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Silvano O. Souza
CAMPINAS
2020
HORTON, Michael. Evangélicos/Católicos, e os obstáculos à unidade. Vida Nova, São
Paulo.2017
Iniciando este capítulo encontraremos a importância que os Credos têm para suas
denominações. Em destaque, o autor demonstra que os reformadores não pretendiam criar
uma Igreja, e sim, renovar a fé da Igreja vigente. Os reformadores não se viam como novos
apóstolos, não eram revolucionários e sim reformadores. Lembrando que foi a Igreja primitiva
que se pôs apologeticamente contra as primeiras interpretações equivocadas sobre a fé e a
unidade da Igreja, como o arianismo, gnosticismo, pelagianismo e outro movimentos
heréticos. O autor não esconde a corrupção desta igreja que no início apologeticamente se
impôs e que no século XI possuía 3 papas em pleno conflito por poder. Fora estas questões o
autor nos apresenta um panorama de superstições e ignorâncias que permearam as decisões da
cúria romana. Entre as questões da reforma se encontra o papel do leigo e o retorno ao
evangelho. Com os solas, pretendia-se que a unidade se resolve-se, porém Roma ao invés de
católica se tornou cismática. Esquecendo que os reformadores sempre foram católicos.
Em sua catolicidade, a Igreja romana, traz para si, uma primazia absoluta. Não
levando em conta que o termo se refere a uma Igreja que que se coloca lado a lado com as
outras Igrejas. O autor demonstra que dia a dia aumenta o número de católicos que se
declaram evangélicos. Em conflito com os ensinos e posicionamentos do Concílio de Trento,
que declarou os evangélicos anátemas, o romanismo se vale do semper idem ( o que a Igreja
Romana ensina não pode ser mudado). Assim, o autor explica o termo católicos evangélicos:
ou o católico romano é infiel ao dogma, ou ele compreende o termo evangélico de forma
diferente a definição do Concílio de Trento. O termo evangélico conforme Dicionário
Westminster, está ligado mais a piedade do que a doutrina. Por conta desta piedade, surge um
ponto de contato entre evangélicos e católicos. Analisando o termo Evangélico, o autor aponta
que a definição de evangélico pode ser atribuído aos Católicos Romanos Ortodoxo.
O autor mostra a diferença dogmática entre Roma com sua doutrina da fé autoridade X
a fé nas Escrituras, que os reformadores acreditam que na relação conflituosa entre a Igreja e
as Escrituras, vence as Escrituras. Os ensinos provindos do Evangelho, como a justificação
pela graça, o sola Fide, somente Cristo, tornam as diferenças dos ensinos católicos e
protestantes incompatíveis. Em suas considerações, o autor certifica que as tentativas de
ecumenismo esbarraram no Concílio de Trento e em específico os Cânones 9, 11,12,24,30,32.
Finalizando o autor responde a pergunta: então o que separa evangélicos e católicos? Assim
define o autor: O evangelho, pois o Romanismo abriu mão deste evangelho que é o único
meio de passarmos da morte para a vida.
Entre os erros que se tornam barreiras para a unidade entre católicos e evangélicos,
está a supremacia papal dando-lhe um poder absoluto, supremo e universal, a doutrina acerca
de Maria e o purgatório. Sobre a supremacia papal, o autor recorre aos pais da Igreja como
Cipriano, Gregório I e aos Concílios como o de Nicéia I (325 d.C.), Calcedônia I (451 d.C.),
para refutar a tradição do Bispo dos bispos. Sendo que em sua definição, o autor compara
esta tradição usurpadora da autoridade de Cristo, assim sendo, o Anticristo. A ideia de
supremacia papal se deu através de fatos como a primazia de Roma.
Entre as divergências, também está a chamada “doação de Constantino” que
supostamente conferia ao papa o senhorio espiritual e do Estado. Baseados em um documento
fraudulento, esta doação acabou gerando diversas discursões. A inflexibilidade romana torna
impossível a unidade entre as eclesiologias.
As preocupações dos reformadores estavam em conduzir a Igreja à uma vida intima com
Deus. Quanto as doutrinas do purgatório e sobre a idolatria à Maria e aos santos, o autor
define que se uma pessoa não crê na obra salvífica de Cristo, precisará de outros meios para
acreditar na salvação. E é por isso que estas doutrinas resistem no catolicismo. Mesmo sem
fundamentação bíblica, o purgatório continua como uma doutrina fundamental ao catolicismo.
Estas doutrinas têm a sua raiz nos exemplos dos fiéis durante o período dos martírios e nas
perseguições. Além destas doutrinas não bíblicas, o evangelho de Roma não é verdadeiro
evangelho bíblico da salvação. Pois a doutrina do purgatório, substitui o sacrifício vicário de
Jesus.
A simpatia que temos por irmãos e irmãs católicos, torna o debate sobre a matéria do livro
difícil. Temos pontos em comum, porém, o evangelho não é um mito romântico. Mesmo
diante das posições do Concílio de Vaticano II, as condenações do Concílio de Trento não
foram anuladas. As desavenças entre as visões de graça X obras, transformam o
entendimento entre as denominações distante. Por fim o Evangelho apresenta que Jesus é o
Rei da Igreja. Em suas recomendações o autor termina com a recomendação: enquanto
oramos pela unidade e trabalhamos em prol de um maior entendimento, é importante também
não deixar de lutar pela fé entregue aos santos de uma vez par todas.
CONCLUSÃO:
As diferenças doutrinárias entre Católicos e Evangélicos, são pontos nevrálgicos que não há
como ter uma solução sem que se volte ao Evangelho. As questões da soberania papal, a
idolatria e o purgatório, são posições que não possuem fundamentação bíblicas e por conta
disso devem ser abolidas do seio da Igreja. É bem verdade que o retorno a “mãe” se torna uma
ação que dificilmente ocorrerá por parte dos Evangélicos já condenados no Concílio de
Trento. Assim sendo, a unidade entre Católicos e Evangélicos se constitui em uma utopia,
mesmo com todos os pontos em comum.