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WP3 PT
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B. Zhao
CTICM – Centre Technique de la Construction Métallique, France
Durante um incêndio, o comportamento mecânico da estrutura pode ser considerado como a última
etapa da sequência ilustrada na figura 1. Este é também um dos impactos mais importantes na
estrutura devido a um incêndio.
carregamento
Θ
Colunas
de aço
tempo
1: Ignição 2: Acções térmicas 3: Acções mecânicas
tempo
4: Comportamento 5: Comportamento 6: Colapso
térmico mecânico eventual
Note-se que o comportamento mecânico de uma estrutura em situação de incêndio está directamente
relacionado com o modo como esta se comporta quando sujeita ao fogo. De um modo geral, a reacção
de uma estrutura ao fogo pode ser descrita da seguinte maneira (ver também a figura 2):
• Variação da temperatura, também designada por comportamento térmico, induzida pela
transferência de calor do incêndio.
• Uma vez aquecida, a estrutura deforma-se de acordo com o coeficiente de dilatação térmica
que é normalmente positivo.
• Ao mesmo tempo, um aumento de temperatura considerável altera as características dos
materiais: diminuição da rigidez e da resistência dos elementos, provocando deformações
adicionais na estrutura.
• Em alguns casos, a diminuição da rigidez e da resistência é de tal forma relevante que a
estrutura é incapaz de suportar as cargas a que está sujeita, e consequentemente ocorre o
colapso.
Objectivo
¾ Descrever o comportamento estrutural devido ao efeito de
qualquer tipo de incêndio.
Meios P
P
Deformação Carga resistente
P
Ensaio padrão
Tempo Tempo
Em situação de incêndio, as cargas aplicadas em estruturas podem ser combinadas de acordo com a
expressão seguinte (veja a relação 6.11b da EN1990):
∑G
i ≥1
k, j + (Ψ1,1 ou Ψ2,1 )Qk ,1 + ∑ Ψ2,i Qk ,i
i ≥1
sendo:
Gk,j: valores característicos das acções permanentes
Qk,1: valor característico da acção variável de base
Qk,i: valores característicos das outras acções variáveis
ψ1,1: factor de combinação associado à acção variável de base (valores frequentes – recomendado)
ψ2,i: factor de combinação associado às restantes acções variáveis
Os valores dos coeficientes ψ1 e ψ2 são indicados na tabela A1.1 da EN1990 mas podem ser
modificados de acordo com o Anexo Nacional.
Outro aspecto amplamente usado no cálculo em situação de incêndio e descrito nos Eurocódigos é o
E d,fi
nível de carregamento para uma situação de incêndio η fi,t , é definido por η fi,t = , sendo E d e
Ed
E d,fi , o valor de cálculo das acções à temperatura ambiente e em situação de incêndio, respectivamente.
Na realidade, o nível de carregamento depende em grande parte do factor ψ1,1 que varia em função das
η 0,8
fi
0,7
Ψfi,1= 0,9
0,6
Ψfi,1= 0,7
0,5
Ψfi,1= 0,5
0,4
0,3
Ψfi,1= 0,2
0,2
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0
Q k,1 / G k
Figura 4 – Variação do factor de redução ηfi com a relação das cargas Qk, 1 / Gk
Em alternativa ao método utilizado para calcular o nível de carregamento η fi,t , existe uma forma, mais
As duas matérias-primas usadas para as estruturas metálicas e mistas são o aço e o betão. É necessário
conhecer as suas propriedades mecânicas a temperaturas elevadas. A EN1993-1-2 e a EN1994-1-2
apresentam informações detalhadas sobre estes dois materiais. No que se refere ao aço estrutural, a
resistência em função da temperatura, assim como as relações tensão-extensão a temperaturas
elevadas, estão ilustradas na figura 5. Pode-se constatar que o aço apresenta grande diminuição de
rigidez e resistência a partir dos 400 ºC. Aos 600 ºC a rigidez reduz em aproximadamente em 70% e a
resistência em aproximadamente 50%.
As propriedades mecânicas detalhadas do aço a temperaturas elevadas podem ser obtidas usando os
dados apresentados na tabela 3.1 e na figura 3.1 da EN1993-1-2.
Resistência
(% do valor normal) Tensão adimensionalizada
b(ε y,θ - ε )
εp,θ < ε < εy,θ [
f p,θ - c + (b/a) a 2 - (ε y,θ - ε )2 ] 0,5
[
a a − (ε y,θ - ε )2
2
] 0,5
ε = εu,θ 0,00 -
Parâmetros εp,θ = fp,θ / Ea,θ εy,θ = 0,02 εt,θ = 0,15 εu,θ = 0,20
Funções
(f y,θ - f p,θ ) 2
Tensão σ
f y,θ
f p,θ
E a,θ = tan α
α
εp,θ ε y,θ ε t,θ ε u,θ Extensão ε
fy,θ: tensão de cedência efectiva; fp,θ: tensão limite de proporcionalidade; Ea,θ: inclinação da
recta que representa o domínio elástico; εp,θ: extensão limite de proporcionalidade; εy,θ:
extensão de cedência;εt,θ: extensão limite para o patamar de cedência; εu,θ: extensão última.
Da mesma forma, as propriedades mecânicas do betão a temperaturas elevadas podem ser obtidas da
EN1994-1-2 (ver figura 6). No que respeita à resistência à compressão do betão, pode-se afirmar que
esta decresce gradualmente até aproximadamente 50% do seu valor à temperatura ambiente aos 600ºC,
algo semelhante ao aço estrutural.
0 0
400 800 1200 1 2 3 4
Temperatura (°C) Extensão (%) εcu
A resistência à compressão a 600°C reduz para aproximadamente
50%
Figura 6 – Propriedades mecânicas do betão normal a temperaturas elevadas
σc,θ
f c,θ
I II
I:
⎡ ⎛ε ⎞ ⎧⎪ ⎛ ε c ,θ ⎞
3
⎫⎪⎤
σ c ,θ = f c ,θ ⎢ 3 ⎜ c ,θ ⎟ ⎨2 + ⎜ ⎟ ⎬⎥
⎢ ⎜⎝ ε cu ,θ ⎟
⎠ ⎪⎩
⎜ε
⎝ cu ,θ
⎟
⎠ ⎪⎭⎥⎦
⎣
f c,θ ⎫
k c,θ = ⎪
f c ⎬ para ser escolhido de acordo com os valores da Tabela 3.3
and ε cu ,θ ⎪ ⎭
Quadro 3.3 – Valores dos dois parâmetros principais das relações tensões-extensões
do betão de massa volúmica normal (NC) e do betão leve (LC) a temperaturas elevadas
Temperatura do betão k c ,θ = f c ,θ f c ε cu ,θ . 10 3
θ c [°C] NC LC NC
20 1 1 2,5
100 1 1 4,0
200 0,95 1 5,5
300 0,85 1 7,0
400 0,75 0,88 10,0
500 0,60 0,76 15,0
600 0,45 0,64 25,0
700 0,30 0,52 25,0
800 0,15 0,40 25,0
900 0,08 0,28 25,0
1000 0,04 0,16 25,0
1100 0,01 0,04 25,0
1200 0 0 -
20 ∆L/L (x103)
15 betão normal
10 aço
0
0 200 400 600 800 1000 1200
temperatura (°C)
∆l / l = − 2,416 . 10 −4 + 1,2 . 10 −5 θ a + 0,4 . 10 −8 θ 2a for 20 °C <θ a ≤ 750 °C
Or in simple way: ∆l / l = 14 . 10 −6 (θ a − 20 )
Or in simple way: ∆l / l = 18 . 10 (θ c − 20 )
−6
De acordo com Eurocódigos actuais, as abordagens de cálculo acima mencionadas apresentam três
níveis de sofisticação de cálculo para avaliar o comportamento mecânico de estruturas em situação de
incêndio, a saber:
• Métodos de cálculo simples baseados em valores tabelados, sendo este método apenas
aplicável a estruturas mistas de aço - betão.
• Métodos simplificados de cálculo. Este tipo de métodos de cálculo pode ser dividido em dois
grupos diferentes, o primeiro é o famoso método da temperatura crítica, extensamente
aplicado à análise de elementos estruturais metálicos, e o segundo são todos os modelos
mecânicos simples desenvolvidos para a análise de elementos estruturais metálicos e mistos.
• Métodos avançados de cálculo. Esta metodologia pode ser aplicada a todos os tipos de
estruturas, baseiam-se em métodos de elementos finitos ou métodos de diferenças finitas.
Actualmente, na engenharia de segurança contra incêndio, estes métodos tem sido cada vez
mais usados devido às numerosas vantagens que advém da sua aplicação.
Acções térmicas:
curvas de incêndios nominais
Figura 10 – Domínio de aplicação dos diferentes métodos de cálculo em situação de incêndio nominal
Acções térmicas:
curvas de incêndios naturais
Figura 11 – Domínio de aplicação dos diferentes métodos de cálculo em situação de incêndio natural
Todos os procedimentos para aplicação dos métodos anteriores estão definidos nos Eurocódigos (ver a
figura 12).
Método s d e cálcu lo
Após se apresentar os domínios de aplicação dos vários métodos de cálculo, é interessante fazer-se
uma abordagem sobre os princípios de aplicação destes métodos. Em primeiro lugar, um dos métodos
de cálculo mais usado para a análise de elementos mistos de aço-betão, os valores tabelados.
Como se apresenta na figura 13, este tipo de método de cálculo aplica-se aos seguintes elementos
estruturais:
• Vigas mistas de aço e betão com o betão colocado parcialmente ou completamente nas vigas
de aço
• Pilares mistos de aço e betão com o betão parcialmente ou completamente encaixado nos
perfis
• Pilares mistos de aço e betão com secções ocas preenchidas com betão (CHS ou RHS)
Laje
Qual é o princípio do método de cálculo com valores tabelados para análise de elementos mistos de
aço e betão?
Este método utiliza valores predefinidos que resultaram de ensaios ao incêndio padrão e que foram
ajustados de acordo com simulações numéricas (ver figura 14). Todos os valores estão relacionados
entre si, de acordo com a resistência padrão ao fogo, o nível de carregamento, as dimensões mínimas
das secções dos elementos, a armaduras necessária e o recobrimento mínimo do betão, numa ou em
mais tabelas de consulta rápida que apresentam a dimensão do elemento a usar numa determinada
situação de incêndio.
A maior vantagem deste método consiste na facilidade da sua aplicação e na obtenção de resultados
mais seguros que os métodos de cálculo simplificados ou avançados. Desta forma, os arquitectos ou
engenheiros podem aplicar este método durante o pré-dimensionamento de um edifício, para
determinarem a dimensão mínima aproximada da secção dos elementos estruturais em situação de
incêndio.
ef
Segurança
Ac As h Resistência ao contra
fogo padrão
us incêndio
ew
us Nível de
b R30 R60 R90 R120
Relação mínima entre as espessuras da alma e do banzo
carregamento
0,5
ew/ef
Dimensões
dimensões mínimas da secção transversal para o
1
nível de carregamento
ηfi,t ≤ 0,28
da secção
dimensões mínimas h e b [mm]
1.1 160 200 300 400
distância ao eixo mínima us dos varões da armadura
1.2 - 50 50 70
[mm]
1.3 - 4 3 4
percentagem mínima de armadura As/(Ac+As) em %
dimensões mínimas da secção transversal para o ηfi,t ≤ 0,47
2
nível de carregamento Armadura de
2.1
dimensões mínimas h e b [mm]
distância ao eixo mínima us dos varões da armadura
160 300 400 - reforço
2.2 - 50 70 -
[mm]
2.3 - 4 4 -
percentagem mínima de armadura As/(Ac+As) em %
Recobrimento
dimensões mínimas da secção transversal para o
3
nível de carregamento
ηfi,t ≤ 0,66 do betão
dimensões mínimas h e b [mm]
3.1 160 400 - -
distância ao eixo mínima us dos varões da armadura
3.2 40 70 - -
[mm]
3.3 1 4 - -
percentagem mínima de armadura As/(Ac+As) em %
A aplicação de valores tabelados pode ser feita para duas situações distintas (ver a figura 15): i)
verificação da segurança quando já são conhecidas as dimensões dos elementos estruturais e ii) pré-
dimensionamento onde só as acções de cálculo estão definidas.
neste valor, nas dimensões e nas exigências das dimensões da secção transversal do elemento, obtêm-
se o nível de resistência que o elemento garante ao fogo.
na classe de resistência ao fogo pretendida, são definidas as dimensões mínimas da secção transversal
e as disposições construtivas do elemento. Dessa forma, a secção transversal definida será verificada
para o dimensionamento à temperatura ambiente, que é R d ≥ E d .
VERIFICAÇÃO PRE-DIMENSIONAMENTO
Avaliação padrão do
incêndio
Rd ≥ Ed
Figura 16 – Domínio de aplicação dos métodos de cálculo com modelos simplificados de cálculo.
Os métodos simplificados de cálculo podem ser divididos nos três grupos seguintes:
• Os elementos solicitados ao esforço axial ou flexão sem qualquer problema de instabilidade.
Neste caso, o modelo simplificado de cálculo é baseado no diagrama plástico da secção
transversal a temperaturas elevadas.
• Os elementos sujeitos a compressão axial simples e com fenómenos de instabilidade, como o
carregamento axial de pilares esbeltos. Neste caso, os modelos simplificados de cálculo são
geralmente baseados na aproximação às curvas de encurvadura adaptadas para situação de
incêndio.
• Os elementos sujeitos a flexão composta com esforço axial de compressão, como pilares
esbeltos com carga excêntrica, vigas de grande vão com encurvadura lateral, etc. Para este tipo
de elementos, os modelos simplificados de cálculo tem em consideração o efeito da
combinação dos esforços de flexão e compressão, combinando os dois modelos anteriores
para as condições de carregamento simples.
3.2.1. Exemplo de modelos simplificados de cálculo – Vigas mistas de aço e betão expostas ao
fogo
Um exemplo típico de elementos deste tipo é a viga mista de aço e betão simplesmente apoiada, como
se mostra na figura 17. No modelo simplificado de cálculo, a temperatura da secção de aço pode ter
três valores distintos que correspondem ao banzo inferior, alma e banzo superior da secção; para a laje
de betão considera-se um gradiente térmico unidimensional através da sua espessura. Neste caso, é
fácil estabelecer o diagrama de tensões de equilíbrio plástico e calcular o momento resistente da
secção transversal, determinando-se assim a capacidade de carga da viga.
Laje de betão
S1
+
Fc
-
D+
+
+
Ft
+ +
Mfi,Rd+ = Ft × D
Outro exemplo típico de aplicação dos modelos simplificados de cálculo são os pilares mistos de aço e
betão com o betão parcialmente encaixado nos perfis (ver a figura 18).
encurvadura χ(λ θ )
adimensional em situação de incêndio λθ , que por sua vez se relaciona com a resistência axial
plástica da secção N fi,pl,Rd , a rigidez efectiva da secção transversal (EI)eff , fi e o comprimento de
P χ(λθ)
Aai Z 1.0
Acj
Y 0.5
Lfi
Ask
0
λθ
Effective section Buckling curve
Figura 18 – Exemplo do método de cálculo com modelos simplificados para betão envolvendo
parcialmente os pilares mistos
Pode afirmar-se que no caso de elementos que têm problemas de instabilidade, a resistência ao fogo
destes elementos deve ser avaliada não só em termos de resistência a temperaturas elevadas mas
também no que respeita à sua rigidez.
Por outro lado, a resistência ao fogo do elemento é satisfeita se R fi,d,t ≥ E fi,d . Desta relação, pode-se
facilmente ter R fi,d,t ≥ µ 0 R fi,d,0 (ver a figura 20) com µ 0 = E fi,d R fi,d,0 , que corresponde ao grau de
utilização. Então, a resistência necessária ao fogo deve verificar k y,θ ≥ µ 0 . No caso de k y,θ = µ 0 (caso
ideal para satisfazer a resistência ao fogo exigida), a temperatura correspondente é definida como
temperatura crítica.
Esta temperatura crítica pode ser obtida com base nos valores de k y,θ dados na tabela 3.1 da EN1993-
1-2. Porém, na maioria dos casos, é necessária uma interpolação para se calcular o valor exacto da
temperatura crítica. De forma a simplificar esta questão, é proposta uma fórmula simples e rápida para
determinar a temperatura crítica baseada directamente no grau de utilização:
⎡ 1 ⎤
θ cr = 39.19ln⎢ − 1⎥ + 482
⎢⎣ 0,9674 µ0 ⎥⎦
3,833
Se duas curvas, respectivamente k y,θ e µ 0 versus temperatura forem apresentadas na mesma figura
(ver a figura 20), elas quase se sobrepõem, evidenciando a validade desta fórmula para determinar a
temperatura crítica de qualquer elemento estrutural exposto ao fogo.
Na prática, o cálculo ao fogo com o método da temperatura crítica pode ser aplicado de acordo com os
seguintes passos (ver a figura 21):
• Em primeiro lugar, é necessário determinar o efeito das acções em situação de incêndio E fi, d
• Em terceiro lugar, deve-se calcular o correspondente nível de carregamento η fi,t : η fi,t = E fi,d R d
Deve ter-se especial atenção no cálculo do grau de utilização µ 0 e do nível de carregamento η fi,t . A
diferença entre estes é que o grau de utilização µ 0 é determinado relativamente à resistência ao fogo
no instante t=0 R fi,d,o , ou seja, à temperatura ambiente mas com o factor de segurança em situação de
incêndio γ M,fi ; pelo contrário, o nível de carregamento η fi,t é determinado usando R d , a resistência
A figura 21 mostra que a temperatura crítica deve ser obtida por um processo iterativo em alternativa
ao cálculo directo. Como pode esta situação ocorrer? Vejamos um pilar metálico exposto ao fogo
(figura 22).
• Se o pilar é bastante curto de forma a que não haja encurvadura, a sua resistência a
temperaturas elevadas pode ser calculada simplesmente através da expressão
N b,fi,t,Rd = Ak y,θ max f y γ M,fi . Neste caso, a resistência do pilar versus temperatura dependerá
apenas do factor de redução da resistência k y,θ , uma vez que todos os outros valores são
parâmetros fixos.
• Caso contrário, se o pilar é esbelto de tal forma que a encurvadura é um modo de colapso a
temperaturas elevadas, a sua resistência deve ser calculada por N b,fi,t,Rd = χ(λ θ )Ak y,θ max f y γ M,fi .
função da resistência k y,θ mas também da rigidez k E,θ : λ θ = λ [k y,θ / k E,θ ] 0,5 . Como
consequência, não é possível obter de forma directa a temperatura crítica θ cr que depende
apenas de k y,θ , pelo que, nesta situação é necessário um processo iterativo simples (máximo
O processo iterativo acima indicado parece ser complexo ao aplicar o método da temperatura crítica.
Para evitar esta situação, é possível considerar um valor fixo e seguro para [k y,θ / k E,θ ] 0,5 de forma que
λ θ = λ [k y,θ / k E,θ ] 0,5 já não varie com a temperatura, e o cálculo directo de temperatura crítica seja
• Pilares curtos 1
sem problemas Nb,fi,t,Rd = A ky,θmax fy
γM,fi
de instabilidade
Factor de redução da resistência ky.θ.max para θ a,max
• Pilares esbeltos 1
com risco de Nb,fi,t,Rd=χ(λ θ )Aky,θmaxfy
γM,fi
instabilidade
Figura 22 – A razão pela qual se usa o cálculo directo ou o cálculo iterativo para se obter a
temperatura crítica
Os métodos avançados de cálculo, em princípio, podem ser aplicados em qualquer tipo de análise de
elementos estruturais ao fogo. Porém, têm de se consideradas as seguintes características:
• Os métodos avançados de cálculo utilizados para avaliar o comportamento mecânico das
estruturas baseiam-se nos princípios e hipóteses da teoria das estruturas, tendo em
consideração as mudanças das propriedades mecânicas com a temperatura.
• Qualquer modo de eventual colapso não abrangido pelo método avançado de cálculo
(incluindo encurvadura local e rotura ao corte) deve ser eliminado através de medidas
apropriadas. Por exemplo, no caso da análise numérica que utiliza elementos viga.
• Considerando que as propriedades dos materiais são conhecidas para uma determinada gama
de temperaturas, podem ser usados métodos avançados de cálculo com qualquer curva de
aquecimento.
• Devem ser considerados os efeitos das tensões e extensões induzidas termicamente devido ao
aumento da temperatura e gradientes térmicos.
• O modelo para o comportamento mecânico deverá considerar:
- O efeito combinado das acções mecânicas, imperfeições geométricas e acções térmicas.
- A variação das propriedades mecânicas dos materiais em função da temperatura (ver a
secção 3).
- Efeitos geométricos não-lineares.
- Os efeitos de propriedades não-lineares dos materiais, inclusive os efeitos desfavoráveis dos
ciclos carga e descarga das acções na rigidez estrutural.
250
ensaio
200
numérico
150
100
50
0
0 20 40 60 80 100 120 140
time (min)
Resultados numéricos vs Modo de rotura observado no
resultados experimentais modelo numérico
Figura 23 – Exemplo de aplicação do modelo de cálculo avançado para o cálculo ao fogo (viga
alveolar)
4.1. Regras gerais de aplicação do cálculo ao fogo pela análise global de estruturas
A análise global de estruturas é cada vez mais utilizada para avaliar a segurança contra incêndio. Os
Eurocódigos definem regras específicas para lidar com este tipo de análise. Relativamente à análise do
comportamento mecânico, devem ser tidas em consideração as seguintes características:
• A análise global da estrutura necessita, na maioria dos casos, de modelos avançados de
cálculo.
• É importante definir um modelo estrutural adequado (dimensões, tipo, etc.).
• As condições fronteira existentes devem ser representadas de forma correcta.
• O carregamento na estrutura deve corresponder à situação de incêndio considerada.
• Os modelos dos materiais usados na modelação numérica devem ser representativos do
comportamento real dos materiais a temperaturas elevadas.
• No caso de modelação de parte de uma estrutura, as condições de apoio dadas pelas partes não
modeladas da estrutura devem ser correctamente consideradas.
• É necessário proceder a uma análise profunda dos resultados numéricos, nomeadamente no
que se refere aos critérios de rotura.
• Deve ser efectuada uma revisão das características que não são consideradas na análise
directa, de forma a haver consistência entre o modelo numérico e os detalhes construtivos.
Todas as características anteriores serão explicadas em detalhe para um exemplo real de aplicação da
análise global de uma estrutura num projecto de engenharia de segurança contra incêndio (ver secção
4.3).
Para estruturas metálicas e mistas, a análise global de uma estrutura deve considerar os seguintes
pontos:
• Relativo aos modelos dos materiais:
- Decomposição da extensão total nas várias componentes das extensões a temperaturas
elevadas.
- Modelo cinemático dos materiais para a evolução da temperatura.
- Resistência dos materiais durante a fase de arrefecimento.
Na modelação numérica avançada para a análise global de estruturas metálicas e mistas, é necessário
não esquecer que a extensão de qualquer elemento exposto ao fogo é composta por várias
componentes (ver a figura 24):
ε t = ε th + (ε σ + ε c + ε tr ) + ε r
sendo:
ε t a extensão total; ε th a extensão devida ao alongamento térmico; ε σ a extensão devida à tensão;
Decomposição da extensão
εt = εth + (εσ + εc) + εr
εt: extensão total
εt: extensão devido ao alongamento térmico
εσ: extensão devido ao tensor das tensões
εr: extensão devida à tensão residual (se existir)
εc: extensão devida à fluência
y
εσ
ε th
θ εt εc
z G
εr
Em situação de incêndio, o campo de temperaturas dos elementos estruturais varia no tempo. Por outro
lado, todas as propriedades mecânicas dos materiais são mais ou menos dependentes da temperatura.
Como consequência, durante um incêndio, os materiais de uma estrutura comportam-se de tal modo
que as suas propriedades variam constantemente. Este tipo de comportamento material tem de ser
adequadamente considerado nos modelos avançados de cálculo, e são denominados por modelos
cinemáticos dos materiais. No que respeita aos dois materiais principais das estruturas metálicas e
mistas, o aço e o betão, eles são muito diferentes, sendo necessário aplicar regras cinemáticas
diferentes (ver a figura 25).
No aço, a passagem de uma curva tensão-extensão para uma outra devido à mudança de temperatura
deverá ser efectuada mantendo uma extensão plástica constante entre dois níveis de temperatura. Esta
regra é aplicável em qualquer estado de tensão do aço (tensão ou compressão). No betão, o processo
envolve maior complexidade uma vez que este material tem um comportamento diferente à tracção e à
compressão. Desta forma, devem ser utilizadas regras diferentes para a passagem das curvas tensão-
extensão de acordo com a condição do material – se este está sujeito à tracção ou à compressão (ver a
figura 25).
Normalmente, estes modelos dos materiais já estão implementados em todos os modelos de cálculo
avançados destinados à engenharia de segurança contra incêndio. Porém, é importante para o
projectista saber usar usá-los em aplicações práticas.
Aço Betão
(material
( isotrópico) ((material anisotrópico à
tracção e à compressão)
⎛ dσ ⎞ Compressão
paralelo a ⎜ (θ1, ε = 0) σ
⎝ dε ⎠
θ1 = θ (t) θ1 = θ (t)
θ2 = θ (t+∆t)
θ2 = θ (t+∆t)
⎛ dσ ⎞
paralelo a ⎜ (θ2, ε = 0)
⎝ dε ⎠ ε ε
Tracção
Em geral, a análise estrutural em situação de incêndio é baseada na análise ao estado limite último, o
que significa estabelecer o equilíbrio da estrutura entre a sua resistência e as acções aplicadas para
vários níveis de aquecimento. Porém, ocorrem inevitavelmente deformações na estrutura, devidas à
perda de rigidez dos materiais e à dilatação térmica, que conduzem a uma grande plastificação dos
materiais. Nesta situação, a análise de cálculo avançado ao fogo deixa de ser linear elástica e passa a
ser não-linear elasto-plástica, na qual a resistência e a rigidez se comportam não-linearmente. De
ponto de vista matemático, a solução desta análise não se obtém directamente e devem-se utilizar os
seguintes procedimentos (ver a figura 26):
• Análise incremental de forma a obter o estado de equilíbrio da estrutura em vários instantes
para diferentes campos de temperatura.
• Em cada intervalo de tempo, é necessário recorrer a uma solução iterativa para se determinar o
estado de equilíbrio da estrutura que se comporta de modo elasto-plástico.
Carregamento
Pfi t0 = 0 t1 t2
θ1 θ2
θ0
Deslocamento U
Outro aspecto a ser considerado na aplicação do modelo avançado de cálculo para estruturas metálicas
e estruturas mistas em condições de incêndio naturais, é o comportamento dos materiais durante fase
de arrefecimento. Sabe-se que nos aços mais comuns, a degradação das propriedades mecânicas pelo
efeito da temperatura é muito reduzida, e normalmente assume-se que todas as características
mecânicas são recuperadas após o aquecimento e posterior arrefecimento. Porém, este fenómeno não
acontece no caso do betão, cuja composição é totalmente alterada no caso de ser aquecido até uma
determinado temperatura. Depois de arrefecer, o betão não recupera a sua resistência inicial. Além
disso, sua resistência pode até ser pior do que a que possui para a temperatura máxima de
aquecimento. Por este motivo, a EN1994-1-2 define uma regra para atender a este fenómeno (ver a
figura 27). O betão que é aquecido a mais de 300ºC, quando arrefecer até aos 20ºC, a sua resistência
residual deverá ser considerada 10% inferior à resistência para o estado de aquecimento máximo. Este
aspecto é bastante importante pois significa que uma estrutura de betão pode colapsar durante a fase de
arrefecimento de um incêndio.
Em situação de incêndio, um dos pavimentos dos dois pisos será aquecido localmente por uma fonte
de ignição natural que ocupa uma área de 5 m x 12 m = 60 m². A carga térmica aplicada reproduz um
incêndio natural em vez do regime de aquecimento do fogo padrão.
Laje mista
Zona padrão do Plataforma de aço: 0.75 mm
sistema de piso
3.2 m
4.2 m
15 m
10 m 15 m
10 m
15 m
10 m
Figura 28 – Exemplo de uma estrutura metálica com pisos mistos
Neste exemplo, apenas são explicadas as características relacionadas com a análise do comportamento
mecânico da estrutura. Outras características, como o cenário de incêndio, o desenvolvimento do
incêndio e o comportamento térmico da estrutura não são avaliadas.
Na análise mecânica desta estrutura exposta ao incêndio natural localizado, são possíveis duas formas
de modelação através de cálculo avançado; a primeira corresponde a uma modelação da estrutura
mista por um pórtico plano 2D, e a segunda a um modelo da estrutura 3D (mais complexo). De
seguida apresenta-se as vantagens e desvantagens destas duas abordagens:
Comparando as duas estratégias de modelação, pode admitir-se que a modelação bidimensional é mais
eficiente; no entanto, certas vantagens mecânicas do pavimento misto não contempladas pelo que o
comportamento da estrutura em situação de incêndio é penalizado, obtendo-se uma estrutura metálica
mais pesada ou com excesso de protecção térmica. Torna-se preferível a opção definitiva pela
modelação tridimensional. Porém, a aplicação de tal modelo de cálculo complexo exige validação com
observações reais; neste caso, o piso misto aqui apresentado foi previamente estudado e validado
através de diversos projectos de investigação recentes da ECSC com a realização de ensaios ao fogo à
escala real.
Tempo (min)
0 15 30 45 60 75
Desl. vertical (mm)
0
-40
-80
-120
-160
Ensaio
Ensaio -200
Cal. 3D
Desl. horizontal (mm)
60
Cal. 2D
40
20
0
0 20 40 60 80
Modelo tridimensional Tempo (min)
Zona de
incêndio
Detalhe da
modelação
numérica
Análise global da estrutura
sem a laje mista
Após a escolha da parte da estrutura a usar no cálculo ao fogo é necessário considerar os seguintes
aspectos:
• Condições de carregamento da estrutura
• Condições de fronteira da parte modelada da estrutura
No cálculo à temperatura ambiente, é suposto que o pavimento seja submetido a quatro tipos de
cargas:
• Cargas permanentes (peso próprio da estrutura, revestimentos, etc.): G
• Cargas variáveis: Q
• Acção do vento: W
• Acção da neve: S
Entre as combinações de carga anteriores, conclui-se que a situação mais desfavorável corresponde à
primeira combinação porque conduz a um valor de carga total mais significativo.
Relativamente às condições de fronteira, a estrutura modelada não é sujeita a qualquer condição inicial
de fronteira. Não obstante, porque é apenas uma parte da estrutura, há algumas condições de apoio na
estrutura não-modelada a serem tidas em consideração. Estas condições de apoio podem ser
representadas através de condições fronteira equivalentes, tais como (ver a figura 31):
• Bases dos pilares completamente fixas devido à continuidade dos pilares e do pavimento
inferior manterem-se a temperaturas baixas.
• Restrição da rotação e deslocamento lateral na laje apoiada devido às condições de
continuidade da laje.
Continuidade das
condições na laje de betão
Continuidade das
θ= 0 condições nos
pilares
Figura 31 – Aplicação das acções mecânicas assim como das condições fronteira para a modelação
de parte da estrutura
140 mm 310 mm
20 min 40 min
Aos 60 minutos de incêndio, a flecha máxima do pavimento diminui para os 230 mm mas a área
deformada aumenta devido ao desenvolvimento do incêndio. A diminuição da flecha deve-se ao facto
de que o incêndio já passou a sua fase de aquecimento máximo e entrou na fase de arrefecimento (ver
a figura 33).
Relativamente à flecha máxima das vigas metálicas, pode ver-se que esta é de 280 mm para as vigas
secundárias e 110 mm para vigas principais, valores afastados dos critérios de deformação que limitam
a flecha a um máximo de L/20, sendo L o vão da viga. Deste ponto de vista, o comportamento do
pavimento pode ser considerado satisfatório nas condições de incêndio apresentadas.
Deformação (mm)
- 50
-100
-150
viga
-200
Viga principal
secundária
-250
-300
0 10 20 30 40 50 60
Tempo (min)
60 min
280 mm ≤ L/ 20 = 750 mm
Outro critério de colapso a ser analisado nesta estrutura é o alongamento das armaduras na laje mista
(ver figura 34). Considerou-se que o alongamento máximo da armadura não deve exceder os 5%, o
que, na realidade, corresponde ao valor mínimo de capacidade de alongamento de todos os tipos de
armaduras especificados na EN1992-1-2 (fogo em estruturas betão). Além disso, este critério de
colapso foi validado também em dois projectos ECSC através da modelação numérica de ensaios ao
fogo em edifícios à escala natural (ver as referências). Neste exemplo, o alongamento máximo das
armaduras obtido através da simulação numérica foi de 1.4%, (< 5%). Ou seja, este critério de colapso
também foi satisfeito no piso misto adoptado.
A abordagem aqui apresentada para análise global de estruturas por modelos numéricos tem sido
amplamente usada em vários projectos da ECSC para verificar os ensaios ao fogo à escala real em
edifícios mistos de aço e betão. Verificou-se que a concordância entre este tipo de modelos numéricos
avançados e os resultados experimentais é muito satisfatória (ver as referências).
1.4 % ≤ 5 %
1.3 % ≤ 5 %
Armaduras entre a
laje e pilares de
canto
φ12 em S500
Distância máxima de 15
mm entre:
i) a viga e o pilar, e
ii) entre a viga secundária, gap
e o banzo inferior da viga
principal gap ≤ 15 mm
4.3.6. Exemplo real de um edifício projectado com ajuda de análise global da estrutura na
avaliação do incêndio
Figura 36 – Exemplo real de cálculo ao fogo com análise global da estrutura em condições de
incêndio natural
De facto, o dimensionamento ao fogo baseado na análise global de estruturas assume que a integridade
da estrutura deve ser garantida. Se não for o caso, os fundamentos deste tipo de análise não são
válidos. Além disso, não é aceitável, que exista um colapso global inadequado da estrutura devido à
rotura dos elementos de ligação.
Outro aspecto relacionado com as ligações que deve ser considerado, é a possibilidade destas
romperem durante a fase de arrefecimento. Este aspecto é muito importante não só para a análise
global da estrutura em situação de incêndio natural, na qual se deve considerar que parte da estrutura
está aquecida e outra parte pode já estar em fase de arrefecimento, mas também porque no
dimensionamento ao fogo de estruturas metálicas e estruturas mistas é imperativo considerar o
desenvolvimento do incêndio real.
Além da ligação entre as vigas metálicas e a laje de betão no caso de estruturas mistas, outro exemplo
comum é a ligação entre o aço e o betão, no caso de vigas mistas preenchidas parcialmente com betão.
De modo a garantir a eficácia da ligação (as armaduras longitudinais a trabalhar em conjunto com o
perfil metálico), a EN1994-1-2 recomenda as disposições construtivas que se apresentam na figura 38.
O objectivo principal destas disposições construtivas não é somente criar uma ligação mecânica eficaz
entre os diferentes componentes da viga, mas também garantir um sistema de protecção contra o
destacamento do betão, um fenómeno prejudicial que pode acontecer em situação de incêndio e que,
por conseguinte, pode expor as armaduras directamente ao fogo.
Armadura de
continuidade
conector
Uma pequena
folga que permite o
desenvolvimento de
momento negativo
na situação de
folga
incêndio
Secções preenchidas
com betão
Existem muitos outras disposições construtivas. No cálculo ao fogo, sejam quais forem as
circunstâncias, o engenheiro deve prestar particular atenção aos pormenores construtivos para que
possa obter a melhor solução de segurança contra o fogo.
φr ≥ 8 mm soldadura hν conectores
aw ≥ 0,5 φs
φs ≥ 6 mm d ≥ 10 mm
lw ≥ 4 φs hν ≥ 0,3b
φr ≥ 8 mm
b
Soldadura de Soldadura de
estribos à alma conectores à alma
Figure 38 – Exemplo de pormenores construtivos utilizados para se obter uma maior resistência na
ligação entre o aço e o betão em situação de incêndio de acordo com a EN1994-1-2
6. REFERÊNCIAS
EN1991-1-2: Eurocódigo 1: Actions on structures – Part 1-2: General rules – Actions on structures
exposed to fire, Brussels, CEN, November 2002
EN1993-1-2: Eurocódigo 3: Design of steel structures – Part 1-2: General rules – Structural fire
design, Brussels, CEN, 2005
EN1994-1-2: Eurocódigo 4: Design of composite steel and concrete structures – Part 1-2: General
rules – Actions on structures exposed to fire, Brussels, CEN, 2005
EN1992-1-2: Eurocódigo 2: Design of concrete structures – Part 1-2: General rules – Structural fire
design, Brussels, CEN, 2004
7215 SA125: Competitive steel buildings through natural fire safety concept, final report of CEC
agreement 7210 – SA125, 126, 213, 214, 323, 423, 522, 623, 839, 937, British Steel, March 1999
7215 SA112: Design Tools of the behaviour of multi-storey steel framed buildings exposed to natural
fire conditions (CARD (2)), Rapport final of ECSC project, TNO, January 2003
7215 PP025: Demonstration of real fire tests in car parks and high buildings, final report of ECSC
project-EUR 20466 EN 2002, CTICM, Brussels, December 2003