escapar era provavelmente o melhor caminho
possível. — Boba se parece com eles.
— E deveria. Ele também foi clonado de mim.
— Oh. Ah.
— Ele foi o meu preço. Vale mais para mim do que os créditos. — Boba
se mexeu e Jango cuidadosamente ajustou o seu aperto no garoto. — Volto
em um mês. Orun Wa diz que terá alguns candidatos aos comandos prontos
para dar uma olhada no restante do lote Alfa. Mas ele diz que os tornou um
pouco mais... confiáveis.
Skirata tinha mais perguntas do que parecia prudente nas circunstâncias.
Era natural para um Mando'ad querer um herdeiro acima de tudo, e a
adoção era comum, então a clonagem era... não era muito diferente. Mas
tinha que perguntar uma coisa.
— Por que essas crianças parecem mais velhas?
Jango comprimiu os lábios em uma fina linha de desaprovação.
— Eles aceleram o processo de envelhecimento.
— Oh, Fierfek.
— Você terá uma companhia de cento e quatro comandos eventualmente,
e eles devem ser menos problemáticos do que os Nulos.
— Ótimo. — Ele teria ajuda? Haviam cuidadores Kaminoanos para
enfrentar os trabalhos de rotina, como alimentá-los? E como os sargentos de
treinamento não-Mandalorianos lidariam com eles? O seu estômago
revirou. Ele assumiu uma expressão corajosa. — Eu consigo lidar com isso.
— Sim, e eu também vou fazer a minha parte. Eu tenho que treinar cem.
— Jango olhou para os Nulos, que agora observavam cautelosamente do
sofá, e começou a se afastar. — Só espero que eles não sejam como eu era
nessa idade.
Skirata apertou os controles e a porta se fechou.
— Certo, rapazes, hora de dormir. — disse ele. Arrastou as almofadas do
sofá e as deitou no chão, cobrindo-as com uma variedade de cobertores. Os
garotos lhe deram uma mão, com um sombrio senso de propósito adulto que
ele sabia que os perseguiria pelo resto de seus dias. — Vamos acomodar
vocês em quartos decentes amanhã, certo? Camas de verdade.
Ttinha a sensação de que eles teriam dormido do lado de fora na pista de
aterrissagem, se tivesse pedido. Eles não pareciam nada incontroláveis.
Sentou-se na cadeira e colocou os pés em um banquinho. Os Kaminoanos
tinham feito o possível para fornecer móveis adequados para o ser humano,
algo que lhe pareceu uma concessão rara, dada sua arrogância xenofóbica
geral. Deixou as luzes acesas, esmaecidas, para acalmar os medos dos
Nulos.
Eles se deitaram, puxando os cobertores sobre as cabeças
completamente. Skirata observou até que pareciam estar dormindo, colocou
seu Verpine na prateleira ao lado da cadeira e depois fechou os olhos para
deixar que os sonhos o dominassem. Acordou com um estremecimento
explosivo de músculos algumas vezes, um sinal claro de que havia passado
do ponto de cansaço e exaustão, e então caiu em um poço preto
interminável.
Dormiu, ou assim pensou.
Um peso quente foi pressionado contra ele. Os seus olhos se abriram e
lembrou-se que estava preso em um planeta perpetuamente nublado que
nem parecia estar nos mapas estelares, onde as espécies locais pensavam
que matar crianças humanas era apenas controle de qualidade.
O rostinho afetado de Ordo olhava para o dele.
— Kal...
— Você está com medo, filho?
— Sim.
— Venha aqui, então. — Skirata mudou de posição e Ordo subiu em seu
colo, enterrando o rosto na túnica como se nunca tivesse sido segurado ou
consolado antes. Não tinha sido, é claro.
A tempestade estava piorando.
— O raio não pode machucá-lo aqui.
— Eu sei, Kal. — A voz de Ordo estava abafada. Ele não olhou para
cima. — Mas é como as bombas explodindo.
Skirata ia perguntar o que ele queria dizer, mas soube em um instante
que isso o deixaria com raiva o suficiente para fazer algo estúpido se
ouvisse a resposta. Abraçou-o e sentiu o coração do garoto bater de terror.
Ordo estava indo muito bem para um soldado de quatro anos de idade.
Eles poderiam aprender a ser heróis amanhã. Esta noite eles precisavam
ser crianças, tranquilizados de que a tempestade não era um campo de
batalha e, portanto, não havia nada a temer.
O raio iluminou a sala com uma breve e feroz luz branca: Ordo se
encolheu novamente. Skirata colocou a mão na cabeça do garoto e
bagunçou seu cabelo.
— Está bem, Ord'ika. — ele disse suavemente. — Estou aqui, filho.
Estou aqui.
Oito anos depois: Quartel General da Brigada OE das Forças Especiais, Coruscant, cinco dias
após a Batalha de Geonosis

Skirata havia sido detido por oficiais da Força de Segurança de


Coruscant e, pela primeira vez em sua vida, não havia lutado.
Tecnicamente, tinha sido preso. E agora era o homem mais aliviado da
galáxia, assim como o mais feliz. Pulou do carro da patrulha da polícia e
estremeceu com a dor aguda no tornozelo quando bateu no chão. Resolveria
isso mais cedo ou mais tarde, mas agora não era a hora.
— Uau, dá uma olhada naquilo. — disse o piloto. — Eles estão
mantendo os esquadrões de operações especiais lá. Você tem certeza de que
há apenas seis deles?
— Sim, seis é um exagero. — disse Skirata, dando tapinhas discretos nos
bolsos e mangas para garantir que as diversas ferramentas de seu ofício
estavam no lugar e prontas para uso. Era apenas um hábito. — Mas eles
provavelmente estão assustados.
— Eles estão assustados? — O piloto bufou. — Ei, você soube que Fett
está morto? Windu o derrubou.
— Eu sei. — disse Skirata, lutando contra o desejo de perguntar se ele
também sabia o que havia acontecido com o pequeno Boba. Se o garoto
ainda estava vivo, ele precisava de um pai. — Vamos torcer para que os
Jedi não tenham problemas com todos nós Mando'ade.
O piloto fechou a escotilha e Skirata mancou pela plataforma de pouso
do quartel. O general Jedi Iri Camas, com as mãos nos quadris e as vestes
marrons batendo com a brisa, observava de uma maneira que Skirata só
poderia descrever como suspeita. Dois clone troopers esperavam com ele.
Skirata pensou que o Jedi devia cortar o cabelo branco comprido: não era
prático ou conveniente que um soldado usasse o cabelo nos ombros.
— Obrigado por responder, Sargento. — disse Camas. — E peço
desculpas pela maneira como você voltou. Sei que o seu contrato está
concluído agora, então você não nos deve nada.
— A qualquer hora. — disse Skirata.
Nnotou os escudos de ataque à prova de explosivos erguidos na entrada
principal: quatro esquadrões de Comandos da República estavam atrás
deles, com rifles DC-17 prontos. Ele olhou para o telhado, e haviam duas
equipes de atiradores de elite espalhadas pelo parapeito também. Sim, se
um grupo de Comandos de Reconhecimento Avançado de classe Nulo não
quisesse cooperar, seriam necessários muitos homens igualmente fortes para
convencê-los do contrário. E sabia que nenhum dos comandos ficaria feliz
em receber ordens para persuadir. Eles eram irmãos, mesmo que os CRAs
fossem homens bastante diferentes de coração.
Skirata enfiou as mãos nos bolsos da jaqueta e focou nas portas.
— Então, o que começou tudo isso, então?
Camas balançou a cabeça.
— Eles estão programados para relaxar agora que voltaram de Geonosis,
porque ninguém pode comandá-los.
— Eu posso.
— Eu sei. Por favor, faça com que se afastem.
— Eles são ainda do mais que os CRAs regulares do lote Alfa, não são?
— Eu sei disso, Sargento.
— Então, você queria que as tropas mais hostis que você pudesse
comprar enfrentassem o inimigo, e então ficou com medo quando eles se
mostraram muito hostis.
— Sargento...
— Sou civil no momento, na verdade.
Camas respirou silenciosamente.
— Você pode fazê-los se render? Eles fecharam o quartel inteiro!
— Eu posso. — Skirata se perguntou se os clone troopers estavam
olhando de soslaio para ele, ou na direção que pareciam estar enfrentando.
Você nunca poderia dizer, por causa dos capacetes. — Mas eu não vou.
— Eu realmente não quero baixas. Você espera uma taxa maior?
Skirata era um mercenário, mas a sugestão o insultou. Não se podia
esperar que Camas soubesse como se sentia em relação aos seus homens.
Fez um esforço para não se irritar.
— Aliste-me no Grande Exército da República e me devolva os meus
rapazes. Então vamos ver.
— O que?
— Eles têm pavor de relaxar, só isso. Você tem que entender o que
aconteceu com eles quando eram crianças. — Camas lançou-lhe um olhar
estranho. — E nem sequer pense em influência mental, General.
Skirata não dava a mínima para o salário de um mott. Oito anos gastos
em Kamino treinando forças especiais para o exército de clones da
República o tornaram rico, e se eles quisessem dar mais créditos a ele, tudo
bem; teria um bom uso para eles. Mas o que mais queria naquele momento
e o que o fez feliz em retornar com os oficiais do CFE, em vez de mostrar a
eles o quão útil ele era com uma faca de combate, era não estar seguro em
uma vida civil branda quando seus homens estavam travando uma guerra
desesperada e sangrenta.
E ele precisava estar de volta com eles. Nem teve a chance de se
despedir quando subitamente partiram para Geonosis. Passou cinco dias
miseráveis sem eles, dias sem propósito, dias sem família.
— Muito bem. — disse Camas. — Posição de conselheiro especial. Eu
posso autorizar isso, suponho.
Skirata não conseguia ver os rostos dos comandos atrás das viseiras, mas
sabia que eles o observavam atentamente. Reconheceu alguns dos esquemas
de pintura em sua armadura de Katarn: Jez, do Esquadrão Aiwha-3, e
Stoker, do Gama, e Ram, do Bravo, no telhado. Esquadrões incompletos:
altas baixas em Geonosis, então. O seu coração afundou.
Começou a andar em frente. Alcançou os escudos do blaster e Jez
encostou na luva no capacete.
— Prazer em vê-lo de volta tão cedo, Sargento.
— Não consegui ficar longe. — disse Skirata. — Você está bem?
— É uma risada por minuto, esse trabalho.
Camas gritou:
— Sargento? Sargento! E se eles abrirem fogo...
— Então eles abrem fogo! — Skirata alcançou as portas e deu as costas
para eles por alguns momentos, sem medo. — Nós temos um acordo? Ou
você me quer escondido lá com eles? Porque eu não vou sair a menos que
você lhes garanta que não terão nenhuma ação disciplinar.
Ocorreu a Skirata que Camas poderia ser o único a disparar contra ele
naquele momento. Perguntou-se se os seus comandos obedeceriam a essa
ordem, se fosse dada. Não se importaria se eles o fizessem. Ensinou-os a
fazer o seu trabalho, independentemente dos próprios sentimentos.
— Você tem a minha palavra. — disse Camas. — Considere-se no
Grande Exército. Discutiremos como vamos implantar você e seus homens
mais tarde. Mas primeiro vamos fazer com que todos voltem ao normal, por
favor?
— Eu vou lhe assegurar até a última palavra, General.
Esperou nas portas por alguns momentos. As duas folhas de duraço
reforçado se separaram lentamente. Entrou aliviado e finalmente voltou pra
casa.
Não, Camas realmente precisava entender o que havia acontecido com
esses homens quando eram garotos. Precisava, se iria lidar com a guerra
que agora havia sido desencadeada.
Não seria apenas travada no planeta de outra pessoa. Seria travada em
todos os cantos da galáxia, em todas as cidades, em todos os lares. Era uma
guerra não apenas de territórios, mas de ideologias.
E estava totalmente fora da filosofia Mandaloriana de Skirata: mas era
sua guerra de qualquer maneira, porque seus homens eram seus
instrumentos, gostassem ou não.
Um dia, ele lhes devolveria algo que os Kaminoanos e a República
haviam roubado deles. Ele jurou.
— Ord'ika! — ele chamou. — Ordo? Você foi um garoto travesso de
novo, não foi? Venha aqui...
CAPÍTULO 2
Sim, eu sei que deveria estar dirigindo a batalha da nave. Sim, eu sei que poderíamos reduzir
a superfície de Dinlo a escória derretida da órbita. Mas podemos extrair mais de mil homens, e
isso vale a pena. Pedi voluntários e consegui toda a tripulação da nave e todos os homens da
Companhia Improcco, e não por obediência cega. Deixe-me tentar.
— General Tur-Mukan, em sinal ao General Iri Camas, Comando do Grupo de Batalha,
Coruscant, copiado para o General Vaas Ga, Comandante, Batalhões Sarlacc, Quadragésima
Primeira Infantaria de Elite, Dinlo

Nave de Ataque da República Destemida, aproximando-se de Dinlo,


Fronteira Expansão-Bothan, 367 dias após Geonosis.

A General Etain Tur-Mukan assistia ao noticiário da Holonet Notícias e


Entretenimento com sentimentos confusos. Por um lado, os
acontecimentos em casa a entristeceram: por outro, eles a lembraram do que
se tratava a guerra.
“Quinze soldados e doze funcionários civis de apoio foram mortos após
a segunda explosão de hoje, desta vez em uma base logística do GER.
Nenhum grupo ainda assumiu a responsabilidade pelo ataque, mas um
porta-voz das forças de segurança disse hoje que a proximidade do
primeiro aniversário da Batalha de Geonosis amanhã foi significativa. Isso
eleva o número total de mortes em aparentes ataques terroristas
Separatistas este ano para três mil e quarenta. O Senado prometeu esmagar
as suas redes...”
O Comandante Clone Gett estava ao seu lado, com as mãos cruzadas
atrás das costas, enquanto esperavam na plataforma repulsora que desviava
caixas de munição da revista para o convés do hangar.
— Isso não é jeito de morrer. — disse ele.
Etain se virou para olhar as tropas ao seu redor.
— Nem isso.
Eles estavam prontos para ir. A Destemida estava a meia hora de
distância de Dinlo e os pilotos atravessavam a passagem da instrução de
voo para realizar as suas verificações prévias, com capacetes debaixo dos
braços. Todos eles seguravam os capacetes exatamente da mesma maneira,
sem dúvida o resultado de um duro ensinamento. A General Etain Tur-
Mukan observou isso.
Afastou-se da escotilha para deixá-los passar e recebeu uma saudação de
cada um quando passaram. Um olhou para a arma um tanto não
convencional pendurada em seu ombro e sorriu. Ele indicou o enorme rifle
de concussão LJ-50 que era quase maior do que ela.
— Essa coisa fica azul, General?
— Só se você estiver do lado errado dele, soldado. — respondeu ela, e
deu a ele seu sorriso mais tranquilizador.
Sabia que eles estavam com medo, porque um comando chamado
Darman havia lhe ensinado que apenas os idiotas não temiam o combate. O
medo era um ativo, um incentivo, uma ferramenta. Sabia como usá-lo
agora, mesmo que não o adotasse.
Hoje precisava dizer isso à Companhia Improcco. Eles já sabiam disso,
mas essa era a sua primeira missão com eles, e aprendeu que um pouco de
abertura com as tropas era um longo caminho. E queria que eles soubessem
que os via como seres humanos que eram. Encontrar os Comandos da
República em Qiilura pela primeira vez foi uma revelação dolorosa pra ela.
— Você está bem com isso, General? — Gett parecia capaz de adivinhar
o que ela estava pensando quase o tempo todo, e se perguntou brevemente
se a telepatia estava em sua mistura genética. Então lembrou a si mesma
que homens que pareciam ser iguais aprendiam a ser muito, muito sensíveis
a pequenas dicas comportamentais. — Temos um DC-15, se você preferir.
Belo equipamento.
O LJ-50 era exaustivamente pesado. Desenvolvera os músculos do braço
no último ano, mas ainda era preciso com um pouco de manuseio.
— Alguns cavalheiros muito competentes me ensinaram a usar um rifle
de concussão. — disse ela. — Eles me convenceram a guardar o meu sabre
de luz para combate corpo a corpo. Além disso, o LJ tem uma dispersão de
quatro metros em um alcance de trinta metros. Eu acredito na eficiência em
vez de estilo.
Gett sorriu. Ele conhecia as histórias sobre a missão Qiilura. Todos eles
pareciam conhecer. A fofoca viajava à velocidade da luz em uma
comunidade fechada e demorava meses para dar a volta.
— Eu entendo que o Ômega está bem e nas OITS na Orla Exterior agora.
— É gentil da sua parte checar para mim, Comandante. — Ela teve que
perguntar. — O que são OITS?
— O capitão Ordo faz questão de dar prioridade aos seus sinais. — Ele
abaixou a voz. — Operações de Interdição de Tráfego. Embarcar nas naves
dos bandidos.
— Obrigada. Eu nunca conheci o Ordo, mas ele parece cuidar muito bem
de mim.
— Um dos CRAs Nulos de Kal Skirata.
— Oh, Kal de novo...
— Você nunca o conheceu, não é?
— Não, mas espero um dia que sim. Sinto como se ele estivesse andando
atrás de mim há muito tempo. — Olhou ao redor do hangar e notou que
ainda havia um pelotão faltando. Ela esperaria. Precisava de todos para
ouvir isso. — Invejo a capacidade dele de inspirar as pessoas.
Gett não disse nada. Tato, talvez, ou simplesmente nada a acrescentar;
Etain temia que ainda projetasse as suas próprias dúvidas nos outros. Era
uma Cavaleira Jedi agora. Havia passado por seus testes em Qiilura com o
mestre Arligan Zey, trabalhado sob comando dele com muita atenção para
mobilizar os colonos contra os remanescentes da ocupação Neimoidiana e
Trandoshana. Era um trabalho silencioso, sombrio e secreto, e apesar de
uma guarnição da República ter sido estabelecida no planeta, ainda sentia
que a população cada vez menor de Gurlanins nativos e os agricultores
humanos estava em rota de colisão. A República havia prometido aos
Gurlanins que removeria a colônia humana de seu mundo.
Até agora, eles não tinham.
Teria sido um caso simples de promessas quebradas, como muitas outras
na história da galáxia, se os Gurlanins não tivessem sido uma raça de
predadores que mudam de forma, trabalhando como espiões para a
República. Essa era a sua barganha: eles forneceriam as suas habilidades
únicas de espionagem se os agricultores parassem de expulsar as presas das
quais os Gurlanins dependiam. Para os Gurlanins, isso significava a
remoção dos assentamentos humanos em Qiilura.
Etain sabia que os Gurlanins eram inimigos maus. Eles eram mais do que
capazes de matar agricultores, como provaram quando se vingaram dos
informantes de Qiilura. Mas a guerra veio primeiro, e a diplomacia teve que
ficar no banco de trás.
— Todos presentes e corretos agora, General. — disse Gett. Ele apertou
os controles da plataforma repulsora e ela os elevou cerca de um metro
acima do convés, para que a companhia reunida de 144 clone troopers
pudesse vê-la e ouvi-la claramente. Não havia barulho além do ruído
ocasional de placas de armadura, enquanto um soldado se aproximava
demais de outro, ou o silêncio das gargantas. Eles não conversavam.
Gett ainda não fizera a instrução.
— Companhia: a... ten... ção!
O chunk das armaduras e rifles sendo batidos com força contra as placas
do peito foi um ruído síncrono. Etain esperou alguns momentos e
concentrou-se em projetar a sua voz na caverna do hangar. Não havia sido
treinada como oficial. Não vinha naturalmente.
Eles precisavam que ela fosse uma, assim como Darman, quando ele
esperava que todos os Jedi fossem comandantes competentes. Ela respirou
lentamente e sentiu a voz sair do estômago através do peito.
— Descansar. — disse ela. — E tirem os capacetes.
O barulho e o assobio dos capacetes sendo removidos foram um pouco
mais irregulares do que o estalar do pedido de atenção. Eles não esperavam
isso. Olhou para rostos idênticos, se conectando à Força para ter uma noção
de quem eles poderiam ser e seu estado de espírito, assim como tinha feito
com o Ômega. Era uma tapeçaria complexa e, sim, havia medo; havia um
intenso sentimento de pertencimento e foco também. E não havia vestígios
da criança esperançosa que uma vez a havia confundido quando sentiu
Darman muito antes de vê-lo pela primeira vez.
Os clones cresciam rápido e aprendiam ainda mais rápido. Um ano de
guerra, guerra real, não apenas treinamento fatalmente realista, os tornaram
muito mais sábios do mundo e menos idealistas.
— Temos dois batalhões presos em Dinlo. — disse ela. — Vocês viram a
ordem de operação. Abrimos a rota de saída para eles cortando linhas de
droides para que alcancem o ponto de extração. Vocês terão apoio aéreo,
mas contaremos predominantemente com as suas habilidades de infantaria.
— Fez uma pausa. Eles ouviram educadamente. Qualquer que fosse o foco,
parecia vir não dela, mas de algo dentro deles. — Eu não vou falar nada
sobre glória, porque isso é sobre sobrevivência. Essa é a minha primeira
regra como Jedi, sabem? Sobreviver. E deveria ser a de vocês também. Eu
não quero nenhum sacrifício louco. Eu quero sair disso com o maior
número possível de vocês e do quadragésimo primeiro vivos, não porque
vocês são bens que precisamos usar novamente, mas porque não quero que
vocês morram.
Sentiu o silêncio mudar, não em qualidade, mas numa percepção que
tremeu quase imperceptivelmente através da Força. Não era assim que eles
estavam acostumados a se ver.
— Nós não estávamos exatamente fazendo fila para isso, senhora. —
disse um piloto, com uma bota no degrau da cabine de comando. Houve
uma onda de risadas, e Etain também riu.
— Vou tentar manter meu arco de fogo sob controle, então. — disse
Etain, e deu um tapinha no Stouker. Ela olhou para o antebraço de Gett; ele
o inclinou para que ela pudesse ver a leitura do crono dele. — Descemos
em vinte e quatro minutos. Dispensados.
Os homens se separaram, recolocando os seus capacetes e se
organizando em pelotões e esquadrões para fazer um caminho ordenado
para o ofício designado. O esquadrão de naves TABA/c havia sido retirado
para criar espaço para as tropas em seus conveses de carga. Gett
inspecionou o interior do capacete, segurando-o com as duas mãos
enluvadas.
— Você não deveria desejar que a Força estivesse com eles, General?
Etain gostava de Gett. Ele não a tratava como um gênio militar
onisciente, mas apenas como outro preso em um lugar difícil, sem muitas
opções. Podia ouvir um som fraco vindo do feed de áudio do capacete;
quando se concentrou, pôde o ouvir cantando, e então estendeu a mão para
o capacete. Tinha experimentado o de Atin uma vez e ficou impressionada
com a quantidade de dados lançados para o usuário. Com o capacete
próximo à cabeça, conseguiu distinguir fortes vozes masculinas, um coro
delas, cantando um hino do qual ouvira trechos, mas raramente teve a
chance de ouvir: "Vode An".
Eles estavam cantando, na privacidade da suas próprias conexões do
capacete, recuando para o seu mundo, como o Esquadrão Ômega fazia de
vez em quando. Não ouvia nada do lado de fora dos capacetes, é claro, e se
sentia estranhamente excluída. Mas eles não eram todos seus irmãos, por
mais que quisesse fazer parte de algo maior, ainda maior do que a Ordem
Jedi. Eles estavam se preparando para a batalha.

Bal kote, darasuum kote,


Jorso'ran kando a tomo...

Soava menos marcial e mais um lamento para os seus ouvidos naquele


momento.
Teria que pedir uma tradução ao general Jusik. Ele estava muito falante
de Mando'a ultimamente.
Devolveu o capacete a Gett e deu um aceno de agradecimento.
— Não é apenas da Força que precisamos conosco hoje, Comandante, —
disse ela. — É de um equipamento confiável e informações precisas.
— Sempre é, General. — disse ele. — Sempre é.
Ele colocou o capacete de volta e selou a gola.
Sabia sem perguntar que ele havia começado a cantar, completamente
silencioso para ela, mas em uma só voz com os seus irmãos.


QG da Brigada de Operações Especiais, Coruscant, vinte minutos após a explosão no
Depósito Bravo Cinco, 367 dias após Geonosis

O capitão Ordo precisava do general Bardan Jusik e precisava dele


rápido.
Ele não estava respondendo ao seu comunicador. Isso irritou Ordo,
porque um oficial deveria estar sempre em contato. E este era precisamente
o tipo de emergência que provava o argumento.
Ordo deixou a speederbike Aratech de dois lugares do lado de fora das
portas principais, longe o suficiente para um lado para não obstruí-las,
conforme as precauções de segurança exigiam, e caminhou pela passagem
principal que levava às salas de instruções e operações.
— Localização do General Jusik, por favor. — disse ele ao droide
administrador que estava operando o transmissor do comunicador na área
do lobby.
— Em reunião com o General Arligan Zey e o Capitão Trooper CRA
Maze no escritório do oficial comandante, senhor, discutindo a situação da
ordenança incontinente...
— Obrigado. — disse Ordo. Apenas diga bomba, sim? — É por isso que
também estou aqui.
— Você não pode...
Mas ele poderia; e ele fez.
— Anotado.
A luz vermelha acima das portas do escritório dizia a Ordo que o general
não queria ser interrompido. Esperava que a sensibilidade da Força ao Jedi
o detectasse chegando e abrisse aquelas portas, mas elas permaneceram
fechadas, então Ordo simplesmente fez uso da lista de cinco mil códigos de
segurança que havia memorizado para uma eventualidade como essa.
Nunca confiaria neles só em um datapad. Skirata havia lhe ensinado que às
vezes você só podia levar o seu próprio cérebro e corpo para a batalha.
Ordo tirou o capacete primeiro, uma cortesia que Skirata também o
ensinou e digitou o código no painel lateral.
As portas se abriram e caminhou até a mesa de reunião, era uma laje de
pedra polida azul escura onde Zey, Jusik e o francamente surpreso capitão
CRA de Zey estavam olhando para ele.
— Bom dia, senhor. — disse Ordo. — As minhas desculpas por
interromper, mas preciso do General Jusik agora.
O rosto magro e pálido de Jusik, com a sua barba loura desgrenhada, era
a imagem de um horror embaraçado. Ordo pensava que todos os Jedi
podiam senti-lo chegando, mas isso nunca parecia amortecer a sua surpresa
quando chegava com negócios urgentes.
Jusik não se moveu rápido o suficiente. Ordo fez um gesto em direção à
porta.
— Capitão, não é costume interromper reuniões de emergência. — disse
Zey com cuidado. — O General Jusik é nosso especialista em armas e...
— É por isso que preciso dele agora, senhor. O Sargento Skirata envia os
seus cumprimentos, mas ele gostaria que o general se juntasse a ele na cena
do incidente, já que ele é o especialista em explosivos e as suas habilidades
seriam melhor usadas em assuntos práticos do que em discussões.
— Acho que o seu sargento deveria deixar tudo isso para a Segurança de
Coruscant. — disse o Capitão Maze, que claramente não entendeu bem a
situação.
Típico CRA comum. Típico CRA teimoso.
— Não. — disse Ordo. — Não é possível. Se eu puder te apressar um
pouco, General Jusik, tenho uma speeder do lado de fora. E se lembre de
deixar o seu comunicador ativo no futuro. Você deve estar sempre em
contato.
Maze olhou para Zey, e Zey balançou a cabeça discretamente. Ordo
pegou Jusik pelo cotovelo e o apressou pela passagem.
— Desculpe por repreendê-lo na frente de Zey, senhor. — disse Ordo,
espalhando droides e ocasionalmente um clone quando corriam de volta
pela passagem. — Mas o Sargento Skirata está furioso.
— Eu sei, eu deveria ter deixado...
— Gosta de pilotar, senhor? Eu sei que você gosta.
— Sim, por favor...
Foi o rápido baque de botas atrás dele que fez Ordo parar e se virar
exatamente quando o Capitão Maze estendeu a mão para dar um tapinha no
ombro dele. Desviou o braço do CRA e o afastou.
Maze se ergueu.
— Olha, Nulo, eu não sei quem o seu sargento pensa que ele é, mas você
obedece a um general quando ele...
— Não tenho tempo pra isso. — Ordo levantou o punho com força e sem
aviso logo abaixo do queixo de Maze, batendo-o contra a parede. O homem
xingou e não caiu, então Ordo o atingiu novamente, desta vez no nariz,
sempre desmoralizante o suficiente para impedir alguém de morrer, mas
nada seriamente prejudicial, nada para causar dor duradoura. Nunca faria
mal a um irmão se pudesse evitar. — E eu só recebo ordens de Kal Skirata.
Jusik e Ordo correram o resto do caminho até o speeder para recuperar o
tempo perdido.
— Ordo.
— Sim?
— Ordo, você acabou de socar um trooper da CRA.
— Ele estava nos atrasando.
— Mas você bateu nele. Duas vezes.
— Nenhum dano permanente foi causado. — disse Ordo, erguendo o
kama para deslizar sobre o assento atrás de Jusik. Ele selou o capacete. —
Você não pode convencer os CRAs Alfa de nada por argumento racional.
Eles são tão obtusos e impulsivos quanto o Fett, acredite.
Jusik pareceu perplexo ao iniciar o caminho. Levou a speederbike por
um elevador vertical reto e girou no topo da subida. Seu cabelo, preso em
um rabo de cavalo, chicoteava a viseira de Ordo na corrente de ar, e o CRA
o afastou em um silêncio irritado. Já era hora do garoto trançá-lo ou cortá-
lo.
— Pra onde, Ordo?
— Manarai.
— Me instrua. — disse Jusik.
— O FSC está tendo dificuldades com isso. Se você entrar agora e usar a
Força enquanto a cena do incidente está recente, podemos ganhar um
tempo.
Jusik se inclinou para evitar um pináculo fino e mordeu o lábio inferior.
Parecia capaz de voar sem pensar.
— Examinei os dados seis ou sete vezes e não vi nenhum padrão
consistente em nenhum dos dispositivos. Nem os materiais, nem o método
de construção, nada. Só que eles são todos dispositivos muito complexos e
difíceis de configurar.
Ordo piscou para trocar o áudio do capacete para filtrar o ruído do vento.
Da próxima vez, ele pilotaria um airspeeder com uma cabine.
— Sempre explosivos.
— Repita?
Ordo ajustou o volume.
— Eu disse sempre explosivos.
— Armamento químico e biológico tem uso limitado em um planeta com
mais de mil espécies diferentes. As coisas que explodem, no entanto, são
garantias de ferir qualquer raça.
— Eu concordaria com isso se esses dispositivos estivessem sendo
usados aleatoriamente. Eles não estão. Todos os alvos são do Grande
Exército. Humanos.
— Tem certeza de que é de mim que precisa para isso? — Jusik
perguntou. — Não sou tão adepto da Força viva quanto os outros.
— Você quer voltar e ter uma boa reunião?
— Não. — Jusik olhou por cima do ombro com um grande sorriso. Ordo
havia aprendido a não dizer a ele para manter os olhos sempre à frente, mas
ainda era irritante ver um Jedi dirigindo uma nave apenas com os sentidos
da Força. — Eu nunca vi ninguém passar por cima de Zey assim.
— Eu simplesmente tinha que fazer o trabalho, senhor. Sem ofensa.
— Você se importa se eu perguntar uma coisa, Ordo?
— Vá em frente.
— Por que você me tolera? Você não dá a menor atenção a Zey. Ou
Camas. Ou qualquer outra pessoa, que eu saiba.
— Skirata respeita você. Eu confio no julgamento dele.
— Ah. — Jusik não parecia estar esperando essa resposta. — Eu... eu
também tenho uma grande consideração pelo nosso sargento.
Ordo notou a palavra nosso. E era isso que tornava Jusik diferente, assim
como Kal'buir, Papai Kal: ele havia se envolvido com os seus homens.
Mas, como Kal'buir dissera em particular, que você poderia colocar um
oficial Weequay à frente do exército de clones e eles ainda lutariam bem.
Um exército de três milhões de homens com muito poucos oficiais Jedi
tinha que ser autodirigido.
Ordo estava bem acostumado a se dirigir.
Jusik nunca perguntou se Ordo pensava nele como seu comandante. Ele
provavelmente sabia, e não precisava ser lembrado de que Ordo respondia
apenas ao homem que havia se colocado fisicamente entre ele e a morte
uma vez, duas vezes, mais vezes do que era decente contar: Kal Skirata. E
embora Ordo soubesse intelectualmente que um oficial imparcial,
desprovido de sentimentos era do tipo que vencia guerras e salvava o maior
número de vidas, o seu coração dizia que um sargento que estava pronto
para morrer para proteger os seus homens recebia a última gota de suor e
sangue, e dados com prazer.
— Eu acho que você pode ter problemas de verdade com Zey desta vez,
Ordo.
— E o que você acha que ele fará sobre isso?
— Você não tem medo?
— Não desde Kamino.
Se Jusik entendeu isso, não demonstrou.
— É verdade que seu irmão Mereel sequestrou um transporte para
Kamino?
— Eles são conhecidos como os alvos mais difíceis, General. Desafiar a
segurança para melhorá-la. Nós fazemos isso.
Era uma mentira, mas não inteiramente: os Nulos tentavam não remover
os ativos do GER do campo de batalha, a menos que fosse absolutamente
necessário, mas, neste caso, Kal'buir havia dito que era. O comando Jedi
fazia vista grossa para as irregularidades se as detectasse porque o
esquadrão Nulo produzia resultados sem paralelo. Não, Zey não tocaria
nele. Se fosse tolo o suficiente para tentar, ele aprenderia uma lição difícil.
— General, você se lembra de ter sido tirado de seus pais?
Jusik olhou para a esquerda e alguns instantes depois uma patrulha do
FSC apareceu no flanco deles, moveu uma asa em reconhecimento e caiu
novamente embaixo deles.
— Eles estão nos mandando mensagens para ter certeza de que somos
quem eles pensam que somos. — disse o Jedi, evitando a pergunta. — Não
podem confiar em nada para ser o que parece nos dias de hoje.
— De fato.
— Espero que a FSC não se ofenda com a nossa intervenção.
Ordo apertou seu aperto.
— Não é culpa deles que não possam lidar com isso.
— Eles são muito competentes.
— Eles são competentes na defesa. Não estão acostumados a atacar.
Podemos pensar como um inimigo melhor do que eles.
— Vocês podem. Temo que eu nunca consiga.
— Fui treinado para matar e destruir por qualquer meio possível. Eu
suspeito que você foi treinado para obedecer a algumas regras.
— Sim, na verdade.
— O que? Obedecer a regras?
— Não, eu lembro de ter sido tirado da minha família. Apenas ter sido
levado. Mas não lembro da minha família.
— E o que o torna tão apegado a nós? — Ordo escolheu as suas palavras
com precisão, sabendo o que o apego significava para um Jedi. Sabia a
resposta de qualquer maneira. — E isso não o preocupa?
Jusik parou por um momento e depois se virou com um sorriso ansioso.
Jedi não deveriam sentir emoções poderosas como vingança, amor ou ódio.
Ordo agora podia ver esse conflito no rosto do garoto diariamente.
E Jusik era um garoto: Ordo tinha a mesma idade física que o general,
vinte e dois anos, mas se sentia uma geração mais velho, apesar de ter
nascido apenas onze anos antes. E o Jedi extraía forças das coisas que
rasgavam o seu coração, assim como Kal Skirata.
Ele e Jusik eram opostos em muitos aspectos e, no entanto, muito
parecidos em outros.
— Vocês têm um sentimento de pertencimento tão apaixonado. — disse
Jusik finalmente. — E vocês nunca reclamam da maneira como são usados.
— Guarde a sua simpatia para os Troopers. — disse Ordo. — Ninguém
nos usa. E um claro senso de propósito é uma força.
O lado sul do depósito de logística era um terreno baldio de metal
quebrado e entulho. Do ar, parecia um canteiro de obras abandonado com
uma cerca de perímetro de cores vivas. Quando Jusik desceu, o perímetro se
transformou em multidões retidas por um cordão do FSC. A base de
suprimentos do GER ficava no limite de uma área civil, separada apenas
por uma faixa de plataformas de pouso, com níveis de armazenamento
operados por droides abaixo dela.
Obviamente tinha sido um grande dispositivo. Se a mesma bomba
tivesse explodido no coração civil de Coruscant, as vítimas teriam chegado
aos milhares.
— O que eles acham que tem para olhar? — Jusik perguntou. Teve
problemas para encontrar um espaço para se estabelecer e teve que pousar
fora do cordão de segurança. Ficou claramente ofendido pelos observadores
e não esperou que Ordo abrisse caminho para ele. Para um homem de fala
mansa, Jusik certamente conseguia se fazer ouvir. — Cidadãos, a menos
que vocês tenham contribuições a fazer aqui, posso sugerir que limpem a
área, caso ainda exista um segundo dispositivo para detonar?
Ordo ficou impressionado com a velocidade com que a maioria da
multidão se dispersou. Os curiosamente resistentes andavam em pequenos
grupos.
— Vocês não querem ver isso. — disse Jusik.
Eles fizeram uma pausa e depois se afastaram. Uma embarcação de
apoio a incidentes da FSC deslizou pela faixa e pairou por um momento ao
lado de Jusik. O piloto se inclinou um pouco para fora da escotilha.
— Nunca vi a influência mental em ação antes, senhor. Obrigado.
— Eu não estava usando a Força. — disse Jusik.
Ordo encontrava uma nova razão para gostar desse Jedi todos os dias.
Ele levava a guerra tão pessoalmente quanto Kal'buir.
Um homem corpulento de túnica cinza acenou pra eles do cordão
interior, onde um grande grupo de civis e hovercâmeras pairavam à espera.
O Capitão Jailer Obrim não usava mais as roupas da Guarda do Senado.
Ordo o conhecia bem: desde que trabalharam juntos com o Esquadrão
Ômega no cerco ao espaçoporto, o tempo de Obrim foi cada vez mais
ocupado com tarefas de contraterrorismo. Ele estava destacado no FSC
agora, mas eles ainda não pareciam capazes de convencê-lo a usar o
uniforme azul.
— Você pode influenciar a mídia a desaparecer, General? — Ordo disse.
— Ou devo fazê-lo manualmente?
A equipe de investigação forense da FSC ainda estava seguindo um
caminho lento e cuidadoso pelos escombros da entrada do Bravo Oito
quando Ordo e Jusik chegaram ao cordão. A uma distância de dez metros
do cordão interior, havia uma tela de plastóide branco com o emblema da
FSC repetido em sua superfície: os piores detritos haviam sido rastreados
pelas câmeras e olhares curiosos.
Isso era um trabalho sombrio para a polícia civil. Ordo sabia que eles
não tinham conhecimento nem números para lidar com o que estava
acontecendo ultimamente. E como eles lidariam com o que viram se não
foram treinados para lidar com isso desde a infância, como ele? Por um
momento sentiu pena.
Mas havia um trabalho a fazer. Ordo ligou a projeção vocal do capacete
com um rápido movimento dos olhos.
— Com licença, por favor.
Uma equipe da HNE e uma dúzia de outros representantes da mídia,
alguns molhados, como Skirata chamava formas de vida orgânicas, alguns
pequenos ou droides, formaram uma audiência cautelosa pelas terríveis
consequências da explosão. Eles se separaram instantaneamente, mesmo
antes de olharem em volta e ver Ordo caminhando na direção deles. Então
eles lhe deram um espaço ainda maior. Um trooper CRA era uma figura
imponente, e um capitão, marcado com o brilhante escarlate que
subconscientemente dizia perigo para muitas espécies humanoides, abria
um grande caminho.
Obrim desativou uma seção do cordão para deixar Jusik e Ordo
passarem.
— Este é o general Bardan Jusik. — disse Ordo. — Ele é um dos nossos.
Ele pode dar uma olhada e avaliar o local?
Obrim olhou Jusik de cima a baixo com o ar de um homem que
acreditava mais em dados concretos do que na Força.
— Claro que pode. Cuidado com os marcadores de evidências, senhor.
— Serei cauteloso. — disse Jusik, entrelaçando os dedos na frente dele
para fazer aquela pequena reverência ao Jedi que Ordo achava fascinante.
Às vezes Jusik era um dos garotos, e às vezes era velho, sabiamente sóbrio,
uma criatura inteiramente diferente. — Não contaminarei as evidências.
Obrim esperou que se afastasse e virou-se para Ordo.
— Não que isso importe. A perícia não está nos levando a lugar nenhum.
Talvez precisemos do Pessoal Místico para nos dar uma folga. Como você
está, afinal?
— Focado. Muito focado.
— Sim, o seu chefe também é bastante focado. Ele pode amaldiçoar um
nojento de um Hutt, aquele homem.
— Ele leva todas as vítimas para o lado pessoal, receio.
— Eu sei o que você quer dizer. Sinto muito por seus garotos, a
propósito. Apanhamos eles indo e vindo, não é?
Skirata estava debruçado em uma conversa com um oficial da FSC, com
as suas cabeças quase se tocando, falando em voz baixa e agitada. Virou-se
quando Ordo se aproximou. Seu rosto estava cinzento de raiva reprimida.
— Quinze mortos. — Skirata claramente não se importava com baixas
civis, interrupção do tráfego ou danos estruturais. Apontou para um grande
fragmento de armadura de perna branca nos escombros do que havia sido
um posto de segurança. — Vou rasgar algumas entranhas de chakaar por
isso.
— Quando os encontrarmos, garantiremos que você seja o primeiro da
fila. — disse Obrim.
Não havia muito o que eles pudessem fazer naquele momento, exceto
permitir que a grande equipe de cenas de crime Sullustana fizesse seu
trabalho. Skirata, mastigando vigorosamente a raiz de ruik agridoce que
havia começado a gostar recentemente, ficou parado com os punhos nos
bolsos da jaqueta, observando Jusik pisar delicadamente entre pedaços de
entulho. O Jedi ocasionalmente parava para fechar os olhos e ficar
completamente imóvel.
A expressão de Skirata era de análise fria.
— Ele é um bom garoto.
Ordo assentiu.
— Você quer que eu cuide dele?
— Sim, mas não ao custo de sua própria segurança.
Depois de alguns minutos, Jusik voltou para o cordão, de braços
cruzados.
— Você não pegou nada? — Skirata disse como se esperasse que Jusik
latisse como um cão de caça preso a uma trilha de cheiro.
— Muitíssimo. — Jusik fechou os olhos por um segundo. — Ainda sinto
a perturbação na Força. Posso sentir a destruição e dor e medo. Como um
campo de batalha, na verdade.
— Então?
— É o que não consigo sentir que me incomoda.
— Que é?
— Malevolência. O inimigo está ausente. O inimigo, na verdade, nunca
esteve aqui.


Embarcação de interdição ao tráfego do Grupo de Proteção à Frota da República (EIT)
Z590/1, em frente ao cruzamento do hiperespaço Corelliano-Perlemiano, 367 dias após
Geonosis.

Fi realmente não gostava de operações com gravidade zero.


Tirou o capacete com cuidado e pôs uma mão nas correias que o
impediam de se afastar da antepara da nave anônima que havia sido
personalizada para embarques armados. Se se movesse um pouco rápido
demais, ele se afastaria.
Ficar à deriva o deixava... enjoado.
Darman, Niner e Atin não pareciam incomodados com isso; nem o
piloto, que, por razões que Fi ainda não havia entendido, se chamava Sicko.
Sicko desligou as unidades. O pequeno EIT não militar, não marcado e
aparentemente inexpressivo: um "invólucro simples" como os pilotos o
identificaram, estava parado com unidades em marcha lenta perto de um
ponto de saída da rota do hiperespaço, com os painéis da cabine tremulando
com uma dúzia de displays de armas.
Externamente, parecia um transporte público maltratado. Sob a
ferrugem, porém, havia uma plataforma de assalto compacta que podia
entrar em qualquer embarcação. Fi achava que operações de interdição de
tráfego era um adorável eufemismo para o "sequestro militar pesado".
— Eu gosto de um embarque incompatível para começar o dia. — disse
Sicko. — Você está bem, Fi?
— Estou ótimo. — mentiu Fi.
— Você não vai vomitar, vai? Acabei de limpar este caixote.
— Se eu posso manter as rações de campo baixas, posso lidar com
qualquer coisa.
— Quer saber, amigo, coloque o caixote de volta e guarde pra si.
— Eu posso mirar em linha reta.
Fi havia aprendido as habilidades de manobrar gravidade zero no final da
vida, pouco antes de completar oito e dezesseis anos, não muito antes de
Geonosis, e isso não era tão natural pra ele quanto para aqueles troopers
treinados especificamente para tarefas no espaço profundo. Perguntou-se
por que os outros haviam passado pelo mesmo treinamento com mais
tolerância.
Niner, aparentemente impermeável a todas as dificuldades, exceto ver o
seu esquadrão vestido de maneira inadequada, olhou para a palma da luva
como se desejasse que o hololink de pulso do quartel general fosse ativado.
O esquadrão agora usava a versão furtiva em preto fosco da armadura de
Katarn que os tornava ainda mais visivelmente diferentes dos demais
esquadrões do Comando da República. Niner disse que era "sensato",
mesmo que os tornasse alvos bastante visíveis no planeta Fest coberto de
neve. Fi suspeitava que gostava mais, porque também os fazia parecer
seriamente ameaçadores. Os droides não se importavam, mas certamente
preocupavam os molhados, alvos orgânicos, quando o viam.
Se eles vissem, é claro. Eles geralmente não tinham a chance.
Um clique ocasional de seus dentes indicava que Niner estava irritado.
Era o hábito de Skirata também.
— Ordo chega sempre na hora. — disse Fi, tentando tirar a mente do
estômago revirado. — Não se preocupe, Sargento.
— Seu amigo.. — Darman brincou.
— Prefiro tê-lo como amigo e não como inimigo.
— Aah, ele gosta de você. Brincando com oficiais CRA do Esquadrão
dos Alucinados, não é?
— Temos um entendimento. — disse Fi. — Eu não rio da saia dele e ele
não arranca a minha cabeça.
Sim, Ordo havia gostado dele. Fi não entendeu completamente até
Skirata o levar para um lado e explicar exatamente o que havia acontecido
com Ordo e seu grupo em Kamino quando crianças. Então, quando Fi se
jogou em uma granada durante uma operação antiterrorista para abafar a
detonação, Ordo o marcou como alguém que correria um risco muito
grande de salvar camaradas. CRAs Nulos eram psicóticos, malucos, como
Skirata dizia, mas eram inabalavelmente leais quando o clima os atingia.
E quando o clima não os atingia, eles eram a morte instantânea sob duas
pernas.
Fi suspeitava que Ordo estivesse entediado, preso na sede de Coruscant
durante a maior parte do ano passado, sem nada para matar, exceto o tempo.
Então Fi também olhou para a luva de Niner, desejando que o seu
estômago ficasse parado. Exatamente às 09 horas, horário do Triplo Zero,
bem na hora, a palma da mão de Niner explodiu em luz azul.
— CR-um-três-zero-nove recebendo, senhor. — disse Niner.
A ligação criptografado estava clara. Ordo brilhou em uma imagem
holográfica azul, aparentemente sentado na cabine de uma nave da polícia,
com o capacete no assento ao lado dele. Mas não parecia entediado. Estava
apertando e soltando um punho.
— Su’cuy, Ômega. Como estão indo?
— Pronto para ir, senhor.
— Sargento, a última informação que temos é que a nave suspeita deixou
Cularin com destino a Denon e está indo para a sua posição. A má notícia é
que parece estar viajando com duas naves legítimas como cortina de
fumaça. O frete comercial está ficando muito nervoso com a pirataria, então
eles estão formados em comboios agora.
— Podemos eliminar o alvo. — disse Niner.
— Seria muito estranho se você descomprimisse um cargueiro civil no
momento. Será o Gizer L-6.
— Entendido.
— E precisamos do di'kute vivo. Sem ranhuras, sem desintegração, sem
acidentes.
— Nem um bom tapa? — perguntou Fi.
— Use o laser de PEP e mantenha-o em não-letal, se puder. Alguém está
muito interessado em ter uma conversa franca com eles. — Ordo fez uma
pausa, a cabeça inclinada para baixo por um segundo. — Vau voltou.
Fi não conseguiu deixar de olhar para Atin e observou que Darman havia
feito o mesmo. Atin estava com o queixo enfiado na borda acolchoada do
tórax e coçava ociosamente a cicatriz que corria logo abaixo do olho direito
e atravessava a boca até o lado esquerdo da mandíbula. Agora era uma fina
linha branca, uma fraca lembrança do vergão vermelho que estava quando
Fi o viu pela primeira vez: e de repente percebeu algo que não havia
pensado antes.
Eu acho que sei como ele conseguiu isso.
Atin era da companhia de treinamento do sargento Walon Vau, não de
Skirata. E ao longo dos meses, à medida que as vítimas aumentavam e mais
esquadrões parciais eram reagrupados com homens de outras companhias,
todos trocavam histórias. As histórias de Vau não eram nada divertidas.
— Você está bem, ner vod?
— Estou bem. — disse Atin. Ele olhou pra cima, com a mandíbula tensa.
— Então, com quantos bandidos não vamos jogar, desintegrar ou falar com
severidade, Capitão?
— Cinco, diz a melhor informação de Inteligência. — disse Ordo.
— Vamos assumir dez então. — disse Niner.
Ordo parou por um momento, como se achasse que Niner poderia estar
recorrendo ao sarcasmo. Fi podia ver isso na maneira como os seus ombros
se apoiavam. Ele era do tipo que gosta de facas, o Ordo. Mas Niner estava
simplesmente no modo literal, como costumava ser quando as coisas
estavam ficando intensas. Ele sempre gostava errar por precaução.
Ordo obviamente sabia disso: ele não mordeu.
— A propósito, a General Tur-Mukan está operando no setor de Bothan
e parece estar indo bem, de acordo com o Comandante Gett. — disse ele. —
E ela ainda carrega o rifle de concussão, então a sua lição não foi
desperdiçada.
— É melhor que balançar o bastão brilhante. — disse Fi, piscando para
Darman. — Seria divertido vê-la novamente, hein, Dar?
Darman sorriu enigmaticamente. Atin estava olhando, ligeiramente
desfocado, para a antepara, com a mandíbula cerrada. Fi achou que já era
hora dos bandidos saírem do hiperespaço e se esquecerem das coisas
individuais que os incomodavam, que incluíam o seu estômago.
— Ordo desligando. — disse o holo azul, e a luva de Niner não continha
nada além de ar novamente.
Darman preparou o capacete, redefinindo a Tela Visualização Frontal
com um estalo do dedo.
— Pobre Ord'ika. — Ele o chamou pelo apelido afetuoso que Skirata
usava em particular, o nome de uma criança, Ordinho. Em público, era
estritamente Capitão e Sargento. E você poderia chamar o seu irmão de
vod'ika da maneira Mandaloriana, mas ninguém mais poderia, e nunca na
frente de estranhos.
— Quem gostaria de fazer o depósito quando o resto do seu lote está
fora, salvando a galáxia?
— Bem, eu ouvi dizer que Kom'rk está em Utapau, e Jaing foi baleado
com um canhão de extremo dano no setor de Bakura. — disse Fi.
— Fierfek.
— Conhecendo ele, está fazendo isso por diversão. E quanto a Mereel,
bem, por que Kal o enviou para Kamino?
Niner pressionou irritado novamente.
— Mais alguém com quem você quer discutir informações confidenciais,
Fi?
— Desculpe, Sargento.
A cabana ficou em silêncio mais uma vez. Fi recolocou o capacete,
fechou o colarinho e concentrou-se no horizonte artificial da Tela
Visualização Frontal para convencer o estômago de que lado estava. A
armadura Mark III de Katarn agora tinha mais aprimoramentos e fora
classificada como resistente a explosões até balas de canhão leves. Todas as
operações estavam cheias de novas surpresas da Compras do GER, como
um aniversário, de acordo com Skirata, embora Fi, como todos os seus
irmãos, nunca tivesse comemorado um.
Agora eles ainda tinham um projétil de energia pulsada não letal, ou PEP,
para o DC-17 que não exatamente matava os alvos, mas certamente fazia
seus olhos lacrimejarem. Era um equipamento de controle de tumultos da
polícia, um laser de fluoreto de deutério: provavelmente irritaria um
Wookiee, mas separava humanoides em pouco tempo.
Fi focou nos ícones no quadro de sua Tela Visualização Frontal e piscou
um em ação, enviando ar frio pelo rosto. Isso acalmou sua náusea. Depois,
isolou o canal de áudio e acessou uma peça de música glimmik
particularmente barulhenta.
Niner interrompeu a substituição do canal de comunicação.
— Agora o que você está ouvindo?
— Opera Mon Cal. — disse Fi. — Estou melhorando a minha mente.
— Mentiroso. Eu posso ver você balançando com a batida.
Relaxa, Sargento. Por favor.
— Quer ouvir?
— Estou empolgado o suficiente, obrigado. — disse Niner.
Darman sacudiu a cabeça. Atin olhou pra cima.
— Mais tarde, Fi.
Sicko olhou por cima do ombro, excluído da conversa do esquadrão pela
ligação segura de capacete pra capacete. Mas obviamente podia ver a
linguagem corporal que indicava que eles estavam conversando. Fi tocou
em sua frequência com algumas piscadas direcionadas para o sensor dentro
do visor.
— E você, ner vod? Quer um pouco de música?
— Não, obrigado. — Sicko tinha o mesmo sotaque neutro da maioria
dos clone troopers de infantaria. Eles aprenderam o Básico com breves
instruções e raramente eram expostos a pessoas de fora com sotaques
interessantes. — Mas é decente da sua parte oferecer.
— A qualquer momento.
Os Comandos deviam as suas vidas a esses pilotos; o Ômega havia sido
extraído sob fogo intenso por sua habilidade surpreendente várias vezes, e
os pilotos da EIT eram os mais ousados do grupo. Quaisquer abismos entre
clone trooper, especialista e unidades de comando de elite haviam sido
varridos por dificuldades compartilhadas e agora eram an vode, todos os
irmãos. Fi estava feliz em entregá-los.
Fechou a transmissão de música e mudou para o comunicador do
esquadrão aberto novamente. A espera o estava matando agora. Se...
— Conseguimos contato. — disse Sicko. — Eles deveriam estar pulando
do hiperespaço a qualquer momento agora. Três contatos. — Jogou a tela de
rastreamento do console em uma holoprojeção para que eles pudessem ver
os pulsos de cores que representavam as naves, sem contornos ou formas,
apenas uma série tremeluzente de números e códigos de um lado,
aguardando que uma nave etiquetasse. — Interceptação em dois minutos.
Todos devem estar a menos de um minuto de diferença.
— Traga-nos do lado estibordo, por favor. — disse Niner.
— Aí está... o L-6 está saindo primeiro. — Sicko pressionou um botão
no console e Fi ouviu os braços da garra se estenderem e se retraírem como
um atleta flexionando os músculos antes de um evento. A tela mostrou uma
nave, depois outra. — Mas o segundo perfil parece um L-6 também...
— A Inteligência disse...
— A Inteligência ocasionalmente é conhecida por ter menos de cem por
cento de precisão, aparentemente...
Atin suspirou com um pouco de desprezo.
— Você acha? — Fi pôde ver que ele estava verificando os dados de
configuração das naves por meio de sua Tela Visualização Frontal. — Estou
feliz por estar à prova de choque.
— Mas nós gostamos de informações. — disse Fi. Não, de novo não.
Deixe-as estarem certas desta vez. — O Sargento Kal nunca nos lê histórias
de ninar, então as informações satisfazem a nossa necessidade juvenil inata
de fantasia heroica.
— Ele é sempre assim? — Sicko perguntou.
— Não, ele está bem quieto hoje. — Darman segurou uma carga de
armação magnética em seu peito, o seu persuasor da escotilha, como ele
gostava de chamar. — Então, vamos pular ao sinal da primeira nave ou o
quê?
— Deixe rolar. — disse Niner, que sempre parecia recorrer à voz de
Skirata sob pressão. Ele atingiu a liberação em suas amarras. — Vamos ver
como reage quando nos aproximamos. Apertem os capacetes, senhores, e
estamos no negócio.
— Está chegando. — disse Sicko. — E se eu não conseguir desativar a
unidade, explodam o conduíte de energia da navegação. O acesso deve estar
fora do compartimento de engenharia, mas às vezes fica dentro da antepara
do lado da porta, a três metros da escotilha. Então soque a coisa podre, sim?
Ou eles vão nos acertar e arrastar por dez sistemas estelares.
Então, o piloto pôs o EIT em um movimento de noventa graus e as
constelações aparentemente fixas que Fi observava pularam diante de seus
olhos. Entendeu instantaneamente porque chamavam o homem de Sicko.
Fi agarrou uma amarra instintivamente e a sua mochila bateu na
antepara.
— Ah Fierfek...
— Uooooou!
— Uhhh.
Fi podia ver através da tela da cabine enquanto se apoiava ao lado da
escotilha. Um cargueiro parecido com uma caixa, sim, um Gizer L-6, surgiu
do nada preto.
— Interdite isso. — disse Niner.
Fi pegou os controles da mochila a jato, pendurado ao lado de Darman
em queda livre.
Sicko acionou o EIT em uma lenta abordagem frontal e espiral
lentamente para alinhá-lo e trazer a escotilha do convés contra o lado da
porta do cargueiro, acendendo as luzes.
O cargueiro diminuiu a velocidade também. Darman ficou pronto, os
dedos flexionando os controles da mochila a jato no cinto. Ele seria o
primeiro a sair, explodindo os controles da escotilha quando o invólucro à
prova de explosão selasse contra o casco do alvo, afastando-se para permitir
que os outros entrassem. Enquanto o EIT se movia tranquilamente ao longo
do flanco do cargueiro, as luzes de pouso capturavam a pintura laranja
brilhante do CONTÊINERES VOSHAN.
— Opa. — disse Sicko. — Parece que é o legítimo.
— Afaste-se, então. — disse Niner. — Se a outra nave vir isso,
estaremos perdidos...
Um flash chamou a atenção de Fi ao mesmo tempo em que todos os
outros. A segunda nave vinha em sua direção.
— Mais um L-6. — disse Sicko. — Por favor, que não tenha três.
O primeiro L-6 alterou subitamente o curso com uma queima rápida.
Provavelmente, ele pegou a ideia errada sobre uma pequena nave
desalinhada em uma área do espaço que era frequentemente povoada por
piratas. Um de suas asas girou noventa graus quase instantaneamente,
aparecendo na tela da EIT em rota de colisão.
— Abortar, abortar, abortar! — Sicko gritou. — Aguardem,
aguardem, aguardem...
Foi interrompido por um guincho de liga rasgando que estremeceu
através do EIT e, de repente, não era a empolgação de um embarque, mas a
luta desesperada para sobreviver. O impacto desencadeou o EIT e a última
coisa que Fi viu ao dar um salto involuntário foi Sicko puxando o garfo e
perfurando uma estabilizadora queimando para interromper o giro.
Não havia nada que Fi ou o esquadrão pudesse fazer. Tudo dependia do
piloto. Fi odiava aquele momento de percepção indefesa todas as vezes. A
exibição em sua Tela Visualização Frontal estremeceu como um holovídeo
barato, quando bateu no anteparo com mais força do que ele pensava ser
possível em gravidade zero.
— Estão chegando! Retornando fogo.
E então houve luz: luz azul-branca brilhante. A chuva instantânea e
quente de fragmentos salpicou e arranhou o casco. Sicko neutralizou o
míssil que chegava. O segundo L-6 ligou e voltou ao hiperespaço em um
clarão de luz.
— Pensem nisso. — disse Sicko, e bateu com o punho no console. —
Espuma implantada... violação do casco segura.
— O que é isso? — Fi disse, subitamente gelado e concentrado, e nada
enjoado.
— GBV.
— O que?
— O Grande Botão Vermelho. Selador de emergência do casco.
Os restos do míssil do cargueiro voaram lentamente para longe,
arrastando vapor. Era o tipo de legítima defesa que muitos cargueiros
sentiam necessidade de carregar hoje em dia: as guerras criam
oportunidades úteis para a comunidade criminosa.
Niner suspirou.
— Oh, Fierfek, agora todo mundo sabe que estamos aqui...
— Alguém conseguiu o número da licença dele? — Disse Fi. —
Maníaco.
— Sim, e teremos mais maníacos em breve também. — Sicko virou a
cabeça em direção à leitura do escâner. — O próximo é daqui a sessenta
segundos... e o próximo, dois minutos depois, eu acho. Espero que ele não
peça ajuda, ou teremos que sair daqui muito rápido.
— Diga-me que eles não vão notar essas rixas.
— Eles não vão notar essas pequenas rixas.
— Vor'e, irmão.
— De nada. — O piloto não tirou os olhos do escâner. — Estou feliz
em mentir para um camarada a qualquer momento, se isso o faz se sentir
melhor... aí está...
O próximo cargueiro saiu do hiperespaço a mil e quinhentos metros a
bombordo da proa, e o seu piloto definitivamente percebeu. Fi sabia disso
porque o arco brilhante imediato do canhão a laser raspou o mastro elíptico
montado no nariz do EIT, assim como Sicko soltou uma saraivada
sustentada no movimento embaixo do cargueiro. Ainda chovia destroços
enquanto Sicko trouxe o EIT e girou de volta sob o cargueiro para passar
por cima do seu compartimento a estibordo e fazer com que o EIT,
totalmente invertido, repousasse de um lado para o outro.
E não havia nada que o cargueiro aleijado pudesse fazer a respeito. Sicko
estava muito perto, e muito longe do alcance mínimo de seu canhão e agora
montava um tigre Ralltiiri muito zangado.
— É aqui que você sai. — A voz de Sicko estava um pouco trêmula. —
Fim da linha.
— Espera! — Niner disse. A saia da armação disparou para fora do
compartimento da escotilha do EIT e selou firmemente contra o casco do
cargueiro, enquanto os braços da garra o seguravam. A luz de equalização
da pressão piscou em vermelho e a escotilha interna à prova de explosão do
EIT se abriu, depois a externa. — Dar, pega!
Dar deu um tapa nas cargas de armação na escotilha do cargueiro, a
escotilha interna se fechou novamente e um zumbido abafado vibrou
através do EIT.
Como Sicko conseguiu levar o EIT ao longo da escotilha do porto sem
bater na embarcação ou arrancar a frente do convés do EIT, Fi nunca
entenderia, mas era isso que os pilotos faziam, e ele os admirava. A
escotilha interna se abriu novamente. Darman jogou as duas granadas
luminosas, as granadas de barulho ensurdecedoras, e Niner foi o primeiro a
passar pela escotilha.
— Vai! Vai! Vai...
Fi, impulsionado por uma onda de adrenalina, mergulhou atrás dele, com
o DC-17 ajustado para o modo blaster. O EIT e Sicko foram varridos de sua
mente a partir daquele momento, quando o tempo desobedeceu a todas as
regras e ele foi pego em uma infinita câmera lenta enquanto o esquadrão
atravessava a escotilha e a gravidade artificial do L-6 o atingiu com força
contra o convés. O impacto percorreu as solas de suas botas. Estava
correndo segundos antes que a sua cinestesia se adequasse à gravidade e seu
corpo dissesse “eu me lembro disso”.
Mas não havia muitos lugares para correr em um cargueiro L-6. Era uma
cabine e duas cabines aparafusadas em uma caixa de duraço de nada. Atin
seguiu em frente e simplesmente abriu fogo com o novo laser PEP do DC,
derrubando dois homens em uma enorme onda de choque de som e luz
quando saíram da cabine de estibordo disparando os blasters.
A viseira anti brilho de Fi escureceu instantaneamente. Mesmo com
armadura, sentiu o choque da energia liberada do PEP. Todos eles sentiram.
Fi veio até Atin quando se ajoelhou para algemar e revistar os homens,
com os pulsos aos tornozelos, enquanto lutavam para respirar,
choramingando. Uma rodada de PEP era como ser atingido por um brilho e
ser atingido no peito por várias rodadas de plasmoide ao mesmo tempo.
Isso geralmente não era letal. Geralmente.
Os dois caíram, eram talvez três faltando.
As portas da cabine não abriram quando Niner se afastou e bateu nos
controles. Atin alcançou Fi novamente e eles ficaram em pé, recuperando o
fôlego.
Niner apontou Darman para a posição nas portas da cabine.
— Pena que o PEP não funcione nas anteparas.
— Confirmado, três ainda dentro. — disse Darman, passando a
varredura do sensor infravermelho em sua manopla para cima e para baixo
na extremidade das portas. — Nada na cabine a bombordo.
A Inteligência acertou pela primeira vez: havia cinco bandidos a bordo.
— Incentive-os a sair, Dar. — disse Niner, verificando a configuração de
PEP do DC. Ele olhou pra leitura de energia. — Essa coisa realmente me
assusta.
Darman desenrolou uma fita de carga térmica adesiva e pressionou-a nos
pontos fracos das portas. Então empurrou o detonador no material macio e
inclinou a cabeça para o lado, como se estivesse calculando.
— Todo esse barulho para entrar e agora apenas passamos por cima
deles. Anticlimático, acho que é a palavra...
Houve um baque ecoante e estridente de metal que vibrou através do
convés. Por um segundo, Fi pensou que o detonador havia disparado
prematuramente e que tudo era um truque de sua percepção distorcida pela
adrenalina, e que estava morto, mas ainda não sabia.
Mas não foi o detonador.
Fi olhou para Niner, e Niner o olhou de volta, e Fi viu no ícone do ponto
de vista de Darman que estava olhando para um fragmento de flimsi que
passou por ele como se tivesse sido arrebatado por um vento repentino.
Estava sendo carregado por uma corrente de ar. Ar escapando. Fi sentiu
que ela o agarrava e todos procuraram instintivamente um ponto seguro
para se ancorar.
— Violação do casco. — disse Fi, com os braços apertados em torno de
um poste. — Verifiquem os vedantes dos trajes.
Eles foram submetidos a uma verificação automática e detalhada dos
sistemas dos trajes. A armadura de Katarn era à prova de vácuo. O sensor
nas luvas de Fi confirmou que o seu traje ainda estava hermético e os
polegares pra cima do resto do esquadrão indicaram que a integridade do
traje também estava se mantendo. O vendaval temporário de fuga de ar
estava diminuindo.
— Sicko, você está ouvindo? — disse Niner.
Fi teve o mesmo pensamento e, a julgar pela respiração rápida no
comunicador compartilhado, Atin e Darman também. A descompressão foi
através da escotilha. E isso significava que a vedação formado pelo EIT
havia sido violado.
No comunicador, havia apenas estática fraca e o som de sua própria
respiração e deglutição.
— Fierfek. — disse Atin. — Seja o que for, ele se foi.
Niner fez sinal para que Darman ficasse na porta da cabine e chamou Fi
para segui-lo.
— Vamos ver se dá para corrigir. Vocês dois ficam lá.
— Bem, provavelmente perdemos dois prisioneiros agora. — disse
Darman. — Melhor garantir que não percamos o resto.
Não havia como saber o que havia desalojado o EIT nem se iriam
encontrar alguém que embarcasse para lidar com eles. Fizeram o caminho
de volta pela passagem para a escotilha de entrada, com os DC-17 erguidos,
e não havia sinal dos dois prisioneiros que foram deixados algemados, nem
mais ninguém.
E a escotilha, cerca de dois metros por dois, era um vazio aberto e
salpicado de estrelas visíveis ao além.
Fi agarrou o corrimão de um lado e se inclinou um pouco. Era uma boa
maneira de desanimar, mas decidiu que a urgência da situação o justificava.
Não havia sinal da EIT. Não havia sinal de qualquer coisa. Retirou-se
para dentro. Pelo menos a gravidade ainda estava funcionando.
Niner verificou os sensores ambientais em sua placa do antebraço.
— A atmosfera está totalmente ventilada agora.
— Eles precisam ter um sistema de espuma nessas coisas.
— Sim, mas se você nos tivesse correndo ao redor da sua nave, você
selaria o casco e nos ajudaria?
— A cabine é hermética? — Fi perguntou.
— Não teremos certeza até que esfriem e não possamos pegá-los no
infravermelho. — Niner acendeu a lâmpada tática e começou a procurar
painéis na antepara. — E nessa hora seremos cubos de gelo.
A armadura de Katarn, mesmo a versão Mark III, era boa contra o vácuo
por vinte minutos sem suprimento de ar. E eles não contavam com a
exposição por tanto tempo.
Por alguma razão, Fi estava distraído com o destino a Sicko. Era algo
estranho descobrir quando você mesmo estava com pouco tempo. Mas
Sicko disse que os conduítes de energia foram roteados através de um
painel a três metros de...
... aqui.
Fi ejetou a vibrolâmina de sua articulação e abriu o painel. Niner estava
atrás dele e direcionou a sua lâmpada para a massa embutida de cabos,
canos e fios.
— Isso é chamado de ANTEPARO DE ISOLAMENTO. — disse Niner.
— Sim, mas onde isso vai dar?
Olharam para o convés em busca de tampas de escotilha. Havia pelo
menos três na passagem que podiam ver.
— Vamos jogar em segurança e nos retirar para o mais próximo possível
da cabine. — disse Niner.
— Podemos explodir todo o painel daqui e desligar tudo. — Incluindo a
gravidade. Graciosamente. — Geralmente desencadeia contenção de
emergência.
Niner colocou a luva na lateral do capacete. Era um hábito nervoso dele,
assim como se tornava cada vez mais irritado com Fi à medida que os seus
níveis de estresse atingiam o pico.
— Dar, você está conseguindo?
— Estamos quase lá. — disse a voz de Darman.
O crono de Fi dizia que ainda faltavam quinze minutos para fazer isso
funcionar.
— Certo, se Dar ativar isso remotamente e ativar a antepara de
emergência, ficaremos presos entre isso e a escotilha da cabine.
— E se houver uma atmosfera lá, podemos abri-la e nos aconchegar aos
outros três hut’uune.
— Ou, — disse Fi, — Descobrimos que também é um vácuo e depois
ficaremos completamente estufados.
— Estufados, se não o fizermos. — disse Darman, aparecendo no ombro
de Fi com uma fita de detonador térmico. — Continuem. Voltem lá e espere
por mim enquanto eu acerto o cronômetro.
— Devemos chamar um Vermelho Zero.
— Vamos esperar até sabermos que ainda resta algo que vale a pena
resgatar. — disse Niner, trotando de volta pela passagem. Fi observou-o
partir, deu de ombros para Darman e depois deu um tapinha na tampa do
painel de controle.
— Obrigado, Sicko. — disse ele.
CAPÍTULO 3
LIC. Já comprometido.
— Lamentavelmente Incapaz de Comparecer, sinal retransmitido do OC, NAR Destemida,
após o recebimento do pedido de retirada para Skuumaa e abortar a extração dos Batalhões
Sarlacc

fator vento frio no compartimento de tropas aberto de um caça TABA/c


O voando a quinhentos quilômetros por hora era preocupante, mas o
barulho ensurdecedor do ar e das batidas e descidas da trajetória de voo
enquanto o piloto disparou para impedir o fogo dos AA em terra se
travasse.
Etain percebeu porque a armadura e o trajes corporais dos troopers eram
uma boa ideia. Tinha apenas as suas vestes Jedi e a precaução sensata das
placas de armadura da parte superior do corpo, que de pouco serviam para
proteção. Convocou a Força para ajudá-la a suportar a explosão de gelo e
garantiu que a sua linha de segurança estivesse presa firmemente ao trilho
da antepara.
— Você estará maldita quando voltar ao QG, general. — disse o sargento
dos clone troopers com um sorriso. Ele pôs o capacete e o vedou. O apelido
dele era Ruidoso. Ela fez questão de perguntar.
— Eu realmente não vi o sinal. — disse ela com cuidado. — Ou pelo
menos olhei um pouco tarde demais.
A voz dele emergiu agora da unidade de projeção do capacete anônimo.
— Foi muito engraçado, sinalizando LIC.
— Engraçado? Ah...
Houve uma pausa gelada.
— É assim que você recusa um convite social, num SPC. Solicito o
Prazer da sua Companhia? Lamentavelmente Incapaz de Comparecer.
Sim, ela estava realmente maldita, como ele disse. Não estava totalmente
por dentro do monte de acrônimos e gírias que tinham surgido no ano
anterior. Mal conseguia acompanhar a inventividade dos clone troopers: a
sua extraordinária capacidade de se apropriar da linguagem e hábitos e
moldá-los às suas necessidades gerou subculturas de identidade de clones
em todos os lugares. Quase sentia que precisava de um droide de protocolo.
Mas sabia o que era um larty. Darman havia dito que o TABA/i (ou,
neste caso, a maior variante de carga) era a embarcação mais bonita que se
podia imaginar quando você precisava de uma saída rápida de problemas.
Certamente parecia agora.
LIC de fato. Como eu pude ser tão estúpida? Então os troopers
pensavam que ela era uma espertalhona como Fi, cheia de bravatas. Em vez
disso, ela simplesmente ignorava o jargão idiossincrático e em rápida
evolução e o usava descuidadamente.
— Tenho certeza de que eles vão me perdoar se você conseguir,
Sargento.
A sua voz foi afogada pelo rugido e pela descida das unidade V-19
Torrent quando dois dos caças passaram por eles e desapareceram ao longe.
Estavam indo para suavizar as posições dos droides que ficavam entre o
terreno densamente arborizado, onde os dois Batalhões Sarlacc estavam
presos e havia uma faixa estreita de costa do delta onde os pilotos podiam
pousar. Os droides, como Darman já havia apontado, eram lixo em florestas
densas.
Etain esperava que sim.
A canhoneira desceu repentinamente, agora no nível da copa das árvores,
e a imagem riscada de folhagem verde mostrou a ela o quão rápido eles
voavam. Outro larty apareceu do lado deles. Havia trinta e quatro naves de
batalha em algum lugar próximo, amarrados em uma formação solta, em
direção à zona de extração.
— Três minutos, general. — disse o intercomunicador da cabine do
piloto. Houve um estalo de algo explodindo a estibordo. — Recebendo
alguma atenção dos pequenos triplo-A, então vamos baixar um pouco mais.
Segurem firme.
Isso quase não a fazia recuar agora. Alcançara o nível de saturação de
adrenalina no qual estava vividamente ciente de todos os perigos, mas
corria em algum nível automático primordial de uma razão fria e indolor,
assustada demais para entrar em pânico, como um dos clone troopers
haviam descrito.
Três minutos se tornaram três horas que se tornaram três segundos.
O fogo vermelho dos droides iluminava a linha das árvores, enquanto os
larty se jogavam em uma descida em espiral. Etain não pensou, e não
sentiu, e simplesmente pulou os últimos dez metros do convés aberto em
cima do esquadrão de quatro homens das tropas clone e o sargento de
guarnição verde. As habilidades da Força eram muito úteis nos momentos
mais improváveis. Aterrissou na frente do esquadrão e ergueu o rifle, com
uma mão sobre o corpo, e a outra no punho do cano, para varrer a borda da
floresta à sua frente.
Sentiu as outras naves aterrissando ao redor, sacudindo solo e folhas,
mas viu apenas o que estava à frente: cerca de dois pelotões de homens
Sarlacc trocando tiros com os super droides de batalha na beira da clareira,
e o seu esquadrão de ambos os lados dela.
Uma série de dez granadas PEM do esquadrão e uma saraivada de seus
companheiros fizeram com que metade dos super droides de batalha
parassem. Era em momentos como esse que ansiava pela conveniência do
comunicador de um capacete, em vez de um amarrado ao braço, no lugar
errado: a Força tinha poucas especificidades como as forças SDB cem
unidades, fechando em verde vinte. E havia tanto caos e dor na Força
naquele momento que ela não conseguia aproveitá-la para se concentrar.
Então, fez o que fora treinada para fazer sem pensar desde os quatro anos
de idade. Ela lutou.
Correu, com o esquadrão acompanhando o seu ritmo e disparando uma
corrente azul na linha dos dróides em um silêncio estranho até que Ruidoso
ativou o projetor de voz e ouviu-o dizer:
— ... eles estão se fechando ao longo da costa. Desculpe, General!
Grandes buracos agora nas linhas dos droides.
— Sem conexão. — disse ela, palavras supérfluas arrancadas de sua
mente. O rifle de concussão estava ficando pesado e sem carga: o indicador
de potência estava voltando a zero. Mais duas saraivadas derrubaram três
SDBs e uma pequena árvore com eles. — Quantos mais?
— O Controle Aéreo Dianteiro diz que duzentos SDBs e tanques de
vinte graus com quatro Torrents no caso...
Mais V-19s gritaram acima e uma bola de fogo branco com franjas
amarelas iluminou a floresta, de repente jogando árvores recortadas e
colocando homens em nítido contraste. O comandante do grupo aéreo da
Destemida certamente tinha um controle sobre a realidade da situação. Não
é de admirar que todos amassem os pilotos.
Ruidoso se jogou no chão e começou a atirar de bruços contra o fluxo de
SDBs que haviam se voltado para a área de pouso da nave de batalha. Etain
o seguiu sem pensar. Ele estava ouvindo dados em seu capacete, a julgar
por um aceno enfático ocasional.
— O Sarlacc está estourando ao longo da costa, General, e a Destemida
está direcionando o resto dos larties para o norte.
— Alguma palavra do General Vaas Ga?
Ruidoso ficou em silêncio por um momento, pelo menos para ela.
— Um clique ao norte com o Comandante Gree, convocando ataques
aéreos.
Duas canhoneiras se aproximaram o suficiente para capturar a visão
periférica de Etain e grupos de homens saíram das árvores, alguns
carregando camaradas feridos entre eles. Etain esperava que o único droide
médico IM-6 em cada larty pudesse lidar com a triagem de dezenas de
homens ao mesmo tempo. Uma nave pousou novamente em ângulo reto
com a linha das árvores, com a sua porta a estibordo segurando firmemente
o fogo droide que espalhou faíscas enquanto lançava lasers de feixe
composto nos SDBs.
O atirador a estibordo, terrivelmente exposto na bolha de transparaço
colocada na asa, estava alvejando nos droides na altura da cintura. Etain viu
o movimento e as formas de armadura branca correrem atrás da nave e
desaparecer, presumivelmente a estibordo do compartimento de tropas. A
torrente de laser de feixe composto era como uma cena congelada em seu
fluxo contínuo e ininterrupto.
Por um momento em câmera lenta, Etain argumentou: usar o canhão
dianteiro e os armamentos mais pesados e desagradáveis, como mísseis de
explosão de radiação, causariam pesadas baixas nas tropas dessa posição. A
sua boca estava seca, o seu coração batia tão rápido que mal conseguia
distinguir entre batimentos, e ainda assim conseguia parar o tempo para
pensar nessas coisas estranhas.
Voltou a atirar. Apertou os dedos com força no gatilho até que o rifle
morreu em suas mãos.
— Uou, pequenos estourando por ali...
O foco dela se estreitou. Não via mais os cinco homens à sua volta,
exceto como borrões brancos e os vórtices de energia bruta na Força. O
droide de batalha principal invadiu a sua posição e ela simplesmente
balançou o rifle morto em um arco acionado pela Força no peito da coisa,
esmagando a liga e enviando a cabeça afundada do droide voando pelo ar.
De repente, percebeu a energia azul por trás do próximo droide como um
pano de fundo contínuo, embora fosse interrompido por explosões de tiros
de DC-15. Deixou o rifle cair e sacou o sabre de luz porque não tinha mais
nada.
A lâmina de luz azul ganhou vida e não se lembrava de ter tocado o
controle. Girou o braço em um arco limpo que derrubou a montanha de
metal sem as pernas, inclinando-se como uma árvore derrubada para um
lado dela, caindo de bruços sobre o braço de disparo e estremecendo
quando a sua própria arma de descarga o rasgou. Estilhaços quentes voaram
em suas vestes e pele, mas não sentiu nada.
E estava de pé agora, com o sabre de luz nas duas mãos, de perto com o
próximo droide. Viu dois de seu esquadrão disparando de uma posição de
bruços, enquanto Ruidoso se ajoelhava para disparar uma granada no posto
avançado de uma dúzia de SDBs.
Os droides continuavam avançando. O mesmo fizeram os clone troopers.
E ela também.
Somos todos iguais. Nenhum de nós está pensando. Estamos apenas
reagindo.
Afastou uma rajada de tiros vermelhos, girando e sacudindo o sabre de
luz sem decisão consciente. Cada som de snazzz de energia em colisão era o
primeiro e o último: ela continuava, continuava e continuava, bloqueando
cada tiro como se nunca terminasse. E o próximo droide estava sobre ela.
Cortou. Cabos e fragmentos de liga a banhavam. Um punho de luvas
brancas agarrou seu ombro e a puxou para fora do caminho.
— Cessar fogo, General, o larty está pronto para levantar voo. —
Ruidoso quase teve que arrastá-la para fora da pilha de droides quebrados e
empurrá-la em uma corrida em direção à nave. — Fizemos tudo o que
pudemos aqui e a baía está cheia. Vá! Fuja!
Pegou o rifle de concussão enquanto corria de volta, refazendo a linha de
avanço, cega de adrenalina. Mas na plataforma da canhoneira, ainda parou,
com um pé na beira do trilho, para olhar pra trás e contar os homens que
passavam por ela. Um, dois, três, quatro troopers e Ruidoso. Todos
contados. Ela se levantou assim que uma mão blindada agarrou a dela e a
puxou para dentro. Ela não tinha ideia de quem era o trooper. Mas ele era
um dela agora.
A canhoneira se levantou verticalmente tão rápido que o seu estômago
caiu de volta ao nível do solo.
A floresta e a planície fértil do delta de Dinlo se encolheram sob a nave e
escureceram. As escotilhas do compartimento deslizaram pra a frente e se
fecharam. Então estava de pé em um armazém de armaduras sujas e
queimadas, e o cheiro de sangue e carne queimada. Seus mecanismos
primários de sobrevivência cederam ao tremor anticlímax.
Ruidoso tirou o capacete e os olhos deles se encontraram, um momento
estranho que era quase um olhar no espelho: sabia que o choque de olhos
arregalados no rosto dele era exatamente o que estava vendo nos dela.
Instintivamente, os dois estenderam a mão para agarrar os antebraços e seus
punhos se travaram por um segundo ou dois. Ruidoso também estava
tremendo.
Então eles se separaram e se afastaram. Isto foi síncrono.
Sim, Etain pensou. Somos todos iguais, todos nós.
Estava muito, muito quieto, uma vez que bloqueou o tamborilar da
unidade da canhoeira enquanto fazia 660 km/h fora do mostrador de volta à
Destemida.
E não, o droide IM-6 não conseguiria lidar com quarenta homens
amontoados em uma baía modificada adequada para trinta, não se um
quarto deles estivesse ferido.
Então, quando Etain ouviu com mais atenção e a sua adrenalina
diminuiu, percebeu que a baía não estava tão quieta quanto pensara. Havia
respiração irregular e gritos sufocados de dor e, o pior, um choramingo
incoerente que atingiu um crescendo de um único grito abafado e
desapareceu novamente.
Atravessou a baía, passando por cima de homens agachados ou
ajoelhados. Apoiado na antepara, um clone trooper estava sendo mantido
sentado por um irmão. O capacete e a placa torácica tinham sido removidos
e Etain não precisou de nenhum droide médico para fornecer um
prognóstico para uma ferida no peito que estava produzindo sangue nos
lábios.
— Médico? — Ela se virou. — Médico! Ajude este homem agora!
O droide apareceu como se fosse do nada, arrancando-se de um nó de
troopers onde obviamente estava trabalhando. Seus fotorreceptores gêmeos
focaram nela.
— General!
— Por que esse homem não está sendo atendido?
— Triagem X. — disse o droide, caindo no tapete ininterrupto de
soldados novamente para retomar os seus primeiros socorros.
Etain deveria saber. O símbolo X vermelho brilhava no ombro dele.
Esperava que o homem não tivesse ouvido, mas provavelmente sabia de
qualquer maneira, porque essa era a maneira não sentimental que os
Kaminoanos haviam apresentado o seu treinamento aos clones. Código de
triagem X: gravemente ferido. Não é esperado que sobreviva apesar da
intervenção. Concentre os recursos no código 3 e, em seguida, no código 5.
Respirou fundo e lembrou a si mesma que era uma Jedi, e havia mais em
ser uma Jedi do que empunhar um sabre de luz. Ajoelhou-se ao lado dele e
segurou sua mão. O aperto que ele retornou foi surpreendentemente forte
para um homem moribundo.
— Está tudo bem. — disse ela.
Conectou-se a Força para ter uma noção do ferimento, moldá-lo em sua
mente, na esperança de diminuir a hemorragia e manter o tecido lesionado
até que o larty ancorasse. Mas soube assim que formou a escala do dano em
sua mente que não o salvaria.
Tinha prometido nunca mais usar a influência mental nos clones sem o
consentimento deles: tinha aliviado o sofrimento de Atin e dado confiança a
Niner quando ele mais precisava, ambos sem serem solicitados, mas desde
então evitava isso. De qualquer maneira, os clones não tinham a mente
fraca, o que quer que as pessoas pensassem. Mas esse homem estava
morrendo e precisava de ajuda.
— Eu sou Etain. — disse ela. Ela se concentrou nos olhos dele, vendo
por trás deles de alguma forma um redemoinho de nenhuma cor, e
visualizou a calma. Estendeu a mão para o trooper que estava apoiando os
ombros dele e murmurou kits médico para ele. Sabia que eles carregavam
seringas descartáveis de analgésico poderoso: Darman as havia usado na
frente dela mais de uma vez. — Não há nada a temer. Qual é o seu nome?
— Fi. — disse ele, e isso a chocou brevemente, mas havia muitos
homens chamados Fi em um exército com números para nomes. O irmão
disse não em silêncio e levantou as seringas gastas: eles já o tinham
bombeado com o pouco que tinham. — Obrigado, senhora.
Se podia influenciar o pensamento, poderia influenciar os sistemas de
endorfina. Colocou todos os pedaços de sua vontade nele.
— A dor está passando. A droga está funcionando. Pode sentir isso? —
Se a Força tinha alguma validade, ela tinha que vir em seu auxílio agora.
Ela estudou o rosto dele, e os músculos de sua mandíbula estavam
relaxando um pouco. — Como está?
— Melhor, obrigado, senhora.
— Você aguenta. Você pode sentir um pouco de sono.
O aperto dele ainda estava forte. Ela apertou de volta. Perguntou-se se
sabia que estava mentindo e apenas escolheu acreditar na mentira para seu
próprio conforto. Ele não disse mais nada, mas não voltou a gritar e o seu
rosto parecia calmo.
Descansou a cabeça no ombro, uma mão entre a cabeça e a antepara, a
outra ainda segurando a dele, e manteve essa posição por dez minutos,
concentrando-se na imagem de um vazio pálido e frio. Então ele começou a
tossir. Seu irmão pegou a outra mão, e Fi, como uma lembrança dolorosa de
um amigo que ela não via há meses e talvez nunca mais veria, disse:
— Estou bem. — Seu aperto afrouxou.
— Ah, senhora. — disse o irmão.
Etain estava consciente de uma maneira desapegada de ter passado os
vinte minutos seguintes conversando com todos os soldados daquela baía,
perguntando seus nomes, perguntando quem tinha sido perdido, e se
perguntando por que eles olhavam primeiro para o tórax dela e depois para
o rosto, aparentemente perplexos.
Colocou a mão na bochecha. Doeu. Esfregou e um fragmento de metal
saiu em sua mão com sangue fresco e brilhante. Não havia sentido os
estilhaços até então. Apontou para uma mancha familiar verde na floresta
de armaduras brancas sujas.
— Ruidoso. — disse ela, entorpecida. — Ruidoso, eu nunca perguntei.
Onde enterramos os nossos homens? Ou nós os cremamos, como os Jedi?
— Nenhum dos dois, geralmente, General. — disse Ruidoso. — Não se
preocupe com isso agora.
Olhou para a túnica bege e notou que estava muito além da imundície:
estava salpicada de queimaduras, como se estivesse soldando sem cuidado,
e havia uma mancha oval irregular de sangue vermelho profundo do ombro
direito até o cinto, já secando na escuridão rígida.
— Mestre Camas vai me fritar. — disse ela.
— Ele também pode nos fritar. — disse Ruidoso.
Etain sabia que pensaria na resposta habilmente esquivada de sua
pergunta em algum momento, mas naquele momento sua mente estava em
outro lugar. Ela pensou em Darman, subitamente consciente de que algo
estava errado: mas sempre havia algo errado para comandos em missões, e
a Força era clara de que Darman ainda estava vivo.
Mas o outro Fi, o trooper, não estava. Etain sentiu vergonha de seus
medos pessoais e foi à procura de homens que ainda pudesse ajudar.
Cena do crime do Depósito Bravo Oito, Manarai,
Coruscant, 367 dias após Geonosis
Skirata tomava todas as baixas de clones como uma afronta pessoal. A
frustração dele não era dirigida a Obrim: os dois homens se respeitavam na
maneira dos velhos profissionais, e Ordo sabia disso. Ele esperava que
Obrim soubesse que Kal'buir nem sempre queria dizer as coisas afiadas que
falava.
— Então, quando o seu pessoal vai tirar seus shebse de lá e nos dizer
como o dispositivo chegou aqui? — Skirata disse.
— Logo. — disse Obrim. — A holocâmera de segurança foi levada pela
explosão. Estamos aguardando uma imagem de backup do satélite. Não será
tão claro, mas pelo menos temos isso.
— Desculpe, Jailer. — disse Skirata, ainda mastigando, com os olhos
fixos nos escombros. — Sem ofensa.
— Eu sei, camarada. Não ofendeu.
Outra razão pela qual Ordo adorava o seu sargento: ele era o arquetípico
Mando'ad. O ideal de um homem Mandaloriano era ser o pai firme, mas
amoroso, o filho respeitoso que aprendia com todas as experiências difíceis,
o guerreiro fiel a princípios pessoais constantes, em vez de governos e
bandeiras em constante mudança.
Ele também sabia quando pedir desculpas.
E ele parecia exausto. Ordo se perguntou quando entenderia que
ninguém esperava que ele acompanhasse os jovens soldados.
— Você poderia deixar isso comigo.
— Você é um bom rapaz, Ord'ika, mas eu tenho que fazer isso.
Ordo colocou uma mão na placa das costas de Skirata e outra na de
Obrim para afastá-los um pouco mais da cena da destruição, ansioso para
não deixar óbvio na frente dos aruetiise, os não Mandalorianos, os
estrangeiros, às vezes até os traidores, que o seu sargento precisava de
consolo. Esperar era a pior coisa para o humor de Kal'buir.
O comunicador de Obrim tocou.
— Aqui vamos nós. — disse ele. — Eles estão retransmitindo a imagem.
Vamos jogar no link do Ordo.
As imagens surgiram como um holo aéreo azul granulado que se erguia
da palma da luva de Ordo e o repetiram algumas vezes. Um transporte de
entrega chegou à barreira e foi levado para aterrissar na faixa. Então a cena
explodiu em uma bola de luz seguida por ondas de fumaça e detritos.
A explosão destruiu as paredes transparentes de granito e cristal do
depósito de suprimentos Bravo Oito quinze vezes antes de Ordo ter visto o
suficiente.
— Parece que o dispositivo entrou nesse transporte de entrega. — disse
Obrim. Alguns dos destroços reconhecíveis espalhados pelo local da
explosão confirmaram que houve um transporte pego na explosão. —
Ninguém está fugindo. Então o piloto estava lá dentro, e ele parou para
olhar os dados sendo carregados em seu próprio pad. — Estou recebendo
confirmação de que foi uma entrega de rotina e o piloto era um motorista
civil regular. Nada que sugerisse que era uma missão suicida, no entanto.
Apenas uma rotina, com alguns suprimentos indesejados.
— Podemos voltar para as gravações dos dias anteriores? — Ordo disse.
— Só para ver se alguém estava fazendo um reconhecimento de naves e
movimentos em preparação para isso?
— Arquivado por dez dias. Não será melhor em termos de ângulo e
clareza do que isso.
— Eu ainda vou dar uma olhada nisso.
Ordo olhou para Skirata, que estava silencioso e visivelmente irritado,
mas claramente pensando muito. Ordo sabia muito bem o cálculo da
desfocagem.
— Certo, a melhor vantagem que temos agora é rastrear o caminho
inverso, a partir das cadeias de suprimentos confirmadas de explosivos. —
disse Kal.
— O Ômega está executando uma OITS verificando isso agora. — disse
Ordo. — Eles podem voltar com alguns suspeitos para Vau trabalhar.
— Vou fechar os olhos pra isso, certo? — disse Obrim, um homem que
deixava a impressão de que daria muito para voltar à linha de frente em vez
de supervisionar os outros. — Porque os suspeitos são a minha parte da
nave para lidar. Mas tenho esse problema de visão irritante ultimamente.
— Condição de longo prazo? — Skirata perguntou, afastando Ordo do
seu caminho com um tapinha no antebraço.
— Tão permanente quanto você quiser que seja, Kal.
— Torne-o irremediável por enquanto, então.
Skirata passou pela equipe forense, que ainda colocava holo alvos em
vários pontos dos escombros: holos vermelhos para partes do corpo, azuis
para evidências inorgânicas. Ordo se perguntou se os civis que estavam
olhando de trás da barreira veriam algo sobre isso no boletim da HNE.
Skirata fez uma pausa e se inclinou sobre um técnico Sullustano que
estava de joelhos examinando os escombros.
— Posso ter o registro das armaduras quando você as encontrar?
— Registros? — O Sullustano se sentou sobre os calcanhares e o olhou
com olhos redondos e pretos. — Explique.
— Os pequenos sensores que identificam o soldado. Nas placas do peito.
— Skirata manteve o dedo e o polegar um pouco separados para indicar o
tamanho. — Haverá quinze por aqui em algum lugar.
— Podemos classificar o administrador para você, Kal. — disse Obrim.
— Não se preocupe com tudo isso.
— Não, não é para contá-los. Quero um pedaço da armadura deles. Para
prestar nossos respeitos, do jeito Mando.
Ordo notou a expressão confusa de Obrim.
— Corpos são irrelevantes para nós. O que é bom, na verdade.
Obrim assentiu gravemente e conduziu-os para trás de outra tela de
plastóide, onde a equipe do COE estava montando e registrando fragmentos
de liga e outros materiais quase não identificáveis na mesa de cavalete.
— Você pode assumir tudo isso, se quiser.
Skirata fez sinal para Ordo sobre o cavalete.
— É a área do Ordo, mas estou feliz que o seu pessoal a processe. Eu
tenho fé na diligência dos Sullustanos.
Talvez fosse apenas Skirata se entregando ao trabalho inofensivo de
corações e mentes. Mas pareceu fazer o trabalho para o pessoal do COE.
Um deles olhou pra cima.
— É bom saber que a inteligência militar respeita a FSC.
— Eu nunca fui chamado de inteligência militar antes. — disse Skirata,
como se não tivesse percebido o que estava fazendo a cada momento, desde
cinco dias após Geonosis.
Ordo estendeu a mão para o oficial de cenas de crime mais próximo e
esticou o dedo para gesticular para o datapad dele.
— Você precisará disso. — disse ele, e vinculou-o ao seu próprio pad. —
Aqui estão os nossos dados mais recentes.
Sim, a unidade antiterrorismo da FSC e a equipe misturada de Skirata
sem dúvida se tornaram muito próximas no ano passado. Passar pelos
canais oficiais de liberação de segurança da República era claramente perda
de tempo, e sempre havia a chance de seus funcionários se comportarem
como pequenos tolos em toda a galáxia e marcar os dados como
extremamente secretos por seus próprios motivos de carreira. Ordo não
tinha tempo para isso.
Verificava se os dados haviam sido transferidos de forma limpa quando o
hololink no lado interior da placa do antebraço se ativou novamente e sua
mão ficou cheia de uma pequena cena de caos azul.
Por uma fração de segundo, pensou que era uma imagem em sua Tela
Visualização Frontal, mas era externa e era o Esquadrão Ômega.
— Ômega... Vermelho Zero, Vermelho Zero, Vermelho Zero, câmbio.
A holoimagem mostrava os quatro comandos pressionados contra uma
antepara com um fragmento ocasional de detritos flutuando à vista. Eles
estavam todos vivos, de qualquer maneira.
Skirata se virou ao som da voz de Niner e do código que todos eles
temiam: Vermelho Zero, pedido de extração imediata.
Ordo mudou instantaneamente e sem pensamento consciente para o
procedimento de emergência, capturando coordenadas da mensagem e
segurando seu datapad para que Skirata pudesse ver os números e abrir um
link para a frota. A linguagem deles mudou: suas vozes ficaram monótonas
e silenciosas, e eles começaram a falar de modo mínimo e direto. A equipe
do COE congelou ao observar.
— Resit, Ômega.
— O alvo foi abordado. Descompressão não planejada, e o nosso piloto e
o EIT foram perdidos. Sem energia, mas sem vítimas no esquadrão.
— Frota, aqui é Skirata, nós temos um Vermelho Zero. Extração rápida,
por favor, nessas coordenadas. Piloto caído, também, sem localização
firme.
— Aguarde, Ômega. Estamos requisitando ajuda da Frota agora. Tempo
para o crítico?
— Dez minutos se não abrirmos a escotilha deste nosso lado, talvez três
horas se o fizermos.
Skirata parou, com comunicador ainda preso à boca. Obrim estava
olhando para as pequenas figuras holográficas azuis com a expressão de um
homem percebendo algo terrível.
Nós poderíamos estar assistindo eles morrerem.
— Continue. — disse Ordo.
— Três suspeitos do outro lado da escotilha e não podem abri-la agora,
mesmo que quisessem. Dar teve que explodir tudo.
— Em um espaço confinado?
— Temos as armaduras.
Bem, isso era verdade: Fi havia resistido a uma explosão de contato de
uma granada na armadura Mark II.
— Vocês não têm escolha, não é?
— Já tivemos dias piores. — disse Fi alegremente.
Ordo sabia que ele estava falando sério. Podia sentir a outra parte dele, o
Ord'ika, que queria chorar por seus irmãos, mas estava muito distante,
como se em outra vida: havia apenas um absoluto desapego frio na concha
física onde sua mente estava situada agora.
— Faça. — disse ele.
— O Vermelho Zero foi transmitido a todas as naves do GER à distância
de ataque. — disse Skirata. Ordo não queria que ele assistisse ao hololink,
caso as coisas não saíssem como o planejado, e deu as costas para ele. Mas
Skirata virou-o pelo braço e entrou no campo de visão do holocaptador para
que o esquadrão pudesse vê-lo. — Estou aqui, rapazes. Vocês vão voltar
para casa, certo? Esperem pacientemente.
Havia uma certeza sobre Skirata, independentemente de quão impossível
essa garantia soasse na realidade fria. Mas Ordo podia sentir a sua total
impotência e compartilhou: Ômega estava a anos-luz do sistema de
Coruscant, muito além da capacidade do sargento de entrar pessoalmente na
linha de tiro. Os dois soldados se uniram para proteger a holoimagem, e
então Obrim se aproximou, bloqueando diplomaticamente a visão de sua
própria equipe.
— Seu rapaz, o Fi. — disse ele. — ...meus garotos ainda querem
comprar aquela bebida pra ele.
Foram os homens de Obrim que Fi salvara da granada. E isso foi
provavelmente tão abertamente sentimental quanto Jailer Obrim jamais
seria.
— Em cinco. — disse Darman. — Quatro...
Como uma novela da HoloNet, cujo orçamento não havia chegado a um
cenário decente, a imagem da mão em concha de Ordo mostrava o
esquadrão se curvando contra a antepara mais distante, agarrando o
conduíte para se ancorar em gravidade zero, com as cabeças dobradas para
o peito e se agachando.
A imagem desapareceu quando Niner, cuja luva obviamente carregava o
holofeed, também enterrou a cabeça.
— Três, dois, vão!
A imagem brilhou em uma bola de luz azul e a explosão silenciosa
parecia ainda mais um holovídeo de baixa qualidade cuja faixa de áudio
havia falhado.
A holoimagem diminuiu por um momento e, em seguida, as mochilas a
jato do esquadrão se acenderam e eles avançaram em queda livre, com os
rifles levantados e o vídeo se dividiu em um movimento aleatório com mais
dois flashes ofuscantes.
— Certo, três bandidos caídos, sem corte, sem fragmentação, mas
também não muito felizes. — disse a voz de Fi, claramente aliviada. — E
oxigênio.
— Legal, Ômega. — Skirata fechou os olhos por um momento. Ele
beliscou a ponte do nariz com força suficiente para deixar uma marca
branca temporária. — Agora vão com calma até chegarmos a vocês, certo?
O rosto de Obrim estava pálido.
— Gostaria que o público soubesse o que esses garotos fazem. — disse
ele. — Eu odeio a kriffing dos segredos às vezes.
— Shabu'droten. — Skirata murmurou, e se afastou. Não, ele não se
importava muito com o público.
— O que isso significa? — Obrim perguntou.
— Você não quer saber. — disse Ordo, ponderando sobre a análise tênue
de Jusik da Força em torno da cena da explosão.
O inimigo nunca esteve aqui.
Então... talvez não tivesse ninguém assistindo.
Não havia ninguém esperando exatamente o momento mais prejudicial
para detonar o dispositivo nas proximidades.
A detonação remota de um dispositivo em movimento exigia uma de
duas coisas: uma visão muito boa do alvo ou, se o alvo não estivesse
visível, um cronograma preciso para que o terrorista soubesse exatamente
onde o dispositivo podia estar a qualquer momento.
E isso significava um conhecimento muito bom da logística do GER, ou,
se o terrorista quisesse ver toda a área, não apenas a base imediata, acesso a
redes holo de segurança.
Ordo sentiu uma repentina e fria clareza em seu estômago, uma sensação
satisfatória de ter entendido algo novo e valioso.
— Senhores. — disse ele. — Acho que temos um infiltrado.
NAR Destemida: Deque de Hangar

Ruidoso manteve um aperto firme no braço de Etain até sentir o arrasto


da desaceleração e o baque através das solas de suas botas enquanto a nave
atracava no hangar da Destemida.
No momento em que ela cambaleou na beira do compartimento de
tropas, de alguma forma mais cautelosa em pular um metro do que dez, Gett
estava esperando, a expressão cuidadosamente em branco.
— A general tem um gosto por estilhaços. — disse Ruidoso, aprovando.
— Você é a morte instantânea de droides, não é, senhora?
Sem o capacete, ele abaixou a voz enquanto inclinava a cabeça para
perto da de Gett, mas ela ainda o ouvia. Ela ouviu as palavras mau bocado.
— É melhor limparmos você. — disse Gett. — Receio que seja o
proverbial interrogatório sem caf quando voltarmos para a frota.
O Comandante Gree passou mancando por eles com o General Vaas Ga,
ambos parecendo manchados de fumaça e exaustos.
— Acho que não. — disse Vaas Ga. — Muito bem. Obrigado,
Destemida.
— Deixe-me andar um pouco mais, por favor, Comandante. — Etain
olhou em volta do convés do hangar, agora lotado de canhoneiras que
despejavam homens. Equipes médicas entraram. O cheiro de tinta queimada
e óleo lubrificante a distraiu. — Alguém quer me dar os números?
Gett olhou para o painel no antebraço esquerdo.
— Companhia Improcco: quatro MEC, quinze feridos, total retornado:
cento e quarenta de cento e quarenta e quatro. Batalhões Sarlacc A e B, mil
e cinquenta e oito extraídos: noventa e quatro MEC, duzentos e quinze
feridos. Sem DEC. Vinte Torrents implantados e retornados. São sete ponto
cinco por cento de perdas, e a maioria ocorreu durante a própria batalha em
Dinlo. Então, eu chamaria isso de resultado, General.
Pareciam muitas mortes para Etain. E era. Mas a maioria tinha
conseguido. Tinha que se contentar com isso.
— De volta ao Triplo Zero, então. — Ela o chamara de Zero Zero Zero
originalmente, a gíria das ruas, mas os troopers disseram a ela que isso era
confuso, e que, por meio de um comunicador, não ficaria claro se ela queria
dizer Coruscant ou estava simplesmente usando a repetição tripla militar
padrão de dados. Decidiu que gostava mais do Triplo Zero de qualquer
maneira. Isso a fazia se sentir parte de sua cultura. — E não antes do tempo.
— Muito bem, General. — disse Gett. — Me informe quando você
quiser se refrescar e eu chamarei um administrador.
Etain não queria voltar para a sua cabine sozinha, não agora. Havia um
espelho na antepara acima da pequena bacia e ela ainda não gostava da
ideia de se olhar nos olhos. Ela vagou pelo hangar lotado.
Os tanques de bacta seriam totalmente ocupados na viagem pra casa.
E os clone troopers da Quadragésima Primeira Elite, que estavam
tentando encontrar um lugar para dormir algumas horas, pareciam uma raça
diferente dos quatro quase garotos que haviam sido sua introdução áspera e
pronta ao comando indesejado em Qiilura.
Homens mudavam em um ano, e esses soldados ao seu redor eram
homens. Qualquer que fosse a ingênua pureza de propósito, esse kote, essa
glória que os alimentou quando eles deixaram Kamino pela última vez, isso
foi substituído por uma experiência amarga. Eles viram, viveram, perderam
irmãos, conversaram e compararam anotações. E eles não eram mais os
mesmos.
Eles brincavam, fofocavam, desenvolviam pequenas subculturas e
lamentavam. Mas eles nunca teriam uma vida além da batalha. E isso
parecia errado.
Etain podia sentir o gosto disso enquanto passeava pelo convés,
procurando mais troopers que pudesse ajudar. A sensação de criança que a
havia desorientado quando conheceu Darman em Qiilura estava totalmente
ausente. Haviam duas tonalidades de existência que coloriam a Força
naquele vasto hangar: resignação e um esmagador senso simultâneo de si e
de comunidade.
Etain parecia irrelevante. Os clones não precisavam dela. Eles estavam
confiantes em suas próprias habilidades, muito centrados em qualquer
identidade que tivesse evoluído, apesar da crença Kaminoana de que eram
unidades previsíveis e padronizadas, e estavam ligados irrevogavelmente
entre si.
Podia ouvir as conversas tranquilas. Haviam palavras ocasionais em
Mando'a, que poucos troopers comuns já haviam sido ensinados, mas de
alguma forma fluíam através de suas fileiras de fontes como Skirata e Vau.
Eles se apegaram a isso. Saber o que ela sabia sobre os Mandalorianos,
fazia todo o sentido.
Essa era a única lógica que poderia fazer sentido quando você estava
lutando por uma causa na qual não tinha absolutamente nenhum interesse.
Era o respeito próprio de um mercenário; interno, inexpugnável e baseado
em habilidade e camaradagem.
Mas os mercenários eram pagos e, eventualmente, iam para casa, onde
quer que fosse.
Um soldado esperava pacientemente pelo médico. Ele tinha um flash de
triagem preso no ombro: o número "5", ferido andando. Havia sangue
riscado em sua armadura, de um ferimento a estilhaços na cabeça, e ele
segurava o capacete no colo, tentando limpá-lo com um pedaço de pano.
Etain se agachou e deu um tapinha no braço dele.
— General? — ele disse.
Havia deixado tanto de notar a aparência deles que levou alguns
segundos para ver o rosto de Darman no dele. Eles eram idênticos, é claro,
exceto pelos mil e um pequenos detalhes que os tornavam totalmente
únicos.
— Você está bem?
— Sim, senhora.
— Qual é o seu nome, e não o seu número, certo?
— Nye.
— Bem, Nye, aqui está. — Ela entregou a sua garrafa de água. Além de
dois sabres de luz, o seu próprio e o de seu mestre morto, o rifle de
concussão e o comunicador, era o único item que ela carregava. — Não
tenho mais nada que possa lhe dar. Não posso te pagar, não posso te
promover, não posso dar alguns dias de D e R e nem posso condecorar você
por valor. Sinto muito por não poder. Lamento que você esteja sendo usado
assim e gostaria de pôr um fim nisso e mudar as suas vidas para melhor.
Mas não posso. Tudo o que posso fazer é pedir seu perdão.
Nye parecia atordoado. Ele olhou para a garrafa e depois deu um longo
gole, com a sua expressão repentinamente de alívio feliz.
— Está... tudo bem, General. Obrigado.
De repente, percebeu que o convés do hangar havia ficado
completamente silencioso, o que não era grande coisa, dado o vasto espaço
e o número de homens que o compunham, e todos estavam ouvindo.
A plateia inesperada realmente fez o seu rosto queimar, e então uma
pequena onda de aplausos passou pelas fileiras. Não tinha certeza se isso
significava que eles concordavam ou que estavam apenas apoiando um
oficial que, agora que ela tinha uma clareza embaraçosa, parecia um
pesadelo ambulante e claramente estava tendo problemas para lidar com as
consequências da batalha.
— Caf e uma muda de roupa, General. — disse Gett, pairando sobre ela
do nada. — Você se sentirá muito melhor depois de algumas horas de sono.
Gett era um comandante gracioso e um oficial da marinha perfeitamente
competente. Ele dirigia a nave. Ele era, para todos os efeitos, o oficial
comandante. Ela não era. E se ele tivesse nascido em uma família de
Coruscant, Corellia ou Alderaan, teria uma carreira brilhante. Mas ele havia
sido chocado em um tanque em Kamino e, assim, a sua vida artificialmente
reduzida seria muito diferente por causa disso.
Quando voltasse, procuraria Kal Skirata e imploraria para que ele a
ajudasse a entender tudo. Encontraria o Esquadrão Ômega e diria a eles
pessoalmente o quanto ela se importava com eles antes que fosse tarde
demais. Ela diria isso a Darman acima de tudo. Nunca parou de pensar nele.
— Você falou sério, General. — falou Gett, dirigindo-a de volta para a
sua cabine.
— Ah, sim. Eu falei.
— Estou feliz. Por mais impotente que você se sinta, a solidariedade
significa muito para nós.
De repente, queria ver Gett ir pra casa, para uma casa cheia de familiares
e amigos, e se perguntou se queria isso pra ele ou para si mesma.
— Uma vez fui ensinada a ver de olhos vendados. — disse ela. — Foi
uma lição muito mais importante do que eu jamais imaginei. Na época,
pensei que era apenas uma maneira de me ensinar a atacar com o meu sabre
de luz usando apenas a Força. Agora eu sei que a Força tinha um propósito
a Força. Eu vejo além dos rostos.
— Mas você não vai mudar nada se culpando.
— Não. Você está certo. Mas não vou mudar nada fingindo que também
não tenho responsabilidade.
Naquele momento, soube com toda a certeza como jamais soubera de
nada que a Força a havia tirado de uma existência, a virado e a deixado em
outro caminho. Poderia mudar as coisas. Não as mudaria imediatamente, e
não poderia mudá-las para nenhum dos homens aqui, mas de alguma forma
mudaria o futuro para homens como este.
— Se houver algum conforto, General, não tenho certeza do que
faríamos se não estivéssemos fazendo isso. — disse Gett. — E você
consegue ouvir piadas muito boas.
Ele tocou os dedos na testa e a deixou na cabine.
Eles realmente encontravam coisas para rir, mesmo cercados de dor e
morte. Gett tinha aquele humor discreto, inventivo e irreverente, que
parecia comum a qualquer pessoa de uniforme: se você não pudesse fazer
uma piada, aparentemente, não deveria ter entrado. Ouviu o Ômega citar a
frase Skirata mais de uma vez. Você tinha que ser capaz de rir ou as
lágrimas o emboscariam.
Etain olhou para o sangue seco em suas vestes e, enquanto a memória a
horrorizava, não conseguiu obliterá-la enxaguando-a. Enfiou a roupa sob o
colchão do beliche, fechou os olhos e nem se lembrou de ter deitado.
Acordou assustada.
Acordou e a nave mudou de rumo e ganhou velocidade: ela sentiu. Isso
não a acordou. Alguma perturbação na Força o fez.
Darman.
Podia sentir a vibração muito leve que dizia que os propulsores da
Destemida estavam se esgotando.
Sentou-se e balançou as pernas para o lado do beliche, esfregando uma
cãibra dolorosa nas panturrilhas. Um conjunto limpo de roupas estava
pendurado em um cabide atrás da porta da escotilha de sua cabine. Não
tinha ideia de onde a tripulação os havia adquirido, mas lavou o rosto na
bacia e olhou finalmente para o pequeno espelho, para ver o rosto riscado,
pálido e envelhecido rapidamente de uma estranha.
Mas pelo menos poderia encontrar os seus próprios olhos agora.
Vestiu as vestes limpas e embolsou tanto o seu próprio sabre de luz
quanto o do mestre Kast Fulier, que sempre carregava por puro
sentimentalismo e cautela pragmática, quando ouviu o som de botas
passando pelo corredor do lado de fora. Alguém bateu na escotilha. Ela a
abriu usando a Força. Foi reconfortante saber que não estava chateada
demais para fazer isso.
— General? — Gett disse. Ele entregou a ela uma caneca de caf,
notavelmente relaxado para um homem cuja nave estava claramente sendo
dirigida para uma nova urgência. — Desculpe incomodá-la tão cedo.
— É muita gentileza sua, Comandante. — Ela pegou o caf e viu as suas
mãos tremendo. — Eu senti algo. O que está errado?
— Tomei uma liberdade, General. Espero que você não se ofenda, mas
anulei as suas ordens.
Não podia imaginar isso a incomodando. Já tinha ordenado que Darman
fizesse isso se ele sentisse que ela estava estragando tudo. Os clones
conheciam o seu ofício muito melhor do que ela jamais entenderia.
— Gett, você sabe que eu confio em você implicitamente?
Ele tinha um sorriso desarmante, não muito diferente de Fi, mas com
menos senso de desesperadamente tentar alegrar todo mundo.
— Eu desviei a nave para o setor de Tynna. Recebemos uma chamada
Vermelho Zero e achei que você realmente gostaria de responder. Um dia
ou mais a mais não fará diferença na taxa de sobrevivência de vítimas
agora.
Vermelho Zero. Um comando de emergência para todas as naves
responderem a um desastre de algum tipo, algo muito sério. Mesmo extrair
o quadragésimo primeiro não tinha sido um sinal de Vermelho Zero.
— Eu sempre daria prioridade máxima ao Vermelho Zero também. Boa
decisão, Gett.
— Achei que poderia. — Ele a observou esvaziar a xícara e estendeu a
mão para pegá-la. — Especialmente porque este é do Esquadrão Ômega.
Eles estão num dwang muito profundo, General.
Darman, ela pensou. A Força sempre se certificava de que ela recebesse
as informações mais importantes, afinal. Era o Dar.
CAPÍTULO 4

ESQUADRÃO DELTA PARA FROTA. RESPONDENDO AO Vermelho


Zero. POSIÇÃO: SETOR DE CHAYKIN, TEC: 1 HORA PADRÃO 40.
PODE observar: MÉDICO E OXIGÊNIO. ATENÇÃO: IMPLANTAÇÃO
EM NAVE NEIMOIDIANA NECESSÁRIA. SEM CAPACIDADE
DEFENSIVA. REPITO: ARMAMENTO NEGATIVO. ACONSELHAMOS
ENFATICAMENTE QUALQUER NAVE DO GER A TRANSMITIR
ANTES DE ABRIR FOGO. ESTEJAM CIENTES DE QUE O TRÁFEGO
SEPARATISTA NO SETOR AUMENTOU NOS ÚLTIMOS 20 MINUTOS
EM RESPOSTA A MOVIMENTOS DA FROTA. PREP PARA
COMPANHIA INDESEJADA.
— Sinal recebido na Frota. Passado ao INTMIL N-11 Capitão Ordo e reconhecido. Naves
respondendo agora: Destemida, Majestosa e lançadeiras inimigas. Aconselhado a assumir que a
extração pode se opor.

367 dias após Geonosis

E stava frio e escuro na cabine, mas certamente é melhor do que estar


morto.
Fi manteve a temperatura de sua roupa no mínimo para economizar
energia. Ligou brevemente a lanterna e verificou os suspeitos amarrados e
trêmulos que estavam deitados no convés: um humano e,
perturbadoramente, dois Niktos. Fi só tinha visto os Niktos em bancos de
dados obscuros dedicados a identificar a melhor parte de sua anatomia, com
o objetivo de impedi-los de morrer. Eles eram durões. A Inteligência disse
que eles poderiam derrotar os Jedi. Haviam rumores de que tinham uma
arma que poderia desviar e destruir uma lâmina de sabre de luz. Talvez os
Jedi precisassem usar os lasers PEP, então.
E todos os prisioneiros haviam testado positivo para os resíduos de
explosivos quando Darman passou o sensor sobre eles. Com as informações
e os dados fortemente criptografados em seus pads, os três pareciam estar
bem mortos, como diria Skirata. Mas estava muito longe de estarem
satisfeitos por terem arrebatado as pessoas certas para realmente extrair
informações úteis delas.
Fi pegou o cobertor térmico de sobrevivência de plastifilme da mochila e
o dobrou cuidadosamente sobre o humano, que parecia ser mais afetado
pelo frio que os Niktos. Perder um suspeito para hipotermia depois de todo
esse problema para pegá-los não era uma opção. Envolver um corpo não era
uma manobra fácil em gravidade zero, mas pelo menos parou de se sentir
doente.
O plastifilme ultraleve continuava a se soltar cada vez que o homem
estremecia. Fi suspirou e pegou a sua solução universal para qualquer
problema, um rolo de fita adesiva grossa, e prendeu a perna em torno de um
corrimão para se impedir de flutuar enquanto tentava. Ele colou o cobertor
no suspeito. Então prendeu os suspeitos amarrados no convés com mais fita
adesiva. Era incrível como a fita poderia ser útil.
— E não me peça para colocar você para dormir e ler pra você uma
história. — O humano apenas olhou feio pra ele. Tinha um adorável olho
roxo agora por resistir a Darman um pouco vigorosamente demais. — Elas
nunca têm finais felizes.
A identificação do homem dizia Farr Orjul, mas ninguém levou isso
muito a sério. Ele tinha cerca de trinta anos: cabelos loiros e finos, feições
afiadas, olhos azuis muito claros. Os Niktos alegaram ser M'truli e Gysk, ou
pelo menos as suas licenças de mineração, porque nenhum dos suspeitos
estava falando.
Os POPs, procedimentos operacionais padrão, diziam que tinham que
impedir que os prisioneiros conversassem entre si antes do processamento.
Mas os POPs não permitiram a pequena complicação de ficar sem ar antes
que um interrogador pudesse ser encontrado.
Niner virou a cabeça levemente para Orjul.
— Você pode falar conosco. Ou pode esperar até que o Sargento Vau
sente com uma bela xícara de caf e peça que lhe conte a sua história de
vida. Ele é um bom ouvinte. E você realmente vai querer falar com ele.
Não houve resposta. Além das breves maldições e grunhidos de dor que
eles emitiram quando os Ômega invadiram a cabine e os subjugaram, Fi
adorava o eufemismo militar, nenhum dos suspeitos havia dito uma única
palavra, nem mesmo nome, posto ou número de série. E, é claro, os dois
que estavam congelados em algum lugar no vácuo do espaço também não
forneceriam muitas respostas por vontade própria.
— Olha, devo tentar obter algumas informações desses cavalheiros, caso
o táxi não chegue aqui antes que o nosso ar acabe? — Fi perguntou.
— Não somos treinados para interrogar prisioneiros. — disse Niner.
Fi manobrou acima do humano. Não sabia o que os Niktos sentiam ou
temiam, e suspeitava que não era muito, mas sabia muito sobre as
vulnerabilidades de sua própria espécie.
— Eu poderia improvisar.
— Não, você rebaterá as anteparas, gastará muito oxigênio e, em
seguida, teremos que abri-las para preservar o suprimento para nós. Isto
pode esperar. Vau não vai a lugar nenhum, nem eles vai.
Niner estava reclinado na cadeira do piloto, apertando o cinto e olhando
para a frente. O T azul iluminado de seu visor refletia-se na tela de
visualização de transparaço, fazendo-o parecer maravilhosamente
semelhante a um droide. Fi não tinha certeza se Niner estava simplesmente
dizendo coisas friamente brutais para intimidar os prisioneiros ou não. Fi
não tinha muita certeza se ele estava realmente brincando algumas vezes.
A guerra não era nada pessoal. Mas, de alguma forma, Fi se sentia
diferente sobre as pessoas que não carregavam um rifle e que não matavam
em combate honesto. Eles eram um inimigo invisível. Fierfek, até os
droides ficavam parados onde você podia vê-los.
Tirou isso da mente com um esforço consciente, e não apenas porque
Ordo insistiu em prisioneiros sem danos. Sabia como matar e sabia como
resistir à dor, mas não sabia ao certo como a infligir deliberadamente.
Mas tinha certeza de que Vau sim. Deixaria o trabalho pra ele.
Darman se posicionou contra a antepara com as pernas esticadas. Parecia
adormecido. Braços cruzados, cabeça baixa, o ícone do ponto de vista na
Tela Visualização Frontal de Fi mostrava apenas uma imagem do cinto e do
colo. Dar podia dormir em qualquer lugar, a qualquer hora. A certa altura,
ele se encolheu, como se alguém tivesse dito alguma coisa, mas não havia
nada audível no comunicador.
Atin, estava sentado no banco do co-piloto, trabalhava na variedade de
datapads, datasticks e lençóis de flimsi que ele tirou dos suspeitos mortos e
vivos e incitou sondas nos dataports, fazendo o que parecia mais agradável:
cortar, hackear e geralmente desmontar coisas. Niner ocasionalmente
estendia a mão para pegar qualquer um de seus prêmios que flutuavam
livremente.
Fi se impulsionou para frente com um empurrão suave contra o convés e
ofereceu seu rolo de fita adesiva. Atin conseguiu sorrir e prendeu os
componentes rebeldes no lado pegajoso, prendendo a outra extremidade na
placa do antebraço esquerdo de Niner.
— Fi, você sabe que não era essa minha intenção, não é? — Niner disse
de repente. — Quando eu fico em cima de você com as coisas. Estou
apenas desabafando.
Fi ficou surpreso.
— Sargento, acho que a primeira coisa que você fez foi tirar um pedaço
de mim, e ainda somos irmãos, não somos? Você é como o Sargento Kal.
Ele nunca falava sério também.
— Você viu o estado dele no hololink?
— Ele parecia bastante exausto.
— Pobre buir. Ele nunca para de se preocupar.
Fi parou. Foi a primeira vez que ouviu Niner usar a palavra buir
abertamente: pai. Fi preferia ver todo mundo enterrando os seus medos em
piadas. Isso tudo era muito cru.
Nós podemos estar mortos em duas horas. Bem, já estivemos lá algumas
vezes antes...
Ele deu de ombros, procurando desesperadamente a outra parte dele que
sempre tinha a resposta inteligente pronta.
— Não sei você, vode, mas eu planejo voltar à base porque Obrim ainda
me deve uma bebida.
— E as suas nozes warra grátis. — Então, Darman não estava dormindo.
— Fierfek, continuo com essa sensação estranha de que alguém está aqui ao
meu lado.
— Sou eu, Dar. Mas não me peça para segurar a sua mão.
— Di'kut. — Ele descruzou os braços devagar e virou-se para Atin. —
At'ika, se você não pode descriptografar esses dados, por que não tentar
enviar toda a memória de volta ao hololink como está?
— É o que estou fazendo. — disse Atin sem olhar pra cima. A única luz
no compartimento agora era o brilho azul de seus capacetes. Fi observou
que Atin tinha seu filtro de visão noturna no lugar para ver as pequenas
aberturas nos datapads. — Você está certo. Não posso decifrar a criptografia
aqui, mas agora posso despejar os dados no link e deixar o Ordo brincar
com eles se puder substituir a anti-adulteração. Caso contrário, ele excluirá
tudo aqui. Em dez minutos, talvez? Não vou deixar isso me derrotar.
Niner se levantou do assento e deu um tapinha no ombro de Atin quando
passou por ele.
— Vou manter o hololink aberto. Hora de atualizar a frota de qualquer
maneira.
Eles não tinham nada a dizer no momento. E o link era um dreno de
energia do qual eles poderiam se arrepender mais tarde, se as coisas não
saíssem exatamente como esperavam.
Mas Fi entendeu. Kal Skirata estaria louco por não poder ficar de olho
neles em um momento como este. Era o que ele sempre dizia quando as
coisas ficavam difíceis: estou aqui, filho. Ele sentia que tinha que estar lá
para eles. E ele sempre estava.
Buir era exatamente a palavra certa. Fi não fazia ideia de como
conseguira manter a fé com mais de cem comandos.
O link voltou a brilhar em azul. Ordo apareceu, de armadura completa e
olhando para longe da câmera. Ele deveria estar no QG da Frota, então,
para trabalhar com o capacete assim, e a unidade de holografia deve ter sido
colocada em sua mesa.
— É Ômega aqui. — disse Niner. — Capitão, se importa se mantivermos
o link aberto até novo aviso?
Ordo olhou em volta e a voz de Skirata apareceu de fora do campo de
captura de vídeo:
— Eu chutaria suas shebs se vocês não mantivessem, ad’ike. Vocês estão
bem?
— Entediado, Sargento. — disse Fi.
— Bem, você não ficará entediado por muito mais tempo. A Majestosa e
a Destemida estão a caminho, TEC em duas horas...
— A boa e velha senhora. — disse Niner.
— ... mas vocês provavelmente terão ajuda mais cedo, porque o
Esquadrão Delta está em trânsito.
— Oh, nunca ouviremos o fim disso...
— Você ainda não os conheceu, filho.
— Já ouvi o suficiente.
— Garotos durões e rudes. — disse Fi. — E bastante cheios de si.
— Sim, mas eles têm oxigênio, uma unidade funcional e estão apenas se
esforçando para chegar até vocês primeiro. Então tratem eles bem. —
Skirata entrou na área visual do hololink e sentou-se na mesa de Ordo,
balançando uma perna, a ferida. Ele parecia do jeito de sempre nos
exercícios de treinamento: sombrio, concentrado e constantemente
mastigando alguma coisa. — Ah, e não abram fogo. Eles estão dirigindo
uma nave Separatista.
— Como eles conseguiram isso? Não que o canhão nesta caixa esteja
funcionando agora de qualquer maneira.
— Bem, não acho que o piloto Separatista tenha interesse em participar,
mas talvez eles tenham prometido devolver quando terminarem.
Fi interrompeu novamente.
— Alguém está procurando pelo Sicko, Sargento? Nosso piloto da EIT?
— Sim. Manteremos vocês informados. — Skirata olhou para Ordo
como se ele tivesse dito alguma coisa. — Atin, filho, você sabe que o Vau
voltou, não é?
Atin fez uma pausa por um segundo e depois continuou tocando uma
sonda nas entranhas de um datapad desmontado. Ele assentiu para si
mesmo.
— Sim, Sargento. Eu notei isso.
— Vocês vão voltar ao Quartel General da Brigada quando tirarmos
vocês daí, mas você fique longe dele, certo? Você ouviu?
Fi prestou atenção. Atin nunca falara uma palavra sobre Vau, exceto que
ele era durão, mas as suas reações eram reveladoras.
Nem olhou para a holoimagem.
— Eu prometo, Sargento. Não se preocupe.
— Eu estarei por perto para ter certeza também.
Atin inalou audivelmente, isso era um sinal que geralmente significava
que estava exasperado ou enterrando a sua raiva. Fi pensou melhor em
perguntar qual opção.
Niner retirou o emissor holo e o coletor de sua placa do antebraço,
destravou o pequeno disco de dentro da seção de pulso e o colou na
prateleira plana que corria ao longo do console do cargueiro com um
pedaço de fita enrolada. A holoimagem de Ordo e Skirata ficou em silêncio,
assim como Ômega. Não havia mais nada a discutir. Ter esse link visual era
suficiente para confortar a todos.
Foi uma meia hora longa e silenciosa. Talvez Darman tenha dormido ou
talvez não, mas Fi suspeitava que estava apenas pensando. A estimativa de
dez minutos de Atin se estendeu um pouco, mas ele continuou, de cabeça
baixa, completamente focado. Atin era exatamente o que ele era. Não
"teimoso", como o Básico traduziu a palavra, uma recusa negativa em
mudar; mas no sentido Mando'a: corajosamente persistente, tenaz, a marca
de um homem que nunca iria desistir ou se render.
Eventualmente, ele soltava um suspiro.
— Resolvido. — Ele se inclinou para frente para conectar o dataport ao
hololink. — Baixando agora. Além do perfil de explosivos de Dar e
algumas imagens dos prisioneiros. Desculpe, mas não tiramos fotos dos
mortos, mas eles não pareceriam muito fofos agora. É todo seu, capitão.
— Esse é o meu garoto. — disse Skirata.
Bem, ele era agora. Não era mais o lote de Vau. Todos eles se recostaram
e relaxaram o melhor que puderam. Fi podia ouvir em seu capacete. Eles
respiravam em uníssono agora, devagar e superficialmente.
Ordo desapareceu da holoimagem, sem dúvida para levar os dados
premiados para outro lugar para decifrá-los. Skirata simplesmente ficou
onde estava, ocasionalmente se virando para verificar uma tela atrás dele.
Depois de uma hora, falou novamente.
— Atualização de posição e movimento pretendido, Ômega. Destemida
chegando em quarenta e três minutos, Majestosa cinquenta e nove... Delta
trinta e cinco.
— Eles são tão competitivos e machões. — disse Fi. — Teremos que
ensiná-los a relaxar.
Houve um breve suspiro de diversão no áudio de Darman e todos
ficaram em silêncio novamente. Os três prisioneiros se mexiam de tempos
em tempos: o humano Farr Orjul tremia incontrolavelmente no frio, apesar
de estar envolto como uma assadeira de nerf em todos os quatro cobertores
de plastifilme de emergência do esquadrão. A condensação estava se
formando na antepara ao lado de Fi e ele passou a ponta dos dedos, fazendo
a umidade escoar e correr.
Era muito bom que a energia elétrica da embarcação estivesse
inoperante. Já estaria em curto.
E exatamente quando as coisas estavam indo tão bem, considerando
tudo, Skirata pulou da mesa e correu para fora das filmagens. Quando ele
voltou segundos depois, ficou claro que algo havia saído osik’la, como ele
sempre dizia: muito errado.
— Ômega, vocês têm companhia. Há uma nave Separatista em um curso
de interceptação com vocês, não identificada, mas armada e indo rápido.
Vocês têm alguma energia que possa desviar para o canhão? Vocês têm
certeza de que estão desativados?
Niner engoliu em seco. O problema de um comunicador de capacete
compartilhado era que você ouvia todas as reações de seus irmãos, mesmo
as que você realmente não queria. Essa era uma das razões pelas quais eles
verificavam as leituras de bio sinal uns dos outros apenas quando
necessário.
— Explodimos todos os transmissores de potência para acionar as
anteparas de emergência, Sargento. Está apagado.
Skirata parou por um instante.
— O TEC deles nessa velocidade é de trinta e cinco minutos. Adi’ke, me
desculpe...
— Está tudo bem, Sargento. — disse Niner. Ele parecia calmo agora. —
Apenas diga à Delta para não parar para tomar um caf, certo?
A adrenalina de Fi inundou a sua boca com uma sensação de
formigamento familiar, e um frio gélido fluiu em seus músculos das pernas.
Você não pode se defender de um canhão com um DC-17, não em uma
seção selada e aleijada de uma nave que flutua lentamente. Fi não se
encontrava desamparado assim há muito tempo. Sabia que não iria lidar
bem com isso.
Darman olhou pra cima repentinamente. Não havia reagido às notícias
sombrias até então. Virou-se para encarar Fi, apenas uma luz azul
fantasmagórica em forma de T do outro lado da cabine.
— Não quero jogar mais água fria nesta festa. — disse ele. — Mas
alguém pensou na sequência lógica dessa extração? Porque aposto que a
Delta pensou...
NAR Destemida, tempo para o alvo: Vinte Minutos

O comandante Gett se inclinou sobre o trooper da sala de operações,


aquele que ele chamara de Opa.
Etain demorou um pouco para perceber que ele chamava todos os
homens que observavam naquele console de Opa; era simplesmente um
acrônimo para "oficial principal de armas". O nome do homem era na
verdade Tenn.
O rosto de Tenn estava em branco com total concentração, iluminado em
forte alívio pela luz amarela das telas na frente dele.
— Aí está. — disse ele.
A nave Separatista, aparecendo na tela de rastreamento como um pulso
vermelho visivelmente instável, estava agora dentro do seu alcance. Ômega
não estava, embora Tenn tivesse programado em um marcador azul que
correspondia à última posição e à deriva projetada.
— Quantos minutos ainda estamos atrás deles? — Etain perguntou.
Se Tenn não gostava de ter um comandante e uma general fungando em
sua nuca, não mostrava sinal disso. Etain admirava a sua capacidade de
ignorar distrações, mesmo sem uma pequena ajuda da Força vinda dela. Ele
não parecia precisar disso.
— Cinco, talvez quatro, se as velocidades forem constantes.
— Agora, o que é isso? — Gett disse.
Um alvo menor apareceu na tela, primeiro vermelho, depois azul, depois
piscando em vermelho com um cursor dizendo NÃO CONFIRMADO.
— Perfil de unidade Sep, mas a varredura provavelmente está detectando
um transponder criptografado do GER. — disse Tenn. — Acho que
podemos adivinhar quem está no banco do motorista.
— O Delta não estava realizando uma busca do Promotor? — Gett
perguntou.
— Acho que eles esperavam visitantes.
— O Delta não envia relatórios de contato completos? — Etain
interrompeu.
— Sem mais detalhes além do necessário, pelo que entendi. — disse
Gett. — Operações silenciosas. Eu acho que eles abandonam o hábito de
conversar com o lado das forças regulares. Talvez o general Jusik possa
conversar com eles.
Delta, assim como Ômega, fazia parte do batalhão de Jusik, Comando
Zero Cinco, que era um dos dez na Brigada de Operações Especiais
comandada pelo ex-mestre de Etain, Arligan Zey. Um ano antes, havia duas
brigadas; as baixas haviam reduzido a sua força pela metade.
E, como todos os esquadrões de comandos, o Delta era totalmente auto-
suficiente e operava em grande parte sem comando, meramente recebendo
apoio da inteligência e um objetivo amplo. Era o tipo de comando que era
ideal para um general muito inteligente, mas inexperiente. E não tinha como
um Jedi comandar quinhentos homens das forças especiais: os clones
lideravam os clones, como faziam no GER normal. Então o Delta fazia
mais ou menos o que quisesse dentro do plano geral de batalha. Felizmente,
parecia agradá-los por serem incrivelmente eficientes, uma qualidade que
Etain notou e respeitou em todos os clone troopers que conheceu.
— Arranje um link pra eles, Comandante. — disse ela. — Eu preciso
falar com eles. Como você, não tenho ideia de como eles vão interpretar
isso.
Gett apenas levantou as sobrancelhas e virou-se para o oficial de sinais
para solicitar um link seguro via Frota. Demorou trinta segundos. Estavam a
dezoito minutos do alvo. O tempo estava acabando. Tenn mexeu um pouco
o assento para que Gett pudesse colocar o transmissor de hololink no
console, onde podiam ver o link e a tela de rastreamento.
— Delta, aqui é a General Tur-Mukan, na Destemida.
A imagem que brilhou diante dela mostrou um homem em um traje
familiar de armadura de Katarn, agachado com um DC-17 nas coxas. A luz
azul distorceu a cor natural, mas as manchas escuras em sua armadura
sugeriam marcas de identidade vermelhas ou alaranjadas.
— CR-um-um-três-oito, General, recebendo.
Estava na hora dos nomes.
— Você é o Chefe.
— Sim, General, sou o Chefe. Nosso TEC é de catorze a quinze minutos.
— Você não tem nenhum armamento, tem?
— Não, e estamos cientes de que existe outra nave Separatista bem atrás
das nossas shebs que tem. — Chefe apareceu para se controlar. —
Desculpas pela linguagem, General. Mas são vocês que carregam o canhão.
— Chefe, como você planeja executar isso?
— Chegar lá primeiro, tirá-los rapidamente e soltá-los ainda mais rápido.
Isso geralmente funciona muito bem.
Irritou-se, mas sabia que não era justo com ele.
— Você poderia ser mais específico?
— Certo, chegamos de lado, acessamos a cabine, selamos contra o vácuo
e extraímos o pessoal.
— Acesso significa um grande bum, não é?
— Não. Scorch geralmente adoraria isso, mas esse é um trabalho de
corte se você quiser aqueles prisioneiros vivos, porque isso significa uma
descompressão instantânea. Se você não os quiser vivos, é mais fácil. Os
Ômega tem ar suficiente, então os seus trajes ainda ficam bons por mais
vinte minutos no vácuo. Nesse caso, apenas explodimos o para-brisa da
cabine e os arrastamos para fora.
Chefe estava com o capacete ligeiramente inclinado para o lado, como se
estivesse pedindo que ela tomasse uma decisão de comando. Ele estava.
Era o objetivo da missão versus a segurança do Ômega.
E é disso que se trata o comando. Etain suspeitava que era aí que
finalmente deveria parar de brincar de general.
O Ômega não precisava sobreviver, mas alguns terroristas que poderiam
ter a chave para uma rede terrorista mais ampla sim. Acessar a cabine
cuidadosamente com equipamentos de corte levaria mais tempo, tempo que
poderia significar que a nave Separatista chegasse antes que o Ômega
estivesse seguro e limpo.
Sua escolha pessoal era imediata. Mas vacilava sobre a profissional.
Estava ciente de que Gett estava olhando para ela e depois olhando para
algo de grande interesse no convés.
Chefe mostrou diplomacia incomum para um alguém de um esquadrão
que tinha reputação de não ser sutil. Ele não era cego. Podia vê-la tão bem
quanto ela, e provavelmente viu uma criança fora de seu departamento.
— General, eu falei com Niner. — disse ele. — Ele está ciente. Eles
estão todos cientes. Isso é o mais próximo que conseguimos de algumas
testemunhas-chave importantes por muito, muito tempo, e provavelmente
custou a vida do piloto. Temos que fazer da recuperação de prisioneiros a
prioridade. Todos nós conhecemos o jogo até agora. Também é um risco
para nós. Todos nós podemos ser vaporizados.
— Eu sei que você está correto. — disse Etain. — Mas nenhum de vocês
é dispensável pra mim. E eu sei que você fará tudo o que puder para extraí-
los vivos.
— General, isso é uma ordem, e se sim, qual é? Extrair Ômega e
abandonar os prisioneiros? Ou o quê?
Sentiu seu estômago cair. Era relativamente fácil ser a comandante que
apoiava um trooper quando ele estava morrendo. Era muito, muito mais
difícil ficar lá e dizer: Sim, resgate três terroristas e deixe os meus amigos
morrerem, deixe Darman morrer, se é isso que é preciso.
Eles tinham perguntado a Skirata? O que ele disse?
Gett tocou o braço dela e indicou a tela de rastreamento. Ele levantou
três dedos. Três minutos até a nave Separatista agora. Eles estavam
ganhando deles.
— Extraia os prisioneiros. — disse Etain. Saiu de sua boca antes que ela
pudesse pensar mais. — E nós estaremos logo atrás de vocês.
Cargueiro comercial sem nome, à deriva de três mil cliques do lado central do nó Perlemiano:
primeiro respondedor do Vermelho Zero TEC seis minutos

Fi estudou o seu datapad e considerou a sua breve e ocupada carreira de


um ano como um comando de elite.
Lutou em Geonosis. Pegou uma base de pesquisa Separatista, quase
matou o seu amado Sargento Kal e encerrou as carreiras de oitenta e cinco
Separatistas e mais droides do que ele se importava em contar. E ele negou
à CSI uma enorme quantidade de ativos, de depósitos de reabastecimento a
uma nave capitânia e um esquadrão de caças que nem sequer tivera a
chance de fazer a sua primeira triagem.
Alguns deles foram divertidos, a maioria foi um trabalho árduo e
sombrio, e tudo isso foi assustador. E agora o eufemismo alegre terminara;
provavelmente ia morrer. E não queria que Skirata testemunhasse isso.
Olhou para as ordens de serviço vencidas em seu datapad e viu que a
holoimagem de Skirata ainda era a mesma de duas horas. O Sargento Kal
esperava. Não iria embora.
Niner continuou olhando para a tela.
Então se sentou na posição vertical, impedido de disparar para a frente
pelo cinto de segurança. Fi verificou o ícone do ponto de vista e viu que
havia ativado o visor eletrobinocular.
— Contato visual. — disse Niner em voz baixa. — Fierfek, é realmente
uma nave Separatista. E Neimoidiana.
O esquadrão todo se torceu para que pudessem ver o que ele estava
olhando.
— Já era hora. — disse Niner. Fi ouviu. — Delta, é Niner aqui. Vocês
foram passear?
— Chefe recebendo. Desculpe, tivemos que parar e pedir instruções. —
Ele tinha uma voz muito parecida com a de Atin, mas com um sotaque mais
forte. — Os meus garotos agora vão mostrar como fazer uma extração
corretamente, então tomem nota, porque vocês podem piscar e perder. Há
uma nave Separatista com mísseis no bico a cerca de três minutos de
distância.
— Podemos trazer alguns amigos?
— Quanto mais melhor. Vamos nos alinhar com a sua cabine, colocar um
selo de isolamento na janela de visualização e o Scorch cortará. Então vocês
se movem rapidamente, e nós vamos para a Destemida para o caf, bolos e
culto de heróis. Entendido?
— Entendido.
— Adoro reuniões emocionantes. — disse Fi. — E culto de heróis.
— Chefe, aquela Separatista está chegando muito perto. — Outra voz: Fi
ainda não conseguira identificar nenhum deles. — Isso deve ter quebrado o
recorde galáctico.
— Quão perto? Perto o suficiente para me enlouquecer?
— Eles podem lançar um míssil em dois minutos e chamuscar as suas
shebs nos ultrapassando.
— Certo. É perto. Ômega, você ouviu o homem. — Chefe parecia
imperturbável. — Pulverize os seus narizes e preparem-se para a festa.
Fierfek, pensou Fi. Rolou com cuidado para tirar Orjul do convés e levá-
lo na posição vertical para uma saída apressada com a ajuda do mochila a
jato.
O prisioneiro humano olhou diretamente para ele. E falou.
— Você não é realmente muito bom nisso, é?
— Agora que você decide conversar.
— Todos nós seremos carvão em alguns minutos, e isso me dá alguma
satisfação.
— Certo, agora estou realmente motivado para apresentá-lo ao Sargento
Vau.
— Ei, pare com isso. — disse Darman. Um dos Niktos tentou machucá-
lo com os seus chifres curtos enquanto se levantava para escapar. — Di'tkut
ingrato. — Ele enfiou o capacete com força no rosto dele em uma cabeçada
perfeita; apenas o assento do piloto impediu que fossem catapultados pela
inércia do impacto. Darman olhou para o outro Nikto. — Quer um pouco?
— Udesii, garotos, udesii. — Niner levantou o seu DC. — O impulso
está chegando, precisamos apenas de um deles vivo, então o próximo que
parecer um risco de segurança não vai pra casa. Certo?
A pequena embarcação de ataque Neimoidiana agora preenchia o seu
campo de visão, uma vez que se alinhava parcialmente na tela do cargueiro.
Fi assistiu, hipnotizado. Uma escotilha se abriu e algo que lembrava
angustiantemente um verme de boca larga emergiu e sugou o trasparaço.
Uma familiar luz azul surgiu da escuridão de sua boca. Através da placa, Fi
viu um capacete muito parecido com o dele e um gesto de polegar para
cima exagerado.
— Afaste-se e assista a um profissional trabalhando. — disse uma voz
sem corpo no comunicador.
Por um segundo segundo, Fi pensou que Scorch estava anexando uma
carga de quadro. Sim, isso é inteligente, eu não acho. Mas o grande anel de
cano de liga metálica se encaixou confortavelmente na placa e começou a
brilhar quente e branco. O polegar pra cima de Scorch se tornou um gesto
de afastem-se.
— Scorch, o mais rapidamente possível, certo? — A voz de Chefe disse.
— Um minuto, no máximo.
— Não temos um minuto.
— O que você quer que eu faça, mastigue através disso?
A placa de transparaço estava distorcendo à medida que a moldura
quente queimava do lado de fora. Niner recolheu o hololink e o recolocou
na placa do antebraço. Atin enfiou os datapads e as ferramentas em seu
cinto.
— Quer saber, vamos só flutuar aqui e entrar em pânico incoerentemente
enquanto esperamos? — perguntou Fi.
— Boa ideia. — disse Scorch, imóvel.
— Muito boa ideia, entrar em pânico. — disse Chefe. — Adivinhem o
que eu acabei de ver na tela do lado da porta...
NAR Destemida Sala de Operações, TEC para o alvo: dois minutos
A nave de ataque teve que desacelerar para sair do hiperespaço e abrir
fogo. Custou tempo crítico. Etain assistiu enquanto Tenn fazia cálculos
rápidos para ver se conseguiam encontrar aquela única solução de disparo
crítico que equilibraria a velocidade perdida com os mísseis e não apenas
compensaria esses segundos, mas também abateria a nave Separatista antes
que tivesse a chance de atingir Ômega.
A sala de operações estava cheia de armaduras brancas e ainda
silenciosas enquanto a equipe da Destemida observava o repetidor da tela
de rastreamento na antepara. Ela espelhava o que Tenn, Gett e Etain podiam
ver em formato menor na estação da OPA.
Tenn não parecia ter piscado nos últimos três minutos.
— Solução de disparo, General. — A mão dele repousava na tecla de
disparo, o olhar fixo na tela. — Alvo adquirido. A melhor solução que
obteremos, e nossa janela será de dez segundos ou levaremos o Ômega e o
Delta também. Agora, General?
Etain olhou para Gett, sua mente sentindo parcialmente as ondulações na
Força. E a Força concordou com Tenn, até aquele segundo.
— Pega eles, Tenn.
— Sim, senhora. — A chave fez um pequeno ruído quando ele a
pressionou. — Fogo um, fogo dois. Mísseis...
Duas enormes trilhas de energia selvagem saíram da nave em
desaceleração para o vazio. Etain podia sentir muito desastre iminente na
Força: ela não queria observar também. Colocou as mãos em concha sobre
o nariz e fechou os olhos por um segundo e depois se obrigou a olhar para a
tela.
A tela de rastreamento seguia os mísseis como linhas brancas firmes.
Eles pareceram se sobrepor ao ponto de luz vermelho pulsante que era o
caça Separatista. Todos os traços desapareceram da existência ao mesmo
tempo.
— Acertamos um. — disse um soldado em outra estação. —
Confirmação visual. Alvo destruído.
— E quem mais? — Perguntou o Comandante Gett.

— Uoooooooooou...!
Fi não tinha certeza se era o seu próprio grito de choque ou a voz de
Scorch em seu comunicador, mas ele viu a bola de chamas brancas e
douradas se expandindo em direção a eles, mostrando a seção da nave
Neimie que obscurecia parcialmente o escudo, e se abaixou instintivamente.
Uma chuva de detritos choveu na tela. Algo grande e metálico deslizou
ao longo do invólucro do cargueiro com um longo grito abafado. Fi se
endireitou quando as marteladas diminuíram para um ruído ocasional, como
pedras sendo jogadas no telhado. Então parou completamente.
— Fierfek. — disse Scorch. — Agora, se eles adicionassem apenas um
pouco de maranium à ogiva, teria queimado em um roxo bastante bonito.
— Destemida, Destemida, Destemida chamando Delta. Você está
ouvindo, repita, está claro, responda.
Um grande retângulo de vidro amolecido quente se afastou lentamente
da tela, ajudado pelo punho de Scorch, e caiu serenamente em uma colisão
silenciosa em câmera lenta com o apoio de cabeça do assento do piloto.
— Delta aqui, Destemida. Apenas extraindo Ômega e carga agora.
Fi lutou para não parecer ofegante e trêmulo. Isso decepcionaria o
esquadrão.
— Estou feliz que a marinha esteja aqui. — disse ele. — Porque, se
dependesse de você, Relâmpago Lubrificado, seríamos um cinturão de
asteroides agora.
A viseira de Scorch entrou pela abertura, finalmente, seguida pelo braço,
e ele fez um gesto inconfundível de descontentamento.
Fi sentiu sua boca dormente, alimentada pelo choque.
— Meu herói! Você finalmente conseguiu!
— Você quer voltar para a base?
Niner ergueu o Orjul envolto em plástico com uma mão e o alinhou com
a abertura.
— Fi vai descansar bem a boca dele agora e me ajudar a atravessar o
lixo.
— Presente embrulhado? Ounnn, não precisava. — Scorch subiu um
pouco mais pelo tubo de acesso e ficou imóvel a 135 graus, avaliando os
três prisioneiros amarrados. — Pés primeiro, por favor. Então, se o di'kut
tentar chutar, posso quebrar as pernas dele. Não quero que esse tubo seja
violado.
Foi mais difícil do que o esperado. Mas no momento em que o segundo
Nikto foi preso no tubo de conexão como um torpedo, o ar quente da nave
Neimoidiana sequestrada já havia penetrado na cabine do cargueiro e fez Fi
se sentir muito mais confortável. Ele se afastou para deixar Atin e Darman
subirem pelo tubo.
Scorch puxou Darman para dentro pelos seus cintos. Fi esperou que as
suas botas desaparecessem e depois rolou para espiar a abertura em um
círculo de luz fraca.
— Próximo!
Fi alinhou e depois empurrou com uma bota. Ao atravessar a escotilha
aberta do outro lado, sentiu a gravidade artificial agarrá-lo e rolou para o
convés com um barulho de placas de armadura. Levou alguns segundos
para se levantar. Niner colidiu com ele por trás. Não era uma nave muito
grande.
Chefe, com sua armadura pintada com tinta laranja lascada e descascada,
bateu a escotilha atrás de Niner e a selou. Niner olhou para ele como se não
tivesse certeza do que deveria acontecer a seguir e, em seguida, os dois
homens simplesmente apertaram as mãos e deram um tapa nas costas.
— Gostou do que fizemos com o lugar? — Chefe disse, tirando o
capacete. O convés de voo parecia como se alguém o estivesse
desmontando da maneira mais difícil: painéis haviam sido arrancados, fios
pendurados na cabeça do convés e havia arranhões no console onde as
unidades haviam sido removidas ou não instaladas. — Certo, talvez seja um
pouco básico, mas chamamos de lar.
— Vocês afanaram isso?
— Não, eles nos deixaram fazer um teste drive. — Chefe gesticulou para
o resto de seu esquadrão brilhantemente pintado. — Fixer, Sev, e vocês já
conhecem Scorch. Diga olá para os garotos chatos de preto.
— Obrigado, vode. — disse Fi. Ele se perguntou porque Atin não tinha
se juntado a eles; ele tinha se virado e parecia estar tecnicamente
interessado por um conduíte. — Alguma notícia sobre o Sicko?
— Se esse é o seu piloto, a Majestosa foi desviada agora. Eles pegaram o
farol e é tudo o que sabemos. — Chefe olhou para os três prisioneiros,
alinhados no convés como cadáveres. Ele cutucou cada um deles com a
bota. — É melhor valer o esforço de todo mundo.
Fi tirou o capacete e inalou o ar quase fresco. Com exceção de Scorch,
todos haviam tirado o capacete. Delta era um dos menos de uma dúzia de
esquadrões que sobreviveram intactos desde a decantação, um verdadeiro
pod como os Kaminoanos os chamavam, e eles pareciam pensar que isso os
tornava uma elite dentro de uma elite. Eles foram criados e treinados juntos,
e nunca lutavam junto com ninguém além de seus irmãos. Era um luxo que
poucos esquadrões desfrutavam agora.
Fi suspeitava que isso significava que eles não jogavam bem com os
outros. Lembrou-se muito bem de quão ferozmente competitivo e fechado o
seu próprio grupo tinha sido, e de como a sua confiança havia diminuído
quando perdeu os seus irmãos em Geonosis e foi então descartado aos
cuidados de Niner.
— Você fica bem em um esquadrão de mestiços. — disse Sev, e Fi optou
por não reagir. Sabia que estava no piloto automático agora e que deveria
calar a boca. O olhar de Niner o ajudou a decidir. — Suponho que vocês
não fizeram uma busca naquela nave, não é?
— Não com uma descompressão rápida em nossas mãos, não. — disse
Niner. — Dizia-se que ela carregava explosivos.
— Certo, vamos ficar cercados de Separatistas a qualquer momento
agora, então vamos colocar essa caixa no hangar da Destemida e eles
podem explodir o cargueiro. Se houver algo útil, pelo menos os Separatistas
não pegarão.
Darman deslizou em uma antepara no convés e Niner se sentou ao lado
dele. Eles estavam quase de volta à Destemida, o que significava que
estavam quase em casa, e em casa significava o quartel da Companhia Arca
e, finalmente, uma boa noite de sono depois de dois meses em patrulha. Fi
nunca conseguira tanto. Nenhum deles jamais conseguiu. E o cansaço podia
torná-los perigosamente descuidados.
— Então, Atin. — disse Sev. Ele andou atrás de Atin e ficou perto o
suficiente para ser irritante. Atin não se virou. — Sargento Vau pediu para
vê-lo novamente, vod'ika.
— Eu não sou seu irmãozinho. — disse Atin calmamente. Ele deu as
costas para Sev. — Eu só trabalho com você.
Ah, então havia alguma história entre os dois. Fi se irritou: ele se uniu ao
irmão adotivo. Podia ver que a perspectiva de realmente encontrar Vau
novamente estava alimentando algo que normalmente não era Atin.
Sev não desistiu.
— Eu não esqueço, sabe.
Dessa vez, Atin se virou, cara a cara com Sev, tão perto que Fi pensou
que seu irmão sereno iria realmente perder a linha pela primeira vez. Ele se
preparou para intervir.
— Isso é assunto meu. — disse Atin. — Fica fora disso.
Sev olhou para o rosto dele.
— E as divergências ficam dentro da companhia.
Atin colocou os dedos no pescoço da roupa e puxou-a para a esquerda
até a borda da armadura, expondo a sua clavícula. Ele tinha muitas
cicatrizes brancas em relevo. Ninguém tinha notado muito porque os
ferimentos no treinamento e no combate eram tão comuns que raramente
alguém fazia comentários.
— Você ficou pior que isso, não foi? Você passou uma semana no bacta,
não foi?
Atin parecia prestes a estalar, e Fi avançou para intervir. Então Niner
atravessou a cabine em três passos e se enfiou entre os dois homens. Ele
teve que separá-los colocando os braços entre eles e separando-os com as
placas dos braços. Mas o olhar sem piscar de Sev ainda estava fixo em Atin
como se Niner não estivesse lá.
— Acho que todos precisamos chegar a um entendimento comum. —
disse Niner, bloqueando Sev com seu corpo. — De volta ao quartel, se
estiver tudo bem para você, ner vod.
Sev parecia assassino. Seus olhos ainda estavam fixos nos de Atin.
— A qualquer momento, vod'ika.
— Certo, vocês dois podem calar a boca agora. E você, Fi. Afaste-se.
Todos nós tivemos um dia ruim, então vamos baixar a testosterona e sê
simpático.
Sev ergueu as mãos dos lados em um gesto de submissão relutante e foi
sentar-se ao lado de Scorch na cabine. Chefe não disse uma palavra, mas
Niner agarrou Fi e Atin pelos ombros e empurrou-os para mais longe.
— Você vai me dizer do que tudo isso se trata.
— Não, não vou, Sargento. É pessoal.
— Não há nada pessoal em relação a esse esquadrão. Mais tarde, certo?
Vocês não vão ficar brigando como um par de civis. Se houver uma troca de
farpas entre vocês dois, todos resolveremos juntos. Entendido?
— Sim, Sargento.
Niner enfatizou o seu aviso com um soco no peito de Atin e voltou a
ficar com Chefe enquanto Scorch levou a nave para o lado da Destemida e
começou a negociar com o controlador da cabine de comando sobre como
poderiam abrir espaço no hangar. Fi esperou com Atin, caso ele decidisse
retomar sua pequena conversa com Sev. Ele nunca tinha visto Atin se
inflamar, mesmo sob a pressão mais extrema, mas ele parecia pronto para se
virar com alguém agora. E mesmo um Weequay com morte cerebral poderia
ter percebido que tinha algo a ver com Vau.
— At’ika, você quer me contar sobre isso algum dia?
— Na verdade, não. — Atin deu um tapinha no ombro de Fi. — Eu
tenho que lidar com isso sozinho, mais cedo ou mais tarde.
Fi olhou para Sev e ficou com um olhar vazio que não era nem
hostilidade, apenas uma ausência de alguma camaradagem. Não seria um
monte de risadas se eles tivessem que trabalhar juntos novamente.
Fi também não achava que se daria bem com Niner na primeira reunião.
Mas nunca houve nada sobre Niner que fez Fi querer dar um soco na cara
dele e acabar logo com aquilo apenas para economizar tempo.
Isso iria acontecer, mais cedo ou mais tarde. Fi sabia disso.
Nunca tivera um desentendimento, muito menos uma briga, com um
irmão antes. Isso o deixava desconfortável. Ele se distraiu com os sonhos de
um banho quente, comida quente e o luxo de cinco horas de sono
ininterrupto.
CAPÍTULO 5
Para: Oficial Comandante BGD OE, QG Coruscant: Grupo de Proteção de Frota.
De: OC Majestosa, fora de Kelarea: 367 dias após Geonosis.
Lamento informar que recuperamos os destroços da EIT Z590/1 e o corpo do piloto CT-
1127/549. O Controle de Tráfego Perlemiano informa que o cargueiro civil da República,
Nova Crystal, registrou que atirou em uma nave que descreveu como "pirata" atacando seu
comboio para desalojá-lo do casco. Também lamento que, devido a restrições de segurança,
não seja possível dizer à CTP que o cargueiro matou um piloto das forças especiais em
serviço ativo e, portanto, a CTP considera o capitão da Nova Crystal um herói.

QG da Operações de Frota, Coruscant, 0600, 368 dias após


Geonosis: o primeiro aniversário da batalha

S kirata saiu do saguão da Frota de Ops e entrou em uma manhã fria e


úmida que não esperava receber.
Por enquanto, tinha acabado. Ômega havia sobrevivido e eles estavam
voltando pra casa. Eles precisavam de uma pausa na implantação contínua
no ermo e ele tinha certeza de que eram necessários aqui. A FSC não
conseguia lidar com uma grande operação terrorista na capital do sistema,
nem mesmo com Obrim por perto.
A questão era como trabalhar com o passado de Arligan Zey. Os Jedi
relutavam em comprometer os homens com o que via como trabalho de
segurança em um momento como este.
Mas era para isso que Ordo e os Nulos eram ideais, se eles tivessem
alguns comandos para implantar também.
Skirata permaneceu nos degraus por alguns minutos inalando ar fresco,
com os olhos ardendo de fadiga, e passou os dedos pelo cabelo cortado.
Podia dormir agora. Ômega estava seguro; Ordo estava aqui com ele; e seus
cinco irmãos estavam contabilizados, seguros e bem.
Mereel estava em Kamino. Se Zey murmurou que os Nulos eram o
exército privado de Skirata, ele não estava totalmente errado.
Ainda havia noventa dos homens que Skirata treinara desde garotos em
serviço ativo, e ele também se preocupava com eles. Mas Ômega havia se
tornado a sua família mais próxima agora, assim como os CRAs Nulos. Ele
moveria a galáxia por eles, se fosse necessário.
A fonte de mármore com veios de ouro no centro da praça acenou para
ele. Parou enquanto passava por ela e simplesmente se inclinou e
mergulhou a cabeça na água gelada, mantendo-a ali por alguns momentos
dolorosamente refrescantes antes de se erguer e sacudir a água como um
mott.
Dois pedestres matutinos o encararam e retornou o olhar até que eles
desviassem. Era raro alguém sequer notá-lo: ele tinha o hábito de ser
discreto. Mas hoje não se importava. Eles tinham alguma ideia do que
estava acontecendo em torno da galáxia em centenas de campos de batalha?
Resistiu ao desejo de agarrá-los, sacudi-los e fazê-los ouvir o que estava
acontecendo em nome deles.
Era o primeiro aniversário de Geonosis. Ninguém parecia estar
marcando isso.
Ordo veio atrás dele.
— Você deveria descansar um pouco, Kal'buir.
— Eu vou dormir quando você dormir.
— Eu tenho mais boas notícias.
— Eu poderia usar isso.
— O perfil de explosivos de Darman. A leitura dos prisioneiros
corresponde às características de fabricação de pelo menos um quarto dos
dispositivos detonados até agora. Temos uma pista.
— Bom trabalho. E o bom e velho Dar. — Ele sorriu para Ordo,
lembrando novamente como os seus filhos haviam se saído. — Diga-me,
Ord'ika, gostaria de um café da manhã enquanto o sistema descompacta
esses dados? Eles fazem uma fritura nojenta no Kragget. Não é o Skysitter,
mas prepara você para o dia.
Ordo deu de ombros e inclinou a cabeça em um olhar visível
autoconsciente para a sua impecável armadura branca.
— Acho que não somos mesmo o tipo de clientela do Skysitter.
Skirata não conseguia ver a expressão por trás do visor, mas sabia que
Ordo estava rindo. Era bom que um homem que teve um pesadelo
inimaginável de infância pudesse achar algo engraçado.
— Eles têm guardanapos. E vou tentar não jogar molho em você.
Combinado? Só para comemorar o fato de que ainda estamos aqui um ano
depois.
Ordo começou a andar.
— O que você estava fazendo nessa data a um ano atrás?
— Querendo saber onde todos os meus garotos tinham ido.
— Desculpa, Kal'buir. Foi uma implantação muito rápida. Eu deveria ter
acordado você.
— Você fez bem. Eu deveria ter aceitado e percebido que vocês tinham
um trabalho a fazer.
— Certamente respondemos por várias posições inimigas. — disse Ordo.
— Eu nunca me despedi dos rapazes que não voltaram, só isso. Perdi
nove do meu lote.
— Mas a última vez que você os viu, os deixou sentindo-se confiantes,
respeitados e amados. Isso é suficiente para qualquer buir.
— Obrigado, filho. — Como ele cresceu tão normal? — Vamos nos
divertir para variar, vamos?
Por algumas breves horas, Skirata e Ordo fizeram o que os civis normais
faziam, e foram num passeio fácil até os níveis mais baixos da cidade para
tomar um café da manhã perigosamente prejudicial, mas reconfortante.
Skirata nunca havia usado transporte público com Ordo antes, e as
reações dos outros passageiros o fascinaram. Eles lançavam olhares de
soslaio. O coldre personalizado de Ordo com os seus blasters gêmeos
provavelmente os atraía um pouco. A armadura de trooper CRA era
espetacular, mesmo em uma cidade cansada pela presença cotidiana de mil
espécies exóticas.
Skirata esquecia regularmente quão pouco os civis da capital viam um
clone trooper cara a cara. Além da exibição amplamente divulgada de
batalhões do GER reunidos em naves de ataque na área militar, há um ano,
a grande maioria de Coruscant não tivera nenhum contato com eles.
E nunca sem os seus capacetes.
— Ord'ika. — ele sussurrou. — Faça-me um favor. Tire o seu capacete,
sim?
Ordo hesitou por um momento e, em seguida, abriu a vedação no
colarinho e tirou o capacete. Skirata ficou de olho nas reações dos outros
passageiros. Foi uma revelação. Alguns pareciam surpresos. Outros foram
um pouco mais longe.
— Ah não, eles são humanos! — Um homem sussurrou. — E são tão
jovens!
Alguém sabia o quão jovem eram? Odiava usar Ordo assim, mas tinha
que ser feito. Skirata, cansado e permanentemente irritado, reprimiu a sua
resposta e se tornou diplomata por alguns momentos.
— Não, senhor, a guerra não é de droides lutando contra droides. —
disse ele. — Posso apresentar o Capitão Ordo?
Ordo acenou educadamente para o homem sentado do outro lado do
corredor e estendeu a mão; Skirata havia ensinado os seus pequenos Nulos
a agir como bons garotos quando precisavam. O homem hesitou e depois
estendeu a mão para apertar a mão de Ordo, entregando os dedos civis
macios e pálidos a uma luva negra. O olhar em seu rosto dizia claramente
que ele não esperava encontrar carne e sangue dentro da concha semelhante
a um droide, ou recuperar a sua mão sem esmagá-la depois.
— O prazer é meu, senhor. — disse Ordo.
Ficou invulgarmente tranquilo no EasyRide depois disso. Pelo menos a
realidade tinha sido registrada neles. Skirata cutucou Ordo para descer
quando alcançaram o nível do Kragget, e o CRA recolocou o seu capacete.
— Você gosta de chocar. — disse Ordo.
— Eu gosto de educar. — disse Skirata. — Desculpa, filho.
Passear por Coruscant com um capitão CRA totalmente blindado
dificilmente era de se misturar, mas isso os garantiu uma boa mesa no
Kragget, o que significava uma que o droide de serviço realmente tinha
limpado antes de se sentarem. Dois oficiais do FSC os reconheceram. Os
policiais e agentes de segurança gostavam de comer ali porque ficava no
limite de seu “castelo”, como alguns chamavam o território difícil onde
exerciam as suas atividades, útil para uma resposta rápida a uma ligação,
mas longe o suficiente para ser um refúgio.
Ordo tirou o capacete novamente para comer o prato de fatias de nerf
defumadas fritas. Os ovos eram de algo que Skirata não conseguia
identificar e sabia que não queria. Ele se concentrou na sensação untuosa
sedutora de gordura quente e gema salgada em sua boca e lavou-a com
várias xícaras de caf.
— Não podemos mais deixar isso para os garotos de azul. — disse
Skirata. Ambos sabiam o que isso queria dizer sem serem específicos em
um local público. — Eles são prejudicados por ter que fazer coisas pelas
regras, e não sabemos se eles estão jogando pelo nosso time de qualquer
maneira. Isto é um ponto pra nós. Vou fazer Zey entender o sentido. Quando
todos estiverem de volta à cidade, será muito mais difícil para ele dizer não.
— Se o droide de criptografia extrair alguns dados relevantes do
pequeno saque do Atin, pode ser ainda mais difícil.
— O que me lembra. Não prestei meus respeitos a Vau.
— Me prometa que não vai puxar a sua faca pra ele de novo.
— Vou me comportar.
O droide garçom pareceu ter sido substituído por uma garçonete Twi'lek,
que parecia ter passado da idade de dançar, mas que ainda distraiu Skirata
por um segundo ou dois. Ela colocou outro prato de tiras nerf na frente de
Ordo, que, como todos os clone troopers que Skirata já conheceu, comeria
tudo e qualquer coisa colocada na frente dele.
Ela sorriu e permaneceu. Ordo congelou e devolveu o sorriso no modo
nervoso de um garoto, depois se ocupou com o café da manhã e a garçonete
se afastou.
Skirata refletiu sobre o poder descuidado da juventude e da aparência, e
quão incompleto era como professor de habilidades sociais.
— De alguma forma, acho que ela não confundiu você com um dróide.
Ordo pareceu incomumente perturbado por um momento.
— Ahn... eu tenho avaliado os nossos requisitos. — Ele limpou o prato
novamente e Skirata colocou os ovos indesejados no prato do homem e os
viu desaparecer. — O equipamento é um problema. Precisamos discutir isso
antes de você ver Zey. Isso vai precisar de alguns recursos sérios, como
veículos, refúgios, equipamentos especiais de vigilância e material bélico.
Skirata estava fazendo os cálculos ao mesmo tempo que Ordo.
Eles precisariam de pelo menos dois esquadrões e dois Nulos. Mas dois
esquadrões dos Comandos da República em sua armadura de Katarn Mark
III distintamente volumosas, e Ordo e Mereel em seu espetacular vermelho
e azul seriam perceptíveis como atividade incomum.
Eles poderiam precisar usar essa armadura mais cedo ou mais tarde,
mesmo que pudessem ser implantados em roupas civis pelo resto do tempo.
Skirata mastigou o último pedaço exagerado de nerf defumado, cujos
deliciosos pedaços crocantes tinha deixado para o final, e uma solução
floresceu enquanto o seu maxilar trabalhava.
Esconda-se à vista de todos.
Era bom nisso. Poderia se tornar tão mundano, com os seus cabelos
despenteados e roupas desalinhadas, que era quase invisível. E os seus
rapazes também, por ser o oposto.
Tudo o que eles tinham que fazer era ser um dos vários clones que
passeavam por Coruscant com a armadura completa. E se, ocasionalmente,
tirassem a armadura, cansados, quem realmente os reconheceria como
indivíduos?
Todos pareciam iguais para a maioria das pessoas, exceto alguns Jedi que
se importavam com eles como homens e como os seus próprios irmãos.
Skirata considerou aquele um café da manhã muito produtivo.
Ele abriu seu comunicador e digitou uma solicitação de reunião com o
General Zey. Depois, inclinou-se sobre a mesa, agarrou Ordo com as duas
mãos pelos ombros e deu-lhe um beijo paternal barulhento e exagerado no
topo da cabeça.
— Resolvido! — ele disse. — Até a vista!
A garçonete Twi'lek assistiu fascinada.
— Ei, eu posso tentar isso também?
— Ele é só um garoto. — disse Skirata, e deixou uma gorjeta muito
generosa para ela. Ordo levantou-se para segui-lo, embolsando um par de
palitos de pão de farinha para mais tarde. — Meu filho.
Convés de hangar da NAR Destemida

— Nossa, aí vem a divisão blindada. — disse o Comandante Gett. Ele


caminhou em direção à nave Neimoidiana. O seu invólucro estava riscado e
cheio de marcas de queimaduras. — CRs parecem tanques, não?
Os Comandos da República pareciam assustadoramente volumosos ao
lado dos clone troopers. Os quatro primeiros a descer das embarcações
apreendidas da Federação do Comércio eram uma profusão de cores, com a
armadura desgastada com manchas verdes, amarelas, vermelhas e
alaranjadas.
O segundo esquadrão era blindado em preto fosco, totalmente
inexpressivo e sombrio. Mas Etain soube instantaneamente quem eles eram
e de que lado estava. Ela não precisava de diferenciações de batalha para
distingui-los: as suas formas na Força eram quase como trilhas de
fosforescência em um oceano tropical, e eram instantaneamente familiares,
instantaneamente velhos amigos.
Estive com eles por alguns dias e não os vejo ou falo com eles há meses.
Mas é como se nunca tivéssemos nos separado.
Fi, ah, sim, ela sabia que era Fi mesmo antes dele falar, saudou, ergueu o
capacete e piscou.
— Senhora, você está parecendo o traseiro de uma bantha. — disse ele
com simpatia. — Eles estão cuidando de você adequadamente aqui?
— Fi! — Sabia que deveria permanecer digna e indiferente, e tinha
sentido uma camaradagem com muitos clone troopers nos meses que se
seguiram, mas o seu primeiro comando relutante com o Ômega a mudara
completamente. — Fi, eu realmente senti a sua falta. O que aconteceu com
a armadura cinza?
— Você sabe o quanto Dar se preocupava em ser muito visível em
Qiilura. De qualquer forma, ele trouxe um presente pra você. — Ele
apontou por cima do ombro. Darman estava ajudando um grupo de troopers
a transportar os prisioneiros para fora da nave Neimoidiana, enquanto Gett
a examinava. — Eles estão todos inteiros também. Desta vez, fomos muito
bons garotos.
O Esquadrão Delta simplesmente tinha desaparecido. Quando Etain
olhou em volta, viu que eles haviam se estabelecido em um nó apertado em
um canto do convés do hangar, de capacete, obviamente falando
atentamente. Ela conhecia a linguagem corporal agora. Eles não pareciam o
Ômega na Força. Eles eram um poço concentrado, um poço sem fundo de
algo inflexível e totalmente enredados um ao outro. A impressão geral que
eles causavam na Força era de espíritos triunfantes.
Niner e Atin se aproximaram e apertaram as mãos dela. Não parecia
inapropriado. Eles pareciam cansados e ansiosos, e ela queria muito fazer as
coisas certas para eles. Eles eram seus amigos.
— Aposto que vocês gostariam de comer algo. — disse ela.
— Alguma chance de tomar um banho quente e dormir algumas horas
primeiro, por favor, General? — Niner pareceu se desculpar e empurrou Fi
gentilmente pelas costas. — Eu primeiro. Tenho a maior patente.
— Ele não é realmente um sargento, General. — disse Fi. — Ele apenas
os ajuda quando estão ocupados.
— Alguma notícia do nosso piloto? — Niner perguntou.
— Sim. Eu sinto muito.
Isso nunca era fácil. Tocou no datapad para exibir a cópia do sinal que a
Majestosa havia enviado à Frota e entregou o pad pra ele. Niner olhou,
piscou e passou para Fi. Ele abriu os lábios brevemente como se quisesse
dizer algo, e então sua leve carranca quase caiu em luto. Ele se recompôs e
apenas olhou para o convés.
— Ele não é o primeiro. — disse Fi, repentinamente sombrio, e Etain
nunca tinha visto esse aspecto dele aparecer tão visível antes. — E não será
o último.
Etain os observou desaparecer através de uma escotilha na antepara
traseira, seguindo um trooper. A Destemida estremeceu levemente sob as
solas de suas botas, voltando a velocidade máxima para Coruscant, e
esperou enquanto Darman passava o que parecia ser um tempo interminável
lidando com a entrega dos prisioneiros. Perguntou-se se ele estava relutante
em falar com ela depois de escolher não permanecer em Qiilura com ela.
Talvez estivesse apenas se certificando de que nada mais desse errado.
Desistiu de esperar e caminhou com cuidado entre os soldados que ainda
tentavam dormir no convés do hangar, encolhidos onde quer que
encontrassem um espaço relativamente confortável.
— Muito bem. — disse ela, esperando que alguns estivessem acordados
para ouvi-la.
Darman havia mudado.
Ele inclinou a cabeça para tirar o capacete, abrindo a vedação, depois
sacudiu o cabelo e alisou-o com a luva. E embora ele sorrisse, não era o
Darman com quem ela passara o inferno.
Ele parecia mais velho.
Clones envelheciam mais rapidamente que homens normais. Ele tinha
onze anos, vinte e dois... cinquenta. Quando ela o sentiu pela primeira vez
era como uma criança na Força, o seu rosto quadrado e de maçãs do rosto
altas era de homem e de garoto, naquela fase da vida em que, ela conseguira
manipular o tempo, o menor empurrão pra trás revelaria a criança que ele
tinha sido tão recentemente. Mas agora ele era um homem, bastante sólido,
e sem nenhuma pista do garoto que fora.
Ele não tinha simplesmente envelhecido dois anos em um. O olhar em
seus olhos dizia que ele estava muito, muito mais velho, tão velho quanto o
campo de batalha, talvez tão velho quanto a própria guerra. Tinha visto isso
no rosto de todos os clone troopers e comandos e CRAs os quais havia
comandado. Sabia que também tinha a mesma aparência.
Mas Darman sorriu de qualquer maneira, e o sorriso se alargou em um
sorriso que fez o resto da nave e até a galáxia se tornarem totalmente
irrelevantes para ela.
— Você sempre golpeia bem, não é, senhora?
— É bom ver você, Dar. O que aconteceu com Etain?
— Ela virou general e estamos no convés do hangar.
— Você está certo. Desculpa.
— Está definitivamente confirmado que vamos voltar à base?
— A menos que você queira discutir com o oficial da guarda, acredito
que sim.
— Boa. Nós precisamos de um tempo. Apenas um dia ou dois, talvez.
Ele nunca pedia muito. Nenhum deles pedia: ela se perguntava se eles
não sabiam o que o mundo tinha para lhes oferecer ou se estavam apenas
afinados às necessidades básicas, sobrecarregados demais para pensar além
de se recuperar o suficiente para fazer o trabalho novamente no dia
seguinte.
Deu um tapinha em seu ombro e deixou a mão ali por alguns segundos.
Parecia que de repente se lembrara de algo e estava envergonhado por isso
de uma maneira que gostava.
— Deve ser bom poder alcançar alguém através da Força. — disse ele.
Então ele sentira. Ela ficou feliz.
— Vá tomar o seu banho. — disse ela. — Venha me encontrar depois, se
você não estiver muito cansado, e eu te mostrarei a nave.
— Você já conheceu o Sargento Kal?
— Não. — Kal estava sempre lá para Darman, em algum lugar, mesmo
em momentos como este, quando ela queria dizer muita coisa a ele. —
Quando atracarmos, talvez você possa me apresentar.
Darman sorriu, claramente encantado.
— Ah, você vai gostar dele, General. Você vai realmente gostar dele.
Etain certamente esperava que sim. E se não, tentaria, pelo bem de
Darman.
QG da Brigada de Operações Especiais, Coruscant, 369 dias após Geonosis.

O cheiro atingiu Ordo muito antes de chegar à sala de reuniões. Era uma
mistura familiar de lã úmida, mofo e um almíscar oleoso pungente.
Skirata reagiu visivelmente. Ele endireitou o braço direito de lado, um
velho hábito, e deixou a lâmina deslizar para a sua mão, cair uma fração
antes que ao punho tocasse a palma da mão e depois a pegou.
— Kal'buir, seria melhor se eu atirasse. — disse Ordo. Ele colocou a
mão no braço de Skirata. — Eu não o deixarei chegar perto de você.
— Muitas vezes me pergunto se você é telepático, filho.
— Eu posso sentir o cheiro do strill, você está com a faca pronta e vamos
encontrar o Sargento Vau. A telepatia não é necessária para perceber isso.
Ordo teria ficado bastante contente em disparar o strill sem pensar duas
vezes, porque isso aborrecia Kal'buir. Mas não era culpa do strill que ele
fedesse, ou que tivesse um mestre que apreciava a crueldade, ou que se
tornara selvagem em si. Ele fora selecionado pela natureza e depois
treinado por pessoas para caçar mais por prazer do que por comida, e nada
mais havia sido permitido a passar por sua mente.
Sentiu pena dele. Mas ainda o mataria sem um momento de hesitação.
As portas deslizaram. Ordo colocou a mão direita discretamente no cabo
de um de seus blasters de repetição. Sua atenção foi instintivamente para
Vau, depois para o strill no colo e depois para o fato dele ter uma visão clara
de ambos. Demorou menos de um segundo para processar as informações e
depois subjugar o impulso.
Atrás da cabeça de Vau, as paredes da sala de reuniões do General Zey
tinham um lindo tom suave de água-marinha, mas não estava funcionando.
Skirata não se acalmou.
E o Capitão Maze estava sentado à mesa ao lado de Zey, com os braços
cruzados sobre o peito e também sem parecer impressionado. Havia uma
contusão roxa feia na ponta do queixo, mais descoloração ao redor de um
olho e um corte na ponta do nariz.
Não pensei que tinha atingido ele tão forte, pensou Ordo. Infelizmente.
Zey fez sinal para Skirata entrar logo após o homem entrar por vontade
própria e indicou cadeiras na mesa com tampo de lapiz. Bardan Jusik estava
sentado ao lado dele, com as mãos entrelaçadas na mesa, numa tentativa de
serenidade.
— Bem. — disse Skirata, e sentou-se. Ele passou a mão pela luxuosa
superfície polida. — Isso é legal. Espero nunca ouvir alguém reclamando
das despesas do GER em armaduras e armas.
— Kal. — disse Vau educadamente. — É bom ver você novamente.
Vau estava sentado em uma das cadeiras de couro profundamente
estofadas, com o strill estendido sobre o colo de costas, com as seis pernas
pendendo em uma expansão indigna enquanto coçava a sua barriga. A sua
enorme boca com presas estava frouxa, a língua de fora e um longo fio de
baba pendia quase no chão. O seu corpo tinha um metro de comprimento,
alongado por um rabo chicote coberto por uma pele mais frouxa.
O strill ainda era mais bonito que Vau. O homem tinha um rosto
quadrado e comprido, que era todo osso e linhas de expressão, e cabelos
grisalhos escuros brutalmente curtos. Rostos raramente mentiam sobre a
alma.
— Walon. — disse Skirata, assentindo.
Zey fez um gesto para Ordo se sentar, mas permaneceu de pé e
simplesmente tirou o capacete. Transferiu o conector do comunicador do
tamanho de contas para o ouvido, observando a expressão de Zey sem olhar
diretamente para ele.
Skirata olhou pra cima.
— Sente-se, Capitão.
Ordo obedecia às ordens de apenas um homem, e esse homem era
Kal'buir.
Zey foi visivelmente jogado... de novo. Sem dúvida, todos os outros
CRAs e comandos pulavam quando ele mandava, mas ele devia conhecia
Ordo agora. Maze certamente conhecia. Ele encarava seu irmão CRA como
se um estalar dos dedos de Zey lhe desse permissão para pular e devolver
aquele soco.
— Maze, talvez você queira fazer uma pausa. — Zey disse. — Isso vai
ser apenas uma questão administrativa tediosa.
Maze fez uma pausa, com os seus olhos nunca deixando os de Ordo.
— Sim, senhor. — Ele pegou o capacete na mesa e saiu.
Zey esperou que as portas se fechassem atrás dele.
— Vamos ouvir o seu plano, Sargento.
— Quero implantar Delta e Ômega em Coruscant para identificar e
neutralizar a rede Separatista aqui, porque ela está aqui. — disse Skirata. —
Tem que estar, para nos atingir tão facilmente. E a FSC não tem a
experiência ou o pessoal necessário para lidar com isso, e pode até haver
alguém dentro da própria FSC transmitindo informações aos terroristas.
Os olhos de Zey estavam fixos nele.
— Comandos são um ativo militar. Não da inteligência. Nem da polícia.
Temos teatros de guerra do outro lado...
— Eu não estou planejando prender ninguém. Esta é uma política de
atirar para matar.
— Eu não sabia que tínhamos uma.
— Você não tem, então é melhor ter uma rápido.
— Não posso pedir ao Senado que autorize o uso de forças especiais
contra os residentes de Coruscant.
— Não peça a eles. — Skirata se tornava gelo puro em momentos como
este: Ordo o observava atentamente, ansioso para aprender mais nuances da
parte dos soldados que não exigiam armas além dos nervos e da psicologia.
— O Conselho Jedi também é delicado com esse tipo de coisa?
— Sargento...
— Então não pergunte a eles também. De fato, nunca tivemos essa
conversa. Tudo o que você fez foi me dizer que não pode pedir ao Senado
para dar a sua bênção a uma mudança nos termos de referência do GER.
— Mas eu sei o que você está sugerindo. — disse Zey.
Skirata estava mexendo com sua lâmina. Ordo percebeu: era um
movimento minúsculo, mas conseguia detectar a flexão dos músculos do
antebraço através da jaqueta. Skirata estava com a ponta da lâmina apoiada
no dedo médio recolhido e a pressionava levemente para cima e para baixo,
uma preparação para soltar e agarrar o punho.
— O Conselho Jedi é bastante hábil em fazer vista grossa. — disse
Skirata. — Para uma organização que sabia que estava lidando com um
exército com capacidade de assassinato, você envia sinais conflitantes para
soldados simples como eu.
Vau estava observando a conversa como um homem que se divertia
levemente com um holovídeo. O strill bocejou com um gemido alto e
agudo.
— A diferença é que o Senado verá. — disse Zey, — é isso aqui é
Coruscant.
— General, os dias em que as guerras eram travadas em outros lugares
enquanto os incêndios domésticos continuavam a queimar já se foram há
muito tempo.
— Eu sei. Mas existem exércitos e existem... caçadores de recompensas
e assassinos. E o Senado será cauteloso em cruzar essa linha em casa.
— Bem, é isso que costuma acontecer quando você deixa um monte de...
caçadores de recompensas e assassinos treinar o seu exército.
— Não sabíamos que tínhamos um exército até um ano atrás.
— Talvez, mas o fato de você estar aqui agora com uma patente de
general significa que aceitou a responsabilidade por isso. Você poderia ter
objetado, coletivamente ou individualmente. Você poderia ter feito
perguntas. Mas não. Você pegou o blaster que encontrou no chão e só atirou
para se defender. A conveniência embosca você no final.
— Você sabe qual era a alternativa.
— Olha, General, preciso esclarecer algumas coisas, sendo apenas um
simples assassino e tudo mais. Responda algumas perguntas pra mim.
Zey deveria estar furioso por um mero sargento o estar tratando como se
fosse um funcionário irritantemente pedante e não um general endurecido
pela batalha. Para o seu crédito, ele parecia mais concentrado em uma
solução. Ordo se perguntou onde terminaria a expedição e o pragmatismo
começaria.
— Muito bem. — disse Zey.
— Deseja interromper os ataques a alvos vulneráveis que estão
começando a comprometer a capacidade do GER de implantar e estão
destruindo a confiança do público na capacidade do Senado de defender a
capital?
— Sim.
— Você acha que é uma boa ideia para alguns de nossos rapazes das
forças especiais terem uma pausa sem precedentes em Coruscant depois de
meses em campo?
Zey fez uma pausa, com apenas uma respiração.
— Sim.
— Você precisa pedir a mais alguém para autorizar esse assunto
puramente administrativo?
— Não. O General Jusik é responsável pelo bem-estar do pessoal.
Ordo manteve o rosto totalmente em branco. Sair? Nunca houve licença
para o GER ou para seu comando Jedi na linha de frente. Eles nem
saberiam o que fazer com o tempo livre de qualquer maneira.
Jusik parecia paralisado.
— Eu acredito que algum D e R seria uma boa ideia, na verdade. —
Skirata sorriu para ele com genuíno calor. Jusik era bom, um dos garotos,
todo cheio de coragem desesperada e desejo de pertencimento. Era difícil
dizer se ele estava jogando agora ou apenas sendo um oficial decente. —
Vou investigar.
— E, senhor. — disse Skirata, — é verdade que você sabia o tempo todo
que eu era um chakaar completo que nunca seguia ordens, que o mantinha
no escuro, que tratava os seus esquadrões como o seu próprio exército
particular e era no geral um Mando de baixo nível como Jango e o resto da
escória mestiça?
Zey se recostou na cadeira e beliscou a ponte do nariz brevemente,
olhando fixamente para a mesa de pedra azul.
— Acredito que vou descobrir isso em algum momento no futuro,
Sargento. — Os cantos dos olhos se enrugaram por uma fração de segundo,
mas Ordo percebeu. — Tenho as minhas suspeitas. Prová-las é difícil, no
entanto.
Zey também estava bem.
Vau observava à conversa com um interesse moderado, e Ordo estava lhe
obsevando, porque conhecia o homem muito bem.
— Sargento Vau, você tem alguma opinião sobre essa... ah... situação de
sair? — disse Ordo.
— Ah não, eu sou apenas um civil agora. — disse Vau. O strill
retumbou. Vau, aparentemente distraído, acariciou a sua cabeça medonha e
fedorenta, com os seus olhos levemente estreitados revelando uma afeição
que nunca parecia poupar para qualquer outra criatura viva. — Estou
apenas andando por aí. Quando esses detentos forem liberados, eu lhes
darei um quarto por um tempo e conversarei com eles. Nada a ver com o
GER ou o Senado. Apenas um cidadão particular fazendo o que pode para
receber visitantes em Coruscant.
Jusik estava observando a conversa com uma expressão que sugeria que
estava animado e ciente de que as apostas haviam acabado de aumentar.
Eles estavam subvertendo a democracia em um sentido, mas também
estavam salvando os seus mestres políticos de uma decisão que nunca
poderiam ser vistos a tomar, mas precisavam.
— Essa é a pior coisa de ter chakaare como nós por perto. — disse
Skirata. — Nós apenas nos afastamos, encontramos um lugar que você não
conhece e nos metemos nele, e entramos em todo tipo de travessuras que
você também não sabe nada a respeito. E depois cobraremos por isso.
Terrível.
— Péssimo. — Zey ecoou. — Esse é o tipo de coisa que a FSC pode
perceber?
— Para ficarmos um pouco fora de controle, imagino que oficiais muito
graduados da FSC precisem ser tranquilizados, mas não por você.
— Péssimo. — disse Zey. — Hipoteticamente, de qualquer maneira.
A linguagem era uma coisa maravilhosa, pensou Ordo. Skirata acabara
de dizer a Zey que estava prestes a se tornar um bandido, como ele
chamava, executando uma operação não autorizada de atirar para matar em
um civil local e simplesmente enviar a conta a Zey. Vau planejava
interrogar os prisioneiros. O comando sênior da FSC seria substituído por
Skirata se algo desse errado, sem a necessidade de Zey estar envolvido. E,
no entanto, Zey havia autorizado tudo.
E o assunto ainda não havia sido discutido.
— Eu me pergunto se alguém vai notar os nossos comandos ao sair
daqui. — disse Jusik, aparentemente entendendo.
— Provavelmente. — disse Skirata. — E não seria bom se também
estendêssemos essa implantação doméstica a clone troopers comuns
honestos, a muitos deles? Isso seria bom para o moral.
— E tranquilizador para o público ver soldados armados em torno da
capital.
— Será que posso convencer os oficiais do Senado de que é uma boa
ideia?
Zey interrompeu.
— Você já conheceu Mar Rugeyan, chefe de assuntos públicos do
Senado? Só perguntando.
Skirata assentiu.
— Acredito que já tive algum contato com ele, sim.
— Excelente. — disse Zey. — Eu sei que vocês dois vão se dar muito
bem.
E a conversa que nunca havia ocorrido tinha terminado.
Skirata se levantou para ir embora, e Vau deu um empurrão suave no
strill para convencê-lo a descer para o chão. Ele reclamou num estrondo
grave, mas se estabeleceu aos seus pés, olhando para Skirata com olhos
dourados de aro vermelho. A mão de Skirata ainda estava em concha, com
o braço ao lado, desse modo que Ordo sabia muitas vezes preceder uma
briga.
— Kal, ouvi dizer que Atin está voltando. — disse Vau.
Skirata saiu da sala, de cabeça baixa, com Ordo logo atrás dele. Jusik
seguiu.
— Fique ciente. — disse Skirata em voz baixa. — Vou encontrá-los
direto na Destemida. Isso inclui o Delta. E eles não são mais seus para
atacar, lembra? Apenas sente-se bem no quartel e espere que eu lhe dê uma
localização.
Ordo não se deixava enganar pela polidez contida de Vau. Sete anos
antes, Vau pairara sobre ele como uma figura de autoridade em sua
armadura Mando preta pela primeira vez, com o strill em seus calcanhares.
O nome dele era Lorde Mirdalan. Ordo, como todos os Nulos, tinha uma
lembrança perfeita; às vezes desejava não ter. Mas pelo menos isso lhe dava
clareza, e ele conhecia a fonte de todos os seus medos e ansiedades. Lorde
Mirdalan, Mird, tinha se lançado contra ele ao comando de Vau, estalando.
Ordo havia sacado o pequeno blaster que Skirata o deixara ter e teria
matado o animal se Kal'buir não tivesse gritado: "Cheque!" e foi
interrompido quando o seu blaster parou entre os olhos de Mird. Vau,
lembrou-se Ordo, riu: ele disse que Ordo era ge‘verd: quase um guerreiro. E
Skirata havia apontado um chute em Mird para afastá-lo, dizendo que não
havia "quase" sobre isso.
Ordo observou o strill cuidadosamente. A criatura trotou à frente deles,
cheirando ruidosamente as fendas e deixando para trás uma lufada de cheiro
pungente e um rastro de baba.
— Se essa coisa vai acompanhá-lo nos trabalhos. — disse Skirata, — é
melhor mantê-la sob controle ou encontre um uso para pele de strill.
Levantou o braço e sacudiu o pulso antes que Ordo pudesse reagir. A
lâmina de três lados passou por Mird e bateu no chão polido de pleek um
passo à frente. A faca vibrou até parar.
Mird gritou, pulando de lado. Ordo ficou entre Vau e Skirata pronto para
defender Kal'buir em mais um confronto com o homem que detestava.
Mas Skirata apenas se virou para encarar Vau com um olhar que dizia
que não estava brincando. Vau olhou de volta, com o seu rosto longo e
rígido de repente de um assassino novamente.
— Não é culpa do strill. — disse Skirata. Ele deu alguns passos à frente
e puxou a faca do chão. O strill se afastou dele, os lábios curvados para trás
para revelar suas presas. — Mas vocês foram avisados, os dois. Precisamos
concluir esse trabalho, e esse é o único motivo de eu não ter estripado vocês
ainda. Entendido?
— Eu superei. — disse Vau. — E é hora de você fazer o mesmo, antes
que eu acabe tendo que matá-lo.
Ordo realmente não gostou disso. Ejetou a vibrolâmina personalizada em
sua luva, uma arma melhor de perto do que suas armas de fogo.
Skirata fez o gesto de palma para baixo: Esqueca isso.
— Continue útil, Walon. — Ele chamou Jusik e Ordo para segui-lo. — E
espero que Atin também tenha seguido em frente, porque não vou ficar no
caminho dele agora.
— Que ponto é longe demais, Kal? Você pode responder isso? Até onde
você já foi? — Vau falou dele. — Eu fiz daquele garoto um guerreiro. Sem
mim, ele não estaria vivo hoje.
Com ele, Ordo pensou, Atin quase não estava.
— Por que você não mencionou a Zey que também podemos ter um
vazamento dentro do Grande Exército? — Ordo perguntou.
— Porque. — disse Skirata, — Não posso dizer que sei quem não é. O
vazador pode nem saber que ele é, também. Até lá, apenas a equipe de
ataque saberá que estamos olhando.
— E o Obrim? Ele é um aliado.
— Acredito que sim. Mas no final, quem são as únicas pessoas em quem
realmente podemos confiar?
— Nós mesmos, Kal'buir.
— Portanto, garantimos que sabemos quem está nos protegendo...
kar'tayli ad meg hukaat'kama.
Era um bom conselho para viver. Ordo sabia quem sempre o protegia.
NAR Destemida, aportando, para o Controle do Setor de Coruscant, 369 dias após Geonosis

— Eu realmente deveria fazer um holo disso. — disse o Comandante


Gett. Ele alcançou a variedade de bolsas presas ao cinto e pegou um
pequeno gravador. — Isso não acontece com tanta frequência.
Etain e o comandante da nave de ataque estavam de pé no pórtico que
contornava a antepara do hangar superior e observavam o extraordinário
espetáculo embaixo deles no convés. Ela tinha ouvido falar sobre isso, mas
nunca tinha visto. Era o Dha Werda Verda: um canto ritual de batalha dos
Mandalorianos.
Homens da Quadragésima Primeira Elite e parte da companhia da nave,
cerca de cinquenta no total, sem capacete, estavam aprendendo a executá-lo
com algumas instruções de Fi e Scorch. Sev, fácil de identificar pelas listras
vermelho-sangue manchadas em seu capacete, estava sentado em uma caixa
de munição próxima, limpando o acessório do atirador e parecendo não
estar interessado em participar.
Ele estava, é claro. Etain podia sentir isso, e nem estava adequadamente
sintonizada com a presença de Sev na Força.
O Dha Werda parecia assustador. O General Bardan Jusik, um jovem que
mal chegava ao ombro de um clone comando, disse que tinha adorado vê-lo
e que tinha extraído tanta coragem dele que aprendeu a executá-lo com seus
homens. Era o legado de Kal Skirata; Jusik explicou que o sargento
veterano queria que seus homens conhecessem sua herança e ensinou-lhes o
rito junto com a língua e a cultura Mandalorianas.
Taung—sa—rang—bro-ka
Je—tii—se-ka—’rta

Os comandos estratificavam ritmo sobre ritmo, martelando primeiro em


suas próprias armaduras e depois se virando para bater o ritmo complexo
nas placas do homem ao lado. Cronometrado precisamente, era espetacular:
cronometrado errado, um soldado poderia quebrar a mandíbula do próximo
homem.
Dha Werda Verda a'den tratu!
Coruscanta kandosii adu!
Duum motir ca'tra nau tracinya!
Gra'tua cuun hett su dralshy'a!

Era irresistível, antigo e hipnótico.


O canto subia pelo convés do hangar em uma sólida voz comunitária.
Reconheceu palavras como Coruscanta e jetiise: Coruscant, Jedi. Isso não
poderia estar no canto Mandaloriano original. Até sua herança havia sido
reformada para servir a um estado em que não tinha participação. Etain
lembrou que tinha algo a ver com ser guerreiros das sombras e forçar
traidores a se ajoelharem diante deles.
Eles eram guerreiros extremamente aptos exibindo sua disciplina e
reflexos: qualquer inimigo de carne e osso teria sido adequadamente
avisado do poder das forças que os aguardavam.
Mas os droides não tinham o senso de se assustar. Era uma pena,
realmente.
Etain estremeceu. Os golpes pareciam reais. Eles estavam colocando
todo o seu peso atrás de cada um.
Surpreendentemente, nenhum dos iniciados ainda tinha cronometrado os
movimentos errado o suficiente para receber um golpe acidental no rosto. Fi
e Scorch demonstraram outra sequência. Armaduras colidiram. Sev
abandonou seu desinteresse fingido, tirou o capacete e juntou-se a eles.
Então Darman apareceu e eles formaram uma fila de quatro na frente.
Era estranho observar Darman realmente se divertindo, alheio ao
ambiente: não fazia ideia de que ele tinha uma voz tão poderosa ou que
podia, por falta de uma palavra melhor, dançar.
— Jusik sempre fala sobre isso. — disse Etain.
— Já vi alguns esquadrões fazendo isso. — disse Gett. — Veio via
Skirata, pelo que ouvi.
— Sim. — Etain se perguntava como poderia se comparar àquele
homem. Metade teria sido suficiente. — Ele ensinou todos os comandos a
viver de acordo com a sua herança Mandaloriana. Você sabe: costumes,
idioma, ideais. — Ela estava hipnotizada pela precisão inconsciente de
homens que eram todos exatamente da mesma altura. — É muito estranho.
É como eles se tivessem uma compulsão de fazer isso.
— Sim, nós temos. — disse Gett. — É muito emocionante.
— Me desculpe. Isso foi rude da minha parte.
— Sem problemas, General. Certamente não fazia parte do nosso
treinamento de trooper em Kamino. É passado de homem para homem
agora. — Ele parecia inquieto. Sabia o que ele estava pensando. —
General...
— Me dá o gravador. — disse ela, e sorriu. — Vá em frente.
Gett tocou a luva na testa e disparou escada abaixo para o convés,
deslizando os últimos três metros nos corrimãos. Era delicioso ver a mistura
de armaduras, comandantes e pilotos de listras amarelas, soldados brancos e
a mistura heterogênea de cores de comandos, reunidos em um antigo ritual
Mandaloriano, todos com a mesma aparência.
Etain se sentiu à deriva, excluída.
Nunca sentiu verdadeiramente esse grau de vínculo com o seu clã Jedi. A
conexão na Força estava lá, sim, mas... não, a verdadeira força aqui era
apego, paixão, identidade, significado.
Pensou em Mestre Fulier, o homem que insistiu que tivesse uma segunda
chance como Padawan e não fosse consignada para construir campos de
refugiados porque não tinha controle. O homem que também era
apaixonado e propenso a assumir causas: o Jedi que perdera a vida porque
não podia ficar de fora de uma briga quando a milícia de Ghez Hokan
agrediu os habitantes de Qiilura.
Etain achou que não era um tipo tão ruim de Jedi. Não como nos livros,
mas centrada no jogo limpo e na justiça. Os soldados clones também valiam
isso.
De repente, percebeu Darman olhando pra ela, sorrindo, e se não fosse
por sua armadura e arredores, ele poderia ser qualquer jovem que mostrasse
suas proezas a uma mulher. Ela sorriu de volta.
Ainda o invejava por seu foco e disciplina, especialmente porque ele
havia conseguido não perdê-los depois de ser exposto a uma galáxia que
não se parecia muito com o ideal sobre o qual ele provavelmente havia
aprendido em Kamino.
Mas Kal Skirata tinha sido o principal responsável por seu treinamento.
Ainda não conhecia Skirata, mas uma coisa de que tinha certeza era que ele
era, como um Jedi, um homem pragmático que lidava com a realidade.
O Dha Werda continuou, verso após verso repetido. Então o alarme
tocou e o aviso passou pelo sistema de endereços.
“Os portuários terminaram. Equipes de controle de danos e incêndio
nas estações. Preparem-se para atracar.”
O Comandante Gett saiu das fileiras e voltou subindo a escada, limpando
o suor do rosto com um pedaço de pano cuidadosamente dobrado.
— General, você virá à ponte para ver a nave atracar?
— Não vou ajudar muito, mas gostaria disso, sim.
Era como se estivesse deixando uma nave depois de uma longa
associação, um capitão aposentado. Era apenas uma oficial temporária, mas
ainda assim Gett a tratava como se realmente tivesse alguma importância
para a tripulação, e achou isso tocante. Ficou no console de comando e
ficou observando enquanto os arpéus e plataformas de ancoragem passavam
pela tela e a tripulação manobrava a Destemida em instrumentos. Gett deu a
ordem.
— Pare o reator.
— Parando o reator, Comandante... reator parado.
A propulsão secundária da Destemida tremeu em silêncio. A embarcação
entrou gradualmente na doca com o poder de rebocadores, que a trouxeram
para a Bombordo, como Etain agora aprendera a chamá-lo. Caminhou
lentamente pela ponte para observar a equipe do cais colocar uma passarela
no lugar para desembarcar os membros da tripulação sendo transferidos e
permitir que as equipes de manutenção e reabastecimento subissem.
Houve a menor das sensações de choque quando a nave parou contra os
enormes para-lamas da doca. A Destemida estava de volta em segurança em
seu porto de origem... por enquanto.
Etain estendeu a mão para Gett.
— Tire as luvas, meu amigo.
Ele deu de ombros, sorrindo e tirou a manopla inteira. Eles apertaram as
mãos como iguais. Então ela apertou uma tecla no console, abrindo o
sistema de alto-falantes que atingia todas as cabines, hangares e os deques
bagunçados da enorme nave de guerra.
— Senhores. — disse ela. — Foi uma honra.
CAPÍTULO 6
Em cinco milênios, os Mandalorianos lutaram com e contra mil exércitos em mil mundos.
Eles aprenderam a falar o máximo de idiomas e absorveram a tecnologia e a tática de armas
em todas as guerras: e, apesar da influência esmagadora das culturas alienígenas e da
ausência de um verdadeiro mundo natal e até de espécies, sua própria língua não apenas
sobreviveu, mas mudou pouco, seu modo de vida e sua filosofia permaneceram intocados, e seus
ideais e senso de família, de identidade, de nação, foram fortalecidos. A armadura não faz um
Mandaloriano. A armadura é simplesmente uma manifestação de um coração impenetrável e
inatacável.
— Mandalorianos: Identidade e Idioma, publicado pelo Instituto Galáctico de Antropologia

NAR Destemida, doca superior, Depósito de Suporte de Frota,


Coruscant, 370 dias após Geonosis

A rampa desceu e, pela primeira vez, a cena que cumprimentou Fi não


era um território hostil e infestado de droides e fogo vermelho.
Mas Coruscant, com suas torres impossivelmente altas e profundos
cânions de vias aéreas, era tão alienígena quanto Geonosis. Fi já o vira uma
vez, muito brevemente, a caminho de romper um cerco no espaçoporto. Era
uma paisagem de luzes, exótica e emocionante à noite, mas à luz do dia era
de tirar o fôlego de uma maneira totalmente diferente.
— Podemos fazer um percurso em terra?
Niner estava com as mãos cruzadas atrás dele, com o DC pendurado nas
costas.
— Não é mais minha decisão. Não sou o sargento agora.
Chefe e o resto do Delta se enfileiraram atrás do Ômega em uma linha
organizada, apresentando uma classificação mais ordenada. Eles estavam no
mesmo comunicador. Niner disse que era ingrato bloqueá-los, visto que eles
foram ao seu resgate. Mas Ômega nunca ouviria o final disso, Fi tinha
certeza.
A Quadragésima Primeira Elite foi desembarcada primeiro.
Scorch se inclinou um pouco mais para perto de Fi. Estava logo atrás
dele. O bom dos links do capacete Katarn era que você podia alternar entre
circuitos e ter trocas totalmente privadas sem nenhum sinal exterior de que
estava falando, ou mesmo tendo uma discussão.
— Então você quer percurso em terra?
— O que é isso? — Disse Sev.
Fi gostava da linguagem abrangente e muitas vezes bizarra de Skirata.
Nenhum outro esquadrão falava como o sargento Kal.
— Uma noite na cidade. Jantar em um restaurante requintado, talvez
observar a um balé Mon Cal...
— Sim. Certo.
— Não, Fi. — disse Niner. — Você está sendo cruel com a equipe
Weequay aqui.
— Certo, cerveja e nozes warra. Sem balé.
— E talvez um pouco de compras com seu amigo do esquadrão
assustador? — Scorch disse. — Um novo kama, talvez?
Ah, as notícias viajaram então.
— Não deixe Ordo ouvir você dizer isso. — disse Fi. — Ele vai rasgar a
sua perna e bater em você com a ponta encharcada.
— É? CRAs são todos boca e kamas.
— Ooh, homem durão, não é?
— Já vi dançarinas Twi'lek mais duronas que você. — disse Scorch. —
Quantas vezes teremos que salvar as suas shebs, então?
— Provavelmente quantas vezes tivermos que limpar a sua osik. — disse
Niner. — Vocês dois não podem falar sobre explodir coisas e sê simpático?
— Onde está a general? — Disse Fi.
Darman interrompeu.
— Se despedindo de Gett. — Ele parecia muito interessado no paradeiro
de Etain. — Consegue ver o Sargento Kal? Ela disse que ele ia nos
encontrar.
— Então... você recebeu ordens de um geriátrico e de uma criança, é?
A voz de Darman congelou.
— Scorch, você gosta da comida do centro médico?
— Nervosinho, nervosinho...
Houve um leve clique no comunicador do capacete.
— Delta! Aqui é o geriátrico. Desça e pague cinquenta, agora!
— Fierfek. — Sev suspirou.
O Ômega se separou para dar à Delta o espaço para realizar cinquenta
flexões de armadura completa, com mochilas. Fi assistiu apreciativamente.
Não se importava com Sev.
Mas também examinava Skirata na plataforma de desembarque,
desesperado para ver o seu verdadeiro sargento novamente: quando Skirata
estava por perto, Niner deixava de bancar o sub-oficial. Os generais
tendiam a não olhar muito, também. Skirata era a sua própria cadeia de
comando.
— Isso foi quarenta, não cinquenta. — disse Skirata de algum lugar
atrás deles. — Eu odeio a enumeração quase tanto quanto odeio
comentários sobre o meu estado pessoal de degradação.
Skirata tinha talento para chegar despercebido. Haviam momentos em
que Fi se perguntava se ele era usuário da Força, porque apenas Jedi
deveriam ser capazes de fazer esse tipo de acrobacia. Mas Kal'buir estava
convencido de que era simplesmente bom em seu trabalho, porque o fazia
desde os sete anos de idade.
Isso fazia dele um iniciante tardio pelos padrões dos clones.
Ele apareceu de repente entre um nó dos Quadragésimos Primeiros e
caminhou até o Ômega, sem mancar tão mal quanto o habitual e parecendo
bastante elegante em uma jaqueta de couro. Com roupas de trabalho
ásperas, ele podia desaparecer, mas a jaqueta o mudou completamente. No
entanto, sempre havia algo sobre o homem que inspirava alívio e confiança.
Fi se sentiu instantaneamente pronto para qualquer coisa, exatamente como
quando Skirata era a autoridade mais alta em seu mundo limitado em
Kamino.
Skirata parou por um momento na frente dele. Não parecia preocupado
se o Delta havia feito as dez flexões extras ou não. Ele apenas agarrou o
braço de Fi, abraçou Darman, deu um tapa em Niner entre os ombros e
agarrou a mão de Atin. Nunca parecia ter o menor problema agora em
mostrar o quanto se importava com eles. Ao longo dos anos, ele mudara de
proteger as suas emoções por trás de um verniz de abuso de boa índole para
abandonar completamente a pretensão.
Ninguém jamais tinha sido enganado por isso de qualquer modo.
— Não me assuste assim de novo, ad’ike. — Ele se virou para o Delta,
que se levantava do chão. — E vocês, bando de di'kute, também. É melhor
manter um controle mais firme sobre vocês. — Ele assistiu o último dos
Quadragésimos Primeiros desaparecer em naves de transferência,
provavelmente para retornar ao quartel, e algo pareceu diverti-lo. —
Scorch, se você não for um bom garoto, eu vou fazer você usar um kama.
— Desculpe, Sargento. É verdade que o Sargento Vau voltou?
— Ele voltou, mas não é um sargento. Eu sou o seu sargento agora,
Scorch.
— E o General Jusik?
— Ele também não é o seu sargento. — Skirata olhou para além de
Scorch e pareceu subitamente assustado. Fi se virou e viu o que estava
olhando: Etain Tur-Mukan atravessava a enorme plataforma de
desembarque transportando o LJ-50 como se estivesse ali para lutar. —
Essa tem que ser a General Tur-Mukan, sim?
— É ela. — disse Darman. — Ela está muito interessada em te conhecer.
Fi foi distraído por um movimento em sua Tela Visualização Frontal. Um
táxi aéreo civil desalinhado havia subido sobre o parapeito da plataforma de
pouso. E não deveria ter sido capaz de fazer isso.
O seu cérebro inconsciente disse perigo e reagiu uma fração de segundo
antes que o seu treinamento entranhado o lembrasse de que naves civis não
identificadas não deveriam penetrar no cordão da base da frota. Ele estava
de joelhos com o DC carregado e mirando antes mesmo de perceber pela
Tela Visualização Frontal que Ômega e Delta haviam se enfileirado em uma
única formação de contato frontal.
O táxi parou morto no ar.
— Verifique! — Skirata parou na frente deles. Fi congelou, mas Delta
apontou para o sargento.
— Afaste-se! — Com um punho erguido para segurar os esquadrões,
Skirata fez um sinal vigoroso para o táxi com a outra mão esticada, dando
um tapa no ar. Desça.
O táxi parou lentamente na plataforma.
Ômega parou no comando de verificação; Delta demorou mais um
segundo. Talvez não tenha sido tão entranho como o lote de Skirata. Mas
todos eles ainda tinham os seus rifles treinados. O coração de Fi bateu forte.
Estavam todos feridos e ainda atentos a qualquer ameaça, suficientemente
alertas para permitir que as reações treinadas assumissem o controle. Era o
que te mantinha vivo. Você nunca podia desligá-las. Seus músculos
aprendiam a fazer as coisas e depois paravam de pedir permissão ao seu
cérebro.
— Desculpe, rapazes. — Skirata virou-se para encará-los. — Udesii,
udesii... relaxem. É nosso.
— Estou feliz que você tenha apontado isso, Sargento. — murmurou
Niner. Ele abaixou seu DC. Fi seguiu sua liderança e olhou pra trás.
Etain ainda estava deitada de bruços com seu rifle de concussão
apontado na direção certa, tarefa difícil com uma arma daquele tamanho,
mas seu arco de fogo deixava algo a desejar. Ele esperava que seu senso
Jedi de lugar certo e hora certa a impediria de explodir todos eles em
pedaços se tivesse aberto fogo.
Fi fez um gesto para se afastar, depois desistiu e apenas balançou a
cabeça para ela. Não. Gesticulou de volta, com a palma para cima e pulou
de pé. Ele se perguntou se alguém tinha pensado em ensinar-lhe sinais
básicos de mão.
Skirata ainda estava se desculpando.
— Eu deveria ter avisado que tinha transporte chegando. Isso foi
desleixado da minha parte. — A escotilha do táxi se abriu e um Wookiee,
que não era grande, com pouco mais de dois metros de altura, se desdobrou
para fora do táxi e saiu, jogando a cabeça para trás e bocejando em
reclamação.
— Certo, minha culpa. — disse Skirata. Ele levantou as duas mãos em
admissão para a montanha de pêlo marrom brilhante. — Eles só estão
nervosos, só isso. Nós carregaremos agora.
— Todos nós, naquilo? — Niner perguntou. Não era um táxi muito
grande. — Com o Wookiee também?
— Não, só os prisioneiros. Só carregue-os.
— Pra onde eles vão?
— É tudo o que você precisa saber agora.
Niner fez uma pausa, depois deu de ombros e acenou para Chefe, Fixer e
Atin para segui-lo de volta à Destemida.
Etain já havia se adiantado e andado até Skirata, com o rifle nas costas;
ela era tão pequena que parecia mais um acessório aparafusado à arma.
Darman reagiu e interveio para chamar a atenção de Skirata. Não que ele
precisasse, é claro. Skirata estava observando Etain, e parecia ter um olho
na rampa da Destemida, e estava aplacando o claramente irritado Wookiee,
de alguma forma lidando com situações da maneira mais habilidosa que ele
já havia feito.
— General. — disse ele. Fez uma pausa para acenar formalmente para
Etain, que, dado o desprezo geral de Skirata por alguém sem armadura,
parecia um começo bastante encorajador, decidiu Fi. — Temos um bom e
novo trabalho, e isso inclui você.
— Sargento. — disse ela, e inclinou a cabeça. — Você não é o que eu
esperava.
Skirata levantou uma sobrancelha.
— Nem você, General. — Ele empurrou o Wookiee alguns metros pra
trás, aparentemente imperturbável pelo fato de a criatura poder tê-lo usado
como pano de limpeza. Ele deu a volta. — Não, basta colocá-los no banco
de trás e dirigir. Deixe Vau fazer o resto.
A menção de Vau deu a Fi uma dica do que ele não conseguira entender
das palavras em Shyriiwo certo. Então o Wookiee estava entregando os
prisioneiros para Walon Vau. Parecia ter se oferecido para fazer algo que
Skirata preferia deixar para o Velho Psico, então. O Wookiee obviamente
não estava perguntando se eles queriam parar para almoçar.
— O que está acontecendo aqui? — Etain perguntou. — O que está
acontecendo com os prisioneiros?
— Questão civil, General. — disse Skirata, e recuou enquanto Niner e
Chefe passavam correndo, dirigindo um repulsor de baia médica com o que
pareciam três grandes rolos de cobertor. Eles agruparam cada um na parte
de trás do táxi com um pouco de grunhidos e xingamentos, depois bateram
uma escotilha para fechar. — Não se preocupe com isso.
— Mas estou me preocupando com isso.
O Wookiee latiu uma vez e se dobrou de volta no táxi. A embarcação
decolou e girou sobre o parapeito, sumindo de vista em um dos
desfiladeiros artificiais que pareciam alcançar o núcleo de Coruscant. Fi
lutou contra o desejo de espioná-lo, depois perdeu e andou alguns passos
para contemplar a borda.
Era uma longa, longa descida. Ele ficou impressionado com a enorme
escala e variedade: pedra polida, vidro cintilante, um borrão de
embarcações nas vias aéreas, a luz do sol nebulosa. Alienígena, totalmente
alienígena.
Skirata soltou um suspiro e balançou a cabeça levemente, como se
estivesse relaxando os músculos tensos do pescoço.
— General. — disse ele. — Você e eu precisamos conversar. Ômega,
Delta, um transporte os levará de volta ao quartel. — Ele fez uma pausa
para verificar seu crono. — Apenas relaxem por mil e quinhentas horas e
depois se reportem à sala de reuniões no Prédio de Administração Principal
do QG.
— Sim, Sargento. — disseram Niner e Chefe, absolutamente
sincronizados.
Mas Etain não ia desistir. Fi gostava bastante disso nela, mas ela podia
ser uma dor na shebs quando persistia. Aproximou-se um pouco mais de
Skirata.
— Eu não gosto de ser deixada no escuro, Sargento.
— Então esta galáxia será uma fonte constante de decepção para você,
General. — Por um segundo, Skirata usou aquele tom de voz que fazia Fi
enrijecer. Mas amoleceu assim que atingiu o seu alvo. — As coisas mudam.
Você pode dizer não a isso, e espero realmente que não, mas se o fizer,
Ômega, Delta e os meus garotos Nulos farão isso sem você.
Etain caiu em silêncio. Skirata poderia motivar um tijolo se ele se
dedicasse a isso. Queria ficar com o esquadrão e todos sabiam disso.
Olhou para ele como se estivesse ouvindo outras vozes.
— Se o Ômega não pode dizer não, eu também não posso.
— Bom. — disse Skirata. Ele afastou a gola da jaqueta e murmurou em
um minúsculo comunicador. Parecia que o General Jusik ainda gostava de
fornecer kits incomuns. — Em espera.
Fi espiou por cima do parapeito da plataforma da doca, segurando o
trilho de segurança para se inclinar um pouco mais e ver melhor. Era o tipo
de visão que os muito ricos pagavam uma fortuna para ver da janela deles,
mas você podia obtê-lo gratuitamente no Grande Exército, desde que não se
importasse em perder a cabeça para se qualificar para o privilégio.
Skirata encostou-se ao parapeito ao lado dele.
— Gostaria de fazer uma descida rápida até lá embaixo. — disse Fi. Ele
sempre gostou disso quando treinava em Kamino. Ele preferia vistas
infinitas a espaços apertados, assim como muitos de seus irmãos. Diziam
que era o legado de ser gestado em encubadoras de vidro; Ordo jurava que
conseguia se lembrar disso. — Há quanto tempo chegamos aqui, Sargento?
Podemos ver um pouco da cidade? Por favor?
— Sim, eu prometi a vocês a noite toda, não foi? Há quanto tempo?
— Oito meses. — Fi se lembrava, tudo bem: logo após o cerco ao
espaçoporto, a promessa de uma bebida do Capitão Obrim por um trabalho
bem-feito... e então Ordo os arrastou para outra missão. — Adoraria vê-lo
uma vez antes de. — Ele fez uma pausa. — Gostaria apenas de explorar um
pouco.
A sobrancelha de Skirata se enrugou brevemente e ele colocou a mão nas
costas de Fi.
— Não fale assim, filho. Você verá muito disso, prometo.
— Agora? — Muito abaixo, algo que poderia ter sido um pássaro saltou
repentinamente na fenda estrondosa de edifícios e despencou em alta
velocidade com as asas dobradas para trás até que Fi o perdeu de vista. A
plataforma tinha pelo menos cinco mil metros de altura. — Seria uma boa
mudança.
— Então você gosta do novo campo de batalha.
Fi se afastou da visão aparentemente ilimitada.
— Então estamos servindo em uma fragata de pedra?
— O que?
— Apenas algo que eu peguei dos rapazes a bordo da Destemida. —
Então, ele estava ensinando ao Sargento Kal uma nova gíria: isso era
alguma coisa. — Um trabalho em terra. Arquivando flimsi e respondendo
aos comunicadores. Muitas pausas para o caf.
— Tente resolução de ameaças. Interdição.
— Ah.
— Bem-vindo ao mundo do eufemismo, Fi. Nós lutaremos no terreno
mais difícil de todos. Bem no meio de bilhões de civis. Enfrentando
bandidos em Coruscant.
— Bom. — disse Fi. — Eu odeio viajar diariamente.
Quartel da Companhia Arca, Quartel General da Brigada de OE, Coruscant

Etain seguiu Skirata pela longa passagem que corria das portas principais
da ala do quartel da Arca, e parecia que estava seguindo um gdan.
A descrição do Esquadrão Ômega a fez pensar nele como um tio
gentilmente velho, um soldado veterano com uma fachada de conversa dura
que suava sangue para dar a uma geração de garotos o benefício de sua
sabedoria. Mas o que experimentou na Força foi muito diferente, assim
como a aparência dele era diferente da imagem mental dela.
Ele era um redemoinho de conflitos equilibrados, violência sombria
verdadeiramente fria atravessada por amores e ódios apaixonados e
vermelhos. Isso o marcava como um homem complexo que construíra uma
elite guerreira. Se olhava para ele de outra maneira, porém, ele estava muito
no lado sombrio: tudo o que havia aprendido a evitar.
Sim, ele a lembrava de um gdan, os carnívoros desagradáveis que
caçavam em bandos em Qiilura e atacavam qualquer presa; pequeno em
comparação à suas tropas, mas ferozmente, tenazmente agressivo.
E ele também não era o homem idoso que o esquadrão havia descrito
pela primeira vez. Para garotos de vinte anos, ele devia parecer velho. Mas
tinha cerca de sessenta anos-padrão, apenas meia-idade, e obviamente
estava em forma, exceto por sua tendência a arrastar a perna esquerda.
E parecia blindado.
Usava apenas uma jaqueta civil de couro de bantha marrom polido com
gola alta preta e calça marrom lisa, mas tinha a mesma presença que todos
os comandos. Ele estava pronto para alguma coisa. Dado que era um cabeça
mais baixo do que seu esquadrão, tinha um coxear pronunciado e ainda
assim parecia um problema, Etain decidiu que ele deveria ter sido um
soldado formidável. Percebeu que ainda era.
— Por aqui, senhora. — Ele conseguia fazer senhora soar como garota
de alguma forma; ele poderia fazer o mesmo com General. Mas como Jedi,
ela não tinha o direito de se sentir ofendida pela falta de deferência.
Percebeu que simplesmente desejava que ele gostasse dela. — Só uma
pequena conversa e você poderá encontrar o General Jusik e acompanhar os
eventos.
Sim, Skirata dava as ordens.
Ele a conduziu para uma sala lateral que acabou por ser uma cabine com
uma mesa, uma cadeira e uma cama estreita com uma bagagem semi
embalada sobre ela. Havia uma pilha arrumada de roupas, estojos de
equipamento militar de tecido com itens irregulares não identificados e um
conjunto de armaduras Mandalorianas douradas com areia e cicatrizes de
batalha.
A Força lhe dizia que era um quarto ordenado, cheio do caos miserável
de vidas quebradas, dor e miséria. Perguntou-se se era inteiramente dele,
mas se deteve de sondar mais, caso ele sentisse e reagisse. Ele era um
homem perigosamente perceptivo. Não tinha sentido qualquer animosidade
dirigida a ela.
— Capacete legal. — disse ela. Tinha símbolos vermelhos e dourados
detalhados, e a seção de liga que formava o T ocular da viseira era preta
como azeviche. Havia ranhuras e arranhões reveladores, como se uma
enorme criatura o tivesse arranhado. — Fi ainda tem a armadura de Hokan?
Skirata assentiu.
— Com certeza tem. Niner disse que ele poderia ficar com ela e a guarda
escondida no armário dele.
Etain pensou em Ghez Hokan e em como ela havia confundido Darman
com o brutal executor de Qiilura, simplesmente por causa daquele capacete
sinistro com a sua fenda em forma de T. Fi estava com o capacete agora. E
isso porque Etain havia cortado a cabeça de Hokan com seu sabre de luz,
quase um ano e uma vida atrás, enquanto ainda não estava acostumada a
matar.
Era uma armadura vermelha com um acabamento cinza distinto. Ela
lembrava disso vividamente.
Os capacetes Mandalorianos não pareciam tão assustadores agora. A
forma era familiar: era até bem-vinda. Mas, de algum modo, ela havia
esquecido que Skirata, e a maioria dos sargentos treinados para forçar
garotos como Darman em comandos de elite, haviam sido mercenários
Mandalorianos escolhidos a dedo por Jango Fett.
Perguntou-se se teria visto Skirata da mesma maneira nove meses antes,
se ele fosse seu inimigo em Qiilura.
— Fazendo as malas ou desfazendo?
— Fazendo. — Ele levantou as sacolas de tecido com cuidado e elas
fizeram um barulho metálico: armas. — Não podemos operar daqui.
Oficialmente, estamos de folga e em licença por tempo indeterminado. —
Colocou as placas de armadura na bolsa e colocou as roupas entre elas,
depois deslizou as armas no tecido. Ocorreu-lhe que isso provavelmente era
tudo o que ele possuía, o mercenário nômade pronto para avançar para a
próxima guerra. — Você é reticente, General? Quero dizer eticamente
reticente.
— Eu sou uma Jedi, Sargento.
— Bem, isso responde a muitas perguntas que eu não fiz.
— Faça-me uma pergunta específica.
— Você sabe o que significa operações escuras?
— Ah sim...
— Pensei que você saberia. Eu não tinha ideia de que você voltaria com
o Ômega agora, mas você passou quatro meses com Zey em Qiilura,
transformando os locais em guerrilheiros para combater os Separatistas,
certo? E antes disso você sobreviveu enquanto o Mestre Fulier não. Então
eu acho que você é muito útil em uma luta.
— Eu conheço as minhas fraquezas.
Skirata fez uma pausa e levantou os olhos das malas.
— Melhor conhecimento de todos.
— Apenas me diga o que está em jogo. — disse Etain.
— Aí está um pedido interessante vindo de uma Jedi. — Ele colocou a
mão cuidadosamente no lado da mala e retirou um pequeno pacote
embrulhado em pano. Quando o desembrulhou e o estendeu na palma da
mão, ela pôde ver que havia pequenas barras de digitalização montadas em
fragmentos de liga de plastóide branca. — Pra mim, parar mais desses. Para
a República, interromper a atividade que limita a capacidade do Grande
Exército de implantar. Para o Senado, mostrar aos Separatistas que eles não
podem atacar aqui à vontade. Faça a sua escolha!
Sabia o que eram os objetos agora: ela os vira em centenas de placas no
peito. Eram contagens de armaduras, os dispositivos de identificação que
todos os clone troopers usavam.
— Vou ficar com a primeira opção. — Ela pensou no outro Fi, aquele
que não estava mais vivo para estar jovialmente animado como o seu
homônimo com a perspectiva de ver o Coruscant que ficava além do
quartel. — Você acredita que eu vou ter alguma utilidade?
— Nas operações urbanas, uma mulher é sempre útil, Jedi ou não. Outra
ajuda para a invisibilidade: velhos di’kute como eu e mulheres como você.
Skirata sorriu e embrulhou as contagens de armadura. Etain enfiou a mão
em sua própria bolsa e percebeu que tinha ainda menos posses do que esse
nômade.
— E o General Jusik faz parte dessa operação? E o Mestre Zey?
— O General Zey não está oficialmente ciente disso.
— Se não estamos operando fora daqui, então onde?
— Ah, em algum lugar interessante. Me dê alguns dias e depois
podemos nos mudar. Além disso, os garotos precisam descansar.
Então ele não ia lhe contar. Bom.
— O Delta parece um pouco... diferente do Ômega. Presumo que você
tenha confiança neles?
— Ah, eles são bons rapazes. — Ele mexeu nos bolsos do paletó e tirou
fichas de crédito, restos de flimsi e um dispositivo de metal de aparência
desagradável, com uma fileira de espinhos curtos e selvagens e que
pareciam ter orifícios para quatro dedos. Ela olhou. Ele colocou sobre a
mesa. — O hormônio que os torna durões é o mesmo que os torna difíceis
também. — O conteúdo da jaqueta de Skirata continuou a se acumular na
mesa. Uma bobina de arame fino, uma faca de quinze centímetros com uma
lâmina afiada de três lados, um blaster atarracado personalizado e um
pedaço de corrente pesada e afiada juntaram-se ao monte. — Não que os
pobres ad’ike estejam de folga, é claro. Mas quando você diz a palavra, eles
ficam assim. — Ele estalou os dedos para mostrar imediatismo. Sim, ela
vira isso.
Skirata tirou a jaqueta, revelando surpreendentemente ombros largos e
um coldre nas axilas com o que parecia uma pistola Verpine modificada.
Ele pendurou a roupa nas costas de uma cadeira. Etain calculou que ele
ainda estava excepcionalmente em forma à maneira magra de homens
pequenos e continuou a revisar sua visão dele como um homem que só
podia treinar outros para lutar.
E ela nunca tinha visto tantos instrumentos dedicados a ferir e destruir na
posse de um homem, nem mesmo de um comando da República. Indicou as
armas com a cabeça inclinada e esperou por um indício de por que ele as
carregava.
Skirata fez uma pausa, passando a mão pelos cabelos grisalhos.
— O que? — ele perguntou, parecendo confuso.
— O... equipamento. — Ele era um arsenal ambulante. — As armas.
— Ah, não se preocupe. — Ele claramente não tinha entendido. — Não
carrego muitas ferramentas quando estou em áreas civis. Não quero ser
muito visível. Ordo cuida do resto. Seremos devidamente identificados
quando nos infiltramos. Adivinha? Consegui seis rifles Verpine de precisão.
Customizados e equipados com PEM. Requintados. Na verdade, não são
rifles, porque não têm canos, mas... — Ele sorriu de repente, aparentemente
distraído com um pensamento, e ela teve uma visão breve e vívida de outro
homem completamente diferente. — Você ainda não conheceu Ordo,
conheceu? Ele é um ótimo rapaz. Orgulho do meu coração, de verdade. Ele
e os irmãos dele.
Etain ficou totalmente desarmada com a sinceridade, que parecia
incongruente e, ao mesmo tempo, condizente com um homem que se
esforçara tanto para equipar seus jovens encarregados de sobreviver.
Sabia que ele era um assassino. Sabia que o seu povo tinha um longo
histórico de matar Jedi, até mesmo lutar pelos Sith. Sabia exatamente o que
ele era, mas não podia deixar de gostar dele e saber que ele seria muito,
muito importante pra ela pelo resto da vida.
Sua certeza estava na Força. E sabia que o que viria nos próximos dias e
meses a levaria além de seus limites e não lhe traria nenhum sentimento de
paz ou entendimento como Jedi. Mas a Força mostraria a ela qual era o seu
destino.
CAPÍTULO 7
Eu acho significativo que a taxa de baixas entre esquadrões de comandos treinados por
Mandalorianos seja menor do que aqueles treinados por outras raças. De alguma forma, os
Mandalorianos impregnam as suas incumbências com um senso de propósito, autoconfiança e
senso quase obsessivo de clã, de família, que lhes dá uma vantagem genuína de sobrevivência.
Sejamos gratos por estarem do nosso lado desta vez.
— General Arligan Zey, Diretor de Forças Especiais, oficial comandante da Brigada de
Forças Especiais, dirigindo-se ao Conselho Jedi

Quartel General da Brigada de Operações Especiais, Coruscant, sala


de reuniões 8, 1500 horas, 370 dias após Geonosis

ensei que teríamos uma conversa. — disse Skirata. Ele virou uma
—P cadeira e girou as pernas, dobrando os braços na cadeira e
apoiando o queixo neles. — Apenas nós, garotos Mando. Sem aruetiise
presentes.
O Esquadrão Delta havia se acomodado em um lado da sala de reuniões
e o Ômega no outro, com a mesa entre eles. Skirata poderia ter cortado a
atmosfera entre Atin e Sev com uma vibrolâmina: como poderiam pensar
que não havia notado? Sabia ler todas as nuances dos homens clonados
como um livro, mesmo que não fosse os que conhecia intimamente. De
fato, podia ler a maioria das espécies agora. Então, ou pensaram que era
estúpido, ou estavam tão à vontade em sua companhia que não sentiram
necessidade de disfarçar seus sentimentos.
E os garotos do Delta, assim como os Ômega, eram dolorosamente leais
a seus sargentos. Eles estavam sentados com seus uniformes vermelho
escuro, parecendo perturbadoramente jovens sem as suas armaduras e
armas.
— Você não vê Tur-Mukan ou Jusik como traidores, vê? — Darman
disse.
— Eu estava usando aruetiise no sentido geral de não Mandaloriano. —
Ah, Darman estava afeiçoado a Etain, não é? Ele teria que ficar de olho
nisso. — O que tenho a dizer são apenas assuntos de esquadrão, não de
oficiais. — Skirata soltou a faca da manga e mexeu na lâmina, passando a
ponta do dedo cuidadosamente pela ponta afiada. — Espero que estejam
ouvindo isso, Delta.
— Sim, Sargento. — Chefe estava olhando-o atentamente.
— E você, Sev.
Sev olhou para Atin por uma fração de segundo, mas o suficiente para
confirmar o palpite de Skirata.
— Sim, Sargento.
— Certo, número um: qualquer animosidade entre eu e Vau é da nossa
conta, não da sua. Se algum de vocês quiser brigar por isso, eu
pessoalmente farei vocês se arrependerem. Guardem para os bandidos.
O silêncio foi quase sólido. Atin olhava à frente, sem piscar; Sev
comprimiu os lábios como se estivesse sufocando o protesto e lançou um
olhar para Niner. Darman e Fi simplesmente pareciam confusos.
— Não, Sev. — disse Skirata. — Niner não me disse uma palavra, mas
tenho olhos nas costas e uma memória muito boa. Você não tem rancor
contra Atin, entendeu? Se quiser discutir sobre a minha pequena briga com
Vau, então vai ter que lidar comigo.
— Entendido, Sargento.
— Boa. Prove.
— Perdão?
— Vocês dois. — Skirata acenou para Atin e Sev com a ponta de sua
lâmina. — Levantem-se e apertem as mãos.
Nem Atin nem Sev se mexeram por um momento.
— Eu disse, levantem-se e apertem as mãos. Agora.
Skirata se perguntou se os havia perdido, mas Atin se levantou um pouco
antes de Sev. Inclinaram-se sobre a mesa que os separava e apertaram as
mãos conforme ordenados.
— Agora façam de novo e de verdade. — disse Skirata em voz baixa. —
Vocês precisam ser um time agora, um grande esquadrão, e quando eu
contar o que estamos enfrentando, vocês entenderão o porquê. Chefe,
espero que mantenha seus garotos na linha.
Chefe se inclinou para frente e empurrou Sev pelas costas.
— Você ouviu o sargento.
Atin estendeu a mão novamente. Sev pegou e encolheu os ombros.
— Bom. — disse Skirata. — Porque estamos fora das paradas agora. O
que estamos prestes a fazer não tem autorização oficial do Senado ou dos
generais; portanto, se errarmos, ficaremos por nossa conta.
— Ah. — disse Scorch. — Então Jusik e Tur-Mukan não sabem disso.
— Ah sim, eles sabem.
— Então quem somos nós?
— Vocês, nossos jovens generais, Ordo, Vau e eu.
Scorch levantou as sobrancelhas.
— Você está operacional de novo?
Estava na hora de um pequeno teatro.
— Sim. — Skirata arremessou sua faca com a precisão requintada
nascida de décadas de sobrevivência por ela. Ela encaixou-se nos painéis de
madeira atrás de Sev, meio metro à sua direita. — Aposto que você não
pode fazer isso com uma vibrolâmina, filho.
— Ele pode, se eu o pegar e jogá-lo. — disse Fi.
Todos riram. Skirata imaginou se eles ainda estariam rindo em alguns
minutos. Ordo chegaria em breve. Com alguma sorte, ele e Vau teriam
tirado algumas informações de Orjul; os Niktos provavelmente eram muito
duros, mesmo para Vau rachar dessa vez.
No final, isso poderia não ter importância. Ele tinha a sua equipe pronta
para implantar em Coruscant agora: a sua equipe, não da República, e eles
poderiam fazer coisas que a FSC não faria ou não podia. Obrim tinha as
mãos atadas por leis e procedimentos, e talvez até tivesse um espião entre
os seus próprios camaradas.
Mas essa equipe de ataque não tinha leis: ela nem existia. No Triplo
Zero, era... zero.
Skirata não perguntou a Zey o que aconteceria com eles se entendessem
errado. Poderiam acabar mortos, todos eles. Era um detalhe acadêmico.
Scorch levantou-se, puxou a faca da parede e devolveu-a a Skirata com
um sorriso. Fixer aplaudiu.
— Lembram de todas aquelas coisas sujas de operações sombrias que eu
e Vau ensinamos a vocês? — Skirata deslizou a lâmina de volta pela manga
novamente. A faca do meu pai. Tudo o que tenho dele. Tirei-a do corpo
dele. — Ou vocês registraram o material entediante junto com pedidos de
contingência e procedimentos de emergência?
— Acho que lembramos, Sargento.
Skirata se lembrava e não queria. Era um treinamento que precisava ser
feito. Isso partiu o seu coração, mas seria tudo o que havia entre aqueles
garotos e a morte mais cedo ou mais tarde. Eles tinham que ser capazes de
enfrentar o inimaginável e, sim, havia coisas ainda piores do que enfrentar
uma linha de droides com seus camaradas.
Havia coisas que você poderia ter que enfrentar sozinho, em uma sala
trancada, sem esperança de resgate.
Talvez Vau estivesse certo. Talvez os aprendizes precisassem ser
brutalizados além do ponto em que eram apenas corajosos, empurrados para
um estado de existência em que se tornavam animais com a intenção apenas
de sobreviver. Foi assim que Vau quase matou Atin. Foi por isso que Skirata
foi atrás de Vau e quase o matou.
— Não tenho orgulho do que fiz com vocês. — disse Skirata.
— Você rastejou primeiro pelas tripas do nerf, Sargento. Parecia tão
divertido que nós o seguimos. — Fi riu numa gargalhada e recostou-se na
cadeira. — E então você vomitou.
O Sickener, como eles o chamaram. Mais um teste de resistência para
garantir que eles pudessem enfrentar condições que quebrariam e matariam
homens menores, rastejando por uma vala cheia de tripas podres de nerf.
Mas houve mais testes por vir. Uma noite em temperaturas tipo Fest; não
dormir por três dias, talvez mais; água escassa, um pacote completo de
sessenta quilos e calor escaldante; e muita dor. Dor, abuso verbal impiedoso
e humilhação. Um comando capturado poderia esperar um interrogatório
brutal. Eles tinham que ser capazes de aguentar sem quebrar, e era preciso
alguma imaginação para testar isso até o limite.
Quão longe é longe demais, Kal?
Vau era muito mais desapegado em distribuir todo aquele castigo do que
Skirata jamais poderia ser. Era muito difícil machucar seus filhos, mesmo
que isso os ajudasse a sobreviver ao impossível.
— Bem. — disse Skirata, mortificado que Fi pudesse levar aquilo com
tanto bom humor. — As tripas de nerf eram a parte divertida. Tudo vai
ladeira abaixo depois disso.
Sev parecia bastante animado.
— Podemos cometer assassinatos?
— Se cometermos, eles nunca aconteceram. Você os imaginou.
— Opa. Meu dedo escorregou no gatilho, Sargento. Sério.
— Você entende rapidamente o fascinante mundo da política em que
agora nos encontramos, jovem.
— Tudo bem se eu disser que os políticos são chakaare covardes? —
Scorch perguntou.
— Chame do que quiser, filho. Você ainda não pode votar. — Skirata
sentiu o barulho de botas andando pela passagem do lado de fora. A
vibração continuou; as suas vozes não. — Guerras são violência legal. Todo
o resto é apenas crime. Felizmente, somos Mandalorianos, por isso estamos
muito menos orgulhosos com essa excelente distinção.
— Apenas nos aponte para os bandidos e diga vão.
— Essa é a parte embaraçosa.
— O que é? — Scorch perguntou.
— Vocês precisam encontrá-los primeiro.
— Bem, encontramos alguns até agora...
Delta riu como um homem só, até Sev, e Ômega se juntou a eles. O
sistema de entrada codificado tocou e as portas se abriram. Ordo passou por
eles, provavelmente ciente do tipo de entrada que poderia fazer.
O Delta nunca havia trabalhado com um CRA Nulo antes. Talvez eles
achassem que não seria diferente de trabalhar com o Alfa ou qualquer outro
trooper CRA treinado por Jango. Skirata assistiu com interesse. Ordo
certamente quebraria um pouco mais do gelo.
— Senhor! — Delta disse bruscamente, todos de uma vez. Niner e o
resto do Ômega apenas tocaram suas sobrancelhas casualmente.
— Desculpe o atraso, Sargento. — Ordo tirou o capacete, enfiou-o
debaixo de um braço e entregou a Skirata um datapad e um pacote
embrulhado em flimsi bastante pesado do tamanho de uma pequena caixa
de blaster. — Não há muita informação, mas Vau ainda está trabalhando no
problema. E o General Jusik envia os seus cumprimentos.
— Obrigado, Capitão. — Skirata olhou para ele e depois desembrulhou o
pacote. Mas não era uma arma; era uma caixa de nozes vweliu cristalizadas.
Jusik era realmente um oficial muito atencioso. Skirata quebrou a vedação e
levantou-se para colocá-lo sobre a mesa ao alcance de ambos os
esquadrões. — Encham as suas botas, rapazes.
Fi tinha o sorriso bobo de sempre em seu rosto, o menor indício de que
poderia estar planejando fazer algo às custas de Ordo.
— Ooh, linda saia nova! — disse Fi. — Você passou por todo esse
problema só para nós? O que aconteceu com o velho kama? Encolheu na
lavagem?
Levantou-se e ficou um passo ou dois à frente de Ordo, ainda sorrindo e
claramente esperando algum tapa nas costas ou outro show de prazer no
reencontro depois de vários meses.
— Com licença, Sargento. — disse Ordo calmamente, e jogou Fi no
chão com uma pressão corporal não muito brincalhona. Fi gritou. Ser
atingido por alguém de armadura quando você não estava usando a sua
própria machuca.
A expressão de Chefe foi um estudo de choque. Os garotos do Delta se
levantaram de seus assentos e olharam como se debatessem se entrariam ou
terminariam. Ordo parecia uma morte fria; até Skirata tinha momentos em
que não tinha certeza de qual direção Ordo pularia.
— Sua boca grande vai te causar muitos problemas um dia. — o CRA
sibilou. Fi, com os olhos fixos nos olhos de Ordo, o pescoço tenso, parecia
pronto para revidar. — Então é melhor você esperar que eu esteja lá quando
isso acontecer. — Então Ordo começou a rir e se levantou de uma só vez.
Puxou Fi pelo braço, batendo nas costas dele com entusiasmo. — A
companhia antiga voltou a se reunir, não é? Coisa boa!
Chefe olhou para Skirata, que sorria enigmaticamente, ou assim
esperava. Os Nulos eram os melhores amigos ou os piores inimigos
imagináveis. Fi, felizmente, tinha um amigo dedicado. Ainda parecia
abalado com a natureza da reunião, no entanto.
— Tudo bem, você pode afinar agora e retomaremos amanhã de manhã
com nossos pequenos generais para uma instrução completa das
informações às 8. — disse Skirata. — Agora que todos nós nos entendemos.
Ordo pegou um punhado de nozes cristalizadas e saiu com Skirata. Os
dois homens estavam no corredor, dando aos esquadrões a chance de
conversar agora que os Delta estavam adequadamente nervosos. E talvez
eles pensassem que não podia ouvi-los, mas Skirata não era tão difícil de
ouvir quanto imaginavam, com anos de exposição a tiros ensurdecedores ou
não.
E não era o que ele esperava ouvir.
— Fierfek, me lembro de pensar que ele estava apenas sem fôlego, mas
na verdade estava chorando e vomitando. E não foram as tripas nerf.
— Ele nunca gostou de nos bater.
— E ele sempre se desculpava e se certificava de que estávamos bem
depois.
— Grande homem. — Aquele era Niner falando. — Jatne'buir.
O melhor pai. Bem, isso era uma piada. Os seus próprios filhos o
deserdaram formalmente e o declararam dar'buir: Não mais um pai. Era
uma coisa muito rara e vergonhosa para um pai Mando ser formalmente
evitado por seus filhos.
Mas não poderia ter deixado Kamino, nem mesmo ter contado onde
estava e que não os abandonara completamente. Nem Ordo sabia da
declaração de dar'buir.
Você colocou os seus clones em primeiro lugar, antes de sua própria
carne e sangue, não foi?
— Você está bem?
E não me arrependo de ter feito isso, nem por um segundo.
— Eu estou bem, Ord'ika. Vau deve estar perdendo o jeito, então. Não
tem nada de útil dos nossos amigos?
— Pode não haver nada para sair deles, é claro. Mas não é um processo
rápido, interrogar suspeitos experientes sem matá-los.
— Que tal pedir para um dos nossos jetiise ajudar? Eles são bons em
persuasão.
— Possivelmente muito suscetível. Jusik está sempre ansioso para
agradar, no entanto.
— Ele tem muito mais uso em campo. Rapaz corajoso, prático com
tecnologia e um bom piloto. Mas a garota tem uma vantagem nela. Vamos
ver se ela colocará o pragmatismo acima do princípio.
— Você não gosta deles, Kal'buir?
— Não é uma questão de gostar ou não. É se eles são confiáveis. Olha,
Zey vai desperdiçar você e até o último clone, e eu, se ele achar que vencerá
a guerra e salvará civis. Mas Jusik te adora. E não sei qual desses dois
extremos é o mais perigoso.
— Esta é a sua oportunidade de ajudá-los a se tornarem os soldados que
você fez de nós, então.
Ai.
— Por que sempre sinto que você era mais homem aos quatro anos do
que eu jamais seria?
Ordo deu-lhe um empurrão brincalhão. Ele estava claramente de bom
humor hoje.
— Deixe-me pedir à General Tur-Mukan para interrogar os prisioneiros.
Se ela achar isso moralmente inaceitável, a visão dela de você não será
manchada por isso.
Skirata teve que morder o lábio. Ordo frequentemente o envergonhava
com compaixão e diplomacia inesperadas.
— É, eu acho que ela achará mais fácil fazer as coisas heroicas de
infantaria do que se sujar conosco. Mas deixe-a pra mim.
— Muito bem. — disse Ordo. — Você decidiu onde precisamos basear a
operação?
— Eu tenho algumas pessoas que me devem favores. Onde você
esconderia soldados?
— Esconder esconder ou apenas esconder?
— Esconder-sem-muita-atenção-da-atividade.
— Em algum lugar com um bar. Em algum lugar onde você recebe muita
gente fora de serviço.
— Vocês não bebem. Nunca vi um clone beber muito de qualquer forma.
— Skirata foi subitamente emboscado novamente pelo cérebro ágil de
Ordo. Para um homem que sabia pouco da vida além da guerra, a sua
capacidade de aprender e extrapolar com o menor pedaço de informação era
de tirar o fôlego. — E você nunca sai de serviço.
— Você disse, Kal'buir, que poderia disfarçar a presença de alguns
garotos grandes e armados, tendo muito mais deles por perto. Você ia ver
Mar Rugeyan sobre uma cortina de fumaça.
— Desculpa?
— Lembra de Mar Rugeyan? O homem que consegue falar pelos três
cantos da boca ao mesmo tempo? O homem que você pegou pelo...
Kal lembrou, tudo bem.
— Sim, se eu soubesse que precisaria dele, teria sido um pouco mais
cuidadoso.
— Acho que posso propor uma ideia que ele possa achar atraente.
— Isso envolveria deixar contusões?
— Eu não planejava machucá-lo. Apenas indicar que se os troopers
tiverem permissão de sair em número considerável, isso também
tranquilizaria o público. Eventualmente, nos tornaríamos invisíveis. —
Ordo ponderou, o que contava um pequeno cenho franzido na testa. Às
vezes, o seu intelecto impressionante e a sua memória perfeita não o
ajudavam a processar o mundo real nem um pouco, pelo menos não no que
dizia respeito a Skirata. — Deixe-me tentar, Kal'buir. Eu prometo que serei
mais diplomático.
— Foi uma piada, Ord'ika. Eu acho que você provavelmente tem tanta
chance de encantá-lo como eu teria agora.
— Eu já te decepcionei?
Não era uma pergunta retórica. Skirata estava mortificado. Era muito
fácil sair da reunião cheio de confiança agressiva e esquecer que Ordo,
musculoso, letal, o soldado supremo, era vulnerável à aprovação de uma
pessoa apenas: ele. Era como se Ordo voltasse a ser aquela criança literal e
confiante, a pessoa que decidira que a única pessoa na galáxia que cuidaria
dele e de seus irmãos era um mercenário que não gostava muito de
Kaminoanos.
— Eu não quis dizer isso literalmente. — Skirata estendeu a mão e
bagunçou o cabelo dele, como fazia quando Ordo era um garotinho
assustado, aterrorizado pelos raios de Kamino, exceto que não tinha
chegado tão longe naqueles dias. — Você é o meu orgulho e alegria. Você
não poderia ser mais inteligente, melhor ou mais corajoso, nenhum de vocês
poderia.
Ordo ficou em branco por um momento e depois conseguiu sorrir, mas
era o gesto de aplacar de uma criança ameaçada.
— Eu sei que tenho lacunas no meu conhecimento.
— Ah, filho... eu vou mudar isso. Para todos vocês.
— Eu sei, Kal'buir. — Sua confiança era transparente e absoluta. —
Você é nosso protetor e sempre o serviremos.
Skirata estremeceu. A fé era devastadora se você não fosse um deus.
Mas não me arrependo. Não, nem por um segundo.
Centro de Logística, Grande Exército da República, QG do Comando Coruscant, 370 dias
após Geonosis

— Você não está na lista de pessoal autorizado para este centro. — disse
o droide de segurança nas portas.
Ordo passou por ele e digitou um código memorizado no painel da porta.
A sentinela era um bloco sólido com quatro braços, a uma cabeça mais
baixa do que ele.
— Muito bem. Você está certo em me desafiar.
— Senhor...
Ordo enfiou a mão no cinto e tirou uma sonda. O droide era rápido, mas
não rápido o suficiente para evitar a sonda que Ordo deslizou
silenciosamente na abertura de comando em seu peito. Houve um som
de chack-chack-chack de unidades de memória e motores parando por um
momento, e então o droide pareceu aplacado.
— Você parece estar na lista de pessoal autorizado. — disse. — Você
tem acesso a todas as áreas, incluindo as restritas aos funcionários, sem
rastreamento de segurança no local.
— Excelente. — disse Ordo, passando pelas portas do saguão de
mármore branco polido. — Eu sou uma pessoa muito particular.
E era fácil ser particular quando você usava armadura. Ninguém prestava
muita atenção a um clone dentro do complexo do GER, nem mesmo um
usando o uniforme de capitão de um trooper da CRA.
Era simplesmente uma questão de parecer que você tinha todo o direito
de cuidar dos seus negócios. E os negócios adequados da equipe Nula eram
tudo o que Kal Skirata julgava ser. No momento, isso significava identificar
um método de inserção de vigilância secreta na Logística, o local mais
provável para um espião que pudesse transmitir informações muito precisas
sobre transporte e movimentos de empreiteiros aos Separatistas.
Ordo pegou o seu datapad e o consultou com frequência, como se
estivesse aqui para uma visita de rotina. Sem a possibilidade do contato
visual, nenhum membro da equipe civil parecia registrar sua presença. As
armaduras brancas aqui eram geralmente clone troopers que eram
fisicamente impróprios para o serviço de linha de frente, engenheiros ou
Troopers CRA realizando inspeções ocasionais para seus generais.
Depois de entrar em alguns escritórios, surpreender os droides e receber
um olhar ocasional de técnicos civis, Ordo entrou na sala de operações no
coração da ala de logística e encontrou o ouro.
Era uma grande sala circular com paredes cobertas de holográficos de
movimentos de tropas e materiais. Dançava com luz e cor brilhantes, uma
Tela Visualização Frontal em grande escala. No coração da sala, havia uma
grande mesa com várias estações, composta por dois droides, quatro
humanos, seis Sullustanos, três Nimbaneses e...
... um clone trooper, sem capacete.
— Excelente. — disse Ordo em voz alta.
O clone trooper se levantou e fez uma saudação, apesar de ser
tecnicamente um mau exemplo de protocolo fazê-lo sem o capacete no
lugar. Ordo retornou a saudação de qualquer maneira.
— Problema com o seu capacete, trooper?
O homem abaixou a voz.
— Ele deixa os civis nervosos, senhor. Eles preferem ver os meus olhos.
Ordo se irritou. Ele nunca se contentaria com os caprichos dos civis.
— Estou realizando uma pesquisa de rotina para o general Camas. — Ele
não deu ao homem a sua designação. Os CRAs Alfa raramente se
preocupavam em se identificar nos escalões inferiores. Olhou para os civis:
um dos Nimbaneses e uma mulher humana ergueram os olhos para ele. O
pálido reptiliano Nimbanel era interessante como um detalhe, mas a fêmea
humana foi o suficiente para fazê-lo parar, encará-la e notá-la como
suspeita. Ela sorriu pra ele. Ainda estava com o capacete, mas ela sorriu
para ele e ela era chocantemente bonita; ambos eram fatos preocupantes em
um departamento administrativo. Ela olhou para o console de dados,
perdida em seu trabalho novamente e jogou longos cabelos loiros pálidos
por cima do ombro.
— Trooper. — disse Ordo. Ele chamou o homem para ele. — Gostaria
que você me informasse sobre a operação desta unidade.
Eles andaram do lado de fora das portas principais e Ordo tirou o
capacete para olhar um irmão nos olhos e dar-lhe o devido respeito. O
escâner de registro de suas luvas lhe disse que o homem era CT-5108/8843,
um agente de EDB: um especialista em descarte de bombas, o tipo de
homem que desarmava armadilhas e UXBs para que outros soldados
pudessem avançar, o tipo de homem que poderia fazer esse trabalho que
nem os droides conseguiam.
A conexão com os explosivos não foi perdida por Ordo nem por um
momento.
— Qual é o seu nome?
O Trooper hesitou.
— Corr, senhor. — ele disse calmamente.
— E o que te traz aqui?
Corr fez uma pausa e depois tirou as manoplas.
Ele não tinha mãos.
Elas foram substituídas por duas próteses simples, tão básicas que não
tinham revestimento sintético, apenas o mecanismo de duraço. Ordo nem
precisou perguntar como as havia adquirido. De alguma forma, perder as
duas mãos era chocante de uma maneira que perder uma não era. Mãos
definiam a humanidade.
— Há falta de peças, senhor, com tantos homens feridos e precisando de
próteses. — disse Corr se desculpando. — E isso não é bom o suficiente
para eu fazer o meu trabalho na linha de frente. Assim que as peças
chegarem, eu voltarei.
Ordo sabia o que Kal’buir teria dito e foi movido a fazer o mesmo, mas
este não era o momento nem o lugar. Ele se conteve.
— Eles tratam você adequadamente aqui?
Corr deu de ombros.
— Bem. Na verdade, senhor, os civis tendem a não falar muito comigo,
exceto a supervisora Wennen. Ela é mesmo muito gentil comigo.
Ordo podia ver isso chegando.
— Wennen seria a mulher loira, não é?
Corr assentiu, com a sua expressão visivelmente suavizada.
— Besany Wennen. Ela não aprova a luta, senhor, mas não deixa que
isso afete o seu trabalho e está cuidando de mim muito bem.
Pobre soldado ingênuo.
— Quão bem?
— Almoçamos juntos e ela me levou para visitar o Museu Galáctico.
Fascinante. Ordo aprendeu a sabedoria da desconfiança desde muito
cedo. Mulher glamourosa, especialista em EDB, centro de logística: ele
poderia resolver isso. Não iniciar a sua observação aqui teria sido estúpido,
mas havia pouco a ganhar com a colisão ainda.
— Quantos turnos?
— Três por lista diária, senhor.
— Talvez eu precise pedir que você faça algo por mim, Corr.
— Certamente, senhor.
— Mas quando eu fizer isso, será confidencial e você não discutirá isso
com ninguém, nem mesmo com a sua supervisora. Isso fará parte de uma
auditoria rotineira de fraude, só isso, e é por isso que preciso do seu
silêncio. — Importava se ele lhe dissesse o seu nome? Somente o círculo
interior das forças especiais sabia quem ele era de qualquer maneira. —
Meu nome é... Ordo. Não mencione isso para ninguém.
— Sim, senhor. Entendido.
Ordo queria lhe dizer que ele entendia sua solidão entre estranhos e sua
necessidade de estar de volta com seus irmãos no fronte, realizando um
trabalho real. Mas não pôde dizer nada. Ele o conduziu de volta à sala de
operações, notou o sorriso adorável e aparentemente genuíno que a
supervisora Wennen deu a ele, e parou ao sair para entrar no transmissor
comunicador automático e colocar um dispositivo de monitoramento.
Pobre Corr. Ordo deu um tapinha na cabeça do droide sentinela e
caminhou até o speeder estacionado.
CAPÍTULO 8
Sim, eu sei como os Kaminoanos fizeram isso. Eles usaram os nossos genes contra nós,
aqueles que nos vinculam aos nossos irmãos, nos tornam leais, nos fazem respeitar e obedecer
aos nossos pais, foi isso que eles manipularam para aumentar a probabilidade de obedecermos
às ordens. Eles tiveram que remover o que tornava Jango um solitário egoísta, porque isso é um
mau soldado de infantaria, e você pode dizer pelos CRAs Alfa que os Kaminoanos não estavam
errados. Mas há uma coisa que ainda não sei, e é como que eles controlaram o processo de
envelhecimento. Essa é a chave. Eles nos roubaram uma vida inteira. Mas não seremos
derrotados pelo tempo, ner vod.
— O tenente trooper CRA N-7. - Mereel. — Em uma transmissão criptografada para N-11,
Ordo

Administração da República, Gabinete do Chefe de Assuntos


Públicos do Senado, piso 391, Centro de Serviços de Suporte, 370 dias
após Geonosis

O escritório de Mar Rugeyan ficava muito perto do último andar do


prédio da administração e tinha uma vista pela qual alguns senadores
teriam matado para ter. Ordo se perguntou como Rugeyan teria matado,
metaforicamente, de qualquer maneira, porque tinha o ar de um homem que
acabaria com alguém no seu caminho sem pensar duas vezes.
Era uma longa descida. Ordo enfiou o capacete embaixo do braço e
admirou o fluxo constante de speeders nas pistas do céu abaixo.
— Já faz um tempo. — disse Rugeyan, perfeitamente agradável. — Eu
nunca imaginei que poderia estar em posição de qualquer ajuda para você.
A ameaça sutil não foi perdida por Skirata, pelo menos se a taxa de
piscadas dele fosse alguma coisa.
— Agradeço sua ajuda durante o cerco. Você se lembra do meu capitão,
não é? Capitão Ordo? Senhor, o Sr. Rugeyan pode lhe oferecer algo para
beber?
— Um copo de suco seria muito bem-vindo, obrigado. — Skirata era de
fato inferior na classificação, mas sempre deixava Ordo desconfortável ao
ouvir Kal'buir chamá-lo de senhor. — Estávamos pensando se você poderia
nos aconselhar.
Rugeyan não demonstrou nenhum desconforto ao conversar com um
clone.
— Fico feliz em ajudar, Capitão. — Ele tocou em algo em sua mesa. —
Refrescos, por favor, Jayl. Suco e alguns bolos. — Ele sorriu. — Mas sobre
o que eu poderia aconselhá-los? Você parece ter sua imagem pública muito
bem aprimorada. Inteligente, eficiente e nobre. Não se pode comprar uma
imagem assim.
— Consideramos que nossas tropas deveriam ter um pouco mais de
conforto na vida e sabemos quanto peso o seu conselho possui com os
principais membros do Departamento de Defesa. — disse Ordo.
— Ah. — Os olhos de Rugeyan se estreitaram um pouco. — Certo,
também. O que você quer disso, então?
— Folga.
— Mais folga?
— Qualquer folga. Eles não têm licença. Qualquer tempo de inatividade
é gasto em quartéis ou em treinamento.
— Ah.
— Você não sabia disso?
— Não, francamente, eu não sabia. Eu nunca perguntei. — Rugeyan
realmente pareceu surpreso, ou pelo menos ele estava fingindo muito bem.
— Mas isso é uma decisão de comando. Eles não se dobram facilmente a
servidores públicos como eu.
Ordo pegou um copo de suco esmeralda brilhante entregue a ele pela
jovem assistente de Rugeyan, que simplesmente o encarou, examinando-os.
Kal'buir estava certo: os civis nunca viam clone troopers cara a cara.
Isso quase o jogou para fora dos trilhos.
— Em termos estratégicos, a retirada temporária de alguns milhares de
tropas da linha de frente faz muito pouca diferença. — disse ele. — Mas
tenho certeza de que você sabe que a guerra não se resume a tiros e
explosões. Existe outro fronte, e é aqui. — Ordo bateu na têmpora. —
Tropas visíveis ao redor de Coruscant. Bom para a confiança do público no
momento, com a constante ameaça de ataques terroristas. E bom para os
nossos homens.
Rugeyan brincou com um bolo cravejado de pedaços de frutas vermelhas
e roxas cintilantes.
— Eu admito que o Senado gostaria de alguns resultados positivos nos
ataques terroristas. Está fazendo a administração parecer desamparada. Por
mais que eu respeite os nossos colegas na FSC, eles não estão fazendo
muito progresso, estão?
Skirata interrompeu.
— Mas, se fizessem, seria muito oportuno, não seria? E tenho certeza de
que você será informado imediatamente.
Essa era a coisa interessante sobre Skirata. Ele poderia falar em rodeios.
Era um homem autodidata e articulado, e isso sempre surpreendia as
pessoas de fora. Jusik caía para o ato do diamante bruto com muita
frequência, mas Vau não era o único Mando com uma mente afiada e uma
linha tênue em retórica. Skirata poderia mudar de homem Mando duro para
político sem uma mudança visível de engrenagem.
Ordo considerava toda conversa uma educação.
— Eu sempre aprecio informações. — disse Rugeyan. — Especialmente
quando sei que isso servirá a algum propósito real.
— Então. — disse Ordo, e esvaziou o copo. A assistente apareceu
novamente como se estivesse vigiando o escritório e recarregando. —
Temos dois batalhões da Quadragésima Primeira Elite de volta ao quartel e
a tripulação de uma nave de ataque à espera de uma reforma. Se alguém
pudesse ter a ideia de uma licença prolongada com os homens autorizados e
incentivados a sair da base, acho que todos se beneficiariam. E talvez
alguns créditos para gastar, porque eles não são pagos. Uma história
agradável para a mídia.
A expressão de Rugeyan tremeu brevemente de neutralidade profissional
para a surpresa e depois voltou.
— Nunca pensei nisso, sabe. Então, isso vai envolver os seus homens?
Os CRs?
Rugeyan pronunciou Cê-Erre, como faria um soldado faria. Era um
jargão interno e não para pessoas de fora. Skirata piscou por um segundo e
depois mudou para mercenário Mando novamente, embora estivesse de
melhor humor do que o normal.
— Eles não são CRs. CR soa como droide para o público. Meus garotos
são homens. Então, por favor, refira-se a eles como Comandos da
República, não apenas Comandos, e as outras forças como troopers, ou por
sua posição. — Ele bebeu seu caf com entusiasmo. — Palavras como CRs,
forragens de canhão, grunhidos, gropos, esquadrões, pongos, latas de carne,
empregos brancos ou até Garotos Brilhantes criam a impressão errada.
Terminologia é tudo, eu acho.
Rugeyan estava realmente fazendo anotações em uma folha de flimsi.
Ele não se ofendeu nem um pouco visivelmente.
— Muito útil. — disse ele. — Deixa comigo.
— E tenho certeza de que o capitão Obrim tem o seu código de
comunicador no topo da lista, caso haja boas notícias para você.
Skirata sorriu e parecia que ele estava falando sério. Ordo pegou seu
copo, deixando um pouco de suco no fundo para evitar mais atenção
instantânea da assistente de Rugeyan.
— Um fato inevitável da vida é que alguns de nós estão condenados a
fazer o trabalho sujo e ingrato nas sombras, enquanto alguém ganha as
manchetes. — disse Rugeyan.
— As manchetes podem ser superestimadas. — disse Skirata. — O
capitão tem outra reunião para participar, mas obrigado pelo seu tempo.
Foi tudo muito civilizado: outra conversa codificada em que o indizível
havia sido de alguma forma falado.
E tudo estava muito longe das horas suadas e ansiosas no porto espacial
da Cidade Galáctica, alguns meses antes, quando Rugeyan não passara de
uma irritação grave e Skirata tinha uma aversão bastante física por ele.
Agora, o homem parecia ter uma compreensão clara e quase estranha do
que exatamente estava sendo solicitado a fazer, e, embora devesse ter tido
perguntas, nunca as fez. Isso quase fazia dele um soldado.
A descida no turboelevador parecia uma inserção rápida através de um
canhão, enquanto desciam cem níveis.
Skirata começou a rir baixinho e beliscou a ponte do nariz, com os olhos
fechados.
— Gostaria de ter percebido que Rugeyan responderia a uma solicitação
simples. Então eu nunca teria... bem, você sabe.
— Se você não tivesse chamado a atenção dele de maneira tão assertiva
no cerco, talvez ele não fosse tão acolhedor hoje. Esse homem pode até ser
um membro útil de um departamento de inteligência um dia.
— Ele só precisava que eu demonstrasse alguma compreensão de sua
própria posição. Às vezes, acho que as pessoas querem mais de mim do que
realmente precisam. Então, onde isso nos deixa, Ord'ika?
Ordo contou nos dedos da luva.
— Cortina de fumaça em andamento. Equipe em espera, dividida em
turnos. Os pontos de observação e as possíveis casas operacionais foram
agrupadas e identificadas. Arsenal e logística em vigor. Relação confirmada
entre dispositivos e prisioneiros.
— Mas?
— Todos vestidos e sem lugar para ir. Ainda há uma grande lacuna na
informação.
— O que o droide conseguiu extrair da transferência de Atin? — Skirata
perguntou.
— Muitos dados precisam ser pesquisados à mão quando temos outras
informações para acompanhar. São apenas listas de negócios como qualquer
empresa de transporte manteria. Nada salta. Às vezes eu gostaria que
tivéssemos que lidar com os Weequays. Eles rotulariam as coisas de
CONFIDENCIAL e nos dariam uma pista.
— Por que isso está sendo tão difícil? Fierfek, filho, Kom’rk e Jaing
podem rastrear um flitnat em toda a galáxia e não conseguimos encontrar
uma gangue em nosso próprio quintal.
— Sinto muito, Kal'buir. — Eu deveria ser capaz de decifrar isso. Estou
decepcionando-o. — Esta é uma linha dupla de vigilância, receio: a própria
rede terrorista e quem quer que esteja fornecendo sua inteligência de
reconhecimento, e que poderia estar dentro de nossa própria organização ou
na FSC, e a última será mais difícil de identificar.
— Eu não culpo você. É apenas uma expressão.
— E os meus irmãos sabem as identidades dos flitnats que estão
procurando, é claro.
— Só resta uma opção então. Explorar todas as linhas e pontos e esperar
por uma pausa feliz enquanto fazemos isso para acelerar as coisas.
— A menos que Vau tenha sorte.
— Hora de sair da emergência Jedi, eu acho, filho.
— Zero-oitocentos amanhã. — disse Ordo.
— Ainda tenho tempo para fazer mais preparação, então. Vamos ver um
Hutt que me deve uma. Bem, muito mais do que uma, na verdade. E vamos
pegar Sev e Scorch para que eles possam ver como se faz.
Skirata podia fazer coisas que nem mesmo um comando ou um CRA
podia fazer, e uma delas era trabalhar com os seus contatos.
Ordo colocou tudo na memória. Esta noite seria altamente educacional.
Refúgio do Qibbu, distrito de entretenimento, Coruscant; tropa Delta de reconhecimento em
andamento

Uma luz verde berrante emoldurava o sinal laranja pulsante acima da


entrada. O Qibbu abria tarde: já estava escuro, e Skirata achava que já era
hora do bar receber novos clientes.
— Sou apenas um simples assassino treinado. — disse Sev, — mas algo
me diz para nunca comer em um restaurante com um trocadilho ruim na
porta.
— Você ainda não experimentou a comida. — disse Skirata. — Ela não
deixa espaço para dúvidas.
— Ou a sobremesa. — disse Scorch. — E já mencionei que me sinto nu?
— Cerca de uma dúzia de vezes desde que saímos da sede. Acostume-se
a isso. Você não pode usar armadura o tempo todo
Ordo sacou um blaster. Scorch levantou as sobrancelhas.
— Estou sendo discreto. — disse Ordo. — Ou eu sacaria os dois.
— Eu realmente não notei você naquele equipamento branco brilhante,
senhor...
— Escutem, rapazes. — Skirata deslizou uma mão no bolso para
procurar um medidor tranquilizador de corrente de duraço e segurou o
braço direito ao lado do corpo. Ele não via o Hutt há muito tempo, anos
antes de Kamino, e seria um choque desagradável para a lesma velha.
— Qibbu pode ficar surpreso ao me ver, especialmente porque ele ainda
me deve um pagamento. Portanto, nada de bancar o herói. Eu posso lidar
com ele. — Skirata fez um gesto para os dois comandos recuarem no
saguão aberto. — Pareçam casuais e leiam o menu. E não vomitem.
O vasto labirinto de salas passaria por um restaurante, bar e hotel, mas
apenas se os inspetores de higiene alimentar da Coruscant estivessem
olhando para o outro lado. Era perfeito em todos os sentidos, se você não
quisesse ser incomodado. Havia um certo anonimato no final difícil do
distrito de entretenimento.
Era exatamente o tipo de lugar onde muitos clone troopers podiam entrar
e sair sem fazer comentários, pelo menos depois que a novidade
desaparecesse. Skirata apoiou-se no interfone.
Qibbu, o Hutt, estava na casa. Ele simplesmente sabia disso. Foi o Duros
magro de repente parado na porta com um blaster que denunciou o jogo.
— Estamos fechados. — disse o Duros.
— E eu sou Kal Skirata.
O punho cinza do Duros se fechou no blaster.
— E eu disse que estamos fechados.
Ordo girou em torno da porta e apontou o seu blaster na face plana do
Duros.
— Não, acredito que vocês estão abertos, e gostaríamos de ver o
especial de hoje à noite, por favor.
O Duros fez uma pausa longa o suficiente para ficar boquiaberto, o que
provavelmente foi o que salvou a sua vida. Se ele tivesse levantado o
blaster, Ordo o teria matado. Ordo agarrou o seu pulso de qualquer maneira
e o torceu quase como efeito colateral de arrancar o blaster de sua mão, e
houve o inconfundível som de osso quebrando. O Duros gritou.
— Acho que isso significa entrem. — disse Skirata, e certificou-se de
que estava com o blaster na cintura. Afinal, Qibbu poderia ter
desembolsado alguns créditos por ajuda competente. Entrou no restaurante
deserto e notou que o tapete não grudava nas botas tanto quanto antes.
Vagou atrás do bar, tanto para verificar se não havia ninguém à espreita para
lhe dar uma hora muito infeliz quanto para ver se os copos estavam limpos.
O blaster de Ordo zumbiu levemente quando ele o ergueu. Quando
Skirata olhou para cima, Sev e Scorch estavam cobrindo uma porta cada.
Bons rapazes. Todos estavam se saindo bem no grande mundo ruim.
— Ka-a-al. — Qibbu saiu da cozinha, com uma lufada de especiarias
exóticas e gordura queimada escapando quando o Hutt entrou na área do
bar. — Então você veio receber sua recompensa finalmente. Eu pensei que
nunca viria. E você tem funcionários e uma jaqueta legal agora... deve estar
fazendo negócios melhores , não é?
— Colegas. — disse Skirata. — Aceito moeda forte, mas se você não
tiver, podemos negociar.
Qibbu não era atraente nem mesmo para os padrões dos Hutt. Sua língua
passou rapidamente pela fenda da boca e ele se aproximou do bar para
deslizar sobre o estrado e derramar algumas bebidas.
— Seus garotos querem cerveja? — Qibbu indicou um pote de gorg em
conserva no bar. — Lanches?
— Não, obrigado. — Sev e Scorch fizeram um coro, com os olhos fixos
no pote de anfíbios muito mortos. — Não conseguia lidar com outra coisa.
— Certo, você e eu conversamos, então, Ka-a-al.
— Presumo que você não tem dinheiro?
— Não tanto. Dê-me tempo e...
— Deixe-me facilitar pra nós dois. — Skirata puxou um banquinho e
sentou-se para equilibrar-se com os olhos do Hutt. — Eu sou um turista.
Meus garotos podem dar uma olhada nos seus quartos? Se gostarmos do
que virmos, ficaremos por um tempo.
Skirata indicou o elevador. Sev e Scorch sacaram as suas armas e
desapareceram para um reconhecimento. Ordo trancou as portas principais
novamente e andou devagar pelo bar, provavelmente gravando o layout e
todos os detalhes. Ordo era um pequeno hologravador, outra excelente
vantagem da memória perfeita.
— Então... você tem um projeto em mãos, Ka-a-al?
— Talvez eu tenha.
— Isso envolve... pessoas mortas?
— Não dessa vez. Eu só preciso de um lugar onde meus colegas e eu
possamos relaxar e não ser incomodados por um tempo.
Os olhos amarelos de pupilas fendidas de Qibbu seguiram Ordo ao redor
do bar. Skirata não conseguia mais ver olhos amarelos agora sem pensar em
Kaminoanos.
— Seus colegas são soldados.
— Sim. Eles gostam de aproveitar ao máximo as suas licenças. Eles não
ganham muitas.
— Então eles fazem pequenos... trabalhos para você. — disse Qibbu.
— Sim, e nenhum desses trabalhos precisa incomodá-lo. Você não
receberá visitas da FSC, porque meus garotos se comportam.
— Você só quer... paz e sossego para que eles façam esses pequenos
trabalhos para você.
Você não tem ideia de quanto, lesma fedida.
— Sim.
— Em troca, você anula a pequena quantia que lhe devo?
— Talvez. — Eram quinhentos mil créditos mais juros. Ele não
precisava disso agora. Houve um tempo em que teria arriscado a vida e a de
quem atrapalhasse a cobrança de uma taxa como essa. Ele foi um executor
de dívida bem-sucedido por um curto período de tempo, mas não era um
soldado adequado. — Eu também posso trazer alguma transação pra você,
porque pode haver muitos soldados na cidade que querem visitar um lugar
relaxante.
— Você me oferece mais do que eu devo. Tem aí uma pegadinha.
— A pegadinha. — disse Skirata, sentindo a negociação escapar do
controle, — é que você garantirá que não teremos problemas aqui. E minha
definição de problema é bastante exata.
— Nenhuma atenção indesejada.
— E nada sem sentido da sua clientela habitual de baixa vida. Nada de
tirar vantagem dos meus garotos soldados. Quanta comida eles quiserem,
fresca e adequadamente cozida, por favor, e salas limpas. Eles não bebem
muito, mas tendem a gostar de muitos caf e bebidas doces.
Qibbu piscou lentamente, ainda aparentemente distraído por Ordo, que
estava interessado na cozinha.
— Se importa se eu fizer uma inspeção de higiene alimentar? — Ordo
disse, e desapareceu nas cozinhas sem esperar por uma resposta.
O olhar de Qibbu deslizou em direção à cozinha e depois voltou para
Skirata.
— Você pede muito para seus Garotos Brilhantes.
Skirata fechou a mão no final da corrente no bolso. A lesma precisava
saber quem estava em vantagem nessa negociação.
— Isso porque eles merecem muito, você me deve muito e, se você me
atrapalhar, terá muito mais problemas do que poderia imaginar...
O acúmulo de Skirata em dar a Qibbu um golpe sério foi subitamente
interrompido por um grito abafado na cozinha. Uma jovem mulher Twi'lek
veio correndo pelas portas. Ele percebeu que Ordo devia tê-la assustado.
Provavelmente foram os blasters gêmeos.
— E apenas mulheres respeitáveis são permitidas no bar. — acrescentou
Skirata. Mas a Twi'lek parecia aterrorizada de uma maneira que dizia que
ela estava acostumada a ser assim, e ele não gostou nada disso. Ele
conhecia Qibbu muito bem. — Ela não se parece com o seu... pessoal da
cozinha habitual.
A garota se encolheu contra a parede oposta, encarando Ordo, que
simplesmente saiu e guardou a pistola com um gesto exagerado. Ele não
tranquilizava muito bem na melhor das hipóteses, muito menos as
mulheres. Era hora de ensinar-lhe mais graças sociais ao portar armas de
fogo.
O Hutt deu uma risada.
— Mulheres... sabe como elas são...
Chega. Skirata puxou a sua corrente de duraço em um movimento e a
amarrou no pescoço de Qibbu, torcendo-a em seu punho enquanto ele
puxava o corpo trêmulo em sua direção. O metal cortou a gordura macia da
criatura, deixando uma margem branca onde o sangue não podia mais
circular.
— Escuta aqui, shag. — disse Skirata, sentindo a raiva apertar os seus
músculos da garganta. Não havia pior insulto para um Hutt que escravo. —
Eu gosto de mulheres Twi'lek. Honestas, do tipo que não rouba, ou pior.
Portanto, não maltrate a equipe ou talvez eu descubra que ativista sindical
posso ser. Basta cuidar de qualquer um dos meus garotos que passe por esse
caminho. Eniki? Você sai da linha e haverá um novo lote de produtos
gordurosos frescos no mercado logo de manhã. — Ele torceu a corrente um
pouco mais apertado. — J'hagwa na yoka, gorducho. Sem problemas.
A terceira pálpebra de Qibbu passou pelo olho reptiliano como um
limpador de para-brisa.
— Seus garotos tão brilhantes morrem de qualquer maneira, mais cedo
ou mais tarde.
Foi isso. Skirata abaixou a cabeça do Hutt e lançou o joelho no rosto de
Qibbu o mais forte que pôde com um som molhado. Ele não precisava
daquela coisa para lembrá-lo disso e zombar do sacrifício deles. Qibbu
salpicava saliva com cheiro de amônia, gemendo.
— Nós vamos obter um bom serviço no seu estabelecimento? — Skirata
disse, ignorando a dor na rótula. — Ou você prefere me pagar meio milhão
de créditos mais juros de nove anos agora?
— Tagwa, lorda.
— Agora sim. — Ele afrouxou um pouco o estrangulamento. — Um
pouco de foco no cliente é bom para os negócios.
Qibbu recusou visivelmente.
— Eu perco o lucro.
— Você perderá muito mais do que isso se mexer comigo. Eu sempre
quis ver se os Hutts realmente podem regenerar partes do corpo. — Skirata
apertou a corrente novamente. — Ke nu’jurkadir sha Mando'ade...
Não mexa com Mandalorianos. Não era um mau conselho.
Qibbu não era linguista, mas Skirata sabia que o tom podia transmitir
muita coisa, até mesmo a um animal, e talvez até a um Hutt. Esperava que a
falta de circulação no pescoço de Qibbu estivesse traduzindo pra ele.
— Tagwa... Sargento. — disse Qibbu, e soltou um longo suspiro quando
Skirata soltou a corrente.
Sev e Scorch emergiram do elevador novamente e deram a Skirata o
sinal de positivo.
— Ideal para uma pausa relaxante, Sargento. — disse Scorch. —
Adoráveis vistas limpas, plataforma para estacionar um speeder ou seis e
muito espaço para a gente esticar as pernas. Um andar inteiro de quartos no
topo, na verdade.
Boa visibilidade defensiva, fácil acesso e fuga, e o layout certo para
movimentação e armazenamento de equipamentos e munições. Excelente.
— Se é bom o suficiente para o meus colegas, será bom o suficiente para
mim. — disse Skirata. — Você quer dar uma olhada só para ter certeza,
Ordo?
Ordo sacudiu a cabeça, ainda parecendo desconfiado da mulher Twi'lek.
— Vou com a maioria.
— Então, tarifas de longa permanência? — Skirata perguntou.
— Como... discutido. — disse Qibbu.
Skirata escorregou do banquinho e limpou a corrente do lodo de Qibbu
antes de enrolá-la e colocá-la no bolso novamente. Ele estava preocupado
com a Twi'lek, no entanto. Os civis dificilmente eram sua principal
preocupação nesta operação, mas não custava nada ser cortês.
Ele foi até ela. Ela ainda estava encolhida. Ele agachou-se quase
instintivamente: viu ali seis garotinhos assustados esperando para serem
recondicionados.
— Sou Kal, senhora. — disse ele. — Qual é o seu nome?
Ela não olhou nos olhos dele. Ela tinha aquela maneira de olhar um
pouco para o lado que ele pensava ter visto muitas vezes antes.
— Laseema.
— Bem, Laseema, se seu chefe não estiver te tratando bem, me avise. E
eu vou falar com ele. — Ele sorriu o melhor que pôde. — E nenhum dos
meus garotos vai lhe causar problemas também, certo?
— Certo. — ela disse, trêmula. Seus lekku estavam se movendo um
pouco, mas Skirata não conseguia entender a linguagem tácita que eles
transmitiam. Ela poderia estar apenas tremendo de medo. — Certo.
Skirata deu a ela um sorriso tão reconfortante quanto conseguiu e se
moveu para as portas.
— Voltaremos amanhã para mudar algumas coisas. Arrume o piso
superior para nós, sim? Legal e limpo.
— E flores frescas. — disse Scorch.
Eles voltaram ao speeder e partiram para o Quartel Arca, instalando-se
em uma via aérea automatizada e se fundindo no fluxo de luzes traseiras
brilhantes. Coruscant era adorável à noite, como Fi disse. Skirata nunca
havia pensado nisso antes.
Ele cutucou Sev.
— Boa casa operacional, então.
— Feita sob medida. Levaremos um dia para mover os equipamentos em
quantidades discretas, mas podemos acessar pela plataforma de pouso
quando estiver escuro novamente.
— Nosso anfitrião fica nervoso por armazenar munições? — Ordo disse.
— Ele é um Hutt. — disse Skirata. — Já armazenou coisa muito pior. E
o que ele não sabe não o mantém acordado à noite.
Scorch pareceu impressionado.
— Você realmente era um garoto mau no passado, não era, Sargento?
— O que você quer dizer com passado? — Disse Sev.
E eles riram. Eles eram tropas de forças especiais perfeitas, garotos
muito maus por si só, mas nunca haviam lidado com o submundo do
crime... e o crime era um parceiro inevitável do terrorismo. Essa foi uma
das razões pelas quais Skirata não sentiu nem um pouco de apreensão por
estar mesmo se tornando o bandido.
Fierfek, tinha impressionado eles. Os garotos do Delta estavam saindo de
sua exclusividade fechada e unida e se estabelecendo na equipe maior. Esse
era um problema resolvido.
Ainda havia a operação em si, é claro.
E ficar de olho em Atin, Vau e Sev.
E apresentar Etain a um elemento de guerra que não era nem
remotamente nobre.
E garantir que todos saíssem vivos daquilo.
Skirata estendeu a mão por cima do encosto do banco e deu um tapa
brincalhão em Sev e Scorch, depois cutucou Ordo ao lado dele.
— Eu prometi a vocês todos uma noite fora. — disse ele. — Quando
limparmos isso, Zey receberá uma fatura muito alta do clube dos oficiais.
— Talvez não devêssemos esperar até lá. — disse Scorch. — Você nunca
sabe o que está chegando.
Não. Você não sabe. Você nunca sabe.
CAPÍTULO 9
Quando o inimigo é um droide ou um molhado com uma arma, é fácil matá-los. Mas neste
jogo vocês estão operando entre cidadãos, em sua terra natal. Vocês poderiam estar
trabalhando bem ao lado do inimigo. Eles podem até ser pessoas que vocês conhecem e gostam.
Mas eles ainda são o inimigo e vocês terão que tratá-los da mesma forma. Não existe uma
palavra Mandaloriana para "herói", e isso também é bom, porque, não importa quantas vidas
vocês salvem nas operações negras, vocês nunca serão heróis. Lidem com isso.
— Sargento Kal Skirata, ensinando táticas contraterroristas para as companhias Alfa e
Epsilon de Comandos da República, Kamino, três anos antes de Geonosis.

Campo de exercícios do Quartel da Companhia Arca, 0730 horas,


371 dias após Geonosis

O míssil roçou o topo da cabeça de Etain e ricocheteou no escudo da


Força que instintivamente ergueu para proteger o seu rosto.
Jusik parou derrapando na frente dela, com o suor escorrendo pela ponta
do nariz, uma haste de liga achatada na mão. Havia uma mancha de sangue
em sua bochecha, e ela não tinha certeza se era dele.
— Desculpa! — Ele parecia exultante. — Olha, por que você não senta
ali? É mais seguro.
Etain indicou o sangue.
— E por que você não usa os seus poderes da Força? — ela disse. —
Este é um esporte perigoso.
— Isso é trapaça — disse Jusik, empurrando a pequena esfera de
plastóide de volta ao grupo de comandos. Eles atacaram o objeto como um
bando de caça e lutaram ferozmente para golpear um ao outro com varas,
tentando empurrá-la com força contra a parede do quartel.
Etain não tinha ideia do nome do jogo, se é que tinha um nome.
Tampouco parecia haver regras: a bola, se é que era uma, estava sendo
batida, chutada e jogada ao capricho dos jogadores.
E as equipes eram Niner, Scorch, Fixer e Darman contra Fi, Atin, Sev e
Chefe. Skirata insistiu que jogassem em equipes mistas.
Vários outros comandos haviam parado enquanto atravessavam o campo
de exercícios para observar. A batalha era conduzida em um silêncio
sombrio, exceto pelo choque de varas, respiração ofegante e gritos de
aprovação ocasionais de "Nar dralshy'a!" (Ponha mais força nisto!) e
"Kandosii!", que, explicou Jusik, havia sido apropriado coloquialmente para
significar "elegante" em vez de "nobre".
Todos eles se tinham se tornado muito mais ferozmente Mandos desde
que os conhecera. Era um fenômeno que fazia sentido, dada a natureza
específica de seus deveres, mas ainda lhe dava a sensação de que estavam
se tornando estranhos novamente. Trabalhar tão estreitamente com Skirata
parecia ter focado a mente deles em um povo que parecia ter a liberdade
suprema.
Até Darman caíra alegremente nisso. Ele estava completamente
envolvido no jogo, empurrando Chefe para fora do caminho e derrubando
Jusik. Houve um grito de "Kandosii!" quando a bola bateu contra a parede,
dois metros acima do chão.
Então Skirata emergiu da porta. Etain não precisou de dicas da Força
quanto ao seu estado de espírito.
— Armaduras! — ele gritou. A sua voz poderia preencher um campo de
treinamento. Os comandos congelaram como um. Ele não parecia alegre. —
Eu disse para usar armaduras! Sem ferimentos! Vocês me ouviram?
Ele caminhou até Jusik com uma velocidade surpreendente para um
homem com uma perna machucada e parou com o rosto a centímetros do
Jedi. Ele baixou a voz, mas não muito.
— Senhor, lamento ter que lhe dizer que você é um idiota.
— Desculpe, Sargento. — Jusik era um pedaço contrito de roupas
ensanguentadas e cabelos suados. — Foi minha culpa. Não vai acontecer
novamente.
— Sem ferimentos. Não agora. Certo, senhor?
— Entendido, Sargento.
Skirata assentiu e sorriu, despenteando os cabelos de Jusik como ele
fazia com suas tropas.
— Você definitivamente é ori’atin, Bard'ika. Apenas não se mate.
Jusik sorriu, claramente encantado. Skirata não apenas lhe dissera que
era excepcionalmente durão, mas usara a forma mais carinhosa de seu
nome: agora ele era um "Bardinho" e, portanto, um do clã de Skirata. Ele
correu atrás dos comandos e desapareceu dentro do prédio.
Skirata caminhou até Etain e sentou-se ao lado dela no banco.
— Ele é um pequeno di’kut corajoso, não é?
Portanto, não era apenas um insulto.
— Se não houvesse uma guerra, suspeito que o Mestre Zey já teria tido
uma conversa séria com ele. Bardan tornou-se muito apegado.
— Ser solitário pode fazer um guerreiro, mas não faz um soldado.
— Onde você foi educado?
Skirata estava olhando para frente, e não para ela, e seus olhos se
enrugaram nos cantos por um breve momento.
— Na rua, no campo de batalha e por um bando de garotos muito
espertos.
Etain sorriu.
— Eu não estava sendo rude. Apenas curiosa.
— Justo. Eu tive que analisar e explicar tudo o que ensinei aos meus
Nulos por oito anos. Não era o bastante só mostrar a eles o jeito certo de
lutar. Eles queriam que eu racionalizasse. Eles me trituraram com
perguntas. Então eles devolveram tudo de uma maneira que eu nunca tinha
visto antes. Surpreendente.
— Nós conhecemos todos eles? Eles são todos como o Ordo?
— Talvez. — disse Skirata. — Eles estão implantados em vários locais.
— Foi a sua resposta sem compromisso: não pergunte. — E eles são todos
do mesmo calibre, sim.
— Então, de uma equipe de ataque de doze pessoas, você tem onze
homens durões, atin, certo?, e eu. Não posso deixar de sentir que não vou
ser muito útil.
Skirata pegou um pedaço de algo marrom e amadeirado e colocou na
boca. Ele mastigou como um gdan, como se estivesse roendo o braço de
alguém.
— Atin'ade. — ele corrigiu. — Ah, você será bastante útil. Eu suspeito
que você terá o trabalho mais difícil de todos.
— O que for preciso.
— Eu sei.
— Sargento, isso ficará claro na instrução?
— Não é um segredo. Eu só quero que todos tenham uma imagem
completa ao mesmo tempo. Então nós embarcamos e desaparecemos.
— Ouvi dizer que você já fez isso antes.
— Cuy'val Dar. Sim, eu já fui “quem não existe mais” antes. Você se
acostuma. Tem os seus pontos positivos.
Ele se levantou e caminhou em direção ao quartel, seguido por Etain.
Seu mancar estava muito menos óbvio hoje.
— Como você machucou a sua perna? — ela perguntou.
— Eu não segui ordens. Acabei com uma pistola Verpine no meu
tornozelo. Às vezes você precisa aprender da maneira mais difícil.
— Nunca consertou?
— Vou fazer isso um dia. Vamos, café da manhã antes de informação.
Algumas coisas parecem melhores com o estômago cheio.
Quando a instrução começou às 0800, Jusik parecia recém-lavado, mas
estava desenvolvendo um belo olho roxo. Ele também parecia encantado.
Etain invejava a sua capacidade de encontrar alegria nos lugares mais
improváveis, assim como Darman. Ômega e Delta pareciam ter terminado
completamente como esquadrões. Eles se sentaram, descansando em seus
trajes pretos, mas não sentavam mais em seus próprios grupos. Atin e Sev
ainda exalavam uma sensação de distância, mas o curso intensivo de Skirata
em ser amigos parecia estar funcionando.
Havia também a pequena questão do Wookiee que havia entrado. Skirata
dirigiu a criatura para uma cadeira maior e trancou as portas. Era quem
tinha dirigido o táxi.
— Ordo, você varreu a sala por grampos?
— Sim, Sargento.
— Certo, senhoras e senhores, isso é estritamente para aqueles que estão
nesta sala. Se alguém quiser sair, agora é a hora de dizer.
— Observe a completa falta de movimento, Sargento. — disse Scorch.
— Ninguém está saindo daqui.
— Achei que não. De agora em diante, não haverá mais General ou
senhor ou Sargento ou códigos de designação, nem vestes Jedi. Não há
patentes. Não existe uma cadeia de comando além de mim. Se eu estiver de
alguma forma envolvido ou morto, então vocês respondem ao Ordo.
Entendido? — O Wookiee jogou para ele dois pacotes de roupas e ele
arremessou um para Etain e outro para Jusik. Ela pegou a dela e olhou pra
dentro. — Roupa à paisana, crianças. Vocês, rapazes clones, são apenas
soldados de licença, e nós, os mestiços, somos... bem, Etain pode se passar
por minha filha e Bard'ika é um caloteiro útil que eu peguei em minhas
viagens. Um errante.
O Wookiee emitiu um longo e contente trinado.
— Esta é Enacca, a propósito. — Skirata indicou a Wookiee com um
floreio educado. — Ela é nossa intendente e mobilidade de tropa: ela
garantirá suprimentos e transporte para nós. Vocês já trabalharam com
Wookiees?
Os comandos balançaram a cabeça, de olhos arregalados.
— Bem, tudo o que ouviram é verdade. — Ele apontou para Ordo, e uma
holoprojeção escorreu da luva do CRA para a parede. Era um gráfico com
setas e etiquetas. — Então, aqui está o que temos até agora. Primeiro, temos
um ponto de origem para os explosivos. Segundo, achamos que temos
alguém na logística ou suporte da GER, ou na FSC, que está passando
informações ou sendo descuidado com elas. Agora, o que não temos é um
elo na corrente entre as seguintes células terroristas: materiais para fabricar
bombas; fabricação de bombas para células de posicionamento; e células de
posicionamento para reconhecimento e vigilância: em outras palavras,
aqueles que dizem a eles onde colocar o dispositivo e quando detoná-lo.
Ordo estava com o braço de projeção apoiado na cadeira.
— E Vau está tentando extrair pelo menos um elo da célula que o Ômega
levantou.
— Mas eles podem nem saber o que é esse elo. — disse Skirata. — É
comum usar o equivalente a uma devolução de carta perdida para entregar
itens. Os prisioneiros testaram positivo para explosivos, então eles podem
ser os fabricantes, mas eu presumo que os dispositivos são feitos em
Coruscant porque é mais fácil enviar explosivos a granel do que bombas
completas, já que você não pode fingir que as bombas são para uso em
mineração, apesar de nem ser fácil. Portanto, o nosso melhor palpite é que
eles são a célula de procura que compra a matéria-prima.
Jusik estava com a cabeça inclinada para um lado.
— Presumo que, se não sabemos disso depois de um dia, Vau não terá
muito sucesso com seu interrogatório. Posso me voluntariar para ajudá-lo?
Os Jedi têm alguns poderes de persuasão, além de maneiras de descobrir
fatos.
— Eu sei. — disse Skirata. — É por isso que Etain vai fazer isso. Preciso
de você no momento.
O estômago de Etain deu um salto mortal. Isso é um teste? Jusik a
observava com cautela: ele definitivamente podia sentir o seu desconforto.
Talvez ele tivesse tentado fazer a coisa decente e salvá-la do dever. Ou
talvez estivesse tão envolvido em ser um dos garotos que realmente queria
ter uma rachadura em um prisioneiro. Jusik tinha o seu próprio
relacionamento cauteloso com o lado sombrio, ao que parecia.
— Tudo bem. — disse Etain. Você já matou. Você matou no corpo a
corpo e matou disparando mísseis. Em Qiilura, sob uma cobertura
profunda, você esfaqueou, esmagou e cortou, e ensinou os guerrilheiros
locais a fazer o mesmo. E agora você se preocupa em manipular mentes?
— Farei o que puder.
— Bom. — disse Skirata, e seguiu em frente como se ela tivesse
simplesmente se oferecido para preparar o jantar. — Agora, os dados que
Atin pegou são apenas uma lista de 35 mil empresas que usam o serviço de
frete com o qual os convidados de Vau aparentemente estavam pegando
carona. Isso significa muitas verificações físicas que não podemos fazer
sozinhos. Então, Obrim está analisando seu banco de dados pessoal,
especial, para ver se algum deles tem forma de irregularidades
alfandegárias, transações obscuras ou até uma multa por excesso de
velocidade. Enquanto ele faz isso, nós seguimos. Jusik, Enacca vai
transformá-lo no piloto de táxi mais desalinhado da galáxia, e o resto de
vocês pode preparar seu equipamento extra, e com isso quero dizer uma
discreta armadura, equipamento à paisana e armas civis.
— Ouuun, Sargento...
— Fi, você vai adorar. Você pode até usar o capacete do Hokan.
— Só por você, Sargento.
— Bom garoto. Certo, todos nós vamos voltar pra cá às vinte zero zero
horas, quando estiver tranquilo e escuro. — Skirata fez um gesto para Ordo
fechar a holoprojeção e depois acenou para Etain. — General, Ordo,
comigo.
Ele os conduziu para a passagem e, em vez de levá-la para uma alcova
silenciosa para discutir assuntos, simplesmente a apressou pelo corredor e
saiu para o campo de treinamento, onde ainda estava esperando outro
speeder com para-brisas escuros de transparaço.
— Você está iniciando uma concessionária de carros usados com a
Enacca? — As piadas sempre pareciam funcionar para Fi, mas Etain
descobriu que não ofereciam nenhum conforto a ela. — Eles não chamam a
atenção, porém, admito.
— Entre. Hora de trabalhar.
Como o exército de clones, ela se tornara muito boa em seguir ordens.
Ordo levou o speeder em um ritmo tranquilo nas principais vias aéreas e o
deixou em uma brecha em uma rota em direção ao sul.
— É aqui que fica difícil, Etain. — disse Skirata.
De certa forma, ela sabia o que estava por vir.
— Sim.
— Isso é mais difícil do que enfrentar uma coluna de droides de batalha
e bancar o herói. — Skirata ainda estava mastigando o ruik. Ela podia sentir
o cheiro no hálito dele, doce e floral. — Não vou insultar a sua inteligência.
Eu quero que você torture um homem. É a primeira quebra de inteligência
que tivemos em meses e precisamos aproveitar ao máximo. Homens
morreram para garantir que tivéssemos aqueles prisioneiros.
Não tinha certeza se era um teste de lealdade ou não. Certamente era
algo que Skirata sabia que seria a linha final para um Jedi cruzar. Mas Jedi
cruzavam as linhas da decência o tempo todo, e estava tudo bem desde que
você não cometesse violência por raiva ou se atrevesse a gostar disso.
Estava achando mais difícil seguir o seu caminho do que nunca, e agora
estava mais clara sobre as suas próprias convicções do que jamais estivera
em sua vida.
Estava ciente de Ordo também.
Ele parecia perfeitamente calmo no banco do piloto, mas os redemoinhos
e as poças escuras da Força ao redor dele falavam de um homem que não
estava à vontade consigo mesmo ou com o mundo. Grandes picos de medo
e dor, confiança e desolação desamparadas e... e... pura velocidade e
complexidade esmagadoras atingiram Etain como um jato de água fria. Ele
se sentia tão estrangeiro quanto um Hutt, um Weequay ou um Twi'lek.
Ele era um homem em constante agonia. A sua mente estava acelerada, e
parecia que nunca parava.
Ela devia o estar encarando.
— Você está bem, senhora? — ele perguntou, ainda coberto de calma.
— Estou bem. — disse ela, engolindo em seco. — O que... o que posso
fazer que Walon Vau não pode?
— Você está pronta para ouvir algumas coisas desagradáveis? — Skirata
disse.
— Eu tenho que estar.
Ele esfregou a testa lentamente.
— Você pode treinar pessoas para resistir a interrogatório. Essa é uma
frase chique para tortura, e eu não gosto de usá-la. Eu sei, porque já fiz isso,
e os terroristas da linha dura são treinados da mesma maneira que os
soldados. Mas eles não são treinados para resistir a um Jedi. E isso lhe dá
uma vantagem psicológica e também uma real.
— Os Niktos deveriam ser durões.
— Os humanos também podem ser durões.
Ele parecia angustiado. Foi severo o suficiente pra sentir a Força ao seu
redor se tornar aquele vórtice escuro novamente.
— Kal, quem está achando isso mais desagradável, você ou eu?
— Eu.
— Achei que sim.
— Isso volta para você em momentos como este.
— Então quem... treinou os Ômega? — Ela sentiu o mais leve brilho de
angústia em Ordo agora.
— Eu. — disse Skirata.
— Ah.
— Você deixaria mais alguém fazer isso se fosse eu?
— Não. — Soube imediatamente; nem precisou pensar nisso. Teria sido
um ato de abandono, deixar outra pessoa fazer o trabalho sujo para salvar
sua própria consciência, com o mesmo resultado. — Não, eu não faria.
— Bem. — Ele fechou os olhos por um momento. — Se eu posso
treinar os meus garotos, você não terá problemas para fazer o que Vau não
pode.
— Diga-me o que está em jogo.
— Pra quem? Pra República? — Kal perguntou. — Eu acho que é
marginal, pra ser honesto. Em termos reais, o terrorismo nem os incomoda.
Milhares de baixas, só isso. É o medo que causa o dano.
— Então, por que você está tão empenhado?
— Quem são os mais atingidos? Clone troopers.
— Mas milhares de tropas estão morrendo na linha de frente todos os
dias. Numericamente...
— Sim, eu não posso fazer muita coisa sobre a guerra. Treinei alguns
homens para permanecerem vivos. Mas tudo o que me resta é fazer o que
puder, onde puder.
— Guerra pessoal, não é? — Etain disse.
— Você acha? Eu não ligo se a República cai ou não. Sou mercenário.
Todo mundo é meu potencial empregador.
— Então, de onde vem a raiva? Veja, eu conheço a raiva. Como Jedi, nos
protegemos dela o tempo todo.
— Você não vai gostar da resposta.
— Não gosto de muitas coisas ultimamente, mas ainda tenho que lidar
com elas.
— Certo. Dia após dia, fico mais amargo quando vejo homens
Mandalorianos, e é isso que eles são, quer você goste ou não, usados e
descartados em uma guerra na qual eles não têm interesse. — Skirata,
sentado logo atrás de Ordo, colocou a mão gentilmente no ombro blindado
do capitão. — Mas não no meu turno.
Etain não tinha resposta para isso. Não tinha articulado em termos raciais
e sabia que os Mandalorianos não eram uma raça como tal. Mas não havia
um dia desde que ela se separara do Esquadrão Ômega em Qiilura, nove
meses antes, que não havia agonizado pelo uso de soldados que não tinham
escolha, direitos ou futuro na República que eles deram as suas vidas para
defender.
Isso era errado.
Houve um tempo em que os meios não justificavam os fins, sem
importar o que os números diziam. Como esse homenzinho violento e
apaixonado ao lado dela, Etain não recusou o seu papel na guerra por
princípios, porque isso não seria mais do que fechar os olhos para ela.
Homens ainda morreriam.
E se o Conselho Jedi podia aceitar a necessidade de deixar que isso
acontecesse para salvar a República, podia afundar a um nível que nunca
acreditava ser possível para salvar soldados que conhecia como pessoas.
— Vou tentar não o decepcionar. — disse ela.
— Você quer dizer eu? — disse Skirata.
E você, ela pensou.
Casa segura, Zona da Cervejaria, Quadrante de Coruscant J-47, 1000 horas, 371 dias após
Geonosis

Skirata esperava que o esconderijo estivesse em outra parte decadente da


cidade, onde atividades incomuns faziam parte da paisagem.
Mas Enacca havia se superado dessa vez. A propriedade era um pequeno
apartamento em um bairro reformado conhecido como Cervejaria; os
droides da construção ainda estavam trabalhando em alguns dos prédios,
enfrentando-os com duraço forjado de bom gosto. Zey ia ter um ataque
quando visse a conta dessa terra em sua mesa.
— Acho que é isso o que os nossos irmãos poderiam chamar de
kandosii. — disse Ordo, trazendo o speeder para a plataforma de pouso.
Tinha um toldo discreto para protegê-lo de vista, embora Coruscant
estivesse tão cheio de tráfego que a vigilância inimiga de prédios altos, o
medo de Skirata, fosse menos uma ameaça do que o habitual aqui. As linhas
de visão eram frequentemente obscurecidas. — Voltarei mais tarde. Coisas
para fazer, Kal'buir.
Quando as portas do saguão se fecharam atrás deles, o constante pulsar e
zumbido de Coruscant foram completamente silenciados. Ah. Isolamento
acústico top de linha. Enacca era uma Wookiee muito inteligente. O
trabalho de Vau podia ser barulhento. Não havia motivo para perturbar os
vizinhos em partes mais baratas da cidade que possuíam isolamento
acústico menos eficiente.
E era o último lugar em que os colegas de Orjul viriam procurá-lo.
Etain estava com os braços cruzados firmemente sobre o peito, os
cabelos ondulados castanhos claros presos em uma trança, exceto por fios
soltos que escaparam e se enrolaram. Até já parecia ter dormido com as
suas novas roupas civis. Tinha um véu de sardas e uma marcha desajeitada;
apenas uma colegial armada com um sabre de luz, nada mais.
— Você está disposta a isso, ad'ika? — Pequena: Skirata escorregou
acidentalmente para ser o pai tranquilizador. Mas ele reservou o
julgamento. Como ele, ela poderia ter feito questão de parecer muito menos
problema do que realmente era. — Se não, vá embora agora. — E se ela o
fizesse, o que ele teria que fazer? Ela já conhecia um número perigoso de
pessoas e lugares.
— Não. Não vou desistir agora.
Pensou que ela de repente revelaria um poderoso carisma ou doçura que
explicaria porque esse pedaço de pele, ossos e cabelo despenteado havia
deixado Darman tão fascinado. Mas ela era apenas uma criança, uma
criança Jedi com muita responsabilidade que aparecia em seu rosto jovem e
olhos velhos.
Skirata apertou a campainha de entrada do apartamento principal e,
depois de um momento, as portas sussurraram. O cheiro forte que o atingiu
no ar úmido o lembrou de entrar em um celeiro cheio de animais
assustados. Era tão distintivo que quase não notou o cheiro do strill. Mas
Mird não estava em lugar algum.
Vau, sentado à mesa, parecia cansado. Ele ainda parecia um professor
que não estava muito feliz com a aula, mas o esforço físico mostrava linhas
mais profundas do nariz à boca e a maneira como batia os dedos na mesa à
sua frente. Era o truque dele para ficar acordado.
O homem que estava com a cabeça apoiada na mesma mesa à sua frente
não parecia nem um pouco acordado. Vau se inclinou para a frente e ergueu
a cabeça do homem pelos cabelos, olhou para o rosto e o colocou de novo
com cuidado.
— Você é a sentinela substituta, então, Jedi? — Vau se levantou e se
esticou extravagantemente, com as juntas estalando e indicou a cadeira
vazia. — Toda sua.
Etain pareceu surpresa. Skirata esperava que ela demonstrasse horror
pelos respingos de sangue nas paredes creme que antes eram imaculadas,
mas ela apenas olhou para Vau como se esperasse ver outra pessoa.
— Onde estão os outros dois? — Skirata perguntou.
— O Nikto número um é M'truli, e ele está seguro no quarto pequeno. —
Vau era perfeitamente educado: afinal de contas, isso era apenas um
negócio, e até Skirata se sentia muito centrado na tarefa em mãos para
retomar a briga de onde parara. — O Nikto número dois é Gysk, e ele está
em estudo.
— A sua túnica poderia fazer com uma lavagem.
— São os pequenos chifres. Você não pode dar um soco em um Nikto.
Tinha que usar outra coisa.
Etain se sentou no assento de Vau e colocou as mãos sobre a mesa, ainda
parecendo intrigada. Skirata se recostou na parede. Vau entrou no banheiro:
a água tilintou em uma bacia.
— Você quer me dizer o que sabe. — disse Etain, suavemente. — Você
quer me dar os nomes das pessoas com quem opera.
Orjul estremeceu. Ele levantou a cabeça da mesa com alguma
dificuldade e olhou para o rosto dela por um segundo.
Então cuspiu nela.
Etain recuou, visivelmente chocada, e limpou a mancha de saliva rosa
com uma mão. Então se recompôs.
— Mantenha os seus truques mentais para si mesma, Jedi. — Orjul
assobiou.
Skirata não esperava que ela quebrasse naquele momento. E ela não o
fez: simplesmente ficou sentada lá, embora soubesse que não era simples
inatividade. Ela havia sido treinada desde a infância como o exército de
clones, exceto que a primeira arma que apreendera seria o seu controle da
Força e sua capacidade de lê-la como o clamor dos sinais de comunicador.
Darman havia dito a ele. Ela poderia nos diferenciar imediatamente pelo
modo como nos sentíamos e pensávamos, Sargento. Não seria um truque
útil?
— Posso ver o Nikto? — ela perguntou de repente.
Vau saiu do banheiro, limpando o rosto com uma toalha branca e macia.
— Fique à vontade. — Ele deu a Skirata um olhar de você que sabe e
abriu as portas para ela. — Eles estão amarrados com segurança. Você sabe
que impedimos que eles conversem, não é?
— Eu dei um jeito nisso. — disse Etain.
Ela desapareceu em um quarto por um minuto, depois saiu e entrou no
outro. Quando emergiu novamente, ela caminhou até Skirata e Vau e
abaixou a cabeça.
— Tenho certeza de que os Niktos não têm informações e sabem que não
têm. — disse ela em voz baixa.
— As pessoas têm informações úteis o tempo todo e não sabem. — disse
Skirata. — Nós juntamos as coisas aparentemente inúteis e criamos
conexões.
— O que eu quero dizer é que eles têm esse senso distinto de que têm só
o medo de morrer.
Vau encolheu os ombros.
— Lá se vai a coragem do Nikto, não é?
— Toda criatura evita a morte. A diferença é que Orjul tem medo de
quebrar. Parece diferente para mim. Não é pavor animal. Não é tão
profundo na Força. — Etain tinha os dedos entrelaçados daquela maneira
Jedi que a fazia parecer como se estivesse torcendo as mãos. — Eu poderia
muito bem me concentrar nele. Ele possui informações que tem medo de
revelar.
Eles a observaram caminhar alguns metros de volta para a sala principal
e se acomodar à mesa em frente a Orjul novamente e olhar para ele.
Vau encolheu os ombros.
— Ah, bem. Pelo menos eu posso tirar uma soneca enquanto ela está
cuidando da loja. Então posso voltar a trabalhar com métodos mais
tangíveis.
Orjul deu um suspiro agudo e Vau olhou em volta. O que quer que Etain
estivesse fazendo, ela nem estava tocando nele. Apenas olhando.
— Kal, essas pessoas me assustam mais do que Orjul. — disse Vau. —
Vou abaixar a minha cabeça por algumas horas. Me acorde se ela chegar a
algum lugar ou o matar, é claro.
Era por volta das 10:30 da manhã, quando as pessoas estavam fazendo
negócios mundanos na cidade. Parecia uma hora estranha do dia para
conduzir um interrogatório. Skirata de alguma forma sentia que eles sempre
eram realizados em alguma noite permanente.
E Etain mostrou todos os sinais de estar à altura da tarefa.
De tempos em tempos, ela abaixava a cabeça como se tentasse ter uma
melhor visão da expressão de Orjul enquanto ele se sentava de bruços na
mesa, com os dedos entrelaçados em seus cabelos claros, como se estivesse
com uma dor de cabeça ofuscante. Skirata queria perguntar o que ela estava
fazendo com ele, mas estava preocupado que isso quebrasse a sua
concentração.
E ela estava completamente concentrada na tarefa em questão. A sua
velocidade de piscada diminuiu tanto que parecia estar congelada, exceto
pelo pulsar na garganta. Orjul ocasionalmente ofegava e gritava, se
contorcendo como se estivesse tentando rastejar pela superfície da mesa.
Skirata se afastou e foi encarar o Nikto por um tempo. Quando voltou
para a sala, Orjul estava soluçando. Etain, de frente para ele, falava
baixinho.
— Você pode ver, Orjul? Você consegue ver o que acontece?
Skirata assistiu.
— Orjul...
O homem choramingou exatamente como um strill, um ruído fino de
animal.
— Eu não posso...
— O medo de estar errado é pior que a dor, não é? Apenas te devora e
você não pode desligá-lo. Você está certo disso? Ou você é tão ruim quanto
a República que você odeia? Nós somos realmente o inimigo, ou você é?
Olhe para os peões indefesos que você mata.
Então era isso que ela estava fazendo. Skirata se perguntou se estava
usando seus poderes da Força para causar dor física real. Mas foi direto ao
assunto e recriou as coisas que a dor fazia com você de qualquer maneira:
fazia você temer por sua sanidade muito antes de temer por sua vida.
Ele tinha que aplaudir. Era não-letal e não muito além da usual influência
mental. Talvez ela estivesse lutando para encontrar um limite ético em sua
própria mente. Talvez fosse o seu próprio pesadelo, a pior coisa que ela
poderia conceber.
Ela manteve isso por uma hora. Ele não tinha ideia se ela sugeria
imagens e consequências terríveis em sua mente, ou se estava simplesmente
inundando-o de adrenalina contra seus desejos, mas o que quer que fosse,
estava exaurindo a ambos. Eventualmente, Orjul caiu em soluços, e Etain
estremeceu e pareceu desorientada como se saísse de um transe.
Skirata agarrou o ombro de Vau e o sacudiu.
— Entre lá. Ela o quebrou o suficiente para você terminar o trabalho.
Vau olhou para o crono.
— Nada mal. E aí? Não quer deixá-la enfrentar as consequências reais?
— Apenas faça isso, sim?
Vau tirou as pernas da cama e caminhou até a sala principal para tirar
Etain da cadeira e guiá-la e a Skirata em direção às portas.
— Vá tomar um fizzade, Jedi. — Ele se virou para Orjul, que encarava
Etain com os olhos arregalados. — Ela só está indo tomar um refresco. Ela
volta mais tarde.
Skirata pegou o cotovelo de Etain. Não estava acostumado a segurar
pessoas pequenas: seus rapazes eram músculos sólidos, maiores e mais
fortes que Etain. Sentiu como se estivesse segurando o braço de uma
criança. Sentou-a no pequeno banco na parte de trás da plataforma de
desembarque e pegou o seu comunicador para pedir transporte.
— Não, eu vou voltar. — disse Etain.
— Só se Vau nos chamar de volta.
— Kal...
— Você volta só se ele realmente precisar de você. Certo?
Eles ainda estavam esperando Ordo pegá-los quando Etain se encolheu e
depois olhou para as portas do saguão.
Elas se abriram e Vau saiu, esfregando os olhos. Havia um cheiro
distinto de ozônio agarrado a ele, como um blaster descarregado.
— Zona Varejo, Quadrante B-85. — disse Vau simplesmente. Ele
estendeu seu datapad com coordenadas. — Mas ele não me deu uma data,
se é que ele sabe de alguma. Ele deveria deixar os explosivos no armazém,
e alguém estaria junto para recolhê-los. Ele nunca soube quem.
Skirata cheirou o perfume ozônico novamente e mudou para Mando'a,
embora tivesse certeza de que Etain tinha se encolhido porque sentira o que
havia acontecido.
— Gar ru kyramu kaysh, di'kut: tion'meh kaysh ru jehaati? — Você o
matou, seu idiota: e se ele estivesse mentindo?
Vau fez um som irritado.
— Ni ru kyramu Niktose. Meh Orjul jehaati, kaysh kar'tayli me'ni ven
kyramu kaysh. — Eu matei o Nikto. Se Orjul está mentindo, ele sabe que
vou matá-lo.
Orjul estaria morto mais cedo ou mais tarde de qualquer maneira. Sem
prisioneiros: não neste percurso. Era incrível quantas pessoas ignoravam o
inevitável enquanto esperavam uma saída.
Etain não disse nada. Quase correu para o speeder quando Ordo pousou
na plataforma. Skirata se sentou ao lado dela. Simplesmente parecia
subjugada.
— Resultado? — Ordo disse calmamente, com o capacete no banco ao
lado, com os olhos voltados para a frente.
— Possível local de desembarque. — disse Skirata. — Alguém pode
estar esperando coletar um estoque de explosivos. Então é melhor termos
algo pronto para eles recolherem.
— A Inteligência não sugere que eles tenham notado a perda da remessa
ainda.
— Bem, se as células estiverem tão isoladas por razões de segurança
quanto pensamos, então não há ninguém para notar por um tempo, há?
— Existe a pequena questão de encontrar um esconderijo de explosivos,
mas poderíamos fazer isso funcionar para nós.
— Eu posso ouvir as engrenagens trabalhando, filho. — Skirata deu um
tapinha na mão de Etain. — E você se saiu bem, ad'ika. — Ordo olhou por
cima do ombro e depois pareceu perceber que Skirata se referia a Etain, não
a ele, desta vez. Não havia gênero em Mando'a. — Nunca é fácil.
Aceitou o toque sem reação, e então agarrou a mão dele com tanta força
que ele pensou que ela iria explodir em lágrimas ou protestar. Mas ela
manteve a fachada de calma, exceto pelo aperto desesperado na mão. Ele
sempre teve um toque suave para o alcance de uma criança desesperada.
— Semear dúvidas é uma coisa muito corrosiva quando você lida com
pessoas que acreditam em causas. — disse Etain.
Skirata decidiu que não teria problema em tratá-la como filha. Esquecia
a sua filha real e distante com muita frequência. Gostava de voltar para as
boas-vindas animadas da pequena Ruusaan, mas cada vez que voltava para
casa de uma guerra, onde quer que a casa estivesse, ela estava
irreconhecivelmente mais velha e menos animada em vê-lo, como se não o
conhecesse.
Mas eu tenho filhos.
— É por isso que me apego a causas que ninguém pode tirar de mim. —
disse Skirata.
A identidade e a alma de um Mandaloriano dependiam apenas do que
vivia dentro dele. E confiava apenas em seus irmãos guerreiros... ou em
seus filhos.
CAPÍTULO 10
Clone troopers são bem disciplinados. Até os troopers da CRA do lote Alfa, por mais
intratáveis que sejam, são previsíveis, no sentido de que Fett lhes deu ordens precisas que eles
continuam a obedecer. Mas os lotes de comando são quase tão imprevisíveis quanto os Nulos, e
os Nulos são muito bons em ser o exército privado de Skirata. Esse é o problema de ter clones
inteligentes treinados por uns farrapos de bandidos indisciplinados: eles acabam sendo
idiossincráticos e, na pior das hipóteses, desobedientes. Mas provavelmente vencerão a guerra
por nós. Tolere-os.
— Avaliação do quadro de Comandos da República pelo Diretor das Forças Especiais,
general Arligan Zey, explicando discrepâncias nos estoques e inventário de armas ao General Iri
Camas

Refúgio do Qibbu, setor de entretenimento, casa operacional da


equipe de ataque, no início da noite, 371 dias após Geonosis

sso é simplesmente não natural. — disse Chefe. Ele parou na frente


—I do espelho. — Não posso deixar de notar o que essa armadura não
cobre.
— Cobre o tronco e as coxas, e é aí que estão os principais vasos e
órgãos sanguíneos. — Atin puxou a sua túnica. Todos haviam deixado de
usar seus uniformes do GER, a túnica vermelha padrão e as calças. Fora do
quartel, o equipamento casual fazia Fi parecer ridiculamente nu. — Isso é
tudo de que você precisa. Está vendo? Não aparece no tecido.
— Você pode viver sem um braço. — disse Fi. —Eles sempre podem te
dar um novo.
— E a minha cabeça?
— Como eu disse, eles sempre podem substituir peças não essenciais.
Chefe nem levantou os olhos da inspeção de sua túnica.
— Eu amo esse cara. Ele fará uma ótima prática de tiro ao alvo.
Tinha razão: eles estavam lutando sem capacete. Isso seria difícil. Todos,
desde o clone trooper até o capitão CRA, viviam por seus capacetes. O
buy'ce era um centro de comando e controle em si.
Fi pegou uma bobina de fio afiado e esticou-o entre as mãos. Skirata o
havia ensinado a usar aquilo: um garrote, passava-se pelo pescoço, se seu
alvo tivesse um, e se apertava para cortar ou sufocar. Havia todo tipo de
dispositivos e técnicas interessantes recomendados por Skirata. Outros
instrutores tinham os seus próprios favoritos, de acordo com os lotes de
treinamento de comando, mas as de Kal eram claramente à queima-roupa,
pessoais. O que ele costumava dizer? Você precisa ser capaz de lutar se
estiver encurralado apenas com as suas cuecas, filho. A natureza lhe deu
dentes e punhos.
O Sargento Kal parecia saber exatamente como era aquilo. Ele
certamente conhecia as suas técnicas.
A sala principal no topo do hotel decadente, apressadamente à prova de
som com um revestimento micro anecoico sobre as paredes e janelas, estava
cheia de corpos se acotovelando. Jusik entrou, claramente satisfeito consigo
mesmo, e colocou uma fileira de pequenas contas e dispositivos na mesa de
duraplástico preta e arranhada. Atin se aproximou e olhou para a aquisição.
— Onde você conseguiu tudo isso, Bardan?
Jusik prendeu uma das contas na ponta do dedo e estendeu para Atin. Fi
se moveu. O que quer que fosse, ele também queria um.
— Comunicador auditivo e autônomo de trooper CRA. Um para cada.
Sem necessidade de seus buy’cese ou algo muito óbvio: basta colocá-lo no
ouvido. Além disso. — O Jedi tirou um pequeno saco transparente do que
parecia ser permavidro em pó. — Marcador de rastreamento.
— Nunca vi isso antes.
— Novo em folha dos laboratórios. Chama-se Poeira. Transmissores
microscópicos. Espalhados em um campo de batalha para monitoramento
praticamente invisível. Você nunca sabe quando pode precisar.
— Você pegou tudo isso dos estoques? — perguntou Fi.
— E do Desenvolvimento de Aquisição. Tudo acabou nos meus bolsos
de alguma forma.
— O Capitão Maze vai ter de sobra.
— Tudo bem. Ordo pode explicar a necessidade para ele mais tarde. Ele
ouve o Ordo.
— Onde está Skirata? — Sev perguntou. — Talvez eles estejam tendo
problemas para quebrar os prisioneiros.
— Não o Vau. — Fixer embolsou uma conta comunicador.
— Por que ele precisava da Etain, então?
— Talvez para mostrar a ela como é feito.
Fi viu Darman se tensionar. Esperou que o irmão dissesse alguma coisa,
mas Dar engoliu qualquer resposta que estivesse se formando e continuou
mexendo com o encaixe das placas de armadura sob a túnica. Não era
exatamente um segredo que tinha um fraquinho por Etain, mas ninguém
brincava com ele também. Esse era um dos aspectos da vida que Skirata
lhes ensinara, mas nenhum deles tinha muita esperança de perseguir.
Era fácil voltar para Kamino, onde o mundo real nunca havia se
intrometido, não além do risco de ser morto em treinamento, é claro. Mas a
exposição dos últimos nove meses a pessoas fora da fraternidade apertada
fez a vida cotidiana parecer muito mais perigosa do que o próprio combate.
Porque a vida de outras pessoas não era nada comum.
Fi foi até a janela, agora obscurecida por um belo filme de gaze anti
vigilância, e observou ao passeio de turistas e moradores locais pelas
passarelas em frente ao Refúgio do Qibbu. Ele não invejava a sua existência
cotidiana: Skirata havia dito ao seu grupo de comandos quão sombrio e
triste poderia ser ganhar a vida e quão mais limpo era ter um objetivo claro
na vida.
Mas ele não havia dito a eles como seria observar casais e famílias de
todas as espécies. Skirata se prendeu ao básico. Fui expulso por tantas
mulheres que não posso lhe dizer nada de útil sobre relacionamentos, então
evite-as se puderem. Mais uma vez, pareceu à classe como algo que disse e
não falava sério, como o jeito que os chamou de Droides Molhados e disse
que estavam ali para lutar, não para socializar. Apenas significava que era
um tópico doloroso para ele enfrentar.
Ele também os chamara de Homens Mortos. Mas eles não eram mais
Homens Mortos. Eles aprenderam a ser Mandalorianos, e isso, disse Kal,
significava que tinham uma alma e um lugar na eternidade Mando. Fi
achava que provavelmente valia a pena ter.
As portas se abriram e todos os oito comandos giraram para apontar uma
coleção heterogênea de blasters civis modificados para a porta. Código de
segurança ou não, você nunca deveria ser cuidadoso demais. Skirata entrou
com Ordo e Etain atrás dele. Os esquadrões abaixaram as armas.
— Fui às compras. — disse Skirata alegremente. E ele falava sério. Fi
esperava que fosse seu eufemismo habitual para adquirir armas ilícitas, ou
pior, mas parecia que ele realmente estivera comprando coisas. Ele
derrubou uma sacola de frutas sortidas, doces, sorvetes, nozes e outras
iguarias que Fi não conseguiu identificar na mesa ao lado das aquisições de
Jusik. — Vão em frente. Encham suas botas.
Delta hesitou. Ômega não. Então Delta pareceu se lembrar de que
encham suas botas significava "comam até explodir". Fi descascou o
embrulho verde brilhante de algo que cheirava a frutas azedas e descobriu
que era congelado e coberto por algo apetitosamente crocante.
Mas Etain parecia cansada. Jusik a observava com cautela, como se algo
não dito estivesse acontecendo entre eles. Os Jedi podiam fazer esse tipo de
coisa, assim como soldados usando capacete, silenciosos para o mundo
exterior. Então, Etain murmurou algo sobre tomar um banho quente no
banheiro e desapareceu no quarto ao lado.
— Temos um local de queda. — disse Skirata. — E alguns milhares de
clone troopers em licença por algumas semanas, graças ao nosso amigo
totalmente inesperado Mar Rugeyan.
— Humm, nozes trituradas. — disse Fi, identificando a cobertura no
gelo. — Isso foi muito útil da parte dele.
Todos pararam no meio da mastigação. Fi notou que Jusik não estava
comendo, apenas observando o sargento com uma expressão extasiada. O
jovem general tinha tido uma dose muito ruim de Skiratas. Assim como as
doenças, essa era uma das melhores para se pegar.
— Então, nós os soltamos ou precisamos fazer a coisa chata e deixá-los
ir? — Perguntou Chefe. Niner deu a ele um de seus olhares engraçados, do
tipo que dizia que pensava que era necessário um pouco de contemplação
silenciosa. Niner e Chefe não viram os seus papéis recém-reduzidos da
mesma maneira: Niner gostava de liderar por ter certeza, e Chefe parecia
gostar de ser o primeiro. — Este é um trabalho de rastreamento, certo?
— Vau transformou vocês em garotos muito impacientes. — disse
Skirata. — Sim, é aqui que fica chato. E sabem de uma coisa? Vocês não
estarão menos mortos se entenderem errado. — Ele pegou algumas frutas
shuura e jogou-a para a equipe Delta. — E eu realmente espero que Vau
tenha lhe ensinado bem isso, porque eu serei decepado se você for
impulsivo para atirar e estragar esta operação.
Chefe parecia magoado. Fi não achou que o Delta tivesse emoções tão
delicadas.
— Somos profissionais, Sargento. Nós sabemos como fazer isso.
— O que eu disse a vocês?
— Desculpa. Kal. Só que ainda não vimos o inimigo.
— Bem-vindo às operações antiterror, espertalhão. Eles não são droides.
Eles não se alinham e marcham para você. Você não ouviu nenhuma das
minhas palestras?
— Bem...
— Eles podem te matar e nem estar no planeta quando isso acontecer.
Mas você pode rastrear e matá-los da mesma maneira. Trata-se de paciência
e atenção aos detalhes.
— O Delta é muito bom nisso, pelo que ouvi. — disse Fi. Sev lançou-lhe
aquele olhar frio e vazio. Fi simplesmente provocou ainda mais. — É por
isso que eles fazem o planejamento operacional como pinturas a dedo.
Skirata arremessou uma bola de flimsi enrolada em Fi e o acertou no
ouvido... com força.
— Certo, Ordo vai pontuar alguns explosivos confiáveis nos próximos
dias, porque isso será útil se precisarmos nos infiltrar nas células. E
começaremos a fiscalizar o local de entrega agora, porque não temos uma
janela de tempo em que os explosivos devem ser apanhados. Quatro turnos:
Fi e Sev como Vigia Vermelha, aliviados por Dar e Chefe como Vigia Azul,
aliviados por Niner e Scorch como Vigia Verde.
Fi observou o processo de eliminação de Atin. Ele parecia ter sido
mergulhado em água fria. Fi suspeitava que ele queria ser emparelhado com
Sev, e por todos os motivos errados.
— Isso deixa você e Fixer como Vigia Branca, para que mantenha o
foco. — disse Skirata, dando a Atin um soco amigável no peito. Ele
também viu. Mas então, Skirata via tudo. — Um turno de observação, um
de agrupamento de informações e dois ficam de fora.
— E todos os outros?
— Ordo está disfarçado para encontrar o nosso espião, e Bardan e Etain
se unirão às rotações normais de turno até que precisemos entrar em uma
nova fase. Se necessário, Vau e Enacca também voltarão e nos darão uma
mão.
Jusik, parecendo convincentemente desagradável em roupas comuns e
com o cabelo desgrenhado, verificou o seu blaster S-5. Sim, Zey ficaria
louco quando visse a conta dessa operação.
— Podemos usar a Força, Kal?
— Claro que podem, Bard'ika. Contanto que ninguém perceba. Ou desde
que não deixem testemunhas, de qualquer maneira. O mesmo vale para os
sabres de luz. Sem testemunhas. Pode parecer um pouco óbvio.
— Quando começamos? — Perguntou Chefe.
Skirata olhou para o crono.
— Três horas. Hora de comer, eu acho.
Sev deu uma cotovelada em Fi, um pouco forte demais para ser
amigável, mas não o suficiente para começar uma briga.
— Então você e eu. O cérebro e a boca. Não me deixe ser morto.
— Eu estou brincando. Eu costumo trabalhar com capitães CRA. —
Observar pessoas normais levando vidas normais? Prefiro enfrentar uma
linha de droides. O que aconteceu com a minha certeza? Os outros se
sentem assim? — Mas há uma guerra, então sacrifícios precisam ser feitos.
— Você pode fazer o truque de trooper burro?
— Você quer dizer que não está fazendo isso agora?
— Espero que você seja tão bom quanto fala, ner vod.
— Conte com isso. — disse Fi, e observou que Darman se afastava na
direção da saída de Etain. — Às vezes não tenho muita graça.


Etain sentiu que tinha aguentado muito bem, considerando tudo.
Foi somente quando fechou a porta do banheiro que vomitou
incontrolavelmente até as lágrimas descerem por seu rosto e para sua boca.
Deixou água jorrar na bacia para esconder o som e engasgou com os
soluços.
Estava tão convencida de que podia lidar com isso. E não podia.
Rasgar a alma de Orjul foi ainda mais difícil do que a violência física
total. Havia roubado a convicção dele, o que não tinha sido um grande mal,
até ser colocado no contexto do fato de que ele, ela sabia, morreria muito
em breve sem o conforto de suas crenças, quebrado, abandonado e sozinho.
Por que estou fazendo isto? Porque homens estão morrendo.
Quando os fins deixam de justificar os meios?
Vomitou até ser convulsionada por solavancos secos. Então encheu a
lavatório com água fria e mergulhou a cabeça nela. Quando ela se
endireitou e sua visão clareou, olhou para um rosto que reconheceu. Mas
não era o dela: era o rosto duro e longo de Walon Vau.
Tudo o que aprendi está errado.
Vau era todo brutalidade e conveniência, um exemplo claro do lado
sombrio para um Jedi como qualquer um que pudesse imaginar. E, no
entanto, havia uma total ausência de malícia consciente nele. Deveria ter
sentido raiva e intenção assassina, mas Vau estava cheio de... nada. Não,
não nada: na verdadele era calmo e benigno. Ele pensava que estava
fazendo um bom trabalho. E viu seu suposto Jedi ideal nele, motivado não
pela raiva ou pelo medo, mas pelo que achava certo. Agora questionava
tudo o que havia aprendido.
Escuridão e luz são simplesmente a percepção do agressor. Como isso
pode estar certo?
Como a conveniência sem paixão de Vau pode ser moralmente superior
à raiva e ao amor de Skirata?
Etain lutou durante anos com a própria raiva e ressentimento. As
escolhas eram ser uma boa Jedi ou uma Jedi fracassada, com a suposição, às
vezes não dita, às vezes dita, de que o fracasso significava o lado sombrio.
Mas havia um terceiro caminho: deixar a Ordem.
Limpou o rosto na toalha e enfrentou uma dura compreensão.
Permanecia uma Jedi porque não conhecia outra vida. Teve pena de Orjul
não porque o torturara, mas porque ele havia sido roubado da única coisa
que o mantinha são, as suas convicções, sem as quais ele não tinha direção.
A verdade era que ela tinha pena de si mesma, desprovida de direção, e a
projetara na vítima por meio de negação.
A única coisa altruísta que eu já fiz que não estava centrada em minha
própria necessidade de ser uma boa Jedi, desapaixonada e desapegada, foi
me preocupar com esses homens clonados e perguntar o que estamos
fazendo com eles.
E essa era a direção dela.
Era muito claro; mas ainda estava crua e dolorida por dentro. A
revelação não curou. Estava sentada na beira da banheira, com a cabeça
apoiada nos joelhos.
— Senhora, o que há de errado? — Era a voz de Darman. Deveria ser
igual a de todos os outros clones, mas não era. Todos eles tinham nuances
distintas em sotaque, som e tom. E ele era Dar.
Podia sentir Darman através dos sistemas estelares agora. Queria ter
entrado em contato com ele na Força muitas vezes, mas temia que isso
pudesse distraí-lo de seu dever e colocá-lo em perigo, ou, se ele soubesse
que era ela e não a aceitasse, ou irritá-lo.
Afinal, ele teve a opção de ficar em Qiilura com ela. E optou por ficar
com o seu esquadrão. O que ela sentia por ele agora, o desejo que se
desenvolveu apenas depois que eles se separaram, podia não ser mútuo.
Ele chamou de novo.
— Você está bem?
Ela abriu as portas e Darman espiou dentro.
— Eu não quero ser senhora agora, Dar.
— Desculpe, não tive a intenção de interromper...
— Não vá.
Ele deu alguns passos para dentro do recinto, como se estivesse preso em
uma armadilha. Já estivera aqui antes; tinha sido totalmente dependente das
habilidades militares dele quando sua vida estava em risco. Ele tinha sido
tão concentrado, tão tranquilizador, tão competente. Onde tinha dúvidas, ele
tinha certezas.
— Então você ainda não acha mais fácil. — disse Darman.
— O que?
— Ceder à raiva. Você sabe. Violência.
— Oh, qualquer Mestre Jedi teria orgulho de mim. Eu fiz tudo isso sem
raiva. A raiva leva ao lado sombrio. Ser sereno é certo.
— Eu sei que deve ter sido difícil. Eu sei como o Sargento Kal reagiu
quando ele teve que...
— Não. Eu estava prejudicando um estranho. Nenhum dilema pessoal.
— Isso não faz de você uma pessoa má. Isso tinha que ser feito. É isso
que está te incomodando?
— Isso, talvez. E ter dúvidas.
Não queria ficar sozinha com tudo isso na cabeça. Poderia ter meditado.
Tinha a força de vontade e as habilidades antigas para passar por essa
turbulência e fazer o que Jedi haviam feito por milênios: se desligar do
momento. Mas ela não queria.
Queria arriscar viver com esses sentimentos terríveis. De repente, o
perigo parecia estar em negá-los, assim como ela tentou, sem sucesso, negar
o que sentia por Darman.
— Dar, você já teve dúvidas? Você sempre disse que tinha certeza do seu
papel. Eu sempre senti que você tinha.
— Você realmente quer saber?
— Sim.
— Eu tenho dúvidas o tempo todo.
— De que tipo?
— Antes de deixarmos Kamino, eu tinha tanta certeza do que tinha que
fazer. Agora... bem, quanto mais vejo a galáxia... mais vejo as outras
pessoas, mais me pergunto, por que eu? Como acabei aqui, e não como as
pessoas que vejo ao meu redor em Coruscant? Quando vencermos a guerra,
o que acontecerá comigo e com meus irmãos?
Eles não eram estúpidos. Eles eram muito inteligentes: criados para isso,
na verdade, e se você cria pessoas para serem inteligentes, engenhosas,
resilientes e agressivas, mais cedo ou mais tarde elas perceberão que o seu
mundo não é justo, e começarão a se ressentir.
— Eu questiono isso também. — disse Etain.
— Isso me faz sentir desleal.
— Não é desleal questionar as coisas.
— Mas é perigoso. — disse Darman.
— Para o status quo?
— Às vezes você não pode discutir com tudo. Como ordens. Você não
tem a imagem completa da batalha, e a ordem que ignora pode ser a que
salvaria a sua vida.
— Bem, estou feliz que você tenha dúvidas. E também estou feliz por tê-
las.
Darman se encostou na parede, todo cheio de preocupação.
— Você quer algo para comer? Vamos arriscar o nerf do Qibbu em
molho de glockaw. Scorch acha que provavelmente é rato blindado.
— Não tenho certeza se posso enfrentar multidões agora.
— Você deve estar superestimando a popularidade da culinária do
Qibbu. — Ele encolheu os ombros. — Eu provavelmente poderia fazer com
que o cozinheiro atordoasse a coisa com o meu DC e o enviasse pelo
serviço de quarto.
Esse era tão Darman: ele tinha uma natureza implacavelmente positiva.
O trabalho dela era inspirá-lo, mas foi ele quem a fez se levantar e lutar
várias vezes quando estavam em Qiilura. Ele a tinha mudado para sempre.
Perguntou-se se ele tinha alguma ideia do quanto ainda estava mudando sua
vida agora.
— Tudo bem. — disse ela. — Mas só se você me fizer companhia.
— Sim, comer rato blindado sozinha provavelmente é pedir por
problemas. — Ele sorriu de repente, e se sentiu iluminada por isso. — Você
pode precisar de primeiros socorros.
A voz de Niner o interrompeu pela passagem.
— Dar, você vem conosco ou o quê? Fi e Sev deveriam estar de vigia.
— Não, eu vou ter algo enviado aqui pra cima. Eles podem seguir em
frente com você. Nós faremos o dever. — Darman inclinou a cabeça como
se quisesse ouvir alguma repreensão. — Tudo bem?
Dessa vez foi a voz de Skirata.
— Dois bifes?
— Por favor.
— Não algo seguro, como ovos?
— Bifes. Não temos medo de nada.
De repente, Etain sentiu vontade de rir. Fi podia ser o comediante, mas
Dar era genuinamente animador. Ele não estava tentando suprimir a dor.
Também o achou distraidamente bonito, mesmo que parecesse idêntico a
seus irmãos. Adorava-os como amigos, mas eles não eram Darman, e de
alguma forma nem se pareciam com ele. Ninguém mais seria tão precioso
para ela, sabia disso.
— Bem, o que devemos fazer agora? — ele perguntou.
— Sem treino com sabre de luz, para começar.
— Você realmente me bateu com aquela vara.
— Você me disse que eu precisava.
— Então você recebe ordens de clones, General?
— Você me manteve viva.
— Ah, você teria feito isso muito bem sem mim.
— Na verdade, não. — disse Etain. — Na verdade, eu não teria me saído
bem.
Olhou-o nos olhos por alguns momentos, esperando que Darman, o
homem, reagisse a ela, mas ele simplesmente olhou pra trás, um garoto
perplexo novamente.
— Eu nunca estive tão perto de uma mulher humana antes. Você sabia
disso?
— Posso adivinhar.
— Eu não tinha certeza se as Jedi eram... carne e sangue de verdade.
— Às vezes eu me pergunto isso também.
— Eu não tinha medo de morrer. — Ele colocou as mãos na cabeça por
um momento e depois passou os dedos pelos cabelos, o gesto que viu em
Skirata. — Eu estava com medo porque não sabia o que estava sentindo e...
O droide de serviço tocou para entrar.
— Fierfek. — Os ombros de Darman caíram um pouco. Ele se levantou
e pegou a bandeja do droide, parecendo corado e irritado. Ele abriu as
tampas e inspecionou o conteúdo como se fossem explosivos instáveis, e
sentiu que o momento estava perdido.
— Está morto? — Etain perguntou.
— Se não estiver, não voltará a se levantar tão cedo.
Ela mastigou uma mordida de teste, pensativa.
— Poderia ser pior.
— Cubos de ração...
— Ah, isso traz de volta memórias.
— Agora você sabe porque nós comemos qualquer coisa
— Também me lembro do pão. Argh.
Ele cutucou algo no recipiente com o garfo, parecendo preocupado.
— Você me procurou na Força, não foi? Eu não estava imaginando
aquilo.
— Sim, eu procurei.
— Por quê?
— Não é óbvio?
— Como eu saberia? Não estou certo se sei muito sobre você.
— Eu acho que sabe, Dar.
De repente, Darman se interessou excepcionalmente pelos restos do bife,
que poderiam ter sido nerf, afinal.
— Não acho que alguém acreditou que as mulheres fossem importantes
para nós, dada a nossa expectativa de vida. E não era relevante para o
combate.
Isso era agonizante. De todas as injustiças empilhadas nesses clones que
nunca tiveram escolhas, essa foi a pior: a negação de qualquer futuro
individual, da própria esperança. Se eles vencessem as chances de batalha,
ainda estavam condenados a perder a guerra contra o tempo. Darman
provavelmente estaria morto em trinta anos, e ela ainda não estaria na
metade da vida.
— Aposto que Kal pensou que era importante.
Darman mordeu o lábio e desviou o olhar. Ela não tinha certeza se ele
estava envergonhado ou se simplesmente não sabia o que ela realmente
estava perguntando.
— Ele nunca mencionou o que fazer com generais. — disse ele
calmamente.
— Meu Mestre também nunca mencionou especificamente soldados.
— Eu ouvi que você ignora ordens, de qualquer maneira.
— Eu estava com medo de nunca mais ver você, Dar. Mas você está aqui
agora, e é isso que importa.
Estendeu a mão para ele. Ele hesitou por um momento, depois estendeu
a mão sobre a mesa e a pegou.
— Nós podemos estar mortos amanhã, nós dois. — disse ela. — Ou no
dia seguinte ou na próxima semana. Isso é guerra. — Ela pensou no outro
Fi, cuja vida se esvaiu em seus braços. — E eu não quero morrer sem te
dizer que senti sua falta todos os dias desde que você partiu, e que eu amo
você, e que não acredito no que me foi ensinado sobre apego, assim como
você não deveria acreditar que foi criado apenas para morrer pela
República.
Isso era quebrar todas as regras.
Mas a guerra tinha quebrado todas as regras da manutenção da paz Jedi e
uma República civilizada de qualquer maneira. A Força não seria lançada
em tumulto se um Jedi medíocre e um soldado clonado que não tinha
direitos quebrassem apenas mais uma.
— Também nunca parei de pensar em você. — disse Darman. — Nem
por um momento.
— Então... quanto tempo leva para dois esquadrões terminarem as
refeições no bar?
— Tempo suficiente, eu acho. — disse Darman.
CAPÍTULO 11
Prefiro que os pequenos Jedi como Barden e Etain trabalhem conosco do que aqueles como
Zey. Eles são afiados, sem preconceitos, sem ideologias. E eles estão mais preocupados em
fazer a diferença na equipe do que toda essa osik filosófica sobre o lado sombrio. Zey pode ser
um homem experiente, mas ele parece querer respeito de mim só porque pode abrir jarros de
caf com a mente.
— Kal Skirata, tomando uma bebida tranquila com o Capitão Jailer Obrim, bem longe de
olhares indiscretos

Setor Varejo, Quadrante B-85, nove dias depois, veículo de


observação em posição com vista para o espaço do armazém, 1145
horas, 380 dias após Geonosis

J usik estava se divertindo.


— Então. — disse ele, e deixou o visor escuro estiloso ao deslizar pelo
nariz para que pudesse olhar por cima. — Pareço um piloto de táxi de baixa
vida?
— Muito convincente. — disse Fi. Ele se perguntou se Jusik já tivera o
bom senso de ter medo. — Pareço um passageiro?
Sev, sentado ao lado de Jusik no banco da frente do táxi, tinha uma mira
de DC-17 destacada equilibrada no console da embarcação e remendada em
um datapad por um fino fio amarelo. Ele estava pingando, como Skirata
chamou. Cada vez que um transporte de entrega ou outra embarcação
passava pelo desfiladeiro sem saída dos armazéns situados abaixo dos
níveis de varejo acima, Sev verificava o transponder de registro no banco de
dados da FSC. Ele também verificava a carga com a varredura do sensor.
Fi ficou impressionado com a facilidade com que Fixer e Atin
configuraram a conexão remota sem que a FSC o localizasse. Eles nem
precisaram ligar para Ordo para resolver o problema. Ordo havia se fundido
à cidade novamente dois dias atrás, algo nada fácil para um capitão CRA.
Fi tentou não se perguntar onde ele poderia estar. Já era ruim pensar em
Sicko.
— Certo, esse era rotina. Entrega de roupas. — Sev fez um ruído baixo
na garganta, quase como um animal. — Como é a aparência do lado de fora
agora?
— No momento, um motorista de táxi Rodiano lendo uma holorrevista
enquanto está estacionado e esperando.
Fi podia ver, mas ninguém conseguia ver do lado de fora, ou pelo menos
eles podiam ver algo que não estava dentro no táxi, graças à fina película de
micro emissores fotoativos que revestiam o interior.
— Coisa inteligente, essa tela.
— Obrigado. — disse Jusik. — Demorei muito tempo para descobrir
como programar imagens em movimento para ela.
— Você está entediado? — Sev disse, olhando para Fi. Ele ainda parecia
cauteloso em dirigir qualquer um de seus comentários para o Jedi, mesmo
que toda a hierarquia tivesse sido deixada de lado. — Porque eu não estou.
E seu constante falatório está me afetando um pouco, ner vod.
Jusik interrompeu.
— Desculpe, Sev. Minha culpa.
Sev pareceu envergonhado por um momento.
— Se você estiver interessado, cinquenta e uma das setenta caixas que eu
assisti nesta vigia aparecem no banco de dados da FSC marcadas como
criminosas. O roubo é uma indústria maior do que negócios legítimos aqui.
Jusik levantou uma sobrancelha.
— Não é esse o tipo de coisa que o pessoal do Obrim gostaria de saber?
— Não é o tipo de coisa que traria os garotos de azul aqui e explodiria a
nossa operação?
— Ponto seu.
— Sem ofensa... Bardan.
O Delta não tinha trabalhado muito com Jedi, pelo menos não com os
juniores. Fi saboreou um momento de prazer ao ver a pretensão fria de Sev
reduzida a deferência envergonhada. Todos os Jedi deveriam ser humildes,
mas Jusik era mesmo. Parecia não se ver como nada de especial, apenas um
homem com algumas habilidades acidentais que não o tornavam mais
importante que a pessoa ao lado, apenas diferente.
Então eles esperaram.
E isso era muito mais difícil do que parecia.
— Uau. — disse Sev. — Olha para esse. — Fi e Jusik seguiram o ângulo
do alcance de Sev. — O banco de dados da FSC marcou esse como
RESTRITO.
— Poderia significar que é de interesse para nós ou poderia significar
crime organizado.
A viseira de Jusik havia escorregado até a ponta do nariz.
— Ou ambos.
Era um transporte de porte médio, com uma tonalidade verde opaca e
coberta de poeira. O transponder de identidade era evidentemente falso,
porque quando a caixa se alinhou com a plataforma nas portas do Armazém
58 e as escotilhas se abriram, havia apenas algumas caixas dentro. As portas
do armazém se abriram o suficiente para deixar um carrinho repulsor sair, e
dois droides começaram a carregar os pequenos contêineres na mesa do
repulsor.
— Carga pequena, mas pesada, pelo jeito. — disse Fi.
— E nós temos companhia. — Sev realinhou a mira e o datapad entrou
em modo de gravação. — Segundo transporte dando suporte para ele.
Outro veículo de entrega pairou, avançando em popa até ficar nivelado
com o outro lado da plataforma de pouso. As caixas foram transferidas para
ele. Eles não entraram no armazém.
— Isso é irregular. — disse Sev. — E não gostamos de irregularidades,
não é? O identificador diz que é uma nave de aluguel legítima.
Uma humana de macacão, pele branca, cabelos ruivos ondulados até os
ombros, porte médio, pequena, saiu do transporte verde para a plataforma e
encontrou com um Falleen macho que saltou do aluguel. Ele era jovem,
tanto quanto Fi podia dizer, com pele verde clara e equipamento de piloto
terrestre um pouco longo na perna para ele. Todos os detalhes foram dignos
de nota.
Os dois viraram as costas para a via aérea e pareciam estar conversando.
— Bem, essa é uma visão rara, e aposto que ele não está no banco de
dados da FSC. — disse Sev, verificando o pad. As imagens passaram pela
tela a uma velocidade ofuscante, enquanto o sistema buscava uma
correspondência com a imagem que a extensão havia captado. Após alguns
instantes, a tela dizia: NÃO CORRESPONDE. — Falleen não se aventuram entre
planetas com muita frequência, e ele certamente não está aqui para conferir
os pontos turísticos. Vamos tentar a mulher.
Fi assistiu. De fato, houve uma correspondência que surgiu rapidamente.
— Fierfek. — disse Sev. — O nome dela é Vinna Jiss. E ela é uma
funcionária do governo.
— Eu não vou gostar disso, não é?
— Não quando você souber que ela trabalha na logística do GER, não.
— Chakaar. — disse Fi. — Ela poderia estar no negócio legítimo, é
claro, mas então eu sou uma alma muito confiante.
— Falleen macho e funcionária do GER? Olá? Tenho que desenhar para
você? — Sev suspirou para si mesmo. — Eles certamente utilizaram
aqueles feromônios dos Falleen. Aposto que ela faria qualquer coisa que ele
pedisse. Obter informações de segurança dela seria ainda mais fácil.
Os dois transportes fecharam as escotilhas, deixando a mulher e o
Falleen na plataforma e voltaram para o céu. Parecia qualquer outra entrega,
exceto que era uma transferência de carga, o que não era comum, e os dois
que esperavam na plataforma gritavam bandidos por todos os poros e
escamas.
Os dois alvos examinavam seus datapads exatamente como a equipe do
armazém verificando uma remessa. Então o Falleen se virou e começou a
subir uma rampa de pedestres até o nível do varejo, e Vinna Jiss ficou por
ali.
— Eu sou naturalmente curioso. — disse Sev. — Fi, que tal uma
perseguição discreta a esses dois?
O coração de Fi batia forte. Treinamento e instinto assumiram. Ele estava
de volta a Kamino novamente, perseguindo um alvo armado no terreno
simulado de treinamento urbano na Cidade de Tipoca. Apenas a cidade era
simulada: a munição era real, mortalmente real.
— Pronto.
— Bardan, volte para trás daquele pilar, sim?
— Não podemos abandonar essa posição até a próxima vigília, Sev.
Deixe-me ligar para o apoio. E se eles estiverem nos vigiando e for um
engodo?
— Certo, nos deixe sair a pé e chame Niner e Scorch para te render.
Então você fica esperando pelo comunicador, só por precaução.
— Esse não é um procedimento operacional padrão.
— Este também não é um terreno operacional padrão. — Sev quase disse
senhor. Fi ouviu o começo de um s sibilado. O autonomeado homem durão
da Delta cutucou seu dedo com força na orelha direita, como se tivesse
medo de que o link do tamanho de contas caísse. — Lá vai a Jiss. Suba a
rampa também. Vamos, Fi. Mexa-se.
Eles saíram das escotilhas duplas do táxi e ativaram o holográfico de Fi
do setor para verificar para onde a rampa levava e onde estavam as saídas.
Eles encararam as linhas azuis e vermelhas do holográfico, cortesia do
banco de dados do corpo de bombeiros. Fi esperava que estivesse
atualizado.
— Isso os leva diretamente à praça do varejo.
Os pensamentos imediatos de Fi eram os civis, arcos de fogo obstruídos
e seus próprios sentidos limitados sendo um mau substituto para o
dispositivo de seu capacete Katarn. Mas eu sou mais do que a minha
armadura. O Sargento Kal disse isso.
Aproximou-se da parede, ficando fora de vista. Não é possível implantar
controles remotos de rastreamento, nem aqui nem em público.
— Eu mesmo posso fazer algumas compras.
— Apenas mantenha essa expressão idiota no rosto, Garoto Mongrel.
Combina com você.
Sev pegou o seu datapad e mudou a tela para o modo reflexivo, virando
as costas e segurando o dispositivo um pouco à direita.
— Ela está passando pelo topo da rampa... sim, ela desceu para o
primeiro nível. Ela está seguindo o Lagarto de Salão até agora. Vamos.
Vamos dar a volta na ponte e pegá-los aqui.
— Você tem uma atitude tão ruim em relação à diversidade étnica quanto
em relação ao exército regular, — disse Fi calmamente, relaxando os
ombros com a intenção de ser apenas um soldado de folga usando seu
uniforme vermelho escuro... com um blaster no cinto, como qualquer
Coruscanti sensato.
A hora seguinte foi não planejada, foi inesperada, mas não destreinada.
Fi esperava que conseguisse sobreviver.
Clube Social do Pessoal da Força de Segurança de Coruscant, 1300 horas, cabine particular,
bar dos oficiais seniores

Kal Skirata tinha a sua visão periférica e o prestar atenção treinada no


murmúrio geral do bar. Ele se sentiu mal por ter cautela com esses homens:
eles tinham a mesma tarefa ingrata que os seus garotos. Mas havia a
possibilidade de que o vazamento estivesse dentro de suas fileiras. Não
podia deixar a camaradagem obscurecer o seu julgamento.
Esperava que Obrim não se ofendesse com o campo de distorção que
havia criado. O pequeno emissor estava discretamente sobre a mesa, entre
os copos, como uma bola de flimsi enrolada, pronta para emitir qualquer
sinal de escuta.
— Se for um dos meus, eu pessoalmente colocarei uma ronda nele. —
disse Obrim.
Skirata não duvidava.
— Você pode colocar uma isca falsa no sistema e ver quem morde.
— Mas, mesmo que seja um de nós, eles ainda precisam de dados do
GER para concluir o loop. Uma coisa é ter imagens holográficas de alvos e
movimentos militares. É outra saber por onde começar.
— Certo, então. Eu tenho que colocar alguém dentro da logística do
GER. — Só havia uma escolha: Ordo. — Se encontrarmos um link com o
seu pessoal, eu tenho que te cortar. Me desculpe.
— Eu não estou sendo exatamente informado sobre tudo isso, não é?
— Se eu lhe dissesse onde os meus esquadrões estão operando e eles se
metessem em um problema que atraísse a atenção do seu pessoal, talvez
você precisasse cancelar. Então todo mundo saberia que temos uma equipe
de ataque destacada.
— Eu sei. Só estou preocupado que o seu pessoal atraia a atenção de
alguns dos meus colegas super zelosos e um de nós enviará coroas de flores
para os parentes mais próximos.
— Meus garotos não têm parentes próximos. Só eu.
— Kal...
— Eu não posso. Eu simplesmente não posso. Isso tem que ser negado.
— Ele gostava de Obrim. Ele era um espírito afim, um homem pragmático
que não confiava facilmente. — Mas se algo parecer que vai ficar fora de
controle e eu puder avisá-lo, eu vou.
Obrim agitou o resto de sua cerveja no copo.
— Certo. Tem certeza de que não quer uma dessas?
— Só tomo uma à noite para me ajudar a dormir. Hábito de Kamino. Era
difícil dormir.
— Você terá que me falar sobre isso um dia. Aposto que eles não tinham
nenhum crime na Cidade de Tipoca.
— Ah, tinha crime, sim. — Do pior tipo: se ele conhecesse outro
Kaminoano, sabia o que faria. — Nada pelo qual você poderia ter prendido
alguém, no entanto.
— Quando o seu garoto Fi vai parar para tomar uma bebida? Devemos
uma a ele pelo cerco. Garoto corajoso.
— Sim. Ele se joga instintivamente em uma granada e é um herói. Se ele
dispara instintivamente e mata um civil, ele é um monstro.
— E não sabemos, amigo. Também acontece conosco.
— De qualquer forma, Fi está em uma patrulha de rotina no momento.
— Skirata verificou seu crono. A Vigia Verde deveria render a Vermelha em
duas horas. — Eu vou trazê-lo aqui, não se preocupe. Ele provavelmente
está entediado no momento. Operações antiterror podem ser entediantes.
— Olhar por aí, olhar mais por aí, olhar ainda mais por aí, então briga,
puro pânico e bang.
— Sim, acho que isso resume tudo. — Skirata bebeu seu copo de suco.
— Só espero que cheguemos ao bang a tempo.
Praça do Varejo nível 4, Quadrante B-85, Coruscant, 1310 horas; Vigia Vermelha observando
alvos a pé
Eles deveriam tê-los chamado e deixar que uma das outras equipes
atendesse. Mas às vezes você tinha que correr com as coisas.
Fi estava agora no piloto automático, reagindo ao treinamento que ele
não percebera que havia absorvido tão completamente, e Sev estava
sincronizado com ele, passo a passo.
A praça de compras era uma massa de cores, pessoas aleatórias e cheiros
e sons ainda mais desconcertantes. Era a vida no campo sem capacete, e Fi
não gostou. Logo à frente, Vinna Jiss vagava casualmente, movendo-se ao
longo de uma linha diagonal e depois outra, e depois parava para olhar para
dentro de janelas de transparaço, cheias de coisas que Fi não fazia ideia de
que as pessoas compravam ou usavam.
Sev o olhou. Ele nem precisou dizer.
Ela olha uma enorme quantidade de vitrines. Não segue um caminho
reto. Acha que sabe como evitar uma perseguição, mas aprendeu isso com
holovídeos. Amadora. Conexão fraca.
— Bardan. — Sev disse calmamente.
A voz do Jedi era um sussurro no ouvido de Fi.
— Eu sei onde você está. Não se preocupe.
— Não estou preocupado. — Sev desviou o olhar do alvo e Fi virou-se
casualmente para ela, olhando-a, mas mantendo-a em sua visão periférica.
— Não consigo ver o Falleen agora...
— Seguindo em frente. — disse Fi.
Eles deixaram Jiss andar até que estivesse quase perdida na multidão e
depois começaram a se mover novamente. Uma operação de vigilância bem
planejada teria posicionado equipes móveis e fixas na área para
simplesmente observar e entregar o alvo à próxima equipe ao longo da rota.
Mas eles estavam por conta própria. E não tinham planejado seguir um
suspeito.
— Isso foi o que Kal disse que nunca deveríamos fazer. — disse Fi.
— Você tem uma ideia melhor?
— Acha que ela nos viu?
— Se sim, não reagiu.
— Por que iria? Se ela é o que pensamos que é, somos apenas alvos pra
ela.
A praça estava ocupada. Havia um restaurante no lado esquerdo com
mesas e cadeiras ao ar livre. Jiss se sentou. Sev e Fi passaram por ela, e se
Fi parecia um clone oprimido que passara a vida enclausurado em
ambientes militares, ele não estava agindo assim. Até a Refúgio do Qibbu
parecia mais familiar do que isso.
Não era o ambiente urbano. Era a grande massa de civis.
Eles não tinham escolha. Caminharam mais adiante.
— Fierfek. — disse Sev. — Ela voltou atrás ou desapareceu quando
pudermos dar a volta com segurança.
Fi estava olhando para frente. Ele podia ver salpicos de vermelho escuro
entre os ombros multicoloridos das dezenas de espécies que passeavam pela
praça.
— Aí vem o Quadragésimo Primeiro. — disse ele. — Você sempre pode
confiar na infantaria...
Cerca de uma dúzia de irmãos andava devagar, olhando ao redor e sendo
encarados por compradores que claramente nunca haviam visto clones
antes. Não importava quantas vezes Fi visse essa reação, sempre se
perguntava o que eles achavam tão estranho nisso, e então tinha que ver seu
próprio mundo como o resto da galáxia via.
Os Quadragésimos Primeiros estavam nivelados com eles agora.
Fi sorriu fraternalmente e recebeu um aceno confuso ou dois em troca.
Eles não me reconhecem! Isso era estranho. Todos os seus irmãos comandos
o conheciam. E podia dizer a infantaria da tripulação da nave pela maneira
como andavam. Caminhou entre os homens do Quadragésimo Primeiro
com Sev como uma banda se fundindo, e girou nos fundos do grupo para
voltar em direção ao alvo.
Ela ainda estava sentada lá. Mas estava olhando para o outro lado.
Ela estava olhando para outro grupo de clone troopers indo até ela de
outra direção.
— Adoro ser um rosto familiar. — disse Fi. A sua ansiedade deu lugar a
uma sensação de maior consciência, a emoção da caçada. A coluna da
mulher se endireitou como se fosse pular, mas ela ficou tensa por alguns
segundos até os clones se aproximarem dela e encontrarem o grupo vindo
de outra direção. Eles pararam para conversar. Fi e Sev se misturaram ao
grupo na parte traseira.
— Estou caminhando pelos fundos da praça. — disse a voz de Jusik em
seus ouvidos. — Niner está na estação agora. Vou te dar um
reconhecimento aéreo.
— Entendido. — disse Fi calmamente.
É uma segurança pessoal ruim se agrupar assim. Mas isso não
importava naquele momento. A mulher vacilou, tentando não olhar para o
grupo e falhando miseravelmente: Fi, como qualquer clone, estava
excepcionalmente sintonizado com pequenos gestos. Então ela se levantou
para entrar rapidamente na loja mais próxima.
— Talvez ela devesse créditos ao Jango. — Fi encolheu os ombros e
observou com o coração afundando que a loja parecia ser exclusivamente
para mulheres. As roupas expostas eram realmente bizarras. — Ou
simplesmente não somos o tipo dela.
— Então, espertalhão, você vai segui-la ali?
— Eu poderia.
— O que, dizer a eles que você está procurando um presente para a sua
namorada?
— Não abuse da sorte. Existe uma saída nos fundos?
Sev entrou em uma porta e protegeu Fi enquanto ele dava uma olhada
rápida no holográfico e apagava a imagem rapidamente.
— Não, mas existe uma plataforma de desembarque para entregas.
Sev caiu em um sussurro.
— Bardan, você já está conosco?
A voz de Jusik era quase uma risada.
— Fascinante. — disse ele. — Estou esperando na plataforma de
entrega. Um táxi é exatamente o que ela precisa agora. — Sev e Fi se
entreolharam. Eles ouviram Jusik, mas o táxi não estava visível, mesmo
quando recuaram e olharam discretamente para a linha do telhado. Então
eles ouviram a sua voz, totalmente nivelada, totalmente calma, totalmente
preocupante. — Sim? Sim, estou, senhora... para onde você quer ir? Eu
tenho uma reserva, mas...
— Sev, me diga que ele não está fazendo o que eu acho que está.
— Ele está fazendo.
— Ele é maluco.
Sev baixou a voz para um sussurro no comunicador.
— Bardan, se a pegamos agora, explodiremos essa operação. Não
exagera.
— Certo, senhora, mas o espaçoporto não está na minha corrida
regular, então vai custar um extra.
Houve o som de alguém entrando no táxi e a voz de uma mulher.
— Sim, apenas me deixe no terminal doméstico, por favor.
Fi se perguntou por um momento se pessoas comuns compartilhavam
pensamentos do jeito que ele sabia que Sev estava compartilhando com ele.
Eles foram treinados para pensar da mesma maneira, da maneira do
soldado. Para onde Jusik estava indo com isso? Se a deixasse como um táxi
normal, eles a perderiam no terminal de qualquer maneira. Ele não poderia
segui-la até lá e verificar para onde ela foi sem estragar sua cobertura. E se
ele não a deixasse...
Sev olhava para Fi.
— Lagarto às suas seis. — disse ele calmamente.
Fi virou muito, muito devagar e parou quando viu o homem Falleen com
a sua visão periférica no ponto em que a praça se afunilava em uma rampa
em espiral para outro nível. Ele estava procurando. Então a mulher não o
alcançou quando ele esperava, e ele estava procurando por ela. E isso
significava que ela não tinha nenhum comunicador, ou teria usado.
— Agora ele vai ser uma má notícia. Está carregando um canhão sério.
Veja a linha da jaqueta dele.
A voz de Jusik era uma descida silenciosa ao pulso de Fi batendo em sua
cabeça.
— Oh, Fierfek. Isso é ótimo. Ser redirecionado novamente... isso vai
custar, senhora... outro desvio...
— Ele é inteligente demais para o seu próprio bem. — Sev parecia
exasperado. — Bardan, você está fazendo o que eu acho que está fazendo?
Você está voltando na nossa direção?
— Pago um bom dinheiro de licença para não precisar usar faixas
automatizadas — disse a voz de Jusik em seus ouvidos. Ele realmente não
parecia um bom garoto do Templo Jedi agora. — E ainda assim sou
desviado. Para quê pagamos nossos impostos?
— Vou tomar isso como um sim.
O Falleen se afastou, parando de vez em quando para olhar em volta e
desceu lentamente a rampa. Fi e Sev inclinaram-se na borda do parapeito
como qualquer turista poderia fazer para apreciar a vista abaixo.
Fi baixou a voz.
— Ele está ligando para alguém. — O Falleen tinha as costas da mão
levantadas para a boca. Ah, para um comunicador de capacete. Fi poderia
ter conseguido captar a frequência. — É ela? Ou reforço?
— Poderíamos encerrar isso e pedir a Niner e Scorch para buscá-lo.
— E então arrastamos outro time para fora da estação. Não, vamos ver
isso.
Sev se sentou em um banco, parecendo adequadamente desorientado.
— Bardan, onde você está?
— Deixe-me tentar esse atalho, senhora... ei, para quem você está
ligando? Já está fazendo uma reclamação sobre tarifas?
— Aposto que ela está ligando para o Lagarto de Salão. Ótimo.
— Sim, e agora que nosso motorista tem uma passageira muito
desonesta, ele pensou no que faríamos com ela?
— O mesmo que fizemos com Orjul e os Nikto. — disse Sev,
levantando-se para atravessar a plataforma de táxi no final da praça. Eles
teriam que entrar rápido quando Jusik aparecesse e abrisse a escotilha. Fi
teve visões da tristeza potencial que seria desencadeada se um passageiro
estivesse gritando alto quando a escotilha do táxi se abrisse em um local
muito público.
— Aterrisse a noventa graus, Bardan. Sev acessará pela escotilha da
porta e eu irei pela outra, e vamos prendê-la.
— Sim, acho que Fi consegue subjugar uma civil. — disse Sev.
— Lembre-me de mostrar o meu lado sem graça mais tarde, ner vod.
— Skirata vai nos matar por isso...
— É melhor fazermos certo, então. — disse Fi.
— Lá vem ele...
— Firme, Bardan.
— Rápido demais.
— Ele é um Jedi. Não existe algo como rápido demais.
O táxi danificado, com sua tela anti vigilância agora mostrando um
motorista humano que não era Jusik, desceu na plataforma espalhando
poeira e areia. Os dois comandos correram para seus respectivos lados.
A voz de Jusik encheu as cabeças deles.
— Escotilhas em três... dois... um!
Eles se jogaram dentro. As escotilhas se fecharam tão rápido que Fi
sentiu a perna da calça prender na porta, mas logo estava deitado em cima
de uma mulher que gritava e lutava, e então ela ficou quieta porque Sev
colocou a mão sobre sua boca.
— Você está esperando uma gorjeta? — disse Fi.
O táxi subiu na vertical e quase raspou a pintura de outro táxi que
tentava deixar passageiros. Também foi bom que Enacca tivesse feito algo
criativo sobre o escaneador de identidade.
— Fi, acho que você não trouxe nenhuma algema?
— Não, mas isso geralmente funciona. — Fi soltou o braço direito e
colocou a pistola na cabeça de Jiss. — Senhora, cale a boca e pare de lutar.
Não tenho problema em atirar em mulheres.
Não, ele não tinha. Inimigos eram inimigos. As mulheres também eram
soldados.
Jusik manobrou o táxi no alto no que parecia ser uma faixa de
passageiros e disparou em um circuito complexo que primeiro os afastou do
Qibbu e da relativa segurança e depois caiu entre as faixas nas quais as
camadas de tráfego aéreo protegiam a vigilância visual.
— Fomos marcados. — disse Jusik. Ele fechou os olhos por tempo
demais para o conforto de Fi. Era a primeira vez que ele via o Jedi voando
com os olhos fechados, e o fato de os bons poderem fazer isso não
tranquilizou a parte animal simples dele que dizia que isso não deveria ser
possível. — Sim, estamos sendo seguidos.
Fi queria perguntar como ele sabia, mas Jiss não tinha motivos para
saber que Jusik era um Jedi, e quanto menos ela soubesse, mais fácil seria
processá-la, como Skirata colocou.
— Você pode evitá-los, certo?
— Tão bem quanto qualquer um.
— Alguma ideia de quem são?
— Nenhuma, a não ser que são muito persistentes, e que se for da FSC, é
uma nave não marcada.
— Você consegue sentir toda essa informação?
Ele abriu os olhos novamente.
— Sim, porque eles estão a apenas dois ou três speeders atrás de nós, e
posso vê-los no espelho.
Sev olhou para Fi com a contagem tácita de um, dois, três. Sev soltou
Jiss quando Fi apertou com força o braço em volta do pescoço dela, com o
blaster pressionando com tanta força a têmpora que o bocal estava rodeado
por uma pequena mancha de pele branca e sem sangue. Ele podia sentir o
coração dela batendo nas costas contra seu peito, mesmo através da fina
folha de armadura sob a túnica. Ele se perguntou por um momento se era
seu próprio batimento cardíaco frenético.
Sev pegou o DC-17 embaixo do banco traseiro e tirou o acessório da
granada.
— Tudo bem, falta requinte, mas estamos atrasados para o almoço. E se
eles nos rastrearem, estamos acabados.
— Aqui? À luz do dia, no trânsito? — Jusik indagou.
— Ainda não. — Sev tentou apontar seu DC e pegou o lançador de
granadas. — Abra um pouco a tela traseira. Você pode aguentar firme?
— Você queria que eu os ultrapassasse...
— Não dá. Temos que derrubá-los.
Jusik olhou pelo retrovisor.
— Em uma via aérea? Você não tem uma visão clara e os destroços
serão...
— Eu atirador, você piloto. Entendeu a diferença?
O aperto de Jusik na direção aumentou.
— Muitas naves e muitos detritos. Vamos para um lugar menos
movimentado.
— Talvez Qiilura? — Disse Fi.
— Segurem firme.
Jusik largou o táxi como uma pedra e despencou dez, depois quinze,
depois vinte níveis para os níveis inferiores, deslizando entre dois
transportes e pulando entre as faixas horizontais.
— Ainda está lá. — disse Sev. — Três veículos atrás.
— Eles alertaram alguém?
— Não consigo sentir nada. — Jusik continuou balançando a cabeça
como se tentasse limpá-la. — Eles podem não querer correr o risco de usar
comunicadores.
— Quem Fierfek são eles?
— Não sei! Não sou um leitor de mentes e se você só calar a boca
porque estou tentando me concentrar em voar e ouvir e... — a voz dele
sumiu. — Apenas mire.
Fi pressionou seu blaster com mais força na cabeça da mulher. Ela se
encolheu e fechou os olhos com força. Ele não podia sentir nenhuma
emoção, apenas a clareza fria de sua vida e a de seus companheiros contra a
existência dela, e parecia uma equação fácil.
— Mova-se e você está morta, senhora, certo? — Mover? Nem Fi tinha
certeza de que conseguiria escapar de um speeder que se movia tão rápido e
erraticamente, e também não nessa altura. — Comece a pensar em todas as
informações úteis que você vai nos fornecer.
Jusik saiu da pista automatizada e caiu outros cinco níveis como uma
pedra, provocando protestos gritantes de buzinas enquanto passava por
outras naves. Mas o speeder caiu com eles, atrasado apenas por alguns
segundos. Então ele entrou direto no túnel de uma embarcação de serviço, e
Fi não tinha ideia de onde estavam. Era fechado. E isso era ruim. Fi não era
um piloto, mas voar rápido por um tubo parecia suicídio.
— Olha, eu sei para onde estou indo. — disse Jusik, como se de repente
fosse telepático. Fi se perguntou se havia protestado em voz alta e não tinha
percebido. — Eu sei. E eles não podem receber um sinal aqui embaixo.
E então ficou em silêncio. E foi aí que ficou muito, muito assustador ter
um Jedi no esquadrão, porque Jusik havia mudado de uma habilidade que Fi
podia ver para algo além de sua compreensão.
Jusik agora estava deslizando um metro acima da superfície de um túnel
iluminado em intervalos regulares por uma fraca luz verde. Sev estava
lutando para conseguir um tiro certo através da estreita abertura na tela
traseira. Tudo o que Fi podia fazer era observar um louco ou outro enquanto
segurava uma arma na cabeça de uma mulher, e Fi não gostava de não estar
no controle de seu ambiente. Pensou em Sicko novamente e no momento
em que ele e o Ômega ficaram indefesos e totalmente dependentes da
habilidade do piloto. Pobre Sicko.
— Sev, ele está vinte metros atrás de nós, certo? — disse Jusik.
— Exato.
— Você estará pronto quando eu disser fogo?
— Experimente.
— Apenas ao meu comando.
— Vamos em frente, senhor.
Fi sentiu o braço esquerdo ficar dormente ao redor do pescoço da
mulher, e lutou para manter o blaster contra a cabeça dela. O táxi estava
indo de um lado para o outro.
— Só espero que eles não sejam da FSC.
— Eles não são nossos.. — disse Sev. — E eles estão em busca. Então
são um alvo.
Fi cravou o blaster na pele da mulher.
— Eles são seu pessoal, senhora?
— Eu não sei! Eu não sei!
— Se são, é muito ruim. — disse Sev. — Não podemos deixá-los nos
rastrear de volta.
Jusik acelerou.
— Atenção.
Fi percebeu que ele estava com os olhos fechados novamente.
— Fierfek.
— Fogo! — Jusik disse, e o táxi subiu noventa graus e subiu numa
vertical agonizante. Fi se preparou para o impacto.
Tinham que estar mortos.
Mas o táxi ainda estava subindo.
Eles estavam em um poço vertical e uma bola de chama azul e branca
rugia abaixo. Fi foi jogado contra Sev, mas ele trancou o braço com força
no pescoço da mulher, e os três atingiram a tela traseira parcialmente aberta
quando o som de detritos desapareceu atrás deles no duto de serviço.
A luz diminuiu rapidamente sob eles e desapareceu repentinamente
quando Jusik colocou o táxi em outro ângulo reto e voaram horizontalmente
ao longo de um canal novamente.
— Alvo derrubado. — Sev fechou os olhos.
— É melhor não ser a FSC. — disse Fi. — Isso vai ser uma bagunça.
De repente, eles foram banhados pela luz do sol. Jusik os trouxe para o
tráfego de passageiros e entrou novamente nas faixas automatizadas de
speeders particulares.
— Como é a aparência do lado de fora agora? — Sev perguntou.
Jusik enxugou a testa com a palma da mão e parecia tão sem fôlego e
desgastado quanto sempre ficava depois de executar o Dha Werda. Fi podia
jurar que ele parecia igualmente feliz também.
— Família de turistas Garqian com motorista Gran. — disse o Jedi. —
Agora, vamos tentar explicar isso para você-sabe-quem, sem perder as
nossas cabeças. — Ele abriu seu comunicador. — Voltando com uma
prisioneira, Kal...
Sev resmungou.
— Nunca use nomes reais.
— Essa é a menor das nossas preocupações agora. — disse Fi.
Então Jusik também tinha medo de Skirata. Deveria ser um trabalho
tranquilo, como ele disse, dever de observação; transformou-se em
sequestro e explosão de naves não identificadas. Com medo não era a
palavra certa, no entanto.
Ele ficará desapontado conosco. Nós o decepcionamos.
Fi, como qualquer um que tinha entrado no círculo de Skirata, queria
desesperadamente que Kal'buir se orgulhasse dele. Era uma motivação mais
eficaz do que o medo em qualquer dia.
— Lembre-se de que ele até empurra Wookiees por aí. — disse Fi. Ele
ajustou o aperto no pescoço da mulher para parar o formigamento nos
dedos. — E eles aceitam.
O táxi ficou em silêncio, exceto pelas engolidas ocasionais de Jiss e o
barulho da unidade de pressão da embarcação. Eventualmente, Jusik parou
na plataforma no nível superior do Refúgio do Qibbu. Sev chamou no seu
comunicador para ajudar a mulher, e Atin saiu correndo com Fixer.
— Do que vocês estão brincando? Skirata está ficando louco lá. — Atin
entrou no táxi e colocou algemas em Jiss. — Saiam e nós a levaremos para
a casa segura. Vocês têm algumas explicações a dar.
Casa segura para eles, talvez. Segura para ela? Não. Mas então, ela
escolhera o lado errado. Ela não era uma vítima indefesa.
Tanta coisa para choramingar que nunca conseguimos ver o inimigo.
O táxi decolou, deixando Fi, Sev e Jusik em pé na plataforma, exaustos
pela adrenalina.
— Obrigado por voar com a Air Jedi. — Jusik sorriu e apertou as mãos
deles. — Tenham uma boa tarde.
— Vocês são todos loucos. — disse Sev, e saiu em disparada.
CAPÍTULO 12
Definitivamente não é um dos nossos speeders, Kal. Olha, eu sei por que você acha que não
preciso saber o que os seus garotos estão fazendo. Mas alguém vai notar que você explodiu o
pessoal deles. E a FSC também. O que você quer que eu diga a eles?
— Capitão Jailer Obrim, para Kal Skirata

Casa operacional, Refúgio do Qibbu, 1600 horas, 380 dias após


Geonosis

— T em certeza que ninguém seguiu vocês? — Skirata perguntou


calmamente.
A equipe de ataque, menos Ordo, estava reunida na sala principal,
sentados onde podiam. Por um momento, Skirata se distraiu com a maneira
que Darman e Etain estavam posicionados. Isso lhe dizia algo, mas ele tinha
problemas mais urgentes agora.
Ele também se acalmou. A Vigia Vermelha estava de volta em
segurança. Jusik, previsivelmente, estava recebendo a sua reprimenda como
um homem.
— Tenho certeza, Kal. Eu senti isso.
— Não fique todo místico comigo. Você passou pelos procedimentos?
Me dê algo tangível.
— Não voltei por uma rota direta. Andei em círculos várias vezes.
E nada.
Não havia motivo para gritar com eles. Skirata sabia que provavelmente
teria feito o mesmo. Era muito bom falar sobre vigilância cuidadosa e
planejamento meticuloso antes de resolver uma ameaça, mas quando um
alvo realmente maduro andava na frente da sua mira... não, ele teria feito o
mesmo.
E ficou simplesmente aliviado por terem conseguido voltar inteiros.
— Certo, a vigilância está desativada por um dia. Trocamos de veículo
novamente e iniciaremos as vigias de defesa, caso a Força tenha enganado
Bard'ika e tenhamos um monte de bandidos na nossa cola agora. Enacca
está identificando um segundo local para o qual podemos recuar se esse
lugar estiver comprometido.
Jusik pareceu arrasado.
— Sinto muito, Kal.
— Você não estava no comando. Eu deveria ter certeza de que você
estava pronto para isso. — Skirata virou-se para Fi e Sev. Fi parecia
desanimado; Sev era uma completa insolência em branco. — E o que vocês
dois têm a dizer em suas defesas?
— Isso não vai acontecer novamente, Kal. — Fi olhou para Jusik. — E
fomos eu e Sev que decidimos fazer isso. Se Bardan não tivesse feito um
voo inteligente, todos estaríamos mortos agora e a operação estaria
terminada.
— E você, Sev?
Sev virou a cabeça com lenta deliberação.
— O que ele disse.
— Filho, eu sei que você pensa que é durão porque sobreviveu a Walon
Vau, e provavelmente é. Mas operações antiterror são mais sobre isso. —
Skirata foi até ele e bateu na cabeça dele com os nós dos dedos com tanta
força que o som do osso foi audível. Sev piscou, mas não moveu um
músculo. — Se você tivesse pensado nisso por dois minutos, poderia ter
transmitido essa identificação para cá e poderíamos ter planejado alguma
vigilância inteligente. Mas agora temos outra prisioneira e mais um grupo
de mortos, e temos que explicar por que uma funcionária do GER não
voltará ao escritório tão cedo. Porque se ela não estava trabalhando sozinha,
alguns di'kut vão perceber que ela está ausente. Esqueci alguma coisa?
Niner, de braços cruzados, olhou pra cima.
— Sim, quem está ajudando o Vau agora? Ele deve estar com as mãos
cheias.
— Enacca. Wookiees são bons em parecer uma multidão.
Chefe ficara notavelmente quieto nos últimos dez dias. Trabalhava em
suas vigias sem reclamar e não demonstrava a confiança arrogante pela qual
os garotos do Delta eram conhecidos. Agora ele estava andando de um lado
para o outro da janela, lento e deliberado, e olhava ocasionalmente para
Niner. Skirata se perguntou se era o deslocamento do papel de sargento que
o estava afetando.
Poderia muito bem entrar em erupção.
— Você quer dizer alguma coisa, Chefe?
— Com todo respeito, Kal, temos abordagens diferentes, não é?
— Desembucha.
— Os Delta fazem neutralização rápida. Ômega faz as coisas mais
consideradas. Por que não dividir as nossas tarefas dessa maneira?
Pela primeira vez, Niner, sólido como uma rocha, mordeu a isca.
— Sim, vocês explodem tudo sem checar e nós pensamos primeiro. Eu
certamente concordo com a sua análise, ner vod.
— E nós temos o histórico ininterrupto de missões bem-sucedidas.
— Como se nós não temos.
— Você disse isso.
Skirata não foi suficientemente rápido para atravessar a sala e Niner
bateu Chefe com força contra a parede sem aviso prévio. Se Skirata não
tivesse gritado "Check!" Niner teria socado a cara de Chefe. Os dois
homens estavam quase lado a lado, presos em um impasse congelado.
— Isso para agora. — Skirata gritou. — Vocês me ouviram? Afastem-se!
Ele nunca viu Niner reagir assim. Soldados ficavam em pedaços o tempo
todo; era uma parte inevitável de ser encorajado a lutar. Às vezes eles se
empurravam, mas raramente era sério, não passava de um pouco de bravata.
Mas não os garotos dele, e certamente não Niner.
Havia um interruptor em todos os homens em algum lugar, não
importava o quão profundamente estava enterrado, ele poderia ser apertado.
— Você nunca perdeu irmãos. — Niner deu um passo relutante para
longe de Chefe. — Nunca. Você não tem ideia.
— Já se perguntou por quê? — disse Chefe.
— Chega. — Skirata colocou um braço entre eles. — O próximo a abrir
a boca vai levar um soco meu, certo?
Este foi o breve momento em que a luta se irromperia ou desapareceria,
e Skirata estava secretamente incerto se tinha o que era necessário para
separar dois homens maiores, mais jovens e mais aptos. Mas Niner
murmurou:
— Sim, Sargento — e sentou-se em uma cadeira do outro lado da sala,
com o rosto branco de raiva. Chefe fez uma pausa e depois o seguiu para
estender uma mão apaziguadora.
— Minhas desculpas, ner vod.
Niner apenas olhou pra ele, sem piscar. Então pegou a mão de Chefe e
apertou-a, mas a sua mente estava claramente em outro lugar, e Skirata
sabia exatamente onde. Algumas coisas não desapareciam com o tempo.
Niner havia perdido outro Sev, mais DD e O-4, em Geonosis; e durante o
treinamento perdeu o Dois-Oito. Os Comandos da República nunca se
esqueciam dos irmãos com quem cresceram naquele casulo apertado desde
o momento em que foram decantados.
Mas o Delta ainda mantinha a cápsula intacta. O mundo era diferente pra
eles. Eles pensavam que eram invencíveis; a morte só acontecia com os
outros.
— Acho que precisamos dar um passo atrás. — disse Skirata, sangrando
por Niner. Ele achava que o esquadrão era tão próximo quanto um
verdadeiro casulo, mas eles ainda sofriam a perda. — Delta, vocês dão uma
pausa e vão fazer uma refeição lá embaixo e se apresentem de volta às mil e
novecentas. Ômega, vocês pausam quando eles voltarem. Talvez todos nos
sintamos melhor com o estômago cheio.
Não havia sentido em transformar isso em uma disputa entre os
esquadrões. Mas misturá-los não ajudava muito. Skirata assistiu Delta sair
em direção ao elevador. Seria preciso mais do que comida para distraí-los,
embora geralmente funcionasse.
— Estamos todos bem?
Atin ergueu os olhos de um datapad que estava canibalizando.
Desmontar as coisas parecia mantê-lo feliz.
— Estamos bem, Sargento. Desculpa. Só não me sinto feliz chamando
você de Kal. Exceto em público, é claro.
— Tudo bem, filho.
Skirata fez questão de se sentar onde podia ver Darman e fazer uma
avaliação discreta. Havia algo sobre a maneira como ele se virava
levemente em direção a Etain em seu assento, e ela fazia muito mais
contato visual com ele do que antes. Skirata se perguntou por que não tinha
visto iso antes e também quando isso aconteceu.
Se ele estiver certo...
Era ruim para a disciplina deixar uma oficial e um homem alistado terem
um relacionamento. Mas Etain não era oficial e Darman nunca havia
escolhido se alistar. O risco estava mais em como Darman lidaria com isso
e em como seus irmãos poderiam se sentir agora que estavam em um
mundo onde todos que não usavam armaduras eram livres para amar.
Skirata levantou-se e mancou até Etain.
— Venha me explicar algumas coisas de Jedi. — ele disse calmamente.
— Eu perguntaria ao Bard'ika, mas ele ainda está em desgraça no momento.
— Ele piscou para Jusik para indicar que estava brincando: o garoto levava
as costelas muito a sério às vezes. — Lá fora.
Não era sutil, mas Darman obviamente não achava que mais ninguém
havia notado o que estava acontecendo entre eles. Provavelmente pensou
que Skirata queria discutir o lado desagradável do interrogatório com ela.
Skirata sentou-se ao lado de Etain no banco instável contra a parede da
plataforma de desembarque. Era fim de tarde e o ar cheirava a speeders
quentes e o aroma doce e poeirento de uma videira solitária de mayla que
havia se enraizado em uma fenda no permacreto. Etain cruzou as mãos no
colo da túnica azul pálida. Sem as túnicas marrons opacas, ela não parecia
nem uma Jedi.
— Você e Darman. — disse Skirata com cuidado.
Ela fechou os olhos por um segundo.
— Ele te contou, então. Suponho que ele te conte tudo.
— Nenhuma palavra. Mas eu não sou burro. — Era incrível a facilidade
com que as pessoas lhe diziam coisas quando você nem mesmo fez uma
pergunta. Talvez ela realmente quisesse que as pessoas soubessem. Mas
parecia que Darman não, e ele tinha o direito de manter a pouca privacidade
que tinha. — Eu ouvi os comentários do esquadrão depois de Qiilura.
— Você está me dizendo para parar?
— Não, estou perguntando para onde isso está indo.
— Você vai dizer para ele parar?
— Não se você o fizer feliz. — Skirata andava com cuidado, mas sabia
onde traçava a linha e cujos interesses colocaria em primeiro lugar, na
guerra ou não. — Veja, eu sei muito sobre os Jedi. Vocês não podem amar.
— Nós não devemos. Mas às vezes acontece. Eu o amo.
— Você está falando sério sobre ele, então.
— Eu nunca parei de pensar nele depois de Qiilura.
— Você realmente pensou nisso?
— Que eu vou sobreviver a ele? As mulheres sobrevivem a seus homens
o tempo todo. Que eu possa ser expulsa da Ordem Jedi? À medida que as
coisas vão, vale a pena.
— Etain, ele é mais vulnerável do que você pensa. Ele é um homem
adulto e uma máquina de matar, mas também é uma criança. Chorar por
namoradas pode ser perigosamente perturbador pra ele e para toda a equipe.
— Eu sei disso.
— Eu odiaria vê-lo usado. Se você vai continuar com isso, é melhor falar
sério. — Ele fez uma pausa para garantir que ela entendesse o que ele
estava dizendo. — Você sabe que eu vou protegê-lo, aconteça o que
acontecer, não é?
Os lábios de Etain se separaram um pouco e as suas bochechas pareciam
subitamente rosadas. O olhar dela piscou levemente.
— Quero que ele seja feliz, Kal. Eu nunca o usaria.
— Estou feliz por concordarmos. — disse ele.
Ameaçar uma general Jedi provavelmente era uma ofensa marcial na
corte. Skirata não se importou. Darman e os seus últimos garotos
remanescentes vinham antes de tudo, antes das necessidades de uma
simpática jovem Jedi, antes mesmo de sua própria vida... e certamente antes
dos interesses da política da República.
Era uma questão de honra e amor.
Mas Etain daria a Darman um pouco de conforto e ternura em sua vida,
que o sustentariam através dos dias sombrios e inevitáveis que viriam, dias
que para ele e seus irmãos já estavam destinados a ser limitados.
Skirata teria que ficar de olho na situação.
— Então faça-o feliz, ad'ika. — ele disse. — Apenas faça-o feliz.


Refúgio do Qibbut, 2100

A placa acima dos banheiros dizia: CLIENTES, POR FAVOR, OBSERVEM A


REGRA DE SEM ARMAS. Mas, apesar de ter sido escrito em cinco idiomas e
também no Básico, a maioria dos usuários parecia não entender.
Ordo escorregou por entre a variedade heterogênea de bebedores e
jogadores, agora diluídos consideravelmente por um mar de roupas
vermelho escuras do GER, e esperava que nenhuma das espécies aqui fosse
farejadora. Esse era o problema com alguns explosivos. Eles tinham um
cheiro distinto. Tinha se esfregado o máximo possível e trocou para o
onipresente uniforme vermelho também.
Laseema, a mulher Twi'lek que havia fugido da cozinha quando a
encontrou encolhida atrás de uma mesa, sorriu nervosamente para ele do
outro lado do bar. Quando chegou, ela tinha o suco de muja favorito dele
esperando, mesmo sem a dica de sua distinta armadura.
— Como você sabe que eu sou eu? — ele disse, intrigado. — Eu poderia
ser um clone qualquer.
— O jeito que você se porta. — Ela tinha uma voz muito suave, e ele
teve que se esforçar para ouvi-la no bar barulhento. — Você fica em pé
como se ainda estivesse usando aquela saia.
— Kama. — ele disse pacientemente. — Cinto de armas. É baseado em
um tradicional kama de caça Mandaloriano. Foi projetado para proteger as
suas pernas. — Sim, a ombreira e o kama tendiam a deixá-lo mais ereto por
hábito, as costas um pouco arqueadas. Teria que observar isso se quisesse
passar por um clone trooper comum. — Mas é apenas para mostrar agora.
— Ah. — ela disse. — É certamente muito vistoso.
Ordo estava se acostumando com a atenção das mulheres Twi'lek, e
gostava bastante.
— Qibbu está tratando você adequadamente?
— Sim. Obrigada. — Laseema aparentava como se realmente estivesse
agradecida. Ela se inclinou um pouco para a frente. Ainda ficava surpreso
com o azul vívido de sua pele, mas estava disposto a se acostumar. Ela tinha
uma pequena cicatriz na ponta do queixo, que era turquesa e mais
decorativa do que desfiguradora. — Seu amigo é capitão?
Ela olhou de soslaio e Ordo seguiu seu olhar para o Esquadrão Ômega e
Skirata, que estavam comendo algo não identificável e ocasionalmente
levantando um pedaço em um garfo para inspecionar em conjunto com o
cenho preocupado.
— Aquele com a cicatriz. Ele é legal.
— Aquele é o Atin. — disse Ordo, esmagado. Ah. — Ele não... é um
capitão. Ele é um soldado comum. — A grande maioria do exército era
composta de soldados comuns: essas não eram informações restritas. Atin
olhou para cima com aquela sensação infalível de soldado que sabe quando
alguém estava mirando em você. Ele conseguiu dar um sorriso tímido. —
Sim, ele é muito confiável.
— Ele tem muitas cicatrizes. Ele esteve em muitas batalhas?
Ah, ela realmente tinha estudado Atin com cuidado: além da fina cicatriz
diagonal em seu rosto, o resto era mais difícil de perceber, apenas algumas
nas mãos e uma linha reveladora que era visível acima do decote de sua
túnica vermelha.
— Sim. — disse Ordo. — Todos eles já participaram de muitas batalhas.
— Pobre Atin. — disse ela, parecendo apaixonada. — Trarei sua
refeição daqui a pouco.
Ele forçou um sorriso, como Kal'buir havia lhe ensinado, pegou seu
copo e foi se juntar à mesa do Ômega.
— O que você acha que é isso, Ordo? — Darman perguntou. Ele segurou
o garfo para que Ordo pudesse inspecionar o objeto espetado nele.
— Uma tromba de algum tipo.
— Era disso que tínhamos medo.
— É tudo proteína. — Ordo olhou para Atin. — Laseema gosta de você,
ner vod.
Não houve zombaria ou piadas de caserna como Ordo via homens
comuns fazerem à menção de mulheres. O esquadrão simplesmente ficou
em silêncio por um momento e depois retomou o debate sobre o conteúdo
anatômico do prato do dia de Qibbu. Skirata levantou-se e se moveu ao
longo do banco para se sentar ao lado dele.
— Viagem de compras bem sucedida?
— Eu tenho tudo da lista agora. Desculpe o atraso. E eu tenho alguns
extras.
— Que extras?
— Extras surpreendentes. Muito barulhentas também.
Laseema deslizou até a mesa e colocou um prato na frente de Ordo. Ela
sorriu para Atin antes de voltar para o bar. Ordo pegou o garfo para comer e
o esquadrão estudou seu prato com atenção.
— Mas isso é tudo vegetais. — disse Niner acusadoramente.
— Claro que sim. — disse Ordo. — Minha pontuação de inteligência é
pelo menos trinta e cinco porcento maior que a sua.
Acontecia de ser verdade. Skirata riu. Ordo limpou o prato o mais rápido
que pôde e depois indicou o elevador. Skirata o seguiu até os quartos, onde
o Esquadrão Delta limpava seus DC-17.
— Só tirando o pó. — disse Fixer, sutil como um bantha.
— Tirem a poeira. — disse Skirata. — Eles verão ação em breve. Então,
Ordo, o que você conseguiu?
— Cem quilos de plastóide térmico, mais cinco mil detonadores.
Até Scorch ergueu os olhos do rifle desmontado com a menção disso.
— São muitas munições para fazer desaparecer sem que ninguém
perceba, e muito menos armazená-las.
— Liberei em estágios de diferentes fontes.
Skirata deu um tapinha no braço dele.
— Agora explique a surpresa extra.
— O atraso foi porque eu enriqueci tudo... menos um pacote ou dois.
— Como?
— Um pouco de refinamento químico que tornará instável se alguém
tentar usar em dispositivos.
— Quão instável, exatamente? — Skirata perguntou.
— Se eles não trabalharem um composto estabilizador no plasmoide,
eles explodirão a sua oficina para órbita assim que anexarem a um
detonador.
Scorch riu apreciativamente.
— Apenas uma precaução. — disse Ordo. — Se acabarmos usando-os
em alguma operação e, por algum motivo, der errado, pelo menos
removeremos alguns hut’uune no processo.
— E metade da Cidade Galáctica. — Sev grunhiu para si mesmo e olhou
através de sua mira para calibrá-la contra a vista da janela. — Vocês,
garotos são assustadores, exageram às vezes.
Skirata deu um tapinha no braço de Ordo.
— Bom trabalho, filho. Agora me diga onde você os armazenou.
— Metade na casa segura e metade embaixo da cama do Fixer.
Scorch deu uma gargalhada. Chefe bateu na orelha dele, mas isso não o
impediu de rir.
— Estou compartilhando o quarto de Fixer, di'kut.
— Bem, você nem acordará se isso explodir.
Ordo aceitou que era um risco, mas os riscos eram relativos. E Skirata
não havia demonstrado interesse em suas habilidades avançadas em
munição, para que ainda pudesse manter a volta de Mereel como uma
surpresa.
Ele também ficaria satisfeito com as notícias de Mereel sobre Ko Sai.
— Então, tudo o que precisamos fazer agora é descobrir como levá-los a
morder a isca. — disse Skirata. — Talvez Vau esteja chegando a algum
lugar com nossa colega do GER.
Chefe olhou para cima.
— Você está mais interessado em usar essas coisas para matá-los,
rastreá-los ou fazê-los pensar que tudo está indo bem na frente do terror?
— Vou escolher todos os três.
— Geralmente leva tanto tempo para chegar a algum lugar?
Skirata riu.
— Tanto? Filho, normalmente leva anos para desligar uma rede. Esta é a
velocidade da luz. Ainda pode levar anos, e é apenas uma fração do
problema lá fora.
— Faz você se perguntar por que nos incomodamos.
— Porque não podemos não nos incomodar. — disse Skirata. — E
porque é por nós. — Ele se recostou na cadeira no canto e colocou as botas
na mesa baixa, fechando os olhos e cruzando os braços no peito. — Vau vai
ligar em breve. Se eu não ouvir o comunicador, alguém me acorde.
Ordo sabia que Skirata raramente dormia antes de seus homens. E
raramente o via usar uma cama. Sempre dormia em uma cadeira, se tivesse
a opção, e embora pudesse ser necessário que um mercenário estivesse
pronto para acordar e lutar imediatamente, Ordo suspeitava que isso tinha
muito a ver com a primeira noite em Kamino. Sua vida normal havia
cessado e permaneceria suspensa até que aquela normalidade ilusória fosse
alcançada para suas tropas. Ele sempre parecia estar esperando os
Kaminoanos entrarem pela porta.
A sua respiração mudou para o ritmo raso e lento de um homem
adormecido.
Scorch começou a assobiar, distraído com sua tarefa. Ordo andou atrás
dele e apertou a mão com força sobre a boca. Quieto. Silêncio para
Kal'buir.
Scorch pegou a dica.
Ordo esperou, memorizando a transferência de Mereel do seu datapad
com um único olhar para cada tela.
Então o comunicador do pulso de Skirata tocou. Ele abriu os olhos e
levantou a mão mais perto da boca.
— Walon...
— Tente Jailer. — disse uma voz cansada.
Skirata sentou-se na posição vertical. O cara do Esquadrão Delta
congelou.
— Onde você está? — disse Skirata.
— Varrendo uma pilha de homens mortos com colegas da Unidade de
Crime Organizado.
— Desculpa?
— Eu acho que os seus garotos começaram uma guerra de gangues.
Posso pegar um Jedi emprestado, por favor?
CAPÍTULO 13
Dez membros de uma quadrilha criminosa foram mortos no que se pensa ser uma briga de
gangues nos níveis mais baixos. Fontes próximas da Força de Segurança de Coruscant sugerem
que a batalha dos Senhores do Crime começou em uma linha sobre territórios de armas.
— HNE boletim tardio

Necrotério da Unidade Forense, QG da Divisão da FSC, Quadrante


A-89, 2345 horas, 380 dias após Geonosis

— F icou—legal de novo. — disse Fi, em algum lugar à frente da coluna.


Aí está o seu lagarto. — disse Obrim, puxando o lençol. —
Paxaz Izhiq.
Fi e Skirata olharam para o rosto elegante de escamas verdes, ou pelo
menos a metade que ainda estava intacta. O fogo de blaster era mais limpo
que os danos balísticos, mas ainda assim não fez nada pela sua aparência.
— Não é muito atraente para as mulheres agora, não é? — disse Fi.
O necrotério estava tranquilo e quieto. Fi nunca tinha visto um antes e
estava fascinado e perturbado, não porque estivesse cheio de coisas mortas,
mas porque agora se perguntava o que aconteceria com seu próprio corpo.
Deixado em um campo de batalha. Isso importa? Mandalorianos não se
importam com restos. Nós temos nossa alma. Meus irmãos podem
recuperar parte da minha armadura, e isso será o suficiente.
A sala verde pálida com as suas portas de duraço polidas também tinha
um cheiro antisséptico que o lembrava de Kamino. Ele não estava
confortável aqui.
— Você está bem? — Obrim disse.
— Apenas interessado. — Fi olhou. — Sim, é ele. Você pode combinar
com as imagens que Sev pegou também. Ele é importante?
— Não está em nossos arquivos, mas os Falleen não visitam Coruscant
para conseguir bons empregos no serviço administrativo. O melhor palpite é
o Sol Negro ou uma ramificação.
— Então. — disse Skirata. — Puramente hipoteticamente, se
pegássemos uma amiga dele que tivesse acesso a remessas de armas do
GER...
— Puramente hipoteticamente, porque você não pegou... imagine que ela
está desviando algumas armas para os negócios dele, mas você a agarra e
ele se recusa a concluir o acordo porque acha que você é o cliente tentando
intimidá-lo. — Fi ouviu, fascinado. A ginástica mental de Obrim era difícil
de seguir. — Mas o verdadeiro cliente acha que o Falleen apenas deu uma
desculpa para não fazer acordo. Então eles vêm atrás de você, pensando que
você é o soldado de infantaria dele. E você os desperdiça. Então, os seus
amigos voltam para acertar algumas coisas com os colegas do jovem Cara
de Escama. — Obrim deu uma última olhada no rosto do Falleen e cobriu-o
novamente. — E se eles estavam esperando um carregamento de explosivos
de qualquer maneira, o qual você interceptou, você tem uma variedade
muito agitada de bandidos na cidade.
— Você precisará explicar por que essas são boas notícias. — disse
Skirata.
— Bem, temos escória criminosa a menos e descobrimos mais do que
nem sabíamos. Além disso, agora temos boas análises forenses. A equipe
do COE está em todo o apartamento dele como uma erupção cutânea.
— E?
— Ouro maciço para a Unidade do Crime Organizado.
— Que bom pra eles, mas ele estava ou não lidando com explosivos? —
Skirata estava ficando agitado, mastigando aquela raiz ruik novamente. —
Não estou interessado em bandidos roubando armas da República para os
seus próprios propósitos. A gangue dele está fornecendo explosivos para
alguém?
— Sim, encontramos traços em todos os lugares. Os seus colegas Jedi
parecem ter encontrado uma perturbação na Força útil, seja lá o que isso
signifique.
— Isso significa que sua Unidade de Crime Organizado vai ficar no
nosso caminho agora?
— Compartilhe detalhes operacionais comigo e eles não ficarão.
— Você conhece as regras deste jogo.
— Kal, os seus garotos estão chegando muito perto de se tornarem alvos
da FSC. Poderia facilmente ter sido você e eles em um concurso de tiro.
Não quero incidentes de fogo-amigo, se pudermos evitá-los.
Fi observou os músculos da mandíbula de Kal trabalhando enquanto
mastigava. Isso não era guerra. Tinha se tornado política armada. Skirata e
Obrim pareciam conduzir uma guerra particular por suas próprias regras, e
Fi não os invejava.
— Você sabe que não vamos fazer prisioneiros. — disse Skirata. — E
não consigo ver o seu pessoal fazendo vista grossa quando souberem o que
estamos fazendo.
— Mas tenho algo de que você precisa. — disse Obrim.
Skirata mudou instantaneamente de adorável ladino para uma criatura de
gelo puro.
— Nunca, nunca tente barganhar comigo sobre isso.
— Estamos do mesmo lado ou não?
Skirata estava pálido.
— Vamos seguir sozinhos então. — Fi raramente o via realmente
zangado, mas quando ele era pressionado demais, ficava branco, quieto e
perigoso. — Venha, filho. Temos trabalho a fazer.
Pegou o cotovelo de Fi e o levou até as portas. Não era um bom
presságio. Fi olhou por cima do ombro para Obrim, um homem igualmente
branco, igualmente tenso, e o capitão balançou a cabeça.
— Certo, Kal, eu darei a você de qualquer maneira, mas que a Força
salve seu traseiro lamentável se isso der errado.
Skirata se virou. Parecia genuinamente surpreso: ele não estava blefando.
Ele realmente estava fugindo e cortando Obrim do círculo.
— O que acontece se der errado, Jailer? Você tem problemas com seus
chefes. Mas os meus garotos morrem.
— Sim, e os meus também se eles entrarem no caminho por acidente.
— Então não entre no caminho.
— Certo, a que horas o seu pessoal pegou a mulher? — Obrim
perguntou.
— No meio da tarde.
— Bem, havia alguém tentando entrar em contato com nosso amigo
irresistível aqui por meio de um comunicador do governo pouco antes de a
FSC ir a sua casa uma hora antes.
— Você quer dizer que há mais alguém no GER trabalhando com ele?
— Sim, e se pudéssemos identificar a fonte de transmissão, eu teria dado
a você.
Os ombros de Skirata caíram.
— Obrigado, meu amigo.
— Não é nada. Apenas tente me avisar antes de começar outra guerra
aqui, certo?
— A propósito, essa foi uma boa cortina de fumaça para a mídia. Guerra
de gangues, de fato.
— É quase verdade. Mas agradeça ao seu amigo seboso Mar Rugeyan
por isso. Você deve uma a ele, tenho certeza.
Skirata revirou os olhos. Fi continuava surpreso com as maquinações da
vida política em Coruscant. Ele ficou agradecido, e não pela primeira vez,
que tudo o que tinha que fazer era atirar ou levar um tiro. Não havia tempo
para se preocupar ou planejar: ou você fazia um trabalho melhor e mais
rápido do que o inimigo naquele momento em particular ou morria.
— Rugeyan quer boas notícias. — disse Skirata. — Vamos ver se
podemos encontrar algo pra ele.
Obrim sorriu tristemente para Fi e fez um gesto de beber um copo de
cerveja.
— Não se esqueça daquela bebida, hein?
Eles deixaram Obrim no necrotério e pegaram o elevador de serviço para
desaparecer nas multidões noturnas ao redor do complexo da FSC e emergir
em uma plataforma de táxi para esperar Jusik recolhê-los. Skirata
simplesmente olhou para três cidadãos inocentes de Coruscant esperando lá
também, e eles decidiram que tinham negócios urgentes em outros lugares.
Kal'buir podia parecer tudo menos paternal quando queria.
Fi levantou a gola, ainda se sentindo terrivelmente exposto sem a
armadura. Skirata remexeu no bolso, pegou uma barra de frutas
cristalizadas e partiu em duas. Ele entregou a Fi o pedaço maior.
— E agora? — perguntou Fi.
— É a única vantagem sólida que temos. — disse Skirata. — E é uma
bagunça, mas reluto em deixá-la ir e começar de novo.
— Aposto que os Separatistas estão procurando outra fonte de
suprimento para os seus explosivos agora. Se fosse Qiilura ou qualquer
outro planeta de mineração, eles poderiam fazer isso facilmente. Em um
mundo urbano como esse... bem, marcar alguns blasters é fácil, mas
comprar explosivos vai atrair atenção. Talvez seja aqui que usamos a
pequena coleção de coisas do Ordo que fazem bang.
Skirata parou de mastigar.
— Eu nunca tenho certeza se temos as mesmas ideias porque elas são
boas ou porque eu te treinei e agora você é tão louco quanto eu, filho.
— Bem, eles sabem que a remessa original não chegou, então agora você
pode usar o material como isca.
— E tem o Qibbu.
— Agora, isso é perigoso.
— Não, é assim que Hutts se tornam úteis. Eles são como um grande
serviço de anúncios de escória. Visto que ele acha que estamos fazendo um
pouco de negócios particulares sem o consentimento do GER, por que
decepcioná-lo? Ele pode dizer por aí que Kal tem algo a vender.
— Mas aí nós identificamos nossa base operacional para eles.
— Você acha que Qibbu vai querer anunciar que estamos em seu
precioso hotel, com a possibilidade de aborrecimentos e muitos danos o
seguindo até em casa também? Ele não vai discutir locais. Ele gosta de estar
vivo.
— Mas você vai contar para o Obrim, certo?
— Somente o local em que temos uma entrega confirmada com nossos
novos clientes. — disse Skirata. — E apenas para alertar a FSC.
Caiu em silêncio. Ao seu redor, mantendo uma distância sensata, porque
Skirata parecia extraordinariamente um gangster naquele momento,
cidadãos e turistas comuns de dezenas de espécies entravam e saíam de
clubes, restaurantes e lojas bem iluminadas. Eles vestiam roupas exóticas e
coloridas, conversando e se divertindo: estavam de braços dados com
amigos, ou de mãos dadas com amantes, ou acompanhados por crianças
boquiabertas que nunca haviam visto um planeta-cidade como esse à noite.
Fi sabia como aquelas crianças se sentiam. Ainda era um espetáculo de
deleite milagroso para ele como tinha sido quando o vira pela primeira vez
na baía da tripulação de um cruzador da polícia. Mas agora também era
algo estranho para ele, algo em que não estava interessado e nunca
conseguiria entender completamente.
Os civis ao seu redor não tinham ideia do que estava acontecendo bem
no meio de suas vidas diárias seguras. A poucos metros deles, um
mercenário e um soldado que não tinham ordens oficiais planejavam
descarregar explosivos suficientes no mercado negro para destruir
Quadrantes inteiros.
Mas era um comércio justo. Porque Fi também não fazia ideia do que
eram as suas vidas.
Vivemos em mundos paralelos. Podemos nos ver, mas nunca nos
encontramos.
Pelo menos Darman parecia ter encontrado uma ponte para uma vida
normal, se você pudesse chamar uma Jedi de normal. Fi se perguntou se o
irmão sabia que todo mundo sabia o que estava acontecendo entre ele e a
general.
Se ele fosse Darman, não se importaria.
Casa operacional, Refúgio do Qibbu, 0056 horas, 381 dias após Geonosis

Ordo colocou os pacotes de explosivos plastóides térmicos de quinhentos


graus sobre a mesa e os separou em pilhas de dez. Darman pegou um e
acariciou-o com a expressão fascinada de um conhecedor de explosivos.
Era interessante, pensou Etain, observar o que fazia Darman se sentir
relaxado e confiante, porque sentar-se em cinquenta quilos de explosivos
ultra perigosos não a tranquilizava.
— Dar, pare com isso. — disse Niner. — Gostaríamos que o hotel ainda
estivesse aqui quando Vau chegar. Acha que pode evitar explodir o local na
próxima hora?
— Esse material é perfeitamente seguro, a menos que você cole algo
metálico nele e desencadeie uma reação eletrolítica. — disse Darman. Ele
sorriu para Etain antes de arremessar um pacote do tamanho de uma mão
para Niner. — Udesii, ner vod.
Niner pegou e xingou. Então jogou de volta.
Etain podia ouvir o chuveiro ligado no banheiro. Também podia ver Atin
vagando, os olhos desfocados fixos no tapete sujo, como se estivesse
ensaiando um discurso na cabeça, e causava um distúrbio na Força que
parecia o resultado de uma batalha. Sentiu a tristeza de Atin em Qiilura, a
dor de perder seus irmãos originais em Geonosis, e ela podia provar as
profundezas escuras nele com muita facilidade.
Fi, mesmo sem a capacidade de usar a Força, parecia capaz de fazer o
mesmo. De tempos em tempos, levantava-se e segurava o irmão pelo braço,
falando muito baixo e sinceramente com ele.
Grande parte da conversa era em Mandaloriano, que não entendia bem o
suficiente, mas certamente pegou uma palavra que não precisava ser
traduzida: Vau.
Chefe, Jusik e Scorch voltaram para o bar. Sev e Fixer estavam na
plataforma de pouso, que agora parecia um telhado de hotel normal, coberto
com transporte variado de motos e speeders para alguns táxis, fornecendo
uma discreta defesa de perímetro no caso de alguém rastrear a equipe de
ataque de volta ao Qibbu. Todo o lugar fervia de tensão e, sim, estava lá,
muito sutilmente, mas estava lá, medo.
— Se Vau está trazendo o resto da térmica, quem está cuidando dos
prisioneiros? — Darman questionou.
— Eu não imagino que eles tenham dado muita atenção agora. — disse
Ordo. — Mas Enacca está por aí.
— Então, quem vai ajudá-lo a transportar cinquenta quilos de peso
morto?
Ordo parecia levemente irritado. Ele ainda parecia a Etain como uma
confusão descontrolada de emoções mantidas no lugar por uma lógica
ferozmente inteligente. Ela o classificou como perigoso sem realmente
saber o porquê.
— Vau. — ele disse cuidadosamente. — ainda é um homem em forma.
Um soldado desde a infância, assim como você e como Kal'buir. Ele pode
carregar cinquenta quilos por conta própria quase tão bem quanto você. —
Ordo ajeitou a pilha de pacotes selados para que se alinhassem
perfeitamente, como se isso importasse muito para ele. — E se Enacca não
precisar guardar prisioneiros, ela o ajudará a transportar a munição. De
qualquer maneira, pare de se preocupar.
— É, esse é o meu trabalho. — disse Niner.
Etain tinha uma ideia muito boa de que não é necessário proteger os
prisioneiros. Se eles deixavam de ser úteis, então se tornavam um peso
aqui, assim como em Qiilura. E seriam baleados.
Darman matou os Separatistas quando não os conseguiu prender. Ela o
viu fazer isso: limpo, rápido, sem paixão. E... esse era o lado sombrio
finalmente a puxando para além do limite..?, mesmo que ela hesitasse em
fazer isso sozinha, não estava mais horrorizada com o que ele ou seus
companheiros fizeram.
Ele ergueu os olhos dos pacotes e deu lhe um sorriso largo. Nunca houve
sequer um indício de escuridão nele.
— É perfeitamente seguro. — disse ele. Percebeu que estava franzindo o
cenho para ele e que ele havia pensado que era por causa da pilha de
destruição instantânea sobre a mesa. — Você não confia em mim?
Sorriu de volta instintivamente.
— Claro que eu confio em você. — Sim, eu confio: você é meu amigo,
meu amante.
Skirata emergiu do banheiro com a toalha, ajeitando os cabelos e
vestindo uma muda de roupa com a Verpine no coldre cinza claro. Ele se
inclinou sobre Niner para olhar a holorrevista que ele estava lendo.
— Você nunca assiste à holonotícias? — ele perguntou, apontando para a
tela escura na parede.
— Tem coisa demais para absorver. — Niner retomou a leitura. — A
vida complicada de outras pessoas.
Atin havia se acomodado no canto com seu DC-17 no colo. Todos
mantinham o rifle por perto quando não estavam em público. Obviamente,
era uma arma de comando na rua, e teve que ser substituída por um discreto
blaster. Mas aqui, eles dedicavam afeição ao DC novamente. Era a arma
com a qual haviam sido criados e agora viviam.
Fi tinha o seu pendurado por cima do ombro e olhava pela janela para a
passarela do outro lado, a que ligava outro nível de bares sujos ao saguão
abaixo. Ele era invisível para Coruscant além do transparaço, mas
claramente era dolorosamente visível para ele. Etain podia sentir o seu
desejo.
Fi havia mudado desde Qiilura. Etain primeiro o sentiu na Força como
bem-humorado e calmo. Um ano depois, a sua fachada era infalivelmente
alegre, mas por baixo era mais sombrio, mais desesperado. Ele viu muito da
guerra. E vislumbrou algo ainda mais doloroso e garantido a incomodá-lo:
pessoas comuns em Coruscant, levando vidas normais do tipo que ele nunca
teria.
Não precisava da Força para ajudá-la a sentir isso. Podia ver a pergunta
constante em seu rosto quando ele olhava para casais e famílias, de todas as
espécies. Por que não eu? Por que essa vida não é pra mim?
Foi o que Darman perguntara.
Família e clã, família e paternidade, pareciam de extrema importância
para os homens Mandalorianos. Eles certamente dirigiam Skirata.
Então Etain soube exatamente o que a Força tinha em mente pra ela, e
não era mais o caminho de um Jedi. Era garantir que pelo menos um
homem clonado recebesse de volta o futuro que lhe fora tirado no
nascimento, ou qualquer processo distante e frio que servisse de parto
naqueles laboratórios Kaminoanos.
Etain faria dele um pai um dia. Ela daria um filho a Darman.
Mas nenhum deles tinha o luxo de uma vida normal nesta guerra. O seu
sonho seria um segredo, mesmo dele por enquanto.
Então Etain afastou o pensamento de sua mente e fechou os olhos para
meditar, inconsciente de si porque estava entre verdadeiros amigos.
Flutuou em calma sem forma, ouvindo apenas o ritmo lento de seu
próprio batimento cardíaco, até que a porta zumbiu.
Entrou em alerta novamente. Ômega e Skirata também.
Etain via o esquadrão individualmente tão claramente quanto via
qualquer outro ser, e não apenas porque a Força os matizava com seus tons
únicos de caráter. Ela deixou de ver seus rostos ou armaduras idênticas e,
em vez disso, experimentou apenas as suas personalidades e hábitos
distintos.
E, no entanto, quando mudavam para o estado de soldado, eram como
um único predador perfeito.
O zumbido fez com que todos olhassem juntos, não como homens
comuns respondendo por milissegundos desconcertados, um após o outro,
mas em um movimento absolutamente sincronizado, e suas expressões, o
ângulo de suas cabeças e seu estado de alerta congelado eram um. Então,
com outro único movimento perfeito, eles se separaram como um punho se
abrindo e se posicionaram ao redor da sala, com rifles apontados para a
porta.
Nenhuma palavra: nenhum sinal de mão de Niner. Eles nem tiveram
tempo de colocar os seus capacetes e ativar o comunicador compartilhado.
O que quer que lhes dissesse para se mover para lá, fazer isso, observar
aquilo, estava tão profundamente enraizado neles por condicionamento que
pareciam quase operar por instinto.
Seus rostos escuros, de bochechas altas e exuberantes, estavam
inexpressivos. Exceto pelo piscar rápido, estavam completamente e
totalmente imóveis. De repente, Etain os viu como aquele único predador
requintado novamente, e isso a assustou.
Todos os seus rifles DC-17 biparam uma vez em uníssono enquanto cada
arma carregava para disparar.
— Ainda não está na hora de Vau chegar. E o Delta está no perímetro. —
Desta vez, Skirata estava com sua pistola Verpine, não sua pequena pistola,
uma indicação de quanto mais alta ele sentia que eram as apostas. — Etain,
você sente alguma coisa?
— Nada. — Ela estava certa de que já teria percebido uma ameaça
agora. De repente, percebeu que havia empunhado o sabre de luz. Nem
sentiu se mexer. — Nada mesmo.
— Certo... no três... um... dois... tr...
E a porta se abriu. Etain se encolheu involuntariamente, segurando o
sabre de luz com as duas mãos. Um perfume a atingiu, um almíscar úmido e
sujo.
— Fierfek. — disse Skirata. — Seu di’kut. Poderíamos ter explodido as
suas cabeças.
Niner, Ordo, Darman e Fi fizeram cliques e suspiros irritados e baixaram
seus DCs. Atin não.
Vau entrou com dois carregadores tensos e um emaranhado de seis
pernas e pele solta de pelo curto de ouro pálido que passeava atrás dele.
Então esse era o strill. E a ausência de malícia e tensão tinha sido... gelada,
calma, totalmente desinteressada, Walon Vau.
— At'ika, abaixe seu DC. — disse Skirata suavemente.
— Se você diz, Sargento. — E embora Atin tenha obedecido, o seu olhar
fixo em Vau era uma eloquente arma carregada.
— Entre. — disse Fi. — Não há ninguém aqui além de nós clones.
— Você poderia ter ligado antes. — disse Skirata.
Vau abaixou as malas no chão e Ordo as atacou.
— Apenas desafiando a sua segurança, como eu deveria.
— Bem, Delta e Jusik ficaram instantaneamente estúpidos ou deixaram
passar alguém que conheciam, então não fique muito convencido. Algo que
você queira nos contar?
— Eu fechei a casa segura e Enacca a limpou.
Etain ouviu atentamente a língua, falada no código do eufemismo por
muito tempo. Limpar certamente significava remover manchas de sangue,
porque ela as tinha visto, mas tinha a sensação de que era mais do que isso.
— Não há mais negócios com os nossos dois amigos? — Skirata disse.
— Esse é o problema com Coruscant. — disse Vau. — Varandas altas
são riscos à segurança. Pelo menos isso confirma que os nossos dois
convidados não eram Jedi, hein? — Vau encontrou um assento e o strill
subiu em seu colo: Etain levou um momento para entender o que ele queria
dizer, e a percepção a chocou. — A outra coisa feliz é que eu fui capaz de
conversar com a supervisora de Vinna Jiss na Logística do GER como o seu
senhorio e reclamar que ela havia pulado por me dever. O supervisor
mostrou simpatia e disse que era uma funcionária não confiável.
— Então? — disse Skirata. Ômega havia desaparecido de volta aos
aposentos que levavam ao quarto principal. Exceto Atin: Atin esperou, um
bloco de ódio sombrio, e Ordo empilhou os explosivos.
— Então, pelo menos, não precisamos nos preocupar mais com a falta
dela. — Vau olhou para Atin, quase como se estivesse procurando uma
saudação, mas não obteve reação. — E ela confirmou que havia uma outra
pessoa na logística para a qual tinha que deixar as informações em um local
combinado, uma carta morta dentro do complexo do GER, sempre que
pudesse gerenciá-la. Em um armário do banheiro feminino.
— O que? Você está brincando comigo.
— Eu sei. Gastamos milhões nas naves mais recentes, mas estamos
cheios de um simples vazamento de segurança que não confundiria um
feirante Kitonak.
Etain sentiu Skirata gerar um pequeno vórtice sombrio de raiva. O seu
rosto ficou sem cor.
— Por que eles são shabla tão sem noção?
— Porque são uma burocracia e não estão na linha de frente. De
qualquer forma, nenhuma informação de tráfego é impossível de ser
descoberta por outras rotas. É rápido e fácil, tudo embrulhado em um chip.
Vale a pena, porque economiza muito tempo, o que significa que eles não
têm muito pessoal. Rede pequena e oportunista, eu acho.
Skirata estava esfregando o rosto lentamente com as duas mãos,
exasperado e cansado.
— Então, ela não sabia quem coletava os dados, além de poderem usar o
banheiro sem chamar a atenção? Ou qual era o horário deles?
— Se ela soubesse, posso garantir que teria me dito.
— Aposto que sim.
— Então, precisamos de alguém lá para expulsar essa pessoa.
— Esse sou eu. — disse Ordo, e continuou transformando o plastóide em
pilhas limpas. Etain havia contado duzentos pequenos pacotes retangulares
até agora. — Tudo o que preciso fazer é retirar o soldado destacado para a
divisão de transporte e intervir.
— E o que acontece com ele? — Vau disse.
— Ele fica aqui até eu terminar. — disse Ordo. — Nesse meio tempo,
você pode torná-lo um comando, Kal'buir.
— Bem, isso vai ser muito aconchegante. — Vau esfregou as costas do
strill, que estremeceu com prazer visível. — Porque você tem que encontrar
espaço pra mim também.
— Então o strill dorme na plataforma de pouso. — disse Skirata.
— Então eu também. — disse Vau.
Fi saiu do quarto que dividia com Atin e olhou para o animal.
— Poderíamos deixá-lo no andar de baixo no bar como um purificador
de ar.
— Um dia, CR-oito-zero-um-cinco. — disse Vau, sorrindo com uma
sinceridade incomum, — você pode ficar muito feliz com os talentos
naturais de Mird.
Etain suspeitava que não eram diferentes dos de seu mestre.
Aposentos privados de Qibbu, Refúgio do Qibbu, 1150 horas, 381 dias após Geonosis

— Então é assim que você apaga a minha dívida. — disse Qibbu. Ele
engoliu um gorg em conserva inteiro e suspirou. — Você usa o meu bom
estabelecimento como base para que os problemas não o sigam em casa.
Está certo demais, Skirata pensou.
— Minha garotinha precisa começar o seu próprio negócio. — disse ele,
sorrindo de forma convincente para Etain. — Para que ela possa cuidar de
seu velho pai na velhice.
Etain parecia adequadamente mal-humorada. Continuava a surpreendê-lo
com a sua capacidade de fazer o que fosse necessário. Podia ser corajosa e
calma, e agora podia ser a filha rebelde e mimada de um mercenário
superprotetor.
— Ela é magra demais para ganhar a vida como caçadora de
recompensas. — disse Qibbu, e tremeu de tanto rir. — As fêmeas Mando
deviam ser grandes e duronas.
— A mãe dela, a chakaar, era Corelliana, e me deixou a menina pra
criar. — disse Skirata. — O que falta a Etain em músculos, ela compensa
em perspicácia nos negócios.
— Ah, eu imaginei que o seu gosto pelo exército da República provasse
ter um motivo financeiro. Você não se importa com o seus... garotos.
Kal mordeu o interior da bochecha.
— Não. Você já conheceu um Mando'ad que se importasse com a
República?
— Não. Então, o que está à venda?
— Algo que exércitos têm bastante.
— Ah... você acompanha as notícias de perto.
Skirata fez um voto silencioso de ser muito, muito gentil com Mar
Rugeyan no futuro. Essa história de capa de guerra de relva tinha
funcionado muito bem e o homem provavelmente nem sabia disso.
— Parece haver uma brecha repentina no mercado de armas, sim.
— Você fez essa lacuna, não é?
Seu estômago deu um salto mortal. Ele conseguiu sorrir.
— Eu não sou tão bom jogador.
Qibbu engoliu a dica inteira como um gorg.
— Então, o que você pode conseguir?
— Blasters, rifles de assalto, plastóide térmico, munição. Qualquer coisa
maior que isso tratarei como um pedido especial e pode levar mais tempo.
Mas não peça naves de guerra.
Qibbu riu.
— Eu divulgo a notícia e vemos se ela atrai clientes.
— Tenho certeza de que posso confiar em sua discrição. Você gosta deste
lugar, não é?
— Não quero que os problemas encontrem o caminho até aqui. Mas vou
esperar... comissão. Vinte por cento.
— Esse é o meu dote. — disse Etain amargamente. — Papa, você vai
deixar esse chakaar me roubar?
Fierfek, ela estava ficando boa, essa garota.
— Claro que não, ad'ika. — Skirata se inclinou para Qibbu e balançou
seu pedaço de corrente no bolso como um pequeno lembrete. — Cinco por
cento, e garantirei que o seu adorável estabelecimento aqui permaneça
inteiro e não seja visitado pela ralé deste mundo.
Qibbu borbulhou.
— Se essa parceria for bem-sucedida, renegociaremos os termos
posteriormente.
— Você pega o negócio e vamos ver.
Skirata levantou-se o mais calmamente possível e levou Etain para a
passarela para tomar um pouco de ar fresco. O cheiro de fritura, cerveja
estragada e estrume estava chegando a ele.
— Acho que chakaar foi um bom toque. — disse ele.
— Só peguei a palavra estranha.
— Você está bem?
— Na verdade, isso foi difícil. Invejo a sua coragem.
— Você acha? — Skirata estendeu a mão, com os dedos abertos e palma
para baixo. Estava tremendo. Ela precisava saber que, caso pensasse que ele
era invencível, a sua fé equivocada a mataria. — Eu sou apenas um
soldado. Um comando, você chamaria. Estou tateando o meu caminho por
tudo isso.
— Mas Qibbu está com medo de você.
— Não tenho problemas em matar pessoas. Só isso. — A realidade de
sua situação havia se tornado brutalmente clara agora: afundando cada vez
mais longe do limbo, para segurança ou para mergulhar na torrente que
corria por baixo, com uma respiração entre um extremo e outro. E não
havia como voltar para a margem do rio. — Se algo acontecer comigo,
preciso saber que alguém cuidará dos meus garotos.
— Você está me pedindo?
— Só há você e Bard'ika para pedir.
— Nada vai acontecer com você.
— A Força está lhe dizendo isso, não é?
— Sim.
— O que mais a Força lhe diz?
— O que eu tenho que fazer.
— Se e quando encontrarmos essa escória cara a cara, você estará nessa?
Não posso ter meus garotos visíveis. Muito óbvio.
— Não Bardan?
— Não preciso perguntar ao Bard'ika. Ele vai querer estar lá de qualquer
maneira. Estou pedindo a você.
— Farei o que você mandar. Você tem senioridade aqui.
Skirata esperava mais uma expressão de confiança do que obediência.
Mas isso teria que servir.
CAPÍTULO 14
A notícia de nossa equipe disfarçada e de seus informantes é que alguém está oferecendo
explosivos e armas no mercado negro. É incrível a rapidez com que essa escória corre para
preencher as lacunas. Hora de mudarmos. E apenas um aviso antes de abrir fogo, certo? Vamos
ver o quanto podemos limpar de uma vez por todas.
— Informações dos esquadrões da Unidade de Crime Organizado, QG do QCA, 383 dias
após Geonosis

Centro de logística, Grande Exército da República, QG do Comando


Coruscant, 1000 horas, 383 dias após Geonosis

O rdo atravessou as portas do centro sem problemas desta vez.


— Bom dia, senhor. — disse o droide sentinela.
Ordo enfiou a ponta da caneta na porta de dados do droide novamente e
baixou seu último arquivo de pessoal reconhecido.
— Continue. — disse ele.
Antes de chegar à sala de operações da ala de logística, ele se dirigiu ao
banheiro e passou as imagens baixadas de toda a equipe orgânica do centro
através da Tela Visualização Frontal do capacete para memorizar todos os
rostos. Cerca de cinco porcento havia mudado desde sua última visita.
Funcionários civis seguiram em frente. A supervisora Wennen, observou
ele, ainda estava lá.
Depois, copiou todos os dados armazenados no capacete para o datapad
e limpou a memória da Tela Visualização Frontal. Sua armadura estava
completamente limpa agora, sem nenhum traço de quem ou o que ele era, a
não ser um documento de identificação de trooper CRA. A sua única
conexão com o mundo das forças especiais seria o minúsculo comunicador
esfera em seu ouvido. A sua tarefa final foi deslizar uma câmera corrediça
de canto na grade de ventilação que passava entre os banheiros feminino e
masculino.
Depois, recolocou o capacete e entrou na sala de operações. Não havia
sinal de Besany Wennen; a supervisora do terceiro turno, uma Nimbanel,
estava de serviço.
— Bom dia, senhora. — disse Corr.
— Só estou observando hoje, trooper. — disse Ordo. Ele recuou como se
estivesse assistindo a série de holográficos de tráfego ao vivo que cobriam a
parede circular da sala de operações, fazendo com que parecesse o interior
de um tambor iluminado. De fato, o seu olhar estava em Corr enquanto
trabalhava e ocasionalmente se movia pela sala. Ordo estava fazendo um
curso intensivo sobre como o trooper se movia para que pudesse imitá-lo. Já
tinha a medida de sua voz com seu leve sotaque aprendido
instantaneamente.
E os civis sempre pareciam pensar que ele estava olhando na direção que
seu capacete estava apontando. A especificação básica do capacete de
trooper estava disponível para qualquer pessoa que trabalhasse na logística,
mas eles pareciam desconhecer seu alcance visual. Quem se importava com
o que um trooper podia e não podia ver?
Eles ignoram tantos dados, esses civis.
— Corr, eu preciso que você me mostre algo. — disse Ordo. Os civis
também pareciam ignorar conversas entre clones. — Venha comigo.
Corr pegou o capacete, colocou a trava de código de segurança em sua
estação de trabalho usando a sua manopla, bom homem, segue os
regulamentos, e seguiu Ordo para fora da sala. Eles caminharam de volta
pelo corredor e Ordo fez um gesto para ele entrar no banheiro, marchando
com ele até o outro extremo, onde estavam os armários.
— É aqui que você deve seguir minhas ordens à risca. — disse Ordo.
Corr pareceu subitamente cauteloso.
— Sim, senhor.
— Tire a armadura. Estamos trocando de traje.
— Senhor?
— Tire a sua armadura. Eu preciso dela.
Corr começou a desapertar os painéis de aderência sem discutir e
empilhou as placas no chão. Ordo fez o mesmo. Os dois estavam de pé lá,
de roupa preta, de repente sem patente visível, e Ordo se lembrou do preço
que Corr havia pago. Ele olhou para as mãos artificiais do soldado.
— Foi muito doloroso? — perguntou Ordo, que nunca havia sido tão
gravemente ferido.
— Não me lembro de nada, senhor, mas doeu quando acordei no tanque
de bacta. — Ele empurrou as mangas para cima: havia perdido os dois
braços logo acima dos cotovelos. — Eu administro bem.
Ordo não tinha ideia do que dizer.
— Você deveria ser aposentado. Não deveria voltar para a frente.
— E os meus irmãos? O que eu sou sem eles?
Não tinha resposta para isso também. Colocou as placas de Corr em seu
próprio traje. Foi um ajuste apertado: ele sempre soube que o genótipo
experimental que tanto desapontara o controle de qualidade Kaminoano
tornara os Nulos um pouco mais pesados do que os clone troopers e os lotes
de comando de clones. Sua armadura ficaria um pouco frouxa em Corr.
— Pelo menos você ficou com o papel de capitão. Aproveite.
Corr prendeu as placas e teve alguns problemas para encaixar o kama no
lugar. Ordo ajustou-o e colocou a ombreira em seus ombros, depois
entregou-lhe o capacete.
— Uau, isso parece diferente. — disse Corr, olhando para si mesmo. A
armadura de trooper CRA fora construída com especificações mais altas. —
É mais pesada do que eu pensava.
— Ombros um pouco mais para trás e deixe o kama e os coldres
pendurados assim. — Ordo colocou o capacete na cabeça de Corr e de
repente ficou surpreso ao olhar para si mesmo: era assim que ele parecia
para o mundo. — Pegue este datapad e saia pela porta da frente. Você será
recebido por um táxi pilotado por uma Wookiee. Não pare e não fale com
ninguém. Apenas saia como se você fosse eu e você será levado para um
lugar onde estará entre irmãos.
— Tudo bem, senhor. O que mais?
Ordo experimentou o capacete de Corr. Parecia estranho. Cheirava
estranho: comida diferente, sabão diferente.
— Eu não sei. Apenas saboreie o intervalo e até mais tarde. Como você
chama os civis?
— Eu me dirijo a eles pelo sobrenome, exceto os supervisores, a quem
chamo de senhora ou senhor.
— Até Wennen?
Corr pausou.
— Usamos o primeiro nome quando não estamos no centro.
Ordo colocou o capacete de Corr debaixo do braço.
— Bom. Vá embora.
Eles deixaram o banheiro com alguns segundos de diferença, e Ordo
observou Corr desaparecer pelo corredor. O peso do kama e dos blasters lhe
dava uma arrogância autêntica. Ordo achou bastante tocante e voltou para a
sala de operações para se acostumar a ser uma simples lata de carne, um
clone trooper que ninguém, exceto o inimigo, é claro, receava, temia ou
evitava.
Ele tinha pelo menos um turno para se instalar antes que o maior risco de
sua vigia aparecesse. Besany Wennen parecia ser quem mais se interessava
por Corr. Ele teria que ter cuidado para passar por seu exame. Mas tinha
algumas horas para praticar.
Ele desbloqueou a estação de trabalho e tornou-se o complacente,
consciente CT-5108/8843, invisível para o mundo. O trabalho de verificar
se os suprimentos haviam chegado ao batalhão correto em campo e se os
cronogramas dos contratados não haviam caído era simples, e ele se ocupou
pensando em maneiras de tornar o sistema mais eficiente. Resistiu ao desejo
de atualizar o sistema de vez em quando.
E assistiu àqueles ao seu redor.
— Desculpe o atraso. — disse a voz de uma mulher atrás dele, uma voz
suave e jovial com um tom de calor que soava como se ela estivesse
sorrindo permanentemente, as frequências mais altas traindo um trato vocal
reduzido. — Vou trabalhar uma hora extra para você amanhã. Obrigada por
guardar o forte.
Ordo não teve tempo de aperfeiçoar seu ato de simples soldado. Ele
olhou por cima do ombro enquanto imaginava que Corr faria, e deu a
Besany Wennen um leve aceno de cabeça que parecia um pouco fácil
demais para ele.
Ela sorriu de volta. Ordo suspeitava que ela também fosse uma atriz
consumada. Mas algo nele gostou muito daquele sorriso.


Casa operacional, Refúgio do Qibbu, 2015 horas, 383 dias após Geonosis.

— Decida a hora para uma discussão sobre os produtos. — disse a voz


do estrangeiro pelo comunicador. — E decidiremos o lugar.
Skirata não gostou do som disso. Nem Vau, evidentemente. Ele estava
ouvindo o comunicador, também, o escâner em uma mão e balançando a
cabeça devagar, tocando um padrão aleatório no ar com o dedo indicador.
Não é possível rastrear o ponto de transmissão. Transmissor múltiplo.
Assim como nós.
Ordo pegou a sua manopla da mesa e ativou um holográfico, segurando-
a onde Skirata podia vê-la. Toda a equipe de ataque aguardava a conversa,
incluindo o clone trooper chamado Corr, cuja vida subitamente mudara para
o bizarro naquele dia.
— Vou precisar de um pouco mais de segurança do que isso. — disse
Skirata.
— Sou um intermediário. — disse a voz. Sotaque Coruscanti. Nenhuma
pista. — Que garantia você gostaria?
— Um lugar muito público. Se nós dois gostarmos do que virmos e
confiarmos um no outro, nos encontramos em um lugar mais privado para
resolver as coisas.
— E você traz uma amostra.
— Rifles de ataque? Em público? — Essa era a pergunta-teste, aquela
que separaria os bandidos dos Separatistas. As armas eram
instantaneamente úteis para os criminosos: os explosivos não eram, a menos
que você quisesse revendê-los. — Não me takis, di'kut. Meu pai não criou
um filho estúpido.
— Meus clientes sugeriram que você podia obter explosivos de nível
militar.
— Eu posso. Então você quer uma amostra disso?
Silêncio. Vau ouvia, com a cabeça inclinada.
— Sim. O que você está oferecendo?
— Plastóide térmico de quinhentos graus, com especificações militares.
Pausa.
— Acho que isso se encaixa na conta.
Houve uma floresta de polegares entusiasticamente levantados na sala
silenciosa. Por alguma razão, Skirata se viu focado no rosto ansioso do
clone trooper Corr, empoleirado na beira de uma cadeira com um dos
detonadores personalizados de Dar desmontado em suas mãos protéticas.
— Meio-dia de amanhã. — disse Skirata. Ele piscou para Jusik. — E eu
vou levar o meu sobrinho comigo, só por precaução.
— No lado sul da Praça do Banco do Núcleo.
— Você me verá com facilidade. Eu tenho um strill.
O rosto de Vau foi um estudo em choque, mas, como o soldado
profissional que era, não disse nada.
— O que é um strill? — a voz desencarnada disse.
— Um animal de caça Mandaloriano nojento e feio. Você não pode
confundi-lo com nenhuma outra espécie, nem mesmo neste zoológico de
cidade.
— Meio-dia, então.
O link ficou inoperante.
— Ninguém, exceto Separatistas, desejariam termais de quinhentos
graus. — disse Vau. — Exótico demais para o criminoso comum. Eles
certamente morderam a isca rapidamente. Isso deveria nos preocupar?
— Eles perderam o fornecedor de sempre, e isso é muito melhor. —
Skirata assistiu Delta ir para o holográfico e começar a planejar posições de
atiradores em volta da praça bancária. — Isso vai ser puramente vigilância,
a menos que eles comecem a atirar, certo, rapazes? Matá-los lá não vai nos
ajudar a rastrear os seus ninhos. Menos ainda em plena luz do dia.
— Entendido, Sargento.
Sev conseguiu sorrir.
— Desde que possamos usar as munições letais mais tarde. Nós
gostamos de mortos. Morto é muito nosso estilo.
— Eu adicionei um pouco de Poeira à térmica não enriquecida. — disse
Jusik. — Você quer que alguns sejam transformados em projéteis de
Verpine, para que você possa marcar qualquer pessoa que encontrar e
rastreá-los também? — Jusik era um rapaz ferozmente inteligente e Skirata
valorizava muito a inteligência, tanto quanto lealdade e coragem. — Pensei
em garantir que não tivéssemos que seguir um suspeito da maneira mais
difícil novamente. Estou perdoado pelo meu lapso de julgamento no outro
dia?
— Bard'ika, se você quiser um pai, tem um em mim. — disse Skirata.
Foi o maior elogio que poderia lhe dar: estava apto para ser o seu filho.
Jusik talvez ainda não tivesse entendido completamente a cultura
Mandaloriana, mas certamente entendeu o sentimento, se seu olhar
envergonhado para o chão e o sorriso largo fossem um guia.
Chefe lançou um olhar cauteloso ao Skirata.
— Isso significa que podemos usar os seus rifles Verp?
— Você é tão empolgado com equipamentos extravagantes. — disse
Skirata.
— Eles são o negócio, Sargento... kandosii!
— Mas se você os dobrar, eu dobro você. Eles me custam uma fortuna e
não aceitam devolução.
— Mas como você vai acertar o calibre dessas esferas marcadoras,
Bardan? — Disse Sev.
— Revista Multicalibre e tédio. — disse Skirata. — Você poderia
carregar essas Verps com pedras, se necessário. Isso é o que custa o
dinheiro. Isso e a gama completa de filtros, velocidade variável e
dispositivo anti-reflexo.
— Kandosii. — disse Sev, quase suspirando. — Pena que você não
pagou um pouco mais para torná-las mais robustas.
— Di'kut atrevido... certo, eu acho que você é bom o suficiente para usá-
las. Dê uma olhada.
Skirata foi ao armário e pegou um dos preciosos rifles, desmontado em
três partes distintas: canos de trinta centímetros, verde fosco, silencioso,
horrivelmente preciso e a arma preferida de Jaing para fazer caminhadas
com extremo dano, como ele o descreveu. Pura beleza balística. A
ferramenta de um assassino: a ferramenta de um artesão.
Não via Jaing há meses. Sentia falta dele. Sentia muita falta de todos os
Nulos quando estavam em missões longas e distantes.
Chefe e Sev acariciaram os rifles e sorriram. Até Fixer parecia feliz. Os
garotos do Delta não respondiam a guloseimas e aos tapinhas na cabeça,
mas adoraram os novos brinquedos e a elogios. Skirata observou isso.
— Preciso de intervalos precisos do seu reconhecimento. — disse Jusik.
— Eu tenho que colocar a Poeira em um lugar que fique junto até que esteja
bem no alvo, ou o material dispersará muito rápido. Isso deve espalhá-los
perto do rosto para que eles o inalem, ou eles simplesmente ficarão em suas
roupas. Se eles despirem as jaquetas, nós os perderemos.
— Divertido. — disse Sev, e obviamente falava sério.
Vau se levantou e caminhou em direção à plataforma de desembarque,
sem dúvida para se preocupar com Lorde Mirdalan antes que a coisa
babona fizesse um trabalho real pela primeira vez na vida. Quando ele
estava fora do alcance da voz, Chefe virou-se para Skirata.
— O Sargento Vau ama esse animal. Não deixe que nada aconteça. Por
favor.
— Eu não vou. Ele sabe que eu carrego uma faca.
Corr, que havia sido alvo de muita agitação e atenção desde que Jusik o
trouxera ao Qibbu, o qual observava atentamente. Skirata bagunçou o seu
cabelo. Ele se encolheu.
— Desculpe por tudo isso, filho. Está aprendendo muito?
— Sim, Sargento.
— Quer ser útil? Quero dizer, ainda mais útil do que você está sendo
agora?
— Sim. Por favor.
Pobre pequeno di'kut. Skirata lutou contra o desejo de coletar outro
garoto danificado, outro perdido na necessidade de pertencer, e perdeu
imediatamente. Ele tinha ficado órfão e um soldado o resgatara.
— Dar, dê a ele um curso intensivo de uso de um DC-17, sim?
Chefe e Sev deslizaram as discretas placas da armadura sob suas túnicas
e verificaram seus blasters de mão.
— Saindo para um reconhecimento, então. — disse Chefe. — Em duas
horas, sugiro que nos insiramos o mais rápido possível, para que cheguemos
antes dos bandidos.
— O que faz você pensar que eles não vão fazer o mesmo agora? —
Etain perguntou.
— Porque parece um local muito difícil de se estabelecer por qualquer
período de tempo, e nós somos profissionais, e eles não. — disse Chefe. —
Então eles provavelmente vão se aproximar no momento do encontro.
Skirata fez questão de olhar ao redor do grupo para que pudesse ver a
reação dos dois Jedi. Ambos eram guerreiros muito capazes, mas o
assassinato, matar alguém que não estava disposto a matar você, era
psicologicamente muito diferente de usar um sabre de luz ou um blaster em
combate.
A excitação silenciosa que tomou conta da sala era palpável.
— Senhores, senhora, esta é uma operação de atirar para matar. — disse
ele. — Não prender. Queremos o maior número de hut’uune identificados,
localizados e mortos por todos os meios possíveis ao final desta
implantação. Nada mais. Estamos cortando uma grande parte dessa rede em
uma fatia. Estamos todos cientes de que é isso que estamos fazendo?
— Sim, Sargento!
Foi uma só voz. E Jusik e Etain fizeram parte dela.
Isso era bom. Qualquer um que hesitasse mataria o resto da equipe de
ataque, ou pior.
— Certo, equipe de reconhecimento, vai. — disse Skirata. — E não
ousem derrubar as minhas Verps.
CAPÍTULO 15
Os Mandalorianos são surpreendentemente despreocupados com a linhagem biológica. A
definição deles de descendência ou paternidade é mais por relacionamento do que por
nascimento: a adoção é extremamente comum e não é incomum que os soldados tomem órfãos
de guerra como filhos ou filhas se os impressionarem com a sua agressão e tenacidade. Eles
também parecem tolerantes à infidelidade conjugal durante longas separações, desde que
qualquer criança resultante dela seja criada por eles. Mandalorianos se definem apenas pela
cultura e pelo comportamento. É uma afinidade com as principais expressões dessa cultura,
lealdade à identidade própria, ênfase na resistência física e disciplina, que faz com que alguns
grupos étnicos, como os de Concord Dawn em particular, gravitem em direção às comunidades
Mandalorianas, reforçando assim um conjunto comum de genes derivados de uma ampla gama
de populações. O instinto de ser um pai protetor é especialmente dominante. Eles criaram
acidentalmente uma população guerreira orientada para a família e continuam a reforçá-la
absorvendo indivíduos e grupos com mentalidades semelhantes.
— Mandalorianos: identidade e sua influência no genoma, publicado pelo Instituto Galáctico
de Antropologia

Centro de Logística, Grande Exército da República, Comando de


Coruscant, 0815 horas, 384 dias após Geonosis

A quele não era o lugar para um guerreiro estar quando os seus irmãos
estavam em campo, mas Ordo pensou que quanto mais rápido ele
identificasse e neutralizasse o informante, mais cedo poderia deixar aquele
emprego de escritório.
— Clone. — disse a voz do Nimbanel. A criatura estava em cima dele
hoje. Era uma péssima ideia... normalmente. — Clone! Você já inseriu o
lote noturno de dados?
Eu sei pelo menos dez maneiras de te matar sem uma arma, lagarto. Eu
gostaria de experimentar todas elas.
— Sim, Guris. — disse Ordo, sendo o gentil e compatível Corr. — Já
inseri.
— Então você deveria ter me falado imediatamente.
Ordo ouvia a advertência constante de Skirata em sua cabeça e manteve
a calma: Udesii, udesii, ad'ika: calma, calma, filho. Este funcionário não
servia nem para limpar as botas de Corr. Ele certamente não servia para
limpar as dele.
— Me desculpe. — disse Ordo, agindo como o homem calmo que ele
definitivamente não era naquele momento. — Isso não vai acontecer
novamente.
Besany Wennen levantou a cabeça da tela muito lentamente. Ela era
angustiantemente bonita. A simetria de seus traços o deixava desconfortável
porque ele queria encará-los, e o seu instinto masculino dizia perseguir, mas
o seu cérebro dizia suspeita.
— Guris, se você tem uma preocupação com o gerenciamento de dados,
posso sugerir que você a trate comigo primeiro? — O calor em sua voz
havia desaparecido completamente. A frequência caiu quando os seus
lábios se comprimiram. Ordo podia vê-la em sua visão periférica: conseguia
desligar aquele sorriso vívido e congelar por alguns momentos. Era alguém
acostumada à obediência das pessoas ao seu redor. — O trooper Corr está
fazendo o que eu pedi a ele.
Ordo não tinha ideia se isso era verdade ou se ela o estava poupando da
vergonha. Conseguiu sorrir de qualquer maneira. Observar Corr na noite
passada aprimorou seu ato um pouco mais.
Enquanto trabalhava, inserindo códigos de triangulação de naves e rotas
de fornecimento no programa que ocupava a tela, ponderou sobre a única
informação sólida que possuía. O cronograma antecipado de movimentos
de homens e materiais foi retirado para fornecer mensagens de confirmação.
Um fluxo interior foi para os batalhões de logística do GER e Operações da
Frota, e um fluxo exterior foi retransmitido para milhares de empreiteiros
civis que forneciam suprimentos e transporte. Os dois conjuntos de dados
eram diferentes.
Portanto, esses eram os dados que foram deixados em um chip no local
de entrega do complexo, os que Vinna Jiss havia descrito de maneira útil a
Vau, quer ela quisesse ou não. Os ataques a bomba haviam se espalhado
entre o contratante e a redes de suprimentos militares; quem executou os
ataques tinha os dois conjuntos de dados.
E a cópia de dados não mostrou uma trilha de auditoria. Retransmitir
dados do sistema sim. E era isso que a segurança de rotina assistia. A
tecnologia antiga vencia a novidade com uma frequência deprimente.
Tudo o que Ordo tinha que fazer agora era observar as imagens de
vigilância do local de entrega dos banheiros. Até agora, não havia captado
nada. Não tinha ideia de com que frequência o contato Separatista, e tinha
que assumir que era um, verificou o armário, mas ninguém apareceu. Talvez
ainda não tivessem sentido falta de Jiss.
Era quase meio-dia quando a supervisora Wennen se levantou e saiu da
sala de operações. Por um capricho, Ordo colocou o capacete de lado na
mesa ao lado dele em um ângulo em que ele podia ver discretamente a
câmera do banheiro que era jogado na Tela Visualização Frontal.
Wennen não era o tipo de mulher que pertencia ali. Alguma inquietação
lhe dizia isso. Kal'buir havia dito a ele que um palpite forte era geralmente
baseado na observação subconsciente de fatos concretos e deveria ser
tratado com respeito.
A imagem granulada azul mostrava Wennen entrando no banheiro. Ela
não olhou ao redor. Ela parou nos armários, examinou-os com a cabeça se
movendo visivelmente, colocou uma mecha de cabelo pálido atrás de uma
orelha e inclinou-se para abrir várias portas destrancadas até que pareceu se
cansar e sair novamente. Ela reapareceu na sala de operações um minuto
depois e deu-lhe um sorriso arrependido que parecia totalmente sincero.
Algo a tinha irritado.
Ah, Ordo pensou, decepcionado.
Então se perguntou por que sentia essa decepção e percebeu que isso se
devia a impulsos não relacionados ao negócio em questão. E os negócios, é
claro, tinham acabado de mudar para melhor.
O turno dele terminava junto com o dela, às 1600.
Passaria as próximas horas trabalhando exatamente em como removê-la
sem alertar aos outros contatos Separatistas que pudessem estar em sua
célula. Queria todos eles.
1100 horas, 384 dias após Geonosis, zona comercial, Quadrante N-09: ponto de encontro
acordado para iniciar negociações com as partes interessadas
— Chakaare preguiçosos. — disse Fi, olhando para o crono. — A que
horas eles chamam isso?
— Bem, se eles chegaram aqui antes de nós e não podemos vê-los...
provavelmente somos homens mortos.
Darman estava em algum lugar do lado oposto da Praça do Banco do
Núcleo, três andares acima da área de pedestres, em uma despensa em que
ele havia se infiltrado. Fi não conseguia vê-lo, mas a sua voz era claramente
audível em sua cabeça: o comunicador de contas era tão sensível que
captava a subvocalização pela trompa de Eustáquio.
Eles estão aqui desde 2330 da noite passada. Eles observaram e notaram
todos os droides de limpeza, varredores automatizados de passarelas,
trabalhadores tardios, passageiros matutinos, compradores, bêbados,
patrulhas a pé da FSC, repulsores de entrega, vendedores de caf não
licenciados e crianças de escola que haviam entrado e saído da praça de
qualquer direção. Eles também haviam varrido as paredes do penhasco de
prédios de escritórios e, para o grande interesse de Fi, notaram que alguns
funcionários não iam ao depósito depois de horas se tivessem colegas do
sexo oposto.
E a cada duas horas, Etain Tur-Mukan atravessava rapidamente a praça
como se tivesse negócios em algum lugar, varrendo a área com qualquer
sentido extra que os Jedi tivessem que lhes permitisse detectar pessoas
ocultas. Diziam que Etain era boa nisso. Ela poderia localizar o esquadrão
dentro de um metro. Cada vez que ela passava, Fi ouvia Darman se mover
ou engolir, e não tinha certeza se era porque ele podia vê-la ou porque ela
estava procurando por ele na Força.
Fi de repente queria o foco descomplicado de uma vida totalmente
militar em Kamino.
Você está se distraindo. Pense no trabalho em questão. Talvez eles o
deixassem manter o comunicador de contas após esta operação. Eles nunca
perderiam alguns no QG. Certamente.
— Quero a minha Tela Visualização Frontal de volta. — disse Darman.
— Quero minha visão aprimorada.
— Mas você pode usar uma camuflagem facial em vez disso. Faz você
se sentir selvagem e perigoso.
— Eu sou selvagem. — disse a voz de Sev. Sev estava atrás de uma
balaustrada no telhado, embaixo de uma pilha de lençóis de plastóide
descartados. — E então eu fico perigoso. Cala a boca.
— Entendido. — Fi disse alegremente, e bateu os dentes duas vezes para
sair do canal de comunicador aberto de Sev. Era um ambiente barulhento
demais para a conversa silenciosa deles ser ouvida de qualquer maneira. —
Di'kut miserável.
— Não liga pra ele. — Scorch estava no nível da passagem cerca de
cinquenta metros a oeste do ponto de encontro, deitado de bruços em um
poço de acesso horizontal fora de uso. — Ele vai ficar bem quando matar
alguma coisa.
Darman tinha um rifle Verpine com projéteis letais, assim como Sev. Fi e
Scorch tinham os projéteis de rastreamento não-letais, doze projéteis cada.
O Verp era realmente adorável. Fi sempre se perguntava quantos créditos o
sargento Kal havia ganho ao longo dos anos. A sua crescente coleção de
armas caras e exóticas e a modesta extravagância de sua jaqueta de bantha
eram os únicos sinais visíveis de que poderia ter sido muito.
— Dar...
— Possível contato, primeiro nível da passarela, minha esquerda da
entrada do banco...
Fi ajustou a sua mira e seguiu à direita. Era um garoto que já tinha visto
antes: humano, cabelo claro e muito curto, desgrenhado. Ele ainda estava
andando pela praça. Se era um Separatista, era um vergonhosamente
amador. Eles observaram por alguns minutos, e então uma jovem garota de
túnica amarela brilhante correu até o garoto e o abraçou. Eles se beijaram
com entusiasmo, atraindo olhares dos transeuntes.
— Acho que ele a conhece. — disse Fi. Sentiu o rosto queimar. Isso o
incomodou e ele desviou o olhar.
— Bem, isso é só você e Niner deixados na prateleira agora que os seus
irmãos foram chamados. — disse Scorch.
Houve uma pausa. Darman interrompeu.
— Você tem algo a dizer, ner vod?
— Eu acho que é meio encorajador. — Scorch riu. — Atin conseguiu
uma Twi'lek fofa, Dar conseguiu a sua própria general...
— ... e Scorch conseguiu uma orelha inchada se não calar a boca agora.
O comunicador ficou subitamente silencioso, exceto pelo som ocasional
de deglutição. Darman não estava de brincadeira quando se tratava de Etain.
Nunca esteve, nem mesmo em Qiilura, quando não havia nada acontecendo
entre eles.
Por que isso está doendo tanto? Por que sinto que fui enganado?
Kal'buir, por que você não me preparou para isso?
Era muito perturbador. Fi fechou os olhos por alguns instantes e entrou
na sequência que aprendera para se concentrar quando o campo de batalha o
pressionava: respiração controlada, concentrar-se em nada, exceto na
próxima inalação, ignorar tudo o que não era do momento seguinte.
Demorou um pouco. Ele calou o mundo.
Então descobriu que estava com os olhos abertos sem perceber e estava
simplesmente seguindo o movimento na praça abaixo, através do alcance
incrivelmente preciso do rifle Verpine.
— Agora, temos o melhor equipamento ou não? — disse, se tornando o
homem confiante que queria ser novamente. — Me diga outro exército no
qual você recebe Verps artesanais para brincar.
— O exército de Verpine. — disse Scorch.
— Eles têm um exército?
— Eles precisam de um?
O silêncio desceu novamente. Às 1150, Sev cortou o circuito de
comunicador.
— Modo de espera. Kal está se movendo para a posição.
Skirata entrou na praça vindo da direção do Senado, com Jusik de lado e
um animado Lord Mirdalan esticando uma coleira do outro. Ele estava
fazendo um trabalho crível, parecendo que o strill era o seu companheiro
constante. O animal parecia notavelmente contente com ele, dado o número
de vezes que Skirata o expulsara ou atirara sua faca ao longo dos anos.
Talvez o tumulto de novos aromas estranhos o tivesse emocionado o
suficiente para que não se importasse muito que o homem que geralmente
gritava com ele estivesse segurando a coleira. Fi observou enquanto eles se
posicionavam perto da porta, sentando-se em um assento de duraço
ornamentado em forma de arco.
A voz de Skirata veio pelo circuito de comunicador.
— Como estão os meus garotos?
— Com cãibra, Sargento. — disse Darman. — E Fi está babando no seu
Verpine.
— Ele ele vai limpá-lo depois, então. Prontos?
— Prontos.
Em 1159, um homem humano na casa dos quarenta anos, com túnica
verde casual, calça marrom, cabelo castanho na altura do colarinho, barba,
estatura alta e magra, caminhou em direção a Skirata e Jusik em uma linha
proposital. Fi o seguiu.
— Estou com ele, Fi. — disse Darman. Se algo desse errado, o homem
estaria morto em uma fração de segundo com um tiro altamente cinético
silencioso nas costas.
— Escolta. — disse Sev. — Parecem três... não, quatro. Três homens,
uma mulher, todos humanos... um homem vinte metros ao sul de Darman.
Espalhados, mas todos se movendo em direção a Skirata.
— Estou com ele.
— Estou com a mulher. — disse Scorch.
— Você tem certeza que eles estão com o Barba?
— Sim, verifique a linha dos olhos deles, Fi. Eles estão olhando pra ele,
e nada mais. São bem legais, mas obviamente não são profissionais. Nem
deveriam estar olhando pra ele.
A voz de Etain interrompeu.
— Há outra mulher se aproximando lentamente do lado do Senado.
Estou indo atrás dela para que vocês possam vê-la.
Sev interrompeu.
— Mais alguma coisa?
— Só consigo sentir quatro outros, mais o homem que se aproxima de
Kal.
— Ouuun, olha. Eles tomaram posições para bloquear as principais rotas
de pedestres na praça. Obrigado! Eu amo um alvo que se identifica.
— Espero que isso não se transforme em uma troca de tiros. — disse
Scorch. — Muitos civis.
— Eu posso ter uma mira clara. — disse Sev. — E eu posso tirar pelo
menos três daqui. Relaxa. Só se preocupe em etiquetá-los.
Etiquetá-los. Eles sentiriam aquilo?
Fi entrou em um filtro EM com um toque na caixa óptica. Focou a mira
na mulher que agora estava quase sob a posição de Darman, na passarela
em direção ao Quadrante N-10: cabelo vermelho na altura dos ombros, traje
azul, bolsa de couro marrom. O filtro detectou emissões eletromagnéticas, o
que a tornava não apenas útil para localizar alguém operando um
comunicador, mas também perfeito para ver se a Poeira havia atingido o seu
alvo. Lançava um tom marrom rosado na imagem.
Procurou por indicações de velocidade do vento. Os cabelos da mulher
estavam se movendo um pouco com a brisa: uma xícara de flimsi
descartada perto do vendedor de caf rolava um pouco pela calçada. Fi
ajustou a sua mira e verificou a temperatura do ar, que havia subido uma
fração nos últimos vinte minutos. Ajustou as configurações do Verp
novamente e colocou a arma no antebraço.
Relaxe. Bobina de energia ajustada para média. Não quero que ela sinta
o projétil atingi-la. Também não quero borrifar Poeira em toda a praça...
A mira assentou.
— Então, isso é um strill. — A voz do homem era um pouco confusa,
mas Fi podia ouvir o sotaque, mesmo que não o reconhecesse. —
Encantador. Me chame de Perrive.
— E você pode me chamar de Kal.
Fi fechou os olhos por um segundo e diminuiu a respiração. Quando os
abriu, a mira ainda estava no centro do peito da mulher.
— Então, vamos ver as mercadorias.
Fi exalou lentamente e prendeu a respiração.
— Aqui. Pegue e teste.
O dedo de Fi apertou a ponta do gatilho. O Verp era tão finamente
construído que tudo o que sentiu foi uma repentina falta de resistência sob o
dedo e o rifle disparou, silencioso e sem coice.
— Quantas coisas ao todo?
— Cem quilos. Se você precisar de mais.
Uma nuvem branca parecida com fumaça apareceu no filtro de Fi. O
projétil explodiu em contato, cobrindo a mulher com pó de rastreamento
microscópico, cada minúsculo fragmento capaz de retransmitir sua
localização de volta ao receptor da base de Qibbu, ou mesmo a uma Tela
Visualização Frontal. Ela olhou para baixo como se um inseto tivesse
pousado nela e simplesmente esfregou a ponta do nariz como se tivesse
inalado pólen.
— Quinhentos graus?
— Todos eles. — disse Kal.
— Detonadores?
— Quantos?
— Três ou quatro mil.
— Quinhentos graus: eu tenho. Detonadores: apenas uma questão de
adquiri-los discretamente. Um dia, talvez.
— Confirmado: alvo feminino em azul, marcado. — Fi apontou o rifle
para noventa graus à sua esquerda. — Mirando o homem mais distante de
Kal. Jaqueta preta.
Respire fundo. Relaxe. Mirou e ajustou a mira novamente, prendeu a
respiração no ponto confortável da expiração e disparou pela segunda vez.
Mais uma vez, o homem reagiu e procurou algo no peito, depois continuou
observando Skirata como se nada tivesse acontecido.
— Masculino, jaqueta preta: alvo marcado. Então eles podem sentir isso
acertá-los.
— Não monopolize todos eles. — disse Scorch. — Eu também quero.
— Todo seu, ner vod.
— Mirando o macho à direita de Skirata, túnica cinza...
Fi alinhou a mira de seu EM no alvo de Scorch para observar. A
respiração de Scorch parou e, em seguida, Fi viu uma nuvem de fumaça
branca surgir no manto cinza. Ele não reagiu.
— Agora, o outro homem, colete vermelho, à esquerda de Skirata perto
do vendedor de caf... não, fique quieto, seu di’kut... assim está melhor. —
Scorch ficou em silêncio novamente. Fi observou através do filtro EM. O
projétil estourou no ombro do homem e ele roçou o nariz sem perceber,
como a primeira mulher. Talvez tenha sido uma combinação de não ver
absolutamente nada, já que o agente ligante da pastilha evaporou e a
empolgação com a adrenalina durante uma missão. Eles não estavam muito
atentos para além de ver e não serem vistos.
— Certo, quem está com o Cara da Barba? Perrive.
— Eu. — disse Fi. — Se eu fizer três de três, posso ficar com ele? Sabe,
recheado e montado?
— Ele seria um bom suporte para a sua armadura do Hokan.
Perrive, o Cara da Barba, estava em um ângulo leve, movendo-se um
pouco enquanto falava com Skirata. Ele segurava o pequeno pacote de
plastóide térmico na mão, cerca de cem gramas, e o espremia entre os dedos
enquanto olhava para o embrulho. Parecia um acordo de especiarias para
todo o mundo, e Fi se perguntou por um momento se todos estavam cegos
sobre o quão óbvio isso poderia parecer.
Se preocupe com isso mais tarde. Etiquete-o.
— Vire-se, chakaar. Não quero acertar nas suas costas.
Fi havia se estabelecido em um ritmo agora. Observou pela mira
enquanto Perrive enfiava o plastóide no bolso e ficava com uma mão no
cinto, girando de um lado para o outro, apresentando uma boa extensão das
costas e depois um ângulo estreito do ombro.
Fi relaxou, mirou e foi para o ombro, antecipando a virada.
Whuff.
O projétil do rastreador chegou ao alvo e não teve reação.
— Certo, vamos dar uma olhada nisso e responderemos amanhã ao
meio-dia. — disse Perrive. — Se gostarmos, nos encontramos em algum
lugar privado. Se não, você nunca mais terá notícias minhas.
— Combina comigo. — disse Skirata.
— E a segunda mulher? — Disse Fi. — Etain, onde você está?
— Cerca de três metros à sua esquerda.
— Você pode afastá-la dos civis?
— Certo...
Fi ouviu. Skirata também podia ouvir tudo isso em sua conta de
comunicador. Era preciso alguma habilidade para continuar conversando
com alguém tendo uma conversa de cinco vias em seu ouvido.
— Com licença. — disse Etain. — Estou irremediavelmente perdida.
Você pode me mostrar como chego ao Quadrante N-10?
Fi observou a mulher simplesmente fazer uma pausa, olhar para Etain
com surpresa e depois começar a apontar a passagem de conexão. Etain se
moveu. A mulher deu mais passos adiante, apontando novamente.
— Obrigada. — disse Etain, e seguiu em frente.
Whuff. O projétil refletia a luz no ombro da mulher. E ela esfregou o
nariz.
— Todos os seis marcados. — disse Fi. Ele mudou de canal com um
clique exagerado de seus molares. — Niner, você está recebendo?
— Conseguimos tudo. — disse a voz de Niner, a vários Quadrantes no
Qibbu. — Traços nítidos e claros no holográfico.
— Certo. — Fi deixou a cabeça cair para aliviar os músculos do pescoço.
— Pode encerrar agora, Sargento.
— O velho di'kut é bom nisso, não é? — Scorch traiu um carinho
relutante. Skirata podia ouvir a conversa e Scorch sabia disso. — Adoraria
saber onde ele aprendeu a fazer tudo isso.
O rosto de Skirata nem se contorceu. Nem o de Jusik. Jusik estava
apenas olhando ao redor como o garoto de recados de um gangster deveria
fazer, parecendo alerta, mas não muito brilhante.
— Meu intermediário diz que você tem muitos amigos no exército. —
disse Perrive.
— Contatos. — disse Skirata. — Não amigos.
— Não gosta do nosso exército, então?
— Apenas útil. Apenas clones.
— Não está preocupado com o que acontece com eles?
— Você não é um di’kutla liberal, tentando me recrutar, não, é, filho?
Não, eu não dou a mínima para os clones. Estou nisso por mim e minha
família.
— Só estou curioso. Entraremos em contato, se gostarmos das
mercadorias.
Skirata simplesmente sentou-se com as mãos nos bolsos, aparentemente
observando o strill, que se estendia em uma pilha desajeitada de pele solta,
com a cabeça sob o banco, derramando baba. Jusik mastigava vagamente,
também olhando à frente. Fi e a equipe de atiradores observaram Perrive e
os cinco alvos se dispersarem em passarelas e rampas.
Eles esperaram.
— Mais alguém viu um sotaque de Jabiim lá? — Jusik perguntou.
Skirata se inclinou e parecia estar prestes a dar um tapinha em Mird.
— Acho que sim. — Fi esperou que ele afundasse os seus dentes nele,
mas parou de tocá-lo e o animal simplesmente rolou para fora de alcance
para observar a sua mão com olhos malevolentemente curiosos.
Fi lembrou-se do strill na época de Kamino. Parecia menor, agora que
era um homem adulto. Uma vez, era maior do que ele fora.
Eventualmente, houve um longo suspiro de alívio.
— Sinto que todos se foram. — disse Jusik. — Niner, eles estão
afastados da área da praça?
Niner resmungou.
— Confirmado. Podem se mover agora.
— Afastem-se, rapazes. — disse Skirata finalmente. — Muito bem.
— Bom trabalho, Etain. — disse a voz de Darman.
— Sim, certo, muito bem também, Turma Mística. — Skirata puxou a
coleira de Mird; a pilha de pêlos se ergueu nas seis pernas e se sacudiu. —
Vamos afinar com cuidado e não se esqueçam de limpar a camuflagem
facial antes de se mover. Vamos voltar para o Qibbu às 1315. Então
descansem um pouco.
— Parece bom. — disse Fi. Foi somente quando a tensão passou que ele
percebeu o quão rígidas estavam as articulações e quantas partes dele doíam
por conta das doze horas e mais inclinadas sobre o acolchoado improvisado
de sua jaqueta. — Banho quente, refeição quente e sono.
Skirata interrompeu.
— Vocês sabem que eu não falei sério, não é?
— O que?
— Sobre os clones. Qibbu obviamente mencionou vocês para os
associados da escória dele.
— É claro que sabemos, Sargento. — disse Scorch. — Você disse que
estava nisso pela sua família, não é?
Centro de Logística, Grande Exército da República, QG do Comando de Coruscant, 1615
horas, 384 dias após Geonosis

Ordo ouviu o seu comunicador oculto com uma expressão prática de


desinteresse em branco enquanto digitava movimentos de tráfego. O
holográfico que cobria cada centímetro do espaço da parede mudava e
pulsava quando as remessas passavam de vermelho para verde – agora
carregadas, checadas e em trânsito – e os pedidos de reposição empilhados
em um painel de barras horizontais azuis.
O holográfico não dava números de tropas, mas um pouco de bom senso
teria dito a qualquer um que quisesse passar o tempo pensando no óbvio
que elas estavam pouco expandidas. Ordo sabia que havia pelo menos um
milhão de soldados no campo espalhados por centenas de mundos:
pequenas forças em alguns, múltiplos batalhões em outros. Isso significava
longas cadeias de suprimentos e elas eram inerentemente vulneráveis.
Então... por que as redes terroristas Separatistas não os atacaram fora do
planeta? Nenhuma habilidade. Nenhuma embarcação ou habilidade
adequada. Ou... talvez o objetivo fosse intimidar a sede do governo
galáctico, afinal.
Motivo importava. O motivo lhe dava a capacidade de pensar como o
inimigo, querer o que eles queriam e, em seguida, arrancá-lo deles.
E matar clone troopers, principalmente troopers, se você não contasse os
civis infelizes que também estavam no caminho, mostrou que os
Separatistas podiam entrar e sair quando quisessem.
Ordo levou aquilo para o lado pessoal. Ele se lembrou do medo afiado e
frio e do ódio concentrado que havia aprendido em Kamino antes que um
total estranho se colocasse à sua frente e salvasse sua vida.
Não podemos confiar em ninguém além de nossos irmãos e Kal'buir.
Ainda podia ouvir as exclamações de satisfação de Niner pelo
comunicador. Os seis homens e mulheres marcados por Fi e Sev estavam se
dispersando por toda a Cidade Galáctica, deixando rotas e pontos de parada
que Niner e Chefe estavam registrando em um holograma que mostrava
cada via aérea, Quadrante e edifício em Coruscant. A julgar por sua
ocasional descida pelo rico Mandaloriano injurioso, que Kal'buir
considerava uma parte importante de sua educação continuada, eles
estavam aprendendo mais do que qualquer um esperava.
Ordo avaliaria tudo isso quando voltasse, mas o número de locais que a
marcação havia registrado chegara a vinte; estava se transformando em algo
maior do que uma equipe de catorze homens poderia suportar.
Ordo queria que eles se concentrassem nos aglomerados, nas áreas de
maior tráfego, mas isso teria que esperar. A câmera de tira não produziu
nada, exceto o fato de que as fêmeas de todas as espécies empregadas no
centro pareciam passar muito tempo no banheiro, reorganizando a sua
aparência. Quem quer que estivesse acostumado a coletar os dados
provavelmente sabia que Vinna Jiss se fora agora e estava sem dúvida
tentando outra rota. Ele ficou atento à supervisora Wennen porque ela
parecia estar cada vez mais agitada com o passar do dia. Podia ouvir na voz
dela. Ela não gostava de Guris. Estava checando alguma coisa: quando foi
ao banheiro, ela ainda estava na mesma tela quando voltou, percorrendo um
inventário de cima e pra baixo.
Ela estava checando as remessas de fuzis voltando dois ou três meses. Se
é você, Wennen, qual é o seu motivo?
Não precisou parar para ler a tela por cima do ombro dela. Podia
simplesmente olhar para ela, se concentrar e voltar para a sua estação de
trabalho para fechar os olhos discretamente e recordar o que tinha visto.
Quaisquer que tenham sido os erros que os Kaminoanos cometeram na
tentativa de melhorar o genoma de Jango Fett, os esforços não foram
desperdiçados.
Wennen olhou para as portas. Seu rosto de ossatura fina, embora
esteticamente agradável, de repente congelou em raiva genuína e perdeu a
beleza.
— Jiss. — disse ela amargamente. — É melhor você ter uma boa
desculpa dessa vez.
Ordo lutou contra todos os instintos para se virar e encarar.
Simplesmente virou a cabeça casualmente para se concentrar em uma folha
de flimsi à direita, e lá estava ela: Vinna Jiss.
Você está morta.
— Andei indisposta, Supervisora.
Mas você está morta. Então quem é você?
— Já ouviu falar de comunicadores? Até o seu senhorio me ligou,
reclamando que você sumiu sem pagar aluguel.
Eu sei que você está morta porque caiu alguns milhares de metros de
uma varanda depois de uma conversa com Walon Vau.
— Desculpe, Supervisora.
Wennen estava toda ácida, com os lábios comprimidos.
— Venha falar comigo amanhã cedo. Estou fora do turno agora.
Ela fechou a estação de trabalho, agarrou a jaqueta e fez um movimento
em direção às portas. Então fez uma pausa e virou-se para o Ordo.
— Corr, são dezesseis e meia. — disse ela. — Vamos. Hora de ir.
Ninguém vai agradecer por ficar aí a noite toda. Quer que eu o deixe no
quartel?
Jiss, você está morta ou é uma impostora. Então quem Vau matou?
— Obrigado, Supervisora. — Ordo desconectou e recolocou o capacete,
de repente contente com a chance de se esconder atrás de uma viseira
plástica branca anônima e olhar horrorizado para o rosto de uma mulher
morta que parecia estar se saindo muito bem para um cadáver. — Eu... eu
vou encontrar alguns camaradas do Quadragésimo Primeiro. Você poderia
me deixar na primeira plataforma de táxi do setor de entretenimento, por
favor?
— Estou feliz que você esteja aproveitando a oportunidade para relaxar,
Corr. — Ela parecia genuinamente satisfeita. — Você merece isso.
Ordo deu uma última olhada na mulher que parecia ser Jiss,
memorizando todos os poros e linhas, e seguiu Wennen para fora até as
baías mais velozes. Ele deslizou no banco do passageiro com uma centena
de perguntas que, pela primeira vez na vida, não tinham respostas rápidas.
Wennen ligou o speeder e ficou parada por um momento, olhando para o
console.
— Honestamente. — ela bufou, toda exasperada. — Essa é a funcionária
menos confiável que eu já conheci. Às vezes eu poderia matar aquela
mulher.
Casa Operacional, Refúgio do Qibbu, 1630 horas, 384 dias após Geonosis

— Lá vão eles. — disse Niner.


Grânulos de luz vermelha estavam agora espalhados por todo o
holográfico azul de grades e linhas que haviam se expandido para preencher
um espaço de um metro de altura e dois metros de comprimento. O
rastreamento da Poeira estava transmitindo os movimentos dos seis
Separatistas que eles haviam marcado algumas horas antes.
Etain andou em torno do gráfico 3D, estudando faixas amarradas como
colares com contas solitárias ocasionais colocadas em intervalos. A
representação virtual de uma seção da Cidade Galáctica estava sobre a
mesa. Algumas das linhas se cruzavam e mesclavam. Niner e Chefe ainda
estavam pegando dados e listando cada local enquanto Vau observava com
Jusik.
— Eles se locomovem. — disse Vau. — Jusik, meu garoto, alguém já lhe
disse que você é um gênio?
Jusik deu de ombros.
— E os meus amigos são excelentes atiradores. Somos uma boa equipe,
não somos?
Amigos era uma maneira incomum de um Jedi descrever tropas de clones
que eram tecnicamente suas para comandar e usar como ele julgasse
adequado. Mas Jusik simplesmente não via o mundo dessa maneira. Etain
achava profundamente tocante.
— Sim, excelente equipe. — disse Vau. Chefe olhou por cima,
evidentemente satisfeito. — É maravilhoso ver um trabalho bem feito.
Esse não era o Walon Vau que Etain havia sentido e considerado pura
brutalidade sem paixão. Ele não era menos complexo e contraditório que
Skirata. Atin, lendo seu datapad, o ignorou completamente; Vau às vezes
olhava para o ex-aprendiz, mas não obteve reação.
Atin o odeia. Ele quer vingança de algum tipo. Etain achava difícil
conciliar isso com o homem metódico, atencioso e corajoso que conhecia,
aquele que achava que não tinha o direito de ter sobrevivido a Geonosis
enquanto os seus irmãos tinham morrido.
Enquanto as locações eram agrupadas, outro hiato frustrante forçara os
esquadrões a descansar e se recuperar. Eles pareciam precisar estar
ocupados lutando, especialmente o Delta. Etain podia sentir a sua
impaciência coletiva. Talvez fosse juventude; mas talvez não gostassem de
ter tempo para pensar.
Fi, Sev, Fixer e Scorch foram ao restaurante para comer com Corr, mas
Darman estava dormindo em seu quarto. Etain foi checá-lo e o observou por
um tempo. Ele estava deitado de bruços, a cabeça virada para o lado, a
bochecha apoiada nos braços cruzados e se contorcia de vez em quando
como se estivesse sonhando.
Eles agarravam cada pequeno momento juntos que pudessem encontrar.
E não era o suficiente. Etain beijou a sua têmpora e o deixou dormir.
Skirata, andando com as mãos nos bolsos, deu-lhe uma piscadela
conspiratória.
— Parece que temos três grupos em áreas residenciais. — disse Chefe.
— E agora, cerca de vinte e cinco outros lugares que eles pelo menos
pararam por um tempo, incluindo lojas.
Skirata olhou a malha de luz colorida.
— Não podemos cobrir todos eles. — disse ele. — Os aglomerados são a
prioridade.
— Provavelmente são os seus esconderijos ou fábricas de bombas. —
Chefe indicou um ponto estático de luz vermelha que não se moveu em uma
hora. — Acho que esse é nosso pacote marcado de plasmoide térmico.
— Bem poderia ser. Tem uma lista agora?
— Fica mais longa a cada hora. Por quanto tempo você disse que a
Poeira pode transmitir?
Jusik inclinou a cabeça, calculando.
— Quatro, talvez cinco semanas.
— Bem, eu digo para coletarmos os pontos do aglomerado por mais ou
menos um dia, confirmarmos a atividade e depois decidirmos quais são os
alvos prioritários e deixarmos o resto para a FSC. — Niner apontou o dedo
para o holográfico novamente para indicar outro segmento crescendo
quando o suspeito identificado se moveu para um novo local. — Este alvo
está seguindo o outro. Não faço ideia do porquê. Talvez fornecendo
cobertura.
— Certo, elaborem uma lista de vigilância pelas próximas 24 horas e se
preparem para tirar as pessoas dela se eu receber a ligação de Perrive, ou
seja qual for o nome verdadeiro dele.
— Certo, Sargento.
Skirata finalmente se permitiu um sorriso satisfeito, o que fez Etain
lembrar de um gdan mais do que nunca. Ele deu um tapinha feroz nas
costas de Chefe e Niner; Chefe se encolheu enquanto Niner se virou e
sorriu, satisfeito com a vida.
— Bom trabalho. Vocês dois, vão buscar algo para comer.
Etain lutou contra o desejo de atravessar a sala até Skirata e abraçá-lo.
Finalmente entendeu o que estava acontecendo. Ômega, e Ordo, estavam
claramente acostumados à afeição genuína dele: eles se tocavam o tempo
todo, desde abraços ásperos e esmagadores até cabelos arrepiados. Os Delta
não. Eles estavam desconfortáveis com isso. Qualquer relação que eles
tivessem com Vau era muito mais distante, mais competitiva, mais uma
busca desesperada por sua aprovação. Skirata bancava o bom pai até agora,
distribuindo guloseimas, descaradamente satisfeito e orgulhoso de tudo que
os seus filhos alcançaram. Vau agia como se fosse o mestre, e ser julgado
bom o suficiente era raro.
Isso a fez pensar mais do que nunca sobre Atin. Teria aproveitado o
momento e o usado para perguntar, porque isso a incomodava, mas foi
interrompida pelo retorno de Fi e Sev. Fi caminhou até Atin e pegou o
datapad de sua mão.
— Uma estranha mulher azul, sem gosto por homens, quer ver você. —
disse ele. — Vai lá. Laseema está reclamando que você não disse olá pra ela
hoje.
Fi tinha um talento especial para ficar à beira da ofensa. Ele também fez
um ótimo trabalho ao fingir que a boa sorte de Atin com Laseema não o
incomodava nem um pouco. O pequeno vazio dolorido no centro dele, tão
claramente detectável na Força, dizia o contrário.
Jusik chamou a atenção de Etain: ele também o viu. Então ele olhou para
além dela em direção às portas, e ela sentiu algo também: ansiedade e
angústia, emanando claramente de uma presença que só poderia ser de
Ordo.
Ele entrou na sala e começou a desatar a armadura, com o queixo
cerrado. Skirata apenas esperou.
— Então, teve um bom dia no escritório, querido? — disse Fi.
— Ela não está morta. — disse Ordo. — Vinna Jiss não está morta.
— Comece de novo, filho. — disse Skirata.
— Uma mulher que a minha supervisora identificou como Vinna Jiss
voltou ao centro de logística hoje, às 1615. — Ele empilhou as placas e
sentou-se na beira de uma cadeira, completamente calma, exceto pelo gesto
revelador de um punho cerrado no joelho. Ele olhou para Vau. — E era ela,
ou pelo menos parecia a imagem da mulher que Jusik pegou. Inteira. Tem
certeza de que a matou?
Vau levantou uma sobrancelha.
— Estranhamente, sim. Seres humanos não quicam. Eu teria percebido
isso, acho.
— Então quem era aquela no trabalho hoje?
— Você não pode estar enganado?
Ordo nem sequer piscou.
— Lembro-me de tudo que vejo em detalhes completos. Eu tenho
memória eidética. O que vi foi a imagem idêntica da mulher que detemos e
que você levou para interrogatório. Disso eu tenho certeza absoluta.
— Fierfek. — disse Skirata. — Opções?
— Primeiro, ou ela é uma gêmea ou uma clone. — Ordo contou nos
dedos. — Segundo, ela é algum tipo de droide projetado para imitá-la.
Três? Um Clawdite. A mudança de forma é uma habilidade útil para o
recrutamento de um grupo terrorista. Mas por que eles iriam querer imitar
uma colega morta?
— Que tal aquela supervisora?
— Eu a registrei entrando no banheiro e procurando nos armários, mas
agora não tenho ideia se ela está trabalhando sozinha ou com essa mulher
Jiss. Ela ficou genuinamente brava quando a viu.
— Porque a outra Jiss estragou tudo, talvez.
— Precisamos fazer alguma vigilância sobre esta Jiss ressuscitada. Ela
deveria estar no turno da noite, então voltarei ao centro pouco antes da
meia-noite e a seguirei quando ela sair.
Os lábios de Jusik se separaram, mas Etain foi mais rápida.
— Eu vou com você. — disse ela. — Eu vou poder dizer se ela é um
droide, pelo menos.
— Eu posso fazer isso com os sensores. — disse Ordo.
— Eu vou com você mesmo assim.
Ordo virou-se para Skirata.
— Eu não gosto de mistérios. — Ele estava claramente envergonhado.
— Sinto muito, Kal’buir. Não estou resolvendo isso o mais rápido que
deveria.
— Filho, isso nunca é um jogo rápido. Estamos fazendo um bom
progresso. Se acalme.
Mas Ordo não era do tipo que se acalmava. Ele se juntou à contemplação
do holográfico e pegou o datapad de Niner.
— Vou pegar um pouco dessas munições de Poeira, por favor, Bard'ika.
— disse ele. — Apenas no caso de precisar.
Skirata tirou a arma Verpine do coldre.
— Melhor usar isso, então. Mais compacto que o rifle.
— Obrigado.
Etain ficou com Vau, observando o progresso errático dos marcadores ao
redor do gráfico. Uma decisão difícil estava dentro dela: em que estágio
Skirata consideraria seguro incluir a FSC na vigilância? Quando ele
compartilharia informações com eles? Etain entendia sua ansiedade, mas a
matemática simples da situação era que a FSC seria necessária mais cedo
ou mais tarde.
Ordo começou a registrar mais locais no datapad. Seus músculos da
mandíbula estavam trabalhando visivelmente. Devia ser difícil para um
homem acostumado a ser mais esperto do que qualquer outra pessoa, exceto
seus cinco irmãos, lidar com o mundo dos mortais comuns que ficavam
estupefatos na maior parte do tempo.
— Oh. — disse Vau de repente.
— O quê?
— Diga-me o que é este edifício.
Jusik pesquisou no banco de dados do emissor do holográfico.
— Sede Divisional da FSC.
— Bem, bem. — disse Vau. — Que iluminador. Por que um dos nossos
bandidos marcados está entrando lá?
CAPÍTULO 16
Mhi solus tome
Mhi solus dar'tome
Mhi me’dinui an
Mhi ba’juri verde
Nós somos um quando juntos.
Somos um quando separados.
Vamos compartilhar tudo.
Vamos criar guerreiros.
— Contrato e cerimônia tradicionais de casamento Mandaloriano, em sua totalidade

Centro de Logística, Grande Exército da República, Comando de


Coruscant, 2340 horas, 384 dias após Geonosis

U ma névoa outonal caíra sobre o campo. Não era suficientemente densa


para fornecer cobertura, mas deu a Darman uma sensação de proteção.
Ficou atrás de Atin enquanto Jinart liderava o caminho.
Havia muito a ser dito sobre o fato de se ter um traje do exército preto
fosco.
Proporcionava uma quantidade razoável de proteção contra blaster e
armas de projéteis, e tinha baixa visibilidade à noite, ao contrário da
armadura de Troopers CRA. Ordo sentiu nos bolsos da jaqueta cinza escuro
na altura do joelho que Vau lhe emprestara e sentiu-se compelido a inalar o
cheiro desconhecido de quem a usava: sabão antisséptico, óleo lubrificante
para armas e uma masculinidade que não era dele. Mas disfarçava o traje
apertado. Era tudo o que tinha que fazer.
Também disfarçava a pistola Verpine em seu coldre.
— O que faz você pensar que ela vai manter o horário de expediente? —
Etain disse, olhando um pouco além dele, com a cabeça quase tocando a
dele. Estavam sentados na cabine fechada de um speeder estacionado a cem
metros do centro de logística, de onde podiam observar as portas. Para
quem observasse, eles eram apenas um jovem casal em um carro
estacionado tarde da noite, como milhares de pessoas naquele momento.
— O fato dela se incomodar em voltar ao trabalho. Isso significa que ela
quer que o seu padrão pareça normal novamente.
Etain apenas assentiu. Parecia estar achando difícil manter uma
conversa. Ordo podia sentir o cheiro de Darman nela, o que o fascinou:
Darman parecia capaz de ir além da comunidade de irmãos e não se sentir à
deriva, assim como seus irmãos Nulos. Mas Ordo achava isso angustiante, e
Fi parecia também.
Ordo não tinha certeza se um dia confiaria em uma mulher, não depois
que a Cientista Chefe Ko Sai tinha se erguido acima dele, cinzenta, fria e
insensível. Ele se perguntou se ter tido uma mãe humana teria facilitado as
coisas.
Etain fechou os olhos novamente. Ela estremeceu.
— Não está frio. — disse Ordo.
— Tem Jedi trabalhando aqui?
— Claro. Jedi são ótimos funcionários.
— Vou aceitar isso como não.
— É um não definitivo. Por que pergunta?
— Senti alguém na Força, muito fracamente.
Fierfek. Zey? Jusik sendo útil?
— Perto?
— Se foi agora.
Voltou à contemplação silenciosa de algo além dele.
— O seu laser PEP está totalmente carregado?
— Sim, Ordo.
— Muito barulhento e visível. É o último recurso.
— Como uma bala de Verpine.
— Eu tenho a câmara carregada dois e um. — disse Ordo.
— O quê?
— Dois projéteis marcadores entre cada munição normal e uma munição
normal já no bico, como Kal'buir tão bem coloca.
— E você consegue...
— Contar? Eu acredito que sim.
— Eu pareço ofender você sem querer. Sei que você tem um intelecto
surpreendente.
Não era que a mente dele fosse tão notável que parecesse digna de
comentário, mas que a dela e dos outros não era. Ele sentiu a necessidade
de explicar.
— Em caso de emergência, é melhor que eu consiga disparar um tiro
mortal sem precisar executar dois disparos não-letais primeiro. — Ele olhou
nos olhos dela: eram verde claros, manchados de âmbar. Exceto pelos de
Skirata, os únicos olhos tão diferentes dos dele que já estudara nessa área
eram alienígenas e, pouco antes de matar os donos deles. — De qualquer
forma, eu posso executar um toque triplo com um Verpine. Então é
acadêmico.
— Toque triplo? Ouvi Dar falar sobre o duplo...
— Três disparos em rápida sucessão. Algumas espécies precisam de um
pouco mais de poder de parada.
— Ah.
— O laser PEP atordoará a maioria dos humanoides.
— E se não forem?
Ordo simplesmente bateu no Verpine debaixo do paletó.
Eles esperaram. Talvez eles realmente parecessem um casal tendo um
momento privado. Pessoas criadas aleatoriamente faziam coisas estranhas.
Funcionários em grupos, sozinhos e em duplas começaram a entrar no
prédio para o turno da noite.
Em breve...
O movimento atrás das portas de transparaço fez com que ele se
concentrasse e checasse o seu crono: 1155. Funcionários chegando mais
cedo.
— Aguarde. — ele disse calmamente.
Etain se afastou muito lentamente dele em seu assento, pronta para abrir
a escotilha do speeder e deslizar para fora.
Dez ou onze trabalhadores emergiram. Ordo e Etain escorregaram do
speeder e fingiram andar conversando. Ainda havia tráfego de pedestres
frequente pelo centro.
Em 0005, o número de funcionários entrando e saindo havia diminuído,
e ainda não havia sinal de Vinna Jiss.
— Ela tem que sair por essa entrada.
— Você tem certeza... ah, tudo bem, Ordo.
Eles esperaram. Ele se perguntou quanto tempo os dois pareceriam
imperceptíveis.
E então viu o cabelo ruivo ondulado e a túnica bege que tinha visto
antes. Jiss. Ele a observou se virar pelo caminho e descer a rampa em
direção às passarelas que ligavam o complexo ao distrito comercial ao seu
redor; então ele fez a sua jogada.
Etain caminhou rapidamente ao seu lado e agarrou a sua mão.
— Pelo amor, Ordo, tente parecer um casal.
Ordo não gostou muito disso, mas a missão vinha primeiro.
Eles se mantiveram vinte metros atrás de Jiss, dificultados pela falta de
multidões de trabalhadores de escritório para se esconder a essa hora da
noite. Talvez eles devessem ter esperado até a luz do dia. Mas ninguém
sabia quanto tempo poderiam ter para agir. Era um caso de agora.
Etain fez aquele movimento lateral da cabeça como se estivesse se
esforçando para ouvir alguma coisa.
— Certo... as pessoas atrás de nós, mas elas parecem se ocupar de outros
assuntos além de nós...
— Como você sabe disso?
— Nenhum sentimento de foco em mim, ou em você.
— Prático. — comentou Ordo, mas recolocou a jaqueta e enfiou o
polegar no cinto para estar pronto para agarrar o Verp.
Eles seguiram Jiss por cerca de meio clique nas passarelas dos
escritórios, quando os poucos pedestres se tornaram nenhum, e não tinham
cobertura entre ela e eles. Jiss virou à direita em um beco lateral e Ordo
ganhou velocidade, sacando a arma e segurando-a o mais discretamente
possível contra o peito.
— Para onde ela foi?
— O beco. — Ordo sibilou. — Você é cega?
— Não, quero dizer que ela se foi. Se foi. Não sinto ninguém lá.
Ordo engatilhou a Verp e verificou o indicador de situação. Poderia
precisar dela letal, afinal. Diminuiu a velocidade na esquina e congelou por
um segundo antes de entrar na abertura com a arma levantada, com as duas
mãos.
Estava olhando para as costas de um homem cerca de cinquenta metros à
frente. Nenhum sinal de Jiss. Talvez realmente seja um Clawdite.
— Oh céus. — disse Etain.
Ordo estava prestes a descarregar a munição letal nos contêineres dos
arbustos e tentar uma pastilha de marcação, mas o homem pareceu agachar-
se em uma corrida baixa. Houve um reflexo, um brilho de fração de
segundo que dizia metal, liga... arma.
Ele atirou instintivamente.
O tiro silencioso atingiu algo com um soco molhado e quem quer que
tivesse sido atingido rolou, tropeçou e correu para a esquerda por outra
passagem. Ordo começou a correr, com Etain atrás dele. Alcançou o ponto
de impacto e viu um fluido escuro e oleoso antes de descarregar as duas
pastilhas nos arbustos e alinhar a próxima munição letal. Isso tinha dado
errado. Ele tinha entendido errado. Mas não podia voltar agora: isso tinha
que ser resolvido. Virou para a esquerda e havia alguém deitado na calçada,
se contorcendo, e apontou para o Verpine.
— Check! — Etain gritou. — Check!
E na fração de segundo que congelou com o comando de segurança que
ela ouvira Skirata usar, uma onda de choque de ar e calor passou por ele e
atingiu a figura no chão em um clarão ensurdecedor e ofuscante. Sem a
viseira, ficou atordoado por um segundo também. Mas caiu sobre o corpo,
segurando a Verp limpa e agarrou um braço.
O membro derreteu em sua mão.
Aquele segundo se tornou interminável, uma imagem em camadas.
Eu vou estrangular essa Jedi.
O que diabos eu peguei?
É um Clawdite.
Olhou para Etain, mas ela ergueu o blaster novamente e girou. Houve um
segundo crack ensurdecedor e ofuscante de um laser PEP descarregando.
Ordo segurava algo muito pesado, preto e com pelos macios que parara
de se mover. E isso era uma coisa estranha para um Clawdite ferido, que era
humanoide quando não estava mudando de forma, para se tornar.
A alguns metros de Etain, uma fêmea humana estava deitada no chão,
ofegante. Era a Supervisora Wennen, não Jiss. Ordo optou pelo treinamento
e abriu seu comunicador.
— Bard'ika? Precisamos de extração urgentemente. Dois prisioneiros,
ambos feridos. Agora!
O seu instinto lhe disse para encontrar alguma cobertura rapidamente. O
laser PEP traria alguém correndo em pouco tempo. Arrastou o que quer que
fosse a criatura na qual ele atirou para dentro de um nicho e fez um gesto
furioso para Etain fazer o mesmo com Wennen. Era incrível o peso que Jedi
podiam carregar.
Mas ele queria bater nela, e com força.
— Sua di’kut. — ele sibilou. — Eu poderia ter sido morto. Nunca use
esse comando. Você me ouviu? Nunca! Se tentar de novo, eu atiro em você.
O olhar arregalado de Etain era de fúria ou choque. Ele não se
importava.
— Eu pensei que você ia matá-lo! — Ajoelhou-se sobre a criatura negra
ao lado dele e colocou as mãos nela. — Está vivo. Eu tenho que mantê-lo
vivo. Você não deveria ter atirado.
— Essa é minha decisão para tomar.
— Você atirou em um Gurlanin.
Atualmente, não há Gurlanins em Coruscant, como diria Zey.
— Poupe-me da sua palestra retrospectiva. — Gurlanin. Transmorfo.
Qiilurano. Espião. Nunca visto antes.
— Jusik, você pode me ouvir? Vau pode lidar com primeiros socorros de
transmorfos?
A voz de Jusik estava sem fôlego.
— Com você em dez minutos, Ordo, espere. Onde está o seu speeder?
— Não está aqui. Apenas mova-se, por favor.
Etain estava com os dedos espalhados no pelo preto da criatura, com os
olhos fechados.
— Eu posso usar a Força para controlar o sangramento.
— Certo, faça isso, Jedi. — Agachou-se sobre Wennen e verificou a
respiração dela com o Verp apontado para a cabeça. — Então, supervisora,
por que você estava nos seguindo?
Wennen parecia em mau estado. Seus olhos estavam rolando e ela se
enrolou em uma bola, segurando o tórax. Etain havia disparado o laser PEP
de perto.
— República... Auditoria... você me mata, amigo... e estará com um
grande problema...
— O que?
— Oficial do Tesouro
— Mostre-me, ou você é que estará com problemas, senhora.
Ela soltou um suspiro angustiado e procurou no bolso. Ordo decidiu ir
pela forma segura e extrair o conteúdo para ela. Sim, era um chip de
identificação: Divisão de Auditoria do Tesouro da República.
— Você quase estragou uma operação do GER. — disse ele.
— Eu estava seguindo Jiss.
— Por quê?
— Suprimentos estão sumindo. Assim como ela. Quem é você? — Ela
afastou a cabeça um pouco para se concentrar na mão nua dele segurando o
Verp. — Bem, isso me diz que você não é o Soldado Corr.
— Obviamente.
— Você é o capitão que veio no outro dia? Porque você certamente me
reconhece.
Tanto por negação: isso estaria em todo o Tesouro em horas se ele a
deixasse se levantar e ir embora... não que ela parecesse capaz disso.
— Precisamos conversar um pouco.
— E o que é aquilo? — Wennen inclinou a cabeça para olhar o Gurlanin,
deitado inerte enquanto Etain lutava para estabilizar sua ferida.
Etain abriu os olhos um pouco.
— Isso. — disse ela, — costumava ser um dos nossos aliados.
Casa operacional, Refúgio do Qibbu, 0045 horas, 385 dias após Geonosis

Skirata montou uma prancha de implantação improvisada com três


grandes folhas de flimsi e as prendeu na parede.
Era tecnologia antiga, palavras reais em flimsi real, não luzes e códigos
que mudavam. Precisava de sua sólida garantia agora. As coisas estavam
virando osi’kla.
Corr, designado para a equipe por capricho de Skirata, estava ao lado
dele, listando obedientemente os locais-alvo por número de visitas e
etiquetando os suspeitos em uma folha, enquanto Skirata mantinha um
registro de qual comando fora implantado e onde eles estariam pelas
próximas doze horas-padrão. Sem sua armadura e uniforme, Corr era
apenas um homem muito jovem, com mecanismos de duraço onde deveria
ter mãos de verdade, e isso partiu o coração de Skirata.
Droide. Eles estão fazendo de você o que sempre pensaram que você era,
filho.
Skirata se sacudiu e se concentrou no flimsi. Ele odiava holográficos.
Gostava de coisas sólidas que conseguisse segurar, mesmo que elas
tivessem suas limitações. Também mantinha as mãos ocupadas quando
alcançava os limites de sua confiança. Tinha que permanecer firme. Seus
homens precisavam vê-lo no controle, tranquilizando, acreditando neles.
Acreditar neles era fácil. Ele tinha dúvidas sobre si mesmo. Olhou por
cima do ombro.
— Essa coisa ainda está morta?
— Kal'buir, desculpe-me por ter entendido errado. — disse Ordo. Em
algum lugar, não importava quanta confiança Skirata lhe desse, ainda
parecia temer que não ser bom o suficiente significasse uma sentença de
morte. Skirata odiava os Kaminoanos com uma paixão renovada. — Eu
deveria saber o que a criatura era. Eu sabia que eles existiam.
— Filho, nenhum de nós sabia que um deles estava em Coruscant.
Mas eles estavam. E isso mudava tudo.
Etain e Jusik estavam ajoelhados em ambos os lados do Gurlanin, com as
mãos esticadas nos flancos, em algum tipo de processo de cura Jedi. Vau
assistia com interesse. Era o especialista em anatomia, embora tivesse mais
habilidade em desmontar corpos do que em repará-los. Darman e Niner
pareciam não querer voltar a dormir e se juntaram à plateia.
Eles tinham se aproximado de um Gurlanin em Qiilura. Deveria ser
muito difícil pensar neles agora como possíveis agentes dos Separatistas.
Era um carnívoro de pelo preto com cerca de um metro de altura no
ombro, pernas longas, quatro presas de ponta dupla e olhos duros e
implacáveis. Agora parecia exatamente o que era: um predador que mudava
de forma.
— Está se recuperando. — disse Jusik.
— Bom. — disse Vau. — Porque queremos conversar com ele.
Etain olhou pra cima com aquela expressão apertada que tendia a adotar
quando estava com raiva de seu modo bastante justo.
— Eu vivi ao lado deles. Prometemos devolver o planeta a eles e, até
agora, tudo o que fizemos foi nos mover em uma guarnição e treinar os
colonos humanos para cuidar de si mesmos.
Vau olhou um pouco além dela, com a cara séria.
— Acredito que foi você pessoalmente, General. Você e Zey. E você
estava apenas seguindo ordens. É isso aí, não é? Seguindo ordens.
— Pare com isso. — disse Skirata. Ele não queria que Darman
aparecesse para defender Etain. Todo mundo estava nervoso: pessoas
cansadas e estressadas eram perigosas e precisavam ser perigosas para o
inimigo, não umas para as outras. — Ordo, o que vamos fazer com a
Supervisora Wennen?
Besany Wennen estava apoiada em uma cadeira, com os braços cruzados
cautelosamente sobre o que devia ser uma contusão muito dolorosa em todo
o peito. Ela teve sorte que o tiro de PEP de curto alcance de Etain não a
matou, mas agora a mulher era apenas uma complicação extra da qual não
precisavam. Ordo a estava olhando como se fosse uma nova espécie.
E ela era. Havia uma confortável zona de atratividade nas mulheres e, em
seguida, havia um ponto além do qual se tornava demais. As muito bonitas
eram intimidadoras e indesejáveis. Wennen havia ultrapassado esse limiar e
Skirata foi emboscado por sua hostilidade inesperada em relação a ela.
— Você provavelmente adivinhou o que estamos fazendo, senhora. —
disse Ordo.
— Operações antiterroristas?
— Correto.
— Eu sinto muito. Eu não fazia ideia. — Mas não havia indignação
gritante ou ameaças de que o chefe dela arrancaria a coragem do chefe
deles, a resposta habitual dos burocratas. Ela apenas indicou o inconsciente
Gurlanin com a mão trêmula. — Onde o Gurlanin se encaixa em tudo isso?
— Além de imitar Jiss, não temos ideia.
Wennen parecia estar se refugiando na investigação, continuando a fazer
o seu trabalho, mesmo sabendo que estava em uma situação séria. Skirata
respeitava isso.
— Então, se vocês dois são Jedi, por que você não viu a criatura?
— Gurlanins podem se esconder na Força e nos bloquear. — disse Etain.
— Quando os encontrei, pensei que eram Jedi. Eles são telepáticos, não
podemos detectá-los, não sabemos quantos existem e parecem ser capazes
de imitar qualquer espécie até o tamanho humanóide alto.
— Espiões perfeitos. — disse Jusik. — E predadores perfeitos.
— E não honramos nossa promessa de ajudá-los, então eu suspeito que
eles tenham ficado sem paciência.
— Olha, com todo respeito à nossa colega do Tesouro, garotos e garotas,
mas podemos nos abster de discutir informações secretas na frente da
agente Wennen? — Skirata disse. — Eu preciso falar com a FSC. Certo,
você liga para as equipes de recepção e vê até que ponto chegaram nos
principais locais.
Skirata entrou na plataforma de aterrissagem e respirou o ar fresco da
noite. O strill estava enrolado sob o banco onde, fiel à sua palavra, Vau
dormia todas as noites. Ele provavelmente achou que isso provava o
argumento de que ele era um caso difícil, mas não havia dúvida de que
adorava aquele animal fedorento e o amava.
Atin vai enfiar uma faca nele quando isso acabar. Eu sei disso. Bem,
preocupe-se com isso quando acontecer...
Ergueu o pulso com o comunicador para os lábios dele.
— Jaller?
Houve uma pausa e o som de uma mulher resmungando e lençóis
farfalhando. Claro: Obrim tinha esposa e filhos. Skirata frequentemente
esquecia que outras pessoas tinham vidas além de seus empregos.
— Você sabe que horas são, Kal?
— No segundo. Olha, qual de seu pessoal estava vigiando a Praça do
banco do Núcleo?
Houve uma pausa longa, sonolenta e irritável.
— O que, hoje? Ninguém do meu pessoal, eu garanto.
— Unidade de Crime Organizado?
— Eu poderia perguntar, mas eles guardam essas coisas a sete chaves...
chega a ser uma epidemia, esse segredo, não é?
— Vou te dizer uma coisa. — disse Skirata, baixando a voz. — Visite os
seus amigos da UCO e diga a eles que qualquer pessoa que vemos em nossa
mira e que não somos nós, ganha um buraco naturalmente certo? Você acha
que eles entenderão isso?
— Eu só posso tentar.
— Tente muito, então. Não quero que eles colidam com a gente como a
di'kutla do Tesouro fez hoje à noite.
— Sério?
— Sim. Uma oficial de auditoria foi enviada para monitorar a equipe do
GER que está desviando suprimentos. Mas esse não é o meu maior
problema no momento. — Não mencione o transmorfo ainda. — Certo,
aqui está minha oferta. Tenho agora quarenta e três locais individuais que
acreditamos que os Separatistas estão usando ou visitando na Cidade
Galáctica. Temos que nos concentrar nas metas de alto valor, e você
realmente não quer saber o que faremos lá; então, e se lhe dermos uma lista
dos outros para escolher como achar melhor?
— Quando?
— Quando fizermos o reconhecimento dos de alto valor e planejarmos
uma ordem operacional, você sabe, horários precisos. Dessa forma, não
caímos uns sobre os outros.
Obrim ficou quieto.
— Eu posso autorizar isso. Mas não tenho controle sobre a UCO.
— Então encontre alguém que tenha. Eu falo sério, Jaller. Não estamos
jogando de acordo com as regras da evidência.
— Você realmente se tornou bandido, não é?
— Você realmente quer ouvir a resposta pra isso?
— Fierfek... o meu problema de visão agora também afetou a minha
audição.
— Achei que sim. Estou aguardando uma reunião agora e, depois disso,
terei uma lista confiável para você. Lembre-se de que, se houver alguma
conversa sobre vendas de explosivos que seja do interesse da FSC, peça a
eles para se manterem atentos até novo aviso.
— Apenas direi a inteligência militar e deixo assim.
— Bom.
— Tome cuidado, amigo. E aqueles seus garotos apressados também.
Especialmente o Fi.
Skirata fechou o comunicador e voltou para a sala principal. O Gurlanin
estava respirando com mais firmeza, embora os seus olhos ainda estivessem
fechados e os dois Jedi ainda estivessem inclinados sobre ele. Era melhor
que eles pudessem parar o sangramento. Não havia um médico em
Coruscant que soubesse algo sobre a fisiologia de um transmorfo como
este.
E Wennen estava assistindo a cena inteira com suspeita. Certo, então ela
tinha uma identificação do Tesouro. Skirata não confiava em ninguém,
porque esse vazamento de informações ainda era um trabalho interno. Até
que ele soubesse o contrário, todos, exceto sua variedade de clone troopers,
e os dois Jedi, ele admitiu, eram um risco potencial.
— Senhora. — disse ele. — Ouvi dizer que você não aprova a guerra. —
Os civis faziam coisas estranhas em nome da paz. — Quanto você não
aprova? E por quê?
Wennen examinou a pergunta visivelmente, e Jusik e Etain se
encolheram com algo que Skirata não podia ver. A expressão de Wennen
mudou para angústia. Ela se levantou com alguma dificuldade, e Skirata
notou que a mão de Ordo foi inconscientemente para o blaster.
— Isso. — disse calmamente. — É por isso que não gosto da guerra. —
Ela foi até Corr, que ainda estava conscientemente coletando dados e
escrevendo-os no flimsi com uma expressão de intensa concentração. —
Corr, me mostre as suas mãos. Por favor?
O trooper colocou a caneta de lado e as estendeu, com as palmas
metálicas pra cima. Corr colocou as mãos dela por baixo, de modo que as
dele descansaram nas dela por um momento e o encarou direto nos olhos.
Mãos protéticas únicas, eficientes, imperceptíveis, eram comuns; mas
perder as duas mãos parecia ultrapassar um limiar do que era carne e
sangue.
— Isso não é certo. — disse ela. — Não é certo que Corr e homens
como ele terminem assim. Estou pensando em que tipo de governo estou
trabalhando. Um com um exército de escravos, é esse tipo. Você sabe como
isso me faz sentir? Enojada. Traída. Zangada.
Skirata conhecia esse sentimento muito bem. Só não esperava ouvir isso
de alguém que fazia trabalho num escritório e podia desligar a HNE com
suas imagens heroicas e higienizadas da guerra a qualquer momento que
quisesse. Jusik chamou a sua atenção e assentiu discretamente: ela
realmente está falando sério, está chateada.
Skirata reconheceu Jusik com um piscar lento.
— Bem dito, senhora. — Peguei ela. Nós temos uma aliada. Ela será
útil um dia. — Acredite em mim quando digo que o que estamos fazendo
aqui visa impedir que coisas assim aconteçam com mais rapazes como Corr.
Wennen parecia satisfeita, se alguém que estivesse chateado pudesse
alcançar esse estado de espírito. Ela voltou para a cadeira e entregou a
Skirata seu datapad.
— Vá em frente.
— O quê?
— Não sei quais dados podem ser úteis para você e não vai discutir
detalhes comigo. Então pegue o datapad e copie o que quiser.
— Você confia muito fácil. Tem certeza de que somos quem dizemos que
somos?
Wennen riu e parou abruptamente. Isso deve ter machucado as suas
costelas.
— Olha, eu sei o que estou vendo. Agora, se eu ficar sem contato por
mais de quarenta e oito horas, o Tesouro notará. Então pense bem no que
você vai fazer comigo.
Skirata levantou o pequeno datapad nas mãos. Dados do Tesouro,
códigos, algoritmos de criptografia. Ah, meus garotos Nulos vão adorar
dissecar isso.
— E quem mais vai perceber que você sumiu?
— Ninguém. Absolutamente ninguém.
Skirata refletiu sobre essa revelação por um tempo enquanto observava o
inconsciente Gurlanin. Jusik e Etain tinham se ajoelhado e pareciam ter
feito uma corrida muito cansativa.
— Ele recuperará a consciência em breve. — disse Etain. — E eu ainda
não tenho ideia de como se restringe um transmorfo.
Ordo pegou um dos rifles Verpine, verificou o nível de carga e ficou em
pé sobre o corpo preto inerte.
— Isso faz o trabalho. — disse ele.
Ponto de observação da equipe de reconhecimento, área residencial, zona comercial 6, 0110
horas, 385 dias após Geonosis

— Eu gostaria de não ter comido esse molho picante. — disse Sev.


— Eu te disse. — Fi estendeu a mão para a mira infravermelha. —
Minha vez.
Eles haviam encontrado um local para se esconder entre dois
apartamentos do último andar, de frente para o prédio que estavam
observando, uma torre de seis andares de uma casa com persianas fechadas
a cada janela. Um espaço de acesso ao condicionamento climático quase no
topo de seu ponto de vista lhes dava uma visão ininterrupta abaixo de um
grupo muito tranquilo e muito particular de casas longe das pistas do céu
em um beco sem saída.
Os andares superiores se arqueavam em uma saliência da moda, a apenas
sete metros do edifício de frente. Nenhum tráfego de passagem podia entrar
pela frente para incomodá-los aqui, nem mesmo um táxi, e o acesso traseiro
era inexistente, o que deixava apenas o teto para o acesso de um pequeno
speeder verde. Era privado e um bom lugar para se defender, ou ficar preso.
Fi gostou bastante da ideia do último.
O espaço de acesso parecia em uma gaveta. Eles poderiam rastejar por
ele de quatro. Fi sabia que não teria gostado de servir em uma companhia
de tanques afinal.
— Role de costas por um tempo. — disse Fi prestativamente.
Sev hesitou e depois se rendeu à sugestão com um gemido.
— Quantos?
Fi rastreou da direita para a esquerda com a mira.
— Bem, acho que temos dez corpos lá, a julgar pela imagem GPR, e eles
já estão lá há uma hora e não estão se movimentando muito. Eu chamo isso
de base operacional. Concorda?
— Certo. Vamos configurar a holocâmera remota e sair daqui.
— Dada a disposição desse lugar, será um pouco trabalhoso colocar
todos eles quando entrarmos.
— Eu gosto de coisas trabalhosas. — disse Sev.
— Scorch e Fixer já reportaram?
Sev manteve o nível do datapad com os olhos.
— Agora, isso parece divertido.
— O que?
— Scorch diz que confirmou que o terceiro conjunto é uma pequena área
de ancoragem comercial. Distribuidores de frutas e vegetais CoruFresh.
Cargas de embarcações espaciais de todos os tamanhos.
— Sim, essa também é minha ideia de diversão.
— Se conseguirmos que todos se encontrem para um passeio agradável...
— Continue sonhando. Mas certamente poderíamos impedi-los de sair
com pressa.
Fi recuou do espaço, empurrando-se agachado com o DC-17 dobrado
nos dois braços, coletando mais poeira e insetos mortos em sua roupa. Ele
virou-se de lado para um poço estreito que se abria para a sala de
manutenção da planta do prédio e deixou a perna esquerda na brecha,
procurando um ponto de apoio com a bota antes de encontrar a saliência e
cair no chão. Sev simplesmente rolou e caiu com um baque ao lado dele.
— Certo, onde a seguir?
Fi inclinou a cabeça.
— Deseja passear e dar uma olhada no telhado? Avaliar para entrada
rápida?
— Você sabe como me deixar entusiasmado.
Fi projetou os holoplanos de segurança contra incêndio do edifício, que
provaram ser a melhor fatia de dados ilícitos de Ordo na missão. Não fazia
sentido pedir ao corpo de bombeiros que os providenciasse; apenas levaria a
perguntas incômodas sobre por que os rapazes de armadura branca queriam
plantas detalhadas da maioria dos edifícios do planeta.
— Espero que eles atualizem isso. Ok, vá para a esquerda ao longo da
passagem; o acesso ao telhado é o conjunto de portas no final.
— Eu adoro o corpo de bombeiros.
— Eles são muito úteis. Tem uniformes bonitos também.
Eles rastejaram pelo telhado plano ao longo da lateral da sala de
máquinas de climatização, sobre comprimentos de escada de duraço
deitados na impermeabilização. Alguns edifícios ainda os tinham para
fornecer acesso a espaços de manutenção. Havia também os restos de um
churrasco. Eles se achataram atrás do parapeito para espiar através das
aberturas no duraço perfurado no telhado oposto.
— Ooh, um Flash speeder. — Fi sussurrou.
— Nem pense nisso.
— Eu quis dizer que poderíamos escapar de algumas surpresas, sem nos
afastarmos.
— Olha, o que significa a palavra reconhecimento, ner vod?
— Soa quase como naufrágio.
— Você me assusta. — disse Sev. — E isso é dizer alguma coisa.
— É uma oportunidade que não teremos novamente.
— Então você voa, não é? Vai dar uma de Jango?
— Você não tem estilo. — Fi realmente queria colocar um detonador
térmico no speeder. Poderia ser acionado remotamente, dando a eles uma
opção extra relativamente fácil de atacar os Separatistas que eles poderiam
precisar em breve. Mas também estava ansioso para esmagar Sev um
pouco. O homem pensava que era o presente da galáxia para a aventura.
Então, se quisesse aventura, Fi mostraria para ele, no estilo dos Ômega.
Por outro lado, também era a maneira mais segura de atravessar a
abertura de seis metros para o outro telhado, mais seguro do que perguntar
aos Separatistas do outro lado do caminho se eles se importavam com dois
comandos dando uma olhada no telhado, de qualquer maneira.
Fi recuou e começou a colocar as seções da escada de ponta a ponta. Elas
se encaixaram ordenadamente. Então ele se arrastou de volta para o
parapeito e deu ao abismo um olhar avaliador.
Olhou além, depois desceu seis andares.
— Isso vai dar.
— Acho que sim. — Sev se inclinou ao lado dele. — Então você vai
rastejar.
Fi pegou o final da escada e começou a movê-la com cuidado para evitar
sons altos de raspagem. Sev pegou a outra ponta e eles a equilibraram
longamente no parapeito.
— Não, eu vou correr.
— Fi, eles dizem que alguém bateu no meu tanque. Mas acho que
alguém realmente acertou o seu.
— Perdeu a coragem?
— Di'kut.
— Se eu mergulhar heroicamente para a minha desgraça, você poderá
rastejar. Combinado?
— Eu odeio quando você tenta me provocar mostrando como é feito.
— Desse jeito?
Fi teve segundos. Eles precisavam atravessar a brecha e partir antes que
alguém os visse. Ele se inclinou com força em uma extremidade da escada,
levantando-a o suficiente para girá-la horizontalmente e soltar a outra
extremidade no parapeito de frente.
Trinta metros abaixo, a morte esperava. E se não fosse a morte, seria a
paralisia.
Subiu no parapeito, testou o primeiro degrau com a bota e depois se
concentrou na frente do outro lado.
Então correu.
Ainda não tinha ideia de como o seu corpo calculava as lacunas, mas
atingiu todos os degraus e aterrissou do outro lado, caindo plano. Quando se
ajoelhou, Sev estava olhando pra ele.
Fi acenou. Vamos.
Sev correu por ela. Fi interrompeu sua aterrissagem quando pulou do
parapeito. Notou a mandíbula cerrada de Sev com satisfação.
— Fácil — Fi falou.
Sev deu a ele um sinal com a mão, um de seus gestos especialmente
eloquentes de desaprovação.
O telhado tinha alguns degraus até as portas que os holoplanos
mostravam como acesso ao andar superior da sala de estar e ao poço do
turboelevador. Eles não pareciam tão substanciais, mas os planos pareciam
ser precisos: nem sempre eram atualizados após as reformas. Uma rápida
aplicação de fita térmica nas portas e seria fácil arremessar algumas
granadas pelo buraco para amolecer os moradores antes de entrar. Fi deu a
Sev um polegar para cima e tirou um detonador magnético do cinto.
Deslizou no lugar na entrada de ar do speeder com um leve golpe.
Volta, Fi gesticulou.
Cambaleou no parapeito e depois correu pelos degraus de duraço
novamente, sentindo-os flexionar e saltar de volta sob as botas. Quando
olhou pra trás, Sev estava fazendo fila para o arranque também. Fi acenou
encorajadoramente. Sev foi em frente.
Já tinha dois terços do caminho atravessado quando escorregou.
Agarrou-se a um degrau e ficou pendurado imóvel na mão direita. O
intestino de Fi deu um salto mortal.
Se alguém olhar aqui pra cima agora...
A maioria das pessoas gritava quando caía. Sev, para o seu crédito, ficou
totalmente silencioso. Mas os seus olhos estavam arregalados e assustados.
Tentou alcançar o braço esquerdo, mas por algum motivo não parecia capaz
de fazê-lo. Fi atravessou a escada de bruços e estendeu a mão para agarrar o
braço de Sev e puxá-lo para cima. Foi uma manobra potencialmente letal
em uma escada estreita, mas Fi conseguiu agarrar o cinto de Sev e puxá-lo
através da escada transversalmente.
Sev estava usando o braço direito. Foi só quando Fi agarrou o seu ombro
esquerdo para puxá-lo para a linha da escada que ouviu um suspiro agudo e
entendeu por que não estava usando aquele braço, e por que não tinha
conseguido se esticar para se controlar a outra mão. Ele tinha se machucado
muito.
— Udesii. — Fi sussurrou. — Calma.
Havia dor, e havia o que quer que tinha acontecido com Sev. Fi arrastou-
o de volta através da escada alguns centímetros de cada vez e o rolou para a
segurança do telhado antes de puxar a escada de volta. Quando ele caiu de
novo, Sev estava ajoelhado em uma bola, apertando o ombro esquerdo.
Fierfek, isso é culpa minha por provocá-lo.
— Você pode andar? — Fi sussurrou.
— Claro que posso andar, seu di’kut. É só o meu braço.
— Vou deixar você cair da próxima vez, seu chakaar ingrato. — Fi o
puxou na posição vertical e decidiu arriscar levar o turboelevador de serviço
até o nível do solo. Quando chegaram ao fim da passarela, estava claro que
Sev havia deslocado o ombro e tinha que segurar o braço contra o peito
para tolerar a dor. Não disse nada, mas os seus olhos lacrimejavam. Há
muito que Fi usava essa frase para indicar dor extrema, mas era a primeira
vez que a via de perto e não era engraçado.
— Se eu perder esta missão, te mostrarei um truque realmente
interessante com uma vibrolâmina.
— Sev, vai com calma. — Fi sempre mantinha o kit médico no cinto. Ele
procurou o analgésico de uso único e o injetou no tríceps de Sev. — Vamos
colocar um pouco de bacta na base.
— Sim, e talvez isso funcione quando eu arrancar a sua cabeça também.
— Foi um acidente.
— Foi um golpe idiota. Eu nunca tive acidentes com o Delta.
— Bem, você é apenas um menininho perfeito do Vau, não é? Nós
estragamos tudo. E então nos levantamos e continuamos.
— Eu tenho que completar esta missão?
— Não, se você está incapacitado, não. Olha, lesões acontecem. Fique na
base e monitore os comunicadores.
— Você não entende.
— Sério? — Fi procurou no cérebro o treinamento de primeiros
socorros. — Engraçado, pensei que fazíamos o mesmo trabalho. Olha, entre
aqui e deixe-me dar uma olhada.
Eles entraram no saguão protegido de um bloco de escritórios e se
esconderam atrás de um pilar. Fi retirou a manga da costura do ombro do
traje de Sev e deu uma olhada nas luzes fracas de segurança.
A linha do ombro parecia estranhamente quadrada, onde a bola do úmero
havia deslocado para fora da órbita e estava empurrando o músculo deltóide
para cima e para fora de lugar. Isso ia doer.
— Certo, na contagem de quatro. — disse Fi. Ele pegou o pulso de Sev
na mão direita, esticando o braço e apoiou a mão esquerda no peito do
homem. Então fez uma pausa e o olhou nos olhos da maneira mais
tranquilizadora de eu sei o que estou fazendo. — Veja, quando você obtém
um deslocamento como esse, precisa fazer o que eles chamam de reduzir
em... quatro!
Sev uivou. A junta emitiu um som shhhlick molhado ao deslizar de volta
para dentro do soquete.
— Desculpe, ner vod. — Fi cruzou o braço de Sev contra o peito e o
segurou lá enquanto ele lutava para recolocar a seção da manga. Quase
podia sentir os ligamentos rasgados e as fibras musculares gritando. O rosto
de Sev estava branco, seus lábios comprimidos. — Nada pior do que se
preparar para isso, no entanto.
— Para um idiota, você não é um médico ruim!
— Kal disse que se pudéssemos desmontar um corpo, deveríamos
aprender um pouco mais sobre como montá-lo novamente, se necessário.
— Fi, eu tenho que estar em forma para lutar.
— Está bem, está bem. Bacta e compressas de gelo. Certo como chuva
em pouco tempo.
— Vau vai me matar.
— Olha, o que é isso com Vau? — Fi puxou Sev para a passarela
novamente e eles correram de volta para o speeder que haviam deixado a
uma quadra de distância. — Eu sei que ele tinha uma reputação de bater nos
aprendizes, mas por que você está pronto para estripar Atin?
— Atin jurou que matará Vau.
Fi quase parou de morrer.
— Atin? O velho não-me-interrompa, estou-trabalhando-em-um-
circuito-realmente-interessante? O nosso At'ika?
— Sério? — Sev perguntou.
— Sim, às vezes eu falo sério. Acontece.
— Certo. O pod de Atin foi o único que já perdeu homens!
— Geonosis. Arruinou o registro perfeito de Vau?
— Não é tão simples assim. Atin estava com aquela coisa de culpa do
sobrevivente quando voltou, e Vau apenas o ajudou a se focar um pouco.
Estranho: Skirata não estava por perto quando Fi retornou de Geonosis.
Mas ele se preocuparia com isso mais tarde.
— Isso explica a cicatriz no rosto dele.
— Você entendeu.
— Não explica o resto das cicatrizes que estava lhe mostrando.
— Pergunte a ele sobre isso.
Sev estava tão perto de estar assustado quanto Fi jamais o vira. Não
podia imaginar ter medo de Skirata. O homem podia xingar quando estava
com raiva, mas ninguém na companhia de Skirata jamais sentiu que tinha
que temê-lo. Ele era Kal'buir: dedicava cuidados ferozes aos seus
comandos, com exclusão de tudo o mais.
Mas Sev não queria que Vau soubesse que se machucara fazendo algo
imprudente. Qualquer que fosse o motivo, Fi devia algum apoio ao irmão.
— Certo, não mencionamos o ombro. — Fi ligou o speeder. — Nós
mesmos resolveremos o problema. Bard'ika pode fazer aquela cura da Força
se o bacta não fizer o truque. Mas Vau não precisa saber.
Pela primeira vez desde que ele conheceu o homem, Sev amoleceu
visivelmente.
— Obrigado, ner vod. — disse ele. — Fico te devendo.
CAPÍTULO 17
Então você quer uma faca, uma boa faca afiada. Você afia essa lâmina até o limite. Ela corta
até mesmo pedra quando você quer. Isso salva sua vida. E então você fica indignado quando ela
te corta acidentalmente. Veja bem, as facas não desligam. E nem as pessoas, não quando você
as afia até uma borda fina.
— Sargento Kal Skirata ao General Arligan Zey, sobre a natureza do treinamento

Casa operacional, Refúgio do Qibbu, 0115 horas, 385 dias após


Geonosis

Gurlanin abriu os olhos, ofegando.


O Etain não sabia diferenciar um Gurlanin de outro, a menos que ele
permitisse. Eles poderiam calar os seus sentidos da Força com a mesma
facilidade que conseguiam alcançá-la. Ela não conseguiu detectar nada da
criatura: nenhum senso de identidade, nenhuma emoção e nenhum
propósito.
E então o ar ao seu redor ganhou vida com uma sensação trêmula de
passado, de longa memória e de traição.
— Garota. — disse em uma voz líquida familiar. — Você não consegue
fazer nada certo?
— Eu... eu te conheço. — disse Etain.
— Muitos de vocês me conhecem. — A criatura levantou a cabeça e
tentou se levantar, mas afundou novamente. — Darman, Atin está bem?
— Fierfek. — Darman avançou e se ajoelhou diante da cabeça de
alguém que havia realizado um trabalho de inteligência vital para o
esquadrão em Qiilura. Etain podia ver a dor em seu rosto. Niner chamou
sua atenção e simplesmente pareceu resignado, como se esperasse que todos
os traíssem no final. — Jinart?
— Sim. Espero que nós todos pareçamos iguais para os clones.
Darman quase sorriu, mas pareceu se conter.
— Atin está bem.
Ordo interrompeu.
— Só explique por que você acha que matar os meus irmãos vai ajudar
Qiilura.
Jinart focou os olhos laranja selvagens em Etain e lutou para se sentar, os
flancos levantando. Etain podia senti-la completamente agora, amarga e
determinada, chamando o vazio com sua mente: ela provavelmente estava
alcançando telepaticamente seu consorte Valaqil, que já fora agente do
General Zey em Coruscant e Qiilura. Skirata tinha o braço direito sobre o
corpo, quase mas não completamente casual, claramente pronto para pegar
seu Verpine e tentar se Jinart se mexesse.
— Você acha que estou passando informações aos Separatistas.
Ordo entrou e Darman saiu do seu caminho.
— Estou inclinado a pensar que alguém que se incomode em se
transformar em Vinna Jiss pode fazer isso, sim.
— Ela desapareceu, como costumava fazer. Simplesmente adotei a forma
dela para passar despercebida.
— Eu percebi. Nós já a executamos.
— Então cometi um erro ao assumir a forma dela.
— Certo demais. Agora, qual é o seu problema com o Grande Exército?
Por que não visar políticos? Você pode entrar em qualquer lugar, até na
própria câmara do Senado.
— Tem toda a razão. Você é um dos clones renegados que Zey tanto
teme?
— Esse sou eu. — disse Ordo.
— Não sou eu quem está vazando informações para os Separatistas. E
não estou mirando em ninguém.
— Você ainda trabalha para o General Zey? — Etain perguntou.
— Não. O meu povo não serve mais à República, se é que alguma vez
servimos. Tínhamos um acordo. Você o quebrou.
— Mas...
— Tínhamos um acordo, Jedi. Você disse que nos devolveria o mundo e
impediria que os agricultores nos destruíssem.
— No meio de uma guerra?
— Nós servimos você no meio de uma guerra! Enquanto o meu povo
morria de fome, enquanto isso as nossas presas eram expulsas pelos
colonos, mantivemos nossa barganha. E tudo o que vocês fizeram, vocês,
Jedi, você e Zey, foi torná-los mais capazes de lutar e manter suas terras.
Etain não olhou para Darman. Ela não queria provocá-lo a defendê-la ou,
mais provavelmente, pegar uma dica de que ele pudesse concordar com
Jinart.
Pensou que tudo o que tinha feito era garantir que os agricultores fossem
uma força de guerrilha capaz de resistir aos Separatistas, mas os Gurlanins
nativos não viam dessa maneira.
— Vamos erradicar os informantes mais cedo ou mais tarde. — disse
Ordo. — Você pode cooperar ou não, mas eu também poderia executá-la
agora, se você não for útil. Não podemos lidar com mais prisioneiros.
Sempre era difícil dizer se Ordo estava jogando o jogo do interrogatório
ou simplesmente declarando as suas intenções. A julgar pelo rápido olhar
de Skirata pra ele, era a última opção. Ele fez um gesto para que Etain
ficasse afastada e carregou o Verpine.
— Eu posso identificar os informantes para você. — disse Jinart
calmamente.
Ordo simplesmente segurou o cano da arma na cabeça de Jinart. Etain
olhou para Jusik, e depois para Darman, Niner e Vau, mas todos estavam
simplesmente observando impassíveis. Corr estava absorto no holográfico,
ainda registrando movimentos. Wennen estava sentada na cadeira, com a
mão na testa, como se protegesse os olhos, mas ninguém tentava intervir. O
interior de Etain lhe dizia que aquilo era errado.
Mas ela não fez nada.
— Você está barganhando. — disse Ordo. — Eu vou te matar de
qualquer maneira.
— Você é quem precisa negociar. Isso não é sobre a minha vida.
— Fim de jogo. — Ordo manteve o Verpine firme. Etain esperou,
dilacerada pela indecisão. Ela poderia parar Ordo por uma fração de
segundo...
— Remova as suas forças e os colonos do meu mundo e eu identificarei
os Separatistas para você.
Ordo, sem piscar, sem paixão, alinhou o cano até o nível em que a orelha
de um animal normal poderia estar.
— Você não me disse por que estava imitando Jiss. Isso realmente me
interessa mais.
— Ordo, eu lido com isso. — disse Skirata. — Afaste-se.
Ordo simplesmente levantou o Verp e o segurou contra o ombro sem
hesitar. Etain imaginou que ele precisaria ser persuadido a se retirar: vira a
potencial violência rodando dentro dele constantemente. Mas ele obedeceu
Skirata sem murmurar.
O sargento cutucou Jinart com a bota.
— Diga pra mim, então, transmorfa.
— Eu observo. — disse Jinart. — Observo quando vocês movem as
tropas de e para Qiilura e quanto vocês enviam aos agricultores por meio de
ajuda para mantê-los leais. Todas as coisas que vocês nunca nos dizem, mas
que mostram as suas verdadeiras intenções. Eu espiono vocês.
— Deixe-me explicar uma coisa. — disse Skirata. — Eu não sou a
República. O trabalho que faço para eles é na verdade para o meu próprio
povo, esses rapazes aqui. Portanto, se você não vai me ajudar a manter o
meu pessoal vivo, assegurarei que Qiilura seja reduzido a escória derretida.
E isso é uma promessa. Eu não sou Jedi e não sou político, então posso
fazer muito bem o que eu gosto. Toda a sua espécie é descartável.
Compreendeu?
Jinart conseguiu se levantar, ou pelo menos se erguer com as pernas da
frente.
— Identificarei as pessoas que você deseja. Mas a República deve
concordar em se retirar de Qiilura e remover os colonos dentro de um ano.
— Certo, vamos falar com Zey agora. — disse Skirata. — Se ele não
concordar, seguiremos em frente e não vou deixar você voltar de novo para
a cidade.
— Você sabe quantos de nós existem ou onde estamos?
— Eu não ligo. Zey talvez ligue.
— O meu povo está aqui, no próprio Coruscant. Você nunca vai nos
rastrear, e podemos ser muito mais prejudiciais do que as bombas.
— Olha, os vazamentos de logística são um espetáculo à parte no
momento. Guarde para Zey. — Skirata abriu o seu comunicador. Se o
general estivesse dormindo, alguém poderia acordá-lo. A guerra não
mantinha o horário de expediente. — Supervisora Wennen, por que você
não faz um caf pra todos nós?
Esperava alguma reclamação, mas nenhuma veio. Ela se levantou, ainda
segurando as costelas, e caminhou instável para a área da cozinha.
— É Besany, Sargento. — disse ela.
Sim, ela está do nosso lado. Como resultado.
— Certo, eu sou Kal.
— Quem gosta com açúcar?
— Todos nós. — disse Skirata. — Duas colheres grandes. Vai ser uma
noite longa.
Casa operacional, Refúgio do Qibbu, 0200 horas. 385 dias após Geonosis

Darman estava sentado de pernas cruzadas no chão ao lado de Jinart,


com as mãos cruzadas no colo, como se a estivesse observando. Jinart o
olhava de volta, com os olhos alaranjados se fechando ocasionalmente, com
as pernas dobradas sob ela.
Às vezes, Etain tinha que olhar atentamente para ver se Darman estava
apenas pensando ou realmente dormindo, porque a impressão que causava
na Força era muito ambígua. Quando se ajoelhou ao lado dele para
verificar, os seus olhos estavam fechados. Por um breve momento,
perguntou-se se Jinart poderia fazer contato telepático com ele.
Os olhos dele se abriram. Ele olhou para além de Etain e depois roçou os
lábios na bochecha dela.
— Nenhuma notícia de Zey ainda?
Etain sacudiu a cabeça. Não havia mais nada a esconder e ela descansou
a testa na dele, sem se importar com o que os outros pensavam: era
impossível esconder o relacionamento deles em um grupo de soldados que
viviam nos bolsos uns dos outros.
— Ele precisa consultar as pessoas. Mesmo Zey não pode tomar essas
decisões por conta própria.
— Você deveria ter sido uma curandeira, sabe. Você é boa nisso.
— Bem, vamos ver se eu sou boa em curar fendas. Preciso esclarecer
algo com Kal.
— Problemas?
— Nada com o que se preocupar.
Etain se ajoelhou e se levantou em um movimento. Skirata estava
conversando com Niner e Ordo pelos lençóis de flimsi na parede, limpando
a sua amada pistola Verpine com cuidado, enquanto discutiam a
concentração de Separatistas em vários locais na grade 3D do holográfico.
Chamou a atenção de Skirata e o chamou para segui-la. Inclinou a
cabeça em um acordo mudo e colocou as peças desmontadas da Verpine na
mesa ao lado, onde estavam dispostas envoltas em linhas distorcidas de luz
colorida da projeção holográfica.
Eles caminharam para a plataforma de pouso. O strill estava adormecido
de bruços, com as seis pernas abertas como um inseto peludo e
malformado.
— Fiz algo muito tolo. — disse Etain.
— De novo?
— Ordo.
Skirata pareceu atordoado e então equilibrado à beira da raiva.
— Ordo?
— Não, nada disso... usei um comando que ouvi você usar. Isso o
aborreceu. Falei check para impedi-lo de matar Jinart imediatamente. Ele
me disse por que eu nunca deveria usá-lo.
Skirata soltou um longo suspiro.
— E você entende agora?
— Sim. Eu sinto muito. Ele... ele disse que iria atirar em mim se eu
fizesse isso de novo.
— Ele vai. Nunca duvide disso.
— Eu acredito em você.
— Eu nunca ensinei aos Nulos que os Jedi eram melhores que eles, sabe,
e eu nunca os ensinei a obedecer à República, e nenhum Kaminoano os
projetou para serem mais cooperativos do que o Jango. Mas eles me
obedecem por algum motivo, e mesmo assim eu os encorajo a questionar
tudo.
— Ele é programado?
Skirata a olhou com repentina repulsa. Então simplesmente balançou o
punho na direção dela sem aviso, um soco selvagem, um soco de um brigão
de rua. Ela pulou pra trás e puxou o sabre de luz em um movimento, mas o
punho dele passou por sua cabeça. Deliberadamente. Podia ver o cálculo no
rosto dele. Prendeu a respiração, esperando que ele atacasse novamente.
— Então você é programada? — ele disse.
A lâmina azul de energia vibrou quando ela abaixou o sabre de luz e
depois o desligou, sentindo-se estúpida e envergonhada.
Também ficou chocada com os reflexos de Skirata: ele poderia ter dado
aquele soco e claramente não tinha medo de suas habilidades com o sabre
de luz. Ela nunca o tomaria como certo novamente.
— Não. Eu sinto muito.
— Você deveria saber melhor do que ninguém. Você foi treinada no
manuseio de armas na mesma idade que aqueles garotos. O que você acha?
Ou você é tão bem treinada que o seu corpo reage. — ele estalou os dedos.
— assim?
Tinha reagido bem. Os seus músculos se lembraram de anos de prática
de sabre de luz. Seus Mestres a ensinaram a confiar no instinto, na Força, e
a não pensar.
— Eu disse que sinto muito.
— E você deveria. Eu ensinei todos os meus garotos aquele comando
desde o início. Eu os treinei repetidamente até que parassem o que estavam
fazendo instantaneamente. E eu fiz isso por eles, nos momentos em que era
necessário salvá-los de alguma coisa.
— Juro que nunca mais farei isso.
— Ordo nunca confiará em você agora.
— Mas isso o impediu por uma...
— ...uma fração de segundo que poderia tê-la matado. Você só o usou.
Como todo aruetiise faz.
Skirata estava furioso: mesmo na penumbra da plataforma, ela podia ver
que a pele do pescoço dele estava vermelha, aquele sinal revelador de forte
reação. Nas últimas semanas, Etain às vezes sentia que ele a via como a
personificação da República, usando seus homens para sua própria agenda,
e que era um alvo útil para desabafar o nervosismo. Ele não parecia ver
Jusik da mesma maneira.
A exploração era um nervo em bruto em Skirata. Etain queria
desesperadamente que ele gostasse dela e a fizesse se sentir em família, do
jeito que fazia com todos os outros.
— Pedirei desculpas a Ordo.
— Sim, é realmente com ele que você precisa fazer as pazes.
Perguntou-se por que não tinha percebido isso para começar. Eu
realmente os vejo como homens? Lamento irritar Ordo, ou apenas quero
ser a garotinha de Skirata? Girou nos calcanhares e decidiu confrontá-lo.
Ordo estava tendo uma conversa tensa por meio do comunicador de
contas, com o indicador pressionado no ouvido. Jusik brincava com algum
pedaço de circuito, olhando para ele de vez em quando. O lado da conversa
que Etain ouviu sugeriu que alguém da equipe de Zey não estava se
movendo tão rápido quanto Ordo desejava.
Jusik murmurou Capitão Maze para ela.
Ela esperou. Ordo grunhiu.
— Vou aguardar. — Ele balançou a cabeça e virou-se para ela. — O que
foi?
— Ordo, eu te devo um pedido de desculpas. Errei ao usar o comando
check e você tem razão em ficar com raiva de mim.
Ele apenas assentiu. Ainda a surpreendia que um homem fisicamente
idêntico a Darman pudesse parecer tão diferente.
— Eu sei que você teve um mau tratamento, Ordo.
— Em Kamino?
— Mesmo agora, eu acho.
Ordo piscou algumas vezes como se ela não fizesse sentido. Não tinha
ideia de onde a sua mente pairava naqueles segundos em que ele soava
como uma enxurrada de atividade na Força.
— Eu não tive mãe ou pai, mas um estranho de bom grado me escolheu
como seu filho. Você tinha mãe e pai, e eles deixaram estranhos te levarem.
Não, General, não tenha pena de mim. Você é quem teve o pior tratamento.
Aquilo era chocante e era verdade. A extraordinária clareza da avaliação
dele a atingiu com tanta força que ela quase engasgou. Dizia a ela coisas
que ela não queria saber sobre si mesma. Nenhum deles mudou suas
intenções. Mas ela conhecia melhor seus motivos agora, por mais
desconfortáveis que fossem.
Perguntou-se se os seus verdadeiros pais alguma vez pensaram nela.
Ela nunca saberia.
CAPÍTULO 18
Retirada de Qiilura? Se é isso que é necessário para impedir que os Gurlanin se voltem
contra nós, é um preço que pagaríamos de qualquer maneira. Estamos muito minguados para
manter a guarnição, e o Senado não tem interesse em continuar apoiando meros duzentos mil
agricultores em um mundo distante. Deixe-me falar com Jinart e tranquilizá-la. O dano que o
povo dela pode causar é enorme, muito além do escopo de uma operação antiterror. E
precisamos deles do nosso lado.
— General Arligan Zey, ao General Iri Camas e presidente da Comissão de Refugiados do
Senado

O restaurante 24 horas The Kragget, níveis mais baixos, Coruscant,


0755 horas, 385 dias após Geonosis

J inart, a Gurlanin, manteve a sua palavra e forneceu as informações que


havia prometido, e nada mais. Zey parecia ter mantido a dele. A
elegante predadora preta deslizou para a noite de Coruscant e desapareceu.
Mas Skirata sempre sentiria que ela estava de pé ao lado dele, de algum
jeito ou de outro. Como os Jedi, as suas habilidades sobrenaturais,
especialmente a telepatia, o deixavam cauteloso e desconfiado.
Mas ela só podia sentir os pensamentos de sua própria espécie, disseram
eles. Como se isso fosse algum tipo de conforto.
Skirata terminou seus ovos, esfregou a mão no queixo e percebeu que
precisava se barbear novamente. Mas as coisas que pareciam
esmagadoramente impossíveis nas primeiras horas da manhã pareciam
muito mais encorajadoras com o estômago cheio em plena luz do dia.
— Gurlanins à solta? — A voz de Jaller Obrim era quase um gemido. —
É tudo o que precisamos.
— Sim, acho que esse é um dos segredos mais bem guardados da guerra.
— Você acredita neles?
— Que eles possam estar em todo lugar? Você precisa, Jaller. E não
posso perder o meu sono por causa de alguns fazendeiros de Qiilura.
Eles se sentaram lado a lado, olhando para a passarela pela frente de
transparaço sujo do Kragget. Nenhum deles era homem que queria sentar de
costas para qualquer porta. Obrim inclinou-se um pouco para ele.
— Então você quer que apanhemos os suspeitos identificados pelo
Gurlanin?
— Não, obrigado.
— É aqui que a minha visão e audição falham de novo?
— No momento, você nem consegue me ver, muito menos me ouvir. —
disse Skirata.
— Certo. A Unidade de Crime Organizado não está feliz, mas eles
entendem muito bem as palavras forças especiais armadas.
— Era a UCO na praça, então?
— Eu entendi que sim
— Como eles acabaram lá?
— Seu amigo Qibbu usa canais de comunicação desgastados nos estratos
da escória da sociedade. A UCO não é estúpida, e não é surda.
— Ah. — Não há monopólio da informação. Felizmente o estômago de
Skirata gelou um pouco. Obrim não mostrou sinais de estar convencido.
Mas ele quase certamente sabia que Skirata estava planejando uma
operação especial envolvendo explosivos. — Então eles sabiam quem eram
os Separatistas e não se preocuparam em...
— Não. Essa não era a rota.
— Qual era, então?
— Eles estavam vigiando um criminoso conhecido, e esse criminoso se
encontrou com um dos grupos que você estava vigiando. Garoto de recados,
um encontro casual. — Obrim pegou um pedaço de nerf defumado do prato
de Skirata e mastigou-o, pensativo. — Apenas tome cuidado. Detesto
encontrar amigos na laje do necrotério.
Além de Jusik, Obrim era um dos poucos não-clones que Skirata achava
que poderia confiar completamente um dia. Ainda estava indeciso sobre
Etain. Embora não duvidasse de sua sinceridade, ela tinha um traço
emocional e impulsivo do tipo que matava as pessoas.
Como você. Você é uma boa pessoa para conversar.
— Os seus garotos estão bem?
— Cansados, nervosos, mas dando tudo o que têm. Um deles jurou
estripar Vau, outro está tendo um caso amoroso com uma mulher que ele
nem deveria olhar, eu estou colecionando párias e vagabundos como um
abrigo de animais, e quase matamos uma agente do Tesouro. Mas se eu te
dissesse coisas realmente ruins, você pensaria que eu tinha problemas.
Obrim riu ruidosamente.
— E as pessoas pensam que eles são bons droidezinhos...
— Disciplina à parte, eles ainda são rapazes.
A garçonete Twi'lek encheu o caf e sorriu sedutoramente.
— Onde está seu filho hoje?
— No escritório, querida. — disse Skirata. — Não sirvo no lugar?
Os lekku dela se enrolaram um pouco, mas ele não fazia ideia do que
isso significava. Ela desviou o olhar, olhando para trás para sorrir
novamente. Obrim deu uma risadinha.
— Vejo que Ordo deixou uma impressão.
— Todos têm essa veia ingênua sobre eles. É fatalmente encantador,
aparentemente. Juventude, músculos, armas pesadas e uma expressão
confiante. Talvez eu devesse tentar.
— Está quarenta anos atrasado.
— É.
E então o comunicador de Skirata tocou. Levantou o pulso o mais perto
possível da boca. Mesmo em um restaurante cheio de agentes da polícia, ele
se arriscou.
— Nós gostamos do que vimos. — disse uma voz com sotaque de
Jabiim.
Era interessante como os sotaques eram mais perceptíveis em um
comunicador. Skirata, ainda olhando para a passarela, examinou seu campo
de visão sem mover a cabeça. Ele tinha certeza de que não havia sido
seguido, mas esse era um lugar ruim para ser descoberto, se tivesse sido.
— Ainda não é meio-dia.
— Eu sei, Kal. Estamos ansiosos.
— E agora?
— Você consegue chegar à praça do banco novamente em meia hora?
Não consigo localizar o seu sinal de comunicador. Mas entendo por que
você é um homem muito cauteloso.
Está muito certo, seu chakaar. Bard'ika teve um monte de problemas
para me tornar invisível. Skirata estava a dez minutos da speederbike da
praça.
— Eu consigo chegar se me apressar.
— É apenas para uma conversa. Esteja lá e não traga mais ninguém.
O comunicador desligou. Obrim mastigou, silencioso, mas o seu olhar
dizia tudo.
Skirata enfiou a mão no bolso e colocou alguns créditos na mesa para
cobrir a conta.
— Você é surdo e cego, lembra?
Obrim devolveu os créditos pra ele.
— Você escolhe a mesa da próxima vez.
Era o ritual de boa sorte dele. Obrim parecia esperar que, ao dizer isso,
garantiria a próxima vez.
Skirata tinha toda a intenção de garantir que houvesse uma próxima.
Nível mais baixo, via aérea 348, 0820 horas, 385 dias após Geonosis

Skirata manteve o speeder em um ritmo constante e olhou por cima do


ombro algumas vezes. Não havia razão para esperar que alguém o seguisse,
mas ele assumiu assim mesmo. A manobra também levou a viagem de dez
minutos a uma meia hora credível.
Não faz sentido chegar cedo demais.
O seu tornozelo estava agoniado hoje.
— Bard'ika, como você está?
A voz de Jusik veio pelo comunicador.
— Rastreamos um alvo que se deslocou para a praça vindo da casa em
que Fi e Sev fizeram o reconhecimento. Eu acho que isso confirma que é o
Perrive.
— Mas ele não vem sozinho.
— Isso significa que ele provavelmente terá vigilantes próximos que não
marcamos. Novatos.
— Bem.
— Vau está a caminho. — disse Jusik. — Eles não o reconhecerão.
— E você?
— Eu já estou lá.
— Fierfek. Ele conhece você. Aguarde as ordens...
— Confie em mim, ele não vai me ver.
— Afaste-se. Saia daí.
— Certo.
— É sério. E vou sair do comunicador agora, a menos que eu encontre
problemas reais.
Fechou o comunicador, exasperado. Mas a culpa era dele. Você não
poderia delegar isso a uma criança e esperar que ela lesse a sua mente e se
afastasse quando deveria esperar por ordens específicas novamente.
E ele era um Jedi, afinal. Poderia cuidar de si mesmo.
Skirata colocou um comunicador esfera no ouvido e deixou o speeder no
estacionamento público. Enacca disse que estava cansada de coletar
speeders abandonados por toda a cidade e queria saber por que eles não
podiam trazer as suas embarcações e veículos de volta sempre. A logística
de operações como essa dependia de muito trabalho árduo. Teria que
abrandá-la de alguma forma quando tudo acabasse.
Na praça, no banco onde ele esperara os Separatistas no dia anterior,
estava Perrive.
Estava ocupado parecendo um executivo esperando por um colega: traje,
pasta de documentos, sapatos polidos. Skirata caminhou até o homem o
mais rápido que pôde com seu tornozelo queixoso.
— Certo, qual é o problema? — Skirata disse. Ele tentou se concentrar
em Perrive e não procurar por possíveis ameaças ou, para ser mais preciso,
Walon Vau. — Eu posso conseguir os detonadores para você em 24 horas.
— Vamos discutir isso em um lugar menos movimentado.
Essas eram as piores palavras para ouvir em momentos como esse.
— Onde?
— Siga-me.
Fierfek. Esperava que Vau o estivesse observando ou Jusik estivesse
monitorando a conversa cuidadosamente. Se Perrive se afastasse demais do
alcance limitado de microfones do comunicador, ele teria que fazer
comentários estúpidos e óbvios para identificá-los. Perrive não parecia tão
ingênuo, mesmo que sua equipe de vigilância estivesse um pouco aquém do
profissional.
Se Vau estava aqui, Skirata não podia vê-lo.
Mas esse era o ponto, e Vau era um operador muito qualificado.
Skirata seguiu Perrive através da praça e de volta para a área de
estacionamento mais rápido, alguns momentos que o deixaram feliz por
mancar. Esperava que Vau tivesse um pouco mais de tempo para entender o
que estava acontecendo. Perrive ficou olhando ao redor, e um novo speeder
verde brilhante com uma cabine fechada subiu abaixo do nível da
plataforma de estacionamento e manobrou de lado para pousar.
Ah, bem, Skirata pensou. Eu teria feito o mesmo. Mas os pulmões de
Perrive estão revestidos com o marcador Poeira, e Jusik pode rastrear esse
caixote por todo o caminho.
— Entre. — disse Perrive.
— Você não vem também? — Ah não, não, não. Por que não me tomei
um pouco dessa Poeira di'kutla? — Perdoe-me se fico nervoso com a
qualidade da direção dos seus associados.
— Não se preocupe. Tudo o que eles vão fazer é vendá-lo. Guarde as
armas que tenho certeza de que está carregando. Vejo você em nosso
destino.
Skirata não teve escolha a não ser entrar. Dois homens humanos, ambos
com cerca de trinta anos, um com a cabeça raspada, um com cabelos loiros
e finos presos num rabo-de-cavalo, nenhum deles da ajuda contratada que
haviam marcado ontem, estavam sentados no banco da frente, e o careca se
inclinou para colocar uma bolsa de tecido preto sobre a cabeça dele em total
silêncio. Skirata cruzou os braços para sentir o conforto de seu hardware
variado na manga, no coldre e no cinto.
— Bem, isso é divertido. — disse ele, esperando uma demonstração de
estupidez verbal que pudesse ajudar Jusik a localizá-lo.
Mas nenhum dos dois respondeu. Não esperava que eles respondessem.
Concentre-se no movimento. Trabalhe na direção.
Skirata tentou contar o número de vezes que eles pareciam girar para a
direita ou esquerda para ter uma ideia do caminho. Eles estavam em uma
via aérea automatizada, então ele podia contar os segundos e tentar calcular
a distância entre os turnos, mas era uma tarefa enorme. Ordo, com sua
memória impecável, teria memorizado a rede de vias aéreas e calculado os
tempos e as distâncias ao mesmo tempo. Mas Skirata não era um soldado
Nulo CRA, apenas um soldado inteligente e experiente, cuja inteligência
natural havia sido aguçada por ter que lidar com seis menininhos
hiperinteligentes.
Não tinha ideia de onde estava. O speeder continuou em direção a um
acordo estressante que os levaria um passo mais perto de atingir o coração
dessa rede Separatista, ou de uma morte solitária.
Túnel de serviço sob a via aérea 348, 0855 horas, 385 dias após Geonosis

— Bard'ika, você nunca mais precisará se barbear novamente quando


Kal te pegar. — disse Fi.
— Você acha mesmo que não vou segui-lo? — Jusik corria com a
speederbike Aratech de Ordo ao longo do túnel de serviço que corria
paralelo à via aérea que seguia na extremidade sul da praça. Fi decidiu que
Ordo não tinha noção do perigo se estava feliz em andar na garupa de um
Jedi a velocidades próximas de quinhentos quilômetros por hora. Mas então
o homem era louco de qualquer maneira. Fi segurou no apoio de mão atrás
dele para uma morte sombria. — Vau, você ainda pode me ouvir?
O comunicador estava falhando, mas era audível.
— Estou alguns veículos atrás do Perrive. Ele está transmitindo como
um farol da Frota.
— Para onde ele está indo?
— Parece o Quadrante N-Zero-Nove.
— O que tem lá além de escritórios e prédios residenciais?
— É sobre isso. Modo de espera.
Jusik soltou um grunhido irritado que parecia ter pego de Sev e acelerou.
Em momentos como esse, Fi passava além da primeira descarga de
adrenalina e entrava em um mundo frio e racional, onde tudo fazia sentido
para seu corpo, se não para seu cérebro. Encontrou uma sensação instintiva
de equilíbrio sem esforço enquanto Jusik passava pelos dutos, limpando
algumas das vigas transversais de duraço por uma respiração. A velocidade
não parecia mais uma diversão consciente, como no treinamento, mas ele
estava além do medo por si mesmo naquele momento.
Tudo o que ele conseguia pensar era no Sargento Kal.
— Ele sabe se cuidar. — disse Jusik. — Ele está carregando mais armas
do que a Marinha Galáctica.
— Você é telepático? — O pensamento perturbou Fi, porque a sua mente
era o único refúgio privado que ele tinha. — Eu só estava...
— Se você não está tão preocupado com ele como eu, então li tudo
errado, meu amigo.
— Bard'ika...
— Sim? Muito rápido? Olha...
— Mesmo se você não tivesse os seus poderes da Força, ainda seria um
soldado fantástico. E um bom homem.
Fi não conseguia ver a expressão do Jedi. Pela primeira vez, Jusik não
assustou Fi até a morte e olhou pra trás por cima do ombro com um sorriso
bobo quando eles se lançavam em direção a uma parede, apenas para subir
no último momento. Jusik abaixou a cabeça por um segundo e depois a
levantou novamente. Seus cabelos escorregadios batiam no rosto de Fi.
— Vou tentar fazer jus a isso.
— Sim, mas você ainda precisa tratar desse corte de cabelo shabla. —
Jusik não riu. Fi não tinha certeza se ele fora movido ou ofendido. E parecia
impossível ofender Jusik.
— Espere.
Qualquer que fosse o elemento da Força que estivesse guiando o Jedi,
era completamente instintivo. Ele poderia encontrar Skirata.
O speeder girou com força para a esquerda e Fi temeu pelo rifle Verpine
debaixo da jaqueta, com o material dobrado preso na axila. Estava
acostumado a usar a variedade de roupas civis maçantes que Enacca havia
enviado com Vau. Ele se perguntou como lidaria com sua armadura de
Katarn abrangente depois de ficar fora dela por duas semanas.
A cabeça de Jusik se virou como se alguém o tivesse chamado.
— Ele está indo para a zona de negócios seis.
— Já estive lá. Fiz o reconhecimento daquele lugar ontem à noite. Prendi
uma holocâmera remota em frente à casa, na verdade.
— Talvez a Força esteja nos dando um tempo.
— Essa deve ser a central deles.
— Vamos tentar isso. — Jusik se inclinou para a direita para filmar um
canal vertical. Fi decidiu que a gravidade zero tinha seus atrativos. — Pelo
menos poderemos ver o Kal, se é para onde eles estão indo. Aposto que
seria reconfortante.
— Seria.
— Mas?
— Mas se eles estavam usando o speeder que estava estacionado no
espaço do telhado na noite passada, prendi um detonador térmico remoto na
entrada de ar.
— Apenas remoto? Não cronometrado?
— Sim.
— Tudo bem, então.
Se, quando, eles recuperassem Skirata inteiro, Fi contaria isso a ele.
Tinha senso de humor.
— Tem alguém seguindo ele. — disse Jusik.
— Sim. Você, eu, Vau...
— Não, nós não.
— Escolta para o speeder?
— Não, nada disso. Mais alguém. Não sinto malícia. Mas não é a equipe
de ataque.
— Como é isso?
— Como alguém parado atrás de mim. — Ele tirou uma mão do volante
e bateu na parte de trás da cabeça atrás da orelha. O speeder desviou. —
Bem aqui.
— Com as duas mãos mãos, Bard'ika...
— Desculpa. Quem quer que sejam, estão focados em Kal.
— Devemos ficar preocupados?
— Não.
Jusik girou o guidão e o speeder acelerou como se tivesse sido disparado
de um Verpine. Fi mordeu o lábio e não conseguiu impedir que os joelhos
pressionassem mais forte a fuselagem da moto.
Se ele derrubasse o precioso rifle de precisão, Skirata ficaria de coração
partido.
— Tudo bem, então. — disse Fi. — Eu não vou me preocupar.
Área residencial, zona comercial 6, 0930 horas, 385 dias após Geonosis

O airspeeder estacionou, a liga quente chiando enquanto sua unidade


esfriava, e alguém puxou o capuz preto da cabeça de Skirata.
— Por aqui. — disse o homem de cabeça raspada. — Cuidado com os
degraus!
Skirata desceu de uma área de estacionamento na cobertura através de
portas para uma sala decorada com bom gosto, com uma grande mesa de
madeira clara sem grãos e um carpete cinza escuro. Então eles não tinham
poucos créditos. Algum terrorismo era guerra dos despossuídos, e outros
eram trabalhos manuais dos ricos que sentiam indignação de segunda mão.
De qualquer maneira, era um esporte caro.
Era um mercenário. Sabia o preço de tudo.
Sentou-se na cadeira oferecida, com os cotovelos apoiados na mesa, e
tentou captar o máximo de detalhes úteis que pudesse ao seu redor. Duas
rotas de fuga visíveis: de volta por aquelas portas ou descendo pelo
turboelevador. Após dez minutos, um homem humano de meia-idade
entrou com uma mulher da mesma idade: não havia nada notável em
nenhum deles. Eles simplesmente acenaram para Skirata e sentaram-se de
frente para ele. Mais quatro homens os seguiram, um deles com a idade de
Jusik, e Skirata se viu cercado à mesa por seis pessoas.
Então Perrive entrou.
— Você pode nos desculpar por não nos apresentarmos, Kal. — disse
ele. — Eu conheço você e você me conhece, e isso é provavelmente tudo
que você precisa saber.
— Além dos dados bancários, sim.
Perrive ficou ao lado da cadeira em frente a Skirata e olhou atentamente
para o homem sentado nela, que então se mudou para outra cadeira. Você é
definitivamente o chefe, então. E os outros ao redor da mesa, que
obviamente o avaliavam como fornecedor, não pareciam servos juniores.
Este era o gabinete terrorista ou uma rara reunião de líderes de células.
Tinha que ser. Perrive entregou ao homem ao seu lado o pequeno pacote de
amostras que Skirata havia fornecido no dia anterior e ele o examinou
cuidadosamente antes de passá-lo pela mesa.
Sim, eles serão os únicos a distribuir isso. Eu deveria explodir este lugar
agora. Mas isso não é sensato. Apenas satisfatório.
— Gostaríamos de cem quilos de suas mercadorias e quatro mil
detonadores.
Skirata fez um cálculo rápido. Cerca de vinte e cinco gramas de térmica
de quinhentos graus por dispositivo, então: um incidente no Depósito Bravo
Oito levou o equivalente a dois deles. Kits de fabricação de bombas
suficientes para esse nível de carnificina todos os dias por cinco anos, ou
uma contagem menor de corpos e mutilação por mais de dez. Uma guerra
muito econômica.
— Quanto?
— Dois milhões de créditos.
Skirata nem parou para pensar.
— Cinco.
— Dois.
— Cinco.
— Três.
— Cinco, ou preciso conversar com os meus outros clientes.
— Você não tem outros que desejam esse tipo de explosivo.
— Se você pensa assim, então você é novo nesta galáxia, filho.
— Três milhões de créditos. É pegar ou largar.
Skirata se levantou e realmente pretendia sair. Tinha que parecer que
estava falando sério. Contornou a mesa até Perrive e então o homem se
virou e colocou a mão no braço direito de Skirata. Skirata puxou de volta, e
não estava agindo como o mercenário nervoso. Era o braço da faca dele.
Perrive notou, com as sobrancelhas erguidas por uma fração de segundo.
— Quatro milhões. — disse Perrive.
Skirata fez uma pausa e mastigou o interior de sua bochecha.
— Quatro, com os créditos a serem depositados e confirmados como
estando em minha conta antes de liberar as mercadorias, e quero que o
acordo seja feito nas próximas 48 horas.
— Isso requer confiança.
— Se não tenho outros clientes, por que quero cem quilos de explosivos
pendurados em minhas instalações até que Mustafar congele?
Perrive fez uma pausa e depois quase sorriu.
— Concordo.
Skirata enfiou a mão no bolso e entregou-lhe um datachip, sem nenhuma
informação, exceto uma conta numerada que só existiria a partir do meio-
dia por quarenta e oito horas. Tinha um fluxo constante de contas como
essa. Todos os Nulos podiam hackear como os melhores profissionais, mas
Jaing era um artista entre os enganadores de dados. Meu rapaz inteligente.
— Hora e lugar, então.
— Tudo em uma entrega.
— Certo. Mas vai ficar embrulhado em embalagens de um quarto de
quilo, embaladas em dezenas, porque não vou desembrulhar toda barra
di'kutla e ser coberto por evidências forenses. — Ele fez uma pausa,
tentando parecer como se estivesse pensando em outro motivo. — E isso
equivale a dois quilos e meio por sacola, o que será mais fácil para você
mover.
— O que faz você pensar que vamos mover isso?
Inteligente, hein?
— Se vai manter tudo isso em um só lugar, você é louco. Estou
acostumado a lidar com essas coisas e nem eu gosto disso perto de mim.
Você sabe o que quinhentos graus faz, não é?
— Claro que sim. — disse Perrive. — É o meu trabalho. Digamos a
meia-noite amanhã. Aqui.
— Se eu soubesse onde é aqui, poderia concordar.
— Vamos deixar você sair e depois verá.
— Eu posso pousar um speeder no seu telhado, não é?
— Até do tamanho Metrotáxi.
— Eu provavelmente trarei dois speeders pequenos. Eu ligo pra você
meia hora antes.
— Eu não lhe dei meu número.
— Melhor fazer isso, então, ou não receberá as suas mercadorias. Não
quero mais contatos até então e não quero que ninguém me siga quando sair
daqui. Certo?
Perrive assentiu.
— Concordo.
E foi simples assim. Nunca deixava de surpreender Skirata como era
mais simples comprar e vender a morte do que pagar impostos.
— Mostre-me a porta da frente, então.
O Careca o levou para o turboelevador de duraço polido, que sempre o
lembrava de Kamino, com aquele acabamento brutalmente clínico, e o
conduziu por um andar térreo, que era apenas uma sala quadrada sem saída
traseira e uma porta na frente.
Mais fácil de defender... se você fosse confiante, poderia escapar pelo
telhado.
As portas se abriram. Kal Skirata saiu para uma passarela isolada e se
viu nos subúrbios afluentes de Coruscant. Verificou a posição do sol e
começou a caminhar na direção das principais vias aéreas. Se continuasse
caminhando para o leste, chegaria mais cedo ou mais tarde ao setor dos
escritórios. Além disso, a holocâmera que Fi e Sev colocaram algumas
horas antes o estava observando agora do prédio em frente.
Haviam muitos pedestres por ali.
Skirata estalou os dentes e abriu o canal de comunicador. Ele não
gostava mais do comunicador de contas do que gostava de usar um
potenciador auditivo.
— Escutem, ad’ike. — ele disse o mais silenciosamente possível. — O
jogo começou. O jogo começou!
Centro de logística, Grande Exército da República, QG do Comando de Coruscant, 0940
horas, 385 dias após Geonosis

— Pareço ter sido atingida por um... laser PIP? — Besany Wennen
perguntou.
— Laser PEP. — Ordo, posando como Corr novamente, com o capacete
sob o braço esquerdo, deixou-a passar pelas portas do centro de logística à
sua frente, como Kal'buir havia dito. Era a coisa educada a fazer. — E não.
Você só parece cansada.
— Não posso dizer que foi um dia típico pra mim.
— Eu respeito a sua vontade de aceitar isso sem querer reclamar com os
seus superiores.
— Se eu fizesse isso, comprometeria a sua missão, não é?
— Possivelmente.
— Então é apenas uma contusão ruim e uma noite interessante. Nada
mais.
Era tão alta quanto ele e o olhou diretamente nos olhos: os seus olhos
escuros faziam os seus cabelos loiros claros parecerem exóticos em
contraste. Ela é diferente. Ela é especial. Ele fez um esforço consciente para
se concentrar.
— Vou garantir que você tenha registros aceitáveis para os seus chefes
para mostrar que a investigação foi concluída. — disse Ordo.
— E que os suspeitos... digamos que eu soubesse que eles eram do
interesse da inteligência militar, então me retirei de mais envolvimento.
— Bem, posso garantir que eles não vão mais incomodá-la.
Ordo ainda esperava que ela perguntasse exatamente o que Vau havia
feito com a verdadeira Vinna Jiss, e o que Ordo faria com os funcionários
que vazavam informações – Jinart havia identificado duas... e mil outras
perguntas. Gostaria de saber tudo, mas Wennen apenas se ateve ao que
precisava saber para encerrar a sua parte da vigilância. Não entendia essa
reação.
— O que acontece com você agora? — ele perguntou.
— Volto ao meu departamento de manhã e pego o próximo arquivo.
Provavelmente sonegação de impostos corporativos. — Ela o desacelerou
com uma mão cuidadosa em seu braço. Ele deixou aquele toque o arrepiar
agora. Ele ainda estava desconfortável, mas estava menos perturbado com a
atração. — E quanto a você?
— Reduzindo números da folha de pagamento. Fi sugeriu chamar de
rotatividade de pessoal, no espírito do eufemismo militar.
Pareceu levar alguns momentos pra ela entender o que ele queria dizer.
Franziu o cenho levemente.
— Quem está relatando não notou que está desaparecido?
— Jinart diz que só ligam a cada quatro ou cinco dias. Isso nos dá uma
janela de tempo para trabalharmos por dentro.
— Você nunca tem medo?
— Quando os tiroteios começam, frequentemente. — Ocorreu-lhe que
ela provavelmente achava desconfortável a ideia de assassinato, mas ela não
disse isso. — Mas não tenho tanto medo quanto estaria se estivesse
operando sem armas. Seus superiores realmente deviam armar você.
Eles alcançaram as portas da sala de operações. Parou de repente.
— Eu sei que isso não tem mais nada a ver comigo, mas você faria algo
por mim?
— Se eu puder.
— Quero saber quando você vai passar por isso. — Ela pareceu perder
um pouco da compostura. — E os seus irmãos e o seu sargento feroz, é
claro. Eu gosto bastante dele. Você irá me ligar? Não preciso de detalhes.
Apenas uma palavra para me informar que tudo correu bem, seja o que for.
— Acho que podemos conseguir isso. — disse Ordo.
Era aqui que viraria à esquerda para ir à Contabilidade, para encontrar
Hela Madiry, uma funcionária que chegava à idade da aposentadoria,
apenas uma mulher comum que por acaso tinha primos distantes em Jabiim.
Depois, visitaria a Manutenção de Transporte e procuraria um jovem que
não tinha lealdade ou ideologia familiar nesta guerra, mas que gostava dos
créditos que os Separatistas lhe pagavam. Os seus motivos não faziam
diferença: ambos morreriam muito em breve.
— Tome cuidado... Soldado Corr. — disse Besany.
Ordo tocou os dedos enluvados na testa em uma saudação informal.
— Você também, senhora. Você também.
Zona comercial 6, passarela 10 no cruzamento da via aérea 348, 0950 horas, 385 dias após
Geonosis

Fi preparou-se para uma barragem verbal quando Jusik parou o speeder


no final da passarela e o colocou na beira da plataforma de táxi. Skirata
caminhou até eles com a cara séria através da dispersão de pedestres e ficou
com as mãos nos bolsos da jaqueta de couro.
— Você está levando Fi ao erro, Bard'ika.
— Sinto muito, mas você me disse que nunca deveria entrar em uma
fortaleza inimiga sem apoio se pudesse evitar.
— Eu odeio quando as pessoas me escutam. Fi, o que há de errado?
Fi ainda estava olhando em volta, tentando cobrir três dimensões que
poderiam ocultar uma ameaça. Jusik havia dito que quem estava seguindo
Skirata não tinha intenção maliciosa, mas Fi concluiu que nem todo mundo
que ia matar você tinha um senso de malícia. Tinha matado muitas pessoas
sem sentir nenhum mal. Enquanto a Força era fascinante, Fi gostava de ver
as coisas através da mira de seu DC, de preferência com o ícone vermelho
de captação de alvo pulsando.
Colocou a mão debaixo da jaqueta para deslizar o rifle para debaixo do
braço. Foi quando o cano excepcionalmente curto e o material dobrável
surgiram. Ainda podia usar a arma a curta distância.
— Bard'ika acha que há alguém te seguindo.
— Eu normalmente percebo.
— Mas você é surdo.
— Parcialmente, seu di’kut atrevido. — Skirata recorreu ao seu reflexo
de endireitar o braço direito para ter a faca pronta. — Bem, talvez seja
melhor seguirmos em frente antes que eles nos alcancem.
— Ninguém com más intenções. — disse Jusik. Ele deslizou a mão para
a abertura de sua jaqueta, subitamente nervoso. Fi pegou sua deixa e girou o
speeder para ficar na frente de Skirata. — E eles estão muito, muito perto.
— Calma, filho. Lugar público, pessoas ao redor. Sem sabre de luz,
certo?
— Muito perto. — Jusik olhou para Skirata.
Um jovem de cabelos loiros e brancos curtos caminhava na direção deles
através da multidão esparsa, com os braços afastados um pouco do lado do
corpo, e uma bolsa grande sobre o ombro. Seu casaco azul escuro na altura
dos joelhos estava bem aberto. Mas isso não significava que ele não estava
carregando um arsenal lá em algum lugar. Fi desdobrou a haste do Verp
com uma mão por baixo do paletó e se preparou para sacá-lo e atirar.
O homem então levantou as duas mãos ao nível dos ombros e sorriu.
— Fierfek. — Skirata respirou. — Udesii, rapazes. Está tudo bem.
O homem loiro, da altura de Fi, muito atlético, foi direto para Skirata e o
esmagou em um abraço entusiasmado.
— Su’cuy, Buir!
Pai. Fi conhecia a voz.
— Su’cuy, ad’ika. Tion vaii gar ru'cuyi?
— N'oya'kari gihaal, Buir. — O homem parecia quase choroso: com os
seus olhos azuis pálidos estavam transbordando. Ele os limpou com a palma
da mão. — Se não tomar cuidado, vou lavar esse corante de íris.
— Esse cabelo também não combina com você.
— Posso mudar isso também. Tenho muitas cores diferentes. Gostou do
que eu adicionei à térmica de quinhentos graus?
— Ah. Eu me perguntei.
— Ainda sou um químico melhor que Ord'ika, Kal'buir.
Fi finalmente viu o rosto à sua frente como uma imagem negativa, e de
repente imaginou cabelos e olhos escuros, e percebeu por que o homem era
familiar. Não era um dos filhos de Skirata. Era um clone, como Fi: ou, para
ser mais preciso, como Ordo. Era espantoso quanta diferença a pigmentação
fazia na aparência de alguém: um disfarce simples, mas eficaz, para uso
casual de qualquer maneira.
Skirata sorriu para ele com evidente orgulho.
— Rapazes, este é o Soldado CRA Tenente N-7. — disse ele. — Meu
garoto, Mereel.
Então esse era o Mereel. E mesmo que o Mando'a de Fi não fosse
perfeito, entendeu que Skirata havia perguntado onde estivera e que o
trooper CRA havia dito que estava caçando peixe farinha.
Fi estava fascinado. Mas manteve o seu fascínio para si mesmo.
CAPÍTULO 19
Eu não tive mãe e nem pai. Eu tinha quatro anos quando colocaram uma arma em minhas
mãos. Fui ensinada a reprimir os meus sentimentos e a respeitar e obedecer aos meus mestres.
Fui encorajada a ser obsessiva com a perfeição. Não era a vida que eu teria escolhido, mas
aquela ordenada por causa dos meus genes, exatamente como os homens a quem eu devo
comandar. Mas agora tenho algo maravilhoso, algo que escolhi. E nunca deixarei ninguém
levar a criança que estou carregando.
— General Etain Tur-Mukan, Diário Particular

Centro de logística do GER, 1230 horas, 385 dias após Geonosis

E ra hora do almoço.
A maior decisão que a maioria das pessoas tomava naquela hora do
dia no centro de logística era comer na cafeteria ou encontrar um local no
pátio público próximo para desfrutar de um lanche ao ar livre.
A decisão de Ordo era usar o Verpine ou caminhar até a traidora Hela
Madiry, manobrá-la em um canto sombrio e depois estrangulá-la ou cortar a
sua garganta.
Verpine. Era a melhor escolha. Rápido e silencioso, desde que o projétil
não a atravessasse e atingisse algo que fizesse barulho.
Madiry estava sentada à sombra de uma floreira cheia de arbustos
amarelos vívidos, comendo um palito de pão e lendo uma holorrevista,
alheia à sua expectativa de vida. Ordo estava sentado à sombra de uma
árvore bem cuidada com o datapad no colo, calculando a vida restante dela
em minutos.
Não havia ninguém a dez metros dela, mas havia uma holocâmera de
segurança.
Um homem se sentou no banco ao lado dele.
— Bem, o nosso jovem amigo na Manutenção de Transporte acabou de
sofrer um infeliz acidente com uma plataforma de repulsão. Obrigado pelo
uso dos seus códigos de segurança.
— E ele não se transformou em um Gurlanin, espero.
Mereel parecia totalmente estranho, com cabelos e olhos claros. Até a
pele dele estava dois tons mais pálida. Não combinava com ele.
— Não, vod'ika, ele se transformou em um humano morto. Crânios e
repulsores não se misturam. Confie em mim.
— Apenas checando.
— Você ainda não contou a Kal'buir sobre Ko Sai, contou? — Mereel
perguntou.
— Eu pensei que ele poderia ficar menos distraído se esperarmos até que
esta missão esteja concluída.
— Ele é um verdadeiro verd, um guerreiro. Ele nunca se distrai quando o
tiroteio começa.
— Não há pressa. — disse Ordo.
Mereel deu de ombros. Sem a armadura e o kama, agia de maneira
convincentemente civilizada.
— Então, devo me afastar?
Ordo estava observando a holocâmera de segurança que cobria a área
entre a mulher e os banheiros públicos vinte metros adiante.
— Você pode interromper aquele circuito de holocâmeras pra mim ao
meu sinal?
Mereel procurou algo no casaco e puxou um estilete fino. Era um
disruptor PEM.
— Eu posso fazer isso sem sair do lugar, ner vod.
— Certo, vou lhe dar um lembrete para apagar a câmera quando estiver a
cinco metros dela.
Mereel tocou no ouvido.
— Comunicador ativado.
Ordo respirou lentamente algumas vezes. Ele havia removido o material
dobrável do rifle Verpine; agora era curto o suficiente para esconder sob
uma pasta de documentos. Ele parecia qualquer outro clone trooper
anônimo, de capacete e convalescente, brincando de garoto de escritório e
carregando arquivos de flimsi.
— Vai. — disse Ordo, e levantou-se.
Caminhou em direção aos banheiros, que o levavam a um caminho além
da mulher Madiry.
— Mereel, apague a câmera.
Tinha alguns instantes antes de um console de segurança avistar a
interrupção e tentar consertá-la. Ele deu cinco passos rápidos e se inclinou
sobre Madiry como se quisesse fazer uma pergunta.
Ela olhou para cima como se um velho amigo a tivesse assustado.
— Olá, trooper.
— Olá, aruetii. — disse Ordo. Ele puxou o Verp e efetuou dois disparos
à queima-roupa na testa dela e um terceiro abaixo em um ângulo na parte
superior do peito. Um disparo bateu na floreira de terra atrás dela. Ordo não
tinha ideia de onde os outros dois foram, mas a informante estava morta
agora e ela simplesmente caiu, de cabeça baixa como se ainda estivesse
lendo, com uma poça de seu sangue brilhante na tela da holorrevista.
Ordo colocou o Verp de volta na pasta de documentos e se afastou.
Foram necessários menos de dez segundos para que Mereel saísse.
Ninguém sequer o olhou quando caminhou calmamente em direção ao
complexo do GER, passou por ele e encontrou Mereel do outro lado das
áreas de estacionamento mais rápidas. Eles desapareceram no mar de
veículos e montaram a speederbike Aratech para voltar à base.
Kal'buir sempre dizia aos Nulos que eram a morte instantânea sobre
pernas. Ordo gostava de fazer jus a essa avaliação. Os seus pensamentos
estavam em Besany Wennen enquanto partia, e como era bom não ter tido
que matá-la também.
Casa operacional, Refúgio do Qibbu, 1330 horas, 385 dias após Geonosis

Quanto mais os alvos marcados se moviam em torno de Coruscant, mais


clara a tarefa da equipe de ataque se tornava.
— Isso. — disse Fi com admiração. — está ficando cada vez melhor,
Bard'ika.
Jusik olhou para o holográfico de Coruscant com um grande sorriso e se
deliciou com a aprovação. Os traços vermelhos dos terroristas marcados,
enquanto se moviam pela cidade, formavam um padrão que a vigilância em
primeira mão teria se esforçado para desenvolver.
— Era óbvio, sério. — disse ele. — Você poderia ter inventado isso mais
cedo ou mais tarde.
Vau pousou uma tigela de leite na frente do strill. Ele lambia
ruidosamente, jogando gotas sobre o tapete.
— Eu voto para que a marcação com Poeira se torne um procedimento
de vigilância padrão. É uma questão para o seu sargento, é claro.
O rastro da policial intrusa tinha sido removido. Jaller Obrim havia lhe
dado uma varredura indolor e imperceptível de PEM para matar as
transmissões do pó marcador que ela inalara. Agora, apenas cinco alvos
marcados se moviam pelas grades de luz azul, criando uma imagem precisa
de onde iam e onde ficavam. A divisão entre os dois agora era muito mais
fácil de ver. Quatro locais: a casa no setor bancário 9, a pista de
aterrissagem usada pelos importadores de produtos agrícolas frescos e dois
apartamentos no setor de varejo, eram claramente os mais visitados.
— Mas provavelmente etiquetamos a ajuda contratada de Perrive. —
disse Fi. — Queremos os caras maiores.
— Os caras maiores. — disse Vau. — precisam da ajuda contratada ao
lado deles. Toda essa atividade está ligada ao fato de que eles estão prestes
a receber explosivos de que precisam muito. Agora, sabemos que eles
usaram ponto de encontro, por falta de uma frase melhor, para evitar o
contato direto entre as várias células terroristas da rede. É assim que eles
garantem que não há como rastreá-los de volta. Então, o que isso lhe diz?
Fi estudou a luz azul e vermelha hipnótica à sua frente.
— Eles estão indo e voltando entre locais repetidamente.
— E portanto?
— Portanto... eles são uma célula... ou várias células que abandonaram
as precauções de segurança e estão fazendo contato direto entre si.
— Muito bem, Fi.
Fi não se importava com Vau, mas gostava de elogios. Saboreou o
momento.
— Então, o que você acha que temos aqui?
— Como isso se centrou nos explosivos, acho que estamos olhando para
a célula de fabricação: as pessoas que fabricam as bombas. Possivelmente
também os que as colocam. Definir um dispositivo complexo em um local
ou em uma embarcação pode ser um negócio complicado, e eu acho que
esse tipo de coisa seria feita por eles mesmos. Eles também precisam ser
móveis para chegar a diferentes locais-alvo, daí a necessidade de uma pista
de pouso movimentada, pois ninguém percebe mais movimento no tráfego
por lá. Agora, Fi, esse é um grupo de pessoas que vale a pena levar. Essas
são habilidades difíceis de substituir às pressas.
Jusik deu a Fi um soco brincalhão no ombro, entusiasmado.
— Resultado! — Ele parecia ver isso como um grande quebra-cabeça a
ser desmontado. Se Fi não tivesse visto Jusik usar um sabre de luz, ele o
teria tomado para um garoto que só gostava de brincar com um
equipamento complicado. — Hora de fazer os olhos lacrimejarem, hein, Fi?
— Você entendeu.
— O Delta fez o reconhecimento da pista de pouso. Você fez o
reconhecimento da casa no setor bancário. Isso deixa os dois apartamentos,
e Ordo e Mereel pararam para fazer o reconhecimento agora.
O strill tinha terminado o leite, a maior parte do qual acabara no tapete.
Vau, um sargento que acreditava em dar coragem a seus homens, um
sargento que havia assustado Atin fortemente, pegou um pano da área da
cozinha e limpou as manchas úmidas. Depois, pegou um pano limpo,
encharcou-o e limpou a boca e o queixo do strill como se fosse um bebê. O
animal aceitou a indignidade e rugiu com alegria.
Fi tinha certeza de que jamais saberia o que se passava na cabeça dos
não clones.
Os Delta e Ômega se reuniram na sala principal, encontrando assentos
onde podiam e passaram a hora seguinte planejando três assaltos à casa e
uma incursão em uma pista de pouso. Eram manobras básicas que haviam
praticado repetidamente em Kamino; eles tinham feito isso de verdade mais
de uma vez também. Eles tinham plantas razoavelmente recentes dos
edifícios... não que pudessem confiar absolutamente, é claro... e a vigilância
secreta da holocâmera. Além do fato de os esquadrões estarem acostumados
a operar sozinhos, era o mais próximo possível de uma operação.
Planejamento. Era tudo sobre planejamento.
Mas sempre havia uma surpresa, sempre mais um fator que você não
tinha permitido ou não tinha visto.
Fi planejava para isso também. Todos eles planejavam, no fundo.
Casa operacional, Refúgio do Qibbu, 1530 horas, 385 dias após Geonosis

Etain sabia.
Ela sabia que isso aconteceria com o tempo, mas acontecera agora, em
duas breves e maravilhosas semanas. A paisagem da Força que a cercava
havia mudado sutilmente e ela sentia estranheza e o propósito dentro dela,
propósito que era de outra pessoa.
Dizia-se que as fêmeas sensíveis à Força podiam frequentemente
detectar o momento em que concebiam. E era verdade.
Etain ficou na plataforma de pouso por um tempo, procurando o medo
que sempre imaginou que viria por dar aquele passo irrevogável e sem
conhecer todas as suas consequências. Mas não havia medo. Havia
simplesmente uma agradável sensação de certeza, quase como mãos
pressionando seus ombros.
E uma visão clara, na parte de seu cérebro que via o universo sem
imagens, mostrava um novo caminho através de trilhas de luz colorida e
com teias. À sua maneira prosaica, lembrava um holográfico, mas era
menos sólido, com seus fios e linhas mudando.
O novo caminho marcado através do emaranhado de fios coloridos era
pálido, prateado e grosso, e dele brotavam gavinhas de prata que
serpenteavam nos emaranhados do resto da imagem. Essa nova vida que ela
carregava seria significativa e tocaria muitas outras. A Força era clara se
você a ouvisse atentamente, e desta vez ela dizia: Isso não está errado.
Em Qiilura, eu invejava a certeza de Jinart. Invejava a de Mestre Fuller
também. E agora eu a tenho finalmente.
Foi quase de bom grado. Saboreou o sol quente no rosto, com os olhos
fechados por alguns instantes e depois voltou para a sala principal. Parecia
estranhamente vazia: Delta e Ômega estavam dormindo, com as portas
fechadas. Ordo desaparecera com Mereel, e Corr deixou um datapad
ativado para registrar movimentos de suspeitos no holográfico enquanto ele
fazia uma refeição.
Vau tinha se esticado em uma cadeira com o strill no colo, enquanto
Skirata estava sentado à sua frente, com as botas na mesa baixa, de olhos
fechados e mãos cruzadas no peito. Etain o observava, sabendo que talvez
precisasse lhe contar antes mesmo de contar a Darman: precisaria da ajuda
de Skirata, de sua lista de contatos e lugares para desaparecer.
Darman ficaria impressionado com tudo isso quando precisava manter a
mente na luta. Mas Skirata era um homem do mundo, que nunca se
perturbava por nada; ele entenderia o que ela estava dando a Darman e iria
querer ajudar.
Ainda não, no entanto.
Enquanto observava Skirata, Niner saiu do quarto de uniforme vermelho,
coçando a cabeça com as duas mãos. Ele pegou um copo de água e
atravessou a sala em lento silêncio para ficar contemplando Skirata
adormecido com uma leve carranca. Então voltou para o quarto. Alguns
momentos depois, ele voltou com um cobertor e o colocou sobre o sargento,
assentando-o com cuidado. Pela primeira vez o homem não se mexeu.
Niner ficou parado por um tempo, simplesmente olhando para o rosto,
perdido em pensamentos.
— Ele está bem. — Etain sussurrou.
— Apenas verificando. — disse Niner calmamente, e voltou para o
quarto.
Etain ficou desfocada por alguns momentos e procurou Darman na
Força: como sempre, ele era um poço de calma e certeza, mesmo enquanto
dormia. Quando se concentrou na sala novamente, percebeu que Skirata
havia aberto os olhos.
— Você está bem, ad'ika? — ele disse. — Aquele era o Niner agora?
— Estou bem. — Ele estava de melhor humor agora. Talvez ele
considerasse o assunto entre ela e Ordo encerrado. — Sim. Ele estava
checando você.
— Ele é um bom rapaz. Mas ele deveria estar dormindo um pouco. —
Ele passou os cabelos pelos dedos, bocejando. — A fadiga afeta o
julgamento.
— Mas não o seu. — disse Vau calmamente.
Skirata estava alerta em um piscar de olhos e jogou as pernas sobre a
mesa no chão. Vau poderia derrubá-lo tão seguramente quanto um
brinquedo mecânico.
— Se eu não for rápido o suficiente quando os tiroreios começarem, o
problema é meu. Estou acostumado com isso.
— Sim, todos nós sabemos. — Vau se virou para Etain. — Normalmente
é aqui que ele começa a me dar um sermão sobre a sua infância horrível
como um órfão de guerra faminto e selvagem em algum local
bombardeado, e como eu simplesmente fugi para me tornar um mercenário
porque estava entediado com a minha família rica e ociosa.
— Bem, isso me poupou algum tempo. — disse Skirata irritado. — O
que ele disse.
— Você tem uma família, Vau? — Etain ficava subitamente hipnotizada
por pessoas que tinham vidas e pais. — Você tem contato com eles?
— Não. Eles me cortaram quando me recusei a escolher a carreira que
eles queriam para mim.
— Esposa? Filhos?
— Querida garota, nós somos Cuy'val Dar. As pessoas que precisam
desaparecer por oito anos ou mais não são do tipo familiar. Exceto Kal, é
claro. Mas sua família não esperou por você, não é? Está tudo bem, no
entanto. Você tem muito mais filhos agora.
Se Etain não soubesse nada de Skirata, ou mesmo de Vau, era o tipo de
brincadeira garantida para começar uma briga. Skirata ficou absolutamente
e instantaneamente branco de raiva. Uma coisa que sabia sobre os
Mandalorianos era que o clã era uma questão de honra. Skirata caminhou
até Vau muito devagar e o strill acordou, choramingando.
Etain verificou que a jaqueta de Skirata, com o seu conjunto letal de
lâminas, ainda estava pendurada nas costas da cadeira. Skirata balançou a
cabeça, lento e deliberado. Vau era muito mais alto e alguns quilos mais
pesado, mas Skirata nunca parecia se preocupar com esse tipo de detalhe.
— Mas isso é o bom em ser Mando. Se você não conseguir a família que
deseja, pode escolher uma. — De repente, ele parecia mais velho e muito
triste, pequeno, esmagado pelo tempo. — Você vai contar a ela? Certo,
Etain, os meus filhos me renegaram. Na lei Mandaloriana, as crianças
podem negar legalmente os pais que as envergonham, mas isso é raro. Os
meus filhos foram embora com a mãe quando nos separamos, e quando eu
desapareci em Kamino e eles não conseguiram me localizar, eles me
declararam dar'buir. Não mais pai.
— Oh, céus. Oh, me desculpe. — Etain sabia o quão sério isso seria para
um Mando'ad. — Você descobriu isso quando deixou Kamino?
— Não. Jango trouxe a notícia de que eles estavam procurando por
mim... quatro anos depois? Talvez três? Eu esqueço. Dois filhos e uma
filha. Tor, Ijaat e Ruusaan.
— Por que eles estavam procurando por você?
— Minha ex-esposa morreu. Eles queriam que eu soubesse.
— Ah...
— É.
— Mas você poderia ter dito a eles onde você estava na época. Jango
poderia ter falado com eles.
— E?
— Você poderia ter feito as pazes com eles.
— E?
— Kal, você poderia ter explicado a eles de alguma forma e parado isso.
— E revelar que tínhamos um exército em treinamento? E comprometer
a segurança dos meus rapazes? Nunca. E nem uma palavra para nenhum
dos garotos, ouviu? É a única coisa que eu sempre escondi deles.
Ele tinha sacrificado o seu bom nome e a última possibilidade do amor e
perdão de sua família pelos homens que estava treinando. Isso bateu forte
no peito de Etain como um golpe.
Virou-se para Vau.
— Você vê os seus homens como filhos?
— Claro que sim. Eu não tenho outros. É por isso que fiz deles
sobreviventes. Não acho que não os ame só porque não os mimo como
crianças.
— Lá vamos nós. — disse Skirata, todo cheio de desprezo. — Ele vai lhe
dizer que o pai dele bateu no osik nele e isso fez dele um homem. Nunca fez
mal a ele, não senhor.
— Eu perdi apenas três homens do meu lote, Kal. Isso diz muito sobre os
meus métodos.
— Então eu perdi quatorze. Você fazendo cena?
— Você deixou os seus suaves. Eles não têm esse limite assassino.
— Não, eu não brutalizei os meus, como você fez com os seus, seu
hut’uun.
Etain se colocou entre eles, com os braços estendidos, pedaços de
conversas antigas se encaixando com uma clareza terrível. O strill começou
a rosnar e foi ao chão para andar de maneira protetora na frente de Vau.
Era tão bom que as portas do quarto estavam fechadas.
— Por favor, parem com isso. Não queremos que os homens os ouçam
brigando agora, não é? Como Niner diz, guardem para o inimigo.
Skirata virou a cabeça com aquele repentino foco total que fez Etain
experimentar uma onda na Força. Mas não foi a reação de raiva de um
homem que foi atingido por uma observação dolorosa. Era uma angústia
genuína. Ele olhou paro Mird como se estivesse pensando em dar um bom
chute nele, depois mancou para a plataforma de pouso.
— Não faça isso com ele. — ela disse a Vau. — Por favor. Não.
Vau simplesmente deu de ombros e pegou o enorme strill em seus braços
como se fosse um filhote, que lambeu o seu rosto com adoração.
— Você pode lutar frio como gelo ou como fogo em brasa. Kal luta com
calor. É a fraqueza dele.
— Você parece um velho Mestre meu. — disse Etain, e saiu para a
plataforma depois de Skirata.
As vias aéreas de Coruscant se estendiam acima e abaixo deles, dando
uma ilusão de infinito. Etain se apoiou no trilho de segurança com a cabeça
nivelada com a de Skirata enquanto eles olhavam pra baixo. Procurou o
rosto dele.
— Kal, se você gostaria que eu fizesse algo sobre Vau...
Ele balançou a cabeça rapidamente, com os olhos ainda abatidos.
— Obrigado, ad'ika, mas eu posso lidar com esse monte de osik.
— Nunca deixe um valentão te manipular.
A mandíbula de Skirata trabalhou silenciosamente.
— Eu sou o culpado.
— Do quê?
— De enviar garotos para a morte.
— Kal, não faça isso consigo mesmo.
— Peguei os créditos, não peguei? Jango assobiou e eu vim correndo. Eu
os treinei desde garotos. Garotinhos. Oito, nove anos de nada além de
treinamento e luta. Sem passado, sem infância, sem futuro.
— Kal...
— Eles não saem. Eles não ficam bêbados. Eles não correm atrás de
mulheres. Nós os perfuramos e os medicamos e os conduzimos de uma
batalha para a outra sem um dia de folga, sem descanso, sem diversão, e
depois os raspamos do campo de batalha e enviamos os que restaram para a
frente de combate.
— E você ao lado deles. Você deu a eles uma herança e uma família.
— Eu sou tão ruim quanto Vau.
— Se você não estivesse lá, o seu lugar seria ocupado por outro como
ele. Você deu aos seus homens respeito e carinho.
Skirata soltou um longo suspiro e cruzou as mãos, com os cotovelos
ainda apoiados no parapeito da varanda. Uma buzina de speeder tocou bem
abaixo deles.
— Sabe de uma coisa? Exercícios de tiro ao vivo. Eles começaram aos
cinco anos em seu desenvolvimento. Isso significa que enviei garotos de
dez anos para morrer. E onze e doze, e até o momento em que se tornaram
homens. Perdi quatro do meu lote em acidentes de treinamento e... alguns
deles caíram por minha causa, do meu rifle, do meu realismo. Pense nisso.
— Ouvi dizer que isso acontece em qualquer exército.
— Então me faça a pergunta. Por que eu nunca disse, uau, chega? Eu
tive alguns pensamentos desagradáveis sobre você, ad'ika, por que o seu
tipo nunca se recusou a liderar um exército de escravos. E então pensei,
Kal, seu hut’uun, você é igual a ela. Você nunca se levantou contra isso.
— Seus soldados te adoram.
Skirata fechou os olhos e em seguida apertou-os com força por um
momento.
— Você acha que isso me faz sentir melhor? Esse strill fedorento ama o
Vau. Monstros são amados irracionalmente o tempo todo.
Etain se perguntou se deveria acalmá-lo influenciando judiciosamente
sua mente para que ele não se sentisse culpado. Mas Skirata era seu próprio
homem, perspicaz o suficiente para detectar sua influência mental e afastar
sua manipulação. Se ela pedisse a sua cooperação... não, Skirata nunca
seguiria o caminho mais fácil. Não tinha nenhum conforto para oferecer a
ele que não pioraria as coisas.
Isso fazia parte de sua coragem única e atraente. A sua primeira
impressão foi de que ele seria um homem cuja aparência exterior era
simplesmente de um machismo envergonhado. Mas Skirata não tinha
vergonha de suas emoções. Ele tinha a coragem de usar o coração na
manga. Provavelmente foi o que o tornou ainda mais eficaz em matar: ele
podia amar tanto quanto podia socar.
Força, pare de me lembrar. Dualidade. Eu sei. Eu sei que você não pode
ter luz sem escuridão.
As suas lutas espirituais eram irrelevantes agora. Estava carregando o
filho de Darman. Queria contar a ele e sabia que tinha que esperar.
— Você os ama, Kal, e o amor nunca está errado.
— Sim, eu amo. — O seu rosto duro e marcado era um ícone de
sinceridade apaixonada. — Todos eles. Comecei com cento e quatro
aprendizes, mais os meus rapazes Nulos, e agora tenho noventa comandos
restantes. Dizem que os pais nunca devem sobreviver aos filhos. Mas estou
sobrevivendo a todos e suponho que o castigo me sirva bem. Eu fui um
péssimo pai.
— Mas...
— Não. — Ele levantou a mão para detê-la, e ela fez uma pausa. Skirata
era uma autoridade benigna, mas absoluta. — Não é o que você pensa. Não
estou usando esses rapazes para salvar minha consciência. Eles merecem
coisa melhor que isso. Estou apenas usando o que aprendi... para eles.
— Isso importa, desde que sejam amados?
— Sim. Preciso saber que me preocupo com eles por quem são, ou os
terei consignado a serem coisas novamente. Somos Mandalorianos. Um
Mandaloriano não é apenas um guerreiro, sabe. Ele é pai, e é filho, e a sua
família é importante. Aqueles garotos merecem um pai. Eles também
merecem filhos e filhas, mas isso não vai acontecer. Mas eles podem ser
filhos, e as duas coisas que você tem o dever de ensinar a seus filhos são a
autoconfiança e que você daria sua vida por eles. — Skirata apoiou-se nos
braços cruzados e olhou novamente para o abismo nebuloso. — E eu daria,
Etain. Eu daria. E eu deveria ter tido esse grau de convicção quando
comecei essa triste bagunça com Kamino.
— E saído? E os deixado assim? Porque isso não teria mudado nem um
pouco o programa de clones, mesmo que isso te fizesse sentir como se
tivesse tomado uma posição corajosa.
— É assim que você se sente?
— Que perseguir e se recusar a liderá-los é mais para meu conforto do
que o deles?
Ele abaixou a cabeça nos braços cruzados por um momento.
— Bem, isso responde à minha pergunta.
Como Jedi, Etain nunca conheceu um pai de verdade mais do que um
clone, mas naquele momento sabia exatamente quem ela queria que ele
fosse. Aproximou-se de Skirata para deixar o braço cair no ombro dele e
descansou a cabeça na dele. Uma lágrima brotou no canto enrugado do olho
dele e depois rolou por sua bochecha, e ela a enxugou com a manga. Ele
conseguiu sorrir, apesar de manter o olhar fixo no tráfego bem abaixo.
— Você é um bom homem e um bom pai. — disse ela. — Nunca deve
duvidar disso por um momento. Seus homens não duvidam, e eu também
não.
— Bem, eu não era um bom pai até que eles me tornaram um.
Mas agora ele também seria um avô; e sabia que isso o deixaria
encantado. Havia devolvido a Darman o futuro dele. Fechou os olhos e
saboreou a nova vida dentro dela, forte, estranha e maravilhosa.
Refúgio do Qibbu, bar principal, 1800 horas, 385 dias após Geonosis

Ordo abriu um espaço pra si na mesa do bar entre Niner e Chefe e


serviu-se do frasco de suco.
Corr estava mostrando a Scorch um truque perigoso com uma
vibrolâmina que exigia reflexos relâmpago para retirar a mão antes que a
lâmina batesse na superfície da mesa. Scorch parecia cauteloso.
— Mas sua mão é de metal, seu di’kut trapaceiro. — ele disse. — Eu
sangro.
— Yaaah, ciumento! — Corr zombou. A lâmina dele raspou o dedo de
Scorch e entrou na mesa com aplausos de Jusik e Darman. — Vocês
Garotos Brilhantes sempre nos invejaram, latas de carne.
Os dois esquadrões pareciam de bom humor, bom o suficiente para
contar piadas longas e elaboradas, sem a habitual vantagem competitiva da
bravata entre Sev e Fi. Eles tinham uma tarefa a completar em trinta horas e
ela parecia tê-los deixado completamente focados, apagando todos os
limites de esquadrão. Isso era o que Ordo esperava. Eles eram profissionais;
profissionais colocam o trabalho em primeiro lugar. Uma coisa a menos pra
matar você.
Mas agora eles estavam se divertindo. Ordo suspeitava que era a
primeira vez que eles baixavam a guarda em um ambiente como esse,
porque certamente era a primeira vez para ele. Skirata parecia tão feliz
como jamais o vira. E Jusik estava sentado entre eles, vestindo, de todas as
coisas, um peitoral da armadura Mandaloriana sob o paletó.
— Nós demos isso de presente ao Bard'ika como uma lembrança. —
disse Skirata, batendo com os nós dos dedos no prato. — No caso de não
conseguirmos ter um jantar chique.
Caso alguns de nós estejam mortos até o final de amanhã.
Era isso que queria dizer, e todos sabiam disso. Eles viviam com isso.
Parecia mais pungente agora, por saber que um raro vínculo havia sido
formado entre camaradas improváveis: dois Jedi que admitiram
abertamente que lutavam com as disciplinas do apego... e Ordo agora tinha
certeza de que entendia isso... e um saco muito misto de soldados clone do
capitão ao trooper que abandonou o posto para responder a um sargento que
não respondia a ninguém.
Fi, com o seu talento extraordinário para detectar um bom humor, ergueu
o copo.
— Ao Sicko.
A menção do nome do piloto trouxe reverência instantânea à mesa
barulhenta.
— Ao Sicko. — eles coroaram.
Não havia motivo para lamentar: acertar as contas com os Separatistas
era um uso muito mais produtivo de sua energia. Jusik piscou para Ordo,
claramente feliz de uma maneira que ia além do riso barulhento em um bar
lotado. Qualquer que fosse o fosso de serenidade e separação que cercava
homens como Zey, o de Jusik havia desaparecido, se é que ele já o tivera.
Ele estava ousando se sentir parte de um grupo de homens muito unidos.
Qualquer que fosse a irmandade dentro da Ordem Jedi, não parecia ser
assim.
Mereel, com o cabelo lavado até o preto natural, estava agora em uma
corte e recitando uma lista surpreendente de obscenidades em quarenta
idiomas diferentes. Até agora, ele não se repetira nenhuma vez. Fi estava
dobrado sobre a mesa, rugindo de tanto rir.
Até Niner estava gostando, contribuindo com a palavra estranha em
Huttês.
— É bom saber que as suas habilidades linguísticas avançadas foram
dedicadas a algo útil.
— Urpghurit. — disse Mereel, impassível.
— Nojento. — disse Fi.
— Baay shfat.
— O que isso significa?
Mereel sussurrou uma tradução no ouvido de Fi e o seu queixo caiu
levemente. Mereel franziu a testa.
— Não me diga que nunca ouviu isso.
— Fomos criados para ser educados. — disse Fi, claramente horrorizado.
— Hutts realmente podem fazer isso?
— É melhor você acreditar.
— Não tenho certeza se gosto da sociedade civil. — disse Fi. — Acho
que me sinto mais seguro sob o fogo.
Vindo de Fi, normalmente teria sido uma piada. Mas, como todas as suas
piadas, a realidade amarga não estava muito abaixo. Fi não se ajustava
normalmente ao mundo exterior. Houve um momento de silêncio enquanto
a realidade se instalava em todos eles.
— Eu vou atirar em você e animá-lo, então. — Sev disse de repente.
Todo mundo riu de novo. Darman esvaziou o copo e se levantou para ir
embora. Scorch jogou uma noz de warra nele com uma precisão
impressionante, e ela ricocheteou em sua cabeça.
— Onde você vai, Dar?
— Vou sair para calibrar o meu DC.
Houve mais risadas estridentes. Darman não parecia divertido. Deu de
ombros e caminhou na direção do elevador através de uma multidão de
homens da Quadragésima Primeira Elite que ia embarcar em poucos dias.
Pelo menos eles tinham algo que poucos troopers jamais teriam: duas
semanas sem lutar. Eles não pareciam estar gostando, no entanto. Kal'buir
disse que era o que acontecia quando você deixava alguém sair da prisão
após uma longa sentença. Eles não se encaixavam e não sabiam como viver
fora de uma cela ou sem uma rotina familiar.
Eu sei, no entanto. E Fi quer saber.
— Não fale sobre a Etain, filho. — disse Skirata.
Scorch parecia cauteloso.
— Ele não está violando nenhum regulamento, está?
— Acho que não, mas ela está.
A melhor coisa era não pensar.
— O que acontece conosco quando a guerra acabar? — Corr perguntou.
Mereel sorriu.
— Você terá o agradecimento de uma República agradecida. Agora,
quem pode adivinhar o que essa palavra em Ubês significa?
Ordo olhou para Skirata, que ergueu o copo. Atin veio tomar o lugar de
Darman à mesa com a Twi'lek Laseema no braço: o homem obviamente não
era tão tímido quanto parecia. Exceto por Vau e Etain, toda a equipe de
ataque se reunira ali, e havia uma sensação de que um vínculo importante
havia sido criado. Também pareceu muito decisivo.
— Você e Mereel estão tramando algo. — disse Skirata. — Eu posso
sentir.
— Ele tem novidades, Kal'buir. — disse Ordo.
— Ah.
Deveria contar agora? Pensou que isso poderia distraí-lo demais. Mas
não precisava fornecer detalhes. Isso daria a Kal'buir coragem para o que
estava por vir.
— Ele localizou para onde a nossa amiga em comum fugiu
imediatamente após a batalha.
Não havia necessidade de dizer que a amiga era a cientista Kaminoana
Ko Sai, a chefe do programa de clonagem, ou que ela desapareceu após a
Batalha de Kamino. A caçada, que era assunto particular, não da República,
embora o Grande Exército pagasse a conta, muitas vezes era reduzida a
apenas duas palavras: Alguma notícia?
E se algum de seus outros irmãos Prudii, Aden, Kom'tk, Jaing
encontrasse algo também, Skirata seria informado. Eles poderiam estar
realizando missões de inteligência para a República, mas o seu verdadeiro
foco era encontrar elementos da tecnologia de clonagem Kaminoana às
quais apenas Ko Sai tinha acesso.
O rosto de Skirata se iluminou. Pareceu apagar todos os vincos e
cicatrizes por alguns momentos.
— É isso que eu quero ouvir. — ele disse suavemente. — Vocês terão
um futuro, todos vocês. Eu juro.
Jusik observava-o com interesse. Não havia sentido em tentar esconder
algo de natureza emocional de um Jedi tão sensível à Força viva quanto
Jusik e Etain, mas era improvável que Skirata tivesse compartilhado esse
segredo com ele. Ele nem havia contado aos seus esquadrões de comando.
Era uma missão muito frágil; era mais seguro para todos eles não saberem
por enquanto.
Jusik levantou o copo. Era apenas suco. Ninguém beberia antes de uma
missão se tivesse algum bom senso. O álcool provou não ser uma grande
preocupação para os comandos de qualquer maneira: e, o que quer que
tenha sido divulgado, a única concessão de Kal'buir ao álcool era um copo
de tihaar de fogo incolor à noite para tentar dormir. Ele achava o sono cada
vez mais esquivo à medida que os anos de treinamento progrediam em
Kamino e a sua consciência o despedaçava parte por parte.
Ele dormiria bem sem isso esta noite, mesmo que estivesse em uma
cadeira.
— Esta é uma notícia muito, muito boa. — disse Skirata, um homem
mudado no momento. — Atrevo-me a dizer que é um bom presságio.
Eles beberam, brincaram e discutiram sobre os xingamentos dos Hutts. E
então o comunicador de Skirata tocou, e ele respondeu discretamente, com
a cabeça abaixada. Ordo simplesmente o ouviu dizer:
— Agora? Você está falando sério?
— O que foi? — Ordo disse. Mereel também parou no meio do
xingamento, e a mesa ficou em silêncio.
— É o nosso cliente. — disse Skirata, com a mandíbula tensa
novamente. — Eles encontraram um pequeno obstáculo. Eles precisam se
mudar hoje à noite. Não há preparação, ad’ike... temos que estar prontos em
três horas.
CAPÍTULO 20
Sabe aquela coisa que os sargentos sempre deveriam gritar com novos recrutas? "Eu sou a
sua mãe! Eu sou o seu pai!" Bem, o que você faz quando isso é verdade? Kal Skirata era tudo o
que eles tinham. E os troopers não tinham ninguém. Como você pode esperar que esses garotos
cresçam normais?
— Capitão Jaller Obrim, à esposa durante o jantar

Casa operacional, Refúgio do Qibbu, 1935 horas, 385 dias após


Geonosis: toda a equipe de ataque pronta para implantar

ntão, qual é o seu problema shabla, Perrive? — Skirata conduziu


—E a conversa com o comunicador de pulso apoiado na mesa
enquanto colocava a armadura Mando. Ordo estava fora do alcance do
microfone do comunicador, segurando Obrim na linha por meio de seu
próprio comunicador. — Pé frio? Não é possível obter o financiamento? O
que é, exatamente?
Skirata não precisava fingir estar com raiva. Ele estava. Todos na equipe
estavam acostumados a trabalhar em tempo real, mas todo o planejamento,
o posicionamento cuidadoso para eliminar o número máximo de corpos,
agora oscilava à beira do desastre. Ao seu redor, Delta e Ômega estavam
armados em plena ordem de combate: equipamento de Katarn com DC-17,
granadas, linhas de rapel, munição de entrada rápida e um lançador de
foguetes Plex por esquadrão.
Por um momento, ficou inquieto ao ver Ômega e Vau, ambos de
armadura negra. Mas eles são meus. Eles são o meu esquadrão. Renovou
sua concentração na voz de Perrive.
— Um dos nossos colegas foi pego pela polícia. — O sotaque Jabiimi de
Perrive estava muito perceptível agora. Era uma indicação de estresse. E
isso era encorajador a nível animal para um mercenário. Skirata gesticulou
freneticamente para Ordo, mas a sua cabeça já estava abaixada, com o
queixo enfiado no peito enquanto transmitia as informações para Obrim. —
Precisamos mudar a nossa operação.
— E você quer que eu dê uma passada com as compras quando você está
com a FSC rastejando sobre você? Eu ainda sou procurado por sete
assassinatos por contrato na cidade.
Ordo fez um sinal de espera: mão no nível dos ombros, dedos abertos.
Perrive engoliu audivelmente.
— Eles não estão rastejando sobre nós, como você diz. Um homem foi
preso. Ele pode ser um elo fraco.
Verifique isso com Obrim.
— Onde? É melhor não estar no meu quintal.
— Setor Industrial, parou para uma atualização de canhão ilegal para o
seu speeder.
Ordo assentiu uma vez e depois deu um sinal de positivo. Confirmado.
Skirata sentiu seus ombros relaxarem imediatamente.
— Me chame de desconfiado, mas da última vez que alguém fez isso
comigo, não estavam planejando pagar. Vocês não estão cumprindo o nosso
cronograma.
— Receio que seja só uma boa confusão à moda antiga.
— Estarei na sua localização às 22 horas, então. Mas você não se
importa se eu trouxer alguns de meus colegas apenas para estar do lado
seguro.
— Aí não. Temos problemas de transporte.
— O que isso significa?
— Significa que precisamos mover as nossas naves para algum lugar
seguro. Traga a remessa para nós na nossa pista de desembarque e carregue-
a diretamente.
Scorch parou na frente de Skirata com uma expressão de deleite juvenil,
como o homem jamais conseguiria. Ele murmurou CoruFresh pra ele.
Qualquer bom mercenário podia ler lábios, porque se não estivesse surdo
por uma longa exposição a tiros, não conseguiria ouvir uma palavra em
batalha de qualquer maneira.
— Eu preciso de uma localização.
— Temos algumas embarcações instaladas no setor comercial no
Quadrante F-setenta e seis.
Skirata observou Scorch apertar os dois punhos e puxar os cotovelos
com força para os lados em um gesto de triunfo total e silencioso. Eles
estavam indo para pelo menos um local em que haviam feito um
reconhecimento completo.
— Preciso de coordenadas e preciso saber exatamente o que posso
esperar quando aparecer, para saber que não estou entrando em um comitê
de boas-vindas da FSC.
— Você realmente tem um registro, não é? — disse Perrive.
— Não é por isso que você está fazendo negócios comigo?
— Muito bem. Seis caminhões velozes com a marca CoruFresh e quatro
airspeeders com passageiros: dois Koros, dois J-12 personalizados.
— Para cem quilos de térmicos? Eu posso carregar isso com o meu
sobrinho em duas sacolas de compras, chakaar.
— Você não é nosso único fornecedor de equipamentos, Mando. E eu
tenho pessoal para mover. Eu sei que você não liga, mas somos soldados e
temos um código de honra. Queremos as mercadorias pelo preço acordado.
Sem armadilhas.
Skirata fez uma pausa para o efeito.
— Então, eu te encontro lá.
— Não, será a minha substituta. A mulher que você viu na nossa reunião
anterior. Estou me movendo por outra rota.
— Transmita as coordenadas agora e começaremos a fazer as malas.
— Os seus créditos estarão na conta que você especificou em vinte e um
e cinquenta.
— Prazer em fazer negócios. Mas, no momento em que virmos os
blasters da FSC ou até mesmo um vislumbre de uniforme azul, estamos
fora.
Skirata fechou o comunicador e por um momento houve um silêncio
absoluto em uma sala cheia de quinze corpos quentes, ansiosos e cheios de
adrenalina. Então houve um grito coletivo alto de satisfação. Até Etain se
juntou e Skirata não a conhecia por suas demonstrações selvagens de
entusiasmo.
— Então, nem tudo estava perdido, vode. — disse Vau. Lorde Mirdalan
estava frenético, pulando nas patas dianteiras enquanto as outras quatro
riscavam o tapete esfarrapado. A adrenalina excitava os strills e os deixava
ansiosos para caçar. — Plano B. Desative as naves e guarde os ocupantes.
— Desativar. — disse Scorch.
— Força mínima necessária para fazer o trabalho. Lembre-se que
estamos em uma cidade.
— Holográfico. — disse Ordo. — Ainda estou com Obrim neste link.
Relatório de situação rápido, pessoal.
Eles se agruparam ao redor de Corr, que estava agrupando as linhas
vermelhas em movimento e os pontos de luz com entusiasmo silencioso.
Rapaz metódico e calmo. Ele precisaria estar no depósito de bombas.
— Eles estão ficando em todos as matizes de loucura aqui e aqui. —
Deu um zoom na holoimagem e indicou as duas massas emaranhadas de
linhas vermelhas como bolas de fio soltas, ambas no setor de varejo do
Quadrante B-85, onde Fi havia realizado a vigilância de Vinna Jiss. Isso
sugeria que os suspeitos identificados tinham feito muitos movimentos
repetidos. — Eu diria que eles estão trocando o kit manualmente. Muito
disso em dois locais. Mas os dois apartamentos nos quais o Capitão Ordo
fez o reconhecimento estão totalmente mortos há horas. Eles foram embora.
Skirata sabia o que faria na posição deles. Ele montaria o equipamento
que tinha, moveria-o discretamente para um ponto central e depois o
enviaria. Ele não enviaria um caminhão repulsor grande e conspícuo para
buscar em uma dúzia de locais.
— Tudo sai pelas naves na pista de pouso. — disse ele.
— De acordo. — Ordo e Mereel assentiram.
Scorch apenas sorriu.
De repente, um ponto de luz vermelho se moveu da localização da casa
no setor bancário onde Skirata conhecera Perrive. Eles observaram o
movimento rápido: alguém havia saído de casa em alta velocidade.
— Holocâmera. — disse Skirata.
Ordo reproduziu a imagem remota pelo emissor da luva. Um speeder
decolara do telhado.
— Aposto que era o Perrive saindo. — disse Vau.
Skirata sabia que eles perderiam alguns dos principais jogadores, mas
isso significava causar o maior impacto possível nas fileiras de terror dos
Separatista.
— Pena. Talvez possamos alcançá-lo mais tarde.
Fi estendeu a palma da mão com um detonador remoto.
— Se ele estiver pilotando aquele speeder verde...
— O que eles me levaram?
— Sim.
— Fi...
— Você pode explodir quando quiser, Sargento. — Os comandos
voltaram a chamá-lo de Sargento. Pareceu ter acontecido quando eles
vestiram a armadura novamente. — Coloquei uma grande surpresa
agradável na entrada de ar dele ontem à noite.
— Eu estava naquele speeder.
— Eu sei. Inteligente, não é?
Skirata pegou o detonador e se certificou que estava desativado antes de
colocá-lo no bolso.
— Ord'ika, deixe-me falar com Jaller. — Ele estendeu a mão para o
comunicador para Obrim. — O seu pessoal pode cobrir os locais que lhe
demos?
A voz de Obrim estava rouca de tensão.
— Estamos retirando as pessoas dos turnos agora. Estamos
sincronizando isso por vinte e duzentos, não é?
— Correto. Vou colocá-lo no meu comunicador para a duração, mas não
fale comigo a menos que seja crítico. Fora isso, fique longe das
coordenadas da área que transmitiremos a você e finja que nunca existimos.
— Desculpe pela prisão, não foi a minha equipe. Receio que tenha sido
uma parada de controle rotineiro de armas de fogo.
— Pelo menos os fez fugir. Eles ficam vulneráveis quando fogem.
— Falo com você em doze horas se tudo correr bem, então. O próximo
café da manhã é com você, lembra?
— Tome cuidado também, amigo.
O emaranhado de possibilidades e riscos na mente de Skirata se tornou
claro. As duas partes principais da operação estavam agora tão definidas
quanto possível: o ataque sincronizado contra alvos terroristas de menor
prioridade pela FSC, e a interceptação de um número não especificado de
jogadores-chave na pista de pouso, junto com as suas naves.
— Lembre-se, vode. Sem prisioneiros. — Skirata pegou seu kit médico e
preparou uma seringa de analgésico descartável. Então ele puxou o couro
macio da bota esquerda e apunhalou a agulha profundamente no tornozelo.
A dor fez seus músculos tremerem, mas cerrou os dentes e deixou passar.
Essa noite não poderia ser desacelerada mancando. — Atire para matar.
Quatorze homens e uma mulher para matar talvez vinte terroristas. Uso
muito caro de mão de obra em comparação às taxas de morte de droides.
Mas vale a pena.
Ainda havia mais alguns alvos vagando por aí, aqueles que nem sequer
haviam marcado. Mas quando se tratava de destruir uma pequena
organização como um grupo de células terroristas, remover uma célula
como essa teria um impacto enorme. Isso os desacelerava. Isso os atrasava
enquanto eles recrutavam, reorganizavam e treinavam novamente.
Mesmo alguns meses faziam toda a diferença nesta guerra.
— Walon. — disse ele. — Pegue um dos meus rifles Verpine hoje à
noite. Pode ser útil.
— Estou agradecido, Kal.
— Certo, vode. Este é agora o comando do Capitão Ordo como oficial de
patente, mesmo que não tenhamos nenhuma patente no momento.
Skirata balançou os braços com toda a amplitude de movimento para
verificar o ajuste de sua armadura, o traje de areia-ouro que seu pai adotivo
Munin havia lhe dado. Colocou a sua faca, a faca que havia recuperado do
corpo morto de seu pai de verdade, na manga direita, com a mão na parte
superior. Mal conseguia se lembrar de seus pais ou mesmo de seu nome
original, mas Munin Skirata era tão vívido quanto a vida e ainda estava com
ele todos os dias, um dos preciosos caídos cujos nomes recitava todas as
noites.
Bateu as manoplas contra a placa do peito para se livrar das memórias.
Os dois esquadrões saltaram.
Lorde Mirdalan, com o queixo trêmulo, jogou a cabeça para trás e soltou
um uivo longo, baixo e gemido. Os preparativos haviam transformado a
aventura em um frenesi de caça. Podia ver o seu mestre com toda a
armadura Mandaloriana, e cheirava e ouvia homens que estavam tensos e
prontos para lutar. Todos os seus instintos e treinamento diziam caçar,
caçar, caçar.
E Vau estendeu a mão enluvada para Atin. Surpreendentemente, Atin a
pegou. Não havia nada além da batalha em mente agora. Todos estavam
guardando para o inimigo.
Skirata sentiu a emoção visceral apertar a sua garganta e estômago. Fazia
muitos anos desde que vestira essa armadura para lutar.
— Buy'cese! — ele disse. Colocar capacetes!
Era, ele sabia, uma visão que poucos acreditariam: Walon Vau e um
Cavaleiro Jedi, ambos com armadura Mandaloriana completa, e os
Comandos da República, Troopers CRA, e um clone trooper em ordem de
combate, tão intimamente modelado naquela armadura que ele vestira em si
próprio que pareciam como um exército unido. Ele pôs o próprio capacete
antes que alguém notasse as lágrimas em seus olhos.
— Eu deveria ter feito um holo disso. — disse Corr.
Etain estava entre eles, incongruentemente frágil.
— Eu poderia ter lhe emprestado a minha armadura do Hokan, General.
— disse Fi. — Só de um proprietário descuidado.
Etain levantou a túnica para revelar placas de armadura.
— Eu não sou idiota. — Então ela pegou dois sabres de luz. Skirata
estremeceu. — Meu e do Mestre Fuller. Ele teria gostado de uma luta como
essa.
Não era ela mesma naquela noite, se seu eu habitual fosse aquela alma
preocupada, desajeitada, mas tenaz que achava tão difícil ser uma Jedi.
Estava completamente viva. Darman parecia ser capaz de lançar faíscas
sobre ela. Skirata esperava que fizesse o mesmo por ele.
Vau estendeu o braço para sinalizar para o strill correr à frente.
— Oya! Oya! — Vamos caçar! — Oya, Mird!
O strill latiu no alto de sua voz e disparou pelas portas da plataforma de
desembarque.
Ordo virou-se para a equipe de ataque.
— Oya! Oya, vode!
Foi elétrico. Isso nunca havia acontecido antes e provavelmente nunca
aconteceria novamente.
E eles foram caçar.
CAPÍTULO 21
Buy'ce gal, buy'ce tal
Vebor'ad ures alit
Mhi draar baat'i meg'paijii’se
Kote lo’shebs‘ul narit
Uma caneca de cerveja, uma caneca de sangue.
Compra homens sem nome.
Nós nunca nos importamos com quem vence a guerra.
Então você pode manter a sua fama.
— Canto popular de mercenários Mandalorianos, tradução aproximada, editada pela
linguagem forte

Área de desembarque, divisão de distribuição da CoruFresh


Produtos Agrícolas, Quadrante F-76, 2035 horas, 385 dias após
Geonosis

depósito de distribuição de produtos era tão familiar quanto o Quartel


O Arca agora. Tudo estava como as imagens do holográfico e da
holocâmera haviam mostrado, embora algumas das naves tenham sido
movidas na última hora. Ordo correu um pequeno risco e voou com o
speeder sobre a pista de pouso da CoruFresh a uma altura cautelosa, apenas
para garantir. O depósito era um lago de luz branca forte pontilhada de
droides carregadores, caminhões e uma variedade de speeders. Havia mais
embarcações estacionadas ali do que Perrive havia dito. Provavelmente
eram transportes legítimos que não traziam nada mais mortal que frutas.
— Acho que a CoruFresh pode ficar irritada com os danos à frota deles
pela manhã. — disse Ordo.
— Isso é problema deles por não serem muito exigentes com a empresa
que mantêm. — Sev segurava um dos rifles Verpine no cinto. Ele pareceu
levar o aviso de Skirata sobre dobrar qualquer um que dobrasse seu
equipamento literalmente. — Eles devem ser financiados pelas próprias
gangues.
— Vamos fazer um favor à FSC, então.
Sempre era um desafio inserir equipes em um local movimentado. Dados
do tráfego aéreo diziam que a faixa registrava uma média de 120 caminhões
e elevadores de carga passando pela faixa a cada vinte e quatro horas; 2000
a 2300 horas parecia ser o período em que quase se desligava
completamente. Provavelmente foi por isso que os Separatistas escolheram
o horário de 2200 para Skirata entregar os explosivos. Eles estariam
carregados e teriam partido quando as entregas noturnas começarem
novamente às 2300.
Se as equipes tivessem ido mais cedo, precisariam evitar muitas pessoas
e droides.
— Você já atacou um alvo urbano antes? — Disse Sev.
— Sim. N'dian. Já ouviu falar?
Sev fez uma pausa para verificar o banco de dados da Tela Visualização
Frontal. Ordo podia ver o ícone piscando em seu própria Tela através do
comunicador compartilhado. Ele ouviu Sev engolir.
— Eu quis dizer um ataque em que você teve que deixar o local bem
intacto, senhor.
— Nesse caso, Sev, não. Será o primeiro.
— Eu também.
— Fico feliz em podermos compartilhar esse momento, então.
Ordo estacionou o airspeeder próximo à pequena subestação que
encaminhava as concessionárias para a área industrial onde ficava o
depósito CoruFresh. Um conduto de um metro de largura, transportando
canos e cabos, se estendia a vinte metros da subestação para cobrir uma
lacuna de quinhentos metros de profundidade. Essa era a rota deles.
— Tudo preparado? — Ordo colocou dois lançadores de mísseis Plex
contra seu canhão, um de cada lado.
— Sim, senhor.
— O ombro está bem?
— Fi tem uma boca grande.
— Fi sabe que preciso saber se algum membro da minha equipe está
comprometido por lesão.
— Estou bem, senhor.
Ordo cutucou-o.
— Oya, ner vod.
Ordo liderou o caminho através do canal, verificando o progresso de Sev
em sua Tela Visualização Frontal. Um homem que quase caiu para a morte
poderia ficar um pouco nervoso em alturas como essa. Mas Sev avançou
como se estivesse em terra firme, e eles deslizaram para a cobertura de
caixotes e contêineres na parede traseira do armazém.
— Ômega, estão em posição?
A voz de Niner estalou levemente no comunicador de Ordo.
— Estamos a 150 metros do perímetro, senhor. A sudeste da faixa, no
depósito de processamento.
— Alguma atividade nas naves estacionadas na borda leste da faixa?
— Tudo quieto, exceto os droides de manutenção. Dar enviou um
controle remoto de vigilância e todos os molhados estão agrupados nas
caixas móveis da entrada do armazém. Eles fizeram backup de dois
caminhões contra o compartimento de carga.
— Vamos nos posicionar no telhado, então.
O armazém era um prédio de um andar com um telhado plano
implacável, o que significava que qualquer um dos dois empilhadeiras
repulsoras do outro lado da área de desembarque notaria as tropas se
movendo. Era o único ponto de vista alto com vista para a área de pouso
iluminada por holofotes para direcionar o fogo e também para acertar
alguns alvos. Ordo decidiu que estava pedindo problemas para se posicionar
nas torres residenciais a quase mil metros de distância. Se eles acabassem
recebendo o fogo devolvido, haveria muitos civis mortos para explicar.
— Pra cima. — disse Ordo.
Sev disparou sua linha de rapel sobre o telhado e puxou-a para garantir
que estivesse segura. O pequeno guincho no cinto levava a maior parte do
seu peso, mas ele empurrou com as botas, parecendo quase como se
estivesse subindo a superfície vertical. Ordo esperou enquanto Sev rolava
sobre a borda do telhado, com o rifle Verpine na mão direita.
— Telhado limpo, senhor.
Ordo disparou a sua própria linha e deixou o guincho levantá-lo até que
ele pudesse alcançar o teto com a mão. Ele entregou a Sev os lançadores
Plex e puxou-se por cima para rastejar apoiado nos cotovelos e joelhos até
chegar perto da borda frontal do telhado.
Ambos abriram as miras nos visores ao mesmo tempo. Ordo viu a
mesma imagem repetida no ícone do ponto de vista de Sev, na margem da
sua Tela Visualização Frontal.
— Em um mundo ideal, poderíamos ter deixado uma carga
cronometrada naquele canal de serviço público e paralisado todo esse setor
antes de entrarmos. — disse Sev.
— E isso apenas anuncia o fato de que o Grande Exército esteve aqui.
Nós não existimos, lembra? Nós viramos bandidos.
— Só fantasiando.
A abordagem do livro didático era nocautear os dois iluminadores e
depois avançar. Mas o tempo era crítico. Skirata e Jusik precisavam fazer a
entrega de explosivos e depois ficarem livres antes da festa começar.
— Ômega, estamos em posição.
— Entendido. — Dessa vez foi a voz de Mereel.
— Ao meu sinal, apagaremos as duas luzes e forneceremos fogo de
cobertura enquanto vocês avançam do lado sul. Delta, qual é a sua
localização?
— Chefe aqui, senhor. Estaremos em posição atrás do armazém em dois
minutos. Atin e Fixer entrarão pela frente. Scorch e eu cobriremos o lado
norte da faixa.
Atin parecia ter entrado facilmente na brecha temporária deixada por
Sev. Não havia a menor sugestão em suas vozes de que seu ex-irmão não
era bem-vindo. Ordo supôs que, uma vez que você fosse um dos aprendizes
de Vau, podia voltar ao lote sem comentar quando havia um trabalho a ser
feito.
— Certo, vode. Agora vamos observar e esperar.
Mereel, Fi, Niner, Darman e Corr se agachavam na tampa de uma esteira
rolante do lado de fora do depósito de lixo, onde os droides coletavam o
conteúdo para compactação e descarte.
Fi fungou duvidosamente. Havia o distinto odor sulfuroso de vegetais
podres: inofensivo, ou o filtro de seu capacete nunca deixaria o aroma
passar, mas era nauseabundo. Ao sinal de Niner, eles correram dos caixotes
e desceram por um pilar no final da passarela que levava ao depósito da
CoruFresh.
— Vocês são muito brilhantes, vocês dois. — disse Niner, apontando o
polegar para Corr e Mereel, que estavam quase brilhando à luz do sinal
vermelho piscando de um bar caf. — Por que vocês não escrevem ATIRE EM
MIM AQUI nessa armadura branca di'kutla?
— Você confia demais nessas coisas pretas. — disse Mereel. — É uma
abordagem furtiva, sabe. — ele jogou um enorme Quad Blaster Merr-Sonn
em seu quadril e ligou o microrepulsor para suportar parte do seu peso.
Quatro enormes bocais de cano duplo estavam no corpo da arma. Tinha
oitenta centímetros de comprimento e parecia mais o canhão de defesa de
um cruzador. — Furtivo, e um bom Cip-Quad grande, é claro.
Fi deu um tapinha no ombro visivelmente branco de Corr.
— Os homens dele o seguirão em qualquer lugar, ner vod. Mas apenas
por curiosidade.
— Certo, fique curioso, então. — Mereel indicou a direção da pista de
pouso. — Eles moveram algumas das embarcações, então teremos que
cobrir um pouco de terreno aberto. Pelo menos a maioria das cabines está
voltada para o mesmo lado, para que possamos ter um ponto cego para
aproveitar.
Darman, com o rifle Verpine pendurado nas costas, ainda examinava o
outro item impressionante do excesso de poder de fogo da Merr-Sonn que
estava equilibrado em suas coxas, o Blaster Rotativo Z-6. Era quase tão
grande quanto o Cip-Quad. Ele parecia desconfiado e passou para Corr. —
Nós realmente dissemos que não haveria prisioneiros, não é, senhor?
— Não é exatamente uma arma de atirador, eu sei.
— Etain iria gostar disso. — disse Fi. — Um pouco mais elegante que o
Trannie LJ-50 dela.
Mereel bufou.
— A General pode ter o seu próprio rotativo. Esse é o meu bebê.
— É melhor que um buquê de flores, Dar...
— Ela já ligou, a propósito?
A voz de Ordo interrompeu. Não havia privacidade nessa frequência.
— Ela e Vau seguiram o rastro de Perrive até um apartamento na zona
três, Quadrante A-4. Eles estão o observando agora.
— Não é um bairro diplomático? — perguntou Mereel, cuja capacidade
de memorizar dados parecia tão ilimitada quanto a de seu irmão.
— Temo que sim. — disse Ordo. — Isso pode ficar interessante. Se
formos pra lá, estaremos em um nível totalmente novo de negabilidade.
Fi observou a cabeça de Darman baixar por um momento, mas não
houve nem um suspiro ou um bater de dentes. Ele voltou à sua posição de
alerta. Fi não tinha certeza se tinha medo pela segurança de Etain ou do que
ela poderia fazer, e não planejava perguntar.
— Vau não precisa desse strill quando tem uma Jedi com ele.
— Ele leva o Mird a todo canto. — disse Mereel. — Como os pais
Mando levam os seus filhos para a batalha.
— Se eu não soubesse que o Velho Psicopata era um caso de cabeça, eu
diria que era fofo. O que ele vai fazer?
— Você nunca viu um strill caçar, viu?
Mereel não disse outra palavra. Sinalizou para Niner avançar com um
movimento da mão e o esquadrão correu para o perímetro da pista de
pouso.
Setor diplomático, Quadrante A-4, 2145 horas, 385 dias após Geonosis

Etain estava na beira de uma torre de escritórios em frente ao elegante


prédio de apartamentos e percebeu exatamente o que operações negras
realmente significavam.
Vau estava ao lado dela. A saliência tinha cerca de 150 centímetros de
largura e a brisa a essa altura era perceptível até em Coruscant, com
controle climático.
— Qual é o problema? — Vau disse, com a sua voz levemente suavizada
pelo capacete Mando. — Não sabia o quão suja a política poderia ser? Que
diplomatas não são boas pessoas honestas? Que eles mantêm companhias
desagradáveis?
— Acho que já resolvi isso. — Ela sentiu o strill passar por suas pernas,
andando impacientemente para cima e para baixo na borda estreita. Parecia
não ter medo de altura. — Mas as consequências de perseguir o Perrive
naquele prédio vão muito além do assassinato de um terrorista.
— Vamos ter que fazê-lo sair, então.
— Ele pode ficar lá por semanas.
— Se ele está se escondendo, sim.
— Às vezes, acho difícil seguir você, Vau.
— Ele pode estar coletando algo ou alguém. Estava com pressa de ir
embora.
— Eu sinto que ele está sozinho. Não está procurando um colega.
Vau nivelou o alcance do Verpine, inclinado cerca de trinta graus. O strill
oscilou na beira da borda.
— Eu posso ver o Perrive. Sim, ele está sozinho. Está na frente das
portas da varanda... agora, isso é arrogante, meu amigo. Acha que ninguém
pode te ver, não é? Etain, quer dar uma olhada?
Vau entregou a ela o Verpine. Pegou-o nervosamente, ouvindo a
advertência constante de Skirata para cuidar da arma, e ficou surpresa com
a sensação leve e inofensiva. Olhou para a mira e sentiu Vau estender a mão
e mexer algo na óptica. Uma imagem diferente apareceu na visão,
levemente cor-de-rosa, de um homem vasculhando uma mesa e colando as
fichas de dados em seu pad, ativando-as e depois as extraindo e
descartando. Uma pálida mancha de luz brilhou em seu peito e depois em
suas costas quando ele se virou.
— O que você pode ver?
— Ele está carregando dados. — disse Etain.
— Ele está destruindo os arquivos de alguém. Eu disse.
— O que é a luz branca? As emissões EM da Poeira?
— Correto.
Etain devolveu o rifle.
— Esse datapad vai conter algum material interessante. Como podemos
pegá-lo?
— Do jeito antiquado. — Vau parecia estar sorrindo. Era difícil dizer sob
o capacete. — Vamos levá-lo para a varanda.
— Não tenho certeza se posso influenciar a mente dele nessa distância...
ou mesmo em qualquer lugar.
— Não precisa, minha querida. — Vau dobrou um pano com uma mão e
o colocou sob o tronco do Verpine no ponto em que tocava seu ombro
blindado. — Eu odeio um tiro em pé sem algo em que me apoiar, mas não
sou tão firme quanto o Mird, então não vou tentar me ajoelhar. — Ele se
inclinou um pouco com as costas contra a parede. — Mas este Verpine é
lindo. — Ele apoiou a mão no braço levantado. — É quase uma
metralhadora.
— Apenas me diga o que você vai fazer.
— Barulho na varanda para que ele saia.
— E se ele não sair?
— Então teremos que entrar e levá-lo da maneira mais difícil.
— Mas se você...
— Vamos levá-lo pra fora, se pudermos. — Vau fez uma pausa para
deixar passar um speeder. A estreita via aérea estava quase deserta. — A
maioria dos exércitos que acabei servindo não tinham noção de
planejamento prévio. Eu tenho que ser muito bom em soluções não-
ortodoxas.
Etain não pôde deixar de sentir os padrões da Força naquele momento.
Estar grávida parecia ter aumentado a sua sensibilidade à Força viva por
uma ordem de magnitude. Vau soava como uma piscina de absoluta calma
fria, quase as pegadas de um Mestre Jedi na Força. O strill parecia...
alienígena. Havia uma inteligência brilhante insondável e um coração
selvagem e alegre girando dentro dele. Se não fosse pelo rifle de Vau e
pelos dentes selvagens do strill, a dupla poderia parecer um homem pacífico
e seu filho feliz.
Sentia algo mais, que sentia constantemente agora: o padrão vívido e
complexo de seu filho ainda não nascido.
É um garoto.
Estou em uma beirada com milhares de metros de nada abaixo de mim.
E eu não estou com medo.
Parou de procurar Darman na Força. Isso podia distraí-lo em um
momento crítico. Simplesmente sentiu que ele estava seguro e confiante, e
isso era o suficiente.
— Você poderia sufocá-lo usando a Força? — Vau disse calmamente.
— O quê?
— Só perguntando. Muito conveniente.
— Eu nunca fui treinada para fazer isso.
— Pena. Todas essas excelentes habilidades de combate desperdiçadas.
Vau expirou audivelmente e fez uma pausa. Houve o menor movimento
na visão periférica dela quando ele apertou o gatilho, e um pequeno som
de snakkk ecoou quando uma nuvem de pedra vaporizada subiu brevemente
pelo canto da parede do apartamento.
— Ahh. — disse Vau. A mira do rifle ainda estava pressionada contra a
fenda ocular em o seu capacete preto. Ele parecia a própria imagem da
morte. Por mais que Etain tivesse crescido ao achar aquela armadura
tranquilizadora, não era menos intimidadora. — Agora, este não é um
homem acostumado a evitar assassinos profissionais. Observe com cuidado
e me diga o que sente.
Perrive parou nas portas transparentes que davam para a varanda e
enfiou o datapad dentro da túnica. Então pegou o seu blaster. Ele abriu as
portas por um metro, não mais, e ficou olhando ao redor, com o blaster
levantado, um pé ainda dentro do apartamento, outro na varanda.
Etain ouviu Vau expirar e, em seguida, a cabeça de Perrive se moveu pra
trás com uma breve pluma de sangue escuro, como se ele tivesse levado um
soco invisível. Ele caiu de braços abertos.
Morto. Foi-se. O que quer que tivesse sido Perrive agora se fora da
Força: sem dor, sem surpresa e de repente não estava lá.
Mird, o strill, olhava fixamente para o mestre, sem piscar, com a cauda
agitando na borda com entusiasmo. Começou a fazer pequenos barulhos de
choramingos do fundo da garganta.
— Eu tenho que conseguir um desses. — disse Vau, ainda
completamente calmo e satisfeito, olhando para o rifle Verpine. — Artesãos
de destaque, aqueles pequenos insectóides.
— Ele está morto.
— Eu acho que sim. O choque hidrostático gerado por um projétil
Verpine é substancial. Um tiro na cabeça limpo é kyr'am instantânea.
— Mas o datapad ainda está na túnica dele.
— Bom! — Ele virou-se para o strill e colocou o dedo nos lábios. —
Udesii, Mird... silêncio! K'uur!
O strill encarou seu rosto, os olhos dourados fixos nos dele, a cabeça
recuada um pouco nas dobras de pele solta, como um capuz. Seus gemidos
pararam abruptamente. Vau agachou-se e estendeu o braço como se
estivesse apontando, e fechou os dedos em punho.
— Oya. — ele sussurrou. — Encontre o aruetii! Encontre o traidor!
Mird se virou e cravou as suas garras na pedra. Etain assistiu, atordoada,
enquanto ele escalava a parede e seguia para a próxima saliência acima. O
strill pareceu entender o que foi dito, até os sinais manuais. Mas não tinha
ideia do que ele estava fazendo.
— Oya, Mird!
O strill equilibrou-se nas quatro patas traseiras e depois saltou para o
abismo.
— Oh céus...
E então Etain subitamente percebeu por que o strill parecia tão bizarro.
Ele abriu todas as seis pernas, e a pele feia e solta que fazia parecer uma
bagunça trêmula foi esticada pela pressão do ar abaixo. Ele planou sem
esforço em uma inclinação perfeita até a varanda oposta.
Vau tirou o capacete e limpou a testa. Seu rosto era um estudo de
completa admiração e... sim, amor.
— Mird inteligente. — ele murmurou. — Bebê esperto!
— É um planador!
— Animais extraordinários, os strills.
— Ele vai buscar o datapad?
Vau fez uma pausa. Etain podia ver um sorriso se formando em seus
lábios.
— Sim.
— É macho ou fêmea?
— Ambos. — disse Vau. — Mird está comigo desde que me juntei aos
Mandalorianos. Strills vivem muito mais tempo do que os seres humanos.
Quem cuidará dele quando eu estiver morto?
— Tenho certeza de que alguém vai valorizá-lo muito.
— Quero que ele seja cuidado, não valorizado.
Vau recolocou o capacete. Eles esperaram. Etain se esforçou para ver
quando o animal emergiu do apartamento, ela imaginou, com o datapad
preso nos dentes. Ou talvez tivesse mais surpresas reservadas, como uma
bolsa, como Jinart, a Gurlanin.
Olhou horrorizada.
Mird arrastou o corpo de Perrive para a varanda e estava preocupado
com isso. Acreditava que o animal estava tentando arrancar o datapad até o
momento em que ele se soltou com as suas enormes mandíbulas no ombro
do cadáver e o arrastou para o parapeito de segurança.
— O que ele está fazendo?
Vau riu. Mird equilibrou o corpo no parapeito como um saco de pedras,
balançou um pouco e depois se lançou no ar. Etain ficou impressionada com
sua capacidade de mover um homem que pesava pelo menos oitenta quilos,
mas não tão atordoada quanto quando viu a sua queda livre se transformar
em uma subida vertical ao arremeter e seu pára-quedas de pele se tornar
membranas de asas.
Mird voou como uma ave de rapina, carregando sua presa.
Mird voava.
— Fierfek. — disse Etain. Não havia outra palavra para isso.
— Olha a língua! — Vau disse, claramente se divertindo. Mird bateu na
borda e puxou Perrive para trás dele. Vau se agachou o melhor que pôde na
estreita faixa de pedra e apalpou dentro da túnica pelo datapad.
— Peguei. Vamos. Bom Mird! Mird esperto! Mirdalo Mird'ika! — Ele
abriu o seu comunicador. — Kal, o Perrive não é mais um problema e
temos um datapad útil. Até breve.
Mird estava extasiado, choramingando e babando de prazer quando Vau
o esfregou na cabeça. Como cão de caça, não poderia ter igual.
— E o corpo? — Etain disse, ainda atordoada. — Vamos apenas deixar
aqui? Em uma saliência de janela de escritório?
— Isso dará à equipe forense da FSC um projeto fascinante para mantê-
los ocupados. — disse Vau. — E nem precisamos entrar em um complexo
diplomático, não é?
Etain, agora acostumada à morte e ao assassinato, não conseguiu se
conter. Ela estendeu a mão e esfregou a cabeça do strill, também, embora
fedesse e provavelmente pudesse matá-la com uma única mordida. Ainda
era milagroso.
— Mird esperto! — ela disse. — Esperto!
Em algum lugar perto da divisão de distribuição da CoruFresh Produtos Agrícolas, Quadrante
F-76, 2150 horas, 385 dias após Geonosis

— Essa armadura combina com você, Bard'ika.


Skirata estava sentado no assento traseiro do speeder, com datapad e
crono a postos. A operação estava em andamento. Perrive estava morto.
Agora era hora de Skirata verificar se a transferência de crédito havia sido
feita.
Observou a tela que mostrava a situação da conta bancária temporária
que desapareceria sem deixar rastro ou trilha de auditoria em pouco mais de
um dia.
— Suspeito que o Conselho Jedi não concordaria. — Jusik ajustou as
malas nos cintos de segurança de carga da speederbike. — Nem mesmo se o
próprio General Kenobi usasse armadura.
— Você não se preocupa muito com isso. — disse Skirata.
— Eu não penso tão longe à frente.
— Um mercenário Mando tem que planejar o futuro hoje em dia, filho,
mesmo que não haja futuro. E você também deveria.
Jusik riu.
— Eu pensei que vocês, Mando'ade, vivessem apenas o dia. Vocês ainda
têm dificuldade para usar qualquer coisa, menos o tempo presente.
Os olhos de Skirata nunca saíram da tela do datapad. Em seguida,
recarregou e, de repente, uma conta numerada anônima em um banco de
Aargau recebeu quatro milhões de créditos do nada. Skirata apertou
VERIFICAR e os créditos estavam lá.
Sim, era real. Ele tinha os créditos.
Sentiu uma tensão evaporar do peito e outra, familiar, confortável, uma
velha amiga, tomar o seu lugar. Ele estava pronto para lutar. Ele abriu o
comunicador para toda a equipe de ataque.
— Aguardem, vode, aguardem. Os créditos foram liberados. Estamos
indo para a queda agora.
— Ordo aqui, entendido.
— Delta aqui, entendido.
— Mereel aqui, entendido.
— Conseguimos dez por cento? — Fi murmurou.
Jusik ligou a speederbike.
— Você ficará surpreso com o que pode conseguir disso, Fi. — O
speeder disparou no ar e girou noventa graus antes de Jusik apontar para o
depósito CoruFresh. — De preferência, não um pescoço quebrado, no
entanto.
— Desculpa, Kal. — disse Jusik.
Skirata verificou seu crono: 2155.
Um bom canto emocionante do Dha Werda poderia tê-lo empolgado
melhor, mas este era um campo de batalha diferente.
— Bard'ika, esses pacotes explosivos estão bem embrulhados, não estão?
— Completamente. Eles realmente estão afetando o manuseio deste
speeder também.
— Temos alguns minutos. Se acalme.
— Udesii. — Jusik sorriu. — Se as coisas ficarem um pouco complicada
por aí, eu posso usar os meus poderes da Força, não posso?
— Sem testemunhas. Vá em frente.
Jusik subiu a speeder sobre a pista de pouso, e Skirata observou Ordo e
Sev caídos no telhado do armazém enquanto desciam em direção à terra. Os
dois soldados não se mexeram. Ômega e Delta não estavam à vista. Isso o
tranquilizou enormemente. Foi uma alegria treinar os comandos que se
tornaram melhores soldados do que ele jamais poderia ser.
Esta noite os testaria, no entanto. Agora havia explosivos suficientes na
área para eliminar um Quadrante e muito além. Bem para um campo de
batalha, mas não na cidade.
Cuidado. Vá com cuidado.
A speeder pousou e ficou em repouso logo acima do solo. Um grupo de
cinco homens e a mulher de meia-idade a qual viu na reunião antes eram o
comitê de boas-vindas, e todos tinham blasters visíveis nos cintos ou
segurados livremente ao seu lado. Eles direcionaram Jusik para um local
entre dois caminhões, protegido de qualquer um que passasse.
Skirata e Jusik desceram da moto e ficaram com os braços ao lado,
calmos e comerciais. Skirata tirou o capacete. Jusik manteve seu buy’ce.
— Os créditos foram liberados. — disse Skirata.
A mulher inspecionou a speeder, que estava carregado como um bantha
de Tatooine com bolsas anônimas de ensacamento bruto.
— Essa é toda a série de quinhentos?
— Pacotes de quatrocentos quilos, embalados em dezenas. Sugiro que
você divida a carga por segurança.
A mulher deu de ombros.
— Nós sabemos como lidar com explosivos. — Ela estendeu a mão para
desatar uma bolsa e agachou-se para deslizar os dez pacotes embrulhados
para o chão. Ela olhou para a embalagem grossa e tirou uma faca do bolso...
Skirata não precisava ver o rosto de Jusik para saber que o sangue havia
sido drenado dele.
Não coloque nada metálico nele. A reação eletrolítica irá desencadear...
O pequeno aprimoramento químico de Mereel para frustrar os
fabricantes de bombas no caso deles se safarem de qualquer um dos
explosivos estava prestes a matar todos eles.
— Uau! — Skirata suspirou irritado e esperou pela Força que não
parecesse o homem aterrorizado que era naquele momento. — Não enfie
uma faca nisso, mulher! Desembrulhe corretamente. Aqui, deixe-me fazer
isso. Tem certeza de que sabe o que está fazendo?
Houve um suspiro coletivo involuntário em seu fone de ouvido
comunicador, muito contido. Ele ouviu Ordo murmurar:
— Osik...
— Seu bandidinho Mandaloriano insolente. — ela zombou, mas recuou
para deixá-lo assumir. E ela segurou o blaster na cabeça dele.
Skirata rasgou o embrulho com as mãos nervosas e estourou um pacote,
rasgando a embalagem com os dentes para expor o conteúdo marrom claro
e macio. Tinha um gosto... estranhamente doce.
— Aqui. Acredita em mim?
A mulher fez uma careta para ele e apertou o explosivo entre os dedos.
— Estou verificando se isso não é apenas detonita tingida.
— Vou lhe dizer uma coisa. — disse Skirata, se perguntando se Jusik
poderia tentar influenciar um pouco a mente dela naquele momento. —
Escolha quantos pacotes quiser de forma aleatória e eu os desembrulharei, e
então você poderá provar a si mesma que eles estão livres de armadilhas
também.
Ele ouviu a voz de Ordo em seu ouvido.
— Kal'buir, você está nos assustando...
— Certo. — A mulher apontou para outra bolsa na speeder. — Aquele.
Esvazie-o na minha frente.
Skirata obedeceu. Desembrulhou o pacote e esperou que ela escolhesse
um aleatoriamente. Rasgou e deixou que ela inspecionasse. Ela repetiu o
processo três vezes.
Skirata se levantou, com as mãos nos quadris, e suspirou teatralmente.
— Eu tenho a noite toda, querida. E você tem?
A mulher olhou em seu rosto como se gostasse da ideia de matá-lo de
qualquer maneira.
— Embale e saia daqui.
Olhou para o crono: 2220. Obrim estaria ficando nervoso agora, com
esquadrões de oficiais da FSC esperando por toda a Cidade Galáctica para
invadir a longa lista de endereços suspeitos que ele havia dado a eles.
— Você ouviu a dama. — Ele empurrou Jusik pelas costas. — Continue
com isso.
Os últimos segundos antes de uma saída apressada eram sempre os mais
aterrorizantes. Havia um fio de cabelo entre vitória e derrota, vida e morte.
Jusik pegou a última sacola e jogou o resto da speeder em uma pilha entre
os caminhões.
— Agora suma. — disse ela.
— Entendo que não posso contar como cliente recorrente, então?
Ela levantou o blaster eloquentemente. Skirata recolocou o capacete e
subiu na speederbike atrás de Jusik. Eles se levantaram no ar e subiram
acima do armazém.
— Fierfek. — disse a voz de Darman em seu ouvido. — Eu odeio
quando você improvisa, Sargento.
— Como se você não fizesse o mesmo.
— Em espera.
Ordo interrompeu.
— A mulher está carregando todos os explosivos, exceto um único
pacote em um caminhão. Aquele verde mais próximo do compartimento de
carga. Repito, negativo para o caminhão verde. Não mire no caminhão
verde ou é adeus a metade de Coruscant
— As mulheres nunca ouvem nada que eu digo, felizmente. — disse
Skirata. Sabia que ela reagiria assim. — Isso significa que há apenas uma
nave que não podemos explodir.
— A prioridade é isolar o caminhão verde e aterrissá-lo antes de atingir
outros alvos.
— Entendido, senhor. — disse um coro.
Jusik colocou a speeder trezentos metros atrás do armazém, em um
conjunto de unidades de atacadistas fechadas. Skirata ficou respirando
profundamente por um momento para se firmar antes de abrir seu
comunicador novamente com um clique duplo dos dentes de trás.
— Obrim, aqui é o Skirata.
— Estou ouvindo, Kal.
— Você pode seguir agora, meu amigo. Falo com você mais tarde.
— Entendido. — O canal de Obrim ficou em silêncio.
— Ômega, Delta, todas as unidades, aqui é Kal. Nós estamos livres. São
todos seu, Capitão.
— Entendido, Sargento. — Ordo começou a contagem regressiva. —
Cinco, quatro, três, dois... vão, vão, vão! Eia!
Uma pequena guerra amarga com consequências de longo alcance foi
desencadeada no centro da Cidade Galáctica.
CAPÍTULO 22
Vamos observar você, eu prometo. Você não nos verá, nem nos ouvirá, nem saberá que
estamos ao seu lado. Como é isso, Jedi? Como é estar à mercê de uma espécie com poderes que
nem você possui? Agora você sabe como os outros o veem. Cumpra as suas promessas,
General, ou verá como um pequeno exército invisível pode atacar.
— Jinart, a Gurlanin, ao General Arligan Zey, no compromisso de realocar todos os colonos
humanos de Qiilura dentro de dezoito meses

Depósito CoruFresh, 2225 – Hora-H

À s 2225, horário do Triplo Zero, Fi e Mereel romperam por trás do


muro baixo no extremo sul da pista de pouso e se posicionaram entre
os caminhões repulsores estacionados no lado oposto ao armazém.
Fi focou o alcance infravermelho de seu DC-17 no caminhão verde e viu
uma mancha brilhante de calor na fuselagem. Ele se inclinou e viu a colcha
de retalhos escura indicando as temperaturas variáveis da parte superior do
corpo de um humano, um piloto esperando para partir.
— Eu tenho um alvo no banco do piloto do caminhão verde, e a direção
dele aparece quente na mira infravermelha. O explosivo está carregado?
Alguém pode confirmar?
— Eu posso ver a traseira do caminhão. Eles fecharam a escotilha com
dois alvos dentro e o piloto. — Ordo fez uma pausa. — O caminhão verde
agora está confirmado como carregado. Temos que manter a nave em terra,
vode. Não podemos detoná-lo, não aqui.
— Dar, você tem uma mira clara do piloto?
Houve um som de respiração rápida e um grunhido quando alguém
surgiu ao lado dele. Fi olhou para a esquerda e viu Darman ajoelhado em
uma perna com o rifle Verpine erguido, e o cotovelo apoiado no joelho. Era
garantido que uma tiro da Verp perfuraria um buraco na tela do caminhão e
mataria o piloto sem disparar a série de quinhentos graus.
— Tenho ele na mira. Em espera.
Fi moveu seu DC para localizar Ordo no telhado. Não conseguia ver Sev,
mas o telêmetro do capacete de Ordo estava visível quando virou a cabeça.
— Delta. — disse Ordo, — aguardem para pegar a traseira do caminhão
verde quando desligarmos as redes de iluminação. Ômega, mire todos os
alvos a pé na pista de pouso.
A voz de Kal interrompeu.
— Ord‘ika... estamos na parte traseira do armazém bloqueando as portas
traseiras. A Força está estimando vinte e quatro alvos vivos ao todo, pelo
que me disseram.
Fi reorientou a sua mira no interior do armazém. Podia ver pelo menos
nove homens e mulheres correndo pelo interior, e mais dois visíveis via
infravermelho, rasgando caixas abertas e juntando pequenas caixas e
blasters em sacos.
— Eu tenho um mínimo de onze contatos dentro e fora do armazém e
parece que eles têm um pequeno arsenal lá. A boa notícia é que é apenas
um grande espaço vazio com escritórios divididos por uma parede.
— Quando as luzes se apagam, elas ficam apagadas...
Sev interrompeu.
— Eu tenho dois carregando o que parece ser um estojo de rifle DC-15
no pequeno airspeeder vermelho na cerca do perímetro norte.
— Seis dos caminhões parecem quentes e passam no meu infravermelho.
— disse Mereel. — Não consigo ver nenhuma atividade no restante dos
speeders. Deve haver quatro prontos para voar.
— Atire em todos eles, então, só para ter certeza. — disse Ordo. — Atire
em tudo, exceto no caminhão verde.
— Estou com visão noturna agora. — disse Darman. — Pronto quando
você estiver, Capitão Ordo.
Corr correu para a posição à direita de Fi, deslizando atrás de um
caminhão, com o blaster giratório apoiado no cinto e a mão esquerda
apertada no punho superior. De sua posição, ele parecia um homem que se
sentia muito bem com sua mira. Nem era para ser um comando; ele só
aceitou o desafio.
Fi esperava que Skirata encontrasse uma maneira de absorvê-lo
permanentemente na Companhia Arca. Ele mudou para a mira noturna e
alinhou o ícone do alvo em um homem e uma mulher carregando uma caixa
plana entre eles em direção a um dos caminhões.
O dedo de Fi descansou no gatilho.

— Luzes! — Ordo sibilou.


Ele e Sev dispararam os seus lançadores de foguetes Plex, e as duas
redes de iluminação foram engolidas simultaneamente por duas bolas de
fogo amarelo.
O rugido matou todas as chances dele ouvir a tela de transparaço do
caminhão verde ser estilhaçada. Mas ele ouviu Darman um instante depois.
— Piloto do caminhão, livre!
— Perdemos um! — Jusik disse.
— Repita?
— Um dos alvos fugiu dele, no canto nordeste. Eu o senti ir.
Houve uma fração de segundo de tempo congelado antes que o fogo azul
explodisse da posição de Fi, derrubando as duas pessoas que moviam uma
caixa. Dois dos caminhões explodiram em bolas de fogo, respondendo por
mais seis alvos. A pista de pouso era agora um vazio escuro iluminado
pelas chamas moribundas de dois caminhões quebrados e disparos
esporádicos de fogo de DC. Do outro lado do depósito, o distinto ataque de
staccato azul do blaster rotativo manobrava todos os veículos daquele lado
da faixa. Corr estava definitivamente ficando preso, como Kal'buir o
colocou. Correu para a esquerda de Ordo, disparando enquanto corria,
derrubando o último speeder cinza e prateado em uma bola de luz branca.
— Jusik? — Ordo debateu se deveria se preocupar com o único fugitivo.
— Jusik, leve Vau e Etain para aquele que está fugindo.
Sob Ordo, Chefe, Fixer e Scorch correram para a traseira do caminhão
verde, com Atin vindo do outro lado. Chefe disparou um fluxo de raios de
seu DC em um ângulo raso, cortando metade da carcaça do repulsor do
caminhão. Ele caiu no chão com um estrondo maciço de liga amassada.
Definitivamente não ia a lugar nenhum agora.
Scorch concentrou o seu fogo no armazém. Ordo balançou sobre a borda
do telhado para se aproximar do corpo a corpo, disparando um de seus dois
blasters gêmeos enquanto caía. Os tiros dispararam e fumegaram ao fechar
as portas. Provavelmente haviam nove ou dez terroristas agora fechados
com um bom suprimento de armas. E, no momento, eles não eram o pior
problema de Ordo.
Sev bateu no chão ao lado dele e rebobinou sua linha de rapel.
— Dois Verp matam. Isso é tudo.
— Dois ainda vivos dentro do caminhão. — disse Chefe. — Se você
tivesse cem quilos de explosivo térmico, muitos detonadores e nenhuma
saída, o que você faria?
— Levaria o maior número possível de inimigos comigo. — disse Ordo.
— Invadam esse caminhão dik'utla agora antes que eles nos coloquem em
órbita.

Dois minutos no combate pareciam segundos. Fi correu para o caminhão


verde nos calcanhares de Mereel, com Corr, Darman e Niner logo atrás.
— Contei dez corpos na pista de pouso. — disse Niner.
— Um piloto morto e dois alvos vivos neste caminhão. — Ordo apontou
Niner e Scorch para a frente do caminhão. — Vocês esperam distraí-los
quando Fixer e Chefe forem pela escotilha traseira.
Ordo recuou com as duas pistolas erguidas enquanto Fixer e Chefe
empilhavam os dois lados da escotilha. Ele disparou contra os suportes da
armação, que se dobraram e se abriram. Houve um barulho alto de
fragmentos de ricochete na frente da nave, e Fixer e Chefe entraram com as
suas vibrolâminas empunhadas.
Luzes brancas brilhavam e assobiavam: explosivos manuais. Ordo teve
uma fração de segundo para pensar. É isso, vai explodir, estamos mortos,
acabou, e então o silêncio caiu novamente. As batalhas lhe pareciam uma
massa ensurdecedora, intercalada por um breve e morto silêncio.
— Fierfek, eles nem alinharam os detonadores. — disse Scorch. —
Amadores. — Ele saiu do caminhão quebrado, com a armadura enegrecida
pelo fogo. Chefe pulou atrás dele e sacudiu o sangue de sua vibrolâmina
antes de a embainhar novamente.
Ordo respirou fundo.
— Kal'buir?
— Ainda estamos nas portas traseiras. Ficou um pouco quieto lá.
Bard'ika contou onze lá dentro.
— Onze confirmados na mira infravermelha também. — disse Niner,
que sempre precisava ter certeza.
— Eles se trancaram. Estamos apenas limpando os explosivos do
caminhão. — Ordo fez sinal para Corr, Niner e Chefe irem embora. —
Mereel e eu vamos pelas portas da frente. Dar e Fi, abram um buraco na
parede do lado sul.
— Quer que a gente vá pelos fundos, filho? — Skirata disse. — Estou
cheio de adrenalina e gostaria de entrar em ação. Pelos velhos tempos.
— Lembre-se de que você não tem uma armadura de Katarn. — disse
Ordo, instantaneamente mais preocupado com Kal'buir do que qualquer
pessoa viva.
Skirata bufou.
— Lembre-se de que você não está usando aço Mandaloriano.
Ordo gesticulou para Mereel. O seu irmão limpou o pó de escombros de
sua ombreira azul de tenente e alcançou por cima dos ombros com as duas
mãos o enorme blaster Cip-Quad amarrado nas costas.
— No três. — disse Ordo.
— O que aconteceu com no cinco?
— Só fiquei sem paciência.

Skirata ergueu o Verpine na mão esquerda e a faca na direita, ouvindo


Jusik acionar seu sabre de luz, um Cavaleiro Jedi com capacete Mando.
Bardika, vou levar essa imagem para o meu túmulo.
Verificou o feixe de mira infravermelho, mais por hábito nervoso do que
qualquer coisa, e esperou que os hut’uune não tivesse visão noturna.
O ensurdecedor disparo duplo do blaster quad de Mereel quebrou a breve
calma e as portas traseiras foram abertas. Houve uma explosão e uma chuva
forte de detritos do lado do armazém. Por um momento, Skirata pensou que
as portas haviam sido arrombadas pela explosão, mas Jusik socou o ar como
se fosse um toque bastante inteligente.
Fierfek. Então essa é a Força, não é?
Não havia luz saindo pela porta. Então alguém dentro do armazém
correu para as portas e uma figura granulada passou por sua tela de visão
noturna.
Skirata reagiu instantaneamente, sem pensar, atacando-o e esmagando
seu rosto com um cotovelo blindado, depois enfiando a faca com força sob
as costelas antes que ele pudesse cair pra trás. Foi só quando apontou o
Verp em sua próxima respiração e se concentrou no rosto em sua Tela
Visualização Frontal por um segundo, que percebeu que era a mulher que o
chamara de bandido Mandaloriano. Disparou a arma antes mesmo de pensar
em uma resposta adequada. A guerra era assim. Você raramente pensava em
algo satisfatório para dizer até dias depois, se tivesse algo a dizer.
— Dez no infravermelho. — disse Niner.
O infravermelho lhe dizia quem ainda estava quente. O infravermelho
não sabia dizer quem estava vivo. Skirata preferia rastrear o movimento
sozinho.
— Granada! Protejam-se! — Atin gritou.
A onda de choque levantou Skirata e deixou os seus ouvidos zumbindo.
Tinha certeza de que estava do lado de fora, mas agora estava lá dentro, e
Jusik o levantou com um braço. Não conseguia ouvir o comunicador
claramente agora.
O disparo rápido de um blaster rotativo começou e parou abruptamente.
Para um homem treinado na delicada arte do descarte de bombas, Corr
adotara a técnica grosseira de pulverizar seis barris com algum entusiasmo.
— Granada...
Outra explosão sacudiu o armazém.
— Homem abatido!
Alguém estava xingando.
– Sev? Scorch? – e Ordo gritou: – Afastem-se! Liberem o prédio!
Skirata correu atrás de Jusik, seguindo o brilho verde de seu sabre de luz.
Enquanto eles abriam as portas, um enorme som de whooomp socou Skirata
simultaneamente sob as solas dos pés e nas costas. Ele quase perdeu o
equilíbrio.
O silêncio caiu. Skirata se esforçou para ouvir.
— Muitas manchas espalhadas de infravermelho. — Isso soava como
Niner. — E não faço ideia do que está vivo e do que é só... quente.
— Scorch, você está bem?
— Sim. Sim. Sério. Isso só me sacudiu.
— É isso aí. — disse Jusik. — Estou voltando, Ordo. — Ele se virou e
correu de volta para o armazém. Skirata o seguiu. — Posso encontrar os
vivos. Deixa comigo.
O armazém agora estava quase no escuro e silencioso, exceto pelos sons
de tiquetaques, rangidos e ruídos de restos de sedimentos e ligas de
resfriamento. O ar fedia a ozônio de explosivos descarregados e o cheiro
animal de corpos despedaçados. Nada se mexia.
Isso estava levando horas, Skirata tinha certeza. Não, foram minutos. O
seu cérebro havia entrado no período irreal do combate.
O sabre de luz verde de Jusik deixava uma trilha estranha. Ele não
parecia ter medo de enfrentar o fogo: ele apenas o afastava como um inseto
irritante, Skirata tinha certeza.
— Eu posso sentir três vidas.
Bem, agora eles saberão que os Jedi estão no caso.
Skirata imaginou deitado no chão no escuro e silencioso caos,
provavelmente ensurdecido, certamente ferido, captando vislumbres de
movimento enquanto soldados andavam na sala. Os comandos haviam
apagado as luzes dos visores, e Fi, Atin e Darman eram quase invisíveis em
suas armaduras negras até para ele.
Deve ter sido aterrorizante. Ele escondido dos soldados, seis anos de
idade e assustado o suficiente para molhar as calças.
Agora você sabe como é, hut’uune.
Alguém emitiu um som, uma meia palavra, e pareceu ser por favor.
Skirata moveu o seu Verpine na direção do barulho. Ele viu um homem
ajoelhado com as mãos levantadas: Fierfek, ele não queria fazer
prisioneiros. Essa era a última coisa que eles precisavam. Ele ouviu Jusik
engolir em seco.
— Fique junto à parede. — Jusik sibilou. Ele gesticulava para a pessoa
que parecia estar se rendendo. O hut'uun podia ver o Jedi? — Fique junto à
parede!
Então a voz de Darman interrompeu.
— Sargento! Abaixem-se! Chama...
Skirata se virou e caiu de joelhos no momento em que Jusik se esquivou
de uma folha de chamas quentes e brancas que iluminou o armazém
destruído e sobrecarregou sua visão noturna por uma fração de segundo. Ela
bombeou em arcos rasos e Darman aguentou tudo. Comandos e troopers
saltaram pra trás instintivamente e Skirata sentiu o calor mesmo através de
uma camada de aço Mandaloriano antigo. Darman estava iluminado como
uma estátua negra, com o rifle ainda levantado, envolto em líquido ardente.
Ele nem gritou.
— Dar! — Skirata encontrou o seu corpo respondendo sem intervenção
do cérebro enquanto atirava com a Verpine na direção do lança-chamas.
Alguém caiu. O fluxo de fogo parou. O barulho de uma célula de energia
sendo socada em um blaster o desviou do terrível espetáculo de Darman
queimando como uma tocha. Alguém... Fi? Niner? ...correu para rolar o
irmão no chão, numa tentativa de abafar as chamas. Skirata captou a fraca
luz de um indicador de carga em sua visão periférica e girou o Verpine em
sua direção, mas Jusik entrou instantaneamente, balançando o sabre de luz
em um borrão brilhante. Skirata agora podia ver que o homem ajoelhado, o
homem que aparentemente estava se rendendo, havia sacado um blaster.
Ainda o apertava em sua mão flácida. Por alguma razão, esse fingimento
irritou Skirata mais do que qualquer coisa.
— Tudo limpo! — Jusik gritou. — Dar! — Ele olhou para o teto. —
Aguenta firme, Dar.
A armadura de Katarn podia suportar altas temperaturas, mas o produto
químico em chamas havia revestido as placas de Darman. Resistia às
tentativas de Niner e Sev de apagá-lo com pacotes de sacos que haviam
agarrado. Skirata foi jogar sua jaqueta sobre ele. De repente, uma chuva
fina e pegajosa encheu o ar.
O sistema de controle de incêndio havia entrado em ação.
— Estou feliz que funcionou. — Jusik murmurou.
Uma nuvem branca de gás sibilante envolveu Darman e o armazém
voltou à escuridão. O fogo estava apagado; o retardante de fogo chovia do
teto.
Skirata se agachou sobre Darman, afastando Niner e Ordo do caminho.
Sua armadura ainda irradiava calor.
— Filho! Você está bem?
— Sargento...
— Você está machucado?
— Na verdade não... me fez piscar um pouco, no entanto. Esse líquido é
uma coisa desagradável. — As placas de Darman assobiavam audivelmente
enquanto esfriavam. Sua voz estava trêmula. — Obrigado.
— Isso foi coisa sua, Bard'ika? — Skirata ajudou Darman a se levantar.
Suas placas estavam quentes ao toque. — Você ativou o sistema de
incêndio?
— Não sou bom apenas em explodir coisas. — Jusik abriu caminho entre
os escombros e duraço quebrado, com as botas esmagando-os e depois
parou. — É isso aí. — ele disse calmamente. — Definitivamente não
sobrou ninguém vivo.
O garoto parecia notavelmente calmo sobre isso, ou pelo menos a sua
voz estava sob controle. Darman se espanou e Ordo lhe entregou seu DC.
Oito focos de capacete brilharam e varreram o interior, destacando uma
cena de papelão carbonizado e coisas que Skirata tinha visto demais em
muitos campos de batalha. Uma viga subia em direção ao telhado.
— Nós explodimos o teto shabla pela metade. — disse Chefe.
— É a última vez que dependo de infravermelho...
— Kandosii, Bard'ika! Ele é melhor do que uma mira em qualquer dia.
— É isso? — Essa era a voz de Fixer. — Tudo isso, e ainda não
conseguimos vê-los? Pelo menos você pode ver os droides. Eles vêm até
você. Essa escória...
— Você quer olhar, ner vod?
— Eles são tão... comuns.
— E agora eles estão tão mortos. — disse Sev.
Ordo interrompeu.
— Terminamos aqui, vode. Hora de ir. — Ele colocou a mão enluvada no
ombro de Skirata. — Nove minutos, Kal'buir. Poderia ter sido mais rápido,
mas está feito. Vamos.
Skirata pegou o braço de Darman e seguiu Jusik. Ainda posso lutar:
ainda sou muito bom. Mas não era tão bom quanto os homens jovens no
auge de suas habilidades e precisava fazer algo a respeito, se não fosse ser
um fardo para eles um dia.
Ele se preocuparia com isso mais tarde, como o tornozelo. Agora eles
tinham que esperar Vau e Etain, que ainda estavam caçando.
Quadrante F-76, em algum lugar ao norte do depósito CoruFresh, 2305 horas, 385 dias após
Geonosis

O strill era uma pequena luz brilhante de pura alegria, enquanto corria ao
longo da passarela à frente de Etain e Vau. Ainda havia alguns pedestres,
deixando fábricas e oficinas à noite, e Vau havia tirado o capacete.
Aparentemente, parecia que uma placa preta opaca e blindada no peito não
chamava atenção, mas não era um bairro onde um visor Mandaloriano
distinto passava despercebido.
O strill tinha o cheiro do homem. Ele tinha vantagem sobre eles, mas
Mird não se abalava, e Etain podia seguir a trilha de pânico e medo quase
tão bem quanto o animal. Ela conseguiu localizar a área: Mird conseguiu
rastrear pelo cheiro depois de ter reduzido a área de busca.
É uma coisa estranha para uma mulher grávida estar fazendo. O meu
filho já pode sentir o que está acontecendo ao seu redor? Espero que não.
Vau estava logo atrás dela, correndo a um ritmo constante.
— Estou muito impressionado. — ele ofegou. — Você e o strill
trabalham muito bem juntos. Eu gostaria que Kal pudesse ver isso.
Etain imaginou que era assim que Vau caçava com Mird, silencioso e
persistente, cobrindo o chão hora após hora até que tivessem encurralado as
suas presas ou falhado. O homem que conseguiu fugir do ataque na pista de
aterrissagem os levou a um labirinto de torres de apartamentos em ruínas na
orla da zona industrial.
Depois de um tempo, Etain alcançou Mird e o encontrou agachado,
impaciente, junto a um conjunto de portas que davam para um prédio
residencial gasto. Dois jovens de aparência desagradável, descansando na
esquina da passarela, começaram a andar em sua direção, olhando
zombeteiramente, mas então Mird abriu a sua enorme boca e soltou um
rugido de aviso. Vau apareceu na esquina, com o rifle Verpine erguido em
uma mão.
Os jovens fugiram.
— E ainda dizem que os jovens de hoje não têm inteligência. — disse
Vau. Ele tirou um disruptor do cinto e enfiou no painel da porta. As portas
se abriram. — Entre.
Mird correu à frente e derrapou no turboelevador, virando a cabeça para
suplicar ao seu mestre. Vau colocou um dedo nos lábios e apontou pra cima.
Eles entraram no turboelevador e o strill pressionou o nariz contra o
pequeno espaço entre as portas enquanto o carro subia. Quando passaram
pelos andares 134 e 135, ficou frenético e a sua cauda batia no chão, mas
não emitia nenhum som. Vau parou o elevador no 136º andar e eles
desceram. Havia uma escada de emergência entre os andares. Etain quebrou
a vedação com um empurrão assistido pela Força e desceu as escadas.
— Oya, Mird! Caçar!
Mird passou por ela. Podia sentir a perturbação na Força, e oa seus
respectivos instintos os levaram ao 134º andar. Mird fungou ao longo do
corredor e parou do lado de fora da porta de um apartamento, acomodou-se
nas patas traseiras e olhou atentamente para o painel da porta.
Vau colocou uma mão restritiva em seu braço.
— Sei que um Mandaloriano considera uma guerreira como a sua igual,
minha querida, mas acho que devo me oferecer para fazer esse trabalho.
— Eu vou fazer isso. — disse ela. Ela tinha que fazer.
Vau abriu a fechadura. O strill correu pelo corredor, quase plano no chão,
e Etain o seguiu, acionando os dois sabres de luz.
Ocorreu-lhe que poderia ter tropeçado em uma família ali, e depois
ganhar um dilema: uma Jedi com dois sabres de luz ativados, uma sala
cheia de testemunhas e um terrorista encolhido. O que eu faria? O que eu
farei? Mas sentiu que não seria o caso. Era apenas mais um medo de quão
longe poderia estar preparada para ir.
Abriu cada porta com a Força, movendo-se levemente, olhando para
dentro.
Um jato de fogo blaster foi cuspido pela porta e pegou o strill em seu
lugar. Etain ouviu Vau ofegar. Mird gritou e se virou, arrastando uma perna,
e depois se forçou a perseguir o agressor, mas ela estendeu um braço e ele
parou.
— Saia, Mird! — ela sussurrou.
Etain respirou fundo e entrou na sala para encontrar outra saudação de
fogo blaster. Cruzou as lâminas azuis de energia e afastou os raios com um
movimento de separação de seus braços. Eu não sabia que podia fazer isso.
Era puro instinto, extraído das profundezas dela e de muitos anos no
passado.
Lançou-se em frente para a matança. Como sempre, viu pouco e não
sentiu nada tangível, nenhum choque nos braços, nenhuma resistência ao
varrer as lâminas, mas sentiu a Força mudar. Uma breve luz brilhou e
morreu.
Apagou o sabre de luz do Mestre Fuller e enfiou-o na túnica com uma
mão enquanto mantinha o seu ativado, por precaução. Não sentiu mais
ninguém. Mird entrou mancando na sala atrás dela, e ela sabia que estava
olhando em seu rosto, embora houvesse apenas a luz dispersa pela janela de
uma cidade que nunca estava completamente escura.
— Oya. — ela sussurrou, sem saber o que o comando poderia significar
neste caso.
Mas Mird rosnou silenciosamente e saltou sobre o corpo do homem que
havia matado. Desligou o sabre de luz e saiu do apartamento, e Mird saiu
mancando alguns momentos depois, mastigando alegremente. Não olhou
muito de perto o que ele tinha nas mandíbulas. Ele engoliu ruidosamente.
— Pobre Mird. — Vau suspirou. — Aqui, bebê, venha aqui. — Ele
pegou o strill nos dois braços e o levou ao turboelevador. Uma de suas
pernas tinha sido queimada pelo blaster.
Etain abriu o seu comunicador.
— Kal, todos estão contabilizados.
— Bom trabalho. — disse a voz de Kal. Ele parecia cansado. — Vejo
vocês no ponto de encontro.
Mird deixou Etain colocar as mãos na perna dele para curá-lo enquanto o
elevador descia até o térreo. Vau o levou por todo o caminho de volta ao
speeder. Era um animal grande e pesado, mas ele se recusava a deixá-lo
andar. Etain o pegou no colo e aliviou a dor quando Vau ligou o speeder e
eles se dirigiram para o ponto de encontro.
Parecia não haver nada que Vau não faria por Mird. Ele amava aquele
animal.
Ponto de encontro, a dois quilômetros do depósito da CoruFresh, 2320 horas, 385 dias após
Geonosis

A equipe de ataque se encontrou em um canteiro de obras operado por


droides, ao norte do depósito. Os droides não precisavam de luz para
trabalhar e a presença de alguns humanoides estranhamente vestidos na
escuridão próxima não chamaria atenção.
Skirata contou os seis speeders de volta, agitando-se até o último dos
speeders chegar com Mereel e Corr montado. Corr estava segurando o
blaster rotativo como um amigo perdido há muito tempo.
Bom rapaz. Vou trocar Coruscant e todas as suas luas podres para
agarrá-lo, Zey. Sempre podemos treinar mais troopers como comandos.
Olha só.
— Todos os plasmoides térmicos foram contados?
— Sim, Sargento. — Chefe se apoiou na carroçaria de um speeder. —
Quer verificar?
— Eu confio em você para contar. Ordo pode colocar isso de volta nas
lojas amanhã depois de terem sido neutralizados.
— Qual é a pontuação final? — Disse Fi.
Niner tirou o capacete. Mesmo com o controle ambiental dentro de seu
traje selado, ele parecia ter suado um oceano. Ele esfregou o rosto
lentamente com a palma da luva.
— Hum... acho que matamos vinte e seis bandidos.
— Vinte e quatro no local. — disse Mereel. — Varremos o local e
fizemos uma contagem. Era um pouco difícil dizer em alguns lugares, mas
registramos os blasters que haviam sido disparados por seus rastreamentos
EM. Então eu digo vinte e quatro.
— Além desses, Perrive e nosso amigo no prédio. — disse Etain.
— Definitivamente vinte e seis. — Jusik estava deprimido. — Eu os
senti.
— Certo, Garotos Brilhantes, vinte e seis; Hut’uune zero. — disse Corr.
Ele estava pegando o Mando’a rápido. — Isso que eu chamo de vitória em
casa.
Jusik ficou olhando para dentro do capacete enquanto o segurava nas
mãos.
— Nenhuma testemunha ficou de pé. Apenas uma discussão
desagradável entre quadrilhas criminosas.
— Você nunca receberá elogios do público por isso. — disse Skirata. —
Mas deixe-me dizer agora que cada um de vocês me fez um homem
orgulhoso. — Ele olhou para o strill, mancando em uma de suas seis pernas
enquanto circulava Vau, resmungando do fundo de sua garganta. — Até
você, Mird, seu monte fedido de baba.
O strill olhou para Etain e emitiu um som musical. Ela colocou um braço
em volta da cintura de Darman, a cabeça apoiada no peito dele com os
olhos fechados, mas ela os abriu e olhou paro Mird.
— Mird gosta de você. — disse Vau. — Você cuidou dele e deixou que
ele matasse.
Fi deu a Darman um tapa cansado nas costas.
— Ela tem jeito com animais idiotas, ner vod.
Um silêncio exausto se estabeleceu na equipe. Os droides trabalhavam
ao redor deles, carregando vigas, empilhando lençóis de duraço, alheios. Se
alguém pensava que celebrações selvagens seguiam operações como essa,
estava enganado. A alegria instantânea de ver uma nave arder em chamas
ou um inimigo cair de um tiro bem colocado durava muito pouco. A
hiperalerticidade da adrenalina permanecia por um tempo, e então era
engolida rapidamente pelo cansaço e uma sensação de... de vazio, de um
estranho propósito sem sentido, de procurar a próxima tarefa.
A adrenalina tinha que se esvair. Eles voltariam ao normal depois de um
descanso. Skirata estava determinado a conseguir um pouco.
— Vamos voltar à base. — disse ele. — Podemos sair do Qibbu de
manhã.
Ele não obteve resposta.
— Alguém está com fome? Talvez uma cerveja ou duas?
— Banheiro. — disse Niner. — Chuveiro.
— Quem está de plantão hoje à noite?
— Eu. — disse Vau antes que Skirata pudesse abrir a boca. — Vá em
frente, Bardan. Você volta com Etain e Mird. Vou levar Kal.
Skirata subiu no speeder de Vau. O analgésico estava passando e a dor
começava a roer seu tornozelo novamente. Ele abriu seu comunicador e
ligou para Jaller Obrim.
— É Kal aqui. Como está indo?
Obrim parecia estar no meio de um tumulto. Houve muitos gritos ao
fundo e, em seguida, um forte ruído abafado. Os comandos não foram os
únicos encarregados de um ponto de entrada rápida, então.
— Ocupado. — disse o capitão da FSC. — Detivemos cerca de sessenta
suspeitos até agora. Muito baixo na cadeia alimentar, mas eles levam a todo
tipo de pessoa em quem a FSC tem interesse e ficam fora das ruas por um
tempo. — Ele parou quando outro som alto interrompeu. — Mas não sei
onde vamos colocar todos eles. As celas estão se esgotando rapidamente.
— Nunca tive esse problema. Nossos alvos também não saem em
liberdade condicional.
— Aposto que sim. Vocês estão bem?
— Sem ferimentos graves. Todo mundo está andando. Mas é uma
bagunça para você esclarecer.
— O prazer é meu. O Clube Social da Equipe da FSC, é de todos vocês.
No final de semana. Não aceitarei não como resposta e nem a FSC. Estejam
lá.
— Conte com isso.
Skirata fechou o comunicador e deixou a cabeça cair, para que o queixo
descansasse no peito.
Vau se espremeu no assento à sua frente e ligou o speeder. Ele se virou
para trás e passou a Skirata um datapad.
— O pad de Perrive. Desfrute do seu conteúdo à vontade, ner vod.
Então, uma bebida ou uma briga? O que vai ser?
— Walon, você tem muita sorte de eu estar muito cansado. — Skirata
embolsou o datapad, outro pequeno tesouro para os seus garotos Nulos
brincarem. — Eu só daria um tapa em você.
— Eu preciso fazer as pazes com Atin.
— Ele ainda vai te matar depois que tiver uma boa noite de sono.
— Um breve triunfo da unidade, e depois de volta à briga. Esmagador,
não é? As vitórias parecem tão insignificantes em comparação com o
tamanho da guerra.
— Não significa que não devemos tentar. — disse Skirata. — É apenas o
que as pessoas fazem que se soma à história.
— Nós escrevemos a nossa, então.
Foi uma das poucas vezes que Skirata se viu encarando as costas de Vau
sem sentir vontade de pegar sua faca.
— Vou te dizer uma coisa. — disse. Ele tirou o remoto desabilitado do
bolso. — Por que não passamos pelo bairro diplomático e pegamos aquele
belo speeder verde? Perrive não vai precisar agora. Você ainda consegue
fazer uma ligação direta em um speeder?
— Pode apostar nisso. — disse Vau.
CAPÍTULO 23
Quando você não pode mais saber o que a sua nação ou o seu governo representa, ou mesmo
onde ele está, você precisa de um conjunto de crenças que possa levar consigo e em que se
apegar. Você precisa de um núcleo em seu coração que nunca mude. Acho que é por isso que me
sinto mais em casa no quartel do que no Templo Jedi.
— General Bardan Jusik, Cavaleiro Jedi

Casa operacional, Refúgio do Qibbu, 0015 horas, 386 dias após


Geonosis

suíte de quartos no último andar do hotel de Qibbu parecia um dia de


A inventário nas lojas de equipamentos do GER.
Fi passou por montes empilhados de armadura e maços de explosivos de
plastóide de quinhentos graus e caiu na primeira cadeira que encontrou.
— Você vai dormir com esse capacete? — Mereel perguntou.
Fi pegou a dica e abriu a vedação do capacete, inalando ar quente que
cheirava a suor, carpete velho, caf e strill. Havia momentos em que o buy’ce
era um conforto e um refúgio tranquilo, isolando-o do mundo, e ele agora
precisava disso por razões que não entendia nem queria pensar.
Mereel se sentou à mesa riscada e amassada, desembrulhando pacotes de
plastóides térmicos e colocando um líquido incolor neles. Fi queria se
levantar e olhar, mas estava simplesmente cansado demais. Podia ver
Mereel pressionando uma cavidade nos bolos de plástico com o polegar,
derramando algumas gotas do líquido de uma pequena garrafa e depois
amassando com um movimento constante de dobrar.
— Ah. — disse Fi, lembrando.
— Temos que adicionar o composto estabilizador antes de colocá-los de
volta nos estoques, caso contrário isso vai matar muito mais vode do que os
bandidos jamais puderam.
— Quer uma mão?
— Não. Durma um pouco.
— Onde está o Sargento Kal? — Fi tinha gostado de chamá-lo de
Kal'buir. Mas ele tinha vestido os velhos hábitos, juntamente com a sua
armadura. — Espero que não tenha matado Vau.
— Eles estão pegando um speeder em nome do Fundo de Aposentadoria
de Skirata.
– Qual é, ele nunca vai se aposentar.
— Ele ainda quer o speeder. Hábitos de mercenários são difíceis de
matar.
Fi achou difícil pensar em seu sargento como interessado em uma vida
além do exército. Passou um tempo se perguntando o que o homem
realmente poderia querer e, além de uma esposa para cuidar dele, Fi tinha
problemas para imaginar o que poderia ser. Era o mesmo problema que
tinha com os seus próprios sonhos. Eles eram intrusivos e insistentes, mas
eram limitados. Só sabia que havia algo faltando e, quando olhava para
Darman e Etain, sabia o que era; ele também se perguntou como isso
poderia funcionar, mesmo que entendesse. Ele não era estúpido. Podia
contar e calcular as chances de sobrevivência.
— Boa noite, ner vod. — Ele deixou Mereel em sua tarefa e vagou,
soltando as placas de armadura enquanto as empurrava em uma pilha perto
da porta do quarto. Trajes pretos e calças pendiam secando em todos os
pinos e trilhos. Por mais exaustos que estivessem, os esquadrões ainda
lavavam os seus equipamentos conscientemente.
Fi olhou para alguns dos cômodos para verificar quem poderia estar
acordado e disposto a conversar, mas os garotos do Delta estavam todos
frios, nem roncando. Niner e Corr caíram em cadeiras em uma das alcovas
com um prato de biscoitos meio comidos entre eles uma mesa pequena.
Darman estava estendido em sua cama no quarto que dividia com Fi,
aparentemente nada pior para o seu calvário, e Ordo estava encolhido no
quarto ao lado com um cobertor puxado sobre a cabeça. Estranho: ele
sempre parecia fazer isso, como se quisesse total escuridão.
Não havia sinal de Jusik ou Etain. Mais ao longo do corredor, Fi teve
sorte. Atin estava sentado na cadeira do quarto, limpando a armadura.
— Estou de olho até Skirata voltar. — disse ele, sem esperar pela
pergunta de Fi.
— O que há de errado?
— Nada.
— Tenho certeza de que Laseema vai esperar por você.
— Não se trata de Laseema.
— Então é alguma coisa.
— Você nunca desiste, não é? — Atin sempre foi do tipo privado,
mesmo tendo se estabelecido em uma cultura de esquadrão muito diferente
daquela em que fora criado. Havia sempre algo novo para aprender sobre
um irmão que havia sido treinado em outro lote. — Certo, agora que o
trabalho está concluído, tenho um assunto a tratar com o Sargento Vau.
— Ele não é mais sargento.
— Eu ainda vou matá-lo.
Era só conversa. Os homens diziam coisas assim. Fi fechou as portas e
sentou-se na cama em frente.
— Eu deveria estar de vigia. — disse Atin.
— Eu fiz Sev me dizer como você conseguiu o ferimento na sua cara.
— Então agora você sabe. Vau me deu uma boa sova por ser relutante
em sobreviver a Geonosis quando os meus irmãos não o fizeram.
— É ainda mais do que isso. Você sabe. Você não seria o primeiro
comando a entrar numa briga com o sargento.
— Sabe, eu gosto mais de você quando está sendo irracional e
engraçado.
— Nós precisamos saber.
— Usen'ye. — Era a maneira mais cruel de dizer a alguém para ir
embora em Mando'a. — Não é da sua conta.
— É se você brigar com Vau, e ele te matar e tivermos que conseguir um
substituto.
Atin colocou a placa traseira que estava limpando no chão e esfregou os
olhos.
— Você quer saber? A verdade? Veja.
Colocou os dedos dentro do pescoço da roupa e puxou o painel frontal.
As costuras de aderência cederam. Não era nada que Fi não tivesse visto
antes nos banheiros: os ombros e os braços de Atin estavam repletos de
longas faixas brancas de tecido cicatricial. Era comum no GER. Os homens
ganhavam feridas nos treinos e no campo, com armaduras ou não. Mas Atin
parecia ter adquirido mais algumas espetaculares que a média.
Cicatrizes aconteciam, especialmente se você não colocava bacta em
uma ferida rápido o suficiente.
— Vau deu essas a você também, não foi?
— Vau quase me matou, então quando finalmente saí do tanque de bacta,
eu disse que o mataria um dia. Justo, não é?
Não admira que Corr tenha achado os comandos um pouco "relaxados".
Eles devem ter parecido perigosamente caóticos para um clone trooper
criado e treinado por instruções e simulação Kaminoanas em flash.
— Matar é um pouco forte. — disse Fi. — Quebre o nariz dele, talvez.
— Skirata já fez isso. Olha, se Vau sentia que você não tinha a vantagem
do assassino, ele aumentaria um pouco. Ele faria você lutar com o seu
irmão. Nós tínhamos uma escolha. Podíamos lutar um contra o outro até
que alguém estivesse muito machucado para se levantar, ou podíamos lutar
com ele.
Fi pensou em Kal Skirata, tão duro e implacável quanto qualquer um que
ele já conhecera, certificando-se de que seus esquadrões fossem
alimentados e bem descansados, encontrando guloseimas ilícitas para eles,
ensinando-os, incentivando-os, dizendo-lhes o quanto eles o orgulhavam.
Pareceu funcionar muito bem.
— E? — disse Fi.
— Optei por enfrentar Vau. Ele tinha um verdadeiro sabre de aço Mando
e eu estava desarmado. Eu apenas fui até ele. Nunca quis tanto matar na
minha vida e ele apenas me cortou. E Skirata comeu o osik de Vau quando
descobriu. Eles nunca se deram bem, esses dois.
— Então... a coisa com Sev. Você disse a Skirata.
— Não, Skirata só descobriu. Eu nem sabia que ele me conhecia até nos
encontrarmos no cerco ao espaçoporto. — Atin pegou a placa e começou a
limpá-la novamente. — Então agora você sabe.
Fi achou que um rápido golpe em Vau poderia purificar o ódio de Atin.
Então lhe ocorreu que o seu irmão era absolutamente literal.
— At'ika, já pensou o que vai acontecer com você se você matá-lo?
— Eu matei pessoas fora das minhas regras legítimas de combate esta
noite. Mais uma não fará diferença. E eu morrerei em breve de qualquer
maneira.
— Sim, mas tem a Laseema.
Atin fez uma pausa, com o pano agarrado em uma mão.
— Sim, tem.
— E como você vai matar Vau, afinal?
— Com uma lâmina. — Ele pegou a luva direita e ejetou a lâmina com
um som alto. — Do jeito Mando.
Isso não é bravata. Fi considerou por um momento, imaginando qual
seria a coisa certa a fazer. Ele realmente vai fazer isso.
Fi decidiu que esperaria perto das portas da plataforma de desembarque,
pronto para o momento em que Vau passasse por elas.

Etain achou impossível dormir. Sentou-se na plataforma de desembarque


com Jusik, meditando. Apesar de toda a violência do dia que ela havia
deixado para trás, encontrou um núcleo sereno dentro dela que nunca
existira antes, a calma interior que procurara por tantos anos através do
estudo e da luta.
Tudo o que eu precisava fazer era ter uma vida fora da minha para
cuidar. Esse é o verdadeiro desapego que devemos procurar, colocar outra
pessoa acima de nós mesmos, sem negar nossas emoções. O apego ao eu é
o caminho para o lado sombrio.
Os intrincados fios prateados de seu filho na Força agora eram mais
complexos, mais interconectados. Ela sentiu propósito, clareza e paixão.
Seria uma pessoa extraordinária. Mal podia esperar para conhecê-lo.
E quando fosse a hora certa, explicaria o que sentia a Darman. Imaginou
a alegria no rosto dele.
Saiu do transe e Jusik estava parado a alguns metros de distância,
olhando para a ravina de torres na direção do Senado.
— Bardan, tenho uma pergunta que só eu posso fazer a você.
Ele se virou e sorriu.
— Eu responderei se puder.
— Como digo a Darman em Mandaloriano que o amo?
Esperou Jusik expressar algum choque ou desaprovação. Ele piscou
algumas vezes, concentrando-se em um local inexistente alguns metros à
frente.
— Não acho que ele seja completamente fluente em Mando'a. Os Nulos
são, no entanto.
— Não quero declarar meu amor por Ordo, obrigada.
— Certo. Tente... ni kar'tayli gar darasuum.
Repetiu baixinho algumas vezes.
— Entendi.
— É a mesma palavra que “saber”, “manter no coração”, kar'taylir. Mas
você adiciona darasuum, “para sempre”, e isso se torna algo bem diferente.
— Isso me diz muito sobre a visão Mandaloriana dos relacionamentos.
— Eles acreditam que o conhecimento completo de alguém é a chave
para amá-lo. Eles não gostam de surpresas e facetas ocultas. Guerreiros
tendem a não gostar.
— Pessoas pragmáticas.
— Pena que os Jedi não eram os melhores amigos deles, então.
Poderíamos gostar de ser pragmáticos juntos.
— Não me dê um sermão sobre afeto. Obrigada.
Jusik se virou pra ela com um sorriso largo que só poderia ter vindo de
estar em completa paz consigo mesmo. Ele indicou o seu corpo com um
floreio de suas mãos: armadura Mandaloriana verde opaca na forma de
placas e caneleiras. O capacete combinando com sua sinistra fenda em
forma de T como visor estava no chão ao lado dele.
— Você acha. — ele disse. — que voltarei ao Templo Jedi usando isso?
Você acha que isso não é apego?
Ele realmente achou engraçado. Ele riu. Os dois eram tudo o que a
Ordem Jedi não aprovaria.
— Zey te daria uma surra.
— Kenobi usa armadura de trooper.
— O General Kenobi não fala Mandaloriano. — Ela achou o riso de
Jusik contagioso e tingido com a exaustão e o alívio assustado que
costumava ser tão evidente em Fi. — E os soldados dele não o chamam de
Obi-Wanzinho.
Jusik ficou calmo novamente.
— O nosso código foi escrito quando éramos forças de manutenção da
paz. Nunca travamos uma guerra, não assim, não usando os outros. E isso
muda tudo. Então, continuarei apegado, porque o meu coração me diz que
está certo. Se permanecer um Jedi significa que é incompatível, então eu sei
a escolha que farei.
— Você conseguiu. — disse Etain.
— E você também. — Ele fez um gesto vago na direção da barriga dela.
— Eu posso sentir. Eu te conheço muito bem agora.
— Não.
— Isso vai ser muito difícil pra vocês dois, Etain.
— Darman ainda não sabe. Você não deve mencionar isso a ninguém.
Me prometa.
— Claro que não. Devo muito a Darman. A todos os homens, na
verdade.
— Você vai se matar tentando viver de acordo com eles.
— Então está tudo bem pra mim. — disse Jusik.
Jusik não queria ser um pacificador. Se a Força não tivesse se
manifestado nele, ele poderia ter sido um cientista, um engenheiro, um
construtor de coisas surpreendentes. Mas ele queria ser um soldado.
E Etain também tinha que ser uma, quer quisesse ou não, porque suas
tropas precisavam que ela fosse uma. Mas assim que a guerra terminasse,
ela deixaria a Ordem Jedi e seguiria um destino mais difícil, porém mais
doce.

Skirata pousou o speeder verde na plataforma de pouso com certa


satisfação. Ele pedira que Enacca mudasse a cor e o fizesse desaparecer do
sistema de licenciamento, mas isso era um trabalho de rotina para ela. Ela
ficou furiosa por ter que pegar tantos speeders da equipe, às vezes
abandonados quando não tinham escolha, mas alguns créditos extras a
acalmavam.
Vau saiu da escotilha do lado do passageiro e Mird se aproximou dele,
rugindo e choramingando alegremente.
— Vou tomar um copo de tihaar. — disse Skirata. — Se o strill quiser
dormir lá dentro hoje à noite, é bem-vindo.
— Eu posso me juntar a você nessa bebida. — Vau pegou Mird nos
braços novamente. — Não é uma operação do livro de regras, mas os
homens deram um golpe decente na oposição em um tempo muito curto.
Quase parecia um relacionamento civilizado. Pareceu assim até o
momento em que as portas se abriram e eles quase esbarraram em Fi. Ele
estendeu os dois braços como uma barreira.
— Sargento, Atin está de mau humor. — Ele se virou para Vau, que
colocou Mird no tapete e tirou o capacete. — Eu não acho que você deva se
aproximar dele, Sargento Vau.
Vau apenas abaixou um pouco o queixo e pareceu resignado.
— Vamos acabar logo com isso.
— Não...
— Fi, isso é entre mim e ele.
O instinto imediato de Skirata foi intervir, mas desta vez suspeitou que
Vau iria piorar, e isso tinha um certo senso de justiça. Enquanto ele
respeitava a habilidade e a integridade do homem, o odiava por sua
brutalidade. E para ele, isso apagava todas as virtudes em Vau.
Ele disse que fez aquilo para o bem deles: era reforçar a sua identidade
Mando, salvar as suas vidas, salvar as suas almas. Os seus rapazes até
acreditaram nisso. Skirata nunca o faria.
— Eu o estava esperando, Sargento. — disse a voz de Atin.
Skirata puxou Fi de volta. Ordo e Mereel, estavam ainda trabalhando
para neutralizar o plastóide térmico preso em armadilhas, ergueram os
olhos, cautelosos, esperando o sinal dele para se envolver. Ele sacudiu
discretamente a cabeça. Ainda não. Deixa.
Atin usava a sua manopla direita e seu uniforme. Ele estendeu a
vibrolâmina da articulação e segurou o punho no ombro e depois
embainhou a lâmina.
— Se esse strill avançar em mim, eu também o eliminarei.
Era um lado de Atin que Skirata nunca tinha visto antes, mas que Vau
construíra. Era o pedacinho de Jango, o gene que dizia: Ficar e lutar, não
correr, outra tendência genética que poderia ser nutrida, desenvolvida e
treinada em algo muito maior que ele.
Vau estendeu os braços ao lado do corpo e pareceu genuinamente
frustrado. Atin nunca entendeu por que ele fez aquilo. E eu também não,
Skirata pensou. Você salva um homem de ser dar’manda ensinando-lhe a
sua herança, não transformando-o em um animal selvagem.
A voz de Vau suavizou.
— Você tinha que ser Mando, Atin. Se eu não tivesse feito de você
Mando, você também poderia estar morto, porque não existiria como um
Mando'ad, não sem o seu espírito e as suas entranhas. — Ele estava quase
se desculpando. — Você precisava atravessar esse limiar e estar pronto para
fazer absolutamente qualquer coisa para vencer. Fierfek, se os Jedi
estúpidos não tivessem usado você como infantaria em Geonosis, cada um
dos meus comandos estaria vivo hoje. Fiz de vocês homens durões porque
me importava.
Skirata estava feliz por Vau não ter usado a palavra amor. Ele teria
colocado a sua própria faca nas entranhas do homem, se ele tivesse. Ele
ficou em pé, puxando Fi pelo braço, e Atin avançou para agarrar Vau pelos
ombros e lhe dar um soco na cabeça. Vau recuou alguns passos, com sangue
escorrendo do nariz, mas não caiu. Mird gritou freneticamente e foi
defender o seu mestre, mas Vau o mandou de volta com um comando
manual.
— Udesii, Mird. Consigo lidar com isso.
— Certo, lide com isso. — disse Atin, e deu um soco.
Era difícil lutar contra um homem de armadura Mandaloriana, mas Atin,
fiel ao seu nome, faria isso. Seu golpe atingiu Vau logo abaixo dos olhos e
ele seguiu com uma investida feroz para jogá-lo contra a parede e
pressionar o braço na garganta. Vau voltou ao instinto animal e acertou o
joelho no estômago de Atin, levando-o longe o suficiente para bater com o
cotovelo no rosto.
Eu paro isso? Eu posso? Skirata ficou pronto.
O golpe parou Atin por alguns segundos. Então ele voltou direto para
Vau e investiu contra ele, derrubando-o e prendendo-o no chão, golpeando
com os punhos, atingindo armadura com a mesma frequência de carne. A
essa altura, o barulho dos corpos e os guinchos de protesto já tinham
despertado as pessoas e Jusik veio correndo no momento em que Atin
ejetou sua vibrolâmina com um som de shunk doentio e a levantou, com o
cotovelo erguido, para acertá-la no pescoço exposto de Vau.
Os dois homens se separaram como se tivessem sido atingidos por uma
explosão silenciosa. Atin disparou contra a mesa e Vau foi jogado contra a
parede. Houve um momento de silêncio atordoado.
— Isso para agora! — Jusik gritou no alto de sua voz. — Isto é uma
ordem! Eu sou seu general e não vou tolerar brigas, vocês ouviram? Por
qualquer motivo. Levantem-se, vocês dois!
Vau obedeceu tão docilmente quanto qualquer novo recruta. Os dois
homens se levantaram e Atin ficou atento por um velho hábito. O pequeno
Jusik, de cabelos despenteados, vestindo apenas uma túnica amassada e
calças ásperas, estava encarando os dois homens muito maiores.
Skirata nunca tinha visto a Força usada para terminar uma luta antes. Era
tão impressionante quanto abrir aquela porta.
— Quero que essa briga pare agora. — continuou Jusik, a voz quase um
sussurro. — Temos que ter disciplina. E não posso deixar vocês se
machucarem. Temos que estar unidos. Vocês entendem?
— Sim, senhor. — disse Atin, impassível, com sangue no rosto. — Estou
sob acusação agora, General?
— Não. Estou apenas pedindo que você ponha um fim nisso pelo nosso
bem.
Atin era uma razão calma mais uma vez. Ele nem parecia sem fôlego.
— Muito bem, senhor.
Vau parecia abalado, ou pelo menos tão abalado quanto um homem
como ele poderia estar.
— Sou civil, General, para poder fazer o que quiser, mas peço desculpas
ao meu ex-aprendiz por qualquer dor que causei a ele.
Skirata estremeceu. Era o suficiente para começar a luta novamente. Mas
era uma concessão tão boa quanto alguém jamais conseguiria de um homem
que acreditava ter feito um favor a Atin.
— Minha culpa, senhor. — disse Skirata, fazendo o que um bom
sargento deveria. — Eu devo manter uma melhor disciplina.
Jusik lhe lançou um olhar que dizia que não acreditava nisso, mas era
mais amoroso do que censurado. Skirata esperava que ele nunca tivesse que
mostrar ao rapaz que não o obedeceria, mas suspeitava que Jusik nunca iria
querer testar isso.
O Jedi olhou por cima do ombro para a plateia silenciosa que havia se
reunido.
— Todos nós podemos voltar para a cama agora. — Os comandos deram
de ombros e desapareceram de volta para seus quartos. A expressão de
choque total de Corr era fascinante. Não havia sinal de Darman. — E você
também, Fi. Foi um dia difícil.
Jusik pegou um spray de bacta com uma expressão de exasperação
cansada e sentou Atin em uma cadeira para limpar o seu rosto. Ele não fez
nenhuma tentativa de cuidar de Vau, que caminhou até o banheiro, com
Mird gemendo em seus calcanhares. Ordo e Mereel desapareceram para a
plataforma de pouso com maços de explosivos embrulhados.
Skirata esperou que Jusik terminasse e Atin retornasse ao seu quarto.
— Então, sem sabre de luz e sem armadura. — Jusik era ainda mais
baixo do que ele. Ele cutucou o garoto no peito. — Eu disse a você que é o
que está sob a armadura que faz um homem. Alguns milhares de Jedi como
você e a República não estariam no osik que está agora. Você é um soldado,
senhor, e um bom oficial. E acho que nunca disse isso a ninguém na minha
vida.
Skirata falou sério naquele momento. Isso não o fez amar os Jedi como
uma espécie melhor, mas ele gostava muito de Bard'ika e cuidaria dele.
Jusik baixou os olhos, uma estranha mistura de vergonha e prazer, e apertou
o braço de Skirata.
— Quero o melhor para os meus homens, só isso.
Skirata esperou que ele fechasse as portas do quarto e foi procurar a
garrafa de tihaar e a coisa mais rara no Refúgio do Qibbu: um copo limpo.
Ele arrancou a tampa da garrafa e derramou um pouco em um cálice
lascado.
Não conseguia identificar quais frutas haviam sido destiladas a partir
desse momento, e não tinha um sabor tão bom. Isso nunca acontecia, mas
com mais frequência o fazia dormir. Deixou queimar o interior da boca
antes de engolir e sentou-se na cadeira, segurando o copo nas mãos em
concha, com os olhos fechados.
Espero que Atin tenha encontrado algum tipo de paz com isso.
Pensou ter detectado um leve toque de fruta-joia no tihaar.
Quatro milhões de créditos.
Isso foi satisfatório, muito mais do que qualquer recompensa ou taxa que
ele investiu ao longo dos anos em Aargau. Ninguém mencionou isso. Ordo
e Mereel certamente tinham que estar pensando nisso: conheciam os seus
planos. Vau era um mercenário, mas não interferiria, porque havia sido
pago. Etain também podia fazer perguntas. Mas os Esquadrões de
Comandos tinham pouco interesse nas realidades da economia. Os clones
não eram pagos. Eles nunca cobiçavam bens porque foram criados sem
nada para chamar de seu. Até o desejo de Fi pela excelente armadura
de Mando de Ghez Hokan e a luxúria geral de seus rapazes por rifles
Verpine era uma mistura de pragmatismo e os valores culturais
Mandalorianos que ele próprio os havia ensinado, não a ganância civil
básica.
E uma cópia de um datapad restrito do Tesouro para brincar.
E o pad de Perrive para pegar, mandarei Mereel copiá-lo antes de
entregá-lo a Zey... ou entregar a maior parte a ele, de qualquer maneira.
Abriu os olhos, ciente de alguém em pé sobre ele. Ordo e Mereel
estavam impacientes e excitados, parecendo muito mais jovens normais que
se divertiam do que soldados eficientes, disciplinados e mortais.
Mereel sorriu, incapaz de conter sua alegria.
— Quer ouvir sobre Ko Sai, Kal'buir? Ela apareceu de novo.
Skirata esvaziou o copo. Isso era que ele mais queria.
— Sou todo ouvidos, ad’ike.
CAPÍTULO 24
Uma grande rede terrorista está em frangalhos nesta manhã, após o fim de uma operação
maciça durante a noite pelas Forças de Segurança de Coruscant. Um total de noventa e sete
suspeitos foram detidos ou mortos, e o que é descrito como "uma quantidade significativa" de
explosivos apreendidos. O senador Ihu Niopua a descreveu como um magnífico trabalho
policial e elogiou os oficiais.
— HNE noticiário da noite, 387 dias após Geonosis

Clube Social da Equipe da Força de Segurança de Coruscant, 2000


horas, 388 dias após Geonosis: recepção para homens e convidados da
Companhia Arca, Brigada de Operações Especiais

FSC não sabia o quão corajosos haviam sido até ouvir no boletim da
A HNE.
Fi decidiu tratar a cobertura como engraçada, e não como outro caso dos
esforços de seus irmãos que não foram reconhecidos. Skirata o avisou que
todo o pessoal das forças especiais tinha que lidar com isso, clone ou não,
então não era nada pessoal.
Enfim, isso não importava. Ele estava encostado em um bar, um bar
limpo, que não deixava os seus cotovelos ensopados, cercado por pessoas
que não eram criminosas; a menos que você contasse com o Sargento Kal, é
claro, e ele era um caso especial, porque a caça extrema a recompensas não
era realmente um crime. E os policiais estavam comprando bebidas pra ele
e apertando a sua mão, dizendo que os seus amigos teriam virado nerf se ele
não tivesse se jogado naquela granada durante o cerco ao espaçoporto. Era
incrível como eles ainda se lembravam disso.
Fi não teve coragem de dizer que ele simplesmente fez o que anos de
treinamento fizeram o seu corpo realizar involuntariamente, e que ele não
sabia como fazer outra coisa. Ele simplesmente sorriu e gostou da adulação.
Gostou da camaradagem.
Alguns deles também eram oficiais do sexo feminino. Elas ficaram
fascinadas com a armadura dele. Ele gostava de explicar as partes e funções
para elas, e se perguntou por que elas riram quando disse como era fácil
tirar.
Ordo entrou com Obrim e juntou-se a Fi no bar. Obrim entregou a ambos
um copo de uma cerveja de cor clara, instantaneamente outro irmão de
uniforme com uma compreensão tácita de como as coisas eram.
— Vejo que eles melhoraram a sua armadura novamente. — disse ele,
batendo no peitoral de Fi com a articulação do dedo indicador. —
Acabamento diferente. Elegante.
— Bem, precisam testar o novo equipamento em alguém, e nós somos
tão estilosos.
— Suponho que eles podem pagar, agora que há menos de vocês para
equipar. — disse Obrim, caindo no sinistro cinismo de homens que
costumavam estar à mercê de contadores.
— Porque os sacos para cadáver são muito mais baratos.
— Que sacos para cadáver? — Disse Fi.
— Sério?
— Não é o jeito Mando. Ou da República.
— Kriffing avarentos. — Obrim suspirou irritado. Em seguida, indicou
Mereel, que estava cercado por um pequeno grupo de oficiais, além do
esquadrão Delta, rindo ruidosamente. — Vejo que o seu irmão está
ensinando aos garotos alguns palavrões em Mando’a. É verdade que vocês
não têm uma palavra para “herói”?
— Sim, mas temos uma dúzia para “facada”.
Obrim quase riu.
— E quantas para fritar alguém com um blaster?
— Toneladas. — disse Fi. — Não sabemos muito sobre arte, mas
sabemos do que gostamos.
Ordo examinava o bar lotado com a testa franzida. Fi seguiu o seu olhar.
Perguntou-se se estava verificando onde Etain e Jusik estavam, porque os
Jedi não se encaixavam facilmente na atmosfera estridente de um clube
social da polícia, mas lá estava Jusik, todo sorridente, envolvido em uma
intensa conversa com dois oficiais forenses Sullustanos. Darman discutia
calorosamente com Corr e dois homens que Fi reconheceu como
especialistas em descarte de bombas da FSC do cerco ao espaçoporto. Niner
e Chefe pareciam ter sido atraídos para um jogo estranho com alguns outros
oficiais, que envolvia jogar uma faca nas finas esculturas de madeira acima
do bar, para grande aborrecimento do droide de serviço.
E Atin estava com Laseema no braço, olhando-o com adoração, mesmo
que ele ainda tivesse um olho roxo impressionante de sua briga com Vau.
Mas nem sinal de Etain e nem de Vau. Vau partira para outro trabalho,
não especificado, é claro. Darman ainda estava ali, no entanto, e isso
significava que Etain também estava por enquanto.
Ordo parecia estar concentrado na porta.
— Qual é o seu problema, ner vod?
— A agente Wennen disse que viria. — disse Ordo. Ele parecia
estranhamente desajeitado, parecendo pela primeira vez como se não
soubesse o que fazer a seguir. — Vou dar uma olhada. É um bar grande.
Obrim o observou partir.
— Fi. — ele disse, — você se importa se eu perguntar algo pessoal?
— Eu sempre tento ajudar a polícia com seus inquéritos, Capitão.
— Sério, filho. Kal fala comigo sobre todos vocês. Eu nunca soube como
vocês foram... criados para tudo isso. Desculpa. Não consigo encontrar
outra palavra pra isso. Você não parece se ressentir. Eu ficaria furioso. Você
não tem raiva? Nem um pouco?
Fi desejou que Obrim não o fizesse pensar. De certa forma, tudo era
muito, muito mais simples em Kamino. Também era mais fácil ficar
sozinho, apenas com o seu esquadrão por companhia em algum planeta
osik'la explodindo droides. Havia um foco claro nisso. Coruscant era
realmente o campo de batalha mais difícil de todos, como o Sargento Kal o
havia advertido. Mas não foi porque haviam muitos perigos de não saber se
o inimigo estava ao seu lado. Foi porque mostrou a ele o que ele nunca
poderia ter.
— Eu pensei muito no ano passado. — disse Fi. — Sim, há muita coisa
errada. Eu sei que mereço mais do que isso. Eu quero uma garota legal e
uma vida e não quero morrer. E eu sei que estou sendo usado, obrigado.
Mas sou um soldado e também Mandaloriano, e a minha força sempre será
o que carrego dentro de mim, o meu senso de quem e o que sou. Mesmo
que o resto da galáxia afunde em sua própria imundície, eu morrerei sem
comprometer a minha honra. — Ele esvaziou o copo e começou o próximo
que estava alinhado no bar. Ele não gostava muito do sabor, mas acreditava
em ser educado. — É isso que me faz continuar. Isso e os meus irmãos. E
aquela cerveja que você me prometeu.
— Eu tinha que perguntar. — Obrim franziu o cenho rapidamente e
desviou o olhar por um momento. — Aquela bebida realmente fez você
continuar?
Pensou na inserção em Fest meses antes.
— Sim, Capitão. Às vezes sim.
Fi temia aonde a conversa poderia levá-lo, mas foi interrompido por um
grito alto vindo de baixo do bar. Skirata havia chegado e estava
demonstrando sua habilidade no jogo de arremesso de facas. Deixou voar a
sua faca cruel de três lados, batendo nas outras facas da madeira várias
vezes. O droide do bar protestou.
— Ele é bom demais nisso. — disse Obrim, e voltou-se para Fi
novamente para retomar a conversa. — Agora, sobre isso...
Fi não queria mais discutir isso. Ele se endireitou e chamou Skirata
através do bar.
— Sargento? Sargento! Quer mostrar a eles o Dha Werda?
Houve um grito de “Kandosii!” dos esquadrões.
— É, vamos lá, Sargento! Vamos mostrar a eles como se faz!
— Estou muito velho. — disse Skirata, pegando a faca.
— Não. — disse Fi, e aproveitou a chance para arrastar Skirata para
longe do jogo. — Você nos ensinou isso, lembra?
Skirata aceitou o convite e mancou para se juntar aos dois esquadrões,
que rapidamente abriram espaço no bar. Ordo, Mereel e Jusik se juntaram a
eles; Corr recuou, incerto. Os troopers raramente tinham a chance de ver o
canto ritual e muito menos aprendê-lo.
— Ainda não bebi o suficiente. — disse Skirata, — mas vou tentar.
Sem a sua armadura, ele parecia ainda menor entre os seus comandos do
que o habitual. O canto começou.
Taung sa rang broka!
Jetiise ka'ta!!
Dha Werda Verda a'den tratu!

Ele entrou no ritmo instantaneamente, mantendo o tempo perfeito, dando


os golpes rítmicos em sua jaqueta de couro que normalmente fazia em
armaduras duras. Era um guerreiro endurecido pela batalha como os seus
rapazes, apenas mais velho.
Fi piscou pra ele, com cuidado para permitir a diferença de altura.
Coruscanta kandosii adu!
Duum motir ca'tra nau tracinya!

Skirata manteve o ritmo implacável verso após verso. Fi avistou uma


armadura branca em sua visão periférica e o Capitão dos Troopers CRA,
Maze, apareceu na multidão de oficiais da FSC que estavam assistindo de
boca aberta com copos de cerveja nas mãos.
— Se importam se eu participar? — Maze perguntou.
Fi não tinha intenção de tentar parar um trooper CRA. Maze entrou na
fila ao lado de Ordo e sorriu para o seu irmão capitão de uma maneira que
Fi não gostou.
Como Skirata sempre dizia a estranhos, o Dha Werda requeria
resistência, sincronia e confiança total em seus camaradas. Os ritmos
complexos aguçavam seu cérebro e ensinavam você a pensar como um.
Vire muito rápido ou muito tarde e você levará um forte golpe na cara. Foi
realizado sem buy’cese.
Ordo não estava tão focado quanto deveria. Talvez a sua mente ainda
estivesse onde a adorável Besany Wennen poderia estar. Qualquer que fosse
o motivo, quando Fi virou à direita, com os punhos cerrados, os braços na
altura dos ombros, prontos para bater o ritmo na placa traseira de Niner, ele
viu e ouviu o punho de Maze se conectar com o queixo de Ordo.
Ordo continuou, com o sangue saindo de seus lábios, recusando-se a
quebrar o ritmo. Não se parava se fosse atingido. Você continuava.
Gra'tua cuun hett su dralshy'a!
Kom’rk tsad droten troch nyn ures adenn!

A fila dos comandos virou noventa graus para a esquerda, martelando o


ritmo e depois para a direita novamente, e Maze bateu em Ordo nitidamente
e, Fi teve que admitir, que foi elegantemente na boca novamente sem perder
o ritmo. Sangue espirrou na intocada placa branca do peito de Ordo. Fi
esperou que o encontro explodisse em uma briga, mas o canto terminou sem
incidentes e Ordo simplesmente limpou a boca na palma da luva.
— Desculpe, ner vod. — Maze disse, sorrindo com diversão genuína. —
Você sabe o quão desajeitados nós, Troopers CRA comuns, somos. Nós
somos dançarinos ruins.
Fi prendeu a respiração. Estava pronto para apoiar Ordo contra Maze;
Ordo era o seu amigo. E Fi também sabia que ele era totalmente
imprevisível e totalmente sem medo da violência.
Ordo apenas deu de ombros, estendeu o braço e os dois capitães CRA
apertaram as mãos e foram para o bar. Skirata os observou com cuidado e
sorriu.
Todos os CRAs eram loucos. Às vezes, Fi ficava grato por terem
removido os pedaços mais voláteis de Jango de seus genes.
Skirata se sentou em um banquinho e limpou o suor da testa com a
palma da mão.
— Não estou ficando mais jovem. — disse ele, recuperando o fôlego, e
riu. — Estarei com hematomas pela manhã. Não deveria tentar isso sem
armadura.
— Você podia ter saído depois de alguns minutos. — disse Fi. Ele
entregou-lhe um pano. — Não teríamos nos importado.
— Mas eu teria. Não posso pedir a um homem que faça o que não posso
fazer ou não farei.
— Você nunca pede. — Fi notou que um pequeno silêncio havia se
formado ao redor da porta, e sua causa era Besany Wennen. Ela entrou,
olhando em volta, então viu Ordo e foi até ele.
— Vou sair para a varanda para tomar um ar. — disse Skirata.
A última coisa que Fi viu antes de Obrim o levar embora para encontrar
alguns oficiais que queriam comprar mais bebidas pra ele foi Besany
Wennen passando um lenço no lábio partido de Ordo e repreendendo um
Capitão Maze visivelmente surpreso.
— Olá. — disse Skirata. — Eu não sabia que você estava aqui, ad’ika.
Etain olhou por cima. Ela estava espiando por cima da varanda a pista do
tráfego aéreo abaixo. As paisagens noturnas em Coruscant eram tão
divertidas quanto um holovídeo.
— Está muito barulhento pra mim lá dentro. Parece que vocês estavam
se divertindo.
Skirata se juntou a ela e descansou os braços cruzados no parapeito de
segurança.
— Estava mostrando o Dha Werda à FSC.
— Aposto que foi doloroso. — Ele parecia um homem
fundamentalmente bom. Ela o adorava, mesmo que ele a assustasse
algumas vezes. — É bom ver todo mundo relaxando. Tem sido difícil, não
é?
— Nós conseguimos, no entanto. Todos nós. Você também, ad’ika. Bom
trabalho.
Estava alegremente certa da vida agora. Sentia-se bem. Também tinha
certeza de que Skirata era um homem que entendia o amor e os riscos que
as pessoas corriam para fazer felizes aqueles que amavam. Ele desafiava os
generais e qualquer um que estivesse no seu caminho para garantir que seus
soldados, seus filhos, porque era o que eram, recebessem o que era deles
por direito.
Não havia razão para não contar suas maravilhosas notícias. Ela deveria
contar a Darman primeiro, mas não sabia ao certo como. E, de qualquer
maneira, Skirata era Kal'buir. Ele era o pai de todos.
— Obrigada por ser tão compreensivo sobre mim e Dar. — disse ela.
Skirata esfregou a testa.
— Sinto muito por ter te dado um sermão. Eu sou muito protetor de
todos eles. Mas vocês dois estão felizes e fico feliz em ver isso.
— Então espero que você fique feliz por eu estar esperando um bebê.
Houve um momento de silêncio.
— O quê? — disse Skirata.
— Estou grávida.
Observou o rosto dele endurecer.
— Grávida?
Não esperava isso. Um frio desagradável se espalhou do estômago para o
peito.
— De quem é? — Skirata perguntou. Sua voz estava nivelada,
controlada, distante. Era a voz de um mercenário.
Isso doeu.
— Darman, é claro.
— Ele não sabe, então. Ele teria me dito se soubesse.
— Não, eu não contei a ele.
— Por quê?
— Como ele pode lidar com isso? Já é difícil o suficiente para uma
pessoa normal...
— Ele não é anormal. Ele é o que vocês fizeram dele.
— Eu quis dizer. — Etain lutou. — Eu quis dizer que ele não tem
experiência para permiti-lo ser pai em um momento como esse.
— Ninguém nunca tem.
— Eu queria que ele tivesse algum tipo de futuro.
O rosto de Skirata não mudou.
— Você planejou isso? Como ele pode ter um futuro se não sabe que tem
um filho? Os genes não contam para tudo.
— Se alguém descobrir que estou esperando um filho, serei expulsa da
Ordem Jedi e não poderei servir. Eu tenho que continuar. Não posso
decepcionar os homens.
Skirata estava furioso. Ela sentia isso. Também podia ver. E se achava
que isso era ruim, não seria nada comparado com a reação do Conselho
Jedi. Seria expulsa da Ordem. Não seria mais general, não seria mais capaz
de desempenhar o seu papel na guerra.
Mas você sabia disso.
Você deveria ter pensado nisso.
A realidade parecia muito diferente. E, no entanto, ela não se arrependia
nem um pouco, e foi por isso que não pensou na reação do Conselho Jedi.
Isto estava certo. A Força a havia guiado até esse ponto.
— E como você planeja disfarçar esse fato? — Skirata perguntou, ainda
calmo e frio. — Vai ser bem visível.
— Eu posso entrar em transe de cura e acelerar a gravidez. Eu posso ter
essa criança em cinco meses. — Ela colocou a mão na barriga. — É um
garoto.
Essa foi provavelmente a pior coisa que poderia ter dito a Skirata. Etain
já deveria conhecer Mandalorianos melhor agora. O vínculo entre pai e
filho era primordial. Cada pedaço de calor que ele já havia mostrado a
evaporou, e isso a devastou. Ela também o amara como pai.
E um bom pai Mando colocava o filho em primeiro lugar.
— Nesse seu grande plano, então, esse plano para dar um futuro ao meu
rapaz, o que você acha que o filho dele deve se tornar? Um Jedi?
— Não. Apenas um homem. Um homem com uma vida normal.
— Não, ad'ika. — As mãos de Skirata estavam enfiadas nos bolsos
agora. Ela podia ver o subir e descer de seu peito enquanto a sua respiração
trabalhava com raiva reprimida. Um pequeno vórtice sombrio na Força se
abriu ao seu redor. — Não, o filho de Darman será Mandaloriano ou ele
não tem filho. Você não entende? A menos que o garoto tenha a cultura dele
e o que o torna Mandaloriano, ele... ele não tem alma. Por isso tive que
ensinar a todos, todos os meus garotos, o que era ser Mando. Sem isso, eles
são homens mortos.
— Eu sei o quanto é importante.
— Não, acho que não. Nós somos nômades. Nós não temos pátria. Tudo
o que temos para nos manter unidos é o que somos, o que fazemos e sem
isso somos... dar'manda. Não sei como explicar... não temos alma, vida
após a morte, identidade. Estamos eternamente mortos.
Etain repetiu dar’manda para si mesma.
— Foi assim que ele recebeu o nome dele, não foi?
— Sim.
Começou a perceber por que Skirata e Vau eram tão obcecados em
ensinar aos seus aprendizes sobre a sua herança. Não estavam apenas dando
a eles uma identidade cultural: estavam literalmente salvando as suas vidas,
as suas próprias almas.
— Ele será um usuário da Força. Isso fará com que ele...
— Você está louca? Você sabe o que isso o faz valer para criaturas como
os Kaminoanos? Você sabe o quanto as pessoas estarão interessadas em seu
material genético? Ele está em perigo, sua di’kut!
O valor da herança genética única de seu filho nunca passou pela cabeça
de Etain. Ficou horrorizada. Lutou para lidar com os perigos que surgiam ao
seu redor como se fossem do nada.
— Mas como Dar pode criá-lo?
— Você não fez essa pergunta quando começou tudo isso? Você
realmente o ama?
— Sim! Sim, você sabe que sim. Kal, se eu não tiver um filho dele e ele
morrer...
— Quando ele morrer. Ele foi projetado para morrer jovem. Eu vou
sobreviver a ele. E você foi criada para viver muito tempo.
— Você mesmo disse, apenas uma ampla geração de homens. Depois,
não resta mais nada dos clones, nada para mostrar que eles já viveram,
serviram e morreram. Todos eles merecem mais do que isso.
— Mas, novamente, Darman não teve escolha. — disse Kal. — Não teve
escolha sobre lutar. Não teve escolha em ser pai.
Ele ficou em silêncio, caminhando para o outro lado da varanda e
apoiando-se nela, exatamente como havia feito quando ela o viu agonizar
sobre ser um monstro, um homem que transformou garotos pequenos em
soldados e os enviou para lutar a guerra dos aruetiise.
Etain esperou. Não havia sentido discutir com ele. Ele estava certo: ela
tomou a escolha das mãos de Darman, como todo general Jedi fazia.
— Kal. — ela disse.
Ele não se virou.
Colocou uma mão cautelosa nas costas dele. Sentiu-o tenso.
— Kal, o que você quer que eu faça para corrigir isso? Você não quer
que pelo menos um de seus homens deixe algo para trás, alguém que se
lembre dele?
— Você só consegue se lembrar do que conhece.
— Vou manter a criança segura...
— Você tem um nome para ele, não tem? Eu sei disso. Você sabe que
está esperando um garoto, então deve ter pensado em um nome. Mães
fazem isso.
— Sim. Eu...
— Então não quero ouvir. Se você quer a minha ajuda, eu tenho
condições.
Ela sabia disso. Deveria saber. Skirata assumiu obsessivamente o seu
papel paternal, e ele era um homem duro, um mercenário, um homem cujo
instinto havia sido aperfeiçoado para lutar e sobreviver desde que era
pequeno.
— Preciso da sua ajuda, Kal'buir.
— Não me chame assim.
— Me desculpe.
— Você quer a minha ajuda? Então aqui estão os meus termos. Diga a
Darman que ele tem um filho quando for seguro pra ele saber, não quando
lhe convier. E se isso não acontecer até a criança nascer, eu nomeio o garoto
como um Mando'ad. Os pais nomeiam os seus filhos, por isso, se Dar puder
fazer isso, então vou ter certeza de que pode.
— Então, eu não tenho escolha.
— Você poderia fugir da cidade para qualquer um dos mil planetas, se
quisesse.
— E você me encontraria.
— Ah sim. Eu encontro pessoas. É o meu trabalho.
— E você contaria à Ordem Jedi. Você me odeia.
— Não, eu realmente gosto de você, ad'ika. Eu só desprezo os Jedi. Os
seus usuários da Força nunca questionam o seu direito de moldar a galáxia.
E as pessoas comuns nunca percebem que têm uma chance.
— Eu acho... acho que seria muito apropriado para o filho de Darman
conhecer a sua herança.
— Ele fará mais do que isso. Se Darman não puder criá-lo como um
Mando, eu o criarei. Eu tive muita prática. Muita.
Etain estava desamparada. A sua única opção era fugir, e sabia que não
seria justo com ninguém, muito menos com o bebê. Isso só confirmaria que
tudo que ela queria era um filho, algo para se agarrar, amar e ser amada em
troca, independentemente de como conseguisse.
Isso tinha que ser para o Darman. O seu filho não conseguiria crescer
como um homem comum. E Etain não tinha ideia de como criar um filho
Mando. Skirata tinha. Se recusasse, sabia exatamente até onde ele iria
chegar.
— Como você vai lidar com uma criança que usa a Força? — ela
perguntou.
— Da mesma maneira que criei seis rapazes que estavam muito
perturbados e danificados por serem colocados em simulações de batalha de
fogo vivo como crianças que nunca tiveram a chance de serem normais.
Com muito amor e paciência.
— Você realmente quer fazer isso, não é?
— Sim, eu quero. Mais do que tudo. É o meu dever absoluto como um
Mando'ad.
Então esse era o preço dele.
— Eu posso disfarçar a gravidez...
— Não, você terá alguns meses bons e tranquilos sob a cobertura
profunda em Qiilura, com alguém do povo da Jinart para ficar de olho em
você. E apenas me veja fazer isso acontecer. Então você volta com a
criança, e eu a crio aqui. Um neto. Dada a história da minha família,
ninguém vai reparar.
— Como você vai chamá-lo?
— Se Darman estiver em posição de saber quando o filho nascer, a
escolha é dele. Até lá, guardarei as minhas ideias pra mim.
— Então você concorda que Darman não deveria saber ainda.
— Se eu contar a ele, ou você, então como ele voltará à guerra e manterá
a sua mente em sua própria segurança? Ele vai embora novamente em
alguns dias. Você também. Não é como dizer a um garoto comum que ele
engravidou uma garota, e só isso pode ser ruim o suficiente. Ele é um clone
sem direitos e sem uma ideia real do mundo real, e ele engravidou a general
Jedi dele. Tenho que desenhar pra você?
Etain nunca realmente tinha enfurecido ninguém. Os Jedi que a criaram e
a treinaram toda a sua vida estavam muito além dessa emoção. Eles se
permitiam um pouco de impaciência ou irritação, mas nunca raiva. E em
Qiilura, quando teve a responsabilidade de quatro comandos lançados por
ela pela primeira vez em uma missão desesperada e perigosa, a raiva de
Jinart por sua inexperiência ficou muito aquém da fúria.
Mas Skirata agora estava se afogando nela. Podia sentir a fúria cega dele
e como ele a segurava. Podia ver o tom pálido de seu rosto, drenado de
sangue. Podia ouvir a tensão em sua voz.
— Kal, você de todas as pessoas deve saber o quanto isso importa. Os
seus próprios filhos o renegaram por colocar os seus clone troopers na
frente deles. Você deve saber como é se arriscar ao ódio e ao desprezo para
fazer a coisa certa por quem você ama. E por que você faria o mesmo
novamente.
— Se você fosse Laseema me dizendo que estava carregando o filho de
Atin, as coisas teriam sido muito diferentes. — ele sussurrou.
Houve um movimento atrás deles.
— Kal'buir?
Etain se virou. Ordo estava parado na porta. Não o sentiu se
aproximando; comparado com o distúrbio que Kal estava gerando na Força,
ele era invisível.
— Está tudo bem, filho. — Skirata parecia envergonhado e o chamou.
Ele conseguiu fingir um sorriso. — Então o Capitão Maze se recuperou?
Ordo, sintonizado com as reações de Skirata, olhou para Etain
desconfiado. Ele se sentia como o strill na Força naquele momento, exceto
que não havia um senso alegre de uma criança selvagem brincando, apenas
ferocidade.
— A honra foi satisfeita, como eles dizem. Gostaria de saber se você
quer se juntar a nós para uma bebida. Besany está ansiosa para vê-lo
novamente.
— Ah, parece que vocês estão se dando muito bem. — Skirata sorriu e
era real: Besany Wennen não era, é claro, uma jetii, uma Jedi. Ela era
aceitável. — Eu adoraria, Ord'ika. Etain e eu estávamos mesmo terminando
a nossa conversa.
Skirata saiu como se nada tivesse acontecido. Etain se apoiou no
corrimão, com a testa nos braços cruzados e sentiu-se quase completamente
esmagada. Mas Skirata estava certo em tudo o que havia dito: e ele honraria
a sua promessa de ajudá-la. O preço era inevitável. Ela o pagaria.
Concentrou-se na alegria que cercava o seu filho na Força. Por mais
difíceis que as coisas fossem, isso era algo que ninguém poderia tirar dela...
nem mesmo o Kal'buir.
CAPÍTULO 25
Claro que planejei uma saída. Sou mercenário desde os sete anos de idade. Você sempre
planeja o que acontece quando a guerra atual termina. Isso é chamado de estratégia de saída, e
a minha está no planejamento há muito, muito tempo.
— Kal Skirata para Jaller Obrim, discutindo o futuro em uma galáxia incerta

Clube Social da Equipe da Força de Segurança de Coruscant, 0015


horas, 389 dias após Geonosis

— B em, isso foi divertido. — disse Jaller Obrim, sentando-se sobre


um banquinho de bar. O clube estava quase deserto agora. — Eles
não bebem muito, os seus garotos, não é?
— Eles compensam isso com a comida. — Skirata estava pensando em
como lidaria com a crise atual. Jinart, a Gurlanin, desaparecera daquela
maneira que apenas os transmorfos Gurlanins podiam. Ela não tinha um
comunicador, e ele não a encontraria tomando um café da manhã frito no
Kragget. Ele teria que encontrar outra maneira de contactá-la. — Apetites
enormes. É o envelhecimento acelerado que aumenta o metabolismo deles.
Obrim coçou a bochecha, parecendo envergonhado.
— Eu sei, amigo. Eu não passei pelo que você passou com eles, mas
qualquer pessoa em nosso jogo entenderá como você se sente.
— É. — Mas Darman tem um filho agora. Estou com raiva que Etain
tenha permitido que isso acontecesse sem sequer perguntar, mas ele tem um
filho. Mesmo se eu nunca me apossar daquela Kaminoana isca de aiwha da
Ko Sai, ele tem algum tipo de futuro agora. — Me desculpe se eu desconfio
de você algumas vezes.
— Não se preocupe com isso.
— Obrigado.
— O que você faria se pudesse dirigir a galáxia agora, Kal? Eu quero
dizer qualquer coisa.
Skirata nem parou para pensar.
— Eu pararia a guerra agora. — disse ele. — Então eu voltaria para
Kamino e pegaria aqueles malucos cinzentos pelos pescoços podres e
magros e os faria criar uma expectativa de vida normal para cada um dos
nossos garotos. Depois, levava o exército inteiro pra casa em Mandalore e
passava o resto da minha vida me certificando de que eles teriam esposas e
famílias, e um objetivo que fosse deles, não a rixa particular de alguns
aruetii.
— Achei que você diria isso. — disse Obrim. — Eu deveria estar
chegando em casa agora. Os últimos dias foram um pouco difíceis para a
minha esposa. Sabe, nunca estou em casa. Por que você não vem jantar um
dia desses?
— Eu gostaria disso.
— Posso deixá-lo?
— Estou esperando por Ordo. Ele está conversando com Besany.
— Percebi. — Obrim apenas sorriu. — Ele é um garoto esperto.
Skirata ficou contemplando um futuro que não parecia mais emaranhado
do que já tinha sido, apenas algumas horas antes, mas agora estava
totalmente revirado. Levantou-se e jogou a faca nas esculturas ao redor do
bar algumas vezes e pensou em sua conta bancária em Aargau, e no fato de
que Mereel estava muito perto de encontrar Ko Sai. Skirata sentia que
estava agora a uma distância impressionante de conseguir uma vida melhor
para um punhado de soldados clonados, um pequeno número dentre tantos,
mas isso era tudo que podia fazer. Isso tinha que ser o suficiente.
E tinha um foco ainda mais forte agora. Darman tinha um filho, e ele
garantiria que Darman estivesse por perto para observar o garoto crescer.
— Desculpe eu ter demorado, Kal'buir. — Ordo entrou no bar e tentou
sorrir, mas estremeceu com o lábio partido. — Nós podemos ir agora.
— Tudo dando certo com Besany?
— Sim.
— Apenas sim?
— Hummm... acho que sim.
— Bom. — Ele resistiu ao desejo de interferir. — Eu tenho uma
pergunta pra você. Eu preciso entrar em contato com Jinart. Como eu faria
isso?
— Fácil. Ela é uma espiã. Ela monitora os movimentos das tropas do
GER de e para Qiilura. Posso colocar uma mensagem no sistema de
logística que chamará a atenção dela. Algo sutil. Me dê um tempo e um
lugar e deixe o resto comigo.
Skirata teve que sorrir. Quase tudo era fácil para Ordo.
— De volta ao quartel então.
— Eu também tenho uma pergunta para você, Kal'buir.
— Certo.
— É verdade o que Etain disse? Que os seus filhos te renegaram porque
você ficou em Kamino com a gente?
Ordo não era burro e não era surdo. A vergonha da família de Skirata era
a única coisa que nunca queria que nenhum deles soubesse, e não apenas
porque isso poderia fazê-los sentir-se culpados. Não queria que temessem
que poderia abandoná-los com a mesma facilidade.
— É verdade, Ord'ika.
— Por que você pensaria em pagar um preço tão terrível por nós?
— Porque vocês precisavam de mim. E nunca me arrependi nem por um
segundo. O meu relacionamento com a minha... ex-família já estava morto
antes do que você acha. Nunca pense duas vezes, porque eu faria isso
novamente em um piscar de olhos. Sem dúvida.
— Mas eu gostaria que tivesse nos contado.
Tenho o direito de manter outro segredo, então?
— Me desculpe.
— Então, além do filho ainda não nascido de Darman, há mais alguma
coisa que você esconde de nós?
Ele o ouviu discutindo com Etain, então. Skirata sentiu a vergonha mais
angustiante que já experimentara em sua vida. Toda a sua existência agora
repousava na confiança absoluta entre ele e sua família de clones. Ele não
suportaria perder isso.
— Então você sabe o que vou pedir a Jinart. Eu soube no mesmo
momento que você, Ord'ika. E não, não há mais nada. Jurei que nunca
mentiria para vocês e nunca menti. — Skirata apontou para os blasters
gêmeos de Ordo. — Se eu fizer isso, prefiro que você os use em mim.
Porque estar lá pra vocês foi a única coisa decente que eu já fiz na minha
vida. Compreendeu?
Ordo apenas olhou pra ele. Skirata colocou as duas mãos nos ombros
dele e ficou em silêncio.
— Certo, filho, me diga o que devo fazer sobre Darman, e farei.
Ordo ainda tinha aquele olhar de avaliação em branco, a expressão que
adotava ao desmontar um quebra-cabeça novo e fascinante.
— Acho que não é a hora certa. Temos que fazer o que é melhor para os
nossos irmãos.
Era a coisa pragmática a se fazer. Skirata ajeitou a jaqueta e verificou se
a faca estava no lugar, era o seu ritual para deixar qualquer prédio e sair
para a noite desconhecida.
— Concordo, Ord'ika. Agora tudo o que preciso fazer é conversar um
pouco com o General Zey.
Quartel da Companhia Arca, QG das Forças Especiais, Coruscant, 395 dias após Geonosis

Era uma ordem operacional como muitas outras que haviam recebido.
Niner olhou para o datapad e deu de ombros.
— Bem, isso será interessante. — disse ele. — Nunca trabalhei com a
Marinha Galáctica antes.
Skirata se sentou na mesa da sala de reuniões, balançando as pernas. O
Esquadrão Delta havia saído naquela manhã para preparar o campo de
batalha, um bom eufemismo militar para ir adiante do ataque principal e
sabotar os alvos estratégicos, em Skuumaa. O Ômega havia tirado o palito
um pouco mais longo e tinha uma tarefa semelhante a ser realizada pela
Marinha.
— Todo mundo está bem? — A pergunta foi dirigida a Darman tanto
quanto a qualquer um. — Alguma pergunta?
— Não, Sargento. — Fi parecia um pouco moderado. Atin realmente
parecia mais alegre do que Fi, o que era uma inversão interessante de
atitudes. — Será bom ver o Comandante Gett novamente.
— Gett quer que vocês embarquem na Destemida amanhã às setecentas e
sete. Portanto, se houver algo que vocês queiram fazer, façam hoje. —
Skirata enfiou a mão no bolso da jaqueta, pegou quatro fichas de crédito de
alta denominação e as distribuiu. — Vão em frente. Vocês já sabem o
caminho das partes interessantes de Coruscant agora. Vai demorar alguns
meses para vocês voltarem aqui.
— Obrigado, Sargento. — Atin levantou-se para sair. — Você ainda
estará aqui quando voltarmos hoje?
— Eu sempre encontro vocês, não é?
— Sim, Sargento. Você encontra.
Fi pegou o seu chip e o pressionou de volta na mão de Skirata.
— Obrigado. Preciso fazer uma calibração na minha Tela Visualização
Frontal. Hoje vou ficar no quartel.
— Ele ficou todo sério. — disse Niner. — Não sei o que aconteceu com
ele.
— Sou um herói desconhecido. — disse Fi. — Tenho a minha imagem
pública para proteger.
Os garotos Ômega, como todos os esquadrões, eram bem sintonizados
com as sensibilidades uns dos outros. Eles sabiam que Skirata estava por
perto para conversar sozinho com Darman. Niner empurrou Atin e Fi em
direção às portas.
— Até mais, Sargento.
Não havia dúvida de que Darman se juntaria a eles para um último dia na
cidade. Eles sabiam onde ele gostaria de gastar seu tempo. Skirata esperou
que as portas da sala de reunião se fechassem, e deslizou da mesa para ficar
na frente do assento de Darman.
— Agora, filho, alguma coisa está incomodando você?
— Não, Sargento.
— Etain vai a Qiilura por alguns meses, para começar a redução da
guarnição.
Darman realmente sorriu.
— Essa é uma implantação segura em comparação com os trabalhos que
ela selecionou recentemente. Estou feliz.
— Ela está andando pelo quartel esperando por você.
Darman pareceu aliviado. Respirou fundo e sorriu, mas era aquele
sorriso que Skirata tinha visto no rosto de muitos mercenários antes de
partirem para um novo campo de batalha.
Fierfek, devo contar a esse garoto agora? Devo dizer que ele tem um
filho a caminho? E se algo acontecer com ele antes que tenha a chance de
descobrir?
Skirata assumiu um risco repentino e impulsivo. Ele poderia lidar com
Zey mais tarde, como o projeto de lei da operação antiterror. Sempre é
melhor pedir perdão do que pedir permissão.
— Você pode ir para Qiilura com ela, se quiser.
Darman fechou os olhos. A dor apareceu em seu rosto.
— Eu tive essa escolha antes, Sargento.
— Você a ama, não é?
— Sim.
— Eu posso fazer isso acontecer. — Talvez não pareça certo pra você,
filho. Mas a escolha é sua. — Tudo o que você precisa fazer é dizer a
palavra, e Corr ocupará o seu lugar no esquadrão. Ele ainda está por aí. Zey
está me deixando treiná-lo.
Darman deixou escapar um longo suspiro e beliscou a ponta do nariz,
com os olhos ainda fechados. Quando os abriu, estavam cheios de lágrimas.
— Qiilura está seguro. O meu esquadrão se posiciona na linha de frente.
Como posso não estar lá com eles? Você poderia ter se afastado de Kamino
com uma fortuna e nunca ter pensado em outra coisa, mas também não
conseguiu.
— Aquilo foi diferente. Eu era um fracassado, um di'kutla...
— Não. Você foi leal.
— Você tem certeza disso? — Claro que você tem certeza. A sua
lealdade também é esmagadora. É assim que a República fedorenta usa
você. — Eu não pensarei menos de você se você for.
— Mas eu vou pensar menos de mim.
— Certo, não há necessidade de dizer a ela, então. Foi ideia minha, não
dela. E Ordo garantirá que vocês dois mantenham contato sempre que
quiserem.
Darman roçou a ponta do nariz e inspirou com força.
— Você sempre nos coloca em primeiro lugar.
— Eu sempre vou.
— Nós sabemos.
Sim. Ele sempre iria.
— Há duas maneiras de pensar em mulheres em tempos de guerra, filho.
Uma é ficar obcecado e deixá-las afastar a sua mente do trabalho, e isso te
mata. O outro é focar nelas como pelo que você realmente está lutando e
obter força ao saber que elas estarão lá quando você chegar em casa. — Ele
bateu na bochecha de Darman algumas vezes com a palma da mão, firme
mas paternal. — Você sabe qual vai escolher, não é, Dar?
— Sim, Sargento.
— Bom rapaz.
Skirata sabia que Darman nunca poderia chegar em casa, jogar a sua
mochila no chão da sala e soluçar no ombro de sua esposa, aliviado e
agradecido e jurando que seria sua última missão. Mas ele garantiria que o
aproximaria dessa doce normalidade que um soldado clone poderia chegar.
Pelo menos Etain entendia o que um soldado passava. Tudo o que
Skirata tinha que fazer era garantir que o garoto estivesse seguro quando ele
nascesse e educá-lo adequadamente. Jinart havia sustentado a sua parte do
acordo e veria que Etain estava cuidando de Qiilura. A transmorfa entendia
a obsessão de Skirata em cuidar de sua tribo. Ela mesma estava fazendo a
mesma coisa. Ambos eram combatentes sitiados sem amor pela República,
apenas uma tolerância desconfortável.
— Vá em frente, então, filho. — Skirata acenou com a cabeça em
direção às portas. — Vá e encontre Etain. Tenha um dia de folga. Sejam um
casal normal por algumas horas e esqueça que você é um soldado. Seja
discreto, só isso.
Darman sorriu e pareceu brilhar. Ele era um rapaz resiliente.
— Sargento. — ele disse. — Como posso esquecer que sou um soldado?
Não sei como ser outra coisa.
Skirata o observou ir e se perguntou quando o desejo de dizer a ele o
dominaria e isso desapareceria. Talvez Etain acharia a tensão muito grande
também. Era uma pena que algo que fosse fonte de alegria para as pessoas
comuns fosse tão perigoso para Darman e Etain.
Era uma guerra podre. Você deveria estar acostumado a tudo isso agora,
seu tolo. Mas ele duvidava que alguma vez estaria.
Skirata tinha muito para ocupá-lo enquanto o Ômega estava ausente:
dois datapads de valor e mais algumas coisas. Ele respirou fundo e abriu o
seu comunicador.
— Ordo? Mereel? Vamos caçar algumas iscas Kaminoanas de aiwha.
Temos planos a fazer. Oya!
Ele era um habilidoso caçador de recompensas: eles eram as melhores
tropas de inteligência da galáxia.
Não havia nenhum lugar na galáxia onde Ko Sai pudesse se esconder
deles.
GLOSSÁRIO

A
a (ah) Mando’a: mas
a’den (AH-den) Mando’a: fúria, furor
AA: antiaéreo
AAA: artilharia antiaérea
ad (ahd, s.); ade (AH-day, pl.) Mando’a: filhos/filho, filha
ad’ika (ah-DEE-kah, s.); ad’ike (ah-DEE-kay, pl.) Mando’a: filhos/filho, filha (usado
carinhosamente)
adenn (AH-tenn) Mando’a: impiedoso
aliit (ah-LEET) Mando’a: família, clã
an (ahn) Mando’a: todos
aruetii (ah-roo-AY-tee, s.); aruetiise (ah-roo-ay-TEE-say, pl.) Mando’a: estrangeiro, forasteiro,
traidor
atin (ah-TEEN) Mando’a: teimoso

B
baatir (BAH-teer, v.) Mando’a: cuidar, se preocupar
baay shfat: uma obscenidade de origem desconhecida sobre os Hutt
bal (bahl) Mando’a: e
Bal kote, darasuum kote, / Jorso’ran kando a tome. / Sa kyr’am Nau tracyn kad, Vode an. (Bahl
KOH-day, dah-RA-soom KOH-day, Jor-so-RAHN, KAHN-do ah TOh-may, Sah-kee-RAHM now
trah-SHEEN kahd VOH-day ahn) Mando’a: E glória, glória eterna, / Suportaremos seu peso
juntos. / Forjados como o sabre no fogo da morte, Irmãos todos. (antigo canto de
guerra Mandaloriano)
bucha de canhão: soldado (gíria)
buir (boo-EER) Mando’a: pai
buy’ce (BOO-shay, s.); buy’cese (pl.) Mando’a: capacete
buy’ce gal (BOO-shay gahl) Mando’a: caneca de cerveja (literalmente, os conteúdos de um
capacete)
Buy’ce gal, buy’ce tal / Vebor’ad ures aliit / Mhi draar baat’i meg’parjii’se / Kote lo’shebs’ul narit
(BOO-shay gahl, BOO-shay tahl Vair-BOR-ahd OO-rees AH-leet Mee DRAHR bah-TEE mayg-
PAR-jee-SEH Koh-TAY loh SHEBS-ool-NAH-reet) Mando’a: A pint of ale, a pint of blood /
Buys men without a name / We never care who wins the war / So you can keep your fame
(drinking chant of Mandalorian mercenaries)

C
ca (kah) Mando’a: noite
chakaar (cha-KAR, s.); chakaare (cha-KAR-ay, pl.) ladrão, ladrão de túmulos (termo geral de
insulto)
Cip-Quad: Quad blaster recíproco
CIS: Confederação de Sistemas Independentes
con: manobrar uma nave
conc (konk): rifle de concussão
CTP: Controle de Tráfego Perlemiano
Coruscanta (KOH-roo-SAN-ta) Mando’a: Coruscant
CRA: Comando de Reconhecimento Avançado
cuir (KOO-eer) Mando’a: quatro
cuun (koon) Mando’a: nosso
Cuy’val Dar (koo-EE-vahl dahr) Mando’a: aqueles que não existem mais (o termo é usado para um
grupo de instrutores de comandos clone escolhidos a dedo por Jango Fett)
cuyir (KOO-yeer, v.) Mando’a: ser, existir

D
D e R : Descanso e Recuperação
dar (dahr) Mando’a: não mais
dar’buir (DAHR boo-EER) Mando’a: não é mais um pai
dar’manda (dahr-MAHN-da) Mando’a: um estado de ser “não Mandaloriano”; não um forasteiro,
mas alguém que perdeu sua herança, e assim sua identidade e alma
darasuum (dah-RAH-soom) Mando’a: eterno, para sempre
DEC: Desaparecido Em Combate
DC: um modelo de rifle-DC (gíria)
det: detonador
dha (dah) Mando’a: escuro
di’kut (dee-KOOT, s.); di’kute (dee-KOOT, pl.); di’kutla (dee-KOOT-lah, adj.): idiota (indelicado)
dinuir (DEE-noo-eer, v.) Mando’a: dar
draar (drahr) Mando’a: nunca
dralshy’a (drahl-SHEE-ya) Mando’a: mais forte, mais poderoso
droten (DROH-ten) Mando’a: pessoas, público
E
e’tad (EH-tad) Mando’a: sete
ehn (ayhn) Mando’a: três
EM: electromagnético
eniki Huttês: entendi

F
FSC: Força de Segurança de Coruscant

G
gar (gahr, s. & pl.) Mando’a: você
Gar ru kyramu kaysh, di’kut: tion’meh kaysh ru jehaati? (Gahr roo keer-AH-moo kaysh, dee-
KOOT: tee-ON-mey-kaysh roo je-HAHT-ee) Mando’a: Você matou, seu idiota: e se ele estivesse
mentindo?
GBV: Grande Botão Vermelho (no original, BRB: Big Red Button (selo de emergência))
GER: Grande Exército da República
ge’verd (ge-VAIRD) Mando’a: quase um guerreiro
gihaal (gee-HAAL) Mando’a: farinha de peixe
granada de luz: granada de atordoamento (gíria)
gra’tua (gra-TOO-ah) Mando’a: vingança

H
HNE: HoloNet Notícias e Entretenimento
hukaat’kama (hu-KAHT-kah-MAH) Mando’a: proteja a minha retarguarda
hut’uun (hoo-TOON, s.); hut’uune (pl.); hut’uunla (hoo-TOON-lah, adj.) Mando’a: covarde

I
-ika (EE-kah, s.); -ike (EE-kay, pl.) Mando’a: sufixo para uso afetuoso (diminutivo)
INTMIL: inteligência militar

J
j’hagwa na yoka Huttês: sem problema
jatne (JAT-nay) Mando’a: melhor
jatne’buir (JAT-nay boo-EER) Mando’a: melhor pai
jetii (JAY-tee) Mando’a: Jedi
jetiise (jay-TEE-say) Mando’a: Jedi no plural, República
jorso’ran (jor-so-RAHN) Mando’a: deve suportar (arcaico)
jurkadir (JOOR-kahd-EER, v.) Mando’a: atacar, ameaçar, mexer com alguém

K
k’uur (koor) Mando’a: silêncio, quieto
kad (kahd) Mando’a: sabre, espada
kama (KAH-ma, s.); kamas (KAH-maz, pl.) or kamase (kah-MAH-say) Mando’a: cinto de armas
kando (KAHN-do) Mando’a: importância, peso
kandosii (kahn-DOH-see) Mando’a: bom, perverso, bem feito, elegante, nobre
kar’tayli ad meg hukaat’kama (kar-TIE-lie ahd mayg hu-KAHT-KA-mah) Mando’a:
aproximadamente "saiba quem está cuidando de você"
kar’taylir (kar-TIE-leer, v.) Mando’a: saber, guardar no coração
kaysh (kaysh) Mando’a: ele, ela
ke nu’jurkadir sha Mando’ade (keh NOO-joor-kahd-EER shah Mahn do-AH-day) Mando’a: não
mexa com Mandalorianos
kit: engrenagem, equipamento (gíria)
kom’rk (KOM-rohk) Mando’a: manopla
kote (KOH-day, KOH-tay, pl.) Mando’a: glória
kyr’am (kee-RAHM) Mando’a: morte

L
larty: uma embarcação, TABA/i
lo (loh) Mando’a: into
LIC: Lamentavelmente Incapaz de Comparecer

M
Mando (MAHN-do, s.); Mando’ade (Mahn-doh-AH-day, pl.) Mando’ad: Mandaloriano, filho/filha
de Mandalore
Mando’a (Mahn-DOH-ah): termo para a própria linguagem Mandaloriana
meg (mayg) Mando’a: que, o qual
meh (mey) Mando’a: se
mhi (mee) Mando’a: nós
MEA: morto em ação
Mirdalo Mird’ika!; Mando’a: esperto!
MEC: morto em combate
MAI: muito arrependimento, incapaz (gíria)
molhados; molhados: forma de vida orgânica (gíria)

N
N’oya’kari gihaal, Buir. (Noy-ah KAR-ee gee-HAAL, boo-EER): Eu tenho caçado farinha de peixe,
pai.
NAR: nave de ataque da República
nar dralshy’a (NAR-drahl-SHEE-ya) Mando’a: Ponha mais força nisto, esforçar-se mais
narir (nah-REER, v.) Mando’a: agir, fazer
naritir (nah-ree-TEER, v.) Mando’a: colocar
nau’ur (now-OOR, v.) Mando’a: iluminar
ner (nair) Mando’a: eu
ni (nee) Mando’a: eu, meu
ni dinui (NEE DEE-noo) Mando’a: eu dou
ni kar’tayl gar darasuum (nee kar-TILE garh dah-RAH-soom) Mando’a: Eu te amo
Niktose (neek-TOH-say, pl.) Mando’a: Nikto
NME: neutralização de materiais explosivos (desarmar bombas)
nynir (nee-NEER, v.) bater, golpear

O
BGD OE: Brigada de Operações Especiais
OCC: oficial de cenas de crime, oficial forense
OE: Operações Especiais
OITs: operações de interdição de tráfego
OPA; Opa: oficial principal de armas
ori; Mando’a: muito, excepcionalmente, extremamente
osik (OH-sik) Mando’a: bosta (indelicado)
osik’la (oh-SIK-lah) Mando’a: muito errado, horrível, confuso, ferrado, nojento
oya (OY-ah) Mando’a: vamos caçar

P
parjir (par-JEER, v.) Mando’a: vencer, ser vitorioso
PIM (s.); PIMs (pl.): Posição e movimento pretendido (termo naval para onde uma nave está e para
onde ele está indo)
PEP: pod de projétil de energia pulsada
palavra Kaminoana para esquadrão
PWO; Peewo: principal weapons officer
PE: ponto de encontro (gíria)
PEM (s.); PEMs (pl.): pulso electromagnético

Q
QG: quartel general

R
rayshe’a (ray-SHEE-ah) Mando’a: cinco
recce (s.); recces (pl.); recce (v.): reconhecimento, para o reconhecimento (militar)
resol (reh-SOL) Mando’a: seis

S
sa (sah) Mando’a: como, enquanto (comparativo)
SDB: super droides de batalha
sh’ehn (shayn) Mando’a: oito
shabiir (sha-BEER, v.) Mando’a: estragar (indelicado)
shabla: ferrado; adjetivo enfático indelicado em Mando’a
shabu’droten: palavrão em Mando’a sem tradução
shag Huttês: escravo
she’cu (SHAY-koo) Mando’a: nove
shebs (shebs, s.); shebse (SHEB-say, pl.) Mando’a: bunda, nádegas
solus (SOH-loos) Mando’a: um
SPC: solicitar o prazer de sua companhia (gíria)
Strill: mamífero carnívoro de cheiro pungente natural de Mandalore
su’cuy (soo-KOO-ee) Mando’a: oi

T
t’ad (tahd) Mando’a: dois
TABA/c: transporte de ataque a baixa altitude/carga
TABA/i: transporte de assalto a baixa altitude/infantaria
ta’raysh (ta-RAYSH) Mando’a: dez
Tagwa, lorda. Huttês: Sim, senhor.
takisir (TAH-kees-eer, v.) Mando’a: para insultar
tal (tahl) Mando’a: sangue
taung sa rang broka!/jetiise ka’rta: “A cinza do Taung/Bate forte no coração dos Jedi”.
te (tay) Mando’a: o/a (raro)
TEC: tempo estimado de chegada
tihaar (TEE-har) Mando’a: an alcoholic drink; a strong, clear spirit made from fruit
tion (TEE-on) Mando’a: prefixo para indicar uma pergunta
tion’meh (tee-ON-mey) Mando’a: e se
tome (TOH-may, pl.) Mando’a: juntos
tracyn (trah-SHEEN) Mando’a: fogo
traje branco: clone trooper (gíria)
Triplo Zero: coordenadas galácticas de Coruscant
troch (troch) Mando’a: certamente
tsad (sahd) Mando’a: aliança, grupo

U
udesii (oo-DAY-see) Mando’a: calma, relaxa
ures (oo-REES) Mando’a: sem, falta
urpghurit: obscenidade em um idioma desconhecido
usenye (oo-SEN-yay) vá embora (muito rude; da mesma raiz que osik)

V
vaii (vay) Mando’a: onde
vaiigar ru’cuyi (VAY gahr roo KOO-yee) Mando’a: onde você esteve
vasculhar: um exame, uma busca de uma nave (gíria)
verborir (VAIR-bor-EER, v.) Mando’a: comprar, contratar
verd (vaird, s.); verda (VAIR-dah, pl.) Mando’a: guerreiro, guerreiros (plural arcaico)
vod (vohd, s.); vode (VOH-day, pl.); vod’ika (voh-DEE-kah, affectionate) Mando’a: irmão,
irmã, camarada, colega
vor’e (VOHR-ay) Mando’a: obrigado
Vermelho Zero: pedido de extração imediata (militar)
W
werda (WAIR-dah) Mando’a: sombras (furtividade), plural arcaico
STAR WARS / COMANDOS DA REPÚBLICA - TRIPLO ZERO
TÍTULO ORIGINAL: Star Wars - Republic Commando - Triplo Zero

COPIDESQUE: TRADUTORES DOS WHILLS

REVISÃO: TRADUTORES DOS WHILLS

DIAGRAMAÇÃO: TRADUTORES DOS WHILLS

ILUSTRAÇÃO: TRADUTORES DOS WHILLS

GERENTE EDITORIAL: TRADUTORES DOS WHILLS

DIREÇÃO EDITORIAL: TRADUTORES DOS WHILLS

VERSÃO ELETRÔNICA: TRADUTORES DOS WHILLS

ASSISTENTES EDITORIAIS: TRADUTORES DOS WHILLS

COPYRIGHT © & TM 2006 LUCASFILM LTD.


COPYRIGHT ©TRADUTORES DOS WHILLS, 2022
(EDIÇÃO EM LÍNGUA PORTUGUESA PARA O BRASIL)
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS.
PROIBIDA A REPRODUÇÃO, NO TODO OU EM PARTE, ATRAVÉS DE QUAISQUER MEIOS.

COMANDOS DA REPÚBLICA - TRIPLO ZERO É UM LIVRO DE FICÇÃO. TODOS OS PERSONAGENS, LUGARES E


ACONTECIMENTOS SÃO FICCIONAIS.

DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)


T93k Traviss, Karen
Star Wars - Comandos da República - Triplo Zero [recurso eletrônico] / Karen Traviss ; traduzido
por Victoria Franco Nogueira
448 p. : 3. 0 MB.
Tradução de: Star Wars - Republic Commando - Triplo Zero
ISBN: 978-0-307-79592-2 (Ebook)
1. Literatura norte-americana. 2. Ficção científica. I. Dos Whills, Tradutores CF. II. Título.
2020-274 CDD 813. 0876
CDU 821. 111(73)-3

ÍNDICES PARA CATÁLOGO SISTEMÁTICO:

Literatura : Ficção Norte-Americana 813. 0876


Literatura norte-americana : Ficção 821. 111(73)-3
tradutoresdoswhills. wordpress.com
AGRADECIMENTOS

Fui abençoada com a melhor ajuda que qualquer escritora poderia desejar.
Os meus agradecimentos vão para os editores que não conhecem o medo,
Keith Clayton (Del Rey), Shelly Shapiro (Del Rey) e Sue Rostoni
(Lucasfilm); o meu agente Russ Galen; a equipe do jogo Republic
Commando da LucasArts; Bryan Boult, Simon Boult, Debbie Button,
Karen Miller e Chris “TK” Evans, os primeiros leitores perspicazes; e Ray
Ramirez (Companhia A 2BN 108º Infantaria de atiradores, ARNG) por
conselhos técnicos e amizade generosa.
E sem o seguinte, não haveria livro: Jesse Harlin, o inspirador compositor e
letrista do tema Vode An, que me concentrou tanto quanto o exército de
clones; Ryan “ER” Kaufman, o meu professor em Estudos GFFA, mentor e
amigo; os muitos fãs de Star Wars que fizeram deste o trabalho mais
agradável que já tive; e a 501ª Legião, Punho de Vader, os meus garotos!
Tem sido um privilégio. Obrigada.
SOBRE A AUTORA

KAREN TRAVISS é romancista, roteirista e escritora de


quadrinhos. Também a autora de cinco romances de Star
Wars: Comandos da República, com: Contatos Violentos,
Triplo Zero, Cores Reais, Ordem 66 e Comandos
Imperiais: 501ª; três romances da série Star Wars Legado
da Força: Linhagens de Sangue, Revelações e Sacrifício;
dois romances da série Star Wars: Romance Clone Wars:
Clone Wars e Sem Prisoneiros; dois romances de Gears of
War: Aspho Fields e Jacinto’s Remnant; escreveu também
a sua premiada série Wess’har Wars, City of Pearl,
Crossing the Line, The World Before, Matriarch, Ally e
Judge; e um romance de Halo: Human Weakness. Ela
também é a redatora principal do terceiro jogo Gears of
War. Ex-correspondente de defesa e jornalista de TV e
jornal, Traviss mora em Wiltshire, na Inglaterra.

karentraviss.com
Twitter: @karentraviss
Star Wars: Guardiões dos Whills
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No mundo do deserto de Jedha, na Cidade Santa, os amigos Baze e


Chirrut costumavam ser Guardiões das colinas, que cuidavam do
Templo de Kyber e dos devotos peregrinos que adoravam lá. Então
o Império veio e assumiu o planeta. O templo foi destruído e as
pessoas espalhadas. Agora, Baze e Chirrut fazem o que podem
para resistir ao Império e proteger as pessoas de Jedha, mas nunca
parece ser suficiente. Então um homem chamado Saw Gerrera
chega, com uma milícia de seus próprios e grandes planos para
derrubar o Império. Parece ser a maneira perfeita para Baze e
Chirrut fazer uma diferença real e ajudar as pessoas de Jedha a
viver melhores vidas. Mas isso vai custar caro?

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STAR WARS: Episódio VIII: Os Últimos Jedi
(Movie Storybook)
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Um livro de imagens ilustrado que reconta o filme Star Wars: Os


Últimos Jedi.

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Chewie e a Garota Corajosa
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Um Wookiee é o melhor amigo de uma menina! Quando Chewbacca


conhece a jovem Zarro na Orla Exterior, ele não tem escolha a não
ser deixar de lado sua própria missão para ajudá-la a resgatar seu
pai de uma mina perigosa. Essa incrível Aventura foi baseada na
HQ do Chewbacca... (FAIXA ETÁRIA: 6 a 8 anos)

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Star Wars: Ahsoka
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Esse é o Terceiro Ebook dos Tradutores dos Whills com uma


aventura emocionante sobre uma heroína corajosa das Séries de
TV Clone Wars e Rebels: Ahsoka Tano! Os fãs há muito tempo se
perguntam o que aconteceu com Ahsoka depois que ela deixou a
Ordem Jedi perto do fim das Guerras Clônicas, e antes dela
reaparecer como a misteriosa operadora rebelde Fulcro em Rebels.
Finalmente, sua história começará a ser contada. Seguindo suas
experiências com os Jedi e a devastação da Ordem 66, Ahsoka não
tem certeza de que possa fazer parte de um todo maior de novo.
Mas seu desejo de combater os males do Império e proteger
aqueles que precisam disso e levará a Bail Organa e a Aliança
Rebelde... .

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Star Wars: Kenobi Exílio
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A República foi destruída, e agora a galáxia é governada pelos


terríveis Sith. Obi-Wan Kenobi, o grande cavaleiro Jedi, perdeu
tudo... menos a esperança. Após os terríveis acontecimentos que
deram fim à República, coube ao grande mestre Jedi Obi-Wan
Kenobi manter a sanidade na missão de proteger aquele que pode
ser a última esperança da resistência ao Império. Vivendo entre
fazendeiros no remoto e desértico planeta Tatooine, nos confins da
galáxia, o que Obi-Wan mais deseja é manter-se no completo
anonimato e, para isso, evita o contato com os moradores locais. No
entanto, todos esses esforços podem ser em vão quando o “Velho
Ben”, como o cavaleiro passa a ser conhecido, se vê envolvido na
luta pela sobrevivência dos habitantes por uma Grande Seca e por
causa de um chefe do crime e do povo da areia. Se com o Novo
Cânone pudéssemos encontrar todos os materiais disponíveis aos
anos de Exílio de Obi-Wan Kenobi em um só Lugar? Após o Livro
Kenobi se tornar Legend, os fãs ficaram sem saber o que aconteceu
com o Velho Ben nesse tempo de reclusão. Então os Tradutores dos
Whills também se fizeram essa pergunta e resolveram fazer esse
trabalho de compilação dos Contos, Ebooks, Séries Animadas e
HQs, em um só Ebook Especial e Canônico para todos os Fãs!!

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Star Wars: Dookan: O Jedi Perdido
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Esse é o Quarto Ebook dos Tradutores dos Whills com uma


aventura emocionante sobre um Vilão dos Filmes e da Série de TV
Clone Wars: Conde Dookan! Mergulhe na história do sinistro Conde
Dookan no roteiro original da emocionante produção de áudio de
Star Wars! Darth Tyranus. Conde de Serenno. Líder dos
Separatistas. Um sabre vermelho, desembainhado no escuro. Mas
quem era ele antes de se tornar a mão direita dos Sith? Quando
Dookan corteja uma nova aprendiz, a verdade oculta do passado do
Lorde Sith começa a aparecer. A vida de Dookan começou como um
privilégio, nascido dentro das muralhas pedregosas da propriedade
de sua família. Mas logo, suas habilidades Jedi são reconhecidas, e
ele é levado de sua casa para ser treinado nos caminhos da Força
pelo lendário Mestre Yoda. Enquanto ele afia seu poder, Dookan
sobe na hierarquia, fazendo amizade com Jedi Sifo-Dyas e levando
um Padawan, o promissor Qui-Gon Jinn, e tenta esquecer a vida
que ele levou uma vez. Mas ele se vê atraído por um estranho
fascínio pela mestra Jedi Lene Kostana, e pela missão que ela
empreende para a Ordem: encontrar e estudar relíquias antigas dos
Sith, em preparação para o eventual retorno dos inimigos mais
mortais que os Jedi já enfrentaram. Preso entre o mundo dos Jedi,
as responsabilidades antigas de sua casa perdida e o poder sedutor
das relíquias, Dookan luta para permanecer na luz, mesmo quando
começa a cair na escuridão.

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Star Wars: Discípulo Sombrio
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Esse é o Quinto Ebook dos Tradutores dos Whills com uma


aventura emocionante sobre um Vilões e Heróis dos Filmes e da
Série de TV Clone Wars! Baseado em episódios não produzidos de
Star Wars: The Clone Wars, este novo romance apresenta Asajj
Ventress, a ex-aprendiz Sith que se tornou um caçadora de
recompensas e uma das maiores anti-heróis da galáxia de Star
Wars. Na guerra pelo controle da galáxia entre os exércitos do lado
negro e da República, o ex-Mestre Jedi se tornou cruel. O Lorde Sith
Conde Dookan se tornou cada vez mais brutal em suas táticas.
Apesar dos poderes dos Jedi e das proezas militares de seu
exército de clones, o grande número de mortes está cobrando um
preço terrível. E quando Dookan ordena o massacre de uma flotilha
de refugiados indefesos, o Conselho Jedi sente que não tem
escolha a não ser tomar medidas drásticas: atacar o homem
responsável por tantas atrocidades de guerra, o próprio Conde
Dookan. Mas o Dookan sempre evasivo é uma presa perigosa para
o caçador mais hábil. Portanto, o Conselho toma a decisão ousada
de trazer tanto os lados do poder da Força de suportar, — juntar o
ousado Cavaleiro Quinlan Vos com a infame acólita Sith Asajj
Ventress. Embora a desconfiança dos Jedi pela astuta assassina
que uma vez serviu ao lado de Dookan ainda seja profunda, o ódio
de Ventress por seu antigo mestre é mais profundo. Ela está mais
do que disposta a emprestar seus copiosos talentos como caçadora
de recompensas, e assassina, na busca de Vos. Juntos, Ventress e
Vos são as melhores esperanças para eliminar a Dookan, — desde
que os sentimentos emergentes entre eles não comprometam a sua
missão. Mas Ventress está determinada a ter sua vingança e,
finalmente, deixar de lado seu passado sombrio de Sith.
Equilibrando as emoções complicadas que sente por Vos com a
fúria de seu espírito guerreiro, ela resolve reivindicar a vitória em
todas as frentes, uma promessa que será impiedosamente testada
por seu inimigo mortal... e sua própria dúvida.

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Star Wars: Episódio IX: A Ascensão do Skywalker:
Edição Expandida

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Leia o épico capítulo final da saga Skywalker com a novelização


oficial de Star Wars: A Ascensão Skywalker, incluindo cenas
ampliadas e conteúdo adicional não visto nos cinemas! A
Resistência renasceu. Mas, embora Rey e seus companheiros
heróis estejam de volta à luta, a guerra contra a Primeira Ordem,
agora liderada pelo líder supremo Kylo Ren, está longe de terminar.
Assim como a faísca da rebelião está reacendendo, um sinal
misterioso é transmitido por toda a galáxia, com uma mensagem
assustadora: o Imperador Palpatine, há muito pensado derrotado e
destruído, está de volta dos mortos. O antigo Senhor dos Sith
realmente voltou? Kylo Ren corta uma faixa de destruição pelas
estrelas, determinado a descobrir qualquer desafio ao seu controle
sobre a Primeira Ordem e seu destino para governar a galáxia – e
esmagá-la completamente. Enquanto isso, para descobrir a
verdade, Rey, Finn, Poe e a Resistência devem embarcar na
aventura mais perigosa que já enfrentaram. Apresentando cenas
totalmente novas, adaptadas de material nunca visto, cenas
excluídas e informações dos cineastas, a história que começou em
Star Wars: O Despertar da Força e continuou em Star Wars: Os
Últimos Jedi chega a uma conclusão surpreendente.

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Star Wars: Os Segredos Dos Jedi

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Descubra o mundo dos Jedi de Star Wars através desta experiência


de leitura divertida e totalmente interativa. Star Wars: Jediografia é o
melhor guia do universo Jedi para o universo dos Jedi,
transportando jovens leitores para uma galáxia muito distante,
através de recursos interativos, fatos fascinantes e ideias cativantes.
Com ilustrações originais emocionantes e incríveis recursos
especiais, como elevar as abas, texturas e muito mais, Star Wars:
Jediografia garante a emoção das legiões de jovens fãs da saga.

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Star Wars:Thrawn: Alianças

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Palavras sinistras em qualquer circunstância, mas ainda mais


quando proferidas pelo Imperador Palpatine. Em Batuu, nos limites
das Regiões Desconhecidas, uma ameaça ao Império está se
enraizando. Com a sua existência pouco mais que um vislumbre, as
suas consequências ainda desconhecidas. Mas é preocupante o
suficiente para o líder imperial justificar a investigação de seus
agentes mais poderosos: o impiedoso agente Lorde Darth Vader e o
brilhante estrategista grão almirante Thrawn. Rivais ferozes a favor
do Imperador e adversários francos nos assuntos imperiais,
incluindo o projeto Estrela da Morte, o par formidável parece
parceiros improváveis para uma missão tão crucial. Mas o
Imperador sabe que não é a primeira vez que Vader e Thrawn
juntam forças. E há mais por trás de seu comando real do que
qualquer um dos suspeitos. No que parece uma vida atrás, o
general Anakin Skywalker da República Galáctica e o comandante
Mitth’raw’nuruodo, oficial da Ascensão do Chiss, cruzaram o
caminho pela primeira vez. Um em uma busca pessoal
desesperada, o outro com motivos desconhecidos... e não
divulgados. Mas, diante de uma série de perigos em um mundo
longínquo, eles forjaram uma aliança desconfortável, — nem
remotamente cientes do que seus futuros reservavam. Agora,
reunidos mais uma vez, eles se veem novamente ligados ao planeta
onde lutaram lado a lado. Lá eles serão duplamente desafiados, —
por uma prova de sua lealdade ao Império... e um inimigo que
ameaça até seu poder combinado.

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Star Wars: Legado da Força: Traição

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Esta é a era do legado de Luke Skywalker: o Mestre Jedi unificou a


Ordem em um grupo coeso de poderosos Cavaleiros Jedi. Mas
enquanto a nova era começa, os interesses planetários ameaçam
atrapalhar esse momento de relativa paz, e Luke é atormentado
com visões de uma escuridão que se aproxima. O mal está
ressurgindo “das melhores intenções” e parece que o legado dos
Skywalkers pode dar um ciclo completo. A honra e o dever colidirão
com a amizade e os laços de sangue, à medida que os Skywalker e
o clã Solo se encontrarem em lados opostos de um conflito
explosivo com repercussões potencialmente devastadoras para
ambas as famílias, para a ordem Jedi e para toda a galáxia. Quando
uma missão para descobrir uma fábrica ilegal de mísseis no planeta
Aduman termina em uma emboscada violenta, da qual a Cavaleira
Jedi Jacen Solo e o seu protegido e primo, Ben Skywalker, escapam
por pouco com as suas vidas; é a evidência mais alarmante ainda
que desencadeia uma discussão política. A agitação está
ameaçando inflamar-se em total Rebelião. Os governos de vários
mundos estão se irritando com os rígidos regulamentos da Aliança
Galáctica, e os esforços diplomáticos para garantir o cumprimento
estão falhando. Temendo o pior, a Aliança prepara uma
demonstração preventiva de poder militar, numa tentativa de trazer
os mundos renegados para a frente antes que uma revolta entre em
erupção. O alvo modelado para esse exercício: o planeta Corellia,
conhecido pela independência impetuosa e pelo espírito renegado
que fizeram de seu filho favorito, Han Solo, uma lenda. Algo como
um trapaceiro, Jacen é, no entanto, obrigado como Jedi a ficar com
seu tio, o Mestre Jedi Luke Skywalkers, ao lado da Aliança
Galáctica. Mas quando os Corellianos de guerra lançam um contra-
ataque, a demonstração de força da Aliança, e uma missão secreta
para desativar a crucial Estação Central de Corellia; dão lugar a
uma escaramuça armada. Quando a fumaça baixa, as linhas de
batalha são traçadas. Agora, o espectro da guerra em grande escala
aparece entre um grupo crescente de planetas desafiadores e a
Aliança Galáctica, que alguns temem estar se tornando um novo
Império. E, enquanto os dois lados lutam para encontrar uma
solução diplomática, atos misteriosos de traição e sabotagem
ameaçam condenar os esforços de paz a todo momento.
Determinado a erradicar os que estão por trás do caos, Jacen segue
uma trilha de pistas enigmáticas para um encontro sombrio com as
mais chocantes revelações... enquanto Luke se depara com algo
ainda mais preocupante: visões de sonho de uma figura sombria
cujo poder da Força e crueldade lembram a ele de Darth Vader, um
inimigo letal que ataca como um espírito sombrio em uma missão de
destruição. Um agente do mal que, se as visões de Luke
acontecerem, trará uma dor incalculável ao Mestre Jedi e a toda a
galáxia.

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Star Wars: Battlefront II: Esquadrão Inferno

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Após o humilhante roubo dos planos da Estrela da Morte e a


destruição da estação de batalha, o Império está na defensiva. Mas
não por muito. Em retaliação, os troopers imperiais de elite do
Esquadrão Inferno foram chamados para a missão crucial de se
infiltrar e eliminar os guerrilheiros, a facção rebelde que já foi
liderada pelo famoso lutador pela liberdade da República, Saw
Gerrera. Após a morte de seu líder, os guerrilheiros continuaram seu
legado extremista, determinados a frustrar o Império, não importa o
custo. Agora o Esquadrão Inferno deve provar seu situação como o
melhor dos melhores e derrubar os Partisans de dentro. Mas a
crescente ameaça de serem descobertos no meio de seu inimigo
transforma uma operação já perigosa em um teste ácido de fazer ou
morrer que eles não ousam falhar. Para proteger e preservar o
Império, até onde irá o Esquadrão Inferno... e quão longe deles?
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Star Wars: Catalisador: Um Romance de Rogue One

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A guerra está destruindo a galáxia. Durante anos, a República e os


Separatistas lutaram entre as estrelas, cada um construindo uma
tecnologia cada vez mais mortal na tentativa de vencer a guerra.
Como membro do projeto secreto da Estrela da Morte do Chanceler
Palpatine, Orson Krennic está determinado a desenvolver uma
super arma antes que os inimigos da República possam. E um velho
amigo de Krennic, o brilhante cientista Galen Erso, poderia ser a
chave para a tentativa de vencer a guerra. Como membro do projeto
secreto da Estrela da Morte do Chanceler Palpatine, Orson Krennic
está determinado a desenvolver uma super arma antes que os
inimigos da República possam. E um velho amigo de Krennic, o
brilhante cientista Galen Erso, poderia ser a chave. A pesquisa
focada na energia de Galen chamou a atenção de Krennic e de seus
inimigos, tornando o cientista um peão crucial no conflito galáctico.
Mas depois que Krennic resgata Galen, sua esposa, Lyra, e sua
filha Jyn, de sequestradores separatistas, a família Erso está
profundamente em dívida com Krennic. Krennic então oferece a
Galen uma oportunidade extraordinária: continuar seus estudos
científicos com todos os recursos totalmente à sua disposição.
Enquanto Galen e Lyra acreditam que sua pesquisa energética será
usada puramente de maneiras altruístas, Krennic tem outros planos
que finalmente tornarão a Estrela da Morte uma realidade. Presos
no aperto cada vez maior de seus benfeitores, os Ersos precisam
desembaraçar a teia de decepção de Krennic para salvar a si
mesmos e à própria galáxia.

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Star Wars: Ascensão Rebelde

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Quando Jyn Erso tinha cinco anos, sua mãe foi assassinada e seu
pai foi tirado dela para servir ao Império. Mas, apesar da perda de
seus pais, ela não está completamente sozinha, — Saw Gerrera, um
homem disposto a ir a todos os extremos necessários para resistir à
tirania imperial, acolhe-a como sua e dá a ela não apenas um lar,
mas todas as habilidades e os recursos de que ela precisa para se
tornar uma rebelde. Jyn se dedica à causa e ao homem. Mas lutar
ao lado de Saw e seu povo traz consigo o perigo e a questão de
quão longe Jyn está disposta a ir como um dos troopers de Saw.
Quando ela enfrenta uma traição impensável que destrói seu
mundo, Jyn terá que se recompor e descobrir no que ela realmente
acredita... e em quem ela pode realmente confiar.

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Star Wars: A Alta República: A Luz dos Jedi

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Muito antes da Primeira Ordem, antes do Império ou antes mesmo


da Ameaça Fantasma ... Os Jedi iluminaram o caminho para a
galáxia na Alta República. É uma era de ouro. Os intrépidos
batedores do hiperespaço expandem o alcance da República para
as estrelas mais distantes, mundos prosperam sob a liderança
benevolente do Senado e a paz reina, reforçada pela sabedoria e
força da renomada ordem de usuários da Força conhecidos como
Jedi. Com os Jedi no auge de seu poder, os cidadãos livres da
galáxia estão confiantes em sua habilidade de resistir a qualquer
tempestade. Mas mesmo a luz mais brilhante pode lançar uma
sombra, e algumas tempestades desafiam qualquer preparação.
Quando uma catástrofe chocante no hiperespaço despedaça uma
nave, a enxurrada de estilhaços que emergem do desastre ameaça
todo o sistema. Assim que o pedido de ajuda sai, os Jedi correm
para o local. O escopo do surgimento, no entanto, é o suficiente
para levar até os Jedi ao seu limite. Enquanto o céu se abre e a
destruição cai sobre a aliança pacífica que ajudaram a construir, os
Jedi devem confiar na Força para vê-los em um dia em que um
único erro pode custar bilhões de vidas. Mesmo enquanto os Jedi
lutam bravamente contra a calamidade, algo verdadeiramente
mortal cresce além dos limites da República. O desastre do
hiperespaço é muito mais sinistro do que os Jedi poderiam
suspeitar. Uma ameaça se esconde na escuridão, longe da era da
luz, e guarda um segredo.

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Star Wars: A Alta República: O Grande Resgate Jedi

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Conheça os nobres e sábios Jedi da Alta República!Quando um


desastre acontece no hiperespaço, colocando o povo de Hetzal
Prime em grave perigo, apenas os Jedi da Alta República podem
salvar o dia! Esse ebook é a forma mais incrível de introduzir as
crianças nessa nova Era da Alta República, pois reconta a história
do Ebook Luz dos Jedi de forma simples e didática para as crianças.
(FAIXA ETÁRIA: 5 a 8 anos)

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Star Wars: A Alta República: Na Escuridão

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Muito antes da Primeira Ordem, antes do Império ou antes mesmo


da Ameaça Fantasma... Os Jedi iluminaram o caminho para a
galáxia na Alta República. Padawan Reath Silas está sendo enviado
da cosmopolita capital galáctica de Coruscant para a fronteira
subdesenvolvida, e ele não poderia estar menos feliz com isso. Ele
prefere ficar no Templo Jedi, estudando os arquivos. Mas quando a
nave em que ele está viajando é arrancada do hiperespaço em um
desastre que abrange toda a galáxia, Reath se encontra no centro
da ação. Os Jedi e seus companheiros de viagem encontram refúgio
no que parece ser uma estação espacial abandonada. Mas então
coisas estranhas começaram a acontecer, levando os Jedi a
investigar a verdade por trás da estação misteriosa, uma verdade
que pode terminar em tragédia...

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Star Wars: A Alta República: Um Teste de Coragem

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Muito antes da Primeira Ordem, antes do Império ou antes mesmo


da Ameaça Fantasma... Vernestra Rwoh é mais nova Cavaleira Jedi
com dezesseis anos, mas a sua primeira missão de verdade parece
muito com ser babá. Ela foi encarregada de supervisionar a
aspirante a inventora Avon Starros, de 12 anos, em um cruzador
rumo à inauguração de uma nova estação espacial maravilhosa
chamada Farol Estelar. Mas logo em sua jornada, bombas explodem
a bordo do cruzador. Enquanto o Jedi adulto tenta salvar a nave,
Vernestra, Avon, o droide J-6 de Avon, um Padawan Jedi e o filho
de um embaixador conseguem chegar a uma nave de fuga, mas as
comunicações acabam e os suprimentos são poucos. Eles decidem
pousar em uma lua próxima, que oferece abrigo, mas não muito
mais. E sem o conhecimento deles, o perigo se esconde na selva...

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Star Wars: A Alta República: Corrida para Torre
Crashpoint

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Outra história emocionante da série mais vendida do New York


Times! A Feira da República está chegando! Visitantes de toda a
galáxia estão viajando para o planeta Valo para um festival enorme
e inspirador que celebra a República. Enquanto os seus
companheiros Valons se preparam para a feira, o Padawan Jedi
Ram Jomaram está se escondendo em seu lugar favorito: uma
garagem suja cheia de peças mecânicas e ferramentas. Mas
quando um alarme de segurança dispara no topo de uma colina
próxima, apelidado de Pico Crashpoint, ele se aventura com o seu
confiável droide V-18 para investigar. Lá, ele descobre que alguém
derrubou a torre de comunicações de Valo, um sinal assustador de
que Valo e a Feira da República estão em perigo. Com certeza,
enquanto Ram corre para avisar os Jedi, os temidos Nihil
desencadeiam um ataque surpresa! Cabe a Ram enfrentar o inimigo
na Torre Crashpoint e enviar um pedido de ajuda à República.
Felizmente, ele está prestes a receber ajuda de novos amigos
inesperados... Não perca todas as aventuras de Star Wars: A Alta
República! (Material indicado para crianças a partir de 8 – 12 anos)

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Star Wars: Velha República: Enganados

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“Nossa hora chegou. Durante trezentos anos nos preparamos;


ficamos mais fortes enquanto você descansava em seu berço de
poder... Agora sua República cairá. ”Um guerreiro Sith para rivalizar
com o mais sinistro dos Lordes Sombrios da Ordem, Darth Malgus
derrubou o Templo Jedi em Coruscant em um ataque brutal que
chocou a galáxia. Mas se a guerra o coroasse como o mais sombrio
dos heróis Sith, a paz o transformará em algo muito mais hediondo,
algo que Malgus nunca gostaria de ser, mas não pode parar de se
tornar, assim como ele não pode impedir a Jedi desobediente de se
aproximar rapidamente. O nome dela é Aryn Leneer - e o único
Cavaleiro Jedi que Malgus matou na batalha feroz pelo Templo Jedi
era seu Mestre. Agora ela vai descobrir o que aconteceu com ele,
mesmo que isso signifique quebrar todas as regras da Ordem.

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Star Wars: Thrawn: Traição

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Essa foi a promessa que o Grão Almirante Thrawn fez ao Imperador


Palpatine em seu primeiro encontro. Desde então, Thrawn tem sido
um dos instrumentos mais eficazes do Império, perseguindo os seus
inimigos até os limites da galáxia conhecida. Mas por mais que
Thrawn tenha se tornado uma arma afiada, o Imperador sonha com
algo muito mais destrutivo. Agora, enquanto o programa TIE
Defender de Thrawn é interrompido em favor do projeto
ultrassecreto conhecido apenas como Estrelinha, do Diretor Krennic,
ele percebe que o equilíbrio de poder no Império é medido por mais
do que apenas perspicácia militar ou eficiência tática. Mesmo o
maior intelecto dificilmente pode competir com o poder de aniquilar
planetas inteiros. Enquanto Thrawn trabalha para garantir o seu
lugar na hierarquia Imperial, seu ex-protegido Eli Vanto retorna com
um terrível aviso sobre o mundo natal de Thrawn. O domínio da
estratégia de Thrawn deve guiá-lo através de uma escolha
impossível: dever para com a Ascendência Chiss ou a fidelidade
para com o Império que ele jurou servir. Mesmo que a escolha certa
signifique cometer traição.

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Star Wars: Mestre e Aprendiz

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Um Jedi deve ser um guerreiro destemido, um guardião da justiça e


um erudito nos caminhos da Força. Mas talvez o dever mais
essencial de um Jedi seja transmitir o que aprenderam. Mestre Yoda
treinou Dookan o qual treinou Qui-Gon Jinn; e agora Qui-Gon tem
um Padawan próprio. Mas enquanto Qui-Gon enfrentou todos os
tipos de ameaças e perigos como um Jedi, nada o assustou tanto
quanto a ideia de falhar com seu aprendiz. Obi-Wan Kenobi tem
profundo respeito por seu Mestre, mas luta para entendê-lo. Por que
Qui-Gon deve tantas vezes desconsiderar as leis que obrigam os
Jedi? Por que Qui-Gon é atraído por antigas profecias Jedi em vez
de preocupações mais práticas? E por que Obi-Wan não disse que
Qui-Gon está considerando um convite para se juntar ao Conselho
Jedi - sabendo que isso significaria o fim de sua parceria? A
resposta simples o assusta: Obi-Wan falhou com seu Mestre.
Quando Jedi Rael Aveross, outro ex-aluno de Dookan, solicita sua
ajuda em uma disputa política, Jinn e Kenobi viajam para a Corte
Real de Pijal para o que pode ser sua missão final juntos. O que
deveria ser uma tarefa simples rapidamente se torna obscurecido
por engano e por visões de desastre violento que tomam conta da
mente de Qui-Gon. Conforme a fé de Qui-Gon na profecia cresce, a
fé de Obi-Wan nele é testada - assim como surge uma ameaça que
exigirá que o Mestre e o Aprendiz se unam como nunca antes, ou se
dividam para sempre.

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Star Wars: Legado da Força: Linhagens de Sangue

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Uma nova era de aventuras emocionantes e revelações chocantes


continua a se desenrolar, à medida que a lendária saga Star Wars
avança em um novo território surpreendente. A guerra civil se
aproxima enquanto a incipiente Aliança Galáctica enfrenta um
número crescente de mundos rebeldes... e a guerra que se
aproxima está separando as famílias Skywalker e Solo. Han e Leia
retornam ao mundo natal de Han, Corellia, o coração da resistência.
Os seus filhos, Jacen e Jaina, são troopers na campanha da Aliança
Galáctica para esmagar os insurgentes. Jacen, agora um mestre
completo da Força, tem os seus próprios planos para trazer ordem à
galáxia. Guiado por sua mentora Sith, Lumiya, e com o filho de
Luke, Ben, ao seu lado, Jacen embarca no mesmo caminho que o
seu avô Darth Vader fez uma vez. E enquanto Han e Leia assistem
o seu único filho homem se tornar um estranho, um assassino
secreto emaranha o casal com um nome temido do passado de
Han: Boba Fett. Na nova ordem galáctica, amigos e inimigos não
são mais o que parecem...

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Star Wars: A Sombra da Rainha

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Quando Padmé Naberrie, Rainha Amidala de Naboo, deixa sua


posição, ela é convidada pela rainha recém-eleita para se tornar a
representante de Naboo no Senado Galáctico. Padmé não tem
certeza sobre assumir a nova função, mas não pode recusar o
pedido para servir seu povo. Junto com suas servas mais leais,
Padmé deve descobrir como navegar nas águas traiçoeiras da
política e forjar uma nova identidade além da sombra da rainha.

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Star Wars: Amanhecer dos Jedi - No vazio

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No planeta Tython, a antiga ordem Je'daii foi fundada. E aos pés de


seus sábios Mestres, Lanoree Brock aprendeu os mistérios e
métodos da Força, e encontrou seu chamado como um de seus
discípulos mais poderosos. Mas tão fortemente quanto a Força fluiu
dentro de Lanoree e seus pais, ela permaneceu ausente em seu
irmão, que passou a desprezar e evitar os Je'daii, e cujo
treinamento em seus métodos antigos terminou em tragédia. Agora,
de sua vida solitária como um Patrulheira mantendo a ordem em
toda a galáxia, Lanoree foi convocada pelo Conselho Je'daii em
uma questão de extrema urgência. O líder de um culto fanático,
obcecado em viajar além dos limites do espaço conhecido, está
empenhado em abrir um portal cósmico usando a temida matéria
escura como chave - arriscando uma reação cataclísmica que
consumirá todo o sistema estelar. Porém, mais chocante para
Lanoree do que até mesmo a perspectiva de aniquilação galáctica
total, é a decisão de seus Mestres Je'daii de incumbi-la da missão
de evitá-la. Até que uma revelação surpreendente deixa claro por
que ela foi escolhida: o louco brilhante e perigoso que ela deve
rastrear e parar a qualquer custo é o irmão cuja morte ela lamentou
por muito tempo, e cuja vida ela deve temer agora.

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Star Wars: Thrawn: ASCENDÊNCIA (Livro I – Caos
Crescente)

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Além do limite da galáxia estão as Regiões Desconhecidas:


caóticas, desconhecidas e quase intransitáveis, com segredos
ocultos e perigos em igual medida. E aninhada em seu caos
turbulento está a Ascendência, lar dos enigmáticos Chiss e das
Nove Famílias Regentes que as lideram. A paz da Ascensão, um
farol de calma e estabilidade, é destruída após um ousado ataque à
capital de Chiss que não deixa vestígios do inimigo. Perplexo, a
Ascendência despacha um de seus jovens oficiais militares para
erradicar os agressores invisíveis. Um recruta nascido sem título,
mas adotado na poderosa família de Mitth e que recebeu o nome de
Thrawn. Com o poder da Frota Expansionista em suas costas e a
ajuda de sua camarada Almirante Ar’alani, as respostas começam a
se encaixar. Mas conforme o primeiro comando de Thrawn investiga
mais profundamente a vasta extensão do espaço que seu povo
chama de Caos, ele percebe que a missão que lhe foi dada não é o
que parece.

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Star Wars: A Alta República - Tormenta Crescente

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Os heróis da era da Alta República retornam para enfrentar uma paz


destruída e um inimigo terrível, após os eventos dramáticos de Luz
dos Jedi. Na esteira do desastre do hiperespaço e do heroísmo dos
Jedi, a República continua a crescer, reunindo mais mundos sob
uma única bandeira unificada. Sob a liderança da Chanceler Lina
Soh, o espírito de unidade se estende por toda a galáxia, com os
Jedi e a estação Farol Estelar recentemente estabelecida na
vanguarda. Em comemoração, a chanceler planeja a Feira da
República, será uma vitrine das possibilidades e da paz da
República em expansão, uma paz que os Jedi esperam promover.
Stellan Gios, Bell Zettifar, Elzar Mann e outros se juntam ao evento
como embaixadores da harmonia. Mas à medida que os olhos da
galáxia se voltam para a feira, o mesmo ocorre com a fúria dos Nihil.
O seu líder, Marchion Ro, pretende destruir essa unidade. Sua
Tempestade desce sobre a pompa e a celebração, semeando o
caos e exigindo vingança.

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Star Wars: Velha República – Aniquilação

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O Império Sith está em fluxo. O imperador está desaparecido, dado


como morto, e a tentativa de um ambicioso lorde Sith de tomar o
trono terminou fatalmente. Ainda assim, Darth Karrid, comandante
do temível cruzador de batalha Imperial Lança Ascendente, continua
seus esforços incansáveis para alcançar o domínio Sith total da
galáxia. Mas a determinação implacável de Karrid é mais do que
compatível com a determinação de aço de Theron Shan, cujos
negócios inacabados com o Império podem mudar o curso da
guerra para sempre. Embora filho de uma mestra Jedi, Theron não
exerce a Força... mas, como a sua renomada mãe, o espírito de
rebelião está em seu sangue. Como um importante agente secreto
da República, ele desferiu um golpe crucial contra o Império ao
expor e destruir um arsenal de super arma Sith, o que o torna o
agente ideal para uma missão ousada e perigosa para acabar com o
reinado de terror da Lança Ascendente. Juntamente com a
contrabandista Teff'ith, com quem ele tem uma ligação inexplicável,
e o sábio guerreiro Jedi Gnost-Dural, ex-mestre de Darth Karrid,
Theron deve combinar inteligência e armas com uma tripulação
testada em batalha da escuridão mais fria discípulos secundários.
Mas o tempo é brutalmente curto. E se eles não aproveitarem sua
única chance de sucesso, certamente terão inúmeras oportunidades
de morrer.

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Star Wars – The Clone Wars – Histórias de Luz e
Escuridão

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Um confronto épico entre as forças da luz e das trevas, entre a


República Galáctica e os Separatistas, entre bravos heróis e vilões
brilhantes – o destino da galáxia está em jogo na série de animação
ganhadora do Emmy Award, Star Wars: The Clone Wars. Nesta
emocionante antologia, onze autores que também são fãs da série
trazem histórias de seu programa favorito para a vida. Reunidos
aqui estão momentos memoráveis e aventuras impressionantes, de
tentativas de assassinato a generosidades roubadas, de lições
aprendidas a amores perdidos. Todos os seus personagens
favoritos de The Clone Wars estão aqui: Anakin Skywalker, Yoda,
Obi-Wan Kenobi, Ahsoka Tano, Capitão Rex, Darth Maul, Conde
Dookan e muito mais!

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Star Wars – Tribo Perdida dos Sith: Coletânea de
Histórias

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Finalmente, em um volume único, as oito partes originais da épica


série de e-books Tribo perdida dos Sith... junto com o final explosivo
e nunca antes publicado, Pandemônio, com mais de cem páginas
de novo material! Cinco mil anos atrás. Após uma emboscada Jedi,
a nave mineira Sith Presságio está destruída em um planeta
desconhecido e remoto. Seu comandante, Yaru Korsin, luta contra o
derramamento de sangue de uma facção amotinada liderada por
seu próprio irmão. Encalhados e enfrentando a morte, a tripulação
Sith não tem escolha a não ser se aventurar em seus arredores
desolados. Eles enfrentam inúmeros desafios brutais, predadores
cruéis, pragas letais, tribos que adoram deuses vingativos... e, como
verdadeiros guerreiros Sith, enfrentam-nos com o lado sombrio da
Força. As lutas só estão começando para os orgulhosos e
intransigentes Sith, dirigidos como estão para governar a todo custo.
Eles vencerão os nativos primitivos e encontrarão o caminho de
volta ao seu verdadeiro destino como governantes da galáxia. Mas à
medida que o seu legado cresce ao longo de milhares de anos, os
Sith acabam sendo testados pela ameaça mais perigosa de todas: o
inimigo interno.

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Star Wars – Esquadrão Alfabeto

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O Imperador está morto. A Rebelião é vitoriosa. No rescaldo, Yrica


Quell é apenas um dos milhares de desertores imperiais que vivem
em uma favela de desertores. Incerta sobre o seu lugar na
República contra a qual ela lutou uma vez, ela começou a perder
qualquer esperança de redenção, até que ela seja selecionada para
se juntar ao Esquadrão do Alfabeto. Formados por uma variedade
eclética de pilotos e caças, os cinco membros da Alfabeto são
encarregados pela própria general da Nova República, Hera
Syndulla. A missão deles: rastrear e destruir o misterioso Shadow
Wing, uma força letal de TIE fighters exigindo uma vingança
sangrenta e impiedosa no crepúsculo de seu reinado. Mas passar
de rebeldes menos favorecidos a heróis célebres não é tão fácil
quanto parece. Os rebeldes guerreiros do Esquadrão Alfabeto terão
que aprender a voar juntos para proteger a nova era de paz que
lutaram tanto para conquistar.

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Star Wars - Comandos da República - Contato Hostil

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Enquanto a Guerra dos Clones se enfurece, a vitória ou a derrota


estão nas mãos de esquadrões de elite que assumem as tarefas
mais difíceis na galáxia, soldados frios que vão aonde ninguém mais
iria, para fazer o que ninguém mais poderia... Em uma missão para
sabotar uma instalação de pesquisa de armas químicas em um
planeta controlado pelos Separatistas, quatro clone troopers operam
sob o nariz de seus inimigos. Os comandos estão em menor número
e com menos armas, bem atrás das linhas inimigas, sem apoio, e
trabalhando com estranhos em vez de companheiros de equipe de
confiança. As coisas não melhoram quando Darman, o especialista
em demolições do esquadrão, se separa dos outros durante a
queda do planeta. Mesmo a aparente boa sorte de Darman em
encontrar uma Padawan inexperiente desaparece quando Etain
admite a sua terrível inexperiência. Para os comandos clones
divididos e o Jedi preso, uma longa e perigosa jornada está à frente,
através de um território hostil repleto de escravos Trandoshanos,
Separatistas e nativos suspeitos. Um único passo em falso pode
significar descoberta... e morte. É uma missão suicida virtual para
qualquer um, exceto para os Comandos da República.

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Star Wars - Alta República - Confronto na Feira

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Muito antes das Guerras Clônicas, do Império ou da Primeira


Ordem, os Jedi iluminaram o caminho para a galáxia em uma era
dourada conhecida como Alta República! Este emocionante livro de
histórias colorido traz à vida um confronto épico entre os Cavaleiros
Jedi e seus misteriosos inimigos, os Nihil. Burryaga, o Wookiee
Padawan e seus companheiros Jedi devem salvar o dia! Esse ebook
é a forma mais incrível de introduzir as crianças nessa nova Era da
Alta República, pois reconta a história do Ebook Tormenta
Crescente do ponto de vista do Padawan Jedi Burryaga, que conta
de forma simples e didática para as crianças. (FAIXA ETÁRIA: 6 a 8
anos)

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Star Wars – A Alta República – Fora das Sombras

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Sylvestri Yarrow vive uma maré de azar sem fim. Ela tem feito o
possível para manter o negócio de carga da família em
funcionamento após a morte de sua mãe, mas entre o aumento das
dívidas e o aumento dos ataques dos Nihil a naves desavisados, Syl
corre o risco de perder tudo o que resta de sua mãe. Ela segue para
a capital galáctica de Coruscant em busca de ajuda, mas é desviada
quando é arrastada para uma disputa entre duas das famílias mais
poderosas da República por um pedaço do espaço na fronteira.
Emaranhada na política familiar é o último lugar que Syl quer estar,
mas a promessa de uma grande recompensa é o suficiente para
mantê-la interessada... Enquanto isso, o Cavaleiro Jedi Vernestra
Rwoh foi convocada para Coruscant, mas sem nenhuma ideia do
porquê ou por quem. Ela e seu Padawan Imri Cantaros chegam à
capital junto com o Mestre Jedi Cohmac Vitus e seu Padawan,
Reath Silas, e são convidados a ajudar na disputa de propriedade
na fronteira. Mas por que? O que há de tão importante em um
pedaço de espaço vazio? A resposta levará Vernestra a uma nova
compreensão de suas habilidades e levará Syl de volta ao
passado... e às verdades que finalmente surgirão das sombras.

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Star Wars - A Alta República - A Estrela Cadente

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Uma e outra vez, os invasores viciosos conhecidos como Nihil


tentaram trazer a era de ouro da Alta República a um fim ardente.
Repetidamente, a Alta República emergiu desgastada e cansada,
mas vitoriosa graças a seus protetores Jedi, e não há monumento à
sua causa maior do que o Farol Luz Estelar. Pendurado como uma
joia na Orla Exterior, o Farol encarna a Alta República no ápice de
suas aspirações: um centro de cultura e conhecimento, uma tocha
brilhante contra a escuridão do desconhecido e uma mão estendida
de boas-vindas aos confins do mundo. a galáxia. Enquanto
sobreviventes e refugiados fogem dos ataques do Nihil, o Farol e a
sua tripulação estão prontos para abrigar e curar. Os agradecidos
Cavaleiros e Padawans da Ordem Jedi estacionados lá finalmente
têm a chance de se recuperar, da dor de seus ferimentos e da dor
de suas perdas. Mas a tempestade que eles pensavam ter passado
ainda continua; eles são simplesmente capturados em seus olhos.
Marchion Ro, o verdadeiro mentor dos Nihil, está preparando o seu
ataque mais ousado até agora, um projetado para extinguir a luz dos
Jedi.

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Star Wars - Os Segredos dos Sith

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e você conhecesse o poder do lado sombrio! Descubra os caminhos


dos Sith neste livro infantil emocionante, informativo e totalmente
ilustrado. Junte-se ao Imperador Palpatine, também conhecido
como Darth Sidious, nesta exploração dos Sith e dos aliados
malignos do lado sombrio. Star Wars: Os Segredos dos Sith irá
emocionar os jovens fãs com conhecimento do lado sombrio, obras
de arte incríveis e recursos interativos, como pop-ups, livretos e
inserções de levantar a aba. Experimente o poder do lado sombrio :
Narrado pelo Imperador Palpatine, este livro dará aos jovens leitores
uma visão do poder do lado sombrio. Aprenda sobre alguns dos
maiores vilões do lado sombrio de Star Wars : abrangendo filmes,
programas de televisão, livros, quadrinhos e videogames, Star Wars:
Os Segredos dos Sith narra alguns dos praticantes mais infames do
lado sombrio, incluindo Darth Maul, Conde Dookan, Asajj Ventress,
Darth Vader, o Grande Inquisidor e Kylo Ren. Ilustrações originais
incríveis: Star Wars: Os Segredos dos Sith é um livro infantil
lindamente ilustrado que os leitores vão querer revisitar várias
vezes. Cheio de recursos interativos empolgantes: Pop-ups, folhetos
e inserções de levantar a aba vão emocionar os jovens fãs,
proporcionando uma experiência envolvente enquanto investiga as
histórias sobre os Sith. O complemento perfeito para qualquer
biblioteca virtual de Star Wars : Este lindo ebook encadernado é um
item obrigatório para a coleção de qualquer jovem fã.

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Star Wars - A Alta República – Missão para o
Desastre

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Os Jedi acham que os temidos saqueadores Nihil foram todos


derrotados. O seu líder está fugindo e os seus números diminuíram.
A Cavaleira Jedi Vernestra Rwoh espera que isso signifique que ela
finalmente terá tempo para realmente treinar o seu Padawan, Imri
Cantaros, mas os relatos de um ataque Nihil a Porto Haileap logo
frustram essas esperanças. Pois não só os Nihil que atacaram o
pacífico posto avançado, como também sequestraram a amiga de
Vernestra e de Imri, Avon Starros. Os dois Jedi partiram para Porto
Haileap, determinados a descobrir para onde os Nihil levaram a sua
amiga. Enquanto isso, Avon deve colocar a sua inteligência e
habilidades à prova enquanto luta pela sobrevivência entre os Nihil,
e descobre um plano sinistro. Vernestra e Imri podem encontrar a
sua amiga antes que o desastre aconteça?

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Star Wars - Alta República - Batalha Pelo Farol Luz
Estelar

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Muito antes das Guerras Clônicas, do Império ou da Primeira


Ordem, os Jedi iluminaram o caminho para a galáxia em uma era
dourada conhecida como Alta República! Este emocionante livro de
histórias colorido traz à vida uma outra emocionante aventura no
livro de histórias com heróis Jedi e os seus Padawans enquanto
lutam contra os nefastos vilões Nihil!!

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Star Wars - Alta República - Horizonte à Meia Noite

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Séculos antes dos eventos de Star Wars: A Ameaça Fantasma, na


era da gloriosa Alta República, os Jedi são os guardiões da paz e da
justiça na galáxia! Depois de uma série de perdas impressionantes,
a República parece finalmente ter os vilões saqueadores de Nihil em
fuga, e parece que há luz no fim do túnel. Até que venha a notícia
de um suposto ataque de Nihil ao mundo cosmopolita industrial de
Corellia, bem no Núcleo Galáctico. Enviados para investigar estão
os Mestres Jedi Cohmac Vitus e Kantam Sy, juntamente com os
Padawans Reath Silas e Ram Jomaram, todos travando as suas
próprias batalhas particulares após meses de perigo implacável. Em
Corellia, Reath e Ram encontram um descarado jovem especialista
em segurança chamado Crash, cujo amigo foi uma das vítimas do
ataque Nihil, e eles se unem a ela para se infiltrar na elite de Corellia
enquanto os Mestres buscam caminhos mais diplomáticos. Mas se
disfarçar com Crash é mais perigoso do que qualquer um esperava,
mesmo quando Ram puxa seu amigo Zeen para ajudar com um
estratagema elaborado envolvendo uma estrela pop galáctica. Mas
o que eles descobrem em Corellia acaba sendo apenas uma parte
de um plano maior, que pode levar os Jedi à sua derrota mais
impressionante até agora...

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Star Wars - A Alta República - Executora da
Tempestade

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Mergulhe no mundo cruel de um dos maiores inimigos da Alta


República, a impiedosa Lourna Dee, neste roteiro completo para o
áudio original de Star Wars: Executora da Tempestade. A
tempestade Nihil assolou a galáxia, deixando caos e tristeza em seu
rastro. Poucos de seus invasores são tão cruéis quanto a Executora
da Tempestade Lourna Dee. Ela fica um passo à frente da Ordem
Jedi no comando de uma nave com o nome de um dos monstros
mais mortais da galáxia: ela mesma. Mas ninguém pode fugir dos
defensores da Alta República para sempre. Após a derrota de sua
tripulação, Lourna cai nas mãos dos Jedi, mas não antes de
esconder a sua identidade, tornando-se apenas mais uma
condenada de Nihil. Os seus captores não entendem a fera que
encurralaram. Assim como todos os tolos que ela já enterrou, seu
primeiro erro foi mantê-la viva. Lourna está determinada a
subestimá-la pela última vez. Trancada em uma nave correcional da
República, ela é arrastada pela galáxia para reparar os danos que
ela e seus companheiros Executores da Tempestade infligiram. Mas
enquanto Lourna planeja a sua gloriosa fuga, ela faz alianças que se
aproximam perigosamente das amizades. Fora dos Nihil, separada
da sua infame nave, seu terrível arsenal e seu temido nome, Lourna
deve trilhar seu próprio caminho. Mas isso levará à redenção? Ou
ela emergirá como uma ameaça mais mortal do que nunca?

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Star Wars – Legado da Força – Tormenta

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Enquanto a guerra civil ameaça a unidade da Aliança Galáctica, Han


e Leia Solo enfureceram suas famílias e os Jedi ao se juntarem aos
insurgentes Corellianos. Mas os Solos traçam a linha quando
descobrem o plano dos rebeldes para fazer do Consórcio Hapan um
aliado – que depende dos nobres Hapan assassinarem sua rainha
pró-Aliança e a sua filha. No entanto, a determinação altruísta dos
Solos de salvar a rainha não pode dissipar as consequências
inevitáveis de suas ações que colocarão mãe contra filho e irmão
contra irmã nas batalhas à frente. À medida que os poderes
sombrios de Jacen Solo se fortalecem sob o Jedi Negro Lumiya, e
sua influência sobre Ben Skywalker se torna mais insidiosa, a
preocupação de Luke com seu sobrinho o força a uma luta de vida
ou morte contra seu inimigo mais feroz, e Han e Leia Solo
descobrem ficam à mercê de seu inimigo mais mortal... O filho
deles.

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Star Wars: Irmandade

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As Guerras Clônicas começaram. As fileiras de batalha estão sendo


desenhadas por toda a galáxia. Com cada mundo que se junta aos
Separatistas, a paz guardada pela Ordem Jedi está escorregando
por entre os dedos. Depois que uma explosão devasta Cato
Neimoidia, a joia da Federação do Comércio, a República é culpada
e a frágil neutralidade do planeta é ameaçada. Os Jedi despacham
Obi-Wan Kenobi, uma das mentes diplomáticas mais talentosas da
Ordem, para investigar o crime e manter o equilíbrio que começou a
mudar perigosamente. Enquanto Obi-Wan investiga com a ajuda de
uma heroica guarda Neimoidiana, ele se vê trabalhando contra os
Separatistas que esperam atrair o planeta para a sua conspiração, e
sente a mão sinistra de Asajj Ventress nas brumas que cobrem o
planeta. Em meio ao caos crescente, Anakin Skywalker sobe ao
posto de Cavaleiro Jedi. Apesar da ordem de que Obi-Wan viaje
sozinho, e da insistência de seu ex-mestre para que ele ouça desta
vez, A determinação obstinada de Anakin significa que nada pode
impedi-lo de invadir a festa e trazer um jovem promissor, mas
conflitante. Antes um Padawan de Obi-Wan, Anakin agora se
encontra em pé de igualdade, mas incerto, com o homem que o
criou. O atrito persistente entre eles aumenta o perigo para todos ao
seu redor. Os dois cavaleiros devem aprender uma nova maneira de
trabalhar juntos, e devem aprender rapidamente, para salvar Cato
Neimoidia e seu povo dos incêndios da guerra. Para superar a
ameaça que enfrentam, eles devem crescer além de mestre e
aprendiz. Eles devem permanecer juntos como irmãos.

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Skywalker – Uma Família em Guerra

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Descubra os segredos dos Skywalkers: a família que moldou uma


galáxia muito, muito distante... A história de Skywalker tem tudo:
paixão, intriga, heroísmo e feitos sombrios. Esta biografia reveladora
explora cada reviravolta da dinastia Skywalker: a lenta sedução ao
lado sombrio de Anakin; seu casamento condenado com Padmé
Amidala; o heroísmo de Luke e Leia; a queda e redenção do filho de
Han Solo e da princesa Leia, Ben; e as lutas de sua díade na Força,
Rey. Sem deixar pedra sobre pedra ao traçar as provações e
tribulações da dinastia, esta biografia definitiva da primeira família
de Star Wars explora e explica a história mais profunda e pessoal
dos Skywalkers, seus personagens, motivações e, contra
probabilidades aparentemente impossíveis, seu triunfo final.

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