O Movimento #MeToo em Portugal

De facto, o #Movimento MeToo possui um papel essencial na sociedade, visto que,

segundo a Organização da Nações Unidas, uma em cada dez mulheres são assasinadas
pelo seu companheiro e ainda, segundo a Organização Mundial da Saúde, uma em cada
quatorze mulheres já sofreu de algum abuso sexual. Assim, o #Movimento MeToo
ajudou a disseminar pelo mundo o combate ao assédio sexual.
Por outro lado, este movimento associa-se também a questões relacionadas ao
sexismo, cujas mulheres também são vitimas, espalhando-se assim na defesa de outras
causas feministas.
No que diz respeito a Portugal, um ano depois da explosão do Movimento #MeToo
nos Estados Unidos e de na maioria dos países ter bastante relevância e visibilidade, o
efeito não foi tão visível. Apesar de o #MeToo ter colocado em agenda o debate sobre o
assédio e a violência sexual a dimensão da denúncia dos crimes pode não foi apreendida
da mesma forma em Portugal. Este aspeto pode-se justificar pelo facto de em Portugal
ser raro as vítimas virem a público bem como existem poucas ativistas que gostem de
falar publicamente sobre as causas que defendem. Ou seja, há muitas mulheres que não
gostam de exposição pública, sejam elas vítimas ou não.
No entanto, nas redes sociais a mobilização é muito maior, existe mais solidariedade e
partilha de conteúdo relacionado com este movimento.
Assim, já se verificaram alguns progressos neste aspeto. Nos últimos anos, além das
concentrações habituais nos dias simbólicos de luta pelos direitos das mulheres, houve
várias demonstrações de solidariedade com mulheres que foram vítimas assim como
foram criados apoios por parte do Estado . Desta forma, esta ligeira mediatização do
assédio vai ajudando as vítimas a não se culpabilizarem e esse é o princípio da afirmação
das mesmas.

Contudo, ainda há muito a fazer para garantir os direitos das vítimas, uma vez que o
assédio sexual ainda está bastante patente na sociedade, como é o caso do assédio sexual
no trabalho, sendo que 12,6% da população ativa já sofreu pelo menos uma vez durante a
sua vida profissional uma forma de assédio sexual no trabalho.