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Índice
Capa
Página Título
Direitos Autorais
Dedicatória
Dramatis Personae
Epígrafo
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Glossário
Sobre o Ebook
Sobre a Autora
Agradecimentos
Dramatis Personae
Sargento Kal Skirata: Mercenário (Mandaloriano)
Sargento Walon Vau: Mercenário (Mandaloriano)
Capitão Ordo: Trooper CRA N-11 (Nulo)
Tenente Mereel:Trooper CRA N-7 (Nulo)
Comandos da República:
Esquadrão Omega:
Niner: Clone Trooper RC-1309
Darman: Clone Trooper RC-1136
Fi: Clone Trooper RC-8015
Atin: Clone Trooper RC-3222
Esquadrão Delta:
Chefe: Clone Trooper RC-1138
Scorch: Clone Trooper RC-1262
Fixer: Clone Trooper RC-1140
Sev: Clone Trooper RC-1207
Corr: Clone Trooper CT-5108/8843
General Bardan Jusik: Cavaleiro Jedi (humano)
Capitão Jaller Obrim: Guarda do Senado, destacado para a Unidade Anti-Terrorismo da Força de
Segurança de Coruscant (humano)
General Etain Tur-Mukan: Cavaleira Jedi (humana)
General Arligan Zey: Mestre Jedi (humano)
Qibbu: Assistente de Skirata (Wookiee fêmea)
Laseema: Empregada de Qibbu (Twi’lek)
Besany Wennen: Uma funcionária de logística do GER (humana)
Para a companhia do navio HMS Dunedin, incluindo o meu tio Albert
Edward Traviss, que morreu no naufrágio do cruzador em 24 de novembro
de 1941, um garoto de dezessete anos incapaz de ingressar na Marinha Real
por causa da deficiência visual, mas que insistiu em servir como assistente
NAAFI de um navio de guerra, e assim deu a sua vida por seu país antes
que mal tivesse começado.
PRÓLOGO
Inserção secreta dos Comandos da República em Fest, setor Atrivis, Orla Exterior, dez meses
após Geonosis.
V ocê tem que ver o lado engraçado das coisas no exército. Eu acho que
eles também têm um senso de humor nas Aquisições de Defesa.
— Então. — eu pergunto. — Há quanto tempo vocês fizeram um pedido
de armadura furtiva preta?
— Sete meses-padrão. — diz Darman, olhando a tripulação da baía do
caça para uma planície ininterrupta de neve. Neve branca. O vento gelado
está lançando rajadas para o compartimento aberto. — Quando voltamos de
Qiilura.
— E só agora eles emitiram isso para nós? Para um ataque em Fest? O
planeta inteiro está coberto de neve de polo a polo.
Eu posso ouvir o piloto do caça rindo no circuito do comunicador. Ele
não consegue resistir.
— Quer a minha armadura emprestada? Ela é bonita e branca.
Sim, eles nos puseram em armaduras Katarn pretas. Seria necessário um
impacto direto de canhão a laser para nos machucar, mas seria muito bom o
conforto da camuflagem quando atingirmos o chão.
Até Atin está rindo. Mas o Niner, que tenta substituir o Sargento Kal e
garantir que tudo ficará bem, não. Ele está preocupado que tenhamos ficado
sem sorte para esta missão.
E eu também. As perdas dos Comandos da República no primeiro ano de
guerra estão em 50%. Hoje, nós temos que nos infiltrar em uma fábrica
Separatista que está desenvolvendo um novo supermetal chamado phrik, o
que quer que isso seja, e realizar uma pequena subtração de ativos,
conhecida no negócio como explodir coisas. Não é uma missão complicada:
evitar droides, entrar, colocar cargas na planta de processamento e fundição,
evitar droides, sair. E então pressionar o detonador.
Um dos irmãos CRA Nulos do Capitão Ordo encontrou este local:
Unidades de Inteligência Clone, eles os chamam. Devo escrever para
agradecer ao di'kut qualquer hora dessas.
Por isso, eu mantenho o esquadrão rindo, porque isso impede a nossa
mente de calcular as probabilidades.
— Certo. — eu digo. — O que todos nós mais queremos agora?
— Bife de Roba. — diz o piloto.
— Camo branco. — diz Niner.
— Uma fatia muito grossa de bolo uj. — diz Atin.
Darman faz uma pausa por um momento.
— Ver uma velha amiga novamente.
Eu? Gostaria de voltar ao quartel da Companhia Arca em Coruscant.
Quero ver Coruscant antes de morrer e até agora não vi quase nada no lugar.
Alguém prometeu me comprar uma cerveja lá uma vez.
O piloto está deslizando alguns metros acima da neve, levando-nos a
uma passagem limitada para evitar a detecção. Agora tudo são montanhas e
desfiladeiros. E neve.
— Eu tenho o visual da fábrica. — diz o piloto. — E vocês não vão
gostar.
— Por que? — Niner pergunta.
— Porque há uma enorme quantidade de droides de batalha lá.
— Eles são feitos de phrik?
— Acho que não.
— Não tem problema, então. — diz Niner. — Vamos estragar o dia
inteiro deles.
A canhoneira diminui o suficiente para nós saltarmos, e ficamos de neve
até os joelhos para assumirmos uma posição à margem do afloramento. Não
há nada como um rápido olá de um lançador de foguetes Plex para mostrar
aos droides quem é que manda. Não, eles definitivamente não são de phrik.
Eu recarrego o Plex e continuo transformando os droides em estilhaços,
enquanto Darman e Atin seguem o seu caminho para terrenos mais altos
para chegar à fábrica.
Sim, uma boa cerveja em Coruscant, no Triplo Zero. Sonhos assim
mantêm você em movimento.
CAPÍTULO 1
Encontre Skirata. Ele é o único que pode convencer esses homens. E não, eu não vou destruir
um quarteirão inteiro apenas para neutralizar seis CRAs. Então me traga Skirata: ele não pode
ter viajado muito longe.
— General Iri Camas, Diretor de Forças Especiais, da Força de Segurança de Coruscant, do
Controle de Incidentes de Cerco, Quartel da Brigada de Operações Especiais, Coruscant, cinco
dias após a Batalha de Geonosis.
—
QG da Brigada de Operações Especiais, Coruscant, vinte minutos após a explosão no
Depósito Bravo Cinco, 367 dias após Geonosis
—
Embarcação de interdição ao tráfego do Grupo de Proteção à Frota da República (EIT)
Z590/1, em frente ao cruzamento do hiperespaço Corelliano-Perlemiano, 367 dias após
Geonosis.
— Uoooooooooou...!
Fi não tinha certeza se era o seu próprio grito de choque ou a voz de
Scorch em seu comunicador, mas ele viu a bola de chamas brancas e
douradas se expandindo em direção a eles, mostrando a seção da nave
Neimie que obscurecia parcialmente o escudo, e se abaixou instintivamente.
Uma chuva de detritos choveu na tela. Algo grande e metálico deslizou
ao longo do invólucro do cargueiro com um longo grito abafado. Fi se
endireitou quando as marteladas diminuíram para um ruído ocasional, como
pedras sendo jogadas no telhado. Então parou completamente.
— Fierfek. — disse Scorch. — Agora, se eles adicionassem apenas um
pouco de maranium à ogiva, teria queimado em um roxo bastante bonito.
— Destemida, Destemida, Destemida chamando Delta. Você está
ouvindo, repita, está claro, responda.
Um grande retângulo de vidro amolecido quente se afastou lentamente
da tela, ajudado pelo punho de Scorch, e caiu serenamente em uma colisão
silenciosa em câmera lenta com o apoio de cabeça do assento do piloto.
— Delta aqui, Destemida. Apenas extraindo Ômega e carga agora.
Fi lutou para não parecer ofegante e trêmulo. Isso decepcionaria o
esquadrão.
— Estou feliz que a marinha esteja aqui. — disse ele. — Porque, se
dependesse de você, Relâmpago Lubrificado, seríamos um cinturão de
asteroides agora.
A viseira de Scorch entrou pela abertura, finalmente, seguida pelo braço,
e ele fez um gesto inconfundível de descontentamento.
Fi sentiu sua boca dormente, alimentada pelo choque.
— Meu herói! Você finalmente conseguiu!
— Você quer voltar para a base?
Niner ergueu o Orjul envolto em plástico com uma mão e o alinhou com
a abertura.
— Fi vai descansar bem a boca dele agora e me ajudar a atravessar o
lixo.
— Presente embrulhado? Ounnn, não precisava. — Scorch subiu um
pouco mais pelo tubo de acesso e ficou imóvel a 135 graus, avaliando os
três prisioneiros amarrados. — Pés primeiro, por favor. Então, se o di'kut
tentar chutar, posso quebrar as pernas dele. Não quero que esse tubo seja
violado.
Foi mais difícil do que o esperado. Mas no momento em que o segundo
Nikto foi preso no tubo de conexão como um torpedo, o ar quente da nave
Neimoidiana sequestrada já havia penetrado na cabine do cargueiro e fez Fi
se sentir muito mais confortável. Ele se afastou para deixar Atin e Darman
subirem pelo tubo.
Scorch puxou Darman para dentro pelos seus cintos. Fi esperou que as
suas botas desaparecessem e depois rolou para espiar a abertura em um
círculo de luz fraca.
— Próximo!
Fi alinhou e depois empurrou com uma bota. Ao atravessar a escotilha
aberta do outro lado, sentiu a gravidade artificial agarrá-lo e rolou para o
convés com um barulho de placas de armadura. Levou alguns segundos
para se levantar. Niner colidiu com ele por trás. Não era uma nave muito
grande.
Chefe, com sua armadura pintada com tinta laranja lascada e descascada,
bateu a escotilha atrás de Niner e a selou. Niner olhou para ele como se não
tivesse certeza do que deveria acontecer a seguir e, em seguida, os dois
homens simplesmente apertaram as mãos e deram um tapa nas costas.
— Gostou do que fizemos com o lugar? — Chefe disse, tirando o
capacete. O convés de voo parecia como se alguém o estivesse
desmontando da maneira mais difícil: painéis haviam sido arrancados, fios
pendurados na cabeça do convés e havia arranhões no console onde as
unidades haviam sido removidas ou não instaladas. — Certo, talvez seja um
pouco básico, mas chamamos de lar.
— Vocês afanaram isso?
— Não, eles nos deixaram fazer um teste drive. — Chefe gesticulou para
o resto de seu esquadrão brilhantemente pintado. — Fixer, Sev, e vocês já
conhecem Scorch. Diga olá para os garotos chatos de preto.
— Obrigado, vode. — disse Fi. Ele se perguntou porque Atin não tinha
se juntado a eles; ele tinha se virado e parecia estar tecnicamente
interessado por um conduíte. — Alguma notícia sobre o Sicko?
— Se esse é o seu piloto, a Majestosa foi desviada agora. Eles pegaram o
farol e é tudo o que sabemos. — Chefe olhou para os três prisioneiros,
alinhados no convés como cadáveres. Ele cutucou cada um deles com a
bota. — É melhor valer o esforço de todo mundo.
Fi tirou o capacete e inalou o ar quase fresco. Com exceção de Scorch,
todos haviam tirado o capacete. Delta era um dos menos de uma dúzia de
esquadrões que sobreviveram intactos desde a decantação, um verdadeiro
pod como os Kaminoanos os chamavam, e eles pareciam pensar que isso os
tornava uma elite dentro de uma elite. Eles foram criados e treinados juntos,
e nunca lutavam junto com ninguém além de seus irmãos. Era um luxo que
poucos esquadrões desfrutavam agora.
Fi suspeitava que isso significava que eles não jogavam bem com os
outros. Lembrou-se muito bem de quão ferozmente competitivo e fechado o
seu próprio grupo tinha sido, e de como a sua confiança havia diminuído
quando perdeu os seus irmãos em Geonosis e foi então descartado aos
cuidados de Niner.
— Você fica bem em um esquadrão de mestiços. — disse Sev, e Fi optou
por não reagir. Sabia que estava no piloto automático agora e que deveria
calar a boca. O olhar de Niner o ajudou a decidir. — Suponho que vocês
não fizeram uma busca naquela nave, não é?
— Não com uma descompressão rápida em nossas mãos, não. — disse
Niner. — Dizia-se que ela carregava explosivos.
— Certo, vamos ficar cercados de Separatistas a qualquer momento
agora, então vamos colocar essa caixa no hangar da Destemida e eles
podem explodir o cargueiro. Se houver algo útil, pelo menos os Separatistas
não pegarão.
Darman deslizou em uma antepara no convés e Niner se sentou ao lado
dele. Eles estavam quase de volta à Destemida, o que significava que
estavam quase em casa, e em casa significava o quartel da Companhia Arca
e, finalmente, uma boa noite de sono depois de dois meses em patrulha. Fi
nunca conseguira tanto. Nenhum deles jamais conseguiu. E o cansaço podia
torná-los perigosamente descuidados.
— Então, Atin. — disse Sev. Ele andou atrás de Atin e ficou perto o
suficiente para ser irritante. Atin não se virou. — Sargento Vau pediu para
vê-lo novamente, vod'ika.
— Eu não sou seu irmãozinho. — disse Atin calmamente. Ele deu as
costas para Sev. — Eu só trabalho com você.
Ah, então havia alguma história entre os dois. Fi se irritou: ele se uniu ao
irmão adotivo. Podia ver que a perspectiva de realmente encontrar Vau
novamente estava alimentando algo que normalmente não era Atin.
Sev não desistiu.
— Eu não esqueço, sabe.
Dessa vez, Atin se virou, cara a cara com Sev, tão perto que Fi pensou
que seu irmão sereno iria realmente perder a linha pela primeira vez. Ele se
preparou para intervir.
— Isso é assunto meu. — disse Atin. — Fica fora disso.
Sev olhou para o rosto dele.
— E as divergências ficam dentro da companhia.
Atin colocou os dedos no pescoço da roupa e puxou-a para a esquerda
até a borda da armadura, expondo a sua clavícula. Ele tinha muitas
cicatrizes brancas em relevo. Ninguém tinha notado muito porque os
ferimentos no treinamento e no combate eram tão comuns que raramente
alguém fazia comentários.
— Você ficou pior que isso, não foi? Você passou uma semana no bacta,
não foi?
Atin parecia prestes a estalar, e Fi avançou para intervir. Então Niner
atravessou a cabine em três passos e se enfiou entre os dois homens. Ele
teve que separá-los colocando os braços entre eles e separando-os com as
placas dos braços. Mas o olhar sem piscar de Sev ainda estava fixo em Atin
como se Niner não estivesse lá.
— Acho que todos precisamos chegar a um entendimento comum. —
disse Niner, bloqueando Sev com seu corpo. — De volta ao quartel, se
estiver tudo bem para você, ner vod.
Sev parecia assassino. Seus olhos ainda estavam fixos nos de Atin.
— A qualquer momento, vod'ika.
— Certo, vocês dois podem calar a boca agora. E você, Fi. Afaste-se.
Todos nós tivemos um dia ruim, então vamos baixar a testosterona e sê
simpático.
Sev ergueu as mãos dos lados em um gesto de submissão relutante e foi
sentar-se ao lado de Scorch na cabine. Chefe não disse uma palavra, mas
Niner agarrou Fi e Atin pelos ombros e empurrou-os para mais longe.
— Você vai me dizer do que tudo isso se trata.
— Não, não vou, Sargento. É pessoal.
— Não há nada pessoal em relação a esse esquadrão. Mais tarde, certo?
Vocês não vão ficar brigando como um par de civis. Se houver uma troca de
farpas entre vocês dois, todos resolveremos juntos. Entendido?
— Sim, Sargento.
Niner enfatizou o seu aviso com um soco no peito de Atin e voltou a
ficar com Chefe enquanto Scorch levou a nave para o lado da Destemida e
começou a negociar com o controlador da cabine de comando sobre como
poderiam abrir espaço no hangar. Fi esperou com Atin, caso ele decidisse
retomar sua pequena conversa com Sev. Ele nunca tinha visto Atin se
inflamar, mesmo sob a pressão mais extrema, mas ele parecia pronto para se
virar com alguém agora. E mesmo um Weequay com morte cerebral poderia
ter percebido que tinha algo a ver com Vau.
— At’ika, você quer me contar sobre isso algum dia?
— Na verdade, não. — Atin deu um tapinha no ombro de Fi. — Eu
tenho que lidar com isso sozinho, mais cedo ou mais tarde.
Fi olhou para Sev e ficou com um olhar vazio que não era nem
hostilidade, apenas uma ausência de alguma camaradagem. Não seria um
monte de risadas se eles tivessem que trabalhar juntos novamente.
Fi também não achava que se daria bem com Niner na primeira reunião.
Mas nunca houve nada sobre Niner que fez Fi querer dar um soco na cara
dele e acabar logo com aquilo apenas para economizar tempo.
Isso iria acontecer, mais cedo ou mais tarde. Fi sabia disso.
Nunca tivera um desentendimento, muito menos uma briga, com um
irmão antes. Isso o deixava desconfortável. Ele se distraiu com os sonhos de
um banho quente, comida quente e o luxo de cinco horas de sono
ininterrupto.
CAPÍTULO 5
Para: Oficial Comandante BGD OE, QG Coruscant: Grupo de Proteção de Frota.
De: OC Majestosa, fora de Kelarea: 367 dias após Geonosis.
Lamento informar que recuperamos os destroços da EIT Z590/1 e o corpo do piloto CT-
1127/549. O Controle de Tráfego Perlemiano informa que o cargueiro civil da República,
Nova Crystal, registrou que atirou em uma nave que descreveu como "pirata" atacando seu
comboio para desalojá-lo do casco. Também lamento que, devido a restrições de segurança,
não seja possível dizer à CTP que o cargueiro matou um piloto das forças especiais em
serviço ativo e, portanto, a CTP considera o capitão da Nova Crystal um herói.
O cheiro atingiu Ordo muito antes de chegar à sala de reuniões. Era uma
mistura familiar de lã úmida, mofo e um almíscar oleoso pungente.
Skirata reagiu visivelmente. Ele endireitou o braço direito de lado, um
velho hábito, e deixou a lâmina deslizar para a sua mão, cair uma fração
antes que ao punho tocasse a palma da mão e depois a pegou.
— Kal'buir, seria melhor se eu atirasse. — disse Ordo. Ele colocou a
mão no braço de Skirata. — Eu não o deixarei chegar perto de você.
— Muitas vezes me pergunto se você é telepático, filho.
— Eu posso sentir o cheiro do strill, você está com a faca pronta e vamos
encontrar o Sargento Vau. A telepatia não é necessária para perceber isso.
Ordo teria ficado bastante contente em disparar o strill sem pensar duas
vezes, porque isso aborrecia Kal'buir. Mas não era culpa do strill que ele
fedesse, ou que tivesse um mestre que apreciava a crueldade, ou que se
tornara selvagem em si. Ele fora selecionado pela natureza e depois
treinado por pessoas para caçar mais por prazer do que por comida, e nada
mais havia sido permitido a passar por sua mente.
Sentiu pena dele. Mas ainda o mataria sem um momento de hesitação.
As portas deslizaram. Ordo colocou a mão direita discretamente no cabo
de um de seus blasters de repetição. Sua atenção foi instintivamente para
Vau, depois para o strill no colo e depois para o fato dele ter uma visão clara
de ambos. Demorou menos de um segundo para processar as informações e
depois subjugar o impulso.
Atrás da cabeça de Vau, as paredes da sala de reuniões do General Zey
tinham um lindo tom suave de água-marinha, mas não estava funcionando.
Skirata não se acalmou.
E o Capitão Maze estava sentado à mesa ao lado de Zey, com os braços
cruzados sobre o peito e também sem parecer impressionado. Havia uma
contusão roxa feia na ponta do queixo, mais descoloração ao redor de um
olho e um corte na ponta do nariz.
Não pensei que tinha atingido ele tão forte, pensou Ordo. Infelizmente.
Zey fez sinal para Skirata entrar logo após o homem entrar por vontade
própria e indicou cadeiras na mesa com tampo de lapiz. Bardan Jusik estava
sentado ao lado dele, com as mãos entrelaçadas na mesa, numa tentativa de
serenidade.
— Bem. — disse Skirata, e sentou-se. Ele passou a mão pela luxuosa
superfície polida. — Isso é legal. Espero nunca ouvir alguém reclamando
das despesas do GER em armaduras e armas.
— Kal. — disse Vau educadamente. — É bom ver você novamente.
Vau estava sentado em uma das cadeiras de couro profundamente
estofadas, com o strill estendido sobre o colo de costas, com as seis pernas
pendendo em uma expansão indigna enquanto coçava a sua barriga. A sua
enorme boca com presas estava frouxa, a língua de fora e um longo fio de
baba pendia quase no chão. O seu corpo tinha um metro de comprimento,
alongado por um rabo chicote coberto por uma pele mais frouxa.
O strill ainda era mais bonito que Vau. O homem tinha um rosto
quadrado e comprido, que era todo osso e linhas de expressão, e cabelos
grisalhos escuros brutalmente curtos. Rostos raramente mentiam sobre a
alma.
— Walon. — disse Skirata, assentindo.
Zey fez um gesto para Ordo se sentar, mas permaneceu de pé e
simplesmente tirou o capacete. Transferiu o conector do comunicador do
tamanho de contas para o ouvido, observando a expressão de Zey sem olhar
diretamente para ele.
Skirata olhou pra cima.
— Sente-se, Capitão.
Ordo obedecia às ordens de apenas um homem, e esse homem era
Kal'buir.
Zey foi visivelmente jogado... de novo. Sem dúvida, todos os outros
CRAs e comandos pulavam quando ele mandava, mas ele devia conhecia
Ordo agora. Maze certamente conhecia. Ele encarava seu irmão CRA como
se um estalar dos dedos de Zey lhe desse permissão para pular e devolver
aquele soco.
— Maze, talvez você queira fazer uma pausa. — Zey disse. — Isso vai
ser apenas uma questão administrativa tediosa.
Maze fez uma pausa, com os seus olhos nunca deixando os de Ordo.
— Sim, senhor. — Ele pegou o capacete na mesa e saiu.
Zey esperou que as portas se fechassem atrás dele.
— Vamos ouvir o seu plano, Sargento.
— Quero implantar Delta e Ômega em Coruscant para identificar e
neutralizar a rede Separatista aqui, porque ela está aqui. — disse Skirata. —
Tem que estar, para nos atingir tão facilmente. E a FSC não tem a
experiência ou o pessoal necessário para lidar com isso, e pode até haver
alguém dentro da própria FSC transmitindo informações aos terroristas.
Os olhos de Zey estavam fixos nele.
— Comandos são um ativo militar. Não da inteligência. Nem da polícia.
Temos teatros de guerra do outro lado...
— Eu não estou planejando prender ninguém. Esta é uma política de
atirar para matar.
— Eu não sabia que tínhamos uma.
— Você não tem, então é melhor ter uma rápido.
— Não posso pedir ao Senado que autorize o uso de forças especiais
contra os residentes de Coruscant.
— Não peça a eles. — Skirata se tornava gelo puro em momentos como
este: Ordo o observava atentamente, ansioso para aprender mais nuances da
parte dos soldados que não exigiam armas além dos nervos e da psicologia.
— O Conselho Jedi também é delicado com esse tipo de coisa?
— Sargento...
— Então não pergunte a eles também. De fato, nunca tivemos essa
conversa. Tudo o que você fez foi me dizer que não pode pedir ao Senado
para dar a sua bênção a uma mudança nos termos de referência do GER.
— Mas eu sei o que você está sugerindo. — disse Zey.
Skirata estava mexendo com sua lâmina. Ordo percebeu: era um
movimento minúsculo, mas conseguia detectar a flexão dos músculos do
antebraço através da jaqueta. Skirata estava com a ponta da lâmina apoiada
no dedo médio recolhido e a pressionava levemente para cima e para baixo,
uma preparação para soltar e agarrar o punho.
— O Conselho Jedi é bastante hábil em fazer vista grossa. — disse
Skirata. — Para uma organização que sabia que estava lidando com um
exército com capacidade de assassinato, você envia sinais conflitantes para
soldados simples como eu.
Vau estava observando a conversa como um homem que se divertia
levemente com um holovídeo. O strill bocejou com um gemido alto e
agudo.
— A diferença é que o Senado verá. — disse Zey, — é isso aqui é
Coruscant.
— General, os dias em que as guerras eram travadas em outros lugares
enquanto os incêndios domésticos continuavam a queimar já se foram há
muito tempo.
— Eu sei. Mas existem exércitos e existem... caçadores de recompensas
e assassinos. E o Senado será cauteloso em cruzar essa linha em casa.
— Bem, é isso que costuma acontecer quando você deixa um monte de...
caçadores de recompensas e assassinos treinar o seu exército.
— Não sabíamos que tínhamos um exército até um ano atrás.
— Talvez, mas o fato de você estar aqui agora com uma patente de
general significa que aceitou a responsabilidade por isso. Você poderia ter
objetado, coletivamente ou individualmente. Você poderia ter feito
perguntas. Mas não. Você pegou o blaster que encontrou no chão e só atirou
para se defender. A conveniência embosca você no final.
— Você sabe qual era a alternativa.
— Olha, General, preciso esclarecer algumas coisas, sendo apenas um
simples assassino e tudo mais. Responda algumas perguntas pra mim.
Zey deveria estar furioso por um mero sargento o estar tratando como se
fosse um funcionário irritantemente pedante e não um general endurecido
pela batalha. Para o seu crédito, ele parecia mais concentrado em uma
solução. Ordo se perguntou onde terminaria a expedição e o pragmatismo
começaria.
— Muito bem. — disse Zey.
— Deseja interromper os ataques a alvos vulneráveis que estão
começando a comprometer a capacidade do GER de implantar e estão
destruindo a confiança do público na capacidade do Senado de defender a
capital?
— Sim.
— Você acha que é uma boa ideia para alguns de nossos rapazes das
forças especiais terem uma pausa sem precedentes em Coruscant depois de
meses em campo?
Zey fez uma pausa, com apenas uma respiração.
— Sim.
— Você precisa pedir a mais alguém para autorizar esse assunto
puramente administrativo?
— Não. O General Jusik é responsável pelo bem-estar do pessoal.
Ordo manteve o rosto totalmente em branco. Sair? Nunca houve licença
para o GER ou para seu comando Jedi na linha de frente. Eles nem
saberiam o que fazer com o tempo livre de qualquer maneira.
Jusik parecia paralisado.
— Eu acredito que algum D e R seria uma boa ideia, na verdade. —
Skirata sorriu para ele com genuíno calor. Jusik era bom, um dos garotos,
todo cheio de coragem desesperada e desejo de pertencimento. Era difícil
dizer se ele estava jogando agora ou apenas sendo um oficial decente. —
Vou investigar.
— E, senhor. — disse Skirata, — é verdade que você sabia o tempo todo
que eu era um chakaar completo que nunca seguia ordens, que o mantinha
no escuro, que tratava os seus esquadrões como o seu próprio exército
particular e era no geral um Mando de baixo nível como Jango e o resto da
escória mestiça?
Zey se recostou na cadeira e beliscou a ponte do nariz brevemente,
olhando fixamente para a mesa de pedra azul.
— Acredito que vou descobrir isso em algum momento no futuro,
Sargento. — Os cantos dos olhos se enrugaram por uma fração de segundo,
mas Ordo percebeu. — Tenho as minhas suspeitas. Prová-las é difícil, no
entanto.
Zey também estava bem.
Vau observava à conversa com um interesse moderado, e Ordo estava lhe
obsevando, porque conhecia o homem muito bem.
— Sargento Vau, você tem alguma opinião sobre essa... ah... situação de
sair? — disse Ordo.
— Ah não, eu sou apenas um civil agora. — disse Vau. O strill
retumbou. Vau, aparentemente distraído, acariciou a sua cabeça medonha e
fedorenta, com os seus olhos levemente estreitados revelando uma afeição
que nunca parecia poupar para qualquer outra criatura viva. — Estou
apenas andando por aí. Quando esses detentos forem liberados, eu lhes
darei um quarto por um tempo e conversarei com eles. Nada a ver com o
GER ou o Senado. Apenas um cidadão particular fazendo o que pode para
receber visitantes em Coruscant.
Jusik estava observando a conversa com uma expressão que sugeria que
estava animado e ciente de que as apostas haviam acabado de aumentar.
Eles estavam subvertendo a democracia em um sentido, mas também
estavam salvando os seus mestres políticos de uma decisão que nunca
poderiam ser vistos a tomar, mas precisavam.
— Essa é a pior coisa de ter chakaare como nós por perto. — disse
Skirata. — Nós apenas nos afastamos, encontramos um lugar que você não
conhece e nos metemos nele, e entramos em todo tipo de travessuras que
você também não sabe nada a respeito. E depois cobraremos por isso.
Terrível.
— Péssimo. — Zey ecoou. — Esse é o tipo de coisa que a FSC pode
perceber?
— Para ficarmos um pouco fora de controle, imagino que oficiais muito
graduados da FSC precisem ser tranquilizados, mas não por você.
— Péssimo. — disse Zey. — Hipoteticamente, de qualquer maneira.
A linguagem era uma coisa maravilhosa, pensou Ordo. Skirata acabara
de dizer a Zey que estava prestes a se tornar um bandido, como ele
chamava, executando uma operação não autorizada de atirar para matar em
um civil local e simplesmente enviar a conta a Zey. Vau planejava
interrogar os prisioneiros. O comando sênior da FSC seria substituído por
Skirata se algo desse errado, sem a necessidade de Zey estar envolvido. E,
no entanto, Zey havia autorizado tudo.
E o assunto ainda não havia sido discutido.
— Eu me pergunto se alguém vai notar os nossos comandos ao sair
daqui. — disse Jusik, aparentemente entendendo.
— Provavelmente. — disse Skirata. — E não seria bom se também
estendêssemos essa implantação doméstica a clone troopers comuns
honestos, a muitos deles? Isso seria bom para o moral.
— E tranquilizador para o público ver soldados armados em torno da
capital.
— Será que posso convencer os oficiais do Senado de que é uma boa
ideia?
Zey interrompeu.
— Você já conheceu Mar Rugeyan, chefe de assuntos públicos do
Senado? Só perguntando.
Skirata assentiu.
— Acredito que já tive algum contato com ele, sim.
— Excelente. — disse Zey. — Eu sei que vocês dois vão se dar muito
bem.
E a conversa que nunca havia ocorrido tinha terminado.
Skirata se levantou para ir embora, e Vau deu um empurrão suave no
strill para convencê-lo a descer para o chão. Ele reclamou num estrondo
grave, mas se estabeleceu aos seus pés, olhando para Skirata com olhos
dourados de aro vermelho. A mão de Skirata ainda estava em concha, com
o braço ao lado, desse modo que Ordo sabia muitas vezes preceder uma
briga.
— Kal, ouvi dizer que Atin está voltando. — disse Vau.
Skirata saiu da sala, de cabeça baixa, com Ordo logo atrás dele. Jusik
seguiu.
— Fique ciente. — disse Skirata em voz baixa. — Vou encontrá-los
direto na Destemida. Isso inclui o Delta. E eles não são mais seus para
atacar, lembra? Apenas sente-se bem no quartel e espere que eu lhe dê uma
localização.
Ordo não se deixava enganar pela polidez contida de Vau. Sete anos
antes, Vau pairara sobre ele como uma figura de autoridade em sua
armadura Mando preta pela primeira vez, com o strill em seus calcanhares.
O nome dele era Lorde Mirdalan. Ordo, como todos os Nulos, tinha uma
lembrança perfeita; às vezes desejava não ter. Mas pelo menos isso lhe dava
clareza, e ele conhecia a fonte de todos os seus medos e ansiedades. Lorde
Mirdalan, Mird, tinha se lançado contra ele ao comando de Vau, estalando.
Ordo havia sacado o pequeno blaster que Skirata o deixara ter e teria
matado o animal se Kal'buir não tivesse gritado: "Cheque!" e foi
interrompido quando o seu blaster parou entre os olhos de Mird. Vau,
lembrou-se Ordo, riu: ele disse que Ordo era ge‘verd: quase um guerreiro. E
Skirata havia apontado um chute em Mird para afastá-lo, dizendo que não
havia "quase" sobre isso.
Ordo observou o strill cuidadosamente. A criatura trotou à frente deles,
cheirando ruidosamente as fendas e deixando para trás uma lufada de cheiro
pungente e um rastro de baba.
— Se essa coisa vai acompanhá-lo nos trabalhos. — disse Skirata, — é
melhor mantê-la sob controle ou encontre um uso para pele de strill.
Levantou o braço e sacudiu o pulso antes que Ordo pudesse reagir. A
lâmina de três lados passou por Mird e bateu no chão polido de pleek um
passo à frente. A faca vibrou até parar.
Mird gritou, pulando de lado. Ordo ficou entre Vau e Skirata pronto para
defender Kal'buir em mais um confronto com o homem que detestava.
Mas Skirata apenas se virou para encarar Vau com um olhar que dizia
que não estava brincando. Vau olhou de volta, com o seu rosto longo e
rígido de repente de um assassino novamente.
— Não é culpa do strill. — disse Skirata. Ele deu alguns passos à frente
e puxou a faca do chão. O strill se afastou dele, os lábios curvados para trás
para revelar suas presas. — Mas vocês foram avisados, os dois. Precisamos
concluir esse trabalho, e esse é o único motivo de eu não ter estripado vocês
ainda. Entendido?
— Eu superei. — disse Vau. — E é hora de você fazer o mesmo, antes
que eu acabe tendo que matá-lo.
Ordo realmente não gostou disso. Ejetou a vibrolâmina personalizada em
sua luva, uma arma melhor de perto do que suas armas de fogo.
Skirata fez o gesto de palma para baixo: Esqueca isso.
— Continue útil, Walon. — Ele chamou Jusik e Ordo para segui-lo. — E
espero que Atin também tenha seguido em frente, porque não vou ficar no
caminho dele agora.
— Que ponto é longe demais, Kal? Você pode responder isso? Até onde
você já foi? — Vau falou dele. — Eu fiz daquele garoto um guerreiro. Sem
mim, ele não estaria vivo hoje.
Com ele, Ordo pensou, Atin quase não estava.
— Por que você não mencionou a Zey que também podemos ter um
vazamento dentro do Grande Exército? — Ordo perguntou.
— Porque. — disse Skirata, — Não posso dizer que sei quem não é. O
vazador pode nem saber que ele é, também. Até lá, apenas a equipe de
ataque saberá que estamos olhando.
— E o Obrim? Ele é um aliado.
— Acredito que sim. Mas no final, quem são as únicas pessoas em quem
realmente podemos confiar?
— Nós mesmos, Kal'buir.
— Portanto, garantimos que sabemos quem está nos protegendo...
kar'tayli ad meg hukaat'kama.
Era um bom conselho para viver. Ordo sabia quem sempre o protegia.
NAR Destemida, aportando, para o Controle do Setor de Coruscant, 369 dias após Geonosis
Etain seguiu Skirata pela longa passagem que corria das portas principais
da ala do quartel da Arca, e parecia que estava seguindo um gdan.
A descrição do Esquadrão Ômega a fez pensar nele como um tio
gentilmente velho, um soldado veterano com uma fachada de conversa dura
que suava sangue para dar a uma geração de garotos o benefício de sua
sabedoria. Mas o que experimentou na Força foi muito diferente, assim
como a aparência dele era diferente da imagem mental dela.
Ele era um redemoinho de conflitos equilibrados, violência sombria
verdadeiramente fria atravessada por amores e ódios apaixonados e
vermelhos. Isso o marcava como um homem complexo que construíra uma
elite guerreira. Se olhava para ele de outra maneira, porém, ele estava muito
no lado sombrio: tudo o que havia aprendido a evitar.
Sim, ele a lembrava de um gdan, os carnívoros desagradáveis que
caçavam em bandos em Qiilura e atacavam qualquer presa; pequeno em
comparação à suas tropas, mas ferozmente, tenazmente agressivo.
E ele também não era o homem idoso que o esquadrão havia descrito
pela primeira vez. Para garotos de vinte anos, ele devia parecer velho. Mas
tinha cerca de sessenta anos-padrão, apenas meia-idade, e obviamente
estava em forma, exceto por sua tendência a arrastar a perna esquerda.
E parecia blindado.
Usava apenas uma jaqueta civil de couro de bantha marrom polido com
gola alta preta e calça marrom lisa, mas tinha a mesma presença que todos
os comandos. Ele estava pronto para alguma coisa. Dado que era um cabeça
mais baixo do que seu esquadrão, tinha um coxear pronunciado e ainda
assim parecia um problema, Etain decidiu que ele deveria ter sido um
soldado formidável. Percebeu que ainda era.
— Por aqui, senhora. — Ele conseguia fazer senhora soar como garota
de alguma forma; ele poderia fazer o mesmo com General. Mas como Jedi,
ela não tinha o direito de se sentir ofendida pela falta de deferência.
Percebeu que simplesmente desejava que ele gostasse dela. — Só uma
pequena conversa e você poderá encontrar o General Jusik e acompanhar os
eventos.
Sim, Skirata dava as ordens.
Ele a conduziu para uma sala lateral que acabou por ser uma cabine com
uma mesa, uma cadeira e uma cama estreita com uma bagagem semi
embalada sobre ela. Havia uma pilha arrumada de roupas, estojos de
equipamento militar de tecido com itens irregulares não identificados e um
conjunto de armaduras Mandalorianas douradas com areia e cicatrizes de
batalha.
A Força lhe dizia que era um quarto ordenado, cheio do caos miserável
de vidas quebradas, dor e miséria. Perguntou-se se era inteiramente dele,
mas se deteve de sondar mais, caso ele sentisse e reagisse. Ele era um
homem perigosamente perceptivo. Não tinha sentido qualquer animosidade
dirigida a ela.
— Capacete legal. — disse ela. Tinha símbolos vermelhos e dourados
detalhados, e a seção de liga que formava o T ocular da viseira era preta
como azeviche. Havia ranhuras e arranhões reveladores, como se uma
enorme criatura o tivesse arranhado. — Fi ainda tem a armadura de Hokan?
Skirata assentiu.
— Com certeza tem. Niner disse que ele poderia ficar com ela e a guarda
escondida no armário dele.
Etain pensou em Ghez Hokan e em como ela havia confundido Darman
com o brutal executor de Qiilura, simplesmente por causa daquele capacete
sinistro com a sua fenda em forma de T. Fi estava com o capacete agora. E
isso porque Etain havia cortado a cabeça de Hokan com seu sabre de luz,
quase um ano e uma vida atrás, enquanto ainda não estava acostumada a
matar.
Era uma armadura vermelha com um acabamento cinza distinto. Ela
lembrava disso vividamente.
Os capacetes Mandalorianos não pareciam tão assustadores agora. A
forma era familiar: era até bem-vinda. Mas, de algum modo, ela havia
esquecido que Skirata, e a maioria dos sargentos treinados para forçar
garotos como Darman em comandos de elite, haviam sido mercenários
Mandalorianos escolhidos a dedo por Jango Fett.
Perguntou-se se teria visto Skirata da mesma maneira nove meses antes,
se ele fosse seu inimigo em Qiilura.
— Fazendo as malas ou desfazendo?
— Fazendo. — Ele levantou as sacolas de tecido com cuidado e elas
fizeram um barulho metálico: armas. — Não podemos operar daqui.
Oficialmente, estamos de folga e em licença por tempo indeterminado. —
Colocou as placas de armadura na bolsa e colocou as roupas entre elas,
depois deslizou as armas no tecido. Ocorreu-lhe que isso provavelmente era
tudo o que ele possuía, o mercenário nômade pronto para avançar para a
próxima guerra. — Você é reticente, General? Quero dizer eticamente
reticente.
— Eu sou uma Jedi, Sargento.
— Bem, isso responde a muitas perguntas que eu não fiz.
— Faça-me uma pergunta específica.
— Você sabe o que significa operações escuras?
— Ah sim...
— Pensei que você saberia. Eu não tinha ideia de que você voltaria com
o Ômega agora, mas você passou quatro meses com Zey em Qiilura,
transformando os locais em guerrilheiros para combater os Separatistas,
certo? E antes disso você sobreviveu enquanto o Mestre Fulier não. Então
eu acho que você é muito útil em uma luta.
— Eu conheço as minhas fraquezas.
Skirata fez uma pausa e levantou os olhos das malas.
— Melhor conhecimento de todos.
— Apenas me diga o que está em jogo. — disse Etain.
— Aí está um pedido interessante vindo de uma Jedi. — Ele colocou a
mão cuidadosamente no lado da mala e retirou um pequeno pacote
embrulhado em pano. Quando o desembrulhou e o estendeu na palma da
mão, ela pôde ver que havia pequenas barras de digitalização montadas em
fragmentos de liga de plastóide branca. — Pra mim, parar mais desses. Para
a República, interromper a atividade que limita a capacidade do Grande
Exército de implantar. Para o Senado, mostrar aos Separatistas que eles não
podem atacar aqui à vontade. Faça a sua escolha!
Sabia o que eram os objetos agora: ela os vira em centenas de placas no
peito. Eram contagens de armaduras, os dispositivos de identificação que
todos os clone troopers usavam.
— Vou ficar com a primeira opção. — Ela pensou no outro Fi, aquele
que não estava mais vivo para estar jovialmente animado como o seu
homônimo com a perspectiva de ver o Coruscant que ficava além do
quartel. — Você acredita que eu vou ter alguma utilidade?
— Nas operações urbanas, uma mulher é sempre útil, Jedi ou não. Outra
ajuda para a invisibilidade: velhos di’kute como eu e mulheres como você.
Skirata sorriu e embrulhou as contagens de armadura. Etain enfiou a mão
em sua própria bolsa e percebeu que tinha ainda menos posses do que esse
nômade.
— E o General Jusik faz parte dessa operação? E o Mestre Zey?
— O General Zey não está oficialmente ciente disso.
— Se não estamos operando fora daqui, então onde?
— Ah, em algum lugar interessante. Me dê alguns dias e depois
podemos nos mudar. Além disso, os garotos precisam descansar.
Então ele não ia lhe contar. Bom.
— O Delta parece um pouco... diferente do Ômega. Presumo que você
tenha confiança neles?
— Ah, eles são bons rapazes. — Ele mexeu nos bolsos do paletó e tirou
fichas de crédito, restos de flimsi e um dispositivo de metal de aparência
desagradável, com uma fileira de espinhos curtos e selvagens e que
pareciam ter orifícios para quatro dedos. Ela olhou. Ele colocou sobre a
mesa. — O hormônio que os torna durões é o mesmo que os torna difíceis
também. — O conteúdo da jaqueta de Skirata continuou a se acumular na
mesa. Uma bobina de arame fino, uma faca de quinze centímetros com uma
lâmina afiada de três lados, um blaster atarracado personalizado e um
pedaço de corrente pesada e afiada juntaram-se ao monte. — Não que os
pobres ad’ike estejam de folga, é claro. Mas quando você diz a palavra, eles
ficam assim. — Ele estalou os dedos para mostrar imediatismo. Sim, ela
vira isso.
Skirata tirou a jaqueta, revelando surpreendentemente ombros largos e
um coldre nas axilas com o que parecia uma pistola Verpine modificada.
Ele pendurou a roupa nas costas de uma cadeira. Etain calculou que ele
ainda estava excepcionalmente em forma à maneira magra de homens
pequenos e continuou a revisar sua visão dele como um homem que só
podia treinar outros para lutar.
E ela nunca tinha visto tantos instrumentos dedicados a ferir e destruir na
posse de um homem, nem mesmo de um comando da República. Indicou as
armas com a cabeça inclinada e esperou por um indício de por que ele as
carregava.
Skirata fez uma pausa, passando a mão pelos cabelos grisalhos.
— O que? — ele perguntou, parecendo confuso.
— O... equipamento. — Ele era um arsenal ambulante. — As armas.
— Ah, não se preocupe. — Ele claramente não tinha entendido. — Não
carrego muitas ferramentas quando estou em áreas civis. Não quero ser
muito visível. Ordo cuida do resto. Seremos devidamente identificados
quando nos infiltramos. Adivinha? Consegui seis rifles Verpine de precisão.
Customizados e equipados com PEM. Requintados. Na verdade, não são
rifles, porque não têm canos, mas... — Ele sorriu de repente, aparentemente
distraído com um pensamento, e ela teve uma visão breve e vívida de outro
homem completamente diferente. — Você ainda não conheceu Ordo,
conheceu? Ele é um ótimo rapaz. Orgulho do meu coração, de verdade. Ele
e os irmãos dele.
Etain ficou totalmente desarmada com a sinceridade, que parecia
incongruente e, ao mesmo tempo, condizente com um homem que se
esforçara tanto para equipar seus jovens encarregados de sobreviver.
Sabia que ele era um assassino. Sabia que o seu povo tinha um longo
histórico de matar Jedi, até mesmo lutar pelos Sith. Sabia exatamente o que
ele era, mas não podia deixar de gostar dele e saber que ele seria muito,
muito importante pra ela pelo resto da vida.
Sua certeza estava na Força. E sabia que o que viria nos próximos dias e
meses a levaria além de seus limites e não lhe traria nenhum sentimento de
paz ou entendimento como Jedi. Mas a Força mostraria a ela qual era o seu
destino.
CAPÍTULO 7
Eu acho significativo que a taxa de baixas entre esquadrões de comandos treinados por
Mandalorianos seja menor do que aqueles treinados por outras raças. De alguma forma, os
Mandalorianos impregnam as suas incumbências com um senso de propósito, autoconfiança e
senso quase obsessivo de clã, de família, que lhes dá uma vantagem genuína de sobrevivência.
Sejamos gratos por estarem do nosso lado desta vez.
— General Arligan Zey, Diretor de Forças Especiais, oficial comandante da Brigada de
Forças Especiais, dirigindo-se ao Conselho Jedi
ensei que teríamos uma conversa. — disse Skirata. Ele virou uma
—P cadeira e girou as pernas, dobrando os braços na cadeira e
apoiando o queixo neles. — Apenas nós, garotos Mando. Sem aruetiise
presentes.
O Esquadrão Delta havia se acomodado em um lado da sala de reuniões
e o Ômega no outro, com a mesa entre eles. Skirata poderia ter cortado a
atmosfera entre Atin e Sev com uma vibrolâmina: como poderiam pensar
que não havia notado? Sabia ler todas as nuances dos homens clonados
como um livro, mesmo que não fosse os que conhecia intimamente. De
fato, podia ler a maioria das espécies agora. Então, ou pensaram que era
estúpido, ou estavam tão à vontade em sua companhia que não sentiram
necessidade de disfarçar seus sentimentos.
E os garotos do Delta, assim como os Ômega, eram dolorosamente leais
a seus sargentos. Eles estavam sentados com seus uniformes vermelho
escuro, parecendo perturbadoramente jovens sem as suas armaduras e
armas.
— Você não vê Tur-Mukan ou Jusik como traidores, vê? — Darman
disse.
— Eu estava usando aruetiise no sentido geral de não Mandaloriano. —
Ah, Darman estava afeiçoado a Etain, não é? Ele teria que ficar de olho
nisso. — O que tenho a dizer são apenas assuntos de esquadrão, não de
oficiais. — Skirata soltou a faca da manga e mexeu na lâmina, passando a
ponta do dedo cuidadosamente pela ponta afiada. — Espero que estejam
ouvindo isso, Delta.
— Sim, Sargento. — Chefe estava olhando-o atentamente.
— E você, Sev.
Sev olhou para Atin por uma fração de segundo, mas o suficiente para
confirmar o palpite de Skirata.
— Sim, Sargento.
— Certo, número um: qualquer animosidade entre eu e Vau é da nossa
conta, não da sua. Se algum de vocês quiser brigar por isso, eu
pessoalmente farei vocês se arrependerem. Guardem para os bandidos.
O silêncio foi quase sólido. Atin olhava à frente, sem piscar; Sev
comprimiu os lábios como se estivesse sufocando o protesto e lançou um
olhar para Niner. Darman e Fi simplesmente pareciam confusos.
— Não, Sev. — disse Skirata. — Niner não me disse uma palavra, mas
tenho olhos nas costas e uma memória muito boa. Você não tem rancor
contra Atin, entendeu? Se quiser discutir sobre a minha pequena briga com
Vau, então vai ter que lidar comigo.
— Entendido, Sargento.
— Boa. Prove.
— Perdão?
— Vocês dois. — Skirata acenou para Atin e Sev com a ponta de sua
lâmina. — Levantem-se e apertem as mãos.
Nem Atin nem Sev se mexeram por um momento.
— Eu disse, levantem-se e apertem as mãos. Agora.
Skirata se perguntou se os havia perdido, mas Atin se levantou um pouco
antes de Sev. Inclinaram-se sobre a mesa que os separava e apertaram as
mãos conforme ordenados.
— Agora façam de novo e de verdade. — disse Skirata em voz baixa. —
Vocês precisam ser um time agora, um grande esquadrão, e quando eu
contar o que estamos enfrentando, vocês entenderão o porquê. Chefe,
espero que mantenha seus garotos na linha.
Chefe se inclinou para frente e empurrou Sev pelas costas.
— Você ouviu o sargento.
Atin estendeu a mão novamente. Sev pegou e encolheu os ombros.
— Bom. — disse Skirata. — Porque estamos fora das paradas agora. O
que estamos prestes a fazer não tem autorização oficial do Senado ou dos
generais; portanto, se errarmos, ficaremos por nossa conta.
— Ah. — disse Scorch. — Então Jusik e Tur-Mukan não sabem disso.
— Ah sim, eles sabem.
— Então quem somos nós?
— Vocês, nossos jovens generais, Ordo, Vau e eu.
Scorch levantou as sobrancelhas.
— Você está operacional de novo?
Estava na hora de um pequeno teatro.
— Sim. — Skirata arremessou sua faca com a precisão requintada
nascida de décadas de sobrevivência por ela. Ela encaixou-se nos painéis de
madeira atrás de Sev, meio metro à sua direita. — Aposto que você não
pode fazer isso com uma vibrolâmina, filho.
— Ele pode, se eu o pegar e jogá-lo. — disse Fi.
Todos riram. Skirata imaginou se eles ainda estariam rindo em alguns
minutos. Ordo chegaria em breve. Com alguma sorte, ele e Vau teriam
tirado algumas informações de Orjul; os Niktos provavelmente eram muito
duros, mesmo para Vau rachar dessa vez.
No final, isso poderia não ter importância. Ele tinha a sua equipe pronta
para implantar em Coruscant agora: a sua equipe, não da República, e eles
poderiam fazer coisas que a FSC não faria ou não podia. Obrim tinha as
mãos atadas por leis e procedimentos, e talvez até tivesse um espião entre
os seus próprios camaradas.
Mas essa equipe de ataque não tinha leis: ela nem existia. No Triplo
Zero, era... zero.
Skirata não perguntou a Zey o que aconteceria com eles se entendessem
errado. Poderiam acabar mortos, todos eles. Era um detalhe acadêmico.
Scorch levantou-se, puxou a faca da parede e devolveu-a a Skirata com
um sorriso. Fixer aplaudiu.
— Lembram de todas aquelas coisas sujas de operações sombrias que eu
e Vau ensinamos a vocês? — Skirata deslizou a lâmina de volta pela manga
novamente. A faca do meu pai. Tudo o que tenho dele. Tirei-a do corpo
dele. — Ou vocês registraram o material entediante junto com pedidos de
contingência e procedimentos de emergência?
— Acho que lembramos, Sargento.
Skirata se lembrava e não queria. Era um treinamento que precisava ser
feito. Isso partiu o seu coração, mas seria tudo o que havia entre aqueles
garotos e a morte mais cedo ou mais tarde. Eles tinham que ser capazes de
enfrentar o inimaginável e, sim, havia coisas ainda piores do que enfrentar
uma linha de droides com seus camaradas.
Havia coisas que você poderia ter que enfrentar sozinho, em uma sala
trancada, sem esperança de resgate.
Talvez Vau estivesse certo. Talvez os aprendizes precisassem ser
brutalizados além do ponto em que eram apenas corajosos, empurrados para
um estado de existência em que se tornavam animais com a intenção apenas
de sobreviver. Foi assim que Vau quase matou Atin. Foi por isso que Skirata
foi atrás de Vau e quase o matou.
— Não tenho orgulho do que fiz com vocês. — disse Skirata.
— Você rastejou primeiro pelas tripas do nerf, Sargento. Parecia tão
divertido que nós o seguimos. — Fi riu numa gargalhada e recostou-se na
cadeira. — E então você vomitou.
O Sickener, como eles o chamaram. Mais um teste de resistência para
garantir que eles pudessem enfrentar condições que quebrariam e matariam
homens menores, rastejando por uma vala cheia de tripas podres de nerf.
Mas houve mais testes por vir. Uma noite em temperaturas tipo Fest; não
dormir por três dias, talvez mais; água escassa, um pacote completo de
sessenta quilos e calor escaldante; e muita dor. Dor, abuso verbal impiedoso
e humilhação. Um comando capturado poderia esperar um interrogatório
brutal. Eles tinham que ser capazes de aguentar sem quebrar, e era preciso
alguma imaginação para testar isso até o limite.
Quão longe é longe demais, Kal?
Vau era muito mais desapegado em distribuir todo aquele castigo do que
Skirata jamais poderia ser. Era muito difícil machucar seus filhos, mesmo
que isso os ajudasse a sobreviver ao impossível.
— Bem. — disse Skirata, mortificado que Fi pudesse levar aquilo com
tanto bom humor. — As tripas de nerf eram a parte divertida. Tudo vai
ladeira abaixo depois disso.
Sev parecia bastante animado.
— Podemos cometer assassinatos?
— Se cometermos, eles nunca aconteceram. Você os imaginou.
— Opa. Meu dedo escorregou no gatilho, Sargento. Sério.
— Você entende rapidamente o fascinante mundo da política em que
agora nos encontramos, jovem.
— Tudo bem se eu disser que os políticos são chakaare covardes? —
Scorch perguntou.
— Chame do que quiser, filho. Você ainda não pode votar. — Skirata
sentiu o barulho de botas andando pela passagem do lado de fora. A
vibração continuou; as suas vozes não. — Guerras são violência legal. Todo
o resto é apenas crime. Felizmente, somos Mandalorianos, por isso estamos
muito menos orgulhosos com essa excelente distinção.
— Apenas nos aponte para os bandidos e diga vão.
— Essa é a parte embaraçosa.
— O que é? — Scorch perguntou.
— Vocês precisam encontrá-los primeiro.
— Bem, encontramos alguns até agora...
Delta riu como um homem só, até Sev, e Ômega se juntou a eles. O
sistema de entrada codificado tocou e as portas se abriram. Ordo passou por
eles, provavelmente ciente do tipo de entrada que poderia fazer.
O Delta nunca havia trabalhado com um CRA Nulo antes. Talvez eles
achassem que não seria diferente de trabalhar com o Alfa ou qualquer outro
trooper CRA treinado por Jango. Skirata assistiu com interesse. Ordo
certamente quebraria um pouco mais do gelo.
— Senhor! — Delta disse bruscamente, todos de uma vez. Niner e o
resto do Ômega apenas tocaram suas sobrancelhas casualmente.
— Desculpe o atraso, Sargento. — Ordo tirou o capacete, enfiou-o
debaixo de um braço e entregou a Skirata um datapad e um pacote
embrulhado em flimsi bastante pesado do tamanho de uma pequena caixa
de blaster. — Não há muita informação, mas Vau ainda está trabalhando no
problema. E o General Jusik envia os seus cumprimentos.
— Obrigado, Capitão. — Skirata olhou para ele e depois desembrulhou o
pacote. Mas não era uma arma; era uma caixa de nozes vweliu cristalizadas.
Jusik era realmente um oficial muito atencioso. Skirata quebrou a vedação e
levantou-se para colocá-lo sobre a mesa ao alcance de ambos os
esquadrões. — Encham as suas botas, rapazes.
Fi tinha o sorriso bobo de sempre em seu rosto, o menor indício de que
poderia estar planejando fazer algo às custas de Ordo.
— Ooh, linda saia nova! — disse Fi. — Você passou por todo esse
problema só para nós? O que aconteceu com o velho kama? Encolheu na
lavagem?
Levantou-se e ficou um passo ou dois à frente de Ordo, ainda sorrindo e
claramente esperando algum tapa nas costas ou outro show de prazer no
reencontro depois de vários meses.
— Com licença, Sargento. — disse Ordo calmamente, e jogou Fi no
chão com uma pressão corporal não muito brincalhona. Fi gritou. Ser
atingido por alguém de armadura quando você não estava usando a sua
própria machuca.
A expressão de Chefe foi um estudo de choque. Os garotos do Delta se
levantaram de seus assentos e olharam como se debatessem se entrariam ou
terminariam. Ordo parecia uma morte fria; até Skirata tinha momentos em
que não tinha certeza de qual direção Ordo pularia.
— Sua boca grande vai te causar muitos problemas um dia. — o CRA
sibilou. Fi, com os olhos fixos nos olhos de Ordo, o pescoço tenso, parecia
pronto para revidar. — Então é melhor você esperar que eu esteja lá quando
isso acontecer. — Então Ordo começou a rir e se levantou de uma só vez.
Puxou Fi pelo braço, batendo nas costas dele com entusiasmo. — A
companhia antiga voltou a se reunir, não é? Coisa boa!
Chefe olhou para Skirata, que sorria enigmaticamente, ou assim
esperava. Os Nulos eram os melhores amigos ou os piores inimigos
imagináveis. Fi, felizmente, tinha um amigo dedicado. Ainda parecia
abalado com a natureza da reunião, no entanto.
— Tudo bem, você pode afinar agora e retomaremos amanhã de manhã
com nossos pequenos generais para uma instrução completa das
informações às 8. — disse Skirata. — Agora que todos nós nos entendemos.
Ordo pegou um punhado de nozes cristalizadas e saiu com Skirata. Os
dois homens estavam no corredor, dando aos esquadrões a chance de
conversar agora que os Delta estavam adequadamente nervosos. E talvez
eles pensassem que não podia ouvi-los, mas Skirata não era tão difícil de
ouvir quanto imaginavam, com anos de exposição a tiros ensurdecedores ou
não.
E não era o que ele esperava ouvir.
— Fierfek, me lembro de pensar que ele estava apenas sem fôlego, mas
na verdade estava chorando e vomitando. E não foram as tripas nerf.
— Ele nunca gostou de nos bater.
— E ele sempre se desculpava e se certificava de que estávamos bem
depois.
— Grande homem. — Aquele era Niner falando. — Jatne'buir.
O melhor pai. Bem, isso era uma piada. Os seus próprios filhos o
deserdaram formalmente e o declararam dar'buir: Não mais um pai. Era
uma coisa muito rara e vergonhosa para um pai Mando ser formalmente
evitado por seus filhos.
Mas não poderia ter deixado Kamino, nem mesmo ter contado onde
estava e que não os abandonara completamente. Nem Ordo sabia da
declaração de dar'buir.
Você colocou os seus clones em primeiro lugar, antes de sua própria
carne e sangue, não foi?
— Você está bem?
E não me arrependo de ter feito isso, nem por um segundo.
— Eu estou bem, Ord'ika. Vau deve estar perdendo o jeito, então. Não
tem nada de útil dos nossos amigos?
— Pode não haver nada para sair deles, é claro. Mas não é um processo
rápido, interrogar suspeitos experientes sem matá-los.
— Que tal pedir para um dos nossos jetiise ajudar? Eles são bons em
persuasão.
— Possivelmente muito suscetível. Jusik está sempre ansioso para
agradar, no entanto.
— Ele tem muito mais uso em campo. Rapaz corajoso, prático com
tecnologia e um bom piloto. Mas a garota tem uma vantagem nela. Vamos
ver se ela colocará o pragmatismo acima do princípio.
— Você não gosta deles, Kal'buir?
— Não é uma questão de gostar ou não. É se eles são confiáveis. Olha,
Zey vai desperdiçar você e até o último clone, e eu, se ele achar que vencerá
a guerra e salvará civis. Mas Jusik te adora. E não sei qual desses dois
extremos é o mais perigoso.
— Esta é a sua oportunidade de ajudá-los a se tornarem os soldados que
você fez de nós, então.
Ai.
— Por que sempre sinto que você era mais homem aos quatro anos do
que eu jamais seria?
Ordo deu-lhe um empurrão brincalhão. Ele estava claramente de bom
humor hoje.
— Deixe-me pedir à General Tur-Mukan para interrogar os prisioneiros.
Se ela achar isso moralmente inaceitável, a visão dela de você não será
manchada por isso.
Skirata teve que morder o lábio. Ordo frequentemente o envergonhava
com compaixão e diplomacia inesperadas.
— É, eu acho que ela achará mais fácil fazer as coisas heroicas de
infantaria do que se sujar conosco. Mas deixe-a pra mim.
— Muito bem. — disse Ordo. — Você decidiu onde precisamos basear a
operação?
— Eu tenho algumas pessoas que me devem favores. Onde você
esconderia soldados?
— Esconder esconder ou apenas esconder?
— Esconder-sem-muita-atenção-da-atividade.
— Em algum lugar com um bar. Em algum lugar onde você recebe muita
gente fora de serviço.
— Vocês não bebem. Nunca vi um clone beber muito de qualquer forma.
— Skirata foi subitamente emboscado novamente pelo cérebro ágil de
Ordo. Para um homem que sabia pouco da vida além da guerra, a sua
capacidade de aprender e extrapolar com o menor pedaço de informação era
de tirar o fôlego. — E você nunca sai de serviço.
— Você disse, Kal'buir, que poderia disfarçar a presença de alguns
garotos grandes e armados, tendo muito mais deles por perto. Você ia ver
Mar Rugeyan sobre uma cortina de fumaça.
— Desculpa?
— Lembra de Mar Rugeyan? O homem que consegue falar pelos três
cantos da boca ao mesmo tempo? O homem que você pegou pelo...
Kal lembrou, tudo bem.
— Sim, se eu soubesse que precisaria dele, teria sido um pouco mais
cuidadoso.
— Acho que posso propor uma ideia que ele possa achar atraente.
— Isso envolveria deixar contusões?
— Eu não planejava machucá-lo. Apenas indicar que se os troopers
tiverem permissão de sair em número considerável, isso também
tranquilizaria o público. Eventualmente, nos tornaríamos invisíveis. —
Ordo ponderou, o que contava um pequeno cenho franzido na testa. Às
vezes, o seu intelecto impressionante e a sua memória perfeita não o
ajudavam a processar o mundo real nem um pouco, pelo menos não no que
dizia respeito a Skirata. — Deixe-me tentar, Kal'buir. Eu prometo que serei
mais diplomático.
— Foi uma piada, Ord'ika. Eu acho que você provavelmente tem tanta
chance de encantá-lo como eu teria agora.
— Eu já te decepcionei?
Não era uma pergunta retórica. Skirata estava mortificado. Era muito
fácil sair da reunião cheio de confiança agressiva e esquecer que Ordo,
musculoso, letal, o soldado supremo, era vulnerável à aprovação de uma
pessoa apenas: ele. Era como se Ordo voltasse a ser aquela criança literal e
confiante, a pessoa que decidira que a única pessoa na galáxia que cuidaria
dele e de seus irmãos era um mercenário que não gostava muito de
Kaminoanos.
— Eu não quis dizer isso literalmente. — Skirata estendeu a mão e
bagunçou o cabelo dele, como fazia quando Ordo era um garotinho
assustado, aterrorizado pelos raios de Kamino, exceto que não tinha
chegado tão longe naqueles dias. — Você é o meu orgulho e alegria. Você
não poderia ser mais inteligente, melhor ou mais corajoso, nenhum de vocês
poderia.
Ordo ficou em branco por um momento e depois conseguiu sorrir, mas
era o gesto de aplacar de uma criança ameaçada.
— Eu sei que tenho lacunas no meu conhecimento.
— Ah, filho... eu vou mudar isso. Para todos vocês.
— Eu sei, Kal'buir. — Sua confiança era transparente e absoluta. —
Você é nosso protetor e sempre o serviremos.
Skirata estremeceu. A fé era devastadora se você não fosse um deus.
Mas não me arrependo. Não, nem por um segundo.
Centro de Logística, Grande Exército da República, QG do Comando Coruscant, 370 dias
após Geonosis
— Você não está na lista de pessoal autorizado para este centro. — disse
o droide de segurança nas portas.
Ordo passou por ele e digitou um código memorizado no painel da porta.
A sentinela era um bloco sólido com quatro braços, a uma cabeça mais
baixa do que ele.
— Muito bem. Você está certo em me desafiar.
— Senhor...
Ordo enfiou a mão no cinto e tirou uma sonda. O droide era rápido, mas
não rápido o suficiente para evitar a sonda que Ordo deslizou
silenciosamente na abertura de comando em seu peito. Houve um som
de chack-chack-chack de unidades de memória e motores parando por um
momento, e então o droide pareceu aplacado.
— Você parece estar na lista de pessoal autorizado. — disse. — Você
tem acesso a todas as áreas, incluindo as restritas aos funcionários, sem
rastreamento de segurança no local.
— Excelente. — disse Ordo, passando pelas portas do saguão de
mármore branco polido. — Eu sou uma pessoa muito particular.
E era fácil ser particular quando você usava armadura. Ninguém prestava
muita atenção a um clone dentro do complexo do GER, nem mesmo um
usando o uniforme de capitão de um trooper da CRA.
Era simplesmente uma questão de parecer que você tinha todo o direito
de cuidar dos seus negócios. E os negócios adequados da equipe Nula eram
tudo o que Kal Skirata julgava ser. No momento, isso significava identificar
um método de inserção de vigilância secreta na Logística, o local mais
provável para um espião que pudesse transmitir informações muito precisas
sobre transporte e movimentos de empreiteiros aos Separatistas.
Ordo pegou o seu datapad e o consultou com frequência, como se
estivesse aqui para uma visita de rotina. Sem a possibilidade do contato
visual, nenhum membro da equipe civil parecia registrar sua presença. As
armaduras brancas aqui eram geralmente clone troopers que eram
fisicamente impróprios para o serviço de linha de frente, engenheiros ou
Troopers CRA realizando inspeções ocasionais para seus generais.
Depois de entrar em alguns escritórios, surpreender os droides e receber
um olhar ocasional de técnicos civis, Ordo entrou na sala de operações no
coração da ala de logística e encontrou o ouro.
Era uma grande sala circular com paredes cobertas de holográficos de
movimentos de tropas e materiais. Dançava com luz e cor brilhantes, uma
Tela Visualização Frontal em grande escala. No coração da sala, havia uma
grande mesa com várias estações, composta por dois droides, quatro
humanos, seis Sullustanos, três Nimbaneses e...
... um clone trooper, sem capacete.
— Excelente. — disse Ordo em voz alta.
O clone trooper se levantou e fez uma saudação, apesar de ser
tecnicamente um mau exemplo de protocolo fazê-lo sem o capacete no
lugar. Ordo retornou a saudação de qualquer maneira.
— Problema com o seu capacete, trooper?
O homem abaixou a voz.
— Ele deixa os civis nervosos, senhor. Eles preferem ver os meus olhos.
Ordo se irritou. Ele nunca se contentaria com os caprichos dos civis.
— Estou realizando uma pesquisa de rotina para o general Camas. — Ele
não deu ao homem a sua designação. Os CRAs Alfa raramente se
preocupavam em se identificar nos escalões inferiores. Olhou para os civis:
um dos Nimbaneses e uma mulher humana ergueram os olhos para ele. O
pálido reptiliano Nimbanel era interessante como um detalhe, mas a fêmea
humana foi o suficiente para fazê-lo parar, encará-la e notá-la como
suspeita. Ela sorriu pra ele. Ainda estava com o capacete, mas ela sorriu
para ele e ela era chocantemente bonita; ambos eram fatos preocupantes em
um departamento administrativo. Ela olhou para o console de dados,
perdida em seu trabalho novamente e jogou longos cabelos loiros pálidos
por cima do ombro.
— Trooper. — disse Ordo. Ele chamou o homem para ele. — Gostaria
que você me informasse sobre a operação desta unidade.
Eles andaram do lado de fora das portas principais e Ordo tirou o
capacete para olhar um irmão nos olhos e dar-lhe o devido respeito. O
escâner de registro de suas luvas lhe disse que o homem era CT-5108/8843,
um agente de EDB: um especialista em descarte de bombas, o tipo de
homem que desarmava armadilhas e UXBs para que outros soldados
pudessem avançar, o tipo de homem que poderia fazer esse trabalho que
nem os droides conseguiam.
A conexão com os explosivos não foi perdida por Ordo nem por um
momento.
— Qual é o seu nome?
O Trooper hesitou.
— Corr, senhor. — ele disse calmamente.
— E o que te traz aqui?
Corr fez uma pausa e depois tirou as manoplas.
Ele não tinha mãos.
Elas foram substituídas por duas próteses simples, tão básicas que não
tinham revestimento sintético, apenas o mecanismo de duraço. Ordo nem
precisou perguntar como as havia adquirido. De alguma forma, perder as
duas mãos era chocante de uma maneira que perder uma não era. Mãos
definiam a humanidade.
— Há falta de peças, senhor, com tantos homens feridos e precisando de
próteses. — disse Corr se desculpando. — E isso não é bom o suficiente
para eu fazer o meu trabalho na linha de frente. Assim que as peças
chegarem, eu voltarei.
Ordo sabia o que Kal’buir teria dito e foi movido a fazer o mesmo, mas
este não era o momento nem o lugar. Ele se conteve.
— Eles tratam você adequadamente aqui?
Corr deu de ombros.
— Bem. Na verdade, senhor, os civis tendem a não falar muito comigo,
exceto a supervisora Wennen. Ela é mesmo muito gentil comigo.
Ordo podia ver isso chegando.
— Wennen seria a mulher loira, não é?
Corr assentiu, com a sua expressão visivelmente suavizada.
— Besany Wennen. Ela não aprova a luta, senhor, mas não deixa que
isso afete o seu trabalho e está cuidando de mim muito bem.
Pobre soldado ingênuo.
— Quão bem?
— Almoçamos juntos e ela me levou para visitar o Museu Galáctico.
Fascinante. Ordo aprendeu a sabedoria da desconfiança desde muito
cedo. Mulher glamourosa, especialista em EDB, centro de logística: ele
poderia resolver isso. Não iniciar a sua observação aqui teria sido estúpido,
mas havia pouco a ganhar com a colisão ainda.
— Quantos turnos?
— Três por lista diária, senhor.
— Talvez eu precise pedir que você faça algo por mim, Corr.
— Certamente, senhor.
— Mas quando eu fizer isso, será confidencial e você não discutirá isso
com ninguém, nem mesmo com a sua supervisora. Isso fará parte de uma
auditoria rotineira de fraude, só isso, e é por isso que preciso do seu
silêncio. — Importava se ele lhe dissesse o seu nome? Somente o círculo
interior das forças especiais sabia quem ele era de qualquer maneira. —
Meu nome é... Ordo. Não mencione isso para ninguém.
— Sim, senhor. Entendido.
Ordo queria lhe dizer que ele entendia sua solidão entre estranhos e sua
necessidade de estar de volta com seus irmãos no fronte, realizando um
trabalho real. Mas não pôde dizer nada. Ele o conduziu de volta à sala de
operações, notou o sorriso adorável e aparentemente genuíno que a
supervisora Wennen deu a ele, e parou ao sair para entrar no transmissor
comunicador automático e colocar um dispositivo de monitoramento.
Pobre Corr. Ordo deu um tapinha na cabeça do droide sentinela e
caminhou até o speeder estacionado.
CAPÍTULO 8
Sim, eu sei como os Kaminoanos fizeram isso. Eles usaram os nossos genes contra nós,
aqueles que nos vinculam aos nossos irmãos, nos tornam leais, nos fazem respeitar e obedecer
aos nossos pais, foi isso que eles manipularam para aumentar a probabilidade de obedecermos
às ordens. Eles tiveram que remover o que tornava Jango um solitário egoísta, porque isso é um
mau soldado de infantaria, e você pode dizer pelos CRAs Alfa que os Kaminoanos não estavam
errados. Mas há uma coisa que ainda não sei, e é como que eles controlaram o processo de
envelhecimento. Essa é a chave. Eles nos roubaram uma vida inteira. Mas não seremos
derrotados pelo tempo, ner vod.
— O tenente trooper CRA N-7. - Mereel. — Em uma transmissão criptografada para N-11,
Ordo
—
Etain sentiu que tinha aguentado muito bem, considerando tudo.
Foi somente quando fechou a porta do banheiro que vomitou
incontrolavelmente até as lágrimas descerem por seu rosto e para sua boca.
Deixou água jorrar na bacia para esconder o som e engasgou com os
soluços.
Estava tão convencida de que podia lidar com isso. E não podia.
Rasgar a alma de Orjul foi ainda mais difícil do que a violência física
total. Havia roubado a convicção dele, o que não tinha sido um grande mal,
até ser colocado no contexto do fato de que ele, ela sabia, morreria muito
em breve sem o conforto de suas crenças, quebrado, abandonado e sozinho.
Por que estou fazendo isto? Porque homens estão morrendo.
Quando os fins deixam de justificar os meios?
Vomitou até ser convulsionada por solavancos secos. Então encheu a
lavatório com água fria e mergulhou a cabeça nela. Quando ela se
endireitou e sua visão clareou, olhou para um rosto que reconheceu. Mas
não era o dela: era o rosto duro e longo de Walon Vau.
Tudo o que aprendi está errado.
Vau era todo brutalidade e conveniência, um exemplo claro do lado
sombrio para um Jedi como qualquer um que pudesse imaginar. E, no
entanto, havia uma total ausência de malícia consciente nele. Deveria ter
sentido raiva e intenção assassina, mas Vau estava cheio de... nada. Não,
não nada: na verdadele era calmo e benigno. Ele pensava que estava
fazendo um bom trabalho. E viu seu suposto Jedi ideal nele, motivado não
pela raiva ou pelo medo, mas pelo que achava certo. Agora questionava
tudo o que havia aprendido.
Escuridão e luz são simplesmente a percepção do agressor. Como isso
pode estar certo?
Como a conveniência sem paixão de Vau pode ser moralmente superior
à raiva e ao amor de Skirata?
Etain lutou durante anos com a própria raiva e ressentimento. As
escolhas eram ser uma boa Jedi ou uma Jedi fracassada, com a suposição, às
vezes não dita, às vezes dita, de que o fracasso significava o lado sombrio.
Mas havia um terceiro caminho: deixar a Ordem.
Limpou o rosto na toalha e enfrentou uma dura compreensão.
Permanecia uma Jedi porque não conhecia outra vida. Teve pena de Orjul
não porque o torturara, mas porque ele havia sido roubado da única coisa
que o mantinha são, as suas convicções, sem as quais ele não tinha direção.
A verdade era que ela tinha pena de si mesma, desprovida de direção, e a
projetara na vítima por meio de negação.
A única coisa altruísta que eu já fiz que não estava centrada em minha
própria necessidade de ser uma boa Jedi, desapaixonada e desapegada, foi
me preocupar com esses homens clonados e perguntar o que estamos
fazendo com eles.
E essa era a direção dela.
Era muito claro; mas ainda estava crua e dolorida por dentro. A
revelação não curou. Estava sentada na beira da banheira, com a cabeça
apoiada nos joelhos.
— Senhora, o que há de errado? — Era a voz de Darman. Deveria ser
igual a de todos os outros clones, mas não era. Todos eles tinham nuances
distintas em sotaque, som e tom. E ele era Dar.
Podia sentir Darman através dos sistemas estelares agora. Queria ter
entrado em contato com ele na Força muitas vezes, mas temia que isso
pudesse distraí-lo de seu dever e colocá-lo em perigo, ou, se ele soubesse
que era ela e não a aceitasse, ou irritá-lo.
Afinal, ele teve a opção de ficar em Qiilura com ela. E optou por ficar
com o seu esquadrão. O que ela sentia por ele agora, o desejo que se
desenvolveu apenas depois que eles se separaram, podia não ser mútuo.
Ele chamou de novo.
— Você está bem?
Ela abriu as portas e Darman espiou dentro.
— Eu não quero ser senhora agora, Dar.
— Desculpe, não tive a intenção de interromper...
— Não vá.
Ele deu alguns passos para dentro do recinto, como se estivesse preso em
uma armadilha. Já estivera aqui antes; tinha sido totalmente dependente das
habilidades militares dele quando sua vida estava em risco. Ele tinha sido
tão concentrado, tão tranquilizador, tão competente. Onde tinha dúvidas, ele
tinha certezas.
— Então você ainda não acha mais fácil. — disse Darman.
— O que?
— Ceder à raiva. Você sabe. Violência.
— Oh, qualquer Mestre Jedi teria orgulho de mim. Eu fiz tudo isso sem
raiva. A raiva leva ao lado sombrio. Ser sereno é certo.
— Eu sei que deve ter sido difícil. Eu sei como o Sargento Kal reagiu
quando ele teve que...
— Não. Eu estava prejudicando um estranho. Nenhum dilema pessoal.
— Isso não faz de você uma pessoa má. Isso tinha que ser feito. É isso
que está te incomodando?
— Isso, talvez. E ter dúvidas.
Não queria ficar sozinha com tudo isso na cabeça. Poderia ter meditado.
Tinha a força de vontade e as habilidades antigas para passar por essa
turbulência e fazer o que Jedi haviam feito por milênios: se desligar do
momento. Mas ela não queria.
Queria arriscar viver com esses sentimentos terríveis. De repente, o
perigo parecia estar em negá-los, assim como ela tentou, sem sucesso, negar
o que sentia por Darman.
— Dar, você já teve dúvidas? Você sempre disse que tinha certeza do seu
papel. Eu sempre senti que você tinha.
— Você realmente quer saber?
— Sim.
— Eu tenho dúvidas o tempo todo.
— De que tipo?
— Antes de deixarmos Kamino, eu tinha tanta certeza do que tinha que
fazer. Agora... bem, quanto mais vejo a galáxia... mais vejo as outras
pessoas, mais me pergunto, por que eu? Como acabei aqui, e não como as
pessoas que vejo ao meu redor em Coruscant? Quando vencermos a guerra,
o que acontecerá comigo e com meus irmãos?
Eles não eram estúpidos. Eles eram muito inteligentes: criados para isso,
na verdade, e se você cria pessoas para serem inteligentes, engenhosas,
resilientes e agressivas, mais cedo ou mais tarde elas perceberão que o seu
mundo não é justo, e começarão a se ressentir.
— Eu questiono isso também. — disse Etain.
— Isso me faz sentir desleal.
— Não é desleal questionar as coisas.
— Mas é perigoso. — disse Darman.
— Para o status quo?
— Às vezes você não pode discutir com tudo. Como ordens. Você não
tem a imagem completa da batalha, e a ordem que ignora pode ser a que
salvaria a sua vida.
— Bem, estou feliz que você tenha dúvidas. E também estou feliz por tê-
las.
Darman se encostou na parede, todo cheio de preocupação.
— Você quer algo para comer? Vamos arriscar o nerf do Qibbu em
molho de glockaw. Scorch acha que provavelmente é rato blindado.
— Não tenho certeza se posso enfrentar multidões agora.
— Você deve estar superestimando a popularidade da culinária do
Qibbu. — Ele encolheu os ombros. — Eu provavelmente poderia fazer com
que o cozinheiro atordoasse a coisa com o meu DC e o enviasse pelo
serviço de quarto.
Esse era tão Darman: ele tinha uma natureza implacavelmente positiva.
O trabalho dela era inspirá-lo, mas foi ele quem a fez se levantar e lutar
várias vezes quando estavam em Qiilura. Ele a tinha mudado para sempre.
Perguntou-se se ele tinha alguma ideia do quanto ainda estava mudando sua
vida agora.
— Tudo bem. — disse ela. — Mas só se você me fizer companhia.
— Sim, comer rato blindado sozinha provavelmente é pedir por
problemas. — Ele sorriu de repente, e se sentiu iluminada por isso. — Você
pode precisar de primeiros socorros.
A voz de Niner o interrompeu pela passagem.
— Dar, você vem conosco ou o quê? Fi e Sev deveriam estar de vigia.
— Não, eu vou ter algo enviado aqui pra cima. Eles podem seguir em
frente com você. Nós faremos o dever. — Darman inclinou a cabeça como
se quisesse ouvir alguma repreensão. — Tudo bem?
Dessa vez foi a voz de Skirata.
— Dois bifes?
— Por favor.
— Não algo seguro, como ovos?
— Bifes. Não temos medo de nada.
De repente, Etain sentiu vontade de rir. Fi podia ser o comediante, mas
Dar era genuinamente animador. Ele não estava tentando suprimir a dor.
Também o achou distraidamente bonito, mesmo que parecesse idêntico a
seus irmãos. Adorava-os como amigos, mas eles não eram Darman, e de
alguma forma nem se pareciam com ele. Ninguém mais seria tão precioso
para ela, sabia disso.
— Bem, o que devemos fazer agora? — ele perguntou.
— Sem treino com sabre de luz, para começar.
— Você realmente me bateu com aquela vara.
— Você me disse que eu precisava.
— Então você recebe ordens de clones, General?
— Você me manteve viva.
— Ah, você teria feito isso muito bem sem mim.
— Na verdade, não. — disse Etain. — Na verdade, eu não teria me saído
bem.
Olhou-o nos olhos por alguns momentos, esperando que Darman, o
homem, reagisse a ela, mas ele simplesmente olhou pra trás, um garoto
perplexo novamente.
— Eu nunca estive tão perto de uma mulher humana antes. Você sabia
disso?
— Posso adivinhar.
— Eu não tinha certeza se as Jedi eram... carne e sangue de verdade.
— Às vezes eu me pergunto isso também.
— Eu não tinha medo de morrer. — Ele colocou as mãos na cabeça por
um momento e depois passou os dedos pelos cabelos, o gesto que viu em
Skirata. — Eu estava com medo porque não sabia o que estava sentindo e...
O droide de serviço tocou para entrar.
— Fierfek. — Os ombros de Darman caíram um pouco. Ele se levantou
e pegou a bandeja do droide, parecendo corado e irritado. Ele abriu as
tampas e inspecionou o conteúdo como se fossem explosivos instáveis, e
sentiu que o momento estava perdido.
— Está morto? — Etain perguntou.
— Se não estiver, não voltará a se levantar tão cedo.
Ela mastigou uma mordida de teste, pensativa.
— Poderia ser pior.
— Cubos de ração...
— Ah, isso traz de volta memórias.
— Agora você sabe porque nós comemos qualquer coisa
— Também me lembro do pão. Argh.
Ele cutucou algo no recipiente com o garfo, parecendo preocupado.
— Você me procurou na Força, não foi? Eu não estava imaginando
aquilo.
— Sim, eu procurei.
— Por quê?
— Não é óbvio?
— Como eu saberia? Não estou certo se sei muito sobre você.
— Eu acho que sabe, Dar.
De repente, Darman se interessou excepcionalmente pelos restos do bife,
que poderiam ter sido nerf, afinal.
— Não acho que alguém acreditou que as mulheres fossem importantes
para nós, dada a nossa expectativa de vida. E não era relevante para o
combate.
Isso era agonizante. De todas as injustiças empilhadas nesses clones que
nunca tiveram escolhas, essa foi a pior: a negação de qualquer futuro
individual, da própria esperança. Se eles vencessem as chances de batalha,
ainda estavam condenados a perder a guerra contra o tempo. Darman
provavelmente estaria morto em trinta anos, e ela ainda não estaria na
metade da vida.
— Aposto que Kal pensou que era importante.
Darman mordeu o lábio e desviou o olhar. Ela não tinha certeza se ele
estava envergonhado ou se simplesmente não sabia o que ela realmente
estava perguntando.
— Ele nunca mencionou o que fazer com generais. — disse ele
calmamente.
— Meu Mestre também nunca mencionou especificamente soldados.
— Eu ouvi que você ignora ordens, de qualquer maneira.
— Eu estava com medo de nunca mais ver você, Dar. Mas você está aqui
agora, e é isso que importa.
Estendeu a mão para ele. Ele hesitou por um momento, depois estendeu
a mão sobre a mesa e a pegou.
— Nós podemos estar mortos amanhã, nós dois. — disse ela. — Ou no
dia seguinte ou na próxima semana. Isso é guerra. — Ela pensou no outro
Fi, cuja vida se esvaiu em seus braços. — E eu não quero morrer sem te
dizer que senti sua falta todos os dias desde que você partiu, e que eu amo
você, e que não acredito no que me foi ensinado sobre apego, assim como
você não deveria acreditar que foi criado apenas para morrer pela
República.
Isso era quebrar todas as regras.
Mas a guerra tinha quebrado todas as regras da manutenção da paz Jedi e
uma República civilizada de qualquer maneira. A Força não seria lançada
em tumulto se um Jedi medíocre e um soldado clonado que não tinha
direitos quebrassem apenas mais uma.
— Também nunca parei de pensar em você. — disse Darman. — Nem
por um momento.
— Então... quanto tempo leva para dois esquadrões terminarem as
refeições no bar?
— Tempo suficiente, eu acho. — disse Darman.
CAPÍTULO 11
Prefiro que os pequenos Jedi como Barden e Etain trabalhem conosco do que aqueles como
Zey. Eles são afiados, sem preconceitos, sem ideologias. E eles estão mais preocupados em
fazer a diferença na equipe do que toda essa osik filosófica sobre o lado sombrio. Zey pode ser
um homem experiente, mas ele parece querer respeito de mim só porque pode abrir jarros de
caf com a mente.
— Kal Skirata, tomando uma bebida tranquila com o Capitão Jailer Obrim, bem longe de
olhares indiscretos
—
Refúgio do Qibbut, 2100
— Então é assim que você apaga a minha dívida. — disse Qibbu. Ele
engoliu um gorg em conserva inteiro e suspirou. — Você usa o meu bom
estabelecimento como base para que os problemas não o sigam em casa.
Está certo demais, Skirata pensou.
— Minha garotinha precisa começar o seu próprio negócio. — disse ele,
sorrindo de forma convincente para Etain. — Para que ela possa cuidar de
seu velho pai na velhice.
Etain parecia adequadamente mal-humorada. Continuava a surpreendê-lo
com a sua capacidade de fazer o que fosse necessário. Podia ser corajosa e
calma, e agora podia ser a filha rebelde e mimada de um mercenário
superprotetor.
— Ela é magra demais para ganhar a vida como caçadora de
recompensas. — disse Qibbu, e tremeu de tanto rir. — As fêmeas Mando
deviam ser grandes e duronas.
— A mãe dela, a chakaar, era Corelliana, e me deixou a menina pra
criar. — disse Skirata. — O que falta a Etain em músculos, ela compensa
em perspicácia nos negócios.
— Ah, eu imaginei que o seu gosto pelo exército da República provasse
ter um motivo financeiro. Você não se importa com o seus... garotos.
Kal mordeu o interior da bochecha.
— Não. Você já conheceu um Mando'ad que se importasse com a
República?
— Não. Então, o que está à venda?
— Algo que exércitos têm bastante.
— Ah... você acompanha as notícias de perto.
Skirata fez um voto silencioso de ser muito, muito gentil com Mar
Rugeyan no futuro. Essa história de capa de guerra de relva tinha
funcionado muito bem e o homem provavelmente nem sabia disso.
— Parece haver uma brecha repentina no mercado de armas, sim.
— Você fez essa lacuna, não é?
Seu estômago deu um salto mortal. Ele conseguiu sorrir.
— Eu não sou tão bom jogador.
Qibbu engoliu a dica inteira como um gorg.
— Então, o que você pode conseguir?
— Blasters, rifles de assalto, plastóide térmico, munição. Qualquer coisa
maior que isso tratarei como um pedido especial e pode levar mais tempo.
Mas não peça naves de guerra.
Qibbu riu.
— Eu divulgo a notícia e vemos se ela atrai clientes.
— Tenho certeza de que posso confiar em sua discrição. Você gosta deste
lugar, não é?
— Não quero que os problemas encontrem o caminho até aqui. Mas vou
esperar... comissão. Vinte por cento.
— Esse é o meu dote. — disse Etain amargamente. — Papa, você vai
deixar esse chakaar me roubar?
Fierfek, ela estava ficando boa, essa garota.
— Claro que não, ad'ika. — Skirata se inclinou para Qibbu e balançou
seu pedaço de corrente no bolso como um pequeno lembrete. — Cinco por
cento, e garantirei que o seu adorável estabelecimento aqui permaneça
inteiro e não seja visitado pela ralé deste mundo.
Qibbu borbulhou.
— Se essa parceria for bem-sucedida, renegociaremos os termos
posteriormente.
— Você pega o negócio e vamos ver.
Skirata levantou-se o mais calmamente possível e levou Etain para a
passarela para tomar um pouco de ar fresco. O cheiro de fritura, cerveja
estragada e estrume estava chegando a ele.
— Acho que chakaar foi um bom toque. — disse ele.
— Só peguei a palavra estranha.
— Você está bem?
— Na verdade, isso foi difícil. Invejo a sua coragem.
— Você acha? — Skirata estendeu a mão, com os dedos abertos e palma
para baixo. Estava tremendo. Ela precisava saber que, caso pensasse que ele
era invencível, a sua fé equivocada a mataria. — Eu sou apenas um
soldado. Um comando, você chamaria. Estou tateando o meu caminho por
tudo isso.
— Mas Qibbu está com medo de você.
— Não tenho problemas em matar pessoas. Só isso. — A realidade de
sua situação havia se tornado brutalmente clara agora: afundando cada vez
mais longe do limbo, para segurança ou para mergulhar na torrente que
corria por baixo, com uma respiração entre um extremo e outro. E não
havia como voltar para a margem do rio. — Se algo acontecer comigo,
preciso saber que alguém cuidará dos meus garotos.
— Você está me pedindo?
— Só há você e Bard'ika para pedir.
— Nada vai acontecer com você.
— A Força está lhe dizendo isso, não é?
— Sim.
— O que mais a Força lhe diz?
— O que eu tenho que fazer.
— Se e quando encontrarmos essa escória cara a cara, você estará nessa?
Não posso ter meus garotos visíveis. Muito óbvio.
— Não Bardan?
— Não preciso perguntar ao Bard'ika. Ele vai querer estar lá de qualquer
maneira. Estou pedindo a você.
— Farei o que você mandar. Você tem senioridade aqui.
Skirata esperava mais uma expressão de confiança do que obediência.
Mas isso teria que servir.
CAPÍTULO 14
A notícia de nossa equipe disfarçada e de seus informantes é que alguém está oferecendo
explosivos e armas no mercado negro. É incrível a rapidez com que essa escória corre para
preencher as lacunas. Hora de mudarmos. E apenas um aviso antes de abrir fogo, certo? Vamos
ver o quanto podemos limpar de uma vez por todas.
— Informações dos esquadrões da Unidade de Crime Organizado, QG do QCA, 383 dias
após Geonosis
—
Casa operacional, Refúgio do Qibbu, 2015 horas, 383 dias após Geonosis.
A quele não era o lugar para um guerreiro estar quando os seus irmãos
estavam em campo, mas Ordo pensou que quanto mais rápido ele
identificasse e neutralizasse o informante, mais cedo poderia deixar aquele
emprego de escritório.
— Clone. — disse a voz do Nimbanel. A criatura estava em cima dele
hoje. Era uma péssima ideia... normalmente. — Clone! Você já inseriu o
lote noturno de dados?
Eu sei pelo menos dez maneiras de te matar sem uma arma, lagarto. Eu
gostaria de experimentar todas elas.
— Sim, Guris. — disse Ordo, sendo o gentil e compatível Corr. — Já
inseri.
— Então você deveria ter me falado imediatamente.
Ordo ouvia a advertência constante de Skirata em sua cabeça e manteve
a calma: Udesii, udesii, ad'ika: calma, calma, filho. Este funcionário não
servia nem para limpar as botas de Corr. Ele certamente não servia para
limpar as dele.
— Me desculpe. — disse Ordo, agindo como o homem calmo que ele
definitivamente não era naquele momento. — Isso não vai acontecer
novamente.
Besany Wennen levantou a cabeça da tela muito lentamente. Ela era
angustiantemente bonita. A simetria de seus traços o deixava desconfortável
porque ele queria encará-los, e o seu instinto masculino dizia perseguir, mas
o seu cérebro dizia suspeita.
— Guris, se você tem uma preocupação com o gerenciamento de dados,
posso sugerir que você a trate comigo primeiro? — O calor em sua voz
havia desaparecido completamente. A frequência caiu quando os seus
lábios se comprimiram. Ordo podia vê-la em sua visão periférica: conseguia
desligar aquele sorriso vívido e congelar por alguns momentos. Era alguém
acostumada à obediência das pessoas ao seu redor. — O trooper Corr está
fazendo o que eu pedi a ele.
Ordo não tinha ideia se isso era verdade ou se ela o estava poupando da
vergonha. Conseguiu sorrir de qualquer maneira. Observar Corr na noite
passada aprimorou seu ato um pouco mais.
Enquanto trabalhava, inserindo códigos de triangulação de naves e rotas
de fornecimento no programa que ocupava a tela, ponderou sobre a única
informação sólida que possuía. O cronograma antecipado de movimentos
de homens e materiais foi retirado para fornecer mensagens de confirmação.
Um fluxo interior foi para os batalhões de logística do GER e Operações da
Frota, e um fluxo exterior foi retransmitido para milhares de empreiteiros
civis que forneciam suprimentos e transporte. Os dois conjuntos de dados
eram diferentes.
Portanto, esses eram os dados que foram deixados em um chip no local
de entrega do complexo, os que Vinna Jiss havia descrito de maneira útil a
Vau, quer ela quisesse ou não. Os ataques a bomba haviam se espalhado
entre o contratante e a redes de suprimentos militares; quem executou os
ataques tinha os dois conjuntos de dados.
E a cópia de dados não mostrou uma trilha de auditoria. Retransmitir
dados do sistema sim. E era isso que a segurança de rotina assistia. A
tecnologia antiga vencia a novidade com uma frequência deprimente.
Tudo o que Ordo tinha que fazer agora era observar as imagens de
vigilância do local de entrega dos banheiros. Até agora, não havia captado
nada. Não tinha ideia de com que frequência o contato Separatista, e tinha
que assumir que era um, verificou o armário, mas ninguém apareceu. Talvez
ainda não tivessem sentido falta de Jiss.
Era quase meio-dia quando a supervisora Wennen se levantou e saiu da
sala de operações. Por um capricho, Ordo colocou o capacete de lado na
mesa ao lado dele em um ângulo em que ele podia ver discretamente a
câmera do banheiro que era jogado na Tela Visualização Frontal.
Wennen não era o tipo de mulher que pertencia ali. Alguma inquietação
lhe dizia isso. Kal'buir havia dito a ele que um palpite forte era geralmente
baseado na observação subconsciente de fatos concretos e deveria ser
tratado com respeito.
A imagem granulada azul mostrava Wennen entrando no banheiro. Ela
não olhou ao redor. Ela parou nos armários, examinou-os com a cabeça se
movendo visivelmente, colocou uma mecha de cabelo pálido atrás de uma
orelha e inclinou-se para abrir várias portas destrancadas até que pareceu se
cansar e sair novamente. Ela reapareceu na sala de operações um minuto
depois e deu-lhe um sorriso arrependido que parecia totalmente sincero.
Algo a tinha irritado.
Ah, Ordo pensou, decepcionado.
Então se perguntou por que sentia essa decepção e percebeu que isso se
devia a impulsos não relacionados ao negócio em questão. E os negócios, é
claro, tinham acabado de mudar para melhor.
O turno dele terminava junto com o dela, às 1600.
Passaria as próximas horas trabalhando exatamente em como removê-la
sem alertar aos outros contatos Separatistas que pudessem estar em sua
célula. Queria todos eles.
1100 horas, 384 dias após Geonosis, zona comercial, Quadrante N-09: ponto de encontro
acordado para iniciar negociações com as partes interessadas
— Chakaare preguiçosos. — disse Fi, olhando para o crono. — A que
horas eles chamam isso?
— Bem, se eles chegaram aqui antes de nós e não podemos vê-los...
provavelmente somos homens mortos.
Darman estava em algum lugar do lado oposto da Praça do Banco do
Núcleo, três andares acima da área de pedestres, em uma despensa em que
ele havia se infiltrado. Fi não conseguia vê-lo, mas a sua voz era claramente
audível em sua cabeça: o comunicador de contas era tão sensível que
captava a subvocalização pela trompa de Eustáquio.
Eles estão aqui desde 2330 da noite passada. Eles observaram e notaram
todos os droides de limpeza, varredores automatizados de passarelas,
trabalhadores tardios, passageiros matutinos, compradores, bêbados,
patrulhas a pé da FSC, repulsores de entrega, vendedores de caf não
licenciados e crianças de escola que haviam entrado e saído da praça de
qualquer direção. Eles também haviam varrido as paredes do penhasco de
prédios de escritórios e, para o grande interesse de Fi, notaram que alguns
funcionários não iam ao depósito depois de horas se tivessem colegas do
sexo oposto.
E a cada duas horas, Etain Tur-Mukan atravessava rapidamente a praça
como se tivesse negócios em algum lugar, varrendo a área com qualquer
sentido extra que os Jedi tivessem que lhes permitisse detectar pessoas
ocultas. Diziam que Etain era boa nisso. Ela poderia localizar o esquadrão
dentro de um metro. Cada vez que ela passava, Fi ouvia Darman se mover
ou engolir, e não tinha certeza se era porque ele podia vê-la ou porque ela
estava procurando por ele na Força.
Fi de repente queria o foco descomplicado de uma vida totalmente
militar em Kamino.
Você está se distraindo. Pense no trabalho em questão. Talvez eles o
deixassem manter o comunicador de contas após esta operação. Eles nunca
perderiam alguns no QG. Certamente.
— Quero a minha Tela Visualização Frontal de volta. — disse Darman.
— Quero minha visão aprimorada.
— Mas você pode usar uma camuflagem facial em vez disso. Faz você
se sentir selvagem e perigoso.
— Eu sou selvagem. — disse a voz de Sev. Sev estava atrás de uma
balaustrada no telhado, embaixo de uma pilha de lençóis de plastóide
descartados. — E então eu fico perigoso. Cala a boca.
— Entendido. — Fi disse alegremente, e bateu os dentes duas vezes para
sair do canal de comunicador aberto de Sev. Era um ambiente barulhento
demais para a conversa silenciosa deles ser ouvida de qualquer maneira. —
Di'kut miserável.
— Não liga pra ele. — Scorch estava no nível da passagem cerca de
cinquenta metros a oeste do ponto de encontro, deitado de bruços em um
poço de acesso horizontal fora de uso. — Ele vai ficar bem quando matar
alguma coisa.
Darman tinha um rifle Verpine com projéteis letais, assim como Sev. Fi e
Scorch tinham os projéteis de rastreamento não-letais, doze projéteis cada.
O Verp era realmente adorável. Fi sempre se perguntava quantos créditos o
sargento Kal havia ganho ao longo dos anos. A sua crescente coleção de
armas caras e exóticas e a modesta extravagância de sua jaqueta de bantha
eram os únicos sinais visíveis de que poderia ter sido muito.
— Dar...
— Possível contato, primeiro nível da passarela, minha esquerda da
entrada do banco...
Fi ajustou a sua mira e seguiu à direita. Era um garoto que já tinha visto
antes: humano, cabelo claro e muito curto, desgrenhado. Ele ainda estava
andando pela praça. Se era um Separatista, era um vergonhosamente
amador. Eles observaram por alguns minutos, e então uma jovem garota de
túnica amarela brilhante correu até o garoto e o abraçou. Eles se beijaram
com entusiasmo, atraindo olhares dos transeuntes.
— Acho que ele a conhece. — disse Fi. Sentiu o rosto queimar. Isso o
incomodou e ele desviou o olhar.
— Bem, isso é só você e Niner deixados na prateleira agora que os seus
irmãos foram chamados. — disse Scorch.
Houve uma pausa. Darman interrompeu.
— Você tem algo a dizer, ner vod?
— Eu acho que é meio encorajador. — Scorch riu. — Atin conseguiu
uma Twi'lek fofa, Dar conseguiu a sua própria general...
— ... e Scorch conseguiu uma orelha inchada se não calar a boca agora.
O comunicador ficou subitamente silencioso, exceto pelo som ocasional
de deglutição. Darman não estava de brincadeira quando se tratava de Etain.
Nunca esteve, nem mesmo em Qiilura, quando não havia nada acontecendo
entre eles.
Por que isso está doendo tanto? Por que sinto que fui enganado?
Kal'buir, por que você não me preparou para isso?
Era muito perturbador. Fi fechou os olhos por alguns instantes e entrou
na sequência que aprendera para se concentrar quando o campo de batalha o
pressionava: respiração controlada, concentrar-se em nada, exceto na
próxima inalação, ignorar tudo o que não era do momento seguinte.
Demorou um pouco. Ele calou o mundo.
Então descobriu que estava com os olhos abertos sem perceber e estava
simplesmente seguindo o movimento na praça abaixo, através do alcance
incrivelmente preciso do rifle Verpine.
— Agora, temos o melhor equipamento ou não? — disse, se tornando o
homem confiante que queria ser novamente. — Me diga outro exército no
qual você recebe Verps artesanais para brincar.
— O exército de Verpine. — disse Scorch.
— Eles têm um exército?
— Eles precisam de um?
O silêncio desceu novamente. Às 1150, Sev cortou o circuito de
comunicador.
— Modo de espera. Kal está se movendo para a posição.
Skirata entrou na praça vindo da direção do Senado, com Jusik de lado e
um animado Lord Mirdalan esticando uma coleira do outro. Ele estava
fazendo um trabalho crível, parecendo que o strill era o seu companheiro
constante. O animal parecia notavelmente contente com ele, dado o número
de vezes que Skirata o expulsara ou atirara sua faca ao longo dos anos.
Talvez o tumulto de novos aromas estranhos o tivesse emocionado o
suficiente para que não se importasse muito que o homem que geralmente
gritava com ele estivesse segurando a coleira. Fi observou enquanto eles se
posicionavam perto da porta, sentando-se em um assento de duraço
ornamentado em forma de arco.
A voz de Skirata veio pelo circuito de comunicador.
— Como estão os meus garotos?
— Com cãibra, Sargento. — disse Darman. — E Fi está babando no seu
Verpine.
— Ele ele vai limpá-lo depois, então. Prontos?
— Prontos.
Em 1159, um homem humano na casa dos quarenta anos, com túnica
verde casual, calça marrom, cabelo castanho na altura do colarinho, barba,
estatura alta e magra, caminhou em direção a Skirata e Jusik em uma linha
proposital. Fi o seguiu.
— Estou com ele, Fi. — disse Darman. Se algo desse errado, o homem
estaria morto em uma fração de segundo com um tiro altamente cinético
silencioso nas costas.
— Escolta. — disse Sev. — Parecem três... não, quatro. Três homens,
uma mulher, todos humanos... um homem vinte metros ao sul de Darman.
Espalhados, mas todos se movendo em direção a Skirata.
— Estou com ele.
— Estou com a mulher. — disse Scorch.
— Você tem certeza que eles estão com o Barba?
— Sim, verifique a linha dos olhos deles, Fi. Eles estão olhando pra ele,
e nada mais. São bem legais, mas obviamente não são profissionais. Nem
deveriam estar olhando pra ele.
A voz de Etain interrompeu.
— Há outra mulher se aproximando lentamente do lado do Senado.
Estou indo atrás dela para que vocês possam vê-la.
Sev interrompeu.
— Mais alguma coisa?
— Só consigo sentir quatro outros, mais o homem que se aproxima de
Kal.
— Ouuun, olha. Eles tomaram posições para bloquear as principais rotas
de pedestres na praça. Obrigado! Eu amo um alvo que se identifica.
— Espero que isso não se transforme em uma troca de tiros. — disse
Scorch. — Muitos civis.
— Eu posso ter uma mira clara. — disse Sev. — E eu posso tirar pelo
menos três daqui. Relaxa. Só se preocupe em etiquetá-los.
Etiquetá-los. Eles sentiriam aquilo?
Fi entrou em um filtro EM com um toque na caixa óptica. Focou a mira
na mulher que agora estava quase sob a posição de Darman, na passarela
em direção ao Quadrante N-10: cabelo vermelho na altura dos ombros, traje
azul, bolsa de couro marrom. O filtro detectou emissões eletromagnéticas, o
que a tornava não apenas útil para localizar alguém operando um
comunicador, mas também perfeito para ver se a Poeira havia atingido o seu
alvo. Lançava um tom marrom rosado na imagem.
Procurou por indicações de velocidade do vento. Os cabelos da mulher
estavam se movendo um pouco com a brisa: uma xícara de flimsi
descartada perto do vendedor de caf rolava um pouco pela calçada. Fi
ajustou a sua mira e verificou a temperatura do ar, que havia subido uma
fração nos últimos vinte minutos. Ajustou as configurações do Verp
novamente e colocou a arma no antebraço.
Relaxe. Bobina de energia ajustada para média. Não quero que ela sinta
o projétil atingi-la. Também não quero borrifar Poeira em toda a praça...
A mira assentou.
— Então, isso é um strill. — A voz do homem era um pouco confusa,
mas Fi podia ouvir o sotaque, mesmo que não o reconhecesse. —
Encantador. Me chame de Perrive.
— E você pode me chamar de Kal.
Fi fechou os olhos por um segundo e diminuiu a respiração. Quando os
abriu, a mira ainda estava no centro do peito da mulher.
— Então, vamos ver as mercadorias.
Fi exalou lentamente e prendeu a respiração.
— Aqui. Pegue e teste.
O dedo de Fi apertou a ponta do gatilho. O Verp era tão finamente
construído que tudo o que sentiu foi uma repentina falta de resistência sob o
dedo e o rifle disparou, silencioso e sem coice.
— Quantas coisas ao todo?
— Cem quilos. Se você precisar de mais.
Uma nuvem branca parecida com fumaça apareceu no filtro de Fi. O
projétil explodiu em contato, cobrindo a mulher com pó de rastreamento
microscópico, cada minúsculo fragmento capaz de retransmitir sua
localização de volta ao receptor da base de Qibbu, ou mesmo a uma Tela
Visualização Frontal. Ela olhou para baixo como se um inseto tivesse
pousado nela e simplesmente esfregou a ponta do nariz como se tivesse
inalado pólen.
— Quinhentos graus?
— Todos eles. — disse Kal.
— Detonadores?
— Quantos?
— Três ou quatro mil.
— Quinhentos graus: eu tenho. Detonadores: apenas uma questão de
adquiri-los discretamente. Um dia, talvez.
— Confirmado: alvo feminino em azul, marcado. — Fi apontou o rifle
para noventa graus à sua esquerda. — Mirando o homem mais distante de
Kal. Jaqueta preta.
Respire fundo. Relaxe. Mirou e ajustou a mira novamente, prendeu a
respiração no ponto confortável da expiração e disparou pela segunda vez.
Mais uma vez, o homem reagiu e procurou algo no peito, depois continuou
observando Skirata como se nada tivesse acontecido.
— Masculino, jaqueta preta: alvo marcado. Então eles podem sentir isso
acertá-los.
— Não monopolize todos eles. — disse Scorch. — Eu também quero.
— Todo seu, ner vod.
— Mirando o macho à direita de Skirata, túnica cinza...
Fi alinhou a mira de seu EM no alvo de Scorch para observar. A
respiração de Scorch parou e, em seguida, Fi viu uma nuvem de fumaça
branca surgir no manto cinza. Ele não reagiu.
— Agora, o outro homem, colete vermelho, à esquerda de Skirata perto
do vendedor de caf... não, fique quieto, seu di’kut... assim está melhor. —
Scorch ficou em silêncio novamente. Fi observou através do filtro EM. O
projétil estourou no ombro do homem e ele roçou o nariz sem perceber,
como a primeira mulher. Talvez tenha sido uma combinação de não ver
absolutamente nada, já que o agente ligante da pastilha evaporou e a
empolgação com a adrenalina durante uma missão. Eles não estavam muito
atentos para além de ver e não serem vistos.
— Certo, quem está com o Cara da Barba? Perrive.
— Eu. — disse Fi. — Se eu fizer três de três, posso ficar com ele? Sabe,
recheado e montado?
— Ele seria um bom suporte para a sua armadura do Hokan.
Perrive, o Cara da Barba, estava em um ângulo leve, movendo-se um
pouco enquanto falava com Skirata. Ele segurava o pequeno pacote de
plastóide térmico na mão, cerca de cem gramas, e o espremia entre os dedos
enquanto olhava para o embrulho. Parecia um acordo de especiarias para
todo o mundo, e Fi se perguntou por um momento se todos estavam cegos
sobre o quão óbvio isso poderia parecer.
Se preocupe com isso mais tarde. Etiquete-o.
— Vire-se, chakaar. Não quero acertar nas suas costas.
Fi havia se estabelecido em um ritmo agora. Observou pela mira
enquanto Perrive enfiava o plastóide no bolso e ficava com uma mão no
cinto, girando de um lado para o outro, apresentando uma boa extensão das
costas e depois um ângulo estreito do ombro.
Fi relaxou, mirou e foi para o ombro, antecipando a virada.
Whuff.
O projétil do rastreador chegou ao alvo e não teve reação.
— Certo, vamos dar uma olhada nisso e responderemos amanhã ao
meio-dia. — disse Perrive. — Se gostarmos, nos encontramos em algum
lugar privado. Se não, você nunca mais terá notícias minhas.
— Combina comigo. — disse Skirata.
— E a segunda mulher? — Disse Fi. — Etain, onde você está?
— Cerca de três metros à sua esquerda.
— Você pode afastá-la dos civis?
— Certo...
Fi ouviu. Skirata também podia ouvir tudo isso em sua conta de
comunicador. Era preciso alguma habilidade para continuar conversando
com alguém tendo uma conversa de cinco vias em seu ouvido.
— Com licença. — disse Etain. — Estou irremediavelmente perdida.
Você pode me mostrar como chego ao Quadrante N-10?
Fi observou a mulher simplesmente fazer uma pausa, olhar para Etain
com surpresa e depois começar a apontar a passagem de conexão. Etain se
moveu. A mulher deu mais passos adiante, apontando novamente.
— Obrigada. — disse Etain, e seguiu em frente.
Whuff. O projétil refletia a luz no ombro da mulher. E ela esfregou o
nariz.
— Todos os seis marcados. — disse Fi. Ele mudou de canal com um
clique exagerado de seus molares. — Niner, você está recebendo?
— Conseguimos tudo. — disse a voz de Niner, a vários Quadrantes no
Qibbu. — Traços nítidos e claros no holográfico.
— Certo. — Fi deixou a cabeça cair para aliviar os músculos do pescoço.
— Pode encerrar agora, Sargento.
— O velho di'kut é bom nisso, não é? — Scorch traiu um carinho
relutante. Skirata podia ouvir a conversa e Scorch sabia disso. — Adoraria
saber onde ele aprendeu a fazer tudo isso.
O rosto de Skirata nem se contorceu. Nem o de Jusik. Jusik estava
apenas olhando ao redor como o garoto de recados de um gangster deveria
fazer, parecendo alerta, mas não muito brilhante.
— Meu intermediário diz que você tem muitos amigos no exército. —
disse Perrive.
— Contatos. — disse Skirata. — Não amigos.
— Não gosta do nosso exército, então?
— Apenas útil. Apenas clones.
— Não está preocupado com o que acontece com eles?
— Você não é um di’kutla liberal, tentando me recrutar, não, é, filho?
Não, eu não dou a mínima para os clones. Estou nisso por mim e minha
família.
— Só estou curioso. Entraremos em contato, se gostarmos das
mercadorias.
Skirata simplesmente sentou-se com as mãos nos bolsos, aparentemente
observando o strill, que se estendia em uma pilha desajeitada de pele solta,
com a cabeça sob o banco, derramando baba. Jusik mastigava vagamente,
também olhando à frente. Fi e a equipe de atiradores observaram Perrive e
os cinco alvos se dispersarem em passarelas e rampas.
Eles esperaram.
— Mais alguém viu um sotaque de Jabiim lá? — Jusik perguntou.
Skirata se inclinou e parecia estar prestes a dar um tapinha em Mird.
— Acho que sim. — Fi esperou que ele afundasse os seus dentes nele,
mas parou de tocá-lo e o animal simplesmente rolou para fora de alcance
para observar a sua mão com olhos malevolentemente curiosos.
Fi lembrou-se do strill na época de Kamino. Parecia menor, agora que
era um homem adulto. Uma vez, era maior do que ele fora.
Eventualmente, houve um longo suspiro de alívio.
— Sinto que todos se foram. — disse Jusik. — Niner, eles estão
afastados da área da praça?
Niner resmungou.
— Confirmado. Podem se mover agora.
— Afastem-se, rapazes. — disse Skirata finalmente. — Muito bem.
— Bom trabalho, Etain. — disse a voz de Darman.
— Sim, certo, muito bem também, Turma Mística. — Skirata puxou a
coleira de Mird; a pilha de pêlos se ergueu nas seis pernas e se sacudiu. —
Vamos afinar com cuidado e não se esqueçam de limpar a camuflagem
facial antes de se mover. Vamos voltar para o Qibbu às 1315. Então
descansem um pouco.
— Parece bom. — disse Fi. Foi somente quando a tensão passou que ele
percebeu o quão rígidas estavam as articulações e quantas partes dele doíam
por conta das doze horas e mais inclinadas sobre o acolchoado improvisado
de sua jaqueta. — Banho quente, refeição quente e sono.
Skirata interrompeu.
— Vocês sabem que eu não falei sério, não é?
— O que?
— Sobre os clones. Qibbu obviamente mencionou vocês para os
associados da escória dele.
— É claro que sabemos, Sargento. — disse Scorch. — Você disse que
estava nisso pela sua família, não é?
Centro de Logística, Grande Exército da República, QG do Comando de Coruscant, 1615
horas, 384 dias após Geonosis
— Pareço ter sido atingida por um... laser PIP? — Besany Wennen
perguntou.
— Laser PEP. — Ordo, posando como Corr novamente, com o capacete
sob o braço esquerdo, deixou-a passar pelas portas do centro de logística à
sua frente, como Kal'buir havia dito. Era a coisa educada a fazer. — E não.
Você só parece cansada.
— Não posso dizer que foi um dia típico pra mim.
— Eu respeito a sua vontade de aceitar isso sem querer reclamar com os
seus superiores.
— Se eu fizesse isso, comprometeria a sua missão, não é?
— Possivelmente.
— Então é apenas uma contusão ruim e uma noite interessante. Nada
mais.
Era tão alta quanto ele e o olhou diretamente nos olhos: os seus olhos
escuros faziam os seus cabelos loiros claros parecerem exóticos em
contraste. Ela é diferente. Ela é especial. Ele fez um esforço consciente para
se concentrar.
— Vou garantir que você tenha registros aceitáveis para os seus chefes
para mostrar que a investigação foi concluída. — disse Ordo.
— E que os suspeitos... digamos que eu soubesse que eles eram do
interesse da inteligência militar, então me retirei de mais envolvimento.
— Bem, posso garantir que eles não vão mais incomodá-la.
Ordo ainda esperava que ela perguntasse exatamente o que Vau havia
feito com a verdadeira Vinna Jiss, e o que Ordo faria com os funcionários
que vazavam informações – Jinart havia identificado duas... e mil outras
perguntas. Gostaria de saber tudo, mas Wennen apenas se ateve ao que
precisava saber para encerrar a sua parte da vigilância. Não entendia essa
reação.
— O que acontece com você agora? — ele perguntou.
— Volto ao meu departamento de manhã e pego o próximo arquivo.
Provavelmente sonegação de impostos corporativos. — Ela o desacelerou
com uma mão cuidadosa em seu braço. Ele deixou aquele toque o arrepiar
agora. Ele ainda estava desconfortável, mas estava menos perturbado com a
atração. — E quanto a você?
— Reduzindo números da folha de pagamento. Fi sugeriu chamar de
rotatividade de pessoal, no espírito do eufemismo militar.
Pareceu levar alguns momentos pra ela entender o que ele queria dizer.
Franziu o cenho levemente.
— Quem está relatando não notou que está desaparecido?
— Jinart diz que só ligam a cada quatro ou cinco dias. Isso nos dá uma
janela de tempo para trabalharmos por dentro.
— Você nunca tem medo?
— Quando os tiroteios começam, frequentemente. — Ocorreu-lhe que
ela provavelmente achava desconfortável a ideia de assassinato, mas ela não
disse isso. — Mas não tenho tanto medo quanto estaria se estivesse
operando sem armas. Seus superiores realmente deviam armar você.
Eles alcançaram as portas da sala de operações. Parou de repente.
— Eu sei que isso não tem mais nada a ver comigo, mas você faria algo
por mim?
— Se eu puder.
— Quero saber quando você vai passar por isso. — Ela pareceu perder
um pouco da compostura. — E os seus irmãos e o seu sargento feroz, é
claro. Eu gosto bastante dele. Você irá me ligar? Não preciso de detalhes.
Apenas uma palavra para me informar que tudo correu bem, seja o que for.
— Acho que podemos conseguir isso. — disse Ordo.
Era aqui que viraria à esquerda para ir à Contabilidade, para encontrar
Hela Madiry, uma funcionária que chegava à idade da aposentadoria,
apenas uma mulher comum que por acaso tinha primos distantes em Jabiim.
Depois, visitaria a Manutenção de Transporte e procuraria um jovem que
não tinha lealdade ou ideologia familiar nesta guerra, mas que gostava dos
créditos que os Separatistas lhe pagavam. Os seus motivos não faziam
diferença: ambos morreriam muito em breve.
— Tome cuidado... Soldado Corr. — disse Besany.
Ordo tocou os dedos enluvados na testa em uma saudação informal.
— Você também, senhora. Você também.
Zona comercial 6, passarela 10 no cruzamento da via aérea 348, 0950 horas, 385 dias após
Geonosis
E ra hora do almoço.
A maior decisão que a maioria das pessoas tomava naquela hora do
dia no centro de logística era comer na cafeteria ou encontrar um local no
pátio público próximo para desfrutar de um lanche ao ar livre.
A decisão de Ordo era usar o Verpine ou caminhar até a traidora Hela
Madiry, manobrá-la em um canto sombrio e depois estrangulá-la ou cortar a
sua garganta.
Verpine. Era a melhor escolha. Rápido e silencioso, desde que o projétil
não a atravessasse e atingisse algo que fizesse barulho.
Madiry estava sentada à sombra de uma floreira cheia de arbustos
amarelos vívidos, comendo um palito de pão e lendo uma holorrevista,
alheia à sua expectativa de vida. Ordo estava sentado à sombra de uma
árvore bem cuidada com o datapad no colo, calculando a vida restante dela
em minutos.
Não havia ninguém a dez metros dela, mas havia uma holocâmera de
segurança.
Um homem se sentou no banco ao lado dele.
— Bem, o nosso jovem amigo na Manutenção de Transporte acabou de
sofrer um infeliz acidente com uma plataforma de repulsão. Obrigado pelo
uso dos seus códigos de segurança.
— E ele não se transformou em um Gurlanin, espero.
Mereel parecia totalmente estranho, com cabelos e olhos claros. Até a
pele dele estava dois tons mais pálida. Não combinava com ele.
— Não, vod'ika, ele se transformou em um humano morto. Crânios e
repulsores não se misturam. Confie em mim.
— Apenas checando.
— Você ainda não contou a Kal'buir sobre Ko Sai, contou? — Mereel
perguntou.
— Eu pensei que ele poderia ficar menos distraído se esperarmos até que
esta missão esteja concluída.
— Ele é um verdadeiro verd, um guerreiro. Ele nunca se distrai quando o
tiroteio começa.
— Não há pressa. — disse Ordo.
Mereel deu de ombros. Sem a armadura e o kama, agia de maneira
convincentemente civilizada.
— Então, devo me afastar?
Ordo estava observando a holocâmera de segurança que cobria a área
entre a mulher e os banheiros públicos vinte metros adiante.
— Você pode interromper aquele circuito de holocâmeras pra mim ao
meu sinal?
Mereel procurou algo no casaco e puxou um estilete fino. Era um
disruptor PEM.
— Eu posso fazer isso sem sair do lugar, ner vod.
— Certo, vou lhe dar um lembrete para apagar a câmera quando estiver a
cinco metros dela.
Mereel tocou no ouvido.
— Comunicador ativado.
Ordo respirou lentamente algumas vezes. Ele havia removido o material
dobrável do rifle Verpine; agora era curto o suficiente para esconder sob
uma pasta de documentos. Ele parecia qualquer outro clone trooper
anônimo, de capacete e convalescente, brincando de garoto de escritório e
carregando arquivos de flimsi.
— Vai. — disse Ordo, e levantou-se.
Caminhou em direção aos banheiros, que o levavam a um caminho além
da mulher Madiry.
— Mereel, apague a câmera.
Tinha alguns instantes antes de um console de segurança avistar a
interrupção e tentar consertá-la. Ele deu cinco passos rápidos e se inclinou
sobre Madiry como se quisesse fazer uma pergunta.
Ela olhou para cima como se um velho amigo a tivesse assustado.
— Olá, trooper.
— Olá, aruetii. — disse Ordo. Ele puxou o Verp e efetuou dois disparos
à queima-roupa na testa dela e um terceiro abaixo em um ângulo na parte
superior do peito. Um disparo bateu na floreira de terra atrás dela. Ordo não
tinha ideia de onde os outros dois foram, mas a informante estava morta
agora e ela simplesmente caiu, de cabeça baixa como se ainda estivesse
lendo, com uma poça de seu sangue brilhante na tela da holorrevista.
Ordo colocou o Verp de volta na pasta de documentos e se afastou.
Foram necessários menos de dez segundos para que Mereel saísse.
Ninguém sequer o olhou quando caminhou calmamente em direção ao
complexo do GER, passou por ele e encontrou Mereel do outro lado das
áreas de estacionamento mais rápidas. Eles desapareceram no mar de
veículos e montaram a speederbike Aratech para voltar à base.
Kal'buir sempre dizia aos Nulos que eram a morte instantânea sobre
pernas. Ordo gostava de fazer jus a essa avaliação. Os seus pensamentos
estavam em Besany Wennen enquanto partia, e como era bom não ter tido
que matá-la também.
Casa operacional, Refúgio do Qibbu, 1330 horas, 385 dias após Geonosis
Etain sabia.
Ela sabia que isso aconteceria com o tempo, mas acontecera agora, em
duas breves e maravilhosas semanas. A paisagem da Força que a cercava
havia mudado sutilmente e ela sentia estranheza e o propósito dentro dela,
propósito que era de outra pessoa.
Dizia-se que as fêmeas sensíveis à Força podiam frequentemente
detectar o momento em que concebiam. E era verdade.
Etain ficou na plataforma de pouso por um tempo, procurando o medo
que sempre imaginou que viria por dar aquele passo irrevogável e sem
conhecer todas as suas consequências. Mas não havia medo. Havia
simplesmente uma agradável sensação de certeza, quase como mãos
pressionando seus ombros.
E uma visão clara, na parte de seu cérebro que via o universo sem
imagens, mostrava um novo caminho através de trilhas de luz colorida e
com teias. À sua maneira prosaica, lembrava um holográfico, mas era
menos sólido, com seus fios e linhas mudando.
O novo caminho marcado através do emaranhado de fios coloridos era
pálido, prateado e grosso, e dele brotavam gavinhas de prata que
serpenteavam nos emaranhados do resto da imagem. Essa nova vida que ela
carregava seria significativa e tocaria muitas outras. A Força era clara se
você a ouvisse atentamente, e desta vez ela dizia: Isso não está errado.
Em Qiilura, eu invejava a certeza de Jinart. Invejava a de Mestre Fuller
também. E agora eu a tenho finalmente.
Foi quase de bom grado. Saboreou o sol quente no rosto, com os olhos
fechados por alguns instantes e depois voltou para a sala principal. Parecia
estranhamente vazia: Delta e Ômega estavam dormindo, com as portas
fechadas. Ordo desaparecera com Mereel, e Corr deixou um datapad
ativado para registrar movimentos de suspeitos no holográfico enquanto ele
fazia uma refeição.
Vau tinha se esticado em uma cadeira com o strill no colo, enquanto
Skirata estava sentado à sua frente, com as botas na mesa baixa, de olhos
fechados e mãos cruzadas no peito. Etain o observava, sabendo que talvez
precisasse lhe contar antes mesmo de contar a Darman: precisaria da ajuda
de Skirata, de sua lista de contatos e lugares para desaparecer.
Darman ficaria impressionado com tudo isso quando precisava manter a
mente na luta. Mas Skirata era um homem do mundo, que nunca se
perturbava por nada; ele entenderia o que ela estava dando a Darman e iria
querer ajudar.
Ainda não, no entanto.
Enquanto observava Skirata, Niner saiu do quarto de uniforme vermelho,
coçando a cabeça com as duas mãos. Ele pegou um copo de água e
atravessou a sala em lento silêncio para ficar contemplando Skirata
adormecido com uma leve carranca. Então voltou para o quarto. Alguns
momentos depois, ele voltou com um cobertor e o colocou sobre o sargento,
assentando-o com cuidado. Pela primeira vez o homem não se mexeu.
Niner ficou parado por um tempo, simplesmente olhando para o rosto,
perdido em pensamentos.
— Ele está bem. — Etain sussurrou.
— Apenas verificando. — disse Niner calmamente, e voltou para o
quarto.
Etain ficou desfocada por alguns momentos e procurou Darman na
Força: como sempre, ele era um poço de calma e certeza, mesmo enquanto
dormia. Quando se concentrou na sala novamente, percebeu que Skirata
havia aberto os olhos.
— Você está bem, ad'ika? — ele disse. — Aquele era o Niner agora?
— Estou bem. — Ele estava de melhor humor agora. Talvez ele
considerasse o assunto entre ela e Ordo encerrado. — Sim. Ele estava
checando você.
— Ele é um bom rapaz. Mas ele deveria estar dormindo um pouco. —
Ele passou os cabelos pelos dedos, bocejando. — A fadiga afeta o
julgamento.
— Mas não o seu. — disse Vau calmamente.
Skirata estava alerta em um piscar de olhos e jogou as pernas sobre a
mesa no chão. Vau poderia derrubá-lo tão seguramente quanto um
brinquedo mecânico.
— Se eu não for rápido o suficiente quando os tiroreios começarem, o
problema é meu. Estou acostumado com isso.
— Sim, todos nós sabemos. — Vau se virou para Etain. — Normalmente
é aqui que ele começa a me dar um sermão sobre a sua infância horrível
como um órfão de guerra faminto e selvagem em algum local
bombardeado, e como eu simplesmente fugi para me tornar um mercenário
porque estava entediado com a minha família rica e ociosa.
— Bem, isso me poupou algum tempo. — disse Skirata irritado. — O
que ele disse.
— Você tem uma família, Vau? — Etain ficava subitamente hipnotizada
por pessoas que tinham vidas e pais. — Você tem contato com eles?
— Não. Eles me cortaram quando me recusei a escolher a carreira que
eles queriam para mim.
— Esposa? Filhos?
— Querida garota, nós somos Cuy'val Dar. As pessoas que precisam
desaparecer por oito anos ou mais não são do tipo familiar. Exceto Kal, é
claro. Mas sua família não esperou por você, não é? Está tudo bem, no
entanto. Você tem muito mais filhos agora.
Se Etain não soubesse nada de Skirata, ou mesmo de Vau, era o tipo de
brincadeira garantida para começar uma briga. Skirata ficou absolutamente
e instantaneamente branco de raiva. Uma coisa que sabia sobre os
Mandalorianos era que o clã era uma questão de honra. Skirata caminhou
até Vau muito devagar e o strill acordou, choramingando.
Etain verificou que a jaqueta de Skirata, com o seu conjunto letal de
lâminas, ainda estava pendurada nas costas da cadeira. Skirata balançou a
cabeça, lento e deliberado. Vau era muito mais alto e alguns quilos mais
pesado, mas Skirata nunca parecia se preocupar com esse tipo de detalhe.
— Mas isso é o bom em ser Mando. Se você não conseguir a família que
deseja, pode escolher uma. — De repente, ele parecia mais velho e muito
triste, pequeno, esmagado pelo tempo. — Você vai contar a ela? Certo,
Etain, os meus filhos me renegaram. Na lei Mandaloriana, as crianças
podem negar legalmente os pais que as envergonham, mas isso é raro. Os
meus filhos foram embora com a mãe quando nos separamos, e quando eu
desapareci em Kamino e eles não conseguiram me localizar, eles me
declararam dar'buir. Não mais pai.
— Oh, céus. Oh, me desculpe. — Etain sabia o quão sério isso seria para
um Mando'ad. — Você descobriu isso quando deixou Kamino?
— Não. Jango trouxe a notícia de que eles estavam procurando por
mim... quatro anos depois? Talvez três? Eu esqueço. Dois filhos e uma
filha. Tor, Ijaat e Ruusaan.
— Por que eles estavam procurando por você?
— Minha ex-esposa morreu. Eles queriam que eu soubesse.
— Ah...
— É.
— Mas você poderia ter dito a eles onde você estava na época. Jango
poderia ter falado com eles.
— E?
— Você poderia ter feito as pazes com eles.
— E?
— Kal, você poderia ter explicado a eles de alguma forma e parado isso.
— E revelar que tínhamos um exército em treinamento? E comprometer
a segurança dos meus rapazes? Nunca. E nem uma palavra para nenhum
dos garotos, ouviu? É a única coisa que eu sempre escondi deles.
Ele tinha sacrificado o seu bom nome e a última possibilidade do amor e
perdão de sua família pelos homens que estava treinando. Isso bateu forte
no peito de Etain como um golpe.
Virou-se para Vau.
— Você vê os seus homens como filhos?
— Claro que sim. Eu não tenho outros. É por isso que fiz deles
sobreviventes. Não acho que não os ame só porque não os mimo como
crianças.
— Lá vamos nós. — disse Skirata, todo cheio de desprezo. — Ele vai lhe
dizer que o pai dele bateu no osik nele e isso fez dele um homem. Nunca fez
mal a ele, não senhor.
— Eu perdi apenas três homens do meu lote, Kal. Isso diz muito sobre os
meus métodos.
— Então eu perdi quatorze. Você fazendo cena?
— Você deixou os seus suaves. Eles não têm esse limite assassino.
— Não, eu não brutalizei os meus, como você fez com os seus, seu
hut’uun.
Etain se colocou entre eles, com os braços estendidos, pedaços de
conversas antigas se encaixando com uma clareza terrível. O strill começou
a rosnar e foi ao chão para andar de maneira protetora na frente de Vau.
Era tão bom que as portas do quarto estavam fechadas.
— Por favor, parem com isso. Não queremos que os homens os ouçam
brigando agora, não é? Como Niner diz, guardem para o inimigo.
Skirata virou a cabeça com aquele repentino foco total que fez Etain
experimentar uma onda na Força. Mas não foi a reação de raiva de um
homem que foi atingido por uma observação dolorosa. Era uma angústia
genuína. Ele olhou paro Mird como se estivesse pensando em dar um bom
chute nele, depois mancou para a plataforma de pouso.
— Não faça isso com ele. — ela disse a Vau. — Por favor. Não.
Vau simplesmente deu de ombros e pegou o enorme strill em seus braços
como se fosse um filhote, que lambeu o seu rosto com adoração.
— Você pode lutar frio como gelo ou como fogo em brasa. Kal luta com
calor. É a fraqueza dele.
— Você parece um velho Mestre meu. — disse Etain, e saiu para a
plataforma depois de Skirata.
As vias aéreas de Coruscant se estendiam acima e abaixo deles, dando
uma ilusão de infinito. Etain se apoiou no trilho de segurança com a cabeça
nivelada com a de Skirata enquanto eles olhavam pra baixo. Procurou o
rosto dele.
— Kal, se você gostaria que eu fizesse algo sobre Vau...
Ele balançou a cabeça rapidamente, com os olhos ainda abatidos.
— Obrigado, ad'ika, mas eu posso lidar com esse monte de osik.
— Nunca deixe um valentão te manipular.
A mandíbula de Skirata trabalhou silenciosamente.
— Eu sou o culpado.
— Do quê?
— De enviar garotos para a morte.
— Kal, não faça isso consigo mesmo.
— Peguei os créditos, não peguei? Jango assobiou e eu vim correndo. Eu
os treinei desde garotos. Garotinhos. Oito, nove anos de nada além de
treinamento e luta. Sem passado, sem infância, sem futuro.
— Kal...
— Eles não saem. Eles não ficam bêbados. Eles não correm atrás de
mulheres. Nós os perfuramos e os medicamos e os conduzimos de uma
batalha para a outra sem um dia de folga, sem descanso, sem diversão, e
depois os raspamos do campo de batalha e enviamos os que restaram para a
frente de combate.
— E você ao lado deles. Você deu a eles uma herança e uma família.
— Eu sou tão ruim quanto Vau.
— Se você não estivesse lá, o seu lugar seria ocupado por outro como
ele. Você deu aos seus homens respeito e carinho.
Skirata soltou um longo suspiro e cruzou as mãos, com os cotovelos
ainda apoiados no parapeito da varanda. Uma buzina de speeder tocou bem
abaixo deles.
— Sabe de uma coisa? Exercícios de tiro ao vivo. Eles começaram aos
cinco anos em seu desenvolvimento. Isso significa que enviei garotos de
dez anos para morrer. E onze e doze, e até o momento em que se tornaram
homens. Perdi quatro do meu lote em acidentes de treinamento e... alguns
deles caíram por minha causa, do meu rifle, do meu realismo. Pense nisso.
— Ouvi dizer que isso acontece em qualquer exército.
— Então me faça a pergunta. Por que eu nunca disse, uau, chega? Eu
tive alguns pensamentos desagradáveis sobre você, ad'ika, por que o seu
tipo nunca se recusou a liderar um exército de escravos. E então pensei,
Kal, seu hut’uun, você é igual a ela. Você nunca se levantou contra isso.
— Seus soldados te adoram.
Skirata fechou os olhos e em seguida apertou-os com força por um
momento.
— Você acha que isso me faz sentir melhor? Esse strill fedorento ama o
Vau. Monstros são amados irracionalmente o tempo todo.
Etain se perguntou se deveria acalmá-lo influenciando judiciosamente
sua mente para que ele não se sentisse culpado. Mas Skirata era seu próprio
homem, perspicaz o suficiente para detectar sua influência mental e afastar
sua manipulação. Se ela pedisse a sua cooperação... não, Skirata nunca
seguiria o caminho mais fácil. Não tinha nenhum conforto para oferecer a
ele que não pioraria as coisas.
Isso fazia parte de sua coragem única e atraente. A sua primeira
impressão foi de que ele seria um homem cuja aparência exterior era
simplesmente de um machismo envergonhado. Mas Skirata não tinha
vergonha de suas emoções. Ele tinha a coragem de usar o coração na
manga. Provavelmente foi o que o tornou ainda mais eficaz em matar: ele
podia amar tanto quanto podia socar.
Força, pare de me lembrar. Dualidade. Eu sei. Eu sei que você não pode
ter luz sem escuridão.
As suas lutas espirituais eram irrelevantes agora. Estava carregando o
filho de Darman. Queria contar a ele e sabia que tinha que esperar.
— Você os ama, Kal, e o amor nunca está errado.
— Sim, eu amo. — O seu rosto duro e marcado era um ícone de
sinceridade apaixonada. — Todos eles. Comecei com cento e quatro
aprendizes, mais os meus rapazes Nulos, e agora tenho noventa comandos
restantes. Dizem que os pais nunca devem sobreviver aos filhos. Mas estou
sobrevivendo a todos e suponho que o castigo me sirva bem. Eu fui um
péssimo pai.
— Mas...
— Não. — Ele levantou a mão para detê-la, e ela fez uma pausa. Skirata
era uma autoridade benigna, mas absoluta. — Não é o que você pensa. Não
estou usando esses rapazes para salvar minha consciência. Eles merecem
coisa melhor que isso. Estou apenas usando o que aprendi... para eles.
— Isso importa, desde que sejam amados?
— Sim. Preciso saber que me preocupo com eles por quem são, ou os
terei consignado a serem coisas novamente. Somos Mandalorianos. Um
Mandaloriano não é apenas um guerreiro, sabe. Ele é pai, e é filho, e a sua
família é importante. Aqueles garotos merecem um pai. Eles também
merecem filhos e filhas, mas isso não vai acontecer. Mas eles podem ser
filhos, e as duas coisas que você tem o dever de ensinar a seus filhos são a
autoconfiança e que você daria sua vida por eles. — Skirata apoiou-se nos
braços cruzados e olhou novamente para o abismo nebuloso. — E eu daria,
Etain. Eu daria. E eu deveria ter tido esse grau de convicção quando
comecei essa triste bagunça com Kamino.
— E saído? E os deixado assim? Porque isso não teria mudado nem um
pouco o programa de clones, mesmo que isso te fizesse sentir como se
tivesse tomado uma posição corajosa.
— É assim que você se sente?
— Que perseguir e se recusar a liderá-los é mais para meu conforto do
que o deles?
Ele abaixou a cabeça nos braços cruzados por um momento.
— Bem, isso responde à minha pergunta.
Como Jedi, Etain nunca conheceu um pai de verdade mais do que um
clone, mas naquele momento sabia exatamente quem ela queria que ele
fosse. Aproximou-se de Skirata para deixar o braço cair no ombro dele e
descansou a cabeça na dele. Uma lágrima brotou no canto enrugado do olho
dele e depois rolou por sua bochecha, e ela a enxugou com a manga. Ele
conseguiu sorrir, apesar de manter o olhar fixo no tráfego bem abaixo.
— Você é um bom homem e um bom pai. — disse ela. — Nunca deve
duvidar disso por um momento. Seus homens não duvidam, e eu também
não.
— Bem, eu não era um bom pai até que eles me tornaram um.
Mas agora ele também seria um avô; e sabia que isso o deixaria
encantado. Havia devolvido a Darman o futuro dele. Fechou os olhos e
saboreou a nova vida dentro dela, forte, estranha e maravilhosa.
Refúgio do Qibbu, bar principal, 1800 horas, 385 dias após Geonosis
O strill era uma pequena luz brilhante de pura alegria, enquanto corria ao
longo da passarela à frente de Etain e Vau. Ainda havia alguns pedestres,
deixando fábricas e oficinas à noite, e Vau havia tirado o capacete.
Aparentemente, parecia que uma placa preta opaca e blindada no peito não
chamava atenção, mas não era um bairro onde um visor Mandaloriano
distinto passava despercebido.
O strill tinha o cheiro do homem. Ele tinha vantagem sobre eles, mas
Mird não se abalava, e Etain podia seguir a trilha de pânico e medo quase
tão bem quanto o animal. Ela conseguiu localizar a área: Mird conseguiu
rastrear pelo cheiro depois de ter reduzido a área de busca.
É uma coisa estranha para uma mulher grávida estar fazendo. O meu
filho já pode sentir o que está acontecendo ao seu redor? Espero que não.
Vau estava logo atrás dela, correndo a um ritmo constante.
— Estou muito impressionado. — ele ofegou. — Você e o strill
trabalham muito bem juntos. Eu gostaria que Kal pudesse ver isso.
Etain imaginou que era assim que Vau caçava com Mird, silencioso e
persistente, cobrindo o chão hora após hora até que tivessem encurralado as
suas presas ou falhado. O homem que conseguiu fugir do ataque na pista de
aterrissagem os levou a um labirinto de torres de apartamentos em ruínas na
orla da zona industrial.
Depois de um tempo, Etain alcançou Mird e o encontrou agachado,
impaciente, junto a um conjunto de portas que davam para um prédio
residencial gasto. Dois jovens de aparência desagradável, descansando na
esquina da passarela, começaram a andar em sua direção, olhando
zombeteiramente, mas então Mird abriu a sua enorme boca e soltou um
rugido de aviso. Vau apareceu na esquina, com o rifle Verpine erguido em
uma mão.
Os jovens fugiram.
— E ainda dizem que os jovens de hoje não têm inteligência. — disse
Vau. Ele tirou um disruptor do cinto e enfiou no painel da porta. As portas
se abriram. — Entre.
Mird correu à frente e derrapou no turboelevador, virando a cabeça para
suplicar ao seu mestre. Vau colocou um dedo nos lábios e apontou pra cima.
Eles entraram no turboelevador e o strill pressionou o nariz contra o
pequeno espaço entre as portas enquanto o carro subia. Quando passaram
pelos andares 134 e 135, ficou frenético e a sua cauda batia no chão, mas
não emitia nenhum som. Vau parou o elevador no 136º andar e eles
desceram. Havia uma escada de emergência entre os andares. Etain quebrou
a vedação com um empurrão assistido pela Força e desceu as escadas.
— Oya, Mird! Caçar!
Mird passou por ela. Podia sentir a perturbação na Força, e oa seus
respectivos instintos os levaram ao 134º andar. Mird fungou ao longo do
corredor e parou do lado de fora da porta de um apartamento, acomodou-se
nas patas traseiras e olhou atentamente para o painel da porta.
Vau colocou uma mão restritiva em seu braço.
— Sei que um Mandaloriano considera uma guerreira como a sua igual,
minha querida, mas acho que devo me oferecer para fazer esse trabalho.
— Eu vou fazer isso. — disse ela. Ela tinha que fazer.
Vau abriu a fechadura. O strill correu pelo corredor, quase plano no chão,
e Etain o seguiu, acionando os dois sabres de luz.
Ocorreu-lhe que poderia ter tropeçado em uma família ali, e depois
ganhar um dilema: uma Jedi com dois sabres de luz ativados, uma sala
cheia de testemunhas e um terrorista encolhido. O que eu faria? O que eu
farei? Mas sentiu que não seria o caso. Era apenas mais um medo de quão
longe poderia estar preparada para ir.
Abriu cada porta com a Força, movendo-se levemente, olhando para
dentro.
Um jato de fogo blaster foi cuspido pela porta e pegou o strill em seu
lugar. Etain ouviu Vau ofegar. Mird gritou e se virou, arrastando uma perna,
e depois se forçou a perseguir o agressor, mas ela estendeu um braço e ele
parou.
— Saia, Mird! — ela sussurrou.
Etain respirou fundo e entrou na sala para encontrar outra saudação de
fogo blaster. Cruzou as lâminas azuis de energia e afastou os raios com um
movimento de separação de seus braços. Eu não sabia que podia fazer isso.
Era puro instinto, extraído das profundezas dela e de muitos anos no
passado.
Lançou-se em frente para a matança. Como sempre, viu pouco e não
sentiu nada tangível, nenhum choque nos braços, nenhuma resistência ao
varrer as lâminas, mas sentiu a Força mudar. Uma breve luz brilhou e
morreu.
Apagou o sabre de luz do Mestre Fuller e enfiou-o na túnica com uma
mão enquanto mantinha o seu ativado, por precaução. Não sentiu mais
ninguém. Mird entrou mancando na sala atrás dela, e ela sabia que estava
olhando em seu rosto, embora houvesse apenas a luz dispersa pela janela de
uma cidade que nunca estava completamente escura.
— Oya. — ela sussurrou, sem saber o que o comando poderia significar
neste caso.
Mas Mird rosnou silenciosamente e saltou sobre o corpo do homem que
havia matado. Desligou o sabre de luz e saiu do apartamento, e Mird saiu
mancando alguns momentos depois, mastigando alegremente. Não olhou
muito de perto o que ele tinha nas mandíbulas. Ele engoliu ruidosamente.
— Pobre Mird. — Vau suspirou. — Aqui, bebê, venha aqui. — Ele
pegou o strill nos dois braços e o levou ao turboelevador. Uma de suas
pernas tinha sido queimada pelo blaster.
Etain abriu o seu comunicador.
— Kal, todos estão contabilizados.
— Bom trabalho. — disse a voz de Kal. Ele parecia cansado. — Vejo
vocês no ponto de encontro.
Mird deixou Etain colocar as mãos na perna dele para curá-lo enquanto o
elevador descia até o térreo. Vau o levou por todo o caminho de volta ao
speeder. Era um animal grande e pesado, mas ele se recusava a deixá-lo
andar. Etain o pegou no colo e aliviou a dor quando Vau ligou o speeder e
eles se dirigiram para o ponto de encontro.
Parecia não haver nada que Vau não faria por Mird. Ele amava aquele
animal.
Ponto de encontro, a dois quilômetros do depósito da CoruFresh, 2320 horas, 385 dias após
Geonosis
FSC não sabia o quão corajosos haviam sido até ouvir no boletim da
A HNE.
Fi decidiu tratar a cobertura como engraçada, e não como outro caso dos
esforços de seus irmãos que não foram reconhecidos. Skirata o avisou que
todo o pessoal das forças especiais tinha que lidar com isso, clone ou não,
então não era nada pessoal.
Enfim, isso não importava. Ele estava encostado em um bar, um bar
limpo, que não deixava os seus cotovelos ensopados, cercado por pessoas
que não eram criminosas; a menos que você contasse com o Sargento Kal, é
claro, e ele era um caso especial, porque a caça extrema a recompensas não
era realmente um crime. E os policiais estavam comprando bebidas pra ele
e apertando a sua mão, dizendo que os seus amigos teriam virado nerf se ele
não tivesse se jogado naquela granada durante o cerco ao espaçoporto. Era
incrível como eles ainda se lembravam disso.
Fi não teve coragem de dizer que ele simplesmente fez o que anos de
treinamento fizeram o seu corpo realizar involuntariamente, e que ele não
sabia como fazer outra coisa. Ele simplesmente sorriu e gostou da adulação.
Gostou da camaradagem.
Alguns deles também eram oficiais do sexo feminino. Elas ficaram
fascinadas com a armadura dele. Ele gostava de explicar as partes e funções
para elas, e se perguntou por que elas riram quando disse como era fácil
tirar.
Ordo entrou com Obrim e juntou-se a Fi no bar. Obrim entregou a ambos
um copo de uma cerveja de cor clara, instantaneamente outro irmão de
uniforme com uma compreensão tácita de como as coisas eram.
— Vejo que eles melhoraram a sua armadura novamente. — disse ele,
batendo no peitoral de Fi com a articulação do dedo indicador. —
Acabamento diferente. Elegante.
— Bem, precisam testar o novo equipamento em alguém, e nós somos
tão estilosos.
— Suponho que eles podem pagar, agora que há menos de vocês para
equipar. — disse Obrim, caindo no sinistro cinismo de homens que
costumavam estar à mercê de contadores.
— Porque os sacos para cadáver são muito mais baratos.
— Que sacos para cadáver? — Disse Fi.
— Sério?
— Não é o jeito Mando. Ou da República.
— Kriffing avarentos. — Obrim suspirou irritado. Em seguida, indicou
Mereel, que estava cercado por um pequeno grupo de oficiais, além do
esquadrão Delta, rindo ruidosamente. — Vejo que o seu irmão está
ensinando aos garotos alguns palavrões em Mando’a. É verdade que vocês
não têm uma palavra para “herói”?
— Sim, mas temos uma dúzia para “facada”.
Obrim quase riu.
— E quantas para fritar alguém com um blaster?
— Toneladas. — disse Fi. — Não sabemos muito sobre arte, mas
sabemos do que gostamos.
Ordo examinava o bar lotado com a testa franzida. Fi seguiu o seu olhar.
Perguntou-se se estava verificando onde Etain e Jusik estavam, porque os
Jedi não se encaixavam facilmente na atmosfera estridente de um clube
social da polícia, mas lá estava Jusik, todo sorridente, envolvido em uma
intensa conversa com dois oficiais forenses Sullustanos. Darman discutia
calorosamente com Corr e dois homens que Fi reconheceu como
especialistas em descarte de bombas da FSC do cerco ao espaçoporto. Niner
e Chefe pareciam ter sido atraídos para um jogo estranho com alguns outros
oficiais, que envolvia jogar uma faca nas finas esculturas de madeira acima
do bar, para grande aborrecimento do droide de serviço.
E Atin estava com Laseema no braço, olhando-o com adoração, mesmo
que ele ainda tivesse um olho roxo impressionante de sua briga com Vau.
Mas nem sinal de Etain e nem de Vau. Vau partira para outro trabalho,
não especificado, é claro. Darman ainda estava ali, no entanto, e isso
significava que Etain também estava por enquanto.
Ordo parecia estar concentrado na porta.
— Qual é o seu problema, ner vod?
— A agente Wennen disse que viria. — disse Ordo. Ele parecia
estranhamente desajeitado, parecendo pela primeira vez como se não
soubesse o que fazer a seguir. — Vou dar uma olhada. É um bar grande.
Obrim o observou partir.
— Fi. — ele disse, — você se importa se eu perguntar algo pessoal?
— Eu sempre tento ajudar a polícia com seus inquéritos, Capitão.
— Sério, filho. Kal fala comigo sobre todos vocês. Eu nunca soube como
vocês foram... criados para tudo isso. Desculpa. Não consigo encontrar
outra palavra pra isso. Você não parece se ressentir. Eu ficaria furioso. Você
não tem raiva? Nem um pouco?
Fi desejou que Obrim não o fizesse pensar. De certa forma, tudo era
muito, muito mais simples em Kamino. Também era mais fácil ficar
sozinho, apenas com o seu esquadrão por companhia em algum planeta
osik'la explodindo droides. Havia um foco claro nisso. Coruscant era
realmente o campo de batalha mais difícil de todos, como o Sargento Kal o
havia advertido. Mas não foi porque haviam muitos perigos de não saber se
o inimigo estava ao seu lado. Foi porque mostrou a ele o que ele nunca
poderia ter.
— Eu pensei muito no ano passado. — disse Fi. — Sim, há muita coisa
errada. Eu sei que mereço mais do que isso. Eu quero uma garota legal e
uma vida e não quero morrer. E eu sei que estou sendo usado, obrigado.
Mas sou um soldado e também Mandaloriano, e a minha força sempre será
o que carrego dentro de mim, o meu senso de quem e o que sou. Mesmo
que o resto da galáxia afunde em sua própria imundície, eu morrerei sem
comprometer a minha honra. — Ele esvaziou o copo e começou o próximo
que estava alinhado no bar. Ele não gostava muito do sabor, mas acreditava
em ser educado. — É isso que me faz continuar. Isso e os meus irmãos. E
aquela cerveja que você me prometeu.
— Eu tinha que perguntar. — Obrim franziu o cenho rapidamente e
desviou o olhar por um momento. — Aquela bebida realmente fez você
continuar?
Pensou na inserção em Fest meses antes.
— Sim, Capitão. Às vezes sim.
Fi temia aonde a conversa poderia levá-lo, mas foi interrompido por um
grito alto vindo de baixo do bar. Skirata havia chegado e estava
demonstrando sua habilidade no jogo de arremesso de facas. Deixou voar a
sua faca cruel de três lados, batendo nas outras facas da madeira várias
vezes. O droide do bar protestou.
— Ele é bom demais nisso. — disse Obrim, e voltou-se para Fi
novamente para retomar a conversa. — Agora, sobre isso...
Fi não queria mais discutir isso. Ele se endireitou e chamou Skirata
através do bar.
— Sargento? Sargento! Quer mostrar a eles o Dha Werda?
Houve um grito de “Kandosii!” dos esquadrões.
— É, vamos lá, Sargento! Vamos mostrar a eles como se faz!
— Estou muito velho. — disse Skirata, pegando a faca.
— Não. — disse Fi, e aproveitou a chance para arrastar Skirata para
longe do jogo. — Você nos ensinou isso, lembra?
Skirata aceitou o convite e mancou para se juntar aos dois esquadrões,
que rapidamente abriram espaço no bar. Ordo, Mereel e Jusik se juntaram a
eles; Corr recuou, incerto. Os troopers raramente tinham a chance de ver o
canto ritual e muito menos aprendê-lo.
— Ainda não bebi o suficiente. — disse Skirata, — mas vou tentar.
Sem a sua armadura, ele parecia ainda menor entre os seus comandos do
que o habitual. O canto começou.
Taung sa rang broka!
Jetiise ka'ta!!
Dha Werda Verda a'den tratu!
Era uma ordem operacional como muitas outras que haviam recebido.
Niner olhou para o datapad e deu de ombros.
— Bem, isso será interessante. — disse ele. — Nunca trabalhei com a
Marinha Galáctica antes.
Skirata se sentou na mesa da sala de reuniões, balançando as pernas. O
Esquadrão Delta havia saído naquela manhã para preparar o campo de
batalha, um bom eufemismo militar para ir adiante do ataque principal e
sabotar os alvos estratégicos, em Skuumaa. O Ômega havia tirado o palito
um pouco mais longo e tinha uma tarefa semelhante a ser realizada pela
Marinha.
— Todo mundo está bem? — A pergunta foi dirigida a Darman tanto
quanto a qualquer um. — Alguma pergunta?
— Não, Sargento. — Fi parecia um pouco moderado. Atin realmente
parecia mais alegre do que Fi, o que era uma inversão interessante de
atitudes. — Será bom ver o Comandante Gett novamente.
— Gett quer que vocês embarquem na Destemida amanhã às setecentas e
sete. Portanto, se houver algo que vocês queiram fazer, façam hoje. —
Skirata enfiou a mão no bolso da jaqueta, pegou quatro fichas de crédito de
alta denominação e as distribuiu. — Vão em frente. Vocês já sabem o
caminho das partes interessantes de Coruscant agora. Vai demorar alguns
meses para vocês voltarem aqui.
— Obrigado, Sargento. — Atin levantou-se para sair. — Você ainda
estará aqui quando voltarmos hoje?
— Eu sempre encontro vocês, não é?
— Sim, Sargento. Você encontra.
Fi pegou o seu chip e o pressionou de volta na mão de Skirata.
— Obrigado. Preciso fazer uma calibração na minha Tela Visualização
Frontal. Hoje vou ficar no quartel.
— Ele ficou todo sério. — disse Niner. — Não sei o que aconteceu com
ele.
— Sou um herói desconhecido. — disse Fi. — Tenho a minha imagem
pública para proteger.
Os garotos Ômega, como todos os esquadrões, eram bem sintonizados
com as sensibilidades uns dos outros. Eles sabiam que Skirata estava por
perto para conversar sozinho com Darman. Niner empurrou Atin e Fi em
direção às portas.
— Até mais, Sargento.
Não havia dúvida de que Darman se juntaria a eles para um último dia na
cidade. Eles sabiam onde ele gostaria de gastar seu tempo. Skirata esperou
que as portas da sala de reunião se fechassem, e deslizou da mesa para ficar
na frente do assento de Darman.
— Agora, filho, alguma coisa está incomodando você?
— Não, Sargento.
— Etain vai a Qiilura por alguns meses, para começar a redução da
guarnição.
Darman realmente sorriu.
— Essa é uma implantação segura em comparação com os trabalhos que
ela selecionou recentemente. Estou feliz.
— Ela está andando pelo quartel esperando por você.
Darman pareceu aliviado. Respirou fundo e sorriu, mas era aquele
sorriso que Skirata tinha visto no rosto de muitos mercenários antes de
partirem para um novo campo de batalha.
Fierfek, devo contar a esse garoto agora? Devo dizer que ele tem um
filho a caminho? E se algo acontecer com ele antes que tenha a chance de
descobrir?
Skirata assumiu um risco repentino e impulsivo. Ele poderia lidar com
Zey mais tarde, como o projeto de lei da operação antiterror. Sempre é
melhor pedir perdão do que pedir permissão.
— Você pode ir para Qiilura com ela, se quiser.
Darman fechou os olhos. A dor apareceu em seu rosto.
— Eu tive essa escolha antes, Sargento.
— Você a ama, não é?
— Sim.
— Eu posso fazer isso acontecer. — Talvez não pareça certo pra você,
filho. Mas a escolha é sua. — Tudo o que você precisa fazer é dizer a
palavra, e Corr ocupará o seu lugar no esquadrão. Ele ainda está por aí. Zey
está me deixando treiná-lo.
Darman deixou escapar um longo suspiro e beliscou a ponta do nariz,
com os olhos ainda fechados. Quando os abriu, estavam cheios de lágrimas.
— Qiilura está seguro. O meu esquadrão se posiciona na linha de frente.
Como posso não estar lá com eles? Você poderia ter se afastado de Kamino
com uma fortuna e nunca ter pensado em outra coisa, mas também não
conseguiu.
— Aquilo foi diferente. Eu era um fracassado, um di'kutla...
— Não. Você foi leal.
— Você tem certeza disso? — Claro que você tem certeza. A sua
lealdade também é esmagadora. É assim que a República fedorenta usa
você. — Eu não pensarei menos de você se você for.
— Mas eu vou pensar menos de mim.
— Certo, não há necessidade de dizer a ela, então. Foi ideia minha, não
dela. E Ordo garantirá que vocês dois mantenham contato sempre que
quiserem.
Darman roçou a ponta do nariz e inspirou com força.
— Você sempre nos coloca em primeiro lugar.
— Eu sempre vou.
— Nós sabemos.
Sim. Ele sempre iria.
— Há duas maneiras de pensar em mulheres em tempos de guerra, filho.
Uma é ficar obcecado e deixá-las afastar a sua mente do trabalho, e isso te
mata. O outro é focar nelas como pelo que você realmente está lutando e
obter força ao saber que elas estarão lá quando você chegar em casa. — Ele
bateu na bochecha de Darman algumas vezes com a palma da mão, firme
mas paternal. — Você sabe qual vai escolher, não é, Dar?
— Sim, Sargento.
— Bom rapaz.
Skirata sabia que Darman nunca poderia chegar em casa, jogar a sua
mochila no chão da sala e soluçar no ombro de sua esposa, aliviado e
agradecido e jurando que seria sua última missão. Mas ele garantiria que o
aproximaria dessa doce normalidade que um soldado clone poderia chegar.
Pelo menos Etain entendia o que um soldado passava. Tudo o que
Skirata tinha que fazer era garantir que o garoto estivesse seguro quando ele
nascesse e educá-lo adequadamente. Jinart havia sustentado a sua parte do
acordo e veria que Etain estava cuidando de Qiilura. A transmorfa entendia
a obsessão de Skirata em cuidar de sua tribo. Ela mesma estava fazendo a
mesma coisa. Ambos eram combatentes sitiados sem amor pela República,
apenas uma tolerância desconfortável.
— Vá em frente, então, filho. — Skirata acenou com a cabeça em
direção às portas. — Vá e encontre Etain. Tenha um dia de folga. Sejam um
casal normal por algumas horas e esqueça que você é um soldado. Seja
discreto, só isso.
Darman sorriu e pareceu brilhar. Ele era um rapaz resiliente.
— Sargento. — ele disse. — Como posso esquecer que sou um soldado?
Não sei como ser outra coisa.
Skirata o observou ir e se perguntou quando o desejo de dizer a ele o
dominaria e isso desapareceria. Talvez Etain acharia a tensão muito grande
também. Era uma pena que algo que fosse fonte de alegria para as pessoas
comuns fosse tão perigoso para Darman e Etain.
Era uma guerra podre. Você deveria estar acostumado a tudo isso agora,
seu tolo. Mas ele duvidava que alguma vez estaria.
Skirata tinha muito para ocupá-lo enquanto o Ômega estava ausente:
dois datapads de valor e mais algumas coisas. Ele respirou fundo e abriu o
seu comunicador.
— Ordo? Mereel? Vamos caçar algumas iscas Kaminoanas de aiwha.
Temos planos a fazer. Oya!
Ele era um habilidoso caçador de recompensas: eles eram as melhores
tropas de inteligência da galáxia.
Não havia nenhum lugar na galáxia onde Ko Sai pudesse se esconder
deles.
GLOSSÁRIO
A
a (ah) Mando’a: mas
a’den (AH-den) Mando’a: fúria, furor
AA: antiaéreo
AAA: artilharia antiaérea
ad (ahd, s.); ade (AH-day, pl.) Mando’a: filhos/filho, filha
ad’ika (ah-DEE-kah, s.); ad’ike (ah-DEE-kay, pl.) Mando’a: filhos/filho, filha (usado
carinhosamente)
adenn (AH-tenn) Mando’a: impiedoso
aliit (ah-LEET) Mando’a: família, clã
an (ahn) Mando’a: todos
aruetii (ah-roo-AY-tee, s.); aruetiise (ah-roo-ay-TEE-say, pl.) Mando’a: estrangeiro, forasteiro,
traidor
atin (ah-TEEN) Mando’a: teimoso
B
baatir (BAH-teer, v.) Mando’a: cuidar, se preocupar
baay shfat: uma obscenidade de origem desconhecida sobre os Hutt
bal (bahl) Mando’a: e
Bal kote, darasuum kote, / Jorso’ran kando a tome. / Sa kyr’am Nau tracyn kad, Vode an. (Bahl
KOH-day, dah-RA-soom KOH-day, Jor-so-RAHN, KAHN-do ah TOh-may, Sah-kee-RAHM now
trah-SHEEN kahd VOH-day ahn) Mando’a: E glória, glória eterna, / Suportaremos seu peso
juntos. / Forjados como o sabre no fogo da morte, Irmãos todos. (antigo canto de
guerra Mandaloriano)
bucha de canhão: soldado (gíria)
buir (boo-EER) Mando’a: pai
buy’ce (BOO-shay, s.); buy’cese (pl.) Mando’a: capacete
buy’ce gal (BOO-shay gahl) Mando’a: caneca de cerveja (literalmente, os conteúdos de um
capacete)
Buy’ce gal, buy’ce tal / Vebor’ad ures aliit / Mhi draar baat’i meg’parjii’se / Kote lo’shebs’ul narit
(BOO-shay gahl, BOO-shay tahl Vair-BOR-ahd OO-rees AH-leet Mee DRAHR bah-TEE mayg-
PAR-jee-SEH Koh-TAY loh SHEBS-ool-NAH-reet) Mando’a: A pint of ale, a pint of blood /
Buys men without a name / We never care who wins the war / So you can keep your fame
(drinking chant of Mandalorian mercenaries)
C
ca (kah) Mando’a: noite
chakaar (cha-KAR, s.); chakaare (cha-KAR-ay, pl.) ladrão, ladrão de túmulos (termo geral de
insulto)
Cip-Quad: Quad blaster recíproco
CIS: Confederação de Sistemas Independentes
con: manobrar uma nave
conc (konk): rifle de concussão
CTP: Controle de Tráfego Perlemiano
Coruscanta (KOH-roo-SAN-ta) Mando’a: Coruscant
CRA: Comando de Reconhecimento Avançado
cuir (KOO-eer) Mando’a: quatro
cuun (koon) Mando’a: nosso
Cuy’val Dar (koo-EE-vahl dahr) Mando’a: aqueles que não existem mais (o termo é usado para um
grupo de instrutores de comandos clone escolhidos a dedo por Jango Fett)
cuyir (KOO-yeer, v.) Mando’a: ser, existir
D
D e R : Descanso e Recuperação
dar (dahr) Mando’a: não mais
dar’buir (DAHR boo-EER) Mando’a: não é mais um pai
dar’manda (dahr-MAHN-da) Mando’a: um estado de ser “não Mandaloriano”; não um forasteiro,
mas alguém que perdeu sua herança, e assim sua identidade e alma
darasuum (dah-RAH-soom) Mando’a: eterno, para sempre
DEC: Desaparecido Em Combate
DC: um modelo de rifle-DC (gíria)
det: detonador
dha (dah) Mando’a: escuro
di’kut (dee-KOOT, s.); di’kute (dee-KOOT, pl.); di’kutla (dee-KOOT-lah, adj.): idiota (indelicado)
dinuir (DEE-noo-eer, v.) Mando’a: dar
draar (drahr) Mando’a: nunca
dralshy’a (drahl-SHEE-ya) Mando’a: mais forte, mais poderoso
droten (DROH-ten) Mando’a: pessoas, público
E
e’tad (EH-tad) Mando’a: sete
ehn (ayhn) Mando’a: três
EM: electromagnético
eniki Huttês: entendi
F
FSC: Força de Segurança de Coruscant
G
gar (gahr, s. & pl.) Mando’a: você
Gar ru kyramu kaysh, di’kut: tion’meh kaysh ru jehaati? (Gahr roo keer-AH-moo kaysh, dee-
KOOT: tee-ON-mey-kaysh roo je-HAHT-ee) Mando’a: Você matou, seu idiota: e se ele estivesse
mentindo?
GBV: Grande Botão Vermelho (no original, BRB: Big Red Button (selo de emergência))
GER: Grande Exército da República
ge’verd (ge-VAIRD) Mando’a: quase um guerreiro
gihaal (gee-HAAL) Mando’a: farinha de peixe
granada de luz: granada de atordoamento (gíria)
gra’tua (gra-TOO-ah) Mando’a: vingança
H
HNE: HoloNet Notícias e Entretenimento
hukaat’kama (hu-KAHT-kah-MAH) Mando’a: proteja a minha retarguarda
hut’uun (hoo-TOON, s.); hut’uune (pl.); hut’uunla (hoo-TOON-lah, adj.) Mando’a: covarde
I
-ika (EE-kah, s.); -ike (EE-kay, pl.) Mando’a: sufixo para uso afetuoso (diminutivo)
INTMIL: inteligência militar
J
j’hagwa na yoka Huttês: sem problema
jatne (JAT-nay) Mando’a: melhor
jatne’buir (JAT-nay boo-EER) Mando’a: melhor pai
jetii (JAY-tee) Mando’a: Jedi
jetiise (jay-TEE-say) Mando’a: Jedi no plural, República
jorso’ran (jor-so-RAHN) Mando’a: deve suportar (arcaico)
jurkadir (JOOR-kahd-EER, v.) Mando’a: atacar, ameaçar, mexer com alguém
K
k’uur (koor) Mando’a: silêncio, quieto
kad (kahd) Mando’a: sabre, espada
kama (KAH-ma, s.); kamas (KAH-maz, pl.) or kamase (kah-MAH-say) Mando’a: cinto de armas
kando (KAHN-do) Mando’a: importância, peso
kandosii (kahn-DOH-see) Mando’a: bom, perverso, bem feito, elegante, nobre
kar’tayli ad meg hukaat’kama (kar-TIE-lie ahd mayg hu-KAHT-KA-mah) Mando’a:
aproximadamente "saiba quem está cuidando de você"
kar’taylir (kar-TIE-leer, v.) Mando’a: saber, guardar no coração
kaysh (kaysh) Mando’a: ele, ela
ke nu’jurkadir sha Mando’ade (keh NOO-joor-kahd-EER shah Mahn do-AH-day) Mando’a: não
mexa com Mandalorianos
kit: engrenagem, equipamento (gíria)
kom’rk (KOM-rohk) Mando’a: manopla
kote (KOH-day, KOH-tay, pl.) Mando’a: glória
kyr’am (kee-RAHM) Mando’a: morte
L
larty: uma embarcação, TABA/i
lo (loh) Mando’a: into
LIC: Lamentavelmente Incapaz de Comparecer
M
Mando (MAHN-do, s.); Mando’ade (Mahn-doh-AH-day, pl.) Mando’ad: Mandaloriano, filho/filha
de Mandalore
Mando’a (Mahn-DOH-ah): termo para a própria linguagem Mandaloriana
meg (mayg) Mando’a: que, o qual
meh (mey) Mando’a: se
mhi (mee) Mando’a: nós
MEA: morto em ação
Mirdalo Mird’ika!; Mando’a: esperto!
MEC: morto em combate
MAI: muito arrependimento, incapaz (gíria)
molhados; molhados: forma de vida orgânica (gíria)
N
N’oya’kari gihaal, Buir. (Noy-ah KAR-ee gee-HAAL, boo-EER): Eu tenho caçado farinha de peixe,
pai.
NAR: nave de ataque da República
nar dralshy’a (NAR-drahl-SHEE-ya) Mando’a: Ponha mais força nisto, esforçar-se mais
narir (nah-REER, v.) Mando’a: agir, fazer
naritir (nah-ree-TEER, v.) Mando’a: colocar
nau’ur (now-OOR, v.) Mando’a: iluminar
ner (nair) Mando’a: eu
ni (nee) Mando’a: eu, meu
ni dinui (NEE DEE-noo) Mando’a: eu dou
ni kar’tayl gar darasuum (nee kar-TILE garh dah-RAH-soom) Mando’a: Eu te amo
Niktose (neek-TOH-say, pl.) Mando’a: Nikto
NME: neutralização de materiais explosivos (desarmar bombas)
nynir (nee-NEER, v.) bater, golpear
O
BGD OE: Brigada de Operações Especiais
OCC: oficial de cenas de crime, oficial forense
OE: Operações Especiais
OITs: operações de interdição de tráfego
OPA; Opa: oficial principal de armas
ori; Mando’a: muito, excepcionalmente, extremamente
osik (OH-sik) Mando’a: bosta (indelicado)
osik’la (oh-SIK-lah) Mando’a: muito errado, horrível, confuso, ferrado, nojento
oya (OY-ah) Mando’a: vamos caçar
P
parjir (par-JEER, v.) Mando’a: vencer, ser vitorioso
PIM (s.); PIMs (pl.): Posição e movimento pretendido (termo naval para onde uma nave está e para
onde ele está indo)
PEP: pod de projétil de energia pulsada
palavra Kaminoana para esquadrão
PWO; Peewo: principal weapons officer
PE: ponto de encontro (gíria)
PEM (s.); PEMs (pl.): pulso electromagnético
Q
QG: quartel general
R
rayshe’a (ray-SHEE-ah) Mando’a: cinco
recce (s.); recces (pl.); recce (v.): reconhecimento, para o reconhecimento (militar)
resol (reh-SOL) Mando’a: seis
S
sa (sah) Mando’a: como, enquanto (comparativo)
SDB: super droides de batalha
sh’ehn (shayn) Mando’a: oito
shabiir (sha-BEER, v.) Mando’a: estragar (indelicado)
shabla: ferrado; adjetivo enfático indelicado em Mando’a
shabu’droten: palavrão em Mando’a sem tradução
shag Huttês: escravo
she’cu (SHAY-koo) Mando’a: nove
shebs (shebs, s.); shebse (SHEB-say, pl.) Mando’a: bunda, nádegas
solus (SOH-loos) Mando’a: um
SPC: solicitar o prazer de sua companhia (gíria)
Strill: mamífero carnívoro de cheiro pungente natural de Mandalore
su’cuy (soo-KOO-ee) Mando’a: oi
T
t’ad (tahd) Mando’a: dois
TABA/c: transporte de ataque a baixa altitude/carga
TABA/i: transporte de assalto a baixa altitude/infantaria
ta’raysh (ta-RAYSH) Mando’a: dez
Tagwa, lorda. Huttês: Sim, senhor.
takisir (TAH-kees-eer, v.) Mando’a: para insultar
tal (tahl) Mando’a: sangue
taung sa rang broka!/jetiise ka’rta: “A cinza do Taung/Bate forte no coração dos Jedi”.
te (tay) Mando’a: o/a (raro)
TEC: tempo estimado de chegada
tihaar (TEE-har) Mando’a: an alcoholic drink; a strong, clear spirit made from fruit
tion (TEE-on) Mando’a: prefixo para indicar uma pergunta
tion’meh (tee-ON-mey) Mando’a: e se
tome (TOH-may, pl.) Mando’a: juntos
tracyn (trah-SHEEN) Mando’a: fogo
traje branco: clone trooper (gíria)
Triplo Zero: coordenadas galácticas de Coruscant
troch (troch) Mando’a: certamente
tsad (sahd) Mando’a: aliança, grupo
U
udesii (oo-DAY-see) Mando’a: calma, relaxa
ures (oo-REES) Mando’a: sem, falta
urpghurit: obscenidade em um idioma desconhecido
usenye (oo-SEN-yay) vá embora (muito rude; da mesma raiz que osik)
V
vaii (vay) Mando’a: onde
vaiigar ru’cuyi (VAY gahr roo KOO-yee) Mando’a: onde você esteve
vasculhar: um exame, uma busca de uma nave (gíria)
verborir (VAIR-bor-EER, v.) Mando’a: comprar, contratar
verd (vaird, s.); verda (VAIR-dah, pl.) Mando’a: guerreiro, guerreiros (plural arcaico)
vod (vohd, s.); vode (VOH-day, pl.); vod’ika (voh-DEE-kah, affectionate) Mando’a: irmão,
irmã, camarada, colega
vor’e (VOHR-ay) Mando’a: obrigado
Vermelho Zero: pedido de extração imediata (militar)
W
werda (WAIR-dah) Mando’a: sombras (furtividade), plural arcaico
STAR WARS / COMANDOS DA REPÚBLICA - TRIPLO ZERO
TÍTULO ORIGINAL: Star Wars - Republic Commando - Triplo Zero
Fui abençoada com a melhor ajuda que qualquer escritora poderia desejar.
Os meus agradecimentos vão para os editores que não conhecem o medo,
Keith Clayton (Del Rey), Shelly Shapiro (Del Rey) e Sue Rostoni
(Lucasfilm); o meu agente Russ Galen; a equipe do jogo Republic
Commando da LucasArts; Bryan Boult, Simon Boult, Debbie Button,
Karen Miller e Chris “TK” Evans, os primeiros leitores perspicazes; e Ray
Ramirez (Companhia A 2BN 108º Infantaria de atiradores, ARNG) por
conselhos técnicos e amizade generosa.
E sem o seguinte, não haveria livro: Jesse Harlin, o inspirador compositor e
letrista do tema Vode An, que me concentrou tanto quanto o exército de
clones; Ryan “ER” Kaufman, o meu professor em Estudos GFFA, mentor e
amigo; os muitos fãs de Star Wars que fizeram deste o trabalho mais
agradável que já tive; e a 501ª Legião, Punho de Vader, os meus garotos!
Tem sido um privilégio. Obrigada.
SOBRE A AUTORA
karentraviss.com
Twitter: @karentraviss
Star Wars: Guardiões dos Whills
Baixe agora e leia
Quando Jyn Erso tinha cinco anos, sua mãe foi assassinada e seu
pai foi tirado dela para servir ao Império. Mas, apesar da perda de
seus pais, ela não está completamente sozinha, — Saw Gerrera, um
homem disposto a ir a todos os extremos necessários para resistir à
tirania imperial, acolhe-a como sua e dá a ela não apenas um lar,
mas todas as habilidades e os recursos de que ela precisa para se
tornar uma rebelde. Jyn se dedica à causa e ao homem. Mas lutar
ao lado de Saw e seu povo traz consigo o perigo e a questão de
quão longe Jyn está disposta a ir como um dos troopers de Saw.
Quando ela enfrenta uma traição impensável que destrói seu
mundo, Jyn terá que se recompor e descobrir no que ela realmente
acredita... e em quem ela pode realmente confiar.
Sylvestri Yarrow vive uma maré de azar sem fim. Ela tem feito o
possível para manter o negócio de carga da família em
funcionamento após a morte de sua mãe, mas entre o aumento das
dívidas e o aumento dos ataques dos Nihil a naves desavisados, Syl
corre o risco de perder tudo o que resta de sua mãe. Ela segue para
a capital galáctica de Coruscant em busca de ajuda, mas é desviada
quando é arrastada para uma disputa entre duas das famílias mais
poderosas da República por um pedaço do espaço na fronteira.
Emaranhada na política familiar é o último lugar que Syl quer estar,
mas a promessa de uma grande recompensa é o suficiente para
mantê-la interessada... Enquanto isso, o Cavaleiro Jedi Vernestra
Rwoh foi convocada para Coruscant, mas sem nenhuma ideia do
porquê ou por quem. Ela e seu Padawan Imri Cantaros chegam à
capital junto com o Mestre Jedi Cohmac Vitus e seu Padawan,
Reath Silas, e são convidados a ajudar na disputa de propriedade
na fronteira. Mas por que? O que há de tão importante em um
pedaço de espaço vazio? A resposta levará Vernestra a uma nova
compreensão de suas habilidades e levará Syl de volta ao
passado... e às verdades que finalmente surgirão das sombras.