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A arte da vida por Nadine Helgenberger

Summary:

A subtileza da arte é capaz de unir almas, que de outra forma seria completamente impossível.

Categoria: Romances Characters: Original


Challenges:
Series: Nenhum
Capítulos: 20 Completa: Sim Palavras: 27026 Leituras: 46080 Publicada: 23/08/2020 Atualizada: 06/09/2020

Notas:

Essa foi a minha primeira incursão no mundo das letras. Lá nos idos anos 2002, foi escrito à mão, nos intervalos de
um trabalho monótono.

Ele já tem história e não sei porquê, ainda nao estava por cá.

Provavelmente não é novidade para ninguem rsrsrs, mas ele merece estar no meu portfolio, afinal, foi aí que tudo
começou.

Abraço,

Nadine Helgenberger

1. Capitulo 1 - A MESMA LOUCURA DE SEMPRE. por Nadine Helgenberger

2. Capitulo 2 -FOTOGRAFO * OUTSTANDING * PRECISA-SE. por Nadine Helgenberger

3. Capitulo 3 -O FOTÓGRAFO É NOSSO... OU MELHOR A FOTÓGRAFA. por Nadine Helgenberger

4. Capitulo 4 - DESCULPA-ME... JÁ• NEM EU ME ENTENDO MAIS. por Nadine Helgenberger

5. Capitulo 5 - UM BELO JANTAR E MUITAS DÚVIDAS À• MISTURA. por Nadine Helgenberger

6. Capitulo 6 - "BUTTERFLIES IN MY STOMACH"... E AGORA? por Nadine Helgenberger

7. Capitulo 7 - AS COINCIDÊNCIAS EXISTEM. por Nadine Helgenberger


8. Capitulo 8 - RAZÃO E SENSIBILIDADE. por Nadine Helgenberger

9. Capitulo 9 - SUCUMBIR OU FUGIR DO AMOR? por Nadine Helgenberger

10. Capitulo - FÉRIAS PROVIDÊNCIAIS por Nadine Helgenberger

11. Capitulo 11 - PORTO SEGURO por Nadine Helgenberger

12. Capitulo 12 - NATAL, CIDADE DO SOL por Nadine Helgenberger

13. Capitulo 13 - AMANDO NA ?PRAIA DO AMOR? por Nadine Helgenberger

14. Capitulo 14 - O AMOR É UM LUGAR ESTRANHO por Nadine Helgenberger

15. Capitulo 15 - O AMOR REVELA-SE! por Nadine Helgenberger

16. Capitulo 16 - FELICIDADE PLENA NÃO É UTOPIA! por Nadine Helgenberger

17. Capitulo 17 -? REALITY BITES?! por Nadine Helgenberger

18. Capitulo 18 -O SABOR DO AMOR DEPOIS DE FEITO por Nadine Helgenberger

19. Capitulo 19 -DÚVIDAS QUE SE EVAPORAM, PARA DAREM LUGAR A CERTEZAS IRREFUTÁ•VEIS por Nadine
Helgenberger

20. Capitulo 20 - MY HAPPY ENDING por Nadine Helgenberger

Capitulo 1 - A MESMA LOUCURA DE SEMPRE. por Nadine Helgenberger

Meu nome é Sara, tenho 33 anos. Trabalho numa empresa de publicidade, e ocupo o cargo de diretora de Marketing.
Eu adoro o meu trabalho pois este me dá a possibilidade de estar sempre a viajar e isso para mim é fantástico, gosto
de coisas novas, gente nova...

Moro sozinha num apartamento aconchegante, todo ele decorado seguindo uma tendência oriental (sou apaixonada
por essa cultura). Eu não saio muito, prefiro livros e uma boa musica a badalações noturnas. Tenho um irmão que é
completamente diferente de mim, a quem amo incondicionalmente.

Eu não sou adepta a namoros longos, por isso vou vivendo um caso aqui, outro ali, mas todos sem muita importância.
Alguns homens com os quais eu me envolvo não captam bem a minha forma de ver a vida e insinuam a possibilidade
de partilharmos o mesmo espaço e tal, é claro que não dou seguimento aos seus desejos. Prezo muito a minha
liberdade. É claro que existem exceções, já tive homens maravilhosos dos quais até hoje recordo-me com saudade,
mas a vida encaminhou tudo de forma a que cada um seguisse o seu próprio caminho.

No momento, estou num relacionamento com o Noah, um americano que é perfeito, pois ele não vive aqui, logo, não
tenho a sensação de que tem alguém sempre enchendo a minha paciência. Nos vemos uma vez por mês e durante
uma semana, eu diria que é o amante perfeito. Eu gosto de estar com ele, de viajar, conversar, o sexo é bom, mas acho
que jamais partilharia o mesmo espaço com ele.

Eu sei que não sou uma mulher fácil de compreender, mas eu me compreendo muito bem e é isso que importa.
Bom, deixemos os devaneios de lado e vamos ao que interessa. Há três meses atrás fui à Índia a trabalho, aliás foi um
misto de trabalho e lazer. Eu sinto-me totalmente em paz naquele pedaço da terra, mesmo com toda aquela confusão
de gente, animais, poluição, eu sinto-me bem, é uma coisa de alma, profunda...

Num sábado ensolarado eu estava sentada à porta de um templo, quando de repente sentou-se ao meu lado uma
Indiana. Eu achei normal e até senti-me bem com a presença dela. Ela ficou em silêncio durante as duas horas em que
estive sentada, de vez em quando olhava-me e sorria. No momento em que me levantei, ela olhou-me fixamente nos
olhos e num inglês perfeito disse: - Por mais complicado que possa parecer, não fujas do teu destino, a felicidade que
tanto almejas está próxima, mas nada será fácil, confia em ti e siga o teu coração, ainda que seja pela primeira
vez...não te assustes com as semelhanças, são elas o encanto - Terminou de dizer aquele monte de frases sem sentido
e foi-se embora sem olhar para trás. Eu não entendi nada, mas aquelas palavras ficaram na minha cabeça, uma vez
que respeito e acredito sobretudo que algumas pessoas têm mais sensibilidade e são melhor iluminadas do que as
demais.

Nunca mais vi aquela mulher durante a minha estadia na Índia, mas sentia a presença forte dela sempre que passava
à frente do templo.

O resto do meu tempo na Índia foi maravilhoso. Depois, fui encontrar-me com o Noah na Tailândia e foi tudo perfeito.
Talvez fosse essa felicidade que a indiana se referia....

De volta à minha rotina turbulenta esqueci-me dos dizeres da indiana. Muito trabalho, stress e aborrecimentos.

Entretanto, ontem tive um sonho muito estranho, e nele aparecia a indiana mais uma vez rindo para mim e dizendo
que eu estava muito perto de encontrar aquilo que durante séculos eu vinha procurando, o AMOR. Acordei e sentei-
me na cama a pensar naquilo. Mas eu nunca pensara no amor, aliás para mim não existia. Não acreditava na
praticidade de um sentimento como aquele. Eu acreditava na paixão, na cumplicidade, mas amor? Pura perda de
tempo!

Notas finais:

Boa leitura. A história já tem agum tempo, e como provavelmente já não se lembra do enredo, releia rsrsrs
Abraço.

Nadine Helgenberger

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Capitulo 2 -FOTOGRAFO * OUTSTANDING * PRECISA-SE. por Nadine Helgenberger

Estou num período muito stressante no meu trabalho. Estamos a preparar uma campanha agressiva onde nada pode
dar errado já que a concorrência é enorme. A equipe que me assiste é ótima, mas eu preciso do melhor fotógrafo do
mercado para não haver erros, temos que ganhar a concorrência.

As pesquisas efetuadas apontam para Jaiden Howard, um fotógrafo Australiano que é o melhor do momento. Eu
particularmente acho os trabalhos dele fantásticos, a luz, a forma, o sentimento que vai nas fotos, pura perfeição. Mas
como é que iríamos conseguir entrar na agenda de alguém tão ocupado e o mais importante sermos atendidos
imediatamente? Com certeza a concorrência já tinha tentado contratá-lo, talvez até conseguido, mas eu que não
desisto fácil fui tratar do assunto pessoalmente.

Consegui o numero pessoal do assistente dele, isso depois de muito trabalho. Liguei de imediato e inesperadamente o
assistente disse-me que Jaiden estava no Brasil e que provavelmente eu estava com sorte. Eu fiquei animadíssima e
louca para convencer este mestre da fotografia a trabalhar comigo. Descobri que ele estivera a fotografar no Pará, e
marquei um almoço para discutirmos o negócio. O almoço seria no dia seguinte, mas passei o resto do dia ensaiando
todas as minhas abordagens consideradas infalíveis para convencer o Sr. sensação a trabalhar para a empresa que eu
representava. Eu estava excitada com a possibilidade de trabalhar com alguém tão talentoso.

Cheguei ao restaurante 10 minutos mais cedo e dirigi-me à mesa. Esperei uns vinte minutos até que apareceu um
empregado avisando que Jaiden já havia chegado. Dois minutos depois apareceu à minha frente uma mulher dizendo
ser Jaiden Howard. Eu achei que fosse brincadeira, mas a que propósito?

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Capitulo 3 -O FOTÓGRAFO É NOSSO... OU MELHOR A FOTÓGRAFA. por Nadine
Helgenberger
Ela percebeu o meu espanto e rapidamente explicou-me que sempre a confundiam com um homem (também pudera,
até onde eu sabia Jaiden era nome de homem) e que aquilo não a incomodava até gostava de causar espanto nas
pessoas.

Enquanto ela falava eu me perguntava como uma pessoa tão bem informada como eu não estava a par do sexo do
melhor fotógrafo da atualidade.

Mas realmente ela era bem low profile, não me lembrava de nenhuma foto dela nas revistas, e olha que ela recebia
milhares de prémios. Quando voltei à realidade ela estava parada olhando para mim. Eu fiquei por momentos parada
sem dizer nada até que ela quebrou o silêncio e começamos a tratar de negócios. Conversámos por horas sobre o
projeto, definimos padrões, honorários, enfim, ficou tudo acertado. Ela faria a nossa campanha, eu simplesmente
ganhara Jaiden Howard. Eu era mesmo imbatível.

Não tínhamos tempo a perder e nesta mesma noite nos reunimos na empresa. Todos da minha equipa ficaram
admirados com o facto de Jaiden ser mulher e alguns homens murmuram frases típicas do machismo que lhes é
inerente.

Eu confesso que preferia um homem, é bem mais fácil lidar com eles, exerço o meu charme e convenço-os sempre a
fazer exatamente aquilo que eu quero. Alguma coisa me dizia que esse trabalho particularmente não seria fácil, e
muito menos o meu relacionamento com a fotógrafa, mas desde que o trabalho ficasse perfeito, o resto era
insignificante.

Nesta noite tive um outro sonho estranho com a indiana, ela mais uma vez ria para mim e eu sentia-me muito feliz.
Acordei em paz e tive ótimas ideias para o trabalho que começaria dentro de poucas horas.

Fui a primeira a chegar ao set, ou melhor pensei que tivesse sido a primeira. Mal cheguei ouvi um barulho vindo de
um dos compartimentos. Fui até lá e ao entrar vi a Jaiden fazendo cálculos estranhíssimos, eu fiquei alguns minutos
observando-a e ela não percebeu, estava fora da realidade além das cameras.

De repente ela parou e olhou na minha direção, abriu um sorriso pegou-me pelo braço e disse-me para irmos beber
um café, enquanto ela me contava algumas ideias que tivera.

Essa mulher adora o que faz, fala com tanta paixão que contagia todos à sua volta. Eu fiquei fascinada com tudo o que
ela dizia e acabei concordando com todas as propostas dela. Não tinha como dar errado com Jaiden à frente.

O primeiro dia de trabalho foi muito bom, houve uma sintonia perfeita entre todos da equipe. Ao final do dia eu
estava cansada, mas totalmente realizada. Tudo o que queria era um banho com todos os sais possíveis e a minha
cama.
Eu já estava no estacionamento dentro do meu carro quando eu percebi que a nossa fotógrafa perfeição estava
estacionada ao meu lado. Ela desceu o vidro do carro e perguntou se eu queria acompanhá-la numa bebida para
discutirmos uns pontos para a agenda do dia seguinte. Eu segui o meu primeiro impulso e aceitei, quando tudo o que
eu queria era a minha cama...segui o carro dela pelo trânsito da cidade. Vinte minutos depois, estacionei o meu carro
atrás do carro dela num condomínio bastante interessante. Descemos do carro e ela disse-me que alugara aquele
apartamento pois detestava a impessoalidade dos hotéis.

O apartamento era lindo, aconchegante. Cheio de fotos por todos os lados, fotos lindas. Ela pediu o jantar e ficamos a
conversar enquanto a comida não chegava. Comemos uma tábua de sushi de encher a boca acompanhado de um
vinho muito bom.

Eu já estava um pouco mais à vontade do que o normal numa situação parecida, culpa do vinho. Conversámos sobre
várias coisas. Ela contou-me que se chamava Jaiden porque quando a mãe estava grávida o pai queria muito um
menino, mas aí quando nasceu uma menina de faces rosadas ele não desistiu e ela ficou a ser a Jaiden dos olhos do
pai. Ele sempre a amou muito enquanto viveu, admirava a personalidade forte e a determinação que a
caracterizavam. Os pais tinham morrido há quatro anos num acidente de viação.

Eu contei algumas coisas a meu respeito, falei sobre o meu irmão, sobre a morte do meu pai quando eu ainda era uma
criança e da morte recente da minha mãe. A nossa conversa fluía naturalmente, eu falava pelos cotovelos, algo pouco
comum, normalmente sou mais de ouvir.

Ela disse que era muito difícil ser o que era aos 31 anos, mulher e uma das melhores fotógrafas do mundo. O
machismo predominava nesta área, aliás como em quase todas, mas ela já tinha conseguido algum respeito. Certo
respeito? A mulher era uma estrela respeitada por todos. Perdemos a noção da hora, quando olhei para o relógio nem
quis acreditar, já passava das duas da manhã, e eu ainda precisava dormir já que o dia seguinte seria cheio.

Antes de sair agradeci o jantar e ela olhou-me com um olhar que a mim pareceu de pura meiguice e disse, o prazer foi
meu.

Cheguei em casa ligeiramente bêbada, tomei um banho rápido, esqueci-me completamente dos sais, caí na cama e
dormi como um anjo. Sonhei com a indiana de novo, e desta vez além de sorrir para mim, ela me dava as mãos e
mostrava-me uma trilha.

Mais uma vez eu não entendi nada.


Notas finais:

Boa leitura.

NH

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Capitulo 4 - DESCULPA-ME... JÁ• NEM EU ME ENTENDO MAIS. por Nadine
Helgenberger

Tive uma reunião às 10 da manhã com empresários alemães, reunião que deixou-me irritada, eles queriam tudo e
não davam nada em troca. Não fechamos negócio, mas não me arrependi. Fiquei de péssimo humor e se eu bem me
conheço deveria ter ido diretamente para a minha casa esfriar a cabeça.

Fui à empresa e só fiz asneiras. Briguei com todos no Set, reclamei que nada estava dentro do plano estabelecido,
quase quebrei uma camera e foi nessa altura que a Jaiden pediu que eu saísse do Set.

Eu fiquei possessa e quase pulei no pescoço dela. Saí batendo a porta com força e me perguntando quem aquela
Australiana dos infernos pensava que era. Ousar me expulsar do meu reduto, onde eu era senhora e dona, e o pior saí,
com raiva, mas saí...ah que raiva!

Entrei no meu escritório e fechei a porta. Desliguei todos os telefones, fechei as janelas, acendi um incenso, deitei-me
num sofá e fechei os olhos.
Acordei às 7 horas da noite.

Meu Deus, eu tinha dormido durante cinco horas seguidas. Eu estava mesmo a precisar daquilo. A minha vida nos
últimos meses tinha sido muito agitada. Viajava de um país para outro, enfrentava diferentes fusos horários, comia
mal. Os negócios corriam muito bem, mas eu estava à beira de um colapso nervoso. Fiquei mais um tempo no sofá.
Alguns minutos mais tarde levantei-me e decidi que devia um pedido de desculpas aos meus colegas e
principalmente à Jaiden.

Entrei no Set e todos já tinham ido embora. Sentei-me num canto em cima de jornais velhos e telefonei a cada um
deles pedindo desculpas. Tenho colegas maravilhosos. Todos entenderam e aceitaram o meu pedido de desculpas,
não sem antes recomendarem férias urgentes.

Todos estavam cobertos de razão.

Desliguei e fiquei a pensar nas minhas atitudes e foi nessa altura que ouvi um click. Olhei para cima e vi a Jaiden com
uma camera nas mãos a fotografar-me.

Fiquei espantada e pela primeira vez naqueles dias eu pude notar como ela era linda. Os olhos de um verde luminoso,
a pele branca ligeiramente avermelhada por causa do sol abrasador do Norte do Brasil onde estivera antes de São
Paulo, os cabelos meio ruivos num corte muito moderno, um sorriso encantador. Ela era sem sombra de dúvidas uma
mulher belíssima.

De um salto fiquei de pé e perguntei porque ela tinha tirado fotos minhas ao que ela respondeu da seguinte forma -
fotografo tudo o que é belo e interessante - Eu não perguntei mais nada sobre o assunto. Pedi desculpas, disse que
estava em stress, mas que ninguém tinha nada, absolutamente nada a ver com aquilo e muito menos ela. Ela disse que
entendia, e que sabia muito bem lidar com situações do género. Convidei-a para jantar em minha casa para
acabarmos com qualquer mal-entendido e ela aceitou. Eu não sabia bem o porquê daquele convite, mas mais uma vez
segui o meu instinto.

Fui para a casa, encomendei um jantar Tailandês. Tomei banho, vesti-me o mais simples possível e fiquei à espera
dela. Ás nove em ponto ela chegou e eu levei um susto. Ela estava totalmente diferente, trocara as calças largas e os
coletes de fotógrafa por uma saia longa meio hippie e uma blusa simples de alça fina colada ao corpo. Quando abri a
porta, se não fosse pelo sorriso único e inesquecível, eu jamais a reconheceria.

Ela percebeu o meu espanto e no excelente humor de sempre disse:

-- Eu também posso ser Cinderela - e desatou a rir, aliás nós duas.

Ela aproveitou e disse-me que eu também estava muito diferente, e realmente estava.

Usava uma calça de moleton e blusinha, nada a ver com a executiva de todos os dias.
Notas finais:

Boa leitura.

NH

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Capitulo 5 - UM BELO JANTAR E MUITAS DÚVIDAS À• MISTURA. por Nadine
Helgenberger

O jantar foi memorável, conversar com ela era sempre ótimo.

A meio do jantar, recebi uma ligação de Noah, dizendo que estava em Marrocos e que viria a São Paulo dentro de uma
semana.

Ao desligar ela olhava-me com um ar meio estranho e sempre com um sorriso lindo.

Não sei porquê, disse que o Noah era meu amante. Ela riu e não fez nenhum comentário.

Fomos assistir alguns spots publicitários para vermos algumas tendências. Acabamos por esquecer completamente
do mundo lá fora, pois quando demos conta de que existia algo além daquilo, chovia torrencialmente, aquelas típicas
chuvas de verão em São Paulo.

A chuva era muito intensa e não havia a menor condição de alguém dirigir em segurança. Disse a Jaiden que ela teria
que dormir em minha casa ao que ela assentiu dizendo que queria viver mais algum tempo. Sempre cheia de humor.

Ela abriu mais uma garrafa de vinho enquanto eu preparava o quarto de hóspedes. Ainda bem que o dia seguinte era
sábado e só trabalhávamos à tarde. Bebemos o vinho todo deitadas no chão conversando durante muito tempo,
sempre existia algo mais por dizer, alguma coisa vista a ser partilhada, e aquilo tudo me encantava.

Ela levantou-se, foi ao lounge e trouxe uma máquina fotográfica. Tirou várias fotos, em vários cantos do meu
apartamento. Ela adorava fazer aquilo e eu estava extasiada.
Sentei-me num puff no canto esquerdo da sala de vídeos onde a luz era fraca. Ela ligou um abajour caminhou em
minha direção, desceu uma das alças da minha blusa e aproveitou o meu espanto e tirou uma foto linda. Eu senti um
arrepio estranho pelo meu corpo, e para a minha sanidade, quis acreditar que ela não percebeu nada.

O que estava a acontecer comigo?

Resolvi abstrair-me do turbilhão que me ia na alma e fiz fotos dela também. Parecíamos crianças a correr de um lado
para o outro com uma camera na mão. Fomos dormir quase de manhã. Eu dormi como um anjo, sonhei com a indiana,
mas desta vez estávamos num outro lugar que não a Índia. Ela falava comigo, mas em Hindu e eu para variar não
entendia nada, aquilo tudo tinha algum significado que ainda descobriria.

Notas finais:

Boa leitura.

NH

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Capitulo 6 - "BUTTERFLIES IN MY STOMACH"... E AGORA? por Nadine Helgenberger

Acordei de excelente humor, sentia-me leve e bem-disposta. O sol já brilhava lindo lá fora e a Jaiden já tinha ido
embora. Deixou um bilhete onde dizia que estaria no Set às 4 da tarde.

Tomei um banho que durou horas. Comi bastante, cantarolei enquanto preparava a minha salada, eu me sentia muito
bem ainda que não soubesse exatamente o motivo...
Fiz algumas ligações antes de sair de casa e rumei ao escritório. Todos estavam alegres e já tinham esquecido a minha
atitude intempestiva.

O trabalho avançou a bom ritmo, o entrosamento continuava perfeito. A um dado momento, em que todos estavam
envolvidos nas suas tarefas, Jaiden veio até mim e disse que tinha algo para mostrar-me. Eu fiquei muito curiosa, mas
disfarcei.

Finalmente quando todos saíram do Set, ela puxou-me pelo braço. Ela tinha por hábito essa atitude, o que em
qualquer outra circunstância da vida eu repreenderia à primeira, mas sendo ela, eu ficava sem saber o que fazer.

Fomos ao laboratório. Ela pediu que eu fechasse os olhos, outra coisa que eu normalmente detestava e, no entanto, já
estava de olhos fechados. Agia mecanicamente, ponto final.

Alguns segundos depois ela pediu que eu abrisse os olhos. O que eu vi deixou-me em êxtase total. As fotos da noite
passada estavam à minha frente e com uma perfeição indescritível. Eu parecia uma modelo profissional, a luz, o
enquadramento, estava tudo perfeito. Ela conseguira captar toda a essência do momento.

Ela ficou parada olhando o meu encantamento com um sorriso que me deixou quase sem ar, e foi nesse momento que
ela disse que tinha mais. Pediu que eu fechasse os olhos de novo e deu-me algo para segurar, quando abri os olhos vi
um quadro lindo. Uma moldura que era uma obra de arte e nela uma foto minha dormindo languidamente. A foto era
uma obra-prima. Eu não consegui dizer uma única palavra, mas palavras para quê?

Limitei-me a agradecer, dizendo obrigada. Dei-lhe um beijinho na face para corroborar a minha alegria e satisfação.

Saí do laboratório sem entender como é que um simples ato como aquele era capaz de deixar-me completamente sem
chão, sem saber o que fazer, o que dizer.

Eu tinha adorado o gesto dela, queria ter dito mil coisas, mas o quê? Qual era a razão de tudo aquilo? A forma como
ela olhava para mim, deixava-me pouco à vontade. Aqueles olhos tinham um brilho majestoso...

Precisava de ar.

Fui passear de carro. Horas vagando pelo transito caótico da cidade, e os olhos da Jaiden não saíam da minha cabeça.
Ela não mantinha apenas um relacionamento cordial comigo, sei lá, parecia que ela gostava de mim de uma forma
diferente. Por mais que quebrasse a cabeça não chegaria a nenhuma conclusão. O meu telefone tocou inúmeras vezes,
mas eu não queria falar com ninguém, queria estar só com os meus pensamentos, tentar entender o inexplicável.
Fui para a casa, liguei a secretária eletrónica.

A primeira mensagem era do Charles, produtor da firma, dizendo que estavam todos num restaurante Japonês que eu
adoro e que estavam a minha espera. Várias outras mensagens, todas do pessoal pedindo que eu fosse ao restaurante.

Eu ainda fiquei na dúvida se ia ou não, mas como era sábado tomei um banho, vesti uns jeans e uma blusa e fui para o
restaurante. Todos estavam presentes e o ambiente estava ótimo.

Conversei bastante, aliás falei com todo mundo, na realidade queria esquecer o que me ia na alma. A Jaiden não
estava presente e isso imediatamente saltou-me aos olhos. Fiquei impaciente, olhava ao redor e nada dela. Disse a
mim mesma que estava naquele desespero todo pois era tão bom conversar com ela que sentia falta. Primeiros sinais
da minha mais completa insanidade.

Ouvi alguém dizer que Jaiden chegaria um pouco mais tarde pois estava num compromisso importante. Fiquei mais
calma, ela viria!

Fomos ao Pub que ficava em cima do restaurante e eu dancei freneticamente. Só tocava música eletrónica, uma das
minhas preferidas para dançar. Dancei durante 45 minutos sem parar. Estava toda suada, a blusa me colava ao corpo.
Resolvi ir beber alguma coisa.

Foi neste momento que vi Jaiden com um homem muito atraente a conversarem, perto do bar para onde eu me
dirigia. Passei por eles e cumprimentei educadamente. Ela pegou-me pelo braço e apresentou-me ao amigo
Australiano. Fui cordial com o homem e pedi uma tequilla. Precisava de algo forte.

O Charles atirou-se a mim a noite inteira, ele sempre fazia isso. Às vezes subtilmente, outras nem por isso, mas ele
nunca avançava o sinal pois sabe que eu sou terrível. Trato todos muito bem, mas deixo claro que cada coisa tem o
seu devido lugar. Além do mais ele não tinha nada de especial que pudesse me atrair...

Não conseguia tirar os olhos da Jaiden que conversava animadamente com o amigo e conterrâneo dela. Ela estava
linda, toda de negro, calças e blusa, simples, mas linda. Os cabelos estavam molhados e aquilo dava-lhe um ar ainda
mais sexy.

Eu prestando atenção numa mulher, só poderia ser efeito das tequillas...

Ela apresentou-me ao Sean, amigo dela e produtor de cinema. O homem era lindo mesmo, e muito simpático.
Dançamos e bebemos a noite inteira.

O único problema é que eles são australianos, logo, bebem muito e aguentam mais ainda, já eu, bebia vinho e olhe lá.
Claro que fiquei embriagada.

Às 4 horas da manhã eu não aguentava mais e queria ir para a casa, ainda bem que viera de táxi. A Jaiden ofereceu-se
para levar-me a casa, e eu aceitei, já sem condições de dizer qualquer palavra.

Ela deixou o amigo num hotel e depois seguiu para o meu apartamento. Ela subiu comigo e praticamente me
carregou. Entramos em casa e ela ajudou-me a tirar a roupa. A partir desse momento, não consigo lembrar de mais
nada.

Acordei no domingo à uma da tarde com uma valente dor de cabeça, mas na minha cama, sã e salva. Eu não me
lembrava de nada.

Que vergonha!

Tomei um banho gelado seguido de um café e só aí lembrei-me de tudo, ou quase tudo.

Liguei à Jaiden para agradecer, ela não atendeu.

Passei o resto do dia em casa. Estudei um projeto novo, escrevi a alguns amigos ao redor do mundo. O meu irmão
ligou-me da Califórnia onde mora, a contar que achara a mulher da vida dele. Já era a vigésima nona desde que eu me
entendo por gente. Conversamos bastante e o meu humor melhorou consideravelmente.

O meu domingo foi tranquilo. Fui cedo para a cama. Queria muito estar na paz do meu quarto.

Estava prestes a cair num sono profundo, quando o telefone tocou. Tive tanta raiva, mas mesmo assim, resolvi
atender.

Era a Jaiden, mas ela percebeu que eu estava cansada e limitou-se a desejar-me boa noite.

Adormeci imediatamente. Mais uma vez tive uma noite cheia de sonhos que mais pareciam presságios.
Acordei cedo e fui fazer jogging no parque. Voltei para a casa renovada.

Notas finais:

Boa leitura.

NH

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Capitulo 7 - AS COINCIDÊNCIAS EXISTEM. por Nadine Helgenberger

O Noah chegou à tarde e ficamos em casa o resto do dia. Era bom estar com ele. Eu sabia que antes de qualquer
ímpeto sexual, ele era meu amigo, e isso dava-me uma certa tranquilidade. Ele me entendia, respeitava o meu espaço,
talvez por essa razão a nossa "amizade colorida" durava há um bom tempo.

No dia seguinte fomos ao meu trabalho. O Noah conhecia algumas pessoas e queria vê-las. Ele conversava com a
Clara, uma assistente de produção quando a Jaiden entrou na sala. Para o meu espanto, os dois correram para um
abraço. Eles se conheciam, afinal coincidências existiam. Pensando bem não era tanta coincidência assim, afinal
ambos eram de áreas afins, e figuras proeminentes nas respetivas áreas. Eu fiquei parada olhando para a cena
daquelas duas pessoas que se deliciavam com a presença uma da outra.

O Noah admirava o talento da Jaiden, falava nela o tempo todo. Acho que fiquei um pouco enciumada... Ela convidou-
nos um jantar no apartamento dela ao qual aceitámos, ou melhor o Noah aceitou sem ao menos me consultar. Se
fosse outro ser humano qualquer eu teria ficado no mínimo irritada com a atitude dele, mas um jantar em casa
daquela mulher que me intrigava, era tudo o que eu queria.

O Noah comprou flores para a Jaiden e disse-me que ela era uma dessas raras pessoas que ainda existiam no mundo,
bela, inteligente, talentosa, integra e mais outros mil adjetivos, todos abonatórios.
Eu, a brincar, perguntei porque ele não se apaixonava por ela ao que ele respondeu da seguinte forma: - a Jaiden não
deixa ninguém ir além dos limites impostos por ela mesma, essa mulher é dura na queda - Eu achei aquilo muito
intrigante. Ah, e o meu interesse ou sei lá o quê, só aumentava...

O jantar estava soberbo, comida Mexicana que eu adoro e bons vinhos. Haviam outros convidados, e todos também
eram conhecidos do Noah.

Eu tentava pensar em outras coisas, prestar atenção ao que as outras pessoas presentes me diziam, mas os meus
olhos teimavam em cruzar com os de Jaiden. Ela me hipnotizava.

Fui à varanda tomar um pouco de ar e tentar organizar as minhas ideias. Eu estava abstraída nos meus devaneios
quando ela ficou do meu lado olhando a noite. O perfume dela era bom demais e já estava gravado nos meus sentidos.
Ficamos em silêncio durante algum tempo. Eu tinha medo de abrir a boca e dizer alguma asneira. Além do mais, era
bom partilhar aquele silêncio com ela. A sensação era que estávamos no mesmo mundo e que falávamos a mesma
língua não obstante o silêncio.

Ela perguntou-me se eu tinha ficado bem no dia da bebedeira e eu quase morri de vergonha. Os olhos dela eram de
uma meiguice apaixonante. Ela falava com os olhos. Eu devo ter ficado vermelha com a intensidade dos meus
pensamentos pois ela tocou a minha face e numa carícia que me fez prender a respiração, disse-me no humor
característico que todos na vida tinham direito a uma bebedeira de vez em quando. Ela ficou olhando para mim com
um olhar que eu não consegui definir.

A cada momento que eu passava ao lado daquela mulher a achava mais fascinante. Ficaria tranquilamente naquela
varanda a vida inteira a olhar para ela.

O meu momento mágico foi quebrado com a chegada de Noah. Ele beijou-me e perguntou o que as duas mulheres
mais interessantes da terra estavam a fazer juntas e sozinhas, que aquilo era uma maldade para o resto da
humanidade - o Noah sempre espirituoso -.

Ainda ficamos um bocado, mas eu sentia-me cansada, apesar de não ser nada físico e queria ir para a casa. O Noah,
concordou, pois para ele estava subentendido um convite para uma noitada de muito sexo. Mas, nem que fosse a
ultima coisa a ser feita na vida, o que eu queria era estar só, no meu canto.

Chegámos em casa, ele começou a animar-se, mas eu cortei logo. Ele resmungou um pouco e foi dormir. Que alivio!

Tomei um banho morno, vesti o meu pijama e fui para a sala de vídeos. Deitei-me no meu sofá predileto e fechei os
olhos. Eu precisava mudar aquilo..., mas afinal o que estava a acontecer comigo? Eu jamais tinha tido qualquer tipo de
fantasia com mulher alguma.

Alguns namorados ao longo da vida insinuaram a possibilidade de um menage, mas eu nunca me sentira à vontade
para alinhar. Já tinha dormido com dois homens para realizar uma fantasia, experiência que revelou-se monótona
pois na altura eu e o meu namorado não demos a mínima atenção ao terceiro elemento, na realidade ele não passou
de um mero voyeur, enfim...

Mas a Jaiden...eu queria ficar o tempo todo conversando com ela. Até aí tudo bem, eu adoro gente inteligente e a
inteligência dela está bem acima da média. Mas não era apenas na inteligência que eu reparava, aqueles olhos verdes
faiscantes, aquela boca vermelha que parecia sempre que ela acabara de morder uma maça suculenta, aquela pele de
pêssego, a forma dela andar...ah eu não entendia nada do que se passava no meu intimo.

Eu sempre me considerei uma heterossexual convicta, sempre adorei sexo e homens em geral, mas desde aquele dia
no restaurante quando aquela mulher apareceu à minha frente dizendo ser Jaiden eu não tinha certeza de mais nada.

Ainda bem que o trabalho estava prestes a terminar e logo ela iria embora. Como eu ansiava por esse momento,
precisava ter a minha paz de volta.

Adormeci com os meus pensamentos, mas ao acordar tive a certeza de que aquilo era fantasia da minha cabeça, não
existia atracão alguma e eu não queria nada sexual com a Jaiden, nada!

Notas finais:

Boa leitura,

NH

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Capitulo 8 - RAZÃO E SENSIBILIDADE. por Nadine Helgenberger
Amanheceu!

O Noah ia embora à noite, passamos o dia inteiro juntos. Estive durante meia hora no escritório, mas saí logo, não
queria ver ninguém, muito menos a Jaiden.

Conversei bastante com o Noah, ele era meu amigo antes de qualquer coisa, era bom conversar com ele. Passeamos
pela cidade de mãos dadas, mas eu não estava lá, o meu pensamento estava solto, vagava de um extremo a outro sem
focar em nada. Eu me sentia perdida num turbilhão de emoções.

Fui levá-lo ao aeroporto às 10 da noite e na despedida ele me abraçou e disse para eu me cuidar e que queria que eu
fosse muito feliz. Retribui o abraço, mas não entendi o que ele quis dizer.

O avião partiu, eu queria ter ido junto, não com o Noah, queria fugir dali, fugir de mim. Logo eu que era tão corajosa e
destemida...

Cheguei em casa com uma sensação de vazio. Fiquei acordada até bem tarde e quando dormi tive sonhos desconexos.

Fui ao trabalho na manhã seguinte decidida a esquecer qualquer sentimento dúbio que pudesse ter pela fotógrafa.
Evitei o máximo que pude chegar perto do Set, mas ao final da tarde tive de lá ir. Eu senti um frio na barriga ao vê-la
de costas a preparar uma das cameras.

Meu Deus, como ela era linda. Tinha uma aura de mistério e ao mesmo tempo era transparente. Eu devo ter ficado
pelo menos 5 minutos olhando com todo o interesse do mundo para outra mulher. Isso definitivamente não estava a
acontecer comigo.

Ela percebeu a minha presença, largou a camera e veio até a mim com aquele sorriso capaz de derreter o Himalaia,
deu-me um abraço tão efusivo que senti o meu coração na boca. Ela olhou-me nos olhos por alguns segundos e depois
disse-me que queria que eu fosse à casa dela, tinha algo para me mostrar.

Era tudo o que eu queria, mas a minha sanidade ou o que restava dela mandou-me responder que aceitava sem
demonstrar o que realmente sentia. Fui para casa e fiquei pensando se aquilo tudo existia ou se era fruto da minha
mente privilegiada. Não encontrei resposta, tomei um banho e fui à casa dela.

Eu adorava a decoração daquele apartamento. Ela foi buscar alguma coisa e eu fiquei vendo aquelas fotos pelas
paredes, tinha foto de tudo, cada uma mais linda do que a outra. Eu estava apaixonada por toda aquela beleza. Estava
parada numa das paredes a observar a foto de um velho aborígene quando ela bem atrás de mim disse que aquele
velho era um sábio. Eu tive uma descarga elétrica ao ouvir a sua voz atrás da minha orelha, tive receio de virar e
denunciar o meu nervosismo. Permaneci de costas e ela pediu-me que entrasse numa espécie de studio.

Eu nunca tinha visto tanta parafernália fotográfica junta, estava deslumbrada e ela se deliciava com o meu
encantamento. Arrastou uma cadeira para que eu me sentasse, apagou as luzes e numa das paredes deu inicio à
exibição do melhor spot publicitário que eu jamais vira. A fotografia era perfeita, nós já tínhamos ganho aquilo, eram
escassos minutos de pura perfeição.

Vimos o spot durante vários minutos, eu estava extasiada e extremamente realizada. Ninguém conseguiria fazer algo
melhor do que aquela obra de arte.

Por breves segundos ela ficou olhando para mim sem dizer uma única palavra. Tive vontade de beijá-la, abraçá-la,
mostrar o quanto estava feliz com o trabalho dela, o quanto estava feliz por ela existir..., mas não fiz nada disso.
Morria de medo que ela não entendesse a minha atitude, aliás eu tinha quase certeza que o desejo que me consumia
não era recíproco.

--Gostou do resultado final? - Ela perguntou com aquele brilho no olhar que me encantava.

-- Acredito que perfeito não faça total justiça ao que acabas de me apresentar. Está imbatível Jaiden. - Disse
com toda a sinceridade possível.

-- Então vamos comemorar? Estás convidada para um jantar amanhã com todo o pessoal da produtora. Eu
convido, mas tu pagas. - disse rindo do próprio comentário.

Eu simplesmente amava o sentido de humor apurado daquela mulher.

Dei uma gargalhada e assenti. Aquilo merecia varias comemorações. Ela saiu do studio e disse que voltava em
segundos.

Eu fiquei parada vendo ela se afastar, admirando cada detalhe por menor que ele fosse daquela mulher maravilhosa.

Voltou com uma garrafa de champanhe nas mãos e levou-me a uma espécie de terraço. Estava uma noite linda, nem
parecia o céu de São Paulo. Brindámos com champanhe e eu senti-me em perfeita sintonia com a felicidade.
Conversámos sobre vários temas, ela contou-me as aventuras que vivera ao redor do mundo devido à profissão que
escolhera. Falava com tanto entusiasmo e eu simplesmente ouvia e me deliciava.

-- Falo demais, eu sei, podes mandar-me calar a boca - disse rindo.

-- Podes falar a noite inteira que escutarei com interesse - Respondi involuntariamente.
Nem sempre a razão prevalece e dessa vez ouvi o meu coração ao fazer aquele comentário. Sinceramente, não me
arrependi.

--Hmmm, pelo menos gostas do que eu digo, já é um bom sinal, não é muito fácil saber o que agrada à
senhorita. - Piscou um olho e deixou aquela frase martelando na minha mente.

Será que ela queria me agradar? E porquê? A estrela era ela...ah eu não entendia mais nada. Será que ela sentia o
mesmo que eu? Às vezes, tinha a sensação que o seu olhar tinha um brilho diferente quando falava comigo, mas
poderia ser pura simpatia e educação, além de que, ela não me parecia uma mulher que gostava de outras mulheres.

Mas que sabia eu de mulheres que gostavam de outras mulheres? Isso normalmente não aparecia escrito na testa de
ninguém, o que eu tinha era um monte de ideias pré-concebidas. Entrava num universo novo e estava muito
assustada.

Bebemos a garrafa toda e eu, claro, já estava para lá de alegre. O meu raciocínio lógico estava a 25%...ela me olhava
com aqueles olhos que pareciam estar sempre húmidos, que olhos lindos, pareciam duas esmeraldas.

Sentei-me numa cadeira e me encolhi toda, adorava fazer aquilo na minha sala de vídeos, ficava horas assim
pensando na vida. Mas eu não estava sozinha e muito menos na minha casa...estava completamente relaxada com
uma quase estranha.

Ela perguntou se eu queria ver umas fotos. Claro que queria, tudo era pretexto para ficar mais um pouco na
companhia daquela criatura encantadora. Ela foi buscar as tais fotos e eu fiquei entregue aos meus pensamentos. De
repente ouço a minha banda favorita a tocar na sala, Coldplay, X&Y, sonho ou realidade?

Ela voltou com as fotos.

--Gostas dos Coldplay? -Perguntou.

Não era sonho.

--Adoro! É a minha banda favorita.

--Temos algo em comum? - Perguntou rindo.

Eu queria ter muito mais em comum contigo, apenas pensei, mas o som não saiu, graças a Deus. Precisava ir para a
minha casa antes que caísse nos braços daquela mulher...
O pior ainda estava por vir.

Ela sentou-se na mesma cadeira que eu, só tinha essa. Ficamos coladas uma na outra. Eu ia morrer, tinha a certeza
absoluta. Ela agia com tanta naturalidade e aquilo me desconcertava mais ainda. Começou a minha tortura. Ela me
mostrava foto por foto explicando tudo, desde detalhes técnicos a momento, lugar enfim tudo.

Vi uma foto dela a preto e branco encostada a uma janela. Aquilo não era real. Era pura fantasia, ninguém podia ser
tão lindo assim.

Estava bêbada, lembram-se? Pois é, acariciei aquela foto, fiquei parada olhando, completamente apaixonada. O
silêncio que acompanhou o meu ato foi o coroar da minha loucura. O meu olhar ia da foto que estava nas minhas
mãos, à face dela, um milhão de coisas na minha mente. Eu queria aquela foto para mim, se não pudesse ter a mulher,
que fosse aquela foto que ficaria grudada em mim pelo resto da vida.

--Queres a foto?

--É linda, quero sim. -Disse num sussurro.

A minha respiração estava alterada...o vinho...

--Sempre lês os meus pensamentos?

Perguntei completamente entorpecida...ela não disse nada, apenas me abraçou e encostou a minha cabeça no seu
ombro. Mexia nos meus cabelos, me apertava em seus braços, eu não conseguia fazer nada, não queria fazer nada,
queria estar exatamente naquele lugar.

Tive vontade de chorar, não sei porquê. Aquilo nunca me acontecera antes...também era a primeira vez que estava
nos braços de uma mulher e desejando ardentemente que ela me beijasse...eu queria que ela me beijasse. Mil coisas
passavam pela minha cabeça. O que será que acontecia com ela? Enigmática, essa era a palavra certa para descrevê-la
naquele momento.

Uma leve brisa de sobriedade pairou sobre a minha cabeça, eu precisava ir para a casa, caso contrario me atiraria nos
braços dela.

--Jaiden, preciso ir para a casa agora, daqui a poucas horas tenho que estar naquele escritório ultimando tudo para
apresentar ao cliente.
Fiz um esforço sobre-humano para proferir aquelas palavras.

A bomba!

--Não queres dormir aqui?

Ela fez uma pergunta dessa com a cara mais tranquila do mundo. Para mim, era claro que ela não tinha a menor
noção do que me ia na alma, ou então estava a me provocar.

-- Seria o mais sensato dado o adiantado da hora, mas tenho que ultimar alguns dados que estão no meu computador.

--Hmmm, até que essa cadeira cabe nós duas se ficarmos assim.

Ela definitivamente estava a me provocar.

Aconchegou-se mais na cadeira e consequentemente me apertou mais ainda. Ela, além de linda era manhosa, ai meu
Deus difícil não se apaixonar...levantei-me um pouco e fiquei olhando nos olhos dela, esses ficaram turvos, um verde-
escuro, lindos.

Notei que ela respirava com alguma dificuldade.

"Porque não me beijas?" pensei.

E ela apenas disse:

-- Sara!

E beijou o canto da minha boca, o meu ombro, os meus cabelos...e nada mais, eu não entendia aquela mulher. Ela
sabia que eu queria ser beijada, e ela também queria, ou pelo menos eu achava que sim, mas nada. Talvez fosse
melhor assim.

Ela levou-me para a casa no meu carro e de lá tomaria um táxi que a levaria de volta. Ela sempre dando cobertura às
minhas bebedeiras, que vergonha! Fomos em silêncio, eu pensava em toda aquela situação e o nó na minha cabeça
apenas aumentava.
Do carro liguei para um serviço de táxi que já estava à porta do meu condomínio quando chegamos.

--Desculpa-me mais uma vez por esse transtorno. - Disse com uma certa vergonha, já era a segunda ou a
terceira vez que ela me trazia para a casa em estado de embriaguez. Logo eu que era tão séria.

--É sempre um prazer, trazer a Sra. Diretora muito séria para a casa, quando ela está meio alegre. - Disse isso
com aquele sorriso que me encantara desde o primeiro momento.

--Eu era uma mulher séria, pelo menos no que tocava à minha tolerância ao álcool, mas de há uns tempos para
cá comecei a andar em más companhias e me transformei nisso que estás a ver á tua frente. - Resolvi provocar
também, mas ela era dura na queda.

--E será que a Sra. Seriedade está aberta a novas mudanças radicais? - Ela fez aquela pergunta com um misto de
brincadeira e seriedade...a que mudança se referia? O que quer que fosse não esperou a minha resposta. Deu-me um
beijo no rosto, entrou no táxi e foi embora.
Notas finais:

Boa leitura.

NH

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Capitulo 9 - SUCUMBIR OU FUGIR DO AMOR? por Nadine Helgenberger

Entrei em casa e tive vontade de ligar à Jaiden, queria ouvir a voz dela, quente e macia, mas é claro que eu não liguei.

A minha sensatez começava a me irritar, mas ainda era mais forte do que os meus sentimentos.

Não liguei à Jaiden. Ouvir Coldplay era mais seguro.

Dont Panic.

Amo essa música. Viajo na melodia...we live in a beautiful world... o meu mundo estava realmente mais lindo, mas
consideravelmente muito mais complicado. "Dont Panic", mas eu estava completamente em pânico. Como eu queria
ter uma amiga com quem pudesse conversar naquele momento. Eu me arrependia de ter dado tanta importância à
carreira e esquecido completamente do resto. Tinha alguns amigos, mas nenhum capaz de entender aquela minha
intempestiva mudança de atitude.

David, o meu irmão, será? Não, melhor não e depois ia dizer o quê? Que achava que estava apaixonada pela melhor
fotógrafa do mundo, soava-me patético. Ele não acreditaria, pois para ele eu era uma devoradora de homens, incapaz
de cogitar outra possibilidade. Tirando os exageros do meu irmão, eu realmente tinha tido alguns homens na minha
vida, e até aparecer essa Australiana que me tirava o sono, eu sempre gostei muito deles. Talvez fosse uma fase, crise
dos 33...ria sozinha com os meus pensamentos loucos.

Fui para a cama às 6 da manha, e dormi com o cheiro da Jaiden impregnado no meu nariz.
Cheguei ao escritório faltava pouco para as 13 da tarde. Dormira mais do que me era permitido, mas precisava de
umas horas de sono para organizar a minha cabeça. Preparei todo o material que mostraria ao cliente. Tudo estava
sensacional graças à minha linda Jaiden e ao esforço de toda uma equipa.

O cliente chegou às 17 horas como tinha sido combinado. Todos estavam na sala exceto a Jaiden. Alguém disse que
ela estava no Studio 2.

Fui pessoalmente chamá-la. Ao entrar, vi que estava ao telefone e ouvi quando disse algo como fazer uma viagem
para organizar as ideias. Fiquei triste com aquilo, afinal a hora da despedida estava chegando...melhor assim.

Fiz um sinal que estávamos à espera dela e ela pediu-me que esperasse um pouco. Falava com uma tal de Nádia e
despediu-se dela com um Thank you, I Love you que me deixou ardendo de ciúmes.

Pois é, já não havia mais dúvidas, eu estava louca! Com ciúme de uma mulher que eu mal conhecia.

Ela veio em minha direção com aquele sorriso que me deixava sem chão, passou os braços ao redor dos meus ombros
e disse que estava com saudades de mim. Ri e fomos para o encontro com o cliente.

Foi um sucesso absoluto. A empresa que nos contratara estava totalmente satisfeita com o produto apresentado, não
houve uma única queixa e aquela empresa era muito exigente. O dono era insuportável, mas desta vez não teve
razões para reclamar. O dono da empresa onde eu trabalhava não cabia em si, eu gostava do meu chefe, sempre
tivera carta branca para fazer aquilo que me competia tecnicamente. Nessa área da minha vida sempre tivera sorte.

Todos estavam excitados com o jantar que Charles daria à noite em sua casa, para comemorarmos em grande o
sucesso do negócio. Charles não perdia uma oportunidade de jogar o seu charme na tentativa de me levar para a
cama.

Eu conversava com a Jaiden e por segundos ela olhou para o lado para atender a alguém que queria felicitá-la pelo
trabalho, e ele imediatamente encostou-se a mim com um olhar coberto de malícia e disse-me ao ouvido - vá ao jantar
sexy e linda como só tu sabes ser minha deusa - eu não ia dar escândalo naquele ambiente cheio de gente importante
para a nossa empresa, mas a minha vontade era matá-lo. Limitei-me a dar um sorriso amarelo carregado de ódio.

A Jaiden ouvira tudo e fez um comentário ridículo.

-- Já esqueceste o meu amigo Noah? Não tenho nada a ver com a tua vida minha querida, mas esse Charles é um
idiota.
Despejou aquilo e afastou-se para atender a um chamado do dono da empresa que parecia fascinado por ela. Fiquei
com muita raiva, quem ela pensava que era? Que intimidade era aquela? Aquele comentário tinha sido uma
intromissão deliberada na minha vida. Que ódio! Mas não sabia se dela ou do Charles...

Noah, eu não me lembrava mais dele, pelo menos não como meu amante, se bem que a nossa relação era mais de
amizade do que qualquer outra coisa. Tomara que ele fosse feliz.

O jantar era às 10 da noite e todos estariam presentes. Por momentos pensei em não aparecer tamanha era a minha
raiva daquele idiota do Charles. Mas, não ficaria bem, tinha que ir.

Fui para a minha casa, tomei um banho e resolvi que iria linda para provocar tudo e todos. Usei um vestido preto
lindo que comprara há poucos dias num dos meus ataques consumistas. Ele era curto sem ser exagerado e tinha uma
fenda nas costas que as deixava totalmente expostas. O decote era proporcional à fenda das costas e o que vi no
espelho me agradou profundamente. Eu não era vaidosa, mas de vez em quando gostava de me vestir bem. Prendi os
meus cabelos cor de fogo nuns pauzinhos chineses, fiz uma maquiagem suave que realçava os meus olhos cor de mel
e os meus lábios sensuais. Não usei uma sandália muito alta pois já tinha 1 metro e setenta e oito, caso contrario não
passaria na porta de entrada.

Ri do meu pensamento.

Olhei-me mais uma vez ao espelho, estava linda. Acho que pela primeira vez em alguns anos reparava na minha
beleza. Sempre ouvia elogios, mas não me preocupava muito com isso, afinal os homens não são tão difíceis de
agradar. Mas eu queria que a Jaiden me olhasse, louca pensei, eu estou ficando doida. Ao sair lembrei-me de um
último detalhe para completar a minha personagem femme fatale, precisava de umas gotas do meu perfume favorito.
Uma, duas, três gotas de " Be Delicious" da Donna Karan e pronto já estava pronta para a noite.

Fui de táxi, no mínimo beberia além da conta e na volta não teria condições de dirigir, uma mulher prevenida vale por
mil, pensei.

Atrasei-me um pouco e quando cheguei faltava pouco para as 11:30.

A festa, sim aquilo era uma festa, aliás não poderia ser diferente levando em conta os exageros do Charles, estava
animadíssima, muita gente linda dançando e bebendo. A Clara foi a primeira que veio até mim. Abraçou-me e disse:

-- Sara estás linda, nossa, maravilhosa. Hoje matas esses malucos do coração.

Ela já estava meio alegre, e tinha um copo de whisky nas mãos, continuou:
-- Se a minha namorada não fosse tão ciumenta e se eu não gostasse tanto dela eu juro que te raptaria. - Disse aquilo,
piscou o olho e foi dançar com uma loira linda que devia ser a namorada dela.

Já ouvira boatos na empresa que ela gostava de mulheres, mas eu nunca dera ouvidos aquilo, mas ao que parece era
verdade. Tomara que a Jaiden tivesse a mesma opinião a meu respeito naquela noite. Eu já não me preocupava com
as loucuras que tomavam conta da minha cabeça, pelo menos não naquela noite.

Dirigia-me ao bar para beber uma água, era sempre melhor começar assim, quando o Charles me abordou.

-- Sara, Sara, isso não se faz, estás deslumbrante - falava e passava as mãos pelas minhas costas nuas.

Aquilo irritou-me profundamente, mas decidi relevar, era uma festa. Brinquei com ele e dirigimos ao bar. Pedi uma
água e ele fez um escândalo. Tomou um scotch on the rocks e iniciou o ataque. Ele estava disposto a me levar para a
cama, pobre Charles, se ele soubesse o que me ia na cabeça...ele falava e eu fingia que escutava, mas na realidade
percorria a sala com o olhar à procura dela e nada. Será que ela não estava presente? Outras pessoas vieram
conversar comigo e por instantes esqueci da minha mulher maravilha.

Dancei um pouco com o Charles colado em mim, e aproveitei uma distração dele e fui para a varanda que tinha uma
vista fenomenal. Observava a noite linda que fazia lá fora quando de repente senti a presença de alguém. Virei de
imediato e lá estava ela. Levei um susto, o meu coração parou de bater por frações de segundos. Eu não saberia como
descreve-la...maravilhosa? Pouco, deslumbrante, talvez isso...linda de morrer, meu Deus.

Fechei os meus olhos e abri-os de novo como que para ter certeza que eles não me pregavam uma peça. Era ela
mesma. Veio em minha direção, parecia incrédula também, estava séria. Ficamos paradas uma em frente da outra
sem dizer uma palavra, eu não sabia o que dizer...estava confusa. Queria elogiar a beleza dela, mas que palavras usar
sem parecer comum?

--Estás linda! - Falamos ao mesmo tempo.

Rimos, o gelo estava quebrado. Ela deu-me um abraço. O meu coração batia descompassadamente. Ela encostou-se
em mim e quis fundir-me naquele abraço. Pela primeira vez notei que tínhamos quase a mesma altura. Afastamo-nos
por escassos centímetros, aqueles olhos verdes escuros de novo, aquela boca, aquela pele, aquele perfume...só não a
beijei porque a festa estava repleta de gente. O toque daquela mulher fez-me sentir coisas que não me lembrava mais.
Tive vontade de fazer amor com ela ali mesmo. Como eu queria ser completamente louca e levá-la dali para algum
lugar onde só estivéssemos nós duas. Precisava de uma bebida urgentemente.

--Vamos beber alguma coisa? - Convidei-a para sair daquela situação insustentável.
Ela acompanhou-me até ao bar. Tomei uma tequilla sun rise, e ela para o meu espanto, pediu um cocktail sem álcool.
Vendo a minha cara de espanto disse rindo:

--Quero estar muito sóbria hoje...

Aquele sorriso enigmático...fomos dançar.

A Clara estava completamente louca. Fez os mesmos elogios que fizera a mim à Jaiden e não ficou por aí. Iniciou uma
dança sensual com aquela mulher linda e eu fiquei parada olhando, aliás eu e metade da festa. Os homens babavam e
algumas mulheres também e nisso eu estava incluída.

A Clara era linda, era a primeira vez que a olhava com mais atenção. Tinha um corpo perfeito, parecia uma atleta,
nisso ela e a Jaiden eram iguaizinhas, a minha deusa parecia uma escultura grega. Tive que sair dali para não
denunciar o meu desejo por aquela mulher. Eu estava com muito calor, uma brasa me consumia por dentro.

O Charles pela primeira vez na vida apareceu em boa hora, ele levou-me para a varanda e começou um ataque feroz.
Ele era puro desejo carnal, estava irritada, mas ao mesmo tempo sentia um certo prazer ao ver o desejo estampado
nos seus olhos, coisa de mulher...

Cinco minutos depois a Jaiden apareceu, exatamente no momento em que o Charles tentava me beijar. Salva pelo meu
amor. Que nojo que tive daquele idiota, ele tresandava a álcool. Deixei-o a falar sozinho e fui falar com a Jaiden. Ela
estava estranha e desferiu um comentário no mínimo dispensável.

--Será que é hoje que ele consegue o troféu?

-- O quê?

Ela só poderia estar louca. Com ódio retruquei:

--É assim que me vês? Como um troféu? Estás louca ou quê? Não admito que ninguém fale assim comigo muito menos
alguém que mal conheço. Como eu estava enganada a teu respeito Jaiden Howard, não passas de uma mulherzinha
como outra qualquer.

Disse aquilo e sai em disparada. Ela não teve a mínima chance de abrir a boca. Ficou parada olhando para mim com
um semblante indecifrável. Eu estava possessa, entrei num compartimento isolado daquele apartamento apinhado de
gente e sem querer comecei a chorar convulsivamente. Como ela poderia ser tão estúpida? Estava linda sim, mas
porque queria que ela me achasse linda, ninguém mais me interessava naquela porcaria de festa, fora para vê-la,
como eu tinha sido idiota.
Ela era uma idiota...

Chorava muito, e a cada lágrima derramada sentia mais raiva da minha atitude. Fiquei naquela saleta
aproximadamente uma hora. Estava mais calma quando saí, mas ainda muito magoada. Queria ir embora, precisava
sair dali o mais rápido possível. Graças a Deus àquela altura da festa a maioria dos convidados já estavam bêbados ou
então pelos cantos se esfregando. Saí sem ser notada e quando dirigia-me ao porteiro para pedir um táxi ouvi passos
apressados vindo em minha direção.

-- Sara, por favor, espera-me, preciso falar contigo.

Jaiden? Não era possível, ela ainda estava na festa? A minha raiva voltou.

-- Me deixe em paz, não quero falar com ninguém muito menos contigo. - Dirigi-me ao porteiro que para o meu
desespero não estava no seu posto. Droga!

--Sara, pare de ser criança e fale comigo. - Disse ela visivelmente impaciente.

--Agora, além de troféu, sou criança, ah vá se danar sua idiota. - Disse espumando de raiva.

Onde se metera a droga do porteiro, eu precisava sair dali imediatamente.

-- O porteiro está a ajudar os convidados a deixarem a festa em segurança, portanto se quiseres sair daqui
entre no meu carro.

Agora ela me dava ordens, que mulherzinha insuportável. O pior é que não tinha como sair dali nos próximos
minutos. Já dentro do carro ela me disse para entrar. Entrei e bati a porta. Eu não me lembrava de ter estado assim
antes. Eu me sentia uma idiota por gostar tanto de alguém insensível como a Jaiden, aquilo fez-me chorar de novo. Á
frente dela, era o fim da picada. Ela não disse nada, continuou dirigindo absorta nos próprios pensamentos. O silêncio
me incomodava. Mexi no aparelho de som e escolhi uma rádio aleatoriamente.

Jewel, This fragile heart, eu merecia...

Entretanto, a música conseguiu acalmar-me um pouco.

Ela estacionou dentro do meu condomínio. Fiz menção de abrir a porta e ela trancou-a. A raiva voltou.
--Abra essa porta, não vou sair correndo, embora seja uma criança... - A minha voz estava carregada de ironia.

--Calma Sara! - Destrancou a porta e eu permaneci sentada. Não conseguia olhar para ela.

--Desculpa-me por favor, falei aquilo sem pensar. - A voz dela saiu fraca. - Eu não tinha o direito de dizer aquilo
a ti, primeiro porque não penso assim e depois não tenho nada a ver com a tua vida. - Ela escolhia as palavras, parecia
que não queria cometer mais asneiras. - Não sei porquê falei aquelas asneiras todas, desculpa-me por favor. - A voz
não passava de um sussurro.

Ela parecia mesmo arrependida. Eu não conseguia dizer uma palavra, tinha um nó na minha garganta, as lágrimas
teimavam em cair.

--Por favor, eu vou viajar amanhã e não queria ir embora com esse peso na minha consciência.

Ela ia embora? Não era possível, era o fim de algo que nunca começara...mil coisas passavam na minha mente ao
mesmo tempo, não conseguia raciocinar direito.

--Vais para a Austrália? - Perguntei embora a minha voz estivesse embargada.

Continuava sem olhar para ela.

--Ainda não. Vou viajar aqui dentro do Brasil, mas em poucos dias vou sair daqui para um projeto na Europa.
Preciso descansar um pouco e organizar as minhas ideias antes de encarar novos desafios...

Porque ela parecia triste, porque a sua voz estava tão fraca?

--Sara, ainda que não acredites, foste uma das pessoas mais encantadoras que conheci nos últimos tempos, eu
quero muito manter a tua amizade, eu preciso mantê-la.

Ela precisava mudar o tom daquela conversa, eu já estava amolecendo.

Ela tocou os meus ombros nus e eu gelei.


--Olha para mim por favor, diz que me perdoa, eu preciso viajar em paz. Sara eu fui uma perfeita idiota hoje,
mas acredito que passamos momentos agradáveis durante esse trabalho, momentos esses que jamais esquecerei...

Mais uma vez ela parecia escolher as palavras...

Eu já estava totalmente amolecida, o meu coração voltara a iluminar-se, queria ver o sorriso dela, mas tinha medo
encará-la e ser traída pelos meus sentimentos.

Ela segurava as minhas mãos que deveriam estar geladas, aos poucos fui virando em sua direção... o meu coração
parou.

Ela tinha lágrimas nos olhos, aqueles olhos verdes...ela iria embora em poucas horas, talvez para sempre, não sem
antes provar os meus lábios.

Deslizei um dedo na face dela e ela fechou os olhos, mais uma lágrima caiu. O meu coração queria sair do peito, as
minhas mãos tremiam... no rádio uma música da Paula Cole que falava de desejos proibidos, os Deuses conspiravam a
meu favor, a música não poderia ser mais perfeita para aquela ocasião.

Ela mantinha os olhos fechados, eu me aproximei. Os meus lábios tremiam, fiquei a escassos centímetros da face dela
e num ímpeto disse:

--Jaiden, desculpa-me mas tenho que fazer isto.

Ela abriu os olhos e eu a beijei. O gemido que saiu dos seus lábios, assim que a minha boca cobriu a dela, ecoa até
hoje na minha mente. Eu estava desesperada por aquele beijo e ela também.

Nossa entrega foi perfeita, os nossos lábios encaixaram-se milimetricamente. Eu não pensava em nada, apenas me
deliciava com o gosto de morango maduro que tinha a boca daquela mulher. Eu estava ardendo de desejo, louca de
desejo. Sentei-me em cima dela e ela arrancou os pauzinhos chineses do meu cabelo e o agarrou. Cheirava o meu
cabelo, me cheirava e me beijava. Eu não sabia muito bem o que estava a fazer, mas enfiei a minha mão dentro da
blusa dela, há muito ansiava tocar aquela barriga de atleta daquela mulher, que maravilha, eu a beijava e ria ao
mesmo tempo, estava no céu.

Subi as minhas mãos um pouco mais e toquei os seios dela, estavam soltos na blusa, ela não usava soutien...morri e
renasci naquele momento. Afastei-me um pouco e fiquei admirando a beleza daquela deusa linda que estava á minha
frente. Ela estava ofegante e apoderou-se da minha boca de novo. O beijo dela era uma atracão à parte, ela beijava
cada canto da minha boca, beijava a minha face, o meu pescoço, voltava a boca, me mordia levemente, e eu delirava.
Comecei a me esfregar nela, eu estava louca de desejo. Ela passou as mãos nas minhas pernas, deslizando pelos
contornos. A posição era incômoda, mas com muita habilidade ela conseguiu passar as mãos pelo meu corpo todo.
Quando ela tocou os meus seios eu tive a certeza que o meu coração parou. O toque dela parecia seda na minha pele,
ela parecia estar se segurando para não me devorar dentro daquele carro. A minha vontade era gritar, me devore
meu amor...eu queria ser dela, totalmente dela. Ela me chamava de linda, deliciosa, tesão, enfim, dizia coisas
desconexas, me beijava, me sugava, me mordia, me lambia...um fogo me consumia, eu estava completamente
entregue.

-- Sara, eu quero fazer amor contigo numa cama macia e perfumada não nesse carro que não consegue
acompanhar a voracidade dos nossos desejos, posso subir para o teu apartamento? - Ela perguntou aquilo me
beijando com muito desejo e nesse momento eu acordei para a realidade.

Eu estava no estacionamento do meu prédio na iminência de fazer sexo mais do que explicito com outra mulher. Que
loucura! Fui assaltada por um pânico absoluto. Desvencilhei-me dela e sem pensar no que fazia, abri a porta do carro
e saí correndo para dentro do meu condomínio.

Ela ainda chamou o meu nome, mas eu não olhei para trás.

Entrei no meu apartamento completamente sem ar. Fechei a porta à chave e sentei-me no chão. Não conseguia
pensar, minhas pernas tremiam, de medo, tesão, uma mistura louca. Eu tremia inteira...me encolhi num canto. O
choro veio aos poucos. Já não havia espaço para dúvidas, eu estava absurdamente apaixonada pela Jaiden. Eu,
apaixonada por uma mulher. Era inusitado e sem nenhum precedente, mas não podia mais fingir, estava
completamente apaixonada, encantada por aquela mulher.
Notas finais:

Boa leitura.

NH

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Capitulo - FÉRIAS PROVIDÊNCIAIS por Nadine Helgenberger

Permaneci sentada no chão durante largos minutos. E agora meu Deus? Pela primeira vez na vida estava com medo.
Até então eu não conhecia esse sentimento. Num impulso desliguei os meus telefones, não queria falar com ninguém.
Queria desaparecer, ir embora dali. Se eu visse aquela mulher à minha frente, as minhas defesas ruiriam
imediatamente.

Não conseguia formar um raciocínio lógico, meu corpo tremia alucinadamente. Meia hora se passara. Levantei-me, fui
à janela. O carro dela ainda estava lá. Ela estava deitada sobre o volante, parecia perdida, indefesa...linda.
Fui tomar banho. Água gelada na cabeça, quem sabe assim acordaria daquele sonho. Deitei-me, mas o sono não veio.
Rolava de um lado para o outro naquela cama enorme. Fui à janela, o carro tinha partido. Sentei-me no sofá e as
lágrimas vieram de enxurrada.

Tudo era novo para mim, não só pelo facto de ser uma mulher, claro que isso me perturbava, mas o pior eram as
minhas reações ao toque daquela mulher. Nunca em sã consciência tivera tanta vontade de fazer amor com alguém.
Eu sempre gostei de sexo, aliás essa era uma parte bem resolvida da minha vida, mas jamais desejara alguém com a
fúria que desejara a Jaiden.

Ela era uma mulher...minha cabeça doía, meu corpo doía. Que futuro aquilo poderia ter? Futuro? E desde quando eu
me preocupava com futuro? Não que eu fosse leviana, longe disso, mas pensar em futuro após um único beijo?
Inconcebível. A minha loucura atingira o ápice.

Dormi no sofá. Sonhei com a Jaiden, linda, leve, sorrindo...

Acordei às 11 da manha. Ainda estava com a alma dolorida, mas bastante mais calma. Viajaria para longe dali, estava
decidido. Eu não deixaria nada mudar as minhas convicções. Ela iria embora em poucos dias e com certeza aquele
mar bravio que se transformara a minha vida encontraria águas calmas.

Fui ao escritório, sabia que ninguém estaria lá. Além de ser sábado, as festas do Charles eram sempre extenuantes.
Deixei todos os dossiers prontos em cima da mesa do meu chefe, enviei emails para a equipa toda comunicando que
ficaria ausente por alguns dias e que estaria incontactável, pelo menos no número que a empresa colocara ao meu
dispor.

Liguei ao chefe, disse que precisava ausentar-me da cidade e ele concordou imediatamente sem muitas perguntas. Ele
sabia que eu precisava mesmo daquela retirada, ainda que não soubesse os reais motivos. Eu tinha direito a férias e
ficaria fora o máximo de tempo possível. Ele ainda perguntou se estava tudo bem comigo. A minha voz deveria estar
péssima, eu mal dormira.

--Sara, o trabalho mais importante já está praticamente concluído, podes ficar os dias que achares conveniente.
Precisas descansar, até tu precisas descansar. - Disse rindo numa tentativa de me descontrair.

--Ficarei apenas o necessário, qualquer anomalia, por favor contacta-me no meu numero privado, pois o da
empresa estará desligado. - Disse com a voz cansada.

--Fique tranquila, não serás incomodada e ninguém aqui da empresa terá acesso ao teu número pessoal.

Desligou e eu de seguida liguei para a agência de viagens que nos assistia na empresa, com sorte conseguiria o meu
pacote ainda naquele dia.
Tudo certo, partiria ás 3 da tarde para Porto Seguro, na Bahia.

Antes de deixar o edifício fui ao Set onde passara momentos encantadores com a Jaiden. Um sentimento estranho
tomou conta do meu peito, um aperto, um desconforto, não sabia explicar. Saudades talvez...não me despediria dela,
era-me impossível.

Lágrimas nos meus olhos...

Fui para a casa arrumar as malas. Fazia tudo mecanicamente, não pensava em nada.

Partida com destino a Salvador do voo 4110, embarque imediato. Parti em busca de um porto seguro.
Notas finais:

Boa leitura.

NH

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Capitulo 11 - PORTO SEGURO por Nadine Helgenberger

Em Porto Seguro, fiquei hospedada num hotel calmo, sem aquele frenesi habitual dos grandes estabelecimentos
daquela região esplendorosa da Bahia. A janela do meu quarto ficava praticamente em cima do mar, era tudo o que eu
precisava para descongestionar a minha mente. O mar me acalmava. Tomei um banho e pedi uma refeição leve no
meu quarto. Estava cansada e sem muito ânimo para enfrentar restaurantes quase sempre apinhados. Na manhã
seguinte, começaria a desfrutar efetivamente das minhas férias.

Fiquei algumas horas vendo o mar calmo e refletindo sobre tudo que me acontecera nos últimos dias. Tentei
encontrar inúmeras explicações que definissem o que a Jaiden provocava em mim, mas chegava sempre à mesma
conclusão, eu me apaixonara por ela, por tudo o que ela representava.

A beleza, o talento, a inteligência, a meiguice, a forma desprendida de encarar a vida, o mistério que a
envolvia...lembrei-me do sorriso dela, aquela forma única de sorrir, aqueles olhos que pareciam estar sempre
húmidos.

Fechei os olhos, e um flash dos nossos momentos naquele carro passou-me pela cabeça. Eu tomara a iniciativa de a
beijar. Naquele momento, o meu desejo foi de longe mais forte do que qualquer ato refletido. Que beijo perfeito, a
boca dela parecia ter sido concebida pensando na minha. As mãos dela passeando pelo meu corpo eram um convite a
viagens alucinantes cujo destino eu ainda não conhecia e talvez nunca conhecesse...

Precisava dormir, descansar, tentar esquecer algo que já fazia parte de mim.

Acordei às 8 da manhã. Fiquei um pouco na cama. Tinha que fazer tudo diferente do habitual durante as minhas
férias. No meu dia-a-dia pulava da cama ao amanhecer, stress de São Paulo, mas estava na Bahia e de férias. Tomei
um banho rápido, queria sair logo do quarto, pois o sol já brilhava lá fora. O café da manhã daquele hotel era um
banquete. Comi todas aquelas frutas que só provara no nordeste Brasileiro. Meu corpo era saudável, mas com
certeza, ao final das minhas férias estaria com quilos a mais.

Ri-me daquele pensamento, estava definitivamente mais calma.

O hotel oferecia varias modalidades de entretenimento, mas eu preferi ficar na praia. Às 11 horas, um dos
empregados do hotel disse-me que uma excursão a uma praia que ficava numa enseada cujo nome agora não me
lembro sairia em 15 minutos. Resolvi fazer algo diferente e inscrevi-me. O passeio era qualquer coisa de majestoso.
Eu estava maravilhada com a beleza daquele lugar. Fomos de barco e depois para chegar à praia percorremos uma
espécie de trilha. A praia era linda, quase deserta. Uma única pousada e algumas casas de pescadores. Apesar de já ter
estado anteriormente em Porto Seguro, aquela era a primeira vez que conhecia aquele espaço quase virgem de beleza
singular. Paz na alma!

Éramos 5 excursionistas além do guia. Eu, uma senhora de meia-idade e uma menina de uns 13 anos que deveria ser
neta dela e um casal de jovens de no máximo 29 anos. Eram muito simpáticos, a mulher principalmente. Eles
pareciam estar em lua-de-mel tamanha era a felicidade que transmitiam. A moça, além de linda era bastante
extrovertida. Pediu-me que tirasse uma foto dos dois à porta da pousada. Falou comigo em Português, mas percebi
que entre eles o idioma utilizado era o Alemão. Mais tarde descobriria que ela era uma Brasileira que morava na
Alemanha há muitos anos.

As horas passadas naquele lugar foram gratificantes. Almoçava sozinha numa mesa quando a moça do casal
apaixonado perguntou-me se não queria ficar com eles. Porque não, pensei. Eles eram realmente pessoas
maravilhosas. Sebastian e Nahima. Contaram que aquela era a quinta lua-de-mel desde que se conheceram e que
sempre vinham ao Brasil, pois além de ser a terra da Nahima, o Sebastian também adorava o lugar. O almoço
decorreu de forma descontraída, parecíamos amigos de longa data. Após o digestivo, o Sebastian resolveu ir explorar
o local e eu e Nahima ficamos na Praia. Á medida que a nossa conversa evoluía eu tinha a sensação que a conhecia há
muito tempo. Ela era espontânea, alegre, de bem com a vida e muito bonita. Eu ria com as piadas dela, coisa que não
tinha conseguido fazer há alguns dias tamanha era a minha tristeza e apatia. Parecíamos amigas de infância. Ela
contou que vivia com o coração na mão devido ao hobby do namorado, ele era alpinista nas horas vagas. A cada
escalada ela morria um pouquinho, disse rindo, mas percebi que aquilo a perturbava. Ela falava muito e eu limitava-
me a escutar. As aventuras dela eram muito interessantes. A dada altura ela olhou para mim e disse:

--Sara, agora esclareça uma dúvida minha, como é possível que uma mulher tão linda como tu, esteja num lugar
paradisíaco como este sozinha e pior ainda com este olhar perdido? Tentando esquecer um amor?

Ela era direta e aquilo não me incomodava.

Suspirei.

--Quem sabe não te conte o que me aflige. - Sorri.

--Tudo a seu tempo, se achares que deves, força, mas quero ver mais sorrisos nesse rosto lindo, ok?
Fomos nadar, que boa a sensação da água na minha pele. Mergulhei naquelas águas azuis. Voltei à superfície e pensei
como seria bom ter a Jaiden comigo naquele momento. Que saudades dela. Não tinha pensado nela durante o passeio,
até porque a Nahima falava tanto e era tão bom ouvi-la que não sobrava espaço para devaneios. Mas, naquele
momento a imagem dela ficou retida na minha mente e eu percebi que não seria fácil esquecer aquela Australiana.

Voltamos ao hotel e combinamos de jantar juntos naquela noite. Após o jantar fui convidada a ir ao chalé deles e
aceitei. O Sebastian tocava violão e ficamos cantando a noite inteira enquanto ele tirava notas do seu violão. Diverti-
me a valer nessa noite. Que bom que encontrara essas pessoas. A Nahima disse que mais um inferno dela começaria,
já que na noite seguinte o Basti partiria para uma escalada no Paquistão. Acho que morreria de susto se namorasse
alguém assim tão dado a aventuras. Pensei na Jaiden que também vivia numa roda-viva, sempre pulando de país em
país atrás da melhor foto...pronto lá estava eu de novo pensando na Jaiden.

Onde estaria ela aquela hora? Talvez tivesse partido para o novo desafio na Europa que mencionara numa das nossas
conversas. O que ela tinha achado daquilo tudo? Naquela noite no carro eu tive a certeza que ela me desejava com a
mesma intensidade aliás ela queria ir para o meu apartamento, mas será que o sentimento que a impelia para mim,
qualquer que ele fosse, tinha a mesma intensidade desse calor que me queimava por dentro, dessa vontade de ficar
com ela, de ser dela...dúvidas, muitas dúvidas e apenas uma certeza, eu queria estar com ela mais uma vez.

--Sara minha querida em que galáxia estás?

Ouvi a voz da Nahima, que pareceu-me muito distante.

--Oh, desculpa, estava distraída...

Minhas mãos estavam húmidas, o poder daquela mulher sobre mim era inexplicável. Precisava dormir um pouco.

--Acho que já é hora de dormir depois de um dia cheio de ação, vocês não concordam?

Brinquei com os meus mais novos amigos tentando esquecer aquilo que teimava em permanecer na minha cabeça.
Ainda fiquei mais um pouco, era bom estar com gente alegre, leve, a vida parecia mais fácil.

Tentei ler um livro para ver se o sono vinha, mas nesta noite talvez devido ao cansaço físico não tive problemas de
insónia. Sonhei com a Indiana. Ria e mostrava-me uma praia, parecia um lugar que já conhecia, e dizia, o caminho é
esse, a felicidade está ali. A praia de novo, e eu me via lá, alegre correndo com borboletas azuis às costas. Que sonho
estranho, mais uma vez não entendia nada.

O dia seguinte foi muito bem passado. Saí cedo com a Nahima e o Basti. Exploramos cada canto daquele pedaço de
chão abençoado por Deus. Banho de mar em praias de beleza indescritível, o sol me fazia bem, o mar também, eu
definitivamente precisava daqueles dias de descanso. Almoçámos num quiosque que ficava a escassos metros do mar
onde serviam uma iguaria de camarão jamais provada em minha vasta experiência pelos melhores restaurantes do
mundo. Eu me sentia bem, só faltava uma certa mulher de personalidade marcante que teimava em não deixar os
meus pensamentos.
Ás 6 da tarde, Basti partiu para Salvador. De lá seguiria para São Paulo e depois uma maratona até o Paquistão. Na
despedida tive saudades dele, engraçado havíamos nos conhecido há poucos dias e eles já eram meus amigos. A
Nahima estava apreensiva, mas parecia já ter se acostumado com a segunda paixão do amor dela. Despediram-se com
muito carinho e percebi que ali existia amor de verdade.

--Ele faz essas escaladas a cada dois meses, e já foi para lugares que nem sequer existem no mapa. Eu sofro
muito, mas amo-o demais e aprendi a gostar do que ele gosta ainda que jamais me atreva a subir numa montanha -
ela disse rindo e me abraçou.

Sorri.

--Minha querida vais precisar de um pouco de paciência comigo nos próximos dias. Fico insuportável nos
primeiros dias após cada partida do meu amor, mas prometo não ser muito chata. - Ela era uma companhia muito
agradável e ainda que não estivesse em condições de dar colo a ninguém se precisasse eu estaria pronta.

--Vens jantar comigo no meu chalé? Gosto de conversar contigo e sei que esses olhos lindos escondem alguma
tristeza que eu ainda hei de desvendar - disse aquilo rindo do meu embaraço evidente.

Precisava conversar com alguém, precisava ouvir a opinião de uma outra pessoa, alguém que me dissesse se estava
doida. Ás vezes achava que aquilo tudo era fruto da minha cabeça, mas e a cena do carro? Aquilo existira, eu não
sonhara, tanto existira que eu numa atitude insana fugira por não saber como lidar com tal situação.

Jantaria sim com a Nahima, e se o meu coração assim o quisesse diria a ela o que me afligia.

Descansei um pouco antes de tomar banho e sair para jantar com a minha mais nova amiga. Cheguei às 8 e ela estava
ao telefone. Falava com o Sebastian que chegara a São Paulo. Mandei um beijo e desejei boa sorte.

O jantar estava divino, polvo gratinado acompanhado de um vinho soberbo. Comi bastante, adoro frutos do mar. A
nossa conversa estava bastante animada, a Nahima era muito engraçada. Falámos de tudo, dos nossos trabalhos, das
nossas conquistas, dos desafios que nos esperavam enfim de tudo um pouco. De repente no meio de uma conversa
mais amena ela olhou para mim e disse:

--Sara, eu te conheço há pouco tempo, mas a sensação que tenho é que somos amigas há anos. Já percebi que és uma
mulher sensacional, forte, decidida, meiga, mas embora a tua beleza seja surpreendente, eu percebo uma tristeza,
uma inquietude nos teus olhos que me deixam um pouco preocupada. Posso te ajudar de alguma forma?

Sem pensar nas consequências das minhas palavras, abri meu coração.

-- Estou em fuga.
Aquela frase saiu como um sussurro.

--De quê amiga? Aposto que não é da polícia, não tens cara de bandida - disse brincando para amainar a
expressão de desespero que estava estampada na minha face.

--Antes fosse da polícia...acho que estou a fugir de mim mesma.

--Como assim Sara? Eu não estou a entender nada, mas quero que fique claro que não estou a forçar que me
digas nada que não queiras, apenas estou preocupada pois sinto que tem algo te afligindo, mesmo nos momentos de
alegria, há uma sombra no teu olhar...

--Quero falar sim, preciso falar para não enlouquecer. - Interrompi-a.

Eu não a conhecia tão bem assim, mas algo me dizia que preconceito não fazia parte do vocabulário dela, então abri o
meu coração.

--Nahima, eu praticamente fugi de São Paulo, pois de repente sem que nada o fizesse prever, eu me vi
completamente apaixonada por uma outra mulher - pronto, tinha admitido aquilo para mais alguém que não a mim
mesma. Fiquei parada esperando a reação dela.

Ela segurou as minhas mãos e numa voz séria disse:

--Que mulher idiota é essa que não consegue ver a pessoa incrível que tu és e permite que fujas? - Ela agira com
naturalidade à minha revelação, exatamente como imaginara.

--A idiota sou eu! E fugi sem ao menos dar uma chance a mim mesma de entender o que se passava comigo. Ela
não sabe que estou aqui...apenas fugi como uma covarde, uma adolescente que se apaixona pela primeira vez.

Chorava.

--Calma, minha querida. Pelo que eu entendi, é a primeira vez que te apaixonas por uma mulher. Isso deve
mexer muito com a cabeça de alguém.

Ela me abraçava numa tentativa de me acalmar.


--Nahima, eu sempre gostei de homens, tive vários em minha vida, e de repente aparece uma fotógrafa para
acabar com as minhas convicções. Eu me apaixonei pela pessoa, pelo que ela representa, não me interessa se é
mulher.

--Então qual é o problema? Qual é a razão de tanto desespero? Ela não gosta de ti também? Só se for muito
burra e cega, e se for isso não te merece. - Ela fora perentória.

--Eu me apaixonei por Jaiden Howard. - Apenas pelo facto de dizer o nome dela eu já me tremia toda.

- Mas espera aí, Jaiden Howard o fotógrafo das fotos de ouro? É dele que falas? Mas ele não é um homem?

--Pois é minha amiga, eu também pensei que fosse, mas ela é uma mulher e uma mulher maravilhosa.

Nahima estava espantada. Peguei a minha bolsa que estava em cima de um sofá e tirei uma foto da Jaiden.

--Pensando bem, nunca tinha visto uma foto dela.

Entreguei-lhe a foto da mulher mais linda que alguma vez vira na vida.

-Meu Deus, como ela é linda, que foto marcante. Não me causa espanto algum que estejas apaixonada. Sara
conta-me esta história pelo amor de Deus, preciso entender tudo.

Num resumo contei todos os detalhes, desde o dia daquele primeiro almoço de trabalho quando ainda achava que
Jaiden fosse um homem, até ao beijo no carro dela que culminara na minha fuga.

Ela ouvia tudo prestando atenção nos mínimos detalhes.

--Sara não podes fugir disso, eu não conheço a Jaiden, mas pelo que acabas de contar, ela deve estar sentindo a
mesma coisa. Ela só não foi mais explicita talvez com medo de te assustar, sei lá, sem contar que és amante de um
amigo dela. Coloque-se no lugar dela. Para ela deve ser mais fácil lidar com os sentimentos, por isso o ar natural ao
fazer as coisas a que referes. Na minha opinião, o facto de ela não te atropelar com a avalanche de sentimentos que a
meu ver é recíproco, só prova o quanto está preocupada contigo.

Eu já não conseguia pensar em mais nada, as lágrimas não paravam de cair pela minha face. Saudades dela, muitas
saudades da Jaiden.

--Ela tentou falar contigo nestes dias que estas aqui na Bahia?
--Não, mas...

--Mas o quê Sara?

Nesse momento eu me lembrei que Jaiden só tinha o número do meu celular da empresa e o número da minha casa.
Eu normalmente não dava o meu numero pessoal às pessoas com as quais trabalhava. O celular da empresa tinha
ficado em São Paulo, mesmo que ela quisesse falar comigo seria impossível.

--És uma especialista em fugas, pensas em todos os detalhes. - Ela disse rindo. - Acho que deves tentar falar
com ela Sara, vejo nos teus olhos o quanto gostas dessa mulher, e isso é raro amiga, não nos acontece muitas vezes na
vida. Vamos ligar para a Jaiden?

Gostava das atitudes firmas daquela mulher. E pensar que eu já fora assim...

--Acho que a uma altura dessa ela já não está mais em São Paulo, muito menos no Brasil. - Disse com a voz
embargada.

--Pode até ser, mas só vais saber se tentares, não concordas? Diz o número aí.

Foi fácil dizer os números, eles não saíam da minha cabeça.

A Nahima discou os números e entregou-me o celular dela. O meu coração estava na boca, acho que morreria apenas
ao ouvir a voz dela. Caixa postal, lógico, ela já tinha ido embora. Uma dor estranha tomou conta de mim.

--Nada de desânimo. Eu não conheço esta palavra e além do mais acredito piamente que o amor tem razões que
só ele conhece. Acho que foste mordida pelo bichinho do amor minha amiga e tenho a certeza que as energias
cósmicas hão de conspirar a vosso favor, não sei como, mas sei que algo muito bom vai acontecer.

Estava claro que ela dizia aquelas palavras numa tentativa de me acalmar, gostava cada vez mais daquela mulher
fascinante que era a Nahima. Encontrara uma amiga no momento que mais precisara.

Ficamos conversando durante muito tempo, ela queria saber tudo nos mínimos detalhes.

--E o Noah? Tenho a impressão que nunca estiveste apaixonada por ele, estou certa?
--Hoje sei disso, ele é mais um amigo do que qualquer outra coisa, mas a sua companhia é ótima. - Disse
lembrando dos bons momentos que passara com ele.

--Mas nada que se compare a um olhar da nossa amiga Jaiden. - Rimos juntas.

--Obrigada Nahima, estou tão feliz por ter-me tornado tua amiga. Já deves ter ouvido isso um milhão de vezes,
mas vou repetir, és maravilhosa.

--Ah para com isso olha que eu sou tímida. Ei queres ir comigo para Natal? Ainda tens mais alguns dias de
férias, não tens?

--Tenho sim, e adoro Natal, acho que só me faria bem.

--Então, amanhã cedo vamos providenciar as passagens. Minha única irmã tem uma pousada numa praia
chamada Pipa que é um sonho. Tenho certeza que vais adorar. - Disse numa alegria contagiante.

- Já estive em Natal, mas não conheço Pipa, e se dizes que é um sonho acho que vou embarcar.

Iria sim a Natal, precisava aproveitar todos os dias das minhas férias.

Notas finais:

Boa leitura.

NH

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Capitulo 12 - NATAL, CIDADE DO SOL por Nadine Helgenberger

Chegámos em Natal às 3 da tarde. Adorava aquela cidade que fazia jus ao nome "Cidade do Sol", já que este brilhava
majestosamente no céu azul. Há muito que não vinha à cidade e as coisas estavam um pouco mudadas, mas para
muito melhor.
Ficaríamos o resto do dia na cidade e na manha seguinte partiríamos para Pipa. Estava curiosa para conhecer aquele
lugar...

A Nahima estava extasiada, ela era de Curitiba, mas passara boa parte da vida antes de partir para a Alemanha em
Natal, e tinha ótimas recordações do lugar. Falava pelos cotovelos durante o nosso trajeto do aeroporto à pousada na
praia de Ponta Negra onde ficaríamos naquela noite. De longe vi o Morro do Careca, cartão postal da cidade. O mar
parecia um lago de diamantes tamanho era o brilho daquelas águas.

Chegámos na pousada que ficava exatamente na praia, perto do Morro. Muita gente andando no calçadão, verão no
seu esplendor. Deixamos as nossas malas no hotel e a Nahima levou-me à Barraca do Caranguejo, onde provei um
peixe de comer e lamber os beiços.

Sentia-me muito bem, uma sensação estranha de paz tomava conta do meu coração. Após o almoço passeámos pelas
lojas da praia, comprei um bikini novo de cores quentes para contrastar com o bronzeado que adquirira em Porto
Seguro. Fomos à praia e eu mergulhei naquela água de temperatura perfeita.

Estava encantada.

--Esse lugar é incrível Nahima, estou muito feliz. - Disse enquanto jogava água nela.

--Espera até chegares em Pipa, acho que não voltarás mais para São Paulo. Um dia convenço Sebastian a virmos
morar nesse paraíso. - disse sonhadora.

Fiquei naquelas águas até a lua aparecer atrás do morro. Eu fiquei sem palavras ao ver aquela cena que mais parecia
uma miragem. Pensei na Jaiden, queria que ela estivesse ali comigo presenciando aquele espetáculo da natureza.

"Por onde andarás meu bem?"

Pensei com uma nostalgia que estranhamente não me entristeceu...

Á noite jantamos na barraca rústica, outro lugar maravilhoso e com uma comida fenomenal. Demos mais umas voltas,
mas fomos cedo para a pousada pois estávamos ambas cansadas, e na manhã seguinte iríamos a Pipa que segundo
Nahima, ficava a umas duas horas de carro da cidade.

Dormi bem nessa noite, tive sonhos enigmáticos, mas que me deram alguma calma.
Ao entrarmos no carro que a Nahima alugara ela disse que iríamos a Pipa pelo litoral, que esse percurso era muito
mais interessante. Partimos com destino à tão famosa praia de Pipa. Estava feliz e excitada para conhecer o lugar que
encantara tanto a minha amiga, o que não sabia era que o destino me reservava uma maravilhosa surpresa.

Notas finais:

Boa leitura.

NH

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Capitulo 13 - AMANDO NA ?PRAIA DO AMOR? por Nadine Helgenberger

Segui a viagem toda fotografando aquelas paisagens deslumbrantes. Algumas praias já conhecia, mas outras eram
totalmente novas e cada uma mais bonita que a outra. Parámos na praia de Tibau para esticar as pernas.

--Falta pouco Sara. Estou louca para ver a minha irmã. Há um ano que não a vejo. Ela é uma pessoa
maravilhosa, tenho certeza que vocês se darão muito bem.

--Eu nem sei como agradecer tudo isso que me estás a proporcionar Nahima, vou ser grata pelo resto da minha
vida. - Estava sinceramente agradecida àquela mulher que em poucos dias conseguira devolver algum brilho aos
meus dias.
--Agradeça-me correndo atrás da tua felicidade. Prometa-me que assim que voltares a São Paulo vais entrar em
contacto com a Jaiden. Use a tua influência e descubra uma forma de ter ao menos uma conversa com ela. Prometes?

--Prometo!

Precisava resolver aquilo. Não sabia o que ela sentia, mas sabia o que eu sentia. Não fugiria do sentimento
avassalador que me consumia.

Diante da minha resposta positiva, ela piscou-me um olho e deu-me um beijo na face.

--Vamos que a Soraia já deve estar preocupada...exagerada essa minha irmã.

Finalmente chegamos em Pipa. Nahima não exagerara. Aquele era indiscutivelmente um dos lugares mais lindos que
conhecera.

Pousada dos Navegantes, era esse o nome do estabelecimento da Soraia, irmã da Nahima e do marido dela, Jonas.

As duas irmãs abraçaram-se durante largos minutos. O amor que as unia era bem visível. Senti saudades do meu
irmão, precisava falar com ele.

--Solzinha essa é a Sara, a amiga que encontrei em Porto Seguro.

Fomos apresentadas e fui muito bem acolhida.

A Soraia parecia mesmo um raio de sol. Era loira, com os cabelos num tom que eram muito semelhantes aos raios do
sol. Era linda, tinha o mesmo sorriso que a Nahima, embora não fossem muito parecidas fisicamente. A Nahima era
mais alta, tinha os cabelos e os olhos castanhos, enquanto que a Soraia lembrava uma Alemã.

--E o Basti? - Indagou a irmã enquanto beijava os cabelos da Nahima.

--Adivinha! - Disse simulando um ar dramático.


--Ah, esse cunhado que me foste arrumar. Por falar em cunhados, o teu cunhado que vem a ser o meu marido
não veio receber-te como mereces, pois está lá na praia ultimando os preparativos para a festa de logo mais à noite. -
Ela falava com as mãos na cintura num gesto que lembrava e muito a Nahima. A genética sempre me fascinara.

--Vai haver uma festa hoje à noite? Oba chegamos no dia perfeito, amiga. Pena que o meu amor não esteja aqui,
ele adora festas na praia, mas deve estar escalando algum monte gelado a esta altura.

A Soraia era muito simpática, fez-me sentir em casa. O meu quarto era lindo, e a vista para a praia era privilegiada.
Não cansava de agradecer a Deus por ter colocado aquela mulher na minha vida. Fugira do amor e encontrara uma
amizade especial. A vida não era tão injusta como às vezes parecia...

Devaneios.

Permaneci no quarto durante algum tempo, não queria interromper as longas conversas das irmãs que não se viam
há tanto tempo. Coloquei o meu bikini novo, queria conhecer a praia que não ficava muito distante. Olhei-me no
espelho. Estava linda, a minha pele bronzeada contrastava com a cor alaranjada do bikini, e fazia um conjunto
perfeito com os meus cabelos da cor do fogo. Tinha ares de férias, embora lá no íntimo uma tristeza teimava em
apoderar-se de mim.

A praia era enorme e linda. Corri imediatamente para a água que estava tépida, uma carícia na minha pele. Fiquei
horas nadando de uma ponta à outra. Fiquei cansada e regressei a casa. A Nahima não estava quando voltei, a irmã
disse que tinha ido com o Jonas a um outro hotel buscar algo para a festa que estava prestes a começar.

Perguntei à Soraia se ela precisava de ajuda e ela disse que já estava tudo pronto e me levou à cozinha para comer. Eu
me sentia em casa naquele lugar. Comi algo leve e fui tomar um banho para tirar o sal do corpo.

Adormeci lendo um livro, precisava descansar um pouco. Fui acordada às 7 e meia da noite por Nahima.

--Acorda dorminhoca, há uma festa lá fora à tua espera.

Abri os olhos ainda meio sonolenta.

--Hmmm, que horas são? Acho que não vou, estou um pouco cansada.

--Ah vais, nem que seja arrastada, mas vais a essa festa Sara, levanta daí. - Ela disse aquilo já praticamente me
arrastando para fora da cama.
--Alguma estrela vai descer de um navio e participar da festa? - Perguntei tamanha era a ânsia da minha amiga
em me tirar da cama.

Com uma expressão misteriosa, respondeu:

--Quem pode prever o que nos pode acontecer nas próximas horas, minha querida?

Ela estava diferente, parecia esconder-me alguma coisa, mas o quê?

--Dou-me por vencida, irei à festa ok Srta. Nahima, satisfeita?

--Muito!

Deu-me um beijo na testa e antes de deixar o quarto ainda disse:

--Vá linda. Não precisas fazer muito por isso, mas capricha, haverá muita gente bonita. - Piscou o olho e saiu.

Louca, pensei, mas eu gostava da maneira dela estar na vida, tudo parecia ser mais fácil. Eu aprendera muito com ela
naqueles poucos dias.

Vesti uma saia verde que gostava muito, uma blusinha de alça branca, chinela havaiana nos pés e fui. Afinal estava
numa praia, nada de exageros.

A praia estava cheia de gente jovem e linda. Música eletrónica, muita bebida, calor de verão. A Nahima conversava
com algumas pessoas, chamou-me e fez as apresentações. Pessoas simpáticas e um homem mais afoito que
imediatamente iniciou uma tentativa de me conquistar. Ele era engraçado, não conseguia ficar com raiva das
abordagens dele.

--Não ligues ao Thomas, ele é assim, não pode ver uma mulher bonita. Não te preocupes ele é inofensivo.

A Nahima tentou tranquilizar-me, mas em momento algum me sentira incomodada com o assédio do Thomas. Olhei à
volta e vi um lugar um pouco distante da azáfama da praia onde pareceu-me identificar uma espécie de pier. Iria para
lá, queria estar sozinha, aquela multidão não me dizia nada.
--Vou dar uma volta pela praia. - Disse à Nahima.

--Está tudo bem?

Assenti.

--Apenas quero estar um pouco sozinha, ficarei naquele pier logo ali.

--Ok, fico prestando atenção para ver se nenhum barco aparece e te leva daqui. - Disse às gargalhadas.

Fui-me afastando aos poucos do local da festa. Um sentimento estranho tomava conta de mim, não saberia explicar,
mas algo me levava para aquele lugar.

Caminhei sobre o pier e sentei-me com os pés quase tocando a água daquele mar calmo e de águas quentes.

Jaiden! Sentira tantas saudades dela desde que chegara em Natal, e agora na praia de Pipa a impressão que eu tinha
era que ela apareceria a qualquer instante à minha frente. Tudo não passava de delírios da minha mente.

Naquele instante, ela com certeza estava bem longe daquele paraíso e provavelmente já nem sequer lembrava da
minha existência.

A música da festa da praia soava longe, estava absorta nos meus pensamentos e não percebi que uma outra pessoa
sentara-se ao meu lado no pier. Permaneci olhando o reflexo da lua na água e viajando nas minhas lembranças.

Voltaria a São Paulo no máximo em dois dias e faria de tudo para encontrar a Jaiden, nem que tivesse que viajar para
a Austrália.

A pessoa ao meu lado parecia gostar tanto do mar quanto eu, parecia querer partilhar com ele alguns dos seus
problemas, coisa que eu também fazia no momento. De repente ela levantou-se e sentou-se atrás de mim. Não tive
medo, apenas um arrepio que eu já conhecia percorreu a minha espinha...

--Sara, que bom que estás aqui! - ela disse aquela frase encostada ao meu ouvido, e a descarga elétrica que
aquelas simples palavras provocaram em mim eu já conhecia.

Jaiden!
O mundo parou, eu só ouvia as nossas respirações, ambas alteradas. Tive medo de voltar e ver que tudo não passara
de um sonho, que estava ali sozinha, sendo vítima do meu desejo por aquela mulher.

Então porque sentia o cheiro do perfume dela, seria delírio também?

Coloquei o meu braço direito sobre o pier, ela deslizou os dedos pela minha pele, entrelaçou os dedos nos meus e me
abraçou.

Não tinha mais dúvidas, meu amor havia voltado.


Notas finais:

Boa leitura.

NH

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Capitulo 14 - O AMOR É UM LUGAR ESTRANHO por Nadine Helgenberger

O meu coração batia desgovernadamente. Não era sonho, era Jaiden quem me abraçava. Milagre! Eles ás vezes
aconteciam.

Eu olhava o mar e ela me abraçava, palavras para quê? Queria guardar aquele momento para sempre no meu coração.
Ficamos assim por largos minutos até que ela disse:

--Sara, eu nem acredito que isto esteja realmente a acontecer.

Um suspiro e um abraço cada vez mais apertado, parecia que temia que eu fugisse.

Eu não conseguia dizer nada, a minha boca estava seca, o meu coração na mão...virei o meu rosto.

Jaiden, linda sob o luar. Lágrimas nos meus olhos.

--Não chores, por favor - Disse aquilo quando os seus olhos estavam marejados - se quiseres eu vou embora... -
A frase saiu fraca.
--N...não, fique aqui, quero que fiques exatamente aqui, precisamos conversar. - Ela parecia estar mais magra,
mas deliciosamente mais linda. Talvez fossem meus olhos, mas eu não conseguia ver qualquer defeito naquela
mulher.

Tanta coisa para dizer, mas não sabia por onde começar.

--Pensei que já tivesses ido embora. - Disse alguma coisa na tentativa de iniciar uma conversa amena.

--É uma longa história, quer ouvir?

--Se quero ouvir? Sim, claro.

"Quero me perder nas tuas palavras meu amor" Foi o meu pensamento.

--Naquela noite no estacionamento do teu apartamento...

--Desculpa-me, fui uma idiota! - interrompi-a.

--Tudo bem Sara, a tua reação foi totalmente coerente. - Disse afagando os meus cabelos - Então, não consegui
dormir, sai de lá fui vagar pela cidade. Eu queria entender o que tinha acontecido naquele carro, o que vinha
acontecendo desde o dia em que assinara aquele contracto com a empresa que representas...exerceste um fascínio
sobre mim desde o primeiro momento, mas eu achava impossível dar seguimento aos meus instintos, ainda mais se
levarmos em conta que és uma mulher de personalidade muito forte e que não é fácil ir além daquilo que é permitido.

Eu ouvia aquelas palavras achando que ela falava dela, não de mim. Na minha opinião eu tinha sido bastante explícita
em relação à atração que me empurrava para os braços dela...

--Na manhã seguinte, tentei falar contigo, mas o teu telefone não respondia, liguei para a tua casa e nada. Pensei, ela
não quer olhar na minha cara.

Foi a minha vez de tocar a face dela numa tentativa de mostrar o quanto estava enganada.

--Tentei saber de ti por todos os meios, mas foi em vão. Fui ao teu apartamento e disseram-me que tinhas
viajado. Tentei saber para onde, mas ou ninguém sabia ou não queriam me dizer.

Os olhos dela pareciam perdidos ao proferir aquelas palavras.


--Eu fugi Jaiden! - Disse num sussurro enquanto ela me olhava com um ar indecifrável. - Fugi de ti e
principalmente de mim. Tive medo, muito medo pela primeira vez em toda a minha vida.

--Medo de quê, minha querida? - Perguntou-me com aquela voz meiga, quente, pela qual eu havia me
apaixonado.

--Medo do que eu sinto cada vez que olho para ti. Medo de enlouquecer cada vez que me tocas, medo de me
acostumar a algo que não tem futuro algum...- Pronto, lá estava eu a falar de futuro...- Tive medo, tenho medo...

--Então fomos ambas acometidas pelo mesmo sentimento, embora o meu medo só se tenha revelado após a tua
fuga. Eu morria de medo de nunca mais poder olhar nos teus olhos, pelo menos não vê-los da forma como estão
agora... - Ela parecia tão frágil naquele momento.

--E como é que chegaste aqui? - Queria saber se o destino conspirava a meu favor, a nosso favor.

--Quando percebi que tinhas ido embora, e provavelmente com raiva de mim, decidi ir à França onde tinha um
trabalho a fazer. Fiquei apenas 3 dias em Paris e não conseguindo me concentrar em nada regressei ao Brasil. Mais
uma tentativa frustrada de falar contigo. Uma amiga minha, a Nádia, que é dona de uma agência de viagens já havia
sugerido que eu viajasse pelo Nordeste para conhecer e para distrair a minha mente. Cheguei antes de ontem a Natal,
e ontem vi para este lugar paradisíaco. O estranho disso tudo é que só vim a Natal por um erro nos voos, era para
estar em São Luís agora.

Ouvia aquilo tudo pensando que a vida me dera mais uma chance de estar ao lado daquela mulher e que eu não iria
desperdiçar um único instante. Estava louca para entrar naquela água, mais doida ainda para sentir o toque daquela
deusa na minha pele, beijar aquela boca...

Levantei-me, ela olhou para mim sem entender a minha atitude. Mergulhei naquela água perfeita.

--Vem cá, a água está perfeita. - Disse num convite que deixava muitas outras coisas subentendidas.

--Louca! - ria - É claro que eu vou, só não me peça para pular de uma montanha que é bem provável que
obedeça.

Estava de volta aquele sentido de humor único pelo qual eu também me apaixonara.

Mergulhou. Nadou até onde eu estava, ficamos brincando naquela água como crianças, na verdade eu queria dissipar
a tensão que tomava conta de mim.
Eu não perderia aquela oportunidade de estar com ela, mas ainda tinha algum receio.

Nadámos até a beira da praia e sentamo-nos na areia.

Meu Deus, aquela mulher era perfeita. Aqueles cabelos molhados eram um convite a loucuras, aquela blusa colada em
seu corpo causava arrepios em mim. Devo ter ficado arrepiada com aqueles pensamentos pois ela perguntou:

--Estás com frio?

Silêncio.

Estávamos a escassos milímetros uma da outra.

-- Não! - Respondi.

Na realidade havia um vulcão em chamas dentro de mim. Deitei-me na areia.

--Posso fazer alguma coisa para ajudar?

Pura provocação.

--Podes sim, me beija. - Puxei-a para mim. Estava totalmente entregue ao meu desejo louco de ser daquela mulher.

--Sara minha linda, não penso em mais nada há bastante tempo.

Por fim o beijo. Aquele pelo qual meu ser ansiava há dias. Aquelas bocas que pareciam ter sido desenhadas para um
perfect match. Eu gemia de prazer com o beijo da Jaiden. A boca dela percorrendo cada centímetro da minha pele e eu
gemendo de prazer. As minhas mãos trémulas abriram os botões da blusa dela, estava ávida por aqueles seios
perfeitos e aquela barriga de sonho. Toquei os dois que pareciam mais lindos ainda por ela estar molhada, ela gemeu.
Fiquei em cima dela, queria vê-la, tocá-la melhor. Aquela pele de pêssego completamente salgada pela água do mar e
aqueles seios com gosto de fruta, nunca provara nada igual. Ela passava as mãos macias pelo meu corpo numa
urgência inebriante. Nossas bocas exigiam uma à outra, beijos lascivos, carregados de prazer. Ficámos sentadas
entrelaçadas uma na outra. Ambas nuas da cintura para cima, ela me olhava com tanto desejo, aquele brilho nos
olhos...eu já amava a Jaiden, ficaria ali para sempre. Nossos corpos se tocaram mais uma vez. O toque dos meus seios
nos dela enquanto me beijava deu origem à minha primeira intensa explosão de prazer. Apenas a primeira das mil
que estavam por vir.

Notas finais:

Boa leitura.

NH

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Capitulo 15 - O AMOR REVELA-SE! por Nadine Helgenberger

Ficámos naquela praia por mais algum tempo e depois fomos cada uma para o seu hotel, com a promessa que nos
encontraríamos dentro de pouco tempo no hotel da Jaiden.

Eu queria muito estar com ela, recuperar o tempo perdido. Aproveitaria cada segundo com aquela mulher, por que
sabia que dentro de pouco tempo, ela partiria para mais uma aventura ao redor do mundo. Aquela lembrança
entristeceu-me um pouco, mas eu imediatamente afastei aquele pensamento da minha mente e decidi aproveitar o
presente.

Tomei banho, vesti roupas secas e deixei um bilhete à Nahima dizendo que voltaria na manhã seguinte, e que depois
explicaria o motivo da minha saída intempestiva.

Eu ficaria com a Jaiden naquela noite, não tinha a menor dúvida.

Ela estava à minha espera no bar do hotel, linda como sempre. Bebemos um gin, conversámos durante alguns
minutos e de seguida ela convidou-me para ir ver algo ao quarto dela. Era tudo o que eu queria ouvir.

Ela mostrou-me umas fotos maravilhosas com as quais iria participar de um concurso mundial e pediu a minha
opinião.

--Acho que não sou a pessoa mais indicada para emitir qualquer opinião, acho tudo o que fazes magnifico e
essas fotos são maravilhosas. -Respondi sendo absolutamente sincera.
--Ah Sara, assim não vale, mas se achas isso mesmo, então eu acredito. Vem cá, vamos aproveitar o que este
quarto de hotel tem de melhor.

Puxou-me pelo braço e levou-me à varanda cuja vista era deslumbrante.

--Não acredito que na face da terra haja lugar onde a lua brilhe tão intensamente como aqui. -Disse debruçando-se
sobre o parapeito da varanda.

Eu estava em transe, com a lua, com aquela mulher e sem pensar duas vezes abracei-a por trás e me fundi nela.

--Sara, eu ainda não consigo acreditar que estamos juntas aqui, é bom demais para ser verdade minha querida...

Beijei-a. Que beijo perfeito, que comunhão de toques. A boca dela tinha um efeito devastador sobre mim, saía da
realidade. Estávamos ambas entregues ao delírio daquele momento, nada mais existia a não ser o desejo que nos
queimava. Eu me surpreendi gemendo de prazer. O beijo dela tinha esse efeito em mim, que loucura, doce loucura.

Ela afastou-se um pouco, e completamente inundada de desejo, pediu que eu aguardasse um segundo.

Entrou no quarto e eu fiquei parada olhando aquela obra da natureza. Dois minutos depois ela voltou, segurou as
minhas mãos e entramos no quarto. Lágrimas inundaram os meus olhos. Ela colocara velas aromáticas por todos os
cantos do quarto e o ambiente ficou propício para a primeira noite de amor de dois seres que se queriam acima de
tudo.

Eu a olhava admirada e ela me enchia de beijos por todos os cantos do meu corpo.

--Jaiden...

--Shhhh, não diga nada meu amor... - Mais um beijo maravilhoso.

--Finalmente temos a cama perfumada...Sara, eu quero muito fazer amor contigo, minha querida. - Sussurrou-
me no ouvido, com uma voz carregada de desejo.

Não disse uma única palavra, não conseguiria exprimir nada com palavras. Deitei-me naquela cama enorme e olhei
para ela. Eu estava um pouco nervosa, mas o desejo que nutria por aquela mulher suplantava qualquer outro
sentimento. Ela deitou ao meu lado e ficamos de mãos dadas por alguns minutos, apenas olhando nos olhos uma da
outra. Eu me apaixonava cada vez mais, aqueles olhos magníficos querendo entrar no meu íntimo, aquela pele sedosa
que convidava a toques, eu ardia de desejo. Era consumida por um fogo avassalador.

--Eu também quero muito fazer amor contigo Jaiden, acho que nunca quis tanto na minha vida...

Lágrimas nos meus olhos.

Ela beijava as minhas lágrimas e dizia palavras lindas ao meu ouvido. Tirou a minha blusa de uma forma tão delicada
que tive vontade de chorar, tudo nela era perfeito. Beijava cada canto do meu colo e eu transbordava de prazer. Tirei
a blusa dela também e mais uma vez fiquei alucinada com a beleza daquele par de seios e aquela barriga perfeita.
Num ato de puro desejo beijei os seios dela ao que respondeu com um gemido que aumentou ainda mais a minha
loucura em estar naqueles braços.

Beijava, mordia levemente, acariciava-os com a ponta dos meus dedos, ao mesmo tempo era tocada de uma forma
que jamais tinha sido ao longo da minha vasta experiência sexual. Tirei a minha saia com rapidez, estava ardendo de
desejo. Ela fez o mesmo e ficamos grudadas uma na outra. Ela beijava os meus seios, sugava-os e eu gritava de prazer.

--És tão linda meu amor, tão linda que não vou aguentar mais, quero-te tanto. - Voz embargada de desejo.

--Eu também quero-te muito Jaiden.

Esfregava-me nela enquanto contorcia de prazer. Livramo-nos das últimas peças de roupa que ainda cobriam os
nossos corpos e nos entregámos à dança perfeita dos nossos corpos. Corpos suados, bocas se devorando, peles
ardentes, mãos ávidas, sexos latejantes e por fim uma deliciosa explosão de prazer.

Dera asas ao prazer que me consumia e descobri que fazer amor com uma mulher revelara-se uma das experiências
mais gratificantes da minha vida. Não tive medo de errar, decepcionar, nada disso, apenas segui o meu coração e o
meu desejo.

Fizemos amor a noite toda e já amanhecia, quando finalmente adormecemos abraçadas uma à outra.

Notas finais:

Boa leitura.
NH

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Capitulo 16 - FELICIDADE PLENA NÃO É UTOPIA! por Nadine Helgenberger

Acordei às 11 da manhã e descobri-me sozinha na cama. O primeiro pensamento que tive foi que estava feliz.
Espreguicei-me e ri. Sentei-me na cama, fechei os olhos e revi a maravilhosa noite de amor que tivera com Jaiden.

A realidade superara qualquer imaginação, e eu queria mais, queria muito mais. Fui ao banheiro e ao olhar-me no
espelho achei-me linda, os meus olhos brilhavam intensamente, o meu sorriso era pleno. Estava irremediavelmente
apaixonada e aquela constatação não me assustou.

Ao sair do banheiro dei de cara com a Jaiden sentada na cama mais linda do que nunca, e com uma bandeja repleta de
delícias.

--Estou morta de fome e acredito que a Srta. também esteja. - Piscou com malícia dando uma mordida numa
maçã suculenta.

--Morrendo de fome mesmo, mas de sua boca mulher maravilhosa.

Ela surpreendeu-se com a minha desenvoltura, mas ficou ao mesmo tempo encantada com a minha atitude. Deitei-me
sobre ela e beijei-a com todo o desejo que me consumia. Em segundos a toalha que cobria o meu corpo nu estava no
chão e aquela cama de hotel testemunhava mais um encontro de dois corpos que se moldavam num todo perfeito.

Uma hora mais tarde, totalmente entrelaçadas, Jaiden sussurrou-me aos ouvidos:

--És um perigo Srta. Sara... - Beijou-me as costas com tamanho carinho, que senti-me desfalecer.

--Hmmm, porquê? - Perguntei manhosa, enroscando-me mais nela.

--Acho que até o mais insensível dos mortais não conseguiria ficar imune aos teus encantos. És um perigo
mulher, um perigo...

Virei e fiquei de frente para ela. Os olhos tinham um brilho que jamais vira igual, como a Jaiden era linda,
irresistivelmente linda.
--Isso é um elogio ou nem por isso? - provoquei - Preciso ficar em alerta máxima para não causar danos já que
sou um perigo. - Ri das minhas palavras, e ela olhando-me nos olhos e beijando-me disse:

--Não se preocupe meu amor, os danos já foram causados e a culpa não foi tua.

Meu amor...ela me chamara de meu amor, aquelas simples palavrinhas tiveram um efeito incrível em mim. Tive
vontade de gritar que queria ser o amor dela para sempre, já que para mim seria totalmente impossível esquece-
la. Eu amava aquela mulher como jamais amara alguém em toda a minha vida. Era bom descobrir aquilo, mas ao
mesmo tempo eu receava o futuro, se é que esse existiria para nós duas. Não me preocuparia com aquilo, pelo menos
não naquele momento. Queria aproveitar ao máximo aqueles breves momentos de felicidade plena.

Saímos daquele quarto às duas horas da tarde com nossos estômagos completamente em guerra com o resto dos
nossos corpos. Além de comer eu precisava passar no hotel da irmã da Nahima para mostrar que estava viva.

Comemos no bar do hotel e fomos para a pousada dos Navegantes. Encontrei Nahima na varanda tomando sol.

--Eu não acredito que deu tudo certo. - Gritou Nahima dando um pulo da rede em que estava e correndo para
me abraçar.

--Tudo o quê sua doida? - Perguntei sem entender nada. Olhei para a Jaiden que sorria cúmplice.

--Eu explico, minha querida. Lembras que me mostraste uma foto da Jaiden quando ainda estávamos em Porto
Seguro?

Assenti.

--Então, fui com o Jonas para o Hotel Oásis e dei de cara com a Jaiden sentada numa mesa com ar de perdida, não
pensei duas vezes em abordá-la para ver se era mesmo a pessoa de quem fugias, e não é que era ela mesma.

A Nahima era uma atriz nata, contava aquilo fazendo uma encenação incrível.

--Ah meu amor, eu não perco tempo quanto mais quando o destino resolve dar uma ajuda. Falei com ela, que por sinal
foi muito simpática se levarmos em conta que era uma total desconhecida. Quando disse que te conhecia e que
estavas aqui, essa tua Jaiden maravilha quase teve uma síncope, isso é que é amor.
Eu estava morta de vontade de rir das loucuras da Nahima e ao mesmo tempo transbordando de felicidade, só agora
entendia aquele encontro misterioso no pier. Que amiga maravilhosa a vida me presenteara.

--E aí garota, tirou o atraso? - Nahima provocou rindo da minha cara vermelha.

--Obrigada Nahima, essa tua amiga é um perigo que estou disposta a correr em todos os sentidos...

Foi a vez da Jaiden falar, ao mesmo tempo que segurava a minha mão.

--Wow, vejo que estamos bem, fico tão feliz que a minha vontade é sair voando por aí.

Eu não conseguia dizer nada, estava feliz demais para dizer algo, era melhor sentir.

Peguei as minhas coisas e levei para o Hotel da Jaiden. Ficaríamos por pouco tempo em Pipa e então nada era mais
oportuno do que ficarmos juntas.

A Nahima dava pulos de exultação, encontrara uma amiga de verdade.

Aproveitamos o resto do dia para passear por aquela praia maravilhosa. Andámos de barco, Jaiden fez fotos
maravilhosas. Rimos de tudo, fizemos amor numa praia onde só estávamos nós, o sol, o mar e o tesão avassalador que
nos consumia. Estava num sonho do qual não queria acordar nunca mais.

Por volta das sete da noite voltamos para o hotel e fomos imediatamente jantar, todas cobertas de sal e queimadas de
sol. Durante o jantar fui abordada por um cliente da empresa, um chato que resolveu aparecer justamente onde não
devia.

A Jaiden ficou a esfregar as pernas dela nas minhas e eu quase perdi o controle. O chato foi embora e eu quase a beijei
ali mesmo naquele restaurante repleto de gente. Na minha opinião qualquer um que depositasse os olhos em mim
perceberia que eu estava apaixonada pela mulher ao meu lado, não conseguia tirar os olhos dela.

Após o jantar, Jaiden subiu para o quarto e disse-me que voltaria em segundos. Eu sentia um clima de mistério no ar,
mas estava amando. Alguns minutos depois ela voltou com uma mochila nas costas e disse-me que preparara uma
surpresa e que torcia que eu gostasse.
Já gostara!

Fomos de carro para uma praia um pouco distante e vi uma espécie de cabana abandonada. Ao parar o carro percebi
que aquele era o nosso destino. A cabana abandonada na realidade era um perfeito ninho de amor. Era uma casa de
madeira completamente rústica, cheia de velas aromatizadas, flores secas pelo chão, a cama era suspensa no ar, os
lençóis tinham ondas de um mar de águas transparentes, e lá fora ouvia-se o barulho das ondas.

Eu fiquei pasma.

Já tivera romances com homens sofisticadíssimos, mas nenhum tivera uma ideia tão maravilhosa como aquela. Não
conseguia dizer uma única palavra, fiquei encostada numa parede morrendo de medo, pois mais uma vez percebi que
amava aquela mulher, tudo nela era perfeito.

--Gostaste da surpresa meu bem? - Perguntou-me com aquele olhar que me hipnotizava.

--Não tenho palavras para descrever o que estou sentindo neste momento...está tudo tão perfeito que parece
irreal.

--Isso parece-te irreal? - Ela abraçou-me e beijou-me a princípio com suavidade, seguidamente com tamanho
desejo que fiquei sem ar. Ficámos presas naquele beijo durante largos minutos.

Fiz um jantar rápido enquanto a Jaiden arrumava as parafernálias dela, claro que ela levara os seus instrumentos de
fotografia.

Eu estava impressionada com a funcionalidade daquela que à priori me parecera uma simples cabana abandonada. O
pequeno espaço que funcionava como cozinha estava muito bem equipado e não tive problemas em preparar uma
massa para o nosso jantar.

Após o jantar abrimos uma garrafa de champanhe que foi devidamente apreciada. Fomos para a praia passear e
conversamos durante horas. Eu sempre gostara de conversar com a Jaiden, e gostava cada vez mais.

Pela primeira vez ela falou da vida sentimental dela, aquele assunto até então tinha sido resguardado. Disse que
sempre se relacionara com homens até que aos 25 anos viu-se apaixonada por uma mulher. Como nunca tivera medo
de nada e era adepta da teoria que qualquer experiência é válida desde que não prejudique ninguém, viveu o
romance enquanto este teve forças.
O romance havia terminado pois não resistira ás inconstâncias temperamentais da outra e muito menos ás inúmeras
viagens dela.

O nosso, provavelmente não resistiria também, mas não iria preocupar-me com aquilo, não naquele momento.

--E a Srta. devoradora de corações masculinos não abriu excepções ao longo da vida?

Ela ria das próprias palavras. A impressão que eu tinha era que ela tentava dar menos importância aquele assunto, do
que realmente tinha.

--A minha única excepção é a Srta. fotografa maravilha, e não sou nenhuma devoradora de corações. - Disse
dando uma sonora gargalhada.

--Ah és minha querida, tanto és que devoraste o meu pobre coraçãozinho.

A Jaiden e o sentido único de humor. Ela disse aquela frase fazendo uma encenação dramática arrancado gargalhadas
minhas.

--Vou fazer uma pergunta que é no mínimo idiota, mas sou assim mesmo, pergunto tudo, não te rias de mim
ok?

Fiz cara de drama e a Jaiden riu muito.

--Essa tua faceta dramática eu ainda não conhecia, minha querida. - Disse aquilo me abraçando forte e me
beijando na face.

--O que te chamou atenção em mim?

--Só podes estar a brincar, mulher tu és linda, L-I-N-D-A, deliciosamente linda.

--Não falo disso sua boba, e sabes muito bem a quê me refiro. Eu passo a vida rodeada de mulheres lindas e no
entanto nunca olhei mais de duas vezes para nenhuma delas, até que a Srta. apareceu...
Um pouco mais séria, ela disse:

--Eu te achei atraente no minuto em que coloquei os olhos em ti naquele restaurante. No decorrer da nossa
convivência passei a admirar a tua personalidade forte, a tua inteligência, a tua capacidade de lidar com as pessoas,
fazendo com que os teus subordinados tenham respeito por ti, admiração e ao mesmo tempo aquele espírito de
equipa... e meu amor depois de ter dormido contigo acho difícil esquecer-te...

Aqueles olhos brilhantes de novo, aquela voz rouca...

Não consegui dizer uma única palavra, estava emocionada demais, limitei-me a pegar-lhe as mãos e fomos para a
cabana.

Mal entramos, encostei-a numa parede e iniciei um jogo de sedução que nem eu sabia que era capaz de fazer, pelo
menos não com aquela desenvoltura. Deitei-a no tapete macio do chão de madeira e dei asas à minha imaginação. O
meu desejo pela Jaiden era algo inexplicável, por mim ficaria numa cama com ela a vida inteira. Adormeci com a
Jaiden me abraçando por trás e senti-me em paz e totalmente feliz. Ela ficou beijando as minhas costas durante um
longo período e eu sentia lágrimas inundando os meus olhos. A minha vontade era gritar que a amava como nunca
amara ninguém na minha vida que queria ficar com ela para sempre, mas a minha racionalidade ou covardia (já não
sabia ao certo que nome dar aos meus sentimentos) não me permitia.

Eu morria de medo de estar a confundir as coisas, eu sabia que amava a Jaiden, mas e ela? A impressão que eu tinha
era que o sentimento era recíproco, mas afinal eu não a conhecia tão bem assim e aquela espontaneidade, aquela
entrega toda poderia ser algo inerente à personalidade dela, enfim...

Acordei primeiro e fiquei observando aquela obra de arte que se estendia ao meu lado. Que mulher linda, e dormindo
ficava mais linda ainda.

Fui preparar algo para comermos, pois, energias precisavam ser repostas. Comi algumas cerejas e decidi dar um
mergulho enquanto ela não acordava. Quando voltei da praia ela estava sentada no chão completamente nua a comer
uvas. Aquela imagem era quase irreal, o sol que entrava pela janela dava um reflexo lindo nos cabelos avermelhados
dela e os olhos faiscavam. Precisava eternizar aquela imagem. Tirei várias fotos e aquilo tudo terminou numa guerra
de uvas e em mais uma deliciosa sessão de amor.

Algum tempo mais tarde o meu telefone tocou, eu não queria falar com ninguém mas dado a insistência resolvi
atender. Era o Noah. Eu não me lembrava mais dele, pelo menos não como amante. Conversamos um bocado, afinal
ele era meu amigo acima de tudo. Ele perguntou-me onde eu estava, e tive vontade de dizer no paraíso, mas limitei-
me a dizer que estava em pipa com a Jaiden.

Ele mandou cumprimentos a ela e desligou.


Percebi que Jaiden não estava na cabana, olhei para a praia e lá estava ela dentro do mar brincando com a água, feliz
da vida. Como eu queria que aquilo não terminasse nunca...infelizmente a felicidade já estava na reta final, precisava
voltar para São Paulo.

Passámos mais uma noite em Natal, aproveitando as maravilhas da cidade. Embora estivesse completamente feliz, lá
no fundo da minha mente algo me dizia que logo ela iria embora para as aventuras dela e eu ficaria sozinha e
completamente apaixonada.

Nessa noite fizemos amor com maior entrega. Eu queria ficar com a imagem dela na cama totalmente entregue
gravada na minha mente para sempre. Na nossa última explosão de prazer, já exaustas e sem forças, eu olhei nos
olhos dela que estavam molhados, e ela me abraçou forte e disse:

-- I love you, Sara!

Eu não consegui dizer que também a amava, tinha medo que aquilo fosse apenas um rompante, uma loucura de
férias, tinha medo de sofrer, tinha medo de tudo. Abracei-a, e beijei-a com todo o desejo que me consumia, enquanto
o corpo dela estremecia sob o meu.

Eu era racional demais, amava-a, não tinha a menor dúvida, mas como viver o meu amor integralmente? Ela era uma
fotógrafa famosa, mundialmente famosa, vivia viajando de um país para outro, de uma selva para outra, de um
deserto para outro, era muito requisitada, e embora fosse bem low profile tinha certeza que era muito desejada por
gente bonita...

O fato de ser mulher, surpreendentemente não me incomodava, eu estava consciente do preconceito que
relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo suscitava, mas não me importava nada.

Eu já resolvera aquela questão na minha cabeça e para mim amar a Jaiden ou o Noah era a mesma coisa, o que
interessava era o sentimento e não o género. Quem fosse realmente meu amigo e me conhecesse entenderia
perfeitamente aquela avalanche que me assolara.

Eu queria tanto dizer que ficava feliz só pelo fato de sentir a sua respiração nas minhas costas, de sentir o pé dela
enroscar-se no meu, de vê-la sorrir...

Mas ao mesmo tempo eu ficava com medo que aquilo fosse loucura de uma doida de 33 anos.

Como poderia amar alguém com tamanha intensidade em tão pouco tempo?
Mas não era o amor que possuía regras que só ele entendia?...

Notas finais:

Boa leitura.

NH

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Capitulo 17 -? REALITY BITES?! por Nadine Helgenberger

Durante o nosso voo para São Paulo, Jaiden disse-me que a minha produtora estava a concorrer para um prémio
internacional com o trabalho que ela fizera e que o resultado seria divulgado em poucos dias. O prémio com certeza
seria da nossa Agência, pois o talento da Jaiden era imbatível.

Chegámos em São Paulo e eu senti que as coisas seriam diferentes a partir daquele momento. Cada uma seguiu no seu
carro para os respetivos apartamentos.

Algumas horas mais tarde cheguei na produtora e tive que disfarçar o meu mau humor, afinal regressara de umas
férias relaxantes e ninguém entenderia a minha cara fechada. A decisão do prémio seria naquele dia.

Tive uma receção maravilhosa, eu era bastante querida naquela Agência, mas ás vezes faltava-me algo mais que ainda
não conseguira identificar.

No final da tarde o resultado saiu e corroborando as nossas expectativas, ganhámos o prémio internacional. A
Agência com certeza seria muito mais requisitada e consequentemente mais respeitada a nível internacional.

Jaiden foi tratada como uma estrela, e era exatamente isso que ela era, só que para mim era bem mais do que isso, ela
era a minha constelação. Tive que a cumprimentar de forma comedida, embora tudo o que eu queria era beijar muito
aquela boca e tirá-la dali...
O trabalho aumentou na Agência e eu mal tinha tempo para respirar. Dois dias após a vitória da nossa campanha,
Jaiden telefonou-me excitadíssima a dizer que tinha sido convidada para um trabalho na Indonésia. Estava tão feliz
com a ideia que eu tive que segurar um grito de dor na garganta. Estava claro que tudo tinha acabado, mas haveria
alguma possibilidade de ser diferente? Fiquei feliz por ela.

Mr. Andrews, o dono da Agência deu uma festa na casa dele, onde todos os famosos da publicidade internacional
estavam presentes, jornalistas, fotógrafos, televisão, enfim, um acontecimento. Eu não estava com muita vontade de
ir, mas era mais um compromisso de trabalho disfarçado de festa e é claro que fui.

A Jaiden, linda como sempre era o centro das atenções, embora aparentasse algum desconforto com tantos holofotes.
A uma dada altura ela aproximou-se de mim e pediu que a encontrasse do lado de fora da mansão. Consegui ludibriar
alguns fotógrafos que estavam na minha cola e saí. Fui para um dos jardins e mal cheguei caímos nos braços uma da
outra, nossos corpos tremiam de desejo, ela beijou-me com tanto desespero que tive vontade de fazer amor ali
mesmo.

--Vamos fugir daqui. Eu preciso ficar sozinha contigo linda, agora, por favor.

Ela suplicava e eu não pensei duas vezes, afinal não queria mais nada na vida a não ser ficar com ela.

Tivemos alguma dificuldade em sair, tamanho era o assédio, mas conseguimos. Cada uma entrou no respetivo carro,
mas o destino era o mesmo, o meu apartamento.

Ao entrarmos no meu apartamento percebi que ela estava impaciente, perguntei o que era e ela disse que iria para a
Indonésia no dia seguinte. Eu já esperava por aquilo, já tinha me preparado para aquele momento, e a única coisa que
consegui foi desejar boa sorte no novo trabalho.

Tentava mostrar uma frieza que eu não tinha, um desprendimento que não existia, mas que mais poderia fazer?

Ela não disse mais nada, abraçou-me e fizemos amor num misto de desespero e carinho, paixão e urgência, coroado
de orgasmos transcendentais.

Ficámos abraçadas uma olhando nos olhos da outra, cada uma perdida nos seus próprios pensamentos. Não aguentei
e comecei a chorar como uma criança. Não conseguia parar, ela beijava as minhas lágrimas e repetia inúmeras vezes
que me amava, que eu era a melhor coisa que lhe tinha acontecido. Mas o prazo daquele amor tinha chegado ao fim.
Era a última vez que sentia o gosto dela, o beijo dela. Era a última vez que via aquele sorriso mágico, que tremia ao
toque dela.

Fiquei olhando o vazio e adormeci.


Notas finais:

Boa leitura.

NH

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Capitulo 18 -O SABOR DO AMOR DEPOIS DE FEITO por Nadine Helgenberger

Às sete da manhã Jaiden preparava-se para deixar o meu apartamento e consequentemente a minha vida. Ela
movimentava-se com cuidado para não me acordar, e eu fingia estar a dormir. Não queria enfrentar uma despedida,
seria insuportável. Ela debruçou-se sobre mim e beijou-me as costas, a face e permaneceu parada por alguns
instantes. Deixou algo na borda da cama deu um suspiro e saiu do meu apartamento. Fui invadida por uma sensação
de perda até então desconhecida. Fiquei imóvel naquela cama enorme durante largas horas, por fim resolvi levantar e
trabalhar que era a única coisa boa que me restava, pelo menos naquele momento.

Encontrei um bilhete da Jaiden sobre a minha cama, e fiquei agarrada a ele durante algum tempo como se fosse a
minha tábua de salvação. Era a minha última lembrança dela, a mais recente e eu tinha medo de ler o que estava
escrito. Onde estava a minha célebre coragem? Desdobrei o papel e os meus olhos encheram-se de lágrimas...

"Honey, não quis te acordar, parecias um bebe de tão linda que estavas. Nem sei o que dizer nestas poucas palavras,
talvez I love you seja suficiente, mas a mim parece-me um pouco estranho já que estou de partida para o outro lado
do mundo. Sara, eu não quero que a nossa história termine aqui, farei tudo para estar contigo mais vezes, e das
próximas sem mal-entendidos pelo meio. Não sou muito boa com as palavras meu amor, por isso fico por aqui e já
morrendo de saudades de ti, da tua pele, da tua boca, do teu cheiro... I LOVE YOU!!!

Jaiden"

Como eu queria acreditar que logo estaríamos juntas de novo, que aquela era apenas uma viagem de trabalho e uma
semana depois no máximo estaria nos braços do meu amor. Mas algo no meu intimo me dizia que as coisas não
seriam assim. Eu precisava conversar com alguém, não aguentaria aquela pressão sozinha. Liguei para o meu irmão
em São Francisco e para a minha grata surpresa ele disse que viria ao Brasil no dia seguinte. Não adiantei nada,
preferi conversar olhando nos olhos dele.
Passei o resto do dia ouvindo música e organizando alguns trabalhos. Não parava de pensar na Jaiden e nos
momentos maravilhosos que tivemos juntas. Não conseguia imaginar um dia da minha vida sem a certeza que a
qualquer momento ela entraria por uma porta com aquele sorriso fascinante. Loucura, doce loucura.

O meu irmão chegou às 8 da noite e fomos jantar. Tomei algumas taças de vinho para ter mais desenvoltura na hora
de abordar o tema que me afligia. Não que temesse a reação dele, mas eu ainda tinha alguma dificuldade em entender
como a minha vida tinha virado de cabeça para baixo e em tão pouco tempo.

--Maninha, estamos aqui rindo e aparentemente felizes, mas eu vejo uma nuvenzinha nesses teus belos olhos, o
que se passa? O que está incomodando a minha irmãzinha querida?

--A tua irmã enlouqueceu, perdeu o juízo completamente... - Disse olhando fixamente para o resto de vinho que
estava na minha taça.

--Hey, o louco da família sou eu meu amor.

Gargalhadas.

--Não faças drama Sara, aposto que o que chamas loucura não chega aos pés dos meus atos insanos.

Ele tentava de todas as formas me descontrair, pois a minha cara de desesperada mostrava a minha angústia.

--David eu estou apaixonada... - Omiti por quem estava apaixonada.

--E desde quando isso é um problema? Já percebi que não é pelo Noah. Amor novo minha querida, que bom.

--É, amor novo, pessoa nova, sentimentos novos, tudo novo, novo demais para a minha sanidade...

--Não estou a entender nada Sara, estas assim por estar a trair o Noah? Sinceramente não consigo entender o
porquê desse olhar perdido e dessa apatia. Estas apaixonada minha irmã, aproveite tudo de bom que o amor quase
sempre traz.

--Estou apaixonada por uma mulher David!


Aquilo mais pareceu um sussurro.

--O quê? - Ele me olhava incrédulo - Por uma mulher...mulher? A minha irmã devoradora de homens está
apaixonada por uma mulher?

--O restaurante todo não precisa saber disso David, seja discreto pelo amor de Deus. - Disse um pouco
preocupada com o " Carnaval" que David fazia.

--Sara eu não consigo acreditar nisso minha irmã, como isso aconteceu e quem é a mulher maravilha que
conseguiu essa proeza?

--Não sei se conheces, mas já deves ter ouvido falar, é a Jaiden Howard, a melhor fotógrafa do mundo.

David me olhava com cara de espanto.

--Eu sei meu irmão, até na escolha se é que se escolhe a minha pontaria foi perfeita. - Falei com ironia.

--Meu Deus, mas a mulher é lindíssima, já vi que mesmo mudando de género as tuas escolhas continuam
irrepreensíveis.

Ele tentava amenizar a situação com o excelente humor de sempre.

-- É sério David, eu estou mesmo apaixonada por uma mulher e não sei o que fazer.

--Estou vendo que é sério meu amor, consigo captar os teus sentimentos no teu olhar. Mas esse amor é
correspondido? Vocês já deram asas á loucura ou ainda não aconteceu nada. Ainda estou meio bobo com essa
revelação Sara, mas podes ter a certeza que estarei aqui para o que der e vier.

Esse era o meu irmão!

--Vivemos momentos lindos. Resisti o quanto pude, não por preconceito, mas por medo de algo novo, mas
sucumbi ao sentimento lindo que me assolou e agora que ela foi embora estou nesse estado caótico que podes
testemunhar.
--Foi embora para onde? E ela, o que sente por ti?

Abri a bolsa e mostrei o bilhete que ela deixara.

--Mas pelo que leio aqui ela também gosta de ti, então porquê tanto drama, minha querida?

--Ela não para em lugar algum, está sempre de mochilas ás costas indo de uma aventura a outra, e eu devo ser
mais uma, apenas isso meu bem.

Como eu queria estar enganada, mas que esperanças poderia ter?

--Ei, onde está a Sara que conheci a vida toda? A mulher batalhadora e segura de si? Vá à luta mulher, não é isso
que sempre fazes quando queres mesmo alguma coisa, eu nunca te vi assim...

--Também nunca estive apaixonada por uma mulher. - Era a primeira vez que ria naquela noite. - É a vontade
que tenho, só não sei por onde começar. Ela foi para a Indonésia, e de lá deve partir para sei lá onde.

O meu desespero era evidente.

--Sim linda, mas existem telefones, Internet, satélites, enfim, o mundo evoluiu se é que ainda não percebeste.

Fazia tudo para me alegrar e estava conseguindo, eu já estava mais leve e com coragem para enfrentar algumas
batalhas em prol do amor.

--Tenho medo de me magoar, de ser inconveniente, em suma, de fazer papel de ridícula. Estou ás vésperas de
completar 34 anos David, não sou mais criança.

--Mais uma razão para saberes exatamente o que queres Sara, eu não vejo mal algum em alguém querer
descobrir o que lhe reserva a vida. Vá atrás dos teus sonhos criatura maravilhosa, não me desiludas. - Disse isso
puxando o meu cabelo da mesma forma que fazia quando éramos crianças.

--Vou tentar David, podes ter a certeza, e seja lá o que Deus quiser. Não posso continuar nesse impasse. - De
repente senti-me com forças para lutar pela minha felicidade, bendita hora que o meu irmão resolveu visitar-me.
--Linda e o Noah? Ele já está a par dos teus novos voos?

--Ainda não falei com ele, mas é claro que ele já deve ter percebido o meu distanciamento, mas isso não me
preocupa pois, a nossa história sempre foi muito clara. Não somos mais do que bons amigos.

--Eu sei disso, aliás sempre soube, nunca entendi essa história de sexo pelo meio. Nunca vi nada além de uma
bela amizade entre vocês dois. Aliás maninha linda, eu já havia cogitado a possibilidade de sugerir que
experimentasses novas emoções se é que me entendes. - Risos de ambos. - Já que nenhum homem conseguiu
despertar o vulcão que há em ti. Mas sendo a senhora a devoradora de homens que sempre foi eu nunca me atrevi.

--Pare de dizer que sou devoradora de homens. Eu apenas me diverti com alguns ao longo da vida, e eles devem
ter feito o mesmo. - Não conseguia ficar brava com o meu único irmão e que me conhecia tão bem.

Ele surpreendia-me com tamanha maturidade, a inconsequência dele restringia-se à sua vida amorosa. O David era
grande de espírito!

Infelizmente ele passou apenas 4 dias comigo pois um projeto novo o aguardava na Califórnia. Foram dias
maravilhosos, em que ele me deu muito colo e soube puxar as minhas orelhas quando era preciso. A nossa relação
que já era boa ficou melhor ainda. Ele partiu numa sexta à noite, não sem antes exigir que eu entrasse em contacto
com a Jaiden. Era tudo o que eu queria.

Enviei um e-mail, dois, três...e nada. Tentei localizá-la na Austrália e mais uma vez sem sucesso. Comecei a achar que
ela não tinha os mesmos sentimentos que os meus. Aquilo me deixou triste por algum tempo, mas a minha
objetividade não permitiu que a apatia tomasse conta da minha vida.

Viajei para a Argentina a trabalho e o Noah foi encontrar-se comigo. O Noah às vezes me surpreendia pela
maturidade tão pouco comum nos homens. No hotel, sem que eu falasse alguma coisa ele percebeu que a nossa
história tinha chegado ao fim, e sem cenas patéticas conversamos tranquilamente. Ele era o típico ser humano
civilizado, ou então também tinha encontrado alguém que lhe completava.

Numa tarde num café de Buenos Aires, ele abordou-me subtilmente:

--Sara, percebo um brilho diferente nos teus olhos, estas apaixonada princesa?
Assim de supetão. Ou eu era muito transparente ou ele me conhecia como ninguém.

--Pareço apaixonada? - Tentei disfarçar fazendo pouco caso das palavras dele.

--Eu diria que estás loucamente apaixonada, e digo mais, nunca te vi assim. Além de mais bonita escondes um
mistério no olhar, mas percebo também alguma ansiedade...

--Hei meu querido, o que é isso, o mundo perdeu um excelente psicólogo? - Tentava brincar para disfarçar o
meu nervosismo.

--Tudo bem que não queiras falar sobre isso minha querida, mas já sabes que podes contar comigo sempre. Nós
dois sabemos que o nosso relacionamento jamais daria certo, mas somos amigos, e é isso que importa.

--Muito amigos meu querido, eu te amo, sabias? - Estava sendo muito sincera, amava-o muito, mas era bem
diferente do que eu sentia pela Jaiden.

Por onde andarás agora meu amor, pensei e suspirei.

--Ihhh já vi que é sério. - Risos e os meus olhos cheios de lágrimas, saudade pura.

O Noah partiu logo para os Estados Unidos e eu permaneci mais algum tempo na Argentina. De Buenos Aires parti
para Miami, também a trabalho, aliás esse era o meu suporte para não enlouquecer de saudades...

A minha estada em Miami foi excelente, aproveitei para rever alguns amigos e o trabalho fluiu muito bem.

Regressei a São Paulo um dia antes do meu aniversário. Completaria 34 anos, meu Deus o tempo passava correndo.

Passei em casa correndo e fui à Agência já que tinha pontos que precisavam ser discutidos imediatamente com os
demais diretores. Achei o pessoal da Agência meio estranho, mas não dei muita atenção, a impressão que eu tinha era
que estavam escondendo alguma coisa. Fiquei mais tempo na Agência do que o pretendido e só regressei à minha
casa perto da meia-noite. Ultimamente trabalhava mais do que o normal numa vã tentativa de esquecer a Jaiden. Eu
me sentia uma estúpida por pensar tanto nela. As minhas tentativas de encontrá-la tinham sido infrutíferas, mas eu
não conseguia desligar-me daquele sentimento lindo...como esquecer aqueles olhos lindos, aquelas mãos...

Mal entrei em casa o meu telefone tocou, era o meu irmão desejando feliz aniversário.
--A princesa encantada já deu sinal de vida?

--Não David, e acho que ela está mais para monstro...

--Eu ainda esgano essa mulher, como é que ela se atreve a fazer sofrer a minha irmã favorita?

--E por acaso tens outra, seu palhaço? - Rimos das nossas piadas.

--Meu amor preciso ir dormir agora, estou zonza de sono e amanhã, tenho que ir cedo à Agência.

Estava realmente muito cansada.

--Amanhã é sexta e dia do teu aniversário e nem assim te liberam?

--Eu preciso trabalhar para exorcizar os meus fantasmas.

--Quem corre por gosto não cansa...eu te amo sua doida, irmã mais velha e cada dia mais velha.

Risos.

--Um dia chegas lá querido e não falta muito pelas minhas contas.

Mais gargalhadas.

--Eu te amo mana querida e te cuida ok.

--Ok! Amo-te também meu irmão.


Nessa noite, estranhamente dormi muito bem. Tive um sonho com a Indiana, achava que ela tinha me abandonado,
mas reapareceu e desta vez limitava-se a sorrir o tempo todo. Acordei feliz e fui trabalhar. Percebi uma
movimentação estranha na empresa, mas não dei importância. Ao meio-dia entendi tudo. Tinham organizado uma
festa surpresa para mim. Adorei a surpresa, não gostava muito de festas surpresa, mas desta vez gostei, talvez por
estar carente. Ganhei presente de todos e senti-me muito bem, querida por todos.

A Clara aproveitou um momento em que eu estava sozinha conversando no celular e aproximou-se com um envelope
nas mãos.

--Chefe preferida! - Sempre divertida e extrovertida. - Aqui tens o teu último presente. - Disse aquilo e
estendeu-me o envelope para que eu segurasse.

--O que é isso Clara? - Não fazia a menor ideia do que se tratava.

--É um presente que a empresa inteira resolveu dar à funcionária mais querida, abra e veja.

Era um pacote de fim-de-semana na praia de búzios no Rio de Janeiro com todas as despesas pagas.

--E aí chefe, que tal a surpresa?

--Adorei, e acho que vou aceitar, preciso mesmo descansar num lugar lindo como Búzios.

--Tenho certeza que vais amar Sara, certeza absoluta. Aproveita tudo, mas tudo mesmo.

--Ok podes crer que farei isso mesmo.

Não sei porquê, mas tive a impressão que ela escondia alguma coisa. Provavelmente era loucura da minha cabeça.
Aproveitaria o meu presente ao máximo.

Fui ao Rio e uma estranha ansiedade tomava conta de mim. Sobrevoando Búzios de Helicóptero fui assaltada por uma
paz incrível, parecia que tudo na minha vida entraria nos eixos, era uma estranha sensação. Em poucos minutos
aterraria em mais um sonho.
Notas finais:

Boa leitura.

NH

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Capitulo 19 -DÚVIDAS QUE SE EVAPORAM, PARA DAREM LUGAR A CERTEZAS
IRREFUTÁ•VEIS por Nadine Helgenberger

Ao chegar ao Hotel acompanharam-me à Suite Mistério, isso também fazia parte do meu pacote de aniversário. A
suite era cheia de fantasia, linda. Achei estranho o pessoal da Agência ter prestado atenção em detalhes tão ínfimos
como a decoração de uma suite, mas resolvi relaxar e aproveitar.

Tomei um banho de sais maravilhoso e vesti um vestido lindo que comprara em Nova York. Queria divertir-me muito,
afinal era o meu aniversário. No minuto em que ia deixar o quarto bateram à porta. Abri a porta e faltaram-me forças
nas pernas. Eu só podia estar louca, mas o que via à minha frente era uma Jaiden linda com aquele sorriso lindo
olhando para mim.
Eu queria abraçá-la para ver se não era sonho, mas não conseguia mover as pernas, estava estática.

--Posso entrar?

Ela parecia insegura.

Meu Deus como amava aquela mulher, que vontade de cair nos braços dela.

Não disse nada, afastei-me da porta e ela entrou. Aquele perfume inconfundível, cheiro da Jaiden, único!

Os meus olhos estavam cheios de lágrimas e seguindo a voz do meu coração e sem qualquer sombra de medo disse:

--Tive tantas saudades tuas...

Mal terminei a minha frase ela correu para os meus braços e me abraçou com tanto carinho que desabei num choro
convulsivo. Era real, ela estava mesmo ali, e melhor me abraçando como se eu fosse a última pessoa na face da terra.

--I missed you to death baby! - E beijou-me.

Eu chorava sem parar. Era bom demais, era perfeito. Dessa vez faria tudo para prolongar ao máximo aqueles
momentos de puro êxtase ao lado do meu amor.

--Eu te amo Jaiden, não tenho mais duvida alguma.

Não tive medo de proferir aquelas lindas palavras, ainda que ela não me amasse com a mesma intensidade, eu estava
mais interessada em exteriorizar os meus sentimentos.

--Eu também meu amor, eu também e não aguento mais quero sentir a tua pele.
A urgência era mútua, tiramos as nossas roupas em segundos e nos deliciamos com um ritual de amor maravilhoso.
Os nossos corpos se encaixavam perfeitamente, eu estava no céu, feliz, muito feliz!

Algumas horas mais tarde, abraçadas e trocando juras de amor eu perguntei:

--Como é que a senhorita apareceu na porta do meu hotel? - Estava em cima dela e fingindo cara de brava.

--Eu explico meu amor, explico tudo. Naquele dia em que deixei o teu apartamento, não tive coragem de te
acordar. Eu não conseguiria sair dali se estivesses acordada. Fui para a Indonésia achando que esqueceria o
sentimento avassalador que me empurrava para os teus braços. Pela primeira vez na vida eu tive medo, logo eu que
não conhecia esse sentimento. Achava que para ti aquilo tudo tinha sido uma experiência diferente, algo que tinha
causado uma confusão enorme nos teus sentimentos e que mais cedo ou mais tarde acordarias e seguirias a tua vida
de sempre. Eu mesma achei que não seria tão difícil esquecer os momentos lindos que vivemos, mas como estava
enganada. Cada lugar novo que conhecia o meu desejo maior era que estivesses ao meu lado para desfrutarmos tudo
juntas. Sonhava contigo quase todos dias, às vezes até acordada. - Disse aquilo sorrindo, aquele sorriso que amara
desde o primeiro instante.

--E eu aqui achando que tudo não passara de brincadeira para ti meu amor, como fomos idiotas, meu Deus que
tempo perdido. - Abracei-a mais forte ainda.

--Prometo recompensar tudo Sara, tudo mesmo, eu não consigo mais viver sem ti.

--Nem eu meu amor, nem eu... - O que faríamos para estarmos sempre juntas eu ainda não sabia, mas naquele
momento tudo o que faria era amar a minha mulher.

Fizemos amor a noite toda, como eu sentira falta dela. Mas agora estava ali, deitada do meu lado. Eu não queria
dormir com medo de acordar sozinha, mas fui vencida pelo cansaço. A meio da noite fui acordada pelo meu amor, ela
me queria de novo, e eu a queria sempre. Talvez fosse isso o AMOR!!!

--Baby, desculpa-me.

--Porquê? - Não entendi o pedido de desculpas.

--Feliz aniversário!

--Estás algumas horas atrasada meu amor, mas o motivo foi nobre então estás perdoada.
Riamos das nossas piadas e aquilo sem dúvida era estar no paraíso.

--Senhorita, ainda não me explicou como chegou exatamente nesse hotel.

--Ihhh, me apaixonei por uma detetive.

Risos.

--Conta lá imediatamente antes que eu te prenda...em meus braços.

--Eu te amo! Sabes a Clara lá da tua agência, vamos ter que elegê-la nossa Cupido.

--A Clara, como assim?

--Foi ela que me deu as tuas coordenadas nos últimos tempos. Ela quase me matava cada vez que demonstrava
resistência em ir ao Brasil e cair nos teus braços.

--Mas ela nunca me disse nada.

--O que prova que a menina além de boa ouvinte tem juízo, já esqueceste que és a chefe dela meu amor.
Imagina a tua reação se uma subordinada se intrometesse na tua vida.

--Acho que se fosse para falar de ti, ela além se ser promovida a amiga ainda ganharia uns pontos no currículo.

Ria muito, mas com certeza teria que prestar mais atenção às pessoas à minha volta, estava claro que aquela menina
além de minha assistente era minha amiga, e que amiga.

--Foi dela a ideia da surpresa aqui em Búzios. Eu a principio relutei um pouco por achar que jamais aceitarias
uma coisa assim. Mas ainda bem que segui os conselhos da tua assistente e agora posso desfrutar desse abraço único.

--Mudei tanto Jaiden, e para muito melhor. Obrigado meu amor.


--Não agradeça com palavras minha linda, já estou com saudades de ti, me ame.

Fizemos amor como nunca, ela era linda, linda, linda. Eu cheguei à lua várias vezes, gritei, gemi, chorei, amei. Estava
sendo plenamente feliz.

Acordei, o sol já brilhava forte lá fora. Ela dormia como um anjo. Fui invadida por uma paz incrível. Queria sentir
aquilo para sempre. Ela abriu os olhos e a primeira coisa que disse foi que eu era maravilhosa, e aquele sorriso...

Tivemos um dia lindo em Búzios. Fizemos todas as loucuras que agradavam a ambas, de desportos náuticos a sessões
de amor em lugares desertos e lindos. Á noite comemos sanduíches e dormimos abraçadas a noite inteira.

Fomos juntas ao Rio, mas voltei sozinha para São Paulo. Ela tinha um trabalho na Espanha e já estava atrasada. Ela
queria que eu fosse junto, e eu adoraria, mas tinha compromissos inadiáveis em SP.

O meu avião partiu primeiro que o dela, a nossa despedida foi uma loucura. Precisávamos de um beijo na boca, mas
como? Éramos duas mulheres conhecidas no aeroporto internacional do Rio de Janeiro, mas a Jaiden sempre tinha
uma solução para tudo. Louca essa minha Deusa.

Entrámos num banheiro que milagrosamente estava deserto, com exceção da senhora que tomava conta do espaço.
Invadimos um dos gabinetes e quase passamos dos limites do razoável naquele espaço minúsculo. Foi maravilhoso!
Ela beijou-me tanto que tomei um susto ao olhar-me ao espelho, a minha boca estava muito vermelha e mais linda do
que nunca.

Cheguei em São Paulo com a certeza que dessa vez tudo seria diferente. Já não tinha mais dúvidas dos sentimentos da
Jaiden e nem dos meus. Ela amava-me e isso era suficiente para me fazer feliz.

No trabalho, todos notaram a minha felicidade, aliás eu não escondia de ninguém. Chamei a Clara e agradeci tudo o
que ela fizera por mim. Ela, ligeiramente desconcertada, disse que faria tudo para me ver feliz pois chefe como eu só
no céu.

Espirituosa a garota.

Tudo estava bem, apenas as saudades da minha mulher me consumiam.

Mais tarde, no trânsito a caminho de casa o meu celular tocou. Era o meu amor. Assim como eu estava morta de
saudades. Conversamos pouco por causa do trânsito caótico da cidade, mas prometi ligar assim que chegasse em
casa. E foi exatamente o que fiz. Horas de amor por telefone e muita felicidade à mistura.
Ela tinha mais um trabalho na França e depois iria a um festival de fotografia na Holanda.

Fiz uma surpresa e apareci em Amsterdam. Ela não acreditava e quase perdia o festival onde ganhou vários prémios,
inclusive o de fotógrafa do ano. Passámos dias maravilhosos naquela cidade, andamos de mãos dadas por todos os
cantos da cidade, visitamos todos os museus, parques, livrarias, aquela cidade tinha algo a mais, um encanto
irresistível, além da liberdade concedida ás minorias.

Percebi que adoraria viver em Amsterdam, a língua não seria problema já que falava fluentemente o inglês e esse era
o idioma de trabalho utilizado por aquelas bandas. Pensaria com carinho na possibilidade. Tudo em nome do amor.

Eu queria viver num lugar onde pudesse desenvolver o meu trabalho, ter tudo o que precisasse, comodidade,
segurança, funcionalidade, e agora que eu tinha a certeza que um homem jamais me completaria como a Jaiden me
completava, Amsterdam tornava-se mais perfeita ainda. Eu tinha que pensar mais um pouco, arranjar um emprego e
deixar o destino se encarregar do resto.

Não disse nada à Jaiden, não queria forçá-la a nada, mas eu já estava quase certa que adotaria Amsterdam como
minha futura residência.

Viemos juntas a SP e ficamos dois dias enfiadas na cama. De seguida ela foi para Nova York. As minhas contas
telefónicas eram assustadoras, mas eu não reclamava, era a forma de estar mais perto do meu amor.

Notas finais:

Boa leitura.

NH

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Capitulo 20 - MY HAPPY ENDING por Nadine Helgenberger
Mandei o meu currículo para algumas agências na Europa, duas em Amsterdam, uma em Berlim, uma em Londres e
outra em Roma. A sorte estava mesmo do meu lado. A melhor agência de Amsterdam chamou-me para uma
entrevista, assim como uma excelente de Berlim.

A minha amiga Nahima ficou muito feliz com a possibilidade de eu morar na Alemanha e mais feliz ainda por saber
que eu e a Jaiden estávamos bem e muito felizes.

Acabei por aceitar a proposta da melhor agência de Amsterdam. Ofereciam condições de trabalho irrecusáveis e
queriam-me o mais rápido possível no elenco deles.

Era irresistível!

Precisei de algum tempo até desvincular-me por completo da minha produtora em São Paulo. Queriam que eu ficasse,
mas estavam certos que não podia desperdiçar aquela oportunidade única na minha carreira. Isso era sem dúvida
maravilhoso, mas o real motivo era a possibilidade de ficar mais perto do meu sol.

Não disse nada a Jaiden. Na véspera da minha partida definitiva para Amsterdam enquanto falávamos ao telefone eu
disse:

--Jaiden, amanhã vou a Amsterdam.

O meu coração pulava.

--A trabalho, meu bem?

--Sim!

Faria surpresa.

--Que bom, estarei aí no sábado e mal posso contar as horas para te ter em meus braços.

Mal sabia ela que a partir do momento que chegasse em Amsterdam nossos momentos juntas seriam muito mais
frequentes. Para a felicidade de ambas.
Cheguei em Amsterdam e tudo correu muito bem. A agência era mais do que eu sonhava e a equipe à qual fui
integrada era muito eficiente.

Aluguei um apartamento numa área residencial tranquila e fiz questão que tivesse um espaço onde a Jaiden pudesse
transformar em Studio.

Às vezes eu ficava espantada com as minhas atitudes e nas mudanças repentinas na minha vida. Eu jamais cogitara a
possibilidade de dividir o meu espaço com alguém, prezava demais a minha liberdade, mas desde que descobrira que
amava a Jaiden, tudo o que eu queria era dividir um espaço com ela para sempre, ou pelo menos enquanto o ar me
faltasse cada vez que colocasse os olhos nela.

É incrível como as coisas funcionam bem na Holanda, em quatro dias a minha casa estava como eu queria, perfeita!

Jaiden chegou no sábado e eu não pude ir buscá-la ao aeroporto, pois estava excitadíssima com um projeto novo que
me tinha sido entregue em mãos.

Fui encontrá-la no hotel e ficamos horas nos amando. Amava tanto aquela mulher que ficava tonta ao vê-la.

Loucura!

--Sara, eu não aguento mais essa situação.

Ela tinha o semblante sério, e o meu coração estava nas mãos.

--Não queres mais ficar comigo, é isso? - A minha voz saíra tremula.

--Não fales isso nem brincando meu amor, eu te amo muito e é exatamente por isso que não aguento mais essa
distância continental entre nós. Não consigo concentrar-me em nada, contando os dias para ver-te de novo, eu sei que
isso é uma atitude no mínimo infantil, mas é assim que me sinto. Quero-te do meu lado. Mas não quero forçar-te a
nada, então acho que só me resta ir viver no Brasil, se é que me aceitas por lá. Tenho medo de sufocar-te meu amor.

Aquela mulher linda, firme e decidida parecia uma menina, como eu a amava.
Os meus olhos a essa altura já estavam marejados de lágrimas. Beijei-a como nunca e perguntei:

--Queres morar comigo em Amsterdam?

--Como assim, meu amor?

Os olhos dela brilhavam, mas não entendia nada.

--Já moro aqui Jaiden, eu também não aguentava mais essa vida louca que vivemos nos últimos tempos, mas
também não queria que te sentisses pressionada, então vim sem dizer nada.

Me encolhi na cama com cara de menina levada.

Ela pulou em cima de mim me chamando de doida e me enchendo de beijos maravilhosos.

--Eu te amo doida, sabias disso?

--Sabia! E eu também te amo, doida mor.

Fomos ver o meu apartamento e ela ficou encantada com o facto de ter um espaço para o futuro studio dela. Disse-me
que a partir daquele momento selecionaria mais os trabalhos, daria preferência aos trabalhos na Europa para que
ficássemos mais tempo juntas.

Aquilo tudo parecia um sonho, mas era real. Encontrara algo que nunca, pelo menos não conscientemente tivesse
procurado, o amor. E agora tudo faria para mantê-lo sempre aceso dentro de mim.

A minha vida profissional não poderia estar melhor, era solicitadíssima para as melhores campanhas e quase sempre
a Jaiden era a fotografa, o que era fantástico pois estávamos sempre juntas.

Um dia, deitadas no chão da sala a conversar, a Jaiden disse-me que um velho aborígene certa vez tinha-lhe dito que
encontraria o amor da vida dela nas terras da América do Sul, e que ela imediatamente rumara para aqueles lados.
--O primeiro lugar que cheguei foi Belém do Pará, mas meu amor estava na minha segunda paragem, em São
Paulo.

--Então o velho estava certo.

--Certíssimo. Tenho até uma foto dele. Sábio homem.

Nesse momento lembrei-me da Indiana e dos sonhos frequentes. Tudo fazia sentido agora, ela quisera dizer a mesma
coisa. Sábios velhinhos. Acertaram em cheio, pois o que existia entre nós não era nem mais nem menos do que um
amor, lindo e forte.

Nas nossas primeiras férias de longa distância juntas, fomos à Índia. Numa tarde enquanto a Jaiden fotografava,
sentei-me à porta do Templo de outrora. Uns minutos depois a mesma cigana estava à minha frente. Abri um sorriso
largo e disse que encontrara o que ela previra. Ela disse algo que não entendi e depois num Inglês perfeito disse que
eu ia ser muito feliz e para sempre, tocou a minha testa e foi embora. Eu senti uma leveza enorme...a minha princesa
que estava a escassos metros tirou uma foto de um dos nossos amuletos.

Passeamos por boa parte da Ásia, naquela que era a nossa primeira lua-de-mel.

EPÍLOGO

Já estamos juntas há 3 anos. Atualmente moramos em Nova York e continuamos felizes como se nunca pudesse ser
diferente.

O meu irmão finalmente conheceu a Jaiden e eles se dão muito bem. Ele ainda não encontrou o grande amor da vida
dele se é que acredita em tão nobre sentimento. Mas há esperanças, ninguém era mais descrente do que eu...até
conhecer Jaiden Howard e numa situação...diria, inusitada.

Ao Noah contamos juntas do nosso amor e ele, claro, ficou estupefacto. Nunca imaginaria nada semelhante. Mas hoje
em dia somos amicíssimos, não que alguma vez tivéssemos deixado de o ser, mas tudo está mais sólido.

À entrada do nosso apartamento podem ser vistas duas fotografias simbólicas, uma do velho aborígene que trouxe o
meu amor até mim, e outra da velha Indiana que me lançou no caminho para o amor. Eles são os nossos amuletos.
Talvez por estarem lá e sempre em nossos corações, nós nunca brigámos, e posso dizer sem dúvida alguma, sou
muito feliz e não mudaria nada na minha vida.

Agradeço à Indiana, ao velho aborígene e ao meu amor por fazer de mim essa mulher completamente feliz.

FIM

Notas finais:

E chegamos ao final de mais uma história. Esta, em particular, foi a primeira que escrevi há mil anos kkkkkk

Obrigada a todas que leram.

Abraço

Nadine Helgenberger

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