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CYPECAD

Memória de Cálculo

Tradução e Adaptação: Top – Informática, Lda.


2 CYPECAD

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© CYPE Ingenieros, S.A.


1ª Edição (Fevereiro 2003)

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CYPECAD - Memória de Cálculo 3

Apresentação

CYPECAD é o software para o projecto de edifícios de betão armado e metálicos que permite a
análise espacial, o dimensionamento de todos os elementos estruturais, a edição das armaduras e secções
e obtenção dos desenhos de construção da estrutura.
Realiza o cálculo de estruturas tridimensionais formadas por pilares, paredes, vigas e lajes, incluindo
a fundação, e o dimensionamento automático dos elementos de betão armado e metálicos.
Com CYPECAD o utilizador tem na sua mão uma ferramenta precisa e eficaz para resolver todos os
aspectos relativos ao cálculo da sua estrutura.
Nesta versão destaca-se a incorporação de ajudas ‘on line’ associadas a opções dos diálogos ou a
janelas, o que facilita a consulta e o manuseamento do programa.
Com CYPECAD terá sempre o controle total do projecto. Sem riscos.

Nota: Colocaram-se barras verticais à esquerda dos parágrafos onde se realizaram modificações no texto da
Memória de Cálculo, para que seja mais fácil encontrar as diferenças se já era utilizador de CYPECAD.

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1.5. Acções a considerar ........................................... 24


Índice geral
1.5.1. Acções verticais ........................................... 24
Apresentação ................................................................ 3
Cargas permanentes (acções de peso
1. Memória de cálculo............................................. 11 próprio) ............................................................... 24
1.1. Descrição de problemas a resolver ................... 11 Cargas variáveis (acções de sobrecarga) ......... 25
Cargas especiais ................................................ 25
1.2. Descrição da análise efectuada pelo
programa ................................................................... 11 Cargas verticais em pilares ................................ 25
Cargas horizontais em pilares............................ 26
1.3. Discretização da estrutura ................................. 11
1.5.2. Acções horizontais ....................................... 26
1.3.1. Consideração do tamanho dos nós............ 14
Vento................................................................... 26
1.3.2. Arredondamento dos diagramas de Sismo .................................................................. 27
esforços em apoios ............................................... 16
Efeitos da torção................................................. 31
1.4. Opções de cálculo ............................................. 18 Esforço transverso basal .................................... 31
1.4.1. Redistribuições consideradas ..................... 18 Consideração de efeitos de 2ª ordem
(P∆) ..................................................................... 31
Coeficientes de redistribuição de
momentos negativos.......................................... 18 1.6. Materiais a utilizar ............................................... 34
Coeficiente de encastramento no último 1.6.1. Betão em fundação, lajes, vigas,
piso .................................................................... 18 pilares e muros....................................................... 34
Coeficiente de encastramento na cabeça 1.6.2. Aço em varões ............................................. 34
e pé de pilar, nos bordos de lajes, vigas;
articulações nos extremos de vigas .................. 18 Pilares, muros e paredes: .................................. 34
1.4.2. Rigidezes consideradas .............................. 19 Vigas de piso e de fundação:............................. 34
Lajes de piso e de fundação: ............................. 34
1.4.3. Coeficientes de rigidez à torção.................. 20
1.6.3. Aço em pilares metálicos, vigas
1.4.4. Coeficiente de rigidez axial.......................... 20 metálicas e placas de amarração .......................... 34
1.4.5. Momentos mínimos ..................................... 20 1.7. Coeficientes de majoração e minoração ........... 35
1.4.6. Outras opções ............................................. 21 1.7.1. Método de cálculo........................................ 35
Pilares................................................................. 21 1.7.2. Materiais ....................................................... 35
Vigas................................................................... 23 1.7.3. Acções.......................................................... 35
Lajes maciças, lajes mistas e fungiformes
aligeiradas .......................................................... 23 1.8. Combinações...................................................... 35
Gerais, de vigas e lajes ...................................... 24 1.8.1. Estados limites últimos ................................ 36
Desenho ............................................................. 24

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1.8.2. Estados limite de utilização ......................... 36 1.9.9. Dados de cargas especiais. Vigas
inclinadas................................................................50
1.8.3. Acções características ................................. 36
1.10. Cálculo da estrutura..........................................50
1.9. Dados de entrada ............................................... 36
1.11. Obtenção de resultados ...................................51
1.9.1. Dados gerais da obra .................................. 37
1.11.1. Consulta no ecrã ........................................51
1.9.2. Dados gerais de acções. Cargas
especiais. Grupos de combinações. Dados gerais da obra .........................................51
Pisos/Grupos.......................................................... 39 Resultados de vigas normais e de
1.9.3. Vento ............................................................ 39 fundação .............................................................51
Cargas especiais ................................................52
1.9.4. Sismo ........................................................... 39
Resultados de lajes de vigotas...........................52
1.9.5. Conjuntos de cargas especiais ................... 39
Resultados de lajes mistas ................................52
1.9.6. Grupos de combinações ............................. 40
Resultados das lajes alveoladas ........................52
1.9.7. Dados gerais de pilares e paredes.............. 40 Resultados de pavimentos de lajes
Pilares ................................................................. 40 maciças, fungiformes aligeiradas e lajes
de fundação ........................................................52
Arranques ........................................................... 41
Resultados de pilares .........................................53
Paredes B.A........................................................ 41
Resultados de paredes, muros de cave e
Cargas horizontais em pilares ........................... 41 muros de alvenaria .............................................54
Cargas verticais em pilares ................................ 41 Resultados do cálculo dos efeitos de 2ª
1.9.8. Dados dos pisos (Introdução de ordem..................................................................54
vigas) ...................................................................... 41 Resultados de vento ...........................................54
Vigas, apoios em muro e vigas de Resultados de sismo ..........................................54
fundação............................................................. 42 Isodiagramas em lajes maciças e
Muros.................................................................. 42 fungiformes aligeiradas ......................................54
Tipo de laje ......................................................... 43 1.12. Listagens na impressora...................................54
Lajes de vigotas ................................................. 43 1.13. Desenhos ..........................................................55
Lajes mistas ....................................................... 44 1.14. Verificação e dimensionamento de
Lajes alveoladas ................................................ 44 elementos...................................................................56

Lajes maciças .................................................... 47 1.14.1. Vigas de planos horizontais e


inclinados................................................................57
Lajes fungiformes aligeiradas............................ 47
Armadura longitudinal por flexão .......................57
Armadura predeterminada ................................ 49
Armadura inferior ................................................57
Aberturas ............................................................ 49

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Armadura superior ............................................. 57 1.16.1. Lajes alveoladas......................................... 70


Outras considerações na armadura 1.16.2. Lajes de vigotas ......................................... 70
longitudinal......................................................... 58
1.16.3. Lajes mistas................................................ 70
Armadura longitudinal por torção...................... 59
Corte das armaduras longitudinais ................... 59 1.16.4. Lajes maciças e fungiformes
aligeiradas .............................................................. 70
Armadura transversal (estribos) ........................ 59
Verificação da fendilhação em vigas ................. 61 1.16.5. Elementos de fundação ............................. 71
1.14.2. Vigas inclinadas ......................................... 61
2. Lajes e vigas de fundação .................................. 72
1.14.3. Vigas metálicas .......................................... 61
2.1. Discretização....................................................... 72
1.14.4. Pilares, paredes e muros de betão
armado................................................................... 62 2.2. O módulo de winkler em lajes e vigas de
fundação .................................................................... 72
Pilares de betão armado.................................... 62
2.3. Opções de cálculo.............................................. 75
Pilares metálicos ................................................ 63
Paredes e muros de betão armado................... 64 2.4. Acções a considerar ........................................... 75
Muros de alvenaria............................................. 64 2.5. Materiais a utilizar ............................................... 75
1.14.5. Lajes de vigotas de betão armado ............ 65 2.6. Combinações...................................................... 75
1.14.6. Lajes mistas ............................................... 65 2.7. Cálculo de lajes e vigas de fundação ................ 76
1.14.7. Lajes alveoladas ........................................ 65 2.8. Resultados do cálculo ........................................ 81
1.14.8. Lajes maciças ............................................ 65 2.9. Verificação e dimensionamento de
Armadura base................................................... 65 elementos .................................................................. 81
Armadura longitudinal de reforço ...................... 66 2.9.1. Vigas ............................................................. 81
Armaduras predeterminadas ............................. 66 2.9.2. Lajes ............................................................. 81
Armadura transversal ......................................... 66
2.10. Recomendações gerais.................................... 81
Igualação de armaduras .................................... 67
2.10.1. Lajes ........................................................... 81
1.14.9. Lajes fungiformes aligeiradas.................... 68
2.10.2. Vigas........................................................... 81
Armadura base................................................... 68
Armadura longitudinal de reforço ...................... 68 3. Muros ................................................................... 82
Armadura transversal ......................................... 68
3.1. Muros de alvenaria ............................................. 82
Igualação de armaduras .................................... 69
1.15. Deformações em vigas .................................... 69 3.1.1. Características dos muros de
alvenaria ................................................................. 82
1.16. Deformações em lajes...................................... 70

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3.1.2. Introdução dos muros de alvenaria............. 83 Quantidades mínimas e máximas ......................99


3.1.3. Utilização correcta dos muros de Diâmetros mínimos.............................................99
alvenaria ................................................................. 83 Dimensionamento...............................................99
Lajes ‘térreas’ (de utilização frequente Verificação à compressão oblíqua .....................99
em Espanha) ...................................................... 83 4.2. Sapata contínua sob o muro ............................100
Muros de alvenaria entre lajes ........................... 85 4.3. Vigas de equilíbrio.............................................101
3.2. Muros de betão armado ..................................... 87
4.4. Vigas lintéis .......................................................102
3.2.1. Muros de cave de betão armado ................ 87
4.5. Maciços de encabeçamento (sobre
Dados a introduzir .............................................. 87 estacas) ....................................................................102
Utilização correcta dos muros de cave 4.5.1. Critérios de cálculo.....................................103
de betão armado ................................................ 90
4.5.2. Critério de sinais.........................................103
3.2.2. Muros (paredes) de betão armado ............. 90
4.5.3. Considerações de cálculo e
3.2.3. Utilização correcta dos muros de
geometria..............................................................104
betão armado......................................................... 91
4.6. Placas de amarração ........................................105
3.2.4. Dimensionamento do muro ......................... 92
4.7. Sapatas de betão em massa ............................107
3.2.5. Dimensionamento da fundação .................. 92
4.7.1. Cálculo de sapatas como sólido
3.3. Conselhos práticos para o cálculo de
rígido.....................................................................107
muros de cave de betão armado em edifícios ......... 92
4.7.2. Cálculo da sapata como estrutura de
3.3.1. Revisão dos resultados de cálculo do
betão em massa ...................................................107
muro ....................................................................... 93
Verificação de flexão.........................................107
4. Fundações isoladas.............................................97 Verificação de esforço transverso ....................108
4.1. Sapatas isoladas ................................................ 97 Verificação de compressão oblíqua.................108
4.1.1. Tensões sobre o terreno.............................. 98 4.7.3. Listagem de verificações............................109

4.1.2. Estados de equilíbrio ................................... 98 Verificação de altura mínima ............................109


Verificação de altura mínima para
4.1.3. Estados de betão ......................................... 98
amarrar arranques ............................................109
Momentos flectores............................................ 98 Verificação da consola .....................................109
Esforços transversos .......................................... 99 Verificação de tensões sobre o terreno ...........109
Amarração das armaduras................................. 99 Verificação de flexão.........................................109
Alturas mínimas .................................................. 99 Verificação de esforço transverso ....................109
Separação de armaduras................................... 99 Verificação de compressão oblíqua.................110

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CYPECAD - Memória de Cálculo 9

Verificação de separação mínima de 8. Vigas mistas....................................................... 121


armaduras ........................................................ 110
9. Lajes mistas....................................................... 122
5. Consolas curtas ................................................ 111
10. Implementação normas..................................... 125
6. Lajes de vigotas ................................................ 112
10.1. Implementações Regulamento
6.1. Vigotas de betão .............................................. 112 Português................................................................. 125
6.1.1. Geometria .................................................. 112 10.1.1. Acções a considerar ................................ 125
6.1.2. Rigidez considerada .................................. 112 10.1.2. Materiais a utilizar..................................... 125
6.1.3. Cálculo da flecha ....................................... 112 10.1.3. Combinações e Coeficientes
Redutores ............................................................. 125
6.2. Vigotas pré-esforçadas .................................... 112
10.1.4. Dados de introdução ............................... 125
6.3. Vigotas in situ ................................................... 113
10.1.5. Verificação e dimensionamento de
6.3.1. Geometria .................................................. 113
elementos ............................................................. 125
6.3.2. Rigidezes ................................................... 113
10.2. Implementação Eurocódigo 2 (EC-2) ............ 127
6.3.3. Cálculo da flecha ....................................... 113
Posição das armaduras e comprimentos
6.3.4. Dimensionamento à flexão ........................ 113 de amarração ................................................... 130
6.3.5. Dimensionamento ao esforço 10.3. Norma NBR-6118:2003 (Brasil) ..................... 133
transverso ............................................................ 113
10.3.1. Materiais a empregar ............................... 133
6.4. Vigotas metálicas ............................................. 114
10.3.2. Cobrimentos............................................. 133
6.4.1. Geometria .................................................. 114
10.3.3. Excentricidade mínima............................. 133
6.5. Vigotas JOIST................................................... 114
10.3.4. Coeficientes de ponderação.................... 134
6.5.1. Geometria .................................................. 114
10.3.5. Cálculo ao cortante de lajes
6.5.2. Rigidez considerada .................................. 114 nervuradas............................................................ 134
6.5.3. Dimensionamento da vigota...................... 114 10.3.6. Limites de flecha ...................................... 134

6.6. Comentários sobre a utilização das lajes 10.3.7. Fissuração ................................................ 134
de vigotas ................................................................ 115
10.3.8. Análise estrutural...................................... 134

7. Lajes inclinadas ................................................ 117 10.3.9. Limites de redistribução........................... 135

7.1. Dimensionamento de elementos ..................... 119 10.3.10. Rigidez a torsão em vigas...................... 135
10.3.11. Alternância de sobrecarga..................... 135

CYPE
10 CYPECAD

10.3.12. Diafragma rígido .................................... 135


10.3.13. Análise de vigas-paredes....................... 135
10.3.14. Análise de pilares-paredes e
muros ................................................................... 135
10.3.15. Blocos sobre estacas............................. 135
10.3.16. Flambagem ............................................ 135
10.3.17. Cálculo de flechas em vigas.................. 136
10.3.18. Fissuração.............................................. 136
10.3.19. Armaduras longitudinais ........................ 136
10.3.20. Armadura de pele em vigas................... 136
10.3.21. Pilares..................................................... 136
10.3.22. Cortante.................................................. 136
10.3.23. Torsão .................................................... 137
10.3.24. Detalhes ................................................. 137
10.3.25. Pilares..................................................... 137
10.3.26. Lajes ....................................................... 138
10.3.27. Punção ................................................... 138

CYPE
CYPECAD - Memória de Cálculo 11

1. Memória de cálculo
1.1. Descrição de problemas a cada piso, para simular o comportamento rígido da laje,
impedindo os deslocamentos relativos entre os nós do
resolver mesmo (diafragma rígido). Por isso, cada piso apenas
CYPECAD foi elaborado para realizar o cálculo e poderá rodar e deslocar-se no seu conjunto (3 graus de
dimensionamento de estruturas de betão armado e liberdade).
metálicas com lajes de vigotas (genéricas, armadas, A consideração de diafragma rígido para cada zona
pré-esforçadas, in situ, metálicas de alma cheia e pré- independente de um piso mantém-se, apesar de se
fabricadas), lajes alveoladas, lajes mistas, fungiformes introduzirem vigas e de não se introduzirem lajes no
aligeiradas e maciças para edifícios submetidos a piso.
acções verticais e horizontais. As vigas dos pisos
podem ser de betão, metálicas e mistas. Quando num mesmo piso existirem zonas
independentes, considerar-se-á cada uma destas como
Os elementos de suporte podem ser pilares de betão uma parte distinta relativamente à indeformabilidade
armado, metálicos, paredes de betão armado, muros dessa zona e não se terá em conta no seu conjunto.
de betão armado com ou sem impulsos horizontais e Por isso, os pisos comportam-se como planos
muros de alvenaria. A fundação pode ser fixa (por indeformáveis independentes. Um pilar não ligado
sapatas ou maciços de encabeçamento de estacas), ou considera-se zona independente.
flutuante (através de vigas e lajes de fundação). Pode-
se calcular unicamente a fundação se se introduzirem Para todos os estados de carga realiza-se um cálculo
só arranques de pilares. estático (excepto quando se considerarem acções
dinâmicas de sismo, em cujo caso se utiliza a análise
Com Cypecad podem-se obter os desenhos de modal espectral) e supõe-se um comportamento linear
dimensões e armadura de plantas, vigas, pilares, dos materiais e, por isso, um cálculo de primeira
paredes e muros para plotter, impressora, ficheiros DXF ordem, com vista à obtenção de deslocamentos e
e DWG, assim como as listagens de dados e resultados esforços.
do cálculo.

1.3. Discretização da estrutura


1.2. Descrição da análise efectuada A estrutura discretiza-se em elementos tipo barra,
pelo programa grelha de barras e nós, e elementos finitos triangulares
A análise das solicitações realiza-se através de um da seguinte forma:
cálculo espacial em 3D, por métodos matriciais de
• Pilares
rigidez, considerando todos os elementos que definem
a estrutura: pilares, paredes, muros, vigas e lajes. São barras verticais entre cada piso, com um nó
no arranque de fundação ou noutro elemento,
Estabelece-se a compatibilidade de deformações em
como uma viga ou laje, e na intersecção de cada
todos os nós, considerando 6 graus de liberdade, e
piso, sendo o seu eixo o da secção transversal.
cria-se a hipótese de indeformabilidade do plano de

CYPE
12 CYPECAD - Memória de Cálculo

Consideram-se as excentricidades devidas à • Articulação com deslizamento livre horizontal.


variação de dimensões em altura. Deslocamento vertical impedido, com
deslocamento horizontal e rotações livres.
O comprimento da barra é a altura ou a distância livre à
face de outros elementos. Convém destacar o efeito que estes tipos de
apoios podem produzir noutros elementos da
• Vigas
estrutura, já que ao estar impedido o movimento
Definem-se em planta fixando nós na intersecção vertical, todos os elementos estruturais que neles
com as faces de elementos de suporte (pilares, se apoiarem ou se vincularem encontrarão um
paredes ou muros), assim como nos pontos de impedimento vertical que restringe esse
corte com elementos de laje ou com outras vigas. movimento. É particularmente importante
Assim se criam os nós no eixo e nos bordos relativamente a pilares que, sendo definidos com
laterais e, analogamente, nas extremidades de vinculação exterior, estejam em contacto com este
consolas e extremos livres ou em contacto com tipo de apoios, de forma que a sua carga fique
outros elementos das lajes. Por isso, uma viga suspensa dos mesmos, e não se transmita à
entre dois pilares é constituída por várias barras fundação, o que pode inclusivamente produzir
consecutivas, cujos nós são as intersecções com valores negativos das reacções, que representam
as barras de lajes. Possuem sempre três graus de o peso do pilar suspenso ou parte da carga
liberdade, mantendo a hipótese de diafragma suspensa do apoio.
rígido entre todos os elementos que se encontram
No caso particular de articulação fixa e com
em contacto. Por exemplo, uma viga contínua que
deslizamento horizontal, quando uma viga se
se apoia em vários pilares, mesmo que não tenha
encontra em continuidade ou prolongamento do
laje, conserva a hipótese de diafragma rígido.
eixo do apoio, produz-se um efeito de
Podem ser de betão armado, metálicas e mistas, encastramento por continuidade no coroamento
em perfis seleccionados da biblioteca. do apoio, o qual se pode observar ao obter os
diagramas de momentos e verificar se existem
Simulação de apoios. Definem-se três tipos de momentos negativos no bordo. Na prática deve-se
vigas simulando apoios, os quais se discretizam verificar se as condições reais da obra reflectem ou
como uma série de apoios coincidentes com os podem permitir tais condições de encastramento,
nós da discretização ao longo do apoio, que se deverão garantir na execução da mesma.
aumentando-se a sua rigidez de forma
considerável (x 100). É como uma viga contínua Se a viga não estiver em prolongamento, isto é,
muito rígida sobre apoios com tramos de vãos com alguma obliquidade, já não se produz tal
curtos. Os tipos de apoios são: efeito, e comporta-se como uma rótula.

• Encastramento. Deslocamentos e rotações Se, quando se encontrar em continuidade, se


impedidos em todas as direcções. quiser que não se encastre, deve-se dispor uma
rótula no extremo da viga no apoio.
• Articulação fixa. Deslocamentos impedidos
com rotação livre. Não é possível conhecer as reacções sobre estes
tipos de apoio.

CYPE
CYPECAD - Memória de Cálculo 13

Vigas de fundação. São vigas flutuantes apoiadas encastramento nos bordos, segundo um método
sobre solo elástico, discretizadas em nós e barras, simplificado.
atribuindo aos nós a constante de mola definida a
partir do coeficiente de winkler (ver capítulo Lajes • Lajes maciças
e Vigas de fundação). A discretização dos panos de laje maciça realiza-
se em malhas de elementos tipo barra de tamanho
• Vigas inclinadas
máximo de 25 cm e efectua-se uma condensação
São barras entre dois nós, que podem estar num estática (método exacto) de todos os graus de
mesmo nível ou piso ou em diferentes níveis, e que liberdade. Tem-se em conta a deformação por
criam dois nós nessas intersecções. Quando uma corte e mantém-se a hipótese de diafragma rígido.
viga inclinada une duas zonas independentes não Considera-se a rigidez à torção dos elementos.
produz o efeito de indeformabilidade do plano com
comportamento rígido, uma vez que possui seis • Lajes mistas
graus de liberdade. São lajes unidireccionais discretizadas por barras
de 40 em 40 cm. Compõem-se de uma laje de
• Consolas curtas
betão e uma chapa com nervuras que serve de
Consulte o capítulo 5. Consolas curtas deste cofragem para a primeira. Pode-se utilizar a chapa
manual. de forma que possa trabalhar de alguma das
seguintes maneiras: só como cofragem perdida e
• Lajes de vigotas como chapa colaborante (comportamento misto).
As vigotas são barras que se definem nas Consulte para mais informação o capítulo Lajes
aberturas entre vigas ou muros, e que criam nós mistas.
nas intersecções de bordo e eixo correspondentes
• Lajes de fundação
da viga que intersectam. Pode-se definir vigota
dupla e tripla, que se representa por uma única São lajes maciças flutuantes cuja discretização é
barra com alma de maior largura. A geometria da idêntica às lajes normais de piso, com molas, cuja
secção em T à qual se assimila cada vigota define- constante se define a partir do coeficiente de
se na correspondente ficha de dados da laje. winkler. Cada pano pode ter coeficientes diferentes
Consulte o capítulo 6. Lajes de vigotas deste (ver capítulo Lajes e vigas de fundação).
manual para mais informação
• Lajes fungiformes aligeiradas
• Lajes alveoladas
A discretização dos panos de laje fungiforme
São lajes unidireccionais discretizadas por barras aligeirada realiza-se em malhas de elementos tipo
de 40 cm cada. As características geométricas e as barra cujo tamanho é um terço da dimensão entre
suas propriedades resistentes definem-se numa eixos definida entre nervuras da zona aligeirada e
ficha de características da laje, que o utilizador cuja inércia à flexão é metade da zona maciça, e a
pode introduzir, criando uma biblioteca de lajes inércia à torção, o dobro da de flexão.
aligeiradas.
A dimensão da malha mantém-se constante tanto
Podem-se calcular em função do processo na zona aligeirada como na maciça, adoptando em
construtivo de forma aproximada, modificando o cada zona as inércias médias antes indicadas.

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14 CYPECAD - Memória de Cálculo

Tem-se em conta a deformação por corte e em cada piso. Numa parede (ou muro), uma das
mantém-se a hipótese de diafragma rígido. dimensões transversais de cada lado deve ser
Considera-se a rigidez na torção dos elementos. maior que cinco vezes a outra dimensão, uma vez
que se não se verificar esta condição, a sua
• Paredes discretização não é adequada como elemento
São elementos verticais de qualquer secção finito, e realmente pode-se considerar um pilar, ou
transversal, formada por rectângulos múltiplos outro elemento em função das suas dimensões.
entre cada piso, e definidas por um nível inicial e Tanto vigas como lajes e pilares unem-se aos
um nível final. A dimensão de cada lado é muros ao longo das suas faces em qualquer
constante em altura, mas pode-se diminuir a sua posição e direcção.
espessura. Todo o nó gerado corresponde com algum nó dos
Numa parede uma das dimensões transversais de triângulos.
cada lado deve ser cinco vezes maior que a outra A discretização efectuada é por elementos finitos
dimensão, uma vez que se não se verificar esta tipo lâmina espessa tridimensional, que considera
condição, a sua discretização não é adequada a deformação por corte. São formados por seis
como elemento finito, e realmente pode-se nós, nos vértices e nos pontos médios dos lados,
considerar um pilar como elemento linear. com seis graus de liberdade cada um. A sua forma
Tanto vigas como lajes unem-se às paredes ao é triangular e realiza-se uma malha do muro em
longo das suas faces em qualquer posição e função das dimensões, geometria, aberturas,
direcção, através de uma viga que tem como criando-se uma malha com refinamento em zonas
largura a espessura do tramo e altura constante de críticas, o que reduz o tamanho dos elementos nas
25 cm. Não coincidem os nós com os nós da viga. proximidades de ângulos, bordos e singularidades.

1.3.1. Consideração do tamanho dos nós


Cria-se, por isso, um conjunto de nós gerais rígidos de
dimensão finita na intersecção de pilares e vigas cujos
nós associados são os definidos nas intersecções dos
elementos das lajes nos bordos das vigas e de todos
eles nas faces dos pilares, paredes e muros.
Visto que estão relacionados entre si pela
Fig. 1.1 compatibilidade de deformações suposta a deformação
• Muros de betão armado e muros de alvenaria plana, pode-se resolver a matriz de rigidez geral e as
associadas e obter os deslocamentos e os esforços em
São elementos verticais de qualquer secção todos os elementos.
transversal, formada por rectângulos entre cada
piso, e definidos por um nível inicial e um nível A título de exemplo, a discretização seria tal como se
final. A dimensão de cada lado pode ser diferente observa no esquema seguinte (Fig. 1.2). Cada nó de
em cada piso, e pode-se diminuir a sua espessura dimensão finita pode ter vários nós associados ou
nenhum, mas deve ter sempre um nó geral.

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CYPECAD - Memória de Cálculo 15

Dado que o programa tem em conta o tamanho do θy2 = θy1


pilar, e supondo um comportamento linear dentro da
faixa, com deformação plana e rigidez infinita, De forma idêntica tem-se em conta o tamanho das
estabelece-se a compatibilidade de deformações. vigas, considerando plana a sua deformação.

As barras definidas entre o eixo do pilar (1) e os seus


bordos (2) consideram-se infinitamente rígidos.

Fig. 1.3

! O modelo estrutural definido pelo programa responde de


acordo com os dados introduzidos pelo utilizador, pelo
que se deve prestar especial atenção a que a geometria
introduzida seja de acordo com o tipo de elemento
escolhido e adequada à realidade.
Em particular, pretende-se chamar a atenção para aqueles
elementos que, sendo considerados no cálculo como
elementos lineares (pilares, vigas, vigotas), não o sejam
na realidade, dando lugar a elementos cujo
comportamento seja bidimensional ou tridimensional, de
forma que os critérios de cálculo e armadura não se
ajustem ao dimensionamento desses elementos.
A título de exemplo podemos citar o caso de consolas
Fig. 1.2 curtas, vigas-parede e placas, situações que se podem
dar em vigas, ou lajes que na realidade são vigas, ou
Consideram-se δz1, θx1, θy1, como os deslocamentos do pilares ou paredes curtas que não cumpram as limitações
pilar !, δz2, θx2, θy2 como os deslocamentos de geométricas entre as suas dimensões longitudinais e
qualquer ponto ", que é a intersecção do eixo da viga transversais. Para essas situações o utilizador deve
com a face do pilar e Ax, Ay como as coordenadas realizar as correcções manuais posteriores necessárias
relativas ao ponto " referente ao ! (Fig. 1.2). para que os resultados do modelo teórico se adaptem à
realidade física.
Cumpre-se que:
δz2 = δz1 - Ax . θy1 + Ay . θx1
θx2 = θx1

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16 CYPECAD - Memória de Cálculo

1.3.2. Arredondamento dos diagramas de Sabe-se que:


esforços em apoios dM dQ
Q= q=
Se considerar o Código Modelo CEB-FIP 1990, dx dx
inspirador da norma europeia, ao falar do vão eficaz de
cálculo, o artigo 5.2.3.2. diz o seguinte: As equações do momento respondem, em geral, a uma
lei parabólica cúbica da forma:
‘Normalmente, o vão l será entendido como a distância
entre eixos de apoio. Quando as reacções estiverem M = ax³+ bx2 + cx + d
localizadas de forma muito excêntrica em relação a O esforço transverso é a sua derivada:
esses eixos, o vão eficaz calcular-se-á tendo em conta a
posição real da resultante nos apoios. Q = 3ax² + 2bx + c
Na análise global de pórticos, quando o vão eficaz for Supondo as seguintes condições de contorno:
menor que a distância entre apoios, as dimensões das
x=0 Q = Q1 = c
uniões ter-se-ão em conta introduzindo elementos
rígidos no espaço compreendido entre a directriz do x=0 M = M1 = d
apoio e a secção final da viga.’ x =l Q = Q2 = 3al2 + 2bl + c
Como geralmente a reacção no apoio é excêntrica, x =l M = M2 = al3 + bl2 + cl + d
uma vez que normalmente se transmite axial e
obtém-se um sistema de quatro equações com quatro
momento ao apoio, adopta-se a consideração do
incógnitas de fácil resolução.
tamanho dos nós através da introdução de elementos
rígidos entre o eixo do apoio e o final da viga, o que se Os diagramas de esforços são da seguinte forma:
apresenta nas considerações que a seguir se
pormenorizam.
Dentro do apoio supõe-se uma resposta linear como
reacção das cargas transmitidas pelo piso e as
aplicadas no nó, transmitidas pelo resto da estrutura.

Fig. 1.4

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CYPECAD - Memória de Cálculo 17

Está-se a idealizar a estrutura em elementos lineares,


de um comprimento a determinar pela geometria real
da estrutura. Neste sentido cabe a consideração do
tamanho dos pilares.
Não convém esquecer que, para considerar um
elemento como linear, a viga ou pilar terá um vão ou
comprimento do elemento não menor que o triplo da
sua altura média, nem menor que quatro vezes a sua
largura média.
O Eurocódigo EC-2 permite reduzir os momentos de
apoio em função da reacção do apoio e da sua largura:
reacção ⋅ l argura apoio
∆M =
8
Em função de a sua execução ser de uma peça sobre
os apoios, pode-se tomar como momento de cálculo o
da face do apoio e não menos de 65% do momento de
apoio, supondo uma perfeita união fixa nas faces dos
apoios rígidos.
Neste sentido podem-se citar também as normas
argentinas C.I.R.S.O.C., que são baseadas nas normas
D.I.N. alemãs e que permitem considerar a
Fig. 1.5
aproximação parabólica dos diagramas em função do
tamanho dos apoios.
Estas considerações já foram recolhidas por diversos
autores (Branson, 1977) e estão relacionadas com a Dentro do apoio considera-se que a altura das vigas
polémica sobre vão de cálculo e vão livre e a sua forma aumenta de forma linear, de acordo com uma pendente
de o contemplar nas diversas normas, assim como o 1:3, até ao eixo do apoio, pelo que a consideração
momento de cálculo aos eixos ou nas faces dos conjunta do tamanho dos nós, arredondamento
apoios. parabólico do diagrama de momentos e aumento de
altura dentro do apoio, conduz a uma economia da
Em particular, o art. 29.2 da EH-91, tal como o art. 87 armadura longitudinal por flexão nas vigas, já que o
do R.E.B.A.P. diz: “Salvo justificação especial máximo de quantidades se produz entre a face e o eixo
considerar-se-á como vão de cálculo das peças, o do apoio, sendo o mais habitual na face, em função da
menor destes dois comprimentos”: geometria introduzida.
A. A distância entre eixos de apoio. No caso de uma viga que apoia num apoio de grande
dimensão tipo parede ou muro, os diagramas de
B. O vão livre mais a altura da viga.
momentos prolongar-se-ão no apoio a partir da face de
apoio num comprimento de uma altura, dimensionando

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18 CYPECAD - Memória de Cálculo

as armaduras até tal comprimento, não se prolongando determinando-se os novos valores dos momentos
mais além de onde forem necessárias. Ainda que a viga dentro do apoio a partir dos momentos redistribuídos
seja de maior largura que o apoio, a viga e a sua em face, e as considerações de arredondamento dos
armadura interrompem-se uma vez que tiver penetrado diagramas de esforços indicados no capítulo anterior.
uma altura na parede ou muro.
Em lajes de vigotas, além da redistribuição, o utilizador
pode definir os momentos mínimos positivos e
negativos que a norma especificar.
1.4. Opções de cálculo
Pode-se definir uma ampla série de parâmetros
Coeficiente de encastramento no último piso
estruturais de grande importância na obtenção de
esforços e dimensionamento de elementos. Dada a Opcionalmente podem-se redistribuir os momentos
grande quantidade de opções disponíveis, recomenda- negativos na união da cabeça do último tramo de pilar
se a sua consulta no manual. Cita-se a seguir as mais com o extremo da viga; este valor estará compreendido
significativas. entre 0 (articulado) e 1 (encastramento), embora se
aconselhe 0.3 como valor intermédio (valor por defeito).
O programa realiza uma interpolação linear entre as
1.4.1. Redistribuições consideradas matrizes de rigidez de barras biencastradas e
Coeficientes de redistribuição de momentos encastradas-articuladas, que afecta os termos EI/L das
negativos matrizes:
Aceita-se uma redistribuição de momentos negativos K definitivo = α . K biencastradas + (1 - α) . K encast.-artic.
em vigas e vigotas até 30%. Este parâmetro pode ser
estabelecido opcionalmente pelo utilizador, embora se sendo α o valor do coeficiente introduzido.
recomende 15% em vigas e 25% em vigotas de betão
armado (valor por defeito). Esta redistribuição realiza-se
depois do cálculo. Coeficiente de encastramento na cabeça e pé de
pilar, nos bordos de lajes, vigas; articulações nos
A consideração de uma certa redistribuição de extremos de vigas
momentos flectores implica numa armadura mais cara
É possível também definir um coeficiente de
mas mais segura e mais construtiva. No entanto, uma
encastramento de cada tramo de pilar na sua cabeça
redistribuição excessiva produz umas flechas e uma
e/ou pé na união (0 = articulado; 1 = encastrado)
fendilhação incompatível com as paredes.
(valor por defeito). Os coeficientes de cabeça do último
Em vigas, uma redistribuição de 15% produz uns tramo de pilar multiplicam-se por estes. Esta rótula
resultados geralmente aceitáveis e pode-se considerar plástica considera-se fisicamente no ponto de união da
óptima. Em lajes recomenda-se utilizar uma cabeça ou pé com a viga ou laje tipo fungiforme que
redistribuição de 25%, o que equivale a igualar liga ao nó.
aproximadamente os momentos negativos e positivos.
A redistribuição de momentos efectua-se com os
momentos negativos em bordos de apoios, que em
pilares será em faces, isto é, afecta o vão livre,

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CYPECAD - Memória de Cálculo 19

A rótula plástica definida materializa-se no bordo da laje


e no bordo de apoio em vigas e muros, não sendo
efectiva nos bordos em contacto com pilares e
paredes, nos quais se considera sempre encastrado.
Entre o bordo de apoio e o eixo define-se uma barra
rígida, pelo que existe sempre momento no eixo de
apoio produzido pelo transverso no bordo pela sua
distância ao eixo. Esse momento flector converte-se em
torsor se não existir continuidade com outros panos
adjacentes. Esta opção deve-se usar com prudência, já
Fig. 1.6 que se articular o bordo de um pano numa viga, e a
Em extremos de vigas e cabeça de último tramo de viga tiver reduzida a um valor muito pequeno a rigidez
pilar com coeficientes muito pequenos e rótula em viga, à torção, sem chegar a ser um mecanismo, pode dar
podem-se dar resultados absurdos e inclusivamente resultados absurdos de deslocamentos do pano no
mecanismos, ao coexistir duas rótulas unidas por bordo, e por isso os esforços também absurdos.
tramos rígidos.

Fig. 1.7 Fig. 1.8

Em lajes maciças, de vigotas e fungiformes aligeiradas É possível definir também articulações em extremos de
também se pode definir um coeficiente de vigas, materializando-se fisicamente na face do apoio,
encastramento variável em todos os seus bordos de quer seja pilar, muro, parede ou apoio em muro.
apoio, que pode oscilar entre 0 e 1 (valor por defeito).
Estas redistribuições têm-se em conta no cálculo e
Também se pode definir um coeficiente de influem por isso nos deslocamentos e esforços finais
encastramento variável entre 0 e 1 (valor por defeito) do cálculo obtido.
em bordos de viga, da mesma forma que em lajes, mas
para um ou vários bordos, ao especificar-se por viga.
Quando se definem coeficientes de encastramento 1.4.2. Rigidezes consideradas
simultaneamente em lajes e bordos de viga, Para a obtenção dos termos da matriz de rigidez
multiplicam-se ambos para obter um coeficiente consideram-se todos os elementos de betão na sua
resultante para aplicar em cada bordo. secção bruta.

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20 CYPECAD - Memória de Cálculo

Para o cálculo dos termos da matriz de rigidez dos Consulte no menu Opções os valores por defeito.
elementos distinguiram-se os valores:
EI/L: rigidez à flexão
GJ/L: rigidez torcional 1.4.4. Coeficiente de rigidez axial
EA/L: rigidez axial Considera-se o encurtamento por esforço axial em
e aplicaram-se os coeficientes indicados na seguinte pilares e paredes afectado por um coeficiente de
tabela: rigidez axial variável entre 1 e 99,99 para poder simular
o efeito do processo construtivo da estrutura e a sua
Elemento (EIγ) (EIz) (GJ) (EA) influência nos esforços e deslocamento finais. O valor
S.B.⋅ aconselhado está compreendido entre 2 e 3, sendo 2 o
Pilares S.B. S.B. S.B.⋅x
coef.rigidez valor por defeito.
axial
Vigas inclinadas S.B. S.B. S.B.⋅x ∞
Vigas de betão ou
metálicas
S.B. ∞ S.B.⋅x ∞ 1.4.5. Momentos mínimos
Vigotas S.B. ∞ S.B.⋅x ∞
Nas vigas também é possível cobrir um momento
mínimo que seja uma fracção do suposto isostático
Viga de bordo S.B.⋅10 -15
∞ S.B.⋅x ∞
pl2/8. Este momento mínimo pode-se definir tanto para
Apoio e enc. em muro S.B.⋅102 ∞ S.B.⋅x ∞
momentos negativos como para positivos com a forma
Paredes e muros S.B. S.B. E.P. S.B.⋅
coef.rigidez pl2/x, sendo x um número inteiro maior que 8. O valor
axial por defeito é 0, isto é, não se aplicam.
Lajes fungiformes S.B. ∞ S.B.⋅x ∞
Recomenda-se colocar, pelo menos, uma armadura
Lajes alveoladas S.B. ∞ S.B.⋅x ∞ capaz de resistir um momento pl2/32 em negativos, e
um momento pl2/20 em positivos. É possível fazer estas
S.B.: secção bruta do betão considerações de momentos mínimos para toda a
∞: não se considera pela deformabilidade relativa em piso. estrutura ou apenas para parte dela, e podem ser
X: coeficiente redutor da rigidez à torção diferentes para cada viga.
E.P.: elemento finito plano Da mesma forma podem-se definir uns momentos
mínimos em lajes de vigotas pré-fabricadas por panos
de vigotas e para lajes alveoladas. Podem-se definir
1.4.3. Coeficientes de rigidez à torção para toda a obra ou para panos individuais e/ou valores
Existe uma opção que permite definir um coeficiente diferentes. Um valor de 1/2 do momento isostático
redutor da rigidez à torção (x), dos diferentes (=pl2/16 para carga uniforme) é razoável para positivos
elementos (ver tabela anterior). Esta opção não é e negativos. Aconselhamos que consulte o menu
aplicável a perfis metálicos. Quando a dimensão do Opções.
elemento for menor ou igual ao valor definido para
barras curtas tomar-se-á o coeficiente definido nas As envolventes de momentos ficarão deslocadas, de
opções. Considera-se a secção bruta (S.B.) para o forma que cumpram com esses momentos mínimos,
termo de torção GJ, e também quando for necessária aplicando-se posteriormente a redistribuição de
para o equilíbrio da estrutura. negativos considerada.

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CYPECAD - Memória de Cálculo 21

O valor equivalente da carga linear aplicada é: Pilares


Vi + Vd • Disposição de varões verticais (comprimentos
p= máximos, união de tramos curtos, amarrações
I
intermédias). O comprimento máximo de um varão
Se tiver considerado um momento mínimo (+) = (8m por defeito), obriga a que se efectuem
verifica-se que: amarrações, caso algum tramo supere esse valor.
O comprimento máximo de união de tramos curtos
pl2 (4m por defeito), activa-se quando se têm alturas
Mv ≥
8 entre pisos pequenas, unindo-se nestes casos os
tramos e suprimindo as amarrações intermédias a
nível de piso, até alcançar o comprimento indicado
sem o superar. O processo aplica-se de cima para
baixo no pilar.
A emenda a nível de cada piso no caso de pilares
desligados, pode-se abreviar mantendo sem
emenda a armadura até ao piso seguinte, ou
emendando em todos os pisos, mesmo que não
chegue viga ao pilar nesse piso, sempre que a
armadura seja idêntica.
• Cortar emendas no último tramo (na cabeça).
Opção que corta para efeitos de desenho e
medição os varões de pilares no seu extremo final
do último piso para facilitar a sua betonagem. Não
se calcula, pelo que se deve utilizar com prudência,
sendo mais aconselhável reduzir ao mínimo o
coeficiente de encastramento no último piso,
Fig. 1.9 juntamente com a activação da redução dos
comprimentos de amarração no último piso. Ainda
Recorde que estas considerações funcionam assim é possível que para o cálculo seja
correctamente com cargas lineares e de forma necessário dobrar em patilha os extremos com
aproximada se existirem cargas pontuais. diâmetros grandes, mas esta opção anula-o.
• Redução de comprimento de amarração em
pilares. A redução do comprimento de amarração
1.4.6. Outras opções da armadura ao nível de arranque de pisos
Enumeram-se a seguir as opções não citadas da intermédios (desactivado por defeito) e no último
aplicação e que, no entanto, influem e personalizam os piso pode-se activar ou não, reduzindo-se de
nossos cálculos. acordo com a relação da tensão real nas
armaduras à tensão máxima. Neste caso sucederá
que em pilares com o mesmo diâmetro de
armadura, as amarrações sejam de diferente

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22 CYPECAD - Memória de Cálculo

comprimento como resultado do cálculo, e por isso • Disposição de perfis metálicos. Selecciona-se a
não se possam igualar. Se não desejar assim, possibilidade de reduzir o perfil introduzido, se for
desactive-a, embora obtenha patilhas algo maiores possível, ou de o manter e verificar.
no último piso. Convém recordar que o cálculo de esforços realiza-
se com o perfil introduzido, pelo que se a
• Critérios de simetria de armaduras nas faces. Nas
modificação for grande em inércia, dever-se-ia
tabelas de armadura podem-se definir armaduras
voltar a calcular a estrutura (por defeito está
diferentes ou iguais nas faces X e nas faces Y. O
activado de maneira que procurará o perfil mais
resultado do cálculo é verificar e obter a primeira
económico).
sequência de armadura da tabela que cumpre para
todas as combinações de cálculo, seleccionando- • Transições por mudança de dimensões. Quando a
se também a primeira que tiver armadura simétrica redução da secção de um pilar de um piso para
nas quatro faces. Calculam-se as quantidades em outro é grande, obriga a uma duplicação da
ambos os casos e comparam-se em diferença de armadura vertical, cuja pendente deve estar
percentagem, seleccionando-se a que cumprir o limitada. Ao superar tais condições geométricas,
critério marcado em % de diferença da opção (0% deve-se cortar e amarrar a armadura do tramo
por defeito, isto é, não simétrico). Se deseja inferior, e colocar uns arranques previstos em
simetria ponha um valor elevado, por exemplo, espera para o tramo superior. Depende da
300. pendente do aumento na dimensão do pilar que
ocupe a altura de viga ou laje comum.
• Critérios de continuidade de varões. Um pilar
calcula-se por tramos de cima para baixo, sendo • Justificação de comprimento de varões. É normal
habitual, se estiver bem pré-dimensionado, que a que o comprimento de corte dos varões obrigue a
armadura aumente em quantidade, conforme se que seja um múltiplo de um número, para
desce aos pisos inferiores. Mas isto nem sempre arredondar e facilitar a colocação em obra (5 cm
sucede, uma vez que para o cálculo os resultados por defeito).
serão os obtidos pelos esforços actuantes e pelas
suas dimensões. Pode-se forçar para manter a • Trama de pilares e paredes. Simbologias que
quantidade, o diâmetro dos varões nos cantos e permitem distinguir de forma gráfica se um pilar
face, assim como o seu número, através desta nasce, morre ou passa num piso (definição
opção, e aplicar o critério desde o último ou opcional).
penúltimo piso até baixo, com menores • Emendar na zona central do tramo. Nas zonas
descontinuidades e sem surpresas. sísmicas, translada-se a emenda de varões para a
Por defeito, aplica-se continuidade em quantidade zona central do tramo, afastada da zona de
e diâmetro de varões de canto a partir do máximos esforços que é conveniente activar com
penúltimo. sismos elevados (por defeito está desactivada).

• Recobrimento. Distância do paramento exterior à • Emendas em muros e paredes. Verifica que a


primeira armadura, que são os estribos (o valor por armadura na emenda está à tracção ou à
defeito depende da norma). compressão, aplicando um coeficiente de
amplificação do comprimento de emenda, em
função da separação de varões.

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CYPECAD - Memória de Cálculo 23

• Factor de cumprimento exigido em muros e • Armadura de viga pré-fabricada


paredes. A armadura de um tramo de muro ou
parede pode apresentar tensões de pico que • Estribos de vigas pré-esforçadas
penalizam a armadura se pretender que cumpra • Pormenorização de armadura de vigas com sismo
100%. Com esta opção, permite-se uma % menor
de cumprimento, ou a verificação de uma • Recobrimentos (superior, inferior e lateral)
armadura dada (90% por defeito). É conveniente • Recobrimentos (superior, inferior e lateral) em
rever sempre este valor e, quando for menor que vigas de fundação
100%, averiguar em que pontos não cumpre e
porquê, assim como o reforço local necessário. • Características de vigas pré-fabricadas armadas
• Disposição de estribos. No encontro com laje/viga • • Características de vigas pré-fabricadas pré-
convém colocar estribos (por defeito está esforçadas
activado), inclusive na cabeça e pé de pilar numa
• Atribuição de cores para erros
altura determinada e a menor separação que o
resto do pilar (desactivada por defeito). É • Critério de ordenação de pórticos
recomendável activá-la em zonas sísmicas.
• Critério de numeração de vigas
• Consideração da armadura de montagem
Vigas
• Unir armadura de montagem em consolas
Enumeramos a seguir as diferentes possibilidades de
viga. • • Envolvente de esforços transversos (diagrama
contínuo ou descontínuo)
• Negativos simétricos em vigas de um só tramo
• • Armadura de esforços transversos (colocação de
• Percentagem de diferença para negativos
armadura de alma, secção de verificação de
simétricos
transversos)
• Critério de disposição de patilhas
• • Selecção de estribos
• Patilhas no extremo do pórtico
• • Coeficientes de fluência - flecha activa
• Comprimento mínimo de estribos de reforço a
• • Coeficientes de fluência de flecha total a prazo
colocar
infinito
• Simetria em armadura de estribos
• • Fendilhação
• Estribos de diferente diâmetro numa viga
• Disposição de estribos múltiplos
Lajes maciças, lajes mistas e fungiformes
• Comprimento de amarração no fecho de estribos aligeiradas
• Dobrar as patilhas em U • Armaduras em lajes e fungiformes aligeiradas

• Disposição de estribos múltiplos • Quantidades mínimas

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24 CYPECAD - Memória de Cálculo

• Redução de quantidade mecânica • Coeficientes redutores da rigidez à torção


• Armadura por torção • Opções para vigas e vigotas metálicas, Joist
• Comprimentos mínimos de reforço • Limites de flecha em vigas, vigotas e lajes
alveoladas
• Recobrimento em lajes maciças
• Coeficiente de fluência flecha activa e p. infinito
• Recobrimento em lajes fungiformes aligeiradas
• Esforço transverso em lajes de vigotas ‘in situ’.
• Pormenorizar armadura base em desenhos
(desactivada por defeito). Não se pormenoriza, e
não se desenha nem se mede ao estar desactivada
Desenho
• Justificação de comprimento de varões • • A configuração de layers, tamanhos de textos e
• Patilhas construtivas em lajes espessura de caneta são definíveis nos desenhos.
Existem opções que se gravam e conservam com a
• Critérios de ordenação e numeração em lajes
obra (•). Outras são de carácter geral (••), de forma
• Armadura de lajes rectangulares que se variar alguma destas e se repetir um cálculo, é
possível que os resultados sejam diferentes.
Para recuperar as opções por defeito, deve fazer uma
Gerais, de vigas e lajes instalação ‘em vazio’, sem existir previamente a
• • Opções gerais de desenho directoria ‘USR’. Desta forma instalar-se-ão todas as
• • Comprimento máximo de um varão opções e tabelas por defeito. Em algumas opções
dispõe de um botão que permite recuperá-las
• • Perdas de aço em medição directamente, sem ter de realizar a instalação ‘em
vazio’.
• Quantidades mínimas de armadura negativa de
lajes de vigotas
• Quantidades mínimas de armadura negativa de 1.5. Acções a considerar
lajes alveoladas
1.5.1. Acções verticais
• Armadura em lajes normais
Cargas permanentes (acções de peso próprio)
• Armadura em lajes alveoladas Peso Próprio dos elementos de betão armado,
calculado o volume a partir da sua secção bruta e
• Momentos mínimos a cobrir com armadura em
multiplicado por 25 KN/m3 (peso específico do betão
lajes e vigas
armado no sistema internacional) em pilares, paredes,
• Armadura de vigas muros, vigas e lajes.

• Coeficiente redutor da rigidez à flexão em lajes de O peso próprio das lajes de vigotas é definido pelo
vigotas utilizador, que pode ser distinto para cada piso ou
pano, conforme o tipo seleccionado. Em lajes maciças
• Consideração da armadura à torção em vigas

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CYPECAD - Memória de Cálculo 25

será a altura h x 25 (KN/m2), assim como nos maciços acção geral de cada piso, que são o Peso Próprio da
de pilares de lajes fungiformes aligeiradas. Nas zonas estrutura + Revestimentos e Paredes como
aligeiradas de lajes fungiformes aligeiradas, será o Permanente, e Sobrecarga a mesma. Se
indicado pelo utilizador na ficha da laje seleccionada. acrescentarem outras, não se incluem necessariamente
No caso de lajes de vigotas, multiplica-se o valor do nestas, passando a ser uma acção mais a combinar e
peso por metro quadrado, pela distância entre-eixo, tratar-se-ão como umas acções diferentes se assim se
dando uma carga linear aplicada a cada vigota. Em definirem, o que aumentará o número de combinações
lajes maciças e fungiformes aligeiradas, aplica-se em que se podem realizar.
cada nó o produto do peso pela área tributária de cada
Existe uma biblioteca de combinações por defeito, mas
nó.
é limitada. Por exemplo, se o edifício se destinar a
Revestimentos e Paredes. Definem-se uniformemente outros tipos de utilização para além dos definidos, se
distribuídas no piso. São elementos como o pavimento se definirem duas acções Permanentes, ou mais de
e as paredes (embora estas últimas poderiam quatro acções de Sobrecarga, quatro de Sismo ou
considerar-se uma carga variável, se a sua posição ou quatro de Vento, não existem combinações definidas, e
presença variar ao longo do tempo). será preciso criar previamente as combinações para
poder calcular.
O peso próprio dos elementos estruturais mais os
Revestimentos e Paredes formam a Acção Se gerar o vento ou sismo de forma automática, não se
Permanente (=Cargas Permanentes), atribuindo-as à podem criar conjuntos de cargas especiais associadas
Acção Permanente que figura em primeiro lugar nas a essa origem.
combinações e nas listagens de esforços.

Cargas verticais em pilares


Cargas variáveis (acções de sobrecarga) Pode-se definir na cabeça do último piso de qualquer
Considera-se a sobrecarga como uniformemente pilar (onde termina), cargas (N, Mx, My, Qx, Qy, T)
distribuída a nível de piso. referentes aos eixos gerais, para qualquer acção,
adicionais às obtidas do cálculo, de acordo com a
seguinte convenção de sinais:
Cargas especiais
Podem-se introduzir cargas lineares, pontuais e
superficiais (numa área limitada), além das cargas
permanentes e de utilização geral de cada piso.
Podem-se estabelecer 8 conjuntos de cargas especiais,
dependendo da sua origem. Em cada conjunto podem-
se incluir quantas cargas lineares, pontuais e
superficiais que desejar, e além disso, é possível
distinguir a origem das mesmas: permanente,
sobrecarga, vento ou sismo.
A primeira acção de Permanente, assim como a
primeira de Sobrecarga coincidem com as definidas na Fig. 1.10

CYPE
26 CYPECAD - Memória de Cálculo

Pode-se utilizar para introduzir pilares com as suas


cargas verticais, com apenas lajes maciças e vigas de
fundação , e calcular de forma isolada.

Cargas horizontais em pilares


Podem-se definir cargas pontuais e uniformes em
faixas horizontais, associadas a qualquer acção e a
qualquer cota de altura de um pilar. Podem-se referir
aos eixos locais do pilar ou aos gerais da estrutura.
Recorde que, se introduzir cargas, deve verificar de
forma manual a armadura ao esforço transverso do
pilar.
Fig. 1.11

Define-se como dimensão da planta, o comprimento de


1.5.2. Acções horizontais fachada perpendicular à direcção do vento. Pode ser
diferente em cada piso e define-se por pisos. Quando o
Vento
vento actuar na direcção X, deve-se dar a dimensão da
Gera de forma automática as cargas horizontais em fachada ‘y’ e quando actuar na direcção Y, a dimensão
cada piso, de acordo com a norma seleccionada, em da fachada ‘x’.
duas direcções ortogonais X, Y, ou numa única e em
ambos sentidos (+X, -X, +Y, -Y). Pode-se definir um Quando num mesmo piso houver zonas
coeficiente de forma para cada direcção e sentido de independentes, faz-se uma distribuição da carga total
actuação do vento, que multiplica pela pressão total do proporcional à dimensão de cada zona em relação à
Vento. Por exemplo, se o edifício estiver isolado e para dimensão total B definida para esse piso (Fig. 1.12).
a primeira hipótese do Quadro I-I do R.S.A., actuará a Sendo B a dimensão definida quando o vento actuar na
pressão na fachada de barlavento e a sucção na de direcção Y, os valores b1 e b2 são calculados
sotavento. O coeficiente de forma é 0.7 para a pressão geometricamente por CYPECAD em função das
e 0.2 para a sucção e, portanto, 0.7 + 0.2 = 0.9 para coordenadas dos pilares extremos de cada zona. Por
cada direcção. No caso de existirem outras isso, as dimensões que se aplicarão em cada zona
construções junto do edifício é possível considerar a serão:
sua existência através dos valores a atribuir aos
coeficientes de forma. b1 b2
B1 = ⋅B B2 = ⋅B
b1 + b2 b1 + b2

CYPE
CYPECAD - Memória de Cálculo 27

conta a posição geográfica da construção, em zonas


muito expostas, que pela sua exposição e produção de
maiores velocidades do vento, deve-se considerar.
Obtém-se a carga total de vento aplicada em cada piso
como o produto da pressão ao nível considerado, pela
superfície exposta, factores de forma e rajada. O ponto
de aplicação de tal carga em cada piso é o centro
geométrico do piso determinado pelo perímetros do
piso. Pode-se consultar e listar o valor da carga de
vento aplicada em cada piso.
Para cada norma definida, a forma de cálculo da
pressão realiza-se de maneira automática, embora
necessite que se indique uma série de dados que pode
Fig. 1.12 consultar no capítulo de implementações da norma que
Conhecida a dimensão de um piso e as alturas do piso vai utilizar.
superior e do piso inferior, se se multiplicar a semi-
soma das alturas pela dimensão da fachada, obtém-se
a superfície exposta ao vento nesse piso, que, Sismo
multiplicada por sua vez pela pressão total calculada Para o sismo podem-se definir dois métodos de cálculo
nessa altura e pelo coeficiente de forma, proporcionaria gerais: cálculo estático e cálculo dinâmico.
a carga de vento nesse piso e nessa direcção.
É possível aplicar ambos os métodos gerais ou os
Como método genérico para o cálculo do vento de específicos indicados com a norma vigente ou
forma automática pode seleccionar Vento Genérico. regulamentos de aplicação em função do local onde se
encontra a construção.
Definidas as direcções de actuação do vento,
coeficientes de forma e dimensões de fachada por Cálculo Estático. Sismo por coeficientes. Pode-se
piso, deve-se seleccionar a curva de alturas-pressões. introduzir a acção de sismo como um sistema de forças
Existe uma biblioteca que permite seleccionar curvas estáticas equivalentes às cargas dinâmicas, gerando
existentes e criar outras novas. Em tais curvas, para cargas horizontais em duas direcções ortogonais X, Y,
cada altura define-se uma pressão total, interpolando- aplicadas a nível de cada piso, no centro de massas
se para alturas intermédias, o que é necessário para das mesmas.
calcular a pressão ao nível de cada piso do edifício a
calcular. Pode-se utilizar como método geral o Sismo por
Coeficiente.
Define-se o Factor de forma, coeficiente multiplicador
que permite corrigir a carga de vento em função da
forma do edifício, quer seja pela sua forma em planta,
rectangular, cilíndrica, etc., quer pela sua esbelteza.
Também se pode definir um Factor de rajada,
coeficiente amplificador da carga de vento para ter em

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28 CYPECAD - Memória de Cálculo

como geral é a análise modal espectral, para o qual


será necessário definir:
• Aceleração de cálculo em relação a g (aceleração
da gravidade ) ac
• Ductilidade da estrutura = µ
• Número de modos a calcular
Fig. 1.13
• Coeficiente quase-permanente de sobrecarga = A
Sendo
• Espectro de acelerações de cálculo.
Gi: as cargas permanentes do piso i
Qi: as cargas variáveis do piso i Complete estes dados e a selecção do espectro
A: coeficiente de simultaneidade da sobrecarga ou parte correspondente de cálculo, que se pode escolher na
quase-permanente biblioteca por defeito que se fornece com o programa
Cxi, Cyi: coeficiente sísmico em cada direcção no piso i ou de outra, criada pelo utilizador. A definição de cada
As forças estáticas a aplicar em cada direcção serão, espectro realiza-se por coordenadas (X: período T; Y:
por piso: Ordenada espectral α (T)) podendo ver a forma do
gráfico criado. Para a definição do espectro
Sx = (Gi + A . Qi) . C xi normalizado de resposta elástica, o utilizador deve
Sy = (Gi + A . Qi) . C yi conhecer os factores que o influenciam (tipo de sismo,
tipo de terreno, amortecimento, etc.). Estes factores
Se se referirem os deslocamentos de cada piso em devem estar incluídos na ordenada espectral, também
relação aos eixos gerais obtém-se: chamada factor de amplificação, e referentes ao
período T.
δxp : deslocamento X do piso
 Quando numa construção se especificar qualquer tipo
δ δyp : deslocamento Y do piso
θzp : rotaçao de acção sísmica dinâmica, o programa realiza, além
 ! Z do piso
do cálculo estático normal para cargas gravíticas e
vento, uma análise modal espectral da estrutura. Os
e as forças aplicadas:
espectros de dimensionamento dependerão da norma
Fx = Sx e dos parâmetros da mesma seleccionados. No caso
 da opção de análise modal espectral, o utilizador indica
F Fy = Sy
Mz = −Sx ⋅ Ym + Sy ⋅ Xm directamente o espectro de dimensionamento.

Para efectuar a análise dinâmica o programa cria a
matriz de massas e a matriz de rigidez para cada
F =K⋅δ elemento da estrutura. A matriz de massas cria-se a
partir da hipótese de carga permanente e das
Os efeitos de segunda ordem podem-se considerar se
correspondentes sobrecargas multiplicadas pelo
desejar.
coeficiente de quase-permanência. CYPECAD trabalha
Cálculo Dinâmico. Análise Modal Espectral. O com matrizes de massas concentradas, que são
método de análise dinâmica que o programa considera diagonais.

CYPE
CYPECAD - Memória de Cálculo 29

O passo seguinte consiste na condensação Da primeira equação pode-se obter um número


(simultânea com a união dos elementos) das matrizes máximo de soluções (valores de ω) igual ao número de
de rigidez e massas completas da estrutura, para obter graus de liberdade dinâmicos assumidos. Para cada
outras reduzidas e que unicamente contêm os graus de uma destas soluções (valores próprios) obtém-se o
liberdade dinâmicos, sobre os quais se fará a correspondente vector próprio (modo de vibração). No
decomposição modal. O programa efectua uma entanto, raramente é necessário obter o número
condensação estática e dinâmica, fazendo-se esta máximo de soluções do sistema, e calculam-se apenas
última pelo método simplificado clássico, no qual se as mais representativas no número indicado pelo
supõe que apenas através dos graus de liberdade utilizador como número de modos de vibração que
dinâmicos aparecerão forças de inércia. intervêm na análise. Ao indicar esse número, o
programa selecciona as soluções mais representativas
Os graus de liberdade dinâmicos com que se trabalha
do sistema, que são as que mais massa deslocam, e
são três por cada piso do edifício: duas translações
que correspondem às frequências naturais de vibração
sobre o plano horizontal, e a correspondente rotação
maiores.
sobre esse plano. Este modelo simplificado responde
ao recomendado pela grande maioria de normas. A obtenção dos modos de vibração condensados
(também chamados vectores de coeficientes de forma),
Neste ponto do cálculo, já se tem uma matriz de rigidez
é a resolução de um sistema linear de equações
e outra de massas, ambas reduzidas, e com o mesmo
homogéneo (o vector de termos independentes é nulo),
número de linhas/colunas. Cada uma delas representa
e indeterminado (ω2 calculou-se para que o
um dos graus de liberdade dinâmicos anteriormente
determinante da matriz de coeficientes seja nulo). Por
descritos. O seguinte passo é a decomposição modal,
isso, esse vector representa uma direcção ou modo de
que o programa resolve através de um método
deformação e não valores concretos das soluções.
iterativo, e cujo resultado são os valores próprios e
vectores próprios correspondentes à diagonalização da A partir de modos de vibração, o programa obtém os
matriz de rigidez com as massas. coeficientes de participação para cada direcção (τi) da
seguinte forma:
O sistema de equações a resolver é a seguinte:
K: matriz de rigidez
τi = [ φi] ⋅ [M] ⋅
[ J] ⋅ M ⋅ φi
T [ ] [ ]
T
M: Matriz de massas
[φi]
K − ω2 ⋅ M = 0.0 (determinante nulo)
i = 1, ..., nº de modos calculados
ω2: Valores próprios do sistema
onde [J] é um vector que indica a direcção de actuação
ω: Frequências naturais próprias do sistema dinâmico
do sismo. Por exemplo, para sismo em direcção x:
K − ω2 ⋅ M ⋅ [ φ] = [ 0.0 ]
[ J] = [100100100...100]
(sistema homogéneo indeterminado) Uma vez obtidas as frequências naturais de vibração,
φ: Vectores próprios do sistema ou modos de vibração entra-se no espectro de dimensionamento
condensados. seleccionado, com os parâmetros de ductilidade,
amortecimento, etc., e obtém-se a aceleração de

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30 CYPECAD - Memória de Cálculo

dimensionamento para cada modo de vibração e cada


grau de liberdade dinâmico.
x= ∑ ∑
i j
ρij xi xj

O cálculo destes valores faz-se da seguinte forma: 8 ζ2 r3 / 2


ρij =
(1+ r )(1− r ) + 4 ζ 2r (1 + r )
2
a ij = φij ⋅ τi ⋅ aci

i: Cada modo de vibração onde:


j: Cada grau de liberdade dinâmico Ti
r:
aci: Aceleração de cálculo para o modo de vibração i Tj
ac T: Período de vibração
α ( Ti ) ⋅ ζ: Razão de amortecimento, uniforme para todos os modos de
g
aci = vibração e de valor 0.05
µ
x: Esforço ou deslocamento resultante
Os deslocamentos máximos da estrutura, para cada xi,xj: Esforços ou deslocamentos correspondentes aos modos
modo de vibração e grau de liberdade j de acordo com a combinar
o modelo linear equivalente, obtém-se como se segue: Para os casos nos quais se requer a avaliação de
esforços máximos concomitantes, CYPECAD faz uma
sobreposição linear dos distintos modos de vibração,
uij = a2
ij

ωi de forma que para uma acção dinâmica dada, se


obtêm na realidade n conjuntos de esforços, onde n é
Por conseguinte, para cada grau de liberdade o número de esforços concomitantes que se
dinâmico, obtém-se um valor de deslocamento máximo necessitam. Por exemplo, se estiver a calcular o
em cada modo de vibração. Isto equivale a um dimensionamento de pilares de betão, trabalha-se com
problema de deslocamentos impostos, que se resolve três esforços simultaneamente: axial, flector no plano
para os outros graus de liberdade (não dinâmicos), xy e flector no plano xz. Neste caso, ao solicitar a
através da expansão modal ou substituição “para trás” combinação com uma acção dinâmica, o programa
dos graus de liberdade previamente condensados. fornecerá para cada combinação que a inclua, três
combinações distintas: uma para o axial máximo, outra
Obtém-se, finalmente, uma distribuição de
para o flector no plano xy máximo e outra para o flector
deslocamentos e esforços sobre toda a estrutura, para
no plano xz máximo. Além disso, as distintas
cada modo de vibração e para cada acção dinâmica,
combinação criadas multiplicam-se por ±1, uma vez
com o que se finaliza a análise modal espectral
que o sismo pode actuar em qualquer um dos dois
propriamente dita.
sentidos.
Para a sobreposição modal, através da qual se obtêm
Os efeitos de segunda ordem podem-se considerar se
os valores máximos de um esforço, deslocamento, etc.,
desejar, activando essa consideração de forma
numa acção dinâmica dada, o programa usa o método
facultativa pelo utilizador, uma vez que o programa não
CQC, no qual se calcula um coeficiente de união modal
o faz de forma automática.
dependente da relação entre os períodos de vibração
dos modos a combinar. A formulação desse método é Realizado o cálculo, pode-se consultar para cada modo
a seguinte: o período, o coeficiente de participação, em cada

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CYPECAD - Memória de Cálculo 31

direcção de cálculo X, Y, e o que se denomina abordando de forma simples os efeitos de segunda


coeficiente sísmico, que é o espectro de ordem a partir de um cálculo de primeira ordem, e um
deslocamentos obtidos como Sd: comportamento linear dos materiais, com umas
características mecânicas calculadas com as secções
α (T) brutas dos materiais e o seu módulo de elasticidade
sd =
ω2µ secante.
α (T): Ordenada espectral Sob a acção horizontal, em cada piso i, actua uma
ω: Frequência angular = 2π/T força Hi, a estrutura deforma-se, e produzem-se uns
µ: Ductilidade deslocamentos ∆ij ao nível de cada pilar. Em cada pilar
j, e ao nível de cada piso, actua uma carga de valor Pij
para cada acção gravítica, transmitida pela laje ao pilar
Efeitos da torção j no piso i (Fig. 1.14).
Quando se realiza um cálculo dinâmico, obtém-se o
momento e o esforço transverso total, devido à acção Define-se um momento derrubador MH devido à acção
sísmica sobre o edifício. Dividindo ambos, obtém-se a horizontal Hi, à cota zi em relação à cota 0.00 ou nível
excentricidade em relação ao centro de massas. sem deslocamentos horizontais, em cada direcção de
Dependendo da norma de acções sísmicas de cada actuação do mesmo:
país seleccionada, compara-se com a excentricidade
MH = ∑ Hi ⋅ zi
mínima que essa norma especifica, e se for menor,
amplifica-se o modo de rotação, de tal forma que pelo i: Número de pisos
menos se obtenha essa excentricidade mínima. j: Número de pilares
Isto é importante, sobretudo em estruturas simétricas.

Esforço transverso basal


Quando o esforço transverso basal obtido pela acção
sísmica dinâmica for inferior a 80% do esforço
transverso basal estático, amplificar-se-á nessa
proporção, para que não seja menor.

Fig. 1.14
Consideração de efeitos de 2ª ordem (P∆)
Da mesma forma define-se um momento por efeito P-
De forma facultativa pode-se considerar, quando se
delta, MP∆, devido às cargas transmitidas pela lajes aos
define acção de Vento ou Sismo, o cálculo da
pilares Pij, para cada uma das acções gravíticas (k)
amplificação de esforços produzidos pela actuação de
tais cargas horizontais. É aconselhável activar esta definidas, para os deslocamentos ∆i devidos à acção
opção no cálculo. horizontal.

O método está baseado no efeito P-delta devido aos Mp∆k = ∑ ∑ Pij ∆i


i j
deslocamentos produzidos pelas acções horizontais,

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32 CYPECAD - Memória de Cálculo

sendo: Neste ponto não existe só um critério, pelo que se


k: Para cada acção gravítica (permanente, sobrecarga, ...) deixa ao juízo do utilizador a consideração de um valor
MP∆K ou de outro em função do tipo de estrutura, grau de
Se calcular o coeficiente CK = , que é o índice de fendilhação estimado, outros elementos rigidizantes,
MHK
núcleos, escadas, etc., que na realidade podem
estabilidade, para cada hipótese gravítica e para cada
inclusivamente reduzir os deslocamentos calculados.
direcção da acção horizontal, pode-se obter um
coeficiente amplificador do coeficiente de majoração No Brasil é habitual considerar um coeficiente redutor
das hipóteses devidas às acções horizontais para todas do módulo de elasticidade longitudinal de 0.90 e supor
as combinações nas quais actuam essas acções um coeficiente redutor da inércia fissurada em relação
horizontais. Este valor denomina-se γz e calcula-se à bruta de 0.70. Assim, a rigidez reduz-se no seu
como: produto:
1 Rigidez-reduzida = 0.90 . 0.70 . Rigidez-bruta =
γz =
1 − ( ∑ γfgi ⋅ Ci + ∑ γfqj ⋅ Cj ) = 0.63 . Rigidez-bruta
sendo: Como os deslocamentos são inversos à rigidez, o
γfgi : coeficiente de majoração de cargas permanentes da factor multiplicador dos deslocamentos será igual a
hipótese i 1/0.63 = 1.59, valor que se introduzirá como dado no
γfgj : coeficiente de majoração de cargas variáveis da hipótese j programa. Como norma de boa prática deve-se
γz : coeficiente de estabilidade global. considerar que se γz > 1.2, se deve tornar a estrutura
mais rígida nessa direcção, já que a estrutura é muito
Para o cálculo dos deslocamentos devidos a cada deformável e pouco estável nessa direcção. Se γz <
hipótese de acções horizontais, deve-se recordar que 1.1, o seu efeito será pequeno e praticamente
se realizou um cálculo de primeira ordem, com as desprezável.
secções brutas dos elementos. Se estiverem a calcular
os esforços para o dimensionamento em estados Na nova norma NB-1/2000, de forma simplificada
limites últimos, pareceria lógica que o cálculo dos recomenda-se amplificar para 1/0.7 = 1.43 os
deslocamentos em rigor se fizesse com as secções deslocamentos e limitar o valor de γz a 1.3.
fendilhadas e homogeneizadas, o que é bastante
No Código Modelo CEB-FIP 1990 aplica-se um método
complexo, dado que supõe a não-linearidade dos
de amplificação de momentos que recomenda, na falta
materiais, geometria e estados de carga. Isto torna-o
de um cálculo mais preciso, reduzir as rigidezes em
inabordável do ponto de vista prático com os meios
50% ou, que é o mesmo, um coeficiente amplificador
normais disponíveis para o cálculo. Por conseguinte,
dos deslocamentos igual a 1/0.50 = 2.00. Para esse
deve-se estabelecer uma simplificação, que consiste
pressuposto pode-se considerar que se γz > 1.50,
em supor uma redução das rigidezes das secções, o
deve-se rigidificar mais a estrutura nessa direcção, uma
que implica um aumento dos deslocamentos, visto que
vez que a estrutura é muito deformável e pouco estável
são inversamente proporcionais. O programa solicita
nessa direcção. Ao contrário, se γz < 1.35, o seu efeito
como dado o aumento ou “factor multiplicador dos
será pequeno e praticamente desprezável.
deslocamentos” para ter em conta essa redução da
rigidez. Na norma ACI-318-95 existe o índice de estabilidade Q
por piso, não para a totalidade do edifício, embora se

CYPE
CYPECAD - Memória de Cálculo 33

pudesse estabelecer uma relação com o coeficiente de Segunda Ordem - Factores de Amplificação, podem-
estabilidade global se os pisos fossem muito similares, se consultar os valores calculados para cada uma das
relacionando-os através: combinações e imprimir uma informação com os
resultados em Listagens, vendo o máximo valor do
γz: coeficiente de estabilidade global = 1/(1-Q) coeficiente de estabilidade global em cada direcção.
Quanto ao limite que estabelece para a consideração Pode mesmo dar-se o caso da estrutura não ser
do piso como intranslacional, o que neste caso seria o estável, em cujo caso se emite uma mensagem antes
limite para a sua consideração ou não, diz-se que Q = de terminar o cálculo, na qual se adverte que existe um
0.05, isto é: 1/0.95 = 1.05 fenómeno de instabilidade global. Isto produzir-se-á
Para este caso, supõe calculá-lo e tê-lo em conta quando o valor γz tender para ∞, ou, o que é o mesmo
sempre que se supere tal valor, o que em definitivo na fórmula, que se converte em zero ou negativo
conduz a considerar o cálculo praticamente sempre e porque:
amplificar os esforços por este método.
∑(γ fgi ⋅ ci + γ fgj ⋅ cj ) ≥ 1
Quanto ao coeficiente multiplicador dos deslocamentos
indica-se que, dado que as acções horizontais são Pode-se estudar para vento e/ou sismo e é sempre
temporárias e de curta duração, pode-se considerar aconselhável o seu cálculo, como método alternativo
uma redução da ordem dos 70% da inércia, e como o de cálculo dos efeitos de segunda ordem, sobretudo
módulo de elasticidade é menor (0.8), isto é, um para estruturas de nós móveis.
coeficiente amplificador dos deslocamentos de 1 / (0.7 ⋅
Convém recordar que a acção de sobrecarga
0.8) = 1.78 e, de acordo com o coeficiente de
considera-se na sua totalidade, e dado que o programa
estabilidade global, não superar o valor 1.35 seria o
não realiza nenhuma redução de sobrecarga de forma
razoável.
automática, pode ser conveniente repetir o cálculo
Pode-se considerar que o critério do código modelo reduzindo previamente a sobrecarga, o que apenas
seria recomendável e fácil de recordar, assim como seria válido para o cálculo dos pilares.
aconselhável em todos os casos a sua aplicação:
No caso da norma ACI 318, uma vez que se estudou a
Coeficiente multiplicador dos deslocamentos = 2 estabilidade do edifício, o tratamento da redução de
Limite para o coeficiente de estabilidade global = 1.5 rigidezes para o dimensionamento de pilares realiza-se
aplicando uma formulação que se indica no apêndice
É verdade que, por outro lado, existem sempre nos de normas do programa.
edifícios elementos rigidizantes, fachadas, escadas,
muros, etc., que asseguram uma menor Nesse caso, e dado o dificultoso e praticamente
deslocabilidade perante as acções horizontais que as inabordável que supõe o cálculo dos coeficientes de
calculadas. Por isso o programa deixa em 1.00 o encurvadura determinando as rigidezes das barras em
coeficiente multiplicador dos deslocamentos. Fica ao cada extremo de pilar, seria suficientemente seguro
critério do projectista a sua modificação, dado que nem considerar coeficientes de encurvadura = 1, com o
todos os elementos se podem discretizar no cálculo da qual se calculará sempre a excentricidade fictícia ou
estrutura. adicional de segunda ordem como barra isolada, mais
o efeito amplificador P-delta do método considerado.
Uma vez terminado o cálculo, no ecrã Dados Obra - Desta forma obtêm-se uns resultados razoáveis dentro
Vento e Sismo, premindo no botão Com Efeitos de

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34 CYPECAD - Memória de Cálculo

do campo das esbeltezas que cada norma estabelece σs: Tensão de cálculo do aço. Indica-se o diagrama de
para o seu caso. cálculo tensão-deformação do aço de acordo com a
norma. O aço pode ser diferente conforme se trate de:
Deixa-se ao critério do utilizador tomar a decisão a esse
respeito, dado que é um método alternativo. Se for o
caso, poderá optar pela aplicação rigorosa da norma
correspondente. Pilares, muros e paredes:
• Varões (verticais e horizontais)
• Estribos
1.6. Materiais a utilizar
Todos os materiais seleccionam-se com base numas
listas definidas pelo seu nome identificativo, cujas Vigas de piso e de fundação:
características estão definidas num arquivo. Os dados • Negativos (Inferior em fundação)
que deve especificar em cada caso são:
• Positivos (superior em fundação)
• Montagem (inferior em fundação)
1.6.1. Betão em fundação, lajes, vigas,
• Armadura de alma
pilares e muros
Existe um arquivo que contém uma lista de betões • Estribos
definidos pela sua resistência característica, coeficiente
de minoração, módulo de elasticidade secante,
coeficiente de Poisson ν = 0.2, definidos de acordo Lajes de piso e de fundação:
com a norma. • Punçoamento e transverso
O betão pode ser diferente em cada elemento. Além • Negativos em lajes maciças (superior em
disso, em pilares pode ser diferente em cada piso. fundação)
Estes valores correspondem aos admitidos com maior
frequência na norma. • Positivos em lajes maciças (inferior em fundação)

Ao seleccionar o tipo de betão, indica-se um diagrama • Negativos em fungiformes aligeiradas, vigotas e


tensão de cálculo σc - deformação. lajes mistas
• Positivos em fungiformes aligeiradas, maciços de
pilares, vigotas ‘in situ’ e lajes mistas.
1.6.2. Aço em varões
Existe um arquivo que contém uma lista de aços
definidos pelo seu limite elástico, coeficiente de 1.6.3. Aço em pilares metálicos, vigas
minoração, módulo de elasticidade, definidos de metálicas e placas de amarração
acordo com a norma.
CYPECAD permite o uso de pilares metálicos, em cujo
Considera-se sempre pela sua posição e tipo de caso se deve indicar o tipo de aço a utilizar. Existe uma
elemento. biblioteca de aços seleccionáveis pela sua

CYPE
CYPECAD - Memória de Cálculo 35

denominação, na qual se define num arquivo não Deve-se ter em conta se o efeito das acções é favorável
modificável pelo utilizador, o seu módulo de ou desfavorável, assim como a origem da acção. Os
elasticidade, limite elástico, coeficiente de Poisson, e valores podem variar.
todos os parâmetros necessários para o cálculo.
Estes valores terão de ser estabelecidos para cada
Podem-se utilizar perfis de aço enformados, assim
combinação. Para isso ler-se-ão as combinações
como aços laminados e compostos. Para as placas de
definidas no ficheiro correspondente, que é editável e
amarração no arranque do pilar metálico define-se o
modificável pelo utilizador, em função do número de
aço das placas e rigidificadores, assim como o aço e
combinações de cada uma das acções simples,
tipo para os pernos de amarração. Os aços e diâmetros
conforme a sua origem.
utilizáveis estão predefinidos no programa, e não são
modificáveis.

1.8. Combinações
1.7. Coeficientes de majoração e Definidas as acções simples básicas que intervêm num
cálculo, e conforme a norma a aplicar, é necessário
minoração verificar um conjunto de estados, que pode exigir a
As combinações estabelecem-se de acordo com as verificação de equilíbrio, tensões, ruptura, fendilhação,
acções sobre a estrutura, com o tipo de utilização da deformações, etc. Tudo isto se resume no cálculo de
estrutura, assim como com o método de cálculo que se uns estados limite, que também podem ser função do
vai utilizar. material a utilizar. Para cada um desses estados define-
se um conjunto de combinações, com os seus
correspondentes coeficientes, que no programa se
1.7.1. Método de cálculo fornecem numa biblioteca consultável, editável e
Para cálculo das combinações utiliza-se o método dos modificável pelo utilizador, e que deve seleccionar para
Estados Limites ou o de aplicação para cada norma o cálculo, verificando os seguintes estados:
seleccionada. Betão. Dimensionamento de secções.
Tensão Terreno. Verificação de tensões no terreno.
1.7.2. Materiais Deslocamentos. Obtenção de deslocamentos
Os coeficientes que se aplicam aos materiais utilizados máximos na estrutura.
são os definidos para cada norma. Pode consultar os Aço Laminado e Composto. Dimensionamento de
capítulos correspondentes às normas. secções.
Aço Enformado. Dimensionamento de secções.
1.7.3. Acções Por conseguinte, podem-se definir grupos de
Os coeficientes são definidos de acordo com a combinações e activar os estados que se deseja
utilização da construção. verificar no cálculo, para essa norma activa, e as
combinações e coeficientes a utilizar. Nas normas de
cada país é habitual estabelecer a consideração dos
seguintes estados que se descrevem a seguir.

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36 CYPECAD - Memória de Cálculo

Equilíbrio em Fundações. Para verificar o equilíbrio introduzir as novas combinações, caso contrário
em elementos de fundação, como as sapatas. poderá cometer erros graves no seu projecto.
Betão em Vigas de Fundação. Para o
dimensionamento de vigas de equilíbrio e lintéis entre
sapatas e maciços de encabeçamento de estacas. 1.8.2. Estados limite de utilização
De igual forma que se definem para os estados limites
últimos, definem-se os estados limites de utilização,
1.8.1. Estados limites últimos cuja aplicação habitual será a verificação de
deformações (flechas) e deslocamentos, se for o caso.
Definem-se para a verificação e dimensionamento de
No arquivo existem os grupos de combinações
secções e será habitual indicar grupos de combinações
correspondentes aos estados de utilização ou serviço.
para Betão, Aços Laminados, Compostos e
Devem-se consultar e/ou modificar já que os
Enformados. Não se contemplam naquelas normas que
coeficientes aí contidos, por defeito, são unitários.
utilizam tensões admissíveis.
A expressão geral das combinações é:
γ fgi ⋅ Gi + γ fqj ⋅ Qj + γ fwk ⋅ Wk + γ fsl ⋅ Sl 1.8.3. Acções características
Com este nome indicam-se as combinações de acções
γf: Coeficientes de segurança da acção conforme a origem da características para os estados a verificar que sejam de
acção (g: permanente; q: variável; w: vento; s: sismo) aplicação conforme a norma correspondente os
Gi: Cargas permanentes (para i hipóteses diferentes) contemple, consideradas as acções como nominais e
Qj: Cargas variáveis = sobrecarga (para j hipóteses diferentes) servem para criar grupos de combinações para verificar
Wk: Cargas de vento (para k hipóteses diferentes) estados de tensões admissíveis ou deslocamentos,
Sl: Cargas de sismo (para l hipóteses diferentes) conforme indique a norma. A sua aplicação será em
normas de tensões admissíveis para o
dimensionamento de secções, deformações, tensões e
A definição do número de hipóteses isoladas diferentes
deslocamentos, tanto para betão como para aço.
conforme a origem da acção (i, j, k, l) definem-se em
cada obra e existe uma biblioteca de combinações já Deve validar a selecção de grupos de combinações
criadas para diferentes valores de i, j, k, l que se podem para calcular, pois é importante e dependerá da
consultar. Para cada uma delas podem-se definir utilização do edifício.
grupos de combinações correspondentes a estados de
diferente tipo de utilização e, portanto, com diferentes
coeficientes de segurança γf, que são por sua vez
consultáveis e definíveis. Esse ficheiro é a base das
1.9. Dados de entrada
combinações de cálculo. Os dados que deve introduzir no CYPECAD para o
cálculo de uma obra são:
É possível que para o número de acções definidas seja
diferente dos casos contidos na biblioteca de
combinações, ou para o tipo de utilização a que se
destina o edifício, em cujo caso o utilizador deve

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CYPECAD - Memória de Cálculo 37

1.9.1. Dados gerais da obra 7.3. Em lajes:


Os dados 3 a 6 seleccionam-se pelo seu tipo Reforços ao punçoamento e transverso
identificativo na lista de materiais.
Negativos lajes maciças (superior em
1. Normas de aplicação em betão e aço. fundação)
2. Descrição da obra (2 linhas). Positivos lajes maciças (inferior em
3. Betão em lajes e vigas. fundação)

4. Betão em fundações, dados de fundação. Negativos de fungiformes aligeiradas,


maciços de pilares, vigotas e lajes mistas.
5. Betão em pilares e paredes. Pode ser diferente em
cada piso. Positivos de fungiformes aligeiradas,
maciços de pilares, vigotas ‘in situ’ e lajes
6. Betão em muros. Pode ser diferente em cada piso. mistas.
6.1. Características de muros de alvenaria: 8. Aço em perfis para vigas e pilares metálicos
Módulo de Elasticidade E 8.1. Aços enformados a frio
Módulo de Corte G 8.2. Aços laminados a quente.
Peso Específico 9. Acção do vento.
Tensão de cálculo em compressão e tracção 10. Acção de sismo.
Considerar a rigidez ao esforço transverso 11. Conjunto de cargas especiais (hipóteses a definir
para cargas pontuais, lineares e superficiais
7. Aço em varões de reforço de betão armado.
adicionadas às gerais do piso).
7.1. Em pilares, paredes e muros:
12. Combinações a utilizar, selecção do grupo de
Varões verticais e horizontais combinações.
Estribos 12.1. Betão.
Distingue-se entre elementos de Lajes e Vigas de piso 12.2. Aços enformados.
e de Fundação:
12.3. Aços laminados.
7.2. Em vigas:
12.4. Deslocamentos.
Negativos (reforço inferior em fundação)
12.5. Tensões do Terreno.
Positivos (superior em fundação)
12.6. Equilíbrio fundação
Montagem (inferior em fundação)
12.7. Betão vigas de fundação
Alma (em faces laterais)
13. Coeficientes de encurvadura em cada direcção.
Estribos
13.1. Pilares de betão.

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38 CYPECAD - Memória de Cálculo

13.2. Pilares de aço. o facto da desconexão. Por isso, se desejar torná-la


efectiva, na direcção onde está desligado, deve
Estes coeficientes podem-se definir por piso e por cada
conseguir o valor de cada αi, de modo que:
pilar independentemente. O programa assume o valor
α = 1 (também chamado β) por defeito, devendo o Seja α o valor correspondente para o tramo completo I.
utilizador alterá-lo se assim o entender, para o tipo de
estrutura e uniões do pilar com vigas e lajes em ambas O valor em cada tramo i será:
direcções. n

Observe o caso seguinte, analisando os valores do


∑I
j =1
j

αi = ⋅α
coeficiente de encurvadura num pilar que, ao estar sem Ii
travamento em vários pisos consecutivos, poderia
encurvar em toda a sua altura. I1 + I2 + I3 + I4
no exemplo, para α 3 = ⋅α
I3
Por conseguinte, quando o programa calcula o
comprimento de encurvadura do piso 3, calculará:
l1 + l2 + l3 + l4
l03 = α 3 ⋅ l3 = ⋅ α ⋅ l3 =
l3
= ( l1 + l2 + l3 + l4 ) ⋅ α = α ⋅ l

que coincide com o indicado para o tramo completo


desligado, mesmo que realize o cálculo em cada piso,
o que é correcto, mas fá-lo-á sempre com comprimento
Fig. 1.15
α ⋅ l.
Quando um pilar estiver desligado em ambas direcções
A altura que se considera para efeitos de cálculo à
e em vários pisos consecutivos, dimensiona o pilar em
encurvadura é a altura livre do pilar, isto é, a altura do
cada tramo ou piso, pelo que para efeitos de esbelteza,
piso menos a altura da viga ou laje de maior altura que
e para o cálculo do comprimento de encurvadura l0, o
liga ao pilar.
programa tomará o máximo valor de α de todos os
tramos consecutivos desligados, multiplicado pelo
comprimento total = soma de todos os comprimentos.

α = MAX ( α1, α2 , α 3 , α 4 ,...)


I = ∑ Ii = (I1,I2 ,I3 ,I4 ,...)

logo Io=α ⋅ I (tanto na direcção X como Y local do pilar,


com o seu valor correspondente).
Quando um pilar estiver desligado numa única direcção
em vários pisos consecutivos, o programa tomará para Fig. 1.16
cada tramo, em cada piso i, Ioi = αi ⋅ Ii, não conhecendo

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CYPECAD - Memória de Cálculo 39

O valor final de α de um pilar é o produto do α do piso 1.9.2. Dados gerais de acções. Cargas
pelo α do tramo. especiais. Grupos de combinações.
Fica ao critério do utilizador a variação dos valores de α Pisos/Grupos
em cada uma das direcções dos eixos locais dos Nestas opções inclui-se a consideração ou não de
pilares, visto que as diferentes normas não precisam de acções horizontais, vento e/ou sismo, e a norma que se
forma geral a determinação de tais coeficientes além de deve aplicar em cada caso, escolhendo as
para o caso de pórticos, e dado que o comportamento combinações para cada estado limite.
espacial de uma estrutura não corresponde aos modos
de encurvadura de um pórtico, prefere-se não dar No entanto, validam-se as combinações segundo as
esses valores de forma inexacta. acções que intervierem. Por outro lado, seleccionam-se
os conjuntos de cargas especiais e a atribuição da sua
14. Definição de número de pisos e grupos. origem a cada hipótese.
14.1. Nome de grupos, sobrecarga, revestimentos Também deve indicar quais são os revestimentos e
e paredes divisórias. paredes divisórias e sobrecargas globais de cada piso,
14.2. Cota do nível de fundação, nome do piso e indicado nos dados de cada grupo. O peso próprio da
alturas entre eles. laje está indicado no arquivo que contém a sua
descrição, e pelo programa as lajes maciças, vigas,
Ao definir as alturas (h) dos pisos, define-se a diferença pilares, paredes e muros.
entre os níveis superiores (ou plano médio superior de
referência) das lajes. As cotas são calculadas pelo
programa a partir dos dados indicados. 1.9.3. Vento
Selecciona-se a norma a aplicar. Consulte para isso o
capítulo correspondente à norma utilizada.

1.9.4. Sismo
Se existir sismo, os dados serão conforme a selecção
da norma de aplicação. Consulte o capítulo dedicado
às normas.
Recorde que nas cargas especiais podem-se definir
cargas associadas às hipóteses de vento e/ou sismo,
se não as gerar de forma automática previamente.

Fig. 1.17
1.9.5. Conjuntos de cargas especiais
Pode-se definir um máximo de 8 conjuntos de cargas
especiais, o que significa que são diferentes das
definidas com carácter geral:

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40 CYPECAD - Memória de Cálculo

• Cargas permanentes (peso próprio de lajes e vigas • Aços laminados


+ revestimentos e paredes divisórias) =
(permanente) • Deslocamentos

• Sobrecarga definida nos dados de grupos • Tensão do terreno


(sobrecarga) • Equilíbrio da fundação
• Vento conforme norma (vento) • Betão vigas de fundação
• Sismo conforme norma (sismo)
Se desejar definir cargas (tanto pontuais como lineares 1.9.7. Dados gerais de pilares e paredes
ou superficiais) que se incorporem a estas acções
gerais deve criá-las em primeiro lugar. Por defeito, está Pilares
sempre definida a carga permanente. Deve definir a geometria no piso e alçado de pilares,
indicando:
Se desejar criar acções de alternância de sobrecarga,
isto é, que não actuam simultaneamente em alguma 1. Tipo de pilar (de betão ou metálicos)
combinação, deve definir tantos conjuntos de
2. Secções em cada piso
sobrecarga separada quantas cargas independente
considerar. 3. Referência
Recorde que existe uma biblioteca de combinações por 4. Ângulo de rotação
defeito e que, se criar uma acção de permanente
separada, como não existem 2 acções de permanente 5. Arranque em fundação (com vinculação exterior)
na biblioteca, deve criá-las primeiro. ou apoio (sem vinculação exterior) e até que piso
chega. Se o pilar arrancar numa viga ou laje de
O mesmo acontecerá se criar mais de 3 acções de fundação, deve-se definir sem vinculação exterior
sobrecarga separada, uma vez que na biblioteca
apenas estão definidas até 4 acções de sobrecarga. 6. Coeficientes de encastramento em cabeça e pé
Ao introduzir essas cargas especiais, quer sejam 7. Coeficientes de encurvadura em cada piso e em
lineares, pontuais ou superficiais, recorde que deve ambas direcções x, y locais (ver o indicado em
indicar o número de conjunto de cargas especiais ao Dados gerais da obra)
qual se associa essa carga, isto é, a que hipótese de
acção pertence.
8. Se o pilar for metálico, indica-se tipo e série da
biblioteca de perfis seleccionada, e além disso,
pode-se calcular a placa de amarração no
arranque, em cujo caso se indicará a qualidade do
1.9.6. Grupos de combinações aço na placa e nos pernos
Selecciona-se o grupo correspondente a cada estado a
calcular. 9. Desnível e altura do apoio, no caso de existir, e
para incluir o arranque na pormenorização
• Betão
• Aços enformados

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CYPECAD - Memória de Cálculo 41

Arranques • Origem da acção: as definidas na obra


É possível definir unicamente o arranque do pilar (com (permanente, sobrecarga, vento, sismo).
altura zero), de forma que se pode calcular elementos • Ponto de aplicação: em qualquer cota do pilar.
de fundação, definindo unicamente as suas cargas na
cabeça do pilar. • Direcção: em eixos locais ou gerais, segundo X ou
Y.

Paredes B.A.
Define-se em primeiro lugar uma série de paredes tipo, Cargas verticais em pilares
indicando: Pode-se definir na cabeça do último piso de qualquer
pilar (onde termina), cargas (N, Mx, My, Qx, Qy, T)
• Nome referentes aos eixos gerais do pilar, para qualquer
• Grupo inicial e final acção, adicionais às obtidas do cálculo, de acordo com
o seguinte convénio de sinais:
• Lados e vértices
• Espessuras em cada piso à esquerda e à direita do
eixo do lado.
O primeiro vértice definido é o ponto fixo de inserção
embora seja possível variar a sua posição. A seguir
definimos as paredes seleccionando:
• Parede tipo
• Referência
• Ângulo.
As paredes têm a mesma geometria em planta,
Fig. 1.18
podendo variar em altura apenas a sua espessura. Não
se podem apoiar em pilares, nem arrancar pilares das
mesmas, são pois de geometria constante, e pensadas
como elementos de travamento horizontal do edifício. 1.9.8. Dados dos pisos (Introdução de
vigas)
Em cada grupo tem de se precisar de forma gráfica a
Cargas horizontais em pilares geometria em planta e visualizar-se-ão no ecrã os
Define-se o tipo de carga, a origem da acção e o ponto pilares e as paredes. A ordem lógica de entrada de
de aplicação. dados é a seguinte:
Podem-se definir cargas horizontais em pilares com as
seguintes características:
• Tipos de cargas: pontual, uniforme e em faixa.

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42 CYPECAD - Memória de Cálculo

Vigas, apoios em muro e vigas de fundação Muros


Escolhe-se a sua tipologia e introduzem-se as Pode-se definir dois tipos de muro:
dimensões da mesma.
Muros de betão armado. Serão muros de betão
armado, que poderão receber ou não impulsos
horizontais do terreno.
Muros de alvenaria. Serão muros de alvenaria de tijolo
ou blocos de betão, que recebem e transmitem cargas,
mas não impulsos.
Indicam-se os seguintes dados:
• Grupo inicial onde arranca
• Grupo final onde termina
• Espessuras médias em cada piso (a esquerda e
direita)
• Impulsos do Terreno (apenas com muros de betão
armado) indicando:
- Acções a associar ao impulso
- Cota da rocha (se existir)
- Cota do nível freático (se existir)
- Cota do maciço terroso, indicando:
- Percentagem de evacuação por drenagem
- Densidade aparente
Fig. 1.19
- Densidade submersa
É possível definir um coeficiente de encastramento
- Ângulo de atrito interno
nos bordos das vigas. O valor varia entre 0 (articulado)
e 1 (encastrado). Qualquer pano de laje que se una a - Sobrecarga sobre o terreno (se existir)
esse bordo de viga ficará afectado por esse coeficiente.
• Viga ou apoio em fundação
Também se podem introduzir articulações nos
extremos de qualquer tramo de viga, na sua união com - Viga de fundação (sem ligação exterior)
pilares, paredes ou outras vigas. - Sapata contínua (sem ligação exterior)
Se a viga for de fundação, pede-se o módulo de winkler - Com ligação exterior (com ou sem sapata)
e a tensão admissível do terreno.
- Viga sem ligação exterior (apoio)

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CYPECAD - Memória de Cálculo 43

Se for o caso indicam-se as dimensões da sapata. paralela a vigas ou passando por dois pontos
determinados.
• Módulo de Winkler do terreno. Por defeito dá-se
um valor elevado = 98100 KN/m3, uma vez que se Pode-se conseguir a existência ou ausência de
existirem pilares com ligação exterior, podem-se continuidade entre as vigotas de panos adjacentes.
produzir assentamentos diferenciais, o que não é Copiando panos obtém-se continuidade entre eles.
real, se fizer um cálculo posterior das sapatas Modificando o ponto de passagem entre as vigotas
isoladas de pilares. Se toda a fundação for pode-se eliminar a continuidade entre panos contíguos,
flutuante, colocar-se-á o módulo de Winkler sempre que a distância entre vigotas for maior que o
correspondente ao tipo de terreno e dimensões comprimento de barra curta (valor por defeito 0.20 m,
das fundações. Não misture apoios com e sem que se pode variar na opção de Coeficientes
ligação exterior, pois se o fizer, emite-se um aviso, Redutores de Rigidez à Torção). O mesmo efeito de
devendo analisar convenientemente a situação. continuidade produz-se se no prolongamento de
alguma vigota se encontrar uma viga ou apoio, com
• Tensão admissível do terreno. uma separação entre eixos menor que o comprimento
de barra curta.

Tipo de laje Depois de definir um grupo, pode-se copiar outro dos


anteriores e fazer as modificações precisas.
A laje define-se com um nome e uma série de dados:
Em Dados de laje podem-se definir desníveis entre
Lajes de vigotas
lajes para efeitos de desenho e pormenorização de
Seleccionam-se de diferentes tipos de lajes de vigotas: armadura de lajes e vigas, afectando a altura dos
• Lajes de vigotas de betão elementos de suporte que passem pela viga de
mudança de cota. Se a viga for rasa, converter-se-á em
• Lajes de vigotas pré-esforçadas viga alta. Deve-se utilizar com precaução, uma vez que
• Lajes de vigotas in situ o programa não calcula a flexão transversal na viga,
pelo que aconselhamos que consulte os pormenores
• Lajes de vigotas metálicas construtivos e verifique manualmente os estribos e
amarração da armadura transversal à viga.
• Lajes de vigotas Joist
Em Dados de laje pode-se consultar e modificar os
• Para mais informação, consulte o capítulo 6. Lajes momentos mínimos negativos e positivos para vigotas.
de vigotas deste manual. É importante consultá-los e atribuí-los correctamente.
• Tipificação de vigotas, que depende do momento Pode-se introduzir vigota dupla, tripla, ... Neste caso
resistido de forma que se possam visualizar tipos tomará o peso definido, que está limitado a vigota
em vez de momentos. O valor indica-se por metro tripla. Nessa situação introduz-se uma barra ou vigota
de largura, por vigota, majorado ou sem majorar, paralela a uma distância igual à largura de vigota
conforme seleccionado pelo utilizador. definida na ficha da laje.
Cada pano pode ser um tipo de laje diferente e a sua Pode-se definir um coeficiente de encastramento em
posição no piso pode ser perpendicular a vigas, bordos ou extremos de vigotas (0=articulado,
1=encastrado que é o valor por defeito) por pano.

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44 CYPECAD - Memória de Cálculo

Lajes mistas Entrega lateral. É o valor que pode emendar a laje


lateralmente com um apoio paralelo ou ligeiramente
Consulte o capítulo 9. Lajes mistas desta memória.
inclinado na direcção longitudinal da laje.
Peso próprio. É o peso por metro quadrado da laje
Lajes alveoladas completa.
Para a definição de uma laje alveolada, quer seja uma Volume do betão. É o volume do betão de enchimento
placa alveolada, placas PI, qualquer tipo de placa com das juntas entre lajes e camada de compressão, se
qualquer secção ou laje de vigota e abobadilha, é existir. Por defeito adopta o da camada de
necessário definir os seus dados geométricos e compressão.
características mecânicas.
Betão da laje. É um dado informativo para saber com
Os dados contidos na ficha de características podem- que materiais se calcularam os dados resistentes da
se tirar das licenças de utilização dos fabricantes, ou secção.
introduzir os valores de uma determinada laje que
deseja pré-fabricar ou construir ‘in situ’. Existem alguns Betão da camada e juntas. Igual ao anterior.
dados que se pedem e que convém esclarecer. Aço de arm. negativa. Igual ao anterior.
Chave. Para identificar a ficha por oito dígitos. A seguir definem-se os dados resistentes da secção:
Descrição. É o nome da laje. 1. Flexão positiva da laje. São os dados da laje com o
Altura total da laje. É a altura total da laje mais a betão de enchimento de juntas e de camada de
camada de compressão, se existir. compressão, se existir.

Largura da laje. É a largura da laje, ou a distância • Momento último. É o máximo momento resistido
entre-eixos para uma laje de vigota e abobadilha. (último).

Espessura da camada de compressão. Se existir, é a • Momento de fendilhação. Para o cálculo de flecha


espessura da camada de compressão. pelo método de Branson.

Larguras mínimas da laje. É o menor valor que se • Rigidez total, da secção composta laje-betão,
permite obter por corte longitudinal de uma laje tipo, utiliza-se para formar a matriz de rigidez das barras
como consequência das dimensões da laje, ao chegar nas quais se discretiza a laje.
a um bordo, sendo normalmente uma laje especial de
• Rigidez fendilhada, para o cálculo de flecha pelo
largura menor que a laje tipo. A largura que se obtém
método de Branson.
dessa última laje especial está compreendida entre o
valor tipo ou largura de laje e essa largura mínima. • Momento de serviço. Momento resistido segundo a
classe em betão pré-esforçado, que não é o
Entrega mínima e máxima. Quando a laje está
mesmo que o ambiente. A equivalência é:
inclinada em relação à normal no apoio, a entrega é
diferente em cada bordo da laje, podendo variar entre o Ambiente I = Classe III
mínimo e o máximo. Se superar o valor máximo, a laje (Estruturas em interiores de edifícios ou meios
bisela-se. exteriores de baixa humidade).

CYPE
CYPECAD - Memória de Cálculo 45

Ambiente II = Classe II • Rigidez total, para o cálculo de flecha pelo método


(Estruturas em exteriores normais não agressivos, de Branson.
ou em contacto com águas normais ou terreno
normal). • Rigidez fendilhada, para o cálculo de flecha pelo
método de Branson.
Ambiente III = Classe I
(Estruturas em atmosfera agressiva industrial ou • Esforço transverso último. Esforço transverso
marítima, ou em contacto com terrenos agressivos resistido pela secção para a armadura dada.
ou águas salgadas ou ligeiramente ácidas). A partir da armadura calculada, conhece-se o valor
Compara-se, consoante o ambiente definido para a do esforço transverso resistido pela laje, que se
laje, o momento de serviço devido ao cálculo com compara com o esforço transverso do cálculo.
o da ficha e, se for menor, cumpre. No caso Se não cumprir, emite-se uma mensagem no fim
contrário, procura-se na tabela alguma laje que do cálculo e indica-se no ecrã e no desenho,
cumpra e se não for possível, emite-se uma INSUF., na laje. Se não existirem valores na ficha,
mensagem no fim do cálculo. não se verifica ao esforço transverso.
• Esforço transverso último. Esforço transverso Processo de cálculo utilizado. Conhecido o momento
último resistido pela secção total. Distingue-se positivo de cálculo Md máximo, procura-se na coluna
consoante seja o momento de cálculo maior ou de flexão positiva da laje, M. ULT., um valor superior ao
menor que o momento de descompressão (Mg), de cálculo. Paralelamente, e em função do ambiente
dando lugar a duas colunas de dados. definido para a laje, procura-se na coluna de M. SER.
O momento de descompressão é o (1, 2 ou 3) e com o valor do momento de serviço
correspondente à classe II, pelo que compara-se o (obtido com as combinações de deslocamentos) e
momento de serviço positivo com o da tabela, comparam-se, até se encontrar um valor que cumpra.
escolhendo a coluna correspondente. Escolhe-se o tipo de laje que cumpra ambas as
condições. Se não for possível, emite-se uma
2. Flexão negativa da laje mensagem, avisando que está fora das tabelas.
• Diâmetro / Diâmetro / Separação: indicam-se duas Da mesma maneira, e para a laje seleccionada por
colunas de diâmetros, que permite combinar dois flexão e ambiente, verifica-se na coluna de esforço
diâmetros diferentes com uma separação dada. transverso de flexão negativa e positiva da laje, se o
Com essa quantidade dividida na zona de esforço transverso de cálculo é menor que o resistido
momentos negativos, indicam-se em cada fila, as pela laje. Se não cumprir, emite-se um aviso advertindo
características mecânicas da secção. desse facto.
• Momento último da secção tipo. É o momento Os comprimentos dos varões determinam-se em
negativo resistido pela secção para uma armadura função da envolvente de momentos e os comprimentos
dada. mínimos definidos nas opções.
• Momento de fendilhação, para o cálculo de flecha As envolventes obtêm-se de acordo com os esforços
pelo método de Branson. actuantes, redistribuição considerada e momentos
mínimos aplicados.

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46 CYPECAD - Memória de Cálculo

Quando não se tiver definido dados para o cálculo de razoavelmente aproximada, uns resultados de acordo
flecha, ambiente ou esforço transverso, não se realiza com o esperado, modificando os coeficientes de
essa verificação. encastramento das lajes em continuidade.
Em Dados de Laje, pode-se seleccionar o ambiente, De forma orientadora, o valor do coeficiente de
assim como os coeficientes de encastramento em encastramento a atribuir às lajes, depende da relação
bordos e os momentos mínimos para cada tipo de entre o peso próprio da laje e a carga total, supondo
tramo, extremo, intermédio, isolado ou em consola. um estado de cargas uniforme.
Processo construtivo. Pode seleccionar o cálculo com O valor do coeficiente de encastramento seria:
escoramento ou como autoportante.
coef.encast. = 1 – (p.próprio laje / carga total)
A. Com escoramento
Por exemplo, se tiver uma laje que pesa 4 KN/m2,
O cálculo que o programa realiza quando pavimento de 1 KN/m2 e uma sobrecarga de 5 KN/m2,
consideramos continuidade, com um valor do obteria:
coeficiente de encastramento em bordos = 1, é um
peso próprio da laje = 4
cálculo estático submetido à carga total = carga
permanente + sobrecarga, o que equivale a carga total = 4 + 1 + 5 = 10
construir a laje sobre escoramento, e ao retirá-lo, a
laje fica submetida a essa carga total. coef.encast. = 1 – (4/10) = 1 – 0.4 = 0.6

Neste cálculo, normalmente os momentos Atribuiria como coeficiente de encastramento 0.6, às


negativos são maiores que os momentos positivos. lajes em continuidade. O programa não atribui de
forma automática a cada laje alveolada, quando tiver
B. Como autoportante activado o cálculo como autoportante.
As lajes pré-fabricadas aligeiradas, constroem-se Em qualquer caso, é conveniente que consulte o
normalmente sem escoramento, pelo que o estado fabricante relativamente o processo construtivo e
final de esforços compõe-se de dois estados: solicite o seu conselho para o cálculo, verificando que
a laje na primeira fase, submetida ao peso próprio e à
1. A laje submetida ao seu peso próprio, obtendo-
sobrecarga de construção (normalmente 1 KN/m2),
se um diagrama de esforços isostática (M=pl2/8).
resiste na fase de construção.
2. A laje em continuidade submetida à carga
Quanto à obtenção da flecha, calcula-se com as
adicional posterior à execução da laje, formada
características mecânicas indicadas na ficha da laje e
pelos revestimentos mais paredes divisórias e pela
com os diagramas de momentos do estado final
sobrecarga.
considerado, do qual pode consultar os valores em
A sobreposição de ambos os estados conduz a uns função dos limites de flecha estabelecidos nas opções
esforços, que, na maioria dos casos, dá maiores para lajes alveoladas.
momentos positivos que negativos.
Na presente versão não se realiza o cálculo em duas
fases, pelo que, se a laje se for construir sem
escoramento (caso B), pode obter, de forma

CYPE
CYPECAD - Memória de Cálculo 47

Lajes maciças
Define-se a altura da laje. Cada laje pode ter uma altura
diferente. Pode-se aplicar um coeficiente de
encastramento para qualquer pano de laje maciça na
sua união nos bordos às vigas nas quais se apoia, e
que pode variar entre 0 (articulado) e 1 (encastrado),
assim como valores intermédios (semi-encastrado).
Podem-se definir desníveis entre panos, com as
mesmas observações indicadas em lajes de vigotas
pré-fabricadas.
Pode-se definir uma armadura base em cada direcção,
superior e inferior, que será considerada no cálculo e
dimensionamento da armadura.
Muito importante: Se considerar armadura base,
recorde que existe uma opção de cálculo que se
chama Pormenorizar armadura base. Se não a
activar, não se visualiza a armadura base e apenas verá Fig. 1.20
os reforços. Assim, medir-se-á aproximadamente nas
As lajes maciças podem ser de fundação. Neste caso
listagens, nos quadros de medição de desenhos, e por
definir-se-á a altura, módulo de Winkler e tensão
outro lado, deverá prestar especial atenção ao lançar
admissível. A armadura base em lajes de fundação
os desenhos, de maneira que conste a sua existência e
determina-se em função da quantidade geométrica
consideração no cálculo e que por isso se deve
mínima definida nas opções de lajes de forma
colocar. Reveja os desenhos e ponha os pormenores
automática.
necessários para indicar os comprimentos de emenda
e as zonas onde se podem realizar.
Se activar a opção, poderá ver a armadura base como Lajes fungiformes aligeiradas
um reforço mais, editando-o e modificando-o. A As lajes fungiformes aligeiradas são formadas por
armadura base inferior é sempre contínua, emendando- panos nos quais se diferenciam duas zonas: aligeirada
se nas zonas de máximo negativo. A armadura base e maciça.
superior não é contínua, apenas se coloca onde for
necessária, como se se tratasse de um negativo mais. A zona aligeirada deve-se definir em primeiro lugar,
Em lajes de fundação, invertem-se as posições. A seleccionando-a de uma biblioteca tipificada e editável
armadura medir-se-á nas listagens e desenhar-se-á nos de lajes. Os dados que contém são os seguintes (Fig.
desenhos como um reforço mais. 1.21):

Também se pode indicar a direcção da armadura que • Nome descritivo


se coloca.
• Altura total
• Espessura da camada de compressão

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48 CYPECAD - Memória de Cálculo

• Tipo de aligeiramento: recuperável ou perdido Pode-se definir uma armadura base em qualquer
direcção, superior e inferior, que se considera no
• Número de peças que formam o bloco aligeirante dimensionamento da armadura. Esta armadura base
• Geometria da secção transversal: entre eixo ou pode-se desenhar e medir de forma opcional, se
distância entre nervuras, que pode ser igual ou seleccionar (x) Pormenorizar em Opções. O programa
diferente em X e Y, e largura da nervura, que pode apenas mede se activar a opção de pormenorizar
ser variável. armadura base, em cujo caso se desenha e portanto é
medível ao conhecer os seus comprimentos de corte.
• Peso da laje.
Muito importante: Se considerar armadura base,
• Volume de betão/m2 (orientador). recorde que existe uma opção de cálculo que se
Depois de introduzir estes dados, indica-se, além disso, chama Pormenorizar armadura base. Se não a
no pano o ponto de passagem da malha, que pode activar, não se visualiza a armadura base e apenas verá
variar. A direcção das nervuras pode ser qualquer uma. os reforços. Assim, medir-se-á aproximadamente nas
Podem-se definir desníveis entre panos, com as listagens, nos quadros de medição de desenhos, e por
mesmas observações indicadas para lajes de vigotas outro lado deverá prestar especial atenção ao lançar os
pré-fabricadas. desenhos, de maneira que conste a sua existência e
consideração no cálculo e que por isso se deve
colocar. Reveja os desenhos e ponha os pormenores
necessários para indicar os comprimentos de emenda
e as zonas onde se podem realizar.
Se activar a opção, poderá ver a armadura base como
um reforço mais, editando-o e modificando-o. A
armadura base inferior é sempre contínua, emendando-
se nas zonas de máximo negativo. A armadura base
superior não é contínua, apenas se coloca onde for
necessária, como se se tratasse de um negativo mais.
Em lajes de fundação, invertem-se as posições. A
armadura medir-se-á nas listagens e desenhar-se-á nos
desenhos como um reforço mais.
Em cada pano a laje pode ser diferente. No caso de as
vigas divisórias entre panos serem rasas, tomará para
estas a altura da laje maior em ambos os lados. Nas
vigas altas a saliência mede-se a partir da maior altura.
Pode-se aplicar um coeficiente de encastramento nos
bordos do pano, que oscila entre 0 (articulado) e 1
(encastrado).
As zonas maciças ou maciços de pilares podem-se
gerar de forma automática sobre pilares, ou em
Fig. 1.21 qualquer zona do pano, adoptando como altura a

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CYPECAD - Memória de Cálculo 49

mesma do pano aligeirado no qual se encontram. Aberturas


Pode-se aplicar uma saliência inferior para a dotar de Os panos nos quais não se introduzirem panos de laje
maior altura. ficam vazios, simbolizados por umas linhas
Quando se gerarem maciços de pilares de maneira descontínuas cruzadas.
automática, as dimensões em cada direcção ajustam- As vigas que se encontram entre duas aberturas ou
se a 1/6 da distância do pilar considerado ao pilar mais entre uma abertura e o contorno exterior, no caso de
próximo, segundo um ângulo de visão de 40°. No caso ter sido definido como rasas e não terem laje lateral,
de não ‘ver’ nenhum outro pilar (por exemplo, nos não têm definida a altura, e por isso devem-se mudar
pilares de bordo) toma o mesmo valor que o obtido no para um tipo de vigas altas, indicando as suas
sentido oposto da mesma direcção. Os limites do dimensões.
maciço de pilares são, no mínimo, 2.5 vezes a altura e
no máximo, 5. Existe uma opção para configurar de Se o tipo de viga considerada tiver abobadilha
forma automática os maciços de pilares, podendo rebaixada no lado onde se encontra a abertura, não se
modificar os parâmetros. terá em conta, e o programa advertirá que os dados
estão incorrectos.
Se se gerarem de forma manual podem-se introduzir
zonas maciças, ajustando-se sempre ao número de
peças do aligeiramento. Não utilize para simular vigas.
Nesse caso, defina vigas. Além disso, faça-o sempre ! Se num piso de qualquer grupo ficar uma zona
nos bordos livres. independente formada por um contorno de vigas fechado
numa abertura interior, embora não exista laje mantém-se
Os maciços de pilares têm sempre uma armadura base a hipótese de rigidez ou indeformabilidade relativa do piso
entre nervuras que se considera e desconta no cálculo para todos os efeitos.
do reforço de nervuras. Não se mede nem é possível Por isso no caso de existirem cargas horizontais não se
indicá-la, pelo que se deve esmerar na revisão dos obterão uns resultados correctos. Nesta situação é
desenhos, incluir a legenda que indique a sua aconselhável a utilização de vigas inclinadas definidas no
existência e os pormenores construtivos pertinentes mesmo grupo, elementos que, ao possuir 6 graus de
liberdade, não consideram a hipótese de
para a sua colocação em obra.
indeformabilidade do plano do piso.
De forma opcional, podem-se desenhar os Se tiverem definido muros de cave com impulsos de
aligeiramentos e as peças de aligeiramento. terras, e tiver lajes de vigotas paralelas ao muro, devem
ter a rigidez suficiente para se comportar como diafragma
rígido, o que exigirá os maciçados e pormenores
correspondentes que o programa não faz
Armadura predeterminada automaticamente, devendo-se fazer os pormenores
Podem-se definir armaduras em qualquer posição e adicionais oportunos.
direcção que se descontam do reforço necessário na No entanto, se existirem aberturas junto ao muro e vigas
livres perpendiculares ao muro, deverá colocá-las como
sua zona de actuação.
vigas inclinadas para que se dimensionem a flexão
Podem definir-se para lajes maciças e fungiformes composta, uma vez que as vigas normais e as lajes
aligeiradas. apenas se dimensionam à flexão simples.

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50 CYPECAD - Memória de Cálculo

Fundação. Nos pilares e paredes ‘com vinculação mensagens informativas acerca da fase de cálculo na
exterior’, no seu arranque, podem-se definir sapatas qual se encontra o programa. Também se emitem
isoladas e maciços de encabeçamento sobre estacas, mensagens de erro se houver dados incompatíveis
e entre estes elementos de fundação: vigas de com o cálculo.
equilíbrio e lintéis, que poderão ligar sapatas contínuas
A primeira fase do programa será a geração das
debaixo do muro.
estruturas geométricas de todos os elementos,
As sapatas rectangulares calculam-se como sólido formando a matriz de rigidez da estrutura. Se o
rígido e admitem sobre ela vários pilares e/ou paredes. programa detectar dados incorrectos emitirá
Os maciços de encabeçamento de estacas também, de mensagens de erro e deterá o processo. Esta fase
acordo com uma tipologia definida de casos resolvidos. pode-se executar de forma independente para um
grupo ou para toda a obra.
As vigas de equilíbrio definem-se para absorver os
momentos transmitidos à sapata ou maciço de A segunda fase consiste na inversão da matriz de
encabeçamento de estacas, sobre o qual actuam. rigidez. No caso de ser singular, emite-se uma
Podem actuar várias vigas para absorver os momentos mensagem que adverte de um mecanismo, se detectar
numa direcção dada, em cujo caso se distribuirá tal situação em algum elemento ou parte da estrutura.
proporcionalmente pelas rigidezes respectivas. Neste caso o processo detém-se.
Numa terceira fase obtêm-se os deslocamentos de
todas as hipóteses definidas. Emite-se uma mensagem
1.9.9. Dados de cargas especiais. Vigas que indica deslocamentos excessivos nos pontos da
inclinadas estrutura que superem um valor, quer seja por um
Além das cargas superficiais a nível geral, é possível incorrecto desenho estrutural, quer pelas rigidezes a
introduzir cargas pontuais, cargas lineares e cargas torção definidas em algum elemento.
superficiais. Todas elas se introduzem de forma gráfica Se existirem problemas de estabilidade global, deve-se
no ecrã e podem-se visualizar, para fazer consultas ou rever a estrutura, quando se tiverem considerado
modificações em qualquer momento. efeitos de segunda ordem.
Cada tipo de carga tem um esquema gráfico de fácil A quarta fase consiste na obtenção das envolventes de
identificação, assim como uma cor diferente, se todas as combinações definidas, para todos e para
pertencerem a hipóteses diferentes. cada um dos elementos: vigas, lajes, pilares, etc.
Para o caso das Vigas Inclinadas tem de se indicar as Na quinta e última fase procede-se ao
suas dimensões, assim como as cargas que podem dimensionamento e armadura de todos os elementos
actuar sobre elas (pontuais, lineares, em faixa, definidos, de acordo com as combinações e
triangulares,...) e indica-se de onde e até onde vão envolventes, geometria, materiais e tabelas de
(grupo inicial e final). Têm sempre 6 graus de liberdade. armadura existentes. No caso de se superar em alguma
viga a resistência do betão por compressão oblíqua,
emite-se uma mensagem. O programa continua até ao
1.10. Cálculo da estrutura fim, emitindo uma informação.
Depois de se ter introduzido todos os dados, é possível
calcular a estrutura. Durante o processo aparecerão

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CYPECAD - Memória de Cálculo 51

Ao finalizar o cálculo, indicam-se os erros mais consulta dos resultados. É possível mudar opções e
problemáticos surgidos durante o cálculo. Pode-se tabelas, e rearmar para obter um novo resultado.
consultar no ecrã ou também imprimir num ficheiro ou
impressora dependendo do tipo de erro. Outros erros
devem-se consultar em cada elemento, pilar, viga, laje, Resultados de vigas normais e de fundação
etc. Podem-se consultar todos os dados das vigas:
• Flecha activa e outras flechas, relação flecha/vão,
consideração de momentos mínimos.
1.11. Obtenção de resultados
Terminado o cálculo, pode consultar os resultados no • Envolventes em vigas com ou sem sismo, com os
ecrã, obter listagens em ficheiros de texto ou momentos flectores, esforços transversos e
impressora e copiar numa disquete a obra. momentos torsores. Pode-se medir tudo isto de
forma gráfica e numérica.
Os elementos de fundação definidos ‘com vinculação
exterior’: sapatas, maciços de encabeçamento de • Armadura de vigas, considerando o número de
estacas, vigas de equilíbrio e lintéis, podem-se calcular varões, o diâmetro, os comprimentos e os estribos
simultaneamente ou posteriormente. Todos estes com os seus comprimentos. Estes resultados
elementos de fundação podem-se editar, modificar, podem-se modificar. Podem-se consultar as áreas
voltar a dimensionar ou verificar de forma isolada do de reforço superior e inferior, necessárias e de
resto da estrutura. cálculo, tanto longitudinal como transversal.
• Erros em vigas: flecha excessiva, separação entre
varões, comprimentos de amarração, armadura
1.11.1. Consulta no ecrã comprimida, e compressão oblíqua por transverso
Podem-se consultar em qualquer momento os e/ou torção e todos os dados de dimensionamento
seguintes dados. ou armadura inadequada. Pode-se atribuir códigos
de cores para avaliar a sua importância.
Dados gerais da obra
É conveniente rever os dados introduzidos: dados de • Coeficiente de encastramento em bordos de vigas.
pilares, de grupos (sobrecarga, revestimentos e • Perfis calculados em vigas metálicas e perfil que
paredes divisórias), altura de pisos, acções de vento e cumpre da série de perfis. Em vigas metálicas
sismo, materiais utilizados, opções, tabelas de mistas também se obtém o dimensionamento dos
armadura, etc. As opções contidas neste capítulo pernos de ligação.
gravam-se com a obra, assim como as tabelas de
armadura convertidas em especiais, o que é É possível modificar a secção das vigas. Se se tiverem
conveniente para gravar em suporte magnético e alterado as dimensões das vigas, pode-se executar a
posterior cálculo, passado um tempo. Se não fizer opção Rearmar para obter uma nova armadura com os
assim, e tiver modificado opções ou tabelas, poderá mesmos esforços do cálculo inicial. Neste caso devem-
obter resultados diferentes. se verificar de novo os erros.

Se se modificar estes dados, deve-se recalcular a obra. Podem-se rearmar apenas os pórticos que mudaram
Se dão como válidos, pode-se continuar com a de dimensões, conservando aqueles onde se tiver

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52 CYPECAD - Memória de Cálculo

retocado apenas a armadura, ou rearmar todos, em valores médios, percentagens de diferenças, ou


cujo caso se calcula a armadura em todas as vigas máximos. Todos os valores anteriores podem-se
modificadas. modificar para a obtenção de desenhos, ao critério do
utilizador (excepto os esforços transversos). Consulte o
capítulo 6. Lajes de vigotas deste manual, para obter
mais informação sobre dados e resultados.
! Se as variações de dimensão forem grandes é muito
conveniente voltar a calcular a obra.
Pode retocar as armaduras das vigas, se o considerar
Resultados de lajes mistas
oportuno, sob a sua responsabilidade. O programa mostra
um código de cores para verificar o seu cumprimento. Se Consulte o capítulo 9. Lajes mistas desta memória.
tiver alterado dimensões em Erros, estude a conveniência
de rearmar, para obter nova armadura.

Resultados das lajes alveoladas


Podem-se consultar:
Cargas especiais • Envolventes de momentos e de esforços
Podem-se visualizar de forma gráfica os valores de transversos da faixa da laje seleccionada e
todas as cargas especiais introduzidas: pontuais, igualada por metro de largura.
lineares e superficiais. Cada conjunto de cargas
associadas a hipóteses diferentes tem um código de • Tipo de laje seleccionada para o cálculo.
cor distinta. Desta forma pode-se verificar se os dados • Armadura superior de negativos em apoios,
estão correctos. Se realizar alguma modificação deve- indicando número, diâmetro, separação e
se voltar a calcular. comprimentos de varões.
• Informação de flechas.
Resultados de lajes de vigotas • Erros do cálculo, quer seja por momento, esforço
No que se refere às lajes de vigotas podem-se transverso, flecha ou ambiente.
consultar os seguintes dados:
É possível modificar o tipo de laje, assim como a
• Envolventes de momentos e esforços transversos armadura de negativos.
em alinhamentos de vigotas (valores majorados e
por vigota).
• Armadura de negativos em vigotas. Considera-se o Resultados de pavimentos de lajes maciças,
seu número, diâmetro e comprimentos. fungiformes aligeiradas e lajes de fundação
Dados dos panos das lajes introduzidas.
• Momentos flectores e esforços transversos em
extremos majorados por metro de largura em • Armadura base definida e, se for o caso,
vigotas ou tipo de vigota. modificada pelo cálculo.
Podem-se uniformizar os momentos e esforços • Malha dos elementos discretizados (ver Modelo
transversos de vigotas e os negativos em função de 3D)

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CYPECAD - Memória de Cálculo 53

• Diagrama de envolventes de áreas de reforço pois, se fizer posteriormente, as amarrações serão


necessárias por metro de largura, nas direcções de construtivas (30 cm) e não se recalcularão.
armadura definidas, superior e inferior.
Todas estas modificações efectuam-se no ecrã e
• Deslocamentos em mm. Por acção em qualquer segundo o critério do utilizador.
nó.
É possível rearmar as lajes maciças e fungiformes
• Esforços por hipóteses de qualquer nó, e aligeiradas depois do primeiro cálculo. Basta executar a
quantidade de armadura necessária para cálculo opção Rearmar lajes, para obter uma nova armadura
em cada direcção de armadura. O método de com os esforços do cálculo inicial.
cálculo para a obtenção dos esforços de cálculo é
o método de Wood, internacionalmente conhecido,
necessário para a correcta consideração dos Resultados de pilares
momentos de ambos os sinais e os torsores. É possível consultar as armaduras dos pilares e
• Deslocamento máximo por lajes e por acção. Não modificar as suas dimensões, de modo a obter-se uma
se deve confundir com flechas. No caso de lajes de nova armadura. Também se pode modificar a sua
fundação indica os assentamentos. Se saírem armadura. Pode também consultar no ecrã os ‘Esforços
positivos existe levantamento e o cálculo não seria em Pilares’ por acção (axial, momentos, esforços
correcto com a teoria aplicada. transversos e torsor) em qualquer ponto de qualquer
piso em toda a altura do pilar, assim como visualizar os
• Consulta das armaduras obtidas em qualquer diagramas de esforços.
direcção longitudinal, transversal, superior e inferior
e da armadura base definida, se a houver. No entanto, podem-se consultar os esforços majorados
mais desfavoráveis de qualquer tramo que determinam
• Verificação e armadura, se for o caso, ao a armadura colocada (recorde que para uma armadura
punçoamento e esforço transverso das zonas verificada podem existir várias combinações
maciças e nervuras da zona aligeirada. desfavoráveis, isto é, que verificam essa armadura, mas
não cumprem para a armadura imediata anterior
• Igualação de armadura em qualquer direcção aos
verificada), assim como os diagramas de deformações
valores máximos em quantidades e comprimento.
e tensões do betão e do aço numa recta perpendicular
• Modificação da armadura longitudinal em qualquer à linha neutra. Também se podem consultar os
direcção, em número, diâmetros, separação, momentos resultantes por ampliação devida à
comprimentos e patilhas. excentricidade acidental e a de segunda ordem
(encurvadura), que aparecem em baixo do quadro dos
• Tensões excessivas em lajes de fundação. esforços desfavoráveis em cor vermelha.
Se se tiverem introduzido linhas de flexão antes do Se o pilar não cumprir, não se dimensiona a armadura
cálculo, devem-se cumprir uns comprimentos mínimos e o texto ‘Armadura Manual’ indicará que há secção
de reforço e amarração de armadura positiva, de insuficiente, com a informação codificada (p.e. Ee =
acordo com o indicado na opção de comprimentos esbelteza excessiva). Esta mensagem pode-se dar
mínimos de lajes maciças e fungiformes aligeiradas. É noutros casos como Qe = quantidade excessiva, por
recomendável fazer esta introdução antes do cálculo, exceder os limites máximos da norma, apesar de neste
caso se deixar uma armadura.

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54 CYPECAD - Memória de Cálculo

Se modificar a armadura ou as dimensões e não Resultados do cálculo dos efeitos de 2ª ordem


cumprir, aparecerá à esquerda um sinal indicativo de Se tiverem considerado os efeitos de segunda ordem,
ter ultrapassado os limites de proibição ou de quer seja pela acção do vento ou do sismo, podem-se
quantidades máximas. consultar os resultados do cálculo e ver no ecrã os
Se as modificações forem importantes é conveniente valores dos factores de ampliação de esforços
voltar a calcular a obra, já que as rigidezes terão aplicados e o coeficiente de majoração da acção
variado. horizontal em cada combinação na qual intervém. Tudo
isto se explica na introdução de dados e pode-se
Depois de se consultarem os dados passa-se à fase imprimir uma informação dos resultados.
seguinte para obter os resultados gráficos.
Se ficar algum pilar com secção insuficiente, não se
desenhará, nem se medirá. Resultados de vento
Podem-se consultar os valores da carga de vento X e
Com a opção Quadro de Pilares, podem-se agrupar de vento Y a nível de cada piso e imprimir os
pilares entre si. Ficarão a vermelho os que não resultados.
cumprirem.

Resultados de sismo
Resultados de paredes, muros de cave e muros
Podem-se consultar os valores do período de vibração
de alvenaria
para cada modo considerado, o coeficiente de
Podem-se consultar os diagramas de tensões normais participação das massas mobilizadas em cada
e tangenciais em toda a altura da parede para cada direcção e o coeficiente sísmico correspondente ao
combinação calculada, assim como os diagramas de espectro de deslocamentos resultante.
deslocamentos para as acções definidas.
Os isodiagramas desenham-se a cores e escalas
segundo valores proporcionais, indicando-se os Isodiagramas em lajes maciças e fungiformes
mínimos e máximos. aligeiradas
Pode-se consultar e modificar a armadura, ao critério Neste capítulo, para lajes maciças e fungiformes
do utilizador, assim como as espessuras, ficando a aligeiras, podem-se visualizar os deslocamentos,
vermelho quando não cumpre. É possível esforços e quantidades em cm2/m em todos os panos
redimensionar. de qualquer grupo.

Existe uma informação codificada com mensagens


para explicar o estado do cálculo.
1.12. Listagens na impressora
Também pode consultar o factor de cumprimento em % Os dados introduzidos e os resultados de cálculo
da armadura colocada e as zonas a reforçar, se podem-se listar na impressora ou num ficheiro de texto.
existirem. Podem-se imprimir os seguintes dados:
Pode listar os esforços desfavoráveis no tramo. • Listagens gerais. Incluem o nome da obra, grupos,
pisos, alturas, coordenadas e dimensões de pilares

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CYPECAD - Memória de Cálculo 55

e a sua ligação, paredes, dados de acções • Listagem de deslocamentos por acção em cada
gravíticas, vento, sismo, materiais utilizados, lajes pilar e em cada piso.
introduzidas, geometria e peso próprio.
• Listagem de efeitos de segunda ordem.
• Listagem de cargas especiais, geometria e cargas
de peso próprio e lajes utilizadas. • Listagem de cargas de vento.

• Listagem de armaduras em vigas. Pode conter as • Listagem de coeficientes de participação de sismo,


envolventes de capacidades mecânicas que inclui período dos modos, coeficiente de
necessárias, momentos transversos, momentos participação de massas mobilizadas, e coeficiente
torsores, armadura disposta, flecha activa. sísmico resultante em cada direcção (análise
dinâmica).
• Listagem de envolventes, com o desenho das
envolventes de momentos, transversos e torsores. • Listagem de deslocamentos máximos de pilares,
em cada piso para todos os pilares, na
• Listagem de medição de vigas. combinação mais desfavorável para cada direcção
(não são concomitantes).
• Listagem de etiquetas: pormenorização de
armadura de vigas. • Listagem de distorções máximas em pilares.
• Listagem de intercâmbio. Trata-se de um ficheiro • Listagens de fundações. Podem-se obter listagens
de texto que inclui a informação da armadura de dos dados de materiais, acções e geometria de
vigas. sapatas, maciços de encabeçamento de estacas e
vigas de equilíbrio e lintéis, assim como a sua
• Listagem de medição de superfícies e volumes de
medição. No entanto, obtêm-se as listagens de
panos de laje e de vigas.
verificação de cálculo desses elementos de
• Listagem de medição de vigotas por tipos e fundação.
comprimentos.
• Listagens de consolas curtas.
• Listagem de medição de armadura de reforço de As listagens complementam a informação gráfica que
negativos de vigotas. se pode obter no ecrã, assim como os desenhos que
• Listagem de quantidades por metro quadrado da definirão a geometria e armaduras do projecto.
obra.
• Listagem de armaduras de lajes maciças e
fungiformes aligeiradas. 1.13. Desenhos
Os desenhos de projecto podem-se configurar em
• Listagem de esforços em vigas inclinadas, com as diferentes formatos, quer sejam standard, quer
envolventes de momentos, axiais, transversos e a definidos pelo utilizador, assim como os tamanhos de
armadura colocada. papel. Além disso podem-se desenhar em diferentes
• Listagem de pilares e paredes, que incluem a periféricos: impressora, plotter ou ficheiros DXF ou
listagem de armaduras, esforços em arranques, DWG. Será necessário configurá-los em Windows para
esforços por acção e esforços desfavoráveis em o seu correcto funcionamento e ter instalados os
pilares e paredes. drivers correspondentes.

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56 CYPECAD - Memória de Cálculo

No desenho pode-se incluir qualquer tipo de pormenor indica o número, posição, estribos, tipo, diâmetro,
de construção ou desenho em formato DXF ou DWG, comprimentos, perfis metálicos e se agrupa por
além de utilizar os recursos de edição que o programa tipos iguais. Inclui-se um quadro das placas de
permite: cotas, textos, linhas, pormenores e arcos. amarração em arranque de pilares metálicos, com
Pode-se aplicar qualquer escala, espessura dos traços, as suas dimensões, pernos e geometria. Podem-se
tamanho de letra, etc., de forma que se pode desenhar ou seleccionar por pisos, além de incluir
personalizar completamente o desenho. um resumo da medição.
Todos os elementos estão definidos em ‘layers’ e 5. Pormenorização de Pilares e Paredes. Desenho
podem-se seleccionar para cada desenho os pormenorizado do pilar e das paredes, incluindo o
elementos que se desejar. Basicamente podem-se corte dos comprimentos e um quadro com os
desenhar os seguintes desenhos: comprimentos de todos os varões.
1. Planta Estrutural. Desenho e cotas de todos os 6. Acções em fundação. Desenho dos arranques de
elementos por pisos e referente aos eixos de fundação com as cargas no arranque (por acção),
implantação. Inclui como opção as áreas e expressas em eixos gerais. Incluem-se pilares e
volumes de lajes, assim como quantidades de aço, paredes.
no quadro de informação.
7. Muros de cave. Alçado de cada tramo de muro,
2. Plantas de Lajes. Geometria de todos os com tabela de armaduras em cada tramo por piso,
elementos em piso, vigas, pilares, paredes, muros, incluindo medição aproximada.
lajes de vigotas (indicando momentos positivos e
esforços transversos extremos em vigotas, 8. Desenho de cargas. Desenham-se as cargas
comprimentos e reforços de negativos), armaduras especiais aplicadas por acções para cada grupo.
em lajes maciças e, em lajes fungiformes 9. Desenho de consolas curtas. Desenha-se a
aligeiradas, pormenorizando num quadro a geometria e a armadura.
armadura base em lajes, assim como em maciços
de pilares e nervuras de lajes fungiformes
aligeiradas, reforço ao punçoamento, zonas
maciças e aligeiradas. Pode-se pormenorizar um 1.14. Verificação e dimensionamento
quadro resumo com a medição e os seus totais. de elementos
Também se pode obter desenhos dos elementos
Para o dimensionamento das secções de betão
de fundação.
armado em estados limites últimos, utiliza-se o método
3. Pormenorização de Vigas. Desenho dos pórticos, da parábola-rectângulo e o diagrama rectangular,
que inclui o nome, as escalas, dimensões, cotas, com os diagramas tensão-deformação do betão e para
número, diâmetro e comprimentos das armaduras, cada tipo de aço, de acordo com a norma vigente (ver
assim como posição, estribos, tipo, diâmetro e o capítulo Implementação de Normas).
separação. Podem-se pormenorizar as armaduras
Utilizam-se os limites exigidos pelas percentagens
num quadro resumo e o total da medição.
mínimas indicadas pelas normas, tanto geométricas
4. Quadro de Pilares e Placas de Amarração. como mecânicas, assim como as disposições
Esquema das secções de pilares, no qual se indicadas referentes ao número mínimo de varões,

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CYPECAD - Memória de Cálculo 57

diâmetros mínimos e separações mínimas. Esses amarrar o comprimento de amarração a partir do eixo.
limites podem-se consultar e modificar no ecrã em As tabelas de armadura por defeito proporcionam uma
Opções. Outros estão gravados em ficheiros internos. armadura contínua (1ª parcela) cuja quantidade é
sempre superior a um terço ou a um quarto da
armadura total nas tabelas de armadura por defeito do
1.14.1. Vigas de planos horizontais e programa. Se modificarem as tabelas, deve tentar
conservar essa proporção, ficando ao critério do
inclinados utilizador essas modificações.
Armadura longitudinal por flexão
A 2ª e 3ª parcela podem ser de menor comprimento,
A armadura determina-se efectuando um cálculo à
sempre simétrico, cumprindo uns comprimentos
flexão simples em, pelo menos, 14 pontos de cada
mínimos em percentagens (“d” e “e” no desenho) do
tramo de viga, delimitado pelos elementos que
vão especificado em Opções.
contacta, quer sejam vigotas, lajes maciças ou
fungiformes aligeiradas. Em cada ponto, e a partir das
envolventes de momentos flectores, determina-se a
armadura necessária tanto superior como inferior (de
tracção e compressão conforme o sinal dos momentos)
e verifica-se com os valores mínimos geométricos e
mecânicos da norma, tomando o valor maior.
Determina-se para as envolventes, sísmicas e não
sísmicas e coloca-se a maior quantidade obtida de
ambas.

c: Dimensão de apoio
Armadura inferior r: Recobrimento = 3 cm em geral
Conhecida a área necessária por cálculo em todos os lb, net: Comprimento de amarração
pontos calculados, procura-se na tabela de armadura
de positivos a sequência de armadura imediatamente Fig. 1.22
superior à necessária. Podem-se dispor armaduras até NOTA: A 1ª parcela passa sempre 10 diâmetros medidos a
três comprimentos de corte. As tabelas de armadura partir da face do apoio.
estão definidas para a largura e a altura especificada Quando não se encontrar nas tabelas de armadura
nas mesmas. uma combinação de armaduras que cubra o
As tabelas de armadura dividem-se em 3 parcelas. necessário para as dimensões da viga, colocar-se-ão
Cada uma delas pode ser de diferente diâmetro. A 1ª diâmetros ∅25. O programa emitirá a mensagem
parcela é a armadura contínua entre apoios, amarrada ‘ARMADURA INFERIOR FORA DE TABELA’.
de forma construtiva. Isto é, o eixo de apoio passa até à
face oposta menos 3 centímetros, excepto se, por
necessidades de cálculo (por os positivos estarem Armadura superior
próximos ou chegarem ao apoio, ou por necessitar de Distinguem-se duas classes de armadura superior:
armadura de compressão em apoios), for preciso

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58 CYPECAD - Memória de Cálculo

Reforço superior (em vigas normais, inferior em Quando não encontrar nas tabelas de armadura
vigas de fundação). Conhecida a área necessária por nenhuma que cumpra, colocar-se-á o número
cálculo em todos os pontos calculados, procura-se na necessário de varões de diâmetro 25. O programa
tabela de armadura de negativos a sequência de emitirá a mensagem: ‘FORA DE TABELA’, quer seja
armadura imediatamente superior à necessária. montagem ou reforço.
Podem-se dispor armaduras até três grupos de
Quando os comprimentos de negativos em ambos os
comprimentos de corte distintos, que em opções de
lados de um tramo se unem (consulte as Opções),
Armadura de vigas se podem definir através de um
automaticamente passa a ter armadura de montagem
mínimo em % do vão, para cada grupo. As tabelas de
colaborante.
armadura estão definidas para a largura e altura
especificadas nas mesmas. As tabelas de armadura
dividem-se em 3 parcelas. Cada uma delas pode ser de
diferente diâmetro. Outras considerações na armadura longitudinal
Dentro da zona de apoio do elemento de suporte ou
Montagem: Contínua ou Porta-Estribos. A armadura pilar, considera-se uma variação linear da altura da viga
de montagem contínua utiliza-se quando se constrói (1/3), o que conduz a uma redução da armadura
em estaleiro a armadura das vigas de apoio em apoio, necessária, que será a maior obtida entre as faces do
conjuntamente com a armadura positiva e os estribos, bordo de apoio, não tendo que coincidir com o eixo do
colocando-se em obra o reforço superior (ou inferior apoio, sendo o mais normal que esteja próxima ou no
em vigas de fundação) nos apoios. De forma opcional, mesmo bordo de apoio.
pode-se considerar ou não, colaborante para efeitos de
armadura superior. Quando for necessário armadura de
compressão superior, converte-se sempre em
colaborante. A amarração desta armadura de
montagem é opcional, em patilha ou prolongamento
recto, a partir da sua terminação ou do eixo, mostra-se
claramente no diálogo de opções.
• Em secções em T, coloca-se uma armadura
adicional para segurar os extremos dos estribos da
cabeça do T.
• A armadura de montagem porta-estribos utiliza-se
para a montagem ‘in situ’ da armadura, colocando- Fig. 1.23
se entre os extremos dos reforços superiores, Quanto às paredes e muros, dependendo da largura
utilizando varões de pequeno diâmetro e uma do lado onde chega a viga, calcula-se um comprimento
amarração construtiva com os reforços. É ou vão de cálculo igual ao menor de:
necessário para ter uma armadura que pelo menos
segure os estribos. Pode também ser utilizável em • A distância entre eixos de paredes (ou ponto
zonas sísmicas nas quais se deseja afastar as médio do eixo de viga cortado)
amarrações dos nós. É conveniente consultar e
• O vão livre (entre faces) mais duas vezes a altura.
escolher a que habitualmente se utiliza.

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CYPECAD - Memória de Cálculo 59

Com este critério, obtêm-se as envolventes dentro da calculando o ramo vertical necessário, colocando um
parede e obtém-se o comprimento de corte das mínimo se assim se indicar nas opções. Em apoios
armaduras, que não superarão o vão de cálculo em intermédios amarra-se a armadura de positivos a cada
mais de duas alturas. lado a partir do eixo de apoio, além de um mínimo de
dez diâmetros medidos desde a face do pilar ou
Se for necessária a armadura de alma, devido à altura
suporte (Fig. 1.22).
da viga, o que se define em Opções, dispor-se-á nas
faces laterais com o diâmetro e separação mínima Quando se supera o comprimento máximo dos varões,
definida, de acordo com a norma e com o indicado nas cortam-se e emendam-se os varões com o dobro do
opções. valor do comprimento de amarração. Com sismo,
existe uma opção na qual se amarra e emenda a
armadura fora da zona confinada junto aos apoios.
Armadura longitudinal por torção
Conhecida a armadura longitudinal por flexão, calcula-
se a armadura necessária por torção, de acordo com a Armadura transversal (estribos)
norma, em cada secção. Se a armadura real colocada Para o dimensionamento ao esforço transverso efectua-
nos cantos for capaz de absorver esse incremento em se a verificação à compressão oblíqua realizada no
relação à necessária por flexão, cumprirá. Em caso bordo do apoio directo, e o dimensionamento dos
contrário, será preciso aumentar a armadura estribos a partir do bordo do apoio mencionado ou de
longitudinal e colocar uma armadura adicional nas forma opcional duma distância em percentagens da
faces laterais, como se tratasse de armadura de alma. altura útil, do bordo de apoio (Fig. 1.24). Quanto aos
estribos, ou reforços ao esforço transverso, é possível
A verificação de compressão oblíqua por torção e
seleccionar os diâmetros mínimos e separações em
transverso efectua-se a uma altura útil do bordo de
função das dimensões da viga, assim como simetria na
apoio de acordo com a formulação de cada norma.
disposição dos mesmos e utilização de diferentes
diâmetros segundo a zona da viga. Podem-se definir
estribos simples (que é sempre o perimetral da
Corte das armaduras longitudinais secção), duplos, triplos, assim como ramos verticais.
Uma vez conhecida a envolvente de capacidades Também se podem dispor os estribos e ramos juntos,
necessárias em cada secção, superior e inferior, até dois e três na mesma secção.
determina-se para cada ponto um diagrama deslocado
uma altura útil mais o comprimento bruto reduzido Existem umas tabelas definíveis pelo utilizador e nas
(=comprimento de amarração ⋅ área necessária / área real) em função da quais se pode observar que é possível utilizar estribos e
sua posição (II=má aderência, I=boa aderência), ramos, tal como se comentou.
determinando-se o comprimento máximo na sua zona
para cada um dos grupos de armadura disposto na
direcção desfavorável ou decrescente dos esforços. De
forma opcional estes comprimentos ajustam-se a uns
mínimos definidos em função de uma percentagem do
vão e em múltiplos de 5 cm. Nos extremos, amarra-se a
armadura de acordo com a sua terminação em patilha,

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60 CYPECAD - Memória de Cálculo

! Pilares apoiados. Cargas próximas aos apoios. Vigas


parede e vigas largas. No caso particular de pilares
apoiados (sem ligação exterior) em vigas, dimensionam-
se os estribos verticais com o valor do esforço transverso
no bordo de apoio nesse tramo. É importante recordar
que, no caso particular de pilares apoiados ou cargas
pontuais próximas dos apoios, isto é, a uma distância
menor ou igual a uma altura útil, produz-se uma
transmissão da carga por bielas inclinadas de
compressão e tracção que necessita de armadura
horizontal, nas mesmas condições que numa consola
curta, cujos critérios de dimensionamento não estão
Fig. 1.24 contemplados no programa. Neste caso deve-se realizar
Determinam-se em primeiro lugar os estribos mínimos uma verificação e armadura manual do tramo ou tramos
nos quais isto aconteça, de acordo com o que a norma
conforme a norma, em função da secção da viga e da
indicar para esses casos, além de complementar os
tabela de armaduras, verificando o comprimento que desenhos de vigas com os pormenores adicionais
pode cobrir com a envolvente de esforços transversos correspondentes. Também se pode resolver com varões
na zona central. inclinados.
Nas zonas laterais, à esquerda e à direita, determinam-
se os estribos necessários até aos apoios e colocam-se
no seu comprimento necessário mais meia altura útil.
Verifica-se se tais comprimentos são maiores que os
mínimos indicados em Opções.
Por último, e se existir torção, calcula-se a armadura
transversal necessária por torção, estabelecendo os
mínimos conforme a norma (separação mínima,
estribos fechados) e adiciona-se à obtida por Fig. 1.25
transverso, dando como resultado final uns estribos Dada a importância que este tipo de apoio tem, e a
cujos diâmetros, separações e comprimento de fragilidade que apresenta, é fundamental o controle do
colocação cobrem a soma dos dois efeitos. Neste mesmo, tanto no seu desenho como na sua execução.
último caso realiza-se a verificação conjunta Devem-se rever os arranques dos pilares apoiados,
(compressão oblíqua) de tensões tangenciais de verificando as suas condições de amarração na viga.
transverso mais torção. Recomenda-se reduzir dentro do possível o coeficiente
de encastramento no pé do pilar no seu primeiro tramo de
Verifica-se que a separação de estribos cumpra o arranque, para evitar diâmetros grandes que conduzem a
especificado na norma quando a armadura longitudinal comprimentos de amarração do arranque grandes.
estiver comprimida, o que afecta tanto o diâmetro, Quando se têm tramos curtos ou vigas parede, pode-se
dar a condição de que o vão seja menor que duas vezes a
como a separação máxima, em função da armadura altura, em cujo caso se está perante uma viga parede,
longitudinal comprimida. cujos critérios de dimensionamento não estão
contemplados no programa. Neste caso deve-se realizar
uma verificação e armadura manual do tramo ou tramos
onde isto aconteça.

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CYPECAD - Memória de Cálculo 61

Também pode acontecer que em algum tramo de viga, a σsr: Tensão da armadura no momento da fendilhação
largura seja superior a duas vezes o seu vão. Neste caso, Es: Módulo de elasticidade do aço
esta viga larga realmente não é uma viga ou elemento
K3: 0.5
linear, mas um elemento plano bidimensional ou laje, com
o que convém rever a discretização e introduzi-la como
laje maciça em vez de o fazer como viga, já que os Esta formulação aplica-se em geral, excepto para a
critérios de dimensionamento são diferentes. norma NB-1 e Eurocódigo 2, que têm a sua formulação
Por último, recorde que em vigas rasas nas quais, pela específica.
sua largura, se ultrapassa a espessura do apoio em mais
de uma altura, deve-se fazer uma verificação manual ao Se activar a verificação e não se cumprir, aumentam-se
punçoamento assim como uma verificação dos estribos os varões ou a quantidade para cumprir, emitindo uma
no apoio, reforçando com armadura transversal, se for mensagem de aviso (não é um erro) nos erros de vigas.
preciso. Se existirem cargas transmitidas aplicadas por
baixo da fibra neutra da secção, ou cargas pontuais de
vigas apoiadas noutras vigas, dever-se-á adicionar
manualmente a armadura necessária para suspender tais 1.14.2. Vigas inclinadas
cargas, já que o programa não o realiza.
Dimensionam-se tais elementos à flexão composta a
partir das envolventes de momentos flectores e axiais,
assim como os estribos ao esforço transverso (no
plano vertical que contém na viga). É um cálculo em
Verificação da fendilhação em vigas flexão composta, pelo que não se contemplam
De forma opcional, pode-se estabelecer um limite da esforços no plano horizontal, que se existirem devem-
largura de fendilhação. A formulação utilizada se armar manualmente.
corresponde ao Código Modelo CEB-FIP. A largura
característica calcula-se como: A armadura superior e inferior longitudinal indicada é a
máxima ou envolvente de todas as secções calculadas
Wk = 1.7 ⋅ Sm ⋅ Esm ao longo dessa viga inclinada. Para este tipo de viga
φ A c,eficaz desenha-se a armadura e pode-se somente consultar
Sm = 2c + 0.25 + K 1 K 2 no ecrã. O utilizador deve realizar uma pormenorização
As
à parte das suas armaduras, para os encontros dos nós
σs  
2
K 3  σ sr  σ extremos.
Esm = 1 −    ≤ 0.4 s
Es  2.5K 1  σ s   Es A envolvente de tais esforços pode-se consultar, se

desejar cortes de varões e um estudo dos nós de
onde
ligação.
c: Recobrimento da armadura de tracção
s: Separação entre varões. Se s > 15 d,s = 15φ
K1: 0.4 (varões rugosos) 1.14.3. Vigas metálicas
K2: 0.125 (flexão simples)
Dimensionam-se de acordo com a norma
As: Área total dos varões na área eficaz
correspondente e com o tipo de aço.
Ac,eficaz: Área eficaz que envolve as armaduras, numa altura de
¼ da altura da viga Propõe-se o perfil óptimo dentro da série.
σs: Tensão de serviço da armadura

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62 CYPECAD - Memória de Cálculo

Dimensionam-se à flexão simples, uma vez que não se geométricas como mecânicas, que, de forma
considera o esforço axial. obrigatória, se cumprirão no dimensionamento da
armadura. Se alguma armadura não cumprir e se se
De forma opcional, verifica-se o bambeamento.
excederem os limites máximos, será indicado na
Aplica-se como critério de dimensionamento os limites listagem e no ecrã a mensagem de Quantidade
de flecha e o enfunamento. O coeficiente de excessiva (Qe).
aproveitamento expressa-se em % em relação aos
Neste caso tem de se aumentar a secção de betão. Se
limites de tensão e de flecha.
não se encontrar uma armadura nas tabelas que
Pode consultar como se realiza o dimensionamento verifique para os esforços de cálculo, procurar-se-á
das vigas mistas consultando o capítulo Vigas mistas. uma armadura calculada pelo programa, até que nas
faces não caiba a armadura numa camada, em cujo
caso se emite a mensagem: ‘ARMADURA MANUAL’.
1.14.4. Pilares, paredes e muros de betão Deve-se aumentar na tabela os tipos de armadura e
voltar a calcular o pilar, para o que se pode rearmar
armado apenas os pilares sem recalcular a obra completa.
Pilares de betão armado Também se pode aumentar a secção e
O dimensionamento de pilares realiza-se em flexão automaticamente recalcula-se a secção.
desviada. A partir da tabela de armaduras seleccionada
Recorde que, se as modificações de dimensão forem
para a obra, verificam-se de forma sequencial
grandes, é conveniente voltar a calcular a obra
crescente de quantidades, as armaduras definidas, que
completamente, por causa das variações de rigidezes.
podem ser simétricas em duas faces, em quatro ou
Os diâmetros e separações de estribos realizam-se de
numa percentagem de diferença. Verifica-se também se
acordo com a norma por defeito, com umas tipologias
todas as combinações possíveis cumprem tal armadura
pré-definidas nas tabelas de armaduras modificáveis
em função dos esforços. Estabelece-se a
pelo utilizador, e sempre com separações e diâmetros
compatibilidade de esforços e deformações e verifica-
em função da armadura longitudinal, que são
se se com tal armadura não se superam as tensões do
igualmente modificáveis.
betão e do aço nem os seus limites de deformação,
uma vez que a posição das armaduras é conhecida Existem umas tabelas de armadura nas quais, em
pela tabela. função da armadura vertical, se podem definir
diferentes configurações de estribos e ramos em
Considera-se a excentricidade mínima ou acidental,
função das dimensões transversais, podendo
assim como a excentricidade de 2ª ordem conforme a
seleccionar-se diferentes tabelas conforme a obra. Se
norma, limitando o valor da esbelteza, de acordo com o
uma secção não tiver estribos definidos na tabela, só
indicado na norma. Dado que as fórmulas aplicadas
se obtém estribo perimetral.
têm o seu campo de aplicação limitado pela esbelteza,
se se ultrapassar, a secção é insuficiente (embora o Não se realiza verificação de cálculo ao esforço
utilizador possa introduzir uma armadura de forma transverso dos estribos, pelo que em condições de
manual), dando uma mensagem de Esbelteza carga especiais, cargas horizontais, etc., será preciso
excessiva (Ee). uma verificação manual dos estribos dispostos e, se for
o caso, uma modificação manual dos estribos,
Num arquivo oculto, e para cada norma, definem-se os
diâmetros e separações.
limites ou percentagens mínimas e máximas, tanto

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CYPECAD - Memória de Cálculo 63

Os comprimentos de amarração calculam-se como o


comprimento de amarração na posição I (de boa
aderência) em função do tipo de aço, betão e
consideração de acções dinâmicas. De forma opcional,
pode-se aplicar uma redução do comprimento de
amarração indicado em função da armadura necessária
e da real, sem diminuir a reduzida. Estes comprimentos
são editáveis e modificáveis.
Supõe-se que um pilar trabalha predominantemente à
compressão, pelo que no caso de ter pilares em
tracção (tirantes), é necessário aumentar manualmente
os comprimentos de amarração e estudar com
pormenor as ligações e amarrações correspondentes,
realizando os pormenores complementares pertinentes
de forma manual.
Fig. 1.26
Quanto à armadura vertical de um pilar, os seus último
Pode-se escolher a continuidade ou não da armadura,
e penúltimo tramos armam-se segundo os seus
assim como a conservação do diâmetro das armaduras
esforços e daí para baixo, tramo a tramo, de forma que
de canto ou o número e diâmetro nas faces.
a armadura do tramo de baixo nunca seja inferior à
disposta no tramo imediatamente superior, no caso de Finalmente, é possível modificar a sua secção, com o
se adoptar em Opções o critério de continuidade de que a armadura se recalcula, e também se pode
varões correspondente. modificar a sua armadura vertical e o tipo de estribos.
As secções que se verificam para obter a armadura de
um piso, são as indicadas na Fig. 1.26 cabeça e pé do
tramo, e pé do tramo superior. Se se tiverem definido ! Se modificar as tabelas de armadura, deve rever a
cargas horizontais em pilares, far-se-á em secções disposição de estribos. Se não houver estribos definidos
intermédias, pois poderá aumentar os diagramas de nem armaduras para a secção do pilar, complete as
esforços. tabelas com os estribos e ramos necessários. Reveja os
esforços transversos, se for necessário um cálculo
Quando houver desníveis, aplica-se o mesmo sistema manual dos estribos, que a versão actual não faz.
para cada tramo no qual fica subdividido o pilar do piso
pelo desnível.

Pilares metálicos
Se tiver definido pilares metálicos, calculam-se de
acordo com a norma seleccionada para o tipo de aço,
quer seja laminado ou enformado. Os coeficientes de
encurvadura já mencionados anteriormente devem ser
introduzidos pelo utilizador. Se adoptar o critério de

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64 CYPECAD - Memória de Cálculo

manter o perfil existente, recorde que deve verificar o muros, para cada lado, emitindo-se uma mensagem se
seu cumprimento. superar.
Se, ao contrário, admitir que o programa coloque o Por último, pode-se consultar no ecrã a armadura
perfil necessário, recorde que os esforços de obtida, assim como os erros de dimensionamento. Se
dimensionamento se obtiveram com o perfil introduzido variar a armadura e/ou a sua espessura, realiza-se uma
inicialmente, pelo que se a variação for importante, é verificação. O programa emitirá as mensagens de erro
conveniente recalcular a obra, uma vez que os esforços pertinentes. Pode-se redimensionar se variarem as
podem variar substancialmente. secções, obtendo-se a nova armadura e realizando-se
as verificações pertinentes.
Por último calculam-se as placas de amarração no
arranque de pilares metálicos, verificando as tensões No dimensionamento de muros incluiu-se o que se
gerais e locais no aço, betão, pernos, punçoamento e chama Factor de cumprimento, valor que por defeito é
arranque. 90%, mas que é possível modificar. Se indicar um valor
menor (por exemplo 80%), e redimensionar, obtém-se
Se o pilar for apoiado, reveja o comprimento do perno
uma armadura algo menor e observa-se que existem
e as condições de amarração manualmente.
uns pontos a vermelho, que são 20% da superfície
Não esqueça também de rever as mesmas a nível de total do muro que não cumpre para esta armadura.
cada piso com as vigas ou lajes, dado que é um
Através do comando Ver reforços consulta-se em cada
pormenor construtivo não contemplado no cálculo.
ponto vermelho a armadura necessária de reforço
suplementar a colocar nessa zona, se desejar. Será
decisão do utilizador a colocação do reforços que se
Paredes e muros de betão armado deve acrescentar de forma manual aos resultados
Conhecido o estado tensional, uma vez calculados os editados nos desenhos.
esforços e para cada combinação, verificam-se em
cada face de armadura tanto na vertical como na Também é possível modificar a armadura directamente
horizontal, as tensões e deformações do betão e do e calcular o factor de cumprimento para a nova
aço para a armadura disposta nas tabelas, armadura.
aumentando-se de forma sequencial até que alguma Quando uma armadura não cumpre, além da
armadura cumpra para todas as combinações. Além mensagem de aviso o texto passa a ser vermelho.
disso, verifica-se no sentido transversal, calculando-se
o reforço se for necessário. Este processo repete-se As amarrações em cada piso são editáveis, e calculam-
para cada um dos lados da parede ou muro. se com diferente comprimento, conforme seja em
tracção ou em compressão.
De acordo com a norma realizam-se as verificações de
quantidades mínimas e máximas, separações mínimas
e máximas, assim como as verificações dimensionais Muros de alvenaria
dos lados (o comprimento de um lado é superior a
Verificam-se os limites de tensão em compressão e em
cinco vezes a sua espessura), uma vez que se não se
tracção (10% da compressão), com um factor de
verificar, emite-se uma mensagem informativa (Dp), e
cumprimento de 80%.
aplicam-se as limitações impostas para pilares.
Verificam-se os limites de esbelteza em paredes e

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CYPECAD - Memória de Cálculo 65

Se não cumprir, emite-se um aviso na informação final As envolventes de momentos e transversos por vigota e
do cálculo. majoradas podem-se consultar no ecrã. Em extremos
de alinhamento de vigotas, embora o valor do
momento negativo seja nulo, dimensiona-se uma
armadura para um momento que é percentagem do
! A hipótese de diafragma rígido a nível de planta limita máximo positivo do vão (ver Opções).
deformações e produz esforços de pico, que às vezes são
pouco representativos, conduzindo a uma armadura É possível definir uns momentos mínimos positivos e
elevada, daí a utilidade do factor de cumprimento, para negativos para toda a obra ou para um pano em
impedir que determinadas zonas penalizem a armadura do concreto.
resto do muro, supondo uma armadura comum por piso.
Para mais informação, consulte o capítulo 6. Lajes de
vigotas deste manual.
Uma vez que se consulta o valor dos momentos
1.14.5. Lajes de vigotas de betão armado positivos, não se faz a verificação se é ou não
O cálculo das lajes de vigotas pré-fabricadas realiza-se necessária armadura de compressão no vão. Por
de forma individualizada para cada vigota em flexão último, recorda-se que o valor expresso dos esforços
simples. Obtém-se o valor máximo do momento transversos em extremos de vigotas em planos está
positivo MF expresso em daNm e por metro de largura, majorado e por metro de largura.
majorado. Pode-se realizar uma igualação por panos
em valores máximos ou médios em função de uma
percentagem de diferença entre vigotas adjacentes, 1.14.6. Lajes mistas
conseguindo uniformizar os valores por panos.
Consulte o capítulo 9. Lajes mistas desta memória.
É possível tipificar o valor dos momentos, expressando-
o por um nome tipo, se para essa laje se tiverem
indicado os valores resistidos do momento para cada 1.14.7. Lajes alveoladas
tipo. Se superar o valor de tal tabela indica-se com
O processo de cálculo foi explicado no capítulo Dados
‘INSUF’. Nesse caso deve-se ampliar a tabela tipificada.
de Entrada deste manual.
O cálculo dos momentos negativos realiza-se à flexão
simples e obtêm-se uns varões negativos de acordo
com uma tabela de armadura. Os seus comprimentos 1.14.8. Lajes maciças
cumprem uns mínimos, especificados em Opções,
Armadura base
assim como umas quantidades geométricas mínimas.
Podem-se modificar e igualar os negativos em função De forma opcional pode-se definir uma armadura base
de uma percentagem de diferença de comprimentos. superior e inferior, longitudinal e transversal, que
podem ser diferentes, definíveis e modificáveis de
Quando for precisa uma armadura de compressão na acordo com uma tabela de armadura. Esta armadura
zona de negativos, retirar-se-ão as abobadilhas até ao será colaborante sempre que se definir. É possível
ponto onde deixe de ser necessário. Isto indicar-se-á aumentá-la, se for preciso para o cálculo, à flexão, quer
no piso por uma linha de maciço das vigotas. seja pelo trabalho como armadura comprimida, quer

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66 CYPECAD - Memória de Cálculo

pelo cumprimento de uns mínimos de percentagens Com tudo isto obtêm-se umas envolventes de
especificadas em Opções. quantidades e a área necessária em cada direcção por
metro de largura e calculam-se uns reforços
Pode-se pormenorizar ou não nos desenhos o que tem
longitudinais de acordo com as tabelas de armadura
a sua importância, tanto na pormenorização de
definidas. O ponto de corte dos varões realiza-se
armaduras como na medição. No caso de se
aumentando para tal comprimento o comprimento
pormenorizar, desenhar-se-á conjuntamente com os
bruto reduzido de amarração conforme o ambiente
reforços, cortando-se e emendando-se onde for
escolhido e a decalage do diagrama em função da
preciso, como se tratasse de uma armadura normal.
altura útil e conforme a norma.
Pode-se obter a sua medição e os seus comprimentos
de corte. Se não se pormenorizar, não se desenha mas O cumprimento dos diâmetros máximos e separações
mede-se aproximadamente; apenas se pode indicar o realiza-se por meio das tabelas de armadura, nas quais
seu diâmetro e a sua separação. Por isso, nesse caso, se especificam os diâmetros e separações em função
deve-se complementar com os pormenores que se de um campo de variação das alturas. A consideração
considerar oportuno, tanto no piso como no quadro de da torção é opcional, embora se aconselhe que se
medição. considere sempre.

Armadura longitudinal de reforço Armaduras predeterminadas


Em cada nó da malha conhecem-se os momentos Define-se com este nome a possibilidade de introduzir
flectores em duas direcções e o momento torsor. armaduras, quer seja superiores, inferiores e em
Geralmente, as direcções principais da laje maciça não qualquer direcção, de diâmetro e comprimento
coincidem com as direcções da armadura impostas predeterminado pelo utilizador, e que se descontarão
para a mesma. Aplicando o método de Wood, na sua zona de influência da armadura de reforço a
internacionalmente conhecido e que considera o efeito colocar. É muito útil em zonas de concentração de
da torção para obter o momento da armadura em cada esforços já conhecidos, como a zona superior dos
direcção especificada, efectua-se uma distribuição elementos de suporte, permitindo que o resto da
transversal em cada nó com as suas adjacentes à armadura seja mais uniforme.
esquerda e à direita numa faixa de um metro, e somam-
O tratamento das lajes de fundação é idêntico às lajes
se em cada nó os esforços do nó mais os da
maciças normais quanto ao desenho de armaduras.
distribuição, a partir dos quais se obtém a área
necessária superior e inferior em cada direcção, que se
especifica por metro de largura ao dividir pelo tamanho
da malha ou distância entre nós, para obter um valor Armadura transversal
homogéneo e comparável em todos os nós. Punçoamento. Em superfícies paralelas aos bordos de
apoio, considerando como tais os pilares, paredes,
Verifica-se o cumprimento das percentagens mínimas, muros, vigas e apoios em muros, e colocada a uma
tanto superior como inferior e total, assim como as distância de meia altura útil (0.5 d), verifica-se o
percentagens e quantidades mecânicas da face de cumprimento da tensão limite de punçoamento, de
tracção. Também se verifica se a armadura numa acordo com a norma. Não se deve esquecer que a
direcção é uma percentagem da outra, tudo de acordo verificação de punçoamento é uma verificação de
com as opções activas.

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CYPECAD - Memória de Cálculo 67

tensões tangenciais, que é o que o programa realiza, Nas zonas onde se dispuserem vigas, rasas ou vigas
obtendo o valor das tensões tangenciais a partir dos altas, os esforços tangenciais serão resistidos pelos
esforços nos nós próximos, interpolando linearmente estribos da viga. Por isso, as tensões tangenciais
nos pontos de corte do perímetro de punçoamento. calculam-se apenas na laje e em superfícies paralelas
aos lados das vigas.
Esta opção é a correcta do ponto de vista teórico: uma
verificação de tensões tangenciais, que resolve o Esforço transverso. A partir da secção de verificação
problema na sua generalidade, que não é coincidente ao punçoamento (0.5 d) e em superfícies paralelas a
com as formulações das diferentes normas que podem uma distância de 0.75 d, realiza-se a verificação ao
aplicar uma formulação dependente do esforço axial e esforço transverso em toda a superfície da laje maciça,
momento actuante, com fórmulas simplificadas, que até todas as superfícies se encontrarem radiadas a
apenas resolvem casos particulares. partir dos bordos de apoio. Se for necessário reforçar,
indica-se o número e o diâmetro dos reforços a colocar
Se não se cumprir, aparece uma linha vermelha que
com a mesma tipologia que o indicado para o
indica que se excedeu o limite de tensão máxima por
punçoamento.
punçoamento, com uma mensagem ‘INSUF’. Neste
caso deve-se aumentar a altura, o tamanho do apoio Analogamente, se não se cumprir, aparece uma linha
ou a resistência do betão. vermelha que indica que se ultrapassou o limite de
tensão máxima por punçoamento, com a mensagem:
Se superar a tensão limite sem armadura transversal, é
‘INSUF’. Neste caso, deve-se aumentar a altura, o
necessário colocar armadura de reforço transversal.
tamanho do apoio ou a resistência do betão.
Indica-se o número e o diâmetro do reforço a colocar
como ramos verticais, a separação necessária em O tratamento das lajes de fundação é idêntico às lajes
função do número de ramos colocados num certo maciças normais quanto ao seu desenho de
comprimento. armaduras.
O utilizador deve, neste caso, dispor ramos verticais na
forma construtiva que considerar mais adequada à
obra, quer seja com cavalete, reforços em escada, Igualação de armaduras
estribos, etc. (Fig. 1.27), de forma que a sua separação Antes ou depois do cálculo é possível definir umas
não supere 0.75 de altura útil ou a secção equivalente e linhas ou rectângulos em qualquer direcção, superior e
dispostos entre a armadura superior e inferior. inferior, que permitem igualar a armadura ao máximo
dessa zona em quantidade e comprimento. Existe uma
opção para a igualação automática sobre pilares de
armadura superior em faixas adjacentes aos pilares
indicados.
Podem-se definir umas linhas de flexão que se devem
utilizar antes do cálculo e introduzir segundo as
direcções dos apoios.
Estas linhas consideram-se como se fossem pontos de
Fig. 1.27 máximos momentos negativos, e por conseguinte o
local idóneo para a emenda da armadura inferior, se for

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68 CYPECAD - Memória de Cálculo

o caso, calculando os comprimentos de reforço de distribuída entre os eixos das nervuras e que colabora
negativos de acordo com uns mínimos em sempre que se considerar.
percentagens da distância entre linhas (vão) e
Esta armadura mede-se aproximadamente e não se
emendando os positivos, se isso for possível em tais
desenha na versão actual de CYPECAD. Por isso, é o
linhas.
utilizador quem deve fornecer um pormenor tipo de tal
Por último, pode-se sempre modificar o diâmetro e a armadura base, também chamada ‘de montagem de
separação da armadura de reforço ao critério do maciços de pilares’, que complemente a informação
utilizador e também modificar e colocar as patilhas contida nos desenhos, embora no quadro de
superiores e inferiores. características se descreva tal armadura base.
Amarração das armaduras em vigas ou apoios. Os Armadura base em nervuras. Por defeito não se
comprimentos de amarração medem-se a partir do considera. Por isso, deve-se escolher e determinar em
bordo de apoio com a laje. Reveja os comprimentos cada direcção. Existem umas tabelas de armadura que
quando os bordos forem amplos, pois é possível que permitem a sua definição, assim como a sua
não cruzem toda a viga e fiquem parcialmente combinação possível nos reforços adicionais a colocar
amarrados. Isto é importante, e deve prolongá-los nas nervuras. Se indicar em Opções que se
quando utilizar vigas largas. pormenorize, desenhar-se-á e medir-se-á. Caso
contrário, apenas será possível colocar um rótulo a
O tratamento das lajes de fundação é idêntico às lajes
nível geral, obter uma medição aproximada e sem
maciças normais quanto ao seu desenho de
desenho das armaduras.
armaduras.
Existe uma opção que nas lajes rectangulares apoiadas
em vigas, dá uma armadura igualada uniforme em cada Armadura longitudinal de reforço
direcção. Aplicam-se os mesmos critérios que no caso das lajes
maciças, apenas com a diferença que a armadura se
concentra nas nervuras. Previamente devem-se agrupar
1.14.9. Lajes fungiformes aligeiradas as envolventes dos elementos adjacentes à nervura
Os critérios para as lajes fungiformes aligeiradas são os para o cálculo concentrado da armadura na posição da
mesmos que os indicados para as lajes maciças, com nervura.
as seguintes diferenças.

Armadura transversal
Armadura base Na zona de maciços de pilares ou zona maciça efectua-
Pode-se definir ou não uma armadura base, se um cálculo idêntico ao das lajes maciças face ao
distinguindo para isso a zona maciça da zona esforço transverso e punçoamento.
aligeirada. Nas nervuras da zona aligeirada efectua-se a
Armadura base em zona maciça (maciços de verificação ao esforço transverso nas nervuras cada
pilares). Por defeito, considera-se uma armadura base 0.75 d. Se for necessário reforçar, coloca ramos
formada por 2 varões, segundo umas tabelas, que se verticais do diâmetro necessário com a separação e
estende de bordo a bordo do maciço de pilares, número que se desenha e se visualiza no ecrã.

CYPE
CYPECAD - Memória de Cálculo 69

Igualação de armaduras O programa calcula os esforços e deslocamentos por


Podem-se efectuar as mesmas igualações que em lajes acção, partindo do valor do módulo de elasticidade
maciças, concentrando a armadura nas nervuras longitudinal secante do betão, pelo que a redução
designadas. desse módulo de elasticidade em função do clima,
cura, etc., deverá corrigir-se por meio dos
correspondentes coeficientes de fluência a aplicar às
deformações instantâneas e diferidas.
1.15. Deformações em vigas
A flecha que se obtém, chamada activa, é a diferida
De forma opcional podem-se definir os seguintes
mais a instantânea devida às cargas permanentes
limites de flecha:
(depois de construir as paredes) e às cargas variáveis.
• Flecha instantânea: Os coeficientes de fluência (ou multiplicadores da
flecha instantânea) para o cálculo das deformações em
Permanente vigas podem-se consultar nas opções gerais, assim
Sobrecarga como os valores por defeito.

Total Calcula-se a flecha pelo método indicado devido às


cargas permanentes (fG) e às cargas variáveis (fQ). A
• Flecha total a prazo infinito flecha activa total será:
• Flecha activa fA = Y g ⋅ fg + Y q ⋅ fQ
Para cada uma delas pode-se limitar o valor relativo
L/xxx ou L/xxx + xx cm; ou a flecha absoluta em cm.
sendo
Cada norma pode estabelecer diferentes limites e o Yg: Coeficiente global de fluência para as cargas permanentes
utilizador pode fixar o que considerar pertinente para
Yq: Coeficiente global de fluência para as cargas variáveis.
cada cálculo.
Para a determinação da flecha total a prazo infinito, Estes valores podem modificar-se em função das
indicou-se nas opções a definição dos coeficientes de percentagens de cada fracção das cargas definidas
fluência a prazo infinito a aplicar, tanto para carga como permanentes e variáveis no diálogo de opções
permanente como para sobrecarga, que multiplicarão a de Coeficientes de Fluência-Flecha Activa, assim
flecha instantânea, para obter a flecha diferida. como dos próprios coeficientes que se definirem para o
A flecha total será a soma da flecha instantânea com a seu efeito instantâneo ou diferido.
diferida. Recomenda-se consultar a norma de aplicação a esse
Determina-se a flecha máxima activa em vigas respeito, bibliografia específica, e consultar empresas
utilizando o método da dupla integração de curvaturas. de controle de projectos para uma correcta definição
Analisando uma série de pontos obtém-se a inércia de tais coeficientes, dado que tanto o processo
bruta, homogeneizada, fendilhada e a rotação por construtivo, o grau de humidade e temperatura na data
hipóteses, calculada a partir da lei de variação de de betonagem, cura do betão, prazo de descofragem,
curvaturas. idade de colocação em carga, etc., são factores
determinantes que podem fazer com que o valor da

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70 CYPECAD - Memória de Cálculo

flecha seja metade ou o dobro, pelo que os valores 1.16.2. Lajes de vigotas
indicados no programa são orientadores, e podem Calcula-se a flecha. Consulte as opções
servir para umas condições favoráveis habituais de correspondentes à flecha no capítulo 6. Lajes de
construção. vigotas desta memória.

1.16. Deformações em lajes 1.16.3. Lajes mistas


1.16.1. Lajes alveoladas Consulte o capítulo 9. Lajes mistas desta memória.
De forma opcional, podem-se definir os seguintes
limites de flecha:
1.16.4. Lajes maciças e fungiformes
• Flecha instantânea:
aligeiradas
Permanente Proporcionam-se em qualquer nó da malha de todos
Sobrecarga os pisos os valores dos deslocamentos por acções
simples (aquelas que se tiverem definido no projecto:
Total permanentes ou peso próprio; variáveis, que incluem
• Flecha total a prazo infinito sobrecargas gerais, separadas, ...; vento e sismo). Em
particular, pode-se obter o deslocamento máximo por
• Flecha activa acções de cada laje.
Para cada uma delas pode-se limitar o valor relativo Fica ao critério do utilizador a estimativa da flecha
L/xxx ou L/xxx + xx cm; ou a flecha absoluta em cm. activa, com os coeficientes de fluência que considerar
oportuno, e a partir da determinação manual das
Cada norma pode estabelecer diferentes limites e o
flechas instantâneas conhecidas, deduzidas dos
utilizador pode fixar o que considerar pertinente para
deslocamentos verticais por hipóteses que o programa
cada cálculo.
fornece.
O mais habitual é a flecha activa.
Recorda-se que numa laje maciça os deslocamentos
Para a determinação da flecha total a prazo infinito, verticais são absolutos, isto é, que se consultar num nó
indicou-se nas opções a definição dos coeficientes de junto a um pilar ou suporte vertical, verá que também
fluência a prazo infinito a aplicar, tanto para carga têm deslocamentos verticais (segundo o eixo z). Assim,
permanente como para sobrecarga, que multiplicarão a para determinar a flecha entre dois pilares, importa
flecha instantânea, para obter a flecha diferida. determinar um deslocamento relativo em relação aos
apoios extremos, ou pontos de inflexão numa direcção
A flecha total será a soma da flecha instantânea com a dada da deformação. Este efeito é mais denunciado
diferida. nos pisos altos dos edifícios pelo encurtamento elástico
dos pilares de betão.
Se os deslocamentos de pilares forem muito pequenos,
pode-se estimar a soma dos deslocamentos devidos às
cargas gravíticas verticais (permanentes +

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CYPECAD - Memória de Cálculo 71

sobrecargas) e multiplicadas por um valor entre 2.5 e 3,


segundo o processo construtivo. Desta forma obtêm-se
uns valores aproximados na prática habitual de cálculo
de edifícios.
Conhecida a flecha absoluta, poder-se-á determinar a
flecha relativa (L/xxx), observando os apoios das zonas
adjacentes ao ponto de máxima flecha absoluta e
considerando o vão menor das possíveis contíguas.

! Em lajes maciças e fungiformes aligeiradas, devem-se


respeitar umas alturas razoáveis para os vãos habituais e
cargas normais de construção dentro das esbeltezes que
as normas indicam (menores se for possível), assim
como uma distribuição de suportes verticais com vãos
compensados, é a melhor garantia para não ter
problemas de deformações. Uma execução adequada
com recobrimentos correctos também nos assegurará
um comportamento bom perante deformações
excessivas.
Utilize os isovalores para visualizar os deslocamentos
verticais, com as indicações anteriormente mencionadas

1.16.5. Elementos de fundação


Consulte o capítulo correspondente a sapatas, maciços
de encabeçamento de estacas, vigas de equilíbrio e
lintéis.

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72 CYPECAD - Memória de Cálculo

2. Lajes e vigas de fundação


2.1. Discretização vigas (larguras) ou sapatas (lados), permitem
determinar o coeficiente de winkler a aplicar.
A discretização efectuada para lajes e vigas de
fundação é a mesma que em lajes de piso: Se dispuser do módulo de deformação do terreno E0,
determinado em laboratório, e se conhecer a largura da
Lajes. Malha de elementos tipo barra de tamanho 0.25 sapata, laje, largura da viga ou placa de ensaio de
x 0.25 m (malha com molas nos nós). carga, pode-se determinar o coeficiente de winkler K,
Vigas. Elementos lineares tipo barra, com nós na supondo infinita e homogénea a camada compressível
intersecção com outros elementos, dividida em 14 do terreno:
tramos com nós, se não intersectar com outros 2Eo
elementos. Nos nós, molas. K=
b
Considera-se a fundação apoiada sobre um solo
Eo: Módulo de deformação
elástico (método do coeficiente de mola), de acordo
b: Dimensão da fundação
com o modelo de Winkler, baseado numa constante de
proporcionalidade entre forças e deslocamentos, cujo
valor é o coeficiente de winkler. Recorda-se que este Pode-se determinar o coeficiente de winkler de um
método não pode estudar a interacção entre alicerces terreno a partir de um ensaio de placa de carga de um
próximos. tamanho dado.
p = K ⋅y
p: Tensão (KN/m2) 2.2. O módulo de winkler em lajes e
K: Coeficiente de winkler (KN/m3)
vigas de fundação
y: Deslocamento (m) vertical
O módulo de winkler é um dado a introduzir no
programa. A sua determinação realiza-se através de
A validade desta hipótese é aplicável a solos métodos empíricos com ensaio de placa de carga.
homogéneos. É um facto que o assentamento de uma
fundação pequena e de uma grande é diferente para a Normalmente, se tiver feito um estudo geotécnico, este
mesma tensão transmitida ao terreno, pelo que se deve deve-lhe fornecer o valor exacto deste módulo para as
aplicar com prudência. Também é sabido que o dimensões que a laje vai ter.
comportamento de solos granulares e coesivos é
Se o estudo tiver sido realizado, mas o que lhe fornece
diferente.
é o módulo de winkler para placa de 30 x 30 cm (ou
Normalmente tem-se uns resultados de laboratório que, outro tamanho de placa) e não para a dimensão total
juntamente com a informação geotécnica, e conhecido da laje, tenha em conta que:
o tamanho da fundação ou os tamanhos médios das
K1⋅ d1 = K2 ⋅ d2

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CYPECAD - Memória de Cálculo 73

isto é, que os módulos de winkler K1 e K2 5 000 KN/m3 para solo mau


determinados com placas de dimensão d1 e d2 40 000 KN/m3 para solo médio
cumprem a relação anterior.
120 000 KN/m3 para solo muito bom
Por isso, de forma aproximada, pode-se admitir que,
em solos arenosos: considerando tais valores como os fornecidos por um
ensaio de placa de carga de 30 x 30 cm.
kp ⋅ ( b + 30 )
2

K1 =
( 2 ⋅ b)
2

! Considera-se solo mau o solo lodoso ou lamacento. Solo


sendo:
médio é a terra argilosa húmida. Entende-se por solo
K1: Módulo de winkler da laje ou viga de fundação muito bom os terrenos naturais firmes.
Kp: Módulo de winkler da placa de 30x30 cm.
b: Lado menor (largura) da laje ou viga (em cm).

Em sapatas rectangulares pode utilizar:


Um exemplo: Se tiver um solo médio, areno-argiloso,
2  b cujo dado conhecido é um coeficiente de winkler K =
K ' = ⋅ K1⋅  1 +  40000 KN/m3, em ensaio de placa de carga de 30 x30
3  2 l cm. A dimensão da fundação é de 2.00 m de largura
em solos argilosos, por 8 m de comprimento. Observe como determinar o
coeficiente de winkler a considerar no cálculo.
K p ( n + 0.5 ) ⋅ 30
K1 = Não se sabe mais nada além de que o solo é areno-
(1.5 ⋅ n ⋅ b ) argiloso, logo calcular-se-ão os dois e far-se-á uma
média ponderada:
sendo:
K1: Módulo de winkler da laje ou viga de fundação • solo arenoso:
Kp: Módulo de winkler da placa de 30x30 cm.
(b + 30 )
2
b: Lado menor (largura) da laje ou viga (em cm). Ka = Kp
( 2b )
2
n: Relação do comprimento à largura da laje.

Kp: Coeficiente de winkler placa 30 x30


Para vigas em particular sobre solos argilosos, pode-se b: dimensão menor (largura) da fundação em cm
utilizar;
( 200 + 30 )
2

K p ⋅ 30 K a = 40000 ⋅ = 13225 KN/m3


K1 = ( 2 ⋅ 200 )
2
b
com idêntico significado das fórmulas anteriores. • solo argiloso:

Se não dispuser de estudo geotécnico, pode optar por


K a = Kp
(n + 0.5 ) ⋅ 30
decidir entre os módulos de winkler indicativos (1.5 ⋅ n ⋅ b )
seguintes:

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74 CYPECAD - Memória de Cálculo

lado maior dimensão b da fundação, submetida a um sistema de


n: relação =4 cargas q(x):
lado menor
b: dimensão menor

K a = 40000 ⋅
( 4 + 0.5 ) ⋅ 30 = 4500 KN/m3
(1.5 ⋅ 4 ⋅ 200 )
Logicamente, os assentamentos são maiores em
argilas que em areias, pelo que o coeficiente de winkler
Fig. 2.1
é inversamente proporcional ao assentamento.
d2M
Como neste caso não se sabe a proporção, tomar-se-á = − b (q ( x ) − p ( x ))
a média: dx 2

(13225 + 4500 ) = 8863 KN/m3 dM


Ka = Q=− obtida ao derivar esta equação
2 dx
Junta-se uma lista orientadora de valores do coeficiente y(x) é a deformada da peça
de winkler em função da classe de solo para placa
rectangular de 0.30 x 0.30 m: Além disso,

Coeficiente de d 2y
M = − El
Classes de solo winkler (KN/m3) dx 2
Solo ligeiro de turfa e lodo 5000 - 10000
Solo pesado de turfa e lodo 10000 - 15000 substituindo obtém-se
Areia fina de rio 10000 - 15000
d4 y
Camadas de húmus, areia e cascalho 10000 - 20000 El + bK ⋅ y ( x ) = b ⋅ q ( x )
Terra argilosa molhada 20000 - 30000 dx 4
Terra argilosa húmida 40000 - 50000 que é a solução geral sem deformação por corte, que
Terra argilosa seca 60000 - 80000
se resolve e se obtém a solução do sistema.
Terra argilosa seca dura 100000 -
Húmus firmemente estratificado com areia e 80000 - 100000 Geralmente, determina-se o factor de deformação por
poucas pedras esforço transverso:
O mesmo com muitas pedras 100000 - 120000
Cascalho fino com muita areia fina 80000 - 100000 24 I (1 + ν )
φ=
Cascalho médio com areia fina 100000 - 120000 A corte ⋅ L2
Cascalho médio com areia grossa 120000 - 150000
Cascalho grosso com areia grossa 150000 - 200000 I: Inércia da peça
Cascalho grosso com pouca areia 150000 - 200000 ν: Coeficiente de Poison
Cascalho grosso com pouca areia, muito 200000 - 250000 Acorte: Área de corte
firmemente estratificado
L: Comprimento da peça
Para resolver a equação diferencial da fundação
flutuante, conhecido o coeficiente de winkler K e a

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CYPECAD - Memória de Cálculo 75

Se esse factor φ for menor que 0.1, não se considera a que em qualquer viga ou laje da estrutura da qual faz
deformação por corte e é válida a solução geral que, parte.
além disso, é exacta. Se for maior que 0.1, obtém-se
uma solução aproximada decompondo a matriz de
rigidez numa matriz de rigidez da barra e outra de 2.5. Materiais a utilizar
rigidez do solo.
Definem-se de forma específica os materiais a utilizar,
Para obter uma solução aproximada desta última betão e aço, como um elemento mais da estrutura,
tomam-se como funções de forma polinómios de 3º apenas distinguido porque são elementos que apoiam
grau para obter uma solução aproximada da no terreno.
integração, obtendo a matriz de rigidez final
sobrepondo ambas.
Geralmente, as lajes decompõem-se em elementos 2.6. Combinações
curtos de 0.25 m de comprimento, nas quais Os estados limites a verificar são os correspondentes
normalmente φ > 0.1, pelo que se aplica a ao dimensionamento de elementos de betão armado
aproximação com deformação por corte. O mesmo (estados limite últimos), e à verificação de tensões,
sucede em vigas de fundação nas quais se apoiam equilíbrio e levantamentos (estados limite de serviço).
lajes, uma vez que se geram nós intermédios e,
portanto, barras curtas. Em vigas de fundação
compridas nas quais φ < 0.1, aplicar-se-á a formulação
Levantamentos
exacta.
Quando o deslocamento vertical em algum nó da laje
Obtida a deformada, tem-se os deslocamentos nos
ou viga de fundação for para cima, indica-se que existe
nós, e pode-se por conseguinte obter os esforços para
levantamento, o que pode suceder numa ou várias
cada hipótese.
combinações de deslocamentos. Pode acontecer em
obras com acções horizontais fortes. Se isto ocorrer,
deve rever a estrutura, rigidizando mais a base, se for
2.3. Opções de cálculo possível, e aumentando as dimensões da fundação em
Todas as opções de cálculo, parâmetros definíveis, planta e/ou espessura.
redistribuição, momentos mínimos, quantidades,
tabelas de armadura, etc., definíveis para vigas e lajes
são de aplicação em fundações flutuantes. Equilíbrio
Verifica-se em vigas de fundação. Se na secção
transversal se calcular a resultante de tensões e ficar
2.4. Acções a considerar fora da largura da viga, não há equilíbrio e emite-se
uma mensagem de erro, que se inclui nos erros de
As vigas e lajes de fundação, formam parte da
vigas.
globalidade da estrutura, logo interagem entre si com o
resto da estrutura, uma vez que formam parte da matriz
global de rigidez da estrutura. Portanto, podem-se
aplicar cargas sobre esses elementos, da mesma forma

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76 CYPECAD - Memória de Cálculo

Tensões
Conhecidos os deslocamentos nos nós para cada
combinação, calculam-se as tensões multiplicando
pelo coeficiente de winkler.
p = K ⋅y

No caso de viga de fundação, calcula-se a tensão nos


bordos a partir do deslocamento vertical, mais o
produto da rotação da secção pela distância do eixo Fig. 2.2
introduzido em cada bordo. Incluem-se num ficheiro de
texto os pontos e a tensão de todos os nós que
superarem a tensão admissível definida para o terreno,
e nos bordos, os que superarem em 25% a tensão
admissível.

2.7. Cálculo de lajes e vigas de


fundação
Como se comentou anteriormente, as lajes e vigas de
fundação calculam-se como um elemento mais da
estrutura, realizando portanto um cálculo integrado da Fig. 2.3
fundação com a estrutura.
Observe como os pilares com ligação exterior (sapatas
Se tiver definido pilares com ligação exterior cujos isoladas) não têm assentamentos (deslocamentos
deslocamentos estejam restringidos ou se tiver definido verticais = 0), enquanto que as lajes e vigas têm
vigas de apoio, que também têm restringidos os seus assentamentos em função do estado de cargas,
deslocamentos, deve ser prudente na utilização dimensões, geometria da estrutura e coeficiente de
combinada com as lajes e vigas de fundação. winkler, dando como resultado uma deformada da
É um caso similar à utilização de fundações profundas estrutura que não seria a real.
e superficiais, ou simplesmente sapatas ou maciços de Se o terreno for bom, com um valor alto do coeficiente
encabeçamento de estacas isolados que se calculam de winkler, esses assentamentos diferenciais não são
sobre apoios com vinculação exterior e coexistem com preocupantes, uma vez que serão muito pequenos.
vigas e lajes na mesma fundação. Mas quando for mau, e além disso aumentar o número
Um exemplo: Planta de fundação de um pequeno de pisos e, portanto, as cargas, devem-se tomar outras
edifício. precauções, que seriam as seguintes.
Em primeiro lugar calcular as dimensões das sapatas
isoladas. Conhecidas as mesmas, introduzi-las como

CYPE
CYPECAD - Memória de Cálculo 77

pequenas lajes rectangulares à volta dos pilares, Poderá conhecer os resultados das armaduras e os
previamente eliminada a ligação exterior. assentamentos previstos (com o módulo de winkler
considerado) por hipóteses das lajes introduzidas,
Desta maneira, calculam-se todos os elementos de
consultando no comando Deslocamentos máximos e
fundação sobre um leito elástico e existirá uma
nos nós em Envolventes como em qualquer laje de
compatibilidade de deformações sem ligações externas
piso.
que impeçam os movimentos da mesma.
Do mesmo modo que se advertiu sobre as precauções
Os lintéis entre sapatas (pequenas lajes) não se
a ter em conta na utilização de pilares e de paredes
introduziram. Se realmente os quiser considerar no
cujo arranque pode estar com ou sem ligação exterior,
cálculo, tem duas possibilidades:
comenta-se a problemática que poderia surgir com a
Como viga normal, em cujo caso não colabora, nem utilização da simulação de apoios, para muros de cave
transmite tensões ao terreno. É como se estivesse ou similares.
atando, colocando umas quantidades mínima na viga:
Já se mencionaram noutros capítulos as precauções na
utilização dos apoios, que se ilustra com um exemplo:
Num edifício a laje do elevador está apoiada
perimetralmente num muro de alvenaria ou muro de
betão.
O erro que se pode cometer ao utilizar um apoio móvel
em vez de um apoio fixo é importante perante acções
horizontais.
Fig. 2.4
Perante movimentos verticais, em ambos casos
Como viga de fundação, em cujo caso colabora e cometer-se-ia algum erro, no caso de o edifício ser alto
transmite tensões ao terreno: (> 15 pisos), no qual os encurtamentos elásticos do
betão em pilares fosse significativo e as partes da
estrutura vinculadas ao apoio logicamente não se
encurtam nada (mov. verticais = 0), criando-se um
efeito não real de assentamentos diferenciais.

Fig. 2.5

Os resultados em ambos os casos são diferentes.


Depois disto feito, recalcule de novo a obra. Obterá um
cálculo integrado da fundação com a totalidade da
estrutura, no segundo caso. No primeiro, como o lintel
não faz nada, pelo menos facilita-lhe o desenho.

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78 CYPECAD - Memória de Cálculo

mover verticalmente, transmitindo a carga que


descia por ele até ao apoio que, definitivamente, é
uma ligação exterior e, por isso, não
transmitindo aos níveis inferiores carga alguma.

Fig. 2.7

Neste caso, o programa não admitirá que exista


uma fundação por laje ou viga nos níveis inferiores
dos pilares atravessados por um apoio, emitindo
Fig. 2.6 uma mensagem informativa.

No caso de utilização conjunta de apoios (simulação de Com ligação exterior o programa não avisa, mas
vigas) nos pisos inferiores por existência de muros de estará mal se depois se pretender calcular uma
cave, com lajes e vigas de fundação, devem-se adoptar sapata, visto que o esforço axial se anula (N=0)
as seguintes precauções, distinguindo-se dois casos: nos pisos abaixo do apoio em muro.

1. O apoio passa por pilares • Se tiver separado o apoio em muro de todos os


pilares em que toca e não houver ligação com a
• Se não se tiver separado o muro dos pilares, a laje, por exemplo:
ligação do pilar ao muro é tal que não se pode

CYPE
CYPECAD - Memória de Cálculo 79

Fig. 2.8 Fig. 2.9

A carga do pilar desce aos níveis inferiores e pode- Vê-se com mais clareza o exemplo no qual o pilar é
se introduzir uma fundação por viga ou laje. maior que a espessura do muro.

Além disso, e para que não possa haver Neste caso pode acontecer que parte da carga
transmissão de cargas ou suspensão da estrutura desça para níveis inferiores e que outra parte se
do apoio, defina um bordo articulado nesse pano transmita ao apoio. Mas, em qualquer caso, o
em contacto com o muro. cálculo estará mal se na base se introduzirem vigas
ou lajes de fundação nestes pilares, circunstância
Também pode utilizar a opção articular/desligar. que também acontece se tiver uma ligação exterior.
• Neste caso, da mesma forma do anterior, e se a 2. O apoio não passa por pilares nem paredes.
laje for fungiforme aligeirada ou maciça, embora se Geralmente, este caso não apresenta problemas,
separe o muro dos pilares, a carga do pilar pode- mas deve-se fazer as seguintes considerações:
se suspender da laje e transmitir-se até ao apoio:
• O apoio está muito próximo dos pilares.

Fig. 2.10

CYPE
80 CYPECAD - Memória de Cálculo

Neste caso é possível que parte da carga dos apoio e verificar que não há alteração de sinal no
pilares dos pisos superiores se bifurque no apoio e diagrama de esforços transversos, assim como um
não baixe toda a carga para a possível laje ou viga valor alto dos mesmos, o que é uma prova
de fundação. Basta consultar o diagrama de inequívoca de transmissão de cargas ao muro.
esforços transversos nos nós entre os pilares e o

Fig. 2.11

Se encontrar este problema, o aconselhável é conjunta, efectuando posteriormente as correcções


eliminar o apoio e simulá-lo de forma fictícia através oportunas devido à não consideração da rigidez do
de pilares e de uma viga alta entre eles. Pôr nesses muro.
pilares fictícios o mesmo tipo de fundação que na
fila de pilares paralela da estrutura e, se realmente • O apoio está a uma distância aproximada aos vão
estiverem muito próximos, fazer uma fundação normais do edifício.

Fig. 2.12

CYPE
CYPECAD - Memória de Cálculo 81

Se observar que os diagramas de esforços transversos, altura útil do bordo do pilar, com uma largura igual ao
como neste exemplo, mudam de sinal nas vigotas pilar mais uma altura útil.
perpendiculares ao muro, não é preciso tomar nenhuma
Verifica-se que não supera a tensão tangencial nessa
precaução especial, podendo definir vigas e lajes de
secção, a tensão limite sem necessidade de reforço ao
fundação nos pilares.
punçoamento. Se superar essa tensão, emite-se uma
Tenha em conta todas as explicações e indicações mensagem de erro. Neste caso deve-se aumentar a
realizadas na presente memória quando utilizar de forma altura para a proposta pelo programa para não ter que
conjunta fundações sobre solo elástico, pilares com reforçar ao punçoamento.
ligação exterior e apoios, assim como o facto de um
cálculo integrado da fundação.
2.9.2. Lajes
O dimensionamento de lajes de fundação é idêntico às
2.8. Resultados do cálculo lajes normais, e aplicam-se os mesmos critérios, em
Consultam-se da mesma forma que as vigas e lajes particular, as opções definidas para elementos de
normais, podendo-se modificar e obter desenhos com a fundação, percentagens de armaduras, disposições de
mesma metodologia. armadura, tabelas, etc. (Consulte a Memória de Cálculo
e opções particulares do programa).

2.9. Verificação e dimensionamento de


2.10. Recomendações gerais
elementos
2.10.1. Lajes
2.9.1. Vigas
A escolha da altura mínima é importante, e não deve ser
Realiza-se o dimensionamento da mesma forma que inferior a um décimo do vão de cálculo entre apoios
numa viga normal, tendo em conta os parâmetros, mais 20 cm. Se for possível dar uma consola perimetral,
percentagens de armaduras e tabelas definidas em será mais rentável e dar-se-ão menores tensões nos
opções para as vigas de fundação. bordos, além de evitar problemas de punçoamento.
No caso particular de vigas em ⊥ou L, calcula-se a
flexão transversal das abas, obtendo-se uma armadura
por flexão Asf. Obtém-se a armadura por efeito transição 2.10.2. Vigas
Asp e verifica-se a armadura na união aba-alma Asa, Escolher secções transversais que tenham uma rigidez
colocando-se a maior das duas, somando a de flexão. mínima, sobretudo em secções tipo T, L, limitando a
ASTOTAL = MAX(Asp, Asa)+ Asf relação consola/altura a 2, para que seja válida a
hipótese de deformação plana.
Compara-se essa armadura com a obtida por transverso
na alma e coloca-se a maior das duas, tanto na alma
como nas abas, com igual diâmetro e separação.
! Consulte os erros em vigas ao terminar o cálculo.
De forma opcional, realiza-se a verificação ao esforço
transverso e punçoamento numa secção situada a meia

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82 CYPECAD - Memória de Cálculo

3. Muros
Muros de Alvenaria resultados do cálculo, não esquecendo que as ‘tracções
que possam aparecer’ não são reais, pelo que se devem
Muros de Betão Armado consultar esses valores em Envolventes, Esforços em
muros, e verificar que são nulos ou muito pequenos.
Muros de B.A. de Cave (com impulso de Num exemplo pode ficar bem claro:
terras)
Podem-se seleccionar dois tipos de muros ou paredes:
• Muro de Betão Armado
• Muro de Alvenaria
Discretização. Em ambos os casos realiza-se através
de elementos finitos triangulares de seis nós de lâmina
Fig. 3.1
espessa, tal como se explica na Memória de Cálculo.
A alvenaria de tijolo em tracção, como se fosse um
A fundação pode ser ‘com ou sem vinculação exterior’.
tirante, não é real, mas pode-se calcular e obter
A sapata ou a viga, para efeitos longitudinais e resultados, pelo que se deve ter especial atenção no
torsionais, considera-se sobre um leito elástico controle de tais resultados.
(Winkler), quando é ‘sem vinculação exterior’.
Com vinculação exterior, pode-se calcular uma sapata
contínua. O muro pode apoiar sobre uma viga ou laje de 3.1.1. Características dos muros de
pavimento quando se define ‘sem vinculação exterior’, alvenaria
com um apoio. Os valores solicitados para definir as propriedades
mecânicas dos muros de alvenaria são os seguintes:
A seguir explica-se as peculiaridades de cada tipo.
• Módulo de elasticidade E = 1 GPa (valor por
defeito) deve-se estimar o valor de E como:
3.1. Muros de alvenaria σc
E=
Entendem-se como tais os construídos por métodos ε
tradicionais como as alvenarias resistentes de tijolo ou
blocos de betão. sendo:
σ: Tensão de cálculo em compressão do muro de alvenaria
O comportamento dessas alvenarias não é linear, pelo
ε: Deformação unitária do material
que a discretização efectuada e a consideração de
elemento linear não são adequadas, mas são as únicas
disponíveis no programa. Sempre que os esforços e
tensões não forem muito elevados, podem-se aceitar os

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CYPECAD - Memória de Cálculo 83

O valor por defeito que se fornece com o programa Não é aconselhável a utilização de impulsos do terreno,
pode-se estimar supondo uma tensão de cálculo de embora o programa permita, devendo assegurar-se, se
1000 kN/m2 e uma deformação unitária de 1‰, logo: o utilizar, da resistência da alvenaria perante os
impulsos horizontais.
1000
E= = 1000000 kN / m2 = 1 GPa
0.001
Coeficiente de Poisson; Estima-se em 0.2 3.1.3. Utilização correcta dos muros de
Peso específico: 15 KN/m3 alvenaria
Resistência de cálculo: 2 Mpa A utilização dos muros de alvenaria deve-se fazer com
A rigidez transversal considera-se nula prudência, tentando que o modelo introduzido se ajuste
O programa verifica o estado tensional do muro de à realidade física.
alvenaria, de acordo com as combinações de betão
Nos casos habituais de edifícios, é possível utilizá-los
definidas, e supondo que a resistência à tracção é 10%
nos que a seguir se mencionam. Aconselha-se seguir as
da compressão, e se superarem tais valores em mais de
seguintes recomendações.
10% da área do muro, emite-se uma mensagem no fim
do cálculo que adverte de compressões ou tracções
excessivas.
Lajes ‘térreas’ (de utilização frequente em
Espanha)
São as que se constroem sobre o plano de fundação a
3.1.2. Introdução dos muros de alvenaria
uma altura pequena (< 1 metro), deixando uma câmara
Deve-se indicar os seguintes dados: de ar que cumpre uma função isolante.
1. Grupo inicial e Grupo final É habitual construir uma sapata contínua ou viga de
2. Espessura do muro (semi-espessuras esquerda e fundação que sustenta o muro de alvenaria de pequena
direita) altura, e que serve de apoio às vigotas da laje ‘térrea’.
Normalmente a laje será autoportante, uma vez que
3. Impulsos pode não ser possível colocar nem retirar escoramento
ou apoios por falta de espaço. Estudam-se a seguir os
4. Tipo de apoio diferentes casos possíveis.
• Viga de fundação A direcção dos muros de alvenaria coincide com
• Sapata contínua de fundação alinhamentos de pilares das estruturas.

• Com vinculação exterior (com ou sem sapata)


• Sem vinculação exterior (viga de apoio)
Para as vigas e sapatas definem-se as consolas
esquerda e direita e a sua altura, e se apoiar no terreno,
o coeficiente de winkler e a tensão admissível do
terreno.
Fig. 3.2

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84 CYPECAD - Memória de Cálculo

1. A fundação dos pilares é por sapatas isoladas elasticidade do muro ao mínimo (E=1000) e verificar
que se calcularão com CYPECAD de forma com um novo cálculo os resultados. Para poder detectar
conjunta. Neste caso, em que os pilares se definiram este efeito, o que observando as armaduras e com
com apoio fixo em fundação, isto é, ‘com vinculação alguma experiência é possível, pode também tirar uma
exterior’, para serem compatíveis tem de se definir o cópia da obra, eliminar a laje, substituindo os muros por
apoio do muro de alvenaria ‘com vinculação cargas lineares sobre a laje e calcular e comparar
ambos resultados.
exterior’ , com sapata contínua, fixando as
dimensões mínimas que desejar. Dado que a fundação é por laje maciça, poderá obter
todos os resultados dentro do programa, assim como os
Assim, consegue-se que a carga dos pilares não se desenhos.
estenda ou transmita pela conexão com o muro de
alvenaria. Pode-se verificar consultando em 3. A fundação dos pilares do edifício é por vigas de
Envolventes, Esforços em Pilares, vendo o esforço fundação, coincidentes com os muros de
axial do primeiro tramo que deverá ser maior ou igual alvenaria.
ao do piso imediatamente superior.

Fig. 3.3
Fig. 3.4
2. A fundação do edifício é uma laje.
O que deve fazer é calcular as reacções da laje ‘térrea’
Aconselha-se o mesmo que no caso anterior, isto é, como cargas lineares, e introduzi-las sobre as vigas de
introduzi-la, mas neste caso ‘sem vinculação exterior’, fundação do edifício.
visto que o muro de alvenaria se apoia na laje de
fundação, mas deve-se introduzir uma viga de fundação Crie outra obra e introduza apenas a laje ‘térrea’ (e os
debaixo do muro. pilares) definindo o muro “com ligação exterior” como se
indicou no ponto 1.
Aconselha-se introduzir a viga de apoio, que realmente
ficará embebida na laje de fundação, com consolas
igual a zero (sem consolas) e como altura a espessura
da laje. O módulo de winkler e a tensão do terreno ! Não deve nunca definir o muro de alvenaria com viga ou
também igual à laje. sapata de fundação, utilizando-a como fundação conjunta
dos pilares definidos ‘sem ligação exterior’, pois apesar do
Neste caso, pode-se dar alguma singularidade ou efeito cálculo de tensões poder ser aceitável, a armadura da viga
de rigidização do próprio muro de alvenaria com a laje, ou sapata do muro de alvenaria será incorrecto e além do
sobretudo se utilizar um muro alto ou se aumentar o ponto de vista da segurança, com armaduras menores que
módulo de elasticidade do muro de alvenaria. Se este as necessárias, devido à junção da viga de fundação com o
efeito chegar a produzir-se, tente reduzir o módulo de muro de alvenaria e a laje ‘térrea’, que produz um efeito

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CYPECAD - Memória de Cálculo 85

‘Vierendel’ do conjunto, transmitindo-se parte da carga do Muros de alvenaria entre lajes


pilar pelo muro de alvenaria e descarregando o pilar na sua
Se se utilizarem os muros de alvenaria para apoiar parte
base, com o que se obtêm uns resultados que não se
adaptam à realidade física da construção. de uma laje superior noutra inferior, que é o habitual,
deve recordar que o mais importante é assegurar que,
para o desenho estrutural que se realiza e para as
cargas aplicadas, o muro de alvenaria trabalhe
4. A fundação do edifício é conjunta e mista, com realmente em compressão e que transmita carga, em
sapatas, lajes e vigas de fundação. vez de se comportar como um tirante, para o qual será
um elemento estrutural inadequado, como se indicou na
Neste caso o problema é complexo, e aconselha-se a Fig. 3.1 deste capítulo.
consultar o indicado nos pontos anteriores 1 a 3, e o
capítulo Lajes e vigas de fundação. Por conseguinte, deve apertar o controle dos resultados
das tensões, para que o muro trabalhe normalmente em
Em qualquer caso recorde que não se devem misturar compressão, e que em qualquer caso possam aparecer
pilares que nascem ‘com ligação exterior’ e outros ‘sem pequenas tracções, neste caso desprezáveis, pela
ligação exterior’, devido aos ‘assentamentos diferentes’ própria imperfeição do modelo estrutural utilizado.
que se podem produzir, e a implicação nos resultados
do cálculo, pela utilização de um modelo inadequado. Neste ponto definem-se sempre como ‘sem ligação
exterior’, dando à viga de apoio as consolas e alturas
que considerar oportuno.
Normalmente as consolas serão zero, e deverá pôr
! Nestes casos pode ter interesse realizar um primeiro como altura a da laje na qual se apoia, assegurando-se
cálculo com todos os pilares “com ligação exterior”, e
que seja assim. Quando um muro de alvenaria se apoia
depois introduzir laje e vigas de fundação de acordo com
as cargas transmitidas e as tensões do terreno, procurando numa laje de vigotas pré-fabricadas, perpendicularmente
homogeneizá-las. Verifique por último se tensões e às vigotas, em teoria, repartirá a carga sobre as vigotas
assentamentos (deslocamentos) são compatíveis e com de forma sensivelmente proporcional.
valores razoáveis.

A direcção dos muros de alvenaria não coincide com


os pilares. Neste caso não se tem problemas de ligação
dos muros de alvenaria com os pilares.
Continua a ser válido tudo o que foi dito no caso
anterior, realçando a importância de não misturar Fig. 3.5
elementos estruturais que se definem como apoios ‘com
ligação exterior’ e ‘sem ligação exterior’. Se o diagrama de momentos das vigotas reflectir a
transmissão das cargas, será como se mostra na figura
seguinte:

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86 CYPECAD - Memória de Cálculo

Dada a complexidade das estruturas, e a diversidade de


casos que permite a introdução de dados do programa,
aconselha-se utilizá-lo nos casos necessários, e
controlando adequadamente os seus resultados.
A aplicação dos muros de alvenaria é muito ampla, uma
vez que se pode utilizar para estruturas de pouca altura
Fig. 3.6
como paredes de carga, apoio de lajes de elevadores, e
Se, ao contrário, se produzir um efeito de apoio, qualquer tipo de parede no conjunto da estrutura de um
significará que há tracções no muro de alvenaria, dando- edifício.
se diagramas de momentos nas vigotas como segue:
Quando um muro de alvenaria se apoia em fundação,
recorde que colaborará para absorver acções
horizontais, caso inevitável, pois têm rigidez, logo deve-
se considerar tal caso, se não se quiser que isto
aconteça, como pode ser o caso de pisos ‘térreos’ e
muros de alvenaria dos primeiros pisos do edifício.
No caso de pisos ‘térreos’, quando o vento actuar na
Fig. 3.7 direcção dos muros de alvenaria, os pilares ficam quase
Reveja neste caso ‘o porquê’ de ter o muro em tracção. encastrados ao nível de laje ‘térrea’, o que em parte é
lógico.
Também pode acontecer que o muro actue como viga-
parede, se cruzarem vigas perpendiculares ao muro, Um caso distinto seria o que se mostra na figura
que se apoiará nas vigas, suspendendo a laje inferior. seguinte.

Fig. 3.8 Fig. 3.9

Desta forma invalidar-se-á o efeito de transmissão da Quando actuar o vento, o muro de alvenaria que
carga, visto que a rigidez longitudinal do muro não é apresenta uma grande rigidez na direcção do vento,
real. absorverá praticamente toda a acção horizontal.

Por conseguinte, deve-se utilizar com prudência entre Se não desejar que isto aconteça, faça um cálculo
lajes, e analisar os resultados nos elementos eliminando a parte de laje e muro, colocando as suas
sustentadores e sustentados. reacções. Numa cópia, acrescente o muro e a laje
restante e calcule, para poder dar o desenho do piso.

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CYPECAD - Memória de Cálculo 87

É importante que tenha sempre presente a rigidez dos


muros de alvenaria, pois produzem um efeito de
travamento que se deve ter em conta, se assim se
desejar.

3.2. Muros de betão armado


Podem-se distinguir pelo seu comportamento estrutural
dois tipos utilizáveis, apesar de para efeitos do
programa serem idênticos e apenas haver um tipo,
dependendo dos dados que fornecer:
• Muros de cave de betão armado
• Muros (paredes) de betão armado
Fig. 3.10

O programa permite que possam existir impulsos em


3.2.1. Muros de cave de betão armado ambos os paramentos do muro, e associados a
hipóteses de acções diferentes, que se tratam
A sua utilização habitual é para a construção de um
posteriormente através das combinações de cálculo de
muro perimetral de cave com uma dupla função, resistir
toda a estrutura. É aconselhável tratá-la como uma
aos impulsos do terreno, e suportar as cargas
sobrecarga, e melhor ainda como sobrecarga separada,
transmitidas pela estrutura à fundação.
uma vez que os impulsos podem actuar ou não, com
independência do resto do edifício.
Dados a introduzir A definição genérica de um corte de muro com impulsos
Os dados a introduzir são idênticos aos indicados para poderá ser a Fig. 3.10. Fazem-se as seguintes
os muros de alvenaria, mas as suas propriedades considerações:
mecânicas, determina-as o programa internamente, ao • Despreza-se o atrito terras-muro, logo a direcção do
considerar-se as propriedades do betão armado. impulso é horizontal.
Neste caso, é imprescindível a definição dos impulsos • Calcula-se o impulso considerando o ‘impulso em
do terreno. repouso’: λh = 1 - senφ, (φ: ang. atr. interno).
• Por baixo da cota da rocha, anulam-se os impulsos,
excepto os hidrostáticos se os houver.
• Tem-se em conta a evacuação das águas por
drenagem ao longo da altura do terreno, por
saturação ou infiltração. O seu efeito considera-se
adicionando um impulso hidrostático à mesma cota
que o terreno, multiplicando o seu impulso pelo

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88 CYPECAD - Memória de Cálculo

inverso da percentagem de evacuação por


drenagem.
100 − %evacuaçao
Coef.impulso =
100
isto é, quando se diz 100% de evacuação por
drenagem, não existe impulso adicional, pois
100 − 100 100 − 0
= 0 , e quando for 0%: = 1 , é como
100 100
se o nível freático estivesse ao nível do enchimento.
• Abaixo do nível freático, considera-se o enchimento
com a sua densidade submersa para efeitos de
impulso, mais o impulso hidrostático.
Fig. 3.11
• Não se considera o peso das terras sobre as
senα
consolas da sapata, tanto para o cálculo de tensões pq = λ ⋅ ⋅q
sobre o terreno, como para o dimensionamento da sen ( α + β )
mesma.
sendo:
• Pode-se definir o enchimento com um talude λ: o coeficiente de impulso horizontal segundo o tipo de
inclinado, indicando o ângulo do talude. impulso que se tiver (activo, passivo ou em repouso)
α: ângulo de inclinação do paramento do muro (no programa
• São definíveis cargas sobre o enchimento dos considera-se 90 °)
seguintes tipos:
β: ângulo de inclinação do enchimento
a) carga uniforme distribuída
b) carga em banda paralela ao coroamento b) Impulsos produzidos por uma carga em banda
c) carga em linha paralela ao coroamento paralela ao coroamento
d) carga pontual ou concentrada em áreas
reduzidas (sapatas). O impulso horizontal que uma sobrecarga em banda
produz, para o caso de tardoz vertical e terreno
Indica-se a seguir a formulação aplicada: horizontal seguindo a Teoria da Elasticidade vale:
a) Impulsos produzidos por uma sobrecarga
uniformemente distribuída.
Se aplicar o método de Coulomb, o impulso horizontal
produzido por uma sobrecarga uniformemente
distribuída de valor q por unidade de comprimento de
talude vale:

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CYPECAD - Memória de Cálculo 89

Fig. 3.12
Fig. 3.13
2q
pq = [β − senβ cos 2ω] pq =
q
sen 2 2ω
π π⋅z
sendo:
d) Impulsos produzidos por uma carga pontual ou
pq: pressão horizontal
concentrada em áreas reduzidas (sapatas)
q: carga em faixa, por unidade de superfície
β e ω são os ângulos que de desprendem da figura. Utilizou-se o método baseado na Teoria da Elasticidade.
O impulso horizontal que uma sobrecarga pontual
produz para o caso de tardoz vertical e terreno
c) Impulsos produzidos por uma carga em linha horizontal é:
paralela ao coroamento
Utilizou-se o método baseado na Teoria da Elasticidade.
O impulso horizontal que uma sobrecarga em linha q
produz para o caso de tardoz vertical e terreno
horizontal é:

Fig. 3.14

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90 CYPECAD - Memória de Cálculo

q n2 verticais e horizontais. Na realidade pode substituir as


Se ( m < 4 ) pq = 0.28 ⋅ ⋅ Paredes que se definem em Entrada de pilares do
H 0.16 + n2  3
2
  programa, sendo além disso mais versátil, ao poder unir-
q 2 2
m n se com pilares; estar apoiado em pilares, e pilares
Se ( m ≥ 4 ) pq = 1.77 ⋅ 2 ⋅ embebidos ou que nascem em qualquer nível do muro,
H m2 + n2  3
  com dimensões maiores ou menores que a espessura
do muro; unir-se muros entre si que nascem e terminam
em pisos diferentes, etc.
Utilização correcta dos muros de cave de betão
Vejamos alguns exemplos de muros (Fig. 3.15).
armado
Podem-se definir quanto ao seu apoio:
• Com vinculação exterior: solução adequada quando
o resto dos pilares da estrutura se definam assim.
Pode-se definir sapata contínua do muro e obter o
cálculo.
• Se a solução de fundação for uma laje, pode
introduzir o muro sobre a laje ‘sem vinculação
exterior’ com uma viga sem consolas, e altura igual
à da laje. Defina-a como viga com os dados do
terreno iguais aos da laje.
• Se todos os pilares da estrutura apoiarem em vigas
e lajes, isto é, ‘sem vinculação exterior’, introduza a
sapata contínua debaixo do muro, para o que deve
fazer um pré-dimensionamento da largura da
sapata. Para isso, estime o valor da carga linear
transmitida pela estrutura, some o peso do muro, e
divida pela tensão admissível.
A solução de fundação do muro pode ser viga ou
sapata, sendo aconselhável esta última.
Também se pode calcular toda a estrutura ‘com
vinculação exterior’, e a sapata contínua sob o muro, Fig. 3.15
com o que obteria o pré-dimensionamento da sapata.
Convém recordar novamente a consideração de
diafragma rígido ao nível de cada piso, pelos
impedimentos que supõem o livre deslocamento dos
3.2.2. Muros (paredes) de betão armado muros.
Podem-se definir ‘muros de cave de betão armado’ sem
impulsos, pelo que se converte numa parede resistente, A união dos muros e das lajes considera-se em geral
como uma parede para efeitos de resistir a cargas como encastrada. Como existe a opção de coeficiente

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CYPECAD - Memória de Cálculo 91

de encastramento em bordos de panos, será possível No entanto, defina a própria viga de fundação do
nesses bordos de união definir um coeficiente de muro, e una com a viga de fundação de outras
encastramento menor que 1, até chegar à articulação. partes da estrutura.
Para estes casos dever-se-á dispor em desenhos o
correspondente pormenor construtivo que materialize o
pressuposto considerado.
Quando se define um muro ‘sem ligação exterior’,
Fig. 3.16
devem-se dar as dimensões da viga inferior na qual
nasce o muro. • Recorde o já dito, não misturar elementos sobre
solo elástico (sem vinculação exterior), com
elementos ‘com vinculação exterior’.
3.2.3. Utilização correcta dos muros de • A hipótese de diafragma rígido ao nível de piso
betão armado existe sempre, pelo que apesar de não se introduzir
Recorde que: laje, mantém-se essa hipótese, pelo que não se
podem utilizar os muros de cave com impulsos de
• Se nascer de uma laje, coloque como altura da terras como muros de suporte, uma vez que se
viga, a da laje, que será o mais normal. Pode supõe que existe uma laje ao nível da cabeça do
acontecer que a viga tenha continuidade ou esteja muro, e nos pisos intermédios, se existir.
no prolongamento com outras vigas da estrutura,
em cujo caso se deve dar as mesmas dimensões. • Supõe-se que os impulsos do terreno são
transmitidos às lajes, e que se absorvem pelas
Controle a armadura das vigas, e una as armaduras mesmas como um diafragma rígido, mas não se faz
precisas para dar continuidade sem emenda das nenhuma verificação nem em lajes nem em vigas à
armaduras, com o editor de armaduras de vigas. compressão ou à tracção. Neste sentido, convém
• Um muro nunca pode nascer de uma viga existente destacar e recordar o seguinte.
nem coincidir emendando-se com outras nos pisos
sucessivos que atravessa, inclusive no que termina.
Aparece uma mensagem que avisa desta
circunstância e impede a sua introdução.
• Se nascer de fundação, e na lógica é alargada, a
solução de sapata contínua pode ser a mais
adequada, mas também a pode definir ‘sem ligação
exterior’ e fazer com que nasça de um
ensoleiramento.
Neste caso recorde que deve definir uma viga de
consolas zero, altura igual à da laje; tensão Fig. 3.17
admissível e coeficiente de winkler como o da laje.
As lajes de vigotas, se forem paralelas ao muro,
Não se pode apoiar numa viga de fundação
oferecem uma débil resistência que deve ser absorvida
existente.
pelas vigas nas quais se apoiam.

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92 CYPECAD - Memória de Cálculo

Se, além disso, as vigas ficarem livres, com aberturas


contíguas ao muro, trabalharão como escora que devem
ser dimensionados à compressão. • Como viga de fundação
Dado que as vigas normais se dimensionam apenas à Se definir assim, dimensiona-se exactamente da
flexão simples, devem-se mudar para ‘vigas inclinadas’, mesma forma que as vigas de fundação (à flexão
que se dimensionam à flexão composta. simples).
Se existir uma abertura muito grande, o cálculo pode ser As percentagens mínimas, como elementos de
incorrecto, visto que há uma deformação do muro na fundação, serão as indicadas em Opções para lajes
abertura não prevista no modelo de cálculo. de fundação.

• Como sapata contínua


Consulte o ponto Sapata contínua sob o muro
desta memória.

Fig. 3.18

Convém ter sempre em conta todas as observações 3.3. Conselhos práticos para o cálculo
indicadas. de muros de cave de betão armado
em edifícios
3.2.4. Dimensionamento do muro Leia o conteúdo da mensagem que aparece no ecrã
quando prime Introduzir Muro, pois, em muitos casos,
Faz-se uma distinção quanto às quantidades mínimas
pode ser mais rápido e eficaz seguir o conselho que se
de armadura horizontal:
indica. Utilize a opção Artic./Desc., que permite desligar
• Com impulso de terras, o indicado na norma. os ‘apoios em muro’ dos pilares, sem necessidade de
introduzir os muros de cave. Neste caso recorde que as
• Sem impulsos: como as paredes. cargas da laje transmitidas ao apoio em muro, não se
Verificação de tensões. Ao terminar o cálculo, aparece transmitem aos pilares; e se utilizar posteriormente o
uma mensagem nas vigas ou sapatas que superam a programa Muros de Cave de Elementos Estruturais de
tensão, quer a média seja maior que a tensão admissível uma planta, deve-a somar à dividida pelos pilares.
do terreno, quer a máxima em bordo supere em 25% a Consulte o exemplo do Manual desse programa.
tensão do terreno.
Não introduza estruturas cujo modelo seja incoerente
Se tudo cumprir não se emite nenhuma mensagem. com o comportamento real do edifício.
Destacamos o mais importante do referido, para
edifícios com lajes de vigotas e de fundação por sapatas
3.2.5. Dimensionamento da fundação
isoladas com muro perimetral de cave, que é uma
Podem-se definir de duas maneiras diferentes. tipologia habitual em estruturas de construção.

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CYPECAD - Memória de Cálculo 93

Aqui surge o primeiro problema que deve ter sempre quando toda a fundação for ‘com vinculação exterior’.
presente: Pode fazê-lo com a sapata do muro.
A. Se introduzir os pilares interiores ‘com vinculação • Para obter o desenho de planta da fundação
exterior’, para os calcular como sapatas isoladas com formada pelos muros de cave e pelas sapatas e
CYPECAD, o muro de cave deve-se definir ‘com lintéis, terá de obter os desenhos:
vinculação exterior’ para que não assente o perímetro
em relação ao resto dos apoios. Define sapata contínua • Desenho de Plantas de Lajes, Grupo 0 (em
para o muro. CYPECAD) em formato DXF (ou no grupo que se
tiver definido).
B. Se os pilares interiores forem ‘sem vinculação
exterior’, arrancarão em vigas ou lajes de fundação, em • Desenho de Alçado de Muros (em CYPECAD).
cujo caso se pode definir a fundação do muro sobre Complete os desenhos com os pormenores construtivos
sapata contínua, ou viga sobre solo elástico (sem pertinentes da Biblioteca de Pormenores.
vinculação exterior).
Se todos os pilares se fundearem numa laje contínua
que chega até ao muro perimetral, pode definir por 3.3.1. Revisão dos resultados de cálculo do
baixo do muro uma viga de fundação sem consolas (esq muro
= dir = 0), a mesma altura da laje, e o mesmo Terminado o cálculo, deve rever a sapata do muro e o
coeficiente de winkler. alçado do muro. É possível que apareçam na
Terminado o cálculo e para obter os desenhos, deve informação final de erro do cálculo, dois tipos de
proceder da seguinte maneira: mensagens referentes às tensões transmitidas pela
sapata ao terreno, indicando que se superou a tensão
• Obter o desenho do muro. Na secção do muro, no admissível do terreno, ou no bordo em 25%, indicando-
arranque indica-se ‘Ver pormenor de vigas’, que se o grupo, pórtico e viga no qual se produz, assim
deve mudar para ‘Ver desenho de laje de fundação’. como o valor σ da tensão transmitida.
Os arranques são válidos. Se tiver realizado o
desenho de vigas do Grupo 0 (fundação onde Pode fazer o seguinte:
normalmente se encontra a laje), elimine essas vigas
• Coloque-se no grupo indicado, que normalmente
por baixo do muro ou simplesmente não desenhe
será o Grupo 0, se introduziu a fundação nesse
esse desenho.
nível.
• Obtenha os desenhos da laje de fundação, com a
• Prima Pórticos, Ver Pórticos e tecle o número do
configuração de desenhos e armaduras que
pórtico que deseja rever; ficará vermelho brilhante.
habitualmente utilizar, e adicione o pormenor
construtivo ‘Arranque de Muro em Laje de Esta ou viga de fundação será a que deve modificar
Fundação, CCM013’, assim como todos os que para que cumpra tensão. Para isso, pode aplicar uma
considerar adequados às condições reais do regra simples:
projecto, encontro com lajes, coroamento, etc.
Seja B a largura actual da sapata, a nova largura B’
C. É habitual dispor vigas de equilíbrio perpendiculares deveria ser igual a:
ao muro de cave e aconselhável a sua utilização,

CYPE
94 CYPECAD - Memória de Cálculo

σ Pode modificar espessuras, em cujo caso recorde que


B' = B⋅ pode afectar os resultados do cálculo, sendo necessário
σadm.
o recalcular a obra se as modificações forem grandes.
Exemplo: B = 0.60, Tadm = 200 KN/m2, T = 225 KN/m2
Também pode modificar armaduras, ficarão a vermelho,
225 quando não cumprirem.
B ' = 0.60 ⋅ = 0.675 m ⇒ adoptamos B' = 0.70 m
200 No diálogo Edição de Armadura aparece o botão
Para corrigir esse valor, deve decidir ainda se mantém a Factor de Cumprimento; prima-o e leia a sua
altura ou se também a vai aumentar: explicação. Este é um parâmetro de grande utilidade:

• Se não aumentar a altura. Vá ao comando Erros de Quando se calcula a armadura, dispõe-se de maneira
vigas, no campo de largura, introduza o novo valor que em todos os pontos (nós da malha de elementos
(70), premindo Corrigir. Prima Aceitar. finitos) do alçado do muro, se supere a % de
cumprimento da armadura do valor indicado. Como os
• Se aumentar a altura. Com o comando Editar, esforços variam nos distintos pontos, quer seja por
seleccione o muro e nos dados da sapata, aumente impulsos, cargas transmitidas por vigas, laje e pilares,
a consola em 10 cm e a altura no valor que desejar. produzem-se concentrações de esforços que são
Prima Aceitar. maiores em determinadas zonas críticas, como é o
encontro com a laje (que é muito rígida, pela acção de
Aparecerá uma mensagem informativa. Recorde que é
diafragma horizontal), no arranque ou na intersecção
muito importante ler todas as mensagens.
com outros muros. Ao ter de colocar uma armadura
De seguida, decida entre recalcular a obra, ou rearmar. envolvente que cubra estes ‘picos de esforços’, é
possível que esteja a penalizar a armadura geral ao
Se decidir rearmar, vá a Calcular, Rearmar Pórticos colocar mais do que o necessário na maior parte do
com modificações e obter-se-á a nova armadura e a muro.
verificação de tensões. Se não cumprir, voltará a indicá-
lo na informação final, repetindo-se o processo de ajuste Por exemplo, suponha que a armadura vertical de um
da sapata. muro numa face resulta ∅20 a 10 cm, quando, pela
nossa experiência em obras similares, basta ∅12 a 20
Uma vez ajustado em tensões, reveja a armadura da cm. Para isso, coloque-se na armadura e modifique-a
viga de fundação. Coloque-se no grupo de fundação, para esse valor. Essa armadura verificar-se-á de forma
prima o comando Editar vigas/muros e na viga a automática.
consultar. Também pode consultar a armadura e
modificá-la. É possível que não cumpra em algum ponto, o
programa indica-o mostrando a armadura a vermelho.
Reveja a viga, deve também analisar o alçado do muro. Aparecem rectângulos sombreados a vermelho nos
Para isso, coloque-se em algum grupo onde se encontre pontos do alçado onde não cumpre e, na parte inferior,
o muro, diferente do grupo de fundação e com o o Estado de não cumpre e um valor % do Factor de
comando Editar vigas/muros prima no muro a rever. Cumprimento. Este valor indica em % a área do muro
Abrir-se-á o diálogo Edição de Armadura do muro que cumpre em relação ao total.
correspondente.

CYPE
CYPECAD - Memória de Cálculo 95

Suponha neste exemplo, que o valor é 87%, o que armadura menor, por exemplo ∅10 a 20 cm, e que
significa que 13% representa a área raiada a vermelho indica-se o Factor de Cumprimento (para este exemplo
que não cumpre. 81.3%). Além disso, aparece um ponto mais que não
cumpre.
O programa dispõe de uma opção que permite fixar a
priori o Factor de Cumprimento (consulte Dados Obras, Proceda como se explicou anteriormente, revendo
Opções, Opções de Pilares) por defeito 90%, uma vez esforços. Finalmente adopte a decisão que achar mais
que pela própria discretização é normal que existam oportuna, deixando a armadura que considerar razoável
pequenos picos e é razoável que se a armadura a para a totalidade do alçado do muro e, se for o caso, os
colocar cobre pelo menos 90% da superfície, se reforços locais adicionais pertinentes.
obtenham uns resultados lógicos e previsíveis.
A nossa experiência de cálculo indica-nos que quando
Voltando ao exemplo, embora não se tenha chegado os pontos pertencem ao bordo da malha, em encontro
aos 90% (o valor é de 87%), não parece lógico dispor com lajes ou pilares e de forma pontual ou muito
∅20 a 10 cm, quando com ∅12 a 20 cm se cobre 87% localizada, é suficiente com um Factor de cumprimento
do muro, cumprindo tal armadura. Parece mais correcto à volta dos 90% (± 5%).
que, em todo o caso, se analise a causa desse pico de
tensões. No rectângulo vermelho que não cumpre, Outro caso que também pode ocorrer com certa
pode arrancar um pilar, pelo que é normal uma frequência é o aparecimento de Armadura Transversal, o
concentração de tensões locais que, com a armadura de que não é habitual para armaduras inferiores a ∅12. Se
espera disposta para o pilar, se cubra tal excesso de for maior que este valor, é normal colocar armadura
armadura necessária. transversal, que definitivamente são ramos entre as
armaduras das faces para impedir a encurvadura dos
Para o verificar, prima o botão Ver esforços, mudará varões, que é conveniente, se o muro estiver fortemente
para amarelo. Prima sobre a zona raiada e aparecerá comprimido.
para cada direcção de armadura o Factor de
Quantidade (se for maior que 1 indica que é necessário Se aparecer como resultado do cálculo e a armadura
reforço) e o incremento de armadura adicional a colocar não tiver grandes diâmetros, pode eliminá-lo, colocando
como reforço nessa zona. Se decidir colocá-lo, deverá ‘0’ no número de ramos e verificando o Factor de
fazer um pormenor construtivo e indicá-lo no desenho Cumprimento, os reforços necessários, e em que pontos
de alçado de muros. se produz.

Às vezes, o reforço a colocar é mínimo. Por exemplo, se Como se indicou antes, se se produzir nas zonas críticas
mencionadas, não é razoável colocar ramos transversais
a Armadura vertical direita indicar um valor de ∅6 a 25
cm, num ponto como o comentado, não vale a pena em todo o muro, pelo que deixe o valor ‘0’ no número
colocá-lo. Em cada caso terá de se avaliar. de ramos.

Prima Terminar de ver esforços para recuperar o Também é possível colocar ramos transversais. Embora
controle sobre a armadura. não seja necessário para o cálculo, a nossa experiência
aconselha-nos a colocá-los por montagem e segurança
Também é possível que exija um Factor de perante a encurvadura local dos varões.
Cumprimento menor, para isso prima F.Cumprimento e
reduza para 80%. Prima Aceitar e a seguir o botão Depois de ter modificado uma planta, se houver mais de
Redimensionar. Observe que se pode obter uma uma cave, reveja todas, procurando harmonizar

CYPE
96 CYPECAD - Memória de Cálculo

diâmetro e separações para que as amarrações sejam


mais lógicas. Apesar de não ser obrigatório, facilita a
sua execução.
Por último, recorde que se modificar armaduras e quiser
recuperar o resultado do cálculo, premindo
Redimensionar obtê-los-á de novo, mas perderá as
modificações e recalcular-se-á com o último Factor de
Cumprimento actual para esse muro.

CYPE
CYPECAD - Memória de Cálculo 97

4. Fundações isoladas
Neste capítulo indicam-se as considerações gerais tidas Cada sapata pode ser fundação de um número ilimitado
em conta para a verificação e dimensionamento dos de elementos de suporte (pilares, paredes e muros) em
elementos de fundação definíveis em CYPECAD sob qualquer posição.
elementos de suporte verticais do edifício definidos ‘com
As cargas transmitidas pelos elementos de suporte
vinculação exterior’.
transportam-se ao centro da sapata obtendo a sua
Recorde que pode calcular simultaneamente com o resultante. Os esforços transmitidos podem ser:
resto da estrutura ou de forma independente. Como são
N: axial
elementos ‘com vinculação exterior’, não têm
assentamentos, logo não influem no cálculo da Mx: momento x
estrutura.
My: momento y
Dado que se podem calcular de forma independente,
não esqueça que pode fazer modificações na estrutura Qx: esforço transverso x
sem que isso implique afectar a fundação. Qy: esforço transverso y
Também é possível utilizá-la como um editor, pelo que T: torsor
poderá introduzir elementos de fundação sem calcular, e
obter desenhos e medições.

4.1. Sapatas isoladas


CYPECAD efectua o cálculo de sapatas de betão
armado e em massa (consulte o ponto 4.7. Sapatas de
betão armado em massa deste manual). Sendo o tipo
de sapatas a resolver os seguintes:
• Sapatas de altura constante Fig. 4.1
• Sapatas de altura variável ou piramidais As acções consideradas podem ser: Permanente,
Em planta classificam-se em: Sobrecarga, Vento, Neve e Sismo.

• Quadradas Os estados a verificar são:

• Rectangulares centradas • Tensões sobre o terreno

• Rectangulares excêntricas (caso particular: • Equilíbrio


excêntricas numa só direcção e de canto). • Betão (flexão e esforço transverso)

CYPE
98 CYPECAD - Memória de Cálculo

Pode-se realizar um dimensionamento a partir das - gravítica: 25%


dimensões por defeito definidas nas opções do
- com vento: 33%
programa, ou de umas dimensões dadas.
- com sismo: 50%
Também se pode simplesmente obter a armadura a
partir de uma determinada geometria. Estes valores são opcionais e modificáveis.
A verificação consiste em verificar os aspectos
normativos da geometria e armadura de uma sapata.
4.1.2. Estados de equilíbrio
Aplicando as combinações de estado limite
4.1.1. Tensões sobre o terreno correspondentes, verifica-se que a resultante fica dentro
da sapata.
Supõe-se um diagrama de deformação plana para a
sapata, pelo que se obterão, em função dos esforços, O excesso referente ao coeficiente de segurança
uns diagramas de tensões sobre o terreno de forma expressa-se através do conceito % de reserva de
trapezoidal. Não se admitem tracções, pelo que, quando segurança:
a resultante sair do núcleo central, aparecerão zonas
sem tensão.  0.5 ⋅ l argura sapata 
 − 1 ⋅ 100
 excentricidade resultante 
A resultante deve ficar dentro da sapata, pois de outra
forma não haveria equilíbrio. Considera-se o peso Se for zero, o equilíbrio é o estrito, e se for grande,
próprio da sapata. indica que se encontra muito do lado da segurança em
relação ao equilíbrio.

4.1.3. Estados de betão


Deve-se verificar a flexão da sapata e as tensões
tangenciais.

Momentos flectores
No caso de pilar único, verifica-se com a secção de
referência situada a 0.15 da dimensão do pilar para o
seu interior.
Fig. 4.2
Se houver vários elementos de suporte, faz-se uma
Verifica-se que: análise, calculando momentos em muitas secções ao
• A tensão média não supere a do terreno. longo de toda a sapata. Efectua-se em ambas direcções
x e y, com pilares metálicos e placa de amarração, no
• A tensão máxima no bordo não supere numa % a ponto médio entre bordo de placa e perfil.
média segundo o tipo de combinação:

CYPE
CYPECAD - Memória de Cálculo 99

Esforços transversos Diâmetros mínimos


A secção de referência situa-se a uma altura útil dos Verifica-se que o diâmetro seja pelo menos os mínimos
bordos do elemento de suporte. Se houver vários, indicados na norma.
poderiam emendar-se as secções por proximidade,
emitindo-se um aviso.
Dimensionamento
O dimensionamento à flexão obriga a dispor alturas para
Amarração das armaduras que não seja necessária armadura de compressão.
Verifica-se a amarração nos extremos das armaduras,
O dimensionamento ao esforço transverso, igualmente,
colocando as patilhas correspondentes se for o caso e
para não ter de colocar reforço transversal.
segundo a sua posição.

Verificação à compressão oblíqua


Alturas mínimas
Realiza-se no bordo de apoio, não permitindo superar a
Verifica-se a altura mínima que a norma especificar.
tensão no betão por rotura à compressão oblíqua.
Dependendo do tipo de elemento de suporte, pondera-
se o axial do elemento de suporte por:
• Elementos de suporte interiores: 1.15
• Elementos de suporte de fachada: 1.4
• Elementos de suporte de canto: 1.5
Para ter em conta o efeito da excentricidade das cargas.

Fig. 4.3 Dimensionam-se sempre sapatas rígidas, embora na


Fig. 4.4
verificação apenas se avisa do seu não cumprimento, se
for o caso (consola/altura ≤ 2).
Separação de armaduras No dimensionamento de sapatas com vários elementos
Verifica-se as separações mínimas entre armaduras da de suporte, limita-se a esbelteza a 8, sendo a esbelteza
norma, que no caso de dimensionamento, considera-se a relação entre o vão entre elementos de suporte
um mínimo prático de 10 cm. dividido pela altura da sapata. Dispõe-se de umas
opções de dimensionamento de maneira que o
utilizador possa escolher a forma de crescimento da
Quantidades mínimas e máximas sapata, ou fixando alguma dimensão, em função do tipo
de sapata. Obviamente, os resultados podem ser
Verifica-se o cumprimento das quantidades mínimas,
diferentes, conforme a opção seleccionada.
mecânicas e geométricas que a norma especificar.
Quando o diagrama de tensões não ocupar toda a
sapata, podem aparecer tracções na face superior pelo

CYPE
100 CYPECAD - Memória de Cálculo

peso da sapata em consola, colocando-se uma


armadura superior se for necessário.

• Com consola à esquerda


A geometria define-se na introdução de dados do muro.
Dimensiona-se e verifica-se da mesma forma que as
sapatas rectangulares (consulte o ponto Sapatas
Isoladas), por isso tem as mesmas possibilidades
(inclusão de pilares próximos na mesma) e as mesmas
condicionantes.
A única diferença está na forma de aplicar as cargas.
Enquanto que num pilar as cargas aplicam-se no seu
Fig. 4.5 centro-eixo geométrico, quer seja quadrado ou
rectangular alargado, num muro converte-se num
diagrama de cargas ao longo do muro de forma
4.2. Sapata contínua sob o muro discreta, é como converter uma resultante num
O programa calcula sapatas contínuas de betão armado diagrama de tensões aplicadas ao longo da base do
sob o muro. muro, discretizada em escalões que o programa realiza
internamente, segundo as suas dimensões.
Este tipo de sapata contínua sob o muro pode-se utilizar
em muros de suporte e muros de cave de edifícios, ou De uma forma simples, expressando-o graficamente:
muros de carga.
Há três tipos de sapatas:

• Com consolas em ambos os lados

• Com consola à direita Fig. 4.6

CYPE
CYPECAD - Memória de Cálculo 101

4.3. Vigas de equilíbrio • diâmetro mínimo da armadura transversal


O programa calcula vigas de equilíbrio de betão armado • quantidade geométrica mínima de tracção
entre fundações.
• quantidade mecânica mínima (aceita-se redução)
As vigas de equilíbrio utilizam-se para o equilíbrio de
sapatas e maciços de encabeçamento de estacas. • quantidade máxima de armadura longitudinal
Existem dois tipos: • separação mínima entre armaduras longitudinais
• separação mínima entre estribos
• separação máxima da armadura longitudinal
• momentos negativos , As >Ai
• separação máxima de estribos
• largura mínima de vigas (≥ 1/20 vão)
• altura mínima de vigas (≥ 1/2 vão)
• momentos positivos armadura simétrica
Existem umas tabelas de armadura para cada tipo, • verificação à fendilhação (0.3 mm)
definíveis e modificáveis. • comprimento de amarração armadura superior
Os esforços sobre as vigas de equilíbrio são: • comprimento de amarração armadura de alma
• Momentos e esforços transversos necessários para • comprimento de amarração armadura inferior
o efeito de equilíbrio.
• verificação à flexão (não ter armadura de
• Não admite cargas sobre ela, nem se considera a compressão)
sua carga permanente. Supõe-se que as transmitem
ao terreno sem sofrer esforços. • verificação ao esforço transverso (betão + estribos
resistem ao esforço transverso).
• Quando a uma sapata ou maciço chegam várias
vigas, o espaço que recebe cada uma delas é Admite-se uma certa tolerância no ângulo de desvio da
proporcional à sua rigidez. viga de equilíbrio quando entrar pelo bordo da sapata
(15°).
• Podem receber esforços só por um extremo ou por
ambos. Existe uma opção que permite fixar uma quantidade
geométrica mínima de tracção.
Se o seu comprimento for menor que 25 cm, emite-se
um aviso de viga curta. Existem uns critérios para dispor a viga relativamente à
sapata, em função da altura relativa entre ambos os
Existe uma tabela de armadura para cada tipo, elementos, nivelando-a pela face superior ou inferior.
verificando-se o seu cumprimento para os esforços aos
quais se encontra submetida. Para todas as verificações e dimensionamento, utilizam-
se as combinações de Betão vigas de fundação como
Realizam-se as seguintes verificações: elemento de betão armado, excepto para fendilhação,
• diâmetro mínimo da armadura longitudinal onde se utilizam as de tensões sobre o terreno.

CYPE
102 CYPECAD - Memória de Cálculo

4.4. Vigas lintéis • quantidade geométrica mínima da armadura de


compressão (se tiver activado a carga de
O programa calcula lintéis entre fundações de betão compactação)
armado.
• armadura mecânica mínima
• separação mínima entre armaduras longitudinais
• separação máxima entre armaduras longitudinais
• separação mínima entre estribos
• separação máxima entre estribos
• largura mínima de vigas (1/20 de vão)

Fig. 4.7 • altura mínima de vigas (1/2 de vão)


Os lintéis servem para travar as sapatas, absorvendo os • fendilhação (0.3 mm, não considerando o sismo)
esforços horizontais da acção do sismo.
• comprimento de amarração armadura superior
A partir do esforço axial máximo, multiplica-se pela
aceleração sísmica de cálculo ‘a’ (nunca menor que • comprimento de amarração armadura de alma
0.05) e estes esforços consideram-se de tracção e • comprimento de amarração armadura inferior
compressão (a⋅N).
• verificação ao esforço transverso (só com carga de
Opcionalmente, dimensionam-se à flexão para uma compactação)
carga uniforme p (1 T/ml ou 10 KN/ml), produzida pela
compactação das terras e soleira superior. • verificação à flexão (só com carga de compactação)
Dimensionam-se para um momento pl2/12 positivo e • verificação ao esforço axial.
negativo e um esforço transverso pl/2, sendo l o vão da
viga. Existem opções para alongar os estribos até à face da
sapata ou até ao elemento de suporte.
Para o dimensionamento utilizam-se as combinações
chamadas de Betão vigas de fundação como elemento Também são opcionais a posição da viga com nivelação
de betão armado. superior ou inferior com a sapata em função das suas
alturas relativas.
Utilizam-se umas tabelas de armadura com armadura
simétrica nas faces.
Fazem-se as seguintes verificações: 4.5. Maciços de encabeçamento
• diâmetro mínimo da armadura longitudinal (sobre estacas)
• diâmetro mínimo da armadura transversal O programa calcula maciços de encabeçamento de
betão armado sobre estacas de secção quadrada ou
• quantidade geométrica mínima da armadura de circular de acordo com as seguintes tipologias:
tracção (se tiver activado a carga de compactação)

CYPE
CYPECAD - Memória de Cálculo 103

• Maciço de 1 estaca. (A) Os maciços tipo D baseiam-se em modelos de bielas e


tirantes. Podem-se armar com vigas laterais, diagonais
• Maciço de 2 estacas. (B) (salvo o rectangular), malhas inferiores e superiores.
• Maciço de 3 estacas. (C) Pode-se verificar e dimensionar qualquer maciço.
• Maciço de 4 estacas. (D) A verificação consiste em verificar os aspectos
• Maciço linear. Pode escolher o número de estacas. geométricos e mecânicos com umas dimensões e
Por defeito são 3. (B) armadura dadas. Podem-se definir ou não cargas. O
dimensionamento necessita de cargas e a partir de
• Maciço rectangular. Pode escolher o número de umas dimensões mínimas que o programa considera
estacas. Por defeito são 9. (D) (dimensionamento completo), ou de umas dimensões
iniciais que o utilizador fornece (dimensões mínimas),
• Maciço rectangular sobre 5 estacas (uma central).
obtém-se (se for possível) uma geometria e armaduras
(D)
de acordo com a norma e opções definidas.
• Maciço pentagonal sobre 5 estacas. (C)
Sendo a norma EHE-98 a que maior informação e
• Maciço pentagonal sobre 6 estacas. (C) análise fornece para o cálculo de maciços, adoptou-se
como norma básica para os maciços, sempre rígidos, e
• Maciço hexagonal sobre 6 estacas. (C) nos casos em que tenha sido possível, para outras
• Maciço hexagonal sobre 7 estacas (uma central). normas tais como a ACI-318/95, CIRSOC, NB-1, EH-91,
(C) bibliografia técnica como o livro de ‘Estruturas de
cimentación’ de Marcelo da Cunha Moraes, e os critérios
Nota: Com CYPECAD é possível definir vários de CYPE Ingenieros; aplicaram-se esses princípios.
elementos de suporte sobre um mesmo maciço. Nas listagens de verificação faz-se referência à norma
aplicada e artigos.

4.5.1. Critérios de cálculo


Os maciços tipo A baseiam-se no modelo de cargas 4.5.2. Critério de sinais
concentradas sobre maciços. Armam-se com estribos
verticais e horizontais (opcionalmente com diagonais).
Os maciços tipo B baseiam-se em modelos de bielas e
tirantes. Armam-se como vigas, com armadura
longitudinal inferior, superior e alma, além de estribos
verticais.
Os maciços tipo C baseiam-se em modelos de bielas e
tirantes. Podem-se armar com vigas laterais, diagonais,
malhas inferiores e superiores, e armadura perimetral de
vigas de bordo.
Fig. 4.8

CYPE
104 CYPECAD - Memória de Cálculo

4.5.3. Considerações de cálculo e Neste caso defina um coeficiente de majoração da


geometria capacidade de carga (coeficiente de segurança para o
considerar como uma combinação mais), denominado
Ao definir um maciço, necessita também de indicar as Coeficiente de Aproveitamento da Estaca (1.5 por
estacas, tipo, número e posição. É um dado da estaca a defeito). Se não quiser considerar toda a capacidade de
sua capacidade de carga, isto é, a carga de serviço que carga da estaca, pode definir uma percentagem da
é capaz de suportar (sem majorar). mesma, que se chamou Fracção de cargas de estacas,
Previamente, será necessário calcular a carga que as variável entre 0 e 1 (1 por defeito). Neste caso, o
estacas recebem, que serão o resultado de considerar o programa determinará o máximo entre o valor anterior
peso próprio do maciço, as acções exteriores e a que é função da capacidade de carga, e o máximo das
aplicação da fórmula clássica de Navier: estacas pelas cargas exteriores aplicadas.

N x yi Em algumas zonas e países é prática habitual, pois


Pi = + Mx ⋅ i 2 + My ⋅ obtém-se um único maciço por diâmetro e número de
nº estacas ∑ xi ∑ yi2 estacas, simplificando a execução. Esta opção está
com as combinações de tensões sobre o terreno. desactivada por defeito.

Compara-se a estaca mais carregada com a sua Em relação aos esforços, realizam-se as seguintes
capacidade de carga e se a superar, emite-se um aviso. verificações:

Quando se define uma estaca, pede-se a distância • aviso de tracções nas estacas: tracção máxima ≥
mínima entre estacas. Este dado deve ser fornecido pelo 10% compressão máxima
utilizador (valor por defeito 1.00 m) em função do tipo de • aviso de momentos flectores: será necessário
estaca, diâmetro, terreno, etc. dispor vigas de equilíbrio
Ao definir um maciço de mais de uma estaca, deve • aviso de esforços transversos excessivos: se o
definir as distâncias entre eixos de estacas (1.00 m por esforço transverso em alguma combinação superar
defeito). Verifica-se que essa distância seja superior à 3% do esforço axial com vento, ou noutras
distância mínima. combinações, é conveniente colocar estacas
A verificação e dimensionamento de estacas baseia-se inclinadas
na carga máxima da estaca mais carregada, aplicando • aviso de torções se existirem tais definidas nas
as combinações de betão seleccionadas às cargas por cargas.
acções definidas.
Se se introduzirem vigas de equilíbrio, essas vigas
Se quiser que todos os maciços de uma mesma absorverão os momentos na direcção em que actuarem.
tipologia tenham uma geometria e armadura tipificados Em maciços de 1 estaca são sempre necessárias em
para um mesmo tipo de estaca, dispõe de uma opção ambas as direcções. Em maciços de 2 estacas e
em maciços, que se chama Cargas por estaca, que ao lineares são necessárias na direcção perpendicular à
ser activada, permite unificar os maciços, de maneira linha de estacas. Nestes casos dimensiona-se a viga de
que possa dimensionar o maciço para a capacidade de equilíbrio para um momento adicional de 10% do
carga da estaca. esforço axial.

CYPE
CYPECAD - Memória de Cálculo 105

O programa não considera nenhuma excentricidade Dos maciços pode obter listagens dos dados
mínima ou construtiva, embora seja habitual considerar introduzidos, medição dos maciços, tabela de
para evitar implantações incorrectas das estacas ou do estacas, e listagem de verificação.
próprio maciço em 10% do esforço axial.
Quanto aos desenhos, poderá obter graficamente a
Incremente os momentos nesta quantidade 0.10 x N nas geometria e armaduras obtidas, assim como um
acções de cargas correspondentes, se considerar quadro de medição e resumo.
necessário e se for possível – só no caso de arranques -;
ou reveja as cargas em estacas e a sua reserva de
carga.
! Como se mencionou anteriormente, é possível definir
Se actuar mais do que uma viga de equilíbrio na mesma vários elementos de suporte num mesmo maciço, tipo pilar
direcção, o momento distribuir-se-á proporcionalmente ou parede, pelo que se impuseram algumas restrições
pelas suas rigidezes. Verificações que realiza: geométricas em forma de aviso quanto às distâncias dos
elementos de suporte ao bordo ou às estacas.
• Verificações gerais: Quando existem vários elementos de suporte sobre um
maciço, obtém-se a resultante de todos eles aplicada ao
- aviso de ecrã centro do maciço, utilizando o método de bielas e tirantes e
- aviso de elementos de suporte muito separados supondo o maciço rígido, pelo que deve assumir a validade
desse método, que conforme o caso particular de que se
(em CYPECAD)
tratar, possa ficar fora do campo de aplicação desse
- aviso que não existem elementos de suporte método, pelo que deverá fazer as correcções manuais e
definidos cálculos complementares necessários se sair fora do
campo de validade desse método e acções consideradas.
- consola mínima desde o perímetro da estaca
- consola mínima desde o eixo da estaca
- consola mínima desde o pilar 4.6. Placas de amarração
- largura mínima da estaca Na verificação de uma placa de amarração, a hipótese
básica assumida pelo programa é a de placa rígida ou
- capacidade de carga da estaca
hipótese de Bernouilli. Isto implica supor que a placa
• Verificações particulares: permanece plana perante os esforços aos quais se vê
submetida, de forma que se podem desprezar as suas
Para cada tipo de maciço realizam-se as deformações para efeitos da distribuição de cargas.
verificações geométricas e mecânicas que a norma Para que isto se cumpra, a placa de amarração deve ser
indica. Recomendamos que realize um exemplo de simétrica (o que o programa garante sempre) e
cada tipo e obtenha a listagem de verificação, onde suficientemente rígida (espessura mínima em função do
pode verificar todas e cada uma das verificações lado).
realizadas, avisos emitidos e referências aos artigos
da norma ou critério utilizado pelo programa. As verificações que se devem efectuar para validar uma
placa de amarração dividem-se em três grupos,
segundo o elemento verificado: betão da fundação,

CYPE
106 CYPECAD - Memória de Cálculo

pernos de amarração e placa propriamente dita, com os - Arranque pelo cone de rotura
seus rigidificadores, se existirem.
- Rotura por esforço transverso (concentração de
1. Verificação sobre o betão. Consiste em verificar tensões por efeito cunha).
que no ponto mais comprimido sob a placa não se
Para calcular o cone de rotura de cada perno, o
supera a tensão admissível do betão. O método
programa supõe que a geratriz do mesmo forma 45
utilizado é o das tensões admissíveis, supondo uma
graus com o seu eixo. Tem-se em conta a redução
distribuição triangular de tensões sobre o betão que
de área efectiva pela presença de outros pernos
apenas podem ser de compressão. A verificação do
próximos, dentro do cone de rotura em questão.
betão só se efectua quando a placa está apoiada
sobre o mesmo, e não se tem um estado de tracção Não se têm em conta os seguintes efeitos, cujo
simples ou composta. Além disso, despreza-se o aparecimento deve ser verificado pelo utilizador:
atrito entre o betão e a placa de amarração, isto é, a
resistência perante esforço transverso e torção - Pernos muito próximos do bordo da fundação.
confia-se exclusivamente aos pernos. Nenhum perno deve estar a menos distância do
bordo da fundação, que o seu comprimento de
2. Verificações sobre os pernos. Cada perno vê-se amarração, uma vez que se reduziria a área
submetido, no caso mais geral, a um esforço axial e efectiva do cone de rotura e além disso
a um esforço transverso, avaliando-se cada um apareceria outro mecanismo de rotura lateral por
deles de forma independente. O programa esforço transverso não contemplado no
considera que em placas de amarração apoiadas programa.
directamente na fundação, os pernos só trabalham
à tracção. No caso da placa estar a certa altura - Espessura reduzida da fundação. Não se
sobre a fundação, os pernos poderão trabalhar à contempla o efeito de cone de rotura global que
compressão, fazendo-se a correspondente aparece quando há vários pernos agrupados e a
verificação de encurvadura sobre os mesmos espessura do betão é pequena.
(considera-se o modelo de viga biencastrada, com - O programa não contempla a possibilidade de
possibilidade de corrimento relativo dos apoios utilizar pernos contínuos, uma vez que não faz as
normal à directriz: b = 1) e a translação de esforços verificações necessárias neste caso (tensões na
à fundação (aparece flexão devida aos esforços outra face do betão).
transversos sobre o perfil). O programa faz três
grupos de verificações em cada perno: Esmagamento da placa. O programa também
verifica se, em cada perno, não se supera o esforço
Tensão sobre o perno. Consiste em verificar que a transverso que o esmagamento da placa contra o
tensão não supere a resistência de cálculo do perno produziria.
perno.
3. Verificações sobre a placa
Verificação do betão circundante. À parte da
rotura do perno, outra causa da sua falha é a rotura Cálculo de tensões globais. O programa constrói
do betão que o rodeia por um ou vários dos quatro secções no perímetro do perfil, verificando
seguintes motivos: todas perante tensões. Esta verificação só se faz em
placas com consola (não se têm em conta as
- Deslizamento por perda de aderência encurvaduras locais dos rigidificadores e o utilizador

CYPE
CYPECAD - Memória de Cálculo 107

deve verificar que as suas respectivas espessuras Note-se que em Portugal não são habitualmente
não lhes dão uma esbelteza excessiva). utilizadas.
Cálculo de tensões locais. Trata-se de verificar
todas as placas locais nas quais perfil e
rigidificadores dividem a placa de amarração 4.7.1. Cálculo de sapatas como sólido
propriamente dita. Para cada uma destas placas rígido
locais, partindo da distribuição de tensões no betão O cálculo da sapata como sólido rígido compreende,
e de esforços axiais nos pernos, calcula-se o seu nas sapatas isoladas, duas verificações:
flector ponderado desfavorável, comparando-se com
o flector de rotura plástica. Isto parece razoável, uma - Verificação da consola.
vez que para verificar cada placa local supomos o - Verificação das tensões sobre o terreno.
ponto mais desfavorável da mesma, onde obtemos
um pico local de tensões que se pode baixar pelo Estas duas verificações são idênticas às que se realizam
aparecimento de plastificação, sem diminuir a nas sapatas de betão armado, e encontram-se
segurança da placa. explicadas na memória de cálculo dessas sapatas.

4.7. Sapatas de betão em massa 4.7.2. Cálculo da sapata como estrutura de


As sapatas de betão em massa são aquelas em que os betão em massa
esforços no estado limite último são resistidos Neste capítulo é onde se apresentam as diferenças
exclusivamente pelo betão. fundamentais com as sapatas de betão armado. A
seguir expõem-se as três verificações que se realizam
No entanto, podem-se colocar no programa grelhas nas para o cálculo estrutural das sapatas de betão em
sapatas, mas o cálculo realizar-se-á como estrutura massa.
debilmente armada, isto é, como estruturas nas quais as
armaduras têm a missão de controlar a fendilhação
devida à retracção e à contracção térmica, mas que não
Verificação de flexão
se considerarão para efeitos resistentes, isto é, para
resistir aos esforços. As secções de referência que se utilizam para o cálculo
à flexão nas sapatas de betão em massa são as
Convém salientar que, contra a opinião alargada que mesmas que nas sapatas de betão armado e
existe, as estruturas de betão em massa requerem mais encontram-se especificadas no capítulo correspondente
cuidados no seu projecto e execução que as de betão da memória de cálculo.
armado ou pré-esforçado.
Em todas as secções deve-se verificar que as tensões
Na memória de cálculo tratar-se-ão os aspectos destas de flexão, na acção de deformação plana, produzidas
sapatas que apresentam diferenças significativas com as sob a acção do momento flector de cálculo, devem ser
sapatas de betão armado, e far-se-á referência à inferiores à resistência à flexotracção dada pela seguinte
memória de cálculo das sapatas de betão armado nos fórmula:
aspectos comuns a ambas.

CYPE
108 CYPECAD - Memória de Cálculo

 16.75 + h0.7  τrd = f1cd = 0.30 ⋅ f cd


fck,min = 1.43 ⋅   ⋅ fctd,min
 h0.7  Onde:
0.21 3 2 • fcd é a resistência de cálculo do betão à compressão
fctd,min = ⋅ f ck
1.5 simples.
Nas fórmulas anteriores fck está em N/mm2 e h (altura) • Fsd é o esforço axial que o apoio transmite à sapata.
em mm.
• β é um coeficiente que tem em conta a
excentricidade da carga. Quando não há
transmissão de momentos entre o apoio e a sapata,
Verificação de esforço transverso
esse coeficiente vale a unidade. No caso em que se
As secções de referência que se utilizam para o cálculo transmitam momentos, segundo a posição do pilar,
ao esforço transverso são as mesmas que nas sapatas o coeficiente toma os valores indicados na tabela
de betão armado e encontram-se no capítulo seguinte.
correspondente da memória de cálculo.
Em todas as secções deve-se verificar que a tensão
tangencial máxima produzida pelo esforço transverso β
não deve ultrapassar o valor de fct,d, o qual é dado por:

0.21⋅ 3 f 2ck
f ct,d = Apoios interiores 1.15
1.5
Apoios excêntricos 1.4
Apoios de canto 1.5
Verificação de compressão oblíqua
A verificação de rotura do betão por compressão oblíqua
realiza-se no bordo do apoio e verifica-se que a tensão Valores do coeficiente de excentricidade da carga
tangencial de cálculo no perímetro do apoio seja menor
• u0 é o perímetro de verificação, que toma os
ou igual a um determinado valor máximo.
seguintes valores:
Esta verificação far-se-á igual para todas as normas,
- Em apoios interiores vale o perímetro do apoio.
aplicando o artigo 46.4 da norma espanhola EHE-98.
Esse artigo estabelece o seguinte: - Em apoios excêntricos vale:
τsd ≤ τrd u0 = c1 + 3 ⋅ d ≤ c1 + 2 ⋅ c 2
Fsd,ef - Em apoios de canto vale: u0 = 3 ⋅ d ≤ c1 + c 2
τsd =
u0 ⋅ d
Onde c1 é a largura do apoio paralelo ao lado da
Fsd,ef = β ⋅ Fsd sapata no qual o apoio é excêntrico e c2 é a largura
da sapata na direcção perpendicular ao excêntrico.

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CYPECAD - Memória de Cálculo 109

• d é a altura útil da sapata. Verificação da consola


Esta verificação realiza-se em todos os apoios que A verificação da consola é análoga à que se realiza nas
chegam à sapata e para todas as combinações do sapatas de betão armado.
grupo de combinações de betão.
Na listagem de verificações aparece a tensão Verificação de tensões sobre o terreno
tangencial máxima obtida percorrendo todos os
As verificações de tensões sobre o terreno são análogas
pilares e todas as combinações.
às que se realizam nas sapatas de betão armado.
Como se pode observar, esta verificação é análoga
à que se realiza nas sapatas de betão armado.
Verificação de flexão
A verificação realiza-se de acordo com o indicado no
4.7.3. Listagem de verificações ponto 4.7.2 e os dados que se mostram na listagem de
Neste ponto comentam-se as verificações que se verificações para cada direcção indicam-se a seguir.
realizam no caso de sapatas de betão em massa, tanto No caso em que todas as secções cumpram a
de altura constante como de altura variável ou verificação de flexão para uma direcção:
piramidais.
• O momento de cálculo desfavorável que actua
sobre a secção.
Verificação de altura mínima • No capítulo de informação adicional aparece o
Trata-se de verificar que a altura das sapatas é maior ou coeficiente de aproveitamento máximo, que é a
igual ao valor mínimo que as normas indicam para as maior relação entre o esforço solicitante e o esforço
sapatas de betão em massa. resistente.
No caso das sapatas piramidais ou de altura variável, Se alguma secção não cumprir, os dados que se
esta verificação realiza-se no bordo. mostram na listagem de verificações para essa direcção
são os seguintes:
• O primeiro momento flector que se encontrou para
Verificação de altura mínima para amarrar
o qual a secção não resiste.
arranques
Verifica-se que a altura da sapata é igual ou superior ao • A coordenada da secção na qual actua esse
valor mínimo que faz falta para amarrar a armadura dos momento flector.
pilares ou dos pernos das placas de amarração que
apoiam sobre a sapata.
Verificação de esforço transverso
No caso das sapatas piramidais, a altura que se verifica
é a altura no pedestal. A verificação de esforço transverso realiza-se de acordo
com o que se explicou no ponto 4.7.2. desta Memória
de Cálculo e os dados que se mostram na listagem de
verificações são os que se indicam a seguir.

CYPE
110 CYPECAD - Memória de Cálculo

No caso em que todas as secções cumpram a juntos, de forma que dificultem muito a betonagem da
verificação de esforço transverso para uma direcção, na sapata.
listagem indica-se:
• A tensão tangencial de cálculo que produz uma
maior relação entre a tensão tangencial solicitante e
a resistente produz.
• A tensão tangencial resistente da mesma secção da
qual se mostra a tensão tangencial de cálculo
máxima.
No caso em que haja alguma secção (para uma
direcção) na qual não se cumpre a verificação de
esforço transverso, os dados que se mostram na
listagem de verificações são os seguintes:
• A tensão tangencial de cálculo da primeira secção
encontrada para a qual não se cumpre a verificação
de esforço transverso.
• A coordenada dessa secção encontrada que não
cumpre.

Verificação de compressão oblíqua


Esta verificação é análoga à que se realiza nas sapatas
de betão armado e encontra-se explicada no capítulo
correspondente da memória de cálculo.

Verificação de separação mínima de armaduras


É a única verificação que se realiza às armaduras que o
utilizador possa colocar na sapata, dado que estas não
se têm em conta no cálculo.
Nesta verificação verifica-se que a separação entre os
eixos das armaduras seja igual ou superior a 10 cm, que
é o valor que se adoptou para todas as normas como
critério de CYPE Ingenieros.
Esta verificação realiza-se unicamente no caso em que o
utilizador decida colocar uma grelha, e o que se
pretende evitar é que os varões se coloquem demasiado

CYPE
CYPECAD - Memória de Cálculo 111

5. Consolas curtas
Implementou-se em CYPECAD a possibilidade de definir
consolas curtas nas faces de pilares. Sobre a consola
curta só pode introduzir vigas de betão armado ou
metálicas que apoiem sobre a consola, e transmitam a
carga vertical ao centro do apoio à distância ‘a’ da face
do pilar.
A consola curta transmite com a sua excentricidade os
esforços ao pilar como uma barra rígida excêntrica.
As consolas curtas estão pensadas para os casos em
que é necessário, por exemplo, suprimir um pilar duplo
de junta, ou em que não seja conveniente encastrar a
viga no pilar nessa direcção por alguma razão.
Não se deve utilizar para apoiar pilares na própria
consola curta, uma vez que não o permite sem que
estes nascem da viga sobre a qual se apoiam, e essa
viga deve apoiar-se em ambos os extremos.
Definitivamente, não é utilizável para que nasça um pilar
no extremo da consola.
Para desenvolver o cálculo e dimensionamento de
consolas curtas de betão armado utilizaram-se os
métodos descritos tanto no artigo 61 da norma EH-91
(Instrução para o projecto e execução de obras de betão
em massa ou armado) como no artigo 63 da norma EHE
(instrução de betão estrutural).
No entanto, implementam-se todas as condições de
dimensionamento estabelecidas nas restantes normas
utilizadas pelo programa, que são REBAP, ACI-318,
Eurocódigo 2 e NB1/2000, não se tendo implementado
para as não indicadas anteriormente.

CYPE
112 CYPECAD - Memória de Cálculo

6. Lajes de vigotas
6.1. Vigotas de betão 6.1.3. Cálculo da flecha
Utiliza-se o mesmo método utilizado em vigas
6.1.1. Geometria
(Branson), calculando a rigidez equivalente ao longo da
Define-se na ficha de dados da laje. vigota em 15 pontos.
A rigidez bruta será a estimada para o cálculo. E a
6.1.2. Rigidez considerada rigidez fendilhada obtém-se segundo se tenha
especificado na verificação de flecha nos dados da laje:
A rigidez bruta para efeitos de cálculo da matriz de
rigidez das barras da estrutura é a de uma secção em T Como vigota armada. A armadura de negativos
com esquadria. dimensiona-se e é conhecida. Não o é a positiva
(armadura inferior), pelo que se procede a obter a
Sendo:
quantidade necessária com o momento positivo,
d: largura da nervura = largura da nervura + incremento da
podendo desta forma estimar a rigidez fendilhada.
largura da nervura.
a: espessura da camada de compressão. Como vigota pré-esforçada. Neste caso deve indicar a
c: entre-eixo. rigidez fendilhada como uma % da rigidez bruta.
b: altura da abobadilha. Depende do tipo de vigota e do seu pré-esforço. Pode
Incremento da largura da nervura refere-se exclusivamente a ter ser conveniente que consulte os fabricantes da sua zona
em conta a espessura das paredes da peça de aligeiramento para introduzir esse valor.
no cálculo das rigidezes e momento de fendilhação necessários
para o cálculo da flecha. Verificação ao esforço transverso. Dá-se o valor do
esforço transverso em apoios, sendo o utilizador
Como material betão, considerar-se-á o módulo de
responsável pela verificação posterior.
elasticidade secante definido para as lajes.

6.2. Vigotas pré-esforçadas


São vigotas pré-fabricadas, que se transportam para a
obra para a sua colocação.
Dispõem de um documento de homologação ou ficha
técnica de características (Autorização de Utilização)
com todos os tipos de vigotas e abobadilhas fabricados
e os seus valores de momentos, rigidezes, etc. Os
dados introduzidos procedem das fichas fornecidas à
CYPE pelos fabricantes. Não são editáveis, nem se
podem criar fichas próprias pelo utilizador. Deve
Fig. 6.1 contactar o Dpto. Técnico de CYPE Ingenieros, S.A.,

CYPE
CYPECAD - Memória de Cálculo 113

enviando a documentação necessária para a sua 6.3. Vigotas in situ


inclusão em edições do programa, que se farão para
esse efeito, verificando previamente a validade e 6.3.1. Geometria
consistência dos dados fornecidos. Desta forma evita-se Definem-se os parâmetros básicos, dando os valores
a introdução de dados erróneos. nas fichas, e seleccionando o tipo de abobadilha.
Estima-se a flecha e verifica-se o esforço transverso.
Para o dimensionamento à flexão verifica-se se existe
algum tipo de vigota que cumpre em positivos e 6.3.2. Rigidezes
armadura superior definida nas fichas para negativos. Obtêm-se a partir da secção bruta da nervura em T de
Recorde que os negativos estão definidos nas fichas betão de largura variável em função dessa abobadilha,
para um momento resistido com um determinado camada de compressão e entre-eixo.
recobrimento, o qual se deve ter em conta para aceitar a
validade dessas fichas de fabricante.
Quando existirem dados nas fichas, pode-se verificar o 6.3.3. Cálculo da flecha
estado limite de fendilhação segundo o ambiente ou Aplica-se o método de Branson, dado que é conhecida
abertura de fenda permitida, forçando o tanto a armadura superior (negativos) como inferior
dimensionamento ao seu cumprimento. (positivos) que se dimensiona e obtém os seus
comprimentos.
No caso de Espanha, e utilizando a norma de betão
EHE, implementaram-se as diferenças que a futura e
nova norma EF-2001 incorpora em relação à EF-96, que
basicamente aparecem nas considerações de 6.3.4. Dimensionamento à flexão
quantidades mínimas de negativos, que agora são Em negativos aplicam-se os mesmos critérios que para
editáveis e o programa aplica as da nova norma. os anteriores tipos de vigotas de betão, e para o
dimensionamento da armadura inferior faz-se de acordo
Enquanto não se actualizarem as fichas dos fabricantes,
com a norma geral de betão armado seleccionada no
continua-se a utilizar as existentes.
cálculo de todos os elementos. Existem umas tabelas de
A metodologia utilizada pelo programa no armadura para negativos de laje de vigotas que são
dimensionamento de vigotas pré-esforçadas não comuns às ‘vigotas de betão’ genéricas e uma tabela
corresponde às práticas correntemente utilizadas em específica para a armadura inferior das vigotas ‘in situ’. A
Portugal, pelo que se aconselha a efectuar o seu sua estrutura é similar à das nervuras de fungiforme
dimensionamento em separado introduzindo nos aligeiradas.
respectivos panos, lajes com as características
resultantes do dimensionamento prévio, deste modo, o
programa considera as suas características em termos 6.3.5. Dimensionamento ao esforço
de cálculo global de estrutura. Dado que usualmente transverso
estas lajes são calculadas como simplesmente
apoiadas, devem as vigotas ser introduzidas sem Dado que é conhecida a nervura e a sua armadura
continuidade entre os respectivos panos. longitudinal, assim como as solicitações de esforço
transverso, verifica-se se é necessário reforço vertical.
No caso de ser assim, obtêm-se ramos verticais de

CYPE
114 CYPECAD - Memória de Cálculo

reforço de acordo com uma tabela de Enquanto não se dê solução a essas uniões, ficará ao
diâmetros/separação. critério do utilizador o dimensionamento de vigotas
metálicas em zonas de momentos negativos.
No caso de Espanha, aplica-se a norma EHE, podendo
utilizar uma fórmula alternativa opcionalmente baseada Recorde que o dimensionamento dos perfis é em flexão
nas normas EF. Não é recomendável a sua utilização, simples, com momentos e esforço transverso,
excepto se possuir a experiência suficiente e assuma o desprezando-se os axiais e esforços no plano da laje,
artigo 1º da EHE. devido ao diafragma rígido.
Amarração da armadura inferior. De acordo com o
indicado nas diferentes normas, obtêm-se os
comprimentos de amarração nos apoios extremos, quer 6.5. Vigotas JOIST
sejam vigas ou apoios, cotando os comprimentos 6.5.1. Geometria
extremos dos varões, e patilhas necessárias no seu
caso. São nervuras formadas por perfis metálicos em treliça,
como uma asna formada por cordões (superior e
inferior) com diagonais de passagem constante. Os
cordões podem ser perfis fechados de tubo circular ou
6.4. Vigotas metálicas quadrado duplos ou quadruplos, ou abertos de
6.4.1. Geometria cantoneira dupla ou quadruplos. As diagonais serão do
mesmo perfil mas simples, da mesma série.
Definem-se o tipo de abobadilha a utilizar, a espessura
da camada de compressão e o entre-eixo de nervuras, Define-se a altura exterior da treliça, entre eixo e uma
no qual se pode indicar o tipo de perfil a utilizar, que lajeta superior, que não é colaborante, simplesmente
será um perfil simples em forma de T ou duplo T, dos resiste e suporta as cargas aplicadas.
definidos na biblioteca de perfis seleccionados.
Dimensionam-se com os mesmos critérios aplicados a
vigas metálicas, com a excepção de que, dado que 6.5.2. Rigidez considerada
todos os tramos se consideram isostáticos, isto é, É a da treliça metálica formada pelos cordões à
articulados nos seus extremos, não se considera o separação definida, tomando o primeiro perfil definido
bambeamento, uma vez que a face superior se nos perfis da obra, ou o que se tenha atribuído no
considera travada pela camada de compressão para o cálculo posterior. Da mesma forma que nas vigotas
dimensionamento de momentos positivos. Não se metálicas, calcula-se como tramos isostáticos
dimensiona para momentos negativos, pelo que se articulados nos seus extremos, pelo que não se procede
indicará como erro nos casos que assim suceda, como ao dimensionamento a momentos negativos.
podem ser consolas. Isto é assim, dado que não se
pormenoriza a união encastrada ou a continuidade com
outra lajes dessas vigotas submetidas a momentos 6.5.3. Dimensionamento da vigota
negativos, embora o programa assim o calcule, quando
Como uma asna, os momentos decompõem-se numa
é necessário esse encastramento no cálculo de esforços
compressão aplicada ao cordão superior, que se supõe
para o equilíbrio dessas barras.
que não encurva devido ao travamento da lajeta de
betão, e uma tracção no cordão inferior. As diagonais

CYPE
CYPECAD - Memória de Cálculo 115

dimensionam-se à tracção e/ou compressão, supostas inadequado, faz destacar comportamentos fora da
as cargas aplicadas nos nós e decompondo os esforços prática habitual.
segundo a geometria, altura e passagem da treliça.
Consideram-se como barras biarticuladas para efeitos
de encurvadura, com um comprimento efectivo igual ao
comprimento real da diagonal.
As deformações obtêm-se como uma viga com a rigidez
antes mencionada.

6.6. Comentários sobre a utilização


das lajes de vigotas
As lajes de vigotas antes mencionadas discretizam-se
no cálculo da estrutura como uma barra mais no cálculo
integrado da totalidade da estrutura, expressa como
coincidente com o eixo de cada nervura definida.
Faltaria poder expressar para efeito de distribuição de
cargas, que a camada de compressão e a abobadilha
realizam, efeito que, na realidade, se produz devido à Fig. 6.2
compatibilidade de deformações. Ainda assim, sempre é
mais aproximado que a suposição sobre apoios rígidos Por esta razão, a partir da versão 2002, sempre que
articulados, suposição que só se cumpre quando as apareça nos extremos de uma vigota momento positivo,
vigas realmente são rígidas e despreza-se a rigidez à avisa-se de tal circunstância pondo a vermelho as
torção inclusive quando os vãos são muito respectivas vigotas.
descompensados. Isto é particularmente importante nas lajes de vigota de
Na prática, aparecem vigas rasas e vigas altas que com betão genéricas (embora se saiba a priori o tipo de
os vãos de trabalho que possuem acabam flectindo vigota) e pré-esforçada, nas que não se pode, a priori,
mais que o devido e apresentam uma flexibilidade que o assegurar a amarração no bordo de apoio da viga.
cálculo detecta. A decisão perante esta circunstância pode ser diferente
A compatibilidade de deformações que tem de se segundo o caso:
cumprir sempre, excepto se romperem as secções ou se
• Modificar o desenho estrutural, encurtando vãos,
plastificarem em excesso, obriga a que, tanto vigas
aumentando a rigidez da viga.
como vigotas se desloquem de forma conjunta e
solidária, dando lugar a que se desenvolvam • Articulando os bordos das lajes para que as lajes de
comportamentos não previsíveis ou anómalos nas lajes vigotas trabalhem como tramos isostáticos.
de vigotas.
• Recorrendo a vigas que sejam nervuras in situ e a
E isto não significa que o cálculo esteja mal, mas sim armadura inferior se possa passar, amarrando e
que o nosso modelo com um desenho estrutural emendando.

CYPE
116 CYPECAD - Memória de Cálculo

Em qualquer caso é um passo iniludível a consulta das continuidade das lajes perante cargas verticais e, numa
envolventes de esforços nos pórticos de vigotas, cópia, fazer com que todos os vãos sejam isostáticos
podendo tomar a decisão de desprezar esse aviso se o articulando os bordos (coeficiente de encastramento =
momento positivo for muito pequeno. 0), e evitando como já se mencionou, que haja vigotas
que passem pelos apoios, e para o caso de vigotas
Não esqueça de consultar os diagramas de esforços
muito próximas desses apoios, introduzir um coeficiente
transversos, pois daí se deduz a transmissão de cargas
de rigidez à torção em barras curtas muito pequeno
das vigotas às vigas e, em algum caso, pode ser que
(0.001) para esse cálculo em particular.
essa transmissão seja escassa ou negativa, tal como
mencionamos. Evidentemente que para os resultados teríamos que
rever dois cálculos e fazer os retoques manuais que
Se se acostumar a rever essas envolventes, também
cubram ambos os casos.
poderá ‘ver’ o que sucede quando introduz acções
horizontais, vento e sismo na estrutura. Com tudo isto queremos chamar a atenção sobre o
facto de que nem sempre se pode obter como resultado
Se o desenho estrutural se baseia numa malha mais ou
algo esperável utilizando outros métodos aproximados,
menos ortogonal de vigas que passam pelos apoios, as
confiando que a bondade desses métodos se baseia na
vigotas normalmente limitar-se-ão a transmitir cargas
simples certeza de que ‘funcionam’, quando, em muitos
verticais às vigas.
casos, é a ausência das cargas de serviço e a utilização
Se ao contrário, no desenho e na direcção dominante de uns coeficientes parciais de segurança os que
das vigotas, não houver tais vigas que atem aos apoios, permitem à estrutura ‘funcionar’.
produz-se uma espécie de viga-pórtico virtual da ou das
E por outro lado queremos chamar a atenção ao
vigotas que passam muito perto do apoio, de maneira
utilizador para que reveja os resultados com as
que suportam esforços horizontais da mesma forma que
ferramentas de que dispõe e analise os mesmos.
outros pórticos da estrutura na mesma direcção. E terá
de ser coerente com o modelo, sobretudo quando a
alternância de momentos nessas vigotas conduza a
fortes momentos positivos em apoios, ao que se deve
dar uma solução, quer seja armando convenientemente
essas nervuras (in situ, maciçando e reforçando em
positivos, etc.), colocando vigas, ou, se quiser ‘enganar’
o modelo e fazer com que nenhuma vigota passe pelo
apoio, introduzindo vigas de bordo não estruturais
equivalentes, que transmitam as cargas verticais mas
que não colaborem na flexão por efeito pórtico.
Se mesmo assim não quiser que as vigotas colaborem,
ou que o possam fazer por torção das vigas, o
adequado seria não introduzir a laje e substitui-la pelas
suas supostas reacções sobre as vigas através de
cargas lineares calculadas manualmente, ou se não
desejar chegar a tanto, fazer um cálculo em

CYPE
CYPECAD - Memória de Cálculo 117

7. Lajes inclinadas
As lajes inclinadas podem-se introduzir no CYPECAD, • É recomendável que nas arestas dos encontros de
tal como se explica no ponto 3 do manual do utilizador, planos inclinados, nas quais necessariamente se
com as possibilidades e limitações aí indicadas. terá definido vigas, existam pilares que sustentem
essas vigas de encontro (b), (rincão e laró) não
Convém deixar claro que têm as mesmas propriedades
desenhando sistemas estruturais nos quais uns
que as horizontais e o modelo estrutural que se gera ao
planos possam suspender-se noutros.
inclinar um plano é que, logicamente, variam as
dimensões das barras nesse plano e os elementos de É importante, visto que o dimensionamento de
suporte vertical que chegam à mesma terão diferentes todos os elementos que pertencem a planos
comprimentos. Pode visualizar e consultar tudo isso horizontais ou inclinados, vigas, vigotas, lajes
quando activar a opção de Envolventes > Modelo 3D, alveoladas, lajes maciças e lajes fungiformes
da última obra calculada. aligeiradas dimensionam-se à flexão simples e ao
esforço transverso, desprezando o efeito do axial,
Para ‘ver’ o conjunto do edifício, utilize a vista 3D do
quer seja de compressão ou de tracção, pelo que
edifício ou do grupo, se o que deseja ver é um piso em
se deve evitar desenhos estruturais que produzam
concreto.
de forma inevitável estes esforços.
É muito importante saber esta informação sobre as lajes
Convém recordar que os esforços axiais aparecem
inclinadas:
inclusive com planos horizontais, basta analisar um
• Mantém-se a hipótese de diafragma rígido, que simples pórtico ou dintel com pilar de um vão e
recordamos, supõe que não há deslocamento aparecem axiais no dintel, e além disso varia com a
relativo em 2 pontos do piso, embora sejam de rigidez dos apoios. E normalmente consideramo-lo
planos inclinados diferentes. um efeito de segunda ordem e desprezamo-lo. Por
isso, insistimos numa boa utilização das lajes
inclinadas, para que esses efeitos e possíveis
impulsos no vazio não compensados possam ser
importantes. Realizando desenhos estruturais
normais e sancionados pela prática, dificilmente
encontraremos problemas.
Utilize as ‘vigas inclinadas’ (d, Fig. 7.2) com 6 graus
de liberdade (de cor amarela), já conhecidas, que
Fig. 7.1 se dimensionam para os axiais, quando tiver casos
que não sigam as recomendações anteriores.
Isto é, o conjunto de planos horizontais e inclinados
deslocam-se solidariamente de forma horizontal, tal • Quando quiser suprimir pilares das vigas rincão ou
como deve ser de acordo com o diafragma rígido. laró, utilize uma laje horizontal que actue como
tirante. Com inclinações e vãos normais, essa laje

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118 CYPECAD - Memória de Cálculo

será capaz, com uma malha, de absorver essas Os muros de alvenaria são elementos que
tracções (e). funcionam bem perante cargas verticais, mas mal
perante flexões normais no seu plano.
• Viga comum. É um novo conceito que se utiliza
para definir vigas que pertencem de forma
simultânea a dois grupos, sendo algum deles
formado por uma laje inclinada que chega à viga.
Nos esquemas (a e e, Fig. 7.2), seria o caso das
vigas extremas perpendiculares ao plano do
desenho.
Recebe as cargas de ambas as lajes, e é visível em
ambos os grupos, diferenciando-se do resto das
vigas por um traço descontínuo no seu eixo.
Dimensiona-se sempre como secção rectangular,
mesmo que a sua forma seja um trapézio como
consequência da intersecção de ambos os planos.
As vigas de rincão e laró têm a mesma condição,
dimensionam-se como rectangulares. Se além disso
for rasa, embora a sua secção se desenhe em
forma de V, dimensiona-se como rectangular.

Fig. 7.2

• Não apoie lajes inclinadas simulando um apoio de


muro, excepto se for de pequena dimensão, pois
esse apoio de muro (simulado) absorverá os
impulsos horizontais sem os transmitir ao resto da
estrutura. Fig. 7.3
Também não o faça nos muros de alvenaria, • As armaduras de lajes inclinadas (de vigotas, laje
excepto se tiver outros elementos estruturais maciça e fungiforme aligeirada) desenham-se em
capazes de absorver esses esforços horizontais. planta projectadas, mas cota-se o seu comprimento
real de cálculo.

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CYPECAD - Memória de Cálculo 119

Onde houver quebras, indica-se um símbolo • Quanto às acções horizontais, deve ter-se em
opcional , para saber a forma dos conta:
varões nesses pontos. - Vento. Obtém-se como uma carga ao nível de
• Em lajes maciças e fungiformes aligeiradas, limitou- cada piso como o produto da largura de faixa
se a malha de cálculo e a disposição de armaduras, definida pela soma das semialturas do piso,
que é sempre ortogonal, seguindo uma das aplicada ao centro geométrico do piso e é uma
armaduras de direcção da máxima inclinação e a carga horizontal, pelo que convém ter presente
outra perpendicular a esta. que se a cobertura tem planos inclinados,
defina como altura (h) do piso a do ponto mais
• Referente às acções aplicadas: alto da mesma, que estimará sempre a carga
- Os pesos próprios dos elementos estruturais, horizontal de vento pelo lado da segurança.
vigas e lajes em planos inclinados, obtêm-se e
calculam-se de forma directa e automática, pois
conhece a sua verdadeira magnitude.
- O que chamamos revestimento e paredes
divisórias, isto é, as cargas permanentes
adicionais como pavimentos, revestimentos e
cobertura de planos inclinados, devem ser
aumentadas na proporção dada pela inclinação Fig. 7.4
da laje. Não se considera componentes verticais nem
Por exemplo, uma inclinação de 100% (45°) que normais aos planos inclinados (perpendicular ao
já é uma inclinação importante, daria como plano) uma vez que, normalmente, num edifício,
resultado: embora podendo ter pressões entre 0,1 e 1 kN/m2,
não são determinantes e se na sobrecarga se
q q q
p= = = = 1.41q consideraram uns valores mínimos, sempre
cos α cos 45 "
0.707 superiores a essa pressão do vento, não terá de se
• A sobrecarga, no entanto, não é preciso modificar, preocupar. Estamos, logicamente, a pensar em
visto que se considera em projecção horizontal, coberturas inclinadas expostas ao vento, onde a
logo, se segundo a utilização for 1 kN/m2, 1 é o carga permanente e o material de cobertura
valor a introduzir, ou como carga superficial numa representam cerca de 80% da carga total, em
zona de contorno poligonal como carga especial. edifícios normais. Não é o caso de uma nave com
Quanto ao cálculo de cargas lineares, por exemplo uma cobertura ligeira. Se for o caso, procurar que a
tapamentos sobre planos inclinados cuja altura carga introduzida como sobrecarga seja envolvente
vertical é constante e conhecida, basta multiplicar da neve e do vento.
essa altura pelo peso por metro quadrado de
tapamento.
• A sobrecarga de neve pode introduzir-se como
7.1. Dimensionamento de elementos
sobrecarga. Tal como já se mencionou antes, dimensiona-se à flexão
simples e ao esforço transverso, desprezando-se os

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120 CYPECAD - Memória de Cálculo

esforços axiais em todos os elementos das lajes


inclinadas.
A pormenorização de armaduras dos pórticos de vigas
pertencentes a lajes inclinadas desenha-se em alçado
na sua verdadeira forma e dimensão.
As armaduras das lajes desenham-se em projecção
horizontal e cotam-se na verdadeira dimensão.

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CYPECAD - Memória de Cálculo 121

8. Vigas mistas
O cálculo e dimensionamento das vigas mistas realiza- nos apoios, que por defeito o programa não dimensiona
se segundo o Eurocódigo 4: Projecto para estruturas na presente versão.
mistas aço-betão. Parte 1-1: Regras gerais e regras para
edifícios.
Podem-se introduzir perfis de aço (do tipo, I) sob laje de
piso com parte superior de betão colaborante através da
utilização de conectores.
Nos extremos unidos a apoios de vigas mistas aplica-se
um coeficiente de encastramento parcial de 0.05 (da
mesma forma que aos pilares na cabeça do último piso),
com o objectivo de reduzir o momento negativo no
apoio aumentando o positivo.
O dimensionamento das vigas mistas faz-se de maneira
que na zona de momentos negativos o perfil metálico
resista a todos os esforços, enquanto que na zona de
positivos resiste a secção mista.
Quanto ao cálculo à flexão não é necessário indicar a
largura do banzo de betão colaborante, uma vez que o
programa a calcula automaticamente:
- Em lajes maciças é a correspondente à largura
eficaz definida no Eurocódigo 4.
- Em lajes maciças inclinadas, lages fungiformes
aligeiradas, lajes alveoladas e lajes de vigotas, será
o mínimo entre a largura eficaz e a largura do banzo
mais 10 cm de cada lado se não for de bordo; se o
for, o programa calcula a largura do banzo mais 10
cm.
Para a verificação de secções para momentos positivos
a largura eficaz é diferente da considerada para o
cálculo de momentos negativos, por isso, no editor de
armaduras de vigas, o que aparece é a largura eficaz na
zona de momentos negativos, acrescenta-se armadura

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122 CYPECAD - Memória de Cálculo

9. Lajes mistas
As lajes mistas compõem-se de uma laje e de uma A chapa pode apoiar-se sobre vigas metálicas, metálicas
chapa com nervuras, que serve de cofragem para a mistas, de betão, muros, etc., sendo necessário uma
primeira. Pode-se utilizar a chapa de forma que possa entrega mínima que o programa actualmente não
trabalhar de alguma das seguintes maneiras: contempla.
• Só como cofragem perdida. Na fase de construção, O projecto de cálculo e dimensionamento realiza-se em
a chapa resiste à sua carga permanente, ao peso do duas fases:
betão fresco e às cargas de construção. Na fase de
a) Em fase de execução:
utilização é unicamente a laje de betão armado a
que tem a função resistente. - Para o cálculo da resistência da chapa tem-se
em conta o peso do betão, da chapa de aço, e
• Como chapa colaborante (comportamento misto).
das cargas de construção.
Na fase de construção trabalha como cofragem
perdida (caso anterior). Na fase de utilização - Para o cálculo à flecha não se têm em conta as
considera-se que a chapa se combina cargas de construção.
estruturalmente com o betão endurecido, actuando
como armadura à tracção, resistindo aos momentos - Considera-se internamente um coeficiente de
positivos, na laje acabada. A chapa é capaz de encastramento 0 das lajes com as vigas
transmitir tensões na sua interface com o betão, perimetrais (nervuras isostáticas).
sempre e quando se tiver um sistema mecânico - Existe a opção de dimensionar a chapa no caso
proporcionado por deformações na chapa de incumprimento de algum estado limite, ou
(saliências ou reentrâncias). então calcular a separação entre escoramentos
O cálculo e dimensionamento das chapas realiza-se sem dimensionar a chapa. Se no primeiro caso
segundo o Eurocódigo 4: Projecto de estruturas mistas não se obtiver um resultado válido, então
de aço-betão. Parte 1-1: Regras gerais e regras para calcula-se a separação entre escoramentos.
edifícios. b) Em fase de utilização:
As lajes mistas são aplicáveis a projectos de estruturas - Na fase de utilização parte-se da chapa
de construção nas quais as cargas impostas são calculada na fase anterior.
predominantemente estáticas, incluindo edifícios
industriais cujas lajes podem estar submetidas a cargas - Por defeito, o programa atribui às lajes um
móveis. coeficiente de encastramento 0, para que a
distribuição de cargas nas vigas metálicas onde
Limita-se a altura total da laje mista, a espessura sobre apoia a laje se realize de acordo com a largura
as nervuras das chapas e a altura mínima de pernos de banda teórica, e para evitar o aparecimento
sobre nervuras de chapas (no caso de vigas mistas). de momentos positivos em apoios intermédios.
Isto só se pode conseguir, como já se explicou,
atribuindo um coeficiente de encastramento 0,

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CYPECAD - Memória de Cálculo 123

com independência da rigidez das vigas, ou para momentos positivos prescinde-se da


então predimensionando correctamente as colaboração da chapa.
vigas. Realizado um primeiro cálculo e
- Quando for necessário colocar armadura,
dimensionamento das vigas, o utilizador pode
colocar-se-á pelo menos um varão em cada
substituir o coeficiente de encastramento por
nervura.
outro (entre 0 e 1) e repetir o cálculo. Se o
utilizador atribuir um coeficiente de A resistência de uma laje mista deve ser suficiente para
encastramento diferente de 0, podem ocorrer suportar as acções de cálculo e para assegurar que
duas coisas: nenhum estado limite será atingido, com base num dos
seguintes modos de rotura:
1. Na fase anterior obteve-se uma laje sem
escoramentos (autoportante), uma vez que se • Secção crítica I. Flexão: resistência à flexão. Esta
encontrou uma chapa que verifica. Neste caso a secção pode ser crítica se houver uma conexão de
laje deve calcular-se só com a carga adicional corte completa na interface entre a chapa e o betão.
posterior à execução da laje, formada pelos
revestimentos e paredes e pela sobrecarga, uma • Secção crítica II. Corte longitudinal: resistência
vez que a chapa se encarrega de aguentar com a ao corte longitudinal. A carga máxima na laje é
carga permanente da laje. A maneira de o determinada pela resistência da conexão do corte.
programa poder ter em conta, de forma O momento último de resistência na Secção I não
aproximada, somente estas cargas é aplicando pode ser atingido. Esta situação é definida como
coeficientes de encastramento, que calcula e conexão de corte parcial.
aplica internamente, para lajes em continuidade. • Secção crítica III. Corte vertical e punçoamento:
De forma orientativa considera-se que o valor do resistência ao corte vertical. Esta secção só será
coeficiente de encastramento para atribuir às crítica em casos especiais, por exemplo, em lajes
lajes, depende da relação entre a carga espessas de vão curto com cargas relativamente
permanente da laje e a carga total, supondo um elevadas.
estado de cargas uniforme. O valor do coeficiente
de encastramento seria: Coef. Encastramento = O valor do momento flector resistente de qualquer
Coef. Encastramento utilizador x (1 – (carga secção determina-se pela teoria do momento resistente
permanente laje / carga total). plástico de uma secção com conexão completa.
2. Na fase anterior obteve-se uma laje com No que se refere à área efectiva das chapas de aço, a
escoramentos. Neste caso o programa considera largura das bossas e das reentrâncias das chapas deve
na fase de utilização o total da carga = carga ser desprezada, a não ser que se demonstre, por meio
permanente + sobrecarga. de ensaios, que a área útil é maior.
- Existe a opção de dimensionar a chapa ou não. O programa calcula o valor do momento resistente
Também pode optar por dimensionar a positivo de uma laje mista em função da posição da fibra
armadura positiva, tanto se tiver seleccionado neutra. Podendo estar acima da chapa ou dentro da
dimensionar a chapa e não se encontrar uma na mesma.
série que cumpra, como se não a tiver
Para o cálculo do corte longitudinal determina-se o valor
seleccionado. Em ambos os casos, se se arma
de cálculo do esforço transverso, que é, em parte,

CYPE
124 CYPECAD - Memória de Cálculo

função dos coeficientes ‘m-k’, que o fabricante da chapa


fornece. Este cálculo é o correspondente a lajes sem
amarração extrema, não se tem em conta se existe
amarração no extremo, isto é, pernos sobre a viga mista.
Determina-se o valor de cálculo do esforço transverso
resistente da laje mista.
Não se analisa o punçoamento perante cargas
concentradas.
Não se analisa a fendilhação em regiões de momento
flector negativo.
Para o cálculo de flechas aplica-se o método de
Branson, dado que é conhecida tanto a armadura
superior como a inferior (quer seja chapa, quer seja
armadura positiva).
Nas opções de cálculo do programa definem-se os
coeficientes de flecha para a fase de construção e para
a de utilização.
Com já se disse anteriormente, o programa verifica e
dimensiona para que não se superem os limites de
flecha definidos para a fase de construção, aumentando
a espessura da chapa ou colocando escoramentos; mas
na fase de utilização apenas se verifica a flecha, não se
dimensiona a chapa, para que se cumpram os limites de
flecha definidos para a fase de utilização, uma vez que o
que pode solucionar este problema é um aumento da
altura total da laje.

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CYPECAD - Memória de Cálculo 125

10. Implementação normas


10.1. Implementações Regulamento Aço. 1.15

Português
10.1.1. Acções a considerar Acções

Acções Horizontais Ver os coeficientes aplicáveis em Combinações.

Vento
De acordo com o indicado no R.S.A. 10.1.4. Dados de introdução
Dados Gerais de Acções
Sismo Vento
De acordo com o indicado no R.S.A., pode-se aplicar o De acordo com o indicado no R.S.A.
método dinâmico (Análise modal espectral), indicando-
se que se tem em conta de forma simultânea tanto os Sismo
espectros tipo I como II. De acordo com o indicado no R.S.A.

10.1.2. Materiais a utilizar 10.1.5. Verificação e dimensionamento de


Aço em Viga e Pilares Metálicos elementos
Seleccione em função do tipo de aço, a norma de Aplica-se a norma R.E.B.A.P. nas verificações indicadas
aplicação, que será: na memória.

Aços enformados: MV-110 (Portugal) Pilares

Aços laminados e compostos: R.E.A.E A excentricidade acidental é o maior valor de I0/300 e 2


cm.
A excentricidade de segunda ordem calcula-se de
10.1.3. Combinações e Coeficientes acordo com o indicado no regulamento.
Redutores Considera-se a excentricidade por fluência. Limita-se a
Materiais esbelteza a 140.
Os coeficientes de minoração dos materiais são: Critérios de dimensionamento sísmico
Betão. 1.5 Incluíram-se os critérios de ductilidade melhorada.

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126 CYPECAD - Memória de Cálculo

• Nos extremos das vigas, a armadura longitudinal de a dimensão maior do pilar


uma face deve ser pelo menos 50% da face oposta.
altura do pilar / 6
Armadura inferior ≥ 0.5 da Armadura superior
• Se a esbelteza superar o valor 70, emite-se um
Armadura superior ≥ 0.5 Armadura inferior (em aviso.
extremos)
• Se o axial máximo de cálculo, superar 0.6 ⋅ fcd Ac,
• A armadura mínima longitudinal em qualquer emite-se um aviso.
secção, deve ser pelo menos um quarto (1/4) da
máxima na sua face.
Paredes
Armadura mínima inferior ≥ ¼ da Armadura máxima
inferior • Se a esbelteza superar o valor 70, emite-se um
aviso.
Armadura mínima superior ≥ ¼ da Armadura
máxima superior • A quantidade máxima limita-se a 4%.
• A armadura mínima longitudinal será um diâmetro • A quantidade mínima deve ser maior que 0.4%.
de 12 mm em cada canto, tanto superior como
inferior. • Se nos bordos a tensão superar 0.20 fcd, emite-se
um aviso.
• Numa zona de 2 vezes a altura da viga, colocar-se-á
junto aos apoios, estribos à menor das seguintes • Aumenta-se o esforço transverso em 10%.
separações:
Um quarto da altura (1/4 h)
15 cm
• Aumenta-se o esforço transverso em 25%.
• Não se considera a contribuição do betão na
resistência ao esforço transverso.
• A quantidade mínima de estribos é 0.2% com A235
e 0.1% com A400 e A500.
• Na cabeça e no pé, assim como no nó de pilares,
colocar-se-ão estribos a uma separação igual à
menor das seguintes:
10 cm
o diâmetro mínimo de estribos é 8 mm.
• Os estribos do ponto anterior, colocar-se-ão num
comprimento igual ao maior dos seguintes:

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CYPECAD - Manual do utilizador 127

10.2. Implementação Eurocódigo 2 Limite de deformação máxima = 0.01

(EC-2) Coeficiente parcial de segurança γs = 1.15


Implementou-se a Norma Europeia Experimental ENV Diâmetros utilizáveis: 6, 8, 10, 12, 16, 20, 25
1992-1-1-, PARTE 1-1: ‘Regras Gerais e Regras para
Edifícios’, em tudo referente a edifícios e secções de
betão armado. 10.2.2. Combinações de acções
Considerou-se o indicado na ENV 1991-1, Eurocódigo 1,
10.2.1. Materiais a utilizar Parte 1, Bases de Projecto.

Betões As combinações básicas consideradas são as


seguintes:
Define-se uma série de betões tipificados:
Estados limite últimos (betão, equilíbrio fundações,
C12/15, C16/20, C20/25, C25/30, C30/37, C35/45, betão em vigas, aço laminado e composto, aço
C40/45, C45/55, C50/60 enformado).
Ecm = 26000, 27500, 29000, 30500, 32000, 33500, a) Situações de projecto definitivas e transitórias:
35000, 36000, 37000
Onde o primeiro número indica a resistência
∑γ
≥1
Gj G Kj + γ Q1 Q K1+ ∑ γ Qi ψ oi Q Ki
i >1

característica fck aos 28 dias em provete cilíndrico


expressa em N/mm2 (Mpa); o segundo número é em b) Situação sísmica de projecto:
provete cúbico. Em todas as fórmulas em que apareça,
utiliza-se o primeiro número.

≥1
G Kj + γ1 A Ed1+ ∑ ψ 2i Q Ki
i ≥1

O módulo de elasticidade secante Ecm é o sendo:


correspondente a cada tipo de betão conforme se indica γGj = 1, se o seu efeito for favorável, e 1.35 se for desfavorável
no parágrafo anterior. γQi, γGi = 0 se o seu efeito for favorável, e 1.50 se for
desfavorável
Coeficiente parcial de segurança γc = 1.5
ψoi = valor de combinação, que segundo a tabela 9.3 é:
• categorias A, B, C e D: 0.7 (habitações, escritórios,
Aços áreas de reunião, comércios)
Limite Elástico • categoria E: 1.0 (armazéns)
Denominação
(fyk) em N/mm
• carga de vento: 0.6
S220 220
ψzi = valor quase permanente, que segundo a tabela 9.3
S400 400 é:
S500 500
• categorias A e B: 0.3 (habitações e escritórios)
Módulo de elasticidade Es = 200000 N/mm2.

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128 CYPECAD - Memória de Cálculo

• categorias C e D: 0.6 (áreas de reunião e Estado limite último perante esforço transverso
comércios)
Verifica-se que Vsd < Vrd2 no bordo de apoios.
• categoria E: 0.8 (armazéns)
Se Vsd ≥ Vrd1, coloca-se reforço ao esforço transverso e
γ1: factor de importância, considerar-se-á igual a 1, verifica-se em toda a secção situada a partir de uma
considerando esse valor incluído na acção sísmica. altura útil (d).
AEd: acção sísmica Vrd1 = τrd ⋅ K ⋅ (1.2 + 40ρ1 )  ⋅ bw ⋅ d
GKj: acção permanente (peso próprio, paredes exteriores sendo:
e divisórias)
τrd = ( 0.25fctk,0.05 ) / γ c
Qki: acção variável (sobrecarga, vento)
K = 1.6 − d ( em metros )  ≤ 1
Para tensões sobre o terreno, (rotura do pavimento),
muda o seguinte: A sl
ρ1 = ≥ 0.02
bw ⋅ d
γGj = 1,seja favorável ou desfavorável A sl : área de armadura longitudinal de tracção
γQ1, γQi = 0, favorável, 1.3, desfavorável 1
Vrd2 = ν ⋅ fcd ⋅ bw ⋅ 0.9 ⋅ d
Recorda-se que é um estado limite último, pelo que a 2
tensão do terreno deve ser de cálculo, isto é, aplicando f
o correspondente coeficiente parcial de segurança. ν = 0.7 − ck ≤ 0.5 ( fck em N / mm2 )
200
Se Vsd ≥ VRd1, faz-se Vcd = VRd1e obtém − se
10.2.3. Diagramas tensão-deformação A sw
Vwd = Vsd − Vcd = 0.9 ⋅ d ⋅ fywd
Betão s
Em compressão limita-se a deformação unitária a 0.0035 Esforço transverso na união de banzo-alma em secções
e em compressão simples, 0.002. ∆Fd  Vsd b1 
em T (vigas), sendo o rasante Vsd = = ⋅ 
Adopta-se o diagrama parábola-rectângulo em av  0.9d b 
elementos de suporte, limitando a tensão de cálculo a
0.85 fcd. Deve verificar-se que:

Para lajes e vigas aceita-se o diagrama rectangular. Vsd ≤ 0.2fcd ⋅ hf


A sf
Vsd ≤ ⋅ fyd
Sf
Aço
Em vigas de fundação, onde se considera a flexão dos
Limita-se a deformação unitária ao valor 0.01. banzos, considerar-se-á a maior das duas.

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CYPECAD - Manual do utilizador 129

Estado limite último perante torção Estado limite último de instabilidade perante a
encurvadura
Deve verificar-se que Tsd ≤ TRd1, sendo
Verifica-se em pilares. Como elemento de suporte
TRd1 = 2νfcd ⋅ t ⋅ A k isolado, se a esbelteza mecânica λ for menor que 25,
A ≥ ho aplica-se o seguinte:
t≤ 
u ≤ 2c h
• excentricidade mínima: eo =
Ak = (b − t ) ⋅ (h − t ) 20
 f  • excentricidade acidental (por imperfeições):
ν = 0.7  0.7 − ck  ≤ 0.35
 200  l
ea = ν ⋅ o
2
• Cálculo da armadura transversal (estribos em vigas)
sendo
A sw Tsd
2 ≥ 1
s A k ⋅ fywd ν= , ( lo : altura de encurvadura, l: altura do pilar )
100 l
para os estribos perimetrais
• Cálculo do incremento da armadura longitudinal • excentricidade de 2ª ordem: segundo o método da
(em vigas) coluna-modelo:
Tsd ⋅ uk
A sl ≥ lo2  1
2A k ⋅ fyld e2 = K 1 ⋅  
10  r 
verificação conjunta de esforço transverso e torsor: λ
K1 = − 0.25
2 2
20
 T   V 
 sd  +  sd  ≤ 1
 TRdq   VRdq  K1 = 1 se λ > 35

1 2 ⋅ K 2 ⋅ ε yd f
Estado limite último de punçoamento = , ε yd = yd , K 2 = 1
r 0.9 ⋅ d Es
Aplica-se uma verificação como elemento ao esforço
a excentricidade de cálculo será:
transverso nas secções que de forma automática e
paralela aos apoios que realiza, desde 0.5d e e TOT = eo + ea + e2
incrementando secções homotéticas cada 0.75d. Se for
necessário, reforça-se com ramos verticais. Efectua-se
em lajes maciças e zonas maciças de fungiformes
aligeiradas.

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130 CYPECAD - Memória de Cálculo

Estados limite de utilização ( Vsd − 3Vcd )


ρw ⋅ bw ⋅ d
(N mm )
2

• Fendilhação: calcula-se de forma opcional a largura S(mm)


da fenda:
≤50 300
WK = 1.7 ⋅ Srm ⋅ εrm
75 200
φ
Srm = 50 + 0.25 ⋅ K 1 ⋅ K 2 ⋅ 100 150
ρr
150 100
em flexão K 1 = 0.8, K 2 = 0.5
As 200 50
ρr = , A c,ef = 2.5 ( h − d ) ⋅ b
A c,ef Armadura de alma se a altura for maior ≥ 1 m.

realiza-se a verificação em vigas (considerando A pele = 0.04A c ⋅ fcd , limitando - se a separação.


50% da sobrecarga). S - 400, φ máx = 25mm, S ≤ 250mm.
• Deformações: aplica-se o método de Branson, S - 500, φ máx = 20mm, S ≤ 200mm
limita-se para cada limite de flecha, como valores
por defeito:
flecha total a prazo infinito: L/250 Prescrições de pormenor
flecha activa: L/500 Posição das armaduras e comprimentos de
amarração
• Posição I, boa aderência, varões verticais, a
Outras prescrições armadura inferior, e a superior se a altura da peça
• Quantidade mecânica mínima da armadura de for ≤ 250 mm.
tracção:
• Posição II, má aderência
A ct A terminação em patilha normalizada permite obter lb,net
A s = K c ⋅ K fct,ef , é a condição de rotura
σs = 0.7 lb.
frágil, que no programa expressa-se por
φ fyd l
A s ⋅ fyd ≥ 0.04 A c ⋅ fcd • Posição I: lb = ; em posição II: l b = b
4 fbd 0.7
• Fendilhação por esforço transverso:
Se a área necessária para o cálculo for menor que a real
Se Vsd > 3 Vcd, limita-se a separação de estribos (vigas) A
colocada, então: lb,net = lb ⋅ snec ≥ α ⋅ lb
A sreal

sendo:
α = 0.3 em varões em tracção
α= 0.6 em varões em compressão

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CYPECAD - Manual do utilizador 131

além disso, lb,net será maior que 15 diâmetros e 200 mm. • Vigas
Na armadura vertical em paredes e muros, realiza-se Armadura mínima:
amarrações no arranque de casa piso, multiplicando por
um factor α1, segundo os varões estejam em fcd b⋅d
A s ≥ 0.04 A c ⋅ ≥ 0.6 ≥ 0.0015 ⋅ b ⋅ d
compressão ou tracção, que em último caso será: fyd fyk

α1 = 1.4 (se a<10φ, emendando mais de 50% dos Armadura máxima: As ≤ 0.04 Ac
varões)
Amarração da armadura inferior:
α1 = 2.0 (se a>10φ, emendando mais de 50% dos
varões) - Em apoio extremo: amarrar-se-á o esforço
transverso metade do valor (0.9)

Elementos estruturais
• Elementos de suporte
h
Se ≤ 4 , é um pilar, noutro caso será uma
b
parede.
Armadura mínima longitudinal: φ 12 mm.
Nsd
Quantidade mínima A s mín = 0.15 ≥ 0.003 A c
fyd
Fig. 8.1
Quantidade máxima ≤ 0.08 Ac Amarrar-se-á pelo menos 25% da armadura de vão.
Estribos: - Em apoios interiores: amarrar-se-á pelo menos
10φ desde a face de apoio, e desde o eixo o
φ6mm
comprimento mínimo.
mínimo diâmetro 1
≥ φ longitudinal mínima - Quantidade mínima de armadura transversal
4
(estribos)
12φ longitudinal
separação máxima ≤ menor dimensão transversal A sw
ρw =
300 mm s ⋅ bw
na cabeça e no pé e numa altura da maior
dimensão transversal, multiplica-se a separação
por 0.6.

CYPE
132 CYPECAD - Memória de Cálculo

Classe de betão Classe de aço • Lajes maciças

S220 S400 S500 Amarra-se a armadura decalando uma altura útil d,


a armadura secundária será 20% da principal; a
C12/15 a C20/25 0.0016 0.0009 0.0007
separação máxima será:
C25/30 a C35/45 0.0024 0.0013 0.0011
Armadura principal ≤ 1.5 h ≤ 300 mm
C40/50 a C50/60 0.0030 0.0016 0.0013
Armadura secundária ≤ 2.5 h ≤ 300 mm
Separação máxima entre estribos: As quantidades mínimas e máximas serão as
Se indicadas para flexão.

1 : Smáx = 0.8d ≥ 300 mm


Vsd ≤ VRd2
5 • Muros de betão armado
1 2 : Smáx = 0.6d ≥ 300 mm A relação entre lado maior/menor será ≥ 4, e se
VRd2 < Vsd ≤ VRd2
5 3 não cumprir adverte-se que é um pilar, aplicando
as suas quantidades mínimas.
2 : Smáx = 0.3d ≥ 200 mm
Vsd > VRd2 Quantidades mínimas e máximas/separações.
3
Separação máxima transversal entre ramos: ≥ 0.004 A c  s ≤ 2 ⋅ espessura
Armadura vertical:  
≤ 0.04 A c  s ≤ 300 mm
1
Se v sd ≤ VRd2 , Smáx ≤ d
5
≥ 50% da vertical
1
Se Vsd > VRd2 , aplica-se o mesmo que no ponto Armadura horizontal: s ≤ 300 mm
5
1
anterior para cada escalão. φh ≥ φ vertical
4
Armadura de torção:
Se a quantidade da armadura vertical for ≥0.02Ac,
Cumprirá as separações indicadas para esforço colocar-se-á armadura transversal.
u
transverso e além disso, Smáx ≤ k , sendo uk o
8
perímetro eficaz. A armadura nas faces, colocada
como alma resistente à torção, não deverá distar
mais de 350 mm.

CYPE
CYPECAD - Manual do utilizador 133

10.3. Norma NBR-6118:2003 (Brasil) • Dobras: O comprimento do trecho vertical mínimo,


em função do diâmetro e o tipo de aço é:
10.3.1. Materiais a empregar
Concretos Diâmetro Ø Tipo de Aço
(mm)
Definem-se as seguintes classes: CA-25 CA-50 CA-60
C15, C18, C20, C25, C30, C35, C40, C45, C50 ≤ 20 10 Ø 10.5 Ø 11 Ø

onde o número expressa a resistência aos 28 días em > 20 10.5 Ø 12 Ø Não existe
corpo de prova cilíndrico em MPa = fck.
Foi incluído o C18 que, embora não esteja na norma, • Comprimento de ancoragem:
pode servir para verificação.
φ fyd
lb = ⋅
A classe mínima em estruturas é C20, e em fundações 4 fbd
C15, sendo emitido um aviso se não for maior ou igual a
tal valor. A s calc.
lb,necesaria = α1 ⋅ lb ⋅ ≥l
A s real b,min.
O Módulo de elasticidade do concreto, para os
cálculos estruturais, adota-se: α1 = 0.7 terminada em dobra

Ec = 4760 fck (fck en MPa) lb,min = MAX (0.3 lb; 10 φ; 10 cm) em tração.
lb,min = MAX (0.6 lb; 15 φ; 20 cm) em tração.
Aços
Definem-se as classes:
• Emendas: Em pilares-paredes e muros, aplicam-se
CA-25 (A), CA-50 (A), CA-60 (A), CA-60 (B) as porcentagens indicadas nas opções de cálculo.
(A) Dureza natural, (B) Encruado a frio.
10.3.2. Cobrimentos
• Aderência: Sendo fbd a tensão de aderência, define- O programa proporciona, como padrão, cobrimentos
se: mínimos de 20 mm. Revise o tipo de concreto e o
ambiente da sua obra e corrija-os manualmente.
fbd = η1 ⋅ η2 ⋅ η3 ⋅ fctd

sendo:
η1= 1 (CA-25); η1 = 2.25 (CA-50); η1 = 1.4 (CA-60)
10.3.3. Excentricidade mínima
η2 = 1 (posição I, boa aderência); η2 = 0.7 (posição II, má
M1d,min = Nd ⋅ (0.015 + 0.03 h) em pelo menos uma
aderência). direção.
η3 = 1 (φ < 32 mm)
0.7 ⋅ 0.3 2 3
f ctd = ⋅ f ck (f : MPa)
γc ck

γc: Coeficiente de minoração da resistência do concreto.

CYPE
134 CYPECAD - Memória de Cálculo

10.3.4. Coeficientes de ponderação Coeficiente amplificador por espessura


Ações Se, em pilares ou pilares-paredes, a espessura (b) é
γf = menor que 20 cm, então:
γg Permanentes γq Variáveis γ f = γ f ⋅ γn
Desfavoráveis Favoraveis Desfavoráveis Favoraveis γn = 1.95 − 0.05b; b = espesor
1.4 1 1.4 0

10.3.5. Cálculo ao cortante de lajes


Coeficientes de combinação: nervuradas
 n  Se a distância entre eixos de nervuras é menor ou igual

γ g Fgk + γ q  Fq1k + ψ oj Fqjk 
 
a 65 cm, dimensiona-se como laje.
 2  Se a distância é maior que 65 cm, o espaçamento entre
eixos menor que 90 cm e a espessura das nervuras
Uso do Edifício ψ0 maior que 12 cm, também se dimensiona como laje. No
restante dos casos, dimensiona-se como viga.
Edificios 0.5
Para lajes com distância entre eixos de nervuras maiores
Comercios 0.7 que 110 cm, é mostrado um aviso indicando que se
Bibliotecas, arquivos 0.8 deve dimensionar como uma grelha de vigas e lajes.
Vento 0.6
10.3.6. Limites de flecha
Materiais • Total a prazo infinito: L/250
Concreto: • Instantânea de sobrecarga: L/350
• Ativa: L/500 e 1 cm
γc = Coeficiente de minoração da resistência.

Tipo de Controle γc
10.3.7. Fissuração
Condições desfavoráveis 1.1 · 1.4 = 1.54
Como padrão faz-se Wk = 0.4 mm.
Em geral 1.4
Controle rigoroso 1.3
10.3.8. Análise estrutural
Aço:
Os nós são considerados de dimensão finita e rígidos na
γs = Coeficiente de minoração da resistência. largura do apoio.
CA-25 - Anc (não controlado) , γs = 1.25 Arredonda-se a lei de momentos no apoio, suposta uma
restante, CA-25, CA-50, CA-60, γs = 1.15 resposta linear dentro do mesmo.

CYPE
CYPECAD - Manual do utilizador 135

10.3.9. Limites de redistribução 10.3.16. Flambagem


• Em apoios, sem redistribução: O programa permite a análise dos efeitos de 2ª ordem,
x ≤ 0.5, calculando o coeficiente γz se introduzidas ações
fck ≤ 35 horizontais (vento) de forma opcional, se bem que seja
d
aconselhável sempre calculá-o.
x ≤ 0.4, fck > 35
d O comprimento de flambagem le é igual à distância entre
eixos de apoios pelo coeficiente de flambagem.
• Em apoios, com redistribução, M passa a ser δM.
Emprega-se o método P-∆, para o qual deve-se indicar o
δ ≥ 0.44 + 1.25 x , fck ≤ 35 coeficiente multiplicador dos deslocamentos, que é o
d
inverso do redutor de rigidez, tomando-se como padrão
δ ≥ 0.56 + 1.25 x , fck > 35 1 / 0.7 = 1.43.
d
São considerados os efeitos locais, calculando-se a
10.3.10. Rigidez a torsão em vigas excentricidade adicional por flambagem, e os efeitos
Revise os valores padrões no menu Opções. globais aplicando o método P-∆ e o coeficiente
amplificador de esforços γz às combinações de vento.

10.3.11. Alternância de sobrecarga


Pode-se fazê-o introduzindo hipóteses de sobrecarga Cálculo dos efeitos locais
separadas, a julgamento do projetista. Podem-se desprezar as mesmas, se a esbeltez:

10.3.12. Diafragma rígido


l e
λ = e < λ1 = 25 + 12.5 n
i h {≤≥ 9035
Sempre se considera. Verifique a relação entre lados e • Considera-se a fluência se λ > 90, adicionalmente a
divida o edifício em partes separadas, de forma manual. excentricidade:
 φ Nsg 
 Msg  Ne −Nsg 
10.3.13. Análise de vigas-paredes ec,fluencia =  + ea   2.718 − 1
N
 sg  
Não se considera.  
10 Ec Ic
Ne =
10.3.14. Análise de pilares-paredes e muros le2
Sempre por elementos finitos triangulares de 6 nós. • Se λ > λ1 e λ ≤ 90 se aplica uma excentricidade por
flambagem adicional de valor:
l2
10.3.15. Blocos sobre estacas e2 = e ⋅ 1 , sendo:
10 r
Pelo método de bielas e tirantes.

CYPE
136 CYPECAD - Memória de Cálculo

1 = 0.005 ≤ 0.005 ν = Nsd Armadura máxima: ρTOTAL ≤ 4 %


r h (ν + 0.5) h , A c ⋅ fcd

10.3.20. Armadura de pele em vigas


• Se 90 < λ < 140, aplica-se o método da coluna- Se h > 60 cm, em cada face As pele = 0.001 · Alma.
modelo do Eurocódigo 2:
φ alma ≥ φ estribo
l2
e2 = K1 ⋅ e ⋅ 1 , K1 = 1 se λ ≥ 35 ≤ 20 cm
10 r 
S
fyd ≤ d / 3
1 = 2 K 2 ⋅ ε yd ε yd = 
r 0.9 ⋅ d , K 2 = 1; Es

1 fyd
luego r = 2.222 d ⋅ Es 10.3.21. Pilares
ρmin ≥ 0.004
• Se λ ≥ 140, é emitida uma mensagem de esbeltez 
excessiva, pois os métodos simplificados aplicados mínimos : 
 A s ⋅ fyd ≥ 0.15 Nd
não servem e devem-se utilizar métodos rigorosos 
de cálculo, que ficam fora da aplicação do programa.
máximos : A s ≤ 0.08 A c
10.3.17. Cálculo de flechas em vigas
Aplica-se o método da inércia equivalente (Branson)
para o cálculo das flechas instantâneas. 10.3.22. Cortante
As flechas diferidas são obtidas multiplicando-se as Utiliza-se o modelo 1, θ = 45º.
instantâneas pelos coeficientes indicados nas opções. Quantia mínima:
A sw f
ρsw = ≥ 0.2 ctm , fctm = 0.3 (fck )2 3
10.3.18. Fissuração bw ⋅ s fyk
Aplica-se a formulação indicada na norma.
sendo em vigas com bw ≤ 5 d.

10.3.19. Armaduras longitudinais Verifica-se a seção a d/2 da borda de apoio:


Aplica-se a condição de ruptura frágil. Sendo: Vsd ≤ VRd2
f Vsd ≤ VRd3 = Vc + Vsu
ρmin = Wmin ⋅ cd ≥ 0.0015 , tomando W = 0.035
fyd min

em lajes, e de forma opcional, pode-se aplicar uma


redução quando a quantia é inferior à mínima (consulte
Opções).

CYPE
CYPECAD - Manual do utilizador 137

Verificação à compressão oblíqua: Estribos


fck − Mpa φ min = 5 mm
VRd2 = 0.27 ⋅ α v ⋅ fcd ⋅ b w ⋅ d α v = 1−
250 φ max ≤ b/10
A
Vsu = sw 0.9 ⋅ d ⋅ fywd fywd ≤ 435 MPa
s • Espaçamento de estribos (longitudinal):
0.7 ⋅ 0.3 ⋅ (fck )2 3
Vc = 0.6 fctd ⋅ b w ⋅ d fctd = Vd ≤ 0.67 VRd2 ⇒ Smax = 0.6 d ≤ 300 mm
γc
Vd > 0.67 VRd2 ⇒ Smax = 0.3 d ≤ 200 mm
Desloca-se na direção desfavorável os estribos em d/2. • Espaçamento transversal (entre estribos na
horizontal):
Vd ≤ 0.2 VRd2 ⇒ St = d ≤ 800 mm
10.3.23. Torsão Vd > 0.2 VRd2 ⇒ St = 0.6 d ≤ 350 mm
he = A ≥ 2 C1 Quando necessário, acrescentam-se ramos verticais.
u
deve cumprir-se que:
Tsd ≤ TRd2 = 0.5 ⋅ α v ⋅ fcd ⋅ A e ⋅ he Abas de vigas T com mesa colaborante
A quantia de armadura transversal será ≥ 1.5 cm2/m.
Cálculo de estribos perimetrais por torsão:
2 Ae Tsd
≤ , f ≤ 435 MPa
s A e ⋅ fywd ywd 10.3.25. Pilares
Devem cumprir a expressão b ≤ 5 h.
Armadura longitudinal:
Tsd ⋅ u φ longitudinal, mínima = 10 mm ≤ 1 b mínima
A sl = 10
2 A e ⋅ fywd
Estribos:
Atuação conjunta cortante + torsão:
≥ 5 mm
Vsd T φ min ≥ 1 φ vertical, máxima
+ sd ≤ 1  4
VRd2 TRd2

200 mm
Separación ≤ b mínimo
10.3.24. Detalhes 24 φ l (CA-25); 12 φ l (CA-50)
Armadura de tração em apoios (inferior):
• Nos extremos, será ancorado um valor de 0.5 Vsd, a
partir da face
• Nos apoios intermediários ≥ 10 φ.

CYPE
138 CYPECAD - Memória de Cálculo

10.3.26. Lajes A fywd considerada é a mesma para o cálculo ao cortante


em lajes.
negativos ρn ≥ 0.035
 O espaçamento entre ramos verticais de reforços é
Armadura mínima 
positivos ≥ 0.67 ρ = 0.023 ≤ 0.75 d.
•  n
• Face tracionada, quantia geométrica mínima Serão colocados reforços, se necessário, a partir de
ρmin ≥ 0.0015 0.5 d da face do apoio, e em superfícies paralelas à
mesma, a cada 0.75 d.
• Cortante:
- Sem reforço:
Comprimentos mínimos de reforços em lajes
VRd1 = ζRd k (1.2 + 40ρ ) + 0.15 σcp  b wd
Consulte as opções de lajes. Em particular para lajes
ζRd = 0.25 fctd nervuradas podem-se aplicar comprimentos mínimos
em % do vão.
k = 1 para elementos em que 50% da
armadura inferior não chega ao apoio Em lajes maciças são resultado do cálculo, decalando
sempre o comprimento neto da ancoragem mais uma
k = 1.6 − d > 1 para o restante dos casos altura útil.
- Com reforço. Aplica-se o mesmo que nas
vigas, com as seguintes limitações:
Si h > 35 cm, fywd ≤ 435 MPa
Si h ≤ 15 cm, fywd ≤ 250 MPa

para valores intermediários se interpola.

10.3.27. Punção
Dado que o programa calcula as tensões tangenciais de
forma precisa, a partir de 0.5 d e em intervalos de 0.75 d
o cortante e punção, limita-se o valor de tal tensão
tangencial ao valor:

200 100 ρ f 1 3
ζrd ≤ ζrd1 = 0.13 (1 +
d(mm)
( ck )

Se for necessário reforço, considera-se a contribuição


do concreto com a mesma formulação, mas o termo
0.13 é substituído por 0.10.

CYPE

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