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Feminismo

Cem anos de lutas femininas e feministas em Portugal: o exemplo das pioneiras

O que é o feminismo?
O feminismo é um conjunto de movimentos políticos, sociais, ideologias e filosofias que têm como objectivo
comum: a igualdade de direitos e uma vivência humana através do empoderamento feminino, dos direitos das
mulheres e da libertação dos padrões patriarcais baseados nas normas de género.
Qual é o principal objectivo do feminismo?
O feminismo é definido como a crença na igualdade social, política e económica dos sexos. O objectivo do
feminismo é desafiar as desigualdades sistémicas que as mulheres enfrentam diariamente.

Quais são os maiores problemas do feminismo?

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Quais são as principais características do feminismo?
Enquanto movimento social, as principais características e exigências do feminismo incluem:
- Igualdade de remuneração no local de trabalho.
- Direitos reprodutivos.
- O sufrágio feminino.
- O direito à educação.
- Luta contra os estereótipos de género e os comportamentos performativos.
- Protecção contra o assédio e as agressões sexuais.
- O direito à propriedade.
História:
Desde a implantação da República até à Revolução dos Cravos, várias associações de mulheres e feministas
lutaram pelos direitos das mulheres. Durante a ditadura do Estado Novo, este activismo foi silenciado mas as
suas protagonistas continuaram a associar-se pela democracia. O vanguardismo e o mérito da acção de
algumas destas mulheres do século XX têm sido reconhecidos. Mas há ainda muitos caminhos esquecidos em
arquivos dispersos e por abrir.

Lisboa, 25 de Maio de 1925.


Um navio transatlântico parte para Nova Iorque. Entre os passageiros encontra-se a ginecologista Adelaide
Cabete (1867-1935), fundadora do Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas (CNMP), a mais duradoura
organização feminista do século XX (1914-1947) em Portugal.
Para além de humanista, Adelaide Cabete era uma livre-pensadora, indissociável da história e dos movimentos
políticos e sociais que conduziram à Implantação da República em Portugal, a 5 de Outubro de 1910.
O CNMP apresentava-se como uma instituição feminina, apolítica e não religiosa, mas toda a sua concepção e
história assentava no feminismo. Entre vários objectivos, a associação visava proteger as mulheres e crianças
desfavorecidas, assegurar a higiene das grávidas e puérperas e abolir a prostituição regulamentada.Adelaide
Cabete, que sempre lutou por igualdades justas e humanas, queixa-se de ter perdido mais tempo a explicar o
que o feminismo não era do que a enunciar o que defendia. Entre as suas maiores realizações, destaca-se o
facto de ter sido pioneira na reivindicação dos direitos das mulheres, como o direito de voto e o período de
descanso de um mês antes do parto.
A sua biografia revela ainda que foi a primeira e única mulher em Angola a votar a favor da Constituição
Portuguesa, contra a Constituição da República.

Políticas de repressão feminista


De acordo com as ideologias do partido do regime, a União Nacional, pretendia-se que o campo de acção da
mulher se restringisse apenas ao lar e à família, considerada o seio de transmissão dos valores da tradição, do
culto do chefe e do nacionalismo. Estando implícito que as mães seriam educadas para preparar as gerações do
futuro e que a sua posição era o esteio da ordem social e política do país, esta ideologia foi sendo lentamente
implementada e naturalizada, não como algo sexista ou discriminatório, mas sim como um privilégio, através
do qual "os impotentes reproduzem o poder do Estado".
Incentivo à Natalidade e Exclusão do Trabalho Feminino Para reforçar as suas políticas, o factor biológico da
mulher tornou-se também um elemento chave ao serviço da nação, sendo implementado na legislação o
incentivo à natalidade e a exclusão do trabalho feminino, algo que tinha sido lentamente conquistado ao longo
de mais de cem anos por homens e mulheres feministas.
"... o trabalho da mulher fora de casa desmantela tudo isto, separa os membros da família, torna-os bastante
estranhos uns aos outros. Desaparece a vida em comum, sofre o trabalho educativo dos filhos, diminui o seu
número; e com o mau ou impossível funcionamento da economia doméstica, na arrumação da casa, na
preparação dos alimentos, no vestuário, há uma grande perda, raramente recompensada materialmente pelo
salário recebido" - António de Oliveira Salazar
Perseguição e resistência feminista
Devido às políticas do regime, apesar da repressão política e da censura, surgiram ainda algumas revoltas
espontâneas ou lutas organizadas pela emancipação da mulher, fazendo do feminismo uma constante obsessão
e preocupação do Estado Novo. Não desistindo da luta pelos seus direitos, as feministas portuguesas
recorreram nos anos seguintes a outras organizações ou associações que continuaram a desenvolver o seu
papel de reivindicação de direitos. Participaram também nas comissões de apoio à candidatura do General
Norton de Matos, em 1948, e do General Humberto Delgado, em 1958, à Presidência da República, em prol
da democratização.
Pós-Revolução de 1974
Após a Revolução dos Cravos, que provocou o fim da ditadura em Portugal, a consagração dos direitos
sociais, económicos e políticos gerou uma profunda mudança sistémica na sociedade portuguesa. Durante o
processo revolucionário foram abolidas todas as restrições baseadas no sexo, permitindo às mulheres o acesso
a carreiras profissionais anteriormente proibidas e o direito ao sufrágio universal, bem como direitos civis,
legais e laborais, como a licença de maternidade, a fixação do salário mínimo nacional ou mesmo a abolição
do direito do marido abrir a correspondência da mulher, entre outros.
Século XXI
De 4 a 6 de Maio de 2004, várias feministas portuguesas, académicas, activistas e investigadoras de diferentes
sectores reuniram-se para comemorar os 80 anos do primeiro congresso do movimento feminista no país. Na
ocasião, foram discutidas questões como o aborto, a sexualidade e o direito ao próprio corpo, a desigualdade
entre homens e mulheres em sectores como o trabalho e outros temas feministas.
Porque é que escolheu este tema?
Escolhi este tema porque sou feminista e preocupo-me muito com questões como o direito ao aborto, a
violência e a desigualdade contra as mulheres, não só em Portugal, mas em todos os países do mundo, onde a
maioria das mulheres tem muito pouco controlo sobre coisas simples como o que podem vestir, com quem
podem casar, se podem ir à escola e quantos filhos podem ter. Para mim, o feminismo é nada mais nada
menos do que a igualdade de género.

Homem ou mulher, são capazes de realizar as mesmas ações


Na minha opinião, o feminismo é uma luta mista por mais liberdade. Penso que ajuda muito lutar pela
igualdade dos géneros. A mulher é um ser humano como o homem e geralmente faz tudo o que ele não quer
fazer (em casa, no trabalho, etc.).
E a mulher dá a vida, o que o homem não pode fazer.
A igualdade dos géneros é, portanto, essencial para avançar no mundo (porque as mulheres sabem fazer tantas
coisas maravilhosas como os homens).

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